Você está na página 1de 15

~1~

Sumário
1. Preto e branco...........................................................................................2
2. O pássaro...........................................................................................3
3. Leitura isso realmente é necessário?....................................................4
4. Bloqueio.............................................................................................5
5. Tinta de mais......................................................................................6
6. Guerreiros..........................................................................................7
7. Meu amor, minha vida minha dama é o mar.........................................9
8. Não era nada.....................................................................................11
9. Pasta de goiabada..............................................................................13
10. Uma garota especial........................................................................... 14
~2~

Preto e branco

Em uma manhã nublada lá estava eu olhando pela minha janela escrevendo em meu diário, ou
tentando, neste dia eu estava bem distraída. Olhando pra tudo e pensando em nada.

Nesse mesmo dia, eu decidir sair para esfriar a cabeça, fui dar uma volta pela cidade e foi
quando eu encontrei uma rosa isolada das outras, e foi quando eu me identifiquei com ela. Era
como se nós duas não devíamos estar aqui como se tudo que nos restasse fosse triste.

Então eu a peguei e levei para casa a coloquei em minha mesa e comecei a escrever em meu
diário, e a parte que eu mais se destacou pra mim foi:

“nós vemos esse mundo em preto e branco”

Isso significava tristeza e solidão, eu sabia o que aquela rosa estava sentindo, porque eu sentia
o mesmo.
~3~

O pássaro
Apesar de todos se esquecerem de mim eu ainda estou aqui. Logo eu que quase
sempre o acompanhei em todas as suas passagens eu o via olhando para aquela
imensidão cobertas de estrelas via em seu rosto o que os outros não viam que ele
estava à procura de respostas, aquilo estava nítido pra mim, um pequeno garoto com
os cabelos loiros que nunca desistia de seus questionamentos.

Aquela rosa parecia ser adorável com aquela beleza exuberante, suas pétalas eram
delicadas, mas ela tinha seus espinhos para protegê-la. Eles dois pareciam como se
uma criança tivesse ganhado um cachorrinho eram inseparáveis. Eu podia ver a
felicidade de ambos, era como se fosse amor à primeira vista, mas eu vi a tristeza no
olhar de cada um quando o pequeno príncipe partiu em busca de respostas.

Infelizmente eu tive que abandona-lo no planeta terra, um lugar aonde tinha muita
gente grande e que se importava apenas consigo mesma. Fiquei observando-o de
longe e fiquei com muita raiva quando ele me trocou por aquela raposa, fala sério o
que ele viu naquela raposa? Ela diferente de mim não sabe voar e vive se escondendo
de humanos, algo que eu não preciso. Eu queria ver aonde isso ia levar então eu
continuei a observar e quando me deparei a raposa estava sendo uma companheira
muito valiosa que estava ensinando o valor da amizade, obviamente eu conseguiria
fazer isso se ele me pedisse, mas eu acho que eu a julguei cedo de mais, e talvez um
dia possamos ser amigos.

Antes de você, pequeno príncipe, minha vida era uma noite sem lua. Muito escura,
mas havia estrelas, pontos de luz e razão. E aí você apareceu no meu céu como um
meteoro, De repente, tudo estava pegando fogo, havia brilho, havia beleza. Quando
você não estava lá quando o meteoro caiu no horizonte, tudo ficou escuro. Nada havia
mudado, mas meus olhos haviam ficado cegos com a luz.
~4~

Leitura isso realmente é necessário?

A leitura, como todos sabem é muito importante na vida de qualquer pessoa, principalmente
para um adolescente. Mas muitos a julgam por achar que é algo monótono, pois requer muito
tempo e talvez um pequeno esforço. Mas e se eu te disser que tem como deixar isso muito
interessante. Você topa?

Para começar, porque não escolher um filme que você goste. Se você prefere um bom filme de
romance, livro de romance é ideal pra você. Mas, se você preferir algo mais desafiador como
um ótimo filme de aventura, por que não experimentar uma aventura fictícia? Com algumas
histórias de robôs e magias e alguns vampiros. Mas se você adora um filme de suspense, não
tem problema, tem varias opções, como os livros de Stephen King por exemplo.

Ok fez isso? Próximo passo então. Após você se identificar com o seu gênero favorito, pesquise
alguns livros, uns autores, uma recomendação de um colega não é nada mal. Uma boa dica é,
pegar o livro do seu filme favorito e começar a lê-lo.

Ah, não precisa começar com a saga de game of trones ou nem um livro de grande magnitude.
Porque não começar com uns gibis da turma da Monica, ou uma HQ de flash, por exemplo, ou
se preferir, leia um mangá de algum anime que goste.

O terceiro passo é simples. É só começar a ler, e não se cobre de mais, comece com uma
pagina e depois vá para duas, e daqui a alguns dias você estará devorando um livro em um dia.
~5~

Bloqueio
Bom eu pensei muito em escrever isso, mas eu queria ser diferente, não queria escrever uma
crônica sobre algo que aconteceu comigo queria escrever sobre algo fictício, mas eu não
consigo.

Toda vez que eu pego meu computador para escrever alguma coisa, não dá certo. Ou sai sem
sentido ou não sai nada. Minha cabeça não conseguia se concentrar em uma história só,
enquanto eu escrevia uma, várias ideias vinham na minha cabeça, então eu parava o que eu
estava escrevendo e começava outro texto, e isso ia se tornando um ciclo e eu acabava não
terminando nada.

É como se fosse mil coisas voando na sua cabeça e você não consegue ”estacionar” em uma só
e continuar e focar nisso porque ela passa. Tem horas que eu mudo de assunto do nada, eu
não termino frases, eu corto palavras no meio, eu erro letras e não percebo nada porque é
tudo tão rápido na minha cabeça e eu tento acompanhar só que não dá certo.

O que mais me inspirava para fazer um texto, que eram as imagens, estava se tornando a
minha maior distração, minha cabeça parecia um labirinto sem fim. Será se eu estou ficando
louco? Mas o que é que tem, talvez eu goste de toda essa loucura, porque pra mim, o normal é
chato.

Bom, só queria pedir desculpas se o livro e as crônicas não ficarem tão bons, ou ficar sem
sentido em alguma parte, mas é porque eu tento passar o que tá na minha cabeça os meus
problemas ou o que eu estou sentindo para os meus textos, por mais que sejam textos bem
rasos ou bem comuns. Eu sei que pode parecer confuso os textos, ou não fazerem sentido
nenhum, mas paciência, vai que uma hora você entenda.
~6~

Tinta de mais
Em um dia bastante ensolarado em color city uma cidadezinha conhecida por ser o lugar mais
feliz e colorido do mundo tinha um jovem que se destacava dos outros o nome dele era Tomy.
Um certo dia ele desapareceu, e eu acho que sei o motivo. Vem, deixe-me contar o que
aconteceu.

Eu sentia que tinha algo estranho com Tomy, ele diferente dos outros não estava feliz, parecia
que ele estava enjoado de toda aquela alegria e desse mundo colorido. Então ele teve que
tomar uma decisão muito importante: ficar nessa cidadezinha infeliz para o resto da vida ou
explorar o desconhecido e talvez sentir dor pela primeira vez. E foi quando uma tragédia
aconteceu.

E nesse mesmo dia, ele desapareceu, sem deixar nem uma pista ou uma dica de onde iria.
Pensei que ele teria sido sequestrado, será se foi isso mesmo? Mas não fazia sentido, ele não
tinha inimigos. Será que devemos ir atrás dele? A essa altura eu já não sabia mais o que fazer,
eu já estava pirando e entrando em desespero.

Ele sempre quis sentir um pouco de dor, mas parecia impossível sentir outro sentimento nessa
cidadezinha cheia de alegria. Então eu o deixei ir para outro lugar, sem saber se um dia ele iria
voltar.
~7~

Guerreiros

Eu nunca vi um guerreiro, ou reis ou pessoas vestidas com armaduras e portarem espadas


pesadas e ouro. Jamais vi príncipes andantes que foram denominados cavaleiros e reis serem
coroados, não, não.

Nunca vi um plebeu ser castigado, pessoas vendendo galinhas em bancas, pessoas vendendo
chicória ou alface oriental. Nunca vi reis franzirem as sobrancelhas para com seus conselheiros
ou quem sabe, plebeus xingando uns aos outros. Não, não. Essas são coisas que raramente
vemos e que, se não observados por livros históricos ou mesmo livros de história, não
saberíamos o que é esse fantástico mundo dos guerreiros.

Nunca vi combates com cavalos, nunca vi derramamento de sangue. Jamais desejei viver no
tempo em que as pessoas lutavam para conseguir um grão de arroz ou mesmo um pedaço de
pão. Não, isso não. A história que vos conto hoje é diferente, meus caros leitores.

Não é sobre uma pessoa que matou vários outros e por isso foi lembrado para sempre.

Esse é o problema da sociedade atual. Não que eu queira discutir sociologia ou problemas
sociais, deus me livre! O que quero dizer é que, se você não fizer grandes coisas, quando
morrer não será lembrado por ninguém. Ainda nao acredita? Quer que eu prove? Bom, temos
um grande escritor famoso, que provavelmente você já ouviu falar: John Green? Autor de A
culpa é das estrelas e Will&Will, quem nunca?

Ou.. Ora veja só, quem nunca leu As Crônicas de Nárnia de C. S. Lewis? Podemos pegar
exemplos de outras coisas, como, atores famosos. Quem nunca desejou ter um rosto perfeito
de uma Angelina Jolie ou um sorriso perfeito igual ao de Will Smith?

Em momento algum os desvalorizaremos. São apenas fatos. Eles fizeram por merecer estar
onde estão, e isso é admirável. Mas, imagine um mundo sem o John Green, sem C. S. Lewis,
sem Angelina Jolie e Will Smith. Estranho, não?

Onde quero chegar com isso? Imagine, agora, que eles penaram para chegar onde estão e
serem reconhecidos. Imaginem que eles já foram pessoas com nomes comuns e que se não
tivessem feito tudo que fizeram (escrever livros que geraram público, terem rostos com
medidas perfeitas, atuar bem) eles seriam famosos? Esse é o x da questão! Não, eles não
seriam!

Não estou dizendo para você que se você morrer não será lembrado e precisará fazer algo
rápido para ser lembrado mundialmente. Não, não é bem isso. Você não precisa ter escrito As
Crônicas de Nárnia, A culpa é das estrelas ou Will & Will. Você não precisa ser lembrado
mundialmente, porque sempre tem alguém especial que vai se lembrar de você. E só isso que
importa? Ainda não chegamos lá...
~8~

Tu não vês pessoas dizendo que quem tem depressão és um guerreiros, porque depressão é
algo estranho e não é visto como uma doença. Imagine você em uma sala vazia. Imaginou?
Agora, pense que você está triste também e que para onde você olha você se sente triste, em
todos os ângulos e de todas as maneiras possíveis. Isso é a depressão.

Pessoas que tem esse transtorno são guerreiras, sabia? Não guerreiras que portam espadas e
escudos; cavalos ou títulos, mas elas têm coisas muito maiores que isso. Elas têm uma voz em
seu interior, mesmo que fraquinha, dizendo "Se acalme, tudo vai ficar bem" e na grande
maioria das vezes, adivinhe? Elas não te contam nada sobre o que acontece interiormente com
elas.

Elas jamais viveram em tempos que a comida era escassa, pois elas não querem comer. Não é
desperdício, é desânimo. Elas não vêem pessoas vendendo galinhas na rua, porque elas não
saem de casa, isso também é desânimo. Elas nunca viram reis, pois elas não têm ânimo para
lerem livros, pois se sentem tão cansadas psicologicamente – e às vezes fisicamente – que
acordam pensando em como seria se elas parassem de respirar.

Elas não são príncipes, reis, rainhas, cavaleiros, plebeus, barões, elas não são nada disso. Elas
são guerreiras.

Guerreira por lutarem uma batalha todo dia consegue mesma, em que em seu íntimo elas só
querem morrer, mas elas se levantam e dizem para si mesmas "Fique firme! Você aguenta!".

Elas são as verdadeiras guerreiras, porque ninguém nota as coisas que elas fazem quando
morrem? Uma delas escrevia poemas, outro deles dançava. Outro lia muito bem, outro
cantava bem. Uma delas sabia falar cinco idiomas e a outra pintava quadros que davam inveja.
Mas quando morrem, sempre são vistas como uma pessoa fraca e impotente que não tem
forças pra nada.

Uma ova! Elas são guerreiras! Não as desvalorizem, as ajudem.


~9~

Meu amor, minha vida, minha dama é


o mar.

Como tenho costume de bebê capuchino às sextas feiras, encontrei-me sentado em um café
expresso, cujo nome não me vêem a mente. Em mãos, uma xícara com beiras vermelhas e um
pires da mesma cor. Do lado, outro pires com três pães de queijo recém-saídos do forno,
superquentinhos. Mordi um deles e fiquei observando ao redor, quando em um momento de
atenção parei e observei melhor, percebendo uma morena de cabelos encaracolados e com
um óculos roxo preso ao rosto me encarando ao longe.

Eu a encarei e ela me encarei.

De repente, pendeu a cabeça um pouco para o lado, com ternura no olhar. Dei um sorriso e
desviei meus olhos do dela por um momento apenas para encarar seu pedido: uma xícara
idêntica a minha, mas eu, todavia não sabia o que tinha. Meu pão de queijo caiu no pires e eu
saí de meu transe momentâneo de tentar adivinhar o que tinha dentro da xícara da morena.

Quando me recuperei do susto, pude observá-la com o copo nos lábios, segurando o que seria
uma risada. Coloquei duas notas por debaixo do pires e me levantei, arrumando meus fios lisos
para detrás da orelha. Quase caí no meio do caminho e ela segurou outro riso. Cheguei na
mesa dela e me apoiei na mesma.

— Cuidado que você vai cair de novo, moço. — Ela disse. Eu ri da minha própria bobeira e ela
fez um sinal para que eu me sentasse. Eu o fiz. Ela apoiou as duas mãos no rosto. — Queria
saber o motivo de olhares tanto pra minha mesa, disse timidamente.

— Ah, desculpe! — Foi o que saiu de minha garganta na hora. — Estava fissurado em querer
saber o que você estava bebendo. — A morena empurrou o copo delicadamente para minha
frente e eu abaixei a cabeça para olhá-lo.

— Ah, leite de morango! — Dissemos em tom uníssono. Ela riu e eu ri também. Ela tinha uma
voz suave e gostosa de ouvir e ria de uma forma completamente contagiante.

Queira você acreditar ou não, ela me contou coisas que julgava serem de confiança. A cor
favorita dela, o que ela costumava escutar de música, o que comprava para o café da manhã
ou como ela cantava de uma forma engraçada. Eram quase duas da tarde quando eu a
perguntei do porque dela não beber café e ela falou:

— Eu apenas não bebo não gosto. — E sorriu um sorriso que derreteu meu coração.

— Quer passear? — Perguntei para o que me pareceu descarado.

— Eu adoraria garoto. — Ela me respondeu.


~ 10 ~

Já em outro determinado momento, nós começamos a caminhar pela areia da praia e em


alguma hora que não me lembro bem, enquanto estávamos parados, encarando o belo mar a
nossa frente, descalços na areia, sentindo o vento bagunçar nossos fios, fitamo-nos e rimos um
da cara do outro.

— O quê? — Disse eu.

— Você tem o cabelo engraçado, garoto. — Ela me respondeu. Aquela morena me deixou
embaraçado.

— Bom engraçado-feio? — Me atrevi a perguntar. Ela franziu as sobrancelhas.

— Engraçado-fofo! — Ela riu um riso gostoso e eu enrubesci.

— Então seria algo fofo e não engraçado, morena! — Ela corou e ambos rimos de novo. Em um
momento, a fitei fixo.

— Não me disse que recitava poesias? Porque não recita uma agora? — Mordi meus lábios
para fazer o rubor sair de minhas bochechas.

— Ahnm, já sei. Mas você vai precisar se sentar na areia.

E então ela o fez.

— Pronto! — Ela arrumou as pernas em sincronia com os pés pequeninos.

— "Sou entre a flor e nuvem, estrela e mar. Porque havemos de ser unicamente humanos,
limitados em chorar? Não encontro caminhos fáceis de andar. Meu rosto vário se desorienta
as firmes pedras que não sabem de água e de ar." — Quando terminei, fitei meus olhos no
mar, o vento bagunçando meu cabelo e ficando em cima de meus olhos. — Cecília Meireles,
morena.

— Você é incrível, garoto.

— Sou? — Perguntei. Ela balançou a cabeça. — Por quê?

— Porque tantas perguntas? — Eu ri.

— Desculpe, sou questionador. Te incomodei com isso?

— Não, eu te acho curioso. — Sorri meu melhor sorriso.

— Elogios juvenis não é? Sinal de que você é deveras inteligente.

Mesmo que eu estivesse corado, tive medo de corar mais ainda. Creio que ela gostou da forma
como conversava com ela e talvez por isso tenha tocado no meu rosto e o acariciado; talvez
seja por isso que ela sorria com tudo que eu dizia. Não, eu não sou perfeito e não, ela não era
perfeita.

Ela costumava dizer: eu sou apenas eu. E só.


~ 11 ~

Não era nada


Laura se sentou no banco do piano ao lado de Symon, que encarava as teclas em meio a
suspiros. Laura não desviou olhar das teclas, mas seus olhos estavam cheio de lágrimas. Symon
tocou nas bochechas da garota loira e as limpou cuidadosamente antes de perguntar:

— Porque estás chorando, Laura?

Laura tirou as mãos do namorado de seu rosto e piscou rápido, respirando fundo.

— Não é por nada.

— Ninguém chora por nada.

— Já disse que não é nada. — Laura falou e uma lágrima pingou na tecla do piano.

— Me diz...

— Não é nada, Symon, okay? — e beijou-o.

A verdade era que Laura se sentia tão deprimida, triste e vazia que não conseguia dizer nada.

— Acredito em ti, Laura.

Mentiu para Symom várias vezes, apenas para não preocupá-lo.

Laura certa vez viajou com Symon para um dos pontos mais lindos de uma certa cidade não
imaginária.

Estava em uma colina, sentada em um banco, balançando os pés e suspirando, dessa vez sem
chorar.

Laura abaixou a cabeça e fitou os pulsos.

Passou o dedo indicador nas cicatrizes e suspirou, com os olhos ardendo de novo.

Laura chorava sem querer e do nada.

Laura dormia cansada e acordava triste e deprimida.

Laura se sentia sufocada.

Laura escreveu cartas com lacres e palavras bonitas, mas nunca achou suas próprias cicatrizes
bonitas.

Laura escutava as suas músicas de duplo sentido pra chorar.

— Eu fico em silêncio, porque não sei como pedir ajuda. — dizia.

E então, escreveu o último ponto final; colou o último lacre de cera.

Fez então, a última caligrafia.


~ 12 ~

Então, fez o último corte.

E lá do quinto andar pulou.

Symom então, ao pegar a carta de suicídio da amada, percebeu que tinha algo a mais.

E que não foi capaz de ajudar sua namorada.

— Ajudem as pessoas próximas. Perguntem sempre porque elas estão chorando. questionem,
insistam e não desistam de saber tudo sobre elas. Porque se eu tivesse feito isso, Laura ainda
estaria viva. Façam elas se sentirem incríveis. dêem flores. Façam as rir de você e com você e
acima de tudo... ame-as sem diminuí-las. — Symon disse para a turma da escola, sobre tudo
aquilo.

Porque no fundo, ele se sentia um pouco culpado por não ajudá-la.


~ 13 ~

Pasta de goiabada

Seu cabelo loiro não era a principal paixão da chinesa, tampouco seu sorriso que fazia com que
seus olhos ficassem menores. Toda vez que Ester ia à casa de Artur, ele ficava com aquela
carinha de cachorro pidão e com as mãozinhas atrás das costas, quase implorando
silenciosamente pela goiabada. Seu cabelo lilás era a coisa mais linda do mundo e era nisso
que menino Artur focava quando se sentava na beira da cama com os cobertores brancos,
ligava a televisão e colocava no desenho da Moana.

Ester se sentava na cama do namorado sem seus tênis, apenas com suas meias roxinhas e com
o pote de goiabada em mãos, junto de uma colher. Sua combinação preferida — de acordo
com Artur que sempre prestava atenção suficiente nele, ao invés de no desenho — era
goiabada com leite condensado e creme de leite. Já Artur, achava aquilo enjoativo e que um
dia ainda faria bastante mal a chinesa viciada em goiabada.

Certa vez começaram uma discussão sobre como Ester se aproveitava dos doces que Artur
armazenava em casa. A discussão acabou em um selinho e em mais goiabada.

Artur sentia falta da chinesa quando ela não ia a sua casa e inventava várias paranoias sobre o
motivo dela não ter ido para lá. Vários pensamentos passavam-se na cabeça daquele garoto
maluco. No fim, Ester só havia dormido demais a tarde ou estava estudando filosofia. Ela dizia
que rosa lembrava a goiabada e que o quarto de Artur deveria ser rosa ao invés de azul bebê.
Lógico que ele discordava, mas faria tudo pela chinesa, isto incluía pintar seu cabelo de azul.
Da primeira vez ela riu, mas depois eles saíram juntos pra ir ao supermercado comprar
goiabada e jujubas sabor morango.

Ester foi pega dançando algumas vezes a música favorita de Artur, mas depois de rir muito da
dança engraçada da chinesa, eles se sentaram no chão e começaram a brincar pra ver quem
comia mais goiabada. E lógico Artur perdeu. Estava perdido tanto no amor que tinha por Ester
e pela goiabada cremosa que ela comia enquanto estava com suas perninhas cruzadas e
colocando na boca mais uma colher de goiabada com creme de leite.

Várias vezes ele se perguntou o que tinha de tão mágico naquela goiabada que ela comia.
~ 14 ~

Uma garota especial

Lembro-me bem de quantas vezes eu disse que a amava. Eu sentia sempre que seu sorriso
alegraria meu dia e que ela iria sempre estar perto para poder beijar minha testa e depois me
dar um bom dia.

Seus gestos fofos e pequenos sempre me informavam que ela era pequena, mas ainda assim a
mais velha, mesmo eu sendo maior que ela. Suzy rinha um caminhar estranho e os óculos
redondos pregados nos seus olhos sempre me impediam de beijá-la quando tivesse vontade.
Ela tinha um cabelo liso e um sorriso que tirava o brilho do sol; um abraço gostoso e uma boa
mão para cozinhar. Sabia de muitas coisas e era a mais esperta da cidade. Toda vez que eu ia
buscá-la no trabalho, voltávamos segurando nossas mãos e ela não tentava evitar olhar
sempre sorrindo para mim. Era tão pequena, mas seu coração era maior que sua estatura.

Suzy era uma menina mais do que linda. Sempre queria ajudar os outros, nunca deixava de
ficar com pena de um gatinho na rua ou de um passarinho com a asa quebrada. Lembro-me
bem da vez em que estávamos no parque e ela parou no chão para pegar uma pedra. Antes
hesitar em ignorar ou mandá-la parar do que vê-la triste por não poder ter uma pedra da lua.

— É uma pedra da lua! — Ela dizia sempre.

Eu não conseguia imaginar como ela guardava tantas informações dentro daquela cabecinha
pequena. Toda vez que deitávamos juntos na cama, ela segurava meu braço e o apertava,
como se eu fosse um ursinho de pelúcia. Eu parava, olhava a menina sorrindo, e apenas dizia:

— Você é que é o minha ursinha, Suzy! – Eu disse. Todas as vezes – sem exceção de nenhuma
– ela parava, me olhava corada e sorria; arrumava os seus óculos no rosto e soltava meu braço,
colocava a mão no rosto e depois soltava uma gargalhada boa de se ouvir. Céus, como eu
amava aquela gargalhada. Ela andava pelas ruas, sempre sorrindo e fazendo reverência para os
outros. São muitas as memórias que tenho da minha ursinha, mas pretendo recordar de todas.

Mas ela não se achava perfeita. Outrora encontrei Suzy chorando. Cheguei perto dela e a
abracei de lado, vendo seus olhos ensopados de lágrimas. Ela levantou o olhar e me fitou,
ainda deixando escorrer algumas lágrimas dos olhos.

— Eu estou aqui Suzy. Eu te amo. — Ela abriu o sorriso mais brilhante do mundo no instante
em que eu disse isso. Céus, Suzy gostava de me ver corado ou sem graça. Cada abraço que ela
me deu, cada beijo que eu devolvi e dei nela, cada brincadeira, cada sorriso, cada vez que
ficamos corados, cada risada, cada palhaçada e cada palavra dita por nós dois, acabou tão
rápido... Eu nunca pedi nada mais dela, a não ser que ele nunca me abandonasse.

— Eu te amo, Su.

— Eu também te amo, Aaron... Eu vou sempre estar do seu lado, não importa o que
aconteça... — Essas foram as últimas palavras da minha ursinha. Uma menina nada alta, mas
~ 15 ~

nem por isso ele se deixava levar pelo que os outros diziam do seu tamanho. Uma menina
nada normal, mas também não ligava para o que os outros diziam de si. Uma menina
sorridente, agora que já não sorri mais. Uma menina esperta, que agora já não pode mais
mostrar o que sabe para os outros. Ela não era só uma menina, ela era a minha menina.

Suzy Megg era uma criança com alma de adulto que vivia no mundo real, e ela sabia o preço
disso. Eu só queria que ela pudesse ter ficado só mais um pouquinho antes de partir.

Você também pode gostar