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TEXTO: REFRESCO - SÉRGIO PORTO - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO

TEXTO – REFRESCO

No exato momento em que eu estava no botequim para comprar cigarros,


ouvi a voz do homem perguntar por trás de mim:
--- Tem refresco de cajá?
O outro, por trás do balcão, olhou espantado:
--- De caju?
--- Não senhor, de cajá mesmo.
Não tinha. Não tinha e ainda ficou danado. Ora essa, por que razão havia de ter refresco de
cajá? Ainda se fosse de caju, vá lá.
É verdade que refresco de caju também não havia, mas, de qualquer modo, era mais viável
ter de caju do que de cajá, fruta difícil, que só de raro em raro se encontra e, assim mesmo, por
um preço exorbitante.
E ainda irritado, disse.
--- Por que não pergunta na Colombo? Aposto que lá também não vendem refresco de cajá.
E o senhor sabe disso, o senhor está pedindo aqui para desmoralizar o estabelecimento.
Não era de briga e nem estava querendo desmoralizar ninguém. De repente – ao entrar ali
para tomar café – sentira cheiro de cajá e, como na sua terra havia muito daquela fruta, ficara
com vontade de tomar um refresco.
O que servia caiu em si, esqueceu o seu complexo de trabalhar no café fuleiro e não na
Colombo. Depois desculpou-se com um sorriso de poucos dentes e perguntou se não queria uma
laranjada. Uma laranjada sempre se pode arranjar.
O outro recusou com um abano de cabeça e saiu encabulado, talvez por ter revelado em
público um tão puro sentimento íntimo – saudade de sua terra.
Paguei os cigarros e saí atrás dele. Também eu, depois que assistira à cena, senti cheiro de
cajá.
Há dez anos – pensei – eu poderia satisfazer a sua vontade. Era só andar aquele quarteirão,
entrar à esquerda e procurar o número 53. Era a nossa casa. Ali nasceram meus irmãos e
nasciam cajás todos os anos.

Sérgio Porto. A Casa Demolida, págs. 27-28.


Editora do Autor, Rio, 1963.

1 – Na frase “O outro olhou espantado”, nota-se:


( ) Susto, pavor.
( ) Medo, receio.
(X) Surpresa, estranheza.
( ) Raiva, irritação.

2 – Por que o rapaz do botequim olhou espantado?


Porque estranhou o pedido, achando que o freguês se tivesse enganado.

3 – O freguês pediu refresco de cajá:


( ) Com intenção de desmoralizar o botequim.
( ) Para matar a sede.
(X) Porque essa fruta despertou nele a lembrança e a saudade de sua terra.

4 – Que seria “um sorriso de poucos dentes”.


Um sorriso feio, que revelava uma boca quase sem dentes.

5 – Por que o moço do bar pediu desculpas ao freguês?


Por tê-lo tratado mal.
6 – Releia a seguinte passagem do sexto parágrafo e, depois, responda: “Ora essa, por que
razão havia de ter refresco de cajá? Ainda se fosse de caju, vá lá”.
Essa reflexão o rapaz do botequim disse em voz alta ou apenas pensou?
( ) Disse em voz alta. (X) Apenas pensou.

7 – O freguês saiu humilhado, aborrecido, provavelmente porque:


( ) Fora tratado com grosseria.
(X) Revelara a pessoas estranhas um sentimento íntimo: saudade de sua terra.
( ) Não conseguira beber refresco de cajá.

8 – Assinale a interpretação certa da frase “Também eu senti cheiro de cajá”.


( ) Sentiu vontade de tomar um refresco de cajá.
( ) Sentiu o cheiro dos cajás que vendiam ao lado do botequim.
(X) Sentiu saudade da casa onde ele nascera.
( ) É um absurdo, pois no botequim não havia refresco de cajá.

TEXTO: MEU IDEAL SERIA ESCREVER - RUBEM BRAGA - COM


INTERPRETAÇÃO/GABARITO

TEXTO: MEU IDEAL SERIA ESCREVER...


Rubem Braga

Meu ideal seria escrever uma história tão engraçada que aquela moça
que está naquela casa cinzenta quando lesse minha história no jornal
risse, risse tanto que chegasse a chorar e dissesse – “ai meu Deus, que
história mais engraçada!” E então a contasse para a cozinheira e
telefonasse para duas ou três amigas para contar a história; e todos a
quem ela contasse rissem muito e ficassem alegremente espantados de
vê-la tão alegre. Ah, que minha história fosse como um raio de sol,
irresistivelmente louro, quente, vivo, em sua vida de moça reclusa (que não sai de casa), enlutada
(profundamente triste), doente. Que ela mesma ficasse admirada ouvindo o próprio riso, e depois
repetisse para si própria – “mas essa história é mesmo muito engraçada!”
Que um casal que estivesse em casa mal-humorado, o marido bastante aborrecido com a mulher,
a mulher bastante irritada como o marido, que esse casal também fosse atingido pela minha
história. O marido a leria e começaria a rir, o que aumentaria a irritação da mulher. Mas depois
que esta, apesar de sua má-vontade, tomasse conhecimento da história, ela também risse muito,
e ficassem os dois rindo sem poder olhar um para o outro sem rir mais; e que um, ouvindo aquele
riso do outro, se lembrasse do alegre tempo de namoro, e reencontrassem os dois a alegria
perdida de estarem juntos.
Que nas cadeias, nos hospitais, em todas as salas de espera, a minha história chegasse – e tão
fascinante de graça, tão irresistível, tão colorida e tão pura que todos limpassem seu coração com
lágrimas de alegria; que o comissário ((autoridade policial) do distrito (divisão territorial em que se
exerce autoridade administrativa, judicial, fiscal ou policial), depois de ler minha história,
mandasse soltar aqueles bêbados e também aquelas pobres mulheres colhidas na calçada e lhes
dissesse – “por favor, se comportem, que diabo! Eu não gosto de prender ninguém!” E que assim
todos tratassem melhor seus empregados, seus dependentes e seus semelhantes em alegre e
espontânea homenagem à minha história.
E que ela aos poucos se espalhasse pelo mundo e fosse contada de mil maneiras, e fosse
atribuída a um persa (habitante da antiga Pérsia, atual Irã), na Nigéria (país da África), a um
australiano, em Dublin (capital da Irlanda), a um japonês, em Chicago – mas que em todas as
línguas ela guardasse a sua frescura, a sua pureza, o seu encanto surpreendente; e que no fundo
de uma aldeia da China, um chinês muito pobre, muito sábio e muito velho dissesse: “Nunca ouvi
uma história assim tão engraçada e tão boa em toda a minha vida; valeu a pena ter vivido até
hoje para ouvi-la; essa história não pode ter sido inventada por nenhum homem, foi com certeza
algum anjo tagarela que a contou aos ouvidos de um santo que dormia, e que ele pensou que já
estivesse morto; sim, deve ser uma história do céu que se filtrou (introduziu-se lentamente em)
por acaso até nosso conhecimento; é divina.”
E quando todos me perguntassem – “mas de onde é que você tirou essa história?” – eu
responderia que ela não é minha, que eu a ouvi por acaso na rua, de um desconhecido que a
contava a outro desconhecido, e que por sinal começara a contar assim: “Ontem ouvi um sujeito
contar uma história...”
E eu esconderia completamente a humilde verdade: que eu inventei toda a minha história em um
só segundo, quando pensei na tristeza daquela moça que está doente, que sempre está doente e
sempre está de luto e sozinha naquela pequena casa cinzenta de meu bairro.

INTERPRETAÇÃO DO TEXTO

01) Por que o autor deseja escrever uma história engraçada?


Para tornar as pessoas mais felizes, principalmente uma moça triste e doente que mora numa
casa cinzenta.
02) Por que ele diz que a moça tem uma casa cinzenta, e não verde, azul ou amarela?
Porque a cor cinza lembra tristeza.
03) Ao descrever um raio de sol, o autor lhe atribui características que, de certa forma, se opõem
às da moça. Cite algumas dessas características opostas.
Raio de sol: louro, quente, vivo;
Moça: enlutada(sombria), triste, doente
04) Como você interpretaria a oração “que todos limpassem seu coração com lágrimas de
alegria”?
Que todos se tornassem mais alegres e humanos.
05) O autor sonha em tornar mais felizes e sensíveis apenas as pessoas de seu país? Justifique.
Não. Ele imagina sua história espalhada pelo mundo e fosse contada de mil maneiras por
pessoas de várias nacionalidades.
06) Relacione as colunas conforme as reações das pessoas diante da história:
(a) moça triste ( d ) libertaria os detentos, dizendo-lhes para se comportarem, pois não gostava de
prender ninguém
(b) amigas da moça triste (c ) sentir-se-ia tão feliz que se lembraria do alegre tempo de namoro
(c) casal mal-humorado (b ) ficariam espantadas com a alegria repentina da moça
(d) comissário do distrito (e ) concluiria que teria valido a pena viver tanto, só para ouvir uma
história tão
engraçada
(e) sábio chinês (a ) ficaria feliz e contaria a história para a cozinheira e as amigas

07) Por que o autor não contaria aos outros que havia inventado a história engraçada para alegrar
a moça triste e doente? Copie a alternativa correta:
(a) porque, na verdade, a moça triste não existia
(b) por que ele mesmo não achava a história engraçada
(c) por modéstia e humildade
(d) porque não acreditariam que ele fosse capaz de inventar aquela história

08) Afinal, que história Rubem Braga inventou para alegrar e comover tantas pessoas?
Na crônica, o autor não contou a história engraçada, ficou apenas no desejo, na aspiraçao.
09) Na sua opinião, o que mais sensibiliza as pessoas: histórias engraçadas ou dramáticas?
Justifique.
Resposta Pessoal.
TEXTO: O"IMPEACHMENT" E A AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE PRESIDENCIAL- COM
INTERPRETAÇÃO/GABARITO

O “IMPEACHMENT” E A AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE PRESIDENCIAL

Tendo aludido ao lugar da obra de Rui Barbosa onde se lê “mais


vale, no governo, a instabilidade que a irresponsabilidade” –
essa nota dominante do presidencialismo – um dos nossos bons
constitucionalistas retratou com suma clareza e singeleza a
inoperância do impeachment, de origem anglo-saxônica, acolhido
pelas Constituições presidencialistas, ao afirmar que “sendo um
processo de ‘formas’ criminais (ainda que não seja um procedimento
penal ‘estrito’), repressivo, a posteriori, seu manejo é difícil, lento,
corruptor e condicionado à prática de atos previamente capitulados como crimes”. Sobre o
impeachment, esse “canhão de cem toneladas” (Lord Bryce), que dorme “no museu das
antiguidades constitucionais” (Boutmy) é ainda decisivo o juízo de Rui Barbosa, quando assevera
que “a responsabilidade criada sob a forma do impeachment se faz absolutamente fictícia,
irrealizável, mentirosa”, resultando daí no presidencialismo um poder “irresponsável e, por
consequência, ilimitado, imoral, absoluto”. Essa afirmativa se completa noutra passagem em que
Rui Barbosa, depois de lembrar o impeachment nas instituições americanas como “uma ameaça
desprezada e praticamente inverificável”, escreve: “Na irresponsabilidade vai dar, naturalmente, o
presidencialismo. O presidencialismo, se não em teoria, com certeza praticamente, vem a ser, de
ordinário, um sistema de governo irresponsável”. Onde o presidencialismo se mostra pois
irremediavelmente vulnerável e comprometido é na parte relativa à responsabilidade presidencial.
O presidencialismo conhece tão-somente a responsabilidade de ordem jurídica, que apenas
permite a remoção do governante, incurso nos delitos previstos pela Constituição. Defronta-se o
sistema porém com um processo lento e complicado (o impeachment, conforme vimos), que
fora da doutrina quase nenhuma aplicação teve. Muito distinto aliás da responsabilidade política a
que é chamado o Executivo na forma parlamentar, responsabilidade mediante a qual se deita
facilmente por terra todo o ministério decaído da confiança do Parlamento. (BONAVIDES, Paulo.
Ciência política, p. 384)
1) Dentre as mazelas do presidencialismo que integram a crítica de Rui Barbosa, a que o
texto mais destaca é:
a) a irresponsabilidade
b) a instabilidade
c) o absolutismo
d) a imoralidade

2) Dentre as citações do texto, a que mais se distancia dos recentes acontecimentos


políticos ocorridos no Brasil é:
a) “(…) um dos nossos bons constitucionalistas retratou com suma clareza e singeleza a
inoperância do impeachment.”
b) “sobre o impeachment, esse “canhão de cem toneladas” (Lord Bryce), que dorme “no museu
das antiguidades constitucionais” (Boutmy) é ainda decisivo o juízo de Rui Barbosa (…)”
c) “defronta-se o sistema porém com um processo lento e complicado (…) que fora da doutrina
quase nenhuma aplicação teve.”
d) “(…) responsabilidade mediante a qual se deita facilmente por terra todo o ministério decaído
da confiança do Parlamento.

3) Das referências ao impeachment feitas abaixo, a única que não se encontra no texto é:
a) trata-se de um instituto criado por constitucionalistas brasileiros.
b) pode ser incluído entre as falhas do sistema presidencialista.
c) carece, enquanto processo, de presteza e simplificação.
d) constitui um instrumento constitucional ultrapassado.
4) A referência explícita ao parlamentarismo, no texto, ocorre:
a) somente no primeiro parágrafo
b) nos dois primeiros parágrafos
c) somente no último parágrafo
d) nos dois últimos parágrafos

5) ”(…) atos previamente capitulados como crime”; o adjetivo sublinhado corresponde a:


a) acatados
b) condenados
c) lastreados
d) enumerados

6) O primeiro parágrafo do texto revela que a alusão à máxima “mais vale, no governo, a
instabilidade que a irresponsabilidade” se deve a:
a) uma crítica de Rui Barbosa
b) um estudioso das Constituições
c) autores de origem anglo-saxônica
d) alguns críticos do presidencialismo

Interpretaçaã o de Texto: O Homem Trocado – Croô nica com Gabarito


Nesta postagem trago para voceô s Atividades de Interpretaçaã o de Texto – com a croô nica “O HOMEM
TROCADO” de Luíís Fernando Verííssimo, indicada para alunos do 7º ao 9º ano do Ensino Fundamental.
Interpretaçaã o de Texto: O Homem Trocado – Croô nica com Gabarito
O Homem Trocado
(Luíís Fernando Verííssimo)
O homem acorda da anestesia e olha em volta. Ainda estaí na sala de recuperaçaã o. Haí uma enfermeira do seu
lado. Ele pergunta se foi tudo bem.
– Tudo perfeito – diz a enfermeira, sorrindo.
– Eu estava com medo desta operaçaã o…
– Por queô ? Naã o havia risco nenhum.
– Comigo, sempre haí risco. Minha vida tem sido uma seí rie de enganos…
E conta que os enganos começaram com seu nascimento. Houve uma troca
de bebeô s no berçaí rio e ele foi criado ateí os dez anos por um casal de orientais, que nunca entenderam o fato de
terem um filho claro com olhos redondos. Descoberto o erro, ele fora viver com seus verdadeiros pais. Ou com
sua verdadeira maã e, pois o pai abandonara a mulher depois que esta naã o soubera explicar o nascimento de um
bebeô chineô s.
– E o meu nome? Outro engano.
– Seu nome naã o eí Líírio?
– Era para ser Lauro. Se enganaram no cartoí rio e…
Os enganos se sucediam. Na escola, vivia recebendo castigo pelo que naã o fazia. Fizera o vestibular com sucesso,
mas naã o conseguira entrar na universidade. O computador se enganara, seu nome naã o apareceu na lista.
– Haí anos que a minha conta do telefone vem com cifras incrííveis. No meô s passado tive que pagar mais de R$ 3
mil.
– O senhor naã o faz chamadas interurbanas?
– Eu naã o tenho telefone!
Conhecera sua mulher por engano. Ela o confundira com outro. Naã o foram felizes.
– Por queô ?
– Ela me enganava.
Fora preso por engano. Vaí rias vezes. Recebia intimaçoã es para pagar díívidas que naã o fazia. Ateí tivera uma breve,
louca alegria, quando ouvira o meí dico dizer:
– O senhor estaí desenganado.
Mas tambeí m fora um engano do meí dico. Naã o era taã o grave assim. Uma simples apendicite.
– Se voceô diz que a operaçaã o foi bem…
A enfermeira parou de sorrir.
– Apendicite? – perguntou, hesitante.
– EÉ . A operaçaã o era para tirar o apeô ndice.
– Naã o era para trocar de sexo?
1) Que elementos o cronista utilizou para gerar humor no texto?
2) Justifique o tíítulo do texto.
3) Indique que consequeô ncias os seguintes fatos teô m na narrativa:
a) Troca na maternidade
b) A ida de outro bebeô para sua maã e
c) Engano do cartoí rio.
d) Engano do computador
e) Engano da companhia telefoô nica
f) Engano do meí dico
4) Observe a fala do meí dico: “— O senhor estaí desenganado”. Qual o sentido da palavra “desenganado”?
5) Por que o narrador naã o fica apreensivo com este diagnoí stico?
6)Por que, no contexto, o uso da palavra “ desenganado” gera humor?
7) Comente o final da croô nica. Como se produziu o humor nessa passagem?
Gabarito:
1) O fato de acontecer tudo errado com a personagem central.
2) O homem trocado:trocado na maternidade; trocaram seu nome; sua mulher o trocou por outro; trocaram a
natureza de sua operaçaã o.
3) a- Foi criado por dez anos por um casal oriental.
b- O marido a abandonou.
c- Seu nome ficou sendo Líírio e naã o Lauro.
d- Naã o poô de frequentar a universidade, embora tenha passado no vestibular.
e- Pagava contas altííssimas e nem tinha telefone.
f- Este lhe dissera que ele estava desenganado, ou seja que o paciente estava prestes a morrer.
4) Que naã o haí mais salvaçaã o, que o paciente estaí prestes a morrer.
5) Porque ele sabe que sempre acontecem enganos com ele, entaã o, certamente, ele naã o estaria “desenganado” e,
consequentemente, sua doença teria cura.
6) Porque o texto apresenta o personagem como víítima de enganos durante toda a sua vida. O meí dico, ao dar
seu diagnoí stico, usa exatamente um termo derivado dessa palavra, com um prefixo de negaçaã o (des), logo
significaria que ele naã o estaria enganado.
7) Novamente houve um engano em relaçaã o a ele, desta vez, extremamente complicado: sua operaçaã o era
apenas de apendicite, mas realizaram a troca de sexo. O humor se estabelece juntamente com a surpresa e o
absurdo da situaçaã o.
ATIVIDADES DE INTERPRETAÇÃO - CRÔNICA - 6° ANO
O homem e seu cachorro
Eis uma história que me contaram há muito tempo. Se é mentira, fica por conta de quem me
contou, porque não conheci o homem nem o seu cachorro. Mas gosto da história que me
contaram, muito humana e muito pura. É verdade que narrada assim, numa prosa sem colorido,
perde toda a sua pureza e toda a sua humanidade.
Havia um homem que possuía um cachorro. Coisa, aliás, muito simples. Porque o destino dos
cachorros é esse mesmo de se tornarem propriedade dos homens.
Mas neste caso a coisa era diferente. Aquele homem não tinha mulher, não tinha filhos, não tinha
amigos. Vivia só com seu cachorro. Se era um cão de raça. Sabido como aqueles que figuram
nas páginas das revistas populares americanas, eu não sei. Mas sei que era o companheiro
inseparável daquele solitário. Aliás, ele passou a ser chamado o homem do cachorro, tanto se
confundiam os destinos das duas criaturas.
Um dia, o homem olhou para o céu e viu que não haveria chuva. Esperou com pouca esperança
e muita resignação. Até que a seca se declarou.
Quando já não podia viver na terra natal, arrumou os trastes, amarrou o cachorro e se fez no
caminho para a grande jornada.
Nesse tempo, o trem chegava até Quixadá. E o homem atravessou o sertão, sempre com o seu
cachorro. Viu muita tristeza, as criancinhas morrendo de fome, velhas esqueléticas, corpos
descompostos atirados aos urubus.
E não esmoreceu, andava sempre. Tinha um vago pressentimento de que chegaria a algum
lugar. Não atinava bem para onde ia. Aliás, o caso bem pensado, ele não ia mesmo não. Apenas
saía. Saía da sua casa, onde sempre vivera solitário.
Poderia ter ficado, esperando a morte pacientemente, e talvez não morresse. Vivia só, só não,
porque tinha o seu cachorro.
Afinal fugira e agora penava por aquelas estradas desertas. Muita fome ia sentindo. Não havia
dinheiro, não havia água, não havia alimento.
Uma noite sentiu que as pernas lhe fraquejavam. Caiu à beira do rio seco. Dormiu um bom
tempo. E sonhou. O que o homem sonhou nunca me contaram, mas me disseram que quando ele
abriu os olhos o cachorro estava deitado pacientemente a seu lado, velando aquele sono
agoniado e faminto.
Foi assim que o homem chegou a Quixadá. Não tinha dinheiro para a passagem. Procurou então
a comissão de socorro. Deram-lhe um pouco pra comer, cigarros para fumar e a passagem para
embarcar no dia seguinte.
Era bem cedinho quando chegou à estação. Acomodou-se na calçada com o companheiro a
seus pés. Na hora da partida, o chefe da estação mandou que ele parasse, e ele parou. Não
podia tomar o trem. Só se fosse sem o cão.
O homem olhou o papel da passagem. Olhou para o chefe da estação. Olhou o trem. E olhou a
estrada também. Aí segurou com muita força a corda do seu cachorro e saiu andando por cima
dos trilhos.

João Clímaco Bezerra

Atividades

1- Logo no início da crônica, o autor faz uma advertência sobre:


( ) a simplicidade da história.
( ) a veracidade da história. X
( ) a beleza da história.
( ) a importância da história.

2- Segundo as palavras do autor, a história, depois de narrada por ele:


( ) perde completamente a sua pureza e a sua humanidade. X
( ) ficou cheia de pureza e humanidade.
( ) não poderia tocar os corações puros e humanos.
( ) poderia perder toada sua pureza e humanidade.

3- No segundo parágrafo, o autor diz que “o destino dos cachorros ´é esse mesmo de se
tornarem propriedade dos homens”. Qual das alternativas abaixo traduz melhor a expressão
usada pelo autor?
( ) Por causa da fidelidade, o cão sempre é acolhido pelo homem.
( ) Por não poder sobreviver sozinho, o cão acaba sendo acolhido pelo homem. X
( ) Todo cão sempre busca a companhia do homem.
( ) Todo cão recebe proteção do homem por causa de sua fidelidade.

4- Através do texto você pode sentir quem era o homem, personagem da crônica de João
Clímaco Bezerra. Para ele, o cão representava a figura de um :
( ) amigo. X
( ) acompanhante.
( ) companheiro.
( ) animal.

5- Agora, você vai caracterizar a personagem. Ela é uma figura que nos impressiona
principalmente porque se apresenta:
( ) conformista e persistente.
( ) esperançosa e inquieta. X
( ) desesperançosa e abatida.
( ) intranquila e nervosa.

6- Ao chegar a Quixadá, a personagem procurou a comissão de socorro a fim de que, através


dela:
( ) conseguisse matar a fome.
( ) conseguisse trabalho em Quixadá.
( ) conseguisse dinheiro.
( ) pudesse seguir viagem. X

7- No final da crônica, a atitude que a personagem assume, e que nos fez admirá-la ainda mais, é
de:
( ) renúncia, decisão e gratidão. X
( ) insistência, decisão e gratidão.
( ) renúncia, indecisão e agradecimento.
( ) paciência, indecisão e gratidão.

8- Produção de texto. Na história não sabemos o que aconteceu com o homem e o seu cachorro,
após saírem andando por cima dos trilhos. O que você acha que pode ter acontecido com os
dois? Use a sua imaginação e invente um final para a crônica de João Clímaco Bezerra.
nterpretaçaã o Croô nica - (7º ao 9º) Tecnologia

A TECNOLOGIA
Crônica de Nacélio Simoa, 8º ano SGA-CEProfessor Maurício Araújo

Acordei cedo. Sem o que fazer naquela manhã, resolvi ir à praça


da minha localidade. Antes, um espaço sem construção, cavalos
amarrados nas estacas esperando seus donos que assistiam à missa.
Hoje, observava o pouco movimento da comunidade, alguns poucos
carros, motos e os pássaros que insistiam em alegrar aquela manhã nos
pés de cajueiros.

Com o vento lambendo meu rosto e um calor de mil graus em plena manhã, percebi um
casal de idosos que acabara de sentar naquele banco quase quebrado. Acho que esperavam
algum transporte para ir à cidade, já que precisamos nos deslocar do nosso pacato lugar para
resolvermos nossos problemas.
Ele parecia meio que revoltado, algo o intrigava. Aproximei-me sem despertar sua atenção,
descobri que falava de internet. Não era bem essa palavra que ele fazia uso, mas desvendei que
esse era o assunto. Ele dizia para aquela senhora que ouvia suas inquietações:
- Esse povo de hoje só vive nesse tal de facebook.
-Verdade. A minha neta ganhou de presente um celular e agora não faz outra coisa, senão
cutucar aquele troço. Não gosto disso! Falou aquela senhora.
Entre tantas conversas naquele banco da praça, o senhor então resolveu amenizar o tom
do diálogo:
-Me recordo da dona Toinha que comprou uma televisão e resolvi ir a sua casa para vê-la
depois de tantas conversas na vizinhança sobre a novidade. Saí correndo desesperado
tropeçando os pés no batente da porta da casa quando a vi funcionar.
-É o ônibus!
-Vamos então.
-O importante é valorizar e respeitar esta nova tecnologia, afinal, não podemos fazer nada
para detê-la, apesar dela tanto nos ajudar.
-Cuidado com o batente, não vá bater o pé de novo!
-Claro que não!
Aquela cena chamou minha atenção, pois percebi como a tecnologia influencia
diretamente na vida das pessoas, jovens ou idosos. E se você leitor, gostou do meu texto e se
interessou por ele, posso te enviar pelo e-mail, afinal, hoje tudo depende apenas de um clique.

1ª) Em relação às características do texto, escreva:

a) Gênero:
_________________________________________________________
b) Tipo discursivo ou tipologia (expositivo, argumentativo, narrativo, descritivo, injuntivo...):
_________________________________________________________
c) narrador (personagem, observador ou onisciente):
_________________________________________________________
d) Domínio discursivo (literário, jornalístico, religioso, acadêmico...):
_________________________________________________________
e) Tipo de discurso (direto ou indireto):
_________________________________________________________

2ª) Qual o assunto do texto?


_________________________________________________________

3ª) O que alegrava a manhã daquela comunidade?


_________________________________________________________
4ª) No trecho: Com o vento lambendo meu rosto e um calor de mil graus em plena manhã...” as
figuras de linguagem presentes no trecho, são, respectivamente,
a) ironia e eufemismo.
b) personificação e hipérbole.
c) metáfora e hipérbole.
d) catacrese e metonímia.

5ª) No trecho: “Ele parecia meio que revoltado, algo o intrigava. Os termos destacados indica que
o homem estava
a) entristecido e com raiva.
b) indignado e angustiado.
c) com raiva e desconsolado.
d) indignado e incomodado.

6ª) “Me recordo da dona Toinha que comprou uma televisão...”, neste trecho, percebemos o uso
da linguagem
a) formal.
b) informal.
c) técnica.
d) gíria.

7ª) “Saí correndo desesperado tropeçando os pés no batente da porta da casa quando a vi
funcionar.” A palavra em destaque se refere a
a) porta.
b) batente.
c) televisão.
d) casa.

8ª) Segundo o texto, o homem se aproximou para ouvir a conversa. Que diálogo de um dos
personagens abaixo revela o assunto da conversa entre os moradores?
a) “-Verdade. A minha neta ganhou de presente um celular...”
b) “-Vamos então.”
c) “-Me recordo da dona Toinha que comprou uma televisão...”
d) “- Esse povo de hoje só vive nesse tal de facebook...”

9ª) Na fala da personagem: “... senão cutucar aquele troço.”, o que podemos compreender sobre
o cotidiano vivido por aquela senhora?
a) Ela faz uso das tecnologias apesar de não gostar.
b) Ela demonstra repúdio com o uso de algumas tecnologias.
c) Apesar de detestar a tecnologia, ela apoia claramente o seu uso por familiares.
d) Aborrece quem faz uso das tecnologias.

10ª) “-Cuidado com o batente, não vá bater o pé de novo!” Que fato este diálogo retoma?
_______________________________________________________

11ª) Apesar da inquietude por parte dos personagens sobre o uso de algumas tecnologias, que
frase revela o apoio a tecnologia de um dos personagens?
_______________________________________________________

12ª) A frase que revela uma opinião é


a) “Ele parecia meio que revoltado, algo o intrigava.”
b) “... a tecnologia influencia diretamente na vida das pessoas...”
c) “O importante é valorizar e respeitar esta nova tecnologia...”
d) “Não era bem essa palavra que ele fazia uso, mas desvendei que esse era o assunto...”

13ª) Na frase: “Não era bem essa palavra que ele fazia uso, mas desvendei que esse era o
assunto.” A palavra em destaque introduz uma
a) conclusão.
b) explicação.
c) oposição.
c) adição.

14ª) Percebe-se no final que o autor Nacélio Simoa dialoga com o leitor quando escreve: “E se
você leitor, gostou do meu texto e se interessou por ele, posso te enviar pelo e-mail, afinal, hoje
tudo depende apenas de um clique.” no termo em destaque, ele faz uso de uma figura de
linguagem conhecida como

a) metáfora.
b) ironia.
c) catacrese.
d) hipérbole.

GABARITO
1. a) Crônica b)Narrativo c)Observador d)Literário e)Direto
2. Tecnologia
3. Os pássaros
4. b
5. b
6. b
7. c
8. d
9. b
10. Retoma a história contada pelo velho anteriormente quando viu a televisão pela primeira vez.
11. “O importante é valorizar e respeitar esta nova tecnologia, afinal, não podemos fazer nada
para detê-la, apesar dela tanto nos ajudar.”
12. c
13. c
14. d
ATIVIDADES DO 6º AO 9º ANO
TEXTOS DIVERSOS: Tatuagem
Enfermeira inglesa de 78 anos manda tatuar mensagem no peito pedindo para
não proceder a manobras de ressuscitação em caso de parada cardíaca.
(Mundo Online, 4, fev., 2003)

Ela não era enfermeira (era secretária), não era inglesa (era brasileira) e não tinha 78
anos, mas sim 42; bela mulher, muito conservada. Mesmo assim, decidiu fazer a mesma
coisa. Foi procurar um tatuador, com o recorte da notícia. O homem não comentou:
perguntou apenas o que era para ser tatuado.
– É bom você anotar – disse ela – porque não será uma mensagem tão curta como
essa da inglesa.
Ele apanhou um caderno e um lápis e dispôs-se a anotar.
– “Em caso de que eu tenha uma parada cardíaca” – ditou ela –, “favor não proceder
à ressuscitação”.
Uma pausa, e ela continuou:
– “E não procedam à ressuscitação, porque não vale a pena. A vida é cruel, o mundo
está cheio de ingratos.”
Ele continuou escrevendo, sem dizer nada. Era pago para tatuar, e quanto mais
tatuasse, mais ganharia.
Ela continuou falando.(...). Àquela altura o tatuador, homem vivido, já tinha
adivinhado como terminaria a história (...). E antes que ela contasse a sua tragédia
resolveu interrompê-la.
– Desculpe, disse, mas para eu tatuar tudo o que a senhora me contou, eu precisaria
de mais três ou quatro mulheres.
Ela começou a chorar. Ele consolou-a como pôde. Depois, convidou-a para tomar
alguma coisa num bar ali perto.
Estão vivendo juntos há algum tempo. E se dão bem. (...). Ele fez uma tatuagem
especialmente para ela, no seu próprio peito. Nada de muito artístico (...). Mas cada vez que
ela vê essa tatuagem, ela se sente reconfortada. Como se tivesse sido ressuscitada, e
como se tivesse vivendo uma nova, e muito melhor, existência.

(Moacyr Scliar, Folha de S. Paulo, 10/03/2003.)

1- O trecho da crônica que mostra que o cronista inspirou-se em um fato real é


(A) a notícia, retirada da Internet, que introduz a crônica.
(B) as manobras de ressuscitação praticadas pelos médicos.
(C) a reprodução da conversa entre a secretária e o tatuador.
(D) a história de amor entre a secretária e o tatuador.

2- O fato gerador do conflito que constrói a crônica é a secretária


(A) ser mais jovem que a enfermeira da notícia. (B) concluir que a vida não vale a
pena.
(C) achar romântica a história da enfermeira (D) ter se envolvido com o tatuador.

3- Um trecho do texto que expressa uma opinião é


(A) “Mesmo assim, decidiu fazer a mesma coisa.”
(B) “O homem não comentou; perguntou apenas o que era para ser tatuado.”
(C) “A vida é cruel, o mundo está cheio de ingratos.”
(D) “Ela começou a chorar. Ele consolou-a como pôde.”

4- O trecho do texto que retrata a consequência após o encontro da secretária com o


tatuador é
(A) “Foi procurar um tatuador, com o recorte da notícia”.
(B) “Ele apanhou um caderno e um lápis e dispôs-se a anotar”.
(C) “E antes que ela contasse a sua tragédia resolveu interrompê-la”.
(D)” Estão vivendo juntos há algum tempo. E se dão bem”.

É preciso se levantar cedo?


A partir do momento em que a lógica popular desenrola diante de nós sua sequência
de surpresas, é inevitável que vejamos surgir a figura do grande contador de histórias
turco, Nasreddin Hodja. Ele é o mestre nessa matéria. Aos seus olhos a vida é um
despropósito coerente, ao qual é fundamental que nós nos acomodemos.
Deste modo, quando era jovem ainda, seu pai um dia lhe disse:
– Você devia se levantar cedo, meu filho.
– E por quê, pai?
– Porque é um hábito muito bom. Um dia eu me levantei ao amanhecer e encontrei
um saco de ouro no meu caminho.
– Alguém o tinha perdido na véspera, à noite?
– Não, não – disse o pai. – Ele não estava lá na noite anterior. Senão eu teria
percebido ao voltar para casa.
– Então – disse Nasreddin –, o homem que perdeu o ouro tinha se levantando ainda
mais cedo. Você está vendo que esse negócio de levantar cedo não é bom para todo
mundo.

(CARRIÈRE, Jean-Claude. O círculo dos mentirosos: contos filosóficos do mundo inteiro.


São Paulo: Códex, 2004.)

5- O diálogo entre pai e filho permite entender que


(A) pai e filho não se dão bem. (B) pai e filho têm os mesmos hábitos.
(C) pai e filho encontraram um saco de ouro. (D) pai e filho pensam de forma diferente.

6- O uso do vocábulo “então”, que abre a fala final de Nasreddin, serve para que apresente
ao seu pai
(A) a conclusão que tirou da resposta. (B) a hora de encerrarem aquela conversa.
(C) a justificativa para acordar mais tarde. (D) a hipótese de que estava com a razão.

O silêncio do rouxinol
[...]
Na época de Salomão, o melhor dos reis, um homem comprou um rouxinol que
possuía uma voz excepcional. Colocou-o numa gaiola em que nada faltava ao pássaro e na
qual ele cantava, horas a fio, para encanto da vizinhança.
Certo dia, em que a gaiola havia sido transportada para uma varanda, outro pássaro
se aproximou, disse qualquer coisa ao rouxinol e voou. A partir desse momento, o
incomparável rouxinol emudeceu.
Desesperado, o homem levou seu pássaro à presença do profeta Salomão, que
conhecia a linguagem dos animais, e lhe pediu que perguntasse ao pássaro o motivo de
seu silêncio.
O rouxinol disse a Salomão:
– Antigamente eu não conhecia nem caçador, nem gaiola. Depois me apresentaram a
uma armadilha, com uma isca bem apetitosa, e caí nela, levado pelo meu desejo. O caçador
de pássaros levou-me, vendeu-me no mercado, longe da minha família, e fui parar na
gaiola deste homem que aí está. Comecei a me lamentar noite e dia, lamentos que este
homem tomava por cantos de gratidão e alegria. Até o dia em que outro pássaro veio me
dizer: “Pare de chorar, porque é por causa dos seus gemidos que eles o mantêm nessa
gaiola”. Então, decidi me calar.
Salomão traduziu essas poucas frases para o proprietário do pássaro. O homem se
perguntou: “De que adianta manter preso um rouxinol, se ele não canta?”. E lhe devolveu a
liberdade.

CARRIÈRE. Jean-Claude. O círculo dos mentirosos: contos filosóficos do mundo


inteiro. São Paulo: Códex, 2004.

7- O fato que gera o conflito na história é o pássaro


(A) possuir uma voz excepcional. (B) ter emudecido. (C) ser um rouxinol. (D) encantar
a vizinhança.

8- No trecho “...cantava, horas a fio, para encanto da multidão.”, a expressão “horas a fio”
tem o sentido de
(A) de vez em quando. (B) durante muito tempo.
(C) pousado em um fio. (D) sem cobrar por isso.

9- A decisão de não mais cantar, comunicada pelo rouxinol a Salomão, que a traduziu para
o homem, teve, como consequência, o homem
(A) não entender a tradução. (B) ficar desesperado. (C) libertar o rouxinol. (D) silenciar
o rouxinol.

10- O trecho do texto que contém uma opinião é


(A) “Na época de Salomão, o melhor dos reis,...”
(B) “Pediu que perguntasse ao pássaro o motivo de seu silêncio.”...
(C) “Comecei a me lamentar noite e dia,...”
(D) “E lhe devolveu a liberdade.”

As questões dessa prova foram retiradas do site: http://www.rio.rj.gov.br/web/sme


1 - (A) a notícia, retirada da Internet, que introduz a crônica.

2 - (B) concluir que a vida não vale a pena.

3 - (C) “A vida é cruel, o mundo está cheio de ingratos.”

4 -(D)” Estão vivendo juntos há algum tempo. E se dão bem”.

5 - (D) pai e filho pensam de forma diferente.

6 - (A) a conclusão que tirou da resposta.

7 - (B) ter emudecido.

8 - (B) durante muito tempo.

9 - (C) libertar o rouxinol.

10 - (A) “Na época de Salomão, o melhor dos reis,...”


Linguagem figurada - 6º ano - com gabarito
1) Imagine...
 Carolina diz para a amiga: “Gustavo é uma gato”.
 Gustavo comenta: “Carolina é uma gatinha”.
a) O que cada um deles está querendo dizer?
b) Gato e gata, então, ganharam um novo sentido? Por quê?

2) A) O vento cochichava segredos no seu ouvido.


B) o menino cochichava segredos no ouvido da menina.
Uma dessas duas frases apresenta uma associação inesperada, pouco comum. Identifique-
a e explique o que ela tem de novo.

3) A) Seu olhar queima.


B) o sol queima.
a) O que há de comum entre o olhar e o sol?
b) Em uma das frases, o verbo foi usado em sentido figurado, não é “queimar” de verdade.
Identifique-a, justificando sua resposta.

4) Joana tem olhos brilhantes. As estrelas brilham no céu.


 Compare, numa frase, os olhos de Joana com as estrelas:
a) Usando a palavra “como”;
b) Eliminando a palavra “como”

CANÇÃO

Pus o meu sonho num navio


e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar

Minhas mãos ainda estão molhadas


do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,


a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,


para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;


praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.

Cecília Meireles. Viagem. In: Obra poética. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967.

5) “Pus o meu sonho num navio /e o navio em cima do mar; / - depois, abri o mar com as
mãos, / para o meu sonho naufragar”.
a) A palavra sonho não está usada no sentido comum, de imagens que acontecem enquanto
dormimos. Quando estamos acordados, com o que sonhamos?
b) Sonho, nesse sentido, então, tem um significado próximo ao de uma dessas
palavras: falsidade, ilusão, realidade.escolha a melhor.
c) O que aconteceu com o sonho do poeta?

6) a) A quarta estrofe sugere que o poeta não quer o quê?


b) apóie-se no texto e justifique sua resposta.
GABARITO:
1) a- Cada um está querendo dizer que o outro é bonito.
b- Sim, deixaram de significar o animal, para expressar um elogio

2) A frase A apresenta um associação inesperada, porque cochichar é ação de pessoa,


vento não cochicha.

3) a- Ambos queimam.
b- Em A, o verbo foi usado em sentido figurado, porque o olhar não queima de verdade,
como o sol.

4) a- Os olhos de Joana brilham como estrelas. Ou: Os olhos de Joana são brilhantes como
as estrelas.
b- Os olhos de Joana são estrelas

5) a- Sonhamos com o que não temos, com as coisas que queríamos poder fazer...
b- Tem um significado próximo de ilusão.
c- O poeta afundou o próprio sonho.

6) a- A quarta estrofe sugere que o poeta não quer que o sonho volte, pois tudo está
perdido mesmo.
b- Ela quer que o navio chegue ao fundo e que o sonho desapareça.
Avaliação para 5º e/ou 6º ano
Prova de Literatura – Professora: _________________ – Data: ____/_____/_____
Aluno(a): ____________________________________ nº: ______ Turma: ______

A causa da chuva
Não chovia há muitos e muitos meses, de modo que os animais ficaram inquietos.
Uns diziam que ia chover logo, outros diziam que ainda ia demorar. Mas não chegavam a
uma conclusão.
_ Chove só quando a água cai do telhado de meu galinheiro - esclareceu a galinha.
_ Ora, que bobagem! - disse o sapo de dentro da lagoa. - Chove quando a água da
lagoa começa a borbulhar suas gotinhas.
_ Como assim? - disse a lebre. - Está visto que só chove quando as folhas das
árvores começam a deixar cair as gotas d'água que têm dentro.
Nesse momento começou a chover.
_ Viram? - gritou a galinha. - O telhado de meu galinheiro está pingando. Isso é
chuva!
_ Ora, não vê que a chuva é a água da lagoa borbulhando? - disse o sapo.
_ Mas, como assim? - tornou a lebre - Parecem cegos! Não vêem que a água cai das
folhas das árvores?
Millôr
Fernandes

1- O trecho do texto que indica um fato é


(A) “...começou a chover.”
(B) “... diziam que ia demorar...”
(C) “... que bobagem!”
(D) “... diziam que ia chover...”

2- A ideia central do texto é apresentar uma discussão sobre


(A) o telhado do galinheiro. (B) a chuva. (C) a água da lagoa. (D) as folhas das árvores.

3- A inquietação dos animais tem como causa


(A) a necessidade de águas nas árvores do lugar.
(B) a expectativa de chuva no verão na lagoa.
(C) a ausência de água na lagoa onde moravam.
(D) a falta de chuvas no lugar onde moravam.

Caverna
Houve um dia,
no começo do mundo
em que o homem
ainda não sabia
construir sua casa.

Então disputava
a caverna com bichos
e era aí sua morada.

Deixou para nós


seus sinais,
desenhos desse mundo
muito antigo.

Animais, caçadas, danças,


misteriosos rituais.

Que sinais
deixaremos nós
para o homem do futuro?
Roseana Murray. Casas. Belo Horizonte: Formato, 2004.

4- No último verso da segunda estrofe: ”e era aí sua morada”, a expressão em destaque


pode ser substituída por: (A) sua casa. (B) o homem. (C) do mundo. (D) com bichos.

Chegou a festa junina!


(Fragmentos)
Antes da era cristã, alguns povos antigos - persas, egípcios, celtas, sírios, bascos,
sardenhos, bretões e sumérios - faziam rituais para invocar a fertilidade de suas
plantações. Eles acendiam fogueiras para espantar os maus espíritos e desejavam obter
uma boa safra. Isso acontecia em junho, época em que se inicia o verão no hemisfério
norte. Esses festejos e perpetuaram. Mais tarde, passaram a ser seguidos não só pelos
camponeses, mas também pelos homens da cidade na Europa. No entanto, os rituais eram
considerados pagãos pela Igreja Católica. Como não era possível dar fim a uma tradição
tão antiga, a Igreja adaptou essa celebração a seu calendário de festividades no século 4.
Estava iniciada a Festa Joanina, que recebeu este nome em homenagem a São João
Batista, um dos santos mais importantes celebrados em junho - os outros são Santo
Antônio (no dia 13) e São Pedro (no dia 29).
(http://www.cienciahoje.uol.com.br)
5- A igreja adaptou os rituais a seu calendário de festividades porque
(A) deveria espantar os bons espíritos. (B) queria perpetuar os festejos na Europa.
(C) desejava manter os rituais no hemisfério norte.
(D) seria muito difícil romper com as antigas tradições.

6- Em “Esses festejos se perpetuaram.” , o trecho que mantém o sentido da expressão em


destaque é
(A) ... “persas, egípcios, celtas, sírios, bascos, sardenhos, bretões e sumérios - faziam
rituais para invocar a fertilidade de suas plantações.”
(B) “Mais tarde, passaram a ser seguidos não só pelos camponeses, mas também pelos
homens da cidade na Europa.”
(C) “Isso acontecia em junho, época em que se inicia o verão no hemisfério norte.”
(D) “Estava iniciada a Festa Joanina, que recebeu este nome em homenagem a São João
Batista, ...”

Viagem de Bonde
(Fragmentos)
Era o Bonde Engenho de Dentro, ali na Praça Quinze. Vinha cheio, mas como diz,
empurrando sempre encaixa. O que provou ser otimismo, porque talvez encaixasse metade
ou um quarto de pessoa magra, e a alentada senhora que se guindou ao alto estribo e
enfrentou a plataforma traseira junto com um bombeiro e outros amáveis soldados, dela
talvez coubesse um oitavo. Assim mesmo, e isso prova bem a favor da elasticidade dos
corpos gordos, ela conseguiu se insinuar, ou antes, encaixar. E tratava de acomodar-se
gingando os ombros e os quadris à direita e à esquerda, quando o bonde parou em outro
poste, e o soldado repetiu o tal slogan do encaixe. E foi subindo − logo quem! − uma
baiana dos seus noventa quilos ... E aquela baiana pesava seus noventa quilos mas era
nua, com licença da palavra, pois com tanta saia engomada e mais os balangandãs,
chegava mesmo era aos cem...
(O Melhor da crônica brasileira. Raquel de Queiroz/Viagem de Bonde.Editora Olympio.Rio
de Janeiro/1980.p.53)
7- O trecho que apresenta característica de humor é
(A) “Era o Bonde Engenho de Dentro, ali na Praça Quinze. Vinha cheio, mas como diz, ... “
(B) “Assim mesmo, e isso prova bem a favor da elasticidade dos corpos gordos, ela
conseguiu se insinuar, ou antes, encaixar. “
(C) “E aquela baiana pesava seus noventa quilos mas era nua, com licença da palavra, pois
com tanta saia engomada e mais os balangandãs, chegava mesmo era aos cem... “
(D) “quando o bonde parou em outro poste, o soldado repetiu o tal slogan do encaixe.“
Prova de Português - 8º ano - Interpretação
Avaliação de Português – 8º ano – Data: __ /__ /__valor: __ – Nota:
Aluno(a): ______________________Nº: _____ Turma : ____

Não há dúvida que as línguas se aumentam e alteram com o tempo e as necessidades dos
usos e costumes. Querer que a nossa pare no século de quinhentos é um erro igual ao de
afirmar que a sua transplantação para a América não lhe inseriu riquezas novas. A este
respeito a influência do povo é decisiva. Há, portanto, certos modos de dizer, locuções
novas, que de força entram no domínio do estilo e ganham direito de cidade.
(MACHADO DE ASSIS. Apud Luft, Celso Pedro. Vestibular do português).

Vocabulário: Transplantação - transferir de um lugar ou contexto para outro.

1- Ao ler o texto, concluímos que


(A) as mudanças do português da Europa para o Brasil evitaram inserir ao idioma riquezas
novas.
(B) as alterações da língua estão condicionadas às necessidades dos usos e costumes e
ao tempo.
(C) o português do século XVI é o mesmo de hoje, não sendo necessário parar a língua no
tempo.
(D) os falantes do campo usam expressões atuais da língua mesmo sem sofrerem
influência européia.

Vamos imaginar que a indústria farmacêutica desenvolveu uma pílula que pudesse
prevenir doenças do coração, obesidade, diabetes e reduzir o risco de câncer,
osteoporose, hipertensão e depressão.
Já temos esse remédio. E não custa nada. Está a serviço de ricos e pobres, jovens e
idosos. É a atividade física.
(Gro Harlem Brundtland, diretora geral da OMS – Organização Mundial da Saúde) Folha de
São Paulo, 6 abr. 2002.

2- De acordo com o texto, o remédio que não custa nada e está a serviço de ricos e pobres,
jovens e idosos:
(A) é uma pílula fabricada pela indústria farmacêutica.
(B) só é encontrado nas farmácias.
(C) é a atividade física.
(D) ainda não existe.

O cachorro
As crianças sabiam que a presença daquele cachorro vira-lata em seu apartamento
seria alvo da mais rigorosa censura de sua mãe. Não tinha qualquer cabimento: um
apartamento tão pequeno que mal acolhia Álvaro, Alberto e Anita, além de seus pais, ainda
tinha de dar abrigo a um cãozinho! Os meninos esconderam o animal em um armário
próximo ao corredor e ficaram sentados na sala à espera dos acontecimentos. No fim da
tarde a mãe chegou do trabalho. Não tardou em descobrir o intruso e a expulsá-lo, sob os
olhares aflitos de seus filhos.
Granatic, Branca. Técnicas Básicas de Redação.
3- No texto, fica claro que haverá um conflito entre as crianças e a mãe, quando as
crianças
(A) resolvem levar um cachorro para casa, mesmo sabendo que a mãe seria contra.
(B) levam para casa um cachorro vira-lata, e não um cachorro de raça.
(C) decidem esconder o animal dentro de um armário.
(D) não deixam o animal ficar na sala.

Jéssica veio do céu


Jéssica é somente uma garota de 11 anos (...). Mas tem a coragem de uma leoa e a
calma de um anjo da guarda. Na noite de domingo, a casa em que ela mora se transformou
num inferno que ardia em chamas porque um de seus irmãos causou o acidente ao riscar
um fósforo. Larissa, de 7 anos, Letícia, de 3, e o menino de 8, que involuntariamente
provocou o incêndio, foram salvos porque Jéssica (apesar de seus 11 anos) se esqueceu
de sentir medo. Mesmo com a casa queimando, a garganta sufocando com a fumaça e a
porta da rua trancada por fora (a mãe saíra), a menina não se desesperou. Abriu a janela de
um quarto e através dela colocou, um por um, todos os irmãos para fora. Enquanto fazia
isso, rezava. Ninguém sofreu sequer um arranhão. Só então Jéssica pensou em si própria.
E sentiu muito medo. Pulou a janela e disparou a correr.
Revista Veja. São Paulo: Abril, 18 de fevereiro de 2004.

4- No trecho “Larissa, de 7 anos, Letícia, de 3 anos, e o menino de 8, que involuntariamente


provocou o incêndio, foram salvos porque Jéssica (apesar de seus 11 anos) se
esqueceu de sentir medo”., o trecho destacado se refere a(ao):
(A) Larissa (de 7).
(B) Letícia (de 3).
(C) menino (de 8).
(D) Jéssica (de 11).

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Tchau, tchau
Nunca foi tão fácil secar uma espinha
A gente acha que cuidar da pele dá trabalho. Que nada! Chato mesmo é encarar
aquela espinha que insiste em aparecer na cara da gente nas horas mais impróprias: o
primeiro dia de aula ou o encontro com o menino que a gente está a fim. Pele bem cuidada
dá uma levantada incrível no visual, né? Então, mãos à obra com a linha Clearskin da
Avon, que tem oito produtos que facilitam a nossa vida. Além de combaterem a acne (eles
são feitos com ácido glicólico, um poderoso derivado da cana-de-açúcar), eles deixam a
pele super-hidratada.
Borgatto, Ana; Bertin, Terezinha, Marchezi, Vera. Tudo é linguagem.

5- Encontramos o registro de linguagem formal em


(A) “A gente acha que cuidar da pele dá trabalho.”
(B) “Chato mesmo é encarar aquela espinha que insiste em aparecer na cara da gente (...)”
(C) “(...) o encontro com o menino que a gente está a fim.”
(D) “Além de combaterem a acne (eles são feitos com ácido glicólico, um poderoso
derivado da cana-de-açúcar), eles deixam a pele super-hidratada.”

Dedé reconhece erro no clássico


Zagueiro vascaíno pede desculpas a Willians e aos torcedores pela expulsão

O zagueiro Dedé, do Vasco, pediu desculpas ontem ao volante Willians, do


Flamengo, pela entrada violenta que deu no adversário no empate em 1 a 1 no clássico de
domingo, no Engenhão, pelo Campeonato Brasileiro.
– (...) Peço desculpas ao companheiro de profissão e ao torcedor do Vasco, pois não
queria ter deixado o time (...).
Mas o zagueiro seguiu a linha do técnico Paulo César Gusmão de culpar o juiz (...):
– Deixando de lado minha expulsão, o árbitro estava visivelmente nervoso e
atrapalhado. Inverteu muitas faltas, irritando nosso time, me deu um cartão amarelo após
eu ter levado o vermelho.
O Globo – 26/10/2010.

6- O trecho do texto que expressa uma opinião é


(A) “Peço desculpas ao companheiro de profissão...”. (l.4)
(B) “... o árbitro estava visivelmente nervoso e atrapalhado.” (l.7-8)
(C) “Deixando de lado minha expulsão...”.(l.7)
(D) “... me deu um cartão amarelo...” (l.8)

Ingenuidade

Na boca da caverna
Gritei, vibrando:
– TE AMO!
TE AMO!
TE AMO!
E o eco respondeu,
Lá de dentro da caverna:
– TE AMO!
TE AMO!
TE AMO!
E eu, ingênuo, acreditei...
Elias, José. Amor adolescente.

7- A repetição, pelo eu poético, da expressão “TE AMO!” , que ecoou dentro da caverna,
reforça
(A) a intensidade da paixão do eu poético.
(B) a ingenuidade do eu poético.
(C) a beleza do primeiro amor.
(D) o eco dentro da caverna.

O Último Computador
Luís Fernando Veríssimo

Um dia, todos os computadores do mundo estarão ligados num único e definitivo


sistema, e o centro do sistema será na cidade de Duluth, nos Estados Unidos. Toda
memória e toda informação da humanidade estarão no Último Computador. As pessoas
não precisarão ter relógios individuais, calculadoras portáteis, livros etc. Tudo o que
quiserem fazer – compras, contas, reservas – e tudo que desejarem saber estará ao
alcance de um dedo. Todos os lares do mundo terão terminais do Último Computador.
Haverá telas e botões do Último Computador em todos os lugares frequentados pelo
homem, desde o mictório ao espaço. E um dia, um garoto perguntará a seu pai:
– Pai, quanto é dois mais dois?
– Não pergunte a mim, pergunte a Ele.
O garoto apertará o botão e, num milésimo de segundo, a resposta aparecerá na tela mais
próxima. E, então, o garoto perguntará:
– Como é que eu sei que isso está certo?
– Ora, ele nunca erra.
– Mas se desta vez errou?
– Não errou. Conte nos dedos.
– Contar nos dedos?
– Uma coisa que os antigos faziam. Meu avô me contou. Levante dois dedos, depois mais
dois... Olhe aí. Um, dois, três, quatro. Dois mais dois quatro. O computador está certo.
– Bacana. Mas, pai: e 366 mais 17? Não dá para contar nos dedos. Jamais vamos saber se
a resposta do Computador está certa ou não.
– É...
– E se for mentira do Computador?
– Meu filho, uma mentira que não pode ser desmentida é a verdade.
Quer dizer, estaremos irremediavelmente dominados pela técnica, mas sobrará a
filosofia.

8- No trecho: O garoto apertará o botão e, num milésimo de segundo, a resposta aparecerá


na tela mais próxima. A expressão destacada significa o mesmo que
(A) depois de muito tempo.
(B) em um minuto.
(C) muito rápido.
(D) durante mil anos.

9- O Último Computador será criado porque


(A) “as pessoas não precisarão ter relógios individuais, calculadoras portáteis, livros etc”.
(B) “(...) tudo que desejarem saber estará ao alcance de um dedo”.
(C) “(...) jamais vamos saber se a resposta do Computador está certa ou errada”.
(D) “(...) estaremos irremediavelmente dominados pela técnica (...)”.

A Mulher no Brasil
A história da mulher no Brasil, tal como a das mulheres em vários outros países,
ainda está por ser escrita. Os estudiosos têm dado muito pouca atenção à mulher nas
diversas regiões do mundo, o que inclui a América Latina. Os estudos disponíveis sobre a
mulher brasileira são quase todos meros registros de impressões, mais do que de fatos,
autos-de-fé quanto à natureza das mulheres ou rápidas biografias de brasileiras notáveis,
mais reveladoras sobre os preconceitos e a orientação dos autores do que sobre as
mulheres propriamente ditas. As mudanças ocorridas no século XX reforçam a
necessidade de uma perspectiva e de uma compreensão históricas do papel, da condição
e das atividades da mulher no Brasil.

(fragmento) Hahner, June E.

10- Considerando o fragmento lido, podemos afirmar que


(A) quanto à existência de um estudo histórico sobre seu papel na sociedade, a mulher
brasileira assemelha-se à de várias partes do mundo.
(B) excetuando-se as rápidas biografias de brasileiras notáveis, as demais obras sobre a
mulher no Brasil estão impregnadas de informações sobre o seu valor na sociedade.
(C) as modificações de nosso século reforçam a necessidade de que se escreva uma
verdadeira história da mulher no Brasil.
(D) os estudos disponíveis sobre a mulher brasileira são registros baseados em fatos
inquestionáveis numa perspectiva histórica.

Cadernos de João
(…) Na última laje de cimento armado, os trabalhadores cantavam a nostalgia da
terra ressecada.
De um lado era a cidade grande: de outro, o mar sem jangadas.
O mensageiro subiu e gritou:
- Verdejou, pessoal!
Num átimo, os trabalhadores largaram-se das redes, desceram em debandada,
acertaram as contas e partiram.
Parada a obra.
Ao dia seguinte, o vigia solitário recolocou a tabuleta: “Precisa-se de operários”,
enquanto o construtor, de braços cruzados, amaldiçoava a chuva que devia estar caindo
no Nordeste.
(Anibal Machado, Cadernos de João )

11- De acordo com o texto, a palavra “Verdejou” significa


(A) a saudade dos trabalhadores.
(B) o mar sem jangadas.
(C) a parada da obra.
(D) a chuva caindo no Nordeste.
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Prova 6º ano - Interpretação


Prova de Literatura - 6º ano - Aluno(a)____________nº: ____ Turma: ___

A LUA NO CINEMA
A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.
Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!
Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava pra ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.
A lua ficou tão triste
com aquela história de amor,
que até hoje a lua insiste:
– Amanheça, por favor!

Paulo Leminski. Distraídos venceremos. São Paulo, Brasiliense, 1993.

1 - Nos versos “Não tinha porque era apenas / uma estrela bem pequena” da
segunda estrofe do poema, o uso da palavra “porque” introduz
(A) a causa de não ter namorado.
(B) uma oposição a um filme engraçado.
(C) a consequência de uma história de amor.
(D) uma comparação do tamanho da estrela com a intensidade da luz.

2- Este poema
(A) explica o nascimento do cinema.
(B) faz a propaganda de um filme engraçado.
(C) apresenta as características de uma lua solitária.
(D) conta a história de uma estrela que não tinha namorado.

POR ONDE ANDARÁ SEVERINO?


A última ariranha-azul em liberdade no mundo mora no Brasil, mas está
desaparecida há dois meses. Se não for encontrada, a espécie corre o risco de extinção.
Apelidada de Severino, a ave habita a região de Curuçá, no sertão da Bahia. Segundo
a coordenação de comitê de Recuperação da Ariranha-Azul, uma equipe de estudiosos e
moradores já esta à procura de Severino. Há suspeitas de que ele tenha sido atacado por
gaviões.
A ariranha-azul é a menor arara brasileira que existe, mede menos de 30
centímetros e pesa cerca de 400 gramas. Hoje há cerca de 40 espécies em cativeiro no
mundo todo (no Brasil são sete). Seu pequeno tamanho e a beleza da cor azul infelizmente
atraem os traficantes de animais, que caçam e vendem as ararinhas como animais
domésticos.
O Estado de S. Paulo, 9/12/2000. Estadinho.

3- A finalidade deste texto é


(A) divulgar a beleza das aves de nosso país.
(B) informar que gaviões são animais predadores.
(C) comunicar o desaparecimento da ariranha azul.
(D) convidar as pessoas a visitarem a região de Curuçá, no sertão da Bahia.

O CONTO DA MENTIRA
Rogério Augusto
Todo dia Felipe inventava uma mentira. “Mãe, a vovó tá no telefone!”. A mãe largava
a louça na pia e corria até a sala. Encontrava o telefone mudo.
O garoto havia inventado morte do cachorro, nota dez em matemática, gol de cabeça
em campeonato de rua. A mãe tentava assustá-lo: “Seu nariz vai ficar igual ao do
Pinóquio!”. Felipe ria na cara dela: “Quem tá mentindo é você! Não existe ninguém de
madeira!”.
O pai de Felipe também conversava com ele: “Um dia você contará uma verdade e
ninguém acreditará!”. Felipe ficava pensativo. Mas no dia seguinte...
Então aconteceu o que seu pai alertara. Felipe assistia a um programa na TV. A
apresentadora ligou para o número do telefone da casa dele. Felipe tinha sido sorteado. O
prêmio era uma bicicleta: “É verdade, mãe! A moça quer falar com você no telefone pra
combinar a entrega da bicicleta. É verdade!”
A mãe de Felipe fingiu não ouvir. Continuou preparando o jantar em silêncio.
Resultado: Felipe deixou de ganhar o prêmio. Então ele começou a reduzir suas mentiras.
Até que um dia deixou de contá-las. Bem, Felipe cresceu e tornou-se um escritor. Voltou a
criar histórias. Agora sem culpa e sem medo. No momento está escrevendo um conto. É a
história de um menino que deixa de ganhar uma bicicleta porque mentia...

4- Felipe começou a reduzir suas mentiras porque


(A) começou a escrever um conto.
(B) deixou de ganhar uma bicicleta.
(C) inventou ter sido sorteado por um programa de TV.
(D) seu pai alertou sobre as consequências da mentira.

5- No trecho “A mãe tentava assustá-lo.”, o termo destacado substitui


(A) pai de Felipe.
(B) Pinóquio.
(C) cachorro.
(D) Felipe.

6- No desfecho do conto, ficamos sabendo que Felipe


(A) continua contando mentira para seus pais.
(B) decide ler todos os livros sobre o Pinóquio.
(C) torna-se um escritor e volta a criar histórias.
(D) escreve um livro de normas para o campeonato de rua.

Olá, mãe!

Mãe, eu queria te dizer ...


(não te chamando de mamãe como no tempo em que a vida era você,
mas te chamando de mãe
deste meu outro tempo de silêncio e solidão.)

Mãe, eu queria te dizer


(sem cara de quem pede desculpa pelo que não fez ou pensa que fez)
que amar virou uma coisa difícil
e muitas vezes o que parece ingratidão,
ou até indiferença,
é apenas a semente do amor
que brotou de um jeito diferente
e amadureceu diferente
no atrapalhado coração da gente.

Acho que era isso, mãe,


o que eu queria te dizer.
(Carlos Queiroz Telles. Sonhos, grilos e paixões. São Paulo: Moderna, 1995.)

7- O eu poético deseja, por meio deste texto,


(A) demonstrar seu sentimento de amor.
(B) reviver um tempo de silêncio e solidão.
(C) revelar que está insatisfeito com as atitudes da mãe.
(D) agradecer à mãe pelo tempo em que a vida era mais simples.

8- O eu poético escreve uma mensagem à mãe por meio de


(A) um conto.
(B) um poema.
(C) uma crônica.
(D) uma propaganda.

9- O verso que comprova para quem o texto foi escrito é


(A) “acho que era isso, mãe...”
(B) “que amar virou uma coisa difícil”.
(C) “no atrapalhado coração da gente”
(D) “deste meu outro tempo de silêncio e solidão”

10- Na primeira estrofe do poema, o eu poético utiliza-se dos parênteses para


(A) pedir desculpa pelo que pensa que fez.
(B) contar que a semente do amor brotou de um jeito diferente.
(C) explicar o porquê do uso da palavra “mãe” ao invés de “mamãe”.
(D) opinar sobre o sentimento de ingratidão ou indiferença demonstrado.

Irapuru – o canto que encanta


Certo jovem, não muito belo, era admirado e desejado por todas as moças de sua
tribo por tocar flauta maravilhosamente bem. Deram-lhe, então, o nome de Catuboré, flauta
encantada. Entre as moças, a bela Mainá conseguiu o seu amor; casar-se-iam durante a
primavera.
Certo dia, já próximo do grande dia, Catuboré foi à pesca e de lá não mais voltou.
Saindo a tribo inteira à sua procura, encontraram-no sem vida, à sombra de uma
árvore, mordido por uma cobra venenosa. Sepultaram-no no próprio local.
Mainá, desconsolada, passava várias horas a chorar sua grande perda. A alma de
Catuboré, sentindo o sofrimento de sua noiva, lamentava-se profundamente pelo seu
infortúnio. Não podendo encontrar paz, pediu ajuda ao Deus Tupã. Este, então,
transformou a alma do jovem no pássaro irapuru, que, mesmo com escassa beleza, possui
um canto maravilhoso, semelhante ao som da flauta, para alegrar a
alma de Mainá.
O cantar do irapuru ainda hoje contagia com seu amor os outros pássaros e todos
os seres da natureza.
(Waldemar de Andrade e Silva. Lenda e mitos dos índios brasileiros. São Paulo: FTD, 1997.)

11- Catuboré foi à pesca e de lá não mais voltou porque


(A) apaixonou-se por uma índia de outra tribo.
(B) encontrou uma flauta encantada.
(C) dormiu à sombra de uma árvore.
(D) foi mordido por uma cobra.

12- No trecho “Deram-lhe, então, o nome de Catuboré, flauta encantada.” Do primeiro


parágrafo do texto “Irapuru – o canto que encanta”, o termo destacado se refere
(A) ao grande dia. (B) ao certo jovem. (C) à bela Mainá. (D) a sua tribo.

13- Para conceder a paz a Catuboré, o Deus Tupã


(A) transformou a alma do jovem no pássaro irapuru.
(B) desapareceu com todas as cobras venenosas.
(C) criou a primavera para celebrar o casamento.
(D) convocou toda a tribo para tocar flauta.

A lebre e a tartaruga
Era uma vez... uma lebre e uma tartaruga.
A lebre vivia caçoando da lentidão da tartaruga.
Certa vez, a tartaruga, já muito cansada por ser alvo de gozações, desafiou a lebre
para uma corrida.
A lebre, muito segura de si, aceitou prontamente. Não perdendo tempo, a tartaruga
pôs-se a caminhar, com seus passinhos lentos, porém firmes.
Logo a lebre ultrapassou a adversária e, vendo que ganharia fácil, parou e
resolveu cochilar.
Quando acordou, não viu a tartaruga e começou a correr.
Já na reta final, viu finalmente a sua adversária cruzando a linha de chegada, toda
sorridente.
Moral da história: Devagar se vai ao longe!
http://www.qdivertido.com.br/verconto.php?codigo=29

14- O episódio da narrativa que contribui para a vitória da tartaruga é


(A) a decisão da lebre de parar e cochilar.
(B) o desafio de realizar uma corrida com a lebre.
(C) o desafio de correr para garantir a vantagem.
(D) a decisão firme de caminhar com passos lentos.

15- O trecho que expressa uma opinião a respeito de um dos personagens é


(A) “Logo a lebre ultrapassou a adversária...”
(B) “Era uma vez... uma lebre e uma tartaruga.”
(C) “A lebre, muito segura de si, aceitou prontamente.”
(D) “Quando acordou, não viu a tartaruga e começou a correr.

16- A finalidade deste texto é ensinar ao leitor que


(A) o sono renova as energias do corpo.
(B) a caçoada do adversário garante a vitória.
(C) o êxito depende de dedicação e persistência.
(D) o esporte é necessário para manutenção da saúde.

17- As características do texto “A lebre e a tartaruga”, tais como – o tipo de personagens


e a presença de moral –, exemplificam o texto conhecido como
(A) receita. (B) fábula. (C) campanha publicitária. (D) história em quadrinhos.

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As questões dessa prova foram retiradas do site: http://www.rio.rj.gov.br/web/sme


1-(A) a causa de não ter namorado.
2-(D) conta a história de uma estrela que não tinha namorado.
3-(C) comunicar o desaparecimento da ariranha azul.
4-(B) deixou de ganhar uma bicicleta.
5-(D) Felipe.
6-(C) torna-se um escritor e volta a criar histórias.
7-(A) demonstrar seu sentimento de amor.
8-(B) um poema.
9-(A) “acho que era isso, mãe...”
10-(C) explicar o porquê do uso da palavra “mãe” ao invés de “mamãe”.
11-(D) foi mordido por uma cobra.
12-(B) ao certo jovem.
13-(A) transformou a alma do jovem no pássaro irapuru.
14-(A) a decisão da lebre de parar e cochilar.
15-(C) “A lebre, muito segura de si, aceitou prontamente.”
16-(C) o êxito depende de dedicação e persistência.
17- (B) fábula.

Papo maluco
O sujeito entra num bar, senta-se à mesa e logo um garçom aparece.
— Boa noite, o que o senhor toma?
— Tomo vitamina C pela manhã, o ônibus para ir ao serviço e uma aspirina quando
tenho dor de cabeça.
— Desculpe, mas acho que não fui claro. Eu quis dizer do que é que o senhor
gostaria?
— Ah! Tudo bem! Gostaria de ter um Ferrari, de casar com a Gisele Bündchen e
mandar a minha sogra para o inferno.
— Não é nada disso, meu senhor! — Continua o garçom, ainda calmo. — Eu só
gostaria de saber o que o senhor deseja de beber.
— Ah! É isso? Bem... o que é que você tem?
E o garçom:
— Eu? Nada, não! Só tô um pouco chateado porque o meu time perdeu pro São
Caetano.

Norma Ferreira da Silva (por e-mail) Uberlândia – MG Almanaque Drogasil, ano 1, nº


1, maio de 2004, p.22.

6- Por que o texto recebeu o título Papo maluco?


7- Como o garçom poderia ter abordado o freguês para ser entendido logo na primeira fala?
8- E a fala do freguês, como poderia ter sido mais clara?
9- Na segunda fala do freguês, que expressão nos leva a pensar que ele passou a entender
o garçom?
10- Como o garçom age em relação ao freguês? Por quê?

GABARITO:
1- Desenho, quadrinhos.
2- a) Os personagens são a moça e a mãe. Há diálogo entre eles, porque estão
conversando.
b) Não, a fala da mãe é adivinhada pelas respostas da filha.
3- Respostas variadas.
4- Preguiça, sono, cansaço, enjoo.
5- a) Sim, a mãe continua mandando na filha, porque a figura da galinha que representa a
mãe é muito maior.
b) Sim, ela esconde a filha debaixo da asa.
6- Porque quando o leitor pensa que é só o freguês que não entende o que o garçom quer
dizer, este passa a agir da mesma forma que o freguês.
7- No próprio texto, temos: “Eu só gostaria de saber o que o senhor quer beber”.
8- Sugestão: O que é que você tem pra beber?
9- “Ah! Tudo bem”!
10- Age com calma, educadamente. Afinal, na condição de servir o freguês, o garçom tem de
ser atencioso, paciente e respeitar pequenos deslizes, provocações ou mesmo algumas
atitudes estranhas para que o cliente tenha boa impressão sobre os serviços prestados no
local.

Atividades de interpretação - 8º e 9º
Conversa de botequim
Vadico e Noel Rosa

Seu garçom faça o favor


De me trazer depressa
Uma boa média que não seja requentada,
Um pão bem quente com manteiga à beça,
Um guardanapo
E um copo d`água bem gelada
Fecha a porta da direita
Com muito cuidado
Que eu não estou disposto
A ficar exposto ao sol
Vá perguntar ao seu freguês do lado
Qual foi o resultado do futebol

Se você ficar limpando a mesa,


Não me levanto nem pago a despesa
Vá pedir ao seu patrão
Uma caneta, um tinteiro,
Um envelope e um cartão
Não se esqueça de me dar palitos
E um cigarro pra espantar mosquitos
Vá dizer ao charuteiro
Que me empreste umas revistas
Um isqueiro e um cinzeiro

Telefone ao menos uma vez


Para 34-4333
E ordene ao seu Osório
Que me mande um guarda-chuva
Aqui pro nosso escritório
Seu garçom me empreste algum dinheiro
Que eu deixei o meu com o bicheiro,
Vá dizer ao seu gerente
Que pendure essa despesa
No cabide ali em frente

1) Logo no primeiro verso, por meio do uso de um vocativo, fica claro quem fala e quem
escuta nessa “conversa”.
a) A quem a personagem que fala na canção se dirige?
b) Quem é a personagem que fala?

2) Observe como o tamanho dos versos desta canção varia muito. Pensando também no
título, como você explicaria esse fato?

3) No entanto, para realizar-se como canção, a letra e a melodia devem manter ainda alguma
regularidade. Assinale as rimas da canção.

4) Em que modo estão os verbos usados pela personagem para se dirigir ao garçom? Por
quê?

5) Na primeira estrofe, o “cliente” faz ao garçom uma série de pedidos.


a) O que ele pede?
b) Esses pedidos são adequados à situação?

6) Na segunda estrofe outros pedidos são feitos.


a) Quais são eles?
b) Esses pedidos são adequados à situação?

7) Na última estrofe, o “cliente” parece passar dos limites.


a) O que ele pede ao garçom?
b) Explique por que esses pedidos excedem o que se espera que um cliente peça a um
garçom.
c) Como o botequim é chamado pelo cliente?
d) O que esse cliente vai fazer no botequim?

8) Por ser o fragmento de um diálogo, “Conversa de botequim” reforça a coloquialidade


própria do gênero canção. Você concorda com essa afirmação? Justifique sua resposta.

Gabarito:
1) Logo no primeiro verso, por meio do uso de um vocativo, fica claro quem fala e quem
escuta nessa “conversa”.
a. A quem a personagem que fala na canção se dirige? Ao garçom.
b. Quem é a personagem que fala? O cliente de um bar ou botequim.

2) Observe como o tamanho dos versos desta canção varia muito. Pensando também no
título, como você explicaria esse fato? A canção imita a fluidez e a coloquialidade da fala.

3) No entanto, para realizar-se como canção, a letra e a melodia devem manter ainda alguma
regularidade. Assinale as rimas da canção.
4) Em que modo estão os verbos usados pela personagem para se dirigir ao garçom? Por
quê?
Os verbos estão no imperativo. Eles definem o tipo de relação que se estabelece entre
as personagens da canção.
5) Na primeira estrofe, o “cliente” faz ao garçom uma série de pedidos.
a. O que ele pede?
Um média (xícara de café com leite), um pão quente com manteiga, um guardanapo e
uma gelada.

b. Esses pedidos são adequados à situação?


Sim, pois são pedidos de um cliente a um garçom de botequim.
6) Na segunda estrofe outros pedidos são feitos.
a. Quais são eles?
Para que o garçom não limpe a mesa e para que traga uma caneta, um tinteiro, um
envelope um cartão, palitos, cigarro, revistas, isqueiro e cinzeiro.
b. Esses pedidos são adequados à situação?
Não são mais pedidos apropriados a um botequim, pois incluem itens encontrados na
tabacaria ou na papelaria.
7) Na última estrofe, o “cliente” parece passar dos limites.
a. O que ele pede ao garçom?
Pede para que o garçom ligue para um número e ordene a um tal de Osório que mande um
guarda-chuva; pede dinheiro emprestado e pede para que o gerente “pendure” a conta.
b. Explique por que esses pedidos excedem o que se espera que um cliente peça a um
garçom.
Os pedidos da última estrofe são inusitados, o que ajuda a produzir o humor na canção.
Eles imitam uma relação de patrão com empregado, ou de pessoa muito “espaçosa”, em
ambiente familiar.
c. Como o botequim é chamado pelo cliente?
Nosso escritório.
d. O que esse cliente vai fazer no botequim?
Provavelmente, ele é um poeta, um sambista que vai ao botequim para compor suas
canções.

CRIME MAIS QUE PERFEITO


Quando o furgão contornou a esquina e parou diante do nº 168, Davi abriu a
caderneta e anotou: Quinta-feira, chegada, 4h 15min. Assistiu ao leiteiro que, com
passadas rápidas, deixou o litro de leite à porta e retornou ao furgão, posto logo em
movimento. Davi escreveu: saída, 4h 20 min. Embolsou a caderneta, desprendeu-se do
pilar que lhe servia de esconderijo. Planejava o crime original.
Voltara para casa assim como saíra, invisível. Subiu a escada, parou no corredor. O
quarto de tia Olga fechado, mas, no de Cláudia, a luz riscava o chão pela fresta da porta.
Empurrou-a com cuidado, entrou no quarto e contemplou a irmã adormecida. Para Davi,
ela seria sempre uma criança. Os olhos dele foram ficando mansos, os lábios esboçaram
um sorriso... Um leve ruído: a adoração se encobriu de trevas.
Com a mesma cautela, saiu para o corredor e logo entrou em seu quarto. A
lembrança súbita de Jorge Antar dissipou a beleza deixada em seus olhos pela moça em
doce sono. Aquele noivado. Revoltava-se com o amor de Cláudia pelo malandro. Conhecia-
o bem: vivia de golpes financeiros, além de possuir, em segredo, um harém. O malandro
visava à herança da moça, inocente e apaixonada. Não, Jorge não seria o homem de
Cláudia, dessa Cláudia que ele, substituindo o pai ajudara a criar. Há dias, por isso,
resolvera mudar seu comportamento, não agravar, com novas rixas, suas relações com a
irmã. Recolhera conselhos, reprimira censura e ameaças, enquanto o plano diabólico
progredia na ardência do cérebro, como o relógio trabalhando no interior da bomba.
Deitado na cama leu a caderneta: “leiteiro” Segunda-feira, chegada, 4h 08 min. –
saída, 4h 15 min.; Quarta-feira, chegada, 4h 05 min. – saída, 4h 12 min. Na última anotação:
chegada, 4h 15 min. – saída, 4h 20 min. O furgão parava na rua das Margaridas, nº 168,
sempre depois das 4 horas da madrugada, e em sua casa às 3 horas, mais ou menos.
Plano feito, perfeito. E mais perfeito ainda, porque Cláudia, conforme havia dito, iria passar
o fim de semana, na capital, fazendo compras e preparando seu espírito para o casamento.
Davi já conhecia todos os hábitos de Jorge: no sábado, acordava mais cedo, tomava
seu desjejum e saía de casa para o “trabalho”, antes da criada entrar em serviço. Aquele
plano era exato como a sucessão das horas, infalível como a própria morte...
Sexta-feira, a véspera da perfeição. A noite demorou, mas acabou gerando a
madrugada. O motor do caminhão forçou a marcha. Era o leiteiro virando a esquina. Davi
ouviu a parada em frente de sua casa; o tilintar de vidros. Os passos de retorno, a batida
do portão. Sentou-se na cama, calçou o tênis. Levantou-se, foi à cômoda, abriu a gaveta e
meteu o vidrinho no bolso. Apanhando a lanterna, clareou o relógio de pulso: 3h 20min.
Calçou as luvas que estavam debaixo do travesseiro. Iluminando o caminho, chegou à
sala, abriu a porta, cuidadosamente pegou o litro de leite pelo gargalo e depois seguiu para
a copa. Foi à pia, retirou a tampa da vasilha, derramou um pouco de leite, substituindo pelo
conteúdo do vidrinho que trouxera. Recolocou a tampa, meteu o litro de leite no bolso
largo do casaco. Abotoou o casaco, saiu pela porta da cozinha. Fez sumir na lata de lixo o
vidrinho lavado. Luz sobe o pulso: 3h 35 min.
Seguiu para a casa de Jorge, atingindo-a pelos fundos. Agachando-se, escondeu sob
o tanque de lavar roupas. Relógio iluminado: 4h.
Depois de dez minutos, o furgão parou em frente à casa. Davi decifrou a jovialidade
do entregador pelos passos meio dançados. De novo, os passos. O motor pulsando, a
neblina tragando as luzes vermelhas do furgão.
Sempre encostado à parede, Davi caminhou até à porta lateral da casa onde uma
pequena entrada o protegia da visão da rua. Na soleira de mármore, aproximou os dois
litros de leite.
Levantou-se, enfiou no bolso do casaco o que fora deixado para Jorge, com a
mesma precaução, dirigiu-se ao lugar de espera, perto do tanque. Retomou o caminho de
volta, pisando sempre na parte cimentada do quintal a fim de não largar vestígios de seu
tênis.
A neblina espessa não venceu a intrepidez da caminhada de volta, última pedra do
mosaico delituoso. Fechando-se na cozinha de sua casa, sentiu-se liberto. Tonificado pelo
descanso de alguns segundos, repôs em seus lugares o casaco, o litro de leite e as luvas.
Depois de tirar os tênis, acendeu o isqueiro, aqueceu-lhes as solas para secá-las mais
rapidamente. Em seguida, limpou-os com um pano e guardou-os no lugar costumeiro.
Preparado para dormir, ingeriu uma pílula. Caiu na cama, com um suspiro de
alívio. Em breve o cansaço e o hipnótico trouxeram o sono que surpreendeu Davi no gozo
de sua obra
perfeita.
Quando amanheceu, gritos:
—Davi, acorda. Acorda, menino!
E a tia Olga começou a agitá-lo.
— O que é que há, titia?
— Estão aí dois homens da polícia que querem falar com você.
— Da polícia? Diga-lhes que descerei imediatamente. Enquanto as mãos trêmulas
lavavam o rosto, pensou: “É impossível. Não cometi nenhum erro. Ninguém me viu”.
Revisou todos os seus atos: não encontrou a menor falha. Amarrando o roupão, desceu a
escada.
—Sr. Davi Ortiz? Carlos Antunes, delegado de plantão.
— Não estou entendendo...
— Estou aqui em cumprimento de um dever bastante desagradável.
— Como assim?
— Antes de pedirmos a colaboração do senhor, no entanto...
— Sim?
— Jorge Antar foi encontrado morto, esta manhã, na casa em que morava.
— Que horror!
— Ao lado dele, também morta... a senhorita Cláudia, irmã do senhor. Acreditamos
que se suicidaram, de acordo com as primeiras investigações, com veneno misturado ao
leite.
(Luiz Lopes Coelho, A morte no envelope)

VOCABULÁRIO:
Furgão: Carro coberto, para transporte de bagagens ou pequena carga.
Fresta: Abertura estreita na parede, para deixar passar a luz e o ar.
Dissipar: dispersar, desfazer, fazer desaparecer.
Visar: Ter como objetivo; ter em vista.
Jovialidade: Alegre, prazenteiro.
Precaução: Cautela, cuidado.
Espesso: Grosso, denso.
Intrepidez: Valentia, coragem.
Mosaico: Embutido de pedrinhas de cores, dispostas de modo que formem desenhos.
Delituoso: Que constitui delito; culposo.
Tonificar: Dar vigor a; fortificar.
Hipnótico: substância que produz sono.
Gozo: prazer, satisfação.

1. A frase que apresenta a ideia principal do texto é:


A) “Planejava o crime original”.
B) “Davi escreveu: saída, 4h 20min”.
C) “Quando o furgão contornou a esquina”.
D) “Davi abriu a caderneta e anotou”.
E) “Acreditamos que se suicidaram.”

2. A intenção de Davi Ortiz ao anotar a chegada e a partida do leiteiro era


A) saber o horário em que o leite chegava nas casas.
B) evitar que algo desse errado em seu plano.
C) fazer anotações sobre o movimento dos furgões.
D) conhecer todos os hábitos de Jorge.
E) anotar as casas que recebiam leite.

3. Em “Um leve ruído: a adoração se encobriu de trevas” , o que fez Davi mudar de atitude
foi o fato de
A) Cláudia esboçar um leve sorriso.
B) o quarto da tia Olga estar fechado.
C) ter-se lembrado do noivo de Cláudia.
D) Cláudia se mexer na cama.
E) estar chegando a hora de o leiteiro passar.

4. A expressão “...além de possuir, em segredo um harém.” significa que o noivo


A) era um sultão árabe que possuía muitas mulheres.
B) já era casado.
C) tinha em sua casa muitas esposas.
D) trocava constantemente de esposas.
E) vivia cercado de mulheres.

5. A palavra “trabalho” escrita entre aspas, deve ser vista como uma ironia, devido ao fato
de (o)
A) antagonista trabalhar em ofícios desgastantes.
B) trabalho do personagem ser muito cansativo.
C) noivo possuir um harém.
D) Jorge Antar trabalhar em ofícios não respeitáveis.
E) jovem ser responsável e ter bons hábitos.

6. O local escolhido por Davi para observar a chegada do caminhão, antes do crime, foi
A) o fundo do jardim.
B) atrás de um pilar.
C) embaixo do tanque de lavar.
D) pequena lateral da casa.
E) um esconderijo na parede.

7. É característica psicológica do protagonista o fato de ele ser


A) relaxado.
B) desmotivado.
C) calculista.
D) tímido.
E) jovial.

8. O personagem principal não aprovava o casamento da irmã com Jorge Antar porque
A) o noivo tinha um harém.
B) o noivo era malandro e mentiroso.
C) Cláudia não amava o noivo.
D) era muito ciumento.
E) agia como pai da moça.

9. Todas as frases abaixo são precauções para tornar o crime perfeito, exceto
A) “... pisando sempre na parte cimentada do quintal...”
B) “Fez sumir na lata de lixo o vidrinho lavado”.
C) “Calçou as luvas que estavam debaixo do travesseiro”.
D) “... aqueceu-lhes as solas para secá-las mais rapidamente”.
E) “... contemplou a irmã adormecida.”

10. Ao saber que a polícia estava em sua casa, Davi ficou:


A) aliviado e feliz.
B) trêmulo e agitado.
C) orgulhoso de seu plano.
D) temeroso de ter sido descoberto.
E) tranquilo, despreocupado.

11. Apesar de não conhecer o rapaz, Davi concluiu que o entregador de leite era jovem
porque
A) entregava o leite com rapidez.
B) parecia dançar quando andava.
C) sabia dirigir um furgão.
D) a neblina tragava as luzes vermelhas do furgão.
E) acordava de madrugada todos os dias.

12. Para não levantar suspeitas, Davi tomou algumas atitudes com relação à irmã. Uma
delas foi:
A) reprimir Cláudia a toda hora.
B) não lhe dar mais conselho.
C) não falar mais com ela.
D) contemplar a irmã adormecida.
E) deixá-la viajar com o noivo.
13. A lógica do título “Crime mais que perfeito” foi fundamentada com o fato de que
A) o personagem principal matou apenas Jorge Antar.
B) por ironia, Davi matou também a irmã do criminoso.
C) a polícia achava que fosse suicídio.
D) tudo fora premeditado com muita perfeição.
E) houve uma total impunidade do protagonista.

14. Com a frase: “Plano feito, perfeito” ,o protagonista concluía que


A) Cláudia casaria com outro homem.
B) valeria a pena tantas noites em claro.
C) o crime não seria descoberto.
D) o furgão pararia na rua das margaridas, nº 168.
E) Cláudia viajaria na véspera do crime.

15. Cláudia Ortiz disse ao irmão que viajaria na sexta-feira para a capital. No entanto, ela se
encontrava no (a)
A) companhia do noivo.
B) shopping, fazendo compras.
C) quarto de tia Olga.
D) casa de uma amiga.
E) seu quarto, dormindo.

16. Em “A noite demorou, mas acabou gerando a madrugada”, representa que a(o)(s)
A) noite passava com rapidez.
B) madrugada demorou a chegar.
C) era véspera do dia do casamento.
D) horas passaram despercebidas.
E) tempo estacionou.

17. O fato surpreendente no desfecho da história foi


A) tia Olga gritando desesperadamente.
B) a chegada da polícia na casa de Cláudia.
C) Cláudia não estar preparando o espírito para o casamento.
D) Jorge Antar ter sido encontrado morto.
E) a morte acidental de Cláudia.

A modorra
Um dia Pedrinho enganou Dona Benta que ia visitar o tio Barnabé, mas em vez disso
tomou o rumo da mata virgem de seus sonhos. Nem o bodoque levou consigo. “Para que
bodoque, se levo o saci na garrafa e ele é uma arma melhor do que quanto canhão ou
metralhadora existe?”
Que beleza! Pedrinho nunca supôs que uma floresta virgem fosse tão imponente.
Aquelas árvores enormes, velhíssimas, barbadas de musgos e orquídeas; aquelas raízes
de fora dando ideia de monstruosas sucuris; aqueles cipós torcidos como se fossem
redes; aquela galharada, aquela folharada e sobretudo aquele ambiente de umidade e
sombra, lhe causaram uma impressão que nunca mais se apagou.
Volta e meia ouvia um rumor estranho, de inambu ou jacu a esvoaçar por entre a
folhagem, ou então, de algum galho podre que tombava do alto e vinha num estardalhaço
— brah, ah, ah… — esborrachar-se no chão.
E quantas borboletas, das azuis, como cauda de pavão; das cinzentas, como casca
de pau; das amarelas, cor de gema de ovo!
E pássaros! Ora um enorme tucano de bico maior que o corpo e lindo papo amarelo.
Ora um pica-pau, que interrompia o seu trabalho de bicar a madeira de um tronco para
atentar no menino com interrogativa curiosidade.
Até um bando de macaquinhos ele viu, pulando de galho em galho com incrível
agilidade e balançando-se, pendurados pela cauda, como pêndulos de relógio.
Pedrinho foi caminhando pela mata adentro até alcançar um ponto onde havia uma
água muito límpida, que corria, cheia de barulhinhos mexeriqueiros, por entre velhas
pedras verdoengas de limo. Em redor erguiam-se as esbeltas samambaiaçus, esses fetos
enormes que parecem palmeiras. E quanta avenca de folhagem mimosa, e quanto musgo
pelo chão!
Encantado com a beleza daquele sítio, o menino parou para descansar. Juntou um
monte de folhas caídas; fez cama; deitou-se de barriga para o ar e mãos cruzadas na nuca.
E ali ficou num enlevo que nunca sentira antes, pensando em mil coisas em que nunca
pensara antes, seguindo o voo silencioso das grandes borboletas azuis e embalando-se
com o chiar das cigarras.
De repente, notou que o saci dentro da garrafa fazia gestos de quem quer dizer
qualquer coisa.
Pedrinho não se admirou daquilo. Era tão natural que o capetinha afinal
aparecesse…
— Que aconteceu que está assim inquieto, meu caro saci? — perguntou-lhe em tom
brincalhão.
— Aconteceu que este lugar é o mais perigoso da floresta; e que se a noite pilhar
você aqui, era uma vez o neto de Dona Benta…
Pedrinho sentiu um arrepio correr-lhe pelo fio da espinha.
— Por quê? — perguntou, olhando ressabiadamente para todos os lados.
— Porque é justamente aqui o coração da mata, ponto de reunião de sacis,
lobisomens, bruxas, caiporas e até da mula-sem-cabeça. Sem meu socorro você estará
perdido, porque não há mais tempo para voltar para casa, nem você sabe o caminho. Mas
o meu auxílio eu só darei sob uma condição…
— Já sei, restituir a carapuça — adiantou Pedrinho.
— Isso mesmo. Restituir-me a carapuça e com ela a liberdade. Aceita?
Pedrinho sentia muito ver-se obrigado a perder um saci que tanto lhe custara a
apanhar, mas como não tinha outro remédio senão ceder, jurou que o libertaria se o saci o
livrasse dos perigos da noite e pela manhã o reconduzisse, são e salvo, à casa de Dona
Benta.
— Muito bem — disse o saci. — Mas nesse caso você tem de abrir a garrafa e me
soltar. Terei assim mais facilidade de ação. Você jurou que me liberta; eu dou minha
palavra de saci que mesmo solto o ajudarei em tudo. Depois o acompanharei até o sítio
para receber minha carapuça e despedir-me de todos.
Pedrinho soltou o saci e durante o resto da aventura tratou-o mais como um velho
camarada do que como um escravo. Assim que se viu fora da garrafa, o capeta pôs-se a
dançar e a fazer cabriolas com tanto prazer que o menino ficou arrependido de por tantos
dias ter conservado presa uma criaturinha tão irrequieta e amiga da liberdade.
— Vou revelar os segredos da mata virgem — disse-lhe o saci — e talvez seja você a
primeira criatura humana a conhecer tais segredos. Para começar, temos de ir ao
“sacizeiro” onde nasci, onde nasceram meus irmãos e onde todos os sacis se escondem
durante o dia, enquanto o sol está fora. O sol é o nosso maior inimigo. Seus raios
espantam-nos para as tocas escuras. Somos os eternos namorados da lua. É por isso que
os poetas nos chamam de filhos das trevas. Sabe o que é trevas?
— Sei. O escuro, a escuridão.
— Pois é isso. Somos filhos das trevas, como os beija-flores, os sabiás e as abelhas
são filhos do Sol.
Assim falando, o saci levou o menino para uma cerrada moita de taquaraçus
existente num dos pontos mais espessos da floresta.
Pedrinho assombrou-se diante das dimensões daqueles gomos quase da sua altura
e grossos que nem uma laranja de umbigo.
(LOBATO, Monteiro. O saci.
Modorra: vontade incontrolável de dormir.
Bodoque: arco com duas cordas e uma rede (malha) ou couro em que se põe a bola de
barro, pedra ou chumbo, com
que se atira. Também conhecido como estilingue.
Virgem: intacto, puro; diz-se da mata que ainda não foi explorada.
Inambu e jacu: espécies de ave.
Taquaraçu: espécie de bambu.
Pilhar: Agarrar, pegar.

1. Após capturar o Saci, Pedrinho enganou Dona Benta e foi para a mata. Diz o texto que o
menino não levou sequer o bodoque. Segundo seus conhecimentos sobre esse ser
lendário, explique por que o menino acreditava que o Saci era a melhor arma existente.
Pedrinho acreditava que o Saci possuía poderes mágicos e que poderia ajudá-lo em uma
situação de risco.
2. Pedrinho surpreendeu-se pela imponência, pela grandiosidade daquela floresta. Por que
essa mata virgem impunha sua importância? O que ela tinha de diferente de outras
florestas?
A mata visitada por Pedrinho ainda não havia sido explorada pelo homem, não havia
qualquer interferência humana , permanecendo com sua estrutura intacta.
3.No texto narrativo, há o momento em que se tem a apresentação, o início dos
acontecimentos. Quais são os fatos que indicam a situação inicial do texto?
Os fatos que correspondem a situação inicial são quando Pedrinho engana Dona Benta e
vai para a mata virgem.
4. O que Pedrinho fazia no momento em que notou que o Saci dentro da garrafa parecia
querer dizer alguma coisa?
O menino estava deitado, descansando.
5. No início da conversa entre o Pedrinho e o Saci, aquele falava em um tom brincalhão. O
que o Saci disse para que Pedrinho ficasse assustado? Explique o motivo do medo do
menino.
O saci afirmou que ali era o ponto mais perigoso da floresta , pois estavam bem no
coração da mata, lugar em que outros seres lendários habitavam .
6. Saci ofereceu ajuda para livrar Pedrinho dos perigos da noite e levá-lo de volta para
casa. Qual foi a condição estabelecida para que isso acontecesse
Pedrinho deveria devolver a carapuça ao Saci, bem como a liberdade dele.
7. Segundo o texto, “Pedrinho soltou o Saci e durante o resto da aventura tratou-o mais
como um velho camarada do que como um escravo.” O que significa tratar alguém como
um velho camarada? E como um escravo?
Tratar alguém como um velho camarada é o mesmo que tratar a um amigo, com respeito,
com brincadeiras e com certa intimidade. Já tratar a um escravo e exigir que se cumpram
determinados trabalhos, dar ordens e fazer com que estas sejam cumpridas.
8. O Saci é chamado no texto de “capeta”. Por que ele recebeu esse apelido?
Saci levou esse apelido por ser muito sapeca, fazer muitas travessuras .
9. O primeiro lugar a que o Saci levaria Pedrinho seria o sacizeiro. Como e onde era esse
lugar?
Era uma cerrada moita de taquaraçus num dos pontos mais espessos da floresta.
10. De acordo com o desfecho desse texto, Pedrinho chegou a ver algum outro Saci, que
não o que estava com ele? Qual foi a reação do menino nesse trecho?
O menino não chega a ver outro Saci, apenas sente-se assombrado por estar naquele lugar
em que esses seres nascem.
11. Releia os trechos a seguir e indique a quem corresponde a fala.
a) “’Para que bodoque, se levo o saci na garrafa e ele é uma arma melhor do que quanto
canhão ou metralhadora existe?”
Corresponde a fala de Pedrinho.
b) “Que beleza!”
Corresponde a fala do narrador.
c) “E pássaros!”
Corresponde a fala do narrador.
ATIVIDADE - Interpretação de texto (crônica)
A outra noite
Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, uma noite de vento sul e chuva, tanto lá como
aqui. Quando vinha para casa de táxi, encontrei um amigo e o trouxe até Copacabana; e contei a
ele que lá em cima, além das nuvens, estava um luar lindo, deLua cheia; e que as nuvens feias
que cobriam a cidade eram, vistas de cima, enluaradas, colchões de sonho, alvas, uma paisagem
irreal.
Depois que o meu amigo desceu do carro, o chofer aproveitou um sinal fechado para voltar-se
para mim:]
– O senhor vai desculpar, eu estava aqui a ouvir sua conversa. Mas, tem mesmo luar lá em cima?
Confirmei: sim, acima da nossa noite preta e enlamaçada e torpe havia uma outra - pura, perfeita
e linda.
– Mas, que coisa. . .
Ele chegou a pôr a cabeça fora do carro para olhar o céu fechado de chuva. Depois continuou
guiando mais lentamente. Não sei se sonhava em ser aviador ou pensava em outra coisa.
– Ora, sim senhor. . .
E, quando saltei e paguei a corrida, ele me disse um "boa noite" e um "muito obrigado ao senhor"
tão sinceros, tão veementes, como se eu lhe tivesse feito um presente de rei.

(BRAGA, Rubem. A outra noite. In: PARA gostar de ler: crônicas. São Paulo: Ática, 1979.

Vocabulário: 1. torpe: repugnante 2. veementes: animados

Após ler o texto, assinale a alternativa correta nas questões 1 e 3 e responda as demais:

1.Como era a noite vista pelo taxista e pelo amigo do narrador?


( ) calor e chuva ( ) vento e chuva ( ) luar lindo ( ) lua
cheia

2. Como era a noite para o narrador?-


__________________________________________________________
. .
3. Considerando a maneira como é narrada, a reação do taxista (no final), pode-se inferir que ele
ficou:
( ) sensibilizado com a conversa ( ) curioso por mais informações.
( ) agradecido com o presente. ( ) desconfiado com o pagamento

4. A outra noite a que o título se refere seria a vista somente pelo narrador ou aquela que o taxista
e seu amigo enxergavam?
_________________________________________________________________________

5. O que faz com que diferentes personagens vejam diferente noites?


_________________________________________________________________________

6. Que fato do cotidiano a crônica que você leu explora?


_________________________________________________________________________

7. Nesse texto, o narrador é personagem? Justifique sua resposta copiando um trecho do texto.
_________________________________________________________________________
gabarito, clique abaixo

1.(X ) vento e chuva


2. Um luar lindo, e as nuvens lá de cima eram alvas, uma paisagem irreal.
3. ( X) sensibilizado com a conversa
4. Vista pelo narrador
5. Cada pessoa tem seu ponto de vista, de acordo com sua visão de mundo.
6. Uma conversa banal sobre o tempo durante uma corrida de táxi.
7. Sim, é personagem, indicado pelo uso da 1ª pessoa:

“Outro dia fui a São Paulo...”


...”meu amigo”
“E, quando saltei...”
Interpretação de crônica para 6º ano | Tema: leitura/menino de rua
Onde já se viu?

Leia também:
Interpretação com gabarito (Maneira de amar - Drummond)

Uma tarde de inverno, estava eu lá, na Rua Barão de Itapetininga, mexendo nas estantes de
uma livraria. (Não consigo passar por uma sem entrar para fuçar no meio dos livros. Desde que
eu tinha quatro anos de idade - o que já faz muito tempo - livro para mim é a coisa mais gostosa
do mundo. A gente nunca sabe que surpresa vai encontrar entre duas capas. Pode ser coisa de
boniteza, ou de tristeza, ou de poesia, ou de risada, ou de susto, sei lá. Um livro é sempre uma
aventura, vale a pena tentar!)
Pois bem, estava eu ali, muito entretida, examinando os livros, quando de repente senti que
alguém me puxava pela manga. Olhei para baixo e vi um menino - um garotinho de uns nove ou
dez anos, magrelo, sujinho, de roupa esfarrapada e pé no chão. Uma dessas crianças que andam
largadas pelas ruas da cidade, pedindo esmola. Ou, no melhor dos casos, vendendo colchetes ou
dropes, essas coisas. Eu já ia abrindo a bolsa para livrar-me logo dele, quando o garoto disse:
- Escuta, dona ... (naquele tempo, ninguém chamava a gente de tia: tia era só a irmã do pai
ou da mãe).
- O quê? - perguntei. - O que você quer?
- Eu ... dona, me compra um livro? - disse ele baixinho, meio com medo.
Dizer que fiquei surpresa é pouco. O jeito do menino era de quem precisava de comida, de
roupa, isso sim. Duvidei do que ouvira:
- Você não prefere algum dinheiro? - perguntei.
- Não, dona - disse o garoto, mais animado, olhando-me agora bem nos olhos. - Eu queria
um livro. Me compra um livro?
Meu coração começou a bater mais forte.
- Escolha o livro que você quiser - falei.
As pessoas na livraria começaram a observar a cena, incrédulas e curiosas. O menino já
estava junto
à prateleira, procurando, examinando ora um livro, ora outro, todo excitado. Um vendedor se
aproximou, meio desconfiado, com cara de querer intervir.
- Deixe o menino escolher um livro - falei. - Eu pago.
As pessoas em volta me olhavam admiradas. Onde já se viu alguém comprar um livro para
um molequinho maltrapilho daqueles?
Pois vou lhes contar: foi exatamente o que se viu naquela tarde, naquela livraria. O menino
acabou se decidindo por um livro de aventuras, nem me lembro qual. Mas me lembro bem da
minha emoção quando lhe entreguei o volume e vi seus olhinhos brilhando ao me dizer um
apressado obrigado, dona! antes de sair em disparada, abraçando o livro apertado ao peito.
Quanto aos meus próprios olhos, estes se embaçaram estranham ente, quando pensei
comigo:
"Tanta criança rica não sabe o que perde, não lendo, e este menino pobre - que certamente
não era um pobre menino - sabe o valor que tem essa maravilha que se chama livro!"
Isso aconteceu há vários anos. Bem que eu gostaria de saber o que foi feito daquele menino
...

Tatiana Belinky. Onde já se viu? In: __ o Olhos de ver.


3. ed. São Paulo: Moderna, 2004. p. 19-21. (Veredas)

1. Releia a seguinte fala da narradora da crônica.

"Tanta criança rica não sabe o que perde, não lendo, e este menino pobre - que certamente não
era um pobre menino - sabe o valor que tem essa maravilha que se chama livro!"

Com esse comentário, a narradora faz uma crítica em relação ao hábito de leitura entre crianças
de diferentes realidades sociais. Explique como se dá essa crítica.

2. Em um trecho da crônica, é dito que o menino pediu o livro meio com medo. Analise a situação
e explique o porquê de ele ter tido essa reação.

3. Você concorda com a afirmação de que "Um livro é sempre uma aventura"? Justifique.

4. Para você, por que as pessoas da livraria ficaram admiradas ao observar a cena do menino
escolhendo um livro?

5. A crônica é um gênero textual curto e com poucos personagens, inspirado em uma situação ou
fato do cotidiano, real ou imaginário.

a) Qual fato ou situação foi o ponto de partida da crônica de Tatiana Belinky?


b) Em sua opinião, a narradora realmente vivenciou o fato (ou situação) ou ela o criou?
c) Quando e onde o fato aconteceu?

GABARITO

1. A crítica refere-se ao fato de que há crianças que têm condições sociais e financeiras de
comprar e nem por isso se interessam pela leitura.

2. Possível resposta: porque, por se tratar de uma criança pobre, possivelmente ele deve ter
pensado que estaria sendo ousado em pedir algo para alguém que não conhecia ou que talvez a
estivesse incomodando.

3. Pessoal

4. Porque elas não esperavam ver atitudes como aquelas: um menino pobre pedindo um livro e a
narradora comprando-o para ele.

5.
a) A presença de um menino de rua em uma livraria pedindo um livro.
b) O fato (ou situação) é real, pois é passível de acontecer, e ocorreu com a narradora.
c) Em uma tarde inverno, cujo ano não foi especificado, em uma livraria na rua Barão de
Itapetininga, na cidade de São Paulo.

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