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UNISALESIANO
Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Fisioterapia Dermato-
Funcional

Fernanda de Souza Mello


Lisley Malosso Pine
Monise Possebom Correia

A FISIOTERAPIA DERMATO-FUNCIONAL NA
PREVENÇÃO E NO TRATAMENTO DO
ENVELHECIMENTO FACIAL

LINS – SP
2008
2

FERNANDA DE SOUZA MELLO


LISLEY MALOSSO PINE
MONISE POSSEBOM CORREIA

A FISIOTERAPIA DERMATO-FUNCIONAL NA PREVENÇÃO E NO


TRATAMENTO DO ENVELHECIMENTO FACIAL

Monografia apresentada à Banca


Examinadora do Centro Universitário
Católico Salesiano Auxilium, como
requisito parcial para obtenção do título de
especialista em Fisioterapia Dermato-
Funcional, sob a orientação da Profa Dra
Márcia Maria Faganello Mitsuya e M.Sc.
Heloisa Helena Rovery da Silva.

LINS – SP
2008
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FERNANDA DE SOUZA MELLO


LISLEY MALOSSO PINE
MONISE POSSEBOM CORREIA

A FISIOTERAPIA DERMATO-FUNCIONAL NA PREVENÇÃO E NO


TRATAMENTO DO ENVELHECIMENTO FACIAL

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,


para obtenção do título de especialista em Fisioterapia Dermato-Funcional.

Aprovada em: ______/______/______

Banca Examinadora:

Profa. Dra. Márcia Maria Faganello Mitsuya


Doutora em Fisiopatologia em Clínica Médica pela UNESP/Botucatu

_______________________________________________________________

Profa. M.Sc. Heloisa Helena Rovery da Silva


Mestre em Administração pela CNEC/FACECA-MG

_______________________________________________________________

Lins – SP
2008
4

DEDICATÓRIA

Dedicamos este trabalho às nossas


famílias e amigos que sempre nos
deram força e apoio.
5

AGRADECIMENTOS

Agradecemos aos nossos professores pelo empenho em nos ensinar,


principalmente às nossas orientadoras, as professoras Heloisa Helena Rovery
da Silva e Márcia Maria Faganello Mitsuya que, além dos ensinamentos,
ofereceram-nos amizade e estímulo profissional.
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RESUMO

Tão antiga quanto a própria humanidade, é a busca incessante pela


juventude física. Desde o século XVIII, toda a humanidade se preocupa com o
conceito do belo, em todas suas expressões, que varia consideravelmente no
tempo. Assim, seus parâmetros ideológicos e estéticos nunca estiveram
isolados. No Brasil, cerca de seiscentos e cinqüenta mil idosos são
incorporados à nossa população a cada ano. Devido a este aumento, é fato
que grande parte deles exerce suas atividades e se preocupa com um melhor
envelhecer, tanto físico, psíquico, orgânico quanto social. A fragilidade cutânea,
observada nos idosos, é devida ao comprometimento da diminuição da
circulação subcutânea onde ocorre a perda de células, afetando assim o
sistema imunológico, a termorregulação, a sudorese, a cicatrização de feridas,
a renovação epitelial, a atrofia dos melanócitos e a diminuição em número e
função das glândulas sudoríparas e sebáceas. Sendo assim, surgiu um maior
interesse do ponto de vista científico em estudar os fenômenos biológicos do
envelhecimento, em todos seus aspectos e uma enorme necessidade de
compreensão para que a população nesta fase da vida passasse a ser
produtiva, independente e saudável. Este assunto é de grande importância
para a Fisioterapia Dermato-Funcional, pois engloba técnicas fisioterápicas
para a prevenção e tratamentos no retardo do envelhecimento que muito
incomoda a população. A pesquisa descreve, dentro da Dermato-Funcional
aplicada à estética, a anatomia e a fisiologia da pele, a teoria do
envelhecimento, os músculos da face, as alterações da pele, o
fotorrejuvenescimento, a prevenção e os recursos terapêuticos para maior
benefício e melhor entendimento de todos os interessados neste assunto.
Essas mudanças do aspecto do envelhecimento facial proporcionam à
população uma melhora tanto na auto-estima, quanto na qualidade de vida,
podendo, assim, todos se prevenirem e ou se tratarem contra o
envelhecimento, principalmente o facial. Tendo em vista que a pele é uma
membrana que envolve o corpo e a face e está sempre exposta à radiação
ultravioleta pode apresentar alterações musculares e genéticas, ocasionando
maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que muitas
vezes terminam por levar o indivíduo até a morte.

Palavras-chave: Pele, Envelhecimento Facial, Fisioterapia Dermato-Funcional.


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ABSTRACT

As old as humanity itself, is the incessant search for youth physical.


Since the eighteenth century, all humanity is concerned about the concept of
beauty, in all its expressions, which varies considerably over time. Thus, their
ideological and aesthetic parameters have never been isolated. In Brazil, about
one thousand six hundred and fifty elderly are incorporated to our population
every year. Due to this increase, it is fact that most of them exercise their
activities and worries about a better aging, both physical, mental, social as
organic. The fragile skin, observed in the elderly is due to the commitment of
falling circulation subcutaneous occurs where the loss of cells, thus affecting the
immune system, thermoregulation, sweating, the healing of wounds, the
epithelial renewal, the atrophy of melanocytes and decrease in number and
function of sweat and sebaceous glands. Therefore, there is a greater interest in
scientific point of view in studying the biological phenomena of ageing in all its
aspects and a huge need for understanding for the people at this stage of life
"be productive, independent and healthy. This matter is of great importance for
Physiotherapy Dermato-Functional because fisioterápicas includes techniques
for the prevention and treatment in the retardation of aging that much dislike the
population. The research described within the Dermato-Functional applied to
aesthetics, the anatomy and physiology of the skin, the theory of aging, the
muscles of the face, changes of the skin, the fotorrejuvenescimento, prevention
and therapeutic resources for maximum benefit and better understanding of all
stakeholders in this matter. These changes of the appearance of facial aging
population to provide both an improvement in self-esteem, as the quality of life
so they can all be prevent and treat or against the is ageing, particularly the
facial. As the skin is a membrane that envelops the body and face and is always
exposed to ultraviolet radiation can make changes and genetic muscle, causing
greater vulnerability and greater incidence of pathological processes that often
end by taking the individual to death.

Keywords: Skin, Aging Facial, Physiotherapy Dermato-Functional.


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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Epiderme, Derme e Hipoderme ................................................... 18


Figura 2: Tipos de Rugas ........................................................................... 26
Figura 3: Músculos da face ........................................................................ 28
Figura 4: Pontos do Shiatsu na região frontal da face ............................... 42
Figura 5: Pontos do Shiatsu na região lateral da face ............................... 42
Figura 6: Pontos do Shiatsu na região do alto da cabeça........................... 42
Figura 7: Pontos motores, músculos e nervos da face............................... 47
Figura 8: Aplicação lateral dos eletrodos ................................................... 48
Figura 9: Aplicação lateral e frontal dos eletrodos ..................................... 49

LISTA DE QUADRO

Quadro1: Principais músculos da face com suas respectivas ações ......... 27


9

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 12

CAPÍTULO I – ANATOMIA E FISIOLOGIA DA PELE .................................... 13


1 DESCRIÇÃO DA ANATOMIA E FISIOLOGIA DA PELE .................. 13
1.1.1 Epiderme ............................................................................................ 14
1.1.1.1 Camada germinativa ........................................................................... 15
1.1.1.2 Camada granulosa .............................................................................. 15
1.1.1.3 Camada transparente.......................................................................... 16
1.1.1.4 Camada córnea................................................................................... 16
1.1.2 Derme ................................................................................................. 16
1.1.3 Hipoderme .......................................................................................... 17
1.2 Fisiologia da pele................................................................................ 18
1.2.1 Glândulas da pele............................................................................... 18
1.2.1.1 Glândulas sudoríparas ........................................................................ 19
1.2.1.2 Glândulas sebáceas............................................................................ 19
1.2.2 Funções da pele ................................................................................. 20
1.2.3 Proteção ............................................................................................. 20
1.2.4 Excreção............................................................................................. 20
1.2.5 Sensação............................................................................................ 21
1.2.6 Regulação da temperatura do corpo .................................................. 21

CAPÍTULO II – ENVELHECIMENTO FACIAL ................................................ 22


2 FISIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO FACIAL ................................ 22
2.1 Alterações genéticas ........................................................................... 22
2.2 Alterações musculares no envelhecimento facial ............................... 24
2.3 Alterações da pele .............................................................................. 28

CAPÍTULO III – FISIOTERAPIA DERMATO-FUNCIONAL............................. 31


10

3 A FISIOTERAPIA DERMATO-FUNCIONAL PREVENINDO,


TRATANDO E RETARDANDO O ENVELHECIMENTO FACIAL PRECOCE 31
3.1 Introdução........................................................................................... 31
3.2 Fotoenvelhecimento e filtro solar ........................................................ 32
3.3 Massagem terapêutica facial .............................................................. 34
3.3.1 Deslizamento superficial e profundo................................................... 35
3.3.2 Amassamento..................................................................................... 35
3.3.3 Fricção ................................................................................................ 35
3.3.4 Vibração.............................................................................................. 36
3.3.5 Percussão........................................................................................... 36
3.3.6 Efeitos fisiológicos da massagem....................................................... 37
3.3.7 Efeitos circulatórios da massagem ..................................................... 37
3.3.8 Indicações da massagem ................................................................... 38
3.3.9 Contra-indicações da massagem ....................................................... 38
3.4 Shiatsuterapia..................................................................................... 39
3.4.1 Histórico.............................................................................................. 39
3.4.2 Energia ............................................................................................... 40
3.4.3 Meridianos .......................................................................................... 40
3.4.4 Características do Yang...................................................................... 41
3.4.5 Características do Yin......................................................................... 41
3.4.6 Técnicas básicas de aplicação ........................................................... 41
3.4.7 Indicações do Shiatsuterapia.............................................................. 43
3.4.8 Contra-indicações do Shiatsuterapia .................................................. 43
3.4.9 Normas do bom terapeuta .................................................................. 43
3.5 Eletroestimulação facial ...................................................................... 44
3.5.1 Microcorrentes .................................................................................... 44
3.5.2 Efeitos das microcorrentes no envelhecimento cutâneo..................... 49
3.5.3 A pesquisa .......................................................................................... 50
3.6 Corrente russa .................................................................................... 52
3.7 Fotorrejuvenescimento a laser ............................................................. 52

CONCLUSÃO .................................................................................................. 55
11

REFERÊNCIAS ............................................................................................... 56
12

INTRODUÇÃO

A pele é uma membrana que reveste a superfície corporal e apresenta


características físicas e múltiplas funções. À medida que a mesma envelhece,
ocorrem alterações estruturais e funcionais, alterações essas que incluem
histologicamente uma redução do tecido conjuntivo. (GUIRRO; GUIRRO, 2004)
Existe uma tendência que inclue o achatamento e a redução da junção
da derme-epiderme. (KAWFFMAN, 2001)
As principais alterações são as do tecido colágeno e elásticas. Com o
envelhecimento, o tecido colágeno, componente fundamental do tecido
conjuntivo, torna-se gradualmente mais rígido e há uma perda clássica da
estriação longitudinal e das moléculas de água, além da diminuição da
substância amorfa, resultando assim em diminuição de força e dificuldade de
difusão dos nutrientes pelo aumento da rigidez tecidual. (GUIRRO; GUIRRO,
2004)
Tendo em vista tal preocupação, surge a idéia de investigar a
prevenção, retardo e tratamentos para o envelhecimento facial.
O trabalho tem por objetivo verificar a prevenção e os tratamentos
fisioterápicos que ajudam no retardo do envelhecimento facial. Foi
desenvolvido através de uma revisão bibliográfica que teve como base os
autores Ville e Pereira et al, e abramge o período de1979 à 2008.
Após pesquisa exploratória foram levantadas as seguintes perguntas:
O filtro solar previne o envelhecimento facial precoce?
A massoterapia e as técnicas eletroterápicas, em Fisioterapia Dermato-
Funcional, ajudam a tratar e retardar o envelhecimento facial?
O trabalho está assim dividido:
Capítulo I: Descreve a anatomia e fisiologia da pele.
Capítulo II: Descreve a fisiologia do envelhecimento facial.
Capítulo III: Descreve as medidas preventivas e o tratamento para o
envelhecimento facial na Fisioterapia Dermato-Funcional.
O trabalho finaliza com as considerações finais.
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CAPÍTULO I

ANATOMIA E FISIOLOGIA DA PELE

1 DESCRIÇÃO DA ANATOMIA E FISIOLOGIA DA PELE

1.1 Anatomia da pele

O tegumento comum, isto é, a pele, é a membrana que reveste a


superfície corporal e apresenta características físicas e múltiplas funções,
sendo as principais:
a) protege o corpo e regula a temperatura;
b) possui barreira contra infecções;
c) sintetiza a vitamina D, pela exposição aos raios ultravioleta;
d) absorve e elimina substâncias;
e) possui terminações nervosas especializadas para o tato, a
temperatura e a pressão; o que permite melhorar a adaptação do
homem ao ambiente.
A pele é considerada como uma glândula e é tão importante como o
coração, pulmão, etc. Ela envolve todo o corpo. Watanabe (2000) conceituou a
espessura variável de 0,5 a 4 mm; sendo, portanto, a pele da criança menos
espessa que a do adulto e ela varia também de acordo com a idade, sexo e
região.
Como já foi citado, ela é constituída de uma barreira contra agressões
exógenas, de natureza química ou biológica e impede a perda de proteína e
água para o exterior. Embora represente menos de 15% do peso corporal, ela
é considerada o maior órgão do corpo humano. (KEDE; SABATOVICH, 2003)
Watanabe (2000), diz que a elasticidade permite movimentos do corpo e
difere-se nas diferentes regiões do corpo, de acordo com a idade do indivíduo.
Ela se distende ou retrai de acordo com as condições de movimento e/ ou
temporárias como no período de gestação. Ela é normalmente grande na
14

criança e diminui, progressivamente com a idade; sendo possível a formação


de rugas nos idosos e em pessoas que eram obesas e emagreceram muito.
Segundo Dangelo; Fattini (1998), a pele forma o revestimento complexo
externo do corpo, ela é contínua com as mucosas que revestem os sistemas
respiratórios, digestivo e urogenital e suas aberturas exteriores (boca, nariz,
ânus, uretra e vagina). Ela é composta de duas camadas principais: a) a
camada superficial de células epiteliais intimamente unidas: a epiderme e; b) a
camada mais profunda, de tecido conjuntivo denso e irregular: a derme. Esta
última está conectada com a face dos músculos subjacentes, por uma camada
de tecido conjuntivo frouxo chamada hipoderme. Em muitas áreas deposita
gordura no tecido conjuntivo frouxo, formando assim o tecido adiposo.
A cor da pele pode variar nos indivíduos, de acordo com a região onde o
mesmo habita; sexo, idade, condições climáticas e também a saúde
(metabolismo influi sobre a pele). Pode variar também de acordo com a
distribuição de um pigmento escuro chamado melanina que é produzida por
células chamadas melanócitos, que migram na epiderme e transferem o
pigmento às células da camada germinativa. As pessoas de pele escura têm
apreciável quantidade de melanina em todas as camadas da epiderme,
enquanto nas pessoas de pele clara há pouca melanina distribuída entre as
camadas da epiderme. (DANGELLO; FATTINI, 1998)
Na arquitetura da pele, distingue-se uma parte epitelial superficial
chamada Epiderme que se constituiu por seis camadas desprovidas de vasos,
isto é, não vascularizadas.

1.1.1 Epiderme

Desenvolve-se de um folheto único da superfície ectodérmica do


embrião, é formada por várias camadas de células pavimentosas que formam
um epitélio estratificado, pavimentoso, queratinizado, formado por três tipos de
células distintas, os melanócitos (responsáveis pela produção de melanina,
pigmento responsável pela coloração da pele), as células de Langherans (estas
são as que fazem parte do sistema imunitário) e as células de Merkel,
portadoras de terminações nervosas. (FRANCO, 2002)
15

Geralmente é muito delgada, porém, espessa em áreas sujeitas à


constante pressão, como a sola dos pés. Quando a epiderme é espessa, é
possível identificar camadas ou estratos. Apresenta quatro camadas:
germinativa, granulosa, lúcida e córnea de profundo para superficial
respectivamente. Assim sendo, sua camada mais interna é a camada
germinativa, seguida pela granulosa, a camada transparente, também
chamada de lúcida e a camada córnea.

1.1.1.1 Camada germinativa

É a camada mais profunda da epiderme. É nela que ocorre a mitose, isto


é, garantia de renovação contínua da epiderme devido à intensa atividade
mitótica de suas células, renovando-se a cada vinte a trinta dias, fornecendo
células para substituir as que serão perdidas na camada mais superficial.
A camada germinativa é formada pela camada espinhosa e camada
basal. É onde estão presentes as células de masson (melanócitos) e as
terminações nervosas (responsáveis pelo tato fino). (JUNQUEIRA; CARNEIRO,
1999)
Para Dumas; Poirier (1983), esta camada é formada por células
cubóides, que contêm grãos de melanina fagocitados e proporcionam função
protetora contra a ação dos raios solares, além da regulação da pigmentação
cutânea.

1.1.1.2 Camada granulosa

As células desta camada são achatadas e seu nome é devido à


presença de grânulos de queratohealina no citoplasma de suas células. Sua
natureza química é precursora do material interfilamentoso da camada mais
superficial da epiderme: a camada córnea. (FAWCETT, 1986)
16

1.1.1.3 Camada transparente

Também chamada de Lúcida, é uma clara banda superficial à camada


de células que estão achatadas e intimamente ligadas. Esta é mais
proeminente em áreas de pele espessa e é constituída por uma fina camada de
células desprovidas de núcleo. (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999)

1.1.1.4 Camada córnea

É a última camada, sendo a mais superficial da epiderme. As células


corneificadas formam uma cobertura ao redor de toda a superfície do corpo e
além de protegê-lo contra a invasão de substâncias do meio externo, também
ajudam a restringir a perda de água do corpo.
A camada córnea é constituída por células achatadas, mortas e sem
núcleo; sendo que as organelas citoplasmáticas desaparecem e o citoplasma
da mesma se torna cheio de feixes filamentosos de queratina. As membranas
celulares se tornam mais espessas e na superfície desta camada as células
mortas e queratinizadas se desprendem da epiderme, caracterizando um
fenômeno chamado descamação. (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999)

1.1.2 Derme

Dangelo; Fattini (1998) relataram que, a derme é um tecido conjuntivo


fibroso, irregular, frouxo (região superficial) e denso (região mais profunda). Ela
está localizada abaixo da camada germinativa da epiderme, isto é, serve de
base para ela.
Esta se desenvolve a partir da mesoderme embrionária e contém fibras
elásticas e reticulares, vasos linfáticos, nervos além de glândulas
especializadas e órgãos dos sentidos. Sua espessura é variada, mas mede
cerca de 02 mm. Porém, Fawcett (1986) descreve que não é possível mensurar
com precisão a espessura da derme, porque a mesma passa sobre tecidos
subcutâneos que não possuem limites bem definidos; estando essa medida em
17

torno de 0,6 mm na maior parte do corpo e 2 a 3 mm na palma das mãos e


planta dos pés. É composta de duas camadas indistintamente separadas:
camada papilar e camada reticular.
A camada papilar possui numerosas papilas que se projetam na região
epidérmica. Muitas papilas contêm alças capilares, outras contêm receptores
sensoriais especializados que reagem a estímulos externos, como a mudança
de temperatura e pressão. Esta camada é classificada como a mais delgada.
A camada reticular é a mais espessa, consiste em feixes densos de
fibras colágenas, sendo os fibroblastos as células mais numerosas e
responsáveis pela síntese de colágenos e elastina (componente principal das
fibras elásticas).
Ambas as camadas possuem a função primordial de manter a
elasticidade da pele, pois são constituídas por fibras elásticas. (JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 1999)
Na derme estão presentes:
a) fibras colágenas;
b) fibras elastinas – responsáveis pela manutenção da pele;
c) fibras de retículina (Linfa);
d) fibras de leucócitos – células de defesa do organismo contra as
infecções;
e) receptores sensitivos especializados (tato, frio, calor, dor);
f) folículos pilosos;
g) músculos eretores; glândulas sebáceas e sudoríparas / secretam
sebo, servem como lubrificante e também como proteção.

1.1.3 Hipoderme

Segundo a classificação das camadas da pele, Hipo = abaixo. Não é


parte da pele, mas ela é importante porque fixa a pele nas estruturas
subjacentes, é a última camada da pele; isto é, a mais profunda e é conhecida
também como tecido subcutâneo ou face superficial. É formada por tecido
conjuntivo frouxo e tem células adiposas depositadas entre as fibras. Esta
camada possui receptores sensíveis à pressão, vasos sangüíneos,
18

terminações nervosas e glândulas sudoríparas. Sua principal função é servir de


amortecedor e controle da temperatura e está ligada à reserva de nutrientes,
proteção e sustentação.
De acordo com as condições nutricionais de cada pessoa, a hipoderme
pode apresentar uma camada de tecido adiposo de espessura que irá variar.
(DUMAS; POIRIER, 1983)

Fonte: GUIRRO; GUIRRO, 2004, p.14


Figura 1: Epiderme, Derme e Hipoderme

1.2 Fisiologia da pele

1.2.1 Glândulas da pele

As glândulas sudoríparas e as glândulas sebáceas têm ampla


distribuição na pele. Além disso, há glândulas especializadas, como as
19

glândulas ceruminosas (de cera), as glândulas mamárias e as ciliares. Elas


iniciam seu desenvolvimento a partir da ectoderme embrionária. Os cordões
em brotamento tornam-se ocos e continuam a crescer em direção à derme,
formando ductos associados às glândulas da pele. (DANGELLO; FATTINI,
2002)

1.2.1.1 Glândulas sudoríparas

Estas glândulas estão distribuídas na maior parte da superfície do corpo.


Apenas em poucos lugares, como nos mamilos, lábios e porções da pele dos
órgãos genitais, elas estão ausentes. As glândulas sudoríparas típicas e as
glândulas écrinas – são glândulas merócrinas, cada uma com a forma de
túbulo simples, que se torna espiralado dentro da derme. As glândulas
sudoríparas, que se encontram nas axilas, nos lábios maiores do genital
externo feminino e ao redor do ânus, se estendem até dentro do tecido
subcutâneo e são usualmente grandes; além de freqüentemente secretarem no
folículo piloso e não diretamente na superfície da pele. Portanto, são chamadas
de glândulas sudoríparas apócrinas, pois parte do citoplasma das células
secretoras está incluído na secreção, que é mais complexa que o suor
verdadeiro e mais espesso. As glândulas ceruminosas, também são apócrinas
e são consideradas sudoríparas modificadas.

1.2.1.2 Glândulas sebáceas

As glândulas sebáceas que secretam o sebo e proporcionam a


manutenção da textura da pele, têm propriedades antifúngicas e
antibacterianas. Desenvolvem-se a partir dos folículos pilosos e neles eliminam
suas secreções, que são substâncias oleosas e ricas em lipídeos. O sebo
lubrifica a pele e os pelos prevenindo-os do ressecamento.
Elas são estimuladas pela presença de hormônios sexuais e são
particularmente ativas durante a adolescência. Sua estrutura é do tipo alveolar
20

simples, embora algumas sejam alveolares compostas. Funcionalmente, as


glândulas sebáceas são glândulas holócrinas. (DANGELLO; FATTINI, 2002)

1.2.2 Funções da pele

A pele funciona na sensação, proteção, termorregulação e secreção.


Nela estão localizados os receptores sensitivos para as quatro estações
básicas: dor, tato, temperatura e pressão. Com a estimulação de um receptor,
um impulso nervoso é enviado ao córtex cerebral, onde é interpretado. A
estimulação e combinação de estímulos resultam em sensações como queima,
prurido e cócegas, identificadas pelo cérebro. (DANGELLO; FATTINI, 2002)
A pele forma um revestimento elástico e resistente, além de impedir a
passagem de agentes químicos e físicos nocivos à perda excessiva de
eletrólitos e água.
Também desempenha funções secretoras do corpo humano.

1.2.3 Proteção

A pele funciona como barreira física, protegendo o corpo de invasões de


microorganismos e evitando a entrada de substâncias estranhas do meio
exterior; reduz a perda de água do corpo para o meio e protege contra o
excesso da radiação ultravioleta. A superfície da pele é revestida por uma
película líquida que tende para a acidez. Esta acidez protege como uma
camada anti-séptica.

1.2.4 Excreção

A secreção de suor funciona como um meio de excreção. Pequenas


quantidades de resíduos deixam o corpo através do suor e tanto o volume
como a composição desse suor varia conforme as necessidades do corpo.
21

1.2.5 Sensação

As informações relativas ao meio externo são devidas à presença das


terminações nervosas e receptores especializados. Um toque ligeiro, um
trauma doloroso, pressão e alterações de temperatura estimulam os receptores
tegumentares, que alertam o sistema nervoso central possibilitando umas
ações apropriadas, podendo ser simples e automáticas; ou requerendo a ação
de um ato mais complicado.

1.2.6 Regulação da temperatura do corpo

A temperatura do corpo se mantém normal, mesmo em condições


elevadas do meio ou durante um exercício, pois a quantidade de calor é
perdida pela pele. Quando a temperatura aumenta, as arteríolas da derme se
dilatam, trazendo maior volume de sangue e assim permitindo que grande
parte do calor interno seja perdido para o meio. Sob condições de frio, o calor
do corpo dá-se pela constrição das arteríolas dérmicas, fazendo com que a
quantidade de sangue que circula pela superfície do corpo seja reduzida de tal
forma que o calor perdido para o meio seja menor. (DANGELLO; FATTINI,
2002)
22

CAPÍTULO II

ENVELHECIMENTO FACIAL

2 FISIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO FACIAL

2.1 Alterações genéticas

Segundo Nascimento; Porto (1990), o envelhecimento é distinguido em


natural, fisiológico da pele e alterações decorrentes de fatores ambientais,
principalmente irradiação solar. Complementando, Guirro; Guirro (2004)
preconizam que o envelhecimento é o processo natural ao qual todos estão
submetidos, está presente desde o nascimento, no entanto é evidenciado após
a terceira década de vida e tal intensidade está intimamente ligada à qualidade
de vida à qual o organismo foi exposto; isto é, o hábito de cada pessoa.
Fattaciolo (2001) diz que o envelhecimento se manifesta com o
aparecimento de rugas, linhas de expressão, sulcos, atrofia, ressecamento,
flacidez, hipo e hiper pigmentação, alteração da vascularização, da inervação e
da espessura da pele.
A redução das funções fisiológicas, no processo de envelhecimento,
ocorre devido a várias e diversas modificações, alterações em vários níveis
celulares de nossos órgãos e sistemas, sendo um processo dinâmico e
progressivo, perdendo a capacidade de adaptação do indivíduo ao meio
ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência dos processos
patológicos que terminam por levá-lo à morte. Independente da forma pela qual
se estima a máxima esperança de vida potencial de uma espécie, parece
partir-se do princípio de que a existência seria, então, marcada por uma
diminuição progressiva do processo da formação celular. Isso, desde o período
embrionário, é função do controle genético. O declínio funcional das células e
sistemas dependeria da ação isolada e integrada de genes específicos. Dessa
forma, a perda de funções poderia ocorrer em uma ou mais populações de
23

células, dependendo dos estímulos ou inibição dos genes e da perda das


moléculas de DNA. (PICKLES, 1998)
Os problemas de codificação genética seriam causados por reações
químicas orgânicas habituais que, pouco a pouco, causariam danos
irreversíveis às moléculas das células. Tais reações poderiam ser
potencializadas por fatores como a poluição, a alimentação, as temperaturas,
os vírus, os traumatismos entre outros. Esses fatores resultam do meio
ambiente ou das reações metabólicas endógenas, que implicariam em distorcer
as informações da instabilidade molecular. Com isso, aumentariam as
possibilidades de modificações químicas da matriz do DNA (ácido
desoxirribonucléico) ou da cadeia de comando da síntese protéica RNA (ácido
ribonucléico), levando a erros de transcrição. (CARVALHO et al, 1999)
Na compreensão do fenômeno do envelhecimento inevitável e esperado,
foi descoberta a perda das bases teloméricas desde DNA. Sua função seria de
estabilizar a estrutura cromossômica, no momento da divisão celular.
Com a idade, o tamanho das bases teloméricas do DNA diminui, devido
a uma provável alteração na capacidade de reparação, ocorrendo assim a
diminuição do fibroblasto e a capacidade replicativa das células, com a idade.
Numerosos trabalhos têm mostrado redução da atividade enzimática,
envolvida na luta contra radicais livres. O organismo possui meios naturais de
defesa anti-radical livre, na forma de enzimas ou de moléculas (melanina).
Certas moléculas exógenas como vitaminas E, A e C têm também um papel
fundamental na proteção contra esses radicais livres. Assim, recebem a
classificação de radicais livres, devido à alta concentração de oxigênio, que
pode ser tóxica para vários tecidos e órgãos, pois vivemos constantemente
expostos a ambientes ricos em oxigênio reativo que são gerados pela
exposição ao sol (raios UV), poluição e inflamação, ocorrendo, portanto, várias
mutações de matriz extracelular, tornando o processo de envelhecimento mais
progressivo a cada dia. (FARINATTI, 2002)
Várias teorias procuram explicar o fenômeno do envelhecimento, dentre
elas, a teoria do relógio biológico, a teoria genética que relaciona a capacidade
de divisão e a renovação celular com fatores genéticos; a teoria do acúmulo de
determinados produtos de metabolismo no interior da célula e a teoria dos
radicais livres ou das substâncias tóxicas, que são produzidas promovendo
24

alterações celulares, levando ao declínio do aspecto inicial, principalmente em


função da diminuição da capacidade elástica da pele (VILLE, 1979). A teoria do
relógio biológico foi um dos primeiros conceitos emitidos, afirmando que o
organismo possui um relógio que determinaria quando se inicia o
envelhecimento, onde suas características se fariam mais visíveis.
No entanto, verificou-se também que, à medida em que as células se
aproximam da sua divisão final, o número de alterações celulares, inclusive
cromossômicas, aumenta, sugerindo o mecanismo de deterioração da síntese
protéica. Com isso, perdem grande parte de sua capacidade de produzir
colágeno, levando ao colapso gradativo e funcional dos lipídios, carboidratos,
aminoácidos, DNA, RNA e outras enzimas. (CARVALHO et al, 1999)
São diversas as explicações para o envelhecimento do ponto de vista
biológico. Algumas enfatizam o possível controle genético do envelhecimento
celular, outras, as agressões externas a que são permanentemente expostas.
Em ambos os casos, o resultado seria uma síntese protéica deficiente, com
conseqüente disfunção dos tecidos e sistemas que o compõem. Apesar da
variedade de alguns componentes apontados, alguns deles francamente longe
de serem comparados, levantam-se em todos os casos estratégias que
poderiam, possivelmente, retardar o processo de envelhecimento celular.
Além disso, há muito que responder quanto ao seu potencial de
manutenção, harmonia e função entre os sistemas orgânicos, seja por controle
hormonal ou metabólico. Pode-se especular que o envelhecimento residiria
mais nos aspectos funcional e epidemiológico (manutenção da autonomia de
ação e prevenção) do que em uma ação direta sobre os mecanismos que
reagiriam a senescência de uma forma geral. (FARINATTI, 2002)

2.2 Alterações musculares no envelhecimento facial

Os músculos da face, sob esta denominação, são de caráter funcional e


de aspecto puramente anatômico e sem dúvida apresentam a maior
capacidade de expressão e de relação com a mastigação, fonação e piscar de
olhos.
25

Os músculos da mímica ou da expressão facial são conhecidos como


dérmicos, já que são fixados no esqueleto, em apenas uma das suas
extremidades, sendo que sua inserção se dá na camada profunda da pele,
diferente do que ocorre com os outros músculos.
A vascularização é feita pelos ramos da artéria externa, principalmente
pela artéria facial, temporal superficial e maxilar interna. A inervação dos
músculos é realizada pelos nervos facial e trigêmeo, responsáveis pela
inervação dos músculos da mastigação e sensitiva de toda a face. (DANGELO;
FATTINI, 1998)
As contrações desses músculos alteram a fisionomia e exteriorizam os
sentimentos das pessoas, pois movimentam a área da cútis a qual são
inseridos, produzindo depressões em forma de linhas e de fossas
perpendiculares à direção das fibras dos músculos, que, com o tempo, se
transformam em pregas ou rugas, associadas com a diminuição progressiva do
tecido gorduroso, muscular e ósseo.
As linhas de tensão fornecem a base para o enrugamento da pele. Elas
ocorrem no corpo todo, mas só quando a pele perde sua elasticidade, com o
avançar dos anos, é que elas formam rugas permanentes. A função dessas
linhas é fornecer à pele certo grau de extensibilidade em direções
correspondentes às demandas naturais da região.
Algumas rugas são congênitas, enquanto outras, particularmente as do
rosto, são adquiridas, ou pelo menos exacerbadas, por uma vida inteira de
atividade muscular associada a certas expressões faciais. (MADEIRA, 1998)
As rugas podem ser classificas clinicamente em: rugas profundas e
superficiais.
As rugas profundas não sofrem modificações quando a pele é esticada;
elas são decorrentes da ação solar, ao contrário das rugas finas que são
encontradas preferencialmente na pele não exposta ao sol e são decorrentes
do envelhecimento cutâneo cronológico. Os autores demonstram que nas
rugas profundas existem fibras elásticas grossas e tortuosas, além da elastose
na derme. Nas rugas finas, há diminuição ou perda das fibras elásticas na
derme papilar, sendo fibras finas e enroladas. (GUIRRO; GUIRRO, 2004)
Existem também várias outras classificações para as rugas, como: rugas
de expressão ou dinâmicas, que podem ser encontradas devido aos
26

movimentos repetitivos dos músculos da face e aparecem como movimento. As


rugas estáticas aparecem mesmo na ausência do movimento, devido à fadiga
das estruturas da pele, em decorrência dos movimentos repetitivos.
Existem ainda as rugas gravitacionais, decorrentes da flacidez do
envelhecimento facial. Todas atingem as mesmas estruturas, sendo: ao redor
dos olhos, horizontais na fronte (testa), glabelares verticais, sulco-nasogeniano
(do nariz ao lábio) e pequenas rugas peri-bucais.

Fonte: GUIRRO; GUIRRO, 2004, p. 290


Figura 2: Tipos de rugas
27

MÚSCULO AÇÃO OBSERVAÇÃO


Abaixa a mandíbula, Não é realmente um
repuxa o ângulo da boca músculo facial, mas sua
1 – Platisma para baixo, estica e ação se dá na
pregueia a pele do mandíbula e pele ao
pescoço. redor dos lábios.
Eleva os supercílios e É chamado do músculo
2 – Frontal
enruga a fronte. da atenção
3 – Orbicular dos Fechamento da rima É constituído por três
olhos palpebral, ação de piscar. porções.
4 – Elevador do Importante na
Eleva e inverte o lábio
lábio superior e da dificuldade de
superior, dilata a narina.
asa do nariz respiração.
5 – Zigomático Traciona o ângulo da boca Ação observada na
maior superior e lateralmente. risada.
Auxilia na elevação do
6 – Zigomático Sua ausência não é
lábio superior, acentua o
menor rara.
sulco nasal-labial.
Repuxa os lábios para
7 – Depressor do baixo, contribuindo para
Deprime o lábio inferior.
lábio inferior expressão facial de
tristeza.
Contribui juntamente
8 – Orbicular da com outros músculos
Fecha e protrai os lábios
boca para o fechamento ativo
da rima oral.
Coloca o alimento entre
Comprime a bochecha,
os arcos dentais, evita
9 - Bucinador puxa o ângulo da boca
que se acumule no
lateralmente.
vestíbulo.
Sua ação fica evidente
Retrai o ângulo da boca no riso forçado
10 - Risório
lateralmente. (juntamente com o
bucinador).
Sua ação fica evidente
Eleva e protrai o lábio no riso forçado
11 - Mentual
inferior (juntamente com o
bucinador).

Fonte: GUIRRO; GUIRRO, 2004, p. 292


Quadro1: Principais músculos da face, com suas respectivas ações
28

Fonte: GUIRRO; GUIRRO, 2004, p. 291


Figura 3: Músculos da face

2.3 Alterações da pele

Os problemas na pele são comuns nos idosos e podem interferir


significativamente na qualidade de vida.
Nos últimos quinze anos, as pesquisas relataram a prevalência e a
epidemiologia dos transtornos e queixas cutâneas entre os idosos. Ao mesmo
tempo, a pesquisa básica começou a observar e a definir as alterações
histológicas e moleculares na pele envelhecida. (GALLO et al, 2001)
As mudanças fisiológicas da pele são irreversíveis e inevitáveis com o
tempo, principalmente, acompanhadas de uma mudança do nível de
homeostasia.
À medida que a pele envelhece, ocorrem muitas alterações estruturais e
funcionais, intrínsecas (refletidas pelas alterações clínicas vistas ao longo do
29

tempo). Isto são fatores genéticos e iniciam-se por volta dos trinta anos,
principalmente em peles finas e inelásticas e acentuam-se com o início da
menopausa, nas mulheres (MÉLEGA, 2003). Já os fatores extrínsecos são
aqueles atribuíveis à exposição solar crônica (calor), fumo, álcool, produtos
químicos entre outros; alterações estas que se incluem principalmente nos
componentes do tecido conjuntivo, promovendo elastose, ressecamento,
telângectasia, pigmentação irregular, rugas profundas e tumores da pele.
(KEDE; SABATOVICH, 2003)
Existe uma tendência que inclui o achatamento e a redução da junção
derme-epiderme, sendo que, na mulher, associam-se também as alterações
que ocorrem na menopausa, induzidas pela radiação solar crônica e o fumo,
que aceleram ainda mais o envelhecimento cutâneo. (FREITAS et al, 2002)
As principais alterações são as do tecido colágeno e elástico. Com o
envelhecimento, o tecido colágeno, componente fundamental do tecido
conjuntivo, torna-se gradualmente mais rígido e há uma perda clássica da
estriação longitudinal e das moléculas de água, além da diminuição da
substância fundamental amorfa, resultando assim em diminuição de força e
dificuldade de difusão dos nutrientes pelo aumento da rigidez tecidual.
A degeneração das fibras elásticas relacionadas com o envelhecimento
se inicia por volta dos 30 anos, ficando mais acentuada aos setenta, onde há
um desaparecimento progressivo das fibras, com conseqüente aumento dos
lipídios. O declínio das fibras elásticas faz com que as camadas de gordura sob
a pele não consigam se manter uniformes, diminuindo as proteoglicanas,
responsáveis pela retenção de água, resultando na perda de hidratação e
contribuindo para aparência envelhecida de pele. (KAWFFMAN, 2001)
A fragilidade cutânea observada nos idosos é devida, provavelmente, ao
comprometimento da diminuição da microcirculação subcutânea. Há redução
do número das células de Langherans, afetando assim a responsabilidade
imunológica, termorregulação, sudorese, diminuição na cicatrização de feridas,
renovação epitelial, distribuição irregular e atrofia dos melanócitos, que com a
idade diminuem de 6 (seis) a 8 (oito) % por década, além da redução de
vitamina D. Por isso a pele torna-se manchada em certas áreas, como no
dorso das mãos, pescoço e face. Os receptores sensitivos responsáveis pela
percepção de dor, calor e pressão tornam-se menos visíveis e menos
30

numerosos, as glândulas sebáceas e sudoríparas diminuem em número e


função. (GALLO et al, 2001)
31

CAPÍTULO III

FISIOTERAPIA DERMATO-FUNCIONAL

3 A FISIOTERAPIA DERMATO-FUNCIONAL PREVENINDO,


TRATANDO E RETARDANDO O ENVELHECIMENTO FACIAL PRECOCE

3.1 Introdução

Há duas décadas, acredita-se que o processo de envelhecimento só


seria motivo de controle ou tratamento após os sessenta anos, período de
caracterização do envelhecimento, mas este conceito encontra-se superado
atualmente. Hoje podemos acompanhar as diferentes fases do envelhecimento,
através de medidas preventivas ou curativas, com a finalidade de conservar a
qualidade de vida do organismo. As técnicas para o tratamento do
envelhecimento facial têm avançado muito nos últimos anos, oferecendo
muitas opções para melhorar a aparência das linhas de expressão e das rugas.
Grande parte destas técnicas são não invasivas, portanto não exigem
interrupção do trabalho e da vida social pela sua rápida recuperação. (CRANE;
HOOD, 2005). Após vários estudos, foi demonstrado em espécies com curto
período de vida, que com aplicações ou medidas terapêuticas, teremos uma
melhor elucidação das alterações bioquímicas e ou teciduais, que ocorrem com
o passar do tempo, conseqüentemente uma melhora na expectativa e
conservação de vida. (GUIRRO; GUIRRO, 2004)
Várias medidas terapêuticas preventivas existem na Dermato-Funcional.
Neste capítulo serão abordadas algumas das mais utilizadas. Entre elas
abordaremos o fotoenvelhecimento e a importância indispensável do uso do
filtro solar; a massagem terapêutica; laserterapia e eletroestimulação facial,
todas demonstrando um amplo aspecto quanto à prevenção e à melhoria da
qualidade do envelhecimento facial.
32

3.2 Fotoenvelhecimento e filtro solar

O fotoenvelhecimento é responsável pela maioria das alterações vistas


na pele, habitualmente exposta ao sol (raios-ultravioleta UVA, UVB, UVC).
Após a irradiação solar, verifica-se a formação de radicais livres na pele. Esses
compostos químicos que possuem um elétron não pareado em uma órbita
externa reagem com os componentes celulares produzindo derivados
citotóxicos, ocasionando diversos tipos de lesões.
Os efeitos da radiação sobre um ser vivo devem ser analisados sob
vários aspectos, como a idade, a exposição e a quantidade recebida. Porém,
após exposição em grandes doses e por muito tempo, levam a danos
irreversíveis, atribuindo aos indivíduos uma das principais morbidades do
fotoenvelhecimento, que é o desenvolvimento do câncer de pele. (MATHEUS;
KUREBAYASHI, 2002)
Os cânceres de pele induzidos pelos raios ultravioleta são
conseqüências mais sérias de lesão por exposição prolongada ao sol. A
incidência tem aumentado drasticamente ao longo dos últimos vinte anos. O
reconhecimento das lesões precocemente, junto a medidas preventivas, pode
diminuir a morbidade e a mortalidade, significativamente.
Diversas alterações histológicas, fisiológicas e clínicas da pele ocorrem
devido ao fotoenvelhecimento. Entre elas, podemos citar: atrofia e displasia da
derme, redução das células de Langherans, distribuição e atividade irregular
dos melanócitos, elastose da pele, redução das respostas inflamatórias e
imunológicas, telangectasias, rugas, melanose solar, ceratose solar, carcinoma
baso celular, entre outras variadas lesões. (GALLO et al, 2001)
Atualmente, muitos produtos para proteger a pele e novas tecnologias
têm aumentado e são úteis para a prevenção e foto-proteção da pele, pois, a
maioria das terapias é direcionada ao aprimoramento dos resultados para
evitar estas lesões cutâneas por irradiação ultravioleta.
Entretanto, muitas terapias são avaliadas e estudadas para tentar
preservar ou melhorar estes tipos de pele, tentando reeducar os pacientes para
mudar seu estilo de vida, principalmente evitando exposição prolongada aos
raios solares. Como estratégias para prevenir o fotoenvelhecimento e as lesões
por irradiação, evitando a morbidade e mortalidade dos cânceres de pele, em
33

enfoque principal, temos a fotoproteção, ou seja, o filtro solar, indispensável


paralelamente, em qualquer tipo de tratamento tanto para proteger a pele
contra os raios nocivos do sol, como para a prevenção do fotoenvelhecimento.
(FREITAS et al, 2002)
Os cuidados diários com a pele, usando FPS (fator de proteção solar),
roupas compridas e evitando a exposição solar de 10 horas da manhã às 14:00
horas, nos beneficiam a cada dia com uma pele mais saudável e sem danos.
(HOLCK, 2003)
Kligman et al (1998), mostraram, em estudos usando UVB irradiado em
ratos lisos, convencimento de que o FPS pode prevenir e reparar o UVB que
induz o fotoenvelhecimento. Os ratos lisos albinos eram irradiados com UVB
três horas/semana durante trinta semanas, e os FPS com alto fator eram
aplicados depois entre a 10ª e 20ª semana. Não somente estava mais longe do
fotoenvelhecimento preventivo, como do fotodano contraído antes da aplicação
do FPS que era reparador. O processo reparador era caracterizado pelo uso do
FPS, por uma zona da derme de reconstituição, constituindo na maturidade do
colágeno e no trabalho das fibras elásticas finas.
Um outro estudo analógico foi demonstrado em 46 saudáveis voluntários
que usavam FPS em um veículo diário, por 24 meses. Biopsias de pele
periauricular têm tido como base uma significante diferença em elastose solar
entre dois grupos, indicando que o FPS pode permitir a reparação da derme.
Mostrou também que, se manter fora do sol por mais tempo pode trazer
benefícios na qualidade da pele, diminuindo o risco do fotoenvelhecimento.
Estas observações têm sido analisadas histologicamente pelos estudiosos,
mostrando que a derme é reparada quanto à exposição aos raios UV, usando-
se filtro solar.
Usando um modelo matemático baseado em uma data epidemiológica
estudada, o potencial benéfico e regular do uso do filtro solar 15, durante os
primeiros dezoito anos de vida, demonstrou a redução da incidência do
fotoenvelhecimento e do câncer de pele em aproximadamente 78%. De uma
perspectiva prática, os indivíduos devem ser alertados e orientados de que o
uso diário do filtro solar evita ou retarda riscos e danos indesejados.
(GRIFFITHIS, 1999)
34

3.3 Massagem terapêutica facial

Dentre todas as terapias, a massagem é a mais elementar e a mais


antiga. Sua história em evolução remonta às mais afastadas épocas da vida
humana sobre a terra, sendo definida como um conjunto de manipulações
sistemáticas e científicas dos tecidos corporais, de melhor eficiência com as
mãos, com o propósito de influenciar os sistemas e órgãos.
A primeira massagem realizada pelo homem aconteceu quando este,
instintivamente, esfregou sua pele para aliviar a dor de um traumatismo
qualquer. Desde as mais remotas civilizações, tanto ocidentais como orientais
e até mesmo entre as civilizações pré-colombianas, temos escritos que falam
da massagem.
A utilização, na prática médica, foi descrita por Homero, em 1200 a.C. e
por Hipócrates, em 460 a.C, usada nos banhos pelos gregos e romanos para
assegurar a saúde e a beleza.
A palavra massagem pode ter diversas raízes em diferentes línguas,
como, por exemplo, o termo massein, que se traduz como amassar ou mass
que significa palpar. (FRITZ, 2000)
A massagem, na atualidade, não é mais considerada como empírica e
sim como ciência, uma vez que muitos efeitos relacionados a este recurso
foram estudados. Em tempos mais recentes, foi desenvolvida e elaborada em
alto grau por Ling, da Suécia e Mezger, da Holanda. Posteriormente, seus
defensores foram Weir Mitchell e Kellogg, nos Estados Unidos e Cyriax e
Mennell, na Inglaterra.
Existem diversos tipos de massagens, com diferentes técnicas, porém,
todas são derivadas de movimentos primários que fazem parte da massagem
clássica, preconizada por Perhenrike (1776), proporcionando ao corpo o bem-
estar e a restauração da saúde. Ela auxilia desde o tratamento de doenças
crônicas até simplesmente os efeitos do estresse, ocasionados pelo dia-a-dia;
possui efeito imediato e a pessoa massageada sente efeito ao final da primeira
sessão. (MARTINS, 2003)
A massagem, segundo Mennell (apud LIMA, 2001, p 01), possui
algumas manobras básicas entre elas:
35

a) deslizamento superficial;
b) deslizamento profundo;
c) amassamento;
d) fricção;
e) percussão;
f) vibração.

3.3.1 Deslizamento superficial e profundo

Na manobra de deslizamento, é realizado um movimento de alisamento


em toda a região facial desejada. Quando realizadas, as manobras ajudam o
paciente a relaxar por meio do sistema nervoso sensitivo, produzindo um efeito
sedativo e diminuindo o espasmo muscular.
Quando realizadas de forma rápida e mais profunda exercem um efeito
estimulante, resultando num efeito generalizado de revigoramento.

3.3.2 Amassamento

É uma manipulação em que todos os tecidos subcutâneos são


alternadamente comprimidos e liberados. Durante a fase de pressão de cada
movimento, a mão e a pele se movem conjuntamente sobre as estruturas mais
profundas, deslizando repetitivamente.

3.3.3 Fricção

As fricções consistem em movimentos breves, precisamente localizados


e profundamente penetrantes realizados em direção circular. Esses
movimentos são habitualmente realizados pelas pontas dos dedos. (BROWN,
2001)
36

3.3.4 Vibração

É o ato de vibrar as mãos do terapeuta, sendo transmitida uma leve


pressão sobre a face do paciente.

3.3.5 Percussão

É a aplicação de golpes ligeiros a fim de estimular a musculatura facial.


Esta técnica é realizada com a ponta dos dedos, com toques leves e suaves,
podendo também ser feita lentamente, em movimentos rítmicos com as palmas
das mãos relaxadas. (MARTINS, 2003)
O terapeuta deve observar outros aspectos como: bom posicionamento
e aquecimento das mãos, a limpeza das mesmas, força e leveza combinadas
(agilidade), unhas curtas, cabelos presos, sala adequada com boa iluminação e
temperatura ambiente agradável. (GUIRRO; GUIRRO, 2004)
A partir dessa técnica, denominada massagem clássica, surgiram outras
como: a drenagem linfática manual, shiatsuterapia, ayurvédica, massagem do
tecido conjuntivo e reflexa, shantala entre outras existentes atualmente.
Basicamente, todas partem de um mesmo princípio técnico de realização das
manobras, sendo a massagem clássica a mais realizada em tratamentos
terapêuticos preventivos.
Para realizá-la, o profissional, além de ser qualificado, deverá ter
conhecimento da anatomia, fisiologia e funcionamento dos sistemas orgânicos
e corretas indicações da patologia, sabendo também utilizar corretamente as
técnicas e suas possíveis variações. As indicações e contra-indicações são
requisitos indispensáveis de conhecimento do terapeuta antes da realização da
massagem.
As manobras devem ser realizadas no sentido distal-proximal, isto é,
contrário ao sentido dos pêlos, pois assim, haverá uma mobilização mecânica
mais eficaz de todos os bulbos pilosos, eliminando detritos que possam estar
situados abaixo.
37

3.3.6 Efeitos fisiológicos da massagem

A massagem sobre a pele exerce um efeito mecânico direto, decorrente


da ação direta da pressão exercida. Também, o aumento da ação reflexa
indireta, por liberação local de substâncias vasoativas, proporciona mudanças
fisiológicas.
Resumidamente, as diversas técnicas da massagem podem promover:
a) relaxamento muscular;
b) alívio da dor;
c) aumento da circulação sangüínea e linfática;
d) aumento da nutrição tecidual;
e) aumento da secreção sebácea;
f) remoção dos catabólicos;
g) aumento da maleabilidade tecidual;
h) aumento da extensibilidade tecidual;
i) aumento da mobilidade articular;
j) recuperação da camada epidérmica;
k) renovação do estrato córneo;
l) elevação da temperatura de 2 a 3 graus Celsius;
m) aumento do número de capilares;
n) aumento na penetração de fármacos.

3.3.7 Efeitos circulatórios da massagem

O aumento do fluxo sangüíneo promovido pela massagem foi


observado, no século XIX, por Brunton e Tunicliffe. Na circulação sangüínea
localizada, há o deslocamento intermitente do líquido nos vasos, aumento da
velocidade do fluxo e da troca de substâncias com células tissulares.
Como efeito secundário, aumento da irrigação sangüínea periférica, da
concentração de eritrócito e da excreção renal da água. (GUIRRO; GUIRRO,
2004)
A primeira porção da circulação a ser afetada é a dos capilares
periféricos, promovendo uma isquemia seguida de uma vasodilatação (que
38

favorece trocas nutritivas), acarretando uma hiperemia cutânea com elevação


da temperatura da pele, microscopicamente, com o aumento no número de
capilares em atividade. Essa vasodilatação capilar leva a uma vasoconstrição
compensadora das artérias mais profundas (contração reflexa das artérias),
levando ao aumento da circulação periférica, facilitando a evacuação do
sangue, intensificando assim a retirada de seus catabólicos, melhorando em
todos os aspectos a qualidade cutânea.

3.3.8 Indicações da massagem

É indicado para qualquer processo que necessite de vasodilatação ou


para que haja o aumento da circulação como:
a) edema:
b) hematoma:
c) linfedemas;
d) cicatrizes;
e) aderências;
f) tensão e fadiga muscular;
g) dor;
h) rugas.

3.3.9 Contra-indicações da massagem

Existem patologias em que a massagem é contra-indicada, devido ao


perigo de acentuá-las, ou mesmo propagá-las a outros tecidos. As mais
comuns são:
a) tumores benignos e malignos;
b) distúrbios circulatórios;
c) doenças da pele;
d) hiperestesia da pele;
e) gravidez;
f) processos infecciosos;
39

g) fragilidade capilar;
h) aumento da temperatura corporal (febre).

3.4 Shiatsuterapia

É uma forma de manipulação administrada pelos polegares, outros


dedos, palma das mãos, sem o uso de qualquer instrumento mecânico ou de
outro tipo para aplicar pressão sobre o tecido a fim de restabelecer o fluxo
energético normal e corrigir disfunções internas. Através das manipulações do
shiatsu, há intensa estimulação proprioceptiva, atuando sobre o sistema
nervoso. Além disso, promove uma homeostase tanto energética como física
gerando assim a possibilidade de haver um processo de autocura.
(NAMIKOSHI, 1992)

3.4.1 Histórico

A palavra shiatsu tem origem japonesa e significa pressão dos dedos;


onde shi significa dedo, e atsu quer dizer pressão. (BARROS, 2004)
O início da medicina oriental no Japão data do século VI, mais ou
menos; no ano 552. Assim sendo, o shiatsu tornou-se conhecido como forma
de terapia manual há aproximadamente 70 anos. Vários entre os primeiros
praticantes de shiatsu, desenvolveram seus próprios estilos, sendo que alguns
como Tokojiro Namikoshi e Shizuto Masunaga, fundaram escolas que
contribuíram para o estabelecimento do shiatsu como terapia. Existem vários
estilos diferentes de shiatsu, hoje em dia. Alguns se concentram em pontos de
acupressão (acupuntura digital). Outros enfatizam um trabalho mais
generalizado no corpo ao longo dos caminhos de energia para influenciar o Ki
fluindo através deles. Outros ainda destacam os sistemas de diagnósticos
como os dos Cinco Elementos, ou a abordagem macrobiótica.
40

3.4.2 Energia

Quando se fala em energia, subentende-se atividade. Pela ciência, todos


os elementos, sejam animados ou inanimados, possuem energia em diferentes
formas. Na medicina oriental, essa energia é denominada Ki que em japonês
significa a energia vital que todos os seres vivos possuem. Cada cultura possui
um método para entrar em contato com esta energia e promover seu equilíbrio,
seja através de exercícios, da respiração, de alongamentos, de pressão em
pontos do corpo inserindo agulhas (acupuntura). Esses pontos formam
meridianos e possuem baixa resistência à eletricidade, sendo bons condutores.

3.4.3 Meridianos

É o trajeto por onde a energia vital percorre o corpo. Eles estão


intimamente ligados ao potencial de função de um órgão ou víscera e são em
número de 12. Sua energia circula com ritmo e seqüência estabelecidos de tal
maneira que a cada 2 horas, um dos meridianos têm o seu máximo de
atividade.
Seis meridianos são de natureza Yin, e seis são de natureza Yang. Para
a medicina oriental, tudo no universo foi gerado pela união de duas forças
antagônicas, porém complementares: Yin e yang. (THOMPSON, 1997)
Para que haja a saúde física e mental, é necessário que exista perfeito
equilíbrio e harmonia do fluxo de energia no organismo, pois o bloqueio dessa
energia é o primeiro estágio para o desenvolvimento de doenças.
Qualquer ser vivo, fenômeno, objeto, etc., ocorre da inter-relação
constante de Yin e Yang. A diversificação da unidade é constituída pela
manifestação desses dois aspectos antagônicos de energia, que formam um
infinito de combinações e constituem o universo.
A vida desenrola-se dentro de um equilíbrio psico-bio-energético, de
acordo com as leis da natureza e suas manifestações energéticas, dentro da
polaridade Yin e Yang. Esta oposição energética serve para os orientais como
base para sua filosofia e terapêutica.
41

3.4.4 Características do Yang

Expansão, claro, atividade ou movimento, vida, energia, positivo,


masculino, agudo, centrípeto.

3.4.5 Características do Yin

Introversão, passividade, escuro, negativo, morte, feminino, crônico e


centrífugo.

3.4.6 Técnicas básicas de aplicação

Pressão:
Pressionar um único ponto uma só vez.
Pressionar um único ponto três vezes.
Pressionar um único ponto por um minuto
Pressionar um único ponto três vezes aumentando a intensidade cada
vez que se pressiona.
A pressão deve ser sempre realizada perpendicularmente, sendo o
princípio da mesma, contínua e determinada e deve obedecer de três a sete
segundos. A intensidade da pressão irá determinar a relação paciente e
terapeuta, pois cada pessoa possui um limiar de dor.
a) pressão fraca, sensação confortável.
b) pressão média, pequena dor, porém quase insuportável.
c) pressão forte, dor e sensação quase insuportável.

Esta terapia facilita a circulação do sangue e da energia por todo o


corpo. A técnica é pressionar e alongar cada centímetro do músculo
(NAMIKOSHI, 1987). O efeito dessa massagem é imediato, sendo que a
sensação de relaxamento e bem-estar são sentidas logo após a primeira
sessão. Os movimentos de pressão, além de trabalharem a massa muscular
agem também sobre os sistemas reprodutivo, digestivo, respiratório,
42

circulatório e nervoso, ativando o funcionamento dos órgãos internos e a


circulação sangüínea. Todos têm uma tendência a acumular tensão e energia
em suas cabeças, assim existem muitos meridianos que começam e terminam
na face onde facilmente podem ocorrer bloqueios resultando na formação de
linha de expressão, manchas ou rugas. Sendo assim, o shiatsu, quando
aplicado na região da face, pode remover qualquer obstrução e promover
aumento do Ki; deixando a pele oxigenada e hidratada o que estimula a
produção de colágeno e elastina, recuperando, portanto, a tonicidade e a
vitalidade do rosto, pois a pele fica menos frágil e menos susceptível ao
envelhecimento precoce. (VACCHIANO, 2000)

Fonte: LIMA, 2007, p. 18


Figura 4: Pontos do Shiatsu na região frontal da face

Fonte: LIMA, 2007, p. 18


Figura 5: Pontos do Shiatsu na região lateral da face

Fonte: LIMA, 2007, p. 19


Figura 6: Pontos do Shiatsu do alto da cabeça
43

3.4.7 Indicações do Shiatsuterapia

a) estresse;
b) dores nas costas e articulações;
c) insônia;
d) inchaço dos pés e pernas;
e) dor de cabeça;
f) sinusite;
g) rosto cansado, com sulcos e marcas de expressão, enfim todos os
processos que necessitam de vasodilatação.

3.4.8 Contra-indicações do Shiatsuterapia

a) processos infecciosos;
b) doenças infecto – contagiosas;
c) febre;
d) gripe;
e) câncer;
f) ulcerações ou processos erosivos da pele;
g) patologias de origem neurológica, pela ausência de sensibilidade;
h) patologias agudas. (LUNDBERG, 1998)

3.4.9 Normas do bom terapeuta

a) usar roupas confortáveis, limpas e de preferência brancas;


b) estar tranqüilo e sereno para demonstrar boa aparência ao paciente;
c) aplicar os estímulos conforme o indivíduo consegue suportar;
d) não falar em demasia;
e) não demorar excessivamente a massagem;
f) a concentração deve estar voltada apenas para o indivíduo que será
massageado;
g) limpeza geral das mãos, flexibilidade e agilidade nas pressões;
h) desuso de anéis e pulseiras para não machucar o paciente.
44

3.5 Eletroestimulação facial

3.5.1 Microcorrentes

Estudos mostram que as microcorrentes vêm sendo desenvolvidas com


tecnologia avançada, atingindo melhores resultados com intensidade de 10 a
500 microamperes. Difere-se, portanto, das outras correntes eletroterapêuticas
em relação à percepção da sensação de formigamento, por não conseguir
ativar as fibras nervosas sensoriais cutâneas, proporcionando ao paciente
maior conforto durante a sua aplicação. (ROBINSON; SNYDER-MACKLER,
2001)
Segundo Gonzales (apud PEREIRA et al, 2008, p.25), a sensação de
formigamentos, que é tão comum nas aplicações de outras correntes, inexiste,
porque a microcorrente trabalha de forma sensorial e compatível ao campo
eletromagnético do corpo, gerando assim adaptações benéficas aos tecidos. O
efeito da utilização das microcorrentes tem sido muito estudado, em virtude do
seu campo de atuação ser bastante profundo, podendo alcançar o tecido
muscular e principalmente o plano cutâneo e subcutâneo.
Uma das terapias mais difundidas para o tratamento facial na Dermato-
Funcional é a estimulação elétrica dos músculos da face. A terapia por
microcorrentes é a forma que utiliza correntes com pequenos valores de
freqüência e intensidade (microamperes).
As correntes elétricas de pequena intensidade quando aplicadas ao
corpo, por serem compatíveis aos sinais elétricos, aumentam a atividade
celular. Neste trabalho, serão citadas a corrente farádica e a corrente
galvânica.
A eletroestimulação facial tem o objetivo de proporcionar maior
tonicidade à musculatura e causar um enrijecimento adequado. Pode ser
realizada em conjunto com outras técnicas como o eletrolifting, ionização de
ativos, além de técnicas cosmetológicas e manuais, o que auxilia na
modelação da face e na atenuação das linhas de expressão.
A corrente farádica é uma corrente do tipo alternada, ou seja, muda sua
polaridade em um determinado tempo e realiza uma estimulação muscular por
45

excitação nervosa (ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2001). Tem ainda por


objetivo proporcionar trabalho passivo, melhorando o contorno facial e
reduzindo o quadro de flacidez muscular com conseqüente melhoria da
circulação periférica.
Já a corrente galvânica caracteriza-se por ser uma corrente contínua, ou
seja, o fluxo de elétrons é constante e interrupto, unidirecional. É modulada em
ondas onde os valores da freqüência são medidos em milionésimos de ampére
(mA). O principal objetivo é a revitalização cutânea, a melhoria da flacidez
muscular, elasticidade, viscosidade e brilho da pele.
A má circulação e a disfunção do sistema linfático ocasionam ineficácia
na nutrição e na eliminação de toxinas. Estes aspectos associados a fatores
como modo de vida do paciente e sua forma individual de utilizar os músculos
da face também refletem no tônus muscular, que é o responsável pelo aspecto
viçoso da juventude. Contudo, quando este é afetado, poderá surgir o
aparecimento de sulcos nasogenianos, linhas de expressão e outras
exteriorizações. Esta eletroestimulação atinge não só a superfície da pele, mas
também possibilita a movimentação de líquidos intersticiais, o que ajuda na
estimulação das fibras da musculatura da face. Alguns efeitos fisiológicos
ocorrem tais como:
a) elevação da temperatura local;
b) formação de hiperemia;
c) otimização do metabolismo;
d) aumento da síntese de ATP e de colágeno;
e) incremento da drenagem;
f) desobstrução ganglionar;
g) aumento das trocas iônicas intracelulares;
h) mobilização de líquidos provenientes das circulações linfática e
sangüínea;
i) aumento da reabsorção de hematomas, edemas e cicatrização em
pós - cirúrgicos.
Para a realização dessas terapias, há necessidade de eletrodos
convencionais (borracha de silicone, auto adesivo, etc) ou eletrodos tipo sonda
em forma de dupla caneta - bastonetes (MARTINS, 2003). Existe também um
46

outro tipo de caneta, a qual, na sua extremidade, possui uma fina agulha
necessária para que haja a concentração da corrente.
Na ponta desta caneta existe uma maior concentração de cargas, o que
acarreta um campo elétrico mais intenso, podendo provocar o seu esgotamento
de cargas elétricas. Deve-se ter cuidado para não provocar lesões. O
procedimento técnico consiste na estimulação das rugas de forma individual
até que haja uma hiperemia em todo o trajeto da ruga. Isso ocorre devido a
essa estimulação provocar o aumento da circulação local, intensificando assim
os processos metabólicos, a nutrição, a função e a regeneração do tecido
subepidérmico. (GUIRRO; GUIRRO, 2004)
Os processos técnicos para a execução podem ser divididos em três
grupos:
a) deslizamento da agulha dentro do canal da ruga;
b) penetração da agulha em pontos adjacentes e no interior da ruga;
c) escarificação - método de deslizamento da agulha no canal da ruga:
diferencia-se pela agulha ser posicionada a 90 graus, ocasionando
uma lesão do tecido.
As três técnicas produzem resultados animadores, atenuando
sobremaneira as rugas e linhas de expressão. Entretanto, as duas técnicas que
desencadeiam um processo inflamatório, a invasiva e a escarificação,
proporcionam resultados rápidos. A intensidade da corrente utilizada é baixa,
de 300 a 500 microampere.
Quanto à colocação dos eletrodos, para trabalho na musculatura da
face, podem respeitar os pontos motores ou regiões musculares.
Se a escolha for pelos pontos motores, os eletrodos ou placas, como
podem ser chamadas, deverão ser colocados nos pontos motores da
musculatura próxima às terminações nervosas. Os pontos motores são áreas
ótimas para a estimulação, pois existe uma menor resistência à passagem da
corrente. Eles comandam a contração normal das fibras musculares. Esses
nervos ramificam-se dentro do tecido conjuntivo, onde cada nervo origina
várias ramificações. Uma fibra nervosa pode inervar uma única fibra muscular
ou se ramificar e inervar até 150 delas. Neste local de inervação, o nervo perde
sua bainha de mielina e forma uma dilatação dentro de uma superfície da fibra
muscular. Isso é chamado de ponto motor.
47

Fonte: GUIRRO; GUIRO, 2004, p. 166


Figura 7: Pontos motores, músculos e nervos da face

Músculos
a) temporal;
b) frontal;
c) supra-orbital;
d) orbicular da boca;
e) zigomático;
f) elevador do lábio;
g) bucinador;
h) orbicular da boca;
i) masseter;
j) depressor do lábio.

Nervos:
a) ramo Temporal;
b) ramo Zigomático;
c) ramo Mandibular;
d) ramo Facial.
48

Mas se a escolha for por regiões musculares, a posição das fibras indica
o sentido de contração daquele determinado músculo. Ao realizar-se a
eletroestimulação é necessário respeitar a contração normal das fibras
musculares. No entanto, o sentido da eletroestimulação das placas será
contrário à posição das linhas de expressão.
Esta escolha é uma boa opção quando se necessita estimular os
músculos de uma determinada região, o que normalmente é o caso da paciente
da estética, que dificilmente necessita do trabalho em músculo isolado e sim
em determinada região.

Fonte: MARTINS, 2002, p. 02


Figura 8: Aplicação lateral dos eletrodos
49

Fonte: MARTINS, 2002, p. 02


Figura 9: Aplicação lateral e frontal dos eletrodos

3.5.2 Efeitos das microcorrentes no envelhecimento cutâneo

No processo de envelhecimento celular, ocorrem umas


interrupções elétricas. Assim, é promovido um aumento de
resistência ao fluxo elétrico, o que impede o processo natural
de renovação celular. Portanto, a aplicação de microcorrentes
com o objetivo de propiciar o rejuvenescimento cutâneo é
então justificada, pois esta tende a melhorar o fluxo de
corrente endógena, restabelecendo a homeostasia local.
(GONZALES apud PEREIRA et al, 2008, p. 24)

O uso de microcorrentes na pele produz um aumento na concentração


de Adenosina 5-trifosfato (ATP), de três a cinco vezes, sendo o efeito muito
similar ao encontrado na síntese protéica. Na Dermato – Funcional, a utilização
dessas microcorrentes é baseada em seus efeitos fisiológicos e terapêuticos,
50

sendo assim um recurso bastante utilizado na face, por ter característica


confortável e indolor. (TEAHEN, 1994)
De acordo com Martins (2003), existem bons resultados em estudos
realizados com a aplicação de microcorrentes para propiciar a síntese de
proteína. Estas provocam um aumento da produção de ATP em até 500%,
devido a sua efetividade no fornecimento de elétrons e prótons, acelerando a
velocidade de despolarização e de formação do potencial de ação da
membrana mitocondrial; o que provoca uma elevação do transporte de
aminoácidos, contribuindo para a síntese protéica em 30 a 40%. Além da
grande oferta de ATP aumentar o transporte de íons, propicia elementos
essenciais ao desenvolvimento de tecido saudável.
Segundo Valesco (2004), pesquisas mostraram que o intercrescimento
dos fibroblastos e o alinhamento das fibras de colágeno no tecido epitelial
foram fornecidos com a aplicação de microcorrentes. Esta excitação elétrica
oferecida aumenta a concentração de receptores do fator de crescimento que
aumenta a produção de colágeno, aumentando, portanto a velocidade de
renovação celular, dando um aspecto jovial e renovado à pele.

3.5.3 A pesquisa

Foi realizada uma pesquisa experimental com o objetivo de observar a


influência das microcorrentes no processo de envelhecimento facial.
A análise dos itens observados foi qualitativa, mensurando a suavização
de rugas e linhas de expressões, aspecto nutricional e elasticidade da pele; e
comparativa por meio dos dados obtidos em ficha de avaliação, a qual foi
aplicada antes e após as sessões.
Foram selecionadas dez mulheres com idade acima de 40 anos,
escolhidas aleatoriamente e que aceitaram fazer parte da pesquisa.
O protocolo em cada sessão foi realizado da seguinte maneira: uso do
gel de limpeza com o objetivo de limpar a pele da face antes da aplicação da
microcorrente. Para a aplicação desta utilizou-se um aparelho de microcorrente
no qual era constituído de dois manípulos. Em cada manípulo, colocou-se duas
hastes flexíveis de algodão. Estes eram embebidos em um gel neutro para
51

promover a transmissão da corrente que foi aplicada sobre as rugas na região


orbicular dos olhos.
Os movimentos foram realizados de um lado para outro com os
manípulos para a transmissão da corrente na região citada acima durante dez
minutos em cada hemiface, totalizando assim vinte minutos de aplicação em
cada sessão.
Estes dez minutos foram divididos em dois tempos, T1 e T2, onde os
cinco primeiros minutos o aparelho gerador de microcorrente estava regulado
em ondas senoidais, com intensidade de 1.2mA e freqüência de 700Hz (T1), e
os outros cinco minutos a onda era quadrática, a intensidade era de 2.0 mA e a
freqüência de 800 Hz(T2).
Cada sessão teve aplicação dessa microcorente nas hemifaces e foi
repetida por quinze vezes divididas em três vezes semanais, num período de
cinco semanas.
Ao final de cada sessão era espalhado sobre a face o protetor solar FPS
15 que serviu para protegê-la contra agressões dos raios UVA e UVB.
A idade entre as mulheres selecionadas variou entre 41 (quarenta e um)
e 65 (sessenta e cinco) anos de idade; divididas em quatro grupos em ordem
crescente de idade para facilitar o entendimento dos resultados.
Os resultados encontrados nessa pesquisa foram: melhora no aspecto
nutricional da pele, a partir da 7ª sessão em 60 % das pacientes. Entretanto, se
este período fosse prolongado, seria possível alcançar uma melhora em 100%
das pacientes.
Em relação firmeza da pele, verificou-se, através da avaliação tátil,
melhora em 80% das pacientes a partir da 5ª sessão.
Obteve-se uma melhora em 50% das pacientes observando as linhas de
expressão e suavização das rugas nos olhos a partir da 10ª aplicação.
Estes percentuais refletem a eficácia do tipo de eletro-estimulação em
questão, onde se foi capaz de obter resultados satisfatórios no tratamento e
prevenção das manifestações do envelhecimento cutâneo.
Mesmo que as rugas não tenham sido totalmente eliminadas nas
participantes, as microcorrentes trouxeram benefícios à pele na região
aplicada, sejam eles na nutrição, firmeza, suavização das rugas e/ou linhas de
expressão.
52

Neste estudo não foram isolados fatores como raça e tipos de pele,
existência de associação a cremes ou outros fármacos utilizados pelas
participantes e faixa etária específica, sendo considerada interessante a
realização de novas pesquisas, englobando todas estas variáveis para a
existência de resultados mais detalhados.
As autoras concluíram que as microcorrentes são um importante e
inovador recurso da fisioterapia estética que, mesmo ainda pouco explorada,
apresenta-se capaz de amenizar ou reverter o processo de destruição e
envelhecimento, com uma eletroterapia confortável e com efeitos comprovados
sobre o metabolismo e renovação celular. (PEREIRA et al, 2008)

3.6 Corrente russa

A corrente russa tem sido utilizada nos tratamentos de combate ao


envelhecimento com o objetivo de prevenir a hipotonia fisiológica através da
melhora da circulação e nutrição tecidual. Esses efeitos são atingidos com o
aumento do metabolismo muscular, promovendo um aumento na oxigenação e
liberação dos resíduos metabólicos, dilatação das arteríolas com conseqüente
aumento da irrigação sangüínea do músculo e estimulação de maior trofismo.
A intensidade da corrente utilizada é proporcional à força de contração
do músculo. Sabendo disso, os pontos motores passam a ser ideais como
pontos dos eletrodos. (DI MAMBRO et al, 2005)
As contra-indicações para o uso desta corrente são: cardiopatias,
portadores de marca-passo, patologias circulatórias; gestantes; processos
infecciosos e inflamatórios; neoplasias; patologias pulmonares; epilepsia;
regiões com dermatite ou dermatoses e lesões musculares.

3.7 Fotorrejuvenescimento a laser

O laser é um aparelho de amplificação da luz, provocada pela emissão


estimulada de radiação, que utiliza luz altamente organizada para estimular
alterações fisiológicas nos tecidos. O laser terapêutico é obtido, por exemplo,
53

pelo gás Hélio – Neon (HeNe), quando eletricamente energizados para produzir
uma saída de radiação fotônica para estimular determinadas áreas.(STARKEY,
2001)
Resultados obtidos com a Laserterapia para prevenir e/ou melhorar as
rugas não podem ser comparados com resultados de cirurgias plásticas ou
outros métodos curativos, pois a prevenção cutânea é de suma importância
para a dermato-funcional. Inicia-se desde cedo e pode ser acompanhada com
técnica fisioterápica preventiva.
Segundo Trelles (apud GUIRRO; GUIRRO, 2004), o laser se dá a nível
celular, promovendo o aumento do colágeno, com o qual se consegue restituir
a tensão da pele, obtendo-se interessantes melhoras na expressão facial em
pacientes entre 30 e 50 anos com sinais de envelhecimento cutâneo facial .
Múltiplas modalidades têm sido descritas sobre o rejuvenescimento
facial incluindo o uso terapêutico do laser. A laserterapia, comparada a outras
técnicas, vem crescendo a cada dia, pois é um sistema de tratamento
preventivo bem planejado e aplicado, promovendo um remodelamento sem
dano da epiderme.
Estudos realizados comparando o uso do laser versus terapia light (ou
seja, leve, suave); para rugas faciais foram satisfatórios. Clinicamente, essas
duas técnicas foram utilizadas com o objetivo de preservar e/ou prevenir as
fibras dermais.
Os resultados não foram satisfatórios quanto ao tratamento com a
terapia light, ao nível de fibras da derme, porém, o tratamento com uso do laser
foi efetivo para o rejuvenescimento facial; onde as fibras da derme não
apresentaram desrruptura histológica. Concluindo, esta terapia favorece com
seus resultados a formação de colágeno, melhorando a sustentação da pele,
tornando sua aparência mais jovem e saudável. (KIM; GERONIMUS, 2004)
O laser de CO2 (dióxido de carbono) é um laser não abrasivo, ou seja,
não invasivo, porque não retira camadas profundas da pele. É um tratamento
suave, onde a luz emitida tem a intenção de melhorar o aspecto das rugas,
manchas e vasos.
A utilização deste laser é como realizar-se um peeling térmico, onde sua
luz emitida agirá de maneira mais efetiva, depois da segunda sessão, pois, só
54

assim ele terá capacidade de penetrar profundamente, tornando-se cada vez


mais eficaz quanto à melhoria do aspecto cutâneo.
O laser é percorrido pela região desejada da face, como nas rugas,
manchas e vasos instalados ao redor da boca e olhos ou onde mais se desejar.
Assim, com o tempo, ocorrerá a remoção de camada por camada
comprometida da pele melhorando a textura e a firmeza, pois promoverá a
contração das fibras de colágeno e elastina.
Obtiveram melhores resultados aqueles pacientes que usaram e usam
filtro solar associado a cremes e produtos que ajudam no rejuvenescimento
cutâneo. (AIRAN; HRUZA, 2002)
55

CONCLUSÃO

Em decorrência da grande preocupação com a aparência física,


despertou-se o interesse pela realização de pesquisas na área Dermato-
Funcional, contribuindo para o progresso tecnológico da fisioterapia nesta área;
visando-se também à questão do envelhecimento facial, especialmente no
Brasil, por ser um país tropical, com elevada temperatura, onde as exposições
ao sol e aos raios ultravioleta são prejudiciais à pele, provocando, além de
doenças, o envelhecimento precoce da mesma.
Sendo assim, várias técnicas de rejuvenescimento vêm se
aperfeiçoando não apenas pelo avanço tecnológico, como também pela
preocupação da população com a saúde, a aparência física, bem como em
decorrência da longevidade.
Há, portanto, hoje uma maior conscientização na prevenção para
retardar o envelhecimento e também em tratar o mesmo. Afinal, todos querem
viver mais, porém ninguém quer envelhecer; todos desejam chegar à
maturidade e à velhice conservando a beleza.
Neste sentido, tem se verificado o uso constante do filtro solar
apropriado para cada tipo de pele, bem como a massagem terapêutica,
shiatsuterapia, laser, ou microcorrentes, entre outros recursos existentes hoje
nas clínicas de estética. Porém, quaisquer destes recursos citados, devem ser
aplicados por um profissional qualificado na área de Dermato-Funcional, pois
as aplicações requerem conhecimentos específicos na área da saúde. E para
que haja um bom resultado, é de suma importância a relação do tempo, da
quantidade de sessões e duração das mesmas.
O assunto assume uma importância significativa para a classe
acadêmica e para os profissionais da área da saúde. Todas as instituições
ligadas à saúde e à estética deveriam dar maior importância à questão da
prevenção do envelhecimento facial a fim de propiciar melhor qualidade de
vida, não somente por uma questão de estética, mas principalmente com o
objetivo da melhoria da auto-estima.
56

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