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Eu vou contar pra vocês

Certa história do Brasil


Foi quando Cabral descobriu
Este país tropical
Um certo povo surgiu
Vindo de um certo lugar
Forçado a trabalhar neste imenso país
E era o chicote no ar
E era o chicote a estalar
E era o chicote a cortar
Era o chicote a sangrar
Um, dois, três até hoje dói
Um, dois, três, bateu mais de uma vez
Por isso é que a gente não tem vez
Por isso é que a gente sempre está
Do lado de fora
Por isso é que a gente sempre está
Lá na cozinha
Por isso é que a gente sempre está fazendo
O papel menor
Ou o papel pior
Chá, chá lá lá lá lá lá será que um dia eu serei a patroa
sonho que um dia isso póssa acontecer
chá lá lá lá lá lá lá lá
ficar na sala não ir mais para a cozinha
chá lá lá lá lá lá lá agora digo o que vejo na tv

O apartheid disfarçado todo dia um som negro


quando me olho não me vejo na tv um deus negro
um adão negro
quando me vejo estou sempre na cozinha
um negro no poder
ou na favela submissa ao poder
já fui mucama mas agora sou neguinha um som negro
minha pretinha nós gostamos de você um deus negro
levanta saia, saia correndo para quarto um adão negro
um índio no poder
na madrugada patrãozinho quer te ver oioi

chá lá lá lá lá lá
chá lá lá lá lá lá lá lá
chá lá lá lá lá lá lá
Salvador, Bahia, território africano centavos de som
Baiano sou eu, é você, somos nós Aumenta o som!
Uma voz, um tambor África, iô iô
Oxente, cê num tá vendo que a Salvador, meu amor
gente é nordeste? A raiz de todo bem, de tanta fé
Cabra da peste Do canto Candomblé
Sai daí batucador África, iô iô
Quem foi seu mestre? Salvador, meu amor
Capoeira A raiz de todo bem, de tanta fé
Se plante Do canto Candomblé
Lá vem rasteira
Pé de ladeira
Preciso da fé no Senhor do Bonfim
Pra mim, pra você, pra mim
Um chinelo de couro, uma bata
Uma benção, mais cinquenta

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