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INTRODUÇÃO

“Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se
desviará dele.” (Provérbios 22:6)
“Muitos pais veem neste versículo uma sanção para forçar as crianças a seguir a
profissão ou of ício que eles acham melhor para elas. Dessa forma, acabam trazendo
sofrimento e decepção sobre si mesmos, pois o filho, depois de crescer, costuma optar
por um caminho completamente diverso. Em vez disso, o versículo aconselha os pais a
saber e ensinar o caminho em que seu filho poderá ser mais útil para si e para os
outros e no qual terá mais realização.” (Comentário Bíblico Adventista, vol. 3, p. 1151)

I. A FAMÍLIA COMO PRIORIDADE


O fato de alguns dos mandamentos da lei moral de Deus fazerem referência
direta a situações de família revela a prioridade dada pela Bíblia aos assuntos de
família.
• 2o mandamento – relaciona as ações dos pais à prosperidade dos filhos.

• 4o mandamento – direciona a família para obedecer ao sábado.

• 5o mandamento – ordena aos filhos respeitarem os pais. (Tratado de


Teologia, p. 803).

A Bíblia declara que os pais devem compreender que os filhos “são herança do
Senhor.” (Salmos 127:3).
O que está envolvido nesse conceito é a mordomia. Os pais são mordomos e
devem cuidar dos filhos com amor, paciência, bondade e autoridade. A autoridade
não significa uma atitude ditatorial ou opressiva, mas demonstrada por alguém que
tem interesse no bem-estar dos filhos e cuida da melhor maneira possível para que
isso seja uma realidade.
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Isto só pode ser alcançado com dedicação de tempo dos pais para estarem pró-
ximos dos filhos e educá-los nos caminhos de Deus.
• “Passe tempo de qualidade com seu filho. Isso significa interagir com
ele, demonstrar afeto, conversar e fazer juntos atividades que treinem as
emoções dele.” (Annie Schulz Begle, “Crescimento na Adversidade”, Revista
Adventista/Adventist World, junho 2021, p. 21).

• Deve ser lembrado, que os filhos também têm direitos.

• Têm direito à companhia dos pais


• Direito ao sustento f ísico
• Direito ao exemplo apropriado
• Direito ao amor altruísta deles
• Direito a não serem provocados (Efésios 6:4) ou “irritados por atos
opressivos ou palavras rudes.” (Tratado de Teologia, p. 814).

A obra de educar é uma escola que não conhece graduação. Os pais estão sem-
pre aprendendo enquanto fazem o melhor para educar.
“Ao educar os filhos, a mãe está numa contínua escola. Ao mesmo tempo em
que ensina os filhos, ela mesma está aprendendo diariamente.” (Ellen G. White,
Orientação da Criança, p. 135).

II. SOFRENDO PRESSÃO SOCIAL


Lembre-se que as crianças, juvenis e adolescentes enfrentam muita pressão
social, o qual pode trazer insegurança, medo, ansiedade, baixa autoestima etc.
“A ansiedade é uma das patologias psiquiátricas mais comuns nas crianças,
atrás apenas dos Transtornos de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e
de conduta. [...] É necessário estar atento, também, à ansiedade que não chega a
ser um transtorno, mas que traz sofrimentos e prejuízos cotidianos, como dimi-
nuição da autoestima.” (Maria Joana de Avellar, “Como lidar com a ansiedade
em crianças?”, (Superinteressante. Atualizado em 20 de julho de 2020; disponível
online em https://super.abril.com.br/comportamento/como-lidar-com-a-ansiedade-
-em-criancas/)
Na fase da adolescência é comum eles se afastarem dos pais se recusando a expor
problemas e temores. Eles passam por uma série de mudanças f ísicas e emocionais que
trazem grande impacto na autoestima, e os pais devem estar atentos e buscar preparo
para ajudá-los, de uma maneira que não os intimidem ou os ridicularizem.

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“Segundo um estudo nacional realizado pela Universidade da Carolina do Norte
(EUA), de 1994 a 2008, independentemente de etnia ou nível socioeconômico, as
crianças que afirmam sentir-se emocionalmente vinculadas a um dos seus pais se mos-
tram mais protegidas contra angústia emocional, pensamentos suicidas, uso de drogas,
comportamento violento e atividade sexual precoce.” (Alina Baltazar e Gary Hopkins,
“Resiliência Se Aprende”, Revista Adventista/Adventist World, maio 2021, p. 21).
É necessário ajuda constante de Deus para os pais agirem com sabedoria, pru-
dência, amor e sensibilidade para orientar, guiar, disciplinar e preparar os filhos para
serem bons cidadãos e acima de tudo viverem eternamente com Jesus.
Há muitos bons artigos e livros de referência na literatura adventista sobre o
tema de educação de filhos. Além disso, a IASD tem um departamento para ajudar
e motivar as crianças (https://www.adventistas.org/pt/criancas/) e os adolescentes
(https://www.adventistas.org/pt/adolescentes/) a perseverarem no bom caminho do
serviço e genuína amizade com Deus.

III. INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA DE TIAGO WHITE E ELLEN HARMON


A adolescência de Tiago e Ellen também foi uma fase de pais ocupados, debili-
dades f ísicas, frustrações, insegurança e medo, mas com o apoio de um lar cristão e
experiência individual com Jesus eles adquiriram resiliência e venceram, tornando-se
úteis a sociedade e no serviço do Senhor.

Tiago White
• Tiago nasceu no dia 4 de agosto de 1821, em Palmyra, uma pequena cidade
no centro do estado do Maine.

• Filho de John e Betsey White.

• Nascido em uma família de nove filhos, Tiago era o do meio.

• O fervor religioso dos pais de James afetou profundamente seus filhos, e


dois dos irmãos mais velhos de Tiago tornaram-se ministros, um metodista
e o outro batista; Tiago começou seu ministério na igreja Conexão Cristã e
mais tarde se tornou um ministro adventista do sétimo dia.

• A infância de Tiago foi marcada por dificuldades de saúde.

• Era uma criança frágil, e foi diagnosticado com verminose (worm fever)
quando tinha menos de três anos de idade.

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• A febre afetou seus olhos e quase destruiu sua visão, deixando-o vesgo,
fraco e parcialmente cego.

• Essas desvantagens f ísicas o impediram de continuar estudando pelo


menos por um tempo, e foi trabalhar na agricultura.

• Após anos de trabalho duro, ele fortaleceu sua saúde geral, aos dezesseis anos
seus olhos melhoraram, e pela primeira vez, ele podia ler com liberdade.

• Durante aqueles dias de trabalho árduo, Tiago entregou sua vida a Jesus.

• Quando criança, ele frequentava a escola dominical regularmente e assi-


duamente memorizava grande parte das Escrituras.

• Com treze anos, experimentou uma conversão em uma “doce manhã” no


bosque. Sentindo-se “pressionado pelo peso” de seus pecados, reconhecendo
sua condição de pecador, desamparado e miserável, clamou por perdão e aceita-
ção, encontrando conforto em Jesus. O adolescente Tiago, então declarou anos
mais tarde que naquela experiência, “A paz fluiu gradualmente em meu coração”
(James White, “That Sweet Morning,” Youth’s Instructor, Fevereito 1854, p. 13).

• Aos quinze anos foi batizado na igreja Conexão Cristã (James White, Life
Incidents, p. 15).

• Quando tinha 19 anos, com a saúde restaurada, retornou à escola.

Ellen Harmon
• Ellen nasceu no dia 26 de novembro de 1827, em Gorham, uma pequena
cidade no Maine, mas passou sua infância e juventude em Portland, a maior
cidade do Maine, localizada no litoral sul do estado.

• Ela e sua irmã gêmea, Elizabeth (“Lizzie”) eram as filhas mais novas de Robert
F. Harmon (1786–1866), fazendeiro e fabricante de chapéus, e Eunice Gould
Harmon (1787–1863), dona de casa, que já tinha quatro filhas e dois filhos.

• Os pais de Ellen eram membros dedicados e ativos da Igreja Metodista


Episcopal, e portanto, as crianças Harmon foram criadas em um ambiente
cristão dedicado e preparadas para uma vida diligente de disciplina, com “tem-
pos de vez em quando para diversão”, mas nenhum lugar para ociosidade ou
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desobediência “que não foi tomado em mãos imediatamente” (Manuscrito 82,
1901, 5; citado em Arthur L. White, Ellen G. White, vol. 1, p. 21).

• Quando Ellen tinha cerca de nove anos ela sofreu um acidente que afetou
toda a sua vida. Uma colega de classe “zangada” atirou uma pedra que a atingiu,
quebrando seu nariz e nocauteando-a. Ela acordou pouco depois, coberta de
sangue, muito fraca e incapaz de andar, foi carregada para sua casa.

• Durante algumas semanas ela não se lembrava de nada, portanto não fazia ideia
da causa de sua fraqueza. Pela gravidade do choque, perda de sangue, respiração
inadequada e falta de atividade física, ela ficou reduzida a “quase um esqueleto”.

• O tumulto intensificou a realidade da morte e do destino eterno. “Fiquei


chocada”, diz Ellen, “com a mudança da minha aparência”, onde “todos os tra-
ços do meu rosto pareciam alterados”. A realidade era mais do que ela podia
suportar. Sua desgraça “era insuportável”, tirando o prazer de viver. Por outro
lado, ela temia a morte e se sentia despreparada para a eternidade. “Eu não
queria viver”, escreveu Ellen, “e não ousei morrer, pois não estava preparada”.
(Ellen G. White, Life Sketches Manuscript, p. 6).

• Em seu desespero, ela começou a orar pelo perdão dos pecados e prepara-
ção para a vida eterna, o que lhe trouxe “paz de espírito”.

• O primeiro encontro com o seu pai (que viajando estivera ausente durante
a primeira fase de seu infortúnio) após o acidente a deixou ainda mais devas-
tada, pois quando ele retornou não a reconheceu.

• Ela foi “forçada a aprender a amarga lição” de que a aparência pessoal fazia uma
grande “diferença nos sentimentos de muitos”. Seu orgulho foi “ferido” e ela sentiu
um fardo pesado em seu coração. (Ellen G. White, Life Sketches Manuscript, p. 6-7).

• Durante sua fase de pré-adolescência ela teve que conviver com uma saúde
bastante comprometida, deformação na aparência f ísica, perda de aceitação
social por parte de algumas amigas, e a mais forte de suas frustrações, aban-
donar os estudos.

• “Foi a mais forte luta de minha juventude, ceder à fraqueza e decidir que deve-
ria abandonar os estudos e renunciar a toda esperança de instruir-me” (Ellen G.
White, Testemunhos para a Igreja, vol. 1, p. 13).

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• Esses infortúnios a levaram a perder a expectativa de uma vida normal.
No meio dessa frustração, ela, inconformada com sua “sorte”, “às vezes, mur-
murava contra a providência de Deus por assim afligir-me” (Ellen G. White,
Testemunhos para a Igreja, vol. 1, p. 13).

• No leito da tristeza e dor, e com medo morrer e estar eternamente perdida,


ela se entregou a Jesus e encontrava conforto. Mas, os momentos de insegu-
rança retornavam, e ela conviveu com esses sentimentos negativos durante
parte de sua adolescência.

IV. CONCLUSÃO
Ouvir, procurar entender e mostrar disposição para abraçar e ajudar os juvenis e
adolescentes deve ser um alvo de todos nós cristãos.
Educar filhos sempre foi um desafio, e nestes últimos dias o quadro não é ame-
nizado.
Paulo declarou que “nos últimos dias sobrevirão tempos terríveis, [...] [filhos]
desobedientes aos pais, [...] sem amor pela família” (1 Timóteo 3:1-3).
Os pais devem clamar ardentemente a Deus por sabedoria, pois “A restauração e
reerguimento da humanidade começam no lar. A obra dos pais é a base de toda outra
obra. A sociedade compõe-se de famílias, e é o que a façam os chefes de família. [...]
A felicidade da sociedade, o êxito da igreja e a prosperidade da nação dependem das
influências domésticas. (Ellen G. White, Ciência do Bom Viver, 349).
Talvez você não tenha as melhores memórias de sua infância, mas o Senhor
quer refazer a sua vida, e quer te preparar para que, ao você formar o seu lar, seja um
pedaço do céu na terra.
O desafio é imenso, mas lembre-se, Jesus prometeu aliviar o cansado (Mateus
11:28-30), conceder misericórdia e graça na necessidade (Hebreus 4:16), e conceder
sabedoria a quem humildemente e confiantemente pede (Tiago 1:5-8).
Sem Jesus nada podemos, mas com Ele tudo é possível (João 15), portanto, nos
firmemos em Sua promessa.

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