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Braz J Otorhinolaryngol.

2014;80(6):533-539

Brazilian Journal of

OTORHINOLARYNGOLOGY
www.bjorl.org.br

ARTIGO DE REVISÃO

Congenital laryngeal anomalies☆,☆☆

Michael J. Rutter

Divisão de Otorrinolaringologia Pediátrica, Cirurgia da Cabeça e Pescoço, Centro Médico do Hospital Infantil de Cincinnati,
Cincinnati, EUA

Recebido em 30 de abril de 2014; aceito em 24 de maio de 2014

KEYWORDS Abstract 
Congenital laryngeal Introduction: It is essential for clinicians to understand issues relevant to the airway manage-
anomalies; ment of infants and to be cognizant of the fact that infants with congenital laryngeal anoma-
Difficult intubation; lies are at particular risk for an unstable airway.
Laryngomalacia; Objectives: To familiarize clinicians with issues relevant to the airway management of infants
Subglottic stenosis; and to present a succinct description of the diagnosis and management of an array of conge-
Vocal fold paralysis nital laryngeal anomalies.
Methods: Revision article, in which the main aspects concerning airway management of infants
will be analyzed.
Conclusions: It is critical for clinicians to understand issues relevant to the airway management
of infants.
© 2014 Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial. Published by Elsevier
Editora Ltda. All rights reserved.

PALAVRAS-CHAVE Anomalias congênitas da laringe


Anomalias congênitas
da laringe; Resumo 
Intubação difícil; Introdução: As anomalias congênitas da laringe estão em risco de uma via aérea instável,
Laringomalacia; sendo essencial que o clínico tenha uma boa compreensão dos problemas relevantes para o
Estenose subglótica; manuseio das vias aéreas de bebês.
Paralisia das cordas Objetivos: Familiarizar os clínicos com os problemas relevantes para o manuseio das vias
vocais aéreas de bebês e apresentar uma descrição sucinta do diagnóstico e tratamento de uma série
de anomalias congênitas da laringe.

DOI se refere ao artigo: http://dx.doi.org/10.1016/j.bjorl.2014.08.001



Como citar este artigo: Rutter MJ. Congenital laryngeal anomalies. Braz J Otorhinolaryngol. 2014;80:533-9.
☆☆
Instituição: Cincinnati Children’s Hospital Medical Center, Cincinnati, Ohio, EUA.
E-mail: mike.rutter@cchmc.org (M.J. Rutter).

© 2014 Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial. Publicado por Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados.
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Método: Artigo de revisão, no qual serão tratados os principais aspectos relacionados ao manu-
seio das vias aéreas de bebês.
Conclusões: É essencial que o clínico tenha um bom conhecimento dos problemas relevantes
ao manuseio das vias aéreas de bebês.
© 2014 Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial. Publicado por Elsevier
Editora Ltda. Todos os direitos reservados.

Visão geral tivas, como a pressão positiva contínua nas vias aéreas
(CPAP), pressão positiva em dois níveis nas vias aéreas
Tendo em vista que crianças com anomalias congênitas da (BiPAP), cânula nasal de alto fluxo ou traqueostomia.
laringe estão em risco de apresentar uma via aérea ins-
tável, é essencial que o clínico tenha um bom conhecimen- Intubação difícil
to dos aspectos relevantes ao manuseio da via aérea infan-
til. Com isso em mente, oferecemos ao leitor uma visão É particularmente difícil intubar crianças pequenas ou com
geral desses tópicos e, subsequentemente, apresentamos anomalias anatômicas da mandíbula. Do mesmo modo,
uma breve discussão do diagnóstico e tratamento de um crianças com microssomia, fixação temporomandibular,
espectro de anomalias congênitas da laringe. macroglossia e trauma maxilofacial constituem real desafio
para o profissional médico. Pode ser extremamente difícil
intubar crianças com retrognatismo, sobretudo as com
Considerações gerais sequência de Pierre-Robin, independentemente do grau de
retrognatismo ou obstrução das vias aéreas.
Prevenção de complicações As técnicas de intubação de rotina também podem cons-
tituir desafio em crianças nas quais se deve evitar a exten-
Embora uma intubação prolongada possa ser tolerada são do pescoço, como, por exemplo, naquelas com uma
durante semanas ou mesmo meses em neonatos, essa coluna vertebral cervical instável. O risco pode ser conhe-
tolerância diminui com o passar do tempo. Quanto maior o cido (como na criança com síndrome de Down) ou descon-
tempo de intubação da criança, maior o risco relativo de hecido (como na criança inconsciente com lesão craniana e
ocorrência de estenose subglótica (ESG) ou estenose glóti- possível lesão cervical). Se a intubação for um procedimen-
ca posterior (EGP). Uma combinação de fatores pode to eletivo, será válido obter radiografias simples em flexão-
aumentar o risco de lesão de laringe secundária à intu- extensão da coluna vertebral cervical nessas crianças com
bação. Esses fatores são: (1) composição e diâmetro do risco de instabilidade cervical. Embora crianças com sín-
tubo endotraqueal; (2) duração do tempo de intubação; (3) drome de Down, distúrbios de depósito de mucopolissaca-
agitação do paciente durante a intubação; e (4) problemas rídeos e anomalias cromossômicas importantes apresentem
que predispõem o paciente à lesão de mucosa (p.ex., maior risco de complicações, ainda assim a intubação pode
refluxo extraesofágico e queimaduras nas vias aéreas). ser feita com segurança, sem extensão cervical, na maioria
Entre esses fatores, o mais crítico é o diâmetro do tubo desses pequenos pacientes.
endotraqueal. Para minimizar a probabilidade de lesão pós- Em geral, é possível intubar o paciente por procedimento
intubação, o diâmetro do tubo endotraqueal deve tomar de rotina, com a maior lâmina laringoscópica possível com
por base as necessidades ventilatórias de cada criança, e anestésico, um tubo endotraqueal aramado (com a extremi-
não a sua idade. Mais especificamente, o tubo deve ser dade do guia em ângulo de 30-45° em uma criança retrogná-
suficientemente calibroso para permitir uma ventilação tica) e com aplicação de pressão na laringe. Se esse proce-
adequada, mas pequeno o suficiente para permitir vaza- dimento não for bem-sucedido, a intubação poderá ser
mento de ar através da subglote sob uma pressão subglóti- realizada com a ajuda de endoscopia com fibra óptica flexí-
ca < 20 cm H2O. Embora o neonato a termo médio deva vel transnasal, broncoscopia rígida com ventilação, auxiliado
acomodar um tubo endotraqueal de 3,5 mm, um neonato por um telescópio rígido de Hopkins ou optar por uma más-
com ESG congênita assintomática leve pode necessitar de cara laríngea. Mesmo nas crianças com dificuldade de intu-
um tubo endotraqueal de 2,5 mm. Em algumas crianças, o bação, uma via aérea oral mantida com máscara e balão
diâmetro ideal do tubo endotraqueal para a laringe talvez poderá ser suficiente até que se possa chegar a uma solução
não permita uma ventilação pulmonar/toalete adequada. mais definitiva. No caso de crianças em que a intubação se
Nessas crianças, um tubo endotraqueal mais calibroso, sem revelar particularmente difícil, em geral será preciso fazer
vazamento, poderá ser tolerado por algum tempo, pois o uma traqueostomia eletiva ou de emergência. Quando pos-
risco real de ocorrência de ESG ainda é baixo. sível, será desejável fazer a traqueostomia com a via aérea
Pode ocorrer um problema parecido em caso de baixa já assegurada com um tubo endotraqueal.
complacência pulmonar, em que uma pressão de vazamen-
to < 20 cm H2O talvez não permita uma ventilação adequa- A criança com traqueostomia
da. Uma solução possível é o uso de um tubo endotraqueal
com cuff de baixa pressão, permitindo uma ventilação sob As complicações do tubo de traqueostomia podem ser divi-
pressão mais elevada, mas ainda minimizando o trauma de didas em dois grupos: as relacionadas a abertura da tra-
laringe. Para alguns crianças, os riscos associados à intu- queostomia recente e as relacionadas à obstrução da cânula.
bação traqueal podem ser contornados pelo uso de alterna- Traqueostomias recentes apresentam o risco de deslocamen-
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to da cânula e subsequente dificuldade com seu reposiciona- uma a duas semanas do início do quadro. É prudente que se
mento. As precauções para que o deslocamento seja evitado faça o tratamento pré-operatório do refluxo gastroesofágico
são a maturação do estoma (a pele é suturada diretamente (RGE). A supraglotoplastia (também conhecida como epi-
à cartilagem traqueal) e a aplicação de suturas de ancora- glotoplastia) substituiu a traqueostomia como a intervenção
gem. Essas precauções são tomadas para que, no caso de de escolha. Trata-se de um procedimento endoscópico rápi-
ocorrer deslocamento da traqueostomia, a tração das sutu- do e efetivo, direcionado para a doença laríngea específica
ras de ancoragem abra a traqueostomia e ajude na recolo- do criança. Em geral, faz-se a divisão de ambas as pregas
cação da cânula. Por ocasião da realização da traqueosto- ariepiglóticas. Além disso, pode-se fazer a remoção de uma
mia, uma broncoscopia flexível permitirá a avaliação da ou ambas as cartilagens cuneiformes. Se apenas as pregas
posição do tubo, com a garantia de que este não ficará per- ariepiglóticas forem separadas, provavelmente não haverá
to demais da carina e nem invadirá algum brônquio. necessidade de intubação pós-operatória; contudo, deve-se
Podem ocorrer sintomas respiratórios em decorrência de considerar a manutenção da intubação até o dia seguinte nos
obstrução no interior da cânula ou distalmente a esse dis- os casos em que a cirurgia tenha sido mais extensa.
positivo. Em geral, a aspiração periódica na extremidade No pós operatório imediato, é desejável um pernoite na
(mas não mais adiante) do tubo evita sua obstrução. Aspi- unidade de terapia intensiva, pois o edema de laringe
ração é a intervenção inicial para uma suspeita de obs- pode comprometer a via aérea, implicando na necessida-
trução. Caso as dificuldades persistam, a cânula deverá ser de de reintubação. Geralmente é possível realizar a extu-
substituído. Se os sintomas continuarem, deve-se suspeitar bação 24 horas após a cirurgia. Em algumas crianças, a
de obstrução distal ao tubo. Idealmente, uma broncoscopia obstrução poderá persistir no período pós-operatório.4
flexível ao longo do tubo de traqueostomia confirmará o Uma laringoscopia com fibra óptica junto ao leito da
local de obstrução, e o uso de uma cânula mais longa talvez criança pode fazer o diagnóstico diferencial entre um
seja tudo o que é necessário para contornar a obstrução. A edema de laringe ou laringomalácia persistente. O trata-
pressão positiva alivia obstruções originadas de traqueoma- mento do refluxo ajuda a minimizar o edema de laringe.
lácia ou broncomalácia. Em uma situação de emergência, Ocasionalmente, o aspecto pós-operatório da laringe é
geralmente uma cânula de traqueostomia mais longa ou adequado, mas o criança ainda se encontra debatendo
uma cânula endotraqueal introduzido através do estoma com desconforto respiratório. Em tais casos, é possível
contornará a obstrução. que alguns pacientes tenham um componente neurológico
subjacente à laringomalácia. Embora, a princípio, os pro-
blemas neurológicos possam ser extremamente sutis,
Anomalias congênitas da laringe estes poderão se tornar muito mais evidentes com o pas-
sar do tempo.1,5 Esse subgrupo de crianças tem probabili-
Laringomalacia dade muito maior de necessitar da traqueostomia.

Laringomalácia é a causa mais frequente de estridor no Paralisia bilateral das cordas vocais
neonato,1 e na maioria dos casos, crianças portadoras dessa
anomalia apresentam sintomatologia por ocasião do nasci- Contrastando com a paralisia unilateral de corda vocal,
mento, ou nos primeiros dias de vida. Em geral, o estridor habitualmente, a paralisia bilateral é congênita. Embora
é benigno, sendo exacerbado pela alimentação, pelo choro essa condição seja em geral idiopática, também poderá ser
e na posição de decúbito supino. Em 50% dos casos, os sin- observada em casos de doenças do sistema nervoso central,
tomas pioram durante os primeiros seis meses de vida; e por exemplo, hidrocefalia e malformação de Chiari, do
em praticamente todas as crianças com laringomalacia os tronco cerebral.6 No caso de um criança com estridor e
sintomas desaparecerão por volta de um ano de idade.1 Em retrações causadas pela paralisia bilateral, haverá indi-
crianças com laringomalácia (aproximadamente 10%), há cação de traqueostomia. Como ocorre em casos de laringo-
necessidade de intervenção cirúrgica;1-3 nesses pequenos malácia, o diagnóstico é estabelecido pela laringoscopia
pacientes, os sintomas podem ser: apneia, cianose, com fibra óptica flexível transnasal, com o paciente des-
retrações graves e hipodesenvolvimento. Em casos extre- perto. A estabilização pode ser obtida com intubação, CPAP
mamente graves, observa-se cor pulmonale. ou cânula nasal de alto fluxo como medida contemporiza-
O diagnóstico é confirmado pela laringoscopia com fibra dora alternativa. Em até 50% das crianças, a paralisia desa-
óptica flexível transnasal. Os achados característicos são parece espontaneamente por volta de um ano de idade.
pregas ariepiglóticas curtas, com prolapso das cartilagens Portanto, em geral, a intervenção cirúrgica para descanu-
cuneiformes. Em alguns casos, também se observa uma lação deverá ser adiada até depois dessa idade.
epiglote em ômega (em forma de ω). Em decorrência do O objetivo da cirurgia é obter uma via aérea descanulada
efeito Bernoulli, observa-se um característico colapso das adequada, porém com preservação da voz e sem exacer-
estruturas supraglóticas durante a inspiração. Também é bação da aspiração. As opções cirúrgicas são: cordotomia a
frequentemente observada uma inflamação sugestiva de laser, aritenoidectomia parcial ou completa (endoscópica
laringite de refluxo. A necessidade de intervenção não é ou aberta), lateralização do processo vocal (orientada por
determinada pelo aspecto endoscópico da laringe, mas endoscopia ou aberta) e aplicação de enxerto de cartila-
pelos sintomas do criança. gem cricoide posterior.1,7 Não existe uma opção que, isola-
Crianças com laringomalácia raramente se apresentam damente, ofereça um resultado perfeito. Em uma criança
com comprometimento agudo das vias aéreas. Em cerca de com traqueostomia, frequentemente é desejável manter a
10% dessas crianças há necessidade de tratamento cirúrgico; traqueostomia, para que haja garantia de uma via aérea
o procedimento pode ser realizado semi-eletivamente, entre adequada antes da descanulação.
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Em geral, a paralisia bilateral adquirida das cordas vocais A avaliação da ESG depende de estudos endoscópicos. A
se mostra mais recalcitrante ao tratamento, em compa- endoscopia com fibra óptica flexível propicia informações
ração com a paralisia idiopática das cordas vocais, haven- sobre a função dinâmica das cordas vocais. A endoscopia
do, possivelmente, necessidade de mais de um procedi- rígida com telescópio de Hopkins possibilita o melhor exa-
mento para que a descanulação seja efetuada. Para me possível. Pode-se fazer uma avaliação precisa da endo-
pacientes que já passaram por tais procedimentos, o estri- laringe, inclusive com a classificação da ESG.8
dor pós-extubação pode melhorar com o uso de CPAP ou No caso de crianças com sintomas benignos e ESG de
com a cânula nasal de alto fluxo. O risco pós-operatório de baixo grau, a intervenção endoscópica pode ser efetiva. As
aspiração na criança deve ser avaliado por um videodeglu- opções endoscópicas são incisões radiais através da esteno-
tograma, antes do reinício da dieta normal. Durante as pri- se, com injeções de esteroides e dilatação da laringe.9 As
meiras semanas do pós-operatório, em certos casos obser- formas mais graves da ESG são tratadas mais adequada-
va-se maior risco de aspiração com o uso de certas texturas, mente com reconstrução aberta das vias aéreas. A recons-
particularmente líquidos ralos. trução laringotraqueal com o uso de enxertos de cartilagem
costal colocados através da secção da lâmina da cartilagem
Estenose subglótica cricoide é um método confiável e que resistiu à passagem
do tempo.10,11 Os enxertos de cartilagem costal podem ser
Acredita-se que a ESG congênita, definida como um lúmen ≤ inseridos através da lâmina anterior e/ou lâmina posterior
4,0 mm de diâmetro ao nível da cricoide em um criança a da cartilagem cricoide. Esses procedimentos podem ser
termo, tenha sua origem na ausência de recanalização do efetuados com um procedimento em dois estágios, com
lúmen da laringe. Trata-se de defeito em um continuum de manutenção do tubo traqueal e colocação temporária de
defeitos embriológicos que incluem atresia, estenose e um stent laríngeo supraestomal acima do tubo traqueal.
membranas laríngeas. Em sua forma mais benigna, a ESG Alternativamente, em casos selecionados pode ser efetua-
congênita fica evidenciada por uma cricoide normal com do um procedimento em apenas um estágio, com a remoção
diâmetro abaixo da média, geralmente de forma elíptica. do tubo traqueal no dia da cirurgia; a criança deverá per-
Uma ESG benigna pode se manifestar em infecções respira- manecer intubada durante 1-14 dias.12 Para o tratamento
tórias superiores recorrentes, em que um inchaço subglótico da ESG grave, resultados melhores podem ser obtidos com
mínimo precipita a obstrução das vias aéreas. Em uma a ressecção cricotraqueal, em comparação com a recons-
criança de pouca idade, a maior obstrução geralmente se trução laringotraqueal.13-15 Contudo, este é um procedi-
situa 2-3 mm abaixo das cordas vocais verdadeiras. Casos mento tecnicamente mais difícil, implicando em risco sig-
mais graves podem se apresentar com comprometimento nificativo de complicações. A reconstrução da via aérea
agudo das vias aéreas por ocasião do nascimento. Se a intu- subglótica é procedimento desafiador, e o paciente deverá
bação endotraqueal não for bem-sucedida, talvez haja ser otimizado antes de ser submetido à cirurgia. Na ava-
necessidade de intervenção antes da extubação. Quando não liação pré-operatória, deve-se ter em mente a avaliação e
for possível fazer a intubação, a traqueostomia por ocasião o tratamento do RGE, da esofagite eosinofílica, e de infe-
do parto poderá ser a diferença entre a vida e a morte. cções traqueais particularmente por Staphylococcus aureus
Surpreendentemente, é digno de nota que, tipicamente, os resistente à oxacilina (SARO) e Pseudomonas.16
neonatos apresentam poucos sintomas. Mesmo as crianças
com ESG de grau 3 (71-99% de obstrução)8 podem permane- Cistos saculares
cer assintomáticas durante semanas ou meses.
Com frequência, a ESG congênita está associada a outras O sáculo laríngeo é um pequeno divertículo contendo nume-
lesões e síndromes da cabeça e pescoço (p.ex., uma laringe rosas glândulas mucosas na extremidade anterior do ven-
pequena em um paciente com síndrome de Down). Após o trículo da laringe, se prolongando superiormente entre a
tratamento inicial da ESG, a laringe crescerá junto com o prega vestibular e a superfície interna da cartilagem tireoi-
paciente, e talvez não haja necessidade de uma inter- de.17 Os cistos saculares congênitos são ocupados por muco
venção cirúrgica subsequente. No entanto, se o manuseio e geralmente se prolongam em uma direção póstero-superior
inicial exigir intubação traqueal, haverá risco considerável até a falsa corda vocal e a prega ariepiglótica (i.e., cisto
de ocorrência de uma ESG adquirida, além da ESG congêni- sacular lateral).18 Caracteristicamente, esses cistos se apre-
ta subjacente. sentam juntamente com obstrução respiratória nos primei-
A avaliação radiológica da via aérea não intubada pode ros dias de vida, um choro abafado e disfagia. Tendo em
proporcionar ao profissional médico indícios acerca do local vista que o baixo tonus muscular predispõe à obstrução, um
e do comprimento da estenose. Algumas modalidades úteis dos maiores riscos para crianças com cistos saculares é a
de estudos por imagem incluem: 1) radiografias laterais dos indução de anestesia geral, com subsequente perda da via
tecidos moles cervicais em inspiração e expiração; 2) fluo- aérea e obstrução completa. Portanto, é imperativo que
roscopia para demonstrar a dinâmica da traqueia e laringe; seja feita uma laringoscopia flexível transnasal pré-operató-
e 3) radiografia de tórax. Mas a investigação mais impor- ria com a criança desperta para a avaliação da via aérea,
tante é a radiografia com filme de alta quilovoltagem das pois esse procedimento prevenirá possíveis problemas com a
vias aéreas. Esses filmes podem identificar o clássico afila- anestesia subsequente. Durante a anestesia, a via aérea
mento observado em pacientes com ESG, além de uma pos- pode ficar assegurada com um broncoscópio de ventilação
sível estenose traqueal. Essa última condição é geralmente apropriado, com um tubo endotraqueal aramado ou com um
causada por anéis traqueais completos, que podem predis- tubo endotraqueal colocado sobre um pequeno telescópio
por o paciente a uma situação com risco para a vida duran- de Hopkins. Considerando os riscos associados à anestesia,
te a realização da endoscopia rígida. esta deverá ser tentada apenas em presença de equipamen-
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to e de pessoal capaz de garantir a via aérea. O encaminha- aérea, especialmente em crianças que apresentam fístula
mento de um criança para avaliação radiológica que possa traqueoesofágica associada.
necessitar de sedação ou do uso de um anestésico poderá ter Embora os médicos possam contar com ferramentas
consequências desastrosas. Portanto, é aconselhável uma diagnósticas como a nasofaringoscopia flexível, avaliação
avaliação e a garantia da via aérea na sala cirúrgica; a ava- endoscópica da deglutição por fibra óptica, videofluros-
liação radiológica será considerada apenas depois de assegu- copia com deglutição de bário e broncoscopia flexível, o
rada a via aérea. padrão de excelência para o diagnóstico é a broncosco-
Embora, historicamente, os cistos saculares tenham sido pia/esofagoscopia rígida. Considerando que, com fre-
tratados via endoscópio com o uso de aspiração por agulha, quência, a fenda está oculta por uma mucosa redundan-
marsupialização ou excisão endoscópica, os resultados não te na glote posterior, não é raro que, durante uma
têm sido animadores, havendo, frequentemente, a necessi- avaliação inicial com broncoscopia flexível ou rígida, o
dade de vários procedimentos e de traqueostomia. Minha defeito passe desapercebido ou seja equivocadamente
preferência é pelo uso da abordagem cervical anterior, atra- diagnosticado.
vés da qual é identificado o bordo superior da cartilagem O tratamento envolve a manutenção de uma via aérea
alar da tireoide, fazendo-se em seguida a incisão da mem- apropriada e, ao mesmo tempo, a minimização do risco de
brana tireoidea ao longo de seu bordo superior. Essa aborda- aspiração. As decisões terapêuticas iniciais devem levar
gem propicia acesso ao cisto, que poderá ser cuidadosamen- em consideração se o criança necessita de uma traqueos-
te liberado por dissecção e removido intacto. Parte da tomia, colocação de tubo de gastrostomia ou fundoplica-
cartilagem tireoidea poderá ser removida para melhorar o tura de Nissen. Embora nenhum desses procedimentos
acesso, sendo recolocada depois da remoção do cisto. seja considerado essencial, cada um deles aumenta a pro-
babilidade de um reparo bem-sucedido da fenda. Também
Fendas laríngeas posteriores é crucial a proteção contra a aspiração, e a alimentação
nasojejunal pode ser uma forma útil de estabilização da
As fendas laríngeas posteriores são resultantes da não oco- criança. O reparo cirúrgico pode ser realizado por via
rrência da fusão do sulco laringotraqueal durante a embrio- endoscópica para a maioria das fendas do tipo 1 e para
gênese. Comumente, os pacientes exibem anomalias asso- algumas do tipo 2; contudo, fendas mais longas se esten-
ciadas que afetam as vias aéreas ou outros sistemas do dendo até a traqueia cervical ou torácica devem ser tra-
organismo. As anomalias associadas das vias aéreas são tra- tadas com reparo aberto. A abordagem transtraqueal pro-
queomalácia (> 80%) e formação de fístula traqueoesofági- porciona uma incomparável exposição da fenda, ao mesmo
ca (FTE) (20%). As associações que não envolvem as vias tempo em que os nervos laríngeos recorrentes ficam pro-
aéreas incluem certas anomalias anogenitais e RGE. A sín- tegidos. É recomendável que a oclusão seja efetuada em
drome mais comumente associada com as fendas laríngeas duas camadas, com a opção de se fazer um enxerto de
posteriores é a síndrome de Opitz-Frias, caracterizada por interposição, caso o procedimento justifique. Um enxerto
hipertelorismo, anomalias anogenitais e fendas laríngeas de interposição válido consiste na transferência livre de
posteriores. periósteo esternal.
Uma útil classificação anatômica proposta por Benjamin A fenda que oferece o maior desafio em seu reparo é a
e Inglis19 divide as fendas laríngeas posteriores nos quatro do tipo 4 longo, de rara ocorrência. Essas fendas exibem
subtipos a seguir: uma tendência para a ruptura da anastomose, e, frequen-
temente, o criança apresenta várias anomalias, tanto nas
Tipo 1: uma fenda interaritenoide supraglótica presente, vias aéreas como em outros locais.20 Nesse último caso,
mas não abaixo do nível das cordas vocais verdadeiras. Essa estão incluídas microgastria, poliesplenia e pâncreas anu-
fenda também pode ser considerada como uma incisura lar. A microgastria pode resultar em um refluxo gastroeso-
interaritenoide profunda. fágico incontrolável, não respondendo a fundoplicaturas.
Tipo 2: uma fenda cricoide parcial que se prolonga até a Antes de tentar o reparo cirúrgico da fenda, o cirurgião
cartilagem cricoide posterior, sem entretanto ultrapassá- deve decidir se a criança pode ser salva.
la. Os percentuais de sucesso para a fenda laríngea posterior
Tipo 3: uma fenda cricoide total, com ou sem extensão da variam de 50 a 90%, dependendo de uma série de fatores.
fenda até a traqueia cervical. O fator mais influente, capaz de comprometer um reparo
Tipo 4: uma fenda que se prolonga até a traqueia torácica. de fenda bem-sucedido, é a coexistência de uma fístula
traqueoesofágica congênita. Outros possíveis fatores inter-
Uma rara variante da fenda do tipo 4 (conhecida como tipo venientes são a gravidade da fenda, o tipo de operação
4 longo) é aquela que se prolonga até ou além da carina. escolhido pelo cirurgião e se a oclusão foi efetuada em uma
É importante que os profissionais médicos percebam a ou duas camadas. A revisão cirúrgica obtém menos sucesso
existência da grande superposição de sintomas entre os do que a cirurgia primária.20
vários tipos de fendas, e que os sintomas não são indicati-
vos da gravidade da fenda. Clinicamente, a aspiração é a Membranas laríngeas
“marca registrada” dessa anomalia. Embora possa ocorrer
uma aspiração perceptível em associação com apneia, cia- As membranas laríngeas representam uma falha de recana-
nose e mesmo pneumonia, frequentemente os sintomas são lização da via aérea glótica nas primeiras semanas da
microaspiração com episódios de sufocação, cianose tem- embriogênese. Praticamente todas (95%) as membranas
porária e infecções torácicas recorrentes. Uma traqueoma- laríngeas são anteriores; contudo, essas malformações são
lácia grave pode comprometer significativamente a via raras, compreendendo apenas 5% das anomalias congênitas
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da laringe. Embora não seja ainda conhecido o gene causa- preferência a um reparo tardio, pois haverá maior facilida-
dor da formação de membranas glóticas congênitas, foi de de realização em uma laringe mais calibrosa. Geralmen-
relatada uma associação significativa entre essa anomalia te, o reparo tardio é realizado por volta dos quatro anos,
e a síndrome de deleção do cromossomo 22q11.2 (síndrome com o objetivo de melhorar a qualidade da voz da criança
velocardiofacial).21,22 Tendo em vista que mais de 50% dos antes de seu ingresso na escola. Em crianças com um grau
pacientes com membrana glótica anterior apresentam a mais grave de comprometimento glótico, o reparo poderá
síndrome de deleção do cromossomo 22q11.2, seria pru- ser realizado mais precocemente. Opcionalmente, pode-se
dente encaminhar todos os pacientes com membranas gló- fazer uma traqueostomia, com planejamento de um reparo
ticas anteriores congênitas para avaliação genética. tardio. Essa abordagem se faz necessária em aproximada-
Algumas membranas são extremamente delgadas e trans- mente 40% dos pacientes com membranas espessas.
lúcidas; contudo, na maioria das vezes são espessas, estando As opções para o reparo de uma membrana glótica ante-
habitualmente associadas a uma “vela” subglótica que com- rior congênita são: colocação de uma prótese/stent de
promete o lúmen subglótico.1 Assim, as membranas podem Keel por via aberta (laringofissura) e reconstrução da
ser consideradas como uma forma de atresia parcial da larin- comissura anterior também por procedimento aberto. Pro-
ge. Por ocasião do nascimento, em geral, os neonatos exi- cedimentos endoscópicos, como, por exemplo, secção da
bem choro anormal ou angústia respiratória. Se um neonato membrana/sinéquia com laser ou colocação endoscópica
com membrana glótica anterior se apresentar com compro- da prótese não são aconselháveis. A secção com laser tende
metimento significativo das vias aéreas nas primeiras horas a resultar na neo-formação da membrana e não trata ade-
ou dias de vida, a membrana deverá ser considerada como quadamente a ESG subjacente que, em geral, está presen-
grave, havendo necessidade de uma intervenção de emer- te acompanhando o quadro. Da mesma forma, a colocação
gência nas vias aéreas. Apesar disso, o profissional médico endoscópica da prótese não trata a ESG. Por outro lado,
deve estar ciente de que os crianças são notavelmente tole- talvez possa ser uma opção em uma criança mais velha,
rantes ao comprometimento das vias aéreas e, mesmo aque- entretanto trata-se de uma técnica de difícil realização em
les com uma membrana glótica de grau moderado a grave crianças pequenas e crianças.
podem, a princípio, exibir apenas sintomas sutis das vias
aéreas. Tipicamente, esses sintomas são exacerbados ao lon- Hemangioma subglótico
go dos primeiros meses de vida. Em crianças com membra-
nas de grau moderado a grave, um estridor bifásico e as Embora geralmente os hemangiomas se apresentem ao
retrações se tornam cada vez mais evidentes, sobretudo nível cutâneo, esses defeitos podem ocorrer em qualquer
quando essas crianças estão chorando, ou ao se alimentar. outro local anatômico. A laringe, e em particular a subglo-
Para uma avaliação definitiva, devemos apelar para a te, é o local de apresentação mais comum na via aérea.
broncoscopia rígida ou flexível. São avaliados tanto a gra- Mais de 50% dos pacientes com um hemangioma subglótico
vidade da membrana como a sua extensão subglótica. A também apresentam hemangiomas cutâneos, o que serve
broncoscopia flexível proporciona uma visão excelente da de indicação da possível presença de uma lesão subglótica
comissura anterior, enquanto que a broncoscopia rígida sincrônica. Pacientes com hemangioma localizado em um
oferece mais vantagens quanto à avaliação do grau da ESG local de distribuição da barba (i.e., queixo, linha do maxi-
associada. Em crianças portadoras de membrana classifica- lar e área pré-auricular) estão em maior risco para um
da como grave, deve-se ter o cuidado de não comprometer hemangioma subglótico.23 A história natural desses heman-
ainda mais uma via aérea já prejudicada, sendo preferível giomas reflete a história natural das lesões cutâneas, com
a ventilação espontânea com a criança mantendo sua pró- uma fase inicial de proliferação seguida por uma fase de
pria via aérea, em lugar da intubação ou de uma traqueos- involução; entretanto, os hemangiomas subglóticos se
tomia de emergência. expandem e involuem mais rapidamente. Com o aumento
O tratamento da criança com uma membrana glótica do tamanho do hemangioma, ocorre progressiva deterio-
anterior extremamente delgada é diferente do tratamento ração da via aérea. Os sintomas incluem estridor bifásico
de uma membrana espessa com extensão subglótica – de com retrações, especialmente quando a criança está cho-
ocorrência muito mais frequente. A criança com uma mem- rando ou se alimentando. Também pode estar presente
brana glótica delgada talvez jamais venha a ser diagnosti- uma tosse ladrante, parecida com aquela observada em
cado, pois acredita-se que, em uma criança com compro- casos de crupe. Nos casos em que a obstrução é grave,
metimento neonatal das vias aéreas causado por este tipo podem ocorrer apneia, cianose e desfalecimento.
de membrana, a intubação para estabilização das vias Idealmente, faz-se a avaliação inicial com laringoscopia
aéreas pode realmente lisar a membrana e resolver com- flexível transnasal, com o paciente desperto. Esse procedi-
pletamente o problema. Em crianças com membrana ante- mento pode permitir a visualização da subglote comprome-
rior delgada diagnosticada por ocasião da broncoscopia, a tida e, mais importante ainda, também deve excluir outras
divisão da membrana com um bisturi em foice enquanto o causas de estridor neonatal, como laringomalácia e paralisia
criança está sendo atendido por um pequeno laringoscópio das cordas vocais. Uma criança com estridor progressivo e
de Lindholm terá efeito curativo. um exame glótico e supraglótico normal terá que passar por
Em crianças que se apresentam com uma membrana gló- uma laringoscopia/broncoscopia, a ser realizada em sala de
tica espessa, inicialmente será preciso tomar uma decisão: cirurgia, com anestesia geral. Conforme foi mencionado
se o reparo deve ser feito logo no período neonatal ou mais anteriormente neste artigo, tendo em vista que os crianças
tarde, quando a criança tiver mais idade. Em crianças com são notavelmente tolerantes ao comprometimento progres-
membrana classificada como de grau leve ou moderado e sivo das vias aéreas subglóticas, pode existir um comprome-
sem comprometimento clínico das vias aéreas, deve-se dar timento de 80-90% do lúmen subglótico no momento da
Congenital laryngeal anomalies 539

broncoscopia rígida. Em crianças para os quais há suspeita 11. Cotton RT. The problem of pediatric laryngotracheal stenosis: a
de envolvimento extralaríngeo (p.ex., com hemangiomas clinical and experimental study on the efficacy of autogenous
cutâneos localizados na região de distribuição da barba), cartilaginous grafts placed between the vertically divided lam-
ina of the cricoid cartilage. Laryngoscope. 1991;101:1-34.
deve-se obter um estudo de IRM ponderada em T2 e com
12. Gustafson LM, Hartley BE, Liu JH, Link DT, Chadwell J, Koebbe
contraste de gadolínio. Por causa do risco de hemorragia,
C, et al. Single-stage laryngotracheal reconstruction in chil-
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Em sua maioria, os pacientes devem ser tratados com 2000;123:430-4.
combinação de modalidades terapêuticas. No Centro Médi- 13. White DR, Cotton RT, Bean JA, Rutter MJ. Pediatric cricotra-
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com problemas cardiovasculares. Ao longo dos últimos 15. George M, Jaquet Y, Ikonomidis C, Monnier P. Management of
severe pediatric subglottic stenosis with glottic involvement. J
anos, um grande número de artigos documentou resultados
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excelentes obtidos com o uso desse agente,24-29 e isso mudou
16. Statham MM, de Alarcon A, Germann JN, Tabangin ME, Cohen
o tradicional paradigma da farmacoterapia e do tratamen- AP, Rutter MJ. Screening and treatment of methicillin-resistant
to cirúrgico. Na maioria dos casos, a terapia com proprano- Staphylococcus aureus in children undergoing open airway sur-
lol substituiu tanto a ressecção aberta como a endoscópica, gery. Arch Otolaryngol Head Neck Surg. 2012;138:153-7.
e tornou a traqueostomia dispensável. Além disso, uma 17. Janfaza, P. Montgomery WW, Randolph GW. Anterior regions of
revisão recente (2013) de 41 estudos de propranolol reve- the neck. In: Janfaza P, Nadol JB, Galla R, Fabian RL, Mont-
lou baixo percentual de eventos adversos graves.30 O trata- gomery WW, editores. Surgical anatomy of the head and neck.
mento é habitualmente mantido durante um mínimo de Philadelphia, PA: Lippincott Williams & Wilkins; 2001. p. 629-74.
seis meses; em seguida, o propranolol é descontinuado. 18. Cotton RT, Prescott CAJ. Congenital anomalies of the larynx. In:
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Tendo em vista que a cessação prematura dessa terapia
Philadelphia, PA: Lippincott-Raven Publishers; 1999. p.497-513.
pode resultar em novo crescimento dos hemangiomas,29 é
19. Benjamin B, Inglis A. Minor congenital laryngeal clefts: diagnosis
essencial que se faça um cuidadoso monitoramento duran- and classification. Ann Otol Rhinol Laryngol. 1989;98:417-20.
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