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COLÉGIO PEDRO II – Campus São Cristóvão II

DEPARTAMENTO DE PORTUGUÊS FICHA


Professores: Juliana, Patrícia e Tharlles 5
Aluno (a): _______________________________________ nº_____ Turma:_____
7º ano/ Ensino Fundamental
O PERFIL DO DETETIVE CLÁSSICO: CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E PSICOLÓGICAS

A CASA DE MARIMBONDOS (PARTE 1)


Por Agatha Christie
John Harrison, de pé no terraço de sua casa, olhava o jardim. Homem alto, de rosto magro e macilento, tinha
geralmente uma expressão taciturna, mas quando seus (1) traços severos suavizavam-se num sorriso, como agora, era
muito atraente.
Gostava de seu jardim, tão belo nesse anoitecer cálido de agosto: as rosas trepadeiras ainda floresciam e as
ervilhas de cheiro perfumavam o ar.
Um rangido familiar fê-lo (2) virar subitamente a cabeça. Quem abrira o portão do jardim? Uma figura janota
aproximou-se pela aleia, e o rosto de John Harrison assumiu uma expressão de completa surpresa.
— Mas é maravilhoso! — exclamou. — Monsieur Poirot!
Era realmente o grande Hercule Poirot, famoso no mundo inteiro por suas façanhas como detetive.
— Eu mesmo! Lembra-se (3) de ter-me (4) convidado para aparecer, se acaso viesse a esta parte do mundo? Tomei
suas palavras ao pé da letra, e aqui estou.
— E me dá imenso prazer — disse Harrison cordialmente. — Sente-se. Quer beber alguma coisa? — e num gesto
hospitaleiro indicou-lhe (5) a bandeja de bebidas na mesa da varanda.
— Obrigado — disse Poirot sentando-se numa cadeira de vime. — Tem por acaso um licor? Não? Não faz mal. Só
um copo de soda pura, sem uísque, por favor — e quando o companheiro lhe estendeu o copo acrescentou aborrecido:
— Ah, meus pobres bigodes perderam a forma. É esse calor!
— E o que o traz a esse recanto tão sossegado? — perguntou Harrison sentando-se a seu lado. — Prazer?
— Não, mon ami, trabalho.
— Trabalho? Neste lugar retirado?
Poirot, com a fisionomia grave, balançou a cabeça numa aquiescência.
— Sim, meu amigo, nem todos os crimes são cometidos no meio das multidões, sabia?
O outro riu.
— Meu comentário foi mesmo imbecil. Mas qual o crime que está investigando por aqui, se não sou indiscreto.
— Não, não é — respondeu Poirot. — Na verdade fico satisfeito com a sua pergunta.
Harrison o olhou com curiosidade sentindo nas maneiras do amigo uma nuança diferente. O detetive o encarava, e
seu olhar era tão estranho que ficou desnorteado. Afinal, disse:
— Mas não ouvi falar em nenhum crime.
— Não, você não pode ter ouvido mesmo — disse Poirot.
— Quem foi assassinado?
— Até agora, ninguém.
— O quê?
— Foi por isso que não soube de nada. Estou investigando um crime que ainda não foi cometido — disse o
detetive.
— Mas isso não faz sentido.
— Ao contrário, é muito melhor investigar um crime antes de ser cometido do que depois. Talvez seja possível até
impedi-lo.
Harrison o encarou.
— Não está falando sério, M. Poirot.
— Estou, sim, e muito sério.
— Acredita mesmo que alguém está planejando um crime? Que absurdo!
Hercule Poirot ignorou a exclamação.
— A menos que nós possamos impedi-lo. É, mon ami, é isso mesmo.
— Nós?
— Preciso de sua cooperação.
Poirot lançou-lhe um olhar penetrante e mais uma vez Harrison sentiu-se preso de uma indefinível inquietação.
— Vim até aqui porque... bem... gosto do senhor, Monsieur Harrison — e num tom completamente diferente,
acrescentou: — Já reparou naquela casa de marimbondos? Devia destruí-la.
À súbita mudança de assunto Harrison franziu a testa. Seguiu a indicação de Poirot e disse, numa voz que
revelava a sua perplexidade:
— Para falar a verdade, é o que ia fazer, ou melhor, o que o jovem Langton vai fazer. Lembra-se de Claude
Langton? Estava naquele jantar em que o conheci. Virá aqui daqui a pouco para acabar com os marimbondos.
Considera-se um especialista na matéria.
— Ah! — fez Poirot. — E que método vai usar?
— Gasolina. Vai aplicá-la com a sua seringa de jardim. É de um tamanho mais adequado do que a minha.
— Não há outro método com cianeto de potássio? — perguntou Poirot.
Surpreso, Harrison respondeu:
— Há, sim, mas cianeto de potássio é uma substância venenosa, é um perigo tê-la em casa.
Poirot balançou a cabeça concordando.
— Sim, é um veneno mortal — esperou um minuto e repetiu: — um veneno mortal.
— Muito útil se alguém quiser se livrar da sogra, não? — disse Harrison dando uma risada. Mas Hercule Poirot
permaneceu sério.
— Tem certeza de que é com gasolina que Monsieur Langton pretende destruir aquela casa de marimbondos?
— Tenho, sim. Por quê?
— Tenho minhas dúvidas. Estive na farmácia de Barchester esta tarde e precisei assinar o registro de
substâncias venenosas, devido a uma das compras que fiz. A assinatura anterior era de Claude Langton. Ele adquiriu
cianeto de potássio. [...]

I – Os DETETIVES ou os personagens que se colocam nessa posição de investigador costumam ser


muito OBSERVADORES e desconfiam sempre de TODOS (qualquer um pode ser o culpado em uma
narrativa policial). Sempre em busca de PISTAS, analisam as características dos envolvidos do ponto de
vista FÍSICO e PSICOLÓGICO.

1. A casa de marimbondos parece um bom título para uma narrativa policial? Explique por quê.
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2. O que esse objeto, uma casa de marimbondos, pode ter a ver com um crime? Levante hipóteses.
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3. No início do texto, Poirot é descrito como JANOTA, ou seja, uma pessoa que se veste com esmero, com
elegância exagerada e fora de contexto ou um “almofadinha”. Ser um janota une características, ao mesmo
tempo, físicas e psicológicas. O que “ser janota” nos diz sobre a personalidade de Poirot?
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4. Retire do texto um trecho que descreva FISICAMENTE John Harrison. Não deixe de usar aspas.
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5. Ao longo do texto, foram assinaladas e numeradas algumas palavras. Elas se REFEREM ou a John
Harrison ou a Hercule Poirot. Relacione essas palavras aos seus REFERENTES. Não deixe de retornar
ao texto.

(A) John Harrison [ ] seus (1) [ ] Lembra-se (3) [ ] indicou-lhe (5)


(B) Hercule Poirot [ ] fê-lo (2) [ ] ter-me (4)

6. Para refletir sobre os PERFIS... Por que a maioria dos detetives e investigadores é HOMEM?

II – Podemos observar que grande parte desse trecho de A casa de marimbondos é composta por
DIÁLOGOS entre os personagens. Em contrapartida, em determinados momentos, o NARRADOR surge e
organiza o conteúdo dessa NARRATIVA POLICIAL. Esse narrador é responsável por CONTAR a
história para o leitor.
7. Releia a Parte 1 de A casa de marimbondos e transcreva um trecho que pertença ao NARRADOR.
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8. Podemos dizer que esse narrador NÃO PARTICIPA dos fatos narrados ou ele PARTICIPA da história
como um dos PERSONAGENS?
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9. Releia o seguinte trecho:

“Harrison o olhou com curiosidade sentindo nas maneiras do amigo uma nuança diferente. O detetive o encarava, e
seu olhar era tão estranho que ficou desnorteado.”

a. Na sua opinião, todas essas DESCRIÇÕES de sentimentos e esse narrar repleto de DETALHES
podem ser realizados somente por meio da OBSERVAÇÃO, ou seja, somente olhando as ações a
distância? Explique.
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CONSOLIDANDO OS CONHECIMENTOS...
As narrativas podem ter TRÊS TIPOS DE NARRADORES:
NARRADOR PERSONAGEM – É um dos personagens. Conta em 1ª pessoa (eu disse, eu pensei...)
NARRADOR OBSERVADOR – Somente observa. Não participa. Conta em 3ª pessoa (ele disse...)
NARRADOR ONISCIENTE – Sabe de TODOS os detalhes, pensamentos e sentimentos, mas não é
um dos personagens. Conta em 3ª pessoa (ele sofreu, ele pensou...)

10. Coloque em prática os conhecimentos aprofundados até aqui e diga que TIPO DE NARRADOR está
presente na tirinha abaixo:
__________________________________________ 11. Escolha um trecho que pertença
ao narrador e reescreva-o de forma
que ele seja um NARRADOR
ONISCIENTE:
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