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Kelin Dometilia Formiga Matos**


Patrícia Marinho Loreto***
Thayssa de Castro Scarabucci Nery****
Virginia de Almeida Moris Souza*****
Cejana Baiocchi Souza******

Resumo: objetivo: analisar a eficácia do trabalho fonoaudiológico


na estética facial junto às alunas da oficina de fonoaudiologia estética
da UNATI/UCG. Métodos: realizou-se o tratamento fonoaudiológico
com enfoque estético e funcional em 04 alunas da UNATI/UCG,
comparando-se o pré e o pós-tratamento. Resultados: verificou-se a
suavização das rugas, melhora da simetria facial, equilíbrio da tensão
muscular e das funções de mastigação e deglutição, promovendo melhora
da auto-estima e bem-estar. Conclusão: o trabalho fonoaudiológico
em estética facial contribui não só para ganhos estéticos, como também
funcionais, melhorando a qualidade de vida dos indivíduos pesquisados.

Palavras-chave: Fonoaudiologia. Estética. Função. Face.

A tualmente, preservar a juventude, desenvolver a beleza e a perso-


nalidade não são apenas desejos de sedução, mas uma necessidade
social para adquirir ou manter o lugar em uma sociedade cada vez mais
exigente, sendo preciso manter-se jovem (COLAS, 1990).
A busca pela beleza e juventude tem sido uma constante em todas as
culturas da história humana. Manter uma boa aparência e não envelhecer
são conceitos cultuados desde as mais remotas civilizações e estão cada
vez mais valorizados (FRANCO; SCATTONE, 2002).
A face mostra precocemente, mais que outras áreas do corpo, os
sinais do envelhecimento, podendo os primeiros sinais apresentar-se por
volta dos 30 anos de idade (PIEROTTI, 2004).
O envelhecimento cutâneo ocorre de acordo com a perda de água
das células da pele, diminuição das fibras colágenas, da microcirculação

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na derme (nutrição) e da elasticidade e espessura dos extratos da pele
(epiderme e derme). A pele, por ser um tecido frágil e muito exposto,
envelhece mais cedo e rapidamente, sobretudo a do rosto. Os principais
fatores que aceleram o envelhecimento são o sol, o estresse, o cigarro, o
sedentarismo e os radicais livres (TASCA, 2004).
Os sinais e sintomas do envelhecimento envolvem diminuição
da elasticidade, descamação, secura cutânea, maior perda de água por
evaporação e deficiência circulatória (MAGALHÃES, 2008).
Em relação à face é possível observar a diminuição das fibras elásti-
cas e colágenas, favorecendo a perda de elasticidade e a perda dos tecidos
de gordura nas camadas profundas da pele, diminuindo sua espessura
(PIEROTTI, 2004).
As rugas são definidas como sulcos ou pregas na pele, seja por
diminuição da camada de gordura mais profunda ou pela diminuição do
tamanho das células que fazem parte da derme (TASCA, 2004).
Podem ser de dois tipos, superficiais ou profundas. As superficiais
são aquelas que desaparecem com o estiramento da pele, diferindo das
profundas que não sofrem alteração quando a pele é estirada (SILVA et
al., 2007).
As rugas estáticas são conseqüências da fadiga de estruturas que
constituem a pele. As rugas dinâmicas ou linhas de expressão surgem
como conseqüência de movimentos repetitivos da mímica facial e apa-
recem com o movimento. As rugas gravitacionais são conseqüentes da
flacidez da pele, culminando com a ptose das estruturas da face (SILVA
et al., 2007).
As mímicas podem gerar rugas, surgindo por contrações exageradas
dos músculos superficiais. As rugas profundas podem desenvolver-se por
contrações musculares habituais e repetidas (TASCA, 2004).
São dois os tipos de flacidez. A tissular, ou seja, a flacidez da pele,
e a flacidez muscular. No trabalho de Fonoaudiologia Estética Facial
preocupa-se mais com a flacidez do tipo muscular, pois se a pele é o ór-
gão de revestimento, são os músculos que a preenchem. Logo, estamos
melhorando a qualidade da aparência tegumentar (ALMEIDA, 2006).
O tecido que une a pele ao músculo chama-se fáscia muscular. A
fáscia é uma lâmina contínua de tecido conjuntivo que se espalha por
todo o corpo. É ela que dá forma ao corpo, já que envolve todas as estru-
turas e ajuda a suportá-las e protegê-las. Fornece suporte aos músculos e
mantém a relação desses com os ossos, determinando a forma do corpo
(TASCA, 2004).

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Abaixo da hipoderme, temos um sistema chamado sistema mus-
culoaponeurótico superficial (SMAS), que é a continuação das fáscias
aponeuróticas que revestem os músculos em todo o corpo humano. Na
face se modifica na forma de um complexo emaranhado de fibras e tecidos
gordurosos, os quais formam uma capa protetora que reveste os nervos,
músculos e glândulas, situados abaixo do SMAS (TOLEDO, 2006).
O ser humano possui cerca de 80 músculos da face e a contração de
muitos desses pode ser determinada pelo estado emocional. Os músculos
da expressão facial estão situados na fáscia superficial da face. Durante
a expressão facial, todos os músculos agem em diversas combinações,
variando a aparência (TASCA, 2004).
Ao contraírem, os músculos movimentam a área da pele à qual estão
fixados, produzindo depressões em formas de linhas perpendiculares à direção
das fibras dos músculos, podendo transformar-se em rugas com o tempo.
Estas modificações promovidas pelos músculos da face, quando em excesso,
podem provocar rugas mesmo em pessoas jovens (PIEROTTI, 2004).
A Fonoaudiologia é uma ciência em pleno amadurecimento. Nos
últimos 40 anos tem demonstrado sua importância, alcance e capacidade
de inovação (FRANCO, 2004).
O Conselho Federal de Fonoaudiologia publicou no Diário Oficial
da União de 8 de abril de 2008, a Resolução CFFa n 352, 5 de abril deste
ano, que dispõe sobre a atuação em Motricidade Orofacial com finalida-
de estética. A resolução, ao disciplinar a atuação do fonoaudiólogo em
Estética, apontou objetivos e cuidados e tornou claros os limites dessa
atividade. A atuação fonoaudiológica em Motricidade Orofacial com
finalidade estética visa avaliar , prevenir e equilibrar a musculatura da
mímica facial e/ou cervical, buscando a simetria e a harmonia das estruturas
envolvidas no movimento e na expressão, resultando no favorecimento
estético (CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA, 2008).
O trabalho fonoaudiológico relacionado à estética é um novo alcance
do trabalho miofuncional com fundamentos e princípios próprios, que
se propõe a cuidar das marcas que o tempo, inevitavelmente, desenha
nas faces (FRANCO, 2004).
Para atuar com a Fonoaudiologia Estética é necessário ter conhe-
cimento e experiência em Motricidade Orofacial (FRANCO, 2004).
Voltados para a promoção de harmonia e ordem facial propõe-se
um atendimento específico dirigido à relação de causa-efeito entre ma-
nobras direcionadas à pele, aos músculos e ao equilíbrio estomatognático
(TOLEDO, 2006).

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A anamnese com o paciente é muito importante. É necessário
investigar quais motivos o trouxeram à clínica, suas intenções e suas
relações pessoais (TOLEDO, 2006).
São avaliados os aspectos morfológicos e posturais (postura cor-
poral, lábios, língua, dentição, oclusão, palato duro, nariz, palato mole,
amígdalas palatinas e olhos); tonicidade (lábios, língua, bochechas e
mentális); propriocepção; mobilidade (lábios, língua e mandíbula);
funções (respiração, mastigação, deglutição, paladar e olfato) e hábitos
deletérios, além da avaliação da simetria e leitura facial (TASCA, 2004).
Tira-se fotos em quatro posições:de frente, de costas e dos dois perfis,
ou em três posições, de frente e de perfis. Filma-se o paciente durante a
avaliação de tono muscular. Essa análise constitui-se um recurso valioso
para a avaliação do processo e é fundamental para auxiliar a percepção
e a reeducação do indivíduo (PIEROTTI, 2004).
O tratamento terá como ponto de partida a queixa principal do
paciente. Realiza-se um trabalho de propriocepção, objetivando maior
autoconhecimento. Por meio de massagens, manobras de alongamento e
exercícios isotônicos e isométricos dos músculos da face, da língua, da mas-
tigação e dos supra e infra-hióideos, atua-se diretamente na musculatura,
aumentando a oxigenação dos tecidos, a mobilidade, trazendo o reequilí-
brio e o fortalecimento muscular. Normalmente são realizadas 14 sessões
incluindo anamnese, avaliação, devolutiva e terapia (PIEROTTI, 2004).
No processo terapêutico realiza-se de oito a dez sessões de uma
vez por semana. Elabora-se um planejamento terapêutico específico a
partir da avaliação envolvendo alongamento e relaxamento, modificações
de postura, reequilibrio das funções estomatognáticas, eliminação ou
diminuição de movimentos compensatórios ou desnecessários (SILVA;
HELMLINGER, 2008).
O tratamento miofuncional das rugas consiste, fundamentalmente,
na conscientização do sujeito sobre o problema identificado no diagnóstico
e sobre as mudanças de hábitos que seu tratamento requer, visando sua
ativa participação no processo terapêutico (ULSON, 2003).
Quanto ao processo de alta, inicialmente são realizadas duas sessões
com intervalo de quinze dias, solicitando posteriormente retorno de três
em três meses durante um ano (SILVA; HELMLINGER, 2008).
Desse modo, a Fonoaudiologia encontra-se em uma crescente busca
de alternativas para colaborar no equilíbrio miofuncional de face e pescoço,
ocupando um lugar no campo estético, contribuindo para um visual mais
belo, à medida que promove o equilíbrio da dinâmica dos músculos de

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ação facial (CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA, 2008).
Em um estudo de casos aplicou-se um protocolo de avaliação antes
do tratamento fonoaudiológico em 5 voluntárias. Foram realizadas 4 sessões
de terapia, com atendimento semanal, sendo realizada uma reavaliação
dos casos após o tratamento. Orientou-se os pacientes quanto à realização
de 2 a 3 exercícios específicos em casa e, posteriormente, o seu retorno
em 4 semanas. Reaplicou-se então o mesmo protocolo, constatando-se
redução de medidas da projeção do sulco nasogeniano ao tragus após 4
semanas e a simetria entre as hemifaces em 8 semanas; melhor definição
do ângulo mandibular e aumento da satisfação dos pacientes, o que de-
monstrou melhora da auto-estima. Melhores resultados foram observados
em paciente face curta (TOLEDO, 2006).
Relatou-se por meio de um estudo de caso, o trabalho de Mo-
tricidade Oral relacionado à suavização das rugas de expressão facial,
bem como a parceria entre a Fonoaudiologia e a Dermatologia. Foram
aplicados protocolos de anamnese e avaliação de motricidade oral. Após
cinco sessões de uma vez por semana, a evolução estética foi percebida,
constatando-se diminuição das marcas de expressão e sulcos ao redor da
boca, fornecendo a face um aspecto de harmonia e suavidade (FRANCO;
SCATTONE, 2002).
Com o objetivo de verificar a eficiência de exercícios isométricos
na redução da flacidez muscular, rugas e marcas de expressão propôs-se
a oito voluntários entre 31 e 66 anos que realizassem seis exercícios iso-
métricos para a musculatura da mímica facial, uma vez ao dia, durante
três meses. Foram fotografados antes e após tratamento. As regiões da
face que obtiveram melhores resultados foram o sulco nasolabial em 7
indivíduos, a região das olheiras em 5 indivíduos, as bochechas (dimi-
nuição da flacidez) em 4 indivíduos, as rugas transversais na testa em 3
indivíduos, as rugas ao redor dos olhos em 3 indivíduos, face descansada,
relaxada e serena em 3 indivíduos e lábios mais definidos com mudança
em sua postura em 1 indivíduo. Os resultados obtidos com a comparação
das fotos antes e após o tratamento levou à conclusão que a realização
sistemática dos exercícios isométricos favoreceu a diminuição das rugas,
marcas de expressão e flacidez facial em todos os indivíduos, variando o
local e o grau de melhora (TAKACS; VALDRIGH; FERREIRA, 2002).
Em um estudo de caso, constituído por 10 professores atendidos
no Hospital dos Servidores do Estado de Pernambuco, de ambos os sexos,
com idade entre 33 e 63 anos, todos os pacientes perceberam alguma
modificação na face após o tratamento fonoaudiológico. Referiram uma

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face descansada, relaxada e serena após a realização dos exercícios isométri-
cos. Em relação às rugas, oito pacientes observaram que elas tornaram-se
mais suaves e quatro pacientes referiram ter notado uma maior firmeza
em relação ao tônus da face. Os pacientes observaram diminuição das
rugas, marcas de expressão, flacidez facial e a suavização das marcas de
expressão. Relativo ao aspecto geral da face foi referida a sensação de leveza
por seis pacientes e descanso e rejuvenescimento por quatro pacientes,
que afirmaram melhora do aspecto do tegumento além da harmonia e
simetria facial, funcional e estética (PAES; TOLEDO; SILVA, 2007).
O conceito de beleza e jovialidade tem rompido barreiras. Homens
e mulheres estão cada vez mais propensos a realizar procedimentos de
rejuvenescimento facial. O ideal é encontrar um ponto de equilíbrio,
procurando uma forma preventiva que retarde os sinais do tempo. Além
do envelhecimento, a movimentação inadequada dos músculos orofaciais,
assim como a inadequação na realização das funções estomatognáticas são
também responsáveis pela alteração da tensão muscular. A Fonoaudiologia
com enfoque em estética tem por finalidade minimizar as expressões faciais
repetitivas, equilibrar a musculatura facial, proporcionando ao rosto um
aspecto mais harmonioso e simétrico, favorecendo uma expressão mais
equilibrada, promovendo uma melhora na auto-estima e qualidade de vida.
O objetivo deste trabalho é analisar a eficácia do trabalho fono-
audiológico na estética da face junto às alunas da oficina de estética da
UNATI/UCG.

MÉTODOS

Esse estudo foi desenvolvido na Universidade Aberta a Terceira


Idade-UNATI/UCG. A UNATI é um Programa Institucional de Extensão
que contempla a temática da Gerontologia. Apresenta como alguns dos
seus objetivos a educação continuada aos idosos, a formulação de polí-
ticas públicas, a socialização de conhecimentos envolvendo a temática,
além da melhora da qualidade de vida. Uma de suas frentes de atuação
é o curso UNATI que oferece oficinas multiprofissionais, dentre elas, a
Oficina de Fonoaudiologia Estética Facial.
A amostra deste estudo foi composta por 10 alunas da UNATI/
UCG, na faixa etária entre 55 e 87 anos de idade, do sexo feminino, par-
ticipantes da Oficina de Fonoaudiologia Estética da Face. Os encontros
foram semanais, com a duração de uma hora. No início do semestre 6
alunas desistiram por problemas diversos (cirurgia, nascimento de bisneto,

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viagem, desmotivação). Suas vagas na oficina da UNATI foram preen-
chidas com novas alunas, as quais não participaram da pesquisa por não
terem sido avaliadas, documentadas e trabalhadas no tempo proposto. A
análise dos resultados foi realizada com as 4 alunas que permaneceram
na oficina. Realizou-se o trabalho no período entre agosto e novembro
de 2008.
A coleta de dados inicial foi realizada no final de agosto de 2008,
na sala de documentação do departamento de Fonoaudiologia e Terapia
Ocupacional da UCG. Foram aplicados, na fase inicial, o protocolo de
anamnese, o protocolo de avaliação e a documentação dos casos, totalizando
2 encontros. Após essa coleta de dados realizou-se 10 sessões de terapia
individual uma vez por semana, junto às alunas da UNATI, na sala 209,
do Bloco “F”, da Área I, envolvendo orientações, exercícios isotônicos
e isométricos, além de manipulações faciais e cervicais. Cada aluna da
UNATI foi acompanhada por uma estagiária durante todo o trabalho.
As alunas da UNATI/UCG foram orientadas a realizar os exercícios em
casa, diariamente. Após a realização das sessões foram aplicados o pro-
tocolo de avaliação, um questionário envolvendo as mudanças de hábitos
e modificações observadas na face e a documentação final, totalizando 2
encontros. Da fase inicial à final ocorreram 14 encontros.
O protocolo de anamnese envolveu questões relativas à exposição
solar, pele, hábitos alimentares e viciosos, histórico dentário, sono, prática
de esportes, zona de tensão, intervenções dermatológicas e cirúrgicas e a
realização de massagens faciais. Os cremes faciais não foram restringidos.
O protocolo de avaliação, aplicado na fase inicial e final do tra-
balho fonoaudiológico, abordou a análise do formato do rosto, medidas
antropométricas da face, presença e classificação das rugas faciais, tensão
muscular orofacial em repouso, funções estomatognáticas de mastigação,
deglutição, fala e a leitura de um texto padronizado (na leitura oral buscou-
se analisar a realização de mímicas excessivas na região de testa e olhos).
A documentação inicial e final foi realizada a partir da coleta de
dados por meio de fotos e filmagem, utilizando-se para as fotos a câmera
da marca Sony FD 1000 e para a filmagem, a filmadora da marca Canon
EOS 3000. As alunas foram fotografadas na posição em pé, no enqua-
dramento de cabeça a colo (região do osso esterno), envolvendo a face e
o pescoço, de frente, meio perfil e perfil de cada lado (séria e sorrindo). A
filmagem foi realizada com a aluna sentada, de frente, no enquadramento
de cabeça a colo. Foram filmadas a mastigação, a deglutição, a fala e uma
leitura oral. Na mastigação foi utilizado um pedaço de pão francês com

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manteiga, sendo solicitado que comesse de forma usual. Na deglutição
com líquidos foi oferecido um copo de água e, com sólidos, um pedaço
de pão francês com manteiga. A fala espontânea foi registrada solicitan-
do-se à aluna que falasse seu nome, data de nascimento e atividades de
rotina e a leitura oral foi registrada na leitura de um texto padronizado.
O registro fotográfico foi gravado em disquetes e a filmagem em fitas
VHS, permanecendo arquivados no armário da sala de documentação
da Clínica-Escola de Fonoaudiologia da UCG.
Quanto ao processo terapêutico, nas sessões semanais realizou-se a
sequência de adequação da postura da aluna na cadeira (posição sentada
e relaxada), alongamento cervical, limpeza do rosto com soro fisioló-
gico e algodão (no sentido de baixo para cima), soltura alongamento e
aquecimento facial (com manipulações manuais, sem cremes, no sentido
da fibra muscular, de baixo para cima), manobras de tonificação (com
movimentos de deslizamento dos dedos na face e pescoço, de baixo para
cima, no sentido da fibra, com pressão das pontas dos dedos na origem dos
músculos). Foram, então, realizados os exercícios musculares orofaciais e
as funções estomatognáticas que se fizeram necessárias, sendo a região da
face e a quantidade determinadas a partir da avaliação inicial. Os exercí-
cios foram planejados individualmente conforme a necessidade de cada
aluna. Em algumas regiões da face foi priorizado o aumento da tensão
muscular enquanto em outras propôs-se o alongamento e o relaxamento
das fibras musculares buscando a harmonia facial. Os exercícios foram
realizados inicialmente na frente de um espelho (pequeno, individual) e
depois sem o mesmo para que o trabalho de propriocepção fosse alcançado.
Durante todo o processo terapêutico foi trabalhada a conscientização dos
movimentos faciais repetitivos apresentados.
Em casa orientou-se que os exercícios fossem realizados diariamen-
te, uma vez por dia, conforme o planejamento prévio. As manobras de
tonificação também foram realizadas em casa, uma vez de manhã e uma
vez à noite. Todos os procedimentos realizados em casa foram passados
por escrito e com desenhos ilustrativos. Para monitorar a realização dos
exercícios em casa, as alunas preencheram na folha dos exercícios os dias
em que os realizou, conforme orientação.
Das orientações realizadas esclareceu-se a importância do uso
do fotoprotetor, do óculos de sol, da ingestão de água, da qualidade do
sono, dos malefícios do cigarro, da importância da prática de esportes,
da visita ao dermatologista e ao cirurgião dentista e, fundamentalmente,
da conscientização das mímicas repetitivas realizadas por cada uma, a

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fim de minimizá-las.
O questionário aplicado na fase final investigou os cuidados tomados
com a face, as mudanças percebidas na face, quais foram as regiões onde
percebeu-se mudanças, se foram realizados os exercícios em casa conforme
orientação e qual o impacto da participação na oficina na vida do aluno.
Ao final de novembro de 2008, realizou-se uma devolutiva com
as alunas pesquisadas, com a apresentação dos resultados alcançados por
meio de fotos e filmagem.
Todas as alunas inscritas na Oficina de Fonoaudiologia Estética
Facial participaram da pesquisa. O critério de exclusão foi a presença de
alterações cognitivas, alterações anatomofisiológicas da face ou a realização
concomitante de massagens faciais.
Poderia surgir desconforto por parte das alunas pesquisadas no
momento da avaliação, documentação ou terapia, podendo haver algum
constrangimento ou frustração na não observação de melhora do quadro
inicial. Os mesmos foram minimizados pelas alunas pesquisadoras e pro-
fessora responsável, abordando cada aluna pesquisada de forma discreta
e esclarecedora quanto aos resultados. Não foram oferecidos resultados
milagrosos, pelo contrário, esclareceu-se que esta terapia é um método
natural, não invasivo e que pode apresentar limitações nos resultados
almejados dependendo do tipo de face, da conservação dos dentes, do
estado da pele e do não seguimento dos exercícios e orientações forne-
cidas. Foi oferecida pela professora responsável a assistência que fosse
necessária no caso de alguma intercorrência decorrente da participação
da aluna na pesquisa. As alunas pesquisadas poderão beneficiar-se com
a possibilidade de mudanças de hábitos, melhora na qualidade de vida e
na auto-estima, além de uma harmonia facial.
Foram utilizadas técnicas de estatística descritiva, sendo os resul-
tados ilustrados em gráficos e tabelas. As alunas pesquisadas poderão
notar melhora na face quanto à harmonia facial, qualidade de vida e
hábitos saudáveis.
A presente pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética e Pesquisa
da Universidade Católica de Goiás (UCG).

RESULTADOS

Realizou-se a análise dos dados levantados a partir da aplicação


dos protocolos, sendo os resultados descritos a seguir e ilustrados em
gráficos e tabelas.

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A análise dos resultados foi realizada com as 4 alunas que perma-
neceram na oficina.
Na anamnese encontrou-se que 75% das alunas (N=3) faziam uso
do filtro solar, 50% (N=2) expunham-se ao sol, 100% (N=4) referiram
pele seca e 100% (N=4) com rugas. Quanto aos hábitos alimentares,
25% (N=1) referiu preferência por consistência dura. Na mastigação,
50% (N=2) mencionaram dificuldades para mastigar, 50% (N=2) por
falta de força, 75% (N=3) por ausência dentária. Em relação aos hábitos,
25% (N=1) mencionou fumar, 50% (N=2) referiram mímicas repeti-
tivas, 75% (N=3) prótese parcial superior, 50% (N=2) prótese parcial
inferior, 25% (N=1) prótese total superior e 50% (N= 2) com implantes
dentários. No que se refere ao sono, 100% (N=4) mencionaram um
lado predominante, 100% (N=4) com boa qualidade. Quanto à prática
de esportes, 75% (N=3) afirmaram praticar e 100% (N=1) citaram zona
de tensão, sendo 75% (N=3) corporal e 25% (N=1) facial. Em relação a
intervenção dermatológica, 25% (N=1) submeteu-se as mesmas. Destas
25% (N=1) realizaram botox, 25% (N=1) cirurgia plástica na face e 25%
(N=1) no pescoço. Já 50% (N=2) referiram a realização de algum tipo
de massagem facial anterior.
Analisou-se os sujeitos 1 (87anos), 2 (72anos), 3 (55anos) e 4 (59
anos) em uma análise comparativa do pré e pós-tratamento fonoaudio-
lógico. As medidas antropométricas da comissura labial ao tragus estão
descritas na Tabela 1.

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Tabela 1: Distribuição das mudanças da medida da comissura labial ao
tragus das alunas da Oficina de Fonoaudiologia Estética Facial da UCG/
UNATI, no pós-tratamento fonoaudiológico
MU-
MEDIDA REGIÃO suj1 suj2 suj3 suj4 N %
DANÇAS
Diminuiu
x x x 3 75
a medida
LE
Aumen-
tou a x 1 25
medida
Manteve a
x 1 25
medida
Comissura
Diminuiu
labial ao LD x x 2 50
a medida
tragus
Aumen-
tou a x 1 25
medida
Manteve a
x x 2 50
diferença
LE /LD
Diminuiu
a diferen- x x 2 50
ça

Na medida do “vermelhão” do lábio superior com os lábios


unidos, em 50% (n=2) notou-se a sua manutenção e em 50% (N=2)
o seu aumento, em média, de 1,5mm.
No que se refere à análise dos ganhos estéticos observou-se em
100% (N=4) dos sujeitos a suavização de rugas e melhora da tensão
muscular. (Tabela 2)

Tabela 2: Distribuição dos ganhos estéticos observados nas regiões da


face e pescoço das alunas da Oficina de Fonoaudiologia Estética Facial
da UNATI/UCG, no pós-tratamento fonoaudiológico
REGIÕES DA Suj. Suj. Suj. Suj.
GANHOS ESTÉTICOS N %
FACE/PESCOÇO 1 2 3 4
Suavização de rugas x x x 3 75
Testa Diminuição da tensão mus-
cular x x x 3 75

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Suavização de rugas x x x 3 75
Região glabelar Diminuição da tensão
x 1 25
muscular
Diminuição das bolsas pal-
x x 2 50
pebrais inferiores
Olhos Abertura de olhos x x x x 4 100
Suavização de rugas x x 2 50
Melhora do contorno man-
Mandibular x x x x 4 100
dibular
Suavização de rugas x x x 3 75
Bochechas Melhora (aumento) da ten-
x x x 3 75
são muscular
Suavização de rugas x x 2 50
Lábios Aumento de volume x x 2 50
Diminuição da tensão mus-
x x x x 4 100
cular
Suavização de rugas x x x x 4 100
Periorbicular
Melhora da tensão muscular x x x x 4 100
Diminuição da flacidez x x x x 4 100
Submandibular Melhora (aumento) da ten-
x x x x 4 100
são muscular
Pescoço Diminuição da flacidez x x x x 4 100

Os aspectos mastigatórios estão descritos na Tabela 3.

Tabela 3: Distribuição dos aspectos mastigatórios das alunas da Oficina de


Fonoaudiologia Estética Facial da UCG/UNATI, no pré e pós-tratamento
fonoaudiológico
ANTES DEPOIS
ASPECTOS MASTIGATÓRIOS
N % N %
Predominância direita 3 75 0 0
Predominância esquerda 0 0 1 25
Lateralização Unilateral direita 0 0 0 0
Unilateral esquerda 1 25 0 0
Bilateral com alternância 0 0 3 75
Rotatórios 3 75 4 100
Movimentos Mandibulares
Verticais 1 25 0 0
Movimentos Compensatórios Mímica excessiva 3 75 0 0
Velocidade Lenta 1 25 1 25

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Quanto a deglutição percebeu-se que 50% (N=2) das alunas não
mais realizavam mímicas periorais e 50% (N=2) eliminaram a projeção
de cabeça.
Em relação a fala, 75% (N=3) apresentaram diminuição das mími-
cas repetitivas, apenas 25% (N=1) manteve-as. Na leitura oral, notou-se
que 25% (N=1) manteve as mímicas excessivas, 25% (N=1) diminuiu-as
e 50% (N=2) eliminaram-nas.
Os cuidados com a face relatados após o tratamento fonoaudioló-
gico estão visualizados abaixo. (Figura 1)

Cuidados com a face

100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Uso do filtro Uso de Mastigação Alimentação Evitou o sol Evitou Realizou
solar óculos bilateral saudável mímicas exercícios
escuros excessivas conforme
orientação

Figura 1: Distribuição dos cuidados com a face referidos pelas alunas da Ofi-
cina de Fonoaudiologia Estética Facial da UNATI/UCG, no pós-tratamento
fonoaudiológico

No que diz respeito às mudanças percebidas na face, 100% ( N=4)


das alunas observaram-nas, sendo essas leveza 100% (N=4), relaxamento
100% (N=4), rugas mais suaves 100% (N=4), firmeza 100% (N=4), face
descansada 100% (N=4), rejuvenescimento 100% (N=4).
Em relação às regiões da face, a região com maior percepção de
mudanças relatada foi a boca. (Figura 2)

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Figura 2: Distribuição das regiões da face e pescoço onde as alunas da Oficina de
Fonoaudiologia Estética Facial da UNATI/UCG perceberam mais mudanças, no
pós-tratamento fonoaudiológico

Das alunas pesquisadas, 75% (N=3) referiram a percepção por


outras pessoas das mudanças na face.
Quanto ao impacto da participação das alunas na oficina de estética
facial em suas vidas encontrou-se que 100% (N= 4) das alunas referiram
melhor auto-estima e maior convívio social. (Gráfico 3)

Figura 3: Distribuição do impacto na vida das alunas da sua participação


na Oficina de Fonoaudiologia Estética Facial da UNATI/UCG

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DISCUSSÃO

Preservar a juventude, desenvolver a beleza e a personalidade são


uma necessidade social (COLAS, 1990), relacionando-se à auto-estima,
à saúde física e mental. Desde as mais remotas civilizações cultua-se a
beleza e a aparência (FRANCO; SCATTONE, 2002).
Por volta dos 30 anos, podem surgir os primeiros sintomas do
envelhecimento facial tendo como principais fatores de aceleração o sol,
o cigarro, o estresse, o sedentarismo e os radicais livres (TASCA, 2004).
Pode-se observar a diminuição das fibras elásticas e colágenas (PIEROTTI,
2004), com o aparecimento de rugas superficiais ou profundas, estáticas,
dinâmicas ou gravitacionais (SILVA et al., 2007). Mímicas repetitivas
podem gerar rugas (TASCA, 2004), sendo importante a sua conscienti-
zação para a busca do equilíbrio da musculatura facial.
A expressão facial é resultante da ação de vários músculos transmitida
a pele pelo SMAS (CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA,
2008). Os músculos da expressão estão situados na fáscia superficial da
face (TASCA, 2004). Cerca de 80 músculos, ao se contraírem movimen-
tam a área da pele (TASCA, 2004) e seu desequilíbrio pode provocar
rugas (PIEROTTI, 2004; TASCA, 2004; TOLEDO, 2006), mesmo em
pessoas mais jovens (PIEROTTI, 2004).
A Fonoaudiologia Estética da Face visa avaliar, prevenir e equili-
brar a musculatura da mímica facial e/ou cervical promovendo simetria,
harmonia, favorecendo a estética (CONSELHO FEDERAL DE FONO-
AUDIOLOGIA, 2008). Busca uma reorganização miofuncional, dimi-
nuição de movimentos desnecessários, relaxamento da musculatura facial,
reorganização de posturas, suavizando a fisionomia (FRANCO, 2004).
Na intervenção fonoaudiológica realiza-se uma anamnese detalhada
(PIEROTTI, 2004; TOLEDO, 2006), uma avaliação da postura corporal,
da pele, da face, do sistema estomatognático, das funções estomatognáticas,
de hábitos inadequados, com a utilização de fotos e filmagem (PIEROTTI,
2004). Os registros de foto e filmagem auxiliarão a posterior análise dos
resultados pelo terapeuta e pelo paciente, facilitando a visualização das
regiões trabalhadas no pré e pós-tratamento.
O planejamento terapêutico é específico, elaborado a partir da ava-
liação, envolvendo alongamento e relaxamento, modificações de postura,
reequilíbrio das funções estomatognáticas, eliminação ou diminuição de
movimentos compensatórios ou desnecessários (SILVA; HELMLINGER,
2008). Por meio de massagens, alongamentos e exercícios isotônicos e

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isométricos busca-se o reequilíbrio muscular (PIEROTTI, 2004). O
tratamento consiste, fundamentalmente, na conscientização do sujeito
sobre seu problema e nas mudanças de hábitos que seu tratamento requer,
com participação ativa no processo terapêutico (ULSON, 2003).
Encontrou-se nesse estudo que a maioria das alunas afirmou ter
hábitos adequados como o uso de filtro solar, bom sono e a realização
da prática de esportes (SILVA; HELMLINGER, 2008). Apenas uma
afirmou fumar. Uma grande parte mencionou mímicas repetitivas e
dificuldades mastigatórias devido à problemas dentários. Uma minoria
citou intervenções dermatológicas e/ou cirúrgicas.
A partir da intervenção fonoaudiológica percebeu-se, quanto às
medidas antropométricas, uma diminuição da medida da comissura
labial ao tragus, melhora da simetria (TOLEDO, 2006) e aumento da
medida do “vermelhão” do lábio superior, evidenciando um equilíbrio
muscular das regiões trabalhadas.
Notou-se suavização das rugas da testa, da região dos olhos
(TAKACS; VALDRIGH; FERREIRA, 2002), das bochechas, da região
periorbicular (FRANCO; SCATTONE, 2002), glabelar e submandi-
bular. Houve uma considerável melhora da tensão muscular na região
submandibular, nos lábios e região periorbicular, na testa e na região das
bochechas (TAKACS; VALDRIGH; FERREIRA, 2002), na maioria
das alunas. Observou-se uma melhor definição do contorno mandibular
(TOLEDO, 2006), aumento do volume dos lábios e da abertura dos olhos.
As alterações mastigatórias foram freqüentes inicialmente, sendo
as alunas pesquisadas usuárias de próteses, sejam parciais ou totais, com
falhas dentárias. Uma minoria apresentou velocidade lenta. Ocorreram
mudanças significativas quanto à lateralização do alimento que tornou-
se bilateral e simultânea na maior parte pesquisada. As mímicas foram
reduzidas devido ao trabalho de conscientização, contribuindo na sua-
vização das rugas na região.
Verificou-se, inicialmente, alterações na deglutição, como mímicas
peribucais e projeção de cabeça, as quais apresentaram melhora a partir da
conscientização e treino mastigatórios. Com relação à fala e a leitura oral,
grande parte suavizou as mímicas exageradas. Observou-se na filmagem que
houve um reequilíbrio das funções estomatognáticas (FRANCO, SCAT-
TONE, 2002; TOLEDO, 2006; SILVA, HELMLINGER, 2008), o que
contribuiu para o alcance da suavidade, equilíbrio e rejuvenescimento facial.
As mudanças percebidas na face foram leveza, relaxamento, ru-
gas mais suaves, firmeza, face descansada e rejuvenescimento (SILVA;

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HELMLINGER, 2008), por todas as alunas. Com relação às mudanças
dos hábitos notou-se melhora do uso do filtro solar, da exposição ao sol
e das mímicas repetitivas, após a intervenção fonoaudiológica (SILVA;
HELMLINGER, 2008). As mudanças percebidas pelas alunas nas regiões
da face foram mais referidas na região da boca, sendo este um local de
significativo interesse por melhora. O maior impacto da participação das
alunas na oficina referiu-se à melhora da auto-estima (TOLEDO, 2006)
e ao maior convívio social.
É importante considerar que o tratamento fonoaudiológico em
estética facial deverá ter como ponto de partida a queixa principal do
paciente (TOLEDO, 2006), levando em consideração suas expectativas
e seus hábitos de vida para que os mesmos sejam trabalhados.
Apesar da faixa etária contemplada não ter sido a ideal para a
realização do trabalho fonoaudiológico em estética facial, os ganhos es-
téticos e funcionais foram significativos, trazendo mudanças importantes
na vida das alunas pesquisadas que perpassaram os aspectos estéticos,
melhorando a auto-estima e o bem-estar.

CONCLUSÕES

Chegou-se as seguintes conclusões a partir da análise dos resultados


do trabalho fonoaudiológico em estética da face na Oficina de Fonoau-
diologia Estética Facial da UNATI/UCG:
‡ Quanto às medidas analisadas observou-se uma diminuição da medi-
da da comissura labial ao tragus na maioria das alunas e melhora da
simetria facial com o equilíbrio da medida entre os lados, assim como
aumento do “vermelhão” do lábio superior na metade das alunas pes-
quisadas.
‡ Observou-se na face a suavização das rugas, o equilíbrio da tensão mus-
cular, o aumento da abertura dos olhos, a melhora do contorno mandi-
bular e a diminuição da flacidez.
‡ Na mastigação notou-se melhora na realização de mímicas excessivas
e adequação quanto a lateralização do alimento na maioria das alunas.
‡ Na deglutição houve melhora nas mímicas periorais e na projeção de
cabeça.
‡ Na fala e na leitura oral percebeu-se melhora quanto a diminuição de
mímicas repetitivas.

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‡ Observou-se que os cuidados com a face foram satisfatórios após a in-
tervenção fonoaudiológica.
‡ Mudanças na face como leveza, relaxamento, rugas mais suaves, firme-
za, face descansada e rejuvenescimento foram percebidas por todas as
alunas pesquisadas.
‡ A boca foi a região onde mais percebeu-se mudanças pelas alunas pes-
quisadas.
‡ O maior impacto da participação na Oficina de Fonoaudiologia Esté-
tica Facial na vida das alunas pesquisadas envolveu a melhora da auto-
estima e um maior convívio social.

ANALYSIS OF THE EFFECTIVENESS OF A SPEECH THERA


PIES WORK WITH AESTHETIC APPROACH

Abstract: intends to analyze the efficacy of the phonoaudiologic work in facial


esthetics, with students of the esthetics workshop of UNATI/UCG. Methods:
therapeutics sessions was realized with 04 students of UNATI/UCG com-
paring preview and post treatments. Results: it was verified a reduction of
the wrinkles, an improvement in facial symmetry, a better perform of the
stomatognathic functions of mastigation and deglutition, an equilibrium of
the muscle tension, promoting an improvement in their self esteem and quality
of life. Conclusion: It was concluded that the phonoaudiologic treatment in
facial esthetics contributed, not only to esthetics, but also, to functional gains,
improving the individuals’ quality of life.

Keywords: Speech therapy. Esthetics. Function. Face

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* Recebido em: 10.07.2010


Aprovado em: 10.09.2010

** Acadêmica de Fonoaudiologia na Pontifícia Universidade Católica (PUC


Goiás).

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*** Acadêmica de Fonoaudiologia na PUC Goiás.
****Acadêmica de Fonoaudiologia na PUC Goiás.
***** Acadêmica de Fonoaudiologia na PUC Goiás.
******Mestre em Biologia-Morfologia. Especialista em Linguagem e em Motri-
cidade Orofacial. Professora na PUC Goiás. E-mail: cejana_f@hotmail.com

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