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CENTRO DE ATENÇÃO INTEGRAL À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE

CAIC PAULO DACORSO FILHO


CONVÊNIO: UFRRJ – PMS

Professor (a): Maria Luiza Wilker da Silva Cortes


Aluno (a): ____________________________________________
Turma: 602
Data: ________/_________/2015

TRABALHO DE LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE LÌNGUA PORTUGUESA I

CONTOS AFRICANOS

A cultura africana mantém parte de sua essência pela tradição de contar e


vivenciar histórias míticas que chamam a atenção para princípios e valores, para o
autoconhecimento, socialização de saberes e convivência comunitária.
Nas obras dos escritores africanos, tem-se uma marcante presença do imaginário,
do sobrenatural e dos elementos míticos. Os mitos, as lendas e os contos, via de acesso
ao inconsciente de um povo, constituem, no fundo, a "história sagrada" dos povos. A
maior parte dos mitos expressa a crença no ser humano, na eternidade e em Deuses.
Eles são a memória de um povo que vai passando de geração em geração, numa versão
sempre atualizada da realidade.

TEXTO I: O HOMEM LEOPARDO

Um belo estranho chegou, certo dia, em um vila e caminhou por entre os


moradores em misterioso silêncio. Todas as jovens o admiraram e desejaram que fossem
escolhidas como sua noiva. Ele nada disse e, após algum tempo, foi em direção à
floresta, onde desapareceu da vista de todos.
Após um mês, o estranho retornou e uma das jovens ficou tão apaixonada pelo
estranho que o seguiu para dentro da floresta, pois não suportaria ficar longe daquele
misterioso e belo homem.
Quando o estranho olhou para trás e a viu, parou e pediu a ela que voltasse para
sua aldeia, mas ela se recusou, afirmando que nunca o deixaria e o seguiria para onde
quer que ele fosse.
- Você é uma linda jovem, mas certamente se arrependerá de sua decisão – disse o
estranho de maneira muito triste.
Eles caminharam mais um pouco e o homem parou novamente, pedindo à jovem
que retornasse. Ela respondeu da mesma forma e ele tornou a lhe dizer que se
arrependeria.
Caminharam por entre lugares desconhecidos à jovem, até que finalmente
alcançaram uma árvore, com uma pele de leopardo junto ao caule.
Debaixo da árvore, o estranho começou a cantar uma canção melancólica, na qual
ele dizia a ela que, embora uma vez ao mês ele pudesse vagar por vilas e cidades em
forma de homem, ele era na realidade um leopardo selvagem e a atacaria tão logo
voltasse à sua forma natural.
Ao final da canção, ele foi sugado pelo chão e retornou, segundos depois, na
forma de um leopardo feroz.
A jovem ficou tão assustada, que o medo lhe deu forças para conseguir correr
mais rápido do que o leopardo. Conforme ele a perseguia, ele cantava juras de caçá-la e
picá-la em pequenos pedaços e ela retrucava, também cantando, dizendo que ele nunca
a alcançaria.
Eles correram por uma longa distância e subitamente a jovem chegou em um rio
estreito, porém profundo, que ela não poderia cruzar. Ela já havia pensado que o leopardo
a alcançaria, quando uma árvore do outro lado do rio ficou com muita pena da jovem e se
dobrou por sobre o rio, de modo que ela pudesse atravessá-lo em segurança.
Finalmente, muito exausta, ela chegou à uma clareira na floresta e encontrou
novamente seu vilarejo. O leopardo, desapontado com sua presa, retornou à floresta e o
belo estranho nunca mais foi visto.
( conto popular nigeriano – traduzido por Janaína Spolidorio )

1) Os contos de fadas, geralmente, começam com a fórmula” Era uma vez...” Já o


conto “O homem leopardo” começa de um jeito que é típico nos contos africanos,
pois o narrador não sabe quem criou a história e nem se ela é verdadeira; ele
apenas ouviu e vai conta-la. Retire do texto I,I como se inicia a história do conto.
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2) Os contos africanos são divididos de acordo com sua intenção. Há contos de


sabedoria, bondade, ciúmes entre outros. Geralmente, têm a intenção de ensinar
algum valor humano, sempre com elementos da natureza. ‘O Homem Leopardo’ é
um conto de obediência. Por que ele se enquadra neste valor humano?
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3) Por que você acha que o leopardo desejava vagar em vilarejos na forma humana?
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4) Por qual motivo ele ficou tão desapontado com sua presa?
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5) Por que você acha que elementos da natureza, como a árvore, receberam
características humanas no conto?
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CONTOS INDÍGENAS

A origem do conto está na transmissão oral dos fatos, no ato de contar histórias,
que antecede a escrita e nos remete a tempos remotos. O ato de narrar um
acontecimento oralmente evoluiu para o registro escrito desta narrativa. E o narrador
também evoluiu de um simples contador de histórias para a figura de um narrador
preocupado com aspectos criativos e estéticos..
Há tempos os homens reproduzem, para os seus descendentes, o modo de vida e
as tradições do passado. Vamos ler, por exemplo, um conto que narra a história de como
os índios obteve o poder sobre o fogo.

TEXTO II:

PANACEIA INDÍGENA

Diz que o pajé da tribo foi chamado à tenda do cacique. Quando o pajé entrou, o
cacique estava deitado, meio sobre o gemebundo, se me permitem o termo. A perna do
cacique estava inchada, mais inchada que coxa de corista veterana. Tinha pisado num
espinho envenenado. O pajé examinou, deu uns dois ou três roncos de pajé e depois
aconselhou:

– Chefe tem de passar perna folha de galho passarinho azul pousou.

Disse e se mandou, ficando os índios do “staff” do cacique (cacique também tem


“staff”) encarregados de arranjar a tal folha. Depois de muito procurarem, viram uma
sanhaço pousado num galho de mangueira e trouxeram algumas folhas. Mas – eu
pergunto – o cacique melhorou? E eu mesmo respondo: aqui! ó…

No dia seguinte estava com a perna mais inchada. Chamaram o pajé de novo. O
pajé veio, examinou e lascou:

– Hum… hum… perna grande guerreiro melhorou nada com folha galho
passarinho azul pousou. Precisa lavar com água de Lua.

Disse e se mandou. O “staff” arranjou uma cuia e botou a bichinha bem no meio da
maloca, cheia de água, que era para – de noite – a Lua se refletir nela. Foi o que
aconteceu. De noite houve Lua e, de manhãzinha, foram buscar a cuia e lavaram com a
água a perna do cacique.

O pajé já até tinha pensado que o chefe ficara bom, pois não foi mais chamado.
Passado uns dias, no entanto, voltaram a apelar para os seus dotes de curandeiro. Lá foi
o pajé para a tenda do cacique, encontrou-o deitado com a perna mais inchada que
cabeça de botafoguense. Aí o pajé achou que já era tempo de acabar com aquilo.
Examinou bem, fez um exame minucioso e sentenciou:
– Cacique vai perdoar pajé, mas único jeito é tomar penicilina!

(STANISLAW PONTE PRETA, Garoto Linha Dura)

Responda às questões a respeito do texto:

1. O pajé foi chamado à tenda do cacique para curá-lo de um mal. O que causou esse
mal?

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2. Para enfatizar o inchaço da perna do cacique, o autor fez duas comparações


maldosas. Identifique quais e transcreva-as aqui.

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3. O que o pajé receitou ao cacique, nas duas primeiras visitas?

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4. Por que o pajé foi chamado pela terceira vez?

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5. O autor afirma que o pajé receitou penicilina. Com isso, pretende fazer-nos rir, pois a
penicilina é totalmente estranha à medicina tradicional dos índios. Analisando melhor essa
afirmação, notamos que o autor pretende também:

a. ( ) demonstrar que até os caciques vivem cercados de auxiliares incompetentes.

b. ( ) menosprezar o tratamento dos curandeiros, mostrando que ele de nada vale.

c. ( ) enaltecer o progresso dos indígenas, que conhecem medicamentos modernos.

6. Pelo contexto, você deve ter concluído que panaceia (título do texto) é:

a. ( ) anedota, piada, história divertida

b. ( ) confusão, atropelo, correria

c. ( ) remédio, aquilo que pode curar

7. Dá-se o nome de oca à construção em que moram os índios. Essa palavra, entretanto,
não foi usada no texto. Que palavra o autor usou para referir-se à casa dos índios?

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8) Ao comparar os dois contos, observa- se que o texto I e II apresentam ensinamentos
diferentes sobre valores humanos. Identifique-os e compare-os de acordo com as
historias narradas nos textos.

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9) Complete o quadro abaixo de acordo com a leitura do TEXTO I e II

Elementos dos contos (narrativas)

TEXTO Personagens Tempo Espaço Tipo de narrador

O homem
leopardo

Panacéia
indígena
CENTRO DE ATENÇÃO INTEGRAL À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE
CAIC PAULO DACORSO FILHO
CONVÊNIO: UFRRJ – PMS

Professor (a): Maria Luiza Wilker da Silva Cortes


Aluno (a): ____________________________________________
Turma: 602
Data: ________/_________/2015

TRABALHANDO O DISCURSO DIRETO E INDIRETO

Ler a fábula de Monteiro Lobato:


A ONÇA E A ANTA
Ao voltar da caca, com uma veadinha nos dentes, a onça encontrou sua toca vazia.
Desesperada, esgoelou-se em urros de encher de espanto a floresta. Uma anta veio
indagar o que havia acontecido:
― Mataram minhas filhas! ― gemeu a onça. Infames caçadores cometeram o maior
dos crimes: mataram-me as filhas...
Diz a anta:
― Não vejo motivo para tamanho barulho... Fizeram-te uma vez o que fazes todos
os dias. Não andas sempre a comer os filhos dos outros? Inda agora não mataste a filha
da veada?
A onça arregalou os olhos, como que espantada da estupidez da anta.
― O grosseira criatura! Queres então comparar os filhos dos outros com os meus?
E equiparar a minha dor a dor dos outros?
Um macaco, que do alto do seu galho assistia a cena, meteu o bedelho na conversa:
―Amiga onça, e sempre assim: Pimenta na boca dos outros não arde... “

Analisando o texto:

A conversa entre a onça, a anta e o macaco, na fábula que você leu, é contada por
Monteiro Lobato de um modo que nos permite saber direitinho as palavras que cada um
usou. Isso e chamado de discurso direto. Ou seja, a pessoa que conta a historia, o
narrador, apresenta os personagens e reproduz a sua conversa. Para isso, ele usa alguns
sinais de pontuação: os dois pontos e o travessão. Veja só:

 os dois pontos ( : ) servem para o narrador introduzir a fala do personagem;


 o travessão ( _ ) serve para marcar o inicio da fala do personagem.

“Ao chegar em casa, a onça perguntou:


_ Onde estão as minhas filhas?”

Toda vez que você ler uma historia em discurso direto vai encontrar esses dois sinais de
pontuação.

Leia agora essa mesma frase, dita de outra maneira:

“Ao chegar em casa, a onça perguntou onde estavam suas filhas.”

Nessa frase, não aparecem mais os dois pontos e o travessão porque o narrador não
está apresentando a fala do personagem. O narrador está apenas contando o que
aconteceu, utilizando suas próprias palavras. Ou seja, ele não está mais usando o
discurso direto, e sim o discurso indireto.

Vamos ver outro exemplo:

Discurso direto

“ A onça, então, perguntou:


―Você quer comparar os filhos dos outros com os meus?”

Discurso indireto

“A onça perguntou a anta se ela queria comparar os filhos dos outros com os seus.”

Além da ausência de dois pontos e travessão, há outra diferença na pontuação: não


aparece mais o ponto de interrogação depois da pergunta do personagem, porque o
narrador já explica que é uma pergunta.

Veja outros exemplos:

Discurso direto

“A anta respondeu:
― Não vejo motivo para tanto barulho. Fizeram com elas o que você faz todo dia com os
outros filhotes”

Discurso Indireto

“A anta respondeu a onça que não via motivo para tanto barulho porque fizeram com os
filhotes da onça o que ela fazia todo dia com os outros filhotes.”

Leia agora este trecho e veja como ficaria a fábula da onça escrita em discurso indireto:

“Ao chegar em casa, a onça perguntou onde estavam suas filhas. Perto dali, a anta
respondeu que não via motivo para tanto barulho. Disse também que fizeram com
elas o que a onça fazia todos os dias com os outros filhotes. A onça então
perguntou se a anta queria comparar suas filhas com os outros filhotes.
Observando a cena, o macaco afirmou que era sempre assim: pimenta nos olhos
dos outros não arde.”
Você reparou na diferença entre as duas maneiras de contar a mesma historia?

Na primeira, a fala de cada personagem aparece destacada na outra linha, iniciada


com um travessão. O narrador (quem conta a historia) apresenta exatamente as palavras
ditas por cada personagem. Essa maneira de contar uma historia e chamada discurso
direto.
A fala do narrador pode vir antes ou depois da fala do personagem. Veja so:
a) apresentação do narrador antes da fala do personagem:
“A onça gemeu:
- Mataram minhas filhas!
b) fala do personagem antes da apresentação do narrador:

“- Mataram minhas filhas! --- gemeu a onça.”


Na segunda, o narrador conta a historia e o que cada personagem falou, sem usar
qualquer marca especial e sem repetir exatamente as palavras de cada um. Essa maneira
de contar uma historia e chamada discurso indireto.

Atividade C - Reescreva os trechos a seguir, passando do discurso indireto para o


discurso direto:

EXEMPLO

discurso indireto discurso direto


Os alunos disseram que iam participar da a) Os alunos disseram :
passeata. ―Vamos participar da passeata.

b) Vamos participar da passeata ―


disseram os alunos.

1. O trabalhador disse a sua mulher que precisava arrumar outro emprego.


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2. A professora disse aos alunos que as notas da prova tinham sido otimas.
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3. O rapaz disse a namorada que gostava muito dela.
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Atividade D - Nesta atividade, você vai fazer o contrário da anterior. Vai passar do
discurso direto para o discurso indireto, conforme o modelo. Preste atenção nos sinais de
pontuação:

discurso direto discurso indireto

Joao falou: Joao falou que gosta muito de ler Monteiro


―Gosto muito de ler Monteiro Lobato! Lobato.

a) Pedro falou:
-- Pretendo tirar férias a partir do mês de janeiro.
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b) Roberto disse:
― A festa de sábado foi muito boa.
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c) Sergio afirmou:
― Adoro passear olhando o mar!
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