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PLANO DE USO E CONSERVAÇÃO DAS ÁGUAS E

ENTORNO DO RESERVATÓRIO DO MIRINGUAVA


PACUERA DO MIRINGUAVA

CRIAÇÃO DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL – APA DO


MIRINGUAVA: ELABORAÇÃO DO RESPECTIVO ZONEAMENTO
ECOLÓGICO-ECONÔMICO (ZEE), E DO PLANO DE USO E
CONSERVAÇÃO DAS ÁGUAS E ENTORNO DO RESERVATÓRIO
PARA ABASTECIMENTO PÚBLICO DO MIRINGUAVA (PACUERA)

VOLUME III
PRODUTO VI
PACUERA

CURITIBA
NOVEMBRO
2020

VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA


Sumário
1 INTRODUÇÃO 3
1.1 OBJETIVOS E LEGISLAÇÃO PERTINENTES AO PACUERA 5
1.2 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO DO PACUERA 7
1.3 DESCRIÇÃO DO EMPREENDIMENTO 8
1.4 CONSULTORIA RESPONSÁVEL PELOS ESTUDOS 9
2 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DA ÁREA DO PACUERA 11
2.1 CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO 11
2.1.1 CLIMA 11
2.1.2 GEOLOGIA 13
2.1.3 RECURSOS MINERAIS 14
2.1.4 GEOMORFOLOGIA 16
2.1.5 GEOTECNIA 18
2.1.6 PEDOLOGIA 19
2.1.7 PROCESSOS EROSIVOS E FRAGILIDADES AMBIENTAIS 21
2.1.8 HIDROGRAFIA E MANANCIAIS SUBTERRÂNEOS 24
2.1.9 VARIAÇÕES DOS NÍVEIS DE OPERAÇÃO DO RESERVATÓRIO E SEUS IMPACTOS
AMBIENTAIS 26
2.2 CARACTERIZAÇÃO DO MEIO BIÓTICO 32
2.2.1 FLORA 32
2.2.2 FAUNA 73
2.2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO: CARACTERIZAÇÃO DOS GRUPOS DE VERTEBRADOS DA ÁREA
DO PACUERA DO MIRINGUAVA 80
2.2.4 ANÁLISE INTEGRADA 131
2.3 CARACTERIZAÇÃO MEIO ANTRÓPICO 133
2.3.1 ÁREA DE INFLUÊNCIA INDIRETA – AII 133
2.3.2 ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA – AID 135
2.3.3 ÁREA DO PACUERA 138
2.3.4 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NA ÁREA DO PACUERA 158
3 VALORAÇÕES E SOBREPOSIÇÕES PARA O TRAÇADO DO ZONEAMENTO DO PACUERA172
3.1 PRÉVIA DO TRAÇADO DO ESTUDO DO ZONEAMENTO PRELIMINAR (2013) 172
3.2 TRAÇADO FINAL DO ZONEMENTO PACUERA ATUALIZADO (2020) 184
3.3 DIRETRIZES DE USO 189
3.4 MACROZONA DO RESERVATÓRIO 190
3.4.1 ZR – ZONA DO RESERVATÓRIO 190
3.5 MACROZONA DE PRESERVAÇÃO 193
3.5.1 ZONA DE PRESERVAÇÃO DO RESERVATÓRIO - ZPR 193
3.5.2 ZONA DE PRESERVAÇÃO DE FUNDO DE VALE - ZPFV 197
3.6 MACROZONA DE RESTRIÇÃO À OCUPAÇÃO 202
3.6.1 ZONA DE PROTEÇÃO INTEGRAL 202
3.6.2 ZONA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 205
3.7 MACROZONA DE POUCA RESTRIÇÃO À OCUPAÇÃO 208
3.7.1 ZONA DE USO RURAL – ZUR 208
4 PLANO DE GERENCIAMENTO E MONITORAMENTO DO PACUERA DO MIRINGUAVA 211
4.1 APRESENTAÇÃO 211

VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA


4.2 COORDENAÇÃO DO PLANO DE GESTÃO E MONITORAMENTO 212
4.3 LOGÍSTICA E INFRAESTRUTURA OPERACIONAL 214
4.4 PROGRAMAS ESPECÍFICOS PARA O PACUERA 216
4.4.1 PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS 217
4.4.2 PROGRAMA DE PREVENÇÃO E CONTROLE DE PROCESSOS EROSIVOS DA ÁREA DA
CONSTRUÇÃO DA BARRAGEM 223
4.4.3 PROGRAMA MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA 227
4.4.4 PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO E ADENSAMENTO DA VEGETAÇÃO DA FAIXA CILIAR DO
RESERVATÓRIO 230
4.4.5 PROGRAMA DE MONITORAMENTO DE CONEXÕES GENÉTICAS ENTRE ÁREAS A
MONTANTE E A JUSANTE DO RESERVATÓRIO MEDIANTE BIOINDICADORES E CRIAÇÃO DO
CORREDOR ECOLÓGICO DO RIO MIRINGUAVA 233
4.4.6 PROGRAMA DE COMPENSAÇÃO AMBIENTAL 236
4.4.7 PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL 237
4.4.8 PROGRAMA DE APOIO AOS PRODUTORES DA ÁREA DO PACUERA 239
4.4.9 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL 241
4.4.10 PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DO TURISMO DE AVENTURA E ECOTURISMO
243
4.5 COMPATIBILIZAÇÃO DO PACUERA COM PROGRAMAS ESTADUAIS 247
4.6 DIRETRIZES DE USOS SUSTENTÁVEIS NO ENTORNO E RESERVATÓRIO DO MIRINGUAVA
250
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 252

VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA


Lista de Figuras

Figura 1 Inserção regional da bacia do Miringuava, com destaque à APA e a área do PACUERA
do Miringuava .................................................................................................................................................8
Figura 2 Classificação climática segundo Köeppen ..............................................................................11
Figura 3 Geologia na região do PACUERA. .............................................................................................14
Figura 4 Recursos minerais na área do PACUERA. ...............................................................................15
Figura 5: Geomorfologia na área do PACUERA .....................................................................................17
Figura 6: Geotecnia na área do PACUERA..............................................................................................18
Figura 7 Pedologia na região do PACUERA. ...........................................................................................20
Figura 8 Vegetação no Entorno do Reservatório do Miringuava .....................................................22
Figura 9 Áreas Potenciais de Processos Erosivos na Margem do Reservatório............................23
Figura 10 Pontos de Coleta Para Monitoramento da Qualidade da Água .....................................25
Figura 11 – Área de enchimento do reservatório nível de água operacional a montante de 891
metros ............................................................................................................................................................27
Figura 12 Área de enchimento do reservatório nível de água de 895 metros .............................28
Figura 13 Área de enchimento do reservatório nível de água de 900 metros .............................29
Figura 14 – Área de enchimento do reservatório nível de água de 905 metros ..........................30
Figura 15 Formação de áreas insulares e proposta de canal para amenizar impactos na
qualidade da água do reservatório. ........................................................................................................31
Figura 16 Perfil-Diagrama das principais espécies registradas nas formações de Floresta
Ombrófila Mista Montana e Aluvial na Região Metropolitana de Curitiba. ..................................35
Figura 17 Registros fotográficos de fragmentos de Floresta Ombrófila Mista Montana no
âmbito do PACUERA do rio Miringuava. ................................................................................................35
Figura 18 - Registros fotográficos da Floresta Ombrófila Mista Aluvial no âmbito da sub-bacia
do rio Miringuava.........................................................................................................................................37
Figura 19 Registros fotográficos da Formação Pioneira de Influência Flúvio-Lacustre. .............38
Figura 20 Registros fotográficos da Estepe Gramíneo-Lenhosa.......................................................39
Figura 21 Riqueza, em números absolutos e relativos, de famílias e espécies de pteridófitas,
gimnospermas e angiospermas registradas no âmbito da sub-bacia do rio Miringuava. .........40
Figura 22 Principais famílias de espécies epifíticas registradas no âmbito da sub-bacia do rio
Miringuava. Legenda: (A) Capanemia thereziae – Orchidaceae; (B) Trichocentrum pumilum –
Orchidaceae; (C) Vriesea friburgensis – Bromeliaceae; (D) Tillandsia stricta – B Bromeliaceae;
(E) Niphidium crassifolium – Polypodiaceae; (F) Peperomia catharinae – Piperaceae. .............54
Figura 23 Registros fotográficos de espécies endêmicas identificadas no âmbito da sub-bacia
do rio Miringuava. Legenda: (A) Campylocentrum aromaticum – Orchidaceae; (B) Acianthera
sonderiana – Orchidaceae; (C) Passiflora actinia – Passifloraceae; (D) Zanthoxylum kleinii –
Rutaceae; (E) Lobelia exaltata – Campanulaceae; (F) Duranta vestita – Verbenaceae. ............56
Figura 24 Registros fotográficos das espécies exóticas/invasoras identificadas no âmbito da
sub-bacia do rio Miringuava. Legenda: (A) Lonicera japonica – Caprifoliaceae; (B) Eriobotrya
japonica – Rosaceae; (C) Zantedeschia aethiopica - Araceae; (D) Impatiens walleriana –
Balsamiaceae; (E-F) Pittosporum undulatum – Pittosporaceae. ......................................................57
Figura 25 Registros fotográficos das espécies indicadoras de ambientes identificadas no
âmbito da sub-bacia do rio Miringuava. Legenda: (A) Typha dominguensis – Typhaceae; B)

VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA


Campomanesia guaviroba - Myrtaceae; C) Govenia utriculata – Orchidaceae; D) Dicksonia
sellowiana – Dicksoniaceae.......................................................................................................................58
Figura 26 Localização dos pontos e transectos de amostragem de campo para a fauna terrestre
na área do PACUERA do Miringuava. ......................................................................................................75
Figura 27 Localização dos pontos e transectos de amostragem de campo para a ictiofauna na
área do PACUERA do Miringuava. ...........................................................................................................76
Figura 28 Ordens com suas respectivas representatividades em números de espécies (%)
registradas para o rio Iguaçu, para a subunidade biogeográfica denominada de Alto Iguaçu e
para a bacia do rio Miringuava. ................................................................................................................80
Figura 29 Ordens com suas respectivas representatividades em números de espécies (%)
registradas para o reservatório do rio Miringuava, para a bacia do rio Miringuava e para a
subunidade biogeográfica denominada de Alto Iguaçu. ....................................................................81
Figura 30 Espécies de peixes registradas nas coletas realizadas na bacia do rio Miringuava ...84
Figura 31 Serpentes peçonhentas registradas na bacia do Miringuava. A) Micrurus altirostris
(coral-verdadeira); B) Bothrops jararaca (jararaca); C) Bothrops neuwiedi (jararaca-pintada);
D) Bothrops alternatus (urutu). ................................................................................................................93
Figura 32 Proporção de registro de aves de sensibilidade baixa, média e alta (respectivamente
barras das cores azul, vermelho e verde) registradas em cada um dos sítios amostrados na
área do PACUERA do Miringuava. .........................................................................................................116
Figura 33 Mamíferos registrados mediante armadilhas fotográficas durante os trabalhos de
campo na bacia do Miringuava. A) Dasypus novemcinctus (tatu-galinha), registrado no ponto
Norte B durante a primeira campanha de campo; B e C); Cerdocyon thous (cachorro-do-mato)
registrados no ponto Sul A na primeira e na segunda campanhas de campo, respectivamente;
D, E e F), três indivíduos de Mazama gouazoubira (fêmea, macho e filhote) registrados no
ponto Leste A durante a segunda campanha de campo. .................................................................127
Figura 34 Localização da AII. ...................................................................................................................135
Figura 35 Localização da AID – Bacia Incremental.............................................................................138
Figura 36 Localização da área de abrangência do PACUERA...........................................................139
Figura 37 Localização dos sítios e ocorrências arqueológicas na área da barragem do
Miringuava. .................................................................................................................................................142
Figura 38 Traçado da Rede de Distribuição de Energia Elétrica .....................................................144
Figura 39 Rede viária já implantadas (Em verde). .............................................................................145
Figura 40 Acessos viários a serem implantados pela Sanepar. .......................................................146
Figura 41 Pontos para sinalização nas estradas de acesso à APP do reservatório ....................147
Figura 42 Local recomendado para instalação de mirante da paisagem no entorno do
reservatório.................................................................................................................................................148
Figura 43 Registro fotográfico área do PACUERA ..............................................................................153
Figura 44 Localização das propriedades da área do PACUERA .......................................................157
Figura 45 Uso do Solo da Área do PACUERA (incluindo a área remanescente e as APP’s do
reservatório e corpos d’água) .................................................................................................................158
Figura 46 Informações da sub-bacias....................................................................................................170
Figura 47 - Mapa de Zoneamento do PACUERA .................................................................................187
Figura 48 - Zonas ZPR e ZR do PACUERA Miringuava ........................................................................196
Figura 49 - Área de Segurança do Entorno do Reservatório - ASEB. .............................................197
Figura 50 - Zona de Preservação de Fundo de Vale – ZPFV .............................................................199
Figura 51 - Áreas de Recuperação Ambiental do PACUERA. ...........................................................201
Figura 52 - Zona de Proteção Integral – ZPI.........................................................................................204

VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA


Figura 53 Zona de Desenvolvimento Sustentável – ZDS ..................................................................207
Figura 54 Zona de Uso Rural – ZUR .......................................................................................................210
Figura 55 Local recomendado para instalação de estruturas físicasdo Grupo II ........................215
Figura 56 Área de Construção da Barragem a ser recuperada .......................................................224
Figura 57 Proposição de novos pontos de monitoramento da água. ...........................................228

Lista de Tabelas

Tabela 1 Localização da Área de Estudo ..................................................................................................7


Tabela 2 Consultoria Responsável pelos Estudos ..................................................................................9
Tabela 3 Responsabilidade Técnica ...........................................................................................................9
Tabela 4 Equipe Técnica da Sociedade da Água ...................................................................................10
Tabela 5: Hipsometria na área do PACUERA do Miringuava .............................................................17
Tabela 6: Geotecnia área de abrangência do PACUERA do Miringuava ........................................19
Tabela 7 Classificação das formas de vida das espécies da flora .....................................................39
Tabela 8 Listagem das espécies da flora registrada no âmbito da sub-bacia do rio Miringuava
..........................................................................................................................................................................41
Tabela 9 Relação das espécies endêmicas registradas no âmbito da sub-bacia do rio
Miringuava com distribuição natural restrita as regiões Sul e Sudeste do país ...........................55
Tabela 10 Relação das espécies ameaçadas registradas no âmbito da sub-bacia do rio
Miringuava.....................................................................................................................................................59
Tabela 11 Relação das espécies com registro de coleta no âmbito da sub-bacia do rio
Miringuava, suas famílias, nomes vulgares, hábitos e a frequência em que ocorreram. ..........61
Tabela 12 Variáveis fitossociológicas do estudo em ambiente campestre no âmbito da sub-
bacia do rio Miringuava ..............................................................................................................................64
Tabela 13 Variáveis fitossociológica das espécies da Floresta Ombrófila Mista Aluvial,
ordenadas pelo IVI (DAP≥10 cm). ............................................................................................................67
Tabela 14 Variáveis fitossociológica das espécies da Floresta Ombrófila Mista Montana,
ordenadas pelo IVI (DAP≥10 cm). ............................................................................................................69
Tabela 15 Pontos de amostragem da fauna terrestre na área do PACUERA do Miringuava. ...74
Tabela 16 Pontos de amostragem da Ictiofauna na área do PACUERA do Miringuava. ...........74
Tabela 17 Lista de espécies de peixes registrados da bacia do rio Miringuava (Alto Iguaçu), com
nome vernacular (popular), ambiente e forma de registro de cada espécie................................83
Tabela 18 Lista de espécies de Anfíbios e Répteis da área do PACUERA do Miringuava, com os
ambientes de registro de cada espécie, dados de campo e origem da informação. ..................87
Tabela 19 Lista de espécies de aves da área do PACUERA do Miringuava. Nomenclatura e
ordenamento taxonômico seguem a proposição de Piacentini et al. (2015). Dados de base
consultados: SOCIEDADE DA ÁGUA (2002; 2013), CONSILIU (2012; 2015), Straube et al. (2014)
e registros do município de São José dos Pinhais (PR) constantes no acervo Wiki Aves
(www.wikiaves.com.br). Para cada espécie registrada durante aplicação do método de ‘listas
de Mackinnon’ apresenta-se o número total de registros obtidos em campo, respectivamente
para os sítios amostrais Norte A, Norte B, Leste A, Sul A. .................................................................95
Tabela 20 Espécies de interesse conservacionista registradas ou esperadas para a área do
PACUERA do Miringuava, com dados sobre categorias de ameaça de acordo com as avaliações
das populações globais (IUCN, 2019), nacionais (MMA, 2014) e no estado do Paraná (PARANÁ,
2018) e hábitats de ocorrência. Legenda: VU. Vulnerável; EN: Em perigo; CR: Criticamente
ameaçada. ...................................................................................................................................................118

VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA


Tabela 21 Lista de espécies de Mamíferos da bacia do Miringuava, com os ambientes de
registro de cada espécie, dados de campo e origem da informação............................................124
Tabela 22 Principais Usos e Características das Propriedades na Área do PACUERA ...............139
Tabela 23 Cadastro de Propriedades da Área do PACUERA ............................................................154
Tabela 24 Uso e Ocupação do Solo (incluindo a área remanescente e as APP’s do reservatório
e corpos d’água) .........................................................................................................................................159
Tabela 25 Uso do Solo na área de APP do reservatório e tributários ...........................................160
Tabela 26 Uso do Solo das Áreas Remanescentes – Áreas em hectares......................................161
Tabela 27 Uso do Solo Área Remanescente por Sub-Bacia .............................................................162
Tabela 28 - Macrozonas e Zonas da Área do PACUERA....................................................................186
Tabela 29 - Macrozonas e Zonas do PACUERA da Barragem do Miringuava ..............................188
Tabela 30 Zona do Reservatório – ZR....................................................................................................192
Tabela 31 Zona de Proteção do Reservatório – ZPR .........................................................................195
Tabela 32 - Zona de Preservação de Fundo de Vale – ZPFV ............................................................198
Tabela 33 - Zona de Proteção Integral - ZPI.........................................................................................203
Tabela 34 - Zona de Desenvolvimento Sustentável - ZDS ................................................................206
Tabela 35 - Zona de Uso Rural – ZUR ....................................................................................................209
Tabela 36 Etapas de implementação dos Programas propostos no PACUERA: .........................216
Tabela 37 Parâmetros de Monitoramento da Qualidade da Água ................................................227
Tabela 38 Plano, Programa, Projeto ou Legislação de âmbito Estadual com interface com o
PACUERA do Miringuava ..........................................................................................................................248

Lista de Gráficos

Gráfico 1 Principais Usos das Propriedades na Área do PACUERA ................................................139

VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
°C Grau Celcius
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
A.F. A expressão latina affinis (aff.) siginifica que é afim, parente próxima de outra.
AID Área de Inflência Direta
AII Área de Influência Indireta
AMC Área de Mineração Controlada
ANA Agência Nacional de Águas
ANM Agência Nacional de Mineração
APA Área de Proteção Ambiental
APP Área de Preservação Permanente
ARA-ZPFV Áreas de Recuperação Ambiental - Zona de Preservação de Fundo de Vale
ARA-ZPR Áreas de Recuperação Ambiental - Zona de Preservação do Reservatório
ART Anotação de Responsabilidade Técnica
ASEB Área de Segurança do Entorno da Barragem
ASOB Área de Segurança Operacional da Barragem
ATL Área de Turismo e Lazer
CAR Cadastro Rural Ambiental
CBRO Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos
C.F. Abreviatura de conferatum; a espécie indicada deve ser conferida/confirmada
CNPJ Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica
COMEC Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
COPEL Companhia Paranaense de Energia
CPS Contrato de Prestação de Serviços
CRBio-07 Conselho Regional de Biologia da Sétima Região
CREA-PR Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do paraná
CTF Cadastro Técnico Federal
DAP Diâmetro à Altura do Peito
DPC Diretoria de Portos e Costas
DQO Demanda Química de Oxigênio
E.G. a expressão latina exempli grata (e.g.) significa "por exemplo"
EIA Estudo de Impacto Ambiental
EIRELI Empresa Individual de Responsabilidade Limitada
El. Elevação
EPA Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (United States Environmental Protection
Agency)
ETA Estação de Tratamento de Água

VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA


Ha Hectare
IAP Instituto Ambiental do Paraná
IAT Instituto Água e Terra
I.E. a expressão latina id est (i.e.) significa "isto é", em português
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Inmetro Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
IQA Índice de Qualidade Ambiental
ISO International Organization for Standardization (Organização Internacional de Normalização)
ITCG Instituto de Terras, Cartografia e Geologia do Paraná
IUCN International Union for Conservation of Nature
LMP Limites Máximos Permitidos
LQ Limite de Quantificação
MHNCI Museu de História Natural Capão do Imbuia
MMA Ministério do Meio Ambiente
M.s.n.m Metros Sobre o Nível do Mar
M.S. Ministério de Saúde
MD Margem Direita
ME Margem Esquerda
MS Ministério de Saúde
M/S Metros por Segundo
NA Nível da Água
NBR Normas Brasileiras de Regulamentação
NORMAM Normas das Autoridades Marítimas
PACUERA Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno do Reservatório Artificial
PARANASÁN Projeto de Saneamento Ambiental do Paraná
PBA Projeto Básico Ambiental
PDI Plano de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de Curitiba
P.Ex. Por exemplo
pH Potencial Hidrogeniônico
PPA Projeto Produtor de Água
PNMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
PRA Programa de Regularização Ambiental
PRAD Plano de Recuperação de Áreas Degradadas
PSA Pagamento por Serviços Ambientais
RIMA Relatório de Impacto Ambiental
RMC Região Metropolitana de Curitba
SANEPAR Companhia de Saneamento do Paraná

VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA


SBF Secretaria de Biodiversidade e Florestas
SBR Sistema de
SEDEST Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo
SEMA Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
SGS Sistema de Gestão de Segurança
SIMEPAR Sistema Meteorológico do Paraná
SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente
SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação
SP. Abreviatura de uma espécie, de determinado gênero, em latim
SPD Sistema de Plantio Direto
SPP. Abreviatura de várias espécies, de determinado gênero, em latim
UC Unidade de Conservação
UGP Unidade de Gerenciamento do Projeto (Paranasán)
UTM Universal Transversa de Mercator
ZCVS Zona de Conservação da Vida Silvestre
ZDS Zona de Desenvolvimento Sustentável
ZEE Zoneamento Ecológico-Econômico
ZOO Zona de Ocupação Orientada
ZPFV Zona de Preservação de Fundo de Vale
ZPR Zona de Preservação do Reservatório
ZR Zona do Reservatório
ZUR Zona de Uso Rural
ZDS Zona de Desenvolvimento Sustentável
ZPI Zona de Proteção Integral

VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA


1 INTRODUÇÃO

A barragem e reservatório do rio Miringuava faz parte do Plano Diretor de


Águas e Esgotos da Região Metropolitana de Curitiba, elaborado em 1992, revisado
em março de 2000 e atualizado em 2011, onde foram definidas as fontes de
suprimento de água para atendimento às necessidades da população prevista nesta
região até o ano de 2040.
A bacia hidrográfica do rio Miringuava já é utilizada como manancial de
abastecimento público há mais de três décadas, a partir da captação a fio d’água
realizada nas proximidades do Jardim Del Rey, localizada no Distrito de Barro Preto,
em São José dos Pinhais.
Em 2017 a Companhia de Saneamento do Paraná - Sanepar iniciou a
construção do empreendimento que deverá atender cerca de 600.000 habitantes nos
municípios de Fazenda Rio Grande, São José dos Pinhais, Araucária e Curitiba.
O empreendimento está localizado junto aos contrafortes da Serra do Mar,
entre as localidades de Avencal, Papanduva, Saltinho da Malhada e Antinha, no
município de São José dos Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba. A bacia de
drenagem que formará o reservatório está localizada totalmente neste município,
sendo que o principal curso d’água é o rio Miringuava, afluente direto do rio Iguaçu.
Visando a manutenção e a proteção da qualidade da água do manancial a
SANEPAR, já em 2012, iniciou as ações para criação da Área de Proteção Ambiental
- APA, incluindo a realização do Diagnóstico Ambiental da Bacia, seu respectivo
Zoneamento Ecológico-Econômico - ZEE - e o Plano Ambiental de Conservação e
Uso do Entorno - PACUERA - do futuro Reservatório (Edital de licitação Sanepar
411/2012).
Por uma série de motivos, a construção da barragem não se realizou à
época e por consequência, o processo de licenciamento ambiental do
empreendimento se prolongou sendo que, no ano de 2019 (Edital de licitação 352/19),
a SANEPAR, por exigência do órgão ambiental, contratou por meio deste edital a
atualização dos estudos realizados anteriormente. E a empresa Sociedade da Água
Serviços Ambientais e Geotecnologias EIRELI, ao vencer a concorrência é a
responsável por estes serviços, mediante o Contrato 38.187/19.
Os produtos gerados pelo citado contrato e estudo socioambiental estão
dispostos em 3 (três) volumes, divididos em:

3
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
1) Diagnóstico atualizado e respectivo Prognóstico, para a criação da Área
de Proteção Ambiental – APA do Miringuava e para subsidiar o PACUERA, contido
no Volume I;
2) Atualização da proposta de 2013 do Zoneamento Ecológico-Econômico
– ZEE da APA e respectivas Normas de Uso, apresentado no Volume II; e
3) Atualização do Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno do
Reservatório do Miringuava – PACUERA, composto por este Volume III.
O ZEE da APA do Miringuava promove a regulamentação do uso e
ocupação do solo da bacia hidrográfica a montante do barramento no rio Miringuava,
contribuindo, desta forma, para a conservação e melhoria da qualidade ambiental e a
disponibilidade hídrica do manancial.
Cabe mencionar que, ao se considerar a Lei Complementar nº 107, de 19
de abril de 2016 (alterada pela Lei Complementar nº 110, de 16 de agosto de 2016, e
Lei Complementar nº 124, de 19 de julho de 2018), que dispõe sobre o Zoneamento
de Uso e Ocupação do Solo do Município de São José dos Pinhais (Plano Diretor), a
área indicada para a instalação da APA do Miringuava está inserida em uma das duas
Zonas Especiais de Ocupação Restrita (ZEOR) – mais especificamente na ZEOR 1 –
que correspondem às áreas que apresentam condicionantes ambientais à ocupação,
caracterizadas como áreas de manancial de abastecimento público ou localizadas em
porções do território municipal onde se pretende restringir o crescimento urbano.
No citado Plano Diretor, a ZEOR1 é descrita como: áreas com restrições
ambientais expressivas, identificadas ou não no Anexo I desta Lei Complementar,
destinadas à preservação ambiental, à proteção de matas ciliares, a facilitar a
drenagem urbana, à implantação de parques lineares e a preservação de áreas
críticas ou frágeis.
Por sua vez, o PACUERA é uma ferramenta de planejamento e
ordenamento territorial, que promove a regulamentação do uso e ocupação do solo
da área do Reservatório e seu Entorno, propiciando atividades, planos e programas
para a sua conservação, recuperação, controle ambiental e operacional,
compatibilizando interesses múltiplos em relação à utilização sustentável desses
recursos naturais, minimizando a degradação ambiental e maximizando os benefícios
socioeconômicos decorrentes do empreendimento.
Em sua elaboração, observando os preceitos da legislação em vigor, é de
vital importância conciliar as necessidades do empreendimento e promover a
interação com a sociedade.
4
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
O PACUERA abrange duas unidades básicas de planejamento e estudo –
o reservatório per si e a faixa de solo em seu entorno imediato, para as quais
apresentam-se propostas de Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), construídas a
partir da identificação das potencialidades atuais e futuras e as respectivas normas
para a sua utilização ou restrições visando a conservação e, quando oportuno, a sua
utilização sustentável. No PACUERA apresenta-se também as diretrizes que
orientarão o Plano de Gerenciamento e Monitoramento do Reservatório e seu
Entorno.
A área de estudo do PACUERA corresponde a uma faixa de 1.000 metros,
considerando o nível de água máxima normal do reservatório do Miringuava que
corresponde a 905 metros, sendo que a presente versão, com seu zoneamento em
caráter preliminar, será submetido para avaliação da comunidade e de órgãos
públicos que atuam na região, para posterior revisão e consolidação das sugestões e
a aprovação do Instituto Água e Terra - IAT.

1.1 OBJETIVOS E LEGISLAÇÃO PERTINENTES AO PACUERA

O Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno do Reservatório do


Miringuava tem como objetivos atender:
 Ao item 18 das condicionantes ambientais estabelecidas pelo órgão ambiental
quando da emissão da Licença de Instalação nº 18493/2014-IAP para o
empreendimento Barragem e Reservatório de Água para Abastecimento Público
- Miringuava.
 À Resolução Conjunta IAP/SEDEST nº 23 de 19/12/2019, especialmente seu
anexo I, que estabelece as “diretrizes para elaboração do plano ambiental de
conservação e uso do entorno de reservatórios artificiais”, em âmbito estadual.
 Ao artigo 2º, inciso III, da Resolução CONAMA nº 302/2002 no que se refere à
elaboração de “conjunto de diretrizes e proposições com o objetivo de disciplinar
a conservação, recuperação, o uso e ocupação do entorno do reservatório
artificial, respeitados os parâmetros estabelecidos nesta Resolução e em outras
normas aplicáveis”.
 À Resolução Conama nº 303, de 20 de março de 2002, que “dispõe sobre
parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente - APPs".

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VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
 À Lei Florestal nº 12.651/2012, quanto ao inciso II do art. 3º, que define APP
como sendo: “área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função
ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o
solo e assegurar o bem-estar das populações humanas”. Também, ao art. 4º,
inciso III, da mesma lei, que estabelece que são APPs as áreas no entorno dos
reservatórios d’água artificiais, decorrentes de barramento ou represamento de
cursos d’água naturais, na faixa definida na licença ambiental do
empreendimento.
 Também, ao art. 4º, inciso III, da mesma lei, que estabelece que são APPs as
áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de barramento
ou represamento de cursos d’água naturais, na faixa definida na licença
ambiental do empreendimento.
 Ao Art. 5º da citada Lei Florestal, que determina que: “na implantação de
reservatório d'água artificial destinado a geração de energia ou abastecimento
público, é obrigatória a aquisição, desapropriação ou instituição de servidão
administrativa pelo empreendedor das Áreas de Preservação Permanente
criadas em seu entorno, conforme estabelecido no licenciamento ambiental,
observando-se a faixa mínima de 30 (trinta) metros e máxima de 100 (cem)
metros em área rural, e a faixa mínima de 15 (quinze) metros e máxima de 30
(trinta) metros em área urbana.
 E, ainda ao § 1º do supracitado art. 5º: “na implantação de reservatórios d'água
artificiais de que trata o caput, o empreendedor, no âmbito do licenciamento
ambiental, elaborará Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno do
Reservatório, em conformidade com termo de referência expedido pelo órgão
competente do Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama, não podendo o
uso exceder a 10% (dez por cento) do total da Área de Preservação Permanente.
 À Resolução Conama n.º 009, de 03 de dezembro de 1987, que "dispõe sobre a
realização de Audiências Públicas no processo de licenciamento ambiental".
 À Resolução Conama nº 494, de 11 de agosto de 2020, que "estabelece, em
caráter excepcional e temporário, nos casos de licenciamento ambiental, a
possibilidade de realização de audiência pública de forma remota, por meio da
Rede Mundial de Computadores, durante o período da pandemia do Novo
Coronavírus (COVID-19)”.

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VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Cabe observar que o art. 9º da Lei Florestal (nº 1.2651/2012) dispõe que
“é permitido o acesso de pessoas e animais às Áreas de Preservação Permanente
para obtenção de água e para realização de atividades de baixo impacto ambiental.

1.2 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO DO PACUERA

A área de estudo do PACUERA localiza-se na bacia hidrográfica do rio


Miringuava, inserida na APA do Miringuava, onde ocupa 2.481,689 ha desta o que
corresponde a 53,84% da extensão territorial da UC, localizada no município de São
José dos Pinhais, Paraná (Tabela 1, Figura 1).

Tabela 1 Localização da Área de Estudo


Localização
Rio Miringuava
São José dos Pinhais - Comunidades do Avencal,
Município
Saltinho da Malhada, Papanduva e Avencal.
Estado Paraná
Fonte: Sociedade da Água, 2020

A faixa de 1.000 metros no entorno do reservatório do Miringuava que


compõe o PACUERA abrange as sub-bacias MD 01, MD 02, MD 03, MD 04, ME 01,
ME 02, ME 03, ME 04, que drenam para o reservatório, a montante do ponto do
barramento (Figura 1).
O eixo da barragem, localizado na localidade de Avencal encontra-se na
jusante da confluência dos rios Antinha/Gemido com o rio Miringuava, na ponte da
estrada que liga a Colônia Avencal à localidade conhecida como Antinha.
O acesso ao local pode ser feito pela BR-376 que liga Curitiba a Joinville,
numa extensão de 13 km à partir de São José dos Pinhais. Em seguida toma-se o
retorno, sentido Curitiba (imediações da AUDI). No lado oposto ao acesso principal da
AUDI, vira-se à direita, sentido Malhada, por 5,8 km até a Igreja da Malhada. Deste
local, vira-se à esquerda e em seguida à direita. Segue-se por esta via por 4,0 km, até
a região do barramento, dispondo-se de placas indicativas.

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VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Figura 1 Inserção regional da bacia do Miringuava, com destaque à APA e a área do PACUERA
do Miringuava
Fonte: Sociedade da Água, 2020

1.3 DESCRIÇÃO DO EMPREENDIMENTO

O projeto executivo prevê a construção de uma barragem de terra, com


aproximadamente 26 m de altura e 309 m de comprimento.
A seguir são apresentados os principais dados básicos do projeto da
barragem e do reservatório do Miringuava:

DADOS FISIOGRÁFICOS
Área de drenagem na Barragem - 46,16 km2
Área de drenagem na Captação - 110,41 km2
VAZÕES
Máxima média diária registrada (13/01/98) - 18,83 m³/s
Mínima média diária registrada (24/08/91) - 0,23 m³/s
Média diária de longo período (1955-2010) - 2,09 m³/s
Cheia decamilenar afluente - 375,60 m³/s
Cheia decamilenar efluente - 106,79 m³/s
Cheia máxima provável afluente - 573,9 m³/s
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VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Cheia máxima provável efluente - 191,95 m³/s
RESERVATÓRIO
Níveis de água a montante Máximo normal - 905,00 m
Máximo excepcional (cheia decamilenar) - 906,25 m
Máximo maximorum (cheia máxima provável) - 906,81 m
Mínimo operacional - 891,00 m
Área do reservatório (N A = 905,00 m) - 4,308 km2
Área inundada para cheia decamilenar (N A = 906,25 m) - 4,647 km2
Área inundada para cheia máxima provável (N A = 906,81 m) - 4,800 km2
Volume total do reservatório (N A = 905,00 m) - 38,206 x 106 m³
Volume morto (abaixo da elevação 891,00 m) - 2,417 x 106 m³
Volume útil (acima da el. 891,00 m e abaixo da el. 905,00 m) - 5,789 x 106 m³

1.4 CONSULTORIA RESPONSÁVEL PELOS ESTUDOS

A Tabela 2 apresenta a consultoria responsável pelos estudos. A Tabela


3, apresenta o responsável técnico pelo contrato, no âmbito da Sociedade da Água e
a Tabela 4 apresenta a equipe técnica executora.

Tabela 2 Consultoria Responsável pelos Estudos


Empresa Dados
Razão Social Sociedade da Água Serviços Ambientais e Geotecnologias EIRELI
CNPJ 80.821.440/0001-49
CREA/PR 49642
CTF IBAMA 196756
Endereço Av. Desembargador Hugo Simas, 1231 Salas 01, 02 e 03.
Cidade/Estado Curitiba – PR
Telefone (41) 3014-3865
E-mail contato@sociedadedaagua.com.br
Representante Legal Paulo Cezar Tosin
E-mail tosin@sociedadedaagua.com.br

Tabela 3 Responsabilidade Técnica


Conselho
Responsável Formação CTF/IBAMA ART
Profissional
Paulo Cezar Tosin Geógrafo CREA-PR 11534/D 196756 -

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VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Tabela 4 Equipe Técnica da Sociedade da Água
Conselho CTF/
Função Nome Formação
Profissional IBAMA
Coordenador Geral Paulo Cezar
Geógrafo CREA-PR 11.534/D 196756
e do Meio Físico Tosin

Coordenador Geral Paulo Aparecido CRBio


Biólogo 240060
do Meio Biótico Pizzi 08082/07-D
Coordenador
Técnico do Meio
Biótico e Sérgio Augusto
Biólogo 8478/07-D 50879
Responsável Abrahão Morato
Técnico Mastofauna
e Herpetofauna
Coordenador do Paula Tosin CREA- PR
Geógrafa -
Meio Antrópico Calado 92753/D
Aspectos Meio Noazir Ferraro Psicólogo CRP 08/13.953
Antrópico Junior Ambiental

Coordenador de Fabio Guilherme CREA PR


Geógrafo 5681205
Geoprocessamento da Silva Moreira 90.534/D

Gustavo Dias Eng.º CREA-PR


Geoprocessamento -
Ramos Cartógrafo 110921/D

Aspectos do Meio Eng.° CREA- PR


Luana Monteiro -
Físico Ambiental 133431/D

Aspectos do Meio Marcelo Alejandro CRBio


Biólogo 1039117
Biótico - Avifauna Villegas Vallejos 50725/07-D

Aspectos do Meio CRBio


Vinícius Abilhôa Biólogo 57799
Biótico - Ictiofauna 9978/07-D

Aspectos do Meio Luciano Moreira CRBio


Biólogo 2001711
Biótico - Flora Ceolim 50464-07/D
Fonte: Sociedade da Água, 2020

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VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
2 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DA ÁREA DO PACUERA

2.1 CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO

Os estudos para caracterização do Meio Físico foram realizados a partir


das informações contidas nos relatórios do Diagnóstico e Prognóstico Ambiental e do
Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) da APA do Miringuava, produzido pela
Sociedade da Água (2020).

2.1.1 Clima

O clima tem forte influência sobre as formas de vida de um ecossistema, e


seu estudo é fundamental para definir as diretrizes de uso antrópico, e também de
conservação e preservação de uma região. De acordo com a classificação de
Köeppen, ocorrem no estado do Paraná três tipos climáticos: Cfa, Cfb e Af. A área de
estudo está inserida na região de ocorrência do tipo climático Cfb, que caracteriza-se
como clima temperado úmido com verão ameno, Figura 2.

Figura 2 Classificação climática segundo Köeppen


Fonte: Sociedade da Água, 2020, adaptado do ITCG.

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VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Para as variáveis climáticas foram analisados os dados da estação
meteorológica de Pinhais-PR, mais próxima à área de estudo, adquiridos junto ao
SIMEPAR, com valores mensais do ano de 2010 a 2019. Estas estão detalhadas no
Diagnóstico e Prognóstico Ambiental da APA Miringuava e respectivo ZEE (Sociedade
da Água, 2020). As variáveis serão descritas a seguir de forma sucinta.
Referente à precipitação, os meses de janeiro, fevereiro e dezembro
(período de verão), apresentaram as maiores médias de precipitação mensal ao longo
dos anos de 2010 a 2019. Já as menores ocorreram no período entre os meses de
julho e agosto (período de inverno). Comparando o somatório de precipitação anual o
ano de 2010 foi o mais chuvoso e o ano de 2018 o menos chuvoso do período. E a
três anos consecutivos desde 2017, o somatório de precipitação anual foram as
menores da década de estudo.
Para a variável temperatura observou-se um padrão uniforme de
distribuição com valores mais altos em estações como primavera e verão, e valores
mais baixos nos meses de inverno. Analisando a variação da temperatura média
mensal ao longo dos anos o maior valor foi identificado em 2019 (22,6ºC), e o menor
valor em 2016 (11,2ºC). Os valores não apresentaram temperaturas médias propícias
à formação de geadas.
A umidade relativa do ar média mensal apresentou valores mais baixos
entre os meses de julho a setembro. Os valores máximos mensais ultrapassaram 90%
considerado uma umidade relativa de ar alta, característica de um clima úmido.
Durante a década estudada a média da umidade relativa do ar não apresentou
significativa variação.
Durante os anos de 2010 a 2019 predominaram na região os ventos vindos
da direção Norte (51,7% do Norte, 39,2% do Nordeste), 7,5% do Sudeste e 1,7% do
Leste. No período as velocidades mensais dos ventos média foi baixa e não
ultrapassou de 2,2 m/s. Também não foram identificadas significativas variações da
velocidade dos ventos na região ao longo dos anos, caracterizando uma brisa leve
durante o período.
No período as mais elavadas radiações solares médias mensais ocorreram
de setembro a março coincidindo com as estações primavera e verão. Analisando a
década estudada nos últimos 03 (três) anos a média anual mensal da radiação solar
apresentou um decréscimo consecutivo.
Quanto a pressão atmosférica média mensal a mais alta foi entre os meses
de maio a setembro, diminuindo gradativamente nos meses com temperaturas médias
12
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
mensais mais elevadas. Comparando os valores anuais nota-se praticamente uma
constância na média da pressão atmosférica ao longo dos anos.
Analisando a década estudada observa-se que algumas variáveis
climáticas tiveram um comportamento atípico nos últimos três anos se comparado
com os anteriores, como a radiação solar e a precipitação média mensal, o que pode
ser evidenciado por algumas disfunções ambientais, como o período de seca
registrada na região no ano de 2020.

2.1.2 Geologia

A geologia de grande parte da Região Metropolitana de Curitiba (RMC),


que inclui o município de São José dos Pinhais, é constituída por rochas do Escudo
Paranaense, que são rochas mais antigas e resistentes.
A bacia hidrográfica do rio Miringuava, à montante do barramento, também
inserida no contexto do Escudo Paranaense, está assentada sobre rochas do
Complexo Gnáissico-Migmatítico (Arqueano - Proterozóico Inferior), as quais se
encontram cortadas por diques (corpos intrusivos discordantes).
Na área do PACUERA há o predomínio de formação de Migmatíticos
Heterogêneos com Gnaisses Intercalados (APlmgg), e associado ao leito principal do
rio Miringuava e ao longo de seus afluentes há a presença de aluviões, os quais são
sedimentos de deposição fluvial, composto por argilas, areais e em menor proporção
cascalhos. Ocorre a formação Complexo Gnáissico-Migmatítico ao leste, composto
por migmatitos oftálmicos, com paleossoma de biotita-gnaisse e hornblenda-gnaisse,
localmente com quartizitos, estas são rochas utilizadas em geral para produção de
brita. Há também a presença de lineamento estrutural inferido ao longo da área de
estudo. A Figura 3 apresenta a área de abrangência geológica no PACUERA.

13
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Figura 3 Geologia na região do PACUERA.
Fonte: Sociedade da Água, 2020 adaptado do ITCG.

2.1.3 Recursos Minerais

De acordo com a Agência Nacional de Mineração (ANM) foram


identificados sete processos de exploração de recursos minerais na área do
PACUERA, dois deles já concedidos para exploração de lavra para as substâncias
principais caulim e saibro, e as demais são para requerimento de autorização de
pesquisas, sendo duas para a substância saibro, duas para argila e uma para areia.
A empresa Demétrio Rocha & Cia Ltda tem três processos para exploração
para substância saibro, uma delas já em concessão de lavra (área 2), e as demais
para pesquisa (áreas 7 e 8). A empresa Incepa Revestimentos Cerâmicos Ltda tem
concedimento de exploração de caulim (área 01), e pesquisa para a substância argila
(área 6). As áreas 03 e 05 são para pesquisa para as substâncias argila e areia,
respectivamente. A área 09 de autorização de pesquisa para a substância areia, está
fora da área do PACUERA, mas inserida na área de segurança do entorno da
barragem.
As substâncias com solicitações na ANM têm como tipologia de uso a
construção civil (saibro e areia) e industrial (caulim e argila) e para brita (migmatito).
14
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Na Figura 4 pode-se observar a área e a localização dos processos de requerimento
junto à ANM na área de estudo.

Figura 4 Recursos minerais na área do PACUERA.


Fonte: Sociedade da Água, 2020 adaptado do ITCG.

Dentre os primeiros impactos causados pela exploração mineral é a


retirada da cobertura vegetal, a alteração do relevo preexistente e a erosão. Além da
fuga da fauna, poluição atmosférica causada pelo material particulado em suspensão,
a contaminação dos recursos hídricos e o empobrecimento do solo, o que comprova
que a atividade é agressiva em uma área que deve ser de preservação ambiental.
Pode-ser observar na Figura 4 que os locais de exploração mineral estão em áreas
onde a direção do fluxo das águas tendem a desembocar no reservatório, o que pode
ocasionar a lixiviação de contaminantes para os corpos hídricos.
Para as substâncias em concessão de lavra como o caulim, a exploração
pode liberar excessiva quantidade de material particulado ao meio, e dependendo da
maneira que é realizada pode produzir rejeitos que tem grande potencial de impacto,
pois podem conter contaminantes como ferro, alumínio, zinco e cádmio. Já para a
exploração de areia e saibro ocorre a supressão vegetal, o rebaixamento do leito,

15
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
solapamento e erosão das margens. Tais atividades tornam-se inviáveis em uma área
de interesse de preservação do manancial.
Portanto, recomenda-se que a SANEPAR informe a ANM para a
paralização de abertura de processos para exploração mineral na área. As já
anteriormente permitidas, devem ser fiscalizadas de acordo com as exigências legais
e ambientais, visando a mitigação de impactos, e o encerramento e a recuperação
ambiental caso estejam em desacordo com as legislações ambientais vigentes, haja
vista que a área é de interesse de preservação do manancial para abastecimento
público. Também é de extrema importância que ao final do processo de exploração
mineral, as empresas responsáveis elaborem o Plano de Recuperação de Áreas
Degradadas (PRAD) destes empreendimentos.

2.1.4 Geomorfologia

A área de estudo da área do PACUERA é caracterizada pelo Planalto de


Curitiba (Figura 5), bem dissecado formando um relevo de declives entre 10 e 25%,
podendo ultrapassar em algumas áreas. Esta subunidade geomorfológica configura o
embasamento, formado por blocos de rochas cristalinas, de relevo suave a fortemente
dobrado, o qual sustenta uma paisagem de topografia suavemente ondulada a
ondulada, em geral com colinas com formas de topo achatado e arredondado, com
vertentes côncavo-convexas, e altitudes situadas entre 940 e 980 metros. O grau de
estabilidade pode variar dependendo do substrato que as sustenta.
Na área também encontram-se associados as planícies aluviais, que
embora não mapeadas nesta escala de detalhe, são terrenos planos a sub-
horizontais, englobando a planície de inundação do rio Miringuava e seus afluentes e
os terraços colúvio-aluvionares (terrenos situados alguns metros acima da planície de
inundação natural adjacente). São constituídas por sedimentos holocênicos, com o
lençol freático aflorante (banhados) ou muito próximo à superfície. As declividades
variam em torno de 0-2,5%, propiciando inundações periódicas. As altitudes
apresentam-se sempre abaixo de 905 m.
Com a formação do reservatório, novos fenômenos que atuam no
comportamento das vertentes podem desencadear novos processos de deslizamento
ou de erosão de encostas. A exemplo do que foi observado em outros reservatórios
implantados na região leste de Curitiba (Iraí e Piraquara II). Entretanto, as condições
geomorfológicas da bacia hidrográfica do Miringuava no trecho em estudo, tendem a
16
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
ter as características similares às do entorno do Reservatório do Caiguava (Piraquara
I), portanto um tanto menos propícias aos processos de erosão observados nos outros
reservatórios citados anteriormente.

Figura 5: Geomorfologia na área do PACUERA


Fonte: Sociedade da Água, 2020.

2.1.4.1 Características Hipsométricas

Ocorrem na área do PACUERA altitudes que variam de 885 metros a 1.020


metros acima do nível do mar, configurando uma amplitude altimétrica de 135 metros.
A distribuição das altitudes altimétricas pode ser observada na Tabela 5.

Tabela 5: Hipsometria na área do PACUERA do Miringuava


Classe de Solo Área (ha) % em área
885 a 930 metros 1.424,21 56,24%
930 a 975 metros 1.080,08 42,65%
975 a 1020 metros 27,95 1,10%
Total 2.532,24 100,00%
Fonte: Sociedade da Água, 2020

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VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Ao consultar a tabela acima constata-se que mais de 98,90% da área de
estudo está localizada entre as cotas altimétricas de 885 a 975 metros, onde
localizam-se as áreas aluvionares e sedimentares e as áreas mais dobradas
correspondem à apenas 1,1%.

2.1.5 Geotecnia

De acordo com a Figura 6, na área de estudo ocorrem as seguintes tipologias


de terrenos: A - planícies de terrenos aluvionares e CR – Complexo Gnáissico-
Migmatítico, solos residuais e transportados.

Figura 6: Geotecnia na área do PACUERA


Fonte: Sociedade da Água, 2020 adaptado do ITCG.

De acordo com a Tabela 6, cerca de 96% da área do PACUERA apresenta


geotecnia com Complexo Gnáissico-Migmatítico com declividade entre 0 a 30% sem
grandes declives, portanto, a maior fração da área pode ser utilizada para loteamentos
e estradas com ou sem restrições.
Cerca de 17% da região é recomendada que seja destinada para
preservação ambiental se tratando do meio físico geotécnico, sendo estas com
18
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
características de área de inundação, localizadas às margens do Reservatório do
Miringuava e afluentes, ou com áreas de declives superiores à 30%, inviáveis à
quaisquer tipo de ocupação.

Tabela 6: Geotecnia área de abrangência do PACUERA do Miringuava


Geotecnia Área (ha) % em área

> 0% e <= 5% 334,94 13,23%


> 0% e <= 20% 1.273,66 50,30%
> 20% e <= 30% 815,09 32,19%
> 30% 108,55 4,29%
Fonte: Sociedade da Água, 2020

2.1.6 Pedologia

Referente à pedologia estão presentes na área de estudo as seguintes


tipologias de solo: o cambissolo háplico mais representativo em área no entorno do
reservatório, e os latossolos vermelhos e organossolos háplicos presentes em menor
proporção.
A Figura 7 apresenta a localização representativa da pedologia na área de
estudo.

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VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Figura 7 Pedologia na região do PACUERA.
Fonte: Sociedade da Água, 2020 adaptado do ITCG.

Os cambissolos (Tb CXbd14), abrangem 72,7% da área, tem


características de solos de cor bruna ou bruno-amarelada. Quando apresentam
espessura no mínimo mediana sem restrição de drenagem, em relevo pouco
movimentado, eutróficos ou distróficos, apresentam bom potencial agrícola e quando
situados em planícies aluviais estão sujeitos a inundações, que se frequentes e de
média a longa duração são fatores limitantes ao uso agrícola.
A oeste observam-se os solos - latossolos e organossolos - que são mais
ácidos, sendo necessárias correções para um melhor aproveitamento agrícola. Os
organossolos háplicos tem coloração mais escura com grande porção de resíduos
vegetais e drenagem lenta. Já os latossolos (LVd23) de coloração variando de
vermelhas muito escuras a amareladas, são macios quando secos e altamente friáveis
quando úmidos, são permeáveis à água, e em áreas de pastagens é importante
manter a cobertura vegetal para evitar o encrostamento, em geral são solos com
problemas de fertilidade.

20
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Como a maior porção da área do PACUERA é representada pelos
cambissolos tem-se uma maior abrangência de área com condições favoráveis à
agricultura, no que concerne às características do solo.
Foram realizadas nas áreas de empréstimos próximas ao eixo da
barragem, sondagens para ensaios de permeabilidade do solo (Memorial Descritivo
do Empreendimento, Engevix 2012). Os ensaios de infiltração indicaram
permeabilidade na ordem de 10⁻⁵cm/s para o solo residual e colúvio, e 10⁻⁴cm/s para
o aluvião.

2.1.7 Processos erosivos e fragilidades ambientais

Os processos erosivos e as demais fragilidades ambientais da bacia


definirão parte das diretrizes de uso no entorno do reservatório. Os principais focos
com processos erosivos identificados na área do PACUERA estão ao longo das
estradas e vias de acesso, em áreas de pastagens e agrícolas, e no entorno de
benfeitorias. Alguns destes pontos ficarão submersos, entretanto outros no entorno
imediato do futuro reservatório deverão ser recuperados e monitorados, com a
utilização de eventuais obras de engenharia para estabilização de taludes. Em áreas
afastadas das margens há a presença de pontos com erosão lineares crônicas, e nas
demais localidades não são esperados processos que possam alterar a qualidade
ambiental, visto que há uma vasta porção revestida de vegetação, o que minimiza a
ocorrência de carregamento de solos.
No entorno do reservatório o contato do espelho d’ água com o solo pode
se tornar instável em função das condições naturais desta superfície, e é acentuada
quando adjunto à sedimentos inconsolidados ou decorrentes de depósitos
coluvionares. Ressalta-se que no caso do Reservatório do Miringuava o
posicionamento sobre a estrutura geológica de migmatitos heterogêneos e gnaisses
(terrenos geomorfologicamente estáveis), leva a uma condição favorável quanto a
estabilidade de suas margens. Não sendo esperados movimentos de massa ou
escorregamentos, à exceção de locais onde o contato água/terra seja em locais com
declives acentuados ou sem cobertura vegetal. Neste aspecto, ressalta-se a faixa de
5 (cinco) metros a partir do espelho d’água deverá estar desde o seu enchimento
coberto com florestas nativas em diferentes estágios de sucessão (Figura 8).

21
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Figura 8 Vegetação no Entorno do Reservatório do Miringuava
Fonte: Sociedade da Água, 2020

Como observa-se na Figura 8 grande porção da área é coberta por


vegetação e espera-se que a médio prazo seja a totalidade. Há quatro locais principais
onde pode-se esperar solapamento das margens, locados nas dobras das margens
do reservatório.
As áreas do entorno imediato em declive superior a 45% também são
propensas à desencadear o carregamento de materiais terrosos para o corpo hídrico,
e de acordo com a Figura 9, ao longo dos cinco metros não foram identificadas
grandes áreas com estas características. E em alguns pontos eles coincidem com as
áreas sem vegetação, estes locais deverão ser monitorados para evitar eventuais
fenômenos agravantes de erosão e solapamento nas margens do reservatório.

22
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Figura 9 Áreas Potenciais de Processos Erosivos na Margem do Reservatório
Fonte: Sociedade da Água, 2020

A sub-bacia MD-01, apresenta boa porção de sua área total destinada


para pastagem, agricultura e reflorestamento, tem diversos focos de erosão,
entretanto, na maioria laminar. Possui também áreas com erosão e em declive o que
acentua o carregamento de materiais terrosos. A MD-04 possui áreas de pastagens e
agricultura com processos erosivos intensos, e uma área de exploração mineral.
Nota-se alguns loteamentos ao longo das sub-bacias MD-02, ME-03 e 04,
o que ocasiona a supressão vegetal local de forma silenciosa e gradativa. A MD-03
apresenta uma vasta porção de área nativa o que reduz os processos erosivos. A área
da obra da barragem caracterizada por uma ampla área de solo exposto deve ser
recuperada e monitorada (sub-bacias ME-01 e MD-01).
Na extensão da área do PACUERA pode-se observar em algumas
propriedades a transferência do uso do solo de agricultura para plantação de pinus.
As demais áreas de abragência do PACUERA apresentam áreas com
tendência ou com processos erosivos laminares e alguns casos estruturais com
presença de sulcos e ravinas, podendo ser intensificadas por eventos naturais como

23
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
chuvas intensas, declive acentuado, ou por ações antrópicas como exploração do solo
sem manejo e supressão vegetal.
Referente ao saneamento básico, como a área é rural não há rede de
esgoto disponibilizada pela Sanepar, os proprietários usam fossas sépticas e
rudimentares para tratarem seus dejetos. Nas áreas de estradas e vias de acessos
faz-se necessário a implantação de uma melhor drenagem das águas pluviais para
amenizar os processos erosivos e lixiviação de contaminantes agrícolas até os corpos
hídricos.
No restante do território do PACUERA não são esperados processos que
possam adulterar a qualidade ambiental (do relativo equilíbrio na qual se encontra), a
exceção das áreas de desenvolvimento de atividades de mineração, que embora
possam aparentemente ser conduzidas no presente momento, podem se tornar
problemáticas na medida em que estas atividades sejam ampliadas ou executadas
sem a devida fiscalização. Desta maneira, é de extrema importância o monitoramento
contínuo destas áreas.

2.1.8 Hidrografia e Mananciais Subterrâneos

Na bacia do rio Miringuava ocorrem dois grandes sistemas aquíferos: um


representado pelas rochas fraturadas do Complexo Gnáissico-Migmatítico, e outro
pelas lentes arcosianas da Formação Guabirotuba.
Rochas gnáissico-migmatíticas por natureza não apresentam condições de
armazenamento de grandes volumes de água subterrânea. Quando pouco fraturadas
possuem porosidade reduzida, apresentando-se impermeável, não muito propício ao
armazenamento e circulação de água e quando fraturadas ocorre permeabilidade
proporcional ao grau de desenvolvimento das fraturas. São pouco vulneráveis à
contaminação orgânica. A tipologia hidroquímica das águas é controlada pelos
minerais dos gnaisses e migmatitos. Já as águas do aquífero freático são pouco
mineralizadas, e apresentam alto grau de vulnerabilidade, visto que os contaminantes
são facilmente carreados adentro, pois estão próximos à superfície.

2.1.8.1 Monitoramento de Água

Segundo o Diagnóstico e Prognóstico Ambiental da APA do Miringuava


(Sociedade da Água, 2020), em campanhas de monitoramento desde o ano de 2013
24
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
nos pontos de coleta ao longo do reservatório do rio Miringuava e afluentes foram
identificados parâmetros acima dos limites estabelecidos pela legislação vigente para
parâmetros relacionados à agrotóxicos.
Dados mais recentes foram estudados em campanhas de monitoramento
da água superficial no ano de 2019, as quais foram descritas e apresentadas no ZEE
(Sociedade da Água, 2020). Os pontos de coleta são os apresentados na Figura 10,
nomeados 110, 114, 115, 116, 117 e 118. Ressalta-se que todos os pontos de coleta
localizam-se próximos à locais de utilização antrópica, seja de ocupação para
atividades agrícolas, pecuárias, ou para habitação. O ponto de coleta 110 é localizado
no rio Miringuava e à jusante do local onde está sendo construída a barragem. E o
117 próximo à uma área de mineração.
Os resultados das análises foram comparados com os valores
estabelecidos pela Resolução Conama 357/2005 (classe 2) e pela Portaria 2914 de
12/12/2011 do Ministério da Saúde (portaria que foi revogada e consolidada na PCR
- Portaria de Consolidação nº 5, de 28/09/2017).

Figura 10 Pontos de Coleta Para Monitoramento da Qualidade da Água


Fonte: Sociedade da Água, 2020

25
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Os resultados, detalhados no ZEE (Sociedade da Água, 2020),
apresentaram valores acima dos estabelecidos pela legislação para os parâmetros
correlatos à utilização de agrotóxicos, a exemplo o ferro, manganês, e o alumínio que
afetam a qualidade organoléptica da água. E outros parâmetros como fósforo, que em
excesso pode agravar problemas como eutrofização, e que pode ser proveniente
também de atividades agrícolas. Turbidez e DQO também apresentaram-se
superiores aos valores base. O primeiro pode ser consequência dos processos de
erosão no entorno do reservatório, já os parâmetros DQO e a Escherichia coli pode
evidenciar lançamentos sanitários.
Pelo estudo do Índice de Qualidade da Água (IQA), detalhado no ZEE
(Sociedade da Água, 2020), dos seis pontos monitorados apenas três apresentaram
IQA regular nas análises realizadas em novembro/2019, os demais tiveram IQA entre
bom e ótimo.
É evidente ao longo das campanhas de monitoramento que o uso do solo
tem influenciado a qualidade da água na área do PACUERA, sendo pelo uso de
defensivos agrícolas, evidências de processos erosivos, descarte de efluentes
sanitários, entre outros. Desta forma, o órgão ambiental do estado e a Sanepar devem
promover a recuperação da qualidade ambiental, a paralização de utilização de
produtos químicos na agricultura, o adequado manejo do solo, e a orientação à
respeito da utilização correta das fossas sanitárias.

2.1.9 Variações dos níveis de operação do reservatório e seus impactos


ambientais

Segundo o Memorial Descritivo do Empreendimento da Barragem do


Miringuava (ENGEVIX, 2012), o arranjo proposto previa a construção da barragem de
terra com aproximadamente 26 metros de altura e 309 metros de comprimento,
largura da crista da barragem de 7 metros e elevação da crista de 905 metros. Sendo
o eixo da barragem localizado na Antinha (Avencal montante).
As áreas de drenagem na barragem e na captação serão respectivamente
de 46,16 e 101,41 km². Os níveis de água a montante do reservatório terão como
máxima normal de 905 metros e a mínima operacional de 891 metros.
O projeto apresenta também um vertedouro tipo tulipa com elevação da
soleira de 905 metros, diâmetro externo e interno de respectivamente 12 e 5 metros e
vazão máxima no vertedouro de 573,9 m³/s.
26
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Para identificar os impactos ambientais referentes aos níveis de água a
montante do reservatório serão apresentadas a seguir as possíveis variações para os
cotas de 891, 895, 900 e 905 metros.
De acordo com a Figura 11, no nível mínimo operacional de 891 m
apresenta volume chamado de morto de 2,4 x 10⁶ m³, as águas alcançam as sub-
bacias ME-01 e MD-01. A área plana de enchimento é de 77,3 ha, e representa 18%
da área do reservatório.

Figura 11 – Área de enchimento do reservatório nível de água operacional a montante de 891


metros
Fonte: Sociedade da Água, 2020

De acordo com a Figura 12, no nível de água a montante de 895 m


apresenta volume de 7,8 x 10⁶ m³, as águas atingem também as sub-bacias ME-03 e
02 e MD-02. A área plana de enchimento é de 186,2 ha que representa 62% da área
do reservatório. Nesta cota percebe-se que há um estrangulamento das margens no
ponto de intercecção das sub-bacias ME-01, ME-03, MD-02 e MD-01, nesta localidade
talvez seja necessário aumentar a profundidade para formar um canal de passagem

27
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
para as águas. Há também outros pontos isolados de estrangulamento que formam
pequenas áreas secas que também devem ser monitorados.

Figura 12 Área de enchimento do reservatório nível de água de 895 metros


Fonte: Sociedade da Água, 2020

De acordo com a Figura 13, no nível de água a montante de 900 m


apresenta volume de 19,9 x 10⁶ m³, as águas alcançam a sub-bacia ME-04. A área
plana de enchimento é de 302,4 ha que representa 70% da área do reservatório. Nota-
se que há um estrangulamento das margens que formam pequenas áreas secas,
áreas que devem ser monitoradas e até mesmo necessário a abertura de canais para
que aconteça o fluxo livre das águas. Este fenômeno ocorre nas sub-bacias ME-01,
03 e 04

28
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Figura 13 Área de enchimento do reservatório nível de água de 900 metros
Fonte: Sociedade da Água, 2020

De acordo com a Figura 14, no nível de água a montante de 905 m


apresenta volume de 38,2 x 10⁶ m³, as águas alcançam os limites de área e
abrangência do reservatório até a sub-bacia MD-03. A área plana de enchimento é de
430,1 ha que representa 100% da área do reservatório. Há canais estreitos nas sub-
bacias ME-02 e ME-03 e MD-03 que devem ser abertos para garantir passagem livre
do fluxo de água. Também há a formação de duas ilhas.

29
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Figura 14 – Área de enchimento do reservatório nível de água de 905 metros
Fonte: Sociedade da Água, 2020

O relatório também apresenta outros níveis de água a montante, a máxima


excepcional (cheia decamilenar) de 906,25 m com área de inundação de 4,64 km² e
a máximo maximorum (cheia máxima provável) de 906,81 m com área de inundação
de 4,80 km².
Referente à formação das ilhas, a mais próxima à margem esquerda do
reservatório (Figura 15), pode-se avaliar a conveniência econômica e operacional
para o aproveitamento dos solos (área de empréstimo) desta localidade, contanto que
após a retirada, o nível do solo final esteja posicionado abaixo da cota de inundação.
Já a pequena área insular posicionada entre a margem direita e a Ilha 2,
por não ser a calha natural do rio e sim uma área inundada e, devido à baixa
profundidade do canal ali formado e estrangulamento parcial, poderá sofrer um
processo de eutrofização mais intenso, em função da permanência da água por
períodos mais longos, a montante do referido istmo. Para amenizar este impacto,
poderá ser estudada a possibilidade de se promover o aprofundamento do canal junto
à margem direita do lago, de maneira a facilitar a circulação de água neste ponto.

30
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Figura 15 Formação de áreas insulares e proposta de canal para amenizar impactos na
qualidade da água do reservatório.
Fonte: Sociedade da Água, 2020

Os impactos ambientais decorrentes do enchimento do reservatório podem


incidir na alteração do regime hidrológico, alterações no ecossistema da fauna e flora
local. Para minimizar tais impactos descritos neste capítulo é necessário o constante
acompanhamento e monitoramento ambiental ao longo das fases de enchimento e
também a realização de projetos socioambientais para informação da população.

31
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
2.2 CARACTERIZAÇÃO DO MEIO BIÓTICO

A caracterização da vegetação e da fauna da região abrangida pelo


PACUERA do Miringuava abrange uma área de cerca de 1000 metros no entorno do
reservatório, aí incluindo a faixa ciliar do mesmo. Esta região, bem como outras
porções territoriais do entorno, foi objeto de avaliação para o diagnóstico da APA do
Miringuava, unidade de conservação (UC) de uso sustentável a ser criada com vistas
à proteção dos recursos hídricos, da biodiversidade e dos modos de vida das
comunidades humanas habitantes da região de entorno do empreendimento. Tal UC
inclui, em seu território, a área definida para a proteção do reservatório em si, a qual
é avaliada e planejada pelo presente PACUERA.
Este relatório apresenta o diagnóstico e o prognóstico do meio biótico da
área do PACUERA. Concomitantemente aos estudos para a definição da APA, no
presente caso os trabalhos foram realizados mediante revisão de dados secundários,
seguidos de avaliação de campo referentes aos grupos de flora e vertebrados (peixes,
anfíbios, répteis, aves e mamíferos).

2.2.1 Flora

Segundo RODERJAN et al. (1993), são reconhecidas em todo o estado do


Paraná cinco grandes unidades fitogeográficas, a saber: Floresta Ombrófila Densa
(Floresta Atlântica stricto sensu), Floresta Ombrófila Mista (Floresta com Araucária),
Floresta Estacional Semidecidual (Floresta Estacional), Estepe (Campos) e Savana
(Cerrado). O rio Miringuava situa-se na porção leste do primeiro planalto paranaense,
fazendo parte da região dos Campos de Curitiba, nas proximidades das primeiras
elevações da Serra do Mar. Esta região representa o extremo oriental da área de
distribuição natural da Floresta Ombrófila Mista do Sul do Brasil, fazendo contato
direto com a Floresta Ombrófila Densa, característica do litoral e da encosta leste da
Serra do Mar (IBGE, 2012).
A Floresta Ombrófila caracteriza-se em um ecossistema onde os índices
pluviométricos são importantes o ano todo, oscilando entre períodos mais chuvosos
(primavera/verão) e com menores índices pluviométricos (outono/inverno). Já o termo
“mista” é adotado em alusão a coexistência de representantes das floras tropical (afro-
32
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
brasileira) e temperada (austro-brasileira), em marcada relevância fisionômica de
elementos Coniferales e Laurales, onde domina o pinheiro-do-paraná (Araucaria
angustifolia), espécie de comportamento gregário e com elevado valor econômico e
paisagístico (IBGE 1992; LEITE, 1994).
Os campos, por sua vez, são ecossistemas naturais do sul do Brasil,
relictos de épocas mais secas do Quaternário (BEHLING et al., 2009). Constituem
áreas de grande relevância ecológica que compreendem ecossistemas campestres e
florestais, dentro do Bioma da Mata Atlântica (IBGE, 2004), considerado um dos
hotspots mundiais de biodiversidade (MMA-SBF, 2002; BILENCA & MIÑARRO, 2004).
As atuais áreas campestres, controladas principalmente por fatores edáficos e
antrópicos, encontram-se em limiares críticos de conservação não só devido ao
isolamento natural, quanto à forte pressão antrópica, especialmente a expansão da
silvicultura (PILLAR et al., 2006).
Além das duas formações acima, na bacia do Miringuava ocorre ainda a
formação pioneira de influência fluvial, vegetação cujas comunidades vegetais se
desenvolvem sobre planícies aluviais e/ou em depressões periodicamente alagáveis
e estão relacionadas à duração das inundações e a dinâmica das comunidades
vegetais estabelecidas; com uma flora que vai de formas herbáceas a arbustivas até
arbóreas. Trata-se de uma vegetação tipicamente de transição que se desenvolve em
situação pedológica altamente seletiva, para então, ser gradualmente substituída por
formações vegetais mais complexas e mais exigentes em termos de condições físicas,
à medida que propicia a melhoria dessas condições (KOSERA, 2008).

2.2.1.1 Caracterização das Classes de Vegetação Nativa da Área de Estudo

De um ponto de vista fitogeográfico, a sub-bacia do rio Miringuava é


dominada por duas tipologias florestais: a Floresta Ombrófila Mista Aluvial (Mata
Ciliar), que domina as planícies aluviais mais amplas, e a Floresta Ombrófila Mista
Montana (Floresta com Araucária), que se encontra nas encostas das colinas e nas
cabeceiras dos cursos d'água. Ambas se diferenciam em termos de estrutura,
fisionomia, composição florística e diversidade, apesar de terem sido observadas
diferentes nuanças de cada uma das tipologias, bem como transições entre as
mesmas. De modo geral, considerando os dados da literatura, a vegetação da área
33
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
da sub-bacia é bastante heterogênea, mostrando diferentes condições tipológicas e
sucessionais. Esta situação é favorecida tanto por causas naturais como antrópicas.
Entre as primeiras cita-se a heterogeneidade de microambientes em termos de tipos
de solo, condição topográfica, exposição e regime hídrico (drenagem sub-superficial
e superficial, sujeição a inundações periódicas, etc.). Com relação às causas de
origem antrópica deve ser citado principalmente o sistema de uso da terra, dominado
pelas pequenas propriedades rurais sob um intenso grau de cultivo agrícola, o que
favorece a fragmentação da cobertura vegetal natural e a variabilidade em termos de
desenvolvimento sucessional.
A proximidade dos contrafortes da Serra-do-Mar sugere a influência da flora
atlântica e, consequentemente, a condição da área de estudo como um ecótono
vegetacional. Os elementos típicos da Floresta Ombrófila Densa (Floresta Atlântica),
todavia, tiveram uma expressão muito reduzida, reafirmando a identidade
fitogeográfica da área como sendo pertencente à região da Floresta com Araucária e
seus diferentes sub-grupos. A Floresta Atlântica se pronuncia apenas a partir das
encostas sudeste das serras do Salto e Ponta-do-Campo, que delimitam a bacia de
captação do rio Miringuava ao sul e a sudeste. Estas serras constituem um importante
divisor de águas, uma vez que representam o limite entre a bacia do sistema
Iguaçu/Paraná e os rios da encosta atlântica da SerradoMar (como é o caso dos rios
da Prata e Arraial, ambos formadores da represa Guaricana). Em função das
características da vegetação arbórea podem ser consideradas também um limite
fitogeográfico. A somatória destes fatores, portanto, favorece a heterogeneidade da
vegetação em nível de comunidade vegetacional (diversidade beta), onde cada local
apresenta características particulares. Esta situação foi identificada nos resultados da
análise fitossociológica e nos métodos de ordenação e classificação empregado no
EIA da Barragem do Miringuava.
As duas tipologias existentes na área estudada, Floresta Ombrófila Mista e
Floresta Ombrófila Mista Aluvial, possuem identidade florística definida. Isto fica claro
ao se observar a posição relativa das parcelas sobre o plano fatorial apresentado pela
Análise de Componentes Principais. Neste, agrupamentos de parcelas indicam alta
similaridade florística entre as mesmas e sugerem a existência de uma tipologia
definida, com pode ser observado esquematicamente no perfil-diagrama da Figura
16.
34
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Figura 16 Perfil-Diagrama das principais espécies registradas nas formações de Floresta
Ombrófila Mista Montana e Aluvial na Região Metropolitana de Curitiba.
Fonte: Modificado de RODERJAN et al.(2014).

 Floresta Ombrófila Mista Montana

Na Região Metropolitana de Curitiba a Floresta Ombrófila Mista Montana é


a formação florestal típica das colinas suaves e da face oeste da SerradoMar. Seu
principal representante é o próprio pinheiro-do-paraná, que, ocupando o estrato
superior da floresta, confere a esta vegetação sua fisionomia característica. Essa
tipologia de vegetação reúne pequenos fragmentos em estágio inicial de regeneração
que ocupam a bordadura das formações arbóreas mais desenvolvidas que se
encontram em estágio médio (Figura 17).

Figura 17 Registros fotográficos de fragmentos de Floresta Ombrófila Mista Montana no


âmbito do PACUERA do rio Miringuava.
Fonte: LMCeolin (2020).
35
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
A vegetação em estágio inicial é constituída por um conjunto heterogêneo
de espécies em geral pioneiras nativas, competindo com outras espécies exóticas
invasoras, de portes variáveis (1 a 7 m de altura), destacando-se entre as herbáceas
as famílias Poaceae, Cyperaceae, Asteraceae, Verbenaceae e samambaias
(Pteridophyta). Estão presentes também as espécies Escallonia bifida
(Escalloniaceae) e a liana exótica Lonicera japonica (Caprifoliaceae), além de diversas
espécies arbustivas como Baccharis spp. (Asteraceae) e Leandra ssp.
(Melastomataceae) até arbóreas como Schinus terebinthifolius (Anacradiaceae),
Rhamnus sphaerosperma (Rhamnaceae), Ocotea puberula (Lauraceae), Prunus
brasiliensis (Rosaceae) e Matayba elaeagnoides (Sapindaceae), entre as mais
comuns, além das exóticas Pittosporum undulatum (Pittosporaceae) e Ligustrum
lucidum (Olacaceae).
A vegetação em estágio médio é constituída por conjuntos arbóreos mais
adensados, com dossel de até 15 m de altura (média = 8 m), dominado por Ocotea
pulchela (Lauraceae), Casearia obliqua (Salicaceae), Zanthoxylum kleinii (Rutaceae),
Pimenta pseudocaryophyllus (Myrtaceae) e Moquiniastrum polymorphum
(Asteraceae), entre outras. Um segundo estrato, imediatamente abaixo do dossel, se
apresenta com as espécies Mollinedia clavigera (Monimiaceae), Myrciaria tenella
(Myrtaceae), Maytenus evonymoides e Maytenus ilicifolia (Celastraceae), entre as
mais comuns. O sub-bosque é ligeiramente aberto, com evidente regeneração de
espécies arbóreas como Cinnamodendron dinisii (Canellaceae), Cupania vernalis
(Sapindaceae), Campomanesia xanthocarpa e Eugenia unilfora (Myrtaceae), Roupala
montana var. brasiliensis (Proteaceae) e Podocarpus lambertii (Podocarpaceae),
coexistindo com gramíneas diversas, e representantes da família Melastomataceae
(Leandra e Miconia), pteridófitas dos gêneros Rumohra, Anemia e Neoblechnum,
Rubus spp. (Rosaceae). A presença de espécies epífitas é bem significativa,
principalmente nos forófitos mais antigos, cujas casca é mais rugosa, onde
predominam pteridófitas dos gêneros Microgramma, Pleopeltis e Campyloneurum.
Destacam-se também nessa sinúsia representantes das famílias Bromeliaceae
(Tillandsia e Vriesea) e Orchidaceae (Campylocentrum, Capanemia e Gomesa).

36
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
 Floresta Ombrófila Mista Aluvial

Essa fitofisionomia é representada por conjuntos vegetais desuniformes,


abertos e significativamente alterados pelo acesso de animais. Situam-se ao longo da
barragem, dos córregos que se distribuem na área e no entorno das várzeas (Figura
18).

Figura 18 - Registros fotográficos da Floresta Ombrófila Mista Aluvial no âmbito da sub-bacia


do rio Miringuava
Fonte: LMCeolin (2018).

Na regeneração inicial ocorrem espécies arbóreas com alturas entre 2-6 m,


predominando as espécies Symplocos uniflora (Symplocaceae), Rhamnus
sphaerosperma (Rhamnaceae), Myrsine coriacea (Primulaceae), Ocotea pulchela
(Lauraceae) e Prunus brasiliensis (Rosaceae), além das exóticas Pittosporum
undulatum (Pittosporaceae) e Ligustrum lucidum (Olacaceae). No sub-bosque
registrou-se indivíduos principalmente de Cestrum corymbosum (Solanaceae), lírio-
do-brejo (Hedychium coronarium), beijinho (lmpatiens walleriana) e o copo-de-leite
(Zantedeschia aethiopica), além das lianas Paulinia e Serjania (Sapindaceae). Já nas
formações mais bem desenvolvidas (estágio médio) o dossel é uniforme e denso,
dominado por árvores com alturas entre 4 e 10 m. predominam as espécies
Symplocos uniflora (Symplocaceae), Myrsine coriacea (Primulaceae), Campomanesia
guaviroba, Myrcia laruotteana e Myrciaria tenella (Myrtaceae). As espécies típicas
dessa formação como o branquilho (Gymnanthes klotzschiana – Euphorbiaceae) e a
corticeira-do-banhado (Erythrina crista-galli – Fabaceae). O sub-bosque é aberto,
predominando arbustos e arvoretas das espécies Guettarda uruguensis (Rubiaceae),
Escallonia bifida (Escalloniaceae), fetos arborescentes como o xaxim-verdadeiro
37
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
(Dicksonia sellowiana – Dicksoniaceae) e o xaxim-de-espinho (Cyathea
corcovadensis – Cyatheaceae). O epifitismo é menos significativo que nas formações
montanas, contudo é possível observar as mesmas espécies que ocorrem na Floresta
Ombrófila Mista Montana.

 Formação Pioneira de Influência Flúvio-Lacustre

Essa tipologia está presente nas planícies aluviais do rio Miringuava e nos
afluentes deste. Persiste uma cobertura vegetal herbácea adaptada ao hidromorfismo
constante (Figura 19). Nas áreas do estudo a flora varia em composição e riqueza,
ora dominadas pela taboa (Typha domingensis - Typhaceae), ora pela coerana-
amarela (Cestrum corymbosum - Solanaceae) e/ou pelas espécies da família
Cyperaceae (Cyperus spp., Eleocharis spp. e Rynchospora spp.).

Figura 19 Registros fotográficos da Formação Pioneira de Influência Flúvio-Lacustre.


Fonte: LMCeolin (2018).

São frequentes as espécies de pteridófitas Neoblechnum brasiliense,


Telmatoblechnum serrulatum (Blechnaceae) e Thelypteris dentata (Thelypteridaceae),
além das herbáceas Eryngium eburneum (Apiaceae), Erigeron maximus (Asteraceae)
e Ludwigia octovalvis (Onagraceae), entre outras.

 Estepe Gramíneo-Lenhosa (Campos de Curitiba)

A vegetação é caracterizada pela dominância de uma cobertura herbácea


contínua, constituída principalmente por espécies graminoides, que eventualmente

38
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
encontram-se entremeadas por subarbustos isolados ou em pequenos agrupamentos.
As espécies são seletivas e muito sensíveis quanto à variação de propriedades dos
solos, originando agrupamentos vegetais típicos com algumas espécies (Figura 20).

Figura 20 Registros fotográficos da Estepe Gramíneo-Lenhosa.


Fonte: LMCeolin (2018).

Trata-se de uma vegetação de grande relevância ecológica que


compreende ecossistemas pertencentes ao Bioma da Mata Atlântica (IBGE, 2004),
considerado um dos hotspots mundiais de biodiversidade (MMA-SBF, 2002; BILENCA
& MIÑARRO, 2004).

2.2.1.2 Florística

Para a redação e posição taxonômica das famílias e espécies adotou-se o


sistema de classificação proposto por APG III (2009). A ortografia das espécies seguiu
o banco de dados da Flora do Brasil. Para a caracterização das formas de vida da
flora estudada utilizou-se o Manual Técnico de Vegetação Brasileira (IBGE, 2012)
para as espécies arbóreas, arbustivas e herbáceas; e a classificação proposta por
BENZING (1990), o caso de espécies de hábito epifítico, com algumas modificações
(Tabela 7).

Tabela 7 Classificação das formas de vida das espécies da flora


Forma de vida Sigla Características
Árvores ARV Correspondem aos macro, meso e microfanerófitos 1.
Arbustos ARB Correspondem aos nanofanerófitos2.
Lianas LIA Correspondem aos cipós lenhosos ou não.
39
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Forma de vida Sigla Características
Espécies que compõem o piso da floresta não ultrapassando 20-30 cm de
Ervas ERV
altura; correspondem aos caméfitos3.
Não são citadas na classificação do IBGE (1992). Refere-se às espécies que
Epífitas EPI se sustentam sobre outras plantas sem delas retirar nutrientes (e.g. famílias
Orchidaceae, Bromeliaceae, Araceae e algumas pteridófitas).
Forma de vida não citada na classificação do IBGE (1992). Refere-se às
Palmeiras PALM espécies de palmeiras cujo caule é indiviso e termina em uma coroa de
folhas; estípite.
Legenda: ARV: Árvores; ARB: Arbustos; LIA: Lianas; ERV: Ervas; EPI: Epífitas; PALM: Palmeiras.
1
Fanerófitos: são plantas perenes cujas gemas de brotação, situadas sobre talos aéreos erguidos e lenhosos, se encontram a
uma altura de 25 cm ou mais acima do solo (de acordo com um critério puramente convencional). Encontram-se por este motivo
permanentemente expostas às inclemências climáticas. De acordo com a localização das gemas dividem-se em:
Microfanerófitos, com as gemas entre os 2 e 8 m (arbustos arborescentes e pequenas árvores); Mesofanerófitos, com as gemas
geralmente entre os 8 e 30 m (árvores medianas); Macrofanerófitos, com as gemas mais de 30 m (árvores grandes).
2
Nanofaneófitos: quando as gemas se encontram entre 0,25 e 2 m acima do solo (subarbustos e arbustos).
3
Caméfitos: apresentam gemas no sistema aéreo, acima da superfície do solo, porém abaixo de uma certa altura, que varia
segundo diferentes autores; seus ramos secam e caem periodicamente (na estação adversa), de modo que a planta se reduz
a um sistema aéreo não mais alto que 25 ou 50 cm (RAUNKIAER, 1934; DANSEREAU, 1957).
Fonte: Sociedade da Água, 2020

O levantamento florístico contemplou registros de 426 espécies 1,


distribuídas em 93 famílias botânicas. Os grupos registrados (divisão/filo) incluíram
angiospermas (83% das espécies), gimnospermas (4% das espécies) e pteridófitas
(13% das espécies). O gráfico abaixo (Figura 21) exibe a distribuição da riqueza dos
táxons em cada grupo.

450
400
350
300
Riqueza

250
200
150
100
50
0
Nº FAMÍLIAS % Nº ESPÉCIES %
Angiosperma 77 83% 395 93%
Gimnosperma 4 4% 4 1%
Pteridófitas 12 13% 27 6%
Total Geral 93 100% 426 100%
Figura 21 Riqueza, em números absolutos e relativos, de famílias e espécies de pteridófitas,
gimnospermas e angiospermas registradas no âmbito da sub-bacia do rio Miringuava.

1
Não foram consideradas as espécies de macrófitas aquáticas que foram carcaterizadas em um item separado.
40
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Analisando a riqueza das principais famílias observadas, verifica-se que
cerca de 56% de toda a riqueza se concentrou em 13 famílias, sendo a mais
importante Asteraceae, com 50 espécies (11,7%), seguida por Orchidaceae (30 spp.
– 7%), Myrtaceae (25 spp. – 5,9%), Fabaceae (24 spp. – 5,6%), Poaceae (19 spp. –
4,5%), Rosaceae, Rubiaceae e Solanaceae com 13 espécies cada (3,1%), Lauraceae
(12 spp. – 2,8%) e Bromeliaceae, Malvaceae, Melastomataceae, Sapindaceae com
10 espécies cada (2,3%). No Tabela 8 é apresentada a relação das famílias com as
respectivas espécies, forma de vida e origem.

Tabela 8 Listagem das espécies da flora registrada no âmbito da sub-bacia do rio Miringuava
Grupo / Família / Espécie Forma de vida Origem
ANGIOSPERMA
AMARANTHACEAE
Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze. erv ter exótica
Amaranthus cruentus L. erv ter exótica
Chamissoa acuminata Mart. erv ter nativa
Gomphrena celosioides Mart. erv ter nativa
AMARYLLIDACEAE
Agapanthus africanus (L.) Hoffmanns. erv ter exótica
ANACARDIACEAE
Lithraea brasiliensis Marchand arv nativa
Lithraea molleoides (Vell.) Engl. arv nativa
Schinus engleri F.A.Barkeley arv nativa
Schinus polygama (Cav.) Cabrera arb nativa
Schinus terebinthifolia Raddi arv nativa
ANNONACEAE
Annona emarginata (Schltdl.) H.Rainer arv nativa
Guatteria australis A.St.-Hil. arv nativa
APIACEAE
Centella asiatica (L.) Urban erv ter exótica
Conium maculatum L. erv ter nativa
Eryngium eburneum Decne. erv ter nativa
Eryngium paniculatum Cav. & Dombey ex F.Delaroche erv ter nativa
APOCYNACEAE
Asclepias mellodora A.St.-Hil. lia nativa
Oxypetalum pannosum Decne. lia nativa
Peltastes peltatus (Vell.) Woodson lia nativa
Prestonia sp. erv ter nativa
Tabernaemontana catharinensis A.DC. arv nativa
AQUIFOLIACEAE
Ilex dumosa Reissek arv nativa
Ilex microdonta Reissek arv nativa
Ilex theezans Mart. ex Reissek arv nativa
41
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Grupo / Família / Espécie Forma de vida Origem
ARACEAE
Monstera deliciosa Liebm. erv ter exótica
Philodendron loefgrenii Engl. erv epi nativa
Zantedeschia aethiopica (L.) Spreng. erv ter exótica
ARALIACEAE
Hydrocotyle bonariensis Lam. erv ter nativa
Hydrocotyle leucocephala Cham. & Schltdl. erv ter nativa
ARECACEAE
Butia eriospatha (Mart. ex Drude) Becc. pal nativa
Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman pal nativa
ASTERACEAE
Acanthospermum austral (Loefl.) Kuntze. erv ter nativa
Achyrocline satureioides (Lam.) DC. erv ter nativa
Ageratum conyzoides L. erv ter exótica
Aspilia montevidensis (Spreng.) Kuntze. erv ter nativa
Austroeupatorium inulaefolium (Kunth) R.M.King & H.Rob. erv ter nativa
Austroeupatorium laetevirens (Hook. & Arn.) R.M.King & H.Rob. erv ter nativa
Austroeupatorium neglectum (B.L.Rob.) R.M.King & H.Rob. erv ter nativa
Austroeupatorium picturatum (Malme) R.M.King & H.Rob. erv ter nativa
Baccharis articulata (Lam.) Pers. erv ter nativa
Baccharis crispa Spreng. erv ter nativa
Baccharis dracunculifolia DC. arb nativa
Baccharis semiserrata DC. arb nativa
Baccharis vulneraria Baker arb nativa
Bidens pilosa L. erv ter nativa
Calyptocarpus brasiliensis (Nees & Mart.) B.L. Turner. erv ter exótica
Campovassouria cruciata (Vell.) R.M.King & H.Rob. erv ter nativa
Chaptalia exscapa (Pers.) Baker. erv ter nativa
Chaptalia nutans (L.) Pol. erv ter nativa
Chromolaena hirsuta (Hook. & Arn.) R.M.King & H.Rob. erv ter nativa
Chromolaena laevigata (Lam.) R.M.King & H.Rob. erv ter nativa
Chromolaena pedunculosa (Hook. & Arn.) R.M.King & H.Rob. erv ter nativa
Chrysolaena platensis (Spreng.) H.Rob. erv ter nativa
Cirsium vulgare (Savi) Ten. erv ter exótica
Conyza bonariensis (L.) Cronquist. erv ter exótica
Conyza sumatrensis (Retz.) E.Walker erv ter nativa
Dasyphyllum brasiliense (Spreng.) Cabrera arv nativa
Dasyphyllum spinescens (Less.) Cabrera arv nativa
Erigeron maximus (D.Don) Otto ex DC. erv ter nativa
Exostigma notobellidiastrum (Griseb.) G.Sancho erv ter nativa
Galinsoga parviflora Cav. erv ter exótica
Grazielia intermedia (DC.) R.M.King & H.Rob. erv ter nativa
Holocheilus brasiliensis (L.) Cabrera erv ter nativa
Holocheilus illustris (Vell.) Cabrera erv ter nativa
Hypochaeris chillensis (Kunth) Britton erv ter nativa

42
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Grupo / Família / Espécie Forma de vida Origem
Hypochaeris radicata L. erv ter exótica
Mikania cordifolia (L.f.) Willd. lia nativa
Mikania micrantha Kunth. lia nativa
Moquiniastrum polymorphum (Less.) G. Sancho arv nativa
Noticastrum calvatum (Baker) Cuatrec. erv ter nativa
Perezia squarrosa (Vahl.) Less. erv ter nativa
Perezia squarrosa subsp. cubaetensis (Less.) Vuilleumemier erv ter nativa
Piptocarpha angustifolia Dusén ex Malme arv nativa
Piptocarpha axillaris (Less.) Baker arv nativa
Pterocaulon balansae Chodat erv ter nativa
Senecio brasiliensis (Spreng.) Less. erv ter nativa
Sonchus oleraceus L. erv ter exótica
Taraxacum officinale F.H.Wigg. erv ter exótica
Vernonanthura discolor (Spreng.) H.Rob. arv nativa
Vernonanthura montevidensis (Spreng.) H.Rob. erv ter nativa
Vernonanthura westiniana (Less.) H.Rob. arb nativa
BALSAMIACEAE
Impatiens walleriana Hook.f. erv ter exótica
BIGNONIACEAE
Amphilophium crucigerum (L.) L.G.Lohmann lia nativa
Anemopaegma prostatum DC. lia nativa
Dolichandra unguis-cati (L.) L.G.Lohmann lia nativa
Handroanthus chrysotrichus (Mart. ex DC.) Mattos arv nativa
Handroanthus heptaphyllus (Vell.) Mattos arv nativa
Handroanthus umbellatus (Sond.) Mattos arv nativa
Jacaranda puberula Cham. arv nativa
Pyrostegia venusta (Ker Gawl.) Miers lia nativa
BORAGINACEAE
Moritzia dusenii M.Johnst. erv ter nativa
BROMELIACEAE
Bromelia antiacantha Bertol. erv epi nativa
Tillandsia stricta Sol. erv epi nativa
Tillandsia tenuifolia L. erv epi nativa
Tillandsia usneoides L. erv epi nativa
Vriesea carinata Wawra erv epi nativa
Vriesea friburgensis Mez erv epi nativa
Vriesea gigantea Gaudich. erv epi nativa
Vriesea guttata André & Linden. erv epi nativa
Vriesea platynema Gaudich. erv epi nativa
Vriesea reitzii Leme & A.F.Costa erv epi nativa
CACTACEAE
Hatiora salicornioides Britton & Rose erv epi nativa
Lepismium cruciforme (Vell.) Miq. erv epi nativa
Lepismium houlletianum (lem.) Barthlott erv epi nativa
Lepismium lumbricoides (Lem.) Barthlott erv epi nativa

43
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Grupo / Família / Espécie Forma de vida Origem
Rhipsalis elliptica G. Lindb. ex K. Schum. erv epi nativa
Rhipsalis floccosa Sale.-Dyck ex Pfeiff. erv epi nativa
Rhipsalis teres (Vell.) Steud. erv epi nativa
CAMPANULACEAE
Lobelia exaltata Pohl erv ter nativa
CANELLACEAE
Cinnamodendron dinisii Schwacke arv nativa
CANNABACEAE
Celtis iguanea (Jacq.) Sarg. arv nativa
Trema micrantha (L.) Blume arv nativa
CARDIOPTERIDACEAE
Citronella gongonha (Mart.) R.A.Howard arv nativa
Citronella paniculata (Mart.) R.A.Howard arv nativa
CELASTRACEAE
Maytenus evonymoides Reissek arv nativa
Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek arv nativa
CLETHRACEAE
Clethra scabra Pers. arv nativa
COMMELINACEAE
Commelina erecta L. erv ter nativa
Tradescantia fluminensis Vell. erv ter nativa
CONVOLVULACEAE
Ipomoea indivisa (Vell.) Hallier f. lia nativa
Ipomoea purpurea (L.) Roth lia nativa
CUNONIACEAE
Lamanonia ternata Vell. arv nativa
CYPERACEAE
Cyperus meyenianus Kunth erv ter nativa
Cyperus sp. erv ter nativa
Eleocharis sellowiana Kunth erv ter nativa
Kyllinga odorata Vahl erv ter nativa
Rynchospora sp. erv ter nativa
Scleria hirtella Sw. erv ter nativa
DIOSCOREACEAE
Dioscorea macrocarpa Uline lia nativa
Dioscorea multiflora Mart. ex. Griseb. lia nativa
EBENACEAE
Diospyros inconstans Jacq. arv nativa
ELAEOCARPACEAE
Sloanea hirsuta (Schott) Planch. ex Benth. arv nativa
Sloanea lasiocoma K.Schum. arv nativa
ERYTHROXYLACEAE
Erythroxylum deciduum A.St.-Hil. arv nativa
Erythroxylum vaccinofolium Mart. arv nativa
ESCALLONIACEAE

44
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Grupo / Família / Espécie Forma de vida Origem
Escallonia bifida Link & Otto arv nativa
EUPHORBIACEAE
Acalypha chamaedrifolia (Lamarck) Müll.Arg. erv ter exótica
Actinostemon concolor (Spreng.) Müll.Arg. arv nativa
Alchornea triplinervia (Spreng.) M. Arg. arv nativa
Bernardia pulchella (Baill.) Müll.Arg. arb nativa
Gymnanthes klotzschiana Müll.Arg. arv nativa
Ricinus communis L. arb exótica
Sapium glandulosum (L.) Morong arv nativa
Sebastiania brasiliensis Spreng. arv nativa
Sebastiania commersoniana (Baill.) L.B.Sm. & Downs arv nativa
FABACEAE
Acacia mearnsii De Wild. arv exótica
Bauhinia forficata Link arv nativa
Bauhinia radicans Link arv nativa
Calliandra brevipes Benth. arb nativa
Calliandra tweedii Benth. arb nativa
Cassia leptophylla Vogel. arv exótica
Crotalaria hilariana Benth. erv ter nativa
Dahlstedtia muehlbergiana (Hassl.) M.J.Silva & A.M.G. Azevedo arv nativa
Dalbergia frutescens (Vell.) Britton erv ter nativa
Desmodium incanum DC. erv ter exótica
Erythrina crista-galli L. arv nativa
Erythrina speciosa Andrews arb nativa
Inga lentiscifolious (Vell.) Mart. arv nativa
Lonchocarpus muehlbergianus Hassl. arv nativa
Machaerium brasiliense Vogel arv nativa
Machaerium stipitatum Vogel arv nativa
Mimosa bimucronata (DC). Kuntze arv nativa
Mimosa scabrella Benth. arv nativa
Platymiscium floribundum Vogel. arv nativa
Senna corymbosa (Lam.) H.S.Irwin & Barneby arb nativa
Senna macranthera (DC. ex Collad.) H.S.Irwin & Barneby arv nativa
Senna multijuga (Rich.) H.S. Irwin & Barneby arv nativa
Senna obtusifolia (L.) H.S.Irwin & Barneby arb nativa
Senna occidentalis (L.) Link arb nativa
GESNERIACEAE
Sinningia douglasii (Lindl.) Chautems erv epi nativa
HYPERICACEAE
Hypericum brasiliense Choisy erv ter nativa
IRIDACEAE
Sisyrinchium micranthum Cav. erv ter nativa
LAMIACEAE
Condea undulata (Schrank) Harley & J.F.B. Pastore erv ter nativa
Hyptis fasciculata Benth. erv ter nativa

45
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Grupo / Família / Espécie Forma de vida Origem
LAURACEAE
Cinnamomum amoenum (Nees & Mart.) Kosterm. arv nativa
Cinnamomum sellowianum (Nees & Mart.) Kosterm. arv nativa
Cinnamomum verum J. Presl. arv exótica
Nectandra lanceolata Nees arv nativa
Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez arv nativa
Nectandra oppositifolia Nees & Mart. arv nativa
Ocotea bicolor Vattimo-Gil arv nativa
Ocotea indecora (Shott) Mez arv nativa
Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer* arv nativa
Ocotea porosa (Nees & Mart.) Barroso* arv nativa
Ocotea puberula (Rich.) Nees arv nativa
Ocotea pulchella (Nees & Mart.) Mez arv nativa
LAXMANNIACEAE
Cordyline spectabilis Kunth & Bouché arv nativa
LOGANIACEAE
Strychnos brasiliensis Mart. arv nativa
LYTHRACEAE
Cuphea calophylla subsp. mesostemon (Koehne) Lourteig erv ter nativa
Heimia apetala (Spreng.) S.A.Graham & Gandhi erv ter nativa
Heimia myrtifolia Cham. & Schltd erv ter nativa
MALVACEAE
Abutilon stritatum Dicks. ex Lindl. arb nativa
Callianthe striata (Dicks. ex Lindl.) Donnel arb nativa
Ceiba speciosa (A.St.-Hil.) Ravenna arv nativa
Krapovickasia macrodon (A.DC.) Fryxell erv ter nativa
Luehea divaricata Mart. & Zucc. arv nativa
Pavonia guerkeana R.E.Fr. lia nativa
Pavonia sepium A.St.-Hil. arb nativa
Sida carpinifolia J. F. erv ter nativa
Sida potentilloides A.St.-Hil. erv ter nativa
Sida rhombifolia L. erv ter nativa
MELASTOMATACEAE
Chaetogastra debilis Cham. erv ter nativa
Clidemia hirta (L.) D.Don. erv ter nativa
Leandra australis (Cham.) Cogn. arb nativa
Leandra dasythricha (A.Gray) Cogn. erv ter nativa
Leandra purpurascens (DC.) Cogn. erv ter nativa
Miconia cinerascens Miq. arb nativa
Miconia hyemalis A.St.-Hil. & Naudin arv nativa
Tibouchina debilis (Cham.) Cogn. erv ter nativa
Tibouchina granulosa (Desr.) Cogn. arv exótica
Tibouchina sellowiana Cogn. arv nativa
MELIACEAE
Cabralea canjerana (Vell.) Mart. arv nativa

46
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Grupo / Família / Espécie Forma de vida Origem
Melia azedarach L arv exótica
MONIMIACEAE
Mollinedia clavigera Tul. arb nativa
MORACEAE
Ficus benjamina L. arv exótica
Ficus luschnathiana (Miq.) Miq. arv nativa
Ficus sp. arv nativa
Morus nigra L. arv exótica
MUSACEAE
Musa paradisiaca L. erv ter exótica
MYRTACEAE
Blepharocalyx salicifolius (Kunth) O.Berg arv nativa
Calyptranthes strigipes Berg. arb nativa
Campomanesia guazumifolia (Cambess.) O.Berg arv nativa
Campomanesia xanthocarpa (Mart.) O.Berg arv nativa
Eucalyptus sp. arv exótica
Eugenia chlorophylla O.Berg arv nativa
Eugenia handroana D.Legrand arv nativa
Eugenia hiemalis Cambess. arv nativa
Eugenia involucrata DC. arv nativa
Eugenia pluriflora DC. arv nativa
Eugenia uniflora L. arv nativa
Myrceugenia euosma (O.Berg) D.Legrand arv nativa
Myrceugenia miersiana (Gardner) D.Legrand & Kausel arv nativa
Myrcia guianensis (Aubl.) DC. arv nativa
Myrcia hatschbachii D.Legrand arv nativa
Myrcia hebepetala DC. arv nativa
Myrcia laruotteana Cambess. arv nativa
Myrcia pulchra (O.Berg) Kiaersk. arv nativa
Myrcia venulosa DC. arv nativa
Myrciaria tenella (DC.) O.Berg arv nativa
Myrciatnhes pulgens (DC.) O.Berg arv nativa
Myrrhinium atropurpureum Schott arv nativa
Pimenta pseudocaryophyllus (Gomes) Landrum arv nativa
Psidium cattleianum Sabine arv nativa
Psidium guajava L. arv exótica
NYCTAGINACEAE
Bougainvillea spectabilis Willd. arv nativa
Guapira opposita Nees arv nativa
OLECACEAE
Ligustrum lucidum W.T.Aiton arv exótica
ONAGRACEAE
Ludwigia octovalvis (Jacq.) P.H.Raven erv ter nativa
ORCHIDACEAE
Acianthera sonderiana (Rchb.f.) Pridgeon & M.W.Chase erv epi nativa

47
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Grupo / Família / Espécie Forma de vida Origem
Acianthera sp. erv epi nativa
Brasiliorchis picta (Hook.) R.B.Singer et al. erv epi nativa
Campylocentrum aromaticum Barb.Rodr. erv epi nativa
Campylocentrum burchelli Cogn. erv epi nativa
Campylocentrum grisebachii Cogn. erv epi nativa
Capanemia australis Schltr. erv epi nativa
Capanemia micromera Barb.Rodr. erv epi nativa
Capanemia thereziae Barb.Rodr. erv epi nativa
Coppensia paranaensis (Kraenzl.) F.Barros & V.T.Rodrigues erv epi nativa
Cranichis candida (Barb.Rodr.) Cogn. erv ter nativa
Epidendrum secundum Jacq. erv epi nativa
Erycina pusilla (L.) N.H.Williams & M.W.Chase erv epi nativa
Eulophia alta (L.) Fawc. & Rendle erv ter nativa
Gomesa paranensoides M.W.Chase & N.H.Williams erv epi nativa
Gomesa recurva R.Br. erv epi nativa
Govenia utriculata (Sw.) Lindl. erv ter nativa
Grandiphyllum divaricatum (Lindl.) Docha Neto erv epi nativa
Lankesterella ceracifolia (Barb.Rodr.) Mansf. erv epi nativa
Leptotes unicolor Barb.Rodr. erv epi nativa
Liparis nervosa (Thumb.) Lindl. erv ter nativa
Maxillaria picta Hook. erv epi nativa
Mesadenella cuspidata (Lindl.) Garay erv ter nativa
Oncidium hookeri Rolfe erv epi nativa
Pleurothallis hygrophila Barb.Rodr erv epi nativa
Pleurothallis luteola Lindl. erv epi nativa
Pleurothallis sonderana Rchb. f. erv epi nativa
Prostechea fausta (Rchb.f. ex Cogn.) W. E. Higgins erv epi nativa
Specklinia grobyi (Batem. ex Lindl.) F.Barros erv epi nativa
Trichocentrum pumilum (Lindl.) M.W.Chase & N.H.Williams erv epi nativa
PASSIFLORACEAE
Passiflora actinia Hook. lia nativa
Passiflora alata Curtis lia nativa
Passiflora amethystina J.C.Mikan lia nativa
Passiflora edulis Sims lia nativa
PIPERACEAE
Peperomia catharinae Miq. erv epi nativa
Peperomia tetraphylla (G.Forst) Hook. & Arn. erv epi nativa
Piper gaudichaudianum Kunth erv ter nativa
Piper mikanianum (Kunth) Steud. erv ter nativa
Piper xylosteoides (Kunth) Steud. erv ter nativa
PITTOSPORACEAE
Pittosporum undulatum Vent. arv exótica
PLANTAGINACEAE
Plantago australis Lam. erv ter nativa
Plantago tomentosa Lam. erv ter nativa

48
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Grupo / Família / Espécie Forma de vida Origem
POACEAE
Andropogon bicornis L. erv ter nativa
Axonopus siccus (Nees) Kuhlm. erv ter nativa
Cortaderia selloana (Schult.) Asch. erv ter nativa
Dalechampia micromeria Baill. erv ter nativa
Dichanthelium sabulorum (Lam.) Gould & C.A. Clark erv ter nativa
Drepanostachyum falcatum (Nees) Keng f. arb exótica
Ichnanthus ruprechtii Döll erv ter nativa
Oplismenus hirtellus subsp. setarius (Lam.) Mez ex Ekman erv ter nativa
Panicum millegrana Poir. erv ter nativa
Panicum sellowii Nees erv ter nativa
Panicum sp. erv ter nativa
Paspalum paniculatum L. erv ter nativa
Paspalum sp. erv ter nativa
Piptochaetium montevidense (Spreng.) Parodi erv ter nativa
Saccharum angustifolium (Nees) Trin. erv ter nativa
Setaria geniculata (Lam.) P.Beauv. erv ter nativa
Setaria parviflora (Poir.) Kerguélen erv ter nativa
Steinchisma laxum (Sw.) Zuloaga erv ter nativa
Urochloa decumbens (Stapf.) Webster erv ter exótica
PRIMULACEAE
Myrsine coriacea (Sw.) R.Br. ex Roem. & Schult. arv nativa
Myrsine loefgrenii (Mez) Imkhan. arv nativa
Myrsine umbellata Mez. arv nativa
PROTEACEAE
Roupala montana var. brasiliensis (Klotzsch) K.S.Edwards arv nativa
RHAMNACEAE
Hovenia dulcis Thunb. arv exótica
Rhamnus sphaerosperma Sw. arv nativa
ROSACEAE
Acaena eupatoria Cham. & Schltdl. erv ter nativa
Cotoneaster franchetii Bois erv ter exótica
Eriobotrya japonica Thunb. arv exótica
Prunus armeniaca L. arv exótica
Prunus brasiliensis (Cham. & Schltdl.) D.Dietr. arv nativa
Prunus myrtifolia (L.) Urb. arv nativa
Prunus persica (L.) Batsch arv exótica
Pyrus malus L. arv exótica
Rubus brasiliensis Mart. erv ter nativa
Rubus erythroclados Mart. ex Hook.f. arb nativa
Rubus niveus Thunb. arb exótica
Rubus rosifolius Sm. erv ter nativa
Rubus sellowii Cham. & Schltdl. erv ter nativa
RUBIACEAE
Alibertia concolor (Cham.) K.Schum. arv nativa

49
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Grupo / Família / Espécie Forma de vida Origem
Coccocypselum guianense (Aubl.) K.Schum. erv ter nativa
Coccocypselum lanceolatum (Ruiz & Pav.) Pers. arv nativa
Cordiera concolor (Cham.) Kuntze arv nativa
Galianthe brasiliensis (Spreng.) E.L.Cabral & Bacigalupo erv ter nativa
Galium hypocarpium (L.) Endl. ex Griseb. erv ter nativa
Guettarda uruguensis Cham. & Schltdl. lia nativa
Psychotria fractistipula L.B.Sm. et al. arv nativa
Psychotria suterella Cham. & Schltdl. arv nativa
Psychotria vellosiana Benth. arv nativa
Richardia brasiliensis Gomes erv ter nativa
Rudgea jasminoides (Cham.) Müll.Arg. arb nativa
Rudgea parquioides (Cham.) Müll.Arg. arb nativa
RUTACEAE
Citrus limon (L.) Burm.f. arv exótica
Zanthoxylum kleinii (R.S.Cowan) P.G.Waterman arv nativa
Zanthoxylum petiolare A.St.-Hil. & Tul. arv nativa
Zanthoxylum rhoifolium Lam. arv nativa
SALICACEAE
Casearia decandra Jacq. arv nativa
Casearia lasiophylla Eichler arv nativa
Casearia obliqua Spreng. arv nativa
Casearia sylvestris Sw. arv nativa
Xylosma ciliatifolia (Clos) Eichler arv nativa
Xylosma pseudosalzmanii Sleumer arv nativa
SANTALACEAE
Phoradendron affine (Pohl ex DC.) Engl. & K. Krause erv ter nativa
Phoradendron quadrangulare (Kunth) Griseb. erv ter nativa
SAPINDACEAE
Allophylus edulis (A.St.-Hil. et al.) Hieron. ex Niederl. arv nativa
Cardiospermum grandiflorum Sw. arv nativa
Cupania vernalis Cambess. arv nativa
Dyatenppteryx sorbifolia Radlk. arv nativa
Matayba cristae Radlk. arv nativa
Matayba elaeagnoides Radlk. arv nativa
Matayba intermedia Radlk arv nativa
Paullinia carpopoda Cambess. lia nativa
Serjania glabrata Kunth lia nativa
Serjania laruotteana Cambess. lia nativa
SCROPHULARIACEAE
Buddleja stachyoides Cham. & Schltdl. erv ter nativa
SMILACACEAE
Smilax campestris Griseb. lia nativa
SOLANACEAE
Cestrum bracteatum Link & Otto arb nativa
Cestrum corymbosum Schltdl. arb nativa

50
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Grupo / Família / Espécie Forma de vida Origem
Cestrum intermedium Sendtn. arb nativa
Physalis pubescens L. erv ter nativa
Solanum americanum Mill. erv ter nativa
Solanum granulosoleprosum Dunal arv nativa
Solanum guaraniticum A.St.-Hil. arb nativa
Solanum mauritianum Scop. arv nativa
Solanum pseudocapsicum L. arb nativa
Solanum pseudoquina A.St.-Hil. arv nativa
Solanum variabile Mart. arb nativa
Solanum viarum Dunal erv ter nativa
Vassobia breviflora (Sendtn.) Hunz. arb nativa
STYRACACEAE
Styrax leprosus Hook. & Arn. arv nativa
SYMPLOCACEAE
Symplocos pentandra (Mattos) Occhioni ex Aranha arv nativa
Symplocos tenuifolia Brand arv nativa
Symplocos tetrandra Mart. arv nativa
Symplocos uniflora (Pohl) Benth. arv nativa
THYMELAEACEAE
Daphnopsis racemosa Griseb. arb nativa
Daphnopsis sellowiana Taub. arb nativa
TYPHACEAE
Typha domingensis Pers. erv aqu nativa
URTICACEAE
Boehmeria macrophylla Hornem. arb nativa
Urera baccifera (L.) Gaudich. arv nativa
VERBENACEAE
Duranta vestita Cham. arb nativa
Lantana camara L. erv ter nativa
Lantana fucata Lindl. erv ter nativa
Verbena litoralis Kunth erv ter nativa
Vitex megapotamica (Spreng.) Moldenke arv nativa
WINTERACEAE
Drimys brasiliensis Miers arv nativa
ZINGIBERACEAE
Hedychium coronarium J. König. erv ter exótica
Gimnosperma
ARAUCARIACEAE
Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze arv nativa
CUPRESSACEAE
Platycladus orientalis (L.) Franco arv exótica
PINACEAE
Pinus taeda L. arv exótica
PODOCARPACEAE
Podocarpus lambertii Klotzsch ex Endl. arv nativa

51
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Grupo / Família / Espécie Forma de vida Origem
Pteridófitas
ANEMIACEAE
Anemia phyllitidis (L.) Sw. erv ter nativa
Anemia raddiana Link erv ter nativa
BLECHNACEAE
Blechnum brasiliensis Desv. erv ter nativa
Blechnum occidentale L. erv ter nativa
Blechnum serrulatum Rich. erv ter nativa
Neoblechnum brasiliense (Desv.) Gasper & V.A.O. Dittrich erv ter nativa
Telmatoblechnum serrulatum (Rich.) Perrie, D.J. Ohlsen & Brownsey erv ter nativa
CYATHEACEAE
Alsophila setosa Kaulf. fet arb nativa
Cyathea corcovadensis (Raddi) Domin fet arb nativa
Cyathea phalerata Mart. fet arb nativa
DICKSONIACEAE
Dicksonia sellowiana Hook. erv ter nativa
DRYOPTERIDACEAE
Rumohra adiantiformis (G.Forst.) Ching erv epi nativa
HYMENOPHYLLACEAE
Trichomanes polypodioides L. erv epi nativa
LYCOPODIACEAE
Lycopodium sp. erv ter nativa
POLYGALACEAE
Polygala lancifolia A.St.-Hil. & Moq. erv ter nativa
POLYPODIACEAE
Campyloneurum austrobrasilianum (Alston) de la Sota erv epi nativa
Campyloneurum nitidum (Kaulf.) C.Presl erv epi nativa
Microgramma squamulosa (Kaulf.) de la Sota erv epi nativa
Niphidium crassifolium (L.) Lellinger erv epi nativa
Pecluma pectinatiformis (Lindm.) M.G.Price erv ter nativa
Pleopeltis hirsutissima (Raddi) de la Sota erv epi nativa
Pleopeltis pleopeltidis (Fée) de la Sota erv epi nativa
Pleopeltis pleopeltifolia (Raddi) Alston erv epi nativa
Serpocaulon catharinae (Langsd. & Fisch.) A.R.Sm. erv epi nativa
PTERIDACEAE
Adiantopsis chlorophylla (Sw.) Fée erv ter nativa
THELYPTERIDACEAE
Thelypteris dentata (Forssk.) E.P. St. John erv ter exótica
VITTARIACEAE
Vittaria lineata (L.) Sm. erv epi nativa
Total Geral
Legenda: (arv) árvore; (arb) arbusto; (erv ter) erva terrícola; (erv epi) erva epífita; (erv aqu) erva aquática; (lia) liana/cipó; (palm)
palmeira.
Fonte: Compilado de PARANÁSAN/UGP/SANEPAR (2002) e SANEPAR/ECOSSIS (2017).

52
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
 Epifitismo

Os epífitos vasculares promovem a manutenção da diversidade biológica e


atuam no equilíbrio da interação entre as espécies (WAECHTER, 1992), influenciando
processos ecossistêmicos, como a ciclagem de minerais, produtividade primária e
produção de serapilheira, também fornecendo hábitats e recursos para vários
artrópodes arbóreos, pequenos vertebrados e organismos da macro e microflora
(PADMAWATHE et al., 2004). A dependência de substrato arbóreo em associação à
sensibilidade a umidade, faz com que os epífitos sejam indicadores ecológicos
eficientes, registrando tanto a qualidade em estádio dos ecossistemas quanto as
variações ambientais naturais (TRIANA-MORENO et al., 2003), podendo ser
utilizadas como bioindicadoras das mudanças climáticas, poluição e danos aos
ecossistemas (RICHTER, 1991, LUGO & SCATENA, 1992).
Na região de estudo, os epífitos contabilizam pelo menos 57 espécies, valor
este condizente com ambientes do bioma Atlântico com boa estrutura florestal. As
espécies registradas abrangem representantes de Orchidaceae, Bromeliaceae,
Cactaceae, dentre outros (ver quadro acima). A Figura 22 apresenta exemplos de
algumas espécies.

A B

53
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
A B

C D

E F
Figura 22 Principais famílias de espécies epifíticas registradas no âmbito da sub-bacia do rio
Miringuava. Legenda: (A) Capanemia thereziae – Orchidaceae; (B) Trichocentrum pumilum –
Orchidaceae; (C) Vriesea friburgensis – Bromeliaceae; (D) Tillandsia stricta – B Bromeliaceae;
(E) Niphidium crassifolium – Polypodiaceae; (F) Peperomia catharinae – Piperaceae.
Fonte: LMCeolin (2018).

 Espécies Raras e/ou Endêmicas


Foram identificadas 55 espécies endêmicas distribuídas em 31 famílias na
área do levantamento florístico (Anexo 1). Destas, merecem destaque 15 espécies
que apresentam distribuição restrita as regiões Sul e Sudeste do Brasil (Tabela 9),
além de quatro táxons que são exclusivos das formações vegetais do Sul do país,
quais sejam: Butia eriospatha (Arecaceae), Vriesea reitzii (Bromeliaceae), Myrcia
hatschbachii (Myrtaceae) e Zanthoxylum kleinii (Rutaceae). A Figura 23 exibe
registros de campo de espécies endêmicas encontradas na área de estudo.

54
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Tabela 9 Relação das espécies endêmicas registradas no âmbito da sub-bacia do rio
Miringuava com distribuição natural restrita as regiões Sul e Sudeste do país
Forma Formação Distribuição
Família / Espécie
de Vida Vegetal Natural
ARECACEAE
Butia eriospatha (Mart. ex Drude) Becc. pal FOM S
ASTERACEAE
Vernonanthura westiniana (Less.) H.Rob. arb EGL S e SE
BROMELIACEAE
Vriesea reitzii Leme & A.F.Costa erv epi FOM S
CAMPANULACEAE
Lobelia exaltata Pohl erv ter EGL S e SE
CANELLACEAE
Cinnamodendron dinisii Schwacke arv FOM S e SE
FABACEAE
Mimosa scabrella Benth. arv FOM S e SE
LAURACEAE
Cinnamomum sellowianum (Nees & Mart.) Kosterm. arv FOM S e SE
MALVACEAE
Callianthe striata (Dicks. ex Lindl.) Donnel arb EGL S e SE
MONIMIACEAE
Mollinedia clavigera Tul. arv FOM S e SE
MYRTACEAE
Eugenia chlorophylla O.Berg arv FOM S e SE
Eugenia handroana D.Legrand arv FOM S e SE
Myrceugenia euosma (O.Berg) D.Legrand arv FOM S e SE
Myrcia hatschbachii D.Legrand arv FOM S
ORCHIDACEAE
Acianthera sonderiana (Rchb.f.) Pridgeon & M.W.Chase erv epi FOM S e SE
Campylocentrum aromaticum Barb.Rodr. erv epi FOM S e SE
PASSIFLORACEAE
Passiflora actinia Hook. lia FOM S e SE
ROSACEAE
Rubus erythroclados Mart. ex Hook.f. lia EGL S e SE
RUTACEAE
Zanthoxylum kleinii (R.S.Cowan) P.G.Waterman arv FOM S
VERBENACEAE
Duranta vestita Cham. arb FOM S e SE
Legenda: (arv) árvore; (arb) arbusto; (erv epi) erva epífita; (erv ter) erva terrícola; (lian) liana; (subar) subarbusto. (EGL) Estepe
Gramíneo-Lenhosa; (FOM) Floresta Ombrófila Mista. (S) Sul; (SE) Sudeste. Fonte: Fonte: Sociedade da Água, 2020

A B

55
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
C D

E F
Figura 23 Registros fotográficos de espécies endêmicas identificadas no âmbito da sub-bacia
do rio Miringuava. Legenda: (A) Campylocentrum aromaticum – Orchidaceae; (B) Acianthera
sonderiana – Orchidaceae; (C) Passiflora actinia – Passifloraceae; (D) Zanthoxylum kleinii –
Rutaceae; (E) Lobelia exaltata – Campanulaceae; (F) Duranta vestita – Verbenaceae.
Fonte: LMCeolin (2017).

 Espécies Exóticas e/ou Invasoras

Em geral, os termos espécie introduzida, espécie exótica, espécie não


nativa, espécie alóctone e variantes podem ser considerados sinônimos, apesar dos
diferentes conceitos e formas de interpretação, por vezes problemáticos, confusos ou
mesmo ineficientes em sua utilização (BLACKBURN, et al. 2011), especialmente em
algumas situações práticas (VITULE, 2009).
Foram identificadas 71 espécies exóticas e/ou invasoras distribuídas em 41
famílias (Anexo 2). As espécies mais importantes dessa categoria são aquelas que
possuem a capacidade de invadir ecossistemas naturais e promover distúrbios
ecológicos significativos, mediante a competição por luz, por polinizadores e/ou
dispersores, com as espécies nativas.

56
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Na Figura 24 são exibidos registros de campo das espécies exóticas
invasoras identificadas nas formações vegetais nativas da área estudada. Destacam-
se os registros onde se verificou a proliferação dessas espécies nos fragmentos
florestais (Figura B e F).

A B

C D

E F
Figura 24 Registros fotográficos das espécies exóticas/invasoras identificadas no âmbito da
sub-bacia do rio Miringuava. Legenda: (A) Lonicera japonica – Caprifoliaceae; (B) Eriobotrya
japonica – Rosaceae; (C) Zantedeschia aethiopica - Araceae; (D) Impatiens walleriana –
Balsamiaceae; (E-F) Pittosporum undulatum – Pittosporaceae.
Fonte: LMCeolin (2017).

57
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
 Espécies Indicadoras de Ambientes

Entre as indicadoras de ambientes destacaram-se quatro espécies,


conforme ilustra a Figura 24. A espécie conhecida como taboa (Typha dominguensis
- Typhaceae) ocorre em ambientes hidromórficos, sendo encontrada nas Formações
Pioneiras Flúvio-Lacustre da área estudada. Já a espécie guabirobinha
(Campomanesia guaviroba – Myrtaceae) foi registrada somente nos fragmentos de
Floresta Ombrófila Mista Aluvial, enquanto que a outra espécie de guabiroba
(Campomanesia xanthocarpa – Myrtaceae) foi registrada em ambas as formações
florestais que ocorrem na área (montana e aluvial).

A B

C D
Figura 25 Registros fotográficos das espécies indicadoras de ambientes identificadas no
âmbito da sub-bacia do rio Miringuava. Legenda: (A) Typha dominguensis – Typhaceae; B)
Campomanesia guaviroba - Myrtaceae; C) Govenia utriculata – Orchidaceae; D) Dicksonia
sellowiana – Dicksoniaceae.
Fonte: LMCeolin (2018).

58
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
A espécie de orquídea-da-terra (Govenia utriculata - Orchidaceae) tem sua
ocorrência atrelada a formações florestais em estágios de regeneração mais
desenvolvidos, onde há certo nível de sombreamento e umidade no sub-bosque. Na
área de estudo foi encontrada nos fragmentos de Floresta Ombrófila Mista Montana
em estágio médio de regeneração.
Na floresta com araucária, Dicksonia sellowiana, juntamente com outras
espécies de pteridófitos arborescentes compunham, outrora, o estrato arbustivo, por
vezes se tornando abundantes, sobretudo no início das encostas, e não raro
caracterizando visivelmente o estrato arbustivo das Matas de Faxinais, especialmente
ao longo das ramificações da Serra Geral e em altitudes compreendidas entre 500 e
900 m.s.n.m. (KLEIN, 1979).

 Espécies Ameaçadas Protegidas por Lei

De acordo com as listas de espécies ameaçadas consultadas, nacional


(MMA, 2014)2 e estadual (SEMA/IAP, 2008)3, seis espécies foram identificadas na
área estudada, conforme indica a Tabela 10.

Tabela 10 Relação das espécies ameaçadas registradas no âmbito da sub-bacia do rio


Miringuava

Forma de Formação Grau de Ameaça


Família / Espécie
Vida Vegetal SEMA/DIRAM (2008) MMA (2014)
ARECACEAE
Butia eriospatha (Mart. ex Drude) Becc. pal FOM -- VU
MELIACEAE
Cedrela fissilis Vell. FOM -- VU
ARAUCARIACEAE
Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze arv FOM VU EN
LAURACEAE
Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer arv FOM EN EN
Ocotea porosa (Nees & Mart.) Barroso arv FOM VU EN
DICKSONIACEAE

2
Portaria MMA Nº 443, de 17 de dezembro de 2014. Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção. Art.
2º - Em Perigo (EN) e vulnerável (VU).
3
Lista Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção no Paraná. SEMA/DIRAM - Procedimento Operacional Padrão -
POP 005/2008.
59
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Forma de Formação Grau de Ameaça
Família / Espécie
Vida Vegetal SEMA/DIRAM (2008) MMA (2014)
Dicksonia sellowiana Hook. erv ter FOM EN EN

Legenda: (arv) árvore; (erv ter) erva terrícola; (pal) palmeira; (FOM) Floresta Ombrófila Mista; (VU) Vulnerável; (EN) Em Perigo.
Fonte: Sociedade da Água, 2020

 Macrófitas aquáticas

Para um melhor entendimento da ecologia das macrófitas aquáticas, torna-


se vital a compreensão de suas diferentes formas de adaptação ao meio aquático.
Independentemente de aspectos taxonômicos, diferentes grupos de macrófitas
aquáticas são reconhecidos e classificados de acordo com seus hábitos e disposição
em relação ao meio aquático. Os grupos ecológicos normalmente aceitos e utilizados
neste estudo são:
 Emersas: plantas enraizadas no sedimento com folhas acima da lâmina de água,
como Typha domingensis Pers., Cyperus spp., Echinodorus spp.;
 Com folhas flutuantes: plantas enraizadas no sedimento e com folhas flutuando
na lâmina d’água (e.g. Nymphoides sp., Nymphaea spp.);
 Flutuantes: plantas que se desenvolvem flutuando livremente no espelho de
água (e.g. Lemna spp., Spirodela sp., Eichhornia crassipes);
 Submersas enraizadas: plantas enraizadas no sedimento crescendo totalmente
submersas (e.g. Cabomba spp. Ceratophyllum sp., Egeria densa);
 Submersas livres: plantas com raízes pouco desenvolvidas, flutuando
submersas em águas tranquilas, durante o período reprodutivo algumas destas
emitem flores emersas (e.g. Utricularia spp.).
Entre as macrófitas aquáticas incluem-se vegetais que variam desde
macroalgas, como o gênero Chara, até angiospermas, como o gênero Typha. Estes
vegetais podem colonizar os mais diferentes ambientes, dentre os quais destacam-
se: Fitotelmos (tanques formados pelas bainhas de Bromeliaceae), fontes termais,
cachoeiras, lagos, lagoas, represas, brejos, rios, corredeiras, ambientes salobros e
salgados (EPA, 1996). Tendo em vista a preferência das macrófitas aquáticas por
lagoas e corpos de água com menor velocidade de corrente, em decorrência da
facilidade de fixação e de maior acúmulo de substrato, torna-se clara a importância do
estudo da diversidade destas e de suas relações ecológicas para que seja possível

60
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
seu manejo em reservatórios artificiais, especialmente àqueles destinados ao
fornecimento de água para a população.
O barramento de cursos de água visando a formação de reservatórios
determina profundas modificações do meio aquático, uma vez que promove a
transformação de um sistema hídrico lótico em lêntico, determinando, portanto, uma
significativa atenuação da velocidade de corrente, característica de ambientes
lacustres. Além da redução de turbulência, é importante ressaltar o relevante
acréscimo no acúmulo de nutrientes, causado pelo barramento dos cursos d’água
(EPA, 1997). Com efeito, a expansão de plantas aquáticas, geralmente, relaciona-se
com processos de eutrofização, os quais frequentemente aceleram-se em decorrência
de atividades antrópicas. O aporte de nutrientes, seja lançado de efluentes domésticos
e industriais ou por áreas de drenagem de regiões agrícolas, permite o aumento na
concentração de substâncias tais como o fosfato, a amônia e o nitrato que, de modo
geral, são encontradas em baixas concentrações no meio aquático (EPA, 1996).
Durante os levantamentos realizados no EIA da Barragem do rio
Miringuava foram registradas 27 espécies de 14 famílias nos oito pontos de
amostragem analisados (Tabela 11). Dentre as macrófitas aquáticas registradas,
destacam-se Rhynchospora corymbosa, Senecio bonariensis e Polygonum
hydropiperoides como as mais frequentes na área estudada. Eleocharis maculosa,
Ludwigia sericea, Ludwigia cf. tomentosa, Nymphaea caerulea, Mayaca cf. sellowiana
e Hydrocotyle cf. ranunculoides também se mostraram relativamente frequentes.
Validamente, verifica-se que essas nove espécies apresentam uma distribuição
regular na área de estudo.

Tabela 11 Relação das espécies com registro de coleta no âmbito da sub-bacia do rio
Miringuava, suas famílias, nomes vulgares, hábitos e a frequência em que ocorreram.
Família / Espécie Nome Vulgar Hábito FA (%)
ACANTHACEAE
Hygrophila brasiliensis (Spreng.) Lindau -- Pal 12,5
ALISMATACEAE
Echinodorus grandiflorus (C. & S.) Micheli chapéu-de-couro Eme 37,5
APIACEAE
Eryngium cf. eburneum Dcne. gravatá-do-campo Pal 12,5
Eryngium cf. elegans Cham. et Schl. gravatá Pal 12,5
Eryngium sp. gravatá-graúdo Pal 12,5
Hydrocotyle cf. asiatica L. pata-de-burro Eme / Pal 37,5
Hydrocotyle cf. ranunculoides L. f. cairuçú-do-brejo Eme 50,0
ASTERACEAE
Indeterminada 01 margaridão Eme 12,5

61
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Família / Espécie Nome Vulgar Hábito FA (%)
Senecio bonariensis Hook & Arn. margarida-do-banhado Eme 75,0
COMMELINACEAE
Commelina sp. trapoeraba Eme 12,5
CYPERACEAE
cf. Eleocharis sp. junquinho Eme 25,0
cf. Scirpus sp. junco-de-três-quinas Eme 12,5
Rhynchospora corymbosa (L.) Britt. capim-navalha Eme / Pal 75,0
Eleocharis maculosa (Vahl.) Rom. & Schlecht junco-fino Eme / Pal 50,0
Indeterminada 02 junco-manso Eme 12,5
Scirpus californicus (C.A .Mey.) Steud. tiritica Eme 12,5
LENTIBULARIACEAE
Utricularia obtusa Swartz utriculária Sub.liv 12,5
MAYACACEAE
Mayaca cf. sellowiana Kunth -- Sub 50,0
NYMPHAEACEAE
Nymphaea caerulea Savigny ninféia Fol.flut 50,0
ONAGRACEAE
Ludwigia cf. decurrens Walt. cruz-de-malta Eme 25,0
Ludwigia cf. tomentosa (Cambess.) Hara cruz-de-malta Eme 50,0
Ludwigia sericea (Camb.) Hara. cruz-de-malta Eme 50,0
POLYGONACEAE
Polygonum hydropiperoides Michx. pimenta-do-brejo Eme 62,5
Polygonum meissnerianum Cham. Schldl. erva-de-bicho Eme 25,0
PONTEDERIACEAE
Heteranthera reniformis Ruiz & Pav. pavoa Eme / Flut 37,5
POTAMOGETONACEAE
Potamogeton cf. polygonum Schum. -- Sub 25,0
TYPHACEAE
Typha domingensis Pers. taboa Eme 25,0
Legenda: (Eme) Emersa; (Flut) Flutuante; (Fol.Flut) Enraizada com Folhas Flutuantes; (Pal) Paludícola - ambiente úmido, não
necessariamente aquático; (Sub) Submersa Enraizada; (Sub.Liv) Submersa Livre.
Fonte: Retirado de PARANÁSAN/UGP/SANEPAR (2002).

A grande maioria das espécies encontradas são emersas e/ ou paludícolas,


características por colonizarem apenas as porções muito rasas de lagos e rios, o que,
via de regra, corresponde somente às margens dos corpos de água. Dentre estas
destacam-se como formadoras de grandes maciços, segundo constatado em campo,
espécies como Typha domingensis, Echinodorus grandiflorus, Senecio bonariensis e
representantes da família Cyperaceae de maneira geral. Ressalta-se, todavia, que
para que estes maciços se desenvolvam são necessárias algumas condições
especiais como a presença de grandes remansos ou lagoas bastante rasas e
abundância de nutrientes.
Também foram registradas na área tres espécies de macrófitas aquáticas
submersas, sendo Mayaca cf. sellowiana e Potamogeton cf. polygonum, enraizadas
no sedimento, e Utricularia obtusa, uma submersa flutuante. Mayaca cf. sellowiana
ocorre razoavelmente bem distribuída pela área de estudo, apresentando densas
62
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
colônias de touceiras que se alastram desde as margens das lagoas até os locais com
cerca de 40-60 cm de profundidade. Observou-se que esta última espécie se adapta
também às margens das lagoas (fora da água) onde floresce com abundância.
Utricularia obtusa, por sua vez, caracteriza-se por formar densa e extensa rede de
rizóides e ramos filiformes, infestando principalmente lagoas rasas de águas paradas
e, por ser livre, pode ser levada pela água para colonizar outras regiões.
A única espécie enraizada com folhas flutuantes encontrada na área é
Nymphaea caerulea, extremamente ornamental com suas flores azuis. Esta espécie
pode eventualmente infestar reservatórios de até 2 m de profundidade, desde que
haja grande disponibilidade de nutrientes. Na região de alagamento não foram
constatados grandes maciços desta espécie. Finalmente, resta mencionar a espécie
Heteranthera reniformis, bastante particular por apresentar hábito anfíbio, ou seja,
coloniza margens e áreas rasas de lagoas e canais, formando densos tapetes verdes.
Convém destacar que não foram registradas espécies como Eichhornia
crassipes (aguapé), Salvinia molesta (murué) e Pistia stratioides (alface d’água), entre
outras mais comuns, que se caracterizam por serem infestantes de reservatórios.
As comunidades de macrófitas aquáticas da sub-bacia do rio Miringuava
são um importante componente do meio biológico, em função da grande quantidade
e variedade dos corpos de água existentes no local. De toda forma, não foi registrada
a ocorrência de espécies reconhecidamente daninhas a reservatórios. No entanto, a
possibilidade da formação de maciços de algumas das espécies encontradas não
pode ser descartada, principalmente no caso de haver grande aporte de nutrientes ao
reservatório.
Com efeito, há de se destacar que existe a possibilidade da importação de
propágulos de macrófitas aquáticas vindos de outros pontos da bacia, que não fazem
parte da área de alagamento e que não foram incluídos na presente amostragem.
Estes elementos podem encontrar no corpo de água a ser formado condições
favoráveis para seu desenvolvimento, de modo a constituir densas populações.

2.2.1.3 Fitossociologia

Para caracterização da estrutura da vegetação da sub-bacia do rio


Miringuava foram analisados os resultados de estudos realizados na região de
63
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
influência da referida região. Posto isto, considerou-se um estudo efetuado em
ambientes campestres (CEOLIN, 2017 - dados não publicados), o EIA da Barragem
do rio Miringuava (PARANÁSAN/UGP/SANEPAR, 2002) e o Inventário Florístico
Florestal realizado em 2016 (SANEPAR/ECOSSIS, 2017), para a estrutra florestal.

 Estrutura da Vegetação Campestre (Estepe Gramíneo-Lenhosa)

Foram registrados 331 indivíduos distribuídos em 62 espécies de 17


famílias nas áreas campestres. As três famílias mais ricas foram Asteraceae, com 23
(37,1%), seguida por Poaceae, com 13 espécies (21,0%) e Malvaceae, com quatro
(6,5%). Juntas representam 65% de toda a riqueza amostrada no estudo
fitossociológico. Em relação às variáveis fitossociológicas, a espécie mais importante,
i.e., com maior valor de cobertura (227,5) e cobertura relativa (11,38%) foi Saccharum
angustifolium. Quanto à frequência relativa se destacou a espécie Andropogon
bicornis (65%) que foi registrada em 13 das 20 parcelas analisadas. Centella asiatica
e Panicum sellowii também apresentaram frequências relativas significativas (55%),
ocorrendo em 11 parcelas cada (Tabela 12).

Tabela 12 Variáveis fitossociológicas do estudo em ambiente campestre no âmbito da sub-


bacia do rio Miringuava
Espécies ∑ Total CR (%) Com-Esp FR (%)
Saccharum angustifolium 227,5 11,38 10 25
Andropogon bicornis 177,5 8,88 8 65
Solanum pseudocapsicum 172,5 8,63 8 35
Achyrocline satureioides 165,0 8,25 7 40
Centella asiatica 160,0 8,00 7 55
Piptochaetium montevidense 137,5 6,88 6 15
Panicum sellowii 135,0 6,75 6 55
Hypochoeris brasiliensis 125,0 6,25 5 35
Chromolaena pedunculosa 82,5 4,13 4 20
Desmodium incanum 80,0 4,00 4 40
Mikania micrantha 57,5 2,88 3 20
Sida rhombifolia 57,5 2,88 3 20
Steinchisma laxum 55,0 2,75 2 15
Verbena litoralis 55,0 2,75 2 15
Vernonanthura westiniana 55,0 2,75 2 15
Dalechampia micromeria 52,5 2,63 2 10
64
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Espécies ∑ Total CR (%) Com-Esp FR (%)
Eryngium paniculatum 52,5 2,63 2 10
Heimia myrtifolia 47,5 2,38 2 25
Baccharis vulneraria 40,0 2,00 2 10
Chrysolaena platensis 32,5 1,63 1 15
Adiantopsis chlorophylla 27,5 1,38 1 30
Chromolaena laevigata 25,0 1,25 1 25
Richardia brasiliensis 25,0 1,25 1 25
Ageratum conyzoides 20,0 1,00 1 15
Hyptis fasciculata 20,0 1,00 1 15
Grazielia intermedia 17,5 0,88 1 10
Sida potentilloides 17,5 0,88 1 10
Austroeupatorium laetevirens 15,0 0,75 1 5
Axonopus siccus 15,0 0,75 1 5
Baccharis crispa 15,0 0,75 1 5
Eupatorium picturatum 15,0 0,75 1 5
Indet. 15,0 0,75 1 5
Scleria hirtella 15,0 0,75 1 5
Austroeupatorium inulaefolium 7,5 0,38 0 15
Pavonia guerkeana 7,5 0,38 0 15
Commelina sp. 5,0 0,25 0 10
Conyza bonariensis 5,0 0,25 0 10
Dichanthelium sabulorum 5,0 0,25 0 10
Galium hypocarpium 5,0 0,25 0 10
Krapovickasia macrodon 5,0 0,25 0 10
Lantana fucata 5,0 0,25 0 10
Mikania cordifolia 5,0 0,25 0 10
Pterocaulon balansae 5,0 0,25 0 10
Solanum guaraniticum 5,0 0,25 0 10
Tibouchina debilis 5,0 0,25 0 10
Acaena eupatoria 2,5 0,13 0 5
Austroeupatorium neglectum 2,5 0,13 0 5
Baccharis dracunculifolia 2,5 0,13 0 5
Bulbostylis sp. 2,5 0,13 0 5
Chaptalia exscapa 2,5 0,13 0 5
Cuphea calophylla subsp. mesostemon 2,5 0,13 0 5
Cyperus meyenianus 2,5 0,13 0 5
Holocheilus illustris 2,5 0,13 0 5
Hypericum brasiliense 2,5 0,13 0 5
Ipomoea indivisa 2,5 0,13 0 5

65
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Espécies ∑ Total CR (%) Com-Esp FR (%)
Panicum millegrana 2,5 0,13 0 5
Panicum sp. 2,5 0,13 0 5
Paspalum paniculatum 2,5 0,13 0 5
Perezia cubatanensis 2,5 0,13 0 5
Setaria geniculata 2,5 0,13 0 5
Solanum mauritianum 2,5 0,13 0 5

Legenda: (∑-TOTAL) cobertura total; (CR) cobertura relativa; (COM-ESP) composição das espécies; (FR) frequência
relativa.
Fonte: LMCeolin (2017).

Estudos realizados em vegetação campestre no sul do Brasil têm registrado


uma grande variação na riqueza florística (BOLDRINI & MIOTTO, 1987; CARMO,
2006; ESTEVA, 2006; KOZERA et al., 2009; DALAZOANA & MORO, 2011),
justificada, possivelmente, pelos fatores abióticos, grau de substituição, alteração da
vegetação e gradientes hídricos, sendo tais condicionantes também marcantes em
toda região dos Campos Gerais (KLEIN & HATSCHBACH, 1971; CARMO, 2006), ou
ainda pelo fato de estar associada a diferentes métodos empregados em cada estudo
(DALAZOANA & MORO, 2011).
As famílias Asteraceae e Poaceae foram as mais representativas,
corroborando com os resultados encontrados por CERVI et al. (2007); CARMO (2006),
ESTEVA (2006), DALAZOANA et al. (2007), KOZERA et al. (2009); DALAZOANA &
MORO (2011), na região dos Campos Gerais, e por BOLDRINI & MIOTTO (1987) e
FALKENBERG (2003), no Rio Grande do Sul. De acordo com HATSCHBACH &
MOREIRA FILHO (1972), tais famílias são as que caracterizam as áreas campestres
do Paraná.

 Estrutura Horizontal da Vegetação Florestal (Floresta Ombrófila


Mista)
De uma forma geral, pode-se dizer que a Floresta Ombrófila Mista Aluvial
exibiu uma heterogeneidade superior ao que sua uniformidade fisionômica permitisse
supor. Esta formação se apresentou em forma de um mosaico de distintas "sub-
formações", pois apresentou grande variabilidade florística e estrutural conforme o
local amostrado, o que resultou em altos valores do coeficiente de variação (CV%),
notadamente em termos de área basal (CV=52,4 %).

66
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Com 47 espécies amostradas, a riqueza florística é comparável à da
Floresta Ombrófila Mista Montana, que apresentou 48 espécies, neste mesmo estudo.
A Floresta Ombrófila Mista Montana constitui uma formação mais
desenvolvida em termos estruturais, superando a Floresta Ombrófila Mista Aluvial em
quase todos os aspectos avaliados. A única exceção é observada na altura média por
parcela. Este valor, no entanto, é mascarado devido à grande presença do xaxim
Dicksonia sellowiana, que pode apresentar troncos avantajados, porém alturas
reduzidas, subestimando, portanto, os valores de altura média e altura dominante. De
fato, o dossel da floresta normalmente superava os 15 m.
As variáveis estruturais da floresta também mostraram alta
heterogeneidade conforme o local de amostragem, com elevados valores do
coeficiente de variação. Possíveis causas para esta situação são a própria
variabilidade das condições de sítio (inclinação e disposição do terreno, condições
edáficas, etc.) e as causas de origem antrópica, interferindo no padrão de
desenvolvimento sucessional dos remanescentes.
As variáveis fitossociológicas para cada tipologia avaliada, considerando
DAP≥10 cm, podem se observadas no Tabela 13, referente à Floresta Ombrófila Mista
Aluvial e Tabela 14 no que diz respeito à Floresta Ombrófila Mista Montana.

Tabela 13 Variáveis fitossociológica das espécies da Floresta Ombrófila Mista Aluvial,


ordenadas pelo IVI (DAP≥10 cm).
DA DoA FR DR DoR IVI IVC H Média
ESPÉCIE N FA (%)
(ind/ha) (m²/ha) (%) (%) (%) (%) (%) (m)
Sebastiania commersoniana 72 92,3 276,9 9,0175 10,4 29,0 32,6 72,1 61,7 10,0
Symplocos uniflora 24 53,8 92,3 1,3576 6,1 9,7 4,9 20,7 14,6 8,2
Blepharocalyx cf. salicifolius 7 46,2 26,9 2,3473 5,2 2,8 8,5 16,5 11,3 13,1
Vitex megapotamica 9 53,8 34,6 1,8059 6,1 3,6 6,5 16,2 10,2 10,7
Ilex microdonta 10 38,5 38,5 1,7528 4,3 4,0 6,3 14,7 10,4 11,5
Matayba elaeagnoides 9 38,5 34,6 1,8249 4,3 3,6 6,6 14,6 10,2 11,1
Campomanesia xanthocarpa 10 46,2 38,5 0,9912 5,2 4,0 3,6 12,8 7,6 11,6
Machaerium sp. 8 30,8 30,8 0,7019 3,5 3,2 2,5 9,2 5,8 10,9
Drymis brasiliensis 9 23,1 34,6 0,6985 2,6 3,6 2,5 8,8 6,2 10,6
Erythroxylum deciduum 6 30,8 23,1 0,7845 3,5 2,4 2,8 8,7 5,3 9,6
Schinus terebinthifolius 9 15,4 34,6 0,4535 1,7 3,6 1,6 7,0 5,3 7,2
Myrcia laruotteana 6 23,1 23,1 0,5240 2,6 2,4 1,9 6,9 4,3 9,7
Casearia decandra 5 23,1 19,2 0,3392 2,6 2,0 1,2 5,9 3,2 10,3
Eugenia uniflora 4 23,1 15,4 0,4184 2,6 1,6 1,5 5,7 3,1 11,9

67
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
DA DoA FR DR DoR IVI IVC H Média
ESPÉCIE N FA (%)
(ind/ha) (m²/ha) (%) (%) (%) (%) (%) (m)
Allophyllus edulis 3 23,1 11,5 0,2322 2,6 1,2 0,8 4,7 2,0 9,5
Prunus sellowii 7 7,7 26,9 0,2519 0,9 2,8 0,9 4,6 3,7 9,4
Inga cf. virescens 3 23,1 11,5 0,1293 2,6 1,2 0,5 4,3 1,7 9,2
Ilex theezans 4 15,4 15,4 0,2535 1,7 1,6 0,9 4,3 2,5 9,3
Myrtaceae 04 3 15,4 11,5 0,2119 1,7 1,2 0,8 3,7 2,0 9,5
Podocarpus lambertii 2 15,4 7,7 0,2187 1,7 0,8 0,8 3,3 1,6 10,8
Myrsine ferruginea 2 15,4 7,7 0,2090 1,7 0,8 0,8 3,3 1,6 10,8
Calyptranthes concinna 3 7,7 11,5 0,3235 0,9 1,2 1,2 3,2 2,4 11,0
Myrciaria tenella 2 15,4 7,7 0,1642 1,7 0,8 0,6 3,1 1,4 5,8
Araucaria angustifolia 3 7,7 11,5 0,2861 0,9 1,2 1,0 3,1 2,2 10,7
Eugenia cf. multiovulata 2 15,4 7,7 0,1358 1,7 0,8 0,5 3,0 1,3 12,3
Gomidesia sellowiana 2 15,4 7,7 0,1043 1,7 0,8 0,4 2,9 1,2 9,5
Xylosma pseudosalzmannii 2 15,4 7,7 0,0659 1,7 0,8 0,2 2,8 1,0 7,8
Erythrina falcata 1 7,7 3,8 0,3413 0,9 0,4 1,2 2,5 1,6 15,0
Myrrhinium atropurpureum 2 7,7 7,7 0,1855 0,9 0,8 0,7 2,3 1,5 7,0
Myrtaceae 12 2 7,7 7,7 0,1596 0,9 0,8 0,6 2,3 1,4 12,5
Tabebuia alba 1 7,7 3,8 0,2098 0,9 0,4 0,8 2,0 1,2 11,5
Scutia buxifolia 1 7,7 3,8 0,1891 0,9 0,4 0,7 2,0 1,1 12,5
Syagrus romanzoffiana 1 7,7 3,8 0,1740 0,9 0,4 0,6 1,9 1,0 8,5
Lauraceae 02 1 7,7 3,8 0,1091 0,9 0,4 0,4 1,7 0,8 14,0
Campomanesia sp. 1 7,7 3,8 0,1023 0,9 0,4 0,4 1,6 0,8 11,5
Myrtaceae 07 1 7,7 3,8 0,0824 0,9 0,4 0,3 1,6 0,7 12,0
Durantha vestita 1 7,7 3,8 0,0617 0,9 0,4 0,2 1,5 0,6 11,0
Symplocos cf. tetrandra 1 7,7 3,8 0,0563 0,9 0,4 0,2 1,5 0,6 7,0
Ilex brevicuspis 1 7,7 3,8 0,0505 0,9 0,4 0,2 1,5 0,6 11,0
Myrsine umbellata 1 7,7 3,8 0,0505 0,9 0,4 0,2 1,5 0,6 7,5
Banara tomentosa 1 7,7 3,8 0,0447 0,9 0,4 0,2 1,4 0,6 11,0
Ocotea sp.02 1 7,7 3,8 0,0421 0,9 0,4 0,2 1,4 0,6 9,5
Zanthoxylum rhoifolium 1 7,7 3,8 0,0399 0,9 0,4 0,1 1,4 0,5 9,0
Myrtaceae 11 1 7,7 3,8 0,0394 0,9 0,4 0,1 1,4 0,5 9,0
Ilex paraguariensis 1 7,7 3,8 0,0356 0,9 0,4 0,1 1,4 0,5 9,0
Pithecoctenium crucigerum 1 7,7 3,8 0,0343 0,9 0,4 0,1 1,4 0,5 11,0
Myrcia cf. breviramis 1 7,7 3,8 0,0321 0,9 0,4 0,1 1,4 0,5 9,5
TOTAL 248 -- 953,8 27,64 100 100 100 300 200 10,2

Legenda: (N) número de indivíduos; (FA) frequência absoluta; (DA) densidade absoluta; (DoA) dominância absoluta; (FR)
frequência relativa; (DR) densidade relativa); (DoR) dominância relativa; (IVI) índica de valor de importância; (IVC) índice de valor
de cobertura; (H média) altura média.
Fonte: PARANÁSAN/UGP/SANEPAR (2002).

68
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Tabela 14 Variáveis fitossociológica das espécies da Floresta Ombrófila Mista Montana,
ordenadas pelo IVI (DAP≥10 cm).
DA DoA FR DR DoR IVI IVC H Média
ESPÉCIE N FA (%)
(ind/ha) (m²/ha) (%) (%) (%) (%) (%) (m)
Dicksonia sellowiana 52 28,6 185,7 7,3001 3,0 17,4 21,2 41,5 38,6 3,9

Ilex microdonta 26 85,7 92,9 5,1956 8,9 8,7 15,1 32,7 23,8 12,0

Prunus sellowii 28 64,3 100,0 2,1609 6,7 9,4 6,3 22,3 15,6 11,5

Drymis brasiliensis 22 57,1 78,6 2,0461 5,9 7,4 5,9 19,2 13,3 10,4

Myrcia obtecta 8 35,7 28,6 2,0356 3,7 2,7 5,9 12,3 8,6 12,3

Clethra scabra 14 35,7 50,0 1,2600 3,7 4,7 3,7 12,0 8,3 12,0

Ilex dumosa 11 57,1 39,3 0,8136 5,9 3,7 2,4 12,0 6,0 11,1

Campomanesia xanthocarpa 9 42,9 32,1 1,0472 4,4 3,0 3,0 10,5 6,0 10,4

Symplocos cf. tetrandra 17 21,4 60,7 0,8361 2,2 5,7 2,4 10,3 8,1 9,2

Lamanonia speciosa 7 35,7 25,0 1,2972 3,7 2,3 3,8 9,8 6,1 10,5

Schinus terebinthifolius 11 28,6 39,3 0,8723 3,0 3,7 2,5 9,2 6,2 8,3

Cryptocarya aschersoniana 9 28,6 32,1 0,6491 3,0 3,0 1,9 7,9 4,9 11,1

Blepharocalyx cf. salicifolius 11 21,4 39,3 0,6142 2,2 3,7 1,8 7,7 5,5 8,9

Ilex theezans 5 28,6 17,9 1,0277 3,0 1,7 3,0 7,6 4,7 13,2

Ocotea sp.03 4 21,4 14,3 0,6217 2,2 1,3 1,8 5,4 3,1 12,6

Alsophila sp. 5 21,4 17,9 0,4132 2,2 1,7 1,2 5,1 2,9 3,3

Myrtaceae 02 3 21,4 10,7 0,6013 2,2 1,0 1,7 5,0 2,7 13,5

Araucaria angustifolia 2 14,3 7,1 0,8421 1,5 0,7 2,4 4,6 3,1 15,0

Myrtaceae 03 4 21,4 14,3 0,2187 2,2 1,3 0,6 4,2 2,0 9,8

Myrcia arborescens 2 14,3 7,1 0,6726 1,5 0,7 2,0 4,1 2,6 11,3

Styrax leprosus 3 21,4 10,7 0,2544 2,2 1,0 0,7 4,0 1,7 9,5

Myrsine ferruginea 4 14,3 14,3 0,2564 1,5 1,3 0,7 3,6 2,1 9,9

cf. Myrcia sp. 3 14,3 10,7 0,3256 1,5 1,0 0,9 3,4 1,9 11,0

Matayba elaeagnoides 3 14,3 10,7 0,2360 1,5 1,0 0,7 3,2 1,7 11,3

Vitex megapotamica 2 14,3 7,1 0,2376 1,5 0,7 0,7 2,8 1,4 10,8

Roupala brasiliensis 2 14,3 7,1 0,2121 1,5 0,7 0,6 2,8 1,3 8,5

Cinnamomum vesiculosum 2 14,3 7,1 0,2051 1,5 0,7 0,6 2,7 1,3 10,5

Gomidesia sellowiana 2 14,3 7,1 0,1042 1,5 0,7 0,3 2,5 1,0 10,5

Myrceugenia alpigena 2 14,3 7,1 0,0911 1,5 0,7 0,3 2,4 0,9 9,8

Myrtaceae 04 2 14,3 7,1 0,0621 1,5 0,7 0,2 2,3 0,8 7,9

Myrsine umbellata 3 7,1 10,7 0,1632 0,7 1,0 0,5 2,2 1,5 10,0

Mimosa scabrella 3 7,1 10,7 0,1576 0,7 1,0 0,5 2,2 1,5 8,8

Casearia decandra 2 7,1 7,1 0,1849 0,7 0,7 0,5 1,9 1,2 14,0

69
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
DA DoA FR DR DoR IVI IVC H Média
ESPÉCIE N FA (%)
(ind/ha) (m²/ha) (%) (%) (%) (%) (%) (m)
Vernonia discolor 1 7,1 3,6 0,2752 0,7 0,3 0,8 1,9 1,1 14,0

Jacaranda puberula 1 7,1 3,6 0,1977 0,7 0,3 0,6 1,6 0,9 15,5

Piptocarpha axillaris 1 7,1 3,6 0,1920 0,7 0,3 0,6 1,6 0,9 12,5

Calyptranthes sp. 01 2 7,1 7,1 0,0590 0,7 0,7 0,2 1,6 0,8 8,8

Myrcia cf. breviramis 1 7,1 3,6 0,1531 0,7 0,3 0,4 1,5 0,8 12,0

Annona cacans 1 7,1 3,6 0,1361 0,7 0,3 0,4 1,5 0,7 16,0

Maytenus evonymoides 1 7,1 3,6 0,0658 0,7 0,3 0,2 1,3 0,5 7,5

Tabebuia alba 1 7,1 3,6 0,0625 0,7 0,3 0,2 1,3 0,5 14,0

Eugenia cf. multiovulata 1 7,1 3,6 0,0591 0,7 0,3 0,2 1,2 0,5 9,0

Ocotea pulchella 1 7,1 3,6 0,0521 0,7 0,3 0,2 1,2 0,5 11,0

Ocotea corymbosa 1 7,1 3,6 0,0446 0,7 0,3 0,1 1,2 0,5 12,5

Myrcia sp.01 1 7,1 3,6 0,0439 0,7 0,3 0,1 1,2 0,5 9,0

Syagrus romanzoffiana 1 7,1 3,6 0,0432 0,7 0,3 0,1 1,2 0,5 9,0

Sapium glandulatum 1 7,1 3,6 0,0358 0,7 0,3 0,1 1,2 0,4 10,0

Pimenta pseudocaryophyllus 1 7,1 3,6 0,0289 0,7 0,3 0,1 1,2 0,4 7,5

TOTAL 299 - 1067,9 34,47 100 100 100 300 200 10,6

Legenda: (N) número de indivíduos; (FA) frequência absoluta; (DA) densidade absoluta; (DoA) dominância absoluta; (FR)
frequência relativa; (DR) densidade relativa); (DoR) dominância relativa; (IVI) índica de valor de importância; (IVC) índice de valor
de cobertura; (H média) altura média. Fonte: PARANÁSAN/UGP/SANEPAR (2002).

Conforme pode ser observado nos dados acima, a espécie de maior


expressão na Floresta Ombrófila Mista Aluvial (Mata Ciliar) foi Sebastiania
commersoniana (branquilho), com IVI=72,1, ocorrendo em 12 das 13 parcelas
levantadas (FA=92,3%). Com isso, essa espécie se destaca perante as demais, uma
vez que os demais valores de IVI se apresentaram muito inferiores. De fato, o
branquilho apresentou agrupamentos quase puros, localizados, sem exceção,
próximos aos cursos d'água, preferencialmente nas planícies mais amplas.
Symplocos uniflora, Blepharocalys cf. salicifolius, Vitex megapotamica (guaraperê),
Ilex microdonta (caúna), Matayba elaeagnoides (miguel-pintado) e Campomanesia
xanthocarpa (guabiroba), apesar de menos pronunciados que o branquilho, também
demonstraram presença marcante, com valores de IVI variando de 12,8 a 20,7.
Indivíduos da família Myrtaceae tiveram destaque entre as espécies de sub-bosque.
Nos locais mais encaixados era comum observar a presença de espécies mais típicas
da Floresta Ombrófila Mista Montana.

70
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Na Floresta Ombrófila Mista Montana a espécie mais expressiva em termos
de IVI foi Dicksonia sellowiana. Destacou-se onde o sub-bosque da floresta era
formado quase que exclusivamente por esta espécie. Seu IVI=41,5, no entanto, não
se pronuncia tanto perante as demais espécies (como o caso do branquilho na
Floresta Ombrófila Mista Aluvial), uma vez que as outras espécies de destaque nesta
formação, como Ilex microdonta (IVI=32,7), Prunus sellowii (IVI=22,3) e Drymis
brasiliensis (IVI=19,2), apresentaram valores de IVI mais próximos.

 Índices de Diversidade

Conforme asseveram FELFILI & REZENDE (2003), os valores do Índice de


Shannon geralmente situam-se entre 1,3 e 3,5 nats.ind-1, podendo exceder 4,0 e
alcançar em torno de 4,5 nats.ind-1 em ambientes florestais tropicais. No estudo em
tela, considerando os dados do EIA da Barragem do Rio Miringuava
(PARANÁSAN/UGP/SANEPAR, 2002), o Índice de Diversidade de Shannon médio
calculado foi para a Floresta Ombrófila Mista Montana foi de 3,36 nats.ind-1, enquanto
que para Floresta Ombrófila Mista Aluvial foi de 2,78 nats.ind-1.

2.2.1.4 Considerações sobre o Diagnóstico da Vegetação

A área de influência da sub-bacia do rio Miringuava e de seu entorno


encerra um rico mosaico de diferentes condições fitoecológicas, bem como do grau
de conservação dos ecossistemas naturais. Durante o levantamento constatou-se a
presença de praticamente todos os tipos de formações vegetais existentes na Região
Metropolitana de Curitiba (RMC), quais sejam: Floresta Ombrófila Mista Montana
(floresta com araucária, em diferentes estágios de sucessão secundária), Floresta
Ombrófila Mista Aluvial (mata ciliar), Estepe Gramíneo-Lenhosa (campos naturais),
Formação Pioneira sob Influência Fluvio-Lacustre (campos de inundação), esta última
em suas mais variadas formas, conforme o grau de alagamento.
Cada um destes sistemas apresenta sua própria individualidade ecológica,
tornando o ambiente rico em formas de vida e número de espécies (diversidades alfa
e beta elevadas). Esta biodiversidade, no entanto, não se diferencia significativamente
daquela observada nos demais ambientes naturais da RMC, exceto em áreas
71
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
influenciadas pela Floresta Ombrófila Densa (floresta atlântica), nas quais a
diversidade nos ambientes florestais pode ser mais elevada. A bacia do rio Miringuava
é, portanto, um sistema típico e representativo do ambiente natural da região próxima
à cidade de Curitiba.
Na área de estudo a ação do homem se reflete diretamente no estado de
conservação dos ecossistemas. A região é fortemente marcada pela atividade
agrícola, sendo a horticultura e o plantio de culturas agrícolas anuais as práticas mais
comuns. Em menor escala está a atividade pecuária. Foram observados campos de
inundação submetidos a processos de drenagem para fins de aproveitamento sob
forma de pastagem. Na área estudada não foram observadas comunidades intocadas
de floresta natural, as quais sempre apresentaram algum grau de alteração, seja por
exploração seletiva ou por remoção total da cobertura vegetal no passado. Este
cenário resulta em um conjunto de comunidades de vegetação secundária em
diferentes estágios de sucessão, existindo, no entanto, alguns trechos com florestas
em estágio de desenvolvimento relativamente avançado.
A presença marcante da Araucaria angustifolia (pinheiro-do-paraná) e
Dicksonia sellowiana (xaxim), ressalta o valor ambiental da área estudada, uma vez
que estas espécies são mencionadas na legislação ambiental como passíveis de
medidas especiais de proteção e manejo.

72
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
2.2.2 Fauna

2.2.2.1 Introdução

Zoogeograficamente, a bacia do rio Miringuava pertence à grande


Província Atlântica, que agrupa zonas sul-americanas florestadas na encosta
atlântica, desde o nordeste brasileiro até o limite sul do país. Situa-se também na sub-
província Guarani, ou seja, o prolongamento ocidental da Mata Atlântica, considerado
planáltico e que estende seus limites até o nordeste da Argentina e leste do Paraguai
(MELLO-LEITÃO, 1946). Entretanto, a presença de espécies com distribuição restrita
à região das Florestas com Araucárias do Planalto Meridional Brasileiro conforma a
existência de um Centro de Endemismos Faunísticos local denominado Parana
Center, o qual inclui quase meia centena de táxons de aves, répteis e anfíbios restritos
à área, além de plantas (MULLER, 1973; CRACRAFT, 1985; MORATO, 1995;
MORRONE, 2014).
O presente relatório apresenta os aspectos zoogeográficos e ecológicos
referentes à fauna de vertebrados no contexto da área definida para o PACUERA da
barragem do rio Miringuava. Os estudos foram realizados concomitantemente aos
desenvolvidos para a proposição da APA do Miringuava (SOCIEDADE DA ÁGUA,
2020), sendo um recorte específico da área do PACUERA. São relacionadas as
informações históricas e resultados de estudos de campo, desenvolvidos nos períodos
de verão e outono, referentes aos grupos de peixes, anfíbios, répteis, aves e
mamíferos.

2.2.2.2 Métodos de Estudo

O presente estudo visou relacionar as espécies de vertebrados ocorrentes


na área do PACUERA do Miringuava, bem como apresentar áreas relevantes para a
conservação das espécies e/ou da diversidade biótica desses grupos; identificar
espécies que geram riscos ocupacionais à população (a exemplo de serpentes
peçonhentas); identificar os principais processos de risco às espécies e/ou às
comunidades faunísticas na região, e; propor medidas de conservação, manejo e
controle para a fauna regional que se fizerem necessárias.
73
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
As atividades de campo para todos os grupos foram realizadas ao longo de
duas fases, uma no verão e outra ao início do outono, de forma a se verificar o efeito
sazonal desses períodos sobre as comunidades. Cada fase contemplou, no mínimo,
dois dias de amostragens de campo para todos os grupos em cada campanha. Os
pontos de amostragem para a fauna terrestre (quatro no total) foram estabelecidos ao
longo da região do reservatório e seu entorno, abrangendo áreas com ecossistemas
naturais (Figura 26; Tabela 15). Por sua vez, para a ictiofauna as coletas foram
conduzidas em sete pontos amostrais, distribuídos ao longo de trechos do futuro
reservatório, um ponto a jusante e afluentes a montante, estes referentes às margens
esquerda e direita do rio Miringuava (Figura 27, Tabela 16).

Tabela 15 Pontos de amostragem da fauna terrestre na área do PACUERA do Miringuava.

Ponto Coordenadas UTM (m)


Ambiente
Amostral Norte Leste
Floresta Ombrófila Mista Montana
Norte A 7.164.603,7775 695.654,6537
Áreas agrícolas e pastoris
Floresta Ombrófila Mista Montana
Norte B 7.165.270,7635 697.862,5454 Floresta Ombrófila Mista Aluvial
Formação Pioneira de Influência Aluvial
Floresta Ombrófila Mista Aluvial
Leste A 7.162.998,8605 697.044,3788
Áreas agrícolas
Floresta Ombrófila Mista Montana
Sul A 7.160.292,5118 695.260,2243
Áreas agrícolas
Fonte: Sociedade da Água, 2020.

Tabela 16 Pontos de amostragem da Ictiofauna na área do PACUERA do Miringuava.


Ponto Coordenadas UTM (m)
Ambiente
Amostral Norte Leste
Ponto 01 7.162.517,8988 693.515,3785 Rio Miringuava, área represada
Ponto 02 7.164.838,9630 696.781,2963 Riacho, área represada (lagoa)
Ponto 03 7.162.624,9688 697.243,7456 Rio Miringuava
Ponto 04 7.163.001,5278 694.583,1787 Rio Miringuava
Ponto 05 7.161.875,2529 694.862,6795 Riacho
Ponto 06 7.163.276,7109 692.169,9155 Rio Miringuava
Ponto 07 7.163.020,4944 694.401,8269 Rio Miringuava
Fonte: Sociedade da Água, 2020.

74
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Figura 26 Localização dos pontos e transectos de amostragem de campo para a fauna terrestre na área do PACUERA do Miringuava.
Fonte: Sociedade da Água, 2020.

75
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Figura 27 Localização dos pontos e transectos de amostragem de campo para a ictiofauna na área do PACUERA do Miringuava.
Fonte: Sociedade da Água, 2020.

76
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
A seguir apresentam-se os métodos adotados para os diferentes grupos de
fauna avaliados:

2.2.2.3 Ictiofauna

A caracterização da ictiofauna foi desenvolvida utilizando-se técnicas


convencionais, onde, além da obtenção de dados primários por meio de coletas, foram
levantadas informações secundárias disponíveis em bancos de dados e bibliografias.
Coleções científicas que apresentam material coligido na região em estudo também
foram consultadas por meio da plataforma online do Sistema de Informações sobre a
Biodiversidade Brasileira (sibbr.gov.br) e speciesLink Network (www.splink.org.br).
Para o levantamento de dados primários da ictiofauna, por sua vez, foram
realizadas duas campanhas intensivas de amostragem entre os dias 25 e 26 de
fevereiro (verão) e 9 e 10 de abril de 2020 (outono). Para a coleta dos peixes, foram
utilizadas baterias de redes de espera com malhas de 2, 3, 4, 5, 6 cm (distância entre
nós), com comprimento de 10 metros e altura de 1,5 m e tarrafa (malha de 0,5 cm).
Em campo, os exemplares coletados foram separados por apetrecho de pesca,
etiquetados, acondicionados em sacos plásticos, anestesiados (Eugenol 5%) e
fixados posteriormente com solução de formol a 4%. A identificação dos espécimes
foi feita com o auxílio de literatura específica e os exemplares foram encaminhados
ao acervo de peixes do Museu de História Natural Capão da Imbuia para formar uma
coleção testemunho da área.

2.2.2.4 Herpetofauna

Os estudos referentes à herpetofauna da área do PACUERA do Miringuava


foram conduzidos inicialmente mediante a análise de dados secundários referentes à
região (dados estes disponíveis na literatura e na coleção do MHNCI), bem como
mediante duas campanhas de campo na área do estudo, tendo uma sido realizada no
período do verão (entre os dias 21 e 23 de fevereiro de 2020) e outra no período do
outono (dias 27 a 29 de março de 2020). Em ambas as campanhas, os trabalhos foram
conduzidos mediante a busca ativa e auditiva por espécimes de anfíbios e répteis,

77
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
realizadas nos horários entre 9:00h e 13:00h e entre 15:00h e 22:00h nas quatro áreas
amostrais dispostas ao longo da área de estudo.
Quando do encontro de espécimes, foram realizadas capturas com o
objetivo de realização de identificação específica e visando à tomada de fotografias
para fins confirmatórios. A coleta de espécimes somente foi realizada quando não foi
possível a identificação específica em campo ou quando o registro consistisse em
importante ampliação da distribuição geográfica conhecida da espécie. Nesse caso,
os espécimes obtidos foram avaliados em laboratório e enviados à coleção
herpetológica do MHNCI para tombamento. A coleta, quando realizada, foi
devidamente autorizada pela Autorização Ambiental nº 52793 do Instituto Água e
Terra (IAT) da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e Turismo (SEDEST),
Governo do Estado do Paraná, a qual foi concedida para todos os grupos de
vertebrados abrangidos no presente estudo de campo.

2.2.2.5 Avifauna

A amostragem de avifauna foi realizada em duas campanhas sazonais,


tendo a primeira sido conduzida nos dias 22, 24, 25 e 29 de fevereiro (verão) e a
segunda nos dias 28 e 31 de março e 4 e 5 de abril (outono). Em cada campanha
foram realizadas avaliações ao longo dos quatro pontos amostrais.
Para a realização do levantamento das aves em campo foram utilizadas
técnicas tradicionais em estudos ornitológicos qualitativos: reconhecimento visual das
espécies com auxílio de binóculos e identificação de vocalizações in situ. Para
obtenção de dados semiquantitativos empregou-se o método das “listas de
Mackinnon” (HERZOG et al., 2002). Conforme tal protocolo, confeccionam-se listas
de espécies – na presente análise, definiram-se listas de 10 espécies (RIBON, 2010)
– nas quais um determinado táxon é anotado somente uma vez em cada lista,
independentemente do número de indivíduos encontrados. A mesma espécie consta
em uma nova lista quando é possível determinar tratarem-se seguramente de
indivíduos distintos, e somente após registradas as dez espécies da lista anterior. O
método é especialmente útil em inventários rápidos por permitir a amostragem de
maior número de ambientes e localidades distintas, e os dados assim gerados são
tratados principalmente de forma descritiva, mas análises quantitativas são também
78
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
possíveis, uma vez que a unidade de esforço – listas de 10 espécies – são
comparáveis entre diferentes sítios amostrais.
As análises referentes à avifauna consistiram em avaliações da riqueza e
da diversidade (total e por área amostral), avaliações da utilização do hábitat e
descrição de espécies-chave regionais. O arranjo taxonômico e nomenclatura final
para a lista de espécies segue as proposições do Comitê Brasileiro de Registros
Ornitológicos – CBRO (PIACENTINI et al., 2015).

2.2.2.6 Mastofauna

Os estudos referentes aos mamíferos foram inicialmente conduzidos


através a análise de dados secundários referentes à região (dados estes disponíveis
na literatura científica e técnica, bem como eventuais registros disponíveis na coleção
do MHNCI) e, posteriormente, mediante a realização de estudos de campo, os quais
abrangeram avaliações de médios e grandes mamíferos, haja vista a importância
desses animais como indicadores das condições gerais do meio (e.g., PARDINI,
2004). Para tanto, os métodos de obtenção de dados se deram a partir de busca ativa
por espécimes em campo, de encontros de vestígios em geral e entrevistas com
moradores da região. Além disso, nos transectos foi instalada uma armadilha
fotográfica, a qual permaneceu armada por uma semana (seis noites). Tais armadilhas
foram cevadas com banana, milho e bacon, de modo a aumentar sua eficiência na
obtenção de registros.
Por fim, com vistas a complementar as possibilidades de ocorrência de
espécies de mamíferos na região, entrevistas foram conduzidas com moradores da
região. Para tanto, buscou-se pessoas que tenham moradia fixa na região a pelo
menos cinco anos e que desenvolvam atividades agrícolas na área.

79
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
2.2.3 Resultados e Discussão: Caracterização dos Grupos de Vertebrados
da Área do PACUERA do Miringuava
2.2.3.1 Ictiofauna

 Riqueza da Ictiofauna da Área do Futuro Reservatório do Miringuava


Mediante Levantamento de Dados Secundários

O levantamento de dados apresentado no EIA da Barragem do Rio


Miringuava indicava a existência de 34 espécies de peixes para esta bacia
hidrográfica, distribuídas em 23 gêneros e 10 famílias, sendo Characidae (12
espécies) e Loricariidae (04 espécies) as mais representativas (Sociedade da Água,
2002). Esses valores representam 51,5% das espécies registradas para o Alto Rio
Iguaçu (66 espécies) (EIA/RIMA, Sociedade da Água, 2002).
A ictiofauna da bacia do rio Miringuava apresenta o padrão generalizado
da ictiofauna da bacia do rio Iguaçu. A ictiofauna é composta por espécies de pequeno
(<20cm), médio (entre 20 e 40cm) e grande porte (>40cm) e a participação das
diferentes ordens reflete a situação descrita para os rios neotropicais, sendo a maior
parte dos peixes pertencentes às ordens Characiformes e Siluriformes (Figura 28).

100

75
Characiformes Siluriformes Outras

% 50

25

Rio Iguaçu Alto Iguaçu Rio Miringuava

Figura 28 Ordens com suas respectivas representatividades em números de espécies (%)


registradas para o rio Iguaçu, para a subunidade biogeográfica denominada de Alto Iguaçu e
para a bacia do rio Miringuava.

Para a área do reservatório do Miringuava em si foram registradas 25


espécies de peixes, distribuídas em 16 gêneros e nove famílias, sendo Characidae

80
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
(09 espécies), Loricariidae (03 espécies), Callichthyidae (03 espécies) e Cichlidae (03
espécies) as mais representativas (Figura 29).

Reservatório Rio Miringuava Alto Iguaçu

Figura 29 Ordens com suas respectivas representatividades em números de espécies (%)


registradas para o reservatório do rio Miringuava, para a bacia do rio Miringuava e para a
subunidade biogeográfica denominada de Alto Iguaçu.

A ictiofauna registrada para a área do reservatório pode ser dividida


basicamente em três categorias de espécies, em função da sua distribuição original:
(i) espécies endêmicas, ou seja, aquelas exclusivas da bacia do rio Iguaçu, (ii)
espécies de ampla distribuição, que são aquelas de ocorrência natural em outras
bacias hidrográficas, além da bacia do rio Iguaçu; e (iii) espécies introduzidas, que
são aquelas cuja ocorrência na região é fruto de introduções acidentais (escapes de
cultivos) ou propositais (programas de peixamento).
Para a região, apenas o candiru Cambeva castroi foi enquadrado de acordo
com seu status de conservação como vulnerável, de acordo com o presumido declínio
de suas populações, destruição de hábitat, isolamento das populações sobreviventes
e área de distribuição. Os candirus são bagres de pequeno porte que possuem
espinhos na região opercular, boca subterminal com pequenos barbilhões. A
preservação de remanescentes na região, mesmo que isolados, tem papel importante
na manutenção da diversidade faunística local, tendo em vista que a fauna aquática

81
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
da região abrange diversas espécies dependentes em maior ou menor grau de
ambientes florestais, como o caso de Cambeva castroi (ABILHOA et al., 2008).
Para este trecho do rio Miringuava, 40% das espécies registradas são
exclusivas dessa bacia hidrográfica (rio Iguaçu), e essa participação demonstra a
importância dos processos regionais na determinação da composição e estrutura das
ictiocenoses.
Nem todas as espécies levantadas para o trecho estudado do rio
Miringuava serão capazes de suportar as alterações ambientais provocadas pela
implantação do reservatório e a consequente mudança na dinâmica da água. A
transformação do ambiente lótico para lêntico deve resultar no desaparecimento ou
diminuição da abundância das espécies estritamente fluviais (como os cascudos e
candirus), que são aquelas com preferência por ambientes de água corrente, e no
aumento de espécies adaptadas a ambientes lênticos, como o caso de lambaris, da
traíra e do acará.
Peixes onívoros, detritívoros e piscívoros constituíram os grupos mais
diversificados, sugerindo que essas espécies devem encontrar condições favoráveis
à sua manutenção como grupos dominantes. Os resultados levantados indicam que a
comunidade de peixes do futuro reservatório deve ser pouco diversa e dentro dos
padrões esperados para um reservatório da bacia do rio Iguaçu (ABILHOA et al.,
2011). Essa reduzida diversidade está associada às características particulares desse
ecossistema, que servirão de molde para a composição e estruturação da ictiofauna
durante o processo de colonização deste ambiente represado.
A Tabela 17 apresenta a relação das espécies de peixes até o momento
registradas ou esperadas para a bacia do rio Miringuava, enquanto a Figura 30
apresenta as espécies registradas mediante os trabalhos de campo no presente
estudo.

82
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Tabela 17 Lista de espécies de peixes registrados da bacia do rio Miringuava (Alto Iguaçu), com
nome vernacular (popular), ambiente e forma de registro de cada espécie.
ORDENAMENTO TAXONÔMICO NOME VERNÁCULO AMBIENTES ORIGEM DA
INFORMAÇÃO
ORDEM CHARACIFORMES
Família Curimatidae
Cyphocharax sanctacatarinae Saguiru Fluvial COL
Família Characidae
Astyanax bifasciatusend Lambari-do-rabo-vermelho Fluvial COL, MUS, LIT
Astyanax lacustrisint Lambari Fluvial, Lagoas LIT
Astyanax minorend Lambari-do-rabo-amarelo Fluvial COL, MUS, LIT
Astyanax serratusend Lambari-do-rabo-vermelho Fluvial COL, MUS, LIT
Astyanax dissimilis Lambari Fluvial, Lagoas LIT
Astyanax ribeirae Lambari-do-rabo-vermelho Fluvial COL
Bryconamericus sp. Pequira Fluvial LIT
Hyphessobrycon griemi Bandeirinha Fluvial, Lagoas, Várzeas LIT
Hyphessobrycon reticulatus Bandeirinha Fluvial, Lagoas, Várzeas LIT
Hyphessobrycon bifasciatus Bandeirinha Fluvial, Lagoas LIT
Oligosarcus longirostris Saicanga Fluvial LIT
Glandulocauda caerulea Lambari Fluvial, Lagoas LIT
Charax stenopterusint Lambari-transparente Fluvial COL
Mimagoniates microlepis Piabinha Fluvial COL, MUS, LIT
Família Erythrinidae
Hoplias aff. malabaricus Traíra Fluvial, Lagoas COL, MUS, LIT
ORDEM SILURIFORMES
Família Heptapteridae
Rhamdiopsis moreirai Bagre Fluvial, Lagoas LIT
Rhamdia vouleziend Jundiá Fluvial COL, MUS, LIT
Rhamdia branneri Bagre Fluvial, Lagoas LIT
Heptapterus stewarti Monjolo Fluvial LIT
Pimelodella sp. end Mandi Fluvial COL
Família Trichomycteridae
Cambeva davisi Candiru Fluvial LIT
Cambeva castroi Candiru Fluvial LIT
Cambeva sp. Candiru Fluvial LIT
Família Loricariidae
Ancistrus abilhoai Cascudo-roseta Fluvial LIT
Rineloricaria maackiend Cascudo-viola Fluvial COL, LIT
Hypostomus derbyi Cascudo Fluvial LIT
Hypostomus commersoni* Cascudo Fluvial LIT
Família Callichthyidae
Callichthys callichthys Cascudinho Fluvial, Lagoas LIT
Corydoras longipinnis Coridoras Fluvial COL, MUS, LIT
Corydoras ehrhardti Coridoras Fluvial COL, MUS, LIT
ORDEM CICHLIFORMES
Família Cichlidae
Geophagus brasiliensis Acará Fluvial, Lagoas COL, MUS
Cichlassoma paranaense Acará Fluvial LIT
Coptodon rendalliint Tilápia Lagoas LIT
ORDEM CYPRINODONTIFORMES
Família Poeciliidae
Phalloceros harpagos Barrigudinho Fluvial, Lagoas COL, MUS, LIT
Cnesterodon carnegiei Barrigudinho Fluvial, Lagoas LIT
ORDEM GYMNOTIFORMES
Família Gymnotidae
Gymnotus carapo Morenita Lagoas, Várzeas LIT
ORDEM SYNBRANCHIFORMES
Família Synbranchidae
Synbranchus marmoratus Muçum Lagoas, Várzeas LIT
Legenda: end – espécie exclusiva da bacia do rio Iguaçu, int – espécie exótica, COL – coletas em
campo, MUS – registros de museus, LIT– citação em literatura.
Fonte: Sociedade da Água, 2020.

83
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Cyphocharax sanctacatarinae Astyanax bifasciatus Astyanax minor

Astyanax serratus Astyanax ribeirae Mimagoniates microlepis

Charax stenopterus Hoplias aff. malabaricus Rhamdia voulezi

Pimelodella sp. Rineloricaria maacki Corydoras ehrhardti

Corydoras longipinnis Phalloceros harpagos Geophagus brasiliensis


Figura 30 Espécies de peixes registradas nas coletas realizadas na bacia do rio Miringuava
Fotos: V. Abilhôa, 2020.

2.2.3.2 Herpetofauna

 Riqueza da Herpetofauna da Bacia do Miringuava Mediante


Levantamento de Dados Secundários

Tendo-se por base a análise da literatura e do material disponível na


coleção do MHNCI, um total de 43 espécies de anfíbios e 38 de répteis puderam ser
registrados ou previstos como ocorrentes na bacia do rio Miringuava. Os anfíbios
compreendem representantes da ordem Anura (sapos, rãs e pererecas), sendo
subdivididos em dois Brachycephalidae, dois Bufonidae, quatro Cycloramphidae, 21
Hylidae, um Phyllomedusidae oito Leptodactylidae, um Hylodidae, um Centrolenidae,
dois Microhylidae e um Ranidae. A predominância de Hylidae, seguida de

84
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Leptodactylidae, corresponde ao padrão das comunidades anurofaunísticas sul-
americanas (e.g., SEGALLA et al., 2016).
Quanto aos répteis, os mesmos abrangem três quelônios das famílias
Chelidae (cágados) e Emydidae (tigre-d’água), sete lagartos pertencentes às famílias
Leiuperidae, Gekkonidae, Anguidae, Gymnophthalmidae, Teiidae e Mabuyidae (cada
qual com uma espécie), dois anfisbenídeos (Amphisbaenidae) e 26 serpentes, estas
últimas subdivididas em um Anomalepididae, um Elapidae, três Viperidae, um
Colubridae e 20 Dipsadidae. Esta subdivisão em famílias, com o predomínio de
Dipsadidae, corresponde também ao padrão encontrado para os répteis da região
Neotropical (COSTA & BÉRNILS, 2018), bem como para a região abrangida pelas
Florestas com Araucária do sul do Brasil (MORATO, 1995).
Especificamente em relação aos estudos de campo realizados na área do
PACUERA do rio Miringuava, os mesmos permitiram o registro de 20 espécies de
anfíbios e cinco espécies de répteis. Dessas espécies, todas contemplaram registros
por ocasião da campanha de verão (100%), ao passo em que, na campanha de
outono, apenas cinco anfíbios foram registrados (20%). Esta condição sugere que a
sazonalidade é bem marcante na região.
Além dos registros em questão, por ocasião dos estudos de campo outras
quatro espécies foram encontradas em locais no entorno da área do PACUERA (dois
anfíbios e duas serpentes), a saber, os anuros Vitreorana uranoscopa (perereca-de-
vidro) e Hylodes heyeri (rã-das-corredeiras) e as serpentes Thamnodynastes strigatus
e Thamnodynastes sp. (corre-campo ou cobra-espada). Tais espécies são associadas
a ambientes florestais mais densos e associados a sistemas de transição com a
floresta ombrófila densa; desta forma, sua ocorrência na área do PACUERA carece
de confirmação.
Considerando o somatório de espécies registradas mediante dados
secundários e os resultados de campo, a área do PACUERA contempla o registro ou
a expectativa de ocorrência de 43 anfíbios (todos representantes da ordem Anura,
subdivididos em oito famílias) e 38 répteis (sendo subdivididos em duas famílias da
ordem Testudines – quelônios e 12 famílias da ordem Squamata, das quais seis
famílias de lagartos, uma de anfisbenídeos e cinco de serpentes).

85
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
A Tabela 18 apresenta a lista consolidada de espécies de anfíbios e répteis
da área de entorno do futuro reservatório do Miringuava, considerando os registros de
dados secundários e os resultados dos levantamentos de campo.

86
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Tabela 18 Lista de espécies de Anfíbios e Répteis da área do PACUERA do Miringuava, com os ambientes de registro de cada espécie, dados de
campo e origem da informação.
ORDENAMENTO TAXONÔMICO NOME VERNÁCULO AMBIENTES CAMPANHA DE PONTOS DE REGISTRO ORIGEM DA
REGISTRO INFORMAÇÃO
ANFIBIOS
ORDEM ANURA
Família Brachycephalidae
Ischnocnema henselii Rãzinha-do-mato Fl LIT
Ischnocnema sambaqui Rãzinha-do-mato Fl LIT
Família Bufonidae
Rhinella icterica Sapo-cururu Bn, Cp, AA 1 Norte B, Leste A LIT, CAM, ENT
Rhinella abei Sapo-galinha Fl, Bn 1 Norte A LIT, CAM
Família Cycloramphidae
Cycloramphus bolitoglossus Sapo-bolinha Fl LIT
Odontophrynus americanus Sapo-boi Cp, AA LIT
Proceratophrys boiei Sapo-de-chifres Fl 1 Norte A LIT, CAM
Proceratophrys cf. brauni Sapo-de-chifres Fl LIT
Família Hylidae
Aplastodiscus perviridis Perereca-verde Fl 1, 2 Norte B LIT, CAM
Aplastodiscus albosignatus Perereca-verde Fl 1 Norte B LIT, CAM
Aplastodiscus ehrhardti Perereca-verde Fl LIT
Bokermannohyla circumdata Perereca Fl 1, 2 Norte B, Sul A LIT, CAM
Dendropsophus microps Pererequinha Fl, Bn 1 Norte B LIT, CAM
Dendropsophus minutus Pererequinha Bn, AA 1, 2 Norte B, Sul A LIT, CAM
Dendropsophus nahdereri Pererequinha Fl, Bn LIT
Dendropsophus sanborni Pererequinha Bn, AA LIT
Boana albopunctata Perereca-de-pijama Bn, AA 1 Norte B LIT, CAM
Boana bischoffi Perereca Bn, AA 1, 2 Norte A, Norte B LIT, CAM
Boana faber Rã-martelo Bn, AA 1 Norte A, Norte B LIT, CAM
Boana prasina Perereca Bn, AA LIT
Boana semiguttata Perereca Fl LIT
Scinax catharinae Perereca Fl LIT
Scinax fuscovarius Perereca-de-banheiro Bn, Fl, AA 1 Norte B, Sul A LIT, CAM
Scinax perereca Perereca Bn, AA LIT
Scinax rizibilis Perereca Fl LIT
Scinax sp. Perereca Bn LIT
Sphaenorhynchus caramaschii Perereca-verde Bn 1 Norte B LIT, CAM
Sphaenorhynchus surdus Perereca-verde Bn LIT
Trachycephalus dibernadoi Perereca-malhada Fl LIT
Família Phyllomedusidae
Phyllomedusa distincta Perereca-macaco Fl, Bn 1 Norte B LIT, CAM
Família Leptodactylidae
87
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Adenomera marmorata Rãzinha-do-mato Fl 1 Norte A, Leste A, Sul A LIT, CAM
Leptodactylus nanus Rãzinha Bn LIT
Leptodactylus notoaktites Rã-goteira Fl, Bn, AA LIT
Leptodactylus latrans Rã-manteiga Bn, AA 1 Norte B LIT, CAM
Physalaemus cuvieri Rã-cachorro Fl, Bn, Cp, AA 1, 2 Norte B LIT, CAM
Physalaemus gracilis Rã-chorona Fl, Bn, AA 1 Norte B LIT, CAM
Physalaemus lateristriga Rã-do-mato Fl LIT
Scytophrys sawayae Rãzinha Fl LIT
Família Centrolenidae
Vitreorana uranoscopa Perereca-de-vidro Fl LIT
Família Hylodidae
Hylodes heyeri Rã-dos-riachos Fl 1 Norte B LIT
Família Microhylidae
Elachistocleis ovalis Rã-guardinha Bn, Cp, AA 1 Norte B LIT, CAM
Chiasmocleis leucosticta Rã-guardinha Fl LIT
Família Ranidae
Lithobates catesbeianus * Rã-touro Bn, AA 1 Norte A LIT, CAM
RÉPTEIS
ORDEM TESTUDINES
Família Chelidae
Acanthochelys spixii Cágado preto Bn, AA LIT, ENT
Hydromedusa tectifera Cágado-pescoço-de-cobra Bn, Fl, AA LIT, ENT
Família Emydidae
Trachemys scripta * Tigre-d’água-norte-americano Bn, AA LIT
ORDEM SQUAMATA 1 (Lagartos)
Família Leiuperidae
Anisolepis grilli Lagartinho Fl, AA LIT
Enyalius iheringii Camaleão Fl 1 Norte B LIT, CAM
Família Gekkonidae
Hemidactylus mabouia * Lagartixa das Paredes AA LIT, ENT
Família Mabuyidae
Aspronema dorsivittata Lagartixa Cp, AA LIT
Família Anguidae
Ophiodes fragilis Cobra-de-vidro Fl, Bn, AA LIT, ENT
Família Gymnophthalmidae
Cercosaura schreibersii Lagartixa Cp, AA LIT
Família Teiidae
Salvator merianae Lagarto, teiú Fl, Cp, AA 1 Leste A LIT, CAM, ENT
ORDEM SQUAMATA 2 (Anfisbenas)
Família Amphisbaenidae
Amphisbaena trachura Cobra-de-duas-cabeças Cp, AA LIT
Amphisbaena dubia Cobra-de-duas-cabeças Cp, AA LIT
88
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
ORDEM SQUAMATA 3 (Serpentes)
Família Anomalepididae
Liotyphlops beui Cobra-cega Fl, AA LIT
Família Colubridae
Chironius bicarinatus Cobra-cipó Fl, AA 1, 2 Norte A LIT, CAM
Família Dipsadidae
Atractus reticulatus Cobra-da-terra Cp, AA LIT
Echinanthera cyanopleura Cobrinha Fl LIT
Gomesophis brasiliensis Cobra-do-lodo Bn LIT
Helicops infrataeniatus Cobra-d’água Bn, AA LIT, MUS
Erythrolamprus jaegeri Cobra-verde Cp LIT
Erythrolamprus miliaris Cobra-d’água Fl, Bn, AA LIT, ENT
Erythrolamprus poecilogyrus Fl, Bn, Cp, AA LIT, MUS
Dipsas neuwiedi Dormideira Fl, AA LIT, MUS
Oxyrhopus clathratus Cobra-coral-falsa Fl LIT, MUS
Oxyrhopus rhombifer Cobra-coral-falsa Cp, AA LIT
Philodryas aestiva Cobra-verde Fl, AA LIT
Philodryas olfersii Cobra-verde Fl, Cp, AA LIT
Philodryas patagoniensis Papa-rato Cp, Bn, AA LIT, MUS
Philodryas arnaldoi Papa-rato Fl LIT
Taeniophallus bilineatus Fl LIT
Thamnodynastes nattereri Cobra-espada Fl, Bn, AA 1, 2 Norte A LIT, CAM, MUS
Thamnodynastes strigatus Cobra-espada Fl, Bn, AA 1 LIT
Thamnodynastes sp. Cobra-espada Fl LIT
Tomodon dorsatus Cobra-espada Fl, AA LIT
Xenodon merremii Boipeva Cp, Bn, AA LIT, ENT, MUS
Xenodon neuwedii Boipevinha Fl LIT
Família Elapidae
Micrurus altirostris Coral-verdadeira Fl, AA LIT, MUS
Família Viperidae
Bothrops jararaca Jararaca Fl, AA 1 LIT, ENT, MUS
Bothrops neuwiedi Jararaca-pintada Fl, Cp, AA LIT
Bothrops alternatus Urutu Cp, Bn, AA LIT
Legenda: Ambientes de Registro: Fl: Florestal; Cp: Campos; Bn: Banhados e várzeas; AA: Áreas abertas alteradas; Origem da Informação: LIT: Literatura; CAM: Registros
de Campo; MUS: Coleção Museológica; ENT: Entrevistas; * Espécie Exótica.
Fonte: Sociedade da Água, 2020.

89
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
 Espécies Ameaçadas de Extinção

De acordo com as listas de espécies ameaçadas consultadas, nacional


(MMA, 2014)4 e estadual (IAP, 2004)5, nenhuma das espécies registradas para a área
de estudo encontra-se ameaçada de extinção em nível nacional ou estadual.
Entretanto, espécies registradas mediante a literatura (a serpente Philodryas arnaldoi
e os anfíbios Ischnocnema sambaqui, Cycloramphus bolitoglossus, Scytophrys
sawayae, Chiasmocleis leucosticta e Vitreorana uranoscopa) são tidas como espécies
Deficientes em Dados (DD) no âmbito estadual.

 Espécies Raras e de Pouco Conhecimento Científico

Dentre as espécies registradas para a área de estudo, são consideradas


como raras os anfíbios Ischnocnema sambaqui, Cycloramphus bolitoglossus,
Scytophrys sawayae e Trachycephalus dibernardoi e a serpente Philodryas arnaldoi.
Além destas, destaca-se ainda a serpente Thamnodynastes sp., que constitui uma
espécie ainda não descrita pela ciência.

 Espécies Endêmicas

A bacia do rio Miringuava situa-se no Primeiro Planalto Paranaense, o qual,


por sua vez, é considerado como uma região de transição biogeográfica entre os
sistemas da floresta Atlântica sensu stricto (Floresta Ombrófila Densa) e da floresta
com araucárias (Floresta Ombrófila Mista). Desta forma, são esperadas, na região,
espécies endêmicas de cada um desses sistemas e da floresta atlântica sensu lato, o
qual abrange ambas as formações em conjunto.
Nesse sentido, são consideradas como endêmicas de cada uma dessas
condições as espécies listadas a seguir.
a) Espécies endêmicas da floresta atlântica sensu stricto (Floresta
Ombrófila Densa): Ischnocnema sambaqui, Rhinella abei, Cycloramphus

4
Portaria MMA Nº 444, de 17 de dezembro de 2014. Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção. Art.
2º - Em Perigo (EN) e vulnerável (VU).
5
IAP, 2004. Lista da Fauna Ameaçada no Estado do Paraná. Curitiba: Instituto Ambiental do Paraná. 763p.
90
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
bolitoglossus, Aplastodiscus ehrhardti, Aplastodiscus albosignatus,
Bokermannohyla circumdata, Dendropsophus microps, Scinax catharinae,
Phyllomedusa distincta, Physalaemus lateristriga, Scytophrys sawayae, Hylodes
heyeri, Chiasmocleis leucosticta, Enyalius iheringii, Dipsas neuwiedi e
possivelmente Thamnodynastes sp.
b) Espécies endêmicas da floresta com araucárias (Floresta
Ombrófila Mista): Philodryas arnaldoi, Proceratophrys brauni, Dendropsophus
nahdereri e Trachycephalus dibernardoi.
c) Espécies endêmicas da floresta Atlântica sensu lato
(compartilhadas entre a floresta ombrófila densa e a floresta ombrófila mista):
Ischnocnema henselii, Vitreorana uranoscopa, Proceratophrys boiei,
Aplastodiscus perviridis, Boana bischoffi, Boana semiguttata, Sphaenorhynchus
caramaschii, Sphaenorhynchus surdus, Scinax rizibilis, Adenomera marmorata,
Leptodactylus notoaktites, Physalaemus gracilis, Anisolepis grilli, Echinanthera
cyanopleura, Oxyrhopus clathratus, Taeniophallus bilineatus e Xenodon neuwedii.
No total, portanto, os endemismos associados aos sistemas da Mata
Atlântica, presentes na bacia do Miringuava, abrangem 37 espécies
herpetofaunísticas, valor que corresponde a 45,12% da riqueza total registrada para
a área. Trata-se de um valor significativo e que denota alta significância à gestão dos
remanescentes a serem mantidos no entorno do reservatório.

 Espécies Exóticas e/ou Invasoras

Os resultados obtidos mediante a análise de dados secundários indicam a


ocorrência de três espécies exóticas da herpetofauna na bacia do Miringuava: a rã-
touro Lithobates catesbeianus, a tigre-d’água-norte-americana Trachemys scripta e a
lagartixa-das-paredes Hemidactylus mabouia.
A rã-touro é uma espécie introduzida em diversas regiões brasileiras com
vistas a seu aproveitamento para obtenção de carne e pele. A espécie apresenta
riscos elevados para as anfíbios nativos e outros organismos em função da
competição pelo hábitat e predação intensa. Durante os trabalhos de campo, obteve-
se um registro auditivo da espécie em tanques de piscicultura nas proximidades do
ponto Norte A.

91
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Quanto a Trachemys scripta, esta espécie foi amplamente comercializada
em Curitiba durante os anos de 2000 e 2010. Os animais eram vendidos em sua forma
juvenil como “pets”. Porém, quando atingem maiores dimensões, esses animais são
eventualmente abandonados em rios e lagos pelos seus proprietários. Trata-se de
uma espécie resistente e invasora em diversas regiões do mundo (MORATO et al.,
2017).
Por fim, a lagartixa das paredes (Hemidactylus mabouia) é uma forma
oriunda da África, tendo possivelmente chegado ao Brasil na época colonial, quando
navios oriundos daquele continente traziam escravos para o país. A espécie é
associada com o homem, habitando quase exclusivamente o interior de residências e
outras estruturas civis. Até onde se conhece, trata-se de uma espécie inócua à fauna
nativa.

 Espécies de Interesse Médico-Sanitário

Dentre a herpetofauna, diversas espécies de serpentes despertam atenção


por consistirem em formas peçonhentas de interesse médico-sanitário. Na área de
estudo, as espécies com tais características integram quatro espécies de dois gêneros
pertencentes a duas famílias, a saber, os viperídeos (representados na região pelas
serpentes Bothrops alternatus – urutu; Bothrops jararaca – jararaca e Bothrops
neuwiedi – jararaca-pintada) e os elapídeos (representado pela cobra-coral-
verdadeira Micrurus altirostris). Tais espécies ocorrem tanto junto aos ecossistemas
naturais da área de estudo quanto em locais com ocupação antrópica (sendo que a
alteração da paisagem natural pelo estabelecimento de áreas agrícolas pode induzir
a um aumento populacional de algumas dessas espécies, em especial de viperídeos).
O registro das espécies de serpentes peçonhentas na APA detém grande
relevância em função da formação do reservatório do rio Miringuava, uma vez que o
mesmo induzirá tais espécies a deslocamentos para áreas adjacentes, as quais
podem incluir habitações humanas. Nesse sentido, recomenda-se que a supressão
vegetal antecedente à criação do lago, sempre que possível, busque ser efetuada de
forma a direcionar os animais para remanescentes de vegetação nativa que venham
a se estabelecer no entorno, de forma a reduzir o risco de acidentes.
A Figura 31 apresenta as serpentes peçonhentas de registradas na área de
estudo.
92
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
A B

C D
Figura 31 Serpentes peçonhentas registradas na bacia do Miringuava. A) Micrurus altirostris
(coral-verdadeira); B) Bothrops jararaca (jararaca); C) Bothrops neuwiedi (jararaca-pintada); D)
Bothrops alternatus (urutu).
Fotos: S.A.A. Morato (acervo pessoal).
2.2.3.3 Avifauna

 Riqueza da Avifauna da Bacia do Rio Miringuava

A avifauna da bacia do rio Miringuava associa-se, zoogeograficamente, ao


“Paraná Center” de Cracraft (1985), que corresponde à Província da Mata de
Araucária de acordo com Morrone (2014). A avifauna desse centro de endemismos
avifaunísticos é caracterizada pela presença de táxons com afinidades andino-
patagônicas (WILLIS, 1992), tais como os rinocriptídeos Scytalopus spp., furnarídeos
Leptasthenura spp. e um motacilídeo (Anthus nattereri). Pela proximidade da região
com a Serra do Mar ocorre um intercâmbio natural da avifauna com outro centro
zoogeográfico, o “Serra do Mar Center” (CRACRAFT, 1985; = Província Atlântica
sensu MORRONE, 2014). Elementos associados a esse centro biogeográfico e que
93
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
se encontram na macrorregião incluem Amadonastur lacernulatus, Ramphodon
naevius, Cichlocolaptes leucophrus, Turdus flavipes, Orchesticus abeillei, Tangara
seledon e T. cyanocephala. Além desse conjunto de espécies, ocorre também
Brotogeris tirica, espécie introduzida acidentalmente em Curitiba (STRAUBE et al.,
2014). Em síntese, a região abrangida pela bacia do Miringuava é particularmente
interessante – zoogeograficamente – por se encontrar na área de contato desses
elementos da fauna, aspecto que certamente se apresentam interações ecológicas
únicas ao longo da distribuição de ambos os centros de endemismo.
Considerando-se os registros disponíveis na literatura, o total de espécies
de aves consignado à bacia do rio Miringuava e suas proximidades abrange 455
espécies, valor correspondente a pouco mais de 60% da avifauna de todo o Paraná
(SCHERER-NETO et al., 2011). Tamanha diversidade advém da presença de uma
miríade de ambientes na região, desde áreas florestadas a campos naturais, várzeas,
banhados, ambientes aquáticos lênticos e lóticos e um complexo mosaico de áreas
antropizadas. Localidades pontuais apresentam, individualmente, números
consideráveis de espécies, tais como relatados no Estudo Ambiental Simplificado para
instalação da Subestação Curitiba Leste (CONSILIU, 2012), totalizando 118 espécies
encontradas; ou no monitoramento do mesmo empreendimento, que culminou no
registro de 145 espécies (SOCIEDADE DA ÁGUA, 2016, 2017).
Durante as campanhas de amostragem em campo, entre fevereiro e abril
de 2020, foram registradas 150 espécies; destas, obtiveram-se 652 contatos de 120
espécies contempladas pelo método quali-quantitativo aqui empregado. Inclui-se o
encontro de uma espécie não mencionada nas fontes consultadas, elevando para 456
o número de espécies com ocorrência conhecida na região. Trata-se do registro de
Biatas nigropectus (papo-branco), encontrado a poucos quilômetros distante da área
de estudo, no sentido leste, por ocasião dos levantamentos realizados na APA do
Miringuava (SOCIEDADE DA ÁGUA, 2020).
A Tabela 19 apresenta a lista consolidada de espécies de aves da área do
PACUERA do Miringuava, considerando os registros de dados secundários e os
resultados dos levantamentos de campo.

94
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Tabela 19 Lista de espécies de aves da área do PACUERA do Miringuava. Nomenclatura e ordenamento taxonômico seguem a proposição de
Piacentini et al. (2015). Dados de base consultados: SOCIEDADE DA ÁGUA (2002; 2013), CONSILIU (2012; 2015), Straube et al. (2014) e registros do
município de São José dos Pinhais (PR) constantes no acervo Wiki Aves (www.wikiaves.com.br). Para cada espécie registrada durante aplicação
do método de ‘listas de Mackinnon’ apresenta-se o número total de registros obtidos em campo, respectivamente para os sítios amostrais Norte
A, Norte B, Leste A, Sul A.
DADOS
DADOS SÍTIO CAMPANHA DE
TÁXON NOME EM PORTUGUÊS OPORTUNÍSTICOS
SECUNDÁRIOS AMOSTRAL REGISTRO
DE CAMPO
Tinamiformes
Tinamidae
Tinamus solitarius macuco x
Crypturellus obsoletus inhambuguaçu x x 0;1;1;0 1, 2
Crypturellus noctivagus jaó-do-sul x
Crypturellus parvirostris inhambu-chororó x
Crypturellus tataupa inhambu-chintã x
Rhynchotus rufescens perdiz x
Nothura maculosa codorna-amarela x

Anseriformes
Anatidae
Dendrocygna bicolor marreca-caneleira x
Dendrocygna viduata irerê x
Dendrocygna autumnalis asa-branca x
Cairina moschata pato-do-mato x
Sarkidiornis sylvicola pato-de-crista x
Amazonetta brasiliensis pé-vermelho x
Anas flavirostris marreca-pardinha x
Anas georgica marreca-parda x
Anas bahamensis marreca-toicinho x
Anas versicolor marreca-cricri x
Anas discors marreca-de-asa-azul x
Netta peposaca marrecão x

95
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Nomonyx dominica marreca-de-bico-roxo x

Galliformes
Cracidae
Penelope obscura jacuaçu x x 1
Aburria jacutinga jacutinga x

Odontophoridae
Odontophorus capueira uru x

Podicipediformes
Podicipedidae
Rollandia rolland mergulhão-de-orelha-branca x
Tachybaptus dominicus mergulhão-pequeno x
Podilymbus podiceps mergulhão-caçador x
Podiceps occipitalis mergulhão-de-orelha-amarela x

Phalacrocoracidae
Nannopterum brasilianus biguá x

Anhingidae
Anhinga anhinga biguatinga x

Pelecaniformes
Ardeidae
Tigrisoma lineatum socó-boi x
Ixobrychus involucris socoí-amarelo x
Nycticorax nycticorax savacu x
Butorides striata socozinho x x 1;1;1;1 1
Bubulcus ibis garça-vaqueira x x

96
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Ardea cocoi garça-moura x
Ardea alba garça-branca-grande x
Syrigma sibilatrix maria-faceira x x 2;9;3;4 1
Egretta thula garça-branca-pequena x
Egretta caerulea garça-azul x

Threskiornithidae
Plegadis chihi caraúna-de-cara-branca x x
Mesembrinibis cayennensis coró-coró x
Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada x x 4;3;1;0 1, 2
Theristicus caudatus curicaca x x 1;4;1;1 1, 2
Platalea ajaja colhereiro x

Cathartiformes
Cathartidae
Cathartes aura urubu-de-cabeça-vermelha x x 0;4;0;0
Coragyps atratus urubu-de-cabeça-preta x x 2;8;3;5 2

Accipitriformes
Accipitridae
Leptodon cayanensis gavião-de-cabeça-cinza x x 1;1;0;1 2
Elanoides forficatus gavião-tesoura x
Elanus leucurus gavião-peneira x
Harpagus diodon gavião-bombachinha x
Circus buffoni gavião-do-banhado x
Accipiter superciliosus gavião-miudinho x
Accipiter striatus gavião-miúdo x
Accipiter bicolor gavião-bombachinha-grande x
Ictinia plumbea sovi x
Rostrhamus sociabilis gavião-caramujeiro x
Geranospiza caerulescens gavião-pernilongo x
97
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Heterospizias meridionalis gavião-caboclo x
Urubitinga urubitinga gavião-preto x
Rupornis magnirostris gavião-carijó x x 5;8;2;3 1, 2
Parabuteo leucorrhous gavião-de-sobre-branco x x 0;2;0;0 2
Geranoaetus albicaudatus gavião-de-rabo-branco x
Pseudastur polionotus gavião-pombo-grande x
Buteo brachyurus gavião-de-cauda-curta x x 2;6;3;4 2
Buteo swainsoni gavião-papa-gafanhoto x
Buteo albonotatus gavião-de-rabo-barrado x
Spizaetus tyrannus gavião-pega-macaco x
Spizaetus melanoleucus gavião-pato x

Gruiformes
Aramidae
Aramus guarauna carão x

Rallidae
Aramides cajaneus saracura-três-potes x
Aramides saracura saracura-do-mato x x 0;0;1;0 1, 2
Laterallus melanophaius sanã-parda x
Laterallus leucopyrrhus sanã-vermelha x
Porzana flaviventer sanã-amarela x
Porzana albicollis sanã-carijó x
Pardirallus maculatus saracura-carijó x
Pardirallus nigricans saracura-sanã x x 0;2;2;1 2
Pardirallus sanguinolentus saracura-do-banhado x x 2;0;1;1
Gallinula galeata frango-d'água-comum x
Gallinula melanops frango-d'água-carijó x
Porphyrio martinicus frango-d'água-azul x
Fulica armillata carqueja-de-bico-manchado x
Fulica leucoptera carqueja-de-bico-amarelo x
98
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Charadriiformes
Charadriidae
Vanellus cayanus batuíra-de-esporão x
Vanellus chilensis quero-quero x x 0;1;0;0 1, 2
Pluvialis dominica batuiruçu x
Charadrius semipalmatus batuíra-de-bando x
Charadrius collaris batuíra-de-coleira x

Recurvirostridae
Himantopus melanurus pernilongo-de-costas-brancas x

Scolopacidae
Gallinago paraguaiae narceja x
Limosa haemastica maçarico-de-bico-virado x
Bartramia longicauda maçarico-do-campo x
Actitis macularius maçarico-pintado x
Tringa solitaria maçarico-solitário x
maçarico-grande-de-perna-
Tringa melanoleuca x
amarela
Tringa flavipes maçarico-de-perna-amarela x
Calidris fuscicollis maçarico-de-sobre-branco x
Calidris melanotos maçarico-de-colete x
Calidris himantopus maçarico-pernilongo x
Calidris subruficollis maçarico-acanelado x
Phalaropus tricolor pisa-n'água x

Jacanidae
Jacana jacana jaçanã x x 6;12;6;5 2

Rynchopidae

99
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Rynchops niger talha-mar x

Columbiformes
Columbidae
Columbina talpacoti rolinha-roxa x x 1, 2
Columbina squammata fogo-apagou x
Columba livia pombo-doméstico x
Patagioenas picazuro pombão x x 3;3;3;4 1, 2
Patagioenas cayennensis pomba-galega x
Patagioenas plumbea pomba-amargosa x
Zenaida auriculata pomba-de-bando x x 1;0;0;0 1
Leptotila verreauxi juriti-pupu x x 1, 2
Leptotila rufaxilla juriti-gemedeira x
Geotrygon montana pariri x

Cuculiformes
Cuculidae
Piaya cayana alma-de-gato x
Coccyzus melacoryphus papa-lagarta-acanelado x
Coccyzus americanus papa-lagarta-de-asa-vermelha x
Coccyzus euleri papa-lagarta-de-euler x
Crotophaga ani anu-preto x x 0;0;0;1 1
Guira guira anu-branco x
Tapera naevia saci x
Dromococcyx pavoninus peixe-frito-pavonino x

Strigiformes
Tytonidae
Tyto furcata coruja-da-igreja x

Strigidae
100
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Megascops choliba corujinha-do-mato x
Megascops atricapilla corujinha-sapo x
Megascops sanctaecatarinae corujinha-do-sul x
Pulsatrix perspicillata murucututu x
Pulsatrix koeniswaldiana murucututu-de-barriga-amarela x
Strix hylophila coruja-listrada x
Strix virgata coruja-do-mato x
Glaucidium minutissimum caburé-miudinho x
Glaucidium brasilianum caburé x
Athene cunicularia coruja-buraqueira x x 2;9;3;4
Aegolius harrisii caburé-acanelado x
Asio clamator coruja-orelhuda x
Asio stygius mocho-diabo x
Asio flammeus mocho-dos-banhados x

Nyctibiiformes
Nyctibiidae
Nyctibius griseus mãe-da-lua x x 1;4;1;1

Caprimulgiformes
Caprimulgidae
Antrostomus rufus joão-corta-pau x
Lurocalis semitorquatus tuju x
Nyctidromus albicollis bacurau x
Hydropsalis parvula bacurau-chintã x
Hydropsalis anomala curiango-do-banhado x
Hydropsalis torquata bacurau-tesoura x
Hydropsalis forcipata bacurau-tesoura-gigante x
Chordeiles nacunda corucão x

101
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Apodiformes
Apodidae
Cypseloides senex taperuçu-velho x
Streptoprocne zonaris taperuçu-de-coleira-branca x
Streptoprocne biscutata taperuçu-de-coleira-falha x
Chaetura cinereiventris andorinhão-de-sobre-cinzento x
Chaetura meridionalis andorinhão-do-temporal x x 1;3;4;2 1, 2
Panyptila cayennensis andorinhão-estofador x

Trochilidae
Ramphodon naevius beija-flor-rajado x
Phaethornis squalidus rabo-branco-pequeno x
Phaethornis eurynome rabo-branco-de-garganta-rajada x x 1, 2
Eupetomena macroura beija-flor-tesoura x
Aphantochroa cirrochloris beija-flor-cinza x
Florisuga fusca beija-flor-preto x
Colibri serrirostris beija-flor-de-orelha-violeta x
Anthracothorax nigricollis beija-flor-de-veste-preta x x 1
Stephanoxis loddigesii beija-flor-de-topete x x 5;6;1;4 1
Lophornis chalybeus topetinho-verde x
Chlorostilbon lucidus besourinho-de-bico-vermelho x x 1, 2
Thalurania glaucopis beija-flor-de-fronte-violeta x
Leucochloris albicollis beija-flor-de-papo-branco x x 6;6;0;0 1, 2
Amazilia versicolor beija-flor-de-banda-branca x
Amazilia fimbriata beija-flor-de-garganta-verde x x 0;1;1;0 2
Heliodoxa rubricauda beija-flor-rubi x x 0;0;0;1 1
Calliphlox amethystina estrelinha-ametista x

Trogoniformes
Trogonidae

102
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
surucuá-grande-de-barriga-
Trogon viridis x
amarela
Trogon surrucura surucuá-variado x x 1, 2
Trogon rufus surucuá-de-barriga-amarela x x 0;2;2;1 2

Coraciiformes
Alcedinidae
Megaceryle torquata martim-pescador-grande x
Chloroceryle amazona martim-pescador-verde x
Chloroceryle americana martim-pescador-pequeno x

Momotidae
Baryphthengus ruficapillus juruva-verde x

Galbuliformes
Bucconidae
Malacoptila striata barbudo-rajado x
Nonnula rubecula macuru x

Piciformes
Ramphastidae
Ramphastos vitellinus tucano-de-bico-preto x
Ramphastos dicolorus tucano-de-bico-verde x x 0;2;0;0 1
Selenidera maculirostris araçari-poca x
Pteroglossus bailloni araçari-banana x

Picidae
Picumnus temminckii pica-pau-anão-de-coleira x x 7;11;5;6 1, 2
Picumnus nebulosus pica-pau-anão-carijó x
Melanerpes candidus pica-pau-branco x x 0;1;0;0 1, 2
Melanerpes flavifrons benedito-de-testa-amarela x

103
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Veniliornis spilogaster picapauzinho-verde-carijó x x 0;1;1;0 1, 2
Piculus flavigula pica-pau-bufador x
Piculus aurulentus pica-pau-dourado x x 1;1;0;0 1, 2
Colaptes melanochloros pica-pau-verde-barrado x
Colaptes campestris pica-pau-do-campo x x 1, 2
Celeus flavescens pica-pau-de-cabeça-amarela x
Dryocopus lineatus pica-pau-de-banda-branca x
Campephilus robustus pica-pau-rei x x 1;3;2;0 1

Falconiformes
Falconidae
Caracara plancus caracará x x 0;0;0;2 1, 2
Milvago chimachima carrapateiro x x 4;3;3;1 1, 2
Milvago chimango chimango x
Herpetotheres cachinnans acauã x x 1;0;0;0 2
Micrastur ruficollis falcão-caburé x x 1, 2
Micrastur semitorquatus falcão-relógio x
Falco sparverius quiriquiri x
Falco femoralis falcão-de-coleira x
Falco peregrinus falcão-peregrino x

Psittaciformes
Psittacidae
Pyrrhura frontalis tiriba-de-testa-vermelha x x 2;3;2;1 1, 2
Forpus xanthopterygius tuim x
Brotogeris tirica periquito-rico x
Touit melanonotus apuim-de-costas-pretas x
Pionopsitta pileata cuiú-cuiú x x 0;2;0;3 1, 2
Pionus maximiliani maitaca-verde x x 1, 2
Amazona vinacea papagaio-de-peito-roxo x
Amazona aestiva papagaio-verdadeiro x

104
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Triclaria malachitacea sabiá-cica x x 2;0;0;1 2

Passeriformes
Thamnophilidae
Terenura maculata zidedê x
Rhopias gularis choquinha-de-garganta-pintada x
Dysithamnus stictothorax choquinha-de-peito-pintado x
Dysithamnus mentalis choquinha-lisa x x 0;1;0;0 1, 2
Herpsilochmus
chorozinho-de-asa-vermelha x
rufimarginatus
Thamnophilus ruficapillus choca-de-chapéu-vermelho x x 1;3;1;0 1
Thamnophilus caerulescens choca-da-mata x x 2;1;0;0 1, 2
Hypoedaleus guttatus chocão-carijó x
Batara cinerea matracão x x 2;8;3;5 1, 2
Mackenziaena leachii borralhara-assobiadora x x 3;4;0;3 1, 2
Biatas nigropectus papo-branco x 3;2;2;6 1
Mackenziaena severa borralhara x
Myrmoderus squamosus papa-formiga-de-grota x x 1;1;0;1 1, 2
Pyriglena leucoptera papa-taoca-do-sul x x 1
Drymophila ferruginea trovoada x
Drymophila rubricollis trovoada-de-bertoni x x 1;1;0;1 1, 2
Drymophila ochropyga choquinha-de-dorso-vermelho x
Drymophila malura choquinha-carijó x x 0;1;0;0 1, 2

Conopophagidae
Conopophaga lineata chupa-dente x x 0;2;1;0 1, 2
Conopophaga melanops cuspidor-de-máscara-preta x

Grallariidae
Grallaria varia tovacuçu x x 2;1;1;0 2
Hylopezus nattereri pinto-do-mato x x 5;8;2;3 1, 2

105
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Rhinocryptidae
Eleoscytalopus indigoticus macuquinho x x 1;3;0;1 1, 2
Scytalopus speluncae tapaculo-preto x
Scytalopus iraiensis macuquinho-da-várzea x
Psilorhamphus guttatus tapaculo-pintado x

Formicariidae
Chamaeza campanisona tovaca-campainha x x 0;2;0;0 1, 2

Scleruridae
Sclerurus scansor vira-folha x x 6;6;0;0 1, 2

Dendrocolaptidae
Dendrocincla turdina arapaçu-liso x
Sittasomus griseicapillus arapaçu-verde x x 0;0;1;0 1, 2
Xiphorhynchus fuscus arapaçu-rajado x x 4;7;2;5 1, 2
Campylorhamphus falcularius arapaçu-de-bico-torto x
Lepidocolaptes falcinellus arapaçu-escamado-do-sul x x 5;1;1;4 1, 2
Dendrocolaptes platyrostris arapaçu-grande x x 3;2;1;0 1, 2
Xiphocolaptes albicollis arapaçu-de-garganta-branca x x 1, 2

Xenopidae
Xenops rutilans bico-virado-carijó x x 0;2;0;0 1

Furnariidae
Furnarius rufus joão-de-barro x x 4;4;0;3 1, 2
Lochmias nematura joão-porca x x 3;7;4;2 1
Clibanornis
cisqueiro x x 0;0;1;2 1, 2
dendrocolaptoides
Automolus leucophthalmus barranqueiro-de-olho-branco x
Anabazenops fuscus trepador-coleira x x 0;1;0;0 2
Anabacerthia amaurotis limpa-folha-miúdo x
106
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Anabacerthia lichtensteini limpa-folha-ocráceo x
Philydor atricapillus limpa-folha-coroado x
Philydor rufum limpa-folha-de-testa-baia x x 3;5;2;1 1, 2
Heliobletus contaminatus trepadorzinho x
Syndactyla rufosuperciliata trepador-quiete x x 0;0;0;1 1, 2
Cichlocolaptes leucophrus trepador-sobrancelha x x 3;5;4;2 1, 2
Leptasthenura striolata grimpeirinho x
Leptasthenura setaria grimpeiro x x 0;3;0;1 1, 2
Phacellodomus striaticollis tio-tio x
Anumbius annumbi cochicho x
Certhiaxis cinnamomeus curutié x
Synallaxis ruficapilla pichororé x x 1;0;2;0 1, 2
Synallaxis cinerascens pi-puí x x 3;7;2;4 1, 2
Synallaxis frontalis petrim x
Synallaxis spixi joão-teneném x x 2;0;1;1 1, 2
Cranioleuca obsoleta arredio-oliváceo x x 0;1;0;0 1, 2
Cranioleuca pallida arredio-pálido x x 2

Pipridae
Ilicura militaris tangarazinho x x 1;1;0;0 2
Chiroxiphia caudata tangará x x 1;0;0;0 1, 2

Onychorhynchidae
Oxyruncus cristatus araponga-do-horto x

Onychorhynchidae
Onychorhynchus swainsoni maria-leque-do-sudeste x

Tityridae
Schiffornis virescens flautim x x 4;3;3;1 1, 2
Laniisoma elegans chibante x

107
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Tityra cayana anambé-branco-de-rabo-preto x
Pachyramphus viridis caneleiro-verde x
Pachyramphus castaneus caneleiro x x 1;0;0;0 1
Pachyramphus polychopterus caneleiro-preto x x 3;2;0;1 1, 2
Pachyramphus validus caneleiro-de-chapéu-preto x x 1

Cotingidae
Lipaugus lanioides tropeiro-da-serra x
Procnias nudicollis araponga x
Pyroderus scutatus pavó x
Carpornis cucullata corocochó x x 0;1;0;0 1, 2
Phibalura flavirostris tesourinha-da-mata x

Pipritidae
Piprites chloris papinho-amarelo x
Piprites pileata caneleirinho-de-chapéu-preto x

Platyrinchidae
Platyrinchus mystaceus patinho x x 1, 2

Rhynchocyclidae
Mionectes rufiventris abre-asa-de-cabeça-cinza x x 0;2;0;0 2
Leptopogon amaurocephalus cabeçudo x
Phylloscartes ventralis borboletinha-do-mato x
Phylloscartes paulista não-pode-parar x
Phylloscartes oustaleti papa-moscas-de-olheiras x
Phylloscartes sylviolus maria-pequena x
Tolmomyias sulphurescens bico-chato-de-orelha-preta x x 2;2;2;1 1, 2
Todirostrum poliocephalum teque-teque x
Todirostrum cinereum ferreirinho-relógio x
Poecilotriccus plumbeiceps tororó x x 0;1;0;0 1, 2
108
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Myiornis auricularis miudinho x x 2
Hemitriccus diops olho-falso x
Hemitriccus obsoletus catraca x

Tyrannidae
Hirundinea ferruginea gibão-de-couro x
Euscarthmus meloryphus barulhento x
Tyranniscus burmeisteri piolhinho-chiador x
Camptostoma obsoletum risadinha x x 4;2;3;1 1
Elaenia flavogaster guaracava-de-barriga-amarela x
Elaenia parvirostris guaracava-de-bico-curto x
Elaenia mesoleuca tuque x x 3;7;2;4 1
Elaenia obscura tucão x x 7;11;5;6 1
Myiopagis caniceps guaracava-cinzenta x
Capsiempis flaveola marianinha-amarela x
Phyllomyias virescens piolhinho-verdoso x x 1, 2
Phyllomyias fasciatus piolhinho x
Phyllomyias griseocapilla piolhinho-serrano x
Culicivora caudacuta papa-moscas-do-campo x
Serpophaga nigricans joão-pobre x
Serpophaga subcristata alegrinho x x 1, 2
Attila phoenicurus capitão-castanho x x 0;2;2;0 1
Attila rufus capitão-de-saíra x
Legatus leucophaius bem-te-vi-pirata x
Myiarchus swainsoni irré x x 1;3;1;2 1
Myiarchus ferox maria-cavaleira x
Sirystes sibilator gritador x x 5;1;0;0 2
Pitangus sulphuratus bem-te-vi x x 0;0;0;2 1, 2
Machetornis rixosa suiriri-cavaleiro x
Myiodynastes maculatus bem-te-vi-rajado x x 1
Megarynchus pitangua neinei x x 1;0;0;0 1, 2

109
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
bentevizinho-de-penacho-
Myiozetetes similis x
vermelho
Tyrannus melancholicus suiriri x x 0;1;2;1 1
Tyrannus savana tesourinha x
Empidonomus varius peitica x
Colonia colonus viuvinha x
Myiophobus fasciatus filipe x x 0;0;1;2 1, 2
Pyrocephalus rubinus príncipe x
Fluvicola nengeta lavadeira-mascarada x
Arundinicola leucocephala freirinha x
Cnemotriccus fuscatus guaracavuçu x
Lathrotriccus euleri enferrujado x x 1, 2
Contopus cinereus papa-moscas-cinzento x
Knipolegus cyanirostris maria-preta-de-bico-azulado x
Knipolegus lophotes maria-preta-de-penacho x
Hymenops perspicillatus viuvinha-de-óculos x
Satrapa icterophrys suiriri-pequeno x
Xolmis cinereus primavera x
Xolmis dominicanus noivinha-de-rabo-preto x
Muscipipra vetula tesoura-cinzenta x

Vireonidae
Cyclarhis gujanensis pitiguari x x 3;7;2;4 1, 2
Vireo chivi juruviara x x 7;11;5;6 1
Hylophilus poicilotis verdinho-coroado x x 2;0;1;1 1, 2

Corvidae
Cyanocorax caeruleus gralha-azul x
Cyanocorax chrysops gralha-picaça x

Hirundinidae

110
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Pygochelidon cyanoleuca andorinha-pequena-de-casa x x 1
Alopochelidon fucata andorinha-morena x
Stelgidopteryx ruficollis andorinha-serradora x x 6;12;6;5 1
Progne tapera andorinha-do-campo x x 1;3;2;0 1
Progne chalybea andorinha-doméstica-grande x
Tachycineta albiventer andorinha-do-rio x
Tachycineta leucorrhoa andorinha-de-sobre-branco x x 5;1;0;0
Hirundo rustica andorinha-de-bando x

Troglodytidae
Troglodytes musculus corruíra x x 1;0;0;0 1, 2
Cistothorus platensis corruíra-do-campo x

Polioptilidae
Ramphocaenus melanurus bico-assovelado x

Turdidae
Turdus flavipes sabiá-una x x 2
Turdus leucomelas sabiá-barranco x x 0;0;0;1 1, 2
Turdus rufiventris sabiá-laranjeira x x 3;5;4;2 1, 2
Turdus amaurochalinus sabiá-poca x x 0;1;1;1 1
Turdus subalaris sabiá-ferreiro x
Turdus albicollis sabiá-coleira x x 0;2;0;0 1, 2

Mimidae
Mimus saturninus sabiá-do-campo x x 1;0;2;0 1, 2

Motacillidae
Anthus lutescens caminheiro-zumbidor x
Anthus nattereri caminheiro-grande x
Anthus hellmayri caminheiro-de-barriga-acanelada x

111
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Passerellidae
Zonotrichia capensis tico-tico x x 1;1;0;0 1, 2
Ammodramus humeralis tico-tico-do-campo x

Parulidae
Setophaga pitiayumi mariquita x x 6;12;6;5 1, 2
Geothlypis aequinoctialis pia-cobra x x 1;3;2;0 1, 2
Basileuterus culicivorus pula-pula x x 1;3;1;2 1, 2
Myiothlypis leucoblephara pula-pula-assobiador x x 0;1;0;0 1, 2
Myiothlypis rivularis pula-pula-ribeirinho x

Icteridae
Cacicus chrysopterus tecelão x x 1, 2
Cacicus haemorrhous guaxe x
Icterus pyrrhopterus encontro x
Gnorimopsar chopi graúna x
Chrysomus ruficapillus garibaldi x
Pseudoleistes guirahuro chopim-do-brejo x
Agelaioides badius asa-de-telha x x 0;1;0;0 2
Molothrus rufoaxillaris vira-bosta-picumã x
Molothrus bonariensis vira-bosta x x 0;1;1;0
Sturnella superciliaris polícia-inglesa-do-sul x

Mitrospingidae
Orthogonys chloricterus catirumbava x

Thraupidae
Coereba flaveola cambacica x x 1;3;2;0 2
Saltator similis trinca-ferro-verdadeiro x x 1;3;1;2 2
Saltator maxillosus bico-grosso x

112
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Saltator fuliginosus pimentão x
Orchesticus abeillei sanhaçu-pardo x
Thlypopsis sordida saí-canário x
Pyrrhocoma ruficeps cabecinha-castanha x
Tachyphonus coronatus tiê-preto x x 1;0;0;0 1, 2
Ramphocelus bresilius tiê-sangue x
Coryphospingus cucullatus tico-tico-rei x
Trichothraupis melanops tiê-de-topete x
Tangara seledon saíra-sete-cores x
Tangara cyanocephala saíra-militar x
Tangara desmaresti saíra-lagarta x
Tangara sayaca sanhaçu-cinzento x x 1;0;0;0 1, 2
Tangara cyanoptera sanhaçu-de-encontro-azul x
Tangara palmarum sanhaçu-do-coqueiro x
Tangara ornata sanhaçu-de-encontro-amarelo x
Tangara preciosa saíra-preciosa x x 1;3;2;0 1
Stephanophorus diadematus sanhaçu-frade x x 1;3;1;2 1, 2
Cissopis leverianus tietinga x
Paroaria coronata cardeal x
Paroaria capitata cavalaria x
Pipraeidea melanonota saíra-viúva x
Pipraeidea bonariensis sanhaçu-papa-laranja x
Tersina viridis saí-andorinha x
Dacnis cayana saí-azul x
Chlorophanes spiza saí-verde x
Hemithraupis guira saíra-de-papo-preto x
Hemithraupis ruficapilla saíra-ferrugem x
Conirostrum speciosum figuinha-de-rabo-castanho x
Haplospiza unicolor cigarra-bambu x x 6;12;6;5 1, 2
Donacospiza albifrons tico-tico-do-banhado x
Poospiza thoracica peito-pinhão x
113
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Poospiza nigrorufa quem-te-vestiu x
Microspingus cabanisi tico-tico-da-taquara x x 5;1;0;0 1, 2
Sicalis citrina canário-rasteiro x
Sicalis flaveola canário-da-terra-verdadeiro x x 4;3;3;1 1, 2
Sicalis luteola tipio x
Emberizoides herbicola canário-do-campo x
Emberizoides ypiranganus canário-do-brejo x
Embernagra platensis sabiá-do-banhado x x 0;1;0;0 2
Volatinia jacarina tiziu x x 5;1;0;0 1
Sporophila frontalis pixoxó x x 0;0;0;2 1
Sporophila plumbea patativa x
Sporophila collaris coleiro-do-brejo x
Sporophila lineola bigodinho x
Sporophila caerulescens coleirinho x x 1, 2
Sporophila bouvreuil caboclinho x
Sporophila hypoxantha caboclinho-de-barriga-vermelha x
Sporophila angolensis curió x

Cardinalidae
Piranga flava sanhaçu-de-fogo x
Habia rubica tiê-do-mato-grosso x
Amaurospiza moesta negrinho-do-mato x
Cyanoloxia glaucocaerulea azulinho x
Cyanoloxia brissonii azulão x

Fringillidae
Spinus magellanicus pintassilgo x x 2
Euphonia chlorotica fim-fim x
Euphonia violacea gaturamo-verdadeiro x
Euphonia chalybea cais-cais x x 1;0;0;0 2
Euphonia cyanocephala gaturamo-rei x
114
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Euphonia pectoralis ferro-velho x x 1, 2
Chlorophonia cyanea gaturamo-bandeira x

Estrildidae
Estrilda astrild bico-de-lacre x

Passeridae
Passer domesticus pardal x
Fonte: Sociedade da Água, 2020.

115
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
 Uso de Hábitats

Com relação ao uso dos hábitats, realizou-se uma avaliação comparativa


do número de registros das espécies de aves em cada um dos quatro sítios amostrais,
classificando-as de acordo com sua sensibilidade a distúrbios ambientais (sensu
Parker III et al., 1996). De acordo com esta classificação, uma dada espécie é
considerada de alta sensibibilidade a distúrbios quando é facilmente afetada por
atividades humanas, tratando-se assim de elementos indicadores de boa qualidade
ambiental. O oposto é também verdadeiro: espécies de baixa sensibilidade
predominam em ambientes muito alterados por ações antrópicas.
Entre os pontos avaliados, a região Sul apresentou a maior proporção de
espécies de alta sensibilidade (Figura 32). Por outro lado, as maiores proporções de
táxons de baixa sensibilidade foram detectadas no sítio Leste A, indicativos que
naquela região há maiores áreas impactadas por atividades humanas, especialmente
em Leste A. Embora generalista, esta análise reforça as avaliações qualitativas
anteriores, sugerindo que as regiões com maior cobertura florestal abrigam
assembleias avifaunísticas melhor estruturadas e com elementos indicadores de
elevada qualidade ambiental.

Figura 32 Proporção de registro de aves de sensibilidade baixa, média e alta (respectivamente


barras das cores azul, vermelho e verde) registradas em cada um dos sítios amostrados na
área do PACUERA do Miringuava.
Fonte: Sociedade da Água, 2020.

 Espécies Raras e/ou Endêmicas Registradas

Ao todo, foram registradas 16 espécies endêmicas da região, de acordo


com a classificação de Straube & Di Giácomo (2007), que também relacionam esses
116
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
táxons como típicos representantes de dois centros de endemismo do cone sul:
províncias da Mata Atlântica (Heliodoxa rubricauda, Myrmoderus squamosus,
Drymophila rubricollis, Cichlocolaptes leucophrus, Sporophila frontalis) e da Mata de
Araucária (Stephanoxis loddigesii, Thamnophilus caerulescens gilvigaster,
Mackenziaena leachii, Drymophila malura, Lepidocolaptes falcinellus, Clibanornis
dendrocolaptoides, Leptasthenura setaria, Synallaxis cinerascens, Cranioleuca
obsoleta, Phyllomyias virescens, Microspingus cabanisi).
A ocorrência de táxons típicos destas duas províncias biogeográficas é
reflexo da área de contato entre estas formações. Elementos característicos da
floresta ombrófila densa de maiores altitudes atingem o planalto nestes setores, e ali
se miscigenam com espécies que ocorrem na floresta com araucária.

 Espécies Indicadoras de Ambientes

Dois microambientes típicos da Mata Atlântica são caracterizados por


elementos da fauna encontrados em campo. Hábitats dominados por taquaras ou
bambus são procurados por especialistas nesses hábitats, como Biatas nigropectus,
Anabazenops fuscus e Haplospiza unicolor. Esta última espécie é a mais generalista
entre os três, ao passo que as duas primeiras são mais exigentes quanto à qualidade
ambiental destas manchas de vegetação. A espécie Cichclocolaptes leucophrus é um
furnarídeo especialista em forrageio de grandes bromélias epífitas (CESTARI, 2009),
que por sua vez são também mais abundantes em florestas em avançado estágio
sucessional.
Um terceiro microambiente de elevada relevância conservacionista tem sua
ocorrência indicada pela presença de Hylopezus nattereri, táxon terrícola habitante de
florestas com sub-bosque denso e bem conservado. Estes ambientes são muito
sensíveis a distúrbios humanos, sendo alguns dos ambientes mais facilmente
afetados por roçadas, pela entrada de animais de criação, ou mesmo danificados por
animais ferais (cães, gatos, porcos).

 Espécies Ameaçadas e/ou Protegidas por Lei

Para fins deste diagnóstico, foram consideradas as espécies alocadas em


alguma categoria de ameaça de extinção a nível global (IUCN, 2019), nacional (MMA,
2014) e estadual (PARANÁ, 2018).
117
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Por ocasião do levantamento de dados secundários, um total de 32
espécies foram alocadas em alguma categoria de ameaça. Desse conjunto, 19 são
espécies florestais, enquanto 11 são aves de áreas campestres secas ou úmidas e 2
são aquáticas.
Já por ocasião dos estudos de campo, duas espécies ameaçadas de
extinção foram detectadas nas amostragens: Sporophila frontalis, previamente citada
na lista de dados secundários e considerada Vulnerável no país (BRASIL, 2014) e Em
Perigo no estado (PARANÁ, 2018), e Biatas nigropectus, alocado como Vulnerável no
âmbito global (IUCN, 2020), sendo este o primeiro registro para a bacia. Ambas
espécies foram encontradas nos sítios Leste B (ambas), Sul A e Sul B (S. frontalis). O
registro de B. nigropectus eleva para 33 o número de espécies ameaçadas de extinção
da área de estudo
Considerando o recorte mais local, de espécies alocadas em categorias de
ameaça no estado do Paraná (PARANÁ, 2018), 16 são classificados na categoria
Vulnerável, 12 na categoria Em Perigo, e 3 são Criticamente Ameaçados. Dentre os
táxons de maior preocupação, duas são aves tipicamente florestais (Pulsatrix
perspicillata, Piprites pileata) e uma é habitante de banhados, várzeas e campos
(Phacellodomus striaticollis).
As maiores pressões incidentes sobre as espécies acima decorrem da
destruição de seus hábitats, em especial pelas atividades de supressão da vegetação
florestal e pela conversão antrópica das áreas de banhados e campos. As atividades
de caça, por sua vez, incidem especialmente sobre alguns táxons cinegéticos de
maior porte, como os tinamídeos e cracídeos.
A Tabela 20 apresenta a relação de espécies consideradas como
ameaçadas de extinção presentes ou esperadas para a área de estudo.

Tabela 20 Espécies de interesse conservacionista registradas ou esperadas para a área do


PACUERA do Miringuava, com dados sobre categorias de ameaça de acordo com as
avaliações das populações globais (IUCN, 2019), nacionais (MMA, 2014) e no estado do Paraná
(PARANÁ, 2018) e hábitats de ocorrência. Legenda: VU. Vulnerável; EN: Em perigo; CR:
Criticamente ameaçada.
Espécie Nome em Português Global Nacional Estadual Hábitat
Tinamus solitarius macuco EN Florestal
Crypturellus noctivagus jaó-do-sul VU EN Florestal
Sarkidiornis sylvicola pato-de-crista VU Aquático
Anas flavirostris marreca-pardinha VU Aquático
Aburria jacutinga jacutinga EN EN Florestal
Spizaetus tyrannus gavião-pega-macaco VU Florestal
Spizaetus melanoleucus gavião-pato VU Florestal
Pulsatrix perspicillata murucututu VU CR Florestal
Glaucidium minutissimum caburé-miudinho VU Florestal

118
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Espécie Nome em Português Global Nacional Estadual Hábitat
Aegolius harrisii caburé-acanelado VU Florestal
Hydropsalis anomala curiango-do-banhado EN Campo/Banhado
Pteroglossus bailloni araçari-banana VU Florestal
Touit melanonotus apuim-de-costas-pretas VU VU VU Florestal
Amazona vinacea papagaio-de-peito-roxo EN VU VU Florestal
Scytalopus iraiensis macuquinho-da-várzea EN EN EN Banhados
Leptasthenura striolata grimpeirinho EN Campo/Banhado
Biatas nigropectus papo-branco VU Florestal
Phacellodomus striaticollis tio-tio CR Banhados
Onychorhynchus swainsoni maria-leque-do-sudeste VU Florestal
Lipaugus lanioides tropeiro-da-serra VU Florestal
Procnias nudicollis araponga VU Florestal
Piprites chloris papinho-amarelo VU Florestal
Piprites pileata caneleirinho-de-chapéu-preto VU CR Florestal
Phylloscartes paulista não-pode-parar VU Florestal
Phylloscartes sylviolus maria-pequena VU Florestal
Culicivora caudacuta papa-moscas-do-campo VU EN Campo/Banhado
Xolmis dominicanus noivinha-de-rabo-preto VU VU EN Campo/Banhado
Cistothorus platensis corruíra-do-campo EN Campo
Anthus nattereri caminheiro-grande VU VU EN Campo
Sporophila frontalis pixoxó VU EN Florestal
Sporophila plumbea patativa EN Campo/Banhado
Sporophila hypoxantha caboclinho-barriga-vermelha VU VU Campo/Banhado
Sporophila angolensis curió VU Campo/Banhado
Fonte: Sociedade da Água, 2020.

 Espécies Migratórias

O conjunto das aves migratórias que traz aporte importante à avifauna


regional. Devido à época do ano em que o estudo foi conduzido, no final do verão e
início do outono austral, vários representantes desse conjunto de espécies puderam
ser encontrados. De fato, foram flagradas dezoito espécies migrantes tropicais – aves
que se reproduzem em território brasileiro, mas se deslocam para regiões mais
setentrionais das Américas durante o inverno (Alves, 2007), quais sejam: Chaetura
meridionalis, Stephanoxis loddigesii, Pachyramphus polychopterus, P. validus, P.
castaneus, Elaenia mesoleuca, Serpophaga subcristata, Attila phoenicurus,
Myiarchus swainsoni, Myiodynastes maculatus, Megarynchus pitangua, Tyrannus
melancholicus, Lathrotriccus euleri, Vireo chivi, Hylophilus poicilotis, Tachycineta
leucorrhoa, Turdus flavipes e Stephanophorus diadematus. Em geral, todas foram
encontradas amplamente distribuídas, sempre em ambientes mais abertos nas
bordaduras da vegetação nativa, ou mesmo sobre ambientes antropizados.

 Ampliações ao Conhecimento Preliminar Local do Grupo

119
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
A partir dos dados de base analisados, algumas espécies constam em
apenas uma das fontes consultadas, ou seja, são táxons presumivelmente raros na
região. Nove das espécies registradas em campo alocam-se nesta classificação
(Leptodon cayanensis, Parabuteo leucorrhous, Amazilia fimbriata, Herpetotheres
cachinnans, Myrmoderus squamosus, Drymophila rubricollis, Hylopezus nattereri,
Anabazenops fuscus, Ilicura militaris). Todas – à exceção do beija-flor Amazilia
fimbriata – são associadas a ambientes florestais melhor conservados e consideradas
de média ou alta sensibilidade a distúrbios. Estes registros são especialmente
importantes por auxiliarem na identificação dos locais melhor conservados na região.

 Espécies Exóticas e/ou Invasoras

Durante os trabalhos de campo, não foram encontradas espécies exóticas


ou invasoras na região (inclusive o pardal, Passer domesticus, registrado mediante
dados secundários). Ressalta-se, no entanto, que algumas espécies generalistas
podem se tornar localmente invasoras, ou causar transtornos ambientais e
econômicos. É o caso de Zenaida auriculata – espécie de pomba que pode se tornar
uma praga rural e mesmo urbana – e Molothrus bonariensis, ave nidoparasita que
pode ameaçar a viabilidade populacional de seus hospedeiros quando em elevada
abundância. Nenhuma destas espécies, no entanto, foi encontada em altos números,
tampouco foram registradas em todos os sítios amostrais, sugerindo que a região
apresenta condições ambientais ainda equilibradas.

2.2.3.4 Mastofauna
-Aspectos Históricos do Conhecimento da Mastofauna Regional

 Riqueza da Mastofauna da Bacia do Miringuava

Mediante a análise da literatura, pode-se verificar que o Primeiro Planalto


Paranaense, região que abriga a bacia do rio Miringuava, consiste em uma das
porções melhor conhecidas quanto à mastofauna de todo o estado do Paraná.
Entretanto, em relação à bacia do rio Miringuava em si, há uma carência de
informações. Porém, ao se considerar que a maioria das espécies de mamíferos (em
especial as de médio e grande porte) devem apresentar amplos territórios para a
manutenção de populações, e que há uma significativa similaridade entre a área da
120
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
bacia e demais regiões da RMC, pode-se inferir que a maioria das espécies listadas
na literatura em questão ocorre (ou ao menos já ocorreu) na área de estudo.
Através da análise da literatura e de informações disponíveis em coleções
zoológicas, um total de 60 espécies de mamíferos pode ser registrado ou ao menos
esperado para a bacia do rio Miringuava, valor este que corresponde a 33,4% de toda
a mastofauna paranaense e a 24% da mastofauna da Floresta Atlântica brasileira.
Tais valores são os mesmos apresentados por ocasião do diagnóstico anterior
realizado para a APA (SOCIEDADE DA ÁGUA, 2013), na medida em que não houve
novos registros para a região desde então. Tais espécies são subdivididas em nove
ordens e 23 famílias (Tabela 21). Os grupos dos pequenos roedores, marsupiais e
quirópteros, embora contemplem 17, 9 e 10 registros, respectivamente, possivelmente
comportem mais espécies (em especial os quirópteros), uma vez que tais organismos
chegam a perfazer mais de 60% da mastofauna de muitas comunidades (REIS et al.,
2010). O conhecimento sobre esses grupos demanda estudos de longo prazo com o
uso de métodos de coleta específicos e sistemáticos e, embora alguns estudos com
tais métodos tenham já sido realizados nas proximidades da região de interesse, a
alta diversidade local de ambientes decorrente das condições de transição entre os
elementos da Floresta Ombrófila Densa com a Floresta Ombrófila Mista e os sistemas
de campos e várzeas possivelmente impliquem na ocorrência local de espécies ainda
não registradas.
Quanto aos mamíferos de médio a grande portes, os registros obtidos
contemplam 24 espécies. Esse total corresponde a 53,4% da riqueza conhecida para
esses animais no Estado do Paraná (45 espécies, segundo REIS et al., 2009). Trata-
se de um valor significativo, o qual é ampliado pela ocorrência de alguns grupos de
hábitos predominantemente florestais dentre a mastofauna, a exemplo dos primatas
(macacos), do tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla) e do veado-bororó (Mazama
nana). Tais espécies, juntamente com os felinos e a alta riqueza de pequenos
marsupiais, são indicadoras de ambientes em bom estado de conservação. Deve-se
salientar que, fora os Perissodactyla, os quais são caracterizados pela anta no Brasil,
todas as demais ordens de mamíferos terrestres encontram-se representadas na
região de estudo.
A realização dos métodos de busca ativa por espécimes ou vestígios, bem
como o uso de armadilhas fotográficas durante os estudos de campo na região,
permitiram registrar apenas quatro espécies de mamíferos de médio e grande porte
na região de entorno do reservatório do rio Miringuava. Trata-se de um valor baixo,
121
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
que representa 16,7% da riqueza total desse grupo, inferida mediante a análise de
dados secundários.
Dentre as espécies registradas, três contemplaram registros por ocasião
da campanha de verão (Dasypus novemcinctus – tatu-galinha; Didelphis albiventris –
gambá; Cerdocyon thous – cachorro-do-mato) e três na campanha de outono (D.
novemcinctus, C. thous e Mazama gouazoubira – veado-catingueiro). Todas essas
espécies já haviam sido previamente registradas para a área mediante a análise de
dados secundários, não representando, portanto, adições à riqueza regional.
Embora o número de registros tenha sido baixo, merece destaque o
encontro de três indivíduos de Mazama gouazoubira (um macho, uma fêmea e um
filhote) em um mesmo ponto ao longo de três diferentes dias durante a segunda
campanha. O ponto em questão localiza-se na porção central do futuro reservatório.
Conquanto não se encontre na lista de mamíferos ameaçados de extinção no Paraná,
trata-se de uma espécie que foi amplamente perseguida no passado na região da
grande Curitiba. A presença desses indivíduos indica, portanto, que a espécie ainda
tem populações ocorrentes na região, bem como mantido os processos reprodutivos.
Quanto ao levantamento de espécies mediante entrevistas, foram
conduzidas seis no total. Os resultados das mesmas permitiram inferir a ocorrência
local de 19 espécies, somadas ainda a outras cinco que não permitiram a identificação
específica (“veado”; “rato-do-mato”, “gambá”, “macaco”; “gato-do-mato”). Mediante
esse resultado específico, espera-se, portanto, minimamente a ocorrência de 24
espécies de mamíferos para a área (sendo que todas as espécies amostradas
mediante busca ativa ou armadilhas fotográficas, ou minimamente os gêneros das
mesmas, foram informadas pelos entrevistados). Por sua vez, as entrevistas
realizadas não permitiram o registro de outras espécies além daquelas já previamente
verificadas mediante a análise de dados secundários.
Desta forma, considerando os resultados integrados da análise de dados
secundários e os resultados de campo, a área do PACUERA contempla o registro ou
a expectativa de ocorrência das 60 espécies de mamíferos previamente informadas
na literatura. Entretanto, conforme salientado anteriormente, grupos ainda pouco
amostrados na área, com destaque a quirópteros, possivelmente contemplem outras
espécies locais. Nesse sentido, a região do reservatório, assim como toda a bacia do
Miringuava, consistirá em um importante local para a realização de pesquisas futuras
referentes à região.

122
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
A Tabela 21 apresenta a lista de espécies de mamíferos da área do
PACUERA do Miringuava, considerando os registros de dados secundários e os
resultados dos levantamentos de campo. Por sua vez, a Figura 33 apresenta alguns
dos registros obtidos mediante o uso de armadilhas fotográficas.

123
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Tabela 21 Lista de espécies de Mamíferos da bacia do Miringuava, com os ambientes de registro de cada espécie, dados de campo e origem da
informação.
ORDENAMENTO TAXONÔMICO NOME VERNÁCULO AMBIENTES CAMPANHA DE PONTOS DE ORIGEM DA
REGISTRO REGISTRO INFORMAÇÃO
ORDEM DIDELPHIMORPHIA
Família Didelphidae
Didelphis albiventris Gambá Fl, AA 1 Norte A LIT, VIS
Didelphis aurita Gambá Fl, AA LIT
Gracilinanus microtarsus Guaiquica Fl LIT
Gracilinanus agilis Guaiquica Fl LIT
Lutreolina crassicaudata Cuíca Fl, Bn LIT
Monodelphis cf. dimidiata Catita Fl, AA LIT
Monodelphis incanus Catita Fl LIT
Monodelphis sp. Catita Fl LIT
Philander frenata Cuíca-de-quatro-olhos Fl LIT
ORDEM PILOSA
Família Myrmecophagidae
Tamandua tetradactyla Tamanduá-mirim Fl, Cp, AA LIT, ENT
ORDEM CINGULATA
Família Dasypodidae
Cabassous unicinctus Tatu-rabo-mole Cp, AA LIT
Dasypus novemcinctus Tatu-galinha Fl, AA 1, 2 Norte A, Sul A LIT, VIS, CAM, VST, ENT
Euphractus sexcinctus Tatu-peba Cp, AA LIT
ORDEM CHIROPTERA
Família Phyllostomidae
Anoura caudifera Morcego Fl LIT
Carolia perspicillata Morcego Fl, AA LIT
Artibeus lituratus Morcego Fl LIT
Pygoderma bilabiatum Morcego Fl LIT
Sturnira lilium Morcego Fl, AA LIT
Família Vespertilionidae
Eptesicus brasiliensis Morcego Fl LIT
Histiotus velatus Morcego Fl LIT
Myotis nigricans Morcego Fl LIT
Família Molossidae
Molossus molossus Morcego Fl, AA LIT
Tadarida brasiliensis Morcego Fl, AA LIT
ORDEM PRIMATES
Família Atelidae
Alouatta guariba clamitans Bugio Fl LIT, ENT

124
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
ORDENAMENTO TAXONÔMICO NOME VERNÁCULO AMBIENTES CAMPANHA DE PONTOS DE ORIGEM DA
REGISTRO REGISTRO INFORMAÇÃO
Família Cebidae
Sapajus nigritus Macaco-prego Fl LIT, ENT
ORDEM CARNIVORA
Família Canidae
Cerdocyon thous Cachorro-do-mato Fl, Cp, AA 1, 2 Norte B, Sul A LIT, CAM, VST, ENT
Lycalopex gymnocercus Raposa-do-campo Cp, AA LIT
Chrysocyon brachiurus Lobo-guará Cp, AA LIT
Família Felidae
Leopardus guttulus Gato-do-mato-pequeno Fl LIT
Leopardus pardalis Jaguatirica Fl, Cp LIT
Leopardus wiedii Gato-maracajá Fl LIT
Puma concolor Suçuarana, puma, onça- Fl, Cp LIT, ENT
parda
Família Mustelidae
Eira barbara Irara Fl, AA LIT, ENT
Galictis cuja Furão Cp, AA LIT
Lontra longicaudis Lontra Fl, Bn LIT, ENT
Família Procyonidae
Procyon cancrivorus Mão-pelada Fl, Cp, Bn, AA LIT, ENT
Nasua nasua Quati Fl LIT, ENT
ORDEM ARTIODACTYLA
Família Tayassuidae
Pecari tajacu Cateto Fl LIT, ENT
Família Cervidae
Mazama americana Veado-mateiro Fl, Cp, Bn LIT
Mazama gouazoubira Veado-catingueiro Fl, Cp, Bn 1 Leste A LIT, CAM, VST
Mazama nana Veado-bororó Fl LIT
ORDEM RODENTIA
Família Sciuridae
Sciurus aestuans Serelepe, esquilo Fl, AA LIT, ENT
Família Caviidae
Cavia aperea Preá Cp, Bn, AA LIT, ENT
Hydrocherus hydrochaeris Capivara Bn, AA LIT, ENT
Família Cuniculidae
Cuniculus paca Paca Fl LIT, ENT
Família Dasyproctidae
Dasyprocta azarae Cutia Fl LIT, ENT
Família Myocastoridae
Myocastor coypus Ratão-do-banhado Bn, AA LIT, ENT
125
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
ORDENAMENTO TAXONÔMICO NOME VERNÁCULO AMBIENTES CAMPANHA DE PONTOS DE ORIGEM DA
REGISTRO REGISTRO INFORMAÇÃO
Família Erethizontidae
Sphiggurus villosus Ouriço-cacheiro Fl, AA LIT, ENT
Família Cricetidae
Akodon cursor Rato silvestre Fl, Cp, AA LIT
Holochilus brasiliensis Rato silvestre Fl, Cp LIT
Nectomys squamipes Rato-d’água Fl, Bn LIT
Oligoryzomys eliurus Rato silvestre Fl, AA LIT
Oligoryzomys nigripes Rato silvestre Fl, AA LIT
Oxymycterus robertii Rato silvestre Fl, Bn LIT
Oxymycterus sp. Rato silvestre Fl, Bn LIT
Delomys dorsalis Rato silvestre Fl LIT
Família Muridae
Rattus rattus * Rato doméstico AA LIT
Mus musculus * Camundongo AA LIT
ORDEM LAGOMORPHA
Família Leporidae
Lepus europaeus * Lebre Cp, AA LIT, ENT
Sylvilagus brasiliensis Tapeti Fl LIT
Legenda: Ambientes de Registro: Fl: Florestal; Cp: Campos; Bn: Banhados; AA: Áreas abertas alteradas; Origem da Informação: LIT: Literatura; VIS: Visualização;
CAM: Camera-trap; VST: Vestígio (pegada, fezes, tocas); ENT: Entrevistas; * Espécie Exótica.

126
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
A B

C D

E F
Figura 33 Mamíferos registrados mediante armadilhas fotográficas durante os trabalhos de
campo na bacia do Miringuava. A) Dasypus novemcinctus (tatu-galinha), registrado no ponto
Norte B durante a primeira campanha de campo; B e C); Cerdocyon thous (cachorro-do-mato)
registrados no ponto Sul A na primeira e na segunda campanhas de campo, respectivamente;
D, E e F), três indivíduos de Mazama gouazoubira (fêmea, macho e filhote) registrados no
ponto Leste A durante a segunda campanha de campo.
Fonte: Sociedade da Água (2020).

 Espécies Ameaçadas Protegidas por Lei

Dentre as espécies de mamíferos registradas ou esperadas para a região,


o puma ou suçuarana (Puma concolor), a jaguatirica (Leopardus pardalis), o gato-do-
127
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
mato-pequeno (Leopardus guttulus), o gato-maracajá (Leopardus wiedii), a lontra
(Lontra longicaudis), o lobo-guará (Chrysocyon brachiurus), o bugio (Alouatta guariba
clamitans), o cateto (Pecari tajacu), o veado-bororó (Mazama nana) e o tapeti
(Silvilagus brasiliensis) encontram-se relacionados na Lista de Espécies Ameaçadas
de Extinção do Estado do Paraná, todos na categoria “Vulnerável” (VU), enquanto a
paca (Cuniculus paca) é citada na categoria “Em Perigo” (EN). Já na lista nacional
(MMA, 2014), apenas são citados o puma (variedade Puma concolor capricorniensis)
e o gato-do-mato-pequeno (Leopardus guttulus), o gato-maracajá (Leopardus wiedii)
e o lobo-guará (Chrysocyon brachiurus), todos na categoria “Vulnerável
Tendo por base as entrevistas realizadas durante os trabalhos de campo,
algumas considerações sobre determinadas espécies ameaçadas devem ser feitas,
inclusive de forma a subsidiar as discussões referentes às estratégias de conservação
regionais. Tais considerações são as seguintes:
- Puma concolor (puma, suçuarana ou onça-parda): esta espécie foi previamente
registrada, na bacia do Miringuava, mediante análise da literatura, tendo sido
confirmada por três dos entrevistados. Segundo os mesmos, há cerca de três anos
ouviram-se rumores sobre a presença de uma “onça” na região, sendo que teria
ocorrido abate de alguns animais domésticos (uma ovelha e um cachorro) pela
mesma. Entretanto, todos os entrevistados informaram que esta teria sido uma
ocasião esporádica, sendo que esta espécie não é comum na região. Um dos
entrevistados acredita que o animal teria descido da serra do mar em direção à
área, tendo depois retornado para sua origem.
Além da área de estudo em si, a espécie foi também registrada em regiões
próximas, a exemplo da Linha de Transmissão Curitiba Leste (SOCIEDADE DA
ÁGUA, 2016).
- Lontra longicaudis (lontra): esta espécie foi informada por uma moradora da porção
a leste da área do reservatório. Em sua propriedade há tanques de piscicultura,
sendo que entrevistada informou que, por vezes, lontras aparecem nos mesmos
para capturarem peixes. O último aparecimento da espécie teria ocorrido no final
do ano de 2019. Como os tanques em questão seriam apenas para “pescarias em
final de semana”, e não para atividades comerciais, a entrevistada informou que
não vê incômodo com o aparecimento das lontras nos mesmos. Sua preocupação
residiria apenas em riscos de ataques dos animais a seres humanos, já que ela tem
filhos pequenos que eventualmente andam em volta dos tanques.

128
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
- Chrysocyon brachiurus (lobo-guará): esta espécie foi registrada na bacia do
Miringuava mediante análise da literatura. Entretanto, em nenhuma das entrevistas
a mesma foi confirmada para a área. Quando interrogados sobre a presença da
espécie, todos os moradores informaram que sabiam qual era a mesma (pelo
menos quatro moradores afirmam conhecer por reportagens da televisão), mas que
nunca souberam da sua ocorrência na região. Desta forma, esta espécie, embora
tenha seu registro mantido na presente listagem, carece de confirmação para a
região.
- Alouatta guariba clamitans (bugio): esta espécie foi informada por três dos
entrevistados. Todos foram unânimes em dizer que era uma espécie comum na
região a uns 10 anos atrás, mas que ultimamente tem sido bastante raro encontra-
la. Um dos moradores afirma que, no ano de 2019, foram encontrados alguns
indivíduos mortos na região, e que possivelmente a causa para tal tenha se devido
à febre amarela. Entretanto, nenhum dos moradores ouviu falar de problemas com
essa endemia para com a população humana local.
Além da área de estudo, a espécie foi também registrada em monitoramentos
faunísticos em regiões próximas, a exemplo da Linha de Transmissão Curitiba
Leste (SOCIEDADE DA ÁGUA, 2016).
- Pecari tajacu (cateto): esta espécie foi confirmada por apenas um dos
entrevistados, que afirmou que a espécie ocorria com mais frequência no passado,
mas que a caça acabou fazendo com que a mesma sumisse da região. O
entrevistado acredita que a espécie ocorra, atualmente, apenas na região da Serra
do Mar a leste da bacia, muito embora alguns indivíduos tenham aparecido na bacia
há poucos anos (possivelmente 2017).
- Leopardus spp. (gatos-do-mato, jaguatirica): sobre estas espécies, todos os
moradores afirmam já terem avistado “gatos-pintados” na região, os quais seriam
parecidos com “filhotes de onça”. Pelo menos um dos moradores afirma que um
dos gatos teria o tamanho de um “cachorro médio”, possivelmente se referindo à
jaguatirica (Leopardus pardalis). Os entrevistados afirmam unanimemente que os
gatos-do-mato, juntamente com gambás e lagartos, são animais que causam
grandes danos às criações de galináceos na região, sendo por isso perseguidos
pelos moradores em geral.

129
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
 Espécies Endêmicas
Dentre as espécies ora registradas, quatro são consideradas como
endêmicas da Mata Atlântica sensu lato: Didelphis aurita (gambá-de-orelhas-pretas),
Alouatta guariba clamitans (bugio), Mazama nana (veado-bororó) e Delomys dorsalis
(rato-do-mato). No Paraná, estas espécies ocorrem tanto no contexto da floresta
ombrófila densa quanto nas florestas com araucária.

 Espécies Exóticas e/ou Invasoras

As espécies exóticas de mamíferos abrangem geralmente espécies de


caráter sinantrópico, ou seja, cuja existência está relacionada à presença humana.
Essas espécies são geralmente adaptadas a condições de alteração ambiental,
podendo ocorrer em função de introduções deliberadas pelo homem ou o
acompanhando durante sua exploração aos ambientes naturais.
No contexto da bacia do Miringuava, três espécies de mamíferos abrangem
formas exóticas à mastofauna local: o camundongo Mus musculus, o rato-preto Rattus
rattus e a lebre Lepus europaeus. As duas primerias são espécies comensais e
extremamente adaptadas às mais variadas condições impostas pelo homem ao
ambiente. Tratam-se de espécies de grande interesse médico-sanitário, na medida
em que podem vincular diversas moléstias ao homem, a animais domésticos e à fauna
silvestre em geral. Por sua vez, a lebre é uma espécie que habita especialmente áreas
abertas, com destaque a sistemas agrícolas e pastoris (REIS et al., 2010).
Além das espécies acima, discute-se na literatura se o ratão-do-banhado
(Myocastor coypus) não consiste uma espécie exótica à mastofauna paranaense.
Trata-se de uma espécie típica de áreas abertas alagadiças do extremo sul do Brasil
e Uruguai, sendo que sua presença, no Paraná, pode ter sido oriunda de espécimes
trazidos vivos para servirem de alimentação por tropeiros ou para fins de criação para
obtenção de pele. De qualquer forma, é uma espécie amplamente disseminada
atualmente na bacia do alto Iguaçu.
Por fim, como espécies exóticas destacam-se ainda, na área de estudo,
cães e gatos domésticos em vida livre. O cachorro doméstico, Canis familiaris, é
considerado um elemento extremamente nocivo à fauna silvestre, sendo apontado
como um dos principais problemas em áreas de preservação, trazendo consequências
negativas diretas para a fauna nativa. Cães que invadem áreas florestais sozinhos ou

130
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
em pequenas matilhas atacam e acuam grandes animais silvestres, podendo abatê-
los ou causar estresse, fazendo com que se movimentem para outras áreas, tornando-
os mais expostos à caça e atropelamento. Por sua vez, os gatos-domésticos, Felis
catus, trazem danos aos pequenos animais em geral, tais como roedores, marsupiais,
morcegos e aves. Ambas as espécies, quando abandonadas ou criadas em ambiente
pouco antropizado, tornam-se selvagens (espécies ferais), reforçando seu caráter de
predador e propiciando desequilíbrio às comunidades nativas (SUZÁN & CEBALLOS,
2005). Na área de estudo, foram evidenciados diversos animais de ambas as espécies
em vida livre junto a ambientes naturais.

2.2.4 ANÁLISE INTEGRADA

2.2.4.1 Estado de Conservação e Áreas Prioritárias para Conservação da


Diversidade Biótica da Área do PACUERA do Miringuava

Mediante a análise de dados secundários e as observações de campo


realizadas para a flora e os grupos de fauna avaliados neste estudo, pode-se verificar
que o entorno do futuro reservatório do Miringuava abrange um mosaico de diferentes
condições da paisagem, contemplando ainda remanescentes de ecossistemas
naturais em bom estado de conservação. Tais remanescentes abrangem tanto
sistemas de Floresta Ombrófila Mista Montana (floresta com araucária, em diferentes
estágios de sucessão secundária) e Floresta Ombrófila Mista Aluvial (mata ciliar)
quanto Estepe Gramíneo-Lenhosa (campos naturais) e Formação Pioneira sob
Influência Fluvio-Lacustre (campos de inundação).
Como regra geral, as áreas localizadas mais próximas ao rio Miringuava
em si, que apresenta uma condição mais plana e maior disponibilidade hídrica,
apresentaram uma maior taxa de ocupação antrópica e/ou presença de sistemas
modificados para agricultura. Por sua vez, ambientes mais distantes e com maior
declividade apresentaram maior densidade de remanescentes de vegetação nativa,
sobre florestal. Com a formação do reservatório, tais áreas deverão, em parte, passar
a consistir em porções da futura APP do empreendimento. Esta condição apresenta
particular importância tanto no tocante à proteção do recurso hídrico em si quanto para
a perpetuação de remanescentes florestais na região. Além disso, em tais
remanescentes verifica-se a presença marcante de espécies vegetais de interesse em

131
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
conservação, como a Araucaria angustifolia (pinheiro-do-paraná), Dicksonia
sellowiana (xaxim), Cedrela fissilis (cedro), Ocotea odorifera (canela) e Ocotea porosa
(imbuia).
Em relação à fauna terrestre, tais áreas também apresentam grande
relevância por abranger os principais locais de concentração de espécies de todos os
grupos avaliados, inclusive de espécies raras e endêmicas da Mata Atlântica e da
Floresta com Araucária. Exemplos de espécies nessa condição consistem em aves
raras, como Porzana flaviventer, Aegolius harrisii ou Panyptila cayennensis, em
anfíbios como Aplastodiscus ehrhardti, Aplastodiscus albosignatus e Bokermannohyla
circumdata, em répteis como Enyalius iheringii (camaleão) e em mamíferos como
Leopardus spp. (gatos-do-mato), Alouatta clamitans (bugio) e Mazama nana (veado-
bororó), sendo ainda ressaltado o endemismo associado à Mata Atlântica sensu lato
dessas duas últimas espécies.
Em função das condições acima, portanto, os sistemas florestais a serem
mantidos às margens do reservatório do Miringuava, associados ainda às várzeas que
possivelmente se estabelecerão em alguns braços do mesmo, apresentarão grande
importância conservacionista. Entretanto, para que haja subsistência de tais
ambientes, faz-se necessária sua conexão com os demais sistemas florestais
remanescentes da bacia. Tais conexões poderão ocorrer ao longo das APPs dos
riachos que drenam para o reservatório, bem como mediante a proteção integral de
maiores áreas nucleares, a exemplo de reservas legais das propriedades rurais. Tais
conexões poderão conformar uma rede de proteção da biodiversidade, tendo, na APP
do reservatório uma área nuclear de espécies.

132
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
2.3 CARACTERIZAÇÃO MEIO ANTRÓPICO

Os estudos para a caracterização do meio antrópico, consideraram além


da área do PACUERA, (aproximadamente 1.000 metros a partir da borda do
reservatório) as áreas de influência indireta (município de São José dos Pinhais) e a
área de influência direta (bacia incremental do Miringuava - parte da bacia
compreendida entre o local da barragem na Colônia Avencal e a captação da
SANEPAR, no Jardim São Marcos).
Os estudos consideraram as informações contidas nos relatório de
Diagnóstico e Prognóstico Ambiental, bem como da subsequente delimitação do
Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) da APA do Miringuava, produzido pela
Sociedade da Água (2020).
Para a área do PACUERA, foi realizado um cadastro (banco de dados)
contendo os seguintes indicadores: os limites territoriais (quando possível, delimitados
através do CAR, do cadastro de desapropriações da SANEPAR, do cadastro da
SEMA para o PSA (Pagamento de Serviços Ambientais) e através de imagem de
satélite); o nome do proprietário (quando possível sua identificação, através dos
cadastros existentes e dos questionários realizados para a APA) e as características
principais do imóvel. Foram cadastradas 110 propriedades na área do PACUERA
(Tabela 23 e Figura 44).

2.3.1 Área de Influência Indireta – AII

A AII - Área de Influência Indireta em que se insere o PACUERA do


Miringuava é o município de São José dos Pinhais, o qual está localizado na região
Sul do Brasil, na porção Leste do Estado do Paraná; tendo por coordenadas
geográficas: Latitude 25º 32' 05'' Sul e Longitude 49º 12' 23' Oeste.
São José dos Pinhais é a segunda maior cidade dentre os 29 municípios
que integram a Região Metropolitana de Curitiba – RMC e forma com a capital uma
mancha urbana contínua e em expansão. Entre 2000 e 2010, teve um crescimento
populacional acentuado, acima da média dos municípios da RMC, sendo que o
número de habitantes aumentou 29,89% neste período.
Analisando os dados da população dos municípios que compõe o núcleo
urbano central da RMC, observa-se que há um acréscimo da população nas áreas
rurais. Em São José dos Pinhais, o acréscimo populacional de 2000 a 2010 na área
133
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
rural foi de 30,38%. Este fato pode estar relacionado aos loteamentos informais
observados, já que o uso do solo por propriedade se manteve estável no mesmo
período.
A área do município foi considerada pela Comec - Coordenação da Região
Metropolitana de Curitiba, em seu Plano de Desenvolvimento Integrado da Região
Metropolitana de Curitiba – PDI de 1978, como uma das principais áreas de
mananciais de abastecimento público, fazendo parte do “subsistema leste” da Região
Metropolitana, junto com Piraquara. Dentre as estratégias de preservação para as
áreas de mananciais encontrava-se a indução para um “crescimento controlado de
forma rígida”, sendo que na prática o crescimento acentuado do município ocorrido
nas últimas décadas fugiu a essa diretriz.
Contribuiu para o crescimento do município a localização vantajosa em
relação aos demais municípios da RMC, pois é cortado por duas rodovias que fazem
a ligação com os demais estados do Sul do Brasil (BR 376 e BR 277) e com o Porto
de Paranaguá. Também é cortado pelo Contorno Leste, que leva à ligação com São
Paulo e ainda é sede do Aeroporto Internacional Afonso Pena, que atende a RMC.
Na BR 277, próximo a localidade de Borda do Campo, há concentração de
chácaras de lazer que avançam para a área da bacia do Miringuava, área da APA e
consequentemente para a área do PACUERA.
Se este crescimento se mantiver a partir da década de 2020-2030, a área
do PACUERA acabará atraindo ainda mais atividades antrópicas que podem vir a
ameaçar as boas condições ambientais hoje vigentes na área.

134
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Figura 34 Localização da AII.
Fonte: Sociedade da Água, 2020

2.3.2 Área de Influência Direta – AID

A Área de Influência Direta- AID coincide com a Bacia Incremental do


Miringuava (parte da bacia compreendida entre o local da barragem na Colônia
Avencal e a captação da SANEPAR, no Jardim São Marcos), e constitui-se de um
mosaico de áreas de agricultura tradicional já estabelecidas, entremeadas de áreas
verdes com vegetação nativa em diferentes estágios de sucessão. Esta região, possui
influência no território do PACUERA, pois faz parte da dinâmica de relações
econômicas e sociais observadas na região, como por exemplo a prática tradicional
na comunidade de empréstimo, troca ou arrendamento de terras de terceiros com a
finalidade de ampliar a área produtiva para consequente aumento de renda. Como as
áreas agricultáveis encontram-se praticamente todas utilizadas na área da chamada
“Bacia Incremental”, a área de expansão destas atividades se encontra à montante da
represa (território pretendido para a criação da APA do Miringuava e onde se insere o

135
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
território do PACUERA), embora seu relevo seja menos propício à agricultura do que
no restante da bacia.
A AID possui uma área de 11.582,1726 ha, com 611 imóveis rurais e
aproximadamente 1.531 moradores (levantamento realizado através do CAR –
Cadastro Ambiental Rural e em atividades de campo). É predominantemente rural,
sendo dividida em comunidades rurais: Colônias Murici, Gamelas, Avencal, Malhada
(parte dela), Roça Velha, Antinha e Saltinho da Malhada.
Foi verificado que 94,92% das propriedades da área de estudo são de
pequeno porte, com menos de 48 hectares (até 4 módulos fiscais vigentes no
município de São José dos Pinhais, sendo que um módulo fiscal corresponde a 12
hectares) e são utilizadas para agricultura familiar, residências permanentes, chácaras
de lazer, pequenos comércios, pesque-pague e pastagens. Outros 2,9% são áreas
consideradas de médio porte (área superior a 4 e até 15 módulos fiscais) e 2,12% são
consideradas áreas de grande porte (acima de 15 módulos fiscais).
Os moradores são principalmente filhos, netos e bisnetos de imigrantes
poloneses e italianos, que ainda hoje mantém laços socioculturais, tanto na forma de
viver - as igrejas católicas localizadas em cada Colônia, são responsáveis pelo
desenvolvimento social e cultural da comunidade, elas concentram a maioria das
atividades sociais da região, como missas, festas e eventos -; quanto na forma de
produzir - a produção tradicional de olerícolas como alfaces, repolho, couve, tomate
etc. é predominante na região. Há ainda moradores mais recentes que escolheram a
região pela qualidade de vida oferecida, chácaras de lazer, onde podem habitar
caseiros com suas famílias e seus proprietários podem desfrutar da tranquilidade da
região; além de pequenos empreendimentos comerciais e de lazer do tipo “pesque e
pague”. De forma mais intensiva, as atividades de comércio e de serviços estão
concentrados na Colônia Murici.
Os agricultores que visam o comércio de seus produtos possuem a mesma
opinião a respeito da forma de produzir, utilizam o Sistema de Plantio Direto (SPD),
cujas principais técnicas são a ausência ou mínimo revolvimento do solo, a cobertura
do solo com palhada e a rotação de culturas. Demais técnicas de manejo de solo são
praticamente inexistentes. Alguns produtores têm migrado para o sistema de cultivo
hidropônico, onde as plantas são cultivadas em estufa, sem necessidade do uso do
solo, já que esse sistema aumenta a produção e exige áreas bem menores. Os
proprietários que optaram pela hidroponia, estão satisfeitos com o retorno financeiro.

136
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
A maioria dos agricultores utilizam agrotóxicos e fertilizantes nas lavouras,
mesmo não possuindo domínio total das técnicas de aplicação. Dizem ser
indispensável para o sucesso da safra e que utilizam com moderação porque o
agrotóxico tem um custo alto para eles. Compartilham também a forma de
pulverização, com o pulverizador costal sem o uso de equipamentos de proteção
individual. Os agrotóxicos mais utilizados são o Roundup, Decis e Primólio. Há uma
grande resistência e desconfiança por parte da maioria dos agricultores sobre a
eficiência e produtividade da agricultura orgânica, ocorrendo poucas propriedades
com este tipo de produção.
A pecuária não é uma atividade proeminente na região, e poucas
propriedades são utilizadas para a criação de grandes rebanhos (principalmente
bovinos leiteiros). No entanto muitas propriedades que cultivam olerícolas, possuem
também um pequeno rebanho de animais, principalmente galinhas, ovelhas e bovinos.
O leite produzido é vendido para as empresas da região especializadas na
comercialização desse produto.
Também é comum a existência de lagos e tanques artificiais, campos de
inundação submetidos a processos de drenagem para fins de aproveitamento sob
forma de pastagem, áreas de reflorestamento com árvores exóticas (pinus e eucalipto)
e de vegetação nativa em diferentes estágios de sucessão.
Os riscos de acidentes com cargas perigosas que possam vir a ameaçar o
futuro reservatório é considerado baixo, pois não há indústrias na área e o tráfego na
bacia é realizado por estradas vicinais. Um risco mais potencial se deve ao único posto
de combustíveis existente na região e que recebe caminhão-tanque para enchimento
dos reservatórios de combustíveis. Este posto está localizado na rua Emerson
Greboge, na Colônia Murici, coordenadas 25°35'32.63" S, 49°7'12.44" O.
A rodovia BR 376 cruza a bacia, à jusante do ponto de captação, portanto
se houver acidentes com cargas perigosas neste trecho, o escoamento atingirá os
corpos d’água após a captação da Sanepar, não interferindo na qualidade da água
destinada ao abastecimento público.
As atividades praticadas na AID que podem avançar para o território do
PACUERA são: a agricultura e a pecuária, o reflorestamento com exóticas (pinus e
eucalipto), a piscicultura, a mineração, o parcelamento do solo para moradias, as
chácaras de lazer e em menor escala os pequenos comércios e prestadores de
serviços.

137
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Figura 35 Localização da AID – Bacia Incremental.
Fonte: Sociedade da Água, 2020

2.3.3 Área do PACUERA

A figura a seguir mostra a área delimitada para o PACUERA, destacada em


amarelo, sendo esta compreendida pela Área de Preservação Permanente (APP) ao
redor do reservadório, acrescido de uma faixa adicional de 1.000 (mil) metros.

138
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Figura 36 Localização da área de abrangência do PACUERA
Fonte: Sociedade da Água, 2020.

2.3.3.1 Ocupação e Características Socioeconômicas e Ambientais

Gráfico 1 Principais Usos das Propriedades na Área do PACUERA

5% 1%
4%

17% 37%

20%

16%

Agricultura Chácara de lazer Moradia Área Preservada

Reflorestamento Pasto Mineração

Tabela 22 Principais Usos e Características das Propriedades na Área do PACUERA


Quantidade Tipo de uso Características
(%)
37 Agricultura Propriedades onde podem haver moradores
(normalmente de famílias tradicionais da região)
139
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Quantidade Tipo de uso Características
(%)
ou utilizados apenas para a agricultura. Nos dois
casos, a atividade é realizada em quase a
totalidade da propriedade.
20 Moradias I – Apenas com residências permanentes, em
lotes menores do que o módulo rural do
município. Normalmente os moradores vivem a
menos de 20 anos na área.
II – Residências permanentes, com atividades de
agricultura de subsistência, reflorestamento e/ou
criação de pequenos rebanhos. Os moradores
em sua maioria são de famílias tradicionais da
região da bacia do Miringuava.
17 Propriedades com Algumas consideradas chácaras de lazer, mas
vegetação preservada com as áreas totalmente preservadas e
propriedades onde não há exploração do solo.
16 Chácaras de Lazer Normalmente possuem moradores permanentes
(caseiros, empregados, etc.). A maioria destas
propriedades, possuem vegetação preservada e
há pouca ou nenhuma atividade agropecuária
(apenas de subsistência).
Em algumas há uma exploração do solo
acentuada.
10 Outros usos Pasto, reflorestamento e mineração

Fonte: Sociedade da Água, 2020

Conforme a tabela e o gráfico acima, a ocupação da área do PACUERA


ocorre principalmente com atividades agrícolas, conservando as mesmas
características da área da Bacia Incremental, com o uso de mão de obra familiar,
cultivos principalmente de hortaliças (couve, couve-manteiga, couve-flor, alface,
repolho, etc.) e milho para alimentação de pequenos rebanhos (principalmente gado).
Para o aumento da produtividade os produtores costumam utilizar agroquímicos em
seus cultivos, principalmente o inseticida Decis e os herbicidas Primóleo e Roundup.
A utilização das propriedades como moradia apenas, pode ocorrer com
habitações unifamiliares ou multifamiliares, normalmente estes moradores vivem na
área há menos de 20 anos. Na área da Bacia Incremental e na área pretendida para
a criação da APA foi observada uma tendência para a formação de loteamentos, que
pode avançar para a área do PACUERA (sub bacias MD 02, ME 03 e ME 04).
Há ainda nesta área propriedades consideradas como chácaras de lazer,
podendo ter vegetação bem conservada ou ainda possuir outras atividades como
agricultura de subsistência, criação de animais, reflorestamento com exóticas,
tanques para piscicultura, etc.
A pecuária não é uma atividade proeminente na área, não sendo
identificada pecuária intensiva.
140
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
A exploração mineral em atividade atualmente, é a extração de caulim em
propriedade da Incepa Revestimentos Cerâmicos Ltda na sub bacia MD 04. E há
solicitações de exploração de argila, saibro e caulim nas sub bacias MD 02, MD 04 e
ME 04.
Na área ainda há algumas propriedades com reflorestamento de exóticas
(pinus e eucalipto) apesar de não ser uma atividade comum foi verificado que alguns
proprietários tem migrado suas áreas de agricultura ou pastagens para a atividade de
reflorestamento.
As atividades turísticas na área do PACUERA que tem apoio da Secretaria
de Indústria, Comércio e Turismo (Sictur) do município, são o Circuito Caminhada da
Natureza; a Caminhada Noturna e Pedalada na Natureza. Também há a Vinícola
Araucária, em propriedade particular (Sub bacia ME 01 e ME 02), que recebe
visitantes e a Estância Carmelo, (chácara, pousada, eventos, turismo rural). Não
foram identificados restaurantes e demais atividades ligadas ao turismo.

2.3.3.2 Arqueologia

Na área do PACUERA foram identificados três sítios arqueológicos, sendo


um deles com potencial de ser preservado, sem a necessidade de obras de resgate,
trata-se do Sítio STBAMI 02 – João Bueno - UTM CENTRAL (WGS 84) 22J
693.318E/7.162.427N. Ele possui uma área aproximada de 525 m² e corresponde a
uma unidade lito-cerâmica/multicomponencial a céu aberto registrado no topo plano
de uma elevação alongada no sentido norte-sul com vertentes suaves, situado a cerca
de 200 m da margem esquerda do rio Miringuava. Apresentou três períodos distintos
de ocupação, sendo o primeiro relacionado a uma população pré-colonial de
caçadores-coletores provavelmente ligados à Tradição Arqueológica Umbu. Houve
ainda, em sobreposição, a presença de fragmentos cerâmicos da Tradição
Arqueológica Itararé-Taquara e, em níveis superiores, a presença de louça
industrializada em fiança fina dos séculos XIX e XX.
Os outros dois sítios são:
Sítio STBAMI 04 – Rodembusch – Possui uma área aproximada de 625 m²
e corresponde a uma unidade lítica a céu aberto e em profundidade, registrado no
topo de elevação com declividade suava e há aproximadamente 130 m da margem
direita do rio Miringuava. É uma unidade arqueológica representativa da Tradição
Arqueológica Umbu, inclusive com a presença de artefatos líticos bifaciais terminados,
141
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
como pontas de projétil. Este sítio, situado na área de obras do eixo da barragem já
foi objeto de resgate arqueológico.
Sítio STBAMI 01/Serraria, apresenta vestígios de estruturas
remanescentes de uma serraria. Está bastante descaracterizado, mas ainda guarda
características mínimas construtivas e arquitetônicas que permitiram a caracterização
de um antigo complexo: barramento em pedra do rio Miringuava, canais condutores,
comportas e alicerces da estrutura principal (serraria). Provavelmente representa
atividades do final do século XIX e, como registro arquitetônico desse período, tem
grande significância histórica regional. Este sítio que se encontra na área das obras
do eixo da barragem já foi objeto de resgate arqueológico.

Figura 37 Localização dos sítios e ocorrências arqueológicas na área da barragem do


Miringuava.
Fonte: Programa de Resgate Arqueológico da Barragem do Rio Miringuava – Área do Canteiro,
Sociedade da Água, 2016.

2.3.3.3 Infraestrutura

A população residente no território do PACUERA, é formada principalmente


por agricultores tradicionais da região, caseiros de chácaras de lazer, aposentados,
pensionistas, donas de casa ou trabalhadores no setor de serviços na região.

142
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Muitas propriedades possuem tanques (criação de peixes, dessedentação
animal e/ou irrigação) e mais de uma residência. Apresentam boa infraestrutura de
benfeitorias, como galpão, garagem para máquinas, trator, alojamento para animais,
dentre outras. As residências mais simples, possuem boa estrutura e cômodos
considerados adequados.
O abastecimento de água para consumo do imóvel e dos moradores é feito
através de poços.
O esgoto é destinado para fossa, não sendo possível afirmar com certeza
o tipo de fossa que é utilizada (séptica ou rudimentar), pois poucos moradores sabem
identificar a diferença entre elas e muitas vezes não sabem qual é o tipo instalado na
propriedade, essas fossas podem levar a contaminação dos corpos hídricos, sendo
necessárias ações de orientação à população local sobre a correta construção e
manutenção das fossas.
Em relação aos resíduos sólidos, a parte orgânica é utilizada como adubo
ou alimentação animal e coleta da prefeitura. Os resíduos recicláveis, são destinados
à coleta da prefeitura ou são queimados. Os agricultores que utilizam agrotóxicos,
dizem devolver ao fabricante as embalagens.
A energia elétrica é fornecida pela Companhia Paranaense de Energia –
Copel.
Parte da área do reservatório e APP, é atravessada pela rede de
distribuição de energia elétrica da Copel, com 09 (nove) torres de alta tensão
(conforme Figura 38), no entanto, o empreendimento não afetou o traçado
preexistente da rede, sendo realizado apenas o alteamento de algumas torres. No
Anexo 3 apresenta-se figura com a inserção das zonas interceptadas pela referida
linha de transmissão.

143
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Figura 38 Traçado da Rede de Distribuição de Energia Elétrica
Fonte: Sociedade da Água, 2013

Em relação as estradas, alguns trechos serão interrompidos pela formação


do lago, e novos acessos serão implantados para que o deslocamento da população
local, não seja prejudicado. As figuras a seguir mostram as estradas vicinais da área
e os novos acessos que a Sanepar irá implantar em decorrência do reservatório. Desta
forma, recomenda-se o monitoramento dos novos acessos e para que haja um
controle sob a entrada na APP e acesso ao reservatório, se faz necessária a
sinalização nos locais onde as estradas alcançam a APP do reservatório, através de
placas indicativas. Igualmente, estas estradas devem ser objeto de monitoramento,
identificação e ação de recuperação de áreas erodidas.

144
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Figura 39 Rede viária já implantadas (Em verde).
Fonte: Sociedade da Água, 2020.

145
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Figura 40 Acessos viários a serem implantados pela Sanepar.
Fonte: Sanepar/Sociedade da Água, 2013.

146
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Figura 41 Pontos para sinalização nas estradas de acesso à APP do reservatório
Fonte: Sociedade da Água, 2020.

Poderá haver migração do uso do solo atual (propriedades agrícolas) para


um aumento nas chácaras de lazer, principalmente nas áreas lindeiras ao
reservatório, impulsionadas pelas possibilidades de turismo e lazer decorrentes da
formação do lago. Um impacto considerado negativo, (indicado pelos próprios
moradores, em diversas ocasiões de estudos anteriores) é quanto a chegada de
“pessoas de fora”, como o pessoal atraído para atividades (sem controle) de lazer e
pesca no reservatório. Este fato aumenta o receio da criminalidade da região, como o
roubo de animais de criação e assalto às residências.
A instalação da barragem e reservatório do Miringuava, já é uma realidade,
portanto, por si só o empreendimento já causa alteração do modo de vida local, no
uso do solo, na paisagem, nos hábitos da fauna e outros impactos. Grande parte dos
moradores e proprietários da área, estão cientes que serão vizinhos de um
reservatório destinado ao abastecimento público e que algumas atividades poderão
ser restritas na área. Com a implantação do lago, haverá diminuição das áreas para
atividades agropecuárias, de silvicultura e de mineração. Por outro lado, desde que

147
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
ocorra de forma planejada e controlada, serão criadas novas oportunidades para o
desenvolvimento dos setores de turismo, lazer e comércio local. Deverá ocorrer uma
intensificação da ocupação do solo no entorno do reservatório, como resultado de
vários fatores, envolvendo desde a expectativa por valorização imobiliária ou pela
possibilidade de maximização de lucros em empreendimentos paralelos. Mas também
ocorrerá a regeneração de áreas degradadas nas APPs do entorno do lago e
afluentes, quer seja por regeneração natural das áreas sem uso antrópico ou por
técnicas diretas de recuperação ecológica.
A conclusão do empreendimento poderá trazer benefícios à qualidade da
paisagem local, por meio de intervenções paisagísticas orientadas, a exemplo da
implantação de parques e mirantes, dentre outras áreas de lazer. A figura a seguir
mostra a área recomendada para utilização pela SANEPAR (instalação de estruturas
como centro de visitantes, de educação ambiental, mirante, etc).

Figura 42 Local recomendado para instalação de mirante da paisagem no entorno do


reservatório.
Fonte: Sociedade da Água, 2020

148
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
2.3.3.4 Conclusão

Para o meio antrópico, a criação da APA do Miringuava e a respectiva


aprovação do PACUERA, poderá causar mudanças no atual modo de vida da
população residente, principalmente quanto a forma de utilização dos recursos
naturais, principalmente o solo, uma vez que podem intensificar ou consolidar as
restrições já estabelecidas desde 1980 quando de sua decretação como área de
mananciais para abastecimento público. O processo de internalização deste fato
(possíveis mudanças na forma de utilizar os recursos naturais) pelos moradores da
região, vem ocorrendo já há algum tempo de forma gradativa, desde o início dos
trabalhos ambientais na região em 2011, devido as informações que foram e são
passadas à comunidade, através de reuniões comunitárias, oficinas e pelo escritório
socioambiental da Sanepar que se encontra à disposição dos moradores já em fase
anterior ao início das obras para construção da barragem. Este fato pode ser
observado in loco, em conversas informais com os moradores da região.
Apesar disso, não se descarta a possibilidade de existir pressão de
crescimento das atividades já exercidas na área da Bacia Incremental, principalmente
com o aumento da procura por áreas agricultáveis, tanto para o cultivo de hortaliças
quanto para cereais como o milho e soja, caso não sejam tomadas as medidas de
restrições quanto a forma de utilização do solo.
Há também a tendência no aumento das atividades de turismo e lazer no
entorno do reservatório, a qual deve ser monitorada e contralada de acordo com os
ditames da legislação ambiental.
Com a observação de imagens de satélite multitemporais (desde 2010);
bem como as constatações em campo e a aplicação do questionário socioambiental
junto aos moradores da região, pôde-se perceber pequena variação no uso do solo e
demografia da área. Os resultados dos questionários não evidenciaram alterações
quando comparados aos obtidos nos estudos diagnósticos de anos anteriores.
Percebe-se que a existência e condições das estradas vicinais, são
considerados fatores preponderantes para o avanço antrópico nas regiões, a partir da
abertura de novas estradas ou melhorias das existentes é possível observar o rápido
aumento no número de residências e novos usos das propriedades.
A seguir, apresenta-se registro fotográfico de algumas propriedades da
área do PACUERA, realizada pela equipe de campo da Sociedade da Água.

149
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Igreja da Papanduva, na Sub-bacia MD 02

Igreja da Antinha, na Sub-bacia ME 02

Reflorestamento com exóticas em propriedade particular (Sub-bacia MD 02 e MD 01)

Tanque em propriedade particular (Sub-bacia Bar e Mercearia (Sub-bacia ME 03)


ME 02)

150
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Múltiplas Residências Permanentes (Sub-bacia Estância Carmelo (Sub-bacia ME 03)
ME 02)

Múltiplas Residências Permanentes (Sub-bacia ME 03)

Pesca em afluente do rio Miringuava (Sub-bacia ME 03)

151
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Loteamento (Sub-bacia ME 04)

Extração de Caulim (Sub-bacia MD 04)

152
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Chácara de lazer (Sub-bacia MD 04)

Plantação de milho (Sub-bacia ME 03) Área de pastagem (Sub-bacia ME 02)

Residência Particular Permanente (Sub-bacia Chácara de lazer (Sub-bacia ME 01)


ME 02)

Propriedade com atividades agrícolas (Sub-bacia ME 02)


Figura 43 Registro fotográfico área do PACUERA
Fonte: Sociedade da Água.

153
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Abaixo, na Tabela 23 e Figura 44, apresentam-se o cadastro e a
localização das propriedades da área do PACUERA.

Tabela 23 Cadastro de Propriedades da Área do PACUERA


PROPRIEDADES
NUMERAÇÃO

LOCALIZAÇÃO NUMERAÇÃO NOS


PROPRIETÁRIO CARACTERÍSTICA DO IMÓVEL
CADASTROS

1 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR FLAVIO TOCZEK AGRICULTURA E MORADIA

3 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR JULIA KOHLER CHÁCARA DE LAZER E ÁREA PRESERVADA

4 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR PAULO DESCHAMPS MORADIA

6 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR ELISABETH IGNES RIEHS AGRICULTURA


MIGUEL CETERNARSKI E VALDIMIR
9 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR ADÃO RENDAKI AGRICULTURA E MORADIA

10 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR MARIA NILCE GROCHOSKI PASTO E ÁREA PRESERVADA

25 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR ONOFRE FONSACA AGRICULTURA

26 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR MIGUEL FONSACA AGRICULTURA E MORADIA


CHÁCARA DE LAZER, AGRICULTURA E ÁREA
27 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR MARCOS FRANCISCO KUNITZ PRESERVADA

30 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR BERNADETE CHARVET MACHADO AGRICULTURA, MORADIA E ÁREA PRESERVADA

36 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR LOURIVAL SCOLARO REFLORESTAMENTO(EXÓTICAS) E ÁREA PRESERVADA

37 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR GISELA MUELLER NIETZCHE ÁREA PRESERVADA

38 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR HAILTON JOÃO ZENI AGRICULTURA E ÁREA PRESERVADA

46 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR AUREA LUIZ BARCELOS AGRICULTURA

47 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR ROGÉRIO COSTA CHÁCARA DE LAZER E PASTO

52 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR PETERSON DE ANDRADE CHÁCARA DE LAZER E PASTO


CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES
54 SANEPAR/QUESTIONÁRIO 2020 DANIEL IZIDORO DE OLIVEIRA CHÁCARA DE LAZER E ÁREA PRESERVADA
CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES
58 SANEPAR/QUESTIONÁRIO 2020 EDMUNDO KNAUT CHÁCARA DE LAZER E ÁREA PRESERVADA

59 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR PAULO ARNIZAUT CHÁCARA DE LAZER E ÁREA PRESERVADA


DIRCE DE JESUS
60 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR GABARDO/NELSON MARAFIGO AGRICULTURA, MORADIA E PASTO
LAURI OLAVO GROMOWSKI DE
61 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR SOUZA CHÁCARA DE LAZER E ÁREA PRESERVADA
MARIA NILCE GROCHOSKI E JOÃO
65 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR OSNI DOLLA PASTO E ÁREA PRESERVADA

66 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR SIMBA PARTICIPAÇÕES REFLORESTAMENTO (EXÓTICAS)

67 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR SEDY PISSAIA AGRICULTURA E ÁREA PRESERVADA

68 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR CARLA ADRIANE DA SILVA MORADIA

69 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR ANTONIO ALVES DE BASTOS AGRICULTURA E ÁREA PRESERVADA

71 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR DERCIO GRAFF ÁREA PRESERVADA

72 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR LEODECIO DE OLIVEIRA BASTOS AGRICULTURA

73 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR JOÃO OLIVEIRA BASTOS AGRICULTURA E MORADIA

74 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR ANDRESSA CAETANO MORO AGRICULTURA, MORADIA E ÁREA PRESERVADA
BOLSA BRASILEIRA DE
75 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR LOTEAMENTOS LTDA AGRICULTURA/ESTÂNCIA ARAUCÁRIA
FLAVIO TOCZEK (LAURO RAMOS
77 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR CAMARGO) AGRICULTURA E MORADIA
ANTONIO HALLUCH/ARTUR ALVES
87 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR FONTES CHÁCARA DE LAZER E ÁREA PRESERVADA

99 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR MARINS GOMES DA ROCHA ÁREA PRESERVADA

154
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
PROPRIEDADES
NUMERAÇÃO

LOCALIZAÇÃO NUMERAÇÃO NOS


PROPRIETÁRIO CARACTERÍSTICA DO IMÓVEL
CADASTROS

101 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR MARCELO DORNELES ARDNT AGRICULTURA, MORADIA, PASTO E LOTEAMENTO

106 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR ORESTES SARE ÁREA PRESERVADA

111 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR NELSON MARAFIGO AGRICULTURA E MORADIAS

112 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR JOAQUIM YOCHINORI HIGUTI AGRICULTURA, MORADIA E ÁREA PRESERVADA
CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES
113 SANEPAR/QUESTIONÁRIO 2020 SEDY PISSAIA ÁREA PRESERVADA

118 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR JOÃO ERNESTO LICHESKI AGRICULTURA


MARIA CATARINA BORTOLAN
120 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR LUNARDAN AGRICULTURA

131 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR ERVIN IHLENFELD FILHO MORADIA E REFLORESTAMENTO (EXÓTICAS)

133 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR IVO VALOSKI CHÁCARA DE LAZER E ÁREA PRESERVADA
MITRA ARQUIDIOCESE DE
134 CADASTRO DESAPROPRIAÇÕES SANEPAR CURITIBA IGREJA DA PAPANDUVA
JOÃO MARIA CARVALHO DOS
227 CADASTRO PSA SEMA SANTOS CHÁCARA DE LAZER

229 CADASTRO PSA SEMA JOÃO MARIO HALLUCH AGRICULTURA, MORADIA E ÁREA PRESERVADA

230 CADASTRO PSA SEMA ROSANE MARTINS DA SILVA AGRICULTURA, MORADIA E ÁREA PRESERVADA

232 CADASTRO PSA SEMA EUGENIO LICESKI AGRICULTURA, MORADIA E ÁREA PRESERVADA

257 CADASTRO PSA SEMA ADAULTO ABREU DE OlIVEIRA ÁREA PRESERVADA


CADASTRO PSA SEMA/QUESTIONÁRIO MINERAÇÃO, MORADIAS, AGRICULTURA, CHÁCARA DE
263 2020 CLAUDIO DIETRICH LAZER E ÁREA PRESERVADA
CADASTRO PSA SEMA/QUESTIONÁRIO
266 2020 MANOEL PAIXÃO DA ROSA MORADIA E ÁREA PRESERVADA
CADASTRO PSA SEMA/QUESTIONÁRIO
267 2020 LEANDRO ROCHA AGRICULTURA, MORADIA E PASTO
CADASTRO PSA SEMA/QUESTIONÁRIO LUIS CARLOS DONADELLO DE AGRICULTURA, MORADIAS E REFLORESTAMENTO
268 2020 CARVALHO (EXÓTICAS)
CADASTRO PSA SEMA/QUESTIONÁRIO
269 2020 AMADEU KRUPCZAK MORADIA
CADASTRO PSA SEMA/QUESTIONÁRIO AGRICULTURA, MORADIA E REFLORESTAMENTO
272 2020 MARILENE H. DA CRUZ (EXÓTICAS)

281 CADASTRO PSA SEMA JUNIA SMAL STAEHLER MORADIA

282 CADASTRO PSA SEMA ANDRESSA CAETANO MORO AGRICULTURA E ÁREA PRESERVADA

317 CADASTRO PSA SEMA SILVANO MADUREIRA DE MORAES AGRICULTURA E MORADIA

318 CADASTRO PSA SEMA MARLI FERNANDA LICESKI AGRICULTURA, MORADIA E ÁREA PRESERVADA

320 CADASTRO PSA SEMA GERALDO GOMES DA SILVA MORADIA

322 CADASTRO PSA SEMA WANDERLEI W. DA FONSECA MORADIA

323 CADASTRO PSA SEMA LEONILDO JOÃO CAETANO AGRICULTURA E MORADIA


MORADIA, ÁREA PRESERVADA E REFLORESTAMENTO
398 CADASTRO PSA SEMA DEMETRIO ROCHA (EXÓTICAS)

428 CADASTRO PSA SEMA ANDRE JACOB SABATKE CHÁCARA DE LAZER E REFLORESTAMENTO (EXÓTICAS)

429 CADASTRO PSA SEMA EDILSON A. CATAPAN AGRICULTURA, ÁREA PRESERVADA E PASTO

430 CADASTRO PSA SEMA EDILSON A. CATAPAN ÁREA PRESERVADA

431 CADASTRO PSA SEMA OLÍVIO KNAPIK CHÁCARA DE LAZER E REFLORESTAMENTO (EXÓTICAS)
AVELINO PAULO DE OLIVEIRA
432 CADASTRO PSA SEMA BASTOS CHÁCARA DE LAZER, MORADIA E AGRICULTURA

448 CADASTRO PSA SEMA WILSON JOÃO DE BASTOS AGRICULTURA, MORADIA E ÁREA PRESERVADA
CHÁCARA DE LAZER, AGRICULTURA E ÁREA
456 CADASTRO PSA SEMA NELSON HUBNER PRESERVADA
BOLSA BRASILEIRA DE
477 CADASTRO PSA SEMA LOTEAMENTOS LTDA AGRICULTURA E MORADIA

496 CADASTRO PSA SEMA OSCAR BORTOLAN FILHO ÁREA PRESERVADA


MARIA CATARINA BORTOLAN
497 CADASTRO PSA SEMA LUNARDAN ÁREA PRESERVADA

501 CADASTRO PSA SEMA SEDY PISSAIA MORADIA E PASTO

155
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
PROPRIEDADES
NUMERAÇÃO

LOCALIZAÇÃO NUMERAÇÃO NOS


PROPRIETÁRIO CARACTERÍSTICA DO IMÓVEL
CADASTROS

505 CADASTRO PSA SEMA SEDY PISSAIA MORADIA, AGRICULTURA E ÁREA PRESERVADA

585 CADASTRO PSA SEMA WALDIR MACHADO MORADIA

900 CADASTRO 2020 CASEMIRO KRUPCZAK AGRICULTURA E MORADIA

901 CADASTRO 2020 RAQUEL KRUPCZAK MORADIAS

903 CADASTRO 2020 PROPRIETÁRIO NÃO ENCONTRADO MORADIA

904 CADASTRO 2020 GISELA MUELLER NIETZCHE MORADIA, AGRICULTURA, PASTO E ÁREA PRESERVADA

908 CADASTRO 2020 PROPRIETÁRIO NÃO ENCONTRADO ÁREA PRESERVADA

911 CADASTRO 2020 PROPRIETÁRIO NÃO ENCONTRADO MORADIAS

912 CADASTRO 2020 PROPRIETÁRIO NÃO ENCONTRADO CHÁCARA DE LAZER E ÁREA PRESERVADA

923 CADASTRO 2020 PROPRIETÁRIO NÃO ENCONTRADO CHÁCARA DE LAZER E ÁREA PRESERVADA

924 CADASTRO 2020 PROPRIETÁRIO NÃO ENCONTRADO CHÁCARA DE LAZER E ÁREA PRESERVADA

925 CADASTRO 2020 PROPRIETÁRIO NÃO ENCONTRADO MORADIA

931 CADASTRO 2020 PROPRIETÁRIO NÃO ENCONTRADO PASTO E ÁREA PRESERVADA

938 CADASTRO 2020 PROPRIETÁRIO NÃO ENCONTRADO CHÁCARA DE LAZER E REFLORESTAMENTO (EXÓTICAS)

939 CADASTRO 2020 PROPRIETÁRIO NÃO ENCONTRADO ÁREA PRESERVADA

944 CADASTRO 2020 PROPRIETÁRIO NÃO ENCONTRADO MORADIA E PASTO

945 CADASTRO 2020 PROPRIETÁRIO NÃO ENCONTRADO CHÁCARA DE LAZER E ÁREA PRESERVADA

946 CADASTRO 2020 PROPRIETÁRIO NÃO ENCONTRADO AGRICULTURA E MORADIAS

947 CADASTRO 2020 PROPRIETÁRIO NÃO ENCONTRADO MORADIA

948 CADASTRO 2020/QUESTIONÁRIO 2020 DINACIR ALVES DOS SANTOS MORADIA

953 CADASTRO 2020 PROPRIETÁRIO NÃO ENCONTRADO MORADIA

954 CADASTRO 2020 PROPRIETÁRIO NÃO ENCONTRADO MORADIA

955 CADASTRO 2020 PROPRIETÁRIO NÃO ENCONTRADO MORADIAS


LUIS CARLOS DONADELLO DE
963 CADASTRO 2020 CARVALHO ÁREA PRESERVADA

964 CADASTRO 2020 IGREJA DA ANTINHA IGREJA DA ANTINHA

967 CADASTRO 2020 PROPRIETÁRIO NÃO ENCONTRADO MORADIA

968 CADASTRO 2020 PROPRIETÁRIO NÃO ENCONTRADO MORADIA

969 CADASTRO 2020 PROPRIETÁRIO NÃO ENCONTRADO MORADIA

970 CADASTRO 2020 PROPRIETÁRIO NÃO ENCONTRADO MORADIA

971 CADASTRO 2020 PROPRIETÁRIO NÃO ENCONTRADO CHÁCARA DE LAZER

972 CADASTRO 2020 PROPRIETÁRIO NÃO ENCONTRADO CHÁCARA DE LAZER E AGRICULTURA

973 CADASTRO 2020/QUESTIONÁRIO 2020 RODRIGO MALKOVI MORADIA E AGRICULTURA

974 CADASTRO 2020 PROPRIETÁRIO NÃO ENCONTRADO AGRICULTURA E ÁREA PRESERVADA

975 CADASTRO 2020 PROPRIETÁRIO NÃO ENCONTRADO PASTO, AGRICULTURA E REFLORESTAMENTO

156
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Figura 44 Localização das propriedades da área do PACUERA
Fonte: Sociedade da Água, 2020

157
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
2.3.4 Uso e Ocupação do Solo na área do Pacuera

O mapeamento do uso do solo, realizado com a interpretação de imagem


de satélite, possibilitou a obtenção das áreas ocupadas e respectivas atividades
desenvolvidas. Contribuiu também na classificação da vegetação em sua escala de
importância com relação à preservação e conservação ambiental.
Foram consideradas para a avaliação do uso do solo:
a) A área total do PACUERA, que inclui a área remanescente e as APP’s
do reservatório e corpos d’água.
b) Apenas as áreas de APP’s do reservatório e corpos d’água.
c) As áreas remanescentes por sub-bacia.

Figura 45 Uso do Solo da Área do PACUERA (incluindo a área remanescente e as APP’s do


reservatório e corpos d’água)
Fonte: Sociedade da Água, 2020

158
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Tabela 24 Uso e Ocupação do Solo (incluindo a área remanescente e as APP’s do reservatório
e corpos d’água)
USO DO SOLO ÁREA (ha)
Agricultura 199,6863
Campo de futebol 0,1959
Corpo d'água continental 19,3238
Edificação 4,5326
Entorno de edificação 9,1073
Floresta ombrófila mista aluvial 615,2637
Floresta ombrófila mista montana 1085,895
Formação pioneira de influência fluvial 61,2062
Malha viária 31,735
Pastagem 396,693
Pequenos fragmentos 9,2523
Pomar 0,714
Reflorestamento com exóticas 71,0154
Solo exposto 27,6227
TOTAL 2532,243
Fonte: Sociedade da Água, 2020

A área total do PACUERA, incluindo a faixa de APP do reservatório e dos


corpos d’água, é de 2.532,243 ha. Em termos avaliativos, verifica-se que esta área
possui 69,94% de seus ambientes naturais (floresta ombrófila mista aluvial, floresta
ombrófila mista montana, formação pioneira de influência fluvial e pequenos
fragmentos) bem conservados e os usos do solo para atividades antrópicas ainda são
pouco intensos. Nota-se que, atualmente, chega a 26,34% os espaços territoriais
destinados à agropecuária, pastagem e reflorestamento. Ou seja, considerando a
baixa densidade populacional na área em estudo e o seu significativo grau de
conservação da cobertura vegetal e outros ambientes naturais, têm-se uma alta
probabilidade de manutenção do atual status de conservação dos ambientes, na
hipótese dos atores envolvidos acordarem – no âmbito do PACUERA - pela definição
de zonas e normas de uso que favoreçam a conservação e o uso sustentável destes
ambientes.

2.3.4.1 Uso do Solo na área de APP do Reservatório e Tributários

Para a faixa dos 100 metros estabelecida pela legislação vigente para o
entorno do reservatório e APP’s dos tributários, os usos identificados estão expressos
na Tabela 25.

159
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Tabela 25 Uso do Solo na área de APP do reservatório e tributários

Outras Corpo
Sub- Agricultura e/ou Cobertura
Pastagem Ocupações d'Água
bacias Reflorestamento Vegetal
Antrópicas Continental
Total
17,5578 (ha) 40,0570 (ha)
6,3570 (ha) 113,7515 (ha) 0,6348 (ha) 178,3581 (ha)
57,6148 (ha)
APP MD1
9,84 % 22,45 %
3,56 % 63,77 % 0,35 % -
32,30 %
6,4165 (ha) 5,9591 (ha)
1,3249 (ha) 161,1375 (ha) 1,5463 (ha) 176,3843 (ha)
12,3756 (ha)
APP MD2
3,63 % 3,37 %
0,75 % 91,35 % 0,87 % -
7,01 %
1,2274 (ha) 0,0000 (ha)
0,4162 (ha) 40,9419 (ha) 0,0000 (ha) 42,5855 (ha)
1,2274 (ha)
APP MD3
2,88 % 0%
0,97 % 96,14 % 0% -
2,88 %
4,8439 (ha) 1,3992 (ha)
1,0735 (ha) 28,2861 (ha) 0,5105 (ha) 36,1132 (ha)
6,2431 (ha)
APP MD4
13,41 % 3,87 %
2,97 % 78,32 % 1,41 % -
17,28 %
11,4758 (ha) 16,4547 (ha)
9,4256 (ha) 116,3192 (ha) 0,2884 (ha) 153,9637 (ha)
27,9305 (ha)
APP ME1
7,45 % 10,68 %
6,12 % 75,54 % 0,18 % -
18,13 %
32,0005 (ha) 9,0369 (ha)
1,7667 (ha) 109,1750 (ha) 4,2360 (ha) 156,2151 (ha)
41,0374 (ha)
APP ME2
20,48 % 5,78 %
1,13 % 69,88 % 2,71 % -
26,26 %
43,1037 (ha) 25,2097 (ha)
2,8331 (ha) 215,4795 (ha) 0,9360 (ha) 287,5620 (ha)
68,3134 (ha)
APP ME3
14,98 % 8,76 %
0,98 % 74,93 % 0,32 % -
23,75 %
23,0723 (ha) 0,8698 (ha)
1,3046 (ha) 52,1791 (ha) 0,5065 (ha) 77,9323 (ha)
23,9421 (ha)
APP ME4
29,60 % 1,11 %
1,67 % 66,95 % 0,64 % -
30,72 %
TOTAL 1109,114 (ha)

Pastagem/Agricultura/
Sub bacia Área - APP (ha) Cobertura vegetal Reflorestamento/Ocupação
antrópica
ME 03 287,5620 74,93 24,73
MD 02 176,3843 91,35 7,76
MD 01 178,3581 63,77 35,86

160
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Pastagem/Agricultura/
Sub bacia Área - APP (ha) Cobertura vegetal Reflorestamento/Ocupação
antrópica
ME 02 156,2151 69,88 27,39
ME 01 153,9637 75,54 24,25
ME 04 77,9323 66,95 32,39
MD 03 42,5855 96,14 3,85
MD 04 36,1132 78,32 20,25
Fonte: Sociedade de Água, 2020

A Área de Preservação Permanente – APP, com melhor cobertura vegetal


está nas sub-bacias MD 03 e MD 02, a sub-bacia que apresenta a APP mais
degradada é a MD 01, seguida da ME 04 e ME 02, ocupadas com agricultura,
pastagem ou reflorestamento. Em relação a área total, a APP permanece em média
70% coberta por vegetação nativa.

2.3.4.2 Uso do Solo nas Sub-bacias que drenam para o Reservatório – Área
Remanescente

A seguir está apresentado o uso do solo da área remanescente das oito


sub-bacias existentes dentro da área do Pacuera (excluindo as APP’s do reservatório
e corpos d’água), que totaliza 942,4156 ha.
Tabela 26 Uso do Solo das Áreas Remanescentes – Áreas em hectares
Outras
Cobertura
Pastagem/ Agricultura e/ou Reflorestamento Ocupações Total
SUB BACIA Vegetal
Antrópicas
Área em hectares
MD 01 47,9387 4,1551 81,2744 133,3682

MD 02 37,3377 3,6471 56,6456 97,6304

MD 03 1,0767 0,0989 61,6900 62,8656

MD 04 20,9978 4,9163 45,0567 70,9708

ME 01 18,4125 2,9934 51,5686 72,9745

ME 02 48,8517 3,2819 112,0359 164,1695

ME 03 72,3014 3,9426 143,1674 219,4114

ME 04 43,2419 3,8409 73,9424 121,0252

TOTAL 290,1584 26,8762 625,3810 942,4156


*Valores considerados em função do total de 942,4156
Fonte: Sociedade da Água, 2020

161
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
No total, a área remanescente possui 30,78% de atividades agrícolas,
pecuárias ou de reflorestamento (exóticas); 2,85% com alguma ocupação antrópica
(campo de futebol, edificações, entorno de edificações, malha viária, pomar e solo
exposto) e 66,35% de cobertura vegetal (floresta ombrófila mista aluvial, floresta
ombrófila mista montana, formação pioneira de influência fluvial e pequenos
fragmentos).

Tabela 27 Uso do Solo Área Remanescente por Sub-Bacia


Outras
Agricultura e/ou Ocupações Cobertura
Sub-bacias Pastagem (%) Total (%)
Reflorestamento (%) Antrópicas Vegetal (%)
(%)
2,54 2,55
MD 01 0,44 8,62 14,15
5,09
2,05 1,92
MD 02 0,39 6,01 10,36
3,96
0,11 0,00
MD 03 0,01 6,55 6,67
0,11
1,54 0,69
MD 04 0,52 4,78 7,53
2,23
1,03 0,93
ME 01 0,32 5,47 7,74
1,95
3,24 1,94
ME 02 0,35 11,89 17,42
5,18
5,63 2,04
ME 03 0,42 15,19 23,28
7,67
3,97 0,62
ME 04 0,41 7,85 12,84
4,59
20,11 10,68
TOTAL 2,85 66,36 100
30,79
*Valores considerados em função da área total de 2532,243
Fonte: Sociedade da Água, 2020

162
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
SUB BACIA MD 01

36%

61%
3%

Pastagem/ Agricultura e/ou Reflorestamento


Outras Ocupações Antrópicas
Cobertura Vegetal

163
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
SUB BACIA MD 02

38%
58%
4%

Pastagem/ Agricultura e/ou Reflorestamento


Outras Ocupações Antrópicas
Cobertura Vegetal

164
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
SUB BACIA MD 03

2%

98%

Pastagem/ Agricultura e/ou Reflorestamento


Outras Ocupações Antrópicas
Cobertura Vegetal

165
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
SUB BACIA MD 04

30%

63% 7%

Pastagem/ Agricultura e/ou Reflorestamento


Outras Ocupações Antrópicas
Cobertura Vegetal

166
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
SUB BACIA ME 01

25%

4%
71%

Pastagem/ Agricultura e/ou Reflorestamento


Outras Ocupações Antrópicas
Cobertura Vegetal

SUB BACIA ME 02
167
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
30%

2%
68%

Pastagem/ Agricultura e/ou Reflorestamento


Outras Ocupações Antrópicas
Cobertura Vegetal

SUB BACIA ME 03

168
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
33%

65% 2%

Pastagem/ Agricultura e/ou Reflorestamento


Outras Ocupações Antrópicas
Cobertura Vegetal

SUB BACIA ME 04

169
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
36%

61%
3%

Pastagem/ Agricultura e/ou Reflorestamento


Outras Ocupações Antrópicas
Cobertura Vegetal

Figura 46 Informações da sub-bacias


Fonte: Sociedade da Água

A sub-bacia MD 03 é a que apresenta melhor cobertura vegetal, com 98%


da área, esta sub-bacia possui essa característica pois sua área pertence a somente
170
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
um proprietário, em seguida vem a sub bacia ME 02 com 71% de cobertura vegetal,
a com menor cobertura vegetal é a sub bacia MD 02, com 58%.
A sub-bacia com maior ocupação antrópica (campo de futebol, edificações,
entorno de edificações, malha viária, pomar e solo exposto) é a MD 04 com 7% e as
com menor ocupação antrópica são as sub-bacias MD 03, ME 02 e a ME 03.
Em relação a pastagem, agricultura ou reflorestamento com espécies
exóticas, a sub-bacia mais utilizada é a MD 02 com 38% da área, seguida da MD 01
e ME 04 com 36%.

171
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
3 VALORAÇÕES E SOBREPOSIÇÕES PARA O TRAÇADO DO
ZONEAMENTO DO PACUERA

Para o zoneamento da área do PACUERA do Miringuava foi utilizada a


mesma metodologia aplicada para as definições de zonas do ZEE da APA Miringuava.
A elaboração do Zoneamento Ecológico-Econômico da área do PACUERA
foi elaborada com a junção da metodologia e o traçado do estudo realizado pela
Sociedade da Água no ano de 2013 com as percepções e realidades da área nos anos
de 2019/2020. Para o entendimento será apresentado uma brévia da metodologia do
traçado realizado em 2013 e finalmente as considerações atualizadas para este
estudo no ano de 2020.Todo o trabalho foi realizado com equipe multidisciplinar
integrando os dados dos meios físico, biótico e antrópico.

3.1 Prévia do traçado do estudo do zoneamento preliminar (2013)

A metodologia utilizada para a definição das zonas foi, inicialmente, o


estabelecimento dos temas relevantes à tomada de decisões com escala de valores
e sobreposição de mapas com interesses hierárquicos, prevalencendo as áreas de
interesse de preservação. Para tanto a princípio, vale ressaltar que para a valoração
dos temas e definição as zonas no estudo de 2013 não foi incluído o espelho d’água
nem as APPs dos cursos d’água do reservatório, visto que estas já foram predefinidas
como zonas prioritárias. Estas zonas foram preestabelecidas da seguinte forma: ZR –
Zona do Reservatório (espelho d’água), a ZPR – Zona de Preservação do
Reservatório (referente à APP do futuro lago), a ZPFV - Zona de Preservação de
Fundo de Vale (abrange todas as áreas das APPs dos fundos de vale – a faixa foi
determinada de acordo com a Lei Florestal nº 12.651/2012, em função da largura dos
rios). Também foram predefinidas as Áreas de Recuperação Ambiental (ARA) que
são áreas com danos ambientais, que após restituição passarão a fazer parte da zona
correspondente local. A Figura 47 apresenta estas zonas predefinidas.

172
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Figura 47 - Zonas ZR, ZPR e ZPFV e respectivas ARAs - traçado PACUERA - Miringuava
(versão 2013)
Fonte: Sociedade da Água, 2020

Para as demais áreas do PACUERA foram previamente estabelecidas para


a valoração as zonas considerando a possibilidade de subdivisões posteriores. As
zonas predefinidas para valoração foram: ZPVS (Zona de Preservação da Vida
Silvestre), ZUR (Zona de Uso Rural), considerando a aptidão da bacia na área do
PACUERA e ZOO (Zona de Ocupação Orientada), considerando processos de
parcelamento já em andamento na bacia. Para a composição destas zonas foram
considerados os temas de classificação de acordo com a Tabela 28.

Tabela 28 - Distribuição dos Temas por Zona (Versão 2013)

ZONA TEMAS
Áreas Estratégicas para Conservação da Biodiversidade
Vegetação Natural
Áreas Potenciais para Consolidação de Zonas de Proteção Integral ou Conservação
ZCVS
na Bacia do Rio Miringuava
Declividades
Potencial de Reserva Legal por Sub-bacia

173
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
ZONA TEMAS
Declividades
Potencial de Reserva Legal por Sub-bacia
Aptidão Agrícola
ZUR
Uso do Solo - Rural
Atividade da Propriedade
Geotecnia
Declividades
Uso do Solo - Rural
ZOO
Atividade da Propriedade
Geotecnia
Fonte: Sociedade da Água, 2013

Os polígonos ou feições dos mapas de cada tema foram valorados


diferentemente para cada zona, com valores entre 0 e 5. Onde 0 indica de menor
relevância e 5 de maior relevância.
O uso do solo foi valorado basicamente na comparação entre as áreas
abertas para atividades antrópicas e as que ainda estão cobertas com vegetação.
Para tomada de decisões referentes ao critério ambiental, a vegetação existente foi
considerada como potencial para reserva legal, e as áreas abertas algumas foram
consideradas como tendência para uso antrópico, e outras para recuperação da
cobertura vegetal e posterior enquadramento nas zonas de proteção.
A potencialidade para reserva legal havia sido incialmente valorada no
estudo de 2013 para a ZCVS, buscando a preservação destas áreas. Foi também
valorada para a ZUR, considerando a possibilidade de uma baixa ocupação destas
áreas para a atividade rural, haja vista o estado de preservação encontrado na região.
As atividades de caráter agrícola foram valoradas para a ZUR e as de caráter semi-
rural foram valoradas para a ZOO.
Os parâmetros considerados nos aspectos físicos ponderaram a geotecnia
para as áreas de ocupação antrópica (ZUR e ZOO), e a declividade para o
estabelecimento das três zonas (ZUR, ZCVS e ZOO), algumas com processos
erosivos já estabelecidos destinados à recuperação.
Entre os aspectos bióticos foram valorados, além das áreas remanescentes
de vegetação em seus diferentes estágios, as Áreas Estratégicas para Conservação
da Biodiversidade e as Áreas Potenciais para Consolidação de Zonas de Proteção

174
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Integral ou Conservação, pela sua importância para desempenhar a função de
corredores de biodiversidade.
A questão antrópica ficou valorada na aptidão agrícola da área de estudo e
no uso identificado nas propriedades durante as visitas realizadas em campo,
considerando também o grau de vínculo propriedade-proprietário. O uso antrópico
identificado por imagens de satélite também foi levado em consideração, assim como
o fato de alguns pontos de monitoramento da qualidade da água ao longo das
campanhas realizadas na área, antecedente ao estudo de 2013, apresentarem
valores para agrotóxicos e para ferro acima dos limites estabelecidos para consumo
humano e seu padrão de potabilidade.
As Tabelas 29, 30 e 31 apresentam as valorações dos temas para cada
zona no estudo de 2013.

Tabela 29 - Valoração dos temas para a ZCVS (Versão 2013)

Tema Valor APA Valor PACUERA


Áreas Estratégicas para Conservação da
2 3
Biodiversidade
Vegetação Natural Vegetação Primária 5 5
Vegetação secundária
4 4
em estágio inicial
Vegetação secundária
em estágio médio - 5 5
avançado
Pequenos fragmentos
3 3
de vegetação
Áreas Potenciais para Consolidação de
5 5
Zonas de Proteção Integral ou Conservação
Declividades 0 a 3% 0 1
3 a 8% 1 2
8 a 20% 2 3
20 a 45% 3 4
> 45% 4 5
Potencial de (4)< 20%; (3)entre 20% e (4)< 20%; (3)entre 20% e 50%;
Sub-bacia
Reserva Legal por 50%; (2)>50% (2)>50%
Sub-bacia
MD 1 - - 66 % 3
MD 2 - - 65 % 3
MD 3 - - 96 % 3
MD 4 78 % 2 73 % 3
ME 1 79 % 2 76 % 3

175
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Tema Valor APA Valor PACUERA
ME 2 85 % 2 64 % 3
ME 3 87 % 2 70 % 3
ME 4 76 % 2 73 % 3
ME 5 79 % 2 71 % 3
Fonte: Sociedade da Água, 2013

Tabela 30 - Valoração dos temas para a ZUR (Versão 2013)

Tema Valor APA Valor PACUERA


0 a 3% 5 4
3 a 8% 4 3
Declividade 8 a 20% 3 2
20 a 45% 2 1
> 45% 1 0
Inapto por erosão 0 0
Afloramento rochoso 0 0
Aptidão agrícola
Regular erosão e fertilidade 5 4
Inapto por excesso hídrico 0 0
(0)< 20%; (3)entre 20% e (0)< 20%; (2)entre 20% e
Sub-bacia
50%; (5)>50% 50%; (4)>50%
MD 1 - - 66 % 4
MD 2 - - 65 % 4
MD 3 - - 96 % 4
Potencial de
Reserva Legal por MD 4 78 % 5 73 % 4
Sub-bacia ME 1 79 % 5 76 % 4
ME 2 85 % 5 64 % 4
ME 3 87 % 5 70 % 4
ME 4 76 % 5 73 % 4
ME 5 79 % 5 71 % 4
Malha Viária 5 4
Solo Exposto 5 4
Agricultura 4 3
Uso do Solo
Pastagem 5 4
Pomar 5 4
Reflorestamento 5 4
Agricultura - 4
Uso da
propriedade Moradia com atividades - 4
agrossilvopastoris

176
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Tema Valor APA Valor PACUERA
Chácara de lazer com atividades - 5
rurais
Chácara de lazer com - 5
exploração comercial
Pecuária - 4
Planícies de terrenos
aluvionares solos hidromórficos 3 2
>0% e <= 5%
CR- Complexo Guinaissico-
Migmatítico, solos residuais e 5 4
transportados >0% e <=20%
Geotecnia
CR - Complexo Guinaissico-
Migmatítico, solos residuais e 4 3
transportados >20% e <=30%
CR - Complexo Guinaissico-
Migmatítico, solos residuais e 2 1
transportados >30%
Fonte: Sociedade da Água, 2013

Tabela 31 - Valoração dos temas para a ZOO (Versão 2013)

Tema Valor APA Valor PACUERA


0 a 3% 5 4
3 a 8% 4 3
Declividade 8 a 20% 3 2
20 a 45% 2 1
> 45% 1 0
Malha Viária 5 5
Entorno da Edificação 5 5
Uso do Solo
Edificação 5 5
Campo de Futebol 5 5
Loteamento - 5
Moradia - 4
Moradia com atividades
Uso da - 4
agrossilvopastoris
propriedade
Chácara de lazer com exploração
- 3
comercial
Chácara de Lazer - 2
Planícies de terrenos aluvionares solos
0 0
hidromórficos >0% e <= 5%
Geotecnia CR- Complexo Guinaissico- Migmatítico,
solos residuais e transportados >0% e 5 4
<=20%

177
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Tema Valor APA Valor PACUERA
CR - Complexo Guinaissico- Migmatítico,
solos residuais e transportados >20% e 4 3
<=30%
CR - Complexo Guinaissico- Migmatítico,
0 0
solos residuais e transportados >30%
Fonte: Sociedade da Água, 2013

Após definida esta valoração foi realizada a sobreposição destes temas


valorados por zona e respectiva somatória. O resultado foram mapas escalonados
para cada zona, com valores de 0 a 5 conforme apresentado nas Figuras 48, 49 e 50.

Figura 48 - Sobreposição dos temas para a ZCVS (versão 2013)


Fonte: Sociedade da Água, 2020

178
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Figura 49 - Sobreposição dos temas para a ZUR (versão 2013)
Fonte: Sociedade da Água, 2020

Figura 50 - Sobreposição dos temas para a ZOO (versão 2013)


Fonte: Sociedade da Água, 2020

179
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
No estudo de 2013, para a sobreposição dos mapas escalonados das três
zonas (ZCVS, ZUR, e ZOO), com o objetivo de definir as zonas finais preliminares
para o território, aplicou-se uma hierarquia ambiental entre as zonas, começando pela
ZCVS, seguida pela ZUR e finalmente a ZOO.
Os mapas escalonados das zonas foram cruzados dois a dois onde, para
valores equivalentes entre os mapas sobrepostos, prevaleceu a zona do mapa de
maior hierarquia sobre a do de menor hierarquia e, para valores diferentes entre os
mapas sobrepostos, prevaleceu a zona que apresentou o valor maior. O resultado
preliminar desta sobreposição está na Figura 51.

Figura 51 - Sobreposição dos Mapas Escalonados das Zonas ZCVS, ZUR e ZOO (versão 2013)
Fonte: Sociedade da Água, 2020

Na sequência foi adicionada à sobreposição da Figura 51 as zonas ZR,


ZPR e ZPFV, predefinidas, e as áreas de recuperação do traçado de 2013 formando
o mapa de zoneamento preliminar (2013) - Figura 52.

180
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Figura 52 - Mapa de Zoneamento Preliminar PACUERA Miringuava (versão 2013)
Fonte: Sociedade da Água, 2020

No resultado obtido no zoneamento preliminar do estudo de 2013 foram


definidas as macrozonas e zonas preliminares, levando em consideração as
características das sub-bacias:

 ZR – Zona do Reservatório;
 ZPR – Zona de Preservação do Reservatório;
 ZPFV – Zona de Preservação de Fundo de Vale;
 ZCVS 1 – Zona de Conservação da Vida Silvestre 1;
 ZCVS 2 – Zona de Conservação da Vida Silvestre 2;
 ZUR – Zona de Uso Rural;
 ZOO – Zona de Ocupação Orientada; e,
 AMC – Área de Mineração Controlada.

Nesta primeira distribuição do território, a ZR constitui a área do espelho


d’água, onde as diferentes profundidades e a qualidade da água estabeleceram as
diretrizes para sua utilização. As duas ilhas previstas para existirem no reservatório,
formaram uma área específica, abrindo a possibilidade de um uso diferenciado,
181
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
voltado a sua manutenção e preservação. A menor locada à margem esquerda
propõem-se a intervenção como área de empréstimo e a segunda sugere-se o
monitoramento, conforme será apresentado nas diretrizes de uso da zona para
ambas. Como área especial no reservatório ficou a ASOB - Área de Segurança
Operacional da Barragem.
A ZPR e a ZPFV foram subdivididas para formar a ARA-ZPR e a ARA-
ZPFV, zonas temporárias que após sua recuperação ambiental serão transformadas
em ZPR e ZPFV, respectivamente.
Neste estudo a ZCVS foi dividida de acordo com seu posicionamenteo em
relação aos valores do escalonamento, sendo os dois valores mais altos classificados
como ZCVS 1, que englobou a maioria das áreas com potencial para reserva legal,
áreas que o uso do solo apontou a existência de vegetação. Como ZCVS 2 ficaram
as três menores valorações, englobando a maioria das áreas já antropizadas. Por fim,
os valores da ZUR e da ZOO formaram as respectivas zonas com a unificação dos
valores encontrados, conforme o resultado das sobreposições.
A área de exploração de caulim na APA havia sido englobada sobre o
zoneamento como Área de Mineração Controlada - AMC, considerando a
obrigatoriedade da recuperação ambiental ao término da atividade.
Para o traçado final do estudo de 2013 foi executado um trabalho de
refinamento das feições para o zoneamento, seguindo os seguintes procedimentos: i)
eliminação das áreas isoladas menores que 0,5 ha, inserindo-as na unidade mais
abrangente de seu entorno; ii) suavização das bordas dos polígonos, utilizando do
algoritimo PAEK do ArcGIS com tolerância de 50 metros; iii) pequenas edições
manuais para retirar alguns rastros.
A feição CR (entre 0 e 20%), do mapeamento da geotecnia, foi cruzada
com todas as áreas já ocupadas, do mapa de uso do solo. Os polígonos resultantes
deste cruzamento que ainda não estavam contemplados no zoneamento preliminar
como de uso antrópico foram englobados nas zonas respectivas (ZOO e ZUR), por já
se encontrarem em local considerado permitido ou permissível. As planícies e as CR
>20% foram cruzadas com a vegetação identificada na imagem e constatou-se que
haviam polígonos não cobertos com vegetação. Verificou-se, todavia, que estavam
garantidos por um zoneamento mais restritivo (ZUR, ZPFV, ZCVS1 ou ZCVS2).
Os polígonos referentes à ZOO foram analisados um a um, em comparação
com o uso do solo. A conclusão foi que os poucos e pequenos polígonos que na
valoração apontaram para ZOO correspondiam a ocupações rurais, reforçando a
182
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
vocação da área para atividades agrossilvopastoris. Isto fez com que a ZOO fosse
extinta e englobada na ZUR.
Por fim, alguns polígonos de ZUR encontrados inseridos nas ZCVS2,
dentro da área do PACUERA, foram englobados por esta zona de conservação, no
sentido de contribuir na preservação ambiental.
Com relação às propriedades vizinhas ao reservatório observou-se que
algumas delas desenvolviam atividades de agropecuária e precisariam se adaptar
com o tempo a procedimentos e processos que envolvem o manejo integrado de solos
e água.
A utilização das áreas adjacentes ao reservatório para atividades de lazer
e turismo foi descartada num primeiro momento. Quando o empreendimento já estiver
em operação, este zoneamento poderá sofrer uma revisão para, de acordo com a
nova configuração paisagística, atender ao desejo dos moradores e/ou da
administração municipal de ceder esta possibilidade de aproveitamento, tanto do
entorno como do espelho d’água. A probabilidade maior, no caso de esta situação se
concretizar, é de que uma área na margem esquerda, na sub-bacia MD1, possa ser
aberta para utilização da ZPR como ATL – Área de Turismo e Lazer.
No estudo de 2013 o ZEE do PACUERA Miringuava considerou, portanto,
as seguintes macros zonas e suas zonas, descritas conforme Tabela 32:

Tabela 32 - Macrozonas e Zonas da APA do Miringuava, com a Área do PACUERA, em 2013.

MACROZONA ZONA

Macrozona do ZR – Zona do Reservatório


Reservatório ASOB - Área de Segurança Operacional da Barragem
ZPR – Zona de Preservação do Reservatório
ARA-ZPR - Áreas de Recuperação Ambiental - Zona de Preservação do
Reservatório
Macrozona de Preservação
ZPFV – Zona de Preservação de Fundo de Vale
ARA-ZPFV – Áreas de Recuperação Ambiental - Zona de Preservação de Fundo
de Vale

ZCVS 1 – Zona de Conservação da Vida Silvestre 1


Macrozona de Restrição a
Ocupação
ZCVS 2 – Zona de Conservação da Vida Silvestre 2

ZUR – Zona de Uso Rural


Macrozona de Pouca
Restrição a Ocupação
AMC – Área de Mineração Controlada

Fonte: Sociedade da Água, 2013.

183
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
A Figura 53 apresenta o zoneamento que foi proposto para o PACUERA
Miringuava no estudo de 2013.

Figura 53 - Mapa de Zoneamento da APA do Miringuava, com a Área do PACUERA


(versão 2013)
Fonte: Sociedade da Água, 2020

3.2 Traçado Final do Zonemento PACUERA atualizado (2020)

Com o intuito de tornar o ZEE mais objetivo, fundamentado à realidade


local, e analisar os critérios de uso aos cenários que as áreas se encontram no ano
do presente estudo (2020), referentes às novas ocupações, ao uso do solo e novos
sítios com erosão e com supressão de vegetação, fez-se necessário a revisão de
alguns conceitos já predefinidos pelo ZEE de 2013 e torná-los adequados ao cenário
atual. A nova configuração teve como embasamento o traçado anterior, com
integração de dados e perspectivas para um novo traçado do ZEE do PACUERA
Miringuava do ano de 2020.
As áreas de ZR, ZPR e ZPFV permaneceram as mesmas, bem como suas
áreas de recuperação correspondentes as ARA-ZPR e ARA-ZPFV.
184
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Para facilitar o entendimento, a ZCVS 1 e ZCVS 2 foram subdivididas em
duas importantes zonas: a Zona de Proteção Integral (ZPI) e a Zona de
Desenvolvimento Sustentável (ZDS). A primeira se fez necessário visto o interesse de
preservação com uma grande coluna de proteção de remanescentes presentes na
área do PACUERA e da APA do Miringuava, que interligam-se com os remanescentes
das bacias circunvizinhas e da Serra do Mar, conjugando um vasto conjunto de áreas
naturais, apropriadas para zonas de proteção integral, formando um corredor
ecológico significativo com as APAs do Rio Pequeno e do Miringuava Mirim. Já a
segunda, a ZDS, destina-se a uma área de proteção dos recursos naturais, entretanto,
com uma utilização antrópica mais flexível, de forma sustentável e de acordo com as
legislações ambientais vigentes.
A ZUR não teve alterações significativas.
Nesta atualização do traçado foram identificadas áreas com supressão
vegetal e com evidências de processos de erosão, as quais não estavam incluídas no
traçado anterior, e localizadas fora das zonas ZPR e ZPFV. Portanto, fez-se
necessário a inclusão das ARAs (áreas de recuperação ambiental) adicional e
temporária, que posteriormente voltarão a compor as respectivas zonas assim que a
recuperação ambiental estiver concluída.
A AMC que havia sido incluída no estudo de 2013, definida como área de
mineração controlada, neste novo traçado não se faz necessária, uma vez que será a
área obrigatoriamente será recuperada ao término da atividade, e passará a compor
a zona correspondente, portanto a área de mineração de caulim localizada na área do
PACUERA é uma ARA (área de recuperação ambiental) temporária.
Como áreas especiais do reservatório foram definidas a ASOB - Área de
Segurança Operacional da Barragem, e a ASEB - Área de Segurança do Entorno da
Barragem. A primeira é operacional, destinada a propiciar a restrição de acesso de
pessoas não autorizadas e garantir a segurança das estruturas de funcionamento da
barragem. Já a segunda tem o intuito a minimizar os impactos à qualidade ambiental
nesta área, que não é abarcado pelo traçado inicial do zoneamento do PACUERA,
mas que pode vir a prejudicar a qualidade da água do reservatório se não protegida
de agentes externos.
Vale ressaltar nesta atualização do traçado do zoneamento que a utilização
das áreas adjacentes ao reservatório para atividades de lazer e turismo continuará
sendo proíbida nos anos iniciais pós formação do reservatório. Após decorridos três
anos do início da operação do empreendimento, este zoneamento poderá ser revisado
185
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
seguindo a nova configuração paisagística futura de acordo com os interesses em
comum dos moradores, da SANEPAR e de orgãos públicos, obviamente, desde que
estes usos estejam dentro da legislação ambiental vigente, e garantam a manutenção
da qualidade da água de acordo com os parâmetros adequados ao abastecimento
hídrico. Como sugestão para estudo futuro, ainda recomenda-se que a área com
maior probabilidade de utilização na ZPR como ATL (Área de Turismo e Lazer) é a
área localizada na margem esquerda, na sub-bacia MD 01.
A Tabela 33 apresenta as macrozonas e zonas do PACUERA Miringuava,
definida como a nova proposta de Zoneamento-Ecológico-Econômica de 2020.

Tabela 33 - Macrozonas e Zonas da Área do PACUERA


MACROZONA ZONA
ZR – Zona do Reservatório
Macrozona do
ASOB - Área de Segurança Operacional da Barragem
Reservatório
ASEB - Área de Segurança do Entorno da Barragem
ZPR – Zona de Preservação do Reservatório
ARA-ZPR - Áreas de Recuperação Ambiental - Zona de Preservação do
Reservatório
Macrozona de Preservação ZPFV – Zona de Preservação de Fundo de Vale
ARA-ZPFV – Áreas de Recuperação Ambiental - Zona de Preservação de Fundo
de Vale
ARA - Áreas de Recuperação Ambiental (fora das demais zonas anteriores)

ZPI – Zona de Proteção Integral


Macrozona de Restrição a
Ocupação
ZDS – Zona de Desenvolvimento Sustentável
Macrozona de Pouca
ZUR – Zona de Uso Rural
Restrição a Ocupação
Fonte: Sociedade da Água, 2020.

Na Figura 54 apresenta-se o zoneamento final proposto para a APA do


Miringuava, incluindo a área do PACUERA, nesta versão do estudo (2020).

186
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Figura54 -MapadeZoneamentodoPACUERA
Fonte:SociedadedaÁgua,2020

187
VOLUMEIII -PACUERADORESERVATÓRIOMIRINGUAVA
A Tabela 34 apresenta o percentual de cada zona estabelecida na APA e
no PACUERA para cada sub-bacia:

Tabela 34 - Macrozonas e Zonas do PACUERA da Barragem do Miringuava


(por sub-bacia e em %)

ARA- ARA-
SUB-BACIA ARA ZDS ZPFV ZPI ZPR ZR ZUR
ZPFV ZPR
MD1 0,00 2,93 12,51 22,73 9,66 0,00 17,64 26,33 8,19
MD2 0,38 3,03 1,20 14,91 11,54 6,15 39,17 15,69 7,93
MD3 0,93 0,03 2,17 0,16 27,14 57,29 10,22 2,07 0,00
MD4 3,90 6,83 0,00 24,33 25,05 38,03 1,84 0,00 0,01
ME1 0,00 1,19 8,85 18,53 5,96 0,00 24,94 40,53 0,00
ME2 0,00 7,40 5,21 47,75 19,29 0,00 13,54 6,81 0,00
ME3 0,00 4,62 7,55 27,84 15,32 9,63 21,68 13,31 0,05
ME4 0,16 5,34 6,85 23,61 20,19 34,54 5,17 4,14 0,00
Fonte: Sociedade da Água, 2020

Na área do PACUERA a sub-bacia com maior porcentagem de zonas de


preservação e conservação (ZDS, ZPI, ZPFV e ZPR) é a MD 03, com 94,8% de sua
área total, seguida pela MD 04, com 89,2%. A sub-bacia MD 01 tem a maior
porcentagem em área para uso rural se comparada com as demais, com 8,1% de sua
área para ZUR. E, para uso sustentável (ZDS), a sub-bacia a ME02 com 47,7% de
sua área total. Referente às áreas de recuperação, a MD 01 tem a maior porcentagem,
com 15,4% de sua área total.
Ao que se pode prever, o total do percentual de conservação adicionado às
zonas de preservação instituídas neste zoneamento atenderá os objetivos de
manutenção da qualidade ambiental da área. O uso antrópico é permitido em áreas
não significativas e isoladas e também nas áreas de desenvolvimento sustentável,
ambas com as devidas restrições, e obviamente com as orientações da não aplicação
de defensivos agrícolas e com a realização de práticas para o manejo integrado de
solos e água.

188
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
3.3 DIRETRIZES DE USO

Na caracterização de cada uma das zonas mapeadas, apresentam-se as


respectivas diretrizes de uso, as quais foram agrupadas em três categorias:
a) Usos Permitidos – são aqueles que podem ser realizados na zona considerada,
sem interferência sobre outros usos; agrupa as atividades que podem ser
realizadas e até desejáveis de ocorrência, preferencialmente aquelas sem a
necessidade de autorizações prévias ou licenciamentos.
b) Usos Permissíveis – são os que podem ser desenvolvidos respeitando critérios
e/ou medidas de controle e fiscalização, conforme as diretrizes da zona
ambiental considerada. Como orientação geral, estes usos devem requerer
previamente: i) anuência da SANEPAR, se realizado no reservatório ou em
faixas de terras de propriedade da mesma; ii) licenciamento e/ou aprovação da
atividade junto ao órgão ambiental competente; iii) aprovação ou anuência dos
órgãos municipais, quando for o caso.
c) Usos Proibidos - são as limitações integrais ao desenvolvimento de determinada
atividade.
O tópico “Ações de Apoio e Controle” elenca uma série de atividades que
a SANEPAR, órgãos de licenciamento e controle e demais atores que atuam na região
devem adotar para propiciar a eficácia das atividades propostas ou proibidas para
cada uma das zonas. Em um primeiro momento, estas atividades devem ser
realizadas mediante os programas e projetos elencados nesse documento.
Posteriormente, outros programas poderão ser adotados a partir da elaboração do
Plano de Manejo da APA.
Cabe ressaltar a situação excepcional de infraestrutura de linha de
transmissão de energia elétrica pela Copel, cujo licenciamento ocorreu anteriormente
à este estudo. A linha atravessa as áreas das seguintes zonas: ZR, ZPR, ZPFV, ZDS
e ARAs, nas quais é consideradas permissível.
A seguir estão descritas as 6 (seis) Zonas de Uso do Solo da APA do
Miringuava acompanhadas das respectivas diretrizes de usos. Vale lembrar a
possibilidade de mudanças e complementações, tanto na distribuição espacial das
zonas como nas diretrizes de uso, a partir da avaliação deste documento por parte
das instituições participantes neste processo e da comunidade envolvida, a qual
deverá ser realizada a partir do terceiro ano após a formação do reservatório.
189
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
3.4 MACROZONA DO RESERVATÓRIO

3.4.1 ZR – Zona do Reservatório

Compreende a área do espelho d’água do reservatório. Inicialmente, sua


utilização será exclusiva para a captação hídrica, estando vedada as atividades de
lazer, podendo ocorrer mudanças nas diretrizes desta zona após o terceiro ano de
operação da barragem, quando poderá ser feita a primeira revisão deste zoneamento.
Conforme já mencionado, as duas ilhas que estarão presentes no
reservatório após enchimento, por conterem características de fragilidade e indicação
de processos erosivos, recebem diretrizes diferenciadas na ZR.
Para a ilha menor, posicionada mais próxima à margem esquerda do
reservatório, propõem-se uma intervenção determinando sua utilização como área de
empréstimo para o empreendimento, de maneira que, ao recorte final do relevo, sua
superfície esteja abaixo da cota de inundação.
Na ilha maior, posicionada a distâncias equivalentes a ambas as margens
do reservatório, propõem-se constante fiscalização para impedir qualquer tipo de
acesso ou utilização, além de revegetação e preservação ambiental. Propõem-se
também o aprofundamento do canal entre a margem direita do lago e a ilha maior, de
maneira a facilitar a circulação de água neste ponto e evitar um processo de
eutrofização mais intenso, em função da permanência da água a montante por
períodos mais longos.
Também estão inclusas na ZR duas áreas especiais de segurança que
serão descritas abaixo:

Área de Segurança Operacional da Barragem – ASOB


Esta área é constituída pela barragem, vertedouro, tomada d’água e canal
de fuga, onde o acesso a pessoas não autorizadas deve ser completamente impedido
através de sinalização com boias, utilização de placas de alerta e mediante
sistemática presença de fiscais da SANEPAR.
Área de Segurança do Entorno da Barragem – ASEB
É a área que margeia a estrada do eixo da barragem (aproximadamente
200 metros de largura e 2 (dois) km de comprimento), fora dos limites do PACUERA.
Por não integrar a bacia de contribuição do reservatório, esta área não faz parte do
zoneamento, mas foi considerada como área de interesse pois poderá sofrer

190
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
interferências em relação ao aumento de circulação de veículos e pessoas e a
instalação de atividades comerciais pela proximidade com o reservatório e eixo da
barragem, devendo ser monitorada pela concessionária. Observadas alterações
significativas, esta área pode ser inserida no zoneamento e atribuída as diretrizes de
uso.
A ASEB não exige diretrizes de uso e restrições, visto que é apenas uma
área de amortecimento de impacto.
A Figura 55 apresenta a área de abrangência da zona ZR junto com a zona
de proteção do reservatório, e a Tabela 35, refere-se às diretrizes de uso.
A Figura 56 corresponde à área da ASEB.

191
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Tabela 35 Zona do Reservatório – ZR

Nomenclatura USOS PERMITIDOS USOS PERMISSÍVEIS USOS PROIBIDOS AÇÕES DE APOIO E CONTROLE
 Intervenção determinando como
área de empréstimo para o
empreendimento a área de formação
da ilha menor prevista no
 Inicialmente, até a reservatório, de maneira que, ao
 Nos primeiros três anos de revisão do presente ZEE, recorte final do relevo, sua superfície
 A serem estudados quando
operação do empreendimento todas as atividades que esteja abaixo da cota de inundação.
ZR - Zona do da revisão deste zoneamento,
somente será permitida a impliquem em uso  Aprofundamento do canal entre a
Reservatório no terceiro ano após o
captação d´água. múltiplo do reservatório margem direita do lago e a ilha maior
enchimento do reservatório.
(lazer, recreação, prevista no reservatório, de maneira
piscicultura e outras) a facilitar a circulação de água neste
ponto e evitar um processo de
eutrofização mais intenso, em
função da permanência da água a
montante por períodos mais longos.
 Os funcionários ou
terceirizados autorizados pela
SANEPAR podem promover  O acesso de qualquer  Execução da prévia delimitação,
os usos e as atividades  Pesquisa científica, desde pessoa não envolvida demarcação e sinalização da faixa
ASOB – Área de técnicas e administrativas que haja anuência da nas operações da de segurança no espelho d`água, e
Segurança Operacional
relacionadas à operação da SANEPAR e do órgão barragem, sem nas margens da área terrestre da
da Barragem
barragem e do reservatório; ambiental. autorização prévia da ASOB. Efetuar o monitoramento
 A SANEPAR pode instalar SANEPAR. dessa área.
estruturas de apoio para
acesso à água.
Fonte: Sociedade da Água, 2020

192
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
3.5 MACROZONA DE PRESERVAÇÃO

São áreas com vegetação arbórea significativa, campos naturais e


remanescentes de mata atlântica, destinadas a permitir a regeneração ou manutenção
de cobertura florestal e a conservação da vida silvestre nas margens ao longo dos
corpos hídricos, visando à retenção de sedimentos e afastamento das atividades
nocivas à qualidade da água, assim como manter o ecossistema natural.
Na Macrozona de Preservação do PACUERA, os usos e a ocupação do
solo estão subordinados à necessidade de manter ou restaurar a qualidade do
ambiente natural e respeitar a fragilidade dos seus terrenos. Esta Macrozona está
subdividida em:
a) ZPR – Zona de Preservação do Reservatório, área especial - ARA-ZPR (Área de
Recuperação Ambiental da Zona de Preservação do Reservatório);
b) ZPFV – Zona de Preservação de Fundo de Vale, área especial - ARA-ZPFV (Área
de Recuperação Ambiental da Zona de Preservação de Fundo de Vale).

3.5.1 Zona de Preservação do Reservatório - ZPR

A ZPR compreende uma faixa no entorno do reservatório, de propriedade


da SANEPAR, estipulada na Resolução CONAMA n° 302/2002, em média com uma
faixa largura de 100 metros ao longo do corpo principal do reservatório, mas podendo
extrapolar esta faixa mediante prévio acordo com o órgão ambiental. Por sua vez, em
algumas outras áreas (p.ex., aonde houver infraestrutura consolidada de interesse
público, a exemplo de estradas), esta faixa poderá não atingir esta largura mínima.
Contudo, a área correspondente final de APP ao longo do reservatório deverá
corresponder a uma extensão equivalente caso fossem adotados os 100 metros
lineares em toda a sua extensão.
A diretriz da poligonal que delimita a faixa protetiva no entorno do
reservatório do Miringuava objetiva preservar os maciços de vegetação nativa locais,
que poderão estabelecer corredores ecológicos entre as áreas com maior densidade
de cobertura vegetal, bem como manter coerência para o uso e a ocupação de
propriedades circunvizinhas, através de linhas retas ("travessões", que facilitam a
identificação e demarcação ao longo do tempo), buscando sempre que possível a
manutenção dos remanescentes e, consequentemente, a qualidade hídrica do
reservatório.

193
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Na ZPR são admitidas somente atividades autorizadas pela SANEPAR ou
aquelas submetidas e aprovadas pelo órgão estadual licenciador, caso a caso. A
princípio estas atividades estariam relacionadas aos usos múltiplos do reservatório,
como lazer, recreação, pesca ou ainda atividades de interesse de proprietários
lindeiros, a exemplo da dessedentação de animais. Nesta primeira versão do
zoneamento o acesso ao reservatório está fechado para todos os usos, podendo ser
estes admitidos como usos permissíveis da zona, quando ocorrer a futura revisão do
zoneamento, a ser realizada a partir do terceiro ano após o enchimento do
reservatório.
A Tabela 36 apresenta as diretrizes de uso da ZPR.

194
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Tabela 36 Zona de Proteção do Reservatório – ZPR

USOS PERMITIDOS USOS PERMISSÍVEIS USOS PROIBIDOS AÇÕES DE APOIO E CONTROLE

 Realização de pesquisas científicas,


inclusive com coletas de exemplares da  Atividades que suprimam a
fauna e flora; vegetação nativa em qualquer  Monitoramento sistemático para
 Instalação de dutos e infraestrutura estágio, poluam as águas do identificar, no início da operação, as
necessária para captação de água no reservatório ou prejudiquem, direta áreas sujeitas à erosão ou a processos
reservatório, nos locais definidos para ou indiretamente, a fauna silvestre. de degradação, providenciando a
esta finalidade pela SANEPAR e o órgão  Lançar esgotos e demais imediata recuperação e/ou prevenção;
ambiental, com especial atenção ao efluentes;  Recuperação de áreas de vegetação
eventual dano causado à vegetação e a  Uso de agrotóxicos e outros alteradas, utilizando-se de espécies
devida recuperação posterior; biocidas; nativas dos ecossistemas da região;
 Recuperação de áreas
 Prática de meliponicultura (criação de  Atividades industriais;  Incentivo à realização de pesquisas
alteradas e enriquecimento
abelhas nativas);  Atividades de alto impacto científicas, desde que previamente
florestal com espécies nativas
 Supressão da vegetação nos casos ambiental; autorizadas pela SANEPAR e pelo
dos ecossistemas da região;
necessários à operação do reservatório e  Descarte de resíduos sólidos; órgão ambiental;
 Atividades para controle
à implantação de atividades aprovadas  Acesso não autorizado ao  Demarcação dos limites da zona por
geotécnico e hidráulico para
após análise detalhada das reservatório; meio de placas, cercas (quando couber)
conservação e recuperação das
características de cada área para a qual  Todas as práticas relacionadas à e demais dispositivos de sinalização
margens.
foi solicitado o uso e o licenciamento de agropecuária, incluindo manejo do nos trechos limítrofes com áreas
supressão de vegetação, mas sempre solo com fogo e uso de defensivos antropizadas;
condicionada à anuência da SANEPAR. agrícolas;  Educação ambiental e comunicação
 Passagem de animais para  Construção de edificações; social direcionadas a população
dessedentação no reservatório, nos locais  Recuperação de áreas degradadas próxima ao reservatório;
definidos para esta finalidade pela com espécies exóticas;  Identificação, por placas, nos locais
SANEPAR e o órgão ambiental, devendo  E outras atividades que sejam onde as vias rurais e estradas
estes locais serem devidamente proibidas pela legislação vigente em atravessam esta área.
sinalizados. áreas de APP.
 Atividades de educação ambiental.

Fonte: Sociedade da Água, 2020

195
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Figura 55 - Zonas ZPR e ZR do PACUERA Miringuava
Fonte: Sociedade da Água, 2020

196
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Figura 56 - Área de Segurança do Entorno do Reservatório - ASEB.
Fonte: Sociedade da Água, 2020

3.5.2 Zona de Preservação de Fundo de Vale - ZPFV

Esta zona corresponde às faixas de APP (Áreas de Preservação


Permanente) ao longo dos afluentes do rio Miringuava, em conformidade com a
legislação florestal brasileira. Engloba cada margem de rios e córregos e entorno das
nascentes, bem como os remanescentes de florestas aluviais, de estepes gramíneo-
lenhosas e de várzeas.
A Tabela 37 apresenta as diretrizes de uso desta zona, e a Figura 57 a
abrangência desta zona na área do PACUERA. Ressalta-se que uma parte desta
porção se encontra como área de recuperação.

197
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Tabela 37 - Zona de Preservação de Fundo de Vale – ZPFV

AÇÕES DE APOIO E
USOS PERMITIDOS USOS PERMISSÍVEIS USOS PROIBIDOS
CONTROLE
 Atividades que suprimam a vegetação
nativa, poluam o ambiente ou prejudiquem,
direta ou indiretamente, a fauna silvestre;
 Lançamento de esgotos e demais
efluentes;
 Descarte de resíduos sólidos;  Monitoramento sistemático
 Realização de pesquisas  Uso de agrotóxicos e outros biocidas; para identificar, no início da
científicas, inclusive com coletas de  Queimadas; operação, as áreas sujeitas à
 Recuperação de áreas degradadas e exemplares da fauna e flora;  Todas as práticas relacionadas à erosão ou a processos de
enriquecimento florestal com espécies  Instalação de dutos e infraestrutura agropecuária, roçados, uso de fogo como degradação, providenciando a
nativas dos ecossistemas da região; necessária para captação de água, elemento de manejo, de agrotóxicos e imediata recuperação e/ou
 Prática de meliponicultura (criação de com especial atenção ao eventual outros biocidas; prevenção;
abelhas nativas); dano causado à vegetação e a  Qualquer tipo de construção;  Recuperação de áreas de
 Atividades de educação ambiental. devida recuperação posterior;  Todos os usos que por suas vegetação alteradas, utilizando-
 Atividades de controle geotécnico  Passagem de animais para características comprometam a qualidade se de espécies nativas dos
das margens dos recursos hídricos. dessedentação, devendo estes hídrica da bacia e a qualidade de ecossistemas da região;
locais serem devidamente conservação do meio ambiente;  Identificação, por placas, nos
sinalizados.  Obras de drenagem sem a devida locais onde as vias rurais e
autorização do órgão competente; estradas atravessam esta área.
 Reflorestamento com espécies exóticas
invasoras;
• Desenvolvimento de atividades de
exploração mineral de qualquer natureza;
 Atividades de alto impacto ambiental.
Fonte: Sociedade da Água, 2020

198
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Figura 57 - Zona de Preservação de Fundo de Vale – ZPFV
Fonte: Sociedade da Água, 2020

199
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Dentro das áreas de recuperação destas zonas, estão os locais frágeis,
desprovidos de vegetação nativa, em processos erosivos ou em atividades que
degradam a fauna e a flora do ecossistema local.
Estas áreas enquadram-se como subunidades provisórias, caracterizando-
se como Áreas de Recuperação Ambiental da Zona de Proteção do Reservatório
(ARA-ZPR), Áreas de Recuperação Ambiental da Zona de Preservação de Fundo de
Vale (ARA-ZPFV) e, para as demais áreas, apenas Áreas de Recuperação Ambiental
(ARA). Estas áreas têm caráter provisório, sendo que, uma vez que o ambiente for
recuperado, elas passarão a integrar a zona principal e seu regulamento.
Não há diretrizes de uso para estas áreas, visto que são temporárias.
Destaque deve ser dado apenas para sinalização de recuperação da área degradada.
A Figura 58 apresenta a área de abrangência de recuperação ambiental
do PACUERA contemporânea à data deste estudo.

200
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Figura 58 - Áreas de Recuperação Ambiental do PACUERA.
Fonte: Sociedade da Água, 2020

201
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
3.6 MACROZONA DE RESTRIÇÃO À OCUPAÇÃO

A Macrozona de Restrição à Ocupação compreende as áreas destinadas a


manutenção do ecossistema natural, e subdivide-se em:
a) ZPI – Zona de Proteção Integral; e,
b) ZDS – Zona de Desenvolvimento Sustentável -
(ARA – Área de Recuperação Ambiental).

3.6.1 Zona de Proteção Integral

Esta zona compreende a porção do PACUERA onde ocorrem os maiores


conjuntos de remanescentes florestais e demais ecossistemas naturais em condição
de primitividade. Em essência, esta zona coincide com as áreas prioritárias para a
conservação da biodiversidade, conforme definido nos critérios do meio biótico,
acrescidos de outros remanescentes que possibilitem a interligação entre tais áreas.
Além da proteção da biodiversidade, apresenta grande importância também para a
manutenção da qualidade e da disponibilidade hídrica para o reservatório, visto que
contempla uma elevada densidade de nascentes.
A Tabela 38 apresenta as diretrizes de uso desta zona, e a Figura 59 a
abrangência desta zona na área do PACUERA.

202
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Tabela 38 - Zona de Proteção Integral - ZPI

USOS PERMITIDOS USOS PERMISSÍVEIS USOS PROIBIDOS AÇÕES DE APOIO E CONTROLE


 Novas habitações de qualquer forma;
 Instalação de dutos e infraestrutura
necessária para captação de água;
 Desenvolvimento de atividades de
exploração mineral de qualquer
 Atividades de pesquisa natureza;
 Implantação de um sistema de incentivo
científica e monitoramento  Agricultura, pecuária ou silvicultura de
à criação de RPPNs.
 Criação e gestão de RPPNs; ambiental; modo geral;
 Incentivo à realização de pesquisas
 Estabelecimento de reservas  Obtenção de sementes e  Desmatamento com finalidade de
científicas.
legais de propriedades rurais; propágulos de espécies estabelecimento de atividades
 Abertura de trilhas para a realização de
 Atividades de educação ambiental. nativas com finalidades de econômicas, salvo aquelas de interesse
pesquisas e para educação ambiental
 Manejo de espécies nativas com recuperação ambiental de público e permissíveis de acordo com
 Monitoramento sistemático para
vistas à sua conservação; áreas alteradas presentes análise e critérios da SANEPAR e do
identificar as áreas sujeitas à erosão ou
 Manejo de nascentes com em outras zonas; órgão ambiental;
a processos de degradação,
finalidades exclusivas de proteção;  Atividades turísticas em  Uso de agrotóxicos e outros biocidas;
providenciando a imediata recuperação
 Controle de erosão; RPPNs estabelecidas  Atividades indústrias;
e/ou prevenção.
 Recuperação de áreas de localmente;  Todos os usos que por suas
 Implantação de um sistema de incentivo
vegetação alteradas, utilizando-se  Implantação de obras de características comprometam a
de ações educativas associadas a
de espécies nativas dos infraestrutura de interesse qualidade hídrica da bacia e a
ecossistemas naturais junto a escolas e
ecossistemas da região. público, observado o qualidade de conservação do meio
demais instituições da região da Grande
processo de licenciamento ambiente;
Curitiba.
ambiental.  Reflorestamento com espécies exóticas
 Fiscalização ambiental.
invasoras;
 Estabelecimento de reservas legais das
propriedades externas à APA do
Miringuava, face a nova lei florestal
permitir o manejo de RL.

Fonte: Sociedade da Água, 2020

203
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Figura 59 - Zona de Proteção Integral – ZPI
Fonte: Sociedade da Água, 2020

204
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
3.6.2 Zona de Desenvolvimento Sustentável

A Zona de Desenvolvimento Sustentável - ZDS compreende as demais


áreas com vegetação nativa em estágio médio a avançado de regeneração que não
estejam incluídas na ZPI ou na ZPR. Estas áreas apresentam também grande
importância para a qualidade da água do reservatório, na medida em que reduzem os
riscos de geração de processos erosivos e de escoamento de efluentes. Além disso,
a ZDS também interliga a ZPI com a faixa de proteção do reservatório, estabelecendo
assim microcorredores bióticos em âmbito local.
Nesta zona há a possibilidade de uso antrópico com limitações, observando
a qualidade ambiental local relacionada ao manejo de solos e de águas, atividades
agrossilvipastoris adequadas e manejo fitossanitário integrado, sempre priorizando a
manutenção da fauna e flora e respeitando a legislação de proteção ambiental.
A Tabela 39 apresenta as diretrizes de uso da zona ZDS, e a Figura 60 a
abrangência desta zona na área do PACUERA.

205
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Tabela 39 - Zona de Desenvolvimento Sustentável - ZDS

USOS PERMITIDOS USOS PERMISSÍVEIS USOS PROIBIDOS AÇÕES DE APOIO E CONTROLE


 Atividades agropastoris e
agrossilvipastoris observando os usos  Atividades de pesquisa
 Incentivo à realização de pesquisas
proibidos e devidamente realizadas de científica e monitoramento
 Atividades agrossilvipastoris e científicas e monitoramentos sobre a
forma sustentável. ambiental.
agropastoris que impliquem em biodiversidade e sobre os componentes
 Atividade de educação ambiental.  Atividades turísticas.
supressão da vegetação. abióticos regionais.
 Enriquecimento florestais com  Plano de manejo florestal;
 Apicultura com espécies  Abertura de trilhas para a realização de
espécies nativas da região, em  Habitações unifamiliares exóticas ou domesticadas. pesquisas e para educação ambiental.
atendimento à reserva legal. de caráter rural.
 Desenvolvimento de  Monitoramento sistemático para identificar
 Pecuária como produção silvipastoril,  Extrativismo de produtos atividades de exploração as áreas sujeitas à erosão ou a processos
priorizando a arborização da pastagem. não madeireiros. mineral de qualquer natureza. de degradação, providenciando a imediata
 Atividades de meliponicultura.  Obtenção de sementes e  Indústrias e/ou agroindústrias. recuperação e/ou prevenção.
 Manejo de espécies nativas com propágulos de espécies
 Comércio e serviços rurais  Manutenção de estradas e de linhas de
vistas à sua conservação. nativas com finalidades de
que causem impactos transmissão;
 Manejo de nascentes com finalidades recuperação ambiental de
ambientais.  Incentivo à realização de atividades de uso
de proteção das mesmas ou de áreas alteradas presentes
 Loteamentos. econômico de menor impacto, como
captação para habitações ou atividades nesta e em outras zonas.
 Reflorestamento com sistemas agroflorestais e meliponicultura,
rurais.  Implantação de obras de
espécies exóticas invasoras. em substituição a cultivo e produção de
 Controle de erosão. infraestrutura de interesse
 Uso de agrotóxicos e outros espécies exóticas ou domesticadas.
 Piscicultura. público, observado o
biocidas.  Ações educativas a agricultores regionais,
 Recuperação de áreas de vegetação processo de licenciamento
 Todos os demais usos que, com estímulo à utilização de técnicas de
alteradas, utilizando-se de espécies ambiental.
por suas características, manejo fitossanitário integrado, para
nativas dos ecossistemas da região.  Instalação de dutos e
impliquem em supressão da substituir o uso de defensivos agrícolas.
 Estabelecimento de reservas legais infraestrutura necessária
vegetação ou comprometam a  Implementação de Reservas Legais e
de propriedades rurais da APA do para captação de água, com
qualidade hídrica da bacia, regularização das propriedades no CAR.
Miringuava. especial atenção ao eventual
salvo aqueles anteriormente  Desenvolvimento de técnicas de produção
 Estabelecimento de reservas legais dano causado à vegetação e
admitidos. florestal e de manejo de espécies nativas.
de propriedades rurais externas à APA a devida recuperação
 Fiscalização ambiental.
do Miringuava, mediante instrumento de posterior.
compensação prevista na lei florestal.
Fonte: Sociedade da Água, 2020

206
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Figura 60 Zona de Desenvolvimento Sustentável – ZDS
Fonte: Sociedade da Água, 2020

207
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
3.7 MACROZONA DE POUCA RESTRIÇÃO À OCUPAÇÃO

A Macrozona de Pouca Restrição à Ocupação compreende as áreas que


buscam atender às características rurais da área e permitir a possibilidade de
empreendimentos de baixa densidade, servindo também como uma zona de transição
para as áreas de conservação, constituída pela Zona de Uso Rural (ZUR).

3.7.1 Zona de Uso Rural – ZUR

A Zona de Uso Rural - ZUR compreende os espaços aptos ao manejo


florestal, agrícola e pecuário e visa disciplinar o uso da terra admitindo-se agricultura
intensiva e extensiva, pastagem e reflorestamento, adotando-se práticas
conservacionistas, através da orientação e fomento de técnicas de exploração
primárias adequadas sendo, portanto, necessário estabelecer política para a atividade
e não para a zona.
A Tabela 40 apresenta as diretrizes de uso da zona ZUR, e a Figura 61 a
abrangência desta zona na área do PACUERA.

208
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Tabela 40 - Zona de Uso Rural – ZUR

USOS PERMITIDOS USOS PERMISSÍVEIS USOS PROIBIDOS AÇÕES DE APOIO E CONTROLE


 Instalação de redes de
abastecimento de água e irrigação;  Abertura de valetas para águas pluviais, visando a
 Agricultura orgânica de modo
 Instalação de dutos e manutenção de áreas agrícolas, estradas e
geral;
infraestrutura necessária para carreadores internos;
 Habitações unifamiliares de
captação de água, com especial  Abertura de novas  Manutenção de estradas e de linhas de
caráter rural;
atenção ao eventual dano causado frentes de atividade de transmissão;
 Comércio e serviços rurais de
à vegetação e a devida exploração mineral de  Incentivo à realização de pesquisas científicas em
pequeno porte;
recuperação posterior; qualquer natureza. relação ao manejo integrado de solos e água.
 Agroindústria de pequeno porte
 Plano de manejo florestal;  Indústrias.  Incentivo à realização de atividades de uso
não poluente e degradadora;
 Desmatamento com a finalidade  Reflorestamento econômico de menor impacto, como o
 Sistemas agroflorestais com
de ampliação de pastagens e/ou com espécies exóticas aproveitamento de produtos naturais em substituição
espécies nativas da região;
áreas agrícolas; invasoras. a cultivo e produção de espécies exóticas ou
 Manutenção de estradas e linhas
 Instalação de infraestrutura de  Uso de agrotóxicos domésticas;
de transmissão de energia e
saneamento como tratamento de e outros biocidas;  Ações educativas e programas de capacitação e
telecomunicação e de redes de
água e esgoto e destinação  Todos os usos que incentivo ao agricultor, para incentivar utilização da
abastecimento de água e irrigação;
adequada de resíduos sólidos, por suas pecuária integrada com arborização e a adoção de
 Atividades agrossilvipastoris,
desde que devidamente autorizada características técnicas de manejo adequado dos solos, com o
desde que tomados os cuidados
pelo órgão ambiental, segundo comprometam a objetivo de controle dos processos erosivos e
devidos para o manejo integrado de
legislação pertinente; qualidade hídrica da racionalizar o uso de adubos minerais;
solos e águas;
 Reflorestamento de acordo com bacia e a qualidade de  Estímulo à utilização de técnicas de manejo
 Loteamento de chácaras
a legislação vigente. conservação do meio fitossanitário integrado;
atendendo a legislação vigente;
 Estabelecimentos ou sociedades ambiente.  Monitoramento sistemático para identificar as
 Produção doméstica diversificada;
educacionais, de pesquisa, áreas sujeitas à erosão ou a processos de
 Atividades de educação
religiosas, de saúde, recreativas, degradação, providenciando a imediata recuperação
ambiental.
desportivas e/ou culturais. e/ou prevenção;
 Restaurantes e afins.
Fonte: Sociedade da Água, 2020

209
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Figura 61 Zona de Uso Rural – ZUR
Fonte: Sociedade da Água, 2020

210
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
4 PLANO DE GERENCIAMENTO E MONITORAMENTO DO PACUERA DO
MIRINGUAVA

4.1 APRESENTAÇÃO

Quando dos processos de licenciamento para a implantação de


reservatórios d'água artificiais, a Resolução Conjunta IAP/SEDEST nº 23/2019
determina a obrigatoriedade do empreendedor elaborar o Plano Ambiental de
Conservação e Uso do Entorno dos Reservatórios Artificiais (PACUERA), de acordo
com o Termo de Referência incluído como Anexo I da citada Resolução, de forma a
atender o disposto no art. 5º, § 2º da Lei Federal nº 12.651/2012.
Desta forma, no âmbito deste capítulo do PACUERA da Barragem do
Miringuava é apresentado um Plano de Gerenciamento e Monitoramento da área de
estudo (PACUERA), configurada pelos 1.000 metros no entorno do Reservatório do
Miringuava.
Quanto às competências para a execução deste Plano de Gerenciamento
e Monitoramento, observa-se a necessidade de integração entre quatro atores locais:
• SANEPAR – Como responsável pela elaboração, divulgação, execução
e monitoramento dos Planos e Programas do empreendimento, na área do
PACUERA, com ênfase à área de 100 metros de APP variável no entorno do
reservatório, a qual já foram adquiridas pela Sanepar junto aos proprietários rurais.
• Órgãos ambientais, que atuam na implantação e execução de planos e
programas de âmbito estaduais na região do empreendimento, especialmente o
Instituto de Água e Terra - IAT, também responsável pelo controle e fiscalização do
uso racional do solo e da água, bem como a conservação da fauna e da flora regionais.
• A Prefeitura do Município de São José dos Pinhais, nas ações de
anuência, fiscalização e usos sustentáveis, em caráter complementar ao estabelecido
pelo órgão ambiental estadual, no que couber, conforme disposto na legislação
vigente.
• Proprietários de direito e dos ocupantes temporários nas áreas rurais
inseridas na faixa de 1.000 metros, excluídas as áreas da APP ciliar que serão
desapropriadas pela SANEPAR.
O Plano de Gerenciamento e Monitoramento do PACUERA do
Reservatório se destina a promover a sinergia entre as atividades desenvolvidas pelos
quatro setores da sociedade acima elencados, especialmente com a SANEPAR.
211
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
4.2 COORDENAÇÃO DO PLANO DE GESTÃO E MONITORAMENTO

No âmbito do Plano de Gerenciamento e Monitoramento do PACUERA do


Miringuava, será necessário estabelecer uma estrutura de coordenação e
supervisão de todas as atividades e programas a serem desenvolvidas no corpo
d´água do reservatório e na faixa de solo situada nos 1.000 m a partir da margem do
lago em seu enchimento máximo (cota 905 m), de forma a garantir a utilização múltipla
e sustentável desses recursos naturais.
Com vistas a evitar duplicação de esforços, logísticas, equipes e recursos
financeiros, é sugerido que essa responsabilidade recaia junto ao Programa de
Gestão e Supervisão Ambiental (PGSA), previsto no Projeto Básico Ambiental
(PBA) do empreendimento. Caso a SANEPAR julgue mais oportuno ter uma
coordenação específica para o PACUERA – podendo adotar o mesmo nome de PGSA
– deverá ser selecionado para esta função um profissional sênior, com ao menos 15
anos de experiência em atividades similares de coordenação de múltiplos programas.
Ao PGSA incumbe as seguintes responsabilidades:
 Analisar os Planos e Programas Ambientais do PBA do Miringuava (SOCIEDADE
DA ÁGUA, 2011), no que se refere aos seus objetivos, metas e atividades,
equipamentos e estruturas, equipes técnicas, e o cronograma de execução, para
determinar o grau de compatibilidade e de apoio que cada programa possui para
apoiar a execução do PACUERA. Neste sentido, a Tabela 38 do Volume II (ZEE)
efetua a comparação entre as similaridades das “Ações de Controle e Apoio” das
Normas de Uso de cada Zona do ZEE e os respectivos Programa previstos no
PBA.
 Averiguar se as diretrizes de usos e ocupação das zonas propostas para o
PACUERA estão sendo adotadas pelas diversas atividades desenvolvidas no
reservatório do Miringuava e seu entorno imediato e, ainda, se as mesmas estão
condizentes com a manutenção da qualidade das águas do reservatório.
 Implementar Plano de Automonitoramento dos Programas elencados neste
documento para serem desenvolvidos na área do PACUERA. O Plano de
Automonitoramento consiste na emissão de relatórios sistemáticos contendo os
resultados específicos e providências que venham a ser necessárias quando da
execução dos Programas, para entrega ao órgão licenciador (IAT). Os relatórios
de automonitoramento devem ter como escopo mínimo: objetivos, metas e
atividades correlacionados a marcos temporais, indicadores de execução, e ações

212
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
de ajustes a serem tomadas no caso de constatações de não conformidade com
o planejado.

Em síntese, para o presente PACUERA, o PGSA tem como objetivo


estabelecer sistema de gestão e de monitoramento que contemple o planejamento, a
coordenação e a tomada de decisão sobre todos os programas a serem executados
em seu território; bem como determinar a estrutura operacional mínima e necessária
para o uso múltiplo do reservatório do Miringuava e seu entorno imediato, promovendo
o ordenamento das atividades permissíveis em cada uma de suas zonas. Também se
responsabilizar pela elaboração e a entrega de relatórios de automonitoramento
periódicos dos planos e programas aos órgãos ambientais.
Dentro do PGSA o Sistema de Gestão da Informação - BI (Business
Intelligence) consiste em um conjunto de técnicas e de ferramentas para oferecer
suporte à tomada de decisão e ao monitoramento de resultados dos planos e
programas planejados. Com base nos dados levantados pelo sistema de BI será
estabelecido as prioridades das ações, de execução e de monitoramento dos
programas a serem desenvolvidos na área do PACUERA de acordo com as fases
designadas.
Também, terá a função de possibilitar a melhor operacionalização de
algumas medidas mitigadoras e compensatórias.
Os indicadores de cumprimento do planejamento do PGSA/ Gestão da
Informação – BI, são:
Indicador: Formação e estruturação física e operacional do PGSA utilizando
a estrutura já existente na área (adaptação da infraestrutura no eixo da barragem) ou
construindo novas edificações. Estabelecer, com base nos dados levantados a
prioridade e monitoramento dos programas a serem desenvolvidos de acordo com as
fases de implementação.
Meta: Coordenar os projetos, as medidas e as ações socioambientais
através dos dados gerados pelo sistema de BI. Elaborar relatórios de
Automonitoramento sistemáticos para o órgão ambiental
Indicador (forma de medição) da Meta: Relatório elaborado e divulgação
dos resultados dos projetos.
Forma de Monitoramento do Indicador: Inserção periódica de informações
de campo no banco de dados; avaliação de desempenho, ficha de presença, ficha de
213
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
campo; relatório das reuniões, perícias locais, protocolo e aprovação dos relatórios de
automonitoramento junto ao IAT.
Recomenda-se a criação de um site para divulgar o andamento dos
projetos, programas e ações comunitárias, cujo conteúdo será fornecido pelas equipes
do PGSA e dos programas de Comunicação Social e de Educação Ambiental.

4.3 LOGÍSTICA E INFRAESTRUTURA OPERACIONAL

O PGSA deverá disponibilizar logística e infraestrutura operacional para dar


suporte ao desenvolvimento de dois grupos de programas estabelecidos na Licença
de Instalação – LI, neste PACUERA e no PBA do empreendimento:

1) Estrutura física para funcionar como Centro de Triagem, Recepção e Tratamento


de Animais Silvestres durante as atividades do Programa de Resgate da Fauna
quando do enchimento do reservatório e no monitoramento dos espécimes
resgatados e das populações existentes nas áreas de soltura. Também, para dar
suporte quando da realização das pesquisas técnico-científicas a serem
desenvolvidas tanto no âmbito de programas do empreendimento (p. ex. resgate
e aproveitamento de flora, restauração ecológica, recuperação e adensamento da
APP do reservatório), como aquelas decorrentes de parcerias com universidades
e centros de pesquisas.

A infraestrutura deste “Centro de Pesquisas e Monitoramento – CPM” deve ser


finalizada anteriormente ao início dos programas de resgate de fauna e flora na
área do reservatório. O CPM deverá ser constituído por um conjunto de
edificações, na quantidade considerada necessária, para atender as seguintes
demandas: estrutura de alojamentos para os pesquisadores e a equipe técnica
envolvida na execução dos programas, cozinha e refeitório, banheiros com
duchas, e salas para implantação de laboratórios e equipamentos, por exemplo
que possam servir para a triagem, acomodação temporária de diferentes
espécimes a serem resgatados na fase pré e durante o enchimento do
reservatório. Também, para tratamentos e cuidados dos animais por médicos-
veterinários e biólogos, até a destinação final dos animais.

2) Um outro grupo de edificação deverá ser instalada para comportar as equipes


técnicas responsáveis pelas ações dos programas de educação ambiental, de
comunicação social, além do programa de turismo e de lazer.

A localização dos dois conjuntos de estruturas físicas acima relacionadas


deverá ser objeto de deliberação entre a Sanepar (PGSA) e o órgão ambiental. Na
impossibilidade do reaproveitamento e readequação das atuais estruturas da Sanepar
existentes no canteiro de obras da área do eixo da barragem, para as finalidades do
214
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Grupo I (CPM), outro local mais adequado deverá ser selecionado e as estruturas
mencionadas ali construídas. Já para o Grupo II, a Figura 62 apresenta a sugestão
de local para a construção das estruturas de funcionamento dos programas citadas, o
qual está inserido na Sub-bacia MD 01, na coordenada aproximada de latitude -
25.635990° e longitude -49.055560° (Figura 55).

Figura 62 Local recomendado para instalação de estruturas físicasdo Grupo II


Fonte: Sociedade da Água, 2020

Ambos os grupos de edificação deverão ser providos de rampa de acesso


ao reservatório para embarcações de pequeno porte (caiaque, canoa havaiana até
OC6 e stand up paddle, wind surf).
E no Grupo II, um deck e/ou mirante para contemplação da paisagem. E
em seus arredores deverá ser implantadas trilhas lineares ao reservatório para
educação ambiental, incluindo-se trilhas interpretativas.
Cabe observar que as vias de acesso, a utilização e implantação de
estruturas físicas na APP do reservatório está limitada a 10% da área total desta APP.
A Resolução Conama nº 369, de 28/03/206, dispõe sobre os casos excepcionais, de
utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a
intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente – APP,
215
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
e seu artigo 3º afirma: O órgão ambiental estadual poderá autorizar a intervenção ou
supressão de vegetação em APP quando devidamente caracterizada e motivada,
mediante procedimento administrativo autônomo e prévio e, atendendo aos requisitos
previstos nesta Resolução e em outras normas federais, estaduais e municipais
aplicáveis, bem como em Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno dos
Reservatórios Artificiais, Plano Diretor, Plano de Uso e Ocupação do Solo,
Zoneamento Ecológico-Econômico, Plano de Manejo das Unidades de Conservação
existentes e nos casos de utilidade pública, interesse social e intervenção eventual e
de baixo impacto ambiental, observados os parâmetros da presente Resolução
CONAMA 369/2006 e a NORMAM - Normas da Autoridade Marítima.

4.4 PROGRAMAS ESPECÍFICOS PARA O PACUERA

Os programas abaixo relacionados atendem a necessidade de adequar à


nova realidade imposta a geografia regional decorrente da formação do reservatório
e as expectativas de uso deste novo ambiente, pela população, a necessária
segurança do empreendimento e a conservação e preservação dos ambientes de
entorno. Estes programas deverão contar com um maior nível de detalhamento, no
decorrer do processo de licenciamento com a participação do órgão ambiental e das
entidades intervenientes e das contribuições e preocupações emanadas pela
comunidade em geral.
A estruturação dos programas apresentados a seguir, compreende como
componentes obrigatórios e uniformes entre si: a exposição de seus objetivos
pretendidos, os indicadores, meios de verificação para tais, as partes interessadas e
a equipe técnica mínima para a sua consolidação.

Tabela 41 Etapas de implementação dos Programas propostos no PACUERA:


DURANTE
PROGRAMAS PRÉ ENCHIMENTO
ENCHIMENTO
PÓS ENCHIMENTO

Programa de Recuperação de Áreas


X X X
Degradadas
Programa de Prevenção e Controle de
Processos Erosivos da Área da Construção da X X X
Barragem
Programa Monitoramento da Qualidade da
X X X
Água
Programa de Comunicação Social X X X
Programa de Apoio aos Produtores da Área do
X X
Pacuera
Programa de Educação Ambiental X X X

216
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
DURANTE
PROGRAMAS PRÉ ENCHIMENTO
ENCHIMENTO
PÓS ENCHIMENTO

Programa de Desenvolvimento do Turismo de


X
Aventura e Ecoturismo
Programa de Recuperação e Adensamento da
X
Vegetação da Faixa Ciliar do Reservatório
Programa de Monitoramento de Conexões
Genéticas entre Áreas a Montante e a Jusante
do Reservatório Mediante Bioindicadores e X
Criação do Corredor Ecológico do Rio
Miringuava
Fonte: Sociedade da Água, 2020

Apresentamos abaixo os programas que poderão contribuir para a


conservação, monitoramento e recuperação dos recursos naturais na área do
PACUERA do Miringuava.

4.4.1 PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

O Programa de Recuperação de Áreas Degradadas tem por objetivo


recuperar os ecossistemas e suas funções de proteção do manancial, reabilitar as
áreas danificadas, em especial àquelas localizadas às margens imediatas do
reservatório. Pelo estudo de processos erosivos do ZEE da APA do Miringuava
(Sociedade da Água, 2020) foram identificados vários pontos com erosão, sendo que
a maioria estavam localizados dentro do limite da área do PACUERA.
As ações deste programa visam contribuir para a regeneração destas
áreas. As localizadas no entorno imediato do reservatório são prioritárias, e também
os taludes, as áreas antropizadas pelo intenso uso de atividades agrícolas e pecuária,
e as vias de acesso. A abrangência do programa é a delimitação do PACUERA.
Após recuperação da qualidade do solo e relevo, o fator a ser considerado
é a recomposição da vegetação nativa nas margens descapadas, o que evitará a
incidência de processos erosivos, solapamentos e a sedimentação de material terroso
no corpo hídrico. A recapagem vegetal servirá também como atenuante do impacto
da energia das ondas que possam ser geradas por ventos mais rigorosos proveniente
do futuro lago. As áreas em declive são mais suscetíveis ao carregamento de solo,
portanto a restauração de taludes também será uma ação deste programa, a
revegetação é crucial nestas áreas pois diminui o impacto da chuva na superfície e
amortece os impactos causados pelo contato água/terra.
Nas áreas fora do entorno imediato do reservatório e dentro do limite do
PACUERA há vários pontos que necessitam de recuperação, são áreas de uso
217
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
agrícola, pastagens, desmatamento, as quais devem receber cuidados especiais de
manejo de solo e o retorno à cobertura vegetal com espécies nativas da região. Estas
ações locais visam cooperar para a formação dos corredores ecológicos juntamente
com os programas estabelecidos pelo meio biótico. Ressalta-se que há áreas de
exploração mineral, que devem ser recuperadas ao término das suas atividades.
Em suma, a restauração ambiental destas áreas deverá seguir
procedimentos sequenciais de reafeiçoamento do terreno com recomposição
topográfica, restituição das condições físico-químicas do solo com camada fértil, se
for o caso com calagem e adubação, readequação de drenagem, suavização de
taludes e por fim o plantio de revestimento vegetal.
A revegetação deve ser seguida de trato cultural necessário e
monitoramento da área por um período de três anos consecutivos, no mínimo. Em
locais com processos erosivos mais graves prevê-se o uso de técnicas de engenharia,
que serão citadas nas ações deste item.
Com o intuito de tornar este roteiro efetivo serão descritos a seguir os
objetivos, as ações prioritárias, a equipe executora, e a forma de monitoramento de
eficiência deste programa.

 Objetivos Gerais

- Restaurar as áreas danificadas pelo uso agrícola, pecuária e com


desmatamentos localizadas no entorno imediato do reservatório;
- Recuperação da qualidade ambiental dos taludes no entorno do reservatório;
- Restaurar as áreas danificadas pelo uso agrícola, pecuária e com
desmatamentos nas demais áreas localizadas dentro do limite do PACUERA;
- Integração das áreas antropizadas após recuperadas aos corredores
ecológicos já definidos;
- Recuperação da área de exploração mineral dentro da área do PACUERA.
- Estabelecer limites de acesso viário ao reservatório.
- Propiciar a conservação da diversidade florística e faunística da região.

218
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
 Procedimentos metodológicos

Para cada grupo de ações serão descritos os procedimentos


metodológicos. Os grupos de ações serão divididos em três fatores principais: (i) áreas
do entorno imediato ao reservatório, (ii) taludes e formação de ondas, e (iii) demais
localidades dentro da área limite do PACUERA;

AÇÕES GRUPO I – ÁREAS DO ENTORNO IMEDIATO AO


RESERVATÓRIO

- Definição dos locais a serem recuperados - o estudo de identificação dos


pontos com processos erosivos do ZEE (Sociedade da Água, 2020) pode servir como
base para este item.
- Realizar práticas de conservação do solo, e realização de calagem e adubação
conforme necessário.
- Recomposição topográfica do terreno, promovendo a recuperação em termos
paisagísticos e de escoamento superficial adequado e drenagem.
- Definição das espécies nativas do ecossistema local, a serem utilizadas na
restauração ecológica, e realizar a recomposição vegetal.
- Isolamento através de cercamento das áreas objeto da recomposição,
especialmente quando houver a movimentação de animais no local.
- Em áreas vulneráveis à deslizamentos e carregamento de solo recomendam-
se medidas de controle, prevenção e recuperação com obras de engenharia como
enrocamento, retaludamentos, barreiras de proteção contra ondas, e rip-rap somada
à revegetação, a fim de estabilizar as margens e conter processos erosivos.
- Monitoramento das áreas objeto de recuperação.
- Cercamento e sinalização das áreas de APP no entorno imediato do
reservatório, especialmente as áreas que são conectadas com as vias de acesso
público, para impedir a circulação antrópica local.

AÇÕES GRUPO II – TALUDES E FORMAÇÃO DE ONDAS

No entorno do reservatório do Miringuava existem áreas com declives, e


algumas delas sem vegetação e eminentes à erosão, as quais após o enchimento se
tornarão mais instáveis pela saturação do solo, variação de nível de água e energia
219
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
de embate de ondas do lago. Nestas localidades faz-se necessária a recuperação da
estabilidade anterior ao enchimento. Este programa tem caráter emergencial.
As ações aplicadas devem ser preventivas e corretivas, e caso necessário
deverão serem aplicadas técnicas de engenharia adequadas à cada situação.
Recomenda-se, a realização de técnicas de bioengenharia de solos, a exemplo,
biomantas ou telas vegetais que podem ser somadas à materiais sólidos como
madeiras e pedras. Biomantas são degradáveis e servem de matéria orgânica para o
solo. Em taludes com ângulos acima de 45º torna-se uma alternativa viável e
sustentável.
Reservatórios estão sujeitos à formação de ondas, as quais são um dos
principais fatores de modelamento das margens, visto que a energia gerada promove
o desgate e desagregação do solo pelo constante embate da água, em especial na
zona de perturbação localizada entre os níveis de base e pico de inundação. Os
prejuízos são os grandes movimentos de massa por cisalhamento, solapamento de
base, lixiviação, sedimentação e aumento da quantidade de sólidos suspensos na
água.
O vento dominante na região do PACUERA é proveniente do Norte, e as
margens do reservatório ao sul poderão ser as mais atingidas pela formação destas
ondas.
A seguir estão as ações prioritárias para este programa:
- Identificar áreas em declive no entorno imediato do reservatório para
recuperação, e em especial àquelas superiores à 45%, sem cobertura vegetal, e que
já apresentam processos erosivos, bem como taludes que sejam vulneráveis à
degradação pelo impacto de ondas. As Figuras 8 e 9 podem ser referência inicial deste
item.

- Recuperação da cobertura vegetal nestas áreas, o que servirá como


amortecimento aos impactos do embate água/terra.
- Identificar as áreas com drenagem danificada a fim de controlar o fluxo d’água
superficial responsável pelos processos erosivos.
- Para as áreas com drenagem insuficiente deve-se promover a construção de
canais de condução de água superficial adequados, enrocamentos entre outros.
- Em áreas com erosão linear, ravinamento com riscos à deslizamentos
recomendam-se a restauração com obras de engenharia, como enrocamento,
retaludamentos, barreiras de proteção contra ondas, e rip-rap adicionada a
220
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
revegetação, a fim de estabilizar as margens e conter o carregamento do material
terroso.
- Em áreas em declive recomenda-se, também, técnicas de bioengenharia, com
mantas vegetais somadas à materiais sólidos naturais, em especial na zona de
perturbação no entorno do reservatório.

AÇÕES GRUPO III – DEMAIS LOCALIDADES COM PROCESSOS


EROSIVOS

Além da área do entorno imediato ao reservatório, há a ocorrência de


processos erosivos, alguns crônicos de uso agrícola, pastagens, desmatamentos,
locais de aberturas de vias de acessos, e sem cobertura vegetal ao longo da área do
PACUERA. Esses pontos isolados necessitam de medidas corretivas, pois apesar de
não serem localizadas vizinhas ao futuro lago, a contaminação e a lixiação do solo
pode atingir o corpo hídrico. As ações de recuperação são as seguintes:
- Identificar as áreas isoladas a serem recuperadas - o estudo dos pontos com
processos erosivos do ZEE (Sociedade da Água, 2020) pode servir como base para
este item.
- Iniciar com a recomposição topográfica dos terrenos degradados, recuperação
da qualidade do solo, com correção (calagem ou adubação se necessário), e
restauração da drenagem.
- Em áreas de erosão lineares mais intensas pode-se utilizar técnicas de
bioengenharia, com mantas vegetais associadas a material inerte, e criar canais de
drenagem e dissipadores da velocidade do fluxo d’água superficial.
- Nas vias de acesso e estradas com erosão e sem drenagem deve-se promover
ações que reduzam o escoamento superficial intenso, com dissipadores de energia, e
implantação de canais para o fluxo d’água e, caixas de contenção de sedimentos para
evitar o carregamento de particulados para o corpo hídrico.
- Em áreas com inclinação e taludes devem ser feito o remodelamento com o
objetivo de reduzir o grau de declividade, e criar estruturas de proteção com técnicas
de retaludamento, enrocamento e as demais citadas, e posteriormente a revegetação.
- Também devem ser recuperadas as áreas de declives no entorno imediato dos
afluentes do rio Miringuava que estão inseridos dentro da área do limite do PACUERA,
aplicando as mesmas medidas de correção e ação do GRUPO II.

221
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
- Após conter e tratar os locais com erosão é primordial a recomposição da
cobertura vegetal com espécies nativas da região e efetuar o isolamento da área com
cercamentos e disposição de sinalização.
- Realizar a recuperação ambiental após término de atividades de exploração
mineral localizadas na área do PACUERA.
- Cercamento e sinalização das áreas objeto de recuperação, especialmente as
áreas que são conectadas com as vias de acesso público, para impedir a circulação
antrópica nessas áreas.
- Monitoramento das áreas de recuperação.

 Monitoramento

Recomenda-se o monitoramento das áreas objeto de recuperação por um


período de no mínimo três anos consecutivos. Uma das medidas de monitoramento
antecedente ao enchimento é a realização de visitas de campos a cada três meses, e
checar se as medidas de contenção, correção e prevenção estão surtindo bons efeitos
e também analisar se houve o aparecimento de novas frentes erosivas, bem como
analisar as áreas de recomposição vegetal para acompanhar seu desenvolvimento e
se necessário realizar o replantio das mudas que não vingaram.
Processos erosivos, ausência de mata ciliar e solo exposto são causadores
de grande aporte de sedimentos de material terroso para as águas do reservatório,
portanto, uma das formas de monitorar se na área do PACUERA após o enchimento
está tendo uma restauração favorável, é realizar o monitoramento trimestral da
qualidade da água, e checar o aporte de sedimento para o corpo hídrico, com análises
de parâmetros como sólidos suspensos, fósforo, turbidez, e outros estabelecidos pela
equipe executora do programa. Se o aporte de sedimentos aumentar, é um indicador
que as medidas adotadas de recuperação não estão sendo suficientes, então
recomenda-se uma revisão no planejamento e retomada de novas medidas de
recuperação.

222
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
 Equipe técnica

- Profissional especializado em recuperação ambiental (engenheiro


florestal, engenheiro agrônomo, engenheiro ambiental ou biólogo com
formação em botânica);
- Profissionais especializados em construção de estruturas de sustenção
ou contenção de erosão (engenheiro civil, engenheiro ambiental e
geólogo);
- Equipe de topografia e geógrafos; e
- Equipe de apoio em campo (auxiliares).

 Potenciais parceiros

- Universidades que tenham pesquisas ou atividades no tema de


recuperação ambiental, destacando-se a Universidade Federal do
Paraná.
- EMBRAPA.
- ONGs.
- Empresas de consultoria.

Interface com outros programas: Possui relação com a maioria dos


outros programas deste trabalho, em especial o Programa de Comunicação Social,
Educação Ambiental e Programa de Monitoramento da Qualidade da Água.

4.4.2 PROGRAMA DE PREVENÇÃO E CONTROLE DE PROCESSOS


EROSIVOS DA ÁREA DA CONSTRUÇÃO DA BARRAGEM

Na área da construção da barragem há a ocorrência de processos erosivos


graves e sua recuperação deve tem caráter emergencial e deve ser realizado
antecedente ao enchimento do reservatório. A área a ser recuperada tem
aproximadamente 22,0 hectares de solo exposto e se não recuperado antes do
enchimento haverá um grande aporte de material terroso no corpo hídrico, e o
comprometimento da qualidade da água.
223
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
 Objetivos

- Recuperar a área da construção da barragem a fim de evitar o


carregamento de material terroso para as águas do futuro reservatório,
aumentar a resistência das margens à erosão de embate e recomposição
vegetal em toda área de solo exposto.

Figura 63 Área de Construção da Barragem a ser recuperada


Fonte: Google Earth,18/05/2020

 Procedimentos metodológicos

Para recuperação da área deve-se realizar uma inspeção de campo


antecedente, realizar o levantamento de cada área a ser recuperada e o grau de
degradação. Sucintamente, deve-se realizar o reafeiçoamento dos terrenos, recuperar
a qualidade do solo, drenagem e a revegetação, e para os processos erosivos mais
graves como voçoroca e ravinamento, realizar a reestruturação com obras de
engenharia e bioengenharia. Nas áreas de declive e com taludes mais íngrimes
realizar a sustenção da base, drenagens eficientes, recuperação do solo e
recomposição vegetal.
A seguir seguem as ações prioritárias a serem desenvolvidas neste
programa:
- Realizar uma inspeção em toda área e identificar os problemas estruturais e de
erosão de cada local, e traçar um plano e cronograma específico para cada situação
encontrada.
224
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
- Realizar o reafeiçoamento do terreno, atenuação dos locais com declives
elevados, eliminação de possíveis fossas, poços e demais perfurações executadas
durante a obra.
- Recuperação da qualidade do solo, com medidas de correção (calagem e
adubação se necessário).
- Recuperação das áreas de empréstimos com erosão, se necessário com medidas
de engenharia e/ou bioengenharia.
- Em casos de erosão mais graves, como voçorocas e grandes rupturas de solo,
recuperar a forma estrutural externa, utilizando muro de arrimo, ou com técnicas de
bioengenharia com mantas vegetais associadas a material inerte como madeiras,
pedras, etc. Se necessário, preencher os vazios internos com pedra de mão, ou solo
adequado, disponibilizando meios de drenagem superficiais e profundos adequados
para atenuar o processo evolutivo de ruptura e desagregação do solo. Deve-se,
também, realizar medidas de dissipação da energia do fluxo de águas superficiais
próximas ao local de recuperação, e a recomposição da vegetação.
- Em áreas de declives, aterros e taludes, deve-se realizar o reafeiçoamento do
relevo, e quando necessário efetuar a reestruturação da base contra processos
erosivos e desmoronamentos com enrocamento, terra armada, terra argamassada,
retaludamento, ou de preferência com técnicas de bioengenharia. E caso estas áreas
estejam no entorno imediato do futuro lago, estas estruturas devem ser estendidas
até a cota máxima de cheia do reservatório, afim de amortecer os impactos do embate
de água/terra.
- Criar um veículo de monitoramento nas áreas com declive que possam ser futuras
fontes de sedimentos.
- Construir nessas estruturas um sistema de drenagens superficiais e subterrâneas
eficientes.
- Nos demais locais criar medidas de retenção de sedimentos e controle de erosão.
- Após estas medidas realizar de imediato a recomposição de cobertura vegetal em
toda a área de solo exposto, com espécies nativas da região.
- Cercamento e sinalização das áreas objeto de recuperação, especialmente as
áreas que são conectadas com as vias de acesso público, para impedir a circulação
antrópica nessas áreas.
- Monitoramento das áreas de recuperação.

225
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
 Monitoramento

Após realizadas as ações de recuperação ambiental da área, é necessário


o monitoramento por, no mínimo, três anos consecutivos para analisar se os
procedimentos adotados estão resultando em melhorias significativas na restauração
do local. Uma das medidas de monitoramento antecedente ao enchimento é a
realização de visitas de campo intercaladas a cada três meses em todo local, e checar
se as medidas de contenção, correção e prevenção estão surtindo bons efeitos e
também analisar se houve o aparecimento de novas frentes erosivas.
Processos erosivos, ausência de mata ciliar e solo exposto são causadores
de grande aporte de sedimentos de material terroso para as águas do reservatório,
portanto, uma das formas de monitorar se a área após o enchimento está tendo uma
restauração favorável é realizar o monitoramento trimestral da qualidade da água, e
checar o aporte de sedimento para o corpo hídrico, como no programa anterior.

 Equipe técnica

- Profissional especializado em recuperação ambiental (engenheiro


florestal, engenheiro agrônomo, engenheiro ambiental ou biólogo);
- Profissionais especializados em construção de estruturas de sustenção
ou contenção de erosão (engenheiro civil, engenheiro ambiental e
geólogo)
- Equipe de topografia e geógrafos.
- Equipe de apoio em campo (auxiliares).

 Potenciais parceiros

- Universidades que tenham pesquisas ou atividades no tema de


recuperação ambiental, destacando-se a Universidade Federal do
Paraná.
- EMBRAPA.
- ONGs.
- Empresas de consultoria.

226
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Interface com outros programas: Possui relação com a maioria dos
outros programas deste trabalho, em especial o Programa de Comunicação Social,
Educação Ambiental e Programa de Monitoramento da Qualidade da Água.

4.4.3 PROGRAMA MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA

A qualidade da água é um dos principais indicadores da qualidade


ambiental de uma bacia hidrográfica. Neste contexto, a análise periódica da qualidade
da água é fundamental para checar a funcionalidade dos demais programas do meio
físico. E é um indicador da qualidade do solo, do conhecimento do uso antrópico na
área do PACUERA, e também é essencial para identificar os futuros cuidados que a
concessionária terá que providenciar para o tratamento da água.
A SANEPAR já tem um programa de monitoramento em pontos específicos
para o monitoramento da água (Figura 10). Neste programa será estabelecido novos
pontos para identificar os possíveis sitios de origem dos passivos ambientais na área
do PACUERA.

 Procedimentos metodológicos

O monitoramento da água deve ser periódico a cada três meses, e deve


englobar os parâmetros que compõem o Índice de Qualidade da Água (IQA), metais
e análise cromotográficas, incluindo agrotóxidos, pesticidas, praguicidas entre outros,
tendo como base a Tabela 42, de parâmetros já analisados pela SANEPAR.
Os novos pontos incluídos neste programa de monitoramento são
apresentados na Figura 64.

Tabela 42 Parâmetros de Monitoramento da Qualidade da Água


Parâmetros IQA Metais Cromatagráficas
Oxigênio Dissolvido Alumínio Sóluvel 1,1 Dicloroeteno
Escherichia Coli Antimônio 1,2 Dicloroetano
pH Arsênio Alaclor
DQO Bário Aldrin e Dieldrin
Nitrogênio total Berílio Atrazina
Fósforo Total Boro Clordano (isômeros)
Sólidos Dissolvidos Cádmio DDT (isômeros Totais: pp’ DDE/DDD/DDT)
Turbidez Chumbo Diclorometano
Cobalto Dodecacloropentaciclodecano (Mirex)
Chumbo Diclometano
227
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Parâmetros IQA Metais Cromatagráficas
Cobalto Dodecacloropentaciclodecano (Mirex)
Cobre Solúvel Endossulfan(I+II+sulfato)
Cromo Endrin
Ferro Solúvel Estireno
Fósforo Etilbenzeno
Lítio Heptacloro e Heptacloro epóxido
Mercúrio Hexaclorobenzeno
Manganês Lindano (g-BHC)
Níquel Metaxicloro
Prata PAH’s (Benzo A Pireno)
Selênio Permetrina
Urânio Simazina
Vanádio Tetracloreto de Carbono
Zinco Tetracloroeteno
Tolueno
Triclorobenzenos
Tricloroeteno
Xileno
Fonte: Sociedade da Água, 2020, adaptado de Sanepar (Relatório Técnico 087/2019-GHID)

Figura 64 Proposição de novos pontos de monitoramento da água.


Sociedade da Água, 2020

228
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Este programa também deve ser realizado com as demais indicações
metodológicas do Programa de Monitoramento da Qualidade das Águas do Rio
Miringuava, já estabelecido pelo PBA (Projeto Básico Ambiental, 2011), que são
obrigatórios ao licenciamento ambiental do empreendimento.

 Monitoramento

Realizada a primeira campanha de monitoramento deve-se estabelecer as


novas metas de qualidade da água estimados. Devem ser desenvolvidos trabalhos de
conscientização ambiental na área do PACUERA com a comunidade e poder público,
para o uso adequado e manejo do solo, sem o uso de defensores agrícolas.

 Equipe técnica

- Especialistas para coleta e análise de água (químico ambiental,


engenheiro ambiental, biólogo e afins).

 Potenciais parceiros

- Universidades que tenham pesquisas ou atividades no tema


destacando-se a Universidade Federal do Paraná.
- ONGs.
- Laboratórios de análise de água.
- Empresas de consultoria.

Interface com outros programas: Possui relação com todos os outros


programas dos meios físico e biótico deste trabalho em especial com o Programa de
Comunicação Social e Educação Ambiental.

229
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
4.4.4 PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO E ADENSAMENTO DA
VEGETAÇÃO DA FAIXA CILIAR DO RESERVATÓRIO

As matas ciliares marginais a rios, lagos e inclusive a reservatórios


artificiais desempenham importantes funções ecológicas e hidrológicas, atuando na
defesa dos corpos d'água e como corredores de dispersão da flora e da fauna. A
instalação de barragens pode influenciar esses processos de maneira negativa,
interrompendo o fluxo gênico entre populações animais e vegetais que habitam
exclusivamente este tipo de hábitat e gerando processos de risco para a qualidade
hídrica e, em consequência, para a biota aquática e para a operação do próprio
empreendimento em si.
A recuperação de áreas degradadas consiste em uma das ações previstas
pela Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) para a minimização de impactos
ambientais atrelados a empreendimentos. No caso da formação de reservatórios
artificias, além de buscar minimizar os impactos da perda da vegetação e de hábitats
da fauna, a recuperação de áreas degradadas marginais a corpos d’água visa à
manutenção dos serviços ambientais prestados pela vegetação ciliar. Para tanto, as
ações que fazem parte de programas e subprogramas de recuperação devem
envolver tanto a restauração da fertilidade de solos quanto a recomposição da
vegetação nativa e, quando possível, da fauna associada a tais componentes.
O presente programa visa à recuperação da faixa ciliar do futuro
reservatório da barragem do Miringuava, objetivando tanto a conservação do
patrimônio biológico da área de influência do empreendimento quanto a minimização
dos impactos que podem advir de processos erosivos, carreamento de resíduos para
o corpo d’água, assoreamento, além de outros efeitos negativos sobre a
sustentabilidade e a qualidade dos ecossistemas aquáticos e terrestres.

 Objetivos

 Recuperar e conservar a vegetação nativa no entorno do reservatório do


rio Miringuava e sua fauna associada;
 Compensar parcialmente a supressão da vegetação marginal ao rio
Miringuava pela formação do reservatório;

230
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
 Melhorar as condições de estabilidade do meio físico no entorno do
reservatório;
 Promover a regularização do regime hídrico no reservatório e minimizar
riscos de assoreamento;
 Criar condições de abrigo para a fauna deslocada pela formação do
reservatório;
 Minimizar as condições de fragmentação da paisagem no entorno do
empreendimento;
 Contribuir com a formação de um corredor ecológico no âmbito da bacia do
Miringuava;
 Atender a condicionantes legais referentes à conservação de áreas de
preservação permanente prevista na Lei Florestal nacional.

Procedimento metodológico

Meta 01: Avaliação preliminar das áreas a serem objeto de recuperação no


entorno do futuro reservatório, considerando a faixa média de 100 metros.
Indicador (forma de medição): Dimensões e mapeamento de áreas a
serem objeto de intervenção.
Forma de monitoramento do indicador: Avaliação de imagens
atualizadas de satélite e mapeamento do uso e ocupação atual do solo; demarcação
das áreas em mapa.
Meta 02: Caracterização das áreas a serem objeto de recuperação e
definição dos procedimentos a serem adotados.
Indicador (forma de medição): Tipos de intervenção a serem adotados
conforme as condições edáficas e estado atual de conservação das áreas.
Forma de monitoramento do indicador: Avaliação de campo das áreas
mapeadas e dimensionadas com vistas à verificação dos tipos de intervenção
requeridos em cada área (e.g., recomposição topográfica, recuperação das condições
físico-químicas do solo, plantio de espécies vegetais nativas em larga escala;
espécies vegetais a serem plantadas conforme caracterização edáfica; possibilidade
de intervenção mínima apenas com adensamento vegetal ou nucleação, etc.).
Especial atenção deverá ser dada à porção final das estradas que chegarão e serão

231
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
interceptadas pela formação do reservatório, uma vez que estas serão importantes
fontes de material particulado decorrentes de processos erosivos. Tais áreas deverão
ser objeto de manejo do solo e recuperação imediata.
Meta 03: Elaboração de projeto executivo de recuperação.
Indicador (forma de medição): Métodos de recuperação a serem
adotados conforme avaliação de campo, incluindo procedimentos para o manejo do
solo, seleção de espécies para a recuperação da vegetação, tratos silviculturais,
controles de pragas, adensamento vegetal e procedimentos para atração da fauna,
dentre outros.
Forma de monitoramento do indicador: Correlação entre a
caracterização ambiental efetuada e as possibilidades e quantidades de intervenções
requeridas.
Meta 04: Elaboração de projeto de monitoramento da recuperação
ambiental.
Indicador (forma de medição): Métodos de monitoramento condizentes
com as tipologias de vegetação a serem recuperadas, considerando espécies-chave
de cada tipologia (flora e fauna) e as suas interações ambientais.
Forma de monitoramento do indicador: Implementação do projeto de
monitoramento em até um ano após o início da recuperação ambiental.
Duração do Programa: Até 03 (três) anos após o enchimento do
reservatório, podendo ser prorrogado de acordo com a evolução do processo de
recuperação ambiental.
Equipe técnica: A equipe básica para executar este programa deverá ser
composta por pelo menos um profissional de nível superior habilitado em trabalhos na
recuperação ambiental (biólogo, engenheiro florestal, engenheiro agrônomo ou
engenheiro ambiental). Poderá ser realizado pela própria Sanepar ou através da
contratação de empresa terceirizada.

Potenciais parceiros:

- Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo –


Sedest.
- Empresa concessionária – Sanepar.
- Empresas privadas e OSC’s (Organizações da Sociedade Civil)
parceiras.
232
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Interface com outros programas: O programa de recuperação e
adensamento da vegetação da faixa ciliar do reservatório possui relação com todos
os outros programas dos meios físico e biótico deste Plano, em especial o Programa
de Recuperação de Áreas Degradadas, bem como com o Programa de Comunicação
Social e Educação Ambiental.

4.4.5 PROGRAMA DE MONITORAMENTO DE CONEXÕES GENÉTICAS


ENTRE ÁREAS A MONTANTE E A JUSANTE DO RESERVATÓRIO
MEDIANTE BIOINDICADORES E CRIAÇÃO DO CORREDOR
ECOLÓGICO DO RIO MIRINGUAVA

A bacia do rio Miringuava insere-se em uma região de contato entre os


elementos bióticos da Floresta Atlântica e da Floresta com Araucária e Campos
Limpos do Primeiro Planalto Paranaense, caracterizando assim uma área de tensão
ecológica entre estes ecossistemas. Em função disso, a região apresenta uma rica
biodiversidade, bem como interações ecológicas complexas e possivelmente
estruturadas de maneira particular. Desta forma, consiste em uma região de grande
importância conservacionista.
A maior parcela da área a ser suprimida pela formação do reservatório do
rio Miringuava abrange remanescentes de vegetação nativa, em especial florestas
aluviais e matas ciliares, além de formações pioneiras de influência fluvial. Este
mosaico de ambientes não é exclusivo da área de inundação, sendo também
representados por remanescentes localizados a montante e a jusante do
empreendimento no rio Miringuava em si, bem como em demais áreas da bacia. Assim
sendo, de forma a garantir a manutenção dos fluxos gênicos entre todas essas
regiões, recomenda-se a criação de um corredor ecológico, o qual abrangeria tanto
as áreas naturais a montante e a jusante quanto a faixa ciliar e demais remanescentes
de vegetação nativa dispersos no contexto da bacia de contribuição do reservatório,
muitos dos quais abrangendo reservas legais e APPs das propriedades rurais.
Nesse sentido, o corredor ecológico não consistirá, assim, em uma área
sujeita a restrições quanto aos processos produtivos das propriedades rurais, mas sim
no espaço territorial ao qual tais propriedades já estarão sujeitas à observância dos
aspectos legais. O presente projeto visará apenas a avaliação contínua da eficiência
233
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
das ações de conservação já desenvolvidas na bacia, tendo no reservatório do
Miringuava um elemento central de conectividade entre as áreas naturais locais.

Objetivo
 Monitorar a manutenção das conexões bióticas entre os remanescentes de
vegetação nativa presentes na bacia de contribuição do reservatório do
Miringuava;
 Efetuar a proposição de criação de um corredor ecológico da bacia do
Miringuava, tendo na faixa ciliar do reservatório e nas reservas legais da
bacia as áreas nucleares de conectividade.
 Articular com o Governo do Estado do Paraná a possibilidade de
Pagamento de Serviços Ambientais (PSA) às propriedades que se
integrarem à criação do corredor ecológico local.

Procedimentos Metodológicos
Meta 01: Avaliar a distribuição dos remanescentes de diferentes tipologias
vegetacionais naturais na bacia de contribuição do reservatório do rio Miringuava após
a formação do reservatório e estabelecimento da faixa ciliar do mesmo.
Indicador (forma de medição): Distribuição e dimensões das tipologias
vegetacionais da bacia.
Forma de monitoramento do indicador: Mapeamento atualizado do uso
e ocupação do solo, com a delimitação e quantificação das diferentes tipologias
vegetacionais naturais, incluindo a faixa ciliar do reservatório.
Meta 02: Efetuar a eleição e o mapeamento de espécies indicadoras (flora
e fauna) de cada uma das tipologias vegetacionais diagnosticadas e capazes de
serem utilizadas na avaliação da eficiência do corredor ecológico a ser delimitado
localmente, atentando para sua distribuição entre as áreas de montante e jusante e
em demais porções da bacia.
Indicador (forma de medição): Pelo menos três indicadores ambientais
da vegetação e de cada grupo de vertebrados para cada tipologia vegetacional
selecionada, os quais deverão contemplar critérios de elegibilidade de um bom
indicador ambiental (i.e., ser de fácil amostragem em campo, ser especializado em
relação às condições ambientais das tipologias vegetacionais aos quais é associado
e apresentar fácil distinção taxonômica).
234
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Forma de monitoramento do indicador: Elaboração de projetos
executivos de monitoramento, contemplando campanhas amostrais trimestrais
durante um período mínimo de cinco anos e avaliações entre áreas localizadas a
montante e a jusante do reservatório, em pontos da faixa ciliar e em pontos na bacia
de contribuição.
Meta 03: Proposta de Criação do Corredor Ecológico do Miringuava
Indicador (forma de medição): Definição do layout do corredor a partir da
avaliação das conexões bióticas presentes na bacia, bem como em avaliações
atualizadas do uso e ocupação do solo local.
Forma de monitoramento do indicador: Uma vez concluídos os estudos
de monitoramento dos indicadores, será efetuada uma nova avaliação das condições
do uso e ocupação do solo da bacia. Os indicadores serão então mapeados nesse
contexto, sendo avaliadas as possibilidades de conexões entre todo o conjunto de
áreas, tendo nas reservas legais, na faixa ciliar do reservatório e em demais áreas
protegidas locais a delimitação de áreas nucleares de biodiversidade e, nas demais
APPs, as áreas de conexões. As propriedades distribuídas desse mosaico serão
então convidadas a integrar o corredor, sendo facultado a elas a possibilidade de
Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA) mediante a adoção de ações de
conservação e uso sustentável dos remanescentes de vegetação nativa locais. Para
tanto, a SANEPAR deverá articular com o Governo do Estado um processo de
integração do corredor a este sistema, bem como de diretrizes e normas para a
criação do sistema de PSA em nível local.
Duração do Programa: Até 06 (seis) anos após o enchimento do
reservatório, sendo 05 (cinco) destinados à realização de estudos e 01 (um) à criação
do corredor ecológico.
Equipe técnica: A equipe básica para executar este programa deverá ser
composta por pelo menos cinco biólogos para a realização dos estudos sobre flora e
fauna e por um biólogo, engenheiro florestal ou engenheiro ambiental para a gestão
do projeto. Poderá ser realizado pela própria Sanepar ou através da contratação de
empresa terceirizada e poderá ser realizado em conjunto com o IAT.

Potenciais parceiros:

- Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Paraná, através do IAT –


Instituto Água e Terra.
235
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
- Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais, através das secretarias
relacionadas aos temas.
- Empresa concessionária – Sanepar.
- Empresas privadas e ONG’s parceiras.

Interface com outros programas: O Programa de Apoio aos Produtores


da Área do Pacuera possui relação com o Programa de Recuperação e Adensamento
da Vegetação da Faixa Ciliar do Reservatório e com o Programa de Comunicação
Social e Educação Ambiental.

4.4.6 PROGRAMA DE COMPENSAÇÃO AMBIENTAL

Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo


impacto ambiental, com fundamento em estudo de impacto ambiental e respectivo
relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e
manutenção de unidade de conservação do grupo de Proteção Integral. De acordo
com o disposto na Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei nº
9,985/2000) e em seu Regulamento...“O montante de recursos a ser destinado pelo
empreendedor para esta finalidade não pode ser inferior a meio por cento dos custos
totais previstos para a implantação do empreendimento, sendo o percentual fixado
pelo órgão ambiental licenciador, de acordo com o grau de impacto ambiental causado
pelo empreendimento.”
Ao órgão ambiental licenciador compete definir as unidades de
conservação a serem beneficiadas, considerando as propostas apresentadas no
EIA/RIMA e ouvido o empreendedor, podendo inclusive ser contemplada a criação de
novas unidades de conservação.
Quando o empreendimento afetar Unidade de Conservação específica ou
sua zona de amortecimento, o licenciamento a que se refere o caput deste artigo só
poderá ser concedido mediante autorização do órgão responsável por sua
administração, e a unidade afetada, mesmo que não pertencente ao grupo de
Proteção Integral, deverá ser uma das beneficiárias da compensação definida neste
artigo.

236
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
A fundamenção legal para a figura da Compensação Ambiental encontra-
se estabelecida nas seguintes normas:
 Lei Federal 6.938/81 - Estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente
 Lei Federal 9.985/00 - Institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação
– SNUC
 Decreto Federal 4.340/02 - Regulamenta artigos da Lei nº 9.985, de 18 de julho
de 2000;
 Decreto Federal 6.848/09 - Altera e acrescenta dispositivos ao Decreto no
4.340/02.
 Resolução CONAMA 371/06- Estabelece diretrizes para o cálculo, cobrança,
aplicação, aprovação e controle de gastos de recursos advindos de
compensação ambiental, com base no SNUC.
 Resolução Conjunta SEMA / IAP 01/2010 - Aprova metodologia de cálculo para
valoração do impacto ambiental.
 Portaria IAP Nº 156 de 24 de Maio de 2013.
Não é possível o detalhamento deste Programa, na atual fase pois os
órgãos ambientais de âmbito federal (IBAMA) e estadual (IAT), estão efetuando
análise dos estudos ambientais para valoração do grau de impacto ambiental e dos
condicionantes e valores mínimos a serem estabelecidos como compensação
ambiental aos impactos da supressão e alagamento da vegetação na área do
reservatório do Miringuava.
Desta forma, a elaboração da proposta executiva deste programa, com os
critérios para a seleção de áreas para compensação ambiental (UCs existentes ou o
estabelecimento de nova UC) estão atreladas a essas deliberações dos referidos
órgãos ambientais. Adiante-se, no entanto, a manifestação de interesse da Sanepar
em identificar uma propriedade no interior da APA do Miringuava para a criação de
uma RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural.

4.4.7 PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

Os projetos ambientais trabalham para transformar uma realidade. Nesse


processo de transformação, a comunicação é a ferramenta para a mobilização social,
porque é através dela que os projetos conseguem envolver as pessoas, criando o
sentimento de participação e responsabilidade. A comunicação será utilizada não
237
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
apenas para divulgar os resultados das ações realizadas relacionadas ao
empreendimento, mas também para subsidiar todo o processo de mobilização social.
Todas os programas propostos incluem a participação da Comunicação
Social, principalmente os programas de educação ambiental e os programas que
envolvem a comunidade de uma forma geral.

Objetivos

- Estabelecer procedimentos para o repasse de informações relevantes à


comunidade, de forma padronizada e oficial. Comunicação do andamento dos
projetos, programas e medidas à comunidade local e as partes interessadas.
- Estabelecer canais permanentes de comunicação entre o empreendedor
e o público interessado, particularmente com a comunidade diretamente afetada
durante a construção e, posteriormente, a operação do reservatório e criação da APA
e PACUERA.
- Possibilitar a melhor operacionalização de algumas medidas mitigadoras
e compensatórias, mediante a adequação das ações à realidade apresentada pelos
moradores;
Meta 01: Continuidade das reuniões comunitárias com caráter informativo
e educativo, abrangendo principalmente os moradores da área da APA e do
PACUERA.
Indicador (forma de medição) da Meta: Documentos emitidos junto à
comunidade, listas de presença em reuniões e lista de participação em palestras,
oficina e o que mais houver; controle de visitantes.
Meta 02: Continuidade no atendimento presencial no centro de apoio da
Sanepar localizado próximo ao empreendimento.
Indicador (forma de medição) da Meta: Lista de presença
Duração do Programa: Até 03 (três) anos após o enchimento do
reservatório, podendo ser prorrogado de acordo com a resposta da comunidade.
Equipe técnica: A equipe básica para executar este programa deverá ser
composta por 02 (dois) ou mais profissionais de nível superior, com habilidade em
trabalhos na área socioambiental. Poderá ser realizado pela própria Sanepar ou
através da contratação de empresa terceirizada.

238
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Partes Interessadas: Comunidade local, IAT, SANEPAR e órgão públicos
que atuam na região.

4.4.8 PROGRAMA DE APOIO AOS PRODUTORES DA ÁREA DO


PACUERA

Aproximadamente 30% das propriedades na área do PACUERA estão


ocupadas com agricultura, pastagem ou com reflorestamento (exóticas). A produção
olerícola convencional empregada, utiliza adubos minerais, cama-de-aviário e
agroquímicos, de forma intensiva e sem controle agronômico adequado, sem base em
análise de solo, predominando o uso de fórmulas comuns disponíveis no mercado e
recomendadas pelo vendedor de acordo com o costume da região. Há problemas de
erosão do solo por falta de práticas de manejo de água das chuvas, erosão laminar e
sulcos de erosão; o solo permanece na maior parte do tempo descoberto uma vez que
poucos realizam uma adubação verde ou implantam uma cobertura vegetal
temporária no período de entre safra, favorecendo a pulverização e erosão desse solo.
Os produtores que utilizam agrotóxicos não apresentam domínio total da técnica de
aplicação de insumos, não recebem assistência técnica para este quesito e também
não têm o costume de utilizar proteção individual para efetuar as aplicações.
No caso das pastagens, elas se apresentam com índices relativamente
baixos de produção de forragem e não se faz uma reposição de nutrientes no solo, o
que reduz a capacidade de produção de biomassa, consequentemente reduzindo a
proteção do solo.
Os agricultores acreditam que restrições impostas pelo empreendimento
irão alterar o modo de vida da comunidade, acarretando mudança no território e
restrições de gestão das suas terras.
Objetivos
Implementar ações que visem apresentar aos produtores alternativas
tecnológicas para racionalizar a produção existente tornando-a compatível com uso
para fins de captação de água sem comprometer sua renda e modo de vida, através
de assistência técnica pelo período de até 3 (três) anos após o enchimento do
reservatório.
Meta 01: Planejar, fomentar e/ou executar a nível de propriedade,
assistência técnica especializada, voltada à produção orgânica, sistemas
239
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
agroflorestais, meliponicultura, produção integrada de hortaliças, aplicação de
técnicas de manejo fitossanitário integrado, pecuária integrada com arborização, a
adoção de técnicas de manejo adequado dos solos, (construção de terraços, manejo
da palhada em superfície, cordão de contorno vegetado, plantio em nível, plantio em
faixas, etc.), entre outras em substituição aos métodos tradicionais empregados.
Indicador (forma de medição) da Meta: Número de propriedades
participantes.
Forma de monitoramento do indicador: Relatórios mensais
Meta 02: Planejar, fomentar e executar, reuniões e oficinas voltadas aos
temas: produção orgânica, sistemas agroflorestais, meliponicultura, produção
integrada de hortaliças, aplicação de técnicas de manejo fitossanitário integrado,
pecuária integrada com arborização, técnicas de manejo adequado dos solos e etc.
Indicador (forma de medição) da Meta: Número de participantes.
Forma de monitoramento do indicador: Lista de presença e relatórios
mensais
Meta 03: Fiscalização efetiva através de visitas as propriedades e
monitoramento da qualidade da água nos pontos de coleta indicados, com
responsabilização pelo uso indevido de insumos e agrotóxicos na área.
Indicador (forma de medição) da Meta: Número de propriedades.
Forma de monitoramento do indicador: Relatórios mensais
Meta 04: Esclarecimento quanto aos possíveis danos à saúde pessoal e
coletiva causados pelo uso de agrotóxicos, através de reuniões comunitárias e
divulgação com cartazes e folders disponibilizados em locais estratégicos, como
postos de saúde, escolas e comércio.
Indicador (forma de medição) da Meta: Número de participantes das
reuniões e quantidade de material de divulgação.
Forma de monitoramento do indicador: Relatórios mensais
Duração do Programa: Até 03 (três) anos após o enchimento do
reservatório, podendo ser prorrogado de acordo com a resposta da comunidade.
Equipe técnica: A equipe básica para executar este programa deverá ser
composta por 01 (um) Engenheiro Agrônomo; 01 (um) Técnico Agrícola. Poderá ser
realizado pela própria Sanepar ou através da contratação de empresa terceirizada e
poderá ser realizado em conjunto com o órgão de extensão rural do município.

240
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Partes Interessadas: Secretaria Estadual de Saúde do Paraná – através
do Pevaspea - Plano Estadual de Vigilância e Atenção à Saúde de Populações
Expostas aos Agrotóxicos, Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR),
Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais, através das secretarias relacionadas
aos temas, empresa concessionária – Sanepar, empresas privadas e ONG’s
parceiras.

4.4.9 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o


indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades,
atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente (Lei nº
9795/99, Art. 1º).
O Programa de Educação Ambiental, inclui, mas não se limita ao:
"desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas
múltiplas e complexas relações, envolvendo os aspectos ecológicos, psicológicos,
políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos" (Ibid Art. 5 inciso I).
Desta forma, o presente programa visa a construção de mecanismos
participativos para o gerenciamento das questões envolvendo a barragem e o
reservatório nas fases de implementação e operação do empreendimento,
promovendo a interação entre a concessionária e os segmentos sociais direta e
indiretamente envolvidos, assegurando que as partes tenham acesso a informações
e esclarecimentos que visam o "estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica
sobre a problemática ambiental e social.
Objetivos
Desenvolver a educação ambiental, ensinando formas de utilização dos
recursos naturais de forma equilibrada e ambientalmente saudável, motivando a uma
atitude ecológica individual e coletiva através da compreensão do papel que a
comunidade desempenha na preservação e conservação ambiental.
SUB-PROGRAMA 1 - Educação Ambiental Formal.
De acordo com o Art. 9º da Lei nº 9795/99: "entende-se por educação
ambiental na educação escolar desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições
de ensino públicas e privadas". Art. 10° A educação ambiental será desenvolvida

241
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
como prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e
modalidades do ensino formal.
Desta forma, o objetivo geral é dar suporte às escolas públicas e privadas
da região na capacitação de professores, alunos e fornecer materiais didáticos sobre
a importância dos recursos hídricos.
Meta: Realizar trabalho de educação ambiental na rede pública de ensino
infantil, ensino fundamental e ensino médio, desenvolvendo programa de contraturno
escolar em toda a área de influência direta e indireta ao empreendimento,
contemplando atividades de campo na área do empreendimento.
Indicador (forma de medição) da Meta: Número de alunos participantes
e escolas envolvidas.
Forma de Monitoramento do Indicador: Lista de frequência e avaliação
de educação ambiental.
Partes Interessadas: Rede municipal de ensino e rede estadual de ensino.
Equipe Técnica Mínima: Coordenador do sub-programa e 4 (quatro)
educadores ambientais.
SUB-PROGRAMA 2 - Educação Ambiental Formal - Educação Superior
Meta: Realizar trabalho de pesquisa científica em parceria com instituições
de ensino técnico, ensino superior e pós-graduação.
Atividades de campo na área do empreendimento.
Indicador (forma de medição) da Meta 1: Alunos participantes e
universidades envolvidas.
Forma de Monitoramento do Indicador: Lista de frequência; avaliação de
educação ambiental e projetos e artigos publicados, etc.
Partes Interessadas: Universidades públicas e privadas.
Equipe Técnica Mínima: Coordenador local, 2 (dois) guias de trilha
(mateiros - da comunidade local) e 2 (dois) supervisores de atividades.
SUB-PROGRAMA 3- Educação Ambiental Não-Formal
Compreende-se como Educação Ambiental não formal, as ações e práticas
educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e
à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente (Ibid Art.
13º).
Metas: A sensibilização da sociedade para a importância das unidades de
conservação - em específico do reservatório (Art. 13º, Inciso IV).;
242
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
A sensibilização ambiental das populações tradicionais ligadas às unidades
de conservação (Art. 13º, Inciso V).;
A sensibilização ambiental dos agricultores (Art. 13º, Inciso VI).;
Incentivo ao ecoturismo e o turismo de aventura (Art. 13º, Inciso VII).
Indicador (forma de medição) da Meta 1: Pessoas envolvidas, palestras
e oficinas de trabalho desenvolvidas, etc.
Forma de Monitoramento do Indicador: Lista de Frequência; perícia e
auditoria na área do PACUERA, monitoramento da APP e relatório da qualidade
ambiental de trilhas e estradas rurais, etc.
Partes Interessadas: Comunidade local, IAT, polícia ambiental,
secretarias de turismo e educação.
Equipe Técnica Mínima: Coordenador, 2 (dois) Educadores Ambientais e
1 (um) perito/auditor ambiental.

4.4.10 PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DO TURISMO DE AVENTURA


E ECOTURISMO

A efetivação deste programa ou demais projetos relacionados ao turismo,


são recomendados a serem realizados no mínimo após 03 (três) anos, pós
enchimento do reservatório, (demais projetos relacionados ao turismo deverão
considerar a realidade social, cultural e ambiental do período que for elaborado).
De acordo com a EMBRATUR e o Ministério do Meio Ambiente “o
ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o
patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma
consciência ambientalista por meio da interpretação do ambiente, promovendo o bem-
estar das populações.”
Turismo de aventura é o segmento mercadológico que promove a prática
de atividades de aventura e esportes recreacionais em ambientes naturais e espaços
urbanos ao ar livre, que envolvam emoções e riscos controlados, exigindo o uso de
técnicas e equipamentos específicos, a adoção de procedimentos para garantir a
segurança pessoal, de terceiros e o respeito ao patrimônio ambiental e sociocultural.
A resolução conjunta IAP/SEDEST nº 23 DE 19/12/2019, define em seu Art.
IV - atividades de baixo impacto ambiental: as disciplinadas na Resolução CONAMA
369/2006 e Lei Federal 12.651/2012, especificamente:
243
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
a) implantação de trilhas para o desenvolvimento do ecoturismo;
b) construção de rampa de lançamento de barcos e pequeno ancoradouro coberto ou
não.

Mesmo com as possibilidades de atividades permissíveis serem de baixo


impacto ambiental; todos os programas e/ou projetos de turismo de aventura a serem
desenvolvidos na APA e PACUERA do Miringuava devem, obrigatoriamente, estar em
conformidade a ABNT NBR ISO 21.101:2014, incluindo também, os programas
desenvolvidos pela própria SANEPAR.
As atividades de Turismo de Aventura a serem promovidas deverão estar
certificadas por organismos de acreditação, vinculados ao INMETRO; na ausência
deste, poderá o plano, ser aprovado em caráter preliminar e temporário pelo PGSA,
com validade máxima de 2 (dois) anos.
Assim sendo, a ANBT NBR ISO 21.101:2014 determina que os
proponentes tenham um Sistema de Gestão da Segurança (SGS - NBR nº
18801:2010), com requisitos mínimos de segurança. Para obter a certificação, a
organização deverá possuir no mínimo:
- Definições;
- Organização;
- Liderança;
- Planejamento;
- Responsabilidades;
- Implementação e Operação;
- Avaliação de Desempenho; e
- Melhoria Contínua
Todas as atividades de Turismo de Aventura, deverão ser comunicadas ao
PGSA, o qual terá por responsabilidade deferir ou indeferir as atividades a serem
desenvolvidas nas respectivas áreas, seguindo os critérios contidos no presente
documento e na capacidade máxima de atividades permissíveis e de participantes,
sejam nas trilhas ou na área do reservatório.
A única área dentro da Zona de Proteção do Reservatório destinada a
promoção do turismo de aventura, serão aquelas destinadas para acomodar os
programas de Educação Ambiental, Comunicação Social, e de Turismo e Lazer
conforme indicado na Figura 42. Visando a inserção de mecanismos de segurança e
244
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
à conservação ambiental, será permissível, o acesso de áreas particulares à ZPR e,
consequentemente à represa, desde que, apresente conformidade com os interesses
conservacionistas de uso sustentável.

Recomendação de Atividades Permitidas


Após 3 (três) anos do enchimento do reservatório, em observância aos
estudos já desenvolvidos na área, a finalidade a qual se destina o empreendimento e
a legislação em vigor, estabelece as seguintes atividades de acordo com o meio físico
de utilização, recomenda-se autorizar e regulamentar as seguintes atividades:
TRILHAS: Caminhadas, observação de aves, atividades de educação
ambiental e mediante autorização e estudo de viabilidade técnica, o ciclismo.
RESERVATÓRIO e APP: Contemplação da paisagem através de mirante,
esportes náuticos de contato secundário e não poluentes, entre eles: Canoagem
(categoria máxima se referindo a canoa havaiana - OC6 - e, no máximo 4 (quatro)
embarcações por dia concomitantes) e Stand Up Paddle.
Fica vedada qualquer forma de competição ou evento dentro do
reservatório e nas trilhas que o circundam; com exceção das atividades promovidas
pelos Programas de Comunicação Social e Educação Ambiental.
O acesso ao reservatório para atividades desportivas se dará
prioritariamente pelas áreas de infraestrutura do PGSA. Com capacidade máxima de
50 pessoas, independentemente das atividades desportivas a serem praticadas.
Mediante aprovação técnica, poderão ser concedidas licenças para as
trilhas e ao reservatório às propriedades particulares, conforme exposto anteriormente
e, não ultrapassando o limite de 10% da área total de APP, conforme determina a
legislação em vigor.
Quaisquer outras atividades desportivas e de ecoturismo, são vedadas,
mesmo que comprovem baixo impacto ambiental como, por exemplo, a pesca
desportiva e a natação.
Os casos omissos serão analisados pelo PGSA em caráter preliminar.
Meta 1: Implementação de trilhas ao longo da APP (área privativa da
SANEPAR), visando em um primeiro momento favorecer a fiscalização de áreas
ambientais protegidas. As trilhas também favorecem o monitoramento dos indicadores
bióticos, físicos e socioambientais na fase de implementação do empreendimento.

245
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Indicador (forma de medição): Construção da trilha e perícia ao longo da
mesma - identificando os acessos já existentes.
Forma de monitoramento do indicador: Questionário de avaliação da
qualidade ambiental em trilhas e relatório da qualidade ambiental das trilhas.

Meta 02: Construção do Receptivo, vinculado à estrutura física do PGSA,


que contenha, rampa de acesso à embarcações de pequeno porte (remo - conforme
descritos anteriormente), trapiche e área de dracena e demais procedimentos náuticos
em conformidade com as especificações da marinha - NORMAM-02/DPC 2005 e
NORMAM-03/DPC 2003.
Indicador (forma de medição): Estrutura física implementada, sinalização
marítima com informações sobre as áreas de segurança de navegação.
Forma de monitoramento do indicador: Relatórios, ficha de cadastro dos
visitantes, documentos fotográficos, etc.
Potenciais parceiros: Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos
Hídricos, Secretaria de Turismo, Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais,
através das secretarias relacionadas aos temas, empresa concessionária – Sanepar,
empresas privadas e ONG’s parceiras.
NOTA: elaborar Estudo do Potencial para o Uso Múltiplo: levantar e apontar
a potencialidade de uso do reservatório e da região do entorno. Informando e
justificando as atividades permitidas e permissíveis do ponto de vista técnico e em
conformidade com a legislação vigente, considerando as características ambientais
do local.

246
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
4.5 COMPATIBILIZAÇÃO DO PACUERA COM PROGRAMAS ESTADUAIS

Cabe à Sanepar, mais especificamente ao gestor do Plano de Gestão e de


Supervisão Ambiental (PGSA), efetuar o levantamento de eventuais Planos,
Programas e Projetos executados pelos órgãos públicos estaduais com interface na
região geográfica de abrangência e condizentes com os objetivos do PACUERA, de
forma a promover o contato com seus responsáveis e a sinergia entre eles.
Neste sentido, na Tabela 43 apontamos para algumas contribuições para
serem analisados visando a esta interface:

247
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Tabela 43 Plano, Programa, Projeto ou Legislação de âmbito Estadual com interface com o PACUERA do Miringuava

Plano, Programa, Projeto ou Legislação Descrição e Objetivos


Estadual
Resolução SEMA nº 80, de 21/12/2015 (Alterada
Institui diretrizes e normas para a execução de projetos de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) destinados
parcialmente pela Resolução SEMA nº 26,
às Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) no Estado do Paraná.
de16/07/2018)
Estabelece e define o mapeamento das Áreas Estratégicas para o Programa de Conservação e Recuperação da
Biodiversidade no Estado do Paraná.
Resolução Conjunta SEMA/IAP nº 005/2009 Utilizando-se do conceito de planejamento da paisagem foram delimitadas as áreas de maior importância para a
biodiversidade paranaense. Na área do Pacuera elas se referem aos fragmentos florestais, conforme zoneamento
proposto, contribuindo para a conservação destes remanescentes na APP do Reservatório, a restauração de áreas
degradadas e fundos de vale, com vista à formação de Corredores Ecológicos.
Conforme definido pelo Decreto Federal nº 7.830/2012, o PRA compreende um conjunto de ações ou iniciativas a
Programa de Regularização Ambiental – PRA
serem desenvolvidas por proprietários e posseiros rurais com o objetivo de adequar e promover a regularização
(Instruções Normativas do IAT de nº 01/2020;
ambiental com vistas ao cumprimento do disposto no Capítulo XIII da Lei nº 12.651/2012, sendo que a inscrição
03/2020 e 04/2020)
do imóvel rural no CAR é condição obrigatória para a adesão ao PRA.
O Programa Rio Vivo, lançado pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável e Turismo, em parceria
com Instituto Água e Terra, visa a preservação da vida aquática nas 16 bacias hidrográficas do Estado, oferecendo
Programa Rio Vivo melhores condições para seu desenvolvimento e, assim, garantindo água para todos. Cerca de 500 mil exemplares
de peixes, como pacu, piaparas, curimbatá, dourado e lambari, já foram soltos em 2019, em diversas regiões do
Paraná com a parceria de alunos de escolas locais e outros órgãos do Estado, como a Sanepar e Copel.

248
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
Plano, Programa, Projeto ou Legislação Descrição e Objetivos
Estadual
Eventual ação similar no futuro reservatório do Miringuava deve ser precedido de análise de compatibilidade das
espécies a serem soltas, com aquelas ocorrentes na região.
Lançado pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, em parceria com o Instituto
Água e Terra, tem como objetivo trazer agilidade nos processos de licenciamento ambiental no campo, com
segurança ambiental e jurídica. Para isso, foram realizadas adequações nas resoluções para obter
empreendimentos nos segmentos de aquicultura, avicultura, bovinocultura e suinocultura. As principais
Programa Descomplica Rural
mudanças foram quanto ao porte e prazos de validade das licenças.
Em relação ao ZEE do PACUERA do Miringuava, deve-se monitorar as solicitações de empreendimentos neste
sistema on line, de forma a averiguar sua compatibilidade com as normas de uso das zonas onde se pretende
obter a autorização para seu funcionamento.
O Paraná Turístico é um programa desenvolvido pela Paraná Turismo, vinculada à Secretaria de Estado do
Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, que busca realizar ações para fomento, qualificação e promoção do
Programa Paraná Turístico
turismo estadual dentro dos princípios sustentável, social e econômico, de forma pactuada com a sociedade,
consolidando o Paraná como um destino turístico inteligente e responsável.
O PEVASPEA é um Plano desenvolvido pela Secretaria de Estado da Saúde do Paraná e tem como objetivo
Plano de Vigilância e Atenção à Saúde de Populações
implementar ações integradas de prevenção, proteção e promoção da saúde em relação ao uso de agrotóxicos.
expostas aos agrotóxicos do Estado do Paraná –
São 20 ações estratégicas, que incluem programas de monitoramento das quantidades de agrotóxicos na água e
PEVASPEA.
alimentos e o incentivo a agroecologia.
Fonte: Sociedade da Água, 2020

249
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
4.6 DIRETRIZES DE USOS SUSTENTÁVEIS NO ENTORNO E
RESERVATÓRIO DO MIRINGUAVA

Este item aborda as potencialidades de usos múltiplos do reservatório e


seu entorno, as quais foram levantadas em campo, por meio de vistorias nas áreas
lindeiras ao reservatório, e mediante levantamentos bibliográficos.
Quando da revisão deste PACURA, após três anos de formação do
reservatório, essas e outras eventuais possibilidades de uso múltiplo do Reservatório
e seu Entorno imediato, deverão ser objeto de debate e deliberação:
PISCICULTURA
A criação de peixes em tanques-rede é um dos potenciais observado,
porém, tais atividades são, via de regra, dependentes de resultados dos programas
de monitoramento da ictiofauna e monitoramento da qualidade da água implantados
antes, durante e após o enchimento do reservatório, e ainda dependentes de
licenciamento pelo órgão ambiental estadual. Em função do potencial de impacto
ambiental desta atividade, a hipótese de sua liberação deve ser objeto de amplo
estudo técnico, e na hipótese de sua adoção, em hipótese alguma será liberada a
criação de espécies exóticas ao ambiente natural da bacia do alto Iguaçu, em função
das particularidades da alta endemia de suas espécies.
NAVEGAÇÃO
Associado aos esportes náuticos, esta atividade tem grande potencial de
desenvolvimento, especialmente associada às áreas de ocupação turística, na forma
de balneários, áreas de pesca esportiva e parques públicos.
Pela Normam 03/DPC, compete à Diretoria de Portos e Costas (DPC)
estabelecer as normas de tráfego e permanência nas águas nacionais para as
embarcações de esporte e/ou recreio, sendo atribuição das Capitanias dos Portos,
suas Delegacias e Agências, a fiscalização do tráfego aquaviário, nos aspectos
relativos à segurança da navegação, à salva-guarda da vida humana e à prevenção
da poluição ambiental, bem como o estabelecimento de Normas de Procedimentos
relativas à área sob sua jurisdição. No entanto, compete aos municípios estabelecer
o ordenamento do uso das praias, especificando as áreas destinadas aos banhistas e
à prática de esportes.

250
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
DESSEDENTAÇÃO ANIMAL
Apesar da pecuária não ser a atividade principal da área deste PACUERA,
este uso faz parte das atividades socioeconômica dos proprietários lindeiros. A
formação de corredores de dessedentação animal deverá ser objeto de negociação
entre o empreendedor, o órgão ambiental e os proprietários das áreas lindeiras à APP
do reservatório.
TURISMO E LAZER
Com a implantação do reservatório artificial do Miringuava, havendo apoio,
participação local e divulgação nos meios de comunicação, é possível que este
segmento se desenvolva em conformidade com as demandas de conservação
ambiental e cultural das comunidades locais.
Singularidades locais, como aspectos geográficos, naturais, culturais,
históricos ou de produção, atraem visitantes para uma determinada região. O
reservatório artificial pode ser considerado um viés turístico possível, pois comporá
um novo cenário na sua área de implantação.
ABASTECIMENTO DE ÁGUA
É a finalidade principal e devera ser a única do Reservatório do Miringuava
nos primeiros três anos após a sua formação.As demais atividades na área do
PACUERA poderão ser aprovadas após estudo técnico detalhado, deste que não
entrem em conflito com esta finalidade, especialmente no quesito de manutenção e
conservação dos recursos hídricos e da biodiversidade.
IRRIGAÇÃO
Esta utilização deverá ser objeto de análise considerando o aspecto
geomorfológico da área do reservatório, e o zoneamento que permitam a implantação
de adutoras de irrigação. Fator primordial para esta utilização deverá ser o fato dela
não vir a prejudicar adisponibilidade hídrica para abastecimento público.
CONTROLE DE CHEIAS
O potencial de utilização do reservatório do rio Miringuava para cumprir
essa função de cheias será objeto de estudo técnico posterior, principalmente pela
verificação do volume útil de água para cumprir as funções de armazenamento e
regularização hídrica do rio Miringuava, de forma a amortecer ou controlar as vazões
de cheia neste rio.

251
VOLUME III - PACUERA DO RESERVATÓRIO MIRINGUAVA
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