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REVISTA DE P S I C O L O G I A - ESPECIAL

A
FORÇA
D OÁLCOOL
, 1

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BSMHMnHHHBHBB^
Daniel Nascimento Daliavalle*

UMA ANTIGA REDE SOCIAL

// U s o u F O R T E PARA B E B I D A !
POSSO T O M A R V Á R I A S E NÃO
• H F I C O B Ê B A D O ! " Q U E M NUNCA
E S C U T O U ESSA AUTOPROMOÇÃO DE
UM A M I G O OU C O N H E C I D O D U R A N T E
U M A F E S T A DO C O L É G I O , DA F A C U L -
D A D E , OU DO E S C R I T Ó R I O ? E S S A G L A -
M O R I Z A C Ã O DO B E B E R É M U I T O M A I S
COMUM Q U E IMAGINAMOS E A P A R E -
C E E M T O D O S OS E S T R A T O S S O C I A I S E
E M T O D A S AS I D A D E S . E M T E M P O S D E
F A C E B O O K E R E D E S SOCIAIS, V E M O S
CONSTANTEMENTE VERDADEIRAS
B E A T I F I C A Ç Õ E S D E B E B I D A S ALCOÓ-
LICAS, COM R E V E R Ê N C I A I N C L U S I V E ,
T R A D U Z I D A AO M U N D O D I G I T A L C O M O
P O S T A G E N S D E FOTOS COM " K I T S " D E
B E B I D A , ASSOCIADOS A COMENTÁ-
RIOS E N A L T E C E N D O O P R A Z E R PRO-
PORCIONADO POR T A L SUBSTÂNCIA:
" H O J E A N O I T E VAI S E R F O R T E ! " .
TAIS COMENTÁRIOS F A Z E M MUITAS
O U T R A S PESSOAS S E S E N T I R E M "CA-
R E T A S " P O R NÁO C O N S E G U I R E M E N -
T E N D E R POR QUÊ, MUITAS V E Z E S , A
Q U A N T I D A D E E NÃO A Q U A L I D A D E É O
MAIS IMPORTANTE.
O ler 1110 álcool rcícre se a um gniiule yju[m cie
moléculas orgânicas c|ue possuem um grupo liidroxila
{ 011) ligatio a um átomo de carbono saturado. O álcool
etílic o, também chamado etanol, é a forma comum do
álcool, às v(r/.es chamado de álcool de tebida, c; é usado
para beber. Sua fórmula química é CH, Ql^ OH.
Os paladares e sabores característicos das bebi
das que contêm álcool resultam de seus métodos de
produção, (jue geram vários congéneres no produto
linal, incluindo metanol, butanol, aldeídos, fenc)is, ta
niiios e cjuanticlacles traço de vários mcítais. I.mbora
os congéneres possam conferir algutis efeitos psicoa
tivos diferenciais nas bebidas que contém álcool, es
sas diferenças são mínimas em comparação aos cífei
tos cio próprio etanol (Kaplan & Sadock, 2(){)7). Iodas
essas subslánc:ias, associadas ao contc;xto em que o
ato de beber sc- insere, muitas vcv/.es gera um ambien
te (íxtremaineiilc pra/eroso e c|ue, assim como todas
as coisas (|ue gcuam pra/er. airmcnrlam a vontade de
busca pela repetição de tais sensações. O início do uso
de álcool, muitas ve/es, está associado ao contexto
social e á fac ililação da aproximação quc> o mcísmo
causa entre as pessoas. Muitas pessoas, mesmo as
C)ue não possuem transtoinos rel.icionados ao álcool,
sentem se distantes e não participativas em festas
que não possuem bebidas alcoólicas. Ao |)asso que o
co|)o na mão, mesmo cjuc; dentio dele contenha uma
bebida não alc:oc')lica (uiri guai anã, por exem[)lc), para
[)arc;c:er um destilado), faz com c|ue automatic.miente
SOCIABILIDADE - A FORÇA DO ÁLCOOL

a pessoa se sinta pertencente ao grupo. Em alguns que concluíram a faculdade do que entre os que não
ambientes e grupos sociais, existe um estímulo ao concluíram o ensino médio. Mas podemos perceber
consumo excessivo de álcool, por exemplo, entre que os transtornos relacionados ao álcool aparecem
adolescente e estudantes universitários e em casas entre pessoas de todas as classes socioeconómicas.
noturnas, respectivamente. Entretanto, alguns gru- De fato, pessoas que são o estereótipo alcoolista
pos culturais e étnicos são mais reservados do que de rua constituem menos de 57» da população com
outros quanto ao consumo. Por exemplo, os asiáti- transtornos relacionados ao álcool nos Estados Uni-
cos. Existe inclusive uma explicação científica para dos ( Kaplan & Sadock, 2007).
esse menor consumo entre os asiáticos, partindo de Cabe salientar que as mulheres tendem a ser
descobertas de variações em enzimas metaboliza- mais sensíveis aos efeitos adversos do uso do álcool
doras do álcool em até 40/í dos japoneses, chineses, quando usam a mesma quantidade de doses que ho-
coremos e grupos relacionados em todo o mundo. mens. Uma das explicações é que as mulheres apre-
Essa alteração é causada por padrões genéticos di- sentarem menor quantidade de uma enzima que de-
ferentes e afetam a resposta ao álcooL Ao consumir grada o álcool no estômago, sendo mais suscetíveis
a substância, os asiáticos podem exibir rubor na aos seus efeitos.
face e sentirem palpitações, reações que podem ser Entretanto, sabemos, hoje em dia, que a genética
tão graves a ponto de limitar ou impedir novas i n - talvez tenha um papel mais relevante que o ambiente
gestões, e consequentemente, reduzir o risco para familiar no risco de desenvolvimento de transtornos
transtorno por uso de álcool (DSM-5, 2014). relacionados ao uso do álcool. Sabese que indivíduos
Assim como os fatores culturais, os hábitos fa- com história familiar positiva para transtornos por
miliares, em especial dos pais para com a bebida, uso de álcool têm de 3 a 4 vezes mais chance de de-
podem afetar os hábitos das pessoas em relação ao senvolverem problemas com uso de álcool, mesmo
álcool (Kaplan & Sadock, 2007). quando criados longe dos pais biológicos.
Um fato interessante é que, ao contrário do pa- Está muito claro para a ciência que a predis-
drão para drogas ilícitas, quanto mais alto o nível posição genética está intimamente ligada ao quão
educacional, mais provável é o uso de álcool. Cerca prazeroso o hábito de beber pode ser, mas como ci-
de 70°/í daqueles com diplomas universitários be- tado anteriormente, esse envolve muitos outros me-
bem álcool, em comparação, apenas 407» das pessoas canismos, como reforços feitos por grupos sociais. É
com formação abaixo do ensino médio. Entretanto, comum de nossa espécie buscar o convívio, intera-
o uso compulsivo de álcool é menor entre aqueles gir com outras pessoas. Nesse sentido, o álcool entra
como um facilitador, como um fator de ligação entre
o indivíduo e o grupo. Algo um pouco parecido com
o que acontece hoje com o uso das redes sociais,
quando aproximam pessoas que por alguma difi-
culdade não teriam tal contato. As redes sociais são
utilizadas por pessoas mais tímidas ou com transtor-
no de ansiedade sociafpor exemplo, como portas de
acesso ao contato interpessoal. O álcool, desde muito
antes da invenção das redes sociais, já era usado
para esse propósito. Ter uma conta no Facebook faz
você se sentir pertencente ao grupo social em que
está inserido, sensação que muitas vezes é conse-
guida em festas, como dito, ao segurar um copo e
não parecer um "careta". Algumas doses de álcool,
muitas vezes, geram uma sensação de poder, de for-
ça, que também sentimos atrás do celular, quando
postamos mensagens ou comentários, muitas vezes
inadequados, os quais jamais exporíamos ao vivo.
Acabamos fazendo isso talvez devido à sensação de
estarmos "blindados" dentro do mundo virtual. Em
algumas festas e reuniões, também precisamos nos
blindar e nos expormos de dentro de um copo bem
reforçado de uísque.
Essas semelhanças entre o uso de álcool e re-
des sociais geram outros questionamentos: o que
"Um fato interessante é que, ao contrário do padrão estamos tentando alcançar ou aliviar quando "in-
para drogas ilícitas, quanto mais alto o nível educa- gerimos" o álcool ou mesmo quando buscamos esse
cional, mais provável é o uso de álcool." contato um tanto mais distante via mecanismos digi-
tais. O álcool, por ser uma substância que estimula o Quando ingerimos tal dose, em média, Vòl do
centro do prazer e que proporciona sensação de re- álcool consumido é absorvido no estômago e o res-
laxamento, por si só, gera sim, sensações agradáveis. tante no intestino delgado. A velocidade do seu efeito
Infelizmente, o álcool é uma droga lícita em nos- depende de a pessoa ter bebido com o estômago va-
so país e consumir bebidas que contenham álcool é zio (que aumenta a absorção) ou cheio (que retarda
considerado hábito comum e aceitável em boa parte a absorção). Sabemos também que beber rapidamen-
do mundo. Dados americanos revelam que em torno te reduz o tempo para o início do efeito do álcool, por
de 9 0 7 . de seus habitantes já tomaram pelo menos gerar reflexos que evitam que o álcool saia do estô-
uma bebida que contivesse álcool, e cerca de 5 1 1 de mago. Entretanto, tal reflexo, também pode resultar
todos os adultos são usuários, sendo que cerveja re- em náusea e vómito.
presenta a metade de todo o consumo; os destilados, Quando absorvido pela corrente sanguínea, ê
um terço, e o vinho, um sexto (Kaplan & Sadock, 2 0 0 7 ) . distribuído para todos os tecidos do corpo. Os efeitos
No Brasil, dados do Centro Brasileiro de Infor- psíquicos surgem quando o álcool alcança o cérebro
mações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID), refe- e são maiores quando a concentração no sangue
rentes aos dois levantamentos domiciliares sobre está subindo do que quando está caindo. E ele cai
o uso de drogas psicotrópicas realizados no país, exatamente por que é metabolizado no fígado ( 9 0 7 . )
mostram que a dependência do álcool aumentou de ou excretado pelos rins e pulmões. Uma dose gera o
11,27o em 2 0 0 1 para 1 2 , 3 / í em 2 0 0 5 . (Laranjeira, R et ali, nível de álcool no sangue de um homem de 7 0 kg em
2 0 1 0 ) . Moralidades à parte, se não fossem substân- 15 a 2 0 mg/dl, que é a concentração metabolizada em
cias que gerassem algum prazer, não seriam consu- uma hora (Kaplan & Sadock, 2 0 0 7 ) .
midas nessas proporções. Durante todo esse trajeto feito pelo álcool em
Considera-se que uma dose individual conte- nosso organismo, experimentamos as mais variadas
nha cerca de 1 2 g de álcool, que é o conteúdo de 3 5 0 sensações corporais e emocionais. Como resultado
ml de cerveja, uma taça de 1 2 0 ml de vinho ou de 3 0 das atividades moleculares, o álcool funciona como
a 4 5 ml de destilado (por exemplo, uísque ou gim) depressivo. Em nível de 0 , 0 5 7 „ de álcool no sangue, o
(Kaplan & Sadock, 2 0 0 7 ) . raciocínio, o julgamento e a censura são afrouxados

"Infelizmente, o álcool ê uma droga licita em nosso país e consumir bebidas que contenham álcool
ê considerado hábito comum e aceitável em boa parte do mundo."
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e, às vezes, perturbados. Em concentração de 0,1 1, preocupação e vergonha, associada, concomitante-


as ações motoras voluntárias lornam-se perceptivel- mente, à sensação de liberdade, de prazer, de po-
mente desajeitadas. Com 0 , 2 ° / í , o funcionamento de der e de felicidade. Algumas vezes conseguimos
toda a área motora é mensuravelmente deprimido, isso com tal estratégia. O problema surge quando
e as partes do cérebro que controlam o comporta- essa estratégia falha e começamos a nos deparar
mento emocional também são afetadas. Com 0 , 3 / í , a mais com os sentimentos negativos do que com os
pessoa fica confusa ou estuporada e com 0 , 4 a 0 , 5 % sentimentos positivos. Nesse momento, podemos en-
entra em coma. Em níveis mais elevados que 0 , 5 7 o , tender um pouco por que é tão difícil para algumas
normalmente os centros primitivos do cérebro que pessoas aceitarem que a balança começa a tender
controlam a respiração e a frequência cardíaca são mais para os prejuízos do que para os ganhos com o
afetados, e a morte ocorre após depressão respirató- uso contínuo da substância.
ria direta ou aspiração de vómito. Enquanto a maioria dos usuários às vezes
Entretanto, pessoas com história de abuso de consome álcool o suficiente para se sentir intoxi-
álcool de longa duração, todavia, conseguem tolerar cado, apenas uma minoria (menos de 2 0 7 , ) chega a
concentrações muito mais elevadas do que aquelas desenvolver o transtorno. Portanto, a ingestão de
que bebem pouco. A tolerância pode fazer com que bebidas alcoólicas, mesmo que diariamente, em pe-
pareçam menos intoxicadas do que realmente estão. quenas doses, e intoxicação eventual não fecham,
E é nesse momento que aquele amigo se aproxima, por si só, esse diagnóstico (DSM-5, 2 0 1 4 ) .
com aquela sensação de desinibição e de poder. Diz Dos que começam a apresentar transtornos
que tem total poder sobre o consumo de álcooL já por uso de álcool, a maioria começa a sofrer com
que bebe e não sente seus efeitos (Kaplan & Sadock, os efeitos e com as consequências deste uso. Em um
2 0 0 7 ) . Com o início da intoxicação, algumas pessoas primeiro momento, esses transtornos podem passar
ficam falantes e gregárias, ao passo que outras se despercebidos, inclusive gerando alívio de sensações
tornam retraídas e taciturnas ou agressivas. Certos desagradáveis, como citado acima. Podem sentir que
indivíduos apresentam humor instávef com episó- estão dominando o uso do álcool, por não sentirem
dios intermitentes de riso ou choro. mais seus efeitos tóxicos como sentiam no início, isso
Voltando um pouco à comparação feita ini-
cialmente, percebemos que a vida real muitas vezes "Mas, olhando essa mesma situação de outro ponto de
imita a vida digital e, assim como no Facebook e em vista, podemos nos perguntar também quantas vezes já
outras redes sociais, existe uma tendência de as fo- vimos matérias sobre 'a parte encharcada dessa grama',
tos serem focadas naquele canto do jardim onde a sobre os malefícios do uso abusivo de tal substância."
grama realmente está mais verde, deixando de mos-
trar as partes secas ou mesmo encharcadas de tanto
serem regadas.
Pois então, regar a grama demais pode matá
-la, disso ninguém duvida. Mas por que muitos indi-
víduos tendem a negar as evidências de que "regar"
a própria vida com álcool traz prejuízo? Muitas ve-
zes, lemos em revistas ou assistimos na TV grandes
reportagens sobre os benefícios do uso de pequenas
quantidades de bebidas alcoólicas diariamente e do
seu poder de prolongar a vida. Aliás, os possíveis
efeitos benéficos do álcool já foram anunciados, es-
pecialmente por seus fabricantes e distribuidores.
A maior parte da atenção concentra-se em dados
epidemiológicos, os quais sugerem que uma ou duas
taças de vinho tinto por dia reduzem a incidência de
doenças cardiovasculares. Contudo, esses achados
são bastante controversos (Kaplan & Sadock, 2 0 0 7 ) .
Mas, olhando essa mesma situação de outro
ponto de vista, podemos nos perguntar também
quantas vezes já vimos matérias sobre "a parte en-
charcada dessa grama", sobre os malefícios do uso
abusivo de tal substância.
Em algumas situações, a noção de benefício
associado ao uso de álcool vem exatamente do alí-
vio que o mesmo causa ao nos permitir uma fuga
de sensações desprazerosas, como ansiedade, medo,
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passa muitas vezes uma sensação de poder, quando Muitas vezes, além do fenómeno de tolerância,
se comparam aos demais bebedores, aos vê-los so- é frequente que os indivíduos consumam a substân-
frendo com os efeitos de intoxicação com doses me- cia em quantidades maiores ou por períodos mais
nores que a sua. Nessas situações de glamorização longos do que o pretendido, que sintam desejo per-
e de autoengrandecimento, além de predisposições sistente de uso ou que façam esforços mal sucedidos
específicas que tais indivíduos podem ter, podem es- no sentido de reduzir e controlar o uso. Acabam gas-
tar ocorrendo, muito provavelmente, o que chama- tando muito tempo em atividades necessárias para
mos de fenómeno de tolerância, que ocorre quando a obtenção de álcool, na utilização de álcool ou na
é preciso utilizar doses maiores para se atingir um recuperação de seus efeitos e, quando não podem
mesmo efeito dessa substância ou quando um efeito utilizar a substância, passam a apresentar fissura
acentuadamente reduzido é obtido após o consumo (craving no inglês). O craving, resumindo, é um forte
da dose habitual. Esse fenómeno varia de um indiví- desejo ou necessidade de usar álcool.
duo para outro e também varia de uma substância Com o tempo e o uso recorrente de álcool, aca-
para outra, sendo tão importante que faz um dos bam apresentando certo fracasso em desempenhar
critérios utilizados no diagnóstico de Transtornos papéis importantes no trabalho, na escola ou em
Relacionados a Substâncias Químicas. casa. Os problemas interpessoais começam a surgir
Segundo o DSM-5, existem diversos tipos de e acabam abandonando ou reduzindo as atividades
transtornos que são induzidos pelo uso de âlcoof sociais, profissionais ou recreacionais. Podem negli-
os chamados Transtornos por Uso de Álcool. Óbvio genciar os cuidados com os filhos ou com os afaze-
que nem todas as pessoas cjue usam álcool possuem res domésticos, bem como colocarem a si mesmos e
um transtorno por Uso de Álcool, pois, para que seja aos outros em situações de risco.
considerado transtorno, deve haver comprometi- Outro fato importante é que tais sujeitos, mes-
mento ou sofrimento clinicamente significativo, per- mo após perceberem os prejuízos físicos e psicológi-
cebido pelo próprio indivíduo ou pelas pessoas pró- cos, permanecem com o uso, muitas vezes a fim de
ximas, e esses devem ocorrer durante um período evitar quadros de abstinência, que são quadros com
mínimo de 12 meses. sintomas desconfortáveis que surgem após a parada
abrupta ou redução no uso de álcool (DSM-5, 2007).
Nas grandes cidades, percebemos que as taxas
são elevadas entre os semteto, talvez refletindo a
queda vertiginosa no funcionamento social e profis-
sional, embora a maioria dos indivíduos com trans-
torno por uso de álcool continue a viver com suas
famílias e a trabalhar.
Começamos a perceber que alguns indivíduos
que buscam um maior convívio social e um alívio de
dores e transtornos através do álcool, na maioria
das vezes, acabam alcançando exatamente o oposto.
As complicações médicas da intoxicação i n -
cluem as que resultam de quedas, como hematomas
intracranianos e fraturas. Em climas frios, pode ha-
ver hipotermia e morte quando a pessoa é exposta às
intempéries. Essa condição também pode predispor a
infecções secundárias à supressão do sistema imu-
nológico. Logo a intoxicação, em algumas situações,
não é uma condição trivial, "apenas um porre", e
geram tremores, instabilidade no caminhar, insónia,
disfunção erétil, quadros de hipoglicemia e pode le-
var a coma, depressão respiratória e morte causada
por parada respiratória ou por aspiração de vómito.
O tratamento dos casos graves exige, muitas vezes,
ventilação mecânica em unidade de tratamento in
tensivo (Kaplan & Sadock, 2007).
Do ponto de vista psiquiátrico, uma alteração
relatada em episódios de uso agudo de álcool é a cha-
mada intoxicação idiossincrática. Ela é uma síndrome
comportamental grave que se desenvolve logo após a
pessoa consumir pequena quantidade de álcool, que
teria efeitos comportamentais mínimos sobre a maio-

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SOCIABILIDADE - A FORÇA DO ÁLCOOL

Outros sintomas frequentemente citados por


usuários de álcool são os apagões relacionados nor-
malmente a quadros de intoxicação, que geram alte-
rações no hipocampo, com bloqueio da consolidação
de novas memórias em memórias antigas.
Durante o apagão eles experimentam um défi-
cit específico da memória de curta duração, no qual
há incapacidade de recordar eventos que aconte-
ceram nos últimos 5 a 10 minutos. Como suas fa-
culdades intelectuais são preservadas, essas pessoas
podem realizar tarefas complicadas e parecerem
normais para quem observa, aparentando saber o
que estão fazendo. Entretanto, dificilmente se lem-
brarão de tais fatos posteriormente.
Quando os transtornos por uso de álcool não
são tratados começam a surgir outros problemas
psiquiátricos e clínicos. Sabemos, por exemplo, que
usuários de longa data podem exibir redução no
tamanho dos testículos e efeitos feminilizantes
associados a níveis reduzidos de testosterona. No
sexo feminino, o seu uso abusivo está associado a
irregularidades menstruais e, durante a gestação,
aborto espontâneo.
Erente aos recentes casos de microcefalia no
Brasil, cabe ressaltar a importância da síndrome
"Posteriormente, a ingestão repetida e crónica de alcoólica fetal que ocorre quando mães que bebem
doses elevadas de álcool pode afetar praticamente expõem os fetos ao álcool. A substância gera malfor-
todos os sistemas de órgãos." mações craniofaciais e defeitos dos membros e do
coração em bebés afetados, resultando, muitas ve-
zes, em microcefalia. As mulheres com transtornos
ria das pessoas. Essas pessoas podem ficar confusas
relacionados ao álcool apresentam risco de 35°/o de
e desorientadas, experimentarem ilusões, delírios pas-
ter um filho com defeitos (Kaplan & Sadock, 2007).
sageiros e alucinações visuais. Podem ter dificuldade
Posteriormente, a ingestão repetida e cróni-
em parar de se mexer e comportamento agressivo
ca de doses elevadas de álcool pode afetar prati-
e impulsivo. Tendem a ser perigosas para terceiros,
camente todos os sistemas de órgãos. Por exemplo,
tentar suicídio, o que pode exigir internação psiquiá-
no sistema gastrintestinal, está associada à gastrite,
trica. O transtorno, descrito em geral com a duração
úlceras estomacais ou duodenais, cirrose hepática e
de algumas horas, termina em sono prolongado, e as
pancreatite. Vale ressaltar que mesmo em episódios
pessoas afetadas não conseguem recordar os episó- curtos, como uma semana de ingestão de grande
dios ao acordar. A causa da condição é desconhecida, quantidade, pode ocorrer um acúmulo de gorduras e
mas sabemos que é mais comum entre aqueles com proteínas no fígado e consequente lesão desse órgão.
níveis elevados de ansiedade, com idade avançada, Também há aumento nas taxas de câncer de cabeça,
com uso concomitante de substâncias sedativohip- de pescoço, de esôfago, de estômago, de fígado, de
nóticas e com fadiga. O comportamento da pessoa colo e de pulmão. Além disso, os maus hábitos ali-
enquanto intoxicada tende a ser atípico. Após bebida mentares de pessoas com transtornos relacionados
fraca, alguém calmo e tímido se torna beligerante e ao álcool podem causar sérias deficiências vitamíni-
agressivo (Kaplan & Sadock, 2007). cas, em especial do complexo B.
Outros quadros de transtornos psiquiátricos No sistema cardiocirculatório, o uso está asso-
também podem ser gerados por quadros de intoxi- ciado à hipertensão leve, miocardiopatia, desregula-
cação e de abstinência de álcool, como por exemplo, ção do metabolismo de lipoproteínas e triglicerídeos
transtorno psicótico induzido por álcool (com um e maior risco de infarto do miocárdio e de doenças
quadro muitas vezes semelhante à esquizofrenia); cerebrovasculares.
transtorno bipolar induzido por álcool; transtorno Também pode afetar o sistema hemato-
depressivo induzido por álcool; transtorno de an- poiético, que é responsável pela formação de
siedade induzido por álcool, transtorno de ansie- células do sangue.
dade generalizada; transtorno do sono induzido Dentre os quadros neurológicos, há relação
por álcool e disfunção sexual induzida por álcool com neuropatia periférica, caracterizada por fra-
(DSM-5, 2007). queza muscular, formigamentos e diminuição da
sensibilidade periférica, bem como convulsões, défi- Quando vemos alguém se gabar por beber
cits cognitivos, grave comprometimento da memória muito, por "ser forte" ao álcool, devemos sempre
e alterações degenerativas do cerebelo. nos perguntar se no fundo a pessoa não pode estar
Um mito em relação ao uso do álcool é que precisando de ajuda especializada, seja por proble-
este ajudaria as pessoas a dormirem melhor. Isso mas próprios pelo uso do álcool, seja por autotrata-
não é verdade porque, embora o álcool consumi- mento, utilizando a substância como uma maneira
do à noite possua a tendência de auxiliar o indiví de lidar, tratar ou mascarar outras dores ou trans-
duo a pegar no sono, está associado à redução do tornos. Temos que ter em mente que o processo de
sono REM (que é um dos estágios do sono e quando adoecimento pelo álcool na maior parte das vezes se
ocorrem os sonhos). Também há redução do sono estende por um longo período de tempo. Geralmente
profundo e uma fragmentação do sono. Todas essas iniciam por quadros de intoxicação por álcool no pe-
alterações levam a episódios mais frequentes e mais ríodo intermediário da adolescência. E antes mesmo
longos de despertares, prejudicando a qualidade do dos 20 anos já percebemos alguns problemas mais
sono e levando a um sono não reparador. leves decorrentes do uso. Em seu ápice, entre 20 e 25
Como vemos, a aparente força frente ao ál- anos, aparecem quadros mais característicos e que
cool pode estar minimizando seus verdadeiros são diagnosticados mais claramente. Os sintomas de
prejuízos pessoais e sociais. Nos Estados Unidos, abstinência geralmente surgem antes de outros sin-
onde existe uma boa coleta de dados estatísticos, tomas e complicações e seguem com um curso va-
riável, que é caracterizado por períodos de remissão
cerca de 200 mil mortes por ano estão diretamen-
e recaídas. Nesse curso, é comum que o indivíduo
te relacionadas ao uso de álcool e essa é a primei
tente e consiga ficar abstinente por algum tempo,
ra causa de morte relacionada ao uso de substân-
tentando controlar o consumo. Contudo, assim que a
cias. Uma parte significativa dessas mortes é por
ingestão de álcool é retomada, é muito provável que
causas automobilísticas. Motoristas embriagados
o consumo aumente rapidamente e que volte aos
estão envolvidos em 501 de todas as mortes por
níveis anteriores (DSM-5, 2014).
acidentes de trânsito, e essa porcentagem aumen
ta para 757. quando se consideram apenas os que Um fator que aumenta muito a chance de re-
ocorrem na madrugada. Sabe-se também que o caídas é a síndrome de abstinência que se desenvol-
uso e os transtornos relacionados ao álcool estão ve quando o uso é interrompido de maneira abrupta.
associados a 507. de todos os homicídios e a 257, de De 6 a 8 horas após a interrupção surge o tremor.
todos os suicídios.
Outro dado interessante é que o uso abusivo
pode reduzir a expectativa de vida em 10 anos, e o
álcool é a primeira causa de morte relacionada ao
uso de substâncias (Kaplan & Sadock, 2007).
Dentro dessa intrincada rede de forças, vale a
pena comentar que muitos indivíduos apresentam
transtornos por uso de álcool como comorbidade.
Vimos acima que muitos transtornos são gerados
peJo uso de álcool. Entretanto, alguns indivíduos com
transtornos psiquiátricos estão pré dispostos a de
senvolverem transtornos pelo uso do álcool, prin-
cipalmente aqueles com grande impulsividade ou
prejuízo no juízo critico. Muitas vezes, eles utilizam
o álcool como tentativa de autotratamento, a fim de
minimizar os sintomas de outras patologias psiquiá
tricas e clínicas.
Por isso, é muito comum encontrarmos mais
que um diagnóstico em pacientes que apresentam
transtorno por uso de álcool. Podemos encontrar,
por exemjáo, quadros de transtorno bipolar, esqui
zolirenia, transtornos depressivos e de ansiedade.
Um dado muito apontado é a relação muito frequen
te entre transtorno de personalidade antissocial e
transtornos por uso de álcool.
Logo, é fundamental diagnosticarmos essas
outras alterações, a fim de que possam ser tratadas "Todas essas alterações levam a episódios mais fre- •
e não sirvam como mantenedores do transtorno de queraes e mais longos de despertares, prejudicando a
usodeâkooL qualidade do sono e levando a um sono nõo reparador."
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que é um sinal clássico da síndrome, associado a ou- é importante informar que o uso prolongado de ál-
tros sintomas como aumento da frequência cardíaca, cool pode gerar quadros irreversíveis, como ocorre
sudorese, náuseas, vómitos, ansiedade, irritabilidade, no transtorno amnéstico persistente induzido pelo
vermelhidão no rosto, edema, boca seca, midríase álcool. Esse quadro também é chamado de Síndrome
(que é a dilatação da pupila), aumento leve da pres- de Wernicke-Korsakoff e geralmente inicia por um
são, agitação e insónia. Em 8 a 12 horas podem surgir quadro de alteração na marcha, tonturas, desequi-
quadros psicóticos com alucinações e, em 24 horas, líbrio, confusão e uma variedade de anormalidades
podem ocorrer convulsões e delirium tremens. na motilidade ocular. Se não tratada em fase inicial,
No delirium tremens, que é uma emergência pode evoluir para uma condição crónica, onde so-
médica com risco de mortalidade de 20 1, as pessoas mente 20% dos pacientes se recuperam. Ambas são
acometidas constituem risco para si mesmo e para os causadas pela deficiência de tiamina (um subtipo de
outros. Nessa síndrome, além de sintomas graves de vitamina envolvida na transmissão de informações
abstinência, os indivíduos podem apresentar febre, entre os neurónios) e são geradas por hábitos nu-
níveis oscilantes de atividade psicomotora, variando tricionais inadequados ou problemas de absorção.
de quadros em que não param de se movimentar Com tantas informações desanimadoras, po-
a quadros em que não saem da cama. Cerca de SI demos ter a impressão de que os transtornos por
das pessoas com transtornos relacionados ao álcool uso de álcool são condições intratáveis. Entretanto,
e que são hospitalizadas têm delirium tremens. Os esses casos mais graves representam apenas uma
episódios geralmente começam após 5 a 15 anos de pequena parcela, sendo que o paciente típico tem um
consumo pesado, as doenças físicas (por exemplo, prognóstico muito mais promissor.
hepatite ou pancreatite), quadros prévios de absti- Quanto mais precoce o diagnóstico e o
nência e uso de sedativos predispõem à síndrome. tratamento, melhores são as chances de resul-
Quadros graves de abstinência, portanto, mui- tados satisfatórios.
tas vezes necessitam de internações psiquiátricas Durante vários anos, as intervenções terapêu-
em hospitais gerais ou em hospitais psiquiátricos ticas para o alcoolismo ficaram limitadas ao período
que contenham bom suporte clínico. de desintoxicação, ao alívio de sinais e sintomas da
Fora as situações de gravidade acima, também síndrome de abstinência do álcool, com o uso de ben-
zodiazepínicos e reposição vitamínica, associadas ã
aplicação de diversas abordagens psicossociais.
Dentro das abordagens não farmacológicas,
somos obrigados a mencionar a importância de téc-
nicas psicoterápicas, principalmente da terapia cog-
nitivo comportamental (TCC) para o tratamento de
todas as fases do transtorno por uso de álcooL
À medida que aumentam as evidências científi-
cas do uso de uma combinação medicamentosa junto
com uma intervenção psicológica breve no tratamen-
to do alcoolismo, aumentam também as possibilida-
des de adequação do tratamento dessa patologia em
ambientes de atenção primária (Laranjeira, R et aU,
2010). Com essa boa associação, esses transtornos
podem ser tratados em sua maioria fora do ambien-
te hospitalar. Mesmo em quadros graves em que há
necessidade de internação, a TCC tem se mostrado
de fundamental importância, pois traz técnicas espe-
cíficas para cada um dos estágios em que o paciente
pode estar em relação ao transtorno. Muitas vezes, é
necessário psicoeducar e motivar o paciente para a
mudança, principalmente em estágios iniciais. Outras
vezes precisamos ensinar técnicas para o manejo da
fissura, fazer reestruturação cognitiva de crenças
disfuncionais ou mesmo utilizar técnicas de preven-
ção de recaída. Resumindo, essa abordagem psicote-
rápica parece ter ótimas ferramentas, auxiliando no
tratamento dessa patologia, independentemente do
"Quadrosgraves de abstinência, portanto, muitas
vezes necessitam de internações psiquiátricas em estágio da doença e do local onde será tratada.
hospitais gerais ou em hospitais psiquiátricos que Nos últimos 10 anos, tem sido observado um
contenham bom suporte clínico." significativo aumento no uso de intervenções te-
rapêuticas farmacológicas para o tratamento do
alcoolismo devido aos avanços nos conhecimentos
da neurociência. Temse observado um interesse
crescente pelo desenvolvimento de fármacos que
possam auxiliar na prevenção das recaídas e no
manejo da fissura {craving) pelo álcool. Para que
seja eficaz, um fármaco deve ser tomado com regu-
laridade. A não adesão medicamentosa é um pro-
blema muito comum na prática médica, não ficando
restrita a pacientes com dependência de substân-
cias psicoativas. As razões para a não adesão ao
tratamento incluem negação da doença, efeitos
colaterais desagradáveis e falsas crenças sobre a
medicação (em geral, relacionadas à impotência se-
xual, dependência, ficar "chapado", "babando" ou
engordar). (Laranjeira, R et ali, 2010). Crenças na
sua maior parte distorcidas, pois há uma probabi-
lidade maior do uso de álcool gerar tais situações
do que o uso de medicações para o seu tratamento.
Dentre tais medicações, destaca-se o uso "Para auxiliar os pacientes a manter a abstinência, po-
dos benzodiazepínicos em quadros agudos, bem demos utilizar várias outras medicações. O dissulfiram
como reposição de vitaminas e tratamento espe- é uma delas. Ele foi o primeiro medicamento aprovado
cífico para outras doenças clínicas e psiquiátri- para o tratamento do transtorno por uso de álcool."
cas comórbidas.
Para auxiliar os pacientes a manter a abs- e outras substâncias pode ser perigosa e até fa-
tinência, podemos utilizar várias outras medica- tal, geralmente por insuficiência respiratória. Os
ções. O dissulfiram é uma delas. Ele foi o primei- efeitos do álcool e de outros depressivos no sis-
ro medicamento aprovado para o tratamento do tema nervoso central (SNC) costumam ser sinér-
transtorno por uso de álcool. Esse medicamento gicos. Sedativos, hipnóticos e medicamentos que
age no metabolismo hepático e, quando o álcool é aliviam a dor, o enjoo, os resfriados e os sintomas
ingerido, ocasiona um acúmulo de uma substância de alergia devem ser usados com cuidado por
chamada acetaldeído, causando uma reação co- pessoas com transtornos relacionados ao álcool.
nhecida como efeito antabuse, que se caracteriza Por isso, nunca tome medicações sem avaliação
por rubor facial cefaleia, aumento da frequência médica prévia.
cardíaca, dor no peito, náuseas, vómitos, sudo- Por fim, é importante lembrarmos que esse
reses e cansaço. Quando a quantidade de álcool problema tem tratamento e que, apesar de ser
ingerida é grande, a reação pode progredir para impossível prever se um indivíduo irá atingir a
visão borrada, vertigem, confusão mental, pressão abstinência, sabemos que quando o paciente per-
baixa, rebaixamento do nível de consciência e, nos manece por um período de um ano ou mais sem
casos mais graves, coma e morte. O dissulfiram uso de álcool passa a ter uma chance maior de se
age, portanto, como um "freio externo", com base manter longe da substância. Outros fatos que cer-
no conhecimento prévio do aparecimento de rea- tamente contribuem para a melhora são os níveis
ções desagradáveis consequentes do ato de beber. de motivação do paciente (em querer parar com a
Entretanto, mostra pouco efeito na fissura (La- substância), a qualidade do sistema de apoio social
ranjeira, R et ali, 2010). No uso do dissulfiram, o do paciente e a disponibilidade de tratamento ade-
paciente deve saber que mesmo pequenas doses quado para outros transtornos clínicos e psiquiá-
de álcool podem gerar reação adversa. Portanto, tricos concomitantes.
deve evitar contato com alguns desodorantes, per- Depois de colocarmos todas essas informa-
fumes, álcool vinagre e produtos de limpeza. ções em uma balança, concluímos que utilizar o
Como o dissulfiram não apresenta boa respos- álcool não parece a melhor das estratégias de en-
ta na fissura e nas recaídas, é importante sabermos frentamento. Seja para obtermos a aproximação de
que ultimamente temos à disposição drogas com po- outras pessoas, seja na formação de redes sociais.
tencial de diminuir tanto esses sintomas quanto com Também não parece eficaz na busca da sensação
a função de prevenir outros sintomas de abstinên- de liberdade. Nesse caso, as consequências a longo
cia. Naltrexona, Nalmefene, Acamprosato são alguns prazo de um uso adequado do Facebook, tendem a
entre muitos tratamentos propostos para esse fim. ser bem menos desastrosas.
Já que o tópico é sobre medicações, cabe
sempre lembrar que a interação entre o álcool * Daniel Nascimento Daliavalle é médico psiquiatra.

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G R A N D E S T E M A S DO C O N H E C I M E N T O •

•5*81 mmi M i c i íii


i ESPECIAL ALCOOLISMO

TRATAMENTO
E APOIO FAMILIAR
O alcoólatra precisa de constante
apoio dos amigos e parentes paraj
evitar a recaída, pois ele nunca?
. . . . . ^ ^ serijm adictrf

COMO TUDO
COMEÇA
Entender as origens do
problema ajuda a evitar que ele
se agrave e também auxilia na
busca por um caminho de
recuperação e reabilitação

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