Avaliação da Colapsibilidade do Solo de um Trecho do Projeto de
Integração do Rio São Francisco por meio de Ensaios de
Laboratório e de Campo. João Barbosa de Souza Neto Universidade Federal do Vale do São Francisco, Juazeiro-BA, Brasil, joao.barbosa@univasf.edu.br
Petrucio Antunes Martins
Universidade Federal do Vale do São Francisco, Juazeiro-BA, Brasil, petrucio.martins@univasf.edu.br
Eduardo Nina Pinheiro Perez
Ministério da Integração Nacional, Brasília-DF, Brasil, eduardo.nina@ig.com.br
Marcus Vinícius Furtado dos Santos
Consórcio Logos-Concremat, Brasília-DF, Brasil, marcus.vinicius@logos-concremat.com.br
RESUMO: Este trabalho apresenta e discute resultados de um estudo envolvendo ensaios de
laboratório e campo para avaliar a colapsibilidade do solo de um trecho do canal do Eixo Leste do Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional (PISF), no município de Floresta-PE. O estudo foi elaborado em parceria da UNIVASF com o consórcio LOGOS-CONCREMAT e do Ministério da Integração Nacional - MI. Cerca de dez amostras indeformadas foram coletadas no trecho com vistas a obter o potencial de colapso no laboratório por meio de edômetros. O colapso foi determinado nas tensões de inundação de 50 kPa e 100 kPa. Nessas tensões foram, também, realizados ensaios de colapso no campo nos locais de coleta das amostras indeformadas, utilizando uma versão do Expansocolapsômetro construída, especificamente, para este estudo. Os resultados dos ensaios edométricos foram utilizados para auxiliar na interpretação dos ensaios de campo, de forma a permitir a sua aplicação em outros trechos. Os ensaios de campo foram realizados seguindo metodologia previamente elaborada. O ensaio consiste em carregar o solo e inundá-lo, medindo o colapso do solo por meio de extensômetro acoplado ao equipamento. Os potenciais de colapso no laboratório foram elevados, variando entre 5% e 13%, sendo os solos classificados de “Colapsíveis” pelo critério de Vargas (1978) e “Problemático” segundo Jennings e Knight (1975). Os colapsos de campo foram correlacionados com os de laboratório, seguindo procedimento adotado por Ferreira (1995) e Souza Neto (2004). Os resultados do estudo permitiram uma avaliação quantitativa da colapsibilidade do solo por meio de um ensaio simples e eficaz num tempo reduzido, subsidiando a definição das camadas a serem tratadas, conforme critério estabelecido no projeto executivo.
PALAVRAS-CHAVE: Solos Colapsíveis, Ensaios de Campo, Ensaios de Laboratório.
1 INTRODUÇÃO a construção de dois canais (eixo norte e eixo
leste), que levarão água ao sertão e agreste dos A região nordeste vem sendo submetida a Estados do Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte grandes investimentos em obras de e Pernambuco. No traçado dos canais envolve infraestrutura. Dentre as principais obras uma grande variedade de solos e rochas, dentre destaca-se o “Projeto de Integração do Rio São os quais alguns depósitos de “solos colapsíveis” Francisco com as Bacias Hidrográficas do e “solos expansivos”. Este trabalho apresenta e Nordeste Setentrional - PISF”. O projeto prevê discute resultados de um estudo envolvendo ensaios de laboratório e campo para avaliar a pela deficiência de umidade que se colapsibilidade do solo de um trecho do canal desenvolvem em regiões áridas e semiáridas. do Eixo Leste, no município de Floresta-PE. O Neste contexto não é rara a ocorrência de solos estudo foi elaborado em parceria da UNIVASF colapsíveis no sertão nordestino, destacando-se com o consórcio LOGOS-CONCREMAT e do o Estado de Pernambuco, cujo problema passou Ministério da Integração Nacional – MI. O a ter relevância após a construção da barragem estudo foi motivado em função da necessidade de Itaparica, onde se verificou vários danos em de identificar as camadas de solos colapsíveis edificações recém-construídas nos novos com vistas à estabilização mecânica do solo em conglomerados urbanos, com destaque à cidade diferentes trechos, conforme previsto no projeto de Petrolândia-PE, conforme relatam Ferreira e executivo. O foco principal foi a elaboração de Teixeira (1989); Souza et al. (1995) e Souza uma metodologia simples baseada em ensaios Neto (2004). de campo, dispensando a necessidade de uma excessiva coleta de amostras indeformadas para 2.2 Fatores que influenciam no colapso do solo medir o potencial de colapso do solo no laboratório. Para tanto, foi utilizada uma versão A avaliação da colapsibilidade do solo é, do equipamento de campo denominado normalmente, feita no laboratório por meio de Expansocolapsômetro, onde foi elaborada uma ensaios edométricos envolvendo o metodologia baseada em Ferreira (1995) e carregamento do solo, seguido de inundação. A Souza Neto (2004). Será apresetada uma sintese deformação decorrente da inundação é definida sobre o conceito de solos colapsíveis, a por Jennings e Knight (1975) de potencial de metologia empregada no estudo e os resultados colapso. Este tipo de ensaio tem sido referido com as principais conclusões. por Ferreira (1995) de “edométrico simples”. Outro procedimento envolve a realização de um 2 CONSIDERAÇÃO TEÓRICA ensaio de compressão edométrica com o solo no estado natural e outro no solo previamente O colapso é o termo utilizado para os recalques inundado. A diferença das deformações entre os adicionais de uma fundação devido ao dois ensaios, numa dada tensão, corresponderá umedecimento de um solo não saturado, ao potencial de colapso. Este tipo de normalmente sem aumento nas tensões procedimento é denominado de “ensaios aplicadas (Jennings e Knight, 1975). Os solos edométricos duplos”. não saturados sujeitos a este fenômeno são, Com base nos resultados dos ensaios de normalmente, denominados de “Solos colapso no laboratório tem-se observado alguns Colapsíveis”. fatores característicos dos solos que podem influenciar na sua colapsibilidade. 2.1 Ocorrência de solos colapsíveis 2.2.1 Umidade inicial do solo Geralmente a ocorrência de solos colapsíveis está relacionada a locais com deficiência O colapso do solo tende a aumentar de forma hídrica, em regiões de baixos níveis de inversa com a sua umidade inicial (antes do precipitações pluviométricas, embora tenha umedecimento). Este fato é esperado, pois havido a constatação desses tipos de solos em quanto menor a umidade (maior sucção), mais outras regiões de maior pluviosidade. Neste rígido estará o solo e menor será a parcela do contexto incluem-se os ambientes tropicais, os recalque antes do umedecimento, resultando em quais, segundo VILAR et al. (1981), maior deformação de colapso. Valores de apresentam condições propícias para o sucções da ordem de 10 MPa são comuns nos desenvolvimento de solos colapsíveis, seja pela solos do semiárido nordestino, conforme lixiviação de finos dos horizontes superficiais mostrou Ferreira (1995) e Souza Neto (2004). nas regiões onde se alternam estações de Por esta razão, os ensaios que conduzirão ao relativa seca e de precipitações intensas, seja maior potencial de colapso serão aqueles realizados quando o solo estiver com umidade valor máximo varia com o tipo de solo e correspondente ao período seco da região, condições iniciais. Souza Neto (2004) chama a considerado o período mais crítico, caso atenção de que este comportamento tem sido contrário, o potencial de colapso calculado verificado sob condição de carregamento em poderá ser pequeno, dando uma falsa indicação ensaios edométricos, o que raramente de “não colapsibilidade do solo”. corresponderá às condições no campo. É Para que o colapso seja deflagrado, duas possível que no campo o comportamento do condições básicas devem ser satisfeitas: a colapso seja sempre crescente com a tensão, elevação do teor de umidade até certo valor pois não há restrições ao deslocamento lateral, limite e a atuação de um estado de tensões como ocorre nos ensaios edométricos. Portanto, crítico. ao se comparar os potenciais de colapso obtidos Dependendo do teor de umidade do solo, o de ensaios de laboratórios com os de ensaios de que corresponde a um determinado grau de campo, é aconselhável que os níveis de tensões saturação (Sr), o solo não apresentará colapso adotados estejam na faixa ascendente do sob inundação, uma vez que praticamente toda colapso de laboratório. deformação ocorrerá na etapa de carregamento, Outra consideração com base no descrito no passando a ser desprezível ou inexistente as parágrafo acima é a de que, nem sempre os deformações decorrentes da inundação. níveis de tensão do campo estarão no trecho O grau de saturação a partir do qual não se ascendente da curva, resultando em colapsos verifica o colapso do solo é definido por menores, podendo vir a identificar o solo como Jennings e Knight (1975) de grau de saturação não colapsível. Há casos onde a tensão de crítico e varia de solo para solo. Esses autores ruptura do solo após a saturação é menor do que apresentam as seguintes faixas de grau de a tensão admissível considerada no projeto, saturação crítico: 6 < Sr < 10% para podendo vir a resultar na ruptura do sistema. pedregulhos finos; 50 < Sr < 60% para areias Além dos fatores intervenientes abordados siltosas finas; 90 < Sr < 95% para siltes acima, vale registrar que, em alguns solos, o argilosos. potencial de colapso pode ser intensificado, Na realidade, existem dois graus de dependendo do liquido permeante, em virtude, saturação críticos, um inferior, que corresponde por exemplo, da dispersão da fração argila, ao grau de saturação necessário para deflagrar o conforme apresentado por Reginatto e Ferreiro processo e outro superior, que corresponde (1973). É sempre recomendável que os ensaios àquele supracitado. A implicação prática é que, de colapso sejam realizados com o permeante ao se avaliar o colapso no campo, fora da previsto no campo. estação seca, não se devem desprezar as deformações (ou recalques) que venham a 2.3 Identificação de Solos Colapsíveis ocorrer antes da saturação do solo. Ferreira (1995) classifica os métodos de 2.2.2 Nível de tensão identificação de solos colapsíveis de “indiretos” e “diretos”. Os indiretos são aqueles que O potencial de colapso do solo não depende utilizam resultados de ensaios de caracterização apenas da sua umidade inicial, mas também do do solo, de simples obtenção em laboratórios. nível de tensão em que ocorre o seu Partindo-se de resultados de caracterização, umedecimento. Vários autores (e.g. Yudhbir, vários autores têm proposto índices e critérios 1982; Lutenegger e Saber, 1988; Phien-Wej et de identificação, porém restritos às regiões onde al, 1992; Ferreira, 1995; Futai, 1997; Vilar e foram elaborados, o que tem sido a maior crítica Machado, 1997, Souza Neto, 2004) têm a este procedimento. Ferreira (1995) e Souza mostrado que o potencial de colapso tende a Neto (2004) reforçam esta crítica ao aplicar aumentar com a tensão de inundação, até vários critérios de identificação no solo alcançar um valor máximo, a partir do qual colapsível de Petrolândia-PE. tende a diminuir. A tensão onde ocorre este Os métodos diretos são aqueles que se ensaios no laboratório, decidiu-se adotar baseiam na medida do potencial de colapso do procedimentos baseados em ensaios de campo. solo por meio de ensaios de laboratório do tipo Para isso, foi utilizada uma versão do edométrico ou por meio de ensaios de campo, “Expansocolapsômetro” construída tal como o expansocolapsômetro. Com base no exclusivamente para este estudo. valor do potencial de colapso vários autores têm O Expansocolapsômetro consiste de um apresentado propostas de identificação de solos ensaio de placa em miniatura realizado em um colapsíveis. Ferreira (1995) e Souza Neto furo aberto a trado e sua base devidamente (2004) apresentam uma revisão sobre as nivelada com um trado especial, denominado diferentes propostas, ressaltando vantagens e “trado nivelador”. Sua composição básica limitações. No Brasil destaca-se o critério de consiste de um tripé, por meio do qual desliza Vargas (1978) que considera colapsível todo o uma haste conectada a uma sapata na sua parte solo que apresente um potencial de colapso inferior. Sobre a haste são aplicados pesos que maior que 2%, independente do nível de tensão, transferirão a carga à sapata circular rígida de sendo muito adotado pelos projetistas 10 cm de diâmetro. Os recalques são medidos brasileiros. por meio de extensômetro fixado numa base rígida e apoiados sobre um suporte fixado à 3 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA ÁREA haste, que se desloca verticalmente. Após a DE ESTUDO estabilização dos recalques sob tensão, o solo é inundado, sendo os recalques devidos à A área de estudo está localizada no Lote 09 do inundação medidos e denominados de colapso. canal Leste do PISF, no município de Floresta- A Figura 1 ilustra a versão do equipamento PE, numa extensão da ordem de 40 km. Visto utilizada, baseada na proposta de Souza Neto que estudos preliminares indicaram a evidência (2004). de solos colapsíveis ao longo do traçado do canal, decidiu-se intensificar o estudo. Uma vez identificado o colapso, o projeto executivo prever a escavação e reaterro do solo compactado na umidade ótima, eliminando assim sua colapsibilidade. O solo pertence à formação Tacaratu, caracterizada por arenitos grosseiros a médios, ocasionalmente conglomeráticos e mal selecionados. O solo é caracterizado por uma areia fina siltosa amarelada, com espessura que pode chegar a 6,0 m. O clima da região é do tipo semiárido, com precipitações médias da ordem de 450 mm anuais e evaporação que podem variar de 1600 mm a 1800 mm.
4 METODOLOGIA
Dada a real suscetibilidade ao colapso do solo
na região do Lote 09 das Obras do Eixo Leste Figura 1. Esquema ilustrativo do Espansocolapsômetro. do PISF, houve a necessidade da determinação do potencial de colapso do solo ao longo do Um ponto relevante neste tipo de ensaio é eixo do canal e em diferentes profundidades. garantir um umedecimento adequado do solo, Visto que a extensão do trecho tornaria preferencialmente, que toda região envolvida pelo excessivamente onerosa a coleta de amostras, bulbo de tensões esteja com grau de saturação além do tempo despedido para realização dos acima do crítico superior. Neste trabalho, além da estabilização dos recalques durante a inundação, Nessas mesmas tensões (50 kPa e 100 kPa) água foi adicionada de forma a garantir que todo foram realizados os ensaios edométricos simples. o solo sob a placa envolvido pelo bulbo de Para fins de avaliar a variação do potencial de tensões, equivalente a 0,20 m, tenha sido colapso com a tensão vertical, foram realizados suficientemente umedecido. Essa verificação era ensaios edométricos duplos, de forma a garantir feita determinando o teor de umidade no término que os níveis de tensões adotados estejam no do ensaio. Em ensaios preliminares, constatou-se trecho ascendente da curva tensão versus um tempo de 60 minutos como suficiente para potencial de colapso. Os ensaios edométricos umedecer todo o solo e garantir a estabilização foram realizados numa prensa tipo Bishop com dos recalques, sendo adotado como padrão para célula de anel fixo e dispondo de sistema os demais ensaios. Vale ainda ressaltar que foram automático de aquisição de dados. A inundação feitos furos independente para cada ensaio, de foi feita sem controle da vazão e mantida por um forma a evitar a influência da água adicionada no período mínimo de 24 horas, de forma a garantir a ensaio anterior. saturação do solo. A determinação do potencial de colapso no campo não é simples, devido às dificuldades no 5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS cálculo das deformações. Sendo assim, optou-se RESULTADOS em fazer um ajuste dos colapsos de campo com os de laboratório, determinados por meio de ensaios A Figura 3 apresenta um resultado típico de edométricos simples. Foram coletadas cinco ensaio edométrico duplo. A partir da Figura 3, amostras indeformadas na profundidade de 0,50 obteve-se a variação do potencial de colapso m e cinco nas profundidades de 1,0 m com o nível de tensão, apresentado na Figura 4. paralelamente ao eixo o canal. Nessas Observa-se que o potencial de colapso (εc) profundidades e nos mesmos locais de aumenta com a tensão, atingindo um máximo amostragem foram realizados ensaios de colapso em torno de 400 kPa (Fig. 4), mantendo-se com o Expansocolapsômetro nas tensões de 50 kPa e 100 kPa, de forma a obter os recalques de constante para níveis de tensão até 640 kPa. colapso no campo (Fig. 2). Este resultado mostra que as tensões de 50 kPa e 100 kPa adotadas nos ensaios de campo, bem como para os ensaios edométricos simples, estiveram sempre no trecho ascendente da curva potencial de colapso versus tensão vertical.
Figura 3. Ensaio edométrico duplo do solo coletado na
estaca 2021, a um metro de profundidade.
Figura 2. Ensaio de campo sendo realizado com o
expansocolapsômetro. Pelos critérios apresentados, os solos foram classificados como colapsíveis (εc > 2%) pelo critério de Vargas (1978) e de problemático (5% < εc > 10%) a problema grave (10% < εc > 20%) pelo critério de Jennings e Knight (1975). Verifica-se, invariavelmente, para as demais estacas do trecho estudado, maiores valores para os potenciais de colapso dos ensaios na tensão de 100 kPa, reforçando que os níveis de tensões adotados estavam dentro do trecho ascendente da curva de variação do potencial de colapso com a tensão vertical. Figura 4. Potencial de colapso versus tensão vertical para Na Figura 6 apresentam-se resultados típicos o solo da estaca 2016. de ensaios realizados com o Expansocolapsômetro, representados pela curva A Figura 5 apresenta resultados típicos de tempo x recalque. ensaios edométricos simples. A Tabela 1 As curvas mostradas na Figura 6 são apresenta um resumo dos potenciais de colapso caracterizadas por um trecho de baixo recalque, obtidos em laboratório, bem como a antes da inundação, e um trecho correspondente classificação da colapsibilidade de acordo com ao colapso. Os recalques antes da inundação os critérios de Vargas (1978) e Jennings e variaram entre 0,8 mm (50 kPa) e 1,5 mm (100 Knight (1975). kPa). Para os recalques de colapso, estes variaram entre 1,1 mm (50 kPa) e 3,6 mm (100 kPa). Valores de colapso bem superiores aos mencionados acima foram obtidos para outras estacas, chegando a 18 mm de recalque devido à inundação do solo. Os tempos totais dos ensaios com o expansocolapsômetro foram em torno de 1,5 h, sendo 30 min antes da inundação e 1 h após a inundação, tempo este suficiente para ocorrer a estabilização dos recalques e garantir a inundação do solo.
Figura 5. Ensaio de edométrico simples para o solo da
estaca 2380.
Tabela 1. Potencial de colapso, obtidos em laboratório,
para o solo do lote 09 do PISF. σv εc Colapsibilidade Estaca (kPa) (%) [1] [2] 100 11,57 Colapsível Grave 2061 50 8,74 Colapsível Problemático 100 8,46 Colapsível Problemático 2230 50 7,86 Colapsível Problemático 100 7,52 Colapsível Problemático 2275 50 6,49 Colapsível Problemático 100 12,97 Colapsível Grave 2315 50 8,67 Colapsível Problemático 100 10,09 Colapsível Grave 2380 Figura 6. Ensaio de colapso no expansocolapsômetro, na 50 9,64 Colapsível Problemático [1] Vargas (1978); [2] Jennings e Knight (1975). estaca 2380, a meio metro de profundidade. Os resultados obtidos com o uso do É importante ressaltar que as condições de equipamento expansocolapsômetro em várias contorno dos ensaios edométricos, com estacas do lote 09 do PISF, a um e meio metro deformação lateral nula, não corresponde à de profundidade foram comparados com os mesma do ensaio de campo envolvendo potenciais de colapso obtidos a partir dos carregamento de uma placa circular rígida. Nos ensaios edométricos simples. A Figura 7 ensaios edométricos, todas as deformações apresenta um gráfico de dispersão dos serão resultantes da redução dos vazios, pois resultados para os ensaios executados com a não haverá ruptura do solo. No campo é finalidade de ajuste do equipamento construído. possível que o colapso obtido a partir do expansocolapsômetro seja superior, uma vez que além da redução dos vazios poderá também haver ruptura do solo resultante das tensões cisalhantes. Por esta razão é possível que o colapso obtido pela correlação venha a ser muito elevado, o que não implica em erro de interpretação e sim uma conseqüência da elevada redução na resistência ao cisalhamento que esses solos podem apresentar. A Figura 8 apresenta o potencial de colapso com a profundidade, obtido a partir dos resultados de campo e da correlação com os ensaios de laboratório (Fig. 7). Observa-se, em geral, uma tendência de aumento do potencial Figura 7. Gráfico de dispersão dos valores de colapso de colapso com a profundidade, alcançando um obtidos nos ensaios de campo e laboratório. máximo em função da espessura do perfil de solo da estaca, vindo, a partir de então, a Na Figura 7, tem-se na abscissa o colapso de diminuir para valores mínimos. Este campo e na ordenada, o potencial de colapso de comportamento tem sido observado por Ferreira laboratório. Tomando-se como referência a reta (1995) e Souza Neto (2004) para solos 1:1 observa-se que a maioria dos pontos se colapsíveis de Petrolândia/PE, também dispersa na parte superior da reta, indicando que pertencentes à formação Tacaratu, o que parece os colapsos obtidos em campo com o caracterizar um padrão típico desta formação. equipamento expansocolapsômetro foram, em 90% dos casos, inferiores aos obtidos a partir dos ensaios de laboratório. A nuvem de pontos não se configurou numa tendência bem definida, entretanto não se observou grandes variações dos solos, em geral caracterizado por uma areia siltosa. Dessa forma, partindo-se dos resultados, estabeleceu- se um ajuste médio nos resultados de campo considerando a reta passando pelo ponto médio e interceptando a origem, ou seja, adotou-se uma regressão linear dos pontos, desconsiderando os extremos. Em virtude da quantidade de dados de campo e considerando o conceito físico de que sem tensão (0 kPa) não há colapso, deve-se considerar que a reta de regressão dos dados necessariamente deve partir da origem. Figura 8. Potencial de colapso de campo com a profundidade. 5 CONCLUSÃO Lutenneger, A.J. & Saber, R. T. (1988). “Determination of Collapse Potential of Soils”. Geotechnical Testing Journal, ASTM, Vol. 11, no 3, September, pp. 173- O solo em estudo apresenta elevada 178. susceptibilidade ao colapso, vindo a ser Phien-Wej, N.; Pientong, T. e Balasubramanian, A.S. identificados como colapsíveis e problemático (1992). “Collapse and Strength Characteristics of pelos critérios de Vargas (1978) e Jennings e Loess in Thailand”. Engineering Geology, Vol. 32, Knight (1975), requerendo tratamento Elsevier Science, Amsterdam, pp.59-72. Reginatto, A.R. & Ferrero (1973). “Collapse Potential of específico para sua estabilização. Soils and Water Chemistry”. Proceedings of the VIII O uso do expansocolapsômetro mostrou ser International Conference on Soil Mechanics and um meio simples e econômico para avaliar a Foundation Engineering, Moscow, vol. 2, p.177-183. colapsibilidade do solo para as obras do PISF, a Souza Neto, 2004. Comportamento de um solo colapsível despeito das incertezas envolvidas no cálculo avaliado a partir de ensaios de laboratório e campo, e previsão de recalques devidos à inundação (colapso). das deformações de colapso. Cabe ressaltar que Tese de Doutorado. COPPE/UFRJ. Rio de Janeiro. em virtude da grande extensão da área do PISF, 432 p. ensaios edométricos foram necessários para Souza, R.J.B., Cavalcanti, A.J.C.T., Vasconcelos, A.A., auxiliar na interpretação dos resultados. et al. (1995) “Unsaturated Soil Problems on the Os resultados do estudo permitiram uma Itaparica Dan Reservoir Área – Brazil”. Proc. Of the First International Conference on Unsaturated Soils. avaliação quantitativa da colapsibilidade do Paris, France. Balkema, Vol. 2, pp. 1011-1016. solo por meio de um ensaio simples e eficaz Vargas, M. (1978). “Introdução à Mecânica dos Solos”. num tempo reduzido, subsidiando a definição McGRAW-HILL do Brasil. São Paulo. Vol.1, p.509. das camadas a serem tratadas, conforme critério Vilar, O.M. & Machado, S.L. (1997) “The Influence of Suction on Lateral Stress and on Collapse of a Non- estabelecido no projeto executivo. Saturated”. Soil and Pavement Mechanics. Almeida eds., Balkema, Rotterdam, pp.309-314. AGRADECIMENTOS Vilar, O.M., Rodrigues, J.E. & Nogueira, J.B. (1981) “Solos Colapsíveis: Um Problema para a Engenharia Os autores agradecem o apoio do consórcio dos Solos Tropicais”. Simpósio Brasileiro de Solos Tropicais em Engenharia. Rio de Janeiro, vol. 1, Logos-Concremat e do Ministério da Integração p.209-224, Setembro. Nacional na disponibilidade dos recursos Yudhbir, (1982). “Collapsing Behavior of Residual necessários à realização dos ensaios de campo e Soils”. Proceedings of the 7 th Southeast Asian laboratório e a UNIVASF pelo apoio ao Grupo Geotechnical Conference, Hong Kong, Vol. 1, pp. de Pesquisa Geotecnia do Semiárido. 915-930.
REFERÊNCIAS
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