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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS FÍSICAS E MATEMÁTICAS


DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA
PET MATEMÁTICA

XXII OLIMPÍADA REGIONAL DE MATEMÁTICA DE SANTA CATARINA


Resolução do treinamento 9 – Nível 3
Problema 1. (OBMEP - 2018) Um número inteiro positivo é chamado de interessante quando termina com
um algarismo que é igual ao produto de seus demais algarismos. Por exemplo, 326 e 1020 são interessantes, pois
3 × 2 = 6 e 1 × 0 × 2 = 0.

a) Qual deve ser o valor do algarismo a para que o número 14a8 seja interessante?
b) Quantos números interessantes de quatro algarismos terminam com o algarismo 6?
c) Quantos números interessantes de cinco algarismos terminam com o algarismo 0?

Resolução:
a) Como 14a8 é interessante, devemos ter
1 × 4 × a = 8,
de modo que a = 2.
b) Para este e para o próximo item, considere a, b, c e d números naturais menores que 10. Como queremos
números interessantes do tipo abc6, devemos ter a × b × c = 6. Logo temos dois casos a considerar:
• O número 6 é obtido pelo produto de 1, 2 e 3. Pelo Princípio Multiplicativo da Contagem, temos
3 × 2 × 1 = 6 números interessantes distintos (que são as permutações de três elementos). É fácil
encontrá-los: 1236, 1326, 2136, 2316, 3126 e 3216.
• O número 6 é obtido pelo produto de 1, 1 e 6. Temos 3 números interessantes (basta escolher a posição
do 6), sendo eles: 1166, 1616 e 6116. Portanto, temos um total de 6 + 3 = 9 números interessantes de
quatro algarismos, cujo algarismo da unidade é 6.
c) Seja abcd0 um desses números interessantes. Para que a × b × c × d = 0, pelo menos um desses números
naturais deve ser 0. Podemos portanto separar os números abcd de acordo com o número de zeros que
aparecem entre seus algarismos.
• Exatamente um zero. Temos 3 × 9 × 9 × 9 escolhas possíveis, três para a posição do 0 (que não pode ser
na posição a, pois o nosso número deve ter 4 algarismos) e as outras três posições podem ser ocupadas
por quaisquer dos algarismos de 1 a 9.
• Exatamente dois zeros. Temos 3 × 9 × 9 escolhas possíveis, o fator 3 aparece devido às escolhas das
posições dos dois zeros (sendo C32 ), e as outras duas posições restantes podem ser ocupadas por quaisquer
algarismos de 1 a 9.
• Exatamente três zeros. Temos uma escolha para posicionar os 3 zeros e 9 escolhas para posição restante.
Portanto, existem 3 × 93 + 3 × 92 + 9 = 2439 números interessantes de 5 algarismos que terminam com o
algarismo 0.

Problema 2. (OBMEP - 2018) Números naturais devem ser escritos dentro de cada círculo vazio da figura,
de modo que a soma dos números escritos em três círculos alinhados e consecutivos seja sempre a mesma.

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Telefone: (48) 3721-4595 orm.pet.mtm@contato.ufsc.br www.orm.mtm.ufsc.br
a) Qual número deverá ser escrito no círculo vermelho? (o círculo escuro no vértice que fica no topo do triângulo
da figura)
b) Mostre que a soma de todos os números escritos é um múltiplo de 7.
c) Para que a soma de todos os números escritos seja 63, qual número deverá ser escrito no círculo azul? (o
círculo escuro no vértice da direita do triângulo da figura)

Resolução:
a) De acordo com o enunciado, a soma dos números escritos em três círculos alinhados e consecutivos é sempre
a mesma. Assim, olhando para a figura abaixo, vemos que será escrito o mesmo número, que denotaremos
por x, nos dois círculos entre os círculos em que estão escritos os números 2 e 3.

Além disso, se em dois de três círculos alinhados e consecutivos estiverem escritos os números 2, 3 ou x,
sempre será possível saber o número que está escrito no terceiro círculo. Desta forma, é possível completar
a escrita dos números em todos os círculos que estão alinhados com os círculos em que estão escritos 2, 3 e
x, como abaixo:

Logo, deverá ser escrito o número 3 no círculo vermelho. Isto responde o item a).
b) Seguindo o mesmo raciocínio do item anterior, “se em dois de três círculos alinhados e consecutivos estiverem
escritos os números 2, 3 ou x, sempre será possível saber o número que está escrito no terceiro círculo”,
podemos completar a escrita em todos os círculos da figura, como abaixo:

Logo, ao final, serão escritos sete números 2, sete números 3 e sete números x. Assim, a soma de todos os
números escritos é um múltiplo de 7.
c) No preenchimento no item anterior, cada número aparece 7 vezes. Logo, no círculo azul será escrito o número
x e para que a soma de todos esses números seja 63 teremos
63 = 7x + 7.3 + 7.2 = 7x + 35 ⇒ 7x = 28 ⇒x=4

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Problema 3. (OBMEP - 2018) Sérgio inventou as operações matemáticas # e @ entre números inteiros:
• a#b = a2 + b2 .
• a@b = (a + b)2 .
Por exemplo, 1#4 = 17 e 1@(−6) = 25. Utilizando as operações criadas por Sérgio, responda às perguntas
abaixo:

a) Qual é o valor de (2@3) − (2#3)?


b) Se (x − 5)#(y − 6) = 0, qual é o valor de x@y?
c) Quantos são os pares ordenados (a, b) de números inteiros, tais que (a@b) − (a#b) = 36?

Resolução:
a) Note que
(2@3) − (2#3) = (2 + 3)2 − (22 + 32 ) = 25 − (4 + 9) = 25 − 13 = 12.

b) Como (x − 5)#(y − 6) = 0 devemos ter (x − 5)2 + (y − 6)2 = 0. Porém, a soma de dois quadrados é igual a
0 se, e somente se, cada uma das parcelas da soma for igual a 0, de modo que x = 5 e y = 6. Assim

x@y = (5 + 6)2 = 112 = 121.

c) Seja (a, b) um par de números inteiros tais que (a@b) − (a#b) = 36, isto é, (a + b)2 − (a2 + b2 ) = 36. Assim

a2 + b2 + 2ab − (a2 + b2 ) = a2 + b2 + 2ab − a2 − b2 = 2ab = 36,

de modo que ab = 18 = 2 · 32 . Portanto, os pares ordenados pedidos no enunciado são os 12 pares cujas
entradas quando multiplicadas resultam no número 18, a saber

(1,18); (2,9); (3,6); (6,3); (9,2); (18,1); (-1,-18); (-2,-9); (-3,-6); (-6,-3); (-9,-2); (-18,-1).

Problema 4. (OBMEP - 2018) O triângulo retângulo ABC tem catetos de medidas AB = 10 e AC = 10.
O ponto P sobre o lado AB está a uma distância x de A. O ponto Q sobre o lado AC é tal que P Q é paralelo
a BC. Os pontos R e S sobre BC são tais que QR é paralelo a AB e P S é paralelo a AC. A união dos
paralelogramos P BRQ e P SCQ determina uma região cinza de área f (x) no interior do triângulo ABC.

a) Calcule f (2).

b) Calcule f (8).

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c) Encontre a expressão de f (x) para 0 ≤ x ≤ 10.

d) Para qual valor de x a área de f (x) é máxima?

Resolução:
a) Denotemos por T a intersecção dos segmentos QR e P S. Para calcular f (2) basta subtrair da área do
triângulo ABC as áreas dos triângulos AP Q e T RS. Veja a figura:

Logo,
10 · 10 2 · 2 6 · 6
f (2) = − − = 30.
2 2 2
b) Para calcular f (8) basta subtrair a área do triângulo AP Q da área do triângulo ABC
8·8
f (8) = 50 − = 18
2

c) No caso geral, a expressão de f (x) para x ≤ 5 usa a mesma ideia que a utilizada no item (a)

x2 (10 − 2x)2 5x2


f (x) = f1 (x) = 50 − − =− + 20x.
2 2 2

A expressão de f (x) para x ≥ 5 usa a mesma ideia que a utilizada no item (b)

x2
f (x) = f2 (x) = 50 − .
2
Note que as expressões de f (x) obtidas acima coincidem quando x = 5. O gráfico de f (x) para 0 ≤ x ≤ 10 é a
2
união de dois arcos de diferentes parábolas coincidem perfeitamente em x = 5. De fato, f1 (5) = 20.5 − 5.5
2 =
52
100 − 125 75
2 = 2 , enquanto f2 (5) = 50 − 2 = 2
75

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d) Revisando: A área da figura cinza em termos de x pode ser escrita como
( 2
20x − 5x2 se 0≤x≤5
f (x) = x2
50 − 2 se 5 ≤ x ≤ 10
2
O primeiro ramo da função, que foi denominado f1 , tem como gráfico o ramo da parábola y = 20x − 5x2
entre os pontos x = 0 e x = 5, esta parábola tem como zeros os pontos x = 0 e x = 8 e tem a concavidade
voltada para baixo, portanto seu vértice, que ocorre em x = 4 é o ponto de máximo, cujo valor é y = f1 (4) =
2
20.4 − 5.4
2 = 80 − 40 = 40. Para vermos que este é o valor máximo da função f , note que em x = 5 os dois
ramos de parábola coincidem e o valor naquele ponto é igual a 752 = 37, 5 < 40. Note que f2 (x) é decrescente,
pois o vértice da parábola que descreve o gráfico desta função está localizado em x = 0 e novamente, como a
concavidade desta parábola está voltada para baixo, este é o seu ponto de máximo. Assim, o valor máximo
da função f ocorre em x = 4 que é onde ocorre o valor máximo da função f1 , cujo valor é f (4) = 40.

Problema 5. (OBMEP - 2018) Em uma caixa há 6 barbantes idênticos. Em cada etapa, duas extremidades
de barbantes são escolhidas ao acaso e amarradas com um nó. O processo é repetido até que não haja mais
extremidades livres.
a) Quantos nós são feitos até o final do processo?
b) Qual é a probabilidade de que, na primeira etapa, sejam amarradas as duas pontas de um mesmo barbante?
c) Qual é a probabilidade de que, na última etapa, sejam amarradas as duas pontas de um dos barbantes
originais?
d) Qual é a probabilidade de que, ao final do processo, os barbantes estejam todos amarrados em um único
laço?

Resolução:
a) No início do processo há 12 pontas livres. Cada vez que um nó é dado, duas dessas pontas são amarradas,
reduzindo em duas unidades o número de pontas livres. Portanto, são dados exatamente seis nós.
b) Na primeira etapa, temos 12 × 11 modos de escolher as duas pontas a serem amarradas (12 escolhas para a
primeira ponta e 11 escolhas para a segunda das pontas). Destas, temos apenas 12 maneiras de fazer essa
escolha de modo a formar um laço (uma vez escolhida a primeira ponta, só existe uma ponta possível entre
as restantes de forma a termos um laço). Logo, a probabilidade de formar um laço na primeira etapa é
12 1
=
12 × 11 11

c) Escolhendo uma ponta a ser amarrada de cada vez, o número de possibilidades para a feitura dos nós é 12!.
Para calcular o número de casos favoráveis, observamos
• O barbante a ser amarrado no último passo pode ser escolhido de 6 modos.
• Há 2 possibilidades para a ordem em que essas pontas são escolhidas.
• Nos 5 nós anteriores as 10 pontas restantes podem ser escolhidas arbitrariamente; ou seja, há 10!
possibilidades de escolhas para os 5 primeiros nós.
Logo, o número de casos favoráveis é
6 × 2 × 10!
e a probabilidade de que sejam amarradas as duas pontas de um dos barbantes originais é
6 × 2 × 10! 6×2 1
= = .
12! 12 × 11 11

d) Uma vez mais, o número total de possibilidades para a escolha das pontas para fazer os nós é 12!. Para
calcular o número de casos favoráveis, devemos observar que é formado um único laço se e só se não é formado
nenhum laço em qualquer das etapas anteriores. Assim:
• A primeira ponta do primeiro nó pode ser qualquer uma das 12 possíveis.
• A segunda não pode ser a outra ponta do mesmo barbante, de modo que há 10 possibilidades.
• A primeira ponta do segundo nó pode ser qualquer uma das 10 pontas disponíveis nesta etapa.
• A segunda não pode ser a outra ponta do mesmo barbante (não importa se o barbante é um dos originais
ou o que foi formado na etapa anterior). Há portanto 8 possibilidades.

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Repetindo o mesmo raciocínio para os demais nós, concluímos que o número de casos favoráveis é

(12 × 10) × (10 × 8) × (8 × 6) × (6 × 4) × (4 × 2) × (2 × 1),

de modo que a probabilidade de que seja formado um único laço é


12 × 10 × 10 × 8 × 8 × 6 × 6 × 4 × 4 × 2 × 2 × 1 10 × 8 × 6 × 4 × 2 256
= = .
12 × 11 × 10 × · · · × 3 × 2 × 1 11 × 9 × 7 × 5 × 3 693

Problema 6. (OBMEP - 2018) Pedro deve preencher um tabuleiro retangular 9 × 2018 com os números do
conjunto {1, 2, ..., 2018} usando cada número do conjunto exatamente 9 vezes. Além disso, a diferença entre
dois números numa mesma coluna não pode ser maior do que 3.

a) Qual é o maior número que pode aparecer em uma coluna que contém um número 1?
b) Determine o número máximo de colunas que podem conter números iguais a 1.

c) Além de preencher o tabuleiro, Pedro deve escrever embaixo de cada coluna o valor da soma dos números
dessa coluna. Explique por que, independentemente do preenchimento de Pedro, pelo menos uma dessas
somas vai ser menor do que 25.

Resolução:

a) Como a diferença entre dois números em uma mesma coluna não pode ser maior que 3, o maior número que
pode aparecer em uma coluna com o 1 é 1 + 3 = 4.
b) As colunas que contém 1 só podem ter os números do conjunto {1, 2, 3, 4}. Como Pedro só pode usar
4 × 9 = 36 números (nove repetições de cada um dos números 1, 2, 3 e 4), o número de colunas que podem
36
conter o número 1 é, no máximo, = 4.
9
c) Seja k a quantidade de colunas com o número 1. Vamos dividir a análise em casos:
i) Se k = 1, todos os números 1 estão em uma mesma coluna e assim a soma dos números dela é 9.
Nenhuma outra coluna pode ter soma menor. Portanto, a soma dos números dessa coluna formada por
1’s apenas é menor do que 25.
ii) Se k = 2, uma das duas colunas terá pelo menos 5 números 1’s (estamos usando o Princípio da Casa
dos Pombos). Mesmo que os números restantes dessa coluna sejam todos 4’s, a soma dos números nessa
coluna é, no máximo, igual a 1 · 5 + 4 · 4 = 21. Portanto, nesse caso também, a soma dos números dessa
coluna com cinco 1’s é menor do que 25.
iii) Se k = 3, a soma dos números nessas três colunas é no máximo 1·9+3·9+4·9 = 72, pois devemos utilizar
nove 1’s e maximizar as casas faltantes com os maiores números permissíveis que podem acompanhar o
1, ou seja, com números 3 ou 4. Pelo menos uma das três colunas terá como soma de seus elementos
72
um número menor do que ou igual a = 24. Portanto, nesse caso também, há uma coluna cuja soma
3
é menor do que 25.
iv) Se k = 4, a soma dos números nessas quatro colunas é 1 · 9 + 2 · 9 + 3 · 9 + 4 · 9 = 90. Pelo menos uma
90
delas terá como soma de seus elementos um número menor do que ou igual a = 22, 5. Portanto,
4
nesse último caso, há uma coluna cuja soma é menor do que 25.
Pelo exercício anterior, temos no máximo 4 colunas que contém o número 1, demonstrando assim o que
queríamos.

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