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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS

JULIANA OSELIERI SILVA

ADOÇÃO E INTENÇÃO DE USO DE ESPAÇOS COWORKING COMO


POTENCIALIZADORES DO EMPREENDEDORISMO.

Belo Horizonte
2018
JULIANA OSELIERI SILVA

ADOÇÃO E INTENÇÃO DE USO DE ESPAÇOS COWORKING COMO


POTENCIALIZADORES DO EMPREENDEDORISMO.

Monografia apresentada ao Departamento de Ciências


Administrativas da FACE/UFMG Orientador (a): Profª
Drª Juliana Maria Magalhães Christino Co-orientardor:
Érico Aurélio Abreu Cardozo

Belo Horizonte
2018
JULIANA OSELIERI SILVA

ADOÇÃO E INTENÇÃO DE USO DE ESPAÇOS COWORKING COMO


POTENCIALIZADORES DO EMPREENDEDORISMO.

Monografia apresentada ao Departamento de Ciências


Administrativas da FACE/UFMG Orientador (a): Profª
Drª Juliana Maria Magalhães Christino Co-orientardor:
Érico Aurélio Abreu Cardozo

Belo Horizonte, 05 de Junho de 2018

BANCA EXAMINADORA

Profª Miria Miranda de Freitas Oleto


Universidade Federal de Minas Gerais

Profª Drª Juliana Maria Magalhães Christino


Universidade Federal de Minas Gerais
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, que por meio da sua Graça e misericórdia permitiu
que eu concluísse mais essa etapa da minha vida. Agradeço aos meus pais, que sempre
estiveram do meu lado, apoiando, incentivando e me proporcionando oportunidades para que
eu alcançasse meus objetivos. Um obrigada especial para minha mãe que tanto se empenhou
para me ajudar a angariar respondentes. Agradeço a Juliana, minha orientadora, pela
disposição e norteamento para a conclusão desse trabalho. Agradeço ao Érico, doutorando e
co orientador dessa pesquisa, pela grande ajuda e empenho na pesquisa. Agradeço a Ariane,
pelo apoio e companheirismo de sempre que foram essenciais nessa etapa. Agradeço a toda
minha família, pelo apoio e orações feitas em nome desse objetivo. Agradeço aos meus
amigos, em especial ao João Paulo e Adriana, pelo empenho e ajuda na coleta de dados.
Agradeço também a todos os respondentes que tornaram viável a realização dessa pesquisa.
Por fim, agradeço a UFMG e todos os seus colaboradores, que contribuíram para a conclusão
desse curso. Sem dúvidas a minha alma mater, que levarei por onde for.
RESUMO

O presente estudo visa analisar os fatores que antecedem a intenção e uso de Espaços de
Coworking. Para tanto, a pesquisa utilizou como base teórica o modelo UTAUT2 (Unified
Theory of Acceptance and Use of Technology 2), proposto por Venkatesh, Thong e Xu
(2012), extendendo o modelo com a adição dos construtos: Ambiente de Trabalho,
Independência e Networking em busca de um maior entendimento sobre a potencialização do
Empreendedorismo através dos Espaços de Coworking. A pesquisa pode ser caracterizada
como exploratória-descritiva com uma abordagem quantitativa, na qual foi utilizada a
aplicação de um questionário survey, que por sua vez foi aplicado a uma amostra de 259
usuários de espaços de Coworking. As análises dos dados obtidos foram feitas através da
Modelagem de Equações Estruturais (SEM - Structural Equation Modeling). Os resultados
obtidos através da análise, demonstraram que Ambiente de Trabalho, Expectativa de
Desempenho, Expectativa de Esforço e Hábito explicam significativamente a intenção de uso
de espaços Coworking. O construto “Hábito” mostrou-se também influente sobre o
“Comportamento de Uso” dos usuários. As conclusões do presente estudo apontam para a
importância do conhecimento das motivações que levam usuários de espaços Coworking
fazerem uso desse tipo de ambiente. O estudo demonstra que os espaços de Coworking tem
sido uma alternativa para aqueles trabalhadores que buscam um ambiente diferente, o que
evidencia a necessidade de adaptação a uma nova tendência econômica. Portanto, conhecer os
fatores que influenciam essa preferência é de muita importância.

Palavras-chave: Coworking. UTAU2. Aceitação de tecnologia. Equações Estruturais.


ABSTRACT

The present study aims to analyze the factors that precede the intention and use of Coworking
Spaces. For this, the research was based on the UTAUT2 (Unified Theory of Acceptance and
Use of Technology 2), proposed by Venkatesh, Thong and Xu (2012), extending the model with
the addition of the constructs: Work Environment, Independence and Networking in search of
a greater understanding on the empowerment of Entrepreneurship through Coworking
Spaces. The research can be characterized as exploratory-descriptive with a quantitative
approach, in which the application of a survey questionnaire was used, which in turn was
applied to a sample of 259 users of Coworking spaces. The analysis of the data obtained was
done through Structural Equation Modeling (SEM). The results obtained through the analysis,
demonstrated that Work Environment, Performance Expectation, Expectation of Effort and
Habit significantly explain the intention to use Coworking spaces. The "Habit" construct was
also influential on users' "Use Behavior". The conclusions of the present study point to the
importance of knowing the motivations that lead users of Coworking spaces to make use of
this type of environment. The study shows that the spaces of Coworking have been an
alternative for those workers who seek a different environment, which shows the need to adapt
to a new economic trend. Therefore, knowing the factors that influence this preference is
indeed important.

Keywords: Coworking. UTAU2. Acceptance of technology. Structural Equations


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 — Teoria
. . . . . . da
. . Ação
. . . . . Racional
. . . . . . . .-.TRA
...................................... 23
Figura 2 — Modelo
. . . . . . . de
. . .Aceitação
. . . . . . . . da
. . Tecnologia
........................................ 24
Figura 3 — Modelo
. . . . . . . de
. . .Aceitação
. . . . . . . . da
. . Tecnologia
. . . . . . . . . .2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Figura 4 — Teoria
. . . . . . do
. . .Comportamento
. . . . . . . . . . . . . Planejado
...................................... 26
Figura 5 — Teoria
. . . . . . Unificada
. . . . . . . . da
. . .Aceitação
. . . . . . . . e. .Uso
. . . da
. . .Tecnologia
. . . . . . . . . (UTAUT)
.................. 29
Figura 6 — Teoria
. . . . . . Unificada
. . . . . . . . da
. . .Aceitação
. . . . . . . . e. .Uso
. . . da
. . .Tecnologia
. . . . . . . . . 2. .–. UTAUT2
............... 31
Figura 7 — Modelo
. . . . . . . UTAUT2
. . . . . . . . Modificado
............................................. 33
Quadro 1 — Síntese
. . . . . . .das
. . .hipóteses
. . . . . . . .propostas
.......................................... 36
Quadro 2 — Questionário
. . . . . . . . . . . aplicado
. . . . . . . .no
. . estudo
. . . . . .de
. . acordo
. . . . . . com
. . . . os
. . construtos
................... 39
Quadro 3 — Questionário
. . . . . . . . . . . demográfico
. . . . . . . . . . .aplicado
. . . . . . . no
. . .estudo
............................ 40
Tabela 1 — Sexo
. . . . .da
. . Amostra
..................................................... 50
Tabela 2 — Faixa
. . . . . etária
. . . . . da
. . .amostra
............................................... 51
Tabela 3 — Estado
. . . . . . Civil
. . . . .da
. . Amostra
............................................... 51
Tabela 4 — Escolaridade
. . . . . . . . . . . da
. . .Amostra
.............................................. 52
Tabela 5 — Renda
. . . . . . Individual
. . . . . . . . .da
. . Amostra
........................................... 52
Tabela 6 — Perfil
. . . . . Empreendedor
. . . . . . . . . . . . .da
. . Amostra
........................................ 53
Tabela 7 — Área
. . . . .de
. . Atuação
. . . . . . . da
. . .Amostra
........................................... 53
Tabela 8 — Número
. . . . . . . .de. .funcionários
. . . . . . . . . . declarados
. . . . . . . . . pela
. . . . amostra
........................... 54
Figura 8 — Modelo
. . . . . . . de
. . .Mensuração
. . . . . . . . . .Inicial
........................................ 55
Tabela 9 — Validade
. . . . . . . .Convergente
.................................................... 56
Tabela 10 — Cargas
. . . . . . .Externas
..................................................... 57
Tabela 11 — Cargas
. . . . . . .Cruzadas
..................................................... 59
Tabela 12 — Critério
. . . . . . . Fornell-Larcker.
..................................................... 60
Tabela 13 — Rácio
. . . . . .Heterotrait-Monotrait
. . . . . . . . . . . . . . . . . (HTMT)
..................................... 60
Figura 9 — Modelo
. . . . . . . de
. . .caminhos
. . . . . . . .após
. . . .a. avaliação
. . . . . . . . do
. . .modelo
. . . . . . de
. . .mensuração
................. 61
Tabela 14 — Colinearidade
. . . . . . . . . . . . Estatística
. . . . . . . . .(VIF)
. . . . .no
. . modelo
. . . . . . .estrutural
......................... 63
Tabela 15 — Coeficientes de caminho entre os construtos e respectivos níveis de
.......................................................................
significância 64
Tabela 16 — Coeficiente
. . . . . . . . . . de
. . .determinação
. . . . . . . . . . .R2
.................................... 66
Tabela 17 — Tamanho
. . . . . . . . do
. . .efeito
. . . . .f2
............................................ 67
Tabela 18 — Avaliação
. . . . . . . . .da
. . relevância
. . . . . . . . . preditiva
. . . . . . . .Q2
................................ 68
7

Figura 10 — Resumo
. . . . . . . .dos
. . .resultados
. . . . . . . . obtidos
......................................... 68
SUMÁRIO

1 .................................................................
INTRODUÇÃO 10
1.1 . . . . . . . . . . . .DE
PROBLEMA . . .PESQUISA
.................................................. 12
1.2 . . . . . . . . . . . .GERAL
OBJETIVOS . . . . . . .E. .ESPECÍFICOS
............................................ 12
1.2.1 . . . . . . . . geral
Objetivo ......................................................... 12
1.2.2 . . . . . . . . . específicos
Objetivos ........................................................ 12
1.3 . . . . . . . . . . . . . .DA
RELEVÂNCIA . . . PESQUISA
................................................ 13
2 . . . . . . . . . . . . . . . .TEÓRICO
REFERENCIAL ................................................. 15
2.1 . . . . . . . . . . . NO
MUDANÇA . . . .PADRÃO
. . . . . . . . DE
. . . CONSUMO
....................................... 15
2.2 . . . . . . . . . . . .COLABORATIVA
ECONOMIA ..................................................... 16
2.2.1 .................................................................
HISTÓRICO 16
2.2.2 .DEFINIÇÃO
................................................................ 16
2.2.3 .................................................................
CARACTERÍSTICAS 17
2.2.3.1 .CAPACIDADE
. . . . . . . . . . . . . EXCEDENTE
................................................... 17
2.2.3.2 PLATAFORMA
. . . . . . . . . . . . . . DE
. . . INTERAÇÃO
................................................ 18
2.2.3.3 COMPETÊNCIA
. . . . . . . . . . . . . . . INDIVIDUAL
.................................................. 19
2.3 .................................................................
COWORKING 19
2.4 .O. .MODELO
. . . . . . . . .UTAUT2
..................................................... 21
2.4.1 . . . . . . da
Teoria . . . Ação
. . . . .Racional
. . . . . . . .(TRA)
........................................... 22
2.4.2 . . . . . . . de
Modelo . . .Aceitação
. . . . . . . . .da
. . Tecnologia
. . . . . . . . . .(TAM
. . . . . .e. TAM
. . . . . 2)
...................... 23
2.4.3 . . . . . . . Motivacional
Modelo . . . . . . . . . . . . (MM)
.............................................. 26
2.4.4 . . . . . . do
Teoria . . . Comportamento
. . . . . . . . . . . . . . .Planejado
. . . . . . . . .(TPB)
................................ 26
2.4.5 . . . . . . . Combinado
Modelo . . . . . . . . . . .TAM
. . . . .e. TPB
......................................... 27
2.4.6 . . . . . . . de
Modelo . . .Utilização
. . . . . . . . .do
. . .PC
. . .(MPCU)
........................................ 27
2.4.7 . . . . . . da
Teoria . . . Difusão
. . . . . . . da
. . .Inovação
. . . . . . . .(IDT)
...................................... 27
2.4.8 . . . . . . Social
Teoria . . . . . . Cognitiva
..................................................... 28
2.4.9 . . . . . . Unificada
Teoria . . . . . . . . . de
. . .Aceitação
. . . . . . . . .e.Uso
. . . .de
. . Tecnologia
. . . . . . . . . .(UTAUT)
..................... 28
2.4.10 Teoria
. . . . . . Unificada
. . . . . . . . . de
. . .Aceitação
. . . . . . . . .e.Uso
. . . .de
. . Tecnologia
. . . . . . . . . .2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3 PROPOSIÇÃO DO MODELO TEÓRICO E DAS HIPÓTESES DE
.......................................................................
ESTUDO 34
4 .................................................................
METODOLOGIA 37
4.1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . DA
CARACTERIZAÇÃO . . . .PESQUISA
.......................................... 37
4.1.1 .................................................................
DESCRITIVA 37
4.1.2 . . . . . . . . . . .QUANTITATIVA
PESQUISA ...................................................... 37
4.2 . . . . . . . . . . . . . . . . DE
INSTRUMENTOS . . . .PESQUISA
............................................. 38
4.3 . . . . . . . . . . . E. .AMOSTRA
UNIVERSO .................................................... 41
4.4 . . . . . . . . .E. ANÁLISE
COLETA . . . . . . . . . .DE
. . .DADOS
.......................................... 41
4.4.1 . . . . . . . . . DE
COLETA . . . .DADOS
.................................................... 41
4.4.2 . . . . . . . . . .DE
ANÁLISE . . . DADOS
.................................................... 41
4.4.2.1 Especificação do modelo estrutural e dos modelos de mensuração (estágios 1 e
.......................................................................
2) 42
4.4.2.2 Coleta
. . . . . . e. .exame
. . . . . dos
. . . .dados
. . . . .(estágio
. . . . . . .3). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.4.2.3 A
. . estimação
. . . . . . . . .do
. . modelo
. . . . . . .de
. . caminhos
. . . . . . . . através
. . . . . . .do
. . Smart
. . . . . PLS
. . . . (estágio
. . . . . . . 4)
.......... 43
4.4.2.4 Avaliação
. . . . . . . . .do
. . modelo
. . . . . . .de
. . mensuração
. . . . . . . . . . (estágios
. . . . . . . .5)
........................... 44
4.4.2.5 Avaliação
. . . . . . . . .do
. . modelo
. . . . . . .estrutural
. . . . . . . .(estágio
. . . . . . .7)
................................ 45
4.4.2.6 Realização
. . . . . . . . . .de
. . análises
. . . . . . .avançadas
. . . . . . . . .sobre
. . . . .o.modelo
. . . . . . .(estágio
. . . . . . 8)
.................. 48
4.4.2.7 Interpretação
. . . . . . . . . . . .dos
. . .resultados
. . . . . . . . e. .realização
. . . . . . . . das
. . . .conclusões
. . . . . . . . .(estágio
. . . . . . .9). . . . . . . . . . . . 49
5 .................E
APRESENTAÇÃO . . ANÁLISE
. . . . . . . . . .DE
. . .DADOS
................................. 50
5.1 . . . . . . . .DOS
PERFIL . . . . RESPONDENTES
..................................................... 50
5.2 . . . . . . . . . . .DO
ANÁLISES . . .MODELO
. . . . . . . . . DE
. . . MENSURAÇÃO
. . . . . . . . . . . . . . .E. ESTRUTURAL
....................... 54
5.2.1 .Modelo
. . . . . . .de
. . mensuração
....................................................... 55
5.2.2 . . . . . . . . . do
Avaliação . . .modelo
. . . . . . .estrutural
.............................................. 61
5.2.2.1 Colinearidade
. . . . . . . . . . . . Estatística
. . . . . . . . .(VIF)
. . . . .no
. . modelo
. . . . . . .estrutural
.............................. 62
5.2.2.2 Avaliação da significância e relevância das relações no modelo estrutural, ou
. . . .coeficientes
dos . . . . . . . . . .de
. . caminho
. . . . . . . .entre
. . . . os
. . construtos
......................................... 63
5.2.2.3 .Coeficiente
. . . . . . . . . .de
. . determinação
. . . . . . . . . . . R2
......................................... 66
5.2.2.4 Tamanho
. . . . . . . . do
. . .efeito
. . . . .f2
................................................. 66
5.2.2.5 Avaliação
. . . . . . . . .da
. . relevância
. . . . . . . . . preditiva
. . . . . . . .Q2
..................................... 67
6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . FINAIS
CONSIDERAÇÕES ............................................... 69
6.1 . . . . . . . . . . . . . . . . .ACADÊMICAS
CONTRIBUIÇÕES . . . . . . . . . . . . . .E. GERENCIAIS
................................. 71
6.2 . . . . . . . . . . . . .E. .SUGESTÕES
LIMITAÇÕES . . . . . . . . . . . .DE
. . .PESQUISA
................................... 72
.................................................................
REFERÊNCIAS 74
10

1 INTRODUÇÃO

O mundo está experimentando uma tendência que vai de contra tudo que o capitalismo
do hiper consumo agressivo tinha disseminado: vivemos na era da colaboração. É possível
encontrar diversos exemplos de formas de consumo colaborativo, tais como trocas, utilização
de comércios locais, empréstimos entre conhecidos e desconhecidos, sistemas de
revezamento, compartilhamento de objetos e espaços, trabalho em equipe, Couchsurfing,
grupos de caronas, entre outros (Botsman e Rogers, 2010). Chase (2015) defende que o
mundo experimenta uma transformação de poder, que antes era dominado por entidades
fechadas e centralizadas, mas que agora dão lugar para empresas flexíveis e plataformas de
compartilhamento. (CHASE, 2015; BOTSMAN E ROGERS, 2010)
A internet teve um papel crucial nessa mudança. . A obra “A sociedade em rede” de
Manoel Cassels (2005), ressalta ainda que há uma interação social especifica proporcionada
pelas redes. Para o autor, as redes construídas virtualmente podem ser consideradas
comunidades, porém, não apresentam evidencias físicas e dinâmica de interação semelhante
às comunidades físicas, elas simplesmente funcionam em outro plano da realidade. Dito isso,
entendemos que a mudança na maneira como as pessoas se comunicam mudaram também as
relações de troca. Mascarenhas e Tavares (2011) defendem que migrando os consumidores
para o universo virtual, ficam expostas às identidades individuais, permitindo também que os
usuários compartilhem sua cultura e, por consequência, seu consumo, através de blogs, redes
sociais e demais espaços. Os autores Botsman e Rogers (2010) ainda acrescentam que o
empobrecimento das relações que foi causado pela substituição dos materiais pelas pessoas e
relações, virando motivo de preocupação. A busca agora é para o enriquecimento das relações
e criação de comunidades mais sólidas e unidas. (CASSELS, 2005; MASCARENHAS;
TAVARES, 2011; BOTSMAN E ROGERS, 2010)
Essa transformação foi causada principalmente por uma mudança no perfil da
sociedade. Muito mais conectada através do advento da internet, passou-se a entender que o
modelo econômico vigente não conseguiria se perpetuar por muito tempo. Novos negócios
começam a surgir, e com eles a disseminação da economia compartilhada. Villanova (2015)
defende que movimentações como essas começaram a ser notadas nos Estados Unidos, ainda
na década de 90 com a criação de plataformas como Craiglist e Ebay – plataformas que visam
à venda de artigos usados através da internet. Para Botsman e Rogers (2010) a economia
compartilhada permite o acesso sem o custo da posse, promove a economia de tempo e
dinheiro, bem como a interação entre as pessoas. (VILLANOVA, 2015; BOTSMAN E
ROGERS, 2010).
A economia colaborativa trouxe novas alternativas para o modo de consumo das
pessoas, bem como novas possibilidades para os ambientes de trabalho. Os espaços de
Coworking fornecem um ambiente para se trabalhar, sem seguir os padrões dos escritórios
11

convencionais. Para Waters (2015) preocupam-se menos com a organização do espaço em si e


mais com a organização das pessoas, que compartilham ideias, valores e querem adotar um
compromisso de trabalho compartilhado. Esse tipo de espaço tem tomado os centros urbanos
de todo o globo, principalmente dentre trabalhadores do setor criativo, autônomos e pequenos
empresários. Jones (2009) defende que em ambientes como esse possuem as facilidades de
um escritório tradicional, onde se permite o aluguel de uma mesa, uma sala de reunião, ou até
mesmo o uso da conexão wi-fi. Além disso, é um meio de networking entre os profissionais,
que potencializa a criatividade, bem como a geração de novos negócios. (JONES, 2009;
Waters-Lynch 2015).
Nesse sentido, os Coworkings vem ganhando cada vez mais espaço no mercado,
crescimento que pode ser explicado pela alta demanda de espaços físicos flexíveis por
profissionais autônomos e também por aqueles que deixam seus empregos formais para se
tornar Freelancers. (DELOITTE, 2016). Outro fator interessante que tem impulsionado o
aumento na quantidade desses empreendimentos, de acordo com Lovell (2015), é a recente
adesão de empresas de grande porte, que buscam a diminuição dos custos fixos de um
escritório físico privado e também oferecer aos seus funcionários uma flexibilidade que
permita equilíbrio entre vida pessoal e emprego, bem como um ambiente que inspire e
potencialize o desempenho. (DELOITTE, 2016; LOVELL, 2015)
Paralelamente, é possível acompanhar um crescimento do empreendedorismo na
sociedade. Na economia Brasileira, o empreendedorismo é considerado um dos seus grandes
pilares. Benito Dias (2017) defende que isso se dá, além do crescimento de oportunidades de
negocio, porque é crescente o número de indivíduos que estão abandonando seus postos de
trabalho em empresas formais para se tornar empreendedores, ou trabalhadores autônomos.
Prova disso é a sua participação de 20% no PIB brasileiro. A sua fatia no Produto Interno
Bruto evidencia a sua força e importância ao que tange geração de renda e empregos para a
população. Apesar de se mostrar expressivo num cenário Brasil, o ato de empreender encara
algumas dificuldades para quem escolhe esse caminho. Além de contar com uma burocracia
que faz o processo da abertura e manutenção de pequenas empresas serem mais delongado, o
Brasil também oferece uma carga alta de impostos que somada a todos os custos que uma
empresa pode gerar, dificulta ainda mais o trabalho de quem deseja criar um novo negócio.
(BENITO DIAS, 2017; IBGE 2017)
Como o Coworking é uma solução para quem procura um espaço físico para gerar
valor através do seu trabalho, sediar uma empresa, incentivar a criatividade e fazer
networking, o entendimento da relação entre a adesão e uso de espaços Coworkings como um
possível potencializador do empreendedorismo se justifica. Disto, advém a importância desse
trabalho.
12

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA

Após uma reflexão sobre o potencial de crescimento de Espaços Coworking e a sua


importância no que tange a sustentabilidade de um modelo econômico mais colaborativo e
compartilhado pelos indivíduos, este trabalho objetiva responder: “Quais são os fatores que
antecedem a intenção de uso de um Espaço Coworking?”, e através dessa pesquisa analisar
dados e difundir conhecimento sobre esse novo modelo de se consumir e trabalhar.

1.2 OBJETIVOS GERAL E ESPECÍFICOS

1.2.1 Objetivo geral

Avaliar os fatores que antecedem a intenção de uso de Coworking por parte dos
consumidores a partir da Teoria Unificada de Aceitação de Tecnologia Estendida (UTAUT2)
com os construtos Expectativa de Desempenho; Expectativa de Esforço; Influência Social;
Condições Facilitadoras; Motivação Hedônica; Valor Preço; Hábito; Intenção de Uso;
Independência; Ambiente de Trabalho Profissional; e Networking.

1.2.2 Objetivos específicos

Objetivo especifico 1:

Adaptar o modelo UTAUT2 para o contexto de Espaços Coworking.

Objetivo especifico 2:

Mensurar as avaliações de expectativa de desempenho, expectativa de esforço,


influência social, condições facilitadoras, motivação hedônica, hábito, facilidade de uso,
independência, ambiente de trabalho profissional e networking em relação à adoção dos
espaços de Coworking.

Objetivo específico 3:

Analisar a amostra em busca de uma relação com as variáveis dependentes


13

1.3 RELEVÂNCIA DA PESQUISA

Os espaços de Coworking vêm revolucionando o modo como as organizações


interagem com o mercado e consumidor. Esse tipo de empreendimento traz a ideia de
compartilhamento entre os usuários, tanto de modo material (recursos e serviços), como de
modo mental (ideias e discussões). Leforestier (2009) defende que seus benefícios vão além
da diminuição do custo fixo da empresa, o espaço também oferece um ambiente colaborativo
no qual é proporcionada a criação de rede e relacionamento com outros empreendedores, o
que favorece parcerias e desenvolvimento. (LEFORESTIER, 2009)
Essa pode ser uma explicação que traduza o crescimento desse tipo de espaço não só
no mundo como no Brasil. De acordo com o Resultados do Censo Coworking Brasil, feito
pelo Movebla e Ekonomio em parceria com Coworking Brasil, foi constatado um aumento em
52% do número de Espaços de Coworking em 2016, quando comparado com o ano de 2015.
Esse crescimento continuou no ano de 2017, que apresentou um crescimento de 144% em
relação ao ano anterior, chegando ao número de 810 espaços de Coworking conhecidos no
Brasil. Na capital mineira, esse resultado não é diferente. Belo Horizonte apresentou um
crescimento de 90% no número de espaços desse cunho em 2107. (Censo Coworking Brasil
2017) .
Diante de dados tão expressivos, podemos perceber a importância desse tipo de
serviço oferecido dentro da nossa sociedade. É interessante refletirmos sobre o que levou a
essa mudança no padrão de espaços de trabalho. Seriam apenas motivos econômicos que
culminaram nessa transformação? Ou será que poderíamos inferir outras motivações para que
os usuários deixem os escritórios individuais e se sujeitem ao compartilhamento de um
ambiente de trabalho? Existe um perfil especifico de indivíduos que frequentam esse tipo de
espaço?
O levantamento de tais questões se faz imprescindível para o entendimento da
dinâmica de espaços como este. Identificar os fatores que promovem a aceitação de uma nova
tecnologia é essencial para o sucesso e aprimoramento dos negócios. (Vera, 2014). Dito isso, a
compreensão das mudanças sociais e econômicas que levaram ao crescimento e consolidação
de espaços Coworking, bem como sua função perante a promoção do empreendedorismo se
faz cada vez mais significativo.
Este trabalho visa contribuir para o conhecimento da população em geral,
principalmente estudantes e profissionais que tem contato direto com a realidade Coworking,
através de apoio literário e análise de dados coletados.
Para a academia esse trabalho busca contribuir com um estudo aprofundado sobre
espaços Coworking dentro de uma perspectiva empreendedora. Neste trabalho buscou-se
agregar conhecimento através da adaptação, extensão e utilização do modelo UTAUT2, dos
autores Venkatesh, Thong e Xu (2012).
14

Como justificativa pessoal, tem-se o interesse da autora em aprofundar o


conhecimento sobre Empreendedorismo, bem como todo o universo dos ambientes de
Coworking.
15

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Apresentaremos nesse capítulo a base teórica que servirá como fundamentação para
essa pesquisa. Para tanto, apresentaremos os principais temas dessa pesquisa: mudança no
padrão de consumo, economia colaborativa, Coworking e o modelo teórico de análise a ser
utilizado nesta pesquisa - o Unified Theory of Acceptance and Use of Technology 2
(UTAUT2).

2.1 MUDANÇA NO PADRÃO DE CONSUMO

Robbins (2012) define a economia como “ciência que estuda o comportamento


humano como uma relação entre fins e meios escassos que têm usos alternativos.”. A
principal maneira de fazer essa relação acontecer é através do consumo. O ser humano precisa
consumir. Isso porque qualquer indivíduo tem necessidades que precisam ser supridas a todo
o momento, sejam elas necessidades fisiológicas, supérfluas, ou motivadas por qualquer outro
fator.
Nossa sociedade experimentou a ascensão do capitalismo, bem como a instalação do
hiper consumo como padrão dentro da sociedade. O consumo em massa é resultado da alta
produção industrial dos últimos anos, que por sua vez demanda um consumo tão grande
quanto. Esse hiper consumo tornou-se um meio de vida, uma ilusão na qual a aquisição de
bens satisfaz egos e traz realizações pessoais. (Victor Lebow, 1995)
Essa economia baseada no consumo exacerbado, também substitui e descarta na
mesma velocidade: acelerada. (Lebow, 1995). Outra faceta do consumo é a realização
individual de quem consome: status, construção da identidade, controle e poder social. (Mont,
2004).
Analogamente, Ropke (1999) diz que o indivíduo é fruto do que consome, no qual
usa-se a posse de bens para transmitir uma mensagem aos outros. Percebemos dessa maneira
agressividade com que esse modelo opera. O consumo é instigado a todo o momento pelas
empresas que querem vender seus produtos em troca de dinheiro, que por sua vez é garantido
por instituições financeiras que concedem credito em troca da cobrança de juros. Um ciclo
vicioso é formado. Chase (2015) lista agentes que tem interesse nessa dinâmica econômica,
sendo eles a sociedade, instituições financeiras, empresas, governos entre outros.
A compra de um novo bem para substituir outro estragado ou obsoleto era muito mais
conveniente que a troca ou partilha de um bem comum. (Carvalho Campos, 2010). Entretanto,
esse modelo de compra, uso e descarte não é acessível a todos nem passível de perpetuação,
tendo em vista a quantidade de consumidores e de recursos disponíveis. Dito isso, as
comunidades estão se redescobrindo e criando um novo modelo de consumo que rompe com a
doutrina de consumo que fora instaurada anteriormente. (Botsman e Rogers, 2010). O ato de
16

consumir continua existindo, indivíduos continuam com essa necessidade latente, empresas
precisam vender para obter receita, entretanto, essa pratica muda a maneira como essas
transações ocorrem, deixando nítida uma mentalidade mais colaborativa presente na
sociedade. (Calazans, 2014)
A reflexão sobre esse modelo se faz cada vez mais necessária, onde atitudes sobre o
consumo têm sofrido transformações e trazido discussões e preocupações sobre o
desenvolvimento econômico, o impacto ecológico e social que possam ser gerados. O
crescimento dessa preocupação das consequências desse modelo de consumo anterior, bem
como uma busca pela incorporação da sociedade através de um consumo consciente, é que
trazem a economia colaborativa de consumo. (Hamari, 2015.)

2.2 ECONOMIA COLABORATIVA

2.2.1 HISTÓRICO

Tudo começou nos anos 90, época em que houve grande expansão da internet. Com
uma adesão de usuários, foi possível a digitalização de economias tradicionais, que agora
estariam presentes também em canais comerciais. Ao mesmo tempo, nos Estados Unidos,
foram feitos avanços tecnológicos que possibilitaram uma redução dos custos das transações
on-line peer-to-peer (P2P), também é conhecida como rede de compartilhamento. Com isso,
foi possível à criação de modelos de negócios que tem como base a cooperação e o
compartilhamento de bens e serviços entre indivíduos. (Shirky 2012).
Esse novo sistema econômico tem seus ativos e serviços compartilhados entre os
usuários privados, muitas vezes sem custo, ou cobrando-se apenas uma taxa através de
plataformas online. (HEO, 2016). A internet proporcionou isso. Através dela é que foi
fomentado um canal de comunicação e de comércio entre os indivíduos. (PAIXÃO; SOUZA,
2015).
Há, portanto, uma desmaterialização das posses, que transforma propriedade em
experiências intangíveis, cria uma linha tênue entre o que é de um indivíduo e o que é
coletivo. Essa transformação e quebra de um modelo tradicional nos mostra que em diversas
ocasiões o acesso tende a ser mais benéfico do que a propriedade. (Botsman e Rogers, 2010)

2.2.2 DEFINIÇÃO

O termo “Economia Compartilhada” foi adicionado no dicionário Oxford em 2015,


entretanto, já era um termo presente em discussões antes disso. Para Botsman e Rogers
(2010), a Economia Compartilhada pode ser definida como um fenômeno emergente
17

econômico tecnológico que tem como base a tecnologia da informação, o crescimento da


consciência do consumidor e proliferação das comunidades colaborativas.
Analogamente, o consumo colaborativo pode ser definido como uma atividade que
tem como base a obtenção, a doação ou o compartilhamento de bens e serviços que são
realizados de individuo para individuo através de uma rede online de serviços. (HAMARI,
2015)
A economia compartilhada vem tomando cada vez mais espaço dentro da sociedade, e
tendo-a como base estão sendo criadas grandes organizações que revolucionam a maneira de
consumo. Para exemplificar temos o Airbnb, que permite o aluguel de um imóvel através de
soluções criativas para quem busca hospedagem; aplicativos como Uber e Cabify, que
revolucionaram o transporte de pessoas dentro das cidades e outras como Zipcar que permite
o compartilhamento de veículos. Através delas é possível encontrar um equilíbrio entre as
necessidades individuais, da comunidade e do planeta. O ato de consumir continua existindo,
indivíduos continuam com essa necessidade latente, empresas precisam vender para obter
receita, entretanto, essa pratica muda a maneira como essas transações ocorrem, deixando
nítida uma mentalidade mais colaborativa presente na sociedade. (Calazans, 2014)

2.2.3 CARACTERÍSTICAS

De acordo com Chase (2015) existe uma estrutura que torna possível o
desenvolvimento da economia compartilhada, e são elas: capacidade excedente, uma
plataforma de participação ou interação e competência individual dos indivíduos (usuários e
administradores) envolvidos no modelo. Para o autor, esses pilares modificam a forma com
que trabalhamos, criamos negócios e interagimos com a economia.

2.2.3.1 CAPACIDADE EXCEDENTE

Devido ao modelo hiperconsumista que fora instaurado em nossa sociedade, gerou-se


um excedente em bens e serviços. Em sua publicação, Chase (2015) explica que o mundo já
possui um número satisfatório de coisas físicas, demonstrando a necessidade de uma
otimização desses ativos a fim de alavancar essa capacidade excedente e gerar ganhos para a
sociedade.
A tecnologia se torna uma aliada nessas horas, pois é através dela que se faz possível a
conexão entre o que ficaria ocioso e o individuo que tem necessidade de consumir, mesmo
que por instantes, esse produto ou serviço. Para Botsman e Rogers (2010) os indivíduos
manifestam sua oferta ou interesse através dos vários mecanismos que a internet proporciona,
e traz como consequência a maximização da produtividade e utilização das coisas, diminuindo
18

assim a perpetuação do excedente criado pelo hiperconsumo que fora instigado anteriormente,
sem maiores custos ou inconveniências. Pelo contrario, são notadas economias em todas as
esferas.
Inúmeros são os exemplos de bens que podem ser eficientemente utilizados nesse
modelo: Carros, bicicletas, camas, entre outros itens. Chase (2015) dá o exemplo de algumas
empresas desse modelo: Tripda (www.tripda.com.br), plataforma de caronas, Quirky
(www.quirky.com), plataforma de financiamento de ideias e Dog Walks
(www.dogwalks.com), outra plataforma que busca solucionar o problema de quem não tem
tempo para passear com seu cachorro.
Botsman e Rogers (2010) afirmam que o hiperconsumo perde forças com o modelo de
compartilhamento. Com ele há uma maior eficiência e utilização dos bens já existentes,
otimizando assim a produção e diminuindo os excessos motivados pela super produção, alto
consumo e desperdício. Dessa maneira, benefícios são percebidos na esfera ambiental e sócio
econômica.

2.2.3.2 PLATAFORMA DE INTERAÇÃO

No livro “What’s mine is yours”, Bostman e Rogers (2010) destacam que as redes que
são formadas através do modelo de compartilhamento, sejam elas sociais ou tecnológicas, são
contrárias ao sistema de consumo capitalista, que é em suma individualista. Para os autores
esse movimento não é uma reação à crise de 2008. Trata-se de um movimento crescente no
cenário mundial, que gera mudanças nas atividades econômicas, modelos de negócios,
geração de emprego e renda.
Participar do movimento colaborativo se torna bastante atraente, pois é uma via de
duas mãos. Ao mesmo tempo em que você pode estar suprindo uma necessidade individual
latente, você também pode estar encontrando uma função para algo ocioso em sua vida,
gerando valor, não necessariamente em dinheiro, mas muitas vezes em forma de prestigio
social ou interação com outros indivíduos. E isso acaba se tornando um ciclo, pois as pessoas
começam a entender que só será possível suprir suas necessidades se mais pessoas aderirem
ao modelo, e quanto mais pessoas se tornarem adeptas, melhor ele funcionará para todos,
comparado a um efeito rede. Dito isso, os autores Botsman e Rogers (2010) afirmam que
indivíduos adeptos a esses tipos de iniciativas, tendem a estar cada vez mais conectadas com
todo esse mundo colaborativo, gerando um valor mútuo entre elas.
Para que qualquer iniciativa colaborativa dê certo é necessário um nível de confiança
entre as partes. Isso porque é humanamente impossível criar uma rede com apenas
conhecidos, mesmo porque nada garante que seus conhecidos vão ter exatamente o que ira
suprir as suas necessidades e vice versa. Pensando nisso, Botman e Rogers (2010) afirmam
que é necessário então que haja uma rede com uma extensão grande para aumentar a
19

possibilidade de “encontros” entre as partes. (Bostman e Rogers, 2010)


Manoel Cassels (2005) afirma que a internet cria comunidades que não seguem os
padrões das comunidades físicas, entretanto, essas comunidades não deixam de funcionar
devido a isso. São criadas assim, plataformas, ou redes que possibilitam a interação entre
indivíduos que almejam participar do modelo de compartilhamento. Para Chase (2015), essas
plataformas organizam a interação entre os usuários, e por isso são imprescindíveis no que
tange a criação de lucro e renda.

2.2.3.3 COMPETÊNCIA INDIVIDUAL

O sistema colaborativo depende muito mais da capacidade individual dos indivíduos


participantes. Isso porque a relação entre as partes está muito mais estreita, o contato passa a
ser maior, o que acaba exigindo mais tanto de quem administra ou fornece um bem ou
serviço, quanto de quem é usuário do mesmo. As responsabilidades de ambas as partes são
aumentadas, porque nesse sistema são eliminados os agentes intermediários que antes faziam
parte do ecossistema. Os autores Botsman e Rogers (2010), os indivíduos passam a criar redes
e plataformas que possibilitam a troca e o compartilhamento sem a necessidade de um agente
conciliador entre as partes.
Portanto, as iniciativas precisam ser muito mais desenvolvidas ao que tange
praticidade para o usuário. Botsman e Rogers (2010), afirmam que o sucesso do sistema
depende da satisfação com a conveniência do mesmo aos seus usuários. Caso contrário, ele
pode ser mal utilizado e não conseguira sobreviver dentro da economia

2.3 COWORKING

O Coworking é um exemplo de modelo de negócio da Economia Compartilhada. Ele


surge como uma alternativa a necessidade de espaços físicos para desenvolvimento e
operação de negócios. A ideia é simples: um espaço nos quais vários indivíduos, sejam eles
profissionais independentes, ou funcionários de organizações de qualquer porte, compartilham
o ambiente de trabalho e também os recursos existentes dentro desse espaço. O Coworking é
um modelo sustentável do antigo escritório individual. Seus principais pilares são:
colaboração, comunidade, sustentabilidade, flexibilidade e acessibilidade. (Coworking Wiki,
n.d.).
Na primeira publicação sobre o assunto, não foi possível chegar a uma definição exata
do que seria um Coworking. (Jones, Sundsted, & Bacigalupo, 2009). Existem inúmeros
modelos de Coworking dentro do mercado, podendo ser focado ou não a um segmento
específico de profissionais, com espaços físicos separados ou que promovam a interação entre
os usuários, com disponibilidade para a exposição de trabalhos dos usuários ou somente o
20

desenvolvimento, entre outras tantas variáveis. Apesar dessa alta complexidade quanto à
prestação do serviço, Gandini (2015) define o Coworking como um ambiente utilizado por
diferentes tipos de profissionais, que buscam oferecer uma estrutura com todo o aparato de
um escritório tradicional. Para o autor, o Coworking possibilita uma vivência lado-a-lado
entre os profissionais, que é capaz de aprimorar a criatividade e o networking entre os
usuários. (GANDINI, 2015)
O nascimento desse tipo de espaço, de acordo com Brad Neuberg, é dado em 2005,
ano no qual ele organizou Spiral Muse in San Francisco, um apartamento dividido por três
profissionais, que também abria suas portas para outros trabalhadores que necessitavam de um
lugar para trabalhar e queriam compartilhar experiências. (Botsman & Rogers, 2011; Hunt,
2009). Ao mesmo tempo, espaços como esses eram criados na Europa com outro nome:
centro comunitário de empresários e até Cafés com espaço disponível para esses
trabalhadores. Apesar desse marco importante, o termo foi Coworking foi criado por Brian
DeKoven, em 1999, que pregava um método que facilitasse o trabalho cooperativo e
encontros entre empresas que eram feitos através de computadores.
Em 2007 houve um grande número de buscas no Google por esse conceito. No mesmo
ano, o termo ganha uma página no Wikipédia, uma enciclopédia colaborativa on-line. Em
2008, o jornal New York Times lança um artigo sobre o modelo e, em 2009, o primeiro sobre
o tema (Hunt, 2009). Esses são apenas alguns exemplos de como a ideia já estava sendo
disseminada ao redor de todo o mundo.
A partir desse momento, houve um crescimento exponencial desse tipo de espaço e
consequentemente modelo de negocio. Um modelo que se adapta diversos segmentos de
negócio e a diversas realidades de diferentes tipos de empresários. O ambiente colaborativo e
flexível, em todos os sentidos, atrai cada vez mais adeptos pelo mundo. Um relatório
divulgado pela consultora DELOITTE (2016), explica o crescimento desses espaços devido a
uma mudança no perfis dos profissionais, que começam a deixar seus empregos formais para
trabalhar como Freelancers nas mais diversas plataformas online. Explicação confirmada
Spinuzzi (2012) que afirma que o crescimento dos trabalhos informais que por sua vez gera
uma maior flexibilidade quanto a padrões de escritório e locais de trabalho, bem como a
necessidade de poupar recursos econômicos, fez com que o fenômeno Coworking se tornasse
realidade na vida de muitos empreendedores.
No primeiro momento, os Coworkings foram criados para atender a demanda de
profissionais autônomos, entretanto, o rápido crescimento desse tipo de negócio mostra uma
mudança no modelo tradicional das grandes empresas. (DTZ, 2014). A explicação para tal
mudança seria baseada na busca por diminuição de gastos fixos das empresas. Contudo, é
possível perceber benefícios também para os funcionários, que podem gozar de maior
flexibilidade no trabalho, que esta diretamente relacionada com equilíbrio entre trabalho e
vida pessoal, maior desempenho, satisfação e redução de abstenção. (Lovell, 2015). Para os
21

autores Aguilton and Cardon (2007), os Coworkings são um “terceiro espaço”: não é formal
como em uma empresa tradicional, não pode ser considerado como home-office, é na verdade
um ambiente público onde os usuários optam por utilizar em busca de manter um contato
social e alavancar seus negócios através da coletividade.
Muitos desses profissionais tem a liberdade de trabalhar em casa, no modelo home-
office, entretanto, preferem se deslocar até um Coworking. Uma das desvantagens eu esses
profissionais tem em trabalhar em casa é a ausência de contato e convivência com outros
indivíduos. De acordo com Moreira (2013), para profissionais que estão começando seus
negócios, essa desvantagem é nociva, visto que a permuta de ideias e experiências são
essenciais para o desenvolvimento e sucesso do negocio. Para isso, muitos espaços
desenvolvem planos especiais, capazes de se adequar a realidade e necessidades de cada
usuário.
Num cenário Brasil, onde a força de trabalho é representada por empresários e
empreendedores, uma alternativa na qual seja possível ter um ambiente de trabalho
satisfatório, benefícios econômicos e um equilíbrio entre vida e trabalho é a justificativa
perfeita para o crescimento do desse tipo negócio. Somos hoje um dos maiores representantes
dessa modelo, o que reforça ainda mais a importância de se entender a fundo as relações nele
existentes, bem como a motivação por trás de seus usuários. (COWORKING BRASIL, 2015)

2.4 O MODELO UTAUT2

Analisaremos a aceitação e motivação para frequentar um Coworking através da


Teoria Unificada de Aceitação e Uso de Tecnologia (Unified Theory of Acceptance and Use of
Technology – UTAUT 2).
Essa teoria é uma releitura da Teoria de aceitação e uso de Tecnologia (Unified Theory
of Acceptance and Use of Technology – UTAUT), que por sua vez se baseia em revisões de
antigos modelos que buscam analisar a aceitação e uso de tecnologias, sendo eles: TRA –
Theory of Reasoned Action (FISHBEIN; AJZEN, 1975); TAM e TAM 2– Technology
Acceptance Model (DAVIS, 1989) e (VENKATESH; DAVIS, 2000); MM – Motivational
Model (DAVIS; BAGOZZI; WARSHAW, 1992); TPB – Theory of Planned Behaviour
(AJZEN, 1991); C-TAM-TPB – Combined TAM and TPB (TAYLOR; TODD, 1995); MPCU –
Model of PC Utilization (THOMPSON; HIGGINS; HOWELL, 1991); IDT – Innovation
Diffusion Theory 35 (MOORE; BENBASAT, 1991; ROGERS, 1995); SCT– Social Cognitive
Theory (COMPEAU; HIGGINS, 1995). Desenvolvida para analisar a aceitação do uso da
tecnologia no contexto do trabalho, esse modelo utilizou variáveis como “Expectativa de
Desempenho”, “Expectativa de Esforço”, “Influência Social” e “Condições Facilitadoras”,
bem como fatores que podem influenciar a intenção de uso, como gênero, idade, experiência e
voluntariedade de uso. O resultado da pesquisa original conseguiu explicar 70% da variância
22

da Intenção de Comportamento e 48% para o comportamento de uso. (Venkatesh et. AL,


2012)
O UTAUT2 tem como objetivo a ampliação desse primeiro modelo, no qual agora
passa a analisar um cenário de consumo individual. Os autores Venkatesh, Thong e Xu (2012)
acrescentaram mais três variáveis ao antigo modelo: “Motivação Hedônica”, “Valor do Preço”
e “Hábito”, e os moderadores das relações se deram por Idade, Gênero e Experiência. O
modelo explicou 74% a variância da Intenção de Comportamento e 52% para comportamento
de uso, sendo considerado eficaz para predizer a aceitação e uso de tecnologia no contexto do
consumo. (Venkatesh et al, 2012). Essa teoria é bastante utilizada como base para trabalhos
internacionais e nacionais, de diversos cunho temáticos, o que reforça a sua relevância dentro
do mundo acadêmico e a importância de estuda-lo dentro do contexto de Coworking.
A criação e o sucesso dos Espaços de Coworking depende muito do movimento
tecnológico, que por sua vez têm realizado transformações no modo em como as pessoas se
relacionam, consomem e vivem. Botsman e Rogers (2010) defendem que se trata de um
movimento crescente no cenário mundial, que gera mudanças nas atividades econômicas,
modelos de negócios, geração de emprego e renda. Dito isso, é interessante destacarmos que
essa mudança tecnológica também proporcionou a mudança como às pessoas trabalham, e
com isso, justificamos assim a adaptação do modelo UTAUT2 aos cenários dos Espaços de
Coworking.
A fim de proporcionar um melhor entendimento de como foi formada essa teoria e no
que ela se baseia, explicaremos cada uma das oito teorias que serviram de base para o modelo
UTAUT, e posteriormente suas mudanças em relação ao modelo UTAUT2.

2.4.1 Teoria da Ação Racional (TRA)

Desenvolvida por Fishbein e Azjen (1975), a Teoria da Ação Racional (Theory of


Reasoned Action – TRA), tem como base a psicologia social e é considerada como uma das
teorias mais importantes do comportamento humano. (Venkatesh 2003). Ela busca entender os
fatores que determinam o comportamento conscientemente intencional, ou seja, busca
explicar o que levou determinado indivíduo a adotar um comportamento. Nela, a “Intenção de
Comportamento”, é determinada pela “Atitude em Relação ao comportamento” e “Norma
subjetiva”. O primeiro fator determinante pode ser explicado através dos sentimentos
positivos ou negativos que um indivíduo tem em relação a um tipo de comportamento. Já o
segundo fator, “Norma Subjetiva” se trata da percepção que o indivíduo tem acerca das
opiniões de pessoas importantes para eles quanto ao comportamento em questão. Determina
esse “Comportamento individual”, que através da relação entre crenças, normas subjetivas,
atitudes, intenções e comportamento, conseguiram comprovar se um tipo de comportamento é
fruto da intenção em realizá-lo. Dessa maneira, o “Comportamento Individual” é determinado
23

pelas “Intenções de Comportamento” já descritas.


Veremos abaixo um esquema que explica a TRA.

Figura 1 - Teoria da Ação Racional - TRA

Fonte: adaptado de FIshbein e Azjen (1975)

2.4.2 Modelo de Aceitação da Tecnologia (TAM e TAM 2)

O Modelo de Aceitação da Tecnologia (Tecnology Acceptance Model), conhecido


como TAM, foi proposto por Davis (1989) e é uma adaptação do modelo TRA, mencionado
anteriormente. O autor traz o modelo TAM como uma alternativa para analisar o motivo dos
usuários aceitarem ou rejeitarem determinada tecnologia. Nele, se busca uma compreensão da
relação de causa e efeito entre variáveis externas a aceitação dos indivíduos e o uso real da
tecnologia, entendendo o comportamento dos indivíduos através de seus conhecimentos sobre
a utilidade e a facilidade de utilização da mesma. (DAVIS, 1989). Para o autor, os indivíduos
tendem a fazer uso de uma tecnologia com o objetivo de melhora de desempenho no trabalho.
Entretanto, essa tendência é influenciada pela facilidade de se utilizar determinada tecnologia.
Ou seja, os usuários tem interesse em melhorar o desempenho no trabalho através da
utilização da tecnologia somente se o esforço percebido para utilizá-la não ultrapasse seus
julgamentos subjetivos. Dito isso, o modelo TAM é baseado em dois construtos: utilidade
percebida e facilidade de uso percebida. Dessa maneira, é importante entender que esse
modelo busca mostrar o impacto de fatores externos na decisão e intenção de uso de um
individuo perante uma tecnologia. (DAVIS; BAGOZZI; WARSHAW, 1989; DAVIS 1989;
24

DILLON; MORRIS, 1996; LEE et al., 2003; VENKATESH et al., 2003).


Davis (1989) define utilidade percebida como o julgamento de um usuário quanto a
utilização de uma tecnologia em vista de sua melhora de desempenho. Já “Facilidade de uso
percebida” é definida pelo autor como o julgamento desse usuário quanto à facilidade de se
utilizar essa tecnologia.

Figura 2 - Modelo de Aceitação da Tecnologia

Fonte: Elaborado a partir de Davis (1989)

Venkatesh e Davis (2000) usaram o modelo TAM para desenvolver o TAM2, que
incorpora mais três construtos,: Norma Subjetiva, Voluntariedade e Imagem, bem como a
adoção de processos instrumentais cognitivos: Relevância no Trabalho, Qualidade de Saída,
Demonstração de Resultados e Facilidade de Uso Percebida.
25

Figura 3 - Modelo de Aceitação da Tecnologia 2

Fonte: Venkatesh e Davis (2000) adaptado por Tacco (2011)

Mantendo os mesmos significados de Utilidade Percebida e Facilidade de uso


percebida que fora abordado no modelo TAM, seu sucessor, TAM2, utiliza o mesmo conceito
de “Normas Subjetivas” de Fishbein e Ajzen (1975), que é dado como a percepção do
individuo acerca da opinião de pessoas importantes para ele quanto a adoção do
comportamento em questão. As novas variáveis modeladoras “Voluntarismo”e
“Experiência”visam distinguir o uso obrigatório e voluntario por parte dos usuários. A
“Imagem” (Image) foi definido por Moore and Benbasat (1991) como a percepção do
individuo quanto a melhora de sua imagem e status ao utilizar determinada tecnologia; no
mesmo caminho, “Relevância no trabalho” (Job Relevance) se relaciona com a aplicabilidade
dessa tecnologia no trabalho do individuo; a “Qualidade Percebida dos Resultados (Output
Quality) é o grau de execução das tarefas realizadas pela tecnologia; por fim, “Resultados
Demonstrados” seria de fato o resultado obtido através da utilização da tecnologia em
questão, que se faz muito importante pois um sistema não é aceitável se seus ganhos não
forem perceptíveis aos olhos dos usuários. (Venkatesh e Davis, 2000).
26

2.4.3 Modelo Motivacional (MM)

Aplicado por Davis, Bogozzi e Warshaw (1992), o Modelo Motivacional


(Motivational Model – MM), busca compreender as motivações por trás do uso de uma
tecnologia. Nele, existem motivações intrínsecas e extrínsecas que interferem no
comportamento de um individuo. O primeiro grupo de motivação, intrínseco, pode ser
definido como a percepção dos usuários quanto a realização da tarefa e sua respectiva
sensação de prazer e satisfação. Já as motivações extrínsecas são aquelas exteriores ao
indivíduos, isto é, os resultados que a utilização dessa tecnologia podem trazer para sua vida,
como exemplo: melhoria no desempenho, aumento salarial, etc. (DAVIS; BAGOZZI;
WARHSHAW, 1992; SHARMA; MISHRA, 2015)

2.4.4 Teoria do Comportamento Planejado (TPB)

Estendendo ainda mais a Teoria da Ação Racional (TRA), a Teoria do Comportamento


Planejado (Theory of Planned Behavior – TPB), criada por Ajzen (1991), adiciona o construto
“Controle Comportamental Percebido” ao modelo. É importante salientar que os construtos
do modelo TRA foram mantidos com seus respectivos significados.
Dito isso, o construto adicionado poder entendido como o grau de facilidade de se
realizar um determinado comportamento. Dessa maneira, temos agora três variáveis
independentes que influenciam na intenção do usuário a realizar um comportamento.

Figura 4 - Teoria do Comportamento Planejado

Fonte: Adaptado de Ajzen (1991)


27

2.4.5 Modelo Combinado TAM e TPB

Como o próprio nome diz o Modelo Combinado TAM e TPB (Combined TAM and
TPB – C –TAM-TPB), elaborado por Taylor e Todd (1995), é uma junção desses dois modelos.
Esse modelo hibrido apresenta “Atitude em Relação ao Comportamento”, “Normas
Subjetivas”, “Controle Comportamental Percebido” encontrados na TRA e TPB, e “Utilidade
Percebida” apresentada no modelo TAM. Esses construtos tem como objetivo mensurar tanto
a “Intenção de Uso” como o “Comportamento de Uso” de tecnologias.

2.4.6 Modelo de Utilização do PC (MPCU)

Com o objetivo de prever utilização do PC (Personal Computer), o Modelo de


Utilização do PC (Model of PC Utilization – MPCU), trata-se de uma adaptação da Teoria do
Comportamento Humano de Triandis (1980). Nele, Thompson, Higgins e Howell (1991),
modificam e adaptam essa teoria para o contexto da tecnologia. Para Venkatesh et AL. (2003),
a MPCU tem uma perspectiva contraria a apresentada pela TRA E TPB.
Apesar de Thompson, Higgins e Howell (1991) preverem o “Comportamento de Uso”
baseados nos construtos “Ajuste ao Trabalho” (Job-fit), “Complexidade” (Complexity),
“Consequências de Longo Prazo” (Long-term Consequences), “Efeitos em Relação ao Uso”
(Affect Towards Use), “Fatores Sociais” (Social Factors) e “Condições
Facilitadoras”(Facilitating Conditions),Venkatesh et AL. (2003) prefere examinar seus efeitos
sobre a “Intenção de uso”, buscando uma comparação mais assertiva dos diferentes modelos.
O construto “Ajuste ao Trabalho” pode ser definido como a melhora de desempenho
percebida pelo individuo ao utilizar uma tecnologia no trabalho; a “Complexidade” é
entendida como grau de dificuldade de entendimento e utilização de uma determinada
tecnologia; o construto “Consequências a longo prazo” refere-se aos resultados obtidos
através da utilização da tecnologia; o construto “Efeitos em Relação ao Uso” é definido a
partir das emoções e sentimentos relacionados ao ato de utilização; o construto “Fatores
Sociais” é como o individuo absorveu a cultura do grupo que pertence e como ele se relaciona
com outros indivíduos; e, por último, “Condições Facilitadoras” engloba todos os fatores que
tornam o ato em questão mais fácil. (THOMPSON; HIGGINS; HOWELL, 1991;
VENKATESH et al. 2003).

2.4.7 Teoria da Difusão da Inovação (IDT)

A Teoria da Difusão da Informação (Innovation Diffusion Theory – IDT) foi


originalmente criada por Rogers (1995) e tem como base a sociologia. Após uma adaptação
28

feita por Moore e Benbasat (1991) é que se tornou possível a sua utilização no estudo da
aceitação da tecnologia individual (VENKATESH ET AL., 2003). Seus principais construtos
são: “Vantagem relativa” (Relative Advantage), definida como o grau em que uma inovação
se apresenta melhor do que sua anterior; “Facilidade de Uso” (Ease of Use) como o grau de
dificuldade de utilização uma inovação apresenta; “Imagem” (Image) como a melhora na
imagem e status de um individuo que faz uso da inovação; “Visibilidade” (Visibility) como o
grau em que se ve outros indivíduos fazendo uso da inovação; “Compatibilidade”
(Compatibility), que representa o quanto uma inovação é consistente com valores,
necessidades e experiências anteriores dos usuários; “Demonstrabilidade de Resultados”
(Results Demonstrability) como a forma dos resultados serem apresentados; e por fim a
“Voluntariedade de Uso” (Voluntariness of Use), que mostra o quanto que a utilização de uma
inovação é feita de maneira voluntaria ou de livre arbítrio. (MOORE; BENBASAT, 1991;
VENKATESH et al., 2003).

2.4.8 Teoria Social Cognitiva

A Teoria Social Cognitiva (Social Cognitive Theory – SCT), elaborada por Bandura
(1986) defende que o individuo é o responsável pelo próprio desenvolvimento e que interage
com o mundo ao seu redor intencionalmente, isto é, se auto-regula e auto-organiza. Dito isso,
ela se baseia nos construtos: “Expectativas de Resultados de Performance” (Outcome
Expectations — Performance), que foi definido por Compeau e Higgins (1995) como as
resultantes do desempenho do comportamento apresentado no trabalho; “Expectativas de
Resultados Pessoais” (Outcome Expectations — Personal), que de acordo com os mesmos
autores são as consequências pessoais do comportamento; “Auto Eficácia” (Self-efficacy), que
de acordo com Venkatesh et al. (2003) significa a capacidade ou não de fazer uso de uma
tecnologia pra determinada tarefa; “Afeto” (Affect) que pode ser definido pela preferência de
um indivíduo a realizar um comportamento particular Venkatesh et al. (2003); e por fim
“Ansiedade” (Anxiety), que como seu próprio nome diz significa a demonstração de ansiedade
para se realizar um comportamento.

2.4.9 Teoria Unificada de Aceitação e Uso de Tecnologia (UTAUT)

A Teoria Unificada de Aceitação e Uso da Tecnologia (Unified Theory of Acceptance


and Use of Technology - UTAUT) é a união das teorias anteriormente mostradas, elaborada
por Venkatesh et al. (2003).
Na figura podemos ver que a teoria é feita de quatro construtos, que foram tirados
desses modelos, sendo eles “Expectativa de Desempenho” (Performance Expectancy),
29

“Expectativa de Esforço” (Effort Expectancy), “Influência Social” (Social Influence) e


“Condições Facilitadoras” (Facilitating Conditions), e quatro variáveis moderadoras: “Sexo”
(Gender), “Idade” (Age), “Experiência” (Experience) e “Voluntariedade” (Voluntariness of
Use).

Figura 5 - Teoria Unificada da Aceitação e Uso da Tecnologia (UTAUT)

Fonte: Venkatesh et al. (2003) adaptado por Gouvêa et al. (2013)

Na imagem é possível inferir a origem de cada construto: todos vieram da união de


construtos de outros modelos e adquiriram seu próprio significado através do trabalho de
Venkatesh et al. (2003).
O construto “Expectativa de Desempenho” significa o quanto o individuo espera
melhorar seu desempenho com a utilização dessa tecnologia. Ele foi baseado na junção de
cinco construtos, sendo eles: Utilidade Percebida (TAM/TAM2 e C-TAM- TPB), Motivação
Extrínseca (MM), Ajuste ao Trabalho (MPCU), Vantagem Relativa (IDT) e Expectativa de
Resultados (SCT).
A “Expectativa de Esforço” pode ser definida como a facilidade ou dificuldade
encontrada pelo individuo a se utilizar dessa tecnologia. Ela tem como base três outros
construtos, Facilidade de Uso Percebida (TAM e TAM2), Complexidade (MPCU) e
Facilidade de Uso (IDT).
“Influencia Social” é como o individuo percebe que pessoas importantes para ele
acreditam que ele deva usar a tecnologia. Ele foi originado a partir de três construtos: Norma
Subjetiva (TRA, TAM2, TPB / DTPB e C-TAM-TPB), Fatores Sociais (MPCU) e Imagem
(IDT).
Tudo que facilita o uso da tecnologia pode ser considerado como uma “Condição
Facilitadora”, ou seja, estrutura tanto da organização como do sistema, que acabam fazendo o
30

uso um melhor caminho. Esse construto foi tirado de três outros construtos: Controle
Comportamental Percebido (TPB/ DTPB, C-TAM-TPB), Condições Facilitadoras (MPCU) e
Compatibilidade (IDT).
É importante notar que a “Intenção Comportamental” do indivíduo, isto é, sua
intenção de utilizar a tecnologia é baseada Expectativa de Desempenho, Expectativa de
Esforço e Influência Social. Esse construto foi originado na Teoria da Ação Racional, de
Fishbein e Azjen (1975) e impacta diretamente no “Comportamento de Uso”, que vem a ser a
intenção de utilizar a tecnologia e se tornar um usuário da mesma. Por sua vez, o
“Comportamento de Uso” também sofre impacto das “Condições facilitadoras”, uma vez que
se o usuário perceber que fazer uso da tecnologia em questão é fácil, ele tende a adotá-la para
seu uso continuo com mais facilidade. Tais condições são diretamente impactadas pela
“Idade” e “Experiência” do usuário, pois sabemos que o julgamento subjetivo de “Fácil” ou
“Difícil” depende muito do que o usuário já chegou a experimentar e sua idade também
exerce grande influencia, uma vez que certas tecnologias são novidades aos olhos de pessoas
em certas faixas etárias, que podem encontrar dificuldade em utilizá-las.
Todas as quatro variáveis moderadoras exercem influencia tanto na “Intenção de Uso”
quanto no “Comportamento de Uso”. Dito isso, percebemos que o objetivo da pesquisa passa
por identificar se tais fatores realmente tem relação com o uso do Coworking.

2.4.10 Teoria Unificada de Aceitação e Uso de Tecnologia 2

Chegamos à teoria que servirá como base da pesquisa, a Teoria Unificada de


Aceitação e Uso de Tecnologia 2 (Unified Theory of Acceptance and Use of Technology 2 -
UTAUT2) desenvolvido por Venkatesh, Thong e Xu (2012). A UTAUT2 é uma extensão
adaptada do UTAUT, também desenvolvido por Venkatesh et AL (2003), e tem como foco o
consumo, e não tanto a organização em si.
Além dos quatro construtos já existentes no modelo anterior, os autores adicionaram
mais três construtos: “Motivação Hedônica”, “Valor do Preço” e “Hábito”.
O construto “Expectativa de Desempenho”, (Performance Expectancy (PE)) será
avaliado como os usuários do Coworking acreditam que fazer uso desse serviço trará
benefícios para seus trabalhos.
“Expectativa de Esforço”, (Effort Expectancy (EE)) avaliará o julgamento dos usuários
ao que tange a facilidade de se utilizar o Coworking.
A “Influência Social” (Social Influence) será medida a partir de como os
frequentadores de Coworking enxergam a opinião de pessoas importantes para eles quanto ao
uso do mesmo.
As “Condições Facilitadoras” (Facilitating Conditions) fazem referencia nessa
31

pesquisa a todo tipo de agente facilitador para o uso do Coworking.


O construto “Motivação Hedônica”, (Hedonic Motivation (HM)), adicionado ao
modelo, foi definido pelos autores da teoria como o prazer encontrado ao se utilizar da
tecnologia em questão. No contexto dessa pesquisa, pode ser definido como o prazer que os
usuários do Coworking têm de fazer dele o seu ambiente de trabalho.
Venkatesh, Thong e Xu (2012) definem “Valor do Preço”, (Price Value (PV)), como a
relação encontrada entre os benefícios da utilização da tecnologia e o seu custo monetário. No
ambiente de Coworking, se os usuários perceberem que o valor monetário que eles pagam
pelo uso do espaço condiz com a quantidade de benefícios oferecidos, teremos uma relação
positiva.
O terceiro e último construto acrescentado, foi o construto “Hábito”, (Habit (HT)), que
foi definido como os comportamentos automáticos dos indivíduos em relação a aquela
tecnologia. Trazendo para nosso contexto, o hábito de frequentar um Coworking exercerá
influencia direta sobre a “Intenção Comportamental” e “Comportamento de Uso”.

Figura 6 - Teoria Unificada da Aceitação e Uso da Tecnologia 2 – UTAUT2

Fonte: adaptação feita pela autora Ana Gabrielle Ribeiro Lopes de Venkatesh, Thong e Xu (2012).
32

Através da analise da Figura, é possível perceber que todos os sete construtos exercem
influencia sobre a “Intenção Comportamental”, que por sua vez, juntamente com as
“Condições Facilitadoras” e o “Hábito” influenciam o “Comportamento de Uso”.
Percebemos também que o modelo UTAUT2 exclui a variável moderadora
“Voluntariedade”, Voluntariness (VOL) que estava presente no primeiro modelo. Isso se dá
porque não há obrigação no uso de uma tecnologia por parte dos consumidores. As outras
variáveis moderadoras são mantidas.
Além das variáveis citadas acima, adicionamos mais três construtos ao modelo
original UTAUT2. Em busca de um melhor entendimento da relação do uso dos espaços de
Coworking com a potencialização do empreendedorismo, vamos acrescentar ao modelo os
construtos “Independência”, “Networking” e “Ambiente de trabalho profissional”. Todos
esses construtos foram tirados do trabalho de Brown (2017), no qual se buscava entender as
motivações por trás da utilização dos Coworkings.
No construto “Independência” entende-se que o ambiente de Coworking oferece um
local no qual seja possível ser mais produtivo, separando vida pessoal da profissional e que
tenha a flexibilidade necessária para se trabalhar a quantidade de horas necessárias. Isto é,
mede-se com isso se o profissional avaliado sente-se independente para realizar seu trabalho
de acordo com seu ritmo e com a flexibilidade necessária para um equilíbrio entre trabalho e
vida pessoal. (Spinuzzi, 2012; Eurofound, 2014; Foertsch, 2015; Brodel et al., 2015; Merkel,
2015; Blein, 2016)
Um “Ambiente de trabalho profissional” é necessário para que se possa passar uma
imagem profissional para clientes em potencial e parceiros. Um home-office, por exemplo,
poderia não passar essa confiança para as pessoas que fossem fazer negócios com este
profissional. (Spinuzzi, 2012)
O “Networking” é amplamente reconhecido como um fator positivo dentro dos
negócios. Nos espaços de Coworking não seria diferente. A possibilidade de ter contato com
pessoas do ramo de trabalho, que estejam sob a mesma atmosfera e que se possa trocar
experiências também é um fator relevante para os usuários. Mesmo esse contato não sendo do
mesmo ramo de atuação, é interessante notar que o contato social que o Coworking possibilita
é de fato muito importante na construção de oportunidades dentro do ambiente. (Spinuzzi,
2012:40; Colleoni and Arvidsson, 2015; Brodel et al., 2015).
Após a apresentação de todos os construtos que serão utilizados, desenvolveu-se o
modelo proposto, que é uma extensão do modelo UTAUT2. A partir desse modelo proposto,
são derivadas as hipóteses do modelo UTAUT2 modificado, exposto na Figura:
33

Figura 7 - Modelo UTAUT2 Modificado

Fonte: Elaborado pela autora

O modelo UTAUT2 é amplamente utilizado em diversas pesquisas, tais como


Motivações para compras coletivas online Vera (2014); Usuários de internet em Smartphones
Lima Faria et al. (2014); Aceitação e uso da tecnologia para a preferência de destinos
turísticos por indivíduos da terceira idade Moura et al. (2017) , dentro outros mais, que
fizeram uso do modelo UTAUT2 em suas pesquisas. Essa extensa utilização em pesquisas que
buscam entender o uso de alguma tecnologia reforça a importância que tal modelo tem para o
entendimento dessa questão,m bem como seu valor perante a academia. Dito isso,
utilizaremos esse modelo como uma ferramenta para a análise da aceitação e intenção de uso
dos espaços de Coworking pelos seus usuários.
Essa seção identificou teorias que deram origem ao modelo UTAUT, bem como suas
adaptações para o modelo que utilizaremos, o UTAUT2.
34

3 PROPOSIÇÃO DO MODELO TEÓRICO E DAS HIPÓTESES DE ESTUDO

Esse estudo usou como base o modelo O UTAUT2 de Venkatesh, Thong e Xu (2012),
devido a sua adaptação ao contexto consumidor que foi abordado. Não serão analisadas nessa
pesquisa, os efeitos moderadores “idade”, “sexo” e “experiência”.
O construto “Ambiente de Trabalho” originário do modelo de Brown (2017), tem
como pressuposto que o local de trabalho precisa ser profissional, proporcionar um espaço
para encontros, reuniões e exposição do trabalho do indivíduo. Dito isso, mede-se através dele
quão profissional o ambiente é para se trabalhar. Desta maneira, propõe-se a seguinte
hipótese:
H1: O “Ambiente de trabalho” impacta na “Intenção de Uso” de Coworking.
De acordo com Venkatesh, Thong e Xu (2012) as “Condições Facilitadoras” são um
conjunto de condições que influenciam na intenção de uso de determinada tecnologia. Ainda
pelos autores, ela atuam mais como “Controle Comportamental Percebido” (TBP) e
influenciam dessa forma, a intenção e o comportamento do usuário (AJZEN, 1991). Cada
consumidor tem condições diferentes para o acesso a determinada tecnologia, portanto quanto
maior o nível de condições, maior a intenção do mesmo a utilizá-la (VENKATESH; THON;
XU, 2012).
Dito isso, o construto “Condições Facilitadoras” está relacionado com “Intenção
Comportamental” e “Comportamento de Uso”, portanto, apresentam-se as hipóteses:
H2A: As “Condições Facilitadoras” impactam no “Comportamento de Uso” do
Coworking.
H2B: As “Condições Facilitadoras” impactam na “Intenção de uso” do Coworking.
A mensuração dos benefícios proporcionados pelo uso de determinada tecnologia é
chamada “Expectativa de Desempenho”. Em seu modelo original (TAM/TAM2, C-TAM-
TPB, MM, MPCU, IDT e SCT) foi constatado como preditor mais forte da Intenção e
continuou relevante na pesquisa de Venkatesh et al. (2003). Dessa maneira, propõe-se a
seguinte hipótese:
H3 – A “Expectativa de Desempenho” impacta na “Intenção de Uso” de um
Coworking.
A “Expectativa de Esforço” mede o grau de facilidade para o uso de determinada
tecnologia. (VENKATESH; THONG; XU, 2012). Venkatesh et al. (2003) afirmam que quanto
mais fácil for a utilização de uma tecnologia, maior será a sua aceitação. Dito isso, temos a
hipótese:
H4 – A “Expectativa de Esforço” impacta na “Intenção de Uso” de um Coworking.
O “Hábito” é um reflexo de efeitos de experiências passadas (VENKATESH;
THONG; XU, 2012). Kim e Malhotra (2005) definiram o uso anterior como um forte preditor
para o uso futuro de uma determinada tecnologia. De acordo com Venkatesh, Thong e Xu
35

(2012), muito se fala sobre a influencia do hábito no “Comportamento de Uso” ou na


“Intenção de Uso” (AARTS; DIJKSTERHUIS, 2000; AJZEN, 2002; KIM; MALHOTRA;
NARASIMHAN, 2005). A TPB defende que a repetição de determinado comportamento pode
ter como resultado atitudes e intenções bem estabelecidas (AJZEN; FISHBEIN, 2000), que
por sua vez guiarão o comportamento sem que haja um pensamento consciente antes das
mesmas. Dito isso, Venkatesh, Thong e Xu (2012) sugerem que um hábito forte é seguido por
uma intenção armazenada, que por sua vez influenciará o comportamento do usuário. Desta
maneira, foram levantadas as seguintes hipóteses:
H5A: O “Hábito” impacta na “Intenção de uso” de um Coworking.
H5B: O “Hábito” impacta no “Comportamento de Uso” de um Coworking.
O construto “Independência” desenvolvido no trabalho de Brown (2017) estabelece
que o Espaço de Coworking ideal deva oferecer um ambiente em que o usuário consiga se
desvincular do ambiente doméstico e ao mesmo tempo proporcionar um lugar propicio para
concentração e criatividade no trabalho. Dessa maneira, busca-se medir o grau de
independência que o ambiente proporciona a fim de analisar a consequente “Intenção de uso”
do mesmo.
H6: A “Independência” impacta na “Intenção de Uso” de um Coworking.
A “Influência Social” em contextos espontâneos influencia as percepções sobre
tecnologia, tendo como instrumentos a conformidade, internalização e identificação.
(VENKATESH 2003; VENKATESH; DAVIS, 2000; WARSHAW, 1980). O mecanismo de
conformidade influencia um individuo a mudar sua intenção de acordo com a pressão social, a
internalização e identificação se relacionam com a mudanças nas crenças de um indivíduo que
responde a potenciais ganhos de prestígio social VENKATESH et al., 2003). Desta forma,
Venkatesh et al. (2003) e Venkatesh, Thong e Xu (2012) determinam que a “Influencia
Social” é decisiva na “Intenção Comportamental”. Dito isso, o presente estudo visa medir se a
opinião do meio social influencia na aceitação dos espaços de Coworking, assim, enuncia-se a
hipótese:
H7: A “Influência Social” impacta na “Intenção de Uso” de Coworking.
A “Intenção Comportamental” é definida por Venkatesh, Thong e Xu (2012) como a
intenção de usar ou manter o uso de uma tecnologia no futuro, bem como o nível de
motivação de um indivíduo a adotar um comportamento. Dito isso, levanta-se a hipótese:
H8: A “Intenção de Uso” do Coworking impacta no “Comportamento de Uso” de um
Coworking.
A “Motivação Hedônica” é delineada como felicidade proporcionada com o uso de
uma tecnologia. Aspira-se que a “Motivação Hedônica” impacte positivamente na “Intenção
de Uso”, pois ela tem um papel importante na determinação da aceitação e no uso da
tecnologia. Dito isso, foi levantada a seguinte hipótese:
H9: A “Motivação Hedônica” impacta na “Intenção de Uso” de um Coworking.
36

Num ambiente de Coworking, “Networking” se torna importante a partir do momento


que ele propicia ao usuário interações benéficas com outros indivíduos, que oferecem suporte,
contato social com pessoas da área e compartilham experiências e conhecimentos. (BROWN,
2017). Dito isso, esse construto se mostra bastante importante no que tange a “Intenção de
Uso” de um espaço de Coworking. Desta maneira, a seguinte hipótese pode ser levantada:
H10: O “Networking” impacta na “Intenção de uso” de um Coworking.
O valor a ser pago para a utilização de uma tecnologia pode impactar a decisão dos
usuários de usar ou não determinada tecnologia. (VENKATESH; THONG; XU, 2012).
Venkatesh, Thong e Xu (2012), Zeithaml (1988) afirmam que o custo/preço é analisado
juntamente com a qualidade dos produtos ou serviços, a fim de determinar o valor percebido.
Analogamente, Venkatesh, Thong e Xu (2012) afirmam quando os benefícios do uso são
maiores que o custo, há um impacto positivo na intenção de usar uma tecnologia. Diante
disso, verificaremos a seguinte hipótese no estudo:
H11: O “Preço” impacta na “Intenção de Uso” de um Coworking.

Quadro 1 - Síntese das hipóteses propostas


H1 O “Ambiente de trabalho” impacta na “Intenção de Uso” do Coworking.

H2A As “Condições Facilitadoras” impactam no “Comportamento de Uso” do Coworking.


H2B As “Condições Facilitadoras” impactam na “Intenção de uso” do Coworking.
H3 A “Expectativa de Desempenho” impacta na “Intenção de Uso” de um Coworking.
H4 A “Expectativa de Esforço” impacta na “Intenção de Uso” de um Coworking.
H5A O “Hábito” impacta na “Intenção de uso” de um Coworking.
H5B O “Hábito” impacta no “Comportamento de Uso” de um Coworking.
H6 A “Independência” impacta na “Intenção de Uso” de um Coworking.
H7 A “Influência Social” impacta na “Intenção de Uso” de Coworking.
H8 A “Intenção de Uso” do Coworking impacta no “Comportamento de Uso” de um Coworking.
H9 A “Motivação Hedônica” impacta na “Intenção de Uso” de um Coworking.
H10 O“Networking” impacta na “Intenção de uso” de um Coworking.
H11 O “Preço” impacta na “Intenção de Uso” de um Coworking.
Fonte: Elaborado pela autora

No quadro acima, temos uma síntese das hipóteses levantadas na pesquisa, que tem
como base o modelo UTAUT2 de Venkatesh, Thong e Xu (2012), modificadas para o
contexto de Espaços de Coworking. No próximo capítulo abordaremos os procedimentos
metodológicos que serão utilizados na pesquisa.
37

4 METODOLOGIA

O método de pesquisa busca definir cada passo que deverá ser seguido para que a
pesquisa atinja seu objetivo principal. De acordo com Gil (2002), a metodologia, portanto,
examina, descreve e avalia técnicas que ajudam na coleta de dados e posterior análise das
informações, de modo que se atinja o objetivo, resolvendo assim a questão proposta pelo
trabalho.
Dito isso, explanaremos nesse capítulo caracterização da pesquisa, instrumento de
pesquisa utilizado, a população e amostra escolhidas, o método de aplicação e a coleta de
dados, bem como o resultado e sua respectiva análise. Portanto, analisaremos com essa
pesquisa a aderência ao serviço Coworking, as motivações que a circundam e se o
empreendedorismo está sendo potencializado com a maior adoção dos espaços de Coworking.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

4.1.1 DESCRITIVA

A pesquisa descritiva, como seu próprio nome diz, busca descrever de maneira
detalhada, através da comparação de resultados e posterior análise dos mesmos.
Esse modelo de pesquisa objetiva a descrição das características de uma população ou
um fato isolado, através do relacionamento das variáveis apresentadas. (GIL, 2002, 2008).
Analogamente, Andrade (2002) pontua que a pesquisa descritiva busca observar fenômenos,
registrá-los, analisá-los, classificá-los e posteriormente interpretá-los.
Algumas pesquisas descritivas buscam entender mais sobre o perfil dos grupos
estudados, analisando seu comportamento, suas percepções e características a fim de entender
suas opiniões e atitudes. (MALHOTRA, 2012).
Dito isso, a pesquisa descritiva colabora ao que tange a caracterização da população e
a identificação de relações entre variáveis estudadas dentro da amostra.
No presente estudo, a pesquisa descritiva irá colaborar na identificação de perfis de
usuários do espaço de Coworking, identificando as motivações para intenção e
comportamento de uso, e, para tal, descobrir a relação entre as variáveis do modelo UTAUT2,
elaborado por Venkatesh, Thong, Xu (2012). Dito isso, quanto aos objetivos, a presente
pesquisa tem cunho descritivo.

4.1.2 PESQUISA QUANTITATIVA


38

A pesquisa quantitativa tem como base um pensamento positivista que por sua vez
busca dar uma relação causa e efeito através dos seus métodos e resultados obtidos. É
interessante pontuar um pouco sobre a corrente positivista e como ela está presente da
pesquisa quantitativa. O positivismo é uma corrente filosófica que nasceu no começo do
século 19 com Augusto Comte e John Stuart Mill. Ela busca observar acontecimentos e
explica-los através de leis imutáveis. De acordo com Hayati (2006), é a partir dessa relação
causal definida que se torna possível chegar a verdades universais, com resultados capazes de
serem reproduzidos e passiveis de generalização. Ou seja, através do método quantitativo,
busca-se delinear causas aos efeitos que foram encontrados na pesquisa, podendo ser esse
resultado ser expandido a outros casos. Dado isso, podemos perceber que se trata de um
método baseado na racionalidade e no empirismo.
A abordagem quantitativa pode ser definida como a quantificação dos dados e suas
estatísticas. (Richardson,1999). Nela são analisados dados numéricos obtidos, através de
métodos estatísticos, a fim de verificar teorias, identificar variáveis, relatar hipóteses, fazendo
uso de padrões de validade e confiabilidade, determinando assim a probabilidade de acerto e
sua respectiva margem de erro. (CRESWELL, 2007; GERHARDT; SILVEIRA, 2009; GIL,
2008). Pesquisas de cunho descritivo, melhor se encaixam na abordagem quantitativa.
(MALHOTRA, 2012).
A presente pesquisa, portanto, se encaixa na abordagem quantitativa, tanto na coleta,
que se da através de questionários, quanto na análise estatística dos dados obtidos. Em que, no
primeiro momento irá utilizar hipóteses para testar o modelo UTAUT2 aplicado ao espaço de
Coworking. Através do levantamento e coleta de dados estruturados, por meio de um
questionário com questões fechadas, utilizando de análise multivariada de dados, por
equações estruturais. (Creswell (2007); Gerhardt e Silveira (2009); Gil (2008) e Malhotra
(2012)).

4.2 INSTRUMENTOS DE PESQUISA

O questionário, foi composto de 46 questões fechadas, utilizando a escala tipo Likert


de 5 (cinco) pontos. Sendo assim, 1 (um) significa discordância total com a afirmativa, e 5
(cinco) corresponde a concordância total com a mesma. Também foram colocadas questões de
cunho descritivo da amostra, no qual perguntas demográficas e socioeconômicas buscam
delinear o perfil dos respondentes. As questões demográficas utilizadas foram: área de
atuação, idade, sexo, escolaridade, renda e estado civil.
As perguntas do questionário aplicado encontram-se abaixo:
39

Quadro 2 - Questionário aplicado no estudo de acordo com os construtos

Fonte: Elaborado pela autora


40

Quadro 3 - Questionário demográfico aplicado no estudo

Fonte: Elaborado pela autora


41

4.3 UNIVERSO E AMOSTRA

Uma população é constituída por um grupo de indivíduos que possuem características


comuns entre eles (MALHOTRA, 2012). Dito isso, a população a ser considerada nessa
pesquisa compreende o grupo de usuários de algum espaço de Coworking, onde
necessariamente tenham utilizado o espaço para fins profissionais. O questionário foi aplicado
durante o mês de Abril de 2018.
O presente estudo fez uso do método de amostragem por conveniência, isto é, foi
selecionada uma amostra da população que seja acessível, que se prontificou a responder o
questionário, e não porque foram selecionados através de um critério estatístico. (Hair Jr.,
Babin, Money e Samouel, 2005). Foi empregado também o método bola de neve, no qual o
link da pesquisa foi compartilhado pelos respondentes a fim de angariar mais pessoas para a
pesquisa.
Para a definição do tamanho da amostra, utilizamos o critério de Hair, Black, Ba-bin,
Anderson e Tatham (2009). Nele, recomenda-se no mínimo cinco respondentes para cada
variável, onde preferencialmente contenha pelo menos 100 observações. Dito isso, o tamanho
da amostra da pesquisa atende as recomendações dos autores, totalizando um número de 257
usuários do espaço de Coworking.

4.4 COLETA E ANÁLISE DE DADOS

4.4.1 COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi feita através do método Survey (levantamento). Esse método
obtém dados primários sobre comportamento, intenções, atitudes, percepções, motivações e
características demográficas de certo grupo de indivíduos, que indica assim a representação de
uma população alvo. (Hair Jr., Babin, Money e Samouel, 2005).
A obtenção de dados foi feita através da aplicação de um questionário estruturado e
padronizado, criado com a ferramenta Google Forms e foi aplicado presencialmente nos
espaços de Coworking, e também divulgado online, através de redes sociais e e-mail.

4.4.2 ANÁLISE DE DADOS

A análise dos dados será feita através da Modelagem de Equações Estruturais (SEM -
Structural Equation Modeling), que é uma técnica de Análise Multivariada de Dados. Sobre a
Análise Multivariada de Dados, Hair et. al.(2009), defendem que a não ser que o problema
42

seja tratado como multivariado, ele não será tratado profundamente, isto é, através da análise
feita através dessa modelagem é possível se aprofundar no problema a fim de obter melhores
resultados. As correlações naturais entre as múltiplas influências de comportamento podem
ser preservadas e efeitos separados dessas influências, estudados estatisticamente sem causar
um isolamento comum de qualquer indivíduo ou variável. (HAIR Jr. et al., 2009).
Os autores defendem ainda que muitas áreas do conhecimento se interessam pela SEM
devido ao fato de que se trata de um método direto para tratar múltiplas relações
simultaneamente, enquanto fornece eficiência estatística. Além desse motivo, essa
modelagem também permite uma avaliação das relações em âmbito geral, fornecendo assim
uma transição da analise exploratória para a análise confirmatória. (HAIR Jr. et al., 2009).
A primeira característica exposta acima não é a única específica da SEM, tendo
também a capacidade de incorporar variáveis latentes na análise, viabilizando ao pesquisador
modelar relações complexas que não são possíveis com outras técnicas multivariadas.
Dito isso, a Modelagem de Equações Estruturais é caracterizada por dois componentes
básicos, sendo um seu modelo estrutural, ou modelo de "caminhos", que associa variáveis
independentes com variáveis dependentes e o outro o modelo de mensuração, que permite o
uso de indicadores para avaliar a contribuição de cada um deles na representação (ou
conceituação) de uma variável dependente ou independente. (HAIR Jr. et al., 2009).
Em seu roteiro, Hair Jr. et al. (2009), fraciona a avaliação do diagrama de caminhos
em duas etapas, sendo elas a avaliação do modelo de mensuração e a avaliação do modelo
estrutural. A seguir essas etapas são apresentadas de forma detalhada.
Os procedimentos para a aplicação do PLS-SEM são:
Estágio 1 : A especificação do modelo estrutural;
Estágio 2 : A especificação dos modelos de mensuração;
Estágio 3 : A coleta e o exame dos dados;
Estágio 4 : A estimação do modelo de caminhos através do PLS;
Estágio 5 : A avaliação o modelo de mensuração reflexivo;
Estágio 6 : A avaliação o modelo de mensuração formativo; *
Estágio 7 : Avaliação do modelo estrutural;
Estágio 8 : A realização de análises avançadas sobre o modelo;
Estágio 9 : A interpretação dos resultados e realização das conclusões.
Nota: * É importante frisar a não adoção do estágio seis, tendo em vista as características do modelo da

pesquisa que será aplicada.

4.4.2.1 Especificação do modelo estrutural e dos modelos de mensuração (estágios 1 e 2)

Para iniciar uma pesquisa que utilize a Modelagem de Equações Estruturais (SEM), é
necessária a preparação de um diagrama que ilustre as hipóteses de pesquisa, indicando as
43

relações entre as variáveis que serão examinadas, o que é frequentemente chamado de modelo
de caminhos (HAIR Jr. et al., 2009).
Os modelos de caminhos por sua vez, são constituídos por dois elementos, o modelo
estrutural e o modelo de mensuração. O primeiro indica as relações entre os construtos da
pesquisa, e o segundo indica as relações entre os construtos e suas medidas, ou indicadores,
sendo que todas as relações propostas devem se apoiar em teoria e lógica (HAIR Jr. et al.,
2009).
Duas importantes definições devem ser apresentadas, tanto para o modelo estrutural
como para o modelo de mensuração. No modelo estrutural os construtos podem ser exógenos
(independentes) ou endógenos (dependentes). Os construtos exógenos não têm setas
apontando para eles, ou seja, não há construtos os precedendo em alguma relação proposta no
modelo. Já os construtos endógenos, sempre à direta do modelo, por serem dependentes, têm
setas apontando para eles, podendo também ter setas deles para outros construtos, quando,
nesses casos, aparecem no meio do modelo de caminhos, sendo ao mesmo tempo variáveis
dependentes e independentes (HAIR Jr. et al., 2009).
Os construtos podem ser especificados em duas formas de mensuração: reflexiva e
formativa. No modelo de mensuração reflexivo as medidas (ou indicadores) representam os
efeitos, ou manifestações, do construto a que estão relacionadas, assim, as setas partem do
construto para os indicadores. Já no modelo de mensuração formativo há a assunção de que os
indicadores causam os construtos, de forma que o conjunto de indicadores determina o
significado do construto, e cada um capta um aspecto específico do mesmo.
Na parte de apresentação dos dados da pesquisa esses dois estágios estão
representados na figura do modelo de caminho proposto.

4.4.2.2 Coleta e exame dos dados (estágio 3)

As formas de coleta e exame dos dados já foram apresentadas no início do capítulo


4.4.1, que trata dos procedimentos metodológicos.

4.4.2.3 A estimação do modelo de caminhos através do Smart PLS (estágio 4)

O PLS-SEM é uma técnica que estima através da regressão OLS (Mínimos Quadrados
Ordinais) que determina suas propriedades estatísticas. Busca-se com ela a maximização da
variância que é explicada nos construtos dependentes, através da predição das relações
hipotetizadas entre os construtos do modelo. Para isso, o algoritmo estima os coeficientes de
caminho entre os construtos e outros parâmetros do modelo (HAIR Jr. et al., 2009).
Para Hair, Ringle e Sarstedt (2011), “[...] o foco do PLS-SEM está mais na predição do
que na explicação, o que o faz particularmente útil para estudos de fontes de vantagens
44

competitivas e direcionadores de sucesso [...]”.


Após a coleta e validação, os dados obtidos com a pesquisa devem ser importados para
o software SmartPLS, somente em números, devendo estar o arquivo na extensão .csv. Antes
disso, Hair Jr et al. (2009) afirma que no entanto, é preciso ter criado o projeto e desenhado o
modelo de caminhos no referido software (HAIR Jr. et al., 2009).
Quando o modelo da pesquisa estiver especificado, com todos os indicadores definidos
para cada construto e definidas as relações entre esses construtos, tendo sido os dados da
pesquisa importados, o algoritmo do PLS poderá ser acionado para estimar o modelo.

4.4.2.4 Avaliação do modelo de mensuração (estágios 5)

Avaliação do modelo de mensuração reflexivo


De acordo com Hair Jr. et al. (2009), a avaliação dos modelos de mensuração
reflexivos incluem:
a) a análise da confiança composta, para avaliar a consistência interna;
b) a análise da confiança no indicador e da Variância Média Extraída (AVE – Average
Variance Extracted), para avaliar a validade convergente; e
c) a análise do critério de Fornell-Larcker e das cargas cruzadas, para avaliar a
validade convergente.
As análises e considerações feitas na avaliação e no tratamento da parte reflexiva do
modelo de mensuração são apresentadas a seguir.
Confiança na consistência interna
Dois critérios são normalmente utilizados para a avaliação da confiança na
consistência interna, o Alfa de Cronbach e a confiança composta. O primeiro, considerado
mais tradicional e conservador, provê uma estimativa de confiança baseado nas
intercorrelações dos indicadores, sendo mais sensível ao número de itens na escala, tendendo
geralmente a subestimar a confiança na consistência interna (HAIR Jr. et al.(2009).
Já confiança composta leva em conta as diferentes cargas dos indicadores, variando
entre 0 e 1, sendo que maiores valores indicam maiores níveis de confiança. É geralmente
interpretada da mesma forma que o Alfa de Cronbach, em que valores entre 0,60 e 0,70 são
aceitáveis em pesquisas exploratórias, enquanto em estágios mais avançados valores entre
0,70 e 0,90 são tidos como satisfatórios. Porém, valores acima de 0,90 não são desejáveis,
pois indicam que todos os indicadores do construto estão medindo o mesmo fenômeno. Já
valores abaixo de 0,60 indicam uma lacuna na confiança na consistência interna (HAIR Jr. et
al.(2009).
Validade convergente
A extensão em que uma medida se correlaciona positivamente com as demais do
mesmo construto é conhecida como validade convergente. Espera-se que indicadores de um
45

mesmo construto reflexivo compartilhem entre si alta proporção de variância (HAIR Jr. et al.
(2009).
A avaliação da validade convergente acontece por meio da análise das cargas dos
indicadores, para se observar a confiança do mesmo, e dos valores da Variância Média
Extraída – AVE. Para Hair Jr et al (2009), quando há a presença de altas cargas externas em
um construto, com valores iguais ou superiores a 0,708, constata-se que associados tem muito
em comum.
Para a avaliação da validade convergente, inicialmente é realizada a análise do
quadrado das cargas externas padronizadas dos itens, também conhecida como comunalidade
ou variância extraída do item, que representa o quanto da variação de um item é explicado
pelo construto ao qual ele está relacionado (HAIR Jr. et al. 2009). Como regra, os autores
indicam que a variável latente, ou construto, deve explicar no mínimo 50% da variância de
cada indicador, ou seja, o quadrado da medida de cada indicador deve ser igual ou superior a
0,5. (HAIR Jr. et al. 2009).
Hair Jr. et al. (2009) chamam a atenção para que, ao invés de eliminar
automaticamente os indicadores com carga abaixo de 0,70 (valor de referência aproximado de
0,708), deve-se examinar os efeitos da remoção na confiança composta e na validade de
conteúdo do construto. Os autores enfatizam que, geralmente, indicadores com cargas
externas entre 0,40 e 0,70 devem ser removidos somente quando isso levar a um aumento na
confiança composta, ou no valor da AVE, acima do valor de threshold sugerido, ou seja,
acima de 0,70 e 0,50, respectivamente. Já indicadores com carga abaixo de 0,40 devem
sempre ser eliminados.
Validade Discriminante
Validade discriminante é a extensão em que um construto se difere dos demais
construtos do modelo, ou seja, o quanto cada um capta de determinado fenômeno não
representado pelos demais construtos (HAIR et at., 2009).
Há dois métodos para avaliar a validade discriminante, sendo um o exame das cargas
cruzadas dos indicadores; e o outro o critério de Fornell-Larcker. No primeiro, a carga externa
de um indicador em seu construto associado deve ser superior a todas suas cargas nos demais
construtos, caso contrário há problema com a validade discriminante. Já o critério de Fornell-
Larcker, abordagem mais conservadora para a análise da validade discriminante, compara a
raiz quadrada do valor da AVE de cada construto com as correlações entre esse construto e os
demais construtos do modelo (HAIR Jr. et al., 2009).

4.4.2.5 Avaliação do modelo estrutural (estágio 7)

Esse estágio objetiva examinar as capacidades preditivas do modelo e as relações entre


os construtos. É importante compreendermos que o PLS-SEM adéqua seu modelo à amostra
46

de dados, buscando assim a obtenção da melhor estimativa de parâmetro por maximizar a


variância explicada das variáveis latentes endógenas. Nesse modelo, temos que o modelo é
especificado corretamente, sendo que o mesmo é avaliado por sua capacidade de predizer as
variáveis latentes endógenas, ou seja, os construtos. Os autores Hair Jr et al (200) apresentam
os procedimentos para a avaliação do modelo estrutural, que são divididos nas seguintes
etapas:
1ª - Avaliação da colinearidade no modelo estrutural, ou entre construtos.
A avaliação da colinearidade no modelo estrutural se dá através do exame dos valores
de tolerância e da VIF (Fator de Inflação da Variância), assim como na avaliação do modelo
de mensuração formativo (HAIR Jr. et al., 2009). Para tanto, segundo os autores, é necessário
examinar cada conjunto de construtos preditivos separadamente, checando se há níveis
significantes de colinearidade entre cada conjunto de construtos preditivos. (HAIR Jr. et al.,
2009).
Assim como na avaliação do modelo de mensuração formativo, consideram-se como
indicativo de colinearidade nos construtos preditivos valores de tolerância abaixo de 0,20, e
consequentemente valores VIF acima de 5,00. Segundo Hair Jr. et al., (2009) , caso seja
constatada a existência de colinearidade deve-se considerar a eliminação de construtos, a
transformação de construtos preditivos em um único ou a criação de construtos de ordem
superior. (HAIR Jr. et al., 2009)
2ª - Avaliação da significância e relevância das relações no modelo estrutural, ou dos
coeficientes de caminho entre os construtos.
O PLS-SEM gera estimativas para as relações hipotetizadas entre os construtos, os
coeficientes de caminho, que podem apresentar valores entre -1 e +1, sendo que +1 indica
relações extremamente positivas, e -1 significa relações extremamente negativas, sendo que
quanto mais próximo de 0 (zero) for o coeficiente, mais fraca é a relação (HAIR Jr. et al.,
2009).
Análogo à avaliação do modelo de mensuração formativo, o nível de significância dos
coeficientes é verificado através dos t valores, que são gerados através do bootstrapp no
SmartPLS. Os t valores críticos que servem como parâmetro para os t valores empíricos são
os mesmos já citados, ou seja, 1,65 para um nível de significância de 10%, 1,96 para um nível
significância de 5%, e 2,57 para um nível de significância de 1%. Assim, quando um t valor
empírico for superior a um dos t valores críticos, considera-se o coeficiente significante a
certa probabilidade de erro (nível de significância) (HAIR Jr. et al., 2009).
De acordo com Hair Jr. et al. (2009), um coeficiente, que tenha atingido determinado
nível de significância, representa a extensão em que um construto exógeno está associado a
um construto endógeno, ou seja, o valor de um coeficiente representa a mudança em que um
construto endógeno exerce sobre uma unidade do exógeno. (HAIR Jr. et al., 2009).
3ª - Avaliação do nível dos valores dos R2
47

O R2, ou coeficiente de determinação, é a medida mais comumente utilizada para


avaliar o modelo, representando a acurácia preditiva do mesmo, como também os efeitos
conjuntos dos construtos exógenos sobre determinado construto exógeno, ou seja, ele
representa a variância dos construtos endógenos através dos construtos exógenos que estão
ligados a ele. (HAIR Jr. et al., 2009).
O R2 varia de 0 a 1, sendo que quanto mais próximo a 1 maior a acurácia preditiva.
Segundo Hair Jr. et al. (2009), a determinação de valores de referência para o coeficiente de
determinação é tarefa difícil, visto que isso depende da complexidade do modelo e da
disciplina pesquisada. Ainda para esses autores, em pesquisas sobre o comportamento do
consumidor valores de 0,20 para o R2 são considerados altos, já em estudos que exploram
direcionadores de sucesso, como satisfação ou lealdade do consumidor, espera-se valores para
o R2 de pelo menos 0,75.
4ª - Avaliação do tamanho do efeito do f2
De acordo com Hair Jr. et al. (2009), a análise do tamanho do efeito do f2 visa avaliar
se a omissão de determinado construto no modelo gera impacto significativo nos construtos
endógenos. Ou seja, quando o R2 de determinado construto endógeno diminui após a
exclusão de determinado construto exógeno significa que este apresenta relevância preditiva
para aquele. O efeito f2 é calculado da seguinte forma:
f2 = R2 incluído – R2 excluído / 1 – R2 incluído
Desta maneira, o valor do R2 é calculado rodando o SmarPLS com o modelo completo
e depois com a retirada de determinado construto exógeno do modelo. Dito isso, verifica- se
os valores do R2 de cada construto endógeno antes e após a retirada do construto exógeno sob
observação. Os valores são inseridos na fórmula apresentada para o cálculo do valor do f2.
Como referência para a avaliação dos valores de f2, Cohen (1988) apresenta os valores de
0,02, 0,15 e 0,35 para efeitos pequenos, médios e grandes, respectivamente, dos construtos
exógenos do modelo. (HAIR Jr. et al., 2009)
5ª - Avaliação da relevância preditiva Q2 e do tamanho dos efeitos q2.
Segundo Hair Jr. et al. (2009), a acurácia preditiva de um modelo proposto também
deve ser avaliada através do exame dos valores do Q2, que prediz acuradamente os pontos de
dados de indicadores em modelos de mensuração reflexivos de construtos endógenos e
construtos com apenas um indicador. Valores de Q2 maiores que 0 (zero) indicam que o
modelo de caminhos apresenta relevância preditiva para um construto em particular (HAIR Jr.
et al., 2009).
O Q2 é obtido através da utilização de um dos procedimentos disponíveis no
SmartPLS , o Blindfolding, que é uma técnica que omite nos indicadores do construto
endógeno cada ponto de dado a um D intervalo definido, estimando assim os parâmetros com
os dados remanescentes. Dessa forma, os dados omitidos a cada distância D são considerados
como “não respostas” e tratados de acordo com a configuração definida no PLS-SEM para
48

tanto, que nesta pesquisa foi a recolocação do valor médio dos demais dados. Assim, esses
valores são utilizados para predizer os dados omitidos. Os Hair Jr. et al (2009) explicam que o
Blindfolding é um procedimento interativo que é repetido sempre até que cada ponto de dado
tenha sido excluso e o modelo reestimado.
A diferença entre os dados originais e os dados tratados, obtidos através da
recolocação da média dos dados remanescentes, é usada como entrada para a medida Q2. Essa
diferença, por sua vez, é o erro de predição, e quanto menor esse erro maior a acurácia
preditiva do modelo (HAIR Jr. et al., 2009).
O número de observações, questionários válidos utilizados no modelo, quando
dividido pela distância de omissão D não pode resultar em um número inteiro (HAIR Jr. et al.,
2009).
Hair Jr. et al. (2009) indicam que o Q2 pode ser calculado por meio de duas diferentes
abordagens, sendo elas a redundância validada cruzada (cross-validated redundancy) e a
comunalidade validada cruzada (cross-validated communality). No entanto indicam o uso da
primeira, que constrói as estimativas do modelo de caminhos a partir dos modelos de
mensuração e estrutural.
Similar à abordagem do tamanho do efeito f2, a medida q2 por meio de seu tamanho
também revela o impacto relativo da relevância preditiva, podendo se comparar o tamanho do
Q2 do construto endógeno com e sem determinado construto exógeno, sendo sua fórmula
também similar à utilizada para o cálculo do f2 (HAIR Jr. et al., 2009):
q2 = Q2 incluído – Q2 excluído /1 – Q2 incluído
Os valores de referência para se avaliar o tamanho do efeito preditivo da medida q2
são os mesmos utilizados para o f2, ou seja, 0,02, 0,15 e 0,35 para efeitos pequenos, médios e
grandes, respectivamente. O Blindfolding é aplicado apenas a construtos endógenos medidos
por indicadores reflexivos, e deve ser rodado com apenas um construto por vez (HAIR Jr. et
al., 2009).

4.4.2.6 Realização de análises avançadas sobre o modelo (estágio 8)

Os autores Hair Jr. et al. (2009) recomendam três tipos de análises avançadas, sendo
elas: a análise da matriz de desempenho-importância (IPMA), que estende a análise por
também levar o desempenho do construto em consideração; a análise da mediação, que
possibilita uma melhor compreensão entre construtos preditores e dependentes; e a aplicação
de construtos de ordem superior, que possibilita a inclusão de um construto mais amplo, que
representa diversos subcomponentes.
49

4.4.2.7 Interpretação dos resultados e realização das conclusões (estágio 9)

Trata das questões relacionadas à heterogeneidade percebida e não percebida nos


dados, o que segundo Hair Jr. et al. (2009) pode facilitar a obtenção de achados diferenciados.
50

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

Apresentaremos nesse capítulo os resultados e respectivas análises dos dados


recolhidos através da pesquisa. No primeiro momento, analisaremos a amostra de maneira
descritiva. Em seguida, analisaremos através da modelagem de equação estruturais (MEE) o
modelo da pesquisa.

5.1 PERFIL DOS RESPONDENTES

Os dados da análise descritiva dos respondentes são apresentados nas tabelas a seguir,
com o objetivo de contextualizar a interpretação.
Foram recolhidos 259 formulários válidos durante a pesquisa. Dito isso, a distribuição
da representatividade por gênero foi dada da seguinte maneira: 116 respondentes declararam-
se como do gênero feminino, o que representa 44,8% do total, enquanto 143 declararam ser
do sexo masculino, representando 55,9% da amostra.

Tabela 1 - Sexo da Amostra

Fonte: Dados do estudo, 2018

Analisamos também no presente trabalho, a faixa etária da amostra. Os resultados da


análise apontam para uma parcela majoritária de jovens, com idade entre 18 e 29 anos, que
representam uma fatia de 46.7% dos respondentes. Com isso, podemos perceber a
predominância de jovens entre os respondentes. Logo em seguida, temos o grupo de
indivíduos com idade entre 30 e 45 anos, que representam nessa pesquisa 42.9% dos
respondentes, contabilizando assim 111 respondentes com essa idade. O terceiro grupo com
maior representatividade foram os indivíduos com idade entre 45 a 60 anos, que somam 8,5%
dos respondentes. Apenas 0.8% dos respondentes tem até 18 anos e 1.2% tem acima de 60
anos. Percebemos com isso, uma predominância de usuários de espaços de Coworking com
idade entre 18 e 29 anos.
51

Tabela 2 - Faixa etária da amostra

Fonte: Dados do estudo, 2018.

Em relação ao estado civil dos usuários de espaço Coworking pesquisados, verifica-se


que a maioria deles é solteira, representando 57,9% do total. Representando 35.5% dos
respondentes estão as pessoas casadas, que somam 92 respondentes. Os indivíduos
divorciados representam 6.2% dos respondentes, e apenas 0.4% são viúvos.

Tabela 3 - Estado Civil da Amostra

Fonte: Dados do estudo, 2018.

O nível de escolaridade da amostra é evidenciado na tabela 4, onde se constata que a


maioria dos respondentes possui Pós-Graduação, representando 40.2% do total. O segundo
nível de escolaridade que foi mais declarado, foi o de superior completo, representando 32.8%
dos respondentes. Representando 20.8% da amostra, estão aqueles que possuem Nível
Superior Incompleto. Somando esses três níveis, temos 91.8% do total de indivíduos da
pesquisa. Podemos relacionar este dado com a idade média da amostra, na qual sua grande
maioria tem entre 18 e 45 anos, faixa etária na qual é possível já obter tais escolaridades. Os
demais grupos somam apenas 8,2% da amostra.
52

Tabela 4 - Escolaridade da Amostra

Fonte: Dados do estudo, 2018.

No que tange renda individual, o resultado da pesquisa apontou para uma maioria de
33.2% de respondentes que declararam receber de 4 a 10 salários mínimos. Logo em seguida,
temos um empate entre indivíduos que recebem até dois salários mínimos e aqueles que
declaram uma renda entre 2 a 4 salários mínimos, ambas as parcelas com 23.9% dos
respondentes cada. Subsequentemente, 12% recebem entre 10 a 20 salários mínimos, e apenas
6.9% da amostra declarou receber acima de 20 salários mínimos.

Tabela 5 - Renda Individual da Amostra

Fonte: Dados do estudo, 2018

Analisamos também as características que tangem o perfil empreendedor dos


respondentes. Por isso, foi questionado se eram empresários autônomos, funcionários de
empresas, ou se encaixavam nos dois perfis. Dito isso, foi identificado que 62.9 % da amostra
estudada são empresários autônomos, ou seja, a grande maioria dos entrevistados possui seu
próprio negócio. Os funcionários de empresas somam 23.6% dos respondentes, e apenas
13.5% são empresários e funcionários de empresa ao mesmo tempo.
53

Tabela 6 - Perfil Empreendedor da Amostra

Fonte: Dados do estudo, 2018.

Foi pedido para que os respondentes preenchessem a área de atuação em que


trabalham. Diante das respostas dadas, foram constatadas duas áreas com maior presença
dentro do ambiente de Coworking: Gestão e Negócios; e Tecnologia e Inovação. Ambas as
áreas representam 21.6% do total, cada uma. Outra área que obteve uma presença marcante
dentro desses espaços foi a de Comunicação e Marketing, que contou com um total de 18.1%
dos respondentes. Empreendedores representam 7.7% da amostra. Os outros 31% dos
respondentes se enquadraram dentro das seguintes áreas de atuação: 5% Jurídico; 4,6%
Construção; 4.2% Finanças; 3.9% Setor Criativo; 3.5% Educação; 2.7% Vendas; 2.7%
Treinamento e Coach; 1.9% Saúde; 1.2% Imobiliário e por fim, 1,2% se declararam em outras
áreas que não essas.

Tabela 7 - Área de Atuação da Amostra

Fonte: Dados do estudo, 2018.


54

A Tabela 8 busca identificar quantos funcionários possuem as empresas dos


respondentes da pesquisa. A grande maioria dos indivíduos, somando um total de 225,
declarou que as suas empresas, ou a empresa em que são funcionários possuem de zero a 10
funcionários. Isso representa 86.9% dos respondentes. Atrelada a esse dado, identificamos em
outra questão que só respondiam indivíduos em que a empresa tivesse até 10 funcionários,
que 91 desses 225 indivíduos, não possuem funcionários. Empresas de 11 a 20 funcionários
representam 5.8% da amostra, entre 21 e 50 funcionários obteve-se 3.5% e apenas 1.2%
declararam ter acima de 100 funcionários. Um total de 2.7% da amostra não declarou essa
informação.

Tabela 8 - Número de funcionários declarados pela amostra

Fonte: Dados do estudo, 2018.

5.2 ANÁLISES DO MODELO DE MENSURAÇÃO E ESTRUTURAL

Para testar as hipóteses deste trabalho foi utilizado modelagem de equações


estruturais. Segundo Hair et al. (2013), SEM (Structural Equation Modeling) é um método
estatístico poderoso que pode identificar relações em ciências sociais que provavelmente não
seriam encontradas de outra forma; além disso é indicado para investigações empíricas de
aspectos teóricos e de mensuração (HAIR et al, 2005).
O modelo foi estimado no algoritmo PLS utilizando-se o software SmartPLS 3.0.
Foram seguidos os parâmetros recomendados por Hair Jr. et al. (2014) para a configuração do
algoritmo PLS-SEM antes de rodá-lo, entre eles o critério de parada do algoritmo quando
atingido o número máximo de 300 interações ou tenha sido alcançado o critério de parada
1.0E-5.
Após rodar o PLS o algoritmo convergiu em 7 interações. Após estimado o modelo,
avançou-se para as avaliações dos modelos de mensuração e estrutural, apresentadas nas
próximas seções.
55

5.2.1 Modelo de mensuração

O modelo de mensuração explica o quão bem a teoria se encaixa nos dados (HAIR et
al., 2014). De acordo com Hair Jr. et al. (2014), a avaliação do modelo de mensuração inclui:
a) a análise da confiança composta, para avaliar a consistência interna;
b) a análise da confiança no indicador e da Variância Média Extraída (AVE – Average
Variance Extracted), para avaliar a validade convergente; e
c) a análise do critério de Fornell-Larcker e das cargas cruzadas, para avaliar a
validade convergente.
As análises e considerações feitas na avaliação e no tratamento do modelo de
mensuração são apresentadas a seguir

Figura 8 - Modelo de Mensuração Inicial

Fonte: Software Smart PLS

a) Confiança na consistência interna, Validade convergente e discriminante

Todos construtos do modelo de mensuração, ou seja, ATR - Ambiente de trabalho,


CFA - Condições facilitadoras, USO - Comportamento de uso Coworking, EDE - Expectativa
de desempenho, EES - Expectativa de esforço, HAB – Habito, IND – Independência, ISO -
Influencia social, ICO - Intenção de uso Coworking, MHE - Motivações hedônicas, NET –
Networking e VPR - Preço, apresentam medidas na confiança composta e nos valores de Alfa
56

de Cronbach que atendem satisfatoriamente aos parâmetros indicados por Hair Jr. et al.
(2014), conforme Tabela 1. Sendo o valor inferior obtido de 0,673 no construto Condições
Facilitadoras e o maior valor de 0,888 no construto Preço. Quanto a Confiabilidade composta
todos os construtos atendem satisfatoriamente aos parâmetros indicados por Hair Jr. et al.
(2014), conforme Tabela 1. Sendo o valor inferior obtido de 0,789 construto Condições
Facilitadoras e o maior valor de 0,938 do construto Ambiente de Trabalho.
A validade convergente consiste na medida em que um indicador correlaciona-se
positivamente com indicadores do mesmo construto. A AVE é a medida para estabelecer a
validade convergente no nível do construto (HAIR et al., 2014). Todos os construtos
apresentaram valor superior de AVE superior ao mínimo sugerido de 0,50. Sendo o menor
valor obtido de 0,584 no construto Expectativa de Esforço e maior de 0,883 no construto
Ambiente de Trabalho.

Tabela 9 - Validade Convergente

Fonte: Software Smart PLS

Seguindo as recomendações de Hair Jr. et al. (2014), os indicadores com cargas entre
0,40 e 0,70 que não levaram a um aumento da confiança composta e da AVE acima dos
respectivos valores de referência foram mantidos no modelo, considerando que suas remoções
afetariam a validade de conteúdo dos respectivos construtos. Portanto, os construtos que
tiveram a retirada de indicadores foram Ambiente de trabalho, Condições facilitadoras e
Independência. Os indicadores que apresentaram cargas externas inferior a 0,70, valor de
referência, que foram excluídos são apresentados na Tabela 10.
57

Tabela 10 - Cargas Externas

Fonte: Software Smart PLS

Nota: ATR - Ambiente de trabalho, CFA - Condições facilitadoras, USO - Comportamento de uso

Coworking, EDE - Expectativa de desempenho, EES - Expectativa de esforço, HAB – Habito, IND –

Independência, ISO - Influencia social, ICO - Intenção de uso Coworking, MHE - Motivações hedônicas, NET –

Networking e VPR - Preço

Assim, as mensurações iniciais dos construtos apresentam altos níveis de validade


convergente
58

Validade Discriminante
Validade discriminante é a extensão em que um construto se difere dos demais
construtos do modelo, ou seja, o quanto cada um capta de determinado fenômeno não
representado pelos demais construtos (HAIR et at., 2014).
Hair Jr. et al. (2014) propõem os seguintes métodos para avaliar a validade
discriminante, sendo:
a) o exame das cargas cruzadas dos indicadores; e/ou
b) o critério de Fornell-Larcker e
c). Rácio Heterotrait-Monotrait (HTMT.
No primeiro, a carga externa de um indicador em seu construto associado deve ser
superior a todas suas cargas nos demais construtos, caso contrário há problema com a
validade discriminante. Já o critério de Fornell-Larcker, abordagem mais conservadora para a
análise da validade discriminante, compara a raiz quadrada do valor da AVE de cada construto
com as correlações entre esse construto e os demais construtos do modelo.
a) As cargas cruzadas devem ser maiores do que todas as outras cargas dos construtos
(HAIR et al., 2014). Como pode ser observado na Tabela 11, as cargas cruzadas são
adequadas, apresentando assim validade discriminante .
59

Tabela 11 - Cargas Cruzadas

Fonte: Software Smart PLS

Nota: ATR - Ambiente de trabalho, CFA - Condições facilitadoras, USO - Comportamento de


uso Coworking, EDE - Expectativa de desempenho, EES - Expectativa de esforço, HAB – Habito, IND –
Independência, ISO - Influencia social, ICO - Intenção de uso Coworking, MHE - Motivações hedônicas, NET –
Networking e VPR - Preço

b) Critério Fornell-Larcker. Indica que a raiz quadrada da AVE de cada construto deve
ser maior do que a maior correlação com cada construto (HAIR et al., 2014). De acordo com a
Tabela 12, todos os construtos atendem aos critérios, ou seja, são adequados.)
60

Tabela 12 - Critério Fornell-Larcker.

Fonte: Fonte: Software Smart PLS

Nota: ATR - Ambiente de trabalho, CFA - Condições facilitadoras, USO - Comportamento de

uso Coworking, EDE - Expectativa de desempenho, EES - Expectativa de esforço, HAB – Habito, IND –

Independência, ISO - Influencia social, ICO - Intenção de uso Coworking, MHE - Motivações hedônicas, NET –

Networking e VPR - Preço

c) Rácio Heterotrait-Monotrait (HTMT) - Como pode ser observado, todos os valores


HTMT são abaixo do valor de referência de 0,85.

Tabela 13 - Rácio Heterotrait-Monotrait (HTMT)

Fonte: Software Smart PLS

Nota: ATR - Ambiente de trabalho, CFA - Condições facilitadoras, USO - Comportamento de

uso Coworking, EDE - Expectativa de desempenho, EES - Expectativa de esforço, HAB – Habito, IND –

Independência, ISO - Influencia social, ICO - Intenção de uso Coworking, MHE - Motivações hedônicas, NET –

Networking e VPR - Preço


61

O objetivo da avaliação do modelo de mensuração é o de assegurar a confiabilidade e


validade das medidas construto e, por conseguinte, fornecem suporte para a adequação da sua
inclusão no modelo caminho. Os critérios importantes incluem a confiabilidade indicador,
confiabilidade composta, validade convergente, discriminante e validade. Validade
convergente significa a construção inclui mais de 50% da variação do indicador. A validade
discriminante significa que cada construção reflexiva deve compartilhar mais desacordo com
seus próprios indicadores do que com outras construções no modelo caminho. Construções
reflexivas são apropriados para análises PLS-SEM se cumprirem todos estes requisitos.
Portanto, na avaliação do modelo de mensuração constata-se que o mesmo apresenta
consistência interna, validade convergente e validade discriminante. Sendo assim o modelo de
mensuração passa a ter a forma apresentada na figura a seguir.
Dessa forma, torna-se possível avançar para a avaliação do modelo estrutural,
apresentada na seção seguinte.

Figura 9 - Modelo de caminhos após a avaliação do modelo de mensuração

Fonte: Software Smart PLS

5.2.2 Avaliação do modelo estrutural

O modelo de estrutural examina a capacidade preditiva do modelo e as relações entre


os construtos (HAIR et al., 2014).
62

Esses autores apresentam os procedimentos para a avaliação do modelo estrutural, que


são divididos nas seguintes etapas (HAIR Jr. et al., 2014):
1ª - Avaliação da colinearidade no modelo estrutural, ou entre construtos;
2ª - Avaliação da significância e relevância das relações no modelo estrutural, ou dos
coeficientes de caminho entre os construtos;
3ª - Avaliação do nível dos valores dos R²;
4ª - Avaliação do tamanho do efeito do f²; e
5ª - Avaliação da relevância preditiva Q² e do tamanho dos efeitos q².
A seguir são apresentados os resultados da avaliação do modelo estrutural em cada
uma dessas etapas, as conclusões sobre a capacidade preditiva do mesmo e as relações entre
os construtos que tiveram suas hipóteses confirmadas ou não.

5.2.2.1 Colinearidade Estatística (VIF) no modelo estrutural

A avaliação da colinearidade no modelo estrutural se dá através do exame dos valores


de tolerância e da VIF (Fator de Inflação da Variância), em que se considera como não
indicativo de colinearidade entre os construtos de um mesmo conjunto valores de tolerância
iguais ou maiores a 0,20 e valores VIF iguais ou menores a 5,00 (HAIR et al., 2014).Para
tanto, segundo esses autores, é necessário examinar cada conjunto de construtos preditivos
separadamente, checando se há níveis significantes de colinearidade entre cada conjunto de
construtos preditivos.
Todos os construtos do modelo não apresentaram problemas de colinearidade, de
acordo com valores de tolerância e VIF alcançados, ou seja, a colinearidade estatística entre o
preditor não é uma questão crítica no modelo estrutural. Conforme apresentado na Tabela 14 a
seguir
Portanto, colinearidade entre o construto preditor não é uma questão crítica no modelo
estrutural.
63

Tabela 14 - Colinearidade Estatística (VIF) no modelo estrutural

Fonte: Software Smart PLS

Nota: ATR - Ambiente de trabalho, CFA - Condicoes facilitadoras, USO - Comportamento de uso

Coworking, EDE - Expectativa de desempenho, EES - Expectativa de esforço, HAB – Habito, IND –

Independencia, ISO - Influencia social, ICO - Intencao de uso Coworking, MHE - Motivacoes hedônicas, NET –

Networking e VPR – Preco

5.2.2.2 Avaliação da significância e relevância das relações no modelo estrutural, ou dos


coeficientes de caminho entre os construtos

Após tratado o modelo de mensuração é na avaliação do modelo estrutural que são


verificadas as hipóteses da pesquisa, conforme as orientações de (HAIR et al., 2014). As
hipóteses da pesquisa são apresentadas na Tabela 15 seguir.
Para identificar a significância de um coeficiente foi utilizado o valor do teste T que
deve ser igual ou superiores a 2,58, 1,96 e 1,57 para o nível de significância de 1%, 5% e 10%
respectivamente (HAIR et al., 2014).
64

Tabela 15 - Coeficientes de caminho entre os construtos e respectivos níveis de significância

Fonte: Elaborado pela autora

Nota: NS – Não significativo, * p>10, **p>0,05 e ***p>0,01

H1 - Ambiente de trabalho impacta na Intenção de uso do Coworking


Apresenta coeficiente de caminho de 0,122, com nível de confiança de 95% (ou nível
de significância de 5%), demonstrando que há uma relação moderadamente positiva entre os
respectivos construtos., A hipótese de que o Ambiente de trabalho impacta na Intenção de uso
Coworking é aceita. Dessa forma, há uma indicação de que 12,2% das alterações no ambiente
de trabalho impactam na intenção de uso Coworking.
H2a - Condições facilitadoras impactam no Comportamento de uso de Coworking.
Não houve evidencia estatística quanto ao valor impactando do comportamento de uso
do Coworking.
H2b - Condições facilitadoras impactam na Intenção de uso de Coworking.
Não houve evidencia estatística quanto ao valor impactando do comportamento de uso
do Coworking.
H3 - Expectativa de desempenho impacta na Intenção de uso de Coworking.
65

Apresenta coeficiente de caminho de 0,340, com nível de confiança de 99% (ou nível
de significância de 1%), demonstrando que há uma relação moderadamente positiva entre os
respectivos construtos. A hipótese de que a Expectativa de desempenho impacta na Intenção
de uso Coworking é aceita. Dessa forma, há uma indicação de que 34% das alterações na
expectativa de desempenho impactam na intenção de uso Coworking.
H4 - Expectativa de esforço impacta na Intenção de uso de Coworking.
Apresenta coeficiente de caminho de -0,123, com nível de confiança de 90% (ou nível
de significância de 10%), demonstrando que há uma relação moderadamente negativa entre os
respectivos construtos. A hipótese de que a Expectativa de desempenho impacta na Intenção
de uso Coworking é aceita. Dessa forma, há uma indicação de uma relação inversa.
H5a - Hábito impacta no Comportamento de uso de Coworking.
Apresenta coeficiente de caminho de 0,538, com nível de confiança de 99% (ou nível
de significância de 1%), demonstrando que há uma relação moderadamente positiva entre os
respectivos construtos. A hipótese de que o Habito impacta no comportamento de uso
Coworking é aceita. Dessa forma, há uma indicação de que 53,8% das alterações no habito
impactam na intenção de uso Coworking.
H5b - Hábito impacta na Intenção de uso de Coworking.
Apresenta coeficiente de caminho de 0,456, com nível de confiança de 99% (ou nível
de significância de 1%), demonstrando que há uma relação moderadamente positiva entre os
respectivos construtos. A hipótese de que o Habito impacta na Intenção de uso Coworking é
aceita. Dessa forma, há uma indicação de que 45,6% das alterações no Habito impactam na
intenção de uso Coworking.
H6 - Independência impacta na Intenção de uso de Coworking.
Não houve evidencia estatística quanto ao valor impactando do comportamento de uso
do Coworking.
H7 - Influência social impacta na Intenção de uso de Coworking.
Não houve evidencia estatística quanto ao valor impactando do comportamento de uso
do Coworking.
H8 - Intenção de uso de Coworking impacta na Comportamento de uso de Coworking.
Não houve evidencia estatística quanto ao valor impactando do comportamento de uso
do Coworking.
H9- Motivações hedônicas impactam na Intenção de uso de Coworking.
Não houve evidencia estatística quanto ao valor impactando do comportamento de uso
do Coworking.
H10 - Networking impacta na Intenção de uso de Coworking.
Não houve evidencia estatística quanto ao valor impactando do comportamento de uso
do Coworking.
H11 - Preço impacta na Intenção de uso de Coworking
66

Não houve evidencia estatística quanto ao valor impactando do comportamento de uso


do Coworking.

5.2.2.3 Coeficiente de determinação R2

O R², conhecido como Coeficiente de Determinação, representa a combinação dos


efeitos dos construtos exógenos (independentes) sobre determinado construto endógeno
(dependente) (HAIR et al., 2014).
O coeficiente de determinação é a medida do poder de previsão do modelo,
representando os efeitos combinados das variáveis latentes na variável endógena. Os
coeficientes de determinação são avaliados pelos valores de 0,19, 0,33 e 0,67, que são
respectivamente, fracos, moderados e substanciais (HAIR et al., 2014)
Os R² dos construtos que compõem o modelo estão apresentados na Tabela 16:

Tabela 16 - Coeficiente de determinação R2

Fonte: Elaborado pela autora

É possível notar na Tabela 16 que o valor de R² do construto “Comportamento de uso”


é de 0,244. Ou seja, os construtos explicativos captura do construto “Comportamento de uso”
aproximadamente 24,4% da variância deste. O valor do coeficiente de determinação do
construto Comportamento de uso está acima do valor considerado como fraco, enquanto o R²
de intenção de uso Coworking é considerado moderado. Isso significa que as variáveis que
antecedem o construto intenção de uso Coworking explicam 0,646 da variância do construto,
e que as variáveis que antecedem o construto intenção de uso Coworking explicam 64,6% da
variância do construto.

5.2.2.4 Tamanho do efeito f2

O tamanho do efeito é obtido pela inclusão e exclusão de construtos, isso permitirá


que seja avaliado o quanto cada construto é “útil” para o modelo. Os parâmetros utilizados
foram: f² = 0,02 indica efeito fraco, 0,15 indica efeito moderado e 0,35 um efeito forte (HAIR
et al., 2014).
Como pode ser observado na Tabela 17, o poder explicativo do hábito no
comportamento de uso e em intenção comportamental é moderado; e dos demais construtos
são inexpressivos.
67

Tabela 17 - Tamanho do efeito f2

Fonte: Software Smart PLS

É interessante destacar que o construto que mais contribui com o modelo é o Hábito,
sendo que pra Intenção de uso a contribuição dele é considerada moderada, e para o
Comportamento de Uso o efeito dele é considerado fraco.

5.2.2.5 Avaliação da relevância preditiva Q2

A distância de omissão D é igual a 7, que quando dividido pelo número de


observações validas da presente pesquisa, ou seja, 259, não resulta em um número inteiro,
conforme sugerido por (HAIR et al., 2014).
A Tabela 18, apresenta os valores calculados pelo procedimento Blindfolding do
Smart PLS. Como pode ser observado, na Tabela abaixo, o valor de Q² do construto Intenção
comportamental (0,220) é acima de zero. Esse resultado demonstra uma moderada relevância
preditiva do modelo em relação aos demais construtos.
68

Tabela 18 - Avaliação da relevância preditiva Q2

Fonte: Software Smart PLS

Abaixo temos um resumo dos resultados obtidos, nos quais há destaque para as
hipóteses aceitas, efeito, respectivo grau de significância e o R2.

Figura 10 - Resumo dos resultados obtidos

Fonte: Elaborado pela autora

Nota: *1%, **5%, ***10% e ****Não significativo.


69

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Essa pesquisa buscou entender quais fatores influenciam na intenção e comportamento


de uso de espaços de Coworking por parte dos usuários. Por meio da análise dos dados
obtidos foi possível descrever o perfil da amostra do estudo. Foi constatado que a maioria dos
usuários da amostra são do sexo masculino (55,9%), que possuem entre 18 até 29 anos de
idade, são solteiros, tem pós-graduação, possuem uma renda individual de 4 a 10 salários
mínimos, são em sua grande maioria empresários autônomos (62,9%), dos setores de gestão,
negócios e tecnologia e inovação e estão inseridos em pequenas empresas, que tem de 1 a 10
funcionários.
Após o teste do modelo UTAUT2 estendido utilizado na pesquisa, foi possível validar
alguns dos construtos propostos no modelo. As variáveis propostas conseguem explicar
64,6% da “Intenção de Uso” de espaços de Coworking e 23,5% do “Comportamento de Uso”
dos Coworkings. Dito isso, compreende-se que a presente pesquisa foi de extrema
importância para o entendimento dos fatores que levam a intenção e comportamento dos
usuários, entretanto, ainda há variáveis que não foram exploradas por esse trabalho que
explicam tais construtos.
As percepções que foram aceitas com essa pesquisa foram: “Ambiente de Trabalho”;
“Expectativa de desempenho”; “Expectativa de Esforço”; e “Hábito” – sendo aceita tanto para
Intenção quanto para Comportamento de Uso.
A hipótese sobre Ambiente de Trabalho apresenta coeficiente de caminho de 0,122,
com nível de confiança de 95% (ou nível de significância de 5%), demonstrando que há uma
relação moderadamente positiva entre os respectivos construtos. A hipótese de que o
Ambiente de trabalho impacta na Intenção de uso Coworking é aceita. Dessa forma, há uma
indicação de que 12,2% das alterações no ambiente de trabalho impactam na intenção de uso
Coworking. Isso nos leva a crer que o ambiente que é construído dentro dos espaços de
Coworking da amostra influenciam seus usuários no que tange a intenção de uso desses
espaços. É interessante ressaltarmos a importância dada ao ambiente de trabalho profissional
dada por Brown (2017), que determina o ambiente como um fator decisivo na imagem que é
passada aos clientes e parceiros. Essa informação pode ser usada pelos gestores no que tange
implementação de melhorias no ambiente de Cowoking que propiciem essa esfera profissional
para os usuários, bem como ofereçam um espaço conveniente para se realizar networking,
buscando disponibilizar o que Aguilton e Cardon (2007) chamam de terceiro espaço, um local
não tão formal quanto uma empresa tradicional, que também não se assemelha com um Home
Office, mas pode ser qualificado como um espaço público que usuários utilizam da
coletividade para alavancar seus negócios.
Foi possível concluir que os usuários esperam alcançar resultados maiores quanto ao
seu desempenho quando utilizam um espaço de Coworking. Dito isso, o construto Expectativa
70

de desempenho apresentou coeficiente de caminho de 0,340, com nível de confiança de 99%


(ou nível de significância de 1%), demonstrando que há uma relação moderadamente positiva
entre os respectivos construtos. A hipótese de que a Expectativa de desempenho impacta na
Intenção de uso Coworking é aceita. Dessa forma, há uma indicação de que 34% das
alterações na expectativa de desempenho impactam na intenção de uso Coworking. Cabe ao
gestor desse tipo de espaço entender o que dentro do Coworking permitiria essa melhora no
desempenho individual de cada usuário. É interessante perceber que apesar de ser um fato
subjetivo, existem maneiras de conhecer esses fatores, sejam eles artefatos para maior
concentração, realização de eventos ou ate a disponibilização de recursos diferenciados.
Entender qual é a utilidade desse espaço para um usuário, bem como o valor percebido do que
ele oferece o que motiva sua utilização e o que as pessoas buscam ao estar ali é de extrema
importância o sucesso de um empreendimento como esse (Venkatesh et al, 2003). Visto
tamanha disseminação desse tipo de negócio, uma oportunidade para a diferenciação frente a
outros espaços pode estar justamente no entendimento das expectativas de desempenho que os
usuários têm ao buscar um Coworking.
O construto Expectativa de esforço apresenta coeficiente de caminho de -0,123, com
nível de confiança de 90% (ou nível de significância de 10%), demonstrando que há uma
relação moderadamente negativa entre os respectivos construtos., A hipótese de que a
Expectativa de desempenho impacta na Intenção de uso Coworking é aceita. Dessa forma, há
uma indicação de uma relação inversa. É interessante destacar que a hipótese relativa à
Expectativa de Esforço foi aceita com um valor negativo, o que pode ser explicado pelo fato
de que os usuários buscam ter menos esforços quando procuram um espaço de Coworking
como ambiente de trabalho. Entende-se que os usuários de Coworking dessa amostra buscam
minimizar o esforço despendido com a parte de gestão administrativa da empresa, isso é,
querem preocupar menos com tarefas administrativas do dia a dia de uma empresa, como
exemplo temos o cuidado com funcionários da limpeza, problemas com impressora,
segurança do sistema de computadores entre várias outras possibilidades, e estar focando
somente no objetivo principal do seu negocio, seja produção de alguma produto ou até mesmo
maior dedicação na oferta do serviço prestado. Ao deixar a gestão administrativa por conta do
Coworking, os empresários também são capazes de diminuir seus custos fixos (Spinuzzi,
2012), pois o usuário pode pagar em um boleto apenas o custo da administração do espaço e
serviço que realmente foram usados, deixando de lado o modelo em que se paga por espaços
obsoletos ou serviços supérfluos.
Por fim, o construto Hábito apresenta coeficiente de caminho de 0,538, com nível de
confiança de 99% (ou nível de significância de 1%), demonstrando que há uma relação
moderadamente positiva entre os respectivos construtos. A hipótese de que o Habito impacta
no comportamento de uso Coworking é aceita. Dessa forma, há uma indicação de que 53,8%
das alterações no habito impactam no comportamento de uso Coworking. Ainda sobre Hábito,
71

apresenta coeficiente de caminho de 0,456, com nível de confiança de 99% (ou nível de
significância de 1%), demonstrando que há uma relação moderadamente positiva entre os
respectivos construtos. A hipótese de que o Habito impacta na Intenção de uso Coworking é
aceita. Dessa forma, há uma indicação de que 45,6% das alterações no Habito impactam na
intenção de uso Coworking. Venkatesh (2012) define hábito como os comportamentos
automáticos dos indivíduos em relação a alguma tecnologia. Ao analisarmos mais
profundamente essa questão, um das possíveis explicações da a adesão dos Coworkings por
parte dos usuários pode estar relacionada a toda a tendência colaborativa que o modelo
econômico compartilhado trouxe. Para Botsman e Rogers (2010) afirmam que indivíduos
adeptos a esses tipos de iniciativas, tendem a estar cada vez mais conectadas com todo esse
mundo colaborativo, gerando um valor mútuo entre elas, criando assim o hábito de se utilizar
um Coworking por exemplo. A capacidade de criar um hábito em um indivíduo ultrapassa a
esfera de responsabilidade de apenas um empreendimento de Coworking,mas ela toca a
abrangência de todo um sistema econômico que vem sofrendo mudanças devido as novas
tendências de compartilhamento, e portanto, novos hábitos das pessoas frente ao consumo e
trabalho.
Ademais, através do estudo do R quadrado através da regressão, concluiu-se que as
variáveis utilizadas neste estudo conseguem explicar 64,6% da “Intenção de Uso” de espaços
de Coworking e 23,5% do “Comportamento de Uso” dos Coworkings. Dito isso, compreende-
se que a presente pesquisa foi de extrema importância para o entendimento dos fatores que
levam a intenção e comportamento dos usuários, entretanto, ainda há variáveis que não foram
exploradas por esse trabalho que explicam tais construtos. O que acaba abrindo espaço para
futuras pesquisas que visam abordar outros fatores que explicam a Intenção e Comportamento
do Uso dos Coworkings. Cabe a cada gestor entender a complexidade de seus usuários, que
envolve não apenas características do perfil, mas também preferências, motivações e
expectativas, para adequar os resultados desse estudo e implantar melhorias válidas para o
contexto em que for aplicada.

6.1 CONTRIBUIÇÕES ACADÊMICAS E GERENCIAIS

Esse trabalho contribuiu com a área acadêmica no que tange estudos sobre Espaços de
Coworking, um fenômeno atual que vem modificando a maneira como as pessoas trabalham e
se relacionam com seu ambiente de trabalho. Além disso, foi possível estender o modelo
UTAUT2, proposto por Venkatesh, Thong e Xu (2012), adicionando mais construtos dentro
de uma área até então não abordada, estendendo assim a abrangência do modelo a um novo
contexto sob uma perspectiva teórica amplamente utilizada em assuntos atuais como adesão a
tecnologias.
Ademais, o estudo proposto também pode ajudar gestores no que tange o
72

entendimento dos fatores que influenciam os usuários de Coworking a utilizar esse tipo de
espaço, bem como seus objetivos ao utilizá-lo. Dessa maneira, os gestores podem utilizar as
informações que foram dadas no trabalho para implantar melhorias em seus espaços e na
entrega dos serviços que neles são oferecidos, possibilitando maior planejamento estratégico
junto aos usuários.
Os resultados ressaltam a importância da observação e entendimento da motivação por
trás da adesão dos usuários a um fenômeno como são os espaços de Coworking, o que
evidencia a necessidade de adequação de acordo com o perfil de usuário.

6.2 LIMITAÇÕES E SUGESTÕES DE PESQUISA

O presente trabalho utilizou uma amostra de 259 usuários de Coworking de vários


espaços do Brasil. Apesar das sugestões feitas sobre o assunto, não é possível generalizar os
resultados obtidos através dessa pesquisa, pois apesar da quantidade de respondentes terem
sido suficiente para o estudo, o resultado apenas reflete a realidade dessa amostra. Para a
obtenção de resultados é interessante considerar a utilização de amostras maiores,
probabilísticas, visto que a utilizada na pesquisa foi de caráter não probabilístico.
O objetivo desse estudo é causar uma reflexão ao que tange o entendimento das
intenções por trás da adesão de um espaço de Coworking, feito através da utilização de um
modelo teórico validado pela academia. É importante lembrar que caso algum indivíduo ou
gestor queira aplicar os conhecimentos adquiridos nesse trabalho em seu negócio, uma
adequação do modelo ao contexto específico do Coworking que será estudado, é necessária.
Além da adequação ao contexto, um estudo aprofundado da amostra de um Coworking
específico possibilita também o entendimento de características especificas dessa amostra, o
que permite ao gestor um maior foco na implementação de melhorias adequadas a aquele
ambiente, potencializando assim os resultados esperados com elas.
Ainda como sugestão de pesquisa, destacamos a necessidade de se abordar os
construtos que não foram abordados para a explicação da intenção e comportamento de uso
dos espaços de Coworking. Neste trabalho foram abordados 64,6% da “Intenção de Uso” de
espaços de Coworking e 23,5% do “Comportamento de Uso”, o que evidencia a necessidade
de uma exploração de outros construtos para se chegar a um resultado cada vez mais completo
sobre as motivações dos usuários. Além de abordar mais construtos, a atualização de
informações também se faz importante, visto que fatores que hoje exercem influência nas
escolhas e motivações dos usuários podem mudar, tornando ultrapassados os resultados
obtidos no estudo. Trabalhos futuros podem atualizar os resultados obtidos, abordar mais
construtos, bem como se aprofundar mais na relação entre o empreendedorismo e a
disseminação dos Coworkings, visto que o crescimento do número de espaços vem sendo
acompanhado também por um maior número de empreendedores no mercado, que deixam
73

seus empregos formais para se tornar Freelancers (DELOITTE, 2016) trazendo assim ainda
mais conhecimento para os gestores, usuários de Coworking e a sociedade em geral.
74

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