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CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

P693c
Pilotto Neto, Egydio
Caderno de receitas de concreto armado, volume 2 : pilares / Egydio
Pilotto Neto. - 1. ed. - Rio de Janeiro : LTC, 2018.
il. ; 21 cm.

Inclui bibliografia e índice


ISBN 978-85-216-3466-9

1. Vigas de concreto. 2. Deformações e tensões. 3. Colunas. I. Título.

17-43059 CDD: 620.137


CDU: 624.012.46
À minha mãe, que alicerçou minha vida para eu ser o ser que sou.
À minha esposa, que, com o amor, me ajudou a edificar uma
família.
Aos meus filhos, que, com seus feitos, constroem o presente.
Aos meus netos, que se preparam para ser os realizadores do
futuro.
“Se almejas projetar, aprende primeiro a calcular.”
(Autor desconhecido)

Para ser um calculista de estrutura, não basta comprar um


programa de computador. É necessário aprender a teoria para
conhecer a prática da execução, partindo dos princípios mais
simples para entender a lógica dos sistemas mais complexos.
O “E” DE ENGENHARIA

Com E Escrevo Engenharia.


Exercício de Erguer,
Edificar Esbelto Edifício
Em Estática Equilibrada,
E Estética Esmerada.
Executando Estrutura Estável,
Eliminando Erro Evitável.
Exaltando a Exatidão,
Engenharia Eficiente
Exige Empenho,
Encoraja a Esperança.
É Êxito Evidente.
Entusiasmo e Emoção,
Esforço e Eficácia,
Estímulo à Essência,
Engrandecendo a Existência.
Com “E” Escrevo o SucEsso.
Em Evidente Exagero E Excesso
No Emprego do E Estampado
Nos Extremos Encontrados
Do Esse Escrito por Extenso.
E no Sucesso Embutido
Bem no Eixo Escondido,
Entre Letras Espremido,
O E não É Esquecido.
Engenhosamente Embrenhado,
No Sucesso Encaixado,
Em Esplendor Encharcado,
O E também É Encontrado.

Do Autor
PREFÁCIO

Este livro não tem pretensão maior que aquela de apresentar a


receita dos princípios básicos que norteiam a estabilidade das
edificações. Trata-se do “arroz com feijão” do cálculo estrutural,
que serviu de alimento para a vida de um engenheiro calculista.
David Hume, filósofo do século XVIII, considerava que a
previsão de determinados efeitos baseava-se na experiência do
passado. Na atualidade, as mudanças são tão rápidas que não há
tempo para buscas no passado. As coisas vão simplesmente
acontecendo cada vez mais rápidas no aproveitamento máximo da
tecnologia de alto rendimento, em que é necessário apenas
apertar um botão.
Estaria o domínio da inteligência humana perdendo seu lugar
para a máquina?
Não se exige mais o conhecimento de como fazer para ter o
resultado desejado. É preciso apenas fazer no menor tempo.
Corremos para ganhar tempo enquanto o tempo flui sem
percebermos o seu passar.
O tempo é algo que não se ganha, apenas se aproveita.
Mais importante que ganhar tempo é não perder o valor do
tempo.
Nossa mente está cada dia mais dependente do
conhecimento trazido pelo mundo da informática. Então, surge a
pergunta: Seria possível substituir totalmente a inteligência
humana por uma inteligência artificial?
Para responder a tal pergunta é preciso, primeiramente,
definir o que é inteligência artificial.
Por artificial entende-se tudo que não é natural e, portanto,
não surgido daquilo que é espontâneo, que é autêntico.
No que se refere à inteligência, desde muitos séculos
pessoas ditas inteligentes vêm tentando defini-la. A mais
inteligente das definições e de maior facilidade de entendimento
define inteligência como a capacidade de entender, aprender e
raciocinar com facilidade.
O que difere a inteligência humana da inteligência artificial é
a enorme gama de alternativas que a inteligência humana tem – a
capacidade de criar com base no raciocínio pautado no
conhecimento.
Será que o homem, com o uso da sua inteligência,
conseguirá dar à máquina tal capacidade?
Se assim acontecer, ainda haverá algo que é privilégio do
ser humano: a razão, cuja função de promover a arte de viver
estimula o sentimento e a sensação de prazer que o conhecimento
faz aflorar na mente e no coração de quem tem a capacidade de
aprender e usar a lógica do raciocínio coerente.
Mais inteligente que o inteligente é aquele que percebe na
inteligência do outro aquilo que ainda falta na sua. E a máquina
jamais será capaz de perceber isso.
Este segundo caderno de receitas é um apanhado de
informações sobre os pilares, elementos de grande
responsabilidade em uma estrutura e que, diferentemente das
vigas, não apresenta sinais de colapso quando o desastre está
para acontecer.
Daí a importância de se entender o seu funcionamento antes
de se sentar diante do computador para fazer o dimensionamento.
A todo instante tratamos com situações que, para serem
solucionadas, exigem uma escolha entre várias alternativas. Até
mesmo as que parecem difíceis – porque se afastam do
corriqueiro e se aproximam do inédito, exigindo criatividade e
conhecimento – são passíveis de solução mediante raciocínio.
Independentemente de ser realizado com programa de
computador, ou na ponta do lápis, o cálculo dos pilares tem como
objetivo o reconhecimento das informações básicas referentes aos
três pontos que interferem no seu comportamento:
1) a geometria da seção do pilar;
2) o comprimento de flambagem;
3) as características do material do qual é composto.
De posse dessas informações, nos habilitamos para o início
do cálculo relativamente complexo e que exige o emprego de
métodos numéricos iterativos e incrementais, particularmente para
os pilares, que apresentam certo grau de esbeltez capaz de
colocar em risco a estrutura.
Existem processos que fornecem aceitáveis aproximações
matemáticas, os quais são citados no nosso caderno de receitas,
pois são permitidos em virtude de resultarem em valores
aceitáveis e numericamente favoráveis à segurança.
O caderno de receitas de pilares posto agora à disposição do
leitor é fruto da experiência em obras do passado, que podem
trazer informações válidas para o engenheiro nas obras a serem
executadas no futuro, acontecendo, assim, o que mencionava
David Hume:
“A previsão dos efeitos baseia-se na experiência do
passado.”

O Autor
AGRADECIMENTOS

O homem sem fé, sozinho, isolado do mundo e carente da


vontade de fazer, nada realiza. E nada realizando, torna-se um
inútil.
Sem fé, o homem não acredita na força do trabalho.
Sozinho, lamenta não ter com o que enfeitar a vida.
Isolado do mundo, não percebe o tempo passar e o
progresso avançar.
Só depois que o tempo passa, deixando a velhice como
sucessora, é que o homem descobre que procurou o que sempre
esteve à sua frente, mas a falta da vontade de fazer impediu-o de
ver.
Na elaboração deste livro houve muita fé, e não foram
poucos os que ajudaram na vontade de realizar. A mim coube
apenas juntar os retalhos e fazer o arranjo.
Fica aqui registrado, então, meu agradecimento a todos
aqueles que, direta ou indiretamente, me auxiliaram nesta tarefa.
SOBRE O AUTOR

Cursou a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), fazendo


parte do corpo de oficiais da arma de engenharia. Foi chefe de
residência e adjunto da Seção Técnica encarregada dos trabalhos
de terraplenagem e obras de arte (pontes, túneis e viadutos) da
Ferrovia Tronco Sul, sob responsabilidade do Batalhão de
Construção do Exército brasileiro.
Empossado em cargo público, por força da Lei afastou-se
das lides militares.
Complementou a formação como Engenheiro Civil na antiga
Escola de Engenharia de Taubaté.
Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho
na USP.
Pós-Graduação em formação do docente no ensino a
distância na Unip.
Lecionou em faculdades do Vale do Paraíba.
Atualmente é professor na Universidade Paulista (Unip).
Entre os projetos estruturais que merecem destaque estão:
- base para lançamento de foguetes em Alcântara,
Maranhão. Projeto espacial brasileiro.
- base do radar de rastreamento de satélites do INPE.
- base para torre metálica sobre prédio na Av. Paulista – SP.
É autor do livro Cor e Iluminação nos Ambientes de Trabalho
(1980).
Material
Suplementar

Este livro conta com o seguinte material suplementar:

■ Ilustrações da obra em formato de apresentação (restrito a


docentes).

O acesso ao material suplementar é gratuito. Basta que o leitor se


cadastre em nosso site (www.grupogen.com.br), faça seu login e
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SUMÁRIO

1 Introdução ao Estudo dos Pilares


1.1 Conceitos e Definições
1.2 Receita que Responde uma Dúvida
1.3 Flambagem
1.4 Definição de Pilar
1.4.1 Nomenclatura das Partes de um Pilar
1.4.2 Dimensionamento de Pilar

2 Conceituação e Histórico
2.1 Escravas de Pedra
2.2 Escala de Esbeltez
2.3 Como os Antigos Resolviam a Questão dos Pilares
2.3.1 As Colunas Gregas
2.3.2 Arcos
2.4 Colunas nas Construções na Idade Média

3 Princípios da Física das Massas


3.1 Equilíbrio dos Sólidos
3.2 Contribuição da Mecânica
3.2.1 Primeira Lei de Newton
3.2.2 Segunda Lei de Newton
3.2.3 Terceira Lei de Newton
3.3 Inércia
3.3.1 Conceito de Inércia
3.3.2 Massa Inercial
3.3.3 Momento de Inércia
3.4 Raio de Giração
3.5 Equilíbrio das Massas
3.5.1 Atração da Gravidade
3.6 Lição da Natureza
3.7 Subordinação à Estética e Respeito à Estática

4 Características dos Materiais


4.1 A Condicionante do Material
4.1.1 Materiais Elásticos
4.1.2 Deformações do Concreto
4.1.3 Módulo de Elasticidade
4.2 Resistência do Concreto à Compressão
4.2.1 Dosagem do Concreto
4.3 Deformações Reológicas
4.3.1 Retração
4.3.2 Deformação Lenta
4.4 Importância do Fator Água/Cimento

5 Comportamento das Estruturas


5.1 Equilíbrio Estrutural
5.2 Efeitos de 1a e 2a Ordens
5.3 Esforços Solicitantes nos Pilares de Edifício
5.3.1 Tipos de Apoio
5.3.2 Momentos nos Pilares de Edifícios

6 Influência do Solo
6.1 O Solo como Suporte
6.2 Tipos de Solo
6.3 Composição do Solo
6.4 Resumo da Análise de Sondagem do Solo
6.5 Sapata Isolada
6.6 Armadura para Sapata Flexível
7 Levantamento das Cargas
7.1 Cargas Atuantes
7.2 Reações de Apoio
7.3 Vento com Carga no Pilar
7.4 Força de Arrasto

8 Fatores Intervenientes
8.1 Índice de Esbeltez dos Pilares
8.1.1 Classificação dos Pilares
8.1.2 Resumo dos Comprimentos de Flambagem
8.2 Excentricidade das Cargas
8.3 Compatibilidade das Deformações

9 Pré-Dimensionamento de Pilar
9.1 Escolha da Seção
9.2 Limite de Deformação
9.3 Forma da Seção
9.4 Dimensões Transversais
9.5 Comprimento de Flambagem e Índice de Esbeltez
9.6 Equação de Equilíbrio
9.7 Armadura de Ferros dos Pilares

10 Dimensionamento da Ferragem
10.1 Ferros Longitudinais
10.1.1 Situação no 1 – Pilar Curto λ ≤ 40
10.1.2 Situação no 2 – Pilar Longo 40 ≥ λ ≥ 80
(Esbeltez Média)
10.1.3 Situação no 3 – Pilar Longo λ > 80
10.2 Estribos
10.2.1 Centralização da Carga
10.3 Redução do Ponto de Apoio
11 Ação do Vento nos Pilares
11.1 Efeito do Vento nos Pilares de Edifícios
11.2 Exemplo da Ação do Vento em um Prédio
11.3 Proposta para Cálculo de Pilar em L
11.4 Resolução da Questão Proposta

12 Modelo de Cálculo
12.1 Receita de Cálculo de Pilar
12.2 Proposta para Cálculo de Pilar para Reservatório
12.3 Início do Trabalho
12.4 Primeira Etapa: Situações de Carga
12.4.1 Carregamento
12.4.2 Situações Extremas de Carga
12.5 Segunda Etapa: Características do Terreno no Local
da Construção
12.5.1 Descrição do Solo
12.6 Terceira Etapa: Consequências da Ação do Vento
12.6.1 Carga Horizontal do Vento
12.6.2 Coeficiente de Arrasto (Ca) para Reservatório
Suspenso
12.6.3 Pressão do Vento
12.7 Quarta Etapa: Cargas no Pilar
12.7.1 Cargas Atuantes
12.7.2 Momento de Tombamento
12.7.3 Quinhão de Carga por Pilar
12.7.4 Geometria da Base
12.7.5 Situações Extremas de Pilar mais Carregado
12.8 Quinta Etapa: Dimensionamento do Pilar
12.8.1 Índice de Esbeltez
12.8.2 Ferragem Necessária
12.8.3 Verificação da Tração no Pilar
12.9 Pilar Pré-Moldado

Glossário de Termos Técnicos


Bibliografia
VOLUME 2 – PILARES

▹ CAPÍTULO 1
Introdução ao Estudo dos Pilares

▹ CAPÍTULO 2
Conceituação e Histórico

▹ CAPÍTULO 3
Princípios da Física das Massas

▹ CAPÍTULO 4
Características dos Materiais

▹ CAPÍTULO 5
Comportamento das Estruturas

▹ CAPÍTULO 6
Influência do Solo

▹ CAPÍTULO 7
Levantamento das Cargas

▹ CAPÍTULO 8
Fatores Intervenientes

▹ CAPÍTULO 9
Pré-Dimensionamento de Pilar
▹ CAPÍTULO 10
Dimensionamento da Ferragem

▹ CAPÍTULO 11
Ação do Vento nos Pilares

▹ CAPÍTULO 12
Modelo de Cálculo
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS PILARES

1.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES


No início do Volume 1 do Caderno de Receitas de Concreto Armado, que trata do cálculo das vigas,
foi apresentada uma receita chinesa sobre a distribuição das forças para equilíbrio do conjunto. A
receita chinesa do primeiro volume tratava da compensação, transmissão e distribuição de esforços
entre os elementos da estrutura que interagem na busca do equilíbrio. O resultado é comparável ao
trabalho em equipe, como o do grupo de chineses com suas barras no esforço para manter o
conjunto estável, de modo a não derramar a água do recipiente.
Dando continuidade à apresentação das receitas, neste Volume 2 trataremos do estudo do pilar.
O que faremos assemelha-se à retirada de um chinês daqueles da primeira receita, para analisar seu
comportamento individual dentro do comportamento do todo.

Figura 1.1 Receita chinesa.

Nas novas receitas, a serem apresentadas neste Volume 2, trataremos da estabilidade do


elemento isolado, mas totalmente vinculado à tarefa de manter o equilíbrio estático da estrutura.
Trata-se do estudo do comportamento do pilar visto como se fosse um elemento de uma pirâmide
humana posto em um trabalho individual em prol do equilíbrio do todo.
No caso de um indivíduo fraquejar, os demais serão sobrecarregados e a pirâmide se desfaz.
Com a queda de um, todos caem.
Note a semelhança da composição dos pórticos superpostos com a pirâmide humana.

Figura 1.2 Pirâmide humana.


Figura 1.3 Pórticos superpostos.

É, portanto, o estudo do que ocorre em um elemento, no caso um pilar, em função do que


acontece com a estrutura toda ao suportar uma carga.
Os esforços se compensam e se redistribuem, buscando o equilíbrio até chegar ao pilar.

1.2 RECEITA QUE RESPONDE UMA DÚVIDA


Acabou a gasolina e o carro velho precisa ser deslocado, com o uso do esforço muscular, até um
posto de abastecimento. Então, surge a dúvida: puxar ou empurrar? Qual exigiria menor esforço?
Neste caso, a força a ser aplicada é a mesma, de modo que é indiferente puxar ou empurrar,
desde que o veículo mantenha a direção voltada para o posto de abastecimento, e o deslocamento
se faça no sentido que segue com destino ao posto.

Figura 1.4 Força e deslocamento.

Em um corpo rígido, podemos deslocar o ponto de aplicação da força ao longo da reta suporte
sem alterar o estado de movimento ou de repouso do corpo. Significa que a força pode ter seu ponto
de aplicação ao longo da linha suporte da força, sem alterar sua condição, e desde que sejam
mantidos o módulo, a direção e o sentido da força.

Figura 1.5 Empurrar ou puxar.

Tendo as forças verticais equilibradas de tal modo que as componentes das reações das rodas
sejam iguais e de sinal contrário ao da carga, o esforço necessário para realizar o deslocamento, em
ambos os casos, puxando ou empurrando, será o mesmo.
Contudo, a distância entre as rodas da frente e de trás tenderá a se encurtar quando o
caminhão for empurrado, enquanto haverá uma tendência ao alongamento no caso de o veículo ser
puxado.

Figura 1.6 Resultado empurrando e puxando.

Isso significa que, embora a força aplicada em um corpo possa deslizar na sua linha de ação,
internamente as forças e as deformações diferem conforme a força seja uma compressão ou uma
tração.
Dizemos que uma peça sofre um esforço de tração quando está sujeita a um esforço normal,
isto é, a uma força passando pelo centro de gravidade de uma seção reta e normal ao plano dessa
seção, dirigida de tal forma que tende a afastar umas das outras duas seções vizinhas. O esforço
será dito de compressão quando, nas mesmas circunstâncias, a força for dirigida de tal modo que
tende a aproximar umas das outras as seções vizinhas.

Figura 1.7 Esforços normais.

Na tração, ocorre um alongamento que faz com que a barra que apresentava um comprimento
inicial L, após ter sido tracionada, apresente uma nova extensão maior que a inicial.
Na compressão, o que se vê é uma ação de encurtamento como primeiro resultado, podendo
haver um encurvamento da peça, dependente da extensão e da geometria do corpo comprimido.

1.3 FLAMBAGEM
A flambagem pode ser definida com o deslocamento lateral na direção de maior esbeltez que sofre
uma haste ao ser submetida a um esforço de compressão em sua extremidade.
A flambagem é um fenômeno elástico, que ocorre em barras alongadas ao se aplicar nelas um
esforço de compressão na direção do eixo longitudinal.
É sabido por todos que uma barra esbelta, como uma régua de plástico, se curva quando é
solicitada por um esforço de compressão, sem necessariamente se romper se a compressão não for
exagerada (Figura 1.8a).
Cortando a régua de plástico ao meio e aplicando nessa metade o mesmo esforço aplicado
anteriormente, veremos que ela não se curva da mesma forma como se curvou quando estava inteira
(Figura 1.8b).

Figura 1.8 Exemplos de flambagem.

Assim, podemos afirmar que o encurvamento está diretamente ligado ao comprimento da régua
e da intensidade do esforço nela aplicado que provoca o encurvamento, chamado de carga crítica.
Isso acontece com qualquer régua de plástico, daquelas que fazem parte do material escolar de
todo aluno que frequenta aula de desenho. Porém, se fizermos a mesma tentativa com uma régua
triangular de madeira, como as que contêm escalas e são usadas pelos engenheiros, a coisa não
funciona do mesmo modo (Figura 1.8c).
A régua de madeira é mais grossa, o que importa dizer que o encurvamento depende da
massa, bem como de sua distribuição em torno do eixo longitudinal da régua.
A primeira conclusão a que chegamos é de que uma força de mesma direção, sentido e
intensidade aplicada em uma barra provoca diferentes formas de comportamentos, dependendo da
intensidade e do ponto de aplicação da força, a começar pela forma como se manifesta no interior do
material.
A distribuição da massa de um corpo em torno de um eixo tem uma relação direta com o
comportamento desse corpo. Quanto maior a massa e mais longe estiver do eixo girante, mais difícil
se torna fazê-lo girar. Quanto mais massivo for o corpo, maior será sua tendência a permanecer em
seu estado inicial de movimento, que é nulo quando se trata de elemento estático.

1.4 DEFINIÇÃO DE PILAR


Pilar é a denominação genérica de uma peça prismática de eixo longitudinal reto, na qual a maior
dimensão é posicionada verticalmente, e no topo do qual é aplicada uma carga geradora de um
esforço de compressão simples ou de compressão com flexão, dependendo da posição da carga.
Figura 1.9 Pilar retangular.

Pilotis é o nome dado a um conjunto de pilares para sustentação de um prédio, deixando livre o
espaço para circulação no pavimento térreo.
Piloti, em francês, designa a palafita, tipo de habitação lacustre sobre estacas.
A inspiração para esse tipo de arquitetura se deve ao arquiteto Le Corbusier, considerado um
dos expoentes da história da arquitetura moderna do século XX.
Com ele, trabalhou o famoso arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer, que projetou Brasília.

Figura 1.10 Prédio sobre pilotis.

1.4.1 Nomenclatura das Partes de um Pilar


Para saber como calcular, torna-se necessário conhecer o que calcular.
Em um pilar de concreto armado, são identificadas as seguintes partes:
▶ Armadura longitudinal: as barras longitudinais são ligadas transversalmente entre si pelos
estribos colocados ao longo do pilar, conforme um distanciamento mantido por igual e
dentro de certos limites.
▶ Bitola das barras longitudinais: a bitola e a quantidade das barras a serem adotadas
resultam de cálculos da resistência do material e devem ser compatíveis com as
necessidades.
▶ Estribos: são armações que envolvem as barras longitudinais e absorvem, por tração, o
esforço de compressão do concreto.
▶ Diâmetro dos estribos: em geral, as bitolas utilizadas para estribo são de 6,3 mm ou 8 mm.

Figura 1.11 Detalhamento do pilar.

▶ Cobrimento: é a camada de concreto que protege a armadura. Sua espessura é


estabelecida em função da agressividade do ambiente.
▶ Seção de ferros: é determinada dentro de uma porcentagem da área da seção do pilar,
devendo se situar no limite mínimo de 0,008 e limite máximo de 0,06 ou 0,03 quando houver
emenda da armadura.
▶ Área útil de concreto: corresponde ao total da seção do pilar, subtraindo dela a área
ocupada pela ferragem.

1.4.2 Dimensionamento de Pilar


O cálculo de pilar é feito em função dos dados conhecidos. Assim, conforme os dados disponíveis,
existem dois casos a serem considerados:
No primeiro caso, conhecida a carga aplicada no pilar e a seção disponível, a questão é
determinar a tensão desenvolvida para verificação da condição imposta pela resistência do material
do qual o pilar é feito.
No segundo caso, conhecida a carga e o material a ser utilizado, cabe determinar as medidas
da seção do pilar.
Figura 1.12

O problema se apresenta relativamente simples, mas existem alguns fatores que devem ser
levados em conta em um projeto de pilar. A esses fatores daremos a denominação “fatores
intervenientes”. São eles:
• índice de esbeltez;
• excentricidade das cargas.
O índice de esbeltez é um parâmetro muito importante, pois é ele que determina o modo como
o pilar deve ser calculado. Já a excentricidade das cargas se refere à posição da aplicação da carga
em relação ao eixo do pilar.
CAPÍTULO 2
CONCEITUAÇÃO E HISTÓRICO

2.1 ESCRAVAS DE PEDRA


Na tentativa de facilitar o entendimento do que vem a ser grau
de esbeltez, fomos buscar uma receita que consideramos
adequada para essa explicação. Desta vez, nossa receita vem
da Grécia Antiga e quem nos conta é um arquiteto romano
chamado Vitrúvio.
Vitrúvio é o autor do tratado Da Arquitetura, obra
dedicada a Augusto, imperador dos romanos, tendo se tornado
livro indispensável para o conhecimento da arquitetura do
século I a.C. Podemos ler em sua narrativa a descrição de um
dos episódios mais comoventes da história grega da
antiguidade.
Xerxes, rei da Pérsia de 485 a 465 a.C., invadiu a
península do Peloponeso, na qual se situava a cidade grega
Cária, à margem do mar Egeu. Seus habitantes, dominados
pelos persas, se rendem e se juntam ao inimigo, mas no final
os gregos vencem a guerra. Como vingança, os vencedores
matam todos os homens da Cária e tomam suas mulheres
como escravas.
Para que as novas gerações tomassem conhecimento do
fato histórico e do castigo dado aos habitantes da cidade, os
gregos construíram, no pórtico da face sul do Erecteion, na
Acrópole de Atenas, as colunas com a configuração do corpo
de mulher tendo como significado a atitude de quem suporta o
peso da submissão escrava. A estatuaria recebeu a
denominação “cariátide”, termo que designa as esculturas de
sustentação do pórtico e que teve sua origem no nome da
cidade grega rendida na guerra com os persas.
O modo com o qual a estatuaria se ajusta à função de
sustentação, substituindo o fuste circular da coluna, revela o
perfeito equilíbrio que deve existir entre a ação da carga e a
reação da resistência que o material deve oferecer na justa
medida do necessário para a estrutura se manter estável, sem
exageros nas dimensões.
Devido à singela graça proporcionada por suas linhas
calmas e simples, e pela postura adequada e a harmonia com
que a estátua se apresenta, o termo “esbeltez” passou a ser
empregado como denominação para uma classificação de
pilar. Esse gênero de suporte teve seu uso perpetuado, sendo
empregado em muitas obras de grande significado
arquitetônico no transcorrer do tempo.

Figura 2.1 A figura humana como fuste.

O emprego da figura humana das cariátides fez com que


também o corpo masculino aparecesse com a mesma função
de suporte, recebendo a denominação “atlantes”.

2.2 ESCALA DE ESBELTEZ


Comparando as duas esculturas, é fácil observar que a
escultura do corpo feminino da cariátide possui uma esbeltez
que o corpo masculino esculpido não possui.
Traçando um gráfico hipotético com uma escala aleatória,
na qual os valores crescem na razão inversa das dimensões
dos corpos, podemos estabelecer um referencial a partir do
qual tem início a contagem da esbeltez. Tomando-se o valor
correspondente a 40 como referência, todo aquele que não
ultrapassasse o valor 40 seria considerado sem esbelteza.
À medida que o valor da esbeltez cresce, mais o corpo
se afina.
Entre 40 e 80, teríamos uma esbeltez considerada
moderada. Acima dos 80, teremos uma esbeltez que exige
cuidado especial.
Assim como o corpo humano, que quando é muito magro
tende a se arcar ao tentar equilibrar uma carga muito pesada,
o pilar com uma esbeltez muito elevada pode se curvar quando
lhe é imposta uma carga além de sua capacidade de suporte.
Pilares com grau de esbeltez maior que 80 devem ser
calculados por processo exato. Considerando que as
anotações deste caderno se limitam a informar como se
processa o cálculo de pilares, e não propriamente um estudo
mais profundo dos pilares, e como, em geral, os pilares de
edifícios não atingem valores superiores a 80, nos manteremos
restritos aos pilares com esbeltez menor que 80.
Figura 2.2 Escala de esbeltez.
Figura 2.3 Gráfico de esbeltez.

2.3 COMO OS ANTIGOS RESOLVIAM A


QUESTÃO DOS PILARES
2.3.1 As Colunas Gregas
Os gregos não foram os inventores das colunas, mas, por
certo, souberam muito bem como construí-las.

Figura 2.4 Colunas gregas.

Quando se trata de uma referência arquitetônica, o termo


coluna é usado para denominar um elemento estrutural vertical
cilíndrico que serve de ornato ou sustentação, sendo composto
de três partes: base, fuste e capitel.
A base, ou embasamento, é a parte que dá sustentação
à coluna e reduz o comprimento de flambagem.
O fuste é a parte que forma o corpo da coluna, entre o
capitel e a base, e deve suportar o esforço de compressão
provocado pela carga atuante sobre a coluna. Os gregos, com
sua preocupação em relação à estética, buscavam uma
relação entre as dimensões do fuste baseada na esbeltez das
cariátides. Por isso, reduziam levemente o diâmetro da parte
superior do fuste para evitar a ilusão ótica de que o fuste
parecesse se alargar no topo. A solução adotada foi manter
cilíndrico o fuste até 1/3 da altura, e nos 2/3 superiores fazer
uma pequena redução para compensar a ilusão ótica.

Figura 2.5 Detalhes das colunas.

O capitel é a parte superior da coluna que faz o seu


arremate e serve de berço para receber a carga. Por isso, é
mais largo que o fuste. Em geral, decorado, ostenta várias
formas em função do estilo ao qual está ligado.
Os capitéis gregos simbolizam períodos de um povo que
se perpetuou na história pelas obras com a colocação no lugar
preciso, com formas e proporções convenientes, formando um
conjunto ordenado e harmônico. Essa ordenação, com
características próprias marcando a época de sua realização,
recebeu a denominação ordem arquitetônica.
Figura 2.6 Capitéis gregos.

A ordem dórica surgiu na época inicial da civilização


grega, quando a simplicidade de costumes se refletiu na
simplicidade das formas de seu capitel.
A ordem jônica originou-se com a evolução da civilização
que não se satisfazia apenas com a expressão de força, mas
precisava também da graça e elegância a qual é demonstrada
no capitel dessa ordem.
Segundo Vitrúvio, a ordem coríntia nasceu da inspiração
causada pelas folhas de acanto em um escultor em bronze, de
nome Calímaco, ao visitar o cemitério de sua cidade Corinto.
Os gregos foram dominados pelos romanos, que
edificaram um grande império.
De cada povo dominado os romanos aproveitavam o que
julgavam ser de utilidade para o desenvolvimento de seu povo
e de sua cultura. Dos etruscos, herdaram a concepção dos
arcos e abóbadas, enquanto dos gregos, se apropriaram das
ordens arquitetônicas e técnicas de construção das colunas.
Criaram as arcadas, casamento das colunas gregas com os
arcos etruscos.
Mas os romanos também realizaram algumas
modificações e melhorias.
Os gregos assentavam as colunas de seus templos
sobre uma plataforma escalonada. Já os romanos elevaram
mais essa plataforma, que recebeu a denominação podium.
O pedestal, que era único, passou a ser empregado
isoladamente em cada suporte, originando o pedestal dos
romanos.
Com a invasão dos bárbaros, perdeu-se quase por
completo o conhecimento que fora adquirido naquela época.
Ao tratarmos de pilares e colunas, não poderíamos
deixar de tecer algumas considerações a respeito dos arcos.

2.3.2 Arcos
O arco foi um elemento marcante na evolução das
construções, tendo se constituído ao longo do tempo em uma
técnica responsável pela possibilidade de execução de
importantes obras da antiguidade como os aquedutos, o
Coliseu de Roma e as abóbadas das catedrais góticas. Os
arcos possuem uma interessante possibilidade de reduzir o
comprimento do fuste das colunas, permitindo um ganho na
altura sem risco de ocorrência de flambagem.

Figura 2.7 Arcos.

Encontramos na história da antiguidade um relato


interessante contando que há 4000 anos, na antiga cidade de
Ur, na Mesopotâmia, foi construído o primeiro arco de
alvenaria com tijolos encunhados. A técnica dos tijolos
encunhados perdurou por longo tempo, sendo o processo
usado para sustentação de aberturas de portas e janelas.
Figura 2.8 Aberturas e janelas.

Os egípcios eram geômetras por natureza. Os


construtores do vale do Nilo traçavam o arco com base no
triângulo retângulo de lados 3, 4 e 5 unidades de comprimento,
usado como “regulador de proporções”.

Figura 2.9 Abóbada egípcia.

Com centro em A e raio AB, traçavam a curva BD.


Passavam o centro para B e, com mesmo raio, obtinham AC.
Usando desta feita como centro o ponto E e raio EC, era
completado o arco com a ligação de C a D.
Nos arcos parabólicos, nos quais para qualquer ponto da
curva os quadrados de suas distâncias ao eixo são
proporcionais às suas distâncias e à tangente ao vértice, não
existe momento fletor, pois a linha de pressão coincide com o
eixo do arco. Cada seção transversal do arco está sujeita a
uma força de compressão, como nos pilares.

2.4 COLUNAS NAS CONSTRUÇÕES NA IDADE


MÉDIA
Durante a Idade Média, graças ao gosto artístico dos mestres
medievais, obras maravilhosas foram executadas com o uso
dos princípios da mecânica prática traduzida na “arte de
construir”. Era a época dos castelos medievais rivalizando com
as construções das catedrais.

Figura 2.10 Construções na Idade Média.

Com a chegada da Renascença, após a invenção do


cálculo infinitesimal por Newton na Inglaterra, e por Leibniz na
Prússia, seguiu-se um período abundante no campo de novas
evoluções da matemática e na técnica das construções.
Nessa época, a Europa assistia a um grande
desenvolvimento de todas as ciências e inúmeros monarcas
estimulavam a fundação de Academias Nacionais.
Foi nesse período que Leonhard Euler, nascido na cidade
suíça da Basileia, em 15 de abril de 1707, apresentou notável
contribuição às ciências matemáticas, entre elas, a Mecânica.
É de sua autoria o estabelecimento das equações gerais do
movimento em um corpo que gira em torno de um ponto fixo,
e, por extensão, as equações correspondentes ao movimento
de um corpo livre. Foi ele o primeiro a se ocupar do “momento
de inércia”, cuja denominação lhe é devida.
Estava surgindo a Ciência da Mecânica, de extrema
importância no desenvolvimento do estudo dos pilares.
CAPÍTULO 3
PRINCÍPIOS DA FÍSICA DAS
MASSAS

3.1 EQUILÍBRIO DOS SÓLIDOS


Ao observar a queda de um objeto quando é posto em estado
livre no espaço, intuitivamente a lógica humana nos induz a
reconhecer que existe uma força que faz com que os corpos
sejam atraídos para baixo. Nas edificações, quem tem a
missão de evitar que a estrutura venha ao chão são os pilares.
Para que o pilar cumpra de maneira adequada essa
função, deve ser devidamente calculado.
Na maioria das vezes, o entendimento de uma questão
facilmente solucionável de engenharia se torna dramática por
falta de conhecimento das leis da física que regem os
fenômenos do comportamento dos corpos sujeitos à lei da
gravidade. Assim, torna-se prioritário o conhecimento da física
ligada ao equilíbrio dos sólidos.

3.2 CONTRIBUIÇÃO DA MECÂNICA


A mecânica teve seu início no tempo de Aristóteles, na Grécia
Antiga. Era aplicada, principalmente, na arte das construções,
em que obteve grande desenvolvimento, o qual pode ser visto
até os dias atuais. Analisando algumas construções daquela
época, é possível perceber que alguns princípios ainda em uso
já eram do conhecimento dos arquitetos gregos.
A mecânica é a parte da física e da engenharia que trata
das relações entre a força, a matéria e o movimento.
O estudo da mecânica se baseia em três leis naturais
estabelecidas pela primeira vez por Isaac Newton.

3.2.1 Primeira Lei de Newton


Quando um corpo está em repouso, ou em movimento retilíneo
e uniforme, a resultante de todas as forças exercidas sobre o
corpo é nula. Cada elemento – laje, viga e pilar – que faz parte
da estrutura é um corpo em repouso e deve permanecer assim
para que a estrutura continue em equilíbrio.

3.2.2 Segunda Lei de Newton


A aceleração de um corpo é proporcional à força resultante
exercida sobre o corpo, e inversamente proporcional à massa
do corpo. Quanto maior a massa, mais difícil se torna fazer o
deslocamento do corpo, sendo maior a força necessária. Este
é um princípio muito importante na física da estabilidade.

3.2.3 Terceira Lei de Newton


Sempre que um corpo exerce uma força sobre outro, o
segundo exerce sobre o primeiro uma força, que é igual em
intensidade, mas diretamente oposta à que suporta. Estas
duas forças são geralmente chamadas de “ação” e “reação”. À
toda ação corresponde uma reação igual e contrária.
Embora Einstein tenha formulado um novo conceito para
a física com sua Teoria da Relatividade, os conceitos da
mecânica, apesar de suas limitações, continuam sendo a base
da engenharia.
3.3 INÉRCIA
3.3.1 Conceito de Inércia
A inércia representa a tendência que um corpo constituído por
certa quantidade de massa tem de permanecer em seu estado
inicial de movimento com uma velocidade constante que, no
caso do corpo em repouso, é igual a zero.

3.3.2 Massa Inercial


A massa inercial exprime a resistência que um corpo oferece à
qualquer alteração de seu estado. Difere da massa
gravitacional, que exprime a propriedade de atração entre os
corpos.
A massa inercial é proporcional à quantidade de energia
necessária para produzir o deslocamento de um corpo, ou
seja, produzir um trabalho.

3.3.3 Momento de Inércia


É a medida da distribuição da massa de um corpo em torno de
um eixo de rotação. Quanto maior for o momento de inércia de
um elemento, mais difícil será fazê-lo girar. O produto da
massa de um ponto, pelo quadrado de sua distância ao eixo de
rotação, recebe a denominação “momento de inércia” de um
ponto material. O ponto material é o elemento infinitamente
pequeno de um corpo, porém, com todas as suas
propriedades. O conjunto de pontos materiais ligados entre si
forma o sistema material, ou seja, o corpo.
O somatório dos momentos de inércia dos pontos que
compõem um sistema material é o momento de inércia do
sistema, representado pela letra J ou pela letra I.
Suponhamos uma barra homogênea suspensa por um
fio. Primeiramente, com o fio na posição do eixo longitudinal da
barra. Toma-se outra barra idêntica à primeira e prende-se o fio
na perpendicular ao eixo longitudinal. Em seguida, gira-se
cada uma das barras em torno do fio com o mesmo número de
voltas.
O fio torcido tende a voltar à posição original, fazendo a
barra girar.

Figura 3.1

Na primeira posição, a rotação será mais rápida,


enquanto na segunda, o giro será mais lento. As barras são
idênticas, mas devido à diferença de posição, na segunda
barra as massas estão mais longe do eixo de giro e oferecem
maior inércia, dificultando o movimento. Por isso, o giro é mais
lento que na primeira barra.
O fenômeno é mostrado na figura a seguir:
Figura 3.2 Centro de massa.

O movimento de um corpo rígido pode ser representado


pelo movimento do centro de massa desse corpo. Para isso,
admite-se que toda a massa do corpo esteja concentrada no
centro de massa e que nele estejam aplicadas todas as forças
externas. Quando se trata de massa gravitacional, o centro de
massa é o centro de gravidade desse corpo.
Em um salto de mergulho, o mergulhador lançando-se do
trampolim descreve uma trajetória parabólica com uma
pequena rotação em torno de um eixo perpendicular ao plano
da trajetória, penetrando na água depois de uma rotação de
aproximadamente meia circunferência. Esse é um salto
simples.
No salto-mortal, o mergulhador agrupa seu corpo durante
a trajetória e efetua voltas em torno do seu eixo de rotação
antes do mergulho.
Ao agrupar o corpo, o mergulhador diminui seu momento
de inércia, possibilitando um aumento de velocidade de
rotação. Quando se aproxima da água, ele estende os braços
e pernas para aumentar seu momento de inércia e, com isso,
reduzir a velocidade angular para poder completar o mergulho.

Figura 3.3 Mergulho com salto-mortal.

Existem inúmeras tabelas que nos fornecem os valores


em conformidade com a geometria das massas.

3.4 RAIO DE GIRAÇÃO


Qualquer que seja a forma de um corpo, é possível determinar
uma distância radial a qualquer eixo dado, à qual se poderia
concentrar toda a massa do sistema sem alterar seu momento
de inércia em relação ao eixo considerado.
A essa distância se dá o nome de raio de giração, sendo
representado pela letra i.
Considerando-se a massa m do corpo, o momento de
inércia desse corpo será o do ponto no qual se considera
concentrada essa massa m a uma distância i do eixo, isto é:

J = m · i2

Logo,

No caso de figuras planas, podemos fazer uma analogia


entre o ponto material e o ponto geométrico, e nesse caso, a
massa de uma porção da superfície plana será representada
por sua área.
Sendo A a área da figura, o raio de giração é a distância
correspondente à raiz quadrada do quociente da divisão do
momento de inércia da seção em relação ao eixo xx pela sua
área.

O “imín” se refere sempre à menor dimensão da seção do


pilar.

3.5 EQUILÍBRIO DAS MASSAS


3.5.1 Atração da Gravidade
Duas massas quaisquer no universo atraem-se uma à outra
com certa força gravitacional.
Newton provou que a atração gravitacional exercida por
uma esfera sobre objetos externos é a mesma que ela
exerceria se toda sua massa estivesse concentrada em seu
centro. Podemos imaginar toda a matéria ou massa da Terra
concentrada no seu centro, 6300 km abaixo da superfície. O
sentido do vetor força gravitacional exercida sobre um corpo
na superfície da Terra é voltada para o centro, em um sentido
que se convencionou chamar “para baixo”. Dessa forma, para
que um corpo situado “acima” da superfície terrestre não “caia”
devido ao seu peso, torna-se necessário dar a ele uma
sustentação cuja robustez seja compatível com o peso desse
corpo.

3.6 LIÇÃO DA NATUREZA


A natureza é sábia e nos brinda com exemplos formidáveis.
Nela, tudo tem seu equilíbrio. A garça tem pernas finas para
não pesar demais e atrapalhar o voo. O elefante tem pernas
grossas para suportar seu peso.

Figura 3.4 Exemplos da natureza.

A leveza de uma garça contrasta com o peso de um


elefante. A garça em seu voo é sustentada pelo ar. Já pensou
em um elefante voando?
As pernas da garça nos parecem extremamente finas e
longas, enquanto as do elefante se mostram curtas e robustas.
Fica bem claro que a perna da garça se classifica com um
elevado índice de esbeltez. Já a do elefante tem um índice de
esbeltez bastante baixo. Intuitivamente, concluímos que a
natureza os fez assim para que a garça pudesse voar e o
elefante se mantivesse em terra. Contudo, não se trata apenas
de uma questão de peso, mas de aerodinâmica e de
velocidade. Não concebemos uma vaca voando, mas podemos
vê-la suspensa no ar no meio de um furacão. E o que dizer de
um avião cargueiro em pleno voo?
No jogo entre o equilíbrio e a instabilidade, encontramos
dois conjuntos de regras, as mesmas que existem entre a
estética e a estática:
▶ as mutáveis;
▶ as imutáveis.
As regras que podem ser mudadas são aquelas
estabelecidas pelo homem para satisfação de um desejo de
harmonia e beleza, que se condensam na estética. A estética
é, portanto, uma concepção humana ligada a uma condição
que depende do gosto de cada um. As regras da estética
devem ser seguidas, mas não são obrigatórias para a
existência de uma obra. Se a regra estética existente não for
adequada para a ocasião, muda-se a regra.
As regras imutáveis são as que se subordinam às leis da
natureza e não podem ser mudadas pelo homem, pois o
desrespeito a elas leva a obra à ruína. Contudo, a engenharia
é a arte de compatibilizar as imposições da estética com o
equilíbrio exigido pela estática, usando alguns princípios ou
criando artifícios que satisfazem as exigências estéticas sem
contrariar as necessidades para manutenção do equilíbrio
estático, como faz a garça quando se apoia em uma única
perna. Porém, é preciso ter em mente que nem sempre é
exequível fazer um elefante se equilibrar sobre um banquinho
em cima de uma só pata como acontecia nos números de circo
de antigamente. Do mesmo modo, é preciso entender que uma
obra extremamente bela pode não ser materialmente exequível
devido à falta de um equilíbrio possível.

Figura 3.5 Questão de equilíbrio.

3.7 SUBORDINAÇÃO À ESTÉTICA E RESPEITO


À ESTÁTICA
A título de esclarecimento e para perfeita compreensão, vamos
imaginar a seguinte situação:
Em um escritório, existe uma regra estética que
determina que todos os quadros devem ser posicionados na
parede na posição vertical. O novo diretor, ao assumir o cargo,
mudou a regra: os quadros devem ser colocados segundo a
horizontal.
A regra estética mudou, porém a regra estática continua
inalterada com base na lei do equilíbrio, que diz: para que um
corpo fique em equilíbrio, devemos sujeitá-lo a uma força igual
e contrária a seu peso. Essa força deverá estar aplicada em
um ponto situado na linha de ação do peso, que é vertical e
passa pelo centro de gravidade do corpo.
Figura 3.6 Quadros na parede.

No caso dos quadros, a força de reação se situa no


prego que mantém o quadro suspenso na parede. Ao mudar a
posição do quadro, torna-se necessário mudar a posição do
gancho que se prende ao prego, para que o princípio físico de
equilíbrio se mantenha inalterado.

Figura 3.7 Fórmulas para cálculo das características


geométricas.
CAPÍTULO 4
CARACTERÍSTICAS DOS
MATERIAIS

O segredo do dimensionamento dos pilares está em atender


os diversos aspectos que interferem no seu funcionamento,
impondo condições para seu bom comportamento como
elemento estrutural de sustentação. Para isso, torna-se
necessário desvendar os segredos guardados em cada uma
das condicionantes. A referente ao material determina a
capacidade de sustentação do pilar.

4.1 A CONDICIONANTE DO MATERIAL


A resistência de um pilar depende, primeiramente, do material
do qual é composto. Dependendo da fragilidade ou da
robustez do material, o pilar terá maior ou menor resistência à
deformação ao receber uma carga.
Para facilitar o estudo teórico, a mecânica lança mão de
um artifício que se torna admissível para possibilitar a
resolução de suas equações, mas que não condiz com o fato
real. Esse artifício é considerar como rígidos os corpos
materiais.
Na realidade, todo material tem a capacidade de se
deformar quando sujeito a um esforço, pois toda massa da
qual é constituído um corpo cede sob a ação de uma força.
4.1.1 Materiais Elásticos
Alguns materiais voltam à forma original quando a força que
motivou a deformação é retirada. Outros permanecem mais ou
menos deformados, mesmo que a força perturbadora seja
retirada. Aquele que retorna com exatidão como era antes é
considerado perfeitamente elástico. Aquele que não volta à
forma original é chamado de inelástico. As propriedades
elásticas dos materiais estão ligadas a dois conceitos: tensão e
deformação.
O termo “tensão” significa certa quantidade de força que
se distribui em uma unidade de área.
Já “deformação”, refere-se às variações relativas de
dimensão ou forma de um corpo submetido a uma tensão.
Observa-se, experimentalmente, que, no limite de
elasticidade, as deformações são proporcionais às tensões.

4.1.2 Deformações do Concreto


O conhecimento das deformações do concreto é muito
importante para se estabelecer corretamente o
dimensionamento dos pilares. As deformações do concreto
seguem leis particulares. A complexidade de tais fenômenos
resulta da própria constituição do concreto, corpo heterogêneo
composto de substâncias inertes (os agregados), unidos por
um ligante, o cimento.
Os cristais gerados pela hidratação dos compostos do
cimento formam um verdadeiro esqueleto sólido em cujos
interstícios fica retida a água que ainda será consumida na
sequência da reação de endurecimento, ou será evaporada. À
presença desta água intersticial e aos fenômenos da
capilaridade devem-se os processos termodinâmicos pelos
quais o concreto difere dos outros materiais utilizados nas
estruturas.
4.1.3 Módulo de Elasticidade
A representação gráfica da proporcionalidade entre as tensões
e as deformações é uma reta. Cada material tem para a reta
um determinado ângulo α de inclinação. A tangente do ângulo
α recebe a denominação módulo de elasticidade ou módulo de
Young e é representado pela letra E.

E = tg α

O módulo de elasticidade (E) é usado na determinação


da carga crítica (Pcr), cujo valor é calculado pela equação de
Euler.
Para o aço, que é um material homogêneo, o módulo de
elasticidade é:

E = 2100000 kgf/cm²

Figura 4.1 Gráfico do módulo de elasticidade.

No caso do concreto armado, que não é um material


homogêneo, não há um valor fixo e depende das
características do concreto.
O módulo de elasticidade do concreto (Ec) é função de
sua resistência, idade e valor das tensões ou deformações na
ocasião considerada. No concreto, o limite de elasticidade não
pode ser bem definido, podendo ser considerado como a
máxima tensão que possa ser repetida indefinidamente sem
provocar maiores acréscimos na deformação, o que
corresponde cerca de um terço do limite da resistência. Até
esse limite, a curva tensão-deformação é próxima da linha reta
e o módulo de elasticidade independe do valor da tensão. Para
tensões acima desse valor, o módulo de elasticidade varia
sensivelmente com a tensão.
Na falta de determinação experimental, o módulo de
deformação longitudinal à compressão, no início da curva
tensão-deformação efetiva correspondente ao primeiro
carregamento, será suposto igual a:

sendo

fcj = fck + 35 kgf/cm2

O fcj é o valor esperado da resistência do concreto com a


idade de j dias de seu lançamento, projetado para determinado
fck.
Resulta daí que a carga crítica calculada para um pilar de
concreto é função da qualidade do concreto e do fck previsto
em projeto. Por essa razão, se torna necessário um controle
rigoroso de sua dosagem e seu preparo.

4.2 RESISTÊNCIA DO CONCRETO À


COMPRESSÃO
A resistência mínima do concreto à compressão é aquela
acima da qual se encontram os resultados dos ensaios dos
corpos de prova com uma probabilidade de 95 %. Este critério
é baseado no cálculo das probabilidades. Admite-se que os
resultados dos ensaios se distribuam segundo a curva de
distribuição normal de Gauss.
Figura 4.2 Curva de frequência relativa.

Conhecidos os resultados dos ensaios de um número


suficiente de corpos de prova, podemos traçar um histograma
e construir a curva de distribuição de frequência de Gauss.

4.2.1 Dosagem do Concreto


O concreto apresenta boa resistência aos esforços de
compressão, fato que o torna um material enormemente
utilizado em construções. A resistência à compressão é a
propriedade do concreto adotada por ocasião do
dimensionamento da estrutura. Porém, essa resistência
mecânica apresenta grande variação em face da variedade de
fatores que intervêm na sua preparação, como a dosagem, o
transporte, o lançamento e as condições de cura.
A resistência do concreto é verificada por meio da ruptura
dos corpos de prova cilíndricos, com diâmetro de 15 cm e
altura de 30 cm, realizados em laboratórios de ensaio de
materiais. Os resultados de inúmeros ensaios indicam que a
resistência à compressão segue as leis da estatística.
Denomina-se “resistência característica”, indicada por
fck, o valor da resistência tal que 95 % das amostras
submetidas ao ensaio não se rompem com tensões inferiores à
dada para o valor de fck, restando apenas 5 % de
probabilidade de não ser atingido esse valor.
É possível determinar o fck de um concreto conhecendo-
se a média aritmética (fcm) das resistências de n corpos de
prova, aplicando-se a fórmula:

fck = fcm – 1,65s

O valor de s é dado pelo desvio-padrão, que depende do


controle e qualidade da preparação do concreto.
Para o caso de pequenas construções, quando o cimento
for medido em peso e os agregados medidos em volume,
sendo o concreto executado com algum controle e pessoal de
certa experiência, pode-se adotar o valor:

s = 70 kgf/cm²

Um fator de influência na resistência do concreto é a


água usada na mistura dos agregados com o cimento.
Diversas investigações indicam que a resistência à
compressão depende diretamente da quantidade de água
adicionada na massa.

Figura 4.3 Curva de relação água/cimento.


4.3 DEFORMAÇÕES REOLÓGICAS
4.3.1 Retração
Um pilar de concreto, mesmo que descarregado, apresenta o
fenômeno da retração, que ocorre com a redução de suas
dimensões em todas as direções.

Figura 4.4 Gráfico de retração.

A causa reside no fato de a água contida nos canais


capilares tender a sair para a superfície, provocando uma
reação de compressão no esqueleto sólido, que, então, se
retrairá. O maior ou menor grau de retração depende do fator
água/cimento, métodos de cura, umidade do ar e as próprias
dimensões do pilar.

4.3.2 Deformação lenta


A redução de volume da estrutura sólida de concreto, devido à
deformação imediata, produz o deslocamento da água
intersticial para regiões nas quais a evaporação já ocorreu.
Então, pelas mesmas causas da retração, irá se produzir uma
deformação suplementar que seguirá, ao longo do tempo, leis
análogas às da retração.
Dessa forma, podemos entender a deformação lenta
como uma deformação que não se processa simultaneamente
com a aplicação da carga.
Tendo em vista um equilíbrio inicial proporcionado pelo
aumento do estado de tensão interno com a redução dos
vazios devido à deformação imediata, a diminuição da água
intersticial provocará novos estados de equilíbrio até assumir
uma configuração final de estrutura sólida.

4.4 IMPORTÂNCIA DO FATOR


ÁGUA/CIMENTO
O comportamento de retração do concreto está diretamente
relacionado com a quantidade de água presente no concreto,
ou seja, pela relação água/cimento (A/C). No gráfico da curva
de relação água/cimento, estão representadas diversas curvas
referentes à relação A/C em porcentagem.
Podemos observar pelo gráfico que até os 28 dias a
retração para as diferentes relações A/C não apresenta grande
diferença, mas a partir dos 28 dias nota-se uma significativa
diferença entre as curvas. A curva que corresponde à menor
relação A/C é a que apresenta a menor retração.
Sem dúvida, em vista do que se observa, não é o fator
tempo, mas o fator perda de água o que motiva a retração.
Em alguns casos, a retração traz como consequência o
aparecimento de pequenas fissuras com o decorrer do tempo.
Conclui-se, então, que a relação A/C deve ser a
suficiente apenas para a reação do cimento.
CAPÍTULO 5
COMPORTAMENTO DAS
ESTRUTURAS

5.1 EQUILÍBRIO ESTRUTURAL


Podemos dizer que um prédio se mantém em equilíbrio graças
ao bom desempenho de seus elementos, entre eles os pilares
responsáveis pela transferência de esforços entre os
pavimentos. Para que se torne possível aquilatar a importância
dos pilares, torna-se necessário ter alguns conhecimentos
básicos de estabilidade das edificações. Existe uma série de
conceitos da física que orientam os princípios de equilíbrio dos
corpos. Vamos lembrar alguns deles para facilitar nosso
estudo.
Quando um corpo está apoiado sobre um plano
horizontal, o equilíbrio estável se verifica se a vertical baixada
do centro de gravidade cortar a base de sustentação do corpo.
Assim, um tijolo deitado é muito mais estável do que quando
se acha apoiado pela face menor.
Figura 5.1 Estabilidade de um corpo.

O corpo isolado tem um comportamento que pode ser


modificado quando esse corpo passa a fazer parte de um
conjunto. Tudo depende de como se faz a ligação entre os
componentes do conjunto e da resistência de cada um desses
componentes.
Quando esses elementos do conjunto estão
adequadamente interligados e pela sua própria resistência
garantem a estabilidade do conjunto, teremos o que é
chamado de estrutura. Assim, o conjunto de três tijolos
colocados de tal forma que dois deles suportam o terceiro
pode ser considerado uma estrutura, dependendo do vínculo
que existe entre eles e da estabilidade que esse vínculo é
capaz de estabelecer.

Figura 5.2 Contorno de três tijolos.

Projetando-se sobre um plano, o contorno formado pelos


três tijolos apresenta a configuração de um pórtico, em que
cada tijolo passa a ter um comportamento que se molda de
maneira adequada à sua posição na estrutura. Se não houver
um vínculo que ligue um tijolo ao outro, não há como aplicar ao
conjunto o conceito de estrutura, uma vez que deixará de
existir a transmissão de esforços entre os tijolos.
Se for feita a superposição de novo conjunto de três
tijolos, no mesmo modo em que se posicionam os primeiros,
teremos apenas uma pilha de tijolos e qualquer movimento irá
desfazer o conjunto na forma como se apresenta.
Supondo que os três tijolos estejam ligados por uma
argamassa de cimento, então haverá um vínculo entre eles
que os manterá unidos. Se cada tijolo resistir ao esforço
solicitante a que está sujeito, teremos formado uma estrutura.
Essa primeira ideia sobre composição de uma estrutura
pode ser estendida ao esqueleto resistente de um edifício com
pisos superpostos, formando uma trama tridimensional de
pórticos interligados.
Os esforços a que são submetidos os elementos
resistentes de uma edificação distribuem-se em toda a
estrutura. Essa distribuição ocorre em função da rigidez das
ligações dos pilares com as vigas, chamados de “nós”.
Os nós rígidos não permitem a rotação, pois impedem o
giro, fazendo com que os esforços axiais e transversais se
transmitam de uma barra à outra. Essa transferência de
esforços faz com que os momentos de flexão tendam a se
equilibrar para propiciar a estabilidade da estrutura. Esse
ajuste de esforços depende da rigidez que a ligação oferecer.
Existem duas possibilidades:
Figura 5.3 Estrutura de três tijolos.

1) Ocorre uma deformação de rotação no ponto de


ligação entre os tijolos, que pode ser desprezada.
2) O ponto de ligação se mantém rígido e há uma
deformação no tijolo, que não pode ser desprezada.
Os pórticos sobrepostos formam quadros que, conforme
a ligação de suas barras, podem ser quadros deformáveis ou
indeformáveis.
Na Figura 5.4, aparece a ossatura de um prédio de
múltiplos andares.
Figura 5.4 Estrutura de edifício.

Vamos analisar o comportamento de um pórtico


articulado em sua base e sujeito a uma carga distribuída. A
carga vertical no pilar corresponde à reação de apoio da barra
superior, portanto:
Figura 5.5 Pórtico articulado na base.

O momento no topo do pilar no nó da junção com a viga


é dado por:

em que

sendo J1 o momento de inércia da barra vertical e J2 o


momento de inércia da barra horizontal.
O momento no meio do vão é dado por:

Esforços horizontais na base:


Esforços no pórtico com base engastada.

Figura 5.6 Pórtico de base engastada.

O momento na junção da barra horizontal com a barra


vertical é dado por:

em que
sendo J1 o momento de inércia da barra vertical e J2 o
momento de inércia da barra horizontal.
O momento no meio do vão é dado por:

Esforços horizontais na base:

Momentos na base:

Os pilares dos edifícios de concreto armado são


elementos estruturais cuja resistência depende da relação
entre suas dimensões. Quanto mais adequadas forem suas
dimensões, de tal modo a se obter maior raio de giração da
seção, menor será o valor de sua esbeltez, o que resulta em
maior capacidade de carga.
Os pórticos sobrepostos formam quadros, que, conforme
a ligação de suas barras, podem ser quadros deformáveis ou
indeformáveis, dependendo de seus nós serem articulados ou
rígidos.
Figura 5.7 Pórtico simples.

O cálculo dos momentos nos nós de um pórtico simples é


semelhante ao das vigas contínuas.
Para facilitar o entendimento, podemos abrir a estrutura,
calculá-la como viga contínua e depois fechá-la novamente.

Figura 5.8 Abertura de pórtico.

Figura 5.9 Viga de substituição.


O diagrama de momento fletor da viga contínua terá a
seguinte composição:

Figura 5.10 Diagrama de viga.

Voltando à composição de pórtico, teremos o diagrama


final:

Figura 5.11 Diagrama final do pórtico.

Uma estrutura normalmente apresenta certas


deformações que, sendo pequenas, dispensam maiores
cuidados. Por essa razão, a estrutura pode ser calculada com
o emprego de métodos aproximados.
Nos casos em que não podemos desprezar as
deformações elásticas e as estruturas não podem ser
resolvidas com as equações da estática – pois, além destas,
precisamos fazer uso dos teoremas do trabalho elástico –,
estaremos diante de uma estrutura hiperestática. Os pórticos
que não podem ser resolvidos com as três equações da
estática são estruturas hiperestáticas.
Em certos casos, e quando as condições da estrutura
nos permitirem, para diminuir o trabalho de aplicação do
método de Cross, podemos lançar mão de valores
aproximados que se comportem a favor da segurança.
Uma edificação de múltiplos pavimentos se resume em
uma superposição de pilares e vigas formando pórticos.

Figura 5.12 Ossatura de um prédio de múltiplos andares.

5.2 EFEITOS DE 1a E 2a ORDENS


São efeitos decorrentes da existência ou não do fenômeno da
flambagem.
São chamados efeitos de primeira ordem os esforços
calculados a partir da geometria inicial da estrutura, sem
deformação.
Aqueles esforços advindos da deformação física da
estrutura são chamados de efeitos de segunda ordem.
Imaginemos um pilar engastado na base, recebendo uma
carga axial em seu topo, mantendo-se em equilíbrio vertical de
tal forma que seu eixo mantenha uma linearidade em toda a
extensão. Na ocasião em que uma força horizontal, como uma
rajada de vento, corre no topo do pilar é criado um momento.
Esse momento é um esforço de primeira ordem que resulta da
multiplicação da força do vento pelo braço de alavanca, que,
neste caso, é a própria altura do pilar.
Efeitos de segunda ordem são aqueles que se somam
aos obtidos na configuração de primeira ordem, quando o
equilíbrio da estrutura é considerado na sua geometria inicial e
passa a ter a configuração deformada.
Devido ao surgimento do momento, a aplicação da carga
vertical em relação ao eixo inicial do pilar se desloca, tendo
como consequência o aumento da excentricidade.
Aumentando a excentricidade, maior se torna o momento e
assim por diante repetidamente, podendo chegar ao colapso.

Figura 5.13 Efeitos de 1a e 2a ordens.


5.3 ESFORÇOS SOLICITANTES NOS PILARES
DE EDIFÍCIO

Figura 5.14 Esforços nos pórticos.

5.3.1 Tipos de Apoio

Figura 5.15 Tipos de apoio.

▶ Posição 1: Quando a viga é considerada engastada,


não há efeito de momento no pilar em face de sua
rigidez. Para que seja considerado como engastada a
ligação da viga com o pilar, torna-se necessário que o
pilar apresente uma dimensão maior que 50 cm na
direção do engastamento.
▶ Posição 2: Nos pilares internos dos edifícios, a carga
transmitida pela viga é considerada centrada.
Portanto, não se considera que haja momento no
pilar.

Figura 5.16 Apoio simples.

▶ Posição 3: No pilar da extremidade da viga, há um


semiengastamento que origina momentos na viga e
no pilar.
5.3.2 Momentos nos Pilares de Edifícios

Figura 5.17 Momentos nos pilares das extremidades.

Momento na viga:

Momento no pilar inferior:

Momento no pilar superior:

Índice de rigidez da barra,

Momento de engastamento da viga no nó com o pilar:


Para carga concentrada:

Figura 5.18 Momento de engastamento para carga


concentrada.

Para carga distribuída:

Figura 5.19 Momento de engastamento para carga


distribuída.
Os pilares dos edifícios de concreto armado são
elementos estruturais cuja resistência depende da relação
entre suas dimensões. Significa dizer que a resistência do pilar
depende de seu grau de esbeltez. Quanto mais longo for o
pilar, maior será seu índice de esbeltez e menor sua
resistência relativa.
Conhecido o valor quantitativo da carga e posicionado o
ponto de locação do eixo do pilar, pode-se determinar se a
carga é centrada ou excêntrica.
Uma vez que não há como ter uma precisão na
determinação da carga e sua real posição em relação ao eixo
do pilar, por maior que seja a exatidão dos cálculos,
dificilmente teremos traduzido no resultado a precisão que
acompanhe o comportamento ideal da estrutura. Por isso,
existem casos nos quais o cálculo de pilar pode ser realizado
com método aproximado.
Sabendo-se que o pilar, ao receber uma carga, é
solicitado a apresentar uma resistência suficiente para suportar
os esforços decorrentes do carregamento, e tendo em conta
que por si só não absorve os esforços a que está sujeito, para
onde vai a força aplicada no pilar?
Conforme a lei de Newton, à toda ação corresponde uma
reação. Assim, a ação do pilar deve encontrar uma reação
contrária do solo no qual se assentará.
Conhecidas as cargas e os esforços a serem
transmitidos pelo pilar para o solo, temos condições de prever
o tipo de fundação, mas para isso precisamos conhecer as
características do solo.
CAPÍTULO 6
INFLUÊNCIA DO SOLO

6.1 O SOLO COMO SUPORTE


De nada adianta um correto dimensionamento do pilar na sua
função de transmitir a carga para o solo se as características
do solo não forem devidamente analisadas na verificação das
condições de resistência para as cargas aplicadas.
O conjunto de elementos que formam uma fundação é o
que mantém a obra em condição estável. Para isso, devem se
assentar em solo resistente, o qual geralmente se encontra a
certa profundidade, abaixo do nível do terreno. Por isso, o
entendimento a respeito do solo se torna de grande
importância para o engenheiro que calcula estruturas.
A crosta terrestre é constituída, essencialmente, de
rochas e, de maneira curiosa, a rocha poucas vezes é
encontrada aflorando à superfície. Qual seria a razão?
A história da formação das rochas é muito complexa,
existindo apenas hipóteses. Uma delas indica que uma energia
gravitacional extremamente grande foi suficiente para fundir a
Terra durante sua formação. Em seguida, a crosta se resfriou,
permitindo a formação de cristais, e estes originaram as
rochas. Permaneceu apenas um magma quente e pastoso. As
rochas resultantes do resfriamento do magma receberam a
denominação “rochas magmáticas”. Tais rochas possuem sua
estrutura de acordo com o derrame sucessivo de lavas,
formando uma estrutura estratificada.
Com a formação da atmosfera ao redor da Terra, teve
início a ação erosiva do vento e da água. Os detritos das
rochas magmáticas e os organismos que surgiram
posteriormente, arrastados pelo vento e pela água,
amontoaram-se em depósitos que se transformaram em outro
tipo de rocha: as “sedimentares”. As rochas sedimentares
estão dispostas, na maioria das vezes, em estratos quase
sempre paralelos com o plano horizontal.
Finalmente, com o passar do tempo e a movimentação
da crosta, houve o fenômeno da recristalização e formação de
outro tipo de rocha: a “metamórfica”. As rochas metamórficas
têm uma textura relacionada com o ambiente no qual se deu o
metamorfismo, que poderá estar relacionado à ação da
temperatura ou da pressão, ou de ambas. Temos como
resultado texturas xistosas, granulares e semigranulares, além
de outras.
Como consequência do intemperismo agindo sobre as
rochas, formou-se um manto de espessura variável, com
material solto, resultante do processo de decomposição dos
minerais das rochas. Esse material que forma o manto sobre a
rocha tem a denominação genérica de SOLO.
Essa é a razão de por que a rocha raramente é
encontrada aflorando à superfície.

6.2 TIPOS DE SOLO


Os tipos de solo se diferenciam conforme o material do qual
são compostos, da classificação granulométrica e da
consistência. De acordo com o tamanho decrescente dos
grãos, os solos são classificados em:
▶ Pedregulhos
▶ Areias grossas
▶ Areias médias
▶ Areias finas
▶ Siltes
▶ Argilas
As fundações devem ser projetadas e executadas de
modo que fique assegurada a estabilidade da construção. Para
isso, torna-se necessário conhecer as características do solo,
o que é feito segundo a sondagem.

Figura 6.1 Tipos de solo.

Compreende-se por sondagem o conjunto de operações


realizadas para se obter os requisitos mínimos para o projeto
de fundação. São eles:
1) Determinação dos tipos de solo encontrados ao longo
de toda a perfuração.
2) Determinação da espessura da camada de cada tipo
de solo.
3) Determinação da resistência do solo à penetração.
4) Determinação da ocorrência de água em lençol
freático e coleta de informações sobre o NA (nível
d’água).
Com esse conjunto de informações, é possível
determinar a capacidade de resistência do solo.
Normalmente, estando a rocha em uma profundidade
significativa, o peso da edificação, bem como tudo que nela é
posto, deve ser sustentado pelo solo, que se comporta como
um meio pseudoelástico. Isso significa que o solo não se
mantém com a firmeza de um sólido indeformável. Sob o efeito
da carga, o solo sofre deformações, conforme sua composição
e o peso nele aplicado.

6.3 COMPOSIÇÃO DO SOLO


O solo é constituído de elementos sólidos (as partículas),
elemento líquido (a água) e gases (no caso o ar).
Como sabemos, os sólidos são pouco compressíveis.
O ar é compressível e a água é incompressível.

Figura 6.2 Composição do solo.

Em função disso, por causa dos vazios ocupados pelo ar,


o solo tende a se comprimir quando sujeito a um
carregamento. Dizemos que o solo sofre um recalque. Sob o
efeito de cargas extremas, todos os solos, em maior ou menor
proporção, se deformam.
Uma das maneiras de classificar o solo é por meio de
suas propriedades. A coesão entre as partículas é uma das
propriedades mais importantes na classificação do solo.

Figura 6.3 Propriedades do solo.


O solo não coesivo é aquele em que os grãos estão
soltos, não aderindo uns aos outros.
Nos solos de granulação fina, as forças de atração
intermolecular conferem a esses solos finos (siltes e,
principalmente, argila) a propriedade de coesão entre as
partículas. Na prática, isso significa que o solo coesivo
apresenta maior resistência ao escorregamento
(cisalhamento).
As areias são solos não coesivos, enquanto as argilas
são classificadas como coesivos. Isso permite uma divisão de
comportamentos do solo.
As areias apresentam um grau de compacidade
representado pela concentração de grãos em um determinado
volume. O estado de compacidade se divide em:
▶ fofo;
▶ pouco compacto;
▶ medianamente compacto;
▶ compacto;
▶ muito compacto.
As argilas são classificadas pela resistência à
compressão simples, segundo sua consistência, em:
▶ muito mole;
▶ mole;
▶ média;
▶ rija;
▶ dura.
Uma estimativa de resistência do solo pode ser feita pela
sua classificação, como na tabela a seguir.
Figura 6.4 Tabela de resistência do solo.

É bom lembrar que se trata de uma tabela genérica para


orientação.
A determinação da resistência do solo, cujo valor deve
ser usado nos cálculos de dimensionamento da fundação,
deve ser feita por um processo de prospecção que permita
conhecer o tipo de solo, bem como a resistência oferecida à
penetração de um amostrador com determinado diâmetro. A
escolha do tipo de fundação para o pilar depende de muitas
variáveis. Mas, escolhido determinado tipo, ele passará a ser
usado em toda fundação, para não haver acomodações
diferenciadas do solo. Um exemplo disso é mostrado na figura,
na qual uma fundação com sapatas se assenta em solos em
que há variação de resistência, causando recalque diferencial.
Esse é o princípio básico que norteia o cálculo das
fundações dos pilares.
O tipo mais simples de fundação é o chamado alicerce
de alvenaria sobre sapata corrida de concreto.
Didaticamente, as fundações são classificadas em dois
grandes grupos:
▶ rasas
▶ profundas
O leitor deve estar se perguntando: quando usar uma ou
outra?
Analisando-se pelo aspecto econômico, as fundações
rasas são de menor custo, mas dependem das cargas e das
condições do terreno. Como são de menor custo, devem ser
as primeiras a serem analisadas.
De posse de uma sondagem de reconhecimento do
terreno, é possível analisar as condições do solo e optar pelo
melhor tipo de fundação para cada caso. É o que faremos a
seguir, de tal forma que se torne possível para o leitor
visualizar o processo como é realizado na prática.

6.4 RESUMO DA ANÁLISE DE SONDAGEM


DO SOLO

Figura 6.5 Relatório no 1.


Figura 6.6 Relatório no 2.

Figura 6.7 Relatório no 3.


Figura 6.8 Relatório no 4.

Figura 6.9 Relatório no 5.


Figura 6.10 Alicerce de alvenaria.

Seu uso se restringe a edificações térreas em local cujo


solo apresenta bom grau de resistência a partir de cerca de 80
cm a um metro de profundidade.
Para se evitar o risco de trinca por recalques que possam
surgir no terreno, deve ser colocada uma cinta de amarração
no respaldo do alicerce.

Figura 6.11 Detalhe do alicerce.

Quando a construção é de maior porte, a sapata corrida


pode ser feita em concreto armado.
Figura 6.12 Tipos de sapata corrida e isolada.

6.5 Sapata Isolada


Quando a altura de corte do terreno para sapata corrida se
torna muito profunda, é antieconômico usar sapata corrida.
Nesse caso, e até a profundidade de três metros, são
adotadas as sapatas isoladas.
Conforme a altura da sapata, ela pode ser dividida em
dois grupos: o das sapatas rígidas e o das sapatas flexíveis.

Figura 6.13 Esforços nas sapatas.

Conhecendo a resistência do solo e a carga que a sapata


deverá transmitir para o solo, podemos calcular a área
necessária para a base da sapata.
Embora o princípio de distribuição da carga no terreno
firme seja o mesmo, o cálculo da ferragem de armadura difere
de um tipo de sapata para outro, em virtude da diferença de
comportamento dos esforços provocados pela carga em cada
uma das sapatas.
Na sapata rígida, em face da maior altura, há uma
contribuição maior do concreto no trabalho de compressão.
O cálculo da sapata rígida requer que se obedeçam a
certos parâmetros de medidas para respeitar limites de
ângulos.
A ferragem de armação da sapata rígida é constituída por
uma malha de ferros em que a seção em cada direção é obtida
pelas seguintes fórmulas:
Paralelo ao lado a:

Paralelo ao lado b:

6.6 ARMADURA PARA SAPATA FLEXÍVEL


Na sapata flexível, o ângulo α é menor que 45°. A armação da
sapata flexível é calculada para prevenir o momento fletor que
tende a abrir a sapata no contorno do pilar.
Figura 6.14 Linhas de ruptura.

sendo σ a tensão admissível do solo.

Figura 6.15 Ferragens da sapata isolada.


Figura 6.16 Sapata rígida.

As fundações profundas, como as estacas e tubulões,


apresentam um bloco de coroamento, no qual nasce o pé do
pilar; portanto, o comprimento do pilar, nesses casos, é o
próprio pé direito.
A escolha do tipo de fundação para o pilar depende de
muitas variáveis. Mas, escolhido determinado tipo, ele passará
a ser usado em toda a fundação, para não haver acomodações
diferenciadas do solo. Um exemplo disso é mostrado na figura
do recalque diferencial decorrente da mistura de tipos de
fundação. Ocorre também onde uma fundação com sapatas se
assenta em solos nos quais há variação de resistência,
causando recalque diferencial.
Figura 6.17 Recalque diferencial.

As sapatas devem ser dimensionadas com bastante


cuidado e usando uma taxa de trabalho do solo que resulte em
um mínimo de recalque nas sapatas.

Figura 6.18 Recalque do terreno.

Quando o terreno se apresenta de forma mais ou menos


homogênea, não existem maiores problemas de aparecimento
de trincas na edificação. Porém, quando se trata de solos com
diferentes características, surgem diferentes graus de
recalque, ou seja, recalques diferenciais, que provocam o
aparecimento das fissuras.
CAPÍTULO 7
LEVANTAMENTO DAS CARGAS

7.1 CARGAS ATUANTES


Para que se tenha uma visão global do que ocorre com o pilar dentro de determinadas
circunstâncias, apresentaremos um esquema gráfico encaixando as ações e reações no pilar em
função da aplicação de uma carga.

Figura 7.1 Esquema gráfico.

Logicamente, o primeiro elemento a ser levantado é o montante da carga atuante no pilar.


Existem, basicamente, dois modos de fazer esse levantamento: por área de influência e por
reações dos apoios.
Se o pilar tem como finalidade suportar uma carga, para que possa desempenhar bem essa
função, inclusive com certa margem de segurança, se faz necessário ter precisão no levantamento
das cargas atuantes nesse elemento estrutural.
Conforme a maneira como a carga age no pilar com relação à posição, tempo e intensidade,
podemos fazer a seguinte classificação:
1) Carga permanente: peso próprio da estrutura, incluindo as paredes de fechamento.
2) Carga eventual e variável: sobrecarga de utilização.
3) Cargas acidentais: vento e outras manifestações inesperadas.
O desenvolvimento do cálculo estrutural de um pilar se faz segundo os critérios que nos levem
a resultados adequados para as reações de equilíbrio. Só assim os resultados obtidos se tornam
válidos.
A primeira ação a ser desenvolvida é o estudo da posição do pilar no ponto em que deverá se
situar. Em seguida, deve ser determinada a área de contribuição da carga que atuará no pilar.
Figura 7.2 Área de contribuição da carga.

A área destacada na figura é a área de contribuição da carga para um pilar, demarcada ligando-
se as linhas situadas na meia distância entre pilares. Quanto mais regular for a distância e o
alinhamento dos pilares, melhor será a determinação do quinhão de carga no pilar.
A carga pode ser melhor estimada fazendo-se as transferências de carga entre os elementos,
tal qual ocorre na realidade, conforme está representado na figura do caminho da carga.
O levantamento da carga atuante no topo de um pilar deve ser feito com cuidado para se tornar
o mais próximo possível do carregamento real. Nesse caso, é melhor efetuar o levantamento das
cargas utilizando o método das reações de apoio, ponto a ponto, de topo de pilar.

Figura 7.3 Esquema de carga.


Figura 7.4 Caminho da carga.

Figura 7.5 Sequência das reações de apoio.

7.2 Reações de Apoio


A prática demonstra que o peso da estrutura por pavimento pode ser estimada em 1200 kgf por metro
quadrado de área. Logicamente, como se trata de uma estimativa, esse valor deverá ser confirmado
ou corrigido durante o desenvolvimento dos cálculos.
Ao peso da estrutura, que é uma carga permanente, deve ser acrescida a carga temporária ou
sobrecarga, representada pelo carregamento da estrutura considerada totalmente ocupada.
Apenas a título de orientação, apresentamos o peso específico de alguns materiais:

Madeira 600 a 800 kgf/m³

Alvenaria de tijolo furado 1200 a 1600 kgf/m³

Concreto armado 2500 kgf/m³

Ferro 7800 kgf/m³

Terra de jardim 1600 a 1800 kgf/m³

Conhecida a carga fixa e permanente do peso próprio da estrutura, é somada a ela a carga
eventual, também chamada de “carga viva”, que surge em função do uso da edificação. Embora as
paredes internas sejam cargas permanentes, considerando que poderão ser deslocadas, entram no
rol das sobrecargas.
A sobrecarga é estimada segundo a finalidade do aposento. Por exemplo: considera-se para
piso de residência o peso de duas pessoas de 75 kg sobre um quadrado com área de 1 m × 1 m, isto
é, com uma tensão de 150 kg/m², que é o valor previsto para os cômodos comuns de uma unidade
habitacional. Embora existam tabelas indicativas de carga por local destinado à determinada
atividade, torna-se importante conhecer o critério usado para se estabelecer tais cargas. Dessa
forma, o engenheiro calculista pode trabalhar com as diferentes possibilidades para estimar as cargas
atuantes.

Figura 7.6 Sobrecargas por ocupação. (Créditos; de cima para baixo, © monkey-businessimages |
iStockphot.com; © Rawpixel | iStockphoto.com; © dolgachou | iStckphoto.com; ©
Highwaystarz-Photography | iStockphoto.com.)

A carga de serviço a ser adotada no cálculo é a carga estimada acrescida de um determinado


valor que torne praticamente nula a probabilidade de a carga característica ser maior que a carga de
cálculo.
Seja N o valor resultante do levantamento da carga que atuará no pilar, transformada em força
normal de compressão e γ o coeficiente de majoração da carga, normalmente tido como acréscimo
de 40 % do valor levantado na estimativa. Significa dizer que o valor característico da carga deve ser
multiplicado por 1,4 para se obter o valor de cálculo daquele que será utilizado no dimensionamento
do pilar.

Nd = γN

O fator de majoração γ visa compensar eventuais cargas não consideradas no levantamento.


A sequência para o levantamento das cargas é a seguinte:
1) Montagem da lista dos materiais a serem empregados.
2) Levantamento do peso de cada material.
3) Quantitativo do material e peso correspondente.
4) Determinação da sobrecarga cujo peso recairá no pilar.
5) Cômputo do peso próprio no montante da carga.
Contudo, por mais exato que seja nosso levantamento, em face das incertezas, somos
obrigados a usar os parâmetros de segurança como o fator de majoração das cargas, que
normalmente é de 1,4.

7.3 VENTO COM CARGA NO PILAR


O vento sempre foi um motivo de preocupação, pois sua ação é demolidora em virtude do acréscimo
de carga que provoca na estrutura.
A determinação da ação do vento não dispõe de um valor que possa ser considerado exato,
sendo apenas aquele que mais se aproxima da realidade. Contudo, seus efeitos se fazem sentir,
razão pela qual se faz necessário tecer considerações a respeito quando se trata de construir pilares
expostos ao vento.

7.4 FORÇA DE ARRASTO


A força do vento incidindo em um objeto tende a arrastá-lo na direção em que o vento sopra. Dizemos
que o objeto sofre uma força de arrasto, obtida por meio da multiplicação da pressão dinâmica pela
área exposta ao vento.
A pressão dinâmica não se aplica inteiramente sobre a área exposta, uma vez que, dependendo
da forma e dimensões do objeto, parte da força se dissipa em virtude da passagem do vento pelos
limites do objeto. Há, portanto, um coeficiente de redução da força, denominado coeficiente de
arrasto. Dessa forma, a força de arrasto é obtida por:

Fa = Ca × q × Ae

em que:
Fa = força de arrasto;
Ca = coeficiente de arrasto;
q = pressão dinâmica do vento;
Ae = área frontal efetiva (área de sombra).
O coeficiente de arrasto depende da relação entre o comprimento da área de exposição (h) e a
largura dessa área (l). No caso dos corpos cilíndricos, essa dimensão é seu diâmetro.
As cargas verticais nos pilares são obtidas pela seguinte fórmula:

em que:
Mg = momento global que atua no prédio em conjunto;
x(n) = distância do pilar considerado até o centro do prédio;
Σx2 = soma dos quadrados das distâncias de todos os pilares ao centro do prédio.
O momento global que atua no prédio é igual à força global do vento multiplicada pela distância
(y) entre o ponto de aplicação da força e o térreo.

Figura 7.7 Ação do vento nos pilares.


As cargas verticais devido ao efeito do vento são somadas algebricamente às cargas devidas
ao peso próprio da estrutura. Não se considera alívio de carga vertical, por motivos óbvios. O vento
não atua de forma favorável em obras estáticas.
CAPÍTULO 8
FATORES INTERVENIENTES

Quem pensa em calcular um pilar, por certo tem em mente


perguntas como: O que é preciso saber para calcular um pilar?
Para responder a esta pergunta, é preciso começar
falando sobre dois fatores que interferem nos cálculos.
Os dois fatores de extrema importância no cálculo da
capacidade de suporte, ou seja, de resistência de um pilar, e
que devem ser considerados nos cálculos são:
1) Índice de esbeltez dos pilares.
2) Excentricidade das cargas.
Do conhecimento de como lidar com esses dois fatores
depende todo o restante do tratamento que deve ser dado ao
cálculo do pilar.

8.1 ÍNDICE DE ESBELTEZ DOS PILARES


O índice de esbeltez é um parâmetro muito importante, pois
ele determina o modo como o pilar deve ser calculado.
O índice de esbeltez é representado pela letra grega λ.
Esse valor é adimensional e é obtido em função de dois
parâmetros: seu menor raio de giração (imín) e seu
comprimento de flambagem, que, por sua vez, está ligado ao
comprimento real do pilar e ao modo de fixação na base e no
topo do pilar. A fórmula de cálculo é a seguinte:
em que:
Lfl = comprimento de flambagem medido em centímetros;
imín = menor raio de giração da seção do pilar, também medido
em centímetros.
A análise matemática, que se confirma na prática, nos
informa que existe um divisor que delimita o comportamento do
pilar com relação ao risco de encurvamento de seu eixo
ocasionando o desvio lateral do pilar.
Quando λ < 40, não há risco de desvio lateral do pilar.
Quando λ > 40, poderá haver risco de desvio lateral.
Assim, há uma diferenciação no cálculo do pilar,
dependendo do valor de seu índice de esbeltez. É como se
houvesse uma bifurcação no caminho dos cálculos que nos
levam ao dimensionamento de um pilar.

Figura 8.1 Bifurcação nos roteiros do cálculo.

O cálculo integral, criado por dois gênios da matemática


– Newton e Leibniz – na segunda metade do século XVII, não
teve uma aplicação imediata no campo prático. Foi necessário
que outros matemáticos demonstrassem a importância do
cálculo infinitesimal na solução de problemas que exigem uma
matemática mais complexa. Jacques Bernoulli foi um desses
matemáticos que se destacaram na aplicação do cálculo
integral e diferencial, sendo um dos primeiros a realizar
estudos e levantar a indeterminação do problema das curvas
elásticas.
Em 1770, Leonhard Euler desenvolveu uma teoria sobre
o comportamento dos prismas sujeitos à flambagem. Valendo-
se do cálculo integral, Euler estabeleceu que, aumentando
gradativamente a carga sobre um pilar, chega-se a uma carga
crítica que leva o pilar à condição de colapso.
Carga crítica (Pcr) é o valor da carga de compressão,
para a qual a forma reta de equilíbrio deixa de ser estável.
A fórmula estabelecida por Euler para se determinar essa
carga crítica é:

Nessa fórmula, temos:


Pcr = carga crítica;
π = constante matemática, cujo valor é 3,1416;
E = módulo de elasticidade, uma variável para cada material.
Todo material tem uma fase elástica de deformação na qual
existe uma relação entre a carga e a deformação;
J = momento de inércia da seção do prisma;
l = comprimento do pilar.

8.1.1 Classificação dos Pilares


Em uma barra prismática de altura reduzida, tendo um valor
pequeno a relação entre seu comprimento e suas dimensões
transversais, e carregando nela uma carga P considerada
centrada, ocorrerá um encurtamento diretamente proporcional
à força e ao comprimento, sendo inversamente proporcional à
seção transversal.
Se a carga P for aumentando progressivamente, haverá
um momento no qual ocorrerá o colapso. É a chamada
“ruptura por compressão simples”. Um exemplo disso é
apresentado a seguir.
Tomemos um pequeno cilindro de metal maleável cuja
altura exceda um pouco a medida de seu diâmetro.
Comprimindo-se esse cilindro entre os pratos de uma prensa,
poderemos vê-lo se encurtar e ao mesmo tempo intumescer
transversalmente. A intumescência é máxima na meia altura
entre os pratos da prensa e pode chegar a valores elevados
sem que haja manifestação de ruptura.

Figura 8.2 Compressão em material elástico.

Se substituirmos o cilindro metálico por um cubo de


pedra, iremos constatar que com determinado esforço a pedra
estala, quebra e se pulveriza. O mesmo acontece no
rompimento de corpo de prova do concreto.
Figura 8.3 Ensaio com material inelástico.

Considerando a mesma situação, para uma barra


metálica com uma dimensão predominante bem mais alongada
colocada verticalmente, aumentando-se progressivamente a
carga P, antes de chegar ao valor da ruptura haverá um
encurvamento do eixo longitudinal da peça que se flexiona
lateralmente.

Figura 8.4 Compressão em peça alongada.

Partindo da equação da carga crítica, Euler estabeleceu


a carga de flambagem para o pilar com diferentes condições
de vínculo de suas extremidades.
A fórmula desenvolvida matematicamente foi
estabelecida para um pilar engastado na base e livre no topo.
Nesse caso, o comprimento de flambagem é o dobro do
comprimento efetivo do pilar:

Lfl = 2l

Figura 8.5 Comprimento de flambagem I.

Figura 8.6 Comprimento de flambagem II.

Para a peça articulada nas duas extremidades, é menor


a possibilidade de que a peça venha a flambar quanto maior o
valor da carga que poderá ser aplicada sem chegar à carga
crítica.
Nessa situação, o comprimento de flambagem é o
mesmo comprimento do pilar. Na prática, o comprimento de
flambagem é tomado igual ao comprimento efetivo do pilar
entre dois pontos suficientemente contraventados, isto é, onde
ocorre o impedimento do deslocamento lateral do pilar:

Lfl = l
A situação apresentada a seguir tem uma semelhança
com a do pilar engastado na base, com a diferença que, no
caso anterior, o topo era livre e, neste caso, uma extremidade
é engastada e a outra, articulada. Situação como essa pode
ocorrer quando o pé do pilar está engastado na fundação e o
topo se rotula com uma viga formando um nó.

Figura 8.7 Comprimento de flambagem III.

O comprimento de flambagem é uma parcela do


comprimento real do pilar:

Lfl = 0,7l

Existe ainda uma condição possível de situação do pilar.


É quando se pode considerar o pilar como engastado no pé e
no topo.

Figura 8.8 Comprimento de flambagem IV.


8.1.2 Resumo dos Comprimentos de Flambagem
Comprimentos de flambagem em função das condições de
vínculos das barras:

Figura 8.9 Resumo dos comprimentos de flambagem.

8.2 EXCENTRICIDADE DAS CARGAS


Com relação ao segundo fator interveniente, há necessidade
de conhecer a posição que essa carga terá em relação ao eixo
do pilar. Podemos ter as seguintes situações:
▶ carga centrada;
▶ pequena excentricidade;
▶ excêntrica.
Quando a resultante das cargas passa pelo centro de
gravidade do pilar, as tensões em uma seção SS são normais
e uniformes. A carga é distribuída na seção do pilar com valor
constante.

Figura 8.10 Posição da carga.


Figura 8.11 Carga axial.

Quando o ponto de aplicação da carga está fora do eixo


que passa pelo centro de gravidade (CG), a carga é excêntrica
e a distribuição de tensões é variável. A tensão na borda mais
comprimida será maior que a da borda menos comprimida.
Suponhamos uma carga N agindo fora do eixo que passa
pelo CG do pilar:

Figura 8.12 Carga excêntrica.

Sem alterar o equilíbrio, podemos introduzir no centro de


gravidade da seção duas cargas N de igual intensidade e de
sentidos opostos. Teremos, então, o binário (M = Ne) e uma
carga aplicada no CG. A força axial N produzirá tensões
normais de compressão, enquanto o momento produzirá
tensões de flexão na seção considerada, ou seja, compressão
em relação ao bordo A1 e tração em relação ao bordo A2.
Figura 8.13 Soma dos efeitos.

Teremos, assim, dois diagramas, sendo um para a ação


da carga N no eixo e outro como consequência da ação do
momento. Aplicando o “princípio da superposição dos efeitos”,
podemos juntar os dois diagramas para obtermos um diagrama
único com as tensões máxima e mínima nas bordas da seção.
Essa superposição de efeitos é representada numericamente
pela equação:

Para seção retangular:

Como A = b · h, fazendo as substituições resulta que,


quando , a tensão de compressão máxima será e a
tensão do lado oposto da seção transversal retangular é igual
a zero.
A partir daí, a excentricidade da aplicação da carga no
pilar provocará um esforço de tração na borda oposta à da
excentricidade da carga.
O lugar geométrico dos pontos delimitados pela
expressão h/6 determina uma figura geométrica de perímetro
fechado denominada núcleo central de inércia.

Figura 8.14 Núcleo central de inércia.

Apresentamos a seguir os núcleos centrais de inércia de


algumas figuras planas.
Figura 8.15 Núcleo central de inércia de figuras planas.

Quando a resultante da carga se situa dentro do núcleo


central de inércia, a tensão na seção do pilar é apenas de
compressão. Quando a resultante se situa fora do núcleo
central, significa que haverá esforço de tração em certa parte
da seção.
Figura 8.16 Início da tração.

No caso de a resultante se situar fora do núcleo, tem


início uma tensão de tração na seção:

Figura 8.17 Trinca devido à tração no pilar.


Figura 8.18 Quadro de excentricidades.

8.3 COMPATIBILIDADE DAS DEFORMAÇÕES


Nas peças flexionadas, se supõe uma linha neutra que separa
uma parte comprimida de uma parte tracionada. O concreto
absorve todos os esforços de compressão e o ferro toma para
si a responsabilidade pela tração. Assim, no cálculo das vigas,
os coeficientes de trabalho do ferro e do concreto entram com
seus respectivos valores e o concreto não participa na
resistência à tração.
Nas peças submetidas à compressão simples, existe a
condição de que o aço e o concreto devem trabalhar com a
mesma deformação, em função da compatibilidade entre o
módulo de elasticidade do aço e do concreto.
Não há a possibilidade de a deformação do ferro ser
maior que a do concreto em um pilar sujeito a um
carregamento significativo, pois o concreto do pilar se romperia
antes mesmo de o ferro chegar à sua capacidade máxima de
deformação.
Mas, se compatibilizarmos as resistências do concreto e
do aço, teremos condições para o cálculo da peça como um
material homogêneo.
Para isso, verificamos a equivalência entre os módulos
de elasticidade do ferro e do concreto e determinamos um
coeficiente que nos permite substituir a área de ferro à
compressão por uma área de concreto tantas vezes maior
quanto for o valor obtido do coeficiente.

O que importa dizer que o encurtamento experimentado


pelo concreto à compressão é o mesmo que ocorre no ferro
comprimido por volta de 15 vezes maior.
σ · (Sc + 15 · Sf)

Assim procedendo, estamos criando condições para o


entendimento mais fácil, considerando o pilar como um único
material, sem levar em conta o esforço de tração no pilar.
Equivale a dizer que a seção de aço pode ser substituída por
uma seção de concreto com resistência 15 vezes maior. Para
os pilares comprimidos axialmente, o estado limite último
ocorrerá quando o encurtamento unitário do concreto, em
todos os pontos da seção transversal, atingir o valor Ecd = 0,2
%. Desta forma, por compatibilidade geométrica de
deformações, o valor de cálculo da tensão de compressão na
armadura σ′sd corresponderá ao encurtamento unitário de 0,2
%.
No diagrama de domínios (veja o Volume 1), o domínio 5
corresponde à seção totalmente comprimida, tanto o concreto
quanto a armadura, com compressão não uniforme. O valor do
encurtamento do aço é maior que o encurtamento do concreto,
mas nada adianta o aço poder se encurtar mais, se o limite do
concreto será atingido antes e se romperá sem que o aço da
armadura possa impedir. Por isso, toma-se para valor limite o
valor de deformação do concreto.

Figura 8.19 Diagrama de domínios.


A compressão uniforme da seção é representada pela
reta b do diagrama de domínios.
CAPÍTULO 9
PRÉ-DIMENSIONAMENTO DE
PILAR

9.1 ESCOLHA DA SEÇÃO


Para dar início aos cálculos de um pilar de concreto armado,
fazemos um pré-dimensionamento. Para isso, precisamos
conhecer a carga que nele atua. De posse desse dado,
devemos estabelecer a forma e as dimensões de sua seção.
Inicialmente, consideramos a carga igualmente
distribuída na seção transversal, com a resultante centrada no
eixo do pilar.
Para escolha da seção, nos valemos da boa técnica
construtiva que nos informa que a dimensão mínima para o
lado do pilar deve ficar no limite:

sendo Lh a altura do pilar e a, a menor dimensão de sua seção


perpendicular ao eixo.
Assim, para um pilar retangular com a altura de três
metros (300 cm), a menor dimensão da face do pilar deve ser
de 20 cm, pois
Seguindo essa orientação, a seção mínima de um pilar
com pé-direito de três metros deveria ser de 20 × 20 cm.

Figura 9.1 Seção mínima de um pilar com pé-direito de três


metros.

Porém, é possível usar uma dimensão menor, desde que


se adote um coeficiente de majoração da carga igual a 1,8. E,
ainda, a seção transversal tiver largura não inferior a 12 cm e
comprimento não superior a 60 cm.
A seção de pré-dimensionamento será:

Ac = 20 × b

O valor de b é estimado pela prática profissional,


dependendo da limitação de espaço e outras condições que
ocorram por imposições estéticas.
Para fazer um pré-dimensionamento da seção de um
pilar, divide-se a carga atuante, considerada centrada no pilar,
por uma tensão ideal de cálculo, como se o pilar fosse
constituído de material homogêneo, em que o aço é
substituído por um concreto com resistência 15 vezes maior.
Como se trata de um pré-dimensionamento, podemos escolher
um valor inicial que será posteriormente corrigido. Para tal,
contamos com a tabela a seguir apresentada.
Figura 9.2 Tabela de pré-dimensionamento.

Nessa tabela, para estimativa das medidas da seção do


pilar, encontra-se tabelado o valor de b para pilar retangular
com três metros de pé-direito e dimensão mínima de 20 cm.
As medidas da seção são escolhidas em função da
carga. Assim, para um pilar que tenha que suportar 50 t,
podemos começar os cálculos com um pilar de 20 × 40 cm,
conforme nos indica a tabela.
Como se trata de um valor inicial, portanto aproximado,
pode-se adotar a carga como o esforço devido ao peso bruto
estimado da estrutura carregada. Posteriormente, o valor da
carga (N) deve ser revisto e confirmado. O valor de cálculo da
carga será dado por:

Nd = 1,4N

9.2 LIMITE DE DEFORMAÇÃO


Na composição dos elementos de um pilar, sabe-se que o
valor do encurtamento do aço é maior que o encurtamento do
concreto, mas nada adianta o aço poder se encurtar mais, se o
limite do concreto for atingido antes e se romper sem que o
aço da armadura possa impedir. Como o concreto e o aço
trabalham juntos por compatibilidade de deformação
geométrica, o aço, embora pudesse encurtar ainda mais, tem
como limite 0,2 %.

Figura 9.3 Compatibilidade de deformação.

Para esse valor de encurtamento de 0,2 %, o diagrama


tensão-deformação do aço CA 50 nos fornece a tensão de
3556 kgf /cm².
Com relação ao concreto, conhecendo o fck indicado em
projeto, obtemos o fcd (resistência de cálculo do concreto).
Esse primeiro cálculo é apenas uma estimativa que nos
permite ter uma ideia de qual deverá ser a área da seção. É
preciso notar que estamos fazendo uma estimativa
considerando que somente o concreto resistirá ao
carregamento. Há ainda a considerar a armadura com sua
contribuição na resistência. A área de barras longitudinais deve
ser estimada na ordem de 1 % da seção do pilar, pois sendo o
aço bem mais caro que o concreto, o pilar será mantido em
padrões econômicos e com a resistência adequada.
Assim, no nosso modelo de pilar com seção mínima de
20 × 20 cm, a armadura deverá ser da ordem de 0,01 × (20 ×
20) = 4 cm². Podemos adotar ferros com diâmetro de 10 mm
(3/8″) com área de 3,20 cm², portanto um pouco inferior a 1 %,
mas ainda dentro do admissível, que se situa na faixa entre 0,8
% e 3 %.
Em virtude de o aço ter um módulo de elasticidade maior
que o concreto, apresentando, assim, maior resistência à
deformação que o concreto, quando o pilar é submetido a um
carregamento, a maior tensão cabe à armadura.

9.3 FORMA DA SEÇÃO


A geometria da seção transversal do pilar é determinante para
o comportamento estável da estrutura, uma vez que a forma é
referencial para o momento de inércia, do qual resulta o raio de
giração.
A seguir, são apresentadas algumas geometrias para as
seções de pilares.
1. Pilar quadrado
2. Pilar retangular
3. Pilar em L
4. Pilar em T
5. Pilar em cruz

Figura 9.4 Geometrias das seções.

A escolha da geometria do pilar se dá de tal forma que o


pilar fique embutido nas paredes, sempre que isso for possível.
Figura 9.5 Modelo de pilar quadrado, na quina de parede.

Figura 9.6 Modelo de pilar T, no encontro de paredes.


Figura 9.7 Modelo de pilar em L, na quina de paredes
externas.

9.4 DIMENSÕES TRANSVERSAIS


Matematicamente, a resistência de um pilar é função das
dimensões de sua seção.
Determinado o fck do concreto, que nos indica a
resistência disponível em determinado prazo, e estabelecidas
as condições de ligação do pilar com os demais elementos da
estrutura, bem como a carga e a altura do pilar desde a
fundação até o topo do pé-direito, se torna possível conhecer o
índice de esbeltez do pilar.
Tendo-se a seção e o comprimento do pilar, teremos
reunido as informações que nos permitem estabelecer o
comprimento de flambagem e o raio de giração.
Consequentemente, teremos condições de calcular o índice de
esbeltez do pilar, que permite verificar se o pilar é classificado
como curto ou longo.

9.5 COMPRIMENTO DE FLAMBAGEM E


ÍNDICE DE ESBELTEZ

Chamando de L o comprimento efetivo de um pilar, ou


seja, sua dimensão ponta a ponta, o comprimento de
flambagem será obtido multiplicando o comprimento efetivo por
um fator K, que depende das condições de vínculo das
ligações nas extremidades do pilar, como já vimos
anteriormente.
Portanto, o “comprimento de flambagem” do pilar é
função das condições de altura e dos vínculos externos de
suas extremidades.

lfl = L × K

Tabela 9.1 Valores de K para flambagem

Situação Vínculo Vínculo Vínculo Vínculo

Superior Engastado Articulado Articulado Livre

Inferior Engastado Engastado Articulado Engastado

K 0,5 0,7 1 2

Conhecido o comprimento de flambagem e tendo o valor


do raio de giração, agora é possível conhecer o índice de
esbeltez. Dependendo do resultado obtido, o pilar estará
classificado em uma das duas categorias:
1) Pilar curto – índice de esbeltez λ ≤ 40.
2) Pilar longo – índice de esbeltez λ > 40.

9.6 EQUAÇÃO DE EQUILÍBRIO


Para o pilar cumprir sua função de sustentação da carga Nd,
compreendendo o total das parcelas de carga que o pilar deve
resistir, torna-se necessário que a ação da carga seja
compensada pela reação de resistência do concreto e do aço
da armadura embutida no interior do concreto.

Figura 9.8 Equação de equilíbrio.

Em outras palavras, a resistência oferecida pela seção


de concreto, somada a resistência da seção de ferro, deve ser
suficiente para suportar a carga total aplicada no pilar. Tendo
como base esse conceito, podemos montar uma equação que
permitirá o cálculo de pilares simples sujeitos a uma carga
centrada no eixo do pilar:

Nd = σ’sd × As + 0,85 · fcd(Ac – As)

em que:
Nd = solicitação no pilar, já incluído o fator de 1,4 de majoração
da carga;

Nd = γ · N
N = valor da força normal de compressão devido às cargas no
pilar;
γ = coeficiente do valor característico de carga;
Ac – As = área de concreto da seção do pilar reduzida a área
ocupada pela ferragem longitudinal;
fcd = resistência de cálculo do concreto;
σ’sd = valor de cálculo da tensão de compressão na armadura
longitudinal.
Vejamos como isso se aplica ao nosso pilar de 20 × 20
cm armado com quatro ferros CA 50 de 10 mm de diâmetro
(3/8”), usando concreto fck = 15 MPa (150 kgf/cm²).

Figura 9.9 Ferragem da seção mínima do pilar de 20 × 20


cm.

Resistência do aço: σ’sd × As = 3556 × 3,2 = 11379 kgf


Resistência do concreto: 0,85fcd(Ac – As) = 91 × 396,8 =
36108 kgf
Para obter o valor de resistência do pilar, basta somar as
duas parcelas: Σ = 47,4 t.
Na realidade, este não é o valor teoricamente usável na
prática, pois devemos considerar que, na carga usada para
dimensionamento, está incluído o valor 1,4. Logo, 47,4 ÷ 1,4 =
33,85 t. Esse é o valor do carregamento que pode ser aplicado
no pilar como uma carga axial.
A consideração de carga centrada no eixo do pilar é
teórica, pois sabe-se que na realidade é difícil obter essa
condição, havendo sempre uma excentricidade acidental. Para
um pilar de 20 × 20 cm, o valor calculado é de 33 t e o
fornecido pela tabela de estimativa para pré-dimensionamento
é de 25 t. A diferença fica por conta da excentricidade acidental
que ocorre na aplicação da carga.

Figura 9.10 Excentricidade acidental.

No que se refere à excentricidade acidental, o valor


estabelecido é:

sendo h, em centímetros, a maior dimensão da seção na


direção em que se considera a excentricidade.
Quando existe excentricidade inicial da carga, esse valor
deve ser somado ao da excentricidade acidental.
Excentricidade inicial (ei) é o nome que se dá ao desvio
decorrente do momento fletor máximo (Mmáx) no topo do pilar
causado por:
a) Força horizontal (F), como a decorrente da ação do vento.
Figura 9.11 Pontos de aplicação da carga.

b) Força vertical (P) com ponto de aplicação fora do eixo.

Figura 9.12 Cargas excêntricas.

A excentricidade inicial é dada por

A soma das excentricidades inicial e acidental recebe a


denominação excentricidade de 1a ordem:
e1 = ei + ea

Se não houver excentricidade inicial (ei), o valor de ei é


igual a zero. A excentricidade de 1a ordem passa a ser a
própria excentricidade acidental (ea).
Se ei = 0, então e1 = ea.
Existe ainda outra excentricidade a ser considerada no
cálculo do pilar, que é a excentricidade de 2a ordem.
A excentricidade de 2a ordem (e2) é aquela que resulta
da configuração deformada do eixo do pilar por flambagem.

Figura 9.13 Excentricidade de 2a ordem.

Os efeitos de segunda ordem são desprezados no


cálculo dos pilares curtos, com índice de esbeltez λ ≤ 40, uma
vez que, não havendo flambagem, o eixo do pilar mantém a
linearidade.

Figura 9.14 Deslocamento do eixo.


O equilíbrio se manterá estável se forem dadas
condições para que o pilar se mantenha com a verticalidade de
seu eixo inalterada.
O equilíbrio será instável quando o pilar sofrer um
deslocamento no topo, criando um momento. Por efeito da
ação desse momento, o topo do pilar tende a se afastar cada
vez mais de sua posição de equilíbrio, resultando na ruptura
por flexão.
Para saber a condição na qual o pilar se encontra, se
torna necessário conhecer o índice de esbeltez do pilar e
estabelecer se o pilar é curto ou longo.
Pilares moderadamente esbeltos, 40 ≥ λ ≥ 80, são
calculados levando-se obrigatoriamente em conta os efeitos de
2a ordem, pois a flambagem provoca a perda de linearidade do
eixo do pilar.
Contudo, no pilar reto com seção transversal constante e
simétrica, e com carga centrada, torna-se válido adotar um
processo simplificado que consiste em considerar um índice de
majoração da carga para compensação do efeito de 2a ordem.
Resumindo:
Excentricidade de 1a ordem:

e1 = ei + ea

Excentricidade de 2a ordem:

e2 = 0, no caso de λ ≤ 40

Quando λ > 40, então e2 deve ser considerado


obrigatoriamente, sendo que para pilar reto com seção
constante e simétrica (inclusive, a armadura) a força normal
constante ao longo do pilar é 40 < λ ≤ 80. É permitido
considerar:
Para o aço CA-50, teremos:

0,0035 + fyd/Es = 0,00557

Logo,

sendo

a imposição

v + 0,5 ≥ 1

Quando não há força lateral, F = 0 e Mmáx = 0. Logo, ei =


ea, ou seja, a excentricidade a ser considerada é a
excentricidade acidental.

sendo h a maior dimensão da seção na direção que se


considera a excentricidade.

9.7 ARMADURA DE FERROS DOS PILARES


Sabendo-se que o concreto é resistente à compressão e o
ferro resiste predominantemente à tração, é de se perguntar
por qual razão é obrigatório colocar uma ferragem no interior
dos pilares de concreto se esse elemento estrutural trabalha
muito bem à compressão?
As razões são várias e a explicação é fácil. Em um
ensaio com um corpo de prova de concreto sem armadura em
seu interior, e outro com as mesmas dimensões contendo uma
ferragem, constata-se que o primeiro se rompe com uma
determinada carga, enquanto o outro, com a mesma carga, se
mantém inteiro. Isso indica que o segundo corpo de prova
ganhou maior resistência com a colocação dos ferros.

Figura 9.15 Efeitos no concreto simples e no armado.

Sendo o aço muitas vezes mais resistente que o


concreto, sua participação na composição do pilar permite o
uso de seções menores do que seriam necessárias com o uso
apenas do concreto simples.
Existe um ponto de equilíbrio entre o tamanho da seção
de concreto e a quantidade de ferro a ser usada de modo a
não encarecer o pilar e, ao mesmo tempo, não torná-lo muito
esbelto e enfraquecido. Esse ponto de equilíbrio se encontra
em uma taxa geométrica de armadura em torno de 1 % da
seção de concreto.
CAPÍTULO 10
DIMENSIONAMENTO DA
FERRAGEM

10.1 FERROS LONGITUDINAIS


Dimensionar uma ferragem é estabelecer a bitola e a
quantidade de ferros necessária para um pilar suportar uma
carga atuante, sem se deformar.
A armadura metálica do pilar é formada de barras
verticais, unidas transversalmente por meio de ferros de menor
diâmetro chamados de estribos.

Figura 10.1 Posição dos ferros no pilar.

As barras verticais, também conhecidas como ferragem


longitudinal, estão submetidas à compressão, enquanto os
estribos sofrem tração.
Podem ocorrer situações nas quais, devido à
excentricidade das cargas, a ferragem longitudinal do pilar
passa a ter algumas barras solicitadas pela tração. Isso se dá
devido ao momento gerado no pilar como decorrência do efeito
da flambagem.
Conhecido o índice de esbeltez do pilar (λ), suas
dimensões (Ac) e a carga (N) que o pilar deverá resistir, é
possível determinar a seção de ferros (As) necessária, usando-
se para isso a seguinte equação, chamada de equação de
equilíbrio do pilar de concreto armado:

α · Nd = σ’sd × As + 0,85 · fcd(Ac – As)

Sendo (α) o coeficiente de majoração do valor de cálculo


da força normal de compressão no pilar e (Nd) o valor de
cálculo da referida força. Os valores de As e Ac devem ser tais
que, inseridos na equação, mantenham válida a igualdade
entre a solicitação imposta pela carga com a resistência
oferecida pelo pilar. Assim, existe uma relação entre as seções
de concreto (Ac) e a de ferro (As), de tal forma que se torna
possível obter uma armadura dentro dos padrões
estabelecidos de variação entre 0,8 % e 6 % (ou 3 %, quando
houver emenda com trespasse da ferragem na mesma seção).
Considerando-se que a certeza dos cálculos nas
estruturas de concreto armado depende da exatidão dos
valores considerados na condição do valor real das cargas,
assim como da posição na qual são colocadas no pilar, em
estruturas de porte não muito significativo, torna-se admissível
um cálculo aproximado com o objetivo de facilitar a execução.
É evidente que tais aproximações e simplificações demandam
critério por quem tem o domínio do cálculo de estruturas e
sempre a favor da segurança.
Este é o caso da simplificação que pode ser executada
tomando-se a área da seção do pilar como a área de concreto,
sem abater dela a área ocupada pela ferragem. Isso pode ser
feito sem diferença significativa quando não estão em jogo
grandes seções de ferro que causem significativa alteração na
capacidade de carga no pilar.
Outra simplificação é calcular o pilar sujeito a uma
excentricidade de 2a ordem, além da excentricidade acidental,
como se fosse um pilar com carga axial, majorando o valor da
carga. Teremos, assim, que acrescentar na nossa fórmula o
fator multiplicador da carga .

α · Nd = σ’sd × As + 0,85 · fcd × Ac

Na taxa geométrica de armadura (ρ), que relaciona a


seção da armadura (As) com a seção do pilar (Ac), a
quantidade de ferro deve ser tal que a seção de concreto não
crie um volume tão grande em virtude da escassez de ferro,
nem que se torne antieconômico por excesso de ferro, uma
vez que o ferro é mais caro que o concreto.
A carga total aplicada sobre a seção do pilar vai originar
uma tensão denominada “tensão ideal de cálculo” (σid).

σid = ∝ Nd Ac

Para dimensionar a seção da ferragem longitudinal,


calculamos o valor de σid e aplicamos na equação:

Sabendo que o aço é o CA-50 e que, portanto, σ’sd =


3556 kgf/cm², e de posse do valor do fck de projeto, podemos
conhecer a porcentagem de ferros a ser usada na ferragem
longitudinal.
Dependendo do índice de esbeltez, temos diferentes
situações de cálculo.

10.1.1 Situação no 1 – Pilar Curto λ ≤ 40


Sendo o coeficiente de majoração do valor de cálculo da força
normal de compressão que deve ser multiplicado pela carga,
neste caso valerá:
10.1.2 Situação no 2 – Pilar Longo 40 ≥ λ ≥ 80
(Esbeltez Média)
Situação válida para

Nessa concepção, teremos:

sendo o valor de k = 3 para seções retangulares com pelo


menos 2/3 da armadura disposta ao longo dos lados
perpendiculares ao lado da altura h. Para as demais seções
retangulares e seções circulares, k = 4.
O valor da excentricidade e resulta da soma da
excentricidade acidental acrescida da excentricidade de 2a
ordem

e = ea + e2.

10.1.3 Situação no 3 – Pilar Longo λ > 80


Esta situação é aplicada aos pilares sujeitos à
flexocompressão, que não pode ser resolvida com o método
simplificado. O procedimento de cálculo está baseado na
determinação de dois coeficientes:

em que Nd é a carga sobre o pilar majorada do fator 1,4

e Md é o momento final de cálculo, já incluídos a


excentricidade adicional e o momento de segunda ordem.
Com os valores dos dois coeficientes, torna-se possível
encontrar o valor da taxa de armadura em porcentagem em
tabelas que fornecem diretamente o valor de ρ.
Em virtude da finalidade a que se propõe o presente
trabalho e considerando que o conteúdo apresentado permite
resolver o dimensionamento da ferragem dos pilares mais
comuns, consideramos desnecessário transcrever tais tabelas.
Vale aqui uma ressalva. No cálculo de pilares, o valor real
das solicitações e das deformações na teoria de segunda
ordem é de difícil precisão, em virtude da incerteza do
funcionamento do concreto armado dentro das hipóteses da
elasticidade. No processo aproximado, o pilar é dimensionado
para efeito das solicitações diretas da força normal e da flexão,
acrescido de um momento fletor complementar, decorrente da
deformação de 2a ordem.

Figura 10.2 Deslocamento do eixo.

Em virtude das solicitações de valores mais elevados,


como ocorre no caso do pilar de ponte, no qual ocorrem
deformações, no ponto médio da curvatura máxima,
aumentando a excentricidade da carga, tem-se:
Md = M1d + Nd × ea + M2d

A partir daí, o problema passa a ser a determinação da


excentricidade devido à curvatura do pilar. E, assim, iríamos
nos aprofundando cada vez mais, fugindo do escopo deste
trabalho, que é o de fornecer informações que nos fazem
despertar para o conhecimento da engenharia estrutural.

10.2 ESTRIBOS
10.2.1 Centralização da Carga
Uma vez observada a condição de se evitar cargas excêntricas
acidentais muito grandes no topo do pilar, convém reduzir a
seção de apoio.
Nos casos práticos, é feito um berço que reduz o ponto
de apoio de uma viga que descarrega em um pilar.

Figura 10.3 Superfície de apoio.

10.3 REDUÇÃO DO PONTO DE APOIO


Ensaios realizados em dois corpos de prova de mesmo
material e nas mesmas dimensões, tendo um deles uma placa
que distribui a pressão da carga em toda a superfície do corpo
de prova, e o outro com uma placa que carrega parcialmente o
prisma, demonstraram o seguinte:
Figura 10.4 Redução da superfície de apoio.

Sendo S > So, teremos σ2 > σ1.


O resultado final é que o corpo parcialmente carregado
tem aparentemente maior resistência. Isto porque o material
excedente ao contorno de So serve de arco de sustentação,
impedindo a expansão lateral provocada pelas cunhas de
concreto.

Figura 10.5 Tensões na armadura.

A tendência do concreto comprimido do pilar é


entumescer, expandindo-se para o lado, tendo o estribo a
função de não deixar que isso aconteça.
Os estribos absorvem por tração o esforço de
compressão do concreto dos pilares.
Ensaios demonstram que a resistência do concreto à
compressão aumenta quando se torna menor o espaçamento
entre os estribos. Em certo aspecto, o aumento das barras
verticais tem menor influência na resistência do pilar, se
comparada com o resultado obtido com a diminuição do
espaçamento dos estribos.
O espaçamento dos estribos não deve ser maior que a
medida do menor lado da seção transversal do pilar. Também
não deve ultrapassar 12 vezes o diâmetro das barras
longitudinais. Em qualquer hipótese, mesmo que atenda as
imposições anteriores, não deve o estribo estar mais espaçado
que 30 cm.
CAPÍTULO 11
AÇÃO DO VENTO NOS PILARES

11.1 EFEITO DO VENTO NOS PILARES DE EDIFÍCIOS


O vento é considerado, para efeito de dimensionamento da estrutura de
um edifício, ou de uma edificação, como carga acidental que pode atuar
de modo concomitante com as demais cargas.
Esse esforço, considerado na horizontal, se transmite pelas vigas e
pilares, chegando até a fundação. Quando ocorre de as vigas do piso de
cada pavimento apresentarem grande rigidez, funcionando como
contraventamento dos pilares, o cálculo dos esforços consiste em
distribuir nos pilares a força horizontal de cada pavimento.
As cargas que atuam no nível de cada piso são iguais à pressão do
vento multiplicada pela semissoma dos pés-direitos dos andares superior
e inferior. A ação resultante em cada piso é a soma das forças aplicadas
nos andares superiores, incluindo a que atua no piso considerado. A força
resultante se distribui nos pilares em função da rigidez de cada pilar na
direção que sopra o vento.
Nos edifícios muito altos ou com pequeno número de pilares, nos
quais as ligações entre vigas e pilares não possuem uma rigidez
suficiente, o problema do cálculo da ação do vento pode tornar-se
bastante complexo. Não havendo rigidez entre as vigas dos pavimentos e
os pilares, deixa de haver o contraventamento e os pilares passam a
funcionar praticamente como peças longas engastadas na base.
Para melhor entendimento, vejamos o comportamento estático de
um prédio de forma regular, recebendo o esforço do vento em uma das
fachadas.
As vigas e pilares formam, no plano, quadros superpostos,
recebendo uma solicitação horizontal no nível de cada piso.
A força horizontal Hn cria no topo do pilar um momento fletor M,
provocando uma tendência de deslocamento e fazendo com que a
estrutura se deforme como o representado na Figura 11.2.
Sendo h o pé-direito do andar considerado, o momento M no topo
do pilar é dado por:

Figura 11.1 Ação do vento em edifício com vários pavimentos.

Figura 11.2 Efeito da ação do vento no pórtico.

O coeficiente 1,2 é adotado para garantir certa segurança,


prevenindo diferenças no grau de engastamento nas extremidades do
pilar.
No ponto de ligação com o pilar, a viga deve apresentar uma
resistência que suporte o momento equivalente à soma dos momentos do
pilar do andar superior (Msup) e do pilar do andar inferior (Minf).
Figura 11.3 Momento no encontro da viga com o pilar.

É importante que a armação da viga penetre no pilar, dando


condições de ancoragem para absorver os esforços existentes na
ligação, que se tornam ainda maiores quando o prédio recebe o impacto
do vento.
As cargas verticais nos pilares são obtidas pela seguinte fórmula:

em que:
N(n) = força normal à ação do vento;
Mg = momento global que atua no prédio em conjunto;
x(n) = distância do pilar considerado até o centro do prédio;
Σx² = soma dos quadrados das distâncias de todos os pilares ao centro
do prédio.
O momento global que atua no prédio é igual à força global do
vento (Fg) multiplicada pela distância (y) entre o ponto de aplicação da
força e o térreo.
Figura 11.4 Ponto de giro do momento global.

As cargas verticais devido ao efeito do vento são somadas


algebricamente às cargas devidas ao peso próprio da estrutura e sobre
cargas. É importante lembrar que em nenhuma hipótese deve ser
considerado o alívio de carga vertical, por motivos óbvios. O vento não
atua de forma favorável em obras estáticas.

11.2 EXEMPLO DA AÇÃO DO VENTO EM UM PRÉDIO


Calcular o efeito do vento nos pilares do eixo central do pavimento térreo
(pilotis) de um prédio de 10 andares, com pé-direito de três metros por
andar e a disposição apresentada em planta. Os cálculos da velocidade
característica do vento indicam uma pressão de 70 kgf/m2.
Figura 11.5 Planta de posição dos pilares.

Vento soprando na fachada norte.


Área de obstrução da fachada: Atotal = largura × altura
largura da fachada norte: 2 × 4,00 = 8,00 m
altura do prédio: 10 × 3,00 = 30,00 m
Atotal = 8 × 30 = 240 m²

Pressão do vento: q = 70 kgf/m²


Força global: Fg = q × Atotal
Fg = 70 × 240 = 16,8 t

Força horizontal nos pilares do eixo central (faixa de 4,00 m)


H = 8,4 t

Ponto de aplicação de H (meio da altura do prédio)


y = 15 m
Momento no centro do prédio: M = H × y
M = 126 t · m
Determinação das cargas verticais nos pilares da faixa central:
Pilar P1

Pilar P2

Pilar P3

Considerando o vento soprando na face sul, haveria inversão de


sinais.

Figura 11.6 Esforços distribuídos nos pilares.

Tomando-se uma carga média de 1,2 t/m² para sobrecarga por


andar, incluindo o peso próprio da estrutura, as cargas características do
prédio nos pilares P1, P2 e P3 são as seguintes:

N1 = 90 t; N2 = 130 t; N3 = 45 t.

Considerando as piores situações de vento, as cargas máximas nos


pilares passam a ser:

Tabela 11.1 Tabela de resultados das cargas

Cargas (t)

Pilar Vento N V Nmáx

P1 Sul 90 19,9 109,9

P2 Norte 130 6,6 136,6

P3 Norte 45 19,9 64,9

11.3 PROPOSTA PARA CÁLCULO DE PILAR EM L


No mesmo edifício, um dos pilares é um pilar em L. Somada à carga
gerada pela ação do vento, foi verificado que o referido pilar deverá
suportar uma carga centrada de 45.000 kg. Na sala em que se encontra o
pilar, o pé-direito é de 3,50 m. O fator de cálculo para o comprimento de
flambagem é K = 1. Logo, Lfl é igual a 3,50 m.
O pilar tem as seguintes medidas: 30 × 40 × 10 cm.

Figura 11.7 Medidas da seção do pilar.

O pilar foi calculado com oito ferros com ϕ igual a 12,5 mm.
Sabendo que o pilar foi projetado sem considerar a ação do vento, você
deverá dizer se, com o acréscimo do esforço provocado pelo vento, o
pilar atende à necessidade de suporte de 45.000 kg.
Figura 11.8 Posição da ferragem no pilar em L.

11.4 RESOLUÇÃO DA QUESTÃO PROPOSTA


Vamos começar analisando os dados fornecidos. Para pilares de seção
em L, a dimensão mínima é de 10 cm e nosso pilar atende a esta
condição.
Assim, fazemos um cálculo do menor lado do retângulo mais
estreito circunscrito à seção do pilar (hm):

Figura 11.9 Retângulo circunscrito à seção do pilar.

Verificando na tabela de pilares em L, encontramos o valor de β:

Tabela 11.2 Valores de β para pilares em L

h′/h 0 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,40 0,50 0,60 0,80 1,00
b′/b
0,05 – 5,01 4,59 4,94 5,32 5,63 5,85 5,96 5,69 5,22 4,24 3,46

0,10 – – 5,09 4,63 4,71 4,87 5,03 5,21 5,15 4,89 4,16 3,46

0,15 – – – 5,13 4,71 4,67 4,73 4,85 4,84 4,68 4,10 3,46

0,20 – – – – 5,14 4,75 4,65 4,66 4,64 4,52 4,04 3,46

0,25 – – – – – 5,10 4,75 4,56 4,50 4,40 3,99 3,46

0,30 – – – – – – 5,04 4,55 4,42 4,30 3,94 3,46

0,40 – – – – – – – 4,82 4,37 4,18 3,86 3,46

0,50 – – – – – – – – 4,54 4,13 3,79 3,46

0,60 – – – – – – – – – 4,23 3,73 3,46

0,80 – – – – – – – – – – 3,71 3,46

1,00 – – – – – – – – – – – 3,46

β = 4,55

Depois, calculamos o imín:

satisfazendo a condição de i mínimo igual a 6,00 cm.


Para dar prosseguimento aos nossos cálculos, precisamos saber se
o índice de esbeltez é maior ou menor que 40.

sendo λ < 40, trata-se de cálculo de pilar curto.


Considerando o fator de majoração da carga γf = 1 e N = 45.000 kg,
teremos:
Nd = 1,8 × 45.000 kg = 81.000 kg

Para obtenção do coeficiente α de majoração da força normal,


calculamos:

hm = 40 sen β + 10 cos β = 40 × 0,5547 + 10 × 0,8321 = 30,51 cm

Como se trata de uma questão de verificação, faremos a


comparação do valor da resistência disponível com o valor da resistência
necessária. A resistência disponível se refere à seção de ferro somada à
seção de concreto.
Seção de ferro 8 ϕ 12,5 cm = 10 cm²
Tensão admissível no aço = 5000/1,4 = 4350 kgf/cm²
Seção de concreto Ac – As = 600 – 10 = 590 cm²
Tensão admissível no concreto 0,85 fcd = 109 kgf/cm² (para o fck 180
kgf/cm²)
Resistência disponível do concreto = 64.310 kg
Resistência disponível do aço = 43.500 kg
Resistência total = 107.810 kg
Sendo a carga de cálculo Nd = 81.000 kg, há uma reserva de carga
= 107.810 – 81.000 = 26.810 kg.
Voltemos ao valor obtido de α = 1,197 × 81.000 kg = 96.957 kg.
O α disponível é 107.810/81.000 = 1,331 e, portanto, a
disponibilidade para o valor de α = 1,331 é maior que o α requerido de
1,197.

Tabela 11.3 Coeficiente α de majoração da força normal para fck = 150 kg/cm²

hm(cm) a hm(cm) a

20,00 1,30 30,00 1,20


21,00 1,29 32,00 1,19

22,00 1,27 34,00 1,18

23,00 1,26 36,00 1,17

24,00 1,25 38,00 1,16

25,00 1,24 40,00 1,15

26,00 1,23 45,00 1,13

27,00 1,22 50,00 1,12

28,00 1,21 55,00 1,11

29,00 1,21 ³ 60 1,10

Comparando os valores de α obtido de 1,197 com o valor 1,20


encontrado na tabela (para hm = 30,51 cm) e com o α de 1,331 obtido
para o pilar existente, verificamos que o valor obtido pelo cálculo e o valor
obtido da tabela são bem próximos e compatíveis. Verificamos, também,
que a carga do vento não altera o comportamento do pilar.
Supondo que a ferragem existente não é conhecida no presente
caso, ela pode ser calculada a partir das fórmulas:

Ac = 10 × (30 + 30) = 600cm²

Aplicando-se este valor de tensão ideal, encontramos a


porcentagem de ferro necessária ρ, que, no caso, corresponde a 0,020.
Multiplicando-se 0,020 por 600 cm², obtemos a área de ferro necessária
de 12 cm², um pouco maior que a da existente, que é 10 cm².
Suponhamos que não é conhecida a ferragem do pilar e precisamos
determiná-la. Desenvolvendo os cálculos referentes à seção de concreto
em função da seção do pilar e da carga aplicada, aumentada do valor de
majoração α, chegamos ao valor de σid, que é o valor de cálculo da
tensão ideal e que foi encontrado pela fórmula:

Sabendo-se ainda que o valor da tensão de cálculo para


compressão do aço, dentro do limite de 2 % de deformação, é dado pela
curva de tensão do aço, podemos determinar a porcentagem dos ferros
longitudinais.
A fórmula a ser aplicada é:

Se multiplicarmos 0,0152 por 600 cm² (área da seção do pilar),


teremos o valor de 9,12 cm², o que confirma, por meio de outros meios de
cálculo, que a seção de ferro do pilar está compatível com o valor
anteriormente apresentado de 10 cm².
CAPÍTULO 12
MODELO DE CÁLCULO

12.1 RECEITA DE CÁLCULO DE PILAR


Veremos a seguir um modelo de cálculo de pilar para
reservatório elevado. O abastecimento de água por gravidade
é realizado com a construção de reservatórios em pontos bem
elevados, nos quais a ação do vento tem significativa
importância. Para melhor aproveitamento da pressão da água,
os reservatórios são suspensos, apoiados em pilares.
Escolhemos este modelo de cálculo de pilar para
aplicação em um exercício prático por ser bastante
abrangente.

12.2 PROPOSTA PARA CÁLCULO DE PILAR


PARA RESERVATÓRIO
Vamos supor que você acaba de se formar como engenheiro
civil e seu primeiro cliente é o dono de um haras de criação de
cavalos de raça. O rico proprietário necessita um projeto para
construção de um reservatório de água que deverá substituir o
antigo, de madeira, o qual tombou em noite de ventania.
O novo reservatório deve ser circular, de concreto
armado para 26.000 litros, suspenso sobre quatro pilares com
cinco metros acima do terreno, tendo as seguintes
características:
▶ diâmetro externo = 4,15 m
▶ altura externa = 2,20 m
A questão não é muito simples, pois envolve esforços
provenientes de diferentes situações de cargas: uma carga
permanente (o peso próprio), uma carga variável (o peso da
água) e uma carga acidental (a força do vento). Ou seja, uma
carga fixa e duas cargas variáveis que ora se somam, ora se
compensam, ora se desequilibram.
Mas você não pode deixar de fazer tal projeto, pois esta
é a grande oportunidade em seu início de carreira. Como você
ainda não possui um programa de computador específico para
o caso, terá que dimensionar o trabalho com o uso do
raciocínio e da máquina de calcular.

12.3 INÍCIO DO TRABALHO


Depois de assinar o contrato, sua primeira providência será a
de reunir todos os elementos necessários, inclusive, as tabelas
a serem usadas na realização dos cálculos. Encontrada a fonte
de consulta indispensável para tirar dúvidas e conferir
resultados, você coloca a cabeça para trabalhar. As atividades
devem ser realizadas em etapas, em uma sequência na qual
os resultados anteriores permitem a obtenção dos resultados
seguintes.

12.4 PRIMEIRA ETAPA: SITUAÇÕES DE CARGA


12.4.1 Carregamento
A primeira situação a ser considerada é o carregamento
atuante no reservatório e as hipóteses de carga. O reservatório
pode se encontrar em uma das seguintes situações:
Figura 12.1 Situações do reservatório.

1) Com vento nulo, reservatório vazio. Carga atuante:


somente peso próprio.
2) Com vento nulo, reservatório cheio. Carga atuante:
peso próprio + água.
3) Vento atuante, reservatório cheio. Carga atuante:
peso próprio + água + vento.
4) Vento atuante, reservatório vazio. Carga atuante:
peso próprio + vento.

12.4.2 Situações Extremas de Carga


▶ Máximo carregamento no pilar: peso próprio + água +
vento.
▶ Mínimo carregamento no pilar: peso próprio + vento
(–).
No caso de carregamento máximo, o esforço resultante
será de compressão. No caso de carregamento mínimo, o
esforço resultante poderá ser de compressão ou de tração,
dependendo da intensidade do vento.

12.5 SEGUNDA ETAPA: CARACTERÍSTICAS DO


TERRENO NO LOCAL DA CONSTRUÇÃO
A posição do reservatório é no alto de um morro, portanto
bastante exposto ao vento.
O terreno é aberto, com pouca vegetação e algumas
árvores de pequeno porte.

12.5.1 Descrição do Solo


▶ Solo coesivo, argila siltosa, consistência rija.
▶ Terreno firme. Profundidade da camada = 60 cm.
▶ Tensão admissível: 2 kg/cm².

12.6 TERCEIRA ETAPA: CONSEQUÊNCIAS DA


AÇÃO DO VENTO
12.6.1 Carga Horizontal do Vento

Figura 12.2 Elevação do reservatório.

No estudo do vento, a condição para que o reservatório seja


considerado suspenso é se situar acima do terreno pelo menos
de uma distância igual à medida de sua largura. Neste caso,
temos:
Elevação acima do solo (5,00 m) > diâmetro do
reservatório (4,15 m).
Neste caso, a condição é satisfeita.
Figura 12.3 Posição do reservatório acima do solo.

A superfície frontal exposta ao vento é a projeção


ortogonal do reservatório sobre um plano perpendicular à
direção do vento, considerado a área de sombra do
reservatório.

Figura 12.4 Área de sombra.

A força do vento incidindo em um reservatório elevado


circular tende a arrastá-lo na direção em que o vento sopra.
Dizemos que o reservatório sofre uma força de arrasto, cujo
valor é obtido por meio da multiplicação da pressão dinâmica
pela área exposta ao vento.
Mas a pressão dinâmica do vento não se aplica
inteiramente sobre a área exposta, uma vez que, em virtude da
forma cilíndrica do reservatório, parte da força se dissipa
devido à maior facilidade da passagem do vento pelos limites
do reservatório. Há, portanto, um coeficiente de redução da
força, denominado coeficiente de arrasto. O cálculo da força de
arrasto (Fa) no reservatório suspenso é efetuado adotando o
valor do coeficiente de arrasto (Ca), o qual depende da relação
entre o comprimento da área de exposição (h) e a largura
dessa área (l). No caso de reservatórios cilíndricos, essa
dimensão é o seu diâmetro.

12.6.2 Coeficiente de Arrasto (Ca) para


Reservatório Suspenso
Teoricamente, nos reservatórios suspensos, considera-se que
o vento passa livremente, tanto pelo extremo superior quanto
pelo inferior. Nesse caso, para determinação do coeficiente de
arrasto, na relação entre as dimensões do reservatório, é
tomada a metade do comprimento (h).
A força de arrasto é obtida por:

Fa = Ca × q × Ae

em que:
Fa = força de arrasto;
Ca = coeficiente de arrasto;
q = pressão dinâmica do vento;
Ae = área frontal efetiva (área de sombra).
Figura 12.5 Tabela de coeficientes de arrasto.

12.6.3 Pressão do Vento


O reservatório elevado deve resistir a um vento com
velocidade de até 150 km/h, que corresponde a uma
velocidade efetiva Vo = 41,67 m/s.
Conforme as características da região e os fatores de
correção da intensidade do vento, a velocidade característica
será

Vk = Vo × S1 × S2 × S3

em que:
fator topográfico S1 = 1,1 (posições elevadas como em taludes
e morros);
categoria II (classe A) S2 = 1,0 (poucos obstáculos à passagem
do vento e construção com altura inferior a 20 m);
grupo 3, S3 = 0,95 (construção rural).
Logo, Vk = 44 m/s.
Pressão dinâmica do vento:
Medidas:
diâmetro externo = 4,15 m;
altura externa = 2,20 m;
área específica Ae = 9,13 m²;
coeficiente de arrasto Ca = 0,7 (obtido na tabela);
força de arrasto: Fa = Ca × q × Ae.
Fa = 0,7 × 121 × 9,13
Logo,

Fa = 773 kgf.

Esse é o valor da carga horizontal no topo do conjunto de


pilares.

12.7 QUARTA ETAPA: CARGAS NO PILAR


12.7.1 Cargas Atuantes
A carga atuante no pilar de sustentação do reservatório
depende do número de pilares dispostos no plano dos ângulos
do quadrado (no caso de quatro pilares) ou polígono (no caso
de maior número de pilares), inscrito em um círculo. A carga
vertical distribui-se entre os pilares de forma uniforme.
O esforço total originado pelas cargas verticais e
horizontais no pilar é dado por:

N = N 1 + N2

em que:
N1 = esforço no pilar originado pela carga vertical P distribuída
uniformemente entre os n pilares;
N2 = esforço no pilar devido ao momento de tombamento
gerado pela força horizontal de arrasto em consequência do
vento.
Figura 12.6 Elevação com cotas.

12.7.2 Momento de Tombamento


Conhecido o valor de Fa e a altura (Z), desde a base até o
ponto de aplicação de Fa, determina-se o momento de
tombamento provocado pelo vento:

M = Fa × Z

Em um reservatório suspenso sobre quatro pilares, a


sobrecarga devida à incidência do vento é máxima nos pilares
diametralmente opostos.

Figura 12.7 Base com quatro pilares.

No caso de haver maior número (n) de pilares, formando


uma circunferência de raio (r), o valor de N2 passa a ser:
Figura 12.8 Base com n pilares.

Dependendo do peso próprio, no reservatório vazio pode


ocorrer tração no pilar devido à ação do vento. No
dimensionamento dos pilares, isso deve ser previsto na
fórmula:

N = N 1 + N2

Se o valor absoluto de N2 for maior que o de N1, teremos


tração no pilar.
Peso do reservatório:
Peso (vazio) = 22.800 kg
Peso da água = 26.000 kg (26.000 litros)
Peso (cheio) = 48.800 kg

12.7.3 Quinhão de Carga por Pilar


Carga vertical:
Peso em cada pilar do reservatório vazio:

Peso em cada pilar do reservatório cheio:

Carga horizontal:
Momento de tombamento:

M = Fa × Z

em que:
Fa = 773 kgf
Z = 6,50 m
M = 50.245 kgf · m
12.7.4 Geometria da Base

Figura 12.9 Medida da diagonal de base retangular.

12.7.5 Situações Extremas de Pilar Mais Carregado


Reservatório cheio + vento máximo:

N1 + N2 = 12.200 + 12.120 = 24.320 kgf (compressão)

Reservatório vazio + vento máximo:

N1 – N2 = 5.700 – 12.120 = –6.420 kgf (tração)

Considerando o fator de segurança de 1,4:

Nd = 1,4 × 24.320 kgf = 34.048 kgf

12.8 QUINTA ETAPA: DIMENSIONAMENTO DO


PILAR
12.8.1 Índice de Esbeltez
Em face do diâmetro do reservatório de 4,15 m, bem como da
altura de 5,00 m, por uma questão estética foi escolhida uma
seção quadrada, com face de aproximadamente 1/10 do
diâmetro do reservatório. O pilar escolhido foi de 45 × 45 cm e
a área do pilar Ac = 2025 cm².
Verificação do índice de esbeltez: comprimento de
flambagem considerando os pilares intertravados pelo
reservatório na parte superior e articulado na base em que K =
1.

Figura 12.10 Valor de K para o modelo de cálculo.

Lfl = Altura do pilar × valor de K

Lfl = 5,00 × 1 = 5,00 m = 500 cm

Figura 12.11 Pórtico dos pilares do reservatório.

Raio de giro:

Índice de esbeltez:
Como o índice de esbeltez é menor que 40, não há
excentricidade de segunda ordem com λ ≤ 40 e e2 = 0.
Para a situação de reservatório vazio, não há a
excentricidade inicial.
Neste caso, a excentricidade considerada é a
excentricidade acidental.

Excentricidades: e1 = ea

Da fórmula do equilíbrio entre ação e reação do pilar,


tiramos:

α · Nd = σ’sd × As + 0,85 · fcd (Ac – As)

1,13 × 34.048 = 3.556 × As + 184.275 – 91 × As

38.474 = 3.556 × As + 184.275 – 91 × As

–145.801 = 3.465 As ∴ As = – 42 cm2

O sinal negativo indica que a ferragem é dispensável.


Portanto, usaremos a ferragem mínima, uma vez que,
obrigatoriamente, o pilar deve conter uma ferragem.

12.8.2 Ferragem Necessária


Se a seção geométrica do pilar for maior que a área da seção
calculada, a área mínima da seção da armadura poderá ser
reduzida para o maior dos dois valores seguintes: 0,8 % da
área da seção calculada ou 0,5 % da área da seção
geométrica.
Seção geométrica Ac = 2.025 ...... 0,005 × 2025 = 10,12 cm²
(MAIOR)
Serão adotados 8 ϕ 12,5 mm, com estribos de 6,3 mm a
cada 20 cm.

Figura 12.12 Pilar quadrado.

12.8.3 Verificação da Tração no Pilar


Vimos que, na situação de vento de 150 km/h, ocorre uma
tração de 6420 kgf, a qual deve ser absorvida pela fundação.
Sabemos que o solo resiste a uma carga distribuída de 2
kg/cm².
Para ancoragem da base: esforço de tração = 6.420 kg
Peso do concreto armado: 2.500 kg/m³
Figura 12.13 Sapata rígida.

Sapatas com as dimensões indicadas serão suficientes.


Atualmente, pela rapidez de montagem e a extrema
redução do tempo de obra, há uma grande demanda por
pilares pré-moldados, particularmente na construção de
galpões e pavilhões industriais.

12.9 Pilar Pré-moldado


Além da diminuição de pessoal no canteiro de obra realizando
tarefas repartidas, temos uma redução de riscos de acidentes
de trabalho.

Figura 12.14 Pavilhão industrial.

Esse tipo de construção exige para os pilares uma


fundação que permita a união adequada entre o pilar e a
fundação. Essa ligação pilar-fundação, que nas construções de
concreto armado convencional se faz com ferros de espera, no
caso dos pilares pré-moldados, é obtida por meio de “cálice”,
uma forma de apoio do pilar que apresenta certas
características peculiares. Deve-se prestar especial atenção
quando houver a possibilidade de o vento causar algum efeito
que resulte em tração entre o pilar e o cálice.
O cálice da fundação deve ter as paredes do colarinho
calculadas segundo os esforços aos quais ficará sujeita.

Figura 12.15 Fundação para bloco pré-moldado.

Devido à excentricidade (e) da aplicação da carga, surge


o momento M que vai causar na base um binário.
Figura 12.16 Detalhe da taça.

Os esforços solicitantes momento fletor e a força vertical


são transmitidos para a fundação por intermédio do concreto
que enche o espaço entre as paredes do cálice e o pilar.

Figura 12.17 Posição das cargas no cálice.

Ocorrem duas situações: uma se dá quando existe uma


direção principal de esforço, e a outra quando a tendência de
tratamento é dar a resistência necessária para as quatro
direções.
Figura 12.18 Visualização do console.

Devido à rigidez da ligação entre paredes do cálice, os


esforços se sobrepõem e há uma colaboração das paredes
laterais que funcionam como braços de um console.

Figura 12.19 Ferragem da taça.

Em alguns casos, ocorre a oportunidade de


aproveitamento de parte do bloco ou sapata como parede do
cálice, obtendo-se maior segurança, com melhor desempenho
da fundação para pilares pré-moldados.

Figura 12.20 Detalhe de fundação com estacas.


GLOSSÁRIO DE TERMOS TÉCNICOS

Abóbada — Cobertura encurvada de teto côncavo. Do ponto


de vista da geometria, a abóbada tem origem em um arco que
se desloca e gira sobre o próprio eixo, cobrindo toda a
superfície do teto. As abóbadas variam de acordo com a forma
do arco de origem.
Acabamento — Arremate final da estrutura e dos ambientes
da casa, feito com os diversos revestimentos de pisos, paredes
e telhados.
Acesso — Qualquer meio de entrar e sair de um ambiente,
terreno, rampa, escada ou corredor.
Aclive — Quando o terreno se apresenta em subida em
relação à rua considerada de baixo para cima.
Adensamento — Processo manual ou mecânico para
compactar a mistura de concreto no estado fresco com o
objetivo de eliminar vazios internos da mistura (bolhas de ar)
ou facilitar a acomodação do concreto no interior das fôrmas.
Afastamento — Distâncias entre as faces da construção e os
limites do lote.
Agregado — Material mineral (areia, brita etc.) ou industrial
que entra na preparação do concreto para lhe conferir
trabalhabilidade.
Agregado leve — Material mineral composto por argila
expandida e de peso específico menor que o da água. O
agregado leve flutua na água.
Alicerce — Maciço de alvenaria enterrado que recebe a carga
das paredes da construção.
Aprumar — Acertar a verticalidade de paredes, colunas ou
esquadrias por meio do chamado fio de prumo.
Aterro — Colocação de terra ou entulho para nivelar uma
superfície irregular do terreno.

Balanço — Prolongamento para além do apoio de parte de


uma estrutura, como uma viga ou uma laje.
Balaústre — Pequena coluna ou pilar em metal, madeira,
pedra ou alvenaria que, alinhada lado a lado, sustenta
corrimãos e guarda-corpos.
Balcão — Elemento em balanço, na altura de pisos elevados,
disposto diante de portas e janelas. É protegido com grades ou
peitoril.
Baldrame — Designação genérica de vigas de concreto
armado que correm debaixo do piso para a sustentação das
paredes do pavimento térreo.
Banzo — Nome dado para as abas das vigas metálicas,
superior ou inferior nas vigas T ou I.
Beiral — Prolongamento do telhado para além da parede
externa, protegendo-a da ação das chuvas.
Betoneira — Máquina que mistura as argamassas e é usada
para o preparo do concreto.
Bloco — Edifícios que constituem um só conjunto construído.
Bloco cerâmico — Tijolo de barro utilizado para a execução
das paredes como elemento de vedação. Pode ter função
estrutural, caso no qual é prensado para adquirir maior
resistência.
Bloco de concreto — Elemento de dimensões padronizadas.
Tem função estrutural ou decorativa, cuja qualidade
geralmente é melhor que o de cerâmica ou barro.
Bloco de coroamento de estacas — Bloco de concreto
armado de ligação entre estacas para a distribuição de cargas
nas cabeças de estacas.
Bloco sílico-calcário — Bloco com função estrutural.
Braçadeira — Peça metálica que, normalmente, segura as
vigas ou tesouras do madeiramento. Também fixa peças, como
tubos, em paredes.
Brita — Pedra fragmentada. Fragmentos de pedra de
dimensões padronizadas usados na concretagem.
Dependendo de seu diâmetro máximo, é classificada de 0 a 4,
da menor para a maior.

Caderno de encargos — Conjunto de especificações


técnicas, critérios, condições e procedimentos estabelecidos
pelo contratante para a contratação, execução, fiscalização e
controle dos serviços e obras.
Caiar — Pintar com cal diluída em água.
Caibro — Peça de madeira nos telhados, geralmente de seção
próxima ao quadrado, que assenta nas terças e sustenta as
ripas de telhados.
Caixa de escada — Espaço, em sentido vertical, destinado à
escada.
Cal — Material indispensável à preparação das argamassas. É
obtida a partir do aquecimento da pedra calcária a
temperaturas próximas de 1000 ºC.
Calafetar — Vedar fendas e pequenos buracos. Serve ainda
para vedar as formas de concretagem para evitar a perda da
água com cimento contida no concreto, afetando o fator água-
cimento.
Cálculo estrutural — Cálculo que estabelece a dimensão e a
capacidade de sustentação dos elementos básicos de uma
estrutura, que pode ser de concreto armado, de estrutura
metálica, de madeira ou de outros materiais.
Calefação — Qualquer sistema de aquecimento para
interiores.
Calha — Duto aberto que recebe as águas da chuva e as leva
aos condutores verticais.
Cambota — Molde de madeira com meia-volta usado na
confecção dos arcos.
Cantaria — Pedra esquadrejada usada para edificar, construir
muros ou casas.
Canteiro de obra — Local da construção no qual se
armazenam os materiais e se realizam os serviços auxiliares
durante a obra.
Cantoneira — Peça em forma de L que remata quinas ou
ângulos de paredes.
Capa — Camada de concreto aplicada para proteger a
ferragem dos elementos de concreto armado.
Carga concentrada — Carga aplicada em determinado ponto
da estrutura.
Carga distribuída — Carga aplicada ao longo do elemento
estrutural.
Cargas acidentais — Cargas que podem atuar sobre a
estrutura de edificações em função do seu uso (pessoas,
móveis, veículos e materiais diversos).
Cargas permanentes — Peso de todos os elementos
construtivos fixos e instalações permanentes, tais como
revestimentos, pisos, enchimentos, concretos, paredes
divisórias e outras.
Chapiscar — Lançar argamassa de cimento e areia grossa
contra a superfície para torná-la áspera.
Chumbar — Fixar com cimento ou argamassa.
Cimento — Aglomerante obtido a partir do cozimento de
calcários naturais ou artificiais. Misturado com água, forma um
composto que endurece em contato com o ar. O cimento de
uso mais frequente é o Portland, cujas características são
resistência e solidificação em tempo curto.
Cinta de amarração ou cintamento — Sucessão de vigas
situadas nas paredes perimetrais das construções, visando
tornar mais solidárias entre si as paredes concorrentes.
Coluna — Elemento estrutural de sustentação, quase sempre
vertical. Ao longo da história da arquitetura, assumiu as formas
mais variadas e diversos ornamentos. Esses elementos
aparecem inicialmente nas colunas dóricas e jônicas dos
templos gregos.
Concreto — Mistura de água, cimento, areia e pedra britada
em proporções prefixadas, que forma uma massa compacta
que endurece ou ganha pega com o tempo.
Concreto armado — Quando a massa recebe armaduras de
aço, chamadas de vergalhões, para aumentar sua resistência
no que se refere a esforços de tração.
Console — Elemento em balanço na parede para servir de
apoio às sacadas.
Contrapiso — Camada, com cerca de 3 a 5 cm de massa de
cimento e areia, que nivela o piso antes da aplicação do
revestimento.
Contraventamento — Estrutura auxiliar organizada para
resistir a solicitações extemporâneas que podem surgir nos
edifícios. Sua principal função é aumentar a rigidez da
construção, permitindo-a resistir à força dos ventos.
Contraverga — Viga de concreto usada sob a janela para
evitar a fissuração da parede.
Corrimão — Apoio para a mão colocado ao longo das
escadas.
Corte — Desenho que apresenta uma construção sem as
paredes externas, deixando à mostra uma série de detalhes
como: pé-direito, divisões internas, comprimentos, escadas
etc.
Cota — Toda e qualquer medida expressa em plantas
arquitetônicas.
Croqui — Primeiro esboço de um projeto arquitetônico.
Cúpula — Parte superior interna e externa de algumas
construções. Uma curiosidade das cúpulas é o aparecimento
do óculo, abertura no seu ponto mais alto que permite a
entrada de luz e que, muitas vezes, conta com uma pequena
edícula, chamada lanterna ou lanternim. Outra curiosidade é
que, normalmente, as cúpulas são duplas, ou seja, é feita uma
cúpula interna, oca, e outra externa, encarregada da proteção
da construção.
Cura — Ação que garante água suficiente para que todo o
processo de reação química do cimento se complete. Se o
concreto não for curado, ficará sujeito a fissuras em sua
superfície.

Deck — Piso em madeira ripada, geralmente para circundar


piscinas, banheiras e represamentos de água ou servir de
palco criando desnível.
Declive — Quando o terreno se apresenta em subida em
relação à rua.
Demão — Cada uma das camadas de tinta ou qualquer outro
líquido aplicado sobre uma superfície qualquer.
Desaterro — Local de onde se retirou um volume de terra;
desterro.
Descimbramento — Retirada do escoramento e das fôrmas.
Desempenadeira — Instrumento de pedreiro, em madeira ou
metal acrílico, usado para distribuir e aplainar a massa sobre
as paredes.
Desgaste — Efeito causado nas superfícies pelo movimento
de pessoas ou objetos.
Drenagem — Escoamento de águas por meio de tubos ou
valas subterrâneas, chamados de drenos.
Dry-wall — Sistema no qual as paredes são executadas com
gesso acartonado impermeável e perfis metálicos, gesso cujo
papel utilizado é verde, e perfis metálicos.
Duto — Tubo que conduz líquidos (canos), fios (condutores)
ou ar.

Edícula — Construção complementar à principal, na qual,


geralmente, ficam instalados a área de serviços, as
dependências de empregados ou o lazer.
Edificação — Obra, construção, estrutura feita para
determinada finalidade.
Elemento vazado — Peça produzida em concreto, cerâmica
ou vidro, dotada de aberturas que possibilitam a passagem do
ar e luz para o interior da casa.
Elevação — Representação gráfica das fachadas em plano
ortogonal, ou seja, sem profundidade ou perspectiva.
Emboço — Primeira camada de argamassa nas paredes. É
feito com areia grossa, não peneirada.
Empena — Cada uma das faces dos frontões, paredes laterais
nas quais se apoiam os extremos da cumeeira do telhado de
duas águas.
Empreitada — Contrato pelo qual uma das partes se obriga
em relação à outra a realizar qualquer tipo de obra ou serviço,
sendo tratado que recebem para executar aquela tarefa e o
pagamento fica preestabelecido apenas ao término da tarefa a
100 %. É fixado o prazo com tal objetivo acordado entre as
partes.
Engastado — Encaixado, embutido.
Ensaio de abatimento — Ensaio realizado de acordo com a
norma técnica para determinação da consistência do concreto
e que permite verificar se não há excesso ou falta de água no
concreto.
Esforço cortante — Esforço transversal ao eixo da peça que
pode ocasionar seu cisalhamento.
Estaca Strauss — Quando a perfuração no terreno é feita
com um tubo de 75 cm e após, é lançado concreto para encher
o furo. Esse tipo de estaca deve ser cravado em uma
profundidade até encontrar terreno firme.
Estaiar — Segurar e manter firme com “estai”, emprego de um
cabo ou vergalhão esticado que permite equilibrar uma torre ou
elemento vertical em pé na obra.
Estribo — No concreto armado, são as alças de ferro redondo
colocadas transversalmente à armadura longitudinal,
espaçadas ao longo das vigas, objetivando absorver os
esforços cortantes. Nos pilares, são destinados a solidarizar a
ferragem. Tem esse nome também a peça de ferro batido que
une o pendural das tesouras ao tirante.
Estrutura — Conjunto de elementos que forma o esqueleto de
uma obra e sustenta o peso de paredes, telhado e pisos.
Estudo preliminar — Busca da viabilidade de uma solução
que dá diretriz e orientações à elaboração do anteprojeto.
Estuque — Massa à base de cal e gesso e água, usada para
fazer forros.
F

Fachada — Cada uma das faces de qualquer construção, a de


frente é denominada fachada principal, e as demais: fachada
posterior ou fachada lateral.
Ferreiro — Profissional responsável pelo corte e pela armação
dos ferros dos elementos estruturais de uma construção.
Fiada — Fileira horizontal de pedras ou de tijolos de mesma
altura que entram na formação de uma parede.
Fissura — Corte ou trinca superficial no concreto ou na
alvenaria.
Flanco — Parte lateral da construção.
Flecha — Deformação devida ao deslocamento perpendicular
de seção da estrutura construída. Usa-se aplicar a contraflecha
antes da concretagem, de modo a melhorar o aspecto da peça
estrutural em lajes e vigas.
Flexão — Esforço físico em que a deformação ocorre
perpendicularmente ao eixo do corpo, paralelamente à força
atuante. A linha que une o centro de gravidade de todas as
seções transversais constitui o eixo longitudinal da peça, que
está submetido a cargas perpendiculares. Este elemento
desenvolve em suas seções transversais um esforço que gera
momento fletor.
Fôrma — Elemento montado na obra para fundir o concreto,
dando formas definitivas aos elementos estruturais de concreto
armado, que irão compor a estrutura da construção. Em geral,
são de madeira ou de metal.
Fundação — Conjunto de estacas e sapatas responsável pela
sustentação da obra.
Fuste — Parte intermediária de uma coluna, entre a base e o
capitel.

G
Gabarito — Marcação feita com fios nos limites da construção
antes do início das obras. O encontro de dois fios demarca o
lugar dos pilares. É feito baseado no trabalho do topógrafo,
planialtimetria, nível de referência etc. Também chamada
assim a peça que é executada geralmente em compensado ou
papel grosso, no qual é marcada a forma exata que a futura
peça irá ter no local, ou irá se encaixar.
Galgar — Alinhar, levantar, alçar, endireitar, desempenar; fazer
com que uma régua, uma tábua ou um vão (porta ou janela)
tenham seus lados perfeitamente paralelos.
Galpão — Depósito. Construção que tem uma das faces
aberta.
Gesso — Pó de sulfato de cálcio que, misturado à água, forma
uma pasta compacta, usada no acabamento de tetos e
paredes.
Gesso acartonado — Painéis de gesso revestido por papel-
cartão com espessura, em geral, de 12 mm.
Granito — Rocha cristalina formada por quartzo, feldspato e
mica. Muito usado para revestir pisos. Existem diversas cores
de granito e, muitas vezes, o seu nome deriva da sua cor ou
do local em que fica a jazida.
Grauteamento — Aplicação de argamassa com aditivo
especial que confere características de aumento de volume
durante a pega, usada em base de máquinas e alvenaria
estrutural.

Habitação — Direito real, personalíssimo, conferido a alguém,


de morar gratuitamente, com sua família, na casa alheia,
durante certo espaço de tempo. Casa que a pessoa ocupa e
onde vive, no momento. Morada, domicílio, residência. Ao
termo habitação também se dá o sentido de prédio, imóvel,
alojamento.
Habite-se — Documento emitido pela prefeitura com a
aprovação final de uma obra e para permitir que seja habitada.
Hall de entrada — Patamar de acesso ao interior da casa.

Impermeabilização — Conjunto de providências que impede a


infiltração de água na estrutura construída, podendo ser com
filme plástico ou por aplicação de camadas de betume ou
massa impermeável chamada de manta, em geral com 3 mm.
Complemento por meio de proteção mecânica com massa de
cimento e areia, cujo fornecimento é, em geral, de
responsabilidade do contratante.
Implantação — Criação do traçado no terreno para demarcar
a localização exata de cada parte da construção.
In loco — Ato de executar no local.
Inchamento — Aumento de volume sofrido pela areia quando
molhada.
Infiltração — Ação de líquidos no interior das estruturas
construídas. Existem dois tipos básicos: de fora para dentro,
quando se refere aos danos causados pelas chuvas ou pelo
lençol; e de dentro para fora, quando a construção sofre os
efeitos de vazamentos ou problemas no sistema hidráulico.

Junta de dilatação — Recurso que impede rachaduras ou


fendas. São réguas muito finas de madeira, metal ou plástico,
que criam o espaço necessário para que os materiais como
concreto, cimento etc. se expandam sem danificar a superfície.

Laje — Estrutura plana e horizontal de pedra ou concreto


armado, apoiada em vigas e pilares, que divide os pavimentos
da construção.
Lençol freático — Camada na qual se acumulam as águas
subterrâneas. Seu rebaixamento é contratado à firma
especializada em solos, que utiliza bombas para extração da
água e canalização para bueiros. A prefeitura exige a utilização
de caixa de coleta e decantação de sólidos antes do bota-fora,
sendo aplicadas multas quando a mesma não é utilizada,
implicando, inclusive, o embargo da obra.
Levantamento topográfico — Análise e descrição topográfica
de um terreno.
Limite de escoamento — Tensão na qual a deformação do
material aumenta rapidamente para um pequeno acréscimo de
esforço que age sobre o material.
Limite elástico — Maior tensão que um material pode
suportar, sem sofrer deformações permanentes.

Macho-fêmea — Tipo de encaixe no qual uma peça traz uma


saliência e a outra, uma reentrância.
Mão-francesa — Série de tesouras. Escora. Elemento
estrutural inclinado que liga um componente em balanço à
parede, diminuindo o vão livre no pavimento inferior.
Marquise — Pequena cobertura que protege a porta de
entrada. Cobertura, aberta lateralmente, que se projeta para
além da parede da construção.
Massa — Argamassa usada no assentamento ou revestimento
de tijolos, ou para executar pisos.
Massa corrida — Massa à base de PVA ou acrílico, aplicada
com espátula, que dá um acabamento liso à superfície a ser
pintada.
Massa fina — Mistura proporcional de areia fina, água e cal,
utilizada no reboque de paredes ou muros.
Massa grossa — Mistura proporcional de areia, cal e cimento
usada para emboçar ou chapiscar.
Matacão — Pedra arredondada, encontrada isolada na
superfície ou no seio de massas de solos ou de rochas
alteradas, com dimensão nominal mínima superior a 10 cm.
Meia-água — Telhado com apenas uma água, um só plano
inclinado.
Meio-fio ou guia — Peça de pedra ou de concreto que
delimita a calçada da rua.
Meio-tijolo — Parede de espessura correspondente à largura
de um tijolo assentado pelo comprimento.
Memória descritiva — Descrição de todas as características
de um projeto arquitetônico, especificando os materiais que
serão necessários à obra, da fundação ao acabamento.
Mestre de obras — Profissional que dirige os operários em
uma obra e que possui muita experiência prática em todos os
tipos de serviços, mais do que o encarregado.
Mezanino — Piso intermediário que interliga dois pavimentos;
piso superior que ocupa uma parte da construção e se volta
para o nível inferior com o pé-direito duplo. Atualmente,
construído em estrutura metálica.
Módulo de elasticidade — Relação entre o esforço e a
deformação para valores abaixo do limite elástico.
Momento fletor — É chamado momento fletor numa seção
transversal de uma viga o conjugado M, que é igual à soma
algébrica dos momentos das forças exteriores que estão à
esquerda da seção considerada em relação ao centro de
gravidade dessa seção.
Monta-carga — Equipamento eletromecânico ou manual tipo
elevador para transporte de material. Não permite transporte
de pessoas, por isso pode ser aberto.
Montante — Moldura de portas, janelas etc. Peça vertical que,
no caixilho, divide as folhas da janela.
Mosaico — Trabalho executado com caquinhos de vidro ou
pequenos pedaços de pedras e de cerâmicas incrustados em
base de argamassa, estuque ou betume ou mesmo cola.
Muro de arrimo — Muro de peso usado na contenção de
terras e de pedras de encostas. Muro de contenção,
comumente de pedras grandes.
Muro de contenção — Usado para contenção de terras e de
pedras de encostas.

Nicho — Cavidade ou reentrância nas paredes, destinada a


abrigar um armário ou prateleiras. É comum na composição de
bares ou na exposição de obras de arte.
Nível — Instrumento que verifica a horizontalidade de uma
superfície por meio de uma bolha de ar em um líquido, a fim de
evitar ondulações em pisos e contrapesos.
Nivelar — Regularizar um terreno por meio de aterro ou
escavação.
Norma técnica — Regra que orienta e normaliza a produção
de materiais de construção.

Oitão — Parede lateral de uma construção situada sobre a


linha divisória do terreno. O termo é muitas vezes confundido
com empena, porque, nos séculos passados, era comum
encontrar construções com telhado de duas águas paralelas
ao alinhamento do lote.
Orientação — Posição da casa em relação aos pontos
cardeais.
Ornato — Adorno. Elemento com função decorativa.
Oxidação — Ferrugem. Processo químico em que se perde o
brilho pelo efeito do ar ou por processos industriais.

Parapeito — Proteção que atinge a altura do peito, presente


em janelas, terraços, sacadas, patamares etc. Diferencia-se do
guarda-corpo por se tratar de um elemento inteiro, sem grades
ou balaústres. Ver peitoril.
Parede — Elemento de vedação ou separação de ambientes,
geralmente construído em alvenaria.
Patamar — Piso intermediário que separa os lances de uma
escada.
Pavimento — Andar. Conjunto de dependências de um edifício
situadas em um mesmo nível.
Pé-direito — Altura entre o piso e o teto.
Pedra — Corpo sólido extraído da terra, ou parte de rochedo,
que se emprega na construção de edifícios, no revestimento
de pisos e em peças de acabamento.
Pedra amarroada — Pedra bruta, obtida por meio de marrão,
de dimensão tal que possa ser manuseada.
Pedreiro — Profissional encarregado de levantar a alvenaria.
Pedrisco — Material proveniente da britagem de pedra, de
dimensão nominal máxima inferior a 4,8 mm e de dimensão
nominal mínima igual ou superior a 0,075 mm.
Pega do concreto — Início da solidificação da mistura fresca.
Peitoril — Base inferior das janelas, que se projeta além da
parede e funciona como parapeito.
Pérgola — Proteção vazada, apoiada em colunas ou em
balanço, composta por elementos paralelos feitos de madeira,
alvenaria, betão etc.
Perspectiva — Desenho tridimensional de fachadas e
ambientes.
Pilar — Elemento estrutural vertical de concreto, madeira,
pedra ou alvenaria. Quando é circular, recebe o nome de
coluna.
Pilastra — Pilar de quatro faces no qual uma delas está
anexada ao bloco construtivo.
Pilotis — Conjunto de colunas de sustentação do prédio que
deixa livre o pavimento térreo.
Piso — Base de qualquer construção. Onde se apoia o
contrapeso. Andar. Pavimento.
Plano inclinado — Rampa, elemento vertical de circulação.
Planta baixa — Representação gráfica de uma construção na
qual cada ambiente é visto de cima, sem o telhado, para
representar os diversos compartimentos do imóvel, suas
dimensões e suas diversas aberturas (esquadrias).
Planta isométrica — Tipo de perspectiva em que o desenho
reproduz todos os elementos do projeto, com pontos de fuga.
Muito usada para mostrar instalações hidráulicas.
Platibanda — Moldura contínua, mais larga do que saliente,
que contorna uma construção acima dos frechais, formando
uma proteção ou camuflagem do telhado.
Platô — Parte elevada e plana de um terreno. O mesmo que
planalto.
Pó de pedra — Proveniente do britamento de pedra, dimensão
nominal máxima inferior a 0,075 mm.
Policarbonato — Material sintético, transparente, inquebrável,
de alta resistência, que substitui o vidro no fecho de estruturas.
Garante luminosidade natural ao ambiente.
Porta — Abertura feita nas paredes, nos muros ou em painéis
envidraçados, rasgada até o nível do pavimento, que serve de
vedação ou acesso a um ambiente.
Pré-fabricado — Qualquer elemento produzido ou moldado
industrialmente, de dimensões padronizadas. O seu uso tem
como objetivo reduzir o tempo de trabalho e racionalizar os
métodos construtivos.
Projeto — Plano geral de uma construção, reunindo plantas,
cortes, elevações, pormenorização de instalações hidráulicas e
elétricas.
Proteção de itens prontos — Uso provisório até a entrega da
obra de plásticos lona de terreiro preto, gesso com sisal, folhas
de compensado, papelão em rolos, mantas de flanela para
sinteco etc. sobre acabamentos.
Prova de carga ou teste — Conjunto de procedimentos não
destrutivos executados por firma especializada a fim de
verificar se a obra está construída de acordo com o previsto no
projeto. O ensaio é feito utilizando, em geral, recipientes com
água e são feitas medições para verificar parâmetros de
deformação, defletômeros e outros. Pode ser também
procedimento destrutivo realizado em peça aleatória. São
emitidos relatórios ou laudos.
Prumo, prumada — Aparelho que se resume a um fio provido
com um peso em uma das extremidades. Permite verificar o
paralelismo e a verticalidade de paredes e colunas.

Reboco — Revestimento de parede feito com massa fina,


podendo receber pintura diretamente ou ser recoberto com
massa corrida. Quando feita com areia não peneirada, recebe
o nome de emboço; se feita com areia fina, é denominada
massa fina.
Recuo — O mesmo que afastamento.
Referência de Nível (RN) — Cota determinada a que todos os
projetos tomam como referência evitando erro de nível. Essa
referência adotada é transportada por meio de mangueira de
nível para os pontos-chave da obra, geralmente com a
presença de engenheiro ou técnico, além de um mestre.
Refratário — Qualidade dos materiais que apresentam
resistência a grandes temperaturas.
Rejunte — Procedimento de aplicação de pós como cimento
branco, cimento, serragem fina, ou granilhas apropriadas,
especiais, misturadas em líquidos ou cola PVA, para calafetar
cerâmicas e as juntas da alvenaria ou as frestas entre os
materiais de acabamento.
Relação água/cimento (a/c) — Relação, em massa, entre o
conteúdo efetivo de água e o conteúdo de cimento Portland.
Resistência à compressão — Esforço resistido pelo concreto,
estimado pela ruptura de corpos de prova.
Respaldar — Aplainar, alisar ou desempenar uma superfície,
que pode ser um terreno, uma parede etc. Na linguagem dos
pedreiros, também pode significar levantar as paredes.
Respaldo — Última carreira de tijolos de alvenaria no encontro
com o forro.
Revestimento — Designação genérica dos materiais que são
aplicados sobre as superfícies.
Rodapé — Faixa de proteção ao longo das bases das
paredes, junto ao piso. Os rodapés podem ser de madeira,
cerâmica, pedra, mármore etc. Os rodameios ficam a 1 m do
piso e servem de bate-maca, ou proteção das paredes,
enquanto os rodatetos são usados junto aos tetos.
Rufo e contrarrufo — Elementos que guarnecem os pontos
de encontro entre telhados e paredes, evitando infiltração de
águas pluviais na construção. Um fica disposto coroando o
topo das alvenarias, e o outro entra com aba.

Sacada — Qualquer espaço construído que faz uma saliência


sobre o paramento da parede. Teoricamente, é qualquer
elemento arquitetônico que se projeta para fora das paredes
sem estrutura aparente, ou seja, o mesmo que balanço.
Saguão — Sala de entrada de grandes edifícios onde começa
a escadaria e onde se situam os elevadores que levam aos
andares superiores.
Saibro — Tabatinga, barro, encontrado em jazidas próprias, de
cor avermelhada ou amarelo-escura. Pode ser usado na
composição de argamassas, concedendo-lhes plasticidade.
Sapatas — Parte mais larga e inferior do alicerce. Há dois
tipos básicos: a isolada e a corrida. A primeira é um elemento
de betão de forma piramidal, construído nos pontos que
recebem a carga dos pilares. Como ficam isoladas, essas
sapatas são interligadas pelo baldrame. Já a sapata corrida é
uma pequena laje armada colocada ao longo da alvenaria que
recebe o peso das paredes, distribuindo-o por uma faixa maior
de terreno. Ambos os elementos são indicados para a
composição de fundações assentes em terrenos firmes; é
também a peça de madeira disposta sobre o pilar e que recebe
todo o peso sobre si; peça em ferro colocada sobre a estaca,
facilitando sua cravação.
Sarjeta — Vala, valeta, escoar águas.
Sarrafear — Desempeno de massa com emprego de régua ou
sarrafo de madeira.
Sarrafo — Ripa de madeira, com largura entre 5 e 20 cm e
espessura entre 0,5 e 2,5 cm.
Segregação — Separação dos componentes do concreto
fresco, de tal forma que sua distribuição não seja mais
uniforme.
Seixo rolado — Pedra de formato arredondado e superfície
lisa, características dadas pelas águas dos rios, de onde é
retirada. Existem também seixos obtidos artificialmente,
rolados em máquinas.
Servente — Auxiliar dos profissionais que trabalham nas
obras.
Servidão — Trecho de imóvel vizinho com área comum aos
dois ou de uso deste. Passagem, para uso do público, por um
terreno de propriedade particular.
Shaft — Vão na construção para passagem de tubulações e
instalações verticalmente.
Shed — Originalmente, termo inglês que significa alpendre. No
Brasil, designa os telhados em forma de serra, com um dos
planos em vidro para favorecer a iluminação natural. Bastante
comum em fábricas e galpões.
Sondagem — Contratação de firma de fundações que executa
perfuração do terreno antes do início de projetos, de modo a
obter dados da resistência do solo para lotes pequenos; em
geral, são três furos.

Tensão admissível — Tensão considerada no projeto de uma


estrutura.
Tensão máxima — Maior tensão que um material suporta até
romper.
Torção — Efeito causado pela rotação da seção transversal de
uma peça em relação ao seu eixo longitudinal.
Traço — Proporção entre os componentes da mistura de
concreto.
BIBLIOGRAFIA

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