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Percyval

Pensamentos

Poxa… em 3 meses mudei de cidade, abri um negócio, fiz renda fixa e consegui me meter
em problemas que não eram meus.
Primeiro Evellyn me arrasta pra um armazém vazio e o faz pegar fogo, no mesmo dia fico
cego por um flash que eu sequer sei de onde surgiu, entrei numa briga com minha então
sequestradora e presenciei os mais tensos momentos com aquele tal Bourbo…
Será esta a sorte que meu Destino me guia ou apenas Azar de estar nesta esquisita cidade
onde nada permanece morto?
Ah… quem liga… enquanto houver experiência a se gojear estarei participando… sempre
foi assim aliás.
Logo após todos esses acontecimentos, sou parado por uma Banshee e fico num delírio pra
lá de estranho de um casal que eu sequer conheço… Bom, pelo menos era o que eu
pensava…

Encontro Predestinado

Vagando pelas ruas de Londres em busca de uma idéia nova, e bom… está difícil, as
pessoas em Londres são acostumadas a esta Cutelaria básica que pouco tem requinte ou
um material que se preze. Contam as histórias que os primeiros cuteleiros criavam suas
lâminas para dar um toque artístico no seu uso, seja para cozinha ou para combate, uma
boa lâmina torna uma batalha em uma galeria artística característica pela visão do escultor.
Londres, monótona demais e sem muito requinte… se não fossem as expedições de
navegação do porto e sua beleza arquitetônica, duvido que Londres tivesse algo a se
prezar.
Mas enfim… caminhando pelas ruas avistei uma figura tristonha e cabisbaixa demais pro
ambiente, um garoto usando vestes pretas e com os cabelos rubros como a noite, sua pele
branca e lábios pálidos com olhos fundos e astral pouco denso… espere… aquele não é…
qual o nome dele mesmo? Era algo como Morpheus? Lordês? Orpheu!
Agora vejo o quão abatido ele parece estar…
Me sinto triste por ele… mas também não entendo o quão aquilo o afetou.
Me aproximo e observo que ele está fixo olhando para uma rosa no chão.
Rosa…
Isso me lembra que não vi mais Estevan em Londres… quem diria que num momento
crucial onde cobras engolem cobras, no calor da batalha, ele comeria a rosa? Bom, sua
aparência ficou ainda pior ao que era e seu cheiro… bom, odor… cadavérico é de dar
náuseas, não é de se estranhar que ele tenha ficado recluso, na mesma situação eu ficaria.
Miro minha visão e foco no garoto à minha frente. Observo agora o cheiro de sândalo e
sangue unidos e em comunhão, algo aconteceu mas porque não vejo sangue à amostra?
Provável que suas vestes escondam a cor clara do sangue… mas… esse sangue é
humano?

P- Lorde Orpheu?
O- Apenas Orpheu.
P- Oh, claro, Orpheu, está tudo bem?
O- Sim…-fala recuando.
Utilizo por questões pessoais o meu dom, por um capricho talvez?

P- Imagino, no entanto, que você não esteja se sentindo confortável em estar neste local.
O- Não… este local, as pessoas… porquê tudo tinha que dar errado? Um planejamento de
mais de 30 anos… me diga, o que fazer quando tudo que deseja é ter a sua alma gêmea,
mesmo contra todas as dificuldades que isso implica, mas de repente tudo que planejou ir
por água abaixo?

Eu naquele momento não imaginava que fosse afetar ele e entrar tão fundo na sua
consciência, mas, por que ele se culpa? Quem estragou tudo não foi Estevan? Que
esquisito…

O- ME DIGA… QUAL O PROBLEMA COMIGO, PORQUE NADA DÁ CERTO? 9 VIDAS E


NENHUMA FELICIDADE… PORQUE? DEUS ME ODEIA TANTO?

Bom… eu também não imaginava que a sua culpa fosse tão insana que ele até mesmo
acredita que tem nove vidas… mas um momento… num mundo cheio de criaturas
sobrenaturais eu deveria mesmo questionar isso pra um Vampiro?

O- SE NÃO PODE ME AJUDAR SE AFASTE! VÁ EMBORA.

Entendo… ele está tendo uma crise… sentimentos… humanos não são tão mais frágeis
que Vampiros afinal… o que este garoto sente é medo, pavor do que pode acontecer, receio
que nunca mais verá a sua alma gêmea.
Neste momento, percebendo o cerne dos sentimentos do pobre homem decidi ajudar o
máximo que pudesse.
Me abaixei e toquei no ombro do jovem.

P- Ouça. Neste mundo onde tudo é incerteza, temos de unir forças e tentar encontrar a
saída. Pela sua dor, você fará de tudo para ficar mais forte, e, com isso, encontrará uma
saída pros seus problemas.

O garoto olhou para mim com lágrimas vermelhas caindo de seus olhos. Eu me compadeci
com a sua dor e com isto formamos uma aliança um pouco improvável, cujo objetivo era
descobrir uma solução para os problemas de Orpheu, e para mim, uma fuga da monotonia
e oportunidade para aprender mais do sobrenatural e requintar minhas criações.

Visita inesperada, cliente suspeito e pedido incomum.

Fazem agora dois anos que eu e Orpheu fizemos um acordo, ele me ajudou sobre assuntos
sobrenaturais e na minha biblioteca passamos a maioria do tempo, pelo menos quando eu
não estava ocupado fazendo algum serviço pra alguém ou trabalhando para melhorar
minhas criações.
O Vampiro partiu faz dois meses para procurar ingredientes no Brasil e pesquisar sobre a
cultura rústica desse povo. E nesta manhã de sua partida ele me entregou o seu diário
datado de 14 de maio de 1850 à 1860, afirmando que havia algo de útil, no entanto, não o li
ainda.
Dois meses… onde Orpheu acha que está andando? Brasil… que nome simples… para um
povo ligado às culturas e lendas locais devem ter algum conhecimento… senão, porque
Orpheu decidir ir de boa vontade até lá? Não me convém então não questiono.

Faz três meses que Orpheu partiu, e nesta manhã uma aparição inusitada na minha
cutelaria.

Um homem vestindo uma roupa Branca Neve com um relógio de bolso adornado de prata e
ouro com cristais esmeralda brilhantes como estrelas, uma gravata vermelha e usando uma
cartola média da mesma cor, entra em meu estabelecimento, sua fisionomia me parece
admirada com o que vê mas pode também ser algo de fora. Hoje amanheci preguiçoso
portanto não arrumei sequer uma roupa decente pra receber alguém de vestes finas.

P- Bom dia meu bom cavalheiro, buscando algo em específico?


S- Oh… claro… busco um bom cuteleiro para me fazer uma adaga um tanto quanto versátil.
P- Parece um desafio senhor, diga-me o quanto está disposto a pagar?
S- A depender do seu trabalho, o suficiente para fazê-lo nunca mais ter de trabalhar.

QUE? Este cara acha mesmo que eu deixaria de fazer tudo que me importa por dinheiro?
Afinal quem ele pensa que é… isso me pareceu mais uma fala sarcástica que uma
barganha por um bom serviço.

P- Acredito que não será necessário por tanto, e perdão da pergunta… qual seria o seu
nome senhor?
S- Eu quero uma lâmina de prata com está peça encostada no punhal. Preciso que deixe
um suporte para um frasco… este frasco, e que seja maleável. Faça três desta e eu lhe
pagarei 18 pesos em ouro.
P- Um trabalho realmente difícil. Mas é possível. Eu o aceitarei.
S- Perfecto! Retornarei em 4 semanas. Quanto à meu nome… Salazar Blood Fallen.

MAS O QUE KARALHOS… O HOMEM SUMIU? Salazar… onde já escutei este nome?
Será que… não… não pode ser… a mas… é possível… aquele garoto Xamã deve saber
algo!

Fim

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