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Relato da Oficina de Plantas Medicinais

Responsável: Célia Maria Paiva (Professora do Departamento de Meteorologia-IGEO-UFRJ, CPF:


941.487.167-53; celia@lma.ufrj.br).
Local: Laboratório de Agrometeorologia e Sustentabilidade (LAGRO+Eco).
Horário: 09 às 10h.
Data: 05/04/2019.
Público participante: 5 (Lista de presença no final do Anexo).

A oficina foi ministrada no Laboratório de Agrometeorologia e Sustentabilidade


(LAGRO+Eco), localizado no Espaço Conexão para o Futuro do IGEO, pela coordenadora desse
laboratório profa Célia Maria Paiva. A atividade teve duração de uma hora com início às 09 horas
do dia 05 de abril.
Inicialmente, foram explanados os cuidados necessários ao uso correto e seguro das plantas
medicinais, tais como: identificação correta das plantas, usos e indicações, local de cultivo, época
e horário da colheita, partes das plantas utilizáveis, formas de preparos e plantas tóxicas.
Em seguida foi realizada a prática de preparo de uma tintura de boldo, seguindo as etapas
descritas na ficha contida no anexo deste documento. Todos os passos foram realizados pela
professora responsável pela oficina, que comentou os detalhes sobre o preparo da tintura durante
a prática. Adicionalmente, foi disponibilizado um material digitalizado com os diferentes tipos de
preparo das plantas (Quadro 1 no Anexo).
A percepção foi de que o público participante tem alguma noção sobre as plantas
medicinais e já fez algum uso delas através da indicação de um parente ou conhecido. No entanto,
não tinham a informação a respeito dos cuidados para o uso correto e seguro das ervas, bem como
das formas de preparos diferentes de acordo com o tipo ou parte da planta a ser utilizada.
Como pontos positivos, pode-se citar o interesse que o assunto despertou nos jovens
participantes. Por outro lado, tem-se a percepção de que esse conhecimento ancestral não é
difundido entre as novas gerações.
ANEXO

Foto da prática do preparo da tintura de boldo durante a oficina de Plantas Medicinais (profa.
Célia).

FICHA TINTURA DE BOLDO


MATERIAL:

2 potes de vidro de cor escura esterilizados com tampa (para macerar e coar a tintura).
250 gramas de folhas frescas de boldo para 1 litro de álcool de cereais (25% em peso
de planta fresca em relação ao volume do álcool puro)
Funil e filtro de papel
Recipientes esterilizados âmbar ou leitoso para distribuição
PREPARO:

1º) Forrar a bancada de trabalho com pano branco e limpo. Colocar os materiais sobre
ele.

2º) Lavar bem as folhas frescas.

3º) Secar a água superficial.

4º) Picar as folhas para aumentar a superfície de contato e a retirada do princípio ativo.

5º) Colocar as folhas picadas em um vidro escuro esterilizado (250 gramas).

6º) Cobrir toda a erva com o álcool de cereais (1 litro).

7º) Tampar bem o vidro.


8º) Colocar um rótulo com a identificação da tintura e data da manipulação.

9º) Guardar o preparo em local escuro e seco.

10º) Deixar macerar (descansar) por 10 dias.

11º) Agitar a tintura 2 vezes por dia.

12º) Coar com o funil e o filtro de papel e guardar em vidro esterilizado e escuro
(âmbar) em local seco e ventilado devidamente rotulado.
EXEMPLO DE ETIQUETA:
Tintura de Boldo, uso interno, álcool de cereais.
Data:
Validade: 1 ano.
Indicação: Aparelho Gastrointestinal.
Dosagem (Adulto uso interno): 10 a 20 ml de tintura divididos em até 3 vezes ao dia.

QuadroA.1 - Formas de preparo das plantas medicinais para uso caseiro. (Fonte: Trindade et al.,
2008).

Preparo Descrição
Chás por infusão Ferver a água em vasilha de barro, esmaltada ou de vidro
refratário. Despejar a água fervente sobre a erva, em outra
vasilha. Tampar e deixar repousar por 5 a 10 minutos.
Após o repouso, coar. Utilizar no mesmo dia. A infusão
é recomendada para as partes tenras das plantas: flores,
folhas de textura fina e caules finos. Usar 1 a 2 colheres
de chá de planta fresca ou seca para 1 xícara de chá de
água.
Chás por decocção A erva pode ser colocada na água fria, depois levada a
ferver por 3 a 20 minutos. Pode-se também ferver a água
em vasilha de barro, esmaltada ou de vidro refratário e
acrescentar a erva, tampar e deixar ferver por mais 3 a 20
minutos (folhas ferver por 3 minutos, sementes ou cascas
grossas ferver por 20 minutos). Após a fervura, deixar
repousar por 10 a 15 minutos e coar. Esse preparo é
indicado para partes de plantas resistentes à ação da água
quente (cascas, raízes, tubérculos, sementes e folhas
grossas). Utilizar no mesmo dia. Usar 1 a 2 colheres de
chá de planta fresca ou seca para 1 xícara de chá de água.
Chás por maceração Colocar a planta amassada ou picada de molho em água
fria, álcool de cereais ou óleo em vasilhas de vidro ou
cerâmica. Folhas, flores e outras partes tenras devem
macerar por 10 a 12 horas. Sementes, raízes e cascas de
18 a 24 horas. Tampar o recipiente e coloca-lo em lugar
fresco, protegido da luz solar direta. Agitar o líquido
periodicamente. Coar ao final do período de maceração.
As plantas que fermentam não podem ser preparadas
desse modo.
Suco É indicado para folhas ou frutos frescos. Triturar as partes
da planta com água em um liquidificador ou processador.
Utilizar imediatamente após o preparo, pois o suco perde
suas propriedades rapidamente.
Sumo É feito pela trituração da planta medicinal fresca em um
pilão, liquidificador ou centrífuga. O pilão é mais usado
para partes pouco suculentas. Se a planta contiver pouco
líquido deve-se acrescentar um pouco de água. Coar e
utilizar imediatamente.
Saladas Usam-se os brotos e folhas novas cruas (agrião, rúcula,
dente-se-leão, capuchinha, hortelã, tanchagem,
manjericão e serralha). A salada une a o valor alimentar
ao valor medicinal da planta.
Tintura de planta seca Colocar 100 gramas de planta seca (10% em peso em
relação ao volume de álcool diluído) dentro de um vidro
esterilizado. Despejar o álcool de cereais ou álcool
comum de cana de boa qualidade diluído a 70% (300 ml
de água destilada para 700 ml de álcool) sobre a erva até
cobri-la totalmente. Algumas receitas indicam 250
gramas de planta seca para 1 litro de álcool diluído a 70%.
Tampar o vidro. Colocar um rótulo com a identificação
da tintura (nome da planta) e a data do preparo. Guardar
o vidro com o preparo para macerar em local escuro e em
temperatura ambiente. O período de maceração varia de
8 a 15 dias. Agitar a tintura 1 a 2 vezes por dia nesse
período. Quando o álcool adquirir a cor da planta a tintura
está pronta. Após a maceração coar a tintura e guardar em
vidros esterilizados de cor escura em local seco e
ventilado. Colocar rótulo nos frascos com a identificação
da planta e a data de preparo. A validade é de 2 anos em
condições adequadas de armazenamento. Pode ser usada
na forma de gotas diluídas em água (uso interno) ou em
pomadas, unguentos e fricções (uso externo).
Tintura de planta fresca Colocar 250 gramas de planta fresca (25% em peso em
relação ao volume de álcool) dentro de um vidro
esterilizado. Despejar o álcool de cereais ou álcool
comum de cana de boa qualidade a 92º GL sobre a erva
até cobri-la totalmente. Algumas receitas indicam 500
gramas de planta fresca para 1 litro de álcool a 92º GL.
Tampar o vidro. Colocar um rótulo com a identificação
da tintura (nome da planta) e a data do preparo. Guardar
o vidro com o preparo para macerar em local escuro e
seco por um período de 10 dias. Após a maceração coar
a tintura em um pano limpo ou filtro de papel e guardar
em vidros esterilizados de cor escura em local fresco,
seco e escuro (se ficar exposta à luz a tintura perde suas
propriedades mais rapidamente). Colocar rótulo nos
frascos com a identificação da planta e a data de preparo.
A validade é de 1 ano em condições adequadas de
armazenamento porque é mais instável que a tintura de
planta seca. Pode ser usada na forma de gotas diluídas em
água (uso interno) ou em pomadas, unguentos e fricções
(uso externo).
Pó Desidratar (secar) as plantas. Triturar com as mãos, um
pilão ou processador até virar pó. Passe a planta em uma
peneira para separa os pedaços maiores. Guarde o pó em
um frasco bem fechado em local escuro. Pode-se misturar
o pó com leite, mel ou chá por infusão ou decocção (uso
interno) ou espalhar o pó sobre o local ferido ou misturá-
lo em óleo, vaselina ou água antes de aplicar (uso
externo).
Inalação Colocar a erva fresca ou seca em uma vasilha com água
fervente na proporção de uma colher de sopa para ½ litro
de água. Inalar, colocando o rosto acima da vasilha de
forma que o calor entre em contato direto com as narinas.
Pode-se usar um funil de papel para direcionar vapor para
as narinas ou uma toalha sobre a cabeça, os ombros e a
vasilha. Aspirar lentamente o vapor durante 15 minutos.
Sugestões de plantas: alecrim, malva, eucalipto e sálvia.
Recomendado para problemas respiratórios.
Banhos de chuveiro Colocar a erva em um saco de pano com um cordão e
amarrá-lo no chuveiro. A água quente ou morna extrai as
substâncias da erva e proporciona um banho terapêutico.
Banhos de banheira Fazer um chá mais concentrado por infusão ou decocção.
Coar o chá e misturar à água do banho. Pode-se utilizar
também um sachê com as ervas e coloca-lo na água
morna da banheira. O banho pode ser parcial ou de corpo
inteiro e são indicados uma vez por dia. Para banho
calmante pode-se utilizar a camomila, o alecrim, a malva
e a alfazema. Para dores o alecrim, a arnica e o mentrasto.
Compressa Utilizar uma tintura, sumo ou chá por infusão ou
decocção, conforme a planta a ser utilizada. Embeber um
pano, um pedaço de algodão ou gaze no chá, sumo ou na
tintura (a tintura deve ser diluída em água, 2 colheres de
sopa em 250 ml de água). Colocar a compressa sobre o
local afetado. A compressa pode ser fria ou quente.
Sugestões de plantas: arnica, canfrinho, camomila,
calêndula, mil-em-rama, erva-de-bicho, tanchagem,
mentrasto e erva-baleeira. A compressa é de uso local
externo em que os princípios ativos penetram pela pele.
Cataplasma Amassar a erva fresca e bem limpa. Reduzir a planta a pó,
misturar o pó em água e aplicá-la envolvida em um pano
fino sobre a parte afetada. Pode-se também fazer uma
pasta com o pó de farinha de mandioca, fubá ou argila
misturada com um chá da planta. Nesse caso, fazer
primeiro o chá da planta indicada. Misturar com o pó em
uma vasilha de louça ou barro até virar uma pasta.
Colocar a pasta sobre um pano fino ou gaze e aplicar na
área afetada. A cataplasma pode ser enrolada com uma
atadura para manter-se fixa por mais tempo. Sugestões de
plantas: espinafre, bálsamo, acelga, repolho, arnica,
mentrasto, camomila, calêndula, alecrim, tanchagem,
mil-em-ramas e erva-de-bicho.
Gargarejo e bochecho Prepara o chá por infusão ou decocção. Tampar e deixar
em repouso por 10 minutos. Coar e fazer o gargarejo ou
bochecho. O gargarejo é indicado para rouquidão e
infecções de garganta. O bochecho é indicado para aftas,
inflamações na gengiva e outras infecções na boca.
Sugestões de plantas: gengibre (garganta), romã, malva,
alecrim, sálvia (gengiva), agrimônia e tanchagem.
Travesseiro Usar as flores ou folhas das plantas. Colher uma
quantidade suficiente da planta para encher o travesseiro.
Colocar para secar. Pode-se misturar um pouco de
espuma picada para que o travesseiro fique mais macio.
O travesseiro com erva tem a propriedade de tranquilizar
e proporcionar boas noites de sono. Sugestões de plantas:
macela, camomila, alecrim, eucalipto em glóbulos e
hortelã.
Xarope de plantas frescas Ferver juntos o açúcar (1,5 a 2,0 xícaras) e a água (1
ou secas xícara) em uma panela de vidro ou esmaltada até
engrossar. Abaixar o fogo e adicionar as plantas frescas
ou secas picadas. O xarope pode ser feito com mais de
uma planta. Primeiro, adicionar as cascas, sementes e
raízes que são indicadas para o preparo por decocção.
Elas devem cozinhas de 5 a 10 minutos no xarope. As
folhas tenras e as flores, preparadas por infusão, são
acrescentadas no final do cozimento. Elas devem
cozinhar de 2 a 3 minutos. Depois de adicionar todas as
ervas, retirar a panela do fogo e tampá-la, deixando o
xarope repousar por 10 minutos. Coar o xarope e guarda-
lo em vidro esterilizado. Depois de frio, acrescentar 10
gotas de própolis ao xarope. Sugestões de plantas: guaco,
febrífuga, sabugueiro, embaúba, mil-em-ramas,
tanchagem e mastruço.Validade de 10 dias. Os xaropes
não devem ser usados por diabéticos devido a grande
quantidade de açúcar.
Xarope com tintura Despejar 20 ml de tintura em um frasco de vidro
esterilizado. Sobre a tintura, acrescentar 300 gramas do
xarope pronto. Agitar vigorosamente o frasco para
homogeneizar o xarope. Pode-se acrescentar até 4 ml de
própolis.
Vinho Colocar 100 gramas da erva em um vidro esterilizado.
Despejar 1 litro de vinho (seco branco ou tinto com
aproximadamente 11º de graduação alcoólica) por cima
até cobrir totalmente a erva. Tampar bem o vidro. Deixar
o preparado macerando em local escuro a temperatura
ambiente por um período de 10 a 15 dias. Nesse período,
agitar 1 a 2 vezes por dia. Depois do período de
maceração coar o vinho em filtro de papel ou pano limpo.
Guardar o vinho de ervas em um vidro esterilizado de cor
escura. Pode-se usar mais de uma erva, mas mantendo-se
a proporção de 100 gramas. Tomar uma colher de sopa
antes ou depois das refeições. Sugestões de plantas:
camomila (vinho digestivo), alecrim (vinho tônico),
mistura de folhas de aveia, salsaparilha, chapéu de coro,
cavalinha e caroba (tônico e depurativo).
Óleo Picar ou moer a erva fresca ou seca. Colocar 100 gramas
de erva em um vidro esterilizado. Acrescentar 1 litro de
óleo sobre a erva até cobri-la completamente (10% em
peso de erva em relação ao volume de óleo) . Tampar bem
o frasco e deixar macerando por 2 a 3 semanas
diretamente sobre o Sol, agitando diariamente. Ao final
da maceração, filtrar o óleo, separando uma possível
camada de água que se forma. Guardar o óleo em vidro
âmbar em um local escuro e seco. Deve ser usado óleo de
boa qualidade (azeite, oliva, girassol, milho ou canola.
Pomada Colocar 30 gramas de vaselina e 30 gramas de cera de
abelha em uma panela esmaltada ou de vidro e derrete-
las em banho-maria. Depois da mistura derretida, desligar
o fogo mantendo a panela em banho-maria, batendo
sempre a mistura. Adicionar 30 ml da tintura indicada,
mexendo sempre. Retirar a panela do banho-maria,
batendo até que a mistura adquira a consistência de
pomada. Pingar 10 gotas de própolis, misturando bem.
Guardar a pomada em potinhos esterilizados e bem
tampados. Não se deve utilizar a pomada em ferimentos
abertos. Sugestões tinturas de plantas: calêndula e
camomila (assaduras e queimaduras de 1º grau), arnica,
confrinho, erva-baleeira e mentrasto (traumatismos,
torções e dores reumáticas).
Creme Coloque 30 gramas de cera de abelha em uma panela
esmaltada e leve-a ao banho-maria. Derreta a cera,
mexendo sempre. Acrescente 117 gramas de um óleo
medicinal, aos poucos, mexendo sempre. Acrescente a 55
gramas de água, aos poucos, mexendo sempre. Quando a
mistura estiver homogênea, desligue o fogo e coloque-a
dentro de uma bacia com água fria e bata a mistura
vigorosamente. Bata a mistura até que esfrie e adquira a
consistência de creme. Guarde em potes esterilizados
com tampa. Coloque um rótulo, contendo a identificação
do creme e a data de preparo.
Balas Preparar um chá bem concentrado com 50 gramas de
folhas secas da erva indicada e 250 ml de água. Coar o
chá. Misturar em uma panela 1 kg de açúcar mascavo, 2
xícaras de chá de açúcar branco cristal e 200 ml de chá
coado da erva indicada. Levar a mistura ao fogo,
deixando ferver até dar o ponto. Em seguida, despeje a
mistura sobre uma bancada de pedra esterilizada e
untada. Retirar porções da massa ainda quente e ir
esticando-a até que a massa esfrie e dê o ponto de corte.
Nesse ponto, a massa ficará esbranquiçada. Cortar a bala
com uma tesoura esterilizada. Enrolar a bala em pedaços
de papel manteiga. Sugestões de plantas: guaco, hortelã,
eucalipto glóbulos e erva doce.

LISTA DE PRESENÇA

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