Você está na página 1de 11

Curso de Fonoaudiologia

Escola de Ciências da Saúde

FONOAUDIOLOGIA NO ÂMBITO DA ESTÉTICA FACIAL: REVISÃO SISTEMÁTICA


DA LITERATURA

Elizabete Machado Damasceno1, Jessica Gomes Moraes1, Katia Valente da Silva1, Liliane
Moreno Viera1, Luana Costa da Silva1, Yargilla Oliveira Santana1; Daiane Körbes7

RESUMO

A atividade dos músculos faciais associada a movimentos exagerados da mímica facial ou por
distúrbios miofuncionais orofaciais provocam marcas de expressão pela face e diminuição de sua
tonicidade e elasticidade, acentuadas pelo processo de envelhecimento. Nesse sentido, o
rejuvenescimento corresponde a um tratamento para minizar essas alteracões que atingem não
somente a região cutânea como também geram perda de massa e força muscular. Compilar a
literatura nacional e internacional para esclarecer o papel do fonoaudiológo em busca pelo
rejuvenescimento e harmonia facial. A busca pelo referencial teórico foi realizada na base de dados
eletrônicos Scientific Eletronic Library Online (Scielo) Brasil, na Biblioteca Virtual em Saúde
(BVS) e no United States National Library of Medicine (PubMed), utilizando-se as palavras-chave
abaixo indicadas, bem como o cruzamento entre elas. Foram encontrados 13 artigos, sendo
utilizados 05 por se enquadrarem nos critérios previamente estabelecidos, como referecial teórico
atualizado, estudos cujo tema estava condizente com o enfoque deste trabalho e artigos disponíveis
na íntegra. Assim, as publicações dataram entre 2002 a 2013. Progressivamente observa-se a
inserção da Fonoaudiologia que, na área da estética facial, desenvolve um trabalho voltado à
prevenção e reorganização muscular da dinâmica da mímica facial e até da musculatura do
complexo crânio facial, bem como promove a adequação das funções estomatognáticas como
mastigação deglutição e fala, minimizando as rugas de expressão e obtendo uma melhora na
harmonia facial. Como exemplo da atuação fonoaudiológica, a literatura refere diminuição do sulco
nasogeniano, olheiras, flacidez das bochechas, rugas sob os olhos e ao redor dos lábios; aparência
de face descansada; melhora no contorno do rosto e na simetria facial; redução das rugas glabelares
e da testa; lábios mais definidos e com mudança na postura; e aumento do brilho e viscosidade da
pele. Por meio de manipulações e exercícios específicos, o fonoaudiólogo é um profissional capaz
de promover o reequilíbrio da musculatura e a reeducação das funções orofaciais, minimizando os
sinais de envelhecimento e contribuindo para uma face mais jovem e harmônica. No entanto, novas
pesquisas nesse tema necessitam ser realizadas para promover o conhecimento sobre o trabalho do
fonoaudiólogo na área da estética facial e estabelecer seu papel como integrante de uma equipe de
profissionais que busca não só a beleza como também o equilíbrio muscular e funcional.

Palavras-chave: fonoaudiologia. Terapia Miofuncional. Estética. Face. Rejuvenescimento.

1
Graduandos do Curso de Fonoaudiologia, Escola de Ciências da Saúde, Centro Universitário do Norte – UNINORTE/LAUREATE.
2
Dourtora. Docente do Curso de Fonoaudiologia, Escola de Ciências da Saúde, Centro Universitário do Norte – UNINORTE/LAUREATE.
Endereço: Av. Joaquim Nabuco, 1232 – Centro | Manaus | AM | CEP: 69020-030 | (92) 3212-5000
Curso de Fonoaudiologia. Escola de Ciências da Saúde. UNINORTE/LAUREATE - 2015/2

SPEECH THERAPY IN FACIAL REJUVENATION: SYSTEMATIC REVIEW OF THE


LITERATURE

ABSTRACT

The activity of the facial muscles associated with exaggerated movements of the facial muscles or
myofunctional disorders, orofacial, cause expression lines on the face and decrease in its tone and
elasticity, accentuated by the aging process. In this sense, it corresponds to a rejuvenation treatment
to minimize these changes, which affect not only the skin region but also generate weight loss and
muscle form. To consult nacional and internacional theoretical studies to clear the speech therapist
performance aiming the rejuvenation and facial harmony. Search by theoretical framework held in
electronic databases Scielo, Bireme and Medline, using the key words “speech, language and
hearing Science”, “myofuncional therapy”, “facial esthetics”, “rejuveneration, “speech therapy",
"aesthetic" and "myofunctional exercises", totaling 13 works. Exclusion criteria were: framework
outdated and theoretical studies whose theme was outside the scope of this work. Progressively
observed the inclusion of speech therapy that in the area of facial aesthetics, develops a work
focused on the prevention and muscle reorganization of the dynamics of facial movement and even
the muscles of the complex craniofacial and promotes the adequacy of the stomatognathic functions
like chewing swallowing and speech, minimizing wrinkles and getting an improvement in facial
harmony. As an example of speech therapy, the literature reports decreased nasolabial folds, dark
circles, sagging cheeks, wrinkles under the eyes and around the lips; looking rested face; improved
facial contours and facial symmetry; reduction of glabellar wrinkles and forehead; more defined lips
and change in posture; and increased brightness and viscosity of the skin. Through manipulation
and exercises, the therapist can rebalance the muscles and bring rehabilitation of orofacial
functions, minimizing the signs of aging and contributing to a more youthful face.

Keywords: Speech, language and hearing science. Myofuncional therapy. Facial esthetics.
Rejuveneration.

2
Curso de Fonoaudiologia. Escola de Ciências da Saúde. UNINORTE/LAUREATE - 2015/2

INTRODUÇÃO

A busca pela beleza associada à imagem de juventude tem sido uma constante em todas as
culturas da história humana (FRANCO; SCATTONE, 2002). No entanto, de acordo com Pierotti
(2004), essa corrida pela beleza jovem enfrenta um processo dinâmico e progressivo, que envolve
modificações tanto morfológicas como funcionais, bioquímicas e psicológicas, que é denominado
envelhecimento, e determina a progressiva perda da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio
ambiente.
O processo normal de envelhecimento produz rugas que normalmente são linhas finas que
desaparecem quando a pele é esticada. Num comparativo com as rugas causadas pelo sol, estas
últimas seriam mais ásperas e profundas, não desaparecendo com o estiramento da pele. As rugas
são causadas pela perda de fibras elásticas, colágeno e gordura no interior da pele e, atualmente,
elas provocam um impacto social maior e, obviamente, a ciência e o hedonismo se unem na busca
por causas, tratamento e prevenção das rugas citado por (KEDE; SABATOVICH, 2004;
FABBROCINI et al., 2009).
A face é a parte do corpo que mais evidencia o envelhecimento cutâneo, pois nela
encontram-se diversos músculos com diferentes funções, favorecendo o enrugamento precoce.
Além disso, é a região mais exposta do corpo humano, e assim recebe um maior número de
agressões do meio ambiente (YAMAGUCHI, 2003). Pierotti (2004) acrescenta que os primeiros
sinais do envelhecimento facial podem apresentar-se por volta dos trinta anos de idade.
Para Arizola et al. (2011), Tasca (2002) e Sadick (2002) as rugas se originam devido ao
processo fisiológico de declínio das funções de tecido conjuntivo, que promove uma deformidade
nas camadas de gordura, degeneração das fibras elásticas da pele e rigidez do colágeno. A
deficiência de oxigenação dos tecidos provoca uma desidratação, contribuindo para a formação das
rugas.
Guirro e Guirro (2004) referem que as rugas estáticas são causadas pela fadiga das estruturas
que constituem a pele, em decorrência da repetição dos movimentos e aparecem mesmo na ausência
deles. As rugas dinâmicas ou linhas de expressão surgem como consequência de movimentos
repetitivos da mímica facial e aparecem com o movimento. Já as rugas gravitacionais são oriundas
da flacidez da pele, culminando com a ptose das estruturas da face.
Diversas causas para o aparecimento das rugas são descritas na literatura. Perricone (2001),
Thomas (2001), Velasco et al. (2004) e Frazão e Manzi (2012) citam como causas, além do próprio
processo de envelhecimento, a genética, mudanças hormonais associadas à menopausa, doenças
dermatológicas, a exposição à luz solar e às toxinas ambientais, o tabagismo ou a exposição à
fumaça do cigarro, o etilismo, a alimentação com carência de vitaminas e ácido fólico mas com alto
teor de gordura e/ou sal, pouca hidratação, situações de estresse e privação de sono. Além destes
aspectos, os movimentos repetitivos efetuados pelos indivíduos durante a realização das funções
estomatognáticas, principalmente quando realizadas com o uso abusivo da musculatura e por tempo
prolongado, podem desencadear o aparecimento das rugas de expressão.
Com o envelhecimento, além do próprio aparecimento dos vincos faciais, o tônus muscular
facial pode ser alterado em razão da perda de massa e força muscular com a idade. A literatura cita
ainda a alteração da dimensão vertical da face pela reabsorção óssea aumentada a partir dos 35
anos, desencadeando a osteopenia fisiológica (SOUZA et al., 2013).
Diante das alterações mencionadas e por a face ser tão valorizada como segmento do corpo
mais representativo do invidíduo, Takacs et al. (2002), comentam que é natural que nela se
concentrem esforços de promoção e conservação de sua estética e beleza.
Em virtude da relação entre o aparecimento das rugas e a atividade dos músculos faciais
associada a movimentos exagerados da mímica facial e/ou distúrbios miofuncionais, orofaciais e
cervicais, levando muitas vezes a disfunções no sistema estomatognático, Mattia et al. (2008)
reforçam a importância do trabalho fonoaudiológico para minimizar os sinais do envelhecimento e
promoção da harmonia facial.
Uma vez que a literatura voltada à area da Fonoaudiologia, principalmente da Motricidade
3
Curso de Fonoaudiologia. Escola de Ciências da Saúde. UNINORTE/LAUREATE - 2015/2

Orofacial, aponta que as alterações musculares vinculadas o processo de envelhecimento podem


gerar comprometimentos estéticos e, muitas vezes, de autoestima, o objetivo desse trabalho foi
compilar a literatura para esclarecer o papel do fonoaudiólogo em busca pelo rejuvenescimento e
harmonia facial.

METODOLOGIA

A busca pelo referencial teórico foi realizada na base de dados Scientific Eletronic Library
Online (Scielo) Brasil, na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e no United States National Library
of Medicine (PubMed). Previamente, realizou-se uma consulta nos Descritores em Ciências da
Saúde (DeCS), sendo estão definidas as palavras chave: Fonoaudiologia, terapia miofuncional,
estética, face e rejuvenescimento. Foi realizada ainda uma busca avançada com o cruzamento das
palavras-chave.
Os critérios de exclusão estabelecidos foram publicações anteriores ao ano de 2005, artigos
cujo tema não enfocava a atuação do fonoaudiólogo na área da estética facial e artigos que não
estavam disponíveis na rede eletrônica na íntegra. Assim, o referencial teórico agrupou publicações
datadas entre 2002 e 2013, que foram pesquisadas no período de agosto a outubro de 2015.

RESULTADOS

Com a busca nas bases de dados eletrônicos por meio das palavras chave e do cruzamento
entre as mesmas foram encontrados 13 artigos. Considerando esses critérios, 05 artigos foram
selecionados para análise. No entanto, em virtude do número restrito de publicações, os demais
artigos condizentes com o tema do presente estudo, bem como livros de autores consagrados na área
também foram selecionados para compor a revisão de literatura, com obras publicadas entre 2002 e
2008.
Os resultados foram expressos na forma descritiva, por meio de Tabelas e Figuras,
elaboradas para integrar e facilitar a visualização dos dados.
Nas Tabelas, encontram-se os resultados relativos à distribuição das publicações por título,
autoria, ano de publicação e área da revista publicada, além da descrição do objetivo do estudo, tipo
de intervenção fonoaudiológica realizada por estudo - como anamnese, questionários, avaliações
clínicas e exercícios -, composição da amostra - contendo idade e gênero - e período de duração do
tratamento.
Já nas Figuras, tem-se a distribuição da amostra por percentual das áreas da face para as
quais os exercícios foram direcionados; as áreas nas quais foram observados benefícios após a
intervenção fonoaudiológica; a percepção dos efeitos estéticos e funcionais pós pesquisa; o uso do
registro fotográfico para comprovação dos efeitos da interveção fonoaudiológica; e a satisfação dos
indivíduos após o período de duração da pesquisa. Os resultados são apresentados nas Tabelas 1 e 2
e nas Figuras de 1 a 4 a seguir.

4
Curso de Fonoaudiologia. Escola de Ciências da Saúde. UNINORTE/LAUREATE - 2015/2

Tabela 1. Distribuição das publicações por título da obra, autoria, ano de publicação e área de
abrangência profissional da revista – se específica da Fonoaudiologia ou revista interprofissional.

Área de
Ano de
Título da obra Autores abrangência da
publicação
revista
Fonoaudiologia e estética facial: estudo Paes C, Toledo PN, Silva 2007 Fonoaudiologia
de casos. HJ da.
Análise da eficácia de um trabalho Matos KDF, Loreto PM, 2010 Interdisciplinar
fonoaudiológico com enfoque estético. Nery TCS, Souza VAM,
Souza CB.
Atuação da Fonoaudiologia na estética Santos CCG, Ferraz 2010 Fonoaudiologia
facial: relato de caso clínico. MJPC.
Eficácia da intervenção fonoaudiológica Frazão Y, Manzi SB 2012 Fonoaudiologia
para atenuar o envelhecimento facial
Modificações faciais em clientes Arizola HBA de, 2012 Fonoaudiologia
submetidos a tratamento estético Brescovici SM, Delgado
fonoaudiológico da face em clínica- SE, Ruschel CK.
escola de Fonoaudiologia.

Figura 1. Distribuição do percentual da área da face para a qual foram direcionados os exercícios
fonoaudiológicos.

Figura 2. Distribuição do percentual segundo a área da face na qual foram observados benefícios
estéticos após intervenção fonoaudiológica.

5
Curso de Fonoaudiologia. Escola de Ciências da Saúde. UNINORTE/LAUREATE - 2015/2

Tabela 2. Distribuição das publicações quanto aos autores e ano, objetivo do estudo, tipo de intervenção fonoaudiológica, composição da amostra e
período de duração do tratamento.

Amostra Período de duração do


Autores Objetivo do estudo Tipo de intervenção fonoaudiológica
tratamento

Coleta de dados por meio de protocolos de anamnese e avaliação, protocolo


Caracterizar as modificações presentes no Dez professores
Paes C, de desempenho e registro fotográfico, bem como medida da projeção do
comportamento facial após tratamento fonoaudiológico de ambos os Dezesseis sessões
Toledo PN, sulco nasogeniano ao tragus. Aplicaram-se exercícios isotônicos, isométricos
proposto para face, através da comparação entre as gêneros, com semanais, durante cinco
Silva HJ da e isocinéticos, massagens e manipulações faciais. Buscou-se ainda o
medidas da projeção do sulco nasogeniano ao tragus pré idades de 33 a meses.
(2007) equilíbrio funcional estomatognático. Orientações foram dadas sobre os
e pós tratamento fonoaudiológico. 63 anos.
cuidados faciais.

Duas sessões de
Matos KDF,
Foram dadas orientações e realizados exercícios isotônicos, isométricos, avaliação e dez de
Loreto PM, Analisar a eficácia do trabalho fonoaudiológico na Quatro
manipulações faciais e cervicais. Ainda um questionário foi aplicado para terapia individual.
Nery TCS, estética facial junto às alunas da oficina de mulheres, entre
verificar as mudanças de hábitos e modificações observadas na face, bem Duração de quatro
Souza VAM, Fonoaudiologia Estética 55 e 87 anos.
como registro em foto e filmagem. meses, com encontros
Souza CB.
semanais de 1 hora.

Caracterizar as modificações faciais do ponto de vista Foram realizadas anamneses e avaliação clínica. Aplicou-se um protocolo de Uma paciente
Santos CCG,
qualitativo avaliadas clinicamente após tratamento tratamento com sequência de exercícios faciais – alongamento muscular, do gênero Oito sessões semanais
Ferraz MJPC
fonoaudiológico, num enfoque etiológico de caráter manipulação funcional dos músculos mastigatórios faciais e exercícios feminino, de 47 durante dois meses.
(2010)
biomecânico. isométricos. Realizou-se fotografia prévia e posterior ao tratamento. anos.

Três clientes do
Foram realizada a entrevista inicial, a avaliação das funções Doze sessões com
Frazão Y, Verificar a eficácia da intervenção fonoaudiológica para gênero
estomatognáticas, a avaliação da movimentação dos músculos da mímica duração de 50 minutos
Manzi SB atenuar os sinais do envelhecimento, por meio da feminino, com
expressiva e a documentação fotográfica e em video. Em cada caso foi cada, com periodicidade
(2012) documentação fotográfica. idade entre 42 e
proposto um raciocínio clínico específico e individualizado. semanal.
49 anos.

Arizola HBA Identificar possíveis modificações faciais em clientes


Estimulação com exercícios estáticos e dinâmicos, bem como aplicação de Onze mulheres
de, Brescovici submetidas a tratamento fonoaudiológico estético da Dez sessões, sendo duas
questionário para verificar a satisfação com o tratamento. Ainda foi realizada com idades
SM, Delgado face; verificar se as modificações foram percebidas pelo sessões semanais,
análise dos registros fotográficos pré e pós tratamento por fonoaudiólogos entre 40 e 50
SE, Ruschel próprio cliente, por terceiros e por fonoaudiólogos; e durante cinco semanas.
especialistas em Motricidade Orofacial. anos.
CK (2012) constatar o grau de satisfação.

6
Curso de Fonoaudiologia. Escola de Ciências da Saúde. UNINORTE/LAUREATE - 2015/2

Figura 3. Distribuição do percentual segundo os ganhos estéticos e funcionais percebidos após o


tratamento fonoaudiológico.

Figura 4. Distribuição do percentual segundo a quantidade de publicações que indicam satisfação


por parte do cliente/paciente.

Figura 5. Distribuição do percentual segundo a quantidade de publicações que utilizaram o registro


fotográfico como forma de comprovar as modificações estéticas mais significativas após
intervenção fonoaudiológica.

7
Curso de Fonoaudiologia. Escola de Ciências da Saúde. UNINORTE/LAUREATE - 2015/2

DISCUSSÃO

Conforme a Resolução CFFa n.352, de 5 de abril de 2008, do Conselho Federal de


Fonoaudiologia, a atuação em Motricidade Orofacial com finalidade estética visa avaliar, prevenir e
equilibrar a musculatura da mímica facial e/ou cervical, buscando a simetria e a harmonia das
estruturas envolvidas no movimento e na expressão, resultando no favorecimento estético.
Esta mesma ciência, que há alguns anos tinha seu enfoque de atuação voltado à reabilitação
funcional, atualmente preocupa-se tanto com a estética quanto com o reequilíbrio da ação muscular,
com propósito inclusive preventivo. No entanto, ainda são restritos os estudos voltados a essa
temática, que esclareçam e comprovem a eficácia da atuação fonoaudiológica no âmbito da estética
facial. Conforme a Tabela 1, observa-se que nos últimos dez anos apenas cinco estudos foram
publicados sobre o tema, todos em periódicos nacionais, sendo que apenas um deles foi publicado
em periódico com maior área de abrangência dentro do setor da saúde. Os demais artigos foram
publicados em periódicos voltados à área da Fonoaudiologia.
Na Tabela 2, dentre as pesquisas analisadas, observou-se uma metodologia diversificada, na
qual alguns autores utilizaram programa terapêutico único enquanto outros buscaram atuação
individualizada, com diferentes períodos de duração e frequência do atendimento. De forma geral,
as pesquisas utilizaram protocolos de anamnese, questionários, avaliações clínicas das funções
estomatognáticas e dos movimentos da mímica expressiva, medidas antropométricas e registro
fotográfico para coletar os dados dos indivíduos, ao passo que a efetiva intervenção fonoaudiológica
foi realizada através de exercícios isométricos, isotônicos e isocinéticos, massagens, manipulações
faciais e cervicais e manipulações da musculatura mastigatória.
Arizola et al. (2011) e Pierotti (2004) relatam que a atuação fonoaudiológica nos casos
voltados à estética facial se dá por meio de exercícios, massagens e alongamentos na musculatura
da face e pescoço. Tasca (2002) e Franco e Scattone (2002) acrescentam que as massagens se
referem a um conjunto de manobras aplicadas com as mãos, massageadores e vibradores, com uma
determinada pressão em direção à fibra muscular, para melhorar a propriocepção e o equilíbrio
muscular. Dentre seus benefícios estão a ativação da circulação sanguínea e linfática, a melhora da
propriocepção, a oxigenação muscular e a tonicidade, suavizando assim as linhas de expressões.
Já em relação à estimulação miofuncional, Frazão e Manzi (2012) e Silva e Helminger
(2008) sugerem que um plano de atendimento individualizado deve ser elaborado de acordo com os
achados das avaliações previamente realizadas. Deve envolver massagens, manobras de
alongamento e relaxamento, modificações da postura, reequilíbrio das funções estomatognáticas e
eliminação ou redução de movimentos compensatórios ou desnecessários.
No entanto, mesmo com o aprendizado dos novos padrões motores estabelecidos durante as
sessões terapêuticas, o processo de envelhecimento continua a atuar de forma constante.
Considerando o exposto, Frazão e Manzi (2012) indicam, além das massagens na região da face e
do pescoço, exercícios isométricos nos olhos, excitação da porção frontal do músculo
occiptofrontal, exercícios isométricos e isotônicos em bucinador, em supra-hióideos e na
musculatura da língua.
Justamente em relação às áreas estimuladas nas sessões de terapia fonoaudiológica, observa-
se nas Figuras 1 e 2 tanto a distribuição por porcentagem das áreas facias para as quais os exercícios
foram direcionados quanto àquelas áreas nas quais maiores benefícios estéticos foram alcançados,
corroborando com a literatura supracitada, uma vez que a área dos olhos obteve 100% de ganho
estético após intervenção fonoaudiológica.
Já em relação aos benefícios estéticos e funcionais, a Figura 3 indica que a auto estima e a
sensação de bem estar, assim como a suavização da expressão, foram relatadas em todos os estudos
que compuseram a amostra. Da mesma forma, ganhos como equilíbrio da tensão muscular, simetria
facial, face descansada, adequação das funções estomatognáticas, melhora no contorno facial,
redução da flacidez e minimização das olheiras também foram aspectos observados em mais de
50% dos estudos.

8
Curso de Fonoaudiologia. Escola de Ciências da Saúde. UNINORTE/LAUREATE - 2015/2

Frazao e Manzi (2012) referem que na intervenção terapêutica, o fonoaudiólogo atua nos
músculos envolvidos na formação de cada ruga, respeitando a correlação entre os grupos
musculares dos terços da face, reorganizando a dinâmica da mímica facial e adequando as funções
de mastigação, de deglutição e de fala. Souza et al. (2013) complementam que o ramo da
Fonoaudiologia que trata da estética da face propõe uma intervenção para o rejuvenescimento facial
que atua de forma natural, indolor e não invasiva, aliando os ganhos estéticos aos funcionais.
Pierotti (2004) complementa que, com a atuação diretamente na musculatura, aumenta-se a
oxigenação dos tecidos, a mobilidade e o fortalecimento muscular, promovendo o reequilíbrio
funcional.
Porém, além das evidentes mudanças físicas, Carruthers et al. (2003) sugerem que as
alterações psicossociais também são de suma importância, uma vez que a satisfação com a
aparência aumenta a auto-estima e predispõe a uma boa saúde física e mental. Tal fato pode ser
observado na Figura 4, na qual 100% das publicações indicaram que os indivíduos que participaram
da amostra apresentaram satisfação com as modificações estéticas e funcionais obtidas após
intervenção fonoaudiológica.
Contudo, ainda observa-se uma restrição quanto à demonstração desses benefícios
alcançados utilizando-se da publicação dos trabalhos contendo os resultados dos registros
fotográficos, apesar de todos os artigos referirem o uso de tais registros para compor a
documentação dos indivíduos. Na Figura 5 é possível identificar que 60% da amostra fez uso do
registro fotográfico para demonstrar os efeitos obtidos nas sessões terapêuticas fonoaudiológicas.
Paes et al. (2007) justificam a não apresentação de fotografias em publicações visto que as mesmas
não fornecem comprovação científica. No entanto, acredita-se que uma publicação contendo
registros fotográficos possa ter maior caráter ilustrativo na explanação sobre os benefícios da
atuação do fonoaudiólogo da área da estética facial, facilitando a aceitação deste profissional como
integrante de uma equipe voltada à busca tanto da jovialidade facial quanto do equilíbrio funcional
muscular.

CONCLUSÃO

Em virtude do exposto, conclui-se que, através de manipulações e exercícios específicos, o


fonoaudiólogo é um profissional capaz de promover o reequilíbrio da musculatura e a reeducação
das funções orofaciais, minimizando os sinais de envelhecimento e contribuindo para uma face mais
jovem e harmônica.
Ainda são poucos os estudos que mostram os benefícios da terapia miofuncional para o
rejuvenescimento facial. Dessa forma, mais trabalhos que comparem as características faciais e
funcionais prévias e após a fonoterapia são importantes, pois ainda há barreiras a serem transpostas
no sentido de aceitar a intervenção fonoaudiológica de cunho estético e preventivo, não somente
reabilitador de patologias já instaladas.
Sugere-se a publicação de novas pesquisas, principalmente em revistas de alcance
interdisciplinar, a fim de promover o conhecimento sobre a atuação do fonoaudiólogo na área da
estética facial e estabelecer seu papel como integrante de uma equipe de profissionais que busca não
só a beleza como também o equilíbrio muscular e funcional.

9
Curso de Fonoaudiologia. Escola de Ciências da Saúde. UNINORTE/LAUREATE - 2015/2

REFERÊNCIAS

ARIZOLA, H. G. H.; BRESCOVICI, S. M.; DELGADO, E. S.; RUSCHEL, K. C. Modificaçõees


faciais em clientes submetidos a tratamento estético fonoaudiologico da face em clínica escola- de
fonoaudiologia. Rev CEFAC, v. 14, n. 6, p. 1167-83, 2012

CARRUTHERS, J. A.; WESSEIS, N. V.; FLYNN, T. C. Intense pulsed light and butolinum toxin
type A for the aging face. Cosmetic Dermatology, v. 16, (S5), p. 2-16, 2003

CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA. Resolução CFFa no. 352. Jornal do CFFa,


ano IX, v. 37, 26p.

FABBROCINI, G.; PADOVA, M. P.; VITA, V.; FARDELLA, N.; PASTORE, F.; TOSTI, A.
Tratamento de rugas periorbitais por terapia de indução de colágeno. Surgical e Cosmetic
Dermatology, v. 1, n. 1, p. 106-11, 2009.

FRANCO, M. Z.; SCATTONE, L. Fonoaudiologia e dermatologia: um trabalho conjunto e


pioneirovo na suavização das rugas de expressão facial. Revista Fono Atual, 2002.

FRAZÃO, Y.; MANZI, B. S. Eficácia da intervenção fonoaudiologica para atenuar o


envelhecimento facial. Revista CEFAC, v. 14, n. 4, p. 755-62, 2012.

GUIRRO, E.; GUIRRO, R. Fisioterapia dermato fFuncional. Barueri: Manole, 2004.

KEDE, M. P. V.; SABATOVICH, O. Dermatologia estética. São Paulo: Atheneu; 2004.

MATTOS, K. D. F.; LORETO, P. M.; NERY, T. C. S.; SOUZA, V. A. M.; SOUZA, C. B. Análise
da eficácia de um trabalho fonoaudiológico com enfoque estético. Revista Fragmentos de
Cultura, v. 20, n. 5/6, p. 413-32, 2010.

MATTIA, F. A.; CZLUSNIAK, G.; RICCI, C. C. P. P. Contribuição da Fonoaudiologia na estética


facial: relato de caso. Revista Salus-Guarapuava, v. 2, n. 2, p. 15-22, 2008.

PAES, C.; TOLEDO, P. N.; SILVA, H. J. Fonoaudiologia e estética facial: estudos de casos.
Revista CEFAC, v. 9, n. 2, p. 213-20, 2007

PIEROTTI, S. Atuação fonoaudiológica na estética facial. In: MARCHESAN, I. Q. Comitê de


Motricidade Orofacial da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. Motricidade Orofacial:
como atuam os especialistas. São José dos Campos: Pulso, 2004. p. 281-87.

SADICK, N. S. A structural approach to nonablative rejuvenation. Cosmetic Dermatology, v. 15,


n. 12, p. 39-43, 2002.

SANTOS, C. C. G.; FERRAZ, M. J. P. C. Atuação da Fonoaudiologia na estética facial: relato de


caso clínico. Revista CEFAC, v. 13, p. 763-8, 2010.

SILVA, P. B.; HELMINGER, R. Atuação fonoaudiológica na suavização das rugas de


expressão e estética da face. In: Franco MZ. Caderno do Fonoaudiólogo, Sao Paulo: Lovise, 2008.
p. 15-21.

10
Curso de Fonoaudiologia. Escola de Ciências da Saúde. UNINORTE/LAUREATE - 2015/2

SOUZA, B. C.; GUERRA, G. J.; BARBOSA, M. A.; PORTO, C. C. Rejuvenescimento facial por
intervenção miofuncional estética: revisao integrativa. Medical Cutan Iber Latina America, v. 41,
n. 4, p. 165-171, 2013.

TASCA, S. M. T. Programa de aprimoramento muscular em Fonoaudiologia estética facial


(PAMFEF). Barueri: Pró-Fono, 2002. 186 p.

TAKACS, A. P.; VALDRIGHI, V.; FERREIRA, V. J. A. Fonoaudiologia e estética: unidos a favor


da beleza facial. Revista CEFAC, n. 4, p. 111-116, 2002.

VELASCO, M. R. V.; OKUB, F. R.; RIBEIRO, M. E.; STEINER, D.; BEDIN, V.


Rejuvenescimento da pele por peeling químico: enfoque no peeling de fenol. Anais Brasileiro de
Dermatologia, v. 79, n. 1, p. 80-96, 2004.

YAMAGUCHI, S.; SANCHES, S. O rejuvenescimento facial. In: Mauad R. Estética e cirurgia


plástica: tratamento pré e pós-operatório. Sao Paulo: SENAC; 2003, PP70-125.

11

Você também pode gostar