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KM

Close Protection

Cordélia Kingsbridge

A vida de um guarda-costas é virada de cabeça para baixo ao assumir


uma nova carga intrigante. Depois de três expulsões consecutivas por má
conduta sexual, Luca D'Amato não tem escolha senão voltar para a América.
Jacob Ryder é o homem encarregado de protegê-lo dos muitos inimigos de
sua família - mas quem protegerá Ryder de Luca?

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Capítulo Um

O avião estava atrasado.

Ryder verificou seu relógio novamente, como se as leis do tempo


tivessem mudado de alguma forma desde a última vez que ele olhou para ele.
Ainda eram onze e quinze. O avião de Luca deveria chegar às onze horas.

Inclinando-se contra o Range Rover, Ryder examinou a pista com um


olhar experiente. Estar em um espaço amplo como este o deixava inquieto,
mas na verdade, esse era um dos lugares mais seguros que ele poderia estar.
A segurança no Aeroporto Nacional Ronald Reagan de Washington era alta.
Qualquer atacante que se aproximasse da pista do terminal de aviação geral
seria visível muito antes de chegarem ao alcance de um tiro. Sempre havia a
possibilidade de um franco-atirador, mas a ameaça de assassinato era baixa
no que dizia respeito a Luca D'Amato. Rapto era a maior preocupação de
Ryder.

Isso e o fato de que neste momento o avião estava fodidamente vinte


minutos atrasado.

Ryder bateu na janela do lado do motorista. Willis rolou o vidro da


janela para baixo - só uma fresta, para minimizar o comprometimento da
segurança inferida pelo vidro à prova de balas.

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— Vou dar a eles mais cinco minutos antes de voltar ao terminal para
ver o que está acontecendo, disse ele.

Willis assentiu e fechou a janela. Ryder voltou a observar os céus,


esperando que um dos muitos aviões descendo para as pistas fosse o de Luca.
Evelyn D'Amato pessoalmente o tirou da equipe de segurança da
propriedade para promovê-lo a essa tarefa. Ficaria muito mal se ele perdesse
o controle antes mesmo de conhecer o garoto.

Assim que ele decidiu entrar no terminal, um jato saiu da pista mais
próxima e taxiou na direção deles. Ryder estreitou os olhos até conseguir
distinguir as listras distintivas do Gulfstream G5501. Ele se permitiu um
suspiro de alívio e se endireitou.

A equipe de aterrissagem correu à frente para encontrar a aeronave,


guiando-a e colocando cones alaranjados em volta dos motores e pontas das
asas. Ryder observou-os com cuidado. Ele não estava realmente preocupado
com os funcionários do aeroporto, mas nunca se sabe.

Uma escada móvel foi arrastada até a porta do anteparo. Ela se abriu
um minuto depois, e uma mulher atlética com cabelos castanhos curtos saiu
seu olhar caindo imediatamente sobre Ryder. Ele a reconheceu de uma foto
como Janet Scheller, líder da equipe de segurança de Luca. Ex-líder de

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equipe, agora.

Ela claramente o reconheceu também. Ele deu a ela o sinal de “tudo


limpo” e ela assentiu, voltando-se para o interior avião e gesticulando antes
de descer as escadas. Uma ágil mulher asiática seguiu, e então Luca saiu do
avião.

Ryder respirou fundo. Ele conhecia a aparência de Luca D'Amato,


claro. Ele trabalhava na propriedade há mais de dois anos e havia fotos do
menino por todo o lado; o dossiê que Ryder estudou ao receber a tarefa
também continha fotografias. Sabia, por exemplo, que Luca tinha
conseguido o melhor dos dois pais - as maçãs do rosto e o nariz estreito da
mãe nórdica, os lábios sensuais e os grandes olhos do pai italiano.

Mas uma fotografia não conseguia captar o efeito pleno da luz do sol
que brilhava em seu cabelo preto e deixava sua pele morena em chamas, o
ondular sensual e confiante de seus quadris, a forma como seu suéter de
caxemira e a calça de veludo preto moldavam em seu corpo comprido e
magro. Luca se movia com uma graça que era ao mesmo tempo sedutora e
predatória.

Ele é um predador, Ryder lembrou a si mesmo. Ele tinha sentido um


certo ceticismo em aceitar que o menino de dezoito anos poderia ser
responsável por tudo o que sua mãe alegara, mas vendo Luca em carne e
osso, ele estava revisando essa opinião.

Atrás de Luca estavam mais duas pessoas, uma mulher ruiva e um dos

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homens mais feios que Ryder já tinha visto. Enquanto o grupo atravessava a
pista, os guarda-costas caíram em uma formação clássica, com os quatro
homens ao redor de Luca. Ryder observou essa formação com aprovação.

A líder estendeu a mão quando chegaram a ele. — Janet Scheller.

— Jacob Ryder, disse ele, apertando a mão dela. — Qual a razão do


atraso?

— Muito tráfego aéreo. Eles nos colocam em um padrão de espera.

Os olhos de Luca varreram Ryder da cabeça aos pés enquanto um


sorriso lento se espalhava por seu rosto. — Você está brincando, certo? Ele
disse a Scheller.

Ela apertou a mandíbula, sem se incomodar em responder. Era óbvio


por que ela estava desistindo. Cada aspecto de sua linguagem corporal
gritava aversão pelo jovem ao lado dela.

Ryder ofereceu sua mão para Luca em seguida. — Sr. D'Amato, um


prazer conhecê-lo.

— Presumo que você é minha nova babá, certo?

A voz de Luca não era profunda, mas tinha uma qualidade baixa e
rouca muito atraente, embora Ryder tivesse certeza de que era artificial.

— Sou o novo líder de equipe de seu destacamento de proteção


pessoal.

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— Eu já me sinto mais seguro.

Em sua visão periférica, Ryder viu Scheller revirando os olhos. Ele


gentilmente retirou a mão do aperto de Luca, que o reforçou um pouco mais.
— Acho que podemos salvar o resto das apresentações para um momento em
que não estivermos muito expostos, disse ele aos outros.

As duas mulheres acenaram com a cabeça e se viraram para ajudar a


equipe de desembarque a transportar a bagagem para o segundo carro.
Quando a ruiva passou por Luca, ela puxou o cabelo dele de brincadeira e
disse: — Comporte-se.

Pelo menos um dos guarda-costas do garoto não o odiava.

— Você precisa de mais assistência? Perguntou Scheller.

— Nós temos isso daqui, mas obrigado.

Algo em sua postura se soltou. — Boa sorte, disse ela, e partiu para o
terminal sem dizer uma palavra de despedida ao seu antigo encargo. O
homem feio seguiu-a, lançando a Luca um olhar venenoso. Luca mandou-lhe
um beijo.

Querendo levar o garoto para casa o mais rápido possível, Ryder abriu
a porta traseira do carro. Luca observou o Range Rover Supercharged2

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cinzento com as sobrancelhas levantadas.

— Belo carro, disse ele. — Para onde você está me levando, uma festa
de fraternidade?

Ryder poderia pensar em várias respostas para isso, nenhuma das


quais eram apropriadas. Então ele optou por: — Ele vai mantê-lo seguro.

Luca pulou no banco de trás, mas ele estendeu a mão e pegou a porta
antes que Ryder pudesse fechá-la. — Você vai se sentar aqui atrás comigo?
Por favor.

O costume ditava que o líder da equipe permanecesse no banco da


frente para que o protegido pudesse ter privacidade na parte traseira, mas
Ryder não tinha motivos para negar o pedido de Luca - mesmo que ele tenha
percebido isso pela tática de manipulação que era. Ele tinha sido avisado
sobre isso.

— Tudo bem. Ryder fechou a porta e contornou o carro, deixando-se


entrar no banco de trás. Willis bloqueou as travas assim que eles estavam lá
dentro. — Sr. D'Amato, este é Greg Willis. Ele será seu motorista regular.

Willis olhou pelo espelho retrovisor e tocou a aba do boné. Luca deu-
lhe um sorriso deslumbrante. — Oi.

Ryder ficou chocado ao ver um leve rubor aparecer nas bochechas do


homem impassível. — Estamos prontos, ele disse intencionalmente.

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O motor do carro já estava funcionando. Willis tocou no botão do viva-
voz na tela de navegação do carro, que estava integrado ao seu Bluetooth. —
Pronto para se mover.

— Pronto para avançar, confirmou o motorista do carro


transportando os outros guarda-costas e a bagagem.

Willis pisou no acelerador. Ryder se virou para garantir que Luca


estivesse usando o cinto de segurança apenas para encontrar o garoto
olhando para ele atentamente. Seus cílios eram ridiculamente longos.

— Eu preferiria que você me chamasse pelo meu primeiro nome.

— Entendido.

Luca se inclinou para frente. Ryder não pôde ajudar na catalogação de


outros detalhes que ele não havia notado antes: o colarinho azul escuro e as
mangas da camisa que Luca usava sob o suéter creme, o diamante de
lapidação quadrada brilhando em seu lóbulo esquerdo, o leve indício picante
de sua colônia.

Luca colocou a mão no joelho de Ryder, sorriu e disse: — Você quer


me foder?

***

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A expressão de Ryder foi inestimável. Foi preciso muito esforço para
que Luca contivesse sua alegria.

O que sua mãe estava pensando? Foi ela que insistiu que todos os seus
guarda-costas fossem femininos ou trolls hediondos como Warnock3, mas
aqui estava ela oferecendo o Capitão América em uma bandeja de prata.

Luca não poderia ter escolhido melhor se ele mesmo tivesse escolhido
Ryder. De sua mandíbula forte e quadrada e aparência áspera à sua estrutura
alta e bem musculosa, Ryder praticamente pingava testosterona - a forma
exata que Luca gostava em seus homens. Isso os tornou muito mais fáceis de
manipular. Luca estimou que ele teria este comendo na palma da sua mão
em questão de dias, se não horas.

Então Ryder disse: — Não, obrigado.

Luca recuou assustado. Ryder falara tão suavemente como se


estivesse recusando uma garrafa de água. Seria assim então?

Intrigado com o desafio, ele perguntou: — Você é casado? Ele já havia


notado a ausência de um anel na mão esquerda de Ryder, mas isso não
significava nada.

— Não.

3Neil Warnock é um ex-futebolista e técnico de futebol britânico. Atualmente é técnico do Cardiff City,
clube galês que disputa a Premier League. NT, o cara é feio....

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— Você tem namorada?

— Não.

— Um namorado?

— Não.

— Você tem medo que minha mãe descubra e atire em você.

Algo estranho passou pelo rosto de Ryder. Luca teria chamado isso de
diversão em um contexto diferente.

— Não. Ryder levantou a mão para evitar mais perguntas. — Sr.


D'Amato - Luca - Eu não tenho o hábito de dormir com meus empregadores.
É extremamente pouco profissional.

A maneira como ele disse soou ensaiada. Os olhos de Luca se


estreitaram. — Minha mãe lhe contou por que fui expulso da escola, não é?

— Desta e também das duas últimas.

— Eu gosto de ser fodido. Eu não vou me desculpar por isso.

Um som de sufocação vindo do motorista fez Luca sorrir, contente que


alguém estivesse reagindo como deveria.

— Você não precisa se desculpar ou explicar nada. Estou aqui para te


proteger, não te julgar. Sua vida sexual não é da minha conta.

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Ryder parecia completamente sincero. Se ele estava correndo algum
tipo de jogo, Luca não sabia o que era. Ele decidiu mudar de tática.

— Você tem uma arma?

Ryder levantou uma sobrancelha, mas ele desabotoou o paletó sem


comentar e puxou uma aba para o lado para mostrar a Luca seu coldre de
ombro. Luca não poderia ter se importado menos com a arma; ele só tinha
olhos para a largura dos ombros de Ryder e a espessura de seu peito. Parte
dele veio do colete a prova de balas que Luca podia ver por baixo da camisa
branca de Ryder, mas não muito. Sua necessidade de obter Ryder sob seu
controle triplicou em intensidade.

— Eu aposto que você nunca vai precisar disso. Luca se inclinou


novamente, colocando a palma da mão contra o peito de Ryder. — Você é tão
forte. E aqui estou eu, todo fraco e indefeso...

— Sério? Ryder franziu a testa. — Nós vamos ter que fazer um


treinamento corpo a corpo, então. E você deve aprender a usar uma arma de
fogo, apenas no caso.

Luca olhou para ele por um momento, sem piscar, antes de retirar a
mão e sentar-se em seu próprio lugar. Ele tinha sido capaz de sentir o coração
de Ryder batendo, lento e firme. Sua respiração era normal. Suas pupilas não
estavam dilatadas.

Ryder não fora afetado por ele.

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Nunca tendo encontrado esse tipo de obstáculo em particular, Luca
estava perplexo. Logo após a confusão, veio uma onda quente e inesperada
de vergonha. Ele sempre gostou de interpretar o ato desamparado, mas a
maneira como Ryder tinha tomado isso ao pé da letra feriu seu orgulho.

— Eu sei como lidar com uma arma, ele murmurou, virando-se para
olhar pela janela.

— Bom.

Eles correram pela estrada que os levaria para Bethesda. Luca


observou Ryder pelo canto do olho, irritado com o fato de que toda a atenção
do homem estava focada nos carros que compartilhavam a estrada com eles.
Ele estava ignorando Luca. Ignorando-o. Mesmo notando que Willis ficou
olhando para ele através do espelho retrovisor não o fez se sentir melhor. Seu
pé começou uma batida ansiosa. Luca pressionou o joelho com a palma da
mão para pará-lo, mas ele ainda podia sentir os músculos saltando sob sua
mão.

Um som suave em seu celular sinalizou uma mensagem de texto. Luca


tirou o celular do bolso e abriu-o, surpreso ao ver o nome Glauser no
identificador de chamadas.

Eu já sinto sua falta.

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Luca odiava as abreviações comuns advindas do netspeak4, mas o
texto ainda trouxe um sorriso ao seu rosto. Seu polegar pairou sobre o botão
de resposta. Outro olhar de lado para Ryder o fez se decidir.

Você não deveria entrar em contato comigo, seu menino malcriado.

Não posso evitar. Eu não consigo parar de pensar em você. Está me


deixando louco.

O sorriso de Luca se alargou.

No que você está pensando?

Em como seu corpinho quente fica quando está nu e inclinado sobre


a minha mesa.

Estou nu agora.

Sim? Você está duro?

Tão duro que dói. Eu gostaria que houvesse um professor sexy aqui
para aliviar minha dor.

Eu gostaria de estar aí também. Eu bateria em seu buraco apertado


do jeito que você gosta.

Luca respirou fundo quando seu pênis realmente começou a inchar.

4No original em inglês as expressões estão abreviadas, ou substituídas por acrônimos. Mas não tem sentido
em português...e como eu não adepta dessa linguagem de internet fiquei perdida aqui.kkkk

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Ryder deu-lhe um olhar curioso. Ah, então agora Luca tinha conseguido a
atenção dele, não é?

Fingindo não saber que Ryder o estava observando, Luca digitou,


Você seria áspero? Você sabe o quanto eu fui mal.

Eu gosto quando você é mal. Isso me dá uma razão para bater em


você.

Você não está com raiva de mim, então?

Não mais. Você sabe o quanto eu te amo, lindo. Eu não posso ficar
bravo com você.

Uma calorosa onda de satisfação tomou conta de Luca, relaxando seus


músculos tensos. Você ainda me quer?

Sempre.

Eu posso ligar para você amanhã à noite. Vai ser muito tarde onde
você está.

Ligue-me a qualquer hora. Eu não me importo com o quão tarde é.


Eu só quero ouvir sua voz.

Satisfeito, Luca fechou o telefone e o voltou para seu bolso. Seu pé


permaneceu imóvel. Ele encontrou o olhar de Ryder calmamente, certo agora
que ele tinha exagerado. Então Ryder não era agressivo - muitos homens não
eram. Luca simplesmente calculou mal.

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Tempo para algum controle de danos. — Você trabalha para a minha
mãe há muito tempo? Ele perguntou, mantendo a voz amigável.

— Apenas cerca de dois anos.

— Você gosta de ser guarda-costas?

— As horas são difíceis, mas o pagamento é excelente.

— Tenho certeza que sim. Luca baixou a cabeça contra o banco e


esticou as costas, certificando-se de que o movimento não fosse
exageradamente sexy. — Estou faminto. Podemos parar em algum lugar para
o jantar? Ou almoço, eu acho. Eu ainda estou no horário da Suíça.

Ryder balançou a cabeça. — Sua mãe foi muito clara sobre levá-lo
direto para casa. Tenho certeza de que Sheila terá algo pronto para você.

— Sheila? Luca se endireitou. — Ela ainda trabalha lá?

— Sim. Quanto tempo passou desde a última vez em que você esteve
em casa?

Luca deu de ombros, como se não soubesse a resposta até o momento.


— Eu tinha doze anos.

Ele não esperava que Ryder entendesse o significado disso, mas ficou
claro pela repentina expressão de pena em seu rosto que ele tinha. A perna
de Luca começou a sacudir novamente. Ele pressionou o punho na coxa.

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Tentando quebrar a tensão que havia caído sobre o carro, Luca disse:
— Eu nunca pensei que minha mãe me deixaria voltar aos Estados Unidos.

— Ela foi aconselhada a não fazer isso, mas ela realmente não teve
escolha.

Embora o tom de Ryder não fosse de julgamento, Luca sentiu como


se tivesse sido esbofeteado. Ele teve que segurar ambas as coxas em um
aperto de ferro para mantê-las imóveis enquanto sua mente traidora fornecia
a ele as palavras que Ryder não tinha dito.

Nenhuma outra escola o aceitaria.

Na Europa, Luca tinha pensado em sua equipe de proteção como algo


pouco mais que ornamental. Eles nunca tiveram que defendê-lo contra nada,
porque ele nunca havia sido atacado. Fora por isso que sua mãe o mandara
embora em primeiro lugar. Mas aqui na América, ele poderia estar usando
um olho de boi.

A realidade de sua situação não o atingira até aquele momento.

Não importava mais que suas mãos ainda estivessem segurando as


pernas, porque seus dedos começaram a tamborilar em suas coxas. Luca
olhou para eles, frustrado. Ele queria parar, mas sabia que era inútil - seu
corpo só encontraria outra saída.

Então a mão de Ryder pousou em cima da dele, dando a Luca uma


estranha sensação de déjà vu. — Hey, disse Ryder calmamente. — Eu não vou

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deixar nada acontecer com você.

Luca olhou para a mão grande e calejada que fazia a sua parecer
menor ainda. Suas mãos e pernas ficaram frouxas, em paz. Ele ergueu o olhar
para os olhos tão azuis quanto a cor estampada na bandeira Americana e
disse: — Eu acredito em você.

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Capítulo dois

Ele não deveria ter tocado Luca. Ryder sabia disso. Isso apenas
encorajaria o garoto, que já parecia bastante instável como era.

Mas ele estava tão chateado, e esse tique constante de sua perna teria
deixado Ryder maluco se ele não tivesse colocado um fim nisso. Mesmo o
profissional de segurança mais rigoroso não teria achado o gesto
reconfortante inadequado.

No entanto, Ryder ainda achava que tinha sido um erro.

Mais moderado agora, Luca parou de tentar flertar e ficou absorto no


cenário que passava. A cada poucos minutos, sua perna dava uma única
contração abortada. Ryder estava preocupado com a força de sua ansiedade
- esse tipo de nervosismo seria um problema em uma situação tensa.

Ele forçou sua atenção para longe de Luca e de volta para a estrada
onde pertencia. Mesmo com a blindagem do carro e as habilidades de Willis,
Luca estava extremamente vulnerável enquanto viajava assim. Ryder e Willis
tinham pesquisado a rota várias vezes, indo e voltando entre o aeroporto e a
propriedade D'Amato em Bethesda, observando os padrões de tráfego,
limites de velocidade, número de luzes, possíveis locais de emboscada. Uma
variedade de potenciais rotas de fuga havia sido traçada ao longo do
caminho. Toda essa preparação cuidadosa não significaria nada, no entanto,

KM
se Ryder e Willis afrouxassem agora.

Falando nisso…

Ryder suspirou quando viu os olhos de Willis deslizando em direção


ao espelho retrovisor novamente - não para verificar o tráfego atrás deles,
mas para encarar Luca. Ele não tivera qualquer dificuldade em encontrar
guarda-costas femininos competentes ao reunir a nova equipe de segurança
de Luca, mas as mulheres que foram treinadas em direção ofensiva e
defensiva não eram tão comuns. Ryder tinha optado por Willis, que era um
dos pilotos mais talentosos com quem ele já havia trabalhado - e, para todos
os efeitos, completamente hetero.

Aparentemente, não havia essa coisa de completamente hetero no que


dizia respeito a Luca. Ryder teria que ter uma palavra com Willis mais tarde.

Quando eles entraram na propriedade privada de King's Court, Ryder


se deixou relaxar um pouco. Evelyn D'Amato estava longe de ser a única
residente com uma enorme equipe de segurança privada, e a comunidade de
seguranças era impressionante. O crime nas imediações era praticamente
nulo.

— Minha mãe está em casa? Luca perguntou, surpreendendo Ryder


depois de quinze minutos de silêncio.

— Ela estava no trabalho quando saímos.

— É sábado.

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Ryder não tinha resposta para isso. Luca afundou em seu assento, de
repente, aparentando muito sua idade.

Willis telefonou para o guarda na portaria do D'Amato para avisá-lo


que eles estavam se aproximando. Quando chegaram, Willis deu-lhe o sinal
“tudo limpo” e o homem apertou o botão que abria simultaneamente o
portão na cerca de ferro forjado de três metros e abaixava a linha de tire-
slashers5 logo atrás dele. Eles dirigiram através do caminho de acesso de
cascalho.

Mesmo depois de dois anos, Ryder achava a Mansão D'Amato de tirar


o fôlego. Era enorme com três andares de pedra branca abrangendo trinta e
cinco mil metros quadrados. Apesar de seu tamanho incrível, a casa
conseguiu ser graciosa, até mesmo arejada, principalmente graças a suas
centenas de janelas. Embora eles fossem um pesadelo em termos de
segurança, o efeito visual era nada menos do que impressionante.

Uma mulher gorducha e de meia-idade, com cabelo preto


encaracolado, estava na varanda. O rosto de Luca se iluminou quando ele a
viu. Assim que o carro parou, ele destravou a maçaneta e pulou para fora,
sem se incomodar em esperar que Willis ou Ryder chegassem à sua porta.

— Sheila!

5 perfuradores de pneu.

KM
Ela sorriu e abriu os braços. Luca se jogou neles.

Desde que ele estava seguro o suficiente em sua própria garagem,


Ryder o deixou ir. Ele desafivelou o cinto de segurança e se inclinou para
frente. — Não vamos a nenhum outro lugar hoje, então você está fora, disse
ele a Willis. — Eu vou deixar você saber se precisarmos sair amanhã.

— Sim senhor.

Ryder saiu do carro. Quando Willis foi embora, viu Sheila acenando
para a porta da frente aberta da casa. Duas mulheres vestidas com o
uniforme cinza-e-branco da equipe de limpeza da propriedade se apressaram
e se dirigiram para o segundo Range Rover para ajudar os outros guarda-
costas com a bagagem. O próprio Ryder foi direto para o lado de Luca; a
segurança de seu encargo era sua prioridade número um.

— Oh, bubeleh6, eu mal te reconheço! Sheila estava dizendo. — Você


cresceu como uma erva daninha. A última vez que te vi, você mal chegava ao
meu ombro.

— Eu nem sabia que você ainda trabalhava aqui. Mamãe nunca


menciona você.

— Ela achou que seria mais seguro se nosso contato fosse limitado.
Mas agora você está de volta e temos todo o tempo do mundo para recuperar

6 Filhote, pequeno...

KM
isso.

Embora ela sorrisse ao dizer isso e puxasse Luca para outro abraço,
Ryder viu uma sombra passar por seu rosto. Sheila tinha sido a governanta
da casa dos D'Amatos por mais de uma década; Juntamente com o marido
Ethan, que tinha um papel mais amplo na administração das propriedades
D'Amato, ela vivia lado a lado com a família. Ela sabia melhor do que
ninguém em quanto perigo Luca estava agora que ele havia retornado.

As duas guarda-costas femininas se juntaram a eles na varanda. Ryder


aproveitou a oportunidade para apresentar apropriadamente Sheila e a si
mesmo para Candace Song e Siobhan McCall, ambas já trabalhando com
Luca por vários anos.

— Eu tenho um grande almoço esperando na cozinha, se vocês estão


com fome, disse Sheila depois de terem trocado os apertos de mão.

— Isso seria ótimo, Sheila, obrigado.

Quando eles se voltaram entrar na casa, McCall disse: — Ryder, espere


um segundo.

Song olhou por cima do ombro. Ryder acenou para ela ficar com Luca.
Uma vez que eles estavam sozinhos, ele se virou para McCall. — Está tudo
bem?

— Luca fez um passe para você no carro?

KM
De todas as coisas que ele achava que ela poderia dizer a ele, isso nem
sequer estava na lista. Ele olhou para ela espantado.

Deve ter sido uma pergunta retórica, porque ela não esperou por uma
resposta. — Ele está testando seus limites. Espero que ele não tenha feito
você se sentir muito desconfortável.

— Eu esperava algo assim. A Sra. D'Amato me avisou sobre sua…


situação quando aceitei a tarefa.

McCall o estudou pensativamente. Ela era um pouco de uma anomalia


na equipe de segurança - ela parecia muito mais jovem do que ela era, perto
da idade de Luca, e ela era tão atraente com seu nariz arrebitado, sardas e
uma onda de cachos ruivos que ela podia facilmente passar por uma amiga
ou namorada de Luca. Guarda-costas camuflados eram imperativos para
ajudar o encargo a manter um perfil baixo, então a equipe aproveitou isso.
McCall usava roupas de rua casuais que minimizavam seus músculos duros
e ocultavam suas armas, e ela tinha um relacionamento mais próximo com
Luca do que o típico guarda-costas∕protegido. Ryder ainda não havia decidido
se isso era uma força ou uma vulnerabilidade.

— Olha, eu não quero te ofender, ela disse, — mas desde que você
falou... dada a 'situação' de Luca, para emprestar seu termo, não posso deixar
de me perguntar que diabos D'Amato estava pensando colocando uma fatia
de bolo como você a cargo da segurança dele.

Os lábios de Ryder se contraíram em sua franqueza. — Ela teve suas

KM
razões. É uma longa história.

Não era, mas ele não tinha intenção de compartilhar a verdadeira


motivação por trás de sua promoção com uma mulher que acabara de
conhecer.

— Não é da minha conta. Entendi. E não vou questionar sua


autoridade. Mas só para você saber, se Luca tivesse um tipo, esse seria você.
Ele vai chegar para você com força. Então, por sua causa, espero que você
seja insanamente heterossexual.

Nem mesmo perto.

Ryder acenou com a cabeça para deixá-la saber que ele apreciava sua
preocupação, em seguida, fez um gesto para que ela o precedesse para dentro
da casa. Ele trancou a porta da frente atrás deles enquanto McCall parava no
meio do foyer.

— Puta merda, disse ela.

A entrada tinha três andares, de modo que uma pessoa parada no hall
circular do segundo e do terceiro andar ainda estava tecnicamente dentro do
vestíbulo. Uma grande escadaria tirada do livro da Cinderela se curvava
graciosamente sob um lustre grande o suficiente para esmagar um elefante.
Ele brilhava à luz do sol que entrava pelas muitas janelas.

— Esta sala é maior do que a casa em que cresci.

KM
— Você não estudou a planta que eu enviei para você? Ryder
perguntou quando começaram a andar. Seus passos ecoando no chão de
mármore.

— Sim, mas é muito mais intenso pessoalmente.

Atravessaram a faixa de piso que passava entre as escadas para ligar


o vestíbulo à grande sala. Na verdade, era uma ponte que dava para o nível
inferior, que era mais um quarto andar adicional do que um porão
tradicional. Ryder viu McCall espiar por cima do corrimão e sacudir a cabeça.

Logo antes de entrar na grande sala, que tinha um pé direito de dois


andares com janelas do chão ao teto, eles viraram para a direita e seguiram
pelo corredor que levava ao espaço aberto que constituía a sala da família, a
cozinha principal e a sala de café da manhã. O teto tinha uma altura normal
aqui e uma atmosfera menos sufocante, embora não fosse o que alguém
chamaria de aconchegante.

Luca, Sheila e Song estavam sentados à mesa redonda na sala de café


da manhã, uma alcova envidraçada que se ramificava da parte principal da
cozinha. A Sra. D'Amato contratou um chef particular que trabalhava
durante a semana e mantinha as geladeiras abastecidas com refeições
congeladas para os fins de semana, mas Ryder duvidava que Auguste fosse
responsável pelos pierogies, tzimmes de cenoura e pimentões recheados
espalhados pelo balcão da cozinha. Isso foi tudo Sheila.

Ryder e McCall se serviram. Havia duas cadeiras vazias na mesa entre

KM
Luca e Song. Luca olhou para McCall quando ela tentou se sentar ao lado
dele; Ela revirou os olhos e se sentou no outro lugar, dando a Ryder um
encolher de ombros. Ele sentou-se sem comentar.

As cadeiras estavam muito próximas umas das outras para um


homem do tamanho dele. McCall se moveu a cadeira para abrir espaço. Luca
não.

Ryder estava hiper-consciente do calor da perna de Luca, onde estava


pressionada contra a sua. Ele olhou para baixo. As calças de veludo preta e
macia de Luca estavam agarradas a sua coxa fina, convidando ao toque.
Ryder moveu sua cadeira uma polegada para a esquerda.

— Então, ele disse, fingindo não notar o sorriso de Luca, — o protocolo


de segurança vai ser um pouco diferente do que era na Suíça. Luca precisa
ser acompanhado por um guarda-costas em todos os momentos enquanto
estiver na propriedade. Na maior parte do tempo, serei eu, já que vou morar
aqui...

— Você está morando aqui? Luca interrompeu. Ele parecia muito


emocionado para a paz de espírito de Ryder.

— Sim. Estarei no quarto ao lado do seu para poder responder


rapidamente em caso de emergência.

— Isso é sábio? Song perguntou.

Um silêncio inquieto desceu sobre a mesa.

KM
— Jesus Cristo, Candy, por que você simplesmente não sai e me chama
de ninfomaníaco?

McCall bufou em seu copo de água e até Song abriu um sorriso, mas
Sheila cobriu a boca com a mão, chocada.

— Desculpe, disse Luca para ela. — Eu não deveria ter...- me desculpe.

Ele abaixou a cabeça para retornar à sua comida, e foi quando Ryder
viu o rubor.

Era sutil na pele de azeitona de Luca, mas sua tonalidade era mais leve
do que a maioria dos italianos devido à sua herança mista, por isso não era
invisível. O leve rubor rosa que se espalhou sobre as maçãs do rosto afiadas
fez com que ele parecesse mais humano e quase... doce. Ele realmente estava
envergonhado por ofender Sheila.

Mesmo depois de todos os olhares astutos, linguagem corporal


sedutora, comportamento franco e sacana, não foi até que Ryder viu o rubor
que ele percebeu que estava em apuros.

Ele limpou a garganta. — Como eu estava dizendo, alguém precisará


cobrir Luca quando eu sair. Nós vamos rodar em turnos. Estou trazendo dois
novos guardas para o time.

— E quando sairmos? Perguntou McCall.

— Equipe de três, a menos que estejamos coordenando com os

KM
próprios guarda-costas da Sra. D'Amato. Nesse caso, cabe a Clarke.

As duas mulheres assentiram.

— Luca não vai a outro lugar hoje, então vocês duas estão de folga.
McCall, preciso de você de volta aqui amanhã às nove da manhã. Song, você
está de volta às seis da tarde de amanhã à noite.

Ryder ficou tenso ao toque da mão de Luca em seu braço, mas quando
ele se virou, ficou surpreso ao encontrar o garoto fazendo careta.

— Quem disse que eu não vou a outro lugar hoje?

— Eu, disse uma nova voz.

Ryder olhou surpreso. Em todo o tempo que ele trabalhou para ela,
nunca viu Evelyn D'Amato pisar em sua própria cozinha.

***

— Olá, mãe, disse Luca. Ele hesitou por um momento antes de


empurrar a cadeira para trás e contornar a mesa para abraçá-la. Ela beijou
levemente suas bochechas.

As pessoas que só conheciam Evelyn D'Amato pelo nome eram muitas


vezes surpreendidas quando a conheciam em pessoa. A pele de porcelana, o

KM
cabelo loiro-branco e os olhos azul-acinzentados gelados estavam tão longe
do Mediterrâneo quanto se podia chegar. Ela e Luca tinham quase a mesma
altura - cerca de 1,55 m —-, mas os saltos lhe deram alguns centímetros
extras, do qual ele se ressentiu.

— Olá querido. Eu vejo que você chegou em casa em um pedaço. Para


Ryder, ela disse:— Não houve problemas, presumo?

— Não Senhora.

Os olhos de Evelyn se moveram para as duas guarda-costas. —


Senhorita McCall, Senhorita Song, bem-vindas à nossa casa. Espero que a
jornada não tenha sido cansativa demais.

— Você gostaria de algo para comer, Sra. D'Amato? Sheila perguntou


enquanto ela se punha de pé.

— Eu já comi, Sheila, mas obrigada. Luca, quando terminar o almoço,


eu gostaria de ver você no meu escritório, por favor.

— Claro, mãe.

Evelyn acenou para os outros e saiu da sala. Luca podia sentir Siobhan
observando-o, mas ele a ignorou enquanto retomava seu lugar e pegava o
garfo.

Ele estava faminto há alguns minutos atrás. Agora, o pouco que ele
tinha comido parecia chumbo em seu estômago, e ele sabia que vomitaria se

KM
tentasse comer mais. Ele resolveu empurrar sua comida ao redor do prato.

Os outros retomaram a conversa onde haviam parado. Luca não


escutou. Um observador externo pode não ter sido capaz de dizer, mas
Evelyn estava furiosa. Luca notou a rigidez extra em sua postura, a dureza
em seus olhos. Suas palavras sempre apareciam cortadas quando ela estava
reprimindo a raiva, como se o esforço envolvido nisso tornasse difícil para
ela falar.

O que você esperava? Um desfile de boas-vindas?

Luca respirou fundo. Uma Evelyn irritada não era novidade. Ele não
conseguia nem lembrar da última vez que ela se mostrara satisfeita com ele.

— Estou pronto, disse ele.

Ryder largou o garfo. — Eu vou com você. Até amanhã, senhoras.

Eles se despediram e deixaram a cozinha, indo para o foyer. Luca


odiava o frio, o brilho e o silêncio da casa - como um mausoléu com muitas
janelas. Mesmo a presença de Ryder ao seu lado não o tranquilizou; ele não
tinha motivos para acreditar que pudesse influenciar o comportamento do
homem, muito menos controlá-lo.

Quando eles atravessaram a ponte com vista para o nível mais baixo,
Luca reprimiu o desejo surpreendentemente forte de sugerir que Ryder o
fodesse sobre o corrimão. Ele já havia comprovado por si mesmo que Ryder
não ficava excitado com esse tipo de atitude. No entanto, era uma pena, por

KM
que ele tinha certeza que Ryder fodia como uma britadeira. Luca lançou um
olhar melancólico para as mãos grandes e as coxas grossas e fortes.

O escritório de Evelyn estava do lado esquerdo do foyer. As grandes


portas duplas estavam fechadas e o chefe de segurança de Evelyn, Harrison
Clarke, estava postado do lado de fora.

A coluna de Luca se endireitou e seus lábios se curvaram. Clarke era


um homem afro-americano bonito, com grandes olhos escuros e um sotaque
líquido de Savannah. Ele deixara que Luca o chupasse no último Natal,
quando Evelyn o visitara, e Luca vinha mantendo isso sobre sua cabeça desde
então.

— Oi, Clarke, ele disse no mesmo tom de voz ronronante que ele usara
para convencer Clarke a largar suas calças em primeiro lugar.

Clarke deu-lhe um aceno de cabeça duro. — Sr. D'Amato. Seus olhos


desceram para a boca de Luca e logo se afastaram.

O estômago de Luca se acalmou um pouco.

Clarke bateu em uma das portas e esperou que Evelyn desse


permissão antes de abri-la. Luca passou pelo limiar.

Por que sua mãe precisava de um escritório desse tamanho quando


ela tinha um enorme escritório em Fairburn Howard estava além da
compreensão de Luca. A sala era decorada como uma biblioteca inglesa -
pisos de madeira escura suavizados com tapetes, paredes marrons ricas,

KM
forradas de estantes de livros e paisagens a óleo em molduras douradas.
Evelyn estava sentada em uma pesada mesa de mogno em frente a uma
grande janela com vista para o pátio lateral, os dedos voando sobre o teclado
de um computador de mesa.

Ela acenou para ele e disse: Ryder, você não se importaria de esperar
com o Sr. Clarke...

— Claro, Senhora.

Clarke fechou a porta, deixando Luca sozinho com sua mãe. Ele
tentou arduamente não se sentir abandonado.

— Sente-se.

Luca afundou em uma das poltronas de couro na frente de sua mesa


e cruzou os braços. O escritório foi projetado para ser confortável, até caseiro,
mas ele nunca achou nada além de intimidante.

Evelyn apertou o botão de energia no monitor do computador. Ela


prendeu Luca com um olhar nivelado, que supostamente reduzia homens
crescidos a lágrimas na sala de reuniões. Luca devolveu o melhor que pôde.
Ele teve que literalmente morder a língua para se impedir de falar primeiro,
sabendo que era o que ela queria.

Finalmente, ela suspirou e cruzou as mãos em cima da mesa. — Eu


acho que você não precisa que eu lhe diga o quanto estou desapontada com
você.

KM
— Mas você vai me dizer de qualquer maneira?

— Seu comportamento nos últimos anos tem se tornado cada vez mais
atroz, ela disse, sem nenhuma dica de divertimento em seu tom. —Esta
última travessura passou dos limites. Você me envergonhou, você se
envergonhou e garantiu que todas as escolas de boa reputação na Europa e
na Ásia fechem suas portas no segundo em que ouvirem seu nome.

— Eles não devem ter muita fé em sua equipe.

— Pelo amor de Deus, Luca, se tudo o que você fizesse fosse dormir
com alguns professores, não teríamos essa conversa. Esse tipo de indiscrição
é facilmente ignorado pelo preço certo. É o seu talento para a falta dramática
e absoluta de respeito próprio que nos trouxe a esta situação.

Ele encolheu-se contra as costas da cadeira, picado. Evelyn inspirou e


expirou devagar. Luca podia ver a tensão em seu rosto enquanto lutava para
manter seu autocontrole - o céu proibia que houvesse ao menos uma fissura
em sua compostura glacial.

Com uma voz mais calma, ela disse: — Suponho que deveria ser grata
por seus interesses serem limitados aos homens. Só Deus sabe quantos
bastardos você teria correndo por aí agora se eles se estendessem às
mulheres também.

Luca revirou os olhos. Como se ele fosse estúpido o suficiente para


não usar camisinha.

KM
— Estou tentando inseri-lo na sua antiga escola aqui em Bethesda,
mas, como você pode imaginar, eles têm sérias reservas que estão se
revelando difíceis de serem dissipadas. Até esse ponto, você será ensinado na
propriedade. Você não sairá do local por qualquer motivo sem minha
permissão expressa.

— Você não pode me manter trancado aqui. Eu tenho dezoito anos.


Eu sou um adulto.

— Verdade. É claro que você está livre para sair permanentemente, se


quiser - sem dinheiro e sem segurança.

Em outras palavras, como um alvo fácil. Luca duvidava que sua mãe
o deixasse ir desprotegido, não importava o que ele fizesse, mas estava seguro
o suficiente para apostar sua vida nisso?

— Sob nenhuma circunstância você deve dormir com qualquer dos


funcionários, disse Evelyn. — Se você acha que não consegue controlar seus
impulsos, avise-me e organizarei a visita de uma agência discreta.

Luca ficou de boca aberta para ela. — Uma prostituta?

— Um acompanhante profissional.

Como ela poderia entendê-lo tão pouco? Luca não tiraria nada do sexo
com uma prostituta. O homem só estaria nele pelo dinheiro; ele não estaria
interessado em Luca em tudo. Isso seria inútil.

KM
Frustrado, ele disse: — Eu nunca durmo com uma prostituta. Não é
sobre o sexo.

— Você poderia ter me enganado.

Luca puxou os braços com mais força. A expressão de Evelyn se


suavizou um pouco. Ela se levantou e se moveu em torno de sua mesa para
se inclinar contra a borda mais próxima dele. A repentina jogada da
maternidade fez com que Luca imediatamente desconfiasse.

— Eu fiz contato com um excelente psiquiatra em D.C.

— Ai Jesus...- —

— Ela concordou em vê-lo uma vez por semana. Você tem tomado sua
medicação?

— Eu não sou louco.

— Um transtorno de ansiedade em nenhum momento implica


insanidade, Luca, como você sabe muito bem.

Seus dedos cavaram em seus bíceps como garras. — Talvez você


devesse ver um psiquiatra. Então, novamente, eu não acho que eles fazem
alguma pílula que possa curar uma cadela sem alma.

Evelyn deu um tapa no rosto dele, com força suficiente para fazê-lo
chorar. Ele instintivamente levantou uma mão para cobrir sua bochecha
ardente.

KM
— Nunca mais fale comigo dessa maneira, disse ela em voz baixa e
firme. — Eu sou sua mãe. Você pode me odiar o quanto quiser, mas vai me
respeitar. Entendeu?

— Sim.

Ela voltou para o seu lugar. — Você vai me acompanhar até a igreja
amanhã. Você se comportará de todas as maneiras como um filho modelo e
cidadão deve se comportar, ou as consequências serão terríveis.

Luca assentiu.

Eles se sentaram em silêncio enquanto Evelyn olhava para ele. Luca


olhava fixamente para o chão. Ele podia sentir as lágrimas picando por trás
de seus olhos, e a possibilidade de chorar na frente de sua mãe o horrorizou.

— O que seu pai diria se pudesse vê-lo agora?

A fúria repentina deu a Luca força suficiente para levantar a cabeça.


— O que você diria se ele pudesse perguntar por que você o deixou morrer?

KM
Capítulo três

Luca saiu do escritório com uma expressão inexpressiva. Havia uma


marca vermelha viva em sua bochecha esquerda.

Ryder não tinha sido capaz de ouvir os detalhes do que ele estivera
discutindo com sua mãe, apenas um baixo murmúrio de conversa, mas a
bofetada - e o grito de dor que se seguiu - tinha soado alto e claro. Embora
Ryder tenha se encolhido de surpresa, Clarke não tinha nem piscado. Pela
primeira vez, Ryder se viu desejando que seu colega fosse antiético o bastante
para fofocar sobre seu empregador.

Luca passou direto por eles e seguiu em direção às escadas. Levou


apenas dois passos largos para Ryder alcançá-lo.

— Eu ainda estou no meu antigo quarto? Ele perguntou. Sua voz tinha
uma qualidade oca que perturbou Ryder.

— Não, tem muitas janelas. Eu vou ficar nesse. Você está no quarto ao
lado dele.

Luca começou a subir as escadas. Ryder o seguiu. Sua mão apertou o


corrimão quando ele deu sua primeira boa olhada no traseiro de Luca.

Ele realmente desejou que não tivesse, porque era o material vivo do

KM
qual as fantasias pornográficas sujas eram feitas. Alto, apertado e
obscenamente redondo, o traseiro de Luca estava apenas implorando por um
bom tapa forte. A palma de Ryder coçava para dar isso a ele.

Ele forçou os olhos para longe. Cobiçando o traseiro do homem -


garoto – da pessoa que ele estava sendo pago para proteger era o auge da
falta de profissionalismo.

Eles chegaram ao patamar do segundo andar e se dirigiram para a ala


leste. Havia dois quartos no lado norte, de frente para o quintal. Luca parou
na porta do primeiro.

— Este?

— Sim.

Luca abriu a porta e entrou. Ryder tinha estado no quarto antes para
estabelecer algumas medidas de segurança; ele gostara da maneira serena e
mundana que Sheila o havia decorado, o que era uma mudança em relação à
decoração moderna e gritante encontrada na maior parte do resto da
propriedade. As paredes eram pintadas de um verde suave, os móveis de
madeira texturizada e fibras naturais. Um enorme tapete com um desenho
abstrato em tons de marrom e verde cobria a maior parte do piso de carvalho
polido.

O toque mais agradável, porém, foi que Sheila havia colocado dezenas
de fotos de infância emolduradas por todo o quarto. O rosto de Luca perdeu

KM
um pouco de sua rigidez quando ele olhou para eles, ocasionalmente
estendendo a mão para traçar as pontas dos dedos sobre suas superfícies de
vidro. Enquanto Ryder o observava se mover, ocorreu-lhe que havia algo de
muito felino em Luca – talvez em seu andar sinuoso, uma tensão enrolada
em sua postura que sugeria que ele poderia atacar a qualquer momento.

Luca parou ao lado de uma das mesinhas de cabeceira, pegando um


pequeno retrato. Era de um homem que Ryder sabia ser Antonio D'Amato, o
falecido pai de Luca, segurando um jovem Luca em seu colo e sorrindo para
a câmera. A semelhança entre pai e filho era forte.

A mandíbula de Luca se apertou. Ele colocou a foto de volta com


muito cuidado e virou-a para a parede.

Ryder franziu a testa, mas não era seu lugar para dizer qualquer coisa.
Ele foi distraído de sua preocupação quando Luca se moveu em direção à
porta de vidro que levava à varanda.

— Esse é um toque interessante, disse Luca, apontando para a grade


de segurança de metal que Ryder havia instalado do lado de fora.

— Se alguém vier atrás de você aqui, a sacada seria a primeira linha


de ataque deles. Ryder destrancou a porta e a abriu alguns centímetros para
que ele pudesse mostrar a Luca como trabalhar na trava de liberação de
emergência. — Não abra isso a menos que haja um incêndio ou alguma outra
emergência que torne a varanda sua única rota de fuga. Um alarme disparará
na sala de controle, no andar de baixo, se a grade for levantada.

KM
— Tudo bem.

Ryder fechou a porta, trancou-a e disse sem pensar: — Se você


realmente quiser sair para a varanda, eu posso levá-lo através do meu quarto.

Ele quase deu um tapa em si mesmo. Sim, o quarto dele e o de Luca


compartilhavam uma varanda, mas ele nunca teve a intenção de fazer uma
oferta dessas e não conseguia imaginar porque ele tinha. Luca iria
definitivamente interpretá-lo como uma abertura para avançar.

Houve uma fração de segundo em que Luca pareceu não ter


entendido. Então ele sorriu. — Eu não acho que vou ter muita coisa para fazer
sentado na varanda em novembro. Mas obrigado por oferecer.

Bem. Isso foi inesperado. Ryder não sabia se ele estava aliviado ou
desapontado - não, caramba, é claro que ele ficou aliviado.

Impaciente com sua própria idiotice, Ryder foi até a cômoda e pegou
um pequeno disco de plástico preto com um botão vermelho embutido no
centro. Estava pendurado em uma corrente de prata. — Sempre que você
estiver em um quarto sozinho, certifique-se de mantê-lo ao alcance o tempo
todo, disse ele, entregando-o a Luca.

— O que é isso?

— Um botão de pânico. Se achar que está em perigo, pressione-o e ele


imediatamente me alertará e a qualquer outra pessoa da sua equipe de
segurança que esteja de plantão. Não é só por questões de segurança - se você

KM
se ferir acidentalmente ou engasgar com comida ou qualquer coisa ameaçar
sua saúde ou segurança, pressione esse botão.

Luca enfiou o botão de pânico no bolso. — Você já esteve no exército?

Ryder permaneceu em silêncio. — Por que você pergunta?

— É a forma como você fala - muito direto ao ponto.

Vindo de alguém que estava colocando sua vida nas mãos de Ryder, a
questão era perfeitamente pertinente. Ele manteve a voz mesmo. — Eu servi
quatro anos no exército.

— Você esteve no Iraque?

— Sim.

Ryder não teria ficado surpreso se Luca tivesse ido mais longe, mas o
garoto apenas assentiu e pareceu perder o interesse. — Vou tomar um banho,
disse ele.

— Eu estarei do lado de fora no corredor.

O recuo de Ryder em direção à porta foi interrompido abruptamente


quando Luca tirou o suéter e, descuidadamente, o jogou de lado,
permanecendo em uma polo azul escuro de mangas compridas.

— Você não precisa sair.

— Tenho certeza que você quer algum tempo sozinho para se

KM
recuperar da sua viagem.

Luca começou a desabotoar sua camisa. — Talvez eu me sentiria mais


seguro se você fosse ao banheiro comigo.

— Isso seria muito inadequado, disse Ryder, mesmo com seus olhos
errantes seguindo o caminho dos dedos de Luca.

— Estou com jet-lag. Eu poderia escorregar e cair no chuveiro.

— É para isso que serve o botão de pânico.

Luca tirou a camisa e a deixou cair no chão. Levou toda a


autodisciplina que Ryder possuía para manter sua reação sob controle. Luca
podia ter uma constituição magra, mas ele estava longe de ser frágil - seus
braços e torso eram preenchidos com o músculo magro e duro. Os mamilos
escuros eram seixos suaves em um peito liso e bem definido. Um brilho
prateado em seu umbigo intrigou Ryder até que ele olhou mais de perto e
percebeu que havia uma barra de aço perfurada através dele. A excitação
bateu nele como um soco no estômago.

— E se eu bater minha cabeça e desmaiar?

A mão de Luca deslizou pelo seu abdômen para brincar com o botão
de cima de suas calças. Ryder arrastou seu olhar de volta para o corpo de
Luca para encontrar seus olhos. A malícia e o pequeno brilho de triunfo que
ele viu ali o trouxeram de volta a si mesmo.

KM
— Tenho certeza que você sabe tomar um banho sem se matar, disse
ele. — Eu estarei no corredor.

Ryder saiu da sala antes que sua determinação pudesse vacilar. O


grande espaço aberto entre os quartos no lado norte da ala leste e aqueles no
lado sul foi projetado como uma sala de estar, com vários sofás, uma mesa
de café de vidro, vasos de plantas e uma televisão que Ryder nunca tinha
visto alguém usar. Duas poltronas e uma mesa de canto foram colocadas
contra a parede entre o quarto de Luca e o de Ryder. O arranjo parecia uma
extensão da área da sala de estar, mas só havia sido acrescentado alguns dias
atrás para dar ao guarda-costas de serviço de Luca um lugar para sentar.

Ele afundou na cadeira mais próxima da porta de Luca e fechou os


olhos por um momento, centrando-se. Luca era fenomenalmente atraente.
Tentando negar isso gastaria toda a energia dele e o enlouqueceria. Ryder
tinha que reconhecer, aceitar e seguir em frente. Ele não podia evitar se
sentir atraído por Luca, e não havia nada de errado com isso, contanto que
ele mantivesse as mãos longe do garoto e não deixasse isso interferir em seu
trabalho.

Ryder abriu os olhos. Muito fracamente, ele ouviu o banho de Luca


começar. Ele se acomodou em uma posição mais confortável e estabeleceu
um estado de consciência tranquila. Essa era a parte do trabalho que ele mais
gostava, esse tipo de meditação alerta onde ele estava relaxado, mas
completamente focado em seu ambiente. Ele já se familiarizara com os sons
das tábuas do assoalho se estabelecendo, o aquecedor soprando, a equipe de

KM
limpeza e a equipe de segurança cuidando de seus negócios; ele sintonizou
com a atmosfera da casa para que ele soubesse em um instante se algo de
errado ocorresse.

Teria sido mais fácil se ele não tivesse que ficar de lado pensando em
como Luca poderia parecer nu no chuveiro com a água escorrendo pelo seu
corpo bonito e elegante.

***

Ryder o queria.

Luca tinha visto o interesse em seus olhos quando ele tirou a camisa.
Ele fez isso especificamente para que pudesse avaliar o quão duro ele teria
que trabalhar para atrair Ryder. A maneira que Ryder tinha olhado para ele
tinha sido muito esclarecedor - Luca excitou-o.

Então, por que Luca estava sozinho no chuveiro agora?

Isso era enlouquecedor. Ryder deveria estar lá com ele, de preferência


com as mãos no pau de Luca. Por que ele estava resistindo a algo que ele
obviamente queria?

Luca inclinou a cabeça para trás para deixar a água morna encharcar
seus cabelos. Voar sempre o fazia se sentir tão sujo. Enquanto ele

KM
massageava o xampu em seu couro cabeludo, ele pensou em como Ryder
tinha respondido calmamente quando Luca o assediara no carro. Mesmo
agora, quando o interesse dele ficara claro, ele não mostrara nenhum sinal
de que ele tinha qualquer intenção de realmente tocar Luca, e ele saiu sem
olhar para trás.

Ele precisava de um plano. Isso nem precisava dizer. Mas Luca ficou
perplexo porque Ryder não estava dando quase nada a ele para trabalhar.

Ele enxaguou o xampu e passou o condicionador pelo cabelo, revendo


suas opções. Uma vagabunda agressiva, a velha tática de Luca, era um grande
não. Idem para menino indefeso. O virgem inocente estava fora também,
porque Ryder saberia que isso era besteira.

Isso seria mais fácil quando Luca conhecesse Ryder melhor. Um par
de horas não era suficiente para uma avaliação precisa de sua personalidade.
Tudo o que Luca sabia com certeza era que Ryder esteve no Exército e, em
seguida, escolhera se tornar um guarda-costas, então ele provavelmente era
corajoso, não tinha problema em se colocar em situações de risco de vida, e
talvez saísse correndo riscos. Na experiência de Luca, os guarda-costas,
sejam masculinos ou femininos, tendiam a ter personalidades agressivas e
fortes - mas isso geralmente significava que eles poderiam cair facilmente no
ato indefeso, e Ryder não tinha ido para nada disso. Luca nem achava que
Ryder tinha reconhecido isso como uma tentativa de paquera em primeiro
lugar.

KM
Luca se esfregou com o sabonete, enxaguou-o e ao condicionador e
desligou a torneira sem ter conseguido chegar mais perto de um plano
concreto. Ele simplesmente não sabia o suficiente. Essa incerteza o deixou
ansioso e intrigado; Já fazia muito tempo desde que ele teve que colocar
algum pensamento e esforço em uma sedução.

Ele se secou com uma toalha felpuda e vestiu cuecas boxer limpas e
um par de calças rasgadas. O relógio na mesinha de cabeceira dizia que era
uma e meia, mas para Luca parecia mais como depois das seis, graças à
mudança de horário. Seu corpo estava altamente desconcertado pela luz do
sol da tarde brilhante que entrava pela porta de vidro. Luca sabia que ele
deveria tentar ficar acordado o máximo possível para se ajustar à sua nova
agenda, mas a viagem de avião tinha sido longa e exaustiva com a atitude de
Warnock e Scheller fingindo que ele não existia.

Havia uma televisão de tela plana pendurada na parede em frente à


cama. Luca pegou o controle remoto da escrivaninha e se jogou na colcha de
listrada nas cores chocolate e creme. Ele ficou agradavelmente surpreso com
o quão macio era, quase tão exuberante quanto veludo. Sheila era a melhor.

Luca ligou a TV e passou pelos canais, seus pensamentos mais focados


em Ryder do que nas imagens na tela. Talvez fosse melhor recuar por alguns
dias até que ele tivesse uma ideia melhor do que pudesse atrair o homem.
Isso sobrecarregaria a paciência de Luca, mas valeria a pena pela chance de
colocar as mãos naqueles músculos poderosos.

KM
Ele encontrou um canal de filmes vinte e quatro horas que estava
exibindo uma comédia sem sentido e optou por esse. Dentro de alguns
minutos, ele estava cochilando.

Por um longo tempo, seu sono foi inquieto e quebrado, a luz do sol
tornando difícil para sua mente submergir muito profundamente. Quando
ele finalmente caiu em um sono real, ele acabou desejando que ele não
tivesse.

Luca sonhou que ele estava em um deserto ártico. Em todas as


direções, não havia nada além de quilômetros de gelo e neve; a paisagem era
plana, estéril. Um vento cruel soprava em torno dele com um assobio agudo
e ele percebeu que estava nu.

Não havia nada a fazer senão andar. Se ele permanecesse imóvel por
um momento, seus pés descalços ficavam presos no gelo, e a dor de libertá-
los era insuportável. Luca seguiu em frente. Ele não sabia para onde estava
indo, só que precisava continuar andando.

O vento cortante trouxe lágrimas aos seus olhos que congelaram em


suas bochechas. Ele soprou neve contra ele, cobrindo cada centímetro de sua
pele com uma fina camada de gelo que ficava mais grossa conforme ele
andava. Logo ele estava totalmente envolto nela e, embora nunca tivesse
conhecido um frio tão intenso, de alguma forma o gelo não impedia seu
movimento.

Luca sentiu um fio gelado dentro do peito e, com horror, percebeu que

KM
o gelo estava se infiltrando em sua pele, no sangue e na medula óssea. O que
aconteceria quando chegasse ao cérebro dele? Ele morreria, ou ele
continuaria se movendo como um zumbi congelado?

Seu coração pulou quando viu uma cabana à distância. Ele correu em
direção a ela, sabendo que ele tinha que chegar lá antes que a tundra o
reivindicasse completamente.

Não havia porta na cabana, mas com a lógica dos sonhos, Luca
atravessou a parede e não pensou em nada. No interior, estava vazio, exceto
pelo homem alto e musculoso parado no meio.

Embora Ryder estivesse nu também, não havia gelo nele. Ele não
parecia afetado pelo frio; seus mamilos estavam planos, sua pele não estava
arrepiada, e seu pênis pendia pesado e flácido entre suas pernas. Luca ficou
subitamente embaraçado com sua própria condição.

Ryder olhou para ele impassível. — Você está coberto de gelo.

— Sinto muito, foi tudo o que Luca pôde pensar em dizer.

Ryder estendeu a mão. Luca aceitou.

Uma explosão de calor abrasador subiu por seu braço, tão intenso que
ele gritou. O gelo estremeceu, rachou e caiu como um molde de gesso
quebrado. O calor se espalhou por seu ombro, correndo por suas veias. Em
todos os lugares que tocou, o gelo se partiu ou derreteu completamente, e em
segundos, Luca ficou nu. Tudo o que restava do gelo era um brilho de água

KM
morna cobrindo-o da cabeça aos pés.

— Melhor, disse Ryder.

— Eu não entendo...-

Ryder alcançou sua garganta. Por um momento de parar o coração,


Luca pensou que o homem iria estrangulá-lo, mas Ryder tirou algo do peito.
Era o botão do pânico, pendurado em sua corrente em volta do pescoço de
Luca.

Luca olhou para o disco de plástico e depois para o rosto de Ryder. Ele
ouviu uma batida afiada e distante. — Estou em perigo?

— Sim.

Ryder apertou o botão.

Luca acordou com um suspiro aterrorizado. Ele se sentou na cama,


com o coração batendo contra as costelas como um pássaro frenético
batendo contra as barras de sua gaiola. O barulho da batida parecia ter
seguido o sonho, e ele entrou em pânico antes de perceber que era apenas
alguém batendo em sua porta.

— Luca, posso falar com você por um minuto? Ryder disse do outro
lado.

— Apenas...- ...apenas um segundo. Luca tirou o cabelo da testa,


encontrando-o úmido de suor. Seus músculos estavam fracos e trêmulos.

KM
O quarto estava escuro; uma olhada no relógio provou que era depois
das seis. Luca ligou a lâmpada de cabeceira antes de se levantar. Ele tropeçou
em direção à porta, desorientado pela soneca e pelo pesadelo.

— O quê? Ele disse, talvez um pouco rudemente.

Ryder observou seus olhos turvos e seu estado seminu. — Você estava
dormindo?

— Sim, mas foi bom você me acordar ou eu não conseguiria dormir


esta noite.

Luca notou uma mulher em pé além do ombro de Ryder. Ela parecia


estar em seus trinta e poucos anos, compacta e atlética, seu cabelo loiro sujo
puxado para trás em um rabo de cavalo. Ryder a chamou para frente.

— Esta é Phoebe Christianson, um de seus novos guarda-costas.


Christianson, Luca D'Amato.

— Prazer em conhecê-la, disse Luca, estendendo a mão.

— Você também, senhor.

— Oh, não, por favor, não me chame assim. Apenas “Luca” está bem.

Ela assentiu.

— Estou saindo de folga agora, disse Ryder. — Christianson estará


com você a maior parte da noite.

KM
— Tudo bem.

— E sua mãe me pediu para avisar que ela espera você na sala de jantar
para o jantar às sete.

— Qual?

— A menor.

Luca reprimiu um suspiro. Ele teria que se trocar de novo - embora,


pensando bem, isso irritaria sua mãe se ele descesse para jantar vestido de
maneira informal. Depois do pesadelo que ele acabara de ter, ele poderia usar
um pouco de diversão. Mas no interesse de não empurrá-la longe demais...

Ele olhou para baixo em si mesmo. — Eu acho que eu deveria colocar


uma camisa.

KM
Capítulo quatro

Ryder nunca tinha ficado tão feliz em passar seu turno em sua vida.
Assim que Luca desapareceu de volta em seu quarto, Ryder deu boa noite a
Christianson e desceu as escadas para a cozinha principal.

Um dos seguranças da propriedade, Matt Pearson, estava fazendo sua


pausa para o jantar na sala de café da manhã. — Hey, gostosão, ele disse
amavelmente quando Ryder entrou. — Como está o novo trabalho?

— Desafiador. Ryder abriu um dos freezers gigantes.

— Sim? Você desejando ter ficado com a gente, os peões humildes?

— De jeito nenhum. Você nem quer saber o tamanho do meu


aumento.

— Eu realmente não quero. Desgraçado.

Cada contêiner estava claramente rotulado com a caligrafia precisa de


Auguste. Levou apenas um minuto para Ryder encontrar um pouco de frango
assado, arroz integral e legumes congelados. Ele despejou tudo em um prato
e colocou no micro-ondas de grandes dimensões.

Através da despensa do mordomo que conectava a cozinha com a sala

KM
de jantar informal, Ryder podia ouvir a conversa tranquila e o retinir das
louças enquanto as criadas arrumavam a mesa para o jantar do D'Amatos.
Ele estava egoisticamente feliz por ser Christianson, e não ele mesmo, que
teria que se sentar para o evento. Depois do que quer que tenha se passado
entre eles no escritório da Sra. D'Amato antes, estava certo que isso seria
desconfortável.

Ryder tirou sua comida do micro-ondas e se juntou a Matt na mesa.


Ele não tinha comido desde o lanche de Sheila horas atrás, mas desde que ele
tinha companhia, ele tentou manter um pouco de decoro enquanto enchia a
barriga.

— Então, todas as coisas que eu ouvi sobre o garoto são verdadeiras?


Matt perguntou.

— Que coisas?

— Vamos, Jake. A Sra. D'Amato pode tentar manter tudo abafado,


mas as coisas vazam. As pessoas falam.

— Incluindo você, aparentemente.

Matt pareceu um pouco envergonhado. — Eu só estou curioso. Tudo


sobre ele é sempre tão sigiloso.

— Ele é apenas uma criança.

— Isso não é o que eu ouvi.

KM
— Eu não me importo com o que você ouviu. Ryder fez uma careta
para ele. — Você deveria saber melhor, Matt. A sério.

Matt abaixou a cabeça e mudou o assunto para falar de futebol. Ryder


deixou ir. Matt era um cara legal, um dos poucos guardas que Ryder gostava
o suficiente para sair fora do trabalho, e uma reprimenda era suficiente. Ele
não era malicioso, apenas curioso, como ele disse. Era a natureza humana.

Quando Matt voltou a trabalhar às seis e meia, Ryder pegou uma


garrafa de água para si e uma xícara de café para Christianson e voltou para
o segundo andar. Felizmente, a porta do quarto de Luca ainda estava
fechada; ele precisava de tempo e espaço para consolidar sua determinação
antes de lidar com o que quer que Luca com certeza iria lançar para ele em
seguida.

Christianson agradeceu pelo café. Ryder se retirou para seu quarto e


trancou a porta atrás dele com uma enorme sensação de alívio.

Ele só havia se mudado antes de ontem; o quarto estava cheio de


caixas que ele ainda não tinha desembalado. A mobília barata que ele trouxe
de seu apartamento parecia fora de lugar no quarto luxuoso, com sua
moldura decorativa e carpete azul escuro. Um grande nicho envidraçado,
idêntico em forma à sala de café da manhã diretamente abaixo, deixava
entrar muita luz durante o dia. Ryder ficou surpreso ao saber que este tinha
sido o quarto de Luca ao longo de sua infância - entre as múltiplas janelas
enormes e a porta da varanda, era o quarto menos seguro da casa.

KM
Também era quase tão grande quanto seu antigo apartamento. Ryder
tinha sido capaz de encaixar praticamente tudo o que ele possuía nele, e ele
fez bom uso do nicho, montando seu equipamento de ginástica lá. A
propriedade possuía uma academia no andar de baixo que a equipe era livre
para usar, mas sempre estava ocupada, e como o treinamento era a principal
via de alívio do estresse de Ryder, ele preferia fazê-lo sem companhia.

Ele estava especialmente ansioso por isso hoje à noite. O pescoço e os


ombros estavam atados com uma tensão que só o esforço físico sério podia
purgar. Ryder tirou suas roupas, pendurou seu terno e colete à prova de balas
no armário e travou seu coldre de ombro com suas duas Glocks 19 no cofre
de arma. Ele colocou sua compacta Glock 26, que ele usava em um coldre de
tornozelo, na mesa para que ele pudesse chegar rapidamente em uma
emergência. Sem todo aquele peso extra, ele estava com uns bons dez quilos
mais leve.

Ryder vestiu tênis e calções esportivos, não se importando com uma


camisa, uma vez que só acabaria encharcada de suor. Ele encaixou o iPod em
um conjunto de alto-falantes baratos e escolheu uma música com uma batida
baixa e latejante, depois subiu na esteira.

Embora a genética o tinha abençoado com sua estrutura robusta -


todos em sua família eram altos e atléticos - os músculos sérios que Ryder se
orgulhava eram o resultado de horas de intenso esforço toda semana. A
aptidão física era parte integrante de sua profissão, é claro, mas era mais que
isso. Ryder se deleitava com o poder que corria através de seus músculos

KM
quando ele corria ou levantava pesos, ansiava pela sensação de seu corpo
zumbindo como uma máquina bem lubrificada. O exercício clareou sua
mente como nada mais. Nenhum problema era tão complexo que ele não
pudesse suar ele fora.

Os olhares apreciativos que ele recebia de homens e mulheres


também não eram ruins.

Ryder se aqueceu primeiro, correndo por quinze minutos antes de


fazer a transição para a rotina da parte superior do corpo. O circuito levaria
cerca de quarenta minutos, e então ele planejava fazer uma corrida dura até
que sua mente estivesse completamente vazia.

No momento em que ele estava terminando suas últimas repetições,


no entanto, houve uma batida em sua porta. Embora Ryder não gostasse de
interromper seu treino enquanto as endorfinas estavam bombeando, era
provavelmente um dos guardas da propriedade, e eles não o incomodariam
se não fosse importante. Ele relutantemente colocou seus halteres no suporte
de peso e pegou uma toalha na esteira para enxugar o suor do rosto, jogando-
o sobre o ombro enquanto abria a porta.

O queixo de Luca caiu.

Ryder não esperava enfrentá-lo novamente tão cedo; Ele não


conseguia pensar em nada para dizer. Tampouco pôde impedir a emoção
gratificante de ver as mesas viradas. Luca não escondeu sua admiração ao
ver o corpo suado e seminu de Ryder.

KM
— Deus, você é como o Incrível Hulk, ele disse.

— Eu acho que isso é um exagero.

— Só porque você não é verde.

Ryder era mais forte que o homem comum, mas ele não era
fisiculturista. Ele estava bem dentro dos parâmetros do tamanho humano
normal. A sugestão de que ele era de alguma forma esquisito, mesmo soando
como um elogio, o deixava desconfortável.

— Você precisa de algo?

— Um...- Luca não levantou os olhos do peito de Ryder. —Eu estava


me perguntando se Siobhan estava na propriedade esta noite. Eu sei que ela
ainda não tem um lugar para ficar.

— Sua mãe acomodou McCall e Song em um hotel até que elas façam
arranjos mais permanentes.

— Oh...-

Ryder não achava que Luca estivesse escutando-o. Ele nunca fora alvo
de um escrutínio tão descarado; Isso era ao mesmo tempo lisonjeiro e
objetivante. Desde que ele não tinha certeza de como responder a isso, ele
optou por ignorá-lo. — Se você realmente precisa falar com ela, eu posso te
dar o número dela no hotel.

Luca finalmente se dignou a olhar para o rosto de Ryder. — Não, ela

KM
provavelmente está dormindo. Eu só queria fazer uma pergunta a ela. Pode
esperar até amanhã.

Seus olhos voltaram para o corpo de Ryder como se estivessem


magnetizados. Ele balançou mais perto e descansou a palma da mão no peito
escorregadio de Ryder.

— Luca, é inapropriado você me tocar desse jeito, disse Ryder, ciente


de que Christianson estava a poucos metros de distância e podia ouvir cada
palavra.

— Eu não posso me ajudar. Quero me esfregar em você e cavalgá-lo


como um cavalo.

Até agora, Ryder já estava familiarizado com a técnica de sedução de


Luca - o tom de ronronar, a postura furtiva, o olhar intenso e predatório. Mas
agora não havia nada disso. A voz de Luca estava crua, seus olhos desfocados.
Sua mão tremia contra a pele de Ryder.

Quando ele aceitou essa tarefa, Ryder se preparou para desviar uma
sedução praticada, mas ele estava indefeso diante do desejo sincero de Luca.
Ele disparou direto para o seu núcleo e endureceu seu pênis. Sua respiração
encurtou e seu coração disparou.

Luca sentiu isso. Ele olhou para a mão e depois para Ryder. Sua língua
saiu para molhar os lábios. Ryder sabia que Luca ia beijá-lo, e sabia com a
mesma certeza que ele não era forte o suficiente para impedi-lo.

KM
Então algo mudou. O olhar de Luca se aguçou e se tornou calculista;
sua boca se curvou em um sorriso. Entre um segundo e o seguinte, ele passou
de um jovem apaixonado para um incubus faminto. A espinha de Ryder ficou
rígida.

Os olhos de Luca viajaram sem pressa pelo corpo de Ryder até sua
virilha, onde seus shorts estavam fazendo um péssimo trabalho em esconder
o fato de que seu pênis estava a meio mastro. — É tudo... proporcional? Luca
perguntou em um sussurro rouco. — Eu iria mancar depois?

Sacudido pela transição repentina, Ryder agarrou o pulso de Luca


mais forte do que ele pretendia. — Eu vou te dar outro motivo para mancar
se você não voltar para o seu quarto agora.

Sua raiva não intimidou Luca; pelo contrário, o rosto de Luca se


iluminou com interesse e ele se aproximou ainda mais.

— Você me espancaria? Eu gosto de ser levado ao joelho de um


homem.

Foi demais. Ryder não conseguia acompanhar a personalidade em


constante mudança de Luca. Não fazia ideia se alguma coisa que Luca dizia
fosse verdade ou se eram todas apenas palavras de um manipulador
habilidoso. Ele podia sentir o cheiro do xampu de Luca e isso estava
deixando-o tonto.

Ryder empurrou Luca com tanta força que o garoto cambaleou para

KM
trás e quase caiu.

Deus. Ele apenas empurrou seu próprio protegido. Com os últimos


vestígios de seu autocontrole, Ryder disse: — Boa noite, senhor D'Amato, e
bateu a porta no rosto chocado de Luca.

Ele bloqueou a fechadura imediatamente, não confiando em Luca por


um segundo, então se virou e caiu contra ela. Seu sangue, já quente do treino,
agora chiava de raiva e luxúria. Ryder queria dar um tapa no rosto arrogante
e sorridente de Luca. Ele queria dar ao pirralho a palmada que ele implorava.
Ele queria encontrar o homem vulnerável que havia tremido ao seu toque e
beijar cada centímetro de seu corpo.

Ele queria saber qual era o verdadeiro Luca.

Ryder gemeu, mantendo a boca fechada, já que Luca ainda poderia


estar do lado de fora. Envergonhado por sua fraqueza, ele enfiou a mão
dentro do calção para liberar seu pênis, que aumentava ainda mais a cada
momento.

Era de fato proporcional ao resto de seu corpo; Ryder tinha crescido


como objeto de ciúme e admiração de outros meninos no vestiário. Ele
pensou nos quadris estreitos de Luca e em seu traseiro apertado. Ryder iria
rasgar o garoto aberto com um pau assim.

Ele se empurrou com golpes ásperos e brutais, punindo-se ao não usar


cuspe para lubrificação. O atrito seco não diminuiu seu ardor. Ele respirava

KM
com dificuldade pelo nariz enquanto sua mente se enchia de imagens de todo
o seu comprimento grosso enfiado no traseiro de Luca, fazendo-o se
contorcer e gritar. Ou talvez ele devesse foder o rosto de Luca. Aquela boca
imunda tinha que ser boa para alguma coisa...-

A cabeça de Ryder bateu contra a porta e ele jorrou por todo o seu
punho.

***

Luca ficou imóvel, com o cérebro girando enquanto tentava processar


o que acabara de acontecer.

Ele bateu na porta de Ryder com intenções verdadeiramente


inocentes. Nunca, nem por um momento ele pensou que Ryder atenderia
sem camisa e brilhando de suor como um lutador grego da antiguidade.
Todos os seus planos saltaram pela janela.

Luca olhou para Christianson. De onde ela estava, ela não poderia ver
Ryder, mas ela podia ver Luca e ela definitivamente ouviu a conversa deles.
Embora Luca nunca tenha se preocupado com as opiniões de seus guarda-
costas antes, ocorreu-lhe que agora havia todas as possibilidades de que um
dia Christianson seria a única pessoa entre ele e um atacante. Melhor não
aliená-la.

KM
Ele balançou a cabeça e deu-lhe seu melhor sorriso triste. — Às vezes
eu fico meio maluco com homens tão bonitos.

— Não ficamos todos nós? Ela disse, retornando seu sorriso.

Tranquilizado, Luca entrou em seu quarto. — Boa noite, Sra.


Christianson.

— Boa noite, Luca.

Ele queria falar com Siobhan porque ele queria ter certeza de que ela
pegara as pílulas e, depois do jantar forçado com a mãe, ele achava que
precisaria dormir. A intensa reação de Ryder tornou isso desnecessário. Luca
estava tão calmo quanto um monge budista - se aquele monge tivesse um
tesão furioso.

Quem quer que tenha desembalado a bagagem, deixara seu baú de


pau-rosa entalhado ao pé da cama. A tampa estava torta, como se alguém a
tivesse fechado rapidamente depois de ver o que o baú continha. Luca sorriu
e se ajoelhou na frente dele, levantando a tampa e colocando-a de lado.

O interior era forrado com feltro azul escuro e continha várias


prateleiras móveis. Cada centímetro estava carregado de brinquedos sexuais,
a maioria dos quais tinha sido presentes. Alguns Luca só usara uma vez.
Outros ele usava com a maior frequência possível.

Agora ele estava desejando uma penetração profunda. Luca deixou a


mão deslizar sobre os vários brinquedos até encontrar o que procurava - um

KM
vibrador de silicone de alta qualidade com 18 cm de comprimento e 5
centímetros de espessura, projetado para ser altamente realista, com sua
cabeça distinta, veias sulcadas e duas bolas pesadas na base. Apenas segurá-
lo fez a respiração de Luca gaguejar e seus músculos do estômago se
apertarem.

Ele não mentiu para Christianson. Ryder o fez perder o controle por
um instante, embora Luca tivesse corrigido isso rapidamente. E apesar de
Ryder ainda estar se mostrando frustrantemente resistente, Luca teve um
breve vislumbre de como seria experimentar a paixão do homem.

Agarrando uma garrafa de lubrificante, Luca se levantou e jogou seus


suprimentos na cama antes de se despir, deixando suas roupas onde elas
caíam. Ele puxou a colcha e subiu nos suaves lençóis de algodão egípcio.
Esticando-se de costas, ele ignorou o vibrador por enquanto e passou as
mãos pelo corpo para trabalhar em si mesmo.

Ryder era construído como Super-Homem, ombros largos e peitorais


esculpidos estreitando-se em um V até um abdômen que deu um novo
significado à expressão ‘tábua de lavar roupa’. E seus braços... Deus, seus
braços. Luca poderia usar um deles para fazer flexões e Ryder não iria sequer
vacilar.

Luca brincou com os mamilos até que eles enrijeceram, então os


puxou e torceu do jeito que ele imaginava que Ryder faria. Foder com um
macho alfa grande e forte era um exercício inebriante de domínio. Eles

KM
tendiam a ser excessivamente confiantes; seu tamanho os fazia esquecer que
havia formas de poder mais potentes que a mera força física. Homens assim
achavam que possuíam qualquer coisa no qual eles pudessem enfiar seus
paus. Luca se deleitava em provar que estavam errados.

Ele colocou um pouco de lubrificante na palma da mão e massageou


seu pau e bolas, usando um leve toque, porque ele não queria gozar muito
cedo. Seu pênis tinha um tamanho agradável e satisfatório, mais longo do
que a média, embora faltasse um pouco no departamento de circunferência.
Luca mantinha os pelos púbicos arrumados formando um belo pedaço de
cachos negros na base; o resto de sua virilha, incluindo suas bolas e bunda,
era liso e sem pelos. Ele descobriu que os homens ficavam mais
entusiasmados em suas atenções quando ele lhes dava um espaço limpo e
vazio para brincar.

Luca acariciou seu períneo com dois dedos. Quando ele os empurrou
em seu buraco, ele não censurou seu gemido. Se Christianson permanecesse
como seu guarda-costas, ela ouviria muito isso. Ela também pode se
acostumar com isso.

Seus dedos eram ágeis, habilmente procurando sua próstata, mas eles
não eram o que ele queria. Ele queria dedos grossos e carnudos com unhas
rombudas e calos de armas. Ryder iria provocá-lo, ou ele era o tipo de
dedilhar seu parceiro descuidadamente e com muita rapidez, concentrado
apenas no que viria a seguir? Luca não fazia ideia. Ryder era um enigma.

KM
Luca retirou os dedos e cobriu o dildo de tamanho generoso com
lubrificante. Ele achava que Ryder fosse ainda maior que isso; seria uma
farsa se aquele glorioso corpo de gladiador não fosse igualado por um pau
igualmente impressionante.

Ele puxou os joelhos até o peito. O primeiro toque da cabeça alargada


do dildo contra seu buraco o fez estremecer de antecipação. Ele começou a
ofegar enquanto empurrava dentro de si mesmo em um deslize lento e
constante - Luca sempre gostou do jeito que esse brinquedo realmente o
abria. Ele não parou até que as bolas de silicone estivessem pressionadas
contra sua bunda. Então ele agarrou a lateral do colchão com a mão livre e
balançou o vibrador para dentro e para fora, suspirando em seu
contentamento.

Quando ele finalmente conseguisse que Ryder o fodesse, Luca o


deixaria ir fundo assim a princípio, só para dar a ele um gostinho do prazer
que ele tinha a oferecer. Então ele exigiria que Ryder recuasse e trabalhasse
sua próstata com estocadas curtas e rasas.

Luca gemeu quando ele usou o vibrador para imitar a fantasia. Seu
pênis estava latejando; toda vez que o dildo cutucava sua próstata, uma gota
de líquido aparecia e escorria pelo comprimento. Ele queria muito se tocar,
mas sabia que gozaria no segundo que fizesse e queria subir um pouco mais
a borda.

Ryder odiaria ser forçado a se conter, mas ele faria isso porque Luca

KM
teria dito isso para ele; não havia um homem na terra que desobedecesse a
Luca depois de saber como era transar com ele. Luca moveu o vibrador mais
rápido. Seus dedos dos pés se enrolaram com força. Ele gemeu e exalou
ofegante, torcendo o corpo sob os fortes choques de prazer desencadeados
por seu ataque à próstata.

Luca imaginou o peso do corpo grande de Ryder em cima dele. Para


sentir todos aqueles músculos, toda essa força, e saber que Ryder não podia
usar nada disso sem a permissão de Luca ...

Ele empurrou o vibrador profundamente, fodendo-se com força


suficiente para fazer seu corpo explodir em suor. Seus músculos se
apertaram cada vez mais, até que Luca não aguentou mais. Ele soltou o
colchão e agarrou seu pênis. Dois golpes depois, ele gritou em seu orgasmo,
apertando o vibrador em círculos enquanto suas pernas estalaram e se
soltaram de seu peito.

Mesmo depois de se secar, Luca continuou movendo o vibrador.


Ryder ainda não teria gozado. Sua próstata era um feixe de nervos crus; seu
corpo sacudia toda vez que o dildo raspava. Luca se torturou o máximo que
pôde e depois puxou o vibrador com um gemido. Suas pernas caíram na
cama.

Enquanto ele arrastava os dedos trêmulos pela poça em sua pele, Luca
se perguntou quanto tempo mais teria que esperar - e o que, exatamente,
Ryder estava esperando.

KM
Capítulo Cinco

McCall não só apareceu vinte minutos mais cedo para o seu turno no
domingo de manhã, ela também trouxe dois cafés enormes com ela. Ryder
pensou que ela poderia ser sua nova pessoa favorita.

Isto é, até que ela disse: — Então você não transou com ele ainda?

Ryder quase derrubou a xícara que ela entregou a ele. Ele não
conseguia esconder a culpa que cruzou seu rosto.

— Oh meu Deus, eu estava brincando, disse McCall quando ela


afundou na segunda cadeira. — Por favor, me diga que você não...-

— Não, claro que não. Ryder tomou um gole muito grande de seu café,
que escaldou sua língua.

— Mas ele está fazendo um número em você.

Ryder não dignificou isso com uma resposta.

— Luca é outra coisa. Seu tom era continha partes iguais de afeição e
exasperação. — Você tem certeza que ele está acordado?

— Esse não é o meu lugar, ele disse, surpreso por ela ter perguntado.

KM
— Então é uma coisa boa que eu cheguei cedo, porque posso garantir
que ele ainda está dormindo. McCall colocou o café na mesa e se levantou
para bater na porta do quarto. — Luca, sou eu. Eu estou entrando. Ela entrou
no quarto sem esperar por uma resposta.

Ryder estava perturbado por sua atitude excessivamente familiar. Ele


sabia que algumas concessões tinham que ser feitas para ela e para seu
relacionamento singular com Luca, mas seu comportamento era inadequado
para um guarda-costas.

McCall deixou a porta entreaberta, então Ryder podia ouvi-la dizer:


— Luca. Levante-se.

— Ugh, vá embora.

— Estamos saindo para a igreja em meia hora.

— Eu acabei de adormecer. Luca soou petulante.

— O que você fez a noite toda?

— Fui para a cama cedo demais e acordei no meio da noite. Eu não


consegui dormir até uma hora atrás.

— Você acha que sua mãe vai se importar com isso quando ela vier
aqui atrás de você?

— Está bem, está bem. Deus. Escutou o farfalhar de roupas de cama.

KM
— Se apresse. E coloque uma cueca, pelo amor de Deus.

McCall voltou para o corredor, fechando a porta atrás dela. Ela


retomou seu assento e pegou seu café, então olhou para Ryder. — Uh oh. Eu
já vi esse olhar antes. Scheller costumava fazer essa cara para mim o tempo
todo.

— Ela expressou algumas preocupações no relatório que li.

— E você concorda com ela. Você acha que meu relacionamento com
Luca é inadequado.

— Eu acho que isso ultrapassa alguns limites profissionais, sim.

McCall se inclinou sobre a mesa. — Você não conhece Luca da


maneira que eu faço, disse ela, sem nenhum traço de sua habitual
despreocupação. — Ele se criou desde os doze anos - supervisão mínima, sem
disciplina, sem orientação. As crianças não devem crescer desse jeito. Ele
precisa de alguém que se importe com ele para cuidar dele.

— Essa função é mais apropriada para uma babá.

— Ele não tem uma babá. Ele tem a mim.

— Sua principal responsabilidade é protegê-lo. Ficar muito próxima


pode distraí-la, ofuscar seu julgamento.

— Isso é treta. Eu amo esse garoto, Ryder. Não há nada que eu não
faça para mantê-lo seguro. Eu confio no poder do instinto sobre o raciocínio

KM
lógico a qualquer dia.

Ryder discordou, mas ele não tinha argumentos concretos sobre os


quais basear suas objeções. Luca nunca tinha sido ameaçado diretamente
enquanto vivia na Europa, então não havia nenhum incidente que ele
pudesse apontar e dizer, é por isso que você deveria ter mantido a distância.
Ele esperava pelo bem de Luca que esse nunca existisse.

Eles ficaram em silêncio pelos dez minutos seguintes. Quando a porta


do quarto se abriu novamente, Ryder ficou tenso; ele temia ficar cara-a-cara
com Luca desde seu comportamento abominável na noite anterior. Ele não
sabia se Luca estava irritado ou assustado ou interpretara as ações de Ryder
como algum tipo de encorajamento.

A resposta parecia ser “nenhuma das opções acima”. Luca apenas deu
a Ryder um meio sorriso distraído quando os dois guarda-costas se
levantaram. Ele estava vestido com um blazer preto alinhado e justo,
desabotoado sobre uma camisa listrada azul e branca e calças pretas que, na
opinião de Ryder, eram muito apertadas. Seus cabelos estavam
desgrenhados da cama e continuavam caindo em seus olhos.

— Já faz um tempo desde que eu estive em uma igreja, disse ele.

— Sim, bem, vamos tentar garantir que essa vez não termine como da
última, disse McCall.

— O que, os episcopais estão confessando agora?

KM
— Eu com certeza espero que não.

Quando a Sra. D'Amato explicou as razões por trás das múltiplas


expulsões de Luca para Ryder, ela não tinha dado muitos detalhes, mas ele
sabia que a segunda ocorrência envolvia de alguma forma a remoção de um
padre católico. Ele não queria saber mais do que isso.

Ryder e McCall acompanharam Luca até a cozinha para que ele


pudesse tomar um rápido café da manhã composto de café e um bolinho de
mirtilo. Luca comeu sentado no balcão da cozinha, em vez de na sala de café
da manhã, conversando à toa com McCall, enquanto Ryder permanecia em
silêncio ao lado da porta. Sua equanimidade retornou pouco a pouco. Este
era um papel muito mais adequado para ele - sem interferir, sem flertar,
apenas mantendo-se atento à segurança de seu protegido.

Isabelle Holloway, uma das guarda-costas da Sra. D'Amato escolhida


especificamente por sua semelhança física com a própria Sra. D'Amato,
desceu pelo corredor da grande sala. Seu cabelo fora puxado para o mesmo
apertado coque francês. Essa era a assinatura de Evelyn D'Amato. —Pronto
para ir? Ela perguntou.

— Sim. Luca pulou do balcão e limpou as migalhas de suas mãos.

Eles se encontraram com a Sra. D'Amato e sua equipe na entrada da


garagem, onde três Range Rovers idênticos esperavam com seus motores
funcionando. A Sra. D'Amato avaliou Luca com um olhar crítico, depois deu
um tapinha em seu ombro em aprovação. Ela mesma estava usando um

KM
terninho preto tão apertado que as bordas poderiam ter posto os olhos de
alguém para fora.

Os guarda-costas dividiram-se entre os carros - Holloway e outro


guarda assumiram a liderança, Clarke seguiu com os D'Amatos no veículo do
meio, e Ryder e McCall seguiram no veículo de trás. Ryder não gostava de ser
separado de seu protegido, mas a autoridade de Clarke superou a dele.

Embora não tenha ocorrido nenhuma intercorrência no trajeto para o


centro de Bethesda, a tensão no rosto de Luca quando saíram na frente da
igreja St. Stephen sugeriu que não tinha sido agradável. Embora sob outras
circunstâncias, McCall pudesse ter caminhado ao lado dele, a companhia de
sua mãe tornou isso desnecessário. Ela ficou atrás com Ryder para compor a
vanguarda do time. Eles mantiveram uma distância sutil, perto o suficiente
para alcançar os D'Amatos em segundos, se necessário, mas longe o
suficiente para que sua presença não gritasse guarda-costas. Todos aqui
sabiam que Evelyn D'Amato tinha segurança pessoal, mas ainda era sua
responsabilidade não chamar atenção para eles mesmos ou deixar a
congregação desconfortável.

A igreja Episcopal de St. Stephen era o cristianismo suburbano da


classe alta em sua forma mais exclusiva. Seus paroquianos eram quase
exclusivamente brancos, embora houvesse uma significativa minoria
asiática. Clarke era um dos poucos afro-americanos. Até mesmo Luca, com
sua pele morena e cabelo de ébano, parecia exótico. Tendo crescido no
coração de Washington D.C., Ryder achou a extrema homogeneidade

KM
inquietante.

A igreja em si era linda, com um teto alto, elegantes colunas gregas e


um interior revestido de mármore branco e madeira clara. Um enorme órgão
se erguia atrás do altar como a joia central de uma coroa.

Ryder às vezes preenchia a equipe de proteção próxima da Sra.


D'Amato quando seus guardas regulares estavam doentes ou em férias, então
ele já estivera em St. Stephen algumas vezes. Ele sabia que a Sra. D'Amato
gostava de chegar cedo à igreja para passar algum tempo conversando com
seus colegas, muitos dos quais eram amigos e associados de negócios. Ela e
Luca dirigiram-se a um banco na direção da frente da nave, em pé no
corredor ao lado, em vez de se sentar. Ryder e McCall assumiram uma
posição semelhante ao lado de um banco algumas fileiras atrás.

Evelyn D'Amato não chegava às pessoas - as pessoas vinham até ela.


No segundo em que ela chegou, os fiéis se reuniram em sua direção. Isso
acontecia em algum grau ou outro onde quer que ela fosse, mas enquanto
Ryder observava as pessoas formarem uma verdadeira fila de recepção para
cumprimentá-la, ele percebeu que era a presença de Luca atraindo um
interesse tão intenso. Sem dúvida, toda a Bethesda estava repleta de
burburinhos e fofocas com o elusivo retorno do herdeiro D'Amato de sua
ausência de seis anos.

Ryder ficou de olho em Luca. Esta igreja estava cheia do tipo de


homens poderosos que o histórico de Luca sugeria ser sua presa favorita, e

KM
ele não se enganava em pensar que o garoto não era desavergonhado o
suficiente para persegui-los em uma igreja bem na frente de sua mãe. Ele
esperava ver a mesma atuação provocante que havia saído do avião ontem.

O que ele viu em vez disso foi mais uma das personalidades
aparentemente inumeráveis de Luca.

Esta era uma que Ryder não tinha visto antes. Havia uma
sensualidade inerente a Luca, um magnetismo animal intrínseco ao seu belo
rosto e corpo alerta, mas ficou claro que Luca poderia controlá-lo à vontade.
Quando ele se mantinha à parte, como estava fazendo agora, o aspecto felino
de seu personagem se tornou atraente em vez de agressivo - um gato
doméstico em vez de uma pantera. Sedução virou charme. Flerte foi
traduzido como uma amabilidade acolhedora.

E as pessoas deram uma lambida. Homem ou mulher, jovem ou velho,


era claro para Ryder que todos que apertavam a mão de Luca se apaixonavam
um pouco por ele.

— Você parece que alguém que foi atropelado por um dois-por-quatro,


disse McCall.

— Toda vez que eu acho que já o conheço, ele me surpreende.

— Luca é versátil.

— Mas não é sincero. A maneira como ele está agindo agora, é apenas
isso - um ato. Ryder entendeu o que era sobre o comportamento de Luca que

KM
o enervava tanto. — Tudo o que ele faz é uma performance.

McCall deu de ombros. — Há alguma verdade nisso.

— Então, como você pode dizer quando ele está sendo honesto?

— Você sabe só de olhar.

Ryder lembrou-se do rubor de Luca no almoço, o breve momento de


necessidade em seus olhos na noite anterior. Ele poderia confiar que essas
reações eram genuínas?

Seus pensamentos foram desviados quando Luca de repente enrijeceu


e virou a cabeça para o lado, os dedos de uma mão pressionando contra sua
têmpora. A mulher idosa com quem ele estava falando tocou seu cotovelo e
disse algo que Ryder não podia ouvir, sua expressão preocupada. Luca
sacudiu a cabeça.

McCall estreitou os olhos. — Droga. Eu vou pegar para ele um copo de


água. Eu volto já.

Ela estava indo direto para o saguão antes que Ryder pudesse
expressar sua discordância. Ele suspirou e se moveu em direção a Luca.

A Sra.D'Amato se virou para o filho com uma carranca, mas quando


ela viu Ryder se aproximando, ela deu um pequeno aceno de cabeça e voltou
sua atenção para seu acompanhante. Luca olhou para ele com a cabeça ainda
de lado, e Ryder viu qual era o problema.

KM
O olho direito de Luca estava se contraindo, os músculos de sua
pálpebra e a têmpora se agitando violentamente. Ele estava pressionando-os
com os dedos em uma tentativa dupla de acalmar o tique e escondê-lo. Seus
olhos se encontraram com Ryder por apenas um segundo antes de cair no
chão.

Ryder se sentiu perdido. Ele levantou a mão e depois a soltou,


sentindo-se inútil.

— Você precisa se sentar, querido? Perguntou a velha.

Luca forçou um sorriso. — É apenas uma dor de cabeça por causa da


alergia. Sinusite. Tenho certeza que você sabe como é.

— Ah, claro. Espero que você se sinta melhor.

— Obrigado.

A mulher se afastou. Ryder moveu seu corpo para bloquear Luca da


próxima pessoa na fila. Ele não podia ficar lá para sempre, então ele esperava
que Luca pudesse se acalmar rapidamente.

McCall trotou até eles, estendendo ambas as mãos para Luca - uma
oferecendo um pequeno copo de com água, a outra fechada em torno de algo
que Ryder não podia ver. Luca pegou a água com a mão livre, mas manteve
a outra pressionada contra o rosto enquanto olhava para o punho fechado de
McCall.

KM
— Eu não preciso...-

— Pegue.

Luca apertou a mandíbula, depois estendeu a mão, mantendo a


cabeça abaixada para esconder o olho que se contorcia. McCall deixou cair
uma pílula na palma da mão. Luca jogou-a na boca e esvaziou o copo.

Ryder ficou chocado que McCall mantinha a medicação de Luca à


mão, mas ele manteve seus pensamentos para si mesmo no momento. Luca
amassou o copo e devolveu a McCall.

Ela empurrou-o no bolso. — Você notou o Sr. Sal-e-Pimenta lá


checando você?

Luca e Ryder olharam na direção que ela indicou. Um distinto


cavalheiro mais velho, parado a alguns bancos de distância, estava de fato
olhando para Luca. Ele estava extremamente bem vestido e tinha um ar
palpável de elegância e dinheiro antigo. Assim que eles o notaram, ele corou
e desviou o olhar.

O olho de Luca parou de se contrair.

Ryder piscou, perplexo. Não havia como a medicação ter tido um


efeito tão rápido.

Uma variedade de música de órgão começou, sinalizando à


congregação para tomar seus lugares. Uma tosse discreta levou Ryder a se

KM
afastar para que a Sra. D'Amato pudesse ver seu filho.

— Tudo bem? Ela perguntou em um tom que dizia: é melhor que


esteja.

— Estou bem, mãe.

Luca entrou no banco com sua mãe e Clarke. Ryder e McCall voltaram
para o seu próprio banco, onde pudessem ver se alguém se aproximasse dos
D'Amatos por trás.

Por razões de segurança, eles tiveram que se sentar no final, então


esperaram que o banco fosse preenchido antes de entrarem. McCall olhou
para o altar e fez o sinal da cruz enquanto fazia isso.

— Católica, disse ela, sorrindo para a expressão de Ryder. — Está


perto o suficiente.

*****

Luca não era religioso, mas ele apreciava a atmosfera pacífica da


igreja. A luz dourada do sol, a música alegre e o ministro sorridente estavam
a anos-luz da catedral sombria e do padre bombástico da escola católica que
sua mãe um dia o obrigara a frequentar. Ele ouvia mais o tom do ministro do
que suas palavras reais, e sua voz suave acalmou a tagarelice implacável em

KM
sua mente.

Ou talvez fosse apenas o lorazepam7.

Luca olhou para a mãe. Ela estava inteiramente focada no pastor,


expressão séria, ocasionalmente concordando com o sermão. Um súbito
ímpeto de raiva por sua hipocrisia ameaçou destruir a calma que ele havia
conseguido. Evelyn era uma ateísta devota - embora se o capitalismo tivesse
deuses, ela teria adorado aqueles. O pai de Luca havia se convertido à crença
episcopal por ela, horrorizando sua própria família no processo, e ela nem
sequer acreditava nos princípios que adotava.

Ele se fez desviar o olhar, não querendo ficar todo nervoso


novamente. A ocorrência anterior havia sido ruim o suficiente.

Em vez disso, Luca deixou seus olhos vagarem pela igreja, avaliando
a congregação. Eles pareciam dolorosamente maçantes em sua maior parte.
Depois de passar os últimos seis anos lado a lado com os filhos da realeza e
dos líderes mundiais, o subúrbio de Maryland tinha pouco interesse para ele.

Seu olhar caiu sobre uma família sentada uma fileira abaixo no
corredor. Estavam sérios e com expressões mal-humoradas - o pai em um
terno impecavelmente vestido, a mãe enfeitada de pérolas, duas crianças
adolescentes muito bem comportadas.

7Tranquilizante. O lorazepam é indicado para: - Controle dos distúrbios de ansiedade ou para alívio, a
curto prazo, dos sintomas da ansiedade.

KM
Foi o filho que chamou a atenção de Luca. Ele era bonito em um estilo
insípido da Abercrombie & Fitch, com cabelos descoloridos e arrumados com
gel, um bronzeado dourado que Luca podia ver, mesmo à quatro metros de
distância, que vinha de um spray. Seu blazer azul-marinho estava engomado
dentro de uma polegada de sua vida, a gravata vermelha atada com muita
força, uma postura tão rígida que parecia que sua coluna havia sido
substituída por uma barra de aço. Como Evelyn, ele estava fingindo estar
absorto no serviço, mas ele não era um ator tão bom. Tudo sobre ele gritava
babaca rico.

Luca ficou observando-o por muito tempo. O garoto sentiu que estava
sendo observado, como as pessoas costumam fazer, e olhou em volta com
uma expressão intrigada. Quando ele viu Luca, seus olhos se voltaram para
Evelyn e voltaram para Luca, o garoto sabia quem ele era. Luca levantou a
mão em saudação.

O menino sorriu e deu-lhe um aceno amigável. Luca voltou para a


frente da igreja, já elaborando um plano.

Ele ficou de pé, sentou-se e ajoelhou conforme necessário para o resto


do serviço, corpo no piloto automático. Assim que o órgão tocou o final do
culto, Evelyn colocou a mão em seu ombro e disse: — Preciso falar com os
Taylors antes de sairmos. Fique com o Sr. Ryder e com a Sra. McCall.

— Tudo bem. Luca reprimiu o desejo de lembrá-la de que eram eles


que precisavam ficar com ele.

KM
Clarke seguiu Evelyn para fora do banco e atravessou a igreja em
direção a quem quer que fosse o Taylors. Luca foi na direção oposta, subiu o
corredor e saiu para a varanda da frente. Ryder e Siobhan se aproximaram
quando ele passou por eles.

A última vez que ele frequentara a igreja aqui, era comum a


congregação passar meia hora depois do culto em volta do saguão e do
gramado da frente. Esse ainda era o caso. As pessoas se reuniam em
pequenos grupos, conversando, rindo e se aproximando. Ajudou que o tempo
estivesse bastante quente para o começo de novembro; Luca estava
confortável apenas com a camisa e o casaco de mangas compridas.

Ele seguiu a família formal do lado de fora na esperança de que eles


ficassem por perto um pouco, então ele ficou satisfeito em ver os pais em pé
em ao lado de um monte de amigos parecidos. A filha adolescente deles
estava perto com duas garotas rindo, enquanto o filho... ah, lá estava ele,
encostado em uma das colunas e mexendo no celular. Ele parecia impaciente,
como se sua família o estivesse impedindo de participar de uma partida de
polo.

— Oi, disse Luca.

O garoto o reconheceu e se endireitou, colocando o celular no bolso


da calça cáqui. — Oh, ei! Você é filho de Evelyn D'Amato, certo?

— Luca.

KM
— Ashton Davenport.

Eles apertaram as mãos. Ashton. Luca se perguntou se o nome de sua


irmã era Buffy.

— Davenport, ele disse em vez disso. — Como o Senador Davenport?

— Sim. Esse é meu pai lá.

Siobhan e Ryder estavam de pé a poucos metros atrás dele, mas Luca


ainda ouviu Siobhan murmurar: — Oh, não.

Luca a ignorou. — Eu nunca conheci o filho de um senador antes.

— Não é tão excitante quanto parece, disse Ashton, mesmo enquanto


seu peito se enchia de orgulho.

— Tenho certeza de que isso não é verdade.

Sua experiência com Ryder abalou a confiança de Luca em sua


capacidade de ler as pessoas, mas a forma como Ashton se prezava sob sua
lisonja assegurou-lhe que pelo menos ele tinha esse homem descoberto.

— Então, agora que você está de volta, você vai para Rutledge? Ashton
perguntou.

— Talvez. Minha mãe está tentando me fazer entrar, mas desde que o
ano letivo já começou...-

Ashton acenou com a mão. — Tenho certeza de que não será um

KM
problema. Embora… quer dizer, posso perguntar…-

— O que?

— Você realmente foi expulso da sua antiga escola?

— Sim.

— Por quê?

Luca sorriu. Ele tinha que jogar isso com cuidado. Ashton era
certamente hetero, ou pelo menos acreditava que ele era. Isso não era um
obstáculo, mas um desafio interessante.

— Apenas um pouco de comportamento rebelde que saiu do controle.

— Você tem algumas bolas, disse Ashton com admiração. — Meus pais
me matariam se eu fosse expulso da escola.

— Eu não posso acreditar que eles tenham algo com o que se


preocupar. Você me parece um estudante modelo.

— Sou presidente do corpo estudantil e estou no caminho de ser


orador da turma.

— Realmente? Disse Luca, fingindo fascinação.

— Sim. Ei, se você acabar na Rutledge, eu ficaria feliz em te mostrar


tudo por lá. Nós estaríamos na mesma classe.

KM
— Quão atencioso da sua parte oferecer. Luca pegou seu telefone. —
Por que você não me dá seu número?

Ele adicionou Ashton aos seus contatos, depois enviou-lhe um texto


em branco para que Ashton pudesse facilmente salvar seu número. Assim
que ele estava desligando o telefone, sentiu o sopro de uma brisa gelada e
repentina e se virou para ver sua mãe se aproximando.

— Sr. Davenport, que bom ver você.

— Olá, Sra. D'Amato. Ashton apertou a mão dela. — Eu estava apenas


dizendo a Luca que eu poderia ser seu guia, se ele entrar em Rutledge.

Luca ficou surpreso que o olhar que Evelyn lhe deu, não o
transformou em pedra.

— Tenho certeza que ele aprecia isso.

— Eu faço. Luca recompensou Ashton com seu sorriso mais


encantador. Ashton sorriu de volta.

— Luca, temo que nos atrasemos para o brunch se demorarmos mais,


disse Evelyn. — Por favor, dê meus cumprimentos ao seu pai, Sr. Davenport.

Ela segurou o cotovelo de Luca e o guiou para o meio-fio, onde


Holloway e algum outro guarda-costas anônimo já estavam esperando ao
lado dos carros. Seus dedos eram como garras de aço cravados em seu braço.

— Absolutamente não, disse ela em voz baixa.

KM
Luca afastou o braço, sabendo que ela não arriscaria causar uma cena,
tentando manter o controle. — Nós estávamos apenas conversando.

Evelyn bufou.

Clarke abriu a porta de trás do Range Rover para eles. Luca seguiu sua
mãe para dentro, desejando poder ir no outro carro com Ryder e Siobhan.
Ryder poderia ser confuso como o inferno, mas pelo menos ele não tratava
Luca como um cavalo de corrida puro-sangue que não estava se
comportando dentro do padrão.

— Você ainda vai para o brunch com os Popes e os Cartwrights? Luca


perguntou quando o carro entrou no tráfego.

— Claro.

Tinha sido uma tradição dominical durante toda a infância de Luca,


mas ele sempre teve a impressão de que seus amigos da “família” eram
realmente apenas amigos de seu pai. Ele ficou surpreso que Evelyn ainda
mantivesse contato com eles.

Clarke tinha uma rigorosa política de não rotina; embora não fosse
possível variar o tempo em que Evelyn ia à igreja, ele insistiu que a
localização do brunch mudasse a cada semana. Nas ocasiões em que Clarke
acompanhou Evelyn em suas visitas à Europa, Luca soube que chegara a
fazer várias reservas em restaurantes diferentes - tudo em seu próprio nome
- e cancelar todos, exceto um deles, no último minuto.

KM
Hoje eles acabaram em um moderno bistrô americano a poucos
quarteirões da Igreja St. Stephen. Clarke levou-os a uma mesa no canto de
trás, bem longe de qualquer janela e cercada por duas mesas onde os guarda-
costas se sentariam. Os Popes e Cartwrights já estavam lá.

Luca suportou os abraços e exclamações sobre o quanto ele havia


crescido com um sorriso tão natural quanto possível. Ele estava mentalmente
exausto de interpretar o filho perfeito de Evelyn durante toda a manhã; a
única coisa que mantinha seus músculos relaxados era o lorazepam em seu
sistema.

Enquanto eles pediam a comida e Luca lutava para se esquivar de suas


perguntas polidas sobre seu tempo no internato, ficou impressionado com a
similaridade dos dois casais. Os Popes eram mais velhos, um banqueiro e
uma dona de casa com dois filhos em idade universitária e uma tendência a
se vestir com suéteres combinados e tagarelar sobre jardinagem. Os
Cartwright eram ambos médicos, ocupados e ambiciosos, sem tempo nem
vontade de ter filhos.

Os pais de Luca eram opostos em todos os sentidos. Ele sempre


imaginou o que convencera seu pai, um filho de açougueiro que não falava
inglês, a fazer as malas e partir para um país estrangeiro com uma mulher
que acabara de conhecer. O fato de que ele nunca teve a chance de perguntar
ainda o comia vivo.

Ele se esquivou dessa direção de pensamento, seus ovos escalfados

KM
virando cola em sua boca. Luca tomou um grande gole de água para forçá-
los a descer.

O Sr. Cartwright era mais atraente do que se lembrava. Havia um


certo ar professoral e de bibliotecário sobre ele que Luca achava poderia
ocultar uma profunda intensidade sexual. E ele tinha mãos bonitas de
cirurgião que seriam incríveis no pau de Luca, dedos espertos que
procurariam sua próstata com precisão profissional...-

Luca empurrou a cadeira para trás e se levantou, silenciando a


conversa na mesa.

— Com licença, estou indo ao banheiro, disse ele, e foi embora sem
esperar permissão. Ryder o seguiu. Clarke observou-os com os olhos
apertados enquanto eles passavam; Acompanhando Luca para um banheiro
público, fora como ele acabara com o pênis na garganta de Luca.

O brilhante e limpo banheiro dos homens estava vazio. Luca ignorou


as cabines e mictórios, e seguiu direto para a pia.

— Eu realmente não tenho que ir, disse ele para Ryder, que estava de
pé atrás dele com os braços cruzados. — Eu só precisava de um minuto
sozinho.

— Eu não posso te deixar sozinho aqui. Há janelas...

— Eu conheço o procedimento. Principalmente eu só queria ficar


longe da minha mãe.

KM
Luca ligou a água com tanta força quanto pôde e tomou seu tempo
lavando as mãos, depois secou-as em uma das toalhas de linho contidas em
uma cesta dourada. Ele passou os dedos pelo cabelo, arrumando-o de uma
forma mais atraente.

— Por que McCall carrega sua medicação para ansiedade? Ryder


perguntou.

Luca encontrou seus olhos no espelho, surpreso.

— Parece-me que você tem idade suficiente para ser confiável.

— Ela não costuma carregá-la. Mas eu as joguei fora no aeroporto de


Genebra.

— Então, o que, ela as tirou do lixo?

— Não é a primeira vez. Ele realmente tinha que se lembrar de


agradecer - e pegar os frascos com ela.

— Por que você as jogou fora?

Luca deu de ombros. — Eu não gosto de tomar. Eu não sou louco. Ele
baixou os olhos para o balcão e notou que tinha espalhado água em toda a
pia e limpou com a toalha usada.

Houve uma longa pausa antes de Ryder dizer: — Se você fosse


diabético, teria vergonha de tomar insulina?

KM
— Claro que não. Luca olhou para cima para ver a expressão de Ryder
no espelho. — Não é o mesmo.

— Sim. Se a sua ansiedade é causada por um desequilíbrio químico,


não há diferença entre isso e um pâncreas defeituoso ou pulmões asmáticos.

Ainda esfregando o balcão com a toalha, embora estivesse seco, Luca


deixou escapar: — E se não for um desequilíbrio químico? E se este sou eu
incapaz de lidar com as coisas que todo mundo consegue?

— É isso que você acha?

Luca jogou a toalha no cesto de toalhas usadas. Ryder se moveu até se


inclinar de lado contra o balcão ao lado dele.

— Eu não posso responder isso para você. Eu não acho que alguém
possa. Mas deixe-me perguntar-lhe isto: tomar a medicação faz você se sentir
melhor?

— Sim.

— Então você deveria tomá-las.

Divertido, Luca se virou para ele. — Essa é a sua abordagem para a


vida? Se faz você se sentir bem, faça?

— Não com tudo. Ryder reconheceu seu erro; ele deu meio passo para
trás. Luca se moveu com ele.

KM
— Eu me sentiria melhor se você me tocasse, disse ele. Luca só podia
imaginar a extraordinária paz interior que viria de domar um homem como
Ryder. Ele queria tanto poder provar isso.

— Isso não vai acontecer.

— Por que não?

— Porque eu sou dez anos mais velho que você e sou seu guarda-
costas. E acho que homens suficientes se aproveitaram de você em sua vida.

O sangue de Luca se transformou em gelo. — Ninguém nunca se


aproveitou de mim.

O olhar de pena no rosto de Ryder fez Luca querer dar um soco nele.

— Eu tenho certeza que você acredita nisso, mas...-

— Cale a boca! Luca estalou. — Você não tem ideia do que está falando.
Eu não faço nada que eu não queira fazer.

Os olhos de Ryder se arregalaram. — Luca...-

Luca saiu do banheiro, batendo a porta com tanta força que ela
ricocheteou e bateu contra a parede.

KM
Capítulo Seis

— Você disse a ele o que? McCall encarou Ryder como se tivesse


acabado de confessar o assassinato de gatinhos.

— Eu sinto que estou sentindo falta de algo aqui, disse ele.

Ela encostou a cabeça na janela do carro. — Deus, ele vai ficar uma
bagunça o dia todo.

— Por quê? Só porque eu sugeri que um adulto fazendo sexo com um


adolescente não é a mais honrosa das ações? Eu sei que ele tem um vício em
sexo, mas ele não pode ser considerado totalmente responsável...-

— Vício em sexo?

— Sim.

McCall franziu a testa. — Luca não é viciado em sexo. Quem te disse


isso?

— A mãe dele.

— Você está falando sério? Ela balançou a cabeça. — O que há de


errado com essa mulher?

KM
— Se Luca não é viciado em sexo, então como você explica tudo o que
ele fez?

— Ele tem um problema de ansiedade. É como ele se automedicou.

— Com sexo.

— Não, disse McCall, frustrada. — Com controle. Não me entenda


mal...- Luca tem dezoito anos, então tenho certeza que ele ama sexo. Mas,
não é por isso que ele faz isso.

Essa conversa foi difícil, pareciam estar enfrentando uma caminhada


através da lama até os joelhos. Ryder esfregou a mão no rosto. — Eu não
estou vendo a diferença.

— Luca não faz apenas sexo com homens. Ele os faz se apaixonar por
ele. Ele os faz provar que eles fariam qualquer coisa por ele, sacrificar coisas
importantes para tê-lo. A única coisa que o faz se sentir melhor é estar no
controle.

Ryder se sentou de volta. — Eu disse a ele que todos aqueles homens


estavam se aproveitando dele.

— Invalidando tudo o que ele fez para controlar sua ansiedade nos
últimos dois anos. Sim.

— Mas eu estou certo. Eu não me importo com o quão sexy e agressivo


é um garoto. Os adultos devem saber melhor.

KM
— Eu concordo, mas dizer isso a ele não vai fazer nenhum bem.

Por que a Sra. D'Amato não sabia disso sobre o próprio filho? Ela disse
a Ryder que Luca era um viciado em sexo que perseguia implacavelmente
qualquer homem que chamasse sua atenção. Embora a parte perseguição
implacável da equação estivesse certa, ela tinha entendido errado a
motivação para isso. Se McCall estivesse certa, Luca não era um viciado em
busca de preencher um vazio - ele era um obsessivo-compulsivo tentando
organizar seu ambiente para que ele não se sentisse impotente.

Se Ryder soubesse disso desde o começo, ele teria abordado essa


tarefa de maneira diferente. Ele pensou que só teria que resistir aos avanços
de Luca até que o garoto se entediasse e encontrasse um novo alvo. Agora ele
sabia que toda vez que ele rejeitava Luca, toda vez que ele negava a Luca o
controle sobre ele, ele estava apenas piorando as coisas.

Era um dilema sem solução. Dormir com Luca estava fora de questão;
isso violaria a ética pessoal e profissional da Ryder. No entanto, continuar a
rejeitar Luca o deixaria mais ansioso e, consequentemente, mais
determinado.

— Droga, Ryder murmurou.

McCall riu. — Pelo menos você sabe que nunca vai ficar entediado.

Luca nem sequer olhou para Ryder quando eles voltaram para a
propriedade. Ele subiu as escadas até seu quarto, McCall em seus

KM
calcanhares. Ryder estava prestes a segui-los quando a Sra. D'Amato disse:
— Sr. Ryder, um momento, por favor?

A casa era uma fortaleza e Luca só precisava de um guarda-costas


dentro dela, então Ryder não tinha objeções em acompanhar a Sra. D'Amato
até seu escritório. Ele fechou a porta atrás de si.

A Sra. D'Amato sentou-se atrás de sua mesa, mas não convidou Ryder
para sentar-se. — Quando lhe ofereci esta posição, achei que deixei os termos
do seu trabalho bem claros.

— Você fez, Senhora.

— Então talvez você queira me explicar por que Luca estava flertando
com o filho do senador Davenport na frente de toda a igreja.

Ryder manteve sua voz neutra. — Ele provavelmente estava se


sentindo solitário. Eu ouvi toda a conversa. Foi perfeitamente inocente. Na
superfície, pelo menos.

— Não há nada inocente sobre Luca. Ela passou as mãos sobre a


superfície polida de sua mesa. — Não me entenda mal. Eu não tenho nenhum
problema com a homossexualidade do meu filho, e sua decisão de ser franco
sobre isso é uma que eu respeito. Nada me faria mais feliz do que vê-lo com
um namorado apropriado da sua idade - mas você e eu sabemos que o filho
de um senador republicano não será essa pessoa.

Ele não tinha resposta para isso, porque ela estava certa. Luca tinha

KM
se agarrado àquele bastardo esnobe como um míssil em busca de calor, e não
era por um desejo ardente de amizade.

— As travessuras de Luca não têm lugar aqui, disse a Sra. D'Amato. —


Eu coloquei você no comando de sua segurança por um motivo. Coloque-o
sob controle, Sr. Ryder. Por qualquer meio necessário.

***

Ryder estava no meio da escada quando ouviu gritos e baques vindo


do quarto de Luca. Ele sacou a arma e subiu o resto da escada de dois em dois
degraus de cada vez, correndo pelo corredor e arrombando a porta...- apenas
para encontrar Luca e McCall enfrentando uma discussão acalorada.

Várias molduras foram arrancadas da parede; o número de livros


espalhados pelo chão sugeria uma grande quantidade de arremessos. A
cadeira estava de cabeça para baixo, a uns bons metros da mesa.

Luca e McCall olharam para ele. Ryder colocou sua arma no coldre. —
Desculpe, disse ele, e saiu do quarto, fechando a porta. A discussão deles
recomeçou imediatamente.

Ele sentou-se, tentando não ouvir. Na verdade a maioria das palavras


estava abafada, mas de vez em quando eles levantavam suas vozes alto o

KM
suficiente para ele ouvir trechos de seus argumentos, incluindo as expressões
cadela intrometida e pirralho mimado. Ryder estava intensamente
desconfortável - mas então, ele tinha estado em um estado de desconforto ou
outro desde que conhecera Luca.

Depois de dez minutos de gritos, de ruídos de coisas sendo quebradas


ou arremessadas e que continuavam a desencadear os impulsos protetores
de Ryder tornando difícil para ele se manter quieto, McCall saiu do quarto
batendo a porta. Seu rosto estava tão vermelho que suas sardas eram
invisíveis.

— Ele não está lidando bem esta manhã, disse ela.

— McCall, você não pode brigar com seu protegido assim. Não é
profissional.

— Isso é fácil de dizer, mas espere até que ele comece a jogar essa
atitude do seu jeito e veja como você lida com isso.

Ryder engoliu a palestra que ele tinha preparado. Ele não havia
empurrado Luca na noite passada? Isso era muito pior do que gritar com ele.
— Bem, você está livre para ir, ele disse a ela. — Você está de plantão hoje,
mas duvido que sairemos de casa novamente.

— Ele vai enlouquecer aqui. McCall respirou fundo e endireitou a


jaqueta, o rubor irritado em suas bochechas se desvanecendo. — Primeiro
turno da noite amanhã?

KM
— Vejo você então.

Ela deu alguns passos em direção à escada, depois hesitou e se virou.


— No caso de você não ter entendido, Luca é um lançador - então, observe
sua cabeça.

— Obrigado pelo aviso.

McCall retribuiu o sorriso e desceu correndo as escadas e sumiu de


vista. Ryder ficou feliz por ter obtido um tempo sozinho; ele precisava
descobrir seu próximo passo. Essa tarefa estava se tornando muito mais
complicada do que ele previra.

Meia hora depois, Luca saiu do quarto descalço e usava um roupão de


seda listrado. — Eu vou nadar, ele disse sem olhar para Ryder enquanto ele
descia o corredor.

Ryder ficou em silêncio, seguindo Luca até o nível mais baixo da casa.
Fora projetado para o entretenimento; a seção central era uma enorme sala
de festas vazia com um bar e portas francesas que levavam a um pátio com
uma cozinha ao ar livre. À esquerda, dois quartos, a academia, a adega e uma
home theater. Uma escada à direita levava à área da piscina.

Ele posicionou-se junto à parede ao pé da longa e retangular piscina,


o que lhe permitia ficar de olho nas escadas, bem como no corredor que
contornava a área da piscina e dava para ela. Luca pegou uma toalha branca
fofa do armário, jogou-a em uma espreguiçadeira e tirou o roupão.

KM
A boca de Ryder ficou tão seca quanto o Saara. O maiô preto de Luca
era tão justo que parecia mais uma cueca boxer do que um calção de banho.
O material elegante abraçou sua bunda redonda e se agarrou ao contorno de
seu pênis. Suas pernas magras e fortes pareciam ter um quilômetro e meio
de comprimento.

Luca colocou as mãos nos quadris e encontrou os olhos de Ryder com


um olhar desafiador – desafiando Ryder a resistir a ele, para negar o quão
impressionante ele era. Ryder teria feito exatamente isso, se não fosse pelo
que McCall havia dito a ele. Tudo o que Luca queria era se sentir poderoso.
Seria uma linha tênue para andar, mas Ryder poderia dar-lhe isso sem
colocar uma mão sobre ele.

Em um tom tão casual quanto ele conseguiu, Ryder disse: — Você está
muito bem.

Surpresa voou pelo rosto de Luca. Sua postura perdeu a insolência


quando ele estreitou os olhos, considerando Ryder com uma mistura de
confusão e suspeita. Ele abriu e fechou a boca várias vezes antes de dizer: —
Obrigado.

Ryder deu de ombros.

Luca lançou-lhe um último olhar confuso antes de voltar sua atenção


para a piscina. Em vez de usar os degraus no final, sentou-se na beirada e
abaixou-se para o lado. Então ele se lançou em um mergulho livre.

KM
Em poucos segundos, Ryder sabia como ele havia conseguido aquele
físico ágil e tonificado. Luca cortou a água como um tubarão. Ele tinha a força
e o controle que eram resultados de horas de treinamento, mas sua graça,
sua facilidade de movimento, era a de um nadador natural.

Luca nadou, alternando entre o estilo livre, peito, nado de costas e o


traçado borboleta extraordinariamente difícil. Ele era tão rápido que Ryder
começou a usar seu relógio de pulso para cronometrá-lo apenas para ter
certeza de que ele não estava imaginando.

Ryder não gostava de nadar - ele se sentia tão desajeitado e


deselegante na água quanto uma baleia em terra firme - mas o modo como
Luca nadava era tão cativante que ele tinha que ficar lembrando a si mesmo
de ficar de olho no ambiente ao redor tanto quanto em Luca. Enquanto
observava, não pôde deixar de pensar no que um treinador de natação teria
a dizer: que, embora a velocidade e a forma de Luca fossem impressionantes,
seu poder de permanência não era. Ele teve que parar a cada poucas voltas
para recuperar o fôlego e se recuperar. Se Luca trabalhasse em sua
resistência, porém, ele poderia seriamente ser um nadador competitivo.

Luca nadou por quase uma hora. Quando ele saiu, ele evitou as
escadas mais uma vez, levantando-se direto através da borda. Ryder sempre
teve uma queda obstinada por homens molhados, e ver Luca emergir da
piscina como uma espécie de ninfa sexy com seu corpo elegante fluindo água
não estava fazendo nada por seu autocontrole.

KM
Luca sacudiu a água dos cabelos, pegando a toalha para limpar o
rosto. Ele estava respirando com dificuldade, enchendo a mente de Ryder
com imagens de envolvê-lo em uma seção vigorosa e enérgica de sexo, de
preferência na própria piscina da qual ele acabara de sair.

Ryder redirecionou sua atenção para a escada e o nível inferior. A casa


estava silenciosa; havia apenas alguns guardas da propriedade no ginásio e
outro no quarto reservado para os guardas que estavam de plantão. Ainda
assim, eles poderiam sair a qualquer momento, e se eles o vissem cobiçando
seu próprio protegido...

Em sua visão periférica, Ryder observou Luca enxugar seus braços e


peito. Então ele se inclinou e o cérebro de Ryder parou de funcionar.

O maiô agarrado de Luca se esticou ainda mais em sua bunda perfeita.


Seus quadris se moviam de um lado para o outro enquanto ele secava as
pernas, apresentando um alvo tentador. Ryder não sabia dizer se era
proposital ou não.

Oprimido, Ryder fez a única coisa que um guarda-costas nunca


deveria fazer - ele fechou os olhos.

Foi apenas por alguns segundos, apenas o suficiente para acalmar sua
ereção furiosa, mas quando ele os abriu, foi para encontrar Luca sorrindo
para ele. Ele se endireitou e colocou a toalha em volta do pescoço, o que não
fez nada para esconder seu corpo.

KM
— Se eu pareço tão bem, disse Luca, —...então por que você não vai
me foder?

— Luca...-

— Eu não estou flertando. Eu realmente quero saber.

— Eu te disse no restaurante.

— Dez anos não são nada. Se você não tem idade para ser meu pai,
quem se importa?

— Eu me importo. Você tem dezoito anos, pelo amor de Deus.

Luca se aproximou dele. Ryder se manteve firme.

— Então, é realmente a minha idade que incomoda você, não a


diferença de idade.

— Você ainda está no ensino médio. Eu não estou nessa cena quase
legal.

Luca estava perto o suficiente agora para Ryder ver todas as gotas de
água que a toalha tinha perdido. Seu cabelo encharcado parecia ainda mais
escuro do que o habitual, com mechas ondulando contra a testa e as
bochechas.

— Talvez não, disse Luca. — Mas isso não impediu você de olhar para
minha bunda.

KM
Ryder cruzou os braços. — Não me importa o quão atraente você é. Eu
sou seu guarda-costas. Estou sendo pago para proteger você. Dormir com
você seria errado.

— Discordo.

— Eu não me importo.

Luca franziu os lábios. — Hipoteticamente falando, se eu fosse alguns


anos mais velho e você não me conhecesse - se nos tivéssemos conhecido em
um bar ou clube ou algo assim - você estaria interessado em mim?

Eu teria você de costas em meia hora.

— Sim, disse Ryder.

Luca endireitou a lapela da jaqueta de Ryder, o que parecia ser uma


desculpa para esfregar a mão no peito de Ryder. — Eu vou deixar você ter sua
superioridade moral - por enquanto. Mas eu não estou desistindo.

Agradecendo aos céus que seu colete o impediu de sentir todo o efeito
do toque de Luca, Ryder disse: — Eu estive no exército, garoto. Se isso não
me quebrou, duvido que você vá.

— Você ficaria surpreso.

Os olhos de Luca estavam cheios de promessas sombrias e


inebriantes. Seria um trabalho de segundos para ele conseguir Ryder
puxando-o para perto e arrancando seu traje de banho, obtendo-o nu e

KM
molhado e querendo...

— Você está pingando água no chão, disse ele.

Luca recuou e virou-se para as escadas, enxugando os cabelos


enquanto andava. Ele não colocou o roupão de volta. Ryder o seguiu, nem
mesmo tentando evitar olhar para sua bunda. Se o garoto insistia em esfregá-
lo em seu rosto, Ryder também poderia gostar disso.

*****

Candace foi quem assumiu Ryder às seis, para o deleite de Luca.


Embora um osso duro de roer, ela era uma pessoa calorosa e amigável, uma
vez que você a conhecesse, e ela tinha um senso de humor perverso. Candace
serviu na Força Aérea, assim como seu pai antes dela; ela morou em todo o
mundo enquanto crescia. Metade do tempo, Luca não sabia se suas histórias
malucas eram verdadeiras ou apenas inventadas para seu benefício.

Ele sentou-se com ela no corredor do lado de fora de seu quarto


durante a hora antes do jantar, ouvindo-a relatar seu dia de caça aos
apartamentos. Quando ela perguntou como ele estava se adaptando à volta
para casa, ele manteve sua resposta descompromissada. Ele poderia dizer
pelo tom dela que ela estava realmente perguntando se ele dormira com
Ryder.

KM
Hoje fora uma montanha-russa emocional. Luca andara de um lado
para o outro alternando entre fúria e euforia tantas vezes que seu sistema
nervoso foi atingido no inferno. Ryder tinha confessado querer Luca, mas
sua simples objeção - que estava errado - pegou Luca de pés chatos. Foi o
suposto erro de dormir com ele que excitou a maioria de seus amantes
passados em primeiro lugar.

Candace acompanhou-o até a sala de jantar, de pé do lado de fora das


portas com a guarda pessoal de Evelyn. Luca preferiria ter jantado no quarto
com ela. O jantar com a mãe dele não era menos tenso do que na noite
anterior; ela continuou fazendo comentários sobre Ashton Davenport e como
seria melhor para Luca procurar amigos em outro lugar.

No momento em que Luca escapou de volta para seu quarto, ele estava
perigosamente no limite novamente. Ele estava cansado de ser julgado,
rejeitado e discutido. Menos de quarenta e oito horas nos Estados Unidos, e
ele já estava debatendo a sensatez de chamar o blefe de sua mãe e
simplesmente sair da casa. Viver assim seria impossível.

Luca se jogou na cama e pegou o celular de onde ele havia deixado na


mesa de cabeceira - sua mãe jogou teria uma ataque se ele o levasse para a
mesa de jantar.

Ligar para Ashton estava fora de questão. Luca teve bastante


experiência em seduzir garotos heterossexuais para saber que não demoraria
muito para assustar Ashton neste momento. Era melhor esperar alguns dias,

KM
talvez até uma semana.

Enquanto brincava com o celular, Luca se lembrou da promessa que


fizera a Glauser no dia anterior. Com um brilho do humor, ele rolou seus
contatos até chegar ao nome de Glauser, depois pressionou SEND.

Glauser respondeu antes de terminar o primeiro toque. — Luca.

— Você ainda está acordado?

— Eu estive esperando por sua ligação.

O som familiar do sotaque alemão-suíço de Glauser aqueceu a pele de


Luca. Ele relaxou no colchão. — Isso é doce.

— Você está gostando de estar em casa?

— Não. Eu gostaria de ter ficado na Suíça.

— Eu também, disse Glauser. Havia uma sugestão de reprovação em


seu tom.

— Henry, você disse que não estava mais com raiva de mim.

— Eu não estou. Eu só queria que as coisas tivessem terminado de


maneira diferente.

Isso foi colocado de ânimo leve. — Diga que você me perdoa.

— Luca. Querido. Eu te perdoaria por qualquer coisa, você sabe disso.

KM
As palavras eram um bálsamo para o ego maltratado de Luca. Ele
sentiu uma súbita onda de desejo por Glauser, pelo rosto pálido que se
iluminava com adoração ao vê-lo, o corpo magro que não inspirava um olhar,
mas trabalhava muito para agradá-lo. Não havia sentimento no mundo como
o de ser amado incondicionalmente.

— O que você faria comigo se estivesse aqui? Perguntou Luca.

— Depende. Onde você está?

— Na cama.

— O que você está vestindo?

— Jeans e uma camiseta polo.

— Bem, isso não está certo. A voz de Glauser caiu um tom. — Um


corpo como o seu deve estar sempre nu.

— Então talvez você devesse me despir.

— Sim. Vou tirar sua camisa e beijar seus mamilos. Você gosta quando
eu faço isso, não é?

Deslizando uma mão por baixo da camisa para brincar com o mamilo,
Luca disse: Você vai me provocar?

— Não posso. Eu preciso muito de você.

Luca estremeceu de prazer. — Toque meu pau.

KM
— Você está tão duro para mim. Tire o resto das suas roupas para que
eu possa dar o que você quer.

— Dê-me um segundo. Luca colocou o telefone de lado e tirou a roupa


sem se sentar. Quando ele estava nu, ele pegou o telefone novamente. —
Estou pronto. Coloque suas mãos em mim.

A respiração de Glauser estava quente e pesada. — Diga-me o que você


quer, baby. Eu vou te dar qualquer coisa.

— Porra, Henry, não diga coisas assim. Você sabe que isso me deixa
louco.

— É verdade.

Seu pênis estava latejando. Luca se provocou com toques leves,


arrastando as pontas dos dedos para cima e para baixo em seu eixo. —
Chupe-me enquanto você se toca.

O comando foi recebido com um gemido baixo e o som de um zíper


abaixando. Luca imaginou o pênis de Glauser - menor do que o dele, médio
em todos os sentidos, mas maldição, o homem sabia como usá-lo. E ele dava
um boquete incrível.

— Eu vou engolir você até a raiz. Amo seu gosto.

Luca se atrapalhou na gaveta do criado mudo até encontrar o


lubrificante. Ele estalou a tampa com uma mão e derramou um pouco de

KM
lubrificante diretamente em seu pênis, depois soltou a garrafa e fechou a mão
ao redor de si mesmo, imaginando que era a garganta de Glauser. —Você vai
se masturbar enquanto você me chupa?

— Eu tenho que fazer isso. Ter você na minha boca me deixa tão duro.
O tapa molhado de Glauser puxando seu pênis foi alto e claro através da linha
telefônica. — Devo colocar meus dedos dentro?

— Sempre.

— Quantos?

— Dois. Luca correu a mão para baixo atrás de suas bolas e períneo
para acariciar a pele sensível do seu buraco, e foi confrontado por um dilema;
ele não conseguia segurar o telefone, tocar a si mesmo e se masturbar ao
mesmo tempo. — Espere, eu tenho que pegar uma coisa.

Com o telefone ainda pressionado ao ouvido, Luca pegou o


lubrificante, saiu da cama e se ajoelhou na frente do baú de brinquedo.
Demorou menos de um segundo para encontrar o que queria, já que ele
sempre mantinha tudo em cima. Luca levou a extensão curva de silicone azul
com ele até a poltrona no canto do quarto - ele precisaria de uma superfície
mais firme do que uma cama para o que ele tinha em mente.

— O que você está fazendo?

— Tornar mais fácil fingir que você está aqui. Luca se acomodou
confortavelmente na cadeira e abriu as pernas, empurrando um dedo

KM
molhado dentro de si.

Glauser gemeu. — Um brinquedo?

— Mmm-hmm. Apresse-se e me prepare para o seu pau. Eu preciso


ser fodido.

— Menino travesso. Eu vou te tocar legal e forte, do jeito que você


gosta. Isso é bom?

Luca seguiu as palavras de Glauser com os próprios dedos,


contorcendo-se em seu assento. —Tão bom.

— Eu ainda estou chupando seu pau, fazendo com que você desça pela
minha garganta.

— Deus, sim, você é tão bom nisso. Luca puxou os dedos para fora,
alisou o brinquedo com lubrificante e pressionou-o contra o buraco. — Eu
quero seu pênis, Henry. Coloque-o dentro de mim.

— Eu estou dando para você agora, disse Glauser, ofegante. — Pode


sentir isso?

Luca empurrou o brinquedo para dentro. Tratava-se de um


massageador de próstata, não um vibrador, curvado de modo a estimular
simultaneamente a próstata e o períneo. Desde que foi projetado para ser
usado enquanto sentado e balançando para frente e para trás, suas mãos
foram deixadas livres.

KM
Ele revirou os quadris; a explosão resultante de prazer fez uma dança
leve por trás de suas pálpebras. Seu aperto no telefone aumentou, e ele
agarrou seu pênis. — Foda-me com força.

— É isso que você quer?

— Sim. Eu tenho sido tão ruim, Henry, eu quero fazer as pazes com
você...-

— Você não é ruim, veio o protesto sem fôlego, como Luca sabia que
aconteceria.

— Mas você quer ser áspero comigo, não é?

Um gemido indefeso foi a única resposta de Glauser.

Luca apoiou os pés no chão e balançou o corpo, montando o


brinquedo. Moveu-se com ele, cutucando seu ponto doce por dentro e por
fora, fazendo seus músculos tremerem.

O slap-slap dos golpes de Glauser se acelerou. — Você é tão apertado.


Estou batendo duro, baby, fazendo você se sentir bem...-

Glauser ofegou através de seu orgasmo. Luca deixou cair a cabeça no


encosto da cadeira e apertou seu pênis. O movimento de seus quadris ficou
frenético; Sentia-se necessitado, depravado e desejava que houvesse alguém
ali olhando para ele.

— Diga que você me ama, exigiu ele.

KM
— Eu te amo. Luca, meu querido, eu te amo...-

As costas de Luca se arquearam quando ele gozou, os calcanhares se


enterrando no chão. O brinquedo prolongou seu orgasmo, que rugiu através
dele em onda após onda de êxtase elétrico. Quando terminou, suas mãos e
coxas estavam cobertas de sêmen.

Seu corpo ficou flácido. Toda a tensão dos últimos dois dias se esvaiu
dele imediatamente; ele afundou na cadeira, saciado e sereno. O telefone caiu
de sua mão, e ele amaldiçoou em voz baixa antes de pegá-lo de volta.

— Agora eu sinto sua falta ainda mais, disse Glauser.

Luca sorriu.

KM
Capítulo Sete

Ryder se considerava um homem inteligente. Ele foi um National


Merit Scholar8, graduou-se entre os cinco primeiros da sua turma do ensino
médio e formou-se em ciência política em Georgetown.

Sentar nas sessões de tutoria de Luca fez com que ele se sentisse um
idiota.

Luca estava fazendo cursos de nível universitário em cálculo, física,


literatura inglesa, economia e espanhol. Ele tinha um tutor diferente para
cada assunto - todas mulheres, naturalmente - e sua programação era
organizada de modo que ele visse cada tutor para uma sessão de três horas
por semana.

Ryder já havia suportado o cálculo de Luca e as aulas de espanhol.


Hoje, quarta-feira, era dia da física. Enquanto Ryder ficava de guarda na
cozinha, ouvindo Luca e seu tutor discutir cinemática rotacional e momento
angular sobre a mesa da sala de café da manhã, ele não conseguia entender
metade das palavras que saíam de suas bocas.

8 O National Merit Scholarship Program é uma competição de bolsas acadêmicas dos Estados Unidos para
reconhecimento e bolsas de estudo universitárias administradas pela National Merit Scholarship Corporation
(NMSC), uma organização sem fins lucrativos financiada pelo setor privado com sede em Evanston, Illinois.

KM
Concedido, ele fez tudo em seu poder para evitar assuntos como física
e cálculo quando ele estava na escola - suas habilidades focavam mais nas
áreas de linguagem e ciências sociais. Mas ainda era humilhante ser
confrontado com um jovem de dezoito anos que sabia mais sobre como o
mundo funcionava do que ele.

Ryder tentou se desligar da conversa, concentrando-se no resto da


casa. O meio da manhã era um tempo ocupado na propriedade, que envolvia
Shelia e a equipe de limpeza se movimentando ao redor, atendendo às tarefas
intermináveis necessárias para mantê-la em bom estado. Embora não
fossem permitidos na área da cozinha/sala de família durante as sessões de
reforço de Luca, o corredor adjacente a ela era a principal via de acesso para
qualquer pessoa que estivesse passando entre as alas oeste e leste da casa.
Ryder tinha que ficar de olho em todos que passavam.

— Eu acho que é o suficiente por hoje, disse a professora de física, cujo


nome era Wendy. — Honestamente, Luca, não tenho certeza se há muito que
eu possa fazer por você. Você realmente deveria estar na escola.

Luca fechou seu livro com um sorriso irônico. — Eu vou repassar isso
para minha mãe.

Depois de mais algumas brincadeiras, Wendy arrumou suas coisas, e


Ryder pediu que um guarda de segurança a acompanhasse até seu carro.
Luca permaneceu à mesa, mexendo nos papéis. Ryder observou-o em
silêncio.

KM
— O quê? Perguntou Luca.

— Nada. É só que, só de olhar para você, ninguém nunca saberia que


você é um nerd da ciência.

— Eu não sou...- Por um segundo, Luca parecia preso entre indignação


e diversão; então ele deixou a ofensa ir. — Eu gosto de Ciências. E de
matemática. Eles têm regras e ordem e tudo é previsível. Há sempre uma
resposta certa - não como aquele ensaio sobre Dom Quixote que Morales me
designou ontem.

— Por que você está fazendo espanhol? Você não fala italiano?

— E francês.

Ryder levantou uma sobrancelha.

— Duas das escolas que frequentei eram escolas bilíngues de francês


e inglês, então tive que fazer algumas aulas que foram ministradas em
francês.

— Então, por que não apenas tomar francês, se você precisar de


crédito para uma língua estrangeira?

— Qual é a diversão em aprender algo que você já conhece? Luca


passou a mão sobre a superfície brilhante de seu livro de física. — De
qualquer forma, não é tão impressionante quanto parece. Depois de
conhecer duas línguas românicas, não é tão difícil escolher uma terceira.

KM
— Se você diz.

— Você não fala nada além do inglês?

Ryder se inclinou contra a ilha da cozinha, posicionando seu corpo


para que ele pudesse ver tanto Luca quanto o corredor ocupado. — Eu optei
por árabe na faculdade. Eu fui fluente em um ponto, mas eu não uso há
alguns anos, então agora estou bastante enferrujado.

Os olhos de Luca se iluminaram com interesse. — Árabe, realmente?


Uma vez eu dormi com um Sheik do petróleo.

Claro que você fez.

— Eu queria aprender algo que pudesse ser útil no Exército, disse


Ryder.

— Diga algo.

Era por isso que Ryder não gostava de dizer às pessoas que ele falava
árabe; eles sempre exigiam ouvi-lo falar. — O que você quer que eu diga?

— Qualquer coisa.

Ryder olhou para Luca, com sua postura despreocupada e sua mesa
cheia de anotações de física, e procurou em sua memória. — Você é lindo,
mas muito irritante, disse ele em árabe. Sua pronúncia estava errada, mas
Luca não saberia dizer.

KM
— O que isso significa?

— Você terá que aprender árabe se quiser saber.

— Não, sou muito dependente do alfabeto latino, disse Luca. — Eu não


me daria bem com um idioma em que eu tivesse que aprender todo um novo
sistema fonético.

— Que tal você devolver o favor, então, Sr. Eu-Fui-Para-Escolas-


Bilíngues?

Luca riu. — Tudo bem.

Ele estudou Ryder por um momento, batendo com o dedo no lábio


inferior. Então ele se levantou.

Nos últimos dois dias, Luca estivera calmo, relaxado; seus flertes com
Ryder foram mansos, mais reflexivos do que intencionais. Ryder começou a
pensar que sua gentil rejeição aos avanços de Luca no domingo havia
funcionado. Mas agora, de repente, ele estava olhando para o Luca que havia
saído do avião, que lhe dissera coisas sujas na porta de seu quarto, que enviou
a parte primária de seu cérebro para uma mistura confusa de apreensão e
excitação.

— Un giorno, tu sarai mio9, disse Luca. Ele parou de usar sua falsa
voz rouca com Ryder, mas o italiano emprestou uma qualidade rouca.

9 Um dia, você será meu.

KM
Enquanto ele falava, ele avançou em Ryder com passos lentos e felinos. —
Sarai tu stesso a offrirti, e tutto ciò che sei mi apparterrà10.

Ok, então talvez ter incitado Luca a falar a linguagem mais sensual da
Terra não tenha sido uma ótima ideia. Ryder se manteve imóvel enquanto
Luca se aproximava dele, perto o suficiente para beijar se Ryder abaixasse a
cabeça.

Ele não fez isso. Em vez disso, ele disse: — Você está enrolando.

Luca bufou exasperado e deu um passo para trás, a sedução


esquecida. — Nós poderíamos apenas ficar em casa e dizer a minha mãe que
nós fomos.

— Certo, porque o Dr. Andersen não ligaria para perguntar por que
você não apareceu. Vamos. Song e Hurst estarão aqui a qualquer momento,
e nos atrasaremos se não nos mexermos.

— Eu preciso colocar um sapato.

— Vou mandar alguém para o seu quarto...-

— Pelo amor de Deus, Ryder, eu posso pegar meus próprios sapatos.


Rígido de aborrecimento, Luca saiu da cozinha e se dirigiu para as escadas.

Ryder o seguiu para seu quarto, esperando do lado de fora no corredor


enquanto Luca vasculhava seu armário. Esta seria a primeira vez que sairiam

10 Você será o único a se oferecer, e tudo o que você é pertencerá a mim.

KM
de casa desde a manhã de domingo. Ryder esperava ser constantemente
atormentado com pedidos para sair, mas Luca não tinha pedido nenhuma
vez, embora estivesse claro que ele estava entediado estando sozinho na
propriedade. Embora envergonhado de seu próprio egoísmo, Ryder estava
feliz por isso; manter Luca dentro de casa significava não apenas mantê-lo
seguro, mas também manter a Sra. D'Amato longe das costas de Ryder.

Ele ouviu o som de Song subindo as escadas de dois em dois degraus,


e se virou para vê-la atingir o patamar com Georgina Hurst, a segunda nova
guarda-costas de Luca, a reboque. Hurst tinha pele escura e cabelos curtos;
com 1,67 m, ela era relativamente pequena para um guarda-costas, mas ela
também era uma exímia atiradora - ainda melhor do que Ryder, e fora por
isso que ele a contratara.

— Eu pensei que estávamos saindo ao meio-dia, disse Song.

— Luca está pegando seus sapatos.

— Há quanto tempo ele está lá?

— Alguns minutos.

Song revirou os olhos, mas ela não invadiu o quarto e assumiu a


situação do jeito que McCall teria. Ryder apreciou isso.

A duração da busca de Luca ampliou os limites da plausibilidade, mas


ele acabou saindo de seu quarto com os sapatos. Seus ombros estavam
rígidos, mostrando uma tensão que Ryder não tinha visto nele por dias. —

KM
Vamos acabar com isso, disse ele.

*****

O consultório da Dra. Andersen ficava em um alto e elegante edifício


que parecia ser construído inteiramente de vidro e aço. Os guarda-costas de
Luca o conduziram através do sossegado e elegante saguão e entraram no
elevador espelhado. Ryder apertou o botão para o décimo quarto andar.

Luca odiava psiquiatras com a intensidade que outras pessoas


reservavam para serial killers e pedófilos. Eles estavam sempre tão ansiosos
para dizer a ele o que havia de errado com ele, por que ele agia da forma que
ele fazia, o que ele precisava fazer para “consertar” a si mesmo.

Se havia uma coisa que Luca não suportava, era alguém lhe dizer o
que fazer.

O escritório em si era mais acolhedor que o resto do prédio, até


aconchegante. Luca não se enganou. Isso era o que esses psiquiatras faziam
- eles o colocavam em uma falsa sensação de segurança, e então usavam isso
contra você.

Embora a mesa da recepcionista estivesse separada do resto da sala


de espera por um balcão, não havia nenhuma janela de vidro a bloqueando,

KM
o que dava a impressão de que aquilo não era um consultório médico. Ela
olhou para cima e sorriu quando Luca se aproximou, os olhos piscando
apenas brevemente sobre sua comitiva. — Posso ter seu sobrenome, senhor?

— Morgan, ele disse, dando a ela o pseudônimo com o qual Ryder


fizera o agendamento. Embora o médico soubesse seu nome real, ela havia
assinado um acordo de confidencialidade garantindo que ninguém mais no
escritório o ouvisse.

A recepcionista examinou a tela do computador. — Essa é a sua


primeira vez com a Dra. Andersen?

Luca assentiu.

— OK. Você tem dezoito anos, certo?

— Sim.

— Ótimo, então você pode preencher isso sozinho. Ela passou-lhe uma
prancheta com um maço de papéis. — É apenas um histórico médico e alguns
formulários HIPPA padrão. Apenas me avise quando terminar, e direi à Dra.
Andersen que você está aqui.

Luca estava sentado em uma das confortáveis poltronas de couro que


estavam encostadas à parede. Havia várias outras pessoas na sala de espera,
o que não era surpreendente, já que o consultório era compartilhado por três
psiquiatras. Eles o observavam com vários graus de curiosidade.

KM
Obedecendo ao aceno silencioso de Ryder, Candace saiu do
consultório para guardar o corredor. Ryder e Hurst se acomodaram em
cadeiras de ambos os lados de Luca.

Ele preencheu os formulários no piloto automático, já tentando


decidir o rumo a ser seguido com o psiquiatra. Resistência passiva?
Confronto? Totalmente fazendo merda? Ele já havia tentado todos eles
antes; se funcionavam ou não dependia do médico em questão.

Luca devolveu a prancheta à recepcionista, que avisou a Dra.


Andersen pelo intercomunicador. Alguns segundos depois, uma das portas
internas se abriu e uma morena de meia-idade, vestindo um blusa de gola
rulê e jeans, saiu.

— Sr. Morgan? Venha comigo.

— Você tem o seu botão de pânico? Ryder perguntou em voz baixa.

— Sim.

— Mantenha isso com você. Eu estarei bem aqui.

Luca seguiu Andersen até o escritório dela, onde ela o sentou em um


sofá de pelúcia. Ele a olhou quando ela se sentou em uma cadeira em frente
a ele, se perguntando por que ela estava vestida de maneira tão informal.

— Então, eu sou a Dra. Andersen. Sua mãe me pediu para te ver


porque ela pensou que eu poderia ajudar com algumas dificuldades que você

KM
vem enfrentando ultimamente.

— O que ela te disse?

— Parece-me que você acha que já sabe o que ela me disse.

Suave. Luca decidiu deixar Andersen ter isso. — Ela acha que eu sou
viciado em sexo.

— Você não concorda?

— Não.

— Luca...- está tudo bem se eu te chamar de Luca?

— Sim.

— Obrigado. Luca, eu quero que você saiba logo de cara que eu não
estou interessada em rotular você. Eu acho que isso raramente é produtivo.
O que eu prefiro fazer é ouvir suas próprias percepções do seu
comportamento.

Luca estreitou os olhos. O que?

— Isso soa como algo que você gosta?

—...Eu acho.

— Ótimo. Agora, você mencionou que sua mãe acredita que você tem
um vício em sexo. Você pode me dizer por que ela acha isso?

KM
— Ela tem vergonha da forma como durmo por aí, então é mais fácil
para ela fingir que eu tenho algum tipo de doença mental.

— Você se considera promíscuo?

— Comparado com a maioria das pessoas, talvez. Mas eu não acho que
haja algo de errado com isso. Estou sempre seguro.

Andersen rabiscou em seu bloco de notas. — Fico feliz em ouvir isso.


Você só faz sexo com homens, correto?

— Sim.

— E você leva a prevenção às DSTs seriamente.

— Muito.

— Excelente. Todo mundo tem ideias diferentes sobre o que constitui


um número apropriado de parceiros sexuais, especialmente para
adolescentes, mas eu acho que muitas pessoas concordam que o número de
parceiros não é tão importante, desde que o sexo seja seguro e consensual. É
assim que você olha para isso?

— Sim. Luca esfregou as palmas das mãos sobre as coxas, observando


como Andersen estava sentada - relaxada, recostada na cadeira, as pernas
cruzadas casualmente no tornozelo. Ele achou sua aparente facilidade
enervante, porque ele sabia que era um truque. Ela estava apenas tentando
fazê-lo instintivamente espelhar sua linguagem corporal para que ele

KM
relaxasse também.

— Eu tenho algumas perguntas que gostaria de fazer, disse ela. —


Antes de começar, quero deixar claro que, ao fazer essas perguntas, não estou
sugerindo que eu tenha certas respostas para elas ou que estou fazendo
julgamentos de valor com base em suas respostas. Eu só estou tentando ter
uma ideia melhor de onde sua cabeça está.

— Okay.

— Você já tentou se impedir de envolver-se em um certo


comportamento sexual e foi incapaz de fazê-lo?

Luca quase riu. — Não.

— Você acha difícil pensar em outras coisas além do sexo?

— Não.

Andersen anotou em seu bloco. — Você diria que você usa o sexo como
uma maneira de escapar dos seus problemas?

— Eu...- Luca se amaldiçoou por sua hesitação; ele deveria ter dito não
de pronto. Ele estava começando a pensar que ele poderia convencer
Andersen que ele não precisava da ajuda dela, mas ele não poderia fazer isso
se ele levasse as perguntas a sério. — Eu acho que às vezes eu uso o sexo como
alívio do estresse, mas não é o que todo mundo faz?

— Mais ou menos. Os hormônios que são liberados durante o sexo têm

KM
um efeito relaxante, que elimina o mau-humor, e não há nada de errado em
buscar esse sentimento. Só se torna um problema quando o sexo é o único
caminho para aliviar o estresse.

— Bem, não é para mim. Eu me exercito. Nado.

— Ok. Andersen virou para uma nova página. — Alguém já foi ferido
por seu comportamento sexual?

As mãos de Luca se apertaram em suas pernas. Diga não. Apenas diga


não, e você pode acabar com isso.

— Luca? Andersen olhou para suas mãos, depois para o rosto.

Ele forçou seus dedos a relaxar e alisou as rugas que ele tinha feito em
suas calças. — Sim.

— A mágoa foi sempre intencional da sua parte?

—…Sim.

Sua voz foi muito mais gentil quando ela perguntou: — Você pode me
dar um exemplo?

Luca olhou para o chão. Como ele perdera o controle dessa situação
tão rapidamente? Seu estômago fervia com a acidez.

— Por que você não me conta sobre o que levou à sua expulsão da sua
última escola?

KM
— Você já sabe.

— Eu gostaria de ouvir o seu lado da história.

Ninguém nunca havia dito isso a ele antes - não faria mal corrigir os
equívocos que sua mãe com certeza a alimentara. Luca respirou fundo para
reforçar a compostura. — Eu comecei a ir para o Armistead em fevereiro,
depois que fui expulso da minha outra escola. Cerca de um mês depois disso,
comecei a dormir com meu professor de história e depois com meu
orientador residente.

— Que você manteve em segredo?

— Sim, claro.

Andersen assentiu para ele continuar.

— Eu assisti à sessão de verão de Armistead porque eu não tinha mais


nenhum lugar para ir, e eu conhecia o diretor muito bem.

— Você começou a dormir com ele também?

— Sim.

— Ok. E quando você começou seu último ano em setembro...-

— Eles haviam contratado um novo treinador de natação - muito


jovem, muito atraente.

Andersen bateu a caneta no bloco de anotações. — Então, no início de

KM
outubro, você estava sexualmente envolvido com quatro dos membros do
corpo docente de sua escola, nenhum dos quais sabia um do outro.

— Sim.

— Então o que aconteceu?

Luca apertou as mãos no colo para evitar que os dedos se contraíssem.


Verdade seja dita, ele não tinha certeza do que havia acontecido. Ah, ele se
lembrava dos eventos em si com clareza cristalina, mas ele não tinha certeza
se ele poderia explicar como as coisas ficaram tão fora de controle.

— Comecei a ficar frustrado, disse ele, escolhendo cada palavra


cuidadosamente. — Eles estavam agindo como se fossem meus donos, me
tratando como seu eu fosse uma possessão, me dando como certo. Eu odiava
isso, e um dia eu apenas - eu não aguentei mais. Eu queria que eles
soubessem a verdade.

— O que você fez?

— Eu enviei a cada um deles uma mensagem que parecia destinada a


um dos outros. Todos descobriram um ao outro ao mesmo tempo.

— Provando a eles que eles não possuíam você, no final das contas.

— Sim.

— Mas houve algumas consequências sérias.

KM
Luca esfregou o polegar sobre os nós dos dedos. — Eu não queria que
fosse tão longe. Eu não tinha ideia de que eles reagiriam tão fortemente e que
se enfrentariam em público.

— Sua mãe mencionou que o diretor foi hospitalizado.

— Só por alguns dias. Ele está bem agora.

— Todos os quatro homens também perderam seus empregos, e seu


treinador está cumprindo uma pena de prisão por agressão. Embora seu tom
não fosse de julgamento, isso ainda deixou Luca trincando os dentes e no
limite.

— Isso não é culpa minha. A boca de Luca tinha gosto de cinzas. — Eu


não os incitei a atacar uns aos outros, e eu não os fiz transar comigo. Eles
sabiam o que estavam fazendo.

Andersen levantou a mão. — Eu não estou tentando incutir culpa. O


que está feito está feito. Estou menos interessada no que aconteceu do que
no porque aconteceu.

— O que você quer dizer?

— Você esteve envolvido com esses homens por meses. O que


aconteceu na semana passada que tornou a situação repentinamente
insuportável?

— Eu não sei. Isso apenas foi construído.

KM
— Eu tenho uma teoria que gostaria de passar para você.

Luca levantou as sobrancelhas.

— Quando eu olhei para o momento de suas expulsões, notei um


padrão. Andersen folheou seus papéis. —Você foi expulso da sua primeira
escola em setembro de 2010, pouco depois de voltar das férias de verão. Em
janeiro deste ano, você foi expulso de Nossa Senhora da Esperança logo após
o feriado de inverno. E então, na semana passada, você foi expulso do
Armistead - algumas semanas depois do Fim de Semana dos Pais.

— Assim?

— Assim, cada evento que levou a sua expulsão foi imediatamente


precedido por uma visita de sua mãe.

— O que? Não, eles...- Luca parou quando ele pensou de novo, então
piscou.

— Esses incidentes me parecem ser esforços muito determinados para


assumir o controle de sua vida, e o fato de que as visitas de sua mãe parecem
precipitar isso, me faz pensar se estar perto dela piora seus sentimentos de
desamparo.

Intensamente desconfortável, Luca não disse nada.

— Como você descreveria seu relacionamento com sua mãe?

Ah não. Luca não estava indo para lá. Procurando pela palavra menos

KM
inflamatória que ele pudesse encontrar, ele disse: — Tenso.

— Por que isso?

Luca revirou os ombros; eles estavam rígidos de tensão. Seu pé


começou a bater.

— Luca...-

— Ela matou meu pai, ele retrucou, e então respirou fundo.

Pelo menos ele surpreendeu Andersen. Ela olhou para ele com os
olhos arregalados, aparentemente sem palavras.

Antes de decidir chamar a polícia ou algo assim, Luca se corrigiu. —


Não tecnicamente. Mas ela pode muito bem ter feito isso.

— O que você quer dizer?

— Ele levou uma bala que era dirigida a ela. Ela tinha quatro guarda-
costas ao alcance do braço, mas ele ainda se jogou na frente dela quando o
tiroteio começou. E ela deixou. Ela não o afastou. Ela apenas ficou lá e deixou
que ele morresse por ela.

Luca não conseguia olhar para Andersen. Sua garganta doía como se
houvesse uma toranja nela; suas mãos tremiam.

— Você estava lá quando isso aconteceu?

Luca deu um aceno brusco.

KM
— Isso deve ter sido extremamente traumático.

— Eu não quero falar sobre isso.

— Tudo bem. Andersen ficou em silêncio por um momento. — Você e


seu pais eram próximos?

Fechando os olhos, Luca tentou se controlar. Ele pensou em seu pai,


lembrando o sorriso feliz de Antonio, sua risada calorosa. — Muito, disse
Luca, abrindo os olhos.

Andersen sorriu, colocando o bloco e a caneta de lado. — Por que você


não me fala sobre ele?

KM
Capítulo Oito

Ryder sentou-se na cadeira mais próxima à porta de Andersen,


silencioso, mas alerta, pronto para entrar em ação a qualquer momento. O
consultório médico era à prova de som, e foi por isso que ele levou o botão de
pânico para Luca. Você nunca poderia ser muito cuidadoso.

A cada dez minutos, Ryder se levantava para checar Song no corredor.


Hurst permaneceu em seu assento no lado oposto da sala, mantendo um
olhar atento nos outros pacientes enquanto eles iam e vinham.

Este lugar era muito melhor do que o psiquiatra que seus pais
insistiram que ele fosse quando voltasse do Iraque. Mesmo que ele estivesse
tendo pesadelos debilitantes e todo barulho repentino o fizesse pular, Ryder
tinha lutado com unhas e dentes sobre isso por semanas. Não foi até que ele
quase tirou a cabeça de sua irmã Morgan quando ela acidentalmente pulou
sobre ele que ele capitulou.

Ele acabou se sentindo feliz por ter feito isso, mas percorrera uma
estrada longa e rochosa para chegar a esse ponto. Ryder só podia imaginar o
quanto seria mais difícil para Luca, com sua necessidade patológica de estar
no controle em todos os momentos. Andersen teve seu trabalho cortado para

KM
ela.

Quando a hora acabou, Luca e Andersen saíram do consultório. Luca


parecia subjugado; ele apertou a mão da médica e se dirigiu para a porta do
corredor sem dizer uma palavra.

— Tudo bem? Ryder perguntou enquanto ele andava um passo atrás


dele.

— Mmm-hmm.

Não era como nos momentos em que Luca ignorou Ryder porque ele
estava zangado ou irritado - o olhar em seu rosto lembrava Ryder de quando
a Sra. D'Amato tinha lhe dado um tapa. Ele lançou um olhar desconfiado
para Andersen, que estava conversando com sua recepcionista.

Hurst e Song se juntaram a eles e pegaram o elevador até o saguão.


Ryder viu Song franzir o cenho com o jeito como Luca mantinha os olhos no
chão.

Enquanto atravessavam o saguão vazio em direção às portas de vidro


da frente, a atenção de Ryder foi desviada de Luca para três pessoas em pé
na praça do lado de fora. Eles estavam conversando e rindo entre si, sem
fazer nada sombrio, mas sua aparência disparou os alarmes na cabeça de
Ryder. Todos os três estavam desalinhados, desgrenhados, vestidos em
roupas de loja de artigos esportivos irregulares - não a clientela que este
edifício atendia. Fora de lugar.

KM
Song e Hurst notaram segundos depois dele. Ambas as mulheres
ficaram tensas, embora continuassem andando. Hurst desabotoou a jaqueta.
Embora parecesse um gesto casual, Ryder sabia que estava facilitando o
acesso à sua arma.

A mente de Ryder trabalhou rapidamente, pesando os riscos. Os


outros guardas não pararam de se mover a menos que ele desse a ordem. O
próprio Luca estava inconsciente, seu foco voltado para dentro. Era perigoso
sair do prédio, ou Ryder estava exagerando?

— Devagar, disse ele de sua posição atrás de Luca. As mulheres, que


estavam alguns passos à frente de Luca em ambos os lados, alteraram seus
passos.

Eles chegaram às portas da frente. As pessoas do lado de fora os viram


chegando e ficaram em silêncio, sua linguagem corporal tensa.

Não. Não exagerando.

Ryder abriu a boca para dizer a Song para parar, mas ela já tinha
empurrado a porta aberta. Um dos homens começou a puxar algo debaixo do
casaco largo. Song reagiu com a velocidade da luz, recuando para trás da
porta - mas não antes de ser salpicada com uma lata de tinta vermelha.

— Promotores da Guerra! O homem gritou.

Luca ofegou. Ryder agarrou seu braço e puxou Luca atrás dele,
mantendo seu corpo entre Luca e a porta enquanto ele apoiava os dois para

KM
cima. Sua responsabilidade era levar Luca a salvo, não atacar seus
agressores.

Song fechou a porta quando os outros dois malucos atiraram suas


latas de tinta. As vidraças estavam encharcadas de vermelho-sangue. Um
deles abriu a porta e os três entraram.

A mulher apontou o dedo na direção de Ryder e Luca. — Sua família


mata crianças inocentes! O sangue deles está no seu...

Seu discurso foi interrompido quando Song deu um soco no rosto


dela, fazendo-a tropeçar para trás. Hurst sacou a arma e disparou um tiro de
advertência no chão. O som reverberou nas paredes de mármore,
provocando gritos dos três atacantes. Eles se viraram e fugiram, lançando
mais algumas ofensas carregadas de obscenidade sobre seus ombros
enquanto iam.

Ryder continuou empurrando Luca para trás. — Chame a polícia,


gritou ele para Song, os olhos examinando o saguão em busca de qualquer
cômodo com uma porta que pudesse ser fechada e trancada.

Ele avistou uma sala de conferências escura com a porta meio


entreaberta e puxou Luca para dentro. Uma rápida olhada ao redor provou
que a sala era desconfortavelmente grande, mas só tinha uma pequena
janela. Isso era tudo que importava para Ryder. Ele fechou a porta, bloqueou
a fechadura e soltou Luca para percorrer a sala e puxar a cortina. Só então
ele ligou o interruptor de luz.

KM
Luca segurava uma das cadeiras da mesa de conferência com um
aperto que tinha seus dedos brancos. Seu rosto estava pálido, os olhos
arregalados. — Oh meu Deus.

— Você está bem?

— Oh meu Deus.

Ryder pegou o queixo de Luca e levantou-o para que ele pudesse ver
os olhos de Luca, tentando determinar se o garoto estava apenas chocado, ou
se ele estava realmente em choque. — Você está seguro agora. Duvido que
eles voltem, mas vamos esperar até que a polícia chegue aqui.

— Isso não aconteceu comigo em anos. A respiração de Luca era


rápida e superficial. — Eu tinha me esquecido como era...-

— Eles se foram, Luca.

— Você ouviu o que eles disseram?

— Você não pode ouvir pessoas assim. Sua mãe é uma contratada do
departamento de defesa, não um senhor da guerra. A tecnologia de Fairburn
Howard é vital para a segurança nacional.

— Eles também fazem tanques.

Ryder agarrou seus ombros e deu-lhe uma pequena sacudida. — Não


importa o que ela faça. Sua mãe pode ser uma assassina profissional, e você
ainda não seria responsável por suas ações. Você sabe disso.

KM
Luca balançou a cabeça, embora Ryder não soubesse se era desacordo
com suas palavras ou apenas negação de toda a situação. Ryder estava
preocupado com o quão violentamente ele estava tremendo.

— Eu preciso de você para me levar a algum lugar, disse Luca. — Um


bar, ou um clube, ou...- ...porra, não importa, eu posso encontrar alguém em
qualquer lugar...-

— Absolutamente não.

— Você disse que não iria interferir na minha vida!

— Contanto que isso não comprometa sua segurança. Eu não vou te


levar a algum lugar para pegar um estranho aleatório. Não.

Luca fez um barulho estrangulado de frustração. Ele estava tão


chateado que ele estava praticamente vibrando. Tendo conhecido vários
veteranos com TEPT muito mais severo do que o seu, Ryder estava
familiarizado com os sinais de um ataque de pânico iminente. Luca estava a
momentos de um colapso emocional.

Merda. Ele não podia deixar Luca desmoronar; ele precisava que o
garoto pensasse claramente para o caso de o perigo não ter passado. Mas
havia apenas uma coisa que faria Luca se sentir melhor, e Ryder não podia
dar isso a ele. A não ser que...

— Ok, eu vou ajudar você - Luca, você está ouvindo? Eu vou fazer um
acordo.

KM
— Que tipo de acordo?

Ryder soltou os ombros de Luca. — Outro dia, você me perguntou o


que teria acontecido se você fosse mais velho e nós nos conhecêssemos como
estranhos em um clube. Eu vou te contar o que teria acontecido. Com uma
condição.

O tremor de Luca cessou, e seus olhos se aguçaram com interesse. —


O que?

— Eu vou ficar do outro lado da sala, e você vai ficar bem aqui. Nós
não vamos tocar.

— Ok.

— Dê-me sua palavra.

Luca parecia divertido, mas ele disse: — Sem tocar. Eu prometo.

Esperando que ele não estivesse cometendo um erro terrível, Ryder se


moveu para se encostar na parede oposta. Ele estava andando em um fio
aqui, e um passo em falso poderia estragar tudo. Luca estava observando-o
em silêncio - ainda ansioso, mas menos agora que ele tinha algo para distraí-
lo. Ryder respirou fundo.

— Eu vou chutar e assumir que você gosta de dançar.

— Eu amo. O fantasma de um sorriso tocou os lábios de Luca.

KM
— Bem, eu odeio dançar, mas eu não me importo de assistir. É assim
que eu tenho o primeiro vislumbre de você. Eu estaria sentado no bar,
assistindo você na pista de dança, provavelmente cercado por uma dúzia de
homens.

— Apenas uma dúzia?

Ryder bufou. — Você não estaria interessado em nenhum deles, no


entanto. Eventualmente você ficaria com sede, e você viria para o bar. Eu me
ofereceria para comprar uma bebida para você.

— Gin e tônica.

A declaração casual intrometeu-se na fantasia e Ryder fez uma careta.


Luca tinha feito dezoito anos apenas no mês passado e bebia regularmente?

Observando a reação de Ryder, Luca disse: — Você sabe que a idade


de beber na maioria dos países é de dezoito anos, certo?

— Não importa. Você não tem dezoito anos. Você tem... vinte e quatro.

Luca riu. — Ok.

— Então, eu compraria uma bebida e me apresentaria. Eu diria a você


que bom dançarino você é.

— Você é doce.

Não ficou claro no tom de Luca se ele estava falando como ele mesmo

KM
ou como um personagem na história que Ryder estava inventando. Ryder
decidiu que não importava - contanto que Luca estivesse focando nele, ele
não estaria pensando sobre o que tinha acontecido no saguão.

— Nós flertamos por um tempo, mas seria apenas preliminares. A


verdade é que nós dois sabíamos o que iria acontecer no segundo em que
colocamos os olhos um no outro. Não é?

Muito longe. Isso foi longe demais, muito perto da verdade, mas
Ryder não podia voltar atrás agora. Os olhos de Luca encontraram os dele.

— Sim.

— Eu pediria para você vir para casa comigo. Ryder podia ver isso em
sua cabeça, a luz fraca do clube, a pressão apertada de corpos suados, Luca
vestido com alguma roupa ultrajante que mostrava as linhas duras de seu
físico de nadador. Seu pênis se contorceu de interesse pela imagem mental.
Porra.

— Por que não basta ir ao quarto dos fundos? Tenho certeza que o
clube tem um.

— Eu não sou esse tipo de cara.

Algo inominável cruzou o rosto de Luca. — Não, você não é.

— Eu levo você para casa, disse Ryder. Ele estava suando sob o paletó
e o colete a prova de balas. — E a primeira coisa que eu faria é te beijar,

KM
porque a única coisa que eu pude pensar desde que te conheci é sobre seu
gosto e como seria você me beijando de volta.

Ele ouviu a si mesmo soando tenso no meio da sentença. O mesmo


aconteceu com Luca. Ele estava parado absolutamente imóvel, os olhos
penetrando em Ryder com intensidade de laser, lábios entreabertos. —Então
o que você faria?

Era isso. Este era o momento.

— Eu perguntaria o que você queria que eu fizesse.

Luca piscou.

— É isso que você quer, não é, Luca? Estar no comando?

Pela expressão de Luca, alguém poderia pensar que Ryder perguntou


se ele queria se mudar para Marte e abrir uma pousada. Ele deu um aceno
curto e agudo.

— Tudo bem comigo, disse Ryder. Ele não se importava em assumir o


controle na cama, mas seu trabalho exigia um autocontrole tão rígido e
constante que às vezes era um alívio entregar as rédeas a outra pessoa.

Os olhos de Luca - havia um brilho intrigado, medo e espanto. Quando


ele falou, sua voz era mais suave do que o habitual. — Os homens tendem a
assumir... eles acham que eu sou submisso porque prefiro ser fodido do que
fazer a foda.

KM
— Submisso é a última palavra que eu usaria para descrever você.

— Eu apenas gosto do jeito que se sente. Sendo fodido. Mas eu nunca


quero sentir como se um homem estivesse tentando me dominar.

— Eu entendo. Ryder realmente entendia, mais do que Luca poderia


saber. — Então, o que você faria, se eu lhe dissesse que você poderia fazer o
que quisesse?

Luca fechou os olhos quando um arrepio percorreu seu corpo.


Quando ele os abriu novamente, eles estavam tão escuros com luxúria e algo
ainda mais profundo que a respiração de Ryder ficou mais rápida e seu pênis
engrossou.

— Eu tiraria todas as suas roupas, amarraria você na cama e o


cavalgaria até você desmaiar.

Um momento de silêncio atordoado caiu entre eles. Não havia como


negar a ereção de Ryder agora; estava latejando, empurrando com raiva o
tecido de suas calças.

Se alguma coisa, Luca ficou ainda mais chocado com suas próprias
palavras do que Ryder. A protuberância em seu jeans era claramente visível
do outro lado da sala, assim como o rubor vermelho em suas bochechas. Real.
Foi tudo muito real.

Ryder queria lamber sua bochecha para sentir o calor do sangue sob
a pele. — Você está corando, ele disse.

KM
Atordoado, Luca levou uma das mãos ao rosto. — Eu...-

Uma batida na porta fez os dois pularem. — Sou eu, disse Song do
outro lado. — A polícia está aqui.

Ainda bem que seu paletó era longo o suficiente para cobrir sua
virilha, Ryder se dirigiu para a porta. Luca se virou, ainda se apoiando na
cadeira.

— Eu preciso de um minuto.

Ryder assentiu e abriu a porta uma fresta. Song levantou uma


sobrancelha.

— Como ele está?

— Bem, considerando todas as coisas.

Ela deu um silencioso movimento de cabeça. Ryder olhou para Luca


antes de sair da sala e entrar no saguão, fechando a porta parcialmente. A
tinta vermelha estriando o terno de Song e os longos cabelos negros
colocaram um amortecedor instantâneo em sua excitação.

Baixo o suficiente para que Luca não pudesse ouvi-la, Song


perguntou: — Como eles nos encontraram aqui?

— Eu não sei. Willis teria notado se tivéssemos sido seguidos.

— Ryder. O rosto de Song estava sombrio. — Se eles não nos

KM
seguiram...-

Ela não precisou terminar a frase. A nomeação de Luca foi feita sob
um pseudônimo. Se eles não tivessem sido seguidos de Bethesda, então os
atacantes sabiam de antemão quando e onde eles iriam estar. Isso só poderia
significar uma coisa.

Havia uma toupeira na propriedade D'Amato.

*****

Quando a manhã de sábado chegou, Luca estava nervoso.

Ryder tinha feito um bom trabalho de distraí-lo logo após o ataque -


Deus, e como – mesmo quando a polícia apareceu para tomar suas
declarações, Luca não tinha sido capaz de pensar em mais nada. Não ajudou
que quinta e sexta-feira fossem os dias de folga de Ryder. O homem nem
tinha ficado na propriedade; ele saíra logo após o seu turno na quarta-feira,
e não voltara até algumas horas atrás.

Sem nada para fazer e ninguém para focar sua atenção, Luca repassou
o ataque em sua cabeça várias vezes. Se aquelas pessoas estivessem
carregando armas em vez de latas de tinta, ele poderia ter morrido. E isso
aconteceria novamente. Evelyn tinha muitos inimigos. Luca teve sorte de

KM
serem apenas ativistas anti-guerra que os encontraram desta vez, e não um
grupo terrorista ou um dos concorrentes de Fairburn Howard.

Ele tentou redirecionar seus pensamentos para a conversa carregada


com Ryder, mas isso só piorou as coisas, causando ansiedade e excitação em
igual medida. Embora Luca não pudesse contar o número de vezes que ele se
masturbou nos últimos dois dias, todos os orgasmos foram acompanhados
pelo conhecimento enlouquecedor de que as palavras de Ryder eram apenas
uma fantasia. Elas nunca aconteceriam de verdade.

Então, no sábado de manhã, Luca estava amedrontado, inquieto e


sexualmente frustrado, tudo ao mesmo tempo. Quando Ryder o
cumprimentou no café da manhã com um simples aceno de cabeça e nenhum
reconhecimento do que havia se passado entre eles na quarta-feira, foi a
última gota.

Luca precisava foder. Ele precisava de sexo com uma pessoa real, não
um brinquedo de silicone ou uma voz ao telefone, ou ele iria se perder.

Deitado na cama, olhando para o teto, Luca se decidiu. Ele tirou o


celular do bolso e abriu um texto em branco.

Estou enlouquecendo aqui!

Ashton mandou uma mensagem de volta em poucos minutos. Haha,


desculpe por ouvir isso. Quer fazer algo?

Eu não acho que minha mãe vai me deixar sair. Você pode vir?

KM
Certo. 1:30 ok? Eu levarei meu Xbox.

Parece bom. Luca jogou o telefone na mesa de cabeceira e pulou da


cama, cruzando o quarto para abrir a porta.

Ryder estava sentado na cadeira no corredor. Jesus, ele era tão


fodidamente bonito que era ridículo. Tudo o que Luca queria fazer era sentar
em seu colo e ver se aquelas coxas maciças eram tão duras quanto pareciam.

Empurrando o pensamento de lado, Luca disse: — Ashton Davenport


está chegando em uma hora. Você pode avisar o guarda no portão?

— O filho do senador que você conheceu na igreja?

— Você conhece outro Ashton Davenport?

Ryder franziu a testa, inclinando-se para a frente em sua cadeira. —


Tem certeza de que é uma boa ideia?

— Eu não estava pedindo sua permissão.

Luca encontrou-se procurando no rosto de Ryder por uma reação. Ele


queria... ele queria que Ryder ficasse com ciúmes. Quão juvenil era isso?

Embora Ryder não parecesse estar com ciúmes, ele parecia infeliz,
como se ele quisesse se opor. Luca sabia que não. Não era da conta de Ryder
o que Luca fazia em sua própria casa, e Ryder era profissional demais para
fingir o contrário.

KM
O engraçado é que Luca teria cancelado seus planos com Ashton em
um segundo para passar o tempo com Ryder.

— Tudo bem, eu vou deixar Springer saber. Esse garoto está trazendo
um guarda-costas?

— Eu não sei. Provavelmente. Ele é filho de um senador, certo?

Luca fechou a porta antes que Ryder pudesse responder. Ele sentiu
uma espécie de desapontamento enjoativo, e não quis me debruçar sobre as
razões para isso. Tirando as roupas a caminho do banheiro, Luca ligou o
chuveiro tão quente quanto pôde e ficou uma boa meia hora sob o jato.

Isso estava longe de ser a primeira vez que Luca se dispunha a seduzir
um homem hetero; ele já tinha uma ciência nisso. Depois que ele saiu do
chuveiro, ele raspou o rosto até que ficasse suave como o de um bebê,
pontilhou uma colônia sutil em seus pontos de pulso, e penteou o cabelo para
que ele secasse em uma bagunça despenteada. Vestia as roupas mais
agradáveis ao toque que possuía - calças de veludo maleáveis e gastas e um
suéter macio e apertado em um rico tom de bordeaux - e rejeitou os sapatos
em favor de andar descalço.

O resultado final foi que ele se mostrou acessível e não agressivo. Ele
parecia atraente - definitivamente um homem, mas não tão abertamente
masculino que seus avanços pudessem intimidar Ashton. De fato, se Luca
fizesse isso corretamente, Ashton seria o único a fazer os avanços.

KM
Já era uma e quinze quando ele deu uma última olhada ao seu reflexo,
depois saiu para o corredor. Ele não pode evitar dar uma parada por um
momento para que Ryder pudesse dar uma boa olhada nele.

Para seu crédito, Ryder não tentou esconder o jeito que seus olhos
passaram pelo corpo de Luca. — Você realmente acha que isso vai funcionar?

— O que você quer dizer?

— O garoto é hetero.

Luca se lançou para frente, inclinando-se para descansar as mãos nos


braços da cadeira de Ryder. Pego de surpresa, Ryder recuou.

— E daí? Luca sussurrou.

Olhos azuis brilhantes encontraram os seus sem piscar. O que Ryder


faria se Luca o beijasse agora?

Controle-se. Ele iria te afastar e você sabe disso. É por isso que você
convidou Ashton.

Luca se endireitou. — Eu vou descer, disse ele, e se virou. Ele sorriu


quando ouviu a respiração profunda que Ryder tomou antes de se levantar e
segui-lo.

Na cozinha, Luca pegou um pacote de batatas fritas e duas garrafas de


Coca-Cola. Ele estava saindo de lá quando o rádio de Ryder estalou.

KM
— Visitante para o Sr. D'Amato.

— Sim, deixe-o passar.

Luca foi até a porta da frente e abriu-a, parado no limiar, enquanto


observava uma elegante limusine preta estacionar na entrada. Um homem
corpulento de terno e óculos escuros saiu e segurou a porta para Ashton.

Ele estava vestido casualmente com uma polo verde-menta e jeans


desbotados, parecendo muito menos formal e pretensioso do que Luca se
lembrava. Uma mochila da Rutledge Academy estava pendurada no ombro
dele.

— Hey, disse Ashton, trotando até a varanda com seu guarda-costas


atrás. — Estou adiantado, eu sei. É um mau hábito.

— Melhor adiantado do que atrasado. Luca deu à bolsa um olhar


questionador.

— Xbox. Eu imaginei que você poderia não ter um.

— Eu não. Minha mãe não tem nada nesta casa projetada para
entreter qualquer pessoa com menos de quarenta anos.

Luca recuou, deixando os dois homens entrarem. Quando ele


conduziu Ashton através do foyer em direção à escada, ele ouviu Ryder e o
outro guarda se apresentarem silenciosamente um ao outro.

— Eu juro que esta casa fica maior toda vez que eu a vejo, disse Ashton.

KM
— Você já esteve aqui antes?

— Algumas vezes, para as festas de sua mãe. Ela organizou uma


arrecadação de fundos para meu pai no ano passado.

Eles se dirigiram para o quarto de Luca. Antes de fechar a porta, Luca


deu a Ryder um último olhar. A mandíbula quadrada de Ryder estava
definida, seu rosto inexpressivo. Ele não fez nenhum protesto de última hora.

Ashton já estava ligando o Xbox à televisão. — Agora, eu não sei como


você fazia as coisas na França ou neste outro lugar...

— Suíça.

— ...mas aqui na América, levamos nossas Gears of War11 a sério.


Então prepare-se para ser abatido.

Seu tom era brincalhão, provocante, nada do que Luca esperava. Luca
sorriu e pegou o controle que Ashton jogou para ele. — Eu tenho certeza que
vou descobrir isso eventualmente.

Duas horas depois, quando Luca reduziu a equipe de Ashton a uma


polpa sangrenta mais uma vez, Ashton soltou seu controle com um gemido.
Ele apontou um dedo para Luca com uma acusação falsa. — Você disse que
nunca jogou antes.

11Gears of War é uma franquia de jogos eletrônicos criada e originalmente propriedade da Epic Games,
desenvolvida e gerenciada pela The Coalition, e agora a Xbox Game Studios tem seus direitos e publica-a.

KM
— Sorte de principiante?

Ashton jogou um travesseiro nele. Luca riu.

— Ok, tudo bem, eu menti.

— Então eu não vou tão fácil com você da próxima vez.

Luca experimentou uma pontada momentânea de insegurança. Ele


tinha Ashton marcado como um esnobe arrogante e orgulhoso, mas Ashton
estava relaxado, sorrindo, aparentemente despreocupado com o fato de Luca
tê-lo espancado no jogo. Ryder tinha arruinado a capacidade de Luca de ler
as pessoas?

Esse pensamento perturbador foi interrompido quando Ashton disse:


— Deve ter sido difícil, dizer adeus a todos os seus amigos na Europa.

Os músculos do pescoço de Luca ficaram tensos. — Não é tão difícil


quanto você imagina.

— Você não tinha uma namorada que você teve que deixar para trás,
não é?

— Não. Nenhuma namorada.

Ashton abriu a boca e depois fechou sem dizer nada, parecendo


repentinamente inseguro.

— O que?

KM
— Eu só... estou tentando descobrir como te perguntar isso sem
ofender você...-

— Você está se perguntando se eu sou gay.

Ashton deu de ombros.

— Eu sou.

— Eu pensei que você poderia ser, mas eu não queria, você sabe,
assumir. Quero dizer, não é como se você fosse extravagante ou qualquer
coisa...

Divertido com o quão confuso Ashton estava se tornando, Luca disse:


— Não se preocupe com isso. Estou fora. Eu não me importo de falar sobre
isso. Ele observou o rosto de Ashton de perto. — Isso te incomoda?

— Não! Não, claro que não. E você não terá problemas em Rutledge
se voltar. Você sabe como os Quakers são sobre tolerância. Nós temos uma
Aliança Gay-Hetero e tudo mais.

— Eu não estava preocupado, mas obrigado.

Ashton assentiu. Eles estavam sentados contra a cabeceira da cama


de Luca, a cerca de trinta centímetros de distância, perto o suficiente para
que Luca sentisse o cheiro de sua loção pós-barba. — Você realmente não se
preocupa com o que as outras pessoas pensam, não é?

— Por que você diz isso?

KM
— Você parece tão seguro de si mesmo - como se fizesse o que quisesse
sem se importar se as pessoas gostem ou não.

Como Ashton claramente queria dizer isso como um elogio, não como
uma admoestação, Luca não discutiu. — Eu não gosto que alguém me diga
como viver minha vida.

— Às vezes eu gostaria de ser um pouco mais assim.

— Como assim? Luca deslizou alguns centímetros mais perto.

— Não é que eu não goste da minha vida. Eu gosto. Mas meus pais têm
muitas expectativas e eu não consigo dizer não a eles.

— Parece que você coloca muita pressão em si mesmo.

— Eu acho.

Ashton poderia muito bem ter se entregado em uma bandeja de prata.


Luca baixou o tom para um tom mais íntimo. — Mas você não pode ser
perfeito o tempo todo. Deve haver coisas que você gostaria de fazer que eles
odiariam se soubessem.

— Talvez às vezes, disse Ashton com uma risada.

— Minha mãe não se importa que eu seja gay, mas ela teria um ataque
cardíaco se soubesse metade das coisas que eu fiz com os homens.

As palavras tiveram o efeito desejado - elas fizeram Ashton se

KM
perguntar o que, exatamente Luca tinha feito que era tão chocante. Uma luz
curiosa entrou em seus olhos quando eles passaram pelo corpo de Luca.

— Como o quê?

— Eu não quero deixar você desconfortável.

— Eu não ficarei. Eu tenho outros amigos gays.

Não importava se isso era verdade ou não. Luca tinha Ashton fisgado,
e agora era só puxá-lo dentro

— Hmm, deixe-me pensar, disse Luca, como se já não soubesse qual


história ia contar. — Bem, ano passado, tivemos um grande encontro de
natação na minha escola. Um cara em uma das equipes adversárias estava
me checando o dia todo. Nós ficamos no vestiário depois do encontro até que
todos os outros tivessem saído, e então ele me fodeu nos chuveiros. Nós
realmente não conversamos - eu nem sei o nome dele - mas foi tão quente,
como se não pudéssemos ter o suficiente um do outro. Eu nunca mais o vi.

Os olhos de Ashton estavam arregalados. — Você fez sexo com um


estranho?

— Sim. Por que, isso te deixa enojado?

— Não. É algo que todo mundo fantasia, não é? Apenas


enlouquecendo com alguém que eles nem conhecem? Mas a maioria das
pessoas não tem coragem de realmente fazer isso.

KM
— Eu não faria isso com qualquer um. Luca não queria que ele tivesse
a impressão errada. — Eu tenho padrões. E me certifiquei de que ele usasse
camisinha.

— Ele? Você não?

Luca sacudiu a cabeça. — Eu gosto de ser fodido.

Uma ingestão rápida de ar foi a única resposta de Ashton.

— Talvez não devêssemos estar falando sobre isso. Você já beijou um


cara?

— Eu não sou gay.

— Mesmo? Eu já fiquei com garotas antes. Não me transformou em


hetero.

— Eu acho que é verdade.

— Beijar é praticamente o mesmo, de qualquer maneira. Mas isso não


importa. Mesmo se você quisesse me beijar, você não poderia. Seus pais
enlouqueceriam.

Franzindo a testa, Ashton disse: — Eu não sou um fantoche deles. Eles


não controlam tudo o que faço.

— Você estava falando sobre como gostaria que fosse forte o suficiente
para enfrentá-los. Quão chateados ficariam se soubessem que estivemos

KM
falando sobre isso?

— Se eu quisesse beijar você, eu faria.

— Tudo bem, disse Luca, deixando claro em seu tom de voz que ele
estava apenas zoando Ashton.

Ashton poderia não ser um fantoche de seus pais, mas ele certamente
era de Luca. Bem na hora, ele se inclinou para frente e pressionou os lábios
sobre os de Luca. Luca fez um barulho como se tivesse levado um susto, em
seguida levantou a mão para acariciar a bochecha de Ashton enquanto ele
retribuía o beijo de boca fechada por alguns segundos. Então ele se afastou.

— Eu não estou interessado em ser um caminho para você provar a si


mesmo que você é dono de si.

Ashton estava adequadamente embaraçado. — Não foi por isso que fiz
isso.

Luca baixou os olhos para a colcha. O polegar de Ashton passou por


sua bochecha; então sua mão se enrolou sob o queixo de Luca, levantando-o
e eles estavam se beijando novamente. Embora se tratasse mais de vencer
um desafio do que de excitação real, isso mudaria assim que Luca começasse
a guiá-lo na direção certa.

Ele relaxou os lábios, passando a língua sobre o lábio inferior de


Ashton em um pedido gentil para aprofundar o beijo. Ashton respondeu,
abrindo a boca e deslizando a língua contra a de Luca. Ele era um bom

KM
beijador, um pouco contido para o gosto de Luca. Luca se aproximou,
envolvendo um braço no pescoço de Ashton, e a mão de Ashton pousou no
quadril de Luca. O beijo se tornou mais rápido, mais aquecido.

Eles logo tiveram que se soltar, ambos ofegando. Os olhos de Ashton


estavam vidrados. — Você está certo, não é tão diferente, disse ele.

Em vez de responder, Luca recomeçou o beijo de onde parou. Desta


vez, ele permitiu que seus impulsos agressivos naturais reinassem
livremente. Ele empurrou Ashton contra a cabeceira da cama e passou a
perna no colo de Ashton, de modo que ele estivesse montado em suas coxas,
pressionando seus corpos enquanto sua língua mergulhava na boca de
Ashton, fazendo o beijo profundo e úmido.

Fazia muito tempo desde que ele tocara alguém assim. Luca enfiou as
mãos sob a camisa de Ashton e sobre o abdômen, deleitando-se com a
sensação de pele contra pele. Ashton tinha um corpo muito parecido com o
seu próprio - magro, esbelto, duro.

Luca se considerava um homem adepto à igualdade de oportunidades.


Ele gostava de sexo com homens de todos os tipos de corpo - magrelo,
esbelto, bem-construído, rechonchudo - contanto que eles soubessem como
usar seus pênis. Em sua experiência, não havia correlação entre os dois. Ele
raramente desejava um tipo de corpo em detrimento de outro.

Então, foi uma surpresa quando Luca tocou Ashton e se viu desejando
que os músculos de Ashton fossem mais grossos, que as mãos deslizando

KM
para cima e para baixo em suas costas fossem maiores, que o peito que ele
estava encostado fosse mais largo. Ele e Ashton eram quase do mesmo
tamanho, e não era isso que Luca queria. Ele queria um homem que fosse
mais alto, maior e mais forte.

Pare de pensar em Ryder!

Luca voltou a se concentrar em Ashton - e a protuberância no jeans


de Ashton pressionava contra sua bunda. Ele beijou um caminho do queixo
de Ashton até o pescoço. — Você está tão duro, ele sussurrou.

Para consternação de Luca, Ashton corou e afastou os quadris do


corpo de Luca. — Desculpe, eu não queria...-

— Eu gosto, disse Luca, colocando os dedos nos lábios de Ashton para


parar seu balbuciar embaraçado. Ele pressionou suas coxas para obter os
quadris de Ashton de volta à sua posição anterior, em seguida, moeu sua
bunda na ereção de Ashton em círculos lentos. Seu próprio pau duro cutucou
Ashton no estômago quando ele inclinou a cabeça para morder o pescoço de
Ashton.

Ashton gemeu, as mãos segurando os quadris de Luca. — Espere,


espere, Luca...-

Luca levantou a cabeça, mas não parou de mexer os quadris. — O que?

Bryce pode nos ouvir. Ele pode dizer ao meu pai.

KM
Quem diabos era Bryce? O cérebro de Luca estava confuso com
luxúria e impaciência. Deve ser o guarda-costas de Ashton. Luca se inclinou
e pegou o controle remoto da cama, percorrendo o guia de canais da televisão
até chegar a um canal de música tocando rock clássico. Ele aumentou o
volume.

— Melhor?

— Sim. Ashton pegou os ombros de Luca antes que Luca pudesse


beijá-lo novamente. Ele parecia ansioso. — Eu sei que estávamos brincando
antes, mas meus pais realmente ficariam furiosos se soubessem disso.

— Quem vai dizer a eles? Vai ser o nosso pequeno segredo. — Luca
revirou os quadris, colocando mais pressão no pênis de Ashton e fazendo
suas pálpebras tremerem. — Pense nisso. Nós vamos dizer olá um para o
outro na igreja, e nenhuma das pessoas ao nosso redor saberá que nos
beijamos, ou que eu sentei no seu colo, ou que você teve seu pênis na minha
boca...-

Os olhos de Ashton se abriram. — O que?

— Você quer que eu...?

— Você quer?

— Sim. Luca se abaixou para tatear Ashton através de seu jeans.

— Foda-se, hum, ok.

KM
Como se qualquer homem na história do mundo tivesse recusado um
boquete. Luca segurou as mãos de Ashton e o guiou para se sentar na beira
do colchão com os pés no chão, depois deslizou para se ajoelhar entre as
pernas. Ele pressionou o rosto na virilha de Ashton e respirou
profundamente.

Luca adorava tudo sobre chupar pau. O gosto, o cheiro, a sensação -


tudo isso o deixava louco, mas o que ele mais gostava era o poder inerente do
ato. Se havia uma maneira mais rápida de transformar o cérebro de um
homem em mingau do que cair sobre ele, Luca ainda não o encontrara.

Ele abaixou o zíper da calça jeans de Ashton, o sangue já vibrando de


excitação, e abaixou a faixa elástica de sua cueca boxer. Ashton gemeu
quando Luca libertou seu pênis. Era mais curto que o de Luca, mas um pouco
mais grosso, certamente nada para se desprezar. Luca lambeu os lábios.

Ashton estava respirando com tanta força que parecia que ele já tinha
seu pênis na garganta de Luca. Luca passou as mãos pelas coxas de Ashton e
olhou para ele. — Só não toque minha cabeça, ok?

— Eu não vou. Eu não faria.

Como o lubrificante estava na mesa de cabeceira do outro lado da


cama, Luca cuspiu na palma da mão e deu ao membro de Ashton alguns
movimentos vigorosos, mapeando o tamanho e a forma dele. Ele segurou
firme na base e chupou a cabeça em sua boca.

KM
Os adolescentes raramente apreciavam um boquete lento e
provocante como os homens mais velhos faziam; o próprio Luca odiava ser
provocado quando os papéis eram invertidos. Então ele não perdeu tempo
em ir aos negócios, balançando a cabeça para cima e para baixo no eixo de
Ashton em um ritmo constante, a mão se movendo no tempo com a boca. O
gosto masculino e limpo de Ashton fez o pênis do próprio Luca pulsar com a
necessidade. Ele usou a mão livre para estalar o botão em suas calças de
veludo e puxá-lo para fora.

Luca abaixou a boca ainda mais a cada passada, até que finalmente
ele estava tomando todo o pênis de Ashton a cada vez. Não conseguiu conter
um gemido quando sentiu-o deslizar em sua garganta. Ashton estava
ofegante, gemendo e xingando, os quadris se movendo em pequenas
contrações controladas, os dedos brancos na borda do colchão.

Enquanto Luca preferia dormir com adultos que sabiam o que


estavam fazendo, uma das principais vantagens do sexo com garotos da sua
idade era que tudo era novidade para eles. Era óbvio, pela sua reação, que
ninguém jamais havia feito garganta profunda em Ashton assim. Pelo resto
de sua vida, Ashton sempre se lembraria de Luca como a primeira pessoa que
lhe dera esse tipo de prazer.

Esse pensamento fez o pênis de Luca saltar. Ele o segurou com a mão
esquerda enquanto pegava o ritmo do boquete, encontrando um bom ritmo
que funcionava com sua respiração, em vez de contra ela, lambendo a parte
de baixo do pênis de Ashton com a língua.

KM
— Deus, oh Deus, isso é tão...- Ashton bateu no ombro de Luca, a voz
tensa. — Eu vou gozar.

Luca apenas sugou mais forte.

— Luca..., você me ouviu?

Tirando o pênis de Ashton, Luca levantou a cabeça. — Eu ouvi você,


disse ele, e segurou os olhos de Ashton quando ele deliberadamente o engoliu
de volta.

— Oh meu Deus, você não está...- você vai...-

Luca cantarolou uma afirmação. A resposta ofegante de Ashton foi


incoerente.

Concentrando-se apenas em Ashton agora, Luca usou as duas mãos


para segurar os quadris de Ashton contra a cama e o engoliu profundamente.
Ele não se incomodou em reprimir seus próprios gemidos necessitados; as
vibrações só fariam Ashton gozar mais cedo.

— Foda-se,... foda-se...-

Ashton soltou um grito rouco quando gozou, com o pênis enterrado


tão longe na garganta de Luca que Luca não pôde nem prová-lo. Luca engoliu
em torno do eixo pulsante, recuando pouco a pouco quando o orgasmo de
Ashton diminuiu, lambendo a cabeça para limpá-la antes de abrir mão do
prêmio. Ele passou as costas da mão sobre a boca e flexionou a mandíbula

KM
dolorida.

— Puta merda. Ashton caiu para trás no colchão.

Luca subiu de volta na cama, acariciando seu próprio pênis apenas o


suficiente para manter sua necessidade urgente à distância. — Bom?

— Surpreendente. Ninguém nunca me engoliu antes. Foi tão...- Sua


voz se perdeu em um gemido suave.

Deitado ao lado dele, Luca beijou seu ombro. Ele não sabia como
Ashton reagiria ao ser beijado na boca por alguém que acabara de cair sobre
ele, e não queria arriscar. — Eu realmente preciso gozar.

— Foda-se, certo, desculpe. Ashton olhou para baixo do corpo de Luca


e viu seu pênis pela primeira vez. Uma sugestão de alarme cruzou seu rosto.
— Eu não sei se posso...-

— Eu não quero que você chupe meu pau. A última coisa que Luca
precisava agora era sofrer com o primeiro boquete desajeitado de um garoto
hetero. — Você não precisa tocar nada. O que eu realmente gostaria é que
você colocasse seus dedos dentro de mim.

— Dentro de você? Como na sua bunda?

— Sim. Luca colocou a mão sob a camisa de Ashton para acariciar seu
peito, puxando o lóbulo da orelha de Ashton com os dentes. — Eu tomei um
banho antes de você chegar aqui, então você não precisa se preocupar com

KM
nada nojento. Por favor, vai me fazer gozar tão forte que você não faz ideia.

Ashton assentiu, parecendo mais determinado do que qualquer outra


coisa. — Okay.

Luca tirou o suéter e rolou para o outro lado da cama, pegando o


lubrificante da gaveta do criado mudo. Ele se esticou de costas. Ashton se
moveu para deitar ao lado dele, a atenção focada no umbigo de Luca.

— Você tem um piercing no umbigo? Eu nunca vi isso em um cara.

— É mais comum na Europa.

Ashton estendeu a mão e então hesitou. — Posso tocá-lo?

— Certo.

Ashton arrastou os dedos sobre a barra de aço, fazendo Luca suspirar


e enviando arrepios agradáveis através de sua pele. Ele colocou o piercing só
porque gostou do jeito que parecia, mas logo descobriu que era uma
ferramenta de sedução inestimável. Um piercing no umbigo fazia as pessoas
pensarem em sexo, chamava a atenção para a parte inferior do corpo de Luca
e, uma vez que os homens estavam mais acostumados a ver isso nas
mulheres, facilitava a transição mental de foder uma mulher para foder um
homem.

Enquanto Ashton brincava com o piercing, Luca se esquivou das


calças e da cueca e abriu o lubrificante. Ele pegou a mão de Ashton e

KM
derramou um pouco do gel liso sobre os dedos.

— Você já tocou uma menina?

— Sim claro.

— É um pouco diferente, mas você ainda deve saber o que fazer. O


mais importante é garantir que sempre haja lubrificante suficiente.

Luca guiou a mão de Ashton entre as pernas, tomando cuidado para


evitar seu pênis. Ashton estava olhando para ele com a curiosidade que era
um precursor do desejo real, mas Luca não tinha a paciência agora para levar
Ashton através da ginástica mental necessária para ele estar realmente
disposto a tocar a ereção de outro homem. Isso poderia esperar para outra
hora.

Ele puxou os joelhos para cima para que Ashton tivesse melhor
acesso. Ashton sacudiu um dedo hesitante sobre o buraco de Luca, depois
piscou. — Você não tem nenhum cabelo aqui embaixo.

— Eu depilo isso. Luca soltou um suspiro assustado quando os dedos


de Ashton viajaram até o períneo e então escovaram suas bolas.

— Parece muito diferente. Mais suave.

— Isso torna o sexo muito melhor também. Você deveria tentar. Mas
primeiro... Luca empurrou a mão de Ashton para baixo. — Você deveria me
fazer gozar.

KM
— Você tem certeza que isso não vai te machucar?

— Eu não sou uma virgem. Confie em mim, eu vou gostar.

Ashton deslizou seu dedo indicador para dentro, movendo-o para


dentro e para fora muito lentamente. Até isso foi um milhão de vezes melhor
que qualquer brinquedo. Luca empurrou os quadris para cima.

— Um pouco mais rápido.

— Você se sente muito apertado.

— Vai se soltar. Ashton, na verdade, você não vai me machucar. Luca


ficou satisfeito e frustrado com a preocupação dele.

Ashton moveu o dedo mais rapidamente. Um dedo não deu muito


alongamento a Luca, mas o atrito contra a borda fez com que ele gemesse.
Ele lubrificou sua própria mão e começou a bombear seu pênis.

— Coloque outro.

Ashton não o questionou desta vez; ele apenas empurrou um segundo


dedo e continuou o mesmo ritmo rápido. Sua respiração era quase tão pesada
quanto a de Luca.

— Puxe seus dedos um pouco e enrole-os em sua direção. Você vai


sentir um pequeno solavanco - nngh, sim, bem aí - o peito e o rosto de Luca
ficaram ruborizados com o prazer quando Ashton encontrou sua próstata.

KM
— O que é isso?

As manipulações cautelosas de Ashton em sua glândula tornaram


difícil para Luca responder coerentemente. — Minha próstata. Eu gosto de
muita pressão e muita velocidade, então não se segure.

Luca teve que mover seus quadris no início para demonstrar o que
queria, mas Ashton pegou rapidamente, e logo ele estava tocando Luca
apenas certo - dedos entrando e saindo de seu buraco, empurrando com força
contra sua próstata. Ofegando palavras de encorajamento, Luca se fodeu na
mão de Ashton e empurrou seu pênis.

— Você realmente gosta disso? Ashton perguntou.

— Deus, sim. Não pare. Luca empurrou seus pés contra a cama e
arqueou as costas, tentando levar os dedos de Ashton mais fundo.

— Isso é tão quente. A voz de Ashton demonstrava tanto surpresa


quanto excitação. — Você é apenas... você é tão fodidamente sexy, em tudo
que você faz...-

Luca gemeu. Ele estava bem no limite, o prazer ascendendo e subindo


por sua espinha. Ele agarrou a parte de trás do pescoço de Ashton e puxou a
cabeça para baixo de modo que seus rostos estavam a centímetros de
distância. — Me faça gozar.

Ashton beijou-o e empurrou com força contra a próstata. Luca deu


seu último aperto no pênis; o grito que ele soltou na boca de Ashton quando

KM
gozou foi de triunfo, tanto quanto de conclusão.

KM
Capítulo nove

David Bryce era um cara legal, mas ou ele era o homem mais
indiferente do mundo, ou ele era tão mente fechada em relação a orientação
sexual que simplesmente não conseguia conceber a possibilidade de que seu
protegido pudesse estar brincando sexualmente com um amigo homem.

O primeiro gemido que saiu do quarto de Luca fez Bryce sentar e


franzir a testa. — O que é que foi isso?

— Eu não sei, disse Ryder, esperando que seria o fim de tudo.

Não foi. Vários sussurros e gemidos, abafados, mas ainda audíveis,


vieram de trás da porta nos minutos seguintes. Embora fosse óbvio o que
Luca e Davenport estavam fazendo, Bryce ainda parecia intrigado.

Ryder decidiu que ele também poderia usar a confusão de Bryce para
sua própria vantagem. — Eles provavelmente estão assistindo pornografia.
Você conhece esses garotos ricos - eles têm todos os canais pay-per-view e
nenhuma supervisão.

Isso apaziguou Bryce; Ele relaxou em sua cadeira com um sorriso. —


Eu teria matado por isso quando tinha a idade deles.

KM
Segundos depois, uma música antiga dos Rolling Stones começou a
tocar. Bryce parecia não pensar em nada, mas, tanto quanto Ryder sabia,
havia apenas uma razão pela qual os adolescentes estavam tocando música
alta enquanto estavam sozinhos em um quarto juntos.

Ele teve a sorte que Bryce não entendeu; Ryder estava fodido se isso
chegasse ao senador Davenport. O aviso de Evelyn D'Amato da semana
passada ainda tocava alto e claro em sua mente.

Deixei claras as condições de seu trabalho, ela disse, e para seu


crédito, essa era a verdade absoluta. D'Amato não havia passado
despercebido ou usado eufemismos delicados quando ela lhe ofereceu o
trabalho de líder da equipe de segurança de Luca.

Ryder é quem fora desonesto. Ele sabia muito bem que nunca seria
capaz de fazer o que ela pedia. Mas o salário era insano - dois anos na equipe
de proteção de Luca, e Ryder não só poderia voltar a Georgetown para seu
mestrado sem tomar empréstimos, ele poderia viver com bastante conforto
enquanto fazia isso. Além disso, ele achava que D'Amato estava exagerando,
exagerando a quantidade de problemas que uma criança de dezoito anos
poderia ter.

Ele subestimou Luca e superestimou a si mesmo. Se Luca fizesse uma


de suas manobras habituais com Ashton Davenport, Ryder teria sorte se seu
trabalho fosse a única coisa que ele iria perder.

Uma mudança no teor dos gemidos que ocasionalmente subiram

KM
acima da música chamou a atenção de Ryder e o arrastou para fora de sua
mente. Mais cedo, os ruídos foram profundos e roucos; agora eles eram mais
agudos, trêmulos, em êxtase - o som inconfundível de um homem que tinha
sua próstata trabalhada.

Luca estava deixando Davenport transar com ele? Uma parte


primordial do cérebro de Ryder foi despertada pela ideia de seus corpos
jovens e duros entrelaçados, tateando e empurrando, mas seu lado mais
racional rapidamente assumiu. A preocupação por seu trabalho lutava contra
a irritação e a imprudência promíscua de Luca.

Ele tinha ficado na casa de seus pais em D.C. em seus dias de folga,
esperando que uma mudança de ambiente o ajudasse a recuperar
autocontrole suficiente para parar de se masturbar todas as noites com
pensamentos sobre foder Luca. Na noite de quinta-feira, Ryder tinha ido a
um clube, procurando uma conexão...

Seu nome era Cody - um doce, loiro de vinte e poucos anos, muito
feminino. Nada sobre ele lembrou a Ryder de Luca, que era o ponto. Ele tinha
derretido nos avanços da Ryder; quinze minutos de beijos apaixonados
contra o bar, e ele convidou Ryder para casa com ele.

— Como você me quer? Cody perguntou enquanto se atrapalhava


com o cinto de Ryder.

A pergunta pegou Ryder de surpresa. Ele estava admirando a


cintura fina de Cody, imaginando se ele conseguiria abranger com as mãos.

KM
— O que você quer?

— Qualquer coisa. Cody enfiou a mão nas calças de Ryder para


apertar seu pênis através de sua cueca. Ele soltou um pequeno suspiro. —
Deus, com um pau assim, você pode fazer qualquer coisa comigo.

— Em suas costas, então, disse Ryder, não tanto porque ele tinha
uma forte preferência, mas porque estava claro que Cody não iria lhe dar
qualquer direção.

Cody era muito vocal. Uma ladainha incessante de suspiros e gritos


derramou de seus lábios quando Ryder se deitou entre suas pernas,
chupando seu pênis enquanto esticava seu buraco. Ryder gostava de um
amante verbal; ele saboreava cada sinal de que estava fazendo algo certo,
que estava agradando seu parceiro.

Quando ele se moveu em cima de Cody, porém, Ryder ficou


repentinamente insatisfeito. Cody estava deitado embaixo dele com as
pernas bem abertas, corado e ofegante, ansioso pelo pênis de Ryder, mas
não pedindo por ele - apenas esperando para Ryder tomá-lo.

A passividade de Cody não excitou Ryder. Ele queria demandas,


ordens, para que lhe dissesse o que fazer e como fazer. Ele queria mãos
agarrando seus bíceps, pernas em volta da cintura, unhas arranhando suas
costas, dentes cavando em seu ombro.

Ryder balançou a cabeça, irritado. Cody era submisso; ele precisava

KM
que Ryder fosse o dominante. Ryder se orgulhava de ser capaz de se
adaptar às necessidades de seus amantes, e ele nunca teve problemas em
assumir o papel dominante antes.

Ele beijou Cody com força. — Eu mudei de ideia. Role.

Cody choramingou em antecipação sem fôlego antes de virar de


bruços, mantendo o torso contra o colchão enquanto se levantava de joelhos
e levantava a bunda no ar. Não era tão gloriosamente redondo quanto o de
Luca, mas estava perto. Ryder deu uma boa palmada.

— Ah! Cody abriu ainda mais seus joelhos. — Oh, por favor, por
favor...-

— Você quer esse pau? Ryder acariciou sua ereção para firmá-lo um
pouco, em seguida, rasgou o pacote de preservativo.

— Mmm, sim, por favor...-

Preservativo no lugar, Ryder agarrou os quadris de Cody e dirigiu


em sua bunda sem mais prelúdio. Cody gritou e se contorceu, mas tudo de
prazer. Ryder bombeou seus quadris, batendo na bunda de Cody de vez em
quando, sendo o top brutal que Cody precisava.

Havia algo em pegar um homem por trás que parecia tão agressivo,
tão dominador, mas Ryder sabia que se fosse Luca na frente dele, não
haveria nada dominante sobre isso. Não importava em que posição eles
estivessem, Luca estaria no controle - porque o domínio não estava na ação

KM
em si. Estava nos desejos dos atuantes.

Ryder ansiava pela clareza de pensamento e propósito que veio de


receber ordens. Tudo o que ele queria era trazer prazer a Luca, fazê-lo
gozar de novo e de novo, ouvi-lo gritar até perder a voz.

Não Luca. Cody

Envergonhado de si mesmo, Ryder dobrou seus esforços até que


Cody estava se contorcendo, implorando uma verdadeira bagunça.
Embora ele não pudesse poupar uma mão para dar uma reação a Cody,
Cody não pareceu se importar em cuidar das coisas sozinho. Em poucos
minutos, seu corpo convulsionou enquanto ele gozava com um gemido.
Ryder deixou o traseiro de Cody puxá-lo para o seu orgasmo também.

O súbito silêncio da música de Luca desligou Ryder. As lembranças de


sua noite com Cody o deixavam tanto excitado quanto culpado, uma
combinação desagradável agravada pela percepção de que ele estivera
zoneando enquanto estava em serviço.

Ele e Bryce se levantaram quando a porta do quarto se abriu um pouco


depois. Um olhar para a boca vermelha e inchada de Luca foi suficiente para
deixar Ryder saber exatamente como os garotos estavam passando o tempo.

— Eu vou levá-lo até lá fora, disse Luca para Davenport.

Então ele conseguira seduzir o pequeno idiota, e tinha feito um bom


trabalho pois não havia evidência de estranheza entre eles quando desceram

KM
para a porta da frente, conversando sobre o possível retorno de Luca a
Rutledge.

Ao sair, Davenport disse: — Vejo você na igreja amanhã?

— Sim.

Bryce fez um aceno simpático para Ryder e seguiu Davenport até a


limusine à espera. Luca fechou a porta e voltou para as escadas. Em
circunstâncias normais, Ryder teria mantido a boca fechada, mas o olhar de
autossatisfação no rosto de Luca o colocou no limite.

— Você poderia ter sido mais discreto, sabia. Nós podíamos ouvir
você.

Incongruentemente, Luca sorriu. — Com ciúmes?

Ryder quase perdeu um passo. — Não seja ridículo.— Ele não estava
com ciúmes de um garoto de dezoito anos que só chamou a atenção de Luca
porque ele tinha um pai poderoso.

— Então por que você se importa? Minha mãe me prendendo


indefinidamente só tornaria seu trabalho mais fácil.

Eles chegaram ao patamar e se dirigiram para o quarto de Luca.

— Isso não é o que você quer, disse Ryder. — Eu não entendo porque
você faria algo que você sabe que só vai deixá-la com raiva.

KM
— Você vai dizer a ela?

— Claro que não.

— Então não vai ser um problema, não é? Luca sentou-se na borda de


sua cama desarrumada e amarrotada, o contentamento escorrendo de cada
poro.

Pairando na porta, Ryder disse: — Não, a menos que você esteja


planejando outra grande revelação.

— Eu ainda não decidi.

Sua atitude indiferente empurrou Ryder sobre a borda da irritação


para a raiva total. Ele não disse nada, mas ele nunca foi tão bom em esconder
suas expressões, e Luca era muito perceptivo.

— Você tem certeza de que não está com ciúmes? Luca se levantou e
se aproximou de Ryder. — Você sabe, se você quiser desistir, tudo que você
tem a fazer é dizer a palavra. Eu prefiro muito mais um homem do que um
menino.

Ryder ficou rígido quando Luca alisou as duas palmas sobre seu peito,
olhando para ele através de grossos cílios escuros. Seu corpo estava gritando
para ele pegar o que estava sendo oferecido e mandar as consequências à
merda.

— Você poderia me ter agora, se você quisesse. Ashton apenas enfiou

KM
os dedos em mim, ele não me fodeu. Eu já poderia ir de novo. Nós nem
teríamos que nos preocupar com as preliminares. Você poderia
simplesmente enfiar seu pau dentro de mim; Ainda estou lubrificado...

Ele também poderia ter jogado gelo nas calças de Ryder. Ryder fez
uma careta. — Isso deveria me excitar?

Luca deu-lhe um olhar perplexo.

— Sério, eu quero saber. É para me excitar que você está trazendo o


pensamento de que apenas dez minutos atrás estava rolando naquela cama
com os dedos de outro homem na sua bunda? É nisso que você pensa que eu
estou?

Recuando, Luca disse: — Eu estava apenas brincando.

— Não me insulte, Ryder estalou. Raiva se agitou sob sua pele. —Deus,
sexo não significa nada para você, não é?

— Claro que sim.

— Mesmo. Quantos anos você tinha quando começou a fazer sexo?

— Dezesseis.

— Então foi, o que, cerca de dois anos atrás? Com quantos homens
você dormiu desde então?

Luca apertou os lábios, as narinas dilatadas. Ele não respondeu.

KM
Pare agora, Ryder disse a si mesmo. Não é da sua conta. Você está
cruzando a linha. Mas ele estava com medo de perder o emprego, e o medo
o fez atacar. — Você não sabe, não é? Você não consegue se lembrar.

— Por favor, como se você fosse algum tipo de anjo. Um rubor irritado
estava subindo pelo pescoço de Luca até o rosto. — Você esteve no Exército
durante o Não pergunte, Não conte12. Tenho certeza de que você teve mais
do que o seu quinhão de encontros de uma noite.

— Eu tive. Eu dormi com muitos homens na minha vida. Mas eu me


lembro exatamente de quantos, e eu poderia dizer a você cada um dos seus
nomes, porque eu me importo.

— E eu não? Não é como se eu estivesse na esquina de uma rua,


abrindo minhas pernas para qualquer um com um pau.

— Não, você só dorme com homens que podem te dar alguma coisa.
Você acha sexy brincar com professores e padres e com os pais de seus
amigos? Não é. É muito triste.

Toda a raiva desapareceu do rosto de Luca, substituído pelo choque


total. Ryder já se arrependia do que ele disse, mas as emoções estavam
fervendo dentro dele por uma semana, e Luca nunca parava. Ele iria custar

12Não pergunte, não conte— era a política dos Estados Unidos contra pessoas abertamente homossexuais
que serviam nas forças armadas. A maneira como a política foi estabelecida, os militares não perguntariam
sobre sua orientação sexual e, desde que você escondesse o fato de ser gay ou lésbica, você poderia ficar -
mas se você decidisse ser franco sobre isso, eles poderiam e te expulsariam. Felizmente, o DADT foi
revogado no ano passado (muito depois que Ryder deixou o Exército)

KM
o trabalho de Ryder. As palavras continuaram a derramar sem controle.

— Você age como se não se importasse. Você usa outras pessoas como
peões em seus joguinhos e você não se importa com o que acontece depois.
Você não tem respeito por si mesmo ou por qualquer outra pessoa. Que tipo
de homem comprometeria sua integridade apenas para dormir com alguém
assim?

Luca pegou um porta-retrato de sua mesa de cabeceira e jogou na


cabeça de Ryder. Ele se quebrou contra o batente da porta quando Ryder se
esquivou.

— Dê o fora daqui, disse Luca, com a voz trêmula. — Saia.

Ryder se foi.

*****

Luca fechou a porta atrás de Ryder e virou-se de costas para ela,


deslizando para se sentar no chão. Ele colocou a cabeça entre as mãos.

Seu coração batia com a adrenalina da fúria, fazendo seus músculos


tremerem e sua respiração diminuir. Escondido sob a raiva, porém, Luca
sentiu como se pudesse começar a chorar a qualquer momento.

KM
Isso era inaceitável. Ele cravou as palmas das mãos nos olhos,
respirando fundo até o nó na garganta se dissolver. A raiva estava bem. Raiva
era compreensível. Chorar só porque Ryder tinha sido um bastardo não era.

Como ele ousou? Ryder estava cheio de conversa sobre manter uma
distância profissional, mas ele não teve problemas em cortar Luca na
primeira chance que ele teve. Moralista hipócrita.

Luca pegou o porta-retrato. Estava apoiado onde tinha batido na


parede; pedaços de vidro quebrado cobriam o tapete. Ele não tinha olhado
para a foto antes de jogá-la, e seu estômago se apertou quando viu que era a
de seu pai e ele mesmo quando criança.

Antonio concordaria com Ryder, se ele estivesse vivo?

Luca se levantou e colocou a moldura de volta na mesa de cabeceira.


Ele tinha que sair deste quarto - ele podia sentir a presença de Ryder no
corredor, como se ele estivesse emitindo algum tipo de sinal preconceituoso.

Abrindo a porta, Luca saiu para o corredor e se dirigiu para a ala oeste.
Ele não olhou mais para Ryder, porque ele estava com medo de que, se o
fizesse, ele socasse o homem na cara. Considerando sua diferença
significativa de tamanho, era improvável que isso terminasse bem para Luca.

O apartamento independente onde os Orwells moravam era adjacente


à suíte master de Evelyn. Luca bateu na porta, super consciente de Ryder
parado a poucos metros atrás dele.

KM
Sheila estava secando as mãos em um pano de prato quando
respondeu. Seu sorriso era surpreso e feliz. — Luca! O que você está fazendo
aqui?

— Posso entrar?

— Claro, querido. Ela se afastou para deixá-lo passar, em seguida,


lançou a Ryder um olhar questionador.

— Eu vou ficar aqui fora.

Sheila assentiu e fechou a porta. A sala principal do apartamento


aconchegante servia tanto de sala de estar quanto de jantar, com uma
pequena cozinha no canto. Vegetais crus em vários estados de preparação
estavam espalhados pelos balcões.

— O que está errado, bubeleh?

— Nada. Luca forçou um sorriso. — Você está fazendo o jantar?

— Ensopado de carne.

— Precisa de ajuda?

Ela deu um tapinha no ombro dele. — Você pode lavar e descascar


essas batatas para mim, se você quiser.

A sacola de batatas já estava sobre a pia. Luca ligou a água quente e


pegou a escova de vegetais, deixando a tarefa monótona silenciar o zumbido

KM
em seu cérebro. Sheila retomou com as cenouras ao lado dele.

— Ethan chegou em casa ontem à noite. Ele está ansioso para vê-lo
novamente.

— Eu também.

O marido de Sheila era o gerente da propriedade de Evelyn. Ele


passara as últimas duas semanas em Aspen, deixando a cabana deles pronta
para a temporada de festas, então Luca não o vira desde o seu retorno.

— Por que você não fica para o jantar então? Parece uma pena que
você ajude a fazer e depois não o coma.

— Eu adoraria.

Enquanto trabalhavam, Sheila manteve um fluxo constante de


conversas mundanas - o torneio de futebol de seu filho Noah, seus planos
para o Hanukah, o quanto os pais dela amavam sua nova comunidade de
aposentados. Luca ficou feliz apenas em falar sobre algo diferente de si
mesmo para variar.

Sheila acabara de colocar a tampa na panela borbulhante quando


Noah saiu do quarto, segurando um livro e um maço de folhas soltas. —Mãe,
eu preciso de ajuda - oh, oi, Sr. D'Amato.

— Noah, eu te disse que você pode me chamar de Luca.

Quando Luca deixou os Estados Unidos, Noah ainda usava fraldas.

KM
Tinha sido um choque encontrá-lo novamente como um aluno magro e de
olhos solenes da terceira série.

— No que você precisa de ajuda? Sheila perguntou.

— Minha lição de matemática.

Luca disse: — Eu posso ajudar, se você quiser. Dessa forma, sua mãe
pode terminar de fazer o jantar.

Noah olhou-o com cautela por um momento antes de concordar. Eles


se sentaram na mesa da cozinha. Enquanto Sheila se movimentava ao redor,
mexendo o ensopado, arrumando a mesa e aquecendo um pedaço de pão no
forno, Luca examinou o livro de matemática de Noah. Noah estava tendo
dificuldade em multiplicar números de vários dígitos, e logo ficou claro que
ele estava ficando sobrecarregado porque estava tentando fazer o número
inteiro de uma vez, em vez de usar um dígito de cada vez.

Luca mostrou-lhe uma outra maneira de fazer isso, resolvendo cada


problema um por um, retrocedendo enquanto eles iam até que Noah os
estivesse fazendo sozinho. Ele sentiu uma onda de nostalgia pela terceira
série. Tudo tinha sido tão simples então.

A porta do apartamento se abriu para admitir um pé de feijão de um


homem. Ethan Orwell era ainda mais alto que Ryder, mas com apenas um
terço da largura. A maior coisa sobre ele era sua barba negra espessa.

— Bem, olhe o que temos aqui, disse ele quando viu Luca. Ele não

KM
sorria - Ethan raramente fazia -, mas seus olhos eram quentes e carinhosos.

— Ethan. Luca se levantou para lhe dar um abraço. Ethan beijou o


topo de sua cabeça; ele era tão alto que teve que se abaixar para fazê-lo.

— Sente-se, rapazes, disse Sheila. — Noah, livros fora da mesa, por


favor.

— Como foi Aspen? Luca perguntou, voltando para sua cadeira.

— Linda nessa época do ano, como sempre. Vai ser bom ter você lá
para as férias novamente.

O último Natal que Luca passara em Aspen fora o último Natal de seu
pai na Terra. Ele sorriu com força e assentiu.

Sheila trouxe a comida para a mesa e depois fez uma breve oração
antes de comerem. Luca ficou quieto durante o jantar, ouvindo o fluxo fácil
de conversa, observando o amor e o respeito um pelo outro que era óbvio em
cada palavra e gesto. Era assim que uma família deveria ser.

Depois, Ethan levou Noah para prepará-lo para a cama. Luca ajudou
Sheila a limpar a mesa e a lavar a louça, depois secou as panelas enquanto
ela as lavava.

— Você vai me dizer o que está incomodando você?

Luca olhou para a tábua de cortar que ele estava secando. Em vez de
respondê-la diretamente, ele disse: — Às vezes, depois de tomar uma decisão,

KM
quando estou conjecturando se é a certa, imagino contar a você sobre isso.
Se sinto vergonha, sei que fiz a coisa errada. Ele colocou a tábua no balcão.
— Eu faço muita coisa errada.

— As pessoas cometem erros, especialmente na sua idade. É como


você aprende.

— É um erro se você fizer isso de propósito?

Ela desligou a torneira. — Você acha que você deliberadamente faz


coisas que você sabe que estão erradas?

— Não errado, exatamente, apenas coisas que sei que vão acabar...
mal. Eu sei que elas são estúpidas quando eu estou fazendo, mas é como se
eu não me importasse - pelo menos não até depois, e então é tarde demais.

— Soa como um adolescente comum para mim.

Luca riu. — Esse é o seu jeito de me dizer que eu não sou tão especial
quanto eu acho que sou?

— Você é muito especial, disse Sheila, acariciando sua bochecha. —


Posso não saber tudo o que você fez, mas sei que você não é uma pessoa ruim.
Apenas jovem e um pouco perdido. Ela deu-lhe um beliscão leve e voltou
para a louça. — Mas talvez você devesse pensar no que eu diria antes de fazer
as coisas, hmm?

No momento em que Luca disse boa noite para os Orwells, o turno de

KM
Ryder havia acabado há muito tempo e Siobhan ocupara seu lugar.

— Você e Ryder tiveram uma briga? Ela perguntou enquanto voltavam


para o quarto de Luca.

— Por que você pergunta?

— Ele estava ainda menos falador do que o normal quando eu o


substituí.

Luca parou de andar no meio do corredor. — Shiv, você acha que eu


sou uma vagabunda?

— Ryder não te chamou assim. Foi uma declaração, não uma


pergunta.

— Ele não usou a palavra, mas deixou bem claro que é o que ele pensa.

Com ceticismo, ela disse: — Ele lhe disse isso do nada?

— Eu posso tê-lo provocado um pouco.

— Você não fez isso. Ela suspirou. — Luca, Ryder é um bom homem -
um homem realmente bom, do tipo que você normalmente só ouve de
amigos mais afortunados. Eu não posso imaginá-lo sendo intencionalmente
cruel com você. Se ele ficou chateado, talvez ele apenas disse algo que não
queria dizer.

— Ele quis dizer isso. Luca começou a andar novamente.

KM
— Então, e se ele fez? Você se chama de vadia o tempo todo. Eu ouvi
você usar isso como uma linha de pick-up.

Luca não disse nada. Como ele poderia explicar o desprezo na voz de
Ryder, o desgosto em seus olhos? Luca nunca tinha experimentado isso
antes, não de alguém cuja opinião ele prezava. Ryder tinha conseguido algo
que ninguém mais havia conseguido.

Ele fez Luca se sentir sujo.

KM
Capítulo Dez

— Não sabemos quem é, disse Clarke.

Ryder esfregou a mão sobre o rosto, exausto. Ele não dormiu bem –
se sentindo culpado pelo que dissera a Luca e se preocupando com a toupeira
ainda não descoberta. — Não é ninguém no meu time.

— Você não pode ter certeza disso.

— McCall e Song estão com o Luca há anos. Não faria sentido para
elas jogá-lo sob o ônibus agora. E eu fiz as verificações de antecedentes de
Christianson e Hurst. Eles estão limpos.

— Todo mundo que trabalha nesta propriedade teve uma verificação


de antecedentes.

— Cavalheiros.

Ryder e Clarke se viraram para olhar para a Sra. D'Amato, que estava
sentado atrás de sua mesa com uma expressão irritada.

— Estou ouvindo muitas posturas masculinas e apontadoras de dedos,


disse ela. — O que eu não estou ouvindo são planos para encontrar a pessoa

KM
que ameaça a segurança do meu filho.

Clarke disse: — Teremos que fazer um vazamento controlado de


informações falsas - segmentar algumas pessoas ao mesmo tempo, ver quem
morde.

Ryder franziu a testa. Havia cerca de cem funcionários regulares na


propriedade. — Isso pode levar semanas.

— Você tem uma ideia melhor?

Ele não, infelizmente. Ryder suspirou em concessão.

— A situação está prestes a se tornar mais complicada, disse Sra.


D'Amato. A diretora de Rutledge me contatou ontem. Ela está disposta a
readmitir Luca, com a condição de que ele mantenha um registro acadêmico
e comportamental impecável. Ele pode começar na próxima segunda-feira,
depois do feriado de Ação de Graças.

— Farei com que minha equipe confira a escola e documente todos os


riscos de segurança. Provavelmente teremos que alterar nosso cronograma
para acomodar a escola. Ryder estava preparado para essa eventualidade,
embora ele não tenha achado que aconteceria tão cedo.

A Sra. D'Amato nivelou-o com um olhar firme. — Espero que nada


interfira na inscrição de Luca. Três expulsões em seu registro permanente já
prejudicam seriamente suas chances de entrar na faculdade. Uma quarta
causaria danos irreparáveis.

KM
— Compreendo.

Alheio ao significado mais pesado por trás de suas palavras, Clarke


disse: — Ryder, por que não nos encontramos após o turno desta noite e
elaboramos um plano para os falsos vazamentos?

— Certo.

— Certifique-se de me manter informada. A Sra. D'Amato empurrou


a cadeira para trás e se levantou. — Precisamos sair em breve. Sr. Ryder, por
favor, obtenha Luca aqui em dez minutos.

— Sim, Senhora.

Ele deixou o escritório e subiu as escadas. Hurst havia substituído


McCall no meio da noite; ela tinha ficado um pouco mais tarde do que o
normal esta manhã para que Ryder pudesse participar da reunião com
D'Amato e Clarke.

— Algum problema? Ele perguntou a ela.

— Não. Está tudo quieto.

Depois que ela saiu, Ryder ficou olhando para a porta por um minuto.
Toda vez que ele pensava sobre o que tinha feito no dia anterior, uma nova
onda de vergonha o dominava. Ele tinha perdido a paciência de uma maneira
importante, e não tinha sido apenas pouco profissional - tinha sido cruel. Ele
não fora tão duro com ninguém desde os meses que se seguiram ao seu

KM
retorno do Iraque.

Ryder respirou fundo e bateu.

— Entre.

Luca estava no ato de colocar o paletó; ele fez uma pausa na metade
quando viu Ryder na porta. — Veio me dar outra palestra sobre moralidade
sexual? Disse ele, deslizando o outro braço em sua manga.

— Na verdade, eu vim me desculpar.

— Só pode estar a brincar comigo. Você é um idiota!

— Desculpe?

Luca endireitou o paletó com um puxão forte. — Você não pode me


dar um dia inteiro para ficar bravo com você? Você tem que vir aqui
parecendo um cachorro chutado e se desculpar?

Em completa perda de palavras, Ryder ficou em silêncio. Luca revirou


os olhos.

— Tudo bem. Eu aceito suas desculpas.

Ele soou tudo menos sincero. Ryder deu um passo adiante. — Estou
falando sério. O que eu disse a você ontem foi doloroso e inapropriado, e eu
voltaria atrás se pudesse.

— Bem, você não pode. Luca pegou o celular e o deixou cair no bolso.

KM
Sem pensar, Ryder agarrou seu cotovelo. Luca ficou imóvel.

Era tarde demais para se retirar agora. Ryder manteve o controle


enquanto dizia: — Eu não me importo com quantos homens você já dormiu.
Eu realmente não. E eu não acho que haja algo errado com sexo casual.
Apenas me frustra quando vejo alguém com seu potencial não fazendo justiça
a ele.

Luca estava olhando para a mão de Ryder em seu braço. Ele ergueu os
olhos. — O que?

— Você é mais do que apenas um rostinho bonito, mas você nunca


saberá disso se insistir em fingir que sexo é a única coisa boa para você.

— Você acha que eu tenho um rosto bonito?

— Luca.

— Tudo bem, ponto tomado. Luca gentilmente se afastou. — Eu sei


que empurro às vezes, ok? Eu sei disso. Mas em minha defesa, sempre
funcionou para mim antes.

— Não vai funcionar comigo.

— Estou começando a ver isso.

— Eu realmente sinto muito por ferir seus sentimentos.

— Você não...- Luca começou a dizer, então parou. — Obrigado.

KM
Ele quis dizer isso desta vez. Ryder assentiu, sentindo-se um pouco
melhor. — Vamos lá, sua mãe está esperando.

*****

Luca foi direto para a cozinha no segundo em que voltaram da igreja.


O brunch fora em um restaurante francês, e como Luca não suportava
comida francesa, ele estava morrendo de fome.

Ashton tinha estado gratificantemente feliz em ver Luca; se ele


sentisse alguma ansiedade sobre o que havia ocorrido entre eles, ele estava
escondendo muito bem. Luca até conseguira convencê-lo a fazer uma rápida
sessão no banheiro depois do culto. Em consonância com o pedido de
desculpas de Ryder, o humor de Luca melhorou muito desde ontem.

Embora seu turno tivesse terminado assim que eles voltaram,


Christianson ficou para o almoço a pedido de Luca. Ele sentiu que era
importante fazer ainda mais fortes conexões com seus guarda-costas, agora
que ele havia sido atacado. Christianson geralmente trabalhava no turno da
noite, então ele teve pouca oportunidade de falar com ela antes de hoje.

Ela fora uma policial por dez anos antes de mudar para a segurança
privada; seu marido sofrera um acidente incapacitante, e o salário de um
policial não era suficiente para sustentar eles e seus três filhos. Luca

KM
suspeitava que preferiria ter permanecido na polícia. Ela ainda tinha aquele
ar de policial em seus olhos.

— Lamento dizer isso, mas espero que você esteja realmente


entediada me protegendo, disse Luca enquanto pegava seu prato para levá-
lo para a pia.

Phoebe - como ela pediu a Luca para chamá-la - riu. — Esse é o plano.

O rádio da Ryder tocou. — Temos alguém aqui para ver o Sr. D'Amato,
disse uma voz crepitante. — Você tem algo programado?

Franzindo a testa, Ryder levou o rádio aos lábios. — Não. Quem é?

— Henry Glauser. Passaporte suíço.

O prato caiu das mãos de Luca e se espatifou no chão. A cabeça de


Ryder se virou para ele.

— Você o conhece?

— Ele...- O rosto de Luca ficou entorpecido. — Ele era meu professor


de história. Em Armistead.

No rádio, Ryder disse: — Mande-o emb...-

— Não! Não, deixe-o entrar. Ele nunca me machucaria, eu juro.

Ryder deu a Luca um olhar longo, antes de soprar uma respiração


irritada. — Tudo bem, deixe-o entrar, mas reviste-o primeiro e mantenha um

KM
guarda nele, ele disse ao homem no portão.

Luca passou por cima do prato quebrado e correu para o vestíbulo.


Seu estômago se contorcia de ansiedade; ele se sentia atordoado,
desorientado. O que diabos Glauser estava fazendo?

— Não fique tão perto da porta. Ryder entrou na frente dele. — Luca.
Para trás.

Luca se ressentiu do comando, mas Ryder estava muito sério - e


quando se tratava de questões de segurança, Luca tinha que se submeter a
ele. Ele deu alguns passos para trás. Ryder manteve metade de seu corpo
entre Luca e a porta, e acenou para Phoebe abrir.

Depois de alguns minutos que pareceu um par de anos, Glauser


entrou pela porta da frente com um segurança da propriedade em seus
calcanhares. A dissonância de vê-lo aqui, de todos os lugares, fez Luca ficar
tonto.

O rosto de Glauser se iluminou como um nascer do sol quando viu


Luca, como sempre acontecia. Apesar da absoluta loucura da situação, Luca
não pôde deixar de sentir uma certa sensação de nostalgia.

— Luca! Glauser correu em direção a ele, mas ele foi interrompido


quando Ryder se moveu para encontrá-lo e colocou uma mão no meio do seu
peito.

— Acalme-se, amigo.

KM
Glauser era um acadêmico magro usando tweed, e possivelmente um
dos homens menos confrontadores do mundo. Ele piscou para Ryder em
alarme.

Luca empurrou o braço de Ryder para o lado. — Eu te disse que ele


não vai me machucar.

Dando um último olhar intimidado para Ryder, Glauser varreu Luca


em seus braços. — Querido, disse ele, cobrindo o rosto de Luca com beijos
antes de beijá-lo apaixonadamente na boca.

Rígido de vergonha, Luca se soltou do abraço e segurou as mãos de


Glauser para que ele não tivesse nenhuma ideia. — Henry, o que você está
fazendo aqui?

— Eu não poderia ficar longe de você nem mais um momento. Eu tive


que te ver.

— Você deveria ter ligado.

— Eu queria que fosse uma surpresa. Glauser levantou uma das mãos
de Luca e beijou as costas dela. — Eu pensei em você a cada segundo desde
que você saiu.

Luca não pensara em Glauser desde que falaram pela última vez. —
Minha mãe ficará furiosa se ver você. Você tem sorte que ela teve que ir ao
escritório.

KM
— Eu não tenho medo de sua mãe. Luca, quero que você saia comigo.

— O que?

— Apenas pegue o que puder e venha comigo agora. Eu tenho algum


dinheiro economizado. Podemos pegar um avião e ir a qualquer lugar que
você quiser.

— Você sabe que eu não posso fazer isso, Henry. Não seria seguro para
mim.

— Nós vamos para algum lugar onde ninguém nunca ouviu falar da
sua família. Aproveitando-se do choque de Luca, Glauser soltou as mãos e
puxou Luca para perto, acariciando seu pescoço. — Nós poderíamos estar
juntos, poderíamos até nos casar...-

Luca se afastou dele e cambaleou para trás. — Casar? Você está louco?

— Eu sei que você é jovem, mas se estamos apaixonados, então por


que esperar?

Oh Deus. Ah não.

Com o coração alojado em sua garganta, Luca olhou para Ryder e


Phoebe. Ambos pareciam preocupados; Phoebe estava com a mão na arma.

Luca engoliu em seco e voltou sua atenção para Glauser. — Henry,


eu... eu nunca te disse que te amava.

KM
Glauser franziu a testa, confuso.

— Eu gosto muito de você e você sempre foi bom para mim, mas eu
não amo você.

— Mas...- Glauser balançou a cabeça como se não pudesse processar


o que Luca estava dizendo. — Mas você sempre...-

Ele parou. Luca podia vê-lo pensando de volta, lembrando de todas as


vezes que ele disse a Luca que o amava - e Luca não dissera nada em troca.
Bem na frente dos olhos de Luca, Glauser começou a desmoronar. Luca
queria correr o mais rápido que pudesse na direção oposta.

— Eu não entendo, disse Glauser. — Por que você...- por que você me
faria pensar isso se não fosse...-

— Eu não fiz isso! Eu nunca diria a alguém que eu o amava se não me


sentisse assim. Luca não era nenhum estranho à enganação, mas isso seria
cruzar uma linha até mesmo para ele.

— Você não precisa dizer as palavras para fazer alguém acreditar!

Isso era verdade, e Luca sabia disso, se aproveitara disso. Ele nunca
disse a Glauser que ele o amava, mas ele costumava agir como se ele o tivesse
amado.

— Sinto muito, disse ele, sabendo que não era suficiente.

— Eu desisti de tudo por você...- ...meu trabalho, minha reputação.

KM
Minha família nem fala mais comigo.

Desanimado, Luca deu outro passo para trás.

— É sua mãe, não é? Ela chegou até você.

— Não!

— Eu acho que é o suficiente, disse Ryder, estendendo a mão para


pegar o braço de Glauser.

Glauser sacudiu-o, pegando Ryder e Luca de surpresa. Ele avançou


em Luca com uma luz estranha em seus olhos, uma fusão de devastação e
esperança. — Apenas venha comigo. Eu posso fazer você lembrar, eu posso
fazer você me amar de novo...-

Ryder poderia se mover rapidamente para um homem do seu


tamanho. Em um piscar de olhos, seu corpo estava bloqueando o progresso
de Glauser, as mãos segurando os ombros de Glauser. — Você está indo.
Agora.

— Não, por favor, você não entende, eu preciso dele...-

Ryder empurrou Glauser para a porta da frente. — Tire-o daqui, ele


latiu para Phoebe e o guarda de segurança.

— Luca! Glauser se debateu enquanto os guardas meio o arrastavam,

KM
meio o levaram para fora da casa. — Luca! LUCA!

Envolvendo os braços em volta de si, Luca ouviu Glauser chamar seu


nome de novo e de novo, seus gritos audíveis, mesmo depois que Phoebe
fechou a porta. Ele e Ryder foram deixados sozinhos no foyer.

— Você está bem? Ryder perguntou.

— Eu...- Luca fez um balanço de si mesmo, percebendo que não sentia


ansiedade - sem palpitações no coração, sem contrações musculares, sem
falta de ar. Ele estava enjoado, mas não era a agitação instável que ele
experimentava durante um ataque de pânico; era mais como uma sensação
oca e vazia.

Ele não se sentiu fora de controle. Se qualquer coisa, ele se sentia


muito no controle.

— Eu tenho que nadar, disse ele.

Luca levara todos os seus trajes de banho para um armário na área da


piscina; era bobagem ir até o quarto dele só para descer três lances de escada.
Ryder acompanhou-o para o nível mais baixo e assumiu sua posição habitual
enquanto Luca se trocava no vestiário.

Abaixando-se na borda da piscina, Luca se jogou em um estilo livre,


estabelecendo um ritmo punitivo logo de cara. Ele queria esquecer o olhar
no rosto de Glauser - aquele olhar que dizia que seu mundo inteiro
desmoronara em questão de segundos. Com cada movimento de seus braços

KM
pela água, porém, a voz angustiada de Glauser ressoou em sua cabeça.

Luca, Luca, Luca, LUCA, LUCA, LUCA…

Ele se esforçou mais, recusando-se a descansar muito além do ponto


em que normalmente faria uma pausa. Seus pulmões queimavam, os
músculos gritavam com a dor do acúmulo de ácido láctico, mas ele não
parava de se mexer. Ele não podia.

Somente quando ele literalmente não conseguia continuar a nadar


sem o risco de se afogar, Luca caiu contra a parede, o coração trovejando e o
peito arfando enquanto ele lutava para respirar. Ele tentou sair, mas só
conseguiu erguer-se alguns centímetros antes que os músculos trêmulos
cedessem e ele caiu de novo na água. Ele descansou a cabeça nos braços
cruzados.

O som de passos fez Luca olhar para trás. Ryder se agachou na frente
dele e estendeu a mão. Luca pegou, ofegando quando Ryder levantou-o para
fora da piscina e o colocou no convés - com apenas uma mão.

— Jesus, você é forte, disse Luca.

— É o meu trabalho.

Ryder entregou-lhe uma toalha. Luca nem se incomodou em se secar,


apenas envolveu-se e cambaleou até uma das espreguiçadeiras. Ele desabou
sobre ela com um gemido.

KM
Depois de um momento, Ryder se sentou ao lado dele na outra
espreguiçadeira. — Eu estava cerca de dois minutos de forçá-lo a sair.

— Eu conheço meus limites.

— Você?

Luca limpou o rosto com a toalha. Ele começou a levantar-se para


sentar e depois caiu para trás com um grito de dor quando a panturrilha
direita deu uma fisgada com uma violenta cãibra.

— Você se esforçou demais. Você não está fazendo nenhum favor a si


mesmo, esgotando seus músculos assim. Ryder puxou sua cadeira para mais
perto de Luca e depois pegou a perna de Luca, massageando sua panturrilha.

— Ai, ai, foda-se, Ryder, isso dói...-

Ryder cravou os polegares bem no centro da cãibra. Houve um


momento de dor cegante, e então o músculo se soltou e relaxou. Luca gemeu
de alívio.

— Relaxe, ou você vai ter outra cãibra.

Luca se derreteu na cadeira enquanto Ryder continuava a esfregar sua


perna. Ryder tinha mãos grandes e fortes, sem mencionar algumas
habilidades sérias. Era tão bom que Luca quase poderia ter caído no sono.

De olhos fechados, Luca disse: — Eu estaria me regozijando em seu


lugar.

KM
— Sobre o que?

— Tudo o que você disse para mim na noite passada foi verdade. Eu
arruinei a vida de Glauser sem motivo.

— Ele arruinou sua própria vida.

Luca abriu os olhos e deu a Ryder um olhar incrédulo.

— Eu não estou dizendo que você é inocente, mas Glauser era seu
professor. Ele estava em uma posição de autoridade, e não importa o quanto
você se jogou nele. A responsabilidade final pelo seu relacionamento está
com ele.

— Você não o conhece, disse Luca, eriçado. — Ele não é um homem


mau. Quando o conheci, ele era tímido e desajeitado e todos os alunos
zombavam dele. Eu poderia dizer que ele me queria, mas levou semanas para
eu fazê-lo acreditar que eu o queria. Ele continuou me dizendo que ele não
era bom o suficiente para mim.

Ryder colocou a perna de Luca para baixo e pegou a outra sem fazer
nenhum comentário, trabalhando a dor.

— Mesmo depois que eu… fiz o que fiz… ele só estava chateado por ter
sido tão público, não que eu estivesse dormindo com outros homens. Ele
disse que já sabia que eu deveria estar, porque ele não poderia me dar tudo
o que eu precisava, e isso não mudava o quanto ele me amava. Luca respirou
instável. — Ele nunca vai confiar em ninguém novamente depois disso.

KM
— Você não sabe disso.

Luca observou as mãos de Ryder em sua perna. Não era apenas o


tamanho delas que o excitava - era a competência delas, a garantia nelas.
Ryder estava sempre tão calmo, sempre sabia o que estava fazendo. Mesmo
agora, enquanto massageava os músculos de Luca e o ouvia falar, seus olhos
estavam constantemente se movendo ao redor da área da piscina em busca
de qualquer ameaça em potencial, mas seu corpo não mantinha nenhuma
tensão. Como era viver assim?

Embora a maneira com que Ryder o estava tocando não mudou, o


prazer da massagem assumiu um tom sexual para Luca. Cada escovada dos
calos de Ryder contra sua pele molhada fez seu estômago revirar. Ele soltou
um barulho baixo e mexeu os quadris. — Ryder, eu vou te deixar louco de
novo se você não parar de me tocar.

Ryder encontrou seus olhos, e quase parecia que ele continuaria.


Então ele apertou a panturrilha de Luca e recuou.

Luca puxou a toalha de seus ombros e colocou-a sobre o colo para


esconder seu pênis inchado, para o qual seu maiô apertado só chamaria mais
atenção. — Eu realmente nunca disse a Glauser que o amava, disse ele,
tentando se distrair de seu desejo.

— Mas você sabia que ele achava que você fez.

— Sim. O que há de errado comigo?

KM
Ele não queria dizer isso; as palavras tinham acabado de sair. Ryder
pareceu surpreso.

— Você quer que eu faça você se sentir melhor, ou você quer que eu te
diga a verdade?

A última coisa que Luca queria era outra verificação da realidade,


mas... Ryder era a única pessoa que sempre era cem por cento direto com ele.
Luca estava curioso sobre o que ele pensava. — Verdade.

— Você não sabe quem você é...- e eu acho que você não quer, porque
é mais fácil se proteger dessa maneira.

— Eu não entendo.

— Eu só conheço você há uma semana, mas sinto que já conheci vinte


pessoas desde então. Sua personalidade muda de momento a momento. Às
vezes você faz isso de propósito, mas outras vezes eu posso dizer que você
nem percebe isso. Ryder se inclinou para frente com os cotovelos nos joelhos.
— Você coloca todas essas expressões diferentes, mas nenhuma delas é
realmente você. E é assim que você gosta. Se ninguém te conhece, ninguém
pode te machucar. Nem você mesmo.

Luca baixou os olhos para o convés molhado. Seus dedos começaram


a bater no braço da cadeira. Ryder colocou a própria mão em cima deles e
segurou-os por um momento.

— Eu mudei de ideia, disse Luca. — Faça-me sentir melhor.

KM
Ryder riu. — Okay. Não há nada de errado com você.

KM
Capítulo onze

— Feliz Dia de Ação de Graças!

O cheiro de peru assado e tortas assando saiu pela porta da frente em


uma nuvem perfumada. Ryder puxou sua mãe para um abraço. — Feliz Dia
de Ação de Graças, mãe.

Alyssa beijou sua bochecha e pegou a garrafa de vinho que ele


entregou a ela. — Entre.

Como de costume, a casa de seus pais estava excessivamente quente;


eles tinham o aquecimento ligado, embora não tivesse menos de quatro graus
do lado de fora. Ryder tirou o casaco antes de dar outro passo.

— Você precisa de alguma ajuda? Ele perguntou enquanto a seguia


para a cozinha.

Ela abriu a boca, mas antes que ela pudesse responder, uma nova voz
interrompeu.

— Ei, Jake. Há quanto tempo.

Ryder se virou para encarar seu irmão. — Você sabe como minhas

KM
horas são, Will. Ele estendeu sua mão.

Will hesitou antes de apertá-la. — Sim, sim, o estilo de vida


glamouroso de um guarda-costas para os ricos e famosos.

— Algo assim. Ryder se virou para a pequena mulher sentada ao lado


de Will. — É bom ver você de novo, Claire.

Ela acenou.

— Por que você não diz olá aos seus avós? Disse Alyssa. — Eles estão
na sala de estar. Nós temos tudo sob controle aqui.

Ryder ficou feliz em obedecer. O ressentimento velado de seu irmão


irritava-o mesmo quando Ryder estava no melhor dos humores, o que ele
certamente não estava hoje. Ele e Clarke ainda não tinham feito nenhum
progresso em descobrir a toupeira e, além disso, Henry Glauser não aceitaria
o não de Luca como resposta. Ele inundou o celular de Luca com tantas
chamadas e mensagens de texto nos últimos dias que Luca foi forçado a
mudar seu número. Ryder teria se sentido mal pelo cara se ele não fosse uma
grande dor no traseiro.

A pequena sala de estar já estava lotada com o pai de Ryder, Joe, e


todos os seus quatro avós. Ele cumprimentou a todos com abraços e apertos
de mão, depois aceitou a oferta de uma cerveja gelada do pai e afundou na
única cadeira desocupada.

— Onde está Morgan?

KM
— Ainda lá em cima, se preparando.

A avó paterna de Ryder, Grace, inclinou-se para ele. — Seu pai nos
disse que você teve algum tipo de promoção no trabalho?

— Estou liderando a equipe de segurança do filho de meu


empregador.

— Então você é um guarda-costas real agora? Não é um guarda de


segurança?

— Eu já era guarda-costas antes, Nan. Só que eu ficava baseado


apenas na propriedade.

— Trabalho perigoso, disse Danny, marido de Grace. Ele parecia mais


orgulhoso do que preocupado.

Madeline, a outra avó de Ryder, disse: — Não é mais perigoso do que


ser um soldado, espero?

— Eu acho que depende. Tem muita gente atrás desse garoto, Jake?

— Sim. Ele é um alto risco de sequestro.

As pessoas da família de Ryder não eram os tipos de pessoas para


quem ele precisava inventar mentiras apenas para fazê-los se sentir melhor,
nem mesmo seus avós. Todos eles concordaram seriamente.

— Se alguém pode mantê-lo seguro, filho, é você. Joe levantou a

KM
cerveja em saudação.

— Obrigado, pai. A campainha tocou, e Ryder se levantou da cadeira.


— Eu vou atender.

Ele tinha acabado de chegar à porta da frente quando um estrondo na


escada sinalizou a descida de Morgan. — Jake! Quando você chegou aqui?

— Alguns minutos atrás. Você não acha que deveria usar calças com
essa camisa?

— É um vestido, Jake, supere a si mesmo. Você não deveria ser gay?

Antes que Ryder pudesse reagir a isso, ela o empurrou para o lado e
abriu a porta. — Tia Allison!

A irmã gêmea de sua mãe, distinguida de Alyssa apenas por seu corte
de cabelo mais curto, estava na porta com o marido e três filhos. — Oi,
Morgan. Que vestido bonito.

Morgan atirou um sorriso para Ryder, dando um passo para o lado


para deixar todos entrarem. Ryder revirou os olhos e trocou “Happy
Thanksgiving” quando eles passaram por ele, apenas para ser abreviado
quando sua prima Theresa veio em último com um homem que ele não
conhecia.

— Este é Andy Palmer, Theresa disse depois de dar um abraço em


Ryder. — Ele trabalha comigo no hospital. Sua família está em Oregon, então

KM
tia Alyssa pediu que ele se juntasse a nós.

Andy era mais fofo do que bonito, com um rosto redondo de querubim
e cabelo castanho-claro encaracolado. Ele era pelo menos quinze centímetros
mais baixo que Ryder, e tinha o tipo de forma que a mãe de Ryder descreveria
como “agradavelmente gordo”.

Ryder apertou a mão dele. — Prazer em conhecê-lo.

— Eu pensei que vocês dois poderiam ter muito em comum, Theresa


disse com uma piscadela exagerada.

Ah, configurado por sua própria família no Dia de Ação de Graças.


Fantástico.

— Então você também é fã de American Loggers? Perguntou Ryder.

Andy sorriu. — Nem um pouco.

Theresa disse: — Acho que ouço minha mãe me chamando, e partiu


para a cozinha.

— Eu pensei que sair para a minha família significava que eu poderia


evitar esse tipo de coisa.

— Meio que te faz sentir muito pelos dias em que as pessoas eram mais
homofóbicas, não é?

— Vamos lá, vou apresentá-lo ao redor, disse Ryder com uma risada.

KM
Ele levou Andy para a sala de estar, onde Allison e seu marido Russell
estavam arrastando as cadeiras da sala de jantar. Não era preciso ser um
gênio para descobrir que Andy estava desconfortável de ser espremido em
uma pequena sala cheia de estranhos, especialmente quando eles
começaram a bombardeá-lo com amigáveis, ainda que intrusivas perguntas
úteis sobre de onde ele era e o que ele fazia para ganhar a vida. Theresa não
estava em lugar nenhum, então Ryder se sentiu responsável por manter Andy
como companhia. Eles se sentaram um ao lado do outro em duas cadeiras
dobráveis.

Depois que a atenção de sua família foi redirecionada para o jogo de


futebol, Ryder passou uma cerveja para Andy. — Me desculpe por isso.

— Não seja. Sua família é muito legal. Se não fosse por Theresa e sua
mãe, eu passaria o Dia de Ação de Graças sozinho.

— Você não conseguiu tirar nenhuma folga?

— Não. Eu não tinha que trabalhar hoje, mas estou no primeiro turno
amanhã de manhã.

— Enfermeiros puxam horas difíceis.

— Sim. Não ajuda que eu seja o cara novo. Andy tirou a tampa da
cerveja. — E você? O que você faz?

— Eu sou um guarda-costas.

KM
Andy parou com a garrafa erguida nos lábios. — Mesmo?

— Mesmo.

— Eu acho que não deveria estar surpreso, disse Andy, os olhos


cintilando sobre o corpo de Ryder. Ele parecia envergonhado assim que ele
disse isso. Ryder sorriu, mas não comentou.

O resto da noite passou em uma névoa de conversa agradável, risos e


comida deliciosa. O jantar foi servido em estilo buffet com todos sentados
onde quer que gostassem, já que não havia espaço suficiente na mesa para
todos eles - e a casa não estava tão lotada como de costume, com os dois
irmãos de Joe passando as férias com seus amigos. Famílias das esposas. Já
fazia um tempo desde que Ryder tinha sido capaz de relaxar assim; sem
necessidade de ele se preocupar com a segurança de alguém, ou estar
constantemente em guarda, ou tomar qualquer outra decisão além de ir para
a terceira porção de peru de sua mãe.

Depois da sobremesa, Ryder levou os pratos dele e Andy para a


cozinha. Morgan o seguiu.

— Então, você e Chunky Monkey parecem estar se dando muito bem.

— Vamos, Morgan, não seja uma idiota.

— Ok, isso foi malvado. Desculpe. Ela colocou seu prato em cima do
de Ryder na pia. — Eu realmente gosto muito do Andy. Ele é fofo. Mas você
não pode me dizer que quer fazer sexo com ele.

KM
Ryder não deu muita atenção. Andy não era seu tipo - não por causa
de seu corpo, mas por causa de sua personalidade. Ele era tímido e discreto
e um pouco desajeitado, e Ryder geralmente gostava de caras que
transpiravam confiança.

E o que isso te deu? Uma imensa ereção por um garoto de 18 anos


confuso.

— Talvez eu queira, disse Ryder.

Morgan fez uma careta. — Se é disso que você gosta, presumo. Devo
avisá-lo, porém, ouvi a mamãe dizendo à tia Allison que ela está preocupada
que você nunca teve um namorado, mesmo que você tenha se assumido há
dois anos. Se você começar a namorar o Andy, ela provavelmente começará
a planejar seu casamento.

— Você ri agora, mas espere até que seja a sua vez.

— Ela vai ter que passar por Charlie antes que ela chegue até mim.

Os dois se viraram para olhar através do arco aberto para a sala de


jantar, onde um lugar havia sido colocado em um lugar vazio para
homenagear sua irmã Charlotte, atualmente no Afeganistão. Uma sombra
caiu sobre o rosto de Morgan. Ocorreu a Ryder que ela era apenas alguns
anos mais velha que Luca; ela não podia nem beber legalmente ainda.

Ele puxou-a para ele e beijou sua testa. — Você só quer que eu tenha
um namorado, então você tem algo para fofocar com seus amigos gays.

KM
Morgan chutou sua canela. Ryder riu, empurrando-a de volta para a
sala de estar.

Um pouco depois das sete, Andy começou a se despedir. — Você


realmente tem que sair tão cedo? Alyssa perguntou a ele.

— Eu gostaria de poder ficar, mas tenho que acordar às cinco para o


trabalho amanhã. Muito obrigado por me convidar.

— Você é bem-vindo a qualquer hora, querido.

Ryder assistiu Andy fazer as despedidas. Ele era realmente fofo, mas
ele não inspirou a mesma luxúria primordial em Ryder que Luca conseguia
tão facilmente - então, novamente, talvez isso fosse uma coisa boa. O desejo
incontrolável de Ryder por Luca não causava nada além de problemas.
Namorar alguém da sua idade poderia mudar o foco de sua mente e libido,
diminuindo o efeito de Luca sobre ele. Além disso, Andy era um amorzinho.
Ryder não se importaria em conhecê-lo melhor.

— Eu vou levá-lo até seu carro, disse ele quando Andy pegou seu
casaco.

A temperatura caíra consideravelmente agora que o sol se pôs, mas


Ryder bebeu o suficiente para isso não incomodá-lo. Ele acompanhou Andy
a um Nissan azul que tinha visto dias melhores.

Quando Andy abriu a porta do lado do motorista, Ryder disse: —Você


quer jantar algum dia? Sem metade da minha família extensa, quero dizer.

KM
— Você está me convidando para sair? A voz de Andy estava pesada
de descrença.

— Sim. Por que você parece tão surpreso?

— Eu normalmente não sou convidado por caras que parecem que


podem ganhar o concurso de Ironman.

— Você deve.

Andy balançou a cabeça, mas suas bochechas coraram de prazer. —


Ok, sim. Gostaria disso.

Eles trocaram números. — Vou ligar para você, disse Ryder.

Andy deu um aceno resignado, como se tivesse ouvido essa frase


antes. Ele começou a mergulhar em seu carro, mas Ryder pegou a mão dele.

— Vou ligar para você, ele disse novamente.

Depois de um momento, Andy sorriu e apertou sua mão. Ele entrou


em seu carro, acenando enquanto se afastava do meio-fio. Ryder acenou de
volta, depois virou-se para voltar para casa, planejando satisfazer sua súbita
vontade de ficar muito, muito bêbado.

*****

—...e você sabe como Caroline Sutton é, cada uma das menores

KM
realizações de seus netos deve ser celebrada com algum evento ou outro...-

Luca olhou para o prato, desejando poder abafar sua avó. A comida
que ele estava empurrando com o garfo cheirava incrível, mas duas horas em
uma sala com sua mãe e seus pais matavam o apetite de qualquer um.

Em primeiro lugar, Evelyn insistira em que o jantar de Ação de Graças


fosse servido na sala de jantar formal, embora fossem apenas os quatro. A
mesa aqui era grande o suficiente para acomodar doze, e é claro que eles não
podiam se sentar agrupados em uma extremidade. Não, eles tiveram que se
espalhar ao longo de toda a mesa de dez pés, com Evelyn em uma
extremidade, seu pai Jonathan na outra, e Luca e sua avó Bianca sentados de
frente um para o outro no meio. Isso era ridículo.

— O que ela está colocando agora? Evelyn perguntou.

— Oh, sua neta ganhou algum tipo de exibição de patinação artística.


Qualquer desculpa para um evento social. Bianca fungou. — Dinheiro novo.

Evelyn tomou um gole de vinho sem resposta. Luca pensou em se


esfaquear nos olhos.

— E é claro, Caroline adora exibir as joias que seu marido compra para
se desculpar por sua amante. Peças extravagantes e berrantes, todas elas.

— Tenho certeza de que eles não se comparam à sua própria coleção,


mãe.

KM
— Certamente não. Mas então, Caroline viu todos eles e nunca
entendeu o conceito de qualidade em detrimento da quantidade.

Luca se mexeu inquieto na cadeira, olhando para trás, para onde


Candace e Clarke estavam vigiando a porta. Como eles mantinham seus
rostos tão inexpressivos? Esta era a família de Luca, e ele estava pronto para
começar a jogar comida se isso significasse um alívio desse tédio.

— Você poderia pedir uma das minhas peças, se você quiser, disse
Evelyn. — Talvez o Harry Winston com o pingente de safira?

Bianca levou a mão à boca como se ela não tivesse passado por essa
oferta o tempo todo. — Você é muito generosa, querida.

— De modo nenhum. Está no meu cofre. Pai, Luca, se você nos


desculpar por um momento?

— É claro. Foram as primeiras palavras que Jonathan falou em meia


hora.

Quando Evelyn se levantou e gesticulou para que Clarke a seguisse,


Bianca pôs a mão no braço dela. — Evelyn, você sabe que eu prefiro estar
acompanhada por uma dama.

Besteira. Bianca era apenas uma velha racista que se sentia


desconfortável sendo protegida por um homem negro. Luca não foi o único
a perceber isso; um lampejo de irritação e desprezo cruzou o rosto de Evelyn
antes de se suavizar em linhas mais neutras. — Srta. Song, você viria com a

KM
gente, por favor? Sr. Clarke, você ficará com o Luca.

— Sim, Senhora.

Embora Luca estivesse desconfortável antes, isso era apenas uma


sombra de como ele se sentia sendo deixado sozinho com seu avô. Jonathan
Lindholm não era idoso; Parecia o mesmo agora que quando Luca era criança
- postura rígida, rosto enrugado, cabelo prateado perfeitamente penteado. Se
Evelyn era um iceberg, Jonathan era uma geleira.

Eles ficaram em silêncio por alguns minutos que se arrastaram como


horas. Finalmente, Jonathan deu um tapinha na boca com o guardanapo e
disse: — Você não está comendo.

— Eu não estou com fome.

— Você é magro demais para um homem.

Luca respirou fundo, devagar.

— Sua mãe me informou das circunstâncias que cercam sua demissão


de Armistead. Espero que as consequências tenham feito você reconsiderar
esse estilo de vida que escolheu.

Todas as tentativas de tranquilidade esquecidas, Luca disse: — Ser gay


não é uma escolha, e não é um estilo de vida mais do que ser uma ruiva. Não
me define.

— Suas ações recentes sugerem o contrário, disse Jonathan enquanto

KM
se servia de mais vinho.

Luca deixou cair o garfo. — Se você me der licença, eu vou vomitar.

Ele deixou a mesa antes que Jonathan pudesse fazer mais do que
erguer as sobrancelhas com vaga desaprovação, e se dirigiu para o lavabo da
grande sala. Clarke seguiu alguns passos atrás.

Luca acendeu o interruptor, passando as mãos sobre o reluzente


toucador de mármore. Ele realmente não precisava vomitar, mas não havia
como ele voltar àquela sala de jantar. Ele ficaria aqui a noite toda se
precisasse.

Olhando no espelho, Luca pôde ver a forma de Clarke em pé no


corredor. Um sorriso lento se espalhou pelo rosto dele, e ele se virou.

— Eu sou o único sentindo um pouco de déjà vu aqui? Ele perguntou.

Clarke endureceu, os olhos piscando pelo corredor, mas não


respondeu. Não era bom o suficiente.

— Eu sei que você não esqueceu. Eu posso ver em seus olhos. Toda vez
que você olha para minha boca, pensa em como se sentiu quando chupei
seu...

— Mantenha a porra da sua voz!

— Por quê? Você não quer que a mãe saiba o que você fez comigo?

KM
Clarke empurrou Luca para dentro do banheiro e entrou atrás dele,
batendo a porta. — Você realmente acha que sua mãe acreditaria em você ou
em mim, depois de tudo que você fez?

— Nem um pouco. Luca bloqueou a fechadura. — Eu só queria que


você entrasse aqui.

Ele pegou a lapela do casaco de Clarke e puxou-o para um beijo.


Clarke exibiu uma demonstração de resistência, mas ele era um homem tão
grande quanto Ryder, e a verdade era que Luca não teria sido capaz de movê-
lo se não tivesse permitido.

Luca passou os braços pelo pescoço de Clarke. Clarke pegou seus


pulsos e afastou a boca. — Eu não beijo homens.

— Você está fazendo uma excelente impressão de alguém que faz.

Clarke empurrou Luca contra a bancada, com força. — Não dê uma de


espertinho comigo. O que você quer?

Seu sotaque de Savannah fez sua voz profunda soar como melaço
derramado. Luca deslizou uma coxa entre as pernas de Clarke, satisfeito em
encontrá-lo meio ereto e inchando ainda mais naquele momento. — Diga-me
quantas vezes você pensou em foder meu rosto desde o ano passado.

O pênis de Clarke pulou contra a perna de Luca. Luca colocou mais


pressão sobre ele, deslizando as mãos pelos braços de Clarke até seu bíceps
inchado.

KM
— Ou talvez, ele disse, —...você gostaria de me foder em outro lugar?

— O que aconteceu no ano passado foi um erro. As únicas vezes em


que pensei nisso foi para me arrepender.

Ao contrário de Ryder, Clarke era um otário para o ato de puto


agressivo - quanto mais desagradável, melhor. O sangue de Luca fervia com
a emoção familiar da caça.

— Se isso é verdade, então como posso ver sua pulsação acelerando?


Luca esfregou o polegar sobre a artéria na garganta de Clarke. — Já faz um
tempo desde que eu tive um grande pau como o seu. Minha bunda está
doendo por isso.

A respiração de Clarke gaguejou e seus quadris empurraram, mas ele


não fez um movimento. Ele precisava de mais um empurrão. Luca se inclinou
para beijar seu pescoço, esquadrinhando sua memória por tudo o que sabia
sobre a personalidade de Clarke.

— Vamos lá, Clarke, ele sussurrou no ouvido de Clarke. — Mostre-me


como um homem de verdade fode.

Com um gemido gutural, Clarke agarrou os quadris de Luca e girou-


o, dobrando-o sobre o balcão. Luca mal conseguiu se segurar no mármore.

— Você é realmente uma prostituta, não é? Clarke disse quando ele


estendeu a mão para abrir as calças de Luca e puxá-las com sua cueca pelas
coxas. — Você simplesmente não consegue o suficiente.

KM
— Eu vou te dizer quando eu tiver o suficiente. Sem endireitar-se,
Luca pegou o hidratante fantasia definido para os hóspedes e passou de volta
para Clarke.

Se Clarke já havia ou não fodido um homem, ele fez sexo anal com
alguém, porque não houve hesitação ou constrangimento na maneira como
ele esticou o buraco de Luca. Ele era rude com isso, dedos bruscos com a
raiva, mas sua intensa emoção só aumentava a satisfação de Luca. Luca
arqueou as costas e empurrou sua bunda contra a mão de Clarke.

Muito cedo Clarke puxou os dedos e limpou-os no quadril nu de Luca.


— Eu não tenho camisinha.

— Tem uma no meu bolso.

— Quem diabos carrega um preservativo ao redor em sua própria


maldita casa? Clarke cavou no bolso de Luca.

— Cale-se e apenas coloque-o.

Houve o som de papel rasgando, e então a cabeça do pênis de Clarke


cutucou o buraco de Luca. Fazia semanas desde que Luca tinha tomado um
pau real em vez de um brinquedo; ele soltou um longo e suave gemido
quando os primeiros centímetros do eixo grosso de Clarke deslizaram dentro
dele.

— Jesus, você é mais apertado do que eu pensei que você seria. Clarke
puxou para fora e, em seguida, empurrou de volta, abrindo Luca com

KM
impulsos rasos. — Depois de todos os paus que você teve aqui, eu achei que
você estaria solto e desleixado.

Normalmente, Luca não se importava com conversa fiada, mesmo


quando se transformava em território degradante, porque isso significava
que o homem transando com ele estava ficando tão empolgado que perdera
suas inibições. Mas havia algo no tom de Clarke que era tão... desdenhoso.

— Você vai me foder ou apenas falar sobre isso? Luca disse, irritado.

Clarke dirigiu todo o caminho com um impulso forte, fazendo Luca


ofegar e segurar a pia. Ele começou a foder Luca com força, estabelecendo
um ritmo rápido e vigoroso. — Demais para você?

— Você não poderia me dar muito nem se você tentasse.

Clarke riu sombriamente. Luca levantou uma das mãos para se apoiar
no espelho, gemendo de prazer pelo modo como Clarke puxou seus quadris
de volta em cada estocada. Ele abriu as pernas o máximo que pôde e se
inclinou mais, erguendo a bunda em busca do ângulo certo. Quando o pênis
de Clarke finalmente raspou sua próstata, Luca gritou.

— Deus, aí mesmo. Mais duro.

— Você gosta disso? Clarke deu um tapa na bunda dele. — Sim, você
ama isso. Vadia com fome de pau.

Deu a Luca outro tapa. Luca também não se importava com isso, mas

KM
agora ele achava irritante. Embora seu corpo estivesse cantando com êxtase
físico, ele não sentia nada mais profundo do que isso, nenhuma satisfação
mental ou emocional que sentira a princípio. Clarke realmente não queria
transar com ele - ele só estava fazendo isso porque Luca o havia incitado a
isso.

Luca levantou a cabeça e olhou para si mesmo no espelho. Suas


bochechas estavam vermelhas, a boca úmida e aberta, mas seus olhos
estavam vazios.

Ryder não acharia isso quente. Ele ficaria horrorizado, desgostoso


porque Luca manipulara um homem para o sexo apenas para se vingar de
seu avô. Clarke era um bom homem. Ele levava seu trabalho a sério; ele
salvou a vida de Evelyn mais de uma dúzia de vezes nos anos em que
trabalhou para ela. Luca estava colocando sua carreira em risco por puro
despeito.

Luca baixou a cabeça, tentando esvaziar sua mente e se concentrar


apenas no físico. Levou todos os seus poderes de concentração - juntamente
com os golpes certeiros de Clarke - para manter sua ereção de murchar.
Cuspiu na palma da mão direita e se acariciou, querendo acabar logo com
aquilo.

Eles foderam em quase silêncio, seus suspiros e gemidos e o bater de


carne os únicos sons no pequeno banheiro. Luca colocou toda a sua atenção
na sensação do pênis de Clarke deslizando para dentro e para fora de sua

KM
bunda, esticando seu buraco e entrando fundo.

Nada no mundo parecia tão bom quanto ser fodido. O atrito, a


penetração, a felicidade elétrica de cada escovada contra sua próstata - Luca
ansiava por isso, ansiava por isso desde suas primeiras explorações
cautelosas com seus próprios dedos. Ele deixou o prazer familiar e sua mão
em seu pênis impulsioná-lo para o clímax.

Foi um alívio quando ele finalmente gozou, mordendo o lábio para


não fazer muito barulho, o sêmen espirrando na pia. Ele apertou sua bunda
em torno do pênis de Clarke, ordenhando implacavelmente até que Clarke
grunhiu e moveu seu pau em círculos enquanto gozava também.

Luca colocou as duas mãos no balcão e deixou a cabeça cair entre os


ombros, ofegante. Ele não sentiu nem uma sugestão da serenidade que ele
associava com as consequências advindas do sexo.

Clarke levou apenas alguns segundos para se recuperar antes de sair.


Luca não se moveu nem abriu os olhos enquanto escutava Clarke jogar fora
o preservativo e ajustar sua roupa.

— Se você contar a alguém sobre isso...- Clarke disse.

Quantas vezes Luca ouviu isso? Todas eram variações do mesmo


tema: ninguém pode saber que estamos fazendo isso. Minha esposa me
deixaria se soubesse que eu estive aqui com você. Luca, eu te amo, mas eu
perderia meu emprego se alguém descobrisse.

KM
— Eu não vou. Quando isso foi encontrado com nada além de silêncio,
Luca abriu os olhos e encontrou o olhar de Clarke no espelho. —Minha mãe
precisa de você. Eu não vou contar a ninguém.

Clarke assentiu. Ele abriu a boca como se fosse falar, mas depois se
virou sem dizer nada. Ele saiu para o corredor e fechou a porta. Luca ficou
de pé, puxando as calças e a cueca para cima. Ele se virou na pia e lavou seu
sêmen.

Uma explosão de estática no rádio de Clarke no corredor fez Luca


pular. Ele zoneara olhando para a água que corria pelo ralo; ele não tinha
certeza de quanto tempo ele estava lá. Ele desligou a torneira, balançando a
cabeça com força.

Clarke se recompôs quando Luca saiu do banheiro. — Eu estou indo


para o meu quarto, disse Luca para ele. — Você pode ligar para Candace e
pedir para ela dizer à minha mãe que eu não estou me sentindo bem?

Horas depois, Luca ainda estava se mexendo e se virando na cama,


incapaz de adormecer. Toda vez que ele se movia de uma certa maneira, sua
bunda tremia, fazendo-o estremecer enquanto pensava sobre o que ele tinha
feito com Clarke. Se as circunstâncias tivessem sido diferentes - se o desejo
de Clarke por ele tivesse sido honesto, se ele tivesse perseguido Luca ao invés
do contrário - então Luca não estaria sentindo essa culpa. Inferno, se fosse
esse o caso, Luca teria adorado ter um homem como Clarke em sua cama o
mais rápido possível. Mas ele se atirou em Clarke com uma persistência

KM
obstinada, tanto desta vez como anteriormente, até que o homem quebrou e
transou com ele só para calá-lo. Onde estava a vitória nisso? Isso só fez Luca
se sentir um idiota.

Houve um barulho repentino no quarto de Luca, seguido pelo som


abafado de risadas. A batida ficou mais alta com o passar dos segundos;
Parecia que estava vindo da escada. Luca se sentou, franzindo a testa. Ele
podia apenas ouvir os sons da conversa silenciosa e... risadas. Risadas
femininas.

Luca saiu da cama e colocou um roupão antes de abrir a porta do


quarto. Candace, que havia retomado o seu posto depois que os avós de Luca
foram embora, estava em pé e observava o corredor com os olhos apertados.

— O que está acontecendo? Perguntou Luca.

Candace balançou a cabeça, estendendo a mão para impedir que Luca


saísse de seu quarto. Só então, uma voz familiar disse: — Eu não sei por que
eles fazem esses degraus tão pequenos.

Era Ryder, embora suas palavras fossem tão arrastadas que pareciam
quase incompreensíveis.

— Não são os degraus que são o problema, são seus pés gigantes, disse
a voz de uma mulher.

Ryder trouxe uma mulher para casa? Luca tinha a impressão de que
ele era gay, não bissexual. Com o cenho franzido, ele envolveu seu robe com

KM
mais força em torno de si.

Candace deixou cair a mão quando duas pessoas se arrastaram pelo


corredor até a vista delas. Ryder estava balançando como um zumbi, braço
pendurado no ombro de uma mulher que...

Oh. Oh. Luca não podia nem mesmo ficar aborrecido consigo mesmo
pela onda de alívio que varreu seu corpo. A mulher parecia muito com Ryder
para ser qualquer coisa que não fosse um parente de sangue. Ela era alta,
pelo menos 1,80 m metros de altura, e atleticamente construída, com os
mesmos olhos azuis brilhantes e cabelo ruivo.

Ryder olhou para cima, viu Luca e disse: — Foda-se.

Luca nunca o ouvira xingar antes. Ele não pôde deixar de sorrir
quando Ryder tentou ficar de pé, desequilibrado e tropeçou. A mulher pegou
o cotovelo para firmá-lo.

Ele apontou um dedo na direção geral de Luca, embora ele não


parecesse conseguir manter o braço em linha reta. — Você não deveria estar
na cama?

— Eu queria ver quem estava fazendo todo esse barulho.

Ryder apenas olhou para ele, como se ele não pudesse processar as
palavras de Luca. Deus, ele estava totalmente fodido.

— Quem é sua amiga? Candace perguntou. Até ela sorria.

KM
— Uh...-

— Morgan Ryder, disse a mulher, estendendo a mão livre. — Eu sou a


irmã de Jake.

Luca pegou a mão dela e piscou. — Eu sinto muito, você disse


Morgan?

— Sim, por quê?

Charles Morgan era o pseudônimo que Ryder usava para os


compromissos médicos de Luca. — Só queria ter certeza de que ouvi certo.

Candace se apresentou também, e então Morgan voltou sua atenção


para Luca. — Então, você é o cara que Jake está protegendo?

— Eu vou para cama, anunciou Ryder, mais alto do que o necessário.


Ele se afastou de Morgan e cambaleou em direção ao seu quarto, tecendo
bêbado até que ele meio que abriu, meio caiu pela porta.

— Exatamente quanto álcool é necessário para conseguir um homem


daquele tamanho nesse estado?

— Você não quer saber. Eu não acho que nossos pais tenham uma gota
de álcool em toda a casa.

Seus olhos percorreram seu corpo enquanto ela falava, examinando


suas pernas nuas de um jeito que deixou Luca muito consciente do fato de
que ele estava nu sob o robe. — Foi legal da sua parte trazê-lo para casa, ele

KM
disse.

— Eu tentei fazê-lo ficar, mas todo mundo estava tão bêbado. O jantar
se transformou em uma grande festa do pijama. Falando nisso, seria possível
ficar por aqui hoje à noite? Eu tive que entregar minha cama aos meus avós.

— Ryder...- hum, Jacob mora aqui. Ele não precisa de permissão para
ter pessoas. Há quartos de hóspedes do outro lado do corredor que você pode
usar.

Morgan acenou com a mão. — Obrigado, mas eu não me importo de


ficar com ele. Alguém tem que ter certeza que ele não engasga com o próprio
vômito. Foi bom conhecer vocês dois. E feliz Dia de Ação de Graças, a
propósito!

Luca devolveu seu sorriso. — Feliz Dia de Ação de Graças.

Ele observou Morgan desaparecer no quarto de Ryder, então se virou


para Candace, que ainda parecia divertida.

— O que você quer apostar que ele tem um irmão chamado Charles?
Ela disse.

KM
Capítulo Doze

— Oh, foda-me, Ryder disse no segundo que ele abriu os olhos. A luz
do sol que fluía através de suas dezoito mil janelas estava cegando-o. Ele
colocou a mão sobre o rosto.

— Manhã! Morgan pulou na cama ao lado dele.

Ryder gemeu, engolindo em seco para reprimir a vontade de vomitar.


— Morgan. Muito barulho. Muito movimento.

— Eu tenho café.

Ele descobriu um olho e abriu-o pela metade. Morgan estava sentada


de pernas cruzadas, segurando uma grande caneca isolada. Ela mexeu
provocativamente de um lado para o outro.

Ryder respirou fundo, deixando o cheiro potente de rico café escuro


encher suas narinas. Café era bom. Café faria tudo melhor. Por que não havia
cortinas nessas malditas janelas?

Com muito cuidado, ele se sentou. Não foi até que ele aceitou o café
de Morgan e tomou um grande gole grato que a estranheza da situação lhe

KM
ocorreu.

— Morgan, o que você está fazendo aqui?

— Eu te trouxe para casa ontem à noite. Você não se lembra?

— Sim…-

— Não, você não! Ela riu. — Seu mentiroso, você estava tão destruído
que não conseguia nem enxergar direito.

Ele escolheu ignorar isso em favor de mais café. — Então você foi saiu
para passear pela propriedade procurando café da manhã?

— Não. Uma das criadas trouxe uma bandeja. Ela disse que o Sr.
D'Amato pediu para ela.

Algo sobre o jeito que ela disse o nome dele fez Ryder ir mais ainda.
— Você conheceu Luca.

— Você o protege há três semanas, e você nunca pensou em me dizer


que ele parecia ter saído das páginas da GQ?

— Por que eu deveria?

— Porque ele obviamente está em você.

Ryder engasgou. — Não, ele é... você nem sabe que ele é gay!

— Ele não é?

KM
Bem, não havia nada que Ryder pudesse dizer sobre isso. Morgan
acenou com a cabeça em sua defesa.

— Eu poderia dizer apenas pelo jeito que ele estava olhando para você.
Ele quer entrar nas suas calças. Mau.

— Jesus. Ryder colocou seu café na mesa de cabeceira e esfregou as


mãos sobre os olhos.

— Por que você não está mais feliz com isso? Luca é muito quente.

— Você quer que eu faça uma lista? Ryder assinalou seus pontos em
seus dedos. — Ele acabou de completar dezoito anos e eu já estou na metade
do caminho para vinte e nove. Ele ainda está no ensino médio. Ele poderia
ser sequestrado ou assassinado a qualquer momento. Ele tem o tipo de
bagagem emocional que nenhuma pessoa sensata gostaria de ter a menos de
trinta metros de distância. E eu sou seu guarda-costas.

Morgan não se impressionou. — Ele é maior de idade. Isso não é tudo


o que importa?

— Não para mim.

— Mas você o quer.

— Não.

Seus olhos se estreitaram, e então ela pegou um pedaço de bacon da


bandeja do café da manhã e se lançou em direção a ele, segurando-o sob o

KM
nariz dele. — Diga-me a verdade, ou eu vou forçar isso em você.

Com toda a sua força, Ryder teria rido da ameaça, mas ele tinha uma
ressaca filha da puta - a cabeça dele estava latejando, e o cheiro gorduroso do
bacon fez seu estômago revirar perigosamente. Ele fez uma careta e afastou
a mão dela. — Tudo bem, tudo bem, eu o acho atraente. Quem não acharia?
Mas eu não tenho dezoito anos. Eu não tenho que agir em todas as atrações
que sinto.

— Não é Dan guarda-costas de sua própria esposa? Morgan


perguntou, colocando o bacon na boca.

Dan Schmidt era um fuzileiro naval aposentado que Ryder conhecera


no programa de treinamento em que participara. Sua esposa era uma
congressista, e ele se tornara seu guarda-costas após sua alta. Ryder ainda os
via de vez em quando.

— Isso é diferente. Eles se casaram primeiro.

— Eu não vejo o que importa. Só não faça sexo com ele enquanto você
está trabalhando. Você pode ser seu guarda-costas quando estiver de serviço
e seu namorado quando você não estiver.

Ela estava sendo agressiva, mas Ryder sabia que suas intenções eram
boas. E se havia alguém em quem ele pudesse confiar, era Morgan. Embora
tivessem oito anos de idade - o mais velho e o mais novo - eles sempre
tiveram um vínculo único.

KM
— Olha, Morgan, eu sei que o Luca é lindo, ele disse. — Ele pode ser…
desarmante. Ele atrai as pessoas, mesmo quando elas não querem ser
atraídas. Ele não tem medo de me querer. Mas ele tem um passado
complicado e um futuro ainda mais complicado, e eu não posso me envolver
em tudo isso.

— Isso está realmente incomodando você, não é?

Ryder deu de ombros. Morgan colocou a mão no braço dele.

— Eu sinto muito. Eu não teria brincado com você se eu soubesse. Ela


fez uma pantomima fechando os lábios. — Eu não vou dizer mais uma
palavra sobre ele.

— Obrigado. Ele balançou as pernas para descansar os pés no chão,


testando a força de seus joelhos antes de se levantar. — Deixe-me terminar
este café e tomar um banho, e então eu vou te levar de volta para casa.

Ela deu-lhe um olhar culpado.

— Deixe-me adivinhar. Luca se ofereceu para mandar seu motorista


levá-la para casa.

— Quem é esse Luca de quem você está falando?

Ryder a levou até o carro, então pegou duas garrafas de água da


cozinha. Ele drenou a primeira antes mesmo de chegar ao seu quarto. Porra,
ele não tinha ficado tão bêbado desde a última vez que saíra com Matt e

KM
alguns dos outros guardas da propriedade. Agora ele se lembrava do porquê.

Ele pegou um par de Tylenol por causa da dor de cabeça e tomou um


longo banho quente. Enquanto permanecia debaixo do jato, cheio de
gratidão pela excelente pressão da água, Ryder tentou pensar na noite
anterior. Ele se lembrou do jantar de Ação de Graças, lembrou-se de ter
encontrado Andy e de convidá-lo para sair, mas tudo depois disso foi um
borrão. Ryder definitivamente não conseguia se lembrar de Morgan o
levando para casa. Luca o viu bêbado? Ryder estremeceu com o pensamento,
mas ele sabia que Morgan teria dito a ele se ele tinha feito algo
verdadeiramente embaraçoso - apenas para rir de sua expressão.

Ryder se secou, vestindo uma camiseta e calções esportivos, e


terminou a segunda garrafa de água em segundos. Ele estava tão desidratado
que se sentia como se tivesse vagando no deserto; ele teria que ter cuidado
durante o treino.

Primeiro, porém, ele disse a Clarke que iria encontrá-lo esta manhã
para discutir seu progresso - ou melhor, a falta dele - em encontrar a
toupeira. Ryder desceu para o nível mais baixo. Assim que ele desceu as
escadas, ele pôde ouvir Luca na piscina. Ele olhou por cima do corrimão,
avistando a forma elegante de Luca deslizando pela água e Hurst
observando-o do canto. Ela viu Ryder e levantou a mão em saudação.

Ele acenou de volta, depois se virou antes que Luca pudesse notá-lo.
A sala de controle de segurança estava na direção oposta, no que

KM
originalmente era um quarto de hóspedes. Agora estava cheio de bancos e
monitores de vídeo que transmitiam os feeds das dezenas de câmeras de
segurança que cobriam a propriedade e seus terrenos. Dois guardas ficavam
de olho neles e se checavam constantemente com os guardas em patrulha.

Clarke estava sentado em uma mesa no canto com um grande


calendário de mesa e dezenas de papéis espalhados na frente dele. Ele limpou
algum espaço para Ryder se sentar.

— Como foi o Dia de Ação de Graças? Ryder perguntou.

Ele só perguntou para ser educado, então ele ficou surpreso quando
Clarke endureceu e limpou a garganta como se estivesse desconfortável.

— Assim como esperado. Ninguém mordeu a isca com o falso


vazamento que os D'Amatos estavam indo para os Lindholms, ao invés do
contrário.

Era a terceira pista falsa que eles plantaram. A primeira tinha sido
desinformação sobre o segundo encontro de Luca com a Dra. Andersen, e a
segunda dizia respeito ao momento de seus testes de colocação para seu
retorno a Rutledge. Nenhum deles produziu nenhum resultado, mas Ryder
não teve problemas durante as saídas reais.

— Nós vamos ter um problema quando Luca começar a escola na


segunda-feira, disse ele. — Qualquer um pode descobrir o horário que o dia
na escola começa e termina no site da Rutledge. Não seria tão difícil

KM
conseguir uma cópia de sua agenda.

— O melhor que você pode fazer é randomizar as rotas que você usa
para ir e voltar da escola todos os dias. Felizmente, a segurança é bem
apertada.

A Rutledge Academy, com sua proximidade a Washington D.C., era


uma escolha popular entre políticos, empresários ricos e dignitários
estrangeiros. Sua equipe de segurança profissional era formada por militares
e muitos dos alunos também tinham seus próprios guarda-costas. Luca
estaria em muito pouco perigo enquanto estivesse na escola; era a viagem
que era de alto risco.

Ryder tamborilou os dedos na mesa. — Podemos configurar outro


vazamento para amanhã - digamos que ele está saindo em algum lugar, talvez
para visitar Ashton Davenport.

— Esse garoto já esteve aqui duas vezes esta semana. Eles parecem
estar ficando muito amigáveis.

A voz de Clarke estava cheia de insinuações. Ryder apertou sua


mandíbula.

— Eles são apenas amigos.

— Luca D'Amato não consegue ser apenas amigo de homens. Não de


um atraente, pelo menos.

KM
— O que você quer que eu faça, coloque um cinto de castidade nele?
Ele tem dezoito anos. Você lembra como é isso.

— Eu não quero que você faça nada. Não é da nossa conta quem ele
fode. Clarke respirou fundo e estalou o pescoço.

Ryder franziu o cenho para ele, perplexo. Ele tinha uma participação
pessoal nisso - o relacionamento de Luca com Davenport ameaçava seu
emprego - mas por que diabos Clarke estava tão agitado com isso?

— Amanhã, então, disse Clarke. Ele retirou a lista de funcionários que


estavam usando para planejar os vazamentos. Apenas nove foram
descartados até o momento.

Depois de mais meia hora de discussão, Ryder deixou a sala de


controle, com a intenção de retornar ao seu quarto e trabalhar toda a cerveja
que ele bebeu na noite passada. Quando ele saiu do corredor, no entanto, ele
encontrou Luca subindo as escadas da área da piscina.

Luca parou de repente. — Sentindo-se melhor? Ele perguntou. Ele


estava vestindo apenas calças de moletom e uma camiseta sem mangas, que
estava úmida com a água escorrendo de seu cabelo.

— Eu estou bem, obrigado.

— Sua irmã parece legal.

— Quando ela quer ser. Onde você vai?'

KM
— Andar de cima. Eu pensei em ligar para o Ashton. Não há escola
hoje.

Ugh. O quarto de Ryder compartilhava uma parede com o de Luca. Se


ele tivesse que ouvir os dois indo de novo, ele realmente vomitaria.

— Eu tenho uma ideia melhor, disse ele. — Eu gostaria de ter uma


noção das suas habilidades de autodefesa. Por que você não vem trabalhar
comigo para que eu possa ver onde você precisa de mais treinamento?

— Hoje é seu dia de folga.

— O que significa que eu posso lhe dar toda a minha atenção.

O sorriso que cruzou o rosto de Luca - não um sorriso calculado, mas


um verdadeiro sorriso de prazer sincero - parou a respiração de Ryder por
um momento. — Okay.

De jeito nenhum Ryder estava trazendo Luca de volta para seu quarto.
Seu julgamento não tinha sido exatamente estelar ultimamente, mas ele não
era estúpido o suficiente para se colocar nessa posição. Em vez disso, eles
foram para a academia do outro lado do corredor da sala de controle.

Estava vazio, o que era raro, mas a maioria dos funcionários fora de
serviço tinha ido para casa para o feriado. Hurst ficou do lado de fora da
porta. Como Luca estava descalço, Ryder tirou os sapatos também.

— No dia em que nos conhecemos, você me disse que não tinha

KM
nenhum treinamento corpo-a-corpo...-

— Hum, sobre isso...-

— O que?

— Eu menti.

— Por que você mentiria sobre algo assim?

— Eu pensei que você poderia se apaixonar pelo ato do indefeso.


Alguns caras fazem.

Ryder fez uma careta; ele não pôde evitar. Luca cruzou os braços
defensivamente.

— Foi antes de te conhecer. Eu não tentaria isso em você agora.

— Tudo bem. O que você treinou?

— Não treino há um tempo, mas tenho alguns cinturões no Jiu-Jitsu.

— Bom. Isso é o que eu teria sugerido. Se você alguma vez sofrer um


ataque sério - com o qual quero dizer um ataque com a intenção de matar ou
raptar - será por forças de segurança profissionais. Isso geralmente significa
homens do meu tamanho ou até maiores. A vantagem do Jiu-jitsu é que ele
ensina como usar o tamanho e a força de seus oponentes contra eles, o que é
bom para alguém como você. Ryder percebeu o possível insulto de suas
palavras e disse:— Não que você não tenha músculos, mas você não é

KM
volumoso...-

— Eu sei o que pareço, Ryder. Eu gosto do meu corpo do jeito que é.


— Os lábios de Luca se contraíram. — Você não?

— Eu não estou respondendo isso. Venha aqui.

Ryder correu-o através de treinos em blocos, chutes e técnicas de mão,


observando sua formação de perto. Luca era forte e em grande forma, mas
ele simplesmente não tinha o poder muscular bruto que seus potenciais
atacantes teriam. O que ele tinha era velocidade, raciocínio rápido e - como
o maxilar dolorido de Ryder podia atestar - excelentes reflexos.

Após a terceira passagem em que Luca foi capaz de bloquear o golpe


de Ryder e entregar um dos seus próprios, ele recuou e colocou as mãos nos
quadris, respirando com dificuldade. — Você está me deixando bater em
você?

— Claro que não. Isso não te ensinaria nada. Ryder passou os dedos
sobre a contusão que ele podia sentir se formando em sua bochecha, mesmo
que eles estivessem atenuando seus socos. — Eu posso ser mais forte que
você, mas você é muito mais rápido. Quando você me pega de surpresa -
como você fez agora - eu não tenho tempo suficiente para reagir. Você usa
bem seus pés. Nós vamos trabalhar a partir daí.

— Ok, mas eu tenho que fazer uma pausa primeiro. Luca pegou uma
garrafa de água do mini frigorífico no canto e jogou uma para Ryder, em

KM
seguida, sentou-se no banco de peso.

Ryder bebeu, mas permaneceu em pé. — Eu vou dizer algo que você
não vai querer ouvir.

Luca ergueu as sobrancelhas acima da garrafa de água.

— Você precisa trabalhar em sua resistência. Não há razão para


alguém da sua idade ter que fazer uma pausa já.

— Eu sei. Luca limpou o excesso de água da boca com as costas da


mão. — Eu tentei, mas simplesmente não sou criado dessa maneira. Eu sou
um velocista, não um maratonista.

— Isso seria ótimo se você fosse outra pessoa, mas você não pode se
permitir essa fraqueza. É ótimo poder conseguir um corrida de cinco minutos
se você estiver sendo perseguido - mas se essa distância é tudo que você pode
fazer antes de ter que parar, você ainda está ferrado. Vou lhe mostrar alguns
exercícios que você pode fazer para melhorar sua resistência.

— O que eu ganho se eu fizer eles? Os lábios de Luca permaneceram


na boca da garrafa.

— Uma vida mais longa. Ryder tirou a água de suas mãos. — Nada
mais de descanso. Vamos lá.

*****

KM
Luca deveria ter levado em conta a história militar de Ryder antes de
concordar em se exercitar com ele.

Ryder não lhe deu nenhuma folga, recusando-se a permitir que Luca
descansasse por mais de trinta segundos a qualquer momento enquanto eles
passavam pelos exercícios de resistência e praticavam técnicas de
desarmamento usando armas e facas falsas. Enquanto Luca pensava que o
treino lhe daria a chance de se aproximar de Ryder, talvez baixando um
pouco a guarda de Ryder, levou cem por cento de sua concentração apenas
para ficar de pé. Ryder não era um idiota sobre isso, mas ele não hesitou em
bater em Luca quando ele não foi rápido o suficiente para se defender.

Não era tão chato quanto Luca teria imaginado. De fato, ele adorou o
desafio, apreciando que Ryder não zombou ou mimou ele. Ele se esforçou,
querendo provar que ele poderia lidar com o que Ryder jogasse para ele.
Cada palavra “bom” ou “melhor” de Ryder valeu mais do que uma ladainha
de elogios de qualquer outra pessoa. Toda vez que Luca conseguia realmente
afastar Ryder, ele se enchia de uma onda de orgulho semelhante àquela de
suas conquistas mais duras.

— Ok, estamos quase terminando, disse Ryder cerca de uma hora


depois. — Eu só quero passar por cima de lutas corpo-a-corpo. O que você
faria se alguém te pegasse por trás?

— Largaria meu peso, tente desequilibrá-lo para que eu possa libertar

KM
meus braços.

— Mostre-me. Ryder chamou Luca em direção a ele, então passou os


braços em volta de Luca por trás, prendendo os braços de Luca em seus lados.

Luca congelou mesmo quando seu coração disparou.

Foi uma sensação estranha - seu pulso acelerou, a mente gritou de


pânico, mas todos os músculos de seu corpo estavam paralisados. Os braços
de Ryder eram enormes; seu peito era como uma parede de tijolos. Luca não
conseguia se mexer, não conseguia respirar. Ele estava preso, ele ia sufocar,
oh Deus, porque ele não podia se mover...-

— Luca. A voz de Ryder estava calma. — Você precisa respirar. Respire


fundo e me escute.

Luca lutou para controlar sua respiração rápida e em pânico.

— Eu sei que você se sente em perigo. Mas você me conhece. Você sabe
que eu não vou te machucar. Eu vou deixar você ir se você me pedir.

Estava na ponta da língua de Luca para fazer exatamente isso, mas ele
não queria que Ryder pensasse que ele era fraco. Ele apertou os lábios e
fechou os olhos, respirando profundamente pelo nariz.

— Eu estava com medo de que você reagisse assim. Você não pode
congelar assim se for atacado. Você entende isso, certo?

— Eu não posso evitar. Luca ficou horrorizado com o quão trêmulas

KM
as palavras saíram. Ele engoliu e tentou novamente. — Eu não gosto de ser
contido, eu não posso... - eu não consigo...-

— Shh. Não entre em pânico. Pense racionalmente.

O aperto de Ryder não se soltou, mas também não o apertou mais.


Embora seus braços fossem um peso pesado e ameaçador ao redor das
costelas de Luca, eles não estavam realmente obstruindo sua respiração. E
esse era Ryder. Ele era pago para proteger Luca; ele não iria machucá-lo. O
batimento cardíaco de Luca diminuiu um pouco.

— Eu tenho seus braços imobilizados, mas suas pernas ainda estão


livres. Você não está desamparado. Defenda-se.

Vários segundos se passaram antes que Luca pudesse convencer seus


músculos a se moverem. Ele ficou flácido nos braços de Ryder, forçando
Ryder a compensar o peso extra, então usou suas pernas para impulsionar
os dois para trás. O aperto de Ryder perdeu sua força enquanto ele lutava por
equilíbrio, e caiu ainda mais quando Luca deu um pisão forte em seu pé. Luca
conseguiu soltar um dos braços; então ele deu uma cotovelada nas costelas
de Ryder e se afastou.

Ryder sorriu para ele, flexionando o pé que Luca havia pisado. —Bom.

Luca apenas balançou a cabeça. Ele estava envergonhado por sua


reação, e para piorar as coisas, ele podia sentir-se corar.

— Você não precisa acertar da primeira vez. Continuaremos

KM
praticando.

Eles fizeram, trabalhando através de mais algumas manobras de


agarre, mas Luca não conseguiu subjugar completamente seu pânico
instintivo ao ser contido. Na quinta tentativa, Luca tentou se afastar antes
que ele fizesse o suficiente para enfraquecer o aperto de Ryder. Os braços de
Ryder apertaram seu peito como bandas de ferro, puxando-o para trás, para
que cada centímetro de seus corpos fosse pressionado juntos. Luca ficou
imóvel, mas por uma razão diferente desta vez - ele podia sentir o pênis de
Ryder contra seu traseiro, enorme, pesado e inconfundivelmente duro.

Ryder o soltou e recuou. — Desculpa.

Luca se virou, sua exaltação lutando contra uma suspeita


desagradável. — Você não está... você está...- Não era uma ocorrência normal
para ele ficar procurando pelas palavras certas; então ele apenas disse isso.
— Você ficou excitado porque eu estava com medo?

A repulsa que cruzou o rosto de Ryder acalmou seus medos. — Deus


não. Era apenas a posição em que estávamos. Desculpe-me. Eu não queria
deixar você desconfortável.

— Eu não fiquei. Os olhos de Luca caíram para a protuberância no


short de Ryder. Ele só sentiu por um momento, mas isso foi o suficiente para
confirmar seu palpite de que Ryder tinha um pau enorme.

Todo o desejo que Luca tinha mantido à distância nas últimas duas

KM
horas inundou tudo de uma vez. Ryder estava duro e suado e corado pelo
esforço; sem dúvida, seu cérebro estava repleto de testosterona e adrenalina
suficientes para torná-lo facilmente influenciável. Luca lambeu os lábios. O
banco de peso tinha a altura certa para ele se curvar...-

— Eu acho que é o suficiente por hoje, disse Ryder. Ele pegou uma
toalha na pilha no canto, atirando uma para Luca enquanto permanecia no
lado oposto da sala.

Luca enxugou o rosto, resignado. Ele sabia que Ryder não seria tão
fácil. Isso não o impediu de desejar que Ryder tirasse sua camisa, no entanto.

Enquanto ele observava Ryder beber água, admirando sua grande e


poderosa estrutura, Luca se lembrou de Clarke. Seu estômago se contorceu
de arrependimento, e ele olhou para a toalha que ele estava enrolando em
suas mãos. A mesma pergunta que havia comido a noite toda o incomodava
de novo agora. Se Ryder não pudesse ser convencido a fazer sexo, Luca
poderia muito bem falar sobre isso.

— Posso te perguntar uma coisa? A expressão instantânea de Ryder


fez Luca acrescentar: — É uma questão séria. Não é uma armadilha.

— Tudo bem.

— Eu sei que você está atraído por mim - não, apenas me deixe
terminar. Você mesmo disse que, sob diferentes circunstâncias, gostaria de
dormir comigo. Mas você nunca disse se gostaria de namorar comigo.

KM
Ele tinha tomado Ryder de surpresa. As sobrancelhas de Ryder se
ergueram de surpresa e sua boca se abriu como se não tivesse palavras. Então
sua testa se enrugou e ele fechou a boca sem dizer nada.

Isso foi resposta suficiente. Luca deu uma risada sem graça, voltando-
se para a porta. — Isso foi o que eu pensei.

— Não coloque palavras na minha boca. Ryder atravessou a sala e deu


um passo na frente dele para que eles ficassem face a face. — A verdade é que
se você pudesse me prometer que seria apenas você mesmo por algumas
horas - sem personalidades inconstantes, sem dizer o que acha que quero
ouvir, sem tentar me manipular em certas reações - então sim, sob
circunstâncias diferentes, eu estaria interessado em mais do que sexo.

— Eu nunca poderia te prometer isso, disse Luca, mas é claro que esse
era o ponto de vista de Ryder.

— Não importa. Isso tudo é hipotético, e nada mudou. — Ryder passou


a mão pelo cabelo. — O que te fez perguntar isso?

Depois de deixá-lo tão desconfortável, Luca lhe devia uma explicação.


— Eu fiz algo errado na noite passada. Eu não posso te dizer o que foi - e eu
não quero - mas me fez perceber... Eu nunca tive um namorado.

— Nunca?

— Não. Os homens com quem eu durmo costumam ser mais velhos,


casados, ou no armário, ou em alguma posição em que ficariam em apuros

KM
por estarem comigo. É sempre um segredo. Luca deu de ombros. — Eu não
consigo nem lembrar com quantos homens eu dormi, mas eu nunca estive
em um encontro.

— Não tem que ser assim, disse Ryder. — Especialmente agora,


quando mais e mais crianças estão saindo no ensino médio. Não há nenhuma
razão para que você, de todas as pessoas, não possa ter um relacionamento
real com alguém da sua idade.

— Talvez eu não queira alguém da minha idade.

— Talvez você devesse pensar em quão longe isso te levou.

Luca fez uma careta, mas eles foram interrompidos quando Georgina
abriu a porta. — Ei, pessoal, vocês podem vir aqui por um minuto?

Sua tensão óbvia acabou com o aborrecimento de Luca. Ele e Ryder a


seguiram para fora do ginásio e para a sala principal do nível inferior.

— Glauser enviou-lhe um pacote, disse ela enquanto andavam.

O salão de festas era árido de móveis; sempre fora, exceto durante os


eventos reais. Seu único acessório permanente era um bar, em cima do qual
repousava uma grande caixa marrom. Um dos seguranças da propriedade
estava encostado ao balcão - Matt, Luca achava que esse era o nome dele. Ele
já ouvira Ryder cumprimentá-lo antes.

— O que há nele? Luca perguntou, os olhos fixos na caixa.

KM
— Não sabemos, disse Matt. — Nós o varremos para explosivos e
contaminantes químicos, mas está limpo, então não abrimos.

Georgina disse: — Ainda assim, pensei que deveríamos estar aqui


quando você o fizer.

Matt entregou a Luca um cortador de caixas. Luca colocou o cortador


contra a fita, depois hesitou. — Se isto é um coelho morto, eu vou surtar.

— Glauser não lhe enviaria algo assim, disse Ryder apenas sobre o
ombro de Luca. — Ele está tentando te reconquistar, não te assustar.

Luca abriu a tampa e abriu a caixa. Estava repleto de rosas de caule


longo de todas as cores, variando do branco pálido a um vermelho intenso e
quase preto. Um cartão branco aninhado no topo.

Ele estendeu a mão, mas Georgina pegou a mão dele. — Espere. Olhe
para os espinhos. Ela pegou uma das rosas pelas pétalas e segurou-a na luz.
Os espinhos não haviam sido removidos; Eles eram grandes, afiados e...
manchados.

Sangue.

Georgina deixou cair a rosa e pegou outra, depois outra. Cada uma
delas estava do mesmo jeito. Os espinhos estavam cheios de sangue seco.

— Jesus, disse Ryder.

Sentindo-se doente, Luca arrancou cuidadosamente o cartão da cama

KM
de rosas sangrentas e abriu-o. No interior, a caligrafia rebuscada de Glauser
dizia:

Cada gota de sangue é apenas uma fração do que eu

sacrificaria por você.

KM
Capítulo Treze

Proteger um colegial era um pesadelo.

Eles haviam discutido isso em seu programa de treinamento - a linha


tênue entre recuar o suficiente para permitir ao protegido uma experiência
tão normal quanto possível, mantendo-se perto o suficiente para fornecer
proteção total - mas nada poderia ter preparado Ryder para a realidade.
Acompanhando Luca pelo vasto campus a céu aberto, navegando por
multidões de adolescentes barulhentos, ajustando-se à presença de dezenas
de outros guarda-costas... Ao final do dia de aula, Ryder tinha uma dor de
cabeça latejante.

Luca, por outro lado, estava prosperando. Seja devido a sua boa
aparência e carisma, a riqueza de sua mãe, ou sua amizade com Ashton
Davenport, Luca foi um sucesso instantâneo em Rutledge. Os outros
estudantes reuniram-se à volta dele em massa, o que, claro, só fez o trabalho
de Ryder mais difícil. Ele manteve um olhar atento em Luca por quaisquer
sinais de ansiedade, mas Luca nunca pareceu mais à vontade.

Por mais que Ryder odiasse admitir, deveria agradecer a Davenport


por isso. Ele agia como o guia autodidata de Luca, escoltando-o para todas

KM
as aulas - metade das quais os dois garotos tinham juntos - apresentando-o
a todos os seus amigos e, geralmente, atendendo a todas as suas
necessidades. Davenport estava tão louco por Luca que Ryder não podia
acreditar que as outras crianças não tivessem percebido.

Ele ficou a poucos metros deles na quadra depois que as aulas


terminaram, observando Luca e Davenport conversando em um grupo de
estudantes que Ryder inferiu ser a elite da classe sênior. Davenport não
conseguia tirar as mãos de Luca; ele nunca o tateava abertamente, mas
estava constantemente tocando os ombros, cotovelos e mãos de Luca. Ryder
se contraiu com irritação toda vez que Davenport se aproximava. Eles tinham
que ser tão óbvios? Eventualmente as pessoas acabariam percebendo o que
estava acontecendo.

Davenport não foi o único encantado, no entanto. Duas das garotas


da turma de Luca foram particularmente levadas por ele. Ryder havia se
familiarizado com os nomes e rostos de todos os alunos da escola de
Rutledge, então ele sabia quem eles eram - a de cabelos escuros, Gabriela
Sokolov, era a filha de um embaixador argentino, e a loira de olhos vazios,
Tricia Winslow, pertencia a uma poderosa família americana que podia
traçar sua ancestralidade até o Mayflower13.

13
Mayflower (em português, literalmente "flor de maio") foi o famoso navio que, em 1620, transportou
os chamados Peregrinos, do porto de Southampton, Inglaterra, para o Novo Mundo. O navio transportava
102 passageiros, na sua maioria puritanos separatistas, que procuravam liberdade religiosa, longe do poder
hegemónico da Igreja Anglicana.

KM
Felizmente, Ryder foi poupado da dor de assistir uma Tricia
inconsciente bater em Luca pela oitava décima vez, quando McCall
atravessou a quadra em direção a ele.

— Como foi seu primeiro dia? Ela perguntou.

— Para ele ou para mim?

Ela olhou para Luca. — Ele parece feliz.

— Ele está ficando até tarde hoje - a temporada de esportes de inverno


já começou, mas a equipe de natação ainda não tinha nenhum encontro,
então o treinador concordou em deixá-lo tentar. Vou levar Willis para a
propriedade e ele voltará com um guarda de segurança para que você tenha
um backup para o transporte quando Luca terminar.

— Parece bom. Você está realmente ansioso para sair daqui, não é?

— Eu tenho um lugar para estar. Mas me ligue se houver algum


problema.

McCall acenou para ele. Ryder foi para o estacionamento, olhando por
cima do ombro apenas uma vez. Luca o viu e sorriu antes de se distrair com
Davenport novamente.

Os Peregrinos do Mayflower foram os primeiros colonos a se estabelecer nas terras do que seriam os futuros
Estados Unidos da América. Fundaram aí a cidade de Plymouth, que se tornaria a capital da Colónia de
Plymouth.

KM
Foi uma curta viagem de volta para a propriedade D'Amato, após o
que Ryder tomou um banho rápido e se vestiu para seu primeiro encontro
com Andy. A noite de segunda-feira era um momento estranho para um
encontro, mas quando eles compararam seus horários de trabalho intensos
e de horas estranhas, acabou sendo o momento mais conveniente para os
dois.

Ao invés de ter alguém o levando, Ryder dirigiu seu próprio carro -


um Ford Explorer preto - para o Hospital Children's National. Andy estava
esperando por ele no círculo da frente, as mãos nos bolsos de seu blusão azul
escuro. Seu rosto se iluminou com prazer quando Ryder parou, uma
expressão que se transformou em surpresa quando Ryder saiu para abrir a
porta do carro para ele.

— Você não precisa fazer isso, disse ele, embora estivesse claro em seu
tom de voz que ele apreciava o gesto.

Ryder retornou ao banco do motorista e soltou o freio de mão. — É o


mínimo que posso fazer para alguém saindo de um turno de dez horas.

— Você trabalhou tanto quanto eu.

— Sim, mas eu não passei o meu dia cuidando de crianças doentes.

Era impossível não devolver o sorriso tímido de Andy. Ele parecia


bem com suas bochechas redondas rosa do frio e seus cachos enrolados pelo
vento; O pênis de Ryder se contorceu apenas com o pensamento de passar as

KM
mãos por aquele cabelo.

Eles foram para um bar descontraído que Ryder gostava na nas


proximidades de Adams Morgan, um bairro diversificado onde ninguém
prestaria atenção a dois homens em um encontro - não que ele planejasse
ficar com Andy em público, mas nunca faria mal estar ciente de seu entorno.
O happy hour estava apenas começando, então eles sentaram no bar e
pediram duas cervejas e uma cesta de asas apimentadas.

— Theresa quase fez uma pequena dança quando eu disse a ela que
sairíamos hoje à noite, disse Andy.

— Lembre-me de agradecer a ela por nos apresentar.

Eles tilintaram suas garrafas e beberam. Andy girou seu banquinho


para encarar Ryder. — Então, você nunca me disse o que fez você querer ser
um guarda-costas.

— É uma longa história.

— Não é para isso que servem os primeiros encontros?

— Touché. Ryder correu os dedos pelo pescoço gelado de sua cerveja.


— Acho que acabei caindo depois que fui dispensado. Acontece com muitos
veteranos.

— Você esteve no exército?

— Quatro anos.

KM
Andy esperou em vão que ele elaborasse, depois disse: — Você não
gosta de falar de si mesmo, não é?

— Não é tanto que eu não goste de falar de mim mesmo, já que não
falo sobre meu tempo no Exército. Com ninguém.

— Então não fale sobre isso. Diga-me por que você quis se alistar, em
vez disso.

— Eu não fiz. Ryder teria parado por aí, mas a expressão de Andy
deixou claro que ele estava esperando mais. — Minha família não tinha muito
dinheiro quando eu estava crescendo. Nós não éramos pobres, exatamente -
nunca passávamos fome e nunca corremos o risco de perder a nossa casa -
mas sabia que meus pais não poderiam me ajudar na faculdade,
especialmente quando fui aceito em Georgetown. A única maneira que eu
poderia pagar era me juntar ao ROTC14.

— O que significava que você tinha que servir depois de se formar,


certo?

— Sim. Eu não achei que seria tão ruim assim, mas então eu comecei
a faculdade em setembro de 2001.

14ROTC é o Corpo de Treinamento dos Oficiais da Reserva, que é um programa que treina estudantes de
nível universitário para atuarem como oficiais nas forças armadas dos Estados Unidos. Eles oferecem bolsas
de estudos sérias - muitas vezes pagando 100% das mensalidades dos estudantes - em troca de um certo
número de anos de serviço militar obrigatório após a graduação. Um monte de crianças de baixa renda
acaba indo por esse caminho para que eles possam terminar a faculdade sem empréstimos estudantis.

KM
Os olhos de Andy se arregalaram de compreensão. — Logo antes do 11
de setembro.

Ryder assentiu. — Todos dizem que lembram onde estavam naquele


dia. Eu também, mas mais do que qualquer outra coisa, eu me lembro como
eu me senti culpado. Aqui estava essa coisa horrível acontecendo e muitas
pessoas morrendo, muitas perdendo entes queridos, e a única coisa que eu
conseguia pensar era no que significava para mim. Porque, mesmo assim, eu
sabia. Todo mundo em minha corporação sabia. Ele drenou metade de sua
cerveja em um longo gole.

Andy colocou a mão sobre a de Ryder no bar. — Eu sinto muito.

Ryder virou a própria mão com a palma para cima e traçou o polegar
sobre Andy. Eles ficaram assim por alguns segundos antes de deixar ir.

— Eu não teria levantado esse assunto se soubesse que ia ser tão


pesado, disse Andy. — Talvez devêssemos mudar para tópicos mais seguros,
como hobbies ou algo assim. A menos que você esteja em algo estranho como
taxidermia.

— Eu não sou taxidermista, mas sou peludo. Isso não vai ser um
problema, é?

— Você não é peludo! Andy lançou-lhe um olhar de lado. — Você não


é, certo?

Sorrindo, Ryder deu uma grande mordida em uma das asas.

KM
A conversa ficou mais leve depois disso, quando falaram sobre
bobagens básicas, como filmes favoritos, livros e música. Eles descobriram
que eles tinham um pouco em comum, incluindo planos para buscar o ensino
superior - Andy queria um mestrado em enfermagem para que ele pudesse
entrar na administração. Ryder se sentiu confortável o suficiente para confiar
um desejo semelhante, um que ele compartilhou com poucas pessoas.

— Georgetown oferece uma licenciatura em estudos de segurança,


disse ele. — É mais ou menos uma garantia de “entrada” para a comunidade
da segurança nacional.

— Então você não quer ser guarda-costas para sempre?

— Deus não. Isso nunca deveria ser nada além de temporário. É por
isso que aceitei a promoção que meu chefe me ofereceu - é mais perigoso,
mas paga mais que o dobro.

— É realmente tão perigoso? Andy perguntou com uma carranca.

Ryder deu de ombros. — Qualquer trabalho de segurança tem riscos.

— Bem, espero que não seja muito tempo antes que você possa voltar
para a escola e conseguir um trabalho confortável.

— Esse é o plano.

Quando eles saíram, Ryder tentou pagar a conta, mas Andy insistiu
em dividir os dois lados. Eles caminharam duas quadras no ar fresco e frio

KM
de novembro até a garagem onde Ryder havia estacionado.

— Você precisa de mim para levá-lo de volta ao hospital para pegar


seu carro?

— Não, eu pego o metrô para trabalhar. Você pode simplesmente me


deixar na estação mais próxima.

— Não seja ridículo. Eu vou te levar para casa. — Ryder não pôde
resistir a puxar um dos cachos de Andy, encantado por sua doce
autodepreciação.

Andy morava em uma área muito agradável a poucos quilômetros do


hospital onde trabalhava. Ryder estacionou no meio-fio, mas não desligou a
ignição, esperando por uma sugestão de Andy.

— Obrigado pelo passeio, disse Andy, desafivelando o cinto de


segurança.

— Obrigado pelo encontro.

Andy corou e abaixou a cabeça. Deus, ele era adorável. — Devemos


fazer isso de novo.

— Definitivamente. Ryder estendeu a mão para levantar o queixo de


Andy. Andy estava enviando-lhe todos os sinais certos, então ele se inclinou
e roçou os lábios.

Andy se derreteu no beijo, lábios se abrindo em um suspiro. Ryder

KM
segurou seu rosto e aprofundou o beijo, provocando a língua de Andy com a
sua. Ele sentiu a mão de Andy alisar seu braço e por cima do ombro.

Quando se separaram, os lábios de Andy estavam tão rosados quanto


suas bochechas. — Você quer entrar?

— Sim.

A casa era pequena, confortavelmente mobiliada e impecavelmente


limpa, mas Ryder notou pouco disso. Ele estava muito preocupado em tirar
Andy de seu casaco e puxá-lo para baixo no sofá, beijando-o profundamente
e devagar.

Eles acabaram com Andy deitado debaixo de Ryder, suas pernas


emaranhadas juntas. Ryder puxou o colarinho da camisa de Andy e beijou
um caminho pelo lado de seu pescoço e através de sua clavícula. Os pequenos
gemidos suaves de Andy estavam deixando Ryder louco; Ele estava
dolorosamente duro, e a ereção de Andy estava se esfregando contra seu
abdômen. Ele deslizou a mão pela parte de trás da coxa de Andy para pegar
um punhado de sua bunda gorda.

— Espere, espere, disse Andy, empurrando a mão de Ryder para


longe.

— O que, você quer superar? Ryder mordiscou a garganta de Andy. —


Eu não me importo.

— Topo? Não, eu prefiro você... mas não é isso que eu quis dizer.

KM
Ryder levantou a cabeça e apoiou-se nos cotovelos para poder ver o
rosto de Andy.

— Eu só... eu acho...- Andy soltou um suspiro. — Deus, eu não posso


acreditar que estou dizendo isso. Acho que devemos esperar antes de
continuarmos.

Ryder ficou tão surpreso que não conseguiu esconder sua surpresa -
ou, aparentemente, sua frustração sexual, porque Andy mordeu o lábio.

— Se você realmente quiser, acho que poderíamos...-

— Não. Ryder colocou os dedos sobre os lábios de Andy. — Andy, não.


Eu não me importo de esperar. Você acabou por me pegar de surpresa.

Andy ainda parecia inseguro. Ryder moveu a mão e deu-lhe um beijo


casto.

— Realmente, estou bem com isso. Eu não vou pressioná-lo em nada.

— É só que eu estou cansado de boates, bares e conexões de uma noite,


e eu tenho medo de que, se fizermos sexo agora, isso é tudo que haverá entre
nós.

— Então nada de sexo.

Enquanto Ryder não podia negar que ele estava desapontado - sua
ereção não tinha deflacionado, e a necessidade de empurrar-se para dentro
de um buraco quente e apertado estava perto de esmagar - ele também estava

KM
satisfeito que Andy queria mais dele do que isso. Ele esteve em muitos
encontros antes, mas todos terminaram em sexo. Talvez essa fosse a razão
pela qual nenhum desses relacionamentos tinha ido mais longe.

Ryder inclinou a cabeça para beijar Andy novamente, pretendendo


que fosse tão casto quanto o último, mas Andy se arqueou contra ele e passou
os braços em volta do pescoço de Ryder. Em pouco tempo, eles estavam de
volta ao ponto de partida, esfregando-se um no outro, gemendo na boca um
do outro. Ryder teve que segurar a almofada do sofá com as duas mãos para
se impedir de tatear o pau de Andy.

— Ok, nós realmente precisamos parar agora, disse Ryder contra o


pescoço de Andy.

— Sim. Sim, tudo bem. Parecendo atordoado, Andy se contorceu


debaixo de Ryder.

Ryder sentou-se contra o lado oposto do sofá, colocando uma boa


distância entre eles. Os olhos de Andy caíram sobre a protuberância no jeans
de Ryder e se alargaram de um jeito que fez Ryder querer puxá-lo para outro
abraço.

— Então, semana que vem? Ele perguntou em vez disso.

— Eu vou ligar para você com a minha agenda.

Depois de mais alguns beijos a caminho da porta, Ryder deixou a casa


de Andy com um sorriso no rosto apesar de suas bolas doloridas. Ele

KM
permaneceu no frio tempo suficiente para matar sua ereção, depois dirigiu
de volta para a propriedade.

A cozinha foi o primeiro destino de Ryder quando ele chegou em casa;


a comida do bar tinha sido boa, mas não foi o suficiente para segurá-lo a noite
toda. Ele encontrou Matt e dois outros seguranças, Hector e Tom, sentados
à mesa na sala de café da manhã.

— Ei, Jake. Tome uma cerveja com a gente.

— Acho que já tive o suficiente por uma noite, disse Ryder, a


lembrança do Dia de Ação de Graças ainda fresca em sua mente. Ele aqueceu
algumas sobras no micro-ondas e se juntou a eles na mesa.

— Nosso menino Glauser mandou a Luca outro presente, disse Matt.

Porra. — O que foi isso?

— Abotoaduras de diamante.

— Diamantes verdadeiros?

— O garoto diz que sim. Eles também não são bugigangas baratas.
Você deveria tê-los visto; eles são enormes.

Ryder franziu a testa. — Glauser está desempregado e, mesmo quando


tinha emprego, era professor. Como ele poderia pagar algo assim?

— Talvez ele os tenha roubado.

KM
— Eu não duvidaria disso, disse Hector. — O cara é um maluco.
Recebemos oito ou nove chamadas por dia do portão do bairro, dizendo que
ele tentou passar por eles.

Tom abriu uma cerveja fresca. — Você pode querer pensar em uma
ordem de restrição.

— Ele não é um cidadão americano.— Ryder se recostou na cadeira,


suspirando. — Provavelmente seria mais fácil tê-lo deportado. A última coisa
que eu preciso é que Glauser fique por perto da escola de Luca, aparecendo
em seus treinos de natação...-

— Treinos de natação?

— Sim. Bem, eu não sei se ele conseguiu entrar para a equipe, mas eu
aposto que sim. Ele é rápido como o inferno.

— Glauser pode ser um chato, mas eu não acho que você tenha que se
preocupar com ele machucando Luca, disse Matt. — Ele está apaixonado por
ele.

Ryder se lembrou do olhar no rosto de Glauser quando Luca o


rejeitou, o desespero em sua voz quando ele gritou o nome de Luca. Sim,
Glauser amava Luca - mas o amor não correspondido levava as pessoas à
violência tão bem quanto a raiva. — Isso é o que o torna tão perigoso.

KM
*****

— Ei, filho da puta.

Luca revirou os olhos. Se isso fosse o melhor que os idiotas desta


escola pudessem fazer...- Sim? - ele disse enquanto pegava o uniforme do seu
armário.

Sua resposta jogou o cara que tinha falado - Kyle Ward – em um loop.
Ward hesitou, recuperando a compostura e depois disse: — Aposto que você
acha que é muito quente, não é?

— Usualmente. Por que, você está me convidando para sair?

O rosto de Ward se contorceu de desgosto. Luca escondeu um sorriso,


abotoando a camisa e enrolando os punhos. Embora estivessem sozinhos
neste lado do vestiário, ele não se sentiu ameaçado. Ward era tudo conversa
e nenhuma ação.

— Eu não quero nenhuma bicha na minha equipe.

— Eu acho que é um pouco tarde para isso.

— Só porque sua mamãe comprou um lugar para você depois do início


da temporada, não significa que você possa assumir. Ward se moveu para o
espaço pessoal de Luca, lotando-o, mas Luca se recusou a dar um passo para
trás. — Você pode ser bom, mas esta é a minha equipe. E eu não vou ser

KM
substituído por um cara que leva na bunda.

Ele bateu o armário de Luca e deu-lhe um sorriso desagradável antes


de ir embora. Luca olhou para ele. Ward era um babaca de primeira classe -
e, infelizmente, o capitão da equipe de natação no qual Luca acabara de
receber uma vaga. Enquanto Luca duvidava que Ward fosse ficar violento,
ele sem dúvida faria tudo o que pudesse para tornar a vida de Luca mais
difícil.

Luca reabriu seu armário; Ele levou algumas tentativas, porque o


tremor em seus dedos continuava atrapalhando suas tentativas de colocar a
combinação e acessar os números corretos. No momento em que ele abriu,
seus ombros estavam apertados com a frustração.

— Hey, disse uma voz muito mais bem-vinda quando Ashton veio ao
virar da esquina onde estavam os armários, seu cabelo molhado dos
chuveiros. — Eu ouvi que você conseguiu entrar para a equipe.

— Sim. Como foi a sua prática?

— Boa. Ashton fazia winter track, o que soava chato como o inferno
para Luca.

Luca tirou os sapatos e as meias do armário, depois quase os deixou


cair quando os dedos de Ashton se arrastaram por sua nuca. Um olhar para
o rosto de Ashton relaxou os músculos de Luca. Ele olhou em volta para ter
certeza de que estavam sozinhos antes de se inclinar para beijá-lo.

KM
Ashton estava mais excitado do que Luca pensara. Ele aprofundou o
beijo imediatamente, empurrando a língua na boca de Luca e guiou a mão
livre de Luca entre suas pernas.

— Mmm. Luca apertou o pau meio duro de Ashton. — O que é isso?

— Quando eu estava no chuveiro, fiquei pensando sobre a história que


você me contou...- você sabe, o dia em que nos encontramos pela primeira
vez...-

— Você andou pelo vestiário com um pau duro?

— Eu consegui mantê-lo para baixo até que eu vi você.

Luca deu uma mordida no lábio inferior de Ashton e depois se afastou,


sentando-se no banco para poder calçar os sapatos. — Eu tenho que me vestir
antes que Siobhan venha aqui me procurar.

— Okay. O que você fará esta noite?

— Nada. Luca parou de amarrar os sapatos e olhou para Ashton. —


Você está dizendo que quer vir de novo? Você esteve na minha casa todo o
final de semana. Os meus boquetes são realmente tão bons assim?

Ashton encolheu os ombros, envergonhado. — Você sabe que eles são.


Mas isso não é... quero dizer, essa não é a única razão pela qual eu quero sair
com você. Eu não quero que você pense...

— Eu sei. Além disso, quero que você venha.

KM
— Bom. Hum, seu guarda-costas vai estar lá?

— Qual?

— O cara. Você sabe, aquele com os ombros.

O cara com os ombros, de fato. Luca quase riu em voz alta ao pensar
em como o rosto de Ryder se pareceria se ele se ouvisse descrito dessa
maneira. — Não, seu turno acabou. Por quê?

— Ele não gosta de mim.

Luca se levantou e retirou a mochila do armário. — Isso é louco. Por


que você pensa isso?

— Só pela forma como ele olha para mim. Ashton se remexeu, em


seguida, perguntou: — Você acha que ele sabe sobre nós?

— Sim. E antes que você pergunte, eu não contei a ele. Ele acabou por
descobrir sozinho.

— Ele não vai contar a ninguém, vai?

— Não. Ryder é gay; ele nunca iria intencionalmente colocar alguém


para fora.

— Ele é gay?

Luca fechou seu armário, virando-se para encarar Ashton. — Esta é a


parte em que você me diz que um homem tão masculino não pode estar em

KM
caras?

— Não!

Luca levantou uma sobrancelha.

— Tudo bem, ok, o pensamento passou pela minha cabeça. Mas você
tem que admitir, Ryder poderia ser o garoto propaganda da
heterossexualidade.

— Nem por um momento se você conhece ele, disse Luca enquanto ele
levantava com sua bolsa em seu ombro. — Embora eu vou dizer que eu pensei
que Brandon era gay até Gabby me dizer o quanto ele ama buceta.

— Você está me dizendo. As garotas aqui chamam de boca a boca.

— Desagradável! Luca empurrou o ombro de Ashton, em seguida,


puxou-o para um beijo quando ele tentou retaliar. Ele pressionou sua coxa
contra o pênis duro de Ashton. — Vamos sair daqui para que eu possa cuidar
disso para você.

KM
Capítulo Quatorze

— Parabéns, disse Ryder quando Luca cruzou o convés molhado onde


ele e McCall estavam de pé contra a parede da piscina coberta da Georgetown
Prep.

Luca sacudiu o cabelo molhado do rosto. — Obrigado. Sua toalha


estava pendurada baixo em seus quadris; quatro medalhas - três de ouro e
uma de prata - pendiam de sua mão direita.

— Você foi ótimo, disse McCall. Ela entregou-lhe uma garrafa de água.

Luca sorriu para ela. Enquanto ele bebia, seus olhos piscaram sobre
as arquibancadas lotadas, barulhentas e agitadas agora que todo mundo
estava se levantando para sair. Quando seu olhar voltou para Ryder, ele
suspirou e tampou a garrafa.

— Não me olhe assim. Eu sei que ela não está aqui.

— Eu não disse nada.

— Você não precisava. Está em todo seu rosto.

McCall deu um aceno triste para Ryder. Ele cruzou os braços.

KM
Desculpem-no por estar preocupado que Luca possa ficar chateado por sua
mãe não se incomodar em aparecer para sua competição de natação.

Um grupo de amigos de Luca veio para parabenizá-lo, incluindo


Davenport e Gabriela Sokolov - Gabby, Luca a chamava. Uma semana em
Rutledge, e Luca os fez comer na palma da mão. Isso fez Ryder se perguntar
por que ele nunca ouviu Luca mencionar seus amigos de suas antigas escolas.
Até onde ele sabia, a única pessoa do seu passado com quem Luca mantinha
contato era Glauser.

Pensando bem, isso provavelmente era uma coisa boa, considerando


o que a situação com Glauser se tornara.

Demorou cerca de meia hora para os amigos de Luca se despedirem e


se dispersarem um por um. Davenport foi o último a permanecer.

— Você quer vir? Luca perguntou a ele.

Por favor, diga não, Ryder pensou. Eram apenas duas horas e seu
turno não terminaria até as oito. Isso era tempo suficiente para que Luca e
Davenport o fizessem duas ou três vezes, na idade deles.

— Eu não posso, disse Davenport, para a satisfação de Ryder. — Meu


pai tem um evento de caridade hoje à noite, e todos nós temos que ir. Na
verdade, você poderia vir, se quiser.

— Eu gostaria de poder, mas não posso ir a um evento público em um


prazo tão curto. Não é tempo suficiente para a equipe de segurança verificar

KM
isso.

Ryder ficou agradavelmente surpreso com a resposta de Luca;


poupou-lhe a necessidade de ser o cara mau, colocando uma desculpa nos
planos de Luca. Os dois garotos deram um abraço de despedida - uma espécie
de abraço rápido, com um braço só, que ninguém comentaria - e então Luca
finalmente estava livre para ir ao vestiário e trocar de roupa.

— Vou buscar Georgina e encontrá-los nos carros, disse McCall para


Ryder.

Ele acenou com a cabeça e seguiu Luca até o vestiário, ficando a postos
do lado de fora da porta. Luca parou na porta.

— Você não vem?

— Não.— A sala tinha uma saída e nenhuma janela, então não havia
razão para Ryder se sujeitar a observar Luca se despir.

Luca franziu os lábios em um beicinho exagerado. — Estragou minha


diversão, disse ele provocativamente, e desapareceu no vestiário.

Ryder queria morder aquele lábio inferior exuberante dele. Por


alguma razão, Luca fazendo beicinho como brincadeira, em vez de uma
tentativa de manipulação, na verdade excitava-o.

Ele ficou de olho na área da piscina e todos entrando e saindo do


vestiário até que Luca emergiu, completamente vestido e carregando uma

KM
mochila de RA. Ryder ligou para Willis para avisá-lo que eles estavam a
caminho.

Como de costume, Ryder sentou-se no banco de trás com Luca


quando eles saíram da Georgetown Prep para fazer a curta viagem de volta
para a propriedade de D'Amato. Luca afundou em seu assento e pegou o
telefone. Pelo olhar em seu rosto, estava claro que ele estava mandando
mensagens para Davenport. O que mais eles poderiam ter a dizer um ao
outro?

Ryder ignorou o clique do teclado do telefone e voltou sua atenção


para a estrada. Alguns minutos depois que eles se fundiram na estrada, o
tráfego diminuiu de velocidade, com carros dando ré em todas as três pistas.

— O que está acontecendo? Ele perguntou a Willis. — O tráfego não


deveria ser tão pesado em um sábado.

— Eu não sei. Parece que pode haver um acidente.

Willis ligou o scanner da banda policial. Ryder se inclinou para frente


para olhar pela janela; a altura do Range Rover permitia que ele visse a
maioria dos carros na frente deles. Ele teve um vislumbre de luzes da polícia
piscando e o que parecia ser um semirreboque virado.

Eles avançaram pouco a pouco. Ryder não gostou de quão lentamente


eles estavam se movendo, especialmente desde que eles estavam na pista do
meio, e assim cercados por carros em ambos os lados. Quanto mais perto eles

KM
chegavam do acidente, mais sua inquietação aumentava. O caminhão estava
tombado e bloqueava todas as pistas, forçando os carros a passar por ele pelo
acostamento.

— Não estou ouvindo nenhum relato de acidente nesta estrada, disse


Willis.

— Mas há um carro policial parado bem ali.

Willis encontrou os olhos de Ryder no espelho retrovisor por um


momento antes de tocar seu Bluetooth e falar baixinho com o motorista do
veículo. Ryder colocou a mão em cima do telefone de Luca para chamar sua
atenção.

— Luca, eu preciso que você se abaixe e fique no chão.

— Algo está errado?

— Sim. Acho que isso é uma emboscada. Bastou dizer as palavras em


voz alta o suficiente para desencadear a reação de luta ou fuga de Ryder. Ele
respirou fundo para se concentrar enquanto seus músculos se esticavam e
seu batimento cardíaco acelerava, uma sensação muito familiar.

Luca desafivelou o cinto de segurança e deslizou para o chão do carro,


encolhendo-se atrás do banco do motorista. Embora parecesse assustado,
parecia estar sob controle por enquanto.

Eles estavam a cinco carros de distância do caminhão. Willis começou

KM
a empurrar seu caminho para a pista da esquerda, não hesitando em
empurrar os outros carros para fora do caminho. Os motoristas reagiram
com uma raiva previsível, buzinando alto enquanto Willis continuava
forçando o caminho entre eles, com a intenção de fazer um retorno altamente
ilegal para o outro lado da estrada.

— Ei! Gritou um dos policiais ao lado do acidente. — O que você pensa


que está fazendo?

Seu tom autoritário era bastante convincente; até Willis hesitou. O


homem poderia ter conseguido se não tivesse escolhido aquele momento
para puxar sua arma e atirar no Range Rover. Embora a bala atingisse a
janela a centímetros da cabeça de Ryder, ela não quebrou o vidro à prova de
balas. O outro falso policial e o motorista do caminhão abriram fogo também.

Pânico instantâneo se seguiu. Os motoristas civis começaram a sair


fora da estrada e seguir na contramão, tentando escapar da chuva de balas;
alguns simplesmente abandonaram seus carros e fugiram a pé. Willis deu um
soco no acelerador, sobrevoando o canteiro central e evitando por pouco uma
colisão ao entrar nas pistas do sul. Atrás deles, o carro na retaguarda se
posicionou para impedir que os atiradores o perseguissem.

Ryder olhou por cima do ombro pela janela de trás e viu McCall e
Hurst saltar do outro lado do carro, usando-o como cobertura enquanto
retornavam fogo. Ele olhou para baixo, para Luca, cuja respiração rápida
soava alta mesmo sobre o tiroteio e gritaria.

KM
— Vai ficar tudo bem, disse ele, mas ele falou cedo demais.

Um SUV saiu de trás do caminhão virado e correu na direção deles.


Eles devem ter ficado esperando o carro de Luca ficar preso no gargalo que
eles criaram, o que significava que era uma tentativa de sequestro, não de
assassinato.

Ryder puxou sua arma. — Willis...-

— Eu os vejo. Willis apertou a discagem rápida do painel de


instrumentos para o 911. — Este é Gregory Willis, motorista de Luca
D'Amato. No momento, estamos sendo levados para o sul pela 207 por
homens armados em um Chevrolet Suburban preto, placa 3P5 DF6. Parte da
nossa equipe de segurança está presa em uma emboscada em um acidente
falso na faixa norte. Esteja ciente de que há pistoleiros se passando por
policiais no local.

O Suburban estava alcançando-os. Willis entrava e saía do tráfego,


tesourando entre os carros, em certo ponto abaixo no acostamento, mas o
motorista da Suburban era igualmente hábil - e tinha menos consideração
pelas vidas das pessoas inocentes que compartilhavam a estrada. A distância
entre os dois carros diminuía a cada segundo.

— Luca, disse Ryder, — podemos ter que deixar o carro.

— E ir para onde? Estamos no meio da estrada!

Boa pergunta. A rodovia era margeada em ambos os lados por terras

KM
do Estado, repleta de árvores. Poderia não ser uma opção ruim no verão, mas
agora as árvores estavam depenadas e forneceriam uma cobertura mínima.
Ainda assim, o mínimo era melhor que nenhum.

Ryder foi jogado contra a parte de trás do banco do passageiro quando


o Suburban bateu neles por trás. Um homem inclinou-se pela janela lateral
e disparou contra eles, enchendo o para-choque e a janela traseira do Range
Rover com um jato de balas. O som de tiros automáticos rasgou a mente de
Ryder, inundando-o com lembranças da luz do sol escaldante e do ar
sufocante do deserto, gritos agonizantes e o nauseante cheiro de sangue.
Com o estômago revirando, Ryder balançou a cabeça e se forçou a se
concentrar no presente.

— O que esse idiota acha que está fazendo? Willis gritou.

Ryder foi surpreendido pelo desabafo até perceber que Willis não
estava falando sobre o atirador - havia um carro esportivo à esquerda, um
Miata vermelho brilhante, que estava disputando uma corrida com eles. O
motorista estava sorrindo e gritando e apertando seu punho.

— Ele não me deixa passar, disse Willis com os dentes cerrados.

Ryder deslizou pelo banco de trás, puxando as pernas para cima para
evitar bater em Luca, que ainda estava sentado no chão. Ele pegou o botão
da janela, com a intenção de abaixá-lo apenas o suficiente para atirar em um
dos pneus do Miata.

KM
Nesse momento, porém, o Suburban se dirigiu para a faixa do meio,
atrás do Miata e depois para a pista da esquerda. Ryder estreitou os olhos
quando ele puxou contra o carro esportivo. — O que...-

Willis percebeu o que o motorista faria antes que Ryder fizesse. Ele
pisou no freio com um alto — Merda!, Mas já era tarde demais. O Suburban
desviou bruscamente para a direita, esmagando-se no Miata e conduzindo-o
contra o Range Rover como um aríete. Eles derraparam no acostamento e na
lateral da estrada; apenas a habilidade de Willis os impediu de dar um
mergulho. Ryder se inclinou para proteger a cabeça de Luca.

No segundo em que o carro parou de se mover, Ryder agarrou o braço


de Luca e o puxou pela porta do outro lado. Sua única chance agora era
esperar que eles pudessem superar seus atacantes.

Willis se arremessou do outro lado também, puxando sua arma


enquanto se movia. — Eu vou te cobrir.

Ryder assentiu e empurrou Luca para as árvores. — Luca, corra.

Três homens saíram do Suburban, depois se abaixaram quando Willis


começou a atirar. Ryder e Luca decolaram para a linha das árvores. Luca era
um corredor tão rápido quanto nadador; ele distanciou Ryder em segundos,
como Ryder esperava que ele fizesse.

Ryder olhou por cima do ombro. Medo e adrenalina chocaram seu


sistema quando ele viu que um dos assaltantes havia se separado de Willis e

KM
estava saindo em perseguição. Luca estava muito longe para o homem
possivelmente ser capaz de atirar, mas Ryder ainda movia seu corpo entre
eles, empurrando seus músculos com mais força enquanto aumentava sua
velocidade.

Duas balas bateram em suas costas.

Mesmo usando um colete a prova de balas, ser baleado nas costas não
era motivo de riso. O impacto tirou o ar de Ryder e o jogou no chão, lutando
para não desmaiar. Visão escurecendo, lutando pela respiração, ele levantou
a cabeça.

O som de tiros fez Luca parar e olhar para trás. Continue correndo,
Ryder pensou, e Luca fez... - ...de volta na direção de Ryder.

— Não, disse Ryder, mas sem nenhum ar em seus pulmões


paralisados, sua objeção era silenciosa.

Luca caiu de joelhos ao lado de Ryder. — Ryder - ah!

O atacante do Suburban os alcançou, lançando-se em Luca e


agarrando seu cotovelo. Ele puxou Luca a seus pés. Luca se desviou, mirando
um chute no joelho. O homem se esquivou dele e levantou a arma, mas Luca
deu um duro golpe em seu pulso que o fez gritar e soltá-lo.

Ryder ainda não conseguia se mexer. Embora ele estivesse


começando a respirar de novo, ele se sentiu desconectado de seu corpo. Seus
músculos não obedeceriam aos comandos de seu cérebro.

KM
Levante-se, levante-se, LEVANTE-SE...

Luca se manteve firme com o atacante por alguns instantes,


conseguindo alguns bons socos e, em seguida, uma poderosa esquerda no
rosto fez com que ele cambaleasse para trás. O homem sacou um canivete,
agarrou Luca pela cintura e segurou a faca em sua garganta enquanto o
arrastava de volta para a estrada. Luca se debatia descontroladamente,
puxando o braço do homem, mas ele estava desequilibrado e Ryder podia vê-
lo já sucumbindo ao pânico.

A mão de Ryder se contraiu. Ele firmou o aperto em sua arma e,


fazendo uma careta de dor, rolou o suficiente para o lado para levantar o
braço. Ele puxou uma respiração lenta enquanto apontava a Glock. Então,
em sua expiração, ele disparou um único tiro no centro da testa do atacante.

O homem caiu como uma pedra. Luca caiu em cima dele, depois se
arrastou em suas mãos e joelhos. Ele olhou para o corpo com os olhos
arregalados.

Ryder ficou de pé, com as costas e o peito latejando, e mancou na


direção dele. — Luca, temos que continuar andando.

— Ele está morto.

— Eu sei. Nós não podemos parar.

Ele estendeu a mão. Luca se permitiu ficar de pé, embora seus olhos
não se movessem. Ryder deu a ele uma pequena sacudida.

KM
— Luca. Manter-se. Correndo.

Luca respirou estremecendo e foi para a floresta mais uma vez. Ryder
seguiu, embora a um ritmo muito mais lento. Quando chegaram às árvores,
ele os dirigiu para o sul, correndo paralelamente à estrada.

Eles já haviam percorrido uma milha e meia quando Luca começou a


fraquejar. Ryder alcançou-o dois minutos depois.

— Nós podemos parar aqui, disse ele, guiando Luca atrás de um


bosque próximo de árvores. Não havia folhas nelas, mas os troncos estavam
agrupados perto o suficiente para fornecer alguma proteção. Ryder se
abaixou e soltou a arma em seu coldre de tornozelo, depois a entregou para
Luca. — No dia em que nos conhecemos, você me disse que sabia como usar
isso.

— Sim.

— Bom. Fique de olho enquanto eu chamo a polícia. Ryder pegou o


celular e discou 911.

— 911, qual é a sua emergência? Disse o operador.

— Aqui é Jacob Ryder. Eu sou guarda-costas de Luca D'Amato.


Estamos sob ataque na Rota 207.

— Sim, senhor, recebemos vários relatórios. Oficiais estão a caminho.

— Nosso carro foi retirado da estrada no lado sul. O Sr. D'Amato e eu

KM
fomos capazes de escapar a pé. Precisamos de uma escolta policial para a
estação.

— Claro senhor. Você pode me dar sua localização?

Ryder usou o GPS em seu telefone para dizer-lhe suas coordenadas


exatas. — Eu gostaria de ficar na linha até que você possa me dar o nome e
número do crachá do oficial que está sendo despachado, disse ele, lembrando
dos policiais falsos estacionados no acidente.

— Certamente.

Demorou menos de um minuto para o operador voltar para ele. Ela


assegurou-lhe que o oficial estaria lá dentro de cinco minutos, e se ofereceu
para permanecer na linha até então. Ryder agradeceu, mas recusou,
encerrando a ligação.

Os olhos de Luca estavam correndo pela floresta, o corpo tão tenso


que parecia que ele ia quebrar a qualquer momento. Ryder se perguntou se
tinha sido uma má ideia dar-lhe uma arma. Em seu estado atual, Luca era
muito mais propenso a atirar em si mesmo ou em Ryder por acidente do que
atirar em um atacante deliberadamente.

Aquele homem... Ryder não conseguia lembrar como era o rosto dele.
Ele fez o seu melhor para não ver, pensando que isso tornaria mais fácil.

Não era. Nunca era fácil, nunca ficava mais fácil, e Deus, ele não podia
passar por isso novamente. Agora não. A cabeça de Ryder latejou, o sangue

KM
correndo em seus ouvidos; seu peito parecia estar sendo espremido por
barras de aço. O homem tinha uma esposa? Crianças? Seus pais ainda
estavam vivos? Alguém sentiria falta dele?

Ryder se inclinou, apoiou a mão no tronco da árvore e vomitou.

*****

— Ryder! Luca estendeu a mão para ele, mas baixou o braço quando
Ryder se endireitou e limpou a boca com as costas da mão.

— Estou bem. O impacto das balas me deixou nauseado.

Ryder não era o melhor mentiroso do mundo, e Luca tinha o dom de


sentir decepção. O que ele não conseguia entender era por que Ryder
mentiria sobre algo assim. Em vez de empurrar a questão, ele disse: —
Alguém está vindo?

— Ele vai estar aqui em poucos minutos.

— Siobhan e Georgina… - e …Willis…-

— O operador disse que a polícia estava a caminho.

Luca apertou os lábios, odiando o peso da arma fria em sua mão. Por
tudo que ele sabia, Siobhan poderia estar morrendo agora, sangrando no

KM
meio da estrada - por causa dele.

O rosto de Ryder se suavizou. — Eles sabem o que estão fazendo. Eles


são treinados para isso.

— E você? Você está bem?

— Sim. Não é agradável, mas poderia ser pior. Eu tenho sorte que eles
não miraram na cabeça.

Como você fez?

Luca não verbalizou seu pensamento em voz alta; fazer isso seria
imperdoável. Seus dedos flexionaram contra o aperto da arma. Ele queria
largá-la, chutar tão longe na floresta que ninguém jamais seria capaz de
encontrá-la. Ele não queria ver outra arma pelo resto da vida.

— Luca, eu preciso saber que você não vai se assustar.

Era óbvio que Ryder estava com dor - sua mandíbula estava cerrada,
corpo rígido, respirando com dificuldade. Ele era duro, mas ele não era
invencível. Luca não podia desmoronar agora, mesmo que ele pudesse sentir
o pânico arranhando nas bordas de seu cérebro, tentando encontrar uma
maneira de entrar. Haveria muito tempo para ele perder a sua merda quando
eles estivessem seguros.

— Eu não vou, disse Luca. — Eu não vou, eu prometo.

Eles ficaram de costas para os troncos das árvores, mantendo um

KM
olhar tenso enquanto esperavam pela escolta policial. O som de tiros ecoou
na cabeça de Luca de novo e de novo, deixando-o nervoso. Ele pensou que
Ryder estava morto. Mesmo vendo que Ryder tinha sido baleado nas costas,
onde seu colete o protegia, não tinha aliviado os medos de Luca. Ryder estava
imóvel, sem respirar...-

A briga com o atacante foi uma confusão de pensamentos confusos e


impressões na memória de Luca; a única coisa que ele conseguia lembrar
com certeza absoluta era o estalo da bala que levara o homem para fora. A
mira de Ryder foi perfeita. Apenas alguns centímetros, e teria sido Luca
morto ao lado da estrada. Ryder deve ter total confiança em sua habilidade
para ter arriscado dar um tiro assim.

Pensar nisso fez o coração de Luca correr como um coelho assustado.


Ele começou a duvidar de sua capacidade de manter sua promessa de não
enlouquecer.

O som de uma sirene se aproximando chamou sua atenção e, alguns


segundos depois, um carro de polícia com luzes piscando parou no
acostamento da estrada. Um oficial uniformizado saiu, protegendo os olhos
enquanto examinava a linha das árvores.

— Destrave a segurança de sua arma, disse Ryder.

Luca fez o que lhe foi dito, depois seguiu Ryder para fora da floresta e
descendo a encosta gramada que levava à estrada. Ryder manteve a arma
pronta - não apontando para o policial, mas deixando claro que ele poderia

KM
ser abatido em um segundo se precisasse.

O oficial franziu a testa quando os viu, apoiando a mão em sua própria


arma. — Sr. Ryder?

— Sim. Diga-me seu nome e número do distintivo, por favor.

— Oficial Joseph Lam, distintivo 2130.

Ryder relaxou e acenou para Luca, que engatou a segurança em sua


Glock com uma onda de alívio. Sua mão estava tão suada que não havia
chance de que ele fosse capaz de disparar, de qualquer maneira.

Lam abriu a porta traseira para eles, voltou para o banco do motorista
e saiu para a estrada. Não havia outros carros nos dois lados da rodovia. A
polícia havia fechado toda ela?

— Algum de vocês está ferido? Lam perguntou.

— Não, disse Ryder.

— Ryder foi baleado nas costas, disse Luca. — Ele está vestindo um
colete, mas ainda está machucado.

Ryder deu-lhe um olhar incrédulo. Luca fez uma careta de volta.

— Vamos chamar a atenção médica assim que chegarmos à estação.

Luca se inclinou para frente. — Oficial Lam, você sabe... meus outros
guarda-costas...-

KM
— Seu motorista foi capaz de incapacitar seus atacantes, mas ele levou
uma bala na perna. Ele está a caminho do hospital agora.

— E os outros?

— Tudo o que sei é que temos policiais envolvidos em um tiroteio. Eu


sinto muito.

Luca sentou-se, então percebeu que ainda estava segurando a arma.


Ele empurrou-a para Ryder sem olhar para ele.

— Um dos atacantes nos perseguiu, disse Ryder quando ele retornou


a arma para seu coldre de tornozelo. — Eu não tive escolha a não ser usar
força letal.

Lam olhou para eles no espelho retrovisor. — A homicídios vai


investigar, mas tenho certeza de que não haverá nenhuma acusação.

Ryder exalou pesadamente. Ele realmente estava preocupado com


isso?

O resto da viagem foi realizado em silêncio. Eles chegaram à delegacia


em vinte minutos, e Lam os levou por uma entrada lateral para que eles não
tivessem que atravessar o saguão de entrada. Ele os levou a uma pequena
sala de conferências.

— Vou dizer ao capitão que você está aqui, disse ele. — E eu vou enviar
um médico para você, Sr. Ryder.

KM
— Obrigado.

Assim que Lam foi embora, Luca sentou-se e colocou os cotovelos


sobre a mesa, enterrando a cabeça nas mãos. Ryder sentou ao lado dele.
Depois de um momento, a mão de Ryder se fechou ao redor de uma das de
Luca, puxando-a para ele.

Eles se sentaram em silêncio, com as mãos entrelaçadas, enquanto o


zumbido no cérebro de Luca se acalmava e a tensão nos ombros de Ryder
diminuía. Então uma repentina comoção no corredor fez os dois pularem e
se soltarem.

— Onde ele está? Onde está meu filho?

Luca mal teve tempo de reconhecer a voz de sua mãe antes que a porta
da sala de conferências se abrisse e ela entrasse, Clarke e outros dois homens
em seus calcanhares. Ela respirou fundo quando viu Luca, indo direto para o
lado dele e levantando o queixo para poder ver o rosto dele.

— Luca, meu Deus, você está bem?

— Estou bem, mãe, disse ele, surpreso com a intensidade dela. Ele
ficou ainda mais surpreso quando seus dedos roçaram sua bochecha e depois
acariciaram seus cabelos.

— Você está machucado?

— Não, mas Ryder levou um tiro.

KM
Evelyn lançou um olhar surpreso para Ryder, a primeira vez que ela o
olhou desde que entrou no quarto. Ele se moveu conscientemente.

— As balas atingiram meu colete, não é grande coisa...-

Naquele exato momento, uma mulher enfiou a cabeça pela porta. —


Alguém aqui precisa de um médico?

Ryder fez um barulho exasperado no fundo de sua garganta.

— Vá, disse Clarke. — Eu vou ficar com eles.

Embora claramente relutante, Ryder se levantou e saiu da sala com o


médico. Evelyn ocupou seu lugar vazio.

Um dos homens que a acompanhava - cuja postura o denunciou como


policial, embora não usasse uniforme - deu um passo à frente. — Sr.
D'Amato, sou detetive Betts. Eu gostaria de tomar sua declaração...-

— Você não vai fazer isso, retrucou Evelyn. — Meu filho acabou de
passar por uma terrível provação. Você pelo menos lhe dará tempo para se
orientar antes de forçá-lo a reviver isto. Você pode trazer água para ele
também.

Betts abriu e fechou a boca várias vezes antes de dizer: — Claro,


madame. Alguma coisa para você?

— Café por favor. Preto.

KM
Luca achou a voz alta de sua mãe irritante quando foi dirigida a ele,
mas ele não pôde deixar de se divertir com a maneira como Betts saiu
correndo para fazer o que ela pedia. — Você sabe alguma coisa sobre os
outros? Eles pegaram os...- os homens que fizeram isso?

Ela balançou a cabeça. — Sr. Willis e os homens que te expulsaram da


estrada tiveram de ser levados para o hospital. Ainda não ouvi nada sobre o
outro carro.

Luca baixou os olhos para a mesa. Os dedos de Evelyn passaram pelo


cabelo novamente.

— Eu deveria estar lá, disse ela.

Ela não estava falando apenas do ataque. Luca passou as mãos pelas
cicatrizes na madeira, respirando através da tensão em seu peito.

Clarke pigarreou. — Hurst está aqui.

Luca levantou a cabeça bem a tempo de ver Georgina atravessar a


porta, as roupas amarrotadas e sujas de sangue. Ele ficou de pé e jogou os
braços ao redor dela. Ela o abraçou de volta com a mesma força.

— Você está bem, disse ela.

— O que aconteceu? Onde está Siobhan?

— Uma bala roçou seu ombro. É apenas uma ferida na pele, mas os
paramédicos fizeram com que ela fosse ao hospital para costurá-lo. Ela vai

KM
ficar bem.

— E Sawyer? Luca perguntou, referindo-se ao motorista do carro da


retaguarda.

Georgina respirou fundo. — Ele está morto, Luca. Eu sinto muito.

Luca oscilou e Georgina segurou suas mãos para evitar que caísse. Ele
balançou a cabeça como se isso pudesse calar a verdade de suas palavras,
tropeçando um pouco quando ela o guiou de volta para sua cadeira. O toque
súbito e estridente de um telefone quase o fez pular de volta para fora dele.

Evelyn puxou o iPhone do bolso do casaco, fez uma careta quando viu
o identificador de chamadas e apertou o botão Ignorar. Então ela discou um
número diferente.

— Natalie, ela disse alguns segundos depois, — Eu quero que você


ligue para Warren Gray agora. Diga a ele que estou tendo uma emergência
familiar, e que, se ele me ligar mais uma vez hoje, eu não só comprarei a Gray
Aeronautics - vou destruí-la. Ela encerrou a ligação sem deixar tempo
suficiente para sua assistente responder. Luca não sabia se estava grato ou
aborrecido; sua mente ainda estava se recuperando.

Betts voltou com a água de Luca e o café de Evelyn. Luca pegou o


copinho de papel e o pousou de novo quando sua mão trêmula ameaçou
derramar água por toda a mesa.

— Você está pronto? Disse Betts.

KM
Embora Evelyn parecesse se opor novamente, Luca disse: — Sim. Eu
só quero que isso acabe.

Demorou meia hora para Luca recontar o ataque para a satisfação do


detetive. Quando ele descreveu como Ryder havia matado um dos homens,
ele deixou claro que sua própria vida estava em perigo iminente. Ele deve ter
sido muito enfático, porque os lábios de Betts se curvaram.

— Você não precisa se preocupar com o Sr. Ryder enfrentando


qualquer acusação, filho. Nós identificamos alguns dos assaltantes - eles são
pistoleiros, mercenários. Faremos o nosso melhor para descobrir quem os
contratou, mas é provável que quem quer que seja tenha se esforçado para
permanecer anônimo. Sra. D'Amato, se você pudesse nos fazer uma lista de
qualquer pessoa que queira prejudicar você ou seu filho...-

Ela puxou um maço de papéis de sua pasta e passou através da mesa


para ele. Ele folheou com as sobrancelhas levantadas.

— Acredito que seu capitão já tenha uma cópia disso em arquivo, disse
Evelyn, —...mas nunca é demais ter múltiplos.

Ryder voltou para a sala de conferências enquanto Luca terminava


sua história. Ele se encostou na parede, ainda duro de dor. Luca podia dizer
pelo seu volume reduzido que ele havia removido seu colete.

— Tudo bem, Sr. D'Amato, acho que é o suficiente. Você está livre para
ir. Sra. Hurst, gostaria de levar sua declaração em separado, por favor.

KM
— Eu vou ter um carro vindo buscá-la quando você terminar aqui,
disse Evelyn para ela.

Betts olhou para Ryder, que balançou a cabeça. — Eu dei minha


declaração na enfermaria.

Evelyn se levantou da cadeira. — Eu confio que seus ferimentos não


são muito graves?

— De modo nenhum.

— Você vai levar quantos dias precisar para se recuperar, é claro.

— Eu realmente não preciso...-

Pelo menos o resto de hoje e amanhã. Eu insisto.

Ryder hesitou, depois assentiu. — Sim, senhora. Eu gostaria de ficar


com Luca até que o levemos para casa em segurança.

Ela sorriu. — Certamente.

O passeio de carro até a propriedade estava lotado; Luca teve que


sentar-se entre sua mãe e Ryder na parte de trás, uma vez que Clarke ocupava
o banco do passageiro da frente. Isso o incomodaria mais se ele não estivesse
tão chateado. Ele continuava pensando em Sawyer - um homem a quem Luca
não sabia nada além de seu nome e como ele era, mas que morrera
protegendo-o.

KM
Isso não fazia sentido. Não estava certo.

Quando chegaram em casa, Luca disse a Evelyn que precisava deitar-


se. Embora ele soubesse que ela não queria que ele ficasse sozinho tão cedo
depois do que tinha acontecido, ele precisava ficar sozinho, precisava de
espaço e tempo para ter o ataque de pânico que ele mal tinha conseguido
manter à distância na última hora e meia. Seus músculos já estavam
inquietos, contraindo-se, seu estômago revirando. Cada minuto que passava
roubou um pouco mais de seu autocontrole.

Evelyn finalmente concordou, e Luca, Ryder e Phoebe - que tinham


sido chamados para cobrir o turno de Ryder - subiram para o quarto de Luca.
Phoebe se sentou na cadeira do lado de fora, mas Ryder pairou na porta de
Luca.

— Você vai ficar bem?

— Não, eu não vou ficar bem, disse Luca. Sua voz estava fraca e tensa.

— O que eu quis dizer é, você estará seguro aqui sozinho?

— Não há 'seguro' ao meu redor. Sawyer está morto. Ele morreu por
minha causa.

— Ele morreu porque os mercenários atiraram nele.

— Mercenários que foram contratados para me sequestrar.

Ryder fechou a porta e foi em direção a ele. — Você não pode pensar

KM
assim. Este era o trabalho de Sawyer. Ele sabia para o que ele estava se
inscrevendo.

— Então isso faz tudo ficar bem?

— Não, mas também não é culpa sua.

— Siobhan e Willis foram baleados. Você foi baleado. Luca passou os


braços ao redor de si mesmo. — Você poderia ter morrido. Não quero que
ninguém morra por mim.

— Eu não quero morrer, também. Ryder se aproximou, perto o


suficiente para tocar, embora ele mantivesse as mãos para si mesmo. — Mas
quando aceitei esse emprego, concordei em protegê-lo, mesmo às custas da
minha própria vida. É isso que significa guarda-costas. Ninguém me obrigou
a fazer essa escolha.

— Não é ser baleado que incomoda você, não é?

Ryder ficou em silêncio.

— Você matou alguém hoje.

— Não, disse Ryder.

— Você teve que tirar a vida de um homem para salvar a minha. Isso
é insano. Você nunca deveria ter sido colocado nessa posição. Luca olhou
para o rosto de Ryder, para a infelicidade e arrependimento, e disse:— Ele
não é o primeiro homem que você matou.

KM
— Luca, não.

— Eu não valho a pena.

— O que?

— As pessoas estão morrendo e matando e levando um tiro para me


proteger e para quê? Qual é o objetivo? Como o mundo seria diferente se eu
estivesse morto?

Ryder agarrou Luca pelos ombros, surpreendendo-o. — Nunca mais


diga isso, ele disse, a voz quente de raiva. — Se é assim que você pensa, pode
andar por aí com um alvo nas costas, porque nada no mundo vai mantê-lo
vivo se você não quiser.

— Sinto muito, exclamou Luca. — Eu sinto muito que você teve que
fazer isso por mim.

— Pare de se desculpar, Luca. Pare.

Ryder se inclinou para que suas testas se tocassem. Luca colocou as


mãos nos braços de Ryder, que ainda seguravam seus ombros.

— Eu mudaria se pudesse, eu levaria tudo de volta...-

— Luca.

O beijo de Ryder foi ao mesmo tempo um choque e a coisa mais


natural do mundo. Luca ainda estava por uma fração de segundo antes de

KM
abrir a boca e beijar de volta, envolvendo os braços em volta do pescoço de
Ryder, enquanto os braços de Ryder circulavam sua cintura e o puxavam
para perto.

Não era nada como Luca previra. Ele nunca poderia ter imaginado a
pura fome do beijo de Ryder, a maneira como ele devorava a boca de Luca
como se estivesse morrendo de fome por isso. Todas as células do corpo de
Luca ganharam vida. A língua de Ryder mergulhou na boca de Luca, os
dentes raspando o lábio de Luca, e Luca queria...- precisava -...de uma
maneira que ele nunca teve antes.

Eles tropeçaram em direção à parede próxima até que as costas de


Luca estavam pressionadas contra ela. Mesmo mergulhado em desejo, Luca
não gostou de ser preso por um homem do tamanho de Ryder, então ele os
virou. Ryder grunhiu de dor quando suas costas machucadas atingiram a
parede.

— Desculpe, disse Luca.

Ele se arrependeu de ter quebrado o beijo, mesmo por aquele pedido


de desculpas murmurado, porque ele já podia ver Ryder tendo segundos
pensamentos. Luca o beijou de novo, mais agressivamente, deixando clara
sua necessidade. Ryder respondeu à sua ânsia com uma paixão vertiginosa,
as mãos percorrendo a mandíbula, as costas e os lados de Luca como se
tentassem tocar em todos os lugares ao mesmo tempo. Ele tinha gosto de
enxaguante bucal e cheirava...- Deus, ele cheirava incrível, como loção pós-

KM
barba, suor e luxúria. Isso fez a pele de Luca aquecer e seu estômago saltar.

Luca passou a mão entre eles para pegar o pênis de Ryder. Ele e Ryder
engasgaram em uníssono.

— Oh, meu Deus. Luca explorou o comprimento da ereção de Ryder,


sentindo seu tamanho, sua espessura. — Deus, Ryder, coloque isso dentro de
mim.

— Eu não posso fazer isso, disse Ryder, soando agonizante.

— Então me deixe chupá-lo.

Ryder gemeu. Ele colocou a mão sobre Luca como se fosse empurrá-
lo para longe, mas em vez disso apertou mais forte contra si mesmo. Luca o
acariciou através das calças.

Luca havia dito a outros homens que ele sofria por eles, que ele se
sentia vazio sem um pau para preenchê-lo, mas essas sempre tinham sido
apenas palavras sem sentido destinadas a excitar. Ele não tinha pensado que
era realmente possível desejar tanto o pênis de um homem que ele sentia
uma dor física real dentro dele.

— Eu te quero tanto.

— Eu não posso. Eu não posso.

Luca rosnou em frustração e o esfregou com mais força, angulando


seus próprios quadris em busca de algum atrito. No momento em que o pênis

KM
inchado de Luca tocou sua coxa, Ryder fez um som baixo e animalesco e
agarrou sua bunda com as duas mãos, puxando Luca com força contra sua
perna. Eles se beijaram de novo, desleixadamente, todo língua e lábios
molhados.

Ryder amassou a bunda de Luca com ganância urgente. — Jesus, sua


bunda é inacreditável...-

Luca gemeu, montando sua coxa larga, e envolveu seu braço livre ao
redor do ombro de Ryder para agarrar a parte de trás de seu pescoço para
melhor alavancagem. Ele manteve a mão movendo-se no pênis de Ryder.
Embora ele quisesse puxá-lo para fora, sentir aquele calor de aço e seda em
sua palma, ele não queria arriscar que Ryder se opusesse e interrompesse a
coisa toda.

Moeram um contra o outro, tentando se aproximar, tentando


conseguir mais, e se beijaram através de suas respirações ásperas e
ofegantes. Era a primeira vez que eles se tocavam assim, mas não houve
hesitação, nem necessidade de procurar um ritmo mutuamente satisfatório.
Tudo apenas... clicou. Luca sabia, sem ser informado sobre a quantidade
certa de pressão a colocar no pênis de Ryder, o quão rápido devia acariciá-lo,
assim como Ryder sabia o ritmo que Luca precisava para se esfregar contra
ele. Foi apressado, desesperado e frenético, e foi o prazer mais extraordinário
que Luca já experimentara.

Quando ele estava se aproximando do orgasmo, Luca baixou a cabeça

KM
contra o pescoço de Ryder, cobrindo-o com beijos de boca aberta. Ryder
ainda estava segurando sua bunda, apertando-a, e imaginando como aquelas
mãos grandes se sentiriam contra sua pele nua foi o que empurrou Luca
sobre a borda. Ele gritou na garganta de Ryder, os quadris empurrando
contra a coxa de Ryder. Suas unhas cravando violentamente na nuca de
Ryder.

Ryder fez um barulho como se tivesse levado um soco no estômago.


Seu pênis pulsou sob a mão de Luca e um jorro de sêmen ensopou o tecido.

Tremendo com a intensidade de seu orgasmo, Luca levantou a cabeça


para um beijo lento, diferente de todos os outros que eles compartilharam.
Muito cedo, porém, Ryder segurou seus ombros e gentilmente o empurrou
para longe. Ele já estava erguendo suas barreiras, com o rosto fechado.

— Não, disse Luca, angustiado. — Não, Ryder, não faça isso.

— É compreensível que nos encontremos dessa forma depois do que


passamos. Mas isso não pode acontecer novamente.

— Não se atreva a transformar isso em luxúria de sobrevivente e


vínculo pós-traumático. Você sabe que foi mais que isso.

Ryder deu a volta em torno dele, indo para a porta. — O que eu sei é
que não deveríamos ter feito isso.

— E você diz que eu minto para mim mesmo.

KM
— O que diabos isso quer dizer? Ryder disse, girando ao redor.

A decepção de Luca foi rapidamente se transformando em raiva. —


Você vê o mundo em preto e branco. As coisas são boas ou ruins para você...-
...não há intermediários nem tons de cinza. Você acha que, porque às vezes
os homens mais velhos se aproveitam dos homens mais jovens, então
qualquer relacionamento como esse está errado. Porque às vezes guarda-
costas tratam seus protegidos de forma antiética, todos os relacionamentos
entre guarda-costas e seus protegidos são antiéticos. Mas essa é a forma
como uma criança pensa. Não é assim que o mundo funciona.

— Como você sabe como o mundo funciona? Você tem dezoito anos.

— Eu sei que as coisas não são tão cortadas como você gostaria que
fossem, disse Luca. — Você me quer. Eu quero você. É legal, é consensual e
nenhum de nós estaria se aproveitando um do outro. Mas não há espaço para
essa possibilidade em seu cérebro. Não se encaixa com a maneira como você
acha que as coisas deveriam ser, então você finge que não é de verdade.

— Isso não vai acontecer novamente. Cada palavra foi cortada, com
um tom de aço, final.

Com a garganta doendo, Luca sacudiu a cabeça. — Isso também não é


verdade.

Ryder olhou para ele por um momento, cerrando os punhos. Então


ele se virou e saiu do quarto.

KM
Capítulo quinze

— Você o que?

Ryder estremeceu e puxou o telefone para longe de sua orelha. —


Cristo, Morgan, tire alguns decibéis.

— Desculpe, disse ela em um intervalo vocal mais apropriado. — Mas


eu não tenho certeza de como você espera que eu reaja. Na semana passada,
você quase arrancou minha cabeça só por sugerir que você e Luca ficassem
juntos, e agora você está me dizendo que se engatou com ele.

— Esse não é o termo que usei. Nós não fizemos sexo.

— Vocês se esfregaram todo um no outro até vocês dois gozarem. Eu


odeio quebrar isso para você, Jake, mas isso é sexo.

— Não, não é.

— Sim.

Ryder suspirou. Ele não ia ganhar esse argumento.

— Então, o que mudou entre o fim de semana passado e este que de

KM
repente ficou okay para você fazer sexo com essa criança? Perguntou
Morgan.

— Eu nunca disse que isso estava okay.

— Então, o que fez você fazer isso?

Ryder tinha passado metade da noite lutando com essa mesma


pergunta. Beijar Luca tinha sido mais uma reação instintiva do que uma
decisão consciente — Luca estava perturbado, quase chorando, e a vontade
de puxá-lo para perto fora esmagadora. Verdade seja dita, Ryder não estava
se sentindo tão emocionalmente estável, também. Ele perdera um membro
de sua equipe, quase viu seu protegido ser raptado, e foi baleado na porra das
costas. Não era de admirar que o pensamento racional tivesse caído no
esquecimento.

— Fomos atacados, disse ele.

— O que?

Ryder contou a ela a história com o menor detalhe possível, deixando


de fora o fato de que ele matou um dos assaltantes. Ele disse, no entanto, que
ele tinha sido baleado, sabendo que Morgan poderia lidar com isso.

Quando ele terminou, ela disse: — Eu não posso acreditar você me


ligou para me contar que se esfregou com o Luca antes de me dizer que foi
tirado da estrada e baleado. Você está bem?

KM
— Sim. São apenas alguns machucados ruins. Nada sério.

— Bem, acho que entendo toda a coisa com o Luca agora. Vocês
estavam os dois confusos e traumatizados, e quando ele caiu em você
novamente, você estava muito abalado para recusá-lo.

— Ele não caiu em cima de mim.

— O que você quer dizer? Você disse que ele está dando em cima de
você desde que você começou.

— Não desta vez. Ryder soltou um longo suspiro. — Eu beijei ele


primeiro.

Houve um longo silêncio do outro lado da linha. Então Morgan disse:


— Deixe-me ver se entendi. Você o beijou, você não tentou detê-lo enquanto
vocês... fizeram o que você fez... e então, quando acabou, você disse a ele que
era um erro e que isso não poderia acontecer de novo, mesmo que você fosse
o único quem começou em primeiro lugar?

Ele não pensara assim. — Parece ruim quando você diz isso assim.

— Isso é muito ruim! Deus, Jake, não seja esse tipo de cara. Eu odeio
esses caras.

— Eu não estava deliberadamente tentando ser um idiota...-

Ryder foi interrompido pela batida repentina na porta do quarto ao


lado, o de Luca. Foda-se.

KM
— Morgan, espere um segundo. Telefone na mão, Ryder saiu de sua
cama e abriu a porta do quarto, olhando para o corredor. Song estava sentada
do lado de fora do quarto de Luca, junto com David Bryce. Droga.

— Ei, Jake, disse Bryce quando o viu.

— Ei, Dave.

— Eu ouvi o que aconteceu. Que bom que você está bem, cara.

— Obrigado. Pelo menos eu tenho um dia de folga, certo?

Bryce sorriu. Ryder voltou para o quarto e fechou a porta.

— O que está acontecendo? Morgan disse quando ele levantou o


telefone de volta ao ouvido. — O que é todo esse barulho?

— Música. O namorado de Luca está aqui.

— Ele tem um namorado?

— Bem, não tecnicamente. É apenas um amigo com quem ele se


conecta. Eu não acho que o garoto seja gay.

— Então, Luca ligou para esse cara um dia depois de você e ele ficarem
quentes e pesados, sabendo que você está no quarto ao lado? Você deve ter
realmente irritado ele.

— Sem brincadeiras.

KM
Morgan riu. — Eu tenho que ir para o treino de basquete. Tente não
levar um tiro de novo, ok?

Eles se despediram e desligaram. Ryder olhou para a parede que


dividia os quartos dele e de Luca com um pressentimento; era mais fina que
a parede entre o quarto de Luca e o corredor, e assim sem um isolamento
acústico eficiente, mais fácil de ouvir.

Na hora certa, os gemidos começaram - abafados pela música, mas


ainda audíveis. A mandíbula de Ryder se apertou. Luca estava jogando um
jogo perigoso com Davenport, e estava esfregando no rosto de Ryder logo
após…

Depois de deixá-lo te masturbar à conclusão e então dizendo a ele


que você se arrependeu?

A vergonha deixou Ryder enjoado. Ele poderia dar todas as desculpas


possíveis do porque ele havia beijado Luca, mas não havia desculpa para a
maneira como ele o tratara depois. Ele estava tão furioso consigo mesmo -
por perder o controle, por gostar tanto do toque de Luca que não queria nada
mais do que ficar com ele e fazer tudo de novo. Não havia nenhuma pretensão
na forma como Luca se contorceu contra ele e disse a ele o que ele queria, e
Ryder não podia se defender contra esse tipo de honestidade gritante.

Os gemidos tornaram-se abruptamente mais altos e mais


apaixonados. Ryder sabia que era Luca, não apenas porque ele se
familiarizava com o som de Luca gemendo durante semanas ouvindo ele e

KM
Davenport, mas porque eles eram muito exagerados e teatrais para serem
genuínos. Luca queria que Ryder o ouvisse.

Ele tinha que sair desta casa. Não tendo tido um domingo de folga em
meses, Ryder não sabia para onde ir. Morgan estava no treino, seus pais
jogavam tênis com seus amigos aos domingos, e todos os outros que ele
conhecia estavam trabalhando ou em casa com suas famílias...

Espere. Isso não era totalmente verdade.

Ryder abriu o telefone de novo e discou para Andy. — Hey, disse ele
quando Andy atendeu. — Lembra quando eu disse que estaria trabalhando
no domingo?

Meia hora depois, ele estava dando um beijo de oi em Andy na porta


de sua casa.

— Entre, disse Andy. — Eu estava prestes a almoçar.

Andy acabou por ser um cozinheiro fantástico. Eles comeram na mesa


em sua pequena sala de jantar enquanto ele desabafava sobre os pais
neuróticos de um paciente e todos os problemas que estavam causando em
sua ala. Na metade de sua história, porém, ele parou no meio da frase e
estreitou os olhos. — Você está bem? Você está se segurando rigidamente.

Ryder não tinha qualquer intenção de contar a Andy sobre o ataque,


mas o que ele deveria dizer sobre isso? Ele suspirou e largou o garfo. —Houve
uma tentativa de sequestro em Luca a caminho de casa de uma competição

KM
de natação ontem.

— Espere, isso... você não está falando sobre o tiroteio na 207 que
estava no noticiário, não é?

Ryder assentiu. O queixo de Andy caiu.

— Oh meu Deus. Eu ouvi que pessoas morreram nisso.

— Três dos assaltantes e um dos nossos motoristas. Houve algumas


baixas civis também. Ryder se mexeu na cadeira, desejando que Andy
simplesmente deixasse isso.

— E você ficou ferido. Eu posso dizer.

— Eu fui baleado, mas eu estava vestindo um colete.

Andy deslizou sua cadeira para trás e levantou-se. — Deixe-me ver.

— Andy, realmente, eu...-

— Deixe-me ver, Jake.

Surpreso com a firmeza incaracterística de Andy, Ryder tirou a


camiseta e se virou, sentado de lado na cadeira para que Andy pudesse ver
suas costas. Ele pulou quando os dedos de Andy roçaram sua pele.

— A função de um colete à prova de balas não é para evitar que isso


não aconteça?

KM
— O objetivo de um colete à prova de balas é mantê-lo vivo. A bala
ainda atinge você a centenas de metros por segundo. Isso dói.

Os dedos de Andy patinaram sobre a área machucada; fazendo mais


cócegas do que realmente machucando. Ryder estremeceu.

— Nós já estamos brincando de enfermeira pervertida? Ele


perguntou, tentando alcançar alguma leveza. — Eu pensei que você queria
esperar.

Em vez de responder, Andy pressionou seus lábios contra a parte de


trás do pescoço de Ryder, arrastando uma linha de beijos na espinha de
Ryder até que ele alcançou as contusões. A leveza do toque de sua boca
enviou sangue correndo para o pênis de Ryder. Ryder se virou, puxou Andy
para o seu colo e beijou-o com força.

Andy gemeu, as mãos subindo e descendo pelo peito nu de Ryder.


Ryder enterrou as próprias mãos no cabelo grosso e encaracolado de Andy e
segurou a cabeça para poder devorar sua boca. Ele balançou os quadris,
gemendo quando Andy se contorceu em cima de sua ereção.

— Você é tão quente, Andy murmurou contra sua boca.

— Andy...- Embora o pênis de Ryder estivesse doendo para fodê-lo,


ele sabia que Andy realmente não queria isso, independentemente de sua
excitação atual. Andy queria esperar; ele queria que houvesse uma chance
para algo mais entre eles. Em um nível emocional - e não completamente

KM
físico - era o que Ryder queria também.

Mas talvez ele não queira mais você quando ele te conhecer melhor.
Ele merece saber em que ele está se metendo.

O pau de Ryder suavizou um pouco com o pensamento, mas ele não


podia negar a verdade disso. Se ele e Andy tentassem algo real, Ryder não
poderia entrar nisso desonestamente. Ele baixou as mãos para os quadris de
Andy e afastou a boca. — Andy, espere. Há algo que eu tenho que te dizer.

— O que? Andy beijou seu pescoço.

Ele achou que ia contar a Andy sobre Luca, mas o que saiu foi: — Eu
matei alguém ontem.

Andy ficou muito quieto e então recuou, deslizando pelas coxas de


Ryder até que ele estava sentado perto dos joelhos. — O que?

— Eu...- a língua de Ryder estava grossa e desajeitada. Por que diabos


ele disse isso? — Um dos homens que nos atacou... ele morreu porque eu
atirei nele.

— Aqueles homens estavam tentando sequestrar um garoto inocente.


Eles começaram. Você não é responsável pelas consequências.

Ryder balançou a cabeça. — Eu apontei para a testa dele...-...eu sabia


que ele morreria antes de puxar o gatilho. Foi deliberado.

— Por que você está me contando isso?

KM
Por que, de fato? Porque se as coisas vão bem entre nós, eu não quero
que você descubra meses depois que você esteve namorando um assassino o
tempo todo. Isso não é justo.

A testa de Andy franziu e ele segurou a bochecha de Ryder com uma


mão. — Você não é um assassino.

— Isso é o que você chama alguém que matou pessoas.

— Não, não é. Andy segurou o rosto de Ryder com as duas mãos agora,
olhando-o diretamente em seus olhos. — Você matou para proteger a vida de
alguém indefeso. Talvez não fosse exatamente a coisa certa a fazer, mas teria
sido pior não fazer nada. Venha, Jake, você me disse que você era um
soldado. Você realmente acreditava que a possibilidade de você ter matado
pessoas nunca passou pela minha cabeça?

— Não te incomoda?

— Me incomoda ter que passar por isso, mas honestamente, ver o


quanto isso te incomoda faz com que eu goste mais de você.

— Isso é loucura, disse Ryder, passando os dedos pelo cabelo de Andy.

Andy sorriu. — Você é um bom homem, Jacob Ryder. Matar um


homem mau não muda isso.

*****

KM
— Você quer falar sobre o ataque? Perguntou Andersen.

— Na verdade não, disse Luca. Quando Andersen permaneceu em


silêncio, ele suspirou. — Não há nada a dizer. Nós fomos atacados. Nós
escapamos. Estou bem.

— Você não se machucou?

— Não.

— Alguém mais foi ferido?

Luca olhou para o colo. Ele lutou para manter a voz mesmo quando
disse: — Alguns dos meus guarda-costas foram baleados. Um deles morreu.

— Você os conhece bem?

— De modo nenhum.

— Ainda assim, isso deve ser difícil para você, particularmente


considerando a maneira como seu pai morreu.

Luca levantou a cabeça. — Isso não é...- isso não tem nada a ver com
isso.

— Tudo bem, disse Andersen, levantando a mão para mostrar a ele


que ela não iria perseguir isso. — Como você se sentiu depois do ataque?
Depois que você estava seguro, quero dizer.

KM
— Como você acha que eu me senti?

— Eu não gostaria de sugerir que você deveria ter sentido isso de uma
forma ou de outra. É por isso que pedi, em vez de apenas assumir.

Luca tentou franzir o cenho para ela, mas acabou rindo divertido. —
Você estava no topo da sua turma na escola de psiquiatria?

Seus lábios se curvaram. — Eu fiz bem o suficiente.

— Eu estava chateado. Eu estava com medo de ser atacado novamente


e com medo de que os guardas que tinham sido baleados não ficassem bem.
Fiquei triste por Sawyer - ele é o homem que morreu.

— Você ficou ansioso?

— Sim.

— Provocou um ataque de pânico?

— Não.

— E durante o ataque? Você entrou em pânico então?

— Na verdade não. Quer dizer, eu me senti em pânico, mas eu não tive


um ataque real.

— Então, você estava em uma situação muito estressante em que você


tinha pouco controle sobre o que estava acontecendo, mas você não teve um
ataque de pânico durante ou depois? Andersen ergueu as sobrancelhas. —

KM
Isso é grande, Luca. O que tornou essa situação diferente das outras que
desencadearam sua ansiedade?

— Eu não sei.

— Pense nisso.

Luca não queria pensar nisso; ele passara os últimos dias tentando
esquecer que o ataque tinha acontecido. Andersen estava certa, porém - era
estranho que algumas palavras duras de sua mãe bastassem para fazê-lo cair
em parafuso, enquanto um ataque total de homens armados não o fez. Ele
sentiu um ataque de pânico chegando, primeiro na floresta e depois
novamente na viagem de volta para casa, mas ele nunca realmente teve um.
Por que não?

Ele falou devagar enquanto pensava nisso. — Durante o ataque, eu


só... eu sabia que seria perigoso perder o controle. Ryder tinha sido baleado;
ele estava chateado e eu não queria tornar as coisas mais difíceis para ele.

— Ryder é seu guarda-costas masculino?

— Sim.

— Ok, disse Andersen, fazendo uma nota em seu bloco. — Então você
reconheceu que não seria seguro entrar em pânico naquele momento. Como
você impediu que isso acontecesse?

— Eu... eu disse a mim mesmo que eu poderia entrar em pânico mais

KM
tarde, quando acabasse.

— E você entrou?

— Não. Cheguei perto, mas não o suficiente. Porque Ryder o tinha


beijado.

— Este é um grande avanço, Luca.

— Por quê?

— Você tomou uma decisão consciente de deixar sua ansiedade de


lado até que pudesse lidar melhor com ela. Durante nossas últimas sessões,
falamos sobre como, quando se sente desamparado ou ameaçado, você tende
a reagir de maneira previsível - geralmente usando o sexo para recuperar a
sensação de estar no controle. Mas agora eu gostaria que você considerasse
se ter esse tipo de reação instintiva a situações estressantes é realmente um
ato de autocontrole.

Luca cruzou os braços. — O que você está dizendo?

— Estou sugerindo que quando você deixa uma pessoa ou uma


situação levá-lo a certas ações - não importa quais sejam essas ações - você
ainda está se permitindo ser controlado. Mas você viu que não tem que
funcionar dessa maneira. Você pode escolher como você responde à sua
ansiedade.

A pele de Luca coçava e seu estômago estava agitado. Essas sessões

KM
com Andersen sempre o inquietavam, faziam com que ele sentisse mais como
se estivesse em pé na areia movediça do que em terra firme. Seria mais fácil
se ele pudesse simplesmente rejeitar as palavras dela como besteiras
psicológicas sem sentido - mas elas lhe tocavam de uma forma que era
impossível ignorar.

— Você faz parecer fácil, disse ele.

— Não é. É sempre mais fácil reagir por instinto e reflexo do que


pensar primeiro nas coisas, mesmo para pessoas que não lutam com
ansiedade e compulsões. Se você quiser ser capaz de dizer que toma suas
próprias decisões, deve começar a pensar em por que as toma.

— Eu não sei se posso fazer isso.

— Você já faz. Mas você não precisa mudar tudo de uma vez. O que eu
quero que você faça entre agora e nossa sessão na próxima semana é escolher
uma vez em que você esteja ansioso e pense um pouco sobre o que você se
sente compelido a fazer e depois escolha algo diferente. Não é importante o
que é, desde que seja sua decisão.

— E se eu não conseguir?

— Não importa se você falhar, embora eu não ache que você irá. O que
importa é que você tente.

Luca ficou inquieto em seu assento. Ele odiava a ideia de que o poder
que exercia sobre os outros homens era, de alguma forma, uma perda de

KM
autocontrole. Ok, então às vezes o jeito que ele fazia era eticamente
questionável, mas ninguém o obrigou a fazer nenhuma dessas coisas. Ele
gostava da atenção, do sexo, do domínio; ele não queria desistir deles.

— O que você está pensando? Perguntou Andersen. Ela estava


observando-o de perto.

— Nem tudo que faço com homens é porque estou tentando me sentir
melhor.

— Tenho certeza de que é verdade. Eu não estou dizendo que você tem
que parar de fazer sexo, Luca. Apenas certifique-se de estar fazendo isso
pelos motivos certos.

Ele não conseguiu evitar uma pequena careta, o que, claro, Andersen
pegou.

— O que há de errado?

— No dia do ataque, quando chegamos em casa, houve... outra razão


pela qual não entrei em pânico. Luca mordeu o lábio. Ele realmente ia contar
isso a Andersen? — Você não pode repetir qualquer coisa que eu digo para
você, certo?

— Bem, se você dissesse que queria se machucar ou a outra pessoa, eu


teria que relatar isso. Caso contrário, tudo o que você disser é confidencial.

— Você não vai dizer à minha mãe?

KM
— Absolutamente não. Eu poderia perder minha licença.

Luca confiava em Andersen para não revelar seus segredos, mas ele
não confiava em Evelyn para não tentar contorná-la. Agora que ele
considerou a possibilidade de contar a Andersen sobre Ryder, ele ficou
surpreso com o quanto ele queria seguir adiante. Ele nunca conversou com
ninguém sobre seus sentimentos conflitantes por Ryder - nem mesmo
Siobhan, porque, embora ela fosse geralmente de mente aberta, ele sabia que
isso era uma coisa que ela desaprovava. Ele só teria que confiar no
desinteresse habitual de Evelyn em seu estado emocional.

— Você estava falando de quando você chegou em casa depois do


ataque, Andersen perguntou após alguns minutos de silêncio.

— Ryder e eu nos beijamos.

Andersen franziu a testa. — Beijaram?

— Foi mais do que isso, na verdade. Nós…- foi…- Luca corou. Ele não
podia entrar nos detalhes sujos com uma mulher da idade de sua mãe.

— Algo sexual?

— Sim. Quer dizer, não foi sexo sexo; nós nem tiramos nossas roupas.
Mas foi sexual.

Andersen não respondeu imediatamente. Ela olhou para o bloco,


batendo a caneta contra ela, a testa enrugada e os lábios franzidos. Luca

KM
conhecia essa expressão.

— Não é o que você está pensando.

— O que eu estou pensando? Ela disse, olhando de volta para ele.

— Ele é muito mais velho que eu e é meu guarda-costas. Você acha


que ele se aproveitou de mim.

— A possibilidade me ocorreu sim.

— Não foi assim. Em absoluto. Eu o quis desde que nos conhecemos,


mas ele me rejeitou todas as vezes, até sábado.

— Quando você diz ‘toda as vezes’, você quer dizer…-

— Todas as vezes que eu dei em cima dele.

Andersen preparou sua caneta. — Talvez você devesse começar do


começo.

Luca fez, dizendo a ela como ele tinha sido atraído por Ryder no
segundo que ele o tinha visto, mas nenhum de seus truques habituais tinha
intimidado Ryder no mínimo; como a insistência contínua de Ryder de que
o sexo entre eles seria errado, tinha frustrado Luca a cada passo; como Ryder
tinha desligado Luca fazendo-o se sentir envergonhado de uma maneira que
ele nunca teve antes. Ele não tinha percebido o quão frustrado ele estava com
isso até que ele começou a falar sobre - e uma vez que ele começou, ele não
conseguia parar. No momento em que ele terminou sua história, sua boca

KM
estava seca da inundação ininterrupta de palavras.

— Eu não sabia que seu relacionamento com o Sr. Ryder era tão
complexo, disse Andersen.

— Nem eu, realmente.

— Tudo bem, então me diga o que aconteceu no sábado. Você o


beijou?

— Ele me beijou. Eu não tinha ideia que ele iria; Eu não estava
tentando fazer com que ele fizesse isso. Eu não estava nem pensando em sexo
então. Mas foi... foi incrível.

— E depois? Como ele reagiu?

Ela esperou enquanto Luca procurava as palavras certas, mas no final,


tudo o que ele conseguiu dizer foi: — Não muito bem.

— Pelo que você me contou sobre ele, eu acho que talvez ele tenha se
sentido culpado?

Luca assentiu.

— Como você se sente sobre isso?

— Eu não sei. Confuso. Eu nunca estive nessa situação antes.

— Que situação?

KM
— Sendo rejeitado. Pelo menos não assim.

Andersen soltou um pequeno zumbido. — Mas você entende que a


rejeição dele não é de você como pessoa. Ele está rejeitando as
circunstâncias.

— Eu entendo isso em um nível intelectual, mas emocionalmente, não


faz sentido. Quando estávamos juntos, parecia... certo. Não foi estranho ou
assustador. Ninguém estava sendo aproveitado. Mas isso assusta Ryder,
então ele não vai admitir isso.

— O quão bem você o conhece?

— Ryder?

— Sim. Pessoalmente, quero dizer, não apenas em sua capacidade


como seu guarda-costas.

— Eu...- Luca parou brevemente com a realização desconcertante. —


Não muito bem, eu acho. Eu normalmente só o vejo quando ele está
trabalhando, e ele nunca fala de si mesmo.

— Você já perguntou a ele sobre si mesmo?

Luca suspirou. — Não.

— Eu não estou tentando deslegitimar a conexão que você sente com


o Sr. Ryder. Eu sugeriria, no entanto, que, a menos que você conheça melhor
a pessoa em um nível pessoal, não há como ter certeza de que a atração

KM
intensa que você está experimentando não é apenas porque ele é o único
homem que já disse não a você.

Por que Andersen sempre estava certa? Luca meio que odiava isso
nela. Caindo de volta em sua cadeira, ele disse: — Você está realmente me
dizendo que eu deveria persegui-lo?

— Não é o meu lugar dizer o que você deve ou não fazer. Apenas
certifique-se de que, seja qual for a sua decisão final, você pesou as
consequências primeiro.

O tempo acabou, então Andersen guardou suas anotações enquanto


Luca vestia o casaco. Ao chegar na maçaneta, Andersen disse: — Quase me
esqueci de perguntar. Você está planejando ir ao funeral do Sr. Sawyer? Pode
ajudá-lo a obter algum fechamento.

— Deus não. Sawyer morreu me protegendo. Eu não seria bem-vindo


no funeral dele. Confie em mim, sou a última pessoa que sua família gostaria
de ver.

— Você não sabe disso de fato.

— Sim, disse Luca. — Eu sei.

KM
Capítulo Dezesseis

— Você tem que estar brincando comigo, disse Ryder.

Luca puxou a camisa de mangas longas e sedosa para fora da caixa. —


Eu gosto disso.

Ele ficaria bem também. A camisa era de um roxo profundo - Luca


parecia melhor em cores fortes e escuras - e o movimento líquido do tecido
enfatizava a graça de seu corpo. Ryder limpou a garganta. — Você não vai
mesmo usar uma camiseta que Henry Glauser enviou para você, vai?

— Por que você se importa? Luca perguntou, dando-lhe um olhar


gelado.

Ryder fechou a boca. Fazia quase uma semana inteira desde que eles
se beijaram, e esta era a primeira vez que eles falavam um com o outro, além
de cumprimentos superficiais. Ele nem estava em um turno agora; ele tinha
acabado de sair de seu quarto para encontrar Luca e McCall abrindo o último
presente de Glauser.

McCall pegou uma das mangas da camisa. — Ele deixou a etiqueta de


preço. Isso é meio...- Ela virou a etiqueta e assobiou. — Duzentos e cinquenta

KM
dólares por uma camisa?

— É seda pura.

— Onde Glauser está recebendo o dinheiro para todos esses


presentes? Ele costumava reclamar de estar quebrado o tempo todo.

Luca deu de ombros. Ryder olhou para o relógio. Ele se atrasaria se


não se mexesse logo, mas não poderia simplesmente sair enquanto Luca
estivesse lidando com isso.

— Há outra carta neste. Luca pegou um envelope branco grosso,


franzindo a testa enquanto testava seu peso. — Por que é tão pesado?

Ele cortou o envelope e despejou o conteúdo. Uma pilha de fotografias


caiu em cascata sobre a mesa ao lado da cadeira de McCall.

— Oh, meu Deus, ela disse enquanto pegava uma delas. — Estas são...-

— Fotos nuas? Parece assim.

Ryder fez uma careta. Havia pelo menos trinta fotografias na pilha,
todas fotos amadoras de Glauser claramente tomadas pelo próprio homem.
O cara estava perdendo de maneira espetacular. Ryder desviou os olhos,
observando Luca ler a carta. A menos que contivesse ameaças explícitas, não
havia razão para Ryder permanecer ali mais tempo.

Os olhos de Luca se arregalaram com o choque, fazendo o estômago


de Ryder despencar até que ele balançou a cabeça e disse: — E eu pensei que

KM
era bom em fazer as pessoas corarem.

Ele passou a carta para McCall. Ela varreu seus olhos por ela e soltou
uma gargalhada curta e atônita. — Puta merda, isso é desagradável. Olhando
mais de perto, ela disse: — Isso é fisicamente possível?

— Se você é flexível o suficiente.

— Certo, eu vou sair agora, disse Ryder. Melhor fugir antes que ele
pensasse demais no que exatamente Luca precisava de flexibilidade. — A
menos que você precise que eu fique?

McCall sacudiu a cabeça. — Esta é apenas a estranheza do padrão de


Glauser. Onde você está indo todo arrumado?

— Saindo.

— Você nunca sai vestido assim, disse Luca, estreitando os olhos para
o casaco esportivo de Ryder.

— Eu tenho um encontro.

A julgar pela reação de Luca, Ryder poderia muito bem ter lhe dado
um tapa na cara. Ele piscou e recuou, ferido piscando seus olhos antes que
fosse substituído por raiva fria. — Um encontro, ele repetiu, com a voz baixa.

— Sim.

— Divirta-se. Soou mais como, eu espero que você morra.

KM
— Obrigado, disse Ryder, determinado a não deixar a culpa tirar o
melhor dele. Luca pode estar chateado agora, mas a longo prazo, era o
melhor.

Não era?

McCall os observou se encarando em silêncio por alguns momentos


antes de dizer: — Luca, o que você quer fazer com essas fotos?

Luca se virou para ela, e Ryder aproveitou a oportunidade para sair


dali e ir para as escadas. Você é um covarde, zombou um canto de seu
cérebro. Você poderia pelo menos se desculpar com ele.

Mas ele não podia, porque pedir desculpas a Luca significaria ficar
sozinho com ele e falar sobre como eles se esfregaram um contra o outro até
que gozassem em suas calças - e se eles fizessem isso, aconteceria novamente.
Ryder não estava mais se enganando.

O que havia sobre Luca, afinal? Ryder conheceu outros homens que
eram tão bonitos quanto ele, mas ele não sentiu um oitavo da atração por
eles que ele sentia por Luca. Nunca em toda a sua vida a luxúria dominou seu
senso comum antes. Era como se Luca fosse algum tipo de imã super forte...
não, ele era um quebra-cabeça, um que Ryder não resistia em tentar montar.
Ele queria descascar todas as camadas e dar uma olhada em como as peças
se encaixavam e... Jesus Cristo pare de PENSAR nele, seu idiota!

Levou toda a disciplina mental que Ryder tinha adquirido ao longo

KM
dos anos para tirar Luca de seus pensamentos enquanto ele dirigia para a
casa de Andy. Eles estavam saindo em um encontro real, para um bom
restaurante - nada muito chique, mas sofisticado o suficiente para merecer
um casaco esportivo - e Andy merecia ter toda a atenção de Ryder.

Ele estacionou no meio-fio e subiu os degraus para tocar a campainha.


Andy abriu a porta com tanta rapidez que ele deveria ter estado bem atrás
dela.

— Você está ótimo, disse Ryder, passando os olhos pelo corte afiado e
lisonjeiro da jaqueta de Andy.

Uma das coisas que ele mais gostou em Andy era a maneira como ele
corava toda vez que Ryder o elogiava. — Obrigado. Você também.

Ryder pegou a mão dele, puxando-o para um beijo suave e casto. Ali.
Isso era perfeito - nenhuma necessidade louca e incontrolável de empurrar
Andy contra a porta e moer contra ele como um cachorro no cio, apenas
tentáculos quentes de excitação se enrolando em sua barriga que
desabrochariam mais tarde.

Por hábito, Ryder abriu a porta do carro para ele. — Um cavalheiro,


Andy brincou quando entrou.

— Você não gosta?

— Sim.

KM
— Bom, porque eu não acho que posso desligar isso de mim.

Andy soltou uma risada suave e agradável que fez Ryder querer
desgrenhar seus cachos. Ele contornou o carro para entrar no banco do
motorista, depois se inclinou para beijar a bochecha de Andy antes de ligar a
ignição.

Eles conversaram sobre o trabalho durante a curta distância do


restaurante, e Ryder gentilmente desviou as perguntas de Andy sobre as
investigações sobre o ataque. Não só ele não queria falar sobre isso, ele
realmente não deveria; esses detalhes eram confidenciais. Além disso, eles
ainda não conseguiram descobrir quem havia contratado os mercenários ou
como eles sabiam que Luca estaria naquela estrada. Embora pudesse ter sido
a mesma toupeira da propriedade, também poderia ter sido qualquer pessoa
com uma conexão de internet que estivesse procurando bastante - os
detalhes da competição de natação haviam sido postados no site da
Georgetown Prep. Eles poderiam estar lidando com a toupeira, o inimigo por
trás dele ou ainda um inimigo totalmente diferente... inferno, por tudo o que
eles sabiam, poderia haver várias toupeiras todas trabalhando para pessoas
diferentes. A cabeça de Ryder doía só de pensar nisso.

Eles conseguiram uma boa mesa no restaurante, uma aconchegante


cabine de canto. Andy pediu o vinho, o que Ryder ficou feliz em deixá-lo
fazer, porque o que ele sabia sobre vinho podia ser reduzido a tinto, branco
e aquela coisa rosa no meio.

KM
Enquanto esperavam pela comida, Andy disse: — Então, quero ouvir
histórias embaraçosas.

— O que?

— É o nosso terceiro encontro. Hora das histórias embaraçosas do


ensino médio.

Ryder riu. — Isso é algum tipo de regra?

— Está no manual.

— Ok. Ryder tomou um gole de vinho, que era excelente, e pensou de


volta. Ele não teve dificuldades no ensino médio - ele era atraente e atlético,
o que era realmente tudo que um cara precisava para atravessar com um
mínimo de danos psicológicos. Mas havia uma coisa...- Meu apelido no
ensino médio era “Devagar e Sempre”

Andy quase cuspiu a boca cheia de vinho. Ele apressadamente pousou


o copo e limpou a boca com o guardanapo. — O que? Por quê?

— Naquela época, eu estava com medo de que as pessoas


descobrissem que eu era gay, então namorei meninas. No meu primeiro ano,
eu fiz sexo com minha namorada pela primeira vez - e se eu não soubesse que
eu era gay, isso seria o suficiente. Levou-me para sempre para gozar. Eu
quase não consegui nada.

— E sua namorada... gostou disso?

KM
— Amava. Ela não sabia por que eu demorava tanto, obviamente,
então ela se gabava sobre isso para todas as suas amigas. Alguns dias depois,
toda a escola estava me chamando de “Devagar e Sempre” e ficou preso.

Andy começou a rir. — É isso que você pensa quando alguém lhe pede
para contar uma história embaraçosa? Que você acidentalmente se tornou
um deus do sexo da escola?

— Ei, foi muito traumático, disse Ryder como se ofendido, mas ele não
conseguia esconder um sorriso. — Qualquer um que pense que as mulheres
não assediam homens sexualmente deveria ter ouvido as coisas que aquelas
garotas diziam para mim.

Embora fosse engraçado agora, ele ficara mortificado na época. Se ele


tivesse sido sincero, talvez não o tivesse incomodado tanto, mas ele se sentia
um imenso falso.

— Esse é o seu jeito indireto de me dizer que sua resistência não é tão
impressionante quando você está com homens? Os olhos de Andy ainda
estavam acesos com diversão.

— Não era quando eu tinha dezesseis anos. É melhor agora, espero.

— Eu também.

Seus olhos se encontraram na mesa por um momento, e então Andy


ficou vermelho e baixou o olhar.

KM
— Você já se perguntou como seria ser um adolescente agora, em vez
de dez anos atrás? Ele perguntou. — Quero dizer, eu sei que as coisas não são
perfeitas, mas todo dia você ouve sobre as crianças que se assumem na
escola, caminhando pelos corredores de mãos dadas, levando encontros do
mesmo sexo para o baile de formatura. Ninguém teria feito nada assim
quando eu estivesse no ensino médio.

— Eu já pensei sobre isso, sim. Eu não quero ser adolescente


novamente sob quaisquer circunstâncias, mas eu sei o que você quer dizer. É
difícil não sentir inveja às vezes.

— Claro, eu provavelmente teria inveja de você no ensino médio, disse


Andy com um sorriso torto. — Tenho certeza de que você era uma grande
estrela do esporte.

— Eu tive meus momentos. E você?

— Eu consegui passar bem. Eu tinha um bom grupo de amigos, então


tínhamos as costas uns dos outros. Você nunca teria me notado, no entanto.

Vendo a insegurança se arrastar na postura de Andy, Ryder alcançou


a mesa e pegou a mão dele. — Não teria como perder esse sorriso.

Andy apertou os lábios, mas seu sorriso tímido se rompeu de qualquer


maneira. Ele abaixou a cabeça.

— Ele é único. Ryder apertou a mão e sentou-se.

KM
— Às vezes eu acho que você é bom demais para ser verdade.

O estômago de Ryder se torceu. Mais uma vez, ele considerou contar


a Andy sobre Luca - mas ele e Andy só tinha saído em um encontro naquele
momento, isso não era trapacear por nenhuma definição do termo, e não
havia razão para Andy saber que ele estava atraído por seu protegido de
dezoito anos de idade, quando ele nunca iria agir sobre essa atração
novamente. Algumas coisas eram melhor não ditas. — Então você claramente
precisa ouvir histórias mais embaraçosas sobre mim. Que tal eu falar sobre
o trote de calouro que recebi no ROTC?

Andy era tão fácil de conversar - um bom ouvinte com um senso de


humor descontraído e muitas histórias engraçadas para compartilhar.
Enquanto eles se demoravam na sobremesa, Ryder checou o relógio e ficou
chocado ao ver que mais de duas horas haviam se passado desde que eles se
sentaram.

— Você vai me deixar pagar pelo jantar desta vez? Ryder perguntou.

— Isso depende do motivo pelo qual você está oferecendo.

— Eu quero mostrar meu cartão de crédito platinum, obviamente.

Andy jogou um guardanapo nele. Ryder pegou com uma risada.

— Eu só quero cuidar de você.

— Bem, nesse caso, fique à vontade.

KM
Ryder pagou a conta, e eles saíram para esperar por seu carro no
suporte de valet. Ele estava prestes a sugerir que eles fossem a algum lugar
para beber quando Andy tocou seu braço e disse: — Você quer voltar para
minha casa?

— Sim, disse Ryder, observando a maneira como o vento agitava o


cabelo de Andy.

Trinta minutos depois, eles estavam na mesma posição em que


acabaram nos dois primeiros encontros - emaranhados no sofá de Andy,
dando uns amassos. A coisa sobre não fazer sexo era que você acabava se
beijando muito mais; tornando isso um destino em si e não apenas um meio
para um fim.

Ryder não se importava em esperar. Ele realmente não fez. Mas não
importava quão devagar eles começassem, os beijos sempre ficavam mais
quentes, e Andy fazia os pequenos gemidos mais doces sempre que Ryder se
movia contra ele, e as calças não eram projetadas para serem usadas com
uma ereção.

Chupando o lábio inferior de Andy em sua boca, Ryder deslizou a mão


por baixo da camisa de Andy para acariciar a pele lisa de seu lado. Andy
afastou a mão sem quebrar o beijo.

— Desculpe, Ryder murmurou. — Eu não ia fazer nada, só queria tocar


em você. Ele puxou sua língua para o lado do pescoço de Andy. — Você me
viu sem camisa, afinal de contas. É apenas justo.

KM
Andy ficou ainda embaixo dele. Ryder recuou um pouco.

— Isso foi uma piada, Andy.

— Não é que eu não quero que você me toque. Andy passou as mãos
pelos braços de Ryder para apertar seus ombros. — Eu quero. Eu realmente
quero.

— Mas você quer esperar. Eu entendi. — Embora Ryder quisesse


tranquilizá-lo, Andy mordeu o lábio e desviou o olhar. Ryder gentilmente
virou o rosto para trás. — O que há de errado? Estou colocando muita pressão
em você?

— Não! Deus, não, você foi... perfeito. Eu só...-

— O quê? Ryder perguntou quando ele não terminou a frase.

Com uma voz tão baixa que Ryder quase não conseguiu ouvi-lo, Andy
disse: — Eu não quero que você me veja nu.

Demorou a Ryder alguns segundos para processar isso. Ele franziu a


testa e sentou-se, colocando um pouco de espaço entre eles no sofá. — O que?

Andy sentou-se também. — Eu estou envergonhado.

— Por quê?

— Porque eu não...- ...eu não sou como você.

De todas as coisas que ele pensou que Andy poderia dizer, que nem

KM
sequer estavam na lista. Ryder deu a ele um olhar vazio.

— Oh, vamos lá, Jake, você parece uma pequena divindade, disse
Andy, puxando a camisa de volta no lugar. — E eu sou gordo.

— Você não é gordo. Ryder levantou a mão para impedir que Andy
interrompesse. — Você não é. Talvez você não tenha tanto músculo quanto
eu, mas tudo o que isso me diz é que você tem coisas melhores para fazer com
seu tempo do que exercícios duas horas por dia.

— Duas horas por dia?

— Sim. Faz parte do meu trabalho e eu gosto disso, mas nunca


esperaria que alguém fizesse o mesmo. Eu acho que você é lindo do jeito que
é.

Andy fez uma careta e cruzou os braços. — Não diga isso apenas para
me fazer sentir melhor.

Se Andy estava determinado a acreditar que Ryder não estava atraído


por ele, como Ryder deveria provar o contrário? Ele passou a mão pelo
cabelo, frustrado. Mesmo com a admissão inesperada de Andy, o pau de
Ryder ainda estava pulsando, tornando difícil para ele pensar direito.

Espere. Tinha uma ideia.

Ryder pegou a mão de Andy. Lentamente, dando a Andy bastante


tempo para se afastar, ele pressionou contra sua própria ereção. Andy

KM
respirou fundo.

— Sinta o que você está fazendo comigo? Isso é tudo para você.

Andy amassou o pau de Ryder através de suas calças. Infelizmente,


isso só lembrou Ryder do que ele tinha feito com Luca - embora Luca não
tivesse sido tão hesitante, tão cauteloso. Ryder levou a mão de Andy para a
boca e beijou as costas dela.

— Eu esperarei o quanto você quiser. Mas você deveria saber que eu


quero você.

Andy lambeu os lábios. — O que você quer exatamente?

O que Ryder realmente queria era dobrar Andy e fodê-lo duro por
trás, mas ele tinha a sensação de que neste momento, Andy poderia fazer o
que Ryder quisesse, mas eles não estavam prontos para isso. Por mais
inseguro que Andy estivesse se sentindo, ele deixara claro que queria esperar.
Ryder tinha que respeitar isso.

— Eu quero chupar seu pau, ele disse, o que também era muito
verdadeiro.

Andy gemeu. — Okay. Sim. Nós deveríamos - acho que deveríamos


fazer isso.

— Você tem certeza?

Andy puxou-o para um beijo urgente. Ryder beijou de volta, passando

KM
as mãos pelos cachos grossos e brilhantes de Andy. As mãos de Andy
arranharam os botões da camisa de Ryder, tentando desfazê-los. Eles se
separaram apenas tempo suficiente para Ryder sair da camisa, em seguida
se beijaram novamente. Quando Ryder passou a mão sobre os botões de
Andy, ele não recebeu objeção.

— Vá em frente, disse Andy, ofegante. Suas bochechas estavam rosa


brilhante.

Ryder desabotoou a camisa de Andy e empurrou as mãos para dentro,


beijando seu pescoço enquanto mapeava o peito de Andy pelo toque. Andy
realmente não era gordo, apenas fora de forma e um pouco e macio. Embora
não fosse com o que Ryder estava acostumado, ele não achava ruim. O corpo
de Andy ecoou sua personalidade - doce, generoso, confortável.

Respirando com dificuldade, Ryder manobrou Andy para se sentar na


beira do sofá e deslizou para o chão, ajoelhando-se entre as pernas abertas.
Ele beijou o caminho do peito de Andy até a barriga arredondada e
pressionou os lábios contra a protuberância nas calças de Andy.

Os quadris de Andy estremeceram. — Jake, Deus...-

Ryder o provocou com a boca através do tecido, usando as mãos para


prender os quadris de Andy no sofá. Andy se contorceu e choramingou
ofegante de prazer acima dele. Somente quando Ryder não aguentou mais o
acúmulo, ele desfez a braguilha das calças de Andy e puxou seu pênis através
da fenda em sua cueca.

KM
O pênis de Andy era bastante grosso, embora não muito longo. Ryder
segurou a base com uma mão, jogou o outro antebraço sobre os quadris de
Andy para segurá-lo ainda, e se inclinou passando a língua sobre a cabeça,
saboreando o sabor salgado e almiscarado do pré-sêmen. Andy soltou um
suspiro trêmulo.

— Por favor por favor...-

Ryder circulou sua língua ao redor da coroa, em seguida, arrastou-a


para cima e para baixo na parte inferior do eixo de Andy, até que os apelos
murmurantes de Andy se transformaram em desesperados e lamentosos.
Suas mãos agarraram os ombros de Ryder enquanto ele tentava empurrar
seu pênis na boca de Ryder.

Antes de ser misericordioso com ele, Ryder se abaixou para abrir suas
próprias calças e soltar seu pênis, gemendo de alívio. Então ele engoliu o pau
de Andy e chupou com força. Andy gritou, arqueando-se contra ele.

— Deus, sim, Jake, isso é tão bom, não pare, não pare...-

O som do prazer de Andy triplicou a própria luxúria de Ryder. Ele


empurrou os braços para baixo das pernas de Andy e envolveu-as em torno
de suas coxas, tirando os quadris de Andy do sofá para segurá-lo no ângulo
certo para garganta profunda repetidas vezes. As mãos de Andy se
emaranharam no cabelo de Ryder, e Ryder balançou a cabeça mais rápido,
afundando até a raiz toda vez. Ele ignorou a dor de seu próprio pênis
negligenciado e colocou toda a sua concentração em Andy.

KM
— Porra, eu vou gozar, disse Andy, voz rouca. Suas panturrilhas
apertando contra os braços de Ryder. — Eu não posso...- eu não posso...-

Ele puxou com força o cabelo de Ryder no mesmo momento em que


seu pênis inundou a boca de Ryder com seu gozo. Ter seu cabelo puxado
enquanto ele dava um boquete sempre fez alguma coisa para Ryder, e ele
engoliu Andy avidamente, chupando e lambendo até que Andy suavizou
dentro de sua boca.

— Jake, Jake. Andy estava ofegante, lutando para respirar. —Demais.

Ryder puxou e abaixou as pernas e quadris de Andy de volta para o


sofá. Ele gemeu ao ver Andy observando-o com olhos vidrados, a mão indo
direto para seu próprio pênis.

— Não faça isso, disse Andy, caindo no chão com ele. Ele empurrou
Ryder de costas e beijou-o com força, em seguida, rastejou pelo corpo de
Ryder. Os quadris de Ryder resistiram e seus olhos se fecharam quando a
boca quente de Andy finalmente se fechou sobre ele, e então ele parou de
pensar completamente.

*****

— Luca, o que você quer fazer com essas fotos?

KM
Ele se virou para Siobhan, apenas dando a ela metade da sua atenção
enquanto ouvia Ryder se afastar. Raiva e ciúme roíam seu estômago como
ratos frenéticos. — Eu não sei. Queimá-las?

— Que tal eu dar a Sheila para destruir, Sr. Super dramático?

Luca olhou de volta para as fotos. Eles não estavam despertando-o,


principalmente devido à expressão francamente perturbadora de Glauser. O
que ele poderia estar pensando quando ele tirou aquelas que colocaram esse
olhar em seu rosto?

— Ei, disse Siobhan. — Você não o empurrou deste precipício, você


sabe.

— Talvez não, mas eu o arrastei até o limite. Luca rolou os ombros


para liberar a tensão lá. — Eu vou convidar Ashton.

— Tudo bem. Eu vou me livrar disso antes que ele chegue aqui.

Luca entrou no quarto e pegou o telefone. Ele estava muito estressado


para agir de forma fofa ou paqueradora, então tudo o que ele escreveu na
mensagem que mandou para Ashton foi: Venha.

A resposta veio em menos de um minuto. No meu caminho.

Pelo menos alguém o queria — alguém são, de qualquer maneira. Luca


não sabia como reagir a Ryder indo a um encontro menos de uma semana
depois do que aconteceu entre eles. Ele estava experimentando tantas

KM
emoções conflitantes que ele sentiu como se estivesse engasgando. Em um
segundo, tudo o que ele podia sentir era fúria incandescente, e então no
seguinte o ciúme era tão intenso que o deixou tonto, depois se sentiu confuso
e depois uma dor que nunca havia sentido, até que finalmente voltou para a
raiva e começou tudo de novo.

Luca andava de um lado para o outro enquanto esperava por Ashton


a ansiedade aumentando a cada momento. No momento em que Siobhan
bateu em sua porta para deixá-lo saber que Ashton estava subindo a estrada,
ele estava vibrando com a tensão. Ele encontrou Ashton na porta da frente,
praticamente arrastou-o para cima e o empurrou contra a parede do quarto
assim que eles ficaram sozinhos.

— Luca, Ashton começou a dizer, —...o que...-...mmmf...-

Ele se sacudiu de surpresa quando Luca o beijou – mais como atacou


sua boca - mas então ele passou os braços em volta da cintura de Luca e o
puxou para mais perto. Luca mordeu com força seu lábio inferior.

— Você quer me foder? Ele disse contra a boca de Ashton.

Ashton se afastou um pouco para olhar Luca nos olhos. — Você quer
dizer, foder... transar com você? Como...-

— Como colocar seu pênis dentro de mim, sim.

Seus quadris foram pressionados juntos o suficiente para Luca sentir


a ereção de Ashton se contrair com suas palavras. Ele beliscou o pescoço de

KM
Ashton, esfregando-se contra ele.

— Nós não temos...-

— Eu sei. É por isso que estou perguntando. — Luca puxou a mão de


Ashton de sua cintura até o traseiro, e gemeu quando Ashton deu um aperto
reflexivo.

— Deus, você tem certeza... eu quero dizer, se você quiser...-

— Eu quero.

Luca tirou o casaco de Ashton dos ombros, em seguida, agarrou-o pela


camisa e puxou-o para a cama. Ele deu a Ashton mais um beijo duro antes
de sentar na beira do colchão e deslizar para trás, deixando Ashton ver a
necessidade em seus olhos.

Ashton tirou a camiseta polo, tirou os sapatos e subiu em cima de


Luca. Eles se beijaram, os corpos entrelaçados, as mãos de Ashton puxando
a camisa de Luca até os ombros. Embora Luca quisesse se divertir com as
preliminares, tão necessária, ele sabia por experiência que muito disso antes
do evento principal tendiam a levar a uma conclusão insatisfatória com caras
da sua idade.

Ele puxou o cós do jeans de Ashton. — Tire suas calças. Eu quero você
agora.

Ashton gemeu, rolando para o lado para se livrar do resto de sua

KM
roupa. A mente de Luca se adiantou enquanto ele se despia também. Ele
queria ser fodido por trás, fodido duramente para que ele pudesse esquecer
tudo sobre Ryder e qualquer puta com quem ele estava saindo esta noite.

— Eu tenho pesquisado isso, disse Ashton, arrancando Luca de seus


pensamentos.

— Hmm?

― Isso, o jeito que os caras fazem sexo. Ashton tirou o lubrificante da


gaveta do criado mudo onde ele sabia que Luca o mantinha. — Eu pensei, no
caso de você querer, eu deveria pelo menos saber o que estou fazendo.

Bem, isso era bom. Isso pouparia muita instrução tediosa a Luca. Ele
baixou a voz em um ronronar quando abriu as pernas para que Ashton
pudesse deslizar seus dedos escorregadios entre elas. — Você está assistindo
pornô gay?

— Sim. Foi estranho, porque não fez nada para mim. Eu não fiquei
sobrecarregado nem nada, mas isso não me excitou até que eu pensei em
fazer essas coisas com você.

— Isso é porque você não é...- nngh, sim, um pouco mais profundo -
...você não é gay.

— Eu tenho dois dedos na bunda de outro cara neste momento. Eu


diria que é muito gay.

KM
Luca balançou a cabeça, inclinando os quadris para cima e ofegando
quando os dedos de Ashton roçaram sua próstata. — Você ainda quer fazer
sexo com mulheres?

— Sim claro.

— Então você deve ser pelo menos bissexual. Mas sinceramente,


Ash...- ...oh Deus, bem aí...- ...se você nunca foi atraído por outro homem e
você não fica ligado assistindo caras foderem, eu...- ...ah... -...digo que você é
hetero e eu sou apenas uma exceção à regra.

Os dedos de Ashton diminuíram e sua testa franziu quando ele olhou


para Luca. — Eu fico duro só de pensar em você, no entanto. Às vezes, até
sentar ao seu lado na aula é o suficiente.

Luca piscou para ele, a neblina luxuriosa saindo de seu cérebro um


pouco, e a consciência do que ele estava fazendo bateu nele de uma vez.
Ashton não tinha sido nada além de gentil com ele, tornara a vida de Luca
mais fácil de inúmeras maneiras. Ele não merecia ser usado como uma foda-
de-rancor só para que Luca pudesse provar a si mesmo que ainda era
desejável.

Poderia Luca dizer a Sheila que ele se jogou em Ashton porque Ryder
o rejeitou? Deus não. Nunca. Mas se ele fizesse sexo com Ashton porque ele
gostava dele, porque ele queria estar com ele, então ele poderia dizer a Sheila
isso sem uma gota de culpa ou constrangimento.

KM
Luca pegou o pulso de Ashton onde ainda estava pressionada contra
seu corpo. — Não precisamos fazer isso se você não quiser. Se você acha que
é muito estranho foder um homem...-

— Não é estranho transar com você.

— Eu sou um homem.

— Eu notei. Ashton cutucou o calcanhar de sua mão contra as bolas


de Luca. — E eu não me importo. Eu quero você.

Luca se sentou, desalojando os dedos de Ashton no processo e beijou-


o profundamente. — Há preservativos na gaveta.

— Você tem certeza de que foi o suficiente? Você não precisa de mim
para te esticar mais?

Luca balançou a cabeça e se moveu para se deitar na cama


corretamente, em vez de longitudinalmente. Ele planejara estar em suas
mãos e joelhos para isso, mas agora ele sabia que não era uma opção. Com
Ashton atrás dele, seria muito fácil para Luca se esquecer dele e começar a
pensar em Ryder. Eles tinham que estar cara a cara.

Enquanto Ashton vasculhava a gaveta, Luca pegou um travesseiro


extra e colocou-o sob os quadris, elevando-o fora da cama. Ashton fez um
barulho triunfante e voltou para o lado de Luca com um preservativo na mão.

— Vamos fazer assim? Ele perguntou, deslizando uma mão pelo peito

KM
de Luca.

— Sim.

— Eu nem sabia que os caras poderiam fazer isso dessa maneira.


Encarando um ao outro.

— Claro que podem. Luca apertou os lábios para não rir. — Ash, que
tipo de pornô você está assistindo, exatamente?

Com as bochechas vermelhas, Ashton disse: — Só você sabe. Coisas


na internet.

— Espero não ter que explicar para você que os tiros de sêmen nas
cenas não são realmente sexy na realidade.

— Eu não faria isso com você!

Luca riu, envolvendo uma perna em torno de Ashton e puxando-o


para mais perto. — Então coloque essa camisinha, estrela pornô.

Ashton abriu o pacote e alisou a camisinha em sua ereção. Suas mãos


estavam tremendo um pouco. Um pensamento repentino ocorreu a Luca - e
se Ashton fosse virgem? Ele nunca perguntou, e eles nunca falaram sobre
isso em detalhes. Oh Deus.

— Ei, disse Luca, esfregando o joelho contra o lado de Ashton. —Você


já fez isso antes?

KM
— Você sabe que não.

— Eu não quero dizer com um cara. Com uma menina.

— Oh. Sim, algumas vezes com minha ex-namorada.

Obrigado foda. Tomar a virgindade de alguém era muita


responsabilidade, e além disso, Luca não queria que Ashton passasse o resto
de sua vida lamentando o fato de que ele desperdiçou sua primeira vez com
alguém que era apenas um amigo de foda. Quando Ashton se acomodou
entre suas pernas, Luca estendeu a mão para segurar os ombros.

— Diga-me que eu não estou forçando você a fazer isso, disse ele.

— Forçando-me? Ashton franziu a testa. — Como você pode forçar


alguém a te foder?

— Você não está apenas fazendo isso porque eu pedi, está? Eu...-

Luca ficou surpreso quando Ashton se inclinou para frente e o beijou.


— Eu quero te foder tanto que eu sinto que posso desmaiar, disse Ashton. —
Isso responde à sua pergunta?

Em resposta, Luca abriu as pernas ainda mais. Ashton respirou


lentamente pela boca, em seguida, levantou-se um pouco e guiou seu pênis
para o buraco de Luca. Luca teve que ajudá-lo a encontrar o ângulo certo,
mas logo ele estava empurrando para dentro, abrindo Luca lentamente. Luca
soltou-o e relaxou para que ele pudesse aproveitar a sensação.

KM
— Deus. Ashton congelou após o primeiro par de polegadas. — Você é
tão apertado, você está bem?

— Estou bem. Não pare.

Ashton obedeceu, gemendo quando ele empurrou um pouco mais


para frente, mas depois parou novamente. — Luca, Jesus, não tem como isso
não estar te machucando.

Frustrado pela sensação de estar apenas meio cheio, Luca reprimiu


seu impulso de pressionar Ashton para se mover. — Isso se sente melhor do
que a dor, disse ele, com o cuidado de manter a voz calma. — Confie em mim,
eu pararia você se eu não estivesse gostando.

— Ok. Ok.

Ashton deslizou o resto do caminho para dentro, afundando com um


suspiro suave e chocado. Apoiando-se com os cotovelos dos dois lados dos
ombros de Luca, ele baixou a cabeça, fechou os olhos e respirou fundo. Luca
passou a mão por sua espinha.

— Você se sente... isso é tão...-

— Tome o seu tempo, disse Luca. Ele estava ansioso para ser fodido,
mas não adiantaria apressar Ashton e vê-lo gozar cedo demais.

Alguns segundos depois, Ashton começou a mover seus quadris,


deslizando para dentro e para fora apenas alguns centímetros de cada vez.

KM
Luca suspirou de prazer, até mesmo esse atrito lento iluminou seus nervos.
Ele jogou a cabeça para trás e empurrou os quadris contra os de Ashton.

— Luca, você está...-

— Se você me perguntar se estou bem mais uma vez, vou dar um soco
na sua cara.

Ashton soltou uma risada e deixou a testa cair no ombro de Luca. Ele
balançou os quadris um pouco mais profundamente, um pouco mais rápido.

— Sim. Luca apertou o braço ao redor das costas de Ashton. — Isso é


bom. Desse jeito.

Sua respiração ficou mais forte quando Ashton o fodeu mais duro, seu
pau deixando manchas pegajosas onde esfregava contra o abdômen deles.
Luca normalmente não deixava os homens deitarem em cima dele assim
durante o sexo, mas desde que ele e Ashton eram do mesmo tamanho, ele
não se sentia como se estivesse sendo pressionado. De fato, ter Ashton se
esfregando contra ele, ouvindo os gemidos baixos de Ashton em sua orelha,
fez a pele de Luca ficar quente e apertada por toda parte. Ele envolveu as
pernas ao redor da cintura de Ashton e apertou sua bunda ao redor do pênis
de Ashton, grunhindo com o choque de prazer que zumbiu em suas veias.

Ashton golpeou-o com força com três impulsos súbitos e afiados antes
de se controlar. — Foda-se, Luca, não faça isso.

— Então foda-me duro. Vamos lá. Olhos fechados, Luca emaranhou

KM
os dedos no cabelo de Ashton e inclinou a própria cabeça para o lado,
expondo sua garganta. Ashton aceitou a sugestão, pressionando beijos
molhados e urgentes contra a pele. — Vamos, Ash, eu preciso disso...-

O gemido de resposta de Ashton foi longo e alto. Ele pegou o ritmo,


estalando os quadris. — Melhor? Ele ofegou.

— Apenas...- empurre mais seu pau...- Luca estava muito excitado


para explicar o que ele queria dizer, então ele moveu seu próprio corpo e
colocou Ashton em posição até que ele conseguiu o que queria - o pênis de
Ashton batendo contra sua próstata. Ele gritou com o prazer disso.

— Esse é o local?

— Yeah... – ungh..., sim, aí.

Luca rolou seus quadris contra as estocadas de Ashton, mantendo a


pressão em sua próstata e agarrando as costas de Ashton. Ashton era um
pouco desajeitado, um pouco inexperiente, mas isso não impediu que a
eletricidade subisse pela espinha de Luca. Sim, isso era o que ele queria, um
pau quente e duro enchendo-o e deixando-o sem fôlego.

Ele nunca seria capaz de fazer sexo com Ryder assim, inclinando-se
sobre ele desse jeito. Se eles tivessem sexo cara a cara, Ryder teria que sentar
em seus calcanhares com o traseiro de Luca em seu colo; ele era forte demais,
grande demais para que Luca se sentisse confortável debaixo dele. Talvez
Ryder se ressentisse disso, talvez fosse por isso que ele estava saindo com

KM
alguém agora…

Não, não, não. Isso era sobre Ashton, não sobre Ryder. Desesperado
para não cometer o mesmo erro que ele tinha cometido com Clarke, Luca
puxou o cabelo de Ashton. — Olhe para mim.

Ashton levantou a cabeça, olhos escuros e desfocados com o desejo.


Seu ritmo vacilou. — O que há de errado?

— Nada. Continue.

Luca segurou o rosto de Ashton com as duas mãos, mantendo os olhos


fechados. Embora ele parecesse surpreso com o contato visual intenso,
Ashton não protestou. Luca colocou todo o seu foco naquelas coisas que eram
exclusivamente Ashton - o corte afiado de seus lábios; a aspereza de seu
cabelo sob os dedos de Luca, gradualmente suavizando quando o suor
umedecia o gel que ele usava; a sensação de seu corpo magro e apertado
bombeando entre as coxas de Luca e deslizando sobre o pênis de Luca.

— Diga-me que você me quer, disse Luca.

— Eu quero você. Deus, eu quero você.

Luca levantou a cabeça para beijá-lo, um beijo de boca aberta e


molhada. Ele perguntava aos homens o tempo todo, e eles sempre diziam
isso, mas nunca antes Luca sentiu um desejo tão forte de retribuir o favor. —
Eu também quero você, disse ele, experimentando dizer isso de verdade.

KM
Ashton gemeu e se lançou contra ele, as bolas batendo contra o
traseiro de Luca. — Estou tão perto. Eu quero que você goze primeiro, me
diga o que fazer...-

— Foda-me duramente. Deixe-me sentir o quanto você precisa estar


dentro de mim.

Suas palavras fizeram Ashton estremecer e perder qualquer


semelhança de ritmo. Luca empurrou a mão entre seus corpos para pegar seu
próprio pênis e puxá-lo com movimentos bruscos e ásperos. Os golpes agora
frenético e descoordenado de Ashton não era tão satisfatório no sentido físico
- mas, em um nível emocional, era um milhão de vezes mais gratificante,
mostrando a Luca toda a profundidade do desejo de Ashton por ele.

— Isso é tão bom. Luca sacudiu a língua contra o lóbulo da orelha de


Ashton e, em seguida, o mordeu não muito gentilmente, ainda se
masturbando. Ele não fez nada para esconder como sua voz se tornara
irregular. — Eu quase consigo gozar sem me tocar.

Isso não era verdade, mas Luca não se arrependia da mentira. Ele
queria que Ashton se sentisse da mesma maneira que ele - desejado,
apreciado.

— Você quer gozar comigo dentro de você? Ashton perguntou,


beijando o ombro de Luca. Ele estava respirando com tanta força que Luca
quase não conseguia entendê-lo, tão tenso que estava claro que ele estava
segurando seu orgasmo com um esforço monumental.

KM
— Me beija.

A boca de Ashton bateu contra a dele. Luca enfiou a língua para dentro
e apertou a bunda em torno do pau de Ashton novamente, dando-se mais
alguns puxões. Todos os músculos de seu corpo se apertaram, e então ele
estava gozando, gritando, curvando-se para trás enquanto derramava em sua
mão. Ashton o seguiu um segundo depois; seu corpo se contorceu e ele soltou
um grito abafado, o pênis batendo em Luca uma vez, mais duas vezes antes
de ficar parado.

Luca deixou cair a cabeça no travesseiro, ofegante, depois endureceu


quando Ashton caiu em cima dele. O pânico se agitou em seu peito com a
sensação de ter todo o peso de Ashton o segurando para baixo. Ele forçou o
medo para o lado e colocou as mãos nas costas de Ashton para assegurar-se
de que, sim, ele poderia facilmente empurrar Ashton se precisasse. Ele não
estava preso.

Eles ficaram assim por um minuto ou mais, Ashton acariciando o


pescoço de Luca e Luca acariciando seu cabelo meio desajeitado, sem saber
como agir nesse tipo de situação. Quando ele teve o suficiente, ele disse: —
Ash, você tem que sair antes que o preservativo caia.

— Foda-se, desculpe. Ashton se levantou, e ambos silvaram quando


seu pau amolecido escorregou para fora do corpo de Luca.

Luca pegou alguns lenços de sua mesa de cabeceira para limpar seu
próprio sêmen enquanto Ashton jogava o preservativo. Ele sorriu quando

KM
Ashton se juntou a ele na cama, se enrolando ao lado dele.

— Isso foi bom, certo? Ashton disse, os dedos traçando o anel do


umbigo de Luca e expressão cheia de esperança e incerteza em partes iguais.
— Quero dizer, você gostou?

— Foi melhor do que bom. Luca se virou para dar um beijo


completamente livre de culpa em Ashton, e foi só então que ele percebeu que
eles nunca tinham ligado a música.

KM
Capítulo Dezessete

— Grande dia hoje, disse Ryder.

— Mm-hmm. Luca não levantou os olhos das folhas de cálculo que ele
tinha espalhadas sobre a mesa da sala de café da manhã.

Ryder reprimiu um suspiro. Isso estava ficando ridículo. Era quarta-


feira agora, uma semana e meia depois do insensato encontro, e não havia
nenhuma fissura na atitude gelada de Luca em relação a ele. Ele deveria ter
ficado satisfeito - sua intenção tinha sido deixar claro para Luca que eles não
tinham futuro, afinal de contas - mas toda vez que Luca o ignorava, Ryder se
encontrava dizendo ou fazendo qualquer coisa para tentar fazer com que
Luca olhasse para ele. em vez de através dele.

A batida rápida de saltos altos redirecionou a atenção de Ryder de


Luca para o corredor do lado de fora da cozinha. Certamente essa não era...

Essa era. Evelyn D'Amato entrou pela porta da cozinha vestindo um


elegante terno preto e saltos tão altos que ela ficava quase tão alta quanto
Ryder. Os músculos do pescoço de Luca ficaram tensos antes mesmo de se
virar.

KM
— Bom dia, querido, disse D'Amato enquanto atravessava a cozinha
para a sala de café da manhã.

— Bom dia mãe. O que você esta fazendo aqui?

— Eu vim lhe desejar sorte antes da sua entrevista, é claro.

D'Amato sentou-se à mesa. Luca pousou o garfo, afastando o prato.

— Espero não ter que enfatizar a importância de causar uma boa


impressão hoje.

— Não, disse Luca.

A Sra. D'Amato continuou como se ele não tivesse falado. — Sua


admissão em Georgetown depende dessa entrevista com ex-aluno. Você tem
excelentes notas e pontuações nos testes - se o seu entrevistador gostar de
você, o Comitê de Admissões certamente ignorará suas indiscrições do
passado.

— Talvez eu não queira ir para Georgetown.

— Não seja ridículo. Você é um legado de terceira geração lá. Quando


Luca apenas fez uma careta, D'Amato estreitou os olhos e se inclinou para
frente. — Luca, não importa quanto dinheiro eu jogue para eles, nenhuma
outra universidade respeitável na América aceitará um aluno com um
histórico como o seu. Você tem apenas uma pessoa para culpar por suas
opções limitadas, e não sou eu.

KM
Luca apertou a mandíbula e baixou os olhos para a mesa, mas não
disse nada em defesa própria. Ryder mudou de um pé para o outro, muito
desconfortável.

— Eu gostaria que pudéssemos ter arranjado uma aluna feminina,


disse D'Amato, empurrando a cadeira para trás, — mas isso não pode ser
arranjado. Apenas se comporte.

Luca levantou a cabeça. — Eu não vou fazer sexo com meu


entrevistador!

— E eu suponho que a chance de você fazer isso é tão fora do reino da


possibilidade que foi irracional da minha parte ter considerado isso em
primeiro lugar?

Deus, deixe-o em paz, Ryder pensou enquanto observava a expressão


de Luca se contrair. Ele nem conseguia imaginar sua própria mãe falando
com ele com tanto desprezo.

D'Amato deu um tapinha no ombro de Luca, parecendo não notar


quando ele deu de ombros. — Como eu disse, tudo vai ficar bem contanto que
você se comporte. Vejo você no jantar - com boas notícias, espero.

Ela saiu da cozinha, dando a Ryder um rápido aceno quando ela


passou. Ele acenou de volta.

O pé de Luca começou a bater imediatamente. Ele estava segurando-


se rigidamente ainda, agarrando a borda da mesa e olhando para o espaço

KM
como se perdido em pensamentos. Então seus olhos se moveram em direção
a Ryder. Ryder se preparou para qualquer comportamento sexual que Luca
estivesse prestes a lançar em seu caminho. Embora ele quisesse que Luca
parasse de ignorá-lo, isso não era o que ele tinha em mente.

Luca abriu a boca, fechou-a e deu uma sacudida brusca de cabeça. Ele
se levantou, mas ao invés de caminhar em direção a Ryder, ele foi para o lado
oposto da cozinha e vasculhou os armários.

— O que você está fazendo? Ryder perguntou, surpreso.

— Obtendo cereal.

Ryder olhou para o prato meio comido de bacon e ovos de Luca,


depois de volta para Luca enquanto o garoto servia cereal em uma tigela. —
O que...-

— Eu mudei de ideia, Luca estalou.

— Uh, tudo bem.

Luca respirou lenta e profundamente e colocou a caixa no balcão. Ele


se virou para encarar Ryder e disse, em um tom de voz mais calmo: — É
minha decisão o que comer no café da manhã.

— Claro que é.

Luca tirou o leite da geladeira e levou a tigela de cereal para a mesa.


Ryder olhou para ele em confusão. Isso estava além da imprevisibilidade

KM
usual de Luca. De fato, quando se tratava de sua ansiedade, Luca não era
nada imprevisível. Ele sempre ia direto para o homem mais próximo - que
geralmente era Ryder - e tentava obter o controle da situação com algum tipo
de manipulação sexual.

Parecia que Luca estava prestes a fazer exatamente isso. Ele deu a
Ryder aquele olhar, o que Ryder tinha reconhecido como um aviso ... mas
depois ele parou, como se tivesse tomado uma decisão consciente de não se
envolver nisso. Isso lembrou Ryder do treinamento de gerenciamento de
raiva que ele passou em o seu próprio TEPT.

— Isso é algum tipo de terapia? Ele perguntou.

Luca deu-lhe um olhar surpreso. — Sim.

— Okay. A sua terapia exige que você desperdice todo esse bacon?

Respirando uma risada, Luca empurrou o prato em frente à cadeira


vazia ao lado dele. — Pegue-o.

Ryder se sentou, posicionando a cadeira de modo que tanto o corredor


quanto a linha de janelas estivessem dentro de sua linha de visão, e colocou
um pedaço de bacon em sua boca. Eles comeram em silêncio por um minuto.

Então, do nada, Luca disse: — Qual é a sua cor favorita?

— Minha cor favorita?

— Sim.

KM
— Por quê?

— Eu só...- Luca não olhou para ele, encarando a colher que ele estava
girando em sua tigela. — Eu estive pensando que eu não sei muito sobre você.
Quero dizer, eu conheço todas as histórias de vida de todos os outros guarda-
costas, basicamente, mas eu nem sei quando é o seu aniversário ou se
Morgan é sua única irmã ou se você já foi para a faculdade.

É verdade, mas você não quer dormir com nenhum de seus outros
guardas, pensou Ryder. Ele não podia dizer isso, então ele disse: —Você
precisa saber essas coisas?

— Eu acho estranho que eu não saiba. Considerando tudo.

Luca encontrou os olhos de Ryder neste momento, e a sugestão lá, a


memória secreta compartilhada, enviou um choque de calor através do
sistema de Ryder. Ele teve que se forçar a desviar o olhar. — Não tenho
certeza...-

— Ryder.

— Luca...-

— Eu vou fazer um acordo, disse Luca, interrompendo-o. — Se você


me deixar fazer cinco perguntas - o que eu quiser saber - e respondê-las
honestamente, eu vou te perdoar por ser tão idiota na semana passada.

— O que faz você pensar que isso é algo em que estou interessado?

KM
— Oh, por favor. Se há uma coisa que eu sempre posso dizer, é quando
um homem está tentando chamar minha atenção. Você odeia o jeito que eu
tenho ignorado você. Acho que você se sente mais culpado por me chatear do
que por... Luca se conteve e olhou para o arco aberto. — Sobre o que me
aborrecia em primeiro lugar.

Ele estava certo, o maldito, e Ryder odiava isso. O silêncio gelado de


Luca da semana passada foi mais desconcertante do que todos os sorrisos de
paquera e brigas sujas de toas as semanas anteriores combinadas. Também
não era seguro, porque Ryder não podia proteger completamente Luca se o
garoto continuasse excluindo-o em todas as oportunidades.

— Você vai se atrasar para a escola, disse Ryder, tentando comprar


algum tempo.

— Agora não. Mais tarde. Ainda não decidi o que perguntar.

Não havia como escapar disso. Seria tão ruim deixar Luca fazer
algumas perguntas? Talvez isso reafirmasse o ponto que Ryder estava
tentando fazer o tempo todo...-...que eles simplesmente não eram adequados
um para o outro.

— Três perguntas.

— Tudo bem. Luca estendeu a mão para selar o acordo.

Ryder pegou sua mão - e imediatamente se arrependeu, porque agora


tudo o que ele conseguia pensar era em quão quente a pele de Luca era, quão

KM
suave, e quão apaixonadamente responsiva ele foi quando Ryder o beijara.
Luca estava olhando para ele com aqueles belos olhos escuros, sem dúvida
pensando nesta mesma linha. Era demais. Ryder se afastou, mantendo seus
movimentos tão calmos e controlados quanto possível.

Quando Luca se levantou para levar a tigela para a pia, Ryder disse:
— Azul.

— O que?

— Minha cor favorita. É azul.

— Estou chocado, disse Luca com um revirar de olhos, mas Ryder


percebeu que apreciava a resposta.

As próximas horas foram pura tortura. Luca tinha recebido permissão


especial para sair da escola cedo para a entrevista em Georgetown, mas ele
ainda tinha todas as aulas da manhã, o que significava que Ryder tinha que
segui-lo e observar as engrenagens se movendo naquele cérebro complicado
e insondável. Ele já se arrependera de fazer o acordo com Luca; as perguntas
certamente seriam sexuais, provavelmente humilhantes, e Luca era muito
melhor em detectar desonestidade do que Ryder em mentir. Porra.

Eles deixaram Rutledge logo após o almoço para ir para a casa do


entrevistador dos alunos, não mais do que uma viagem de 20 minutos a esta
hora do dia. Assim que eles estavam afivelados no banco de trás, Luca disse:
— Você está pronto?

KM
— O que, agora? Ryder lançou um olhar para o motorista, um homem
chamado Stone que estava preenchendo enquanto Willis se recuperava de
seu ferimento à bala.

Luca arqueou uma sobrancelha.

— Tudo bem. Podemos muito bem acabar com isso.

Um pequeno sorriso apareceu na boca de Luca. — É realmente tão


doloroso para você falar sobre si mesmo?

— Isso depende do que você vai perguntar.

— Por que minha mãe fez de você meu guarda-costas?

O coração de Ryder parou por um momento, depois bateu em modo


acelerado. Ele tentou não mostrar isso em seu rosto quando disse: — Essa é
sua primeira pergunta?

— Sim.

— Eu não tenho certeza se a entendi.

— Minha mãe acha que sou viciado em sexo, disse Luca. Não ficou
claro se ele acreditava em Ryder ou se estava apenas zoando ele. — Quando
eu tinha dezesseis anos, depois daquela primeira...escapada...ela não me
deixava ter guarda-costas masculinos a menos que eles fossem feios pra
caramba. Então eu voltei para casa da Suíça para descobrir que ela colocou a
versão gay do Capitão América como responsável pela minha segurança.

KM
— Você está dizendo que há uma versão do Capitão América que não
é gay?

— Você está evitando a questão. Por que minha mãe faria de você o
líder de minha equipe de segurança quando ela com certeza deve saber que
eu gostaria de dormir com você?

— Jesus, Luca. Ryder não conseguia nem mesmo checar a reação de


Stone àquela pergunta. — Ela só queria que você tivesse alguém para
admirar. Ela pensou que talvez uma das razões pelas quais você estava
agindo dessa forma era que você não tinha nenhum modelo gay saudável.

Foi uma resposta que ele havia preparado semanas atrás, preparando-
se para essa ocasião; na verdade, ele ficou surpreso que Luca não tivesse
perguntado isso a ele antes. A verdade honesta - que D'Amato o promoveu
precisamente porque ele era um homem gay atraente - estava fora de
questão. Ryder só podia esperar que Luca estivesse disposto a comprar a
alternativa.

Luca estava franzindo a testa para ele, parecendo pensativo. — E você


aceitou o trabalho, sabendo o que iria acontecer.

— Não. Eu não… eu não achei que haveria um problema.

Ryder deixou claro em seu tom de voz que, embora certamente tivesse
acabado sendo um problema, eles não iriam falar sobre isso com Stone
ouvindo cada palavra que eles diziam. Luca soltou um murmúrio

KM
contemplativo.

— Ok. Próxima questão. Se você acordasse amanhã com um


suprimento ilimitado de dinheiro e não precisasse mais trabalhar, o que você
faria com sua vida?

Tudo bem, isso foi inesperado - e não intrusivo. Ryder encolheu os


ombros, intrigado com a pergunta. — Eu não sei; eu nunca pensei sobre isso.
Então, porque Luca não teria perguntado se não era algo que ele pensasse
sobre si mesmo, ele disse:— O que você faria?

— Eu tenho uma oferta ilimitada de dinheiro, disse Luca com um


sorriso.

— Eu acho que o que você quer dizer é que sua mãe tem todo o
dinheiro, e você tem um fundo fiduciário que ela não vai deixar você acessar
ainda.

— Touché. Eu acho que eu compraria uma ilha deserta no meio do


nada e ficaria na praia o dia todo, sendo servido com bebidas tropicais por
homens de tangas.

Ele falou com os olhos fechados e a cabeça inclinada para trás, como
se ele já estivesse lá. Não foi difícil para Ryder imaginar Luca descansando à
beira-mar com uma multidão de homens bonitos atendendo a todas as suas
necessidades.

— Muito original, disse ele.

KM
— Ei, é um clássico por um motivo. Luca abriu os olhos. — Agora você.
Pense nisso.

Enquanto Ryder não se importava com um pouco de relaxamento


tropical, ele não era o tipo de cara que poderia fazer isso pelo resto de sua
vida. Ele precisa de ação, movimento, desafios para sua mente e corpo. A
fantasia de não ter que trabalhar nunca passou pela sua cabeça. O que ele
faria se pudesse fazer o que quisesse?

— Eu seria um daqueles bilionários loucos que correm pelo mundo


em busca de sua próxima alta de adrenalina. Você sabe - mergulho na Grande
Barreira de Corais, base jumping em Dubai, tentando escalar o Monte
Everest ou qualquer outra coisa.

— Você realmente tentaria escalar o Monte. Everest?

— Se eu tivesse o dinheiro e o tempo, por que não?

— Você já fez isso antes? Escalou uma montanha?

— Um pouco. Em uma escala muito menor, obviamente.

Os olhos de Luca estavam brilhantes de interesse. — Minha mãe


nunca me deixaria escalar montanhas. Ela nunca me deixou fazer nenhuma
daquelas coisas que você disse, na verdade. Perigoso demais.

Andar pela rua já era uma proposta perigosa para Luca; Ryder não viu
muito risco adicional em deixá-lo se divertir um pouco. — Você perguntou a

KM
ela?

— Não, mas eu sei o que ela diria. É muito difícil levar um guarda-
costas para escalar montanhas ou mergulhar com você.

— Isso depende do guarda-costas.

Luca parecia satisfeito e um pouco confuso com a oferta implícita,


mas ele não insistiu nisso. — Então, você é um viciado em adrenalina. Eu
meio que percebi. É bom ter a confirmação, no entanto.

— Eu não sou um candidato a risco, se é isso que você está pensando.


Eu não faço coisas perigosas apenas pela sensação de estar em perigo.

— Não, eu entendo. Ser capaz de fazer coisas que assustam a maioria


das pessoas o excita. Você é forte e gosta de ser lembrado disso.

A avaliação rápida e incisiva de Luca fez com que Ryder se sentisse


nu. Como alguém tão jovem poderia ser tão perspicaz?

— Você está pronto para a última pergunta? Luca perguntou.

— Sim.

— Você já esteve alguma vez apaixonado?

A pergunta atingiu Ryder como uma tonelada de tijolos. Ele pensou


que Luca poderia lhe perguntar algo sexual, como qual era sua posição
favorita ou quanto tempo duraria na cama. Nunca em um milhão de anos ele

KM
havia imaginado que Luca gostaria de saber se ele já esteve apaixonado.

Oprimido pelas lembranças repentinas de um rosto bonito e escuro e


um sorriso devastador - memórias que ele havia reprimido por muito tempo
- Ryder estava muito chocado para mentir desta vez. — Eu... eu pensei que
estava uma vez.

— O que aconteceu?

— Ele era hetero.

— Mesmo?

— Então nem todos nós temos seus poderes mágicos para desafiar a
orientação sexual, Luca. As palavras saíram muito mais duras do que Ryder
pretendia. Jesus, fazia meses desde que ele pensara em Jimmy.

— Onde ele está agora?

— Morto.

Os olhos de Luca se arregalaram. — Eu sinto muito, eu… você o


conheceu no exército? É assim que ele...

— Você me fez mais do que três perguntas.

— Eu só quero saber...-

— Chega, Ryder estalou.

KM
Luca encolheu-se contra a porta do carro. Ryder fechou os olhos
enquanto respirava devagar.

— Você já sabe o suficiente, Luca, disse ele. — Eu não estou aqui para
saciar sua curiosidade.

— Não é por isso que estou perguntando! Estou apenas tentando te


conhecer melhor. Você pode me fazer perguntas, se quiser.

— Eu não tenho que fazer isso. Não se esqueça, li todo o seu dossiê de
segurança antes mesmo de nos conhecermos. Eu sei tudo o que há para saber
sobre você.

— Você não, disse Luca, franzindo o cenho.

— Não? Ryder sentiu aquela irritação quente subindo dentro dele


novamente, aquela aceleração de seu sangue que apenas Luca parecia ser
capaz de provocar. — Sei que você nasceu em 12 de outubro de 1993. Sei que
toda a família de seu pai mora em Bracciano, mas você quase nunca fala com
eles porque eles não se dão bem com sua mãe. Eu sei que você assistiu seu
pai morrer quando você tinha doze anos, e que você passou toda a sua
adolescência escondido em internatos remotos para que as pessoas que o
mataram não o matassem também. Eu sei…-

Eu sei que você teve que crescer muito rápido, e mesmo que isso
tenha te ferrado, você ainda é o homem mais fascinante que já conheci.

Ryder fechou a boca antes que qualquer idiotice pudesse sair dela.

KM
Luca havia puxado o mais longe que conseguira, esfregando os dedos
incansavelmente sobre o couro da porta do carro. O olhar em seu rosto fez
Ryder querer bater em si mesmo.

— Sim, mas você conhece a minha cor favorita? A tentativa de humor


de Luca caiu quando ele não conseguiu esconder a tensão em sua voz.

— Verde. Verde escuro.

— Eu estava brincando! Isso está realmente no meu arquivo?

Oh droga. — Não, Ryder disse com grande relutância.

A boca de Luca se abriu um pouco, e o sorriso lento que se espalhou


pelo rosto dele poderia ter iluminado a cidade.

*****

Eles passaram o resto da viagem em silêncio, embora não fosse


desconfortável - pelo menos não para Luca. Ryder parecia um pouco
frustrado consigo mesmo.

Agora que Luca estava pensando um pouco, ocorreu-lhe que Ryder


era hábil em escapar e se esquivar de perguntas diretas sem ter que recorrer
à mentira. Sempre era por acidente que ele revelava algo pessoal, seja através

KM
de um lapso de língua ou uma reação descontrolada a algo que o surpreendia.
As defesas de Ryder não podiam ser penetradas de frente; para passar por
eles, você precisava contorná-las. Luca poderia trabalhar com isso.

Seu cérebro estava rodopiando de ideias quando chegaram à casa do


entrevistador, uma casa vitoriana cercada por magníficos carvalhos cobertos
de gelo. Luca empurrou seus pensamentos de Ryder para o fundo de sua
mente. Desprezo à parte, sua mãe estava certa sobre a importância dessa
entrevista.

Stone entrou na garagem, mas o carro da retaguarda passou por eles,


estacionando na metade do quarteirão. Siobhan e Candace ficariam do lado
de fora para vigiar alguém que se aproximasse da casa enquanto Ryder
acompanhava Luca.

Subiram a trilha de tijolos congelados até a porta, na frente da qual


havia um tapete de boas-vindas desagradavelmente alegre. Luca fez uma
careta antes de tocar a campainha.

— Só um segundo! Houve o som de passos, e então um homem de


meia-idade com um estômago inchado e um sorriso gentil abriu a porta. —
Ah, você deve ser Luca. Eu sou Bob Howell.

— Prazer em conhecê-lo, disse Luca, apertando sua mão. — Este é o


meu guarda-costas, Jacob Ryder.

— Oh, sim, nos conhecemos quando ele veio fazer a verificação de

KM
segurança. É bom ver você de novo, Sr. Ryder.

— Obrigado novamente por ser tão compreensivo sobre isso, disse


Ryder.

— Claro, claro que sim. Howell recuou para o vestíbulo. — Entrem.

Luca tinha feito alguma pesquisa sobre Howell quando descobriu que
o homem iria entrevistá-lo; ele sabia que Howell era o CEO de uma
organização de caridade em DC que ajudava adolescentes sem-teto. Olhando
em volta da casa dispendiosamente mobiliada, Luca só podia supor que a
Sra. Howell tinha uma carreira muito mais lucrativa.

Um pequeno e lindo Sheltie15 atravessou o vestíbulo na direção deles


com passos hesitantes. — Esta é Clara, Howell disse. — Espero que nenhum
de vocês seja alérgico?

— Não, eu amo cães. Luca se inclinou para deixar Clara cheirar sua
mão. Agora que ela estava bem na frente dele, ele podia ver que seus olhos
eram leitosos e opacos.

— Nós a pegamos de um abrigo. Um criador a deixou só porque era


cega, imagina?

15

KM
Ryder se agachou para que Clara pudesse sentir o cheiro dele também,
e o pequeno sorriso em seu rosto quando ela lambeu sua mão fez o estômago
de Luca dar um estranho salto. Ele decidiu não analisá-lo enquanto seguiam
Howell para um escritório com painéis de madeira.

— Tudo bem se eu ficar? As janelas...- Ryder gesticulou para a grande


extensão de vidro mostrando o quintal.

— Desde que Luca esteja confortável com isso.

— Tudo bem para mim, disse Luca. Ele tomou o assento que Howell
lhe ofereceu, uma confortável poltrona de couro.

Em vez de se sentar atrás de sua mesa, Howell sentou-se na cadeira


ao lado de Luca, mudando de posição para que ficassem face a face. Ryder se
moveu para ficar perto da janela, atrás de Luca e fora de vista.

O escritório estava cheio de fotografias de Howell, uma mulher da


idade dele e do que pareciam ser duas dúzias de crianças. — São todos seus
filhos? Perguntou Luca.

— Sim. Bem, filhos adotivos. Minha esposa e eu temos dezoito até


agora. Howell sorriu com orgulho.

— Isso é...- Excessivo. — Adorável.

— Obrigado. Howell puxou uma pasta de sua mesa e abriu-a. —Vamos


começar, tudo bem?

KM
Eles começaram com as perguntas padrão, falando sobre as atividades
extracurriculares de Luca, seus assuntos favoritos na escola e por que ele
queria ir para Georgetown. Luca havia praticado isso; as respostas saíram da
sua língua sem esforço. Então Howell tirou algumas páginas da parte de trás
da pasta.

— Na sua redação, você escreveu sobre sua experiência de se assumir


no ensino médio.

— Sim.

— Isso deve ter sido muito difícil para você.

Luca piscou. — Hum…- Não tinha sido tão difícil, na verdade, que era
de fato o ponto de seu ensaio. Teria Howell lido?

Howell estava olhando para ele com uma expressão preocupada e


simpática que parecia fora de lugar para Luca, considerando que ele não
havia dito nada para Howell sentir a necessidade de simpatizar com ele. Luca
olhou para Clara, que estava enrolada aos pés de Howell, e depois voltou para
as fotos na parede.

Ah, pelo amor de Deus A caridade, o cachorro cego, os filhos


adotivos... Howell passara toda a sua vida cercando-se de casos
desafortunados. Talvez ele fosse genuinamente altruísta, ou talvez ele tivesse
algum tipo de complexo de cavaleiro branco, mas de qualquer forma, ele
esperava que Luca fosse outra vítima inocente para ele resgatar.

KM
Embora Luca se encolhesse com o pensamento, ele percebeu entre um
segundo e o próximo que as noções preconcebidas de Howell poderiam ser
um grande trunfo para ele.

— Sim, disse Luca. — Isso foi.

Ele sentiu mais do que ouviu a reação de Ryder a isso, uma espécie de
surpresa no ar atrás dele. Howell assentiu.

— Claro. Eu posso imaginar que você teve que lidar com mais do que
seu quinhão de valentões.

Howell havia perdido a linha mais uma vez. Por um lado, as atitudes
em relação à homossexualidade na Europa eram muito diferentes do que na
América - especialmente nas escolas frequentadas por Luca, onde as pessoas
se importavam mais com quem eram seus pais e quanto dinheiro eles tinham
do que com quem você estava transando. Por outro lado, os valentões não
costumam desperdiçar seu tempo com as pessoas que conseguem se
defender.

Luca baixou os olhos para o colo. — Era difícil viver longe de casa da
forma como eu estava. Às vezes acho que poderia ter lidado melhor com isso.

— O que você quer dizer?

— No começo, quando as pessoas me davam muita dificuldade em ser


gay, eu não reagia bem. Eu entrei em muitas lutas. — Mordendo o lábio, Luca
baixou a voz como se estivesse com vergonha. — É por isso que fui expulso

KM
das minhas antigas escolas.

Atrás dele, Ryder cuspiu e só conseguiu fazer soar como um ataque de


tosse. — Desculpe, disse ele. — Algo na minha garganta.

Luca não se virou, com medo de que ele começasse a rir se visse o
rosto de Ryder.

— Sim, eu ia perguntar a você sobre isso, disse Howell, vasculhando


seus papéis. — É muito raro ver um estudante com desempenho acadêmico
tão alto ter três expulsões em seu registro.

— Eu sei. Luca também sabia que suas transcrições não continham


porque ele havia sido expulso. — E eu me arrependo disso, mas na época, eu
não vi outra maneira de me proteger. Eu tenho trabalhado com essas
questões agora.

— Fico feliz em ouvir isso. A violência nunca é construtiva, é claro,


mas eu dificilmente acho razoável culpá-lo por se defender.

— Existem maneiras melhores. Eu só queria saber disso há dois anos.

— Você tem sido muito corajoso.

— Obrigado, mas eu não diria que eu fui corajoso. Luca deu a ele um
sorriso tímido e saiu para matar. — Estava apenas tentando ser eu mesmo.

Howell parecia que ele mal se continha de acariciar Luca na cabeça.


Luca apertou os lábios para esconder seu triunfo. Eles terminaram a

KM
entrevista pouco depois disso. Quando Luca se levantou e apertou a mão de
Howell novamente, Howell disse: — Eu realmente não deveria dizer nada,
mas tenho que lhe dizer que você receberá minha recomendação sincera.
Georgetown precisa de mais homens jovens com seu caráter.

Uma vez que ele e Ryder estavam em segurança no caminho da frente,


Luca deixou seu sorriso se libertar. Isso foi muito mais fácil do que ele
esperava.

— Você tocou aquele cara como um violino, disse Ryder.

— Tenho certeza que você está muito desapontado.

— O que? Não. Ryder segurou seu cotovelo e os fez parar, se movendo


para ficar na frente de Luca. — Estou impressionado.

— Eu pensei que você odiava quando eu manipulava as pessoas.

— Quando você faz isso de uma maneira que vai machucar alguém,
sim. Mas você fez o dia desse cara e provavelmente entrou na faculdade. Isso
parece uma situação vantajosa para mim.

— Você não diria isso se eu tivesse feito isso com você.

— Isso é diferente.

— Por quê?

— Porque...- Os olhos de Ryder deslizaram pelo ombro de Luca,

KM
franzindo a testa enquanto olhava para trás. Então seu rosto se apertou e ele
empurrou Luca para o lado, puxando sua arma em um movimento rápido.

—Ryder! O que... O protesto indignado de Luca morreu em sua língua


quando viu o que Ryder estava mirando.

Glauser emergira dos arbustos ao lado da casa, branco como osso,


tremendo... e segurando uma arma.

— Deus, Henry, o que você está fazendo? Perguntou Luca.

— Eu...- Glauser lambeu os lábios rachados. Sua mão vacilou, como se


ele não pudesse decidir se deveria apontar a arma para Ryder ou Luca. —
Eu…-

Atrás deles, Stone saltou do carro, e Luca não precisou olhar para
saber que ele tinha sua própria arma. O som das portas do carro batendo
ecoou pela rua, seguido pelos passos correndo de Siobhan e Candace vindo
em seu auxílio.

— Não atire nele, disse Luca, doente de pavor.

— Luca, ele tem uma arma. A voz de Ryder estava apertada.

— Ele não vai atirar em mim. Luca deu um passo em direção a


Glauser. — Você não vai atirar em mim, vai, Henry?

— Jesus, Luca, fique atrás de mim...-

KM
— Claro que não vou atirar em você, disse Glauser. Ele parecia
absolutamente destruído, como se não tivesse comido ou dormido em dias.
— Mas eu... eu atiraria em seus guardas, eu vou...-

— Você não precisa fazer isso. Apenas me diga o que você quer.

— Venha comigo. Venha comigo agora e ninguém se machucará.

Com o canto do olho, Luca pôde ver Siobhan e Candace mirando suas
armas em Glauser; ele sabia que Ryder e Stone estavam fazendo o mesmo
atrás dele. Quatro contra um, onde os quatro eram todos atiradores
treinados e Glauser provavelmente nunca havia segurado uma arma em sua
vida antes? Ele não tinha chance.

Luca continuou se movendo em direção a ele. — Eu não acho que você


realmente quer isso.

— Luca, pare, disse Siobhan.

Ele a ignorou, mantendo os olhos fixos no rosto de Glauser. — O que


aconteceria se eu fosse com você? Você nunca se perguntaria se eu só tinha
concordado em impedir você de machucá-los? Isso não te deixaria louco?

— Eu não tenho escolha, disse Glauser, cru e desesperado. — Eu


preciso de você.

— Não assim. A poucos centímetros de distância de Glauser agora,


Luca colocou a mão em cima da de Glauser, sentindo o quão violentamente

KM
ele estava tremendo. — Você está me assustando, Henry. É isso que você
quer? Para eu ter medo de você?

Glauser empalideceu, estendendo a mão para escovar os dedos da


mão livre sobre a bochecha de Luca. — Não, eu não... eu nunca...-

— Então me dê a arma.

Com um único soluço duro, Glauser empurrou a arma na mão de


Luca. Luca travou a segurança, e Candace se aproximou para tirá-la dele.
Ryder tentou se mover ao redor de Luca do outro lado, mas Luca o segurou
com um braço.

— Não, ele disse. Para sua surpresa, Ryder parou, embora ele não
parecesse feliz com isso.

Glauser estava chorando agora, os braços em volta de si mesmo. Luca


pegou a mão dele.

— Você sabe que temos que chamar a polícia.

Glauser assentiu. — Você vai...-...vai ficar?

— Sim.

Eles acabaram sentados lado a lado no meio-fio coberto de neve


enquanto Siobhan chamava a polícia e Ryder voltava para casa para contar a
Howell o que estava acontecendo. Luca deixou que Glauser acariciasse seus
cabelos e sua pele, murmurando coisas sem sentido até que Glauser

KM
recuperasse um pouco de autocontrole.

— Por que você fez tudo isso, Henry? Ele perguntou quando Glauser
parecia estável o suficiente. — Todos os presentes e a arma... isso não é como
você.

— Eu sei, mas ele disse...- Glauser esfregou algumas lágrimas do rosto.


— Ele disse que era a única maneira de ter você de volta.

A trituração de gelo ao lado de Luca sinalizou a abordagem de Ryder,


mas Luca estava muito intrigado com as palavras de Glauser para virar a
cabeça. — O que? Do que você está falando?

— Ele disse que se eu quisesse você de volta, eu teria que fazer algo
grande para chamar sua atenção. Ele me deu o dinheiro para seus presentes,
mas isso não funcionou, então ele me deu a arma. Ele disse que você gostava
de homens fortes.

Luca podia sentir o sangue saindo de seu rosto quando Glauser falou.
Ele trocou um olhar rápido com Ryder, que parecia tão pálido e atônito
quanto ele se sentia, e então se concentrou em Glauser. — Henry, quem é ele?
Quem te ajudou a fazer isso?

— Aquele agradável amigo da sua mãe. Quando Luca apenas balançou


a cabeça, confuso, Glauser disse: Sr. Gray. Warren Gray.

KM
Capítulo Dezoito

Ryder tinha visto muitas coisas assustadoras em seu tempo. Ele tinha
estado em guerra, pelo amor de Deus, tinha feito coisas para sobreviver que
nenhum ser humano deveria ter que fazer. No entanto, apesar de todas as
suas experiências, apesar de todas as atrocidades que ele testemunhou, nada
havia congelado seu sangue tanto quanto o olhar no rosto de Evelyn D'Amato
quando ele contou a ela o que Warren Gray havia feito.

Era como se toda a humanidade tivesse acabado de sair dela. Os


músculos de sua mandíbula se fecharam e seus olhos ficaram tão mortos
quanto os de um tubarão. Desconcertado, Ryder olhou para Clarke, e não foi
de todo tranquilizado pelo alarme óbvio do homem.

Em uma voz tão plana quanto sua expressão, D'Amato disse: — Você
está me dizendo que Warren Gray encorajou Glauser a perseguir Luca,
forneceu-lhe os meios financeiros para isso e depois deu-lhe uma arma para
facilitar o sequestro?

— De acordo com Glauser, sim, senhora. Ele não parece estar


mentindo.

KM
Ela fechou os olhos, as unhas batendo contra a madeira polida de sua
mesa em um ritmo suave que deixou os nervos de Ryder no limite.

— Não há nada que a polícia possa fazer, disse Clarke. — Não há


evidências suficientes. É a palavra de Glauser contra a de Gray, e Glauser já
provou ser severamente instável. Nós não temos nenhum recurso legal aqui.

— Quem, disse a Sra. D'Amato, abrindo os olhos, —...disse alguma


coisa sobre legal?

Foi então que Ryder soube que ela já havia tirado uma vida antes.

Ele podia ver, às vezes, nos olhos das pessoas - matar outro ser
humano deixava uma marca na alma de uma pessoa, não importando o
quanto a morte pudesse ser justificada. Neste momento, isso estava escrito
em todo o rosto da Sra. D'Amato. Ela tinha sangue em suas mãos, e estava
mais do que disposta a manchá-las novamente se isso significasse proteger
ou vingar seu filho.

Clarke sacudiu a cabeça. — Nós não podemos ir atrás dele ainda. Nós
simplesmente não sabemos o suficiente - se isso foi até onde foi, se ele estava
por trás da outra tentativa de sequestro também, se ele está trabalhando com
ou para outra pessoa. Mover-se sobre ele agora seria um erro.

A tensão entre eles deixou claro que eles tiveram conversas como essa
no passado. Quantas vezes Clarke se viu nesta posição, tendo que manter a
Sra. D'Amato sob controle?

KM
— Nós nem sabemos porque...-

— Eu sei por quê. As pontas dos dedos da Sra. D'Amato pastavam


sobre um grande peso de papel de vidro à sua direita. — Fairburn Howard
tem minado as ações de sua empresa para que possamos comprá-la por um
preço menor. Ele foi atrás de Luca para me distrair, me desequilibrar. Eu
apostaria minha vida que ele está envolvido no outro ataque. Ele estava me
ligando a cada quinze minutos naquele dia, o filho da puta...

Em um ajuste muito incomum de temperamento, a Sra. D'Amato


pegou o peso de papel e jogou-o na parede oposta. Ambos Ryder e Clarke se
encolheram quando se quebrou. Bem, agora Ryder sabia onde Luca tinha
conseguido sua propensão para jogar coisas quando estava com raiva.

D'Amato respirou fundo. — Faça o que você acha que deve, mas eu
não posso deixar isso passar sem resposta. Ela desviou o olhar para Ryder.
— Mantenha-o seguro, Sr. Ryder. Isto está longe de terminar.

Assim que ele saiu do estúdio de D'Amato, Ryder subiu as escadas. A


porta do quarto de Luca já estava aberta, e Luca e McCall estavam ambos na
cama. Embora a TV estivesse ligada, Luca estava deitado de costas, olhando
para o teto. Ele se sentou quando Ryder se apoiou no batente da porta.

— O que ela disse?

— Ela acha que Grey pediu a Glauser para fazer isso com você para
que a desviasse de arruinar sua companhia.

KM
— Isso é fodido, disse McCall. — Como ele sabia sobre Glauser?

— Essa é a questão, não é?

— A toupeira? Perguntou Luca.

— Poderia ser. Você se lembra se contou a alguém fora da propriedade


quando Glauser apareceu pela primeira vez?

— Eu não fiz. Ashton era a única pessoa que eu conhecia na época, e


nem sequer contei a ele. Não é exatamente algo de que eu tenho orgulho.

Luca se jogou de volta na cama, indiferente. McCall tirou o cabelo da


testa.

Ryder experimentou um momento de raiva tão pura e sem forma que


o deixou tonto. Nenhuma criança da idade de Luca deveria ter que viver
assim - constantemente em guarda, esperando pelo próximo ataque violento.
Nem fora culpa de Luca que ele estivesse em tanto perigo; ele era apenas um
espectador inocente condenado pela riqueza e poder de sua família. Ele
nunca seria capaz de levar uma vida normal.

— Eu deveria estar esperando uma visita de Davenport? Ryder disse.


Ele não iria negar a Luca sua fonte de conforto, não hoje.

— Não. Ele não está... ele está um pouco chateado comigo agora.

— Por quê?

KM
— Nós tivemos uma discussão. Não é importante.

— Tudo bem. Ryder levantou uma sobrancelha questionadora para


McCall, cujo turno estava tecnicamente acabado.

— Eu vou ficar por um tempo, disse ela.

Ryder assentiu e fechou a porta do quarto, caindo na cadeira ao lado


dela com um suspiro pesado. Ele não tinha certeza de quanto tempo mais
Luca seria capaz de aguentar sob esse tipo de estresse. Na Europa, o perigo
para Luca era teórico; houve muitas ameaças, mas Luca tinha sido isolado
deles atrás dos altos muros e da segurança militar de seus internatos de elite.
Agora os inimigos vinham de todos os lados. O corpo humano não deveria
existir em um estado ininterrupto de medo – ou uma pessoa se ajustava e
aprendia a viver com os riscos, como D'Amato teve, ou quebrava e
desmoronava. Ryder não suportava ver isso acontecer com Luca.

Eles estariam indo para Aspen no domingo, planejando ficar na casa


dos D'Amatos por algumas semanas. Enquanto Ryder inicialmente estivera
insatisfeito com a perspectiva de passar as férias tão longe de sua própria
família, ele estava começando a pensar que algum tempo longe de Bethesda
faria muito bem a Luca.

Quinta e sexta-feira foram os últimos dias de Ryder antes da viagem,


então ele fez bom uso deles - visitando Morgan e seus pais no primeiro dia,
saindo com Andy no dia seguinte. Ele chegou em casa do encontro deles
pouco depois das dez da noite de sexta-feira. Quando ele trancou a porta da

KM
frente, o som de conversa adolescente e risadas chegando até ele fez Ryder
passar pelo arco para a sala de jantar escura. Se Luca estivesse recebendo
amigos, Ryder não queria atrapalhar, especialmente com o gosto do pênis de
Andy ainda em sua boca.

Com certeza, Luca entrou no vestíbulo e viu um pequeno grupo de


colegas, conversando entre si e puxando seus casacos para se preparar para
a partida.

— Luca, você tem que vir amanhã à noite, Tricia Winslow estava
dizendo. — É nossa última grande festa antes do feriado de Natal! Todo
mundo vai estar lá.

— Eu já disse a você, eu não acho que posso fazer isso.

— Mas eu vou estar lá. Tricia passou os braços em volta dele e beijou
sua bochecha.

— Ainda sou gay, Trish, disse Luca com uma risada, desembaraçando-
se.

Ela fez beicinho. — Talvez você simplesmente não tenha conhecido a


garota certa.

— Ei, se você quiser usar um strap-on...-

— Tudo bem, Gabriela Sokolov interrompeu: — Eu acho que é a nossa


sugestão para sair. Ela deu um abraço em Luca. — Deixe-me saber se você

KM
mudar de ideia. Nós adoraríamos ver você lá.

Luca disse adeus a cada um de seus amigos. Como sempre, Davenport


foi o último a sair, mas ele deu apenas um aceno duro para Luca antes de sair
pela porta. O atrito entre eles era palpável.

Depois que todas os jovens se foram, Ryder saiu da sala de jantar. —


Luca...-

Ele esqueceu que ele estava na sombra. Luca gritou e pulou para trás.
Alguns metros atrás dele, Christianson sacou a arma.

— Sou eu, disse Ryder, levantando as mãos. — Sou só eu. Desculpa.

— Jesus Cristo, Ryder. Christianson colocou a arma no coldre e olhou


para ele.

Luca colocou uma mão no peito. — Você quase me deu um ataque


cardíaco. O que você estava fazendo aí? Eu pensei que você tivesse saído.

— Acabei de chegar e não queria me intrometer. Por que você não quer
ir àquela festa que seus amigos estavam falando? Nós não vamos sair até
domingo de manhã.

— O que, a coisa de Tricia? Eu não disse que não queria. Seria apenas
muito incômodo.

Luca começou a voltar para as escadas, e Ryder deu um passo ao lado


dele. — O que você quer dizer? Ryder perguntou.

KM
— Eu quero dizer que ir a uma festa casual com uma comitiva de três
guarda-costas é mais uma dor na bunda do que vale a pena.

— Muitos de seus amigos têm guarda-costas. Davenport e Sokolov por


exemplo.

— Sim, disse Luca. — Eles têm um guarda-costas cada um - guarda-


costas que não sentem a necessidade de estar a um metro de distância deles
em todos os momentos. Já sou bastante esquisito; eu não quero que as
pessoas pensem que eu preciso de uma babá.

Ryder franziu a testa para a infelicidade sangrando em cada maldita


sílaba. — Ninguém acha que você é uma aberração. Você é o garoto mais
popular da sua turma.

— Sou popular porque sou uma aberração. Eles alcançaram o quarto


de Luca e Luca se virou para ele do lado de dentro da porta. — ‘Ei, olha aquele
garoto que foi expulso de todas as suas antigas escolas, ele deve ser tão
durão’. ‘Esse cara é abertamente gay, isso é tão incrível’. ‘Luca D'Amato, ele
é o único que todo mundo está tentando sequestrar’, ‘Eu me pergunto o que
o torna tão especial?’

Luca não era o que qualquer um chamaria de reservado, e nas seis


semanas ou mais que Ryder o conhecia, ele mostrava cada emoção sob o sol,
da alegria à fúria ao terror total. Mas Ryder nunca tinha ouvido Luca ser tão...
amargo. Ele não gostou.

KM
— Tenho certeza de que eles não são todos assim.

Luca deu de ombros sem olhar para ele.

— Você quer ir àquela festa? Diga-me a verdade.

— Eu... sim.

— Então você está indo.

— Mas...-

— Onde?

— Casa de Tricia.

— Então não há necessidade de enviarmos alguém com antecedência;


Tenho certeza de que os Winslows têm muita segurança. Nós deixaremos
seus outros dois guardas do lado de fora, e eu serei o único que entra com
você. Antes que Luca pudesse objetar, Ryder acrescentou:— Eu ficarei o mais
longe possível de você sem comprometer sua segurança.

Luca franziu os lábios, considerando, e depois assentiu. — Ok.


Obrigado.

— Sem problemas.

Luca sorriu e desejou boa noite a Ryder e Christianson antes de fechar


a porta do quarto. Christianson sentou-se e sacudiu a cabeça em uma paródia
de pena. — Você percebe que você apenas se comprometeu para ir a uma

KM
festa do ensino médio, certo?

— Quão ruim pode ser? Disse Ryder.

Acabou sendo muito ruim. As lembranças de Ryder do que as festas


do ensino médio implicavam foram aparentemente invalidadas pelo fato de
que (a) já se passara uma década desde a última vez que ele comparecera a
uma, e (b) ele e seus amigos não tinham milhares de dólares de renda
disponível e nenhuma supervisão dos pais para falar. A mansão dos Winslow
estava lotada de alto a baixo, com adolescentes barulhentos e bem-vestidos
se embebedando com cerveja importada e bebidas de alta qualidade; A
maconha perfumada e a fumaça do tabaco nublavam o ar. Ryder manteve
sua promessa, seguindo Luca para o salão principal da casa, mas mantendo
a distância. Ele ficou com as costas pressionadas contra uma parede que
vibrava com o baixo pesado da música explodindo no sistema de som.

Tanto quanto Ryder podia dizer, os únicos adultos presentes além de


si mesmo eram os poucos outros guarda-costas espalhados aqui e ali.
Mantiveram-se atentos aos seus protegidos, mas nunca se mexeram para
interferir. A imprensa teria um dia de campo com isso - adolescentes
mimados e ricos festejando selvagemente enquanto seus guarda-costas
apenas ficavam observando - mas a verdade era que um guarda-costas não
tinha o direito de dizer ao seu protegido para não fazer algo simplesmente
porque era ilegal. .

Ryder teve que se lembrar disso quando viu Luca pegando uma

KM
cerveja - pelo menos era uma garrafa selada, não um copo do barril - e se
juntou a seus amigos. A menos que Luca ficasse bêbado ou tentasse dirigir
sob a influência, Ryder não o impediria de fazer o que ele queria.

Não parecia provável que as coisas chegassem a esse ponto, no


entanto. Luca só bebeu algumas cervejas nas próximas horas, afastando as
muitas doses oferecidas a ele. Ele era, como sempre, o centro das atenções,
cercado por pessoas que se apoiavam em cada palavra sua. Foi refrescante
vê-lo agindo como um adolescente normal pela primeira vez, conversando,
rindo e dançando com seus amigos. Quando as crianças começaram a jogar
algum tipo de jogo de beijos, Luca parecia mais do que feliz em jogar hetero
e beijar todas as garotas bonitas lá - para o deleite de Tricia Winslow. Apesar
de sua dor de cabeça latejante, Ryder não se arrependeu de sua oferta.

Eles estiveram na festa por cerca de três horas quando um novo cara
apareceu, que Ryder não reconheceu. Ele era um garoto baixo e robusto,
mais velho que os colegas de classe de Luca, mas não muito - provavelmente
um estudante universitário. Algo nele fez os pelos da nuca de Ryder se
arrepiarem.

O desconforto de Ryder foi ligeiramente atenuado quando ficou claro


que todos na festa não apenas conheciam o cara, mas ficaram emocionados
em vê-lo. Ele foi recebido com abraços, beijos e gritos felizes de “Reggie!” em
todos os lugares que ele foi; Levou meia hora só para atravessar a sala de
estar. Ryder decidiu seguir as pistas dos outros guarda-costas, que não
estavam alarmados com a presença de Reggie. Um par o observava com

KM
expressões de vago desgosto, mas essa era a extensão da reação deles.

As chances eram de que Reggie fosse um ex-aluno da Rutledge que


não poderia fazer amigos da sua idade e gostava de absorver a adoração de
heróis das crianças mais jovens. Era um pouco triste, talvez, mas nada para
se preocupar. Ryder o ignorou... até que, após uma breve conversa com
aquele idiota homofóbico Kyle Ward, Reggie foi direto para Luca.

Ward odiava Luca; o que ele disse para Reggie não poderia ter sido
bom. Ryder ficou tenso quando Reggie se aproximou de Luca, que estava
perto da parede do lado oposto da sala, e colocou a mão em seu ombro.

Luca se virou, as sobrancelhas levantadas em questionamento. Ele


não reconheceu Reggie como seus amigos fizeram. Reggie se inclinou para
frente para falar no ouvido de Luca e, embora Ryder se preparasse para
intervir, Luca não parecia ameaçado. Suas sobrancelhas levantaram ainda
mais enquanto ele ouvia o que Reggie estava dizendo. Então ele sorriu e
acenou com a cabeça, e segundos depois, Reggie estava pressionando Luca
contra a parede e beijando seu pescoço.

Bem. Ryder balançou de volta em seus calcanhares, chocado. Reggie


não era atraente. Em absoluto. Mas algo que ele disse tinha colocado um
olhar intrigado no rosto de Luca, tinha feito Luca se sentir inclinado a ser
publicamente tateado. Reggie empurrou uma grande coxa entre as pernas de
Luca, lambeu uma faixa na garganta e beijou-o na boca.

Ryder foi tomado pelo impulso súbito e violento de puxar Reggie para

KM
longe de Luca e socá-lo no rosto. Ele virou a cabeça, irritado consigo mesmo
e preocupado com a brutalidade daquela imagem mental, apenas para seus
olhos pousarem diretamente em Ashton Davenport.

Se Ryder ficou incomodado com o que Luca estava fazendo,


Davenport estava furioso. Ele estava do outro lado da sala, sem fazer
nenhuma tentativa de esconder o jeito que ele estava encarando Luca como
um amante rejeitado. Ryder não teria ficado surpreso se Davenport tivesse
tentado ele mesmo socar Reggie.

Se ele teria ou não, ele nunca teve a chance. Luca e Reggie se beijaram
por menos de um minuto antes de Reggie se afastar, sussurrando contra a
bochecha de Luca. Luca sorriu, assentindo mais uma vez, e os dois meninos
seguiram caminhos separados - Reggie continuou seu progresso pela sala,
Luca de volta ao grupo com quem já tinha estado antes.

Que diabos? Ryder não sabia explicar o que ele acabara de ver. Ele
olhou para Davenport novamente, mas o garoto não estava confuso, apenas
infeliz. Davenport caiu em um sofá, os olhos ainda seguindo cada movimento
de Luca.

Então Ryder não conseguiu mais pensar em Davenport, porque dez


minutos depois de seu beijo com Reggie, o pouco de álcool que Luca tinha
bebido pareceu bater nele de uma vez. Ryder não podia acreditar que Luca
era tão leve, mas não havia como negar que ele estava bêbado ou bem no
caminho para ficar bêbado. Suas bochechas estavam vermelhas, os olhos

KM
excessivamente brilhantes; sua risada ficou um pouco alta demais e sua graça
natural o abandonou.

Ryder estava debatendo consigo mesmo sobre quando um bêbado


estava bêbado demais no momento em que Davenport apareceu ao lado de
Luca, segurando seu cotovelo e falando com ele em um tom abafado e
urgente. Ele apontou para a escada. Luca piscou e encolheu os ombros, um
pouco instável em seus pés. Davenport dirigiu-se para as escadas, olhando
por cima do ombro para se certificar de que Luca estava observando.

Luca esperou até que Davenport chegasse ao segundo andar antes de


segui-lo. Levou muito mais tempo, porque aparentemente sentia a
necessidade de se apoiar em cada peça de mobília que ele passasse. Ryder
ficou para trás, dando a Luca um pouco de distância enquanto ele subia a
escada, arrastando a mão sobre a superfície de madeira do corrimão como se
fosse feito de veludo.

Ryder deveria tentar impedir Luca de brincar com Davenport


enquanto ele estava fora disso? Se Luca estivesse a caminho de encontrar um
estranho, Ryder não teria hesitado, mas Luca ficava com Davenport o tempo
todo quando estava sóbrio. Ele provavelmente não apreciaria o bloqueio de
pau.

Apesar de David Bryce ter acompanhado Davenport para a festa, ele


não subiu com eles, apenas deu um aceno amigável a Ryder quando ele
passou. Ryder era o único guarda-costas no segundo andar, como se viu,

KM
embora houvesse muitas crianças fazendo uso dos quartos - nem todos com
as portas fechadas. Ele manteve os olhos em frente, tomando uma posição
contra a parede, enquanto Luca entrava no quarto e fechava a porta.

O lado positivo da música ensurdecedora era que Ryder não seria


capaz de ouvi-los - supondo que Luca pudesse até conseguir isso em seu
estado atual. Ele ficou confortável contra a parede, acomodando-se para uma
longa espera.

Por isso, surpreendeu-o quando Davenport saiu do quarto menos de


cinco minutos depois. Ele era uma bagunça desgrenhada, cabelo
despenteado, roupas torta; havia uma contusão lívida no pescoço que não
estava lá antes. Davenport olhou para cima e para baixo no corredor antes de
se aproximar de Ryder.

— Uh, Sr. Ryder? Ele disse, hesitante. Foi a primeira vez que ele falou
com Ryder diretamente.

— Sim?

— Luca está muito confuso. Você pode querer levá-lo para casa.

Ryder franziu a testa. — Ok, obrigado.

Davenport assentiu e desceu as escadas, lançando um último olhar


preocupado para o quarto em que ele deixara Luca. Ainda mais preocupado
agora, Ryder empurrou a porta o resto do caminho aberta e entrou.

KM
Luca estava deitado na cama amarrotada, sorrindo beatificamente
para o teto. Sua camisa de botões estava empurrada até o meio do peito e
seus jeans estavam desabotoados, chamando a atenção para o fato de que ele
não tivera nenhum problema em obter uma ereção, afinal de contas. Ryder
engoliu em seco e afastou os olhos da intrigante protuberância distorcendo
as roupas de Luca.

— Luca, disse ele. — Você está bem?

— Ashton não quis me foder.

Ryder se aproximou da cama. Luca acariciava seu estômago com uma


mão, brincando com seu piercing no umbigo, e a sensualidade inconsciente
dele atingiu Ryder como um soco. Ele se lembrou de como o pênis de Luca
se sentiu ao se esfregar contra sua coxa, quão redonda e firme aquela bunda
perfeita tinha estado sob suas mãos, quão docemente Luca tinha gemido em
seu ouvido quando ele se desfez. Ryder queria isso de novo, ansiava tanto
que isso o assustava.

Ele limpou a garganta. — Uma festa cheia de garotos do ensino médio,


e você conseguiu encontrar um cara que não está disposto a foder alguém
que está bêbado?

— Eu não estou bêbado, disse Luca, olhando para ele. — Ele está com
raiva de mim porque o Bryce descobriu que estamos transando.

Ryder congelou, o sangue correndo em seus ouvidos tão alto que

KM
quase perdeu o que Luca disse em seguida.

— Ele prometeu que não contaria a ninguém, mas Ashton está nervoso
e envergonhado e está descontando em mim. Idiota.

Graças a Deus pela discrição de Bryce. Ryder soltou um suspiro


aliviado. — Vamos, vamos para casa.

Luca estendeu uma perna para colocar o pé descalço na coxa de Ryder.


— Por que você não me fode, em vez disso? Eu prefiro ter você de qualquer
maneira.

— Eu também não gosto de garotos bêbados, disse Ryder. Ele recuou


o suficiente para que o pé de Luca escorregasse de sua perna.

— Eu te disse, eu não estou bêbado. Luca sentou-se lentamente,


lutando para por a camisa no lugar e abotoando o jeans. — Eu não fico
bêbado.

— Sim, eu posso ver o quão bem você segura sua bebida.

Ryder pegou o suéter de Luca de onde caíra no chão, mas Luca o


empurrou com uma careta.

— Ugh, não, está como uma centena de graus aqui.

— Tudo bem. Onde estão seus sapatos?

— Hum... eu não sei.

KM
— Você os tirou daqui ou no andar de baixo?

— Eu não me lembro.

Ryder suspirou. Ele não se lembrava também, mas não viu nenhum
calçado por ali. — Nós vamos olhar lá embaixo. Vamos.

Ele pegou a mão de Luca e o ajudou a sair da cama. Luca balançou e


tropeçou contra ele, pegando-se com a mão livre no peito de Ryder. Ryder
ficou imóvel, cada centímetro de sua pele onde Luca o estava tocando quente
e hipersensível.

— Grande homem, Luca murmurou, acariciando os dedos sobre o


músculo peitoral de Ryder.

Era ridículo o quanto isso ligou Ryder. Então Luca era um bêbado
bobo e afetuoso. Isso não era motivo para a respiração de Ryder gaguejar e
seu pau inchar.

Ryder conseguiu levar os dois para baixo sem ferimentos ou mais


abuso. Embora ele tenha conseguido pegar o casaco de Luca da sala onde ele
havia deixado, ele não viu os sapatos de Luca em nenhum lugar, e o
pensamento de procurá-los através da multidão de adolescentes bêbados era
muito assustador para ser considerado. Ele ligou para Stone e os outros para
avisá-los que estavam saindo, então ajudou Luca a vestir o casaco.

— Você tem certeza que não sabe onde estão seus sapatos? Ele
perguntou novamente.

KM
Luca olhou para os pés. — Eu gosto do jeito que o carpete se sente nos
meus dedos.

Ryder não pôde deixar de rir. Luca sorriu para ele.

— Tenho certeza de que é muito bom, mas você não pode sair com os
pés descalços. Há neve no chão.

Luca continuou sorrindo para ele; suas pupilas estavam enormes.

Não havia outra escolha. — Eu vou ter que carregar você, disse Ryder.
— Tudo bem?

— Mm-hmm.

Ryder abriu a porta da frente e encontrou Song e Hurst em pé do lado


de fora. — Não conseguimos encontrar os sapatos dele. Um de vocês pode
abrir a porta do carro para mim?

Song correu para o Range Rover parado na calçada e abriu a porta dos
fundos. Ryder se virou para Luca. Ele estava tentado a simplesmente jogar
Luca por cima do ombro em um carrinho de bombeiro, que era
adequadamente impessoal, mas ele não queria humilhar Luca na frente de
seus colegas de classe. Fortalecendo seu autocontrole, Ryder pegou Luca com
um braço ao redor das costas e um abaixo dos joelhos.

Luca guinchou e passou os braços pelo pescoço de Ryder. Ryder


cometeu o erro de olhar em seus olhos, e Deus, apenas alguns centímetros e

KM
eles estariam se beijando. Ele tinha mantido muitas pessoas assim, homens
e mulheres, mas ele nunca havia sentido nada parecido antes - como se Luca
estivesse em seus braços, como se Ryder pudesse carregá-lo por horas e
nunca se cansar disso. Era reconfortante e excitante ao mesmo tempo.

— Estamos deixando sair todo o calor da casa, disse Hurst. Ela estava
observando-os com um pequeno sorriso.

Isso foi o suficiente para colocar a bunda de Ryder em marcha. Ele


apressou Luca até o carro - o que não impediu Luca de reclamar sobre como
seus pés estavam frios - depositou-o no banco de trás e entrou do outro lado.
Hurst e Song retornaram ao carro na retaguarda.

— Para a propriedade? Stone perguntou, olhando pelo espelho


retrovisor.

— Sim...- ...não, espere. Luca, coloque o cinto de segurança.

— Me dê um beijo primeiro.

— Não seja ridículo. Coloque seu...-

— Eu não vou colocá-lo até que você me beije. Luca lhe lançou um
sorriso brincalhão.

Ryder balançou a cabeça, inclinando-se para apertar o cinto de


segurança de Luca. Luca segurou seu rosto com as duas mãos e apertou os
lábios juntos. O cinto de segurança caiu das mãos subitamente nervosas de

KM
Ryder, batendo contra a porta.

A última vez que eles estiveram tão perto, Ryder gozou em suas calças
como se ele tivesse a idade de Luca. Aquela mesma luxúria quente e urgente
já estava inundando seu cérebro, tornando impossível lembrar por que isso
não era uma boa ideia. Ele poderia ter Luca agora mesmo, bem aqui no banco
de trás...

Uma das mãos de Luca deslizou pelo peito de Ryder, seu destino
inconfundível. Ryder empurrou-o para longe e sentou-se em seu próprio
assento; sua nuca parecia estar em chamas. — Que diabos, Luca? O que deu
em você?

— Ninguém, ainda. Luca afivelou o próprio cinto de segurança,


imperturbável pela reação de Ryder.

Um pouco imperturbável, na verdade. Ryder nunca tinha visto Luca


tão sereno. Quando Stone ligou o carro e entrou na rua, Luca olhou pela
janela, passando as pontas dos dedos sobre o vidro e cantarolando baixinho.
Ele estava tão relaxado que parecia que poderia se derreter em seu assento a
qualquer momento.

Havia algo de errado com a coisa toda. Luca estava agindo


estranhamente, mesmo para alguém que estava bêbado, e quase não havia
álcool em sua respiração -

Porque Luca estava dizendo a verdade. Ele não estava bêbado.

KM
— Deus, você está chapado, disse Ryder.

— No céu.

Seu protegido ficou chapado bem debaixo do nariz. Mas como? Ryder
estava absolutamente certo de que Luca não havia fumado, aspirado ou
injetado nada. Houve fumaça de maconha no ar, mas não o suficiente para
intoxicar as pessoas que estavam em pé.

— O que você tomou?

Em uma voz ritmada e cantada, Luca disse: — Começa com uma letra
e essa letra é...-

— E, Ryder terminou para ele. Merda. Pelo menos ele estava fora do
gancho por não ter percebido; Os comprimidos de ecstasy podiam ser
facilmente passados de boca para boca durante um beijo. Não havia como
Ryder ser capaz de ver ... merda. — Foi Reggie, não foi? É por isso que todas
as crianças da sua escola o conhecem. Ele é um traficante de drogas.

— Mmm.

— Você está louco, tomando drogas de um cara que você não conhece?
Ele poderia ter te dado qualquer coisa!

Luca franziu o cenho. — Ele não é um estranho. Quer dizer, eu nunca


o conheci, mas todo mundo fala sobre ele. Seu material é puro. Ele não
mistura com nada.

KM
— Você não sabe disso.

— Eu sei agora que estou nisso.

— Luca, qualquer um poderia ter pagopara dizer que ele estava te


dando ecstasy e dar-lhe outra coisa. O sangue de Ryder parecia gelo apenas
pensando nisso.

— Ele...- As pálpebras de Luca se agitaram enquanto seu cérebro


drogado tentava pensar sobre isso. — Eu já saberia, se ele tivesse feito isso.
Eu me sinto bem. Eu me sinto incrível.

Ryder esfregou a mão no rosto. Incrível ou não, Luca não poderia ser
deixado sozinho enquanto ele estava rolando na droga, especialmente
considerando a origem das drogas. Ryder ia ter que ficar até o final do turno
e ficar de olho em Luca até ele descer. Ele poderia pedir Song para fazer isso,
é claro, mas Ryder odiava pedir às pessoas para fazer coisas que ele não
estava disposto a fazer sozinho. Ser líder de equipe significava ser o primeiro
a fazer sacrifícios.

Luca ficou quieto durante o resto do passeio, fascinado por todas as


diferentes texturas que o rodeavam no carro. Nunca tendo tomado Ecstasy,
Ryder só podia imaginar como se sentia - embora ele estivesse obtendo uma
boa ideia pela expressão pacífica e extasiada no rosto de Luca.

Quando eles chegaram na propriedade, Ryder disse a Luca para ficar


no carro e saiu para falar com Song e Hurst. — Luca está chapado, ele disse

KM
sem preâmbulo.

— Ecstasy? Perguntou Song.

— Como você sabe?

— É a única coisa que ele toma.

— Ele já tomou antes? Não há nada em seu arquivo indicando o uso


de drogas recreativas.

Song encolheu os ombros. — Scheller não queria que D'Amato


soubesse que ele estava fazendo isso. Ele não é viciado nem nada. Nunca
causou problemas.

— Bem, eu vou ficar com ele de qualquer maneira, disse Ryder. — Eu


não confio no cara que deu a ele as drogas, e mesmo que sejam legítimas, não
há nada que o impeça de ter uma viagem ruim. Ele olhou para Hurst, que
estava programada para trabalhar até as duas da manhã. A menos que você
queira observá-lo, e eu vou pegarei mais tarde?

— Uh, não, acho que vou deixar o possível vômito para você.
Obrigado, apesar de tudo.

Eles se despediram de Song e Ryder levou Luca para a casa. Quando


ele tentou abaixar Luca no vestíbulo, Luca se agarrou ao seu pescoço.

— Leve-me para cima, disse ele.

KM
— Eu não estou carregando você pelas escadas. Se eu caísse, poderia
matar a nós dois. Você pode andar, vamos.

Ryder arrancou as mãos de Luca, ignorando sua expressão mal-


humorada. Fazer beicinho não deveria ser excitante, droga. Quando Ryder
se tornou tão pervertido?

Demorou dez minutos para que Luca subisse a escada e entrasse em


seu quarto. Ryder se virou para Hurst na porta. — Eu vou ficar com ele até
que ele pareça um pouco mais estável.

— Tudo bem. E olhe para o lado positivo - pelo menos não é


metanfetamina.

*****

Gabby não estava mentindo quando ela jurou que a merda de Reggie
era a melhor. Esta fora a mais forte que Luca já havia experimentado. Ele
sentiu-se eufórico.

Como regra, o ecstasy era a única droga que Luca se arriscara a tomar
- ele nunca tinha estado bêbado, porque ficava aterrorizado com o
pensamento de perder tanto controle sobre si mesmo. O ecstasy era
diferente, no entanto. Não o fez fazer coisas que ele não teria feito sóbrio,

KM
apenas fez tudo parecer mais brilhante, mais doce. Sua medicação para
ansiedade fazia com que ele se acalmasse, mas o êxtase o fazia feliz.

Era uma estrada perigosa, Luca sabia, razão pela qual ele se limitava
a uma vez a cada poucos meses. Ele gostava tanto que não havia dúvida de
que ele se tornaria viciado se não fosse cuidadoso.

Ele franziu os dedos contra o chão de madeira do seu quarto; sua pele
estava tão sensível que era como se ele pudesse sentir cada grão individual
na madeira. Luca queria tirar a roupa e rolar de um lado para o outro.

Na verdade, ele queria tirar a roupa, ponto - estava quente como o


inferno em seu quarto, e suas roupas estavam se esfregando em sua pele.
Luca desabotoou a camisa e a largou no chão, tremendo de prazer quando as
correntes de ar envolveram seu corpo em uma carícia tangível.

— O que você está fazendo?

A voz profunda de Ryder virou Luca do avesso quando ele estava


sóbrio; chapado assim, foi direto para seu pênis e fez seu estômago virar.
Luca se virou para Ryder, que estava olhando para ele com uma expressão
não muito longe do pânico.

— Tirando minhas roupas, disse Luca. Ele estava excitado desde o


momento em que o E tinha chutado, e estava chegando ao ponto em que a
dor em suas bolas era mais dolorosa do que agradável. Estar sozinho com
Ryder não estava ajudando. Luca passou os dedos pelo esterno e pelo umbigo

KM
para estalar o botão do jeans.

— Pare. Ryder levantou a mão. — Não é para isso que eu vim aqui. Eu
só quero ter certeza de que Reggie não te envenenou.

— Eu não me importo porque você veio. Você já tomou Ecstasy?

— Não.

— Bem, isso te deixa louco. Você pode me foder ou não, mas eu tenho
que gozar de qualquer maneira.

Luca empurrou o jeans por suas pernas e as expulsou. Ryder o


observou com a boca entreaberta. — Eu... Luca, mesmo se estivéssemos
envolvidos, eu não dormiria com você enquanto você estivesse chapado. Não
está certo.

— Você é um escoteiro.

Luca se jogou de costas na cama, gemendo com a sensação do


edredom aveludado contra sua pele. Ele correu as palmas das mãos sobre ele,
arranhando-o com as unhas e depois tirou a cueca boxer apertada.

— Ai Jesus. Você não pode fazer isso comigo aqui.

Apoiando-se nos cotovelos, Luca levantou uma sobrancelha divertida


ao ver que Ryder se virara para a parede e não estava olhando para ele. —
Então vá para fora.

KM
— Eu não posso te deixar sozinho.

— Mande Georgie entrar.

— Você faria isso na frente dela?

— Sim.

Ryder fez um barulho frustrado. — Eu não posso colocá-la nessa


posição.

— Por que você apenas não admite que quer ficar aqui e assistir eu me
masturbar?

— Eu não...- Ryder se virou, mas toda a sua indignação deslizou de


seu rosto quando viu Luca deitado nu na cama.

Luca sorriu, dobrando os joelhos para levantar as pernas e deixar


Ryder dar uma boa olhada no que havia entre elas. Ele podia sentir os olhos
de Ryder sobre ele como dedos, patinando até a parte interna das coxas,
roçando suas bolas...

Ryder olhou para ele por cinco segundos antes de balançar a cabeça e
desviar os olhos. — Isso é tão inadequado, ele murmurou em voz baixa.

— Eu vou fazer isso, não importa o quê. Você também pode assistir.
Luca se abaixou dos cotovelos e alisou as mãos pelos lados, ronronando com
prazer sensorial puro. Ele adorava ser visto...-...era quase tão bom quanto a
foda...-...e apenas o pensamento de se tocar na frente de Ryder fez seu pau

KM
latejar.

— Não, isso é...-

— Você assiste pornô, não é? Isso não é diferente.

Oh, Luca não deveria ter dito isso, porque agora ele estava pensando
em como seria Ryder filmá-lo. Seu pênis estava vazando tanto que ele nem
precisaria usar lubrificante.

— Claro que é diferente!

— Oh, apenas cale a boca e sente-se para baixo, disse Luca, sua
paciência desgastada. — Eu juro por Deus, você lamenta como uma pequena
cadela às vezes.

O queixo de Ryder caiu, e ele pareceu tão ofendido por um segundo


que Luca teve certeza de que ele iria sair. Então ele balançou a cabeça e
sentou-se na poltrona contra a parede, mantendo-se tão rígido quanto um
homem à espera da execução.

Interessante.

A cadeira estava colocada em um ângulo em relação à cama, então


Luca pegou os travesseiros da cabeceira da cama e se acomodou
diagonalmente no colchão. Seu posicionamento deixou-o enfrentar Ryder,
que estava tentando não olhar para ele e falhando miseravelmente.

Havia apenas um problema com esse cenário - Luca estava tão

KM
excitado, atribuindo isso tanto à droga quanto à presença de Ryder, que ele
temia que ele gozasse em poucos minutos. Para evitá-lo, ele manteve as mãos
em suas coxas, esfregando-as para cima e para baixo e aproveitando as
cócegas dos cabelos finos sob as pontas dos dedos. — Eu penso muito em
você quando faço isso, sabe, disse ele.

Ryder soltou um suspiro pesado e não disse nada, ainda lutando para
olhar em qualquer direção, exceto Luca.

— Ultimamente, eu estive pensando sobre o que teria acontecido se,


quando você me beijou, você tivesse me empurrado para a cama em vez da
parede. Luca raspou as unhas através dos sedosos cachos negros na base de
seu pênis.

— Isso está errado, disse Ryder, os olhos seguindo o dedo de Luca


enquanto ele subia pela parte inferior de sua ereção.

— Não é. Você só acha que deveria ser.

Luca deu a seu pênis um único e lento golpe da raiz até a ponta,
gemendo alto quando o Ecstasy ampliou o prazer daquele simples toque cem
vezes. Ryder não desviou o olhar.

— Você está duro? Luca perguntou.

— Claro que estou duro. Eu não estou morto.

— Você não está com calor nesse colete?

KM
Embora claramente desconfortável, Ryder disse: — Estou
acostumado com isso.

— Tire.

Ryder hesitou.

— Só vai ficar mais quente aqui, disse Luca, ainda se provocando.


Quando Ryder não fez nenhum movimento para obedecer, ele endureceu seu
tom. — Tire.

Ryder encontrou seus olhos, e Luca levantou o queixo em desafio.


Com os lábios curvados, Ryder tirou a jaqueta sem se levantar. Ele
desabotoou o coldre de ombro, pendurou-o nas costas da cadeira e
desabotoou a camisa, deixando-a cair no chão ao lado dele. Então ele tirou
seu colete balístico, deixando-se em apenas uma camiseta que se agarrava a
seus músculos grossos.

— Tudo. A garganta de Luca estava seca. — Se eu vou me masturbar


na sua frente, o mínimo que você pode fazer é me dar algo para olhar.

— Eu não quero que você faça isso, disse Ryder, mesmo quando ele se
livrou do pedaço de pano branco.

— Não, você gostaria de não estar querendo que eu fizesse isso. Há


uma diferença.

Os olhos de Luca percorreram o peito nu e os braços de Ryder. Ele não

KM
via Ryder sem camisa desde o primeiro dia em que se conheceram, e ficou
satisfeito ao ver que sua memória não exagerou a sexualidade crua e
masculina do corpo de Ryder – aquele peitoral de granito, abdômen com um
pacote de 10, bíceps salientes...

De repente, era imperativo que Luca tivesse algo dentro de si. Ele
pegou o lubrificante e rolou de volta para seus travesseiros. Ryder não
entendeu até que Luca alisou dois dedos e os deslizou sob suas bolas para
acariciar seu buraco.

— Ah não. Não, você não precisa...

— Sim eu quero. Nunca parece tão bom sem algo dentro.

Ryder soltou um gemido indefeso que vibrou contra a pele de Luca.


Luca empurrou dois dedos ao mesmo tempo, arqueando a coluna. Oh, porra,
ele estava tão sensível agora, como se todos os nervos em seu corpo
estivessem abertos e expostos. O calor nos olhos de Ryder, enquanto
observava, fez com que Luca se sentisse meio enlouquecido.

— Eu quero gozar em seu rosto, disse Luca.

Os olhos de Ryder se ergueram. — O que?

— É outra coisa em que eu pensei - sentado em seu peito, com seus


dedos dentro de mim, me masturbando até eu gozar em seu rosto.

Ryder pressionou a palma da mão contra a ereção que formava uma

KM
tenda em suas calças. Encorajado, Luca se tocou com mais força, balançando
os quadris.

— E eu quero... eu quero que você me foda na piscina, na borda, tão


forte que faça a água espirrar para todo lado. Quando ele viu o olhar que
cruzou o rosto de Ryder, Luca respirou fundo. — Você pensou sobre isso
também.

Ryder assentiu.

— Deixe-me vê-lo.

— Luca...-

— Eu toquei seu pau; Eu quero vê-lo.

Luca abriu as pernas mais largas, apoiando os pés no colchão e


introduziu o terceiro dedo em sua bunda. Ryder soltou uma maldição baixa
e puxou seu cinto, mexendo em suas roupas até que ele puxou seu pênis para
fora.

Quando se tratava de dimensão, havia uma linha tênue entre merda


sagrada, eu preciso disso em mim AGORA e merda santa, tire esse
espetáculo de circo para longe de mim. Ryder oscilou à direita da linha sem
atravessá-la. Todo o corpo de Luca foi apreendido pela fome, seu buraco
apertando em torno de seus dedos. Ele não conseguia respirar fundo
suficiente.

KM
— Deus, por favor, eu preciso disso...-

— Luca, não há nada que você possa dizer ou fazer que me faça tocar
em você enquanto você está chapado. Não me peça de novo.

Até agora, Luca sabia quando as objeções de Ryder eram indiferentes


e quando eram genuínas. Ele estava falando sério; Luca não seria capaz de
mudar de ideia.

Frustrado, Luca sacudiu a cabeça. — Eu preciso de algo, isso não é


suficiente.

Ele saiu da cama, tropeçando um pouco em sua falta de jeito induzida


pelas drogas. Embora Ryder tenha ficado tenso, Luca o ignorou em favor de
seu baú de brinquedos. Levou alguns segundos para encontrar o que estava
procurando. Quando ele trouxe de volta para a cama com ele, Ryder quase
engasgou.

— Você não está falando sério, ele disse.

— Ei, se você não vai fazer isso...-

Luca alisou o dildo grosso com lubrificante e pressionou a ventosa na


base contra a cabeceira da cama, depois jogou a garrafa de lubrificante para
Ryder. Ryder pegou com uma mão, não movendo os olhos de Luca.

— Por que você possui algo assim?

— Foi um presente.

KM
Luca se posicionou em suas mãos e joelhos na frente do vibrador,
facilitando a si mesmo sobre ele com um gemido ofegante. Era bom e grande
- não tão grande quanto Ryder, mas ainda assim satisfatório.

— Foda-se. Ryder abriu a garrafa, colocou um pouco de lubrificante


na palma da mão e segurou seu pênis.

— Eu gostaria que isto fosse você, disse Luca, balançando no vibrador.


— Eu poderia fazer isso tão bem para você, você sabe. Eu poderia te dar o que
você precisa.

— E o que você acha que eu preciso?

— Alguém que pode levar esse pau enorme sem vacilar. Alguém que
não tem medo de deixar você ficar duro com ele, alguém que quer que você
faça isso com ele. Eu poderia pegar cada centímetro de você, eu faria você me
foder tão forte...-

— Onde diabos você aprendeu a falar assim? A voz de Ryder era rouca
e mais baixa do que o habitual.

— Em lugar algum. Estou apenas dizendo a verdade.

Ryder gemeu, a mão acelerando em seu pênis.

— Você acha que poderia me segurar contra a parede e me foder ao


mesmo tempo?

— Sim.

KM
A completa falta de hesitação na resposta de Ryder fez Luca se foder
mais forte, procurando sua próstata. Cada estocada contra ela produziu um
gemido agudo e curto quando o prazer despertou sua visão e fez seus
músculos tremerem. Luca apertou as mãos no edredom, ansioso para se
tocar, mas sabia que tudo estaria terminado no momento em que ele o
fizesse.

Dezenas de fantasias que ele tinha sobre Ryder passaram pela mente
de Luca, mas nenhuma era mais vívida do que a fantasia que ele estava tendo
naquele momento. — Eu quero amarrar você naquela cadeira e sentar no seu
pau. Eu faria você me foder, dar-lhe-ia um tapa no rosto se você não me
fodesse duro o suficiente...-

Ryder ofegou e seu corpo estremeceu. Até mesmo Luca ficou surpreso
com suas próprias palavras - ele nunca dissera nada assim antes para
nenhum homem, nunca nem sequer tinha imaginado isso. Agora ele não
conseguia parar de pensar nisso, sobre bater no rosto bonito de Ryder e
exigindo mais, vendo a impressão de sua mão na bochecha de Ryder...Luca
finalmente cedeu e agarrou seu pau.

— Você está me deixando fodidamente louco, disse Ryder.

Luca gritou, batendo de volta no vibrador enquanto gozava. Ter um


orgasmo sob influência do ecstasy era uma experiência fora do corpo, o
prazer era tão intenso que parecia que sua pele não podia contê-lo. Sua visão
escureceu e ele perdeu o fôlego, soluçando, se contorcendo e tremendo.

KM
Mesmo quando os tremores diminuíram, Luca manteve-se moendo no pênis
de silicone, assistindo Ryder se masturbar.

— Você está imaginando que está me fodendo?

— Deus, você sabe que estou.

— Finja que você está dentro de mim. Eu quero ver você gozar.

— Faça isso, exigiu Luca. O dildo estava arrancando pequenos


tremores dele enquanto cutucava sua carne supersensível. — Goze para mim.

Ryder fez o mesmo ruído profundo que Luca se lembrava. Com a boca
aberta, Luca olhou para os grossos pulsos de sêmen que explodiram do pênis
de Ryder, pulsos atrás de pulsos jorrando contra o chão na frente dele.
Quando finalmente acabou, Ryder caiu em sua cadeira, respirando
pesadamente.

Como seria sentir isso dentro dele?

Luca interrompeu imediatamente esse perigoso raciocínio. Ele nunca


deixaria qualquer pessoa transar com ele sem camisinha, e ele não faria isso
nem por Ryder – não importa quão excitante fosse a possibilidade.

Ele deslizou o vibrador, deixando escapar um pequeno gemido com a


sensibilidade. O som sacudiu Ryder, que estava olhando para a confusão em
sua mão com incredulidade. Antes de Luca poder dizer qualquer coisa, Ryder
se levantou e desapareceu no banheiro.

KM
De repente, exausto, Luca tirou o vibrador da cabeceira da cama e o
jogou no chão ao lado da cama, com a intenção de lavá-lo amanhã. Ele estava
se limpando com tecidos quando Ryder saiu do banheiro com as calças
abotoadas e um toalhinha molhada na mão. Ryder se agachou, os músculos
em seus ombros nus flexionando enquanto ele limpava seu sêmen do chão.

Você sempre goza tanto assim? Luca perguntou.

— O quê? Ryder disse, distraído. Ele amassou a toalha em uma bola.


— Uh... Acho que sim.

— Você poderia fazer pornô com um tiro de porra assim.

Ryder corou. Ele fodidamente corou. Embora a sala estivesse mal


iluminada, Luca sabia que ele não estava imaginando o rubor forte que
cobria as bochechas de Ryder enquanto ele jogava a toalha no cesto.

Luca estava satisfeito o suficiente para deixar passar sem


comentários. Ele ligou a TV no modo mudo e depois reclamou seus
travesseiros e deslizou para baixo das cobertas, contorcendo as pernas contra
os lençóis de algodão macio com prazer. — Você vai ficar?

— Por um tempo. Ryder puxou sua camiseta e a camisa de botão de


volta, embora ele não se incomodasse com o colete ou coldre. — Como você
está se sentindo?

— Confuso.

KM
—...eu vou supor que é uma coisa boa. Você dorme com a TV ligada?

— Mm-hmm.

— O som está desligado.

— Eu gosto da maneira como a luz muda. Luca empurrou o controle


remoto em direção a Ryder na cabeceira. — Você pode mudar o canal, se
quiser.

Ele virou e se enrolou em torno de um de seus travesseiros, ouvindo


Ryder pegar o controle remoto e sentar-se. Ainda mergulhado no arrebol da
droga e do sexo, confortado pela presença tranquila e constante de Ryder,
Luca caiu no sono em poucos minutos.

KM
Capítulo Dezenove

Ryder acordou com uma dor nas costas e um torcicolo no pescoço. Ele
abriu os olhos confuso com o quão escuro estava; ele geralmente acordava
com a luz do sol. Além disso, ele geralmente acordava em uma cama, não em
uma cadeira.

Ryder ficou de pé. Deus, ele ainda estava no quarto de Luca!

O blecaute sobre a porta de vidro bloqueava toda a luz natural,


fazendo com que fosse impossível dizer que horas eram. Ryder olhou para o
relógio iluminado pela luz tênue da televisão. 7:06. Ele dormira no quarto de
Luca toda a merda da noite.

Ryder não pretendia adormecer. Era só que toda vez que parecia
seguro sair, Luca tinha se movido em seu sono ou feito algum tipo de ruído,
e Ryder tinha pensado, apenas mais alguns minutos. Ele nem se lembrava
de ter cochilado.

Luca estava deitado de bruços, envolto em seu edredom como um


burrito. Mesmo do outro lado do quarto, Ryder podia vê-lo tremendo. Ele
levantou-se e pegou o cobertor de lã dobrado ao pé da cama, puxando-o para

KM
cima e cobrindo-o.

Luca acordou num sobressalto e ofegou, os olhos se abrindo. Ryder


colocou a mão em seu ombro.

— Sou eu. Estou apenas colocando outro cobertor em você.

— Mmm, obrigada, eu estou congelando. Luca colocou o cobertor em


volta dos ombros e se enterrou de volta no travesseiro. — Que horas são?

— Um pouco depois das sete.

— Da manhã? Você ficou aqui a noite toda?

— Adormeci. Não se esqueça, estamos indo para o aeroporto às nove,


então você não pode dormir por muito mais tempo.

— Ugh, minha cabeça está me matando, disse Luca, rolando de costas


com uma careta.

Ele cobriu os olhos com uma mão.

Luca ainda se lembrava do que acontecera na noite passada? Tornaria


as coisas muito mais fáceis para Ryder se ele não o fizesse, embora isso
parecesse esperar demais. Ainda, se Luca não fosse falar disso, ele também
não.

— Nove horas, disse ele novamente, ansioso para sair do quarto.

Luca baixou a mão e olhou para a televisão. — Você estava assistindo

KM
ao Discovery Channel?

— Sim, por quê?

— Eu imaginava que você preferia o ESPN.

Ryder encolheu os ombros, sentindo-se envergonhado por razões que


ele não podia explicar. — Não há nada de interessante na ESPN no meio da
noite.

— Você não precisa me convencer. Acho que a Semana dos Tubarões


deveria ser um feriado nacional. Luca bocejou e virou de lado.

Ryder tomou isso como sua deixa para sair, pegando seu paletó, colete
e coldre antes de sair para o corredor. Seu coração caiu em seu estômago
quando viu McCall sentada lá; ele tinha esquecido que ela era a que estava
programada para o turno da noite.

Ela o olhou em silêncio com os braços cruzados. Ryder socou sua


culpa reflexiva. O que ele e Luca haviam feito não fora exatamente inocente,
mas também não se tocaram. Não era como se ele tivesse corrompido o
garoto.

— Hurst falou sobre as drogas? Ele perguntou.

McCall assentiu. — Ele deve ter tido uma reação muito ruim para você
ter que passar a noite.

— Adormeci. Em uma cadeira.

KM
— Tenho certeza, disse ela, dando a roupa em seus braços um olhar
aguçado.

Decidindo que a melhor resposta era nenhuma, Ryder entrou em seu


quarto e fechou a porta. Ele estava feliz por McCall não estar vindo com eles
para Aspen. Como ela e Song haviam trabalhado no ano passado, D'Amato
havia dado a elas duas semanas de folga. Em Aspen, a equipe de proteção de
Luca seria reduzida a uma equipe composta por Ryder, Hurst e Christianson
trabalhando em turnos de 12 horas, complementados pela equipe de
segurança da cabana quando necessário.

Suas malas já estavam quase prontas. Ryder tomou banho, fez a barba
e escovou os dentes, jogando os produtos de higiene pessoal em sua mala
enquanto terminava de empacotar. Por mais que tentasse evitar, sua mente
continuava se desviando para a noite anterior. Fora surreal, mais parecido
com algo saído de um filme pornô do que qualquer coisa que acontecesse
com as pessoas na vida real; Ryder ainda se sentia meio descrente de que isso
tivesse acontecido mesmo. Luca se fodendo naquele vibrador foi a coisa mais
quente que Ryder já tinha visto... e as coisas que ele disse, Jesus, o garoto
tinha a boca de uma prostituta cara. Ryder não conseguia nem se sentir
envergonhado - porque seriamente, um homem só podia suportar muito. Sua
única preocupação era que Luca lamentasse suas ações agora que estava
sóbrio. Supondo que ele se lembrasse do que fizera, claro.

Ryder arrastou suas coisas para o andar de baixo às 8:45. O foyer


estava lotado de funcionários entrando e saindo, carregando bagagem na

KM
caravana de SUVs estacionados na garagem. Além dos dois D’Amatos e dos
três guarda-costas de Luca, D'Amato estava levando meia dúzia de membros
de sua própria equipe de segurança, além dos três Orwells. O lugar era um
hospício de preparações frenéticas de última hora.

Ele avistou Luca encostado na parede, fora da confusão, ouvindo


enquanto Noah Orwell mostrava algo em seu Nintendo DS com uma
expressão de fervorosa seriedade. Luca parecia torcido e exausto, os círculos
escuros sob os olhos só chamando a atenção para o tom cinzento de sua pele.
Estranhamente, era reconfortante saber que Luca era capaz de parecer
menos que perfeito.

Ryder passou suas malas para uma empregada e correu para a cozinha
para pegar uma barra de proteína e encher uma garrafa térmica com café.
Para seu alívio, McCall não estava em lugar algum para ser vista; ela deve ter
saído depois que Hurst e Christianson apareceram. Sua boa sorte continuou
quando eles deixaram a propriedade - pontualmente às nove, é claro - e ele
acabou dividindo um carro com seus dois companheiros guarda-costas
enquanto Luca viajava com sua mãe e Clarke. Mais espaço entre eles só
poderia ser uma coisa boa agora.

D'Amato havia contratado um Gulfstream G650, o único jato


particular grande o suficiente para levá-los todos em uma única viagem.
Ryder embarcou com Clarke e os D'Amatos, deixando Hurst e Christianson
para supervisionar a tripulação do aeroporto enquanto carregavam o
compartimento de bagagem.

KM
O interior do avião era lindo, arejado e bem equipado, com seus ricos
estofados de couro creme e detalhes de madeira brilhante. D'Amato foi direto
para a frente da cabine, acomodando-se em uma poltrona espaçosa e
acomodando seu laptop e um maço de papéis sobre a mesa em frente a ela.
Luca se sentou em frente a ela, e Ryder e Clarke sentaram-se no corredor.

— Com licença, disse Luca a um dos comissários de bordo quando ela


passou. — Você poderia me trazer um pouco de água, por favor?

— Claro querido.

A mulher entrou na cozinha e voltou com uma garrafa de água. Luca


agradeceu, tirou um frasco de ibuprofeno de sua bolsa de mão e bebeu um
punhado generoso. Então ele colocou os fones de ouvido de seu iPod e se
encolheu na cadeira, virando o rosto para evitar a luz do sol que entrava pelas
grandes janelas ovais.

Ryder desejou poder fazer o mesmo; passar a noite em uma poltrona


não era uma receita para uma boa noite de sono. Ele manteve-se alerta,
passando por cima dos planos de segurança para Aspen com Clarke,
discutindo a logística e procurando por pontos cegos que eles poderiam ter
perdido.

Os Orwells e os outros guardas encheram o restante dos assentos, e


eles estavam no ar às onze da manhã. Quando estavam em segurança no céu,
Luca desligou o iPod e soltou o cinto de segurança.

KM
— Mãe, eu vou me deitar. Eu fiquei fora até tarde ontem à noite.

— Realmente? D'Amato disse sem levantar os olhos do seu


computador. — Onde você esteve?

Ryder não podia imaginar uma resposta mais inadequada para um


filho adolescente dizendo que ele tinha saído e ficado fora até tarde na noite
anterior.

— Uma festa.

— Você se divertiu?

— Sim.

D'Amato finalmente deu a Luca um sorriso distraído. — Isso é muito


bom, querido. Vá e tire uma soneca.

Luca se levantou e chamou a atenção do comissário de bordo,


pedindo-lhe para abrir a cama no camarote na parte de trás da cabine.
Embora não houvesse necessidade de segui-lo - se havia alguém no avião que
queria prejudicar Luca, eles já estavam fodidos - Ryder saiu com ele por
hábito. Ele sentou-se na única cadeira do quarto, observando Luca tirar os
sapatos e cair na cama.

— Eu me sinto uma merda, disse Luca, de olhos fechados.

— Drogas fazem isso com você.

KM
— Não leve isso a mal, mas eu meio que pensei que você ia começar a
agir como um idiota novamente. Quando Ryder não respondeu, Luca abriu
os olhos e olhou para ele. — Você sabe, porque da última vez...-

— Não, eu entendo, Ryder disse rapidamente, olhando para a porta


fina do camarote. — O jeito que eu reagi antes foi... ofensivo. Eu não vou te
tratar assim novamente.

— Então você não vai surtar?

— Não. Provavelmente não foi a melhor ideia, mas foi inevitável.

Luca franziu o cenho. — Não foi. Não havia nada o impedindo de sair
do quarto. Por que você não pode simplesmente admitir que a razão pela qual
você ficou foi porque você queria?

Ele estava certo, é claro, e Ryder estava mais do que um pouco


enojado consigo mesmo por tentar evitar assumir a responsabilidade por
suas próprias ações.

— Tudo bem. Parte de mim queria ficar. Obviamente, essa parte foi
mais forte que as outras.

— E maior.

Ryder revirou os olhos. Luca sorriu para ele, irritação aparentemente


esquecida.

— Eu não sinto muito que eu fiz isso, você sabe. O ecstasy não me faz

KM
fazer coisas que eu não quero. Eu teria me masturbado na sua frente sóbrio
se tivesse pensado que poderia me safar disso.

— Você não está envergonhado? Ryder perguntou. Ele estava


envergonhado só de lembrar.

— Eu gosto de ser observado. Você não?

— Não particularmente.

— Bem, eu gostei de ver você.

Ryder respirou fundo, sentindo a baixa queimação de excitação em


sua virilha. Ele estava prestes a dar uma desculpa para sair do quarto, mas
Luca apenas deu-lhe um pequeno sorriso e se virou, puxando as cobertas até
o pescoço.

Foi um eco estranho da noite anterior - sentado em uma cadeira,


observando Luca dormir. Proteger ativamente Luca era diferente de estar
perto dele quando outra pessoa estava assumindo a responsabilidade
principal por sua segurança. Sem a necessidade de dividir seu foco entre seu
protegido e o meio ambiente, Ryder foi capaz de colocar todo ele em Luca,
catalogando pequenos detalhes que ele não teria notado de outra forma. Não
foi surpresa para ele que Luca fosse um dorminhoco inquieto, revirando e
virando a cada poucos minutos, ocasionalmente murmurando algo
sonolento e incompreensível. No entanto, o quarto de Luca estava tão escuro
na noite passada que Ryder não foi capaz de ver o quão incrivelmente jovem

KM
ele parecia enquanto dormia. Essa observação teve o efeito bem-vindo de
eliminar toda a luxúria incipiente de Ryder.

Luca dormiu durante todo o voo de três horas, sem acordar até
aterrissarem no Aeroporto do Condado de Aspen-Pitkin. Seu cochilo havia
colocado um pouco de cor de volta em suas bochechas, embora ele ainda
estivesse se movendo mais devagar do que o normal enquanto
desembarcavam e se dividiam em carros separados.

Ryder nunca tinha estado no Colorado antes, e ele ficou surpreso com
o frio e o quão rarefeito era o ar; a mudança de altitude levaria algum tempo
para se acostumar. Ele bebeu a beleza natural da paisagem coberta de neve
durante a curta viagem até a cabana dos D'Amatos, que ficava a poucos
minutos de Snowmass Village.

Claro, só poderia ser considerado uma “cabana” quando comparada à


propriedade principal dos D'Amatos em Bethesda. Construída no centro de
uma imensa propriedade de 40 acres, a casa de 15 mil metros quadrados
tinha um design agressivamente moderno - linhas limpas, ângulos agudos e
cores ousadas. Não era para o gosto pessoal de Ryder, mas ele podia ver o
apelo.

Alguns membros da equipe local saíram da cabana enquanto eles


estacionavam no caminho sinuoso - moradores locais contratados Ethan em
uma base sazonal. Sob a direção de Sheila, eles começaram a desembalar os
carros e trazer tudo para dentro da casa. Quando Ryder se juntou a Luca pela

KM
porta da frente, foi para encontrá-lo discutindo com uma das empregadas.

— Obrigado, mas eu realmente posso carregar minha própria mala,


Luca estava dizendo. — Eu prometo que não vou desmaiar nem nada.

— Você pode muito bem dar isso a ele, disse Ryder. — Ou você nunca
ouvirá o fim disso, confie em mim.

A mulher encolheu os ombros e entregou a bolsa. Uma vez que ela


estava fora do alcance da voz, Luca arqueou uma sobrancelha. — Por que
você não segue seu próprio conselho?

— Apenas um glutão por punição, eu acho. Vamos.

Ryder abriu a porta da frente para ele. A casa tinha uma planta
incomum, em que todas as salas principais ficavam no segundo andar; não
havia nada no nível do solo além do foyer, exceto alguns quartos que tinham
sido convertidos em habitação para o pessoal da segurança. Eles subiram as
escadas até a enorme sala de estar.

Tudo nesta maldita casa era feito de couro, vidro e aço. As paredes
não eram nada além de janelas, e a luz do sol refletida por todas aquelas
superfícies refletivas era cegante. Era lindo, sim, mas Ryder não pôde deixar
de pensar que era um pouco... frio. Não muito diferente da propriedade,
realmente.

O barulho da mala de Luca batendo no chão fez Ryder se virar para


olhá-lo. Luca estava tão tenso quanto o arame esticado, a testa franzida

KM
enquanto seus olhos percorriam a sala.

— Tudo bem? Ryder perguntou.

— Eu não estive aqui desde que meu pai morreu.

Ryder não sabia como responder a isso, mas Luca não estava
prestando atenção nele de qualquer maneira.

— Este era seu lugar favorito no mundo. Quando eu era pequeno,


costumávamos alugá-lo, mas papai adorava tanto que mamãe comprou.

Papai. O coração de Ryder se torceu. Ele nunca ouvira Luca se referir


ao pai daquele jeito.

— É uma casa bonita, disse ele.

— Não costumava ser assim. Luca parecia que queria dizer algo mais,
mas depois apertou os lábios, balançou a cabeça e pegou a mala, indo para o
quarto.

*****

Ela mudou a casa. Ela mudou tudo.

Luca tinha medo de voltar para cá, certo de que a memória de seu pai

KM
estaria à espreita em todos os cantos da casa que fora seu orgulho e alegria.
Mas tudo estava diferente - os móveis, a arte, os utensílios de cozinha. As
malditas paredes eram de uma cor diferente. Não havia nada de Antonio na
casa.

Luca deveria ter ficado aliviado, mas nunca estivera tão zangado.

Pelo menos o quarto dele ainda era o mesmo. Luca jogou a mala no
chão e afundou na cama, deixando cair a cabeça entre as mãos. Ele revirou
os ombros e pressionou o cotovelo contra a coxa para evitar que se
sacudissem.

Ryder encostou-se no batente da porta com os braços cruzados,


observando-o. Ele fazia muito isso quando eles estavam sozinhos em uma
sala juntos - ficava na porta, como se ele estivesse a salvo de Luca, desde que
ele não cruzasse o limiar. Cada instinto que Luca tinha estava gritando para
ele fazer algo para chamar a atenção de Ryder, fazer Ryder olhar para ele do
jeito que ele tinha feito na noite passada.

Você já tem a atenção dele. Empurrá-lo só o levará embora.

Luca enfiou as unhas no couro cabeludo, tentando pensar no que


estava sentindo logicamente, como Andersen lhe ensinara. Ele queria... ele
queria fazer sexo com Ryder. Ok. Ele sempre quis fazer sexo com Ryder,
honestamente, mas às vezes esse desejo era quente, emocionante e
eletrizante, e outras vezes - como agora - era frenético e desesperado de uma
maneira que não era nada agradável.

KM
Isso não é desejo. Isso é medo.

Ele não queria estar com Ryder desse jeito. Por um lado, Ryder já
havia provado que ele não estava disposto a ser usado assim, e por outro,
Luca não queria que o que havia entre eles fosse envenenado por suas
próprias compulsões de ansiedade. Ele soltou um suspiro lento e medido e
endireitou as costas, sentindo-se um pouco mais calmo.

— Você precisa tomar alguma coisa? Ryder disse. Não havia


julgamento em seu tom, o que Luca apreciou.

— Não. Eu tenho tomado meu SSRI16 do jeito que eu deveria; Eu não


tive que tomar nenhum Ativan já a algumas semanas.

— Isso é bom.

Luca forçou um sorriso. Só porque ele não estava pensando em tomar


Ativan não significava que ele não queria; ele mataria por aquele sentimento
vazio e calmo agora. Para se distrair, ele perguntou: — Onde você vai ficar?

— Hurst, Christianson e eu estamos dividindo o quarto ao lado.


Lembre-se, eu falei sobre os turnos de doze horas...

— Sim. Como serão eles?

16SSRI - Selective serotonin reuptake inhibitors - Inibidores seletivos da recaptação da serotonina são uma
classe de fármacos usados no tratamento de síndromes depressivas, transtornos de ansiedade e alguns tipos
de transtornos de personalidade

KM
— Dez para dez.

— Então, isso significa que é você quem está trabalhando agora?

Ryder assentiu. Luca se levantou e caminhou até a janela, afastando a


cortina para olhar para fora. Ainda havia muita energia ansiosa em seus
músculos que ele precisava para trabalhar.

— Posso sair de casa?

— Claro, Ryder disse, parecendo incrédulo. — Você não é um


prisioneiro, Luca. Você só tem que me informar o que você está planejando
para que eu possa fazer arranjos. Depois de um momento, ele disse mais
baixo:— É assim que você se sente em casa? Como se você não pudesse sair?

Luca se virou, encostado no peitoril da janela. — Às vezes.

— Onde você quer ir?

— Eu preciso fazer algumas compras de Natal. Além disso, estou


faminto.

— Ok, podemos sair depois do almoço...-

— Não. Eu preciso... eu preciso ir agora. Eu não quero estar aqui.

— Tudo bem. Vou arrumar um motorista e alguns guardas. Deve ser


seguro para você se deslocar pela casa sem mim - apenas mantenha seu botão
de pânico com você. Também…- Ryder entrou no quarto, pegou a mão de

KM
Luca e puxou-o para longe da janela. — Não fique muito perto das janelas,
sim?

Luca sorriu. Os dedos de Ryder roçaram sua bochecha, tão


brevemente que Luca quase pensou que ele tinha imaginado, e então ele saiu
da sala.

O botão do pânico estava na bolsa de Luca. Ele cavou e o colocou no


bolso da calça antes de despejar o conteúdo da bolsa na cama, revirando-os
e reembalando a bolsa com apenas as coisas que ele precisava para fazer
compras. Quando ele terminou, ele pendurou no ombro e caminhou pelo
corredor até a suíte master.

Através da porta aberta, ele podia ver sua mãe andando de um lado
para o outro, conversando com alguém em seu Bluetooth. Luca bateu no
batente da porta e ela se virou.

— Espere um segundo, Natalie. Evelyn apertou um botão no


Bluetooth. — O que foi, querido?

— Estou saindo.

— Tudo bem. Não se esqueça, estamos nos encontrando com Cavallos


no Syzygy às sete. Você estará de volta antes disso?

Definitivamente não. — Acho que não.

Ela acenou com a mão. — Não importa, você pode nos encontrar lá.

KM
Mantenha um smoking no carro.

Com isso, Evelyn ligou seu Bluetooth de volta e retomou sua conversa
com Natalie como se nunca tivesse sido interrompida. Luca revirou os olhos
e voltou para o seu quarto para pegar um casaco, em seguida, encontrou
Ryder na sala de estar, onde ele estava conversando com dois guardas
vestidos casualmente.

— Luca, esta é Katie Edberg, e você já conhece Matt Pearson. Eles vão
me apoiar enquanto estamos fora.

— Oi, disse Luca, apertando a mão de Katie. Ele sorriu para Matt,
lembrando como ele tinha sido bom durante a provação com Glauser.

— Pronto? Ryder perguntou.

— Muito.

Mesmo depois de seis anos, Luca se lembrava de onde ficavam as


melhores lojas de Aspen. Ele dirigiu o motorista até lá, e eles pararam para
comer fast food no caminho - para o horror de Ryder. No momento em que
estacionaram a um metro de uma rua movimentada no centro de Aspen, o
humor de Luca já estava muito melhor.

— Tudo bem se nós apenas andarmos por aí? Ele disse. — É meio bobo
dirigir de loja em loja.

— Nós podemos fazer o que você quiser, Luca. Eu trabalho para você,

KM
não o contrário.

— Bom. Então venha me ver gastar uma porrada do dinheiro da


minha mãe.

Estava muito frio, mas não insuportável em um casaco grosso e


cachecol. Além disso, Luca não planejava passar muito tempo fora; Ele
pretendia ir a todas as lojas por onde passasse, quer comprasse ou não
alguma coisa lá.

Ele só andou três metros antes de se virar e dizer: — Você não deveria
fingir que não é meu guarda-costas? Porque você não está sendo muito sutil
com a coisa toda de andar atrás de mim.

Ryder suspirou e caminhou para frente de modo que ele estava


andando ao lado de Luca como uma pessoa normal. — Melhor?

Luca passou as próximas horas mergulhado em terapia de compras,


descontando sua raiva em relação a sua mãe em seu cartão de crédito,
comprando presentes para todos que ele conhecia, inclusive ele próprio.
Ryder o seguiu de loja em loja sem uma palavra de queixa - ele realmente
tinha a paciência de um santo, contanto que Luca não estivesse flertando
com ele. Consequentemente, Luca manteve sua interação classificada
estritamente como PG, não querendo deixar Ryder desconfortável depois de
ter sido tão complacente. Matt e Katie os seguiram a uma distância discreta,
os braços ligados como se fossem um casal em um belo passeio de domingo.

KM
Estava começando a escurecer quando Luca fez sua última parada, em
uma butique de joias de luxo. O proprietário deu uma olhada no número de
sacolas que pesavam nos braços de Luca e deu-lhe um sorriso enorme. —
Bem vindos, senhores. Há algo que eu possa te ajudar a encontrar?

— Estou procurando um presente para minha mãe.

— Certamente. Alguma coisa em particular?

— Ela tem um gosto caro.

O homem sorriu, levando Luca e Ryder para a seção da loja onde ele
guardava as melhores peças. Tendo comprado joia como presente para sua
mãe a cada Natal, aniversário e dia das mães durante toda a sua vida, Luca
tinha uma noção perfeita do que ela gostava agora. Levou apenas alguns
minutos para pousar em um colar de ouro branco de várias camadas,
amarrado com diamantes.

— Oh, perfeito, perfeito, disse o joalheiro ao tirá-lo do estojo. — Você


tem um olho excelente, meu jovem.

— Obrigado. Você poderia enviá-lo para minha casa, por favor? Eu


não quero arriscar que seja roubado.

— Claro. Vou armar isso e pegar uma nota de entrega. Um momento.

O homem desapareceu no quarto dos fundos. Enquanto esperava,


Luca brincou com o brinco de diamantes em seu próprio lóbulo da orelha.

KM
Ele estava usando o mesmo brinco há meses; talvez fosse hora de mudar. Isso
deixaria sua mãe louca se ele colocasse um aro nela - mas, novamente, os
aros eram um pouco piratas...

— Você não perguntou quanto foi, Ryder disse, interrompendo seus


pensamentos.

— O que?

— O colar. Você comprou sem perguntar quanto custa.

— Eu não me importo com o quanto isso custa. Meu cartão de crédito


não tem limite e, de qualquer forma, não é meu dinheiro.

Ryder apenas olhou para ele.

— Você também quer que eu compre um colar para você? Perguntou


Luca.

Antes que Ryder pudesse responder, o joalheiro voltou. Luca pagou


pelo colar e preencheu o recibo de entrega. Quando o joalheiro entregou o
recibo, Ryder pegou primeiro.

— Oito mil dólares, disse ele. — Você acabou de gastar oito mil dólares
no presente de Natal da sua mãe.

— E daí? Luca pegou suas sacolas e eles saíram da loja.

— Então você pode adicionar o valor de cada presente de Natal que eu

KM
comprei para minha mãe em vinte e oito anos, e provavelmente não seria
igual a metade disso.

— Eu tenho certeza que sua mãe aprecia seus presentes mais do que o
minha, no entanto.

Luca quis dizer isso de forma irreverente, e a expressão mal escondida


de pena que cruzou o rosto de Ryder o irritou.

— Estou com fome de novo, disse ele.

— Você vai jantar em algumas horas...-

— Na Syzygy. A comida é tão pretensiosa e horrível lá, é a pior. Eles


não servem apenas um bife - eles têm que colocar todos os tipos de molhos,
temperos e coisas sem sentido primeiro e chamá-los por algum nome
esquisito. Eu não vou comer nada lá.

Ryder riu. — Ok, vamos parar em algum lugar.

Enquanto caminhavam pela calçada, com as cabeças inclinadas por


causa do frio, Luca notou a mesma coisa que havia feito naquela tarde - Ryder
continuava olhando de lado para ele, sacudindo a cabeça e meneando o
pescoço como se quisesse liberar a tensão. Acontecera tantas vezes que
estava começando a ficar estranho.

— O que há com você? Luca finalmente perguntou, parando no meio


da calçada.

KM
— O que você quer dizer?

— Eu posso dizer que algo está incomodando você. O que é?

Ryder pareceu surpreso. — Não é nada. É estupido.

— Eu vou seriamente parar aqui até você me dizer.

— Deus, você faria, não é? Ryder balançou a cabeça. — Eu só... eu


continuo sentindo que deveria me oferecer para carregar suas sacolas - mas
eu não posso, porque eu preciso das minhas mãos livres para te proteger.
Então, toda vez que eu olho para você, eu tenho que me impedir de chegar e
levá-las. Está me deixando louco.

Luca mordeu o lábio para não rir. — E se por acaso nos depararmos
com uma poça no meio da calçada, você vai colocar seu casaco sobre ela para
que eu não molhe os pés?

— Cale a boca, Ryder resmungou enquanto eles continuavam a andar,


mas Luca podia ver um sorriso puxando os cantos de sua boca.

— Realmente, eu quero saber o quão profundo é esse cavalheirismo.


É como algum tipo de coisa sexual?

— O que? Não! São apenas boas maneiras.

— Então você está me dizendo que atuar de forma cavalheiresca não


te livra de nada?

KM
Ryder abriu a boca, então apenas exalou pesadamente sem dizer nada.
Ele ainda estava lutando contra um sorriso.

O cheiro tentador de massa assada e queijo derretido chamou a


atenção de Luca; eles estavam a poucos passos de uma pizzaria de que ele se
lembrava de sua infância. — Oh, aqui, eu amo este lugar.

Eles conseguiram uma mesa no canto de trás, longe de qualquer


janela. Matt e Katie os seguiram e sentaram-se a algumas mesas de distância.
A garçonete continuava dando a Luca e Ryder olhares estranhos enquanto
pegava o pedido e servia a comida.

— Você acha que ela acha que estamos em um encontro? Luca disse
depois que ela foi embora. Ele deu uma mordida em sua pizza. Deus, isso era
bom, tão delicioso quanto se lembrava.

— Ela provavelmente acha que eu sou seu pai.

— Oh, supere você mesmo. Você não tem idade suficiente para ser
meu pai em qualquer extensão da imaginação.

— Tio, então. Ou um irmão muito mais velho.

A garçonete continuava encarando-os do outro lado do restaurante.

— Não, ela definitivamente acha que estamos em um encontro. Luca


colocou a mão em cima da de Ryder, só para ver a reação dela.

Ryder se afastou. — Não estamos.

KM
Eles comeram em silêncio por alguns minutos. Imaginar a si mesmo
e Ryder em um encontro só tinha lembrado Luca de algo que ele tentou
duramente esquecer. Eventualmente, porém, ele não aguentava não saber
mais.

— Então, aquele cara com quem você saiu na outra semana...- Luca
percebeu que tinha exagerado seu tom casual no momento em que as
palavras saíram de sua boca.

— Andy...-

Luca fez uma careta. — Tanto faz. Isso é uma coisa regular?

— Nós saímos algumas vezes.

— Ele é seu namorado?

— Eu não sei. Ainda não discutimos isso.

Ainda. Brincando com sua crosta, Luca disse: — Ele sabe de mim?

— Não há nada para saber.

— Você não pensaria isso se fosse o contrário.

— Não fique todo arrogante sobre isso comigo, disse Ryder, parecendo
irritado. — Olhe para você e Davenport.

— O que sobre nós?

KM
— Eu não vejo você tendo qualquer crise de consciência sobre enganá-
lo.

Luca deixou cair a pizza. — Do que você está falando? Enganá-lo?

— Você não contou a ele o que aconteceu entre você e eu, não é?

— Claro que não.

— Mas eu devo dizer a Andy?

— Isso é diferente. Ashton e eu não estamos namorando.

— Ele sabe disso?

— Uh, sim. Por que você ainda... Luca franziu a testa. — Espere. Você
tem pensado, esse tempo todo, que Ashton é meu...-...meu namorado?

— Algo parecido.

— Ele não é. Ele nunca foi. Somos apenas amigos com benefícios.

— Não. A maneira como ele olha para você é mais do que apenas
amizade.

— O jeito que ele olha para mim? Você quer dizer como qualquer cara
olharia para alguém disposto a explodi-lo sempre que estivesse de bom
humor?

Ryder piscou. — Ele vem quase todos os dias...-

KM
— Ele é um dos meus melhores amigos! Olha, Ryder, eu posso ver
porque você pode pensar assim. Ashton gosta muito de mim, e ele... me
admira, eu acho. Ele me disse que tenho certas qualidades que ele gostaria
de ter. Mas ele não tem nenhum interesse romântico em mim. Confie em
mim, não estou procurando outra situação como a de Glauser.

Ryder tomou um longo gole de água, olhos fechados. Luca ainda


estava impressionado com a suposição de que ele e Ashton estavam
namorando, tanto que ele sentiu uma pontada de insegurança. E se Ryder
estivesse certo, e Ashton realmente pensasse isso?

Mas não, Luca estava certo de que não havia nada entre eles além de
amizade forte e bom sexo. Ashton estava sempre falando sobre uma garota
júnior em sua aula de História da Arte que ele tinha uma queda, e ele nunca
disse uma única coisa para sugerir que ele queria algo mais de Luca. Por que
Ryder se importava mesmo assim?

— Oh, meu Deus, disse Luca. — É por isso que Ashton acha que você
não gosta dele. Você está com ciúmes.

— Não seja ridículo.

— O que é tão ridículo? Você obviamente não gosta do pensamento


dele e eu estarmos juntos.

— Porque estou preocupado com você fazendo uma de suas


travessuras com o filho de um senador.

KM
Ai. Justo o suficiente.

Luca pegou os olhos de Ryder e os segurou. — Eu não vou. Eu admito,


quando conheci Ashton, eu estava... planejando algo nesse sentido. Mas eu
estou tentando não fazer mais coisas assim, e mesmo se eu não fosse, eu
gosto muito de Ashton para machucá-lo assim. Você não precisa se
preocupar, prometo.

Os olhos de Ryder se estreitaram como se ele estivesse procurando


por algo, e então ele assentiu. — Eu acredito em você.

— Isso provavelmente não importa de qualquer maneira, disse Luca,


contente com a confiança de Ryder. — Ashton está com medo de que Bryce
vá dizer a seu pai, embora...- Ele parou. — Espere, eu ... eu vi Ashton na noite
passada?

— Sim, vocês saíram para se reunir, mas apenas por alguns minutos.
Foi ele quem sugeriu que eu te levasse para casa, na verdade.

Luca se lembrava agora. Ashton ficara furioso com Luca por tomar as
drogas de Reggie - havia lhe dado quase exatamente o mesmo discurso que
Ryder, na verdade -, mas Luca o ignorara, jogando-se em Ashton como um
gato no cio. Ele estremeceu com a lembrança de Ashton afastando-o -
gentilmente a princípio, depois com uma repreensão quando Luca não
recuou. — Ok. Agora estou envergonhado.

— É bom saber que você tem pelo menos alguma capacidade de sentir

KM
vergonha, disse Ryder, e Luca o chutou para debaixo da mesa.

Eles evitaram qualquer menção a sexo ou romance depois disso,


mantendo tópicos inocentes, enquanto Luca continuava sutilmente em sua
busca de conhecer melhor Ryder. Quando a conta chegou, Ryder
automaticamente estendeu a mão para alcançá-la antes de perceber o que ele
estava fazendo, então puxou a mão para trás. Os lábios de Luca se contraíram
quando ele a pegou.

— Você vai ter um aneurisma se eu pagar por isso?

— Não.

— Não? Seu senso de cavalheirismo não se estende a pagar a conta?

— Não enquanto estou trabalhando. Isso seria inapropriado. Além


disso, acho que o filho de um bilionário é uma exceção à regra.

Luca enfiou o cartão de crédito no talão contendo a conta e fechou-o


com um suspiro dramático. — Eu aposto que você diz isso para todos os
caras.

KM
Capítulo Vinte

— Hah!— Luca gritou quando ele mergulhou no trecho plano de neve


no final da trilha. Ele derrapou até parar e se virou para esperar por Ryder,
que estava apenas cinco segundos atrás dele. — São três seguidas, velho. Eu
pensei que você disse que era bom nisso.

Ryder levantou os óculos, sorrindo com a alegria de sua corrida de alta


velocidade. — Sua forma é mais aerodinâmica do que a minha, disse ele,
ofegante.

— Se por mais aerodinâmico você quer dizer um esquiador melhor,


então sim, eu concordo.

— Você pode ser capaz de mover-se mais rapidamente, mas tenho


certeza que posso durar mais do que você. Vamos novamente?

Luca arqueou uma sobrancelha. — Black diamond desta vez?

— Você quem decide.

Luca partiu para os elevadores, Ryder nos calcanhares.

Os últimos dias tinham sido mais como férias do que trabalho. Luca

KM
não suportava ficar na cabana por um único minuto a mais do que precisava,
então estava de manhã à noite - fazendo compras, esquiando, caminhando.
Foi como se, assim que ele descobriu que Ryder, Hurst e Christianson
estavam dispostos e aptos a acompanhá-lo, Luca se permitiu aliviar seu
estresse como qualquer adolescente normal (embora imundo).

A mudança nele foi drástica - ele parecia mais leve, mais relaxado,
mais apto à sorrir. Ryder estava tão aliviado que ele encontrou-se
trabalhando horas extras, ficando com Luca em suas horas de folga para se
certificar de que o garoto não revertesse para o seu antigo hábito deprimido
em torno de seu quarto. E, se Ryder fosse honesto, ele estava se divertindo.
Luca tinha uma presença magnética, mesmo quando apanhado pela
ansiedade paralisante; com uma saída apropriada para sua tensão, seu
sorriso fácil e sua risada encantada eram viciantes. Ryder não conseguia o
suficiente.

Ele transmitiu por rádio aos dois guardas estacionados nas


proximidades para que eles soubessem o que ele e Luca estavam planejando.
Esquiar com um protegido era uma proposta complicada, e o que eles
acabaram decidindo foi que o guarda principal de Luca acertaria as pistas
com ele, enquanto os outros dois tomariam posições onde podiam ficar de
olho na situação e alertar o principal de qualquer atividade suspeita. Era
improvável que um inimigo mirasse em Luca em uma montanha íngreme e
coberta de neve, mas coisas estranhas aconteciam.

Eles tiveram que pegar dois elevadores para chegar à pista Black

KM
diamond que Luca queria esquiar. No topo, eles estavam a poucos metros de
distância com os esquis alinhados. A veia competitiva de Ryder estava em
pleno vigor; seu sangue corria quente e seu pulso acelerava com aquela
emoção deliciosa que era quase de natureza sexual. Não havia nada como
uma pequena competição saudável para fazer o sangue fluir.

— No três, disse Luca. — Um, dois...-

Ele decolou como um tiro antes que a palavra três saísse da boca dele
- mas ele havia puxado o truque da última vez. Ryder estava pronto para isso,
e ele se impulsionou com todas as suas forças, ficando par a par com Luca
quando eles dispararam pela inclinação acentuada.

O corpo de Luca foi feito para esquiar, cada movimento gracioso e


rigidamente controlado. Ryder quase não se importava de ficar para trás,
porque isso significava que ele podia ver a forma elegante de Luca
ziguezagueando pela neve a uma velocidade incrível, lançando sprays de pó
de neve a cada curva suave. Três derrotas seguidas foram mais do que
suficientes, e Ryder sabia que a resistência de Luca estava começando a
diminuir depois de horas de esquiar sem parar. Empurrou-se com mais
força, apertando os braços e curvando o corpo para ganhar velocidade.

Essa trilha era muito mais difícil do que as que tinham feito antes,
descendo a montanha com curvas fechadas e algumas quedas repentinas que
exigiam foco total. Ryder não estava tão preocupado com a segurança de
Luca quanto com a dele próprio, porque Luca realmente era o melhor

KM
esquiador - não que Ryder fosse admitir isso.

Ele conseguiu acompanhar o ritmo de Luca nos primeiros cinco


minutos. Não foi até que eles chegaram a uma série de curvas serpentinas
que Luca puxou à frente, seu corpo menor, mais ágil, dando-lhe uma
vantagem. A adrenalina subiu através de Ryder, energizando seus músculos
e instigando-o mais e mais rápido.

Quando ele saiu do último turno, chegou a tempo de ver Luca parando
repentinamente, espalhando neve por toda parte. Ryder amaldiçoou e
esculpiu seus esquis para o lado, parando tão abruptamente que ele quase
tombou.

— O que há de errado? Ele perguntou, examinando Luca para


qualquer sinal de lesão.

Luca baixou a máscara para libertar a boca. — Acho que alguém saiu
da trilha.

Ryder olhou na direção que Luca estava apontando. Com certeza,


havia uma grande forma negra encolhida sob as árvores ao lado da trilha.
Ryder podia apenas ver a forma dos esquis semi-enterrados na neve. —
Merda.

— Nós temos que fazer alguma coisa.

Luca se inclinou para desafivelar seus esquis, mas Ryder pegou seu
cotovelo.

KM
— Eu odeio dizer isso, mas pode ser uma armadilha.

Luca olhou para as árvores e depois para Ryder. — Estou disposto a


arriscar se você estiver.

Ryder assentiu. Os dois soltaram as botas dos esquis, caminhando


com cuidado até a borda da trilha e fincando os esquis na neve, para alertar
os esquiadores do acidente. Ryder se agachou ao lado da pessoa.

Era um homem, ele podia ver agora, um homem que tinha tomado o
último giro rápido demais e se desviou do caminho para as árvores. Ele
estava deitado de lado e meio de bruços, pernas emaranhadas embaixo dele.

— Senhor, você pode me ouvir? Ryder perguntou. Tirou uma de suas


luvas e segurou a mão sob o nariz do homem, sentindo um sopro fraco e
instável atravessando sua pele, depois pressionou os dedos contra a artéria
carótida do homem. O pulso estava lá, um pouco lento mas definitivamente
presente.

— Ele está morto? Luca perguntou por cima do ombro.

— Apenas inconsciente. Ele poderia sufocar assim, então eu preciso


que você me ajude a movê-lo.

— O que devo fazer?

— Venha ajoelhe-se atrás da cabeça dele. Ryder puxou a luva de volta,


esperando que Luca se acomodasse na neve. — Coloque suas mãos em ambos

KM
os lados da cabeça dele e segure firme. Eu vou virar o corpo dele, e é muito
importante que você mantenha a cabeça e o pescoço alinhados com o resto
da coluna dele, ok? Bom e lento.

Eles colocaram o homem de costas. O olhar de Luca cintilou no corpo


do homem e ele subitamente amordaçou, desviando os olhos. Ryder se virou
para olhar.

Havia um galho de árvore saindo da coxa direita do homem, preso


profundamente no músculo com o sangue escoando através de suas calças ao
redor dele. Uma poça de sangue encharcou a neve onde ele estava deitado.

— Oh, foda-se, disse Ryder, sem se importar com o quão pouco


profissional era xingar no trabalho. — Ok. Eu vou chamar a patrulha de
esqui. Mantenha a cabeça dele firme.

Ele pegou o celular e apertou a discagem rápida para a patrulha de


esqui que ele havia programado, dando ao operador sua localização e
descrevendo os ferimentos do homem. Depois que ele desligou, ele chamou
os outros dois guardas de Luca para avisá-los da situação, então começou a
desatrelar os esquis do homem.

— Você vai puxar o galho? Perguntou Luca. Ele ainda não olhava para
a perna do homem.

— Eu não posso. Ele pode ter uma hemorragia. Ryder se ajoelhou ao


lado do homem e levantou sua perna machucada, apoiando-a contra o

KM
próprio ombro para elevar a ferida.

— Ele tem algumas queimaduras nas bochechas. Quanto tempo você


acha que ele está caído aqui?

— Eu não sei. Poderia ter sido um tempo, nesta trilha.

A ferida ainda estava sangrando mais profusamente do que Ryder


gostaria. Ele pressionou as mãos em ambos os lados do galho, comprimindo
a pele para conter o fluxo.

O homem soltou um grito agonizante, os olhos se abrindo e se


empurrando meio sentado. Luca gritou de surpresa e caiu para trás. Apenas
o treinamento de Ryder o impediu de fazer o mesmo.

— O que, o que...-

— Fique quieto, Ryder disse, infundindo tanto aço em sua voz quanto
ele podia.

Funcionou. O homem caiu no chão, ofegando. Pelo menos ele não


parecia ter nenhum ferimento na coluna.

— Minha perna, ele gemeu em agonia. Ele estava começando a


hiperventilar. — Deus... oh, meu Deus...-

Luca se moveu para o lado dele. — Está bem. Você ficará bem.

— Isso dói.

KM
— Eu sei. Quando o homem lutou para levantar a cabeça novamente,
Luca colocou a mão em sua bochecha. — Não, não olhe.

O problema com o homem que estava acordado era que agora ele
estava com medo, e seu batimento cardíaco aumentava de acordo -
bombeando ainda mais sangue a cada batida. Ryder apertou com mais força,
fazendo o homem soluçar alto.

— Acalme-o, Ryder disse para Luca com os dentes cerrados.

— Qual é o seu nome? Luca agarrou o rosto do homem histérico com


as duas mãos. — Olhe para mim. Qual o seu nome?

— B-Bill.

— Eu sou Luca. Este é Jacob. Nós pedimos ajuda, ok? Apenas espere.

— Eu não posso, eu...-

Bill soltou um grito abafado, recuando com dor. Luca soltou o rosto
para pegar as mãos dele.

— Você é casado?

— Hum, eu... sim.

— Qual é o nome da sua esposa?

— Vanessa. A respiração de Bill se nivelou um pouco - ainda muito


rápido, mas não tão superficial.

KM
— Você tem filhos?

— Sim.

— Conte-me sobre eles, disse Luca, voz suave. Era o mesmo tom que
ele usou para falar com Glauser na semana anterior.

Ele manteve Bill falando, distraindo-o de sua dor com perguntas


sobre sua esposa e filhos enquanto esperavam por ajuda. O sangramento
diminuiu sensivelmente, mas no momento em que a patrulha de esqui
apareceu, Bill ainda perdera tanto sangue que estava voltando à
inconsciência.

Ryder e Luca se afastaram para deixar os paramédicos fazerem suas


coisas. Eles tiveram que cortar a maior parte do galho para poder encaixar
Bill no tobogã, mas Bill estava tão insensível naquele ponto que ele nem
sequer reagiu ao que era certamente uma provação excruciante. Um dos
paramédicos interrogou Ryder com algumas perguntas rápidas, e então eles
foram embora, esquiando pela trilha com Bill aninhado em segurança em seu
tobogã. Ryder e Luca amarraram seus esquis e seguiram logo atrás.

Havia uma ambulância esperando no sopé da montanha, uma mulher


desesperada ao lado dela. Ela começou a correr em direção à patrulha de
esqui mesmo antes de chegarem, gritando: — Ele está bem? Ele está bem?

Os paramédicos carregaram Bill e a mulher para dentro da


ambulância com eficiência impressionante e partiram, a sirene soando. Luca

KM
ficou olhando para eles, sua expressão que sinalizava um colapso nervoso
iminente. Ryder queria tocá-lo, oferecer conforto, mas suas luvas estavam
encharcadas de sangue.

— Ei, disse ele. — Você está bem?

Luca não virou a cabeça. — Eu quase não o vi. Foi apenas uma
coincidência. Se eu não tivesse olhado para o lado, teríamos passado direto
por ele e nunca saberíamos que ele estava lá.

— Mas você o viu. Ryder manobrava seus esquis para que ele ficasse
na frente de Luca. — Você o viu, e você o ajudou, e agora ele vai ficar bem.

— Ele ainda pode morrer.

— Você fez tudo que podia. Você não pode ficar obcecado com o que
pode acontecer, e é provável que nunca mais o encontre. Você fez um ótimo
trabalho. Não se sinta mal por isso.

Luca realmente olhou para Ryder, em seguida, olhou para ele, em vez
de através dele. — Estou feliz que você estava lá comigo.

— Eu também. Agora, vamos para casa, tudo bem? Eu sei o quanto


você está ansioso pela festa de sua mãe hoje à noite.

Como Ryder esperava, sua provocação direta tirou Luca de seu


desânimo. — É uma maneira de dizer isso, disse Luca. — Embora eu tivesse
ido com 'temendo como se fosse minha própria execução'.

KM
— Bem, eu não tenho o seu talento para o dramático.

Eles esquiaram até o clube, encontrando os outros guardas de Luca


no caminho e trocaram o equipamento de esqui. As luvas de Ryder foram
uma perda total; ele teve que envolvê-las em um saco plástico e jogá-las no
lixo.

Luca permaneceu em silêncio no caminho para casa. Embora ainda


preocupado, Ryder deixou ele ter seu espaço. Quando eles voltaram para a
cabana, Ryder se certificou de que Luca tinha o botão de pânico dele e depois
foi checar com Clarke.

— Ouvi dizer que você teve alguns problemas em Snowmass, disse


Clarke quando Ryder se aproximou. Ele estava de pé na sala de estar,
supervisionando a equipe de planejamento de eventos que estava lentamente
transformando a cabana em um paraíso de inverno para a festa anual de
D'Amato.

— Encontramos um esquiador ferido. Não havia nenhum risco para


Luca - embora ele esteja bastante abalado com isso.

Ryder olhou para a enorme árvore de Natal de quinze metros sendo


adornada com enfeites e luzes cintilantes, imaginando como o pessoal tinha
conseguido entrar na casa em primeiro lugar. As janelas estavam cobertas
com padrões abstratos de floco de neve, e guirlandas e poinsétias estavam
espalhadas por toda superfície disponível. Havia até pingentes de gelo falsos
pendurados no teto.

KM
— Estou surpreso que esta viagem tenha sido tão tranquila, na
verdade. O foco de Clarke mudou para um grupo de homens arrastando
equipamentos de catering pelas escadas da porta da frente.

— Talvez Gray esteja festejando o Natal. Ou talvez ele não pudesse se


incomodar em seguir Luca até o Colorado.

— Ou ele está usando o tempo para planejar seu próximo ataque.

— Pode ser.

— Você vai estar com o Luca hoje à noite?

— Até as dez. Então Christianson assumirá.

Clarke assentiu. — Fique de olho nele. Eu não espero que Gray assuma
um ataque durante uma festa, especialmente não tão importante, mas os
espertos sempre atacam quando você menos espera.

— Ele não vai deixar a minha vista.

Ryder voltou para a ala de Luca na cabana, com o estômago roncando


com o cheiro de tortas que enchiam a cozinha pela qual ele passava. Ele
encontrou Luca encostado na parede sob o arco que separava o corredor da
sala informal da família nos fundos da casa.

— Por que você está sorrindo? Ele perguntou, imediatamente em


guarda.

KM
Em resposta, Luca apontou para cima - para o raminho de visco
pendurado no arco, sem dúvida posicionado por um dos decoradores
excessivamente zelosos.

— Eu pensei que você não estivesse mais manipulando as pessoas,


disse Ryder.

— Isso não foi bem o que eu disse. Mas quem está manipulando? Esta
é uma tradição sagrada e solene. Luca lançou-lhe um olhar inocente de olhos
arregalados. — É má sorte passar por uma pessoa sob o visco sem beijá-la.

— Eu nunca ouvi isso.

— Juro por Deus, Luca virou a cabeça para o lado, batendo sua
bochecha com um dedo.

Ryder riu, divertido com a audácia do pequeno pirralho, e se inclinou


para pressionar um beijo casto em sua bochecha. Ali. Perfeitamente
inofensivo.

Sorrindo, Luca virou a cabeça para trás antes de Ryder se afastar. Seus
rostos terminaram tão próximos que Ryder sentiu o cheiro do chocolate com
hortelã que Luca havia bebido no chalé. Ele ficou imóvel e o sorriso deslizou
do rosto de Luca.

Foi Ryder quem se moveu primeiro. Ele roçou os lábios contra os de


Luca, tão suavemente que mal se tocaram. Luca soltou um pequeno suspiro
e respondeu, a boca se movendo com Ryder em um beijo suave e casto que

KM
eletrificou todas as terminações nervosas nos lábios de Ryder e estreitou seu
mundo inteiro para aquele ponto de contato entre eles.

Então a língua de Luca passou pelo lábio inferior de Ryder. Ele gemeu,
deslizando os braços ao redor da cintura de Luca e puxando-o para perto
enquanto aprofundava o beijo, procurando a língua de Luca com a sua. As
mãos de Luca alisaram seus braços, uma delas se emaranhando no cabelo na
nuca de Ryder.

Eles se beijaram devagar e profundamente, explorando mais do que


qualquer outra coisa. A queima constante e sem pressa fez a pele de Ryder
arrepiar-se. Era o oposto polar do primeiro beijo deles, mais vagaroso que
frenético, mas parecia o mesmo, parecia tão certo, como se tivessem se
beijado cem vezes antes.

Luca beijou como se estivesse emitindo um desafio - assumindo a


liderança e pressionando a boca de Ryder, então subitamente recuando,
desafiando Ryder a segui-lo. Para melhor ou pior, Ryder nunca recuou de um
desafio em sua vida. Tudo o que ele queria era sentir mais, mais do corpo de
Luca pressionando contra ele, dos lábios macios de Luca e da língua
provocante, da respiração ofegante de Luca enquanto o beijo continuava
muito além do ponto onde eles deveriam ter parado para respirar. A casa
poderia ter desmoronado ao redor deles, e Ryder não teria se importado.
Inferno, ele não teria nem notado.

— Ahem, veio o som de uma garganta limpando à direita.

KM
Ryder se afastou de Luca com tal força que suas costas bateram contra
a parede oposta. Ele estremeceu e se virou para olhar para Hurst, que estava
de pé no corredor trajando um pijama e um robe.

— Oi pessoal, disse ela.

— Georgie. Luca se endireitou, limpando a boca com os dedos e


apontou para o visco. — Quer um beijo?

Ela sorriu e aproximou-se para beijar sua bochecha. Ao contrário de


Ryder, seu breve beijo não se transformou em uma sessão completa de
pegação. — Você não deveria estar se preparando para a grande festa da sua
mãe?

— Sim. Certo. Eu já vou... fazer isso.

Luca atirou a Ryder um olhar de desculpas e correu pelo corredor até


seu quarto. Ryder respirou fundo, em uma perda completa de qualquer
maneira de se explicar.

— Eu estou bem com isso, fique sabendo, disse Hurst.

— O que?

— O que quer que esteja acontecendo entre você e Luca. Isso não me
incomoda. Quer dizer, não é como se ele fosse algum tipo de flor de estufa
que não sabe o que ele quer.

Ryder olhou boquiaberto para ela. — Nós não somos... não há nada...

KM
Foi apenas um beijo que ficou um pouco fora de mão.

— Oh, querido. Hurst deu um tapinha no ombro dele. — Você


continue dizendo isso a si mesmo isso.

*****

Luca ficou de pé contra a parede da sala de estar com os braços


cruzados, verificando seu relógio a cada poucos minutos e tentando decidir
o quão cedo ele poderia se retirar da festa sem arriscar a ira de sua mãe. Ele
já havia cumprido seu papel e cumprimentado obrigatoriamente todos os
seus convidados, que incluíam os astros mais notáveis de Aspen e alguns de
seus colegas de trabalho que também passavam o inverno na cidade turística.
O rosto dele doía do sorriso falso que ele havia colocado nele.

Alguns convidados trouxeram crianças da sua idade, mas Luca não


estava interessado em socializar. Tudo o que ele queria fazer era se enroscar
na cama e pensar naquele beijo com Ryder. Isso o abalou profundamente,
tão diferente de qualquer beijo que ele compartilhou com qualquer outro
homem que ele não tinha nada para comparar. O que ele sabia era que o beijo
o deixara tonto, nervoso e confuso, e que ele sentia como se estivesse com
febre baixa desde então.

Mesmo agora, quando sentia Ryder olhando para ele; Luca podia
sentir isso sem precisar de confirmação. Ele estava com muito medo de

KM
encontrar os olhos de Ryder, preocupado que sua necessidade de exigir uma
explicação sobre o que diabos aquele beijo significara o dominasse e ele
deixaria escapar aqui na frente de todos. Ele só tinha que passar pelas
próximas horas, e então ele poderia se retirar para seu quarto e se lembrar.

— Você parece muito entediado para um jovem tão adorável, disse


uma voz com um leve sotaque francês, tirando Luca de seu devaneio.

Ele se virou para o homem sorridente, que era bastante atraente de


um jeito angular, alto e magro, com cabelo castanho encaracolado. Luca
sabia que ele tinha sido apresentado a ele no início da noite, mas não pôde
por sua vida lembrar o nome do homem.

Seu lapso de memória deve ter aparecido em seu rosto. — René Duval,
disse o homem, entregando a Luca um dos copos de vinho que ele estava
segurando.

— Desculpa. Luca D'Amato. Prazer em conhecê-lo - de novo. Luca


inclinou o copo. — Você percebe que você acabou de dar álcool a um menor,
certo?

— Eu acho que não é uma ofensa tão séria em sua própria casa, sim?
Além disso, de onde eu venho, não há nada de errado com um homem da sua
idade apreciando um copo de vinho. Eu sempre poderia alegar ignorância
cultural.

Luca sorriu. — Você ficaria mais confortável falando sua língua

KM
nativa? Ele perguntou em francês.

— Você fala francês?

— Fluentemente.

— E com quase nenhum traço de sotaque, eu vejo.

— Obrigado.

— Onde exatamente um adolescente americano aprende a falar


francês fluentemente, posso perguntar? Os olhos de Duval estavam quentes
quando ele olhou para Luca.

— Escola na Suiça.

— Ah, claro. É raro ouvir minha língua materna tão longe de casa.
Duval bateu o copo contra o de Luca. — Você já fez minha noite.

Eles beberam. Duval não estava fazendo nenhuma tentativa de


esconder seu interesse, e Luca não pôde deixar de se animar com a
admiração.

— Agora, por que você está tão infeliz?

— Quem disse que estou infeliz? Luca passou a ponta do dedo ao longo
da borda de sua taça de vinho.

— Essa carranca, disse Duval, passando os dedos sobre a testa de


Luca. — Não é algo que um homem queira ver em um rosto tão bonito.

KM
— Eu acho que você está confundindo infelicidade com o tédio.

— Mmm, sim, você parece que prefere estar em qualquer lugar, menos
aqui. Ansiando por uma jovem senhora, talvez?

Luca riu. — Não.

— Um jovem senhor então?

— Mais provável, mas ainda não.

— Então você pode me permitir o privilégio de distraí-lo? A mão de


Duval roçou o ombro de Luca e desceu pelo braço dele.

— Você está flertando comigo, Sr. Duval?

— Se você tem que perguntar, eu não devo estar fazendo um bom


trabalho.

Rindo, Luca tomou um gole de seu vinho. Fazia um tempo que


ninguém tentara encantá-lo dessa maneira, e ele sentia falta disso.

— Você não está preocupado que minha mãe possa se ofender? Ele
perguntou.

— Você é um adulto, não? E sua mãe é uma mulher razoável. Eu não


acho que ela se oporia a você encontrar alguma maneira de se entreter.

Oh, que diabos. Duval era um pouco suave demais, mas Luca não
poderia culpá-lo. O cara estava apenas tentando transar. Luca poderia ter

KM
empatia por isso.

Ele pegou a gravata de Duval, brincando com o tecido de seda. — Não


importa, de qualquer maneira, disse ele com os lábios contra o ouvido de
Duval. — Minha mãe não fala uma palavra de francês.

Duval respirou fundo, inclinando a cabeça para beijar o pescoço de


Luca. Luca vibrou com uma necessidade repentina; era como se Duval
tivesse tocado um fósforo no pavio que Ryder havia construído mais cedo.
Porra, ele estava tão excitado que estava quase pronto para deixar Duval
dobrá-lo sobre a mesa mais próxima.

Luca sentiu uma parcela de culpa com o pensamento de como Ryder


estaria se sentindo ao vê-lo flertar com outro homem logo após eles terem se
beijado - mas então, se o beijo tivesse mudado a mente de Ryder sobre eles
estarem juntos, ele teria dito algo até agora. E se não tivesse mudado as
coisas, bem, Luca não seria celibatário só porque Ryder não poderia agir.

Ele puxou a gravata de Duval. — Venha comigo.

Quando se viraram, Luca procurou por Ryder, cujo rosto permanecia


inexpressivo, exceto pelo conjunto rígido de sua mandíbula. Luca encontrou
seus olhos.

Me dê um sinal, ele pensou, tentando comunicar a Ryder da melhor


maneira possível sem usar palavras. Vou me livrar dele, você só tem que
dizer alguma coisa. Qualquer coisa.

KM
A testa de Ryder se enrugou, e então ele baixou os olhos e balançou a
cabeça um pouco. Luca engoliu seu desapontamento, puxando Duval com ele
para seu quarto. Ryder só os seguiu até o corredor.

Uma vez que estavam sozinhos, Duval levou Luca em um beijo


apaixonado, mãos firmes nos quadris de Luca. — Você, disse ele entre beijos,
— é totalmente atraente demais para o seu próprio bem.

Luca tirou o paletó de Duval dos ombros e começou a apertar os


botões de sua camisa, pressionando Duval para trás em direção à cama.
Duval sentou-se com força na beira do colchão.

— Ansioso é? Ele murmurou, afrouxando a gravata e puxando-a sobre


a cabeça sem se preocupar em soltar.

Luca colocou um joelho na cama ao lado da coxa de Duval,


despojando-se de seu próprio paletó e camisa. — Talvez eu esteja
impressionado que você teve a coragem de me atingir bem na frente de todos
na festa da minha mãe.

— Eu estava certo de que o prêmio em potencial valeria o risco.

As mãos de Duval deslizaram pela parte de trás das coxas de Luca para
segurar seu traseiro, dando a ambas as bochechas um leve aperto. A
respiração de Luca se agitou.

— É isso que você quer?

KM
— Meu querido, ficaria encantado com qualquer coisa que você tenha
em mente.

Luca montou no colo de Duval e o beijou. Ele se sentia nervoso e


excitado, com vontade de brincar. Isso era como a sua vida antes de ele voltar
para a América - sexo sem compromisso com um homem mais velho e
bonito, um playground onde ele poderia fazer o que quisesse, ser qualquer
um. Contando que Duval fodesse Luca, ele não se importaria se Luca não
fosse completamente honesto; ele nunca saberia. Todo mundo ganhava e
ninguém se machucava.

— Você deveria saber, eu... eu nunca fiz isso, disse Luca, injetando um
pouco de timidez em sua voz.

— Fez o que? Satisfez sua paixão com um homem que você acabou de
conhecer?

Luca abaixou a cabeça e mordeu o lábio. — Eu nunca... tomei um


homem dentro de mim.

— Você não é virgem, disse Duval. A absoluta certeza em sua voz fez
com que Luca parasse.

— O que te faz dizer isso?

Como se percebendo o possível insulto de suas palavras, Duval alisou


uma mão apologética pelas costas de Luca. — Eu não posso acreditar que um
homem com a sua aparência ainda não tenha experimentado esse prazer.

KM
— Oh, eu experimentei outros tipos de prazer. Luca esfregou a mão
em círculos lentos contra a ereção de Duval. — Mas eu nunca quis minha
primeira vez com um garoto desajeitado. Eu estive esperando por alguém
que poderia fazer isso ser bom para mim.

O jogo da virgindade era arriscado para jogar. Alguns homens ficavam


absolutamente loucos com a ideia de serem os primeiros de Luca, e caíram
em si mesmos tentando provar que eram uma escolha digna - mas havia
tantos homens que acharam a ideia perturbadora em vez disso. Por sorte,
Duval era do primeiro tipo.

— Você criatura maravilhosa, disse Duval, voz grossa de excitação. —


Eu vou cuidar de você, não tenha medo. Seria uma honra.

Luca escondeu o sorriso na curva do pescoço de Duval. Isso era o que


ele precisava, ser adorado por um homem que sabia o que estava fazendo -
não sendo o experimento de um adolescente heterossexual, ou sendo
empurrado por um sujeito que tinha uma crise existencial. Ele queria ser
adorado, atendido, obedecido sem questionar.

Duval passou os braços em volta de Luca e rolou-os para a cama,


prendendo Luca debaixo dele. Antes que Luca pudesse protestar contra o
posicionamento, Duval deslizou por seu corpo, beijando seus mamilos e
lambendo o caminho até o umbigo, onde ele lambeu o piercing de Luca em
uma imitação de sexo. Luca arqueou as costas, levantando os quadris, e
Duval o ajudou a tirar as calças e a roupa íntima.

KM
— Oh, foda-se, Luca engasgou quando a boca de Duval desceu sobre
seu pênis. Ele não tinha tido um boquete em meses, já que Ashton ainda se
recusava a fazê-lo.

Duval pediu que Luca dobrasse os joelhos e abrisse mais as pernas,


levando o pênis de Luca até a raiz num ritmo suave e praticado. Luca enrolou
as duas mãos no cabelo de Duval e empurrou para dentro de sua boca. Sua
cabeça rolou no travesseiro enquanto ele ofegava, a deliciosa sucção fritando
seu cérebro. Isso era quase o suficiente - a garganta quente de Duval
engolindo em torno dele, as mãos de Duval brincando com suas bolas. Porra,
ele precisava ter seu pau chupado com mais frequência.

Então o polegar de Duval cutucou seu períneo, provocando sua


próstata, e Luca lembrou que tinha um objetivo maior em mente. Ele puxou
o cabelo de Duval.

— Pare, ou eu vou...-, disse ele.

Duval liberou o pênis de Luca com um som molhado e escorregadio e


levantou a cabeça. A visão de sua boca toda vermelha e inchada fez Luca
gemer e se sentar, empurrando Duval em um beijo. Ele mordeu com força o
lábio inferior de Duval enquanto puxava as calças de Duval e empurrava a
mão para dentro.

— Ah. Duval empurrou seu pênis contra a mão de Luca. — Você está
com muita pressa.

KM
— Eu tenho esperado tanto tempo por isso.

Luca tirou Duval do resto de suas roupas, depois fechou a mão em


torno de seu pênis. Era um tamanho saudável, perfeitamente satisfatório em
todos os sentidos. Então, se não era o pau que Luca realmente queria?

— Você vai me fazer gozar quando me foder? Ele perguntou, dando


golpes lentos no pau de Duval.

— Eu vou fazer você gozar tão forte que você vai gritar com o prazer
disso. Duval apertou as coxas de Luca. — Confio que você tem lubrificante?

— No criado mudo.

Luca rolou de bruços, apoiando um travesseiro sob os quadris e


abrindo as pernas. Duval se atrapalhou com a gaveta do criado mudo antes
de voltar para o lado de Luca; sua respiração ficou presa quando ele viu como
Luca havia se organizado.

— É assim que você quer?

— Sim. Luca empurrou seus quadris para trás. — Coloque seus dedos
em mim.

— Exigente, disse Duval, parecendo satisfeito. Ele traçou o buraco de


Luca com um dedo molhado. — Você já fez isso antes?

— Só com o meu próprio dedo.

KM
Luca suspirou quando o dedo de Duval deslizou dentro dele. Não era
tão grande quanto o de Ryder, mas estava perto o suficiente para que Luca
pudesse fingir. Ele deslizou seu pau duro contra o travesseiro enquanto
Duval o esticava, tão confiante e competente que os dedos de Luca se
enrolaram. Luca gostava de fazer sexo com Ashton, ele realmente gostava,
mas não podia ser comparado com ser tocado por um homem que conseguia
encontrar a próstata de Luca sem orientação e sabia exatamente como tocá-
la para fazer seu corpo tremer.

Consciente da festa ainda em curso, Luca arrastou um segundo


travesseiro para si e enterrou o rosto nele para abafar seus gemidos. Ele não
pôde evitar levantar um pouco os joelhos, balançando a bunda de volta na
mão de Duval na tentativa de obter mais daqueles dedos maus. Duval se
debruçou sobre as costas de Luca, espalhando beijos em seu pescoço e
ombros, inundando-o com extravagantes elogios franceses - dizendo a ele
como ele era bonito, sexy e como Duval não podia esperar para mostrar o que
ele estava perdendo.

— Deus, agora, disse Luca quando se viu perigosamente perto da


borda. — Faça isso agora.

— Seu desejo é uma ordem.

Luca se levantou de joelhos, olhando por cima do ombro enquanto


Duval colocava uma camisinha - mesmo meio fora de si com luxúria, Luca
não era estúpido o suficiente para confiar cegamente em um estranho para

KM
fazer algo tão importante. Duval se ajoelhou atrás dele, roçando a cabeça de
seu pênis para frente e para trás sobre o buraco lubrificado de Luca.

— Isso pode ser doloroso no começo.

— Eu não me importo. Me dê isto.

Duval empurrou para dentro, lentamente por respeito à suposta


virgindade de Luca. Luca abriu ainda mais as pernas e gemeu com a queima
gradual da pressão crescente. Seu verdadeiro defloramento doeu muito a
princípio, mas valeu a pena; depois das primeiras vezes, o corpo ajustou-se
à dor inicial e aprendeu a associá-lo ao prazer iminente. Agora Luca
saboreava aqueles primeiros minutos de penetração, quando seu corpo
relaxava e se abria para o pênis de outro homem.

Seria uma luta para Luca tomar Ryder todas as vezes. Luca sabia que
seu corpo nunca seria realmente capaz de se acostumar com um homem
daquele tamanho. Ele só podia imaginar a emoção do sucesso quando ele
conseguisse colocar todo o eixo de Ryder dentro dele, o olhar no rosto de
Ryder quando ele percebesse que Luca tinha tomado cada centímetro e ainda
queria mais.

Pensar em Ryder aumentou a excitação de Luca, mas também o fez se


sentir desamparado e fora de controle. — Pare, disse ele a Duval, só para ver
se o homem iria obedecê-lo.

Ele fez, parando com o pau dele embainhado apenas na metade do

KM
caminho. — Demais? Perguntou Duval, esfregando a mão para cima e para
baixo na espinha de Luca.

— Um pouco. Me dê um segundo. Luca na verdade não precisava de


tempo para se ajustar, mas exercer esse tipo de controle sobre Duval aguçava
seu prazer e tornava a experiência mais intensa. Ele esperou até que pudesse
sentir a frustração no corpo de Duval atrás dele antes de dizer: Vai devagar.

Luca deixou Duval deslizar o resto do caminho para dentro sem detê-
lo novamente, satisfeito por seu ritmo obedientemente lento. Duval o fodeu
com movimentos suaves e superficiais, revirando os quadris em um ritmo
ondulante que pegou a próstata de Luca todas as vezes. Foi tão bom que os
braços de Luca cederam e ele desabou sobre os cotovelos.

— Você é tão apertado. Duval acariciou os quadris de Luca,


inclinando-se para pressionar um beijo contra sua espinha. — Como é?

Luca respondeu com um gemido sem palavras. Duval riu, puxando


um pouco e mudando o ângulo de penetração para que, em vez de esfregar
na próstata de Luca, seu pênis batesse direto nela a cada estocada. Luca
gritou em seu travesseiro.

— Mais, disse ele, quando conseguiu falar novamente.

— Assim? Duval estalou os quadris mais rápido, enchendo Luca com


uma enxurrada de golpes rápidos e perfeitamente apontados. As costas de
Luca se curvaram.

KM
— Sim, oh, foda-se, mais duro...-

Luca baixou a cabeça para o travesseiro, sabendo que ele ia começar


a gritar logo e incapaz de se segurar. A pontaria de Duval era incrível; o
intenso prazer que reverberava na próstata de Luca sobrecarregou todo o seu
sistema. Ele se perguntou se Ryder seria capaz de dar algo assim para ele.

Apenas o pensamento de Ryder batendo em sua bunda por trás tinha


Luca se contorcendo e se fodendo no pau de Duval. — Mais duro, disse ele,
mal se lembrando de dizer em francês, em vez de inglês.

Duval gemeu, as mãos agarrando os quadris de Luca enquanto ele


trabalhava com força suficiente para fazer Luca gritar e arranhar a cama.
Luca esfregou o rosto suado contra o travesseiro, ofegante.

— Toque me. Toque me.

Duval alcançou entre as pernas de Luca e agarrou seu pênis,


empurrando-o no tempo de seus impulsos vigorosos. O corpo de Luca se
apertou, os músculos tremeram enquanto ele chegava mais e mais perto...

Num impulso particularmente profundo Luca gritou, mordendo o


travesseiro e cavalgando o poderoso orgasmo que arrebentou seu corpo.
Duval o ordenhava através dele, sussurrando coisas obscenas no ouvido de
Luca, depois soltou-o e bateu na bunda de Luca, soltando um grito alto
quando ele gozou também.

Luca se abaixou sobre o estômago, grunhindo quando o pau de Duval

KM
escapou dele. Ele agarrou o travesseiro e se perdeu no brilho de ter sido bem
e completamente fodido.

Com os olhos fechados, Luca ouviu Duval levantar-se, jogar fora o


preservativo e voltar a se deitar ao lado de Luca. Embora ele estivesse pronto
para afastar qualquer tentativa de abraço, Duval apenas acariciou suas
costas.

— Não foi muito traumático para sua primeira vez, eu espero? Duval
estava respirando como se tivesse corrido uma maratona.

Luca virou a cabeça e abriu os olhos para olhá-lo. Sentindo-se


generoso depois de um sexo tão fantástico, ele disse: — Foi incrível.
Obrigado.

Duval beijou sua bochecha. — Você quer que eu fique?

— Não, você provavelmente deve ir antes que minha mãe perceba que
eu trouxe você aqui.

Luca aceitou mais um beijo profundo e molhado, depois observou


Duval se vestir. Ele olhou para o relógio de cabeceira - eram dez e quinze,
tarde o suficiente para que não houvesse necessidade de que ele voltasse para
a festa. Luca se limpou e colocou um roupão, beijando Duval na porta do seu
quarto.

O turno dos guardas havia mudado às dez, então Phoebe estava


sentada do lado de fora de seu quarto. Luca não pôde deixar de ficar aliviado.

KM
Ele não tinha vergonha de ter se deitado com Duval, mas se Ryder decidisse
ser todo moralista e crítico sobre isso, Luca precisava de uma boa noite de
sono antes de lidar com isso.

— Divertiu-se? Phoebe perguntou.

Luca deu de ombros, olhando para a porta fechada do quarto dos


guarda-costas. — Eu já tive melhor.

KM
Capítulo Vinte e Um

— Ei mãe. Feliz Natal.

— Jake! Mesmo ao telefone, o prazer de Alyssa era claro. — Feliz


Natal, querido. Como está Aspen?

— Muito quieto. Nenhum grande desastre. A menos que você contasse


o beijo mais confuso da vida de Ryder, e Luca fodendo algum cara francês
aleatório logo depois.

— Isso é bom. Você não tem que trabalhar hoje?

— Não até tarde hoje à noite. Eu trabalhei ontem.

Ryder ficou emocionado com esse fato, mas não porque ele se opôs a
trabalhar no Natal. Os avós maternos de Luca, os Lindholms, haviam voado
na sexta-feira para ficar no fim de semana; Ontem, Ryder tinha sido forçado
a testemunhar o mais estranho, doloroso jantar de véspera de Natal de todos
os tempos. Ele tinha pena de Christianson por ser aquela que teria que
assistir todos eles abrindo presentes nesta manhã e fingindo que eles
gostavam um do outro.

KM
— Então, você vai para a igreja esta manhã, então?

— Você sabe que eu não vou.

Alyssa suspirou. — Uma mãe nunca perde a esperança.

— Você já ouviu falar de Charlie?

— Sim, conseguimos o Skype com ela ontem. Ah, e ela mandou uma
carta. Deixe-me encontrá-la para que eu possa ler para você.

Enquanto sua mãe procurava a carta, Ryder folheava um velho jornal


que Hurst havia deixado na mesa do quarto compartilhado. Era da última
quinta-feira, então não continha nenhuma revelação chocante - pelo menos
não até Ryder passar pela seção de Negócios com um olhar superficial. Ele
fez uma pausa, franziu a testa e voltou para a página anterior.

Gray Aeronautics Declara Falência


Acionistas abandonam navio após rumores da SEC

Ryder olhou para a pequena manchete na parte inferior da página.


Isso era o que D'Amato estava fazendo, ele tinha certeza disso. Embora parte
dele estivesse feliz pelo homem que ameaçou Luca ter conseguido o que
estava vindo para ele, ele não pôde deixar de se preocupar com as
ramificações. Gray tinha sido cruel o suficiente quando ele estava tentando

KM
proteger sua companhia. Quanto mais ele seria em nome da vingança?

— Encontrei, disse Alyssa, um pouco ofegante de sua busca.

Ryder empurrou o papel de lado e escutou a carta de Charlie, depois


falou com seu pai, Morgan e Will. No momento em que ele desligou, ele
empurrou Gray para o fundo de sua mente. Não havia nada que ele poderia
fazer sobre isso além de ficar alerta.

Ele pensou em ligar para Andy, mas sabia que Andy estava visitando
sua família no Oregon, e ele não queria interromper nada. Em vez disso,
Ryder acabou tendo um brunch com Hurst e os Orwells, em seguida, colocou
um bom treino duro no ginásio da cabana. Depois que ele tomou banho, ele
se deitou na cama com um livro, planejando relaxar e cochilar um pouco
antes de seu turno começar às dez.

Ryder tinha acabado de começar a cochilar por volta das seis quando
Christianson abriu a porta do quarto.

— Hey, disse ela, mantendo a voz baixa em deferência ao fato de que


Hurst estava dormindo na cama ao lado de Ryder. — Luca quer falar com
você, se você tiver um minuto.

— Há algo errado?

— Não que eu saiba.

Ryder deixou seu livro de lado e a seguiu para o corredor, preocupado.

KM
Ele e Luca haviam falado várias vezes desde que se beijaram, mas nenhum
deles mencionou isso, mas não conseguiram recuperar aquela vibração fácil
e despreocupada que tiveram nos primeiros dias da viagem. Era como se
estivessem andando na ponta dos pés um com o outro, cada um com medo
de ser o primeiro a mencioná-lo.

Ele bateu na porta aberta do quarto de Luca. — Tudo bem?

Luca se virou de onde ele estava se debruçando sobre sua mesa. —Oh,
entre. Feche a porta. Quando Ryder hesitou, Luca revirou os olhos. —Eu não
vou te morder, Ryder. Apenas entre por alguns minutos.

Ryder entrou no quarto e fechou a porta atrás dele. — Como foi seu
natal?

— Sugou. Mas eu sei que você está trabalhando hoje à noite, então eu
queria te dar isso antes. Luca pegou um pacote embrulhado em prata da
mesa e o estendeu.

— Você não precisava me dar um presente, disse Ryder, surpreso.

— Eu queria. E antes que você se sinta desconfortável e diga que estou


te assediando, dei presentes para todos os meus guarda-costas.

Ryder sorriu e pegou o presente. Luca parecia nervoso, o que era...


adorável, na verdade. Ele cortou o papel de embrulho aberto.

— É o que você estava assistindo na noite em que nós - na noite em

KM
que tomei aquele ecstasy, disse Luca. — Voltei e verifiquei o histórico da
televisão.

Ryder olhou para os DVDs em suas mãos - as três primeiras


temporadas de Dirty Jobs, que era de fato um de seus shows favoritos de
todos os tempos. — Isso é... muito atencioso, Luca.

Luca deu de ombros, mas ele não escondeu o quão satisfeito ele
estava.

— Eu não consegui nada para você.

— Por favor, eu tenho tudo o que um ser humano poderia precisar.—


Os olhos de Luca deslizaram sobre o corpo de Ryder, e sua voz caiu em um
ronronar baixo e gutural. — Embora se você estiver realmente se sentindo
culpado, posso pensar em algumas coisas que você poderia me dar.

Ryder levantou as sobrancelhas. Luca balançou a cabeça e soltou um


suspiro autodepreciativo.

— Desculpe, isso foi manipulativo. Eu sinto muito. Não é por isso que
eu te dei...-

— Não, está tudo bem. Compreendo.

Eles se entreolharam, o silêncio entre eles crepitava com a tensão das


palavras não ditas.

Luca foi o único a falar primeiro - porque quando se tratava de coisas

KM
assim, ele era muito mais corajoso do que Ryder jamais poderia ser. — Você
não disse nada sobre o beijo.

— Eu não sabia o que dizer.

— Você com certeza sabia o que dizer na primeira vez que aconteceu.
Embora o tom de Luca fosse leve, Ryder podia ouvir os ecos da dor que ele
causou.

— Esse foi... diferente, disse ele.

— Sim. Esse foi.

Muito bem. Basta de enrolação. Ryder colocou os DVDs na


escrivaninha ao lado dele. — Luca, você ao menos sabe por que você me quer?
Isso é só porque eu continuo te recusando?

— Eu acho que foi, no início - além de seu nível insano de gostosura,


é claro. Um sorriso provocante cruzou o rosto de Luca antes de se estabelecer
em uma expressão mais séria. — Mas eu sei como é a luxúria, e isso é mais
do que isso. Eu me sinto seguro com você.

— Assim espero.

— Não fisicamente. Embora eu sinta isso. Quer dizer, você salvou


minha vida e sei que posso confiar em você para fazer isso de novo. Mas eu
quis dizer...- Luca mordeu o lábio. — Você se lembra quando nos
conhecemos, e você me disse que eu escondo quem eu realmente sou para

KM
que eu não me machuque?

— Sim.

— Você estava certo. E eu não tentei mudar isso sobre mim mesmo,
porque eu não quero me machucar. Eu não quero ser vulnerável assim. Mas
você sempre sabe quando eu estou sendo falso - mesmo quando não percebo
- e você sempre me chama em minha merda. Isso é... é assustador, mas
também é meio libertador, sabe? Prefere que eu lhe conte uma verdade
desagradável do que uma bela mentira. Você tem alguma ideia de como isso
é raro?

Surpreendido pela admissão, Ryder só podia olhar para ele.


Constrangimento penetrou na postura de Luca, avermelhando suas
bochechas e enrijecendo seus ombros.

— É estúpido, eu sei, disse ele.

— Não é, disse Ryder. — Luca, Deus, isso não é estúpido.

— Mas não é algo que você queira ouvir de alguém que você quer
foder.

— Isso não é o que eu quero de você. Se apenas luxúria pura tivesse


sido o único interesse de Ryder em Luca, ele teria superado isso agora.

— Por que, você quer mais alguma coisa? Luca disse, tão cético que
doía ouvir.

KM
Havia uma dúzia de respostas automáticas que Ryder poderia dar,
garantias triviais sobre quanto mais Luca tinha a oferecer do que sexo - tudo
verdade, mas não o motivo. Ryder realmente não sabia por que, ou ele teria
tentado acabar com isso agora, mas ele tinha que dizer algo ou a autoestima
de Luca iria despencar...-

— Porque você é a única pessoa que consegue me enfurecer, ele disse


sem pensar. No segundo em que as palavras saíram, Ryder sabia que era
verdade, e sua perspectiva dos últimos dois meses adquiriu uma clareza
repentina e de tirar o fôlego. Era como se todos os seus pensamentos se
desviassem um pouco para a esquerda, uma pequena realização causando
um efeito dominó que levou a várias outras em rápida sucessão.

Luca piscou, a boca se abrindo. — O que?

As palavras saíram de Ryder, sem esforço agora que ele sabia do que
estava fugindo. — Não apenas com raiva - excitado. Apavorado. Alegre. Todo
dia com você é diferente. Eu nunca sei o que você vai dizer ou fazer a seguir.

— E você odeia isso.

— Eu amo isso. Você tem que entender, faz anos desde que eu senti
algo tão intensamente.

Até que ponto ele estava disposto a aceitar isso? A confissão de Luca
o deixou vulnerável, exposto e Ryder lhe devia pelo menos o mesmo nível de
revelação. Ele se fortaleceu, o estômago revirou antes mesmo de começar a

KM
falar.

— Quando você vai para a guerra, você tem que empurrar suas
emoções para baixo, prendê-las - e isso é saudável, porque é a única maneira
de sobreviver a todo o medo, tristeza e horror. Mas então você chega em casa,
e é como se as pessoas esperassem que você simplesmente ligasse um
interruptor e voltasse a ser uma pessoa normal. Não funciona assim.

Ryder engoliu em seco. Isso era ainda mais difícil do que ele esperava;
aquela voz familiar em sua cabeça estava gritando para ele cale a boca, não
fale sobre isso, falar torna real. Luca esperou por ele com muita atenção.

— Eu tentei, disse Ryder, forçando as palavras a passar pela constrição


em sua garganta. — Eu tentei voltar para aquele lugar onde eu poderia me
permitir sentir as coisas sem segurá-las à distância. Mas eles só apareciam
nessas explosões malucas que eu não conseguia controlar, e eu era um perigo
para todos ao meu redor. Então aprendi a controlá-los também. É como estar
embrulhada em algodão - eu ainda posso sentir, mas de uma forma abafada
e nebulosa - e nada realmente conseguia ultrapassá-la. Exceto você. Você
sente tudo muito intensamente, o tempo todo e isto é contagiante. Nos dois
meses em que estive com você, experimentei toda a gama de emoções
humanas de uma forma que eu não tinha sentido há anos.

Luca fechou a distância entre eles, os olhos mais arregalados do que


Ryder já os tinha visto, e colocou a mão no peito de Ryder. Ryder pegou-a e
segurou lá.

KM
— Isso assusta o inferno fora de mim, para ser honesto, mas também
me lembra de como a vida deve ser. E eu quero isso de volta. Eu quero o que
perdi.

— Então por que você está lutando tanto contra isso? Luca perguntou.

— Porque eu tenho vergonha do quanto eu quero você. Não porque


você não é bom o suficiente, mas porque você merece mais do que um
homem adulto que não consegue tirar as mãos de um garoto de dezoito anos.

— Não fale assim! A voz de Luca estalou de raiva. — Você não ver isso
sob esse contexto. O contexto é tudo. É o que torna errado matar alguém por
vingança, mas é aceitável matar em autodefesa. É a diferença entre roubar
porque você é ganancioso e roubar porque seus filhos passariam fome se você
não o fizesse.

— Você percebe que está comparando sexo com assassinato e roubo,


certo?

Luca agarrou o rosto de Ryder com as duas mãos e olhou-o nos olhos.
— Sim, sou mais jovem que você. Sim, você é meu guarda-costas. E sim, em
uma situação diferente, com pessoas diferentes, poderia estar errado. Mas
não assim, Ryder. Não com a gente.

Ryder virou a cabeça para beijar o pulso de Luca. Sua mente estava
em um tumulto, lutando para reconciliar o que ele sentia com a maneira
como sua razão lhe dizia que ele deveria sentir.

KM
— Me dê uma noite, disse Luca. — Uma noite para provar a você que
é certo estarmos juntos.

— Eu não posso te foder, Luca. Eu não posso me deixar cruzar essa


linha. Ele nunca mais conseguiria voltar.

— Não importa. Há outras coisas que eu quero de você também.

Eles se beijaram, de forma suave e hesitante. Luca estava tremendo.


Ou era Ryder? Ele não sabia mais.

— Só desta vez, Ryder sussurrou.

Luca assentiu e puxou-o para um beijo mais profundo. Ryder largou


sua culpa e incertezas e se concentrou no presente, permitindo-se apreciar o
quão bem o corpo de Luca se ajustava ao dele, a forma com que Luca inclinou
a cabeça para trás e ofegou quando Ryder beijou seu pescoço.

Luca tirou Ryder de sua camiseta, fazendo um pequeno barulho sob


sua respiração ao deslizar as mãos pelo abdômen de Ryder até o peito,
mapeando os músculos de lá. Ele pressionou um beijo contra a clavícula de
Ryder, em seguida, seu esterno, em seguida, arrastou os lábios para o mamilo
de Ryder. Ryder colocou uma mão sob o suéter de Luca para acariciar suas
costas e segurou a parte de trás de sua cabeça com a outra, respirando com
dificuldade enquanto Luca explorava seu peito com as mãos e a boca. Então
uma das mãos de Luca caiu para o lado de Ryder e escovou a pele nodosa ali.
Ryder se encolheu.

KM
— O que é isso? Perguntou Luca.

— Uma cicatriz.

— Chamar isso de cicatriz é como chamar o Big Ben de relógio. É


enorme.

Luca não estava exagerando. A cicatriz começou logo acima do quadril


de Ryder e envolveu seu lado antes de subir pelas costas, com meia polegada
de espessura em alguns lugares, tudo isso retorcido e feio - um lembrete
constante do pior dia de sua vida. Luca a traçou com o dedo. Ryder sibilou,
afastando a mão.

— Isso dói?

— Não, mas por favor, não toque.

Para distrair Luca, Ryder o beijou e puxou a bainha de seu suéter de


cashmere. Luca estava feliz o suficiente para ser redirecionado, levantando
os braços para que Ryder pudesse tirar a camisa dele.

Quantas vezes Ryder pensou sobre como seria tocar a pele nua de
Luca? Demais para contar. Ele arrastou a mão para baixo no centro do peito
de Luca, a respiração pegando a suavidade da pele de Luca, o calor. O som
que Luca fez quando Ryder esfregou ambos os polegares sobre seus mamilos
foi direto para seu pênis.

Luca estava olhando para as mãos de Ryder sobre ele com olhos

KM
escuros, boca aberta e ofegante. Depois de um momento, ele pegou o braço
de Ryder e o puxou para a cama, pedindo que ele se deitasse de costas. Ryder
se deixou ser colocado em posição, e foi recompensado por Luca sentando
em seus quadris e correndo as duas mãos sobre seu corpo em círculos
inquietos.

— O quê? Ryder disse, incapaz de interpretar a expressão no rosto de


Luca.

— É apenas... você é tão grande. Tudo sobre você. Eu sinto que estou
sentado em um cavalo.

— E isso não te incomoda?

— Não. Eu sei que você não vai me machucar, ou tentar me controlar.


E apenas o fato de você ser muito mais forte do que eu, mas você está disposto
a deitar aqui e me deixar fazer o que eu quiser com você...-

Luca se inclinou para beijá-lo, apertando sua ereção contra o


abdômen de Ryder. O desencontro em suas alturas significava que o próprio
pênis de Ryder foi deixado tristemente desprovido de atrito.

— O que você vai fazer comigo? Ele murmurou contra a boca de Luca.

— Chupar seu pau. Eu quero ver se consigo te levar profundamente.

— Não se machuque.

Luca soltou uma risada surpresa. — Você é um pouco cheio de si

KM
mesmo, não é? Ele mordeu o lábio inferior de Ryder e puxou antes de soltar.
— Pode ser um desafio, mas tenho certeza que consigo fazer isso.

Ele deslizou pelo corpo de Ryder, puxando a calça de moletom de


Ryder com ele enquanto deslizava sobre ele. Ryder separou as pernas para
que Luca pudesse se deitar entre elas. Seu pênis latejava apenas com a visão
de Luca ali, já tão duro que era doloroso.

Em vez de mergulhar direto, como Ryder esperava, Luca pegou o pau


de Ryder e fodidamente cheirou ele, esfregando o rosto contra o eixo como
um gato, respirando o cheiro da pele de Ryder. Era tão ridiculamente sexy
que Ryder foi tomado pela vontade de ter certeza de que Luca não estava
apenas fazendo isso para fazer algum tipo de show para ele.

— Luca, disse ele.

— Hmm? Luca levantou a cabeça. Seus olhos estavam aturdidos,


pupilas tão dilatadas que ele parecia chapado.

Deus. Ryder apenas balançou a cabeça, roçando os dedos contra a


bochecha quente e corada de Luca. Luca sorriu e abaixou a cabeça, beijando
a base do pênis de Ryder antes de se mover ainda mais baixo. Ele arrastou a
língua sobre a costura do saco de Ryder, em seguida, tomou seu tempo
lambendo e chupando cada bola, por sua vez, as mãos amassando as coxas
de Ryder. Quando ele finalmente voltou sua atenção para o pênis de Ryder,
foi apenas para apertar sua língua contra a ponta até que Ryder grunhiu com
superestimulação. Luca levou apenas a cabeça à boca e cuidou dela,

KM
mantendo uma mão movendo-se lentamente pelo eixo.

— Você é uma porra de um provocador, Ryder gemeu, nem um pouco


descontente com essa descoberta.

Luca engoliu seu pênis centímetro por centímetro torturante, devagar


e úmido e desfrutando completamente, até onde Ryder podia dizer. A
pressão perfeita e escorregadia de sua boca, a carícia de sua língua perversa
- tudo isso era esmagador. Tentando lembrar como respirar, Ryder
descansou a mão na cabeça de Luca.

Ele só tocou muito leve e brevemente o cabelo macio e sedoso antes


de Luca se afastar, liberando seu pênis. — Não toque minha cabeça, disse
Luca.

— Desculpe. Ryder realmente deveria ter adivinhado que Luca não


gostaria disso.

Luca beijou sua coxa para mostrar que ele não estava chateado, então
voltou ao trabalho. Precisando de algum tipo de âncora, Ryder colocou as
mãos nos lençóis. Foi sorte ele ter, porque seu pênis de repente deslizou
profundamente na garganta de Luca, e o cérebro de Ryder se desligou. Ele
jogou a cabeça para trás com um grito assustado.

Luca continuou, levando mais e mais até que ele chegasse a alguns
centímetros da raiz. Ele tossiu e saiu, esfregando a garganta.

— Não...- não force, disse Ryder, mal conseguindo juntar as palavras.

KM
— Eu posso fazer isso.

Luca respirou fundo algumas vezes antes de engolir o pênis de Ryder


novamente. Ryder podia sentir a tensão na garganta de Luca em torno dele.
Parecia que ele deveria dizer algo, convencer Luca de que ele estava
perfeitamente feliz com um boquete normal - mas antes que Ryder pudesse
coordenar sua boca com seu cérebro, os músculos de Luca relaxaram de uma
vez, e sua boca deslizou o resto do caminho até que seu nariz estava
descansando contra a pele de Ryder.

— Oh, meu Deus. Ryder tinha certeza que seus olhos estavam abertos,
mas ele não podia ver nada. Ele não estava... ele não podia... Jesus Cristo,
seu pau inteiro estava na garganta de Luca. Não era frequente que um
homem pudesse levar tudo dele assim, mas Luca era quente e molhado e
acolhedor.

Luca ficou lá por alguns minutos - ou foi por algumas horas? –


Fazendo garganta profunda em Ryder com movimentos rasos e engolindo
em torno dele uma e outra vez. Levou todo o autocontrole de Ryder para não
empurrar, sabendo que havia uma chance legítima de ele ferir Luca se ele
fizesse. Seus músculos estavam tensos e apertados, os dedos doendo onde
eles agarravam os lençóis. Ele podia se ouvir balbuciando, mas as palavras
eram completamente sem sentido. Não era apenas a sensação da boca de
Luca sobre ele que estava fazendo seu cérebro explodir de forma tão
espetacular - era ter de se conter, o desafio de ter que se manter mesmo sob
um ataque de prazer que destruiria a capacidade de pensamento racional de

KM
qualquer homem .

Quando as coxas de Ryder começaram a tremer de tensão, Luca


recuou para uma profundidade mais razoável e acelerou as chupadas,
movendo uma mão no tempo com a boca e usando a outra para estimular os
quadris de Ryder a se movimentarem. Finalmente capaz de ceder aos
impulsos de seu corpo, Ryder fodeu a boca de Luca - não muito forte,
deixando Luca guiá-lo - e forçou sua visão cintilante a se concentrar na visão
da cabeça de Luca oscilando em seu colo. Era demais, incrível demais, e
quando Ryder olhou mais para baixo e viu o jeito que Luca estava se
esfregando na cama, ele sabia que tudo estava acabado.

Com uma última tentativa de boas maneiras, Ryder ofegou: — Luca,


eu estou perto.

Luca apenas gemeu, o som estridente e necessitado enviando ondas


de choque através do pênis de Ryder. Ele realmente não esperava que Luca
parasse, de qualquer forma. Seus olhos se fecharam e suas costas se
curvaram, e ele bateu a mão na própria boca a tempo de abafar seu grito
quando jorrou na garganta de Luca.

*****

De alguma forma, Luca tinha esquecido o quão duro Ryder gozava -

KM
era como se estivesse sendo borrifado na boca com uma mangueira de
incêndio. Ele engasgou um pouco, engolindo o melhor que pôde. Quando o
pau de Ryder parou de pulsar, Luca lambeu tudo o que ele tinha perdido e
esfregou o rosto contra a coxa de Ryder, querendo absorver o cheiro
inebriante dele. Ele ainda estava meio em choque que Ryder tinha deixado
ele fazer isso.

A mão de Ryder se fechou ao redor da que Luca tinha espalhado sobre


o estômago e puxou. — Venha aqui.

— Eu te disse que eu poderia fazer isso, disse Luca, deslizando o corpo


de Ryder para deitar em cima dele. Sua voz era tão rouca quanto a de um
fumante por toda a vida. Ele teria uma dor de garganta amanhã, mas valera
a pena.

Enquanto ele estava se concentrando em chupar o pau de Ryder, Luca


tinha sido capaz de empurrar sua própria excitação de lado - mas agora tudo
voltava, quente e urgente. Luca se esfregou contra Ryder enquanto eles se
beijavam, desesperadamente desconfortável em seu jeans, mas não estava
disposto a tirar suas mãos de Ryder por tempo suficiente para fazer algo
sobre isso. Ele poderia realmente gozar assim, moendo seu pênis contra os
planos duros e musculosos do abdômen de Ryder.

No entanto. Ryder parecia ter outras ideias. Ele enfiou os dedos nos
cintos do jeans de Luca e disse: — Levante.

Luca se sentou, com as coxas abertas dos dois lados dos quadris de

KM
Ryder. Ele observou com uma sobrancelha franzida quando Ryder pegou o
segundo travesseiro na cama e levantou a cabeça ainda mais, em seguida,
puxou o jeans de Luca novamente.

Luca demorou alguns segundos para descobrir o que Ryder pretendia,


mas quando o fez, soltou um gemido trêmulo e avançou até que ele estava
sentado no peito largo de Ryder. Ryder ficou parado, as mãos nas coxas de
Luca, os olhos fixos na protuberância no jeans de Luca - claramente
esperando que Luca assumisse a liderança. Luca abriu a calça jeans e tirou
seu pênis, segurando-o com uma mão enquanto ele guiava para a boca de
Ryder.

Ryder segurou os quadris de Luca, ajudando-o em um ritmo


constante que era bom para os dois. Luca apoiou as mãos na cabeceira da
cama e balançou na boca de Ryder, mordendo o lábio em uma tentativa mais
ou menos inútil de ficar quieto. Ryder não estava tendo problemas para
engolir seu pênis; o doce e úmido deslizamento causando estragos nos nervos
de Luca. Ele não queria se envergonhar - ou dar a Ryder outro lembrete de
sua idade - mas ele estava muito excitado para durar muito tempo.

Quando a situação estava se tornando crítica, Ryder puxou os quadris


de Luca para trás até que seu pênis escorregou de sua boca, em seguida,
pressionou um beijo na parte de baixo. — Tire suas roupas para que eu possa
comer você, disse ele, baixo e escuro.

Por um segundo, Luca não conseguiu nem respirar; ele quase gozou

KM
somente com a sugestão. Então ele fez um ruído totalmente humilhante e
tirou seu peso de cima de Ryder, tirando seus jeans e roupas íntimas em
tempo recorde antes de voltar para o rosto de Ryder.

Os dedos calejados de Ryder acariciavam a pele de Luca, explorando


suas bolas, períneo e buraco com um leve toque. — Jesus, você é lindo. Olhe
para esse doce buraco.

Ele espalhou as bochechas de Luca e beijou o objeto de sua admiração.


Luca gritou, somente aquela simples e íntima pressão dos lábios varrendo
seu corpo como um incêndio. Mais alguns beijos molhados, e depois a língua
de Ryder traçou ao redor do aro, parando de vez em quando para agitar
provocativamente no centro.

Luca cruzou os braços na cabeceira da cama e baixou a cabeça contra


eles deixando escapar um gemido indefeso. Seu pênis estava tão duro que ele
podia sentir a pulsação de seu batimento cardíaco nele.

Ryder fechou a boca ao redor do buraco de Luca e chupou, fazendo


Luca ofegar. Ele soltou um suspiro quente sobre a pele de Luca e, em seguida,
cutucou o buraco de Luca com a ponta de sua língua, buscando entrada.

— Sim, coloque isso dentro de mim...-

A língua de Ryder o penetrou, molhada e forte, empurrando para


dentro e para fora do buraco de Luca com golpes rasos. Luca manteve a
própria boca contra o braço, usando-o para sufocar seus gemidos enquanto

KM
seus quadris se contorciam e ele se fodia na língua de Ryder. Eram os sons
que Ryder estava fazendo, tanto quanto a sensação, que estavam dirigindo
Luca louco - com fome, ansiosos ruídos, como um homem faminto a quem
foi servido uma refeição de cinco pratos.

Ryder parou por um segundo. Quando sua língua retornou, foi


acompanhado por um dedo molhado de cuspe o qual ele empurrou
profundamente dentro de Luca.

— Porra, sim, oh Deus, Luca nem se importava com a falta de


lubrificação real, não se fosse apenas o único dedo. E foda-se, parecia
exatamente do jeito que ele imaginou, grande e grosso e um lembrete
delicioso de que, apesar de Ryder ser maior que ele, mais forte que ele, ele
deixou Luca se sentar em seu rosto e desfrutar isso…

Ryder lambia seu dedo e então fodia Luca com ele. Então ele
encontrou próstata de Luca e pressionou firmemente contra ela, e Luca
gritou para contra seu próprio braço antes de levantar a cabeça.

— Ryder, eu preciso...- ...eu preciso...- Luca não conseguia nem


terminar o pensamento, apenas se moveu o suficiente para conseguir seu
pênis na boca de Ryder novamente. Seus quadris estalaram empurrando na
garganta de Ryder mais e mais... Deus, fodendo o rosto de Ryder, e Ryder o
deixou, apenas pegou cada estocada e manteve o dedo dentro do buraco de
Luca, batendo na próstata com pulsos rápidos e implacáveis. Luca empurrou
todo o caminho para dentro da boca de Ryder, se enrolando em si mesmo

KM
enquanto ele jorrava na garganta de Ryder.

Quando ele conseguiu se mover novamente - o que demorou o


suficiente para que Ryder tivesse deixado seu pênis e começado a beijar o
interior de suas coxas - Luca se endireitou. Ele sibilou ao sentir o dedo de
Ryder deslizando para fora dele e desmoronou sobre o colchão desossado.
Ryder se virou para ele.

Não foi preciso um gênio para interpretar a expressão no rosto de


Ryder. — Você pode me beijar eu não me importo, disse Luca.

Ryder chegou mais perto de Luca e beijou-o lentamente, deixando-o


provar a si mesmo nos lábios e na língua de Ryder. Luca geralmente não
gostava muito desse contato físico depois do sexo, mas ele sentiu uma
vontade sem precedentes de ficar perto de Ryder, para continuar a tocá-lo
apesar de ambos estarem satisfeitos. Ele correu uma mão hesitante até o lado
de Ryder, o que não pareceu incomodar Ryder.

Depois que o beijo terminou, Luca disse: — Agora, olhe nos meus
olhos e me diga que o que acabamos de fazer foi errado.

O polegar de Ryder roçou o lábio de Luca. — Você sabe que não posso.

— Então...-

— Não muda nada, Luca, disse Ryder, parecendo angustiado. — Eu


gostaria que tivesse, mas isso não acontece. Eu ainda teria vergonha de dizer
a quase qualquer um que eu conheço que eu toquei você assim. É isso mesmo

KM
que você quer? Outro homem que tem que esconder a maneira como ele se
sente sobre você?

— Eu não me importo com isso.

— Sim, você faz.

Ok, então ele se importava, mas ele estaria disposto a lidar com isso.
Luca tentou novamente. — Nós poderíamos ver como isso acontece. Pode
não sair do jeito que você pensa.

Ryder balançou a cabeça. — Eu tenho que... o homem que eu tenho


visto, Andy - eu tenho que dar uma chance. Quer dizer, se ele me perdoar por
traí-lo, o que eu não tenho certeza se vai acontecer. Mas eu tenho que pelo
menos tentar fazer isso funcionar com ele. Se você e eu apenas continuarmos
caindo na cama juntos, e terminar mal, eu sempre me culparia por não ter
sido mais cauteloso. Eu não posso te fazer passar por isso; não é justo.

Ele parecia inseguro, e Luca sabia com total certeza que se ele apenas
empurrasse com firmeza agora, Ryder iria desistir. Tudo o que precisaria era
de um pouco de pressão, talvez um pouco de culpa, e Ryder seria dele - ele já
havia se rendido. Mas isso não era o que Luca queria. Ele não queria que
Ryder cedesse, ele queria que Ryder escolhessem ele. Ele queria que as
reservas de Ryder fossem apagadas, não suprimidas.

E se era isso que Luca queria, havia apenas uma resposta que ele
poderia dar.

KM
— Então tente, disse ele.

Ryder não poderia ter parecido mais chocado se Luca o tivesse


esbofeteado com um peixe-gato. Sua boca se abriu, mas nenhuma palavra
saiu.

— Estou falando sério, disse Luca, desejando com todas as suas forças
que ele não estivesse cometendo um terrível erro. — Experimente. Eu te darei
espaço enquanto você descobre isso - eu não flertarei, ou tocarei em você ou
tentarei levá-lo para a cama. Faça o que tiver que fazer. E quando você
perceber que o que você está fazendo não vai fazer você feliz...- Luca acariciou
a bochecha de Ryder e respirou fundo. — Você sabe onde me encontrar.

KM
Capítulo Vinte e Dois

— Não, eu não quero ouvir sobre o seu sexo hetero repugnante, disse
Luca ao telefone. — Bruto.

Ryder sorriu, encostado na parede do lado de fora da porta aberta do


quarto de Luca, esperando que Luca terminasse sua conversa para poder
esquiar. Davenport finalmente cedeu e ligou para Luca no dia anterior para
se desculpar; Luca ficou tão aliviado que Ryder não conseguiu encontrar
nenhuma justificativa em si mesmo para ficar irritado. Quer acreditasse ou
não no que Luca tinha dito sobre a natureza de seu relacionamento,
Davenport era um bom amigo, e isso era algo que Luca precisava.

— Por favor, eu não quero saber... espere, o que? Luca estava


vasculhando sua cômoda, abrindo todas as gavetas e vasculhando o conteúdo
antes de fechá-la e passar para a próxima. — Não, eu não acho que seja muito
antigo. Estilo puma.

Luca saiu da cômoda para a escrivaninha, afastando os papéis que


cobriam a superfície e depois remexendo nas gavetas. Ryder se perguntou o
que ele estava procurando.

KM
Aparentemente, Davenport se perguntou a mesma coisa, porque Luca
disse: — Eu não consigo encontrar meu carregador. Estou ouvindo, eu juro.

Ryder sabia onde o carregador de celular de Luca estava sem ter que
olhar. Luca o perdia a cada dois dias, e estava sempre sob a mesa de
cabeceira, e esse sempre era o último lugar que ele conferia. Quando Ryder
apontou isso para ele, Luca deu a ele um olhar penetrante o suficiente para
murchar as flores.

— Ash, sério, pare com isso. Eu sou gay por uma razão, você sabe...-
Luca parou quando se sentou na beira da cama, e então um olhar de horror
tão profundo cruzou seu rosto que Ryder quase riu em voz alta. — Você está
fazendo isso de propósito.

Ryder ouviu atentamente qualquer indício de ciúme na voz de Luca,


mas não ouviu nada. Isso não significa necessariamente que Luca não tinha
sentimentos por Davenport; algumas pessoas simplesmente não ficavam
com ciúmes do sexo casual. Ryder não tinha como saber os sentimentos de
Luca sobre o assunto.

Luca abriu a gaveta do criado mudo, olhou para dentro e fechou-a.


Seus olhos se iluminaram quando eles caíram no carregador de celular meio
escondido debaixo da mesa de cabeceira.

— Eu acho que você tem sorte de eu não ter desligado você ainda, disse
ele, inclinando-se para pegar o carregador. — Eu...- ah! Luca soltou um grito
de dor e puxou o telefone para longe de sua orelha.

KM
Isso chamou a atenção de Ryder imediatamente, dando um passo
para o quarto. Luca olhou para o telefone, desnorteado, depois levou-o de
volta ao ouvido. Ele se abaixou. Assim que a cabeça dele ficou no mesmo nível
da mesa de cabeceira, ele se encolheu de novo e se sentou.

— Ash, espere um segundo. Luca viu Ryder parado do lado de dentro


da porta e acenou para ele, segurando o telefone.

Com um sentimento de afundamento, Ryder pegou o telefone e se


ajoelhou no chão na frente de Luca. Segurando-o a poucos centímetros da
orelha, ele abaixou até ouvir um guincho horrível e agudo de feedback.

— Que barulho é esse? Davenport disse do outro lado da linha.

Ryder moveu o telefone para baixo e o feedback desapareceu. Em


seguida, voltou-o de novo - mais feedback até que ele levantou o telefone
acima da mesa de cabeceira. Foda-se, foda-se.

Ele entregou o telefone de volta para Luca, levando um dedo até os


lábios. Luca assentiu e disse: — Só mais um minuto, para Davenport.

Ryder arrancou um lenço de papel da caixa na mesinha de cabeceira


de Luca e segurou-o sobre os dedos enquanto corria ao longo das bordas da
madeira. Nada, apenas o deslizamento suave do carvalho lixado. Ele
verificou a parte traseira, os lados, o fundo. Nada ainda.

Ele ainda podia ouvir a voz de Davenport pelo telefone, embora não
as palavras reais. — Espere, disse Luca, ansiedade dando uma vantagem a

KM
sua voz.

Ryder puxou a gaveta do criado mudo e acariciou seus dedos sobre


cada lado, então os colocou por baixo. Lá - um objeto pequeno e duro estava
alojado em um canto na parte de baixo da gaveta. Ele apertou-o entre o
polegar e o indicador e puxou gentilmente. A coisa veio facilmente com um
pouco de pressão.

— Ash, eu vou ter que ligar de volta, disse Luca, olhando para o
pequeno aparelho preto na mão de Ryder.

Ele desligou o telefone sem mover os olhos. Ryder colocou o lenço na


mesinha de cabeceira e levantou-se, gesticulando para Luca segui-lo. Uma
vez que eles estavam no corredor, ele fechou a porta do quarto.

Luca cruzou os braços, algo que só fazia quando não queria que as
pessoas vissem que suas mãos tremiam. — Isso é um grampo?

— Sim. Um caro também. Ryder soltou um suspiro, concentrando-se


no problema imediato, em vez de nas implicações mais amplas. — Quantas
pessoas estiveram no seu quarto desde que chegamos aqui?

Você, Phoebe, Georgina. Sheila Minha mãe uma vez. Um... um par da
equipe de limpeza, eu acho. Ninguém...-

Eles chegaram ao mesmo entendimento simultaneamente. Os olhos


de Luca se arregalaram de horror, mas ele não disse nada.

KM
Bem, se Luca não ia dizer isso, Ryder teria que fazê-lo. — O homem
com quem você dormiu na festa da sua mãe - qual era o nome dele? Por
favor, Deus, deixe Luca se lembrar disso.

— René Duval. Mas ele não iria...- por que ele iria?

Nos dois dias seguintes à sua noite juntos, Luca manteve sua
promessa; não houve uma única palavra ou olhar de paquera entre eles. A
vibração era um pouco estranha às vezes, mas Ryder tinha descoberto que
enquanto eles não se tocassem, era possível que eles estivessem em volta um
do outro sem que suas conversas se transformassem em discussões - ou sexo,
que era o que Ryder mais temia.

Agora, no entanto, Ryder não hesitou em puxar Luca em um abraço.


Luca enrijeceu de surpresa, em seguida, passou os braços em volta da cintura
de Ryder e pressionou o rosto contra o peito de Ryder. Ele estava tremendo
como uma folha. Ryder beijou o topo de sua cabeça.

— Não entre em pânico, disse ele. — Nós vamos descobrir isso, ok?
Tudo vai ficar bem.

Foi um alívio agradável saber que ele podia segurar Luca dessa
maneira sem sentir qualquer excitação. Quando Luca parecia ligeiramente
mais calmo, Ryder recuou, segurando-o pelos ombros.

— Vou contar a Hurst e Christianson o que está acontecendo, e depois


vou chamar a polícia. Tudo bem?

KM
Luca assentiu, ficando no corredor enquanto Ryder acordava
Christianson e explicou a situação para ela. Então Ryder levou Luca para a
cozinha, onde Hurst estava almoçando, e deixou-o sob sua supervisão antes
de ligar para a delegacia local.

Isso resolvido, Ryder verificou o cronograma de segurança em seu


telefone. Clarke estava de folga, o que significava que ele provavelmente
estava dormindo em um dos quartos no andar de baixo. Em vez de acordá-lo
em pessoa - o que Ryder tinha a sensação de que ele não apreciaria - Ryder
ligou para ele.

Clarke atendeu no quarto toque. — O que? Ele disse, grogue.

— Eu encontrei um grampo no quarto de Luca.

Todos os vestígios de sono desapareceram da voz de Clarke. — Eu já


estou indo.

Ele se juntou a eles no andar de cima menos de cinco minutos depois.


Luca estava sentado à mesa da sala de jantar, segurando uma caneca de chá
que Christianson lhe fizera e do qual ele ainda não tinha bebido um único
gole.

— Eu preciso dos nomes de todas as pessoas que estiveram no seu


quarto, disse Clarke enquanto se sentava à mesa.

Luca citou a mesma lista que ele dera a Ryder, terminando com Duval.
Clarke franziu a testa para as anotações que estava fazendo.

KM
— René Duval? Quem é esse?

— Ele veio para a festa da minha mãe. Eu dormi com ele.

Clarke deu a Ryder um olhar levemente acusatório, o que fez Ryder se


arrepiar. Não era seu trabalho dizer a Luca quem ele poderia foder, e Duval
não mostrara nenhum sinal de que pudesse ser algum tipo de ameaça.

— Acho que todos podemos concordar que Duval é o mais provável


culpado, disse Clarke. — Teria sido possível para ele plantar o grampo sem
que você percebesse?

— Sim.

— Mas você não viu ele fazer isso?

— Não. Eu sei que ele tocou a mesa de cabeceira, abriu a gaveta. Mas
eu... Luca olhou para o chá e respirou fundo. — Eu estava de costas para ele
por... por um tempo.

Embora as palavras de Luca fossem ambíguas, o rubor nas bochechas


dele era tudo menos isso. Ninguém na mesa ficou em dúvida sobre o que
exatamente havia acontecido entre ele e Duval. Ryder se perguntou, com
uma onda de ciúme irracional, o quanto Luca tinha gostado.

Tanto para dar um alívio a Luca quanto para levar as coisas adiante,
Ryder disse: — A boa notícia é que se foi Duval, ele não usou luvas. Pode
haver impressões digitais no grampo.

KM
— Por que ele se daria ao trabalho de plantar um grampo com suas
impressões por toda parte? Disse Christianson.

Hurst encolheu os ombros. — Por que plantar um grampo tão fácil de


encontrar em primeiro lugar? Não tem nenhum tipo de medidas de detecção.
Mesmo que Luca não o tivesse encontrado hoje, teríamos encontrado
amanhã durante a varredura semanal.

Antes que alguém pudesse responder, o guarda do perímetro ligou


para Ryder para avisá-lo que a polícia havia chegado.

A hora seguinte foi um turbilhão de atividades, quando dois policiais


uniformizados pegaram o grampo e receberam as declarações de Ryder e
Luca. Clarke aproveitou o tempo para passar pela lista da segurança que
continha o nome dos convidados da festa e recuperar o arquivo de Duval.
Como a festa foi realizada na casa dos D'Amatos, cada convidado tinha um
breve dossiê de segurança de uma página, incluindo uma fotografia que os
guardas usaram para comparar os nomes aos rostos na porta.

Ele entregou uma cópia para a polícia e outra para Luca. — Este é o
homem certo?

— Sim, disse Luca, olhando para a foto.

— Eu pensei que ele poderia ter usado o nome de outro convidado


para se apresentar a você, mas eu acho que não. Clarke se virou para os
oficiais. — Seu endereço está na folha. Você será capaz de trazê-lo?

KM
— Podemos questioná-lo, mas não temos o suficiente para fazer uma
prisão. Se as impressões dele estiverem no dispositivo, poderemos obter um
mandado, mas isso pode demorar alguns dias.

— O que vai acontecer com ele? Perguntou Luca. — Quero dizer, se


você puder provar que foi ele, qual é a...- ...a punição para as pessoas que
fazem coisas assim?

Embora nenhum dos policiais tivesse sido nada além de cortês, um


deles - um homem mais velho e corpulento, com sobrancelhas insanamente
sombrias, cujo nome era Sheridan - vinha lutando contra o escárnio desde
que descobrira que Luca havia dormido com Duval. Ryder teve a nítida
impressão de que a única razão pela qual ele não tinha dito nenhum absurdo
homofóbico era porque ele sabia quem era a mãe de Luca.

Neste momento, Sheridan disse: — Provavelmente não muito.


Grampear alguém é uma contravenção de classe um no Colorado. Ele pode
impetrar alguma pena de prisão, mas se ele não tem ficha criminal, é mais
provável que ele saia com uma multa - especialmente se o juiz achar que a
ofensa não foi tão séria.

Seu tom implicava que nenhum juiz em sã consciência pensaria que


isso era sério. Na verdade, suas palavras estavam repletas da insinuação de
que todo homem gay ouvira pelo menos uma vez na vida: o que mais você
espera de um casal de bichas?

O parceiro de Sheridan também pareceu entender isso, porque ele

KM
lançou um olhar severo para Sheridan antes de estender a mão para Luca. —
Mas se Duval fez isso, você não terá problemas em tomar uma medida
cautelar contra ele. Ele não será capaz de incomodá-lo novamente.

Os oficiais saíram logo depois, prometendo estar em contato. Luca se


queixou de uma dor de cabeça e se retirou para o quarto. Ryder considerou
segui-lo - ele ainda era tecnicamente o guarda-costas de plantão - mas algo
sobre a situação era irritante para ele. No final, ele enviou Hurst e
Christianson com Luca e ficou na sala de jantar com Clarke.

Luca havia deixado o arquivo de segurança de Duval na mesa. Ryder


puxou para si mesmo, procurando por alguma dica. — Duval não tem motivo,
disse ele.

— Eu estive pensando a mesma coisa, disse Clarke. — As pessoas


tentam plantar grampos na propriedade dos D'Amatos o tempo todo, mas
sempre nas salas principais ou no escritório de D'Amato - em algum lugar
que eles acham que podem ouvir informações sobre a Fairburn Howard. Do
ponto de vista da espionagem corporativa ou da sabotagem, não há motivo
para escutar o quarto de Luca.

— A única outra possibilidade que posso pensar é que ele queria


conhecer os planos de Luca com antecedência para que ele pudesse organizar
algum tipo de emboscada. Mas Duval plantou o grampo há uma semana, e
Luca já esteve em toda Aspen desde então sem problemas. E Duval não tem
nenhum motivo para ferir Luca também.

KM
— A menos que seja o motivo mais básico de todos.

— Você acha que alguém pagou para ele fazer isso?

— Isso faria sentido.

Ryder se recostou na cadeira, considerando. Quem pagaria a Duval


para grampear o quarto de Luca e por quê? Poderia ter sido Warren Gray, à
procura de vingança, ou qualquer um dos vários inimigos de D'Amato,
procurando por... Deus sabe o quê. Eles simplesmente não tinham
informações suficientes. — Eu vou ligar para Jo, ver se ela pode cavar um
pouco mais, disse ele.

Jo Spitzer era o investigador particular da Fairburn Howard


empregado em uma base exclusiva. Ryder sempre achou que dizia algo sobre
as práticas de negócios de Fairburn Howard que eles tinham que ter uma PI
em tempo integral, mas eles estavam longe de ser a única empresa a fazê-lo.

Clarke assentiu. — Boa ideia. Vou ligar para D'Amato e avisá-la do que
está acontecendo. Ele se levantou, tirando o celular do bolso enquanto saía
da sala. Ryder não invejou essa conversa.

O número de Jo estava programado em seu celular. Foi só depois que


ele discou que Ryder considerou a possibilidade de ela estar de férias esta
semana.

Felizmente, ela não estava. — Jo Spitzer, disse ela. Sua voz era tão
rouca que, quando interpretada de acordo com o nome dela, era fácil

KM
confundi-la com um homem por telefone.

— Ei, Jo, é Jacob Ryder.

— Ryder! Faz tempo que não nos falamos.

— Sim, já faz um tempo. Alguma chance de você fazer uma verificação


de antecedentes para mim?

— De quão meticulosa estamos falando?

— O mais completo possível.

— Vocês estão tendo problemas aí? Ela perguntou.

— Um pouco.

— Bem, qualquer coisa para você, Ryder, você sabe disso.

— Qualquer coisa para mim, ou qualquer coisa para o filho da chefe?

Jo riu. — A mesma coisa, não é? Qual o nome?

Ryder deu-lhe todas as informações no arquivo de Duval, bem como


um rápido resumo da situação. Ela desligou com garantias de que ligaria de
volta assim que encontrasse alguma coisa.

Ryder não queria apenas ficar sentado em suas mãos enquanto


esperava que Jo e a polícia fizessem sua parte, mas não havia muito mais que
ele pudesse fazer. Luca havia se escondido em seu quarto e provavelmente

KM
estaria lá em um futuro previsível. Precisando se sentir pelo menos um pouco
produtivo, Ryder pegou seu laptop e abriu o arquivo que ele e Clarke estavam
mantendo sobre os ataques e na busca pela toupeira.

Ele releu o documento do começo ao fim. O primeiro incidente fora a


emboscada daqueles malucos políticos fora do consultório da Dra. Andersen,
na primeira semana em que Luca estivera em casa. Isso lhes deu pistas sobre
a existência da toupeira. Então houve a tentativa de sequestro na 207 - que
não foi necessariamente devido à toupeira - e a perseguição de Glauser, que
a ajuda de Gray havia rapidamente agravado. Certamente havia algum tipo
de vazamento de informações envolvido no último evento, porque não havia
outra maneira de Gray saber que Glauser era um ponto de pressão
apropriado. Finalmente, René Duval seduzira Luca para conseguir grampeá-
lo, provavelmente porque alguém lhe pagara para fazê-lo.

Por mais que tentasse, Ryder não conseguia ver nenhuma conexão.
Alguém havia avisado os perpetrantes, mas por quê? Não havia muito
dinheiro em ativismo antiempresarial. Poderia ter sido motivado por
ideologia política - mas então, por que essa mesma pessoa se voltaria e daria
informações a Warren Gray, CEO de uma corporação que fornecia aeronaves
para os militares americanos? Claro, não havia provas de que fosse a mesma
pessoa.

D'Amato tinha certeza de que Gray também estava por trás da


tentativa de sequestro, mas Ryder não estava convencido. Esse fora um
trabalho brutal e profissional de mercenários experientes, um evento a

KM
quilômetros de distância de apenas um homem obcecado pressionando um
adolescente. Com toda a probabilidade, eles estavam olhando para dois
inimigos distintos - talvez até três, um pensamento que gelava o sangue de
Ryder. As atividades de Duval criavam o espectro de um quarto inimigo,
embora, na opinião de Ryder, isso tivesse as impressões digitais sorrateiras
e dissimuladas de Gray por toda parte.

Ele estava editando o arquivo para incluir os últimos


desenvolvimentos quando Clarke voltou para a sala de jantar, parecendo
sombrio.

— D'Amato está voltando para casa? Ryder perguntou.

— Não, ela está indo direto para a delegacia de polícia.

Para intimidá-los a prender Duval, sem dúvida. Ryder suspirou.

— Vou providenciar para que a varredura seja feita hoje, disse Clarke.
— Não podemos esperar até amanhã; Duval poderia ter deixado grampos por
toda a casa. E estou intensificando a segurança, apenas no caso.

Ryder continuou trabalhando enquanto Clarke fazia chamada após


chamada, mudando a data da varredura de vigilância e mudando os horários
dos guardas. Que forma para Clarke passar o seu dia de folga, mas isso vinha
com as obrigações de ser chefe de segurança de D'Amato.

Pouco depois, o telefone de Clarke tocou. Ele franziu a testa para o


identificador de chamadas e levantou-se, dando alguns passos para longe. —

KM
Harrison Clarke.

Antes que Ryder pudesse imaginar o que era aquilo, seu próprio
telefone tocou - Jo, ligando de volta para ele.

— Você nunca vai adivinhar o que eu encontrei, disse ela, alegre.

— O que?

— Bem, René Duval está limpo como um cristal. Ele é um emigrante


francês, veio para a faculdade e nunca mais voltou. Sem antecedentes
criminais, trabalha em P&D na Vermillion Global, as verificações de crédito
são boas. Mas, em 2007, ele foi acusado de espionagem corporativa.

— Apenas acusado?

— Sim. Não havia provas concretas contra ele, então as acusações


foram retiradas. Na verdade, o caso foi tão fodido que Vermillion deu uma
promoção e um escritório brilhante para Duval, apenas para impedi-lo de
processá-los. Alguém estava vazando informações, porém, porque esse novo
motor Vermillion estava sendo desenvolvido, bem debaixo de seus narizes -
bem, adivinhe.

Ryder fechou os olhos. — Gray Aeronautics.

—Bingo. E esse inexplicável roubo de propriedade intelectual


coincidentemente aconteceu três meses depois que Duval veio para
Vermillion - da GA, naturalmente.

KM
— Filho da puta.

— Sim. Ele é um bastardo escorregadio - um bastardo escorregadio


cuja conta corrente recebeu uma infusão de US $ 50.000 em dinheiro na
semana passada.

— Eu gostaria de saber como você conseguiu isso?

A voz de Jo estava cheia de inocência ferida. — Eu não tenho ideia do


que você está querendo dizer.

— Claro que não. Você foi uma grande ajuda, Jo. Obrigado.

— A qualquer momento.

Ele desligou, com a intenção de dar as informações para Clarke, mas


ele ainda estava no telefone. Ryder ouviu o final de sua conversa.

— Entendo. Sim, eu entendo. Obrigado por me avisar. Clarke


terminou a ligação, franzindo a testa para o telefone como se este estivesse
escondendo alguma coisa dele.

— O que foi? Disse Ryder.

— Duval confessou.

— O que?

— Os policiais o trouxeram para interrogatório, e ele apenas...


confessou a coisa toda. Nem tentou negar isso. Mas ele disse a eles que está

KM
apaixonado por Luca, que ele plantou o grampo para descobrir se Luca estava
dormindo com mais alguém.

A boca de Ryder caiu aberta. — Isso é treta. Duval e Luca nunca se


encontraram antes daquela noite.

— Você e eu sabemos disso, mas a polícia não - e eles não se


importariam, mesmo que eles soubessem. A confissão de Duval permite que
eles encerrem esse caso perfeitamente sem um julgamento. Ele está saindo
com um ano de liberdade condicional e seis sessões de terapia obrigatória.

Sem mencionar uma bolada de cinquenta mil. O que diabos estava


acontecendo? Uma suspeita terrível fez cócegas na parte de trás do cérebro
de Ryder, mas ele não queria compartilhar ainda. Em vez disso, ele fechou o
laptop e se levantou. — Duval ainda está na estação?

— Sim, vai demorar um pouco para finalizar a papelada. Por quê?

— Porque tenho algumas perguntas que só ele pode responder. Eu


estou indo para lá.

— Tem certeza de que essa é a melhor ideia?

— Não. Ryder pegou seu casaco no armário. — Você vem?

— Droga, eu dirijo, disse Clarke.

No caminho para a delegacia, Ryder ligou para Hurst para avisá-la


para onde estavam indo. Ele não ficou surpreso quando ela disse a ele que

KM
Luca ainda não tinha saído do quarto dele. Duval ia pagar por isso.

— D'Amato ainda está aqui, disse Clarke ao entrar no estacionamento


da estação. Ele apontou para os dois Range Rovers pretos perto da entrada.

Quando ele e Ryder entraram no saguão, a primeiro a pessoa que eles


viram foi Isabelle Holloway, a guarda-costas sósia de D'Amato. Ela ergueu as
sobrancelhas quando os viu.

— O que vocês estão fazendo aqui?

— Esperando conseguir uma palavra com Duval. Onde está D'Amato?

— No escritório do capitão. Ela não está entusiasmada com o acordo


que Duval fez.

— Ele ainda está aqui?

Holloway gesticulou em direção a uma cela provisória. Depois de um


labirinto de mesas e policiais, Ryder viu Duval encostado em um balcão,
falando com o sargento da recepção. Ele estava sorrindo, relaxado, quase...
alegre. Parecia que ele poderia assobiar a qualquer momento.

E Ryder soube que suas suspeitas estavam certas.

— Ele fez isso de propósito, disse Ryder.

— O que você quer dizer?

— Duval. Ele queria ser pego. Esse grampo era para ser encontrado.

KM
Gray não dá a mínima para espiar Luca; ele só quer intimidá-lo...- ...deixá-lo
saber que ele não está seguro, que ele pode ser atingido, que ele não pode
confiar em ninguém. É a mesma merda que ele puxou com o Glauser. Essa
coisa toda é só...

— Guerra psicológica, Clarke terminou para ele.

A fúria queimou a garganta de Ryder como ácido. Ele se virou e saiu


da estação, com medo de que, se não fizesse, faria algo imperdoavelmente
estúpido - como atingir Duval em uma sala cheia de policiais.

Clarke o seguiu, parecendo não muito feliz também. Parecendo sentir


o humor de Ryder, ele ficou em silêncio enquanto Ryder se inclinou contra o
carro e estalou o pescoço, tentando se controlar.

Nunca em sua vida sentira o tipo de ódio pessoal intenso que sentia
neste momento por Duval e Gray; mesmo durante a guerra ele não odiava
seu inimigo. Era literalmente repugnante, como se seu estômago estivesse
cheio de bile, e a violência iminente fervendo logo abaixo de sua pele o
assustou.

Ryder desabotoou seu casaco, esperando que o ar frio de Aspen o


esfriasse e o ajudasse a pensar mais racionalmente. Esse tipo de reação não
faria bem a Luca. Ele tinha que parar de levar isso tão pessoalmente.

Tão pessoalmente.

— Isso não parece certo, disse Ryder para Clarke. — Esses ataques são

KM
muito pessoais. Eles são vingativos. Isso poderia fazer sentido se Gray estiver
tentando chegar a D'Amato, mas não parece mais assim. E se for Luca o alvo
principal... eu não tenho certeza se ele e Gray já se conheceram. Não há
motivo para Gray querer machucá-lo tanto assim.

Clarke assentiu, entendendo. — A menos que ele esteja trabalhando


com outra pessoa.

Esse problema teria que esperar, porque naquele momento, Duval


saiu da estação com uma mola alegre em seu passo. Ele caminhou pelo
estacionamento, tirando as chaves do bolso do casaco.

Ryder sabia que ele não deveria segui-lo, não em seu atual estado de
espírito, mas também poderia ter sido um ímã puxando-o para Duval por
tudo que ele conseguia se impedir. Sua raiva cresceu a cada passo que ele
dava.

— Duval!

Duval se virou, uma expressão de leve surpresa cruzando seu rosto. —


Sr. Ryder O que posso fazer para você?

Isso foi a gota d’água. De jeito nenhum Duval saberia o nome de Ryder
a menos que ele estivesse preparado de antemão.

— Para começar, você pode voltar lá e dizer à polícia a verdadeira


razão pela qual você grampeou o quarto de Luca, disse Ryder.

KM
— Ah sim. Estou muito envergonhado disso. Duval balançou a cabeça.
— Ciúme é uma aflição com a qual todos lutamos, às vezes, não?

—Ciúme, minha bunda. Você acha que não sabemos que Warren Gray
pagou a você para fazer isso?

A máscara arrependida e autodepreciativa de Duval escorregou um


pouco. — Eu não tenho ideia do que você está falando.

— Me poupe de suas negações. Eu quero saber porque. O que Gray


quer? Para quem ele está trabalhando?

— Eu não sei de onde você tirou essa ideia, Sr. Ryder, mas você está
enganado. Não falo com Warren Gray há anos.

Duval voltou para o carro. Seu pouco caso fez a raiva de Ryder
transbordar, e ele avançou rapidamente para bloquear o caminho de Duval,
entrando forte em seu espaço, usando seu tamanho para intimidar de uma
maneira que ele normalmente tentava não fazer. Ele estava apenas
vagamente ciente de Clarke, observando-os com desconforto.

Dando um passo para trás, Duval olhou Ryder de cima a baixo. Uma
sugestão de preocupação apareceu em seus olhos pela primeira vez. Bom.

— Eu aprecio sua preocupação por seu protegido, mas você pode


garantir-lhe que ele não tem mais nada a temer de mim, disse Duval. Então
a crescente preocupação desapareceu, substituída por uma diversão
maliciosa que ele não tentou esconder. — É uma pena, no entanto. Ele é

KM
realmente uma foda esplêndida.

Os músculos de Ryder ficaram tensos com adrenalina. — Cale a boca.

— Ele tentou se passar por virgem, pode imaginar? Duval sorriu. —


Alguém deveria dizer a ele que nenhum virgem de verdade é tão ansioso em
ser fodido. Embora ele implore muito lindamente.

O choque - que Duval pudesse ser tão cruel a ponto de dizer tais
coisas, que ele ousou - deixou Ryder sem palavras.

— Talvez eu não esteja contando nada que você já não saiba, hmm?
Vocês dois o tiveram? O menino realmente não consegue manter as pernas
fechadas para qualquer homem que demonstre interesse. Ele pode até me
deixar outra vez...

Ryder socou Duval no rosto, tão forte que ele caiu no chão com um
pequeno grito. Clarke se lançou para frente e agarrou o braço de Ryder,
sibilando algo ao longo das linhas, você está louco, estamos na frente de uma
delegacia de polícia, mas Ryder mal podia ouvi-lo. Suas orelhas estavam
ressoando, visão turva de vermelho. Ele empurrou Clarke, tentando chegar a
Duval. A visão do sangue jorrando por trás da mão que Duval havia
pressionado em seu rosto encheu Ryder de uma satisfação terrível e
selvagem.

— Você chega em qualquer lugar perto de Luca de novo, e eu vou


arrebentar a porra do seu pescoço, rosnou Ryder, com uma voz áspera que

KM
ele nem sequer reconheceu como sua própria.

Duval assentiu freneticamente, levantando-se e correndo para o


carro. Clarke arrastou Ryder para longe, através de algumas filas de carros
estacionados, até que Duval estava fora de vista. Então ele empurrou Ryder
contra um SUV e deu-lhe um aperto forte.

— Se acalme, ele disse com os dentes cerrados.

Ryder soltou um suspiro, levantando as mãos em sinal de rendição. —


Estou bem. Estou bem, estou bem.

Clarke o soltou e recuou. Ryder endireitou o casaco, só agora


percebendo a dor em sua mão direita.

— É melhor você esperar que ele não faça acusações, disse Clarke.

— Ele não vai. Ele não quer que a polícia olhe mais de perto para ele.

Conforme sua ira diminuiu e a lógica se reafirmou, Ryder pode


perceber o quão tolo ele tinha sido. Ele também sabia que deveria estar
enojado com sua própria brutalidade, pela qual deveria se arrepender - mas
ele não queria e não iria.

Clarke estava olhando para ele como se esperasse que Ryder


explodisse novamente. — Vai me dar uma palestra sobre manter a calma?
Ryder perguntou.

— Honestamente? Se você não tivesse batido em Duval, eu poderia

KM
ter. Clarke deu-lhe um sorriso raro. — Com alguma sorte, você quebrou o
nariz do filho da puta.

*****

Luca ficou de pé no chuveiro, sem se mover, apenas deixando a água


bater em sua cabeça e ombros. Ele perdeu a noção de quanto tempo ele
estava aqui, mas tinha a sensação de que já havia se passado pelo menos meia
hora. A água estava tão quente quanto ele aguentava, tão quente que sua pele
estava rosada e o ar estava cheio de vapor. Distraidamente, ele se perguntou
se algum dia acabaria.

Apesar da água escaldante, Luca não se sentia mais limpo agora do


que quando tinha entrado no banho pela primeira vez. Ele ainda podia sentir
as mãos de Duval em cima dele, o pênis de Duval dentro dele, e isso fez sua
pele querer rastejar para fora de seu corpo. Toda a água e sabão no mundo
não poderia lavar isso.

Luca havia dormido com muitos homens, muitos deles em posições


de autoridade, não tendo idade suficiente para ser seu pai. Mas ele nunca,
nem uma vez, se sentiu pressionado, coagido ou aproveitado. Ele nunca se
envolveu em nenhum ato sexual que não tenha sido cem por cento
consensual da parte dele.

KM
Ele ainda não tinha, realmente. Não era como se Duval o tivesse
estuprado...- ...mas ele seduzira Luca sob falsos pretextos e o fodido com
segundas intenções. Ele usou Luca como uma ferramenta e Luca caiu nisso.

Deus, Luca fingira ser virgem, quando Duval sabia muito bem que ele
não era nada disso. A humilhação daquilo o cortou até os ossos, sabendo o
quanto Duval deve ter divertido com seu jogo.

Luca se virou e levantou o rosto para o jato quente. Isso machucou sua
pele, mas não fez nada para fazê-lo se sentir menos estúpido, ou menos
usado.

A exposição prolongada ao calor intenso estava começando a deixar


Luca tonto. Ele apoiou as mãos contra a parede do chuveiro, respirando
fundo. O vapor pegou em sua garganta e ele tossiu, tentando limpá-lo. A dor
rasgou o peito de Luca e, de repente, ele não conseguia respirar.

Ah não. Agora não.

Um sentimento de pavor total desceu sobre Luca. Ele estava


morrendo. Ele ia morrer. Seu coração estava explodindo, e eles iam
encontrá-lo morto no chão do chuveiro.

Não morrendo. Ataque de pânico. É apenas um ataque de pânico.

O raciocínio lógico não fez nada em face do terror que assolou o corpo
de Luca, o conhecimento - a convicção - de que algo indescritivelmente
horrível estava prestes a acontecer. Sem se incomodar em desligar a água,

KM
Luca abriu a porta do chuveiro e saiu cambaleando, escorregando duas vezes
a caminho da pia. Ele ofegou por respirar, hiperventilando, sua visão
embaçada com água e tontura.

O botão de pânico estava no balcão, mas Luca o ignorou. Ele abriu o


armário de remédios e vasculhou seu Ativan, arrancando vários artigos de
higiene das prateleiras. Quando ele abriu o frasco, suas mãos trêmulas
enviaram as pílulas voando por toda parte, deslizando pelo balcão e rolando
no chão. Luca pegou um e colocou-o na boca, depois virou-se na pia e
inclinou a cabeça para a torneira.

Seus músculos da garganta se contraíram, impossibilitando-o de


engolir. Luca engasgou, cuspiu a pílula e tentou novamente. Desta vez, ele
forçou a medicação para baixo, engolindo água da torneira até limpar o
esôfago. Ele desligou a torneira e afundou no chão, pressionando as costas
contra a pia e puxando os joelhos para o peito.

Ativan não era mágica; provavelmente demoraria mais para fazer


efeito do que o ataque de pânico acontecer. Porém, apenas tomá-lo deu a
Luca um senso de controle suficiente para permitir que ele gerenciasse o
resto do ataque. Ele baixou a cabeça até os joelhos e apertou a mandíbula
para não gritar.

O ataque foi ruim, o pior que ele teve em algum tempo, deixando-o
fraco e esgotado no momento em que acabou. Luca esticou as pernas,
respirando o mais lentamente que pôde e tomando o pulso para se assegurar

KM
de que estava bem. Ele ainda se sentia fraco, e estava encharcado de tanto
suor que precisaria tomar outro banho. Falando nisso…

O chuveiro ainda estava ligado. Luca ficou de pé, segurando a bancada


em busca de equilíbrio até ter certeza de que seus joelhos o sustentariam. Ele
não suportava a ideia de voltar para o chuveiro, então ele simplesmente
desligou e se enxugou. Então ele limpou a bagunça que havia feito, colocando
todas as pílulas de volta no frasco devolvendo o armário de remédios ao seu
estado anterior de organização.

Depois de tudo isso, Luca se sentia um pouco mais parecido com ele
mesmo, embora seus músculos doessem com uma dor profunda que só uma
boa noite de sono poderia curar. Ele se vestiu e estava passando um pente no
cabelo molhado quando alguém bateu na porta do quarto.

— Entre.

Georgina abriu a porta e enfiou a cabeça para dentro. — Ryder e


Clarke estão de volta. Eles querem falar com você.

— Eu já vou, ele disse, o estômago apertando com apreensão.

Ryder e Clarke estavam esperando por ele na sala da família. Um


olhar em seus rostos foi o suficiente para dizer a Luca que, o que quer que
eles tivessem a dizer, ele não iria gostar.

Sentou-se no sofá e ouviu-os com uma vaga sensação de estar


desconectado da realidade. Gray havia contratado Duval para seduzi-lo, a

KM
fim de perturbar seu quarto - não para que Gray pudesse espiá-lo, mas
simplesmente para desmoralizá-lo. O grampo tinha sido colocado para ser
encontrado. Duval tinha saído mais ou menos impune.

— Então, disse Luca, falando devagar, Gray queria me assustar,


provar que ele poderia chegar até mim - e a melhor maneira que ele pôde
pensar para isso foi pagar alguém para me seduzir? Ele apertou os lábios. —
Claro que foi. Porque é claro que eu levaria um completo estranho para o
meu quarto e o deixaria me foder. Isso é o que eu faço, não é?

Ele se empurrou do sofá e saiu do quarto sem olhar para trás. Ryder
seguiu-o para o corredor.

— Luca, não é seu...-

— Não, disse Luca. — Você não entende. Deve haver uma dúzia de
outras maneiras que Gray poderia ter conseguido esse grampo no meu
quarto. Ele poderia ter pago a equipe de limpeza, ou colocar no meu correio,
ou qualquer coisa. Mas ele escolheu contratar Duval, porque sabia que seria
mais fácil. Porque sou fácil.

— Eu posso ver onde sua mente está indo, mas não deveria pensar
isso. Você não fez nada de errado.

— Não foi só o que fiz com o Duval. É tudo que fiz nos últimos dois
anos. Eu sou tão vadia que até Warren Gray, que eu nunca conheci, sabia que
a maneira mais infalível de chegar a mim seria através do sexo.

KM
— Não se chame assim, disse Ryder, com a voz tensa de raiva.

Luca balançou a cabeça em desgosto e continuou em direção ao seu


quarto. Depois de dar alguns passos, no entanto, ele se virou de novo. — Por
que você não me parou?

— Não é meu trabalho policiar seu comportamento...-

— Isso não é o que eu quero dizer! Eu teria parado, por você. Eu o


teria mandado embora se você tivesse me pedido.

Ryder hesitou. — Eu não queria lhe dar falsas esperanças.

— Bem, você está fazendo um trabalho fantástico disso, disse Luca


com uma risada amarga. — Realmente espetacular.

— Isso não é justo.

Luca respirou fundo. Ele não deveria descontar isso em Ryder; não
era culpa dele. Era apenas de Luca.

— Não, eu sei. Você está certo. Eu sinto Muito. É só que... o fato de ter
ocorrido a Gray contratar Duval para fazer o que ele fez, diz muito sobre mim.
E eu não gosto do que isso implica.

Ryder franziu a testa, mas antes de dizer qualquer coisa, um dos


funcionários da casa deu alguns passos hesitantes no corredor atrás dele.

— Sr. D'Amato? Ela disse.

KM
— Sim?

A mulher caminhou o resto do caminho até eles, segurando um


envelope. — Correio para você, senhor.

— Eu pensei que o correio já tinha vindo hoje, disse Luca enquanto


ele o pegava.

— Sim, senhor já veio. Isto foi entregue por um serviço de mensageiro.

Ela correu de volta pelo caminho que tinha vindo. Luca olhou para o
envelope. Era apenas um envelope branco simples comum, mas o que encheu
Luca de um pressentimento ruim foi que seu nome e endereço foram
digitados em vez de manuscritos, e não havia endereço de retorno.

Ele abriu e tirou um cartão branco retangular. Estava em branco, o


que confundiu Luca até que ele virou. Havia apenas duas linhas
datilografadas no meio, mas foi o suficiente para levantar todos os pelos na
nuca de Luca.

Como se sente ao ser o único a ser usado?

UM ADMIRADOR

KM
Capítulo Vinte e Três

— Eu não sei o que fazer, disse Ryder.

Ele estava encostado no balcão da cozinha, observando Sheila fazer o


jantar. Como o chefe regular dos D’Amatos, Auguste, não viera a Aspen com
eles, Sheila fazia a maior parte da culinária. Ryder se ofereceu para ajudar,
mas Sheila o dispensou com um alarme mal disfarçado. Um cara começa um
pequeno fogo na cozinha...

— O serviço de mensageiro não ajudou? Sheila perguntou enquanto


ela cortava o alho em sua tábua de corte com velocidade intimidante.

— Não. A entrega foi paga em dinheiro...- ...por uma adolescente.

— Então, provavelmente não era o remetente real.

— Só mais uma pessoa paga para fazer o trabalho sujo. Nós não
podemos nem rastreá-la, porque o serviço não tem câmeras de segurança
interna...- ...e é provavelmente por isso que ela foi escolhida em primeiro
lugar.

Sheila jogou o alho na carne assada que estava fazendo e derramou

KM
vinho tinto e caldo de carne por cima. — E Luca não tem ideia de quem
poderia ter enviado?

— Não.

— Parece que ele deveria, dado o tom da mensagem.

— Ele jura que não. É muito específico para ser Gray, o que significa
que ele deve estar trabalhando com...- ou para -...outra pessoa, mas Luca não
sabe quem. O que não foi surpreendente. Se o Admirador fosse um homem
que Luca tratara mal no passado, o que a nota parecia sugerir, então a lista
de possíveis suspeitos seria tão longa quanto a de Ryder.

— Você já pensou em Henry Glauser?

— Sim. Ele está em um hospital psiquiátrico seguro na Suíça. Não há


como ele estar envolvido. E eu... Ryder baixou a voz, consciente de Noah
jogando na mesa da sala de jantar a poucos metros de distância. — Estou
preocupado com Luca. Ele mal sai do seu quarto desde terça-feira, e ele não
saiu mais de casa.

E isso realmente está dizendo alguma coisa, considerando o quanto


ele odeia isso aqui. Ryder manteve esse pensamento para si mesmo, sem
saber se Luca tinha compartilhado esses sentimentos particulares com
Sheila.

— Ele está com medo.

KM
— É mais que isso. Ele se culpa pelo que aconteceu com Duval - por
seu histórico ter dado a Gray a oportunidade de chegar até ele.

Sheila colocou o assado no forno e enxugou as mãos em um pano de


prato, dando a Ryder um olhar de medição. — Eu não sei muito sobre o que
aconteceu com Luca enquanto ele estava na escola, ou porque ele voltou,
disse ela. — Mas eu ouvi o suficiente para entender a essência geral disso.
Luca é... ele tem sido promíscuo.

Ryder assentiu.

— Ele fala comigo sobre tudo, exceto isso. Eu pensei em falar sobre
isso com ele, mas é difícil saber o que dizer. Eu amo Luca como um filho. Eu
quero dizer a ele que sexo é apenas algo que ele deveria compartilhar com
pessoas que ele confia e que o respeitam, mas ao mesmo tempo, eu não quero
que ele pense que sexo é errado, ou que eu estou condenando-o pelo que ele
fez no passado.

Tendo enfrentado o mesmo dilema, Ryder poderia ter empatia. — É


complicado.

— Sim. Ela suspirou. — Não sei como ajudá-lo nisso.

— Nem eu. Ryder confiou em Sheila o suficiente para dar voz à


preocupação que esteve na vanguarda de sua mente nos últimos dias. — E eu
não posso protegê-lo disso. Eu sei como defender Luca contra qualquer
ameaça física - balas, facas, sequestro, qualquer coisa. Mas vigaristas

KM
sedutores e cartas anônimas assustadoras? Como eu o protejo de coisas
assim?

— Eu não acho que você pode. Tudo o que você pode fazer é apoiá-lo
e estar presente quando ele precisar de você.

A frustração de Ryder deve ter aparecido em seu rosto, porque Sheila


riu e deu um tapinha na mão dele.

— Eu sei que é difícil para um homem como você se sentir como se


estivesse apenas ocioso, mas você está ajudando. Luca é muito mais calmo
quando você está por perto. Ele se sente seguro com você. Isso significa
muito.

Ryder duvidou que Sheila estaria agindo com tanta aprovação se ela
soubesse que Ryder tivera seu pênis na garganta de Luca menos de uma
semana atrás. A vergonha repentina fez com que ele se afastasse. — Vou ver
se consigo convencê-lo a sair do quarto dele.

— Boa sorte, disse Sheila.

Ele andou pelo corredor para encontrar Christianson sentada do lado


de fora do quarto de Luca. — Alguma mudança? Ele perguntou a ela.

Ela balançou a cabeça. A atitude de Christianson em relação a ele


havia esfriado consideravelmente nos últimos dias, como se ele tivesse feito
algo para ofendê-la - embora Ryder, por sua vida, não pudesse imaginar o
que poderia ser. Ele bateu na porta de Luca.

KM
— Luca, sou eu. Posso entrar?

— Sim.

Ryder empurrou a porta aberta. Luca estava deitado na cama,


vestindo calças de moletom e uma camiseta, distraidamente brincando com
o novo iPhone que ele comprara para o Natal. A TV estava ligada, mas ele
não parecia estar assistindo.

— Vamos sair de casa hoje? Ryder perguntou.

— Não.

— Que tal da cama?

Luca deu-lhe um olhar sinistro. Ryder suspirou e entrou no quarto,


fechando a porta.

— Olha, você contou a algum de seus amigos o que está acontecendo?


Davenport? Sokolov?

— Eu não quero que eles se preocupem.

— E McCall? Você já falou com ela? Ryder sabia que Luca considerava
McCall mais uma amiga do que um guarda-costas, e que o sentimento era
mútuo.

Luca franziu a testa para o telefone. — Não, disse ele, e jogou-o na


cama ao lado dele.

KM
Claro que não. Luca geralmente era uma borboleta social , mas
quando algo real acontecia, quando ele estava assustado ou chateado, ele se
acovardava e se tornava um introvertido de classe mundial.

Ryder não estava acostumado a sentir esse tipo de desamparo. Por


natureza, ele era uma pessoa orientada para a ação - quando ele via um
problema, ele fazia o que fosse necessário para consertá-lo. Ele não tinha
ideia do que fazer quando confrontado com um problema que ele não
conseguia consertar. Como ele deveria ajudar Luca quando ele não conseguia
fazer a criança se sentir melhor?

— Levante-se, ele retrucou, de repente com raiva. — Esta festa de pena


que você está jogando para si mesmo termina agora.

Luca se sentou, com a boca aberta. — Foda-se você! Eu não estou...-

— Escondendo-se no seu quarto? Isso com certeza é o que parece.


Ryder suavizou sua voz. — Isso é exatamente o que eles querem, você sabe -
Gray e quem quer que ele esteja trabalhando. Eu sei que você está com medo,
mas você não pode deixar que isso pare sua vida. Caso contrário, eles
ganham.

— Não há nenhum lugar que eu queira ir, disse Luca, ainda teimoso,
embora Ryder pudesse ver que ele tinha um nervo.

— É o nosso último dia em Aspen, e não há nada que você queira


fazer?

KM
Luca sacudiu a cabeça. Ryder estreitou os olhos, frustrado, e depois
teve uma ideia.

— Ok. Espere, ele disse, saindo do quarto e indo para o seu.


Christianson deu-lhe um olhar sujo quando ele passou - a sério, qual era o
problema dela? Ele teria que falar com ela quando voltassem para Bethesda.

Ryder já havia embalado na expectativa de sua partida amanhã, mas


não demorou muito para ele encontrar os DVDs que Luca tinha dado a ele
para o Natal. Ele abriu a caixa da segunda temporada e folheou o encarte até
encontrar o episódio que estava procurando, depois pegou o DVD e trouxe
de volta para o quarto de Luca.

— O que você está fazendo? Luca perguntou, observando Ryder


colocar o DVD no aparelho.

— Eu vou fazer você assistir os episódios mais repugnantes de Dirty


Jobs que eu posso pensar até que você esteja tão aborrecido que você tenha
que sair do quarto.

— O que faz você pensar que vai funcionar?

Ryder encolheu os ombros, arrastando uma cadeira até a cabeceira de


Luca e se acomodando nela com o controle remoto. — Este episódio é sobre
a limpeza de crânios de animais.

Era um bom plano, e provavelmente teria funcionado se Ryder não


tivesse esquecido uma coisa crucial - uma vez que você descasque as camadas

KM
do sedutor charmoso, Luca era um geek da ciência em seu coração. Cinco
minutos depois do episódio, Ryder nunca o viu tão encantado.

— Oh meu Deus, isso é desagradável, disse Luca com prazer, os olhos


arregalados de fascínio.

Não exatamente a reação que ele estava esperando, mas cem vezes
melhor do que antes. Ele aceitaria isso.

Eles assistiram o show em silêncio sociável, o que Ryder teria pensado


impossível apenas algumas semanas atrás. Sem ter que estar sempre em
guarda, graças à promessa aparentemente sincera de Luca de se comportar,
Ryder gostava da companhia de Luca - sua curiosidade insaciável, seu humor
sarcástico, os sorrisos repentinos e brilhantes que surgiam do nada. Ele até
sentiu saudade do flerte. Não a agressão excessivamente sexuada, é claro,
mas os pequenos comentários e olhares que Ryder agora podia admitir que
achava lisonjeiro.

Na metade do segundo episódio, o telefone de Ryder tocou com uma


mensagem de texto recebida. Como ele não estava em serviço, não sentiu
nenhum remorso em responder.

Will e Claire estão agindo de forma super estranha. Acho que eles
estão se divorciando.

Morgan. Ryder bufou e apertou o botão Responder.

Você diz isso uma vez por semana.

KM
Ryder pressionou Send, então percebeu que Luca estava olhando para
ele. — O que?

— É só... você está enviando mensagens de texto. Isto é tão estranho.


Como ver um cachorro andando de bicicleta.

— Eu tenho apenas vinte e oito anos! Eu sei como mandar uma


mensagem.

— Eu nunca vi você fazendo isso.

— Eu não faço enquanto estou trabalhando.

O telefone de Ryder tocou novamente. Eu quero dizer isso desta vez.


Eles estão escondendo alguma coisa.

— Quem é? Disse Luca, sua voz casual. Casual demais.

Ele pensa que é Andy, Ryder percebeu, sem saber se deveria estar
satisfeito ou envergonhado pelo ciúme mal escondido de Luca. Então ele se
lembrou de que ele mal falava com Andy desde que eles tinham vindo a
Aspen, e as balança pendeu para a vergonha.

— É Morgan, disse ele. — Ela acha que nosso irmão está se


divorciando, mas nunca entendeu como ele e a esposa interagem. Nenhum
deles são grandes em falar, o que é um conceito completamente estranho
para Morgan.

— Seu irmão? O nome dele é Charles?

KM
Ryder levantou as sobrancelhas. — É Will, na verdade. O que te fez
pensar em Charles?

— O pseudônimo que você usa para mim é Charles Morgan. Eu


pensei, já que Morgan é o nome da sua irmã...

— Oh, não, o 'Charles' é para minha outra irmã - Charlie. Charlotte.

— Quantos irmãos você tem?

— Apenas os três.

— Deve ser bom, disse Luca, voltando sua atenção para a TV.

— Na maior parte do tempo. Ryder começou a mandar mensagens de


texto para Morgan enquanto ele falava. — Era melhor antes que Will se
transformasse em um babaca furioso e se casasse com a mulher mais crítica
do planeta...-

Parou quando lhe ocorreu o quanto estava exagerando e olhou para


Luca, cujos olhos ainda estavam fixos na televisão, mas tinha um pequeno
sorriso no rosto. O bastardo sorrateiro. Ele enganou Ryder em falar sobre si
mesmo, fingindo que ele não estava prestando atenção. Divertido e irritado
em igual medida, Ryder se inclinou para beliscar seu lado.

Luca soltou uma risada chocada. — Você acabou de me beliscar? Ele


atacou com um pé descalço, chutando Ryder não muito gentilmente no peito.

O grunhido de dor que Ryder fez não era totalmente falso. — Jesus,

KM
você tem pernas fortes.

— Não mexa com um nadador, disse Luca, sacudindo a cabeça.

Ryder ainda estava rindo quando seu telefone tocou mais uma vez. Ele
olhou para baixo, mas o identificador de chamadas tinha um número nele
que ele não reconheceu. Código de área de DC, no entanto, o que significava
que Morgan havia se esquecido de recarregar o telefone e estava enviando
mensagens de texto a partir do celular de um amigo dela. Revirando os olhos,
Ryder abriu a mensagem.

Verifique seu e-mail.

Se ela tivesse enviado outra corrente de e-mail... Ryder abriu o


navegador da internet em seu smartphone e entrou na sua conta de e-mail.
Ele ficou em pé quando viu o endereço do remetente na nova mensagem em
sua caixa de entrada.

An_admirer@kmail.com.

A linha de assunto continha, você pode querer abrir isto em


particular. Ryder olhou para o telefone, incapaz de se mover.

— Algo errado? Luca perguntou.

Ryder limpou a garganta. — Não. Eu volto... volto logo.

Quando ele saiu do quarto de Luca, Ryder foi frustrado pelo desafio
de encontrar um espaço privado. Hurst estava em seu quarto, e o resto dos

KM
quartos a que ele tinha acesso eram todos de uso público. Ele acabou
mergulhando na lavanderia vazia e trancando a porta atrás dele.

O email consistia em uma única frase e um anexo bastante grande.

Você tem uma abordagem interessante para “Close Protection”, Sr.


Ryder.

No segundo que Ryder viu que o anexo era um arquivo de áudio, ele
sabia o que era, e se amaldiçoou por não ter considerado a possibilidade
antes. Suas mãos tremiam quando ele abriu e pressionou Play.

O som de beijos molhados encheu a lavanderia, seguido por um silvo


suave e a voz de Luca dizendo: — O que é isso? Então a voz de Ryder,
respondendo: — Uma cicatriz.

Ryder pulou para frente para um ponto aleatório no arquivo, que foi
de quase cinquenta minutos de duração. Agora era tudo respirações ásperas
e gemidos apaixonados e ruídos de sucção, em seguida, uma tosse e ele
mesmo dizendo: — Não...- ...não force, em uma voz tensa com a agonia do
prazer.

Ele parou a gravação e desligou o telefone, colocando os cotovelos na


máquina de lavar e enterrando a cabeça nas mãos até a necessidade de
arremessar o telefone contra a parede passasse. Quando ele recuperou a
compostura, Ryder pegou e respondeu ao e-mail.

Quem diabos é você e o que você quer?

KM
A resposta chegou menos de um minuto depois.

Tudo a seu tempo, Sr. Ryder. Eu entrarei em contato. - um


Admirador

*****

Quando Ryder voltou para o quarto, ele estava pálido e tenso.


Imediatamente cauteloso, Luca se sentou e parou o DVD. — O que foi?

— Há algo que você precisa ver.

Ryder entregou seu telefone a Luca; havia um e-mail aberto na tela.


Luca leu a frase curta, viu o anexo e respirou fundo. — Oh meu Deus. Eu
nunca pensei...- ...nunca me ocorreu...-

— Isso também não ocorreu para mim.

O arquivo de áudio já estava aberto, pausado no meio do caminho.


Luca arrastou o controle para a frente um pouco e deixou-o tocar. Ele
reconheceu seu próprio gemido áspero e os sons molhados de Ryder
chupando seu pau. Alguns segundos depois, Ryder disse: — Tire suas roupas
para que eu possa comer você.

Luca rapidamente fechou o arquivo, as bochechas corando. Mesmo

KM
diante das implicações horripilantes do e-mail, ouvir Ryder dizer que essas
palavras eram tão excitantes agora quanto na primeira vez.

Ele entregou o telefone de volta para Ryder sem olhá-lo nos olhos. —
Ele vai tentar chantagear você.

— Parece que sim.

— Bem, eu acho que seu primeiro erro foi me dizer sobre isso.

Luca quis dizer isso como uma piada, mas Ryder não riu. Ele se sentou
na cadeira e virou-a para a cama, pegando as mãos de Luca e segurando-as
até que Luca fizesse contato visual. — Eu mostrei para você porque eu quero
que você saiba que não há nada que ele possa fazer que me faça trair você, ou
te machucar de alguma forma. Eu não me importo se ele envia a gravação
para sua mãe. Eu não me importo se ele envia para meus pais, ou toca em
todas as estações de rádio do país. Sua segurança é minha primeira
prioridade, sempre.

O instinto de beijar Ryder foi tão esmagador que Luca teve que
morder a língua para se impedir de fazê-lo. Ele poderia dizer a Ryder o
quanto significava cada palavra que ele disse, e a enxurrada de intensa
emoção que desencadeou foi... confusa, para dizer o mínimo. Luca não tinha
certeza se merecia a proteção de Ryder, muito menos sua lealdade.

Já era ruim o suficiente ele ter arruinado a vida de Glauser; ele nunca
se perdoaria se ele arruinasse a de Ryder também. Mas Ryder não estava nem

KM
pensando nisso. Aqui ele estava sendo ameaçado, e tudo o que ele se
importava era ter certeza de que Luca se sentia seguro. Ele nem estava de
plantão agora, mas ele estava saindo com Luca, tentando fazê-lo se sentir
melhor - e Luca tinha sido um total babaca sobre isso.

— Sabe de uma coisa? Perguntou Luca. — Foda-se Gray e com quem


ele está trabalhando. Vamos fazer algo.

Ryder sorriu e apertou as mãos antes de liberá-las. — Onde você quer


ir?

— Eu não sei. Os filmes ou algo assim. Qualquer lugar exceto aqui.

— Vou chamar um...- não, na verdade, Christianson deveria fazer isso.


Eu não quero que ela pense que eu estou passando por cima dela.

Luca assentiu, saindo da cama e cutucando a cabeça no corredor. —


Hey, Phoebe, eu estou saindo.

Ele sabia que não estava imaginando o olhar de alívio em seu rosto. —
Para onde?

— Eu ainda não tenho certeza. Você se importa em pegar um


motorista?

Phoebe tirou o celular do bolso da jaqueta, depois se assustou quando


o telefone tocou antes que ela pudesse telefonar para alguém. Suas
sobrancelhas se levantaram enquanto ela respondia. — Tony, isso é estranho,

KM
eu estava prestes a ligar para você...- Ela parou com uma carranca. — Quem?

Ryder veio por trás de Luca na porta. Luca desejou que ele não ficasse
tão perto; sua mera presença aqueceu a pele de Luca e o fez querer esquecer
aquela promessa estúpida que ele fez.

Christianson olhou para Luca. — Você conhece uma mulher chamada


Vanessa Huber?

— Não, por que?

— Ela está no portão da frente, pedindo para ver você. Diz que você
conhece o marido dela.

Luca sentiu sua mente totalmente em branco por um momento, e


então seus olhos se arregalaram. — O marido dela, Bill? O homem que Ryder
e eu encontramos em Snowmass?

— Qual é o nome do marido? Phoebe disse ao telefone. Depois de um


segundo, ela acenou para Luca.

— Deixe-a entrar, disse Luca, ainda sentindo-se desequilibrado. Ele


nunca esperou ouvir nada sobre Bill novamente. E se Vanessa viesse dizer
que Bill estava morto? E se ela culpasse Luca por isso?

Ele foi esperar por ela na sala de estar, Ryder ao seu lado, Phoebe
seguindo a uma distância discreta. Demorou alguns minutos até que um dos
guardas de segurança chegasse acompanhando Vanessa Huber do primeiro

KM
andar. Luca a tinha visto na montanha, esperando com a ambulância, mas
ela estava tão empacotada na hora que ele nunca a teria reconhecido. Ela era
bonita de uma forma clássica como uma mãe de futebol - cabelos castanhos
cortados em um penteado elegante, pele bronzeada, linhas de sorriso ao
redor da boca e enrugando os cantos dos olhos - e ela estava olhando ao redor
da sala em franca admiração.

— Senhora. Huber? Luca disse, quando ficou claro que ela não ia falar
primeiro.

Sua atenção se voltou para ele. — Você é Luca D'Amato?

— Sim.

Vanessa surpreendeu Luca - e Ryder e Christianson, que ficaram


tensos - jogando os braços ao redor dele e puxando-o para um abraço
apertado. Luca enrijeceu reflexivamente, depois relaxou e retornou o abraço.

— Obrigada, ela disse, sua voz cheia de lágrimas. — Eu esperei uma


semana para dizer isso a você e ainda não é o suficiente. Obrigado.

Luca não sabia como responder a isso, mas ela não parecia esperar
que ele o fizesse. Ela o soltou com um sorriso, olhos molhados, e se virou
para Ryder.

— E você deve ser... Jacob Ryder?

— Sim, senhora.

KM
Vanessa apertou a mão de Ryder com as duas em vez de abraçá-lo,
embora Luca pudesse entender por que uma mulher pequena poderia hesitar
em abraçar um homem estranho do tamanho de Ryder. — Obrigado. Bill me
contou o que vocês dois fizeram por ele; eu não posso te agradecer o
suficiente.

— Ele está bem, então? Ryder perguntou.

— Ele teve que fazer algumas transfusões de sangue, e sua perna


precisará de fisioterapia, mas os médicos dizem que não haverá danos a
longo prazo.

— Fico feliz em ouvir isso.

Ela enxugou as poucas lágrimas que se derramaram em suas


bochechas. —Eu só queria conhecer vocês dois e agradecer pessoalmente. Bill
teria morrido se você não o tivesse ajudado.

— Posso lhe oferecer um café ou algo assim? Perguntou Luca.

— Isso seria ótimo, obrigada.

Ele levou Vanessa para a cozinha, onde Sheila tinha algo no forno que
cheirava incrível. Apresentações foram feitas, e então Sheila levou Noah e
empurrou-o para que pudessem ter algum espaço. Luca serviu três xícaras
de café.

— Como você nos encontrou? Luca perguntou enquanto se juntava a

KM
Vanessa e Ryder na mesa.

— Os paramédicos da patrulha de esqui sabiam quem você era.


Vanessa deu outra olhada ao redor. — Eu acho que agora eu sei porque. Bill
não conseguia parar de falar sobre vocês dois quando ele acordou. Ele disse
que você estava se esforçando tanto para fazê-lo se sentir melhor, e que seu
namorado estava fazendo os primeiros socorros...-

Luca quase deixou cair a caneca; ele podia sentir a súbita tensão de
Ryder sem sequer olhar para ele. — Ryder não é meu namorado; ele é meu
guarda-costas.

— Oh! Vanessa colocou a mão sobre a boca. — Eu sinto muito, é só ...


o jeito que Bill fez parecer, e então...- Ela gesticulou entre eles. — Eu apenas
assumi. Eu sinto muito.

— Não se preocupe com isso, disse Luca, morrendo de vontade de


saber o que a deixara tão certa de que ele e Ryder eram um casal. — Eu não
estou ofendido. E eu tenho certeza que Ryder também não está. Ele cutucou
Ryder com o joelho. — Certo?

— Não, claro que não, disse Ryder. Ele tinha um aperto de nós de
dedos brancos na caneca de café.

Vanessa sorriu com evidente alívio. — Tudo bem. Eu não vou ocupar
muito mais do seu tempo - há apenas uma coisa que eu quero te dar. Ela
cavou em sua bolsa enorme até que ela retirou um pedaço de papel vermelho

KM
brilhante. — Meus filhos fizeram isso para vocês dois.

Ela entregou o papel para Luca. Era um cartão feito à mão, claramente
criado por crianças em idade escolar, com uso liberal de giz de cera e glitter.
A frente dizia: OBRIGADO POR SALVAR O NOSSO PAIZINHO! com vários
grandes rostos sorridentes. No interior, havia um desenho de um homem e
uma mulher com duas meninas, com um arco-íris e um enorme sol amarelo.

A garganta de Luca estava muito apertada. Ele rapidamente passou o


cartão para Ryder, surpreso com a força de sua própria reação, e piscou
algumas vezes.

— Nem todo mundo teria se incomodado em parar e ajudar. Vanessa


esticou o braço sobre a mesa para pegar a mão de Luca. — Eu agradeço a
Deus todos os dias que você é o tipo de pessoa que faria.

KM
Capítulo Vinte e Quatro

Depois que eles voltaram para Bethesda, Ryder dormiu por catorze
horas seguidas. O que eventualmente o acordou foi a batida forte de uma
porta próxima, seguida por batidas irregulares e zangadas do quarto de Luca.

Ryder manteve os olhos fechados, esperando que Luca relaxasse e se


acalmasse - mas, se qualquer coisa, o barulho só ficava mais alto. Ele
finalmente se arrastou para fora da cama com uma maldição e vestiu uma
camiseta e um par de shorts antes de tropeçar no corredor.

— O que diabos está acontecendo? Ele perguntou a McCall, que estava


olhando para a porta de Luca com os lábios franzidos.

— Eu não sei. Ele esteve com sua mãe por uma hora, e os dois
gritavam, mas eu não sabia o que dizer. Então ele saiu correndo e correu até
aqui sem dizer uma palavra. Ela estremeceu com um baque particularmente
violento que ecoou por trás da porta fechada. — Estou tentando decidir se
quero arriscar entrar ou não.

— Segurança nos números?

— Parece bom. McCall bateu na porta. — Luca, Ryder e eu estamos

KM
chegando, ok?

Quando não houve resposta, ela abriu a porta, e ela e Ryder pararam
no limiar.

O quarto de Luca estava em ruínas. Não havia um único livro nas


estantes de livros que cobriam as paredes - impressionante, já que todas as
prateleiras costumavam ficar lotadas. O chão estava cheio de vidros de porta-
retratos quebrados, e a luminária da escrivaninha fora quebrada. Na
verdade, parecia que todos os objetos que estavam anteriormente em uma
superfície plana jaziam agora no chão.

Luca andava de um lado para o outro da sala, respirando com


dificuldade, o rosto corado de raiva. Ele se virou para encarar Ryder e McCall.
— Fique aí, disse ele a Ryder, levantando a mão trêmula. — Não chegue mais
perto, não posso me controlar agora.

Ryder assentiu, ignorando o olhar curioso que McCall lhe deu antes
de começar a atravessar o campo minado de livros jogados e bugigangas
quebradas.

— O que aconteceu? Ela perguntou.

Luca apenas balançou a cabeça e voltou a andar de um lado para o


outro.

— Pare de se mexer, disse McCall, revelando um pouco do limite que


ela tendia a ocultar sob o seu exterior de ruiva amigável. — Há vidro por todo

KM
o chão e você não está usando sapatos.

Luca parou, olhando para seus pés. — Oh...-

— Aqui. McCall rolou a cadeira para ele. — Sente-se. Vamos trazer


alguém aqui para limpar isso, mas primeiro nos diga o que está errado.

— Eu não posso, disse Luca, afundando na cadeira. Ele passou os


braços em volta de si e levantou os pés no assento. — É muito louco. Eu não
posso nem acreditar que ela está falando sério.

— Sua mãe? Ryder perguntou.

— Sim. Ela acha que, depois do que aconteceu com o Duval, eu preciso
melhorar minha reputação. Ela quer que eu tenha um namorado respeitável,
para que Gray não pense que ele pode usar o sexo para me pegar de novo.

— Então ela está te empurrando para encontrar um namorado?


McCall empoleirou-se na mesa ao lado dele. — Isso não parece tão ruim.

— Não, você não entende. Ela me arranjou um.

Ryder e McCall trocaram um olhar confuso. — Arranjou o quê? Ele


disse.

— Um namorado! Ela me arranjou um namorado, como se


estivéssemos vivendo na porra da Idade Média.

A boca de Ryder caiu aberta, sua expressão de choque espelhada pela

KM
própria McCall. Luca apoiou os cotovelos nos joelhos e enterrou as mãos nos
cabelos, fechando os olhos. Por um longo momento, nenhum deles falou.

— Você está falando sério agora? McCall finalmente disse.

— Parece que estou brincando? Luca retrucou. — Deus, minha própria


mãe está agenciando para mim. Agora, esta é a minha vida?

— Eu tenho certeza que ela não espera que você durma com ele, disse
Ryder, embora ele tinha dúvidas particulares. — É só para mostrar, certo?
Quem é esse cara afinal?

— O filho de Oliver Wakefield. Frente ao olhar vazio de Ryder, Luca


disse: — Wakefield dirige uma das subsidiárias da Fairburn Howard. Ele e
minha mãe são amigos há anos. Aparentemente, seu filho é uma espécie de
festeiro louco, e ele está preocupado que o conselho de diretores não pense
que ele é responsável o suficiente para se preparar para a sucessão. Então ele
e minha mãe prepararam esse absurdo para nos fazer parecer mais estáveis.

McCall colocou a mão no ombro de Luca e apertou. — Pelo menos é


realmente um cara. Se isso fosse há vinte anos, ela forçaria você a sair com
uma mulher e então você realmente estaria fodido.

— Verdade. Mamãe nunca se importou por eu ser gay. Eu acho que


deveria ser grato por isso. O tom amargo de Luca deixou claro que a gratidão
era a coisa mais distante em sua mente.

— Você vai fazer isso? Perguntou McCall.

KM
— Eu realmente não tenho escolha. Ela disse que se eu encontrar um
namorado de verdade, alguém apropriado e que ela aprove, então eu posso
“terminar” com Wakefield. Mas até então... Luca encolheu os ombros. — Eu
devo encontrá-lo na festa de Ano Novo da Fairburn Howard hoje à noite.
Haverá imprensa lá, toda essa besteira de coluna social e merda.

— Eu estarei lá também, disse McCall. — Eu não vou sair do seu lado


a menos que você me peça.

Luca colocou a mão sobre a dela e deu um pequeno sorriso, parecendo


um pouco mais calmo. — Obrigado. Ele olhou para Ryder. — Eu gostaria que
você estivesse vindo também.

Ryder estava planejando passar a noite com seus pais, mas levou
menos de um segundo para mudar de ideia. — Vou mudar de turno com a
Song. Tenho certeza que ela não vai se importar.

— Não, Ryder, eu não quis dizer... eu não quero que você desista de
sua folga por mim.

— Eu não me importo, disse Ryder, com absoluta honestidade.

Luca olhou para ele por um segundo e, de repente, toda a tensão


deixou seu corpo imediatamente. Foi uma transformação surpreendente -
como assistir a um balão se esvaziar. — Obrigado, disse ele.

— Sem problema. Naquele exato momento, o telefone de Ryder


começou a tocar no quarto ao lado. Ele estava grato pela desculpa para sair,

KM
porque ele realmente não gostou do olhar que McCall estava dando a ele. —
Eu os verei hoje a noite.

Ele fechou a porta atrás dele para lhes dar privacidade, então correu
de volta para seu próprio quarto e agarrou seu celular. O identificador de
chamadas, assustadoramente, dizia que era Evelyn D'Amato ligando. Ela
tinha algum tipo de sexto sentido que dizia quando as pessoas estavam
falando dela?

— Alô? Ryder respondeu.

— Sr. Ryder, eu sei que você não está trabalhando hoje, mas eu queria
saber se você pode se juntar a mim no meu escritório por alguns minutos.

Uma ordem, educadamente formulada como um pedido. — Claro,


senhora, disse ele. — Estou indo.

Ryder vestiu calças e uma camisa mais apresentável, calçou sapatos e


desceu as escadas. Ele não tinha se barbeado há algum tempo, mas D'Amato
teria que lidar com sua barba se ela quisesse vê-lo em tão pouco tempo.

Ela acenou para ele em seu escritório e o convidou para sentar. —


Desculpe interromper o seu dia de folga, ela disse, — mas eu não achei que
isso deveria esperar. Receio ter que deixar a Srta. Christianson ir.

Ryder estava esperando que ela lhe contasse sobre o namorado que
ela arranjou para Luca, então dizer isso o deixou surpreso como se a notícia
fosse uma espécie de subestimação. — Posso perguntar por que?

KM
— Quando voltamos ontem à noite, ela veio a mim com preocupações
de que você poderia estar tendo um relacionamento sexual com Luca.

Oh, Jesus. É claro que ela tinha - ela estava de plantão quando ele e
Luca haviam chupado um ao outro, e eles não foram particularmente
silenciosos. Hurst tinha sido tão “deixa acontecer” sobre a coisa toda que
Ryder não pensou em considerar que Christianson poderia se sentir
diferente. E então ele estivera tão preocupado com a situação de Duval e o
colapso nervoso de Luca...

Ele ficou em silêncio por muito tempo; D'Amato estava obviamente


esperando por uma resposta. Tudo o que Ryder conseguiu foi: — Eu vejo.

— Perguntei-lhe se ela acreditava que Luca estava sendo coagido e,


quando ela disse não, contei que Luca é um adulto e que seus
relacionamentos sexuais não são da minha conta. Sua reação deixou claro
que a mantendo-a em seu emprego aqui poderia criar dificuldades no futuro.

Ryder ficou tão espantado com a hipocrisia de D'Amato que ele não
conseguiu formar uma frase coerente. Ela achava que as relações sexuais de
Luca não eram da conta dela.

— Você não precisa se preocupar com a Srta. Christianson, disse


D'Amato, interpretando erroneamente a expressão de Ryder. — Ela receberá
um generoso pacote de indenização e uma brilhante carta de recomendação.
A equipe de segurança geral pode preencher a lacuna na equipe de Luca até
encontrarmos um novo guarda-costas.

KM
— Entrarei em contato com as agências habituais imediatamente.

— Obrigado. E eu não acho que haja algum motivo para limitar os


candidatos por gênero desta vez. — D'Amato sorriu, feliz da vida. — Luca tem
estado notavelmente bem comportado desde que ele chegou em casa, além
da confusão com Duval. Esse foi um pequeno deslize. Eu confio que você não
vai deixar algo assim acontecer novamente.

— Eu... não, senhora.

— Muito bom. E eu poderia sugerir um pouco mais de discrição em


torno de seus colegas no futuro?

Ryder se sentiu mal. — Sim, senhora.

****

Luca estudou seu reflexo no espelho, endireitando o paletó de seu


smoking e passando os dedos pelos cabelos. Ele já tomara um Ativan
preventivamente e colocara mais duas pílulas no bolso, só por precaução. A
falsa calma o impediu de pirar enquanto pensava no fato de que, em algumas
horas, ele encontraria seu novo namorado.

A pior parte de toda a situação era saber que se a mãe dele sugerisse
o esquema para ele e, em seguida, pedisse-lhe para fazê-lo, ele

KM
provavelmente teria concordado. Era uma boa ideia; um namorado agiria
como um amortecedor, forçando Gray e seu comparsa misterioso a encontrar
outro caminho através das defesas de Luca. Mas ela não perguntou. Ela tinha
acabado por forçar todo o arranjo sobre ele, como se ele fosse uma
propriedade que ela pudesse dispor à vontade.

Uma grande parte dele queria dizer a Evelyn para ir se foder e depois
se recusar a participar da festa, e ainda se recusar a brincar de casinha com
o filho de Wakefield. Ele não podia fazer isso, porém, não se ele quisesse tirá-
la de suas costas. Talvez a concordância dele a fizesse deixá-lo em paz por
um tempo.

Luca olhou para o relógio, sabendo que não poderia ficar ali parado
por muito mais tempo. Ele pegou o celular e saiu para o corredor, exatamente
quando Ryder estava saindo de seu próprio quarto.

Injusto, foi o primeiro pensamento de Luca. Como ele deveria manter


sua promessa para Ryder quando o homem preenchia um smoking assim?
Ele se parecia com James Bond - se James Bond tivesse 1,92 m —com os
ombros de um urso. Incomodava Luca o fato de que um homem tão
musculoso quanto Ryder pudesse de alguma forma parecer elegante, mas
não havia como negar com a prova bem na frente dele.

Quando Luca finalmente arrastou os olhos para o rosto de Ryder, foi


para encontrar Ryder olhando para ele com uma expressão que ele
reconheceu - era a mesma forma que Ryder tinha olhado para ele em seu

KM
quarto em Aspen, quando eles tinham...

— Vocês estão prontos? Matt Pearson perguntou, de onde ele estava


sentado na cadeira do lado de fora do quarto de Luca.

Luca se assustou, tendo esquecido que Matt havia assumido


temporariamente assumido o lugar de Siobhan para que ela pudesse se
preparar para a festa. Bem, melhor que fosse Matt testemunhando Luca e
Ryder olhando um para o outro daquele jeito do que Siobhan. Ele
provavelmente não dava a mínima, enquanto Siobhan nunca deixaria Luca
ouvir o final.

— Sim, disse Luca. — Vamos lá.

Ele foi no carro com sua mãe e seus próprios guarda-costas.


Felizmente, Evelyn pegou a sugestão do silêncio gelado de Luca e não fez
nenhuma tentativa de envolvê-lo. Ao entrarem em Washington, Luca passou
o tempo olhando pela janela e fantasiando sobre Ryder.

Ele queria que Ryder transasse com ele naquele smoking,


completamente vestido, calças abertas apenas o suficiente para libertar seu
lindo pau. Por trás - sim, na frente de um espelho, para que Luca ainda
pudesse vê-lo. Talvez no banheiro, com Luca inclinado sobre a pia, as calças
abaixadas até os joelhos e o paletó no chão, a camisa meio desabotoada e
toda torta porque Ryder não conseguia tirar as mãos dele...

Luca se mexeu em seu assento e redirecionou seus pensamentos para

KM
o trabalho escolar, porque ostentar uma ereção sentado ao lado de sua mãe
era um pouco depravado demais, mesmo para seus padrões.

A festa anual de ano-novo da Fairburn Howard sempre aconteceu no


Constitution Hall do DAR. Era um belo prédio antigo e a empresa não
poupara gastos para entreter seus clientes. Luca e Evelyn juntaram-se ao
fluxo de convidados bem vestidos que entravam no salão de baile reluzente;
alguns minutos depois, Siobhan deu um passo ao lado de Luca, fazendo o
papel de uma amiga que ele convidara para ser seu par.

— Onde exatamente você está mantendo sua arma? Luca perguntou,


os olhos varrendo seu vestido preto de cetim.

Ela sorriu. — Você realmente gostaria de saber?

A primeira hora da festa foi um desfile tedioso de cumprimentos e


apresentações, quando Luca foi forçado a acompanhar Evelyn em suas
rondas através do salão. Foi uma coisa boa que ele tivesse tomado seu Ativan
- suas mãos já estavam começando a se contorcer. Ele as manteve em seus
bolsos para que ninguém pudesse vê-las.

Pelo menos ele tinha Siobhan para lhe fazer companhia. Ryder
manteve uma distância discreta, mas ele nunca permanecia tão longe que
Luca não pudesse sentir sua presença. Na verdade, foi meio que perturbador,
porque Luca podia sentir Ryder o observando, e ele continuava tendo que
lutar contra o desejo de se virar e olhar para ele.

KM
— Luca, você se lembra do Sr. Dorian, disse Evelyn, arrancando-o fora
do torpor desfocado que ele tinha caído.

Michael Dorian era CFO da Fairburn Howard e braço direito de


Evelyn. Luca automaticamente estendeu a mão para apertar sua mão. —Sim,
Sr. Dorian, como vai você?

Ele se arrependeu da pergunta no momento em que saiu de sua boca,


porque mesmo para um observador casual, era óbvio que Dorian não estava
indo bem - ele parecia ter envelhecido vinte anos desde a última vez que Luca
o viu, não seis. O que restava de seu cabelo tinha ficado completamente cinza,
seu rosto estava sulcado de rugas e ele perdera tanto peso que era
impressionante que ele pudesse se manter de pé.

Ainda assim, Dorian deu um sorriso fraco para Luca. — Muito bem,
filho. É bom te ver em casa. Como foi Aspen?

— Muito agradável. Você não foi este ano? Luca não tinha pensado
sobre isso na época, mas era estranho que Dorian não estivesse na festa de
Natal.

— Não, eu estava na Inglaterra - um pouco de problemas familiares,


nada para me preocupar. Está tudo resolvido. Dorian colocou a mão no braço
de Evelyn. — Evelyn, minha querida, eu vou cumprimentar o contingente
Vermillion. Eles estão parecendo inquietos.

— Claro. Eu estarei lá em breve.

KM
Dorian se afastou, costas inclinadas como se sentisse dor. Luca estava
preocupado o suficiente para deixar de lado sua raiva com a mãe e perguntar:
— O que há de errado com ele?

— Não tenho certeza; ele não me diz nada específico. Tudo o que sei é
que ele está sob muito estresse, e ele teve um número incomum de licenças
pessoais nos últimos meses.

— Parece que ele pode estar doente.

Evelyn suspirou. — Eu tive o mesmo pensamento.

Luca perdeu Dorian no meio da multidão. Enquanto ele examinava


distraidamente a sala, seus olhos passaram por um grupo de pessoas em pé
contra a parede oposta, e então ele deu uma segunda olhada.

Havia um homem saindo da alcova que levava aos banheiros, um


homem do Oriente Médio notavelmente bonito cujo rosto era intimamente
familiar para Luca. Mas isso era impossível. Luca não tinha visto Yosef em
mais de um ano, nem tinha ouvido falar dele, e não havia uma razão terrena
para ele estar aqui. Assistindo o homem caminhar rapidamente pelo salão,
porém, Luca tinha certeza de que o conhecia.

— Siobhan, ele disse, mas como ele não havia respirado nos últimos
dez segundos, então isso saiu como um sussurro sem ar. Luca pigarreou,
virando-se para ela e agarrando seu cotovelo para chamar sua atenção. —
Shiv, esse cara, ele não parece...-

KM
Luca se virou e piscou. O homem havia desaparecido.

— Que cara? Siobhan perguntou.

— Eu...- Luca olhou ao redor da sala; o homem não estava à vista. Era
como se ele tivesse desaparecido no ar - ou, mais provavelmente, como se
Luca tivesse imaginado vê-lo em primeiro lugar.

Siobhan estava observando-o com as sobrancelhas levantadas. Luca


sacudiu a cabeça, sentindo-se tolo.

— Nada, esquece.

— Ah, aqui vem os Wakefields. Evelyn alisou as lapelas do paletó de


Luca. — Te mataria dar um sorriso?

— Talvez.

Ela bufou e chamou os dois homens que se aproximavam. — Oliver,


obrigado por ter vindo, disse ela, beijando a bochecha do homem mais velho.
— Você se lembra do meu filho Luca?

— Sim, mas eu não o teria reconhecido. Wakefield apertou a mão de


Luca com um largo sorriso. — Você certamente cresceu, disse ele, depois
soltou a mão de Luca e deu um tapinha no ombro do jovem ao seu lado. —
Meu filho, Nathaniel.

— Nate, o homem corrigiu, oferecendo sua mão.

KM
Luca havia conhecido Nate Wakefield antes, claro, mas ele estava no
ensino médio na época e Nate era alguns anos mais velho, então eles quase
nunca conversavam. Embora Nate tivesse herdado a boa aparência clássica
de seu pai, ele estava muito ciente disso, e tudo sobre ele era um pouco
demais...- muito produto em seu cabelo castanho escuro, perfume muito
caro, seu aperto de mão muito parecido com uma carícia. Ele colocou muito
esforço em sua sombra de cinco horas artisticamente preparada, tentando
fazer com que parecesse descuidado, mesmo que fosse tudo, menos isso.
Luca instantaneamente não gostou dele.

Isso não era razoável, ele sabia, e completamente uma função da


situação em que estavam. Se as circunstâncias do encontro tivessem sido
diferentes, Luca não deveria ter tido uma reação tão forte a Nate de um jeito
ou de outro. Ele deveria pelo menos dar uma chance ao cara.

Depois que Luca apertou a mão de Nate, ele apresentou Siobhan aos
dois homens como seu amigo, e então Evelyn pegou o braço de Oliver
Wakefield. — Onde está Clarissa? Ela perguntou. — Eu sinto que não a vejo
há anos.

— Oh, ela acabou sendo apanhada pelos Kwans. Vamos encontrá-la?

— Certamente. Vocês garotos divirtam-se. Aquilo foi dirigido a Luca e


Nate.

Como ambos os pais os abandonaram mais ou menos, Luca ficou


impressionado com o quão desajeitada era essa coisa toda. Como exatamente

KM
alguém iniciava um relacionamento falso? O que ele deveria dizer? E...- algo
que não ocorreu a Luca antes daquele momento - ...e se Nate se ressentisse
disso tanto quanto ele próprio?

Ele pensou que ter Siobhan por perto tornaria isso mais fácil, mas na
verdade estava fazendo com que ele se sentisse mais autoconsciente. — Eu
não quero impedi-la de se divertir, ele disse a ela, que era o sinal pré-
combinado de que não havia problema em deixá-lo sozinho.

— Eu vou pegar uma bebida, disse ela, beijando sua bochecha. —


Prazer em conhecê-lo, Nate.

Siobhan desapareceu na multidão, embora Luca soubesse que ela não


iria longe, e ela certamente não ia beber. Ela provavelmente o observaria de
qualquer lado da sala que Ryder não estivesse.

Uma vez que eles estavam sozinhos, os olhos de Nate viajaram pelo
corpo de Luca, os lábios se curvando em um pequeno sorriso. — Você sabe,
eu não teria discutido com o meu pai tão duro sobre isso, se eu soubesse que
pequena coisa bonita você era.

O desgosto de Luca se solidificou e adquiriu uma ponta de desprezo.


Nate era talvez uma polegada mais alto que ele, com a mesma constituição
geral. Chamar Luca de pequeno era nada mais do que uma tentativa
pateticamente transparente de assumir o controle da situação através da
complacência. Luca decidiu que a melhor maneira de lidar com Nate era
dando um gelo nele.

KM
— Tenho certeza que você acha isso muito lisonjeiro, ele disse,
deixando o gelo penetrar em cada sílaba.

Nate parou de olhar malicioso e seu sorriso se tornou quente e


autodepreciativo. Ele deu a Luca uma cutucada amigável com o ombro. —Ei,
eu não quis ofender você. Estamos nisso juntos, certo? Nós também
podemos tirar o melhor disso.

Ok, talvez a polidez falsa e fria tenha sido um pouco demais, mas Luca
ainda não estava interessado. Ele mudou de tática para o de inocente-ferido-
com-passado-problemático.

— Eu não me importo de fazer um show se isso facilitar nossa vida e


levar nossos pais a relaxarem, mas esse é o máximo possível que vou chegar.
Luca apertou os lábios e baixou os olhos como se estivesse se lembrando de
um acontecimento particularmente doloroso. — Eu ainda estou me
recuperando de um mau rompimento.

— Esse seria o rompimento com a conexão de uma noite que


grampeou seu quarto, ou com o professor que você dirigiu tão insano que ele
teve que ser trancado em um hospício?

Os olhos de Luca se voltaram para o rosto de Nate. Tinha-se ido o ar


de afabilidade, substituído por uma espécie de diversão predatória - uma
reviravolta de 180 graus. — O quê? Luca conseguiu dizer.

— Eu não estou julgando. Você gosta de satisfazer seu lado puta, eu

KM
posso respeitar isso. Nate deu um passo mais perto de Luca, invadindo seu
espaço.

A tentativa de dominação física enfureceu Luca. Se Nate quisesse uma


puta, Luca poderia mostrar-lhe uma puta. — Você está certo, disse ele,
inclinando-se para Nate e deslizando uma mão por seu braço. — Eu gosto de
foder ao redor. Então, o que diz o fato de que eu não vou te foder?

A expressão de Nate mudou novamente, adquirindo um sorriso


encantador; cada indício de malícia desapareceu como se nunca tivesse
existido. — Eu acho que isso significa que eu não estou tentando o suficiente.
Ele pegou a mão de Luca e beijou as costas dela. — Você é tão bonito, disse
ele, voz baixa e doce. — Diga-me o que fazer e eu farei.

Sua postura, seu tom, suas palavras - cada indicação dizia que Nate
estava sendo completamente sério. Mas quando Luca olhou em seus olhos,
ele viu um brilho de diversão ali.

Foi nesse momento que Luca percebeu que ele e Nathaniel Wakefield
tinham muito em comum.

Toda vez que Luca alterou sua personalidade para tentar ganhar
vantagem, Nate fizera o mesmo. Ele conhecia todos os truques de Luca,
porque eles eram seus truques também. Como se sentisse a mudança na
consciência de Luca, o sorriso de Nate cresceu mais. — Eu posso fazer essa
dança com você a noite toda, querido.

KM
Luca tirou a mão do aperto de Nate e deu um passo para trás, com a
mente em uma corrida. Não era como se ele nunca tivesse conhecido alguém
como ele antes, mas ele geralmente fazia questão de ficar o mais longe
possível deles. Nada que ele fizesse ou dissesse daria a ele o controle dessa
situação, não quando Nate acabava combatendo cada movimento com um
dos seus…

Um toque em seu braço assustou Luca de volta ao presente. — Sr.


D'Amato, disse Ryder,— posso falar com você por um momento?

— Hum, sim, claro. Luca estava muito agitado para questionar sua
formalidade.

— Com licença, senhor, disse Ryder para Nate, e então levou Luca
para um canto sossegado.

— Tem alguma coisa errada? Perguntou Luca.

— Parecia que você estava precisando de um resgate.

— Eu... sim, obrigado.

— O que está acontecendo?

Luca soltou um suspiro. — Nate quer me foder.

— Eu pensei que isso faria você se sentir menos ansioso.

— Não dessa vez. Nate é… ele é como eu. Quando Ryder franziu a

KM
testa, Luca acrescentou: — Manipulativo. Ele vê através de mim com tudo
que eu tento me defender. Tendo isso em vista, eu não tenho certeza se ele
quer me foder. Ele pode estar apenas fingindo para me desequilibrar. Isso
tudo é um jogo para ele.

Luca podia ouvir a nota crescente de ansiedade em sua própria voz.


Ryder tomou-o pelos ombros e apertou um pouco. — Respire fundo, tudo
bem?

— Ele sabe sobre Duval, disse Luca, um pouco mais aterrado. —Sobre
o Glauser. Provavelmente até mais que isso. E ele está sendo tão agressivo.
Só vai piorar se eu não acabar com isso. Ele está me tratando como...- Luca
parou, depois suspirou. — Ele está me tratando do jeito que eu te tratei
quando nos conhecemos.

— Eu nunca fiquei tão chateado quanto você está agora.

Luca arqueou uma sobrancelha.

— Não, ok, isso é mentira, disse Ryder. — Houve dias em que tinha
que fazer de era tudo para não te dar um soco.

— Eu sinto muito. Eu não percebi...-

Ryder riu. — Eu superei isso. Desculpas aceita, no entanto.

Mais uma vez, Luca ficou impressionado com a sensação de que Ryder
era bom demais para ele. Ele colocou isso de lado para se concentrar em

KM
preocupações mais prementes. — Eu não sei o que fazer. Não tenho ideia de
como lidar com ele, mas estou preso a ele e não posso deixá-lo me vencer.

— Por que você não tenta a honestidade?

Luca deu-lhe um olhar vazio.

— Honestidade, disse Ryder. — É uma coisa louca onde você diz às


pessoas o que realmente está pensando sem nenhum outro motivo escuso...-

— Não seja um idiota, disse Luca, mas teve que rir. Alguma da tensão
se esvaiu de seus ombros. — Você realmente acha que isso funcionaria?

— Funcionou para mim. Se Wakefield é tão parecido com você quanto


você diz, ele não tem ideia de como responder a uma reação verdadeiramente
honesta.

— Okay. É melhor eu voltar antes que ele comece a suspeitar.

Ryder assentiu. Quando Luca se afastou, porém, ele disse: — Luca.


Quando Luca olhou para trás, Ryder sorriu. — Você está incrível.

Luca reconheceu isso, pelo que era...- ...um pequeno elogio oferecido
deliberadamente para ajudá-lo a controlar sua ansiedade. Apenas o fato de
que Ryder estava disposto a fazer isso, que ele conhecia Luca o suficiente
para saber exatamente o que precisava, significava mais do que a admiração
em si. Luca sorriu de volta. — Você também.

Ele se juntou a Nate, que usara esse tempo separados para obter dois

KM
copos de champanhe, um dos quais ele entregou a Luca. Desde que era
improvável Nate querer drogá-lo no meio de uma festa lotada com ambos os
pais presentes, Luca não hesitou em aceitar.

— O que foi aquilo? Perguntou Nate.

— Apenas um pequeno problema de segurança. Já foi cuidado.

— Aquele cara é seu guarda-costas? Nate enviou um olhar apreciativo


sobre o ombro de Luca. — Porra. Você já fodeu com ele?

Várias respostas possíveis surgiram aos lábios de Luca de uma só vez,


variando de Ele é hetero para Ele não é meu tipo para Sim, então é melhor
você cuidar de suas costas. No entanto, Nate saberia imediatamente se ele
havia mentido, e só lhe daria mais munição para usar contra Luca.

— Ele tem um namorado, disse Luca, o que era verdade, embora


odiasse admitir.

— Eu não posso acreditar que você deixaria uma coisinha assim parar
você.

Que imbecil — Normalmente não, mas eu estou tentando essa coisa


nova onde eu não fodo com a vida das pessoas. Especialmente as pessoas
responsáveis por minha segurança.

Nate voltou sua atenção para Luca, pegando a mão que não estava
segurando o copo e entrelaçou seus dedos juntos. — Então, por que você e eu

KM
não vamos a algum lugar um pouco mais silencioso? Se deveríamos ser
namorados, talvez devêssemos... conhecer um ao outro melhor.

Luca queria jogar sua bebida no rosto de Nate e causar uma cena
enorme. Ele poderia fingir estar interessado, obter Nate nu e depois "mudar
de idéia" no último minuto. Ele queria fingir estar doente e exigir que sua
mãe o mandasse para casa. Mas ele não conseguia fazer nada disso, porque
não era assim que você vencia um homem como Nate Wakefield.

Então Luca encontrou seus olhos e disse: — O pensamento de fazer


sexo com você me faz querer vomitar.

Nate piscou, uma expressão de puro espanto cruzando seu rosto; ele
não resistiu quando Luca soltou suas mãos. Depois de alguns segundos, ele
disse: — Você realmente quis dizer isso, não é?

— Sim.

— Por quê? Nate não pareceu ofendido, apenas curioso. — Eu sei que
não é minha aparência.

Ugh. — Minha mãe me forçou a isso, disse Luca. — Dormir com você
iria me fazer sentir como uma prostituta. Além disso, eu só conheço você há
dez minutos e eu já não aguento você.

Luca não podia acreditar em como era bom dizer isso. Essa coisa de
honestidade tinha seus benefícios.

KM
Nate olhou para ele um pouco mais. Então ele deu um sorriso. —Deus,
você é sexy como inferno. Sabe quanto tempo se passou desde que alguém
me disse para ir me foder?

— Estou falando sério. Você e eu nunca faremos sexo.

— Oh, eu acredito em você. Pelo menos, acredito no que você acredita


sobre você. O que tornará tudo isso mais doce quando eu finalmente
conseguir você debaixo de mim.

Apesar de seu desgosto, Luca não pôde deixar de perguntar. — O que


faz você pensar que isso aconteceria assim?

— Por favor. Não me diga que você não é um fundo. — O olhar de Nate
varreu-o da cabeça aos pés.

— Eu sou, mas não sou submisso. Eu não estou interessado em ser


preso ou amarrado ou qualquer outra coisa em que você esteja pensando.

― Um fundo agressivo, huh? Posso trabalhar com isso.

Luca revirou os olhos; ele poderia dizer que Nate estava brincando
principalmente neste momento.

― Vamos apenas sentar para que possamos acabar com esse show de
merda.

Evelyn tinha arranjado para que Luca e ela estivessem sentados na


mesma mesa que o Wakefields. O jantar ainda não tinha sido servido e a

KM
maioria dos convidados ainda estava circulando, mas Luca e Nate se
sentaram em sua mesa designada, tentando fazer parecer que eles estavam
tendo uma conversa íntima, de início de relacionamento.

Principalmente, isso consistiu apenas em uma troca de informações


sobre coisas que precisavam saber para fazer o seu "relacionamento" parecer
crível enquanto o Nate saltava de um lado para outro entre o flerte
brincalhão, charme romântico e agressão sexual com vertiginosa
inconsistência. Ele obviamente não iria desistir.

Luca fez o seu melhor para permanecer calmo e honesto, mas houve
algumas vezes não poderia se impedir de responder em espécie; o reflexo
estava profundamente enraizado nele para ser suprimido em uma única
noite. Ajudou a colocar seu foco em gravar os detalhes da vida de Nate na
memória: Estudante de economia em Georgetown, embora ele tenha tirado
uma licença no último semestre; morava sozinho em um apartamento fora
do campus; passava a maior parte do tempo com um grupo próximo de
amigos da escola; gostava de velejar e tênis.

―E eu sou viciado em cocaína, disse Nate, tão despreocupadamente


que levou a Luca um minuto para perceber que ele não estava brincando.

― Fantástico, disse Luca.

― Não é um vício ativo. Eu saí da reabilitação há algumas semanas; é


por isso que eu tive que tirar uma licença da escola. Estou limpo há três
meses.

KM
Ele parecia honestamente orgulhoso de si mesmo, então Luca disse:
"Parabéns", sem qualquer sarcasmo.

― Obrigado. Eu pensei que você entenderia, sendo um viciado em


sexo e tudo mais.

— Eu não sou viciado em sexo. Eu... Eu uso o sexo para controlar meu
transtorno de ansiedade, não, porra, essa era a última coisa que Nate
precisava saber. — Eu tive alguns relacionamentos sexuais que terminaram
mal. Isso é tudo.

— Você não foi expulso de três escolas seguidas por má conduta


sexual?

Que porra tinha acontecido com Evelyn querendo manter sua história
discreta? — Sim, disse Luca com grande relutância.

— Bem, eu conheço o vício, querido, e isso soa como um viciado para


mim.

Não tendo nenhuma boa resposta para isso, Luca concordou: — Não
me chame de querido.

Nate sorriu, correndo as pontas dos dedos sobre a parte de trás da


mão de Luca em uma leve carícia. — Como eu deveria te chamar? Bebê?
Precioso? Gatinho?

— Você pode me chamar de Luca, já que esse é o meu nome.

KM
— Agora, isso não vai funcionar. Qualquer um que me conhece sabe
que eu sempre uso apelidos carinhosos com meus namorados. Vai parecer
estranho se você for a única exceção. Então, que tal você me dizer qual deles
você mais gosta, e eu vou ficar com isso.

Luca estudou o rosto de Nate, procurando por qualquer indício de que


ele estivesse mentindo. Nate estendeu a mão para colocar uma mecha de
cabelo atrás da orelha de Luca. Ficaria bem para qualquer um que estivesse
assistindo, então Luca permitiu.

Até onde Luca sabia, Nate estava dizendo a verdade; caberia com a
personalidade dele, de qualquer forma. — Querido está bem, disse ele,
porque era de longe a opção menos ofensiva que lhe tinha sido apresentado.

Nate virou a mão de Luca e beijou o centro da palma da mão, depois


a pulsação em seu pulso. Ele se inclinou para frente, os lábios roçando a
bochecha de Luca. — Querido, um dia eu vou ter você de joelhos, implorando
pelo meu pau, e eu vou fazer você gozar tão duro que você ficará rouco de
tanto gritar, ele sussurrou, as palavras vulgares em total desacordo com seu
tom afetuoso. — Você pode fingir que não quer, se isso deixa feliz, mas eu
acho que você e eu sabemos que seu luxúria vai tirar o melhor de você antes
da minha impaciência levar a melhor sobre mim.

Ele recostou-se, os olhos desafiando Luca a jogar seu jogo, para tentar
subjugá-lo. Luca apenas olhou - em parte porque sabia que era um engano
engajar-se e em parte porque temia que Nate estivesse certo.

KM
— Sr. D'Amato? Disse a voz de uma mulher à sua direita. Ele olhou ao
redor para ver um fotógrafo profissional em pé do outro lado da mesa, com
a câmera levantada. — Posso fotografar você e Sr. Wakefield para o Post?

— Claro. Esse era o ponto inteiro dessa farsa, afinal.

Nate passou um braço pelo ombro de Luca e eles se apertaram juntos,


sorrindo para a câmera. O flash disparou e a fotógrafa agradeceu-lhes antes
de seguir em frente. Nate aproveitou a oportunidade para pressionar um
beijo no pescoço de Luca; Luca sub-repticiamente limpou-se assim que eles
se separaram.

Quando o jantar finalmente começou e o resto de seus colegas de mesa


se juntou a eles, Nate ligou o charme com força total - tornando-se a imagem
perfeita de um ancião arrojado e adorável. Luca teria ficado impressionado
se ele ainda não estivesse tenso e enojado com o que Nate lhe dissera antes.

A noite parecia se arrastar para sempre. Luca se colocou no piloto


automático e tomou outro Ativan quando ninguém estava olhando. Ele
realmente não deveria estar misturando isso com álcool, mas que diabos.

Nas proximidades da meia-noite, Luca não sabia ao certo como ele


passara as últimas horas; tudo era um borrão nebuloso. Ele deve estar
colocando uma boa fachada, porque sua mãe parecia satisfeita com ele.
Cadela.

Os garçons passaram bandejas de champanhe pelo salão de baile em

KM
preparação para o brinde da meia-noite. Luca se levantou para pegar um e
balançou com tontura repentina, pegando o braço de Nate para se firmar.

— Você está bem? Nate perguntou.

— Mm-hmm. Luca não estava tão bem quanto estava entorpecido,


mas isso poderia ser ainda melhor. A sensação de insensibilidade significava
que nada poderia atingi-lo. Isso significava não se preocupar com o fato de
que ele teria que beijar Nate em alguns minutos, ou se Nate estava certo e ele
acabaria deixando o idiota fodê-lo mesmo que a própria ideia o deixasse
nauseado, ou exatamente quão patético Ryder pensaria que ele era por
aceitar isso...

Luca piscou com a taça de champanhe na mão e depois pousou-a


cuidadosamente na mesa. Talvez ele já tivesse tido o suficiente por uma
noite.

A contagem regressiva começou, uma multidão de vozes fazendo a


contagem regressiva dos segundos para o novo ano. — Dez... nove...-

Luca não contou. Ele não tinha nada para olhar para frente.

— Oito... sete... seis...-

Nate pegou a mão dele. O estômago de Luca rolou.

— Cinco... quatro...-

Um arrepio súbito na nuca fez Luca virar a cabeça. Ryder estava

KM
encostado na parede oposta, sem contar, apenas observando Luca com os
braços cruzados. Ele provavelmente estava enojado com o que Luca estava
prestes a fazer.

— Três... dois…-

Ryder sorriu, olhos quentes e enrugando nos cantos. Isso foi tudo,
apenas um simples sorriso, mas isso fez Luca ficar sem fôlego na garganta.

— Um! Feliz Ano Novo!

As notas de Auld Lang Syne17 encheram o salão de baile. Nate


gentilmente virou a cabeça de Luca para si mesmo. Luca fechou os olhos, e
quando seus lábios se encontraram, não era realmente Nate que ele estava
beijando.

17 Auld Lang Syne é uma tradicional canção em scots, típica de Ano Novo

KM
Capítulo Vinte e Cinco

Andy deu um sorriso brilhante no momento em que abriu a porta da


frente. — Ei você. Faz algum tempo.

Ryder se inclinou para beijá-lo, pretendendo dar um rápido oi, mas


Andy passou os braços em volta do pescoço de Ryder e transformou-o em
algo muito mais profundo e úmido. Foi Ryder quem finalmente quebrou o
beijo; ele precisava dizer o que ele veio dizer antes que as coisas
progredissem mais.

— Oi para você também. Posso entrar? Está congelando aqui.

— Claro, desculpe, disse Andy, corando.

Ele recuou da porta. Ryder tirou as botas para evitar a neve sobre o
tapete imaculado de Andy, depois tirou o casaco e pendurou-o no suporte ao
lado da porta.

— Você se divertiu em Aspen? Perguntou Andy.

Demais. — Sim. É sobre isso que eu quero falar com você, na verdade.
Podemos nos sentar?

KM
Eles se mudaram para a sala e sentaram no sofá. Talvez sentindo a
tensão de Ryder, Andy não se enrolou ao lado dele do jeito que costumava
fazer.

— Há algo errado?

— Mais ou menos. Mas antes de começar, quero que prometa que me


deixará terminar de dizer tudo o que tenho a dizer antes de tirar conclusões
precipitadas.

— Isso soa sinistro.

— Não é para ser.

Andy não parecia tranquilo, mas ele disse: — Ok, eu prometo.

— Tudo bem. Ryder respirou fundo, sabendo que havia todas as


chances de que Andy fosse chutá-lo em sua bunda quando ele tivesse
terminado. — Quando eu estava em Aspen, fiz sexo com outro homem. Sexo
oral.

O rosto de Andy caiu sobre si mesmo; foi doloroso assistir. Foi por
isso que Ryder pediu para ele esperar...- ...ele claramente achou que Ryder
estava aqui para terminar com ele.

— Eu não vou tentar desculpar o que eu fiz dizendo que nunca


discutimos monogamia, porque mesmo que nunca disséssemos em voz alta,
eu sei que você esperava que nós fossemos exclusivos. E eu ficaria chateado

KM
se nossas posições fossem invertidas. Ryder pegou as mãos de Andy e
encontrou seus olhos. — Eu sinto muito, Andy, e se você está disposto a me
dar outra chance, eu prometo que isso não acontecerá novamente. Eu quero
estar com você, só você, se você ainda me quiser.

Várias emoções passaram pelo rosto de Andy em rápida sucessão -


surpresa, raiva, esperança - antes de se decidir pela exasperação. — Você
sabe o quão difícil é ficar com raiva de alguém que se desculpa com você no
mesmo fôlego em que eles estão chateados com você?

— Já foi apontado para mim antes, sim.

Andy mordeu o lábio, olhando para as mãos unidas. Ele não tentou se
afastar. — Quem foi? O cara.

— Alguém com quem trabalho. Foi completamente inapropriado e


não profissional, e eu não faria isso novamente, mesmo que você me
mandasse para o inferno agora mesmo. Ryder não tinha certeza se era
verdade, mas ele queria que fosse. Ele não queria acreditar que ele era o tipo
de pessoa que iria correr para Luca no segundo em que Andy o rejeitasse -
não apenas porque isso significaria que ele era fraco demais para manter
suas armas, mas porque seria insultuoso para Luca. Ryder já havia
empurrado o garoto o suficiente.

Por um minuto agonizante, Andy ficou em silêncio, imerso em


pensamentos. Então ele disse: — Você não precisava me contar sobre isso.
Você poderia ter voltado e agido como se nada tivesse acontecido, e eu nunca

KM
teria suspeitado.

Ryder piscou; O pensamento nunca passou pela sua cabeça. — Eu


teria sabido.

Andy o surpreendeu indo para frente e beijando-o com força. Ryder


retornou o beijo, deslizando uma mão nos cachos grossos de Andy.

— Sim, eu ainda quero você, disse Andy contra sua boca. — Você está
certo, nunca dissemos que seríamos exclusivos, mas quero dizer agora. Eu
não quero que vejamos outras pessoas.

— Nem eu.

Eles se beijaram novamente, Andy se movendo até estar sentado no


colo de Ryder. Havia uma urgência em seu toque que Ryder nunca tinha
sentido nele antes. Ele enterrou a bunda no pênis de Ryder, empurrando as
mãos sob a camisa de Ryder para acariciar os músculos de seu peito e
abdômen.

— Quanto tempo você pode ficar? Ele perguntou, beijando o pescoço


de Ryder.

— O tempo que você quiser. Eu estou de férias toda essa semana,


então me diga quanto tempo posso ficar aqui.

Andy saiu do sofá, puxando Ryder para ficar em pé com ele. —Vamos.

Ryder o seguiu até que ele percebeu que Andy estava indo para o

KM
quarto, que eles haviam concordado em evitar, no interesse de não levar as
coisas longe demais. — Andy...-

— Eu quero. Andy puxou-o para outro beijo. — Por favor, Jake, eu


realmente quero você.

— Eu pensei que você queria esperar.

— Porque eu queria ter certeza de que tínhamos uma chance de um


relacionamento real. E agora que nós já esclarecemos isso, então não há
razão para esperar mais.

Ryder hesitou. Ele não conseguia afastar a sensação de que o súbito


desejo de Andy de foder tinha mais a ver com insegurança sobre a indiscrição
de Ryder do que qualquer outra coisa - mas se ele dissesse não, Andy poderia
pensar que era porque ele ainda queria o outro homem, e isso poderia ser
pior . Talvez se eles levassem as coisas devagar e Ryder tivesse o cuidado de
deixar claro o seu próprio desejo, Andy se sentiria confortável em mudar de
ideia.

— Tudo bem, disse ele, deixando Andy levá-lo para o quarto. Era tão
imaculado quanto o resto da casa, com uma cama queen size perfeitamente
feita tomando o centro do quarto.

Andy se deitou, puxando Ryder em cima dele. Por um longo tempo,


eles apenas se beijaram, recuperando o ritmo familiar que haviam
estabelecido antes de Ryder ter ido para Aspen. Ryder tinha acabado de

KM
começar a pensar que Andy poderia estar satisfeito com isso, afinal, quando
Andy se apoiou debaixo de Ryder e tirou sua camisa.

Seu rosto e peito estavam corados - ainda envergonhado com sua


aparência, mesmo depois de todas as garantias de Ryder. Sabendo quanta
coragem foi necessária para Andy dar o primeiro passo, Ryder não pôde fazer
nada além de combinar com ele, tirando sua própria camisa também. Ele
passou as mãos pelos lados de Andy, apreciando a suave maciez de seu corpo.

— Eu tenho lubrificante e preservativos na mesa de cabeceira, disse


Andy.

Ryder se levantou em suas mãos para dar-lhes um pouco de espaço


para respirar. — Você tem certeza de que quer fazer isso?

— Sim. Você não quer?

— Muito. Ryder pressionou sua ereção contra a coxa de Andy. — Mas


eu não me importo de esperar um pouco mais. Não vai mudar a promessa
que fiz para você.

Andy balançou a cabeça, estendendo a mão entre eles para desabotoar


o jeans de Ryder. — Eu quero estar com você. Eu pensei muito sobre isso
enquanto você estava fora.

Ele enfiou a mão dentro das calças de Ryder e apertou seu pênis
através de sua cueca. Ryder gemeu, os quadris empurrando, e baixou a
cabeça na curva do pescoço de Andy. Sua respiração ficou mais rápida

KM
quando Andy o esfregou com movimentos tortuosamente lentos que fizeram
suas bolas doerem.

Timidamente, parecendo envergonhado, mas determinado, Andy


disse: — Eu quero isso dentro de mim.

— Porra, Deus, disse Ryder. Ele sempre foi um otário para conversa
suja. — Okay. Okay. Ele beijou Andy com força na boca, em seguida, ajudou-
o a tirar a calça e a cueca antes de tirar a sua. Uma vez que ambos estavam
nus, Ryder se debruçou sobre Andy novamente e beijou-o profundamente.

Andy se arqueou contra ele com um pequeno suspiro. Eles nunca


haviam feito isso antes, sem roupas entre eles, e a pressão de pele contra pele
estava derretendo a mente. Ryder levantou as pernas de Andy em torno de
seus próprios quadris e correu as mãos pelas costas das coxas de Andy,
lavando a garganta de Andy com a língua.

— Lubrificante, disse Andy, sua voz lisonjeiramente ofegante.

Ryder pegou a garrafa de lubrificante e um preservativo da gaveta que


Andy apontou, depois se acomodou entre as pernas abertas de Andy. Ele
engoliu o pau de Andy sem preâmbulo, usando as duas mãos para prender
os quadris de Andy na cama quando ele ofegou e se contorceu.

— Deus, oh, Deus. Andy levantou os joelhos, apoiando os pés no


colchão. Seus dedos se entrelaçaram no cabelo de Ryder. — Jake, oh...-

Ryder deu atenção ao pau e às bolas de Andy por alguns minutos, até

KM
obter Andy se contorcendo e implorando sem parar. Ele se afastou o
suficiente para cobrir os dedos de sua mão direita com lubrificante antes de
voltar ao trabalho, provocando Andy com os lábios e a língua enquanto ele
trabalhava com um dedo em sua bunda.

Andy abriu-se para ele com facilidade, e logo Ryder estava


bombeando dois dedos para dentro e para fora de seu buraco, torcendo e
esfregando e parando de vez em quando para acariciar sua próstata. A cabeça
de Ryder balançou enquanto ele chupava o pênis de Andy, bebendo os sons
dos gemidos indefesos de Andy.

— Jake. Andy puxou o cabelo de Ryder. — Jake...-

Ryder fechou os olhos, montando a súbita onda de luxúria que veio de


ter o cabelo puxado, e depois levantou a cabeça. — Sim?

— Eu...- eu não tenho...- O rosto de Andy era carmesim, embora Ryder


não pudesse dizer se era por excitação ou constrangimento ou ambos. — Eu
nunca estive com um homem tão grande quanto você, então você pode...- Ele
parou, aparentemente muito mortificado para terminar a frase.

— Eu vou ter certeza de que você está pronto, disse Ryder, beijando o
interior de sua coxa.

Andy sorriu e deixou a cabeça cair no travesseiro.

Ryder foi fiel à sua palavra; quando ele parou para enrolar o
preservativo, Andy estava solto e molhado e quase insensível de prazer.

KM
Rastejando de volta o corpo de Andy, Ryder disse: — Você quer fazer isso
desse jeito? Pode ser um pouco estranho, com a diferença de altura.

— Eu não me importo. Eu quero olhar para você.

Ryder não se importava também; ele estava acostumado a dormir com


homens mais baixos que ele. Mesmo assim, eles não poderiam começar na
posição missionários completa. Ryder se ajoelhou entre as pernas de Andy e
levantou a bunda de Andy em suas próprias coxas, segurando-o firme com
uma mão enquanto ele usava a outra para guiar seu pênis no lugar.

Andy respirou fundo quando a cabeça do pênis de Ryder o quebrou.


Quando Ryder se aprofundou um pouco mais, a mandíbula de Andy se
contraiu e suas mãos se fecharam nos lençóis.

— Você está bem? Ryder perguntou, parando com apenas alguns


centímetros dentro. Era um ajuste apertado, mesmo depois de toda a
preparação.

— Sim. Apenas... você é muito grosso.

— Eu posso parar...-

— Não! Andy colocou as mãos nos quadris de Ryder como se isso


pudesse fisicamente segurá-lo no lugar. — Eu só preciso de tempo para me
ajustar. Continue.

Ryder trabalhou seu caminho no corpo de Andy com movimentos

KM
cuidadosos de seus quadris, avançando uma polegada de cada vez, puxando
para fora e empurrando de volta até que os músculos de Andy começaram a
relaxar e se abrir para ele. Quando ele chegou mais do que na metade do
caminho, ele se inclinou para frente e apoiou as mãos em cada lado dos
ombros de Andy, respirando uniformemente pelo nariz para manter sua
excitação sob controle.

Ele não pôde evitar um gemido quando ele chegou ao fundo, as bolas
pressionadas contra o traseiro de Andy. Andy tinha os olhos fechados, uma
mão acariciando seu próprio pênis, a outra percorrendo as costas e o ombro
de Ryder.

— Diga-me se é demais, disse Ryder.

Andy balançou a cabeça sem abrir os olhos. — É bom.

Ryder fez algumas curvas criativas para beijá-lo, então começou a


fodê-lo de verdade - bom e lento no começo, depois um pouco mais rápido
quando ele não encontrou resistência. Já fazia quase dois meses desde a
última vez que ele enterrou seu pênis na bunda de alguém; o aperto quente e
o deslizamento dele fizeram seu pulso acelerar. Andy gemeu embaixo dele, e
os quadris de Ryder estalaram com mais força, esforçando-se em um ritmo
que vinha naturalmente para ele...

Andy soltou um suspiro repentino e agarrou Ryder com as duas mãos,


mas não de um jeito bom. Embora Ryder parasse imediatamente, demorou
alguns segundos para ele reunir sua inteligência o suficiente para falar.

KM
— Muito áspero?

— Muito fundo.

Ryder acenou com a cabeça, mudando o ângulo de seus impulsos para


torná-los mais rasos - rolando seus quadris mais do que bombeando-os.
Andy ofegou de novo e, desta vez, estava em um bom caminho.

— Oh, Deus, disse ele, as pernas apertando ao redor da cintura de


Ryder. — Assim, isso é perfeito.

O novo ritmo era mais frustrante para Ryder do que perfeito, mas ele
ignorou suas próprias necessidades e se concentrou em Andy. Ele
experimentou, descobrindo o que agradava a Andy, o que o fazia gritar de
prazer e o que o fazia grunhir de dor. Andy estremeceu todos os momentos
em que Ryder alcançasse muito fundo ou empurrasse com muita força, mas
quando Ryder era lento e gentil, provocando sua próstata, Andy se dissolvia
em gemidos guturais e sussurrava palavras de encorajamento.

— Como se sente? Ryder perguntou, quando ele estava confiante de


ter encontrado o ritmo exato que Andy precisava.

Andy apenas deu uma espécie de soluço impotente e pressionou o


rosto contra o peito de Ryder, balbuciando em sua clavícula; seus dedos
cavando os lados de Ryder. Ryder sorriu e começou a colocar toda a sua
energia em dar tanto prazer a Andy, quanto possível.

Em pouco tempo, a mente de Ryder tornou-se agradavelmente vazia,

KM
adquirindo o brilho flutuante e pacífico que ele às vezes experimentava
quando se concentrava intensamente em seu parceiro. Andy era a única coisa
no mundo que existia para ele; seu único objetivo era o prazer de Andy. Ryder
estava ciente de todos os sons que Andy fazia, cada movimento de seu corpo,
e ele se ajustou de acordo, usando seu próprio corpo para dar a Andy tudo o
que ele queria.

— Por favor, eu preciso...- Andy começou a dizer, mas Ryder já tinha


uma mão em seu pênis, batendo nele com movimentos longos e firmes. Andy
ofegou, a cabeça rolando no travesseiro, e quando ele gozou, foi com um grito
alto que soou quase chocado.

Ryder o fodeu através do orgasmo dele, então acalmou seus quadris e


se inclinou para acariciar o pescoço de Andy, lambendo o fino brilho de suor
ali. O suspiro que Andy fez foi de puro contentamento.

— Por que você parou? Ele murmurou. — Você não gozou, não é?

Não, ele não tinha, e quando a consciência de Ryder mudou do corpo


de Andy para o dele, ele percebeu que não estava nem perto disso. Merda.

Ryder beijou a bochecha de Andy. — Pode demorar um pouco. Talvez


eu deva me retirar.

— Não seja bobo. Eu quero fazer você gozar.

— Ok, Ryder disse, embora esperasse que Andy mudasse de ideia a


qualquer momento. Ele tinha certeza que ele estava sensível com seu

KM
orgasmo.

Quando Ryder começou a se mover novamente, ele se deparou com


um problema ainda maior: ele nunca ficaria satisfeito com este ritmo suave.
Ele não se importava com uma foda vagarosa, mas precisava de pelo menos
alguns minutos de boas e sólidas investidas para superar a borda. Se Andy
não gostou disso antes, ele definitivamente não ia gostar agora. Ryder fechou
os olhos e se concentrou na sensação de seu pênis deslizando para dentro e
para fora do buraco de Andy, esperando que isso fosse o suficiente.

Depois de cinco minutos terem passado sem que ele se aproximasse


da borda, Ryder foi forçado a admitir que ele nunca iria gozar desse jeito.
Andy já estava se contorcendo debaixo dele, obviamente desconfortável.

Talvez fantasiar ajudasse. Ryder imaginou fazer o que ele realmente


queria, que era empurrar os joelhos de Andy até seus ombros e fodê-lo com
tanta força que seus olhos revirariam. Ou para colocar Andy em suas mãos e
joelhos e bater nele por trás, uma mão em seu quadril, a outra emaranhada
em seu lindo cabelo encaracolado.

A respiração de Ryder chegou mais rápido, e ele teve que continuar se


lembrando de não acelerar, para não ficar muito áspero. No entanto era o
que ele queria, ele queria bater Andy com seu pênis até que ele estivesse
gritando...-

Não. Seria ainda melhor se Ryder fosse o único em suas costas, pulsos
e tornozelos amarrados nas colunas da cama, Andy o cavalgando enquanto

KM
Ryder dava golpes duros e profundos nele por baixo. Ryder podia ver agora,
quão bom Andy ficaria em cima dele.

— Morda-me, Ryder sibilou sem pensar.

— O que?

Ele estava muito fundo em sua fantasia para recuperá-lo. — Morda-


me. Por favor.

Andy beijou a bola do ombro de Ryder, em seguida, hesitantemente,


colocou os dentes nele e mordeu.

— Mais duro, disse Ryder, e gemeu quando Andy obedeceu.

Era isso o que ele queria mais do que qualquer outra coisa: ser
mordido, arranhado, agredido, mandado em volta, insultado, seu pênis
apenas um brinquedo servindo ao prazer de outro homem. Ele queria a
serena intolerância de receber ordens, ser ligado, ser usado.

Exceto que Andy nunca faria nenhuma dessas coisas, e Ryder sabia
disso. Por isso ele não estava realmente fantasiando sobre Andy, não era?

A vergonha sufocou Ryder quando ele fantasiou Luca batendo em seu


rosto e exigindo ser fodido com mais força.

Levou tudo que ele tinha para não desmoronar em cima de Andy,
fraco com o estranho rescaldo de um orgasmo que tinha sido mais
psicológico do que físico. Ele demorou alguns segundos para recuperar o

KM
fôlego, depois retirou-se com muito cuidado, tirando o preservativo e
jogando-o na cesta de lixo.

Andy sorriu para ele, parecendo satisfeito e saciado. Quando Ryder


deitou ao lado dele, Andy rolou e colocou a cabeça no peito de Ryder,
envolvendo um braço em volta dele. Ryder esfregou suas costas.

— Uau, disse Andy. — Você realmente tem uma resistência fora do


comum.

*****

Luca estava enrolado na cama, passando por The Sound and The
Fury18, que ele deveria ler para a disciplina de Literatura Inglesa Avançada
durante as férias, mas o tinha iniciado apenas ontem. Era uma luta manter
os olhos na página, e a prosa do fluxo de consciência não estava ajudando.
Ele estava particularmente no limite desde a véspera de Ano Novo três noites
antes, estufado de ansiedade por causa de Nate - e então Phoebe tinha saído
do nada, sem sequer dizer adeus. Ryder disse que ele não sabia por que, mas
Luca sabia que era porque ela finalmente se cansara de suas travessuras e
não podia mais estar perto dele. A mesma coisa aconteceu com Scheller e

18 The Sound and the Fury é um romance do escritor estadunidense William Faulkner, em que são utilizados
vários tipos de narrativa, incluindo a técnica conhecida como fluxo de consciência

KM
Warnock após o fiasco em Armistead e outros guardas antes deles. Além de
tudo isso, seu cérebro estava nebuloso e confuso com os efeitos de tomar
muito Ativan em um período de tempo muito curto. Ele tinha conseguido
lidar bem com isso antes de Duval.

Ele estava começando a se perguntar se poderia se dar bem lendo as


Notas de Spark, em vez do romance real, quando ouviu uma leve batida na
porta do quarto, e logo em seguida Ashton entrou.

— Bom que você está aqui. Luca se sentou e jogou o livro no chão. —
Eu realmente poderia usar um pau na minha bunda agora.

Ashton revirou os olhos. — Você diz as coisas mais doces, disse ele,
mas estava sorrindo.

Luca fez Ashton levá-lo por trás, precisando apagar a memória de


Duval e substituí-la por uma melhor. Ainda era um pouco estranho, sendo
apenas a segunda vez que estavam fazendo isso, mas foi bom o suficiente
para acalmar Luca e fazê-lo se sentir melhor. Depois, eles ficaram lado a lado,
Ashton traçando as pontas dos dedos sobre o estômago de Luca com toques
leves.

— Meu ex nunca me deixa fazer isso, disse ele. — Você sabe, estilo
cachorrinho.

— Eu também fiquei nervoso quando fiz minha primeira tentativa. É


diferente quando você está sendo fodido. Embora Luca tivesse aprendido há

KM
muito tempo que o posicionamento tinha muito pouco a ver com quem
estava encarregado de um encontro sexual.

Ashton beijou seu ombro. Ficaram em silêncio por alguns minutos,


tempo suficiente para que Luca começasse a cochilar.

Então Ashton disse: — Sinto muito. Sinto muito por te chatear, por
ter sido tão idiota e por demorar tanto para me desculpar.

— Você já me disse isso no telefone.

— Eu sei, mas eu queria dizer pessoalmente também.

— Está tudo bem. Luca colocou a mão em cima de Ashton e apertou.


— Bryce realmente não disse nada para o seu pai?

— Não. Na verdade, ele me puxou de lado no outro dia e disse que se


eu tivesse medo de me assumir para os meus pais, ele não se importaria de
me cobrir. Eu disse a ele que não era gay, mas não acho que ele acreditou em
mim.

— Muitas pessoas não seriam capazes de envolver suas cabeças em


torno disso.

— Sem brincadeiras. Ainda estou tendo problemas com isso. Ashton


ficou quieto por outro momento. — Então, como foi a festa de Ano Novo da
Fairburn Howard?

Luca ficou tenso. — Tudo bem. Por quê?

KM
— Meus pais estavam falando sobre isso.

— Eles não estavam lá, estavam?

— Não, nós estávamos na mansão do governador em Annapolis.


Mas... Ashton hesitou. — Havia uma reportagem nesta manhã, na seção do
Post Society. Meus pais estavam conversando sobre isso no café da manhã.

Ah. Luca realmente deveria facilitar isso para ele, agora que ele sabia
do que se tratava, mas tudo o que ele disse foi: — Então?

— Eles disseram...- bem, eu não vou dizer o que eles realmente


disseram, porque eles são bem homofóbicos e eu não quero repetir isso...-
mas o jornal fez parecer que você estava em um encontro.

Embora Luca não esperasse que isso acontecesse tão cedo, ele sabia
que acabaria saindo, e ele já pensara em como lidar com isso. Mas quando
ele abriu a boca para mentir para Ashton, ele descobriu que simplesmente
não conseguia. — Sim, eu estava em um encontro com meu novo namorado
falso.

— Um… quem?

Luca virou de lado, encarando Ashton. — Você tem que prometer não
contar isso para ninguém. Nem mesmo a Gabby.

— Eu não vou, eu juro. Você sabe que eu posso guardar um segredo.

Então, Luca contou-lhe a verdade sobre Nate - como os pais deles

KM
haviam conspirado contra eles para organizar o relacionamento deles, e
como tudo ficou ainda pior com a atitude desgraçada de Nate. Ele conseguiu
evitar qualquer menção a Duval ou Gray, fazendo parecer que sua mãe tinha
ficado de saco cheio de vê-lo fodendo ao redor e queria que alguém o
mantivesse na linha.

— Sua mãe é louca, disse Ashton quando Luca terminou.

— Não. Ela é uma cadela de coração frio, mas ela não é louca. Eu...
Luca não podia dizer a Ashton por que ter um namorado iria protegê-lo, não
sem revelar o assédio de Gray. — Eu entendo onde ela está querendo chegar.
Eu só queria que ela não tivesse forçado isso em mim.

— O que acontece se você conhecer alguém com quem você realmente


quer se relacionar? Você tem que dizer a ele que você não pode estar com
ele?

Ashton parecia tão ultrajado em seu nome que Luca teve que sorrir.
— Mãe disse que posso terminar com Nate se eu encontrar um namorado de
verdade. Neste ponto, eu levaria quase qualquer pessoa sobre ele. Ele está se
esforçando tanto para entrar na minha calça que é ridículo.

Franzindo a testa, Ashton sentou-se. — O que você quer dizer? Ele


está...- ...ele está forçando você?

— Eu não colocaria dessa maneira. Ele é um pouco agressivo. Você


sabe, o tipo de cara que não aceita um não como resposta. Muito cheio de

KM
mãos.

— Luca! Isso não é legal. Você contou a sua mãe sobre isso?

— Ela não se importaria.

Ashton ficou surpreso com isso, a boca funcionando silenciosamente


antes que ele finalmente dissesse: — Bem, eu me importo. Você não precisa
deixar esse cara te assediar sexualmente. Rompa com ele. Eu vou fingir ser
seu namorado.

Agora foi a vez de Luca ficar surpreso. Ele sentou-se também, olhando
para Ashton. — Você faria isso por mim?

— Claro, se isso impedir você de ser molestado!

— Eu...- Luca pegou o rosto de Ashton em suas mãos e beijou-o com


força na boca. — Ash, isso é tão doce, e significa muito para mim sua oferta.
Mas você sabe que eu não posso deixar você fazer isso.

— Por que não?

—Talvez se você fosse mesmo gay, ou mesmo bissexual, eu diria sim.


Mas você é hetero e disse que seus pais são homofóbicos. Se eu for o único
cara com quem você vai dormir, não faz sentido arruinar seu relacionamento
com eles. Eu não vou deixar você atrapalhar sua vida, não por mim. Eu posso
lidar com Nate.

— Você tem certeza? Ashton perguntou, ainda parecendo chateado.

KM
— Sim. Um pensamento perturbador atingiu Luca, e ele mordeu o
lábio antes de se decidir se ele deveria perguntar. — Você está...- você está
oferecendo isso apenas porque você está tentando me proteger, certo? Não
porque você realmente quer ser meu namorado.

Ashton piscou. — Acho que não. Eu não sei; eu nunca pensei sobre
isso. Quero dizer, eu adoro sair com você e penso em foder você o tempo
todo...- como, todo o tempo, meio fora de controle. Como você diferencia esse
tipo de sentimento dos que você teria sobre um namorado?

— Não me pergunte. Eu nunca tive um.

— Mesmo? Bem, há uma diferença entre o modo como você se sente


em relação a um amigo e a maneira como você se sente em relação a uma
namorada ou namorado. São basicamente pequenas coisas. Os olhos de
Ashton estavam desfocados, como se estivessem perdidos em suas
memórias. — Você quer estar perto deles o tempo todo, mesmo que esteja
apenas sentado ao lado do outro, sem fazer nada. Você sente falta deles
quando eles saem, mesmo que tenha sido por apenas dez minutos. Quando
eles estão na mesma sala que você, você não pode tirar os olhos dele, e nada
é mais importante para você do que o que eles pensam de você, porque você
não pode suportar o pensamento de machucá-lo ou desapontá-lo.

Oh, não, Luca pensou com horror, porque isso parecia familiar
demais.

— Agora que estou dizendo isso em voz alta, posso afirmar com

KM
certeza - não, eu não me sinto assim em relação a você, disse Ashton,
indiferente ao desânimo de Luca. — Eu tenho esse sentimento - como se eu
quisesse cuidar de você, eu acho, mas não é um sentimento romântico. Eu...
Luca, você está bem? Você parece um pouco pálido.

Não estava nenhuma maravilha. Luca ainda estava lutando para


chegar a um acordo com o fato de que tudo que Ashton descreveu era
exatamente o que ele sentia sobre Ryder.

Ele sempre soube que gostava de Ryder - admirava-o, respeitava-o,


era poderosamente atraído por ele. Mas a imaginação de Luca nunca se
estendeu para além de ter Ryder como uma foda normal, a longo prazo,
alguém com quem ele poderia fazer sexo sempre que quisesse, porque ele
não tinha nenhum ponto de referência para qualquer outra coisa. Até agora.

Oh meu Deus, eu quero namorar meu próprio guarda-costas.

Isso era ruim. Isso era tão ruim. Por mais arriscado que fosse Ryder e
Luca tendo um caso, seria ainda pior se Ryder fosse seu namorado. Isso viria
com uma série de novas complicações que Luca não estava preparado para
lidar.

No entanto, nada disso mudava o quanto ele queria isso.

— Luca? Ashton disse. — O que há de errado?

— Nada. Eu só... Luca pigarreou. — Eu estava apenas pensando em


como vou ter que agir para fingir algum sentimento em relação a Nate. Mas

KM
fico feliz que você tenha me contado. Eu Já estive em situações anteriores em
que eu sabia que um cara estava desenvolvendo sentimentos por mim e não
fiz nada para pará-lo, e eles acabaram se machucando. Eu não quero fazer
isso com você.

— Ok. Ashton passou os dedos pela bochecha de Luca. Então,


parecendo repentinamente preocupado, ele disse: — Ainda podemos fazer
sexo, certo?

Luca riu, empurrando Ashton de costas e subindo em cima dele. —


Sim, seu pervertido gigante, ainda podemos fazer sexo.

KM
Capítulo Vinte e Seis

A próxima mensagem chegou na quinta-feira. Tinha o mesmo teor da


primeira, mas desta vez foi entregue pelo correio normal e não por um
serviço de mensageiro. O carimbo indicava que havia sido enviado de DC.
Dentro do envelope havia um recorte do Post com a foto de Luca e Nate
Wakefield na véspera de Ano Novo. A nota anexa dizia:

Quanto tempo para que esse se arrependa do dia em que ele te conheceu?
UM ADMIRADOR

Song era a guarda-costas de plantão, mas ela ligou para Ryder quando
a mensagem chegou. Agora os dois estavam no quarto de Luca, observando-
o olhar para o cartão em sua mesa.

Depois de alguns minutos, Luca percebeu a tensão e olhou para cima.


— Estou bem, disse ele, e depois estendeu as mãos. — Olhe? Quase sem
tremer.

KM
Song varreu o envelope, a fotografia e a nota da mesa.

— O que você está fazendo? Perguntou Luca.

— Eu não vou deixar você ficar aqui sentado olhando para isso o dia
todo e obcecado com eles. Ela entregou a pilha para Ryder.

— Ela está certa, disse ele. — Além disso, Clarke e eu estamos


mantendo todas as evidências juntas na sala de controle para que possamos
rastrear qualquer padrão.

Luca passou a mão sobre a mesa. — Você acha que ele vai mandar
mais?

— Eu acho que você deveria se preparar para essa possibilidade. Ryder


decidiu não acrescentar que, porque eles não tinham absolutamente
nenhuma pista viável, eles não tinham nenhuma chance de descobrir quem
era o Admirador, a menos que ele continuasse enviando mensagens.

Luca assentiu, dedos brincando sobre a madeira polida. Song deu a


Ryder um olhar que dizia claramente: E agora?

— Ok, disse Ryder. — Eu ia esperar até a próxima semana para fazer


isso, mas parece que você precisa disso agora. Pegue seu casaco.

— Por quê?

— Eu estou dando a você seu presente de Natal.

KM
— Eu lhe disse para não comprar nada!

— É algo que você não tem.

Luca levantou as sobrancelhas, parecendo intrigado. — Por que eu


preciso do meu casaco?

— Nós temos que ir para outro prédio aqui na propriedade. Ryder


levantou a mão para evitar mais perguntas. — Eu não estou dizendo mais
nada. Eu vou levar essas coisas para a sala de controle e encontrar vocês no
foyer.

Ryder pegou seu próprio casaco em seu quarto antes de ir para o nível
mais baixo, onde Hector estava monitorando os feeds das câmeras de
segurança.

— Eu pensei que você estivesse de folga esta semana, disse Hector.

— Esse seria o motivo pelo qual eu estou vestindo calças de moletom,


disse Ryder enquanto ele pregava a última mensagem do Admirador ao
quadro onde eles estavam mantendo o primeiro. — Você vai me fazer um
favor e ficar de olho nas câmeras externas? Song e eu estamos levando Luca
para a Zona 3. E pedir a Tom trazer um carrinho até a porta da frente.

— Certo.

— Obrigado. Ryder deu um tapinha no ombro em seu caminho para


fora da sala de controle.

KM
Luca e Song estavam esperando por ele no foyer. Song já sabia onde
eles estavam indo - Ryder tinha discutido o presente com toda a equipe de
segurança em primeiro lugar - mas Luca estava claramente perplexo.

— Diga-me o que é, ele exigiu.

— Não. Vamos.

Ryder conduziu Luca para fora no momento em que Tom estava


estacionando um dos carros elétricos que a equipe usava para se locomover
pelos vastos terrenos da propriedade. Luca se sentou na frente com Tom
enquanto Ryder e Song subiram na parte traseira, e eles dirigiram para uma
das dependências mais afastadas da casa principal.

— O que é isso? Perguntou Luca quando pararam em frente a um


pequeno prédio de tijolos.

— É o canil onde mantemos os cães de guarda. Para Song, Ryder disse:


— Você está vindo?

Ela balançou a cabeça. — Eu vou ficar de olho aqui fora.

O canil tinha uma atmosfera leve e alegre, com o cheiro de


desinfetante mascarando o cheiro normal de um lugar que abrigava tantos
cães juntos no mesmo espaço. Havia um homem barbudo e compacto
trabalhando em um computador na sala da frente; ele se levantou quando
Ryder e Luca entraram. — Eu pensei que você estava vindo na próxima
semana?

KM
— Mudança de planos, disse Ryder. — Luca, este é Arnold Beale. Ele
é responsável pela criação e treinamento dos cães. Beale, Luca D'Amato.

Eles apertaram as mãos. — Eu nem sabia que fazíamos isso aqui, disse
Luca.

— Oh, sim, disse Beale. — Temos algumas linhas de reprodução


bastante conhecidas na comunidade de segurança local.

Luca deu a Ryder um olhar interrogativo, ainda sem entender.

— Eu estive pensando sobre o que você disse sobre não ter nenhuma
privacidade, e você está certo - eu não consigo imaginar como é ser
constantemente seguido em torno de sua própria casa, especialmente na sua
idade. Ryder pigarreou, desconfortável em discutir isso na frente de Beale. —
Então eu falei com sua mãe e Clarke, e nós concordamos que poderíamos
recuar um pouco aqui dentro da propriedade se você tivesse um cão que foi
treinado especificamente para protegê-lo.

Os olhos de Luca se arregalaram de surpresa. — Mesmo?

— Sim. Só na casa, obviamente, não do lado de fora, e não seria


imediatamente, porque os filhotes que Beale tem estão com apenas seis
meses de idade. Mas uma vez que o cão esteja completamente treinado,
podemos mudar os arranjos de segurança para que seu guarda-costas
simplesmente tenha que estar por perto, e não bem em cima de você. Se você
estiver interessado, claro.

KM
— Eu estou, disse Luca imediatamente. — Eu...- ...eu gostaria muito
disso. Minha mãe realmente disse que estava tudo bem?

Ryder assentiu. As verdadeiras palavras de D'Amato foram que talvez


ter um cachorro ajudaria a acalmá-lo, mas Luca não precisava ouvir isso.

— Ela nunca me deixou ter animais de estimação quando eu era


criança.

— Este cão será mais do que um animal de estimação, disse Beale. —


Vai ser outro guarda-costas. Ele morrerá para protegê-lo se for necessário.
Embora eu ache que isso é muito improvável, ele adicionou quando Ryder
olhou para ele. Ele gesticulou para o corredor. — Venha aqui e você poderá
escolher um da ninhada.

Luca deu um sorriso brilhante para Ryder antes de seguir Beale.


Ryder seguiu atrás deles.

Havia uma grande sala aberta na parte de trás do prédio, com um


grande cercado de madeira no centro, onde os filhotes estavam livres para
correr e brincar. Estava cheio de brinquedos, rampas, túneis e pequenas
estruturas de espuma para os cachorros pularem e saírem.

Cinco filhotes de pastor alemão passeavam ao redor do cercado,


latindo, saltando e brigando. O humor de Ryder se iluminou
consideravelmente apenas observando-os. Ele sempre adorou cachorros,
cresceu cercado por eles, embora seus pais não tivessem conseguido um novo

KM
desde que seu labrador Dexter morrera há três anos. Ryder nunca confiou
totalmente em pessoas que não gostavam de cachorros.

Desde a entrevista de alunos egressos de Georgetown de Luca, Ryder


viu que Luca era uma pessoa de cachorro; foi isso que lhe deu essa ideia em
primeiro lugar. Um cão de guarda pessoal era um grande trunfo para alguém
na posição de Luca e, além disso, Ryder achava que isso poderia ajudar a
aliviar a solidão poderosa que ele às vezes sentia em Luca.

Beale abriu o portão do cercado. — Você pode entrar, apenas


certifique-se de descer ao nível deles para que eles não se sintam intimidados
pelo seu tamanho - especialmente você, Ryder.

Luca tirou o casaco e pendurou-o na lateral da cerca, depois entrou e


sentou-se no chão. Ryder seguiu o exemplo, e Beale entrou atrás.

Filhotes nascido de uma linhagem de cães de guarda resistentes,


todos os filhotes eram ousados e curiosos. Eles vieram trotando para Luca e
Ryder, as cabeças erguidas e caudas abanando descontroladamente, sem um
sinal de timidez entre eles. Ryder estendeu a mão para o filhote mais próximo
e deixou-o cheirá-lo antes de acariciar sua cabeça peluda.

— Não deveria ser legal eles serem tão adoráveis, disse Luca.

Beale riu. — Passe algum tempo brincando com eles, veja qual deles
você se conecta melhor. Você saberá quando encontrar o certo.

— Você vai manter o resto deles para trabalhar na propriedade?

KM
— Provavelmente um ou dois. Nós vamos vender os outros para as
academias policiais ou empresas de segurança. De vez em quando, nós os
conectamos com os contatos militares de sua mãe.

Enquanto Luca se familiarizava com os filhotes, Beale explicou o


extenso programa de treinamento em que ele colocava os cães de guarda, e
como esse programa seria alterado para o cachorro que Luca escolhesse.
Ryder ouviu com apenas metade da atenção. Ele não conseguia tirar os olhos
da visão de Luca parecendo feliz e relaxado, sentado de pernas cruzadas no
chão e brincando de cabo-de-guerra. Ele nunca tinha visto Luca tão à
vontade, e ele sabia que tinha feito a proposta certa ao propor isso a Clarke e
D'Amato.

Um dos filhotes foi particularmente amigável, para não mencionar


um pouco de autoritarismo - ela continuou empurrando seus pequenos
companheiros para fora do caminho para que ela pudesse chamar mais a
atenção de Luca. Ryder gostou dela; ela tinha o tipo de olhos grandes e
alertas, onde você poderia simplesmente dizer que ela era inteligente.
Eventualmente, ela subiu direto no colo de Luca.

Quando Luca a pegou, ela se contorceu por alguns segundos antes de


se sentar, olhando para ele e lambendo seu queixo. Luca coçou-a atrás das
orelhas. — Eu gosto deste, disse ele.

— Athena, disse Beale. — Boa escolha, ela é inteligente como um


chicote. Ela vai ser fácil de treinar.

KM
Luca surpreendeu Ryder segurando o cachorro para ele, como se
pedisse aprovação. Ryder a pegou e levantou para que ele pudesse olhar em
seus olhos. Ela olhou para ele solenemente por alguns segundos, depois se
esforçou para frente, tentando lamber seu nariz. Ele riu e colocou-a no chão.
— Eu gosto dela também.

Beale deu um tapinha na cabeça de Athena enquanto ela passava por


ele para pegar um brinquedo. — Vamos começar devagar, disse ele a Luca. —
Quando você voltar para casa, escolha algumas coisas que você tenha usado
recentemente e que não se importe de perder, e peça a uma das equipes que
as traga aqui. Eu vou ter Athena dormindo com elas por algumas noites para
que ela se acostume com o seu cheiro. Você deveria vir aqui e passar um
tempo com ela todos os dias, e nós vamos apresentá-la à casa principal
gradualmente. Mesmo que seja dura como ela é, vai assustá-la se tentarmos
movê-la para uma casa grande e estranha de uma só vez. A boa notícia é que
ela já é treinada em casa, então você não precisa se preocupar com isso.

— Okay.

— Nós deveríamos tê-la completamente mudada dentro de algumas


semanas. Ela ainda precisará ser trazida aqui na maioria dos dias para que
eu possa trabalhar com ela, mas eu posso fazer isso enquanto você estiver na
escola. Parece bom?

— Sim, disse Luca. — Obrigado por isso.

— De nada. Já faz um tempo desde que eu tive a chance de treinar um

KM
cão de guarda pessoal. Vai ser interessante.

Eles deixaram o cercado, e Ryder e Luca colocaram seus casacos de


volta. Luca estremeceu quando checou o relógio. — Vou me atrasar para a
minha consulta com a Dra. Andersen, se eu não sair logo.

— Ok, vamos lá. Ryder apertou a mão de Beale e agradeceu antes de


levar Luca de volta para a frente do canil. Luca lançou um último sorriso para
os cachorros por cima do ombro ao saírem.

Beale ficou para trás com os filhotes, então Ryder e Luca estavam
sozinhos na sala da frente quando Luca pegou o cotovelo de Ryder e o puxou
para uma parada. — Esta é a melhor coisa que alguém já fez para mim, disse
ele.

Pensando em quantos presentes extravagantes os inúmeros amantes


do passado deviam ter dado a Luca, Ryder disse: — Isso não pode ser
verdade.

— Ok, deixe-me reformular. Esta é a melhor coisa que alguém já fez


por mim sem esperar nada em troca.

Os olhos de Luca estavam quentes, sua linguagem corporal


convidativa - não flertando, apenas relaxada e aberta. Isso estava entrando
em território perigoso, porque Ryder já estava sentindo o impulso instintivo
de puxá-lo para perto. — Eu me lembro de ter ganhado alguns DVDs bem
legais também, ele disse.

KM
Luca riu e deu a Ryder um empurrão brincalhão, que Ryder fingiu
ficar desequilibrado enquanto seguia Luca pela porta e de volta ao frio.

*****

Absorto em pensamentos agradáveis de seu novo cão - e a


consideração de Ryder - Luca quase não notou o homem.

Estavam atravessando a praça de negócios que abrigava o Highrise da


Dra. Andersen, e se os prédios ao redor não tivessem sido construídos em
sua maioria de vidro espelhado, Luca não o teria visto. Por acaso, ele olhou
para a parede do prédio em frente, a tempo de pegar o reflexo de um homem
alto com nariz pontudo e óculos de tartaruga cruzando a praça atrás deles.

Luca parou, observando o reflexo em movimento com os olhos


arregalados. Descrença atordoada paralisou seus músculos no lugar por
alguns segundos, até que ele recuperou controle suficiente para girar, e... -

...E nada. O homem não estava lá.

Algum tipo de impulso ridículo fez Luca olhar para o vidro, como se
suspeitasse que refletisse uma realidade diferente. Não tinha, claro; o que
estava acontecendo na superfície espelhada era o mesmo que acontecia na
praça.

KM
— Luca? Candace estava olhando para ele, preocupada. Os outros dois
guardas que haviam sido convocados para acompanhá-lo a sua consulta -
Katie Edberg e Georgina - estavam dando a ele olhares parecidos.

— Eu pensei ter visto o Dr. Kranz, disse Luca, com a garganta seca.

Candace ficou tensa, a mão apoiada no contorno de sua arma sob o


paletó. — Onde?

— Não, eu só… eu só pensei que o vi. Ele não está aqui.

Exatamente como Luca pensara ter visto Yosef na véspera de Ano


Novo. Ele sabia que havia uma explicação simples e lógica para ambas as
ocorrências - ele estava obcecado com quem o Admirador poderia ser,
pensando em homens de seu passado, e seu cérebro desgastado estava
pegando rostos de estranhos e transformando-os, por alguns segundos, em
rostos de homens que ele conhecera. Mesmo agora, Luca podia ver um
homem do outro lado da praça usando o mesmo tipo de óculos que o Dr.
Kranz sempre usava. Seu cérebro entrou em pânico e deu um curto-circuito.

Alternativamente, ele estava começando a alucinar. Essa era uma


possibilidade que Luca nem queria considerar, porque era algo que o
aterrorizava desde que ele tinha sido diagnosticado com um distúrbio de
ansiedade - mesmo que, em um nível racional, ele soubesse que não havia
conexão entre os dois.

— Estou bem, disse Luca, em resposta à pergunta não formulada de

KM
Candace. — Vamos lá.

Entraram no prédio e pegaram o elevador até o consultório da Dra.


Andersen. Luca ficou inquieto todo o caminho até lá, toda a sua calma
anterior o abandonara.

Como estavam alguns minutos atrasados, Andersen estava esperando


por ele na mesa da recepcionista. — Desculpe, disse ele, sentindo-se culpado,
embora Candace tivesse ligado antes.

— Não se preocupe com isso. Venha para cá.

Luca a seguiu até o escritório e sentou-se no banco de costume,


tentando não deixar o joelho saltar muito obviamente.

— Então, como foi Aspen? Andersen perguntou quando pegou seu


bloco e caneta.

Apenas diga a ela que foi tudo bem.

Isso nem seria uma mentira total, já que a primeira semana de férias
tinha sido ótima, e tinha passado uma noite com Ryder... mas depois tudo
foi direto para o inferno. Luca não seria capaz de esconder isso dela, não em
seu atual estado de espírito.

— Algumas... algumas coisas ruins aconteceram comigo, na verdade.

— Você quer me contar sobre isso?

KM
Para sua surpresa, Luca percebeu que ele realmente queria.

Então ele contou a ela toda a história - o que Duval tinha feito com
ele, por que ele tinha feito aquilo, qual o objetivo real de Gray, e sobre as
notas assustadoras que o Admirador havia lhe enviado. É claro que, quando
ele chegou à parte da nota que havia recebido naquela manhã, teve que
recuar e explicar quem era Nate, o que abriu uma nova lata de vermes. Ele
começou a falar mais e mais rápido, tentando tirar todas as palavras de uma
vez, só para acabar com isso, e seu corpo ficou mais rígido enquanto sua voz
ficava mais fraca com a tensão.

Finalmente, Andersen levantou a mão. — Luca. Respire fundo. Os


olhos dela se moveram de onde as mãos dele estavam cerradas em seu colo
para onde ambos os pés dele batiam no chão, e então ela se levantou. —
Vamos fazer uma pequena pausa. Vou pedir que minha secretária reagende
o restante dos meus compromissos uma hora mais tarde para que possamos
ter um pouco mais de tempo do que o normal, certo?

— Eu não quero estragar o seu dia...-

— Eu faço isso com meus pacientes o tempo todo. Apenas tente


relaxar e voltarei em alguns minutos. Beba um pouco de água.

Ela saiu da sala, e Luca estalou o pescoço na esperança de que isso


liberasse um pouco de sua tensão. Você sabia que estava fodido quando seu
psiquiatra tinha que colocar uma hora extra de emergência em sua sessão.

KM
Bebeu um pouco de água da garrafa que Andersen lhe dava no início
de cada consulta, embora tivesse dificuldades para engolir com a constrição
em sua garganta. Seus músculos estavam tão duros que era doloroso. Luca
fechou os olhos e praticou os exercícios respiratórios que Andersen lhe
ensinara até ela voltar.

— Tudo bem, ela disse, sentando-se, — conte-me sobre Nate


novamente. Mas leve seu tempo. Não há pressa.

Luca concordou, parando para respirar fundo cada vez que se sentia
cansado. Quando ele terminou, Andersen franziu o cenho para o bloco dela,
batendo com sua caneta nele. Pela primeira vez desde que Luca começara
suas sessões com ela, ele a estava vendo visivelmente irritada. Era
intimidante, mesmo sabendo que a irritação não estava direcionada a ele.

— Não tenho certeza se há uma maneira pior de sua mãe reagir à


situação de Duval, considerando o que você está enfrentando, disse
Andersen.

— Ela ainda acha que sou viciado em sexo. Ela não poderia saber o
que me forçar a isso significaria para mim.

— Você não discutiu isso com ela?

— Não. Eu não quero que ela saiba.

— Por que não?

KM
Luca não sabia a resposta para isso, então ele disse: — Eu não quero
falar sobre isso.

— Tudo bem. Andersen não pressionou a questão; Luca ainda estava


esperando pelo dia em que ela o pressionaria a falar sobre coisas para as
quais ele não estava preparado, mas isso ainda não havia acontecido. — Tem
mais alguma coisa acontecendo que você não mencionou?

— Não. Bem, sim, eu acho. Eu só… acho que posso estar tomando
muito Ativan. Eu já fiz isso antes, e sinto o mesmo agora que já senti
anteriormente - como se meu cérebro pesasse demais.

— Quanto você tomou hoje?

— Duas pílulas esta manhã.

— E na semana passada?

— Eu não me lembro, disse Luca, embaraçado. — Muito.

Andersen assentiu. — Você está certo em se preocupar. Tomando


muito Ativan poderia levar a uma overdose, e além disso poderia desenvolver
uma dependência química. Antes de sair, você estava indo bem em limitar
sua ingestão. Você pode me dizer o que mudou?

— Estou preocupado com tudo o que está acontecendo. Eu não


consigo parar de pensar nisso. E... Luca fez uma pausa, procurando uma
maneira de colocar o que estava sentindo em palavras. — Tenho medo de

KM
que, se a ansiedade ficar fora de controle, eu faça algo estúpido como fiz com
Duval, e algo de ruim acontecerá novamente. Então eu tomo os remédios em
vez disso.

— Mas você não dormiu com Duval porque estava se sentindo ansioso,
não é?

— Não, foi só por diversão. Ainda assim, olhe o que aconteceu. Todo
mundo continua me dizendo que eu não fiz nada de errado, mas se não fosse
pelo meu histórico, ele não teria tentado em primeiro lugar. Foi minha culpa.
Estou com medo de que isso aconteça novamente...-

— Isso é compreensível.

Luca passou a mão no rosto. — Eu odeio me sentir assim, ele admitiu


em voz baixa. — Eu odeio isso. Eu não quero ser assim. Eu não quero mais
ficar doente.

— É isso que você pensa de si mesmo? Como um doente?

— Não estou?

— Não é uma palavra que eu usaria para descrever você, então não.

— Mas eu sou uma bagunça. Eu não consigo lidar com o estresse.


Quando coisas ruins acontecem comigo, eu simplesmente desmorono. A
maioria das pessoas não precisa tomar medicação para manter a ansiedade
sob controle.

KM
— Luca, disse Andersen, inclinando-se para frente, —...a maioria das
pessoas não vive com o conhecimento de que está em constante perigo, ou
tem que se cercar de guarda-costas 24 horas por dia para se proteger dos
inimigos de sua família. A maioria das pessoas não testemunhou o
assassinato de seu pai, ou sobreviveu a uma tentativa de sequestro, ou foi
perseguida por um ex-amante...- ...e muito menos os três. Você não é... “a
maioria das pessoas”.

Luca se mexeu em seu assento. Ele sabia que ela tinha razão, mas ele
ainda se sentia um fracasso. Uma aberração.

Andersen sentou-se e suspirou. — Você quer ouvir minha opinião


profissional?

Não era uma pergunta retórica. Se Luca dissesse não, Andersen


respeitaria isso. Só por essa razão, ele disse: — Sim.

— Tudo bem. Eu acho que você experimentou algo extremamente


traumático em uma idade jovem, e que você desenvolveu um caso de
Transtorno de Estresse Agudo que nunca foi tratado. Você passou os anos
de formação de sua adolescência isolado de qualquer tipo de estrutura de
apoio familiar, sem orientação dos pais e sem adultos com quem você
pudesse conversar ou confiar. Você se sentiu justificadamente impotente, e
esses sentimentos só se intensificaram quando você ficou mais velho. Então,
quando você tinha idade suficiente, percebeu que podia usar o sexo para
assumir o controle das pessoas e situações que o faziam se sentir vulnerável.

KM
Ter esse tipo de poder acalmou sua ansiedade. Isso fez você se sentir melhor,
e toda vez que fez isso, essa associação foi reforçada em sua mente repetidas
vezes, até o ponto em que se tornou uma compulsão. É por isso que, quando
sua ansiedade se torna insuportável, você age sexualmente e faz coisas das
quais se arrepende mais tarde.

Luca olhou para o chão, com as mãos entre os joelhos para evitar que
tremessem.

— Você não está doente, disse Andersen. — Você desenvolveu padrões


de comportamento sérios desajustes em resposta a um estresse esmagador.
Todo mundo faz isso em algum grau ou outro. Acontece que você foi exposto
a fatores de stress que a maioria das pessoas nem imagina, e em uma fase de
sua vida em que as coisas mais estressantes com as quais você deveria se
preocupar seriam o trabalho escolar e o namoro. Para ser honesta, Luca, acho
que o fato de você poder funcionar através de tudo isso é uma prova de sua
força e resiliência.

— Não me sinto muito forte ou resiliente, disse ele.

— Eu sei que não. E os eventos das últimas semanas não ajudaram. O


importante, porém, é lembrar que os comportamentos sempre podem ser
mudados, não importando o quão arraigados estejam em nós. Você só tem
que querer, e você tem que estar disposto a trabalhar duro para isso.

— Eu quero, disse Luca com o peito apertado. — Eu estou. Quero


melhorar.

KM
Andersen sorriu. — Estou muito feliz em ouvir você dizer isso.

Com algumas das tensões liberadas, a tensão foi se dissipando. Era


uma sensação que Luca geralmente só sentia depois de ser flertado por um
homem poderoso, ou ouvir alguém dizer que o queria, ou conseguir um
homem relutante na cama - a sensação incomparável de estar no controle.
Exceto que desta vez, ele não estava controlando outra pessoa; ele estava
assumindo o controle de si mesmo, o que sempre foi o que ele realmente
queria.

— Você sabe o que é um registro de padrão de pensamento?


Perguntou Andersen. Quando Luca balançou a cabeça em negativa, ela foi
até sua mesa e pegou algumas folhas de papel da gaveta de baixo, depois
entregou-as a ele. — Basicamente, é um gráfico que eu vou pedir para você
usar para acompanhar sua ansiedade. Sempre que você sentir essas
compulsões subindo, pare, pense no que está passando pela sua mente e
anote tudo.

Luca olhou o prontuário. Era bastante complicado, com seis


cabeçalhos separados, todos fazendo várias perguntas.

— Eu não vou mentir, é muito trabalho, disse Andersen. — Mas vale a


pena. Descobri que é particularmente benéfico para os meus pacientes mais
intelectuais poderem ver os seus processos cognitivos preto no branco e
analisá-los dessa forma, e penso que será útil para você.

— Eu vou fazer isso.

KM
— Ótimo. Basta trazê-lo com você a cada semana, e vamos passar
algum tempo em cada sessão passando por cima dele. Ok?

— Sim. Os ombros de Luca se soltaram ainda mais.

— Agora...- Andersen pegou o bloco e a caneta de novo. — Eu sei que


esta situação com Nate está lhe causando muita ansiedade, então por que
não discutimos algumas estratégias para lidar com ele?

KM
Capítulo Vinte e Sete

Depois de passar o dia todo com Andy, Ryder estava atrasado para
jantar na casa de seus pais no sábado à noite. Ele parou na calçada em frente
à casa deles, jogou seu Explorer no estacionamento e pegou a garrafa de
vinho que ele trouxe quando saltou.

Sua mãe abriu a porta da frente antes que ele pudesse bater. — Estou
atrasado, eu sei, me desculpe, disse ele.

— Você não liga quando está atrasado agora?

— Eu pensei que você preferiria que eu não entrasse em um acidente


de carro.

Alyssa bufou e acariciou sua bochecha, pegando a garrafa de vinho


com a outra mão. — Entre. O jantar está pronto.

Seu pai, Morgan, Will e Claire já estavam sentados na mesa da sala de


jantar; a comida fora colocada no meio em bandejas cobertas. —Desculpe,
Ryder disse novamente, deslizando para o assento vazio ao lado de Morgan.
Ela falou com ele em reprovação simulada.

KM
Joe fez uma breve oração, e então todos se serviram, passando as
tigelas e travessas ao redor da mesa. Eles caíram em conversa fiada - a
conversa dominada como sempre por Morgan, que estava cheia de planos
para o seu vigésimo primeiro aniversário.

Quando Morgan finalmente diminuiu o suficiente para colocar


comida em sua boca, ela franziu a testa para o robalo no seu prato, engoliu a
mordida, e disse para Claire, — Você deveria estar comendo isso? Eu achei
que você não deveria comer peixe com mercúrio nele.

— Por que não? Ryder perguntou.

Para sua surpresa, todos na mesa ficaram em silêncio. Morgan, Alyssa


e Joe, todos lhe endereçaram olhares confusos antes que a surpresa e a raiva
cruzassem seus rostos em várias medidas. Claire colocou as mãos no colo,
obviamente desconfortável. Will estava irradiando culpa, recusando-se a
encontrar os olhos de outra pessoa.

— Oh, Will, seu idiota, disse Morgan.

— Eu...-

— Você não disse a ele? Disse Alyssa.

Will se arrepiou. — Eu não tive chance.

— Você disse que ia ligar para ele há uma semana!

— Dizer-me o que? Ryder disse, perplexo.

KM
A tensão desceu sobre a mesa novamente. Seus pais e Morgan
olharam para Will até ele dizer: — Claire está grávida.

— Parabéns, disse Ryder automaticamente. Então, percebendo as


implicações, ele se virou para olhar o resto de sua família. — Há quanto
tempo vocês sabem disso?

— Quase duas semanas, disse Joe.

Ryder soltou uma risada chocada e sem humor.

— Você não estava aqui. Will cruzou os braços, se pondo na defensiva.

Morgan revirou os olhos. — Você sabe, eles têm essas coisas novas e
malucas chamadas telefones agora que permitem conversar com pessoas que
não estão fisicamente presentes. É quase como mágica.

— Morgan, por favor, disse Alyssa, antes de voltar sua atenção para
Ryder. — Eu teria dito a você, mas Will me disse que ele iria ligar para você.

— Ele não fez.

— Eu nunca sei como é a sua agenda, disse Will.

— Eu estive de férias a semana toda, disse Ryder. — Eu sei que você


sabia disso.

— Eu tenho estado ocupado, não tive tempo...-

— Mesmo. Você contou a Charlie?

KM
Os olhos de Will caíram para o prato dele.

— Ela está na porra do Afeganistão, Will!

— Jacob, olhe a língua! Alyssa estalou.

Ryder a ignorou, olhando para Will. — Por que você não diz a verdade
uma vez? Você não me contou porque não queria falar comigo. Você não
pode mais ficar perto de mim. E não é porque eu era mais popular do que
você no ensino médio, ou porque eu fui para a faculdade e você não, ou pelo
que eu faço para viver agora. É porque você nunca foi capaz de lidar comigo
sendo gay.

Will não respondeu. A tensão no ar aumentou.

— Jake, você sabe que não nos importamos com isso, disse Joe.

— Você não, pai. Mas Will sim. Ele sempre se importou.

— Você tinha tudo para você! Will disse, voz baixa e dura. — Toda a
sua vida, as pessoas entregaram tudo o que você queria em uma bandeja de
prata. Você poderia ter feito qualquer coisa, qualquer um...-

— Como o quê? Como exatamente minha vida seria diferente do que


é agora se eu fosse hetero? Como é que ser gay me impediu, afinal?

Will balançou a cabeça. — Você sabe por que eu não te contei sobre
Claire estar grávida? Não foi porque eu não queria falar com você. Foi porque
eu não queria fazer você se sentir mal.

KM
O queixo de Ryder caiu. — Você seu moralista, homofóbico filho da
puta. Você sabe que eu poderia me casar em DC, certo? Casar, exatamente
da mesma forma que você e Claire. E não há nada que me impeça de ter
filhos.

— Talvez não, disse Will, —...mas eles nunca teriam uma vida normal.

Ryder se afastou da mesa e saiu da casa, batendo a porta da frente


atrás dele. Ele não se incomodou em tirar o casaco do armário do corredor,
mas mal sentiu o frio - apenas encostou-se na lateral do carro, sufocando-se
de fúria e desgosto.

Ainda pior do que a homofobia flagrante de Will era o fato de que


Ryder havia passado bastante tempo com Morgan e seus pais na última
semana, e nenhum deles tinha sequer mencionado a gravidez de Claire ao
passar. Eles pensaram que ele sabia sobre isso - que Will já havia dito a ele -
então o silêncio deles sobre o assunto tinha que ser intencional. Em algum
nível, eles concordaram com Will que Ryder ficaria com ciúmes ou
ressentido.

A ira justificada só podia manter um homem aquecido por um tempo


naquele tempo gelado. Quando Ryder estava começando a tremer, Morgan
saiu da casa com o casaco pendurado no braço; ela mesma estava vestida com
uma monstruosidade volumosa que a fazia parecer o Homem da Michelin.
Ela se juntou a Ryder no carro e jogou o casaco para ele.

— Você deveria ouvir a maneira como mamãe e papai estão rasgando

KM
ele, disse ela. — Eu não consegui nem desfrutar. Claire está se escondendo
no banheiro.

Ryder não disse nada enquanto abotoava o casaco.

Morgan suspirou. — Ei. Will é um idiota. Nenhum dos outros acha


isso.

Ele ergueu as sobrancelhas.

— Nós não. Pelo menos, não porque você é gay. Eu admito, estávamos
preocupados que você pudesse se sentir um pouco... deixado de fora, mas
isso é só porque você tem vinte e oito anos e nunca teve um relacionamento
sério.

— Ótimo, obrigada, disse Ryder.

— Não é sua culpa! Se não fosse o fodido, não pergunte, não diga, você
poderia ter saído há dez anos, em vez de dois. Mas você teve que passar toda
a sua vida escondendo quem você era. Isso não é exatamente um terreno
fértil para a construção de relacionamentos.

— Foi revogado.

— Tarde demais para ajudá-lo, ela disse calmamente.

— Sim.

Eles ficaram em silêncio por um momento.

KM
— Então, como está Luca? Perguntou Morgan.

— Boa jogada, Ryder disse, sorrindo apesar de si mesmo. — Muito


sutil.

— Eu faço o que posso. O que há com esse pequeno sexy atrevido?

— Você sabe que eu não posso dizer coisas pessoais sobre ele. Eu
assinei muitos contratos de confidencialidade que, se eu os quebrar, os netos
que o Will acha que eu nunca vou ter, ainda estarão pagando por isso.

— Uh-huh. Você está escondendo alguma coisa. Morgan estudou o


rosto dele de perto, depois sacudiu a cabeça, exasperada. — Você fez sexo
com ele de novo, não fez? Deus, Jake, você é como um garoto gordo em uma
loja de doces.

— Eu...- Ryder soltou um suspiro, incapaz de negar isso. — Não


importa agora. Tudo isso acabou. Andy e eu decidimos ser monogâmicos.

— Você quer dizer, como oficialmente namorados?

— Sim.

— Ok, você obviamente tem escondido todas as coisas suculentas


ultimamente. Morgan empurrou Ryder para o lado e abriu a porta do lado
do passageiro do Explorer. — Leve-me para um bar, onde eles não são muito
exigentes com o ID, e você pode me contar sobre todas as coisas ruins e
pervertidas que você tem feito.

KM
Ela entrou e fechou a porta antes que Ryder tivesse a chance de
concordar ou discordar. Sabendo que não havia razão para discutir, Ryder
soltou um suspiro e contornou o carro para o lado do motorista.

*****

— O portão do condomínio acabou de ligar, disse Georgina da porta


aberta de Luca. — Nate está a caminho.

— Sim, disse Luca categoricamente.

Ele fez uma careta para seu reflexo, pensando que talvez ele devesse
ter menos cuidado com sua aparência; ele não queria que Nate entendesse
errado. Infelizmente, Luca era muito vaidoso para deixar a casa com uma
aparência menos do que perfeita, não importando as potenciais
consequências. Então seu rosto estava barbeado, o cabelo caindo solto em
seus olhos do jeito que ele sabia que deixava os homens loucos, e uma colônia
picante pontilhava os pontos de pulso em seu pescoço e pulsos. Ele usava um
blazer preto e elegante desabotoado sobre uma camisa azul meia-noite e
calça preta que abraçava sua bunda.

— Tenho certeza que Nate vai deixar você levar o espelho no seu
encontro, se você realmente não quiser deixá-lo, disse Georgina.

KM
— Você é hilária.

Ela tentou bater na bunda de Luca quando ele passou por ela, e ele
riu, pulando fora de alcance.

Eles desceram as escadas, onde Siobhan e Matt Pearson já estavam


esperando no foyer. Como Luca nunca tinha estado em um encontro real
antes, sua equipe de proteção próxima tinha sido forçada a descobrir uma
nova maneira de permitir-lhe um pouco de privacidade enquanto ainda o
protegia completamente. Então, embora Nate estivesse indo buscar Luca em
seu próprio carro, os guardas de Luca seguiriam no Range Rover, e ficariam
por perto enquanto eles iam jantar e depois para uma festa na casa dos
amigos de Nate.

Luca abotoou o casaco, vestiu um par de luvas de couro e enrolou um


lenço no pescoço antes de sair para a varanda da frente. Meio minuto depois,
o carro de Nate subiu a estrada.

— É claro que ele dirige uma Ferrari Califórnia vermelha, Luca


resmungou baixinho. — Que babaca.

Siobhan bufou.

Como Matt não era um membro regular do time de Luca, ele não sabia
que o relacionamento de Luca e Nate era falso, então Luca convocou um
sorriso quando Nate saiu do carro e trotou em direção a ele.

— Deus, você está fantástico, disse Nate enquanto passava um braço

KM
pela cintura de Luca.

Luca permitiu-lhe um breve beijo antes de se afastar. Nate era


irritantemente atraente, mesmo que Luca ainda pensasse que ele usava
muito produto de cabelo. O verde esmeralda escuro de seu lenço realçava
seus olhos, e o corte afiado de seu casaco lisonjeava seu corpo magro.

— Pronto para ir? Perguntou Nate.

— Sim. Enquanto se dirigiam para o carro, Luca percebeu que Nate


estava pretendendo abrir a porta para ele, e ele agarrou seu cotovelo. —Nem
pense nisso, disse ele.

Nate levantou as sobrancelhas, mas não discutiu. Uma vez que ambos
estavam no carro, ele disse: — Eu não estava tentando tratá-lo como uma
mulher, você sabe.

Luca fez um barulho de desgosto. — Eu não me importo se você


estivesse; Eu odeio toda essa besteira de gênero. Mas eu não deixaria você
abrir minha porta se eu fosse uma mulher também. Ou mesmo se você fosse
uma mulher. É paternalista, não importa o gênero que você é.

— É mesmo? Nate virou a chave na ignição e ligou o carro. — E eu aqui


eu pensando que era apenas boas maneiras.

Nate, sem surpresa, era um piloto muito agressivo. Luca agarrou o


couro amanteigado de seu assento e rezou para que Willis pudesse
acompanhar.

KM
— Você viu nossa foto no Post? Perguntou Nate, enquanto subiam a
rampa para a rodovia que os levaria a Washington.

— Sim. Luca se manteve tenso, sem tirar os olhos da estrada.

— Foi uma boa ideia. Muito convincente. Nate colocou a Ferrari


dentro e fora do tráfego, alheio às buzinas que soavam ao redor deles. —Meus
amigos mal podem esperar para conhecê-lo.

— Isso é bom, disse Luca, encolhendo-se enquanto eles evitavam por


pouco bater no carro à frente deles.

Nate olhou de lado para ele. — Estou dirigindo rápido demais?

— Não, se você está tentando matar a nos dois.

Ele riu e aliviou o acelerador. — Por que você não me disse para ir
mais devagar? Ele disse, cheio de voz virtude ferida. — Você sabe que eu faria
qualquer coisa por você, querido.

O ato de Nate foi perfeito. Luca estava realmente com ciúmes do


quanto ele era bom. — Morda-me, disse ele.

— Quem dera.

Nate se comportou depois disso, usando a viagem para preencher


Luca com tudo que ele precisava saber antes de conhecer os amigos de Nate.
Eles pareciam um bando de festeiros; Luca se perguntou como Nate
planejava ficar limpo se ele continuasse saindo com eles.

KM
Siobhan - que estava atuando como líder de equipe enquanto Ryder
estava de férias - fez uma reserva no Kinkead's, um sofisticado restaurante
de frutos do mar a poucas quadras da Casa Branca. Os olhos do assistente de
manobrista se iluminaram quando Nate lhe jogou as chaves da Ferrari.

— Com que frequência você é parado nesta coisa? Perguntou Luca ao


entrarem no restaurante. Um olhar penetrante impediu que Nate segurasse
a porta para ele.

— Pelo menos uma vez por semana. Nate não parecia estar chateado
com isso. — Mesmo quando não estou correndo. É como um imã de policial.

— Isso é porque você pode muito bem estar dirigindo por aí com uma
placa de vaidade que diz BABACA, disse Luca, o que só fez Nate sorrir. Luca
balançou a cabeça e se virou para a anfitriã. — Morgan, reserva para dois.

Ela os levou até um reservado no canto do restaurante; Os três


guardas de Luca estavam sentados em uma mesa a poucos metros de
distância, entre Luca e a porta. Embora ele não estivesse com muita fome,
Luca folheou o menu apenas para ter algo para fazer além de conversar com
Nate.

— Você quer um pouco de vinho? Tenho certeza de que eles não vão
te multar se eu for a pessoa que pede isso.

Luca olhou para cima. — Eu achava que viciados em recuperação não


deveriam beber álcool. Agora que ele pensava sobre isso, Nate também

KM
estava bebendo champanhe na véspera de Ano Novo.

— Nós não devemos, mas confie em mim, se eu parasse de beber, eu


já estaria de volta na cocaína. Eu acho que é o menor de dois males.
Interessado?

— Eu não sou um grande bebedor.

Nate deu de ombros. Decidir sobre as refeições e os pedidos durou


mais alguns minutos, mas depois que a garçonete foi embora, houve um
longo e estranho silêncio - um fenômeno com o qual Luca não tinha
experiência em lidar. O problema era que ele estava tão paralisado pela
certeza de que Nate poderia superá-lo que ele não queria se arriscar a dizer
qualquer coisa.

Finalmente, a tensão do silêncio começou a superar sua hesitação, e


Luca disse: — Normalmente sou melhor em conversar do que isso.

— Mas você está desconfortável ao meu redor.

Luca considerou os prós e contras de dizer a verdade e decidiu a favor.


— Sim.

— Porque você está acostumado a controlar as pessoas ao seu redor e


sabe que não pode fazer isso comigo?

—…Sim.

Com um pequeno sorriso, Nate disse: — Sinto o mesmo. A diferença

KM
entre você e eu é que eu acho incrível. Você nunca se cansa de ser capaz de
empurrar as pessoas sem sequer tentar? Isso torna tudo cem vezes mais
emocionante.

— Eu já tenho emoção suficiente na minha vida.

— Basta pensar nisso. Nate colocou os cotovelos sobre a mesa e se


inclinou para frente. — Pense em como seria chato se não estivéssemos em
igualdade de condições? Nós não podemos nos enganar. Não há mais
ninguém na minha vida do qual eu possa dizer isso - você pode?

— Sim, na verdade. As palavras saíram antes que Luca percebesse que


poderiam levá-lo por um caminho que ele não queria viajar, então ele recuou.
— Quero dizer, apenas um. É ... é uma longa história.

Felizmente, Nate não estava interessado. — Tudo o que estou dizendo


é que isso pode ser divertido. Você sabe, se você pudesse relaxar um pouco.
Ou em tudo. Sério, você anda por aí parecendo que seu pescoço vai quebrar
a qualquer segundo de puro estresse.

— Há boas razões para isso.

— Tenho certeza de que existem. Mas eu não quero ser um deles.

— Então você vai parar de tentar entrar na minha calça?

— Não. Nate deu-lhe um sorriso maroto. — Mas vamos lá, você não
pode esperar que eu acredite que você não pode lidar com um pouco de flerte.

KM
Ou que você não tenha algum prazer em me rejeitar mais e mais.

Luca estreitou os olhos por um momento, depois soltou uma risada


relutante. — Você é uma dor na bunda.

— Eu vivo para servir. Então, podemos reconhecer nossa capacidade


de destruição mútua e tentamos tirar o melhor desta situação, em vez disso?

Nate estendeu a mão. Luca hesitou apenas brevemente antes de


apertá-la.

— De acordo.

O clima melhorou depois disso, embora Luca não pudesse se impedir


de manter a guarda um pouco. Eles conversavam sobre coisas triviais e
inconsequentes, ainda dançando um ao redor do outro, mas era muito menos
estressante do que antes. A comida era excelente, e Luca foi relaxando pouco
a pouco.

Então, na metade do seu mahi mahi grelhado, a parte de trás do


pescoço de Luca começou a formigar.

Ele tentou ignorá-lo, sabendo que era apenas sua paranoia


desenfreada, mas a sensação ficou mais intensa a cada momento que
passava. Alguém estava olhando para ele. Ele podia sentir isso.

Nate engoliu o grande pedaço de bife que ele havia pedido e disse: —
O que há de errado?

KM
— É...- alguém está olhando para mim?

Apesar de parecer surpreso com a pergunta, Nate fez uma rápida


varredura do restaurante. — Pelo menos cinco homens e três mulheres. Não
- quatro mulheres. Na verdade, não tenho certeza se é uma mulher.

— Eu não quero dizer me verificando. Quero dizer... encarando.

— Eu não sei. Por que isso Importa? Você deve estar acostumado a ser
encarado, com um rosto como o seu.

Não foi um elogio. A voz de Nate era pragmática, sua expressão estava
sinceramente meio desnorteada, o que era... - ...bem, na verdade era mais
lisonjeiro do que se tivesse sido outra das falas de Nate. Luca esmagou
impiedosamente o leve brilho de prazer.

— Isso é diferente, disse ele. — Estou me sentindo como se alguém


estivesse me seguindo a semana toda. De jeito nenhum Luca iria contar a
Nate toda a história, mas não faria mal se ele ficasse de olho.

— Seguindo você como se estivesse te perseguindo?

— Sim.

— Merda. Sabe quem é?

Luca sacudiu a cabeça.

— Bem, é por isso que você tem guarda-costas, não é? Para te proteger

KM
desse tipo de coisa? Nate acenou com o queixo para eles. — Eles não parecem
preocupados, e se alguém notaria alguém olhando para você, seriam eles.

— Eu sei. O que significava que Luca estava deixando sua ansiedade


tomar o melhor dele. Novamente.

Ele largou o garfo, sentindo-se subitamente enjoado. Nate olhou para


ele e disse: — Vamos sair daqui, e gesticulou para a garçonete para trazer a
conta.

A percepção de Luca de ser observado diminuiu depois que eles


saíram do restaurante e esperaram que o atendente do manobrista trouxesse
a Ferrari. Quando o cara entregou as chaves de volta para Nate, ele as
estendeu para Luca.

— Quer dirigir isso? Ele perguntou.

Surpreso com a oferta, Luca disse: — Eu não sei dirigir.

— Você está me gozando.

— Dirigir não é exatamente uma habilidade que você precisa no


internato e eu tenho um motorista aqui.

— Namorado, isso é simplesmente triste, disse Nate ao entrar. — Não


há nada no mundo como dirigir um carro esportivo italiano. É quase tão bom
quanto sexo.

Luca revirou os olhos. — Mesmo se eu dirigisse por aí, meus guarda-

KM
costas ainda teriam que me seguir em um segundo carro. Seria um
desperdício de combustível.

— E o que, você não pode pagar? Nate entrou no tráfego com apenas
um olhar para verificar se havia algum carro vindo em sua direção. — Todo
mundo precisa saber dirigir. Eu mesmo vou te ensinar. — Ele fez uma pausa.
— Embora provavelmente não com este carro.

O caminho para a casa dos amigos de Nate foi curto, uma vez que eles
moravam em uma casa na vizinha Georgetown. Luca podia ouvir a música
alta mesmo do ponto no meio-fio onde Nate estacionou a Ferrari. Ficou mais
alto enquanto subiam os degraus da frente, o baixo estava muito alto. Luca
acenou para o Range Rover para deixar Siobhan saber que ele estava bem
indo sozinho, imaginando quanto tempo demoraria para os policiais
fecharem a festa.

A porta se abriu segundos depois que Nate bateu nela, e uma jovem
tropeçou em uma nuvem de fumaça e vapor de álcool tão poderosa que Luca
tossiu.

— Naaaate! Ela gritou, com a alegria incondicional de um verdadeiro


bêbado. — Onde você esteve, estávamos esperando por você!

Ela puxou-o para um abraço e deu-lhe um beijo desleixado na


bochecha. Nate riu, beijando-a de volta. — Ei, Cece. Eu te disse que estava
saindo com Luca, lembra?

KM
Isso mudou seu foco de Nate para Luca, e ela soltou outro grito feliz.
— Oh, Meu Deus, este é seu novo namorado? Ele é maravilhoso!

Ela jogou os braços ao redor de Luca como se fossem gêmeos há muito


perdidos, em vez de estranhos que acabaram de se conhecer. Ele ficou
imóvel, intensamente desconfortável, mas não o suficiente de um bastardo
para afastar uma mulher bêbada.

Cece o soltou com um enorme sorriso. — Entre, caras, todo mundo


está morrendo de vontade de te ver!

Ela voltou para a casa, tropeçando no limiar quando atravessou. Luca


lançou um olhar incrédulo para Nate.

— E essa foi uma das estrelas mais brilhantes da Escola de Direto de


Georgetown, disse Nate.

O interior da casa era elegante, decorado com bom gosto e


sofisticação, o que só tornava a devassidão absoluta dentro dela muito mais
impressionante. Cada pessoa que Luca viu estava bêbada, drogada ou as duas
coisas. As pessoas estavam dançando, moendo e se conectando em todo o
lugar, algumas delas fodendo completamente sem se preocupar com quem
poderia estar observando-as. Havia tanta fumaça de maconha no ar que Luca
achou que poderia conseguir uma alta por contato.

— Vocês querem algo para beber? Cece gritou sobre a música.

Luca sacudiu a cabeça, mas Nate pediu uma cerveja. Cece se afastou

KM
para pegá-la.

— Nate, meu homem! Disse um cara loiro que estava andando em


direção a eles com um par de amigos. — Pensei que você não conseguiria vir.

Nate fez algum tipo de coisa estranha de fraternidade com cada um


dos caras, então os apresentou a Luca. O loiro, cujo nome era Tyler, olhou
Luca de cima a baixo.

— O garoto de Evelyn D'Amato, certo?

— Sim.

— Cara, sua mãe é um tubarão, disse um dos outros caras. — Eu fui a


uma palestra que ela deu na escola de negócios no ano passado, e eu juro por
Deus que eu tenho calafrios até hoje. Ela é linha-dura.

— Sem mencionar uma MILF19, acrescentou Tyler.

Impressionante.

Cece voltou com a cerveja de Nate e alguns de seus amigos a reboque.


Luca sempre gostou de ser o centro das atenções, mesmo quando essa
atenção vinha de um grupo de bêbados desocupados, então ele afivelou seu

19 MILF é um acrônimo americano comumente usado que significa Mom I'd Like Fuck. Sim com
certeza! Mãe Que Eu Gostaria de Foder.

KM
charme enquanto Nate o apresentava.

— Você é um ladrão de berço, Wakefield, disse Melissa, amiga de Cece.


— Namorando um colegial. Ela se inclinou em direção a Luca e disse em um
sussurro teatral: — Você sabe que está totalmente fora de sua liga, certo?

Luca sorriu. — Claro, mas você viu o carro dele?

O grupo explodiu em gargalhadas. Nate colocou o braço em volta da


cintura de Luca e puxou-o para perto. — Confie em mim, Mel, eu sei o quão
sortudo eu sou, disse ele. Antes que Luca pudesse reagir, Nate segurou sua
bochecha com uma mão e o beijou.

Oh, filho da puta. Luca não conseguiu se afastar, não na frente dos
amigos de Nate. Como a fuga não era uma opção, Luca se resolveu por uma
vingança - ele passou os braços em volta do pescoço de Nate e correspondeu
com tudo o que ele tinha, beijando-o completamente com toda a habilidade
que ele possuía. Os amigos de Nate explodiram em assobios e vaias.

Quando Luca quebrou o beijo, Nate parecia atordoado, com os olhos


vidrados. Luca pressionou os lábios no ouvido de Nate como se para
sussurrar palavras doces e murmurou: — Da próxima vez que você colocar a
língua na minha boca, eu vou morder.

— Mmm, querido, eu adoro quando você fala sujo, disse Nate.

Eles passaram as duas horas seguintes circulando pela festa,


conversando com o grande círculo de amigos e conhecidos de Nate. Luca

KM
achava ridiculamente fácil conquistá-los, embora isso provavelmente tivesse
mais a ver com a embriaguez aguda comum a todos ali do que com qualquer
talento particular de sua parte. Era divertido e um tanto deprimente saber
que esses eram os futuros líderes dos Estados Unidos - todos eles
descendentes de famílias abastadas, destinados a se tornarem médicos,
advogados e CEOs - sendo desperdiçados em uma bacanal que não estaria
fora de lugar na Roma Antiga.

Eventualmente, Nate foi pegar outra cerveja e voltou com um copo de


água que Luca não pediu. — Boa tentativa, disse Luca, afastando a mão.

— Eu não coloquei nada nele! Os olhos de Nate estavam arregalados,


chocado com a própria sugestão.

— Então beba você.

A expressão ferida desapareceu do rosto de Nate, substituída por um


sorriso satisfeito.

— Você é um maldito sociopata, disse Luca. — O que aconteceu com


o papo vamos tirar o melhor disso?

Nate franziu a testa e, desta vez, pareceu verdadeiramente ofendido.


— Eu não teria realmente deixado você beber. Eu só queria ver se você me
pegaria.

— Não tenho certeza se isso é melhor ou pior.

KM
— Eu não drogaria você, disse Nate. Seus olhos estavam escuros
enquanto deslizavam pelo corpo de Luca. — Qual seria a diversão em foder
você se você não estivesse consciente o suficiente para se divertir?

— Me dê isso; eu vou jogar fora. Luca não confiava em Nate para fazer
ele mesmo, e a última coisa que ele precisava em sua consciência era uma
pobre garota bebendo por acidente e sendo estuprada. — E me dê qualquer
coisa que você ainda tenha.

Nate passou-lhe o copo. Luca estalou os dedos da mão livre até que
Nate soltou um suspiro e pescou um pequeno frasco de líquido transparente
no bolso, colocando-o na palma de Luca. Luca deu a ele um último olhar
antes de ir em direção à cozinha.

Ele despejou a água pelo ralo na pia, seguiu-a com a solução de GHB,
e depois enxaguou a xícara e o frasco antes de jogá-los fora. Luca acreditava
que Nate realmente não queria que ele bebesse, mas o fato de ele ser tão
arrogante em possuir uma droga de estupro era perturbador.

Levou alguns minutos para encontrar Nate novamente, porque ele


mudara da sala de estar para a sala de jantar. Luca parou na porta e xingou
baixinho. Havia algumas pessoas fazendo linhas de cocaína na mesa da sala
de jantar, e Nate estava de pé contra a parede, olhando para eles do jeito que
um homem que vagava pelo deserto por uma semana olharia para uma
piscina de água fresca e fria. Tyler estava ao lado dele, braço pendurado no
ombro de Nate, falando com ele em voz baixa. Nate fechou os olhos e

KM
balançou a cabeça, mas os sussurros de Tyler só se tornaram mais urgentes.

— Nate, disse Luca agudamente, movendo-se para o lado e agarrando


o cotovelo. — Estou pronto para ir para casa.

— Oh, ei, Luca, disse Tyler. Ele apontou para a mesa. — Uma saideira?

— Não, obrigado, e prefiro que Nate também não use isso. Não gosto
que ele me foda quando está chapado.

Luca sentiu o ligeiro movimento de surpresa na postura de Nate, mas


é claro que isso não apareceu no rosto de Nate. — Ele realmente não, disse
Nate, com um perfeito tom de insinuação em sua voz indicando que havia
outras coisas que Luca gostava muito.

Tyler levantou as mãos. — Bem, eu não vou insistir com você, mano.
Vocês tenham uma boa noite.

Ele balançou as mãos de Nate e Luca, e então Luca arrastou Nate em


direção à porta da frente, parando apenas para pegar seus casacos no
caminho de saída. Uma vez que estavam de volta ao frio, Nate encostou-se
ao corrimão dos degraus da frente, respirou fundo e disse: — Obrigado.

— Sem problemas. Seus amigos não sabem que você estava em


reabilitação?

— Eles sabem.

— Então talvez seja hora de arranjar alguns novos amigos.

KM
— Eu posso lidar com isso, rebateu Nate.

Luca deu de ombros, olhando ao redor para ver onde estavam seus
guarda-costas. Siobhan e Matt estavam em pé na calçada a poucos metros de
distância, conversando como dois velhos amigos. Mais adiante, na outra
direção, Georgina estava sentada no capô de um carro estacionado,
brincando com o celular.

Nate se acalmou quando Luca olhou para ele. — Então você não gosta
quando eu te fodo enquanto estou chapado, huh? Ele disse.

— Não.

— Você sabe, eu estou sóbrio agora. Nate apoiou Luca contra o


corrimão oposto, apoiando as mãos contra ele em ambos os lados para fechar
Luca. — Eu só tomei um par de cervejas, então se você quiser...-

Luca deixou Nate se inclinar até que seus lábios estivessem a


centímetros de distância. — Continue sonhando, disse ele, e passou por Nate
para descer os degraus.

Ambos estavam quietos no caminho de volta para Bethesda. Luca


tinha a sensação de que Nate ainda estava lutando com a pressão renovada
de seu vício, então ele deixou o homem trabalhar isso em paz. Só porque Luca
o impedira de cheirar cocaína na festa não significava que Nate não poderia
sair e ir para outro lugar depois que ele largasse Luca.

Era quase uma da manhã quando eles atravessaram os portões da

KM
propriedade. Nate estacionou na frente da casa, mas não desligou a ignição.
— Vai me convidar para entrar? Ele disse com um brilho brincalhão em seus
olhos.

— No primeiro encontro? Que tipo de cara você pensa que sou? Luca
desafivelou o cinto de segurança e se moveu para abrir a porta, depois
hesitou e se virou. — Vá para casa. Não compre cocaína. Não vale a pena.

Nate beijou sua bochecha. — Ok. Vou ligar para você esta semana;
vamos fazer alguma coisa.

Luca saiu do carro. Georgina, Matt e Siobhan já haviam saído do


Range Rover; Siobhan estava encostado na janela do lado do passageiro,
falando com Willis. Quando Luca se despediu de Nate, Georgina apareceu
atrás dele.

— Como foi? Ela perguntou.

— Poderia ter sido pior.

Luca observou Nate se afastar, depois piscou quando outro carro


passou pelo outro lado do caminho circular. Ele reconheceu o Explorer preto
de Ryder, mas em vez de passar pela casa em direção à garagem, parou atrás
do Range Rover. Para surpresa de Luca, Ryder saiu do lado do passageiro em
vez do motorista.

Então Ryder tropeçou e se segurou no espelho do carro, respondendo


a todas as perguntas de Luca.

KM
A janela se abriu e Morgan Ryder se inclinou na janela do lado do
motorista. — Ei, Luca, ela gritou.

— Ei, Morgan. Noite boa?

— Melhor para alguns do que para outros. Ela sorriu e disse para
Ryder, —...eu trarei seu carro de volta amanhã, ok?

— Não o risque.

— Como se você fosse capaz de dizer se eu fiz. Morgan acenou para


Luca, rolou a janela de volta, e foi embora.

— Willis não teria se importado em levá-la para casa, disse Luca


quando Ryder caminhou em direção a ele.

— Ela gosta de dirigir. Eles entraram juntos na casa, Ryder se


movendo muito lentamente, colocando cada passo com cuidado exagerado.
No meio do foyer, ele disse: — Do que você está rindo?

— Eu adoro quando você está bêbado.

— Eu não estou bêbado. Eu estava apenas um pouco bêbado para


dirigir. Estou no controle perfeito de todas as minhas faculdades.

— Eu posso ver isso.

Luca ficou ao lado de Ryder enquanto subiam as escadas em um ritmo


calmo. Ele não tinha certeza do porquê - Ryder o superava em torno de 30

KM
quilos de músculo sólido no mínimo, então não era como se Luca pudesse
ajudá-lo se ele caísse. Georgina seguiu-os, mais recuada do que o habitual.

— Como foi o seu encontro? Ryder disse.

— Eu não deixei ele me foder.

Ryder errou um passo e agarrou o corrimão. — Não foi isso que


perguntei.

— Era o que você estava pensando. Quando chegaram ao patamar,


Luca disse: — O que há no jantar com sua família que sempre faz você querer
ficar bêbado?

— O jantar realmente não aconteceu. Morgan e eu saímos para um


bar.

Eles estavam no corredor do lado de fora de seus quartos agora, mas


nenhum deles fez um movimento para se separar. — Por quê? Perguntou
Luca.

Ryder esfregou a mão sobre o rosto. — Minha cunhada está grávida.

— E você... odeia crianças?

— Não! Mas meu irmão contou a todos da minha família há duas


semanas - exceto para mim.

— Ouch...-

KM
— Sim. Ele disse que não queria me dizer porque não queria que eu
me sentisse mal. Você sabe, porque os gays não podem ter filhos.

A boca de Luca se abriu. — Ele realmente disse isso?

— Mais ou menos. Ryder balançou a cabeça, soltando um suspiro


exasperado. — Ele é um idiota homofóbico. Eu deveria estar acostumado com
isso agora.

— Sinto muito, disse Luca, colocando a mão no braço de Ryder.

Ryder colocou a mão em cima de Luca, polegar esfregando os dedos


de Luca. Ocorreu a Luca o quão fácil seria colocar Ryder na cama assim,
quando ele estava embriagado e emocionalmente vulnerável, e ele
imediatamente se esquivou do pensamento. Se aproveitar Ryder dessa
maneira seria ainda pior do que drogá-lo.

— Você cheira a fumaça, disse Ryder.

— Eu vou contar tudo sobre isso amanhã. Luca sorriu e apertou o


braço de Ryder. — Boa noite, disse ele, e mergulhou em seu quarto antes que
seu desejo pelo toque de Ryder pudesse vencer todas as suas boas intenções.

KM
Capítulo Vinte e Oito

No primeiro dia de Luca em Rutledge, depois das férias de inverno,


Ryder o observou se reunir com seus amigos no pátio. Alguns deles visitaram
a propriedade durante a semana passada, incluindo Davenport e Sokolov,
mas, até onde Ryder sabia, Luca não tinha saído com eles. Embora ele
estivesse tentando esconder, Luca estava com medo de sair de casa -
compreensível, considerando o que estava acontecendo, mas frustrante
como o inferno para Ryder.

Ele acenou com a cabeça para David Bryce e a guarda-costas de


Sokolov, Carla Molina, que ele havia conhecido bem nos últimos dois meses.
Eles seguiram seus protegidos para dentro quando a campainha de alerta do
primeiro período tocou e as crianças se dirigiram para seus armários.

— Quando vamos conhecer seu novo namorado? Sokolov estava


perguntando a Luca.

— Sábado. Ele está vindo para a competição de natação. Luca girou o


mostrador da fechadura com a combinação.

Uma estranha careta cruzou o rosto de Davenport. Ryder não sabia se

KM
Luca tinha dito a verdade sobre Wakefield, então ele não podia dizer se o
descontentamento de Davenport vinha do ciúmes ou de algo mais.

— Eu vi aquela foto de vocês no jornal, Tricia concordou. — Nate é


gostoso.

Luca riu, mas sua expressão mudou para uma expressão intrigada
quando ele abriu o armário e olhou para dentro. Ele olhou mais de perto, em
seguida, respirou fundo e tropeçou para trás, largando a mochila no chão,
seu rosto pálido. Ryder saltou para a frente imediatamente.

— O que há de errado? Disse Davenport.

Luca não respondeu, ainda olhando para o seu armário. Ryder


alcançou o interior e pegou o envelope branco que havia sido colocado em
cima dos livros de Luca, idêntico aos dois que vieram antes, com o nome de
Luca digitado no centro. Era estranhamente pesado; quando Ryder inclinou,
ele sentiu algo macio e granular se movendo por dentro - algum tipo de
substância em pó. Ele encontrou os olhos de Luca.

— Como? Foi tudo o que Luca disse.

Boa pergunta. A segurança da escola era apertada o suficiente para


que fosse quase impossível entrar no campus sem ser detectado e, além disso,
não havia evidências de que a fechadura do armário de Luca tivesse sido
adulterada de alguma forma.

Luca tentou pegar o envelope, mas Ryder o parou. — Você não pode

KM
abrir isso. Ele precisa ser escaneado para explosivos e contaminantes
químicos primeiro. Vá para a aula, e eu vou pedir a alguém da propriedade
para pegá-lo.

— Está maluco? Eu não posso ir para a aula, eu...

— Luca. Ryder estava muito consciente dos amigos de Luca em pé e


em silêncio, observando-os com o conhecimento silencioso de que algo muito
ruim estava acontecendo. — Não há nada que você possa fazer agora, exceto
tentar ter um dia normal. Eu vou avisar assim que eu ouvir qualquer coisa.

Luca balançou a cabeça, a respiração acelerando com ansiedade.


Davenport pôs a mão no braço dele. — Ei, ele disse suavemente. — Seja o que
for, tudo ficará bem. Vamos, ok? Nós vamos nos atrasar.

Levou alguns segundos antes de Luca capitular, pegando os livros que


precisava de seu armário e fechando-o com força. O segundo sinal tocou,
espalhando as crianças para suas aulas separadas, todas parecendo
sombrias. Luca e Davenport tiveram o primeiro período juntos, então Ryder
e Bryce foram atrás deles. Ryder esperou para tirar o celular até que Luca
estivesse em segurança na sala de aula e o corredor tivesse vazio de alunos.

— O que está acontecendo? Bryce perguntou.

— Luca está sendo perseguido.

— Novamente?

KM
Ryder deu um aceno sombrio, apertando a discagem rápida para
Clarke.

Demorou meia hora para um dos guardas da propriedade sair para a


escola e pegar o envelope, e depois disso, Ryder não podia fazer nada além
de esperar. Por mais difícil que fosse para ele, era ainda mais desgastante
para Luca, que se movia de aula em aula parecendo um zumbi.

Clarke finalmente ligou de volta antes de Luca sair para almoçar. — É


areia, disse ele.

— O que?

— O pó no envelope. É apenas areia comum, do tipo que você


encontraria em qualquer praia.

Ryder franziu a testa. — O que diabos isso quer dizer?

— Maldição se eu sei. Talvez faça sentido para Luca.

— Vou perguntar a ele. O que o bilhete dizia?

Clarke disse a ele, mas isso só confundiu mais Ryder. Quando Luca
saiu da aula, Ryder sinalizou que ele tinha notícias, e eles entraram em um
dos banheiros masculinos. Luca bloqueou a fechadura para que eles não
fossem interrompidos.

— O envelope estava cheio de areia, disse Ryder. — Areia de praia


normal. Isso significa alguma coisa para você?

KM
— Não. Luca parecia tão perplexo quanto Ryder se sentia. — Havia
mais alguma coisa?

— Apenas um cartão, como os outros. Ele dizia: — Desculpe se estou


deixando você desconfortável.

Os olhos de Luca se arregalaram e ele caiu contra a parede. — Oh meu


Deus.

Isso parecia uma resposta desproporcional ao que, na opinião de


Ryder, era uma pequena provocação. — O que?

— A areia. É uma piada privada. Entre mim e Konstantin Alkaev.

— Por que esse nome soa tão familiar?

— Uh...- Luca se remexeu. — Ele faz parte da família criminosa Alkaev


que opera em Nova York.

Ryder olhou para ele. — Eu espero que você não esteja prestes a me
dizer que você dormiu com um mafioso russo-americano.

— Eu pensei que era quente na época! Na verdade, ainda acho que era
quente. Alkaev era o pai de um de meus colegas de escola, e ele era um
valentão - não fisicamente abusivo, mas mau, sabe? Dominador. E eu
consegui que ele me seguisse como um patético filhote de cachorro
apaixonado. Luca observou a expressão de Ryder e suspirou. — Olha, eu me
arrependo de muitas coisas que fiz, mas transar com Alkaev não é uma delas.

KM
Ele mereceu.

— E a areia?

— Um grupo de nós foi à casa dos Alkaevs na Riviera em um final de


semana. Konstantin me fodeu na praia. Você já fez isso?

— Não.

— Não faça isso. É horrível. A areia fica em todo lugar.

— Ah, disse Ryder, entendendo a mensagem agora.

— Depois disso, virou uma piada entre nós. Toda vez que ele me via,
Alkaev perguntava se estava me deixando desconfortável. Era uma coisa
boba. Luca cruzou os braços, olhando para o chão.

— Você percebe que isso significa que provavelmente é ele o


Admirador.

— Sim.

— Alkaev tem um motivo para querer machucá-lo?

Luca assentiu sem olhar para cima.

Ryder decidiu que ele não precisava conhecer os detalhes. — Ok. Vou
ligar para Clarke e contar a ele sobre isso, ver o que podemos descobrir.

Ele acompanhou Luca até o refeitório para se juntar aos amigos,

KM
depois ficou de olho nele enquanto telefonava para Clarke e, pensando bem,
Jo Spitzer. Ryder estava interessado em descobrir porque não só Clarke sabia
exatamente quem era Alkaev, como ele não parecia surpreso ao ouvir que o
homem poderia ser o único por trás disso tudo.

Luca foi subjugado pelo resto do dia - ele parecia menos ansioso agora
que seu perseguidor tinha um nome, mas também mais deprimido. Quando
Song veio para aliviar Ryder durante o treino de natação de Luca, ele voltou
para a propriedade e se jogou em um treino brutal que o deixou dolorido,
exausto, e não se sentindo nem um pouco menos preocupado.

Seu telefone estava tocando quando ele saiu do chuveiro. Quando


chegou lá, ele tinha perdido a ligação e tinha uma mensagem de voz de Jo.
Ryder não se incomodou em ouvir antes de chamá-la de volta.

— Desculpe, Jo, eu estava no chuveiro.

— Agora, essa é uma imagem que eu poderia usar depois de um dia de


merda como este.

Ryder bufou. — Você tem alguma coisa?

— Más notícias, eu temo. Passei pelos extratos e registros telefônicos


de Konstantin Alkaev, e ele não saiu do estado de Nova York em semanas...-
definitivamente longe de DC ou Colorado. E ele não tem estado em contato
com ninguém, nem mesmo remotamente ligado a Warren Gray.

— Foda-se, disse Ryder, sentando-se com força na cama. — Você está

KM
dizendo que não é ele?

— Bem, isso não está fora do reino da possibilidade. Ele poderia ter
viajado sob um pseudônimo, ou agido através de um proxy. Mas... Jo hesitou.
— Não há lacunas suspeitas em seu histórico de compras para sugerir a
utilização de um pseudônimo, e pelo modo como você descreveu essas
mensagens... Eu teria que perguntar por que Alkaev teria tantos problemas
para aterrorizar Luca se ele não iria observar os efeitos em primeira mão.

Depois que eles desligaram, Ryder ficou parado por vários minutos,
olhando para o telefone e planejando como dar a notícia a Luca. Então ele se
levantou e foi para a porta ao lado.

Song veio com ele para o quarto de Luca, onde Luca estava fazendo o
dever de casa em sua mesa com Athena deitada a seus pés. Ela se levantou
para cumprimentá-los com sua excitação de cachorro.

Vendo as expressões em seus rostos, Luca disse: — E agora?

Ryder explicou a descoberta de Jo o mais gentilmente que pôde.


Talvez sentindo a angústia de Luca, Athena se sentou pressionada contra sua
perna e colocou a cabeça no joelho enquanto Ryder falava.

— Então, basicamente, estamos de volta à estaca zero, disse Luca


quando Ryder terminou.

— Não exatamente. Sabemos que quem quer que seja o Admirador,


ele de alguma forma conhece seu passado com Alkaev e a piada que vocês

KM
tinham um com o outro. Você já contou a alguém sobre isso?

— Eu não sei. Provavelmente. Luca arranhou o ouvido de Athena


distraidamente. — Isso tudo aconteceu há um ano e meio; eu realmente não
me lembro.

Um ano e meio atrás. Luca teria dezesseis anos. Dezesseis anos e


fodendo um homem com idade suficiente para ser seu pai. Ryder já sabia que
Luca tivera muitos amantes muito mais velhos em uma idade jovem, mas era
uma coisa saber disso de uma forma abstrata e outra muito diferente
conhecer os fatos específicos. Ele se sentiu enjoado.

— Tudo bem, disse ele. — Ainda vamos ficar de olho em Alkaev. Se ele
realmente for o Admirador, saberemos da próxima vez que ele tentar alguma
coisa. Enquanto isso, tente não surtar, ok?

Luca assentiu com a cabeça, mas Ryder podia ver sua ansiedade
voltando. Ele voltou para seu próprio quarto com o coração pesado.

À meia-noite e trinta, Ryder foi acordado pelo alarme do botão de


pânico de Luca.

Sem um segundo de hesitação, Ryder jogou as cobertas para trás,


saltou da cama e pegou sua arma antes de entrar no quarto de Luca. Song já
estava lá dentro, ajoelhada ao lado da cama de Luca, onde Luca estava
sentado com os lençóis ao redor da cintura. Ele estava pálido e tremendo,
cabelos desgrenhados, o torso nu coberto de suor.

KM
Luca estremeceu quando viu Ryder. — Oh, Deus, eu sinto muito.

Song não parecia particularmente preocupada, Ryder abaixou um


pouco a arma. — O que aconteceu?

— Eu o apertei por acidente. Luca parecia mortificado, recusando-se


a encontrar qualquer um dos seus olhos. — Estava na cama comigo, e eu tive
um pesadelo, e..- Ele acenou com a mão.

Ryder abaixou a arma o resto do caminho, o coração desacelerando


enquanto a corrida de adrenalina derivada de seu estado de alerta máximo
desaparecia. Song tirou o cabelo de Luca da testa, trocando um olhar de
comunicação silenciosa com Ryder. Ele assentiu e Song beijou o templo de
Luca.

— Eu estarei bem do lado de fora se você precisar de mim, ela disse,


então saiu para o corredor e fechou a porta.

— Sinto muito, disse Luca novamente.

— Não se desculpe. É o nosso trabalho. Ryder engatou a segurança em


sua Glock e colocou-a sobre a cômoda.

— Por que você sequer ouviu o alarme se você não está de plantão?

— Meu celular está ligado ao seu botão de pânico vinte e quatro horas
por dia, estando em serviço ou não. Isso é o que significa liderar sua equipe
de segurança. É por isso que moro ao seu lado.

KM
Luca finalmente olhou de volta para ele, então piscou como se notasse
pela primeira vez que Ryder não estava usando nada além de um par de
boxers. Ele limpou a garganta e desviou os olhos. Considerando como ele
estava chateado, tinha que estar tomando uma força de ferro para ele não
bater em Ryder agora.

Ryder não podia deixá-lo sozinho quando estava tão amedrontado -


ele não tinha mais Atena com ele, porque ela fora levada de volta para o canil
durante a noite. Então Ryder deu a volta na cama em direção à escrivaninha
de Luca e agarrou a cadeira, virando-a ao contrário de modo que a parte de
trás agisse como um escudo entre seu pênis e Luca. Isso seria melhor para a
paz de espírito deles.

— Sobre o que era seu pesadelo? Ryder perguntou.

Luca apenas deu de ombros.

Justo. Ryder cruzou os braços em cima das costas da cadeira. — Eu


ainda tenho pesadelos sobre a guerra, sabia. Até dois anos depois.

— Claro que sim, disse Luca. Como Ryder havia suspeitado, ele ficou
intrigado o suficiente com Ryder oferecendo informações pessoais para
distraí-lo de sua ansiedade. — Eu não posso nem imaginar o quão horrível
deve ter sido.

— Foi ruim. Muito ruim, o tipo de coisa que nenhum ser humano
deveria experimentar. Mas a coisa é, os pesadelos são sempre piores do que

KM
o que realmente aconteceu, porque seu cérebro pode levá-lo a lugares que a
realidade nunca poderia. Enquanto observava Luca lutar com isso, Ryder
socou as memórias dolorosas que ameaçavam subir à superfície de sua
própria mente - explosões, fumaça e sangue, sangue por toda parte, uma dor
lancinante rasgando-se ao longo do corpo e pelas costas. — Você sonha com
a noite em que seu pai morreu?

— As vezes. Não com tanta frequência. Luca passou as mãos pelo


lençol. — Eu tenho… eu tenho um pesadelo recorrente. Partes dele mudam,
mas eu estou sempre sendo... esmagado. Algo pesado está em cima de mim -
às vezes é uma pessoa, mas geralmente é um objeto inanimado, como uma
árvore caída ou uma pilha de pedras - e está me prendendo, me sufocando.
Eu sei que algo ruim está prestes a acontecer, mas eu não posso me mover, e
não há nada que eu possa fazer para parar.

Isso não era nada como o que Ryder esperava. Ele ficou quieto,
sentindo que Luca não tinha terminado.

— Depois do que aconteceu com Duval, comecei a tomar muito da


minha medicação de ansiedade. A Dra. Andersen me disse para cortar, e eu
fiz, mas eu venho tendo o pesadelo todas as noites desde então.

— Eu não estou surpreso, disse Ryder. — Você está tenso e


preocupado com tudo o que está acontecendo. Eu realmente não sei como
fazer você se sentir melhor, exceto dizendo que eu estarei aqui para te
proteger, não importa o que aconteça.

KM
Luca sorriu. — Eu sei.

Apesar de ter compartilhado o que o incomodava, Luca não parecia


muito mais relaxado. Ryder sacudiu o cérebro por qualquer outra coisa que
pudesse ajudar, então teve uma ideia. — Talvez devêssemos retomar seu
treinamento regular de jiu-jitsu. Eu posso treinar com você alguns dias por
semana depois do meu turno. E pode ser uma boa ideia levá-lo para o campo
de tiro e treinar.

Luca ergueu as sobrancelhas, considerando. — Você não se


importaria?

— Quanto melhor você puder se defender, mais fácil será o meu


trabalho, certo?

Isso fez ele rir. — Ok. Obrigado.

— De nada. Ryder hesitou antes de fazer sua próxima pergunta. —


Você quer que eu fique aqui até você voltar a dormir?

Luca queria; Ryder viu o breve flash de necessidade atravessar seu


rosto antes de ser substituído por constrangimento e orgulho obstinado.

— Não, disse Luca.

— Eu me sentiria muito melhor se soubesse que você não está


acordado aqui, a mercê da sua própria ansiedade a noite toda.

— Eu...- Luca soltou um suspiro longo e lento. — Ok. Você pode me

KM
pegar um pouco de água primeiro?

— Eu sou seu criado agora? Ryder disse, embora ele realmente não se
importasse.

— Bem, eu poderia pegar eu mesmo, mas eu não estou usando


nenhuma roupa, e eu prometi a você que não faria mais coisas assim com
você.

Espontaneamente, os olhos de Ryder caíram para o lençol que cobria


o colo de Luca. — Você está me dizendo que está nu sob isso?

— Eu não gosto de dormir em roupas. Elas são muito restritivas.

— Claro que elas são. Fique aí. Ryder entrou no banheiro de Luca para
encher um copo com água, tomando seu tempo sobre isso, a fim de matar
sua ereção ameaçadora. Quando ele se sentiu razoavelmente confiante de
que seu corpo não iria traí-lo, ele voltou e entregou a água para Luca.

— Obrigado, disse Luca, os olhos cintilando no peito nu de Ryder.

Enquanto Luca bebia, Ryder imaginou como seria deslizar para a


cama ao lado dele - não para sexo, apenas para segurá-lo até que ele
adormecesse, para ter certeza de que ele sabia que estava seguro. A fantasia
era inquietante, então Ryder apertou o interruptor de luz na porta, deixando
o quarto na escuridão, exceto pela luz dançante da televisão. Em vez de voltar
para a cadeira, sentou-se na poltrona mais confortável do canto.

KM
Houve o tilintar de Luca colocando o vidro na mesa de cabeceira,
depois o farfalhar das cobertas quando ele se deitou de novo. — Boa noite,
Ryder.

— Boa noite, Luca.

*****

Ryder não tinha adormecido em seu quarto como tinha acontecido na


primeira vez. Luca ficou um pouco decepcionado quando acordou sozinho
na manhã de terça-feira - mas no lado positivo, significava que Ryder não
deveria estar sentindo nenhuma culpa ou lamentando sua oferta para ficar,
então não havia nenhum embaraço entre eles.

Os pesadelos não pararam. Luca teve outro na noite de terça-feira e


dois na quarta-feira. Ele teve o cuidado de manter seu botão de pânico do
outro lado da mesa de cabeceira, onde ele não poderia acertá-lo por acidente
novamente. Embora Ryder não tenha perguntado se os pesadelos
continuaram, Luca sabia que era óbvio pelas olheiras sob seus próprios
olhos.

Ele canalizou o máximo de ansiedade possível para a natação,


esforçando-se mais na prática do que nunca. Isso valeu a pena; Luca bateu
seus melhores tempos pessoais uma e outra vez. Na tarde de quinta-feira, ele

KM
terminou seu nado borboleta de 100 metros ofegante, certo de que ele
estabelecera um novo recorde.

Ele tinha. — Excelente tempo, disse a treinadora Swanson enquanto


ajudava Luca a sair da piscina. — Se você nadar assim no sábado, todo mundo
vai ficar sufocando em seu rastro. Ela entregou-lhe uma toalha. —Vá alongar
antes que seus músculos fiquem contraídos.

Luca dirigiu-se para as arquibancadas, esfregando a toalha nos


cabelos e em seus braços e pernas. Ele pegou sua garrafa de água do banco
mais baixo e bebeu metade de uma só vez.

— Você esteve em chamas esta semana, disse sua colega de equipe


Chloe quando ela se juntou a ele.

— Eu acho que estou prestes a ter um ataque cardíaco.

— Pode valer a pena, para obter um tempo como esse.

Luca riu e apoiou a perna no banco para esticar o quadril e o tendão.


Ele e Chloe conversaram enquanto eles resfriavam, o resto de seus
companheiros de equipe foram chegando gradualmente ao redor das
arquibancadas enquanto a prática terminava.

— Ei, D'Amato.

— Kyle, disse Luca, virando-se.

Kyle Ward tinha sido particularmente um idiota nos últimos dias,

KM
mesmo pelos seus padrões; agora, ele tinha um sorriso malicioso no rosto
que prometia desconforto. — Eu ouvi que seu namorado está vindo para a
competição de sábado.

— Você tem algum problema com isso?

Luca realmente esperava que a resposta fosse sim. Depois da semana


que ele teve, ele poderia usar uma boa briga, e ter um público seria muito
mais satisfatório.

— Nem um pouco. Kyle arregalou os olhos como se ofendido pela


sugestão. — Eu só estava pensando: qual de vocês é a garota?

Luca sorriu. O idiota não poderia ter lhe oferecido coisa melhor,
mesmo fazendo isso de propósito. — Com essa pergunta, eu suponho que
você está perguntando qual de nós leva no rabo?

Kyle deu de ombros. Seus amigos começaram a rir.

— Eu levo, disse Luca, interrompendo o riso. — E, ao me chamar de


'garota' é para eu supostamente levar isso como um insulto?

Embora ele não tenha dito em voz alta, o rosto de Kyle tinha a palavra
duh claramente expressa.

— Veja, acho isso interessante. Porque para eu ser insultado por isso,
eu teria que pensar que há algo humilhante ou degradante em ser comparado
a uma mulher. E para eu pensar assim, eu teria que acreditar que os homens

KM
são de alguma forma melhores que as mulheres. É isso que você está
dizendo?

Uma onda de tensão atravessou a multidão reunida enquanto todas


as suas companheiras de equipe viravam olhares hostis para Kyle. Ele deu
um passo para trás com uma leve expressão de alarme. — Claro que não, eu
não...-

— Me poupe, disse Luca. — Seu estigma homofobico é apenas outra


forma de misoginia. Você acha que eu deveria ter vergonha de deixar meu
namorado me foder porque isso é algo que as mulheres fazem. Você acha que
isso me deixa fraco, porque você acha que as mulheres são fracas.

Kyle estava balançando a cabeça, mas seus amigos já se distanciavam


sutilmente dele. Luca se aproximou, ficando cara a cara com ele.

— Bem, adivinhe, Kyle? Eu adoro ser fodido. Luca apreciou tanto o


olhar de nojo que atravessou o rosto de Kyle quanto os suspiros encantados
de algumas das garotas. — Isso não faz de mim 'a garota', porque o sexo entre
dois homens é sexo entre dois homens. Mas mesmo se isso acontecesse, eu
não daria a mínima, porque eu não sou um idiota sexista. Ao contrário de
você, aparentemente.

Luca deliberadamente bateu o ombro contra o ombro de Kyle quando


passou por ele, indo para o vestiário. Enquanto ele ia, ele ouviu Chloe dizer
para Kyle: — Então você acha que ter um pau te faz tão forte?

KM
Siobhan estava esperando por Luca na porta, de braços cruzados. —
Bom discurso. Soou um pouco familiar, no entanto.

— Eu não sei o que você quer dizer, disse Luca, mordendo o interior
de sua bochecha.

Mesmo que ela não devesse, Siobhan o seguiu até o vestiário. — Eu


me lembro de você ter dito isso a um pequeno filho da puta em Armistead
exatamente da mesma maneira. E para outro antes dele, em Nossa Senhora
da Misericórdia.

Luca deixou seu sorriso se libertar. — Não exatamente o mesmo. Eu


tenho trabalhado nisso.

— Percebi. A parte “idiota sexista” é nova. Ela bagunçou o cabelo dele.


— Eu gostei.

Luca levou algum tempo para tomar banho e trocar de roupa, mas
Kyle nunca entrou no vestiário. Luca apostou que ele estaria lambendo suas
feridas por um longo tempo. Por alguma razão, homens como ele sempre
ficavam chocados quando um homem gay se recusava a ser intimidado.

O bom humor de Luca durou todo o caminho para casa, até que ele e
Siobhan subiram as escadas para o seu quarto para encontrar Ryder sentado
em uma das cadeiras do lado de fora. Ryder estava de folga hoje, mas ele
estava bem vestido - calça jeans escura e um casaco esportivo preto que se
estendia sobre os ombros largos de um jeito que fazia o estômago de Luca

KM
revirar - o que significava que ele estava saindo para encontrar seu namorado
estúpido. E se ele ainda estava sentado aqui, esperando por eles...-

Havia um vaso de flores na mesa ao lado dele. — São flores de


cerejeira? Perguntou Luca.

— Sim. Elas chegaram cerca de uma hora atrás. — Ryder entregou-lhe


um pequeno cartão branco.

AINDA SENTINDO NOSTALGIA?

- UM ADMIRADOR

Luca franziu a testa, sem compreender. Então seus olhos dispararam


de volta para as flores, e parecia que o chão caiu abaixo dele. — Isto é
impossível.

— O que?

— A nota, as flores, eu...- Luca se conteve, sabendo que seu balbuciar


não faria qualquer sentido a menos que Ryder soubesse toda a história. —No
verão passado, passei a maior parte do tempo em Armistead, fazendo as
aulas de verão, mas minha mãe me levou a Tóquio por duas semanas, quando
teve que ir a uma conferência de negócios. Eu conheci um cara lá, algum
empresário japonês indo para a mesma conferência - ...Tamasaki ou...

KM
Kamasaki... ou algo assim -

— Hamasaki, disse Siobhan.

— Ok, isso é um pouco assustador, mas sim, ela está certa. Luca deu a
Siobhan um olhar estranho antes de continuar. — De qualquer forma, passei
a maior parte daquelas duas semanas em seu quarto de hotel, e o hotel tinha
esse motivo de flor de cerejeira que estava em tudo - o padrão na colcha,
quadros na parede, flores em todas as superfícies planas. Eu disse a
Hamasaki uma vez que eu gostava de flores de cerejeira porque elas me
lembravam de DC.

Luca tinha esquecido tudo sobre isso até agora. De fato, ele mal se
lembrava da aventura com Hamasaki; não fora exatamente alucinante.

— Esta é realmente uma boa notícia, disse Ryder. — Tudo o que você
precisa é fazer uma lista de qualquer pessoa que possa saber sobre isso e
sobre a história da praia com Alkaev. Deve diminuir consideravelmente o
número de suspeitos.

— É só que..., disse Luca. A sensação de desorientação estava de volta.


—...esta é a primeira vez que eu contei a alguém essa história.

KM
Capítulo Vinte e Nove

— Isso é impossível, disse Ryder, ecoando as palavras anteriores de


Luca.

— É verdade.

— Você deve ter contado a alguém.

— Eu não fiz, disse Luca. — Até cinco minutos atrás, eu tinha até
esquecido que essa coisa de flor de cerejeira já havia acontecido em primeiro
lugar. Se não fosse importante o suficiente para eu lembrar, definitivamente
não era importante o suficiente para eu repetir para outra pessoa. Foi apenas
algo que eu disse ao Hamasaki de passagem.

— Então talvez você tenha contado sobre a coisa da praia, e ele é o


Admirador.

Luca revirou os olhos. — Certo. Enquanto eu estou deitado na cama


com um cara que acabou de me foder, eu estou contando a ele sobre todos os
homens com quem já estive antes? Vamos lá, Ryder.

— Nós temos que pelo menos considerá-lo como uma possibilidade.

KM
Ryder não pôde parar a irritação que penetrou em sua voz. Ele já estava tenso
o suficiente, e a atitude sarcástica de Luca estava esfregando-o do jeito
errado. Imaginar a festa de sexo de duas semanas de Luca com um estranho
aleatório também não estava ajudando.

— Eu nunca fiz nada para Hamasaki para fazê-lo querer me machucar.

— Você está brincando, certo? Disse McCall.

Luca se virou para ela. — O que?

— Ele estava apaixonado por você e, quando saímos do Japão, você


nem atendia às ligações dele. Você partiu o coração dele.

— Isso é ridículo. Deixei claro desde o início que tudo o que eu queria
era sexo. Hamasaki sabia que era apenas uma aventura.

Luca se virou para Ryder, parecendo descontente. Atrás dele, McCall


chamou a atenção de Ryder e balançou a cabeça enfaticamente. Ele estava
mais inclinado a confiar em seu julgamento do que no de Luca neste caso em
particular.

— Temos que investigá-lo não importa o que aconteceu, disse Ryder.


— Mas se não for ele, deve haver alguma outra explicação lógica.

— Há sim. Eu tenho Transtorno da Identidade Dissociativa, e estou


enviando essas notas para mim mesmo. Luca soava como se estivesse apenas
meio brincando.

KM
— Isso não é Memento20, Luca.

— O cara do filme teve amnésia.

— O que quer que seja. O ponto é que nós assistimos você vinte e
quatro horas por dia. Se você tivesse várias personalidades e uma delas
estivesse perseguindo a outra, tenho certeza que já teríamos percebido.

— Eu sei. Luca esfregou a ponte do nariz. — Eu sei disso. Eu apenas...


eu não suporto saber que há alguém lá fora que me odeia tanto que eles
querem que eu viva constantemente com esse medo. E a pior parte é saber
que quaisquer que sejam suas razões para fazer isso, eu provavelmente o
mereço. Pelo menos parcialmente.

Sua voz era oca, o sarcasmo de antes o havia abandonado. McCall


surgiu atrás dele e passou a mão em suas costas.

— Ninguém merece esse tipo de tortura mental, disse Ryder. — Nós


vamos pegá-lo.

Luca deu-lhe um sorriso fraco. — Claro, disse ele, e entrou em seu


quarto, fechando a porta silenciosamente.

— Quando encontrarmos esse cara, vou torcer o pescoço dele, disse

20 Memento(no Brasil, Amnésia) é um filme norte-americano de 2000, baseado no conto "Memento Mori".
Leonard Shelby, um homem que sofre de amnésia anterógrada, impossibilitando que ele adquira novas
memórias.

KM
McCall.

— Você vai ter que ficar na fila.

Ryder estava atrasado para pegar Andy para o jantar, mas Andy
acenou em suas desculpas. Depois do jantar, eles voltaram para a casa de
Andy para assistir a um filme no sofá, e Ryder acabou ficando a noite.
Embora Ryder se esforçasse para não mostrar sua preocupação, ele sabia que
Andy poderia dizer que algo estava errado. Infelizmente, Ryder não podia
falar sobre isso além da maneira mais vaga, então ele distraiu os dois fazendo
com que Andy gozasse quantas vezes pudesse - transando com ele primeiro
no sofá, depois na cama, e depois dando-lhe um boquete no chuveiro nas
primeiras horas da manhã.

O sexo ficou um pouco melhor desde a primeira vez. Eles


experimentaram posições diferentes e descobriram que Andy não se
importava se Ryder empurrasse com força desde que ele não fosse muito
fundo, como quando eles estavam deitados de lado. Não era perfeito, mas
não precisava ser. Relacionamento era mais do que apenas sexo.

Ryder passou a maior parte da sexta-feira na casa de seus pais; no


momento em que ele voltou para a propriedade, Luca já tinha ido dormir,
então Ryder não o viu novamente até que eles saíram para sua competição
de natação no sábado de manhã.

O dia e meio que se passara não tinha sido bom para Luca. Ele estava
tão tenso quanto uma corda de violino, as manchas roxas sob seus olhos

KM
insinuando noites sem dormir. Ele mal falou uma palavra a ninguém durante
toda a manhã - mesmo encontrando Nate Wakefield em Rutledge antes da
competição não colocou fogo em seus olhos. Luca parecia estar no piloto
automático, passando pelos movimentos enquanto sua mente estava em
outro lugar. Quando as arquibancadas estavam cheias de pessoas, Ryder
notou que os olhos de Luca continuavam se movendo sobre a multidão,
fazendo uma dupla tomada de vez em quando. Pela vida dele, Ryder não
conseguia encontrar quem era que estava causando o desconforto de Luca, e
ocorreu-lhe que Luca poderia estar fodido em Ativan.

Uma vez que a competição começou, todas essas preocupações foram


dissipadas. Luca dominou todos os eventos em que competiu - não apenas
vencendo seus concorrentes, mas embaraçando-os. Ryder estava certo de
que seu desempenho deveria ser um bom foda-se para quem quer que
estivesse tentando derrubá-lo, porque ele nunca tinha visto Luca nadar tão
bem. Ele era como um homem possuído.

Depois que as medalhas foram distribuídas, os amigos de Luca saíram


das arquibancadas para parabenizá-lo. Wakefield, que estava sentado com
os amigos de Luca durante toda a competição, passou os braços em volta de
Luca e deu-lhe um beijo. Ryder tinha que respeitar as habilidades de atuação
de ambos os meninos; não havia como dizer pela linguagem corporal que eles
eram outra coisa senão um casal normal e feliz.

Já que a academia estava mais caótica agora com todo mundo


circulando, Ryder se aproximou do grupo, notando que Hurst fazia o mesmo

KM
do outro lado do salão. As crianças estavam tentando decidir onde ir para o
almoço. Wakefield pousou a mão nas costas de Luca enquanto falavam,
acariciando distraidamente a pequena reentrância ali. Não teria parecido tão
sugestivo, se não fosse pelo fato de que Luca não estava usando nada além
de uma Speedo minúscula. Ryder tinha um conhecimento íntimo de como a
curva doce daquele traseiro parecia, e Wakefield estava a centímetros de
fazer a mesma descoberta.

E daí? Luca não estava desamparado e não era do tipo que tolerava o
assédio sexual. Se ele não quisesse que Wakefield o tocasse, então Wakefield
não iria - ou pelo menos ele perderia uma mão depois. E se Luca queria a
mão de Wakefield na bunda dele, bem... essa era sua prerrogativa. Não havia
razão para Ryder desejar que ele tivesse o poder de fazer Wakefield entrar
em combustão espontânea apenas com a força de seu olhar.

Hurst estava franzindo a testa para algo à sua direita. Ryder olhou na
mesma direção, e levou apenas alguns segundos para encontrar a fonte de
sua preocupação. Kyle Ward claramente se sentia ameaçado por Luca desde
o primeiro dia em que Luca pisou em Rutledge, e hoje ele perdeu para Luca
em vários eventos - mal. Ele estava em pé junto à piscina com um casal de
meia-idade que provavelmente eram seus pais, o rosto escuro e o corpo
rígido de raiva. Embora os adultos parecessem calmos, Ward só parecia ficar
mais e mais chateado enquanto eles conversavam. Ele continuava
balançando a cabeça e tirando a mão da mulher quando ela tentou colocá-la
em seu braço. Poucos minutos depois, o homem disse algo baixo a Ward, deu

KM
um tapinha no ombro e saiu do ginásio com a mulher. Ward os observou
irem, depois se virou e imobilizou Luca com um olhar.

Ryder ficou tenso. Rutledge era uma escola Quaker e, como tal, tinha
uma política de tolerância zero para o bullying. Isso não impedia as crianças
de se darem mal quando não havia professores por perto, é claro, mas
significava que a violência real era quase inédita. O antagonismo de Ward
por Luca sempre foi puramente verbal. Embora Ryder achasse que o garoto
não era estúpido o suficiente para atacar Luca fisicamente - por um lado, ele
sabia que Luca tinha guarda-costas - o ciúme fazia as pessoas fazerem coisas
malucas, e Ward não parecia exatamente estável no momento.

Para a total falta de surpresa de Ryder, dar a Luca um olhar sujo não
era suficiente para Ward hoje. Ele foi direto para o grupo de Luca com uma
expressão tempestuosa no rosto. Ward nunca havia se aproximado de Luca
antes, sem pelo menos ter dois ou três amigos a reboque; ele deveria estar
bem e verdadeiramente chateado.

Os amigos de Luca pararam de falar quando o viram. — O que você


quer, Kyle? Disse Luca, com a voz fria.

— Só queria felicitá-lo pela grande atuação. As palavras não poderiam


ter soado menos sinceras.

— Obrigado.

— Você deve ter nadado em suas antigas escolas. Você costumava ir à

KM
École International há alguns anos, certo?

Luca ficou rígido. — Como você sabe disso?

— A nova namorada do meu primo se formou no ano passado. Ward


sorriu, mas não havia nada de bom nisso, apenas uma espécie de
divertimento cruel. — Ela realmente se lembra de você. Eu não estou tão
surpreso, no entanto, vendo como você fodeu o pai dela.

Uh-oh.

Luca ficou tão chocado que balançou os calcanhares, olhando para


Ward com espanto.

— Mas você fez muito isso, não é? Disse Ward. — Ela me disse que
você praticamente alinhou os pais de todos os seus amigos e passou por eles
um por um. Nenhum trocadilho intencional.

— Cale a boca. Havia um tremor fino na voz de Luca agora.

Ryder deu um passo em direção a ele, em conflito. Cada instinto que


ele tinha estava dizendo a ele para proteger Luca, mas enquanto a altercação
permanecesse não-violenta, ele não poderia interferir. Não só seria antiético,
faria Luca parecer fraco, que era a última coisa que ele precisava agora.

Os amigos de Luca também não estavam ajudando muito; todos


estavam observando o confronto com uma fascinação silenciosa e
horrorizada. O único que não pareceu surpreso foi Wakefield, que estava

KM
olhando para Ward com os olhos apertados.

— Minha parte favorita é como você manteve um diário sobre todas


as coisas desagradáveis que você os deixava fazer com você. O sorriso de
Ward cresceu. — E então, quando você terminou com eles, você fez cópias e
espalhou-os por toda a escola para que todos soubessem exatamente o que
você é... uma vagabunda...-

Com um grito inarticulado de fúria, Luca se lançou em Ward. Ryder


não estava esperando isso - ele teria colocado dinheiro em Ward sendo o
único a atacar Luca, não o contrário...- ...então ele não reagiu a tempo de
detê-lo. Por sorte, Davenport e Wakefield conseguiram agarrar seus braços e
segurá-lo antes que ele pudesse realmente acertar o pequeno idiota. Ward
saiu do alcance, rindo.

— Seu filho da puta, eu vou te matar, Luca cuspiu enquanto lutava


para se libertar.

Ryder nunca tinha visto Luca assim; ele estava incandescente de


raiva. Isso só poderia significar que a história de Ward era verdadeira.
Embora Ryder soubesse que a primeira expulsão de Luca havia seguido
algum tipo de travessura envolvendo alguns dos pais de seus colegas de
classe, ele não conhecia os detalhes reais, e ele desejou que ainda não
soubesse.

Ele se colocou entre Luca e Ward, cortando a linha de visão de Luca.


— Saia, disse ele para Ward.

KM
Ward perdeu um pouco de sua arrogância quando ele viu Ryder em
seu espaço, mas ele não desistiu. — Eu não estou dizendo nada que ele já não
saiba.

— Ah, cale a boca, Kyle, disse Gabriela Sokolov. — Você honestamente


acha que acreditaríamos em qualquer coisa que você dissesse? Todo mundo
sabe o quanto você odeia Luca; você é patético. Saia já daqui.

Ward encolheu os ombros. Como um último tiro de despedida, ele


chamou a atenção de Wakefield e disse: — Espero que você esteja usando
camisinha, cara. Então ele desapareceu na multidão, muito mais feliz agora
do que cinco minutos atrás.

Ryder se virou para Luca, que ainda estava lutando para fugir de
Davenport e Wakefield. — Me soltem, disse ele. — Saia...- Com uma chave
violenta final, ele se desprendeu para fora de suas garras, embora ele não
fosse atrás de Ward.

— Jesus, Luca, acalme-se, disse Davenport. — Ninguém vai acreditar


nele. Você não precisa ficar tão chateado.

Luca parou de olhar furioso para Ward, recuando e piscando para


Davenport. Ryder podia ver as rodas girando em sua cabeça - se perguntando
se ele deveria aceitar a deixa que Davenport, sem saber, havia lhe oferecido.
Os amigos de Luca realmente acreditavam que Ward havia inventado a coisa
toda. Se Luca jogasse junto, se ele chamasse Ward de mentiroso, isso seria o
final disso. O grupo de Luca detinha muito mais influência em Rutledge do

KM
que o de Ward. se fosse a palavra de Luca contra Ward, Luca venceria.

Luca fechou os olhos por um segundo. Quando os abriu, ele disse: —


Tudo o que Kyle disse é verdade..., e foi embora sem olhar para trás.

*****

Ninguém seguiu Luca até o vestiário, exceto Ryder, e até ele manteve
distância, permanecendo do lado de fora da porta enquanto Luca entrava.
Luca estava entorpecido, tão horrorizado com o que acabara de acontecer
que seu cérebro não conseguia processá-lo. Ele nem sentia mais raiva.

Afinal, Kyle estava dizendo a verdade sincera do Deus.

Vários companheiros de equipe de Luca estavam no vestiário, bem


como alguns caras da equipe adversária. Uma vez que nenhum deles havia
testemunhado a bomba de Kyle, eles cumprimentaram Luca com batidas de
mãos e de punhos. Ele os aceitou graciosamente, conseguindo manter-se
calmo até fechar a cortina do box atrás de si. Então ele se encostou na parede
de azulejos e começou a tremer.

Luca se perguntou quem era a namorada do primo de Kyle e se ele se


lembraria do pai dela. Alguns daqueles homens que ele mantivera no gancho
por meses - como Konstantin Alkaev – ou um dos outros que tinham sido

KM
apenas uma vez, uma solução rápida para quando ele estava se sentindo
particularmente impotente. Engraçado como Luca nunca havia considerado
como seus filhos seriam afetados pelo que havia naquele diário.

Chega de chafurdar em autocomiseração. Luca lavou o cloro da pele e


do cabelo, depois se secou e vestiu uma cueca boxer antes de voltar para o
armário. Ashton estava esperando por ele.

Luca não disse nada, apenas abriu o armário e tirou o jeans. Se Ashton
quisesse dizer algo a ele, ele teria que começar ele mesmo.

Finalmente, Ashton disse: — Você estava falando sério quando disse


que tudo isso era verdade?

— Sim.

— Então você realmente fez essas coisas? Dormiu com os pais de seus
amigos e espalhou um diário sobre isso em torno de sua escola?

— Sim. Luca fechou a calça jeans e pegou uma camisa polo, grato pela
breve pausa da expressão que Ashton estava lhe endereçando enquanto a
passava por sua cabeça.

— Cara, disse Ashton. — Isso é fodido.

Luca soltou uma risada cortante. — Eu sei.

— Por que você fez isso?

KM
— Qual parte?

— Tudo isso.

Luca considerou sua resposta enquanto vestia uma camisa de botões


sobre a polo, sem se preocupar em fechar os botões. — Eu dormi com eles
porque... porque fazia eu me sentir melhor.

Ashton deu-lhe um olhar perplexo.

— Eu tenho um transtorno de ansiedade, disse Luca, decidindo sair


limpo com ele. — Sexo me ajuda a controlá-lo, especialmente se o homem é
poderoso, ou relutante, ou se ele está arriscando algo enorme para estar
comigo. Eu não consigo...- Deus, isso soa coxo, mas eu nem sempre consigo
parar. É uma compulsão.

— Como um vício em sexo?

Luca resistiu ao impulso de suspirar. — Não. É mais como um TOC.


Você sabe quando algumas pessoas têm que fazer tudo três vezes ou
continuar checando suas fechaduras repetidamente, apenas para evitar que
sua ansiedade saia do controle? Isso é o que é para mim.

— Oh. Para alívio de Luca, Ashton não parecia enojado, apenas


intrigado. — Então por que o diário?

— Eu não tenho certeza. Luca se sentou no banco para colocar suas


meias e sapatos. — Eu comecei a guardar para diversão, e então... Às vezes é

KM
como se toda a pressão continuasse crescendo dentro de mim, e nada que eu
faça é suficiente para liberá-la. Então acabo fazendo algo estúpido só para
aliviar a tensão. Não foi a única vez que eu fiz algo assim.

Ele se inclinou para frente e colocou os cotovelos sobre os joelhos,


passando os dedos pelo cabelo molhado. O vestiário estava quase vazio; Luca
só podia ouvir algumas vozes além da sua e de Ashton.

— Foi por isso que você se apresentou a mim? Ashton perguntou. -


Porque você sabia que eu era hetero e meu pai era um senador republicano,
e me seduzir seria algum tipo de vitória para você?

Luca levantou a cabeça. Ashton estava com os braços cruzados e a


mandíbula cerrada, estranhamente sombrio.

— Sim, sussurrou Luca.

As narinas de Ashton se abriram e ele virou a cabeça, como se não


pudesse olhar para o rosto de Luca. — Você ia fazer algo para mim também?
Expor-me, dizer ao meu pai?

— Eu pensei sobre isso.

— Deus, Luca...-

— Mas eu não faria isso! Luca pulou do banco e estendeu a mão para
Ashton, em seguida, baixou a mão quando Ashton se afastou. — Ash, eu juro,
não sou mais a pessoa que eu era há dois meses. E você...- ...você não é nada

KM
como o que eu pensei que você seria. Eu nunca seria capaz de te machucar.
Por favor acredite em mim.

Ashton encontrou seus olhos. — Eu quero acreditar em você, disse ele.


— Mas agora, eu sinto como se eu nem conhecesse você.

Isso doeu. Luca respirou com dificuldade, mas antes que ele pudesse
responder, ele ouviu passos atrás dele.

— Se importa se eu tiver um minuto a sós com meu namorado? Disse


Nate.

Ashton olhou entre Nate e Luca, e Luca sentiu um surto de esperança


em sua óbvia relutância em deixá-los sozinhos. Ele ainda se importava o
suficiente para se preocupar com o que Nate poderia fazer, então Luca não
tinha destruído totalmente sua relação próxima ainda.

— Tudo bem, disse Luca para ele.

Ashton hesitou antes de concordar e sair do vestiário. Nate assistiu ele


ir.

— Eu sabia que você estava transando com ele, disse ele. — Acha que
ele estaria interessado em um trio?

— Definitivamente não. Luca tirou a mochila do armário, jogou a


sacola plástica contendo o maiô molhado nela e fechou o armário. — O que
você quer?

KM
— Só queria ver se você estava bem. Você está aqui há algum tempo.

— Eu não estou me escondendo.

— Eu não disse que você estava. Mas agora que você mencionou...

— Kyle Ward acabou de dizer a todos os meus amigos sobre uma das
piores coisas que já fiz, disse Luca. — Como exatamente eu devo reagir a isso?

— Querido, se essa é a pior coisa que você já fez, você precisa relaxar.
Nate abriu as mãos. — Então você fodeu um monte de caras velhos e disse a
todos que tipo de pervertidos eles eram. Quem se importa?

— Suas famílias provavelmente.

— Ei, eles deveriam estar agradecendo a você por deixá-los saber que
seus maridos e pais eram homens velhos e sujos, disse Nate. Uma luz faminta
entrou em seus olhos enquanto percorriam o corpo de Luca, e sua voz
tornou-se um ronronar líquido. — Eu aposto que você os envolveu em volta
do seu dedo mindinho, não é? Todos ofegantes atrás da sua bunda doce. Eu
adoraria colocar minhas mãos nesse diário, ver se você é realmente a puta
gananciosa que eu acho que você é...-

Luca bateu nele. No último segundo, ele mudou o que pretendia ser
um soco para uma bofetada de mão aberta, mas ainda com força suficiente
para mandar Nate cambaleando para trás. O crack alto ecoou nos armários
de metal.

KM
— Nunca mais diga algo assim para mim, disse Luca.

Nate levou a mão ao rosto, agora vermelho. — Eu não sabia que era
um assunto tão dolorido.

— Não é. Mas você não tem o direito de falar comigo com tanta falta
de respeito. Se você fizer isso de novo, acabou. Eu não me importo com o que
minha mãe diz.

— Justo o suficiente. Nate estalou o queixo. — É estranho que eu esteja


excitado agora?

Luca fez um som estrangulado de exasperação.

A porta do vestiário se abriu e Ryder deu a volta nos bancos mais


próximos. — Luca...-

— Jesus Cristo, é como se eu estivesse correndo uma linha de recepção


aqui.

Ryder arqueou uma sobrancelha, deixando Luca saber como ele não
estava impressionado com sua atitude.

Luca suspirou. — Desculpa. Ok?

— Quanto tempo você vai ficar aqui? Seus amigos ainda estão
esperando por você.

— Eles estão... o que?

KM
— Eles estão esperando você para ir almoçar. Não é disso que vocês
estavam falando antes?

— Sim, mas...- Mas eu pensei que eles partiriam sem mim, agora que
eles sabem quem eu realmente sou. — Estou, hum...- estou indo agora
mesmo. Luca colocou sua mochila no ombro.

Ele sabia que sua tentativa de indiferença não estava enganando


ninguém...- Nate, porque ele era naturalmente perceptivo, e Ryder, porque
ele conhecia Luca mais do que qualquer outra pessoa. Enquanto Luca se
ressentia da capacidade de Nate enxergar através dele, ele se via
estranhamente grato pelo fato de que ele era incapaz de esconder as coisas
de Ryder. Isso significava que ele poderia desperdiçar menos energia
fingindo sentir coisas que não sentia.

Quando saíram do vestiário, Ryder ficou para trás. Ele pegou o


cotovelo de Luca assim que Nate passou por eles. — Você deveria dar mais
crédito a seus amigos, disse ele, em voz baixa o suficiente para que Nate não
fosse capaz de ouvir. — Eles se preocupam com você. Algo que você fez há
dois anos não vai mudar isso.

— E para você? Luca perguntou, porque mesmo depois de tudo, ele


ainda estava apavorado com o fato de que seu passado poderia ser difícil
demais para Ryder.

O sorriso de Ryder tinha uma inclinação melancólica para ele. —Você


deveria me dar um pouco mais de crédito também, disse ele, e cutucou Luca

KM
para se juntar aos amigos.

KM
Capítulo Trinta

— Você realmente tem que ir? Perguntou Andy. Ele estava deitado de
lado na cama com as cobertas puxadas até o pescoço, observando Ryder se
vestir.

— Eu tenho que trabalhar amanhã. Ryder puxou a camisa sobre a


cabeça e enfiou os pés em seus tênis.

— É uma droga que você tenha que trabalhar todo fim de semana.

— Você trabalha nos finais de semana também.

— Em fins de semana alternados.

— Eu sei. Ryder também sabia o quão idiota fora da parte dele por ter
aparecido na casa de Andy sem avisar às oito horas da noite, fodido com ele
e depois levantado para sair logo em seguida.

Depois do dia em que ele teve, no entanto, ele precisava de algum tipo
de liberação, e ele precisara sair da propriedade. Luca ainda estava se
recuperando da revelação de Ward, mesmo que seus amigos não o tivessem
excluído do jeito que ele aparentemente esperava; ele era praticamente a

KM
definição de um desastre de trem agora. Ryder tinha ficado com ele por
algumas horas após o final de seu turno, o que o torcera fisicamente e
emocionalmente. Uma das coisas que o atraíram para Luca foi o quão
profundamente o garoto sentia as coisas, mas, às vezes, acompanhar a pura
intensidade das emoções de Luca poderia ser exaustivo.

Ryder sentou-se na beira do colchão e passou a mão pelo cabelo de


Andy. — Eu estou sendo um idiota. Eu sinto Muito. Eu vou fazer as pazes
com você na sexta à noite, eu prometo.

Andy sorriu, levantando a cabeça para um beijo profundo. Outro


pedido de desculpas e mais algumas garantias murmuradas mais tarde,
Ryder estava pegando seu casaco e chaves e saindo da casa.

A verdade era que Ryder realmente poderia ter ficado a noite; ele só
teria que levantar mais cedo do que o habitual. Mas ele não queria ficar.

Andy era um cara legal. Ele era doce, engraçado, atencioso - tudo que
Ryder poderia ter pedido em um namorado. Ryder se sentia confortável com
ele, gostava de sua companhia. O relacionamento deles era fácil e
descomplicado e sem drama. Era tudo que um relacionamento deveria ser.

No entanto, Ryder nunca esteve mais entediado em toda a sua vida.

O relacionamento deles era muito fácil. Andy não desafiava Ryder...-


mentalmente, fisicamente ou emocionalmente. Ele imediatamente
concordava com tudo que Ryder queria, nunca discutiu, nunca assumiu a

KM
liderança. Ele estava contente com o encontro padrão consistindo de um
jantar e um filme seguido de sexo baunilha sem brilho. E, neste momento,
Ryder tinha sido um imbecil enorme para ele, mas Andy mal tinha feito uma
confusão sobre isso, apesar de suas objeções óbvias.

Você está seriamente reclamando que nunca briga com seu


namorado? Ryder se perguntou. Cresça.

Eles só precisavam de tempo, isso era tudo. Seu relacionamento ainda


era muito imaturo. Eventualmente, eles se acomodariam, e as dúvidas de
Ryder seriam dissipadas. Ele só precisava ser paciente.

Domingo de manhã, Ryder trouxe o novo guarda-costas que ele,


Clarke e D'Amato tinham finalmente concordado depois de duas semanas de
entrevistas - não muito cedo, porque Luca estava atrasado, e sua mãe o
deixara fora do gancho para a igreja esta semana. Mesmo assim, Ryder ficou
surpreso quando Luca atendeu a batida na porta de seu quarto, parecendo
turvo e desgrenhado, vestindo apenas um roupão.

— Você estava dormindo? Ryder disse. — São onze e meia da manhã!

— Eu não estou tendo a melhor semana, caso você não tenha


percebido, disse Luca. — O que você quer?

— Apresentá-lo ao seu novo guarda-costas.

Luca ergueu as sobrancelhas, intrigado, e saiu para o corredor. Assim


que ele fez, seus olhos se arregalaram comicamente.

KM
— Luca, este é Adam Keller, disse Ryder, reprimindo uma risada. —
Keller, Luca D'Amato.

— Você é um homem, disse Luca ao oferecer um aperto de mão.

Keller deu-lhe um sorriso perplexo. — Por cerca de trinta e cinco anos,


sim.

— E você é bonito.

— Uh, obrigado.

Ryder poupou um momento para ser grato por ter preparado Keller
para a possibilidade de comentários como esse.

— Desculpe, disse Luca. — É apenas... é um pouco sem precedentes.


Além de Ryder, quero dizer.

Ignorando o elogio oblíquo, Ryder disse: — Sua mãe não achava mais
necessário limitar você a guarda-costas femininas.

— Sério? Luca pareceu surpreso. — Hum, está bem. É um prazer


conhecê-lo, Sr. Keller.

— Adam, por favor.

— E você pode me chamar de Luca. Eu odeio ser chamado de Sr.


D'Amato.

— Keller está de plantão hoje com Song, disse Ryder. — Você está

KM
pensando em ir a algum lugar?

Embora Luca tivesse se animado um pouco ao encontrar Keller, ele se


fechou de imediato com a simples sugestão de sair de casa. — Não.

— Luca...- Ryder começou a dizer, e então hesitou. Esta não era


realmente uma conversa que eles deveriam ter na frente de Keller. Ele se
virou para seu companheiro guarda-costas. — Você se lembra de onde é o
quarto de plantão, certo? Abaixo no nível mais baixo, ao lado da sala de
controle?

Keller assentiu em compreensão. — Claro. Até logo.

Luca havia se retirado para o quarto antes que Keller chegasse às


escadas. Ryder seguiu-o para dentro, olhando para o seu roupão e pensando
em como Luca estava quase certamente nu debaixo dele. Imagens passaram
por sua mente deslizando a mão por baixo da bainha para agarrar o pênis de
Luca, ou dobrando-o e sacudindo o roupão apenas o suficiente para
descobrir aquele traseiro gostoso...-

— Você não tem planos com seus amigos? Ryder perguntou, com uma
pontada de desespero.

— Não.

— Eu pensei que as coisas estavam bem entre você e eles.

— E estão. Eu é que não estou de bom humor.

KM
Ryder cruzou os braços. — Você não pode se trancar nesta casa para
sempre porque tem medo do que pode acontecer se você for para fora.

— Observe-me, disse Luca infantilmente.

— Você sabe, você pode ser um monte de coisas, mas uma coisa que
eu nunca imaginei é que era um covarde.

Luca lançou-lhe um olhar venenoso. — Saia.

— Não.

Luca soltou o cinto do roupão e deixou a peça cair no chão.

Ryder respirou fundo, desviando os olhos do corpo nu de Luca. —Isso


foi um golpe baixo, disse ele.

— Eu lhe disse para sair.

— Eu não vou a lugar nenhum até que você me prometa que vai sair
de casa hoje. Agora coloque algumas malditas roupas.

Soltando um suspiro, Luca começou a se movimentar pelo quarto,


abrindo e fechando gavetas. Ryder não se atreveu a assistir, mas ele podia
dizer pelo farfalhar de pano que Luca estava se vestindo.

— É seguro olhar agora, disse Luca, a voz grossa de escárnio.

— Você pode ser um pirralho desagradável às vezes, disse Ryder


quando ele virou a cabeça para trás. Ele ficou aliviado ao descobrir que Luca

KM
estava realmente vestido.

Luca se jogou na cama com um floreio dramático. — Então talvez você


devesse me espancar.

Ele disse brincando, não flertando, mostrando a Ryder que sua trégua
estava de volta. — Eu acho que vou passar, obrigado, disse ele, e se
estabeleceu na poltrona. — Vamos lá, está bom lá fora...- ...não muito frio.
Ligue para um de seus amigos.

Luca fez um barulho mal-humorado. Às vezes era fácil esquecer que


ele era um garoto de dezoito anos - e outras vezes, como agora, era impossível
ignorar. Essas ocasiões sempre faziam Ryder se sentir como um enorme
pervertido, porque mesmo quando Luca estava agindo como um pirralho
mimado fazendo uma birra, Ryder ainda o queria mais do que ele jamais quis
qualquer outro homem.

— Eu não vou deixar você fazer isso para si mesmo, disse Ryder. —Eu
vou arrastar você para fora da casa se for preciso.

— Você não faria.

— Eu faria, e eu vou. Então é melhor você fazer algum tipo de plano,


porque senão eu vou fazer você fazer as compras de supermercado do
Auguste, e você sabe o quanto é ruim ir ao supermercado no domingo.

— Eu não, na verdade, disse Luca. — Eu nunca estive em uma


mercearia.

KM
Ryder piscou. — Eu sinto muito, eu devo estar tendo um derrame,
porque eu poderia jurar que você acabou de me dizer que você nunca esteve
em uma mercearia.

— Eu não tenho.

— Nunca?

— E quando eu deveria ir? Sempre tivemos alguém para fazer as


compras e eu não estava exatamente fazendo minhas próprias compras no
internato. Eu estive em pequenas lojas de comida na Europa - açougues,
padarias e coisas assim - mas nunca no que um americano definiria como um
supermercado. Luca suspirou. — Por que você está me dando esse olhar?

— Porque você tem dezoito anos e nunca esteve em um supermercado!


Ryder se incomodou. — O que mais você não fez? Você já preparou alguma
refeição para você?

— Usar o micro-ondas conta?

— Não.

— Então não.

— Já usou um aspirador de pó?

— Não. As bochechas de Luca estavam corando.

— Lavou a sua própria roupa?

KM
— Não.

— Arrumou uma cama?

— Isso, eu fiz, disse Luca. — Eles fazem você fazer isso na escola.

— Parabéns. Você é um adulto que não pode cozinhar ou fazer


compras ou limpar suas próprias coisas, mas pelo menos você sabe como
fazer a tarefa mais inútil que o homem conhece. Ryder manteve sua voz
suave, provocando ao invés de zombar. Não era culpa de Luca que sua mãe
tivesse feito um trabalho de merda em sua preparação para o mundo real.

— Eu nunca vou ter que fazer nenhuma dessas coisas.

— Faça um favor a si mesmo, e nunca diga isso onde alguém que não
é um bilionário possa ouvi-lo. Ryder se levantou. — Agora, estamos indo para
a mercearia, porque não posso, em sã consciência, permitir que isso continue
assim.

Luca fingiu relutância, mas Ryder podia ver a luz de interesse em seus
olhos. Enquanto Luca procurava seus sapatos, Ryder ligou para Willis para
dizer a ele para trazer o carro para a frente, e então foi até a sala de plantão
para que Song e Keller soubessem que eles eram necessários.

Houve um longo momento de silêncio do outro lado da conexão. —

KM
Você disse que estamos levando Luca para o Giant21? Perguntou Song.

— Sim.

Houve outro silêncio ainda maior. Ryder praticamente podia ouvir as


perguntas no cérebro de Song - mas ao contrário de McCall, Song era um
soldado veterano, e ela não era do tipo que questionava uma ordem de um
superior.

— Tudo bem, ela finalmente disse. — Encontro você no foyer.

Ryder pegou um casaco no quarto e levou Luca para o andar de baixo,


fazendo um rápido desvio para a cozinha para pegar a lista de compras que
o Chef Auguste de D'Amato guardava em uma das paredes. Então eles
dirigiram a curta distância até o Giant, um grande supermercado popular
localizado no coração de Bethesda.

— Puta merda, disse Luca quando saíram do Range Rover no meio-


fio. Ele observou a multidão de pessoas entrando e saindo da loja com os
olhos arregalados.

— Sim, fazer compras no final de semana é sempre um pesadelo, disse

21 Giant Food em Bethesda.

KM
Ryder alegremente. — Vamos.

Ele mostrou a Luca onde estavam os carrinhos; Luca teve que


empurrar ele mesmo, devido à necessidade de Ryder de manter as mãos
livres. Song e Keller pegaram seu próprio carrinho e seguiram a uma
distância discreta, fingindo ser um casal fazendo suas compras de domingo.

Ryder nunca imaginou que algum dia ele se encontraria na posição de


ter que ensinar um garoto de dezoito anos a comprar comida, mas isso só
mostrava como a vida podia ser imprevisível. E Ryder realmente teve que
ensiná-lo. As únicas coisas que Luca sabia sobre mercearias era o que ele
tinha visto nos filmes. Ryder teve que explicar os menores detalhes para ele
- como os corredores eram organizados, como pedir carne no balcão de frios,
como escolher os produtos mais frescos. Ele tinha que ficar lembrando a si
mesmo que, não importava o quanto tudo isso pudesse parecer uma segunda
natureza para ele, Luca não tinha crescido fazendo isso a vida toda como a
maioria dos americanos.

Luca absorvia cada novo conhecimento como uma esponja. Por cerca
de dez mil vezes desde que se conheceram, Ryder se enfureceu internamente
em como estava errado manter um garoto tão brilhante e curioso isolado
naquele museu deprimente chamado de casa.

— Isto não está na lista de Auguste, disse Luca quando Ryder pediu
meio quilo de rosbife fatiado.

— Não, isso é para mim. Você vai me fazer um sanduíche quando

KM
chegarmos em casa. Vai ser uma boa prática.

Luca soltou uma risada. — Oh, então agora a verdade sai. Você está
fazendo tudo isso para conseguir um sanduíche grátis.

— Ei, um cara tem que comer, disse Ryder.

Levou quase uma hora para reunir tudo, graças à multidão e à


inexperiência de Luca. Enquanto se moviam pela loja, Ryder se perguntou
como parecia o relacionamento deles para os estranhos ao redor deles. Eles
não pensariam que ele era guarda-costas de Luca - pelo menos, Ryder
esperava que não, porque isso significaria que ele não estava fazendo seu
trabalho muito bem - mas ele e Luca estavam muito distantes em idade para
um observador casual assumir que eles eram amigos. Muito provavelmente,
parecia que ele era o tio de Luca ou irmão mais velho, embora Ryder pudesse
dizer por alguns olhares de desaprovação que recebiam que algumas pessoas
pensavam que eram amantes.

Que porra importa o que estranhos possam pensar? Jesus.

Ryder levou Luca através de uma das pistas de self-checkout e


mostrou-lhe como usar a máquina, que Luca desfrutou ainda mais do que
Ryder pensou que ele faria. Depois que Luca pagou - sem sequer piscar para
o valor astronômico, eles voltaram para o ar fresco de janeiro, onde ambos
os Range Rovers haviam recuado até o meio-fio.

Luca colocou as sacolas de compras na parte de trás do SUV enquanto

KM
Ryder mantinha um olho de águia no estacionamento. Para se distrair de seu
desconforto ao não ajudar Luca, Ryder disse: — Veja, você acordou esta
manhã pensando que iria passar o dia na cama, e acabou aprendendo uma
valiosa habilidade para a vida.

Luca balançou a cabeça, sorrindo, mas antes que ele pudesse


responder, uma mulher idosa empurrou o carrinho na faixa de pedestres
atrás deles. Ela parou, olhou para os dois para cima e para baixo e soltou um
suspiro alto e reprovador antes de cambalear em seu caminho. Ryder e Luca
ficaram olhando para ela.

— Ela achou que éramos um casal, disse Luca.

Ryder esperou pelo ímpeto usual de emoção que sentiu ao receber


aquele tipo de julgamento - vergonha, constrangimento, a pressão da culpa
por saber que seu desejo por um homem dez anos mais novo era tão óbvio
que até mesmo estranhos podiam ver isso nele. Mas em vez disso, ele sentiu...
nada. Ele e Luca nunca haviam feito nada de errado. Se outras pessoas não
podiam aceitar isso - bem, isso era problema deles, não de Ryder.

— Ela pode pensar o que quiser, disse Ryder. — Eu não me importo.

*****

KM
Luca estava ao mesmo tempo divertido e um pouco surpreso com o
quão exigente Ryder era sobre como seu sanduíche era feito. Ele sempre
assumiu que Ryder era o tipo de cara que você poderia jogar praticamente
qualquer tipo de comida na frente, e ele a devoraria sem pensar duas vezes.

— Você está cortando esse tomate muito grosso, disse Ryder de onde
ele estava sentado na ilha da cozinha - de frente para a porta, é claro.

— Você sabe, só porque eu nunca cozinhei realmente nada não


significa que eu nunca lidei com comida antes, disse Luca. Ele mudou o
ângulo da faca para que as fatias de tomate saíssem mais finas. — Eu preparei
legumes para Sheila e coisas assim.

— Talvez eu devesse ter feito você grelhar um bife, então.

Luca atirou um dos pedaços de tomate nele. Em vez de esquivar ou


agarrar com a mão, Ryder pegou na boca e comeu.

— Ok, isso foi impressionante, admitiu Luca.

— Eu tenho habilidades.

Palavras mais verdadeiras nunca haviam sido ditas. Luca sabia em


primeira mão o quão bom Ryder era com a boca.

Ele deu os últimos retoques no sanduíche e levou o prato para a ilha,


deslizando-o na frente de Ryder. — Pronto, ele disse, pulando para sentar no
balcão ao lado do prato. — E eu não quero ouvir mais reclamações. Você vai

KM
comer e vai gostar.

Ryder deu uma grande mordida. — Muito bom, ele disse quando ele
engoliu. — Obrigado. Quer um pouco?

— Não, obrigado. Eu não sou realmente uma pessoa de carne assada.


Eu prefiro lagosta.

— Mimado, Ryder disse com uma sacudida triste de sua cabeça.

Luca lhe deu um soco no ombro. Ryder riu, pegou a mão dele e beijou
as costas dela.

Ambos congelaram. Dois segundos depois, Ryder soltou a mão de


Luca como se tivesse se queimado. — Sinto muito, disse ele. — Eu não quis
dizer... isso não foi...-

— Eu sei. Luca sabia o que Ryder estava tentando dizer: Isso não era
sexual. E essa foi, pela primeira vez, a verdade absoluta. O beijo acabara por
ser um gesto espontâneo de afeição; não havia nada de sexual nisso tudo.

Foi... romântico.

Eles se sentaram em silêncio constrangedor por um minuto, até que o


clique dos saltos altos para a cozinha os fez ficarem tensos. Apenas uma
pessoa na propriedade usava sapatos assim. Luca quase pulou do balcão,
sabendo o quanto sua mãe odiaria que ele estivesse sentado - mas então
decidiu ficar onde estava. Irritar o senso de propriedade de Evelyn sempre

KM
foi divertido.

Quando Evelyn entrou na cozinha, no entanto, ela nem pareceu notar.


Ela parecia estranhamente esgotada, e alguns fios de cabelo haviam
escapado de seu coque francês.

— O que há de errado? Luca perguntou, seu peito apertando.

— Michael Dorian teve um ataque cardíaco, disse ela. — Eu achei que


você gostaria de vir para o hospital comigo.

Luca saiu da ilha. — Claro. Agora mesmo?

— Sim. Evelyn se virou para Ryder. — Não há necessidade de trazer o


resto de sua equipe; O Sr. Clarke e a Sra. Holloway estarão nos
acompanhando.

O caminho para o Washington Hospital Center foi silencioso e tenso.


Luca estava no carro com sua mãe e Clarke, como de costume, enquanto
Ryder andava no carro da retaguarda com Holloway e outro guarda-costas
de Evelyn cujo nome Luca não conhecia.

Fazia muito tempo que Luca não via sua mãe tão chateada.
Naturalmente, o ar de chateada não era a mesma para Evelyn D'Amato como
para qualquer outra pessoa, mas Luca a conhecia bem o suficiente para poder
ver os sinais. Ele não estava particularmente angustiado - embora o Sr.
Dorian fosse um bom homem, Luca não sentia nenhuma conexão especial
com ele - mas ele estava preocupado com Evelyn. Até onde ele sabia, Dorian

KM
era seu melhor amigo.

Esperando que a pergunta não a chateasse mais, Luca perguntou: —


É... - ele vai viver?

Evelyn alisou o cabelo para trás. — O médico com quem conversei


disse que o estado dele foi crítico por um tempo, mas agora ele acha que há
uma boa chance de uma recuperação completa.

— Foi o médico que ligou para você? Não há algum tipo de lei contra
isso?

— Sou procuradora de saúde de Michael desde que sua esposa faleceu.


Todo o resto de sua família mora na Inglaterra. Evelyn voltou ao silêncio,
batendo as unhas bem cuidadas no couro da porta do carro.

Dorian tinha um quarto particular na enfermaria de cardiologia.


Holloway e guarda-costas sem nome tomaram posições em ambos os lados
do andar, enquanto Ryder e Clarke escoltaram Luca e sua mãe até a porta.

— Você tem certeza que está tudo bem eu entrar? Perguntou Luca.

— Michael pergunta de você o tempo todo. Tenho certeza que você vai
animá-lo.

Luca deu de ombros e a seguiu para dentro.

Dorian parecia a morte requentada. Ele era pequeno e frágil na cama


do hospital, ligado a um IV e a um monitor de telemetria, um tubo de

KM
respiração inserido em seu nariz. Luca pensou que ele estava dormindo - ou
talvez até morto - mas as pálpebras de Dorian tremularam ao som da porta
se fechando.

— Evelyn? Ele disse em uma voz seca e rachada.

— Michael, meu Deus. Evelyn puxou uma das cadeiras de visitantes


até o seu leito e colocou a mão na sua. — O que aconteceu?

— Eu estava no escritório e... não me lembro. Parecia exigir grande


esforço para Dorian falar; ele mal conseguia manter os olhos abertos. —Me
disseram que um dos associados juniors me encontrou.

— Graças a Deus ele estava trabalhando horas extras.

Dorian finalmente notou Luca, que ainda estava pairando perto da


porta, e deu-lhe um sorriso fraco. — Luca. Quão gentil de sua parte vir.

Luca foi para o outro lado da cama. — Como você está se sentindo, Sr.
Dorian?

— Bem o suficiente, considerando tudo.

— Você parece estar com dor, disse Evelyn.

— Um pouco.

Evelyn sacudiu a cabeça e apertou o botão de chamada. Um minuto


depois, uma enfermeira de uniforme alegre colocou a cabeça pela porta.

KM
— Tudo bem aqui?

— Não, disse Evelyn. —...O senhor Dorian recebeu alguma medicação


para dor?

— Um...- Os olhos da enfermeira piscaram sobre Evelyn e Luca,


obviamente se perguntando quem diabos eles eram, e se eles tinham o direito
de saber essa informação. Quando Dorian não se opôs, ela disse: —Sim, o Dr.
Rourke o tem em um gotejamento de morfina.

— Bem, obviamente não é forte o suficiente. Eu gostaria de falar com


ele.

— Eu posso chamá-lo pelo pager e perguntar...-

— Pessoalmente, interrompeu Evelyn.

— Mãe, disse Luca, porque a pobre enfermeira já estava começando a


parecer irritada.

Evelyn o ignorou. — Eu vou com você e falo com ele quando ele ligar
de volta, para que eu possa convencê-lo da importância de nos encontrarmos
pessoalmente. Ela se levantou da cadeira. — Fique aqui, Luca.

— Desculpe, Luca falou para a enfermeira atrás das costas de sua mãe.
Ela apenas deu de ombros e sorriu antes de fechar a porta, deixando Dorian
e Luca sozinhos.

— Você sempre pode contar com Evelyn para fazer o que precisa ser

KM
feito, disse Dorian.

— Essa é uma maneira de colocar isso, Luca murmurou baixinho. Ele


sentou na cadeira que sua mãe tinha desocupado, notando quão superficial
era a respiração de Dorian; seus olhos estavam afundados com desidratação.
— Quando eu te vi na véspera de Ano Novo, eu estava com medo de você ter
câncer.

— Ah não. Apenas hipertensão descontrolada, me disseram - estresse,


tudo isso. Não é incomum em um homem da minha idade e na minha
posição. Dorian foi cortado por uma tosse áspera e irritante.

— Você está autorizado a beber água?

— Eu não sei, disse Dorian, parecendo absolutamente infeliz.

Luca lançou seu olhar ao redor do quarto. Havia um copo de isopor


na mesa anexa da cama, que estava pendurada para o lado. Ele puxou-a para
si e pegou o copo para encontrá-lo cheio de pedaços de gelo. — Tem gelo aqui,
disse ele. — Você quer um pouco?

— Sim, obrigado.

Luca acabou tendo que dar o gelo na boca de Dorian, porque ele estava
fraco demais para fazer isso sozinho. Embora Luca estivesse envergonhado
por alimentar um homem que era quarenta anos mais velho do que ele como
se fosse um bebê, Dorian não demonstrou nenhum sinal de estar
desconfortável com isso. Quando terminou, recostou-se nos travesseiros e

KM
deu um tapinha na mão de Luca.

— Você é um menino doce. Sua voz era estranhamente triste para


alguém fazendo um elogio. — E você parece muito com seu pai. Isso deve ser
um grande conforto para sua mãe.

Luca apertou a mandíbula e desviou o olhar. — Eu deveria deixar você


descansar um pouco, disse ele. — Espero que você se sinta melhor.

Dorian agradeceu e Luca saiu do quarto com um suspiro interno de


alívio. Ryder ainda estava no corredor, mas Clarke deve ter ido com Evelyn,
porque ele não estava à vista.

— Como ele está? Ryder perguntou.

— Eu não sei. Parece que ele está morrendo. Luca se encostou na


parede, tentando não mostrar o quanto o comentário de Dorian sobre seu pai
o tinha abalado.

— Você está bem?

— Sim. Eu realmente não o conheço muito bem.

Uma enfermeira atormentada e estressada trotou até eles. —


Desculpe-me, um de vocês é Jacob Ryder?

As costas de Ryder ficaram rígidas de surpresa. — Sou eu.

— Alguém deixou isso para você no posto de enfermagem. Ela

KM
entregou-lhe um envelope - um envelope que Luca reconheceu muito bem.

— Para mim? Ryder disse. — Você tem certeza?

— Sim.

— Você viu quem era?

— Eu não sei, um cara. A enfermeira lhe lançou um olhar que


claramente dizia: Isso não faz parte da descrição do meu trabalho, e então
se afastou rapidamente.

— Por que ele está enviando coisas para você? Perguntou Luca. Ele já
podia sentir o familiar gotejamento de gelo em sua espinha que ele tinha
quando o Admirador fazia contato.

— Não tenho certeza. Ele disse naquele e-mail que ele entraria em
contato. Ryder virou o envelope e franziu a testa. — Não está fechado.

— Por que não?

Estreitando os olhos, Ryder disse: — Ele está me dizendo que é seguro


- ele quer que eu abra agora, em vez de esperar que ele seja examinado por
explosivos.

O estômago de Luca caiu. — Isso significa que ele está aqui, nos
observando?

— Eu duvido disso. Ryder examinou o corredor. — Não há onde se

KM
esconder aqui. Os hospitais não aceitam estranhos à espreita. Ele puxou o
cartão para fora do envelope e virou-o.

TENHA CUIDADO COM ELE - OU VOCÊ PODE TERMINAR AQUI, TAMBÉM.

-UM ADMIRADOR
Luca pensou que era uma ameaça, até que Ryder disse: — Há algo
mais aqui e inclinou o envelope para que o resto de seu conteúdo caísse em
sua mão.

Era cerca de meia dúzia de camisinhas.

— Jesus fodendo Cristo, disse Ryder, empurrando os preservativos de


volta no envelope. Sua raiva era palpável - Ryder nunca xingou no trabalho
a menos que ele estivesse profundamente chateado.

A humilhação sufocou Luca com náusea. — Eu nunca tive uma DST,


disse ele. De repente, era imperativo que Ryder soubesse e reconhecesse isso.

— Eu acredito em você.

— Eu sempre uso camisinha. Eu nunca fiz sexo sem uma.

— Luca, você não precisa se justificar para mim. Eu sei que você é um
garoto inteligente.

Luca apertou as mãos para tentar impedi-las de tremer. — Ele está...-


ele está tentando criar uma cunha entre nós. Fazer você se virar contra mim.

KM
— Eu sei. E estou feliz com isso.

— Você está feliz? Por quê?

— Porque significa que ele me vê como uma ameaça. Havia uma luz
sombria de determinação nos olhos de Ryder. — Ele sabe que se ele quiser
chegar até você, ele terá que passar por mim primeiro.

KM
Capítulo Trinta e Um

— Então, vamos falar sobre o que sabemos, disse Ryder.

Ele, McCall, Song e Hurst estavam se encontrando em um dos quartos


do terceiro andar da propriedade, que raramente eram usados. Conforme a
investigação sobre o Admirador havia progredido, Ryder tinha percebido a
tolice de manter a evidência na sala de controle - se a toupeira estivesse na
equipe de segurança, ele ou ela seria capaz de acompanhar sua investigação.
Então ele moveu tudo para o terceiro andar e mandou Ethan Orwell instalar
uma fechadura na porta do quarto, para a qual Ryder segurava a única chave.

Keller estava atualmente vigiando Luca no andar de baixo; ele era


novo demais na equipe para poder contribuir muito para a reunião de
estratégia.

— Estamos lidando com pelo menos três inimigos distintos, disse


McCall. Ela bateu cada arquivo enquanto ela os nomeava. — Warren Gray, a
toupeira e o Admirador.

— Temos certeza de que Gray não é o Admirador? Perguntou Hurst.


— Ele poderia estar usando um alter-ego para nos jogar fora da pista.

KM
McCall sacudiu a cabeça. — Não tem jeito. Os ataques do Admirador
são muito vingativos, muito pessoais. Ele obviamente está familiarizado com
Luca e sabe exatamente como machucá-lo. Ele tem sido cuidadoso em
permanecer anônimo - usando discrição para tornar suas mensagens mais
assustadoras.

— Considerando o quanto os ataques de Gray foram desleixados e


amadores. Song puxou seu arquivo para si mesma e abriu-o. — Dizendo a
Glauser seu nome verdadeiro, usando Duval para o golpe de sedução, quando
ele sabia que Duval poderia facilmente ser rastreado até ele… Gray não
conhece Luca, e eu duvido que ele se importe em machucá-lo. Ele não pode
chegar diretamente a D'Amato, então ele está atacando ela ao aterrorizar seu
filho.

Ryder espalhou uma folha de papel em branco sobre a mesa na frente


dele. — O que nos leva a questão de como ele e o Admirador começaram a
trabalhar juntos em primeiro lugar. Sabemos que eles estão em contato por
causa de como eles coordenaram o incidente de Duval - a primeira
comunicação do Admirador veio imediatamente depois que descobrimos, e
ele sabia exatamente o que estava acontecendo. Isso não é uma coincidência.
E se o Admirador conhece Luca tão bem quanto parece, é possível que ele
tenha realmente dado a Gray a ideia de usar Duval.

Ele escreveu Gray e Admirador em lados opostos do papel, conectou-


os com uma linha reta e desenhou um ponto de interrogação circulado no
meio dela.

KM
— Gray e o Admirador têm motivações completamente diferentes.
Então, como eles se conectaram? Ryder bateu o ponto de interrogação com
o lápis. — Acho que estamos lidando com quatro inimigos. Isso é alguém que
está perto o suficiente do D’Amatos para reconhecer todas as ameaças que
enfrentam e que as conhece bem o suficiente para intermediar uma
colaboração entre essas ameaças. É alguém que não quer sujar as próprias
mãos. E há uma boa chance de que essa seja a pessoa que cultivou a toupeira
na propriedade, porque ele ou ela provavelmente já tem algum tipo de acesso
à equipe aqui.

— Jesus, murmurou Hurst.

— Pode haver mais de uma toupeira, disse McCall.

— Verdade. Na parte inferior da página, Ryder escreveu Toupeira(s),


desenhando linhas conectando-a aos três nomes no topo. — Pode haver três
toupeiras separadas, talvez mais. Seria ineficiente para eles administrarem
muitos informantes, mas criaria um sistema de backup caso descobríssemos
um deles.

— Tenho dificuldade em acreditar que há até uma toupeira na


propriedade, quanto mais três, disse Song. — D'Amato pode não ser do tipo
fofinho, mas ela é uma empregadora fantástica. O salário é ótimo, temos
benefícios completos, tempo de férias... até mesmo a equipe de limpeza
recebe quase o dobro do que receberia em qualquer outro lugar. Não conheço
ninguém que trabalhe aqui e que se qualifique como funcionário

KM
descontente.

Ryder tinha que concordar. D'Amato subscreveu a convicção de que


funcionários felizes eram funcionários leais e isso sempre pareceu funcionar
para ela no passado.

Com um encolher de ombros, McCall disse: — Não precisa ser sobre


dinheiro. Talvez a toupeira não goste da política de D'Amato, ou se ressente
do modo como ela comanda Fairburn Howard. Ele não seria o único.

— Pode ser sobre a orientação sexual de Luca, sugeriu Hurst.

Ryder franziu a testa. — D'Amato monitora todos os seus funcionários


com relação à homofobia.

— Tenho certeza que ela seleciona seus funcionários por sua


disposição em vender seu filho para homens que querem persegui-lo
também, e veja como isso acabou.

— Estamos talvez ignorando a explicação mais óbvia aqui? Song


inclinou-se e fez sinal para o desenho de Ryder. — Ryder, você disse antes
que Gray e o Admirador têm motivações completamente diferentes, mas isso
não é verdade. Eles têm alvos diferentes. Sua motivação é a mesma:
vingança. E se esse cara... Ela apontou para o ponto de interrogação. —-
realmente é alguém próximo aos D'Amatos... bem, o maior motivo que posso
pensar para uma pessoa se virar contra alguém de quem é próximo é
vingança de algum tipo. Então, se todos esses três homens estiverem à

KM
procura de vingança, talvez a toupeira também esteja. Poderíamos estar à
procura de alguém que acha que D'Amato ou Luca ou ambos cometeram
algum tipo de injustiça, por isso ele está canalizando informações para
pessoas que são poderosas o suficiente para fazer algo a respeito.

— Quatro pessoas separadas, todas procurando vingar-se dos


D'Amatos, disse Hurst, e depois suspirou. — Isso deve reduzir a lista a
algumas centenas de suspeitos.

— Você não se torna um bilionário sem fazer alguns inimigos, disse


McCall.

— Falando nisso…- Ryder escreveu o nome de Glauser no papel e o


conectou tanto a Gray quanto à toupeira. — Sabemos que Gray encorajou
Glauser a perseguir Luca em novembro e dezembro, e que a toupeira
provavelmente foi quem disse que Glauser era um bom botão para
pressionar. A toupeira também avisou os manifestantes anti-guerra que nos
emboscaram no consultório da Dra. Andersen. — Ele desenhou outro círculo
se ramificando da toupeira e rotulou-o de Manifestantes. — Mas não
sabemos se era a mesma toupeira ou duas diferentes.

Song disse: — Não esqueça a tentativa de sequestro. Não conseguimos


conectar isso a nenhum dos outros jogadores.

McCall inclinou a cadeira para trás, de modo que as pernas dianteiras


saíram do chão. — Não pode ser Gray; não é o estilo dele.

KM
— Não, Ryder disse, franzindo as sobrancelhas enquanto olhava os
arquivos. — Mas é do Admirador.

— O que?

— Nós nunca consideramos isso antes, porque a tentativa de


sequestro aconteceu muito antes do Admirador fazer contato. Mas pense
nisso. Esse golpe foi rápido, profissional e vicioso, e mesmo que tenha
falhado, não conseguimos reunir uma única direção viável a partir dele. O
Admirador opera da mesma maneira. Ele entrou em contato com Luca várias
vezes, mas nunca conseguimos localizá-lo. Ele está obviamente seguindo
Luca, mas nenhum de nós jamais o viu. Ele foi capaz de se esgueirar nos
terrenos da Rutledge Academy - que é quase tão bem guardada quanto esta
casa - e invadir o armário de Luca sem deixar qualquer sinal de entrada
forçada. Esse cara sabe o que ele está fazendo. Não pode ser a primeira vez
que ele faz coisas assim.

As pernas da cadeira de McCall bateram no chão com um baque. —


Você acha que ele tem um histórico como segurança?

— Ou militar, ou aplicação da lei. Qualquer coisa que lhe dê as


habilidades nas quais ele confia para continuar nos evitando. Eu acho que é
possível que ele esteja por trás da tentativa de sequestro, e que o fracasso foi
o que o levou a contatar Luca pessoalmente.

Os outros digeriram isso em silêncio enquanto Ryder acrescentava a


tentativa de sequestro ao desenho e conectava-o à toupeira e ao Admirador,

KM
usando linhas pontilhadas e pontos de interrogação para ilustrar sua
incerteza. Mesmo assim, Ryder tinha um forte pressentimento de que ele
estava certo sobre isso.

— Se isso for verdade, disse Hurst, — então o Admirador não ficará


satisfeito em perseguir e insultar Luca por muito mais tempo. Ele tentará
novamente.

— Provavelmente. Ryder escreveu Objetivo??? Ao lado do nome do


Admirador; então, pensando bem, ele adicionou Motivação? Ao lado da
pessoa desconhecida que ele começou a pensar como Ponto de Interrogação.
Essas eram as duas maiores questões que precisavam ser respondidas. —
Luca tem algum ex-amante que se encaixa nesse perfil?

— Hum, sim, disse McCall, incrédula. — Ele dormiu com homens do


crime organizado, soldados, policiais, um agente do Serviço Secreto… faça a
sua escolha. Eu posso pensar em sete ou oito nomes agora, e isso é apenas o
topo da minha lista.

Ela olhou por cima da mesa para Song, que concordou com a cabeça.

Hurst ergueu as sobrancelhas. — Tudo isso?

— Sim. McCall fez um gesto entre Hurst e Ryder. — Olha, vocês dois...
vocês não conheceram Luca até que ele se mudou de volta para a América.
Ele mudou desde que chegou em casa - para melhor, não me entenda mal.
Mas você não tem ideia de como ele era na Europa. Ouvir isso de segunda

KM
mão não é o mesmo que assistir isso acontecer. Luca anseia por controle mais
do que qualquer outra coisa no mundo, e ele gosta de seus homens
poderosos, porque quanto maiores eles são, mais forte eles caem. Então
acredite em mim quando digo que, achar que o conhecimento de que o
Admirador tem esses tipos de habilidades poderia restringir a lista, não é
uma bala mágica que vai nos apontar direto para ele.

— Ainda precisamos investigar cada potencial direção, disse Ryder. —


Você e Song façam uma lista de todos que vocês lembram e que podem ser
capazes desse tipo de perseguição experiente, e eu passo para Jo Spitzer. Pelo
menos nos dará um lugar para começar.

McCall e Song trocaram um olhar longo e insondável que


imediatamente colocou Ryder em guarda.

— Há algum problema com isso? Ele perguntou.

— Nem um pouco, disse McCall. — Você vai ter até amanhã de manhã.

— Bom. E todos nós precisamos estar especialmente vigilantes. —


Ryder colocou o desenho complicado no centro da mesa. — Porque é com
isso que estamos lidando.

Todos olhavam para as linhas e círculos interconectados, cada um


representando alguém que queria prejudicar Luca. — Ele tem apenas dezoito
anos, Song disse baixinho, e Ryder ouviu a mesma tristeza e raiva em sua voz
que ele sentia em si mesmo.

KM
Depois que a reunião terminou, Ryder desceu para seu quarto, com a
intenção de verificar Luca e Keller antes de se retirar mais cedo. Keller não
estava sentado do lado de fora do quarto de Luca, o que significava que Luca
estava em outro lugar da casa. Levou apenas alguns segundos de deliberação
para Ryder se virar e seguir para a ala oeste, em direção à suíte dos Orwells.

Com certeza, Keller estava do lado de fora da porta fechada. — Luca


está jantando com os Orwells? Ryder perguntou quando ele se aproximou.

— Sim.

— Athena está com ele?

Keller assentiu. — Como foi?

— Hurst vai te atualizar quando você mudar de turno. É suficiente


dizer que eu posso ter subestimado em quanto perigo Luca está quando
contratamos você.

— Eu não me assusto fácil, disse Keller. — Eu vou mantê-lo seguro.

Ryder lhe deu boa noite e voltou para seu próprio quarto, as palavras
de Keller ecoando em sua mente. Estava tudo muito bem para a equipe
discutir teorias e fazer listas, mas no final do dia, eles não eram policiais ou
investigadores particulares - eles eram apenas guarda-costas. Sua prioridade
não era pegar o Admirador. Era manter Luca a salvo dele.

É claro que os perseguidores não eram as únicas ameaças que Luca

KM
estava enfrentando, mas Ryder não podia ajudá-lo com os valentões da
escola. Hoje tinha sido o primeiro dia de aula desde que Ward largara a
bomba no encontro de natação e, felizmente, tudo pareceu ter corrido bem.
Luca disse que seus amigos haviam prometido não contar a ninguém sobre a
École International e negar se Ward tentasse espalhá-la - o que ele não tinha
feito. Embora Ryder tivesse observado um pouco de estranheza entre Luca e
seus amigos, especialmente Davenport, mas era o tipo que se desvaneceria
rapidamente. As coisas voltariam ao normal até o fim de semana.

Ou pelo menos elas teriam voltado, se não fosse pelo fato de que tudo
foi direto para o inferno na manhã seguinte.

O primeiro sinal de que algo estava errado foi o quão silencioso todo
mundo estava. Quando Ryder e Luca chegaram à escola, os alunos estavam
em pé ao redor do pátio cheio de neve em pequenos grupos, como de
costume, mas estavam quase em silêncio. Todos se viraram para olhar para
Luca quando ele entrou.

Ryder poderia dizer que Luca sentiu o ar carregado também, porque


seu passo vacilou quando ele olhou ao redor do pátio. Antes que Ryder
pudesse dizer qualquer coisa, Davenport e Sokolov começaram a correr na
direção deles com olhares preocupados em seus rostos. Ambos estavam
segurando grossos feixes de papel - na verdade, agora que Ryder estava
percebendo, todas as crianças no pátio tinham as mãos cheias de papel.

— Luca, disse Davenport quando ele e Sokolov chegaram perto com

KM
as mãos cheias deles. — Tentamos obter o máximo que pudemos, mas eles
estão em todos os lugares.

Luca pegou uma das pilhas de papel de Davenport enquanto Sokolov


abria a boca para protestar.

Ele apenas olhou para a página de cima por um segundo antes de


soltar um suspiro agudo, como se tivesse sido esbofeteado na cara. Toda a
cor foi drenada de sua pele. Ryder olhou por cima do ombro, e ele teve que
morder sua bochecha para não xingar em voz alta quando viu o emblema da
École International na página mal fotocopiada.

Era o antigo diário de Luca - o que o levou a ser expulso de sua


primeira escola.

— Eles estão em todo o campus, disse Sokolov. — Alguém espalhou-


os antes que todos chegassem aqui.

Luca olhou para o diário, os olhos desfocados e respirando


superficialmente. Ele folheou rapidamente as páginas, e Ryder pôde ver que
suas mãos estavam tremendo. — Como... como isso é possível?

Uma súbita gargalhada do outro lado do pátio atraiu a atenção deles.


Kyle Ward e seus amigos estavam agrupados em um grupo a cerca de seis
metros de distância, cada um segurando uma cópia do diário. Quando Luca
olhou para Ward, Ward chamou sua atenção e sorriu.

— Ele fez isso, disse Luca, com voz baixa de fúria. Soltando o diário na

KM
neve, ele começou a caminhar na direção de Ward.

Ryder pegou seu cotovelo. — Você não sabe disso.

— Você está brincando comigo? Ele descobriu sobre o diário na


semana passada e, alguns dias depois, cópias dele estão por toda a escola.
Quem mais poderia ser?

— Pode ter sido ele. Ryder manteve seu tom tão calmo e uniforme
quanto possível. — Mas confrontá-lo assim não vai te fazer bem algum. Se
você perder o controle e acertá-lo, você será expulso.

Toda a luta saiu de Luca e o horror penetrou em seus olhos. — Oh meu


Deus. O diário - fui expulso por isso na minha antiga escola. E se eles...

Ele parou quando sua atenção foi capturada por algo sobre o ombro
de Ryder. Ryder se virou para ver Glenn Callahan, o reitor da escola, indo em
sua direção.

Embora Callahan estivesse obviamente preocupado, ele não parecia


zangado. Sua voz era gentil quando ele disse: — Luca, a diretora quer ver
você.

Luca engoliu em seco e assentiu. — Ok.

Ele reassentou sua mochila nos ombros e seguiu Callahan, Ryder logo
atrás. Davenport e Sokolov os observavam com expressões ansiosas. Além
das risadas ainda vindas do grupo de Ward, o pátio estava mortalmente

KM
silencioso.

Eles caminharam pelos corredores internos da escola, que ainda


estavam quase vazios, já que a primeira aula do dia não começaria ainda por
mais quinze minutos. Cópias do diário estavam espalhadas por todo o chão
e coladas nas paredes; toda a equipe de zeladores estava em vigor, correndo
para tentar limpá-la. A mandíbula de Ryder se apertou.

A diretora Chen estava ao telefone quando chegaram ao escritório


dela. Ela os acenou para dentro e gesticulou para que Luca se sentasse em
frente à sua mesa enquanto ela murmurava ruídos de assentimento no
receptor. Ryder ficou de pé contra a parede, ao lado da porta, que Callahan
fechou sem entrar no escritório.

— Eu vejo, disse Chen. — Bem, envie-me o relatório o mais rápido


possível. E certifique-se de notificar a polícia.

No segundo em que ela desligou o telefone, Luca disse: — Eu não fiz


isso. Por favor, não me expulse.

— Certamente não. Chen olhou surpresa. — Eu não tenho o hábito de


punir estudantes que não fizeram nada de errado.

— Você acredita em mim?

— Claro. Eu não achei que você fosse responsável desde o começo,


mas tendo acabado de falar com nosso chefe de segurança, eu sei de fato que
não foi você...- ...ou qualquer outro aluno.

KM
— O que te faz dizer isso? Ryder perguntou.

— Quando o campus abriu às 7:05, já havia dúzias de exemplares em


todos os prédios da divisão da escola superior. Neste momento, a segurança
é necessariamente um pouco mais leve durante o dia, mas quando o campus
está fechado, ela é totalmente bloqueada - temos câmeras de vigilância,
detectores de movimento, guardas armados e cães patrulhando. Ela franziu
os lábios. — Mas o que realmente me diz que este não foi o trabalho de um
estudante é que as fitas de segurança foram adulteradas.

— Adulteradas? Perguntou Luca.

— Sim. Durante os quinze minutos entre as 6:50 e as 7:05, as


filmagens dos quinze minutos anteriores foram simplesmente repetidas e
repetidas. Os guardas que monitoravam o feed não notaram no momento,
mas quando voltaram para analisá-lo, viram as inconsistências.

Porra, porra, porra. Isto tinha o estilo do Admirador escrito por todo
o lado. Ryder queria poder pegar o cara sozinho em uma sala por apenas
cinco minutos.

— Você entende por que duvido que um adolescente tenha a


motivação de ir tão longe para fazer uma brincadeira, sem falar das
habilidades que ele ou ela precisaria para conseguir isso, disse Chen. Ela
voltou sua atenção para Ryder. — A Senhora. D'Amato me notificou na
semana passada que você está enfrentando uma ameaça significativa à sua
segurança. Você acha que isso poderia ser o trabalho da mesma pessoa?

KM
— Acho que sim. Sabemos que ele já conseguiu entrar nos terrenos da
escola antes.

— Bem, você terá o apoio da nossa equipe de segurança e, claro, a


polícia estará envolvida, mas não posso prometer que algo substancial virá
disso. Chen suspirou, parecendo exausta demais para alguém cujo dia só
tinha apenas começado. — Enquanto isso, todas as páginas do diário que
recuperarmos serão destruídas e qualquer pessoa encontrada com uma cópia
dela será sujeita a ação disciplinar imediata.

— Eu aprecio isso, mas acho que o dano já foi feito. As mãos de Luca
estavam cerradas em seu colo. — Já está lá fora; é apenas uma questão de
tempo até acabar na Internet.

— Eu sei, e me desculpe.

Ryder poderia dizer o que ela estava pensando - que quando ela
começou sua carreira na educação, ela só tinha que se preocupar com seus
alunos sendo intimidados na escola e no bairro, não nos vastos alcances
anônimos do ciberespaço onde não havia absolutamente nada que ela
pudesse fazer sobre isso.

— Eu posso marcar uma consulta para você com o conselheiro, se você


quiser, acrescentou Chen.

Luca sacudiu a cabeça. — Eu já tenho um - uma médica com quem


posso conversar. Mas obrigada.

KM
Chen levantou-se para acompanhá-los. Quando ela abriu a porta, ela
colocou a mão no ombro de Luca. — Eu sei que este parece ser o fim do
mundo agora, mas vejo coisas assim acontecer o tempo todo - não
exatamente nesta escala, mas perto. Logo vai ser esquecido. Outra coisa
acontecerá para desviar a atenção de todos. Apenas mantenha seu queixo
para cima.

Uma vez que ela fechou a porta atrás deles, Luca se encostou na
parede. Os corredores do prédio da administração estavam quase vazios no
início da manhã.

— Eu posso te levar para casa se você quiser, disse Ryder.

— Você sabe tão bem quanto eu que é a pior coisa que eu poderia fazer
agora. As pessoas vão pensar que estou com medo ou… ou envergonhado.

Ficou muito claro pela sua linguagem corporal que Luca estava com
vergonha, mas Ryder decidiu não apontar isso.

— É engraçado, disse Luca, olhando fixamente para a parede oposta.


— Uma vez eu fiz exatamente a mesma coisa de propósito e isso me fez sentir
bem. Poderoso. Mas agora eu me sinto mal.

Ryder levantou um ombro em um encolher de ombros. — Você não


tem nada a perder então.

Os olhos de Luca encontraram os dele em um olhar de surpresa. —


Você está certo. Eu estive me perguntando por que me senti tão diferente,

KM
mas você está certo.

— Bem, você não vai perder nada. Você pode superar isso.

— Eu acho que vamos ver, disse Luca. — Você pode me prometer algo,
no entanto?

— Claro.

Luca se virou para encará-lo completamente. — Não leia isso. Não


importa o que aconteça, nunca leia isso. Isso não é... não é assim que quero
que você pense em mim.

Não havia nada no mundo Ryder queria menos do que ler esse jornal.
— Eu prometo. Eu não teria lido, de qualquer maneira. Todo mundo merece
uma ficha limpa.

— Obrigado, disse Luca com um pequeno sorriso, e eles voltaram para


a principal ala acadêmica.

Para surpresa de Ryder, nenhuma das crianças que passaram no


corredor a caminho do armário de Luca disse nada a ele. Eles estavam todos
olhando, com certeza, e Ryder ouviu alguns sussurros aqui e ali, mas não
havia insultos ou zombarias como Ryder teria esperado.

Era quase como se... como se as outras crianças tivessem medo de


Luca. Isso não era legal, mas era melhor do que ele ser ridicularizado. Seria
mais fácil para Luca lidar com isso, pelo menos.

KM
Ryder se permitiu um breve momento de otimismo - até chegarem ao
armário de Luca, no qual a palavra PUTA havia sido pintada em letras
vermelhas brilhantes.

*****

Luca olhou para o armário por um longo momento, sentindo o peso


dos olhos de todos sobre ele, esperando por sua reação. Levou todos os seus
anos de prática para esconder sua humilhação, levantando as sobrancelhas
como se estivesse se divertindo e se movendo para frente para girar a
combinação no dial da fechadura. A julgar pela súbita onda de sussurros,
seus colegas ficaram desapontados. Isso serviu bem aos abutres.

Ashton estava em pé em frente ao seu próprio armário, que ficava bem


ao lado do de Luca. Embora o relacionamento deles tivesse sido tenso nos
últimos dias, Ashton não parecia estar tendo nenhum prazer nisso.

— Eu não sei quem fez isso, disse ele, referindo-se ao vandalismo.

— Não importa. Luca abriu a fechadura. — Eles estão todos pensando


isso mesmo.

Ele abriu o armário e piscou. Havia um pequeno cartão branco


dobrado ao meio e apoiado em seus livros - nenhum envelope desta vez. Luca

KM
pegou.

OOPS

- UM ADMIRADOR

Foi demais. Luca havia literalmente alcançado sua capacidade de


sentir medo. O que ele sentiu em vez disso foi uma raiva fria e negra que era
muito familiar, mesmo que tenha sido meses desde a última vez que ele a
experimentara.

Como ousa o admirador tentar fazer com que Luca se sinta


desamparado? Como se atreve a tentar tirar o poder de Luca, quando ele
mesmo era tão covarde que nem usava seu nome verdadeiro? Luca não era
um peão ou brinquedo de ninguém, e ele estava cansado desse jogo. Não
mais.

Luca rasgou a nota ao meio e a deixou cair no chão.

— Jesus, Luca, Ryder disse logo atrás dele. — Isso é o que eu acho que
é?

— Sim. Luca tirou a mochila dos ombros e abriu o zíper, empurrando


os livros que não precisava no armário.

KM
Ryder se ajoelhou para pegar os pedaços da nota. — Eu entendo o
impulso, mas você não pode simplesmente destruir evidências como essa.

— Você não teria conseguido nada com isso, disse Luca.

— Você não...- Ryder começou, então pegou a expressão no rosto de


Luca. Franzindo a testa, ele colocou os pedaços da nota no bolso do paletó e
recuou.

— É a segunda vez que você e Ryder se assustam com alguém


deixando anotações em seu armário, disse Ashton. — Há algo acontecendo
aqui que eu não sei?

Luca quase o afastou, mas a preocupação na voz de Ashton lhe deu


uma pausa. Ele já havia posto em perigo sua amizade com sua confissão;
Dizer a Ashton a verdade sobre o que estava acontecendo com ele não faria
mais mal. Poderia até deixar Ashton mais disposto a perdoá-lo.

— Sim, disse ele. — Mas não posso falar sobre isso aqui. Eu vou te
contar mais tarde.

Luca pegou os livros que precisava, fechou o armário e se virou para


encontrar Kyle Ward parado a poucos centímetros de distância.

— Suma da minha frente, Luca retrucou.

— Ooh, sensível, disse Kyle com um sorriso. — Qual é o problema,


você não gosta que todo mundo saiba a verdade sobre você? Eu pensei que é

KM
por isso que você escreveu esse diário em primeiro lugar.

Quando Luca olhou para ele, lembrou-se de sua certeza anterior de


que Kyle tinha sido o único a espalhar as cópias do diário, uma vez que ele
havia acabado de confrontar Luca com seu conhecimento há três dias. Agora
que Luca sabia que não tinha sido ele, o momento parecia ainda mais
suspeito. Seria possível que não houvesse uma namorada do primo e que o
próprio Admirador fosse o único a contar a Kyle sobre o diário?

Kyle confundiu o silêncio de Luca com hesitação. Acenando para a


palavra pintada no armário de Luca, ele disse: — Parece que alguém além de
mim está cansado do jeito que você anda por aqui. Eu só queria poder levar
crédito por isso.

— Realmente, disse Luca, assumindo a palavra. — Lembre-me, Kyle,


o que seu pai faz para viver?

Kyle endureceu. — Por quê?

— Ele é um advogado, não é? Um poderoso, pelo que eu ouvi. Luca


sorriu. — Eu sempre tive um fraco por advogados. Eles acham que são muito
mais espertos do que todos os outros, mas quando se chega a isso, são como
qualquer outro homem - desesperados para que alguém lhes diga que são
especiais e dispostos a fazer qualquer coisa por alguém para obter isso.

O rosto de Kyle ficou branco enquanto Luca falava, e agora sua voz
tremia quando ele disse: — Meu pai nunca tocaria em você. Ele não é uma

KM
bicha.

— Nem a maioria dos outros homens com quem transei, mas isso não
parece deter-me, não é?

Luca sabia que ele estava indo longe demais - que isso estava
começando a cruzar a linha entre autodefesa e absoluta crueldade. Mas ele
estava com tanto medo por tanto tempo, e era bom ser o causador do medo
pela primeira vez. Quando Kyle deu um passo para trás, Luca se moveu com
ele.

— Fique longe da minha família, disse Kyle.

— Então é melhor você ficar longe de mim, disse Luca. — Porque se


você acha que eu levaria mais do que algumas horas para arruinar
completamente sua vida, você não leu o diário com atenção suficiente.

Ele girou nos calcanhares e se afastou sem esperar por uma resposta.
Energia elétrica corria em seu sangue e zumbia em seus ouvidos, e a
expressão perturbada de Ryder quando Luca passou mal foi registrado por
ele.

O resto do dia foi uma montanha-russa emocional desagradável,


enquanto Luca oscilava entre os extremos de fúria, humilhação e medo. Seu
senso de estar sendo observado era agudo - mas pela primeira vez, Luca sabia
que não era sua imaginação, porque ele estava sendo observado. Por todos.

Embora Ashton, Gabby, Tricia e Brandon continuassem apoiando-o,

KM
o resto dos amigos de Luca - que poucos dias antes haviam jurado que não
se importavam com o que ele tinha feito em suas antigas escolas - mantinha
distância. Os alunos que tinham conhecido Luca de passagem ou não o
olhavam com olhos arregalados e conversavam em sussurros. Até mesmo os
professores o tratavam com cortesia excessivamente formal.

Luca não os culpou. O diário não era apenas uma crônica de sexo gay
promíscuo; continha uma merda realmente desagradável e bizarra. Luca
manteve isso em um momento de sua vida quando ele começou a explorar
sua sexualidade, e ele era ainda mais curioso e experimental do que era
agora. Ele registrou tudo o que aprendeu - todas as pessoas que
experimentou, as maneiras mais fáceis de seduzir homens heterossexuais, o
que ele gostou e o que ele não gostou. Uma das coisas que Luca mais gostava
era descobrir qual era a fantasia mais imunda e secreta de um homem e
depois preenchê-la para ele, porque nada envolvia mais um homem em torno
do dedo do que ser a única pessoa no mundo que tinha feito algo para ele que
ninguém mais poderia ou faria. A mistura de vergonha, luxúria e gratidão
criada nos homens era como uma droga que assegurava sua devoção e
obediência.

O resultado de tudo isso, naturalmente, foi que o diário estava cheio


das fantasias detalhadas de homens extremamente poderosos, nenhum dos
quais era sobre passeios românticos ao luar na praia. De vez em quando, um
dos colegas de classe de Luca tentava se aproximar dele e perguntar se essa
ou aquela história era verdadeira. Quando Luca confirmou que era...- qual

KM
era o ponto em negar isso agora? -...o estudante correria de volta para seus
amigos com um olhar de reverência e repulsa.

Luca fez o melhor que pôde para manter a cabeça erguida e o rosto
inexpressivo. Tudo o que eles queriam dele era uma reação. Se ele não desse
isso, ficariam entediados e seguiriam em frente. Foi uma luta, porém, porque
Luca podia sentir a tensão irritada se acumulando em seu intestino, a que
sussurrava para ele que ele precisava retomar o controle, que ele precisava
fazer alguma coisa agora. Desde que ele tinha mantido fielmente seu registro
de pensamento disfuncional para a Dra. Andersen, ele reconheceu o
sentimento como o precursor dos incidentes que o fizeram ser expulso no
passado.

A única coisa que você pode realmente controlar é o seu próprio


comportamento, Andersen lembrava a ele toda semana. Uma reação
reflexiva que é desencadeada pelo medo e pela raiva não é um controle real,
não importa o quão bom possa fazer você se sentir a curto prazo.

Luca sabia disso, mas era uma dura verdade para se agarrar quando
ele queria atacar e machucar alguém tanto que ele podia sentir o gosto.

No treino de natação, a treinadora Swanson era militante sobre


manter Luca e Kyle em lados opostos da piscina. Provavelmente não teria
importância, porque Kyle estava evitando Luca como a peste durante todo o
dia, mas Luca apreciou o cuidado. Alguns de seus companheiros de equipe
também ofereceram expressões de simpatia, o que Luca não esperava.

KM
Ainda assim, Luca se sentiu como um pote prestes a ferver quando
Georgina o acompanhou até os Range Rovers que esperavam no círculo da
frente. Ele parou quando viu Ryder encostado no veículo da frente.

— O que você está fazendo aqui? Luca perguntou. — Seu turno acabou
há uma hora. Você não precisa me levar para casa.

— Bom, porque você não vai para casa. Eu estou levando você para
DC.

— O que? Por quê?

— Porque você precisa extravasar um pouco da pior maneira, e eu sei


que você não vai tomar a iniciativa sozinho. Ryder abriu a porta para o banco
de trás. — Vamos.

Luca entrou no carro, deslizando para o outro lado para que Ryder
pudesse entrar atrás dele. — Onde estamos indo?

— É uma surpresa.

— Eu não sou um grande fã de surpresas.

Ryder sorriu. — Azar seu.

Luca bombardeou-o com suposições por toda a viagem, que se


tornava cada vez mais selvagem e especulativa enquanto Ryder permanecia
evasivo.

KM
— O presidente Obama ouviu falar do meu diário e agora quer me
conhecer pessoalmente, disse Luca.

— Você deseja, Ryder disse com um bufo. — Mas você pode parar de
adivinhar. Estamos aqui.

Ele apontou para a janela de Luca e Luca se virou para ver que o carro
havia parado em frente ao Museu Internacional de Espionagem.

— Você já esteve aqui? Ryder perguntou quando eles saíram.

— Uma vez, quando foi aberto pela primeira vez. Mas eu era bem
jovem então.

— É um dos meus lugares favoritos no mundo.

— Sério? Luca disse, satisfeito com o compartilhamento voluntário. —


Eu admito que eu gosto de um bom museu, e este é um dos mais
interessantes, mas você realmente acha que andar por aí olhando coisas em
expositores conta como algo para extravasar?

— De modo nenhum.

Ryder entrou no museu sem mais explicações, e Luca foi deixado no


escuro até que eles chegaram à frente da fila e Ryder pagou a entrada para
algo chamado “Operation Spy”. Então os dois saíram para o lado, fingindo
que não estavam esperando que Georgina e Candace comprassem seus
próprios ingressos.

KM
— Vocês não deveriam ter que pagar por isso, seja o que for, disse
Luca. — Eu posso...-

— Nós vamos dar os recibos para o assistente da sua mãe. Ele nos
reembolsará. — Ryder enfiou o recibo em sua carteira.

Luca esperou, mas era óbvio que Ryder estava propositalmente


segurando-o. Exasperado, ele disse: — Então, o que é isso?

— É um jogo de ação ao vivo em que você finge ser um espião. Já


joguei antes; eu acho que você vai gostar.

Georgina e Candace se afastaram do balcão, e os quatro se dirigiram


para a entrada da exposição em dois pares separados.

Ryder acabou por estar certo - Luca adorou. O jogo de uma hora, que
eles jogaram com um pequeno grupo de participantes do museu, os colocou
no papel de agentes de inteligência dos EUA freneticamente procurando por
um dispositivo nuclear perdido em uma cidade fictícia chamada Khandar.
Eles se moviam de sala em sala, confrontando um novo desafio ou quebra-
cabeça em cada uma - vigiando uma reunião secreta, saqueando um
escritório, quebrando um cofre, decodificando uma gravação. Requeria
pensamento analítico, trabalho em equipe e foco total, o que significava que
Luca não tinha células cerebrais para se preocupar com o Admirador.
Quando o jogo terminou, ele descobriu que seu corpo tinha sido expurgado
da maior parte da raiva tóxica e do medo que o manteve no limite o dia todo.

KM
Querendo se agarrar a esse sentimento, Luca disse a Ryder que ele
não queria ir para casa ainda. Eles pegaram café em um Starbucks próximo
e o levaram para um banco do parque, sentados em cima do encosto com os
pés no assento coberto de neve.

Ryder soprou seu café para esfriar. — Se sentindo melhor?

— Sim. Como você sabe?

— Que você iria gostar, ou que você precisava disso?

— Ambos.

— Você não tem diversão suficiente para uma criança da sua idade.
Não é natural. Eu pensei que você gostaria de fazer algo que realmente
envolvesse sua mente pela primeira vez. Ryder tomou um gole de café,
estremecendo ligeiramente. — Quanto a saber que você precisava disso ...
bem, eu posso não ser tão perspicaz quanto você, mas eu não sou cego. Você
andou o dia todo parecendo que ia cortar uma cadela.

Sua vulgaridade incaracterística arrancou uma risada de Luca, o que,


claro, fora a intenção de Ryder. — Eu acho que é verdade.

— Eu ouvi você ameaçar Ward. Eu só queria ter certeza de que você


não seguiria adiante.

— Eu não iria, disse Luca, ficando sério com a lembrança. — Eu não


vou. Eu só... estou tão cansado de ter medo o tempo todo.

KM
Ryder assentiu. Eles ficaram sentados em silêncio por alguns
minutos, observando a neve começar a cair.

— Você sabe, minha ansiedade não começou quando meu pai morreu,
disse Luca. Ele não sabia por que estava dizendo isso em voz alta, mas
sentado ali no escuro, o mundo ao seu redor silenciado pela neve, parecia
natural. — Eu sempre me preocupei com tudo, mesmo quando eu era criança.
Minha mãe costumava me chamar de tenso.

— Costumava?

Luca riu. — Meu ponto é que às vezes eu me pergunto como as coisas


teriam sido diferentes se papai não tivesse morrido do jeito que ele teve, ou
se eu não tivesse ido para o internato ou qualquer outro milhão de coisas.
Mas eu sei que não importa o caminho que minha vida seguisse, eu sempre
teria que lutar com essa ansiedade. Eu sempre vou. Mesmo que fique melhor
eventualmente, é uma parte grande demais de mim para desaparecer
completamente. É como a minha cruz para carregar pela vida. Eu acho que
todo mundo tem uma dessas.

— Eu também tenho uma, disse Ryder.

— Sim? O que é sua então?

Ryder ficou quieto por um momento, olhando para as árvores


cobertas de neve enquanto pensava. — Culpa.

— Culpa?

KM
— Sim. Estou sempre pensando sobre o que devo fazer ou não fazer,
ou deveria ter feito de forma diferente. Sempre deveria, nunca poderia. Eu
quero fazer a coisa certa - mas às vezes isso me paralisa, porque nem sempre
há uma resposta clara para o que é a coisa certa. Ainda observando as
árvores, Ryder não olhava para o rosto de Luca. — E às vezes sei o que é certo,
mas também sei que outras pessoas acham que é errado, e… e odeio isso
sobre mim mesmo, mas me preocupo mais com o que as pessoas pensam de
mim do que com o que eu quero.

Congelado pela confissão implícita de Ryder, Luca baixou os olhos


para o café e mordeu o lábio. Ele deveria empurrar? Quase parecia que Ryder
estava propondo a ele. Mas não. Ryder teria que vir até ele. Tinha que ser
assim, ou Luca nunca confiaria que o desejo de Ryder por ele fosse cem por
cento genuíno.

— Eu levaria minha ansiedade sobre sua culpa qualquer dia, disse ele
em vez disso, tentando aliviar o clima.

O rosto de Ryder se dividiu em um largo sorriso. — Isso é engraçado.


Eu estava pensando que preferiria ter culpa do que sua ansiedade.

Luca sorriu e o momento desajeitado passou sem comentário.

— Posso te fazer uma pergunta que possa ofendê-lo? Ryder


perguntou.

— Claro. Depois de todas as vezes que Luca ofendeu Ryder, ele achou

KM
que devia isso a ele.

— Você se sente culpado pelas coisas que fez nas suas antigas escolas?

— Sim, disse Luca, depois suspirou. — E não. Depende. Eu não me


arrependo de seduzir esses homens, porque não importa o quanto eu os
manipulei, eles não teriam me fodido se não quisessem. As outras coisas que
fiz, porém – o diário na Ecole International, os e-mails no Armistead,
algumas outras coisas – eu lamento. Eles eram maliciosos e rancorosos, e
doíam em muito mais pessoas do que apenas nos homens com quem eu
dormia. Mas eu nunca pensei nisso até recentemente. Tudo o que importava
era em como destruir esses homens me faria sentir melhor.

Ryder drenou o último de seu café. — Você é um adolescente. Todos


os adolescentes são sociopatas. Eles são egocêntricos, não têm empatia e
sentem prazer na crueldade casual. Isso é apenas desenvolvimento humano
normal. Quanto mais você envelhece, mais você cresce com isso. Você já
começou.

— Não. Isso não tem nada a ver com o crescimento. Foi você.

Surpreendido, Ryder se virou para encontrar os olhos de Luca.

— Você não ficou impressionado com o que eu fiz, disse Luca. — Você
estava atraído por mim, mas não me queria. Você não gostou de mim e não
me respeitou. Eu queria isso mais do que eu já quis alguma coisa antes – seu
respeito.

KM
Oprimido pelo intenso contato visual, Luca desviou o olhar. Suas
mãos tremiam levemente.

—Eu queria mudar por causa de você. E então foi como derrubar os
dominós - uma vez que eu mudei uma coisa, todo o resto começou a mudar
também. Se eu não tivesse te conhecido quando cheguei em casa, eu ainda
seria a mesma pessoa que eu era na Europa.

Luca fechou os olhos por um segundo contra a imagem do que teria


sido, então se forçou a olhar para Ryder novamente. Os olhos de Ryder
estavam sérios, seu rosto solene.

— Você salvou minha vida no dia em que aqueles homens tentaram


me sequestrar. Incapaz de se ajudar, Luca tirou a neve da bochecha de Ryder.
— Mas a verdade é que você já me salvou muito antes disso.

KM
Capítulo Trinta e Dois

VOCÊ ESTAVA BONITO NESTE DIA.

- UM ADMIRER

Ryder observou Luca pegar a pequena joia que havia sido entregue
com a nota. Ele não tinha certeza exatamente para o que era - uma barra de
prata com uma ligeira curva e esmeraldas quadradas em cada ponta, uma
muito maior que a outra.

— Yosef, Luca sussurrou.

— É disso que isso te lembra?

Luca assentiu. — Ele estava comigo quando eu coloquei o meu


piercing no umbigo.

Então é para isso que a barra servia. Ryder olhou para ela novamente,
desta vez imaginando como seria brilhar contra a pele do estômago esticado
de Luca.

KM
Estudando o piercing mais de perto, Luca disse: — Essas esmeraldas
são reais. Isso deve ter sido feito sob medida.

— Bem, sabemos que o admirador não está com falta de fundos, disse
Ryder. — Ele nunca teria sido capaz de perseguir você por tanto tempo de
outra forma.

Luca abriu a boca, franziu a testa e apertou os lábios sem dizer nada.
Seu punho se apertou ao redor da joia.

— O que há de errado? Ryder perguntou.

— Eu… eu o vi. Yosef Eu o vi na véspera de Ano Novo, na festa de


Fairburn Howard.

Ryder ficou atordoado por um momento. — Você viu ele? E você não
disse nada? Luca!

— Eu pensei que tinha imaginado! Disse Luca. — Eu me virei para


avisar Siobhan e, quando voltei, ele se fora.

— Você ainda deveria ter me dito.

— Ele não é o único que eu vi.

Ryder respirou fundo e contou até cinco antes de dizer: — Quem


mais?

— Dr. Kranz, do lado de fora do consultório da Dra. Andersen. Ele foi

KM
- ele foi o meu primeiro. Luca colocou o piercing na mesa da cozinha e
afastou-o de si mesmo. — E na semana passada, no meu encontro de natação,
pensei ter visto François Paulis nas arquibancadas. Ele era meu diretor na
Armistead.

— Aquele que foi hospitalizado depois que seu treinador de natação o


atacou?

— Sim.

Embora Ryder estivesse pronto para admoestar Luca por manter isso
para si mesmo, a expressão no rosto de Luca o fez deixá-lo em paz. Ele já
estava chateado; ter Ryder gritando com ele só pioraria as coisas.

— Se você ver alguém mais, precisa me avisar imediatamente, disse


ele, mantendo o tom de voz o menos acusatório possível.

— Eu sei. Eu sei que deveria ter te contado, mas eu realmente achei


que estava apenas vendo coisas. Imaginando isso. Luca passou as duas mãos
pelos cabelos. — Quando eu pensei ter visto o Dr. Kranz, eu disse a Candace,
mas ela não podia vê-lo em lugar algum - e nem eu, uma vez que olhei pela
segunda vez. Eu não queria fazer um grande negócio disso, porque eu estava
com medo que eu estava - que eu estou - alucinando. Isso significaria que eu
realmente sou louco.

A borda crescente na voz de Luca avisou Ryder que ele estava indo
direto para a histeria. Ryder saiu de seu assento e se moveu para trás da

KM
cadeira de Luca, colocando as duas mãos em seus ombros. — Ok. Está tudo
bem. Você não é louco, Luca. É provável que você realmente tenha visto esses
homens - mas mesmo se você não o fizesse, dada a situação, eu não acho que
isso poderia ser chamado de alucinação. Ok?

Luca não relaxou nem um tiquinho. Ryder deu um aperto em seus


ombros e depois encostou-se à mesa.

— Algum dos homens que você viu seria capaz de entrar


sorrateiramente em Rutledge e adulterar suas câmeras de segurança?

— Um...- Luca levantou a cabeça. — Sim. Yosef é um agente do


Mossad. Eu não deveria saber, mas ele me disse assim mesmo. Ele estava
tentando me impressionar. Isso me impressionou, provavelmente não da
maneira que ele esperava.

Ryder verificou seu relógio. — Ok. Você vai se atrasar para a escola se
não sair agora, então me diga todos os nomes dos homens no carro, e eu vou
ter Jo Spitzer olhando para eles imediatamente.

Embora Ryder não trabalhasse normalmente às quintas-feiras, ele


trocou com Hurst para que ele pudesse ter o sábado de folga para o
aniversário de Morgan. Fazia apenas dois dias desde que o diário de Luca
fora espalhado pela escola, e as coisas não tinham sido muito fáceis para ele.
Um pequeno adendo era que Kyle Ward e seus amigos estavam dando amplo
espaço para Luca. Ryder não ficou surpreso, depois da ameaça que Luca fez.

KM
Jo ligou para Ryder enquanto Luca estava em sua última aula do dia,
e as notícias não eram boas.

— De acordo com os registros de passaporte, nem Matthias Kranz


nem François Paulis entraram nos Estados Unidos em anos, disse ela. —
Definitivamente, não desde antes de eles terem encontrado Luca.

Ryder mordeu o interior de sua bochecha para não amaldiçoar em voz


alta, consciente de que ele estava em pé no corredor da escola. — E Shafir?

— É aí que fica interessante. Não consigo encontrar nenhum registro


de que Yosef Shafir sequer exista, muito menos que ele esteja nos EUA.

— Como isso é possível?

— Vivendo fora da grade, talvez? Se eu continuar cavando, eu deveria


ser capaz de encontrá-lo eventualmente.

— Então continue cavando. Obrigado, Jo. Ryder desligou o telefone.


Durante todo o dia, ele estava convencido de que essa era a pista de que
precisavam. Agora, pela primeira vez, a dúvida invadiu sua mente. E se Luca
tivesse imaginado ver aqueles homens?

Ele não mencionou a conversa com Luca, decidindo dar mais tempo a
Jo antes de arriscar a possibilidade de enviar Luca a outro ataque de pânico
sobre seu estado mental. McCall o aliviou durante o treino de natação de
Luca. Durante a viagem de volta para a propriedade, o telefone de Ryder
tocou novamente - mas era D'Amato dessa vez, não Jo.

KM
— Olá, disse Ryder.

— Sr. Ryder, é Evelyn D'Amato. Eu estou planejando falar com Luca e


McCall quando eles voltarem da escola, e eu gostaria que você estivesse
presente, se você não se importa.

Ryder levantou as sobrancelhas, feliz por ela não poder vê-lo. —Claro.
Eu estarei lá.

D'Amato agradeceu e desligou sem mais pistas sobre o que diabos ela
estava fazendo. Ryder disparou uma mensagem de texto rápida para McCall:
Deixe-me saber quando vocês estiverem a caminho de casa.

Porque ele tinha, no máximo, uma hora e meia, Ryder relaxou em seu
treino, deixando bastante tempo para tomar banho e se vestir. Ele vinha
mantendo seus treinos leves recentemente, de qualquer forma, desde que ele
estava lutando com Luca todas as noites como prometera.

McCall alertou Ryder quando ela e Luca deixaram a escola, então ele
estava esperando por eles no foyer quando eles chegaram. Juntos, os três
entraram no estúdio de D'Amato, onde Clarke estava de pé ao lado de sua
mesa com os braços cruzados e uma expressão sombria no rosto.

— Tem alguma coisa errada? Luca perguntou, olhando de sua mãe


para Clarke e de volta. — O Sr. Dorian teve outro ataque cardíaco?

— Michael está bem. Ele está sendo liberado do hospital amanhã, na


verdade. Eu queria falar com você sobre outra coisa. — D'Amato acenou para

KM
as cadeiras na frente de sua mesa. — Sente-se, querido.

Luca sentou-se na beira do assento, segurando-se rigidamente. Ryder


e McCall ficaram lado a lado atrás dele, perto da porta. A leve sensação
incômoda de desconforto que Ryder sentiu quando D'Amato o chamou,
aumentou enquanto observava a tensão que estava crepitando entre
D'Amato e Clarke.

— O que está acontecendo? Perguntou Luca.

D'Amato ficou em silêncio por um momento antes de falar, como se


procurasse as palavras certas. — Joanne Spitzer me ligou para avisar que
estava analisando alguns dos homens do seu passado, à luz de sua possível
conexão com os eventos recentes.

— Assim?

— Então, minha preocupação é que ela esteja operando sem todo o


conhecimento de que precisa para conduzir uma investigação completa.
D'Amato olhou para Ryder. — Por exemplo, ela mencionou dificuldade em
localizar Yosef Shafir?

Ryder assentiu. — Ela diz que precisa de mais tempo.

— Não fará diferença, disse Clarke. — Ela nunca vai encontrá-lo. Yosef
Shafir é um fantasma.

Luca disse: — Como isso é possível? Ele é da Mossad.

KM
— Ex-Mossad. A agência o dispensou quando seu relacionamento com
você foi divulgado. Ele foi... apagado. Todos os registros dele foram
destruídos, e o governo israelense nem reconhece que ele existiu em primeiro
lugar.

Enquanto Luca digeria isso em choque silencioso, Ryder lembrou-se


do conhecimento de Clarke de quem era Konstantin Alkaev, e sua falta de
surpresa de que o homem pudesse ser um suspeito. Essa situação era muito
parecida. Clarke não era guarda-costas de Luca; não havia razão para ele
conhecer os nomes desses homens, muito menos ter informações detalhadas
sobre eles.

— Como você sabe disso? Ele perguntou.

Em vez de responder, Clarke olhou para D'Amato. Ela suspirou e


pegou um fichário branco no lado mais distante da mesa.

— Eu vou dizer uma última vez que eu aconselho contra isso, Clarke
disse a ela.

— Devidamente anotado. D'Amato empurrou o fichário através da


mesa para Luca.

— O que é isso? Ele disse enquanto pegava.

— Registros de todos os homem com quem você se envolveu


sexualmente desde 2009.

KM
Luca se atrapalhou com o fichário, quase derrubando-o no chão. — O
que?

— São apenas os adultos. Nós não nos incomodamos em acompanhar


os garotos da sua idade.

— Acompanhar? Luca olhou para ela. — Do que diabos você está


falando?

D'Amato se mexeu na cadeira; ela parecia incomumente


desconfortável. — Quando você começou a dormir com homens adultos, eu
sabia que havia várias maneiras de essas conexões terminarem mal. Eu
também sabia que você não gostaria nem acataria uma ordem para parar.
Então eu tive seus guarda-costas... monitorando a situação.

Ryder mal conseguiu evitar que sua boca se abrisse.

— Jesus. Luca saiu da cadeira, pasta ainda apertada em suas mãos. —


Jesus.

— Eu estava tentando proteger você.

— Colocando meus guarda-costas para me espionar?

— Eu acho que 'espionar' é exagerar o caso, disse D'Amato. — Eles já


sabiam tudo o que você estava fazendo. Eu só pedi a eles que me fornecessem
nomes e datas, e então eu obtive uma equipe separada de investigadores
discretamente olhando para a vida desses homens.

KM
Luca se virou para encarar McCall com uma expressão de tal traição
que o coração de Ryder quebrou um pouco. — Como você não pode me dizer
que estava fazendo isso?

— Então você poderia começar a tentar esconder as coisas de nós, e


talvez ser morto no processo? McCall encontrou os olhos de Luca
uniformemente - se desculpando, mas não envergonhada. — Vamos, Luca.
Você sabe porque eu fiz isso.

Balançando a cabeça, Luca se virou para Ryder. — E você? Você tem


feito isso também?

— Não, disse Ryder. — Eu não sabia nada sobre isso. Então, para
D'Amato, — Por que eu não sabia nada sobre isso?

— Eu não achei que fosse necessário uma vez que Luca estivesse em
casa, porque eu mesma poderia ficar de olho nele.—

Besteira. D'Amato não achou que fosse necessário porque acreditava


que seu acordo com Ryder manteria Luca efetivamente atado. Ryder se
esforçou para manter seu tom respeitoso quando disse: — Eu deveria ter sido
informado sobre esta lista no momento em que o Admirador fez o primeiro
contato.

— Eu percebo isso. D'Amato não pareceu ofendida pelo que era


essencialmente uma reprimenda. — Quando a Sra. Spitzer me informou
sobre suas investigações sobre os amantes do passado de Luca, eu sabia que

KM
você e ela precisavam do trabalho que já havia sido feito. Eu deveria ter
disponibilizado antes.

Ryder acenou com a mão impaciente. — Não é isso que eu quero dizer.
Eu estou falando sobre o fato de que todo guarda-costa que Luca teve nos
últimos dois anos tem conhecimento pessoal de todos os homens com quem
ele já dormiu.

Do silêncio que desceu sobre a sala, ficou claro que ninguém mais
havia reconhecido a possível implicação disso até que Ryder a apontasse.
Depois de um longo momento, McCall disse: — Foda-se...-.

Era um marcador do quão preocupante era a situação, pois D'Amato


não a castigou por causa da profanação. — Eu nunca considerei... mas é claro
que você está certo.

Ao lado dela, Clarke esfregou a mão cansada no rosto.

— Quantos guarda-costas Luca teve desde 2009? Ryder perguntou.

— Mais de uma dúzia. Houve um problema de alta rotatividade.

— Quantos deles saíram mal?

— Todos eles, disse Luca. — Todos eles me odiavam.

— Isso não é verdade, disse McCall.

— Sim, me odiavam, ficaram com nojo de mim, qual é a diferença?

KM
Todos eles desistiram porque não podiam mais ficar perto de mim.

McCall estava sacudindo a cabeça, mas Luca já havia mudado o foco


para a mãe.

— Por que você nunca me contou sobre isso? Ele disse, segurando o
fichário. — Por que você quer manter isso em segredo tanto que você
escondeu mesmo sabendo que isso poderia ajudar a pegar o Admirador?

D'Amato cruzou as mãos em cima da mesa. — Eu não queria que você


soubesse o que havia dentro.

— O que você quer dizer?

— Nós continuamos a ficar de olho nos homens, mesmo depois que


você parou de vê-los, apenas no caso de haver quaisquer... consequências
lamentáveis.

— Está tudo aqui?

Com a expressão de resposta de sua mãe, Luca abriu o fichário e


começou a folhear. Uma variedade de emoções atravessou seu rosto tão
rapidamente que Ryder não conseguiu acompanhar todas elas - surpresa,
arrependimento, desânimo.

— Oh, meu Deus, ele disse baixinho. — Isso é... Dr. Kranz perdeu sua
licença médica?

— E seu casamento e a custódia de seus filhos, sim.

KM
— Konstantin Alkaev foi preso?

— Ele foi acusado de fraude quando foi descoberto que ele estava
desviando dinheiro de sua empresa para pagar os presentes que ele lhe deu,
disse Clarke. — Ele conseguiu escapar da prisão, mas como você pode
imaginar, o sindicato do crime ao qual ele pertencia não ficou muito feliz.
Eles o expulsaram da organização e ele está atualmente desempregado.

Luca continuou vasculhando o fichário, a miséria em seus olhos


crescendo a cada página que ele virava. — Tudo isso é culpa minha.

Ryder deu um passo instintivo para frente. — Não, não é, ele disse,
sem pensar onde estava.

Luca levantou os olhos do fichário surpreso.

D'Amato, Clarke e McCall estavam todos assistindo Ryder com


curiosidade. Era tarde demais para voltar agora, então ele disse: — Eu não
estou dizendo que você nunca fez nada errado, ou que não teria sido melhor
se você tivesse feito certas coisas de forma diferente, mas... Luca, você é um
adolescente. Aqueles homens eram adultos. Eles sabiam o que estavam
fazendo, o que estavam arriscando, quando decidiram dormir com você. Se
essa decisão saiu pela culatra, eles têm que assumir alguma responsabilidade
por isso. Você não pode levar toda a culpa.

Clarke limpou a garganta, parecendo estranhamente desconfortável,


mas D'Amato e McCall pareciam satisfeitas. Luca fechou o fichário e colocou

KM
na mesa da mãe.

— Você não acha que se você tivesse me dito que isso estava
acontecendo, eu teria parado o que estava fazendo? Ele perguntou.

— Não, eu não achei, disse D'Amato. — Você?

Luca recuou como se tivesse sido atingido. Alguns segundos tensos se


passaram sem que nenhum deles falasse, e então Luca se virou e saiu do
escritório. McCall correu atrás dele.

D'Amato baixou a cabeça entre as mãos. Quando ela finalmente olhou


para cima, seu rosto estava tão frio e calmo como sempre. — Vou enviar uma
cópia de todas essas informações para Spitzer imediatamente, disse ela a
Ryder. — Também vou garantir que ela receba os registros de emprego para
os guarda-costas anteriores de Luca.

— Obrigado. Ryder hesitou. Ele não queria saber, mas ele realmente
precisava. — Quantos nomes estão nessa lista?

— Setenta e três, disse D'Amato, e por um momento, ela parecia


exatamente o que ela era - uma mãe que tentou proteger seu filho e falhou.

****

KM
— Luca! Luca, Cristo, você vai desacelerar por um segundo e me
ouvir? Siobhan alcançou Luca no corredor do lado de fora do seu quarto e
agarrou seu cotovelo.

Luca a sacudiu. — Eu não sei o que você poderia ter a dizer para mim
que eu gostaria de ouvir agora.

— Eu sei que você se sente traído. Eu entendo isso e me desculpe. Mas


eu tive que fazer. O que você estava fazendo era perigoso.

— Nenhum daqueles homens jamais me machucaria.

— Não é disso que estou falando. Há mais de um tipo de perigo.


Siobhan soltou um suspiro. — Seus relacionamentos com esses homens não
seriam saudáveis mesmo se você não os tivesse manipulado seis maneiras a
partir do domingo. Pelo amor de Deus, há uma razão pela qual os adultos
não devem transar com adolescentes.

Luca piscou; ela nunca tinha dito nada assim para ele antes. — Foi
legal...-

— Foda-se o legal! Disse Siobhan. — Só porque algo é legal não


significa que é certo.

— Eu sabia o que estava fazendo.

— Não, você não sabia. Luca, eu te amo, mas você não tinha ideia do
que estava fazendo. Você era apenas uma criança. Aqueles homens nunca

KM
deveriam ter tocado em você.

A voz de Siobhan estava baixa, vibrando de raiva. Não havia vestígio


de seu comportamento habitual de mente aberta e despreocupado, e Luca se
perguntou se ela sempre se sentira assim.

Um barulho suave ao lado chamou a atenção deles. Ryder estava de


pé a alguns metros de distância, observando-os em silêncio.

Luca voltou-se para Siobhan. — Você deveria ter me dito, disse ele,
não pronto para perdoar. Ainda não.

Ela suspirou. — Você pode me odiar se quiser. Eu não me importo.


Pelo menos você está vivo para fazer isso.

A pele de Luca estava tensa e coçando, como se ela fosse um tamanho


menor do que o necessário para acomodar seu corpo. Ter que lidar com o
conhecimento de que seus guarda-costas tinham ajudado a mãe a manter
registros detalhados de sua vida sexual por dois anos já era ruim o suficiente
- ele não conseguia lidar com a insinuação de Siobhan de que ele era algum
tipo de criança desamparada.

Ele entrou em seu quarto e fechou a porta atrás de si. Athena, que
havia se mudado para a casa em tempo integral no dia anterior, estava
dormindo em sua cama. Ela tinha permissão para correr livremente pela casa
quando Luca não estava ali, mas Sheila deve ter se esquecido e a prendera
aqui depois de levá-la para passear.

KM
Quando ouviu Luca entrar no quarto, Athena saltou da cama e
encostou-se nas pernas dele, cheirando a mão dele e abanando o rabo. Luca
não pôde evitar sorrir, apesar do peso de chumbo em seu estômago.

Então ele percebeu que não tinha fechado a porta completamente,


porque ainda podia ouvir Ryder e Siobhan conversando.

— Por que você não me disse que D'Amato já tinha todos os amantes
do passado de Luca sob investigação? Ryder estava dizendo.

— Porque a primeira coisa que você teria feito era dar a volta e contar
a Luca.

— E daí? Ele tem o direito de saber que sua vida sexual está sendo
submetida a esse tipo de escrutínio. Esconder isso obviamente não adiantou
nada.

Aquecido pela defesa de Ryder, Luca decidiu não fechar a porta o resto
do caminho. Em vez disso, ele sentou na beira da cama para ouvir. Athena
pulou ao lado dele e colocou a cabeça em seu colo.

— Olha, Ryder, disse Siobhan, —...eu digo isso com todo o respeito
porque eu sei que você realmente se importa com Luca, mas você não tem
ideia do que diabos você está falando. Você acha que sabe como era ser seu
guarda-costas na Europa porque o ouviu fodendo com Ashton Davenport
algumas vezes? Isso nem arranha a superfície. Você nunca teve que ficar do
lado de fora de um quarto e ouvi-lo sendo fodido por um homem com mais

KM
que o dobro de sua idade, ou seu próprio professor, ou um fodido padre.

— McCall...-

— Foi legal e consensual, e eu sabia que ele não me ouviria se eu


dissesse alguma coisa. A voz de Siobhan estava tensa. — Então não havia
nada que eu pudesse fazer. Eu tive que deixar acontecer, uma e outra vez.

O buraco no estômago de Luca ficou frio e ele sentiu náuseas. Siobhan


estava fazendo parecer que tinham se aproveitado dele de alguma forma.

— Luca acha que seus guarda-costas desistiram porque não gostavam


dele, mas isso não é verdade.

— Então por quê? Perguntou Ryder.

— Porque eles se sentiam impotentes. Porque eles ficaram cansados


de assistir a um desfile interminável de homens transando com seu protegido
adolescente sem serem capazes de fazer nada para pará-lo, ou para ajudá-lo.

Luca esfregou a cabeça de Athena enquanto era trespassado pela


náusea. Siobhan claramente pensou que seus amantes o estavam usando em
vez do contrário, mas não tinha sido assim. Ok, então talvez para muitos
deles ele tenha sido apenas a manifestação física de uma longa fantasia, mas
Luca deliberadamente escolheu ser assim para eles. Ele tinha sido o único no
controle, sempre. A diferença de idade não importava.

— Ele era uma criança, nessa época, disse Ryder. — Ele não é mais.

KM
Nós não podemos tratá-lo como um. Ele merece o mesmo respeito que
damos a qualquer protegido adulto adultos, e isso significa ser honesto sobre
o modo como o protegemos.

— Eu sei.

Após um momento de silêncio, Ryder disse: — Eu posso aliviar você


pelo resto do seu turno, se você quiser.

— Não, está tudo bem. Ele provavelmente nem sairá do seu quarto.
Obrigado, apesar de tudo.

— Ok. Boa noite.

— 'Noite.

Por cerca de dez minutos depois que Ryder partiu, Luca apenas ficou
sentado em sua cama, acariciando Athena e lutando consigo mesmo. Ele se
sentia abalado e perdido, desequilibrado pela rápida sucessão de revelações
desagradáveis. Embora Luca tivesse tentado todos os truques que a Dra.
Andersen lhe ensinara para se acalmar, nenhum deles funcionou e sua
agitação aumentava a cada minuto. Se ele ficasse sozinho neste quarto a noite
toda, ele teria um colapso nervoso. Ou talvez um surto psicótico.

Em um momento de insanidade temporária, Luca realmente pensou


em ligar para Nate, porque ele era a única pessoa que Luca sabia que de fato
não o julgaria. Por outro lado, Nate provavelmente acharia tudo isso
divertido, e Luca não aguentava ser agressivamente atingido agora.

KM
Ele puxou o telefone do bolso e apertou a discagem rápida para
Ashton.

— Hey, Ashton respondeu depois de dois toques.

— Hey. Olha, eu sei que você não está feliz comigo agora, mas...- Luca
fez uma pausa, achando mais difícil admitir sua vulnerabilidade do que ele
esperava. — Preciso de alguém para conversar. Você pode vir?

— Você vai me dizer o que está acontecendo?

— Sim.

— Eu estarei aí em vinte minutos, disse Ashton.

Luca mandou uma mensagem para Siobhan para que ela soubesse -
um pouco imaturo, já que ela estava sentada do lado de fora do quarto dele,
mas ele não conseguia falar com ela neste momento. Ele esperou por Ashton
em seu quarto ao invés de descer para encontrá-lo; Ashton já tinha vindo ali
mais do que o suficiente para encontrar seu próprio caminho até agora.

Quando Ashton entrou no quarto, ele não puxou Luca para um beijo
do jeito que ele costumava fazer quando estavam sozinhos. Ele se sentou no
lado oposto da cama e estendeu a mão para acariciar Athena, a quem ele já
havia encontrado em várias ocasiões. — Então, ele disse, —...o que mais você
tem escondido?

Luca se encolheu com as palavras, mas não foi injustificado. Respirou

KM
fundo, firmou-se e depois contou a Ashton toda a história desde o momento
em que Glauser aparecera à sua porta, incluindo os acontecimentos daquela
tarde. Enquanto ele falava, a rigidez e a irritação se derreteram no rosto de
Ashton, substituídas por uma simpatia horrorizada. Ele subiu na cama e
colocou o braço ao redor dos ombros de Luca, segurando-o perto.

— Deus, Luca, disse ele depois que Luca terminou. — Por que você
não me disse nada disso antes?

Luca encostou a cabeça no ombro de Ashton, sentindo-se esgotado. —


Eu não queria que você se preocupasse. E eu não queria que você achasse
muito perigoso sair comigo.

— Eu não posso acreditar que você ainda está são agora. Eu teria me
trancado no meu porão semanas atrás.

— Eu cheguei perto, acredite em mim.

Ashton passou a mão livre pela bochecha de Luca, depois levantou o


queixo e beijou-o. Satisfeito pelo afeto espontâneo - Ashton não o tocara
intimamente desde que Luca lhe contara a verdade sobre como eles se
conheceram - Luca permitiu que o beijo continuasse por alguns segundos
antes de se afastar.

— O que você está fazendo? Ele perguntou.

— Tentando fazer você se sentir melhor.

KM
Luca franziu a testa, confuso.

— Outro dia, você disse que o sexo ajuda você com sua ansiedade,
disse Ashton. — E você parece muito chateado agora, então...-

Luca ficou olhando para ele espantado, sem saber se deveria ficar
ofendido ou tocado. No final, ele se contentou com uma mistura de ambos.
— Não é o sexo em si que faz a diferença. É saber que você me quer...- ...que
você ainda me quer, mesmo depois de... tudo.

— Claro que ainda te quero. Eu não vou mentir e dizer que não fiquei
com raiva, mas a verdade é que você nunca fez nada para mim. Estar com
raiva de você por algo que você pensou em fazer parece inútil. É como estar
com raiva de alguém que não existe mais.

— Ele não existe. Luca colocou a mão no peito de Ashton e olhou em


seus olhos. — A versão de mim que te trairia desse jeito se foi. Eu juro.

— Ok.

— Você me perdoa?

Ashton sorriu. — Sim.

Ele se inclinou para beijar Luca novamente, mas Luca o reteve com a
mão em seu peito. — Não faça isso porque acha que preciso disso.

— Uh, eu não estou exatamente me martirizando aqui. Ashton


arrastou a mão de Luca de seu peito para sua virilha, onde seu pênis já estava

KM
meio ereto. — Isso é o que as pessoas gostam de chamar de uma situação
vantajosa para todos.

Luca o apertou, o desejo se enovelando em sua barriga pela maneira


como as pálpebras de Ashton se agitavam. — Tudo bem. Me dê um segundo.

Ele deslizou da cama e deu um tapinha na perna para Athena segui-


lo, abrindo a porta para deixá-la sair para o corredor.

— Em guarda, ele disse para ela, que era um dos comandos que Arnold
Beale estava treinando para ela seguir. Luca não tinha certeza se realmente
funcionaria - ela ainda tinha apenas sete meses de idade, afinal de contas -
mas não havia como ele fazer sexo com ela no quarto.

Athena ficou sentada ao lado da porta com as orelhas levantadas e os


olhos alertas. Luca soltou um sorriso e cumprimentou David Bryce, ignorou
Siobhan e fechou a porta com firmeza. Antes de se juntar a Ashton na cama,
ele ligou a TV e virou para a estação de rock clássico como de costume.
Embora não houvesse mais necessidade de esconder o que eles estavam
fazendo de Bryce, Luca não podia esquecer o modo como Siobhan descrevera
como era ter que escutá-lo fodendo.

Ele e Ashton ficaram juntos por um bom tempo, se beijando, tateando


e esfregando-se um no outro enquanto gradualmente se despiam. Luca
pegou o lubrificante da mesa de cabeceira e Ashton o tocou enquanto eles
estavam deitados de lado um de frente para o outro, a perna de Luca
pendurada no quadril de Ashton. Ashton tinha ficado muito melhor nisso

KM
desde a primeira vez, e Luca gemeu em seu ombro enquanto ele era esticado
e lubrificado.

Quando ele estava pronto, Luca rolou um preservativo sobre a ereção


de Ashton e o empurrou de costas, escarranchando-o. — Eu quero assim,
disse ele.

A única resposta de Ashton foi um aceno ansioso, suas pupilas


dilatadas enquanto ele passeava os olhos pelo corpo de Luca.

Luca estava tão excitado a essa altura que se abaixou no pênis de


Ashton muito rápido, mordendo o lábio com a queimadura resultante. Ele
levou um momento para ajustar uma vez que sua bunda ficou nivelada com
os quadris de Ashton, mas um momento foi tudo o que ele pôde se permitir
antes de apoiar as mãos ao lado de Ashton e começar a se mover para cima e
para baixo, usando o pênis de Ashton para se foder.

— Oh, foda-se. Ashton agarrou os quadris de Luca com as duas mãos.


— Luca, porra, isso é tão bom.

Sentia-se bem, o rápido deslizamento do pau de Ashton para dentro e


para fora do seu buraco arrancava gemidos da garganta de Luca, mas não era
suficiente. Luca agarrou os braços de Ashton nos pulsos e os puxou para
longe de seus quadris, esticando-os sobre a cabeça de Ashton e prendendo-
os no colchão. Ashton não se opôs, apenas investiu em Luca, então Luca
continuou segurando seus braços enquanto acelerava o ritmo.

KM
Suas alturas equivalentes tornaram a posição fácil de sustentar e,
inclinando-se para a frente, permitiu que Luca entortasse seu corpo do jeito
que ele precisava, a fim de esfregar sua próstata contra o eixo de Ashton
enquanto o montava. Seus rostos estavam a apenas alguns centímetros de
distância. Luca deu um beijo nos lábios de Ashton, mas essa era a extensão
do que ele poderia administrar em seu estado atual. Os gemidos e
xingamentos de Ashton misturavam-se com as respirações duras e ofegantes
produzidas pelo intenso esforço de Luca.

Embora o prazer físico do ato fosse considerável, era secundário


frente à corrida de poder que percorria o sangue de Luca ao restringir Ashton
e pegar o que ele queria. O foco único que precisava se ater - ter certeza de
que ele não estava segurando Ashton com muita força e que Ashton também
estava gostando - ocupou completamente a mente de Luca, tornando
qualquer outro pensamento impossível. Ele cavalgou Ashton sem piedade
com Ashton ou consigo mesmo, seu próprio pau batendo úmido contra seu
estômago.

O único problema em restringir Ashton dessa maneira era que era


impossível para qualquer um deles tocar em Luca - uma situação que
rapidamente se tornou insuportável. Luca resolveu isso mudando de posição
para que ele segurasse os dois pulsos de Ashton com uma das mãos. Ele não
seria capaz de mantê-lo se Ashton tentasse se afastar, mas ele teria deixado
ir nesse caso, independentemente disso.

Luca usou sua mão livre para se masturbar, o movimento de seus

KM
quadris se tornando frenético enquanto ele se aproximava da borda. Ashton
tinha os olhos fechados e a cabeça jogada para trás, empurrando para cima
para encontrar cada um dos impulsos de Luca. Ele grunhiu de prazer quando
Luca apertou seus pulsos com mais força, arqueando as costas, e isso fez Luca
ultrapassar a borda. Deixando escapar um grito agudo, Luca assistiu seu
pênis jorrar por todo o estômago de Ashton.

Ele desacelerou durante o orgasmo, balançando no pênis de Ashton


enquanto estremecia de prazer - mas assim que ele controlou seu corpo
novamente, Luca voltou ao seu ritmo anterior, apenas mudando um pouco o
ângulo para evitar acertar sua próstata supersensível. Mesmo assim,
pequenos tremores residuais se espalhavam por seus músculos aqui e ali.

— Luca, Deus, disse Ashton em um gemido. — Eu estou tão perto...-


eu tenho que...-

— Você quer gozar? Luca beijou seu pescoço.

— Sim. Por favor, sim.

Embora o apelo de Ashton fosse apenas um pedido honesto, sem fazer


parte de nenhum jogo de poder - Luca não achava que Ashton poderia
reconhecer isso - ainda satisfez Luca. Ele bateu a bunda no pênis de Ashton
e moeu em um círculo, apertando seus músculos. Ashton gozou com um grito
tão alto que Siobhan e Bryce provavelmente poderiam ouvi-lo mesmo sobre
a música.

KM
Acalmando seus quadris, Luca sentou-se em cima de Ashton por um
minuto enquanto ambos recuperavam o fôlego. Então ele se levantou e tirou
o preservativo, jogando-o no cesto de lixo e estendendo-se na cama.

Ashton sempre queria tocar em Luca depois do sexo, e Luca sempre


deixava; isso nem sequer o irritava. Quando Ashton se enrolou ao lado dele
e passou o braço sobre o peito, Luca verificou sub-repticiamente se seus
pulsos estavam machucados. Eles não estavam, felizmente - Ashton pode não
ter se importado, mas teria sido difícil para ele explicar.

Ashton deu um beijo no ombro de Luca. — Porra, isso foi quente. Você
realmente gosta de estar no topo, hein.

— Eu prefiro isso. Luca percebeu como isso poderia ser mal


interpretado e acrescentou: — Mas só desse jeito. Eu nunca pedirei para
realmente superar você, se você está... preocupado. Eu não estou nisso.

— Eu sei. Você é um power bottom.

Luca quase engasgou. — Onde você ouviu esse termo?

— Eu te disse, eu fiz minha pesquisa. Ashton sorriu. — Você já?


Cobriu?

— Eu tentei uma vez, disse Luca, estremecendo com a memória, que


ainda era dolorosamente embaraçosa dois anos depois. — Eu simplesmente
não consegui entrar, e é claro que não foi bom para o cara com quem eu
estava. Foi um desastre. Eu não conseguia nem ficar duro. Eventualmente

KM
nós trocamos e terminamos com ele me fodendo, ao invés disso, e eu nunca
tentei novamente.

Os dedos de Ashton se arrastaram sobre o piercing no umbigo de


Luca. — Bem, eu não estou reclamando. Eu amo te foder.

Eles se deitaram juntos em silêncio, com seus corpos suados. Por fim,
Luca disse: — Obrigado por me perdoar.

— Eu não conseguia ficar com raiva de você, disse Ashton. Ele se


apoiou no cotovelo e olhou para Luca com um brilho travesso nos olhos. —
Você pode acabar me deixar completamente louco, mas pelo menos eu vou
aproveitar o passeio.

KM
Capítulo Trinta e Três

— Eu tive que chamar assistentes extras para percorrer todas essas


coisas, disse Jo por telefone. — Luca realmente dormiu com todos esses
caras?

— Sim, disse Ryder.

— Droga. O garoto está em todas. Eu preciso dar a ele pontos por


gosto, porque a maior parte desse fichário é um dossiê de quem é quem da
elite mundial.

— Alguém que poderia se encaixar nesse perfil que eu te dei?

— Isso aí. Estamos na metade da lista, e nós já temos… uh, deixe-me


ver... dezessete potenciais.

Ryder suspirou.

— Se você me perguntar, Luca tem algum tipo de fetiche por homens


perigosos, disse Jo. — E não me surpreenderia se alguns deles estivessem
querendo vingança. Eu tenho uma lista de empregos perdidos, casamentos
desfeitos e batalhas de custódia aqui, tão longa quanto seu braço.

KM
Balançando a cabeça, Ryder disse: — Então, um cara dorme com um
adolescente e acaba sendo demitido ou divorciado por causa disso, e aí decide
que é culpa do Luca, e desconta nele com tortura psicológica? Isso é patético.

— Concordo. Eu gostaria de poder dizer que estou surpresa, mas vejo


coisas assim o tempo todo. As pessoas estão sempre procurando culpar
alguém além de si mesmas pelos seus problemas.

— Que tal a lista de ex-guarda-costas que D'Amato enviou a você?


Alguma sorte com isso?

— Tenho um dos meus funcionários concentrado apenas em rastreá-


los e descobrir o que eles têm feito. Se algum deles estourar, ela me avisará.

— Ok, obrigado. Ryder não conseguia manter o nervosismo fora de


sua voz.

— Ei, cara grande, disse Jo, —...eu sei que isso está te deixando louco,
mas isso leva tempo. Estamos trabalhando o mais rápido possível. Prometo
que entrarei em contato no momento em que encontrarmos alguma coisa.

— Eu sei. Eu agradeço tudo o que você está fazendo, Jo, realmente.

— Se você fosse hetero, ela disse com um ar melodramático, e depois


desligou.

Ryder colocou seu telefone na cômoda e entrou no banheiro para se


dar uma olhada no espelho. Quando eles estavam planejando seu encontro

KM
para hoje à noite, Andy sugeriu um restaurante em Bethesda em vez de DC,
e Ryder concordou - principalmente porque era tão raro para Andy tomar a
iniciativa assim. Então Andy disse que não fazia sentido Ryder ir até DC
apenas para buscá-lo e dirigir de volta para Bethesda, então ele também
poderia ir buscar Ryder. Ryder tinha ficado com a suspeita de que Andy
queria comer em Bethesda só para ter uma desculpa para ir à propriedade.

Não havia qualquer razão real para que ele não o fizesse; Ryder tinha
todo o direito de receber convidados quando não estava trabalhando, desde
que ele fosse discreto. No entanto, Ryder sempre teve o cuidado de evitar
convidar Andy. Por um lado, a propriedade era tão opulenta que era meio
embaraçoso, e Ryder não queria lidar com a admiração inevitável de Andy.

Por outro lado, Ryder tinha que admitir, ele não queria arriscar que
Andy e Luca se encontrassem.

Ryder preferiu não pensar sobre o porquê disso, então ele tirou isso
da cabeça quando escovou os dentes, endireitou a gravata e passou as mãos
sobre as bochechas para ter certeza de que sua barba estava perto o
suficiente. Ele pegou seu casaco e desceu as escadas cinco minutos mais cedo,
planejando esperar na varanda da frente para que ele pudesse simplesmente
pular no carro de Andy assim que ele chegasse.

O Nissan azul desgastado de Andy estacionou o carro às seis e meia


em ponto. Ele estacionou na frente da porta e saiu antes que Ryder tivesse a
chance de fazer mais do que descer os degraus da varanda. Droga.

KM
— Oh, meu Deus, disse Andy, olhando para a casa.

— Eu sei, disse Ryder.

— Aquilo era tire-slashers no portão de entrada?

— Sim.

— Isso é intenso. Andy passou os braços em volta de Ryder e levantou


a cabeça para um beijo.

Ryder inclinou a cabeça para pressionar brevemente os lábios, mas


quando ele tentou se afastar, Andy o segurou em uma silenciosa demanda
por mais. Excitado pela agressão, Ryder levantou uma mão para segurar a
bochecha de Andy e deu-lhe o beijo profundo que ele estava pedindo.

— Então, você vai me dar uma excursão? Andy perguntou quando eles
se separaram.

— Nos atrasaremos para nossa reserva...-

— Então o que? Andy deu um puxão brincalhão nas lapelas do casaco


de Ryder. — Eu quero ver onde você mora.

A resolução de Ryder rachou com o doce sorriso no rosto de Andy.


Assim que ele estava abrindo a boca para dizer sim, o repentino rugido de
um poderoso motor chamou sua atenção. Ele olhou por cima do ombro de
Andy para ver uma Ferrari vermelha brilhante aproximando-se deles.

KM
Merda.

— Quem é esse? Disse Andy.

A mandíbula de Ryder se apertou. — O namorado de Luca.

— Belo carro.

A Ferrari parou ao lado do carro de Andy e Nate Wakefield saltou para


fora. Ele abotoou o casaco enquanto se dirigia para a varanda. — Oh, ei, Sr.
Ryder, disse ele. — Luca está por aí?

— Eu não o vejo desde hoje pela manhã.

Os olhos de Wakefield piscaram em cima de Andy. — E quem poderia


ser esse?

Não havia como evitá-lo. — Este é o meu namorado, disse Ryder. —


Andy Palmer, Nate Wakefield.

Os dois homens apertaram as mãos, Wakefield deu a Andy um sorriso


encantador. — Um prazer. Vocês dois estão saindo?

— Sim, na verdade, nós estávamos prestes a...- Ryder começou a dizer,


mas ele foi cortado pela porta da frente se abrindo.

— Você está dez minutos adiantado, disse Luca ao pisar na varanda,


parecendo irritado.

— Desculpe, querido. Eu mal podia esperar para te ver.

KM
Wakefield puxou Luca para um beijo de olá perfeitamente apropriado,
um que não deveria ter feito os grilhões de Ryder crescerem da maneira que
fez. Luca olhou de lado em sua direção, depois deu uma segunda olhada.

Os momentos entre Luca registrando a presença de Andy e suas


próximas palavras pareceu se arrastar por uma eternidade para Ryder. Ele
observou Luca avaliar Andy da cabeça aos pés, tendo em todos os detalhes;
O breve flash de surpresa que cruzou seu rosto provavelmente não era
perceptível para ninguém além de Ryder.

Quando Luca finalmente falou, foi com um ronronar baixo e rouco


que Ryder não o ouviu usar desde que ele falara com René Duval na festa de
Natal de sua mãe. — Você deve ser o namorado de Ryder.

— Andy, disse ele, oferecendo sua mão.

— Luca.

Por alguma razão, o pequeno sorriso curvando os lábios de Luca


disparou vários alarmes na cabeça de Ryder. Luca não moveu os olhos do
rosto de Andy desde que ele falou. Andy já estava corando, embora ele
parecesse mais satisfeito do que envergonhado pela atenção concentrada de
Luca.

— É tão bom finalmente conhecê-lo, disse Andy. — Jake fala sobre


você o tempo todo.

Ryder mal suprimiu um estremecimento. Luca levantou as

KM
sobrancelhas, mas não olhou para Ryder. — Ele faz.

Andy hesitou quando pareceu perceber seu erro. — Quero dizer, nada
pessoal. Apenas o que é ser um guarda-costas.

— Ele nunca me diz nada sobre você, disse Luca com um beicinho. —
O que você faz?

— Sou enfermeiro no Children´s National.

Pela primeira vez, os olhos de Luca se voltaram para Ryder, mas ele
não conseguiu decifrar a emoção insondável neles. Então Luca voltou a olhar
para Andy. — Você é uma enfermeiro pediátrico?

— Sim, na unidade de cardiologia.

— Então você cuida de crianças doentes o dia todo? Luca deu um


passo mais perto de Andy, o sorriso se aprofundando. — Isso é incrível.

As bochechas de Andy ficaram mais escuras e ele deu de ombros


modestamente. — É apenas um trabalho.

Luca sacudiu a cabeça. — Enfermagem é uma vocação, especialmente


com crianças. Tenho certeza que você é fantástico.

Quando Ryder tinha imaginado a possibilidade de Luca conhecer


Andy, ele sempre pensara - talvez egoisticamente - que Luca tentaria colocar
sua reivindicação sobre Ryder de alguma forma, talvez até sugerir o que
havia acontecido entre eles no passado. Agora ele percebeu que não era o

KM
estilo de Luca. Se Luca estivesse realmente determinado a arruinar o
relacionamento de Ryder, ele não faria nada com Ryder - ele tentaria seduzir
Andy.

Ele estava indo exatamente desta maneira, elevando a baixa


autoestima de Andy. Ryder teria ficado maravilhado com a rapidez com que
Luca se concentrou nisso se as implicações não o tivessem assustado tanto.

— Nós realmente devemos ir, disse ele.

Parte de seu estresse deve ter vazado nas palavras, porque Andy deu
a ele um olhar surpreso antes de dizer: — Hum, tudo bem. Foi ótimo
conhecer você, Luca, Nate.

— Tenha uma boa noite, disse Luca, a voz quente e os olhos frios.

Ryder e Andy entraram no Nissan. Quando Andy afivelou o cinto de


segurança e ligou o carro, Ryder olhou no espelho lateral para Luca, que
estava entretido em uma profunda conversa com Wakefield na varanda.

— Deus, Luca é lindo, disse Andy. — E tão doce. Ele e seu namorado
formam um casal fofo.

Ryder deu um grunhido evasivo.

Andy tirou a mão do câmbio de marchas para apertar a mão de Ryder.


— Deve ser bom para ele ter outro homem gay por perto para se espelhar.

KM
*****

Durante os primeiros cinco minutos da viagem, Luca e Nate ficaram


em silêncio. Luca teria ficado feliz se as coisas continuassem assim pelo resto
da noite, mas eventualmente Nate disse: — Então você tem uma grande
queda por seu guarda-costas, hein?

Luca não podia fingir surpresa, nem se incomodou em responder. Ele


olhou pela janela e tamborilou com os dedos no braço da cadeira.

— Eu não culpo você, disse Nate. — Eu nunca fui para esse tipo
musculoso, mas ele é insanamente quente. Ele está tão longe da liga de seu
namorado que nem é engraçado.

Embora Luca tivesse o mesmo pensamento, ouvir isso de Nate o


irritou. — Ryder não é superficial assim. Ele gosta do Andy porque ele é todo
bonitinho e fofo...e legal.

— Eu não tenho certeza de como você conseguiu fazer com que todos
esses três adjetivos soassem como insultos, mas estou impressionado.

Luca bateu os dedos mais depressa. — Eu nunca vou ser nenhuma


dessas coisas.

— Isso é um ponto a seu favor, se você me perguntar. Bonito e fofinho


é para filhotes, não para homens adultos. Nate olhou para Luca. —Por que

KM
você se importa tanto? Você sabia que Ryder tinha um namorado. Você me
disse no primeiro dia que nos conhecemos.

— Eu nunca o tinha visto. Ele não é... ele não é o que eu esperava.

Ele não é o tipo de homem que eu teria acreditado que Ryder


escolheria sobre mim.

Luca fechou os olhos até que ele ganhou controle sobre o pensamento
doloroso. Mesmo assim, ele não conseguia parar de falar. — Eu não sabia que
esse era o tipo que Ryder queria - um pequeno e tímido puritano que
provavelmente o adora e cai para todas as suas palavras. Este não sou eu. Eu
nunca serei assim.

— E você pensou que seria você um dia? Perguntou Nate.

Sim. Quando Luca tinha feito esse acordo com Ryder no Natal, ele
acreditava que era apenas temporário. Ele estava tão certo que Ryder cairia
em si e eventualmente admitiria que a conexão deles, o que quer que fosse,
era muito poderosa para ser negada. Mas se Andy...- com seu lindo cabelo
encaracolado, corpo macio e redondo e sorriso tímido - ...fosse o que Ryder
queria, então isso nunca aconteceria. Luca estivera se enganando o tempo
todo.

— Eu sou um idiota, ele murmurou.

Nate deu de ombros. — Isso acontece com todos nós.

KM
Comigo não. Luca observou seus dedos batendo no apoio de braço e
desejando que parassem e então descobriu que não podiam. Ele estava
envergonhado, desapontado e doente de estômago.

— Eu não estou com fome, disse ele. — Vamos pular o jantar e ir para
o seu lugar.

Nate quase bateu no carro à frente deles. — Sério? Ele disse uma vez
que o risco de um acidente havia passado.

— Sim.

— Ok.

Luca pegou o telefone e ligou para Siobhan, que os seguia no veículo


da retaguarda. — Ei, você pode cancelar nossa reserva. Estamos indo para o
apartamento de Nate.

Se a amizade deles estivesse em terra firme, Siobhan teria


argumentado, mas tudo o que ela disse foi: — Tem certeza?

— Sim.

— Luca...-

— Obrigado, disse Luca, e desligou.

Nate morava em um prédio de apartamentos de luxo em Dupont


Circle, onde a metragem quadrada era limitada e os aluguéis muito altos. Ele

KM
estacionou na garagem subterrânea e esperou até que o Range Rover
estacionasse no local de hóspedes ao lado dele e Siobhan, Candace e Adam
saíssem.

— Keller vai ficar na garagem, e Candace vai tomar o saguão, disse


Siobhan para Luca. — Eu vou até o apartamento com você.

Isso era o que Luca odiava sobre sua vida - ele não podia ir a lugar
nenhum sem uma equipe de três pessoas seguindo-o e observando cada
movimento seu. Ele não tinha privacidade e nunca teria.

O saguão do prédio de Nate era todo de mármore brilhante e colunas


altas, com pequenas alcovas de mobília ornamentada e luxuriantes
samambaias em vasos aqui e ali. Os elevadores só podiam ser chamados com
um cartão-chave. Eles deixaram Candace sentada em um dos sofás no saguão
e subiram até o sexto andar, onde Nate abriu a porta do apartamento e
deixou Siobhan em primeiro lugar para que ela pudesse fazer uma varredura.

O lugar era pequeno, mas lindamente decorado em um estilo


ligeiramente formal que gritava designer de interiores. Siobhan atravessou a
cozinha e a sala de estar, o escritório, o quarto e o banheiro antes de voltar
para Luca e Nate e dar-lhes o sinal de ok.

— Eu posso ficar no corredor, se você quiser, mas você terá que deixar
a porta da frente destrancada, disse ela.

Luca deu de ombros. — Você pode ficar na sala de estar. Eu não me

KM
importo, e tenho certeza que Nate também não.

— Tudo o que você acha que é mais seguro, disse Nate.

— Ok. Siobhan testou as fechaduras na porta do apartamento, em


seguida, assentiu em satisfação. — Eu estarei bem aqui se você precisar de
mim. Você tem seu botão de pânico?

— Sim, disse Luca, revirando os olhos quando se virou e dirigiu-se


para o quarto de Nate.

Nate o seguiu, fechando a porta uma vez que eles estavam sozinhos.
Luca se encostou na parede ao lado dela. Ele segurou o olhar de Nate quando
Nate entrou em seu espaço pessoal e apoiou as mãos contra a parede de cada
lado dos ombros de Luca.

Quando Nate se inclinou, Luca virou a cabeça. — Não me beije.

Nate pressionou os lábios na garganta de Luca. — O que você quer que


eu faça, então, querido? Eu sei que você me trouxe de volta aqui por um
motivo.

— Fique de joelhos.

Um sorriso perverso se espalhou pelo rosto de Nate e ele caiu no chão,


arrastando a boca sobre o torso de Luca enquanto descia. Luca olhou para
ele. Ver Nate ajoelhar a seus pés não o excitou do jeito que ele achava que
seria; ele apenas se sentiu vazio e frio.

KM
Nate colocou as mãos nas coxas de Luca e tateou seu pênis através de
suas calças. Luca não estava duro, mas o calor e a pressão fizeram o corpo
dele responder sem precisar de nenhum estímulo de seu cérebro. Seu pênis
se contraiu e começou a se encher de sangue. Fazendo um barulho
encorajador, Nate abaixou o zíper e puxou as calças e as roupas íntimas de
Luca o suficiente para liberar sua crescente ereção.

Quando a língua de Nate lambeu o comprimento dele, Luca baixou a


cabeça contra a parede e fechou os olhos. Ele não queria mais assistir.

Nate poderia ter sido um idiota arrogante e sociopata, mas Jesus


Cristo, o homem sabia como chupar pau. Ele tinha Luca totalmente duro em
menos de um minuto, provocando-o com os lábios e a língua. Uma vez que o
pênis de Luca estava inchado e duro, Nate o chupou com força, balançando
a cabeça ansiosamente entre as pernas de Luca e gemendo em sua garganta.

Luca tentou não fazer nenhum barulho, não querendo dar a Nate a
satisfação, mas ele nunca foi bom em ficar quieto. Ele mordeu o lábio para
abafar seus gemidos e enrolar as duas mãos no cabelo de Nate, que estava
grudento com o produto que usava. Nate o levou mais fundo sem protestar,
então Luca começou a empurrar, levando seu pênis pela garganta de Nate.
Seus quadris estalaram mais e mais rápido, e Luca foi preenchido com uma
satisfação cruel enquanto ele fodia o rosto sorridente de Nate.

Depois de alguns minutos, Nate tossiu e saiu, desembaraçando as


mãos de Luca do cabelo. — Querido, ele disse, sua voz rouca, — Eu aprecio o

KM
entusiasmo, mas eu realmente preciso respirar. Apenas relaxe. Deixe-me
cuidar de você.

Luca não relaxou, apesar de suavizar os impulsos dos quadris. Nate


alternou-se entre lentas e profundas chupadas com rápidas e rasas, indo e
voltando sem nenhum padrão discernível. Isso alimentou a luxúria de Luca
cada vez mais, e ele não conseguiu segurar um gemido quando uma das mãos
de Nate segurou e acariciou suas bolas. Então a mão rastejou mais para trás,
passando um dedo por seu buraco.

Os olhos de Luca se abriram e ele empurrou a mão de Nate para longe.


— Não.

— Você sabe que você quer, disse Nate, dando golpes no pau de Luca
enquanto ele falava.

— Não. Apenas cale a boca e chupe meu pau.

— A decisão é sua. Nate beijou a cabeça do pênis de Luca, em seguida,


passou a língua sobre ele de uma forma que fez os quadris de Luca
balançarem. — Mas você não ficará satisfeito sem isso.

Ele estava certo, o idiota do caralho. A principal razão pela qual Luca
não gostava de superar era que seus orgasmos nunca eram satisfatórios o
suficiente sem algo dentro dele, mesmo que ele estivesse apenas recebendo
uma punheta ou um boquete. Ele não se importou desta vez, no entanto. Ele
não estava deixando Nate colocar seu dedo nele.

KM
Luca puxou a boca de Nate de volta em seu pênis. Tudo progrediu
rapidamente depois disso - as ministrações de Nate se tornaram agressivas e
exigentes, sugando com força e rapidez enquanto sua mão acariciava o que
sua boca não alcançava. Luca mordeu a própria mão para se manter quieto
quando ele gozou, arqueando as costas da parede enquanto jorrava na
garganta de Nate.

Isso não o fez se sentir melhor. O prazer físico estava lá, claro, mas era
oco. Luca não queria Nate em primeiro lugar. Ele só desejava a garantia de
que alguém ainda o queria.

Nate lambeu o pênis amolecendo de Luca, enfiou-o de volta e puxou


a roupa para cima, embora ele não se desse ao trabalho de fechar o zíper. Ele
levantou-se e pressionou sua própria ereção contra o quadril de Luca. —Vai
devolver o favor? Ele perguntou.

Luca fez uma careta; o pensamento de sugar o pênis de Nate o


nauseava. — Não.

— Isso não é muito bom. Nate balançou seus quadris em Luca,


aparentemente imperturbável por sua resistência. — Eu nunca tomei você
como uma provocador.

— Eu vou te dar um trabalho de mão, disse Luca cansado.

Nate riu. — E eu tenho certeza que vai ser alucinante, dado o quão
emocionado você soa sobre isso. Ele acariciou o pescoço de Luca e disse: —

KM
Eu sei uma maneira que eu posso conseguir o que eu quero sem você ter que
despender qualquer esforço em tudo .

— Eu não vou deixar você me foder.

Agora Nate riu abertamente. — Confie em mim, querido, se eu


estivesse transando com você, você iria querer por algum esforço nisso. Isso
não foi o que eu quis dizer.

— Tudo bem, tanto faz. Luca só queria acabar com isso.

— Você terá que tirar a roupa, disse Nate, guiando Luca para a cama.

Luca nunca foi autoconsciente quando se tratava de sua nudez; ele


mal notou o olhar de admiração de Nate enquanto tirava a roupa e se deitava.
Nate tirou suas roupas também e pegou uma garrafa de lubrificante antes de
se juntar a ele, empurrando Luca em seu lado e se deitando por trás.

Assim quando Luca achou que teria que reiterar sua regra, ele sentiu
a mão de Nate entre suas pernas, espalhando lubrificante por toda a parte
interna de suas coxas.

— Use um preservativo se você for fazer isso, disse Luca, percebendo


o que Nate pretendia.

Nate deu um suspiro, mas obedientemente rolou para fora para


recuperar um. Houve o som de papel rasgado e latex sendo desenrolado, e
então Nate levantou a perna de cima de Luca e aliviou seu pênis entre as

KM
coxas de Luca. Ele empurrou as pernas de Luca juntas e agarrou seu quadril,
sulcando-se contra ele com impulsos rápidos.

Luca tinha tido sexo intercultural antes, e embora não fosse sua
atividade favorita, ele sempre achara isso intrigante - mas depois, todas as
outras vezes que ele fizera isso, ele estava excitado e interessado nos
procedimentos. Era estranho ficar ali deitado, já tendo gozado, deixando
Nate se esfregar entre suas coxas enquanto sua mente vagava com o tédio.

Sem ser convidada, a lembrança de algo que Luca dissera a Nate na


véspera de Ano Novo passou por sua mente. Dormir com você me faria
sentir como uma prostituta.

Isso era exatamente o que ele sentia agora.

Nate pressionou o rosto na nuca de Luca. — Deus, você se sente


incrível. Imagine o quão melhor vai ser quando eu realmente te foder.

— Isso nunca vai acontecer.

— Você costumava dizer que você nunca me deixaria tocar em você, e


agora eu tenho o gosto do seu sêmen na minha boca e meu pau entre as suas
pernas.

Foi o tom triunfante de Nate, mais do que as próprias palavras, que


fizeram Luca querer bater nele. A única razão pela qual ele se conteve foi que
Nate estava realmente certo. Então, por que Luca não estava dizendo para
ele parar?

KM
Ele não sabia. Ele não sabia por que ele fizera isso em primeiro lugar.
Ele apenas se sentiu tão... vazio. Luca queria estar bravo com Ryder, mas
tudo o que ele conseguia era uma espécie de miséria em branco, tingida com
a humilhação de achar que ele significava mais para Ryder do que realmente
era. O que importava se ele deixasse Nate usar seu corpo? Ryder não o queria
de qualquer maneira.

— Eu poderia fazer isso agora, se você quisesse, Nate sussurrou. Seus


quadris diminuindo o ritmo, seu pênis se arrastando sobre o períneo de Luca.
— Apenas empurrar meu pau diretamente para dentro de seu pequeno
buraco, dar a você aquilo pelo qual você está doendo...-

— Se você quer que eu deixe você terminar, é melhor você manter a


porra da boca fechada, disse Luca, com o estômago revirando.

A risada de Nate passou por cima do ombro dele. Ele pegou velocidade
novamente, segurando Luca com força e grunhindo em seu ouvido enquanto
ele se esfregava contra ele. Luca esperou, olhando para a parede até que Nate
gozou com os quadris gaguejantes e um gemido alto.

Assim que Nate terminou, Luca se contorceu e saiu da cama. — Eu


vou usar o seu chuveiro.

— Claro. Nate rolou de costas, parecendo satisfeito e relaxado no


rescaldo de seu orgasmo, e tirou o preservativo. — Há toalhas no armário.

Luca entrou no banheiro, fechou a porta e depois, pensando duas

KM
vezes, trancou também. Ele não subestimaria a capacidade de Nate em tentar
entrar no chuveiro com ele.

Enquanto esperava que a água esquentasse, Luca se olhou no espelho.


A sensação de estar sujo de uma maneira mais profunda que apenas na
superfície de sua pele, lembrou-o de como ele se sentiu depois de ter
conhecido a verdade sobre Duval, mas isso era diferente. Duval se
aproveitara dele; Nate não tinha. Luca foi quem iniciou o sexo, aquele que
permitiu que ele continuasse mesmo quando percebeu que isso só iria fazê-
lo se sentir pior, e por nenhuma outra razão além do fato de que o sexo era a
única forma que ele conhecia para lidar com emoções negativas. Ele deixou
de lado todo o progresso que tinha feito e provou a todos a veracidade das
palavras com as quais o estavam chamando: vagabunda e puta.

E ele não tinha ninguém para culpar além de si mesmo.

KM
Capítulo Trinta e Quatro

Se, você tende a ser um leitor muito sensível e sabe que existem coisas que você
absolutamente não consegue ler em nenhuma circunstância, ou se você já teve que lidar com
os assuntos tratados anteriormente nesta história, você provavelmente deveria destacar o
seguinte texto que está em branco para que você possa ler o aviso: Tentativa de estupro.22
Você decide!

****

A próxima semana passou sem grandes incidentes. O Admirador


enviou a Luca mais duas mensagens - a primeira uma velha prova de
matemática da École International com uma nota perfeita, acompanhada por
uma nota que dizia: VOCÊ REALMENTE TIROU ESSA NOTA?, que os levou a investigar o
ex-professor de matemática de Luca. A segunda era uma caixa contendo

22 A Autora está avisando que virá cenas de tentativa de estupro. Eu não deixei em branco, para vcs não terem
o trabalho de copiar e descobrir o texto, kkk.

KM
algumas garrafas de refrigerante chamada Rivella, com uma nota que dizia:
VOCÊ PODERIA FAZER UM HOMEM ACREDITAR QUE O CÉU É VERDE.

Luca olhou para trás e para frente entre a nota e as garrafas algumas
vezes, franziu a testa e disse: — Isso não significa nada para mim.

— Isso não te lembra de ninguém? Ryder perguntou.

— Não. Rivella é muito popular na Suíça e eu sempre amei, mas não


tem nenhum significado especial para mim.

— Talvez o Admirador tenha obtido alguma má informação sobre


isso.

— Ou eu apenas esqueci. Luca encolheu os ombros. — Você ficaria


realmente surpreso com isso?

Deixando esse comentário estranho passar sem reconhecimento,


Ryder disse: — Parece alguém para quem você mentiu sobre algo importante.

— Sim, ele e todos os outros.

Isso era outra coisa. Luca estava agindo de forma muito estranha a
semana toda - não exatamente cruel, mas distante e frio. Onde antes havia
uma estreita camaradagem crescendo entre ele e Ryder, havia agora um
enorme abismo que Ryder não conseguia atravessar.

Ryder não era um idiota; ele sabia que a mudança na atitude de Luca
era por causa de Andy. O que ele não conseguia descobrir era por quê. Não

KM
era como se Ryder tivesse mantido ele em segredo. Luca sabia há semanas
que Ryder tinha um namorado, então por que o encontro com Andy tinha
ativado algum tipo de mudança?

Apesar da falta de mais ataques agressivos contra Luca, Ryder estava


preocupado com ele. A novidade de seu diário já havia sido superado na
escola, mas Luca ainda estava em dificuldades. Embora houve mais duas
ocasiões em que ele pensou ter visto homens de seu passado, eles não tinham
sido capazes de confirmar seu avistamento. Ele e McCall... - e em menor
escala, Song -...ainda estavam sendo alienados por ele. Ele nem falava com a
mãe.

E ele estava fazendo sexo com Wakefield.

Ryder soube disso no momento em que os viu juntos no sábado,


quando passou por eles para encontrar Morgan para sua festa de aniversário.
A dinâmica entre eles havia mudado - sutilmente, mas o suficiente para
Ryder ter certeza de que o relacionamento deles se tornara sexual. Se isso
não bastasse para dar uma dica a Ryder, o fato de Wakefield aparecer mais
quatro vezes naquela semana teria sido.

Ele não disse nada. Talvez ele pudesse ter dito algo uma semana atrás,
mas agora Luca estava muito inacessível, e Ryder não queria se arriscar a
afastá-lo ainda mais. Às vezes parecia que Luca queria que ele...- ...ele
encontrava os olhos de Ryder atrás das costas de Wakefield com um olhar
desafiador, desafiando-o a dizer algo...- mas Ryder nunca mordeu a isca. Se

KM
Luca precisava fazer sexo com Wakefield para passar por essa fase difícil,
então que direito Ryder tinha de objetar?

Então as coisas continuaram nesse mesmo padrão de espera até o


sábado seguinte, quando Ryder entregou o último envelope do Admirador
para Luca e ficou com ele em seu quarto enquanto ele abria.

No interior, havia um grande recorte de jornal e o habitual cartão


retangular branco:

PENSEI QUE VOCÊ GOSTARIA DE SABER.

- UM ADMIRADOR

Luca olhou para o recorte, respirou fundo e sentou-se com força na


cama, os olhos voando sobre o artigo enquanto ele o lia. Ryder esperou em
silêncio, monitorando a expressão e a linguagem corporal de Luca em busca
de qualquer sinal de perigo.

Assim que Luca terminou, ficou parado por alguns instantes, olhando
para o espaço com a testa franzida. Ele não parecia chateado, apenas...
pensativo.

— O que é isso? Ryder finalmente teve que perguntar, já que Luca

KM
estava claramente perdido em pensamentos para falar sem ser solicitado.

Luca teve um sobressalto, como se tivesse esquecido que Ryder estava


lá, e depois estendeu o recorte para ele. Ryder pegou, notando que era do

Times de UK antes dele ler a manchete: EX-PADRE COMETE SUICÍDIO.

Ele folheou o artigo para ler os detalhes mais importantes. Embora


velada em insinuações e eufemismos, a essência da história era que um ex-
padre que havia sido destituído e demitido de um colégio interno britânico
por dormir com um estudante do sexo masculino havia se matado com um
tiro na cabeça. O autor descreveu os últimos oito meses da vida do padre
como uma espiral descendente de depressão e alcoolismo grave. Ele estava
bêbado quando se matou, como evidenciado não só pelo teor de álcool em
seu sistema, mas pelo fato de que ele havia endereçado sua nota de suicídio
para seu pai, mesmo que ele tenha sido criado por uma mãe solteira, sem pai
nomeado em sua certidão de nascimento.

Ryder olhou de volta para Luca. — Este é o padre da Escola Nossa


Senhora da Misericórdia?

— Padre Ruskin, disse Luca. — Sim.

— Isso não é culpa sua, disse Ryder, na esperança de suprimir o


iminente colapso de Luca antes de começar. — Você não o obrigou a se matar.

Luca levantou as sobrancelhas, surpreso. — Eu sei. Eu não me sinto


culpado. Eu não tenho certeza de como me sinto, na verdade, mas não sinto

KM
muito por ele estar morto. Ele era um homem mau.

Bem. Isso estava longe da reação que Ryder esperava. Uma


possibilidade desagradável atingiu-o. — Ele não era...-

— Um pedófilo? Luca balançou a cabeça. — Não. Eu fui a primeira


pessoa que ele tocou dessa maneira, e eu tinha quase dezessete anos quando
tudo começou. Mas ele ainda era uma pessoa horrível - não apenas cruel,
mas genuinamente sádico. Ele era um daqueles padres de fogo e enxofre que
sempre pregava sobre o inferno e a condenação e Satanás, e aterrorizava as
crianças naquela escola. Ele tinha todos eles convencidos de que estavam
indo para o inferno por se masturbar e colar nos testes de história. No meu
primeiro dia lá, eu percebi que ele assustava a todos.

— Então, por que fazer sexo com ele? Ryder perguntou, estupefato.

— Nossa Senhora da Misericórdia era uma escola católica. Todos os


estudantes tinham que ir à missa e fazer confissões toda semana, mesmo que
não fossem católicos. Luca pegou o cartão do Admirador e entregou-o em
suas mãos enquanto falava. — Eu já odiava Ruskin, e eu só queria irritá-lo,
deixá-lo saber que eu não tinha medo dele. Então, a primeira vez que fui me
confessar, inventei uma história pornográfica realmente desagradável e
exagerada e “confessei” ela. Eu imaginei que essa era a maneira mais rápida
de aborrecê-lo.

— Não foi?

KM
— Não, isso aconteceu. Mas também o excitou. Era óbvio até através
da parede do confessionário. Então, toda semana, inventava uma nova
história para confessar, e quanto mais sujas e mais degradantes elas eram,
mais excitado ele ficava. Ele começou a me dar penitência que a Igreja
definitivamente não teria aprovado. Eventualmente, consegui convencê-lo
de que eu deveria fazer minhas confissões em seu escritório. Depois disso...
Luca parou e acenou com a mão.

Ryder não tinha ideia de como responder a uma história como essa,
exceto pensar consigo mesmo que não estava triste por Ruskin estar morto
também. Concentrando-se na questão menos inflamatória que ele
conseguiu, ele perguntou: — Como todos descobriram?

— Eu consegui que ele me fodesse no confessionário logo antes da


missa. Esperei até as pessoas começarem a entrar na igreja, e então abri a
porta do confessionário. Todo mundo nos viu.

Ryder fechou os olhos e expeliu uma respiração lenta pela boca.


Quando ele abriu os olhos novamente, Luca estava olhando fixamente para
ele.

— Ruskin foi diferente para mim, disse Luca. — Eu dormi com os


outros por diversão ou por controle; eu não planejei machucá-los. Mas eu
sabia desde o começo que queria que Ruskin fosse demitido. Foi por isso que
dormi com ele em primeiro lugar. Ele nunca deveria ter sido autorizado a se
tornar um padre, muito menos um ministrando para crianças. Era a única

KM
maneira que eu conseguia pensar em me livrar dele. Estreitando os olhos, ele
acrescentou:— Não foi muito legal da minha parte, foi?

— Luca, disse Ryder, começando a perder o controle sobre seu


temperamento, — Eu não posso deixar de sentir que você está tentando me
provocar aqui, e eu não tenho ideia do porquê. O que você quer que eu diga,
que eu estou enojado de você? Eu não estou. Se essa história me deixa doente,
é só porque eu não suporto que você tenha sido colocado nessa situação para
começar. Você não vai receber nenhuma condenação de minha parte, se é
isso que você está procurando.

Ryder não poderia sequer começar a entender os processos de


pensamento por trás de uma decisão de fazer sexo com alguém que você
odiava como parte de um plano de longo prazo para a sua destruição. O nível
de manipulação sutil que era necessário para puxar algo assim, quanto mais
a compartimentalização mental e emocional... essas não eram coisas que
alguém da idade de Luca deveria ser capaz. As crianças não desenvolviam
habilidades como essas, a menos que precisassem para sobreviver. O fato de
Luca ter caído nesse cenário deixou Ryder mais triste do que qualquer outra
coisa.

Luca não pareceu acreditar nele, no entanto. Ele se levantou e


entregou a nota do Admirador a Ryder antes de caminhar até a escrivaninha.
Athena, sentada no chão ao pé da cama, seguia todos os seus movimentos. —
Toda a equipe de segurança saiu depois daquilo, exceto Siobhan. Foi quando
Candace começou a me proteger, e Scheller e Warnock - você os conheceu no

KM
dia em que cheguei em casa.

Janet Scheller tinha sido líder de equipe de Luca antes de Ryder; ele
se lembrava dela como sendo uma mulher muito profissional, embora ela
claramente estivesse no fim de sua sagacidade com Luca quando voltaram
para os Estados Unidos. E Warnock... tudo o que Ryder lembrava dele era o
quão feio ele era. Era o tipo de coisa que ficava com você.

— Scheller era uma cadela tensa e crítica, disse Luca, afundando na


cadeira da escrivaninha. — Logo eu comecei a fazer coisas que eu sabia que
iria irritá-la, só para irritá-la. Warnock era ainda pior - ele tinha um rosto
como se alguém tivesse tentado espancá-lo até a morte com uma marreta e
uma personalidade para combinar. Eu fui horrível com ele, mas eu nem me
arrependo, porque ele era muito ruim para mim. Estou surpreso que os dois
duraram tanto tempo.

Obviamente, não havia nada que fosse reconfortante ou


tranquilizador para Luca hoje. Ryder estaria perdendo o fôlego se ele
tentasse. Melhor apenas deixar Luca em paz, deixá-lo trabalhar isso sozinho.

— Vou deixar você se preparar para o seu encontro, disse ele. —Deixe-
me saber se você precisar de alguma coisa.

Ryder saiu para o corredor, levando a nota e o recorte de jornal com


ele. Ele teria que trazê-los para o terceiro andar mais tarde para se juntar ao
resto das provas, mas por enquanto, ele não podia deixar Luca sem
vigilância.

KM
Enquanto se sentava na cadeira do lado de fora do quarto de Luca,
algo que Luca dissera o incomodava: estou surpreso que os dois duraram
tanto tempo. Dado como Luca havia descrito seu relacionamento com eles,
Ryder também ficou surpreso. Os guarda-costas de Luca eram bem pagos,
mas não tão bem que valeria a pena aturar um protegido que você realmente
não suportava. Então por que Scheller e Warnock ficaram por tanto tempo?

Ryder pegou o celular e ligou para Jo Spitzer, com a intenção de deixar


uma mensagem de voz. Para sua surpresa, ela atendeu a ligação
pessoalmente.

— O que você está fazendo no escritório em um sábado? Ele


perguntou.

— Não há descanso para os cansados quando o filho da chefe está


sendo ameaçado.

Jo e sua equipe haviam passado a semana inteira rastreando os


amantes e guarda-costas passados de Luca, alguns dos quais haviam exibido
registros financeiros e de viagem suspeitos. Todas as informações foram
encaminhadas para a polícia - embora não houvesse muito que pudessem
fazer com evidências puramente circunstanciais, especialmente
considerando que todos os suspeitos viviam em jurisdições separadas. Na
verdade, não havia muito que a polícia pudesse fazer, ponto final; casos de
perseguição eram notoriamente difíceis de investigar e processar. Jo também
contatou o Departamento de Estado sobre a possibilidade de que os ex-

KM
amantes de Luca estivessem usando passaportes falsos para entrar nos EUA,
mas ela também não estava tendo muita sorte, mesmo com o peso político
de D'Amato por trás dela.

— Eu queria saber se você poderia investigar mais profundamente


dois dos ex-guarda-costas de Luca, disse Ryder. — Janet Scheller e Kenneth
Warnock - eles foram os dois últimos a sair, logo quando ele voltou para a
América.

— Claro, deixe-me dar uma olhada no que meu assistente


desenterrou. O bater rápido de um teclado soou por telefone. — Scheller tem
um novo trabalho em Los Angeles, protegendo uma estrela de cinema de
sucesso - nada suspeito ali. Warnock também tem um novo emprego, parece
que com um homem de negócios internacional. Rodney Kline. Jo soltou um
zumbido surpreso. — Espere um minuto, isso é estranho.

— O que?

— Meu assistente não sinalizou isso porque parece legítimo na


superfície - Warnock viajando com seu empregador - mas escute os lugares
em que o passaporte de Warnock foi carimbado: Londres, Genebra, Tóquio,
Jerusalém, Nova York...-

— Esses são todos lugares que os ex-amantes de Luca vivem. Ryder


sentiu uma onda de entusiasmo. Warnock poderia ser o Admirador?

— Parece muita coincidência para mim. A conta bancária de Warnock

KM
mostra depósitos regulares de seu empregador, mas nenhum registro de
despesas de viagem ou hospedagem.

— Isso faz sentido, se ele realmente está viajando com quem ele está
protegendo.

— Verdade. Mas quais são as chances de que seu empregador precise


ir a todos esses lugares específicos? Houve uma longa pausa enquanto Jo
continuava a trabalhar. — Bem. Oláaa. Em resposta a minha própria
pergunta, isso seria porque Rodney Kline não existe, e nem a Kline
Enterprises. É uma corporação fictícia.

— Então quem diabos está pagando Warnock?

— Seu palpite é tão bom quanto o meu.

Ryder pensou sobre isso. — Nós temos uma teoria de que há alguém
relativamente próximo aos D'Amatos, que colocaram Gray e o Admirador
em contato um com o outro, e talvez os conectaram à toupeira da
propriedade. Isso pode ser quem está pagando as contas de Warnock. Existe
alguma maneira de rastrear quem está por trás da corporação fictícia?

— Eu posso tentar, mas com toda a honestidade, eu não acho que vou
chegar muito longe. Quem quer que tenha configurado isso, sabia o que
estava fazendo.

— Ok. Apenas faça o que puder. Talvez tenhamos uma pista sobre
quem é o terceiro.

KM
Jo ficou quieta por um momento. — Ok. Suponha que alguém esteja
pagando a Warnock para viajar dentro desses detalhes dos relacionamentos
passados de Luca, para que ele possa torturar Luca com eles. Isso não explica
como Luca pode estar vendo homens de seu passado aqui na América, e a
linha do tempo não se encaixa, de qualquer maneira. Olhando para essas
datas, posso dizer que Warnock estava fora do país em alguns dos dias em
que o Admirador enviou mensagens para Luca. E ele não tem estado nos
EUA por mais do que de alguns dias e, em uma extensão, em nenhum
momento nos últimos dois meses. Não há como ele estar perseguindo Luca
sozinho. A tensão em sua voz aumentou quando ela falou. — Há outra
possibilidade aqui em que todos estamos pensamos, mesmo que nenhum de
nós tenha dito isso em voz alta. Mas acho que é hora.

Ryder suspirou, porque ele sabia exatamente o que ela queria dizer.
— O Admirador é mais de uma pessoa.

*****

Luca estava deitado na cama de Nate, os olhos fechados quando a


boca de Nate deslizou sobre seu pênis e seus dedos trabalhavam dentro da
bunda de Luca. Eles saíram para um filme e um jantar com alguns amigos de
Nate, depois voltaram para o apartamento de Nate para se encontrarem. A
essa altura, Luca estava disposto a admitir que o sexo com Nate não fora uma

KM
aberração de uma única vez, e ele estava cansado do sexo ser insatisfatório
para ele - então ele permitiu que Nate o tocasse, esperando que isso pudesse
ficar possivelmente melhor.

Não foi.

Se havia uma coisa que Luca sabia sobre suas próprias preferências
sexuais, era que ele amava a sensação de penetração. Dedos, língua, pênis,
brinquedos, um ocasional objeto doméstico posto em uso incomum - Luca
ansiava pela plenitude e estiramento de ter algo dentro dele, a felicidade
elétrica da estimulação de sua próstata, a dor agradável que servia como um
delicioso lembrete depois. Apenas o pensamento de ter sua bunda tocada era
suficiente para deixar Luca excitado e incomodado a qualquer momento.

Foi por isso que Luca não entendeu por que ele não estava gostando
dos dedos de Nate dentro dele. Não era que Nate fosse inexperiente - longe
disso. Seus dedos ágeis eram apoiados por uma experiência considerável,
esticando Luca bem do jeito certo, provocando sua próstata com confiança e
perícia. Mas Luca não gostou, e ele estava tão confuso quanto desconfortável.
Os dedos de Nate pareciam... intrusivos, como se Luca estivesse sendo
invadido de alguma forma. Ele os queria fora, o que era um desejo que ele
nunca, jamais teve antes.

Nate gemeu ao redor do pênis de Luca, empurrando um terceiro dedo


dentro dele. Luca fez uma careta e abriu mais as pernas, o que não fez nada
para aliviar seu desconforto. Ele deveria apenas dizer a Nate para parar, mas

KM
isso seria o mesmo que admitir a derrota. Luca poderia usar Nate para obter
prazer e liberação da mesma forma que ele usou tantos outros homens.
Inferno, Nate queria ser usado.

Luca se perguntou se Ryder poderia ouvi-los da sala de estar, então se


repreendeu por se incomodar. Ryder não se importava que Luca estivesse
com Nate; Ele os assistiu juntos a semana toda, e ele não tinha feito nada
para pará-lo. Ele nem perguntou a Luca por que ele estava fazendo isso. Isso
só garantiu a crença de Luca de que ele subestimou seriamente os
sentimentos de Ryder por ele.

Nate tirou os dedos do traseiro de Luca e, pela primeira vez, Luca se


viu preferindo o vazio. Ele nem protestou quando Nate tirou seu pênis da
boca - ele mal estava prestando atenção ao boquete, de qualquer maneira.

— Ver você assim é melhor que cocaína, disse Nate de seu lugar entre
as pernas de Luca.

— Grande louvor, vindo de você.

Nate deslizou pelo corpo de Luca, pressionando beijos em seu


estômago e peito. Luca conteve sua ansiedade reflexiva quando o peso de
Nate se instalou em cima dele. Embora Nate fosse um pouco mais alto, ele e
Luca tinham aproximadamente o mesmo peso, e Luca tinha treinamento em
artes marciais, enquanto Nate não. Seria fácil para Luca empurrar Nate se
precisasse. No entanto, parecia improvável que isso fosse necessário, e Luca
não podia se dar ao luxo de expor outra de suas fraquezas, deixando Nate

KM
saber o quanto odiava ter homens deitados em cima dele.

— Você é tão sexy. Nate beijou o pescoço de Luca, obedecendo a regra


ainda intacta de não beijá-lo na boca. — Quando você vai me deixar te foder?

Luca não reprimiu seu suspiro de exasperação. — A resposta ainda é


nunca. Você está começando a soar como um disco quebrado.

— Isso é porque eu não acredito em você, disse Nate, mostrando um


pouco de sua frustração. Ambos estavam nus e ele esfregou sua ereção contra
o quadril nu de Luca. — Você sabe que isso vai acontecer eventualmente,
então por que continuar lutando contra isso? Eu posso dizer o quanto você
precisa ser fodido.

Ugh. — Eu não preciso ser fodido, disse Luca, — e huum eu


definitivamente não preciso disso a partir de você. Eu não sei de quantas
outras maneiras eu preciso dizer isso. Quando você vai parar de perguntar?

A irritação cintilou no rosto de Nate, escurecendo seus olhos e


apertando sua mandíbula. Ele olhou para cima e para baixo do corpo de
Luca, fez uma careta e disse: — Sabe, essa é uma boa pergunta.

Nate agarrou o ombro de Luca e virou-o de bruços, o movimento tão


inesperado que Luca não teve tempo de resistir.

— O que diabos você está fazendo? Luca perguntou, irritado. Ele


tentou se levantar, mas Nate o empurrou de volta para baixo.

KM
— Eu não estou mais perguntando.

Apesar de todos os sinais, Luca não percebeu o que Nate queria dizer
até sentir o joelho de Nate cutucando suas pernas. Choque e horror arrancou
o ar de seus pulmões, e quando ele respirou fundo para chamar Ryder, Nate
colocou a mão sobre sua boca.

O cérebro de Luca brilhou com terror frenético. Ser pressionado com


a boca coberta provocou tanto pânico nele que seu corpo congelou e ficou
paralisado, tornando impossível para ele revidar ou mesmo se mover. Ele foi
tomado por uma sensação de irrealidade de que isso estava mesmo
acontecendo com ele; A minúscula parte de seu cérebro que ainda estava
autoconsciente gritava que ele sabia como se defender contra esse tipo de
ataque, mas seus membros estavam tão pesados quanto chumbo e ele teve
que concentrar todos os seus esforços para se lembrar de respirar.

A cabeça lubrificada do pênis de Nate se arrastou sobre a coxa de


Luca. Deus, Nate não estava usando camisinha. Ele ia tentar foder Luca nu.

Isso sacudiu Luca o suficiente para lhe dar força para puxar as pernas
juntas, comprando-se mais alguns segundos. Ele torceu a cabeça, tentando
libertar a boca do aperto de ferro de Nate. Embora ele não conseguisse se
afastar, os olhos de Luca caíram em seu jeans, ainda deitado no lado oposto
da cama onde ele o havia jogado antes. Seu botão de pânico estava no bolso.

Eles estavam muito longe para Luca alcançar em sua posição atual.
Esperando que Nate pensasse que ele estava apenas lutando sem rumo, Luca

KM
se inclinou para o lado no colchão.

— Você quer se acalmar? Nate disse, forçando as pernas de Luca


novamente. — Você vai gostar quando começarmos. Relaxe.

Luca empurrou um cotovelo para trás no lado de Nate, mas o golpe


foi muito rápido para causar algum dano. Seu cérebro ainda estava correndo
em círculos apavorados e inúteis. A mão de Nate bloqueava parcialmente seu
nariz e boca, obstruindo sua respiração, e ele começou a ficar tonto. Luca se
mexeu mais um centímetro e esticou o braço. Quase lá…

O pau de Nate cutucou o buraco de Luca, mas não conseguiu


empurrar, já que Nate não tinha nenhuma mão livre para mantê-lo firme.
Luca gritou suas objeções por trás da palma de Nate, os dedos finalmente
agarrando as presilhas de seu jeans. Ele puxou-o para perto e bateu a mão
no bolso.

Segundos depois, Ryder entrou pela porta, disparando. Nate


amaldiçoou e se afastou de Luca, mas Ryder já tinha visto o suficiente. Ele
apontou sua arma para Nate com uma expressão de raiva tão assassina que
assustou até Luca. Se ele pensasse que ele tinha visto Ryder realmente com
raiva antes, ele estava enganado.

Luca não se moveu de onde estava deitado de bruços, com o corpo


tremendo, sugando grandes golfadas de ar. Ele ainda podia sentir o peso
fantasma do corpo de Nate pressionado contra suas costas.

KM
— Não é o que parece, disse Nate, de onde ele estava sentado no final
da cama. — Ele queria isso.

— Sim, tenho certeza que é por isso que você colocou a mão sobre a
boca dele. A voz de Ryder estava controlada, mas havia fúria à espreita logo
abaixo da superfície. Ele não moveu a arma ou os olhos de Nate quando
perguntou a Luca: — Devo chamar a polícia?

A polícia? Certo, porque Nate tinha... a mente de Luca se esquivou da


palavra. — Não, ele disse, e isso saiu num sussurro quebrado. Ele limpou a
garganta. — Não. Eu só quero sair daqui.

Luca forçou seus músculos trêmulos a se moverem e sentou-se,


recolhendo suas roupas do lado da cama e do chão ao lado.

Nate estava olhando a arma de Ryder com ansiedade. — Você sabe


como caras como ele são. Ele estava apenas jogando duro para conseguir. Ele
precisa de um pau nele para acalmá-lo.

Luca engoliu em seco contra o aumento da náusea, puxando a camisa


sobre a cabeça. Ryder se aproximou da cama. — Diga outra palavra sobre ele,
e eu vou atirar em você.

Trepidação virou pavor. — Você não mataria um homem desarmado.

— Eu não disse que ia te matar. Mas eu não iria perder o sono por
quebrar um dos seus joelhos. Ryder baixou a arma para apontar para a parte
do corpo acima mencionada. — Então, observe a porra da sua boca.

KM
O rosto de Nate ficou cinza.

— Ryder, por favor. Luca ficou de pé, completamente vestido, e pegou


o cotovelo de Ryder. — Por favor, vamos apenas ir.

Com um olhar mortal final para Nate, Ryder saiu do quarto,


mantendo Luca atrás dele. Eles pegaram seus casacos enquanto corriam para
fora do apartamento e pelo corredor até o elevador.

Ryder colocou sua arma no coldre. — Você precisa ir para o hospital?


Toda a raiva em seu rosto havia sido substituída por preocupação.

— Não. Você chegou antes dele... mais uma vez, Luca não conseguiu
formular a palavra. — Estou bem.

Ryder parecia discordar, mas ele não se opôs. Ele conduziu Luca para
o elevador e avisou por rádio o resto da equipe para que eles soubessem que
estavam descendo.

Luca olhou para a porta do elevador, respirando superficialmente.


Sua mente estava vazia e em estado de choque, quase em estado de fuga. Um
nevoeiro nebuloso obscurecia seu cérebro e fazia os sons ecoarem
estranhamente em sua cabeça.

As portas se abriram e ele e Ryder saíram para o saguão. Eles haviam


apenas dado alguns passos pelo chão de mármore quando um soluço duro e
involuntário irrompeu de Luca, surpreendendo até a si mesmo. Ele levou a
mão à boca, horrorizado, mas isso só o lembrou do que Nate havia feito.

KM
Ryder parou e se virou para ele, colocando a mão em seu braço. —
Luca...-

— Ele tentou me estuprar, disse Luca.

Algo escuro e furioso cintilou nos olhos de Ryder antes que a simpatia
o dominasse. — Eu sei.

— Ele tentou me estuprar. Ali estava, aquela palavra terrível, e ela


rasgou através do véu de entorpecimento que estava protegendo Luca. Ele
começou a chorar em soluços doentios e estremecidos.

— Ok, tudo bem, venha aqui. Ryder passou um braço ao redor do


ombro de Luca e o guiou para um banco em uma das alcovas na parede,
sentando ao lado dele.

Luca cobriu o rosto com as duas mãos, mortificado, mas incapaz de


conter os soluços que o abalavam, tão violentos que ele pensou que poderia
vomitar com a força deles. Sua mente repetia isso repetidamente - o corpo de
Nate em cima dele, segurando-o, restringindo e sufocando-o, empurrando
suas pernas abertas, o pênis tentando empurrar dentro dele.

Ryder ainda tinha o braço em volta de Luca, tanto para impedi-lo de


desabar sobre si mesmo como para consolá-lo. — Você está seguro agora,
disse ele. — Ele nunca mais vai tocar em você, Luca; Eu juro que eu mato ele
primeiro. Você está seguro.

— Ele não estava usando camisinha, disse Luca através das mãos que

KM
ainda estavam sobre o rosto. Talvez fosse estúpido, mas era nisso que ele
estava mais preso. — Ele teria gozado dentro de mim, ele poderia ter me
contaminado com qualquer coisa...-

Ryder esfregou as costas de Luca em apoio silencioso. Ele ficou em


silêncio – não com um está tudo bem ou vai ficar tudo bem - o que o Luca
apreciou, porque não estava tudo bem, e não ia ficar bem.

Sentando-se reto, Luca baixou as mãos para enxugar as lágrimas das


bochechas. Viu Georgina observando-os com preocupação do outro lado do
saguão, e algumas pessoas passando por ele lançaram-lhe olhares curiosos.
Luca conseguiu conter os soluços, mas as lágrimas continuaram caindo sem
controle.

Esfregou os olhos, inutilmente. — Eu sinto muito. Eu sei que não


deveria...- ...em público...-

— Você pode chorar onde quiser, disse Ryder. — Não se preocupe com
eles.

Luca se virou para pressionar o rosto no peito de Ryder. Sem hesitar,


Ryder o puxou para perto com os dois braços e o segurou lá. Uma de suas
mãos acariciando o cabelo de Luca.

— Eu tenho você, ele disse suavemente. — Você está seguro.

Luca queria que isso fosse verdade, mas ele não sabia se poderia se
sentir seguro de novo.

KM
Capítulo Trinta e Cinco

— O que você quer dizer com você não quer ver Nate de novo?
D'Amato perguntou.

Ryder observou Luca se remexer na cadeira em frente à mesa de sua


mãe. Ele ficou com Luca a noite passada, tentando convencê-lo a chamar a
polícia ou pelo menos a Dra. Andersen, mas sem sucesso. Agora parecia que
Luca também não estava planejando contar à mãe a verdade.

— Simplesmente não está funcionando, disse Luca. Suas mãos


estavam torcidas em seu colo. — Nós não nos damos bem. Eu posso
encontrar outra pessoa; não demoraria mais que algumas semanas...

— Absurdo. Esse arranjo provou ser perfeitamente satisfatório para


todas as partes envolvidas. Nate esteve aqui quase todos os dias esta semana.
Eu não entendo essa resistência repentina.

Luca apertou os lábios e baixou os olhos para o chão, sem dizer nada.

— Se vocês dois tiveram algum tipo de desentendimento, vocês


precisam resolver isso entre vocês, disse D'Amato. — Não se passou nem um
mês, Luca.

KM
Para sua extrema consternação, Ryder percebeu que Luca iria desistir.
Ele tinha problemas em enfrentar sua mãe nos melhores momentos, e em
seu estado atual - exaurido e devastado pelo ataque de Wakefield - ele não
conseguia nem discutir. Mas Ryder ficaria morto em uma vala antes de
deixar Wakefield no mesmo quarto que Luca novamente.

Ele se endireitou e deu um passo à frente, chamando a atenção de


D'Amato. — Eu sei que isso está fora de linha, e peço desculpas, mas não
posso ficar aqui ouvindo isso. A razão pela qual Luca não quer ver Wakefield
novamente é que Wakefield tentou estuprá-lo na noite passada.

— Ryder! Luca disse, parecendo traído. Ryder levaria toda a traição


para todo o mundo forçando Luca a continuar namorando seu suposto
estuprador.

D'Amato olhou para ele sem expressão. — O que? Ele o quê?

— Eu cheguei antes que ele conseguisse ter sucesso, mas foi por um
triz. Tenho que avisar que Wakefield não será permitido perto de Luca
novamente.

— Não, claro que não. D'Amato fechou os olhos e deu uma breve
sacudida na cabeça, como se não conseguisse processar o que estava
ouvindo. — Luca, por que você não me disse?

Luca deu de ombros, os olhos ainda no chão. — Eu não achei que isso
importaria.

KM
Ele poderia muito bem tê-la esfaqueado no estômago. Como Luca não
estava olhando para ela, ele não viu a dor que atravessou o rosto de sua mãe
- mas Ryder o fez, e foi tão cru e horrível que ele teve que desviar seus
próprios olhos por um segundo. Quando ele olhou para trás, D'Amato estava
sob controle.

— Como você poderia pensar que eu iria querer você em torno de um


homem que tenha abusado sexualmente de você? Ela disse, com voz firme.
— Pelo amor de Deus, Luca, eu sou sua mãe.

Luca não respondeu. Ele tinha os braços em volta de si e parecia


pequeno e perdido na grande cadeira de couro.

A expressão de D'Amato se suavizou enquanto ela o observava. Ela se


levantou e se moveu em torno de sua mesa para ficar ao lado da cadeira de
Luca. — Você está bem?

— Sim.

— Você não está ferido?

Luca sacudiu a cabeça.

— Você ligou para a polícia? D'Amato perguntou a Ryder.

Ele abriu a boca para responder, mas Luca interrompeu. — Eu disse a


ele para não fazer isso.

Fazendo um barulho exasperado, D'Amato estendeu a mão para o

KM
telefone em sua mesa.

— Mãe, não, disse Luca. — Eu não quero que ninguém saiba. Por
favor. Sua voz falhou na última palavra.

D'Amato fez uma pausa com o receptor na mão. — Luca, o que ele fez
não foi sua culpa. Você não tem motivo para se envergonhar. Ele precisa
enfrentar a justiça por seu crime.

Luca começou a responder, depois olhou para Ryder e falou em


italiano. Embora D'Amato parecesse surpresa, ela respondeu na mesma
língua, seu sotaque apenas um pouco menos fluido que o de Luca.

Ryder não tinha ideia do que eles estavam dizendo, é claro, mas
nenhum deles parecia feliz. Fosse o que fosse, ele tinha certeza de que não
teria gostado, porque não havia outra razão para Luca sentir a necessidade
de trocar de idioma.

— Pelo menos, deixe-me ligar para a Dra. Andersen e mudar sua


consulta para amanhã à tarde, disse D'Amato, retornando ao inglês. Ela não
desligou o telefone. — Isso não é algo que pode ser deixado sem solução.

— Eu tenho treino amanhã.

— Você pode faltar um dia.

— Tudo bem, o que seja, disse Luca. — Posso ir agora?

D'Amato hesitou. — Você tem certeza que está bem?

KM
— Sim.

Luca geralmente era um mentiroso fantástico, mas sua resposta soava


tão falsa que ele poderia ter dito inferno, não. D'Amato estudou sua
expressão e pareceu chegar à mesma conclusão que Ryder havia alcançado:
Luca não queria ser ajudado agora. Ele só queria ficar sozinho.

D'Amato assentiu. — Deixe-me saber se você mudar de ideia sobre a


polícia.

— Eu não vou, disse Luca.

Ele passou o resto do dia escondido em seu quarto com Athena


enquanto Ryder ficou sentado do lado de fora. McCall veio visitar Luca por
algumas horas, embora ela não estivesse de serviço naquele dia; no final da
tarde, Sheila trouxe uma bandeja de comida para Luca e acabou ficando por
muito tempo. D'Amato deve ter dito a ela o que havia acontecido.

Deixado sozinho com seus pensamentos por horas, Ryder não pôde
deixar de repassar os eventos da noite anterior, uma e outra vez. Ele sabia,
intelectualmente, que não havia como ele ter parado o ataque mais cedo, mas
ainda sentia que havia falhado com Luca. Se Luca não tivesse conseguido
chegar ao seu botão de pânico, Wakefield o estupraria com Ryder
completamente inconsciente na sala ao lado. Essa possibilidade o
atormentava como uma úlcera.

Quase tão ruim quanto isso era a lembrança da pura fúria animal que

KM
o consumira. Houve alguns momentos sem fôlego quando ele realmente
queria matar Wakefield. Ele esteve por um fio de cabelo de atirar no joelho
do homem; ele teria, se Luca não o tivesse impedido. Talvez ele tivesse se
arrependido mais tarde, mas ele não teria sentido nada além de satisfação no
momento.

Isso o assustou. Ryder era um guarda-costas, e ele tinha sido um


soldado – ambas, profissões que exigiam um certo grau de violência - mas
ele nunca foi uma pessoa violenta. Estranhos perceberam seu tamanho e sua
força óbvia e imaginaram que ele fosse um homem encharcado de
testosterona, incapaz de pensar racionalmente; Ryder estava lutando contra
essa suposição desde a adolescência. Ele nunca tinha sido o tipo de “atirar
primeiro, perguntar depois” até que ele conheceu Luca e perdeu todo o seu
bom senso.

Keller o substituiu às cinco e meia e Ryder entrou no quarto de Luca


para dizer boa noite. Luca estava deitado na cama com o braço em volta de
Athena e o rosto enterrado na pele do pescoço dela. Ela levantou a cabeça
quando ouviu a porta se abrir, mas recostou-se quando viu que era Ryder.

— Keller está assumindo agora, disse Ryder. Ele notou a bandeja de


comida que Sheila trouxe sentada na mesa, praticamente intocada.

Luca grunhiu em resposta.

— Vou descer para comer, mas depois vou estar no meu quarto pelo
resto da noite. Me chame se precisar de mim.

KM
— Estou bem, disse Luca apaticamente.

Ryder suspirou. — Você não tem que estar.

Luca apenas pressionou o rosto mais perto de Athena. Bem, pelo


menos ele tinha ela - alguém para consolá-lo sem esperar que ele se
comportasse de alguma maneira específica. Isso era muito melhor que nada.

Ryder fechou a porta silenciosamente e se dirigiu para a cozinha, onde


ele aqueceu seu jantar e comeu com alguns guardas da propriedade que
estavam no intervalo. Eles saíram antes dele, então ele terminou sua refeição
na solidão. Enquanto colocava o prato na lava-louças, Matt Pearson apareceu
para seu próprio jantar.

— Hey, disse ele enquanto vasculhava a geladeira. — Luca está bem?

Ryder fechou a lava-louças. — Por que você pergunta?

— Uma das criadas ouviu D'Amato contar a Sheila o que aconteceu na


noite passada. Wakefield realmente tentou estuprá-lo?

Droga. — Tentou é a palavra-chave nessa frase, disse Ryder, embora


não tivesse certeza se o fracasso de Wakefield tornara a experiência menos
traumática para Luca.

Matt sacudiu a cabeça, colocando alguns recipientes de Tupperware


no balcão. — Isso é confuso. O estupro não é algo com que você se preocupe
com um protegido do sexo masculino, mas acho que isso pode acontecer com

KM
qualquer um. Algumas pessoas são fodidas, cara. Você atirou nele?

— Não. A honestidade obrigou Ryder a acrescentar: — Mas eu queria.

— Eu não te culpo. É uma coisa boa que você estava lá e não eu...- ...eu
provavelmente teria atirado no pequeno filho da puta bem no pau.

Ryder riu e deu um tapinha no ombro de Matt quando ele saiu da


cozinha.

*****

— Você quer me dizer o que aconteceu? Perguntou Andersen.

Luca cruzou os braços. — Não. Eu não quero falar sobre isso.

— Tudo bem. Nenhum julgamento, nenhuma condenação.

Um par de minutos se passou em silêncio. Os dedos de Luca bateram


em seu cotovelo, mesmo quando seu joelho começou a balançar. Finalmente,
ele disse: — Ele não achava que estava me estuprando.

— Nate?

— Sim. Ele realmente… ele realmente pensou que eu queria, que eu


estava dizendo não para me fazer de difícil. Ou, pelo menos, era nisso que ele

KM
queria acreditar, e ele não se importava se não era verdade. — Luca podia
ouvir a voz irritada de Nate em seu ouvido, dizendo-lhe Acalme-se, porra,
como se ele não estivesse tentando violá-lo. — Isso deveria torná-lo melhor,
certo? Que ele não fez isso por crueldade?

— Isso faz?

— Não, Luca sussurrou.

Andersen se inclinou para frente. — Luca, não há nada que você


deveria “sentir” depois que algo assim acontece. Se você está com raiva, se
tem medo, se está triste - mesmo que não sinta nada - é completamente
natural. Todo mundo lida de maneira diferente.

— Eu me sinto estúpido.

— Como assim?

Luca não conseguiu responder essa pergunta diretamente, então ele


falou sobre isso. — Você sabe quando você ouve sobre as pessoas que foram
estupradas - mulheres, principalmente - mas elas não vão se apresentar ou
vão à polícia porque elas estão envergonhadas? Eu sempre achei isso
ridículo. Como você pode ter vergonha de ser vítima de um crime? Mas eu...
eu entendo agora, porque sinto que o que aconteceu foi minha culpa.

— Por quê?

— Fui eu quem iniciou as coisas. Eu deixei o nosso relacionamento se

KM
tornar sexual mesmo que eu tenha jurado a ele e a mim mesmo que eu nunca
faria. Eu sabia que tipo de cara ele era. Eu deveria ter previsto isso.

— Deixe me perguntar algo. Você disse a ele que não queria transar?

— Sim.

— Então não é sua culpa.

— Mas...-

— Não, disse Andersen com firmeza. — Sem desculpas. Não foi sua
culpa. Fim da história. O estupro nunca é culpa da vítima, não importa o que
eles estivessem fazendo, ou o que eles estivessem usando, ou como eles se
comportaram em relação ao estuprador. Se Nate tinha alguma razão para
acreditar que você não queria, a culpa é inteiramente dele. Eu sei que você
sabe disso, Luca. Se um de seus amigos estivesse no seu lugar, você estaria
dizendo a mesma coisa que estou dizendo.

Ela estava certa, mas saber e sentir eram duas coisas muito diferentes.
— Eu não lutei, disse Luca. — Eu não deveria ter precisado de Ryder para me
salvar. Nate e eu somos do mesmo tamanho e sou treinado para me defender
contra esse tipo de ataque. Mas eu apenas congelei. Eu não consegui me
mexer. Foi como se meu corpo inteiro estivesse desligado.

Andersen cantarolou em compreensão. — Isso não é incomum.


Muitas pessoas têm uma resposta de luta ou fuga em reação ao trauma, mas
é natural que o corpo não responda. É uma das maneiras pelas quais a mente

KM
tenta se proteger do que está acontecendo. Isso não significa que você queria
que ele tentasse te estuprar, ou que você merecia isso.

Ambos ficaram em silêncio por um momento. Luca estava


perigosamente perto das lágrimas, e ele já havia se humilhado o suficiente
nos últimos dias, então ele se assegurou de estar sob controle antes de falar
novamente.

— Nada como isso já aconteceu comigo antes. Eu estive com...- ...com


muitos homens, e muitos deles eram mais velhos e mais poderosos que eu,
mas eu nunca fiz nada que eu não quisesse. Eu nunca me senti pressionado.

— Você está acostumado a pensar em sexo como o único domínio em


que você tem controle total, e Nate tirou isso de você.

— Sim.

Andersen fechou a caneta e a colocou de lado com o bloco. — Há uma


técnica que eu gostaria de tentar com você, chamada terapia de exposição
prolongada. É um dos tratamentos mais eficazes que temos para o transtorno
de estresse pós-traumático, incluindo tentativas de estupro. Mas pode ser
muito difícil no começo, porque envolve contar a história do que aconteceu,
em detalhes, de novo e de novo.

— Por quê? Luca perguntou com uma careta.

— Neurologicamente falando? Ativar repetidamente esses caminhos


enquanto estiver em um lugar seguro dessensibiliza seu cérebro para eles,

KM
assim, eventualmente, as memórias param de desencadear medo e
ansiedade. Eu o usei com sucesso com muitos dos meus clientes, e é bem
apoiado por evidências empíricas.

Apesar de suas reservas, o cientista interno de Luca ficou intrigado. —


Isso vai me fazer sentir melhor?

— Com o tempo, sim, muito.

Respirando fundo, Luca disse: — Tudo bem.

Chamar o resto da sessão de desagradável seria um enorme


eufemismo. Quando terminaram, Luca revivera o assalto três vezes e estava
quase tão abalado e com medo quanto na noite em que acontecera. Deixou o
escritório de Andersen murmurando garantias de que precisava apenas de
paciência, e apenas o respeito por ela o impediu de dizer a ela que fosse direto
para o inferno.

Seu celular tocou enquanto eles estavam dirigindo para casa; Os


nervos de Luca estavam tão desgastados que ele engasgou e pulou em seu
assento. Candace, que estava sentada ao lado dele, estendeu a mão para
colocar a mão em seu braço. Ele a empurrou para longe e atendeu seu
telefone sem olhar para o identificador de chamadas.

— Alô?

— Luca, disse a voz de Ashton, — acabei de ouvir falar de Nate. Você


está bem?

KM
A mente de Luca ficou em branco com o choque. Ele não contara a
Ashton sobre o ataque - ele não contara a ninguém. — O que? Do que você
está falando?

— As drogas!

— O quê? Isso fez ainda menos sentido.

— Você não sabe? Ashton disse incrédulo. — Onde você esteve a tarde
toda? Está em toda a internet!

— Ash, eu não tenho ideia do que você está falando.

Ashton fez um barulho estrangulado. — Pesquise Nate no Google e


depois me ligue de volta. Ele desligou sem outra palavra.

Luca franziu a testa para o celular antes de ceder e abrir o navegador


da internet. Ele digitou o nome de Nate, pressionou Enter e depois respirou
fundo frente aos resultados.

As primeiras dúzias de links foram postadas nas últimas horas e todas


em artigos de grandes organizações de notícias. Luca clicou em alguns deles.
As histórias eram as mesmas: houve uma grande apreensão de drogas na
casa de Nate, onde a DEA havia encontrado cinco quilos de cocaína. Nate
havia sido acusado de posse com intenção de distribuir e, se ele fosse
processado com sucesso, estava encarando uma prisão muito longa. O agente
da DEA que deu o comunicado oficial creditou a apreensão a uma denúncia
anônima.

KM
Nate estava limpo. Luca tinha certeza disso. Mas mesmo que Nate
tivesse caído do vagão, ele só teria comprado cocaína suficiente para ficar
chapado uma ou duas vezes, não cinco fodidos quilos a mais. Ele nunca foi
um traficante.

Luca lembrou-se do que dissera a sua mãe na manhã de ontem - em


italiano, para não ter que lidar com a desaprovação de Ryder: se você ligar
para a polícia, eu negarei. Embora soubesse como isso era covarde, não
podia suportar a ideia de descrever o que acontecera a um policial, muito
menos um juiz, um júri e dezenas de estranhos curiosos.

A resposta de Evelyn foi: Ele será punido de qualquer maneira.

Luca se recostou e soltou um suspiro. Ela tinha feito isso. Jesus, foda,
só tinha sido um dia. Como conseguira obter tanta cocaína, plantá-la na casa
de Nate e convencer o DEA a seguir sua dica em pouco mais de vinte e quatro
horas?

Candace ainda estava olhando para ele, então Luca lhe entregou o
telefone. Enquanto ela deslizava os artigos, ele podia dizer pela expressão
dela que ela pensava a mesma coisa que ele.

— Mamãe o enquadrou, ele disse, só para ter certeza.

— Provavelmente.

Luca teria felizmente quebrado as duas pernas de Nate, dada a


chance, mas isso... isso não ficou bem com ele. Nate não deveria ir para a

KM
prisão por algo que ele não tinha feito só porque Luca era muito covarde para
acusá-lo de seu verdadeiro crime.

— Como ela pôde fazer algo assim?

Candace passou o telefone de volta para ele. — Você é filho dela. Ela
faria qualquer coisa para te proteger. Para ser sincera, estou surpresa que ela
não o tenha espancado.

Luca não estava. Se Nate acabasse na prisão, o que o esperava ali era
infinitamente pior do que qualquer surra que sua mãe pudesse ter arranjado.

Ele levou um momento para se recompor e, em seguida, chamou


Ashton de volta, respondendo pacientemente a todas as suas perguntas. Não,
ele não tinha ideia de que Nate estava lidando com drogas. Sim, foi um alívio
não ter mais que fingir namorar com ele. Não, ele não precisava que Ashton
viesse; ele estava bem.

Pelo menos tudo isso tornou uma coisa mais fácil. Luca estava
planejando contar para seus amigos que ele e Nate tinham simplesmente
terminado, mas Ashton sabia que o relacionamento deles tinha sido apenas
de fachada, então ele estava bagunçando seu cérebro tentando chegar a uma
explicação que Ashton iria comprar. Agora ele não precisava.

Uma vez que chegaram em casa, Luca levou Athena para uma longa
caminhada pelos terrenos cobertos de neve - com Candace ao seu lado, é
claro - antes de se juntar a sua mãe para um jantar empolado e quase

KM
silencioso. Ela não fez menção ao que aconteceu com Nate, e nem Luca.

Horas depois, quando Luca estava fazendo o dever de casa em seu


quarto, Candace entrou segurando um cartão branco familiar.

— Não, disse Luca, apertando os dedos nas bordas do livro.

— Chegou meia hora atrás. Sem presente, apenas o cartão em um


envelope.

— Eu não posso lidar com isso agora. Tire isso daqui. Eu vou olhar
para ele amanhã e te dizer de quem ele me lembra.

— Isso não vai te lembrar de ninguém, disse ela. — Apenas leia.

Luca pegou o cartão dela com grande relutância.

SE ELA NÃO TIVESSE, EU TERIA.

- UM ADMIRADOR

Sua boca trabalhou silenciosamente enquanto ele processava as


implicações. — Isso… ele está falando de Nate? Como ele poderia saber o que
aconteceu?

— Muitas pessoas na propriedade sabem. Isso vazou.

KM
Impressionante. Luca reprimiu a pontada de constrangimento e
disse: — Mas para ele assumir que a mãe estava envolvida na apreensão de
drogas... isso não é algo que uma pessoa simplesmente adivinharia.

— Não. Candace parecia sombria. — Ele provavelmente a conhece


pessoalmente, ou alguém com quem ele trabalha a conhece.

Nada que chegava do Admirador realmente surpreendia Luca mais.


Ele mexeu no cartão. — Como ele pode falar sobre querer me defender,
quando passou o mês passado fazendo o seu melhor para me aterrorizar?

— Bem, eu não sou um especialista, mas eu não acho incomum que os


perseguidores sejam possessivos com as pessoas que estão perseguindo.
Provavelmente ele acha que ele deve ser o único que pode machucá-lo.

— Foda-se minha vida, Luca murmurou. Ele jogou o cartão na mesa


de cabeceira e jogou o livro de lado, estendendo-se na cama e colocando as
duas mãos sobre o rosto.

O peso do colchão mudou quando Candace sentou-se. — Posso te


perguntar uma coisa?

— Sim.

— Eu sei o quão bravo você está com Siobhan sobre a gente ter
contado à sua mãe sobre os homens com quem você dormiu. Então, por que
você não está tão zangado comigo? Eu fiz a mesma coisa que ela, mas você
nem falou comigo sobre isso.

KM
Luca baixou as mãos. — É diferente com você. Você era um soldado,
Candy. Eu sei o quanto seguir ordens são importantes para você. Ainda dói
que você não tenha me contado, mas pelo menos eu posso entender. Com
Siobhan, no entanto... ela nunca segue ordens. Ela manteve isso em segredo
porque queria, não porque precisava.

— Ela fez o que achou que era melhor para você. Candace estendeu a
mão e apertou a mão de Luca. — Ela ama você, e eu também. Nunca duvide
disso.

— Você acha que os homens com quem eu dormi estavam se


aproveitando de mim?

Surpresa voou em seu rosto. — De certa forma, sim.

Luca tirou a mão dela e desviou o olhar. Ela segurou seu queixo e virou
a cabeça para trás, encontrando seus olhos.

— Eu não estou dizendo que você foi sempre ingênuo ou indefeso. Eu


não posso nem imaginar descrevendo você desse jeito. E não me incomoda
que você durma por aí; isso nunca aconteceu. Mas eu acho que seria mais
saudável para você se tivesse se apegado a pessoas da sua idade.

Luca assentiu. Ele entendeu o ponto dela, mesmo que discordasse


disso. Não houve desafio em manipular outros adolescentes; ele nunca teria
sido capaz de controlar sua ansiedade desse jeito. Não teria sido o suficiente.

— Por que você fica comigo? Ele perguntou. — Depois de tudo o que

KM
fiz, por que você ainda quer me proteger?

Candace sorriu, passando o polegar sobre a bochecha de Luca antes


de soltá-lo. — Há uma luz em você, Luca. Às vezes parece que você está
fazendo o possível para esconder isso, mas está sempre lá. Eu acredito que
você é capaz de coisas extraordinárias. Então eu farei o que for preciso para
mantê-lo seguro, porque eu nunca quero ver essa luz se apagar.

KM
Capítulo Trinta e Seis

Quinta-feira à noite, Ryder retornou para a propriedade vindo da casa


de seus pais mais tarde do que ele planejara, e muito atrasado para o
encontro com Andy. Ele ligou para Andy para explicar antes de sair, e Andy
se ofereceu para ir buscá-lo na propriedade para lhe dar mais tempo para se
preparar. Ryder tinha certeza que ele só queria ver a casa de novo, mas ele
não se importava. Era ridículo que ele estivesse tentando tanto manter seu
próprio namorado longe de casa, de qualquer maneira.

Ryder estacionou na garagem da equipe. Assim que ele estava


pulando do carro, seu celular tocou. Seu polegar pairou sobre o botão
Ignorar, mas ele hesitou quando viu que era Jo que estava chamando. Ela
poderia ter notícias importantes sobre a investigação.

— Ei, Jo, disse ele, correndo em direção à casa enquanto falava. —


Tudo bem?

— Esse personagem de Warnock é uma má notícia. Eu tenho cavado


todo o caminho até a empresa fantasma que está financiando ele, e eu não
tenho exatamente nada. Eu até trouxe um técnico especializado nessas
baboseiras corporativas, e nadica de nada. Apenas uma grande parede de

KM
tijolo de nada.

— Droga. Ryder abriu a pesada porta da frente, entrando no calor do


foyer. — Então, o que isso significa?

— Isso significa que Kenneth Warnock tem alguns amigos muito


poderosos, porque de jeito nenhum um guarda-costas é capaz de puxar algo
assim. Ela fez uma pausa. — Uh, sem ofensa.

— Sem problema.

— De qualquer forma que você corta isso, no entanto, fica explicito ele
está definitivamente envolvido. Ele não está pagando por viagens ou
hospedagem, mas ainda usa seus cartões de crédito em restaurantes, lojas de
conveniência e outras coisas. Eu consegui acompanhar os gastos dele em
lugares próximos dos endereços residenciais de mais de uma dúzia de caras
nos arquivos de Luca nos últimos meses.

— Algum desses homens remonta àqueles que as mensagens do


Admirador se referia nessa lista?

— Todos eles. Exceto Yosef Shafir, é claro.

No meio da escada, Ryder olhou para cima e viu Luca descendo do


segundo andar, Keller atrás dele e Athena trotando na frente dele na coleira.
Ele adquiriu o hábito de levá-la para longas caminhadas desde o ataque;
parecia ajudá-lo a limpar a cabeça.

KM
Vendo que Ryder estava no telefone, Luca apenas levantou a mão em
um breve aceno quando eles passaram um pelo outro. Ryder acenou de volta,
continuando a subir a escada. Quando ele estava certo de que Luca estava
fora do alcance da voz, ele disse: — Então aqui está a minha teoria. Warnock
sabe quem são os exes de Luca e onde eles moram do tempo dele como
guarda-costas de Luca, e ele também sabe quais deles são mais propensos a
guardar rancor. Eu acho que ele está viajando para se encontrar com eles,
tentando obter detalhes de seus relacionamentos que apenas esses homens e
Luca saberiam. Então ele tem um parceiro aqui que está usando esses
detalhes para enviar as mensagens reais. Talvez o parceiro seja a pessoa que
o financia.

— Eu concordo com você sobre Warnock, disse Jo. — Minha pergunta


é se os homens de quem ele está tirando esses segredos sabem por que ele
está fazendo isso.

Ryder fechou a porta do quarto atrás dele. — Alguns deles devem. Os


homens que Luca achou que ele viu - talvez ele esteja realmente vendo eles.
Eles podem estar nisso.

— Eu realmente tenho boas notícias aí. A CBP23 concordou em colocar


as fotos dos ex-amantes de Luca no banco de dados de reconhecimento facial
que eles usam em todos os portos terrestres, aéreos e marítimos. Se algum

23CBP –Customs and Border Protection - A Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos é a
maior agência federal de aplicação da lei do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos e é a
principal organização de controle de fronteiras do país.

KM
desses homens tentar entrar no país, mesmo com um passaporte falso, eles
serão sinalizados e detidos.

— A Homeland Security realmente se preocupa em pegar homens que


possam estar perseguindo um único adolescente?

— Você pode agradecer a D'Amato por isso. Ela colocou o medo de


Reagan neles.

— E quanto a Warnock? Ryder perguntou. — Você sabe onde ele está


agora?

Um suspiro forte soou ao telefone. — Não. Ele está completamente


fora do mapa desde domingo.

— Domingo? Como no dia seguinte em que começamos a suspeitar


dele?

— Sim, disse Jo severamente.

Não havia muito mais a dizer depois disso. Ryder não tinha ideia de
como a toupeira tinha descoberto tão rapidamente - ele compartilhou suas
suspeitas com o resto de sua equipe, mas eles ainda nem haviam contado a
Luca. Então, ou a toupeira era um dos seus colegas guarda-costas, que ele
simplesmente não acreditava, ou era alguém que tinha conseguido invadir a
sala de guerra do terceiro andar sem ser detectado. Ou talvez um dos outros
guarda-costas tivesse compartilhado a informação com a pessoa errada.

KM
Todas essas possibilidades eram assustadoras, assim como o fato de
que, apesar de todo o planejamento cuidadoso, ele e Clarke ainda não tinham
chegado mais perto de descobrir a identidade da toupeira. Ryder considerou
e descartou meia dúzia de novos planos enquanto tomava banho, fazia a
barba e se vestia para o encontro. Não saber o que ele estava enfrentando
tornava quase impossível planejar um curso de ação eficaz.

Talvez ele devesse dizer a Luca que eles suspeitavam de Warnock, só


assim ele poderia se manter alerta. Ryder estava escondendo as informações
para que Luca não tivesse que lidar com isso durante sua recuperação do
ataque de Nate, mas não era por esse mesmo paternalismo arrogante que ele
castigara McCall semana passada? Luca precisava de Ryder para protegê-lo
de ataques físicos. O que ele não precisava era que Ryder o protegesse da
verdade.

Ryder estava apenas meio vestido quando Andy ligou para ele para
dizer que ele estava na frente. — Ainda não estou pronto, ele disse, e depois,
porque seria inimaginavelmente rude fazer Andy esperar no carro, —descerei
e deixarei você entrar.

— Ok, disse Andy, parecendo satisfeito.

Ryder tomou o tempo para vestir uma camisa, mas desceu descalço e
sem gravata ou jaqueta. Ao passar pelo quarto de Luca, ele notou Keller na
cadeira do lado de fora. Athena estava sentada ao lado dele, as patas cobertas
de neve...- Sheila ia ter um ataque - ...e a porta do quarto estava aberta. Bem,

KM
se Andy e Luca se cruzassem novamente, Luca teria que lidar com isso.

Ryder abriu a porta da frente para encontrar Andy em pé na varanda.


— Desculpe por isso, disse ele.

— Eu não me importo. Andy entrou na casa, os olhos se arregalando


enquanto ele observava a grandiosidade do vestíbulo de três andares e a
escadaria dupla além. — Uau. Então, existe tal coisa como ter muito dinheiro.

Rindo, Ryder deu-lhe um beijo rápido, em seguida, guiou-o para as


escadas. — Eu estou no andar de cima.

Quando chegaram ao patamar e se dirigiram para a ala leste, Ryder


viu Luca ajoelhado no chão do lado de fora do seu quarto, limpando as patas
nevadas de Athena com uma toalha e conversando com Keller. Ryder vacilou,
mas apenas brevemente. Ele tinha todo o direito de trazer Andy aqui.

Luca virou a cabeça para sua abordagem. — Oh, oi, Andy.

— Oi, Luca. Como você está?

— Estou bem, obrigada. Luca terminou de secar a última pata de


Athena e se levantou. Athena estava olhando para Andy com cautela, uma
vez que ela estava sendo treinada em como se comportar em relação a todas
as novas pessoas. Luca estendeu a mão para acariciá-la na cabeça. — Tudo
bem garota.

— Ela é linda, disse Andy. — Ela é um cão de guarda?

KM
— Sim. Foi ideia da Ryder. Luca sorriu para Ryder, que não pôde
deixar de sorrir de volta. Fazia muito tempo desde que ele viu qualquer coisa
parecida com um sorriso verdadeiro no rosto de Luca.

— Eu vou sair hoje à noite, disse ele, embora isso fosse óbvio pela
presença de Andy e pela maneira como ele estava vestido. — Você vai ficar
bem?

Luca revirou os olhos. — Eu posso sobreviver uma noite sem você,


Ryder. Você sabe que Adam está sentado bem aqui, não é? Você vai ferir seus
sentimentos.

Ryder bufou, estendendo a mão para pegar o queixo de Luca na mão


para que ele pudesse estudar os olhos de Luca e ter certeza que ele estava
dizendo a verdade - que ele realmente estaria bem. Ele viu os fantasmas de
medo e dor lá, mas Luca não parecia no limite. Havia uma sugestão de
tristeza ao seu redor, e ele estava definitivamente mais reservado do que o
habitual, mas pelo menos estava calmo.

Satisfeito, Ryder deixou-o ir. — Você pode me ligar se precisar de


mim.

— Vá se divertir no seu encontro, seu idiota superprotetor, disse Luca,


ainda sorrindo, e desapareceu em seu quarto com Athena.

Ryder abriu a porta do seu próprio quarto e gesticulou para que Andy
o precedesse. Andy estava dando a ele um olhar estranho, mas ele entrou na

KM
sala sem comentar, então Ryder decidiu não mencionar isso.

— Vou demorar apenas cinco minutos, disse ele, puxando as meias e


os sapatos e depois pegando a gravata de onde a deixara na cama. Enquanto
ele estava na frente do espelho sobre a cômoda para dar um nó, os olhos de
Ryder se desviaram de seus próprios dedos para o reflexo de Andy atrás dele.
Ele franziu a testa quando viu como Andy estava agitado - braços cruzados,
lábios pressionados juntos, o peso mudando de pé para pé. Parecia que ele
queria desesperadamente dizer alguma coisa e estava tentando encontrar as
palavras. Preocupado, Ryder se virou. — Andy...-

— É ele, não é? Disse Andy. — O cara do trabalho com quem você fez
sexo em Aspen. Foi Luca.

Ryder olhou para ele, chocado, mãos imóveis em sua gravata. Essa foi
a resposta suficiente para Andy.

— Oh meu Deus, Jake. Ele tem dezoito anos.

— Eu sei quantos anos ele tem, obrigado. Ryder terminou o nó em sua


gravata com um puxão vicioso e alisou-o.

— Então é verdade?

— Sim, disse Ryder, esforçando-se para manter seu tom uniforme. —


Mas eu não o toquei desde então, juro. Eu não te disse que era ele porque eu
sei como é. Eu não queria que você pensasse que eu sou o tipo de cara que
curte esse tipo de coisa quase-legal, ou que era algum tipo estranho de fetiche

KM
sexual...-

— Eu queria que isso fosse algum tipo de fetiche sexual!

— Você o que?

— Eu poderia entender você querendo fazer sexo com Luca. Ele é


lindo. Eu meio que quero fazer sexo com ele. Andy abraçou os braços com
mais força em torno de si mesmo. — Mas é mais que isso. Você o adora.

Ryder piscou. — Não, eu não..., disse ele, confuso.

— Oh, por favor. A maneira como você olhou para ele agora mesmo...-
...você nunca olhou para mim desse jeito.

Ryder estremeceu e abriu a boca para tentar encontrar algum tipo de


explicação, mas Andy acenou com a mão para pará-lo.

— Isso saiu errado, disse Andy. — Eu não quis fazer parecer tão
pessoal. O que eu quis dizer é que nunca vi ninguém olhar para alguém desse
jeito, não na vida real. Como se você estivesse disposto a engatinhar por cima
de vidro quebrado por ele.

— Eu sou seu guarda-costas. Eu faria qualquer coisa para protegê-lo.

— Tenho certeza que você faria. Mas tenho a sensação de que você
também faria qualquer coisa só para vê-lo sorrir, e isso não é coisa de um
guarda-costas. Isso é coisa de um amante.

KM
Sentindo sua impaciência aumentar, Ryder disse: — Isso é ridículo. O
que quer que eu possa sentir por Luca é um ponto discutível. Ele se
aproximou de Andy, olhando-o nos olhos. — Eu prometi a você que eu seria
fiel, Andy e eu tenho sido. Eu sempre serei.

A expressão de Andy mudou quando ele considerou as palavras de


Ryder, indo de chateado para incrédulo para algo que Ryder não podia
nomear. — Você realmente quer dizer isso, não é? Você realmente ficaria
comigo e seria o namorado perfeito e fiel, por tanto tempo quanto eu quisesse
você.

Ryder tomou suas mãos, alívio correndo por ele. — Sim, claro.

— Oh, Jake, disse Andy, sua voz de repente suave. — Isso é... isso é tão
triste.

Ryder baixou as mãos e deu um passo para trás. — O que?

— Você realmente está com tanto medo de ter as pessoas te julgando?

— Não tem nada a ver com isso. Eu escolhi você, Andy. Eu escolhi você
por um motivo.

— Eu sei porque você fez isso, e eu entendo porque você acha que não
deveria estar com Luca. Eu nem estou dizendo que você deveria. Andy
respirou fundo. — Mas eu não quero ser o cara que você aceita porque tem
muito medo de se permitir ter o que realmente quer.

KM
— Eu…

— Olhe nos meus olhos e diga que não é o que eu sou para você.

Ryder começou a fazer exatamente isso... e descobriu que não podia.


Andy era sua chance de ter um relacionamento adulto real, uma vida normal,
um futuro confortável. Ele era tudo que o senso comum e a lógica dizia a
Ryder que ele deveria querer. Ele era a escolha certa, a escolha apropriada.

Mas Ryder não queria ele. Não do jeito que ele queria Luca.

— Não é o que eu queria que você fosse, disse Ryder. Algo dentro dele
se despedaçou com esta confissão.

Andy assentiu, as lágrimas no canto dos olhos, mas o rosto


determinado. — Eu vou embora.

Ryder estendeu a mão para ele. — Andy...-

— Não, disse Andy, afastando-se. — Por favor, apenas não diga nada.
E não me ligue.

Ele saiu, fechando a porta do quarto silenciosamente. Ryder ficou


olhando para ela por um longo tempo, chocado e congelado no lugar.

Como ele tinha se tornado essa pessoa? Mesmo agora, diante da fria
realidade de como ele usara Andy, Ryder teve que lutar contra o desejo de
correr atrás dele e prometer qualquer coisa, tudo, se Andy só o aceitasse de
volta - mas não era porque ele queria estar com Andy. Era porque ele estava

KM
apavorado com o que faria sem sua promessa para Andy mantendo-o sob
controle.

Maldito Luca.

Superado por uma repentina e irracional fúria, Ryder saiu do quarto


e entrou no quarto de Luca, ignorando o olhar assustado de Keller e batendo
a porta atrás dele.

— Não sabe bater? Luca disse de onde ele estava enrolado em sua
cadeira. Ele não olhou para cima do livro equilibrado em seus joelhos.

— Andy acabou de terminar comigo, disse Ryder.

Luca levantou a cabeça, assustado. — Ele terminou com você?

— Sim. Por sua causa.

— Eu não fiz nada!

— Você não precisou. Ryder se sentia perigosamente fora de controle,


e ele não conseguia parar as palavras saindo de sua boca. — Ele pôde ver o
que eu sinto por você. Jesus Cristo, todo mundo pode ver isso.

Luca fechou o livro e colocou-o de lado, com os olhos atentos. —Como


você se sente em relação a mim?

— Nem mesmo comece, disse Ryder. — Você é a pessoa mais irritante


que já conheci.

KM
— Eu sou irritante? Irritado agora, Luca ficou de pé. — Você está
brincando comigo? Você me enviou tantos sinais mistos que é como se você
tivesse algum tipo de desordem cerebral, e você acha que é minha culpa que
seu namorado tenha percebido isso e chutado sua bunda?

— A culpa é sua! Eu nunca fui assim antes de te conhecer. Eu


costumava ter algum autocontrole.

— Você costumava ser um robô, você quer dizer. O jeito que você era
quando nos conhecemos - desligando todos ao seu redor, vivendo sem sentir
nada...- —

Ryder agarrou Luca com as duas mãos e puxou-o para um beijo que
era mais um choque de bocas do que qualquer outra coisa. Luca engasgou de
surpresa, mas um segundo depois, ele estava beijando Ryder de volta, as
mãos segurando os ombros de Ryder. O beijo foi furioso e profundo, a
liberação de semanas de emoção reprimida, e um arrepio percorreu Ryder
quando ele sentiu os dentes de Luca rasparem seus lábios.

Então Luca afastou a boca. — Pare, disse ele, empurrando o peito de


Ryder. — Pare com isso.

Ryder o soltou, observando em confusão enquanto Luca se afastava.


Luca devolveu o beijo com a mesma vontade, por que ele parou? — Luca,
disse ele, dando um passo em direção a ele.

Athena rosnou.

KM
Isso parou Ryder em suas trilhas. Ele olhou para Athena, que havia se
interposto entre eles e estava encarando Ryder com uma linguagem corporal
que claramente dizia “Cai fora”. Para Athena rosnar em Ryder – uma pessoa
que ela estava sendo treinada para perceber como um aliado - seu
comportamento deveria estar além de agressivo.

A percepção foi um choque frio e agudo. Ryder ficou onde estava e


baixou as mãos para os lados. Ser encarado por um pastor alemão, mesmo
um tão jovem quanto Athena, não era motivo de riso.

— Calma, disse Luca para ela. Então ele olhou para Ryder. — Você está
chateado e não está pensando com clareza. Eu não posso confiar em nada
que você possa dizer ou fazer agora. Então vá embora. Vá embora, e não volte
até que você descubra o que diabos você quer. A mandíbula de Luca se
apertou. — Porque eu juro por Deus, se você fizer isso comigo mais uma vez,
será a última.

Não havia nada que Ryder pudesse dizer sobre isso. Ele assentiu e saiu
do quarto antes que pudesse se envergonhar ainda mais.

No corredor, Keller olhou para ele com franca curiosidade. Embora


ele fosse capaz de ouvi-los gritando, ele não teria sido capaz de entender as
palavras reais, então Ryder disse: — Apenas algumas coisas pessoais. Luca
está bem. Peço desculpas pelo distúrbio.

Keller encolheu os ombros e abriu as mãos como se dissesse: Não é


da minha conta.

KM
Grato pelo profissionalismo consumado de Keller, Ryder voltou para
seu próprio quarto e sentou na cama, apoiando os cotovelos nos joelhos e
enterrando as mãos nos cabelos. Jesus fodendo a Cristo, o que havia de
errado com ele? Ele irrompeu no quarto de Luca, gritou com ele e o beijou
com raiva como... bem, como se ele fosse da idade de Luca, para ser honesto.
E esses impulsos não o deixaram. Seu corpo estava vibrando com raiva e
confusão e indecisão, músculos tensos implorando por movimento, qualquer
movimento.

Ele não tinha ideia do que diabos ele estava fazendo, mas ele sabia que
não poderia ficar nesta casa com Luca agora.

Ryder mudou seu terno para uma camiseta e jeans. Então ele agarrou
sua casaco, desceu para seu carro, e dirigiu de volta para a casa de seus pais.

Morgan atendeu a porta. — Você não esteve aqui, tipo, o dia todo? Ela
perguntou. — Você ainda tem uma vida?

Ryder engoliu em seco, incapaz de pensar em um retorno espirituoso.


O sorriso provocante deslizou do rosto de Morgan quando ela percebeu sua
expressão.

— O que há de errado?

— Estou tão fodido, disse Ryder, caindo contra o batente da porta.

Morgan olhou para trás...- para ter certeza de que seus pais não
estavam lá, provavelmente - ...então disse: — Tudo bem. Deixe-me apenas

KM
pegar um casaco, tudo bem? Eu já volto.

Ryder esperou nos degraus da frente até que ela saiu com sua do parka
macia, puxando um par de luvas e trancando a porta da frente. Eles
caminharam alguns quarteirões em silêncio até o parquinho que
costumavam ir quando crianças, que agora estava deserto no meio do
inverno, e se sentaram no pequeno carrossel coberto de neve.

Mesmo com o silêncio e privacidade, Ryder ainda não conseguia


encontrar as palavras para explicar o que estava errado com ele. Morgan o
cutucou de lado depois de um minuto e disse: — Você sabe, todo esse tipo de
coisa forte e silenciosa pode envelhecer bem rápido.

— Andy terminou comigo. Por causa de Luca.

— Você disse a ele que você e Luca fizeram sexo?

— Não. Bem, sim, mas não é por isso... ele não se importou com isso.
Ele disse que tenho sentimentos por Luca.

— Você tem sentimentos por Luca.

— Eu não...- Ryder olhou para as sobrancelhas levantadas de Morgan


e suspirou. — Sim, tudo bem, eu tenho. Ele cobriu o rosto com as duas mãos.
— Deus, Morgan, ele é ainda mais jovem do que você.

Morgan puxou uma das mãos de Ryder para longe do rosto dele. — E
daí? Pelo que sei, você nunca se sentiu atraído por alguém muito mais jovem

KM
do que você antes. Não é como se você fosse um cara mais velho e assustador
que tem o hábito de molestar garotos do ensino médio. Ela sorriu. — Você é
apenas um cara mais velho assustador que se deparou com um garoto em
particular do ensino médio.

— Isso não está ajudando.

— Vamos, Jake. Qualquer um que te conheça, sabe que você não é do


tipo que tira vantagem de alguém.

— Eu me aproveitei do Andy.

Morgan inclinou a cabeça, franzindo a testa.

— Eu queria tanto provar para mim mesmo que eu poderia ter um


relacionamento normal, disse Ryder. As palavras tinham gosto de cinzas em
sua boca. — Eu gostava muito de Andy. Eu pensei que seria o suficiente, mas
não foi. Mesmo quando parte de mim sabia que não era suficiente, eu
continuava me agarrando a ele, porque a alternativa era algo que eu estava
com muito medo de considerar. Eu nunca parei para pensar em como isso
era injusto para ele. Eu basicamente o usei como um escudo entre mim e
Luca.

— Não intencionalmente.

— E isso importa? Ele ainda está machucado e é minha culpa.

Ryder olhou para a neve, auto aversão arranhando sua garganta.

KM
Morgan passou a mão por suas costas.

— O que você vai fazer agora? Ela perguntou eventualmente.

— Eu não sei. Eu não posso ficar longe de Luca; eu não estou me


enganando mais sobre isso. Eu não posso trabalhar com ele todos os dias e
não ficar com ele.

— Então você realmente só tem três opções, disse Morgan. — Um,


você larga seu emprego, cortando todos os laços com ele e nunca mais o
vendo. Dois, você desiste, mas continua a vê-lo de qualquer maneira, nesse
caso você estaria namorando um menino do ensino médio e desempregado.
Ou três, você volta lá, conta como se sente e continua fazendo seu trabalho
com vantagens extras.

— Não é tão simples assim.

Morgan forçou-o a encontrar seus olhos. — Isso é, realmente é.

O pensamento de dizer adeus a Luca para sempre fez o estômago de


Ryder balançar. Seus sentimentos pessoais por Luca à parte, ele não podia
simplesmente abandonar o garoto no meio de tudo o que estava acontecendo
agora. Mas dormir com Luca, começar esse tipo de relacionamento entre
eles, viria com sua própria série de complicações.

— Teríamos que esconder o que estávamos fazendo de todos, disse


Ryder. — Seria segredo em cima de mentiras em cima de mais segredos. Se
alguém descobrir, destruiria minha reputação profissional. Não é justo

KM
colocar Luca nessa posição na idade dele.

— Talvez você devesse deixar Luca decidir o que é justo para ele.

— Eu nem seria capaz de dizer aos nossos pais. Você pode imaginar?
‘Ei, mamãe e papai, só para você saber, eu estou fodendo o garoto de dezoito
anos que eu deveria estar protegendo. Eu mencionei que ele ainda está no
ensino médio?

Morgan deu uma risadinha. — Você provavelmente poderia encontrar


uma maneira de expressar isso de uma forma que faça você parecer menos
esquisito.

Ryder teve que rir também, porque toda a situação era tão ridícula.
Morgan se moveu no carrossel de modo que ela estava enfrentando Ryder,
cutucando-o para fazer o mesmo.

— Eu só quero que você me responda uma coisa, disse ela. — O que


você quer? Quando Ryder abriu a boca para responder, Morgan colocou a
mão sobre os lábios. — Não me diga o que você acha que deveria querer, ou
o que mamãe e papai querem, ou o que o mundo em geral quer. Me diga o
que você quer. Não pense. Apenas diga isso.

— Eu quero Luca, disse Ryder, porque ele queria. Não havia nada que
ele quisesse mais do que poder beijar Luca sempre que quisesse, envolver-se
no calor do toque de Luca e no cheiro de sua pele, para lutar com ele e fazê-
lo rir e sentir todas as coisas que Luca o forçava a sentir...- mesmo quando o

KM
que ele sentia era essa terrível combinação de terror e incerteza, porque
mesmo isso era melhor do que o nada que ele sentia antes.

— Então eu acho que você já tomou sua decisão. Morgan apertou o


joelho. — Você não pode viver sua vida para outras pessoas, Jake. Isso não é
vida alguma.

Eles voltaram para a casa, onde Ryder explicou o rompimento com


Andy para seus pais simpáticos com o mínimo de detalhes possível. Ele ficou
a noite, apesar de não conseguir dormir muito enquanto se mexia e se virava,
pensando no que o dia seguinte traria.

Ele realmente ia fazer isso? Ele realmente iria jogar a cautela ao vento
e se envolver com um homem que era provavelmente a escolha menos
apropriada na Terra para ele? Assumindo que Luca iria mesmo ficar com ele,
claro. Agora que Ryder tinha se acalmado, ele percebeu o quão incrivelmente
insultante tinha sido para ele correr diretamente para Luca e beijá-lo apenas
momentos depois de ser dispensado por outro homem - como se Luca
estivesse sentado esperando por sua conveniência.

Ele disse que iria esperar por você.

Ryder passou a noite toda e todo o dia seguinte inundado em


indecisão. Mesmo quando ele voltou para a propriedade na noite de sexta-
feira, ele ainda não tinha certeza do que faria. Ele bateu na porta do quarto
de Luca com um plano tão definido em sua mente quanto quando ele havia
saído.

KM
Então Luca abriu a porta, olhando para ele com olhos resguardados,
e Ryder soube. Não havia como fugir de Luca D'Amato. Não para ele. Nunca.

Uma tranquila certeza assentou sobre Ryder. — Posso entrar? Ele


perguntou.

Luca assentiu, afastando-se para abrir mais a porta. Ele enxotou


Athena para o corredor com Song, deu a ela o comando de guarda e fechou a
porta assim que Ryder estava dentro. Então ele cruzou os braços e esperou.

— Eu sou um bastardo, disse Ryder.

Isso lhe rendeu um sorriso torto. — Às vezes, disse Luca.

— As coisas que eu disse a você ontem foram terríveis, e não eram


verdade. Não é sua culpa que meu relacionamento com Andy não deu certo.
Para mim, tentar transferir a culpa para você foi uma atitude covarde e
indesculpável. Eu realmente sinto muito.

— Desculpas aceitas. Luca ainda tinha os braços cruzados sobre o


peito e seu rosto estava fechado. Ele provavelmente pensou que era tudo o
que Ryder tinha vindo aqui para dizer.

Não era. Ryder deu um passo mais perto de Luca. — Eu não estava
feliz com Andy, disse ele. — Ele é um cara ótimo, e eu queria que as coisas
funcionassem entre nós, mas ele não poderia me dar o que eu precisava.

A surpresa cintilou nos olhos de Luca. — Como o quê?

KM
— Ele não me desafiou. Ele não me excitou, não me frustrou, e ele não
aborreceu o inferno vivo fora de mim.

Luca descruzou os braços, fechando um pouco mais a distância entre


eles. — É isso que você quer?

— Sim.

— Eu pensei que você gostasse dele porque ele era tão doce.

Mais um passo, e eles estavam a apenas alguns centímetros de


distância. — Eu acho que você é doce.

— Você é um idiota, disse Luca.

Ryder riu. — Veja o que eu quero dizer, disse ele, e inclinou-se para
beijá-lo.

Embora não tivesse a raiva do beijo de ontem, este não foi menos
apaixonado. A boca de Luca se abriu para Ryder imediatamente, a língua
deslizando contra a dele, os lábios agarrados em uma pressão quente e úmida
de pele. Ryder segurou os quadris de Luca com um aperto fácil, consciente
de quão duro ele tinha sido ontem e dando a Luca muito espaço para se
afastar, se quisesse.

Em vez disso, Luca se aproximou mais dele, inclinando a cabeça para


trás para melhorar o ângulo do beijo. — Não faça isso se você não estiver
falando sério, ele disse contra a boca de Ryder.

KM
— Quero dizer isso. Deus, Luca, estou falando sério.

Curvar-se dessa maneira estava começando a forçar o pescoço de


Ryder. Agindo por instinto, ele ergueu Luca em seus braços, e Luca envolveu
as pernas ao redor da cintura de Ryder sem perder o ritmo. Ryder segurou-o
com um braço ao redor das costas e um debaixo de sua bunda; As mãos de
Luca encontraram o caminho através do cabelo de Ryder. O beijo ficou mais
profundo e urgente agora que seus rostos estavam no mesmo nível.

— Cama, Luca ofegou.

Ryder recuou até suas coxas baterem na borda do colchão e se sentou,


trazendo Luca com ele para o colo. Embora ele estivesse sem fôlego devido a
uma crescente falta de oxigênio, ele não estava disposto a quebrar o beijo que
consumia tudo. Era bom demais segurar Luca em seus braços assim, um
prazer que seus próprios medos lhe negaram por muito tempo.

Luca foi o único a finalmente puxar sua boca, mas apenas o suficiente
para tirar a camiseta de Ryder e colocá-la de lado. Ele passou os braços em
volta do pescoço de Ryder e o beijou como se estivesse tentando fundi-los em
uma só pessoa, para o qual Ryder não tinha objeções. Ele empurrou as mãos
por baixo do suéter de Luca, saboreando a suavidade da pele de Luca, a
pressão da ereção de Luca contra seu estômago. Seu próprio pênis doía ao
sentir Luca se contorcendo em cima dele.

Precisando sentir cada parte do corpo de Luca que ele podia alcançar,
Ryder pressionou uma linha de beijos urgentes na lateral do pescoço de Luca,

KM
gemendo quando os dedos de Luca emaranharam em seu cabelo novamente.
Ele escovou um polegar sobre o mamilo de Luca, e Luca se lançou contra ele.

— Eu preciso que você me foda, disse Luca.

O gemido de Ryder foi abafado pela garganta de Luca. — Sim.

— Mesmo?

Houve uma quantidade desagradável de surpresa na voz de Luca.


Ryder se afastou para olhá-lo nos olhos.

— Mesmo. E eu não vou te afastar de novo depois, eu juro. Eu não


posso mais fazer isso. Foi uma loucura pensar que eu poderia.

O sorriso de Luca era honesto e brilhante, e se o coração de Ryder já


não estivesse acelerado, isso teria acontecido agora. Ele puxou o suéter de
Luca e o beijou, pele contra pele.

Enquanto antes, Luca estava apenas se movendo em cima de Ryder


com os movimentos naturais do beijo, agora ele estava deliberadamente
esfregando sua bunda no colo de Ryder, esfregando seu próprio pênis contra
o estômago de Ryder. Ryder colocou as duas mãos no doce e redondo traseiro
de Luca e apertou com força. O jeito que a respiração de Luca gaguejou foi
inebriante. Ryder não sabia como ele iria manter as mãos longe de Luca em
público depois disso; na verdade, ele não sabia como alguém conseguia
manter as mãos fora dele...-

KM
Foda-se. Ele estava tateando um homem que havia sido agredido
sexualmente há menos de uma semana.

Ryder moveu as mãos para os quadris de Luca. — Luca, espere, disse


ele, já se sentindo culpado. — Talvez isso não seja uma boa ideia.

Luca deu a ele um olhar de tanta fúria que Ryder achou que ele estava
prestes a ser socado. Quando Luca tentou se afastar, Ryder percebeu como
isso deve ter soado, e ele apertou-o ainda mais.

— Não, eu não quis dizer que eu não quero. Eu não estou mudando de
ideia. É só... depois do que Wakefield fez com você...

— O que isso tem a ver? Perguntou Luca. Ele parou de tentar sair, mas
ele parecia irritado.

— Você tem certeza de que está pronto para fazer sexo de novo tão
cedo?

Luca olhou para ele por um momento. Então ele se inclinou e deu a
Ryder um beijo longo e suave. — Contigo? Sim.

— Eu posso esperar. Nós não temos que fazer isso agora.

Movendo a boca para a garganta de Ryder, Luca disse: — Você sabe


que isso está me excitando mais, certo?

Isso era verdade, pelo que Ryder podia dizer - Luca estava duro como
pedra, suas bochechas estavam vermelhas, e ele não mostrava sinais de

KM
ansiedade ou hesitação. Mas Luca teve um monte de problemas estranhos
quando se tratava de sexo, e Ryder não podia entrar nisso sem saber que ele
tinha deixado uma coisa absolutamente clara.

— Se você me disser para parar, eu vou parar, disse ele. — Não importa
o quão longe estamos. Prometa-me que você vai me dizer se estiver
desconfortável.

— Eu não vou precisar que você pare. Talvez eu precisasse fazer isso
se fosse outro homem, mas não com você. Luca roçou os lábios sobre os de
Ryder novamente. — Mas sim, eu prometo.

Tudo bem então. Se Luca achava que ele estava pronto, Ryder não ia
insultá-lo, recusando-se a acreditar nele. Ele deslizou as mãos de volta para
o traseiro de Luca - que, na sua opinião, era exatamente onde elas
pertenciam.

Outro beijo trabalhou ambos de volta novamente. As mãos de Luca


estavam em todo o peito de Ryder, sentindo seus músculos; então elas
viajaram para o sul, deslizando sobre os cumes de seu abdômen. Tão
ofuscado com luxúria quanto estava, não escapou a Ryder o fato de que Luca
estava evitando sua cicatriz. Ele ficou inesperadamente comovido pelo fato
de que Luca havia lembrado que ele não gostava de ser tocado lá.

Luca abriu o botão no jeans de Ryder e abaixou o zíper, a mão


mergulhando dentro para tirar o pau de Ryder de sua cueca. Ryder pensou
que seu cérebro poderia entrar em curto-circuito apenas a partir desse

KM
simples toque.

— Eu espero que você saiba como usar isso, disse Luca, olhando para
o pênis de Ryder enquanto o acariciava.

— Espero que você saiba como usá-lo.

— Sim? Os olhos de Luca estavam acesos com interesse. — Você quer


que eu esteja no topo?

— Eu quero o que você quiser, disse Ryder, com absoluta honestidade.

Luca fez um barulho estrangulado, dando um duro aperto no pênis de


Ryder. — Você não pode...- você não pode dizer coisas assim para mim. Elas
me deixam louco.

— Então, o que, você quer que eu minta para você? Ryder arrastou os
dedos sobre a protuberância nas calças de Luca. — Eu te disse uma vez que
se nós fizéssemos isso, eu deixaria você no controle. Eu não estava apenas
inventando isso. Ele empurrou a mão para dentro e tateou Luca sob sua
cueca boxer.

— Eu faço...- ...oh, porra, isso é bom... - eu quero estar no topo, disse


Luca.

Ryder tocou seu pênis. — Eu sei que você quer.

Eles tiraram o resto de suas roupas e se moveram para que Ryder


estivesse encostado na cabeceira da cama com Luca ainda sentado em seu

KM
colo. Luca pegou uma garrafa de lubrificante da mesa de cabeceira e
derramou uma quantia generosa sobre os dedos de Ryder, guiando a mão de
Ryder entre suas pernas.

— Tente não tocar minha próstata, disse ele. — Eu já estou muito perto
e não quero gozar tão cedo.

— Se você continuar dizendo coisas assim, eu é que vou gozar cedo


demais, disse Ryder, apenas meio brincando.

Ele enfiou um dedo no buraco de Luca. Embora Luca estivesse


deliciosamente apertado, seus músculos se agarraram ao dedo de Ryder em
vez de resistir. Deus.

— Você quer isso, não é? Ryder moveu o dedo para dentro e para fora
tão lentamente quanto ele poderia. — Você me quer dentro de você.

— Sim. Luca estava olhando para a mão de Ryder, assistindo a si


mesmo sendo esticado e isso era ainda mais quente do que a sensação de seu
corpo.

Quando Ryder deu a ele um segundo dedo, Luca se firmou com uma
mão no ombro de Ryder, soltando um gemido suave. Ele não moveu os olhos.
Ryder se lembrou do intercurso anterior deles, quando eles se conectaram
no Natal e ele o havia dedilhado assim, mas, neste momento estava sendo
muito diferente. Era completamente diferente ter os dedos dentro de Luca
quando ambos sabiam que era apenas um precursor de algo muito mais

KM
intenso.

Ryder tesourou seus dedos, soltando o buraco de Luca e evitando sua


próstata, conforme solicitado. Luca estava balançando seus quadris um
pouco, montando sua mão, e Ryder estava certo de que ele iria entrar em
combustão espontânea se não pegasse seu pênis lá em breve.

— Seus dedos são muito grandes, disse Luca. Jesus, ele parecia
drogado, sua voz estava tão cheia de desejo.

— Dói? Ryder perguntou, embora ele soubesse muito bem que não.

Luca deu uma gargalhada que não deveria ter sido tão sexy quanto
era. — Me dê outro.

Ryder empurrou três dedos dentro dele e torceu a mão. Ele alisou a
outra mão sobre a coxa e as costas de Luca, sentindo a tensão excitada de
seus músculos. Não havia dúvida de que Luca queria isso, que ele estava aqui
nesta cama e nos braços de Ryder de bom grado, e Ryder achou isso
imensamente reconfortante. Inclinando-se para frente, ele lambeu um dos
mamilos de Luca, batendo com a língua até que ficou ereto, e então chupou-
o em sua boca.

A distração fez sua concentração nos dedos vacilar e ele


acidentalmente cutucou a próstata de Luca. Luca empurrou contra ele,
gritando tão alto que Ryder pensou que ele poderia ter gozado. Um rápido
olhar para baixo disse a ele que Luca não tinha - o toque apenas tinha sido

KM
muito bom para ele.

— Desculpe, disse Ryder, dando um beijo de desculpas no mamilo de


Luca. Internamente, ele ficou maravilhado com a sensibilidade de Luca à
estimulação em sua próstata.

— Ok. Eu estou pronto agora.

— Você tem certeza?

— Muita certeza.

Assim que Ryder puxou seus dedos para fora, Luca saiu de seu colo
para pegar um preservativo da mesa de cabeceira. Ryder deitou-se de costas,
e respirou fundo para se acalmar quando Luca voltou a se acomodar em suas
coxas.

Luca se inclinou e deu um beijo na cabeça do pênis de Ryder antes de


enrolar o preservativo sobre ele, então o esfregou com outro porção de
lubrificante. Ele se arrastou para frente sobre o corpo de Ryder, de modo que
seus rostos estavam frente a frente; o beijo que eles compartilharam foi lento
e carregado de antecipação. Eles iam foder. Luca iria permitir Ryder dentro
de seu corpo. Era quase surreal, exceto que toda sensação que Ryder sentia
era afiada e aguda.

Girando para trás um pouco, Luca posicionou um joelho em cada lado


dos quadris de Ryder e segurou seu pênis com firmeza, roçando a cabeça
sobre seu buraco em uma provocação torturante. — Não se mova até que eu

KM
diga, disse ele.

Ryder assentiu. Ele colocou as mãos nas coxas de Luca e ficou imóvel,
sem fôlego, enquanto Luca se abaixava sobre os primeiros centímetros de seu
pênis.

Foda-se. Oh, foda-se, Luca estava tão apertado e tão quente que era
como se estivesse queimando por dentro. Tudo o que Ryder queria fazer era
estalar seus quadris e empurrar seu pênis o resto do caminho naquele
pequeno buraco acolhedor, e ser forçado a não se mexer só o estava excitando
mais. Luca se moveu lentamente sobre ele, tomando um pouco mais a cada
vez que ele deslizava, as mãos descansando no estômago de Ryder.

No momento em que o traseiro de Luca encontrou os quadris de


Ryder, Ryder já havia perdido toda a capacidade de pensamento racional. Ele
apenas segurou as coxas de Luca e se lembrou de ficar parado, mesmo que o
calor úmido e perfeito que o engolia estivesse dizendo ao seu corpo que ele
precisava empurrar.

Luca tinha os olhos fechados e passou a mão pelos cabelos


umedecidos de suor enquanto balançava para frente e para trás. — Deus,
você é tão grosso.

O aperto dele nas pernas de Luca estava muito apertado. Ryder


relaxou os dedos e esfregou as palmas das mãos sobre as coxas de Luca,
esperando que o gesto fosse reconfortante e não como se ele estivesse prestes
a desmoronar a qualquer momento. — É bom?

KM
Luca gemeu em assentimento sem palavras.

— Posso ver?

Ryder não pretendia dizer isso; tinha acabado de sair. Luca abriu os
olhos, mas, em vez de se sentir ofendido ou embaraçado, pareceu intrigado.
Ele balançou a cabeça e mudou seu corpo para que ele estivesse sentado no
pênis de Ryder com as pernas esticadas na frente dele e para os lados,
inclinando-se para plantar as mãos em ambos os lados das pernas de Ryder.
A posição o abriu de uma forma que deu a Ryder uma visão perfeita de onde
seus corpos estavam unidos.

— Jesus, disse Ryder, olhos fixos na visão do buraco de Luca esticado


impossivelmente em torno de seu eixo, entrando e saindo com os impulsos
preguiçosos de Luca. Ele pressionou o polegar contra a borda esticada, que
provocou um som agudo de prazer de Luca.

— Você gosta de me ver tomar seu pau enorme? Luca perguntou em


voz baixa.

Ryder respirou fundo, suas bolas doendo, mas Luca não tinha
terminado.

— Estou tão fodidamente cheio. Olhe para mim, você está tão fundo
que mal posso respirar...-

As mãos de Ryder apertaram os quadris de Luca, imobilizando a


ambos e ofegando entre os dentes cerrados, até que o impulso esmagador e

KM
irracional de empurrar selvagemente em seu buraco desvaneceu. Luca não
protestou.

— Eu sabia, disse ele. — Você gosta de conversa suja.

Ryder não ia negar isso. — Sim. E você tem a porra de uma boca suja.

Dando um pequeno sorriso, Luca disse: — Você não se mexeu.

— Você estava me testando?

— Talvez um pouco. Luca começou a rolar seus quadris, o corpo


ondulando em um ritmo lento e gracioso. Não tinha a satisfação primordial
de empurrar forte, mas ainda assim era incrivelmente bom.

Isso parecia bom também. Luca estava completamente inconsciente,


movendo-se fluidamente em cima de Ryder, aberto e exposto, mas sem uma
pitada de vergonha. Havia paz em ficar deitado lá, deixando Luca tomar o
que ele precisava - uma paz que eclipsava a tortura de seu próprio prazer
frustrado. Ryder não podia desviar o olhar, os olhos vagando pelo rosto de
Luca, seu pênis balançando, seu buraco faminto. Ele se deixou tocar as
pernas de Luca, mas nada mais.

— Você é tão lindo, ele disse suavemente.

Os quadris de Luca empurraram com mais força contra ele e, alguns


instantes depois, Luca mudou de posição novamente, puxando os joelhos
para trás. — Eu tenho que...- eu preciso de mais, disse Luca, apoiando as

KM
mãos no peito de Ryder.

Ryder gemeu e agarrou as coxas de Luca quando Luca começou a


cavalgá-lo a sério, subindo e descendo com toda a força considerável de suas
longas pernas. Sua bunda encontrou a pélvis de Ryder em uma bofetada
rápida e o slap-slap-slap de carne contra carne parecia ser direcionada
diretamente das orelhas de Ryder para seu pênis.

Assistindo Luca saltar em cima dele, ofegando com o prazer e o


esforço, destruiu a compostura de Ryder. Ele não desobedeceria Luca, mas
ele tinha que fazer alguma coisa, então ele estendeu a mão para agarrar o
pau de Luca.

Luca afastou a mão dele. — Não, eu vou gozar. Apenas mova-se


comigo, eu preciso disso mais duro.

Mais duro que isso? Ryder queria perguntar, porque Luca já estava se
empalando no pênis de Ryder como se ele não conseguisse mergulhar fundo
o suficiente. Mas seu corpo reagiu antes que sua boca pudesse alcançá-lo. Ele
dobrou os joelhos para colocar os pés no colchão, agarrou os quadris de Luca
e empurrou para dentro dele no mesmo ritmo acelerado.

Embora Luca parecesse satisfeito a princípio, apenas um minuto se


passou antes que ele abrisse os olhos para dar a Ryder um olhar quente. —
Você está se segurando. Eu posso sentir isso.

— Baby, eu não quero te machucar, disse Ryder. Com a parte do

KM
cérebro dele ainda funcional, ele já estava preocupado que estivesse sendo
muito áspero.

— Eu posso aguentar. Dê-me mais duro, vamos lá. Luca cravou as


unhas nos músculos do peito de Ryder.

O forte pico de dor quebrou o último fio de autocontrole de Ryder. Ele


bateu seus quadris para cima, batendo no traseiro de Luca tão rápido quanto
seu corpo implorava, com tanta força em seus impulsos que eles eram quase
brutais. Luca soltou um grito, mas era pesado de prazer. Ele encontrou os
golpes de Ryder, empurrando-se com igual vigor, cabeça jogada para trás em
abandono e dedos ainda arranhando a pele de Ryder.

Ryder deixou-se ir. Era isso que Luca queria, e ele estava muito além
do ponto em que poderia negar qualquer coisa a Luca. Eles sulcaram um
contra o outro freneticamente, alimentando-se da urgência um do outro,
corpos encharcados de suor. Os únicos sons no quarto além dos corpos que
se uniam eram a respiração áspera e ofegante e os pequenos gritos constantes
de Luca. Luca tinha os olhos fechados, mas Ryder manteve os seus abertos,
precisando ver Luca tanto quanto senti-lo.

— Agora, toque-me agora, exigiu Luca.

Ryder agarrou seu pau e deu alguns golpes firmes. — Vamos, baby,
deixe-me ver você gozar para mim...-—

Luca gritou, contorcendo-se, e seu sêmen caiu sobre o peito de Ryder

KM
em pulsos brancos. Ryder fodeu através dele, seu próprio corpo
estremecendo quando os músculos de Luca se apertaram e ondularam em
torno de seu pênis, mas ele suavizou seus impulsos quando o orgasmo de
Luca passou.

— Não se atreva a desacelerar, disse Luca. Seu corpo inteiro estava


tremendo.

— Mas...-

— Continue.

Ryder estava indefeso contra um comando falado naquele tom de voz.


Suas bolas latejavam, insistindo em sua própria libertação agora que Luca
estava satisfeito. Luca continuou se movendo com ele, instigando-o mais
rápido e mais forte. Ele tinha os olhos abertos agora, observando o rosto de
Ryder atentamente enquanto eles transavam, mãos passeando sobre o peito
e ombros de Ryder. Embora Ryder quisesse beijá-lo, sua diferença de altura
exigiria que ele se sentasse para fazer isso, e ele simplesmente não tinha a
coordenação necessária em seu estado atual.

— Goze dentro de mim. As unhas de Luca arranharam padrões


inquietos no peito de Ryder. — Mostre-me o quanto você me quer, Ryder.
Prove para mim. Sem aviso, ele enfiou as unhas no peito e no abdômen de
Ryder com força suficiente para deixar linhas cor-de-rosa em seu rastro.

— Porra, Ryder aterrou. Seus quadris se levantaram da cama,

KM
enterrando seu pênis até o punho na bunda de Luca, e ele ficou assim por um
momento interminável enquanto gozava tão forte que pontos negros
dançavam nas bordas de sua visão. Ele não baixou os quadris até que ele
estivesse completamente drenado. Luca gemeu e se esparramou em cima
dele.

*****

Cada músculo no corpo de Luca parecia borracha. Ele não fora tão
bem fodido em... nunca. Ele nunca foi fodido assim. Até as raízes de seu
cabelo estavam vibrando de prazer.

A partir de onde o ouvido dele estava pressionado no peito de Ryder,


ele podia ouvir o coração de Ryder batendo tão rápido quanto o dele,
sentindo o peito de Ryder enquanto ele lutava para respirar. O pênis de
Ryder ainda estava dentro dele. Luca realmente deveria dizer a ele para sair
antes que ele abrandasse o suficiente para o preservativo cair, mas sua boca
não estava funcionando de acordo com seu cérebro.

Eles ficam assim por mais um minuto. Então Ryder beijou o topo da
cabeça de Luca, alisou as mãos nas costas de Luca e levantou um pouco os
quadris de Luca para que ele pudesse deslizar para fora. Luca fez um barulho
de desconforto. Tão bom quanto o pênis de Ryder se sentia, era

KM
extremamente desagradável sair.

Ryder amarrou o preservativo e jogou-o na mesa de cabeceira sem dar


qualquer sinal de que ele queria que Luca saísse dele. Mas Luca realmente
deveria, não deveria? Ele sempre odiou quando os homens tentavam ficar
tão perto dele depois do sexo.

Em preparação para mais movimento, Luca esticou as pernas para


fora, de modo que elas estavam deitadas em cima de Ryder, em vez de
estarem abertas em ambos os lados dos quadris de Ryder. Ele estremeceu
com o quanto os músculos de suas coxas estavam doloridos. Ok, talvez mais
alguns minutos.

— Está tudo bem, certo? Perguntou Luca. — Quero dizer, você


consegue respirar?

A risada baixa de Ryder retumbou em seu peito. — Sim, Luca, eu


consigo respirar.

Deus. Luca tinha todo o peso do seu corpo descansando sobre Ryder,
e Ryder estava... bem com isso. Não estava nem impedindo sua conversa. Por
que isso era tão fodidamente quente?

Ryder acariciou as mãos para cima e para baixo dos lados de Luca em
uma carícia lenta e suave. Uma mão se moveu para passar os dedos pelos
cabelos de Luca, e Luca quase ronronou com o quão bom se sentia.

Todo esse momento era surreal. Ryder tinha fodido ele. Melhor que

KM
isso...- Ryder tinha ido até ele e pedido desculpas, disse a Luca que ele o
queria, e então ele transou com ele. Não parecia que ele estava planejando
enlouquecer com isso também.

Luca sentiu que deveria dizer alguma coisa, mas não tinha ideia do
que. Esse tipo de coisa estava fora do reino de sua experiência. No final, a
primeira coisa que veio à mente foi: — Você me chamou de 'baby'.

— Eu fiz?

— Duas vezes.

Ryder ainda estava esfregando suas costas. — Desculpa. Eu posso ficar


um pouco empolgado no calor do momento. Eu tentarei não fazer isso
novamente.

A palavra novamente enviou uma onda de calor através de Luca. —


Não, eu não quis dizer que isso me incomodou, disse ele. — Eu simplesmente
não estava esperando por isso.

Luca não era fã de apelidos carinhosos, mas ele geralmente os


tolerava. Com Ryder, entretanto, tinha sido diferente...- ...Ryder usou a
palavra baby como um termo espontâneo de carinho, não como uma
tentativa deliberada de ser sexy ou possessiva. Luca ficou surpreso com o
quanto isso o excitou.

No entanto, havia apenas uma coisa que ele tinha que deixar claro. —
Só durante o sexo, disse ele, levantando a cabeça para olhar para Ryder. —

KM
Não em qualquer outro momento.

Ryder traçou um polegar sobre sua bochecha. — Justo.

Esta foi a primeira vez que eles se olharam no rosto, depois que eles
gozaram; Era surpreendentemente íntimo. Mais uma vez, Luca sentiu-se
fora de sua profundidade...- ...não era uma sensação que ele estava
acostumado a experimentar em situações como esta. Ele deslizou sobre o
corpo de Ryder para que seus rostos estivessem nivelados e o beijou.

Foi lento e úmido, satisfazendo de uma maneira diferente do que o


sexo tinha sido. Ryder segurou o traseiro de Luca com as duas mãos, dando-
lhe um leve aperto, mas não havia nada realmente sexual sobre o toque.

— Então, isso é algo que faremos agora? Perguntou Luca.

— Você quer que seja?

— Sim, disse Luca, falhando completamente em sua tentativa de ir


com calma.

— Então sim, disse Ryder. Ele beijou o pescoço de Luca. — Quando


você quiser.

As pálpebras de Luca se agitaram com isso. Ele poderia ter Ryder


sempre que quisesse. Ryder não iria fingir que ele não queria mais.

As mãos de Ryder estavam massageando as bochechas de seu traseiro,


relaxando a tensão que havia se acumulado ali. Embora Luca pudesse dizer

KM
que Ryder não estava fazendo isso por luxúria, o tamanho e a força de suas
mãos - combinadas com a promessa que ele acabara de fazer - fizeram o pau
de Luca se mexer novamente. Luca se mexeu, sentindo o deslizamento
pegajoso de seu sêmen preso entre seus corpos.

— Já? Ryder perguntou surpreso.

— Desculpa.

Ryder riu. —É o que eu ganho por fazer sexo com um garoto de dezoito
anos. Você quer que eu desça sobre você?

Deus, isso soou bem, mas Luca não suportava se mexer. — Não. Você
pode apenas…- Ele pegou uma das mãos de Ryder e cutucou-a para que os
dedos roçassem seu buraco.

— Mesmo?

— Você se importa?

— Se eu me importo? Ryder empurrou dois dedos dentro dele. —Luca,


eu poderia ficar aqui o dia todo brincando com sua bunda linda e nunca ficar
entediado. Dedilhar, arar e foder, o que você precisar para fazer você gozar
de novo... e de novo...-

Luca enterrou o rosto na curva do pescoço de Ryder e gemeu. Ele


estava totalmente duro agora, e ele esfregou seu pênis contra a superfície
apertada e plana do abdômen de Ryder.

KM
— Além disso, você não me deixou fazer isso do jeito certo antes, então
agora eu posso compensar isso. Diga-me qual deles você mais gosta. Ryder
encontrou a próstata de Luca e resvalou as pontas dos dedos sobre ela.

— Isso é bom, resmungou Luca.

— Mmm. E isto?

Ryder pressionou os dedos contra a próstata de Luca e esfregou-a em


um círculo. Luca gemeu, as pernas se abrindo.

— Melhor.

— Que tal agora?

Ryder bateu as pontas dos dedos em um ritmo acelerado e pulsante.


Luca gritou e agarrou seus ombros, levantando seus quadris com o intenso
prazer. Quando Ryder continuou, Luca mordeu a bola do ombro dele para
abafar o grito que sentiu subir em sua garganta. Ryder grunhiu e empurrou
seus dedos com mais força.

— Isso é o que eu pensei, disse ele. Ele tirou a pressão da próstata de


Luca, mas continuou mergulhando os dedos para dentro e para fora. —Deus,
não é de admirar que você é um fundo. Se a estimulação da próstata se
sentisse assim para mim, eu provavelmente seria um fundo também. Estou
quase com ciúmes.

— Você não gosta?

KM
— Não, parece bom o suficiente, mas não parece como...- Ryder
manipulou a próstata de Luca novamente até que Luca estava tremendo em
cima dele ... isso.

Olhando para o ombro de Ryder, Luca percebeu que tinha deixado


dois hematomas enormes onde o mordera. — Eu te mordi com muita força,
ele conseguiu dizer através das ondas de prazer rolando através de seu corpo.
— Desculpa.

Os olhos de Ryder estavam quentes quando encontraram os dele. —


Não se desculpe. Faça isso. Com a mão livre, ele guiou a boca de Luca para o
outro ombro. — Marque-me.

Lembrando o quanto Ryder tinha gostado quando ele o arranhara,


Luca não se conteve. Ele usou a carne de Ryder para abafar seus gritos
enquanto os dedos grossos e calejados de Ryder empurravam dentro dele
implacavelmente, alternando entre impulsos profundos e prensas duras
contra sua próstata. Luca esfregou seu pênis contra o abdômen de Ryder;
quando ele gozou, seu corpo inteiro convulsionou e estremeceu pelo que
pareceram horas.

Ryder não puxou os dedos até que Luca estivesse exausto. O calor que
se acumulou entre seus corpos estava ficando insuportável, então Luca
desabou de lado e rolou de costas. Ele olhou para o pênis meio duro de Ryder.
— Você quer...-

— Vou levar uma eternidade para gozar, disse Ryder, balançando a

KM
cabeça. — Eu prefiro apenas esperar.

— Ok. Luca apontou para a mesa de cabeceira, que estava muito longe
para ele pensar em alcançar agora. — Lenços?

— Você está esquecendo que eu não tenho dezoito anos. Eu já volto.


Ryder beijou a testa de Luca e saiu da cama, desaparecendo no banheiro.

Luca flutuou no rescaldo, saciado e meio adormecido, até que Ryder


retornou com uma toalha quente. Ele limpou o estômago de Luca e o
lubrificante restante entre suas pernas, depois colocou o pano de lado e jogou
o preservativo usado na lata de lixo.

— Você vai ficar? Luca perguntou, quando Ryder pairou ao lado da


cama.

— Eu não sei se deveria. Song...-

— Já nos ouviu foder. Ela não vai se importar se você dormir aqui.

— Ela vai ser substituída no meio da noite.

— Por Georgina, que definitivamente não se importa. Ela


provavelmente vai pensar que é fofo.

Ryder se abaixou para tirar uma mecha de cabelo do rosto de Luca. —


Você quer que eu fique?

Luca não se incomodou em fingir o contrário. A última coisa que ele

KM
queria depois do sexo era ficar sozinho em uma cama fria e vazia, se
preocupando toda a noite se Ryder mudaria de idéia quando acordasse na
manhã seguinte. — Sim.

— Ok. Ryder puxou as cobertas e deslizou para a cama ao lado dele.

Luca também se mexeu embaixo das cobertas e se moveu um pouco,


de modo que estavam deitados juntos, mas sem se tocar. Ele gostava de sentir
a proximidade de Ryder, mas ele não conseguiria dormir com alguém o
tocando.

— Eu ainda tenho que trabalhar amanhã de manhã, disse Ryder.

— Não importa se você chegar um pouco atrasado. Eu tenho uma com


o chefe.

Luca quis dizer isso como uma piada, mas o rosto de Ryder ficou sério
e ele virou para o lado. — Luca, me escute com atenção quando digo isso,
porque é muito importante. O que quer que aconteça entre nós não pode
interferir no meu trabalho.

— Eu sei.

— Nós nunca faremos sexo enquanto eu estiver de plantão. Sem


beijos, sem tocar, sem flertar...- nada que possa me distrair de te proteger.
Pode significar a diferença entre a vida e a morte para nós dois.

— Eu entendo. Luca se aproximou de Ryder e o beijou. — Eu não tenho

KM
um desejo de morte, você sabe. Eu posso manter as coisas profissionais.

O rosto de Ryder se suavizou. — E... eu odeio ter que dizer isso, mas
...-

— Não conte a ninguém o que estamos fazendo.

— Eu sinto muito. Eu sei quantos homens disseram isso para você no


passado.

— Foda-se eles, disse Luca. Eles realmente tinham algo de que se


envergonhar. Você não. Nós não estamos fazendo nada errado. Eu sei como
isso seria para alguém que não sabe que tipo de homem você é, e eu não
quero ser a razão pela qual sua reputação será arruinada. Eu não quero que
minha mãe te demita também.

Uma expressão estranha cintilou nos olhos de Ryder, mas foi embora
antes que Luca pudesse colocar um nome nela. — Não poderemos ocultar
isso do seu outros guarda-costas, no entanto. Mesmo se pudéssemos nos
safar, não seria seguro.

— Candace e Georgie não serão um problema. Siobhan não vai gostar,


mas ela não diz nada. É com o Adam que estou preocupado. Ele não conhece
nenhum de nós bem o suficiente para ficar bem com isso. Ele provavelmente
vai pensar que você está se aproveitando de mim de alguma forma.

— Talvez eu deva falar com ele, disse Ryder. — Explicar as coisas.

KM
Luca bufou. — Sim, isso vai acabar bem. ‘Keller, eu estou fazendo sexo
com o adolescente que ambos estamos guardando, mas ele está totalmente
bem com isso, então não há necessidade de você contar para ninguém.’ Você
soará incrivelmente superficial. Eu vou falar com ele; ele estará mais
propenso a acreditar se isso vier de mim.

— Ok.

Eles se beijaram por mais alguns minutos, o encontro de suas bocas


ficando cada vez mais lânguido enquanto a exaustão os alcançava. Antes de
se virar para dormir, Luca colocou a mão na bochecha de Ryder e disse: —
Você ainda vai estar aqui quando eu acordar, certo?

Ryder sorriu. — A menos que você me chute para fora em seu sono.

Luca dormiu profundamente, sem nenhum dos pesadelos que o


atormentaram nas últimas semanas, apenas acordando uma vez para usar o
banheiro antes de voltar a dormir. A próxima vez que ele abriu os olhos, já
passava das seis da manhã.

Ryder não roncava, mas sua respiração enquanto dormia era muito
profunda e pesada. Ele também dormia de costas, o que para Luca - que
dormia de bruços - parecia incrivelmente desconfortável. Luca observou-o
em silêncio por um tempo, saboreando a oportunidade sem precedentes de
observar Ryder tão desprotegido.

Os lençóis estavam emaranhados ao redor da cintura de Ryder,

KM
expondo seu peito e braços, e havia uma leve sombra de barba em suas
bochechas. Deus, ele estava tão ridiculamente quente. Luca queria lamber
cada um dos músculos esculpidos em sua musculosa parte superior do corpo.
Ele estendeu a mão para descansar a mão no esterno de Ryder.

Ryder acordou assustado, olhos abertos e agarrou a mão de Luca.

— Whoa, disse Luca. — Sono leve. Ele notou isso, quando ele se
levantou no meio da noite, também, mas ele pensou que tinha sido apenas
um acaso.

Piscando o sono de seus olhos, Ryder disse: — Ossos do ofício. Ele


beijou a mão de Luca antes de liberá-la.

Aquele simples beijo aplacou quaisquer dúvidas que Luca pudesse ter
tido. Ele colocou o braço sobre o peito de Ryder e enganchou a perna sobre a
coxa de Ryder, beijando seu ombro e roçando as pontas dos dedos sobre o
rosto áspero com o restolho. — Eu tenho tiras de Listerine na mesa de
cabeceira.

Levantando as sobrancelhas, Ryder se inclinou para recuperá-las. Ele


colocou uma em sua boca e uma na de Luca, e eles estavam se beijando antes
que as tiras mentoladas se dissolvessem.

— Que horas são? Ryder murmurou.

— Seis e dez. A que horas você costuma se levantar quando está de


plantão aos sábados?

KM
— Sete e meia.

— Muito tempo. Luca se aproximou de Ryder quando ele o beijou, e o


alongamento de seu corpo despertou uma dor baixa dentro dele. — Deus,
estou dolorido. Eu preciso que você me foda novamente.

— Uh, primeiro você vai ter que me explicar como você saiu desse
primeiro pensamento para o segundo.

— Eu não sei se posso. Você não é um fundo.

— Eu estava embaixo, disse Ryder, soando um pouco insultado.

— Mas você não é um fundo. Não seria o mesmo para você. Luca
arqueou as costas para poder sentir mais dor. — É como... você sabe quando
seus músculos ficam doloridos depois de se exercitar muito duro, e dói
quando você os estica, mas também é bom?

— Sim.

— É assim que é. Exceto que também me excita.

Ryder riu. — Você está certo, eu não entendo. Mas eu vou tomar sua
palavra para isso.

Eles se beijaram novamente, mais apaixonados agora que tinham um


objetivo específico em mente. Suas mãos percorriam a pele um do outro, as
pernas se entrelaçando. Luca gostou do jeito que Ryder continuava
agarrando sua bunda, amassando e apertando. Ele estava tão preso no

KM
momento que não percebeu que estavam se movendo até que ele estava
deitado de costas com Ryder em cima dele.

Luca respirou assustado, batimentos cardíacos acelerando. Ryder


pesava bem mais de noventa quilos, a maior parte dele puro músculo, e
mesmo sabendo que Ryder nunca iria machucá-lo, não acalmou o pânico
instintivo que Luca sentiu ao ter aquele corpo grande segurando-o para
baixo. Sem que pudesse evitar, sua mente voltou para Nate pressionado
contra suas costas, a mão de Nate sobre sua boca, o pênis de Nate cutucando
entre suas pernas...-

Deixando escapar um grito abafado, Luca empurrou o peito de Ryder.


— Não, não, saia.

Ryder se deslocou para o lado para tirar seu peso de Luca. Ele se
apoiou no cotovelo e olhou para Luca com preocupação. — O que há de
errado?

— Eu...- Agora que ele podia respirar novamente, Luca ficou


envergonhado por sua reação. O espectro do ataque de Nate desapareceu no
fundo onde ele pertencia. — Nada. É estupido. Apenas… você poderia não
deitar assim em cima de mim? Eu...-

Beijando-o para deter seu balbulcio, Ryder disse: — Não é estúpido.


Você não é o primeiro homem a me pedir isso, você sabe. Eu não estou
ofendido.

KM
Ele continuou beijando o corpo de Luca, imperturbável. Então,
aparentemente, um cara não precisava ter um transtorno de ansiedade para
se sentir desconfortável debaixo de um homem do tamanho de Ryder. Bom
saber.

Eles ainda foram capazes de foder cara a cara, Ryder ajoelhado entre
as pernas abertas de Luca com o traseiro de Luca em seu colo. Luca teve que
usar as duas mãos para se apoiar na cabeceira da cama contra os impulsos
infatigáveis e incansáveis de Ryder, a maioria dos quais bateu diretamente
em sua próstata, graças ao ângulo de sua posição. Ryder era tão bom nisso,
atuando tão duro e profundo quanto Luca ansiava - melhor do que tinha sido
até mesmo nas fantasias mais loucas de Luca. Luca foi levado em uma onda
de êxtase tão intenso que ele ficou com a garganta ferida dos gritos contínuos
que Ryder arrancou dele.

Quando eles terminaram, Ryder caiu ao lado dele, ofegante.


Atordoado, Luca deu um tapinha nas costas com a pouca força que
permaneceu em seu braço.

— Você é uma fera, disse ele. — Apenas… Deus. Você me faz gozar tão
duro.

Ryder gemeu no colchão. Então ele levantou a cabeça e deu a Luca


vários beijos rápidos e contundentes na boca. — Eu tenho que ir me preparar.

— Sim, você realmente precisa tomar banho. Parece que você esteve
fodendo com uma bunda gostosa a noite toda.

KM
Luca gritou de surpresa e prazer quando Ryder empurrou uma mão
embaixo dele para acariciar a bunda em questão. Ele estava realmente
dolorido agora, mas ele não se importava. Apenas lembrou a ele como Ryder
era rude.

— Você está fazendo alguma coisa hoje? Ryder perguntou.

— Você quer dizer além de dormir por pelo menos mais três horas?

— Bastardo. Ryder deu-lhe um beijo e um aperto final em sua bunda


antes de sair da cama para caçar suas roupas.

Luca observou-o se vestir, pensando na vergonha de encobrir aquele


corpo. Ele não se incomodou em puxar o lençol sobre sua própria forma nua,
porque ele gostava do jeito que os olhos de Ryder ficavam correndo de volta
para ele.

Ryder deu-lhe um beijo de despedida e saiu. Quando a porta se abriu,


Athena entrou no quarto vindo do corredor.

— Oh, não, disse Luca. Ele tinha esquecido completamente dela; ela
tinha sido fechada no corredor a noite toda. — Sinto muito, princesa.

Athena ficou ao lado da porta, dando-lhe um olhar magoado. Luca


deu um tapinha na cama.

— Venha cá garota. Venha para cima. Eu não estou bravo com você.
Eu sinto muito.

KM
Ela trotou até a cama e pulou no colchão, fungando no rosto de Luca
antes de se aconchegar ao lado dele. Tudo estava claramente perdoado. Às
vezes, Luca desejava que as pessoas fossem mais parecidas com cachorros.

Ele não podia fazer isso com ela novamente - ele não queria fazer sexo
com ela no quarto, mas ele poderia pelo menos deixá-la voltar depois. Ele
tinha que ter certeza de que Ryder estava bem com ela dormindo na cama
com eles.

Dormindo na cama com eles. O estômago de Luca deu um pequeno


salto estranho.

Depois de passar alguns minutos acariciando Athena para se certificar


de que ela sabia que ele não estava bravo, Luca deslizou para a beira da cama,
com a intenção de fazer uma rápida visita ao banheiro antes de dormir mais
um pouco. Ele se levantou, engasgou com a profunda dor que reverberou
dentro dele e rapidamente se deitou.

Andar era superestimado, de qualquer maneira.

KM
Capítulo Trinta e Sete

Você fez sexo com um garoto de dezoito anos, Ryder pensou enquanto
olhava para si mesmo no espelho do banheiro. Duas vezes. Duas vezes e
meia, até.

Tudo o que ele sentiu com a memória foi a queimadura quente de


excitação e satisfação. Sem culpa. Luca era um adulto totalmente consensual
por quase qualquer padrão no mundo. Em teoria, sim, era antiético para um
guarda-costas dormir com seu protegido, mas Luca estava certo quando ele
disse que a situação tinha que ser vista dentro do contexto. Eles confiavam
um no outro, respeitavam um ao outro. Ninguém estava sendo aproveitado
ou ferido. E não havia apenas luxúria entre eles. Havia algo mais profundo
lá, algo que Ryder não estava pronto para enfrentar ainda, mas que fazia com
que estar com Luca se sentisse certo em vez de errado.

Ele sabia o que as outras pessoas pensariam, e suas reservas não


estavam totalmente superadas. Seus pais ficariam tão desapontados se
descobrissem. Will teria um maldito dia de campo. Quanto à comunidade de
segurança profissional - bem, Ryder poderia dar um beijo de despedida para
suas chances de no futuro fazer parte da segurança nacional se a notícia desse
caso vazasse. Fofocas suculentas como essas se espalhariam como fogo.

KM
Luca vale a pena.

Talvez isso tenha sido isso o que mais surpreendeu Ryder. Não
importa quem descobrisse sobre ele e Luca, ou como as opiniões das pessoas
sobre ele poderiam mudar, qualquer coisa que ele pudesse perder ficaria
pálido em comparação com o que ele havia ganho. Ele sentiu a verdade disso
até os ossos.

Ryder tomou banho, fez a barba e armou-se antes de ir para a cozinha


pegar o café da manhã. Hurst balançou as sobrancelhas para ele quando ele
passou. Pelo menos havia uma pessoa cuja opinião ele não precisava se
preocupar.

Substituiu-a às nove, como previsto, mas Luca não se levantou até


bem depois do meio-dia. Quando ele saiu de seu quarto, adoravelmente
sonolento e vestindo jeans apertados e um suéter de cashmere macio, levou
tudo em Ryder para não colocá-lo em seu colo bem ali. Foi por isso que ele
foi tão firme sobre eles nem sequer flertar enquanto estivesse de plantão.
Ryder mal conseguia se controlar ao redor de Luca; se Luca pressionasse,
Ryder não confiava em si mesmo para permanecer profissional.

Luca encostou-se no batente da porta, dando-lhe um pequeno sorriso.


— Estou saindo.

— Sério? Disse Ryder, satisfeito. Luca não tinha saído


voluntariamente da casa para ir a qualquer lugar além da escola, nadar e ir
ao consultório da Dra. Andersen por semanas. Então um pensamento menos

KM
feliz ocorreu a ele. — Com Davenport?

Ryder ouviu o ciúme em sua própria voz, e ele estava envergonhado


disso. Eles não tinham discutido - bem, sobre qualquer coisa realmente, e
definitivamente não sobre monogamia. Ele não tinha certeza se era algo para
o que Luca estava preparado. Inferno, Ryder não tinha certeza se ele estava
pronto para o que isso significaria. Além disso, Davenport era o melhor
amigo de Luca, não apenas seu amante. Ryder não tentaria mantê-los
separados.

— Não, ele tem algum tipo de serviço comunitário em DC, disse Luca.
Ficou claro pela sua expressão que ele tinha sentido a reação de Ryder; ele
estava apenas escolhendo não comentar sobre isso. — Vou fazer compras
com a Gabby e a Trish.

— Eu vou avisar Willis e os outros.

— Obrigado. Luca não se moveu da porta. Ele estava se segurando


rigidamente, como se estivesse com dor...-

Oh. Oh. Ryder foi preenchido com uma corrida inebriante de culpa,
excitação e um orgulho masculino estúpido que o irritava ao mesmo tempo
que aquecia seu sangue. Ele tinha fodido Luca tão cru que ele ainda estava
sentindo isso. Luca ia andar o dia todo dolorido do pênis de Ryder, cada
passo lembrando-o do que eles fizeram na noite passada e esta manhã.

Luca encontrou seus olhos. Ele sabia o que Ryder estava pensando;

KM
Ryder poderia dizer. Luca abriu a boca para falar, depois fechou-a e sacudiu
a cabeça, desaparecendo de novo em seu quarto.

Ryder soltou um longo e lento suspiro. Ele esperava por Deus que isso
ficasse mais fácil com o tempo.

Song e McCall acompanharam-no na escolta de Luca para o Mazza


Gallerie, um shopping de luxo em DC. Luca encontrou Sokolov e Tricia
apenas dentro da entrada principal, onde as duas garotas o cumprimentaram
com abraços e beijos nas bochechas.

— Por que você está mancando? Tricia perguntou em preocupação.

— Eu torci meu tornozelo na noite passada, disse Luca.

Song sufocou sua risada com a imitação decente de uma tosse. McCall
lançou-lhe um olhar estranho, mas para a boa sorte de Ryder, Song decidiu
não se explicar.

Acabou sendo um bom dia. Luca se divertiu com seus amigos, e


embora ele não estivesse exatamente despreocupado - Ryder notou alguns
olhares nervosos em direção à multidão, e ele se assustou com ruídos altos e
toques inesperados - ainda era uma melhoria dramática em comparação a
alguns dias atrás. O único momento sombrio veio quando as garotas o
pressionaram em busca de detalhes sobre a prisão de Wakefield e seu
“rompimento”. Luca afastou-os, mas uma sombra cruzou seu rosto que fez o
estômago de Ryder se apertar com raiva com a recordação.

KM
Eles voltaram para a propriedade depois do jantar, pouco antes do
turno de Ryder terminar. Ele esperou com Luca do lado de fora de seus
quartos enquanto McCall preparava café para se preparar para assumir o
controle.

— Você vai passar a noite de novo? Luca disse. Então, antes que Ryder
tivesse a chance de responder, ele acrescentou: — Está tudo bem perguntar
isso a você agora?

— Está bem. E sim, eu estava planejando. A menos que você tivesse


alguma outra coisa em mente?

— Definitivamente não.

Ryder sorriu com a antecipação na voz de Luca. — Ok. Há apenas uma


coisa que tenho que fazer primeiro.

Uma vez que McCall o substituiu, Ryder entrou em seu quarto e


fechou a porta, sentando na cama por alguns minutos enquanto se preparava
para o que estava prestes a fazer. Então ele pegou o telefone e ligou para
Andy.

— Eu lhe disse para não me ligar, disse Andy quando ele respondeu,
embora sem muita convicção.

— Eu sei. Eu sinto muito. E eu prometo que não vou incomodá-lo


novamente. Ryder suspirou. — Eu só... eu não podia deixar as coisas do jeito
que elas terminaram.

KM
— Eu não mudei de ideia, se é isso que você está...-

— Não é isso. Você estava certo. Sobre tudo. Eu senti que o mínimo
que você merecia era me ouvir dizer isso.

Andy ficou em silêncio.

— Eu sinto muito, Andy, disse Ryder. — Eu realmente queria que as


coisas tivessem funcionado entre nós, e saber que eu te machuquei me deixa
doente. Você merece muito melhor que isso. Eu só… eu espero que você saiba
que eu não fiz isso deliberadamente, e que se houvesse alguma maneira de
eu poder voltar e mudar, eu faria.

— Eu sei que você faria. Andy soltou uma risada triste. — Por mais
zangado que eu esteja com você, ainda sei que você é um bom homem. Eu
acho que esse é o seu problema, na verdade. Você é bom demais. Toda a sua
auto-imagem gira em torno de se ver como esse paradigma da moralidade -
e em outras pessoas vendo você desse jeito também. Mas isso é uma batalha
perdida, porque duas pessoas não têm a mesma opinião sobre o que é moral
e o que não é.

— Estou começando a perceber isso.

— Olha, eu estaria mentindo se dissesse que estava totalmente


satisfeito com nosso relacionamento, disse Andy. — Eu sabia que não
estávamos clicando do jeito que eu esperava. Eu deveria ter dito alguma
coisa, mas eu não queria balançar o barco. Para ser honesto, eu estava tão

KM
chocado em estar namorando um cara como você que eu deixei as coisas
passarem, talvez eu não tivesse feito isso se fosse com outro homem. Não
tenho certeza se alguma coisa teria mudado, não importa quanto tempo
ficássemos juntos. Não teria sido saudável para nenhum de nós.

Ambos ficaram quietos por um minuto. Finalmente, Ryder disse: —


Obrigado por me fazer enfrentar o que eu estava negando.

— De nada. Espero que você encontre alguma maneira de ser feliz,


Jake.

— Você também, Andy.

Andy desligou com um clique suave. Ryder sentiu uma sensação de


finalização quando terminou seu lado da ligação, como se estivesse fechando
o livro em um capítulo de sua vida que ele pretendia nunca mais voltar.

Depois de tomar um banho rápido e vestir algo mais confortável do


que o terno que ele usara o dia todo, Ryder deixou seu quarto. Não havia
como esconder o que ele e Luca estavam fazendo de McCall; era melhor
acabar logo com o confronto. Então, em vez de ignorá-la e ir direto para o
quarto de Luca, Ryder a olhou nos olhos e disse: — Estou passando a noite
com Luca.

Ela olhou para ele. — Oh, Jesus, ela murmurou. — Eu sabia que isso
ia acontecer mais cedo ou mais tarde.

— Se você tiver um problema com isso, diga-me agora.

KM
Em vez de respondê-lo, McCall disse: — Você sabe o que está
arriscando ao fazer isso, não sabe?

— Passou pela minha cabeça uma ou duas vezes. Eis o mestre do


eufemismo.

— E você está disposto a levar isso adiante, mesmo sabendo da


história de Luca?

— Sim.

McCall balançou a cabeça, resignada. — Eu não vou interferir. Não é


da minha conta. Além disso, se alguém acabar se machucando aqui, você e
eu sabemos que não será Luca.

— Bom, disse Ryder, e bateu na porta de Luca. Ele entrou quando


Luca o chamou.

Luca estava deitado na cama com um livro, mas ele jogou-o no chão e
puxou Ryder para a cama com ele, rolando-os para que ele estivesse deitado
em cima. Eles se beijaram profundamente e duro, e Ryder segurou Luca
perto dele com as duas mãos em sua bunda.

— Você realmente não pode manter as mãos longe da minha bunda,


não é? Luca disse entre beijos.

— Você pode me culpar? Ryder amassou a carne tensa através do


jeans de Luca. Um eco de culpa fez com que ele dissesse: — Você parecia estar

KM
com dor hoje.

— Sim, eu estou dolorido pra caramba, disse Luca, não parecendo


nem um pouco descontente com isso. Ele mordeu o lábio de Ryder. — Eu
acho que você deveria beijar e fazer eu me sentir melhor.

O pênis de Ryder saltou e suas mãos se apertaram convulsivamente.


— Sim. Deixe-me comer essa bunda doce.

Eles se sentaram e tiraram suas roupas, com muita pressa para despir
um ao outro. Quando Ryder tirou a camisa, o queixo de Luca caiu.

— O quê? Ryder disse, olhando para si mesmo.

— Parece que você foi atacado por um puma!

Isso era um pouco exagerado, mas era verdade que os ombros de


Ryder estavam cobertos por uma série de hematomas roxos e violentos, onde
Luca o havia mordido na noite anterior, e ainda havia marcas de arranhão
em seu peito e abdômen. — É apenas um pouco contundente.

— Um pouco...- Luca passou os dedos pela maior contusão. — Eu fiz


isso com você.

— Eu gostei. Ryder estremeceu ao sentir o toque de Luca naquele


ponto sensível. Ele colocou a mão em cima da de Luca e pressionou mais
forte, apertando os dedos de Luca sobre o hematoma, deixando escapar um
silvo de dor e prazer.

KM
— Você é masoquista?

Ryder balançou a cabeça. — Não. Pelo menos, não do jeito que você
quer dizer. Eu não gostaria de ser chicoteado ou algo assim. Mas coisas assim
- morder e arranhar - sim, eu gosto disso.

Ele observou a reação de Luca, querendo saber se isso o assustava,


mas Luca apenas sorriu, apertou a mão de Ryder e inclinou-se para lamber a
contusão. Um gemido profundo ressoou no peito de Ryder.

Luca balançou os ombros, beijando e lambendo as contusões, às vezes


colocando os dentes neles um pouco - apenas pressão suficiente para encher
Ryder com uma dor escura e doce. Ryder acariciou as costas de Luca, ficando
agradavelmente em branco até que Luca deu ao seu pescoço uma mordida
repentina e afiada.

— Eu quero sua língua dentro de mim, disse Luca.

Ryder o beijou em resposta. Eles se moveram de modo que Luca


estivesse estendido de bruços no meio da cama, os quadris apoiados em um
par de travesseiros, Ryder deitado entre suas pernas entreabertas. Ryder
abriu a bunda de Luca com as duas mãos.

Deus, ele amava que Luca não tivesse cabelo aqui. Isso o fez parecer
ainda mais nu, cada centímetro dessa pele privada, nua e exposta ao olhar
faminto de Ryder. Ele estava inchado e um pouco esfolado do sexo violento
que eles tiveram.

KM
Ryder beijou seu buraco, primeiro apenas prensas simples de lábios,
em seguida, quente e molhado e de boca aberta, arrastando a língua sobre e
ao redor da borda. Luca gemeu e se contorceu debaixo dele, empurrando sua
bunda de volta no rosto de Ryder. Quando Ryder trabalhou sua língua
dentro, Luca gritou um “Sim” abafado que fez o pau de Ryder latejar.

Seu senso de tempo desapareceu enquanto ele comia Luca. Mesmo os


pensamentos de sua própria excitação desapareceram, sem importância.
Tudo o que importava era mergulhar no gosto e no cheiro de Luca, dando o
máximo de prazer a Luca que ele podia, certificando-se de que Luca estava
conseguindo exatamente o que ele precisava. O foco de Ryder foi tão intenso
que ele empurrou a si mesmo além do ponto da falta de ar algumas vezes, e
ele teve que se afastar para respirar antes de mergulhar de volta.

Luca era uma bagunça contorcendo-se sob ele, os joelhos empurrando


contra a colcha. — Deus, porra, oh Deus, ele estava dizendo, e então, — Eu
preciso... - pegue um pouco de lubrificante para que você possa colocar os
dedos em mim enquanto faz isso.

Ryder se sentou, limpando a boca com as costas da mão. Era uma


medida de quão longe ele estava, pois se moveu em direção à mesa de
cabeceira, sem se importar com o quão ruim o lubrificante iria provar. Se
Luca quisesse, ele faria isso.

— Não, espere, disse Luca, agarrando o braço de Ryder. — Eu não faria


você fazer isso. Há lubrificante com sabor no baú ao pé da cama.

KM
Ele parecia sexy pra caralho, todo corado, bunda no ar e pernas ainda
esparramadas. Ryder se inclinou para beijar sua omoplata antes de ir para o
baú de pau-rosa esculpido.

Este era o lugar onde Luca tinha conseguido aquele vibrador, naquela
vez em que ele se masturbou na frente de Ryder enquanto rolava em êxtase.
Ryder não tinha sido capaz de ver dentro dele na época, então, quando ele
levantou a parte superior do peito, tudo o que ele pôde fazer foi ficar
boquiaberto.

— Jesus Cristo, Luca, você poderia abrir um sex shop com toda a
merda que você tem aqui. Ryder olhou para as prateleiras empilhadas
forradas com brinquedos sexuais, alguns dos quais ele nem sequer sabia o
nome ou para que servia. — Você realmente usa tudo isso?

— Eu já usei tudo pelo menos uma vez. Não muito ultimamente,


entretanto.

Havia várias garrafas de lubrificante alinhadas na prateleira de cima,


incluindo o tipo que formigava ao contato e uma versão à prova d'água. Ryder
pegou uma das garrafas com sabor aleatoriamente e voltou para a cama sem
se preocupar em fechar o baú.

Ele derramou uma quantidade generosa do lubrificante no buraco de


Luca e empurrou o gel liso dentro com dois dedos. Luca arqueou as costas,
soltando um gemido que soou um pouco dolorido.

KM
— Você tem certeza que quer...-

— Sim. Luca abriu as pernas ainda mais. — A sensação supera a dor.

Ryder inclinou a cabeça para lamber em torno de seus dedos,


esticando Luca para que ele pudesse colocar sua língua ainda mais
profundamente. Desta vez, o gemido de Luca foi de puro prazer. Ryder
continuou tocando-o gentilmente enquanto ele beijava, lambia e chupava,
acariciando-o profundamente e depois recuando para brincar com sua
próstata. Luca moeu contra os travesseiros sob seus quadris, e o corpo de
Ryder ecoou o movimento, esfregando seu pênis contra o colchão.

O lubrificante tinha gosto de coco e abacaxi. Com a mão livre, Ryder


regou um pouco mais nas bolas de Luca e lambeu, sugando a carne tenra. O
corpo de Luca se sacudiu e ele gritou.

— Oh, porra, eu mudei de idéia, eu quero que você me foda. Luca


estendeu uma mão para trás para cutucar o braço de Ryder. — Faça. Foda-
me agora.

Embora seu instinto natural fosse obedecer a Luca sem questionar,


Ryder não pôde deixar de hesitar quando se lembrou de como Luca havia
ficado o dia todo. — Eu não sei se isso é...-

Luca olhou por cima do ombro. — Não discuta comigo. Pegue um


preservativo.

Uma ordem como essa, dita com esse tom de comando, era como um

KM
tiro de um afrodisíaco concentrado para Ryder. Em poucos segundos, ele
abriu um pacote de preservativos e rolou o látex sobre sua ereção. Luca não
se mexeu.

— Assim? Ryder perguntou, arrastando a mão em seus lados.

Luca assentiu e apoiou a cabeça nos braços cruzados.

Ryder se ajoelhou atrás dele, suas pernas sustentando Luca. O


contraste entre as coxas esbeltas e tonificadas de Luca e os músculos
volumosos de seu próprio corpo fez seu coração bater forte. Ele espalhou as
bochechas do traseiro de Luca novamente e o segurou aberto enquanto ele
aliviou seu pênis dentro.

— Nngh, sim. Lento. Assim. Luca respirou fundo. — Mais devagar.

Ryder fez como lhe foi dito. Ele olhou para baixo, observando-se
entrar e sair da bunda obscenamente espalhada de Luca. Luca estava
desleixado e molhado e tão pronto para ele; isso estava derretendo seu
cérebro.

— Você tem algum tipo de fetiche por ver seu pênis dentro de mim?
Perguntou Luca.

— Sim.

Luca apenas riu. Ele não estava envergonhado, nem mesmo


desconfortável, e isso era mais excitante do que a visão em si. Ryder

KM
continuou falando, incapaz de se conter.

— Você parece tão bem tomando meu pau, baby. Eu mal me encaixo
em seu buraco apertado.

Um engate na respiração de Luca foi a prova de que ele gostava desse


tipo de conversa tanto quanto Ryder. Em voz baixa e ronronante, ele disse:
— É bom para você?

Ryder apertou os dois montes da bunda firme de Luca. — Sim.

— Mmm. Você pode se inclinar para frente, apenas não coloque seu
peso nas minhas costas. E vá um pouco mais rápido.

Ryder sentiu como se estivesse sendo deliberadamente


recompensado - por sua obediência, por sua lisonja, por sua devoção
cautelosa ao corpo de Luca. Isso era o que ele queria; era como ele precisava
de Luca para tratá-lo. Satisfazia o profundo anseio dentro dele de ter o poder
e a responsabilidade tomados dele, ser reduzido a um ser puramente físico
cujo único dever era satisfazer o homem deitado embaixo dele, da forma que
o homem desejasse. Seus músculos do ombro se soltaram e sua pele se
arrepiou com o calor.

Inclinando-se para plantar as mãos em ambos os lados das costas de


Luca, Ryder foi capaz de maximizar a liberdade de movimento de seu corpo
inferior sem pressionar Luca. Ele usou o aumento da alavancagem para sua
vantagem enquanto Luca o dirigia através da foda, dizendo a Ryder quão

KM
profundo e quão rápido ele queria. Luca foi generoso com seu elogio quando
Ryder acertou, o que ele fez mais vezes do que o normal, e o corpo inteiro de
Ryder parecia um nervo bruto e pulsante. Cada sinal do prazer de Luca
aumentava o seu.

Ryder estava empurrando superficialmente, provocando a próstata de


Luca com golpes rápidos, quando os gritos de Luca adquiriram uma borda
frenética. — Mais, mais..., disse Luca, subindo nele. — Eu preciso...-

— Diga-me o que você precisa, baby. Conte-me.

— Apenas...- apenas foda-me mais duro. Os dedos de Lucas estavam


brancos na colcha. — Perfure-me no colchão, vamos lá, vamos lá.

Ryder amaldiçoou e dirigiu para frente, batendo seu pau em Luca com
tanta força que seus quadris saltavam da bunda de Luca com um smack forte
em cada estocada. Os gemidos de Luca se transformaram em gritos; Ele
empurrou uma mão entre seus quadris e os travesseiros para se masturbar.
Ryder se esforçou para ir ainda mais rápido, cada músculo em seu corpo se
trabalhando com o esforço, até que sentiu Luca se agarrar ao redor dele. Os
sons do êxtase que Luca fez quando ele gozou levou Ryder até a borda.

Ryder não parou. A partir da noite anterior e daquela manhã, ele sabia
que diminuir o ritmo entre o orgasmo de Luca e o dele era uma maneira
infalível de irritar Luca.

Luca cantarolou em satisfação, erguendo os quadris nos impulsos

KM
contínuos de Ryder. — Goze para mim, disse ele sem fôlego. — Eu sei que
você precisa disso, Ryder. Me dê isto.

Com um grito alto, Ryder se empurrou profundamente e gozou, sua


mente vazia de tudo, menos do prazer. Seus quadris se moviam em
movimentos desesperados enquanto ele se esvaziava.

Ele ficou parado por um momento para recuperar o fôlego, olhando


para Luca, tremendo também. Quando ele saiu, Luca gemeu de dor.

— Puta merda, isso dói, disse Luca.

Ryder jogou fora o preservativo e deitou ao lado dele, beijando seu


ombro. Ele se sentiu ofuscado e trêmulo, como se sua mente não estivesse
totalmente conectada ao seu corpo, mas seu estômago se apertou de
arrependimento. — Sinto muito, disse ele, esfregando as costas de Luca.

— Valeu a pena. Luca rolou para o lado, afastando os travesseiros


manchados e se encolheu contra o peito de Ryder. Ele franziu a testa quando
viu o rosto de Ryder. — Você está bem? Você parece um pouco distante.

— Eu estou bem. Ryder enterrou o rosto na curva do pescoço de Luca,


segurando-o perto. Embora o sexo tivesse acabdo, ele ainda ansiava pelo
toque de Luca, por sua aprovação, com uma intensidade que o surpreendeu.
Ele jogou jogos de poder com outros homens, mas eles nunca o afetaram tão
profundamente.

— Ryder. Você não está bem; você está tremendo.

KM
Luca levantou o queixo de Ryder para que eles ficassem cara a cara.
Ryder o beijou, tentando expressar a profundidade de sua necessidade na
pressão de sua boca, e depois de um segundo, Luca avançou para encontrá-
lo. Ele emaranhou os dedos no cabelo de Ryder e jogou uma perna sobre o
quadril de Ryder.

Quando pararam para respirar, Luca passou o polegar sobre o lábio


inferior de Ryder e disse: — Você poderia me dar um copo de água e o frasco
de ibuprofeno no banheiro, por favor? Eu não acho que posso andar.

Ryder assentiu e pegou o que ele precisava. Ele não sabia se estava
totalmente à vontade com a maneira como se sentia - essa falta de
consciência que fazia tudo, menos Luca parecer sem importância - mas
definitivamente tinha o seu apelo. Por um lado, ele não conseguia se lembrar
da última vez que ele se sentiu tão relaxado.

Luca engoliu um punhado de ibuprofeno e eles se deitaram juntos


novamente, a cabeça de Luca descansando no peito de Ryder. — Eu acho que
será apenas boquetes para os próximos dias, disse Luca.

— Nós não tínhamos que fazer isso hoje à noite.

— Você pode não ter, mas eu tinha. Luca acariciou uma mão no peito
de Ryder. — É tão bom quando você está dentro de mim que nem consigo
pensar direito. Não sei se posso explicar.

— Você não precisa, disse Ryder, e o beijou.

KM
*****

— Você parece feliz esta manhã, disse Evelyn no carro a caminho da


igreja.

Luca voltou-se num sobressalto. Ele estava olhando pela janela,


sonhando acordado, e ele e sua mãe não falavam há dias. — Isso não é
permitido agora?

— Não seja ridículo. Evelyn deu-lhe um olhar irritado. — Estou muito


satisfeita. Eu sei que você está passando por momentos difíceis ultimamente.

— Essa é uma maneira de dizer, disse Luca. Ele estava sendo


perseguido por um lunático anônimo, toda a escola achava que ele era uma
puta furiosa, e ele quase foi estuprado pelo namorado falso que sua própria
mãe havia insistido em contratar para ele. Tendo um tempo difícil não cobria
tudo isso.

— Bem, o que quer que esteja te dando esse bom humor é bem vindo
e me deixa feliz também.

Luca deu de ombros, voltando-se para a janela. Ele tinha certeza que
ela mudaria de tom se soubesse que o bom humor dele era devido às
memórias dele da noite passada com Ryder - depois que eles tiveram aquela

KM
foda incrível, eles assistiram a alguns filmes na cama de Luca, e então eles
masturbaram um ao outro preguiçosamente antes de adormecerem. Luca
tinha que lutar um sorriso ridículo toda vez que ele pensava sobre isso.

— Você está...- você está lidando bem com o que aconteceu com Nate,
então? Evelyn perguntou, com um leve indício de hesitação.

A menção de Nate fez Luca enrijecer. Passar tempo com a Ryder era
uma ótima distração...- ...e uma fonte significativa de alívio do estresse...-
...mas Luca ainda pensava em Nate com mais frequência do que gostaria. Ele
tinha flashbacks nos momentos mais estranhos, e qualquer coisa que o
lembrasse daquela noite fazia seu coração bater forte e seu estômago se
amarrar em nós.

— A Dra. Andersen está me ajudando com isso, disse ele.

Evelyn assentiu. — Fico feliz em ouvir isso. Você sabe que se precisar
conversar...-

Luca não conseguiria discutir essa questão com sua mãe agora,
especialmente sobre isso, então ele a interrompeu dizendo: — Eu sei o que
você fez com ele.

Evelyn ficou em silêncio. Ela parecia surpresa, embora Luca achasse


que provavelmente ela estava mais surpresa por ele ter levantado a questão
do que por ele ter descoberto isso em primeiro lugar.

Depois de um momento, ela disse: — Ele tem sorte de ainda estar

KM
respirando. Sua voz era glacial.

Luca olhou para ela. Com qualquer outra pessoa, ele teria descartado
essas palavras como uma ameaça vazia, mas ele não conseguia afastar a
sensação de que ela realmente queria dizer isso. Ela realmente considerou
matar Nate pelo que ele tinha feito? Ela não faria isso.

Faria?

O telefone de Evelyn tocou, quebrando o silêncio pesado. Eles não


falaram novamente até chegarem à igreja.

Luca viu Ashton lá, é claro, mas ele não sugeriu que eles escapassem
para ficar no banheiro do jeito que costumava fazer. Ele notara a tensão de
Ryder quando ele mencionou Ashton ontem. Luca não sabia se Ryder
esperava que eles fossem exclusivos, e ele não tinha certeza se queria isso,
mas essa coisa com Ryder era muito nova para Luca se arriscar, esfregando
Ashton em seu rosto. Então ele manteve as coisas amigáveis com Ashton, e
inventou uma desculpa quando Ashton se ofereceu para vir mais tarde
naquela tarde.

Em retrospecto, isso pode ter sido um erro, porque significava que,


depois do brunch, Luca estava em casa sozinho com Ryder o dia todo... com
ele de plantão. Luca respeitava a necessidade de manter as coisas
profissionais, ele realmente fez, mas agora que ele sabia como era ter carta
branca com o corpo de Ryder, era difícil não se aproveitar disso em todas as
oportunidades.

KM
Ele manteve-se ocupado com natação e lição de casa e passeando com
Athena - qualquer coisa para criar um amortecedor seguro e educado entre
ele e Ryder. Foi quase um alívio quando Adam assumiu depois do jantar.

Ryder deu a Luca um olhar questionador; quando Luca assentiu, ele


se desculpou e entrou em seu quarto, deixando Luca e Adam sozinhos.

— Adam, posso falar com você por um minuto? Luca perguntou. Ele
gesticulou para a porta de seu próprio quarto. — Particularmente?

Adam pareceu assustado...- ...e um pouco cauteloso, no que Luca


realmente não podia culpá-lo...- ...mas ele concordou, seguindo Luca para
seu quarto. Uma vez lá, porém, Luca se viu sem palavras. Ele provavelmente
deveria ter pensado nisso com mais antecedência.

— Eu tenho que te dizer algo que você pode não gostar, disse Luca. —
Mas você poderia me ouvir antes de fazer qualquer julgamento?

Adam franziu a testa. — Algo está errado? Você está em algum tipo de
problema?

— Não, não mesmo. Apenas, hum... apenas prometa que vai ouvir
antes de tomar qualquer decisão.

— Ok.

Com um homem como Adam, a honestidade direta funcionaria


melhor do que fazer rodeios. — Estou dormindo com Ryder, disse Luca.

KM
Houve um longo e prolongado silêncio antes que Adam dissesse: —
Você quer dizer que está fazendo sexo com ele?

— Sim.

Para surpresa de Luca, o rosto de Adam franziu-se de preocupação e


pôs a mão no ombro de Luca. — Tudo bem. Ele não vai te tocar de novo, eu
prometo. Podemos...-

— O quê? Perguntou Luca, horrorizado. — Não! Você acha que ele está
me coagindo?

— Ele não está?

— Claro que não! É totalmente consensual. Eu sei que você não


conhece Ryder há muito tempo, mas você realmente acredita que ele é capaz
de fazer algo assim?

— As aparências enganam, disse Adam. — Além disso, o jeito que você


disse isso foi meio sinistro.

Ponto justo. Luca exalou pesadamente. — Não é. Eu sinto muito. Eu


estava apenas preocupado em lhe contar porque achei que você poderia ficar
chateado.

— Estou chateado. Não tanto quanto eu estava há um minuto atrás,


mas Luca...- ...você tem dezoito anos.

— O que me faz um adulto.

KM
— Mal. Ryder é dez anos mais velho que você.

— Eu sei disso, disse Luca. — Eu sei como parece. Eu não estou


pedindo para você gostar, só estou pedindo para você aceitar que isso é algo
que eu quero...- ...e não contar a ninguém. Especialmente minha mãe. Ryder
poderia ser demitido.

— Ele deveria ser demitido. Ele é seu líder de equipe; ele está em uma
posição de responsabilidade.

— Sim, responsabilidade. Não poder. Ryder não tem poder sobre mim
para abusar. Tecnicamente, sou seu chefe.

Adam balançou a cabeça. — Não é por isso que os relacionamentos


entre guarda-costas e seus protegidos são antiéticos, e você sabe disso. Vocês
dois ainda poderiam se ver se ele não estivesse trabalhando aqui.

Luca tinha realmente considerado essa possibilidade uma vez - por


dez segundos. — Eu preciso dele aqui. Ele é um ótimo guarda-costas; ele me
salvou mais de uma vez. Eu não me sentiria seguro sem ele. Não agora.

No lembrete da situação atual de Luca, o rosto de Adam se suavizou


um pouco. — Se é assim que você se sente, é claro que não conto a ninguém,
não importa o que eu sinto sobre isso. Manter seus segredos faz parte da
descrição do meu trabalho.

— Mesmo da minha mãe?

KM
— Se você não está sendo ferido, então não é da minha conta.

Luca sentiu-se tonto de alívio e gratidão. — Obrigado. Eu realmente


aprecio isso, Adam. Me desculpe por colocar você nessa posição.

— Minha única preocupação é sua segurança. Eu não estou aqui para


julgar você. Adam pegou Luca pelos ombros e olhou-o nos olhos. — Mas se
em algum momento a situação mudar...- ...se você quiser, ou precisar de
ajuda...- ...você pode confiar em mim.

Alguns meses atrás, Luca não teria sido capaz de resistir ao impulso
de usar esse momento para colocar Adam em sua cama. Ainda sentia o desejo
puxá-lo, mas era distante e abafado, e não teve dificuldade em ignorá-lo. Ele
sorriu e apertou uma das mãos de Adam. — Eu sei. Obrigado.

Parecendo satisfeito, Adam o soltou. — Boa noite, Luca.

— Noite.

Depois que Adam voltou para o corredor, Luca se sentou em sua cama
com Athena para terminar o resto de sua lição de casa. Ele esteve relaxando
nas duas últimas semanas, ansioso e deprimido demais para se concentrar,
e suas notas estavam começando a refletir isso. Não demoraria muito para
ele se recuperar, no entanto.

Ryder não veio até duas horas depois. — Eu estava começando a


pensar que você não estava vindo, disse Luca, deslizando para fora da cama
para beijá-lo.

KM
— Eu tive que fazer meus exercícios. Eu pulei os últimos três dias.

Ryder estava tenso; Não foi preciso ser um gênio para descobrir que
passar por Adam a caminho do quarto de Luca foi estressante para ele.
Embora Luca duvidasse que Adam tivesse dito alguma coisa, sua linguagem
corporal teria dito tudo, e Ryder realmente se importava com a opinião de
Adam sobre ele.

Luca não entendia isso. O que importava a forma que alguém que você
mal conhecia pensava em você? Luca podia contar em uma mão o número
de pessoas cujas opiniões ele dava a mínima - Ryder, Sheila, Ashton, Siobhan
e Candace. Ok, se ele estava realmente sendo honesto consigo mesmo, então
ele também se importava com a opinião de sua mãe, o que tecnicamente
exigiria duas mãos. Mas então. Ryder se importava com o que todos
pensavam dele, mesmo estranhos que ele nunca mais veria. Isso confundia a
mente de Luca.

— Adam não vai contar a ninguém. Luca deslizou as mãos por baixo
da camiseta de Ryder. — Ele entenderá eventualmente, uma vez que ele veja
que não há nada de esquisito acontecendo.

Ryder descansou as mãos nos quadris de Luca. — Talvez. Eu não acho


que eu deveria dormir aqui hoje à noite, no entanto. Isso pode ser demais
para ele lidar agora.

— Ok. Eles não podiam dormir juntos todas as noites, de qualquer


maneira. — Mas você vai ficar por um tempo, certo?

KM
Ryder sorriu e inclinou a cabeça, tomando a boca de Luca em um beijo
faminto. Luca gemeu e passou os braços em volta do pescoço de Ryder. Ele
se perguntou se alguma vez ele iria superar seu espanto que Ryder estava
realmente aqui, beijando-o e tocando-o sem qualquer hesitação. Ainda
parecia irreal às vezes.

Luca puxou a camisa de Ryder até que Ryder a despiu, depois passou
as mãos gananciosas sobre os músculos de Ryder. Ele queria se esfregar em
cima de Ryder como um gato, especialmente quando Ryder começou a
acariciar sua bunda. Se ao menos ele não estivesse tão dolorido para foder...

Percebendo a forma como Ryder ficava olhando para trás, Luca


perguntou: — Tem alguma coisa errada?

— Não, é só que... eu não acho que Keller deveria ter que nos ouvir.

— Eu posso ficar quieto.

Ryder arqueou uma sobrancelha.

— Não, você está certo, eu não posso, disse Luca. — Vamos no


banheiro. Podemos fechar a porta e você pode me explodir no chuveiro.

— Eu acabei de sair do chuveiro, disse Ryder, voz baixa e provocante.

— Bem, você está prestes a ter outro. Vamos.

Deixando Athena no quarto, eles se trancaram no banheiro e


tomaram um banho muito satisfatório. Luca estava compilando um arquivo

KM
mental de tudo que Ryder gostava na cama, e ele acrescentava algo a cada
novo encontro, catalogando cada detalhe - como Ryder não se importava
quando Luca fodia sua garganta, e ficava louco quando Luca puxava o cabelo
dele. Então, quando eles trocaram de lugar, Luca descobriu que Ryder
gostava de ser provocado - atormentado, mesmo - muito além do ponto em
que o próprio Luca estaria gritando de frustração, e ele realmente gostava de
ter suas bolas grandes e pesadas acariciadas e sugadas.

A primeira vez deles juntos foi incrível, melhor do que Luca esperava,
mesmo depois de meses fantasiando em sua cabeça, mas cada vez depois
disso era ainda melhor do que a anterior. Quanto mais eles aprendiam sobre
os corpos um do outro, mais sincronizados eles se tornavam. Luca ainda
estava fascinado pela reação de Ryder ao seu autoritarismo na noite anterior,
e o quão fora ele tinha estado depois disso; Era algo que continuou a ser
explorado, uma vez que o traseiro de Luca parecia mais ou menos como se
ele tivesse saído com uma britadeira.

O brilho quente de satisfação ficou com Luca durante todo o dia


seguinte na escola e no treino de natação - onde ele teve que dizer ao
treinador Swanson que ele tinha puxado o tendão para explicar por que ele
estava se movendo tão devagar - e ele tinha certeza de que nada, nem mesmo
o Admirador, poderia arruinar isso para ele.

Isto é, até que ele saiu para o balcão de entrada e encontrou Nate
parado perto do Range Rover.

KM
Vê-lo novamente foi como ser empurrado de volta para a memória
daquela noite. Luca parou de andar, todo o fôlego deixando-o
repentinamente. Ao lado dele, Georgina sacou sua arma.

— Whoa! Nate disse, levantando as mãos. — O que há com toda a


hostilidade?

— Como você entrou no campus? Georgina perguntou com voz fria.

— Eu sou um ex-aluno. Você quer apontar essa coisa para outro lugar?

— Estou bem assim, obrigada, ela disse.

Luca ficou feliz por Ryder já ter ido para casa, porque ele se lembrou
da expressão de Ryder na noite do ataque, e ele não achava que Ryder teria
sido capaz de se controlar ao ser confrontado com Nate desse jeito. Georgina,
pelo menos, poderia ser confiável para manter a cabeça fria.

— Eu sabia, disse Nate, olhando para Luca. — Você disse a todos que
eu tentei te estuprar, não foi? É por isso que sua mãe me enquadrou!

Luca olhou para ele incrédulo, a raiva começando a superar seu medo.
— Você tentou me estuprar!

— Oh, dá um tempo. Você estava nu na minha cama, praticamente


salivando por isso. Eu sei quantos caras você já permitiu isso antes.

— Luca, entre no carro, disse Georgina. Seu corpo estava apertado


com fúria. — Você não tem que ouvir essa besteira de culpar a vítima.

KM
Luca não se mexeu; ele estava muito horrorizado. — Eu sabia que você
pensava assim, mas é diferente ouvir você dizer isso em voz alta, disse ele. —
Tem algo errado com você, Nate. Você é doente.

Nate fez um barulho repugnado. — Só porque eu chamei seu blefe...-

— Não foi um blefe! Você teve que me segurar e cobrir minha boca
para que eu não pudesse pedir ajuda. Isso soa como alguém que está jogando
duro para chegar até você?

Nate apenas franziu o cenho. Luca procurou em seu rosto qualquer


indício de arrependimento, empatia ou remorso, e não viu nada - apenas
impaciência e irritação. Seu sangue gelou com a percepção de que,
independentemente de quantas maneiras ele poderia ter lidado com a
situação com Nate, isso sempre teria acabado mal. Mesmo que Nate não
tivesse tentado estuprá-lo naquela noite, ele teria machucado Luca
eventualmente, potencialmente muito pior do que ele realmente tinha. O
relacionamento deles fora uma bomba pronta para explodir a qualquer
momento; Luca simplesmente não sabia disso até agora.

Embora ele estivesse tremendo e tonto, Luca manteve bastante


presença de espírito para saber que ele não podia admitir que Evelyn tinha
arranjado para Nate ser enquadrado. Nate poderia tê-lo confrontado
especificamente para registrar esse tipo de confissão.

— Se você não cometeu o crime pelo qual foi preso, me desculpe, disse
ele. — Eu não vou ajudar a te colocar na prisão se você é inocente. Mas eu

KM
não vou te ajudar a ficar de fora também. Você está vazio e quebrado, e você
nunca vai parar de ferir as pessoas - não porque você quer, mas porque você
simplesmente não se importa.

Nate revirou os olhos. Nada que Luca estava dizendo estava tendo
algum efeito sobre ele, o que só deixava Luca mais certo de que ele estava
certo. Quantos outros homens Nate tinha ferido do jeito que ele machucou
Luca?

— Se você chegar perto de mim novamente, se você tentar entrar em


contato comigo de alguma forma, eu terei uma ordem de restrição tão rápido
que sua cabeça girará. A voz de Luca estava firme agora. — Isso não ficaria
muito bom no seu julgamento, não é?

Agora Nate reagiu. Seu rosto escureceu, e ele deu um passo mais
perto, abrindo a boca. Antes que ele pudesse dizer alguma coisa, Georgina se
colocou entre eles e pressionou a Glock contra o peito dele.

— Não me teste, disse ela. — Dá o fora.

Com as narinas flamejando, Nate girou nos calcanhares e seguiu para


sua Ferrari, que estava estacionada a uns 30 metros de distância. Luca caiu
contra o lado do Range Rover, tremendo. Ele estava tão focado em Nate que
não notou que Willis tinha saído do carro e estava de pé ao lado do capô,
segurando sua própria arma.

Georgina colocou a arma no coldre e passou um braço ao redor de

KM
Luca. — Você fez bem, querido. Eu não acho que ele vai incomodá-lo
novamente.

Luca não tinha palavras para dizer que não estava tremendo porque
estava com medo; era porque ele ficou aliviado. Por mais horrível que aquela
noite com Nate tenha sido, Luca não conseguiu afastar a certeza doentia de
que ele realmente se esquivara de uma bala.

KM
Capítulo Trinta e Oito

Era muito mais fácil ser profissional em torno de Luca enquanto o


protegia na escola do que em casa. Por um lado, Ryder não estava tão tentado
a beijá-lo e tocá-lo em meio a um mar de crianças e professores, e por outro,
as centenas de pequenas distrações significavam que ele precisava ficar super
alerta, com muito poucas células cerebrais sobrando para ficar fantasiando.
Não importa o quanto Luca tivesse envolvido Ryder em torno de seu dedo,
sua segurança ainda era a principal preocupação de Ryder.

Na quarta-feira, uma reunião improvisada com Clarke e D'Amato


sobre a situação do Admirador resultou em Ryder trocando de turno com
Hurst no último minuto. Ela ficou com Luca durante todo o dia escolar, e
Ryder a substituiu durante a prática de natação de Luca, e não o contrário,
como eles geralmente operavam.

Assistindo Luca nadar, Ryder podia ver que ele recuperou muito da
velocidade que ele tinha perdido nos últimos dois dias, quase alcançando seu
padrão habitual. Ele deve estar se sentindo melhor. Ryder socou a excitação
que brilhou através dele no pensamento e resolutamente voltou sua atenção
para o seu entorno.

KM
Luca ficou até tarde; no momento em que ele saiu da piscina, a
maioria de seus companheiros de equipe já havia ido para casa, exceto por
duas garotas que ainda estavam praticando sob o olhar atento da treinadora
Swanson. A antecipação de Ryder vacilou um pouco sob o peso da culpa. Não
havia dúvida que Luca estava frustrado com a maneira como sua dor o
reduzira, e Ryder compartilhava parte da culpa por isso.

— Você parecia bem, disse Ryder quando Luca foi até as


arquibancadas e pegou sua toalha.

Luca deu de ombros. — Poderia ter sido melhor. Ele esfregou a toalha
sobre o rosto e os braços, em seguida, colocou-a sobre os ombros e pegou sua
garrafa de água, drenando o resto em um longo gole.

— Você estará de volta em forma para a competição neste sábado.

— Talvez, disse Luca, dando um pequeno sorriso a Ryder. Então ele


se lembrou de si mesmo e pigarreou, puxando a toalha dos ombros para secar
as pernas antes de ir para o vestiário. — Como foi sua reunião?

— Nada bom. Warnock ainda está no vento. Ryder contara a Luca a


verdade sobre o envolvimento de Warnock na segunda-feira. Luca levou
bem, considerando todas as coisas, provavelmente porque ele não estava
nem um pouco surpreso.

— Idiota, Luca murmurou. — O que você...- Mas o resto de sua


pergunta foi perdida quando ele cambaleou para Ryder, quase caindo.

KM
Ryder o pegou e firmou, checando o chão em busca de água, supondo
que Luca havia escorregado. O chão estava seco, então o próximo
pensamento de Ryder foi que Luca tinha tropeçado de propósito para ter
uma desculpa para tocá-lo, mas essa suspeita desapareceu também quando
ele deu uma olhada melhor no rosto de Luca.

— Desculpe, disse Luca. Ele piscou algumas vezes, esfregando as


costas da outra mão sobre os olhos. — Eu estou um pouco tonto. Eu acho que
forcei muito durante a última rodada. Olhando para a mão no braço de
Ryder, ele disse, — Desculpe, de novo e se afastou, ainda parecendo instável
em seus pés.

— Está tudo bem, disse Ryder, preocupado. Luca tinha uma tendência
a se esforçar, mas não a ponto de não conseguir ficar de pé. — O que você ia
dizer?

— Uh...- Luca levou um momento para recuperar sua linha de


pensamento - também diferente dele. — O que você acha que ele vai fazer
agora que ele sabe que descobrimos sobre ele?

— Não tenho certeza. Ficar fora do radar por um tempo, muito


provavelmente, mas ele também pode estar viajando sob uma identidade
falsa. Eles chegaram ao vestiário, e Ryder seguiu Luca para dentro. Ele não
costumava acompanhar Luca até o vestiário, já que não tinha janelas e
apenas uma saída, mas se Luca estivesse realmente exausto, seria mais
seguro ficar com ele. — Se Warnock tem uma identidade falsa boa o

KM
suficiente para viagens internacionais, acho que ele teria usado isso o tempo
todo.

O vestiário tinha a forma de um longo retângulo, com sete fileiras de


armários ao longo da metade inferior. Luca virou na terceira fileira e parou
na frente de um dos armários do lado esquerdo. — Eu só queria que
soubéssemos qual é o seu objetivo, ele disse, girando o dial com a
combinação de sua fechadura. — Quero dizer, eu entendo Warnock querendo
me assustar e até me machucar, mas eu simplesmente não consigo acreditar
que ele me quer morto.

— Ninguém quer você morto, disse Ryder. Ele observou com uma
carranca quando Luca não conseguiu abrir a fechadura, amaldiçoou e
começou a girar o dial novamente. — Sem soar insensível nem nada, mas sua
morte não faria bem a ninguém. Exceto talvez Gray, mas há maneiras de se
vingar de sua mãe sem arriscar uma acusação de homicídio.

Luca puxou a fechadura, mas mais uma vez ela recusou-se a abrir.
Fechou os olhos, sacudiu a cabeça como se quisesse limpá-la e depois piscou
rapidamente, oscilando sobre os pés.

A parte de trás do pescoço de Ryder se arrepiou com alarme. —


Luca...-

— Algo está errado comigo, disse Luca, soltando suas palavras. Ele
caiu contra o banco de armários. — Eu não consigo pensar - eu não consigo -
Seus olhos rolaram para trás em sua cabeça e ele entrou em colapso,

KM
inconsciente.

Ryder agarrou-o antes que ele pudesse bater a cabeça no banco no


meio da fileira e abaixou-o suavemente para o chão. Ele pressionou dois
dedos no pulso de Luca, aliviado ao encontrá-lo batendo forte. O alívio foi de
curta duração, no entanto, porque segundos depois, ele ouviu o som suave
de passos se aproximando.

Assim que Ryder tirou a Glock de seu coldre de ombro, um homem


virou a esquina do banco e disparou um tiro com uma pistola silenciada.
Ryder se jogou para o lado contra os armários, e a bala passou zunindo por
ele, perdendo sua cabeça por centímetros para quebrar o azulejo da parede
alguns metros atrás dele.

O som do fogo de retorno de Ryder foi surpreendente em comparação,


reverberando por todo o metal ao redor deles, mas o agressor já havia se
escondido atrás do armário de canto. Ryder se sentiu desconfortavelmente
exposto - vulnerável na frente e nas costas, sem cobertura disponível e Luca
inconsciente a seus pés. Ele tinha que colocar Luca em uma posição mais
defensável e pedir ajuda antes que o vestiário fosse transformado em
armadilha mortal.

O agressor enviou mais alguns tiros na direção deles, ambos passando


longe, enquanto o homem hesitava em virar a esquina e se expor. Ryder
atirou de volta, principalmente para manter o homem na baía enquanto ele
revia o que sabia sobre o layout do vestiário. Os chuveiros era sua melhor

KM
aposta - uma das barracas de canto forneceria uma proteção decente - mas a
entrada da área do chuveiro estava atrás deles e duas fileiras acima de sua
posição atual.

Outro tiro estilhaçou a madeira do banco, chegando


desconfortavelmente perto de acertar Ryder. Era sua única chance. Ele tinha
que mover Luca agora, porque mais cedo ou mais tarde, o agressor iria ficar
impaciente e vir até eles atirando.

Ryder respirou fundo, centrando-se, e foi nessa quietude


momentânea que ele sentiu o segundo homem vindo para ele por trás. Ele
não teve tempo de fazer mais do que ficar alerta para reagir antes de um forte
antebraço envolver sua garganta em uma chave de braço. Ryder se lançou
para frente, agarrando o braço com as duas mãos e usando o impulso do
assaltante para jogá-lo por cima do ombro. O homem bateu no banco e caiu
sobre ele e para o outro lado, mas ele se recuperou rapidamente, saltando de
volta para seus pés, assim como Ryder que também estava se pondo em
posição novamente.

Ryder levantou sua arma. A perna do homem arremeteu sobre o


banco em um movimento suave, pegando Ryder de surpresa e arrancando a
arma de sua mão; ele se afastou, fora de alcance. No final da fileira, Ryder
podia ver o primeiro assaltante espiando pela esquina, arma pronta mas não
atirando - provavelmente não queria arriscar atingir seu companheiro.

Não foi até então que Ryder percebeu que os homens não estavam

KM
usando equipamento tático ou qualquer outra coisa que ele esperaria de
mercenários contratados. Em vez disso, vestiam uma calça de moletom azul-
escuro e uma camiseta da Georgetown Prep, como se fossem atletas
estudantes visitando a principal escola rival da Rutledge. Ambos pareciam
tão jovens e perfeitos que facilmente pareciam fazer parte da comunidade
estudantil.

A discordância foi tão chocante que Ryder hesitou por um momento


crucial, dando ao segundo homem a oportunidade de pular de volta sobre o
banco que os separava e esmagar seu punho no rosto de Ryder. Ryder
tropeçou para trás, evitando por pouco pisar no corpo de Luca, e levou outro
soco mais forte no estômago antes de se recuperar do primeiro. Ele aparou o
próximo golpe e enfiou o joelho no estômago do homem. Quando o homem
tossiu e engasgou, Ryder agarrou a parte de trás do pescoço dele e bateu-o
de cara nos armários. O homem caiu no chão, atordoado, com o sangue
escorrendo do nariz.

Ryder não perdeu tempo esperando ele para se recuperar. Ele pegou
Luca e atirou-o por cima do ombro como um bombeiro, recuando em direção
à parede. Não havia sentido em tentar recuperar sua arma; consumiria
apenas preciosos segundos, e ele tinha mais duas armas nele, de qualquer
maneira.

A parede que separava a área do chuveiro do resto do vestiário tinha


aproximadamente a altura das costelas de Ryder. Quando suas costas a
atingiram, ele deslizou para o lado, indo em direção à abertura na parede que

KM
permitiria o acesso aos chuveiros. Reconhecendo o plano de Ryder, o
primeiro assaltante começou a atirar novamente, movendo-se na direção
deles através da fileira de armários. Ryder jogou a precaução para o vento e
correu para ela, girando ao virar na esquina para a área do chuveiro, mesmo
quando uma bala soltou um pedaço de azulejo na quina da parede. Ele correu
até o box do canto e disparou para dentro, colocando Luca no chão e se
agachando ao lado dele, sacando a segunda arma do outro lado no coldre de
ombro.

Balas zuniram no chão e na parede. O silenciador do assaltante


começou a se degradar, e seus tiros não estavam mais tão abafados. Ryder
retornou fogo de qualquer jeito com uma mão e manuseou seu telefone com
a outra. Ele não sabia se Song estava perto o suficiente para que a função de
rádio em seus telefones funcionasse, então ele ligou para ela.

Ela respondeu no primeiro toque. — Song.

— Estamos sob fogo no vestiário dos meninos. Pelo que vi são dois
assaltantes. Quão longe está você?

— Dois minutos, disse ela, apenas um ligeiro aperto em sua voz,


traindo sua reação emocional. — Luca?

— Vivo, mas inconsciente. Mande Willis chamar uma ambulância


aqui com a polícia.

— Tatando disso. Aguente firme. Song desligou.

KM
Ryder não se atreveu a sair do box para verificar a posição do
assaltante; Isso seria apenas pedir para levar um tiro na cara. Ele disparou
outro tiro cego e foi recebido com mais dois em troca.

— Pare de atirar neles, seu idiota! Gritou o outro homem, aquele que
havia atacado Ryder com a mão. Ryder poderia dizer que era ele, porque sua
voz estava anasalada e mexida por causa de seu nariz quebrado. — Você vai
acertar o garoto!

O recinto ficou repentina e estranhamente silencioso. Ryder não


conseguia ouvir nada além de sua própria respiração, dura e pesada na súbita
quietude. Ele tentou respirar pelo nariz em vez de pela boca, esforçando-se
para ouvir os movimentos de seus atacantes, apertando com força sua arma.

Então o primeiro homem saltou sobre a meia parede bem na frente de


Ryder.

— Foda-se! Ryder disse, saltando em pé por reflexo em vez de atirar


como deveria. O homem desarmou-o com um duro golpe no pulso.
Rangendo os dentes contra a dor, Ryder lhe deu um soco com a outra mão e
o chutou no peito, enviando o homem de volta para a meia parede. Antes que
Ryder pudesse pressionar sua vantagem, Nariz Quebrado veio para ele pela
esquerda, empurrando-o para a parede lateral e direcionando um chute em
seu joelho. Ryder abaixou seu quadril para tomar o chute em sua coxa - o que
ainda machucou o suficiente para fazer um grito estrangulado soar em sua
garganta - e enfiou o cotovelo nas costelas de Nariz Quebrado.

KM
O primeiro homem, Gatilho Feliz, aquele que estivera atirando neles,
se lançou para Ryder também, e Ryder encontrou-se tendo que se defender
de ambos ao mesmo tempo. Ele desviou seus golpes e chutes, tentando
mantê-los à distância e desequilibrados. Embora Ryder tivesse a vantagem
de tamanho e força, seus atacantes eram claramente melhor treinados nas
artes marciais; se eles conseguissem cair sobre ele ao mesmo tempo, ele
estaria feito.

Depois de algumas trocas infrutíferas no qual eles conseguiram


colocar alguns hematomas em Ryder, mas não muito mais que isso, Nariz
Quebrado soltou um resmungo frustrado e puxou um canivete. Ryder
apertou sua mandíbula, esperando que Gatilho Feliz não estivesse armado
com uma lâmina também...-

A porta do vestiário se abriu, e o som de pés correndo foi o único aviso


dos assaltantes antes de Song chegar voando sobre a meia parede e entrar na
área do chuveiro. Gatilho Feliz virou-se para encará-la. A perna de Song
balançou em um perfeito roundhouse24, o pé acertando Gatilho Feliz bem na
cara. Ele tropeçou para os lados e caiu em um dos boxes de chuveiros.

O equilíbrio em suas chances enviou uma onda de adrenalina através


da corrente sanguínea de Ryder. Ele colocou todo o seu foco em se defender
de Nariz Quebrado, bloqueando os golpes e cortes do canivete quando podia

24 Chute Circular

KM
e se esquivando deles quando não podia.

Atrás do Nariz Quebrado, Gatilho Feliz deu alguns golpes no


estômago de Song, mas quando ele se afastou para acertar outro, ela bateu
com o cotovelo no rosto dele. Ele vacilou, aturdido, e Song agarrou o cabelo
com as duas mãos, abaixando a cabeça ao mesmo tempo em que ela
levantava o joelho. O som de esmagamento quando o rosto dele encontrou o
joelho de Song foi alto e sordidamente molhado. Gatilho Feliz colapsou no
chão em uma pilha.

Enquanto Ryder foi momentaneamente distraído pela queda de


Gatilho Feliz, Nariz Quebrado balançou sua faca em um arco vicioso no corpo
de Ryder. Ryder conseguiu levantar um antebraço a tempo de desviá-lo, mas
a lâmina entrou profundamente, cortando as mangas de sua jaqueta e camisa
para encontrar a pele abaixo. A dor foi quente e instantânea, ardendo todo o
caminho até o braço de Ryder.

Nariz Quebrado se lançou para frente novamente, apontando o


canivete para o peito de Ryder. Ryder torceu seu corpo e agarrou os pulsos
de Nariz Quebrado com as duas mãos, então girou e usou seu torque e seu
aperto no braço dele para virar o homem para frente e de costas. Ele seguiu
Nariz Quebrado até o chão, arrancando o canivete de sua mão. Nariz
Quebrado virou-se para o estômago, tentando se afastar, mas isso só tornou
mais fácil para Ryder puxar o braço do homem pelas costas e prendê-lo no
chão. Ryder envolveu seu braço livre no pescoço de Nariz Quebrado e
apertou até que ele parasse de se debater - e depois por mais alguns

KM
segundos, apenas no caso. Uma verificação rápida da respiração de Nariz
Quebrado provou que ele ainda estava vivo. Ryder deixou-o deitado de
bruços para que ele não se afogasse com o sangue em seu nariz.

Ele e Song se moveram para o box no canto como um só e se


ajoelharam ao lado de Luca. Song já tinha o telefone dela. Ryder deixou o
resto para ela, concentrando-se em avaliar a saúde de Luca. Seu pulso ainda
estava forte, mas era preocupantemente irregular; sua respiração era
superficial e sua pele tinha um tom acinzentado.

— Nós temos os assaltantes subjugados, disse Song ao telefone. —


Polícia? Ela escutou por um minuto, depois disse: Bom. Diga-lhes que
estamos nos chuveiros.

Ryder tirou uma mecha de cabelo do rosto de Luca. Ele notou que
Luca estava tremendo - não é de admirar, já que ele ainda estava usando
apenas sua sunga.

Song correu os olhos por Luca. — Ele está vivo, mas ele não está bem.
Ele precisa de atenção médica o mais rápido possível. Sim, tudo bem. Ela
fechou o telefone. — Willis disse que a polícia estará aqui em menos de cinco
minutos. Ele e Keller estão esperando do lado de fora para se certificar de
que ninguém mais tente entrar aqui.

Ryder assentiu, não escutando realmente. Ele ficou surpreso quando


Song colocou a mão em seu ombro.

KM
— Você está sangrando, disse ela.

Ele olhou para o braço esquerdo para ver um rio de sangue escorrendo
do corte em seu antebraço para respingar no azulejo. Ryder amaldiçoou e
tirou o casaco, enrolando-o ao redor de seu braço como uma bandagem
improvisada. Song deu um tapinha no ombro dele e ficou de pé, puxando um
punhado de algemas de seu bolso para prender os pulsos e tornozelos de seus
dois atacantes.

— O que aconteceu? Ela perguntou enquanto trabalhava.

— Eles estavam esperando aqui por nós... - ...por Luca. Ele foi
drogado, eu não sei como...- Mesmo quando ele disse isso, Ryder colocou a
mão sobre o rosto e gemeu. — Sua garrafa de água. A que ele bebe enquanto
ele está praticando.

— Ainda está aqui?

— Deve estar em perto de seu armário. Uma das minhas armas


também está lá.

Song saiu correndo e voltou meio minuto depois com a toalha e a


garrafa de água de Luca, assim como a Glock de Ryder. Ela parou para pegar
sua segunda arma no caminho. — Você notou como eles estão vestidos?

— Como estudantes da Georgetown Prep? Sim. Ryder colocou suas


armas de volta em seu ombro. — Houve uma competição de corrida esta
tarde. Deve ser assim que eles entraram no campus.

KM
— Mas por que? Quero dizer, o que eles acham que vão conseguir com
isso?

— Foda-se se eu sei. Foi apenas uma coincidência que Luca terminou


sua prática tão tarde. Qualquer outro dia, teria havido um monte de outros
meninos aqui com ele.

Ryder pegou a toalha de Song e sacudiu-a. Ele levantou Luca do chão


em seus braços, colocando a toalha em volta dele para tentar aquecê-lo um
pouco, e piscou ao ver pela primeira vez que Luca estava deitado sobre um
pedaço de vinil amassado. Segurando Luca em seu colo com um braço, Ryder
pegou e desdobrou o objeto com a outra mão. Era uma mochila da
Georgetown Prep, uma daquelas enormes destinadas a transportar grandes
peças de equipamentos esportivos.

Num instante, o plano de seus atacantes se cristalizou na mente de


Ryder, tão claro e bem formado como se ele mesmo tivesse pensado nisso.

— Deus, disse ele. — Eu não deveria estar de plantão agora. Deveria


ser Hurst, e ela não teria vindo aqui com Luca. Inferno, eu não costumo
entrar.

Song ficou na área aberta do chuveiro, solta e alerta, caso alguém


conseguisse passar por Willis e Keller. — Mas eles não poderiam saber que
ele estaria sozinho. Isso foi apenas uma besteira da parte deles. Seus colegas
teriam notado se ele tivesse desmaiado no meio do vestiário.

KM
— Veja como esses homens são atraentes. Dois caras gostosos de uma
escola visitante vão até Luca e o levam para os chuveiros enquanto ele está
maleável com a droga? Ninguém teria pensado duas vezes sobre isso. Eles
poderiam nem ter notado.

— Verdade, disse Song. — Como eles poderiam tê-lo tirado daqui sem
Hurst vê-los, embora?

Ele jogou-lhe a mochila. — O colocariam nisso quando ele desmaiasse


e passariam com ele direto por ela.

Song olhou para a bolsa por um longo momento. — Porra.

— Sim. Ryder acomodou Luca mais confortavelmente contra seu


peito, esperando que seu calor corporal ajudasse a subjugar os tremores de
Luca. — Este foi o Admirador.

— Não podemos ter certeza...-

— Sim, nós podemos. Tudo se encaixa. Pense nisso. A primeira vez


que fomos atacados, por aqueles manifestantes em DC...- isso foi apenas um
teste. Alguém os usou para verificar a força da segurança de Luca a uma
distância segura. Essa foi a motivação da toupeira em avisá-los. Ryder não
podia acreditar que não tinha visto isso antes, mas a verdade se estendia na
frente dele agora, cada peça do quebra-cabeça se encaixando.

— Nós os fechamos em segundos.

KM
— Porque somos mais fortes como um time coeso. O próximo ataque
veio enquanto estávamos dirigindo - enquanto estávamos separados. Quase
funcionou também. Teria funcionado, exceto...-

— Eles não esperavam que Luca fosse capaz de revidar, Song disse,
percepção se acendendo em seus olhos quando chegou às mesmas
conclusões que Ryder tinha alcançado.

— Luca ter a habilidade de se defender fez toda a diferença nesse


ataque. Então o Admirador está procurando uma maneira de desativá-lo e
tirá-lo da equação. Todo ataque leva em conta as falhas do anterior. Cada
abordagem é progressivamente mais refinada.

— Não admira que houvesse um intervalo grande entre os ataques.


Eles precisavam de tempo para planejar.

— E, enquanto isso, Gray e o Admirador nos mantêm todos distraídos


e desequilibrados com perseguição e guerra psicológica, disse Ryder. Ele
ouviu a raiva pulsando em sua voz e lutou por um tom mais calmo. — Isso
não é o que eles querem, no entanto. Eles querem Luca. Eles não vão parar
até conseguirem colocar as mãos nele de alguma forma. Torturá-lo é apenas
a cereja do bolo.

— Aqui está o que eu quero saber. Song empurrou o queixo em direção


à garrafa de água no chão. — Quem drogou ele? Nós deixamos que ele
mantivesse sua garrafa de água durante suas práticas porque sabemos - ou
pensamos que sabíamos - que ninguém que queira machucá-lo seria capaz

KM
de chegar até ela.

O pesado silêncio que caiu sobre eles foi quebrado pelo clamor de
vozes se aproximando, e então a porta do vestiário se abriu e um grupo de
policiais e paramédicos entrou correndo.

Depois disso, tudo se tornou um pouco desfocado. Ryder


relutantemente colocou Luca para baixo e deu um passo para o lado
deixando os paramédicos fazer o seu trabalho. Ele não moveu os olhos de
Luca nem uma vez, apesar de ter dado um resumo do que aconteceu a um
dos policiais.

Quando os paramédicos colocaram uma máscara de oxigênio sobre o


rosto de Luca e o amarraram em uma maca, Ryder se cortou no meio da frase
e se virou para o policial. — Olha, eu vou ter que te dar minha declaração no
hospital. Eu preciso ficar com ele.

— Senhor, a menos que você seja um membro da família...- um dos


paramédicos começou a dizer.

Ryder olhou para ela. — Eu sou seu guarda-costas e não vou deixá-lo.
Onde ele vai, eu vou.

Embora ela parecesse se opor, seus olhos dispararam da jaqueta


ensanguentada enrolada ao redor de seu braço até o coldre de ombro exposto
e de volta ao rosto dele. Ela ergueu as mãos, suspirou e disse: — Tudo bem,
mas você terá que colocar um curativo real nesse braço. Eu não quero você

KM
sangrando por toda a minha ambulância.

*****

Recuperar a consciência era como tentar sair da areia movediça. As


pálpebras de Luca pareciam pesar mil quilos cada, e ele podia jurar que suas
orelhas estavam cheias de algodão. Em algum lugar no fundo de sua mente,
ele sabia que não deveria ser tão difícil apenas acordar, mas seu cérebro
estava tão confuso que o pensamento se fragmentou segundos depois de ter
se formado.

Eventualmente, ele conseguiu forçar ambos os olhos abertos. O


quarto estava às escuras - não havia luzes acesas e nenhum sol atravessava a
cortina da janela. Quando os olhos de Luca se ajustaram à penumbra, ele
pôde distinguir a forma do quarto e os contornos volumosos da mobília em
torno dele. Algo sobre a maneira como o quarto estava arrumado lhe pareceu
familiar e totalmente estranho ao mesmo tempo.

Mover os olhos, provocou uma dor surda na cabeça de Luca. Ele não
tinha idéia de onde ele estava, mas ele sentiu que deveria saber, como se
houvesse pistas em seu ambiente que ele deveria ser capaz de entender. Seu
cérebro apenas continuava se movendo em círculos lentos, e ele não
conseguia conectar um pensamento ao outro. Ele não conseguia pensar.

KM
Medo e frustração fizeram sua respiração acelerar, e foi quando ele
percebeu o estranho peso encostado em seu rosto. Luca lutou para levantar
um braço de chumbo, os dedos procurando o tubo de plástico preso em suas
orelhas e inserido em seu nariz. Ele puxou-o em pânico reflexivo.

— Whoa, whoa, pare com isso, disse uma voz à esquerda. Alguém tirou
a mão do rosto dele - o que não foi difícil, já que ele não tinha força para
manter o braço de qualquer maneira.

Luca virou a cabeça para olhar para Siobhan, que estava sentada em
uma cadeira ao lado de sua cama. Ok, ele estava em uma cama. Isso era
estranho, certo? Seus olhos caíram para o braço dele. Havia uma agulha
nela...-

Hospital.

Era isso, essa era a palavra que ele estava procurando. Ele estava em
um hospital. O lampejo momentâneo de triunfo de Luca diminuiu quando
ele percebeu o que aquilo significava.

— O que... - ...o que aconteceu? Ele disse, sua garganta tão seca que as
palavras saíram com um som áspero e rouco. Sua boca tinha gosto de um
pequeno animal que havia morrido nela.

— O que você lembra?

— Uh...- Luca lutou contra a névoa que envolvia sua mente,


procurando por suas memórias mais recentes. Ele estava no treino de

KM
natação, e então... e depois nada. Ele mal se lembrava de sair da piscina. Uma
ponta histérica entrou em sua voz quando ele disse: — Eu estava treinando.
Não me lembro de mais nada. Por que não me lembro?

Siobhan apertou a mão dele. — O médico disse que você pode não se
lembrar. Você foi atingido com uma grande dose de Rohypnol. Pode causar
amnésia retrógrada.

Rohypnol? Luca olhou para ela, a palavra pulando em sua cabeça por
alguns segundos antes que ele pudesse entendê-la. Quando ele fez, seu
cérebro drogado fez a primeira conexão que ocorreu a ele.

— Nate. Ele...- ele me estuprou, é por isso que estou aqui...-

Luca tentou se sentar, sem saber por quê, apenas sabendo que
precisava se mexer. Siobhan o pegou e segurou-o ainda.

— Ninguém tentou estuprá-lo. Você não está ferido, exceto pelas


drogas. Acalme-se. Você vai arrancar seu IV.

De costas contra os travesseiros, Luca perguntou: — Se eu não estou


ferido, então por que...- Ele acenou com a mão para abranger a cama do
hospital e tudo ao redor.

— Quem quer que tenha lhe dado o Rohypnol te deu muito, e você teve
uma overdose. Siobhan mexeu na cânula nasal liberando o oxigênio de Luca.
— Você estava tendo problemas para respirar...- Sua voz engatou, e ela
limpou a garganta. — Vou ligar para a enfermeira para que ela saiba que você

KM
está acordado.

Siobhan apertou o botão de chamada. Luca piscou para o teto, algo


puxando seus pensamentos - oh, sim. — Por que alguém me drogaria se eles
não quisessem me machucar?

— Na verdade, houve outra tentativa de seqüestro, disse Siobhan. —


Mas ninguém colocou a mão em você. Eu juro.

Luca respirou fundo. — Ryder. Isso era tudo que ele podia dizer; sua
boca não formaria outras palavras.

— Ele está bem. Ele teve que ter seu braço costurado, mas ele está
bem. Mandei-o para casa para dormir um pouco.

Luca queria saber mais, mas naquele momento, a enfermeira abriu a


porta e colocou a cabeça para dentro.

— Oh, Sr. D'Amato, você está acordado. Como você está se sentindo,
hun? Ela acendeu a luz, mantendo a luz baixa, e caminhou até a cama dele.

— Nada bem.

Ela fez um barulho simpático. — Tenho certeza. Você vai se sentir


muito melhor amanhã, no entanto. Só tenho que tirar o resto da droga do seu
sistema.

Luca fechou os olhos enquanto ela se movimentava, pegando seus


sinais vitais, verificando seu oxigênio, ajustando seu monitor de telemetria.

KM
Quando ela saiu...- ...com um comando murmurado para ligar para ela se ele
precisasse de alguma coisa...- ...ele estava meio adormecido novamente. Ao
longe, ele tomou conhecimento de Siobhan falando com alguém no telefone.

— Sim, senhora. Ele parece bem. Só um pouco fora disso. Ela fez uma
pausa, então disse, —...eu vou perguntar. Houve o som de Siobhan se
movendo em sua cadeira. — Luca, você quer que sua mãe volte para o
hospital?

Ele balançou a cabeça sem abrir os olhos.

— Ele diz que não. Honestamente, parece que ele está prestes a voltar
a dormir. Sim, tudo bem, vejo você amanhã de manhã.

Houve um momento de silêncio. Luca podia sentir o sono tentando


sugá-lo de volta à inconsciência, e não havia nada que ele pudesse fazer para
detê-lo. Todos os seus sentidos estavam embotados, seu cérebro estava frito
e seu corpo não lhe obedecia. Era como estar preso debaixo d'água.

— Eu não consigo pensar direito, ele murmurou. Ele não conseguia


pensar em outra maneira de expressar o quanto sentir isso o apavorava.

Siobhan pegou a mão dele novamente. — Eu sei. Vá em frente e


durma. Eu estarei bem aqui.

Luca entrou e saiu durante a noite e no dia seguinte, acordando


brevemente quando o terapeuta respiratório veio remover a cânula nasal e
novamente quando sua enfermeira tirou o monitor de telemetria. Ele

KM
acordou de vez no início da tarde, as pálpebras se abrindo com quase
nenhum esforço.

Havia uma mulher de jaleco branco ao pé da cama, folheando uma


pasta de papéis. Luca estreitou os olhos, depois piscou e disse: Andersen?

Ela olhou para cima. — Luca! Me desculpe, eu não quis te acordar.


Como você está se sentindo?

— Confuso, disse ele, aliviado ao descobrir que era apenas


perplexidade comum em vez da confusão drogada da noite anterior. Sua
cabeça parecia muito mais clara.

— Sua mãe está tendo algum conflito com o seu PCP, disse Andersen,
sentando-se na cadeira ao lado da cama de Luca e ajeitando a pasta nos
joelhos. — Ela me pediu para vir dar uma segunda opinião.

— Você? A pergunta soou mais rude do que Luca pretendia, mas


Andersen apenas riu.

— Eu sou uma médica, se você não sabe. Eu fui para a faculdade de


medicina e tudo mais.

— Eu sei, disse Luca, envergonhado. — Desculpa. Ainda estou um


pouco abalado. Tardiamente, ele percebeu que não havia guarda-costas na
sala, e ele se apoiou enquanto olhava em volta. — Onde está a...-

— Sr. Keller está no corredor. Você quer que eu o chame?

KM
— Não, está bem. Obrigado.

Luca esperava que Ryder fosse o único em serviço, mas isso não faria
qualquer sentido. Ryder não trabalhava às quintas-feiras, e mesmo se o
fizesse, ele não trabalharia um dia depois de ter sido ferido.

Lembrar que Ryder tinha sido ferido fez Luca ficar tenso. — Você sabe
o que aconteceu? Perguntou a Andersen.

Ela balançou a cabeça. — Só que você teve uma overdose de Rohypnol


para facilitar uma tentativa de sequestro. Eu sei que ambos os homens que
tentaram seqüestrá-lo foram presos, no entanto.

Ninguém morreu, então. Isso era bom. Luca respirou instável.

— Deve ser difícil, saber que você foi atacado enquanto estava tão
indefeso, disse Andersen. — Especialmente quando que você não consegue
se lembrar de nada disso.

— Estamos tendo uma sessão agora?

— Bem, tecnicamente, estou cobrando a visita ao hospital...-

Luca bufou, puxando o cobertor da cama do hospital. — Eu não posso.


Não agora, e não... aqui. Ele olhou para ela, desejando que ela entendesse. —
Eu preciso saber o que aconteceu primeiro.

Ela assentiu. — Tudo bem. Depois de uma pequena pausa, ela disse:
— Sr. Keller é um homem bonito.

KM
— Deus, eu tenho minhas mãos cheias com Ryder, Luca murmurou.
Ele esfregou o ponto dolorido em seu braço onde a agulha IV estava inserida,
imaginando em quanta dificuldade ele estaria se a retirasse.

— Você?

— Eu o que?

— Tem as mãos cheias com Ryder?

Luca abriu a boca e depois fechou. Porra. Oh, bem, ele planejou dizer
a ela eventualmente de qualquer maneira. — Sim. Nós começamos a dormir
juntos na sexta-feira passada.

— Por quê?

— Por quê?

A expressão de Andersen era completamente neutra. — Você pode


articular as razões do porque está fazendo sexo com ele?

Você já viu ele? foi a primeira resposta que surgiu na mente de Luca.
Ele não disse isso em voz alta, porque Andersen não gostaria e porque não
era estritamente verdade.

— Porque eu quero, disse ele. — Eu gosto dele. Eu gosto de estar com


ele. Isto me faz feliz.

Andersen sorriu. — Isso é tudo que eu precisava ouvir. Ela bateu a

KM
pasta contra as pernas, endireitando os papéis dentro dela. — O seu PCP acha
que você está bem o suficiente para ser dispensado esta tarde, e tendo visto
seu exame de sangue, eu concordo. Você pode ter um pouco de dor de cabeça
e algumas náuseas, mas o perigo passou agora que todo o Rohypnol está fora
do seu sistema. Se você quiser ficar mais uma noite, tenho certeza que posso
convencê-lo.

— Não, eu quero ir para casa.

— Ok. Eu vou...-

Ela foi interrompida por uma batida na porta. Ryder abriu a metade,
permanecendo no limiar. O coração de Luca pulou quando ele o viu. Até
aquele momento, ele não tinha cem por cento de certeza que Siobhan não
mentiu para ele sobre Ryder estar bem.

— Desculpe interromper, disse Ryder. — Luca, eu só queria que você


soubesse que eu estava aqui. Eu vou esperar lá fora.

— Não há necessidade. Eu estava prestes a sair. Andersen se levantou


e ofereceu a mão a Ryder. — Nós não nos conhecemos oficialmente. Eu sou
Elizabeth Andersen.

— Jacob Ryder.

Eles apertaram as mãos e Andersen se virou para Luca. — Vou


remarcar sua sessão com sua mãe. Melhoras.

KM
— Obrigado, Dra. Andersen.

Ela fechou a porta atrás dela quando saiu. Ryder olhou ao redor do
quarto. — Alguém aqui é popular, disse ele.

Pela primeira vez, Luca notou as dezenas de arranjos de flores e cestas


de presente espalhadas sobre a mobília. Não admira que o quarto cheirasse
tão estranho.

— Eu acho que você recebe muitos presentes de simpatia quando


alguém tenta sequestrá-lo.

— Mmm. Ryder se moveu para a mesa de cabeceira, passando a mão


sobre a cesta gigante de frutas ali. — Chique.

Luca franziu a testa. Ryder estava chateado; Luca podia vê-lo no


conjunto rígido de seus ombros e na linha tensa de sua mandíbula. Ele
também não olhava Luca nos olhos. — Ryder...-

Virando o cartão na cesta de frutas, Ryder disse: — Este é de Michael


Dorian.

— Isso foi legal da parte dele.

Ryder pegou uma fruta verde-amarelado. — O que diabos é isso?

— É uma carambola, disse Luca. — Ryder, por que você está


enrolando?

KM
Ryder sentou-se com a carambola ainda em uma mão. Sua boca se
moveu, mas nada saiu.

Luca endireitou-se. Ele estava acostumado com Ryder sendo auto-


confiante e competente; vê-lo lutando por palavras assim era inquietante ao
extremo. Ryder poderia muito bem ter tido as palavras Eu tenho más
notícias estampadas na testa.

— Você está de plantão agora? Luca perguntou. Ele não teria se


incomodado, exceto que Ryder estava vestindo um terno, o que ele
normalmente não fazia, a menos que ele estivesse trabalhando.

Ryder balançou a cabeça. Ele entendeu o que Luca quis dizer, porém,
e se inclinou para beijá-lo, tomando cuidado para não empurrar o soro. Luca
colocou a mão na bochecha de Ryder enquanto eles se beijavam, tirando
conforto do calor de sua pele, a vitalidade de sua presença – a prova concreta
de que ele estava vivo e bem.

Quando Ryder recuou, Luca viu que ele estava favorecendo seu braço
esquerdo. — Siobhan disse que você precisou de pontos?

— Oh, sim. Ryder sacudiu o casaco e levantou as mangas da camisa


para revelar uma faixa de bandagens em seu antebraço. — Um dos caras me
pegou com um canivete. Ele não atingiu os tendões, então eu vou ficar bem.

Pegou ele com um canivete. Jesus. Luca juntou as mãos no colo para
mantê-las imóveis. — Você vai me dizer o que aconteceu?

KM
Ryder contou a ele a história do começo ao fim. Sua voz e seu rosto
continuaram sem emoção, mas quando ele terminou, Luca teve que estender
a mão e tirar a bagunça esmagada que fora uma perfeita carambola para
longe dele. Ryder fez uma careta para o suco encharcando sua mão e
esfregou-a em suas calças, fazendo Luca estremecer.

— Os homens que nos atacaram serão julgados por agressão e


tentativa de sequestro, disse Ryder. — Mas eles são profissionais. Eles não
entregarão quem os contratou, mesmo que eles saibam.

— Quando Siobhan me disse ontem à noite que eu tinha sido drogado


com Rohypnol, eu pensei que tinha sido Nate, disse Luca. — E eu ainda
penso. Ele quer vingança, e o Admirador sabe disso. Ele poderia ter
estendido a mão para ele.

— Luca...-

— Nós sabemos que ele ainda pode entrar no campus. Eu não sei como
ele poderia ter entrado em nossa prática de natação sem você vê-lo, mas ele
deve ter encontrado um jeito...

—Não foi Wakefield, disse Ryder, com uma certeza tão absoluta que
Luca parou no meio do caminho.

— Como você sabe?

— Porque eu vim aqui da delegacia de polícia. Ryder se inclinou para


frente e pegou a mão de Luca. — Luca, Kyle Ward se entregou esta manhã.

KM
Ele foi o único que te drogou.

KM
Capítulo Trinta e Nove

Ryder sentiu a frisson de tensão que percorreu o corpo de Luca. A mão


de Luca ficou rígida sob a sua, e então ele se afastou, sacudindo Ryder. Ryder
deixou ele ir.

— Ele não iria, disse Luca. — Kyle me odeia, mas ele não ajudaria o
Admirador a me seqüestrar. Ele não iria tão longe.

— Você está certo, na verdade. Você vai me deixar contar toda a


história antes de começar a surtar?

Luca assentiu. Ele começou a envolver os braços em volta de si


mesmo, encolheu-se quando o movimento puxou seu tubo de soro e colocou
as mãos no colo.

Ryder queria alcançá-lo novamente, mas Luca acharia o toque mais


intrusivo do que reconfortante agora, então ele manteve as mãos para si
mesmo. — A polícia me ligou esta manhã para me dizer que Ward havia se
entregado. Eles perguntaram se eu queria vir observar os interrogatórios...-

— Sr. Ryder?

KM
Ryder se virou de onde estava na mesa do sargento para ver um
homem de meia-idade em um terno amarrotado caminhando em direção a
ele. — Detetive Betts. Bom te ver de novo.

— Agora, isso não pode ser verdade. Betts ofereceu um sorriso


irônico com o aperto de mão. — Fiquei feliz em saber que houve
consideravelmente menos consequências neste ataque do que no anterior,
no entanto. Luca está bem?

— O médico diz que ele vai ficar bem.

— Bom. Siga-me, por favor. Betts partiu para a parte de trás da


estação, Ryder ao seu lado. — Nós não começamos a questionar o Sr. Ward
ainda. Você está muito mais por dentro da situação do que nós - você pode
pegar inconsistências ou esquisitices em sua declaração que perderíamos.

— Eu pensei que ele já havia confessado.

— De drogar Luca, sim. Não sobre a conspiração com seus


sequestradores.

— Eu tenho dificuldade em acreditar que ele fez alguma coisa, disse


Ryder. — Não me interprete mal - Ward é um idiota homofóbico e detesta
a coragem de Luca. Mas é um ódio de parquinho, sabe? Não do tipo que
geralmente leva à violência com risco de vida.

— Bem, com alguma sorte, teremos todas as respostas em alguns


minutos. Betts se virou e entrou na sala de observação de uma das salas de

KM
interrogatório da estação, onde uma pequena mulher hispânica estava
esperando por eles. — Esta é minha parceira, a detetive Ramirez. Ela vai
conduzir o interrogatório; nós vamos assistir através do vidro.

Ryder apertou a mão dela. — Prazer em conhecê-la.

— Da mesma forma. Eu usarei um fone de ouvido, então, se há algo


que você acha que eu deveria saber ou quer que eu pergunte, Betts pode
transmitir isso para mim.

Olhando através do espelho de duas vias para a sala de


interrogatório, Ryder viu Kyle Ward caído em uma mesa de metal frágil.
Ele parecia horrível - seu cabelo estava em pé como se ele tivesse passado
as mãos por ele repetidas vezes, e seus olhos estavam inchados e injetados
de tanto chorar. Havia dois homens sentados em ambos os lados dele.
Ryder reconheceu um de uma das competições de natação de Luca como o
pai de Ward; o outro provavelmente era seu advogado.

Ramirez colocou o fone de ouvido e testou-o com Betts, depois foi


para a sala de interrogatório. No segundo em que ela entrou, Ward pulou
na cadeira.

— Ele está bem? Ele perguntou, a voz tensa de ansiedade. — Luca


está bem?

Ryder levantou uma sobrancelha. — Coisa estranha para perguntar


sobre alguém que você envenenou.

KM
— Ele esteve assim a manhã toda, disse Betts. — Ele estava tão
histérico quando veio pela primeira vez que não conseguíamos entender o
que ele estava dizendo.

Ramirez gesticulou para Ward sentar-se e também sentou-se em


outra cadeira, enfiando o cabelo atrás de uma das orelhas - sinal para a
orientação de Betts e Ryder. Ela precisava da confirmação da saúde de
Luca.

— Ele vai se recuperar totalmente, disse Betts.

— Ele vai conseguir se recuperar totalmente, disse Ramirez.

Ward soltou um soluço de alívio e enterrou a cabeça nas mãos. Seu


pai esfregou suas costas.

— Sr. Ward, uma vez que você já confessou ter drogado Luca
D'Amato, eu tenho certeza que você entenderá a minha confusão sobre sua
preocupação com ele, disse Ramirez. — De acordo com o relatório, ele
recebeu uma overdose severa de Rohypnol. Você acidentalmente deu a ele
mais do que você pretendia?

— Não. Ward levantou a cabeça. — Quero dizer, sim, eu acho, mas


só porque eu não sabia que era Rohypnol.

Ramirez recostou-se assustada. Betts e Ryder trocaram um olhar


confuso.

KM
— Você batizou a garrafa de água de seu companheiro de equipe com
uma droga desconhecida? Ramirez perguntou.

— Eu pensei...- Ward engoliu em seco, lançando um olhar para o pai


antes de continuar. — Eu pensei que eram esteróides.

— Esteróides?

— Esteróides anabolizantes. Nós temos uma competição no sábado,


e eles sempre nos testam antes. Se Luca testasse positivo para esteróides,
ele seria expulso da equipe.

— Oh, Kyle, disse seu pai, fechando os olhos.

Ward parecia que ia chorar novamente. — Eu juro que eu não sabia


que era Rohypnol. Eu nunca daria a alguém uma droga como essa. E eu
não sabia que alguém iria tentar sequestrá-lo! Eu nunca...- eu não queria
machucá-lo. Ele poderia ter morrido, oh, Deus... Ele cobriu os olhos com
uma mão, os ombros tremendo.

— Eu acredito nele, Betts disse a Ryder. — Você?

Ryder assentiu. — Alguém o usou como uma ferramenta. Assim


como Glauser.

Ramirez deu a Ward um momento para se recompor e disse: — Onde


você conseguiu as drogas? Através da Internet?

— Não. Um homem deu para mim. A coisa toda foi ideia dele, na

KM
verdade.

— Você não achou estranho que um homem desconhecido estivesse


interessado em ajudar você a enquadrar Luca?

— O cara disse que Luca o seduziu e contou a sua esposa sobre isso.
Ele queria vingança. Quando Ramirez encontrou isso com um olhar
incrédulo, a voz de Ward se levantou defensivamente. — Luca faz coisas
assim! Todo mundo sabe disso.

Betts olhou para Ryder para confirmação. Ryder suspirou e


assentiu.

— É verdade, disse Betts a Ramirez.

Ela limpou a garganta. — Tudo bem. Você sabe o nome do homem?

— Não. Mas eu o vi por aí, em festas e outras coisas. Ele é um tipo de


empresário em Washington.

— Warren Gray, disse Ryder. — Tem que ser.

— Nós não podemos apenas sugerir o nome para Ward e ele


concordar para isso. Um advogado de defesa iria destruí-lo no tribunal.
Temos que fazer com que ele escolha Gray em uma lista de fotos.

Um par de minutos e mais algumas perguntas depois, Ramirez saiu


para montar a linha de fotos. Betts e Ryder ficaram na sala dos
observadores, observando Ward através do vidro. Seu pai e advogado

KM
estavam conversando em voz tão baixa que Ryder não conseguia entender
as palavras.

— O que vai acontecer com ele? Ryder perguntou.

— Nós vamos acusá-lo de posse e agressão. Levando em conta sua


confissão e cooperação voluntária e sua falta de ofensas anteriores, ele
provavelmente evitará o tempo de prisão. O estado pode até optar por
cancelar a acusação de agressão se Luca não quiser dar queixa disso. Ele é
um adulto legal, então ele sempre terá um registro criminal.

Ryder não podia dizer que sentia pena de Ward - o idiota quase
conseguiu que Luca fosse sequestrado e Ryder morto - mas o fato de ele não
ter pretendido nada disso tirou o fôlego das velas de Ryder. Ward não era
um criminoso desonesto. Ele era apenas um garoto idiota e invejoso.

Quando Ramirez voltou com um livro de fotos, Ward levou menos de


um minuto para apontar o dedo para Gray. — Você tem certeza que é o
homem que te deu as drogas? Ramirez perguntou.

— Sim. Ward hesitou e disse: — Ainda tenho a garrafa que ele me


deu. Ele tocou com as mãos nuas. Pode ter suas impressões digitais, certo?

Uma sensação de triunfo fez a cabeça de Ryder mais leve. Ao lado


dele, Betts parecia igualmente animado quando disse: — Henry Glauser
pode não ter sido uma testemunha confiável, mas Kyle Ward é. Escolher a
foto de Gray é o suficiente para um mandado. E se as impressões digitais

KM
dele estiverem realmente na garrafa, bem, isso é suficiente para um
julgamento.

Betts se afastou para pegar o telefone. Do outro lado do vidro,


Ramirez ainda estava interrogando Ward.

— Há mais alguma coisa em que você possa pensar que possa


ajudar? Gray contatou você em outras ocasiões, qualquer outra coisa que
ele pediu para você fazer?

— Eu…-

— Você não precisa responder isso, Kyle, disse seu advogado.

— Não, tudo bem. Ward brincou com o canto de uma das páginas da
foto. — Eu realmente o conheci há um mês atrás. Ele me contou sobre esse
diário que Luca mantinha em sua antiga escola...

Seu pai endureceu. — Kyle...-

— Ele queria que eu distribuísse cópias em torno de Rutledge. E eu...-


eu queria, até contei a Luca que sabia disso, mas tive medo de ser pego.
Então eu disse a ele que não. Alguns dias depois, tudo estava lá na escola.

— Jesus, Kyle, seu pai explodiu. — Por que você faria isso? Não é
assim que sua mãe e eu criamos você.

— Você não entende! As bochechas de Ward estavam vermelhas,


embora Ryder não pudesse dizer se era constrangimento ou raiva. — Ele

KM
apareceu do nada, entrou na escola e no time, e ele simplesmente…
assumiu. Todo mundo está obcecado por ele. Mesmo depois que todos nós
descobrimos que ele é uma aberração, as pessoas caem por toda parte
tentando se aproximar dele. Eles falam sobre ele e o seguem e eles - eles
acham que ele é tão especial. E ele é melhor que eu. A voz de Ward falhou.
— Não é justo.

O advogado colocou a mão na de Ward. — É o bastante. Nem mais


uma palavra.

Quando Ryder terminou, ele pegou o copo de água na bandeja da


cama do hospital de Luca e tomou um longo gole, imaginando que Luca não
se importaria. A água estava morna e velha, mas aliviou sua boca seca.

Luca estava olhando para o espaço, como ele tinha estado durante
toda a história de Ryder. Seus dedos batiam contra suas pernas sem ritmo.
Ryder ficou quieto, esperando que ele falasse primeiro.

— Eles prenderam Gray?

— Quando saí, eles estavam no processo de obter um mandado. Eles


devem tê-lo dentro de algumas horas.

— Mas Gray não é o Admirador. As cartas e os ataques - eles não vão


parar.

— Verdade. Ele pode denunciar o Admirador, especialmente, se for


para salvar seu próprio pescoço. Mesmo que ele não faça isso, será um

KM
inimigo a menos com o qual temos que nos preocupar.

Sob o cobertor do hospital, as pernas de Luca começaram a tremer.


Ele empurrou as coxas para baixo com as duas mãos, fazendo um barulho de
frustração. Ryder arrastou a cadeira para mais perto da cama e colocou a
própria mão na coxa de Luca.

— Luca. Olhe para mim. Quando os olhos de Luca encontraram os


dele, Ryder disse: — Diga-me o que você precisa. Diga-me o que você precisa
que eu faça, e eu farei isso.

Luca respirou fundo. Sua inquietação cessou, mas seu corpo ainda
estava tenso quando ele baixou a testa para descansar contra a de Ryder. —
Você salvou minha vida novamente.

O lembrete despertou a dor latejante no braço esquerdo de Ryder, que


ele estava tentando ignorar. O ibuprofeno estava começando a se desgastar.

— Não foi só eu, você sabe, disse ele. — Song estava lá também.

— Bem, eu não vou agradecer a ela da mesma forma que vou agradecer
a você.

— Você não tem que me agradecer em tudo. É o meu trabalho.

— E é o trabalho do garçom servir comida, mas você ainda agradece


quando ele coloca um prato na sua frente.

Rindo da analogia, Ryder deu um beijo rápido na boca de Luca. —

KM
Tudo bem.

Luca encontrou a mão de Ryder e apertou-a. —Eu preciso de você hoje


à noite, disse ele, seus olhos sério.

Ryder não tinha que perguntar o que ele queria dizer. — Você tem
certeza de que vai estar em casa?

— Dra. Andersen disse que vou receber alta esta tarde.

— Ok, mas você vai estar... bem para isso? Ryder esfregou o polegar
sobre o braço de Luca para indicar a agulha IV.

— Sim. A voz de Luca era firme. — Eu tenho uma dor de cabeça, mas
não é nada que eu não possa lidar. Você virá para o meu quarto?

Como se houvesse alguma chance de Ryder dizer não. — Eu estarei lá


às oito.

*****

Às 7:55, Luca estava nervoso. Ele estava fazendo o seu melhor para
conter sua ansiedade durante todo o dia, sabendo que ele se sentiria muito
melhor quando tivesse Ryder sozinho em seu quarto, mas foi uma batalha
difícil. O ataque e a confissão de Kyle fizeram com que ele se sentisse

KM
desamparado, uma sensação que tanto sua mente quanto seu corpo se
rebelaram contra como uma vingança. Mesmo a plena consciência de que
seu desejo de foder qualquer homem meio-poderoso que entrasse em sua
vizinhança era uma compulsão devido à ansiedade não tornava os impulsos
menos esmagadores. Ele mal conseguiu se impedir de se jogar em seu
médico.

Luca se trancou em seu quarto assim que chegou em casa, com medo
do que ele poderia tentar fazer com Keller se não o fizesse. Então ele jogou
toda a sua energia inquieta em seus planos para a noite. Ele precisava mais
do que apenas sexo de Ryder agora...- ...e ele tinha uma suspeita de que
Ryder também precisava de mais dele. Luca estava fazendo sua pesquisa; ele
só esperava que seus instintos estivessem dizendo a coisa certa.

Então, às 7h55, Luca espantou Athena para o corredor e tirou o


roupão antes de se sentar nu na beira da mesa. Seu estômago estava
amarrado em nós, suas costas e ombros apertados com o estresse. Apenas
mais cinco minutos, ele disse a si mesmo. Espere por mais cinco minutos.

Ryder chegou na hora certa, como sempre. Quando ele viu que Luca
estava nu, seus olhos se arregalaram e ele fechou a porta atrás de si tão
rapidamente que quase contou como uma batida.

Luca respirou um pouco mais fácil apenas pelo olhar apreciativo no


rosto de Ryder, especialmente quando os olhos de Ryder caíram em seu pênis
- o qual ainda estava duro devido ao que Luca estivera fazendo antes de se

KM
colocar em cima da mesa. Não foi o suficiente, no entanto.

— Venha aqui, disse Luca, injetando tanta autoridade nas palavras


quanto podia. Ele observou o rosto de Ryder por sua reação.

As narinas de Ryder se abriram quando ele respirou fundo, e ele se


moveu para ficar na frente de Luca sem qualquer hesitação. Os nós no
estômago de Luca se soltaram. Ele estava certo.

Quando eles começaram a brincar ao redor, Luca achava que Ryder


estava apenas agradando-o ao deixá-lo no comando - que ele não se
importava em ser o submisso, desde que conseguisse sexo no negócio. Mas
esse não era o caso. Ryder queria que Luca estivesse no controle tanto quanto
Luca. Ele ficava excitado com isso.

Luca olhou para Ryder, que estava a um braço de distância dele, sem
falar, apenas esperando. Esperando para saber o que fazer. A ansiedade de
Luca começou a diminuir. — Tire sua camisa.

Ryder tirou a camiseta e jogou no chão. Luca deixou seus olhos


vagarem por seus músculos grossos e bem definidos. Toda essa força, todo
esse poder, sob o comando de Luca. Ryder não usaria nada disso a menos
que Luca dissesse para ele.

Luca continuou sua leitura até que ele podia sentir Ryder se tornando
desconfortável - Ryder não gostava de ser encarado, não do jeito que Luca
fazia. Então ele puxou as pernas para descansar os calcanhares na beirada da

KM
mesa, recostando-se nas mãos e inclinando os quadris para a frente. Ryder
soltou um gemido baixo quando viu que Luca já estava esticado e lubrificado.

— Fique de joelhos e me coma, disse Luca.

Os joelhos de Ryder caíram no chão quase antes de Luca terminar de


falar, e ele enterrou o rosto entre as pernas de Luca meio segundo depois.
Luca engasgou de surpresa com a velocidade de sua obediência, uma mão
agarrando o cabelo de Ryder enquanto ele tremia sob o prazer imediato dos
lábios e da língua de Ryder contra seu buraco. Ele usou lubrificante com
sabor, é claro; ele queria que isso fosse tão bom para Ryder quanto era para
ele.

E Deus, foi bom para ele. Ryder sempre foi incrível nisso - não só
porque ele tinha habilidade técnica, mas porque ele gostava tanto. Sua ânsia
era evidente em cada pressão faminta de seus lábios e furto de sua língua,
seus gemidos baixos, o aperto que ele mantinha nas costas das coxas de Luca.
Luca apoiou seu peso em sua mão livre e manteve o outro no cabelo de Ryder,
tentando lembrar como respirar enquanto observava a cabeça de Ryder se
movendo entre suas pernas. Foda-se, a visão daquele corpo grande e
musculoso ajoelhado a seus pés, atendendo-o...

Ryder levantou a boca para beijar as bolas de Luca. — Não, disse Luca
bruscamente, empurrando a cabeça de Ryder de volta para baixo. O gemido
de resposta de Ryder vibrou contra a pele macia de seu buraco.

Não era que Luca não gostasse da boca de Ryder em seu pênis e bolas,

KM
mas ele não tinha dado permissão para isso. Ele tinha a sensação de que
Ryder tinha deliberadamente testado essa fronteira para ver se Luca iria
repreendê-lo. Um calor de prazer aqueceu o sangue de Luca e ele pressionou
a cabeça de Ryder mais perto de si.

— Coloque sua língua dentro de mim.

Luca gritou quando Ryder obedeceu, a língua forte e penetrante


apunhalou-o, lambendo-o de dentro para fora. Seu pênis negligenciado doía,
mas Luca ignorou. Isso não era apenas para gozar. Ele precisava saber que
Ryder iria obedecê-lo, se submeteria a ele.

Ele deixou Ryder fodê-lo com sua língua até que suas coxas
começaram a tremer com o prazer disso, e então agarrou o cabelo de Ryder,
puxando sua cabeça para longe. — É o bastante. Levante-se.

Ryder levantou-se. Luca piscou com a mudança nele - suas pupilas


estavam tão dilatadas que o azul de seus olhos era apenas uma sugestão, e
havia duas manchas altas de cor em suas bochechas. No entanto, apesar de
toda a excitação óbvia de Ryder, seu corpo estava solto e relaxado. Ele
observou Luca com uma calma antecipação que - enervantemente - lembrou
a Luca de Athena.

Luca exalou em uma respiração controlada. Não importa o quanto ele


estivesse excitado, ele tinha que ficar focado aqui. Quanto mais eles
avançavam, mais Ryder mergulhava no subespaço, e era responsabilidade de
Luca manter a consciência do que estavam fazendo e do que Ryder precisava.

KM
Uma sensação de calma clara se instalou no centro de Luca, o olho da
tempestade de seu desejo.

— Você está duro? Ele perguntou.

Ryder soltou uma risada. — Você está brincando?

Decidindo deixar a impertinência passar desta vez, Luca disse: —


Mostre-me....

O rubor nas bochechas de Ryder escureceu quando ele abriu o zíper


de sua calça jeans e tirou sua ereção de sua cueca. Definitivamente ele não é
um exibicionista. Essa era uma coisa que ele e Luca não tinham em comum.
Então, novamente, isso não seria tão divertido se Ryder não estivesse, pelo
menos, um pouco desconfortável com isso. O fato de ele ficar envergonhado
ao ser encarado e mesmo assim deixar Luca fazer isso significava muito mais.

Deus, olhe para esse pau perfeito. Ryder estava tão duro que estava
quase em pé. Deveria estar matando ele ter tudo aquilo preso em seu jeans
enquanto ele estava comendo Luca. Luca estendeu a mão para correr a ponta
do dedo ao longo do comprimento dele, em seguida, bateu com força
suficiente para fazê-lo ricochetear contra o abdômen de Ryder. Ryder soltou
um som como se Luca o tivesse espetado com um atiçador em brasa, mas ele
não fez nenhuma exigência ou sequer se moveu.

Um pico de excitação atingiu o estômago de Luca. Ele pegou o pacote


de preservativos da mesa onde ele havia deixado e o estendeu para Ryder. —

KM
Coloque-o.

Ryder rasgou a embalagem aberta e deslizou a bainha de látex


lubrificada sobre sua ereção, um leve engate em sua respiração foi o único
sinal do quão pronto ele estava. Luca deslizou para fora da mesa para
pressionar contra ele, prendendo o pênis de Ryder contra seu estômago e
esfregando o próprio contra o quadril de Ryder. Ele limpou os brilhantes
traços de lubrificante dos lábios de Ryder antes de envolver sua mão na parte
de trás do pescoço de Ryder.

— Agora, aqui está o que você vai fazer, ele sussurrou. — Você vai me
virar e me dobrar, e então você vai me foder até que meus olhos rolem para
trás e eu goze por toda a mesa. E Ryder? Luca cravou as unhas na nuca de
Ryder. — Se eu ainda puder formar uma frase coerente, você não está me
fodendo com força suficiente.

Ryder gemeu, as mãos caindo para os quadris de Luca e ajudando-o a


virar de frente para a mesa. Luca abriu as pernas e inclinou-se para plantar
os cotovelos na superfície, que ele já tinha limpado de qualquer coisa
importante ou quebrável. O pênis de Ryder deslizou pelo interior de sua coxa,
e então ele empurrou dentro de Luca, afundando em um impulso duro.

Mesmo que Luca tivesse passado uns bons quinze minutos fodendo-
se com um vibrador para permitir que Ryder fizesse exatamente isso, ter todo
o eixo comprido e grosso de Ryder no primeiro impulso era esmagador. Ele
ofegou em voz alta e baixou a testa para a mesa, os dedos arranhando a

KM
madeira. Ryder estabeleceu um ritmo brutal logo de cara, batendo seu pau
em Luca de novo e de novo sem se dar ao trabalho de dar-lhe um tempo para
se ajustar.

— Foda-se, oh, Deus, disse Luca, fechando os olhos contra as


explosões elétricas de prazer que corriam para cima e para baixo em sua
espinha. Estava além dele como ele já havia se sentido satisfeito com o pau
de qualquer outro homem antes.

— É isso que você queria? Ryder perguntou, ofegando através de seus


esforços.

Luca estremeceu ao som de sua voz. A voz de Ryder era sempre


profunda, mas quando ele estava excitado, caiu mais um par de oitavas e
adquiria uma rouquidão que deslizava sobre as terminações nervosas de
Luca como chocolate preto. Ele não podia deixar isso distraí-lo agora, no
entanto. Forçando um gemido de escárnio, Luca olhou por cima do ombro e
disse: — Por que, isso é tudo que você pode me dar?

Ryder rosnou - ele verdadeiramente rosnou - e dirigiu seu pênis em


Luca com tal força que a mesa bateu contra a parede. Um grito de puro prazer
saiu da garganta de Luca. Ele se agarrou à mesa, arqueando as costas em uma
demanda por mais, e Ryder deu a ele. Era exatamente o que Luca precisava,
profundo, duro e rápido, enchendo-o apenas do jeito certo, provocando sua
próstata a cada poucos impulsos. A mesa bateu na parede em um ritmo
rápido em destacado, combinado com o slap das bolas de Ryder batendo

KM
contra a parte de baixo da bunda de Luca. Seus dedos estavam
dolorosamente apertados nos ossos do quadril de Luca e, mesmo com o som
de seus próprios gritos, Luca podia ouvir quão pesada e ofegante a respiração
de Ryder tinha se tornado, intercalada por gemidos ásperos.

Subjacente ao êxtase físico de tudo isso estava o conhecimento - a


absoluta e profunda certeza de seus ossos - de que Ryder estava sob o
comando de Luca. Se Luca dissesse a ele para diminuir a velocidade ou
mudar de posição ou mesmo para parar e voltar para seu próprio quarto,
Ryder faria isso. Ele faria qualquer coisa. Ryder estava aqui para servir o
prazer de Luca; o seu próprio vindo em segundo plano ou até mesmo sem ser
considerado. E Luca não tinha nem mesmo manipulado ele.

Foi isso que fez isso tão intenso, que fazia essa experiência melhor do
que qualquer outra coisa que Luca tivesse experimentado. Ryder queria isso.
Sua submissão a Luca era verdadeira e real, e ninguém jamais dera a Luca
esse tipo de presente antes.

Incapaz de se conter por mais tempo, Luca agarrou seu próprio pênis
e o bombeou com força, gritando quando sua poderosa liberação respingou
na mesa abaixo dele. Todo o corpo de Ryder estremeceu.

— Luca, disse ele com sua voz rouca. Ele soltou os quadris de Luca
para segurar uma mão contra a borda da mesa, envolveu o outro braço em
volta da cintura de Luca e, em seguida, levantou o corpo de Luca para que ele
pudesse penetrar nele ainda mais ferozmente.

KM
A mente de Luca se despedaçou. Jesus, seus pés não estavam nem no
chão. Ryder estava apenas...- ...apenas segurando-o com um braço enquanto
transava com ele. O novo ângulo colocou uma pressão incrível contra a
próstata supersensível de Luca, e ele gritou quando sentiu o prazer se
acumulando dentro dele. Isso não deveria ser possível - ele tinha acabado de
gozar, seu pênis ainda estava suavizando...-

Ryder não parou. Se alguma coisa, ele estava fodendo Luca mais
rápido agora, enquanto perseguia seu próprio clímax. As unhas de Luca se
enterraram na superfície de madeira da mesa. Parecia bom demais, era
demais, ele ia se desintegrar...

Um grito profano explodiu de Luca quando seus músculos se


contraíram e se soltaram, de uma forma que ele poderia ter jurado que era
outro orgasmo - exceto que ele não ejaculou, ele não estava nem mesmo
duro, e era muito mais intenso do que qualquer outro orgasmo que já teve,
parecendo originar diretamente de sua próstata. Atrás dele, Ryder grunhiu e
engasgou quando ele gozou. Seus quadris gaguejaram contra o traseiro de
Luca, gradualmente diminuindo conforme se desgastava, até que ele
finalmente parou de se mover.

E ele ainda estava segurando Luca.

— Ry-Ryder, Luca conseguiu dizer.

Ryder colocou os pés de Luca de volta no chão. Com o pênis ainda


fundo na bunda de Luca, ele se inclinou para frente e pressionou beijos

KM
urgentes nas omoplatas de Luca. — Baby, disse ele. — Isso foi bom? Precisa
de mais?

— Oh, meu Deus, disse Luca fracamente. Mais provavelmente o


mataria. — Eu estou bem. Tire.

Ryder se retirou e jogou o preservativo longe. Luca ficou curvado por


um momento, esperando para se endireitar até ter certeza que suas pernas o
segurariam.

Como se viu, ele julgou mal. Seus joelhos trêmulos cederam no


segundo em que ele tentou ficar de pé. Ryder o pegou e o ajudou a sentar na
mesa, então envolveu Luca em seus braços e se inclinou para beijar seu
pescoço.

Embora Luca não quisesse mais nada do que se jogar em sua cama e
desmaiar, ele sabia que não poderia fazer isso ainda. Ryder estava tremendo;
ele precisava que Luca o aterrasse até ele descer. Para Luca fazer o contrário,
seria cruel, e seria como cuspir em frente a tudo que Ryder tinha feito por
ele.

Ele alisou as mãos nos braços de Ryder. — Você pode me levar para a
cama? Meus joelhos estão um pouco fracos.

Ryder não era especialista em esconder suas emoções, mesmo quando


ele estava no controle total de si mesmo; No fundo do subespaço, o prazer e
o orgulho que cruzaram seu rosto na admissão de Luca eram claros como o

KM
dia. Um brilho quente floresceu no peito de Luca. Ele queria fazer Ryder se
sentir assim o tempo todo.

Ryder levantou Luca em seus braços e o deitou na cama, deslizando


ao lado dele. Luca puxou o lençol sobre os dois, depois se encolheu contra o
lado de Ryder e apoiou a cabeça no ombro de Ryder. Ambos os braços de
Ryder se envolveram ao redor dele.

— Isso foi tão bom, disse Luca, esfregando a mão em círculos sobre o
peito de Ryder. — Você é tão bom para mim, Ryder.

Ele observou o rosto de Ryder, que era um estudo de serenidade,


apesar de seus músculos trêmulos. Luca sentiu uma paz semelhante, embora
não fosse a leveza ofuscante e fora do corpo que Ryder parecia estar
experimentando, o tipo que Luca sentia quando tomava Ativan. Não, Luca
estava calmo e centrado, sua mente afiada e completamente em sintonia com
seu corpo - como se ele pudesse lidar com o que o mundo escolhesse lançar
nele em seguida.

Um minuto depois, houve uma batida hesitante na porta. Ryder se


mexeu, começando a se sentar, mas Luca o empurrou de volta para baixo. —
Eu vou atender.

Ele sentou-se na beira da cama e testou suas pernas antes de se


levantar. Eles ainda estavam vacilantes, mas eles o seguraram por alguns
minutos. Como ele não conseguia se lembrar de onde tinha deixado o roupão,
Luca pegou o cobertor de caxemira do pé da cama e colocou-o nos quadris a

KM
caminho da porta.

Georgina estava esperando do outro lado. — O quê? Luca perguntou,


talvez um pouco secamente. Athena se espremeu entre suas pernas e entrou
no quarto e Luca não a impediu.

— Uh...- os olhos de Georgina cintilaram em seu corpo. — Desculpe, é


só que houve toda essa gritaria e batidas, e depois um silêncio mortal... Eu
só queria ter certeza de que você estava bem.

Seus olhos caíram para seus quadris, e ela apertou os lábios como se
estivesse segurando uma risada. Luca olhou para baixo. O cobertor tinha
escorregado de um de seus ossos do quadril, revelando um conjunto de
contusões obviamente em forma de dedo na pele ali. Luca revirou os olhos e
recolocou o cobertor de volta.

— Estou bem, disse ele. — Estamos bem.

— Eu acho que sim. O sorriso de Georgina cresceu. — Você com


certeza sabe como fazer uma garota ficar com ciúmes. Porra.

— Boa noite, Georgina. Luca fechou a porta, balançando a cabeça em


diversão enquanto a ouvia rindo do outro lado.

Athena pulara na cama e se enrolara no pé, onde ela dormia todas as


noites. Luca coçou suas orelhas antes de deixar o cobertor cair no chão e
voltar para a cama ao lado de Ryder. Quando ele se moveu para se pressionar
contra o lado de Ryder novamente, seus olhos passaram pelo braço esquerdo

KM
de Ryder, e seu estômago caiu.

— Oh, Deus. Luca levantou o braço de Ryder, olhando para as gotas


de sangue que estragavam a bandagem branca outrora imaculada. — Ryder,
eu acho que você estourou um dos seus pontos.

— Hmm? Os olhos de Ryder se abriram. — Oh. Está bem. Não faz mal.

Ryder seria mesmo capaz de sentir dor, nesse estado? A culpa deixou
Luca enjoado. — Sinto muito, disse ele. — Eu não pensei em seu braço. Eu
deveria ter lembrado, eu deveria ter notado...-

— Luca. Soando um pouco mais parecido com ele agora, Ryder puxou
seu braço para longe. — Estou bem. É só um corte, tudo bem? Eu não vou
sangrar até morrer.

Luca ainda estava com vergonha de si mesmo por não pensar na lesão
de Ryder, mas ele não resistiu quando Ryder o puxou para baixo contra o
peito. Eles ficaram juntos por alguns minutos, Luca ouvindo enquanto os
batimentos cardíacos de Ryder se acalmavam em uma batida lenta e
constante.

Depois de um tempo, Ryder beijou o topo da cabeça de Luca. —Nós


deveríamos ter falado sobre isso primeiro, disse ele.

Luca olhou para ele. — Você não gostou?

— Oh, eu definitivamente gostei disso. Ryder sorriu. — Mas esse tipo

KM
de coisa... deve haver limites e limites e - e palavras de segurança...-

— Você acha que precisamos de uma palavra de segurança? Você é o


dobro do meu tamanho. Eu nunca seria capaz de fazer algo que você não
queira.

— Isso não é exatamente verdade, disse Ryder, acariciando os dedos


pelo cabelo de Luca. — Mas uma palavra de segurança não é apenas para dor
física. É algo que você pode usar se as coisas ficarem muito intensas ou
desconfortáveis em um nível psicológico também. Nós não devemos jogar
jogos de poder como este sem uma.

— Oh. Luca podia entender o raciocínio por trás disso, ele supunha,
embora ainda achasse que as chances de ele fazer Ryder ter que usar uma
palavra de segurança eram quase nulas.

Ambos se acalmaram em um silêncio sonolento. Ryder começou a


adormecer, a julgar pela maneira como sua respiração se estabilizou. Luca
não conseguia adormecer assim - tocando alguém - então sua mente
trabalhou preguiçosamente sobre os acontecimentos do dia a partir de sua
nova perspectiva mais calma.

Enquanto pensava naquela manhã, Luca disse: — Carambola.

— O que?

— Nossa palavra de segurança. Carambola. Luca roçou os lábios no


peito de Ryder. — Eu posso garantir que não é algo que qualquer um de nós

KM
normalmente diria.

— O que você quiser. Ryder ficou quieto por tanto tempo que Luca
pensou que tinha adormecido, mas depois soltou uma risada sonolenta e
disse: — Você sabe que é a palavra de segurança mais gay de todos os tempos,
certo?

KM
Capítulo Quarenta

— Como ele conseguiu sua audição de fiança tão cedo? Luca disse.

— Dinheiro e conexões. Ele provavelmente puxou alguns juízes. Ryder


olhou pelo banco de trás para Luca, que estava olhando pela janela do carro.
— Nós ainda podemos te levar para a escola, você sabe. Não há motivo para
você ir à audiência de Gray.

Luca sacudiu a cabeça. — Eu tenho. Eu tenho que olhá-lo nos olhos e


perguntar por que ele fez isso comigo. Eu preciso saber.

— Tudo bem.

Vendo Luca tão ansioso e vulnerável, Ryder quase podia acreditar que
ele imaginou o domínio sem esforço de Luca da noite anterior. Mas a dor em
seu braço esquerdo - para não mencionar a sensação de paz interior que
ainda persistia - eram constantes lembretes de que tudo tinha sido muito,
muito real. Um ponto estourado era um pequeno preço a pagar por esse tipo
de prazer.

Ryder parou essa linha de pensamento em suas trilhas. Embora ele


não estivesse tecnicamente em serviço, Willis e McCall estavam no carro com

KM
eles. Além disso, ele tinha que se manter afiado em preparação para o que
certamente seria um dia estressante. Ryder duvidou seriamente que Luca iria
ter qualquer tipo de satisfação em confrontar Gray, mas ele não tinha sido
capaz de convencê-lo disso. Tudo o que ele podia fazer era ter certeza de que
ele estava lá para Luca depois.

Gray foi preso na tarde anterior. Qualquer outra pessoa teria ficado
presa no fim de semana, à espera de uma audiência na segunda-feira, mas
Gray conseguiu alavancar sua riqueza e status em uma audiência no final da
manhã de sexta-feira. Ryder só podia esperar que o juiz definindo sua fiança
não seria tão tolerante; Gray era a própria definição de evasão de divisas.
Tudo o que eles tinham sobre ele agora era o testemunho de Kyle Ward, mas
tudo isso mudaria assim que a análise das impressões digitais da garrafa de
Rohypnol voltasse - o que levaria algumas semanas. Gray tinha que saber que
sua melhor chance era sair sob fiança e usar seus recursos consideráveis para
fugir do país antes que fosse tarde demais.

A frente do tribunal estava repleta de repórteres e equipes de


reportagem de televisão. O corpo de Luca ficou ainda mais tenso quando ele
os viu, e Ryder se inclinou para apertar seu ombro. — Eles não podem ver
você. As janelas traseiras são matizadas.

— Isso não vai me ajudar quando sairmos do carro, disse Luca.

— Nos leve o mais perto que puder, disse McCall a Willis. — Jesus,
que porra!

KM
Antecipando a chegada de Gray, a polícia montou barricadas nos
degraus da frente do tribunal para manter a imprensa recuada. Willis
avançou o Range Rover em direção a ela, seu progresso desacelerando devido
a uma horda de repórteres que avançaram sobre o carro, tentando tirar fotos
de quem estava dentro.

Quando finalmente chegaram à abertura da barricada, Willis


estacionou o carro e McCall saltou. Um dos policiais que guardavam a
barricada disse: — Você vai ter que mover seu carro...-

— Estamos apenas deixando alguém.

Ryder também saiu, gesticulando para que Luca ficasse no Range


Rover até que Keller e Song se juntassem a eles a partir do carro na
retaguarda. Os quatro formaram um semicírculo ao redor da porta dos
fundos; quando Luca deixou o carro, eles mudaram para uma conformação
de quatro homens. Ao ver Luca, alguns policiais se apressaram em avançar
para ajudar a conduzi-los com segurança pela barricada.

Eles deram apenas um passo antes que um dos repórteres o


reconhecesse. — Sr. D'Amato! Ela gritou, o que desencadeou uma reação em
cadeia entre todos os membros reunidos da imprensa. O grupo começou a
bombardeá-lo com perguntas e lançando flashes enquanto empurravam a
multidão.

— Sr. D'Amato, por que Warren Gray queria sequestrar você?

KM
— Você tem algum comentário sobre as ações de seu companheiro de
equipe, Kyle Ward?

— Você teme por sua vida?

Luca manteve a cabeça baixa e não respondeu a nenhuma das


perguntas Em poucos segundos, eles romperam a multidão de repórteres e
entraram na relativa segurança criada pelas barricadas. McCall começou a
conduzi-los para as portas do tribunal, mas Luca a deteve.

— Não, disse ele. — Se entrarmos, posso perder minha chance. Ele


será muito fortemente guardado; Eu não vou poder falar com ele.

— Se ficarmos aqui, esses abutres poderão assistir a coisa toda.

— Eu não me importo.

McCall suspirou e cedeu. Apoiaram-se contra uma das paredes do


tribunal - Luca de costas para o tijolo, seus quatro guarda-costas
posicionados ao redor para protegê-lo das câmeras o melhor que podiam.
Ryder sentiu a mão de Luca roçar brevemente as costas dele, como se a
procura de garantias. Ele não protestou contra o toque.

Foram mais cinco minutos antes que o carro da polícia que


transportava Gray chegasse. A imprensa foi à loucura, praticamente subindo
em cima do carro em sua ânsia, seu clamor atingindo um tom histérico
enquanto eles gritavam suas perguntas uns sobre os outros. Os policiais
tiveram que conter fisicamente vários deles para que Gray - vestido de terno,

KM
mas com as mãos algemadas na frente dele - atravessasse a barricada.

Dois oficiais escoltaram Gray pelos degraus. Quando se aproximaram,


Luca empurrou McCall para o lado e contornou-a, chamando a atenção deles.
Gray parou abruptamente. Os policiais trocaram olhares desconfortáveis,
mas eles não insistiram com ele.

Embora Ryder não achasse que ele já tinha visto Warren Gray antes,
ele poderia não ter se lembrado se ele tivesse - o homem era completamente
comum e esquecível, mediano em todos os sentidos. Ryder se reposicionou
de modo que ele estava bloqueando o lado de Luca para a multidão.

Os olhos de Gray atingiram Luca da cabeça aos pés. — Então você é o


único por quem todo mundo está perdendo a cabeça. Ele bufou. — Eu não
vejo o apelo, em tudo.

A mandíbula de Luca se apertou. — Então por que isso? Por que fez
isso? Eu nunca fiz nada para você...-

— Eu não dou a mínima para você, garoto, disse Gray. — Mas a sua
mãe é uma cadela quase intocável e, bem, a história mostra que a melhor
maneira de chegar até ela é através da família.

O rosto de Luca ficou pálido por uma fração de segundo antes de ele
avançar sobre Gray. Ryder e McCall agarraram seus braços para segurá-lo.

— Seu filho da puta, disse Luca, sua voz tremendo tanto quanto seu
corpo. — Espero que você morra na prisão.

KM
Gray riu alto. — Se é assim que você acha que isso vai acabar, você tem
outra coisa vindo. A diversão deslizou de seu rosto, e ele disse: — Você não
tem idéia do que você está enfrentando, seu pequeno pirralho. Não faço ideia
de quão profundo isso vai. Você não tem a mínima chance...

E então a cabeça de Gray explodiu em uma chuva de sangue e osso.

O corpo de Ryder reconheceu o crack de um rifle sniper e reagiu por


instinto e memória antes mesmo de sua mente consciente terminar de
processar o som. Ele agarrou Luca e o empurrou para o chão junto à parede,
jogando-se em cima e cobrindo o corpo de Luca com o seu. Gritos
aterrorizados soaram ao redor deles enquanto as pessoas na multidão
entravam em pânico e começaram a correr.

— Todo mundo para baixo! Gritou um dos policiais respingados de


sangue.

—Tiros disparados do lado de fora do tribunal, seu parceiro estava


gritando em seu rádio. Repito, tiros disparados do lado de fora do tribunal.
Prisioneiro para baixo. Possível atirador de elite.

McCall, Keller e Song agacharam-se ao lado de Ryder e Luca, atentos,


fornecendo-lhes cobertura adicional. Ryder examinou os prédios em frente
ao tribunal. Muitos lugares para um atirador se esconder...-

Ryder grunhiu de repente, com um duro golpe no peito. Ele olhou


para baixo para ver Luca se debatendo embaixo dele, empurrando-o com

KM
ambas as mãos, tanto medo em seu rosto que o coração de Ryder pulou em
solidariedade.

— Saia de mim! Disse Luca, histérico. — Sai fora!

— Eu não posso, Luca, há um franco-atirador...-

— Saia de cima de mim!

Ryder cerrou os dentes e ficou onde estava, deixando Luca atingi-lo


em suas tentativas de se libertar. Demandou mais esforço do que ele teria
pensado para manter-se no lugar; Os golpes movidos pelo pânico de Luca
acumulavam uma quantidade surpreendente de força. Quebrou o coração de
Ryder vê-lo com tanto medo - e, pior ainda, ele sendo a causa desse medo -
mas não era nada comparado a como ele se sentiria se o cérebro de Luca
terminasse espalhado pelos degraus como os de Gray.

— Sou eu, disse Ryder. — Eu não vou te machucar, baby, apenas


espere por mais alguns minutos.

Ele deliberadamente quebrou a regra de Luca sobre não usar apelidos


carinhosos fora do quarto na esperança de que a raiva tirasse Luca de seu
ataque de pânico, mas Luca nem parecia ouvi-lo. Ele olhou por cima do
ombro de Ryder, olhos vidrados e vazios, e Ryder ficou chocado ao ver que
seus cílios estavam molhados.

Luca parou de lutar, ficando flácido e fraco embaixo dele. Ele parecia
quebrado. — Por favor, ele sussurrou. Uma lágrima escorreu pela bochecha

KM
dele. — Saia de cima de mim. Por favor.

Deus. Este não era um simples ataque de pânico. Isso era... - isso era
algo completamente diferente. Ryder virou a cabeça, observando os policiais
limpando a cena, se movendo para baixo. Não houve outro tiro depois do que
matou Gray.

Um dos policiais trotou até o grupo encolhido. — Vamos levá-lo para


dentro do tribunal, disse ela, com o rosto tenso.

As portas do tribunal estavam a apenas seis metros de distância.


Ryder se soltou do corpo de Luca e o pegou em seus braços. Luca não
resistiu...- ele não reagiu. Eles correram em direção às portas em um nó
apertado, nenhum deles respirando com facilidade até que eles entraram no
foyer de mármore expansivo e fecharam as portas atrás deles.

Ao som dos seus passos ecoando nas paredes, Luca começou e


pareceu voltar para si mesmo um pouco. Ele se contorceu nos braços de
Ryder. — Eu posso andar, disse ele. — Coloque-me no chão, eu posso andar.

— Tudo bem. Ryder colocou Luca em pé, mantendo uma mão sobre
ele até ter certeza de que Luca estava dizendo a verdade.

Luca tropeçou em um banco de pedra encostado na parede e desabou


sobre ele, esfregando as lágrimas em suas bochechas, seus movimentos
bruscos de raiva. Ele estava tremendo como um viciado em heroína em
abstinência.

KM
Quando ele tirou uma pílula do bolso da calça jeans e foi colocá-la em
sua boca, Ryder pegou seu pulso. Se Luca tentasse engolir uma pílula a seco
nesse estado, ele sufocaria.

— Espere. Eu vou pegar um pouco de água.

Luca assentiu e caiu contra o encosto do banco. Ryder olhou ao redor


do foyer do tribunal, avistando um bebedouro não muito longe. Ele deixou
Luca sob o olhar atento de McCall enquanto ele enchia um copo. Keller e
Song ainda estavam de guarda nas portas.

Ryder voltou a se sentar no banco, entregando o copo para Luca, mas


a mão de Luca tremia tanto que ele derramou água em seu casaco. Ryder
pegou o copo de volta e bebeu metade para que não houvesse água suficiente
para entornar pelos lados.

Luca engoliu a pílula, depois deixou cair o copo de papel no chão,


fechando os olhos. O tribunal zumbia em frenética atividade, o ar crepitando
com medo e excitação. Ryder não prestou atenção. Os outros guarda-costas
monitorariam seus arredores; Ryder só tinha olhos para Luca.

Depois de alguns minutos, a respiração de Luca se estabilizou e seu


tremor diminuiu. Ryder colocou a mão em seu ombro. — Você vai me dizer
o que foi isso? Perguntou ele.

Os olhos de Luca se abriram e eles estavam tão cheios de amargura


que Ryder ficou surpreso. — Você vai me dizer como conseguiu essa cicatriz

KM
do seu lado?

As palavras foram como um golpe físico. Dor fantasma deslizou pelo


caminho da cicatriz de Ryder, e ele puxou a mão para trás, desviando o olhar.

Luca soltou uma gargalhada sem humor algum. — Isso foi o que eu
pensei.

*****

Eles acabaram tendo que ficar no tribunal por horas enquanto a


polícia recebia declarações de todos que tinham testemunhado o assassinato
de Gray. Luca não sabia o que eles estavam querendo descobrir - Gray tinha
sido assassinado. Ninguém no chão tinha visto nada além dele explodindo
aberto.

Ryder ficou ao seu lado durante toda a provação, embora ele


mantivesse uma distância cuidadosa. Havia uma tensão carregada entre eles.
Luca se sentiu um pouco culpado pelo que disse, mas não culpado o
suficiente para se desculpar. Ele estava muito abalado e envergonhado pelo
que aconteceu para poupar muita energia para quaisquer outras emoções.

Ele nunca teve um ataque de pânico tão intenso antes; tinha sido tão
ruim que ele mal conseguia lembrar. Tudo o que ele lembrava era um terror

KM
profundo e um pavor esmagador, como se algo terrível estivesse prestes a
acontecer e não houvesse nada que ele pudesse fazer para detê-lo. O estranho
era que Luca tinha certeza de que ele não tinha entrado em pânico porque
Gray tinha sido baleado. Ele entrou em pânico porque Ryder estava em cima
dele. Por tudo que era mais sagrado, ele não podia explicar por que ele reagiu
tão fortemente a isso quando havia coisas muito mais assustadoras
acontecendo. Porra, ele realmente chorou, e Ryder teve que carregá-lo como
uma criança...-

— Luca! Siobhan disse, com uma impaciência que sugeria que ela
estava tentando chamar sua atenção por algum tempo.

— Sim?

— Estamos livres para sair. Vamos.

Ele se levantou e a seguiu pelas portas do tribunal. Um grupo de


policiais e investigadores de cena de crime estavam agrupados em volta do
cadáver de Gray, que havia sido isolado com estacas e fita adesiva amarela.
O ativan entorpeceu a ansiedade de Luca, frente a essa visão, para uma
espécie de horror vazio.

Quando voltaram ao Range Rover, em direção à propriedade, Luca


disse: — O Admirador matou Gray porque ele sabia demais.

— Eu não penso assim, disse Ryder. Era a primeira vez que ele falavau
diretamente com Luca em horas. — Pelo menos, eu não acho que essa tenha

KM
sido sua maior motivação. Gray era um amador idiota e estúpido. Pense em
quantos erros ele cometeu - dizendo a Glauser seu nome verdadeiro, usando
Duval para grampear seu quarto quando ele sabia que Duval poderia ser
rastreado até ele, tocando o frasco de rophynol com as próprias mãos. Ele
nem sequer se preocupou em encontrar uma maneira de se certificar de que
Ward não iria confessar, e ele nunca deveria ter dado a Ward Rohypnol
suficiente para causar uma overdose. Eu acho que o Admirador o matou
porque ele era um idiota e uma responsabilidade.

— Talvez. Luca esfregou a mão sobre o couro da porta do carro. — O


atirador poderia ter atirado em mim. Eu estava bem ali.

— Luca, eu continuo dizendo a você, o Admirador não te quer morto.


Os homens que tentaram sequestrá-lo em Rutledge estavam sob ordens para
mantê-lo vivo.

— E se ele só quer me seqüestrar para que ele possa ter o prazer de me


matar?

Ryder não tinha uma resposta para isso. Luca inclinou a cabeça contra
a janela e pensou em tomar outra dose de Ativan, mas decidiu contra isso.
Ele precisava permanecer no controle de si mesmo agora.

Luca foi direto para o seu quarto quando chegaram em casa, Siobhan
e Ryder em seus calcanhares. Seu celular tocou enquanto ele subia as
escadas. Ele respondeu com um simples — Hey.

KM
— Você está bem? A voz de Ashton estava tensa. — Ninguém vai me
dizer nada, apenas que Warren Gray foi baleado e que você estava lá...-

— Eu não estou ferido. Mas não, eu não diria que estou bem.

— Onde você está?

— Acabei de chegar em casa.

— Eu vou estar aí em vinte minutos. Ashton desligou sem esperar por


uma resposta.

Eles haviam chegado ao corredor em frente ao quarto de Luca neste


momento. Luca colocou o telefone de volta no bolso e estendeu a mão para
abrir a porta do quarto, mas baixou a mão quando Ryder disse: Era
Davenport?

Luca se virou e encontrou seus olhos. — Sim.

Ele nunca tinha visto Ryder parecer tão incerto quanto ele parecia
agora. A boca de Ryder se abriu e fechou duas vezes antes que ele finalmente
dissesse: — Luca...-

Deus, ele nem tinha coragem de dizer que não queria que Ashton
aparecesse. Luca perdeu abruptamente toda a paciência com ele.

— Você é meu namorado? Ele perguntou.

— Oookay, disse Siobhan. — Eu apenas vou estar... não aqui.

KM
Ela correu de volta pelo caminho que eles vieram, em direção às
escadas. Ryder a observou ir embora, sua expressão uma divisão entre
embaraço e irritação. Uma vez que estavam sozinhos, Luca cruzou os braços
e ergueu as sobrancelhas.

Ryder olhou para ele por um momento, como se esperasse que Luca
levasse a pergunta de volta. Então ele suspirou e disse: — Não.

Mesmo que Luca estivesse esperando isso, ainda doía ouvir. Ele
balançou a cabeça e abriu a porta do quarto. Ryder pegou ele no limiar.

— Não é que eu não tenha esses sentimentos por você, disse ele. — Eu
faço. Mas Luca...- um namorado é alguém com quem você pode sair em
público e apresentar aos seus amigos. Não é alguém com quem você tem que
se esgueirar e mentir.

Luca arrancou o braço do aperto de Ryder. — Não é alguém que é dez


anos mais novo que você e ainda está no ensino médio, você quer dizer.

— Isso é parte disso também.

— Tudo bem, disse Luca. — Mas se você nem consegue me chamar de


seu namorado, eu não vejo nenhuma razão para eu não foder quem eu quiser.
Eu não vou me comprometer com você se você não puder se comprometer
comigo.

Ryder piscou. — Eu posso fazer esse compromisso com você. Eu não


vou ter sexo com mais ninguém.

KM
— Isso não significa a mesma coisa para você como para mim, Ryder!
Ser monogâmico não será difícil para você. Não é um sacrifício. Você está me
pedindo para ir completamente contra a minha natureza em troca de algo
que você provavelmente estaria fazendo de qualquer maneira. Isso não é
justo, e eu não farei isso.

Luca deu um passo para trás em seu quarto. Ryder ficou no corredor,
mandíbula rígida. — E se eu dissesse que ia sair hoje à noite e pegar alguém?

— Faça o que você quiser, disse Luca. — Eu não sou seu namorado.
Ele fechou a porta no rosto de Ryder.

Luca encostou-se à porta, escutando, até ouvir os passos de Ryder se


afastando e a porta do quarto de Ryder abrindo e fechando. Não batendo, é
claro. Ryder era maduro demais para isso.

Athena passara trotando por eles até o quarto enquanto eles


discutiam, e agora ela observava Luca da cama, as orelhas espetadas. Ele
sentou ao lado dela e esfregou a cabeça enquanto tentava reprimir sua
náusea com o pensamento de que ele poderia ter acabado de foder tudo.

Não havia realmente nada mais que ele poderia ter feito, no entanto.
Ele não poderia se comprometer com algo tão importante se Ryder não
estivesse disposto a encontrá-lo no meio do caminho. Isso estabeleceria um
mau precedente que persistiria enquanto ele e Ryder tivessem algum tipo de
relacionamento. Luca queria Ryder, mas não o suficiente para jogar todo o
seu auto-respeito pela janela.

KM
Perdido em contemplação, Luca ficou surpreso quando a porta de
repente se abriu e Ashton correu para dentro.

— Deus, disse Ashton, agarrando as mãos de Luca e puxando-o para


cima. Ele correu os olhos pelo corpo de Luca. — Você está realmente bem.

— Eu te disse no telefone...-

— Eu sei, mas eu tinha que ver por mim mesmo. Ashton esmagou
Luca contra ele em um abraço feroz. — Minha mãe me ligou assim que a
escola soltou. Eles estão mostrando o vídeo em todas as principais estações
de notícias. Eles disseram que houve apenas um tiro, mas você estava tão
perto dele...

A voz de Ashton se quebrou. Luca deu-lhe um aperto e gentilmente


recuou para olhar o rosto de Ashton, que estava sério e pálido. Ele sentiu uma
onda de vergonha por estar tão preocupado com sua coisa com Ryder,
quando não pensou nem por um momento no que as notícias do ataque...-
logo depois da tentativa de sequestro -...faria com seus amigos.

— Quem iria querer matar Gray? Ashton perguntou.

— O Admirador. Eu acho que ele estava cansado de Gray foder tanto.

— Jesus. Ashton esfregou a mão sobre o rosto. — Luca, isso está


ficando louco. Quero dizer, era uma coisa quando eram notas assustadoras e
caras grampeando seu quarto, mas... Kyle drogou você, e eles tentaram
sequestrá-lo direto do vestiário da escola, e agora há atiradores correndo por

KM
aí? Eu sei que você fez algumas coisas sombrias no passado, mas isso parece
muito extremo para uma simples vingança.

Ele tinha um bom ponto. — Eu sei, disse Luca. — Eu não entendo o


que está acontecendo mais do que você.

Ashton pareceu relaxar um pouco, e ele empurrou uma mecha de


cabelo da testa de Luca. — Gray morreu bem na sua frente.

— Sim. Luca ainda podia ver - Gray zombando dele um minuto, e sua
cabeça nada além de uma bagunça sangrenta no seguinte.

Escovando um beijo na bochecha de Luca, Ashton disse: — Eu vou


cuidar de você. Vamos.

Eles espantaram Athena da cama e se deitaram de frente um para o


outro, beijando-se suavemente e lentamente por alguns longos minutos. Foi
legal, mas Luca não conseguiu se entregar a isso; sua mente continuava
voltando à sua discussão com Ryder. Ryder iria beijá-lo de novo? Ele entraria
nessa cama com Luca de novo?

Finalmente, Ashton quebrou o beijo com uma expressão intrigada. —


Há algo errado? Você parece meio distraído.

— Eu, hum... não é nada. Luca passou a perna por cima de Ashton. —
Eu tive uma briga com Ryder antes de você chegar aqui. Não é importante.

Eles se beijaram novamente. — Sobre o quê? Ashton disse contra a

KM
boca de Luca.

— Hmm?

— Porque você brigou com Ryder?

— Nada. Não importa. Quando Luca tentou aprofundar o beijo,


Ashton o empurrou para longe e se sentou. — O que?

— Eu pensei que você não ia mais mentir para mim, Luca. A voz de
Ashton estava tensa de raiva. — Você acha que eu não posso dizer agora
quando você está escondendo algo de mim?

Luca abriu a boca para protestar, depois desistiu. Ele estava exausto
demais. — Nós brigamos sobre você. Ele não queria que você viesse.

— Porque ele não gosta de mim, certo? Eu sabia! Eu só queria saber o


porquê.

— Porque ele está com ciúmes.

Ashton olhou para Luca perplexo por uns bons dez segundos antes de
entender. Seus olhos se arregalaram e ele se afastou da cama como se Luca
tivesse algum tipo de doença contagiosa. — Você está transando com Ryder?

— Sim.

— Luca! Ashton soltou um som estrangulado. — Esse cara é enorme.


Ele poderia me agarrar ao meio sem sequer suar, e você está me esfregando

KM
na cara dele? É maluco?

De todas as reações que Luca achava que Ashton poderia ter em


relação às notícias, ele nunca havia imaginado isso. Ele não pôde deixar de
rir, embora ele rapidamente sufocou quando Ashton olhou para ele.

— Ryder nunca iria te machucar, disse Luca. — Não, a menos que você
me machucasse primeiro. Ele não é esse tipo de cara.

— Ele parece esse tipo de cara!

Isso era verdade. Ryder parecia o tipo de cara que incorporaria todo o
homem Neanderthal quando estivesse com ciúmes. Mas Luca sabia que
Ryder odiava quando as pessoas faziam essas suposições sobre ele.

— Ele não é. Confie em mim. Além disso, tecnicamente só dormimos


juntos por uma semana.

O alívio cruzou o rosto de Ashton, mas ele não fez nenhum movimento
para se juntar a Luca na cama. — Por que transar comigo, então, se Ryder é
tão contra isso?

— Ele não é meu namorado. Ele deixou isso muito claro.

— Oh, disse Ashton. — Você quer que ele seja, no entanto.

Luca deu de ombros. Ele queria dizer não, que era apenas um ótimo
sexo, mas auto-ilusão era o departamento de Ryder. Não dele.

KM
Ashton sentou-se na beira do colchão. — Ele feriu seus sentimentos.

— Não. Luca revirou os olhos. — Sim, eu acho. Eu não sei. Assusta


Ryder às vezes o quão jovem eu sou. Eu entendo, eu realmente faço, mas...
isso é tudo semântica, o que ele está fazendo agora. Ele está bem em fazer
sexo comigo, está bem em passar a noite, mas ele hesita em usar a palavra
namorado? Isso é...- ...bem, é completamente como ele, para ser honesto.

— Tenho certeza que você vai resolver isso, disse Ashton. — Mas, no
interesse da autopreservação, eu não posso fazer sexo com você, enquanto
Ryder achar que ele tem algum tipo de reivindicação sobre você.
Especialmente quando seu quarto é logo ali na porta ao lado.

— Tudo bem. Luca não ficou surpreso, embora estivesse um pouco


desapontado. Ele saiu da cama. — Eu vou te acompanhar até a porta...- Ele
parou quando viu que Ashton estava olhando para ele novamente.

— A sério? Você acha que, porque não vamos foder, só vou sair?

— Hum... sim?

Ashton ficou de pé e deu a volta na cama, tão zangado que Luca deu
um passo reflexivo para trás. — Você é tão idiota! Depois de todo esse tempo,
você ainda acha que eu só saio com você para te foder? Como agora que não
estamos transando, não seremos amigos?

— Eu...-

KM
— Você não é um cara que eu fodo e que por acaso acontece de ser
meu amigo, Luca. Você é meu melhor amigo com quem eu ocasionalmente
transo. Ashton cruzou os braços. — Você acabou de sair do hospital, alguém
tentou sequestrá-lo e você testemunhou um assassinato. Eu não estou indo
a lugar nenhum.

Ele levantou o queixo em desafio, como se esperasse que Luca


discutisse com ele. Luca olhou para ele por alguns momentos enquanto ele
processava o idiota que ele tinha sido, e então ele puxou Ashton para um
beijo gentil.

— Por quê? Ele perguntou, com os braços ainda em volta do pescoço


de Ashton. — O que você poderia estar tirando disso além do sexo?

— Pare. Ashton colocou os dedos sobre a boca de Luca. — O sexo é


apenas um bônus. Eu amo sair com você. Apenas estar perto de você me faz
sentir, eu não sei... especial.

— Especial?

— Sim. Você é sempre o centro das atenções, sempre cercado de


pessoas, mas nunca deixa ninguém chegar perto. Exceto eu. Você confia em
mim o suficiente para me contar segredos e pedir minha ajuda, e isso
significa muito para mim.

Luca passou a mão pela bochecha de Ashton. — Você é especial.

Ashton sorriu. Eles se beijaram mais uma vez, apenas um breve beijo

KM
e se separaram.

— Eu tenho que admitir que eu não me lembro de sair com um cara


sem fazer sexo com ele, disse Luca.

— Bem, eu definitivamente posso ajudá-lo com isso.

Ashton ficou pelo resto da tarde e ficou para o jantar; antes de sair,
ele passou para Luca todas as tarefas que ele havia perdido durante seus dois
dias fora da escola. Era estranho passar um tempo sozinho com ele sem
transar - o que realmente dizia mais sobre Luca do que qualquer outra coisa.
Ele imaginou que levaria algum tempo para se acostumar.

Depois do jantar, Luca passou muito tempo sentado em seu quarto,


debatendo consigo mesmo se deveria ou não fazer o que estava planejando.
Então ele mordeu a bala e foi bater na porta do quarto de Ryder.

— Eu posso entrar? Ele disse no segundo Ryder abriu a porta,


antecipando qualquer coisa que Ryder estava prestes a dizer.

Ryder pareceu surpreso, mas ele recuou, fechando a porta uma vez
que Luca estava dentro.

Luca olhou ao redor com interesse. Este tinha sido seu próprio quarto
durante toda a sua infância, e vê-lo agora com a mobília barata e os
equipamentos de ginástica de Ryder por toda parte era desconcertante. Ele
costumava brincar naquela alcova com janela ...

KM
Ryder manobrou os dois para que ele ficasse entre Luca e as janelas
do chão ao teto. — Este quarto não é realmente seguro...-

— Eu não vou ficar muito tempo, disse Luca. — Eu só queria dizer a


você que eu não fiz sexo com Ashton. Não porque mudei de idéia. Porque ele
acha que você vai chutar a bunda dele se nós fizermos.

Ryder se levantou em indignação, assim como Luca sabia que ele


faria. — Eu nunca... espera, você contou a ele sobre nós?

— Eu precisei. Ele é meu melhor amigo. E sei que ele pode guardar
um segredo.

— Nós concordamos...-

— Eu também disse à Dra. Andersen.

— Luca!

— Eu me sentirei mal se você puder me olhar nos olhos e me dizer que


Morgan não sabe.

Ryder suspirou. — Claro que ela sabe.

— Bem, então, nós dois dissemos às pessoas que são mais importantes
para nós. Eu não vejo um problema com isso.

— Sim, ok. Desde que isso pare por aqui. Ryder fez uma pausa e disse:
— Isso é tudo o que você veio me dizer aqui?

KM
Sim, Luca pensou, mas quando ele abriu a boca, o que saiu foi: —Não.
Eu quis dizer o que eu disse antes, Ryder. Não tenho certeza se conseguiria
ser monogâmico, mesmo se estivéssemos em um relacionamento sério, e
você não está me dando nenhuma motivação para tentar.

— Eu não quero compartilhar você.

— Isso realmente não conta como me compartilhar, se você não pode


nem mesmo admitir que você me tem em primeiro lugar, não é?

Ryder baixou a cabeça em reconhecimento. — Eu acho que não. Eu


entendo onde você quer chegar, Luca. Eu não estou tentando ser um
bastardo aqui. Eu só - eu não ...

— Você não quer pensar em si mesmo como um homem de vinte e oito


anos com um namorado de dezoito anos.

— Sim. Eu sinto muito.

Luca deu de ombros e se virou para sair.

— Espere, disse Ryder. — Me dê um mês. Não faça sexo com mais


ninguém por um mês, e se for muito difícil, ou se você ainda se sentir da
mesma forma que agora, eu recuarei e você poderá fazer o que quiser.

Virando para ele de novo, Luca disse: — Você está apenas esperando
que daqui a um mês, eu tenha mudado de idéia.

Os lábios de Ryder se curvaram. — Você não está esperando a mesma

KM
coisa sobre mim?

Luca estreitou os olhos, mas no final, ele não pôde deixar de rir em
concessão.

— Temos um acordo? Ryder estendeu a mão.

— Combinado.

Eles apertaram as mãos, mas nenhum deles soltou. Ryder encontrou


os olhos de Luca, e depois de um momento de tensão, ele usou seu aperto na
mão de Luca para puxá-lo perto e beijá-lo com força. Luca gemeu e retribuiu
tão bem quanto conseguiu.

Era ridículo, ficar tão excitado com apenas um beijo. Luca tirou a mão
de Ryder para pegar seu bíceps, empurrando a língua na boca de Ryder. As
mãos de Ryder caíram para seus quadris e o puxaram ainda mais perto.

Uma batida na porta os fez se separar, ambos ofegando. Luca passou


as costas da mão sobre a boca e demorou um segundo para se recompor antes
de abrir a porta.

Siobhan estava em pé no corredor com Matt Pearson. Um olhar em


seus rostos foi o suficiente para que Luca esquecesse tudo sobre o beijo
interrompido. Ele saiu para o corredor, Ryder bem atrás dele.

— O Admirador acabou de entregar outra mensagem, disse Matt.

— É sobre Gray?

KM
Siobhan e Matt trocaram um olhar. — Você poderia dizer isso, disse
ela, entregando a Luca um dos cartões brancos do Admirador.

NÃO SERÁ FÁCIL, VADIA.

UM ADMIRADOR

KM
Capítulo Quarenta e Um

Rutledge era o tipo de escola que decorava todas as datas festivas


imagináveis que aconteciam durante o ano letivo. Na terça-feira, os
corredores estavam inundados de vermelho e rosa até onde os olhos podiam
ver, enfeitados com corações e rosas e até mesmo pequenos Cupidos
laminados para o Dia dos Namorados.

Ryder se moveu contra a parede do lado de fora da sala de aula de


Luca, fazendo uma careta quando folhas de papel enrugaram em suas costas.
Você pensaria que uma escola cujos alunos regularmente empregassem
guarda-costas pelo menos deixaria um pouco de espaço livre na parede, mas
não. Era possível avistar todos os lugares em que um guarda-costas estivera,
apenas olhando para locais onde haviam decorações amassadas.

O som de alerta de chegada de uma mensagem de texto em seu celular


distraiu Ryder de seu desconforto. Ele olhou para o identificador de
chamadas para verificar se era relacionado ao trabalho, então franziu a testa
quando viu que era de um número da área de DC que ele não reconheceu. A
última vez que isso aconteceu ...

Endurecendo-se, Ryder abriu o texto.

KM
Última chance de ir embora, Sr. Ryder. Você sabe que ele vai ficar
entediado e seguir em frente em breve.

Não estava assinado, mas não precisou. Ryder sabia de quem era. Ele
apertou a mandíbula e apagou o texto sem responder.

Ryder não mencionou a mensagem para Luca; isso não afetava sua
segurança diretamente, então não havia razão para aborrecê-lo. Quando
Hurst o substituiu no treino de natação de Luca, ele puxou Luca para o lado
por um momento e disse: — Diga a sua mãe que você tem outros planos para
o jantar hoje à noite, e venha para o meu quarto às sete.

— Por quê? Perguntou Luca.

— É uma surpresa.

— Eu pensei que você disse que seu quarto não era seguro.

— Eu pedi a Sheila para colocar cortinas. Eu ainda não quero que você
viva nele, mas vai ser seguro o suficiente por algumas horas.

A boca de Luca se inclinou em um pequeno sorriso. — Ok. Vejo você


às sete.

Isso deu a Ryder algumas horas para juntar tudo quando ele voltasse
para a propriedade. Ele estava planejando esta noite desde sexta-feira.
Depois da discussão deles, houve uma tensão estranha entre ele e Luca - eles
conseguiram amaciá-la com a ajuda de grandes quantidades de sexo, mas os

KM
problemas ainda estavam lá, espreitando sob a superfície. Ryder queria
poder dar a Luca o que ele queria, mas a palavra namorado evocava imagens
inescapáveis de apresentar Luca a seus pais e ver o desapontamento em seus
rostos, ou sair com Luca em público e saber que todos ao seu redor achariam
que ele era um pervertido ladrão de berço. Mesmo que Ryder soubesse que
essas opiniões estariam erradas - nada sobre seu relacionamento com Luca
era pervertido ou imoral - elas ainda machucariam, e ele não queria que essas
preocupações se intrometessem em seu tempo juntos.

Ryder estava bastante certo de que Luca não se importava realmente


com o título, de qualquer forma. O que o incomodava era a suspeita de que
Ryder, como a maioria dos outros homens com quem ele dormiu, só o queria
por sexo. Isso estava longe da verdade, e Ryder pretendia tranquilizá-lo essa
noite.

Ele tinha tudo configurado no momento em que Luca bateu na porta


alguns minutos depois das sete. Quando Luca atravessou o limiar, sua boca
se abriu.

— Ryder...- ele começou a dizer, e então as palavras sumiram.

As cortinas tipo blecaute que Sheila tinha instalado mantinham o


quarto escuro, e Ryder só tinha ligado uma lâmpada. O resto do quarto estava
iluminado por dezenas de velas que ele havia espalhado sobre várias
superfícies. Ele usava sua velha e surrada mesa de jantar circular com uma
bela toalha de mesa e porcelana emprestada da cozinha no andar de baixo;

KM
ela gemia sob o peso de pratos e bandejas de comida cobertas.

— Feliz Dia dos Namorados, disse Ryder.

Luca se aproximou da mesa para escovar os dedos sobre a tampa de


um dos pratos. — Onde você conseguiu tudo isso?

— De Auguste. Eu não disse a ele porque eu precisava, é claro. Ryder


segurou os ombros de Luca e gentilmente o virou para que eles ficassem cara
a cara. — Eu gostaria de poder sair com você, Luca. Eu realmente faço. Eu sei
que você nunca esteve em um encontro real, e eu quero que você tenha isso.
Eu odeio que isso é tudo que eu posso te oferecer...-

Ele foi cortado quando Luca agarrou o colarinho da camisa e o puxou


para um beijo. Ryder gemeu em sua boca, sem resistir quando Luca o
empurrou para trás em direção a uma das cadeiras ao lado da mesa. Ele caiu
mais do que ele se sentou, e Luca subiu em seu colo sem quebrar o beijo, boca
exigente e corpo agressivo. A resposta ansiosa de Ryder foi tão instintiva
quanto respirar.

A mão direita de Luca se esgueirou entre seus corpos para massagear


o pênis de Ryder. Ryder puxou sua boca com um suspiro.

— Eu sei que você é novo nisso, mas as pessoas em um encontro


geralmente...- ...oh, porra...- ...eles geralmente esperam até depois de comer
para fazer sexo.

— Foda-se isso, disse Luca. — Eu quero chupar seu pau.

KM
Ele deslizou para o chão, toda graça fluida e empurrou as pernas de
Ryder. Ryder assistiu em desamparada excitação quando Luca abriu as
calças, empurrou sua boxer de lado, e engoliu-o.

Lutando para controlar sua respiração, Ryder teve que segurar os


braços da cadeira para evitar colocar as mãos na cabeça de Luca. A boca
quente e úmida de Luca deslizou para cima e para baixo em seu pênis,
deliciosamente apertada, a língua sacudindo contra a parte de baixo. Os
últimos boquetes que Luca lhe dera foram provocativos e exaustivos,
testando os limites de sua resistência, mas estava claro que Luca tinha outra
coisa em mente hoje à noite. Era como se ele estivesse tentando sugar o
cérebro de Ryder através de seu pênis...- ...um feito que ele poderia
realmente conseguir, se continuasse assim.

— Mmm, Luca gemeu ao redor de sua boca, um pequeno ruído


irregular que vibrou no eixo de Ryder e liquefez sua espinha. Os quadris de
Ryder arremeteram, enviando a cabeça de seu pênis ainda mais fundo na
garganta de Luca.

Luca colocou a mão sob a camisa de Ryder, espalmando sua mão


contra o abdômen de Ryder e pressionando em um aviso para ficar parado.
— Desculpe, Ryder murmurou sem fôlego. Ele cobriu a mão de Luca com a
sua e juntou seus dedos, inclinando a cabeça para trás enquanto deixava o
prazer atravessá-lo em ondas.

Não demorou muito para que a hábil boca de Luca o persuadisse.

KM
Ryder apertou sua mão para deixá-lo saber, e Luca recuou apenas o
suficiente para que ele não se engasgasse quando Ryder desceu pela garganta
em pulsos longos e duros. Luca continuou lambendo e acariciando-o até que
Ryder se encolheu com a superestimulação, depois enfiou Ryder dentro,
fechou as calças, e subiu de volta em seu colo.

Eles se beijaram novamente. Desta vez, Ryder foi o único a procurar


o pênis de Luca, mas Luca afastou a mão.

— Eu quero esperar, disse ele.

— Você quer esperar? Ryder não podia esconder sua incredulidade.


Quando se tratava de sexo, Luca era tudo sobre gratificação imediata...-
claro, Ryder tinha sido assim também na sua idade.

— Sim. Luca lambeu uma trilha até a lateral do pescoço de Ryder. —


Eu quero ver se você pode me foder através de dois orgasmos mais tarde
antes de você gozar novamente.

Todo o corpo de Ryder estremeceu. — Luca, Deus...-

— Consegue fazer isso?

— Sim, disse Ryder. Ele não tinha ideia se podia ou não, mas para
Luca, ele com certeza tentaria.

— Bom. Luca mordeu a garganta de Ryder levemente, em seguida, se


contorceu em seu colo de modo a se postar de costas para o peito de Ryder.

KM
— Alimente-me antes que esta comida fique fria.

— Você não vai se sentar na sua própria cadeira? Ryder perguntou,


divertido.

— Não. Qual é o sentido de você ser muito maior do que eu se não


puder sentar no seu colo?

Rindo, Ryder passou um braço ao redor da cintura de Luca para


mantê-lo firme enquanto ele arrastava a cadeira para mais perto da mesa.
Ele ouviu a respiração de Luca em seu show de força.

Ryder estava acostumado a manusear homens em demonstrações de


poder físico. Com Luca, porém, a dinâmica disso era diferente. A maioria dos
homens com quem Ryder havia dormido gostava de sua força porque eles
queriam se sentir desamparados ou dominados. Luca gostava de ser
lembrado de quão forte Ryder era porque isso fazia com que a submissão de
Ryder a ele fosse mais potente - ele nunca disse isso em tantas palavras, mas
Ryder podia dizer por suas reações.

Luca passou a mão pelo antebraço de Ryder. — O que você pediu para
Auguste fazer?

Ryder alcançou ao redor de Luca para descobrir os pratos, revelando


um prato de antepasto, camarões servidos em uma cama de linguini,
espargos cozidos no vapor e um pão crocante - todos os alimentos que Ryder
sabia de fato que eram os favoritos de Luca.

KM
— Como você sabe todas essas coisas sobre mim? Luca perguntou,
após um momento de completo silêncio.

— Eu passo dez horas por dia observando tudo o que você faz. Se eu
não tivesse pegado esse tipo de coisa agora, eu seria um guarda-costas muito
ruim.

Luca inclinou a cabeça para olhar o rosto de Ryder. — Eu não sei nada
disso sobre você, no entanto. Não é realmente justo.

Ryder colocou Luca em uma posição mais confortável em seu colo,


então pegou um cubo de queijo do antepasto e o alimentou. — Bem, o que
você quer saber?

*****

Sobremesa era muito mais divertida quando comida no colo de Ryder.


Particularmente porque ambos estavam sem camisa.

Um pedaço de chocolate e morango caiu no peito de Ryder. Em vez de


pegá-lo, Luca inclinou a cabeça e comeu direto da pele de Ryder, lambendo
os restos pegajosos. Ryder fez um barulho suave de prazer, dedos fortes
massageando o traseiro de Luca através de suas calças.

Luca levantou a cabeça para compartilhar um beijo com sabor de

KM
chocolate com ele. — Todo o material está no meu quarto.

— Eu tenho lubrificante no banheiro. Ryder se levantou, levantando


Luca com ele e colocando-o em pé. — E há preservativos na gaveta de tralhas
da cômoda. Última na fila de cima.

Ele apontou para a gaveta antes de desaparecer no banheiro. Luca


correu para a cômoda, já pensando em como ele queria que Ryder transasse
com ele. Ele abriu a gaveta, que estava cheia de papéis e toda a porcaria
aleatória que se acumulava em gavetas de tralhas, e vasculhou até encontrar
o que estava procurando.

A caixa de preservativos estava no fundo da gaveta - não era usada há


algum tempo, já que eles sempre faziam sexo no quarto de Luca. Luca
agarrou-a e estava prestes a fechar a gaveta quando um brilho sombrio
aparecendo por baixo de alguns papéis chamou sua atenção. Curioso, ele
empurrou os papéis de lado, e seus olhos se arregalaram com o que ele viu.

Luca pegou as medalhas sem pensar. Uma era um coração de ouro e


púrpura pendurado em uma fita roxa; a outra era uma estrela de bronze
pendurada em uma fita vermelha, branca e azul com um pequeno V de
bronze preso a ela. Quando Luca esfregou os dedos sobre eles, o clima no
quarto mudou, carregado de tensão.

Ele se virou para ver Ryder em pé na porta do banheiro, uma garrafa


de lubrificante em uma mão, olhando as medalhas como se Luca estivesse
segurando uma víbora mortal. Luca se sentiu um pouco culpado por pegá-

KM
las, mas elas estavam guardadas ali - bem, guardadas sob um monte de
papéis. Ainda assim.

— Elas são suas? Ele perguntou.

— De quem mais elas seriam?

Uh-oh. A voz de Ryder era cortante e cheia de raiva mal contida. Luca
achou que era uma reação exagerada ao que fora uma bisbilhotice puramente
não intencional. Ele colocou os preservativos na superfície da cômoda, mas
não guardou as medalhas.

— Eu não sei. Elas poderiam ser uma herança de família, ou apenas


algo que você pegou em uma venda de garagem.

Ryder balançou a cabeça. — Elas são minhas.

— Você mantém seu Purple Heart e Bronze Star na sua gaveta de


tralhas?

— Não é da sua conta. Ryder caminhou em sua direção, batendo a


garrafa de lubrificante em cima da mesa. — Você não tem direito...-

— Eu sabia que você foi ferido enquanto servia, então imaginei que
você pudesse ter um Coração Púrpura, mas uma Estrela de Bronze? O pai de
Candace tem uma dessas. Elas são dadas por atos de bravura. O que você fez
para ganhar isso?

— Nada, Ryder rosnou. Ele pegou as medalhas de Luca, jogou-as de

KM
volta na gaveta e fechou-a. — Eu não fiz absolutamente nada para ganhá-la.

Luca olhou para ele. Ryder não estava apenas com raiva - ele estava
furioso. E espreitando sob a fúria estava uma dor intensa que Luca não
conseguia começar a entender a origem. Ryder poderia manter suas
medalhas em sua gaveta de tralhas, mas elas tinham algum tipo de
significado para ele. Se não fosse assim, ele já as teria jogado fora.

Havia duas maneiras pelas quais Luca podia ver isso. Uma, ele
poderia continuar empurrando, o que sem dúvida iria se transformar em um
argumento furioso que arruinaria a noite inteira. Ou…

— Você sabe, eu nunca tive sexo com raiva antes, disse Luca. — Eu
ouvi que é muito bom.

Ryder piscou, boca trabalhando enquanto tentava processar a súbita


mudança de assunto. Então seu rosto se suavizou e ele exalou um ruído
exasperado. — Você...-

— Não, não, fique com raiva. Luca enfiou os dedos pelas alças da calça
de Ryder e puxou-o para mais perto. — Aqui, eu vou ajudar. Você é um... -
...um idiota moralista e hipócrita.

Ryder bufou e pressionou seus quadris contra os de Luca. — Eu vou


te dar o moralista hipócrita. Ele não estava duro - sua raiva deve ter matado
a ereção que ele tinha antes - mas Luca poderia consertar isso em um
instante.

KM
— Você é um animal, disse ele, passando as mãos pelos braços
musculosos de Ryder. — Todo o músculos e sem cérebro - ah!

O grito de Luca foi metade surpresa e metade prazer quando Ryder o


impulsionou para se sentar em cima da cômoda e se acomodou entre suas
pernas.

— O que você acha agora? Ryder perguntou, apertando as mãos nos


quadris de Luca.

— Eu acho que você está apenas provando o meu ponto. Luca revirou
os quadris, sentindo o pênis de Ryder se contorcer entre suas coxas. — O que
você acha?

— Eu acho que você é um pirralho mimado que precisa de uma boa


foda para endireitá-lo.

— É isso que você vai me dar? Luca envolveu as pernas ao redor da


cintura de Ryder e apertou, sorrindo quando Ryder soltou um grunhido e
endureceu ainda mais. — Sim. Você sabe como foder um buraco, não é,
Ryder? É para o que você é bom. É para o que você é feito. Por que mais você
teria um pau tão grande?

Ryder pressionou o rosto contra o pescoço de Luca, moendo contra


ele a sério agora. — Eu vou encher você. É isso que você quer?

— Mmm. Não se esqueça, você me deve dois orgasmos.

KM
— Acho melhor eu começar, então. Ryder pegou Luca e levou-o para
a cama.

— Isso é trapaça, Luca engasgou quando Ryder finalmente entrou nele


quinze minutos depois. Ryder usou suas mãos e boca para levá-lo até o limite
do primeiro orgasmo, e Luca estava prestes a gozar a qualquer momento. —
Você é um trapaceiro.

— Você não ditou nenhuma regra. Ryder trabalhou seu pênis em Luca
com impulsos lentos e cuidadosos. Ele estava de joelhos, Luca estendido de
costas na frente dele, as pernas enganchadas sobre os cotovelos.

— Eu vou lembrar disso para...- da próxima vez ...- Luca desistiu de


pensar e apenas agarrou seu pau. — Estou muito perto. Faça isso duro.

Ryder segurou a parte inferior do corpo de Luca no ângulo perfeito


para assaltar sua próstata e depois transou com ele, rápido e superficial. Luca
demorou menos de um minuto para gozar, arqueando as costas, a mão livre
arranhando o lençol.

Quando Luca afundou no colchão, gasto, Ryder ajustou o ângulo


novamente e diminuiu seus impulsos para um ritmo muito mais lânguido.
Luca cantarolou de prazer, aproveitando-o por alguns instantes, até que o
pênis de Ryder raspou sua próstata. Então ele se encolheu e deu um tapinha
na coxa de Ryder.

— Eu quero estar no topo, disse ele. Luca precisava ser capaz de

KM
controlar a penetração para evitar se tornar superestimulado, enquanto
Ryder transava com ele através de seu período refratário.

Em vez de puxar para fora, Ryder segurou o corpo de Luca com força
e rolou-os para cima, seu pau nunca deixando Luca enquanto ele deitava de
costas com Luca em cima dele.

Luca soltou uma risada trêmula. — Exibido.

— Você ama isso.

Ryder ficou imóvel enquanto Luca balançava preguiçosamente para


frente e para trás, seus dedos traçando padrões ociosos nas coxas de Luca.
Luca arrastou dois dos seus próprios dedos através do peito e apertou-os
contra os lábios de Ryder. Ele as chupou sem hesitar, a língua lambendo os
dedos de Luca, lambendo todos os vestígios de gozo.

Excitado pela visão, Luca empurrou um terceiro dedo em sua boca, só


para ver se Ryder aceitaria. Ele, claro, sugou gentilmente os três. Seus olhos
se levantaram para encontrar os de Luca.

Seja por causa do contato visual ou do ritmo pouco natural ou ambos,


o momento tornou-se abruptamente íntimo demais para Luca. Ele puxou os
dedos da boca de Ryder, deslizou para fora de seu pênis, e se abaixou para
beijá-lo. Então ele se virou, então ele estava escancarando os quadris de
Ryder na direção oposta e abaixou-se novamente.

— Luca, disse Ryder, soando como se tivesse sido chutado no

KM
intestino.

— Eu sei que você gosta de assistir. Luca apoiou as mãos nas coxas
grossas de Ryder e abriu suas próprias pernas, inclinando-se para frente para
que Ryder fosse capaz de ver cada centímetro de seu pênis entrando e saindo
do buraco de Luca.

As mãos de Ryder pousaram em seus quadris - não guiando, apenas


segurando. — Deus, olhe para você. Olhe essa bunda linda.

Luca sorriu, corado com o prazer de ser elogiado, observado, tendo a


atenção completa e exclusiva de Ryder. Hora de provar que Ryder não era o
único que poderia se exibir.

Por uns bons dez minutos, Luca fez um show para ele - rolando e
moendo seus quadris, arqueando as costas, ondulando seu corpo enquanto
trabalhava no eixo grosso de Ryder. Ele evitou a estimulação direta de sua
próstata enquanto seu pênis se recuperava, concentrando-se na sensação de
plenitude, de atrito. Ryder era tão bom debaixo dele, nunca empurrando ou
tentando controlar os movimentos de Luca. Suas mãos estavam em
constante movimento, porém, acariciando as costas de Luca e quadris e
coxas; elas sempre voltavam para apertar e esfregar o traseiro de Luca, às
vezes puxando as bochechas para que Ryder pudesse dar uma olhada melhor.

Então o pau de Luca começou a subir novamente, e o sexo se tornou


menos sobre performance e mais sobre necessidade. Ele agarrou as coxas de
Ryder com mais força e saltou para cima e para baixo, batendo-se no pênis

KM
de Ryder, deleitando-se com o tapa de sua bunda atingindo a pélvis de Ryder
mais e mais. Suas bolas roçaram contra Ryder toda vez que ele desceu, o que
inspirou uma ideia. Luca colocou seu peso em uma mão e deslizou a outra
entre as pernas de Ryder para acariciar suas bolas enquanto ele se fodia.

Ele não sabia quanto tempo Ryder poderia continuar antes que ele
precisasse gozar. Ryder tinha uma resistência impressionante, ainda mais no
segundo turno do que no primeiro, mas eles estavam nisso há muito tempo.
O corpo de Ryder já estava vibrando com a tensão abaixo dele.

— Luca, disse Ryder. — Eu posso eu…-

Luca diminuiu a velocidade, olhando por cima do ombro. — Só se você


pedir bem.

Toda a respiração de Ryder o deixou em uma corrida quente. Quando


ele inalou novamente, ele disse: — Por favor. Luca, por favor, deixa eu te
foder. Deixe-me me mexer. Por favor.

— Tudo bem, disse Luca graciosamente, como se ele mesmo não


estivesse faminto exatamente por isso. — Mas não goze.

Ryder apoiou os pés contra a cama e se empurrou para cima,


espetando Luca com seu pênis, martelando-o com absolutamente nenhum
preâmbulo. Luca engasgou e agarrou-se às pernas de Ryder, segurando-se
para o passeio. Ele empurrou para baixo para encontrar as estocadas de
Ryder, frenético por mais. Os grunhidos de esforço de Ryder se misturavam

KM
com seus próprios gritos agudos no ar, que de repente parecia ter mil graus.

Luca queria se tocar, mas no ritmo que Ryder estava estabelecendo,


ele não achava que poderia se afastar e manter o equilíbrio ao mesmo tempo.
Ele colocou a mão no quadril de Ryder. — Pare por um segundo.

Ryder parou imediatamente, embora Luca pudesse senti-lo tremendo


de necessidade e impaciência. Luca teve que tomar um momento para lidar
com a onda de luxúria esmagadora que caiu através dele antes de se inclinar
para trás contra o peito de Ryder. Ryder se moveu com ele para que seu pênis
permanecesse enterrado na bunda de Luca.

— Mantenha minhas pernas abertas, disse Luca.

Ryder agarrou as pernas de Luca atrás dos joelhos e as puxou para


cima e separadas. Sua respiração dura agitou o cabelo de Luca.

— Mais largo. Você sabe que eu sou mais flexível do que isso. Luca
cantarolou em aprovação quando Ryder o espalhou ainda mais, estendendo
a mão para tocar o lugar onde eles estavam conectados. Ele moveu seus
quadris para deixar Ryder saber que estava tudo bem para fodê-lo um pouco.
— Você gosta disso, não é? Me segurando para que você possa me servir com
seu pau gordo?

O gemido de Ryder vibrou contra as costas de Luca. — Você deveria


sempre ter meu pau em você, baby. Mantendo-o sempre cheio.

Luca fechou os olhos, sugando uma respiração instável. Ele raramente

KM
se sentia constrangido com qualquer coisa sexual, mas ele estava
envergonhado por ficar tão excitado quando Ryder o chamava de baby. Ele
só esperava que Ryder não tivesse percebido isso ainda.

— Dê isso para mim, então. Luca levantou um braço e o enganchou no


pescoço de Ryder. — Mostre-me o que você pode fazer por mim.

A posição não teria funcionado tão bem se o corpo de Ryder não fosse
tão grande e seu pênis tão longo e grosso - mas como era, Ryder tinha todo o
tamanho que ele precisava para suportar todo o corpo de Luca em seu peito
e abdômen, toda a força que ele precisava para manter Luca aberto e foder
com ele com uma força impressionante. Luca manteve seu braço ancorado
ao redor do pescoço de Ryder, deixando sua outra mão livre para beliscar
seus próprios mamilos, brincar com seu piercing no umbigo, acariciar seu
pênis e suas bolas.

Finalmente, Ryder disse, — Luca, em uma voz tão agonizante que


Luca sabia que ele não poderia manter isso muito mais tempo.

— Você está perto?

— Sim. Eu não sei se eu...- se eu posso...-

— Você pode. Luca esticou a cabeça para olhar para o rosto de Ryder
- os olhos fechados, a mandíbula cerrada. — Você não quer fazer isso por
mim? Mostre-me como você é bom?

— Sim.

KM
— Então faça. Você pode gozar assim que eu fizer.

Ryder fez um barulho quebrado que continha prazer e dor. Luca


tomou-se na mão, puxando-se rapidamente, com a intenção de gozar o mais
rápido possível agora. Ele não queria torturar Ryder mais do que ele já tinha
- pelo menos, não esta noite.

— Da próxima vez, vou colocar um anel de pênis em você, disse Luca,


e isso foi o suficiente para os dois. Ele gritou, contorcendo-se no peito de
Ryder enquanto jorrava sobre seu punho. Ryder seguiu um segundo atrás,
soltando um daqueles gritos altos e gemidos que Luca tanto amava.

Eles relaxaram gradualmente, os impulsos de Ryder gradualmente


diminuindo até parar, Luca esparramado em cima dele e ofegando. Ele podia
sentir os batimentos do coração de Ryder contra sua pele.

Ryder se retirou e se livrou do preservativo. Ele fez menção de sair da


cama - presumivelmente para pegar uma toalha, como sempre fazia -, mas
Luca agarrou seu braço e puxou-o para trás.

— Limpe-me você mesmo, disse ele.

Ryder gemeu com o comando e, novamente, mais alto, quando Luca


dirigiu sua mão ao buraco dele e pediu-lhe para colocar três dedos dentro.
Depois daquela foda dura e prolongada, Luca estava tendo tremores
secundários como louco, e sabia por experiência que ter algo dentro dele para
reprimi-los tornava-os mais prazerosos.

KM
Mantendo os dedos bem fundo dentro de Luca, Ryder estava ao lado
dele e inclinou a cabeça para lamber Luca. Luca estremeceu e ofegou sob sua
língua quente, contraindo em seus pequenos tremores secundários através
da sua próstata bem usada. Ryder continuou a beijá-lo e lambê-lo e
mordiscá-lo por muito tempo depois que a bagunça se foi, e Luca o deixou ir
até que seu corpo se acalmasse.

Ryder retirou os dedos e deslizou o corpo de Luca. Luca se virou de


lado, puxando o braço de Ryder com ele para que Ryder o estivesse
abraçando por trás.

— Está tudo bem? Ryder perguntou com uma leve surpresa.

— Mmm-hmm. Luca não achou a posição ameaçadora. O braço de


Ryder estava apenas descansando levemente sobre sua cintura, não
segurando-o ou restringindo-o.

Havia apenas mais uma coisa... Luca pegou a borda do edredom de


Ryder com o pé e puxou-o até que ele pudesse agarrá-lo com a mão,
colocando-o sobre os dois. Ryder estava sempre com frio depois que Luca o
dominava. Luca pesquisou e descobriu que não era uma reação incomum -
algo relacionado a endorfinas e adrenalina.

Com certeza, Ryder começou a tremer atrás dele. Luca se aconchegou


em seu peito e passou os dedos pelo braço ao redor de sua cintura, deixando
escapar alguns murmúrios enquanto Ryder acariciava seu pescoço e ombro.

KM
Depois de alguns minutos, Ryder disse: — Sinto muito ter te segurado
quando Gray foi baleado.

O coração de Luca pulou uma batida com a lembrança daquele dia,


mas ele estava calmo o suficiente com o sexo e da troca de poder que ele não
ficou tenso. Embora eles não tivessem falado sobre o incidente desde que
isso aconteceu, Luca não estava surpreso que Ryder tivesse levantado isso
agora - ele tinha o hábito de ser surpreendentemente honesto enquanto
estava no subespaço, tanto que Luca foi duramente pressionado a não tomar
vantagem disso às vezes.

— Tudo bem, disse ele. — Você estava apenas fazendo o seu trabalho.
Eu sei que você não teve escolha.

— Eu não queria te assustar. Eu não quero que você tenha medo de


mim.

— Ryder, shh. Luca beijou a palma de sua mão. — Eu nunca poderia


ter medo de você, ok? Não se preocupe mais com isso.

Ele sentiu o suspiro de Ryder contra a parte de trás do seu pescoço,


mas Ryder não disse mais nada. Eventualmente, sua respiração diminuiu e
se estabilizou.

Luca ficava assim até que Ryder estivesse completamente


adormecido, então os desenredaria e se moveria apenas o suficiente para que
ele pudesse adormecer. Ele provavelmente deveria se levantar primeiro para

KM
deixar Athena entrar - ele não achava que Ryder se importaria em deixá-la
dormir em sua cama, já que ela freqüentemente dormia com eles no quarto
de Luca. E ele precisava apagar todas aquelas velas.

Pensar nas velas lembrou a Luca o quanto de esforço Ryder tinha feito
para fazer a noite parecer um encontro tão real quanto possível. Ele
reconheceu que foi parcialmente um pedido de desculpas pela recusa de
Ryder em usar a palavra namorado para descrever seu relacionamento. Isso
não incomodava tanto Luca, porque a noite tinha deixado uma coisa clara
para ele - Ryder poderia não querer usar a palavra, ou até mesmo pensar,
mas no fundo, ele considerava Luca como seu namorado mesmo assim. Ele
tinha sido tão aberto durante o jantar, contando a Luca sobre sua família e
sua infância e seus planos de voltar para a escola para seu mestrado, e isso
era algo que Ryder não fazia por qualquer pessoa. Ele não oferecia
informações pessoais para pessoas que não eram importantes para ele.
Todos os protestos em contrário, Ryder queria que Luca fosse seu namorado,
e Luca tinha um mês inteiro para levá-lo a admitir isso.

Luca era muito, muito bom em conseguir o que queria.

KM
Capítulo Quarenta e Dois

Ryder passou a manhã de quinta-feira na casa de seus pais, ajudando


sua mãe a rejuntar e fechar novamente o ladrilho da cozinha. No momento
em que seu pai chegou em casa para o almoço, Ryder estava sujo e suado e
mais do que pronto para uma pausa. Ele aceitou com gratidão a cerveja que
Joe lhe entregou e sentou no sofá da sala.

— Como está Claire? Ele perguntou antes de drenar um longo gole da


cerveja gelada. Deus, isso bateu apenas do jeito certo.

— Você não falou com Will?

— Não desde o dia em que ele me disse.

Joe suspirou, clicando na TV onde estava passando um jogo de


basquete. — Ela está bem. Começando a mostrar um pouco agora.

Apesar de seus problemas com Will, Ryder ficou aliviado ao ouvir isso.
Era estranho pensar que ele seria um tio em poucos meses. Claro, ele
provavelmente não veria muito o garoto, especialmente se fosse um menino.
Will era exatamente o tipo de idiota ignorante que assumiria que todos os
homens gays eram molestadores de crianças latentes.

KM
Ryder passou uma hora tranquila assistindo o jogo com seus pais,
bebendo cerveja e comendo comida chinesa. Morgan estava na aula, então a
casa estava muito mais tranquila do que o normal.

Essa paz foi destruída por um telefonema de Clarke. — O que


aconteceu? Ryder respondeu, esperando que ele estivesse apenas ligando
sobre algo rotineiro.

Nenhuma sorte em tudo. — Você precisa voltar aqui agora, disse


Clarke.

Ryder estava de pé antes que Clarke tivesse terminado de falar. —


Luca?

— Ele está seguro. Ele ainda está na escola. É...- eu não posso explicar
pelo telefone. Apenas chegue aqui o mais rápido que puder.

Ryder desligou, pediu desculpas aos pais assustados e pegou o casaco,


correndo para fora da casa até seu carro. A essa hora do dia, levou quarenta
e cinco minutos para voltar a Bethesda. A única coisa que o mantinha
moderadamente são era saber que, o que quer que estivesse acontecendo,
pelo menos Luca estava a salvo. Clarke nunca teria mentido para ele sobre
isso.

Graças a Deus ele só tomara duas cervejas.

Clarke, McCall e Hurst estavam esperando por ele na sala de controle


de segurança no nível inferior, todos visivelmente chateados. —Quem está

KM
com Luca? Foi a primeira coisa que Ryder perguntou.

— Keller, disse McCall. — Luca não sabe nada sobre o que está
acontecendo ainda - nós não dissemos a ele. Cristo, eu nem sei como.

— O que está acontecendo?

— O Admirador enviou a Luca outro presente. Mas este é diferente


dos outros. Clarke entregou a Ryder um dos cartões brancos famosos do
Admirador.

EU SEI O QUANTO VOCÊ GOSTA DE ESTAR NO TOPO.

UM ADMIRER

Ryder franziu a testa. — O que veio com isso?

— Um DVD.

Clarke se virou para pressionar Play no DVD player ligado a uma


pequena televisão atrás dele, mas o cérebro de Ryder já estava gritando de
pânico. Havia apenas um tipo de DVD que o Admirador poderia enviar a
Luca, apenas uma coisa com o qual ele tentaria torturar Luca, e deu-lhe a
mensagem no cartão e o aviso ele enviou a Ryder anteontem...

KM
Um vídeo apareceu na tela. De fato era uma gravação de Luca fazendo
sexo... - ...com Davenport.

Ryder estava tão certo de que a fita seria de Luca e ele mesmo que a
primeira coisa que sentiu foi alívio. Então, estranhamente, ele sentiu um
lampejo de excitação; Davenport era um garoto atraente, e a imagem dele
fodendo com Luca era inegavelmente quente. Assim que o cérebro de Ryder
terminou de processar as implicações do que ele estava vendo, tudo isso foi
varrido sob uma onda de raiva, medo e em pouca medida de ciúme.

Clarke deixou o vídeo tocar por mais alguns segundos antes de


desligá-lo. Felizmente, não havia som algum.

— Há horas disso aqui, disse ele. — Os registros de tempo vão todo o


caminho de volta até novembro.

— Como o Admirador poderia ter conseguido algo assim? Ryder


perguntou, com a boca seca. — O quarto de Luca é verificado para grampos
e transmissores duas vezes por semana.

— Bem, ou o Admirador está usando uma câmera que pode bater


nosso equipamento de detecção de nível militar, ou é apenas uma câmera
convencional que não está transmitindo, disse Hurst. — Eu aposto na última
opção.

McCall concordou com a cabeça. — Nós temos caras lá agora,


procurando por isso. Espero que eles a encontrem antes que Luca chegue em

KM
casa.

— Se é apenas uma câmera normal, então isso significa que alguém


teve que entrar no quarto de Luca continuamente para trocar as fitas. Por
meses.

Os três rostos sombrios olhando de volta para Ryder disseram que


eles já haviam pensado nisso.

— Tudo bem, aqui está o que vamos fazer enquanto esperamos que
eles encontrem a câmera, disse Clarke. — McCall, Hurst, você começa a
entrevistar o pessoal. Veja se alguém notou alguém que não deveria entrando
ou saindo do quarto de Luca, ou em momentos estranhos, ou mesmo apenas
se demorando no corredor. Mantenha quieto - não queremos assustar a
toupeira antes de chegarmos a ela. Ryder, você e eu vamos rever as fitas de
segurança da câmera no corredor do lado de fora do quarto de Luca, ver se
alguma coisa salta para nós.

Ryder levantou uma sobrancelha. — Como é que alguma coisa poderia


saltar para nós que não deveria ter saltado para o guarda que estava
assistindo a alimentação em primeiro lugar?

— Eu gostaria de pensar assim, mas você nunca sabe. Vamos nos


mexer.

Eles se separaram, McCall e Hurst saindo da sala de controle


enquanto Ryder e Clarke usavam os computadores para acessar as gravações

KM
armazenadas da Câmera 2E20. A propriedade era equipada com as medidas
de segurança de última geração da Fairburn Howard, e as gravações das
câmeras - das quais havia mais de cinquenta – eram armazenadas no local e
em um servidor remoto por um ano inteiro. Depois disso, eles eram movidas
apenas para o servidor externo, onde permaneciam indefinidamente.

Embora não houvesse câmeras em nenhum dos quartos, banheiros ou


salas privadas, como o escritório de D'Amato, todas as salas e corredores
públicos tinham pelo menos uma câmera de segurança. A 2E20 é que
monitorava o corredor do lado de fora dos quartos de Luca e Ryder.

— Devemos começar em novembro, disse Clarke. — A toupeira teria


mais probabilidade de cometer um erro quando começou do que depois de
ter tido alguns meses de prática. Quando Luca conheceu Davenport?

— Uh...- Ryder pensou de volta. — Um dia depois que ele chegou em


casa.

— Tudo bem. Vou começar então; você começa uma semana depois.

Ryder encontrou o ponto certo nas gravações e clicou em Play, já


desanimado. — Mesmo com os dois assistindo no avanço rápido, levaremos
semanas para passar meses dessas fitas.

— Eu sei. Clarke bateu os dedos contra o mouse, os olhos piscando


sobre a tela. Então ele disse: — Ei, Hector.

— Sim? Hector se virou de onde estava monitorando os atuais feeds

KM
de segurança. Ryder confiava que sua presença significava que Clarke já o
havia autorizado, ou pelo menos o mantinha sob rigorosa vigilância.

— Pegue alguém do departamento de segurança da Fairburn Howard


no telefone. Explique a situação e pergunte se há algo que eles possam fazer
para ajudar.

— É pra já.

Quando Hector atendeu o telefone, Ryder manteve os olhos nas fitas


rápidas na frente dele, parando toda vez que alguém se aproximava da porta
de Luca para checar novamente sua identidade. Ele não tinha muita
esperança de encontrar algo assim. O sistema de segurança da propriedade
não dependia apenas de câmeras - se isso acontecesse, um guarda para
assistir a mais de cinquenta câmeras não seria suficiente. O computador
conectado às câmeras usava uma série de tecnologias, desde detectores de
movimento até sensores de calor e software de reconhecimento facial, para
interpretar o que as câmeras estavam vendo. Assim, a responsabilidade
principal do guarda da sala de controle era mais observar a reação do
computador às câmeras do que as próprias câmeras.

Qualquer um que tivesse conseguido entrar e sair do quarto de Luca


várias vezes sem ser sinalizado pelo sistema provavelmente não seria pego
só porque Ryder e Clarke estavam passando pelas fitas manualmente. O
maior problema era que a toupeira trabalhava na propriedade, o que
significava que o computador não necessitariamente o reconheceria como

KM
uma ameaça. Eles estavam realmente fodidos se a toupeira era um dos
funcionários da limpeza - eles tinham uma desculpa sólida para entrar no
quarto de Luca todos os dias.

Hector desligou o telefone. — O cara chamado Dr. Shaw diz que eles
têm software que irá pular as gravações para mostrar apenas os horários em
que as outras medidas de segurança foram ativadas - os detectores de
movimento e tal. Dessa forma, você não perderá tempo assistindo a um
corredor vazio. Ele vai se conectar aos nossos computadores remotamente
para instalá-lo.

Demorou cerca de uma hora para o programa começar a funcionar,


mas, quando o fez, tornou todo o processo muito mais rápido - embora não
menos tedioso. McCall regularmente checou com Ryder por texto. Ela e
Hurst tiveram que interromper temporariamente as entrevistas
improdutivas quando foram se encontrar com Keller em Rutledge e levar
Luca para casa.

Cinco minutos depois de saírem, os homens que estavam procurando


no quarto de Luca encontraram a câmera. Ryder ficou satisfeito em descobrir
que eles eram seguranças corporativos dos escritórios de Fairburn Howard,
não guardas que já haviam trabalhado na propriedade. Clarke era muito bom
em seu trabalho.

— Parte de sua estante de livros fora escavada com a madeira


funcionando como uma fachada falsa, disse um dos homens, entregando a

KM
Clarke uma câmera em um saquinho de plástico. — A câmera estava
escondida dentro.

— Olhe para essa coisa. Clarke segurou a pequena câmera até a luz. —
Este é um equipamento de nível profissional - maior duração da bateria,
cartão de memória de alta densidade. Eu apostaria tudo que está programada
para gravar apenas quando sentir movimento. A toupeira só precisaria
substituir o cartão e as baterias a cada poucos dias.

O que significava que o cartão de memória na câmera agora estava


cheio de imagens de Ryder fodendo Luca. A toupeira também deve ter outras
gravações deles em sua posse. Por que mandar a Luca fitas de si mesmo e
Davenport em vez de Ryder, quando o último teria sido muito mais
prejudicial?

Ryder deixou de lado suas preocupações egoístas e se concentrou no


problema imediato. — Eu duvido que a toupeira foi estúpida o suficiente para
deixar impressões digitais para trás como Gray, mas a polícia ainda precisará
verificar.

— Sim. Eu quero esperar para ligar para eles, pelo menos até que
tenhamos uma opinião mais firme sobre quem seria a toupeira. Não
queremos que a polícia o avise.

— Clarke...- Ryder hesitou. — Se o Admirador escolheu enviar estas


fitas agora, isso pode significar que ele já retirou a toupeira.

KM
— Eu sei, disse Clarke, rosto abatido. — Mas não houve nenhum não-
comparecimento ou dias de doença ou férias hoje. Todo mundo está aqui,
quem deveria estar. Eu acho que é possível que a toupeira não tenha sido
agendada para trabalhar hoje, mas - mas eu tenho que acreditar que ele só
acha que vai se safar.

Ryder encontrou seus olhos e assentiu, entendendo. Se o Admirador


realmente tivesse retirado a toupeira, eles não teriam nada. Novamente.

Ele e Clarke voltaram a rever as fitas. Meia hora depois, ele recebeu
um texto de McCall.

Estamos em casa. Você quer que eu espere para contar a Luca o que
está acontecendo?

Ryder nem precisou pensar sobre isso. Não. Ele vai perceber algo de
qualquer maneira. Diga a ele a verdade.

Ele disparou o texto; então, pensando bem, mandou outro para ela.

Talvez seja melhor mantê-lo longe de Keller, no entanto.

Entendido. Vou pedir que Keller faça as entrevistas com Georgina e


eu fico com Luca.

Ryder baixou o telefone e voltou para a tela do computador. Ele


gostaria de poder estar lá para apoiar Luca durante o que certamente seria
um colapso de nível nuclear, mas Luca ficaria bem com McCall por um

KM
tempo, e isso precisava ser feito.

Imagens passaram por ele na tela, as fitas saltando para frente em


todos os pontos em que o sistema registrava calor ou movimento no
corredor. Ele e Clarke já tinham terminado novembro; agora Clarke estava
trabalhando em dezembro, enquanto Ryder fazia janeiro. Ryder ainda não
tinha visto nada fora do comum. Muitas pessoas entravam e saíam do quarto
de Luca - ele e seus colegas guarda-costas, a equipe de limpeza, Sheila,
Davenport e alguns outros amigos de Luca. Até mesmo Nate Wakefield fez
algumas aparições, o que não ajudou muito a melhorar o humor de Ryder.

Em seguida, a fita mostrou um breve clipe de cinco segundos antes de


prosseguir para a próxima. Ryder piscou, rebobinando para assistir o clipe
novamente.

Não havia ninguém no corredor. Ele assistiu de novo para ter certeza
- sim, definitivamente vazio. Então, o que o sistema estava captando?

Não foi até a quarta exibição que Ryder percebeu a inconsistência na


filmagem. Nos primeiros dois segundos, a porta do quarto de Luca estava
meio aberta. Nos últimos três, estava fechada. Não havia nenhuma gravação
de alguém realmente fechando a porta. Apenas foi de aberta para fechada
entre um segundo e o próximo.

A parte de trás do pescoço de Ryder arrepiou. A fita estava

KM
fodidamente em loop25. Mesmo assim, o sistema tinha que ter sentido algum
tipo de movimento para sinalizar esse clipe...-

Uma ideia lhe ocorreu, e seus olhos se voltaram para o registro de data
e hora da gravação. 19 de janeiro.

Athena. Ela geralmente ficava no quarto de Luca quando ele não


estava em casa, mas ele deixava a porta aberta para que ela pudesse se mover
pela casa se quisesse. Os detectores de movimento eram teoricamente
sensíveis o suficiente para detectar um animaldo tamanho de Athena se ela
estivesse bem atrás da porta - a porta que a toupeira deve ter fechado para
impedir que Athena o seguisse.

— Filho da puta, Ryder respirou. — Clarke, venha ver isso.

Ele mostrou a Clarke o clipe e explicou sua teoria. Clarke parecia tão
aturdido quanto alguém que correra de cabeça para uma porta de vidro
deslizante.

— Temos softwares que podem detectar pequenas falhas como essa,


ele disse lentamente, — mas nunca usamos.

— Por que diabos não?

— Porque é supostamente impossível fazer o loop dessas fitas! Este

25conjunto de instruções que um programa de computador percorre e repete um significativo número de


vezes até que sejam alcançadas as condições desejadas. Para a câmera seria a uma repetição da mesma
cena várias vezes.

KM
sistema é inacessível do lado de fora. Você teria que estar nesta sala para
fazer isso e teria de ter acesso total a todo o sistema de segurança. E então
você precisa saber especificamente como trabalhar com a tecnologia da
Fairburn Howard. Mesmo eu não seria capaz de fazer isso.

— O Admirador - ou quem ele contratou - conseguiu mexer nas fitas


de segurança na escola Rutledge quando ele invadiu e plantou as cópias do
diário do Luca, disse Ryder. — Talvez ele tenha ensinado a toupeira a fazer
isso também.

— Rutledge não tem um sistema de segurança da Fairburn Howard. A


patente desta tecnologia está sob guarda militar. Como o Admirador poderia
ter aprendido como contornar isso?

— Ele sabe muitas coisas que ele não deveria saber. Precisamos
executar esse programa.

Clarke assentiu, todo o seu corpo esticado de tensão. — Sabe o que


isto significa.

Ryder fez. A toupeira estava na equipe de segurança.

Enquanto o programa procurava e cuspia as falhas nas fitas - trabalho


quase perfeitamente invisível a olho nu, salvo por aquele único erro com a
porta - Ryder e Clarke compararam as marcas temporais à lista dos
seguranças de plantão para ver quem estava trabalhando nesses momentos.
Havia um nome que continuava aparecendo de novo e de novo. Ryder sentiu

KM
como se um torno estivesse apertando seu peito, apertando cada vez mais a
cada momento que passava.

— Isso não pode estar certo, disse ele.

— Bem, há um monte de vezes aqui onde as fitas também acusaram,


mas ele não estava de plantão, disse Clarke. — Talvez seja outra pessoa.

Ryder queria acreditar nisso, mas não houve outros nomes que
aparecessem em conjunto com as falhas tantas vezes quanto este. Ele
beliscou a ponte do nariz enquanto pensava em outras possíveis explicações.
Então sua cabeça se ergueu. — O quarto de plantão. Ele poderia ter entrado
como se estivesse de plantão, e ninguém saberia o contrário. Temos que
verificar os registros de entrada no portão da frente.

Quinze minutos depois, eles tinham toda a confirmação de que


precisavam. Ryder e Clarke se encararam do outro lado da mesa.

— Para onde vamos daqui? Ryder finalmente perguntou. Seu


estômago estava cheio de chumbo.

Clarke examinou a lista de seguranças em serviço. — O bastardo está


nesta casa agora.

— Então precisamos isolar e contê-lo enquanto esperamos pela


polícia.

— Vou levá-lo para nos encontrar no quarto de Luca.— Clarke puxou

KM
seu rádio.

Ryder mandou uma mensagem para McCall para verificar novamente


a localização de Luca, aliviado ao saber que eles estavam na piscina. Então
ele contou o que sabiam e acrescentou mais uma mensagem: Ligue para a
polícia.

Clarke recolheu os papéis que eles geraram, Ryder pegou o DVD do


player, e ambos subiram as escadas para o quarto de Luca. Ele havia sido
destruído na busca dos guardas pela câmera; Ryder nem queria pensar em
quanto tempo levaria para limpar tudo. A toupeira estava esperando por eles
dentro.

— Qual é o problema? Matt Pearson perguntou, alegre como sempre.

Incapaz de falar, Ryder apenas segurou o DVD. Matt deu um olhar


interrogativo, e embora a reação dele fosse quase imperceptível - um ligeiro
aperto ao redor dos olhos, um rápido alargamento em suas narinas - foi o
suficiente para Ryder.

Houve um momento em que parecia que Matt estava se preparando


para protestar contra sua inocência. Então ele olhou do rosto ferido de Ryder
para o irritado de Clarke, soltou um suspiro irritado e disse: — Ele deveria
me avisar antes de enviar isso.

A linguagem corporal de Matt era fácil, relaxada, mas ele estava


olhando a distância entre ele e a porta. Ryder a fechou sem olhar para ela.

KM
— Quem é “ele”? Clarke perguntou.

— Nós realmente vamos jogar este jogo? Eu sei o que aconteceu com
Gray. Se você acha que eu estou fazendo fila para entrar no mesmo barco,
você está louco.

Ryder mal conseguia acompanhar a conversa. Seu peito doía de


incredulidade com a traição. Este era Matt - alguém que ele considerava um
amigo, bem como um colega, com quem saíra para beber, cuja casa
frequentara para churrascos e festas do Superbowl, que havia preenchido a
equipe de proteção de Luca depois que Christianson havia sido demitida.
Matt era aquele que vazava segredos o tempo todo. Ele disse ao Admirador
onde Luca estava para suas sessões de terapia, que Henry Glauser havia
seguido Luca para os Estados Unidos, sobre a vendetta de Kyle Ward, até
mesmo o boato de que Luca estava sempre sozinho no vestiário depois do
treino. Ele tinha vendido Luca e participou de sua tortura psicológica.

— Deus, Matt, ele é apenas uma criança, disse Ryder.

— Só uma criança? Matt soltou uma risada. — É isso que você diz a si
mesmo quando você está fodendo seu cérebro fora?

Todo o corpo de Ryder ficou rígido.

— Sim, eu vi as fitas, disse Matt. — Gosta de algo áspero, não é? Há


dias que me surpreende que ele possa andar...- embora eu ache que ele tenha
muita prática...-

KM
— Isso é o suficiente, Clarke retrucou. Ryder olhou de lado para ele,
mas o rosto de Clarke estava impassível. — A polícia está a caminho. Você
tornará isso muito mais fácil para você mesmo se você cooperar agora.

— E conseguir uma bala no cérebro em cima de tudo? Não, obrigado.


Eu vou me arriscar com o sistema legal. Matt cruzou os braços sobre o peito.
— Foi a coisa com a porta, não foi? Eu estava com medo de que pudesse voltar
a me morder no rabo. Eu não acredito que você tenha notado isso.

Matt não era um amador idiota como Gray; ele era um profissional.
Ele não ia quebrar, ele não ia entregar o Admirador, e foi apenas por um
acaso que eles o pegaram. Ryder tentou alcançar sua raiva, precisando dela
para fortalecê-lo, mas tudo o que ele encontrou foi tristeza e náusea.

— Luca não merece isso, disse ele. — Ele nunca te machucou.

Matt pareceu surpreso. — Eu não tenho nenhum problema com Luca.


Eu acho que ele é um garoto doce, na verdade.

— O que foi então? Dinheiro?

— Dinheiro? Matt olhou para ele. — Você acha que eu fiz isso por
dinheiro? Você é realmente tão inconsciente?

Ryder abriu a boca, mas não respondeu, sem palavras. Ele olhou para
Clarke em busca de ajuda, mas Clarke não encontrou seus olhos.

— Seu trabalho deveria ser meu, disse Matt. Onde antes sua voz tinha

KM
estado firme, sem emoção, havia agora um fio tangível de raiva percorrendo-
a. — Eu trabalhei aqui por sete anos. Sete anos. Você trabalhou aqui por dois.
Mas quando D'Amato estava escolhendo um novo líder de equipe para os
detalhes de segurança de Luca, ela passou sobre mim - e meia dúzia de outras
pessoas - para ir direto para você. E você nunca pensou sobre isso, não é?
Não parece estranho para você, porque toda a sua vida tem sido assim. As
pessoas te dão o que você quer - porque você é bonito, porque você é uma
porra de escoteiro. Você nunca teve que lutar por nada.

— Isso não é verdade. O protesto de Ryder foi fraco. D'Amato não o


promoveu pelas razões que Matt pensou, mas ela também não o promoveu
pelos motivos certos.

— Não importa. Uma vez que ela descobrir que sua persona de herói
confiável é uma besteira total, você vai ter sua bunda chutada.

— E então, o que...- ...você ia tomar o meu lugar? Por isso você fez
tudo isso? Luca não vai precisar de um líder de equipe se ele estiver morto,
Matt.

Matt bufou. — Ele não vai morrer, seu idiota! Deus, vocês dois nem
podem ver o que está bem na frente do seu rosto. Ele balançou a cabeça. —
Eu parei de falar.

Ryder pensou em todos os pequenos comentários sarcásticos que


Matt fez para ele nos últimos meses, coisas que ele teria percebido se
estivesse prestando atenção.

KM
Você está desejando ter ficado com nós peões humildes?

Glauser pode ser um chato, mas eu não acho que você tenha que se
preocupar com ele machucando Luca.

Você atirou nele?... É uma coisa boa que você estivesse lá e não eu.

Ryder queria estar com raiva. Ele queria sentir o tipo de fúria que
estava morta para ele até Luca ter trazido todas as suas emoções de volta à
vida plena. Agora, no entanto, tudo o que ele sentia era vazio.

Ele se virou e saiu do quarto, fechando a porta atrás dele. Então ele se
encostou na parede, olhando fixamente para o espaço. Clarke se juntou a ele
alguns minutos depois. Com os dois em pé do lado de fora da porta, não havia
chance de Matt escapar do quarto; a porta da varanda estava monitorada, e
mesmo que não estivesse, a queda no chão abaixo era muito longe para uma
fuga segura.

Clarke ficou em silêncio. Ryder corou quando se lembrou do que Matt


havia revelado sobre ele e Luca, e disse: — Clarke...-

— Se você está prestes a sugerir que eu não sabia que havia algo
acontecendo entre você e Luca, eu ficaria muito ofendido.

Certo. Ryder deixou sua cabeça cair contra a parede.

— Sutileza nunca foi realmente o seu forte, Clarke acrescentou, seu


tom quase apologético.

KM
— Não, acho que não. Cristo. — Percebendo que ele ainda estava
segurando o DVD, Ryder deixou cair na mesa lateral entre as duas cadeiras
dispostas para os guarda-costas de Luca. — É verdade o que Matt disse? É
isso mesmo que as pessoas que trabalham aqui pensam de mim?

— Sim e não. As pessoas ficaram surpresas quando você foi


promovido, e houve alguns resmungos, mas... era óbvio que D'Amato
escolheu você para que Luca tivesse alguém com quem pudesse se identificar.
Um modelo a seguir.

Essa era exatamente a razão falsa que Ryder tinha dado a Luca. —Uma
porra de um modelo, ele murmurou.

O telefone de Clarke tocou. — É D'Amato, disse ele a Ryder, e depois


respondeu. — Sim, senhora.

D'Amato estava chateada; Ryder podia ouvir trechos de sua voz


mesmo de onde ele estava. Clarke franziu a testa enquanto ouvia,
sobrancelhas franzindo.

— A situação foi contida... o quê? Clarke fechou os olhos. — Entendo.


Não, ele está aqui comigo. Eu direi a ele. Sim, eu entendo. Ele desligou.

— O que agora? Ryder perguntou, estômago revirando.

Clarke empurrou o celular de volta no bolso. — O Admirador enviou


as fitas para o Senador Davenport também.

KM
*****

— Oi, você ligou para Ashton Davenport. Eu não posso atender o


telefone agora, mas me deixe uma mensagem, e eu entrarei em contato com
você assim que puder.

Pela quarta vez consecutiva, Luca desligou o correio de voz de Ashton


sem deixar uma mensagem. Ele não sabia se Ashton estava apenas ignorando
suas ligações, ou se seus pais haviam tirado seu telefone. Luca teve medo de
enviar uma mensagem de texto caso o último fosse verdade.

Ele ficou olhando sem piscar o celular por meio minuto antes de
discar um número diferente em seus contatos.

— Ei! O que houve? Gabby disse quando ela respondeu. Ela parecia
relaxada e de bom humor, o que significava que ela não sabia o que estava
acontecendo.

O Senador Davenport havia dito a Evelyn que o DVD não vinha com
nenhum tipo de ameaça de exposição - apenas um bilhete insolente e sem
assinatura perguntando se ele sabia sobre as atividades extracurriculares de
seu filho. Ainda assim, era apenas uma questão de tempo até que o
Admirador usasse as fitas para chantagear Luca, Ashton, o Senador ou todos
os três.

KM
— Ei, disse Luca. — Você falou com Ashton hoje? Quero dizer, desde
a escola?

Ela pegou em seu tom ansioso imediatamente. — Não. Por que há algo
errado?

— Tivemos uma briga. Eu tenho tentado ligar para ele para me


desculpar, mas ele não está respondendo. Eu não sei se ele está evitando
minhas chamadas ou se o celular dele está desligado. Você se importaria de
ligar para ele e checar?

— Certo. Eu vou chamá-lo de volta.

Luca esperou na cama com o celular no colo, as pernas saltando e os


dedos batendo. Ele fora transferido para um dos quartos de hóspedes em
frente ao seu até que Sheila e a equipe de limpeza pudessem consertar os
danos que os seguranças causaram. Era tão estéril e sem alma que Luca se
sentia como se estivesse em um hotel.

Seu telefone tocou alguns minutos depois. Luca atendeu rapidamente.


— Ele atendeu?

— Não. Liguei duas vezes, mas foi para o correio de voz. Ele tocou
primeiro, então eu não acho que o telefone dele esteja desligado.

A garganta de Luca doía de decepção. — Ok. Obrigado por tentar.

— De nada, disse Gabby. — Por que vocês brigaram?

KM
— Nada importante. Coisas estúpidas. Espero que tudo acabe logo.

Depois que desligaram, Luca jogou o celular na mesa de cabeceira e


recostou-se na cabeceira da cama, puxando os joelhos até o peito. Athena
estava deitada ao pé da cama com a cabeça nas patas, observando cada
movimento de Luca; ela podia sentir sua aflição. Ela provavelmente poderia
até ouvir o quão rápido seu batimento cardíaco tinha chegado. Os músculos
de Luca se contorceram e pularam, seu estômago se agitou com ácido.

Ele deveria ter visto isso chegando. O Admirador tentara tirar todo o
resto dele - Luca deveria saber que ele iria atrás de Ashton. Ele nunca
imaginou que o Admirador iria tão longe quanto gravar una fita de Luca
fazendo sexo em seu próprio quarto. Mesmo agora, Luca se sentia como se
estivesse sendo observado, e ele não sabia se aquela paranoia ou a sensação
de violação que acompanhava desapareceria. A pior parte foi a consciência
de que em algum lugar, Matt Pearson estava sentado em uma cela de prisão
com não apenas o pleno conhecimento de que Ryder e Luca tinham um
relacionamento sexual, mas a capacidade de provar isso sem qualquer
sombra de dúvida.

Athena levantou a cabeça e olhou para a porta alguns segundos antes


de alguém bater nela. — Sou eu, disse Ryder do outro lado. — Posso entrar?

— Sim.

No segundo em que Ryder entrou no quarto, o tênue autocontrole de


Luca estalou. Ele pulou da cama e atravessou a sala, agarrando Ryder para

KM
puxá-lo para um beijo agressivo e exigente. Seus dedos cavaram os ombros
de Ryder e ele mordeu o lábio de Ryder, frenético com a necessidade de saber
que ele ainda tinha algum controle, que ele não estava indefeso...-

Ryder afastou sua boca. — Luca, disse ele, e então, quando Luca
tentou beijá-lo novamente, — Pare.

Ele disse isso no firme tom de comando que ele usava em situações
perigosas - nunca no quarto. Luca ficou tão surpreso ao ouvir isso nesse
contexto que ele deixou Ryder ir imediatamente.

— Olhe para mim. Ryder inclinou o queixo de Luca. — Você


sinceramente quer fazer sexo agora?

Sim, Luca começou a dizer, mas não conseguiu. Meses da terapia com
a Dra. Andersen o ensinaram a reconhecer seus pensamentos e reações
automáticos quando eles ocorriam, e ele sabia que seu desejo desesperado de
foder Ryder não tinha nada a ver com a luxúria e tudo a ver com o medo.

Às vezes, ser autoconsciente é uma droga.

— Não, disse Luca. — Desculpe.

— Desculpe? Luca...- Ryder apertou os lábios no que Luca sabia que


era uma luta para esconder sua pena. — Baby, você nunca tem que se
desculpar por não querer fazer sexo. Ninguém deveria nunca... - isso não é
algo que as pessoas precisam se desculpar. Ok?

KM
Luca finalmente descobriu porque ele gostava tanto de Ryder
chamando-o de baby, enquanto mal havia tolerado isso a partir de seus
amantes do passado. Ryder não era o tipo de cara que usava apelidos
carinhosos. Ele quase nunca se dirigia às pessoas pelo primeiro nome. Então,
quando ele chamou Luca de baby, não era sobre sexo; era sobre apagar a
distância que ele normalmente mantinha entre si e os outros, sobre definir
Luca como alguém especial para ele. Alguém único.

Luca não se incomodou em lembrar Ryder que ele não deveria usar
apelidos carinhosos quando eles não estavam fazendo sexo. Ele apenas se
inclinou para frente e pressionou o rosto no peito de Ryder, respirando o
cheiro dele. Os braços de Ryder se envolveram ao redor dele e o mantiveram
perto.

— Eu posso fazer você se sentir melhor sem sexo. Ryder beijou o topo
de sua cabeça. — O controle não precisa ser sexual, você sabe. Você vai me
deixar cuidar de você?

Luca assentiu. Ryder levou-o para a cama e depois passou o resto da


noite cuidando dele - dando-lhe uma massagem de corpo inteiro, trazendo-
lhe comida da cozinha quando ele ficou com fome, e servindo-lhe em tudo
que precisava. Luca teria se sentido egoísta se não fosse óbvio que Ryder
estava aproveitando tanto quanto ele.

Muito mais tarde, quando Luca estava nos braços de Ryder enquanto
assistiam a uma comédia sem sentido, ele absorveu o calor de Ryder e fingiu

KM
que não havia nada que o corpo forte de Ryder não pudesse protegê-lo.

Era difícil manter esse sentimento quando Luca foi para a escola na
manhã seguinte. Ashton já estava em seus armários, pálido e com olhos
vazios como se ele não tivesse dormido muito. Ele não virou a cabeça quando
Luca veio para ficar ao lado dele.

Luca colocou a mão em sua fechadura de combinação, mas não a


abriu. — Ash…-

— Eu não deveria falar com você, disse Ashton em voz baixa. Seus
olhos disparando para os lados.

— Eu não acho que seus pais tenham espiões na escola. Luca quis dizer
isso como uma piada, mas bateu muito perto de casa para ser engraçado.

— Meus pais não querem que eu te veja mais. Eles tiraram meu
telefone e eu não posso mais sair. Eu estou trabalhando neles, mas vai levar
algum tempo.

Luca girou o mostrador na fechadura em círculos sem sentido. — Eu


não enviei as fitas.

— Eu sei que você não fez. Ashton ficou tão surpreso que ele se virou
para olhar Luca no rosto. — Eu nunca duvidei disso. Eu sei quem as enviou.

— Então você não...- ...você não me odeia?

— Odiar você? Luca… há duas pessoas nesses vídeos. Eu escolhi estar

KM
lá; eu queria te foder. Não vou me recusar a assumir responsabilidade por
isso agora, apenas porque houve algumas consequências negativas.

— Se você nunca tivesse me conhecido, você não estaria tendo esses


problemas, disse Luca.

— Se eu nunca tivesse te conhecido, eu ainda seria o drone robótico


de meus pais. Ashton pegou seus livros de seu armário e fechou a porta. —
Vai ficar tudo bem. Nós apenas temos que dar um tempo.

Ele começou a se afastar. Luca estendeu a mão para ele, largando a


mão no último segundo antes de se conectar com o braço de Ashton. — O
Admirador pode tentar chantagear você ou seu pai.

— Eu sei, disse Ashton.

Luca tinha duas aulas matutinas com Ashton, tanto no primeiro


período quanto no período imediatamente anterior ao almoço, e observou
com preocupação quando Ashton ficava cada vez mais nervoso ao longo da
manhã. Seu rosto estava tenso, o corpo rígido, e não havia nenhuma cor em
suas bochechas. Ashton costumava ser um pouco de um exibicionista em sala
de aula, um puxa-saco clássico de professor, mas ele não disse uma palavra
hoje. Um de seus professores até perguntou se ele estava doente.

As coisas não melhoraram no almoço. Como de costume, Ashton e


Luca sentaram-se com Gabby, Tricia e Brandon, que eram os únicos três
amigos que não mudaram a forma como tratavam Luca depois que o diário

KM
da École saiu. Gabby, obviamente, disse a Tricia e Brandon sobre a “briga”
de Ashton e Luca, mas independentemente disso eles saberiam que algo
estava errado, pela forma como Ashton e Luca não estavam falando ou
olhando um para o outro.

Embora Tricia fizesse uma tentativa valente de manter uma conversa,


o clima na mesa era muito tenso para até mesmo seu charme vivaz superar.
Luca empurrou a comida em torno de sua bandeja e se perguntou como é
que ele sempre conseguia estragar tudo o que tocava.

Então, quando Tricia finalmente desistiu e o silêncio caiu sobre a


mesa, Ashton disse: — Luca e eu estávamos transando.

Brandon engasgou com sua comida, Tricia guinchou, e Gabby


derrubou sua lata de refrigerante. A cabeça de Luca voou para cima e ele ficou
boquiaberto com Ashton, que estava segurando a borda da mesa com dedos
brancos. Ele parecia que ia desmaiar ou vomitar a qualquer momento.

— Eu não sou gay, disse ele. — Mas eu estava...- eu estava curioso e


dormimos juntos. Muito. Agora não estamos mais, então é por isso que as
coisas parecem estranhas entre nós. Ashton molhou os lábios e, como se não
conseguisse se conter, repetiu: — Eu não sou gay.

O refrigerante derramado da Gabby se espalhou pela superfície da


mesa sem controle. Brandon tossiu a boca cheia de batatas fritas em um
guardanapo.

KM
— Oh, meu Deus, isso é tão quente, Tricia respirou.

O rosto de Ashton não estava mais pálido; suas bochechas queimavam


com um rubor vermelho. Ele pegou sua mochila e bandeja e correu para o
balcão de retorno de bandejas. Luca ficou olhando para ele.

— Eu não posso acreditar nisso, disse Gabby. — Se você perguntasse


a qualquer estranho aleatório na rua qual dos meninos entre Ashton, Luca e
Brandon já tiveram relações sexuais com outro homem, cada um deles diria
Brandon.

Brandon, que era de fato efeminado apesar de seu renomado amor


pela buceta, sorriu e balançou a língua para ela. Luca empurrou a cadeira
para trás da mesa e correu atrás de Ashton, deixando a bandeja para trás.

Ele alcançou Ashton do lado de fora do refeitório. — Por que você fez
isso? Ele perguntou.

— Porque você não pode chantagear alguém com algo que todo
mundo já sabe, disse Ashton, e foi embora.

KM
Capítulo Quarenta e Três

— Porra, sim...- ...Deus, eu queria que você pudesse me foder...-

Ryder deu ao pau de Luca mais um chupão duro e puxou, escondendo


um sorriso com o barulho descontente que Luca fez. — Você tem um
campeonato de natação em cinco horas, baby. Você sabe que eu não posso te
foder.

— Eu disse desejava. Luca passou os dedos no cabelo de Ryder e


empurrou sua cabeça para baixo. — Não pare...-

Ryder tinha jorrado na garganta de Luca nem cinco minutos antes,


mas ele ainda gemeu pelo jeito que Luca puxou seu cabelo. Ele engoliu o pau
de Luca e colocou toda sua energia em dar-lhe prazer.

Embora Luca tivesse recuperado um pouco de sua compostura,


quando ele viu que sua amizade com Davenport não tinha sido
completamente arruinada, ele ainda era um feixe de nervos crus, e a
antecipação de sua última grande competição de natação não estava
ajudando a acalmá-lo. Ryder afastou as coxas de Luca, relaxando sua
garganta e deixando Luca foder sua boca. Quando a respiração de Luca

KM
começou a entrar em pequenas surtos ofegantes, Ryder esfregou o polegar
sobre seu buraco.

— Sim, disse Luca imediatamente. — Coloque-o dentro de mim.

Uma rápida pausa para pegar o lubrificante, e Ryder estava de volta


com a boca no pênis de Luca e um dedo em sua bunda. Luca gostava de
controlar o boquete, então Ryder concentrou seu foco em brincar com a
próstata de Luca. Deus, ele amava como cada toque naquele lugar fazia Luca
tremer e gemer.

Luca tinha as duas mãos no cabelo de Ryder agora, os quadris se


agitando enquanto ele fodia a garganta de Ryder. — Me dê outro.

Ryder não conseguia mover a cabeça - pelo menos, não sem o risco de
ser sufocado - mas ele ergueu os olhos para o rosto de Luca e ergueu as
sobrancelhas. Luca encontrou seu olhar.

— Apenas dois, disse ele com um suspiro relutante. — Isso é tudo que
preciso.

Tudo o que ele precisava, talvez, mas não tudo o que ele queria. Ryder
estava continuamente impressionado com a profundidade da ânsia de
penetração de Luca. Ele poderia gozar sem isso, mas seus orgasmos não eram
satisfatórios sem algo dentro dele - quanto maior, melhor. Combine esse
desejo intrigante com o domínio natural de Luca, e Ryder nunca teve uma
chance.

KM
Ele empurrou dois dedos para dentro, tomando cuidado para não ir
muito fundo ou muito rápido. Se Luca insistisse, ele obedeceria, mas ele não
queria afetar a capacidade de Luca de nadar em alta velocidade esta tarde.
Esperançosamente, a estimulação intensa da próstata seria suficiente para
distrair Luca da falta de força.

Isso foi. Luca gritou, levantando as pernas para colocá-las sobre os


ombros de Ryder para que ele tivesse melhor acesso. Ryder pulsou os dedos
do jeito que Luca mais gostava e lutou para respirar pelo nariz.

Como de costume, Luca soltou um fluxo cada vez mais incoerente de


elogios e obscenidades. Então, misturado com todas as outras conversas
sujas, ele disse: — Eu quero gozar em seu rosto.

Ryder gemeu em volta do pênis de Luca. Ele bateu no quadril de Luca


com a mão livre, sinalizando para ele parar de empurrar. Luca fez isso - com
pouca graça - e Ryder levantou a cabeça.

— Faça isso, ele disse, sua voz áspera.

Luca olhou para ele com olhos aturdidos de luxúria. — Eu não quis
dizer...- você não precisa...-

— Baby, faça isso. Ryder pressionou com força contra sua próstata. —
Goze em cima de mim. Eu quero isso.

— Eu... Deus. Mantendo a mão esquerda emaranhada no cabelo de


Ryder e as pernas sobre os ombros de Ryder, Luca agarrou seu pênis com a

KM
mão direita e se masturbou com movimentos rápidos e erráticos.

Ryder fechou os olhos, os dedos ainda trabalhando no traseiro de


Luca. Sua língua disparou para lamber a cabeça do pênis de Luca. Os
gemidos de Luca ficaram mais agudos, mais ofegantes, e então suas pernas
apertaram os ombros de Ryder e os jorros quentes caíram na boca e nas
bochechas de Ryder.

Não havia como Ryder conseguir outra ereção tão cedo, mas seu pênis
fez um esforço corajoso independentemente. Ele massageou a próstata de
Luca, ajudando-o a ir mais e mais. O sêmen de Luca escorria pelo seu rosto,
marcando-o, possuindo-o.

— Ryder, Luca engasgou. — Ryder, oh, Deus.

Ryder lambeu os lábios, provando a liberação de Luca. Luca fez um


barulho perdido e se soltou até ficar sentado. Então ele puxou Ryder em um
beijo, a língua mergulhando profundamente na boca de Ryder,
compartilhando seu gosto entre eles.

Ambos estavam sem fôlego quando se separaram. — Espere, disse


Luca. Ele pegou um par de lenços da caixa na mesa de cabeceira e limpou o
resto de suas bochechas e queixo de Ryder, seu toque reverente. — Ninguém
nunca me deixou fazer isso com eles antes.

— Eu nunca deixei ninguém mais fazer isso também. Ryder estava um


pouco confuso, já afundando no poço profundo e pacífico da submissão. Ele

KM
gostava do jeito que se sentia, mas provavelmente não era a melhor ideia ir
se aventurar no subespaço uma hora antes de ele começar a trabalhar. Ele
beijou Luca mais algumas vezes antes de dizer: — Eu tenho que começar a
me preparar.

Quando Ryder fez menção de sair da cama, Luca segurou-o,


silenciosamente pedindo outro beijo. Ryder deu a ele, é claro, embora ele
estivesse preocupado com o pouco característico apego.

— Tem alguma coisa errada? Ele perguntou.

— Estou um pouco nervoso.

Sobre a competição, ele quis dizer. Ryder acariciou seus cabelos. —


Não fique. Você vai chutar a bunda de todo mundo, como de costume.

Luca sorriu. Ele beijou Ryder mais uma vez e então voltou para a
cama. Em seu caminho para fora do quarto, Ryder liberou Athena do
banheiro, onde eles a esconderam antes de cair um sobre o outro - Luca se
recusava a fazer qualquer coisa além de beijar com Athena no mesmo quarto
que eles.

— Bom dia, disse McCall da cadeira ao lado da porta. O quarto de Luca


ainda era uma área de desastre, então eles o mudaram para um dos quartos
na mesma ala.

Ryder acenou. — Manhã.

KM
— Sua voz está soando um pouco rouca lá, amigo. McCall arqueou
uma sobrancelha. — Espero que você não esteja adoecendo.

Ryder revirou os olhos e continuou seu caminho, cruzando a área da


sala de estar que separava os quartos no lado norte do corredor daqueles no
lado sul. Ele sentiu os olhos de McCall seguindo-o até o quarto dele.

Ela não fez mais piadas quando ele a substituiu uma hora depois. Logo
depois disso, Song e Hurst apareceram para acompanhá-lo e a Luca a St.
Albans, a escola particular em DC, onde os campeonatos de natação da escola
preparatória da escola Washington Metropolitan estavam sendo realizados.
Luca ficou quieto por todo o caminho, com as mãos cruzadas no colo; de vez
em quando, um de seus músculos pulava em uma única contração logo
abortada. Ele não poderia tomar nenhum Ativan hoje de manhã.

Ryder não achava que ele tivesse algum motivo para estar nervoso.
Ele quis dizer o que ele disse antes - Luca era um excelente nadador, e ele fez
uma temporada fantástica. Ele quase sempre ganhava nos eventos que
participava, e Ryder nunca tinha visto ele chegar em menos do que em
terceiro. A única maneira de Luca não dominar o encontro seria se ele
deixasse seu estresse e ansiedade sobre o Admirador tirar o melhor dele.

Pensando bem, talvez Luca tivesse motivos para estar nervoso.

Ryder, Hurst e Song assumiram posições na piscina coberta de St.


Alban, com Ryder se aproximando do lado de Luca. Luca permanecia uma
bola apertada de estresse quando ele se juntou a seus companheiros de

KM
equipe, mudou para o seu traje de banho, e assistiu aos primeiros eventos do
lado de fora. Assim que ele pisou no bloco de partida para seu próprio
primeiro evento, porém, sua linguagem corporal mudou, e Ryder sabia que
suas preocupações eram infundadas.

A treinadora Swanson sabia como jogar com os pontos fortes de seus


atletas; ela só colocou Luca em eventos de curta distância, onde sua incrível
velocidade não seria mitigada por sua falta de resistência. Ryder assistiu com
orgulho quando Luca se distanciou de seus adversários de novo e de novo,
vencendo todos os cinco de seus eventos individuais, seu foco nunca vacilou.

O time de Luca não venceu o campeonato como um todo - Kyle Ward


foi o segundo melhor nadador do time masculino de Rutledge, e sua expulsão
os enfraqueceu consideravelmente. Ainda assim, Luca recebeu medalhas por
todos os seus eventos, e seus companheiros de equipe se juntaram a ele
depois para parabenizá-lo. Alguns de seus amigos desceram das
arquibancadas também, Davenport conspicuamente ausente.

Ryder monitorou a multidão, o que exigiu mais de sua atenção agora


que todo mundo estava de pé para sair e andando aleatoriamente por aí. Seus
olhos caíram em um homem esguio e profundamente bronzeado, com
quarenta e tantos anos, que parecia estar indo direto ao grupo de Luca. Ryder
o observou por mais alguns segundos para ter certeza. Então, quando o
homem se aproximou, Ryder se adiantou e pôs a mão em seu cotovelo...-
...não restringindo, apenas chamando sua atenção.

KM
— Com licença senhor. Há algo com o qual eu possa ajudá-lo?

O homem parou em suas trilhas, assustado. Ele olhou para Luca, que
estava de pé a alguns metros de distância e os observava com uma pequena
carranca, depois de volta para Ryder, observando seu terno e a largura de
seus ombros. Seus olhos clarearam.

— Eu sinto muito, eu deveria ter considerado...- O homem tirou a


carteira do bolso e extraiu um cartão de visita, entregando-o para Ryder. —
Gary Mueller. Eu treino a equipe de natação de Georgetown. Eu posso...? Ele
acenou na direção de Luca.

Ryder gesticulou para ele ir em frente. Luca se afastou de seu grupo


de amigos, apertando a mão oferecida por Mueller.

— Sr. D'Amato, é bom finalmente conhecê-lo. Você foi excelente lá


fora hoje.

— Obrigado, disse Luca, com os olhos curiosos.

— Eu sei que você tem um pedido para entrar em Georgetown, disse


Mueller. — Normalmente, não enviamos nossas decisões até primeiro de
abril, mas recebi a aprovação para oferecer sua admissão agora, se você
concordar o nadar para a universidade.

Luca piscou, a boca se abrindo ligeiramente.

— Claro, se você disser não, isso não afetará sua inscrição. Eu posso

KM
te dar um tempo para...-

— Não, disse Luca rapidamente. — Quero dizer, sim. Eu adoraria


nadar em Georgetown. Sim.

Agora foi a vez de Mueller ser pego de surpresa. — Você não quer
discutir isso com seus pais primeiro?

— Confie em mim, minha mãe quer que eu entre em Georgetown


ainda mais do que eu.

Ryder sufocou um bufo. O que Luca deixara convenientemente de


mencionar era que não tinha chance de entrar em nenhuma outra boa
universidade dos Estados Unidos, não com três expulsões em seu registro
permanente.

— Bem, tudo bem, então. O rosto de Mueller se abriu em um largo


sorriso; ele provavelmente não esperava que isso fosse tão fácil. Ele deu a
Luca outro de seus cartões de visita. — Eu vou ter a oferta de admissão
enviada para você na segunda-feira. Estou ansioso para tê-lo em nossa
equipe.

— Eu também.

Apertaram as mãos mais uma vez e Mueller partiu. Pouco antes de os


amigos de Luca se fecharem em torno dele novamente, Ryder chamou sua
atenção. Luca sorriu para ele, o rosto iluminado pelo triunfo. Ryder não pôde
deixar de sorrir de volta.

KM
Luca saiu para comemorar com seus companheiros de equipe, depois
levou alguns deles para casa para continuar a festa. Eles ainda estavam lá
quando Ryder saiu de seu turno às seis. Ele jantou e depois fez seus
exercícios, completando uma rotina mais leve do que o normal, porque tinha
certeza de que Luca o colocaria em seus passos mais tarde.

Ryder não voltou para o quarto de hóspedes até ter certeza de que o
último dos amigos de Luca havia saído. Ele bateu na porta e entrou sem
esperar por uma resposta. Luca estava do outro lado; ele apoiou Ryder contra
a porta, batendo-a, e puxou-o em um beijo dominador.

Oh, sim. Luca estava no clima esta noite, e pela primeira vez, não era
devido à sua ansiedade. Ryder podia sentir a excitação pulsando através do
corpo de Luca, o prazer de ter sido reconhecido por sua habilidade em algo
diferente do sexo. Sua alegria era contagiante. Ryder o pegou para que eles
pudessem se beijar mais facilmente, recostando-se na porta. Segurando Luca
assim, ele se lembrou do incrível primeiro beijo que eles compartilharam
depois que ele finalmente caiu em si.

— Eu quis você o dia todo, disse Luca. Suas pernas estavam apertadas
ao redor da cintura de Ryder.

— Você me tem agora.

A risada suave e satisfeita de Luca deslizou pela espinha de Ryder. Eu


peguei algo do meu quarto antes de você chegar.

KM
— Sim? O que é?

Luca soltou as pernas e Ryder o colocou de pé, seguindo-o para a


cama. Ele respirou fundo no par de algemas de pulso de couro resistentes
que Luca lhe estendeu.

— Você quer...-

— Sim, disse Ryder. Ele ficaria envergonhado pela rapidez com que
responderia se não estivesse tão excitado apenas olhando para coisa.

Luca sorriu. — Bom. Ele colocou as algemas de volta na cama e puxou


Ryder para perto de novo.

Eles se beijaram enquanto se despiram, mãos se movendo com a


velocidade da luxúria urgente. Ryder pressionou uma linha de beijos
desesperados pela lateral do pescoço de Luca, então apenas enterrou seu
rosto no ombro de Luca e o respirou enquanto ele abria o jeans de Luca.

— De costas, disse Luca quando ambos estavam nus.

Ryder deitou na cama. Ao contrário da que estava no quarto de Luca,


esta tinha ripas na cabeceira que eram perfeitas para amarrar alguém. Sob o
comando de Luca, Ryder esticou os braços acima da cabeça e para os lados,
respirando superficialmente enquanto Luca batia as algemas nos pulsos e as
prendia à cabeceira da cama. As partes internas eram forradas de pele, e não
eram de todo desconfortáveis.

KM
Sentado sobre os quadris de Ryder, Luca disse: — Veja se você pode
se libertar.

Ryder obedeceu, puxando contra as restrições - gentilmente a


princípio, depois com todas as suas forças. A cabeceira da cama rangeu e as
algemas morderam seus pulsos, mas elas o seguraram eficientemente. Ele
não ia a lugar nenhum. Seu corpo inundou com o calor e ele gemeu em voz
alta.

Luca observou-o com olhos escuros, dedos traçando os músculos


tensos nos braços de Ryder. — Você é tão forte. De repente, ele se inclinou
para frente, pressionando o peito sobre Ryder e colocando a boca em seu
ouvido Ryder. — Muito mais forte que eu. Mas isso não vai te ajudar muito
agora, não é? Você me deixou te amarrar e agora vou usar você do jeito que
quiser.

Ele seguiu essas palavras com um beijo áspero, mordendo os lábios


de Ryder. Ryder lembrou do reconhecimento instintivo que ele teve na
primeira vez que viu Luca - que este homem era um predador. Na época, o
pensamento o encheu de apreensão. Agora não fazia nada além de excitá-lo.

— É o que você quer, no entanto, Luca sussurrou. — Você quer que eu


use você.

— Sim. Luca não tinha amarrado suas pernas, mas Ryder não se
atreveu a fazer mais do que um pequeno impulso em seus quadris. — Baby,
me use. Da forma que você quiser. Para fazer qualquer coisa.

KM
Luca mordeu o pescoço de Ryder, perto da clavícula. Ele continuou
chupando por muito mais tempo do que ele usava fazer - deliberadamente
tentando deixar uma contusão. Ryder inclinou a cabeça para o lado para dar-
lhe mais espaço. Seu pênis estava dolorosamente duro, mas Luca estava
deitado sobre seu peito, então ele estava privado de qualquer contato onde
ele mais queria.

— Você é meu, disse Luca, lambendo o hematoma que ele criou.

— Sim.

— Prove. Ele plantou os joelhos em ambos os lados da cabeça de


Ryder, as pernas enganchadas sob os braços estendidos de Ryder, e se
abaixou para se sentar no rosto dele.

Ryder gemeu em antecipação e abriu a boca para dar aquele apertado


buraco rosado um beijo faminto. Ele estava apertado - Luca não tinha se
preparado, não como daquela vez que ele o esperara nu sobre sua
esrivaninha. Ryder tinha gostado daquilo, tinha gostado de imaginar Luca
trabalhando em si mesmo, mas se ele fosse honesto, preferia deixar Luca
pronto ele mesmo. Havia apenas algo sobre trabalhar o doce buraco de Luca,
persuadindo-o a relaxar e se abrir para ele, sabendo que, mesmo com toda a
preparação, ainda era uma luta para Luca tomar tudo dele no início...

Uma onda de tontura lembrou Ryder que ele não tinha respirado por
muito tempo. Ele se afastou, respirou ofegante antes de voltar ao trabalho,
sacudindo a língua contra o centro do buraco de Luca e, em seguida,

KM
empurrando a ponta para dentro. Luca gemeu acima dele, abrindo mais as
pernas, e a língua de Ryder se contorceu entrando mais fundo nele. Ele quase
- quase - queria que suas mãos estivessem livres para que ele pudesse segurar
o traseiro de Luca do jeito que ele costumava fazer quando ele o devorava.
Estar amarrado assim era melhor, no entanto. Isso significava que ele não
podia se mover, não podia escapar. Luca poderia exigir isso dele a noite toda,
e Ryder não teria como recusar.

O pensamento o incitou a foder Luca com a língua até que sua


mandíbula doesse, dando uma folga de vez em quando para lamber e chupar
as bolas de Luca. As coxas de Luca tremiam, seus quadris balançavam no
ritmo das atenções de Ryder, e ele murmurou palavras sujas de apreciação
que enlouquecia Ryder com a necessidade de agradá-lo.

Ryder quase protestou quando Luca se afastou, mudando de posição


para escarranchar seus quadris novamente. Então o traseiro de Luca roçou
seu pênis, e Ryder não conseguiu falar nada.

— Isso não é tudo o que eu quero de você, disse Luca. — Você sabe o
que mais eu quero, Ryder?

— Você...- Ryder lutou em vão para obter algum tipo de compostura.


— Você quer que eu te foda.

— Não. Eu quero usar seu pênis como um brinquedo para gozar.

A ereção de Ryder saltou às palavras de Luca; aninhado como estava

KM
contra o traseiro de Luca, não havia como Luca não ter sentido.

O sorriso perverso no rosto de Luca confirmou que ele tinha. —Claro,


eu não estou pronto para isso ainda, mas desde que suas mãos estão
ocupadas, eu acho que vou ter que cuidar disso sozinho.

Luca pegou o lubrificante e depois se sentou nos quadris de Ryder


com as pernas abertas enquanto se tocava. Ryder fez um barulho
estrangulado e fechou os olhos. Ele não podia assistir isso sem entrar em
combustão espontânea.

— Abra os olhos, disse Luca com firmeza. — Olhe para mim.

Ryder obedeceu. Em seu estado atual, fazer o contrário era


literalmente impensável.

Ele olhou entre as pernas de Luca, observando os dedos finos de Luca


entrando e saindo de seu próprio corpo. Luca não estava mostrando
misericórdia; ele já tinha três dedos dentro, e ele estava movendo-os com
tanta força quanto Ryder teria usado.

— Você queria que fosse você, não é? Você queria que você fosse o
único com os dedos dentro de mim.

— Deus, sim, disse Ryder.

— Talvez eu deixe você me tocar na próxima vez, se você for bom. Luca
puxou os dedos, colocou um preservativo em Ryder e estava afundando no

KM
pênis de Ryder antes mesmo que Ryder terminasse de processar a
declaração.

Seu rosto. Ryder adorava assistir o rosto de Luca durante a fase inicial
da penetração - a maneira como seus olhos se fechavam e seus lábios se
separaram enquanto ele dedicava toda a sua concentração para aliviar cada
centímetro do pênis de Ryder dentro. Seu corpo engolia Ryder em pequenas
estocadas rasas, deslizando um pouco mais para baixo a cada vez. Ryder
ofegou, tentando manter as pernas apoiadas na cama.

— Nngh, você me deixa tão cheio, disse Luca, balançando para frente
e para trás. Seus dedos cavaram os lados de Ryder.

Ryder nunca se importou de atender ao fetiche por tamanho de Luca.


Ele revirou os quadris, orgulhoso do arrepio de prazer que pecorreu o corpo
de Luca.

— Eu não disse que você poderia se mover. A voz de Luca era


provocante, mas havia uma nota de reprovação por baixo.

— Sinto muito.

— Não, você não sente. Mas você vai sentir. Segure firme.

Apoiando as mãos no peito de Ryder, Luca começou a saltar para cima


e para baixo em seu pênis, montando-o como se estivesse tentando vencer o
Kentucky Derby. Ryder engasgou e agarrou as correntes que prendiam suas
algemas de pulso à cabeceira da cama. Ele respirava com dificuldade pelo

KM
nariz enquanto seu pênis mergulhava no buraco quente e apertado de Luca
várias vezes, penetrando fundo, o atrito suficiente para fazer seus dedos se
curvarem. Seria tão fácil dobrar as pernas e colocar os pés no colchão para
que ele pudesse encontrar os impulsos de Luca...

Não. Luca não queria que ele se movesse. Pode até ser por isso que ele
não amarrara os tornozelos de Ryder - para ver se Ryder faria isso por ele.

Fique parado. Fique parado. Fique parado.

Esse tornou-se o mantra de Ryder, a única coisa mantendo-o são


enquanto Luca o cavalgava duro. Os olhos de Luca estavam fechados,
perdidos em seu prazer; como prometido, ele usou o pau de Ryder apenas
em busca de sua própria satisfação. Seu próprio pênis oscilava
tentadoramente no mesmo ritmo frenético de seu corpo. Ryder doía para
acariciá-lo, chupá-lo, qualquer coisa para fazer Luca se sentir bem.

— Perto, disse Luca, embora Ryder quase não o ouviu sobre o rugido
do sangue correndo em seus ouvidos. Luca mudou todo seu peso para uma
mão no peito de Ryder e puxou seu pênis com a outra, inclinando-se para
frente e inclinando seus quadris. Isso mudou o ângulo de seus impulsos de
modo que - Deus, ele estava apenas esfregando sua próstata contra o eixo de
Ryder. Ryder podia ver isso em seu rosto.

— Luca, Ryder disse desesperadamente. Ele arqueou as costas, braços


esticando contra as algemas, mas ele não moveu a parte inferior do corpo. —
Baby, por favor. Por favor.

KM
Com um grito entrecortado, Luca gozou por todo o peito de Ryder.

Oh Deus, fique IMÓVEL.

Os músculos de Ryder tremeram com o esforço que levou para


permanecer imóvel. Acima dele, os movimentos de Luca diminuíram para
um ritmo lânguido enquanto ele descia de seu orgasmo intenso. Deus, ele era
tão bonito, graça e confiança em cada linha do seu corpo. Naquele momento,
com seu cérebro encharcado de luxúria e submissão, todo o universo de
Ryder girava em torno de Luca.

— Mmm. Luca passou os dedos pela bagunça no peito de Ryder. —


Você quer gozar agora?

— Sim. Por favor. Sim.

— Sim? Você quer me foder?

— Sim.

Luca estava sentado totalmente no pênis de Ryder, movendo seus


quadris em pequenos círculos suaves que eram principalmente uma tortura
para Ryder neste momento. — Não.

Ryder soltou um gemido quebrado. — Luca...-

— Você pode gozar, mas só se você não se mexer.

Ryder não conseguia nem formar uma resposta coerente para isso. O

KM
total controle de Luca sobre ele o fez sentir-se bêbado. Suas bolas estavam
latejando, apertadas contra seu corpo; o suor escorria em sua pele
supersensível.

Luca se levantou em seus joelhos, fodendo o pênis de Ryder, mas


tomando apenas os primeiros cinco ou sete centímetros. Ryder jogou a
cabeça para trás no travesseiro e gemeu através de seus dentes cerrados.

— Você não gosta disso? Luca perguntou, uma sugestão de riso em sua
voz. — Não é o suficiente para você?

— Você sabe...- Ryder teve que parar e respirar antes que ele pudesse
terminar. — Você sabe que não é.

— Você quer ir mais fundo? Você quer seu grande pau todo dentro de
mim?

— Por favor.

Luca afundou todo o caminho, agonizantemente devagar, e depois


puxou todo o caminho antes de repetir o movimento mais algumas vezes.
Ryder poderia ter gritado de pura frustração sexual.

— Ainda não é suficiente?

Tudo o que Ryder conseguiu foi outro: — Por favor.

A voz de Luca caiu. — Eu sei o que você precisa. Você quer bater seu
pau inteiro dentro de mim. Você quer que eu monte você com tanta força que

KM
ainda vou estar machucado amanhã. Eu vi o jeito que você olha para mim
depois de fodermos.. Eu vi o quanto você gosta de saber que eu estou esfolado
por tomar seu pau.

Ryder piscou para ele, incapaz de dizer se ele estava chateado ou não.

Então Luca sorriu. — Eu gosto disso também, disse ele. Com isso, ele
afundou de uma só vez, retomando o ritmo frenético que ele havia marcado
antes. Ryder gritou e trancou os músculos das pernas para mantê-las
achatadas contra a cama.

Ele estava perto, tão perto que ele podia sentir o orgasmo se
construindo na base de sua espinha, mas ele não estava acostumado a atingir
o clímax sem empurrar. — Baby, eu não posso...- eu não posso...-

— Você pode, disse Luca, austero. — Você pode, e você vai, porque eu
quero você faça isso.

Ele deu um tapa no rosto de Ryder com força.

Ryder gritou, sua visão escurecendo nas bordas. Não foi a picada
quente do tapa que o subjugou tanto quanto o domínio puro transmitido pela
ação. Ele estava bem ali, bem ali...

— Goze para mim, Ryder. O ritmo de Luca não vacilou quando ele deu
outro tapa em Ryder. — Goze agora.

Ryder empurrou contra as restrições e gozou com tanta força que ele

KM
quase desmaiou.

****

Luca raramente tinha pesadelos quando ele e Ryder dormiam na


mesma cama, e ele nunca teve pesadelos depois de uma foda realmente dura.
Quando ele adormeceu naquela noite - depois de uma hora cuidando de
Ryder, que estava quase insensível pelos efeitos de sua troca de poder - Luca
tinha assumido que ele iria dormir profundamente.

O que não foi o caso.

O sonho não começou como um pesadelo. Na verdade, era bastante


agradável. Um homem grande estava sentado atrás de Luca, acariciando seu
pênis com uma mão e tocando sua bunda com a outra. O cérebro de Luca não
identificou o homem, e Luca não se importou. Ele inclinou a cabeça para trás
contra o ombro do homem, deixando seu pescoço ser beijado.

Um segundo homem grande e sem rosto se juntou a eles, ajoelhando-


se entre as pernas abertas para sugar o pênis de Luca. Então havia um
terceiro homem e um quarto, todos acariciando a pele de Luca, trabalhando
juntos para dar prazer a ele. Luca manteve os olhos fechados, suspirando
com o calor do prazer.

KM
— Puta, o primeiro homem sussurrou.

Luca se encolheu. — Eu não sou...-

— Você sabe o que acontece com putas, não é?

De repente, Luca não estava mais sentado; ele estava deitado de


costas, dois dos homens prendendo seus pulsos contra a superfície dura em
que ele estava deitado. O terceiro colocou uma mão pesada em seu peito,
pressionando até que o peso ameaçador fez o sangue de Luca gelar de terror.
Ele não conseguia se mexer. Eles eram fortes demais. Ele tinha que se
levantar, ele tinha que fugir, porque algo ruim estava chegando...

O quarto homem ainda estava entre suas pernas. Ele segurou as costas
dos joelhos de Luca e empurrou-os contra o peito de Luca, esfregando seu
enorme pênis sobre o buraco de Luca.

— Não, Luca engasgou. — Por favor não.

— Você quer isso. O homem dirigiu seu pênis para dentro.

Luca gritou, se debatendo contra os homens que o seguravam,


lutando para fugir. Havia mãos sobre ele - mais mãos do que deveriam ter
sido - e cada tentativa de escapar apenas reforçava sua certeza de que não
havia nada que ele pudesse fazer. Preso. Ele estava preso, e ele não conseguia
respirar.

— Pare. Por favor pare.

KM
Um dos homens soltou uma risada feia e zombeteira. — Você não quer
que a gente pare. Olhe para você. Voce ama isso.

Luca balançou a cabeça, mas não havia como negar o quão duro ele
estava, ou que seus quadris estavam subindo para encontrar o pênis de seu
estuprador. Embora o homem estivesse transando com ele com força
dissonante, não era nada doloroso. Luca queria que isso doesse. O prazer que
sentia ao ser violado era pior que qualquer dor.

O homem se inclinou para frente, sufocando Luca com seu corpo


volumoso enquanto ele o fodia, seus companheiros segurando Luca para
baixo e abrindo-o. Luca soluçou. Ele tinha que fugir. Ele precisava. Algo
ruim estava prestes a acontecer.

Algo ruim já está acontecendo, um canto frenético de seu cérebro o


lembrou.

Isso era verdade, mas o que estava vindo era pior. Pior que estupro.
Pior do que qualquer coisa.

O homem dentro dele gozou, então trocou de lugar com um dos


outros, a transição foi perfeita. O corpo de Luca se contorceu e seu pênis
saltou.

— Não posso estuprar uma puta, um dos homens assobiou.

Luca parou de lutar, muito assustado e cheio de desespero para


continuar o que ele sabia que era uma luta fútil. Havia quatro deles. Eles

KM
nunca parariam; eles só se revezariam estuprando-o uma e outra vez,
forçando-o a desfrutar disso. Ele não conseguiria fugir até que fosse tarde
demais...-

Uma mão pesada pousou em seu ombro, de alguma forma mais


ameaçadora que as outras. Luca gritou...- de verdade, não apenas no sonho -
...e afastou-se dela, acordando em confusão atordoada de pensamentos e
emoções.

— Luca!

A mão de Ryder escovou seu braço. Luca sacudiu a cabeça e se afastou,


lutando contra as colchas emaranhadas até chegar ao canto mais distante do
colchão. A luz da mesa de cabeceira de Ryder estava acesa.

— Foi apenas um sonho, Luca, você está bem...- Ryder chegou para
ele novamente.

Luca encolheu-se contra a cabeceira da cama. — Não me toque!

Embora assustado, Ryder levantou as mãos em um gesto não


ameaçador. Luca puxou os joelhos até o peito e passou as mãos pelo cabelo
molhado de suor, respirando com dificuldade. Ele ficou aliviado ao descobrir
que, embora ele tivesse experimentado prazer sexual no sonho, ele não
estava realmente duro. O que era uma pequena misericórdia. Muito
pequena.

— Você quer que eu vá embora? Ryder perguntou baixinho.

KM
Luca quase disse que sim, porque ele estava com tanta vergonha de
ter surtado daquele jeito na frente de Ryder - mas então ele pensou em passar
o resto da noite sozinho com seu medo e auto-repugnância, e ele não
suportava isso. Ele balançou sua cabeça.

Ryder se aproximou, tomando cuidado para não tocá-lo. — Foi o


mesmo pesadelo que você sempre tem? Aquele sobre ser esmagado?

— Eu, hum... mais ou menos. Luca engoliu em seco. — Mas foi


diferente.

— Como assim?

— Eu normalmente não sonho com uma pessoa me segurando. É


quase sempre um objeto.

— E desta vez foi uma pessoa?

— Foi...- Luca esfregou o rosto com as duas mãos. — Foram quatro


homens. E eles estavam...- ...eles estavam me estuprando.

Ryder fez um barulho suave de consternação, o corpo mudando com


o desejo óbvio de tocar em Luca, mas ele manteve as mãos para si mesmo.
Luca ficou grato por isso.

— Eu gostei disso, disse ele, engasgado com repulsa. — Eu implorei


para eles pararem, mas parte de mim queria que eles continuassem. Eu estou
doente...- —

KM
— Não. Ryder se moveu para se ajoelhar na frente de Luca, mantendo-
se firme quando Luca se recusou a encontrar seus olhos. — Luca, as pessoas
sonham com estupro o tempo todo. Isso não significa que você quer ser
estuprado, ou que você se divertiria se acontecesse na vida real. Você sabe de
fato que isso não acontece. Foi apenas um pesadelo.

Luca não respondeu.

— Você tem certeza de que este pesadelo tem algo a ver com o seu
pesadelo recorrente? Parece-me algo completamente diferente.

— Não. O...- o gatilho foi diferente, mas o sentimento no núcleo disso


foi o mesmo. O mesmo sentimento de estar preso, de desastre iminente. Eu
não sei porque as outras coisas mudaram.

Ambos ficaram quietos por um minuto. Luca não queria que Ryder
fosse embora, mas ele também não conseguia pedir um abraço para Ryder.
O sonho o deixara se sentindo sujo.

— Eu nunca tenho o mesmo pesadelo duas vezes, disse Ryder.

Luca olhou para ele. Ele reparou em Athena, que havia pulado da
cama quando Luca começou a se debater, observando-os tensa a partir do
chão.

— Pelo menos, eu não acho que sim. Eu normalmente não me lembro


deles em detalhes, então não tenho certeza. O que eu sempre lembro é como
me sinto depois. Essa é a pior parte. Os olhos de Ryder eram suaves,

KM
compreensivos.

Luca desdobrou as pernas e estendeu a mão. Ryder se moveu para ele,


pegando Luca para se acomodar em seu colo com a cabeça apoiada contra o
peito de Ryder. Ao contrário dos grandes homens em seu sonho, o volume de
Ryder tranquilizou Luca, confortou-o com a sensação de que Ryder era
intocável. Indestrutível.

— Eu sinto muito por ter te acordado, disse Luca.

Ryder o apertou. — Não sinta. Eu garanto a você que um dia será o


contrário.

Foi a suposição de Ryder de que haveria um dia, mais do que sua


admissão de que ele acordaria gritando com seus pesadelos, que fez Luca se
sentir melhor. — Eles são muito ruins?

— Às vezes. Como eu disse, geralmente não me lembro dos detalhes,


mas o resultado pode ser ruim o suficiente. E quando me lembro bem, esses
são os piores. Algumas das minhas memórias já são pesadelos em si mesmos.
Quando elas são deformados por sonhos...

Ryder não terminou, mas ele não precisava. Luca sabia o que ele
queria dizer. Fechando os olhos, Luca se aconchegou no peito de Ryder, os
dedos acariciando sua pele.

— Você já sonhou com o dia em que você ganhou essa cicatriz? Ele
perguntou.

KM
O corpo de Ryder endureceu, embora ele não empurrasse Luca para
longe. — Sim.

— Mas você nunca fala sobre isso. Luca não sabia por que ele estava
empurrando. Tudo o que ele sabia era que se sentia vulnerável e exposto, e
queria algo de Ryder para se segurar. Algo real.

— Honestamente, eu tento não pensar nisso. Não é tanto a lesão, mas


sim as circunstâncias que a envolvem. Eu não fui... eu não fui o único ferido
naquele dia.

O tom de Ryder deu uma pista a Luca — O homem que você amava,
aquele que morreu?

— Jimmy, Ryder sussurrou. — Sim.

— O que aconteceu com ele?

Luca realmente não esperava uma resposta, então ele não ficou
surpreso quando Ryder permaneceu em silêncio. Ele respirou, saboreando o
perfume masculino reconfortante de Ryder, todo sabonete, loção pós-barba
e suor. Ele não achava que seria capaz de dormir novamente hoje à noite,
mas seria suficiente se deitar nos braços de Ryder enquanto ele dormia...-

— Eu o matei, disse Ryder.

KM
Capítulo Quarenta e Quatro

Eu o matei.

As palavras de Ryder pairaram no ar entre eles. Ele fechou os olhos,


esperando que Luca o afastasse, exigisse que ele saísse, olhasse para ele com
medo e nojo.

— Por quê? Perguntou Luca.

Os olhos de Ryder se abriram. — Por quê? Ele disse, encarando Luca


incrédulo. — Acabei de dizer que matei o único homem que amei, e a
primeira coisa que você diz é por quê?

— Bem, você deve ter tido um motivo.

Luca ainda estava enrolado em seu colo, ainda apoiado contra ele. Ele
parecia preocupado, as sobrancelhas franzidas e a boca apertada, mas não
era com ele mesmo que ele estava preocupado. Era com Ryder.

Uma forte onda de emoção envolveu o coração de Ryder e deu um


aperto doloroso. Ele teve medo da reação de Luca, mas isso não era o que ele
esperava. Ele havia se preparado para lidar com a rejeição; ele não sabia

KM
como lidar com a compreensão.

— É... é uma longa história.

Luca passou a mão por sua bochecha. — Eu tenho tempo.

Deus. Okay. Ele realmente ia fazer isso? Ryder nunca, jamais contou
a outro ser humano a verdade sobre o que aconteceu com Jimmy. Até dois
minutos atrás, ele nunca disse as palavras Eu o matei em voz alta.

— Nós estávamos no mesmo pelotão, Ryder disse, seu discurso


hesitante enquanto procurava por palavras para descrever uma época de sua
vida que ele já havia gasto tanta energia tentando esquecer. — Ele era meu
subordinado. Nós éramos da mesma idade, mas eu tinha o status de oficial
por ter frequentado o ROTC, a escola de oficias, e Jimmy tinha acabado de
se alistar logo depois do ensino médio. Mesmo que ele não fosse hetero, e o
não pergunte, não diga não estivesse em vigor na época, nunca poderia ter
havido nada entre nós. O Exército não gosta de relacionamentos sexuais
entre superiores e subordinados.

— Mas você o amava mesmo assim.

— Todo mundo amava Jimmy. Ryder lembrou o quão bonito Jimmy


tinha sido - seu corpo longo e esguio, sua pele suave de chocolate, seu sorriso
brilhante. — Ele era uma daquelas pessoas que está sempre feliz, sempre
olhando pelo lado positivo. Ele poderia se recuperar de qualquer coisa, e ele
puxaria você junto com ele. Havia pessoas em nosso pelotão que nunca

KM
teriam passado por suas turnês inteiras se não fosse por Jimmy.

— Incluindo você? Perguntou Luca.

— Sim.

— Ele sabia como você se sentia sobre ele?

Ryder não pôde deixar de sorrir. — Sim. Era bem óbvio. Todos os
caras do meu pelotão sabiam que eu era gay...- não pergunte, não conte era
uma besteira total. Você não passa todos os dias lado a lado com as pessoas,
colocando suas vidas nas mãos umas das outras e não saber algo básico sobre
elas. Nenhum deles se importava. Quem se importa com orientação sexual
quando você está no meio do deserto, levando um tiro todos os dias?

— Isso não incomodou Jimmy, mesmo quando ele soube que você
estava apaixonado por ele?

— Não. Quer dizer, poderia ter sido uma história diferente se eu


tivesse chegado a ele ou me aproximado dele de uma maneira sexual - mas
eu não fiz isso, então era tudo muito abstrato para ele. Acho que ele até ficou
lisonjeado com isso.

Ryder ficou em silêncio. A parte seguinte da história era a que ele


temia. Seu estômago revirou com a perspectiva de reviver aquele inferno
novamente.

Luca passava os dedos pelo cabelo na nuca de Ryder em padrões

KM
calmantes. Depois de um minuto vendo Ryder lutar consigo mesmo, ele disse
em uma voz gentil: — Então o que aconteceu?

— Estávamos em busca de atividade insurgente na área de Sulayman


Bak - não com todo o pelotão, apenas alguns esquadrões. Um dos nossos
veículos quebrou em trânsito. Nós não queríamos segurar o comboio inteiro,
então eu fiquei para trás para cobrir os homens que faziam os reparos.
Acabou não demorando tanto tempo quanto nós pensamos, e nós quase
alcançamos os outros...-

Luca se moveu contra ele em desconforto, e Ryder percebeu o quão


duro ele estava segurando-o - os dedos de uma mão cavando no quadril de
Luca, os outros em sua coxa. O aperto dele se tornara mais e mais forte
quanto mais fundo entrava em sua história. Ele o soltou, esfregando a pele
machucada de Luca em um pedido de desculpas.

— Estou bem, disse Luca. Ele pegou uma das mãos de Ryder e
apertou-a. — Continue.

Ryder respirou fundo, embora isso não fizesse muito para aliviar a
constrição em seu peito. — Houve uma… uma emboscada. Insurgentes
estavam à espreita no que deveria ser um posto de controle abandonado. Eles
abriram fogo contra nosso comboio e eu estava muito longe para fazer
qualquer coisa a respeito. Os dois caras comigo - pudemos ver o que estava
acontecendo, mas não pudemos ajudar. Tudo o que podíamos fazer era
continuar dirigindo.

KM
Estava ficando mais difícil para Ryder respirar. Ele podia ouvir as
batidas rápidas dos tiros automáticos, os gritos de seus homens e dos
insurgentes quando eles caíram.

Chegamos ao comboio e saltamos para dar assistência. Mas assim que


chegamos perto... Ryder estremeceu. — Eles tinham IEDs armados por toda
a porra da estrada. Eles explodiram o comboio inteiro para o inferno. Metade
dos meus homens morreu naquele momento. Eu peguei estilhaços na lateral
de meu corpo de um dos veículos.

Ele sentiu isso agora – pedaços irregulares de metal incandescente,


cortando a pele e os músculos, rasgando-o. O cheiro de poeira, fumaça e
sangue encheu suas narinas.

A mão livre de Luca pousou no lado de Ryder, diretamente em cima


da pele nua de sua cicatriz. Ryder se encolheu, mas Luca não moveu sua mão.
Depois de alguns segundos, Ryder cedeu e aceitou o toque.

— Os soldados que tinham consertado o caminhão e eu éramos os


únicos ainda com capacidade de carga. Conseguimos eliminar o resto dos
insurgentes, mas ambos caíram - um morto, um ferido. Quando acabou, eu
era o único ainda consciente. Ou então eu pensei.

Os dedos de Luca viajaram para cima e para baixo sobre a cicatriz de


Ryder, aterrando-o no presente, mesmo quando suas lembranças terríveis
tentaram sugá-lo de volta ao passado. Ryder apreciou a âncora.

KM
— Eu pedi ajuda por rádio e estava andando em meio à carnificina,
certificando-me de que todos os insurgentes estavam mortos, verificando
quais dos meus homens precisavam de primeiros socorros. E eu... eu
encontrei Jimmy. O coração de Ryder bateu forte, e ele se sentiu tonto. Ele
não queria falar sobre isso, nem queria se lembrar, mas as palavras
continuavam vindo de qualquer maneira. — Ele ainda estava vivo, mas a
explosão o havia dilacerado. Ambas as pernas tinham sumido, parte do braço
dele. Ele estava literalmente em pedaços. E ele estava consciente.

Luca respirou horrorizado.

— Eu não sei como. Talvez suas feridas tivessem sido parcialmente


cauterizadas, então ele não estava perdendo sangue tão rapidamente, ou
talvez sua mente estivesse apenas se apegando à consciência. Eu nunca...- a
voz de Ryder quebrou. — Eu nunca vi um ser humano em meio a tanta
agonia. Nem antes ou desde então.

Ele fez uma pausa, incapaz de continuar. Um gotejamento quente em


sua bochecha o fez levantar a mão para o rosto em surpresa. Lágrimas. Ryder
não se lembrava da última vez que ele chorou - certamente não desde antes
de ele ir para o Iraque, há pelo menos seis anos e meio. Ele nem chorou no
dia da morte de Jimmy.

Luca beijou sua bochecha molhada. Ele segurou a mão de Ryder em


silêncio enquanto Ryder engolia em seco, reunindo forças para continuar.

— Eu entrei em panico. Eu tentei dar-lhe primeiros socorros, mas não

KM
havia nada que eu pudesse fazer. Nós dois sabíamos que ele ia morrer; Era
só uma questão de quando. O médico estava a caminho, e os médicos
poderiam ter conseguido estabilizar Jimmy por um dia ou mais, mas não
havia como ele sobreviver. Eu sabia disso e ele sabia disso.

Ryder teve que parar de novo. Seu corpo inteiro estava tremendo.

— Jimmy me implorou para matá-lo, ele finalmente disse, garganta


crua. — Ele estava com muita dor, e ele só queria que isso acabasse. Eu disse
a ele que não podia. Eu não faria. E ele disse...- A respiração de Ryder ficou
presa, e ele cobriu os olhos com uma mão. — Ele disse que se eu realmente o
amasse, faria isso por ele. Então eu fiz. Eu peguei uma das armas dos
insurgentes e atirei na cabeça dele.

Ryder respirou ofegante e quebrou. Ele chorou em silêncio por vários


minutos em rajadas de soluços desarticulados de um homem que quase se
esquecera de como fazê-lo. Luca segurou-o através disso enquanto acariciava
seu cabelo sem dizer uma palavra.

Quando Ryder recuperou a voz, ele disse: — Eu tive que fazer parecer
que os insurgentes o mataram. Se o exército soubesse a verdade, eu estaria
em uma prisão militar agora. A eutanásia não é desculpa, e eu não teria sido
capaz de provar que fora assim mesmo. Depois...- depois que Jimmy morreu,
eu arrastei o resto dos meus homens para a segurança. Os que ainda estavam
vivos, quero dizer. Consegui mantê-los estáveis até a evacuação médica
aparecer.

KM
— É assim que você conseguiu sua Estrela de Bronze, disse Luca,
finalmente compreendendo.

— Sim. Eles disseram que eu salvei a vida daqueles homens. Um gosto


amargo encheu a boca de Ryder. — Eles não teriam sido tão rápidos em me
agradecer se soubessem que estavam condecorando um assassino...-

— Não. Luca estava sentado de lado no colo de Ryder, mas agora ele
se virou e sentou-se sobre ele, assim eles estavam cara a cara. Ele agarrou o
rosto de Ryder com as duas mãos. — O que você fez não foi assassinato. Foi
misericórdia.

— O exército discordaria.

— Foda-se o exército! Você tirou Jimmy da sua miséria porque ele


pediu para você, mesmo sabendo que isso iria torturá-lo pelo resto da vida.
Você lhe deu paz sacrificando a sua. Isso é amor, Ryder. Não há outra palavra
para isso.

Ryder queria concordar com ele, mas ele ainda não havia chegado a
esse ponto. Ele não sabia se alguma vez chegaria. Ele matou o homem que
amava e encobriu tudo. A verdade disso nunca o deixaria.

Luca fechou os olhos e encostou a testa na de Ryder. — Eu gostaria


que você pudesse se ver do jeito que eu vejo você.

Fechando seus próprios olhos, Ryder deslizou seus braços ao redor da


cintura de Luca. Metade dele não acreditava que Luca ainda quisesse tocá-lo

KM
dessa maneira. — Eu nunca contei essa história para ninguém, disse ele
depois de um minuto. Nem mesmo o psicólogo que vi quando cheguei em
casa. Você é a única pessoa além de mim que sabe a verdade.

— Por que você me contou? Você não precisava.

— Eu precisava. Eu preciso que você me conheça como eu te conheço.


E eu precisava saber que...- ...que você não me odiaria.

Luca o beijou. — Eu não te odeio, ele murmurou entre beijos. — Eu


nunca poderia te odiar, Ryder, você é um idiota. Ele pressionou ainda mais
perto, e não houve mais palavras.

Eles se beijaram por um longo tempo. No começo, era apenas sobre


conforto - sobre Ryder precisar saber que Luca ainda o queria, e Luca
provando isso a ele sem sombra de dúvida. Então, quando os beijos se
aprofundaram e a ponta afiada do pesar de Ryder diminuiu para uma dor
surda, seu corpo começou a responder. Seu pênis se mexeu contra a perna
de Luca. Sem perder o ritmo, Luca alcançou entre eles e ajustou os dois paus
para esfregar um no outro enquanto se beijavam.

Ryder gemeu e agarrou a bunda de Luca, estabelecendo-se em um


ritmo satisfatório. Os lábios de Luca se moveram para as bochechas de Ryder
e beijaram as lágrimas lá. Ele ofegou de prazer no ouvido de Ryder.

Embora Ryder tivesse se contentado em gozar desse jeito, ele não


ficou surpreso quando Luca se afastou para pegar um preservativo e o

KM
lubrificante. Entre os dois, eles conseguiram a ereção de Ryder coberta e
lubrificada, e Luca se equilibrou sobre ela.

— Athena ainda está aqui, disse Ryder.

— Eu não me importo. Eu preciso de você.

Luca se abaixou no colo de Ryder. Ele ainda estava solto a partir do


intercurso anterior, então foi fácil. Quando sua bunda encontrou os quadris
de Ryder, ele começou a balançar para frente e para trás, envolvendo os
braços em volta do pescoço de Ryder e retomando o beijo.

Naquele momento, ocorreu a Ryder quão raramente ele e Luca se


beijavam durante o sexo; quase nunca estavam numa posição em que fosse
fácil ou confortável fazê-lo. Mas nessa posição, com Ryder sentado e apoiado
na cabeceira da cama e Luca em seu colo, era a coisa mais natural do mundo.

Beijar Luca enquanto o fodia era surpreendentemente íntimo. Eles


estavam pressionados peito a peito, braços apertados em volta um do outro,
quadris rolando em um ritmo lento e doce que fez os dois ofegarem na boca
um do outro. O calor construído entre eles e seus beijos ficou mais
desesperado, mais ofegante, mas nenhum deles estava disposto a se afastar.

Ryder nunca se sentiu mais ligado a outra pessoa. Ele segurou Luca
perto, se sentindo dentro dele em mais de um sentido, e desejou que este
momento, esse sentimento, durasse para sempre.

KM
*****

Quando Luca deixou o quarto de hóspedes na manhã seguinte para a


igreja, Ryder parecia o mesmo de sempre. Não havia nenhuma evidência de
que ele tivesse chorado no meio da noite, ou que ele tivesse descoberto sua
alma para Luca de uma maneira que ele nunca teve com ninguém mais. Luca
sentiu a mudança, no entanto. Foi no jeito que Ryder sorriu para ele e a nova
e mais calma vibe entre eles. Olhar para Ryder suscitou excitação em Luca,
como sempre acontecia, mas a necessidade incontrolável de tocá-lo estava
mais forte. Haveria muito tempo para isso depois - tanto tempo quanto
quisessem.

Luca tomou o café da manhã na cozinha antes de se juntar à mãe para


ir até St. Stephens. Dentro da igreja, seu coração pulou quando avistou
Ashton. Ele começou em direção a ele por instinto, mas o Senador Davenport
bateu a mão sobre o ombro de Ashton e afastou-ou, lançando um olhar
maligno na direção de Luca. Luca o encarou de volta; Davenport desviou o
olhar primeiro.

Tenso de irritação...- e um toque de culpa - ...Luca dirigiu-se ao banco


da família. Evelyn estava cumprimentando sua linha de recepção habitual no
corredor, mas pela primeira vez, Luca não estava com vontade de ser
bajulado. Ele deslizou pelo banco polido enquanto Ryder permanecia no
corredor.

KM
Quanto tempo levaria a Ashton para convencer seus pais de que Luca
não era uma ameaça? Conhecendo os Davenports, poderia levar meses,
talvez até depois do final do ano letivo. E não era como se ele e Ashton
estivessem indo para a mesma faculdade...

Enquanto Luca pensava, seus olhos caíram sobre um rosário


pendurado no compartimento de trás do banco na frente dele, onde os
hinários estavam guardados. Era um verdadeiro rosário católico, não um
conjunto de contas de oração anglicanas, e era uma visão rara o suficiente
em uma igreja episcopal que Luca franziu a testa e o pegou. No segundo que
ele o segurou na mão, seu estômago caiu e ele respirou audivelmente.

O rosário era velho, as contas usadas em décadas de oração regular.


Era bonito o suficiente para ser chamado de uma obra de arte - madeira
polida alternando com contas de metal cuidadosamente esculpidas,
terminando em um simples crucifixo. Luca não sentiu prazer em olhar para
ele. Ele já vira isso antes.

— O que há de errado? Ryder disse em uma voz calma. Ele entrou no


banco enquanto Luca estava distraído.

— Este é o rosário do Padre Ruskin.

— Você quer dizer que parece com o que ele usava?

— Não. É o que ele usava. Olhe. — Luca segurou o rosário até a luz
para que Ryder pudesse vê-lo - claramente feito à mão, não produzido em

KM
massa. — Ele o usava o tempo todo. Eu reconheceria isso em qualquer lugar.
Era difícil esquecer um rosário que ele tinha visto balançando acima dele
enquanto o homem usando-o tinha fodido ele dentro de uma polegada de sua
vida.

— O Admirador deve ter deixado aqui. Você se senta nesse banco toda
semana.

— Não há nenhuma nota.

Ryder procurou no compartimento, folheando os hinários para checar


novamente. — Você está certo. Essa é a primeira vez. Talvez ele não quisesse
arriscar que alguém mais a encontrasse.

— Talvez. Luca correu o rosário através de seus dedos. — Ruskin


nunca desistiria disso. Ele costumava rezar o Pai Nosso repetidamente. Ele
tinha essa coisa sobre pais - ele era um filho ilegítimo, e ele nunca soube o
nome do pai, mas o cara mandou dinheiro à sua mãe todo mês durante toda
a sua infância. Ruskin cresceu sabendo que seu pai não queria conhecê-lo.
Isso é o que realmente o fodeu. Uma vez ele me disse que...- ...que eu tive
sorte por papai ter morrido antes de ter tido a chance de me machucar.

Luca estava segurando o rosário com tanta força que as contas


estavam cortando sua pele. Ryder levou-o para longe dele e colocou-o em seu
próprio bolso, fora de vista.

— Eu pensei que você não se sentia culpado pelo suicídio de Ruskin,

KM
disse ele.

— Eu não me sinto. Ele fez essa escolha, não eu. Mas… Ruskin era um
verdadeiro católico. Ele acreditava que o suicídio era um pecado mortal. Luca
sacudiu as cãibras de sua mão. — Não consigo deixar de imaginar como as
coisas devem ter sido sombrias para ele escolher o Inferno sobre a vida na
Terra.

— Ele era um alcoólatra e você mesmo disse que ele tinha problemas
de saúde mental.

— Problemas com os quais eu não ajudei exatamente.

Ryder colocou a mão no ombro de Luca. — Você não sabia o que ele
faria. Você estava tentando proteger seus colegas dele. Além disso, ele sabia
que o que estava fazendo com você estava errado, e ele fez isso de qualquer
maneira.

— Eu sei, disse Luca, sub-repticiamente inclinando-se para o toque de


Ryder. — Se pudesse voltar no tempo, eu ainda tentaria me livrar dele. Eu
não faria da mesma maneira, mas faria algo. Eu não me arrependo disso.

A música do órgão começou. Ryder apertou o ombro de Luca antes de


sair do banco para se juntar a Candace algumas fileiras atrás. Evelyn sentou-
se ao lado de Luca, Clarke se sentou do outro lado.

Luca desligou o ministro, como sempre fazia. Sua mente vagou, e ele
se viu pensando sobre o que ele disse para Ryder - eu não me arrependo

KM
disso. Era a verdade. Luca havia experimentado uma intensa mudança de
paradigma nos últimos meses, mas isso não significava que ele se sentisse
culpado por todos os homens com quem já havia dormido. Muitos de seus
amantes o tinham fodido sem quaisquer consequências negativas, e quase
tantos eram tão bastardos que mereciam o que quer que tivessem
conseguido. Havia apenas alguns homens por quem Luca sentia verdadeiro
remorso - homens como Glauser, Dr. Kranz e... Clarke.

Ele olhou para Clarke, que estava observando a congregação em vez


do ministro. Clarke era um homem inteligente e bonito, com a mesma
competência silenciosa que Luca achava tão atraente em Ryder. Em outro
mundo, se as circunstâncias tivessem sido diferentes, Luca poderia imaginar
algo acontecendo entre eles. Como fora, ele ainda se encolhia quando se
lembrava de como havia incitado Clarke a fodê-lo no Dia de Ação de Graças,
e a deixar Luca soprá-lo no ano anterior. Clarke merecia melhor que isso.

Depois do culto, Evelyn saiu para conversar com seus colegas de


trabalho, e Clarke a seguiu à distância. Luca hesitou no corredor. Este era o
momento em que ele e Ashton geralmente se esgueiravam para curtir no
banheiro - ou apenas para sair, agora que Luca e Ryder estavam tomando a
monogamia para um test drive. Ele não tinha nada para distraí-lo, então sua
mente continuou circulando de volta para Clarke.

Ryder veio para ficar ao lado de Luca; Candace estava na porta da


igreja com Isabelle Holloway. Eles ficariam aqui por pelo menos mais dez
minutos. Luca tomou uma decisão impulsiva.

KM
— Eu tenho que falar com Clarke bem rápido, disse ele para Ryder. —
Sobre a minha mãe.

Ryder levantou as sobrancelhas, mas não discutiu. Ele ficou onde


estava enquanto Luca se movia para o lado de Clarke, perto do altar. Este não
era o local apropriado para essa discussão, mas Luca raramente tinha a
chance de falar com Clarke sem ser ouvido.

Clarke lançou-lhe um olhar surpreso antes de voltar os olhos para


Evelyn, que estava a cerca de três metros de distância. — O que?

— Eu só...- Não havia nenhuma maneira sutil de chegar a isso, então


Luca disse: — Eu preciso que você saiba como sinto muito sobre o que
aconteceu entre nós.

Embora Clarke não se movesse, Luca viu sua mandíbula apertar e seu
ombro largo se deslocar por baixo do paletó. — Por que você está trazendo
isso agora? Ele disse em voz baixa.

— Porque eu tenho medo de nunca ter outra chance, e - e porque me


sinto envergonhado sempre que penso nisso.

Sem obter nenhuma resposta. Luca tentou novamente.

— Eu deliberadamente manipulei você para me foder para me sentir


mais poderoso, e você não merecia ser tratado dessa maneira. Eu sinto
muito.

KM
Clarke suspirou e finalmente virou a cabeça para Luca. — Eu também
sinto.

— O que você quer dizer?

— Você deveria ter sido capaz de confiar em mim para não tocar em
você, não importa o quanto você tentasse. Eu traí essa confiança, para não
mencionar a de sua mãe.

Luca piscou. — Clarke...-

— Eu não sou um dos garotos idiotas que você cegamente desviou. Eu


escolhi te foder. Eu me arrependo disso, mas eu fiz isso. Você não precisa se
responsabilizar pelas minhas más decisões. Clarke fez uma pausa. — Embora
eu aprecie o pedido de desculpas.

Eles ficaram em silêncio por alguns segundos. Luca se sentiu mais


leve, como se um nó de tensão em seu peito tivesse sido desvendado.

— Você disse a ele? Clarke perguntou, inclinando a cabeça


ligeiramente na direção de Ryder.

Luca não ficou surpreso que Clarke tivesse descoberto que ele e Ryder
estavam envolvidos. — Não. Eu nunca vou. Eu prometo.

— Obrigado. Ele...- ...ele te trata bem?

— Melhor do que qualquer outra pessoa que eu já conheci.

KM
Um sorriso irônico cintilou no rosto de Clarke. — E você, o trata bem?

Luca olhou para Ryder e respirou fundo. — Estou tentando.

KM
Capítulo Quarenta e Cinco

— O seu turno termina às quatro hoje? Luca perguntou a Ryder depois


que ele saiu da escola na tarde de terça-feira.

— Sim. Por quê?

Eles estavam no círculo da frente da Escola Rutledge, esperando que


Willis trouxesse o Range Rover. Embora o ar estivesse frio e houvesse neve
no chão, a luz do sol estava clara o suficiente para que Luca tivesse tirado um
par de óculos escuros da mochila.

— Você pode ir ao meu quarto antes de se exercitar? Eu fiquei tão


fodidamente excitado o dia todo, e nem sei o porquê.

Ryder apertou a mandíbula, irritado e excitado em igual medida. —


Luca, nós concordamos...-

— Eu não estou flertando! Disse Luca. —Estou apenas lhe dando um


aviso justo. Eu realmente preciso ser fodido quando chegarmos em casa. E
eu quero isso por trás.

Ryder fez um barulho de exasperação no fundo de sua garganta. A

KM
verdade era que Luca não estava flertando. Ele não estava nem dando
atenção total a Ryder...- ...ele estava vasculhando sua mochila para se
certificar de que ele tinha todos os seus livros, e ele parecia distraído, como
se estivesse pensando em mais de uma coisa. Às vezes Ryder tinha que
lembrar a si mesmo que ele e Luca não tinham quaisquer qualificações de
limites quando se tratava de sexo.

Ainda assim, ele não podia deixar isso passar sem ser notado. — Você
não pode dizer isso para mim enquanto eu estiver de plantão.

— Por que não?

— Porque é inapropriado! Você diria a McCall sobre o quão excitado


você está?

Luca fechou a mochila e jogou-a por cima do ombro. — Justo.

Ok, esse foi um mau exemplo. — Você diria a Keller? Ryder


perguntou.

— Talvez. O que ele está vestindo?

Ryder soltou uma risada. Naquele momento, os dois Range Rovers


entraram no caminho, então ele não teve escolha senão deixá-lo ir com isso.
Ele se juntou a Luca no veículo principal, seguro com o conhecimento de que
Hurst e Keller os seguiam no carro da retaguarda.

Willis se afastou do meio-fio e começou a dirigir até a propriedade.

KM
Luca apoiou um de seus livros no colo e um silêncio confortável desceu sobre
o carro. Ryder se concentrou em observar a estrada, embora já sentisse o
doce impulso de antecipação pelo que o aguardava em casa.

Cinco minutos depois de deixarem Rutledge, o celular de Ryder tocou


com uma ligação de Jo Spitzer.

— Quanto você me ama? Ela disse quando ele respondeu.

— Se eu fosse hetero, você seria minha primeira escolha, disse Ryder.


Do outro lado do carro, Luca levantou os olhos do livro com as sobrancelhas
levantadas.

Jo riu. — Bem, é melhor você pensar em virar, porque estou prestes a


fazer o seu dia.

— Como assim?

— Lembra-se de como D'Amato intimidou o CBP a colocar os ex-


amantes de Luca em uma lista de vigiados? Eles apenas pegaram um
tentando entrar nos Estados Unidos com um passaporte falso.

Ryder se endireitou. — Você está brincando.

— Não. O cara está sentado em uma sala de espera no Dulles agora.

— Luca está aqui comigo, Jo. Posso te colocar no viva-voz?

— Certo.

KM
Ryder apertou o botão do Viva-Voz em seu telefone e colocou-o no
banco entre ele e Luca. — Luca, essa é Jo Spitzer, a PI da Fairburn Howard.
Ela é quem está nos ajudando a investigar o Admirador.

— Tentando ajudar, de qualquer maneira, disse Jo. — Este é um


bastardo astuto com o qual estamos lidando.

Luca pareceu surpreso. Ryder não o culpou; Jo tinha uma voz


profunda e masculina que poderia ser desconcertante se você não estivesse
esperando por isso. — Hum, oi, senhorita Spitzer.

— Oh, querido, você pode me chamar de Jo. De qualquer forma, como


eu estava dizendo ao seu guarda-costas bonitão, Alfândega e Proteção de
Fronteiras sinalizaram um dos seus ex-namorados vindo através de Dulles
com um passaporte falso.

— Quem é? Perguntou Luca.

— Hmm… Simon Vieuxpont. Suíço.

Luca franziu a testa. — Eu não reconheço esse nome.

— Ele está no seu...- uh, seu fichário.

Percebendo o pequeno recuo de Luca com a lembrança de seu


portfólio de ex-namorados, Ryder interveio. — Vieuxpont tem algum motivo
especial para guardar rancor?

— Não que eu possa ver, disse Jo. — Ele é dono de uma pequena loja

KM
na cidade de Armistead que ainda está em atividade. Nenhuma esposa ou
filhos. Não tenho certeza que tipo de machado ele tem para afiar.

Luca sacudiu a cabeça. — Eu ainda não sei quem poderia ser.

— Tenho certeza que você vai reconhecê-lo quando o ver.

— Como quando ele o ver? Ryder disse bruscamente.

— Sim. A CBP não está deportando ele até amanhã de manhã. O


funcionário com quem falei concordou em deixar vocês virem falar com ele,
ver o que você pode descobrir.

O corpo de Luca ficou tenso de excitação, mas Ryder colocou a mão


em seu braço.

— De jeito nenhum, disse ele. — Se você acha que eu vou colocar você
em um quarto com um cara que pode estar perseguindo você...
Absolutamente não.

— Ele pode nos dizer algo que ele não diria às autoridades.

— Ele não vai nos dizer nada. Você acha que ele não sabe o que
aconteceu com Gray? Pelo amor de Deus, Matt pediu aos policiais para
colocá-lo em custódia protetora, mesmo que ele não tivesse nos dito uma
única coisa útil. Vieuxpont não vai ser diferente.

— Você não sabe disso, disse Luca. — Temos que pelo menos tentar.

KM
— Eu concordo com Luca, disse Jo.

Ryder suspirou. — Bem. Eu vou falar com ele. Você pode assistir de
fora da sala. Essa é a única maneira de isso acontecer.

Uma hora depois, Ryder encontrou-se em uma sala de espera no


Aeroporto Internacional de Dulles, olhando para Simon Vieuxpont através
de uma mesa de metal frágil. A sala tinha um espelho de mão dupla, como
uma sala de interrogatório da polícia, e Ryder sabia que Luca estava do outro
lado com Keller e Hurst. Ele ainda achava que essa era uma ideia
monumentalmente ruim.

Vieuxpont olhou-o com desprezo velado. Ele era um homem mediano


- cerca de 1,60 m, cabelo castanho, uma pequena barriga no meio. Ryder não
podia imaginar o que fez Luca ir atrás dele.

— Você sabe quem eu sou? Ryder finalmente perguntou, quando ficou


claro que Vieuxpont estava disposto a ficar em silêncio a tarde toda.

— Sim. O guarda-costas. Vieuxpont fez a palavra guarda-costas


parecer um epíteto desprezível.

— Certo. Eu gostaria de saber o que você está fazendo na América, Sr.


Vieuxpont.

— Eu estou de férias.

— Com um passaporte falso?

KM
Vieuxpont cruzou os braços, parecendo extremamente
impressionado, e não respondeu.

— Por que eu não te digo o que eu acho? Ryder disse. — Eu acho que
a pessoa que tem atormentado Luca - a pessoa que se autodenomina Um
Admirador - pediu para você vir aqui. Acho que ele ou ela queria que você
seguisse Luca, vigiá-lo, talvez até permitir que ele o visse por alguns
segundos só para assustá-lo.

Um músculo saltou no maxilar de Vieuxpont.

— Então, na verdade, deixe-me me corrigir. Eu sei o que você está


fazendo aqui. O que eu não sei é por que, ou quem te trouxe para isso. —
Ryder se inclinou para frente sobre a mesa. — Você estará enfrentando uma
séria acusação na Suíça. Se você explicar o que está acontecendo, isso pode
ficar mais fácil para você.

— Mais fácil? Vieuxpont fungou. — Eu suponho, se você considera a


morte mais fácil que a vida.

— Você acha que o Admirador poderia chegar até você na Suíça?

— Eu posso ser alcançado em qualquer lugar.

Frustrado, Ryder disse: — De quem é que tem tanto medo? Quem


poderia ter tanto poder?

— Eu não espero que você entenda. Você ainda está sob seu feitiço.

KM
— Seu ... você quer dizer Luca?

— Sim. Pela primeira vez, o rosto de Vieuxpont ficou animado. —Ele


pode fazer você acreditar em qualquer coisa. Fazer qualquer coisa. Você acha
que ajudá-lo vai fazer com que você seja mais importante para ele, mas assim
que você tiver superado sua utilidade, ele seguirá em frente como se você
nunca tivesse existido. Deixando de lado a minha preocupação pelo meu
próprio bem estar, Sr. Ryder, não estou interessado em ajudá-lo a interpretar
o grande herói forte para que você possa impressioná-lo. Não tenho motivos
para falar com você.

Antes que Ryder pudesse responder, a porta se abriu e fechou atrás


dele. Ele sabia quem era sem sequer se virar.

— Então fale comigo, disse Luca.

*****

Os olhos de Vieuxpont se arregalaram e ele se levantou de sua cadeira,


olhando para Luca com a boca entreaberta. Sua expressão era uma guerra
entre a raiva e a fome carnal com a qual Luca, infelizmente, estava muito
familiarizado.

— Droga, Luca, disse Ryder. — Você me prometeu que ficaria do lado

KM
de fora.

— Você não estava chegando a lugar nenhum.

— Isso não significa...-

— Eu vou me desculpar mais tarde. Luca lançou um olhar suplicante


para Ryder. Por favor. Por favor, deixe-me fazer isso.

Ryder jogou as mãos em sinal de rendição, embora ele estivesse


obviamente infeliz. Luca se aproximou da mesa.

— Simon, disse ele, observando o modo como Vieuxpont estremeceu


ao ouvir seu nome. — Você sabe, quando eles me disseram que era você que
eles pegaram, eu não tinha ideia de quem eles queriam dizer. Eu não me
lembrava de você em tudo.

Era algo cruel de se dizer, mas Luca não estava realmente preocupado
com os sentimentos de Vieuxpont no momento. Ele quase teve prazer na dor
que brilhou no rosto do homem.

— Mas me lembrei de você quando te vi. Eu me lembro de sua loja...-


eu costumava ir lá o tempo todo com meus amigos quando eu era estudante
da Armistead. E eu lembro o que aconteceu entre nós. Lembro-me do que fiz
você acreditar e foi horrível. Eu sinto por isso.

Lá em Armistead, Luca havia classificado Vieuxpont imediatamente


como o tipo de homem que queria se sentir como se estivesse resgatando

KM
alguém. Ele interpretou o ferido inocente, convencendo Vieuxpont que um
de seus professores estava abusando sexualmente dele e usando isso para
manipular Vieuxpont para “salvá-lo”. Então ele revelou toda a fraude e
derrubou Vieuxpont como uma batata quente.

Não foi um dos seus momentos mais brilhantes.

Vieuxpont ficou surpreso e satisfeito com o pedido de desculpas.


Antes que o cara pudesse ficar muito auto-satisfeito, Luca disse: — Eu
também lembro por que fiz isso.

— O que você quer dizer? Vieuxpont disse.

— Você costumava assediar minha amiga Chantal. Ficou tão ruim que
ela não queria mais entrar em sua loja, porque você a deixava extremamente
desconfortável. Ela ficava esperando do lado de fora na calçada, mesmo
quando estava nevando, só para evitar você.

As bochechas de Vieuxpont ficaram vermelhas de raiva. — Eu não a


assustei. Eu nunca toquei nela. Eu não teria.

— Você acha que olhares e comentários obscenos não são quase tão
ruins quanto tocar? Luca disse, e então bufou em desgosto. — Claro que você
não pensa assim. Ninguém nunca te tratou dessa maneira. Você não tem
ideia de como isso pode ser ameaçador.

Ele estava saindo da trilha. Luca sacudiu a cabeça para se refocar.

KM
— Eu sei que o que eu fiz para você foi errado, mas o que você está
fazendo para mim é tão desproporcional que não consigo deixar de pensar se
você tem algum tipo de doença mental. Quero dizer, ok, eu machuquei seu
ego, mas você não perdeu nada. Por que você ajudaria o Admirador a me
torturar? Tentar me sequestrar? Pessoas morreram, Simon. Eu não sei o que
o Admirador quer, mas...

— Oh, pelo amor de Deus, explodiu Vieuxpont. — Não há nenhum


Admirador.

Luca se balançou em seus calcanhares. Ao lado dele, Ryder ficou


totalmente imóvel.

— O quê? Ryder disse.

— Não há nenhum Admirador. Vieuxpont esfregou as duas mãos no


rosto. — Pelo menos, não da forma que você acredita. Não há um homem ou
mulher lá fora para te pegar. É apenas um nome que nós usamos.

— 'Nós'?

— Todos nós. Vieuxpont encontrou os olhos de Luca. — Os homens


que você machucou.

Luca teve que se abaixar para se firmar contra a mesa. — Quantos?

— Muitos. Eu nem sei ao certo. É por isso que não vou estar seguro. A
maioria deles não é como eu, Luca. Estes são homens poderosos que você

KM
enfureceu. Você realmente acha que eles iam deixar isso passar?

— Espere. Vocês se revezaram enviando-me essas notas?

— Sim.

— Deus, disse Luca, sentindo-se tonto. — Eu nunca soube porque o


Admirador me enviou aquelas garrafas de Rivella, mas este era você. Eu
costumava comprá-la em sua loja toda vez que eu entrava. E sua nota...-Você
poderia fazer um homem acreditar que o céu é verde, ele havia escrito. Luca
apertou a mão para a dor de cabeça crescendo por trás dos olhos. — Por que
me deixar ver você? Dr. Kranz e o Diretor Paulis e os outros - ...qual é o
objetivo disso?

— Nós...- Vieuxpont hesitou. — Disseram-nos que você tinha medo de


alucinar. Que você temia a possibilidade do seu transtorno de ansiedade ser
apenas o precursor de algo mais sério.

— Vocês queriam me fazer pensar que eu estava ficando louco?

— Você é um filho da puta doente, disse Ryder, a voz grossa de


desgosto.

— Então vocês se revezaram perseguindo e me torturando, disse Luca.


— Mas isso não é tudo que o Admirador fez, e nenhum de vocês é capaz de
invadir Rutledge ou contratar mercenários para me sequestrar ou assassinar
Warren Gray. Deve haver alguém puxando suas cordas. Uma pessoa que está
coordenando todos os outros e fazendo todo o trabalho sujo.

KM
Vieuxpont baixou os olhos para a mesa.

Luca respirou fundo, tentando pensar racionalmente, mas continuava


preso ao que Vieuxpont revelara. Ele pensou que estava sendo perseguido
por um ex-amante descontente, ou talvez dois trabalhando em parceria.
Descobrir que era uma coalizão inteira...

Ryder saiu de sua cadeira e colocou a mão no braço de Luca, trazendo-


o de volta à terra. Ele se concentrou no que ele sabia. Na verdade, muitos de
seus ex-amantes eram capazes de fazer as coisas que ele descreveu, mas
nenhum daqueles das quais as notas do Admirador faziam menção. Talvez
Konstantin Alkaev - mas não, ele fora cortado de seus laços com o crime
organizado quando seu relacionamento com Luca foi revelado. Seria possível
que o líder tivesse ficado completamente fora do radar?

Então Luca se lembrou da véspera de ano novo. — Yosef Shafir, disse


ele.

Vieuxpont se encolheu. Ele nunca foi um grande mentiroso.

Ryder fez um som tranquilo de desalento que ecoou os sentimentos


de Luca. Como eles deveriam se defender contra um homem cujo próprio
governo insistia que ele não existia?

— Então, Shafir está no comando, disse Ryder.

— Ninguém está no comando, Vieuxpont retrucou. — Não há líder;


Nós somos todos iguais...-

KM
Luca revirou os olhos. — Yosef concordaria, se ele ouvisse você dizer
isso?

Vieuxpont se encolheu em um silêncio aflito. Ryder se virou para


Luca, fechando Vieuxpont no momento.

— Ainda há um pedaço do quebra-cabeça faltando, disse ele. —Temos


Shafir dirigindo o grupo chamando a si mesmos de Admirador, depois Gray
trabalhando de um ângulo diferente, e Matt agindo como uma toupeira na
propriedade - mas como Shafir se conectou com Matt em primeiro lugar? O
Admirador mostrou um nível de conhecimento e acesso que Matt sozinho
não poderia ter dado a ele - eles, seja o que for. Quero dizer, Matt nunca
saberia apontar Gray como um potencial aliado. E quem está financiando
tudo isso? Muitos desses homens perderam suas fontes de renda quando as
pessoas descobriram que eles haviam dormido com você. Ryder franziu a
testa. — Há mais alguém envolvido. Alguém próximo.

— Mais alguma coisa que você queira nos contar? Perguntou Luca a
Vieuxpont.

— Absolutamente não. O rosto de Vieuxpont estava pálido, seus lábios


sem sangue. — Já estou arriscando minha vida com o que já contei a você.

Eles não tirariam mais nada dele. Luca olhou de volta para Ryder. —
O que devemos fazer agora, que sabemos quantas pessoas estamos
enfrentando?

KM
— Eu não sei. Ryder passou a mão pelo cabelo. — Não tínhamos
ideia... sabíamos que provavelmente havia mais de uma pessoa por trás da
identidade do Admirador, mas pensamos em talvez uma ou duas pessoas, no
máximo, trabalhando em conjunto com Warnock...-

— Kenneth Warnock? Vieuxpont disse com um bufo. — Ele é um


garoto de recados na melhor das hipóteses. Eu nem ouvi falar dele desde que
ele me procurou há um ano.

— Um ano atrás, disse Luca. — Mas ele ainda era meu guarda-costas
nesta época.

Vieuxpont encolheu os ombros. Luca deu um passo involuntário para


trás quando o impacto do que Vieuxpont estava dizendo o atingiu.

— Ele recrutou você. É assim que você conhece Yosef e os outros.


Warnock recrutou todos vocês. Luca fechou os olhos por um momento.
Warnock trabalhava contra ele desde o começo; ele estava na posição perfeita
para fazer isso. Não havia como dizer quanto tempo os planos para esta série
de ataques estavam em movimento.

Ele não se sentia traído - ele sempre odiou Warnock, e o sentimento


era mútuo. Se ele tivesse que ser honesto, Luca não estava tão surpreso que
Warnock tivesse colocado seus antigos amantes em contato um com o outro,
no interesse de se vingar. O que ele sentiu foi raiva, fervendo sob seu esterno,
fazendo sua espinha coçar e sua pele arrepiar.

KM
— Eu estou dizendo a você, você nunca entendeu a magnitude do que
você está enfrentando, disse Vieuxpont. — E você ainda não entende. Você
está certo em ter medo.

Luca abriu os olhos. — Eu pareço com medo de você? Ele disse. Ele se
inclinou para frente de repente e plantou as mãos na mesa de metal,
entrando no rosto de Vieuxpont; Vieuxpont se encolheu para trás. — Eu
quero que você conte aos seus amigos patéticos algo por mim. Diga-lhes que
se o que eles queriam era me assustar, eles falharam, porque tudo o que estou
agora é puto. Eu acabei de jogar o papel de vítima. Você acha que viu o pior
que posso fazer? Venha para mim e descubra.

KM
Capítulo Quarenta e Seis

Na manhã de quinta-feira, Ryder estava na porta do banheiro de Luca,


observando Luca raspar seu rosto com movimentos longos e suaves. Luca
tinha um controle tão gracioso sobre seu corpo que transformava até mesmo
o mais simples dos atos em poesia de movimento.

Ajudou que ele estivesse usando apenas um pequeno par de cuecas


boxer.

Luca arrastou sua navalha pela última tira de creme de barbear,


enxaguou-a na pia e encontrou os olhos de Ryder no espelho. — Você está
verdadeiramente sendo um esquisito agora, sabe.

— Desculpe, disse Ryder com um sorriso. Ele não se mexeu.

Luca destampou a pia e enxaguou o rosto, depois se secou com uma


toalha. — Estou bem. Você não precisa ficar me observando como se eu fosse
uma bomba prestes a explodir.

— Você não está bem.

— Eu não me sinto ansioso em tudo. Eu não tenho tomado nenhum

KM
Ativan há dias.

— Substituir a ansiedade pela raiva não é melhor.

— Isso se sente melhor.

— Eu sei que sim. Ryder se aproximou por trás de Luca e colocou as


mãos em seus quadris. — Mas isso é só porque a raiva está tão alta agora que
você não pode reconhecer o perigo nela. Eu não estou dizendo que você não
deveria estar com raiva; você deve. Apenas deixe isso te consumir. Eu vi a
maneira como a raiva pode rasgar as pessoas por dentro. Eu não quero ver
isso acontecer com você.

Luca se recostou para descansar a cabeça no ombro de Ryder. — Eu


preciso ficar com raiva. Se eu não estiver com raiva, estou com medo, e eles
vão ganhar.

Esse era o dilema central, não era? Luca precisava da raiva para
mantê-lo, e Ryder não poderia oferecer uma alternativa viável. No entanto,
ele não podia ficar de braços cruzados enquanto a fúria consumia Luca de
dentro para fora. Por um lado, Ryder não queria que Luca passasse por isso,
e por outro, ele sabia do que um Luca realmente bravo era capaz.

Ryder beijou o pescoço de Luca, deslizando uma mão do quadril de


Luca para seu pênis. — Talvez eu possa ajudá-lo a limpar um pouco dessa
raiva.

— Eu tenho que terminar de me preparar para a escola, disse Luca,

KM
apesar de não ter feito nada para impedir Ryder. Ele olhou no espelho
enquanto a mão de Ryder acariciava seu pênis até que ele começou a
distender a frente de sua cueca boxer.

Ryder tinha fantasiado sobre foder Luca na frente de um espelho mais


de uma vez; isso só estava convencendo-o de que precisavam cumprir essa
fantasia - e logo. Ele gostava do jeito que eles pareciam juntos, com seu
próprio corpo grande emoldurando o mais estreito de Luca. Ele pressionou
sua crescente ereção contra as costas de Luca, mesmo sabendo que eles não
tinham tempo para isso agora.

No quarto, o celular de Ryder tocou. Deu a Luca um aperto final e


afastou-se, virando-se para sair do banheiro.

Luca fez um barulho indignado. — Ryder!

— Hey, você mesmo disse que precisa se preparar para a escola. Ryder
se abaixou na porta a tempo de evitar a garrafa de produto de cabelo que
Luca jogou em sua cabeça.

Luca havia se mudado de volta para seu próprio quarto na noite


anterior, depois que todos os danos foram consertados. Ryder ajustou seu
pau meio duro e pegou seu celular de cima da mesa de cabeceira que ele
relutantemente começou a pensar como sua própria. Ele sorriu quando viu o
identificador de chamadas.

— Ei Dan. Há quanto tempo.

KM
— Sim, já faz um tempo. Como está o novo trabalho?

Com o canto do olho Ryder viu Luca sair do banheiro e começar a


vasculhar sua escrivaninha com muito mais flexão e alongamento do que o
estritamente necessário. — Interessante.

Dan riu. Ele e Ryder se conheceram há alguns anos no mesmo


programa de treinamento de guarda-costas. Um soldado aposentado, Dan
Schmidt trabalhava como guarda-costas de sua esposa, uma congressista de
Illinois. Fazia alguns meses desde que Ryder tinha falado com ele, apesar de
eles se corresponderem por e-mail em uma base semi-regular.

— Escute, eu estou aqui em Washington, disse Dan. — Marie vai ficar


presa em uma sessão a portas fechadas no Capitólio até as primeiras horas
da manhã de amanhã. Algum interesse em pegar uma bebida esta noite?

Ryder lançou outro olhar a Luca. Ele passou as últimas semanas


completamente envolvido com Luca e sua... coisa, o que quer que fosse.
Poderia ser bom para ambos passar uma noite à parte. O fato de Ryder sentir
um desconforto instantâneo ao pensar em deixar Luca só reforçou sua
decisão de fazer exatamente isso. Uma quantidade saudável de preocupação
era compreensível, mas eles estavam começando a se aproximar
perigosamente da co-dependência.

— Claro, disse ele. — Estou de folga hoje e amanhã, por isso não deve
ser um problema.

KM
— Ótimo. Lugar usual, happy hour?

— Parece bom. Vejo você então.

Ryder desligou o telefone. Luca, agora completamente vestido com o


uniforme da escola, lançou-lhe um olhar curioso enquanto amarrava a
gravata. — Quem era esse?

— Um velho amigo meu.

— Você tem amigos? Quando isso aconteceu?

Ryder deu um puxão na gravata de Luca. Luca riu e bateu sua mão.

— Você sabe que eu tenho amigos, disse Ryder. — Você já me viu sair
antes.

— Com outros guardas na propriedade. Esses são colegas, não amigos.

Os dois fizeram uma pausa na referência não intencional a Matt


Pearson. Por acordo tácito mútuo, eles deixaram o momento passar sem
reconhecimento.

— Bem, assim é Dan, de certa forma. Nós nos conhecemos em um


programa de treinamento. Ryder hesitou, então disse: — Nós vamos sair para
beber esta noite. Ele mordeu de volta o impulso ridículo de acrescentar, se
estiver tudo bem. Luca não era seu namorado, e mesmo se ele fosse, Ryder
não precisaria de sua permissão para sair com um amigo.

KM
— Okay. Luca pegou sua mochila e pendurou-a por cima do ombro.
Seus lábios se curvaram quando ele se virou para olhar o rosto de Ryder. —
Você está preocupado em me deixar sozinho, não é?

— Não.

— Mentiroso. Luca deslizou os braços ao redor da cintura de Ryder,


levantando o rosto para um beijo. — Eu tenho uma consulta com a Dra.
Andersen depois da escola, de qualquer maneira. Você sabe como eu fico
drenado depois dessas sessões. Eu provavelmente vou querer ficar sozinho.

Ryder deu-lhe outro beijo mais profundo. — Okay. Eu vou te ver mais
tarde hoje à noite.

— Divirta-se, disse Luca. Ele se levantou na ponta dos pés e colocou a


boca pelo ouvido de Ryder. — E Ryder? Não pense que você não vai pagar
pelo que fez no banheiro mais tarde.

Depois que Luca foi para a escola, Ryder passou a manhã malhando,
depois foi para a capital e levou Morgan para almoçar. Ele tentou mantê-la
focada em preenchê-lo com todas as últimas fofocas da família, mas ela o
importunou com tantas perguntas sobre Luca que ele cedeu e contou tudo o
que ela queria saber - embora ele mantivesse suas histórias estritamente
censuradas para menores de 13.

Como ele já estava na cidade, Ryder passou o resto da tarde na casa


de seus pais antes de sair para encontrar Dan no Black Rooster Pub. O bar-

KM
restaurante tinha uma mistura eclética de clientes em um ambiente
descontraído, fazendo uma boa clientela mesmo nessa hora relativamente
incipiente.

Dan estava sentado em uma mesa de canto; ele deslizou para fora e se
levantou quando viu Ryder se aproximando. Apesar de alguns centímetros
mais baixo e vários anos mais velho do que Ryder, Dan tinha a mesma
constituição geral, e seu corte de cabelo curto e postura rígida eram provas
inusitadas de sua formação militar.

— Ei, Dan, disse Ryder, apertando sua mão. — Bom te ver de novo.

— Você também. Dan sentou-se novamente, acenando para Ryder se


sentar. — Você parece bem. O novo trabalho deve estar de acordo com você.

— Tem seus momentos. Como está a Marie?

Eles trocaram conversa fiada pela primeira hora, recuperando o


atraso enquanto bebiam. No momento em que a conversa se voltou para o
trabalho de Ryder, ele já estava um pouco bêbado. Ele manteve presença de
espírito suficiente para não violar a confidencialidade, mas aparentemente
fez um trabalho ruim de modular suas emoções. A primeira coisa que Dan
disse quando Ryder fez uma pausa para drenar sua cerveja foi: — Parece que
esse garoto realmente fez um número em você.

Foi um comentário inocente, mas Ryder se encolheu de qualquer


maneira, derrubando sua garrafa de cerveja. Graças a seus reflexos

KM
embriagados pelo álcool, ele não pegou até que tivesse derramado por toda a
mesa.

Dan olhou para ele enquanto limpava o vazamento com guardanapos.


— Ryder, por favor, me diga que você não está dormindo com ele.

— Não é o que você pensa.

— Você não disse que ele está no ensino médio?

— Ele tem dezoito anos. Ryder amassou o chumaço ensopado de


guardanapos. — E ele não é um típico garoto de dezoito anos, confie em mim.
Não é como se eu estivesse corrompendo ele. Ele dormiu com mais homens
do que eu, pelo amor de Deus.

Tarde demais, Ryder percebeu que ele não deveria ter compartilhado
esse detalhe interessante. As sobrancelhas de Dan subiram até sua linha de
cabelo. Ruborizando, Ryder se virou para gesticular para o servidor por outra
cerveja. Um homem sentado no bar chamou sua atenção ao fazê-lo. Não
havia nada de notável nele; ele não estava olhando para Ryder ou fazendo
qualquer coisa para chamar atenção para si mesmo. Na verdade, o que fez
Ryder notar o homem foi o cuidado extremo que ele estava tendo em não
olhar na direção de Ryder, mesmo que ele estivesse de frente para a direção
deles e esse fosse o caminho mais natural para seus olhos seguirem.

Tentando não ser pego checando Ryder, talvez? Isso já aconteceu


antes. A menos que Ryder estivesse em um bar gay, os homens nunca

KM
estavam confiantes de que ele gostava de garotos, e eles às vezes hesitavam
em se aproximar dele com medo de obter seu traseiro chutado se estivessem
errados.

Bem, ou o cara teria coragem de bater em Ryder, ou ele não faria.


Ryder não se importava de qualquer maneira. Ele se virou para Dan,
ignorando o homem no bar em favor de sua nova cerveja.

— Olha, ele disse, —...eu já passei por uma crise de consciência interna
fodida sobre dormir com Luca. Eu não quero espalhar essa informação por
razões óbvias, mas não me envergonho disso. É consensual e fazemos um ao
outro feliz, e isso é tudo que importa para mim.

Dan o olhou pensativamente. — Você está apaixonado por ele?

— O quê? Ryder engasgou com a boca cheia de cerveja. — Não! Deus,


não, eu não o conheço o suficiente para estar apaixonado por ele. Tenho
certeza que ele diria a mesma coisa.

— Mas você se preocupa com ele de maneiras que não têm nada a ver
com sexo.

— Sim. Muito.

— Bem, você não vai ter nenhuma dor a partir de mim, disse Dan. —
Mas dormir com seu protegido é perigoso, Ryder, não importa quantos anos
ele tem, ou se o relacionamento é consensual. Esse tipo de coisa deixaria sua
reputação profissional arruinada para sempre.

KM
— Você é casado com sua protegida.

— Marie e eu estávamos casados há anos antes de me tornar seu


guarda-costas. Ser seu marido é porque eu me tornei guarda-costas dela. Não
é o mesmo.

Ryder suspirou. Ele deu o mesmo argumento para Morgan há alguns


meses. — Eu sei. Eu sei que tipo de risco estou tomando. Mas com meu
salário atual, não vai demorar mais do que dois anos para eu ter o suficiente
para a pós-graduação, e então não vou mais ter que me preocupar com isso.

— Pelos segredos, então, disse Dan, levantando sua própria garrafa


em um brinde. — Espero que seu garoto seja melhor em mantê-los do que
você.

Eles pediram outra rodada, bem como um pouco de comida para


absorver todo o álcool. Dan dirigiu a conversa para um tópico menos
carregado e eles passaram uma noite agradável trocando histórias e
relembrando. O desconforto de Ryder por ter revelado seu relacionamento
com Luca desapareceu pouco a pouco até que era apenas uma lembrança
distante sob uma neblina alegre.

Quando saíram do pub um pouco depois das dez, Ryder estava


agradavelmente embriagado, e Dan não estava muito atrás. Eles pararam na
calçada fria e lamacenta do lado de fora.

— Devemos fazer isso com mais frequência, disse Dan. — Eu vou ligar

KM
para você na próxima vez que eu tiver uma noite livre.

— As noites de quinta-feira são melhores para mim, se você conseguir


sair.

Dan assentiu. — Verei o que posso fazer. Você está bem para dirigir?

— Inferno, não, Ryder disse com uma risada. — Eu vou pegar um táxi
para a casa dos meus pais.

— Tudo bem. Falo com você depois. Dan bateu no ombro de Ryder e
começou a descer a calçada, caminhando pela neve com as mãos nos bolsos
do casaco.

Ryder se moveu para o meio-fio, examinando a rua em busca de táxis.


Seu próprio casaco parecia sufocante; Apesar do vento, o álcool em seu
sangue o fez suar e ele abriu os dois primeiros botões. Ele avistou um táxi
desocupado e levantou a mão para saudá-lo, repetindo o endereço de seus
pais em sua cabeça para se certificar de que ele não estava bêbado.

— Ryder!

O grito de alarme de Dan provocou uma reação instintiva em Ryder,


apesar do nevoeiro nublar seu cérebro. Ele girou em torno de uma postura
defensiva assim que o homem do bar apareceu atrás dele com uma arma
meio escondida em sua manga.

Ryder pegou a mão do homem com as suas e empurrou-a para baixo.

KM
A arma silenciada disparou com um estalo quieto, uma bala atravessando a
neve e entrando na calçada. Muito desajeitado e desequilibrado para se
esquivar do soco do homem, Ryder permitiu o golpe em sua mandíbula e
depois bateu a cabeça para frente, esmagando a testa no nariz do atacante. O
aperto do homem na arma diminuiu o suficiente para que Ryder a afastasse
dele.

Até então, eles haviam chamado a atenção de todos ao seu redor. O


grito agudo de uma mulher ao ver a arma alertou todos os outros e as pessoas
se espalharam em todas as direções.

Dan atacou o homem por trás, mas em um movimento suave e sem


esforço, o homem levou-o por cima do ombro, de modo que ele caiu de costas
na calçada. Então o homem se virou para Ryder.

Ele viria atrás da arma. Em plena capacidade, Ryder teria sido capaz
de se livrar dele e ainda ter tempo para se defender contra o ataque iminente,
mas seu raciocínio estava embotado o suficiente no momento em que ele teve
que escolher entre um ou outro. Não que houvesse uma escolha real - ele não
podia arriscar que o cara pegasse a arma novamente em uma calçada lotada
de pessoas inocentes. Então, nos poucos segundos que o assassino levou para
atacá-lo, Ryder soltou o cartucho da arma e jogou-a em uma lata de lixo nas
proximidades.

O homem bateu nele com força suficiente para levá-los para o chão.
Atordoado pelo impacto, Ryder não conseguiu bloquear o primeiro soco, mas

KM
ele conseguiu levantar um braço para desviar o segundo e depois dirigir seu
próprio punho para o lado do homem. O homem ofegou de dor, mas não se
intimidou. Ele colocou as mãos em volta da garganta de Ryder e apertou,
usando seu aperto para bater a cabeça de Ryder contra o concreto.

Explosões de estrelas floresceram diante dos olhos de Ryder e neve


passou pelo colarinho de seu casaco. Embora erguesse os braços para afastar
o homem, uma combinação de dor, embriaguez e privação de oxigênio
tornavam seus músculos inúteis. Os dedos do homem se afundaram com
mais força, esmagando sua traqueia.

Dan agarrou a parte de trás do colarinho do homem e o arrastou para


fora de Ryder. Ryder sentou-se, tossindo violentamente, e assistiu com a
visão embaçada enquanto os dois homens trocavam golpes. Seu atacante era
rápido, impiedoso e soberbamente treinado; ele teria sido um adversário
difícil, mesmo que Dan e Ryder estivessem sóbrios. Assim, eles estavam
recebendo suas bundas entregues a eles. Ryder podia ouvir o som das sirenes
da polícia se aproximando à distância, mas ele não achava que elas
chegariam rápido o suficiente para ajudar.

Respirou profundamente algumas vezes e cambaleou na vertical,


lançando-se contra o homem, esperando que um ataque concentrado de dois
contra um virasse a mesa. Nenhuma sorte. O homem se esquivou de um
golpe de Dan e atacou com a perna no mesmo movimento, chutando Ryder
no peito e mandando-o tropeçando em um carro estacionado no meio-fio. O
alarme disparou, o ruído estridente e discordante aumentando a dor de

KM
cabeça excruciante de Ryder em cem vezes.

Ryder saiu do carro e se firmou em um poste de luz. A poucos metros


de distância, Dan sofreu um forte impacto que o levou a um joelho. Deus,
este homem nem precisaria de uma arma para matá-los. A mão de Ryder
apertou o ferro frio do poste, e isso lhe deu uma ideia.

— Ei, idiota! Ele gritou para o homem. — Você sabe que é o cara
errado, certo?

O homem zombou e chegou a Ryder com uma expressão que prometia


a morte. Ryder se moveu na frente do poste, levantando as mãos como se
estivesse se preparando para se defender. No último segundo, porém, ele se
moveu para o lado e estendeu uma perna para fazer o cara tropeçar. Ele não
esperava que isso funcionasse, e realmente não - o homem tinha reflexos
impressionantes. Mas o que seu atacante não levou em conta foi o quão
escorregadio era a calçada. Quando ele derrapou para evitar tropeçar na
perna de Ryder, ele escorregou no gelo, e o momento em que ele levou para
tentar alcançar novamente o equilíbrio deu a Ryder a oportunidade de
empurrá-lo com força nas costas, de cabeça no poste de ferro.

O estalo doentio da cabeça do homem encontrando o poste virou o


estômago de Ryder. O homem caiu de joelhos, oscilando na beira da
consciência. Ryder juntou as mãos e bateu com o cotovelo no rosto do
homem com todas as suas forças; o homem se encolheu como uma lata de
cerveja vazia e desmaiou na neve.

KM
Ryder se inclinou para frente, apoiando as duas mãos nos joelhos
enquanto tentava recuperar o fôlego. As sirenes da polícia estavam muito
mais próximas agora, e aquele estúpido alarme de carro ainda estava
gritando. Ele sentiu-se tonto e perigosamente enjoado, embora ele não
soubesse se era do álcool, do ferimento na cabeça ou de ambos.

Dan mancou até ele. — Você está bem?

— Sim. Você?

— Bem. Eu vou estar dolorido amanhã, no entanto. Dan olhou para o


atacante, cutucando-o com um pé. — Que porra foi essa? Ele não é um
assaltante comum. Ele tinha treinamento militar especial.

Ryder se endireitou. — Há um grupo de pessoas que estão atrás de


Luca. Eles estão tentando se livrar de mim por um tempo. Eles me alertaram
para ficar longe, mas eu pensei que eles estavam apenas ameaçando expor
meu relacionamento com ele.

— Bem, eu sei que estou falando como um observador externo aqui,


disse Dan, — ...mas parece que eles vão tentar matar você.

*****

—...e então Ryder entrou, e Nate saiu de cima de mim, disse Luca,

KM
terminando o que ele estimava ser sua décima quinta versão da história
desde que ele e a Dra. Andersen começaram essa terapia de exposição
prolongada. Ele tomou um longo gole da garrafa de água da mesinha lateral
próxima a ele.

Andersen assentiu. — Tudo bem. Como você está se sentindo?

Em vez de dar-lhe um legal, Luca se recompôs por um momento. Sem


pulso acelerado, sem náusea, sem falta de ar. Nenhum de seus músculos
estava se contorcendo ou tenso. Mais importante, pela perspectiva de Luca,
ele não sentiu vontade de chorar. — Estou bem. Não ansioso. E eu nem tomei
nenhum Ativan antes de vir aqui.

— Fico feliz em ouvir isso. Você pode me dizer o que está sentindo?
Frente à expressão confusa de Luca, Andersen elaborou: — Você sente
alguma emoção além da falta de ansiedade? Ou você simplesmente se sente
dormente?

— Oh. Não, não mesmo. Eu me sinto zangado, na verdade. — Havia


muito disso na vida de Luca agora. — Eu estou com raiva de Nate por tentar
me estuprar. Estou com raiva... - ...eu não sei, da vida, porque eu tive que
passar por isso. E eu ainda estou com raiva de mim mesmo por ter acabado
nessa posição. Eu sei que não é isso que você quer ouvir.

— Isso não é sobre mim, Luca. Você não precisa se preocupar com
minhas opiniões. Eu só queria ter certeza de que a razão pela qual você não
está ansioso quando fala sobre o que aconteceu é porque as memórias estão

KM
perdendo seu poder sobre você, e não porque você está simplesmente se
dissociando delas.

— Isso seria tão ruim?

— Sim. Lidar com memórias dolorosas suprimindo-as pode ser um


mecanismo de enfrentamento útil a curto prazo, mas a longo prazo cria mais
problemas do que resolve. Mesmo que a mente consciente esteja
desconectada da memória ou de suas emoções associadas, tudo ainda está
em algum lugar, influenciando nossos pensamentos e reações. Andersen
sorriu. — Eu não acho que isso está acontecendo aqui, no entanto. Você está
trabalhando no ataque de Nate de maneira saudável. Talvez você ainda não
tenha chegado ao ponto de aceitação - e é possível que nunca o faça - mas o
importante é que a memória perdeu sua capacidade de assustá-lo. Quando
começamos a fazer isso, você tinha problemas para dizer a palavra estupro
em voz alta. Agora você nem sequer hesita.

Luca não percebeu isso. Ele estava orgulhoso de si mesmo, de uma


maneira estranha, embora ele sentisse principalmente uma sensação de
satisfação por ter destruído o poder de Nate sobre ele.

— Parece que o PET foi uma boa estratégia para ajudá-lo nisso, disse
Andersen. — Eu queria saber se você gostaria de usá-lo para resolver outros
problemas também.

— Como o quê?

KM
— A noite em que seu pai morreu.

Toda a ansiedade de Luca desabou sobre ele imediatamente. Seus


dedos esmagaram o plástico da garrafa de água. — Não, ele disse, e a palavra
saiu tensa porque ele já tinha perdido o fôlego.

Andersen levantou a mão. — Okay. Eu não quero que você faça nada
com o que você esteja desconfortável. Você pode me contar a história do Nate
de novo, se quiser, ou podemos conversar sobre outra coisa.

Luca mal podia ouvi-la; seu coração batia com tanta força que seu
pulso rugia em seus ouvidos. Seu joelho direito saltou para cima e para baixo,
batendo no chão em um ritmo espasmódico.

— Luca, disse ela, parecendo preocupada.

— Eu não quero falar sobre isso. Eu não posso...- ...eu tento não
pensar nisso. Eu nem me lembro de algumas partes daquela noite.

— Você acha que manter essas memórias à distância ajuda você? Eu


não estou pedindo para ser espirituoso. Se você realmente acredita que
lembrar e falar sobre a morte do seu pai seria mais prejudicial para você do
que qualquer outra coisa, não vou mencioná-la novamente, a menos que você
o faça primeiro. Mas se você acha que isso poderia ajudá-lo a longo prazo,
então é algo que eu acho que devemos explorar.

Luca sacudiu a cabeça. Ele queria se levantar e sair correndo da sala.


Claro que não se lembrar o ajudou!

KM
Esse pensamento deu a ele uma pausa. Como, exatamente, isso estava
ajudando? Ao impedi-lo de sentir tristeza? Claro, mas tinha progredido até o
ponto em que ele não conseguia pensar em seu pai sem experimentar uma
intensa tristeza e quase pânico. Luca não queria passar o resto da vida
fingindo que seu pai nunca existira. Ryder tentou fazer isso com Jimmy por
apenas alguns anos, e isso o transformou em uma área de desastre emocional
fechada.

Ele se sentiu melhor quando contou a Luca sobre isso, no entanto. Ele
não tinha superado isso de qualquer maneira, mas contando a Luca o que
tinha acontecido com Jimmy tinha tirado um peso visível dos ombros de
Ryder. Se Ryder, de todas as pessoas, podia ser corajoso o suficiente para
assumir esse tipo de risco emocional, Luca também poderia.

— Estávamos em uma festa de caridade, disse ele, olhando para a


garrafa de água amassada que ainda segurava em suas mãos. Ele podia sentir
a atenção silenciosa de Andersen sem olhar para ela. — Eu não lembro o
nome da entidade de caridade. Eu nem me lembro onde era, exceto que era
um salão de baile chique de hotel. Meus pais estavam sendo homenageados
por sua enorme doação, então eles estavam sentados na mesa principal neste
palco com todos os outros grandes doadores. Eu sentei em uma das mesas
regulares com... Michael Dorian e sua esposa - ela ainda estava viva na época
- e algumas das outras pessoas da Fairburn Howard. Eu era a pessoa mais
jovem lá. Lembro-me de estar tão orgulhoso por mamãe achar que eu era
maduro o suficiente para lidar com isso...

KM
Luca parou, sentindo como se estivesse sendo estrangulado. Ele
agarrou a cadeira do braço com uma mão e respirou entre ofegos trêmulos.

— Tome seu tempo, disse Andersen. — Não há pressa.

Engolindo em seco antes de continuar, Luca disse: — Na metade do


jantar, esses... esses homens aparecem. Não sei quantos eram. Parecia dúzias
na época, mas sei que isso não pode estar certo. Eles estavam vestindo
equipamento tático e eles abriram fogo contra a multidão... Eu ainda não sei
se eles vieram por minha mãe, ou se eles tinham outros alvos. Muitas pessoas
saíram feridas...-

Mesmo que o pai de Luca não tivesse sido morto, essa ainda teria sido
a pior noite de sua vida. O pânico incontrolável que varreu o salão era como
nada que ele tinha visto antes ou desde então. Tinha sido um banho de
sangue, pessoas gritando de dor, terror e tristeza, e seus pais estavam tão
longe.

— Eu pulei da cadeira, acho que para fugir, mas então um dos homens
atirou na minha mãe. Até eu poderia dizer que ele apontou para ela
deliberadamente. Ele errou, e eu comecei a correr em direção a ele como um
idiota. Eu não sei o que eu estava pensando. E depois...-

Luca bateu na parede. Ele não conseguia lembrar o que aconteceu em


seguida. Ele sabia que seu pai havia morrido alguns segundos depois, mas
não fazia ideia do que havia acontecido no instante imediatamente anterior.
Era tudo uma neblina tenebrosa para ele. Ele começou a hiperventilar, um

KM
pavor agarrava-o que parecia exatamente com seus pesadelos. Suas mãos
tremiam tanto que ele deixou cair a garrafa de água no chão.

Andersen foi até a cadeira mais próxima e tomou suas duas mãos,
apertando-as até encontrar seus olhos. — Respire fundo, disse ela. — Eu não
quero que você tenha um ataque de pânico, ok? Faça uma pausa até sentir
que pode continuar. Tudo bem se você quiser parar também.

— Eu não me lembro...-

— Está tudo bem. Não force isso.

Fechar os olhos ajudou Luca a recuperar um pouco a compostura.


Concentrou-se em nivelar sua respiraçã, depois tentou pensar com lógica em
suas lembranças. Ele correu em direção ao homem que atirou em sua mãe.
Logo depois disso, o mesmo homem matou seu pai. Isso significava que Luca
nunca havia chegado a ele. Por que não?

— Meu guarda-costas, disse Luca, com os olhos abertos. — Deus, meu


guarda-costas - ele me agarrou e me empurrou para o chão. Ele estava em
cima de mim para que eu não levasse um tiro.

Luca ainda não conseguia lembrar o nome do homem ou como ele era,
mas ele era um homem grande, e Luca tinha apenas doze anos na época. A
lembrança de estar preso e sufocado escorrendo de volta para a consciência
de Luca era terrivelmente familiar - ele a revivia toda semana durante seis
anos em seus pesadelos.

KM
Aquela lembrança abriu as comportas. — Do jeito que fiquei preso,
pude ver tudo, disse Luca. Ele olhou fixamente para o espaço. Vi o homem
mirar na minha mãe de novo e vi meu pai pular na frente dela. Eu o vi cair.
Era como se tudo acontecesse em câmera lenta. Lágrimas se acumularam em
seus olhos; ele as piscou para longe. — Eu não conseguia me mexer. Eu estava
preso. Eu vi minha vida desmoronar, e não havia nada que eu pudesse fazer
para impedir, porque eu não conseguia me mexer.

Luca soltou um soluço, afastando as mãos de Andersen para cobrir o


rosto. Ela entregou-lhe uma caixa de lenços sem comentário. Ele segurou um
dos olhos enquanto chorava, encolhendo os joelhos contra o peito, sem se
importar que estivesse colocando os sapatos no estofado.

— Sinto muito, disse ele através de suas lágrimas. — Eu sinto muito,


eu posso parar...-

— Parar o que? Por que você está se desculpando?

— Por chorar. Eu sei que é rude chorar na frente das pessoas. Isso os
deixa desconfortáveis.

— O que? Luca... Andersen tocou sua mão para chamar sua atenção.
— Luca, por que você acha isso? Alguém te disse isso?

— Um...- Ele parou em seus soluços e assoou o nariz. — Minha mãe.


Antes do funeral do meu pai. Ela disse que me ver chorar aborreceria todo
mundo. E ela estava certa. Eu não queria que ninguém tivesse pena de mim.

KM
Eu ainda não quero isso.

A mandíbula de Andersen se apertou, mas quando ela falou, sua voz


estava tão suave como sempre. — Eu não tenho pena de você, Luca, e você
não está me deixando desconfortável. Lembre-se, eu sou uma psiquiatra de
adolescentes. Você não acha que é o único paciente que chorou na minha
frente, não é? Você nem é o primeiro paciente que eu vi chorar hoje. Então
não se preocupe comigo.

A lógica disso tranquilizou Luca. Ele assentiu, enxugando os olhos


com um lenço novo. — Isso só...- ...dói. Dói ainda mais agora que me lembro
do que realmente aconteceu.

— Tenho certeza que sim. E tenho certeza de que você reconheceu o


vínculo entre essa memória e seus problemas com o controle. Eu não diria
que esse incidente foi a única origem dessa ansiedade, mas é definitivamente
um forte fator contribuinte. Por mais doloroso que seja, confrontar essa
memória é a única maneira de se fazer sentir melhor. Você já fez isso antes.
Você pode fazer isso de novo.

Luca realmente, realmente não queria fazer isso de novo, mas


Andersen estava certa sobre como lidar com a tentativa de estupro de Nate.
As chances eram boas de que ela estava certa sobre isso também.

— Hoje não, disse ele. — Eu vou fazer isso na próxima semana, eu


prometo. Eu não posso mais falar sobre isso hoje.

KM
— Tudo bem. Andersen acariciou sua mão. — Você se sente seguro?
Ou você quer que eu consiga algo para te acalmar?

A última coisa que Luca precisava agora era ser medicado. Ele se
sentia esgotado e indiferente, o peso esmagador de sua dor comprimindo a
ansiedade. Chorar sempre fazia isso com ele; Foi uma das razões pelas quais
ele odiava chorar. Ele preferia muito mais estar ansioso do que triste. — Não.
Eu ficarei bem.

Andersen não discutiu com ele. Eles se sentaram em silêncio


enquanto Luca olhava para os lenços amarrotados em sua mão,
distraidamente os amassando. Pela primeira vez em muito tempo, Luca se
permitiu pensar - realmente pensar - sobre seu pai.

Antonio tinha sido o sol e a lua para Luca. Ele era um pai que ficava
em casa, devido em grande parte à sua dificuldade crônica com o inglês, e ele
fez tudo ao seu alcance para tornar a infância de Luca o mais feliz possível.
Ele era o coração da família deles.

— Minha mãe amava meu pai mais do que ela me amava, disse Luca,
apenas falando através de seus pensamentos em voz alta. Ele viu Andersen
franzir o canto do olho e balançou a cabeça. — Isso não me incomoda. Eu fiz
as pazes com isso em uma idade jovem, porque eu sabia que papai me amava
mais do que qualquer coisa no mundo. Foi essa verdade que carreguei dentro
de mim e sempre me fez sentir especial. Seguro.

Lágrimas brotaram nos olhos de Luca novamente, mas não foi o

KM
sofrimento que os desencadeou desta vez. Foi raiva.

— E então ele me deixou, Luca sufocou. — Ele morreu salvando ela,


mesmo que isso significasse me deixar para trás. Ele a escolheu em cima de
mim, e eu nunca vou perdoá-lo por isso, eu não posso...

Luca tropeçou até parar, chocado. Ele ficou chocado consigo mesmo.
Isso era realmente como ele se sentia?

Sim. Agora que ele disse isso, ele poderia reconhecer a verdade disso.
Ele estava com raiva de Antonio há anos. A coisa que ele temia em seus
pesadelos, a coisa ruim que ele não conseguia parar de acontecer, não era a
morte de seu pai. Era seu pai abandonando-o.

— Oh meu Deus. Estou com raiva do meu pai morto por salvar a vida
da minha mãe. Isso é tão fodido. O que há de errado comigo?

— Absolutamente nada, disse Andersen. — Sentir raiva e abandono


com a morte súbita de um ente querido é uma reação extremamente comum.
Você era muito próximo de seu pai e, considerando as circunstâncias de sua
morte, é natural que você se sinta assim. O problema é que você negou esses
sentimentos por tanto tempo que duraram muito mais tempo do que
deveriam.

Luca passou os braços em volta de si. Seu estômago se agitou com o


desejo de vomitar.

— Você disse que seu pai escolheu sua mãe sobre você. Por que não

KM
analisamos mais de perto essa crença, se você está se sentindo bem?

— Okay.

— Quanto tempo se passou entre o primeiro tiro e o segundo, quando


você e seu pai perceberam que o atirador estava mirando em sua mãe?

— Eu não sei. Pareceu uma eternidade.

— Se você tivesse que adivinhar, no entanto, o que você diria?

Luca pensou sobre isso, tentando ignorar o reflexo de pânico. —


Alguns segundos. Talvez dez.

Andersen assentiu. — E nesse intervalo, qual foi sua primeira reação?


O que você fez?

— Corri em direção ao atirador.

— Por quê?

— Para tentar pará-lo, eu acho. Eu realmente não lembro o que eu


estava pensando.

— Você teria sido capaz de detê-lo, se você tivesse chegado a ele?

— Provavelmente não. Eu era uma criança muito pequena.

— Então, o que você acha que teria acontecido?

— Eu não sei. Luca não conseguia pensar direito; sua ansiedade estava

KM
de volta com força total. Ele não tinha acabado de dizer que não queria falar
mais sobre isso hoje?

— Você acha que o homem poderia ter atirado em você? Andersen


perguntou.

Luca piscou. — Talvez.

— Então você poderia ter morrido.

— Sim.

— Você pensou sobre isso quando correu para ele?

— Não, disse Luca, o estômago se acalmando um pouco quando ele


percebeu onde ela estava indo com isso. — Eu não pensei em nada. Eu só fiz
isso.

— Então, sabendo disso, qual a probabilidade de você achar que seu


pai sabia que ele ia morrer quando ele pulasse na frente de sua mãe?

— Ele não podia. Ele não poderia ter. Não houve tempo suficiente.

Dando um pequeno sorriso, Andersen disse: — Eu concordo. Ele agiu


por instinto para proteger alguém que amava, assim como você fez. Seu pai
deixou você, Luca, e é uma verdade que você terá que aceitar. Mas ele não te
deixou de propósito, e o jeito que ele morreu não mudou o quanto ele te
amava quando ele estava vivo.

KM
Luca limpou as lágrimas de suas bochechas.

— Está tudo bem você ficar com raiva dele. Só não corra disso.
Enfrente-a de frente e sinta-a, porque sentir é a única maneira de passar para
o outro lado.

— E se eu nunca passar por isso? Luca sussurrou.

— Você vai. Andersen encontrou seus olhos e segurou-os. — Luca, me


escute quando eu digo isso. Você é uma das pessoas mais fortes que já
conheci. Eu olho para você e tudo pelo que você passou, e o fato de que você
não apenas sobreviveu, mas floresceu, me espanta. Mesmo nos poucos meses
em que trabalhamos juntos, você cresceu aos trancos e barrancos.
Confrontar nosso passado é sempre doloroso, e é sempre assustador, mas eu
prometo a você que você é forte o suficiente para lidar com isso. E eu estarei
bem aqui com você enquanto você faz. Você acredita em mim?

Luca soltou um longo e lento suspiro, sentindo algo tóxico deixar seu
corpo ao fazê-lo. — Sim.

KM
Capítulo Quarenta e Sete

— Deus, foda-se, Ryder, mais duro - foda-me mais duro. Luca apoiou
as duas mãos contra a cabeceira da cama e empurrou-se de volta para as
estocadas de Ryder.

Se Ryder o fodesse mais forte, ele iria quebrar os quadris de ambos.


Em vez disso, ele soltou a cintura de Luca e pegou o topo da cabeceira da
cama. A alavancagem permitiu que ele penetrasse em Luca mais
profundamente e a altura da cabeceira era suficiente para que ele não tivesse
que colocar peso algum nas costas de Luca. Luca sinalizou sua aprovação
com um gemido baixo e gutural.

Esta era a quinta vez que eles faziam sexo em vinte e quatro horas;
Luca estava sendo ainda mais exigente do que o normal desde que descobriu
que Ryder havia sido atacado. Eles transaram toda a noite de sexta e de novo
esta manhã, e Luca o tinha rasgado poucos segundos depois de seu turno
terminar esta tarde. Era como se Luca não conseguisse o suficiente de seu
pênis - o que soara sexy no início, até que você estava na quinta vez e as coisas
estavam começando a ficar um pouco esfoladas, e definitivamente não
deveriam estar recebendo nenhum atrito. Havia algo mais perturbador

KM
corroendo Luca do que apenas seu medo pela segurança de Ryder.

Luca caiu sobre os cotovelos, o que empurrou sua bunda em um


ângulo que fez Ryder gemer. Ele se afastou um pouco e brincou com a
próstata de Luca com golpes afiados e rápidos até que Luca soltou um grito
sem fôlego e agarrou seu próprio pênis para se masturbar, gozando duro
alguns minutos depois.

Quando Luca caiu abaixo dele, Ryder diminuiu seus impulsos. Cinco
vezes, com uma janela tão pequena de recuperação estava forçando os limites
de sua virilidade. Ele não estava tendo problemas em manter sua ereção, mas
havia uma possibilidade real de que ele não conseguiria ultrapassar a borda.

— Baby, eu não acho que posso gozar. Ryder acariciou as mãos de


Luca de volta. — Eu vou sair, ok?

— Não! Luca apertou sua bunda ao redor do pênis de Ryder, como se


isso pudesse mantê-lo dentro - concedido, isso se sentia bem. — Não, eu
quero que você termine. Eu não me importo com quanto tempo demora. Por
favor.

Foi a palavra por favor que convenceu Ryder a continuar. Luca quase
nunca dizia isso durante o sexo. Ele não pedia por coisas; ele ordenava, com
a expectativa de que Ryder iria cumprir. Ouvir a necessidade na voz de Luca
garantiu a certeza de Ryder de que ele estava lutando com algo que ainda não
havia contado a Ryder.

KM
— Okay. Você pode se sentar? Sim, assim, isso é bom.

Ryder ajudou Luca a ficar em pé, então ele estava sentado no colo de
Ryder com os joelhos dele apoiando os de Ryder. Era uma coisa boa que eles
não estivessem jogando nenhum jogo de poder, porque o cansaço de Luca
era óbvio no modo como ele caía contra o peito de Ryder, deixando Ryder se
mover dentro dele sem participar. Ryder tinha que manter sua mente clara
agora.

A cabeça de Luca descansou no ombro de Ryder. Ele levantou uma


mão para tocar a bochecha de Ryder. — Não puxe para fora.

— Eu não vou. Ryder colocou Luca em uma posição confortável e


balançou seus quadris em vez de empurrar, o que ele achou que poderia ser
mais fácil para o corpo sobrecarregado de Luca. — Mas você tem que
prometer que vai me dizer se começar a doer.

— Você não vai me machucar. Luca virou a cabeça para beijar Ryder,
as línguas se entrelaçando. — Não me deixe, disse ele em meio ao beijo, tão
baixo que Ryder quase não o ouviu.

Oh. Era disso que se tratava? — Eu não vou a lugar nenhum, disse
Ryder.

— Você poderia ter morrido.

— Eu não fiz.

KM
— Teria sido minha culpa...-

— Baby, shh. Ryder envolveu um braço em volta da cintura de Luca e


o outro em volta do peito, segurando-o perto, mas com cuidado para não
apertar com muita força. — Estou bem aqui, ok? Me sinta. Estou bem aqui
com você.

Luca suspirou e relaxou no abraço, o corpo se derretendo contra o de


Ryder. Ryder espalhou beijos em seu pescoço e ombro enquanto ele o fodia
com delicados impulsos de seus quadris.

— Você se sente tão bem, Luca. Ryder achatou a palma da mão contra
o abdômen de Luca. — Eu penso sobre isso constantemente...- estando
dentro de você. Sobre como você me deixa entrar em você.

— Eu quero você em mim o tempo todo. Luca arqueou as costas,


envolvendo os braços em volta do pescoço de Ryder.

— Mesmo depois de você já ter gozado? Ryder perguntou


provocativamente, estendendo a mão para alisar o pênis macio de Luca. Luca
ofegou e se sacudiu ao toque.

— Sim. Eu gosto de ter você me preenchendo.

Ryder gemeu e começou a se mover mais rápido. — Assim?

— Mmm-hmm. Amo sentir o quanto você me quer.

— Eu faço, disse Ryder. Ele pressionou o rosto contra a parte trás do

KM
pescoço de Luca. — Eu quero você todo dia, baby. Todo minuto.

Luca fez um barulho de puro prazer. — Mostre-me, então. Goze


dentro de mim.

Ryder inclinou a parte superior do corpo de Luca para frente,


estreitando seu foco para o buraco quente e acolhedor agarrado ao seu pênis.
Luca abriu as pernas ainda mais e baixou as mãos para se ajoelhar nos
joelhos de Ryder, soltando grunhidos suaves a cada vez que Ryder
empurrava para dentro. Fechando os olhos, Ryder se soltou e se perdeu no
corpo de Luca - não apressando, apenas deixando o prazer crescer
gradualmente até que ele lavou através dele em pulsos felizes. Ele beijou a
nuca de Luca quando gozou.

Quando seu pênis começou a amolecer, Ryder levantou Luca de seu


colo e saiu de dentro dele. Ele não pôde se impedir de verificar o preservativo
em busca de sangue; o sexo que eles tiveram anteriormente fora
incrivelmente duro, mesmo para os padrões deles. Felizmente, não havia
nenhum vestígio de sangue no preservativo nem nas coxas de Luca, embora
Luca estremecesse e sibilasse entre os dentes enquanto se esticava na cama.

— Eu não vou foder você de novo por pelo menos um dia inteiro, disse
Ryder, jogando o preservativo no lixo. — Mesmo desta vez foi empurrar
demais.

Luca deu-lhe um olhar indiferente, depois suspirou. — Eu sei. Eu não


vou pedir isso para você. Ele cuidadosamente mudou sua parte inferior do

KM
corpo. — Sim, definitivamente não. Ai.

Ryder pegou um copo de água e um pouco de ibuprofeno do banheiro


sem que Luca pedisse. Enquanto Luca tomava as pílulas, ele tomou suas
boxers e calças do chão e as puxou de volta.

— Onde você está indo? Luca perguntou.

— Bem, eu gostaria de jantar em algum momento esta noite. Ryder


manteve seu tom leve para que Luca soubesse que ele não estava realmente
incomodado com o atraso.

— Certo. Desculpa.

— Não se preocupe. Eu escolho você sobre a comida em qualquer dia.

Ryder se inclinou para beijá-lo antes de procurar por sua camisa. Luca
olhou para o relógio.

— Eu acho que eu deveria me vestir também, disse ele. — Eu não posso


evitar o jantar com minha mãe com a justificativa que você me fodeu de
dentro para fora.

Ryder não respondeu, concentrando-se em fechar seus botões. Ele


observou com o canto do olho quando Luca saiu da cama e mancou até a
cômoda.

— Só espero que ela não pergunte por que eu estou mancando, disse
Luca, colocando uma calça de moletom.

KM
— Eu tenho certeza que ela não vai, disse Ryder. Desesperado para
escapar da conversa, ele pegou o coldre de ombro da mesa - Luca não tinha
sequer dado a ele a chance de colocar as armas longe antes de puxá-lo para a
cama.

Luca fez uma careta. — Por que você sempre fica tão estranho quando
eu falo sobre a minha mãe descobrindo sobre nós?

— O que? Eu não faço isso.

— Sim, você faz. Você fica todo rígido e desajeitado, como você
costumava ficar perto de mim quando nos conhecemos. Luca puxou uma
camiseta sobre a cabeça, fechou a gaveta da cômoda e se virou para encarar
Ryder com uma carranca. — Você não acha que eu contaria a ela sobre nós,
não é?

Ryder colocou seu paletó sobre o coldre. — Claro que não. Ele pegou
seu colete à prova de balas, planejando apenas levá-lo de volta ao seu quarto,
em vez de usá-lo. McCall poderia dar a ele tantos olhares sujos quanto ela
quisesse.

— Porque eu não faria isso. Eu sei que eu fiz coisas assim no passado,
mas eu não faria isso com você...-

— Luca, você não precisa me convencer disso. Eu confio em você.

Tarde demais, Ryder percebeu que deveria ter se aproveitado da


desculpa que Luca havia lhe oferecido inconscientemente. Seu cérebro não

KM
funcionava assim, e agora ele estava preso a um amante muito perspicaz e
não tinha uma boa explicação que justificasse sua tensão ao mencionar
D'Amato. A melhor coisa que ele podia fazer era sair rapidamente e esperar
que Luca não se importasse o suficiente para prosseguir depois.

— Eu voltarei em algumas horas, ok? Nós vamos assistir a um filme


ou algo assim. Ryder se virou para a porta.

— Pare, disse Luca, com a voz gelada.

Ryder suspirou e se virou de novo. Luca se aproximou dele,


estreitando os olhos enquanto estudava o rosto de Ryder.

— Você está escondendo alguma coisa, disse ele.

— Eu não estou.

— Então por que você está correndo para fugir de mim com esse olhar
culpado em seu rosto?

Suor formigava sob o colarinho de Ryder. — Deixar um quarto e estar


correndo para se afastar de você agora? Isso parece um pouco co-
dependente.

— Quando foi a última vez que você saiu de um quarto sem me beijar
primeiro?

Droga. Ryder sempre sugou em ser sorrateiro. Ele abriu a boca,


procurando algo para dizer, mas não encontrou nada. Isso não terminaria

KM
bem para ele.

Luca cruzou os braços. — Você ainda tem vergonha de dormir


comigo? É por isso que falar sobre ela deixa você desconfortável - porque
você tem medo do que ela pensaria de você se descobrisse?

O leve tremor inseguro na voz de Luca dominou todas as


preocupações de Ryder sobre si mesmo. Ele largou o colete no chão e segurou
os ombros de Luca. — Eu não tenho vergonha de estar com você, disse ele. —
Eu não quero que você pense isso.

— Então o que é? Você e ela estão escondendo coisas sobre o


Admirador de mim? Você prometeu que não iria...

Ryder colocou os dedos sobre a boca de Luca para deter seu balbucio
cada vez mais agitado. Tão doente quanto o pensamento o fez, ele não
conseguia ver nenhuma maneira de sair desta conversa, exceto dizendo a
verdade. Embora Luca certamente iria ficar furioso, havia uma chance de
perdoar Ryder com o tempo - mas se Ryder mentisse naquele momento
crucial e Luca descobrisse mais tarde, não haveria como resgatar seu
relacionamento. Ele ocultou isso de Luca por tempo suficiente.

— Sua mãe já sabe que você e eu estamos dormindo juntos, disse ele,
em um sopro só.

Os olhos de Luca se arregalaram e ele deu um lento passo para trás,


fora do alcance de Ryder. — Você contou para ela?

KM
— Não.

— Alguém mais fez?

— Não. É... é complicado.

Apertando sua mandíbula Luca disse: — Bem, é melhor você


encontrar uma maneira de explicar isso. Rápido.

— Tudo bem. Ryder respirou fundo, esperando que ele não estivesse
cortando irrevogavelmente o vínculo que havia se formado entre eles. — Eu
lhe disse uma vez que sua mãe me promoveu a líder de sua equipe para que
você tivesse um modelo. Isso foi uma mentira...

— Você queria me ver, Sra. D'Amato? Ryder perguntou, enfiando a


cabeça ao redor da porta de seu escritório.

— Sr. Ryder, sim. Por favor, entre. Sente-se.

D'Amato estava tão calma e controlada como sempre - cabelos


arrebatados em um coque francês impecável - em sua enorme mesa de
mogno como se este fosse um trono moderno. Quando Ryder se acomodou
em uma das cadeiras em frente a ela, ele sentiu a mesma pontada de
desconforto que ele sempre experimentou na presença de D'Amato - como
se estivesse andando na ponta dos pés em torno de uma cascavel
adormecida que poderia acordar e afundar suas presas nele a qualquer

KM
momento.

Ela apertou o botão no monitor do computador para colocá-lo em


hibernação e deu a Ryder toda sua atenção, dobrando as mãos na
superfície da mesa. — Sr. Ryder, eu vou te fazer uma pergunta muito
inapropriada. Você não é obrigado a responder, e eu vou entender
completamente se você não fizer isso, mas eu tenho que perguntar.

— Tudo bem, disse Ryder, inquietação se aprofundando.

— Você é homossexual?

Ryder não estava esperando isso, e ele ficou surpreso demais para
se sentir ofendido. — Sim.

— Eu pensei que você poderia ser, dado o que eu ouvi, mas eu não
queria colocar muito crédito em fofocas.

— Isso irá ser um problema?

— De jeito nenhum, disse D'Amato, acenando com a mão. — Meu


filho Luca é gay. Foi por isso que perguntei.

Embora Ryder tivesse ouvido falar de Luca D'Amato, ele nunca


conhecera o garoto, já que ele não protegia D'Amato em suas viagens ao
exterior. — Eu não entendo.

— Luca acaba de ser expulso de Armistead. É a sua terceira expulsão


em dois anos - tudo por má conduta sexual.

KM
Ryder fez um barulho evasivo, ainda não entendendo o que isso
tinha a ver com ele.

— Eu vou trazê-lo de volta para a América neste fim de semana.

— Ele não estará seguro aqui.

— Eu sei, disse D'Amato, —...mas eu não tenho escolha. Nenhum


outro internato vai aceitá-lo. Luca tem um sério vício em sexo, e ele tende a
procurar os amantes mais inapropriados que ele pode encontrar -
professores, pais de seus amigos, qualquer homem em posição de poder. Ele
parece se deliciar em gerar escândalos.

Luca não tinha acabado de completar dezoito anos? Quanta


dificuldade uma criança daquela idade realmente causaria?

— Isso criou um problema de alta rotatividade em sua equipe de


proteção próxima. Seu atual líder de equipe está renunciando, efetivamente
logo após o retorno de Luca aos Estados Unidos. É por isso que eu queria
falar com você.

Ryder levantou as sobrancelhas. — Você quer que eu conduza sua


equipe de guarda-costas?

— Sim, mas isso não é tudo. D'Amato encontrou seu olhar


uniformemente. — Eu quero que você durma com ele.

Esperando que ele tivesse ouvido mal, Ryder disse: — Desculpe-me?

KM
— Todo o futuro de Luca está na linha. Ele já terá problemas para
entrar na faculdade com múltiplas expulsões em seu registro. Se ele
continuar com seu comportamento autodestrutivo, isso pode muito bem
arruinar sua vida. No entanto, ele é completamente incapaz de permanecer
celibatário ou até mesmo escolher parceiros sexuais apropriados.

— Então você quer que eu...-

— Distraia-o. Mantenha-o ocupado. Dê a ele uma saída segura e


discreta para seu vício.

Ryder se recostou na cadeira. O que D'Amato estava sugerindo era


tão diferente e ultrapassava os limites do comportamento apropriado de
um empregador - ou do comportamento de uma mãe, só de pensar nisso -
que ele nem sabia como responder. Ele procurou uma maneira de dizer a
ela para ir para o inferno de uma forma que não terminaria com ele
perdendo o emprego.

— Luca é apenas uma criança, ele disse, com muito cuidado.

— Ele é um adulto legal e está longe de ser virgem. Você não precisa
temer que você esteja se aproveitando dele. Pela primeira vez, D'Amato
quebrou o contato visual, olhando para a mesa. — Estou ciente de como isso
soa, Sr. Ryder. Eu não pensaria nisso se tivesse outras alternativas, mas se
o vício de Luca não pode ser erradicado, ele precisa ser controlado. Para o
bem dele.

KM
D'Amato poderia racionalizar isso da maneira que ela quisesse; a
coisa toda virou o estômago de Ryder. — Eu não posso, disse ele. — Eu sinto
muito.

— Eu vou pagar-lhe duzentos mil dólares por ano.

Ryder quase engasgou em sua língua. Com esse salário, ele poderia
começar a pós-graduação em período integral apenas dois anos a partir de
agora, com uma situação financeira confortável enquanto o fazia.

Estava fora de questão para ele ter relações sexuais com Luca. Ele
não iria foder nenhum homem por dinheiro, especialmente não um
adolescente confuso cuja mãe estava ajeitando sua vida sexual pelas costas.
Mas quem disse que ele realmente teria que foder Luca para mantê-lo na
linha? Não poderia ser tão difícil manter um garoto de dezoito anos fora de
problemas.

Ryder realmente precisava desse dinheiro. Enquanto ele mantivesse


as mãos longe de Luca, ele poderia aceitar o trabalho sem se comprometer.
D'Amato nunca saberia a diferença.

Ele assentiu. — Tudo bem. Eu vou fazer isso. Mas o que te faz ter
tanta certeza de que serei bem sucedido? Ele pode não estar interessado.

Um sorriso sombrio cruzou os lábios de D'Amato. — Acredite em


mim, Sr. Ryder, você nem terá que oferecer, disse ela. — Ele virá até você.

Ryder nunca imaginou que era possível sentir tanta vergonha, como

KM
se ele pudesse desmoronar sob o peso dela. Luca olhou para ele com horror
e descrença misturados.

— Minha mãe fez você meu líder de equipe para que você pudesse me
foder?

— Sim. Ela acha que estamos dormindo juntos desde que você chegou
em casa. Ela não tem ideia de que faz apenas algumas semanas, ou que se
transformou em algo real...-

— Real? Luca soltou uma gargalhada rouca e áspera. — Ryder, você


concordou em ser minha prostituta.

Ryder se encolheu. — Luca...-

— Como você pode fazer isto comigo? Com tudo que você sabe, como
você pode...

— Eu não fiz nada além de manter a forma como consegui essa posição
em segredo, disse Ryder. —Eu nunca faria o que ela queria, Luca. Eu nunca
usaria sexo para te controlar. Eu não pude. Espero que você me conheça bem
o suficiente agora para acreditar nisso.

— Sim, bem, dez minutos atrás, eu teria jurado que você nunca
aceitaria uma oferta de trabalho de uma mulher te contratando para foder
seu filho adolescente, e eu estaria completamente errada.

— Eu nunca planejei foder você! Pelo amor de Deus, você sabe melhor

KM
do que ninguém como foi difícil para nós chegarmos até aqui. Você viu o
quanto eu lutei apenas para admitir que eu queria você, e depois todo o resto
que eu tive que passar para me permitir ficar com você.

— Talvez tenha sido tudo um ato. Talvez você tenha jogado duro para
conseguir, porque sabia que iria manter meu interesse por mais tempo do
que se você tivesse desistido imediatamente.

— O quê? Ryder disse em desgosto. — Luca, isso é doentio. Isso nunca


teria me ocorrido. Quem pensaria dessa forma?

— Eu, Luca estalou.

— Bem, eu não. Você sabe disso. Ryder deu um passo em direção a


ele. — Você tem todo o direito de ficar com raiva de mim. Eu não deveria ter
escondido isso de você por tanto tempo. Mas se você está esperando que eu
peça desculpas por aceitar o trabalho, não posso fazer isso. Nós nunca
teríamos chegado tão perto se eu não tivesse.

Luca bufou. — Não tente essa besteira romântica em mim. Seu


trabalho era me manter cheio de pau, então eu não iria envergonhar minha
mãe. Deus, ela deve ter ficado furiosa com você quando descobriu que eu
dormi com Ashton de qualquer maneira.

Isso foi um eufemismo. D'Amato havia mastigado Ryder por meia


hora depois que o senador Davenport pegara essas fitas.

Luca percebeu imediatamente o desconforto de Ryder. Ele se

KM
esgueirou para ele com um sorriso cruel e sem humor; instintivamente Ryder
tinha se apoiado contra a parede. — Sim, você realmente fodeu isso, não é?
Talvez você devesse ter colado em mim antes. Ter um pau na minha bunda é
a única coisa que me impede de sair dos trilhos, certo?

— Pare, disse Ryder, seu peito doendo. — Eu durmo com você porque
quero estar com você. Não há nada de sinistro nisso.

— Então, acho que é apenas uma feliz coincidência que o que você
quer acontece de estar alinhado com o que minha mãe quer. Luca se
pressionou contra o corpo de Ryder. — Sabe, estou começando a sentir outro
episódio chegando. É melhor você colocar algo dentro de mim, rápido. Quem
sabe o que vou fazer a seguir?

— Não...-

Luca agarrou o pênis de Ryder e deu um aperto. — Vamos, Ryder.


Faça seu trabalho.

— Pare com isso. Ryder bateu a mão de Luca. — Pare com isso agora,
Luca.

— Você acha que é muito melhor que eu, não é? Disse Luca, olhando
para ele.

— Não. Mas eu acho que você é melhor que isso.

Luca lhe deu um soco no rosto. Ryder viu o golpe chegando com

KM
tempo de sobra para se defender, mas ele não se incomodou. Ele deixou o
punho de Luca acertá-lo em seu queixo, sentiu o lábio inferior contra os
dentes e aceitou a dor como merecida.

Por alguns segundos após o soco, nenhum deles falou. Então, Luca
sussurrou: — Saia.

Ryder saiu do quarto sem protestar. No corredor, McCall deu uma


olhada em seu lábio sangrando e endureceu, lançando um olhar desconfiado
para a porta do quarto.

Todo o medo reprimido e frustração de Ryder explodiu dele


imediatamente. — Você está brincando comigo? Ele cuspiu. — Você
realmente acha que eu iria machucá-lo? Ele poderia usar-me como um saco
de pancadas durante todo o dia e noite, e eu não levantaria um dedo contra
ele.

Imediatamente arrependida, McCall disse: — Porra, eu sei disso,


Ryder. Desculpa. É só... o que aconteceu?

— Eu disse a ele algo que eu deveria ter dito a ele há muito tempo.

— E ele bateu em você? McCall balançou a cabeça. — Deve ter sido um


segredo e tanto. Apenas dê-lhe algum tempo para se acalamar.

— Sim. Dada a reação de Luca, Ryder não achou que “se acalmar”
fosse mudar alguma coisa. Ele estava terrivelmente certo de ter perdido Luca
para sempre.

KM
— Uh... em uma escala de um a dez, quão aborrecido ele estará quando
sair de lá?

— Cerca de onze, disse Ryder.

*****

Luca esperou que o ataque de pânico viesse. Na verdade, ele se sentou


em sua cama, preparando-se para o suor frio, a dor no peito, a perda de ar.

Nada aconteceu.

Ele olhou para a mão com a qual havia socado Ryder. Não houve
danos externos, mas os ossos doíam ferozmente. A única evidência física do
que ele fez foi uma mancha de sangue na sua junta - o sangue de Ryder. Luca
limpou tudo.

Há alguns minutos, ele estava fervendo de raiva. No entanto, todas as


suas emoções tinham fugido no momento em que ele atingiu Ryder, e agora
ele só se sentia entorpecido. Em vez de querer se enfurecer, gritar e jogar
coisas, tudo o que ele realmente queria era se enrolar em uma bola e ir
dormir.

Isso não era uma opção. Ele tinha que - ele tinha que ir jantar. Foi
para isso que ele se vestiu. O estômago de Luca se apertou com a perspectiva

KM
de se sentar do outro lado da mesa de sua mãe depois do que ele ficara
sabendo. Ele não poderia...-

Um pensamento lhe ocorreu. E se Ryder tivesse mentido?

Concedido, Ryder não era o melhor mentiroso, e Luca geralmente


podia ver através dele. Mas sempre havia a chance, por menor que fosse, de
que essa fosse apenas mais uma das loucuras de Ryder. Talvez ele estivesse
tentando empurrar Luca para longe.

Havia apenas uma maneira de confirmar ou refutar a história de


Ryder, e isso significava dizer a Evelyn que eles estavam dormindo juntos. Se
Ryder estivesse mentindo, ele seria demitido - mas então, se ele tivesse
mentido, significava que ele queria terminar o relacionamento de qualquer
maneira. Se ele estivesse dizendo a verdade...

Luca não conseguia pensar nisso agora. Ele pulou da cama, cheio de
uma nova determinação, e ofegou com a dor que reverberou através dele de
seu traseiro abusado. Inclinando-se sobre a mesinha-de-cabeceira, Luca
rangeu os dentes e permaneceu quieto até que as dores agudas e penetrantes
se transformaram em uma dor surda.

Ele empurrou seu corpo longe demais. Isso foi ainda pior do que a
maratona que ele e Ryder tinham feito quando começaram a dormir juntos.
Luca ficou vermelho de humilhação pelo quão desesperado ele tinha estado
nos últimos dois dias - exigindo o pau de Ryder a cada passo, implorando
para ser fodido com mais força e mais fundo. Ouvir sobre a escova de Ryder

KM
com a morte, logo após suas revelações sobre o pai, agarrou Luca com a
necessidade de se conectar com Ryder tantas vezes quanto possível. A
loucura disso agora o irritava.

Tentando não mancar de forma muito óbvia, Luca saiu do quarto. —


Eu não quero falar sobre isso, disse ele, antes que Siobhan pudesse abrir a
boca.

— Eu não ia dizer nada.

Luca revirou os olhos. Ele e Siobhan estavam lentamente consertando


sua amizade, mas ainda era muito frágil para sobreviver a uma discussão
sobre Ryder.

Athena correu até ele e bateu a cabeça contra a perna dele até que ele
se inclinou para coçar atrás de suas orelhas. Um breve momento de
melancolia rompeu a névoa entorpecida que cercava Luca. Athena sempre
serviu como prova tangível da consideração de Ryder e de seus sentimentos
por Luca, mas agora até isso era suspeito.

Evelyn já estava esperando por ele na pequena sala de jantar. Luca se


sentou em frente a ela na mesa retangular, reprimindo um estremecimento
quando sua bunda encontrou a dura cadeira de madeira. Ele respondeu a
perguntas genéricas sobre o seu dia no piloto automático enquanto um
membro da equipe da propriedade servia-lhes o jantar.

Depois que a mulher saiu, eles comeram em silêncio. Bem, Evelyn

KM
comeu - Luca empurrou seu salmão e brócolis em seu prato, reunindo
coragem para abordar o assunto de Ryder. Ele quase se acovardou, mas ele
não podia deixar isso passar. Ele precisava saber a verdade.

— Mãe, posso falar com você em particular? Perguntou ele.

Evelyn arqueou uma sobrancelha. — Claro que sim querido.

Siobhan e a guarda-costas de Evelyn, Isabelle, estavam de pé do lado


de fora da sala, na maior e mais formal sala de jantar que ficava ao lado. Luca
se levantou e fechou as portas duplas entre as duas salas, depois a porta da
cozinha, só no caso. Ele voltou ao seu lugar, recebendo o peso de Athena se
apoiando em sua perna com a cabeça sobre o joelho.

— Tem alguma coisa errada? Perguntou Evelyn, tomando seu vinho.

— Eu tenho feito sexo com Ryder.

Havia duas formas primárias de surpresa em uma conversa - a


surpresa que uma pessoa sentia quando era informada sobre algo que não
sabia, e a surpresa que sentiram quando lhe diziam algo que sabiam, mas que
não esperavam que a outra pessoa mencionasse. A surpresa de Evelyn foi
inquestionavelmente a última, embora ela tentasse fingir que era a primeira.

Ryder tinha dito a verdade. Evelyn o promovera na esperança de que


ele pudesse usar o sexo para manter Luca sob controle.

Ela colocou o copo sobre a mesa. — Consensualmente, eu acredito?

KM
— Claro.

— Então você está me dizendo isso agora porque...-

— Está começando a ficar sério, e eu não queria que você ouvisse isso
de outra pessoa. Luca olhou para as mãos, surpreso que seus dedos não
estavam se contraindo contra a toalha da mesa. — Você vai demiti-lo?

— Certamente não. Você quer que eu demita-o?

Luca hesitou. A parte vingativa dele queria dizer sim - queria não
apenas que Ryder fosse demitido, mas que tivesse toda a notícia do romance
deles divulgado por toda parte, de modo que Ryder nunca, jamais seria capaz
de conseguir um emprego no setor de segurança novamente.

No entanto, ele não era mais essa pessoa. Ryder o machucou, mas não
o suficiente para justificar arruinar sua vida. E independentemente de como
Ryder se tornou seu líder de equipe, ele era um excelente guarda-costas. Isso
era algo que Luca precisava agora.

— Não, disse ele. — É que, quando cheguei em casa pela primeira vez,
você insistiu tanto para que eu não dormisse com nenhum dos
funcionários...-

Luca tropeçou em suas próprias palavras. Claro que ela disse a ele
para não dormir com o pessoal. Se ele não estivesse interessado em Ryder,
isso teria garantido que ele o perseguiria. Cadela conivente.

KM
— Eu quis dizer aqueles na equipe que podem temer perder seus
empregos se eles não concordarem com suas demandas. Evelyn deu um
tapinha na boca com o guardanapo. — Tenho certeza que o Sr. Ryder não
sente nenhuma pressão indevida para buscar um relacionamento com você.

Boa saída. Luca encontrou os olhos da mãe sobre a mesa. Ele não
tinha ideia se ela sabia que ele sabia que ela estava mentindo. Nenhum deles
ia dizer isso em voz alta, de qualquer forma, então isso realmente não
importava.

— Você é um adulto, Luca. Se você quer dormir com o Sr. Ryder, essa
é a sua decisão. Apenas mantenha-o discreto - pelo bem dele, assim como o
seu. O tom de Evelyn endureceu quando ela acrescentou: — E eu gostaria de
não ter que dizer isso, mas quero deixar uma coisa bem clara: não vou
ameaçar o emprego dele toda vez que você e ele tiverem uma briga de
amantes. Se você é maduro o suficiente para ter um relacionamento adulto,
então você é maduro o suficiente para resolver seus problemas sem recorrer
a chantagens e punições.

— Eu entendo, disse Luca, ouvindo sua própria voz como se viesse de


longe.

Parecendo satisfeita, Evelyn voltou ao seu jantar. Luca cortou um


pedaço de salmão e colocou na boca. Tinha gosto de serragem, embora isso
não fosse culpa de Auguste. Todos os seus sentidos estavam entorpecidos.

Evelyn tinha feito algumas coisas bem escabrosas ao longo dos

KM
últimos seis anos, mas Luca não conseguia pensar em uma única que fosse
pior do que isso. Ela preparou para que seu próprio guarda-costas o
mantivesse na coleira e fodendo-o em complacência. Que tipo de mulher
fazia isso com seu próprio filho?

Quanto a Ryder… Apesar do que Luca havia dito anteriormente, ele


realmente acreditava que Ryder nunca teve qualquer intenção de cumprir os
desejos de Evelyn. Ele era mais do que hipócrita o suficiente para acreditar
que ele escaparia disso, e ele simplesmente não era um ator bom o suficiente
para ter falsificado a crise moral que Luca o assistira passar. Isso não tornou
a traição menos dolorosa ou humilhante.

A garganta de Luca se fechou ao tentar engolir a boca cheia de salmão;


ele teve que tomar um gole de água para forçá-lo. Ele sabia então que ele não
estava entorpecido, não de verdade. As emoções estavam todas lá - a raiva, a
tristeza, o desapontamento sufocante. Estavam apenas trancados em seu
núcleo de um jeito que ele nunca experimentara, separado de sua mente
consciente como se fosse uma espessa camada de gelo negro.

A Dra. Andersen desaprovaria, mas era a única maneira de Luca se


proteger. Se ele se permitisse sentir o verdadeiro peso do que isso significava,
se ele permitisse que o gelo quebrasse... bem, ele nunca conseguiria voltar
disso.

KM
Capítulo Quarenta e Oito

Parte I

Ryder preferiria ter suportado horas de gritos e gritos do que este


silêncio morto.

De fato, ele daria boas vindas ao abuso verbal. Ele nem se importaria
se Luca quisesse bater nele novamente. Isso daria a Luca a oportunidade de
desabafar sua raiva e, se Ryder fosse honesto consigo mesmo, isso o faria se
sentir menos culpado.

Luca não estava interessado em confronto, no entanto. Ele não falaria


com Ryder. Não era o tratamento silencioso e pontiagudo que ele havia
submetido Ryder antes; era como se ele estivesse fingindo que Ryder
simplesmente não existia. Toda vez que Ryder tentava falar com ele, Luca
evitava a conversa simplesmente se virando e se afastando.

Ryder sabia que Luca precisaria de tempo para trabalhar com isso,

KM
mas ele esperava raiva e ansiedade. Embora ele odiasse admitir isso, ele até
se preparou para a possibilidade de Luca atacar por despeito e revelar sua
relação para o mundo em geral. Em vez disso, Luca tinha acabado
simplesmente se... desligando. Completamente. Ryder não era a única
pessoa que ele estava ignorando - ele saía de casa em silêncio, mudava de
uma sala de aula para outra como um robô sem emoção, e então voltava para
casa e se trancava em seu quarto pelo resto da noite. McCall e Song
expressaram suas preocupações de como nunca o tinham visto agir dessa
maneira.

Como se Ryder não tivesse o suficiente para se preocupar - até onde


ele sabia, o grupo do Admirador ainda tinha um preço sobre ele. Ele não
deixou a propriedade em dias, exceto para escoltar Luca para a escola, e ele
se certificou de que estivesse sempre armado até os dentes. Ocorreu-lhe
também que seus inimigos, frustrados por sua incapacidade de alcançá-lo,
poderiam ir atrás de sua família. Essa foi uma conversa divertida para ter
com seus pais. Um de seus tios e dois de seus primos estavam na polícia de
DC, então sua família não estava sem proteção, mas os pensamentos de que
eles fossem feridos por causa dele mantinha Ryder acordado durante a noite.

Enquanto voltavam da escola na quarta-feira à tarde, Ryder se


perguntou por quanto tempo mais poderiam continuar assim antes que
alguém quebrasse. Ele estava sentado no banco do passageiro da frente do
Range Rover - algo que ele nunca tinha feito antes de sábado - então ele usou
sua posição para olhar Luca no espelho retrovisor. Luca estava olhando pela

KM
janela, seu corpo tão imóvel que parecia estranho a Ryder. Luca nunca foi
assim; sempre havia alguma parte do corpo dele que estava em movimento.
No entanto, ele poderia ter sido uma boneca por toda a vida que exibia agora.

Você fez isso com ele.

Ryder virou seu olhar para o pára-brisa, incapaz de olhar para Luca
mais. Ele faria qualquer coisa, qualquer coisa, para acertar isso, se ao menos
Luca lhe dissesse o que ele tinha que fazer.

Seu celular tocou, estridente no pesado silêncio do carro. Grato pela


distração, Ryder respondeu sem olhar para o identificador de chamadas. —
Alô?

— Oh, Sr. Ryder, graças aos céus, disse uma voz masculina frenética,
seu timbre vagamente familiar. — Eu tive tal dificuldade para localizar seu
número que você não tem ideia...-

— Quem é?

— Michael Dorian.

Certo. CFO da Fairburn Howard. — Tem alguma coisa errada, Sr.


Dorian?

— É Evelyn. Ela está... oh, Deus. Dorian respirou fundo, ofegante,


soando à beira da hiperventilação. — Ela foi baleada. Eu estou no hospital
com ela agora.

KM
Os dedos de Ryder apertaram seu telefone. — Ela está viva?

— Eu não sei. Eles não me dizem nada.

— E a equipe de segurança dela?

— Eu não sei, disse Dorian. — Seu guarda-costas principal - Sr. Clarke


- eu acho que ele está morto.

Ryder fechou os olhos por um segundo. — Tudo bem. Em que hospital


você está?

— Washington National. Luca está com você? Eu não queria - ser o


único a contar a ele.

— Sim ele está. Nós estaremos lá em breve.

— Obrigado, disse Dorian, embora ele não parecesse aliviado. — Diga


a ele que eu... hum...sinto muito.

Eles desligaram e Ryder se virou em seu assento. Luca já estava tenso,


sem dúvida, tendo captado o suficiente do lado da conversa de Ryder para
adivinhar o que estava acontecendo.

— Sua mãe foi baleada, disse Ryder. Luca não precisava dele para
poupar a verdade. — Estamos indo para o hospital, ok?

Pela primeira vez em dias, Ryder viu emoção no rosto de Luca. Medo
chamejou através de seus olhos e ele colocou uma mão na porta do carro para

KM
se firmar, puxando uma respiração rasa e trêmula. Ele assentiu, o que era
mais reconhecimento do que ele tinha dado a qualquer coisa que Ryder havia
dito desde sábado.

— Washington National, disse Ryder para Willis. Willis retransmitiu


a informação para o veículo na retaguarda e deu seta indicando que ele ia
tomar a próxima saída. Havia apenas um caminho para Washington
National de sua posição atual.

Se Evelyn D'Amato morresse, Luca estaria órfão. Ele e sua mãe


tinham um relacionamento amargo, mas Ryder não achava que sua morte
seria menos devastadora para Luca. Ryder não podia vê-lo passar por esse
tipo de dor.

Enquanto disparavam pela rampa de saída e pela estrada, Ryder ligou


para o telefone de Clarke. Talvez um dos outros guardas o tivesse recuperado
e pudesse dizer a ele o que diabos estava acontecendo.

O telefone tocou mais de uma dúzia de vezes sem ir para o correio de


voz. Ryder examinou distraidamente a estrada enquanto ouvia. O trânsito
estava leve hoje; havia apenas um semi-reboque na estrada com eles,
seguindo na faixa da direita e sem qualquer carro no sentido contrário.

Ninguém estava atendendo o telefone de Clarke. Ryder desligou e


rediscou, sentindo-se desesperado. Ele não podia imaginar Clarke morto,
mas se D'Amato tivesse sido atingida com sucesso, não havia como Clarke
continuar respirando.

KM
Eles estavam se aproximando de um viaduto. Willis normalmente
planejava suas rotas, então eles evitavam as funcionalidades do trânsito
como esta, já que eram pontos perfeitos para uma emboscada, mas não havia
maneira de contornar isso. Atrás deles e à direita, o semi-reboque acelerou.

Ryder franziu a testa. Eles não conseguiriam evitar o viaduto, porque


só havia um caminho para o Washington National de onde eles estavam
quando Dorian ligou.

Seu sangue gelou. — Willis, pare, é uma armadilha...-

Quase ao mesmo tempo, ele ouviu o sotaque calmo de Savannah de


Clarke ecoar em seu ouvido. — Desculpe, Ryder, alguma coisa nocauteou
minha bateria...-

O semi-reboque desviou para a pista deles, empurrando o carro da


retaguarda, e bateu na traseira do Range Rover com tanta força que o
telefone de Ryder voou para fora de sua mão e bateu contra o pára-brisa.
Willis lutou com a direção, tentando quebrar para o lado, mas eles tinham
muito impulso. O caminhão os levou diretamente para o viaduto.

Quando eles derraparam sob a ponte, Willis desistiu e pressionou o


acelerador, com a intenção de escapar do caminhão correndo para a frente
através do viaduto. Assim que o Range Rover se afastou do pára-choque
dianteiro do semi-reboque com um guincho metálico terrível, um enorme
SUV veio em direção a eles na outra direção. Ele bateu neles em um ângulo
que fez o Range Rover entrar com tudo na parede de cimento do viaduto.

KM
Eles se chocaram com um ruído estridente e chocante, o capô do
Range Rover dobrando como uma folha de alumínio. Os airbags foram
acionados, batendo em cima de Ryder em seu assento e tirando o ar de seus
pulmões. Ele tossiu, empurrando o material para o lado, procurando o cinto
de segurança. Ao lado dele, Willis estava inconsciente no volante. O sangue
escorria de seu nariz.

Luca, graças a Deus, não se feriu, embora estivesse respirando


ofegante e dolorido. — Saia do carro, Ryder disse asperamente. — Fique
abaixado.

Com o rosto branco, Luca assentiu em compreensão. Ryder sacou a


arma com uma mão e tentou abrir a porta com a outra. Estava preso, o metal
torcido e dobrado, então ele jogou o ombro contra ela um par de vezes até
que ela guinchou e se abriu. Ele se apertou no pequeno espaço entre a porta
e a parede e se agachou, ajudando Luca a sair do banco de trás.

De um lado do viaduto, o semi-reboque virara de lado para bloquear


sua fuga e cortá-los do carro da retaguarda; Ryder podia ouvir a troca de tiros
enquanto os homens no caminhão tentavam segurar Song e Hurst. Por outro
lado, o SUV que batera neles estava acompanhado por mais dois veículos.
Homens armados saíam dos três.

Sua melhor esperança era seguir na direção do semi-reboque, embora


suas chances de chegar lá com segurança fossem escassas. Mantendo Luca
entre seu corpo e a parede, Ryder recuou, atirando nos homens que

KM
avançavam lentamente sobre eles. Ele apontou seus tiros para suas cabeças
quando podia, pois certamente eles estavam usando uma armadura corporal.
Alguns caíram, mas ainda pareciam relutantes em abrir fogo contra ele - eles
não queriam arriscar-se a acertar em Luca. Eles precisavam dele vivo.

O pensamento não havia passado pela mente de Ryder quando uma


única bala bem apontada rasgou seu bíceps esquerdo. Ele e Luca gritaram no
mesmo instante. Os preciosos segundos que Ryder gastou processando sua
dor e choque deram aos homens tempo suficiente para avançar e separá-los.

Ryder conseguiu disparar mais um tiro, ferindo criticamente um de


seus agressores, antes que sua arma fosse derrubada de sua mão e golpes
chovessem sobre ele. A poucos metros de distância, Luca lutou contra seus
próprios atacantes como um demônio. Ryder fez o seu melhor para se
defender com o braço bom, mas a dor da ferida de bala era repugnantemente
intensa, irradiando por todo o braço e ombro. Sangue quente encharcava as
mangas de sua camisa e paletó, e ele sabia que estava lutando uma batalha
perdida.

Um grito de alarme soou à sua esquerda. Song havia passado pelos


homens no caminhão e corria em direção a eles, arma em posição e
disparando com precisão mortal. Um dos homens que estavam atacando
Ryder se virou e atirou nela. A bala acertou-a na garganta e Song caiu no
chão, morta em segundos.

O grito de Luca foi como o de um animal torturado. Ele caiu no aperto

KM
de seus captores, toda a luta desaparecendo dele, olhando para o corpo de
Song com horror.

O cabo de uma das armas de seus atacantes bateu na base do crânio


de Ryder, deixando-o de joelhos e quase trazendo seu almoço para fora. Ele
balançou no chão e tentou não vomitar enquanto seus braços eram trancados
atrás dele e amarrados na parte baixa de suas costas. Os homens o tatearam,
aliviando-o de suas outras duas armas. A alguns metros de distância, um dos
guardas confiscou o celular de Luca e quebrou-o com o calcanhar.

Hurst e o motorista do carro da retaguarda ainda estavam atirando do


outro lado do viaduto, mas os homens do semi-reboque tinham fechado o
cerco. Eles nunca passariam a tempo. Ryder desejou que ele não tivesse que
morrer ouvindo os soluços silenciosos de Luca deixando claro para ele, que
ele era um total fracasso.

Um homem israelense bonito emergiu do grupo de homens vestidos


de preto. Embora ele estivesse vestido e armado de forma idêntica ao resto,
havia um ar de calma letalidade sobre ele que o diferenciava.

— Yosef, disse Luca, voz gotejando com ódio puro.

— Muito tempo para reuniões depois, amor. Há apenas uma coisa eu


tenho que cuidar primeiro. — Yosef Shafir caminhou em direção a Ryder,
sacou sua arma e pressionou o cano na testa de Ryder.

Ryder fechou os olhos.

KM
— Não! Luca engasgou. — Deus, não, Yosef, por favor, não o
machuque. Farei o que você quiser. Por favor.

A pressão da arma desapareceu. Ryder abriu os olhos e ficou surpreso


com o desespero cru no rosto de Luca.

Shafir sorriu. — Sr. Pearson insistiu que você o defenderia, mas devo
admitir que tive minhas dúvidas.

— O que você quer, Yosef?

— Quero que você seja um bom menino e venha comigo


tranquilamente. Se você cooperar, permitirei que o Sr. Ryder viva. Se você
resistir, ou se tentar escapar, eu o mato.

— Certo.

Ryder balançou a cabeça. — Não, Luca, não...-

— E você. Shafir se virou. — Você também se comportará ou Luca


sofrerá as conseqüências.

— Você não pode esperar que eu acredite que você o machucaria. Eles
se deram muito trabalho para manter Luca intacto.

— Não, claro que não. Você não é um idiota. Mas há vários homens na
minha equipe que não se importariam de levar esse doce corpo jovem para
um test drive, por assim dizer. Shafir encolheu os ombros. — Eles seriam
perfeitos cavalheiros sobre isso, naturalmente, mas eu ainda não acho que

KM
Luca iria gostar muito disso. Você?

Ryder teve que cerrar os dentes e respirar fundo algumas vezes antes
que ele pudesse responder com outra coisa além de raiva incoerente. — Eu
não vou causar nenhum problema, ele disse secamente.

Ele se sentia um covarde por capitular tão facilmente, mas Shafir


sabia exatamente quais botões apertar. Além disso, quanto mais tempo
Ryder permanecesse vivo e ao lado de Luca, melhores chances ele teria de
encontrar uma maneira de tirar Luca disso.

— Estou sinceramente feliz em ouvi-lo, disse Yosef. Ele gesticulou


para seus homens. Eles puxaram Ryder a seus pés, e ele quase desmaiou de
agonia. Sua cabeça nadou e sua visão escureceu. Ele não teria chegado ao
carro se seus captores não o tivessem arrastado.

Um dos carros era uma van sem identificação que havia sido
modificada para transportar uma equipe de assalto - dois bancos paralelos
se enfrentavam no compartimento de carga. Shafir sentou-se com Luca de
um lado; Ryder foi empurrado para baixo no outro, dois homens com cara
de pedra flanqueando ele. As portas se fecharam e, alguns segundos depois,
estavam fora dali.

Não havia janelas na parte de trás da van, então Ryder não podia ver
para onde eles estavam indo. Ele tentou encontrar os olhos de Luca, mas
Luca evitou seu olhar e olhou para o chão.

KM
Eles passaram por um buraco que sacudiu a van inteira. A visão de
Ryder se apagou por um segundo, e ele não conseguiu deter o gemido de dor
que escapou dele.

— Pelo menos enfaixe seu braço, pelo amor de Deus, Luca retrucou.
— Se ele sangrar até morrer, todas as apostas estão canceladas.

Shafir assentiu para seus homens. Eles soltaram os pulsos de Ryder e


os amarraram novamente na frente de seu corpo, depois cortaram o paletó e
a manga da camisa. Um deles pegou um kit de primeiros socorros debaixo
do banco e encharcou o ferimento de Ryder com anti-séptico antes de
embrulhá-lo.

Era tudo o que Ryder podia fazer para não desmaiar enquanto eles
trabalhavam, engolindo repetidamente a bílis subindo no fundo de sua
garganta. Ele tinha sido baleado uma vez antes, na perna, mas não tinha sido
tão doloroso quanto isso. Por um lado, este tiro não tinha sido limpo - a bala
ainda estava no braço dele. Por outro lado, ele tinha certeza de que a batida
da arma em sua cabeça lhe dera uma concussão, o que não tornava o
ferimento do tiro mais fácil de lidar. Mesmo que Ryder planejasse usar essa
oportunidade para revidar, ele não teria conseguido.

Luca observou os homens cuidando de Ryder com um olhar de águia.


Shafir pôs a mão no joelho para chamar sua atenção.

— Eu não vou deixar ele morrer, Luca. Ele é minha única alavanca
para fazer você se comportar, e eu sei quantos problemas você pode causar.

KM
Se nada mais, você pode confiar na minha praticidade.

As mãos de Luca estavam algemadas na frente dele da mesma forma


que as de Ryder; ele empurrou a mão de Shafir com as suas próprias. —Seus
homens mataram Candace.

— Isso foi lamentável. Se eu tivesse sido permitido fazer isso do meu


jeito desde o começo, você teria sido poupado de uma grande dose de dor,
mas eu fui... vencido.

— Por meu clube dos amantes rejeitados? O tom de Luca deixou claro
o quão ridículo ele achava a coisa toda.

Shafir não pareceu ofendido. Ele traçou a parte de trás do dedo sobre
a bochecha de Luca. — O tempo não entorpeceu essa língua afiada, eu vejo.
Sua mão continuou viajando pelo pescoço e pelo peito de Luca,
acrescentando: — Obrigado por confirmar a indiscrição de Simon Vieuxpont,
a propósito. Ele será tratado.

Luca não respondeu. Seus olhos seguiram o caminho que a mão de


Shafir tomou quando desabotoou seu casaco, abriu as lapelas e descansou-a
em seu abdômen. As mãos de Ryder se apertaram em punhos; a dor que
sacudiu seu braço o lembrou de ficar calmo. Shafir estava provocando Luca,
com certeza, mas ele não podia ir longe demais sem prejudicar seu acordo
com Ryder.

— Você está usando o presente que eu te enviei? Shafir perguntou. Ele

KM
deslizou os dedos sob a bainha do botão de Luca, levantando a camisa para
brincar com o piercing no umbigo de Luca. Era a mesma barra de aço que
Luca sempre usava, não a confecção em esmeralda que ele recebeu do
Admirador.

— Eu joguei no lixo, disse Luca. Apesar de seu desafio, sua respiração


era superficial e um músculo em sua coxa estava saltando. —Espero que não
tenha sido caro.

Shafir tocou seus lábios na pele sob o ouvido de Luca. — Não fui eu
quem pagou por isso.

Ryder podia ver o corpo de Luca ficando mais e mais apertado


conforme sua ansiedade aumentava, e Shafir também podia. Ele continuou
acariciando o estômago de Luca.

— Eu deveria parar? Shafir disse com preocupação exagerada.

Os olhos de Luca apontaram para os homens armados sentados ao


lado de Ryder e imediatamente para longe. — Não. Está tudo bem.

Luca. Ryder doía para dizer que ele não tinha que se submeter ao
abuso sexual de Shafir para protegê-lo, mas ele não queria tornar isso mais
difícil para Luca do que já era.

Shafir pressionou mais alguns beijos no pescoço de Luca, então


segurou seu queixo e o beijou com força na boca. Depois de um segundo,
Luca começou a beijá-lo de volta, embora sua relutância fosse clara em cada

KM
linha rígida de seu corpo.

A fúria que sufocou Ryder não tinha nada a ver com ciúmes. Como
Shafir se atrevia a forçar Luca assim? Ryder olhou para longe, quase
tremendo de frustração pelo seu próprio desamparo, mas isso não fez nada
para bloquear os sons.

Shafir finalmente quebrou o beijo, deixando escapar um suspiro de


satisfação que irritou os nervos de Ryder. — Você está com muita sorte que
o estupro não me atrai, disse ele, soltando Luca e se acomodando em seu
assento.

Ryder arriscou um olhar para trás. Luca estava tremendo, os olhos


nublados de pânico, os pulsos flexionando-se dentro das algemas de metal.
Por favor, Deus, não deixe que ele tenha um ataque de pânico agora, pensou
Ryder.

Luca fechou os olhos e deu uma sacudida aguda na cabeça. Suas


narinas chamejaram quando ele respirou fundo. Quando ele abriu os olhos
novamente, a ansiedade se fora, substituída por algo que Ryder não podia
nomear, mas que fez sua pele se arrepiar instintivamente.

— Oh, vamos lá, Yosef, disse Luca no ronronar escuro e rouco que
Ryder tinha aprendido a associar com coisas muito ruins. — Não pare por
isso. Você não quer me ouvir te chamar de Papai de novo?

Shafir ficou rígido. Luca se aproximou dele.

KM
— Eu me lembro de tudo sobre suas fantasias doentias de incesto. É
claro que todo mundo que lê meu diário sabe sobre eles também, não é?

— Você não deve valorizar muito a vida do Sr. Ryder, tanto quanto
você afirma. Shafir estava muito calmo, sua ostensiva calma uma fachada
que até Ryder podia ver através dela.

— Eu prometi não resistir. Eu não estou resistindo. Luca levantou as


mãos algemadas. — Isso não fará muita diferença, no entanto. Eu não preciso
das minhas mãos para te machucar.

— Então talvez eu deva te amordaçar.

— Vá em frente. Não vai mudar o quão patético você é. Veja o que você
se tornou, Yosef. Você costumava ser um Mossad. Mas é isso que te trouxe
aqui, não é? Eu tinha dezesseis anos e pedi que você me dissesse algo que
você é treinado para não revelar nem sob tortura.

Ryder assistiu com um fascínio doentio enquanto um pequeno sorriso


curvava os lábios de Luca e o prazer sádico escurecia seus olhos. Luca era
uma boa pessoa; Ryder tinha visto inúmeros exemplos de seu grande
coração, sua empatia, sua preocupação com aqueles que amava.

Mas Luca também tinha uma raia vingativa cruel com uma milha de
largura, e Deus ajudasse qualquer homem que tentasse fazê-lo sentir-se
impotente.

— Seu governo nem admite que você existe, disse Luca. — Mas não é

KM
porque você fodeu um adolescente, ou porque você gostava de fingir que eu
era seu filho. É porque você me contou coisas que você não deveria contar a
ninguém. Coisas que você nunca contou a sua esposa.

— Cala a boca, disse Shafir.

No entanto Luca não diminuiu. — Você é fraco, Yosef. Falho. Não


importa o quão bom você pensa que é, ninguém nunca vai respeitar um
homem estúpido o suficiente para se apaixonar por uma clássica armadilha
de mel...-

Rápido como uma cobra impressionante, Shafir agarrou a garganta


de Luca e prendeu-o contra a parede da van. Ryder se lançou para frente, a
discrição esquecida, apenas para ser puxado de volta pelos seus guardas. Um
deles empurrou o cano de sua arma na parte de baixo do queixo de Ryder.

Por um longo e tenso momento, ninguém se mexeu. Luca e Shafir se


encararam. Ryder piscou as manchas negras dançando em sua visão, cortesia
de seu movimento imprudente.

Então Shafir soltou Luca. — Se você disser mais uma palavra, vou
amordaçar sua boca.

Luca cuspiu na cara dele.

Shafir fez um movimento brusco e rapidamente abortado, como se


mal se impedisse de bater em Luca. Ele limpou a saliva com a manga e
murmurou: — Encantador.

KM
Luca finalmente encontrou os olhos de Ryder. Ele os segurou por um
segundo, baixou o olhar deliberadamente para o braço de Ryder, em seguida,
olhou para cima com as sobrancelhas levantadas. Ryder deu-lhe um leve
aceno de cabeça para deixá-lo saber que estava bem.

O resto do caminho passou em silêncio. Poderia ter levado de trinta


minutos a mais de uma hora - Ryder perdeu o controle porque, apesar de
seus melhores esforços para ficar alerta, ele continuava entrando e saindo da
consciência. Ele voltou repentinamente à plena consciência quando o motor
da van parou.

As portas traseiras foram abertas do lado de fora por um trio de


mercenários. Enquanto Ryder e Luca eram empurrados para fora da van e
atraves do asfalto de uma planta industrial abandonada, o coração de Ryder
afundou com o número de homens que os rodeavam. Mesmo que ele
estivesse em plena força e ele e Luca estivessem armados, haveria pouca
chance deles escaparem.

Eles estavam cercados por um amplo parque de negócios em forma de


U - abandonado ou de propriedade de aliados, dada a falta de preocupação
de Shafir em ser descoberto. A terra sombria e cinzenta ao redor nunca tinha
sido cuidada depois que o prédio havia sido construído não havia nem
mesmo uma única árvore congelada, apenas uma extensão interminável de
asfalto, terra e neve velha. Uma estrada era vagamente visível à distância,
longe demais para atrair qualquer atenção.

KM
Os guardas escoltaram Luca e Ryder através do compartimento de
carga de uma das suítes de esquina do prédio e em um escritório vazio e
apertado cujas janelas haviam sido fechadas. Eles foram empurrados para o
chão, contra as paredes opostas.

— Isso não tem que ser uma provação muito terrível, disse Shafir. Ele
recuperara a compostura naquele tempo desde sua luta com Luca. —Apenas
fique quieto e calmo até que a transferência seja feita, e você tem a minha
palavra de que você e o Sr. Ryder serão devolvidos vivos.

— Transferência? Luca franziu a testa. — Que transferência?

Shafir pareceu surpreso. — Para o resgate, é claro. Quando Luca e


Ryder apenas olharam para ele sem expressão, ele disse: — Por que
exatamente você acha que nós pegamos você?

Idiota. Oh meu Deus, você é um inacreditável IDIOTA.

Ryder trocou um olhar com Luca, sabendo que Luca estava pensando
a mesma coisa que ele. Eles estavam tão focados na natureza pessoal dos
ataques do Admirador que ignoraram o motivo mais básico para o sequestro
- a principal razão pela qual Luca precisava de guarda-costas em primeiro
lugar. Luca tinha feito muitos inimigos poderosos à sua própria maneira,
mas quando tudo estava dito e feito, ele ainda era o filho de uma bilionária.

— Dinheiro? Perguntou Luca. — Você fez tudo isso...- ...me torturou


por meses, me perseguiu, matou pessoas...- ...por dinheiro?

KM
— Se eu tivesse tido permissão para realizar a primeira tentativa sem
interferência externa, tudo isso teria acontecido há meses. Na defesa de meus
compatriotas, no entanto, o potencial de um pagamento de 350 milhões de
dólares pode justificar quase tudo, mesmo quando dividido em várias partes.

Os olhos de Luca se arregalaram em compreensão. — Meu fundo


fiduciário. Como você sabe quanto dinheiro tem?

— Nós temos nossas fontes.

Só então, Ryder percebeu que ele nunca disse a Luca que Michael
Dorian era quem os configurara. Essa revelação em particular teria que
esperar até que estivessem sozinhos.

Toda a surpresa de Shafir se transformou em diversão. — Você


realmente acreditou que nós configuramos todos esses problemas e
gastamos tantos recursos apenas por uma vingança mesquinha? A vingança
pode ser o que o colocou em nossa mira, Luca, mas não teríamos nos
incomodado sem a promessa de uma recompensa mais tangível. Você
sempre pensou muito bem de si mesmo. Shafir bufou e virou-se para a porta.
Ao sair, ele disse por cima do ombro: — Sua mãe é uma mulher prática.
Duvido que isso demore mais do que vinte e quatro horas.

Seus homens o seguiram, fechando a porta atrás deles e trancando-a


com um clique audível.

Luca deixou a cabeça cair contra a parede. — Eu não posso acreditar

KM
que essa coisa toda foi sobre me sequestrar para obter um resgate. Jesus.

— Eles fizeram o possível para que parecesse de outra forma.

— Idiotas. Espero que todos se matem lutando pelo dinheiro. Luca


puxou os joelhos até seu peito. — Como está seu braço?

— Tudo bem, Ryder mentiu. Na verdade, o braço dele tinha começado


a ficar dormente, o que oferecia alívio da dor, mas era um péssimo sinal. Se
ele não recebesse atenção médica logo, poderia haver danos permanentes - e
isso presumindo que ele não sangraria até a morte primeiro.

Pela primeira vez, Luca não percebeu a mentira. Ele encolheu as


costas, curvando-se sobre si mesmo.

Embora Ryder não gostasse de aumentar seus fardos, ele precisava


que Luca soubesse o que estava acontecendo, caso ele não conseguisse. —
Luca, a pessoa que me ligou e disse que sua mãe tinha sido baleada - era
Michael Dorian. Ele nos enviou para essa emboscada.

— O que? Luca levantou a cabeça. — Isso não faz qualquer sentido.

— Você nunca…-

— Deus não. Ele parece ter cento e cinco!

— Bem, eu não sei porque ele fez isso, mas definitivamente era ele. Ele
é o link que estávamos perdendo. Ele é o diretor financeiro da Fairburn
Howard - ele teria sido mais do que capaz de criar a empresa-fantasma para

KM
a qual Warnock trabalha, e ele teria sido capaz de mostrar a Matt Pearson
como contornar o sistema de segurança da propriedade. Ele provavelmente
recrutou o próprio Matt. Ele definitivamente saberia que Warren Gray estava
louco e bravo o suficiente para se juntar a esses caras.

— Eu não entendo, disse Luca. — Eu nunca machuquei o Sr. Dorian,


e não é como se ele precisasse do dinheiro. Ele é um dos amigos mais antigos
da minha mãe. Por que ele nos trairia? Como ele entrou em contato com
Yosef e os outros?

Ryder pensou sobre o quão doente Dorian tinha estado nos últimos
meses, sobre o ataque cardíaco que quase o matou. — Talvez ele esteja sendo
coagido de alguma forma.

Luca apertou os lábios, parecendo ainda mais chateado do que antes.


Ryder respirou fundo.

— Luca, ele disse, — se você tiver uma chance de escapar, precisa


pegá-la. Mesmo que isso signifique me deixar para trás.

— Eu não posso fazer isso. Eles vão te matar.

— Sua segurança é a primeira prioridade...-

— Foda-se, Ryder! Eu não vou deixar você aqui para morrer.

Luca fez uma careta para ele. Ryder realmente não esperava que ele
concordasse, mas valeu a pena tentar.

KM
— Eles não vão me matar, no entanto, disse Luca, sua carranca
vacilando. — Você poderia tentar fugir, buscar ajuda...-

— Você não vai me deixar para trás, mas você espera que eu deixe você
aqui para ser estuprado por um grupo de homens?

— Eu posso aguentar. Eu poderia sobreviver a qualquer coisa se


soubesse que você está seguro e tentando encontrar uma maneira de me tirar
daqui.

— E se eu fosse pego? O medo e a frustração fizeram a voz de Ryder


sair áspera. — Eles me fariam assistir, Luca. Não me peça para te abandonar.

Eles se sentaram em silêncio por um minuto. Então Luca disse: —


Então, basicamente, estamos nos mantendo como reféns. Se não nos
importássemos um com o outro, estaríamos mais dispostos a arriscar.

— Eu não tinha certeza se você ainda se importava, disse Ryder.

— Eu...- Luca mordeu o lábio. — Nos últimos dias, a única coisa que
eu queria era nunca ter que ver você de novo. Mas então Yosef colocou a arma
na sua cara, e eu pensei que você fosse morrer, e... parecia que eu ia morrer
também. Então talvez eu não tenha superado você como eu queria ter.

— Eu nunca magoaria você intencionalmente, Luca. Me mata saber


que eu fiz isso. Eu não suporto ver você sofrendo, eu faria qualquer coisa para
tirar isso...-

KM
— Eu sei. Eu sempre soube disso. Eu só precisava sentir raiva para
não ter que me sentir magoado.

Luca deslizou pelo chão de cimento do escritório até que ele estava
sentado ao lado de Ryder em seu lado não ferido. Ele levantou o rosto e Ryder
se inclinou para beijá-lo suavemente nos lábios. O alívio que sentiu quando
Luca devolveu o beijo deixou Ryder mais tonto do que sua concussão.

— O que você disse, sobre como você se sente sobre mim? Perguntou
Luca. — Eu sinto o mesmo por você. Pelo visto.

Ryder soltou uma risada fraca. — Quando sairmos daqui...- quando,


não se -...eu vou fazer tudo por você. Eu juro. Sem mais segredos.

Luca beijou sua bochecha e se apoiou em seu ombro. O calor de seu


corpo era um contraponto agradável ao frio da parede e do chão.

— Espere um segundo, disse Ryder. — Seu fundo fiduciário vale 350


milhões de dólares?

KM
Capítulo Quarenta e Oito

Parte II

As primeiras horas do cativeiro passaram sem intercorrências. Em


um ponto, um guarda armado trouxe água e trocou as ataduras de Ryder.
Luca ficou chocado ao ver o quanto a gaze estava encharcada. Ele sabia que
a ferida era séria - especialmente quando Ryder começou a desmaiar por
alguns minutos - mas agora ele estava com medo que Ryder não sobrevivesse
a isso se eles não saíssem daqui em breve.

Luca não suportava isso. O terror absoluto que ele sentiu quando
pensou que Yosef iria atirar em Ryder - ele estava disposto a fazer qualquer
coisa para manter Ryder vivo. Ele ainda estava. Ele estava se enganando,
achando que ficaria melhor sem Ryder em sua vida.

A dor da mentira de Ryder não desapareceu magicamente, é claro, e


era algo que eles teriam que lidar quando tudo isso acabasse. Reparar essa
confiança levaria tempo. Agora, no entanto, tudo o que Luca se importava
era ter certeza de que eles teriam esse tempo.

A julgar pelas vozes murmurantes e o estalido do rádio, do lado de

KM
fora da porta, havia dois ou três homens montando guarda. Luca debateu
sobre pedir-lhes para trazer Yosef para que ele pudesse fazer um apelo em
nome de Ryder. Talvez Yosef estivesse disposto a mandar Ryder para um
hospital se Luca lhe oferecesse alguma coisa em troca.

Aquele pensamento sombrio foi interrompido pelo som de passos


rápidos e vozes se aproximando da sala. Luca se endireitou quando ouviu a
voz irritada de Yosef dizer: — Você nem deveria estar aqui, seu idiota, não vá
lá...-

A porta se abriu, despertando Ryder do torpor que ele tinha caído, e


Kenneth Warnock entrou com Yosef em seus calcanhares. Luca endureceu
com hostilidade reflexiva.

— Imbecil, Yosef assobiou. — Eles já viram você agora; eles podem


testemunhar contra você em um tribunal...-

— E eu acho que não importa que eles tenham visto você?

— Eu não existo! Eles podem nivelar acusações em mim tudo que eles
queiram - eu não tenho identidade legal. É por isso que todos concordaram
que eu iria lidar com isso sozinho. Você deveria estar o mais longe possível,
estabelecendo um álibi. Preguiçoso.

Warnock obviamente não estava escutando. Seus olhos percorreram


o corpo de Luca com luxúria faminta, demorando-se nos punhos que
prendiam os pulsos de Luca. — Você parece bem algemado, puta.

KM
— Pelo menos eu pareço bem em alguma coisa, o que é mais do que
posso dizer sobre você.

Warnock não respondeu à brincadeira de Luca com sua raiva


habitual. Ele olhou para Ryder e disse para Yosef: —Eu pensei que você fosse
matar o guarda-costas.

— Houve complicações e a oportunidade passou por nós. Ele está


servindo a outro propósito.

Luca reconheceu esse tom - de “você-está” de Yosef “-abusando-da-


minha-paciência-então-não-me-teste” voz. Warnock não percebeu ou não se
importou. — Que propósito é esse? Ele perguntou. — Sangrando por todo o
chão?

As narinas de Yosef se alargaram. — Sua presença garante a


cooperação de Luca. Eu não deveria ter que explicar o quanto mais fácil isso
vai ser desse jeito.

— Para que precisamos da cooperação dele? O que ele vai fazer


trancado aqui?

— Aprendi a não subestimar o dano que Luca pode causar, disse Yosef.

Warnock se agachou na frente de Luca, colocando as mãos nas pernas


estendidas de Luca. — Não me parece que ele está em posição de causar
problemas.

KM
Luca sentiu Ryder ficar tenso ao lado dele, observando as mãos de
Warnock deslizarem pelas coxas de Luca. Ele pressionou o ombro contra o
de Ryder em um lembrete para não ficar chateado. Warnock estava
procurando exatamente esse tipo de reação, e Luca não ia dar a ele.

— Eu deveria foder você aqui mesmo na frente de seu namorado


bonito, disse Warnock. — Mostrar a ele como um homem de verdade lida
com uma vadiazinha passiva.

Luca revirou os olhos. — Você sabe qual é o seu problema, Warnock?


Você tem tanta certeza de que as pessoas vão te tratar mal por causa de sua
aparência que você é um bastardo para todos. Então, quando as pessoas são
bastardas em retorno, você pode dizer a si mesmo que estava certo o tempo
todo. É uma profecia auto-realizável.

As mãos de Warnock apertaram suas coxas. Luca fez o melhor que


pôde para evitar que seu desconforto aparecesse em seu rosto.

— Se você não tivesse sido tão idiota comigo desde o segundo em que
nos conhecemos, eu não teria sido tão ruim para você, disse ele.

— Por favor. As pessoas são apenas brinquedos para você. Não me


diga que você não gostou de exibir esse traseiro para mim e me fazer vê-lo
sendo fodida.

— Warnock. A voz de Yosef estava pesada de advertência.

A verdade era que Luca tinha começado com isso. Ele sempre foi um

KM
exibicionista, e saber o quanto havia torturado Warnock tinha sido a cereja
no topo do bolo. Mas ele discordou da escolha de palavras de Warnock.

— Eu não fiz você fazer nada. Eu não parei você. Você tem sorte de eu
nunca ter falado para minha mãe o quão pervertido, doente e insidioso que
você é - aposto que é a única maneira de você chegar perto de fazer sexo...-

Warnock deu um tapa no rosto de Luca com força suficiente para


derrubá-lo de lado. Mesmo antes de se recuperar do golpe, Luca jogou os
braços sobre o peito de Ryder para impedi-lo de ir atrás de Warnock. Ryder
ainda fez um esforço valente, mas ele só tinha uma fração de sua força
habitual, e Yosef arrastou Warnock para longe um segundo depois.

— Não surte, Luca sussurrou com urgência. Ryder ficou imóvel,


respirando com dificuldade pelo nariz. Luca podia senti-lo tremendo.

Warnock soltou a mão de Yosef e olhou para ele com raiva. Yosef não
estava tendo nada disso.

— Eu dei a eles minha palavra de que não seriam prejudicados se


cooperassem, disse ele. — Eu não quero que você me faça parecer um
mentiroso.

— Você...-

Yosef fez um movimento cortante com a mão que efetivamente calou


Warnock. — Eu não permitirei mais teatralidade amadora e pequenas
desculpas arruinando esta missão como todas as anteriores. Eu já tive o

KM
suficiente Se você interferir de novo, eu mesmo mato você.

Enquanto Warnock não parecia exatamente assustado com a ameaça,


ele também não pressionou a sorte. Ele fez um ruído de profundo desgosto e
correu para fora do quarto. Yosef soltou um fluxo de maldições hebraicas em
seu rastro.

— Você deve estar ficando doente de todos esses idiotas atrapalhando


seus planos, disse Luca.

Yosef se virou para ele. — Nenhum deles tem experiência em executar


uma operação como esta, então eles me enfraqueceram a cada passo. Você
sofreu por isso mais do que eu.

Luca decidiu capitalizar o breve momento de relacionamento. —


Yosef, Ryder não vai durar tempo suficiente para minha mãe enviar o
dinheiro. Peça a seus homens que o levem para um hospital. Por favor. Você
pode me mover primeiro, se quiser, mas leve-o a um médico.

— Você sabe que eu não posso fazer isso.

— Ele vai morrer! Olhe para ele.

Yosef correu um olhar crítico sobre Ryder, que realmente parecia um


inferno – pele acinzentada, corpo flácido, bandagens já florescendo com
manchas de vermelho brilhante novamente. No entanto, Yosef ainda parecia
não estar convencido.

KM
— Eu farei qualquer coisa, disse Luca, começando a se sentir
desesperado. — Eu vou deixar você me foder de novo, se isso for o necessário
para conseguir isso, eu farei o que você quiser...-

— Luca, disse Ryder em um protesto chocado.

Yosef olhou para ele. — Você realmente se importa com ele, não é? Eu
não achei que isso fosse possível.

— Sim. Por favor Yosef. Você me prometeu que ele iria sobreviver.

Depois de mais um momento de hesitação, Yosef pegou o rádio e


convocou dois guardas para a posição deles. — Eu não posso deixá-lo sair do
prédio, disse ele para Luca quando terminou de falar. — Mas eu tenho
homens com o treinamento necessário para estabilizá-lo, temporariamente,
costurando-o até que ele possa receber um cuidado mais intensivo.

— Você não pode costurar sua ferida com a bala ainda em seu braço!

— Eu disse temporariamente, Luca, pelo amor de Deus. Eles vão


remover os pontos no hospital e consertá-lo corretamente.

— Eu não vou deixar você..., disse Ryder.

Luca o beijou. — Eu vou ficar bem. Yosef não deixará nada acontecer
comigo. Olhou duro para Yosef. — Não é mesmo?

— Enquanto ele se comportar, disse Yosef. Ele tinha uma pequena


carranca no rosto.

KM
Luca fez um gesto impaciente na direção de Ryder, como se
perguntasse como ele poderia causar problemas quando mal conseguia
segurar a cabeça. Yosef encolheu os ombros. Alguns segundos depois, os dois
guardas apareceram e puxaram Ryder a seus pés, levando-o através da porta.
Luca observou-os ir com ansiedade.

Quando Yosef fez menção de segui-los, Luca chamou seu nome. Yosef
virou-se e levantou uma sobrancelha.

— Se ele morrer, não há nada que eu não faça para você se arrepender
disso, disse Luca.

Um pequeno sorriso cruzou o rosto de Yosef e ele assentiu. — Eu


acredito em você.

Ele fechou a porta atrás de si, deixando Luca sozinho no pequeno


escritório. Luca descansou a cabeça contra a parede e soltou um suspiro
trêmulo. Ele estava assumindo um risco enorme aqui; por tudo que ele sabia,
eles matariam Ryder assim que eles estivessem fora do alcance da voz e
mentiriam para ele sobre isso até que fosse tarde demais. Não havia mais
nada que ele pudesse ter feito. Luca estava feliz por Yosef não ter exigido
nada em troca.

Cerca de vinte minutos se passaram sem barulho ou movimento do


lado de fora da porta, além dos dois guardas conversando à toa. Então, para
consternação de Luca, ele ouviu a voz de Warnock novamente. — Shafir quer
você no quadrante sudeste, disse ele, presumivelmente para um dos guardas.

KM
Houve alguns embaralhar e o som de passos se afastando. Warnock
entrou no quarto com um único guarda. Do breve vislumbre que Luca
conseguiu antes que a porta se fechasse, o corredor atrás deles parecia vazio.

— O que você está fazendo aqui? Ele disse cautelosamente. — Yosef


não faz ameaças vazias, você sabe.

— Shafir pode ir se foder.

Warnock agarrou a corrente que ligava as algemas de Luca e a usou


para arrastar Luca a seus pés. Luca gritou de surpresa, depois novamente de
dor quando Warnock empurrou-o contra a parede.

— Você realmente me fez um favor, mandando seu guarda-costas para


ser consertado, disse Warnock. — Me poupa o trabalho de encontrar uma
maneira de separar vocês.

— Do que você está falando?

Warnock pressionou Luca ainda mais contra a parede. Luca fez uma
careta, virando a cabeça para o lado para evitar a respiração de Warnock em
seu rosto.

— Todos os outros caras se importam apenas em receber o


pagamento. Eles odeiam sua coragem, não me entenda mal, mas torturar
você acabou por ser a cereja topo de um sundae multimilionário. Se sua mãe
não fosse tão podre de rica, eles nunca teriam se incomodado em vir atrás de
você. Warnock deu um duro aperto em Luca. — Mas o dinheiro não é o

KM
suficiente para mim.

Os olhos de Luca se voltaram para o guarda, que os observava


impassível. Ele era leal a Warnock, então, não a Yosef. Luca já adivinhara
isso.

Voltando sua atenção para Warnock, Luca disse: — Então, você vai me
foder? Me bater? Yosef rasgará sua espinha com as próprias mãos.

— Eu não vou apenas te foder, puta, eu vou levar você. E Shafir não
poderá fazer nada sobre isso, porque ele estará morto, e assim estará também
seu precioso guarda-costas.

— Levar-me? Luca perguntou com uma crescente sensação de medo.

— Sim. Você e eu vamos fazer uma viagem para algum lugar agradável
e privado. 350 milhões de dólares deve facilitar isso.

Warnock estava planejando trair seus parceiros e fugir com Luca e


todo o resgate? Luca teria rido na cara dele se a situação não fosse tão séria.

— Você está louco? Eles nunca vão deixar você sair com todo esse
dinheiro. Eles virão atrás de você com tudo o que eles têm.

— O que é praticamente nada, graças a você, disse Warnock. — Com


esse dinheiro, posso pagar minha própria ilha e um pequeno exército de
segurança. Depois que eu tirar seu patrocinador financeiro da foto, eles não
terão esperança de chegar até mim.

KM
— Sr. Dorian?

Warnock olhou o relógio. — Ele estará aqui a qualquer momento para


finalizar os detalhes da transação. Dorian, Shafir e Ryder, todos na mesma
sala - três pássaros, com uma só pedra.

— Você nunca vai conseguir isso, disse Luca, embora sua bravata
estivesse começando a abandoná-lo diante do horror revolvendo seu
estômago. — Você não tem habilidade suficiente para derrubar Yosef. Ele vai
acabar com você em segundos.

— Se eu fosse fazer isso na cara dele, talvez. Warnock tirou um


pequeno celular descartável do bolso. — Eu pensei em explodir o quarto em
que ele está.

A boca de Luca se abriu.

Warnock sorriu, claramente saboreando a reação de Luca. — Eu tenho


todo o lado sudoeste do prédio conectado com C4. Assim que Dorian nos der
os números das contas, eu saio e os assopro para o inferno. Vou convencer
sua mãe a terminar o processo de resgate, e você e eu estaremos no meio do
mundo antes que eles terminem de vasculhar os escombros.

— Você é louco, disse Luca. — Você realmente mataria todas aquelas


pessoas e viveria o resto da sua vida se escondendo apenas pela chance de
me machucar?

— Bem, eu admito, os 350 milhões são um forte fator motivador.—

KM
Warnock apertou os dois ombros de Luca até que Luca grunhiu com o
desconforto. — Não tanto quanto o pensamento da diversão que vamos ter,
no entanto. Eu sei de tudo que você tem medo, Luca, e eu vou fazer tudo isso
- segurar você, amarrá-lo, vendá-lo, sufocá-lo.

O pênis de Warnock estava duro como mármore contra a coxa de


Luca. Luca tentou controlar sua respiração, mas não conseguiu esconder
quão rápido se tornara.

— Mas uma coisa eu nunca vou fazer, que é amordaçá-lo. Warnock


passou o polegar sobre o lábio inferior de Luca em uma paródia de carícia. —
Eu quero ouvir você gritar quando te estuprar.

Luca soltou um soluço involuntário de terror e desgosto. Warnock


bateu-o contra a parede mais uma vez, apenas para dizer o que queria, depois
recuou e se virou para o seu cúmplice.

— Fique de olho nele, Scampone, disse ele. — Não o mate, e não faça
nada para foder seu rosto. Você pode usar o taser se ele ficar muito agressivo.

O sorriso de Scampone não alcançou seus olhos duros. — Eu tenho


isso.

Warnock saiu do quarto. — Vou ligar para você quando estiver pronto
para ir. Se ele lhe der problema enquanto o estiver movendo, vá em frente e
cuide dele, mas apenas como último recurso. Podemos precisar dele
consciente para fornecer provas de vida a D'Amato.

KM
Pela primeira vez, Luca notou a forma estranha da arma que
Scampone segurava; era de cano duplo e o cano de cima era anormalmente
longo. Ele tinha uma Glock normal em um coldre de quadril também.

Assim que Warnock se foi, Luca se encostou na parede, apertando os


lábios para conter o grito histérico que ameaçava explodir. Candace estava
morta por causa dele, e agora Ryder também morreria, e Warnock levaria
Luca para longe para estuprá-lo e torturá-lo até que ele se cansasse e então o
mataria como todo mundo ...

Luca cerrou os punhos. Seus pulmões pareciam pesados com chumbo,


e ele se perguntou por um momento frenético o que aconteceria se seu
coração explodisse bem aqui. Pelo menos, ele não teria que viver com o
conhecimento de que ele havia matado Ryder.

Ele não está morto ainda! Controle-se.

Luca se agarrou a esse pensamento. Ainda havia tempo para parar


Warnock, mas se ele desmoronasse agora e desistisse sem sequer tentar,
então a morte de Ryder realmente seria sua culpa.

Ele se forçou a respirar mais devagar enquanto considerava suas


opções. Um passo de cada vez. Ele tinha que sair da sala, e isso significava
passar por Scampone. A julgar pela maneira como Scampone estava olhando
para ele, Warnock prometera a ele mais do que apenas dinheiro para garantir
sua cooperação. Isso era bom. Luca poderia usar isso.

KM
Ele examinou Scampone da cabeça aos pés, tentando descobrir que
botões que poderia empurrar para fazer o homem fazer o que ele queria. Sua
mente voltou num vazio total, e ele sentiu outro ponto forte de pânico.

Você costumava fazer isso o tempo todo. Foco.

Scampone era um valentão. Ele gostava de assistir Warnock assustar


Luca, e ele estava claramente ansioso para estuprar Luca ele mesmo. Então,
como todos os valentões, ele seria irresistivelmente atraído pela fraqueza.

Luca se encolheu contra a parede, fazendo-se parecer o menor


possível, e olhou para Scampone através de seus cílios. Ele fez um barulho
suave e silencioso, como se estivesse com dor. — Eu acho que Warnock
deslocou meu ombro. Você...- ...você me ajudaria a colocar no lugar?

— Eu não posso te soltar, disse Scampone, mas Luca havia capturado


sua atenção.

— Por favor. É... Luca deixou sua respiração acelerar. — Isso


realmente dói. Ele injetou uma nota de desespero liso em sua voz e correu os
olhos sobre o peito largo de Scampone quando ele disse: — O que eu poderia
fazer contra um homem como você, afinal?

Isso foi suficiente. Scampone suspirou e guardou a pistola antes de


dar um passo à frente para destrancar a algema no braço que Luca fingia
favorecer. Ele tirou Luca do casaco e passou as mãos pelo braço de Luca,
cutucando seu ombro.

KM
— Não parece estar deslocado, ele disse, mas não parou de tocar em
Luca. Ele continuou massageando o ombro de Luca com uma mão, passando
a outra pela clavícula de Luca.

Luca se inclinou para o toque. — Ele deve ter apenas torcido, então.
Ele colocou uma mão no peito de Scampone, sentindo o material duro e
rígido sob sua jaqueta do colete. Isso não é bom. Luca arrastou a mão
lentamente para baixo e colocou a outra mão no cinto de Scampone. — Nós
não temos que esperar por Warnock, você sabe, ele murmurou,
deliberadamente mantendo sua voz baixa para que Scampone tivesse que se
inclinar para ouvi-lo. — Você poderia sair comigo agora e me ter todo para
você. Eu ficaria muito grato.

Ele tocou o pênis de Scampone em suas calças - já estava meio duro,


a porra doentia. Os quadris de Scampone se moveram sob sua mão e ele
soltou um grunhido suave. Luca deu-lhe um aperto para distraí-lo ao mesmo
tempo em que ele puxou o taser do cinto de Scampone e o enfiou na pele
macia logo abaixo de sua armadura.

Luca nunca tinha visto alguém eletrocutado antes; ele ficou surpreso
com o quão violento foi. O corpo de Scampone convulsionou e ele caiu no
chão, com os músculos espasmando como se estivesse tendo um ataque
epiléptico. Mesmo quando ele caiu e estremeceu, porém, Luca viu sua mão
se contorcer em direção a arma de tranquilizante. Luca pegou primeiro e
atirou na perna dele. Scampone perdeu a consciência imediatamente,
embora seu corpo ainda permanecesse espasmando com pequenos choques

KM
de eletricidade residuais.

Por alguns momentos sem fôlego, Luca ficou de pé ao lado do corpo


de Scampone, atordoado pela forma abrupta como a mesa havia virado. A
arma balançou em suas mãos. Luca firmou seu aperto e chutou a perna de
Scampone algumas vezes para ter certeza de que ele estava realmente
inconsciente. Quando não houve resposta, toda a respiração de Luca o deixou
em uma onda de alívio, e ele tirou o cabelo molhado de suor da testa.

Ele tinha que se mover rapidamente. Luca se agachou ao lado do


corpo de Scampone e usou a chave para destrancar sua outra algema, então
prendeu-a nos pulsos de Scampone. Ele colocou o casaco de volta, enfiou o
taser e o rádio de Scampone nos bolsos e agarrou a Glock. Depois de um
momento de hesitação, Luca colocou isso no bolso também. Não era a
maneira mais segura de carregar uma arma, mas o coldre de Scampone não
cabia nele, e era muito melhor do que enfiar a arma na cintura.

Embora Luca nunca tivesse usado uma arma tranquilizante antes, não
demorou muito para descobrir como funcionava. A arma só podia manter
um dardo de cada vez, o que não era o ideal, mas Luca ainda a preferia em
vez da Glock. Ele sabia que hesitaria antes de atirar em alguém de verdade;
isso não seria um problema com a arma tranquilizante. Luca carregou-a com
um dardo novo e levou o resto da munição de Scampone com ele.

Com a arma tranquiliazante pronta, Luca aproximou-se da porta. Ele


tinha noventa por cento de certeza de que não havia ninguém do lado de fora,

KM
mas demorou um segundo ouvindo antes de abrir a porta. O pequeno
entreposto do lado de fora do escritório estava abençoadamente vazio.

E agora? Luca não tinha ideia de onde Ryder estava naquele parque
de industrial. Warnock havia dito que os explosivos estavam no canto
sudoeste, mas Luca não tinha exatamente uma bússola sobre ele.

O prédio tinha a forma de um U e ele estava no canto superior direito.


Se ele continuasse se movendo através do prédio, ele acabaria encontrando
Ryder e Yosef eventualmente. Ele teria que fazer isso rápido e rezar para que
ele não encontrasse mais guardas.

Atrás dele estava a doca de carregamento através da qual eles


entraram no prédio; a única outra saída era uma porta do outro lado da sala.
Luca se apressou em direção a ela, estremecendo ao ouvir seus passos no
concreto, e abriu-a.

A porta levava a um segundo escritório, maior do que aquele em que


ele estava preso, mas igualmente estéril. Era claramente a entrada da frente
daquela ala - havia uma grande janela de vidro de frente para o pátio
compartilhado do prédio, e uma porta de vidro com estampas lascadas ao
lado. Luca olhou ao redor da sala, mas ele não viu nenhuma outra saída além
da porta da frente e a que ele acabara de passar. Seu coração afundou. As
suítes de escritório eram todas independentes; não havia corredores internos
conectando-as. Porra.

O que ele deveria fazer agora, passear do lado de fora do prédio e

KM
invadir todos os escritórios? Isso levaria horas, o que ele enfaticamente não
tinha. Se ele não encontrasse Ryder antes que Warnock ou Yosef
descobrissem que ele estava desaparecido, eles acreditariam que ele escapara
e matariam Ryder em retaliação. Sem mencionar o fato de que Yosef
definitivamente tinha homens postados no pátio.

Luca sentiu o pânico crescer dentro dele novamente e tentou suprimi-


lo, apertando a arma tranquilizante com as duas mãos para lembrar a si
mesmo que não estava desamparado. Ele foi até a janela e espiou para fora.

O sol estava se pondo do outro lado do prédio, então ele estava na ala
leste. Era o canto sudoeste no topo do U ou no fundo?

Luca abriu a tranca da porta da frente e abriu-a. Quando ele estava


prestes a sair, avistou um guarda armado patrulhando o lado oposto do pátio.
Ele empurrou de volta para o escritório, com o coração na garganta, e se
afastou do vidro. Depois de alguns segundos, ele olhou para trás para ver o
guarda dar a volta na esquina no topo do U e desaparecer.

Ele não tinha muito tempo. Luca saiu do escritório sem se preocupar
em fechar a porta. Ele saiu para o asfalto lamacento ao longo da linha interna
do prédio, mantendo-se perto da parede.

Quando ele se aproximou do primeiro canto interno, Luca viu outro


guarda - ele estava fazendo o mesmo caminho que Luca, então ele estava de
costas para Luca e ainda inconsciente de sua presença. Luca parou de se
mover e se apertou contra os tijolos.

KM
Ele poderia atirar no homem na parte de trás da coxa agora mesmo e
seguir em frente; essa era certamente a opção mais segura. Mas isso não iria
levá-lo mais perto de encontrar Ryder.

Luca levantou a arma tranquilizante com firmeza e fechou o espaço


entre ele e o guarda até que ele estivesse a cerca de cinco metros de distância.
— Vire-se, disse ele, apenas em voz alta o suficiente para o homem ouvi-lo
sem alertar qualquer um que estivesse dentro do prédio.

O homem deu a volta, trazendo sua Glock para suportar os reflexos


mercuriais de alguém bem acostumado à violência. Luca se encolheu mas
ficou em pé; ele sabia que os guardas estavam sob ordens para não matá-lo.

Quando ele percebeu que era Luca, a mira do homem vacilou e ele
piscou surpreso. — Isso é uma arma tranquilizante? Ele disse incrédulo.

— Coloque sua arma no chão.

— Como você saiu?

— Coloque sua arma no chão! Você não vai usá-la contra mim, de
qualquer maneira.

O homem suspirou em concessão e virou a arma para segurá-la pelo


cano. Ele ofereceu a Luca em primeiro lugar. — Aqui, pegue-a.

— Você acha que eu sou um idiota? Luca não estava ficando mais perto
do cara do que ele já estava. — Coloque-a no chão e chute para mim.

KM
Com o ar de alguém acalentando uma criança irracional, o homem
colocou sua Glock no chão e deu um chute. A arma disparou apenas na
metade da distância entre eles antes de parar. Luca não tinha dúvida de que
era deliberado por parte do guarda e não tinha intenção de morder a isca.

— Seu rádio também, disse ele.

O rádio se juntou à arma no chão. Embora o homem provavelmente


tivesse mais armas, Luca não podia perder mais tempo. Ele não planejava
deixar o homem consciente por muito mais tempo, em todo caso.

— Para onde Yosef levou meu guarda-costas?

— O canto sudoeste.

Luca fez um barulho agudo de frustração. — E onde fica isso?

Uma expressão calculista cruzou o rosto do homem. Luca sacudiu a


cabeça.

— Tudo o que vou fazer é te derrubar, ele disse, — mas eu tenho outra
arma comigo. Se você me enviar na direção errada e Ryder morrer por causa
disso, eu juro por Deus que vou voltar aqui e atirar na sua cabeça de verdade.

A ameaça era um blefe - Luca não achava que ele conseguiria atirar
para matar alguém em legítima defesa, muito menos a sangue frio - mas ele
era um bom mentiroso o suficiente para fazer o guarda acreditar nele. Cada
traço de diversão deixou os olhos do homem. — Lá, disse ele, apontando para

KM
o canto inferior do edifício. Suíte 112.

Luca olhou para onde ele estava apontando, e o homem usou a


distração momentânea para correr em sua direção. Pego de surpresa, Luca,
reflexivamente, apertou o gatilho. O dardo pegou o homem na garganta -
puramente por acidente - e o derrubou como um animal furioso.

A imagem de Candace sendo baleada na garganta saltou para a frente


na mente de Luca, tão súbita e vívida que ele tropeçou para o lado,
engasgando. Ele descansou uma mão na parede do prédio e cuspiu no chão
enquanto lutava contra a vontade de vomitar. Lágrimas picaram seus olhos.
Ele estava fazendo o seu melhor para não pensar nisso, mas Jesus, porra,
Cristo, Candace estava morta.

Ela morreu por ele. Ele tinha que sobreviver a isso. Qualquer outra
coisa significaria que ela sacrificara sua vida em vão.

Luca cuspiu mais um bocado de bílis, engoliu em seco e endireitou-


se. Ele carregou outro dardo na arma antes de seguir na direção que o guarda
apontou, parando no caminho para aliviar a Glock de sua trava de segurança.

Quando Luca se aproximou das portas de vidro cuja pintura


descascada as proclamava como a entrada da Suíte 112, ele viu um guarda
parado do lado de dentro, encostado na parede e parecendo entediado até a
morte. Isso presenteou Luca com um dilema - ele não podia atirar no homem
através do vidro, mas se ele se aproximasse mais, o homem o veria e soaria o
alarme.

KM
Luca pegou um pedaço duro de neve junto com um punhado de terras
e recuou, agachando-se no chão, quase fora de vista. Ele atirou a neve em um
ângulo em direção à porta, em seguida, levantou a arma tranquilizante. O
guarda saiu do escritório um momento depois e examinou o pátio com uma
expressão intrigada. Luca atirou nele na coxa assim que os olhos arregalados
do homem pousaram sobre ele.

O barulho que o homem fez quando bateu no chão soou ridiculamente


alto para Luca. Ele congelou no lugar, esperando que alguém viesse
investigar. Um minuto inteiro passou sem nenhuma reação antes que ele
pudesse reunir coragem para seguir em frente. Carregando outro dardo,
Luca avançou para olhar através das portas de vidro. O escritório estava
vazio.

O primeiro guarda mentira para ele? Não, Luca teria sido capaz de
dizer. Além disso, este segundo sentinela não estaria aqui se não houvesse
algo para guardar.

Luca desarmou o guarda caído e se moveu para o escritório, ainda se


mantendo abaixado. Assim que entrou, ouviu movimentos e vozes vindo de
uma porta entreaberta do outro lado da sala. Luca se aproximou, feliz pelas
sombras que lhe proporcionavam alguma cobertura.

A primeira coisa que viu foi Ryder, amarrado a uma mesa pelos dois
tornozelos e pelo braço bom. Seu braço ferido estava livre e envolto em
bandagens limpas, mas fora isso, Ryder não parecia melhor do que antes. Ele

KM
nem parecia estar consciente. Dois guardas estavam entre ele e a porta, um
deles se movendo com compressas de álcool e seringas.

Luca desviou os olhos de Ryder e examinou o resto do quarto. Yosef e


Warnock discutiam ferozmente no meio, outro guarda estava a poucos
metros de distância, e... Michael Dorian estava escondido no canto,
encarando Ryder com o rosto comprimido e literalmente torcendo as mãos
como uma trágica heroína gótica.

— Por que diabos você está dando a ele epinefrina? Warnock disse
para Yosef.

— Isso vai mantê-lo até que ele chegue ao hospital.

— Você já lhe deu analgésicos.

— Eles não vão mantê-lo vivo. Yosef acenou para o guarda com a
seringa, que havia hesitado frente às objeções de Warnock. O homem
afundou a agulha no braço de Ryder; Ryder não se mexeu.

— Eu não sei porque você está se incomodando com ele. Você deveria
apenas matá-lo agora. Todos nós já teríamos ido embora quando Luca
descobrisse.

— Eu dei a minha palavra, disse Yosef. — Eu percebo que isso não é


algo que você possa entender.

Warnock revirou os olhos. Luca tinha que entregá-lo para eles - ele

KM
estava fazendo um ótimo trabalho fingindo que não estava prestes a fazer um
duplo ataque e matar todos na sala.

Voltando sua atenção para o canto da sala, Yosef disse: Dorian, tudo
está preparado para a transferência?

Dorian não respondeu. Ele ainda estava olhando para Ryder.

Yosef pigarreou. — Sr. Dorian?

Dorian pulou e piscou para Yosef por alguns momentos antes que ele
parecesse entender por que ele estava sendo abordado. Ele tirou o iPhone do
bolso, derrubou-o no chão e pegou-o com as mãos trêmulas. — Ah sim. A
conta falsa inicial nas Ilhas Cayman irá imediatamente dividir os fundos após
o recebimento e transferi-los para várias contas menores em países ao redor
do mundo, conforme o acordado.

— As contas não serão rastreáveis?

— Nada é verdadeiramente impossível de rastrear, mas eu tomei todas


as precauções, disse Dorian. — A coisa mais importante é manter o dinheiro
em movimento mais rápido do que as várias agências policiais podem obter
mandados.

— Você tem os números das contas aí? Perguntou Warnock,


apontando para o telefone de Dorian.

— Sim, tudo está pronto para ir.

KM
Yosef deu um aceno satisfeito. — D'Amato já concordou com nossos
termos. Ela está apenas esperando por seu banco para liberar o dinheiro.

— Isso levará pelo menos mais algumas horas. Dorian devolveu o


telefone ao bolso. Luca se perguntou se Yosef notou com que cuidado os
olhos de Warnock rastreavam seu movimento.

Se ele tivesse, ele não deu nenhum sinal disso. Em vez disso, ele olhou
para Ryder com uma sobrancelha franzida.

— Ele não tem mais algumas horas, não é? Disse Warnock, com tanta
alegria que Luca quase atirou nele.

Yosef suspirou. — É improvável.

Isso resolvia tudo. Luca tinha que agir agora. Enquanto Warnock
continuou insistindo com Yosef sobre matar Ryder, Luca olhou para a arma
com tranquilizante. Ele não podia enfrentar uma sala cheia de inimigos com
uma arma não letal que só levava uma rodada. Tomando uma respiração
trêmula, ele colocou a arma no chão e tirou a Glock do bolso.

Luca apontou a arma para Yosef e se levantou, entrando pela porta


aberta. Ele foi imediatamente confrontado pelos canos de cinco armas
enquanto todos se viravam para enfrentá-lo; só Dorian não estava armado.
— O acordo acabou, disse Luca, aliviado quando sua voz saiu firme.

Yosef recuperou-se do choque primeiro. — Isso é muito insensato,


Luca.

KM
— Ele vai morrer de qualquer jeito. O que tenho a perder? Luca
encontrou os olhos de Warnock, satisfeito com o pânico que viu lá. Yosef
poderia ter uma vendetta contra Luca, mas ele levaria a palavra de Luca
sobre Warnock a qualquer dia, e Warnock sabia disso.

Atrás dos dois guardas à esquerda de Luca, Ryder se moveu sobre a


mesa, os olhos piscando abertos. A adrenalina que eles lhe deram estava
começando a chutar. Como o resto dos homens estava de costas para Ryder,
Luca foi o único que percebeu. Felizmente, Ryder teve o treinamento e bom
senso para não chamar atenção para sua nova e melhorada consciência.

— Você nunca poderá tirá-lo daqui sozinho, disse Yosef, ainda


tentando aplacar Luca.

— Quem disse que eu vou a algum lugar? Talvez eu só queira levar


tantos de vocês comigo quanto puder.

Luca observou Ryder em sua visão periférica. Ele poderia dizer pela
expressão de Ryder que ele já havia entendido a situação. Ryder levantou seu
braço machucado - o único membro que não estava amarrado - e flexionou a
mão. Seus olhos foram para Luca e depois para o outro braço. Luca ouviu a
mensagem alta e clara: Compre-me tempo.

Tudo o que Luca tinha que fazer era manter os outros homens
distraídos. Isso nunca foi um problema para ele - e ele tinha a maneira
perfeita de fazer isso.

KM
Mantendo a arma apontada para Yosef, Luca lançou a Dorian o olhar
mais venenoso que conseguiu. — Como você pôde fazer isto comigo? Para a
minha mãe?

— Luca...-

— Eu quero saber o porquê.

A boca de Dorian trabalhou silenciosamente por um momento, e


então ele soltou um gemido de desespero. — Christopher Ruskin era meu
filho.

Levou toda a compostura de Luca para não soltar sua arma. —Ruskin?
Padre Ruskin?

— Sim.

— Isso é impossível, disse Luca, atordoado com a descrença. —Minha


mãe teria sabido...-

— Ninguém sabe. Eu nunca contei a ninguém. Eu tive um caso com a


mãe dele logo depois que me casei com minha esposa. Eu implorei para ela
abortar, mas ela se recusou. Não havia nada que eu pudesse fazer. Dorian se
endireitou, recuperando um pouco de sua espinha dorsal. — Depois que
minha esposa faleceu, eu estendi a mão para ele, mas já era tarde demais. Ele
me contou o que você fez com ele. Ele nunca se recuperou disso. A voz de
Dorian caiu para um sussurra quando ele disse: — Você matou meu filho.

KM
Luca olhou para ele. Em cima da mesa, o rosto de Ryder estava em
linhas duras de agonia enquanto ele usava seu braço ferido para abrir
lentamente as correias que seguravam a sua boa. Dorian os trouxera aqui,
para este momento. Ele financiara tudo o que o grupo Admirador fizera e os
enviara para a emboscada que matou Candace. Ele era a razão pela qual
Ryder estava morrendo.

Qualquer pena que Luca pudesse sentir por ele evaporou. — Ruskin
se matou.

— Você o levou até isso...-

— Você está brincando comigo? Você o fodeu muito antes de eu chegar


nele. Ele odiava você, você sabia disso? Você mandou dinheiro para a mãe
dele todo mês, mas se recusou a deixar que ela lhe dissesse seu nome. Ele
passou a vida inteira sabendo que seu pai não o queria - Yosef, posso ver você
se movendo.

Yosef, que andava de lado na direção da mesa de Ryder, parou


imediatamente. Dorian estava lentamente desmoronando.

— Ele não merecia o que você fez com ele, disse Dorian.

— O que eu fiz para ele? Luca soltou uma risada incrédula. — E o que
ele fez comigo? Você acha que ele era algum tipo de santo? Talvez eu devesse
lhe contar sobre todas as formas criativas que ele me fodeu enquanto eu era
estudante em sua escola.

KM
Dorian se encolheu para trás, parecendo enjoado.

Luca pressionou sua vantagem. — Ou talvez você gostaria de ouvir


sobre as coisas que ele queria de mim que eram tão depravadas, que eu não
quis fazer isso.

— Pare, disse Dorian. Sua voz falhando em um gemido.

Ryder tinha liberado ambos os braços e estava muito, muito


lentamente trabalhando nas algemas que prendiam suas pernas,
contorcendo seu corpo em uma tentativa de não se mover muito e chamar a
atenção de alguém. Os outros homens observavam Luca com a cautela
geralmente reservada a animais raivosos; os três guardas que não o
conheciam estavam com os olhos meio esbugalhados. Luca estava numa
corrida agora, e ele não poderia ter abrandar, mesmo se quisesse.

— Você quer saber a verdade, Sr. Dorian? Ele disse. — Seu filho era
um sádico, um valentão e um alcoólatra contumaz. Ele cometeu suicídio
porque não podia mais viver consigo mesmo. Antes de começar a me culpar
por isso, olhe para si mesmo, seu covarde. Você abandonou seu próprio filho
só para que sua esposa não deixasse sua bunda traidora como ela deveria...

Um soluço irrompeu de Dorian, e ele cobriu o rosto com uma mão.


Luca fechou a boca, o sangue correndo com adrenalina e triunfo.

— Você é cruel, disse Yosef. Vindo dele, era mais uma observação
neutra do que uma condenação.

KM
— Ele ajudou a me sequestrar. Acho que posso dizer qualquer coisa
que eu queira para ele.

— Esse impasse mexicano está ficando ridículo, disse Warnock. O


suor escorria por sua testa e lábio superior. — Só atire na perna dele. Isso vai
derrubá-lo sem matá-lo, e ele poderá dar apenas um tiro no máximo.

Yosef bufou. — É fácil dizer quando você não é a pessoa para quem ele
está apontando a arma.

— Isso ficou fora de controle. Dorian baixou a mão. — Tudo que eu


queria era que ele soubesse que ele machuca as pessoas, que suas ações têm
consequências. Eu não queria que ninguém se machucasse. Nunca pensei
que fosse tão longe.

Ryder já tinha uma perna fora das restrições - apenas mais uma para
ir. Luca só precisava mantê-los ocupados por mais alguns minutos.

— Bem, Warnock está prestes a levar isso muito mais longe. Ele sorriu
para Warnock. — Não é mesmo?

A carranca com que Warnock brindava Luca neste momento não era
nada intimidante, maculada como estava com o medo óbvio. Yosef deu-lhe
um olhar interrogativo.

— Por que você não mostra o celular em seu bolso? Perguntou Luca.
— Você sabe, aquele que detona o C4 que você tem em toda a parte sudoeste
do edifício.

KM
Com o canto do olho, Luca viu Ryder hesitar e então começar a se
mover mais rápido. Embora Yosef ainda tivesse a arma apontada para Luca,
ele estava olhando apenas para Warnock, com o rosto frio e prometendo
muita dor.

— Ele está mentindo, disse Warnock. — Ele está apenas tentando


encontrar uma saída para isso. Você sabe como ele é, ele pode fazer qualquer
um acreditar em qualquer coisa...

— É uma coisa boba de se mentir, já que pode ser facilmente


desmentida, disse Yosef.

Luca deu o golpe de misericórdia. — Ele me disse que ia se livrar de


você, depois me levaria com ele e todo o dinheiro. Ele nunca iria me deixar
ir. Ele está planejando trair você o tempo todo.

Yosef virou-se para apontar a arma para Warnock, que reagiu em


espécie. Os outros três guardas hesitaram indecisos, incertos de quem era o
alvo prioritário. Dorian parecia que ele estava tentando derreter na parede.

— Seu filho da puta, disse Yosef. — Eu sabia que você não era
confiável, eu disse aos outros isso mais de uma vez...-

Os dedos de Warnock ficaram brancos no cabo de sua arma. — Eu não


posso acreditar que você está aceitando a palavra dele sobre isso. Você não
entende? Isso é o que ele faz, ele joga com as pessoas...- sua voz sumiu
quando ele olhou por cima do ombro de Yosef. — Que porra...-

KM
Libertado de suas restrições, Ryder ficou de pé sobre a mesa e
envolveu seu braço ferido ao redor do guarda mais próximo em um
estrangulamento. Ele pegou a arma reserva do guarda em seu coldre e atirou
no segundo guarda na lateral da cabeça antes que qualquer homem tivesse
tempo de reagir.

Yosef, Warnock e o terceiro guarda abriram fogo, mas Ryder segurou


o guarda e o usou como um escudo de corpo. Ele atirou no terceiro guarda e
o derrubou. Sem qualquer decisão consciente de fazê-lo, Luca atirou em
Warnock no braço. Warnock gritou e largou sua arma.

Luca ficou de boca aberta, tão chocado consigo mesmo por atirar em
Warnock quanto Warnock por ter sido baleado. Ryder deixou o corpo do
primeiro guarda cair no chão. Seu braço machucado caiu para o lado e ficou
pendurado de um jeito inútil que sugeriu que ele usou as últimas reservas de
sua força, mas a arma permaneceu firme em sua mão direita enquanto ele se
levantava da mesa e confrontava Yosef.

Yosef olhou da arma de Ryder para Luca. — Em retrospecto, a


epinefrina pode ter sido uma má idéia, disse ele.

Atrás dele, Dorian era uma bagunça soluçante e trêmula. Warnock


estava agachado no chão; ele parou de apertar o braço sangrando para pegar
sua arma caída.

Luca deu alguns passos rápidos para dentro da sala. — Você quer que
eu atire em você em seu outro maldito braço?

KM
Warnock puxou o braço para trás com uma série de maldições
criativas. Luca voltou sua atenção para Yosef, que ainda estava em um
impasse tenso com Ryder. Yosef nunca se renderia; Luca o conhecia bem o
suficiente para ter certeza disso. E se Yosef pensasse que não havia saída, ele
levaria Ryder com ele como um último foda-se para Luca.

Mesmo quando o pensamento cruzou a mente de Luca, ele viu o dedo


de Yosef apertar o gatilho. Luca e Ryder dispararam ao mesmo tempo - a bala
de Luca bateu na coxa de Yosef, enquanto Ryder tomou um caminho mais
letal através do crânio de Yosef. Com uma espécie de entorpecimento
chocante, Luca observou o corpo de Yosef oscilar e tombar.

— Eu não vou deixar você escapar tão facilmente, sua puta. Warnock
tinha seu celular aberto em sua mão, e para seu horror, Luca percebeu que
ele acionou a contagem regressiva para os explosivos. — Se você quer que eu
desarme isso, abaixe suas armas. Dorian, me dê seu telefone.

Dorian jogou o iPhone para Warnock sem protestar. Ryder olhou para
o telefone-gatilho, olhou para Warnock e depois chutou Warnock com tanta
força no rosto que ele se esparramou no chão, inconsciente.

— Ryder!

— Ele não teria acionado a contagem regressiva enquanto ele estivesse


no quarto, a menos que ele soubesse que havia tempo suficiente para fugir.
Ryder empurrou Luca em direção à porta. — Corra.

KM
Luca não precisou ouvir duas vezes. Ele correu pela porta e pelo
escritório com Ryder logo atrás dele. Quando saíram do prédio para o
crepúsculo do pátio, Luca olhou para trás e viu que Dorian os havia seguido.

Um grito de alarme soou do outro lado do prédio, perto do topo do U.


Ou os outros guardas os viram ou descobriram os corpos inconscientes que
Luca havia deixado em seu rastro.

— O que fazemos agora? Perguntou Luca. Eles não tinham ideia de


quanto tempo o prédio demoraria para explodir - trinta segundos? Cinco
minutos?

Ryder apontou o queixo para o conjunto de SUVs estacionados no


centro do pátio. — Vamos roubar um carro.

— Não temos tempo para isso! Disse Luca enquanto corriam para os
carros. Ryder não podia nem usar o braço esquerdo, e os guardas estavam
caindo sobre eles.

— Pegue o meu. Dorian pressionou um conjunto de chaves na mão de


Luca. — É o último da fila.

Antes que Luca pudesse responder a isso, vários tiros soaram,


salpicando o chão e os carros ao redor deles com balas. Ele e Ryder se
abaixaram atrás de um dos SUVs, mas Dorian congelou no lugar como se
tivesse sido transformado em pedra. Luca agarrou a parte de trás de seu
paletó e o puxou para se proteger.

KM
— Você dirige, eu vou dar cobertura, disse Ryder para Luca.

— Eu não sei dirigir!

— Você tem que estar brincando comigo, Ryder murmurou. — Ok, eu


vou dirigir. Você entra na parte de trás e se deita no chão.

Uma vez que ele só tinha um braço funcionando, Ryder teve que enfiar
a arma no bolso para poder pegar as chaves de Luca. Eles correram em torno
do grupo de carros, indo para o Lexus GX de Dorian. Luca se encolheu a cada
crack das balas tentando acertá-los.

Ryder destrancou o carro remotamente e abriu a porta traseira assim


que chegou. Luca começou a subir, depois se virou. Dorian estava hesitante
a poucos metros de distância.

— Você vem ou o quê? Luca estalou. Ele ficaria muito feliz em quebrar
todos os ossos no rosto de Dorian, mas ele não ia deixar o homem aqui para
morrer.

Alívio lavou o rosto de Dorian e ele balançou a cabeça, subindo no


banco de trás atrás de Luca. Ryder fechou a porta, pulou no banco do
motorista e enfiou a chave na ignição. O motor ligou justo quando um jato
de balas acertou o pára-brisa traseiro. Luca deslizou para o chão sob a parte
traseira dos bancos da frente, pedindo a Dorian que fizesse o mesmo.

Encurvado até que sua testa estava quase tocando o volante, Ryder
jogou o carro no caminho de acesso e pisou no acelerador. O Lexus balançou

KM
para a frente, derrapando no asfalto congelado por alguns instantes antes de
se endireitar e acelerar pela estrada deserta à frente.

Eles não estavam fora de perigo ainda. Portas de carros bateram e


motores rugiram para a vida atrás deles, enquanto os guardas pulavam nos
outros SUVs para caçá-los.

— Você tem um telefone? Ryder gritou para Dorian. O carro derrapou


quando ele tomou um desvio, dirigindo-se à rodovia a distância. As balas
sacudiram o pára-choque traseiro.

Dorian balançou a cabeça, os olhos arregalados de terror. — Eu deixei


com Warnock.

A maldição de Ryder foi abafada pelo estrondo percussivo do prédio


explodindo. Luca ofegou, se acomodando contra o assento na frente dele,
enquanto as ondas de choque da explosão balançavam o SUV até mesmo a
meia milha de distância. A luz laranja brilhante do incêndio resultante
iluminou o interior do carro como fogos de artifício.

Luca estremeceu e esfregou inutilmente as orelhas que zumbiam. Ele


podia apenas ver o prédio através da janela sobre a cabeça de Dorian; era
uma imagem do inferno, desmoronando e colapsando sob seu próprio peso,
chamas saltando para as seções do prédio que não explodiram. Não havia
como Warnock ter sobrevivido àquilo.

Infelizmente, a explosão não deteve os homens que os perseguiam.

KM
Dois SUVs estavam se aproximando. Embora a maioria de seus tiros
passassem longe, alguns atingiram o Lexus, deixando Luca grato por Dorian
ser rico e paranóico o suficiente para investir em vidro à prova de balas e
pneus anti-furo.

— Não há como chegar à rodovia, disse Ryder. Havia uma qualidade


estranha e excessivamente cafeinada em sua voz, que Luca pensava ser obra
da adrenalina sintética em ação. — Tem mais alguma coisa por aqui, Dorian?
Uma cidade, um centro comercial?

— Há um...- um parque de trailers, a cerca de um quilômetro e meio


da estrada.

Ryder acelerou o motor, empurrando o Lexus para seus limites. Luca


agarrou-se à sua preciosa vida e rezou para que eles não derrapassem na
estrada escorregadia.

A entrada do parque de trailers ficaria semi-escondida na primavera


e no verão, mas as árvores nuas não faziam nada para esconder a cerca
decrépita que o rodeava. Uma placa de madeira torta com pintura desbotada
dizia BEM-VINDO À PLEASANT ACRES.

Ryder fez uma curva acentuada para a direita e atravessou


rapidamente a entrada da cerca. Ele correu pela estrada esburacada que
cortava o parque de trailer, apertando a buzina sem parar e desviando por
todo o lugar como o pior motorista do mundo.

KM
— O que você está fazendo? Perguntou Luca.

— Tentando fazer alguém chamar a polícia!

Seus perseguidores os seguiram até o parque de trailers, mas agora


eles ficaram um pouco para trás, como se tivessem entendido o plano de
Ryder. Ryder propositadamente bateu em uma caixa de correio de madeira
frágil, quebrando-a em pedaços. Uma linha triste de flamingos cor-de-rosa
de plástico foi a próxima vítima. Pessoas começavam a espiar pelas janelas
de seus trailers; alguns saíram para os degraus e gritaram obscenidades.
Luca viu mais de uma pessoa com um celular na mão.

No outro extremo do parque, a estrada girava em semicírculo para


voltar à entrada. Ryder seguiu-a, indo muito rápido e, de forma geral,
causando o maior tumulto possível. Os SUVs perseguidores começaram a
ficar para trás.

Quando saíram do parque de trailers e voltaram à estrada, Luca pôde


ouvir as sirenes se aproximando à distância, embora não houvesse como
saber se estavam vindo para eles ou para a explosão. Ryder não diminuiu a
velocidade. Ele disparou pela estrada, olhando no espelho retrovisor a cada
poucos segundos para verificar as posições dos mercenários. O tiroteio
cessara por completo.

Depois de um par tenso de minutos que pareceu a Luca um par de


dias, uma das sirenes tornou-se abruptamente mais alta, e as luzes vermelhas
e azuis giratórias projetaram sombras sobre o banco de trás do Lexus. Ryder

KM
imediatamente parou ao lado da estrada. Luca podia ver o quanto ele estava
tremendo, e não queria nada além de se arrastar até o banco da frente, sentar
no colo de Ryder e abraçá-lo.

Em vez disso, ele cautelosamente levantou a cabeça para olhar pela


janela de trás. Os SUVs não estavam em lugar nenhum e um carro da polícia
estacionou atrás deles. Um policial com uma grande barriga saiu, engatou o
cinto e caminhou em direção ao Lexus. Ryder baixou a janela do lado do
motorista.

O policial cruzou os braços e deu a Ryder um olhar severo. — Senhor,


você esteve bebendo?

— Bem que eu gostaria, disse Ryder.

KM
Capítulo Quarenta e Nove

Havia algo pesado no peito de Ryder. Ele não estava com dor... - ...na
verdade, ele se sentia fantástico, como se suas entranhas estivessem
fulgurando...- ...mas definitivamente havia algum tipo de peso comprimindo
sua caixa torácica. Era irritante o suficiente para forçá-lo a abrir os olhos
apesar de seu desejo de simplesmente se deixar levar pela onda quente e
flutuante que inundava seu corpo.

Ele estava em uma cama de hospital. Havia fios e tubos serpenteando


por todo seu corpo, incluindo o nariz, mas ele não estava preocupado. Ele
estava tão relaxado que não achava que fosse capaz de se preocupar com
alguma coisa.

Luca estava caído em uma cadeira ao lado de sua cama, dormindo.


Ryder sorriu ao vê-lo. — Luca, ele tentou dizer, mas saiu como um grunhido
rouco e seco, e ele tossiu.

Luca se levantou e olhou para ele com os olhos arregalados. — Deus,


você está acordado.

— Sim. Ei.

KM
Cuidadosamente, como se tivesse medo que Ryder fosse quebrar,
Luca traçou os dedos de uma mão sobre o rosto de Ryder. Ele parecia estar à
beira das lágrimas, embora Ryder não entendesse por quê.

— Como você está se sentindo? Perguntou Luca.

— Bem. Ryder olhou para baixo em seu peito. Não havia nada nele,
exceto alguns fios presos em sua pele nua, mas a sensação desagradável de
peso persistia. — Meu peito parece apertado.

— Os médicos disseram que isso poderia acontecer. Você consegue


respirar bem?

— Mmm-hmm. Encantado pela maneira como a luz fraca no quarto


brilhava nos cabelos negros de Luca, Ryder levantou a mão para tocá-lo. Seu
braço se movia tão lentamente que tinha a impressão de estar debaixo
d'água. — Você é tão bonito. Já te disse como você é bonito?

Luca sorriu. — Eu acho que talvez o seu gotejamento de morfina esteja


um pouco forte demais.

— Eu acho que está forte o suficiente.

— Você...- ...você se lembra do que aconteceu?

— Eu lembro até a… a ambulância. Tudo acabou bem? Ryder estava


exausto demais para perguntar algo mais profundo do que isso.

— Sim. Eu vou contar tudo sobre isso depois. Luca passou a mão pelo

KM
cabelo de Ryder. — Agora, no entanto, o médico precisa saber que você está
acordado. E tenho certeza que seus pais também vão querer saber.

— Eles estão aqui?

— Eles estão lá embaixo no refeitório. Eu vou buscá-los.

Luca beijou Ryder levemente nos lábios, depois apertou o botão de


chamada da enfermeira antes de se dirigir para a porta. Ryder não queria que
ele saísse, mas ele tinha que admitir que apreciava a vista. O que poderia
dizer? Odeio ver você sair, amo assistir você ir. Ryder riu.

Whoa, ok, talvez essa morfina estivesse um pouco forte.

— Você vai voltar? Ele perguntou.

— Eu realmente não saí, disse Luca por cima do ombro enquanto


fechava a porta.

Ryder fechou os olhos, preparando-se para afundar de novo na


felicidade da medicação. Menos de trinta segundos depois, no entanto, a
porta se abriu novamente e Morgan entrou correndo.

Passei por Luca no corredor disse ela, parando logo ao lado da porta.
— Ele me disse que você estava...- ...você estava acordado...-

Ela se desfez em lágrimas. Ryder piscou; alarme moderado era a


emoção mais intensa que ele conseguia reunir sob a influência dos
analgésicos potentes. — O que há de errado?

KM
— Você...- Morgan esfregou a mão sobre o rosto e se moveu para
sentar na cadeira que Luca tinha desocupado. — Não tínhamos certeza de
que você acordaria.

Levei um tiro e fui levado como refém, Morgan. Um cara merece um


pouco de descanso depois disso.

— Jake, isso foi há três dias.

Ele olhou para ela, sem entender.

Morgan franziu a testa. — Luca não te contou?

— Não. Que dia é hoje?

— Sábado.

Sábado? O ataque foi na quarta-feira. Ryder lutou para se sentar, um


pouco de sua calma drogada se arrastando para longe. Morgan colocou a mão
em seu peito e o fez ficar parado.

— Não, até que o médico cheque você, disse ela.

Ryder parou de se mover; ele realmente não estava chegando a lugar


nenhum, de qualquer maneira. — Por que diabos eu fiquei inconsciente por
três dias?

— O médico deve realmente ser o único a lhe dizer isso.

— Morgan. Por favor.

KM
Com grande relutância, Morgan disse: — Eles te levaram para a
cirurgia assim que você chegou aqui. Eles tiraram a bala e consertaram o
dano no nervo, mas...- Ela mordeu o lábio. — Merda. Você... você morreu.

— O que? Eu o quê?

— Porra, você não deveria estar ouvindo isso de mim. Eu realmente


não entendo isso. Tudo o que eles disseram foi que você teve algum tipo de
reação à anestesia e seu coração parou. Foi por menos de um minuto, mas
quando você saiu da cirurgia, eles não conseguiram te acordar...-

Ela começou a chorar de novo. Ryder estendeu o braço bom para


pegar a mão dela, dando um aperto. Ele conseguia mover seu braço
machucado, o que era um alívio...- ...especialmente quando ele se lembrou
do peso morto e entorpecido dele enquanto eles escapavam daquele parque
industrial...- mas estava muito duro e pesado para ele querer foder com ele
agora. Ele tinha uma suspeita de que ia doer como um filho da puta assim
que a morfina desaparecesse.

Ryder segurou a mão de Morgan enquanto ela fungava, sua própria


mente girando. Ele morrera. Ele estivera morto, mesmo que apenas por
alguns segundos, mas ele não se lembrava de nada. Ele não deveria ter visto
uma luz branca brilhante ou parentes mortos ou algo assim? O pensamento
de que sua consciência poderia simplesmente ter deixado de existir sem que
ele recuperasse a consciência, tocou um medo profundo e primitivo dentro
dele e o deixou tonto.

KM
Morgan pegou um lenço da caixa na mesa ao lado da cama de Ryder
e assoou o nariz. — Luca tem sido muito bom, disse ela. — Ele mal saiu do
hospital desde que vocês chegaram. Mamãe e papai o amam. Até mesmo Will
gosta dele.

Eu realmente não saí, disse Luca. Calor enrolou no peito de Ryder,


facilitando a constrição ali. — Eles não descobriram que ele e eu...-

— Oh não. Ele está atuando como se se sentisse culpado porque você


se machucou protegendo-o. Morgan enxugou os olhos, se animando um
pouco. — Ele abaixa a guarda quando é só ele e eu, no entanto. Eu posso ver
o quanto ele se importa apenas pelo jeito que ele olha para você.

Houve uma leve batida na porta e, em seguida, uma mulher com um


uniformes branco de enfermeira entrou no quarto, empurrando um daqueles
computadores sobre rodas. — É bom finalmente ver você acordado, Sr.
Ryder, ela disse alegremente. — Eu sou Ebony. Como você está se sentindo?

Ryder deu a Morgan um pequeno aceno para que ela soubesse que ele
apreciava o que ela dissera a ele, soltou a mão dela e entregou-se aos
cuidados de Ebony. Poucos minutos depois, seus pais se juntaram a eles...-
ambos perto das lágrimas - e em seguida uma equipe de médicos. Ryder fez
o seu melhor para processar o fluxo rápido de informações enquanto o
examinavam.

Ele sofreu uma parada cardíaca durante a cirurgia devido a


complicações da anestesia. Ela durou quarenta e três segundos, o que não

KM
costumava ser longo o suficiente para causar danos permanentes. Agora que
ele recuperou a consciência, eles estavam confiantes de que não haveria
efeitos a longo prazo. Ele precisaria de fisioterapia para o braço, mas ele
poderia esperar que o funcionamento completo fosse restaurado dentro de
alguns meses.

Ryder apenas balançou a cabeça e concordou com tudo que eles


disseram, oprimido por todo o barulho e atividade. Quando o último dos
médicos deixou seu quarto, ele se contorceu e se aproximou dos limites
externos de sua resistência. A morfina também estava começando a perder
sua potência.

— Will disse que vai dar uma passada mais tarde, disse Alyssa, dando
um tapinha na mão de Ryder. — Ele estava aqui antes, mas ele teve que ir
trabalhar.

— Ok. Era uma luta para Ryder apenas manter os olhos abertos, e
muito menos para falar. — Charlie sabe?

Joe assentiu. — Ela não conseguiu sair. Vou ligar para ela hoje à noite.

Ryder desistiu de lutar e deixou seus olhos se fecharem. — Luca ainda


está aqui?

— Acho que ele está na sala de espera no final do corredor, disse


Morgan. — Você quer vê-lo?

— Por favor.

KM
Alyssa beijou sua testa, e sua família silenciosamente saiu. Parecia que
Luca apareceu magicamente ao seu lado no segundo seguinte, embora Ryder
soubesse que ele devia ter cochilado.

Luca se sentou na cadeira. — Morgan disse que você queria falar


comigo?

— Você disse que me contaria o que aconteceu.

— Isto pode esperar. Parece que você está meio dormindo.

Ryder balançou a cabeça, o que parecia pesar mil quilos. Ele já tinha
perdido a alta flutuante que ele estava pilotando há uma hora. — Eu preciso
saber.

— Ok. Luca colocou a cadeira mais perto da cama e enfiou a mão na


de Ryder. — Dorian está sob custódia policial agora. Ele confessou tudo, e
entregou um cofre cheio de provas - gravações de conversas, prova de
transferências bancárias - que ele mantinha como um seguro. Ele pode
incriminar todos que estiveram envolvidos. É complicado porque cruza
tantas linhas jurisdicionais, mas o FBI assumiu e está fazendo o melhor para
rastreá-los.

Alívio tomou conta de Ryder. — Eles não serão mais uma ameaça para
você.

— Não. A polícia passou pelo parque industrial depois que o incêndio


foi apagado. Warnock definitivamente está morto. E…-

KM
Houve uma ligeira hesitação na voz de Luca; sua mão se contraiu
dentro da mão de Ryder. Ryder forçou seus olhos abertos. — O que há de
errado?

Luca pegou o cobertor de Ryder com a mão livre. — Os homens que


eu acertei com tranquilizantes quando estava tentando te encontrar... eles
ainda estavam inconscientes quando o prédio pegou fogo. Todos eles
morreram.

— Você não os matou, disse Ryder. — Luca. Olhe para mim. Você não
é responsável pelo que aconteceu com eles. Eles participaram de bom grado
do sequestro e do assassinato. Eles mereceram tudo o que receberam. Você
não pode se sentir culpado por isso.

— Eu sei disso. Eu realmente não me sinto culpado, eu apenas sinto...


que deveria ter havido outro jeito. Como se eu devesse ter encontrado outro
jeito.

Ryder esfregou o polegar sobre as costas da mão de Luca em silenciosa


empatia. Ele conhecia bem esse sentimento- uma parte da alma humana que
recuava por ter tirado uma vida, não importa o quão supostamente
justificado fosse. Quantos homens ele matou na quarta-feira? Nove dez?
Foram tantos que ele perdeu a conta. Ele não se arrependia de uma única, e
faria tudo de novo se precisasse, mas isso não significava que essas vidas não
pesariam sobre ele por muito, muito tempo.

— A polícia ainda não liberou o corpo de Candace para seus pais, então

KM
o funeral dela não é até terça-feira, disse Luca. — Você acha que vai estar fora
daqui?

— Vou me certificar disso.

— Siobhan está uma bagunça. Ela não pode nem trabalhar; ela
continua quebrando uma e outra vez...- Luca parou e limpou a garganta.

Ryder reconheceu os sinais de um homem tentando não chorar


quando os via, e ele sabia o quanto Luca, em particular, odiava chorar na
frente das pessoas. Ele colocou a mão livre em cima de suas unidas. — Baby,
você deveria ir para casa e dormir um pouco. Morgan me disse que você
esteve aqui quase todo esse tempo.

— Eu não podia sair. Eu estava com medo que você fosse morrer...- de
novo, quero dizer.

— Bem, estou bem agora. Eu juro. Isso era principalmente verdade,


embora as dores no braço ferido de Ryder e as várias contusões onde ele
havia sido espancado e acertado pela pistola estivessem subjugando a
morfina em picos progressivamente mais frequentes.

Luca se inclinou para beijar a parte de trás da mão de Ryder, ainda


relutando em sair. Ryder não queria realmente que ele saísse também, mas
ele estava preocupado com as olheiras profundas sob os olhos de Luca. Havia
barba por fazer nas bochechas de Luca, o que Ryder nunca tinha visto antes.
O estresse que ele deve ter passado nos últimos três dias...

KM
— Meus pais acham que você é um presente de Deus para a
humanidade, disse Ryder. — Mas obrigada por não deixá-los saber que você
é meu namorado.

— Eu não queria que eles surtassem mais do que já...- espere, o que
você disse?

Ryder encontrou os olhos assustados de Luca. — Eu sei que há coisas


que temos que resolver, mas se você ainda quiser...-

— Eu sei, disse Luca. — Eu quero. Ele se inclinou e beijou Ryder, gentil


o suficiente para não machucá-lo, mas tão completamente que Ryder se
sentiu bem e verdadeiramente reivindicado quando acabou. — Idiota,
acrescentou em um sussurro carinhoso.

Ryder não podia discutir com isso. Ele abriu a boca para se desculpar
por sua teimosia, depois reprimiu uma careta quando uma aguda pontada de
dor atravessou seu corpo.

Luca franziu a testa. — Você está com dor? Você sabe que tem um
fluxo de analgésicos, certo? Ele gesticulou para o botão na cabeceira da cama
de Ryder que controlava o fluxo de morfina.

— Eu não preciso...-

— Sim, essa parvoice machista não vai funcionar comigo. Desculpa.

Luca apertou o botão. O alívio que Ryder sentiu foi imediato e tão

KM
doce.

— Foda-se, ele gemeu. Ele podia entender totalmente como as pessoas


se viciavam em opiáceos.

— Você vai se curar mais rápido se não estiver com dor, disse Luca. —
Mesmo um cara grande e durão como você deve ser capaz de apreciar isso.

— Você está tirando sarro de mim, Ryder murmurou, mas ele não se
importava. Luca podia tirar sarro dele tudo o que ele queria. Luca era seu
namorado. Seu namorado doce, lindo e cruelmente inteligente.

A dor era a única coisa mantendo Ryder acordado, então a nova dose
de analgésicos o arrastou rapidamente para a beira do sono.

— Ei, Luca, disse ele, os olhos já fechados.

— Hmm?

— Você faz meu coração parar. Pegou isso?

A risada baixa de Luca seguiu Ryder para o mundo de morfeu.

*****

Uma vez que ele teve certeza que Ryder estava dormindo, Luca deu a

KM
ele um último beijo e saiu do quarto. Ashton estava esperando por ele no
salão da família no final do corredor; Ele levantou-se assim que Luca entrou.

— Como ele está?

— Ele vai ficar bem. Tendo dito as palavras em voz alta, Luca
finalmente se permitiu acreditar nelas. Ele soltou um suspiro trêmulo.

Ashton puxou-o para um abraço. Luca descansou a cabeça no ombro


de Ashton, confortando-se no cheiro familiar do perfume preferido de
Ashton.

Quando Luca foi liberado da sala de emergência na noite de quarta-


feira, Ashton estava lá, andando de um lado para o outro na sala de espera.
Luca achara que estava alucinando até que Ashton o viu e se apressou.

— Acontece que meu melhor amigo sendo sequestrado e mantido


refém sob um pedido de resgate foi uma ótima desculpa para fazer meus pais
me deixarem fazer o que eu quiser, ele disse. Então ele começou a chorar e
rir ao mesmo tempo, abraçando Luca da mesma maneira que fazia agora. Ele
tinha sido a rocha de Luca desde então.

— Você vai para casa? Ele perguntou.

— Sim.

— Quer que eu vá com você?

Luca assentiu. Ryder poderia não gostar, mas Luca não tinha intenção

KM
de fazer nada sexual com Ashton, e ele precisava do apoio agora.

Adam, Georgina e o guarda-costas de Ashton, Bryce, os seguiram até


a recepção, onde dois guardas da propriedade esperavam por eles. Com
Candace morta, Ryder no hospital e Siobhan incapacitada pela tristeza, a
equipe de proteção de Luca estava severamente depauperada. Felizmente,
Willis tivera apenas algumas costelas machucadas e uma pequena concussão
proveniente do acidente de carro. Ele voltaria ao trabalho na segunda-feira.

A volta para casa foi silenciosa, Ashton sentado no meio do banco


traseiro, para que Luca pudesse se apoiar nele. Luca mal dormira nos últimos
três dias; ele tinha sido tomado pelo medo irracional de que o momento em
que ele dormisse seria o momento em que Ryder morreria de verdade.
Adrenalina, medo e cafeína o estiveram mantendo até o momento, mas agora
que dois dos três não eram mais um problema, o efeito de todas aquelas
noites sem dormir estava começando a cobrar seu preço. Ele ia cair com
força.

Luca saltou do carro quando chegaram à propriedade, já ansioso para


desmaiar na frente da TV. Clarke, que estava do lado de fora do escritório de
Evelyn, parou-o no meio do vestíbulo.

— Luca, sua mãe quer falar com você.

— Sobre o que?

Clarke encolheu os ombros. — Você vai ter que perguntar a ela.

KM
Luca estreitou os olhos. Clarke praticamente morava no bolso de trás
de Evelyn; ele sabia tudo o que ela sabia. Sua evasiva significava que ele não
queria dizer isso na frente de Ashton ou ele não queria dizer isso para Luca.
Nenhuma das perspectivas era reconfortante.

— Você se importa de esperar lá em cima? Luca perguntou a Ashton.

— Claro que não. Ashton apertou o ombro de Luca e se dirigiu para a


escada.

Depois de uma batida superficial na porta, Luca entrou no escritório


da mãe. Evelyn estava sentada em sua mesa, como de costume, mas ela não
estava fazendo nada. Ela estava apenas olhando para o espaço, uma única
folha de papel presa frouxamente em suas mãos.

Evelyn já estava no hospital quando a ambulância chegara com Luca.


Embora ela o tivesse segurado com força suficiente para privá-lo de oxigênio,
ela não dissera uma palavra. Ela ficou ao seu lado a noite toda sem dizer nada
além de monossílabos. Os últimos três dias não demonstraram muita
melhora.

Luca a viu reagir assim uma vez antes, quando seu pai morrera.
Considerando que muitas mulheres teriam quebrado ou ficado histéricas,
Evelyn simplesmente se tornara uma concha de uma pessoa, passando pelos
movimentos e observando o mundo com os olhos vazios. Isso tinha
aterrorizado Luca naquela época, e ainda o assustava agora.

KM
— Mãe, disse ele.

Ela sofreu um sobressalto e olhou para ele, exibindo uma pálida


imitação de sorriso. — Querido. Entre, sente-se. Harrison me disse que o Sr.
Ryder finalmente acordou?

Jesus, Evelyn estava realmente em um lugar ruim, se ela estava


chamando Clarke pelo seu primeiro nome. Luca se moveu para se sentar em
uma das cadeiras na frente de sua mesa. — Sim. Os médicos disseram que ele
ficará bem. Ele vai precisar de muita fisioterapia para o braço, no entanto.

— Claro. Nós não vamos colocá-lo de volta à ativa até que ele esteja
curado.

Os olhos de Evelyn caíram para o papel que ela estava segurando.


Luca esperou que ela lhe dissesse o que ela queria, mas parecia que ela havia
se perdido em seu mundo de novo. — Clarke disse que você queria falar
comigo, disse ele quando o silêncio se arrastou por muito tempo.

— Hmm? Ah, sim. Evelyn colocou o papel na mesa, e pegou Luca de


surpresa, levantando-se e sentando-se na cadeira ao lado dele.

Luca a observou com cautela. Evelyn usava sua mesa deliberadamente


para estabelecer seu domínio sobre os visitantes de seu escritório; o fato de
ela sentir necessidade de se sentar ao lado dele era um mau sinal. Seu
sentimento de alarme aumentou quando ela tomou vários falsos inícios para
finalmente começar a falar.

KM
— Michael Dorian se matou esta manhã, disse ela.

Tal pai, tal filho, foi o primeiro pensamento de Luca, e ele ficou
imediatamente envergonhado disso. — Como?

— Aparentemente ele subornou um guarda a levar-lhe analgésicos


suficientes para que ele tomasse uma overdose. As mãos de Evelyn estavam
apertadas em seu colo com tanta força que os nós de seus dedos estavam
totalmente brancos. Ela parecia ao mesmo tempo um vidro afiado e
terrivelmente frágil - que se despedaçaria à menor provocação.

— Ele deixou uma nota?

— Sim. Os olhos de Evelyn foram para o papel em sua mesa antes de


voltar para suas mãos.

Oh. Oh Deus. Claro que Dorian teria endereçado sua nota de suicídio
a Evelyn - a amiga íntima que ele havia traído da pior maneira possível.

— Ele já registrou seu testemunho, então o agente encarregado do FBI


me garantiu que isso não afetará o caso, disse ela.

— Você está bem? Luca perguntou. Era uma pergunta estúpida,


porque Evelyn obviamente não estava bem, mas ele não sabia mais o que
dizer.

— Estou... aliviada.

Luca levantou as sobrancelhas. — Por quê?

KM
— Porque agora eu não tenho que matá-lo eu mesma.

A voz de Evelyn soava distante; ela estava olhando para a mesa


novamente. Luca soltou um suspiro frente a seu drama.

— Eu sei que o que ele fez foi imperdoável, e eu não vou fingir que
sinto muito que ele está morto, mas você realmente não...-

Luca parou quando a mãe virou a cabeça para olhar para ele. Ela não
disse nada, mas não precisou. Sua expressão dizia tudo - se Dorian não
tivesse cometido suicídio, ela teria encontrado uma maneira de matá-lo.
Luca podia ver isso em seus olhos.

— Mãe, disse ele, balançando para trás em sua cadeira.

— Ele quase te matou. Um pouco da aparência frágil de Evelyn


desapareceu; uma nota de raiva entrou em sua voz e fortaleceu-a. — Ele
causou dor a você por meses e ele usou seu relacionamento comigo para fazê-
lo. Eu não poderia viver comigo mesma sabendo que ele ainda estava
respirando.

— Mas... você...- Luca hesitou. — Você realmente acha que poderia


fazer isso? Tomar a vida de alguém?

— Eu matei o homem que assassinou seu pai.

As palavras pairaram no ar entre eles. Evelyn encontrou os olhos de


Luca sem vacilar; ele olhou atordoado de volta para ela.

KM
— Não, ele disse finalmente. — Um dos seus guarda-costas atirou nele.
Eu vi.

— Eu não estou falando sobre o homem que puxou o gatilho. Estou


falando do homem que ordenou a tentativa em sua vida em primeiro lugar.

Luca se sentiu desanimado, como se o chão estivesse caindo embaixo


dele. — Você disse à polícia que você não sabia quem era.

— Eu menti, disse Evelyn. — Esse homem... - é mais seguro se você


não souber o nome dele -...ele tinha imunidade diplomática. Se eu tivesse
contado à polícia o que eu sabia, o máximo que eles poderiam fazer era
deportá-lo, e nunca teria havido justiça pelo que ele fez.

— Oh, meu Deus. Luca não podia mais ficar parado. Ele se levantou e
andou a alguns metros de distância e de volta para Evelyn. — Então, quando
você diz que o matou, quer dizer que pagou alguém ou providenciou para que
ele sofresse algum tipo de acidente, certo?

— Não. Fui à casa de verão dele quando soube que ele estaria sozinho
e atirei na cara dele.

Luca virou-se, encostando-se à borda da mesa. Evelyn mantinha uma


postura tensa, a expressão reservada enquanto esperava pela reação de Luca,
mas não havia um único vestígio de vergonha ou arrependimento em sua
linguagem corporal. Uma alegria selvagem e feroz inchou dentro de Luca,
assustando-o ao mesmo tempo em que o enchia de euforia.

KM
— Ele ficou sabendo? Perguntou Luca. — Antes de morrer, ele soube
por que você estava lá para matá-lo?

— Eu me certifiquei disso.

Luca assentiu. Uma lágrima quente correu por sua bochecha,


surpreendendo-o - ele nem sabia que estava chorando. A mesa era a única
coisa que o mantinha de pé.

Evelyn também se levantou. — Eu tenho debatido comigo por anos


sobre se eu deveria lhe dizer isso. Acho que agora você tem idade para lidar
com isso e merece a verdade. Mas eu também precisava que você soubesse
que, quando digo que faria qualquer coisa para protegê-lo, estou falando
sério.

Ela se aproximou dele, estendendo a mão para levantar seu queixo.


Embora Luca esperasse que ela dissesse algo ridículo sobre suas lágrimas,
tudo o que ela fez foi enxugá-las com o polegar.

— Você é meu filho, disse ela, —...e não importa o quanto possamos
discordar, você é a coisa mais importante do mundo para mim. Eu não quero
que você seja ferido por ninguém.

Evelyn nunca havia dito nada assim para ele antes; Luca não sabia
como responder. Ele ainda estava se recuperando da revelação de seu
segredo, e estava cansado demais para conseguir se defender contra as
dezenas de emoções poderosas que martelavam seu coração, exigindo ser

KM
sentidas.

— Você e eu nunca fomos muito próximos. Evelyn o soltou, mas ela


não se afastou. — A culpa é minha. Depois que seu pai morreu... Ela balançou
a cabeça. — Você parece muito com ele. Eu te mandei para a Europa para
você ficar seguro, mas havia uma parte de mim que estava feliz por eu não
ter que te ver todos os dias e ser lembrada continuamente que seu pai foi
tirado de você.

— Você não...-

— Ele morreu salvando minha vida, Luca. Você sabe como é isso
agora.

Sim ele sabia. Luca tinha amado Candace, e a culpa e autoaversão que
ele sentia sempre que ele pensava sobre como ela tinha morrido era tão
insuportável que o sufocava. A proximidade de Ryder com a morte tinha sido
tão agonizante. Quão pior deve ter sido para sua mãe passar por isso com o
homem com quem ela estava casada há mais de uma década?

Luca havia culpado Evelyn pela morte de seu pai por anos, mas nunca
lhe ocorrera que ela pudesse se culpar.

— Eu costumava pensar que você o havia deixado morrer, disse ele


hesitante. — Mas você não fez. Você não poderia saber que ele faria o que ele
fez, e não houve tempo suficiente para você pará-lo, de qualquer maneira.

— Deveria ter sido eu.

KM
— Mãe, não. Luca ficou horrorizado, não apenas pelo que Evelyn
dissera, mas porque era algo que ele mesmo havia pensado em várias
ocasiões.

Ela deu-lhe um sorriso triste, como se soubesse o que ele estava


pensando. — O mundo precisa de pessoas como seu pai mais do que de
pessoas como eu. E se você tivesse que perder um de seus pais tão jovem, eu
deveria ter sido a única a ir. Eu nunca serei o tipo de mãe que você precisa.

O que Luca deveria dizer? Isso não é verdade? Era verdade, e ambos
sabiam disso. Luca não ia mentir para ela em uma tentativa fútil de fazê-la
se sentir melhor. Evelyn não era o tipo de pessoa que apreciaria isso.

— A cada ano que passa, vejo você se tornando cada vez mais parecido
comigo, e tudo que faço para impedir isso só parece levá-lo mais perto desse
ponto, ela disse. — Eu não quero esse tipo de vida para você, Luca.

— Que tipo de vida?

— O tipo que faz as pessoas quererem te matar.

Luca se encolheu, recuando, mas Evelyn pegou a mão dele.

— Estou falando de mim mesma, não de você. Mas você está indo na
mesma direção. Se eu tomei decisões parentais questionáveis no passado, é
porque eu posso ver o que está vindo e isso me assusta.

— Eu não quero acabar lá também, disse ele. Por mais que às vezes

KM
odiasse admitir, havia muitas coisas que Luca admirava em Evelyn - ela era
uma mulher poderosa e independente, implacável e inteligente, respeitada
por seus colegas. Mas não era preciso ser um gênio para descobrir que a vida
de Evelyn era tão fria e vazia quanto a mansão em que ela morava. Parte dela
havia morrido com Antonio, e essa parte nunca mais voltaria.

— Você e eu sabemos como é ir longe demais, disse Evelyn. Ela ainda


estava segurando a mão dele. — Quando seu pai estava vivo, era ele quem me
retinha, a pessoa que me lembrava, sempre que preciso, que os fins nem
sempre justificam os meios. Ele me deu uma razão para querer ser uma
pessoa melhor. Quando você encontra essa razão, Luca, você precisa segurá-
la bem, porque perder é quase pior do que nunca ter tido ela em primeiro
lugar.

De pé, segurando a mão da mãe e olhando nos olhos dela, Luca sentiu
um raro momento de entendimento com ela. Ela estava certa - eles não
entravam em conflito porque eram diferentes, mas sim, porque eram
parecidos demais. Ambos eram teimosos, dominadores, insistentes em
seguir seu próprio caminho. Mais do que isso, porém, eles compartilhavam
a vontade de cruzar a linha quando necessário, o instinto de proteger e
vingar, a percepção de que às vezes você tinha que fazer a coisa errada pelas
razões certas. Havia coisas sobre Luca que ninguém além de Evelyn poderia
entender de verdade.

Luca adorava seu pai, mas no final do dia, ele sempre fora o filho de
sua mãe.

KM
Capítulo Cinquenta

Ryder recebeu alta do hospital na segunda-feira à noite com uma


receita de Vicodin e uma consulta com um fisioterapeuta três dias por
semana. Seus pais tentaram convencê-lo a ficar com eles, mas Ryder insistiu
em voltar para a propriedade.

— Todas as minhas coisas estão lá, ele disse, embora a única coisa com
que ele se importava em ter perto fosse Luca.

Eles não fizeram sexo naquela noite, mas Ryder a passou na cama de
Luca de qualquer maneira. Luca não conseguia parar de tocá-lo; Ele estendia
a mão a cada poucos minutos para tocar ou beijar. Ryder sentiu a mesma
intensa necessidade de se reafirmar repetidamente da vitalidade de Luca. Ele
teve dificuldade em se permitir acreditar que Luca tinha conseguido passar
por sua provação fisicamente incólume.

Terça-feira de manhã, o dia do funeral de Song, Ryder estava na frente


de seu armário aberto vestindo apenas boxers e uma camiseta. Ele olhou com
um pressentimento para o saco com zíper contendo seu uniforme militar,
que ele tinha retirado da parte de trás do armário.

KM
Como veterano da Força Aérea dos Estados Unidos, Song estava tendo
um funeral militar. Para Ryder - um companheiro veterano - participar com
roupas civis seria além de desrespeitoso.

Ele se endireitou e abaixou o zíper.

O uniforme azul estava tão claro e limpo quanto no dia em que ele o
embalara. Ryder levou mais tempo do que o habitual para se vestir, devido
às restrições impostas pela rigidez de seu braço esquerdo. Ele vestiu a camisa
branca, as calças azuis escuras, o paletó combinando com todas as
ornamentações e insígnias. Cada resvalar do tecido contra a pele dele
suscitava memórias que Ryder não queria visitar novamente. Suas mãos
tremiam enquanto ele tenava amarrar a gravata.

Ryder colocou seus pés em sapatos pretos polidos e se moveu para sua
cômoda, abrindo sua gaveta de tralhas Ele começou a procurar lá dentro e,
em seguida, puxou a mão para trás com um ofego arquejante. Ele não estava
pronto para isso ainda.

Song tinha sacrificado sua vida por Luca. Passar algumas horas em
tumulto emocional era o mínimo que Ryder podia fazer para honrá-la.

Ele apertou a mandíbula e tirou as medalhas em meio à bagunça da


gaveta. Por um minuto inteiro, ele apenas as segurou na palma da mão,
odiando tudo o que elas representavam. O rosto de Jimmy brilhou em sua
mente, atormentado pela agonia e implorando pela morte.

KM
Ryder engoliu e colocou as medalhas em seu paletó, em seguida,
colocou o quepe de serviço em sua cabeça. Ele teve um vislumbre de si
mesmo no espelho acima de sua cômoda, a espinha se endireitando
instintivamente. Ele realmente nunca quis ser um soldado, e se tivesse que
fazer tudo de novo, ele teria encontrado outro jeito de ir para a faculdade -
mas ainda havia um inegável senso de orgulho, de fraternidade e
solidariedade, que ao ver-se em seu uniforme suscitou dentro dele
novamente. Nem todas as suas memórias de serviço eram negativas.

Embora seu fisioterapeuta tenha lhe dito para não poupar muito o seu
braço, ela também recomendou que ele usasse uma funda quando saísse em
público para evitar empurrá-lo. Ryder colocou a alça por cima do ombro e
apoiou o braço dentro. Pegou o sobretudo preto, o cachecol e as luvas de
couro que completavam o uniforme de gala de inverno e desceu as escadas
até o vestíbulo.

Luca já estava lá embaixo, falando baixinho com McCall. Sua pele


normalmente pálida estava mais pálida ainda com a profunda tristeza; o
preto contrastante de seu vestido modesto a fazia parecer um fantasma. O
próprio Luca estava usando um elegante terno preto que até mesmo um
plebeu como Ryder poderia dizer que tinha sido feito sob medida. Ele olhou
por cima do ombro quando ouviu Ryder se aproximando, então deu uma
olhada e virou-se com a boca entreaberta.

Ryder se juntou a eles em silêncio. Depois de um momento, Luca pôs


a mão no braço dele.

KM
— Obrigado, ele disse baixinho, os olhos quentes.

Ryder de repente não conseguia se lembrar do que ele tivera tanto


medo.

Song era muito querida entre os funcionários; quase todos os


funcionários da propriedade que não estavam de serviço decidiram
comparecer ao seu funeral. A Sra. D'Amato havia alugado várias limusines
para transportar todo mundo, embora ela e Luca ainda andassem em um dos
Range Rovers mais seguros.

Quando chegaram à grande igreja presbiteriana em DC, onde o


serviço funerário estava sendo realizado, Luca insistiu em sentar na parte
traseira. Ryder pensou que a Sra. D'Amato iria discutir com ele, mas no
último segundo, ela apenas assentiu e tomou o penúltimo banco no corredor
central. Luca, McCall, Sheila e Ethan Orwell a seguiram. Ryder e Clarke
sentaram no banco logo atrás deles.

Deixando seus olhos vagarem pela igreja, Ryder encontrou o Coronel


e a Sra. Song sentados na primeira fileira. Embora ele nunca os tivesse
encontrado, não havia como confundi-los com ninguém mais além de serem
os pais de Song; a angústia em seus rostos era indubitavelmente a de um
casal que perdera um filho. Deus, isso ia chupar.

O serviço começou dez minutos depois. Não era tão horrível quanto
Ryder temia, mas ainda era muito deprimente. McCall chorou o tempo todo,
uma mão agarrada à de Luca e a outra segurando um lenço nos olhos. Luca

KM
permaneceu sem lágrimas, embora sua postura fosse dolorosamente rígida e
sua mandíbula estivesse tão apertada que Ryder quase podia ouvir seus
dentes rangendo.

Quando chegou a hora da fila de homenagens, a Sra. D'Amato colocou


a mão no ombro de Luca e se inclinou para dizer algo em seu ouvido. Luca
sacudiu a cabeça.

— Eu não posso, disse ele. — Eu sinto muito.

A Sra. D'Amato apertou seu ombro e deixou o banco, entrando na fila


que estava se formando no corredor. Luca ficou onde estava mesmo quando
todos os outros no banco saíram.

Ryder hesitou. Ele não queria deixar Luca sozinho na parte de trás da
igreja, o que era irracional - Keller e Hurst estavam de plantão e estavam a
menos de seis metros de distância, e a Sra. D'Amato tinha vários guarda-
costas posicionados ao longo da nave. Ainda assim, a relutância de Ryder em
deixar Luca fora de sua vista quase subjugou seu desejo de pagar a Song seus
respeitos.

— Vou ficar de olho nele, disse Clarke, a voz baixa para que Luca não
pudesse ouvir.

Ryder assentiu com gratidão e saiu do banco. A fila se movia devagar,


mas não devagar o suficiente; ele acabou na frente do caixão de Song antes
de estar pronto para isso. Obrigada porra, por seus pais terem optado por um

KM
caixão fechado.

Ryder colocou uma mão sobre o mogno coberto de bandeiras,


lembrando como Song tinha corrido em direção a eles sem medo, o quão
determinada ela tinha sido em proteger Luca mesmo ao custo de sua própria
vida. Ele fechou os olhos por um momento.

Obrigado.

Quando ele se sentiu firme o suficiente para seguir em frente, Ryder


abriu os olhos e seguiu a fila até os pais de Song, que estavam aceitando
condolências perto do altar. Seus olhos estavam secos, mas os dois pareciam
abatidos, e a Sra. Song claramente chorara há pouco tempo.

Ryder estendeu a mão para o Coronel Song, respeitando


reflexivamente a posição do homem, mantendo sua coluna reta e seu tom
deferente. — Senhor, disse ele. — Candace era uma mulher incrível. Foi uma
honra trabalhar com ela.

— Obrigado. O aperto do Coronel Song foi firme e determinado, o


aperto de mão de um oficial militar vitalício. Seus olhos cintilaram sobre o
sling de Ryder e as medalhas em seu peito. — Eu vejo que você não é estranho
ao sacrifício, filho.

Ryder deu-lhe um breve aceno de cabeça. Song brevemente apertou o


braço de Ryder com a mão livre antes de liberá-lo. Depois de algumas
palavras murmuradas de simpatia à Sra. Song, Ryder voltou para a parte de

KM
trás da igreja, onde Luca estava olhando fixamente para baixo em suas mãos.

O cemitério para o qual prosseguiram era incongruentemente


agradável, coberto de neve nova e fresca. O sol espiava por trás das nuvens
para espalhar uma luz fraca de começo de tarde sobre a guarda de honra
militar que levava o caixão de Song ao túmulo. Como na igreja, Luca
manteve-se nas margens externas dos enlutados reunidos.

Agora mais do que nunca, Ryder lamentou a necessidade de manter


seu relacionamento em segredo. Ele deveria ter sido capaz de colocar um
braço em volta de Luca, segurá-lo perto, oferecer-lhe apoio. Em vez disso,
esse trabalho caiu para McCall, e Ryder não pôde fazer nada além de observar
o rosto de Luca ficar cada vez mais pálido ao longo da breve bênção.

Quando a primeira salva de tiros disparou, o corpo inteiro de Luca


estremeceu em resposta. McCall firmou-o, mas Luca parecia tão abalado que
Ryder colocou a mão em seu ombro e apertou. Ele deixou sua mão lá durante
as duas últimas salvas e a versão de “Taps” dos clarins; Luca sutilmente se
recostou em seu toque. Não era suficiente - para qualquer um deles - mas
teria que ser suficiente por agora.

Um dos oficiais militares dobrou a bandeira que estava sobre o caixão


de Song e entregou-a à mãe de Song, que imediatamente se desmanchou em
lágrimas. Luca fechou os olhos e afastou a vista, olhando para Ryder.

— Deus, ele murmurou em voz baixa.

KM
— Vamos para casa, disse Ryder.

Luca acenou com a cabeça e se juntou a sua mãe para a caminhada até
os portões do cemitério. Ao redor deles, os outros enlutados começaram a se
dispersar em pares e pequenos grupos. Luca olhou por cima do ombro
algumas vezes enquanto caminhavam; Quando eles chegaram a 15 metros da
sepultura, ele parou de repente, balançou a cabeça e correu de volta pelo
caminho de onde eles tinham vindo.

— Luca, disse a Sra. D'Amato, assustada, mas Luca não respondeu ou


diminuiu a velocidade. Ele estava indo direto para os Song.

Droga. Ryder se moveu rapidamente para alcançá-lo. Ninguém mais


os acompanhava, exceto Keller e Hurst, arrastando-os a distância.

— Sra. Song, Coronel Song - disse Luca, parando na frente deles. O


pouco de sua pele que estava exposta ao tempo frio estava pálido. — Eu... eu
sou Luca D'Amato.

Os Song olharam para ele, surpresos. Ryder ficou atrás de Luca com
o braço bom meio estendido, genuinamente preocupado que Luca fosse
desmaiar.

Então o coronel Song pegou a mão de Luca e disse: — É muito bom


conhecer você, Luca.

Luca oscilou um pouco, a surpresa claramente expressa em sua face e


a mão flácida dentro do aperto do Coronel. A Sra. Song deu um passo à frente

KM
e puxou Luca para um abraço; Luca demorou alguns segundos para devolvê-
lo, as mãos pousando nas costas dela.

— Candace falava sobre você o tempo todo, disse ela. — Ela amava
você. Estou tão feliz que você conseguiu sobreviver a tudo isso.

— Eu a amava também. Luca se soltou do abraço e passou os braços


ao redor de si mesmo. — Eu sinto muito pelo que aconteceu. Desculpe-me,
ela...-

Morreu me protegendo, Ryder podia vê-lo pensando, embora Luca


não dissesse as palavras em voz alta. Ele não precisava, de qualquer maneira;
Os Song captaram isso tão facilmente quanto Ryder tinha.

— Não sinta, disse a Sra. Song. — Candace teria desejado morrer com
honra. Onde quer que ela esteja agora, sei que ela não se arrepende.

Luca esfregou o calcanhar de uma mão no rosto, afastando as


lágrimas ali. — Quando eu estava tentando fugir do cativeiro, fiquei
pensando sobre o que ela tinha feito por mim e eu sabia que tinha que
sobreviver. Por ela. Sua voz falhou. — Ela me salvou, disse ele, em seguida,
olhou para Ryder e acrescentou: — Ela nos salvou.

Havia lágrimas nos olhos do Coronel Song agora também. —Obrigado


por nos dizer isso. E pelo que vale a pena, Luca… estou orgulhoso dela por
fazer essa escolha.

KM
*****

Luca fechou a porta do quarto com uma sensação de alívio esmagador.


Ryder estendeu o braço que não estava na tipoia, e Luca foi até ele de bom
grado, pressionando o rosto contra o peito de Ryder, apenas sentindo seu
cheiro. Eles ficaram assim por muito tempo.

Eventualmente, Ryder beijou o topo da cabeça de Luca e disse: —Você


está bem?

— Eu ficarei, disse Luca, na verdade, significando uma vez. Ele


levantou a cabeça para beijar a boca de Ryder, depois tirou o chapéu de Ryder
e o jogou na poltrona mais próxima. — Eu não queria dizer isso antes, porque
não era a hora nem o lugar, mas você parece realmente quente com esse
uniforme.

Os lábios de Ryder se curvaram em um pequeno sorriso. Luca puxou-


o para outro beijo mais profundo, precisando de Ryder para apoiá-lo, para
mantê-lo firme e focado.

Ryder só tinha um braço na manga do casaco; o lado esquerdo estava


solto sobre o ombro por cima do braço ferido. Luca afastou-o, deixando-o
cair no chão e deu um passo atrás para admirar a vista. Não era o uniforme
em si que ligava tanto Luca quanto o conhecimento do quão difícil deve ter
sido para Ryder usá-lo. Luca passou as mãos pela frente da jaqueta,

KM
esperando comunicar através do tato o quanto significou para ele que Ryder
tivesse feito isso por Candace. Ele deslizou as mãos ainda mais para tirar a
gravata de Ryder.

— Luca, espere, disse Ryder quando Luca puxou a gravata de sua


camisa. — Temos que conversar sobre o que aconteceu antes de tudo isso.
Nós não podemos apenas fingir que as coisas estavam bem entre nós antes
de sermos atacados.

Luca suspirou, tirando o próprio casaco. — Eu já disse a você que


estou disposto a superar isso.

— Eu sei, mas nós estávamos em uma situação de vida ou morte na


época, e depois, eu estava no hospital...- Ryder soltou um suspiro comedido.
— Por mais difícil que pareça acreditar agora, as coisas vão se acalmar e
voltar ao normal em breve, e eu apenas...-...eu só quero ter certeza de que
quando isso acontecer, você não chegue de repente à conclusão que a única
razão pela qual você me perdoou foi porque você pensou que eu ia morrer.

— Você realmente quer falar sobre isso? Bem. Vamos falar sobre isso.
Luca cruzou os braços. — A verdade é que fiquei furioso com você há uma
semana e, mais do que isso, me senti ferido. Eu teria perdoado você se não
tivéssemos sido sequestrados? Talvez não.

Ryder se encolheu, e Luca agarrou sua mão antes que ele pudesse se
afastar.

KM
— Mas isso só seria porque eu não teria percebido o quanto eu preciso
de você. Eu sei que você não me feriu de propósito, Ryder. Você tomou uma
decisão ruim sem saber o quanto iria te morder no traseiro mais tarde, e eu
entendo porque você sentiu que não poderia me dizer.

— Você não tem ideia do quanto eu me arrependo disso, disse Ryder,


apertando a mão em torno de Luca. — Não ter aceito o trabalho...- eu nunca
poderia me arrepender disso -...mas mentir para você sobre isso. Se eu
pudesse mudar...-

— Você não pode. E isso não importa. Eu quero estar com você mais
do que quero puni-lo por esse erro estúpido. Luca deu um beijo nas juntas
de Ryder. — Eu perdoo você. Eu não vou voltr atrás nisso que estou dizendo.

Ryder o beijou, soltando a mão de Luca para envolver seu braço em


volta da cintura de Luca e puxá-lo para perto. Luca inclinou a cabeça para
trás com um gemido, aceitando os impulsos profundos da língua de Ryder e
a pressão contundente de seus lábios. Ele emaranhou uma mão no cabelo de
Ryder. Depois de trinta segundos muito satisfatórios, Luca usou seu aperto
para puxar a cabeça de Ryder para trás e olhá-lo nos olhos.

— Se você mentir para mim assim de novo, no entanto, eu não posso


prometer ser tão indulgente, disse ele.

— Eu não vou. Ryder deu-lhe outro beijo duro. — Nunca mais, Luca.
Eu juro.

KM
— Bom. Luca estava prestes a mergulhar de volta no beijo quando algo
se contorceu no fundo de sua mente e o fez hesitar. — Enquanto estamos
falando sobre coisas que lamentamos... eu não deveria ter batido em você
quando você me contou a verdade. Eu sinto muito.

Ryder balançou a cabeça. — Você não... -

— Pare. Eu sei que o que você vai dizer não é verdade. Não importa o
quanto você é maior ou mais forte; não é legal eu bater em você quando estou
com raiva. Eu cruzei uma linha e me desculpe. Isso não vai acontecer
novamente.

Embora Luca pudesse dizer que Ryder ainda não achava que era
grande coisa, ele assentiu e disse: — Tudo bem. Eles se beijaram novamente,
mais suavemente desta vez. Quando eles se separaram, Ryder disse: —
Estamos falando apenas de bater com raiva, certo?

Isso arrancou uma risada de Luca. — Sim, seu pervertido. Eu ainda


vou te dar um tapa quando fodermos. Se você merecer isso.

Um pequeno estremecimento percorreu o corpo de Ryder. — Vamos


tirar você desse terno.

— Você primeiro.

Ryder teve que tirar sua tipoia antes que ele pudesse se despir. Ele
estremeceu quando ele endireitou o braço.

KM
— Dói? Perguntou Luca.

— Um pouco. O Vicodin parece estar fazendo o truque, no entanto.


Principalmente, se sente apenas desajeitado.

Luca descansou cautelosamente a mão no braço de Ryder; quando


Ryder não parecia estar com dor, Luca baixou a mão para descansar no pulso
de Ryder. Este homem havia levado uma bala por ele... - ...duas vezes, se você
contasse a primeira tentativa de sequestro, quando o colete de Ryder o
protegeu.

Ryder ficou quieto enquanto Luca desabotoava o paletó e deslizava


pelos ombros. Sabendo, intuitivamente que Ryder não gostaria que ele
largasse o uniforme no chão, Luca o colocou sobre a parte de trás da poltrona,
depois fez o mesmo com a camisa de Ryder. Ryder tirou sua camiseta,
mostrando seu peito musculoso e braços musculosos em toda a sua glória.

Havia uma confusão feia de pontos e hematomas desbotados no braço


esquerdo de Ryder. A ferida de bala deixaria uma cicatriz - não tão ruim
quanto as cicatrizes na lateral e nas costas de Ryder, mas ainda assim
significante. Luca gentilmente roçou os lábios e encostou a testa no ombro
de Ryder, oprimido.

Ryder passou a mão pelo cabelo. — Segundos pensamentos?

— Você está brincando? Luca olhou para ele. — Você literalmente


morreu por mim, Ryder. Eu não sei como qualquer outro homem poderia

KM
competir com isso.

Os olhos de Ryder se enrugaram nos cantos enquanto ele sorria. —Eu


gostaria de ver alguém tentar.

Ele pegou a mão de Luca e puxou-o para a cama. Em poucos minutos,


eles estavam nus e se beijando, Ryder deitado de costas com Luca esticado
em cima dele. Eles esfregaram-se preguiçosamente um ao outro,
familiarizando-se com o corpo um do outro depois do que pareceu uma
separação interminável, mas na verdade tinha sido apenas uma semana e
meia.

Luca queria levar isso devagar, mas alguns minutos de beijos e


esfregação e a sensação dos músculos de Ryder se movendo embaixo dele o
deixaram impaciente. Fazia muito tempo desde que eles fizeram isso; ele não
sentiria como se o relacionamento deles estivesse de volta em terra firme até
que ele tivesse Ryder dentro dele, onde ele pertencia.

Ele pegou o lubrificante e um preservativo da mesa de cabeceira, em


seguida, deitou-se em cima de Ryder com as pernas abertas enquanto Ryder
o lubricava e relaxava. Luca enterrou a cabeça no pescoço de Ryder, beijando
sua pele e recompensando-o com mordidas afiadas sempre que os dedos de
Ryder tocavam sua próstata.

— Eu preciso de você, disse Ryder, empurrando os dedos tão


profundamente que Luca se contorceu em cima dele. — Baby, eu preciso
entrar aqui. Por favor.

KM
— Sim. Luca ainda não estava tão preparado quanto se certificava de
estar normalmente, mas sua própria necessidade era urgente demais para
demorar mais tempo. Eles tinham muito lubrificante, e isso era tudo com o
que ele realmente se importava.

Ele esperou que Ryder retirasse seus dedos e recuou para sentar nas
coxas de Ryder, rolando o preservativo na ereção de Ryder e lambuzando-a
com lubrificante. Luca deu ao eixo alguns golpes firmes, espalhando o
lubrificante ao redor e depois apertou a base. Os quadris de Ryder se
ergueram em sua mão.

— Diga-me de novo, disse Luca.

— Eu preciso de você.

Luca se ajoelhou e se abaixou sobre o pênis de Ryder. Era mais difícil


do que ele esperava, seus músculos protestando quando eles foram forçados
a abrir em torno da carne espessa. Ele resistiu ao impulso irracional de
apenas se abater, sabendo que isso o rasgaria, e fez-se saltar devagar
enquanto ele abria caminho pouco a pouco.

— Deus. Ryder tinha sua mão boa na coxa de Luca; a outra estava em
punhos no lençol. Ele olhou para o lugar onde seus corpos estavam unidos.
— Você está tão fodidamente apertado.

— Não seria um problema se você não fosse tão grande. Luca se


inclinou para frente e apoiou as mãos em ambos os lados do peito de Ryder

KM
para se dar mais alavancagem.

Ryder bufou. — Quem disse... - porra, Jesus - quem disse que isso era
um problema?

Luca sacudiu a cabeça com um sorriso. Na metade do poço de Ryder


agora, ele estendeu a mão para roçar a mão no rosto de Ryder. — Diga-me o
que eu sou para você.

Confusão cruzou a expressão de Ryder, e então seus olhos clarearam.


— Você é meu namorado, ele disse, esfregando pequenos círculos no interior
da coxa de Luca.

Não tinha sido só a morfina, então. Bom saber. Luca se empurrou


mais um centímetro, alisando as mãos sobre o peito de Ryder. — Você vai me
mostrar como homens grandes e fortes como você cuidam de seus
namorados? Ele perguntou, deixando o menor tom de escárnio entrar em sua
voz, porque ele sabia que iria ligar Ryder.

Ryder gemeu, rosto e peito corados de excitação. — Sim.

— Vai me mostrar como você fode o rabo apertado do seu namorado


até que ele não possa andar?

— Sim. Ryder agarrou os quadris de Luca com as duas mãos, assim


que Luca se acomodou em sua pélvis. Ele empurrou para cima, Luca
empurrou de volta, e então eles estavam fodendo, rápido, duro e frenético.

KM
Luca colocou uma mão no peito de Ryder para se equilibrar e agarrou
seu pênis com o outro - não se masturbando, ainda não, apenas segurando a
base para que ele não gozasse muito cedo. Ele abriu os joelhos mais largos,
empurrando-se para baixo ao encontro das investidas duras do pênis de
Ryder. Ele se sentia tão bem, tão cheio, o suor escorrendo ao longo de sua
linha do cabelo e arrepios percorrendo sua espinha.

Mas não foi o suficiente. Luca gemeu de frustração, sem saber o que
estava faltando. Era só... Ryder estava dentro dele, mas ele ainda se sentia
muito longe.

Luca achatou a mão contra o peito de Ryder, sinalizando para retardar


seus impulsos. — Podemos trocar? Quero dizer, com o seu braço...

— Não está paralisado, Luca. Ryder deu um tapinha no quadril de


Luca. — Eu não vou ser capaz de virar você, então você terá que se levantar.

Afastando-se do pênis de Ryder, Luca reclinou-se de costas e abriu as


pernas. Ryder se ajoelhou entre elas, levantou o traseiro de Luca em suas
coxas e empurrou para dentro dele. Suas investidas foram mais lentas desta
vez, mas o ângulo era melhor para a próstata de Luca. Luca jogou a cabeça
para trás no travesseiro e colocou a perna sobre o cotovelo direito de Ryder
para abrir-se mais.

Depois de alguns minutos de foda muito prazerosa, Luca ainda não


estava satisfeito, e ele não tinha ideia do porquê. A posição era incrível, o
ritmo era perfeito, e Ryder parecia ridiculamente quente fazendo força e

KM
empurrando entre suas pernas. Luca só queria... ele queria...

— Beije-me, disse ele.

Ryder começou a deslizar o braço sob as costas de Luca, preparando-


se para levantar Luca em seu colo, mas Luca o deteve.

— Não, Ryder. Me beija.

Demorou Ryder um segundo para obtê-lo; quando ele fez isso, o


prazer e a esperança que entraram em seus olhos eram tão crus que Luca
quase teve que desviar o olhar. — Você tem certeza?

— Sim.

Muito lentamente, Ryder se abaixou sobre o cotovelo de seu braço


bom. O pânico agitou-se no estômago de Luca quando o peso de Ryder se
instalou nele. Ryder não era apenas pesado, ele era enorme; seu peito largo
parecia ter uma milha de largura. Luca nunca seria capaz de sair de baixo
dele. Ele respirou fundo, se preparando para dizer a Ryder para sair, e então
Ryder o beijou.

O pânico não desbotou tanto quanto foi subjugado pela luxúria. Isso
era o que estava faltando - Ryder segurando-o perto, suas bocas e corpos
pressionados juntos, a língua de Ryder se enroscando com a dele, mesmo
enquanto seu pênis balançava suavemente dentro da bunda de Luca. Eles
estavam conectados de todas as maneiras em que dois seres humanos
poderiam ser conectados, de maneiras que iam muito além do físico.

KM
Luca gemeu, envolvendo seus braços ao redor do pescoço e suas
pernas ao redor da cintura de Ryder. O medo ainda estava lá, mas ele o
ignorou em favor de se deleitar com a sensação de ser necessário, protegido,
estimado. Eles se beijaram e se separaram para respirar e então se beijaram
novamente, corpos ondulando juntos mais e mais rápido. As unhas de Luca
deixaram arranhões marcando tudo de cima a baixo nas costas de Ryder.

Eventualmente, a parte do cérebro de Luca que insistiu que ele estava


preso e em perigo clamou muito alto para ele ignorar mais. Ele tocou no peito
de Ryder. Sem perder o ritmo, Ryder colocou Luca em seu colo e continuou
transando com ele, dando beijos na garganta de Luca. Luca gritou quando o
pênis de Ryder afundou ainda mais do que antes.

— Deus, isso é bom, isso é tão bom, disse Luca, saltando


freneticamente no colo de Ryder. Ele agarrou os músculos escorregadios de
Ryder, ávido por cada centímetro de carne que pudesse colocar em suas
mãos. — Toque me.

A mão de Ryder se fechou ao redor do pênis de Luca, dando golpes


fortes e rápidos. Luca gritou e apertou o rosto contra o ombro de Ryder.

— Vamos. Ryder fodeu Luca como um aríete, incansável. — Vamos lá,


lindo, goze no meu pau, deixe-me sentir isso...-

Luca abafou seu grito contra a pele de Ryder quando ele gozou,
bombeando sêmen quente por todo seu abdômen. Ele não parou de se mover
- não conseguia parar de se mover - desesperado por cada gota de prazer e

KM
desejando que Ryder sentisse o mesmo. Ele mordeu com força o ombro de
Ryder e Ryder gozou imediatamente, gritando em voz alta e empurrando
seus quadris para cima em estocadas erráticas até que ele ficou totalmente
gasto.

Eles continuaram balançando juntos enquanto desciam da alta de seu


orgasmo, corpos pressionados peito a peito e braços em volta um do outro.
Quando Luca sentiu que poderia se mover, ele levantou a cabeça e deu a
Ryder um beijo lento e completo.

— Você é meu. Luca mordiscou o lábio inferior de Ryder. — Diga.

— Eu sou seu, disse Ryder, sem fôlego pelo esforço, e Luca respirou
fundo quando sentiu o pênis amolecido de Ryder se contorcer dentro dele. —
Farei qualquer coisa para te fazer feliz, Luca. Qualquer coisa.

— Essa é uma promessa perigosa para fazer a alguém como eu, disse
Luca, passando os dedos sobre a bochecha de Ryder.

Ryder sorriu. — Eu não estou com medo.

FIM

KM

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