Você está na página 1de 11

Cultura Popular Tocantinense

Muitos questionam se o Tocantins tem


uma cultura popular característica, já que
até pouco tempo atrá s fazia parte do
territó rio de Goiá s. O que faz com que
muita gente acabe reproduzindo o
discurso de que a cultura popular
tocantinense é a mesma dos goianos. A
verdade é que apesar de ser um estado
novo a cultura e a arte popular do
Tocantins tem suas pró prias
características.
As raízes culturais mais profundas do
Tocantins estão na cultura dos povos
indígenas que já habitavam este
territó rio muito antes dele ser
desbravado pelos bandeirantes que aqui
chegaram em busca de ouro e diamante.
A contribuiçã o dos negros não é menos
importante – eles tiveram um papel
fundamental na construçã o da cultura e
da arte nessa regiã o que viria se tornar o
estado do Tocantins. Foram os negros
escravizados pelos bandeirantes na
exploraçã o do ouro e diamante que, por
exemplo, criaram a Suça.
Sobre a mú sica feita no Tocantins
podemos destacar que a sua principal
característica é a sua diversidade, pois foi
e é construída por artistas que aqui
nasceram, mas também por aqueles que
vêm de outras regiõ es e escolheram o
Tocantins para morar. E é esta
diversidade que faz a riqueza da mú sica e
a dança feita no Tocantins.
Nesse sentido podemos destacar
alguns artistas como Genésio
Tocantins, Juraídes da
Cruz,Toninho Andrade, Everton
dos Andes, Chiquinho Chocolate,
Dorivam e os tambores do
Tocantins que se preocupam em
fazer esse diá logo nos seus
trabalhos artísticos tanto no
campo musical como na dança
Genésio Tocantins

Com Genésio Tocantins, temos o


Tocantins das quebradeiras de
coco, sua luta sua resistência; tem
o alagamento e posterior
apagamento de uma vida que
pulsava livre como a da Vila
Canela, agora presa e pobre pela
inundação. Genésio do Tocantins
canta sua gente sujeitada, gente
miscigenada, canta para um
Tocantins em DEVIR CABOCLO.
Juraildes da Cruz

Com Juraildes da Cruz temos um


Tocantins crítico, um sertanejo
assumido. Um sertanejo culto,
sensível, irô nico que canta um
DEVIR INDÍGENA.
Dorivã

Dorivã traz mais narratividade,


canta as belezas povoadas do
Jalapã o; canta a forte religiosidade
de um lugar que pratica a Romaria
para o Bonfim. Assim como a
exaltação das cachoeiras e a
mestiçagem das crenças. Dorivã
canta um DEVIR URBANO.
Rezador
Genésio Tocantins
Com fé no coraçã o, três gaio de peã o, eu lhe agaranto
Rezando três vezes em cruzado eu deixo qualquer doente
Forte, bonzinho e corado
Seu dotô , eu nã o lhe engano Pra que vocês se convenca, vou lher dizer as doenças, que o rezador tem
Eu tenho quase trinta ano, que moro desse lugar curado
Dou-lhe a palavra de homi
Se nã o quer morrer de fome, va viver na capitá Paneriço, sete coro, ferida braba, friera, moridura de besouro, má de
zipra, coceira
Aqui no nosso sertã o, essa histó ria de injeçã o o pessoa tem receio Tudo quanto é ferida, dor de espinhela caída, garganta inchada e papeira
E voismicê como é novo e nã o conhece esse povo Dor de dente, estalecido, dor na costa, istambo inchado
Eu vou lhe dar uns conselho Dor de cabeça, zumbido, ansia, ingasgo, dor de lado
A coisa aqui tá esquisita
E ninguém nã o acredita em receita de dotô , eh Qualquer espécie de dor, Zé Raimundo rezador, tem muita gente curado
Com ele num tem gogó essa histó ria de agonia
Já é costume da gente, quando alguém esta doente, chama logo o Quebranto, mal oiado, três Sol, injou e manicunia
rezador Sarna, bexiga e sarambo, ligeiro como relampo, cura da noite pro dia
Se o cabra ta morimbundo, manda chamar Ze Raimundo
Que é um rezador diligente e a todo mundo socorre Mordida de cascavé, jararaca e salamantra
Quando reza o cabra morre, ou fica bom de repente O doente tendo fé, essas coisas num lhe ispanta
Zé Raimundo bota a mã o e na merma ocasiã o o doente se alevanta
Rezador, sim senhor! É por isso que o pessoar só procura o Zé Raimundo
E seu doto? Nã o senhor!
Ele aqui neste lugar é primeiro e sem segundo
Pois o pró prio zé raimundo, no tempo que aqui chegou E enquanto houver Rezadô , ninguém liga pra Doutor
Mostrava pra todo mundo seu diproma de dotô Nem que venha d'outro mundo
Quaje que morreu de fome, precisou mudar de nome e treinar p
rezador Rezador, sim senhor!
Quaje que morreu de fome, precisou mudar de nome e treinar p E seu dotô ? Nã o senhor!
rezador

Rezador, sim senhor!


Nóis É Jeca Mais É Jóia
Juraildes da Cruz
O presidente disse que nó is é caipira
Andam dizendo que nó is é caipira Que nó is tem que aprender inglês
Que nossa casa é feita de taboca Que nó is tem que fazer sucesso fora
Que nossa onda é dançar catira
Deixa de bestagem, nó is nem sabe português
Que nó is tem cara de milho de pipoca

Nó is gosta é de pescar traíra Nó is somo é caipira pop


Ver a bichinha chorando na vara Nó is entra na chuva e nã o molha
Nó is nã o gosta de mentira Eu "I love you"
Nó is tem vergonha na cara Nó is é jeca mas é jó ia

Ver a bichinha gemendo na vara Nó is entra na chuva e nã o molha…


Nó is nã o gosta de mentira
Nó is tem vergonha na cara Se farinha fosse americana…
Andam dizendo que nó is é caipira
Se farinha fosse americana
Que nó is tem que aprender inglês
Mandioca importada
Que nó is tem que fazer sucesso fora
Banquete de bacana
Era farinhada Deixa de bestagem, nó is nem sabe português

Andam dizendo que nó is é botina Nó is somo é caipira pop…


Que nossa onda é andar a cavalo
Que nossa calça é amarrada com imbira Se farinha fosse americana
Que nossa moda é briga de galo Mandioca importada
Banquete de bacana
Nó is gosta e de pescar traíra… Era farinhada
Se farinha fosse americana…
Passarim do Jalapão
Dorivã
Cacimba que sacia a sede
Passarim do jalapã o
Dessa gente que a gente nem vê
Me revele alguns segredos
Guarde um pouco dessa á gua
Teus mistérios e magias
Deixe esse povo bebeR
Cante ao povo brasileiro
Teus morros povoaram sonhos
Porque que a cachoeira
Criando mistérios lendas
É da velha
Desenharam templos em pedras
Se da formiga em queda d'á gua
Coisas que eu nem sei cantar
Como é que aqui nasceram dunas?
Rezadeira de bendito
Se nem é beira de mar
Faça um chapéu pra mim
E nas á guas do frevedor
Que é pra poder usar
Porque que eu nã o consigo afundar?
Quando eu for lá pro bom-fim
aha aha aha

Você também pode gostar