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A CANÇÃO DE CÂMARA
BRASILEIRA E SEUS
INTÉRPRETES

Mi nas de Som

Mauro Chantal
Luciana Monteiro de Castro

(Organizadores)
ANAIS DO

VI SEMINÁRIO DA CANÇÃO BRASILEIRA

DA ESCOLA DE MÚSICA DA UFMG

A CANÇÃO DE CÂMARA BRASILEIRA E SEUS


INTÉRPRETES
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
REITOR: Profª. Sandra Regina Goulart Almeida
VICE-REITOR: Prof. Alessandro Fernandes Moreira
PRÓ-REITORA DE EXTENSÃO: Profª. Claudia Andrea Mayorga Borges
PRÓ-REITOR DE PÓS-GRADUAÇÃO: Prof. Fábio Alves da Silva Júnior
PRÓ-REITORA DE PESQUISA: Prof. Mário Fernando Montenegro Campos
DIRETORIA DE AÇÃO CULTURAL: Prof. Fernando Mencarelli
DIRETOR DA ESCOLA DE MÚSICA DA UFMG: Prof. Renato Tocantins Sampaio
DIRETOR DO CONSERVATÓRIO UFMG: Prof. Fernando Rocha
COORDENADORES DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA: Prof.
Flávio Terrigno Barbeitas e Profª. Luciana Monteiro de Castro.

SELO MINAS DE SOM


COORDENADORA: Luciana Monteiro de Castro
CONSELHO EDITORIAL: Carlos Aleixo dos Reis
Fausto Borém de Oliveira
Flavio Terrigno Barbeitas
Luciana Monteiro de Castro
Margarida Maria Borghoff
Mauro Camilo de Chantal Santos
Mônica Pedrosa de Paula
ANAIS DO

VI SEMINÁRIO DA CANÇÃO BRASILEIRA

DA ESCOLA DE MÚSICA DA UFMG

A CANÇÃO DE CÂMARA BRASILEIRA E SEUS


INTÉRPRETES

Mauro Camilo de Chantal Santos


Luciana Monteiro de Castro
(Organizadores)

Escola de Música da UFMG


Belo Horizonte
2020

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VI SEMINÁRIO DA CANÇÃO BRASILEIRA DA ESCOLA DE MÚSICA DA UFMG
COMISSÃO ORGANIZADORA: Mauro Camilo de Chantal Santos (UFMG)
Luciana Monteiro de Castro (UFMG)
Mônica Pedrosa de Pádua (UFMG)
Patrícia Valadão (UFMG)
Fábio Janhan (UFMG)
Andréa Peliccioni (Doutoranda-UFMG)
Melina Peixoto (Doutoranda-UFMG)
Elias Magalhães (Graduando-UFMG)

COMISSÃO CIENTÍFICA: PRESIDENTE – Mauro Camilo de Chantal Santos (UFMG)


Luciana Monteiro de Castro (UFMG)
Mônica Pedrosa (UFMG)
Patrícia Valadão (UFMG)
Adriana Kayama (UNICAMP)
Aline Araújo (UFS)
Angelo José Fernandes (UNICAMP)
Cristine Guse (UFPEL)
Flávio Carvalho (UFU)
Juliana Melleiro Rheinboldt (UERN)
Juliana Starling (UNESP)
Lenine Santos (UFRJ)
Marcus Medeiros (UFJF)
Marília Alvares (UFG)
Sérgio Anders (UFAM)

ANAIS DO VI SEMINÁRIO DA CANÇÃO BRASILEIRA DA ESCOLA DE MÚSICA DA


UFMG

ORGANIZADORES: Mauro Camilo de Chantal Santos


Luciana Monteiro de Castro

CRIAÇÃO: CEDECOM UFMG


DIAGRAMAÇÃO: Mauro Camilo de Chantal Santos
Luciana Monteiro de Castro

REVISÃO: Angelo José Fernandes


Luciana Monteiro de Castro
Mauro Camilo de Chantal Santos

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VI Seminário da Canção Brasileira – Escola de Música da UFMG

Últimas palavras

A canção de câmara brasileira no Barcelona!Festival!of!Song

Patricia!Caicedo,!M.D.,!Ph.D.!
! patricia@patriciacaicedo.com!

Antes de tudo, expresso minha gratidão à comissão organizadora do VI Seminário


da Canção Brasileira da Escola de Música pelo convite para participar deste importante
evento e, ainda, declaro que me sinto honrada em ter a oportunidade de realizar uma palestra
sobre o Barcelona! Festival! Song, ocasião por meio da qual posso compartilhar minha
experiência com amigos e colegas deste país que adoro e do qual me sinto parte, o Brasil.
Sou uma cantora pesquisadora que acredita e defende que a performance musical
está inseparavelmente ligada à pesquisa. Canto os resultados da minha pesquisa e investigo o
que canto. Para mim, trata-se de um processo natural que surge da minha curiosidade por
outras culturas e suas formas de expressão musical. Acredito que a pesquisa deveria ser um
processo natural e orgânico para os artistas em geral.
Minha relação com a canção de câmara latino-americana, incluindo o repertório
brasileiro, está ligada à minha história pessoal, sobre a qual discorro brevemente.
Nasci na Colômbia onde comecei meus estudos musicais aos cinco anos. Já na
adolescência cantava música folclórica latino-americana e, somente mais tarde, comecei a
estudar canto lírico. O estudo no conservatório me fez chegar a uma triste descoberta: a
música latino-americana, aquela que eu tanto amava e que refletia parte de quem eu sou,
havia desaparecido. O currículo de formação em canto lírico ao qual eu fui submetida, e que
ainda rege o estudo de canto de diversas instituições de ensino de música na América Latina,
tem como base o repertório centro-europeu dos centros de poder dos séculos XVIII e XIX,
refletindo um conjunto de valores colonialistas que se perpetuam na academia.
Dentro deste paradigma de pensamento que divide o mundo em centro e
periferias, a música e as expressões culturais, as formas de conhecer, de expressar emoções,
de usar o corpo e, evidentemente, de cantar, provenientes das antigas periferias que carecem
de reconhecimento por seu valor e legitimidade são ignorados. Minha percepção é a de que,
infelizmente, os currículos de conservatórios e universidades ao redor do mundo perpetuam
estruturas de poder colonialistas nas quais a música das antigas periferias não é valorizada ou
simplesmente não existe. Mais preocupante é o fato de que em muitas dessas instituições, esse

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modelo não é questionado, já que nossas mentes parecem continuar colonizadas. Há mais
importância sendo dada à música da Europa central, o cânone.
Apesar de tal constatação, levei adiante meus estudos de canto lírico. Foi somente
quando minha professora de canto, acreditando ser saudável a jovens cantores cantar em sua
língua materna no início de sua formação, me apresentou as Cinco Canções Populares
Argentinas de Alberto Ginastera (1916-1983). O contato com essas canções mudou o rumo de
minha vida. Naquele momento eu descobria a canção de câmara, um gênero que unia meus
dois amores, a música folclórica e a clássica. As canções do compositor argentino foram o
ponto de encontro de duas tradições, um lugar em que eu me sentia confortável, identificada
e, principalmente, segura. Por meio dessa música que falava sobre o que sou, me permitia
expressar, encarnar e sentir de maneira autêntica, expressando o que o meu “eu” latino-
americano. Descobri, pois, a minha missão vital: trazer à luz e promover internacionalmente o
repertório de canções de câmara latino-americanas.
Naquela época, eu não tinha consciência das dificuldades que enfrentaria, nem
tampouco entendia o círculo vicioso que mantém esse repertório nas trevas. O problema se
inicia na falta de valorização da produção local nos países de origem que se encontra imersa
em estruturas de ensino colonialistas. Se a música não é valorizada, não é publicada. Se não é
publicada, não é nem executada nem ensinada e, consequentemente, se perde.
Desde o início de minha pesquisa, e ainda hoje, o processo de encontrar partituras
é árduo e desafiador. Essa dificuldade se deve, também, ao modesto desenvolvimento da
indústria editorial latino-americana e à falta de conscientização a respeito da necessidade de
se proteger os direitos autorais. Se a música não tem valor, pode ser compartilhada e doada
sem o devido respeito aos direitos de seus donos? Por que criar uma empresa que
supostamente não dará lucro? Por que criar uma editora de música?
No princípio de minha trajetória, logo que conheci as canções mencionadas de A.
Ginastera, me dediquei ao estudo do repertório de canções de câmara latino-americanas em
língua espanhola, devido à proximidade cultural e pelo fato de conhecer a língua. Pouco
depois, descobri a canção brasileira e, naturalmente, o primeiro compositor ao qual tive
acesso foi Heitor Villa-Lobos (1887-1959). Com muita dificuldade, encontrei algumas de
suas partituras em um centro cultural brasileiro em Bogotá. Eram fotocópias de partituras
antigas. Destaco o fato de que as encontrei porque ele teve a sorte de ser publicado e
distribuído por editoras internacionais. Do contrário, eu certamente não o teria conhecido
naquele momento.
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Diante da obra de Villa-Lobos o primeiro obstáculo que enfrentei foi a dicção do


idioma, visto que o Português Brasileiro não era ensinado no conservatório. Naquela época eu
não conhecia falantes da língua e, por isso, comecei a cantar de forma intuitiva ouvindo
cantores populares. No primeiro CD que gravei, eu já incluí algumas canções brasileiras que
encontrei no arquivo de Conxita Badía, já morando em Barcelona. Pela falta de conhecimento
da dicção do Português Brasileiro, devo reconhecer que naquele primeiro CD eu teria muito a
melhorar.
Paralelamente ao desenvolvimento de minha carreira como cantora, comecei a
escrever a primeira antologia de canções latino americanas, incluindo canções brasileiras de
Alberto Nepomuceno (1864-1920) e Osvaldo Lacerda (1927-2011).
Em 2005 tomei a decisão de criar um espaço de estudo da história e interpretação
do repertório vocal de câmara latino-americano e ibérico, o Barcelona! Festival! of! Song. O
objetivo era criar um espaço em que cantores de todo o mundo pudessem finalmente receber
todas as ferramentas para interpretar a nossa música. Neste espaço, esses cantores poderiam
aprender a dicção dos nossos idiomas, a história e o contexto da criação do repertório e da sua
interpretação.
A canção de câmara brasileira sempre ocupou um espaço privilegiado no festival
desde o primeiro ano de sua realização. O Brasil e sua música têm um papel protagonista,
essencial no festival.
Ao longo do Barcelona!Festival!of!Song, os cantores têm contato com o repertório
latino-americano em espanhol, repertório brasileiro e, ainda, repertório catalão. Nossa meta é
internacionalizar esses repertórios, fazê-los soar nos palcos do mundo, legitimá-lo e,
principalmente, colocá-los no mesmo lugar de valor dos repertórios canonizados. Na verdade,
buscamos canonizar nossos repertórios e compositores porque acreditamos que a obra de arte
é uma construção social e, conscientemente, eu quis contribuir para essa construção.
Nas primeiras edições do festival, a responsável pelo ensino do repertório
brasileiro foi a Dra. Stela Brandão. Como cantora brasileira especialista no repertório de
câmara de seu país, e também por sua experiência no serviço diplomático brasileiro, Stela
sempre demonstrou sua consciência da necessidade de internacionalizar esse repertório. Stela
nos acompanhou durante os primeiros anos, tendo sido sua contribuição de considerável
importância para o evento.
Pessoalmente, apesar de atuar como curadora e professora do festival, sempre
participei como uma aluna ávida. A cada ano meu apreço, interesse e conhecimento pelo
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repertório brasileiro vem acrescendo ainda mais e, aos poucos, tenho aprendido maiores
detalhes da língua, aprimorando minha dicção do Português Brasileiro, mergulhando cada vez
mais nesse universo musical. Quanto mais conheço o país, sua música, sua poesia, seu povo,
mais brasileira me sinto e encontro conexões entre a música da América hispânica e a da
América lusófona.
Por meio de Stela Brandão, outra pessoa muito importante veio para o festival, a
inesquecível Martha Herr. Martha esteve duas vezes no festival e, pelo fato de ser uma norte-
americana vivendo e atuando artística e pedagogicamente por muitos anos no Brasil,
demonstrou sua preocupação com a importância do reconhecimento internacional do
repertório brasileiro. Seu olhar mais panorâmico, de alguém que era “de fora”, revelou uma
perspectiva muito importante. Parece que o olhar estrangeiro enxerga mais facilmente o valor
das produções. Martha incutiu em muitos cantores e pesquisadores no Brasil um rigor, um
amor e um respeito pela música brasileira à qual todos devemos.
Da mesma maneira que Stela Brandão trouxe ao festival a Profa. Dra. Martha
Herr, Martha foi a responsável por trazer, não somente ao festival, mas a minha vida, um dos
meus melhores amigos, professor de dicção do Português Brasileiro cantado, cantor e
pesquisador que tanto admiro e que há sete anos tem sido fundamental para o ensino e
divulgação da canção brasileira em nosso festival, o Prof. Dr. Lenine Santos.
Além dos três citados, ainda foram professores do festival: o mezzosoprano Josani
Pimenta, o tenor Adriano Pinheiro, o soprano Elisabeth Almeida e o pianista Achille Picchi.
Em apresentações artísticas também recebemos os mezzosopranos Luciana Monteiro e
Poliana Alves, o tenor Flávio Carvalho e as pianistas Guida Borghoff e Nancy Bueno, entre
outros.
No intuito de fomentar a criação de novas canções, o Barcelona!Festival!of!Song!
encomenda, a cada ano, a composição de novos ciclos de canções de câmara que são
estreados ao longo do evento. Desta forma, obras de Villani-Cortes e Achille Picchi foram
estreadas, além das inúmeras obras de compositores brasileiras que foram executadas nos
recitais realizados. Quero crer que o festival, por meio de tais iniciativas, teve impacto
positivo na internacionalização da canção brasileira e de seus compositores.
Não posso, ainda, me furtar de falar dos alunos do festival. Os participantes do
Barcelona! Festival! of! Song são todos cantores líricos profissionais, sendo muitos deles
professores universitários. Meses antes do início do festival, cada aluno prepara quatro
canções em português, quatro em catalão, quatro em espanhol que lhes atribuímos. A escolha
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é feita segundo a classificação vocal e o nível de desenvolvimento técnico-musical. No


tocante ao repertório brasileiro, com o auxílio do Prof. Dr. Lenine Santos procuramos atribuir
aos alunos canções brasileiras pouco conhecidas ou, até mesmo, que nunca foram cantadas
como algumas obras que se encontram no acervo de Hermelindo Castelo Branco. Uma vez
que cada aluno executa quatro canções diferentes em cada idioma, ao longo de cada festival,
dezenas de canções são interpretadas e ouvidas pelo público. Todos os concertos são gravados
como forma de preservar a memória. É digno de nota, também, o fato de que, quando voltam
para seus países de origem, os cantores levam as canções que aprenderam a interpretá-las com
a pronúncia correta e, assim, podem manter essas peças em seu repertório e ainda ensiná-las.
Outro aspecto considerável no festival é o trabalho que fazemos sobre práticas
interpretativas na canção latino-americana, de forma que a execução deste repertório possa
refletir nossa cultura e valores, nossa forma de expressar a emoção e corporalidade. O ensino
das práticas interpretativas é de grande importância para desconstruir a mentalidade de que
todo o repertório de câmara latino-americano deva ser executado com base na execução do
repertório canônico, incluindo a ópera. Partimos da premissa de que os diversos repertórios
devem ser interpretados de forma coerente com a cultura e o contexto que os originou, ou
seja, minha corporalidade como latino-americana está muito longe do uso do corpo nos
contextos que deram origem ao Lied alemão, por exemplo. Muito do repertório de canções de
câmara latino-americanas, pela época em que foi criado e pelo seu contexto, está intimamente
relacionado à música folclórica regional. Tais fatores devem ser levados em consideração na
perfomance. Devemos partir de um conhecimento mais aprofundado sobre o contexto da
criação, seus valores, etc., para alcançar interpretações mais adequadas e “fidedignas”. O
estudo da música torna-se uma porta de entrada para os campos da identidade, cultura e
valores.
No festival se dá vida a obras de compositores e compositoras do Brasil,
cantando-se não somente em Português Brasileiro, mas também em línguas indígenas ou em
dialetos afro-brasileiros. Há espaço para os pesquisadores e pesquisadoras da canção
brasileira, assim como para compositores e compositoras conforme mencionado
anteriormente.
Do festival nasceu a Mundoarts, editora musical especializada em canções de
câmara latino-americanas e ibéricas. Mundoarts já publicou 10 livros que incluem a música
brasileira. Pra nós é de suma importância publicar o repertório porque assim se pode garantir
a divulgação internacional e o aceso da música aos cantores, às universidades e aos
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professores de canto. Todos os livros, além de fornecerem as partituras, possuem um estudo


introdutório que contextualiza as obras, seus compositores e poetas. O estudo introdutório é
apresentado em espanhol e inglês. Os poemas das canções também são traduzidos para o
inglês e transcritos foneticamente com a utilização do IPA. Os livros da Mundoarts são
distribuídos em bibliotecas universitárias nos Estados Unidos, Europa e Austrália. Essas
publicações têm impacto na divulgação internacional de nosso repertório. No momento,
estamos trabalhando em uma antologia da canção artística brasileira de Flávio Melo e Carol
McDavit, que terá o estudo introdutório em português e inglês e incluirá um guia de dicção
para o Português Brasileiro.
Finalizando, devo ressaltar que a participação no festival é uma experiência
transformadora para todos os cantores que têm a oportunidade de ter acesso ao repertório
brasileiro e se apaixonar por ele da mesma forma que eu me apaixonei. Expresso minha
gratidão a todos os cantores, pesquisadores, compositores e poetas do Brasil que me honraram
com sua amizade e sua música. Minha relação com o Brasil é uma relação de amor
continuamente nutrida pelas pessoas que amam e interpretam sua música e sua poesia.
Enfim, parabenizo sinceramente os organizadores e participantes deste encontro e
o grupo de Pesquisa Resgate da Canção Brasileira, da UFMG, pelo compromisso com a
preservação da nossa querida canção de câmara brasileira.
Viva a música brasileira"

Patricia Caicedo.

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