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Unidade II
5 LEVANTAMENTO DE PONTOS DETALHE
5.1 Levantamento
Z M
B
Mira retículo
Teodolito
65
Unidade II
O número maior (1) é a leitura em decímetro. As leituras em centímetro se dão por contagem visual,
facilitada pelos dentes existentes nas leituras de 0 e 5 cm e pela alternância das cores branco (par) e
preto (ímpar). Por último, a leitura em milímetro se dá por interpolação.
• A = 3122 mm
• M = 3072 mm
• B = 3022 mm
Para uma verificação expedita da consistência do levantamento, faz-se a comparação das diferenças
A – M e M – B. Caso sejam diferentes, o resultado do levantamento não será aceito.
d = k ⋅ AB ⋅ sin2z
onde k é a constante de construção, igual a 100, AB é a diferença das leituras A-B e z é o ângulo zenital.
d = 100 ⋅ AB ⋅ sin2z
Observação
A figura a seguir ilustra o esquema do levantamento taqueométrico para a determinação das cotas:
66
TOPOGRAFIA
Mira
M
S
z ∆
Teodolito
hi
A d B
hB = hA + hi + ∆ − M
onde
hi = altura do instrumento
Exemplo de aplicação
Do ponto A foi feita uma visada taqueométrica para o ponto B, obtendo-se os ângulos horizontal e
vertical: azimute = 215°45’ e zênite = 89°18’. As leituras na mira foram: A= 1,272; M= 1,072; B= 0,872.
Sabendo que a altura do instrumento no levantamento era de 1,27 m e que a constante do aparelho
é 100, determine:
a) A distância horizontal AB
67
Unidade II
Solução
A – M = 0,200 mm
M – B = 0,200 mm
d = 100 ⋅ (1272
, − 0, 872) ⋅ sin2 89°18’
d = 39, 994 m
∆ = 100 ⋅ (1272
, − 0, 872) ⋅ sin89°18’ ⋅ cos 89°18’
→ ∆ = 0, 489 m
hB = 860, 265 + 1, 27 + 0, 489 − 1, 072
→ hB = 860, 952 m
Uma aplicação prática dos levantamentos taqueométricos refere-se à determinação de vãos livres
sob obras de arte especiais (OAEs – pontes e viadutos). Fazem-se leituras horizontais (z = 90°) com a mira
sob o viaduto, por exemplo, para determinação da distância entre o equipamento e a borda da OAE. Na
sequência, com o teodolito no mesmo local, posiciona-se a mira sobre o viaduto, ou no ponto da cota
inferior da laje de apoio do tabuleiro, para a determinação da cota correspondente e, por consequência,
do vão livre. O Exemplo de aplicação a seguir resolve esse problema.
Exemplo de aplicação
Para a determinação do gabarito existente de um viaduto (vão livre), foram obtidas medidas por meio
do levantamento taqueométrico sob e sobre o viaduto, à mesma distância do teodolito. As medidas sob
o viaduto foram feitas na horizontal (z = 90°) e o ângulo vertical de visada para a mira sobre o viaduto
é igual a 86°35’.
As leituras da mira no pavimento (horizontal) são: A = 1,915 mm, M = 1,658 mm e B = 1,401 mm.
Verifique se o gabarito vertical atende à norma vigente para vias arteriais (gabarito mínimo
igual a 5,50 m).
68
TOPOGRAFIA
Solução
V
z
∆
H
T
M
pavimento
s
O desnível D pode ser expresso pela distância s multiplicada pela cotangente do ângulo zenital.
H = ∆ + M = 3, 069 + 1, 658
→ H = 4, 727 m
Resposta: o gabarito sob a estrutura do viaduto é de 4,727 m e está em desacordo com a norma, que
indica que deve haver 5,50 m livres.
69
Unidade II
Definição: Levantamento de pontos no plano horizontal de elementos físicos tais como: prédios, muros,
guias, cercas etc., com base em elementos geométricos (poligonal fechada) e taqueometria (medições
indiretas sem uso de trena), gerando condições para averiguação de erros e precisão do trabalho.
Equipamentos e materiais utilizados por grupo: teodolito, tripé, bússola, mira, duas balizas, nível
de mão, caderneta de campo (ou caderno), quatro piquetes (2,5 x 2,5 x 15 cm) e marreta.
Procedimento
Resultados: elaborar uma planilha auxiliar para a determinação das distâncias por taqueometria.
Na sequência, com base nessa planilha, montar outra, para a determinação das coordenadas dos vértices
da poligonal.
Sugere-se utilizar os mesmos pontos da atividade prática 4 para a comparação dos resultados.
6 SISTEMAS ALTIMÉTRICOS
Por altitude entende-se a cota com referência no nível do mar (também chamada de cota absoluta).
A cota, simplesmente, pode ter origem em um plano arbitrário. Existem redes de pontos cotados cuja
altitude é conhecida, determinados como Referência de Nível (RN). Conhecidos os dados da RN mais
próxima da área que se quer nivelar, pode-se fazer o transporte das cotas.
A RN deve ser um ponto facilmente reconhecível e sempre instalado próximo ao solo. Pode ser
identificado por um marco de concreto ou um prego ou outro objeto cravado em um ponto fixo, que
não possa mudar de lugar.
Em São Paulo, é comum a utilização do Pilar 1 da Universidade de São Paulo (USP), localizado na Raia
Olímpica da Cidade Universitária, como RN para os levantamentos realizados na região metropolitana.
70
TOPOGRAFIA
O SGB estabelece as características do elipsoide e a origem altimétrica que deve ser utilizada para a
determinação de coordenadas e cotas nos levantamentos.
Atualmente, a obtenção de dados tem sido possível de forma rápida e precisa por meio dos Sistemas
Globais de Navegação por Satélite (GNSS) em inglês, Global Navigation Satellite Systems, popularmente
conhecidos por sua componente americana, o Global Positioning System (GPS). Entretanto, alguns
cuidados devem ser tomados na utilização dos dados, em especial com relação às altitudes.
O número fornecido como altitude no GNSS (GPS) é chamado de altura geométrica. Esta se refere
ao datum considerado no sistema. Entretanto, deseja-se conhecer a altitude acima do nível do mar,
conhecida como altura ortométrica, cuja referência é o geoide. A diferença entre o geoide e o elipsoide
é chamada de ondulação geoidal. Pelo site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é
possível consultar a ondulação geoidal em função das coordenadas geográficas do ponto em que foi
obtida a medida pelo GNSS, por meio do sistema MapGeo. A figura a seguir indica a descrição das
alturas geométrica, ortométrica e da ondulação geoidal.
Superfície
terrestre
H h Geoide
N
Elipsoide
H=h-N
Pela figura, a altura geométrica (obtida a partir do GPS/GNSS) é identificada pela letra H. A altura
ortométrica (ou altitude, simplesmente) é identificada pela letra h e a ondulação geoidal, N. Em termos
escalares, podemos dizer que
H—h—N
71
Unidade II
Saiba mais
O primeiro método, já citado como o mais utilizado, é muito simples. Consiste na medição de
distâncias verticais mensuradas tendo como ponto de referência uma linha horizontal. O ângulo vertical
(zênite) é sempre igual a 90°. Esse levantamento é feito com a utilização do nível (uma luneta de alta
potência) e de uma mira graduada.
a
linad
ncia inc
S= distâ A.i.
eta
da d e lun B
de visa
linha V V = diferença
e n ital
ngulo z de cota
z=Â
α = Ângulo vertical
A
A.i. = altura H = Distância horizontal
da ocular do
instrumento V = H tan α = S cot z
acima do terreno
ou
V = S senα - S cos z
cota de B = cota de A + V
72
TOPOGRAFIA
Uma aplicação prática para o nivelamento trigonométrico é o conhecimento da altura de uma torre
ou igreja, por exemplo. Sendo conhecida a distância do ponto até a torre, faz-se uma visada com o
teodolito para o topo da torre e anota-se o ângulo vertical (com origem na horizontal) ou o zenital. Por
trigonometria simples, determina-se o desnível entre os dois pontos.
Saiba mais
As visadas devem ter comprimento tal que seja possível desprezar o efeito de curvatura da Terra e
da refração atmosférica. A figura a seguir ilustra a curvatura:
D = distância de visada
Linha horizontal
C = correção
Superfície da Terra
E = raio médio da Terra
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Unidade II
Com o objetivo de desprezar o efeito da curvatura e considerando o alcance visual dos instrumentos,
as visadas são limitadas a 100 m ou menos. Em operações corriqueiras de nivelamento geométrico,
costuma-se adotar visadas iguais da ordem de 50 m, tanto para ré quanto para vante.
A adoção de visadas iguais cancela os eventuais efeitos de curvatura e refração. Como cada leitura
seria acrescida do mesmo erro, o resultado seria o cancelamento desse erro.
6.3.2 Levantamento
h1
B
∆z
A
Sr Sv
ZA ZB
Como as distâncias sr (ré) e sv (vante) são praticamente as mesmas, a diferença de nível é dada por:
∆z = R − V
Caso a cota do ponto B seja conhecida, por exemplo, a cota do ponto A pode ser determinada por:
z A = zB + ∆z
z A = zB + R − V
A soma das leituras de ré com a cota do ponto inicial fornece a altura do instrumento.
Assim como no levantamento taqueométrico, são feitas três leituras na mira, A, M e B. Para controle
da consistência do levantamento, AM ≅ MB. As leituras de ré e vante utilizadas no cálculo consistem no
ponto M.
74
TOPOGRAFIA
Para o transporte das cotas até um ponto qualquer, faz-se o caminhamento. O equipamento é
levado para um novo ponto, do qual faz novamente duas visadas. O ponto anteriormente lido como
vante deve então ser lido como ré. Assim, todos os pontos intermediários do caminhamento têm duas
leituras. A figura a seguir ilustra o caminhamento e transporte do nivelamento:
R V
R V E
4
R V
D
R V 3
C
2
B
1
A
Caso o levantamento não tenha início e fim em referências de nível conhecidas, deve ser realizado
o contranivelamento, fechando o percurso como se fosse uma poligonal fechada, para poder calcular e
distribuir os erros.
É possível que pontos de interesse estejam locados fora do caminhamento original do levantamento.
Nesse caso, com o nível instalado em uma posição adequada para a visada, pode-se fazer apenas uma
leitura, como se se tratasse de um ponto de vante. A visada é tratada como um “ponto detalhe” e o
cálculo da cota é feito considerando-a um ponto de vante comum.
Durante o levantamento, os dados coletados são organizados em uma planilha na qual são
relacionadas as leituras das miras na visada ré e vante e a distância entre as estações. Caso a distância
não seja apresentada, é possível o cálculo por taqueometria, lembrando que z = 90°.
lembrete
f = k⋅ s
onde
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Unidade II
A distribuição do erro total de fechamento, que deve ser inferior ao admissível, é proporcional ao
comprimento de cada visada. Dessa forma, como as distâncias visadas são semelhantes, basta dividir
o erro total pela quantidade de pontos de vante, igual ao número de vezes que o equipamento foi
estacionado para fazer uma leitura. A correção é acumulada, ou seja, na segunda visada, o erro unitário
deve ser multiplicado por dois.
Em pontos detalhe, a correção a ser aplicada é a mesma do ponto vante a que está vinculado.
Observação
Exemplo de aplicação
Solução
f = k⋅ s
f = 10 ⋅ 0, 49
f = 7 mm
Resposta: o erro admissível para esse levantamento é de 7 mm. Considerando que o erro de
fechamento obtido foi de 6 mm, o levantamento pode ser aceito.
76
TOPOGRAFIA
A cota provisória do ponto é obtida somando-se a cota provisória do ponto anterior à leitura de ré
e subtraindo a leitura de vante.
Deve-se tomar cuidado com aos pontos detalhe, para não confundi-los com o ponto de vante e usá-
lo na sequência do caminhamento.
A diferença das somatórias das leituras de ré e vante indica o desnível entre o ponto de início e fim
do levantamento antes da correção pelo erro de fechamento. Caso a origem e o término sejam o mesmo
ponto (operações de nivelamento e contranivelamento), a diferença é o próprio erro de fechamento.
Exemplo de aplicação
Tabela 21
Solução
O processo de cálculo é simples. Tomando a cota do ponto RN como 100,000, a cota do ponto
seguinte, 1, é dada por:
77
Unidade II
z1 = zRN + R − V
z1 = 100, 000 + 1, 555 − 2, 083
z1 = 99, 472 m
z2 = z1 + R − V
z2 = 99, 472 + 1, 528 − 1, 984
z2 = 99, 016 m
Tabela 22
Da tabela, pode-se rapidamente calcular o erro de fechamento. A diferença entre o ponto inicial e
o final, que deveriam ser de mesma cota é, na verdade, igual a 0,018 m, ou 18 mm. Considerando que
o nível foi estacionado seis vezes para o levantamento (seis visadas de vante), o erro unitário é igual a
0,003 m.
78
TOPOGRAFIA
III
I
Aux. (2)
RN
A Aux. (1)
Estra
B
da
C II
Asfaltada
Planta
Figura 35
79
Unidade II
Do ponto I, foram visados o ponto RN (ré) e o ponto aux. 1 (vante). O equipamento foi transportado
para o ponto II, a partir do qual foi visado o ponto aux. 1, dessa vez como ré, e o ponto aux. 2 (vante).
Finalmente, o equipamento foi levado para o ponto III, a partir do qual foi lido o ponto aux. 2 (ré) e
os pontos A, B, C e D, todos como detalhe. O croqui do levantamento com as respectivas leituras está
indicado na figura a seguir:
Perfil
0,348 3,976
2,120
1,850
I
0,350 1,750
RN = 100,000 3,800
III
0,420 1,650
A
II
B
C
Aux. (1) D
Aux. (2)
Figura 36
Sabendo que a cota do ponto RN é igual a 100,000 m, calcule as cotas dos pontos aux. 1, aux. 2, A,
B, C e D.
Solução
O primeiro passo é montar a tabela para o cálculo com base nas figuras:
80
TOPOGRAFIA
Repare que foi criada uma coluna auxiliar “Detalhe”. Os pontos A, B, C e D, como foram visados
apenas uma vez, como vante, podem ser considerados “pontos detalhe”. Note também que, uma vez que
não há referência de nível no término do levantamento, não há como estimar o erro de fechamento.
z Aux1 = zRN + R − V
z Aux1 = 100, 000 + 0, 348 − 3, 976
z Aux1 = 96, 372 m
z Aux2 = z Aux1 + R − V
z Aux2 = 96, 372 + 0, 420 − 1, 960
z Aux2 = 94, 832 m
• Ponto A:
z A = z Aux2 + R − V
z A = 94, 832 + 3, 800 − 0, 350
z A = 98, 282 m
• Ponto B:
zB = z Aux2 + R − V
zB = 94, 832 +3,800 − 1750
,
zB = 96, 882 m
• Ponto C:
zC = z Aux2 + R − V
zC = 94, 832 + 3, 800 − 1, 850
zC = 96, 782 m
81
Unidade II
• Ponto D:
zD = z Aux2 + R − V
zD = 94, 832 + 3, 800 − 2,120
zD = 96, 512 m
A atividade prática deste tópico prevê a familiarização do uso do nível para a realização do
nivelamento geométrico.
Definição: utilização dos recursos do aparelho de nível, orientações sobre componentes, sistema de
nivelamento do prato e sistema óptico.
Objetivo: orientar sobre os cuidados com o equipamento, realizar medidas verticais ou altimétricas.
Essa prática fornece aos alunos um primeiro contato com o aparelho para deixá-los familiarizados
com as operações de estacionar e fazer as leituras, preparando-os para as tarefas mais complexas.
É importante que cada membro do grupo faça uma operação de estacionar o aparelho e a leitura
das medidas verticais na mira.
82
TOPOGRAFIA
Equipamentos e materiais utilizados por grupo: aparelho de nível, tripé, mira, duas balizas, nível
de mão, caderneta de campo (ou caderno), dois piquetes (2,5 x 2,5 x 15 cm) e marreta.
Segue um esquema das peças e funções do aparelho de nível da marca CST/Berger, modelo 55-PAL.
Deverá ser consultado o manual de instruções do equipamento disponível para a realização no seu
campus da prática proposta.
6 7
5
4
3 8
2
1 9
12
11
10
13
1. Prato base.
2. Círculo horizontal.
4. Trinco do compensador.
5. Parafuso de focagem.
6. Ponto de mira.
7. Lente da objetiva.
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Unidade II
Procedimento:
1. Implantar dois piquetes no solo (local ao ar livre, pode ser um gramado) com distância aproximada
de 20 passos um do outro, escolhendo pontos com desnível perceptível à visão comum.
2. Em um ponto aleatório, de preferência acima dos pontos demarcados, colocar somente o tripé
aberto, colocando o prato de apoio na horizontal visualmente.
3. Essas operações de nivelamento do prato podem ser obtidas pelos parafusos de liberação das
alturas de cada perna do tripé. Soltar e esticar até a posição conveniente.
4. Retirar o aparelho do estojo, seguro pelo prato base (1), conduzindo-o até o tripé e fixando-o pelo
parafuso central.
6. Nivelar o aparelho definitivamente com a precisão necessária através da observação pelo prisma
visor de nível (11), sempre em posições ortogonais entre si, conferindo, assim, os quatro lados
possíveis, a cada 90° de giro.
7. Direcionar o telescópio do aparelho utilizando o ponto de mira (6) para o piquete de ré, onde
deverá haver um assistente com uma régua graduada, denominada mira, no piquete e na vertical.
8. Utilizar o parafuso de focagem (5) até que a mira esteja no foco do aparelho e então regular o
retículo de leitura na focagem da ocular (13).
9. Realizar a leitura da mira na linha do retículo horizontal, anotar o valor na caderneta de campo.
10. Soltar e girar o aparelho até a posição do piquete de vante e repetir os passos de 7 a 9.
84
TOPOGRAFIA
11. Repetir as operações em outras posições aleatórias, tomando o cuidado de fazer com que
o aparelho esteja estacionado e seja operado por alunos distintos, para que todos tenham
conhecimento das operações.
12. Para completar todo o grupo, poderão ser realizadas operações quantas vezes forem necessárias,
fornecendo, assim, opções para conferir erros cometidos.
Resultados: calcular as diferenças de cotas entre os piquetes, nas diversas leituras realizadas,
verificando a diferença entre elas e comentando sobre os erros cometidos.
A agrimensura tem por objetivo não só o mapeamento do relevo, mas também a análise dos aspectos
legais de demarcação de uma propriedade. Por isso, essa área de estudo se vale da Topografia para a
avaliação de áreas, principalmente em casos de compra e venda de imóveis rurais e urbanos e em
processos de partilha, desapropriação, adequação de escrituras etc.
Lembre-se de que em Topografia sempre se utiliza a área plana, decorrente da definição do plano
topográfico e das medidas de distâncias e ângulos horizontais. Plantas e escrituras mais antigas referem-se,
por vezes, a distâncias inclinadas e/ou se baseiam em rumos magnéticos. Cabe ao profissional capacitado
a avaliação de tais características na determinação da área real do terreno avaliado.
Os processos para determinação de áreas podem ser definidos como analíticos, gráficos,
computacionais e mecânicos.
Os processos analíticos para determinação da área são formulações matemáticas que utilizam os
dados do levantamento topográfico. A formulação mais comum é o método de Gauss.
Método de Gauss
O método de Gauss para a determinação da área de polígonos regulares consiste na soma e subtração
da área de trapézios formados pelos vértices e suas projeções nos eixos N e E. Matematicamente, a área
é definida por:
1
S = ∑ (Ni ⋅ Ei+1) − ∑ (Ei ⋅ Ni+1)
2
85
Unidade II
O processo é simples quando as coordenadas N e E dos vértices estão dispostas em uma tabela.
Pode-se fazer o produto cruzado das coordenadas e dispô-lo em uma nova coluna, lateral, para facilitar
as somatórias.
É importante lembrar que as coordenadas do primeiro ponto devem ser repetidas ao final da tabela,
para fechar a poligonal e o cálculo.
Exemplo de aplicação
Calcular a área do polígono de cinco lados, cujas coordenadas estão indicadas a seguir, por meio do
processo de Gauss. Desenhar um croqui da área.
Coordenadas (m)
Ponto
N E
A 10 3
B 10 7
C 14 9
D 18 5
E 14 2
Solução
Primeiro, repete-se a primeira linha no final da tabela. Vamos reproduzir a tabela original com duas
colunas extras, para a multiplicação cruzada.
Figura 38 - Polígono A B C D E A
Entre os métodos utilizados para a determinação de áreas com contornos irregulares, destacam-se
os de Bezout, Poncelet e Simpson. Entretanto, os três têm formulação semelhante e, por conta disso,
abordaremos apenas o primeiro – Bezout.
A avaliação de áreas não regulares é normalmente realizada pelo esquema ilustrado na figura a
seguir:
y
0 1 2 3 n-2 n-1 n
x
d
O método de Bezout considera que a área consiste na somatória de n trapézios de base d. A principal
vantagem desse método é que ele vale para qualquer n, seja par ou ímpar. Os outros métodos citados
ora se aplicam para n par, ora n ímpar.
y +y
S = d ⋅ ∑yi + 0 n
2
87
Unidade II
onde
∑yi = y1 + y2 + y3 + …+ yn
Esse método é particularmente interessante quando se deseja calcular uma área extrapoligonal. Um
exemplo é a determinação de uma área entre um terreno já planimetrado por uma poligonal e uma
estrada. A distância entre os limites da cerca do terreno e da via podem ser representados pelos trapézios
do método de Bezout.
Os processos gráficos consistem na equivalência do desenho da área analisada por figuras geométricas
de área conhecida, ou na divisão da área em quadrículas de mesmo tamanho, sendo que a área total é
o produto da quantidade de quadrados pela área de um deles.
Podem ser relacionados ainda outros processos, como a divisão em faixas de igual espessura e a
medição das larguras, sendo que a área é o produto da espessura da faixa adotada pela somatória
das larguras; e a transformação geométrica é aplicável apenas a poligonais regulares que podem ser
reduzidas a um triângulo de área equivalente.
Em um programa editor de desenho, como o AutoCAD, o projetista deve fechar uma polilinha
(polyline) sobre o limite da área a ser determinada. Um comando é suficiente para a determinação do
atributo “área”.
Uma curiosidade é que a maioria dos programas de desenho considera as coordenadas de cada
vértice e calcula a área pelo método analítico de Gauss.
88
TOPOGRAFIA
Exemplo de aplicação
Com os dados da atividade prática realizada para o levantamento planimétrico, você irá calcular
as coordenadas dos vértices de uma poligonal. Faça o desenho em um programa CAD e calcule a
área das duas formas: analítica (Gauss) e pelo atributo (polyline). A comparação dos resultados é
um bom exercício!
Antes da evolução e popularização dos sistemas CAD, as áreas eram medidas com o apoio do
planímetro. Trata-se de um equipamento que possui dois braços articulados, com um ponto fixo
denominado polo e um cursor na extremidade dos braços, o qual deve percorrer o perímetro do polígono
cuja área se deseja calcular.
Planix 5
11 Pole arm
12 Pole weight
Figura 41 – Planímetro
No projeto de estradas e ferrovias, as seções transversais são determinadas, usualmente, a cada estaca
(20 m). Pela seção, é possível saber se a via está em trecho de corte, quando o greide (perfil) projetado está
sob o terreno natural, ou em aterro, quando o greide projetado está acima do terreno natural.
89
Unidade II
Costuma-se assumir, em estimativas preliminares (nível de anteprojeto), que as seções são trapézios,
cuja área pode ser calculada em função da altura de corte ou aterro no eixo da via, da largura da
plataforma e da inclinação do talude.
O volume entre duas seções consecutivas é um prisma trapezoidal, cuja fórmula é a seguinte:
Si + Si+1
Vi = ⋅d
2
onde Si e Si+1 é a área de duas seções consecutivas (de corte ou aterro) e d é a distância entre elas
(1 estaca = 20 m).
Exemplo de aplicação
Calcule o volume de terraplenagem de um trecho de quatro estacas cujas áreas das seções transversais
são conhecidas.
Solução
O cálculo do volume deve considerar cada movimento de terra isoladamente, ou seja, será calculado
um volume de corte e outro de aterro para o trecho.
A tabela a ser preparada deve inserir as colunas para o volume por estaca e acumulado e também
uma para distância entre as estações de análise. Nesse caso, todas as seções estão separadas por uma
estaca (20 m), mas podem ocorrer casos em que a distância entre as seções seja menor, como em curvas.
Somam-se as áreas na sequência do caminhamento (área 0 + área 1), (área 1 + área 2), (área 2 + área
3) e assim sucessivamente tanto para corte quanto para aterro. Não se deve, em nenhuma condição,
misturar os volumes nesse cálculo.
90
TOPOGRAFIA
S S
V = 1 + S2 + S3 + …+ n ⋅ d
2 2
onde S é a área de cada nível da plataforma. Observe que a primeira e a última são divididas por 2.
8 REPRESENTAÇÃO DO RELEVO
O desenho topográfico consiste na representação fiel do terreno, incluindo as feições do relevo, que
pode ser representado por meio dos pontos cotados e das curvas de nível.
91
Unidade II
Para a orientação, o desenho deve conter a direção do Norte (direção N-S), a quadrícula das
coordenadas, graduada, e a escala para interpretação dos dados (em forma gráfica ou numérica).
92
TOPOGRAFIA
Com base nos croquis do levantamento de campo e considerando as medições efetuadas, o projetista
deve transpor o coletado para o desenho, seja manual ou em meio eletrônico. Caso seja utilizado algum
equipamento com coleta e armazenamento automático de dados, o cálculo das poligonais e o desenho
são muito simples, bastando aplicar alguns comandos para a sua elaboração. Nesses casos, cabe ao
projetista apenas a análise dos dados, para que não ocorra nenhum erro.
Com relação à representação do relevo, a forma mais simples de representação são os pontos cotados.
Nessa representação, as projeções dos pontos no terreno têm ao seu lado as suas cotas ou altitudes. Ela
é usada onde é importante o conhecimento de cotas e declividades, como em sistemas viários e redes
de drenagem pluvial. 723,35
N
724,95 724,72
723,15 722,50
A forma mais tradicional para a representação do relevo são as curvas de nível. São linhas que unem
pontos com a mesma cota.
A diferença de cota entre duas curvas de nível é denominada equidistância vertical, obtida em
função da escala da carta, do tipo do terreno e da precisão das medidas altimétricas.
93
Unidade II
• a linha que cruza curvas de nível é, possivelmente, um curso d’água (talvegue). A representação
usual indica cursos d’água permanentes com linha contínua e cursos d’água intermitentes com linha
tracejada.
Por meio da análise das curvas de nível, é possível inferir o relevo por meio de perfis longitudinais,
que representam cortes ao longo de uma linha determinada.
94
TOPOGRAFIA
695
Planta
720 715 715
710
705
700 710
700
695
720 Perfil
715
710
705
700
Por meio da análise das curvas de nível, é possível identificar os acidentes geográficos do relevo. As
figuras a seguir são exemplos de representação:
Figura 46 – Talvegue
As linhas de talvegue são linhas de encontro de duas vertentes opostas. Nesse encontro, as águas
tendem a se acumular, formando os rios ou cursos d’água. Em projetos de engenharia, o termo talvegue
é utilizado como sinônimo de curso d’água.
95
Unidade II
40
10
30 20
20
30
10
40
A figura anterior apresenta superfícies nas quais as curvas de nível de maior valor envolvem as de
menor no caso das depressões. O contrário ocorre nas elevações.
15
20
Figura 48 – Espigão
O espigão, também chamado de divisor de águas, linha divisória de bacias, ou linha divisória de
águas, é a superfície de altitude mais alta da linha de cumeada.
O divisor de águas também pode ser descrito pela linha formada pelo encontro de duas vertentes
opostas pelos cumes, segundo a qual se divide o caminhamento das águas.
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TOPOGRAFIA
45
40
45
Saiba mais
97
Unidade II
Resumo
98
TOPOGRAFIA
Exercícios
Questão 1. A área do polígono de 5 lados, cujas coordenadas estão indicadas a seguir, deve ser
determinada por meio do processo de Gauss.
Tabela 30
Coordenadas (m)
Ponto
N E
A 10 5
B 3 4
C 1 1
D 1 2
E 4 3
A) 12 m².
B) 34 m².
C) 58 m².
D) 24 m².
E) 6 m².
Análise da questão
Primeiro, repete-se a primeira linha no final da tabela. Vamos reproduzir a tabela original com duas
colunas extras, para a multiplicação cruzada.
99
Unidade II
Tabela 31
Calculando as somas parciais da primeira e segunda coluna, a diferença fica igual a 24 e, com
isso, S = 12 m².
A) Alternativa correta.
B) Alternativa incorreta.
C) Alternativa incorreta.
D) Alternativa incorreta.
E) Alternativa incorreta.
100
TOPOGRAFIA
Mar
50
100 50
150 100
200 150
200
250
0 500 1000
metros
A) O ponto mais alto apresentado no mapa está a 250 m de altura e o mais baixo está a 50 m.
B) Um corte horizontal feito de maneira a dividir o desenho em duas partes iguais revela dois picos
com perfis topográficos semelhantes.
C) As linhas onde estão indicados numerais 100 estão a 100 centímetros de altura.
101
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES
Figura 1
Figura 4
Figura 10
MCCORMAC, J.; SARASUA, W.; DAVIS, W. Topografia. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016. p. 43.
Figura 19
VEIGA, L. A. K.; ZANETTI, M. A. Z.; FAGGION, P. L. Fundamentos de Topografia. Curitiba: UFPR, 2012. p. 110.
Figura 21
Figura 30
Figura 31
MCCORMAC, J.; SARASUA, W.; DAVIS, W. Topografia. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016. p. 96. Adaptada.
Figura 32
MCCORMAC, J.; SARASUA, W.; DAVIS, W. Topografia. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016. p. 96. p. 115.
Figura 37
Figura 42
REFERÊNCIAS
Textuais
BOSCH. Medidor laser de distâncias Bosch GLM 40 Professional. Bosch Professional, [s.d.]. Disponível
em: <http://www.bosch-professional.com/br/pt/laser-measure-glm-40-131500-0601072900.html>.
Acesso em: 15 dez. 2017.
___. Modelo de Ondulação Geoidal – MAPGEO2015. IBGE, [s.d.]. Disponível em: <https://www.
ibge.gov.br/geociencias-novoportal/informacoes-sobre-posicionamento-geodesico/servicos-para-
posicionamento-geodesico/10855-modelo-de-ondulacao-geoidal.html>. Acesso em: 21 dez. 2017.
103
___. Noções básicas de cartografia. Rio de Janeiro: IBGE, 1999. (Manuais Técnicos em Geociências,
n. 8). Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20-%20RJ/
ManuaisdeGeociencias/Nocoes%20basicas%20de%20cartografia.pdf>. Acesso em: 29 nov. 2017.
LEICA. Leica Runner 20/24. Leica Geosystems, 2017a. Disponível em: <http://www.leica-geosystems.
com.br/br/Leica-Runner-2024_103189.htm>. Acesso em: 21 dez. 2017.
___. Leica Flexline TS02/06/09. Leica Geosystems, 2017b. Disponível em: <http://www.leica-geosystems.
com.br/br/Leica-Flexline-TS020609_103175.htm>. Acesso em: 20 dez. 2017.
MCCORMAC, J.; SARASUA, W.; DAVIS, W. Topografia. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016. 414 p.
NIKON. Nikon NE-100 and NE-101 Theodolites. 2015. Disponível em: <http://www.spectraprecision.
com/media/custom/upload/File-1441359259.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2017.
SILVA, I.; SEGANTINE, P. C. L. Topografia para engenharia: teoria e prática de geomática. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2015. 412 p.
TULER, M., SARAIVA, S. Fundamentos de geodésia e cartografia. Porto Alegre: Bookman, 2016. 227p.
VEIGA, L. A. K.; ZANETTI, M. A. Z.; FAGGION, P. L. Fundamentos de Topografia. Curitiba: UFPR, 2012.
Sites
<http://www.aleziteodolini.com.br/>.
<http://www.embratop.com.br/>.
<http://www.igc.sp.gov.br/>.
<http://www.leica-geosystems.com.br/>.
<https://www.santiagoecintra.com.br/>.
<https://www.topconpositioning.com/pt-br/>.
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Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000