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Belo Horizonte
2018
JULIANA OSELIERI SILVA
Belo Horizonte
2018
JULIANA OSELIERI SILVA
BANCA EXAMINADORA
Agradeço primeiramente a Deus, que por meio da sua Graça e misericórdia permitiu
que eu concluísse mais essa etapa da minha vida. Agradeço aos meus pais, que sempre
estiveram do meu lado, apoiando, incentivando e me proporcionando oportunidades para que
eu alcançasse meus objetivos. Um obrigada especial para minha mãe que tanto se empenhou
para me ajudar a angariar respondentes. Agradeço a Juliana, minha orientadora, pela
disposição e norteamento para a conclusão desse trabalho. Agradeço ao Érico, doutorando e
co orientador dessa pesquisa, pela grande ajuda e empenho na pesquisa. Agradeço a Ariane,
pelo apoio e companheirismo de sempre que foram essenciais nessa etapa. Agradeço a toda
minha família, pelo apoio e orações feitas em nome desse objetivo. Agradeço aos meus
amigos, em especial ao João Paulo e Adriana, pelo empenho e ajuda na coleta de dados.
Agradeço também a todos os respondentes que tornaram viável a realização dessa pesquisa.
Por fim, agradeço a UFMG e todos os seus colaboradores, que contribuíram para a conclusão
desse curso. Sem dúvidas a minha alma mater, que levarei por onde for.
RESUMO
O presente estudo visa analisar os fatores que antecedem a intenção e uso de Espaços de
Coworking. Para tanto, a pesquisa utilizou como base teórica o modelo UTAUT2 (Unified
Theory of Acceptance and Use of Technology 2), proposto por Venkatesh, Thong e Xu
(2012), extendendo o modelo com a adição dos construtos: Ambiente de Trabalho,
Independência e Networking em busca de um maior entendimento sobre a potencialização do
Empreendedorismo através dos Espaços de Coworking. A pesquisa pode ser caracterizada
como exploratória-descritiva com uma abordagem quantitativa, na qual foi utilizada a
aplicação de um questionário survey, que por sua vez foi aplicado a uma amostra de 259
usuários de espaços de Coworking. As análises dos dados obtidos foram feitas através da
Modelagem de Equações Estruturais (SEM - Structural Equation Modeling). Os resultados
obtidos através da análise, demonstraram que Ambiente de Trabalho, Expectativa de
Desempenho, Expectativa de Esforço e Hábito explicam significativamente a intenção de uso
de espaços Coworking. O construto “Hábito” mostrou-se também influente sobre o
“Comportamento de Uso” dos usuários. As conclusões do presente estudo apontam para a
importância do conhecimento das motivações que levam usuários de espaços Coworking
fazerem uso desse tipo de ambiente. O estudo demonstra que os espaços de Coworking tem
sido uma alternativa para aqueles trabalhadores que buscam um ambiente diferente, o que
evidencia a necessidade de adaptação a uma nova tendência econômica. Portanto, conhecer os
fatores que influenciam essa preferência é de muita importância.
The present study aims to analyze the factors that precede the intention and use of Coworking
Spaces. For this, the research was based on the UTAUT2 (Unified Theory of Acceptance and
Use of Technology 2), proposed by Venkatesh, Thong and Xu (2012), extending the model with
the addition of the constructs: Work Environment, Independence and Networking in search of
a greater understanding on the empowerment of Entrepreneurship through Coworking
Spaces. The research can be characterized as exploratory-descriptive with a quantitative
approach, in which the application of a survey questionnaire was used, which in turn was
applied to a sample of 259 users of Coworking spaces. The analysis of the data obtained was
done through Structural Equation Modeling (SEM). The results obtained through the analysis,
demonstrated that Work Environment, Performance Expectation, Expectation of Effort and
Habit significantly explain the intention to use Coworking spaces. The "Habit" construct was
also influential on users' "Use Behavior". The conclusions of the present study point to the
importance of knowing the motivations that lead users of Coworking spaces to make use of
this type of environment. The study shows that the spaces of Coworking have been an
alternative for those workers who seek a different environment, which shows the need to adapt
to a new economic trend. Therefore, knowing the factors that influence this preference is
indeed important.
Figura 1 — Teoria
. . . . . . da
. . Ação
. . . . . Racional
. . . . . . . .-.TRA
...................................... 23
Figura 2 — Modelo
. . . . . . . de
. . .Aceitação
. . . . . . . . da
. . Tecnologia
........................................ 24
Figura 3 — Modelo
. . . . . . . de
. . .Aceitação
. . . . . . . . da
. . Tecnologia
. . . . . . . . . .2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Figura 4 — Teoria
. . . . . . do
. . .Comportamento
. . . . . . . . . . . . . Planejado
...................................... 26
Figura 5 — Teoria
. . . . . . Unificada
. . . . . . . . da
. . .Aceitação
. . . . . . . . e. .Uso
. . . da
. . .Tecnologia
. . . . . . . . . (UTAUT)
.................. 29
Figura 6 — Teoria
. . . . . . Unificada
. . . . . . . . da
. . .Aceitação
. . . . . . . . e. .Uso
. . . da
. . .Tecnologia
. . . . . . . . . 2. .–. UTAUT2
............... 31
Figura 7 — Modelo
. . . . . . . UTAUT2
. . . . . . . . Modificado
............................................. 33
Quadro 1 — Síntese
. . . . . . .das
. . .hipóteses
. . . . . . . .propostas
.......................................... 36
Quadro 2 — Questionário
. . . . . . . . . . . aplicado
. . . . . . . .no
. . estudo
. . . . . .de
. . acordo
. . . . . . com
. . . . os
. . construtos
................... 39
Quadro 3 — Questionário
. . . . . . . . . . . demográfico
. . . . . . . . . . .aplicado
. . . . . . . no
. . .estudo
............................ 40
Tabela 1 — Sexo
. . . . .da
. . Amostra
..................................................... 50
Tabela 2 — Faixa
. . . . . etária
. . . . . da
. . .amostra
............................................... 51
Tabela 3 — Estado
. . . . . . Civil
. . . . .da
. . Amostra
............................................... 51
Tabela 4 — Escolaridade
. . . . . . . . . . . da
. . .Amostra
.............................................. 52
Tabela 5 — Renda
. . . . . . Individual
. . . . . . . . .da
. . Amostra
........................................... 52
Tabela 6 — Perfil
. . . . . Empreendedor
. . . . . . . . . . . . .da
. . Amostra
........................................ 53
Tabela 7 — Área
. . . . .de
. . Atuação
. . . . . . . da
. . .Amostra
........................................... 53
Tabela 8 — Número
. . . . . . . .de. .funcionários
. . . . . . . . . . declarados
. . . . . . . . . pela
. . . . amostra
........................... 54
Figura 8 — Modelo
. . . . . . . de
. . .Mensuração
. . . . . . . . . .Inicial
........................................ 55
Tabela 9 — Validade
. . . . . . . .Convergente
.................................................... 56
Tabela 10 — Cargas
. . . . . . .Externas
..................................................... 57
Tabela 11 — Cargas
. . . . . . .Cruzadas
..................................................... 59
Tabela 12 — Critério
. . . . . . . Fornell-Larcker.
..................................................... 60
Tabela 13 — Rácio
. . . . . .Heterotrait-Monotrait
. . . . . . . . . . . . . . . . . (HTMT)
..................................... 60
Figura 9 — Modelo
. . . . . . . de
. . .caminhos
. . . . . . . .após
. . . .a. avaliação
. . . . . . . . do
. . .modelo
. . . . . . de
. . .mensuração
................. 61
Tabela 14 — Colinearidade
. . . . . . . . . . . . Estatística
. . . . . . . . .(VIF)
. . . . .no
. . modelo
. . . . . . .estrutural
......................... 63
Tabela 15 — Coeficientes de caminho entre os construtos e respectivos níveis de
.......................................................................
significância 64
Tabela 16 — Coeficiente
. . . . . . . . . . de
. . .determinação
. . . . . . . . . . .R2
.................................... 66
Tabela 17 — Tamanho
. . . . . . . . do
. . .efeito
. . . . .f2
............................................ 67
Tabela 18 — Avaliação
. . . . . . . . .da
. . relevância
. . . . . . . . . preditiva
. . . . . . . .Q2
................................ 68
7
Figura 10 — Resumo
. . . . . . . .dos
. . .resultados
. . . . . . . . obtidos
......................................... 68
SUMÁRIO
1 .................................................................
INTRODUÇÃO 10
1.1 . . . . . . . . . . . .DE
PROBLEMA . . .PESQUISA
.................................................. 12
1.2 . . . . . . . . . . . .GERAL
OBJETIVOS . . . . . . .E. .ESPECÍFICOS
............................................ 12
1.2.1 . . . . . . . . geral
Objetivo ......................................................... 12
1.2.2 . . . . . . . . . específicos
Objetivos ........................................................ 12
1.3 . . . . . . . . . . . . . .DA
RELEVÂNCIA . . . PESQUISA
................................................ 13
2 . . . . . . . . . . . . . . . .TEÓRICO
REFERENCIAL ................................................. 15
2.1 . . . . . . . . . . . NO
MUDANÇA . . . .PADRÃO
. . . . . . . . DE
. . . CONSUMO
....................................... 15
2.2 . . . . . . . . . . . .COLABORATIVA
ECONOMIA ..................................................... 16
2.2.1 .................................................................
HISTÓRICO 16
2.2.2 .DEFINIÇÃO
................................................................ 16
2.2.3 .................................................................
CARACTERÍSTICAS 17
2.2.3.1 .CAPACIDADE
. . . . . . . . . . . . . EXCEDENTE
................................................... 17
2.2.3.2 PLATAFORMA
. . . . . . . . . . . . . . DE
. . . INTERAÇÃO
................................................ 18
2.2.3.3 COMPETÊNCIA
. . . . . . . . . . . . . . . INDIVIDUAL
.................................................. 19
2.3 .................................................................
COWORKING 19
2.4 .O. .MODELO
. . . . . . . . .UTAUT2
..................................................... 21
2.4.1 . . . . . . da
Teoria . . . Ação
. . . . .Racional
. . . . . . . .(TRA)
........................................... 22
2.4.2 . . . . . . . de
Modelo . . .Aceitação
. . . . . . . . .da
. . Tecnologia
. . . . . . . . . .(TAM
. . . . . .e. TAM
. . . . . 2)
...................... 23
2.4.3 . . . . . . . Motivacional
Modelo . . . . . . . . . . . . (MM)
.............................................. 26
2.4.4 . . . . . . do
Teoria . . . Comportamento
. . . . . . . . . . . . . . .Planejado
. . . . . . . . .(TPB)
................................ 26
2.4.5 . . . . . . . Combinado
Modelo . . . . . . . . . . .TAM
. . . . .e. TPB
......................................... 27
2.4.6 . . . . . . . de
Modelo . . .Utilização
. . . . . . . . .do
. . .PC
. . .(MPCU)
........................................ 27
2.4.7 . . . . . . da
Teoria . . . Difusão
. . . . . . . da
. . .Inovação
. . . . . . . .(IDT)
...................................... 27
2.4.8 . . . . . . Social
Teoria . . . . . . Cognitiva
..................................................... 28
2.4.9 . . . . . . Unificada
Teoria . . . . . . . . . de
. . .Aceitação
. . . . . . . . .e.Uso
. . . .de
. . Tecnologia
. . . . . . . . . .(UTAUT)
..................... 28
2.4.10 Teoria
. . . . . . Unificada
. . . . . . . . . de
. . .Aceitação
. . . . . . . . .e.Uso
. . . .de
. . Tecnologia
. . . . . . . . . .2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3 PROPOSIÇÃO DO MODELO TEÓRICO E DAS HIPÓTESES DE
.......................................................................
ESTUDO 34
4 .................................................................
METODOLOGIA 37
4.1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . DA
CARACTERIZAÇÃO . . . .PESQUISA
.......................................... 37
4.1.1 .................................................................
DESCRITIVA 37
4.1.2 . . . . . . . . . . .QUANTITATIVA
PESQUISA ...................................................... 37
4.2 . . . . . . . . . . . . . . . . DE
INSTRUMENTOS . . . .PESQUISA
............................................. 38
4.3 . . . . . . . . . . . E. .AMOSTRA
UNIVERSO .................................................... 41
4.4 . . . . . . . . .E. ANÁLISE
COLETA . . . . . . . . . .DE
. . .DADOS
.......................................... 41
4.4.1 . . . . . . . . . DE
COLETA . . . .DADOS
.................................................... 41
4.4.2 . . . . . . . . . .DE
ANÁLISE . . . DADOS
.................................................... 41
4.4.2.1 Especificação do modelo estrutural e dos modelos de mensuração (estágios 1 e
.......................................................................
2) 42
4.4.2.2 Coleta
. . . . . . e. .exame
. . . . . dos
. . . .dados
. . . . .(estágio
. . . . . . .3). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.4.2.3 A
. . estimação
. . . . . . . . .do
. . modelo
. . . . . . .de
. . caminhos
. . . . . . . . através
. . . . . . .do
. . Smart
. . . . . PLS
. . . . (estágio
. . . . . . . 4)
.......... 43
4.4.2.4 Avaliação
. . . . . . . . .do
. . modelo
. . . . . . .de
. . mensuração
. . . . . . . . . . (estágios
. . . . . . . .5)
........................... 44
4.4.2.5 Avaliação
. . . . . . . . .do
. . modelo
. . . . . . .estrutural
. . . . . . . .(estágio
. . . . . . .7)
................................ 45
4.4.2.6 Realização
. . . . . . . . . .de
. . análises
. . . . . . .avançadas
. . . . . . . . .sobre
. . . . .o.modelo
. . . . . . .(estágio
. . . . . . 8)
.................. 48
4.4.2.7 Interpretação
. . . . . . . . . . . .dos
. . .resultados
. . . . . . . . e. .realização
. . . . . . . . das
. . . .conclusões
. . . . . . . . .(estágio
. . . . . . .9). . . . . . . . . . . . 49
5 .................E
APRESENTAÇÃO . . ANÁLISE
. . . . . . . . . .DE
. . .DADOS
................................. 50
5.1 . . . . . . . .DOS
PERFIL . . . . RESPONDENTES
..................................................... 50
5.2 . . . . . . . . . . .DO
ANÁLISES . . .MODELO
. . . . . . . . . DE
. . . MENSURAÇÃO
. . . . . . . . . . . . . . .E. ESTRUTURAL
....................... 54
5.2.1 .Modelo
. . . . . . .de
. . mensuração
....................................................... 55
5.2.2 . . . . . . . . . do
Avaliação . . .modelo
. . . . . . .estrutural
.............................................. 61
5.2.2.1 Colinearidade
. . . . . . . . . . . . Estatística
. . . . . . . . .(VIF)
. . . . .no
. . modelo
. . . . . . .estrutural
.............................. 62
5.2.2.2 Avaliação da significância e relevância das relações no modelo estrutural, ou
. . . .coeficientes
dos . . . . . . . . . .de
. . caminho
. . . . . . . .entre
. . . . os
. . construtos
......................................... 63
5.2.2.3 .Coeficiente
. . . . . . . . . .de
. . determinação
. . . . . . . . . . . R2
......................................... 66
5.2.2.4 Tamanho
. . . . . . . . do
. . .efeito
. . . . .f2
................................................. 66
5.2.2.5 Avaliação
. . . . . . . . .da
. . relevância
. . . . . . . . . preditiva
. . . . . . . .Q2
..................................... 67
6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . FINAIS
CONSIDERAÇÕES ............................................... 69
6.1 . . . . . . . . . . . . . . . . .ACADÊMICAS
CONTRIBUIÇÕES . . . . . . . . . . . . . .E. GERENCIAIS
................................. 71
6.2 . . . . . . . . . . . . .E. .SUGESTÕES
LIMITAÇÕES . . . . . . . . . . . .DE
. . .PESQUISA
................................... 72
.................................................................
REFERÊNCIAS 74
10
1 INTRODUÇÃO
O mundo está experimentando uma tendência que vai de contra tudo que o capitalismo
do hiper consumo agressivo tinha disseminado: vivemos na era da colaboração. É possível
encontrar diversos exemplos de formas de consumo colaborativo, tais como trocas, utilização
de comércios locais, empréstimos entre conhecidos e desconhecidos, sistemas de
revezamento, compartilhamento de objetos e espaços, trabalho em equipe, Couchsurfing,
grupos de caronas, entre outros (Botsman e Rogers, 2010). Chase (2015) defende que o
mundo experimenta uma transformação de poder, que antes era dominado por entidades
fechadas e centralizadas, mas que agora dão lugar para empresas flexíveis e plataformas de
compartilhamento. (CHASE, 2015; BOTSMAN E ROGERS, 2010)
A internet teve um papel crucial nessa mudança. . A obra “A sociedade em rede” de
Manoel Cassels (2005), ressalta ainda que há uma interação social especifica proporcionada
pelas redes. Para o autor, as redes construídas virtualmente podem ser consideradas
comunidades, porém, não apresentam evidencias físicas e dinâmica de interação semelhante
às comunidades físicas, elas simplesmente funcionam em outro plano da realidade. Dito isso,
entendemos que a mudança na maneira como as pessoas se comunicam mudaram também as
relações de troca. Mascarenhas e Tavares (2011) defendem que migrando os consumidores
para o universo virtual, ficam expostas às identidades individuais, permitindo também que os
usuários compartilhem sua cultura e, por consequência, seu consumo, através de blogs, redes
sociais e demais espaços. Os autores Botsman e Rogers (2010) ainda acrescentam que o
empobrecimento das relações que foi causado pela substituição dos materiais pelas pessoas e
relações, virando motivo de preocupação. A busca agora é para o enriquecimento das relações
e criação de comunidades mais sólidas e unidas. (CASSELS, 2005; MASCARENHAS;
TAVARES, 2011; BOTSMAN E ROGERS, 2010)
Essa transformação foi causada principalmente por uma mudança no perfil da
sociedade. Muito mais conectada através do advento da internet, passou-se a entender que o
modelo econômico vigente não conseguiria se perpetuar por muito tempo. Novos negócios
começam a surgir, e com eles a disseminação da economia compartilhada. Villanova (2015)
defende que movimentações como essas começaram a ser notadas nos Estados Unidos, ainda
na década de 90 com a criação de plataformas como Craiglist e Ebay – plataformas que visam
à venda de artigos usados através da internet. Para Botsman e Rogers (2010) a economia
compartilhada permite o acesso sem o custo da posse, promove a economia de tempo e
dinheiro, bem como a interação entre as pessoas. (VILLANOVA, 2015; BOTSMAN E
ROGERS, 2010).
A economia colaborativa trouxe novas alternativas para o modo de consumo das
pessoas, bem como novas possibilidades para os ambientes de trabalho. Os espaços de
Coworking fornecem um ambiente para se trabalhar, sem seguir os padrões dos escritórios
11
Avaliar os fatores que antecedem a intenção de uso de Coworking por parte dos
consumidores a partir da Teoria Unificada de Aceitação de Tecnologia Estendida (UTAUT2)
com os construtos Expectativa de Desempenho; Expectativa de Esforço; Influência Social;
Condições Facilitadoras; Motivação Hedônica; Valor Preço; Hábito; Intenção de Uso;
Independência; Ambiente de Trabalho Profissional; e Networking.
Objetivo especifico 1:
Objetivo especifico 2:
Objetivo específico 3:
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Apresentaremos nesse capítulo a base teórica que servirá como fundamentação para
essa pesquisa. Para tanto, apresentaremos os principais temas dessa pesquisa: mudança no
padrão de consumo, economia colaborativa, Coworking e o modelo teórico de análise a ser
utilizado nesta pesquisa - o Unified Theory of Acceptance and Use of Technology 2
(UTAUT2).
consumir continua existindo, indivíduos continuam com essa necessidade latente, empresas
precisam vender para obter receita, entretanto, essa pratica muda a maneira como essas
transações ocorrem, deixando nítida uma mentalidade mais colaborativa presente na
sociedade. (Calazans, 2014)
A reflexão sobre esse modelo se faz cada vez mais necessária, onde atitudes sobre o
consumo têm sofrido transformações e trazido discussões e preocupações sobre o
desenvolvimento econômico, o impacto ecológico e social que possam ser gerados. O
crescimento dessa preocupação das consequências desse modelo de consumo anterior, bem
como uma busca pela incorporação da sociedade através de um consumo consciente, é que
trazem a economia colaborativa de consumo. (Hamari, 2015.)
2.2.1 HISTÓRICO
Tudo começou nos anos 90, época em que houve grande expansão da internet. Com
uma adesão de usuários, foi possível a digitalização de economias tradicionais, que agora
estariam presentes também em canais comerciais. Ao mesmo tempo, nos Estados Unidos,
foram feitos avanços tecnológicos que possibilitaram uma redução dos custos das transações
on-line peer-to-peer (P2P), também é conhecida como rede de compartilhamento. Com isso,
foi possível à criação de modelos de negócios que tem como base a cooperação e o
compartilhamento de bens e serviços entre indivíduos. (Shirky 2012).
Esse novo sistema econômico tem seus ativos e serviços compartilhados entre os
usuários privados, muitas vezes sem custo, ou cobrando-se apenas uma taxa através de
plataformas online. (HEO, 2016). A internet proporcionou isso. Através dela é que foi
fomentado um canal de comunicação e de comércio entre os indivíduos. (PAIXÃO; SOUZA,
2015).
Há, portanto, uma desmaterialização das posses, que transforma propriedade em
experiências intangíveis, cria uma linha tênue entre o que é de um indivíduo e o que é
coletivo. Essa transformação e quebra de um modelo tradicional nos mostra que em diversas
ocasiões o acesso tende a ser mais benéfico do que a propriedade. (Botsman e Rogers, 2010)
2.2.2 DEFINIÇÃO
2.2.3 CARACTERÍSTICAS
De acordo com Chase (2015) existe uma estrutura que torna possível o
desenvolvimento da economia compartilhada, e são elas: capacidade excedente, uma
plataforma de participação ou interação e competência individual dos indivíduos (usuários e
administradores) envolvidos no modelo. Para o autor, esses pilares modificam a forma com
que trabalhamos, criamos negócios e interagimos com a economia.
assim a perpetuação do excedente criado pelo hiperconsumo que fora instigado anteriormente,
sem maiores custos ou inconveniências. Pelo contrario, são notadas economias em todas as
esferas.
Inúmeros são os exemplos de bens que podem ser eficientemente utilizados nesse
modelo: Carros, bicicletas, camas, entre outros itens. Chase (2015) dá o exemplo de algumas
empresas desse modelo: Tripda (www.tripda.com.br), plataforma de caronas, Quirky
(www.quirky.com), plataforma de financiamento de ideias e Dog Walks
(www.dogwalks.com), outra plataforma que busca solucionar o problema de quem não tem
tempo para passear com seu cachorro.
Botsman e Rogers (2010) afirmam que o hiperconsumo perde forças com o modelo de
compartilhamento. Com ele há uma maior eficiência e utilização dos bens já existentes,
otimizando assim a produção e diminuindo os excessos motivados pela super produção, alto
consumo e desperdício. Dessa maneira, benefícios são percebidos na esfera ambiental e sócio
econômica.
No livro “What’s mine is yours”, Bostman e Rogers (2010) destacam que as redes que
são formadas através do modelo de compartilhamento, sejam elas sociais ou tecnológicas, são
contrárias ao sistema de consumo capitalista, que é em suma individualista. Para os autores
esse movimento não é uma reação à crise de 2008. Trata-se de um movimento crescente no
cenário mundial, que gera mudanças nas atividades econômicas, modelos de negócios,
geração de emprego e renda.
Participar do movimento colaborativo se torna bastante atraente, pois é uma via de
duas mãos. Ao mesmo tempo em que você pode estar suprindo uma necessidade individual
latente, você também pode estar encontrando uma função para algo ocioso em sua vida,
gerando valor, não necessariamente em dinheiro, mas muitas vezes em forma de prestigio
social ou interação com outros indivíduos. E isso acaba se tornando um ciclo, pois as pessoas
começam a entender que só será possível suprir suas necessidades se mais pessoas aderirem
ao modelo, e quanto mais pessoas se tornarem adeptas, melhor ele funcionará para todos,
comparado a um efeito rede. Dito isso, os autores Botsman e Rogers (2010) afirmam que
indivíduos adeptos a esses tipos de iniciativas, tendem a estar cada vez mais conectadas com
todo esse mundo colaborativo, gerando um valor mútuo entre elas.
Para que qualquer iniciativa colaborativa dê certo é necessário um nível de confiança
entre as partes. Isso porque é humanamente impossível criar uma rede com apenas
conhecidos, mesmo porque nada garante que seus conhecidos vão ter exatamente o que ira
suprir as suas necessidades e vice versa. Pensando nisso, Botman e Rogers (2010) afirmam
que é necessário então que haja uma rede com uma extensão grande para aumentar a
19
2.3 COWORKING
desenvolvimento, entre outras tantas variáveis. Apesar dessa alta complexidade quanto à
prestação do serviço, Gandini (2015) define o Coworking como um ambiente utilizado por
diferentes tipos de profissionais, que buscam oferecer uma estrutura com todo o aparato de
um escritório tradicional. Para o autor, o Coworking possibilita uma vivência lado-a-lado
entre os profissionais, que é capaz de aprimorar a criatividade e o networking entre os
usuários. (GANDINI, 2015)
O nascimento desse tipo de espaço, de acordo com Brad Neuberg, é dado em 2005,
ano no qual ele organizou Spiral Muse in San Francisco, um apartamento dividido por três
profissionais, que também abria suas portas para outros trabalhadores que necessitavam de um
lugar para trabalhar e queriam compartilhar experiências. (Botsman & Rogers, 2011; Hunt,
2009). Ao mesmo tempo, espaços como esses eram criados na Europa com outro nome:
centro comunitário de empresários e até Cafés com espaço disponível para esses
trabalhadores. Apesar desse marco importante, o termo foi Coworking foi criado por Brian
DeKoven, em 1999, que pregava um método que facilitasse o trabalho cooperativo e
encontros entre empresas que eram feitos através de computadores.
Em 2007 houve um grande número de buscas no Google por esse conceito. No mesmo
ano, o termo ganha uma página no Wikipédia, uma enciclopédia colaborativa on-line. Em
2008, o jornal New York Times lança um artigo sobre o modelo e, em 2009, o primeiro sobre
o tema (Hunt, 2009). Esses são apenas alguns exemplos de como a ideia já estava sendo
disseminada ao redor de todo o mundo.
A partir desse momento, houve um crescimento exponencial desse tipo de espaço e
consequentemente modelo de negocio. Um modelo que se adapta diversos segmentos de
negócio e a diversas realidades de diferentes tipos de empresários. O ambiente colaborativo e
flexível, em todos os sentidos, atrai cada vez mais adeptos pelo mundo. Um relatório
divulgado pela consultora DELOITTE (2016), explica o crescimento desses espaços devido a
uma mudança no perfis dos profissionais, que começam a deixar seus empregos formais para
trabalhar como Freelancers nas mais diversas plataformas online. Explicação confirmada
Spinuzzi (2012) que afirma que o crescimento dos trabalhos informais que por sua vez gera
uma maior flexibilidade quanto a padrões de escritório e locais de trabalho, bem como a
necessidade de poupar recursos econômicos, fez com que o fenômeno Coworking se tornasse
realidade na vida de muitos empreendedores.
No primeiro momento, os Coworkings foram criados para atender a demanda de
profissionais autônomos, entretanto, o rápido crescimento desse tipo de negócio mostra uma
mudança no modelo tradicional das grandes empresas. (DTZ, 2014). A explicação para tal
mudança seria baseada na busca por diminuição de gastos fixos das empresas. Contudo, é
possível perceber benefícios também para os funcionários, que podem gozar de maior
flexibilidade no trabalho, que esta diretamente relacionada com equilíbrio entre trabalho e
vida pessoal, maior desempenho, satisfação e redução de abstenção. (Lovell, 2015). Para os
21
autores Aguilton and Cardon (2007), os Coworkings são um “terceiro espaço”: não é formal
como em uma empresa tradicional, não pode ser considerado como home-office, é na verdade
um ambiente público onde os usuários optam por utilizar em busca de manter um contato
social e alavancar seus negócios através da coletividade.
Muitos desses profissionais tem a liberdade de trabalhar em casa, no modelo home-
office, entretanto, preferem se deslocar até um Coworking. Uma das desvantagens eu esses
profissionais tem em trabalhar em casa é a ausência de contato e convivência com outros
indivíduos. De acordo com Moreira (2013), para profissionais que estão começando seus
negócios, essa desvantagem é nociva, visto que a permuta de ideias e experiências são
essenciais para o desenvolvimento e sucesso do negocio. Para isso, muitos espaços
desenvolvem planos especiais, capazes de se adequar a realidade e necessidades de cada
usuário.
Num cenário Brasil, onde a força de trabalho é representada por empresários e
empreendedores, uma alternativa na qual seja possível ter um ambiente de trabalho
satisfatório, benefícios econômicos e um equilíbrio entre vida e trabalho é a justificativa
perfeita para o crescimento do desse tipo negócio. Somos hoje um dos maiores representantes
dessa modelo, o que reforça ainda mais a importância de se entender a fundo as relações nele
existentes, bem como a motivação por trás de seus usuários. (COWORKING BRASIL, 2015)
Venkatesh e Davis (2000) usaram o modelo TAM para desenvolver o TAM2, que
incorpora mais três construtos,: Norma Subjetiva, Voluntariedade e Imagem, bem como a
adoção de processos instrumentais cognitivos: Relevância no Trabalho, Qualidade de Saída,
Demonstração de Resultados e Facilidade de Uso Percebida.
25
Como o próprio nome diz o Modelo Combinado TAM e TPB (Combined TAM and
TPB – C –TAM-TPB), elaborado por Taylor e Todd (1995), é uma junção desses dois modelos.
Esse modelo hibrido apresenta “Atitude em Relação ao Comportamento”, “Normas
Subjetivas”, “Controle Comportamental Percebido” encontrados na TRA e TPB, e “Utilidade
Percebida” apresentada no modelo TAM. Esses construtos tem como objetivo mensurar tanto
a “Intenção de Uso” como o “Comportamento de Uso” de tecnologias.
feita por Moore e Benbasat (1991) é que se tornou possível a sua utilização no estudo da
aceitação da tecnologia individual (VENKATESH ET AL., 2003). Seus principais construtos
são: “Vantagem relativa” (Relative Advantage), definida como o grau em que uma inovação
se apresenta melhor do que sua anterior; “Facilidade de Uso” (Ease of Use) como o grau de
dificuldade de utilização uma inovação apresenta; “Imagem” (Image) como a melhora na
imagem e status de um individuo que faz uso da inovação; “Visibilidade” (Visibility) como o
grau em que se ve outros indivíduos fazendo uso da inovação; “Compatibilidade”
(Compatibility), que representa o quanto uma inovação é consistente com valores,
necessidades e experiências anteriores dos usuários; “Demonstrabilidade de Resultados”
(Results Demonstrability) como a forma dos resultados serem apresentados; e por fim a
“Voluntariedade de Uso” (Voluntariness of Use), que mostra o quanto que a utilização de uma
inovação é feita de maneira voluntaria ou de livre arbítrio. (MOORE; BENBASAT, 1991;
VENKATESH et al., 2003).
A Teoria Social Cognitiva (Social Cognitive Theory – SCT), elaborada por Bandura
(1986) defende que o individuo é o responsável pelo próprio desenvolvimento e que interage
com o mundo ao seu redor intencionalmente, isto é, se auto-regula e auto-organiza. Dito isso,
ela se baseia nos construtos: “Expectativas de Resultados de Performance” (Outcome
Expectations — Performance), que foi definido por Compeau e Higgins (1995) como as
resultantes do desempenho do comportamento apresentado no trabalho; “Expectativas de
Resultados Pessoais” (Outcome Expectations — Personal), que de acordo com os mesmos
autores são as consequências pessoais do comportamento; “Auto Eficácia” (Self-efficacy), que
de acordo com Venkatesh et al. (2003) significa a capacidade ou não de fazer uso de uma
tecnologia pra determinada tarefa; “Afeto” (Affect) que pode ser definido pela preferência de
um indivíduo a realizar um comportamento particular Venkatesh et al. (2003); e por fim
“Ansiedade” (Anxiety), que como seu próprio nome diz significa a demonstração de ansiedade
para se realizar um comportamento.
uso um melhor caminho. Esse construto foi tirado de três outros construtos: Controle
Comportamental Percebido (TPB/ DTPB, C-TAM-TPB), Condições Facilitadoras (MPCU) e
Compatibilidade (IDT).
É importante notar que a “Intenção Comportamental” do indivíduo, isto é, sua
intenção de utilizar a tecnologia é baseada Expectativa de Desempenho, Expectativa de
Esforço e Influência Social. Esse construto foi originado na Teoria da Ação Racional, de
Fishbein e Azjen (1975) e impacta diretamente no “Comportamento de Uso”, que vem a ser a
intenção de utilizar a tecnologia e se tornar um usuário da mesma. Por sua vez, o
“Comportamento de Uso” também sofre impacto das “Condições facilitadoras”, uma vez que
se o usuário perceber que fazer uso da tecnologia em questão é fácil, ele tende a adotá-la para
seu uso continuo com mais facilidade. Tais condições são diretamente impactadas pela
“Idade” e “Experiência” do usuário, pois sabemos que o julgamento subjetivo de “Fácil” ou
“Difícil” depende muito do que o usuário já chegou a experimentar e sua idade também
exerce grande influencia, uma vez que certas tecnologias são novidades aos olhos de pessoas
em certas faixas etárias, que podem encontrar dificuldade em utilizá-las.
Todas as quatro variáveis moderadoras exercem influencia tanto na “Intenção de Uso”
quanto no “Comportamento de Uso”. Dito isso, percebemos que o objetivo da pesquisa passa
por identificar se tais fatores realmente tem relação com o uso do Coworking.
Fonte: adaptação feita pela autora Ana Gabrielle Ribeiro Lopes de Venkatesh, Thong e Xu (2012).
32
Através da analise da Figura, é possível perceber que todos os sete construtos exercem
influencia sobre a “Intenção Comportamental”, que por sua vez, juntamente com as
“Condições Facilitadoras” e o “Hábito” influenciam o “Comportamento de Uso”.
Percebemos também que o modelo UTAUT2 exclui a variável moderadora
“Voluntariedade”, Voluntariness (VOL) que estava presente no primeiro modelo. Isso se dá
porque não há obrigação no uso de uma tecnologia por parte dos consumidores. As outras
variáveis moderadoras são mantidas.
Além das variáveis citadas acima, adicionamos mais três construtos ao modelo
original UTAUT2. Em busca de um melhor entendimento da relação do uso dos espaços de
Coworking com a potencialização do empreendedorismo, vamos acrescentar ao modelo os
construtos “Independência”, “Networking” e “Ambiente de trabalho profissional”. Todos
esses construtos foram tirados do trabalho de Brown (2017), no qual se buscava entender as
motivações por trás da utilização dos Coworkings.
No construto “Independência” entende-se que o ambiente de Coworking oferece um
local no qual seja possível ser mais produtivo, separando vida pessoal da profissional e que
tenha a flexibilidade necessária para se trabalhar a quantidade de horas necessárias. Isto é,
mede-se com isso se o profissional avaliado sente-se independente para realizar seu trabalho
de acordo com seu ritmo e com a flexibilidade necessária para um equilíbrio entre trabalho e
vida pessoal. (Spinuzzi, 2012; Eurofound, 2014; Foertsch, 2015; Brodel et al., 2015; Merkel,
2015; Blein, 2016)
Um “Ambiente de trabalho profissional” é necessário para que se possa passar uma
imagem profissional para clientes em potencial e parceiros. Um home-office, por exemplo,
poderia não passar essa confiança para as pessoas que fossem fazer negócios com este
profissional. (Spinuzzi, 2012)
O “Networking” é amplamente reconhecido como um fator positivo dentro dos
negócios. Nos espaços de Coworking não seria diferente. A possibilidade de ter contato com
pessoas do ramo de trabalho, que estejam sob a mesma atmosfera e que se possa trocar
experiências também é um fator relevante para os usuários. Mesmo esse contato não sendo do
mesmo ramo de atuação, é interessante notar que o contato social que o Coworking possibilita
é de fato muito importante na construção de oportunidades dentro do ambiente. (Spinuzzi,
2012:40; Colleoni and Arvidsson, 2015; Brodel et al., 2015).
Após a apresentação de todos os construtos que serão utilizados, desenvolveu-se o
modelo proposto, que é uma extensão do modelo UTAUT2. A partir desse modelo proposto,
são derivadas as hipóteses do modelo UTAUT2 modificado, exposto na Figura:
33
Esse estudo usou como base o modelo O UTAUT2 de Venkatesh, Thong e Xu (2012),
devido a sua adaptação ao contexto consumidor que foi abordado. Não serão analisadas nessa
pesquisa, os efeitos moderadores “idade”, “sexo” e “experiência”.
O construto “Ambiente de Trabalho” originário do modelo de Brown (2017), tem
como pressuposto que o local de trabalho precisa ser profissional, proporcionar um espaço
para encontros, reuniões e exposição do trabalho do indivíduo. Dito isso, mede-se através dele
quão profissional o ambiente é para se trabalhar. Desta maneira, propõe-se a seguinte
hipótese:
H1: O “Ambiente de trabalho” impacta na “Intenção de Uso” de Coworking.
De acordo com Venkatesh, Thong e Xu (2012) as “Condições Facilitadoras” são um
conjunto de condições que influenciam na intenção de uso de determinada tecnologia. Ainda
pelos autores, ela atuam mais como “Controle Comportamental Percebido” (TBP) e
influenciam dessa forma, a intenção e o comportamento do usuário (AJZEN, 1991). Cada
consumidor tem condições diferentes para o acesso a determinada tecnologia, portanto quanto
maior o nível de condições, maior a intenção do mesmo a utilizá-la (VENKATESH; THON;
XU, 2012).
Dito isso, o construto “Condições Facilitadoras” está relacionado com “Intenção
Comportamental” e “Comportamento de Uso”, portanto, apresentam-se as hipóteses:
H2A: As “Condições Facilitadoras” impactam no “Comportamento de Uso” do
Coworking.
H2B: As “Condições Facilitadoras” impactam na “Intenção de uso” do Coworking.
A mensuração dos benefícios proporcionados pelo uso de determinada tecnologia é
chamada “Expectativa de Desempenho”. Em seu modelo original (TAM/TAM2, C-TAM-
TPB, MM, MPCU, IDT e SCT) foi constatado como preditor mais forte da Intenção e
continuou relevante na pesquisa de Venkatesh et al. (2003). Dessa maneira, propõe-se a
seguinte hipótese:
H3 – A “Expectativa de Desempenho” impacta na “Intenção de Uso” de um
Coworking.
A “Expectativa de Esforço” mede o grau de facilidade para o uso de determinada
tecnologia. (VENKATESH; THONG; XU, 2012). Venkatesh et al. (2003) afirmam que quanto
mais fácil for a utilização de uma tecnologia, maior será a sua aceitação. Dito isso, temos a
hipótese:
H4 – A “Expectativa de Esforço” impacta na “Intenção de Uso” de um Coworking.
O “Hábito” é um reflexo de efeitos de experiências passadas (VENKATESH;
THONG; XU, 2012). Kim e Malhotra (2005) definiram o uso anterior como um forte preditor
para o uso futuro de uma determinada tecnologia. De acordo com Venkatesh, Thong e Xu
35
No quadro acima, temos uma síntese das hipóteses levantadas na pesquisa, que tem
como base o modelo UTAUT2 de Venkatesh, Thong e Xu (2012), modificadas para o
contexto de Espaços de Coworking. No próximo capítulo abordaremos os procedimentos
metodológicos que serão utilizados na pesquisa.
37
4 METODOLOGIA
O método de pesquisa busca definir cada passo que deverá ser seguido para que a
pesquisa atinja seu objetivo principal. De acordo com Gil (2002), a metodologia, portanto,
examina, descreve e avalia técnicas que ajudam na coleta de dados e posterior análise das
informações, de modo que se atinja o objetivo, resolvendo assim a questão proposta pelo
trabalho.
Dito isso, explanaremos nesse capítulo caracterização da pesquisa, instrumento de
pesquisa utilizado, a população e amostra escolhidas, o método de aplicação e a coleta de
dados, bem como o resultado e sua respectiva análise. Portanto, analisaremos com essa
pesquisa a aderência ao serviço Coworking, as motivações que a circundam e se o
empreendedorismo está sendo potencializado com a maior adoção dos espaços de Coworking.
4.1.1 DESCRITIVA
A pesquisa descritiva, como seu próprio nome diz, busca descrever de maneira
detalhada, através da comparação de resultados e posterior análise dos mesmos.
Esse modelo de pesquisa objetiva a descrição das características de uma população ou
um fato isolado, através do relacionamento das variáveis apresentadas. (GIL, 2002, 2008).
Analogamente, Andrade (2002) pontua que a pesquisa descritiva busca observar fenômenos,
registrá-los, analisá-los, classificá-los e posteriormente interpretá-los.
Algumas pesquisas descritivas buscam entender mais sobre o perfil dos grupos
estudados, analisando seu comportamento, suas percepções e características a fim de entender
suas opiniões e atitudes. (MALHOTRA, 2012).
Dito isso, a pesquisa descritiva colabora ao que tange a caracterização da população e
a identificação de relações entre variáveis estudadas dentro da amostra.
No presente estudo, a pesquisa descritiva irá colaborar na identificação de perfis de
usuários do espaço de Coworking, identificando as motivações para intenção e
comportamento de uso, e, para tal, descobrir a relação entre as variáveis do modelo UTAUT2,
elaborado por Venkatesh, Thong, Xu (2012). Dito isso, quanto aos objetivos, a presente
pesquisa tem cunho descritivo.
A pesquisa quantitativa tem como base um pensamento positivista que por sua vez
busca dar uma relação causa e efeito através dos seus métodos e resultados obtidos. É
interessante pontuar um pouco sobre a corrente positivista e como ela está presente da
pesquisa quantitativa. O positivismo é uma corrente filosófica que nasceu no começo do
século 19 com Augusto Comte e John Stuart Mill. Ela busca observar acontecimentos e
explica-los através de leis imutáveis. De acordo com Hayati (2006), é a partir dessa relação
causal definida que se torna possível chegar a verdades universais, com resultados capazes de
serem reproduzidos e passiveis de generalização. Ou seja, através do método quantitativo,
busca-se delinear causas aos efeitos que foram encontrados na pesquisa, podendo ser esse
resultado ser expandido a outros casos. Dado isso, podemos perceber que se trata de um
método baseado na racionalidade e no empirismo.
A abordagem quantitativa pode ser definida como a quantificação dos dados e suas
estatísticas. (Richardson,1999). Nela são analisados dados numéricos obtidos, através de
métodos estatísticos, a fim de verificar teorias, identificar variáveis, relatar hipóteses, fazendo
uso de padrões de validade e confiabilidade, determinando assim a probabilidade de acerto e
sua respectiva margem de erro. (CRESWELL, 2007; GERHARDT; SILVEIRA, 2009; GIL,
2008). Pesquisas de cunho descritivo, melhor se encaixam na abordagem quantitativa.
(MALHOTRA, 2012).
A presente pesquisa, portanto, se encaixa na abordagem quantitativa, tanto na coleta,
que se da através de questionários, quanto na análise estatística dos dados obtidos. Em que, no
primeiro momento irá utilizar hipóteses para testar o modelo UTAUT2 aplicado ao espaço de
Coworking. Através do levantamento e coleta de dados estruturados, por meio de um
questionário com questões fechadas, utilizando de análise multivariada de dados, por
equações estruturais. (Creswell (2007); Gerhardt e Silveira (2009); Gil (2008) e Malhotra
(2012)).
A coleta de dados foi feita através do método Survey (levantamento). Esse método
obtém dados primários sobre comportamento, intenções, atitudes, percepções, motivações e
características demográficas de certo grupo de indivíduos, que indica assim a representação de
uma população alvo. (Hair Jr., Babin, Money e Samouel, 2005).
A obtenção de dados foi feita através da aplicação de um questionário estruturado e
padronizado, criado com a ferramenta Google Forms e foi aplicado presencialmente nos
espaços de Coworking, e também divulgado online, através de redes sociais e e-mail.
A análise dos dados será feita através da Modelagem de Equações Estruturais (SEM -
Structural Equation Modeling), que é uma técnica de Análise Multivariada de Dados. Sobre a
Análise Multivariada de Dados, Hair et. al.(2009), defendem que a não ser que o problema
42
seja tratado como multivariado, ele não será tratado profundamente, isto é, através da análise
feita através dessa modelagem é possível se aprofundar no problema a fim de obter melhores
resultados. As correlações naturais entre as múltiplas influências de comportamento podem
ser preservadas e efeitos separados dessas influências, estudados estatisticamente sem causar
um isolamento comum de qualquer indivíduo ou variável. (HAIR Jr. et al., 2009).
Os autores defendem ainda que muitas áreas do conhecimento se interessam pela SEM
devido ao fato de que se trata de um método direto para tratar múltiplas relações
simultaneamente, enquanto fornece eficiência estatística. Além desse motivo, essa
modelagem também permite uma avaliação das relações em âmbito geral, fornecendo assim
uma transição da analise exploratória para a análise confirmatória. (HAIR Jr. et al., 2009).
A primeira característica exposta acima não é a única específica da SEM, tendo
também a capacidade de incorporar variáveis latentes na análise, viabilizando ao pesquisador
modelar relações complexas que não são possíveis com outras técnicas multivariadas.
Dito isso, a Modelagem de Equações Estruturais é caracterizada por dois componentes
básicos, sendo um seu modelo estrutural, ou modelo de "caminhos", que associa variáveis
independentes com variáveis dependentes e o outro o modelo de mensuração, que permite o
uso de indicadores para avaliar a contribuição de cada um deles na representação (ou
conceituação) de uma variável dependente ou independente. (HAIR Jr. et al., 2009).
Em seu roteiro, Hair Jr. et al. (2009), fraciona a avaliação do diagrama de caminhos
em duas etapas, sendo elas a avaliação do modelo de mensuração e a avaliação do modelo
estrutural. A seguir essas etapas são apresentadas de forma detalhada.
Os procedimentos para a aplicação do PLS-SEM são:
Estágio 1 : A especificação do modelo estrutural;
Estágio 2 : A especificação dos modelos de mensuração;
Estágio 3 : A coleta e o exame dos dados;
Estágio 4 : A estimação do modelo de caminhos através do PLS;
Estágio 5 : A avaliação o modelo de mensuração reflexivo;
Estágio 6 : A avaliação o modelo de mensuração formativo; *
Estágio 7 : Avaliação do modelo estrutural;
Estágio 8 : A realização de análises avançadas sobre o modelo;
Estágio 9 : A interpretação dos resultados e realização das conclusões.
Nota: * É importante frisar a não adoção do estágio seis, tendo em vista as características do modelo da
Para iniciar uma pesquisa que utilize a Modelagem de Equações Estruturais (SEM), é
necessária a preparação de um diagrama que ilustre as hipóteses de pesquisa, indicando as
43
relações entre as variáveis que serão examinadas, o que é frequentemente chamado de modelo
de caminhos (HAIR Jr. et al., 2009).
Os modelos de caminhos por sua vez, são constituídos por dois elementos, o modelo
estrutural e o modelo de mensuração. O primeiro indica as relações entre os construtos da
pesquisa, e o segundo indica as relações entre os construtos e suas medidas, ou indicadores,
sendo que todas as relações propostas devem se apoiar em teoria e lógica (HAIR Jr. et al.,
2009).
Duas importantes definições devem ser apresentadas, tanto para o modelo estrutural
como para o modelo de mensuração. No modelo estrutural os construtos podem ser exógenos
(independentes) ou endógenos (dependentes). Os construtos exógenos não têm setas
apontando para eles, ou seja, não há construtos os precedendo em alguma relação proposta no
modelo. Já os construtos endógenos, sempre à direta do modelo, por serem dependentes, têm
setas apontando para eles, podendo também ter setas deles para outros construtos, quando,
nesses casos, aparecem no meio do modelo de caminhos, sendo ao mesmo tempo variáveis
dependentes e independentes (HAIR Jr. et al., 2009).
Os construtos podem ser especificados em duas formas de mensuração: reflexiva e
formativa. No modelo de mensuração reflexivo as medidas (ou indicadores) representam os
efeitos, ou manifestações, do construto a que estão relacionadas, assim, as setas partem do
construto para os indicadores. Já no modelo de mensuração formativo há a assunção de que os
indicadores causam os construtos, de forma que o conjunto de indicadores determina o
significado do construto, e cada um capta um aspecto específico do mesmo.
Na parte de apresentação dos dados da pesquisa esses dois estágios estão
representados na figura do modelo de caminho proposto.
O PLS-SEM é uma técnica que estima através da regressão OLS (Mínimos Quadrados
Ordinais) que determina suas propriedades estatísticas. Busca-se com ela a maximização da
variância que é explicada nos construtos dependentes, através da predição das relações
hipotetizadas entre os construtos do modelo. Para isso, o algoritmo estima os coeficientes de
caminho entre os construtos e outros parâmetros do modelo (HAIR Jr. et al., 2009).
Para Hair, Ringle e Sarstedt (2011), “[...] o foco do PLS-SEM está mais na predição do
que na explicação, o que o faz particularmente útil para estudos de fontes de vantagens
44
mesmo construto reflexivo compartilhem entre si alta proporção de variância (HAIR Jr. et al.
(2009).
A avaliação da validade convergente acontece por meio da análise das cargas dos
indicadores, para se observar a confiança do mesmo, e dos valores da Variância Média
Extraída – AVE. Para Hair Jr et al (2009), quando há a presença de altas cargas externas em
um construto, com valores iguais ou superiores a 0,708, constata-se que associados tem muito
em comum.
Para a avaliação da validade convergente, inicialmente é realizada a análise do
quadrado das cargas externas padronizadas dos itens, também conhecida como comunalidade
ou variância extraída do item, que representa o quanto da variação de um item é explicado
pelo construto ao qual ele está relacionado (HAIR Jr. et al. 2009). Como regra, os autores
indicam que a variável latente, ou construto, deve explicar no mínimo 50% da variância de
cada indicador, ou seja, o quadrado da medida de cada indicador deve ser igual ou superior a
0,5. (HAIR Jr. et al. 2009).
Hair Jr. et al. (2009) chamam a atenção para que, ao invés de eliminar
automaticamente os indicadores com carga abaixo de 0,70 (valor de referência aproximado de
0,708), deve-se examinar os efeitos da remoção na confiança composta e na validade de
conteúdo do construto. Os autores enfatizam que, geralmente, indicadores com cargas
externas entre 0,40 e 0,70 devem ser removidos somente quando isso levar a um aumento na
confiança composta, ou no valor da AVE, acima do valor de threshold sugerido, ou seja,
acima de 0,70 e 0,50, respectivamente. Já indicadores com carga abaixo de 0,40 devem
sempre ser eliminados.
Validade Discriminante
Validade discriminante é a extensão em que um construto se difere dos demais
construtos do modelo, ou seja, o quanto cada um capta de determinado fenômeno não
representado pelos demais construtos (HAIR et at., 2009).
Há dois métodos para avaliar a validade discriminante, sendo um o exame das cargas
cruzadas dos indicadores; e o outro o critério de Fornell-Larcker. No primeiro, a carga externa
de um indicador em seu construto associado deve ser superior a todas suas cargas nos demais
construtos, caso contrário há problema com a validade discriminante. Já o critério de Fornell-
Larcker, abordagem mais conservadora para a análise da validade discriminante, compara a
raiz quadrada do valor da AVE de cada construto com as correlações entre esse construto e os
demais construtos do modelo (HAIR Jr. et al., 2009).
tanto, que nesta pesquisa foi a recolocação do valor médio dos demais dados. Assim, esses
valores são utilizados para predizer os dados omitidos. Os Hair Jr. et al (2009) explicam que o
Blindfolding é um procedimento interativo que é repetido sempre até que cada ponto de dado
tenha sido excluso e o modelo reestimado.
A diferença entre os dados originais e os dados tratados, obtidos através da
recolocação da média dos dados remanescentes, é usada como entrada para a medida Q2. Essa
diferença, por sua vez, é o erro de predição, e quanto menor esse erro maior a acurácia
preditiva do modelo (HAIR Jr. et al., 2009).
O número de observações, questionários válidos utilizados no modelo, quando
dividido pela distância de omissão D não pode resultar em um número inteiro (HAIR Jr. et al.,
2009).
Hair Jr. et al. (2009) indicam que o Q2 pode ser calculado por meio de duas diferentes
abordagens, sendo elas a redundância validada cruzada (cross-validated redundancy) e a
comunalidade validada cruzada (cross-validated communality). No entanto indicam o uso da
primeira, que constrói as estimativas do modelo de caminhos a partir dos modelos de
mensuração e estrutural.
Similar à abordagem do tamanho do efeito f2, a medida q2 por meio de seu tamanho
também revela o impacto relativo da relevância preditiva, podendo se comparar o tamanho do
Q2 do construto endógeno com e sem determinado construto exógeno, sendo sua fórmula
também similar à utilizada para o cálculo do f2 (HAIR Jr. et al., 2009):
q2 = Q2 incluído – Q2 excluído /1 – Q2 incluído
Os valores de referência para se avaliar o tamanho do efeito preditivo da medida q2
são os mesmos utilizados para o f2, ou seja, 0,02, 0,15 e 0,35 para efeitos pequenos, médios e
grandes, respectivamente. O Blindfolding é aplicado apenas a construtos endógenos medidos
por indicadores reflexivos, e deve ser rodado com apenas um construto por vez (HAIR Jr. et
al., 2009).
Os autores Hair Jr. et al. (2009) recomendam três tipos de análises avançadas, sendo
elas: a análise da matriz de desempenho-importância (IPMA), que estende a análise por
também levar o desempenho do construto em consideração; a análise da mediação, que
possibilita uma melhor compreensão entre construtos preditores e dependentes; e a aplicação
de construtos de ordem superior, que possibilita a inclusão de um construto mais amplo, que
representa diversos subcomponentes.
49
Os dados da análise descritiva dos respondentes são apresentados nas tabelas a seguir,
com o objetivo de contextualizar a interpretação.
Foram recolhidos 259 formulários válidos durante a pesquisa. Dito isso, a distribuição
da representatividade por gênero foi dada da seguinte maneira: 116 respondentes declararam-
se como do gênero feminino, o que representa 44,8% do total, enquanto 143 declararam ser
do sexo masculino, representando 55,9% da amostra.
No que tange renda individual, o resultado da pesquisa apontou para uma maioria de
33.2% de respondentes que declararam receber de 4 a 10 salários mínimos. Logo em seguida,
temos um empate entre indivíduos que recebem até dois salários mínimos e aqueles que
declaram uma renda entre 2 a 4 salários mínimos, ambas as parcelas com 23.9% dos
respondentes cada. Subsequentemente, 12% recebem entre 10 a 20 salários mínimos, e apenas
6.9% da amostra declarou receber acima de 20 salários mínimos.
O modelo de mensuração explica o quão bem a teoria se encaixa nos dados (HAIR et
al., 2014). De acordo com Hair Jr. et al. (2014), a avaliação do modelo de mensuração inclui:
a) a análise da confiança composta, para avaliar a consistência interna;
b) a análise da confiança no indicador e da Variância Média Extraída (AVE – Average
Variance Extracted), para avaliar a validade convergente; e
c) a análise do critério de Fornell-Larcker e das cargas cruzadas, para avaliar a
validade convergente.
As análises e considerações feitas na avaliação e no tratamento do modelo de
mensuração são apresentadas a seguir
de Cronbach que atendem satisfatoriamente aos parâmetros indicados por Hair Jr. et al.
(2014), conforme Tabela 1. Sendo o valor inferior obtido de 0,673 no construto Condições
Facilitadoras e o maior valor de 0,888 no construto Preço. Quanto a Confiabilidade composta
todos os construtos atendem satisfatoriamente aos parâmetros indicados por Hair Jr. et al.
(2014), conforme Tabela 1. Sendo o valor inferior obtido de 0,789 construto Condições
Facilitadoras e o maior valor de 0,938 do construto Ambiente de Trabalho.
A validade convergente consiste na medida em que um indicador correlaciona-se
positivamente com indicadores do mesmo construto. A AVE é a medida para estabelecer a
validade convergente no nível do construto (HAIR et al., 2014). Todos os construtos
apresentaram valor superior de AVE superior ao mínimo sugerido de 0,50. Sendo o menor
valor obtido de 0,584 no construto Expectativa de Esforço e maior de 0,883 no construto
Ambiente de Trabalho.
Seguindo as recomendações de Hair Jr. et al. (2014), os indicadores com cargas entre
0,40 e 0,70 que não levaram a um aumento da confiança composta e da AVE acima dos
respectivos valores de referência foram mantidos no modelo, considerando que suas remoções
afetariam a validade de conteúdo dos respectivos construtos. Portanto, os construtos que
tiveram a retirada de indicadores foram Ambiente de trabalho, Condições facilitadoras e
Independência. Os indicadores que apresentaram cargas externas inferior a 0,70, valor de
referência, que foram excluídos são apresentados na Tabela 10.
57
Nota: ATR - Ambiente de trabalho, CFA - Condições facilitadoras, USO - Comportamento de uso
Coworking, EDE - Expectativa de desempenho, EES - Expectativa de esforço, HAB – Habito, IND –
Independência, ISO - Influencia social, ICO - Intenção de uso Coworking, MHE - Motivações hedônicas, NET –
Validade Discriminante
Validade discriminante é a extensão em que um construto se difere dos demais
construtos do modelo, ou seja, o quanto cada um capta de determinado fenômeno não
representado pelos demais construtos (HAIR et at., 2014).
Hair Jr. et al. (2014) propõem os seguintes métodos para avaliar a validade
discriminante, sendo:
a) o exame das cargas cruzadas dos indicadores; e/ou
b) o critério de Fornell-Larcker e
c). Rácio Heterotrait-Monotrait (HTMT.
No primeiro, a carga externa de um indicador em seu construto associado deve ser
superior a todas suas cargas nos demais construtos, caso contrário há problema com a
validade discriminante. Já o critério de Fornell-Larcker, abordagem mais conservadora para a
análise da validade discriminante, compara a raiz quadrada do valor da AVE de cada construto
com as correlações entre esse construto e os demais construtos do modelo.
a) As cargas cruzadas devem ser maiores do que todas as outras cargas dos construtos
(HAIR et al., 2014). Como pode ser observado na Tabela 11, as cargas cruzadas são
adequadas, apresentando assim validade discriminante .
59
b) Critério Fornell-Larcker. Indica que a raiz quadrada da AVE de cada construto deve
ser maior do que a maior correlação com cada construto (HAIR et al., 2014). De acordo com a
Tabela 12, todos os construtos atendem aos critérios, ou seja, são adequados.)
60
uso Coworking, EDE - Expectativa de desempenho, EES - Expectativa de esforço, HAB – Habito, IND –
Independência, ISO - Influencia social, ICO - Intenção de uso Coworking, MHE - Motivações hedônicas, NET –
uso Coworking, EDE - Expectativa de desempenho, EES - Expectativa de esforço, HAB – Habito, IND –
Independência, ISO - Influencia social, ICO - Intenção de uso Coworking, MHE - Motivações hedônicas, NET –
Nota: ATR - Ambiente de trabalho, CFA - Condicoes facilitadoras, USO - Comportamento de uso
Coworking, EDE - Expectativa de desempenho, EES - Expectativa de esforço, HAB – Habito, IND –
Independencia, ISO - Influencia social, ICO - Intencao de uso Coworking, MHE - Motivacoes hedônicas, NET –
Apresenta coeficiente de caminho de 0,340, com nível de confiança de 99% (ou nível
de significância de 1%), demonstrando que há uma relação moderadamente positiva entre os
respectivos construtos. A hipótese de que a Expectativa de desempenho impacta na Intenção
de uso Coworking é aceita. Dessa forma, há uma indicação de que 34% das alterações na
expectativa de desempenho impactam na intenção de uso Coworking.
H4 - Expectativa de esforço impacta na Intenção de uso de Coworking.
Apresenta coeficiente de caminho de -0,123, com nível de confiança de 90% (ou nível
de significância de 10%), demonstrando que há uma relação moderadamente negativa entre os
respectivos construtos. A hipótese de que a Expectativa de desempenho impacta na Intenção
de uso Coworking é aceita. Dessa forma, há uma indicação de uma relação inversa.
H5a - Hábito impacta no Comportamento de uso de Coworking.
Apresenta coeficiente de caminho de 0,538, com nível de confiança de 99% (ou nível
de significância de 1%), demonstrando que há uma relação moderadamente positiva entre os
respectivos construtos. A hipótese de que o Habito impacta no comportamento de uso
Coworking é aceita. Dessa forma, há uma indicação de que 53,8% das alterações no habito
impactam na intenção de uso Coworking.
H5b - Hábito impacta na Intenção de uso de Coworking.
Apresenta coeficiente de caminho de 0,456, com nível de confiança de 99% (ou nível
de significância de 1%), demonstrando que há uma relação moderadamente positiva entre os
respectivos construtos. A hipótese de que o Habito impacta na Intenção de uso Coworking é
aceita. Dessa forma, há uma indicação de que 45,6% das alterações no Habito impactam na
intenção de uso Coworking.
H6 - Independência impacta na Intenção de uso de Coworking.
Não houve evidencia estatística quanto ao valor impactando do comportamento de uso
do Coworking.
H7 - Influência social impacta na Intenção de uso de Coworking.
Não houve evidencia estatística quanto ao valor impactando do comportamento de uso
do Coworking.
H8 - Intenção de uso de Coworking impacta na Comportamento de uso de Coworking.
Não houve evidencia estatística quanto ao valor impactando do comportamento de uso
do Coworking.
H9- Motivações hedônicas impactam na Intenção de uso de Coworking.
Não houve evidencia estatística quanto ao valor impactando do comportamento de uso
do Coworking.
H10 - Networking impacta na Intenção de uso de Coworking.
Não houve evidencia estatística quanto ao valor impactando do comportamento de uso
do Coworking.
H11 - Preço impacta na Intenção de uso de Coworking
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É interessante destacar que o construto que mais contribui com o modelo é o Hábito,
sendo que pra Intenção de uso a contribuição dele é considerada moderada, e para o
Comportamento de Uso o efeito dele é considerado fraco.
Abaixo temos um resumo dos resultados obtidos, nos quais há destaque para as
hipóteses aceitas, efeito, respectivo grau de significância e o R2.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
apresenta coeficiente de caminho de 0,456, com nível de confiança de 99% (ou nível de
significância de 1%), demonstrando que há uma relação moderadamente positiva entre os
respectivos construtos. A hipótese de que o Habito impacta na Intenção de uso Coworking é
aceita. Dessa forma, há uma indicação de que 45,6% das alterações no Habito impactam na
intenção de uso Coworking. Venkatesh (2012) define hábito como os comportamentos
automáticos dos indivíduos em relação a alguma tecnologia. Ao analisarmos mais
profundamente essa questão, um das possíveis explicações da a adesão dos Coworkings por
parte dos usuários pode estar relacionada a toda a tendência colaborativa que o modelo
econômico compartilhado trouxe. Para Botsman e Rogers (2010) afirmam que indivíduos
adeptos a esses tipos de iniciativas, tendem a estar cada vez mais conectadas com todo esse
mundo colaborativo, gerando um valor mútuo entre elas, criando assim o hábito de se utilizar
um Coworking por exemplo. A capacidade de criar um hábito em um indivíduo ultrapassa a
esfera de responsabilidade de apenas um empreendimento de Coworking,mas ela toca a
abrangência de todo um sistema econômico que vem sofrendo mudanças devido as novas
tendências de compartilhamento, e portanto, novos hábitos das pessoas frente ao consumo e
trabalho.
Ademais, através do estudo do R quadrado através da regressão, concluiu-se que as
variáveis utilizadas neste estudo conseguem explicar 64,6% da “Intenção de Uso” de espaços
de Coworking e 23,5% do “Comportamento de Uso” dos Coworkings. Dito isso, compreende-
se que a presente pesquisa foi de extrema importância para o entendimento dos fatores que
levam a intenção e comportamento dos usuários, entretanto, ainda há variáveis que não foram
exploradas por esse trabalho que explicam tais construtos. O que acaba abrindo espaço para
futuras pesquisas que visam abordar outros fatores que explicam a Intenção e Comportamento
do Uso dos Coworkings. Cabe a cada gestor entender a complexidade de seus usuários, que
envolve não apenas características do perfil, mas também preferências, motivações e
expectativas, para adequar os resultados desse estudo e implantar melhorias válidas para o
contexto em que for aplicada.
Esse trabalho contribuiu com a área acadêmica no que tange estudos sobre Espaços de
Coworking, um fenômeno atual que vem modificando a maneira como as pessoas trabalham e
se relacionam com seu ambiente de trabalho. Além disso, foi possível estender o modelo
UTAUT2, proposto por Venkatesh, Thong e Xu (2012), adicionando mais construtos dentro
de uma área até então não abordada, estendendo assim a abrangência do modelo a um novo
contexto sob uma perspectiva teórica amplamente utilizada em assuntos atuais como adesão a
tecnologias.
Ademais, o estudo proposto também pode ajudar gestores no que tange o
72
entendimento dos fatores que influenciam os usuários de Coworking a utilizar esse tipo de
espaço, bem como seus objetivos ao utilizá-lo. Dessa maneira, os gestores podem utilizar as
informações que foram dadas no trabalho para implantar melhorias em seus espaços e na
entrega dos serviços que neles são oferecidos, possibilitando maior planejamento estratégico
junto aos usuários.
Os resultados ressaltam a importância da observação e entendimento da motivação por
trás da adesão dos usuários a um fenômeno como são os espaços de Coworking, o que
evidencia a necessidade de adequação de acordo com o perfil de usuário.
seus empregos formais para se tornar Freelancers (DELOITTE, 2016) trazendo assim ainda
mais conhecimento para os gestores, usuários de Coworking e a sociedade em geral.
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