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2023
© Dos Organizadores - 2023
Editoração e capa: Schreiben
Imagem da capa: Menelaw Sete
Revisão: os autores
Revisão técnica: Manuel Alves de Sousa Junior
Conselho Editorial (Editora Schreiben):
Dr. Adelar Heinsfeld (UPF)
Dr. Airton Spies (EPAGRI)
Dra. Ana Carolina Martins da Silva (UERGS)
Dr. Deivid Alex dos Santos (UEL)
Dr. Douglas Orestes Franzen (UCEFF)
Dr. Eduardo Ramón Palermo López (MPR - Uruguai)
Dra. Geuciane Felipe Guerim Fernandes (UENP)
Dra. Ivânia Campigotto Aquino (UPF)
Dr. João Carlos Tedesco (UPF)
Dr. José Antonio Ribeiro de Moura (FEEVALE)
Dr. José Raimundo Rodrigues (UFES)
Dr. Klebson Souza Santos (UEFS)
Dr. Leandro Hahn (UNIARP)
Dr. Leandro Mayer (SED-SC)
Dra. Marcela Mary José da Silva (UFRB)
Dra. Marciane Kessler (UFPel)
Dr. Marcos Pereira dos Santos (FAQ)
Dra. Natércia de Andrade Lopes Neta (UNEAL)
Dr. Odair Neitzel (UFFS)
Dr. Valdenildo dos Santos (UFMS)
Dr. Wanilton Dudek (UNIUV)
Esta obra é uma produção independente. A exatidão das informações, opiniões e conceitos
emitidos, bem como da procedência das tabelas, quadros, mapas e fotografias é de exclusiva
responsabilidade do(s) autor(es).
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Bibliotecária responsável Kátia Rosi Possobon CRB10/1782
SUMÁRIO
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20 ANOS DA LEI N° 10.639/03 E 15 ANOS DA LEI N° 11.645/08
A������, C��������� � D�������
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Manuel Alves de Sousa Junior | Tauã Lima Verdan Rangel
(Organizadores)
Jacy Ramos
Assessora de Menelaw Sete
Especialista em história e cultura afro-brasileira
Licenciada em artes e em pedagogia
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PREFÁCIO
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APRESENTAÇÃO
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Avanços, Conquistas e Desafios
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº. 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei nº. 9.394, de 20
de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacio-
nal, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da
temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Brasí-
lia: Casa Civil, 2003. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
LEIS/2003/L10.639.htm. Acesso em: 06 jan. 2023.
BRASIL. Lei n°. 11.645, de 10 de março de 2008. Altera a Lei no 9.394, de
20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de
2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no
currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e
Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Brasília: Casa Civil, 2008. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11645.htm.
Acesso em: 06 jan. 2023.
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UM ESPELHO COBERTO NÃO TEM
O QUE REFLETIR: REFLEXÕES ACERCA
DAS LEIS Nº. 10.639/2003 E 11.645/2008
NA ATUALIDADE BRASILEIRA
Ana Carla Ferreira dos Santos1
INTRODUÇÃO
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(II VIGISAN). Quanto à fome no Brasil, os dados revelam que 33,1 milhão de
pessoas no Brasil estão passando fome.
Segundo os dados, temos a revelação dos níveis de agravamento da fome
nos vários segmentos sociais, sem considerar as lacunas em relação aos dados
de povos originários, populações quilombolas e tradicionais. Com os recortes de
gênero, raça/cor, escolaridade e local de moradia.
O referencial fornecido, apresenta os contrastes com as políticas públicas
que tiraram o país do Mapa da Fome da ONU, em 2014, e que agora apresen-
tam retrocessos e entram em condição de alerta. Neste sentido, os dados que são
estatísticos, mostram quem no atual momento está sendo mais prejudicado e
revelam que a fome tem cor e gênero, dentre outros fatores, como nos informa.
A fome tem cor
Neste segundo inquérito, fica evidente, mais uma vez, que a fome tem
cor. Enquanto a segurança alimentar está presente em 53,2% dos domi-
cílios onde a pessoa de referência se autodeclara branca, nos lares com
responsáveis de raça/cor preta ou parda ela cai para 35%. Em outras pa-
lavras, 65% dos lares comandados por pessoas pretas ou pardas convivem
com restrição de alimentos em qualquer nível. Comparando com o 1º
Inquérito Nacional da Rede PENSSAN, de 2020, em 2021/2022, a fome
saltou de 10,4% para 18,1% entre os lares comandados por pretos e pardos
(MALUF, 2022, s.p.).
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apenas os índios podem usufruir das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas
existentes (art. 231, §2º); temos muito o que avançar em relação aos direitos dos
povos originários.
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Tal atitude tem o intuito de buscar uma prática que se esquive do racis-
mo linguístico tão característica da língua brasileira adotada no Brasil e que se
encontra incrustrada em nosso idioma no uso cotidiano e sem questionamento
como nos ensina o autor Gabriel Nascimento (2019).
As pensadoras descendentes de povos originários, Kowawá Kapukaja
Apurinã e Bruna Jeguakai Nhandeva Charrúa a respeito de autodenominações
nos dizem que:
Nós, povos autodenominados, somos únicos, e é por isso que temos pa-
lavras diferentes para definir cada autodenominação, pois somos inúme-
ros – com costumes e línguas próprias diferentes entre si – e cada uma
das palavras ancestrais utilizadas diz algo único sobre determinado povo,
a cosmovisão, a cultura e os entendimentos de mundo. Somos Charrúa,
Apurinã, Guarani Nhandeva, entre outros. E não cabe aqui a generali-
zação, que é um dos caminhos mais comuns dos racismos sistêmicos e
estrutural (APURINÃ; CHARRÚA, 2022, p. 176).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Avanços, Conquistas e Desafios
REFERÊNCIAS
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Companhia das Letras, 2019.
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terrompem resgate de animais em terra Yanomami. 2023. Disponível em:
https://extra.globo.com/noticias/brasil/operacao-contra-garimpo-questoes-
-de-seguranca-interrompem-resgate-de-animais-em-terra-yanomami-25657813.
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20 ANOS DA LEI Nº. 10.639/03 E 15 ANOS
DA LEI Nº. 11.645/08: UMA BREVE ANÁLISE
DAS ORIENTAÇÕES CURRICULARES DO
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
Laryssa da Silva Machado1
INTRODUÇÃO
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Avanços, Conquistas e Desafios
(SCHMIDT, 2012).
O governo Vargas, iniciado em 1930, inaugurou o Ministério da Educação
e da Saúde Pública e reformulou o sistema educacional do país. Em 1931 foi
elaborado o primeiro programa para as escolas secundárias que tinha na dis-
ciplina História da Civilização a unificação entre o ensino de História Geral e
História do Brasil. O conteúdo ministrado apresentava a civilização europeia
como altamente desenvolvida. Os portugueses haviam ampliado o território
com os bandeirantes que ultrapassaram Tordesilhas e, após 1822, mantiveram
um Estado unificado, diferente das colônias espanholas. O cidadão brasileiro
ideal, descendente desse português colonizador, reconhecia-se nesse conteúdo,
enquanto os demais que não se incluíam nesse estereótipo eram discriminados
(ABUD, 2004).
Na década de 1960, sob o governo militar, o ensino das disciplinas de
História e Geografia sofreram grande golpe, pois perderam espaço na grade cur-
ricular. Os Estudos Sociais substituíram as duas disciplinas em 1964 (SCHMIDT,
2012). Os conteúdos de História foram diluídos e o ensino se transformou em
uma listagem de fatos sem caráter científico (ABUD, 2004). Nos anos entre 1964
e 1984, quando vigorou a Ditadura Militar brasileira, inúmeros professores de
História foram perseguidos e censurados, uma vez que nem todos concordavam
com a imposição dos Estudos Sociais (SCHMIDT, 2012).
As mudanças políticas ocorridas no Brasil na década de 1980 deram novo
fôlego à educação brasileira. Com o fim da Ditadura Militar houve um cres-
cimento do movimento de “volta do ensino de História” na educação básica
(SCHMIDT, 2012, p. 86). Mas foi apenas no governo do sociólogo Fernando
Henrique Cardoso que as leis da educação brasileira foram reconstruídas. Um
grande avanço nas legislações educacionais foi a criação da Lei de Diretrizes e
Bases (LDB), criada em 1996. Esta produziu os novos currículos da educação
básica e possibilitou a criação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s)
em 1998. Esse novo modelo educacional era estendido a todas as escolas, in-
clusive às indígenas e quilombolas. Novos conteúdos históricos foram inseridos
na base curricular das escolas, baseados no compromisso com a formação da
cidadania e democracia (BITTENCOURT, 2018).
Também merece destaque o “Programa Nacional de Direitos Humanos”,
elaborado pelo Ministério da Justiça em 1996, que estimulava uma série de
ações para valorização da população negra brasileira, inclusive com a criação de
material didático sobre a história e luta dos negros brasileiros (FERNANDES,
2005). A LDB colocou pela primeira vez o indígena e o afro-brasileiro no currí-
culo escolar, mas tal medida não foi suficiente para uma mudança significativa
na reparação histórica educacional necessária. Por conta disso, nos anos de 2003
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Avanços, Conquistas e Desafios
Circe Bittencourt ressalta que a aprovação dessa lei, pela primeira vez, co-
locou a cultura africana, negra e indígena brasileira nos currículos escolares ain-
da muito eurocêntricos. Mas, “anunciam uma formação política e cultural para
o exercício de uma cidadania social com vistas a um convívio sem preconceitos
e democrático” (BITTENCOURT, 2018, p. 142). Outro ponto importante dessa
lei é a interdisciplinaridade. Não se criou uma nova disciplina, se acrescentou
aos currículos de História do Brasil, Educação Artística e Literatura, principal-
mente, as temáticas relacionadas a essas culturas (FERNANDES, 2005). Porém,
as demais disciplinas também terão que trabalhar essas temáticas.
A promulgação dessas leis provocou uma verdadeira transformação nos
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Avanços, Conquistas e Desafios
https://www.google.com/search?q=de+onde+vieram+as+pessoas+do+espirito+san-
to&oq=de+onde+vieram+as+pessoas+do+espirito+santo&aqs=chrome..69i57j69i64.
22768j0j7&sourceid=chrome&ie=UTF-8
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3 “O Brasil, em particular, precisava de braços para movimentar suas riquezas, uma vez que
seu sistema de produção escravista começava a definhar. A proibição do tráfego de escra-
vos a partir de 1850, fez com que houvesse, na opinião dos proprietários de terras, uma
escassez de mão-de-obra, o que poderia prejudicar a economia Nacional. A partir da che-
gada dos imigrantes, no século XIX, o Espírito Santo ganha nova configuração geográfica.
As barreiras naturais apresentadas, principalmente pela Mata Atlântica, serão rompidas e
o interior, sobretudo o norte do Estado, até então intocado, recebeu novos habitantes. O
Espírito Santo recebeu imigrantes de diversas partes da Europa, principalmente da Alema-
nha e da Itália que, junto com os portugueses, africanos e indígenas aqui residentes deram
os traços principais da cultura capixaba.” (VENTORIM, Luciano. Colonização. Governo
do Estado do Espírito Santo – site oficial. Disponível em: https://www.es.gov.br/historia/
colonizacao. Acesso em 20 de fevereiro de 2022.)
4 Sem autor. Pesquisa apresenta dados sobre violência contra negros. IPEA – Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/igualdadera-
cial/index.php?option=com_content&view=article&id=730 e https://www.ipea.gov.br/
portal/images/stories/PDFs/nota_tecnica/131119_tx_homicidio_uf.pdf. Acesso em 20
de fevereiro de 2022.
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REFERÊNCIAS
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Pretos e pardos são mais de 50% dos capixabas, aponta o IBGE. Assembleia
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cendente-de-africanos.html. Acesso em 20 fev. 2022.
ARAÚJO, Leonor; OLIVEIRA, Osvaldo Martins. Apresentação à Segunda
Edição. In: MACIEL, Cleber. Negros no Espírito Santo. Vitória, (ES): Arqui-
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BITTENCOURT, Circe Fernandes. Reflexões sobre o ensino de História. En-
sino de Humanidades: Estud. av., v. 32, n. 93, mai.-ago. 2018. Disponível em
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Avanços, Conquistas e Desafios
https://www.scielo.br/j/ea/a/WYqvqrhmppwbWpGVY47wWtp/?format=p-
df&lang=pt. Acesso em 19 fev. 2023.
BRASIL. Lei nº. 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei nº. 9.394, de
20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação na-
cional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da
temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Diário
Oficial da União. Brasília, DF, 10 jan. 2003.
BRASIL. Lei nº. 11.645/08, de 10 de março de 2008. Altera a Lei nº. 9.394,
de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei nº. 10.639, de 9 de janeiro de
2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no
currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e
Cultura Afro-Brasileira e Indígena”, e dá outras providências. Diário Oficial da
União. Brasília, DF, 10 mar. 2008.
COLONIZAÇÃO. Governo do Estado do Espírito Santo – site oficial. Dispo-
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mulher. Portal Geledés. 09 de março de 2014. Disponível em: https://www.ge-
ledes.org.br/os-10-piores-estados-brasil-para-ser-negro-gay-ou-mulher/. Acesso
em 20 fev. 2022.
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CULTURA ÉTNICA NA ESCOLA:
REVISÃO DA VIVÊNCIA DE EDUCADORES
DO ESTADO DO PIAUÍ, DURANTE O PROCESSO
DE ENSINO APRENDIZAGEM
Andressa da Silva Queiroz1
Sebastião Fortes de Oliveira Júnior2
INTRODUÇÃO
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METODOLOGIA
REVISÃO DE LITERATURA
Gomes (2011) também pontua que, embora a lei seja de extrema impor-
tância para as discussões em torno da Educação das Relações Étnico-Raciais
(ERER), é necessário que haja uma mudança além das práticas pedagógicas.
Complementando a mesma lógica, Silva e colaboradores (2023, p. 25), afirma
que “é preciso conhecer essa história e estudar acerca da diversidade de meto-
dologias que nos permitem didatizar os conhecimentos no contexto das nossas
áreas de atuação na Educação Básica”.
Com a legislação educacional dos últimos trinta anos, objetivado resga-
tar essas heranças, os instrumentos para o processo de ensino-aprendizagem ao
abordar as questões étnicas raciais se fizeram necessários, mas como existir a
práxis apesar do ainda presente preconceito que sobrepõe à valorização? Como
o educador poderá transpor as dificuldades de compreensão se o educando
não conhece e valoriza a própria história envolta na ancestralidade de origens
africanas?
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A fala de Silva (2022) diz respeito também à Lei n°. 11.645/08, que torna
obrigatório o ensino da História e Cultura Indígena nos estabelecimentos de
ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, juntamente com a História
e Cultura Afro-Brasileira. Esta lei é de suma importância para a valorização dos
povos indígenas, gerando discussões em torno da cultura, religião e dos costu-
mes indígenas.
Entretanto, conforme apontado por Oliveira (2006), além da legitimida-
de de tais leis, é necessário que haja meios para que os objetivos mencionados
possam ser colocados em prática. Desta forma, é preciso que o profissional da
educação esteja preparado para trabalhar a temática das relações étnicas raciais
em sala de aula. Uma vez que, Freitas (2019, p.18) elucida que “ainda existem
muitos equívocos a serem esclarecidos a respeito do movimento negro, pois há
uma crença de que a manifestação sobre a questão racial não interfere nas es-
colas, ou seja, se restringe apenas as pessoas do movimento afrodescendentes”.
Neste sentido, além do desejo em trabalhar e apresentar a discussão ra-
cial, o professor, deve entender sobre o assunto, para que tais equívocos não
sejam cometidos, e consequentemente deslegitimar uma conquista adquirida à
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Avanços, Conquistas e Desafios
custa de muitas lutas, por direitos conquistados há décadas. Para tal, a formação
continuada pode ser um dos primeiros passos para a preparação durante o pla-
nejamento escolar. Tal fato se faz necessário, pois, em alguns casos, há profes-
sores que durante a graduação não viram ou tiveram contato com tais assuntos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tempo de Cidades em
Nome Especialização
experiência na Formação que lecionam
fictício na temática
área atualmente
Graduação em
Licenciatura
PG 2 anos Joaquim Pires Não possui
Plena em
Filosofia
Sim, EAD
Licenciatura pelo Centro
PK 18 anos Teresina e União
Plena em História de Formação
Antonino Freire.
Licenciatura
PB 2 anos Valença do Piauí Não possui
Plena em História
Licenciatura
Plena em Física; Valença do Piauí
PJ 20 anos Não possui
Pedagogia; e Lagoa do Sítio
Espanhol.
Licenciatura
PL 13anos Plena em Luzilândia Não possui
Geografia
Fonte: Autoria própria
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Enquanto que, a participante J afirma que tal assunto diz respeito à “união
de pessoas com diferentes origens, histórias, idiomas, religião e cultura”. Por sua
vez, a participante L afirma se tratar de um “assunto muito diversificado, por
ter uma miscigenação de vários povos e valores e cultura e diversos segmentos
para a sociedade de podemos cita os três grandes grupos étnicos: os indígenas,
os africanos e os europeus”.
Mediante tais respostas observa-se que os cinco participantes possuem
conhecimentos parecidos em relação ao que é “diversidade étnico-racial”. Onde
foram apontados elementos que dizem respeito à identidade racial e a participa-
ção da escola neste processo de aprendizagem. E, assim como a fala da partici-
pante B, Silva e Araújo (2014), também acreditam que o conhecimento acerca
da diversidade étnica racial é um tema a ser trabalhado nas escolas.
A escola é responsável pelo processo de socialização no qual se estabele-
cem relações diversificadas. Além disso, é um espaço que ministra o co-
nhecimento baseado em valores éticos e democráticos, pois a formação
consciente do indivíduo está sob a responsabilidade da mesma. É nesse
ambiente que a criança desenvolve a capacidade de questionar e passa a
ter consciência de sua identidade e a qual grupo pertence. Por isso, a escola
deve está preparada para lidar e trabalhar com tais diversidades (SILVA;
ARAÚJO, 2014, p. 04).
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tanto da rede pública quanto da privada. Por sua vez, a participante K, chama
atenção para a inclusão de datas comemorativas, afirmando que:
A lei apresenta importantes direcionamentos para o ensino e trabalho do
ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e indígena, tornado- obrigató-
rio. Além disso, apresenta datas significativas que devem ser inseridas do
calendário escolar como o 20 de Novembro Dia da Consciência Negra.
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Avanços, Conquistas e Desafios
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo realizado teve por objetivo verificar como as discussões das rela-
ções étnicas raciais estão sendo abordadas no âmbito escolar, tendo como fonte
de análise, questionário aplicado com professores de diferentes municípios do
estado do Piauí. Em que se buscou analisar dois pontos de importância, sendo
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Presidência da República. Lei nº. 10.639/2003 que dispõe da obri-
gatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira. Brasília, DF, 2003.
Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm.
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LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos, para quê? 12 ed. São Paulo,
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20 ANOS DA LEI N° 10.639/03 E 15 ANOS DA LEI N° 11.645/08
Avanços, Conquistas e Desafios
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perspectivas, diálogos e desafios. Itapiranga: Schreiben, 2022, p. 148-162.
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Manuel Alves de Sousa Junior | Tauã Lima Verdan Rangel
(Organizadores)
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FORMAÇÃO DOCENTE E GESTORA NA ERER: OS
OUTROS COLONIAIS PASSARAM PELA PORTA?
Dayana da Silva Ferreira1
INTRODUÇÃO
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(Organizadores)
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20 ANOS DA LEI N° 10.639/03 E 15 ANOS DA LEI N° 11.645/08
Avanços, Conquistas e Desafios
METODOLOGIA
REVISÃO DE LITERATURA
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Avanços, Conquistas e Desafios
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Avanços, Conquistas e Desafios
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Avanços, Conquistas e Desafios
CONSIDERAÇÕES IN LOCO
caminhar das Leis n°. 10.639/2003 e n°. 11.645/2008 ainda é longo, pedregoso
e incerto, porém, apesar de todos os pesares, os corpos resilientes ao proces-
so constituidor da nação brasileira mantém-se na luta por novas conformações
sociais que contemplem novas realidades mais que visíveis, quem sabe, mais
memoráveis.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n°. 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei nº. 9.394, de 20
de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacio-
nal, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da
temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Brasí-
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neiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para
incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática
“História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Brasília, DF: Presidência da
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20 ANOS DA LEI N° 10.639/03 E 15 ANOS DA LEI N° 11.645/08
Avanços, Conquistas e Desafios
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RELAÇÕES RACIAIS NA ESCOLA E SUAS
MULTIPLAS FACETAS
Rosana Fátima de Arruda1
Malsete Arestides Santana2
Nilvaci Leite Moreira de Magalhães3
INTRODUÇÃO
CONTEXTUALIZANDO A PESQUISA
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Avanços, Conquistas e Desafios
4 Da Mata (1987) apud Jesus (2010, p. 46) a tese do branqueamento significa “Se constitui
na mais poderosa força cultural do Brasil, permitindo pensar o país, integrar idealmente
sua sociedade e individualizar sua cultura”. Essa fábula hoje tem a força e o estatuto de
uma ‘ideologia dominante’: um sistema totalizado de ideias que interpenetra a maioria
dos domínios explicativos da cultura.
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Avanços, Conquistas e Desafios
OS RESULTADOS DA PESQUISA
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Avanços, Conquistas e Desafios
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Avanços, Conquistas e Desafios
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(Mestrado em Educação) - Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de
Educação, Cuiabá, 2016.
82
SAIR DO PAPEL:
FORMAÇÃO DE PROFESSORAS PARA UMA
EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA
Ananda da Luz Ferreira1
INTRODUÇÃO
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(Organizadores)
2 Lei que modifica a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB) trazendo a obri-
gatoriedade do ensino de histórias e culturas africanas e afro-brasileiras. Em 2008, foi modifi-
cada pela Lei n° 11.645/08 que acrescenta história e cultura dos povos indígenas brasileiros.
3 Os nomes das professoras foram trocados para preservar suas identidades.
4 “Cotidiário porque tem que ser diariamente, não de ano a ano, como brincava com as
palavras a professora Azoilda Loretto Trindade quando, em suas aulas na graduação de
Pedagogia, nos colocava a urgência de debater as relações étnico-raciais na nossa área de
atuação.” (FERREIRA, 2019, p. 20).
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Avanços, Conquistas e Desafios
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(Organizadores)
A PRIMEIRA OFICINA
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Avanços, Conquistas e Desafios
7 Conheci a música ainda na graduação, durante uma aula, pela voz da professora Azoilda
Loretto Trindade, no início dos anos 2000, que convidou para brincar e refletir sobre as le-
tras e os corpos brincantes. Para a formação foi realizada buscas em diversas plataformas/
fontes e não foi encontrado a versão Guerreiros Nagôs. Porém, é de grande importância
registrar aqui, visto que fez parte da oficina, sendo referenciada para construir uma refle-
xão acerca da música “Escravo de Jó”. A música é assim: “Guerreiros Nagô / Jogavam
Caxangá / Salta! / Gira! / Deixa o Zabelê ficar / Guerreiros com guerreiros / Fazem
zigue zigue zá! Guerreiros com guerreiros / Fazem zigue zigue zá!”
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Avanços, Conquistas e Desafios
SEGUNDA OFICINA
8 Disponível em https://itanomode.blogspot.com/
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Avanços, Conquistas e Desafios
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No dia que você começou a fazer aquelas perguntas [a brincadeira das perso-
nalidades negras Advinha quem é?] que eu não soube responder uma sequer,
eu fiquei me questionando: gente, se eu fizer uma pergunta desse tipo para
os meus alunos, mesmo nas idades deles, mas eu já tive alunos maiores, se
eu fizer uma pergunta para os maiores, eles vão saber responder? Eu não
soube responder. Então comecei a pensar nessa questão do valorizar, eu
já tinha esse olhar, mas nessa hora eu comecei a pensar ainda mais sobre
o quanto nós somos mal-informados. Em relação a tantas coisas que tem
a nosso redor, está ali a informação, todos os dias, e a gente não sabe, não
é só porque a gente não tem acesso é porque a gente não tem interesse.
(Entrevista S., 2018)
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ensino. Diário Oficial da União, Brasília, 2003.
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temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena” no currículo oficial da
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CUTI, Luiz Silva. Literatura negro-brasileira. São Paulo: Selo negro, 2010.
95
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(Organizadores)
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Avanços, Conquistas e Desafios
97
NO PRATO TEM HISTÓRIA:
A ALIMENTAÇÃO COMO PROPOSIÇÃO
PEDAGÓGICA PARA O ENSINO DAS
RELAÇÕES ÉTNICOS RACIAIS
Roziane Costa Conceição1
Marcos José Soares de Sousa2
INTRODUÇÃO
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Avanços, Conquistas e Desafios
autor Antoni Zabala (1998) que o termo Sequência Didática foi bastante divul-
gado no Brasil através da obra “A Prática Educativa: como ensinar”. Para o autor,
sequência didática é:
Uma maneira de encadear e articular as diferentes atividades ao longo
de uma unidade didática. Assim, pois, poderemos analisar as diferentes
formas de intervenção segundo as atividades que se realizam e, principal-
mente, pelo sentido que adquirem quanto a uma sequência orientada para
a realização de determinados objetivos educativos. As sequências podem
indicar a função que tem cada uma das atividades na construção do co-
nhecimento ou da aprendizagem de diferentes conteúdos e, portanto, ava-
liar a pertinência ou não de cada uma delas, a falta de outras ou a ênfase
que devemos lhe atribuir (ZABALA, 1998, p. 20).
100
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Avanços, Conquistas e Desafios
Entendemos que essa legislação tem o objetivo de servir como uma ferra-
menta reparatória para a ausência de protagonismo negro na história do Brasil
refletindo em muitos alunos o sentimento de negação de suas raízes africanas,
pois a mesma por séculos foi ofertada como algo negativo e vergonhoso. Os
estereótipos concebidos através da história, colocaram a população negra como
subserviente e incapaz de conduzir seu destino sem a tutela do senhor. Sabemos
na prática que essa mentalidade foi disseminada com o claro propósito de fo-
mentar o imaginário de que determinados povos não são dotados de inteligência
e, portanto, necessitados de tutela. Como nos afirma Silvio Almeida (2018), ao
descrever as origens do ”racismo estrutural” no Brasil.
Optamos por construir uma sequência didática (SD), por acreditar que
é uma proposição pedagógica adequada para a realização de um trabalho que
preza pelo sucesso do aluno viabilizados por modos criativos e inovadores de
ensino.
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Avanços, Conquistas e Desafios
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3 O slam é uma competição de poesia falada criada nos Estados Unidos por Marc Smith,
mais especificamente em Chicago nos anos 1980 e trazido ao Brasil em 2008 por Roberta
Estrela D’Alva. As batalhas de poesia falada seguem algumas regras: poesias autorais de
até três minutos sem a utilização de objetos cênicos e sem acompanhamento musical.
Corpo e voz são elementos fundamentais! As notas são dadas por um júri popular que
é escolhido no momento da competição. Esta normalmente ocorre em três fases: geral,
semifinal e a final, que revela o poeta vencedor daquela edição.
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Avanços, Conquistas e Desafios
exaustivas tarefas, que poderiam ser tanto no campo como nas cidades (domés-
ticos). Segundo Silva e Araújo:
Os escravizados do campo eram extremamente mal vestidos, e muitos não
tinham contato direto com seu senhor, apenas com o feitor. Os escravos
domésticos tinham roupas melhores e contato direto com o senhor e sua
família. Os escravos urbanos trabalhavam em diferentes ofícios (SILVA;
ARAÚJO, 2022, p. 44).
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Avanços, Conquistas e Desafios
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Manuel Alves de Sousa Junior | Tauã Lima Verdan Rangel
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INTRODUÇÃO
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Avanços, Conquistas e Desafios
de trabalhar a questão do racismo na educação infantil, visto ser esta etapa mui-
to importante no desenvolvimento do ser humano, a partir de um trabalho cons-
ciente e direcionado por parte dos educadores, com práticas que irão possibilitar
a formação de um cidadão pleno, começando pela releitura de suas aulas, nas
quais não sejam reforçadas ideias racistas e preconceituosas.
O objetivo geral desta pesquisa é demonstrar a importância de um tra-
balho educacional de combate ao racismo iniciado na educação infantil. Para
tanto, seus objetivos específicos são: conceituar o que é racismo estrutural; con-
ceituar que é preconceito racial, apresentar, de forma sucinta as ideias subjacen-
tes da pedagogia decolonial; levantar as principais leis que tratam do racismo
e preconceito racial e verificar quais atividades que podem ser trabalhadas na
educação infantil para conscientização e combate ao racismo.
Este trabalho, conforme Lakatos e Marconi (2002), trata-se de uma pes-
quisa de cunho bibliográfico, cujas fontes de pesquisa foram livros e artigos
indexados em sites de busca acadêmica, como Google Acadêmico, com os des-
critores: Educação antirracista; Racismo estrutural; e Pedagogia Decolonial.
Foram selecionados artigos que tiveram relevância para o tema estudado e des-
cartados os que não eram pertinentes ao objeto de estudo, além de conteúdos
audiovisuais para compreensão do tema.
Trata-se, ainda, de uma pesquisa de natureza qualitativa, cuja metodolo-
gia é de caráter exploratório, pois seu foco é estudar e interpretar, subjetivamen-
te, o objeto analisado. Além disso, é uma pesquisa descritiva, que busca avaliar
e descrever estudos já realizados sobre o fenômeno pesquisado.
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Avanços, Conquistas e Desafios
condutas.
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Avanços, Conquistas e Desafios
infantil são atividades adequadas para essa etapa de ensino. Os documentos nor-
teadores do Currículo da Educação Infantil, que são as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Infantil (Resolução CNE/CEB n°. 5, de 17 de de-
zembro de 2009) e a Base Nacional Comum Curricular, destacam que os eixos
que devem estruturar as práticas pedagógicas nessa etapa são as interações e
a brincadeiras.
Assim, com as brincadeiras, encenações e as narrativas, como a contação
de história, é possível utilizar para a interpretação das narrativas bonecas e
fantoches negros como protagonistas, que podem ser recursos pedagógicos ade-
quados para fazer com que os alunos percebam que não existe um grau maior
de importância entre os diferentes sujeitos que compõem a sociedade, que pode
haver alternância nos papeis de destaque, assim como no contexto social.
Livros infantis como O Cabelo de Lele; Meu Crespo é de Rainha; Os Nove
Pentes da África, são leituras que possibilitam repensar o negro numa outra pers-
pectiva. É muito importante um trabalho criterioso de seleção dos livros que se
pretenda trabalhar, para que o negro não seja associado a personagens margi-
nais da história. Também são positivas as feiras culturais com a participação dos
pais e da comunidade externa, para trabalhar o tema de forma integrada, com
projetos relacionados à cultura negra, como capoeira, danças, jogos, brincadei-
ras, músicas, culinária, contação das origens históricas, integrando a prática à
parte teórica, para dar vida e sentido aos valores que se pretende desenvolver.
O professor pode assumir uma prática pedagógica emancipatória, ao pos-
sibilitar aos alunos a liberdade de ser quem são, trazendo conteúdos e metodolo-
gias que mostrem o quanto o povo negro sofreu e sofre até hoje, porém ressaltar
tudo aquilo que já foi conquistado até aqui e que todo o aluno tem o poder de
mudar a sociedade não praticando o racismo, defendendo seus direitos e deveres
enquanto cidadãos, conscientizar que cada um tem o poder para mudar o con-
texto atual.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Sílvio Luiz de. O que é racismo estrutural? Belo Horizonte/MG:
Letramento, 2018.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Imprensa
Oficial, 1988.
BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações
Étnico Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Afri-
cana. Conselho Nacional de Educação, 10 de março de 2004.
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Conheça o Brasil.
2023. IBGEeduca. Disponível em: https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-
-o-brasil/populacao/18319-cor-ou-raca.html. Acesso em: 05 jul. 2022.
BRASIL. Lei nº. 7.716, de 5 de janeiro de 1989. Define os crimes resultantes
de preconceito de raça ou de cor. Disponível em http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l7716.htm. Acesso em 14 set. 2022.
BRASIL. MEC. Lei nº. 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as
diretrizes e bases da Educação Nacional. Brasília: MEC, 1996.
BRASIL. Lei nº. 10.639 de 09 de janeiro de 2003. Altera a Lei nº. 9.394, de
20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação na-
cional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da
temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Dispo-
nível em https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=86211. Acesso em Ago.
2022.
BRASIL. SENADO FEDERAL. Projeto de Lei n°. 288, de 2022 Altera a Lei
nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional, para incluir a obrigatoriedade de os currículos da educação
infantil, do ensino fundamental e do ensino médio abordarem o combate ao
racismo e outros. Autoria: Senador Randolfe Rodrigues (REDE/AP)
CAVALLEIRO, Eliane dos Santos. Do silêncio do lar ao silêncio escolar:
racismo, preconceito e discriminação na educação infantil. 6 ed. São Paulo:
Contexto, 2012.
CODELLO, Wagner. Educação Infantil e o racismo estrutural, Presença Peda-
gógica. 2021. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=8VdZZdLu-
GOg. Acesso em Ago. 2022.
118
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Avanços, Conquistas e Desafios
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O ENSINO DE HISTÓRIA
PAUTADO NA CULTURA AFRO-BRASILEIRA
Jackson Adair Gonçalves1
INTRODUÇÃO
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para a vida do jovem educando, que aprenderá a ser mais participativo e colabo-
rativo frente a socialização de saberes e atitudes perante o seu próximo, fazendo
com que o ambiente social seja mais harmonioso e igualitário entre todos. É
essencial que a disciplina ensino religioso seja coordenada por um docente ca-
pacitado, que realmente debata essas questões e busque a interação recíproca
entre os educandos.
O ensino religioso traz muitos benefícios para quem está formando as
suas raízes e conceitos. Incluir esse tipo de disciplina nas escolas é poder trans-
formar e multiplicar estes benefícios em algo muito maior, que atingirá um nú-
mero mais avantajado de pessoas, espalhando a palavra e os valores religiosos e
éticos em uma sociedade que se tornará bem mais justa. (GAERTNER, 2017).
Segundo Serafim ressalta que:
O ensino religioso não trata de uma área de temas transversais, mas, acima
de tudo, é uma área de conhecimento necessário em sintonia com os pila-
res da educação que busca aprender a conhecer, a fazer, a conviver e a ser.
Tem como objetivo “propiciar a aprendizagem significativa dos elementos
básicos que compõem o fenômeno religioso, analisando as diferentes ma-
nifestações do Sagrado a partir da realidade do educando, subsidiando
na formação dos questionamentos existenciais, contribuindo de forma in-
terdisciplinar e transdisciplinar no exercício da cidadania e do convívio
social, ético e pacífico e, promovendo o diálogo inter-religioso, o respeito
às diferenças com o outro e com a natureza” (SERAFIM, 2012, p. 01).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ensino religioso tem tomado muitas vezes proporções erradas nos edu-
candários enquanto disciplina do saber, visto que, o docente não tem uma pre-
paração necessária para atuar neste campo, seja por não ter formação na área
de ensino religioso, ou por muitas vezes tentar pregar uma doutrina religiosa em
sua classe.
Denota-se que muitos docentes da área, não pensam na formação sólida
do estudante, mas sim apenas em passar um texto qualquer e ganhar seu dinhei-
ro no final do mês. Para isso, busca-se profissionais capacitados, e que o setor
pedagógico das escolas deem atenção às atividades desempenhadas por seus
docentes, visando verificar se realmente as temáticas e planos de aula estejam
sendo desenvolvidos da forma correta.
O ensino religioso é muito mais que uma disciplina, busca formar no alu-
no seu caráter de respeito frente às diferentes manifestações religiosas, e levar ao
aluno conhecimento prévio sobre historicidade, espiritualidade e saber frente às
diferentes manifestações culturais religiosas.
A umbanda, religião de matriz africana, tem sido destaque no Rio Grande
do Sul pela devoção em Iemanjá, orixá que tem suas festividades no mesmo dia
que Nossa Senhora dos Navegantes. Denota-se que também é uma religião his-
tórica, que tem suas raízes fixadas nos terreiros e casas, principalmente de Porto
Alegre, e que foi trazida por escravos no período colonial no Brasil.
A fé e devoção é nítida em todos os festejos, sejam eles na Umbanda ou
no Catolicismo, porém os traços da historicidade religiosa sobrevive aos séculos,
passando de geração para geração, e os cultos sendo um portal com a espiritua-
lidade, emanando luz e prosperidade aos seus devotos e fiéis.
Já a disciplina de história necessita fazer esse resgate histórico da cultura
afro-brasileira, tendo em vista a obrigatoriedade através das Leis n°. 10.639/2003
e n°. 11.645/2008, tanta cultura herdada pela cultura negra que muitos alunos
não conhecem, tantos monumentos no próprio Estado do Rio Grande do Sul,
na Bahia ou no Rio de Janeiro que são marcas do legado afrodescendentes que
não são debatidos em aula. É notório a falta de atualização por parte dos docen-
tes e da inclusão por mais que seja lei nos currículos educacionais.
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Avanços, Conquistas e Desafios
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº. 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei nº. 9.394, de 20
de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacio-
nal, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da
temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Brasí-
lia: Casa Civil, 2003. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
LEIS/2003/L10.639.htm. Acesso em: 06 jan. 2023.
BEZERRA, Juliana. Sincretismo. In: Toda Matéria, 2020. Disponível em: ht-
tps://www.todamateria.com.br/sincretismo/. Acesso: 02 nov. 2021.
CASTRO, Cristiana Gonzaga Candido de Souza et al. O Ensino de História e
Cultura Afro-Brasileira e africana no Paraná: Legislação, Políticas afirmati-
vas e formação docente. 2009. Disponível em: http://www.gestaoescolar.diaa-
dia.pr.gov.br/arquivos/File/sem_pedagogica/fev_2009/ensino_historia_cultu-
ra_afrobrasileira_seed.pdf. Acesso em: 02 mar. 2022.
GAERTNER, Colégio Erasto. Benefícios do Ensino Religioso na escola.
2017. Disponível em: https://www.erasto.com.br/noticias/beneficios-do-ensi-
no-religioso-na-escola. Acesso em: 03 ago. 2019.
GOLDSTAJN, Roberto. O papel do Estado na sociedade brasileira. 2012.
Disponível em http://www.oim.tmunicipal.org.br/?pagina=detalhe_noticia&-
noticia_id=37456. Acesso em: 19 mar. 2020.
GUIMARÃES, Elaine. Entenda a ligação entre os santos católicos e os ori-
xás. 2018. Disponível em: https://www.uninabuco.edu.br/noticias/entenda-li-
gacao-entre-os-santos-catolicos-e-os-orixas. Acesso em: 05 nov. 2021.
MORAIS, Maria Aparecida Dantas. A importância do ensino religioso para
a formação dos valores do aluno. 2014. Disponível em: https://www.webarti-
gos.com/artigos/a-importancia-do-ensino-religioso-para-formacao-dos-valores-
-do-aluno/128198. Acesso em: 02 ago. 2019.
SERAFIM, Jonas. A importância do ensino religioso nas escolas. 2012.
Disponível em: https://www20.opovo.com.br/app/opovo/espiritualida-
de/2012/04/21/noticiasjornalespiritualidade,2825170/a-importancia-do-en-
sino-religioso-nas-escolas.shtml. Acesso em: 05 ago. 2019.
SILVA, Isaac Pinto da. Ensino Religioso em sala de aula: Contribuições à for-
mação do aluno e à aprendizagem de valores. UNITAS – Revista Eletrônica
de Teologia e Ciências das Religiões, Vitória-ES, v. 2, jul-dez, 2014. Dispo-
nível em:http://revista.faculdadeunida.com.br/index.php/unitas/article/
view/225/237. Acesso em: 14 ago. 2019.
129
“OS SONS QUE VÊM DAS RUAS”
PARA AS SALAS DE AULA: EPISTEMOLOGIAS
SOCIAIS NEGRAS EM SOCIOLOGIA NO
ENSINO MÉDIO
Reinaldo José de Oliveira 1
Iuri Nobre dos Santos2
INTRODUÇÃO
1 Doutorado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Tem
experiência nas áreas de Sociologia e Antropologia, com ênfase em estudos sobre a Cidade
e o urbano, Globalização, Relações Étnico Raciais, Diversidade, Identidades e Subjetivi-
dades, atuando principalmente nos seguintes temas: cidade, memória, políticas públicas,
saúde, relações étnico raciais e território. Realizou o pós-doutorado (2008-2013) do Pro-
grama Nacional de Pós-Doutorado da CAPES
2 Graduando do Curso Bacharelado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do
Recôncavo da Bahia (UFRB). Atualmente dedica suas pesquisas na Ciência Política,
Antropologia, Educação, Envelhecimento e Movimentos Sociais. Integrante dos grupos
de pesquisas: Serviço Social na Educação (GTSSEDU), Núcleo De Pesquisa em Inter-
seccionalidade, Interculturalidade, Gênero e Coletivos Sociais (2021) Núcleo de Estudos
e Pesquisa em Psicologia e Interdisciplinaridade em Saúde (2022), Sociedade Brasileira
Contemporânea: Cultura, Democracia e Pensamento Social (2022).
130
20 ANOS DA LEI N° 10.639/03 E 15 ANOS DA LEI N° 11.645/08
Avanços, Conquistas e Desafios
3 O som que vêm das ruas” é um título e uma importante produção intelectual de José Ra-
mos Tinhorão (2013) sobre a cultura e a musicalidade brasileira.
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Avanços, Conquistas e Desafios
música, sobretudo das músicas trazidas pelos alunos para a sala de aula.
O docente formado em Ciências Sociais, no espaço da escola, precisa ter a
dimensão que o ambiente escolar é múltiplo, diverso, rico e de constantes trans-
formações sociais porque o universo escolar é um reflexo dos acontecimentos
que se passam na sociedade, na cidade, no contexto do mercado de trabalho, no
bairro e no cotidiano social dos alunos e seus familiares.
O professor, para o desenvolvimento de sua função, precisa estar em cons-
tante produção: além de professor, é necessário proferir a função de pesquisa-
dor no dia a dia da sala de aula, problematizar os principais fatos, fenômenos
e quadros sociais dos contextos local, regional, nacional e global; à frente da
sala de aula, a docência precisa desenvolver o pensamento crítico dos principais
autores, conceitos, temas e ideias; esse é o papel da disciplina no espaço docen-
te-discente, desenvolver a desnaturalização da sociedade, como, por exemplo,
problematizar e discernir a violência urbana, as desigualdades de classe social,
gênero, etnia raça, opção sexual e afetiva, o desemprego e os temas que estão
inscritos na vida social são decorrentes das relações sociais das formas simples
e complexas; o manuseio de instrumentos teórico metodológicos para fins de
melhor andamento da disciplina em sala de aula, para isso é essencial o contato
e o manuseio de técnicas sociais, culturais e políticas que protagonizem o aluno
em sala de aula; dentre os instrumentos técnicos, as redes sociais, o facebook, o
instagram, o youtube e os meios digitais, são materiais de apoio para a docência
desenvolver o pensamento crítico e tecer as principais questões da sociologia
clássica e contemporânea (SILVA, 2017; ARROYO, 2014).
Miguel Arroyo (2014), nos chama atenção que na educação básica, as
transformações e a pesquisa são essenciais no exercício docente. Para o autor,
precisamos pensar que estamos lidando com sujeitos sociais que são diversos,
não estamos lidando simplesmente com a juventude, estamos em contato com
as juventudes, no plural e em uma dimensão da diversidade de comportamentos
sociais e culturais. Dentre os diferentes segmentos, a sociologia precisa estar
atenta para os jovens que vivem a violência simbólica e física e as desigualdades
em suas múltiplas faces; não é o jovem que detém o mérito socioeconômico, po-
lítico e cultural, é a juventude que representa a histórica desigualdade de classe
social, gênero, etnia e raça.
Nas escolas públicas da Bahia, sobretudo na capital, região metropolita-
na, no Recôncavo, na região do Sisal e demais territórios, em sua maioria é o
jovem negro que carrega o fardo da violência simbólica e física, as desigualdades
e o racismo estrutural. A docência e a instituição escolar não podem se fechar
para esses estudantes e privilegiar o mérito.
De acordo Bourdieu (1998) As mudanças morfológicas do sistema de
136
20 ANOS DA LEI N° 10.639/03 E 15 ANOS DA LEI N° 11.645/08
Avanços, Conquistas e Desafios
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(Organizadores)
conhecer melhor o pensar, o agir e o ser dos jovens negros da região de Catu,
Alagoinhas e cidades vizinhas.
Tivemos a oportunidade de conhecer músicas, cantores e cantoras de
grande riqueza em capital social que desconhecemos. Além dessa característica
destacada, avaliamos que a escola não tem a dimensão do capital social que os
estudantes e jovens negros trazem para a instituição escolar, que é incipiente-
mente desenvolvido em sala de aula.
Conforme Oliveira(2020) Nos territórios do Brasil e da diáspora africana,
a política antinegro não impediu que parte da civilização humana se inscrevesse
na cultura e na história das cidades. Nascidades do Recôncavo, Salvador, São
Paulo, Rio de Janeiro, o universo do samba, dofunk, do rap e da música negra
está nas ruas, praças, avenidas, no dia a dia dosterritórios negros enfrentando o
racismo e a segregação. Nas cidades negras e dadiáspora, os cantos negros edi-
ficaram quase tudo durante os 388 anos de escravismo e no decorrer do século
XX.
Dentre os inúmeros gostos e estilos musicais, uma música nos chamou a
atenção, da qualidade e do nível do capital social que a letra atravessa no quadro
social e cultural.
Oh, yeah
Eu sou o primeiro ritmo a formar pretos ricos
O primeiro ritmo que tornou pretos livres
Anel no dedo em cada um dos cinco
Vento na minha cara, eu me sinto vivo
A partir de agora, considero tudo blues
O samba é blues, o rock é blues, o jazz é blues
O funk é blues, o soul é blues
Eu sou Exu do Blues
Tudo que quando era preto, era do demônio
E depois virou branco e foi aceito
Eu vou chamar de Blues
É isso, entenda, Jesus é
blues
Falei mesmo
Eu amo o céu com a cor mais quente
Eu tenho a cor do meu povo, a cor da minha gente
Jovem Basquiat, meu mundo é diferente
138
20 ANOS DA LEI N° 10.639/03 E 15 ANOS DA LEI N° 11.645/08
Avanços, Conquistas e Desafios
na globalização mercantil dos séculos XVI até o final do XIX, tendo à frente a
Europa com a exploração física e social da África para compor a mão de obra
escrava no Novo Mundo para fins de abastecer e desenvolver o continente euro-
peu. Posteriormente, esta diáspora foi a base do desenvolvimento do capitalismo
na Inglaterra e no mundo. No Brasil, durante mais de três séculos, a mão de obra
escravizada abasteceu com todo tipo de mercadoria o mercantilismo europeu e
o início do capitalismo.
Segundo Stuart Hall (2003), a diáspora africana no contexto moderno
está ligada ao passado e esse passado pode vir a ser o amanhã. Para o autor,
essa diáspora inscrita nos territórios do mundo, no Brasil, na Bahia e na região
do Recôncavo, compreende relações de poder construídas pelas diferenças e as
identidades culturais. No caso da Bahia, as identidades se constituem de forma
material e subjetiva com as músicas, danças, alimentos e comportamentos da
população que vive e cultua o candomblé que se incorporou no local e nacional.
O músico, compositor, griô, pesquisador e Doutor Honoris Causa conde-
corado pela UFRB, Mateus Aleluia, registra as inscrições do candomblé em suas
músicas. Segundo ele, a Bahia e o Brasil foram banhados no dendê e na cultura
africana e afro-brasileira.
Em O Atlântico Negro, de Paul Gilroy, a questão da música representa, por
exemplo:
Examinar o lugar da música no mundo Atlântico negro significa observar
a autocompreensão articulada pelos músicos que a têm produzido, o uso
simbólico que lhe é dado por outros artistas e escritores negros e as rela-
ções sociais que têm produzido e reproduzido a cultura expressiva única,
na qual a música constitui um elemento central e mesmo fundamental.
Desejo propor que o compartilhamento das formas culturais negras pós-
-escravidão seja abordado por meio de questões relacionadas que conver-
gem na análise da música negra e das relações sociais que a sustentam. Um
procedimento particularmente valioso para isso é fornecido pelos padrões
distintivos do uso da língua, que caracterizam as populações contrastantes
da diáspora africana moderna e ocidental (GILROY, 2001, p. 161).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Avanços, Conquistas e Desafios
REFERÊNCIAS
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DAYRELL, J.; CARRANO, P.; MAIA, C. L. Juventude e Ensino Médio: su-
jeitos e currículos em diálogo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014.
BRASIL. Lei nº. 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei nº. 9.394, de 20
de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacio-
nal, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da
temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Brasí-
lia: Casa Civil, 2003. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
LEIS/2003/L10.639.htm. Acesso em: 06 jan. 2023.
BRASIL. Lei n°. 11.645, de 10 de março de 2008. Altera a Lei no 9.394, de
20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de
2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no
currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e
Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Brasília: Casa Civil, 2008. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11645.htm.
Acesso em: 06 jan. 2023.
BACO EXU DOS BLUES. In: Baco Exu dos Blues. Bluesman, Rio de Janeiro:
EAEO Records, 2018, CD 2, Faixa 1.
BOURDIEU, Pierre. A miséria do mundo. Petrópolis: Editora Vozes, 2008.
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(Organizadores)
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A LEI 10.639/03 NA EDUCAÇÃO BÁSICA:
UMA PROPOSTA LITERÁRIA PARA AS
AULAS DE INGLÊS
Ewerton Batista-Duarte1
INTRODUÇÃO
1 Doutorando, com bolsa CAPES, em Literatura e Crítica Literária pela Pontifícia Universi-
dade Católica de São Paulo, em parceria com a University of Lagos, na Nigéria. Mestrado
em Linguística Aplicada pela Universidade de Taubaté. Pesquisador do Programa de Es-
tudos Pós-Graduados em Literatura e Crítica Literária da PUC-SP (PEPG-LCL). E-mail:
ewertonbatistaduarte@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6355-6493
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(Organizadores)
2 No ensaio Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte (2018), o filó-
sofo camaronês Achille Mbembe – simpatizante das ideias de Foucault, Agamben e de
outros pensadores – conceitua o termo necropolítica como as formas contemporâneas de
subjugação da vida ao poder da morte. Tais reflexões nos ajudam a compreender o po-
der político que determina quem deve viver e morrer (e como morrer). As ações nefastas
executadas contra grupos minoritários pelo governo de Jair Bolsonaro enquadram-se na
noção de necropolítica, principalmente pela instalação de grave crise sanitária decorrente
das atitudes negacionistas e criminosas do próprio presidente da República.
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A������, C��������� � D�������
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Avanços, Conquistas e Desafios
Código Habilidade
(EF06LI07) Formular hipóteses sobre a finalidade de um texto em língua inglesa, com
base em sua estrutura, organização textual e pistas gráficas.
(EF06LI09) Localizar informações específicas em texto.
(EF06LI12) Interessar-se pelo texto lido, compartilhando suas ideias sobre o que o
texto informa/comunica.
(EF07LI07) Identificar a(s) informação(ões)-chave de partes de um texto em língua
inglesa (parágrafos).
(EF07LI08) Relacionar as partes de um texto (parágrafos) para construir seu sentido
global.
(EF07LI09) Selecionar, em um texto, a informação desejada como objetivo de leitura.
(EF07LI10) Escolher, em ambientes virtuais, textos em língua inglesa, de fontes confi-
áveis, para estudos/pesquisas escolares.
(EF07LI11) Participar de troca de opiniões e informações sobre textos, lidos na sala de
aula ou em outros ambientes.
(EF07LI16) Reconhecer a pronúncia de verbos regulares no passado (-ed).
(EF07LI21) Analisar o alcance da língua inglesa e os seus contextos de uso no mundo
globalizado.
(EF07LI23) Reconhecer a variação linguística como manifestação de formas de pen-
sar e expressar o mundo.
(EF08LI06) Apreciar textos narrativos em língua inglesa (contos, romances, entre
outros, em versão original ou simplificada), como forma de valorizar o
patrimônio cultural produzido em língua inglesa.
(EF08LI07) Explorar ambientes virtuais e/ou aplicativos para acessar e usufruir do
patrimônio artístico literário em língua inglesa.
(EF08LI15) Utilizar, de modo inteligível, as formas comparativas e superlativas de
adjetivos para comparar qualidades e quantidades.
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(O������������)
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Avanços, Conquistas e Desafios
OS CONTOS DE ANANSI:
DA FÁBULA AFRICANA AO HOMEM-ARANHA
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(Organizadores)
3 Em 23 de abril de 2021, o site das Nações Unidas da Namíbia publicou o artigo “African
Sustainable Development Goals Book Club launches on World Book Day”, com o intuito de in-
centivar a leitura em vários idiomas: árabe, inglês, francês, suaíli e outras línguas africanas.
Essa iniciativa foi criada para promover alguns dos Objetivos de Desenvolvimento Sus-
tentável, conforme estabelecidos pela Assembleia Geral das Nações Unidas. Para mais
informações sobre o projeto, veja https://namibia.un.org/en/125565-african-sustainable-
-development-goals-book-club-launches-world-book-day
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A������, C��������� � D�������
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Avanços, Conquistas e Desafios
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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156
20 ANOS DA LEI N° 10.639/03 E 15 ANOS DA LEI N° 11.645/08
Avanços, Conquistas e Desafios
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DECOLONIALIDADE E PERSPECTIVA
AFROGÊNICA NA ELABORAÇÃO DE
ENUNCIADOS E ALTERNATIVAS DAS
PROVAS DE ESPANHOL DO ENEM 1
Gabriela Rodrigues Botelho2
INTRODUÇÃO
1 Este capítulo foi elaborado com base em uma pesquisa de mestrado que teve apoio da
FAPITEC/SE.
2 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Ser-
gipe (UFS). gabibottelho@hotmail.com
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Avanços, Conquistas e Desafios
espanhol está presente no ensino fundamental, mas tem maior adesão no ensino
médio por conta da preparação para o exame, o que tem se mantido. Essa con-
textualização é importante, pois embora não seja o foco deste capítulo demons-
tra as implicações políticas envoltas ao ensino de LE e exames como o ENEM.
É possível notar uma relação estreita entre ENEM e a educação básica, da
qual o espanhol como língua opcional faz parte, e, a Educação para as Relações
Étnico-Raciais (ERER) está incluída como eixo de trabalho em todos os anos de
ensino perpassando todas as disciplinas do currículo, ainda que seja destaque nas
disciplinas de história, literatura e artes, através da Lei nº. 11.645/2008. É nesse
ponto que língua espanhola, ENEM e ERER se encontram, pois, sendo parte da
educação básica, é escopo do espanhol discutir sobre as relações étnico-raciais, e,
o ENEM, como avaliação do ensino médio, também deve cumprir este propósito.
Dessa maneira, o objetivo deste capítulo é analisar como os enunciados e
as alternativas dos itens de língua espanhola do ENEM colaboram para debater
sobre as relações étnico-raciais no contexto hispano-falante a partir de uma pers-
pectiva afrogênica (WALKER, 2018). Para tanto, nos atemos a seguinte pergun-
ta de pesquisa: Como os enunciados e as alternativas colaboram para discutir
as relações étnico-raciais no mundo hispânico? Justificamos essa pesquisa por
ser uma forma de fomentar reflexões sobre as relações étnico-raciais no contex-
to da educação linguística em espanhol no Brasil e, sobretudo, no ENEM. A
pesquisa é de natureza aplicada (GIL, 2002), abordagem qualitativa (FLICK,
2009), descritivo-interpretativista (MOITA LOPES, 1994) e técnica documental
(BARDIN, 1977).
Para tanto, foram avaliadas 21 provas entre 2010 e 2019 (10 aplicações
para Pessoas Privadas de Liberdade (PPL); 10 aplicações regulares; e uma rea-
plicação) totalizando 105 itens, dos quais constatamos que 9 permitem o debate
sobre a afrodescendência no mundo hispânico, seja a partir dos textos seleciona-
dos, dos enunciados ou das alternativas elaboradas para cada item. Utilizamos
como objeto de análise os enunciados e alternativas que compõem os 9 itens que
permitem discutir as relações étnico-raciais.
Pautamos a análise nos estudos decoloniais (WALSH, 2009; LANDER,
2005; QUIJANO, 2005; MALDONADO-TORRES, 2007; VERONELLI,
2015); e nas diretrizes educacionais brasileiras (BRASIL, 2010a; BRASIL,
2013a; BRASIL,2013b).
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Avanços, Conquistas e Desafios
mas para prestar conta à sociedade sobre o estado da educação. Com isso, os
próprios pais devem optar por qual escola escolher, o que acaba sendo influen-
ciado pelas posições no ranqueamento. Embora o foco do ENEM, ao divulgar
os resultados em forma de ranking não seja estigmatizar as instituições escolares,
isso acaba acontecendo.
Os objetivos do exame se coadunam aos objetivos da LDB/1996 e conti-
nuam os mesmos desde sua implementação em 1998, que são: servir como uma
autoavaliação para os concluintes do ensino médio, para que possam direcionar
sua carreira acadêmica e profissional; ser uma forma de medir a qualidade da
educação à nível médio; e servir como seleção para o mercado de trabalho, cur-
sos técnicos e superiores (BRASIL, 1998; BRASIL, 2013a).
Após doze anos de aplicação do exame, a partir de 2010, diversas mu-
danças foram realizadas, a acessibilidade ao ENEM ganhou destaque, lactantes,
gestantes, PPL e pessoas com diferentes necessidades especiais passaram a ter
os cuidados necessários para fazerem a prova. Naquele período, foi aperfeiçoa-
do o sistema de isenção para pessoas de renda baixa, o acesso dos cotistas, e, o
exame passou a ter maior destaque como forma de ingresso ao ensino superior
(BRASIL, 2013a). Entretanto, o caráter de medição e controle do currículo foi
mantido.
As mudanças de 2010, também trouxeram alterações na MR, que orienta
a elaboração das provas, chegando ao formato que temos hoje. Para tanto, os
itens passaram a exigir a resolução de problemas com foco na compreensão e
interpretação textual, a prova passou a ser aplicada em dois dias, sendo divi-
dida em quatro áreas de conhecimento, totalizando 180 questões e a redação.
Também formam parte da MR cinco eixos cognitivos comuns às quatro áreas, e,
competências e habilidades específicas para cada área.
O estudo das LEs no ENEM prevê conteúdos como: compreensão de
textos de gêneros diversos, orais e escritos; identificação da temática, léxico,
estruturas sintático-semânticas, função e contexto comunicativo; e aplicação
do conhecimento linguístico em situações comunicativas e manifestações cul-
turais (BRASIL, 2013a). A área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e
Redação compreende Língua Portuguesa, Literatura, Língua Estrangeira, Artes,
Educação Física e Tecnologias da Informação e Comunicação. É composta por
nove competências de área sendo que a competência 2 (que contém quatro ha-
bilidades) é a que corresponde aos itens de LE. Vejamos as habilidades da com-
petência 2 da área de linguagens:
Competência de área 2 – Conhecer e usar língua(s) estrangeira(s) moder-
na(s) como instrumento de acesso a informações e a outras culturas e gru-
pos sociais.
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(Organizadores)
Com base nas diretrizes acima, é possível traçar padrões para a composição
da prova de língua espanhola, o que auxilia os elaboradores de questões e as pes-
soas que estão se preparando para o exame. O formato da prova, sendo questões
objetivas de múltipla escolha, também ajudam a padronizar os testes, o que de
acordo com Brasil (2010a) acontece pelo ENEM ser um exame de larga escala,
isto é, aplicado a uma grande quantidade de pessoas regularmente. Assim, o for-
mato da prova facilita a logística de elaboração, aplicação e correção do exame.
Segundo Brasil (2010a), a palavra item corresponde a uma unidade bá-
sica de coleta de dados, podendo ser uma prova, um teste e no caso do ENEM
as questões do caderno de perguntas. A elaboração é feita por profissionais da
educação de cada área do conhecimento que são chamados a formular os itens
quando há demanda ou em oficinas de elaboração de itens. Os critérios para
elaboração parte de uma situação problema, segundo Brasil (2010a, p. 9): “Em
uma avaliação, um item contextualizado pretende transportar o participante do
teste para uma situação normalmente vivenciada por ele no dia a dia, e que, no
item, pode se materializar ou não em uma situação hipotética”. Essa construção
da situação problema deve contemplar uma das habilidades da MR e se estrutu-
ra a partir do texto, do enunciado e das alternativas conformando uma unidade
de proposição (BRASIL, 2010a).
Em relação à escolha do texto recomenda-se que se tenha um ou mais
textos verbais ou não verbais, podendo ser do próprio elaborador ou de fonte
fidedigna, isto é, de fácil recuperação e circulação (BRASIL, 2010a). Em re-
lação à elaboração do enunciado, o documento Brasil (2010a, p. 10) orienta
que “O enunciado se constitui de uma ou mais orações e não deve apresentar
informações adicionais ou complementares ao texto-base; ao contrário, deverá
considerar exatamente a totalidade das informações previamente oferecidas”.
Portanto, deve conter instruções objetivas, em forma de pergunta ou frase a ser
completada (BRASIL, 2010a).
As alternativas são possíveis opções de respostas, sendo o gabarito a res-
posta correta e os distratores respostas plausíveis para a questão elaborada, po-
rém incorreta frente ao problema apresentado. De acordo com Brasil (2010a, p.
11), “Isso significa que o distrator plausível deve retratar hipóteses de raciocínio
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Avanços, Conquistas e Desafios
incompatível tal relação. A autora explica, que essa forma de ver o mundo difere
dos povos afrodescendentes, dos povos originários da América Latina, e em espe-
cial dos povos andinos, pois para estes a natureza é a fonte da vida e do bem viver,
sendo inseparáveis a existência humana e a natureza.
Outra concepção importante é a colonialidade de gênero, estudada por
Lugones (2014), que vê no binarismo eurogênico a divisão entre seres humanos e
não humanos, nos quais a mulher seria um humano inferior e os povos coloniza-
dos não humanos. Para a autora, decolonizar o gênero implica romper as hierar-
quias a partir do entendimento de que na visão dos povos originários e afrodes-
cendentes, há formas de sustentar relações mais igualitárias entre seus pares. Esse
reconhecimento e possível troca de saberes pode abrir caminho para uma possível
emancipação desses povos e para uma revisão dos padrões culturais ocidentais.
Já Veronelli (2015), investiga a racialização e desumanização colonial
a partir da colonialidade da linguagem, que segundo a autora, problematiza a
relação raça e linguagem, uma vez que ambas são regidas por uma filosofia,
ideologia, política eurocentradas, negando às pessoas colonizadas a agência de
comunicação e racionalidade. Assim, essa concepção de língua relaciona gra-
mática, escrita, conhecimento, e civilização naturalizando estas características e
legitimando apenas as línguas europeias (VERONELLI, 2015).
A decolonialidade enquanto abertura de pensamento para entender as di-
ferentes formas de vida, como define Mignolo (2007) e Walsh (2009), implica
conhecer e entender outras perspectivas que fazem parte do período moderno/
colonial. Por isso, neste trabalho busco refletir sobre a contribuição das pessoas
negras na América Latina, de modo que, no ENEM essa parte da história te-
nha um espaço relevante. É nesse sentido, que utilizo o conceito de perspectiva
afrogênica, cunhado por Sheila Walker, antropóloga afro-estadunidense que ao
estudar a diáspora africana percebeu a necessidade de encontrar termos próprios
que representassem a visão de mundo das pessoas negras, é nesse contexto que:
A categoria afrogênica foi criada por Walker e se contrapõe à categoria “eu-
rogênica”, remete a aspectos de interesse e a construções teóricas e meto-
dológicas, dentre outras, elaboradas pelas (os) próprias (os) africanas (os)
e afrodescendentes em contraposição ao conhecimento tido como morto,
construído por terceiros a fim de desqualificar “as inteligências históricas
das diversas civilizações africanas sequestradas e transladadas a diferentes
lugares [das] América[s] pela via do comércio de africanos escravizados
(GARCÍA, 2012, p. 82 apud OSHAI, 2015, p. 255).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Tei-
xeira. Caderno de Perguntas: ENEM. 2011. Ministério da Educação. Disponí-
vel em: https://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/provas/2011/
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A DECOLONIZAÇÃO NA FORMAÇÃO CONTINUADA
DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO
MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
Tiemi Okimura-Kerr1
INTRODUÇÃO
A Educação Física foi incluída no sistema escolar do Brasil em 1851, atra-
vés da reforma Couto Ferraz, com ideais higienistas e forte influência dos siste-
mas europeus de ginástica e calistenia. Ao longo do período da ditadura militar,
de 1964 a 1984, o esporte tornou-se o conteúdo predominante e oficial nas aulas.
Por muito tempo, a Educação Física na escola foi entendida como uma
atividade eminentemente prática, sem muita reflexão teórica. Essa concepção
foi contraposta com a promulgação da Lei de Diretrizes Bases da Educação
Nacional – LDB n°. 9394/96 (BRASIL, 1996), que no parágrafo 3o do artigo
26 afirma que “A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é
componente curricular obrigatório da educação básica.”
Na mesma década, os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL,
1998) apresentam diretrizes que orientam os educadores por meio da normatiza-
ção de aspectos fundamentais referentes a cada disciplina, inclusive a Educação
Física. Atualmente, a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017) é o
documento de caráter regulatório que define o conjunto de aprendizagens essen-
ciais que todos os estudantes devem desenvolver ao longo das etapas e modali-
dades da Educação Básica.
Nesse breve histórico da Educação Física Escolar no Brasil, percebe-
mos a predominância da influência europeia em seus conteúdos. Até os dias
atuais, verificamos uma prática corporal, ainda, com a hegemonia de nossos
colonizadores.
A Lei n°. 10.639/03, que estabelece a obrigatoriedade do ensino da histó-
ria e cultura afro-brasileiras e africanas nas escolas públicas e privadas do ensino
fundamental e médio, representou um importante passo nas políticas de ações
afirmativas e de reparação para a educação básica.
Segundo Oliveira e Candau (2010), nos fundamentos teóricos da legislação,
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PEDAGOGIA DECOLONIAL
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Avanços, Conquistas e Desafios
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando o histórico eurocêntrico da educação brasileira e, em par-
ticular, da educação física, a presente proposta de pauta formativa pretendeu
apresentar reflexões sobre a perspectiva decolonial do currículo refletindo sobre
princípios de uma educação antirracista e resgatando manifestações de práticas
corporais de matriz africana.
Entendemos o grande desafio em superar as tradicionais práticas pe-
dagógicas pautadas em ginásticas e esportes europeus, mas apresentamos
possibilidades em se abordar a temática na educação física de forma crítica e
transformadora.
Estamos cientes de que não são apenas conteúdos a serem incluídos no
currículo, mas toda uma perspectiva decolonial com valores africanos pautados
em paradigmas que divergem do que temos como referência em nossa socieda-
de. Portanto, como destacam Oliveira e Candau (2010), não pretendemos ape-
nas incluir novos temas nos currículos ou nas metodologias pedagógicas, mas
almejamos uma práxis que construa novas condições sociais, políticas, culturais
e de pensamento.
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Avanços, Conquistas e Desafios
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TRINDADE, Azoilda Loretto da. Valores Civilizatórios Afro-brasileiros na
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DIRETRIZ CURRICULAR E RELAÇÕES ÉTNICO-
RACIAIS: ANÁLISE DA LEI Nº. 11.645/08 NO
CURRÍCULO PAULISTA
Anselma Garcia de Sales1
Átila Ferreira da Rocha2
INTRODUÇÃO
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Avanços, Conquistas e Desafios
excluir grupos sociais, está agindo de uma forma política mais incisiva, que
propicia a manutenção das estruturas sociais vigentes e suas contradições. O
docente agindo de forma intencional ou não, pode ser agente conservador das
desigualdades sociais que resistem ao tempo. Existe uma filosofia em curso de
exclusão escolar tanto física, como cultural dos grupos oprimidos. Esse modelo
de eliminação de saberes dos educandos do processo de ensino e aprendiza-
gem regular ganha um teor mais acentuado sobre a população negra brasileira
(CORTELLA, 2014).
O Brasil é um país formado pela miscigenação de diferentes grupos étni-
cos, principalmente de matrizes de origens africanas, indígenas e portuguesas.
Todavia, a formação do país é estruturada na escravidão, nas justificativas para
a obscenidade desse modelo de exploração e no eurocentrismo.
Na invasão portuguesa das terras sul-americanas e com a intenção de dar
um sentido mercantil para a colonização, os lusitanos perceberam a necessidade
de mão-de-obra influenciados pelo ideário cultural ibérico que concebia o traba-
lho braçal como inferior. Assim, desde o surgimento das Capitanias Hereditárias,
os portugueses escravizaram grupos indígenas e em seguida, diversas etnias afri-
canas. Ao contrário do que é ensinado em diversos manuais didáticos, mesmo
com o fim legal da escravidão dos povos originários, na prática muitos indígenas
continuaram sendo obrigados a passar pelos horrores de escravidão (FAUSTO;
FAUSTO, 2009, p. 95)
Desse modo, a escravidão foi desenvolvida de maneira simbiótica com a
sociedade brasileira. Por volta de 1550, os portugueses desenvolveram uma nova
modalidade de escravidão, a exploração forçada por motivos étnicos e mercantis.
A escravidão existe desde as primeiras sociedades, normalmente a lógica
para uma pessoa permanecer em uma situação de escravidão estava ligada às guer-
ras, crimes e dívidas, sendo que qualquer pessoa poderia ter o infortúnio de estar
em uma situação de aprisionamento. Entretanto, os portugueses desenvolveram
um sistema escravista na África motivado por um comércio muito lucrativo, uti-
lizando principalmente os motivos ligados ao ganho monetário como objetivo da
escravidão. Além disso, os portugueses e a Igreja Católica desenvolveram a ideia
de que apenas um grupo específico de pessoas deveria ser escravizado pelas carac-
terísticas étnicas condicionadas à cor negra da pele (BILHEIRO, 2008).
Essa escravidão mercantil e étnica foi desenvolvida encrustada na socie-
dade brasileira, ditando as relações econômicas, sociais, políticas e culturais
até o momento presente. Segundo diversos pesquisadores, não há raça entre os
humanos. Entretanto, para legitimar esse modelo específico de escravidão, os
portugueses e a Igreja Católica criaram uma série de justificativas para a escra-
vidão das pessoas negras. Conforme Bilheiro (2008, p. 102) “[...] optou-se por
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3 Escravidão é uma situação, isso não define o ser humano. Colono negro foi a forma que
a pesquisa do Projeto Quirino definiu as pessoas que vieram da África para o Brasil for-
çadas. Pois trouxeram o seu modo de vida e a sua cultura para a sociedade da América
Portuguesa.
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ocupados por quase 80% de pessoas brancas. Já o índice que representa os 10%
mais pobres da população, é composto por 75% de pessoas negras (IBGE, 2019).
As mulheres negras sofrem ainda mais com as desigualdades, pois enfren-
tam as amarras do machismo e do racismo estrutural. Os empregos com menores
remunerações do país são ocupados majoritariamente por elas. Além disso, em
diversas habitações lideradas economicamente por essas mulheres, não há máqui-
na de lavar roupa, ou seja, ganham menos e têm uma carga de trabalho doméstico
maior por não terem acesso a eletrodomésticos. Ainda segundo o instituto: “No
tocante à pobreza monetária, a proporção de pessoas pretas ou pardas com rendi-
mento inferior às linhas de pobreza, propostas pelo Banco Mundial, foi maior que
o dobro da proporção verificada entre as brancas” (IBGE, 2019).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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“ENTREMUNDOS”: AS HISTÓRIAS INDÍGENAS
E A EDUCAÇÃO INFANTIL NA PERSPECTIVA
DA LEI N°. 11.645/2008
Ricardo de Mattos Martins Cunha1
Kerollainy Rosa Schütz2
Adriana Aparecida Belino Padilha de Biazi3
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Avanços, Conquistas e Desafios
dos povos originários, inclusive como versa os artigos 231 e 232 da Constituição
Federal de 1988.
Assim, é possível pensar a construção do coletivo ENTREMUNDOS
como o entrelaçamento de trajetórias interculturais inseridas em um contexto
brasileiro que, apesar dos muitos desafios, tem apresentado possibilidades de
pensar a prática do ensino da temática indígena como política pública, histó-
rica e epistemológica. Em nossa experiência, é possível afirmar que o diálogo
intercultural e interprofissional, pensando nas conexões entre saberes indígenas
e não indígenas e os saberes de áreas distintas, como a História e a Educação
Infantil, é fundamental. Na junção entre saberes indígenas, História e Educação
Infantil, que marcam a atual conjunção desse coletivo, sentimos que todos os sa-
beres são importantes e valiosos quando estão pautados pela interculturalidade
crítica e entendimento das trajetórias históricas dos sujeitos que estiveram aqui
neste mundo antes de nós.
REFERÊNCIAS
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Pós-Graduação em Educação) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, 2014.
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POVOS INDÍGENAS:
CONHECER PARA VALORIZAR
Gerusa Citadin1
Vanessa Mariot Pedro Crozetta2
Renata Righetto Jung Crocetta3
INTRODUÇÃO
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DIVERSIDADE CULTURAL
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A grande lição desse contato com a cultura indígena foi reconhecer e valo-
rizar a importância da diversidade cultural, a importância de manter um relacio-
namento, a possibilidade de conviver com quem é diferente, com o outro, apren-
der que há outras formas de olhar o mundo, olhar a natureza, de relacionar-se
com as pessoas e perceber que essas diferentes formações ricas trocas recheadas
de significados. Nós, professores podemos levar nossos alunos a aprender a li-
dar com os demais colegas da sala que também são diversos. A escola pública
brasileira reúne na sala de aula uma enorme diversidade de crianças que vêm de
origens culturais distintas.
O professor aprende a lidar com essas diversidades ao lidar com os di-
versos que a legislação está lhe colocando como desafio. Olhar para o indígena
é resgatar o próprio eu pois a maioria dos brasileiros são misturados, há uma
mescla de índio com branco, com negro e o encontro com o outro é o que gera
riqueza, é o que vai acrescentar e fazê-lo crescer também. Reconhecer o Brasil
como um país plural, diverso, mostra aos alunos que temos muito a aprender
com os índios, com a história dos negros e esse é o sentido da renovação que se
tem feito na educação, trazer esses personagens para dentro da sala de aula com
um novo olhar. Precisamos estabelecer pontes de diálogo, de interação, para que
cada cultura possa usufruir do que a outra cultura tem de melhor.
REFERÊNCIAS
BITTENCOURT, Circe F. História das populações indígenas na escola: me-
mórias e esquecimentos. In: PEREIRA, Amílcar Araújo; MONTEIRO, Ana
Maria (orgs.). Ensino de História e culturas afro-brasileiras e indígenas. Rio
de Janeiro: Pallas, 2013, p. 101-132.
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MELIÀ, Bartolomeu. A experiência religiosa Guarani. In: MARZAL, Manuel
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POSFÁCIO
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SOBRE OS ORGANIZADORES
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