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MEMBROS:
À Profa. Dra. Angelica Maria Bicudo, por me apoiar desde o nosso primeiro encontro e, pela
generosa oportunidade.
À Profa. Dra. Heloisa Gagheggi Ravanini Gardon Gagliardo, pelo convite para participar do
programa infantil de Avaliação Funcional da Visão e, a partir daí, vislumbrar tantas
possibilidades do trabalho fonoaudiológico na área da deficiência visual.
À Profa. Dra. Adriana Tessitore, por toda a representatividade na área de Motricidade
Orofacial e pela inspiração profissional.
À Profa. Dra. Sonia Maria Sellin Bordin, por sua generosidade e oportunidade de discutir
sobre temas importantes da área e, especialmente, por me ensinar muito sobre fonoaudiologia.
Ao Prof, Dr. Antonio de Azevedo Barros Filho, pela leitura atenta e condução do trabalho.
À Profa. Dra. Lilian Cristine Ribeiro do Nascimento, por tantas oportunidades na minha
história profissional e, pela amizade tão bonita.
À Profa. Dra Cecília Lima, Profa. Dra. Fernanda Bagarollo e Prof. Dr. Francisco Macedo,
pelo carinho e contribuições importantes na construção da tese.
Às Fonoaudiólogas Dra. Paula Nunes Toledo, DraTaísa Giannecchini e ao Dentista Dr Mauro
Picchioni, profissionais extremamente generosos que, não mediram esforços e me ensinaram
muito sobre motricidade orofacial.
Às Fonoaudiólogas Sandra Gimenez, Cássia Sígolo, Márcia Árias, Paloma Rocha Navarro,
Fernanda Freire e Gisele Renzo pela leitura atenta, critica e carinhosa da tese.
Às fonoaudiólogas Marion Mory, Luiza Junqueira e Marieli Bussi, que me receberam com
respeito e carinho no ambulatório de Paralisia Facial e me deram a oportunidade do
aprendizado.
Às ex-alunas e parceiras na fonoaudiologia, Maria Barrem, Camila Oliveira e Valquíria
Miquelino, que me motivam e me encantam com o comprometimento com a profissão.
Às minhas irmãs Plácida, Patrícia e Paula, pelas profissionais admiráveis e pessoas
importantíssimas em minha vida.
Aos meus compadres Izabel Cristina e Flávio Ribeiro e minha grande amiga Márcia Adriano,
pelo grande apoio, incentivo e cuidado comigo e com minhas filhas, para que pudesse me
dedicar à tese durante este longo processo.
Aos funcionários do CEPRE, meu muito obrigada pelas palavras de incentivo e grandes
manifestações de carinho.
Ao Eduardo, pois sem o seu amor e sua generosidade, não teria concluído este trabalho.
São tantas pessoas importantes que merecem meu agradecimento e reverencia, porém o
espaço restringe todas as citações desejadas. Fica aqui, meu reconhecimento aos amigos,
usuários e profissionais que participaram, ao meu lado, desta bonita caminhada.
RESUMO
In order to consolidate a theoretical framework for the analysis and discussion of the
relationship between visual impairment and the Stomatognathic System (chewing and
swallowing functions) in the speech-language pathology practice with visually impaired
subjects, the starting point was to find answers to the question: What are the implications of
vision in the stomatognathic system? The thesis is based on the explanation of the importance
of the studies and practices of Speech Therapy for the conception of vision as an important
sensorial channel for the stomatognathic functions (especially in the functions of chewing and
swallowing), considering that vision affects the functions of this system and has repercussions
not only in the orofacial complex, but also in the social life of the visually impaired
individual. From a descriptive and exploratory study, the relationship between the
stomatognathic system and visual impairment (low vision and blindness) is investigated.
Interviews with family members and speech-language evaluations were used as data
collection instruments, referring to 6 subjects, aged 11 to 16 years, from the Center for
Studies and Research in Rehabilitation. "Prof. Dr. Gabriel de Oliveira Porto"/ Unicamp
(CEPRE) and the Campineira Society for Assistance to the Visually Impaired (PRÓ-VISAO).
The following results were found: (i) the alterations presented by the participating subjects are
compatible with those of the seers, but they are intensely marked, characterizing the analyzes
of each one of them as complex; (ii) the lack of and, on the other hand, the need for the
theoretical-clinical construction of a protocol for the evaluation of the stomatognathic system
for the visually impaired; (iii) the need to value the entire sensory system in the performance
of the stomatognathic system functions, as well as its relation with facial expression and vocal
production; (iv) the slight presence of the Speech-Language Pathology field in clinical studies
and procedures in this population.
Quadro 1.Critério classificatório mundial revisto e aprovado pela Organização Mundial de Saúde, para as
Categorias de Deficiência Visual ....................................................................................................... 41
Quadro 2. Quadro fonético ................................................................................................................................ 61
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Distribuição numérica dos sujeitos de acordo com as características de mastigação do alimento sólido:
maçã com casca ................................................................................................................................ 79
Tabela 2. Distribuição numérica dos sujeitos de acordo com as características da deglutição do alimento sólido:
maçã com casca ................................................................................................................................ 79
Tabela 3. Distribuição numérica dos sujeitos de acordo com as características de mastigação do alimento sólido:
pão francês ........................................................................................................................................ 80
Tabela 4. Distribuição numérica dos sujeitos de acordo com as características da deglutição do alimento sólido:
pão francês ........................................................................................................................................ 80
Tabela 5. Distribuição numérica dos sujeitos de acordo com as características da deglutição do líquido
engrossado: iogurte ........................................................................................................................... 81
Tabela 6. Distribuição numérica dos sujeitos de acordo com as características da deglutição do líquido: água .. 81
Tabela 7. Distribuição numérica do uso da água de acordo com a consistência sólida ........................................ 82
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CEPRE Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação Prof. Dr. Gabriel de Oliveira Porto
PA Processamento Auditivo
RVO Reflexo Vestíbulo-Ocular
SciELO Scientific Electronic Library Online
SE Sistema Estomatognático
SPL Sem Percepção de Luz
SNC Sistema Nervoso Central
TCC Trabalho de Conclusão de Curso
TRV Teste do Reflexo Vermelho
v-HIT Video head impulse
SUMÁRIO
Introdução ............................................................................................................................................ 14
Objetivos .............................................................................................................................................. 18
Revisão de literatura ............................................................................................................................. 19
Revisão de literatura 1: A visão e outros sistemas perceptuais ............................................................. 20
Revisão de literatura 2: O sistema estomatognático e suas relações com a visão ................................ 43
Método ................................................................................................................................................. 64
Discussão ............................................................................................................................................. 83
Considerações Finais ............................................................................................................................ 97
Referências........................................................................................................................................... 98
Apêndice A - Levantamento bibliográfico ......................................................................................... 107
Apêndice B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .............................................................. 115
Anexo 1 - Exame Miofuncional Orofacial - MGBR........................................................................... 118
14
Introdução
do corpo. Os deficientes visuais estão mais sujeitos a isso, uma vez que os movimentos de
cabeça podem, com maior frequência, acontecer em bloco, sem dissociação entre os cíngulos
superior e inferior9.
Chama-se a atenção para a importância do sistema visual para o controle postural
relacionado mais especificamente com a estabilização da oscilação corporal, que aumenta
mais que o dobro quando a informação visual não está disponível e, nesse caso, quanto menor
a precisão da imagem na retina, maior a oscilação corporal. Assim, o sistema visual atua
como uma fonte de informação sensorial que interfere positivamente no controle postural 10 e,
por consequência, nas funções estomatognáticas8,11. A opção pela utilização do termo funções
estomatognáticas, foi motivada pela maior abrangência nos sistemas de busca, apesar do
termo funções orofaciais ser o utilizado na fonoaudiologia, especialmente na área de
motricidade orofacial.
Na literatura da área de deficiência visual encontram-se estudos que indiciam a
prevalência de alterações posturais e de tonicidade muscular global, devido a fatores como: (i)
falta de habilidade em conter a cabeça na posição normal; (ii) força insuficiente nas regiões
cervical e abdominal; (iii) falta de rotação do tronco e bacia. Na busca pela compensação
dessas alterações, a criança deficiente visual faz uso de posturas fixas como recursos para
manter-se em uma posição ou movimentar-se9,12,13,14.
O uso de padrões posturais anormais e de movimentos compensatórios produz,
então, uma série de transtornos como, por exemplo, a incapacidade de manter a cabeça
erguida sem elevação de ombros, o que limita o giro livre da cabeça para as laterais,
promovendo excessiva rigidez postural e restringindo, consequentemente, a movimentação do
corpo como um todo12,13,14.
A proposta inicial desta tese teve origem em uma demanda de profissionais de
outras áreas (pedagogos e terapeutas ocupacionais); profissionais que atuavam com
deficientes visuais e se questionavam a respeito do modo como esses se alimentavam durante
as refeições coletivas e, mais especificamente, como mastigavam os alimentos. A queixa
desses profissionais retratava um constante desconforto, revelando tanto a inabilidade em
lidar com a situação, quanto a dificuldade em avaliar e identificar os processos nela
envolvidos.
O projeto inicial desta pesquisa foi investigar a relação entre a adequação postural
e o desempenho das funções estomatognáticas de mastigação e de deglutição em crianças e
adolescentes com deficiência visual congênita (baixa visão ou cegueira), sem
comprometimentos associados. Essa investigação, entretanto, enfrentou um importante
16
Problema e tese
Esta pesquisa inicia-se a partir do problema: Quais os conhecimentos o fonoaudiólogo
deve adquirir, para melhorar sua atuação frente às implicações da visão para o funcionamento
do sistema estomatognático?
Objetivos
Objetivo geral
Desenvolver um aporte referencial teórico para a análise e a discussão da relação
entre a deficiência visual e o sistema estomatognático (funções de mastigação e deglutição) na
prática clínica fonoaudiológica com sujeitos deficientes visuais.
Objetivos específicos
Identificar na literatura da área de Fonoaudiologia os trabalhos disponíveis sobre a
relação entre a deficiência visual e as funções estomatognáticas;
Investigar nos sujeitos que participam desta pesquisa, a partir de um método
exploratório e descritivo, de que modo as funções de mastigação e de deglutição se
estabilizam em um sistema proprioceptivo geral afetado pela deficiência visual congênita
(baixa visão ou cegueira);
Identificar elementos que podem nortear a composição de um protocolo de avaliação
de motricidade orofacial específico para deficientes visuais.
19
Revisão de literatura
O processo nervoso que nasce dos bastonetes e dos cones, sob a influência da luz,
é transmitido a um sofisticado sistema de células nervosas que formam as zonas internas da
retina. Assim, o caminho que o nervo óptico percorre envolve dendritos, axônios e células
ganglionares, dentre outros. Para Luria 24, o processo visual é comum a todos os videntes
porque recursa, com pouca variação, a mesma circuitaria neuronal; entretanto, também é
particular, visto que está intimamente relacionado com a história individual e que ver é
sempre interpretar a partir das experiências perceptivas e sociais de cada um 17,25,26.
A entrada de raios luminosos se concentra na estrutura da íris do olho que, graças
aos músculos nela situados, pode contrair e dilatar a pupila (sob luz intensa se estreita e sob
baixa luz se dilata), regulando a entrada de luz em sua câmara interna. O cristalino, por sua
vez, se constitui como lente móvel refratária aos raios luminosos e, dependendo da distância
do objeto contemplado, pode ter sua curva variada para tornar mais nítida a imagem projetada
na retina, o que ocorre através do processo de acomodação. O sistema motor dirigido ao
movimento do globo ocular permite efetuar a convergência de ambos os olhos, o que faz com
que as imagens obtidas em ambas as retinas se projetem em um ponto de convergência
(quando isso não ocorre há a visão dupla), permitindo também mudar o foco de um objeto a
outro17,24,26.
Contudo, a retina do olho e os sistemas a ela interligados, como vimos, são
mecanismos periféricos do sistema visual, onde se inicia a via óptica hierarquicamente
estruturada, que assegura tanto a chegada dos sinais recebidos aos mecanismos nervosos
centrais (codificação dos sinais ópticos) como a regulação dos movimentos oculares que
garante a orientação correta do olhar. De tal modo, as fibras nervosas emergentes dos diversos
setores da retina terminam em zona cerebrais rigorosamente dispostas no campo de projeção;
posteriormente, as excitações visuais seguem até os campos ópticos secundários nos quais
predominam os neurônios associativos complexos das segunda e terceira camadas neuronais,
e então os impulsos nervosos fracionários recebidos podem ser unificados de acordo com as
tarefas planejadas pelo sujeito24,26.
Luria24 chama a atenção para o fato de que no córtex cerebral não há um centro
óculo motor, mas centros especiais que governam o movimento do olhar (ato de fixação, de
seguimento do ponto que move, do movimento para a análise de um objeto) e orientam as leis
de percepção visual não só para indícios soltos de uma imagem, mas de figuras geométricas e
estruturas inteiras.
23
Porém, a visão, tal como a percebemos quando adultos, não está pronta por
ocasião do nascimento de uma criança. Os primeiros dezoito meses de vida é o período
evolutivo de maior importância para a visão, que se desenvolve até a idade de seis anos e
amadurece durante a primeira década de vida. Todo esse processo de desenvolvimento recebe
influência da relação entre a maturidade neurológica, o desenvolvimento das funções visuais,
a idade e experiências de vida1,2,3.
O desenvolvimento da acuidade visual, necessária para que a criança veja com
clareza objetos em diferentes distâncias, está diretamente ligado ao desenvolvimento da
acomodação visual. Nas primeiras semanas de vida a criança reage, por exemplo, ao rosto
humano, a altos contrastes como as cores branco e preto e, ainda, a formas geométricas
simples na distância entre 20 e 30 cm de seu corpo. Por volta do terceiro mês de vida a
criança passa a ter um campo visual de sessenta graus, demonstrando melhor reação às cores,
em especial ao amarelo, vermelho e laranja, chegando ao quarto mês com a capacidade de
explorar o ambiente acompanhando a movimentação de pessoas e objetos4.
Na continuidade da maturação do sistema visual, em torno dos 6 meses, a criança
já consegue fazer a fixação visual do objeto combinada com a rotação de cabeça, função que
influenciará significativamente no desenvolvimento mandibular, na lateralização mandibular e
na função mastigatória, sendo esta a função mais refinada e aprendida, exercida pelo SE4,28.
De tal modo, a realização progressiva dos movimentos de tronco e cabeça da
criança serão determinantes para o fortalecimento do tônus muscular associado ao processo de
deglutição, de mastigação e de movimentação do pescoço, repercutindo na própria postura
corporal, fechando assim um ciclo completo de interinfluência muscular e postural 9.
Entretanto, o sistema visual segue se particularizando e as informações visuais captadas pelos
dois olhos (visão binocular), responsável pela noção de distância e presente desde o
nascimento, vão se especializar até por volta dos quatro anos de idade com dependência direta
do meio ambiente a que a criança está exposta 4,29,30,31.
24
Então, nos primeiros anos de vida de uma criança, a relação entre o sistema motor
e a percepção visual se mantém mais fortemente integrada, possibilitando uma mútua
influência entre o sistema motor e a resposta ao estímulo visual. Isso é facilmente
compreendido na medida em que é a atenção visual que frequentemente motiva na criança seu
deslocamento corporal nas tentativas de se aproximar de pessoas e de alcançar, manipular,
explorar os objetos e suas possibilidades de uso35.
Assim, “[...] é no exercício de ajuste em relação ao próprio corpo e o objeto ou
pessoa de interesse da criança que a atenção visual promove o processo de desenvolvimento
da coordenação visuomotora”4.
Entretanto, a visão não está envolvida apenas no desenvolvimento visuomotor,
mas nas habilidades mentais, interferindo na construção de conceitos espaciais, na aquisição
de linguagem e nas relações psicoafetivas29,36.
25
i
Davida Young Teller (1938-2011) foi professora dos Departamentos de Psicologia e Fisiologia/Biofísica da
Universidade de Washington (EUA), pioneira no estudo científico do desenvolvimento visual infantil. Seus
estudos interferiram nas noções de escolha preferencial e de escolha forçada, na função visual psicométrica e
no desenvolvimento do Teller Acuity Cards, avaliação aplicada mundialmente em bebês e crianças pequenas.
26
ii
Dor e nocicepção não são termos sinônimos, já que a dor é um estado subjetivo 19.
30
neurônios que o cérebro recebe e projeta para essas partes. A grande área de representação
cortical da região orofacial demonstra a importância sensorial e motora dessa região” 43.
vestibular e visual e permitem ao SNC investigar e agir sobre o ambiente, por exemplo, na
exploração visual24,46.
Com o objetivo de mostrar como o sistema tátil se organiza neurofuncionalmente
em caso de cegueira ou baixa visão, revela-se exemplar a história de Virgil contada por Oliver
Sacks47 iii
. Trata-se de um homem de cinquenta anos de idade, cego desde a infância,
acometido por cataratas em ambos os olhos, além de ser portador de retinite pigmentosa iv.
Aos três anos de idade, Virgil foi acometido por meningite, quando sofreu
convulsões e ficou praticamente cego, com as pernas parcialmente paralisadas. No ano
seguinte, recuperou os movimentos das pernas, mas suas retinas estavam seriamente
comprometidas. Aos seis anos de idade, as cataratas começaram a se desenvolver nos dois
olhos, cegando-o novamente. No mesmo ano, foi matriculado em uma escola para cegos onde
aprendeu a ler braille e a usar bengala como possibilidade de independência.
Aos 50 anos, foi submetido a uma cirurgia corretiva da visão e, depois disto,
encontrou muita dificuldade em se adaptar com a visão adquirida, época em que Sacks passou
a avaliá-lo e a acompanhá-lo periodicamente. A proposta de Sacks era a de compreender
como Virgil via e como seu cérebro havia se estruturado ao longo de sua vida como um
sujeito cego e, ainda, como se estruturava então, quando se tornou novamente um sujeito
vidente.
Sacks47 analisa que, quando nascemos plenos da totalidade dos sentidos, fazemos
correlações entre eles e criamos, desde o início da vida, um mundo visível de objetos,
conceitos e sentidos visuais. Um mundo que não nos é dado, mas construído incessantemente
pela própria experiência que o classifica, tornando-o memória e reconhecimento. No caso de
Virgil, suas experiências visuais da primeira infância estavam esquecidas, não havia
memórias visuais para apoiar sua percepção de mundo atual, não havia também experiências e
sentidos pré-construídos associados com a aprendizagem de ver. Sua retina e nervo óptico
estavam ativos, transmitindo impulsos, mas seu cérebro não conseguia lhes dar sentido. Ele
estava agnósico, ou seja, via, mas o que via não tinha qualquer coerência, não entendia o que
percebia visualmente.
Segundo Sacks47, a dificuldade real de Virgil advinha do fato de a percepção
simultânea de objetos em sequências de movimento não ser algo habitual para aqueles
acostumados a uma percepção sequencial através do tato. Os videntes com a totalidade dos
iii
Sacks também escreveu outro livro relacionado à cegueira: Olhar da mente, Companhia das Letras, São Paulo,
2010.
iv
Doença hereditária e progressiva que causa uma “distrofia” ou danos aos fotorreceptores da retina e do epitélio
do pigmento debaixo dos fotorreceptores, culminando em uma cegueira completa.
32
sentidos vivem no espaço e no tempo, enquanto os cegos vivem só no tempo. Isso acontece
porque constroem seus mundos a partir de sequências de impressões (táteis, auditivas,
olfativas) e não são capazes, como as pessoas com visão, de uma percepção visual simultânea
em um acontecimento espacial e temporal, há a dificuldade de conceber uma cena visual
instantânea dependente da experiência como um todo.
Sacks47 constatou, assim, que os sistemas auditivos e táteis de Virgil eram
imprescindíveis para que ele pudesse natural e facilmente experimentar e explorar o mundo,
impossível pela visão. Na primeira condição, Virgil se mostrava hábil e autossuficiente como
um cego que havia naturalmente experimentado, apreendido e construído sua visão de mundo
com as mãos, em contraposição a tudo de antinatural que o uso da visão estava lhe impondo.
A condição de vidente exigia que renunciasse a tudo o que lhe era familiar para passar a
perceber o mundo de uma maneira inacreditavelmente difícil e estranha.
1.3 Audição
A audição é uma função que possibilita ao sujeito se constituir na linguagem e na
língua ao se filiar histórica, cultural e socialmente a uma comunidade e a(s) sua(s)
variedade(s) linguística(s); e a proteção de alerta 48,49.
Esse sistema sensorial é extremamente refinado e dependerá do funcionamento
harmônico anátomo e neurofuncional de todo o complexo auditivo para que o som seja
capturado, conduzido, recebido e decodificado pelo cérebro, para, então, o sujeito significar o
mundo. Esse percurso se inicia no pavilhão auditivo externo (orelha externa) cuja função é a
de capturar a onda sonora, conduzi-la pelo meato acústico externo até a membrana timpânica
que, por sua vez, o conduz para a orelha media26,50.
A orelha média é composta pelos ossículos que vibram na frequência da onda
capturada, transmitindo essa vibração para a janela oval. Neste ponto, as ondas chegam à
orelha interna, onde são transformadas em impulsos elétricos transmitidos pelo nervo acústico
até as áreas cerebrais para serem interpretadas50.
Na orelha interna encontram-se os canais semicirculares, o labirinto (vestíbulo) e
a cóclea, que constituem o sistema vestibular, responsável pela estabilização da imagem na
retina, ajuste postural e orientação gravitacional50.
De outro modo, essas funções também podem ser compreendidas como a de
iniciar alguns reflexos necessários para a estabilização do olhar, da cabeça e do corpo;
informar os centros nervosos sobre a velocidade da cabeça e sua posição no espaço e
transformar as forças provocadas pela aceleração da cabeça e da gravidade em um sinal
33
biológico. Para que isso se efetue torna-se necessária a informação sobre a posição e o
movimento da cabeça, orientado pelo labirinto51.
Assim como os olhos percebem os estímulos luminosos, a cóclea percebe o
estímulo auditivo e o labirinto funciona como um sensor de posição e de movimento do corpo
no espaço. Essa informação é transmitida ao tronco cerebral, onde são estabelecidas as
conexões com os sistemas motor ocular e visual e o proprioceptivo, que indiciam a realização
e os ajustes necessários do corpo às três funções do sistema vestibular, citadas
anteriormente51.
Uma dessas funções é desempenhada pelo sistema vestibular central: trata-se de
regular a manutenção dos olhos orientados para uma determinada direção mesmo quando o
corpo se movimenta desordenada e intensamente. A função de garantir a permanência da
imagem na retina apesar do movimento do corpo é realizada por meio do Reflexo Vestíbulo-
Ocular (RVO). Esse reflexo possibilita a detecção das rotações da cabeça e imediatamente
comanda um movimento compensatório dos olhos na direção oposta 10,51.
Outra função do sistema auditivo é o Processamento Auditivo (PA). Por PA
entende-se o conjunto de processos em resposta a um estímulo acústico, iniciando-se no
sistema auditivo periférico e finalizando no sistema auditivo central, presente desde os
primeiros dias de vida da criança. O PA recobre especialmente habilidades como: fechamento
auditivo; integração e separação binaural; integração binaural; detecção sonora; localização e
lateralização sonora; discriminação auditiva e reconhecimento de padrões auditivos
temporais52.
Para Bear et al.51 as vias auditivas parecem mais complexas que as visuais devido
ao maior número de sinapses entre os órgãos sensoriais e o córtex, pois existem muito mais
vias alternativas pelos quais os sinais podem seguir de um núcleo cortical ao próximo.
Entretanto, o grau de processamento das informações nos sistemas visual e auditivo é
análogo.
34
olfativo participam 1.200 tipos de receptores olfativos culminando em uma capacidade quase
ilimitada de sentir cheiros, enquanto do sistema visual participam apenas 3 tipos e do sistema
de gustação 49 tipos. Para os referidos pesquisadores, o ambiente no qual o indivíduo vive e
se desenvolve contribui substancialmente para modular o número de células capazes de
identificar cada cheiro, não se tratando, portanto, apenas do efeito que a experiência
individual exerce sobre a memória olfativa, mas sobre a própria construção do tecido olfativo
que produz mais células para detectar cheiros aos quais o indivíduo esteve mais exposto ao
longo da vida.
Figura 9. Olfato57
mais com a degeneração das células nervosas centrais, do que com as modificações
periféricas do aparelho olfatório59.
Entretanto, sendo a qualidade e a intensidade da percepção olfatória dependentes
do estado anatômico e funcional do epitélio nasal e dos sistemas nervosos central e periférico,
quadros de rinites e resfriados prolongados podem causar hiposmia, ou seja, perda moderada
da sensibilidade olfativa, quando o aroma do alimento não alcança o epitélio olfatório,
prejudicando no cérebro a interpretação gustativa 60. Nesse caso, experimenta-se, quando em
estado de gripe, a perda do sabor do alimento.
Além da olfação e da gustação existe um sentido intermediário que envolve
terminações livres situadas nas mucosas faciais, a somestesia química, capaz de detectar
substâncias irritantes e poluentes, gerando percepções de ardência ou dor que disparam
reflexos de expulsão (vômito e tosse)17.
Se eu for fazer uma audiometria, uma medida cientifica, não vou escutar
mais do que outras pessoas. Eu posso até ter um déficit auditivo, mas a
questão é que minha atenção está ligada na minha audição, porque é uma
questão de sobrevivência. Eu enxergo através do meu ouvir, através do meu
tato, através do meu olfato, através do meu paladar.
O que não quer dizer que a percepção do cego seja melhor ou pior; a questão está na diferente
organização sensorial e neurofuncional de cegos e videntes.
A referência à importância da educação e da orientação terapêutica dirigida aos
deficientes visuais considera, que tais condições estão atreladas às políticas públicas dirigidas
a essa população, e esse tema está desenvolvido no item que segue.
vii
Ametropias: miopia, hipermetropia e astigmatismo são erros refrativos, ou seja, erros na capacidade que o
olho tem de refratar a luz e focar os raios luminosos na retina.
41
sendo os erros refrativos não corrigidos as maiores causas. Devido à alta possibilidade de
resolução dessas alterações quando identificadas precocemente, tal ocorrência passou a ser
considerada um problema de saúde pública. Colabora para esse quadro a falta de treinamento
de profissionais na atuação e realização de triagens envolvendo a visão.
43
viii
A coluna vertebral se compõe de 33 vértebras classificadas como: cervicais (7); torácicas (12), lombares (5),
sacrais (5 fundidas), coccígeas (4 ou 5 fundidas). Dentre essas, a coluna cervical é a mais móvel e se destaca por
facilitar a rotação do pescoço88.
ix
Membrana que reveste o músculo.
x
O desenvolvimento corporal da criança e, por consequência, a estabilização da cabeça pode repercutir no
controle mandibular89.
45
Ainda para Castillo Morales82, o complexo orofacial conta, por um lado, com
músculos grandes envolvidos: na movimentação da cabeça (externocleidomastóideo, esplênio
da cabeça, oblíquo inferior da cabeça, esplênio do pescoço, retroposterior maior da cabeça);
na flexão da cabeça (retroanterior da cabeça, longo da cabeça, externocleidomastóideo); na
flexão lateral da cabeça (retrolateral da cabeça, escaleno anterior, escaleno posterior); na
extensão da cabeça (retro posterior maior da cabeça, retro posterior menor da cabeça e
oblíquo superior da cabeça). E, por outro lado, com músculos pequenos envolvidos com a
área da face que se subdividem em dez regiões:
1. Região da Cabeça: músculos que se originam na cabeça com inserção na face:
occiptofrontal, temporoparietal;
2. Região orbital: orbicular dos olhos, corrugador do supercílio;
3. Região nasal: prócero e nasal;
4. Região oral: orbicular da boca, levantador do lábio superior, levantador do ângulo
da boca, zigomático maior, zigomático menor, bucinador, risório, abaixador do ângulo da
boca, abaixador do lábio inferior, do mento e platisma;
5. Região da mandíbula: músculos mastigatórios (temporal, masseter, pterigóideo
medial, pterigóideo lateral);
6. Região do mecanismo bucinador: orbicular da boca, bucinador, constritor superior
da faringe;
7. Região do hióide:
7.a: supra-hióideos: digástrico, estilo-hióideo, milo-hióideo, gênio-hióideo;
7.b: infra-hióideos: esterno-hióideo, omo-hióideo, esternotireóideo, tíreo-
hióideo;
46
8. Região da língua:
8.a: músculos intrínsecos: longitudinal superior, longitudinal inferior,
transverso da língua, vertical da língua;
8.b: músculos extrínsecos: genioglosso, hioglosso, estiloglosso, palatoglosso,
condroglosso (este último não unânime entre os anatomistas);
9. Região do palato e fauces (tensor do véu palatino, levantador do véu palatino, da
úvula, palatoglosso, palatofaríngeo);
10. Região da faringe:
10.a: músculos extrínsecos: constrictor superior da faringe, constrictor médio
da faringe, constrictor inferior da faringe;
10.b: músculos intrínsecos: estilofaríngeo, palatofaríngeo, salpingofaringeo 82.
superior (cintura escapular) que, por sua vez, sustentam estreita relação com o cíngulo do
membro inferior (cintura pélvica) e os pés. Entretanto, para que o SE desempenhe
fluentemente suas funções é necessário que toda a cadeia muscular esteja íntegra 5,84,85.
Entre os elementos que determinam a integridade da cadeia muscular e, como
consequência, a manutenção do equilíbrio postural, encontram-se as informações sensoriais
transformadas em impulsos vestibulares, visuais e proprioceptivos. Esses impulsos, acionados
por estruturas neurais, resultam em resposta motora organizada que reflexamente
restabelecem continuamente o alinhamento postural. Destaca-se o papel da via óptica como
uma base de dados para reconhecimento e localização dos objetos e como um calibrador para
a via vestibular, que responde transformando as informações visuais em controle postural 81.
Para Douglas81, a boca é uma estrutura periférica do SE e em sua relação com o
sistema nervoso exerce função somatossensorial, ou seja, possui uma vasta e variada
quantidade de receptores que captam diferentes informações envolvendo, por exemplo, os
sons da fala, a temperatura, o gosto e a imagem proprioceptiva dos alimentos. Além disso, o
SNC controla a função muscular e glandular oral, formando, assim, um sistema recíproco de
aferências e eferênciasxi pelos quais a boca requer uma complexa e vasta dinâmica funcional
do sistema nervoso, maior que aquele exigido pelo sistema visual.
Seguindo ainda com Douglas81, é a mucosa oral a responsável pelo
reconhecimento de estímulos aplicados à cavidade oral, por meio de receptores
(exteroreceptores) sensíveis à modificação de diversos parâmetros, diferentes entre si e
relacionados ao agente estimulador. O corpúsculo ou botão gustativo, conforme mencionado
anteriormente, é uma estrutura localizada, em sua maior parte, nas papilas gustativas da
mucosa dorsal da língua, disparando a sensação de gosto ou paladar.
Contudo, outros receptores localizados na superfície da mucosa oral são
responsáveis por estímulos térmicos (Corpúsculo de Ruffini e Corpúsculo de Krause,
receptores de calor e de frio); mecânicos (corpúsculos de Meissner, receptores de estiramento,
pressão superficial, pressão profunda, vibração, distensão, entre outros) e químicos
(corpúsculos de Pacini, sensação de dor). Desse modo, os receptores da mucosa oral
desempenham um papel fundamental no reconhecimento do ambiente intraoral, similar aos
receptores cutâneos.
xi
Sistema Aferente: leva impulso nervoso do receptor periférico para o SNC; Sistema Eferente: leva aos
músculos estriados esqueléticos os comandos do SNC.
48
2.2.1 Sucção
A sucção é uma função primária do SE e demanda o trabalho neuromuscular das
estruturas orofaciais, presentes em todas as outras funções desse mesmo sistema. É o
aleitamento materno, por meio da sucção e do aparato neurofuncional correspondente, que
proporciona a estimulação da tonicidade muscular, o desenvolvimento das Articulações
Temporomandibulares (ATMs) e, consequentemente, o amadurecimento oral que promoverá
o espaço para a erupção dos dentes como preparação para a mastigação 92.
Brazelton93 identifica que nos primeiros instantes, após o nascimento, pode-se
observar no bebê uma diversidade de comportamentos como: mão na boca, sucção de mão,
expressões faciais, soluço, espirro, bocejo, movimentos de espreguiçar, de sobressalto e
tremor, comportamentos ancorados à vida intrauterina da criança e sustentados por sistemas
reflexos neurofuncionais.
Estudos voltados para o desenvolvimento fetal, reunidos por Medeiros 92,
focalizam pré-requisitos que se associarão à integração sensório-motora infantil,
estabelecendo, em função disso, uma relação entre a presença de movimentos orais e a idade
gestacional aproximada: movimento de abertura de boca (nona semana); movimentos iniciais
de deglutição (11ª semana); reflexos orais e movimentos labiais (12ª/13ª semana);
movimentos iniciais de sucção (17ª à 24ª semana); coordenação de movimentação mão - face
(17ª à 20ª semana); aperfeiçoamento de sucção e de deglutição (24ª semana); movimentos
respiratórios iniciais (25ª à 27ª semana); coordenação de deglutição e respiração (34ª/35ª
semana).
Vale ressaltar a importância do reflexo impulso distal presente na vida
intrauterina. Tessitore94, baseando-se em Castillo Morales82, analisa:
O feto começa a empurrar a parede uterina e esta ação de empurrar por meio
do apoio plantar dos pés, chamou-se de Impulso Distal de pés. Esta ação tem
49
xii
Tessitore é pioneira no campo da Fonoaudiologia quanto ao desenvolvimento de estudos que contemplam a
relação postura corporal e funções estomatognáticas.
50
Conta para isso o fato de a sucção ser um ato reflexo, mas a extração do leite do
peito, por ser um comportamento aprendido, exige do bebê recursos orofaciais como a
propriocepção labial, a preensão e força labial, a movimentação de língua (abaixamento,
elevação, retroação para a região da orofaringe), a movimentação de mandíbula (abaixamento,
anteriorização - protusão, elevação, retrusão), que influenciam o desenvolvimento das
articulações temporomandibulares95.
O estudo desenvolvido por Navarro46 se apoia em Desjardins96 para pôr em
relevância a importância do ritmo no desenvolvimento do sistema sensorial e perceptual da
criança. A autora ressalta que o olhar do bebê se volta para o que está em movimento e não
para o que se encontra parado, fixo. Durante a amamentação o bebê dirige seu olhar à face da
mãe enquanto experimenta movimentos ritmados da sucção, por exemplo. Desse modo, para
Desjardins96, o movimento é a essência da percepção e fruto de uma harmonização
progressiva das interações entre a mãe e o bebê que envolvem pelo menos três polos
perceptivos: o tato, o olfato e a gustação. Nesse processo, os ritmos de cada uma das
modalidades perceptivas são coordenados pelo ritmo da sucção.
Neste subitem foi privilegiada a passagem do reflexo de sucção para um
comportamento de controle voluntário que assim permanece ao longo da vida. Sabe-se,
porém, que a sucção pode se transformar, na criança e no adulto, em comportamentos
deletérios (sucção digital, uso de chupeta, sucção de lábios, sucção de língua, onicofagia) que
trazem prejuízos para o complexo orofacial.
2.2.2 Deglutição
Para Tanigute97, a deglutição em sua fase inicial é denominada “deglutição
infantil ou visceral” e dependerá das experiências da criança com diferentes consistências
alimentares para amadurecer neurofisiologicamente. A hierarquia da oferta alimentar (líquido,
pastoso e sólido) é que promoverá o equilíbrio harmônico das estruturas estomatognáticas
envolvidas. As características do padrão infantil de deglutição são: posicionamento da língua
entre as gengivas, contração de musculatura facial para estabilizar a mandíbula e a deglutição
guiada pela relação sensorial entre lábios e língua. O surgimento dos primeiros molares
decíduos possibilitará os movimentos da mastigação beneficiados agora pelo ganho de altura
vertical da boca e os movimentos de translação e rotação da mandíbula, fazendo com que a
criança entre no processo de deglutição madura.
De acordo com Yamada et. al.98, a deglutição ou ato de engolir é uma função
presente desde o 4º mês de vida intrauterina, mantida ao longo da vida e condicionada ao
51
crescimento craniofacial, à erupção dos dentes, à troca dentária, à oclusão, aos espaços
funcionais (naso, rino e orofaríngeo)xiii, ao tipo de alimento e às atividades neuromusculares
que interferem em sua execução.
A deglutição se compõe de três fases: oral, faríngea e esofagogástrica, e sua
execução se qualifica como voluntária (fase oral) e involuntária (faríngea e
esofagogástrica)xiv.
A fase oral da deglutição, por sua vez, se subdivide nos estágios de preparo,
qualificação, organização e ejeção. Por preparo entende-se o tempo em que o alimento é
insalivado e triturado pela mastigação. O estágio de qualificação, iniciado em associação ao
estágio de preparo, caracteriza-se pela percepção do bolo alimentar em seu volume,
consistência, densidade, grau de umidificação e inúmeras outras características físicas e
químicas que interferem em sua adequação para o processo da deglutição.
No estágio de organização, o bolo alimentar é posicionado sobre o dorso da
xv
língua e estruturas ósteo - músculo - articulares, responsáveis pela morfofuncionalidade da
boca; organizam-se para ativar o último estágio dessa fase, ou seja, a ejeção. Na ejeção
ocorrem o ajustamento das paredes bucais e a projeção posterior da língua, gerando uma
pressão propulsiva que encaminha o bolo para a faringe. Além do posicionamento do bolo na
cavidade oral, a integridade morfofuncional das estruturas envolvidas na dinâmica da ejeção
influencia na qualidade dessa ejeção. Assim, a força propulsiva, indispensável na condução do
alimento, é gerada na cavidade oral e varia de acordo com o volume, a densidade e a
viscosidade do material a ser deglutido, o que influenciará a fase faríngea 98,99.
Desse modo, a fase faríngea da deglutição tem início com a pressão da orofaringe
resultante da ejeção oral. Nessa fase, o escape nasal é impedido pelo ajuste do palato mole
contra a parede posterior da faringe, evitando a dissipação da pressão e favorecendo a
propagação da sequência contrátil da musculatura constritora da faringe no sentido
xiii
A faringe se estende da base do crânio à sexta vértebra cervical, medindo cerca de 12cm (ou 14 cm); divide-se
em: nasofaringe - estrutura localizada na base do crânio conectada à cavidade nasal e orofaringe, conduto de ar e
de drenagem (para o nariz, seios paranasais e tuba auditiva) e, ainda, como ressonador para a voz; orofaringe -
extensão da cavidade oral que se estende dos pilares anteriores até a parede da faringe. A orofaringe é separada
da laringe pela epiglote, cartilagem que barra a entrada de alimentos nas vias respiratórias; hipofaringe ou
faringe laringeana - situada na parte inferior da faringe, na altura da quinta e sexta vértebras cervicais,
comunica-se com o esôfago99.
xiv
Diferentes exames ajudam na análise e compreensão da dinâmica da deglutição e de suas disfunções, dentre
esses, o principal é a videofluoroscopia, um método radiológico que dá visibilidade ao fenômeno da deglutição
em tempo real e que, registrado em vídeo disponibiliza a análise e reanálise do exame, especialmente da fase
faríngea.
xv
De maneira geral, a relação entre a organização do bolo alimentar no interior da cavidade oral e sua ejeção
pode ser considerada de dois modos: 1. O bolo a ser ejetado se posiciona sobre o dorso da língua, comprimindo
de anterior para posterior (tipper); 2. O bolo a ser ejetado posiciona-se acima e abaixo da língua (dipper)98,100.
52
2.2.3 Mastigação
Hitos101 estabelece uma relação entre a influência genética e o ambiente oral.
Nesse sentido, também afirma que se, por um lado, a genética delimita o crescimento da
maxila, por outro, o ambiente oral influencia esse crescimento no sentido transversal.
Baseando-se no estudo desenvolvido sobre matrizes funcionais102 (Teoria de Moss)xvi, a
autora defende a hipótese de que o crescimento facial está intimamente associado à atividade
funcional, justificando que o crescimento ósseo é influenciado pelo crescimento dos tecidos
moles, marcados geneticamente.
Hitos101 ressalta ainda que os músculos têm a tarefa de realizar as ordens enviadas
pelo SNC, o que não seria possível sem a participação harmônica de outras estruturas e
funções (mastigação, deglutição, fala) com igual importância no crescimento craniofacial.
Assim, o desenvolvimento e o crescimento craniofacial, por sua vez, mantêm relação direta
com as partes moles consideradas matrizes funcionais atuantes que não se limitam aos
músculos e incluem os tecidos moles, órgãos não esqueléticos e espaços funcionais (vazios).
O crescimento facial se dá principalmente no sentido póstero-anterior, sendo 60% do
crescimento completo até os quatro anos de idade, 90% até os 12 anos e o desenvolvimento
mandibular por volta dos 18 anos. Interfere nesse processo o desenvolvimento do SE97,103,104.
Retomando o exposto anteriormente, o SE se compõe de estruturas passivas
(ossos do crânio, da face, da mandíbula, do palato, arcadas dentárias) e de estruturas ativas
(sistema neuromuscular, proprioceptores do periodonto, ATMs, ligamentos, mucosa, região
perioral, cerebelo, córtex, mesencéfalo, pares de nervos cranianos - V, VII, IX e XI -, todos os
músculos da face, da mastigação, da língua, do véu palatino, da faringe e do cíngulo do
membro superior ou cintura escapular)58,106,107.
xvi
A Teoria de Moss102 baseia-se no princípio de que o crescimento facial está intimamente associado à atividade
funcional, representada por diferentes componentes da área da cabeça e pescoço 105.
53
xvii
Os tipos faciais e de oclusão mantêm importante papel no desempenho das funções estomatognáticas,
entretanto, a análise dos dados não contemplará tais características. Assim, opta-se pelo não aprofundamento
nesse tema devido ao seu distanciamento do objetivo da tese e da extensa fundamentação teórica e discussão que
exigiria.
55
2.3 Respiração
Nos seis primeiros meses de vida, a respiração do bebê é do tipo nasal, e isso se
deve a diferentes fatores: favorecer o aquecimento, a umidificação e a filtragem do ar que
chega aos pulmões; contribuir para o controle de fluxo de ar - anatomicamente, a posição
mais cranial do nariz e o tamanho relativo maior da língua permitem que o bebê, durante o
aleitamento materno, respire enquanto faz a sucção e a deglutição do leite; prevenir engasgos
- o pressionamento do dorso da língua sobre o palato duro provoca o vedamento da cavidade
oral115. Além desses fatores, a cavidade nasal exerce ainda as funções olfatórias e de
ressonância vocal. Como vimos, a região olfatória nasal situa-se na porção superior da
cavidade nasal e permite a interação com o meio por intermédio dos seus odores, além de
auxiliar o paladar117.
O padrão respiratório nasal, entretanto, não está associado positivamente apenas
com aqueles fatores; ele intervém no adequado desenvolvimento do complexo craniofacial e
nas funções do SE, ou seja, interfere no desenvolvimento da maxila e da mandíbula, na
57
xviii
A avaliação do SE não pode se limitar apenas às estruturas da cabeça e do pescoço, pois a estrutura corporal
é fundamental para a manutenção do equilíbrio do ritmo respiratório e da pressão intraoral94,122.
58
2.4 Fala
Ao longo da evolução da espécie o aparelho fonador humano se conformou a
partir dos órgãos que compõem os sistemas respiratório e digestório 119. Assim, alterações no
59
que esses dois sistemas têm em comum poderão repercutir no aparelho fonador. Esse aparelho
começa a se estruturar, do ponto de vista anatômico, fisiológico e neurológico, desde a vida
intrauterina e, logo após o nascimento da criança, sua função começa a ser organizada e
refinada.
Para se ter uma noção de como essa organização ocorre, Jakobson 124 estabelece
uma relação entre a sucção e a fala, na medida em que a produção inicial de sons pela criança
tem uma explicação orgânica e fisiológica. A sucção do seio materno ou mamadeira implica
movimentos bilabiais (apreensão do seio/mamadeira) e murmúrio de ressonância nasal
(evitando o engasgo na alternância respiração e deglutição). O autor assinala também que,
quando não está mamando, a criança continua realizando os movimentos bilabiais (com ou
sem ressonância nasal) acrescidos de apoio vocálico, o que seria o princípio básico da
estrutura silábica consoante-vogal.
Com o tempo, a criança começa a produzir sons com valores linguísticos
marcados, principalmente, pelo contraste, pela oposição e pela reduplicação como, por
exemplo, em “mama e papa”. Nesse momento, a partir da resposta do adulto, a criança avança
para a fronteira entre o balbucio e as primeiras palavras com sentido na língua (entidade
semântica e fonológica). Nesse percurso, “mama” inicialmente pode referir a presença do
alimento, para depois designar a mãe, passando de uma função afetiva para designativa 124.
Didaticamente, o conjunto de órgãos e estruturas que produzem os sons é
chamado de sistema fonador, resultante da interação entre o sistema respiratório, a laringe, a
faringe e as cavidades oral e nasal; conjunto também conhecido como trato vocal 125. O som
produzido é articulado pela língua, faringe, nariz, lábios e dentes, resultando na fala. Os
componentes dos sistemas, respiratório, fonatório e articular, além de produzirem a voz e os
sons da fala também participam, como vimos, de diferentes funções primárias, dentre elas:
comer, morder, mastigar, sentir o paladar, cheirar, sugar e engolir.
O sistema respiratório tem como principal função a respiração com ciclos
inspiratório e expiratório, e é formado pelo diafragma, pulmões, bronquíolos, brônquios e
traqueia que se conectam com a laringe, onde estão as pregas vocais125.
O aparelho fonador se divide, então, em glote, subglote e supraglote. A glote,
localizada na laringe, se caracteriza como um espaço entre as pregas vocais. Na região
supraglótica estão as cavidades de ressonâncias (faríngea, oral e nasal) e, na região subglótica,
encontra-se a traqueia que, por sua vez, faz parte do sistema respiratório, fonte geradora de
energia aérea.
60
A voz é produzida na região glótica e será propagada aos ressoadores, que são os
filtros sonoros, resultando em sons articulados, ou seja, a fala propriamente dita. Os sons
produzidos e classificados como orais ou nasais ocorrem devido ao movimento do véu do
palato que, quando levantado, bloqueia a passagem do ar para a cavidade nasal, ocorrendo
assim a produção de sons orais ou, ao contrário, quando abaixado, permite a passagem do ar
pelas narinas produzindo sons nasais125.
As pregas vocais, localizadas na região fonatória, possuem músculos estriados
esqueléticos revestidos de mucosa, responsáveis pela vibração da corrente aérea que passa
pelo espaço glótico, transformando-a em som, por meio do Efeito Bernoullixix. A função
primária da laringe é atuar como válvula que obstrui a entrada de alimentos nos pulmões por
meio do abaixamento da epiglote, além da fonação 126. Do ponto de vista anátomo-fisiológico,
o aparelho fonador tem a responsabilidade de produzir os sons da língua, sendo a laringe a
principal responsável pela produção da voz, cuja especialização funcional se inicia com o
choro e o balbucio35.
Na produção da fala, a corrente de ar que vem dos pulmões sofre resistência das
pregas vocais e se propaga pelo trato vocal, constituído pelas cavidades acima da laringe.
Durante a fala, as pregas vocais podem estar aproximadas ou afastadas; na primeira condição
são produzidos os sons sonoros ou vozeados e, na segunda, os sons chamados surdos ou não
xix
O Efeito Bernoulli acontece quando o fluxo de ar, em alta velocidade, passa pela glote e uma pressão negativa
perpendicular é criada, desencadeando um efeito de sucção que aproxima as pregas vocais, promovendo o
fechamento da glote126.
61
Método
Desenho do estudo
O presente estudo de caráter exploratório e descritivo foi aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Campinas, sob protocolo de número
732/2005, munido das assinaturas no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido dos
responsáveis legais pelos sujeitos participantes (Apêndice B). A opção pela metodologia
exploratória se justifica pela escassez de referencial teórico na literatura da área, dificultando
a formulação de hipóteses precisas e operacionalizáveis. O cunho descritivo do presente
estudo recobre a identificação, o registro e a análise das relações entre o SE e funções
estomatognáticas, em especial, de mastigação e de deglutição e diferentes polos perceptivos,
em sujeitos deficientes visuais congênitos (baixa visão ou cegueira). A coleta de dados foi
realizada no Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação Professor Dr. Gabriel de Oliveira
Porto (CEPRE/UNICAMP), em parceria com a Sociedade Campineira de Atendimento ao
Deficiente Visual (Instituição PRÓ-VISÃO), situada em Campinas, SP. O conjunto de dados
coletados foi filmado e analisado pela pesquisadora e por mais duas fonoaudiólogas (S.M.A;
M. M.) para ratificar os achados.
Sujeitos do estudo
Foram selecionados 6 sujeitos na faixa etária entre 11 e 16 anos (4 do sexo
feminino e 2 do sexo masculino). A opção por essa faixa etária se deu em função da maior
probabilidade de as crianças e adolescentes se encontrarem em fase de dentição permanente,
diminuindo a possibilidade de ocorrência de alterações oclusais e, ainda, da prevalência de
padrão mastigatório adulto135. O número restrito de sujeitos participantes deveu-se à
dificuldade de reunir crianças e adolescentes que não tivessem outros comprometimentos
associados à deficiência visual, visto que 78 % deles assim se apresentam136.
Critério de inclusão
Sujeitos com diagnóstico oftalmológico de deficiência visual congênita (baixa
visão ou cegueira), sem deficiências associadas, residentes em Campinas e região, com idades
entre 11 e 16 anos.
65
Critério de exclusão
Presença de outras deficiências associadas à deficiência visual congênita, ter se
submetido a tratamento fonoaudiológico, ortodôntico e/ou de reorganização postural.
Procedimentos realizados
A avaliação das funções estomatognáticas de mastigação e de deglutição seguiu o
protocoloxx Exame Miofuncional Orofacial - MBGR137 (Anexo 1), compondo-se de:
mastigação de maçã com casca, mastigação de pão francês, deglutição de maçã, deglutição de
pão francês, deglutição de iogurte e deglutição de água. A variação da consistência alimentar,
em todo o seu espectro, foi um critério de escolha para a seleção desses alimentos. A
avaliação foi realizada individualmente na instituição frequentada pelo sujeito, no horário do
lanche previsto entre as atividades institucionais rotineiras. Todas as avaliações foram
filmadas com a câmera digital (marca Sony, modelo DSC-H7) para o registro e checagem dos
dados, os quais foram armazenados em banco de dados do programa SPSS Windows v. 11.0
(SPSS, Chicago, EUA).
A avaliação dos sujeitos constou das seguintes etapas: 1. Consulta ao prontuário
institucional para obtenção de dados pessoais e diagnóstico; 2. Entrevista com o responsável
legal sobre a rotina alimentar do participante; 3. Avaliação xxi das funções estomatognáticas de
mastigação e de deglutição seguindo o protocolo MBGR.
Cada item do Protocolo MBGR é composto por um grupo de questões avaliadas
pelo fonoaudiólogo. Os resultados obtidos foram descritos e dispostos em seis tabelas
organizadas a partir da avaliação de cada item, recobrindo um conjunto finito de
possibilidades que variam entre duas a quatro categorias ordenáveis pelo critério de “mais
desejável a menos desejável”. Embora o presente estudo seja de natureza descritiva, o
objetivo de apresentar quantitativamente os dados em tabela se pauta na otimização visual dos
resultados obtidos.
xx
Na coleta original dos dados registrados em áudio e vídeo foi utilizado o Roteiro para avaliação
Miofuncional120. Em 2009, foi divulgado na área de Motricidade Orofacial o Protocolo MBGR. Validado em
2012, esse protocolo de avaliação padronizado oferece escores de normalidade para diferentes faixas etárias,
uniformizando os resultados encontrados. Os dados originalmente encontrados foram reanalisados a partir desse
protocolo pelas fonoaudiólogas envolvidas nas análises dos dados que compõem esta pesquisa.
xxi
Sabe-se, no entanto, que a situação de avaliação pode desnaturalizar o comportamento de mastigar e de
deglutir frente ao que poderia ocorrer em uma situação habitual de alimentação.
66
Sujeito 1: data da avaliação: 22.08.2007; idade: 11;1 (D.N: 15/07/96); sexo feminino;
diagnóstico de baixa visão (glaucoma); etiologia: infecção congênita (citomegalovírus).
Instituição: PRÓ-VISAO.
Dados relevantes da entrevista: B. se alimenta junto à família. As refeições acontecem
rotineiramente no sofá da sala enquanto assistem à televisão. Ela necessita de líquido durante
a alimentação. Sua mastigação é bastante lenta, o que faz com que finalize a refeição sozinha.
Durante e após a refeição, B. tem o hábito de “cutucar” os dentes e, posteriormente, refere dor
gengival (sic mãe).
Avaliação miofuncional
Mastigação: maçã
Resultado:
Trituração com os dentes anteriores e ineficiente (movimento mandibular
verticalizado);
Fechamento labial assistemático, velocidade mastigatória aumentada (pouca trituração
do bolo);
Contrações musculares atípicas presentes (atividade vigorosa da musculatura
elevadora da mandíbula, em especial dos temporais, observadas a olho nu);
Cabeça flexionada;
A paciente relatou que tem preferência mastigatória pelo lado direito, não apresenta
dor durante a mastigação e não percebe ruído nas ATMs ao mastigar.
Deglutição: maçã
Resultado:
Fechamento labial parcial;
Postura de língua interposta entre os dentes;
Diminuição da atividade do músculo orbicular da boca durante a função;
Diminuição da atividade do músculo mentual durante a função;
Cabeça anteriorizada;
Presença de resíduos no vestíbulo oral.
67
Sujeito 2: data da avaliação: 12.09.2007; idade: 14;10 (D.N: 25/09/93); sexo feminino;
diagnóstico de baixa visão (toxoplasmose); etiologia: infecção congênita.
Instituição: PRÓ-VISÃO.
Dados relevantes da entrevista: Alimenta-se sozinha sentada no sofá assistindo à televisão,
alimenta-se muito rápido e por esse motivo a mãe a repreende constantemente (sic mãe).
Mastigação: maçã
Resultado:
Trituração com dentes posteriores e ineficiente;
Padrão mastigatório bilateral preferencial à direita;
Fechamento labial assistemático;
Cabeça flexionada;
Mastigação auxiliada com goles de água;
Sobra de alimentos no lábio inferior.
A paciente relatou que tem preferência mastigatória pelo lado direito;
Não apresenta dor durante a mastigação e não percebe ruído nas ATMs ao mastigar.
Deglutição: maçã
Resultado:
Diminuição da atividade do músculo mentual durante a função;
Cabeça anteriorizada;
Presença de resíduos no vestíbulo oral.
Mastigação: pão francês
Resultado:
Trituração com dentes posteriores e ineficiente;
Padrão mastigatório bilateral preferencial à direita;
Fechamento labial assistemático;
Cabeça flexionada durante toda a mastigação;
Mastigação auxiliada com goles de água e sobras de alimentos em lábios superior e
inferior.
69
Sujeito 3: data de avaliação: 30.08.2007; idade 12;7 (D.N: 26/01/95); sexo masculino;
diagnóstico de deficiência visual congênita (cegueira); etiologia idiopática.
Instituição: PRÓ-VISÃO.
Dados relevantes da entrevista: Alimenta-se muito rápido fazendo barulho com as mãos e
muitos movimentos com o corpo, “Ele chama muito a atenção, é ruim comer com ele” (sic tia,
responsável legal pela criança).
Mastigação: maçã
Resultado:
Incisão com os dentes laterais;
Trituração com dentes anteriores e ineficiente;
Padrão mastigatório bilateral preferencial à direita;
Fechamento labial ausente;
Velocidade mastigatória aumentada;
70
Deglutição: água
Resultado:
Postura do lábio inferior tocando os incisivos superiores (vedamento dento labial);
Postura de língua interposta entre os dentes;
Ingestão de volume aumentado do líquido;
Aumento da atividade do músculo orbicular da boca durante a função;
Aumento da atividade do músculo mentual durante a função;
Cabeça anteriorizada;
Ruído presente;
Ritmo gole por gole;
Movimentação intensa na cadeira;
Maneirismo;
Deglutição em “bloco”;
Hiperextensão de pescoço e tronco.
Sujeito 4: data de avaliação: 25.11.2011; idade: 15;3 (D.N. 12/08/96); sexo masculino;
diagnóstico de deficiência visual congênita (cegueira); etiologia: retinopatia da
prematuridade. Instituição: CEPRE.
Dados relevantes da entrevista: “Como bem devagar, em mais ou menos 10, 15 minutos” (sic
paciente).
Mastigação: maçã
Resultado:
Incisão com os dentes laterais;
Trituração com dentes anteriores e ineficiente;
Padrão mastigatório bilateral preferencial à direita;
Fechamento labial ausente;
Velocidade mastigatória aumentada;
Ruído mastigatório presente;
Contrações musculares atípicas presentes (aumento da atividade da musculatura
perioral);
Pacientes engole pedaços grandes de alimentos referindo que “estão bem amassados”;
O paciente relatou que não tem preferência mastigatória,
Não apresenta dor durante a mastigação e não percebe ruído nas ATMs ao mastigar.
73
Deglutição: maçã
Resultado:
Fechamento labial parcial;
Postura de língua interposta entre os dentes;
Contenção do alimento parcial (o alimento se espalha pela boca, não consegue
organizar o bolo para deglutir);
Diminuição da atividade do músculo orbicular da boca durante a função;
Aumento da atividade do músculo mentual durante a função;
Cabeça anteriorizada;
Presença de resíduos no vestíbulo oral.
Mastigação: pão francês
Resultado:
Incisão com os dentes laterais;
Trituração com os dentes anteriores e ineficiente;
Padrão mastigatório bilateral preferencial à direita;
Fechamento labial ausente;
Velocidade mastigatória aumentada;
Ruído mastigatório presente;
Contrações musculares atípicas presentes (aumento da atividade da musculatura
perioral);
Restos de alimentos em comissuras e lábio superior.
Deglutição: pão francês
Resultado:
Fechamento labial parcial;
Postura de língua interposta entre os dentes;
Diminuição da atividade do músculo orbicular da boca durante a função;
Aumento da atividade do músculo mentual durante a função;
Cabeça anteriorizada;
Presença de resíduos no vestíbulo oral, comissuras e lábio inferior.
Deglutição: iogurte
Resultado:
Fechamento labial parcial;
Postura de língua interposta entre os dentes;
74
Deglutição: iogurte
Resultado:
Ingestão de volume do líquido aumentado;
Aumento excessivo da atividade do músculo orbicular da boca durante a função;
Aumento excessivo da atividade do músculo mentual durante a função;
Cabeça anteriorizada;
Ritmo gole por gole;
Presença de resíduos em lábio superior após deglutição;
Eversão de lábio inferior durante a deglutição.
Deglutição: água
Resultado:
Ingestão de volume do líquido aumentado;
Aumento excessivo da atividade do músculo orbicular da boca durante a função;
Aumento excessivo da atividade do músculo mentual durante a função;
Cabeça anteriorizada;
Ritmo gole por gole;
Eversão de lábio inferior durante a deglutição.
Deglutição: iogurte
Resultado:
Lábio inferior toca incisivos superiores (vedamento dento labial);
Contenção parcial do líquido;
Ingestão de volume aumentado do líquido;
Diminuição da atividade do músculo orbicular da boca durante a função;
Aumento da atividade do músculo mentual durante a função;
Cabeça flexionada;
Presença de resíduos em lábio superior e comissuras;
Durante este processo passou as mãos nas comissuras na tentativa de limpá-las.
Deglutição: Água
Resultado:
Lábio inferior toca incisivos superiores (vedamento dento labial);
Contenção parcial do líquido;
Ingestão de volume aumentado de líquido;
Diminuição da atividade do músculo orbicular da boca durante a função;
Aumento da atividade do músculo mentual durante a função;
Cabeça flexionada;
Durante a deglutição passou as mãos nas comissuras na tentativa de limpá-las.
Célula com fundo alaranjado claro indica alterações encontradas em parte dos sujeitos
Célula com fundo alaranjado claro indica alterações encontradas em todos os sujeitos
79
Discussão
Este estudo foi realizado com os objetivos específicos de: identificar na literatura da
área de Fonoaudiologia os trabalhos disponíveis sobre a relação entre a deficiência visual e as
funções estomatognáticas; investigar nos sujeitos que participam desta pesquisa, a partir de
um método exploratório e descritivo, de que modo as funções de mastigação e de deglutição
se estabilizam em um sistema proprioceptivo geral afetado pela deficiência visual congênita
(baixa visão ou cegueira); identificar elementos que podem nortear a composição de um
protocolo de avaliação de motricidade orofacial para deficientes visuais (baixa visão e
cegueira).
É importante, contudo, destacar que a proposta inicial do presente estudo teve
como origem a demanda de profissionais como terapeutas ocupacionais e professores que,
buscavam na fonoaudiologia, aporte para o trabalho das questões relacionadas à
independência nas atividades cotidianas das pessoas com deficiência visual, principalmente
nas que se referiam à alimentação. Esses profissionais relatavam não só uma constante
dificuldade em lidar com a forma como esses sujeitos se alimentavam, mas também
reconheciam a necessidade de uma abordagem interdisciplinar para, de fato, oferecer
condições para autonomia e independência desses sujeitos no processo de reabilitação.
Neste estudo, durante a realização das entrevistas com as famílias eram frequentes
dizeres como, por exemplo: sujeito 1: “(...) sua mastigação é bastante lenta e finaliza a
refeição sozinha”; sujeito 2: “(...) alimenta-se muito rápido e a repreendo constantemente por
isso”; sujeito 3: “Ele chama muito a atenção, é ruim comer com ele”. Esses relatos que
parecem refletir queixas e expectativas mais relacionadas ao aspecto social da alimentação -
como parâmetro de um comportamento adequado/educado ou a falta dele - do que aos
processos nela envolvidos.
Verifica-se na literatura que desde o início do século passado, havia a
preocupação com relação a esse aspecto na educação dos deficientes visuais, em 1905, o
oftalmologista Émile Javalxxii, citado por Widerberg e Kaarlela 138, relatava: “É importante
para o cego saber que os seus hábitos à mesa são idênticos aos da sociedade onde vive”.
Desse ponto de vista, a alimentação se vincula intimamente a um caráter social e coletivo, ato
de socialização e de pertencimento, dotado de valores e características intrínsecas do grupo de
que fazemos parte139,140.
xxii
Émile Javal foi precursor nos estudos dirigidos ao caráter social da alimentação dos cegos.
84
membro superior que, por sua vez, sustenta uma estreita relação com o cíngulo do membro
inferior e os pés5,7,9,84,85.
Não se pode perder de vista que a integridade da cadeia muscular e, como
consequência a manutenção do equilíbrio postural são determinadas pelas informações
sensoriais transformadas em impulsos vestibulares, visuais e somatossensoriais que resultam
em resposta motora do alinhamento postural 17,24,26. Vale ressaltar ainda que, no caso dos
sujeitos avaliados, a inoperância (ou baixo funcionamento) da via óptica como calibrador para
a via vestibular impede a transformação das informações visuais em controle postural 81, o que
colabora para a manutenção da associação de cabeça e tronco como um bloco único.
xxiii
Optei por não discriminar o movimento realizado por cada um dos sujeitos, pois observei que um mesmo
sujeito apresentou diferentes posicionamentos de cabeça, nas diferentes funções executadas.
87
conjunto. Interfere também nesse processo, em especial nos casos de baixa visão, a
necessidade do ajuste visual através de rotações, inclinações, flexões e acomodações de
cabeça, na busca pela melhor utilização da visão residual. Portanto, por vezes, pedir para um
sujeito com baixa visão retificar sua postura pode ser impeditivo para que faça uso de seus
resíduos visuais da melhor maneira possível121.
Vimos anteriormente que nos movimentos gerados pela busca da acomodação
visual estão implicados os músculos grandes, responsáveis pela movimentação da cabeça.
Estes, por sua vez, mantêm estreita relação com os músculos pequenos, envolvidos com a área
da face e que funcionam como pequenas alavancas em um trabalho conjunto, alcançando
estruturas mais distantes5,84,85.
Desse modo, nos sujeitos avaliados, a posição flexionada da cabeça restringe a
participação da musculatura craniocervical na execução das funções de mastigação e de
deglutição. Por consequência, tal alteração parece interferir no processo da ejeção do bolo
alimentar, que ocorre na confluência entre a última fase da mastigação, que é também a
primeira fase da deglutição (fase oral)15.
Nos sujeitos avaliados torna-se difícil definir o que é primário nesse ciclo de
interinfluências que acaba por envolver não só a flexão exagerada da cabeça, mas sua
associação aos movimentos de tronco, resultando em uma ação em bloco.
3,5); tocar o alimento em lábio superior (sujeitos: 3,5); usar as mãos para acomodar o
alimento na boca (sujeito 3). Julgo necessário esclarecer que o item “presença de resíduos
alimentares durante a mastigação” não está previsto no protocolo utilizado, mas é bastante
recorrente nos sujeitos avaliados.
Como constatado na revisão de literatura, a finalidade da primeira fase da função
mastigatória é a de regular o sistema motor oral por meio de informações oriundas da
integração neurofuncional entre o SE, a visão, o tato e o olfato 108,109. Portanto, estes são
importantes receptores sensoriais que enviam também ao SNC informações iniciais sobre o
alimento. Esse percurso neurofuncional recruta os músculos abaixadores da mandíbula,
eliciando o processo mastigatório, propriamente dito 84,85,110.
Assim, é na cavidade oral que os receptores sensitivos captam informações
perceptivas sobre o alimento (tamanho, consistência, sabor, temperatura e textura), e estas são
enviadas ao SNC. Como vimos na fase de trituração, esse processo perceptivo regula, em
especial, a ação dos músculos mastigatórios quanto ao ajuste, velocidade e força implicados
nos dentes posteriores e nos movimentos mandibulares (rotatórios de abertura, fechamento e
lateralização)20,102,110,118.
Contudo, para que essa mastigação seja efetiva e preparatória para a deglutição,
diferentes processos nela estão envolvidos: o vedamento labial (pressão intraoral), a contração
bilateral do músculo bucinador (manutenção do alimento nas faces oclusais dos dentes) e a
coordenação dos movimentos de lateralização da língua (mastigação bilateral alternada).
Resulta desse conjunto de ações a mistura do alimento com a saliva; mistura que gera o bolo
alimentar.
Por fim, na terceira fase da mastigação, a participação dos molares refina a
moagem do alimento, preparando-o para o início do processo de deglutição. Assim que o bolo
alimentar toca o pilar anterior da faringe, o reflexo da deglutição é disparado 58,111,112.
Os sujeitos avaliados parecem apresentar alterações perceptivas desde a primeira
fase do processo da função mastigatória. Ou seja, a obtenção de informações sobre o alimento
se mostra insuficiente para contribuir na regulação do processo mastigatório, fato que
repercutiu em todas as outras fases.
Quanto à busca de informação sobre os alimentos, observou-se que o sujeito 5
explicitou: “(...) nunca comi maçãxxiv, acho que não vou saber comer para a avaliação”,
conotando que a informação tátil do alimento não foi suficiente para revelar pistas sobre o
xxiv
O nome do alimento foi informado pela investigadora.
89
mesmo. O sujeito 3, assim como o 5, pareceram buscar mais informações sobre o alimento
através do toque em lábio superior. O sujeito 3 fez ainda o uso das mãos para acomodar o
alimento no interior da boca, enquanto os sujeitos 3 e 5 cheiraram prolongadamente o
alimento.
Nota-se, assim, que esses sujeitos usam diferentes recursos perceptivos na
tentativa de reconhecer aspectos do alimento para então introduzi-los na boca; entretanto, tais
recursos parecem insuficientes para promover os ajustes funcionais (mandibular, oclusal,
salivar, entre outros) necessários para que a mastigação ocorra satisfatoriamente. Decorre
disso, a constatação de que independentemente do tipo de alimento e de sua consistência, os
sujeitos avaliados mantiveram o mesmo comportamento nas funções de mastigação e de
deglutição para todo o espectro alimentar, envolvendo tanto o complexo orofacial quanto a
manifestação dos movimentos corporais em bloco.
Como repercussão da desorganização dessa primeira fase (incisão), na segunda
(trituração) e na terceira (pulverização) os sujeitos avaliados demonstraram evidências de
ineficiência mastigatória relativas tanto ao vedamento labial quanto à movimentação da língua
(lateralização do bolo alimentar) e à contração do músculo bucinador 20,102,118. A confluência
desses fatores gerou, na maioria dos casos, um bolo alimentar composto por pedaços grandes
e espalhados por toda a região intraoral. A quebra irregular dos alimentos fez com que alguns
sujeitos utilizassem líquido como “auxilio” mastigatório, demonstrando, possivelmente, a
produção ineficiente de saliva.
Além disso, todos os sujeitos, apesar de realizarem a lateralização do bolo
alimentar, demonstraram, nos primeiros golpes mastigatórios, tendência à anteriorização,
caracterizando, nesse momento, uma mastigação verticalizada. Por consequência, pode-se
inferir que o movimento da língua nesse processo também se encontra incoordenado e
ineficiente. Em função disso, o processo de pulverização fica comprometido, repercutindo,
por sua vez, na primeira fase da deglutição97, 98, 99.
Como já mencionado, o Protocolo MBGR foi formulado para sujeitos videntes e
não recobre muitos dos achados desta pesquisa. Portanto, chamo a atenção de modo enfático
para o fato de que encontrei muita dificuldade em classificar as diferentes ocorrências
apresentadas por um mesmo sujeito, tanto no processo global de cada função quanto em cada
uma de suas fases. De fato, os resultados encontrados evidenciaram a falta de sistematização
das alterações apresentadas, demonstrando uma flutuação de manifestação de
comportamentos difícil de ser especificada. É possível que, dada a ação constante da
orientação gravitacional, interfiram, nesses sujeitos, as exigências constantes pela busca de
90
adaptação para a manutenção do equilíbrio corporal, bem como pela transformação do fluxo
sensorial em percepções conscientes24,32,43,50.
Retomando a revisão de literatura realizada, a entrada de informação sensorial
influencia a realização das atividades motoras e, ao mesmo tempo, a realização de uma ação
motora influencia o modo como a informação sensorial é obtida 10,32.
Nos sujeitos avaliados foi observado que a propriocepção orofacial se encontra
bastante alterada, uma vez que os resíduos alimentares nem sempre eram percebidos e, ao
contrário, por vezes, mesmo na ausência deles, mantinham compulsivamente o
comportamento de limpar a boca com as mãos.
Me atendo mais especificamente às alterações da região orofacial, retomo
brevemente o fato de que na pele e nas mucosas concentram-se milhares de receptores
sensoriais especializados19,20. Relembrando a figura 7, do Homúnculo Cortical, pode-se
afirmar que a região orofacial e a das mãos são aquelas com maior representação cortical de
receptores sensoriais e motores43. Desse modo, surpreende que mesmo diante dessa
constatação aqueles sujeitos tenham demonstrado grande inabilidade em lidar com as
propriocepções orais, revelando, mais uma vez, o equívoco de se considerar que as chamadas
compensações biológicas dos órgãos sensoriais são naturalmente estabelecidas, fora de um
processo de apropriação vivenciado pelo sujeito no próprio corpo.
contínuos, gerando maior esforço do complexo muscular crânio orofacial (em especial, a
hiperfunção do orbicular da boca e do mentual). E, por outro, como adaptação para facilitar a
função de deglutição, como é o caso, em especial, dos sujeitos 1 e 3, que recorreram à
hiperextensão de cabeça como auxilio para o desempenho desta função.
Contudo, o rebaixamento dessa função pode ser observado ainda pela
incoordenação e distribuição irregular de força na língua, provocando a presença de ruído e
interferindo na liberação dos alimentos, que permanecem como sobras no vestíbulo oral. Esse
conjunto de alterações se soma à ineficiência mastigatória (alimentos pouco triturados) e
interferem diretamente na qualidade da própria deglutição 97, 98, 99.
5. Maneirismos
Apesar de apenas o sujeito 3 apresentar “maneirismos”, esse tema precisa ser
considerado, uma vez que se trata de um comportamento bastante comum nesta
população37,121,144.
O sujeito 3 apresentou como maneirismo balanceio de tronco, batidas de mãos
sobre a mesa e balanceios laterais de cabeça. Como vimos na revisão bibliográfica, os
movimentos compulsivos, ritualísticos, repetitivos e inadequados como os de balançar o
tronco para frente e para trás, mover a cabeça de um lado para o outro, tão presentes nessa
população, derivam, muitas vezes, da dificuldade de interação com o mundo, do alto grau de
ansiedade que podem experimentar e da falta do feedback visual37.
Por outro lado, o maneirismo também pode ser analisado como uma resposta no
corpo da reorganização neurofuncional realizada a favor da regulação dos receptores dos
órgãos de equilíbrio (sistema vestibular, mecanorreceptores), na tentativa de suprir o que
originalmente seria facilitado pelo sistema visual (fotorreceptores).
Além disso, vimos que o fluxo sensorial originário de receptores situados nos
músculos, tendões e pele se transforma no córtex cerebral em percepções conscientes,
gerando respostas corporais de ajustes motores eficientes e adequados a cada situação. Nesse
processo as propriocepções são associadas às informações oriundas dos sistemas vestibular e
visual e permitem ao SNC investigar e agir sobre o ambiente e sobre a orientação
gravitacional24,46,50.
Assim, as informações sensoriais transformadas em impulsos vestibulares, visuais
e proprioceptivos acionados por estruturas neurais, resultam em resposta motora organizada
que de forma reflexa restabelece continuamente o alinhamento postural 81. Essa demanda
neural de características reflexa e contínua poderia ser analisada como uma possível
92
faça um uso consciente (inclusive no que abrange o SE), evitando adaptações inapropriadas
(como desencadeadoras de outras) que, pela repetição, se tornam habituais.
A precária compreensão desse processo pela Fonoaudiologia contribui para
dissipar sua implicação no que concerne não só à região Cranio-Oro-Cervical, à postura
corporal, à fala, à expressão facial, à expressão vocal, mas, principalmente, ao
desenvolvimento de todo o sistema perceptivo, visto que o movimento é a essência da
percepção e que a entrada de informação sensorial influencia a realização das atividades
motoras e, vice-versa10,32,96. Dissipação também reconhecida na atuação fonoaudiológicaxxv
nas áreas de Aquisição de Linguagem e de Leitura e Escrita 46,146.
Diante disso, confirma-se a tese da necessidade de uma construção de
conhecimento, por parte do fonoaudiólogo, que, ampliando sua compreensão sobre a
deficiência visual, o sistema sensorial e a neuroplasticidade, pode possibilitar a efetivação e a
adequação de seus procedimentos clínicos, conciliando os sentidos partilhados com o
deficiente visual, o mais precocemente possível, para que este se aproprie, de fato, em seu
corpo, como consciência corporal, de todo o SE, indo além do limite determinado pela falta
do feedback visual.
Entretanto, não pode ser desprezado o fato de que a participação do SE não se
restringe à execução das referidas funções, mas interfere qualitativamente na expressão facial,
na produção fonoarticulatória e na projeção vocal, visto que na evolução filogenética humana
o aparelho fonador se conformou fisiologicamente na confluência do aparelho respiratório e
digestório.
Para a estruturação desse conhecimento, no entanto, seria profícuo também que o
fonoaudiólogo se inteirasse de que o deficiente visual pode apresentar, por exemplo,
comportamentos de defensibilidade (reação ao toque) e/ou maneirismos37, disparados, por
vezes, a partir de uma proposta de intervenção não assertiva. E, ainda, que a plasticidade
cerebral promove a reorganização cerebral em meio às relações mediadas pela linguagem 69,
dentre as quais, as vinculações terapêuticas disponibilizadas pelas diferentes áreas que
compõem o campo da Fonoaudiologia.
Parece razoável supor, então, que à medida que o percurso de parceria entre o
exercício teórico e clínico da Fonoaudiologia e o deficiente visual for trilhado, um protocolo
específico de motricidade orofacial e sua consolidação teórica recobrindo essa relação possa
vir a ser construído.
xxv
Não foram encontrados os termos propriocepção e percepção sensorial no protocolo MBGR em uso nesta
pesquisa.
95
Considerações Finais
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114
Eu,
........................................................................................................................... RG:
................................................, residente no endereço:
.......................................................................................................................................................
..................................................... telefone ( )............................ na cidade de
......................................... sou responsável pelo(a) menor
........................................................................................................... de ............... anos de
idade, venho através deste consentir que ele (a) participe da Pesquisa intitulada “RELAÇÃO
ENTRE POSTURA CORPORAL E SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO DE CRIANÇAS
CEGAS OU COM BAIXA VISÃO”.
O objetivo deste estudo é verificar se a deficiência visual (cegueira ou a baixa visão)
interfere na postura corporal e acarreta alterações no sistema estomatognático, quais sejam,
mastigação e deglutição, por meio de uma avaliação clínica que realizarei, em seu(sua)
filho(a) com os seguintes procedimentos:
Solicitarei ao seu filho (a) que se posicione em pé de frente, lado e costas para parede,
para que seja avaliada sua postura global. Posteriormente serão verificadas as estruturas da
região extra e intra-oral (olhos, nariz, lábios, bochechas, queixo, pescoço, língua, palato mole,
palato duro, úvula, dentes e parte interna das bochechas), por meio de palpação digital,
exercícios de força e mobilidade, atividades de propriocepção (temperatura e texturas),
mastigação e deglutição utilizando alimentos sólidos - maçã e pão francês -, liquido
engrossado - iogurte - e liquido por meio da utilização de água). Toda a avaliação será filmada
e fotografada. O tempo previsto para avaliação é de 50 minutos.
A participação do(a) seu (sua) filho(a) nesta pesquisa é voluntária e a avaliação clínica
não determinará qualquer risco.
A participação do(a) seu(sua) filho(a) não trará qualquer benefício direto mas
proporcionará um melhor conhecimento sobre o assunto, melhorando a terapia
fonoaudiológica com crianças portadoras de deficiência visual. Consequentemente em futuros
tratamentos fonoaudiológicos outras crianças poderão se beneficiar então, somente no final do
estudo poderemos concluir a presença de algum benefício.
Não existe outra forma de obter dados com relação ao procedimento em questão e que
possa ser mais vantajoso.
Informo que o Sr(a). tem a garantia de acesso, em qualquer etapa do estudo, sobre
qualquer esclarecimento de eventuais dúvidas.
Também é garantida a liberdade da retirada de consentimento a qualquer momento e
deixar de participar do estudo, sem qualquer prejuízo à continuidade do tratamento do(a)
seu(sua) filho(a) na instituição
Garanto que as informações obtidas serão analisadas em conjunto com outras crianças,
não sendo divulgado a identificação de nenhum dos participantes.
O Sr(a). tem o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados parciais das
pesquisas e caso seja solicitado, darei todas as informações que solicitar.
Não existirá despesas ou compensações pessoais para o participante em qualquer fase
do estudo, incluindo exames e consultas. Também não há compensação financeira relacionada
à participação do(a) seu(sua) filho(a). Se existir qualquer despesa adicional, ela será absorvida
pelo orçamento da pesquisa.
Eu me comprometo a utilizar os dados coletados somente para pesquisa e os resultados
serão veiculados através de artigos científicos em revistas especializadas e/ou em encontros
científicos e congressos, sem nunca tornar possível a identificação do(a) seu(sua) filho(a).
Anexo está o consentimento livre e esclarecido para ser assinado caso não tenha ficado
qualquer dúvida.
Data: / /
e-mail: amorimtinois@uol.com.br
E-mail: ambz@fcm.unicamp.br