Você está na página 1de 8

Caráter de um verdadeiro discípulo– João 21.

15-23

INTRODUÇÃO: No segundo capítulo do livro O DISCÍPULO RADICAL de John Stott, ele fala do
propósito de Deus para o seu povo e diz que Deus quer que o seu povo se torne como Cristo, pois
semelhança com Cristo é a vontade de Deus para o seu povo.
Como saber se somos um discípulo de Cristo?
Como saber se já morremos para nós mesmos e estamos aptos a fazer outros discípulos?
A evidência inegável é a presença de um caráter semelhante ao de Cristo.
Se o caráter de Cristo lhe estiver faltando, você ainda não morreu para si mesmo e não está
preparado para fazer outros discípulos.
Talvez a maior dificuldade que tenhamos de enfrentar,seja crer, de fato, que nosso caráter é
mais importante do que nossa capacidade ou nossas habilidades.

CONTEXTUALIZAÇÃO
Autoria1
O apóstolo e evangelista João, filho de Zebedeu (Jo 21.2) parece ter sido o mais jovem dos doze.
Foi favorecido de modo especial com a confiança e consideração do Senhor a ponto de ser chamado
de "O discípulo a quem Jesus amava"(Jo 21, 7 e 20).
Estava ligado ao Mestre de uma maneira muito sincera, foi testemunha ocular, e por isso escreveu de
forma profunda e pessoal sobre a vida de Jesus.
Local2
A história narra que após a morte de Maria, da mãe do Senhor Jesus Cristo, João viveu
principalmente na cidade de Éfeso.
No final do reinado do Imperador Domiciano, foi deportado para a ilha de Patmos, onde escreveu o
Apocalipse.
Quando o Imperador Romano Marcus Cocceius Nerva (96 d.C. até a sua morte em 98 d.C.) se
instalou, João foi posto em liberdade e regressou a Éfeso, onde crê-se que tenha escrito o Evangelho e as
suas epístolas, por volta do ano de 97 d.C., e morreu pouco depois.

Propósito3
O objetivo deste Evangelho parece ser a transmissão ao mundo cristão de noções justas sobre a
natureza, ofício e caráter verdadeiros do Mestre divino, que veio instruir e redimir a humanidade.

Com este propósito, João foi dirigido a escolher, para a sua narração, as passagens da vida de
nosso Salvador que mostram mais claramente a sua autoridade e o seu divino poder e aqueles discursos em
que falou mais claramente a respeito de sua natureza, e sobre o poder de sua morte como expiação pelos
pecados do mundo.
O objetivo fica ainda mais claro em 20:31 - Estes, porém, foram registrados para que creiais que
Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.
João finaliza tão bem o capítulo 20 que alguns ousam dizer trata-se de uma perfeita conclusão do
livro, e que o capítulo 21 trata-se de um acréscimo posterior.
Mas não aceitamos isso, é muito importante, como escreveu Hernandes Dias Lopes defendendo o
mesmo conceito de Warren Wiersbe:
“Afirmamos que esse capítulo é absolutamente compatível com o propósito do livro e cabe
muito bem como uma coroação de toda a obra. Sem essa conclusão, onde está registrada a
restauração da vida e do ministério de Pedro, teríamos dificuldade de entender sua
proeminência nos doze primeiros capítulos de Atos após seu fracasso tão rotundo. Sem essa
conclusão, o rumor de que João viveria para ver Cristo voltar (21.23) não teria sido refutado.
Sem essa conclusão, não teríamos conhecimento de que Pedro glorificaria a Deus pelo gênero
de sua morte.
1
Comentário de Matheus Henry – pg 01 – Aplicativo Bíblia Onix;
2
Ibid;
3
Ibid;
F. F. Bruce disse: Assim como os primeiros dezoito versículos do capítulo 1 são chamados de
prólogo ao evangelho, o capítulo 21 pode muito bem ser considerado o epílogo;

CONTEXTUALIZAÇÃO
→ Então trata-se de um capítulo importante pois registra mais uma manifestação do Cristo ressurreto a seus
discípulos onde aprendemos lições preciosas para as nossas vidas. 4
→ Mas entenda, que mesmo depois de ter aparecido aos discípulos duas vezes em Jerusalém, faltava o
cumprimento de uma promessa.

→ E perceba que o cenário dos aparecimentos após a Ressurreição muda de Jerusalém para a Galileia.
→ Mas porque Galileia?Aqui se dá o cumprimento de uma promessa feita por Jesus.
→ O Evangelista Marcos registra que no primeiro dia da semana, as mulheres foram ao túmulo de Jesus e se
depararam com a pedra removida.
→ Ao entrarem no túmulo, um anjo que estava postado do lado direito, no lugar onde o corpo de Jesus havia
sido posto, pediu que elas não ficassem com medo, pois Jesus havia ressuscitado.
→ Então o anjo transmitiu-lhes uma ordem:Mas ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro, que ele vai
adiante de vós para a Galileia. Ali o vereis, como ele vos disse(Mc 16.7).
→ Eles estavam no mar de Tiberíades ou mar da Galileia também conhecido como Lago de Genesaré
em obediência a ordem de Jesus. E com a manifestação do Cristo ressurreto aqui se dá o cumprimento dessa
promessa, na Galileia.

João Calvino, em seu comentário disse a respeito deste registro: Tal restauração se fazia
necessária, tanto para Pedro quanto para seus ouvintes; quanto a Pedro, para que mais ousadamente
executasse seu ofício, sendo asseguradoda vocação com que Cristo novamente o investia; quanto a seus
ouvintes, para que a mancha que atingira sua pessoa não desse ocasião de desprezarem o evangelho.
Também para nós, em nossa própria época, é de mui grande importância que Pedro se nos apresente como
um novo homem, de quem fosse removida a desdita que poderia ter diminuído sua autoridade.
JESUS estava trabalhando no caráter de Pedro. Se caráter é um conjunto de características e traços
relativos à maneira de agir e de reagir de um indivíduo. Se caráter é a firmeza e coerência de atitudes. E é o
que define a personalidade e a índole de uma pessoa. Podemos afirmar, sem nenhuma dúvida, que Jesus nos
ensina neste texto sobre o caráter de um verdadeiro discípulo.
O discipulado cristão tem marcas inconfundíveis em seu caráter. O caminho do cristianismo não é
fácil. O evangelho de Lucas nos mostra que Jesus indo caminho fora: “alguém lhe disse: Seguir-te-ei para
onde quer que fores. Mas Jesus lhe respondeu: As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o
Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.(Lucas 9:57,58) Está disposto?
Ser discípulo pode significar sacrificar tudo por Cristo. Negar a si mesmo.

Caráter de um verdadeiro discípulo – João 21.15-23


1. É marcado pelo amor a Cristo acima de todas as coisas (vs.15-17)
2. É marcado pela prontidão de sacrificar tudo por amor a Cristo, inclusive à vida (VS.18-19a)
3. É marcado por seguir a Cristo e ser fiel na sua missão (19b-22)

1. É marcado pelo amor a Cristo acima de todas as coisas (vs.15-17)


Eram sete os discípulos que se encontraram. Simão Pedro, como das outras vezes, é mencionado
como líder; Natanael que somente aqui é dito que era de Caná. Tomé, já citado na narrativa da ressurreição.
Os filhos de Zebedeu Tiago e João ainda não tinham sido mencionados neste evangelho e havia dois outros
discípulos presentes que não são mencionados pelo nome.
4
John Charles Ryle diz que podemos observar quatro aspectos nessa manifestação de Jesus a seus discípulos. (1) Primeiro, ele se manifestou no momento adequado, quando estavam mais
confusos e desanimados. (2) Segundo, ele se manifestou de forma gradual. (3) Terceiro, ele se manifestou de forma amorosa, chamando-os de “filhos”. (4) Quarto, ele se manifestou de
forma poderosa, repetindo a cena da pesca milagrosa. (Henry, Matthew. Matthew Henry comentário híhlico Novo Testamento — Mateus-João, p. 1080.) Citação do comentário de João
de HDL.
Estes discípulos, foram vistos pela última vez em Jerusalém, e agora estavam de volta à Galiléia;
Essa manifestação de Jesus junto ao mar de Tiberíades, lugar onde Pedro e outros discípulos
trabalhavam como pescadores e foram chamados para o ministério, seria, certamente, o ápice das
demonstrações inequívocas da sua ressurreição.
CRISE VOCACIONAL
a) Desistir da vocação
Pedro e seus companheiros não se fizeram discípulos, mas foram chamados por Deus (Mc 1.16-19)
b) Desprezar toda a formação e o investimento que foi feito.
Os discípulos foram escolhidos pessoalmente por Jesus. Eles foram chamados para estarem junto a
Jesus (Mc 3.13-15). Durante três anos, os discípulos conviveram diariamente com Jesus. Eles presenciaram
todos os milagres e ouviram todos os sermões e ensinos de Jesus. Eles cursaram a melhor faculdade
teológica do mundo.
E debaixo desse turbilhão de sentimentos adversos que Pedro diz a seus seis companheiros de
ministério: Vou pescar (21.3). Como Pedro era um líder, e como liderança é sobre tudo influência, os outros
também disseram: [...] Nós também vamos contigo [...] (21.3). Então, eles saíram e entraram no barco, mas
naquela noite nada apanharam.
Jesus se manifestou e revelou-se a eles.
O tempo que Cristo determinou para dar-se a conhecer ao seu povo, é o momento em que eles
estão mais desorientados. Ele conhece as necessidades temporais de seu povo e prometeu-lhes não somente
a graça suficiente, mas também o alimento conveniente.5Matheus Henry

Jesus precisava restaurar a Pedro. Calvino comenta: Aquela pérfida negação anteriormente
descrita, indubitavelmente o tornara indigno para o apostolado; pois como poderia ele estar qualificado para
instruir outros na fé, quando tão perfidamente a renegara? [...] Agora, pois, a liberdade, tanto quanto a
autoridade de ensinar, lhe são restauradas, ambas as quais havia perdido em decorrência de seu erro.
Provavelmente, segundo o versículo 20, Jesus depois da refeição matinal, convidou Pedro para uma
caminhada pela praia, e teve esta conversa com ele a sós.
A razão de Pedro ressentir-se com o fato de Jesus lhe perguntar três vezes se o amava, provavelmente
foi que ele lembrou como durante aquela noite terrível em três ocasiões que negara ter qualquer
conhecimento dele.
Agora, em resposta à pergunta de Jesus, Pedro reafirma seu amor, mas se recusa a fazer qualquer
comparação com os outros.
Importante é que Pedro reafirma seu amor pelo Senhor, é reabilitado e reconvocado. Agora, ao anzol
do pescador é acrescentado o cajado do pastor.
Agapao, o verbo que o Senhor usa nas duas primeiras perguntas, denota “o amor mais elevado que
deve ser a fonte da vida cristã”, enquanto Pedro, por usar phileo, afirma somente o “amor natural da afeição
pessoal”.
Primeira Pergunta: Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-
me (agapao) mais do que estes outros? Ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo (phileo). Ele lhe disse:
Apascenta os meus cordeiros.(João 21:15)
Segunda Pergunta: Tornou a perguntar-lhe pela segunda vez: Simão, filho de João, tu me amas? (agapao)
Ele lhe respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo (phileo). Disse-lhe Jesus: Pastoreia as minhas ovelhas. (João
21:16)
Terceira Pergunta: Pela terceira vez Jesus lhe perguntou: Simão, filho de João, tu me amas? (phileo).
Pedro entristeceu-se por ele lhe ter dito, pela terceira vez: Tu me amas? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as
coisas, tu sabes que eu te amo (phileo). Jesus lhe disse: Apascenta as minhas ovelhas.(João 21:17)

5
Comentário de Matheus Henry – Bíblia Onix
Qual é a intensidade do nosso amor para com Jesus?
Quando nós amamos alguém, qual o lugar que ela ocupa em nossa vida? O interesse, respeito, a honra a
admiração?
Jesus, o Filho de Deus, e supremo intérprete das Escrituras, ordenou: “Novo mandamento vos dou: que
vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. E nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se
tiverdes amor uns pelos outros” (Jo 13.34,35). Obviamente Jesus está falando de um certo tipo de amor. Trata-se
do mesmo amor com que ele nos amou: amor perseverante, sacrificial e santificador.

Paulo, na sua primeira epístola aos Coríntios escreveu: “Mas, se alguém ama a Deus, esse é conhecido
por ele. (1 Coríntios 8:3)E ao finalizar esta mesma carta disse:Se alguém não ama o Senhor, seja anátema.
Maranata!”(1 Coríntios 16:22) Uma palavra dura, mas verdadeira.

Mas Tiago escrevendo a uma sofrendo dura perseguição:


Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido
aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam. (Tiago 1:12)

E o próprio Pedro escrevendo a uma sofrendo dura perseguição disse: a quem, não havendo visto, amais;
no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória, obtendo o fim da vossa
fé: a salvação da vossa alma. (1 Pedro 1:8,9)

APLICAÇÃO:
Tristemente, muitos pensam no amor em termos de gratificação de si mesmo ao invés de sacrifício
de si mesmo. Para eles, o amor é apenas um sentimento que deve ser protegido e acomodado. Como um
resultado disso, amor em nossa cultura é uma comodidade para ser usada, não um compromisso para
ser cultivado. Para Cristo, entretanto, amor é mais do que palpitações caprichosas.

O amor sacrificial de Jesus, mostrado na cruz, é o padrão pelo qual nós iremos nos amar uns aos
outros. O amor cristão não é complacente com o erro nem conivente com o pecado.
Se o amor for apenas um discurso vazio, uma caricatura desta suprema virtude, então, seremos causa de
tropeço para aqueles que olham para nós.6

Na medida em que o amor centrado em Cristo definir nossas igrejas, o mundo que nos assiste irá
medir a credibilidade de nosso testemunho. Não obstante isso, Jesus afirma mais à frente que o mundo irá
julgar a veracidade do evangelho baseado em nosso amor uns pelos outros (João 17.20-23).

→Então a igreja trabalhou duro para Deus. Éfeso seria a voz da igreja reformada de hoje.
Todavia, diz o Senhor a eles,“Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor.” (Apocalipse
2:4).Não era suficiente acreditar nas coisas certas. Paulo os tinha avisado que algumas pessoas iriam se
levantar dentre eles, distorcendo a verdade e levá-los para maus caminhos.

Pureza de doutrina não é o grande fim em si mesmo, mas sim amor de um coração puro e fé
sincera.7
Pureza de doutrina e lealdade não podem nunca ser substitutos para o amor. Não há nada mais
perigoso do que a ortodoxia morta.

→A maior motivação para o serviço cristão é o amor ao Senhor. Umas das marcas do Caráter de um
verdadeiro discípulo é o amor. Todos os vossos atos sejam feitos com amor. (1 Coríntios 16:14)

Tema:Caráter de um verdadeiro discípulo


1. É marcado pelo amor a Cristo acima de todas as coisas (vs.15-17)

6
HDL
7
[https://www.monergismo.com/textos/amor/amor_f rutos_edwards_geoff.htm]
2. É marcado pela prontidão de sacrificar tudo por amor a Cristo, inclusive à vida
(vs.18-19a)
O nosso Senhor dirigiu-se a Pedro chamando-o por seu nome original, como se houvesse deixado o
nome Pedro, quando ele o negou.
No contexto de toda a narrativa da paixão e ressurreição, é natural entender a pergunta assim: “ Você
me ama mais do que estes outros me amam?” Entretanto, como Pedro poderia saber o quanto os outros
amavam o seu Senhor? Naturalmente ele não teria como saber; mas não muito tempo atrás ele havia pensado
que amava Jesus mais do que eles. Não importa o que os outros fizessem, Pedro tinha dito no cenáculo:
“Por ti darei a própria vida” (13.37).8
Mas, por mais disposto que o espírito estivesse, a carne foi fraca, como Pedro provou no pátio do
palácio do sumo sacerdote; Como respondeu o Senhor depois destas palavras de Pedro: Darás a vida por
mim? Em verdade, em verdade te digo que jamais cantará o galo antes que me negues três vezes. (João
13:38)
Pedro prometeu, e negou o Senhor Jesus. Mas Cristo o restaurou.

Jesus conhecia o passado de Pedro e também seu futuro . Sua vida do início ao fim
estava sob o controle de Jesus.
Este mostra a Pedro que, quando mais moço, era um homem livre para tomar suas decisões. Naquele
tempo, porém, acovardou-se e negou seu Senhor para não ser preso e morto.
Contudo, quando for velho, não terá mais liberdade para fugir de cerco do inimigo.
Então, será apanhado e pregado numa cruz, como foi o seu senhor.

Matthew Henry diz que, tendo indicado a Pedro o trabalho a realizar, Cristo lhe indica, a seguir, o
sofrimento a enfrentar.Tendo lhe confirmado a honra de ser um apóstolo, agora Cristo lhe fala sobre outra
primazia que lhe fora designada — a honra de ser um mártir.

D. A. Carson está correto ao afirmar que o próprio Pedro veio a reconhecer o princípio: sempre que
qualquer cristão segue Cristo para sofrimento e morte, esse é um meio de glorificar a Deus (1Pe 4.14-16).9
Os pais da Igreja, Tertuliano e Eusébio relataram que Pedro foi morto em Roma, por Nero. E foi
crucificado de cabeça para baixo, pois assim ele mesmo pediu para morrer. Ele foi cingido por outro quando
foi pregado na cruz.

Jesus disse: Quem acha a sua vida perdê-la-á; quem, todavia, perde a vida por minha causa achá-
la-á. (Mateus 10:39)
Paulo entendeu isso e escreveu: “Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro.”
(Filipenses 1:21) ou como disse aos Romanos: “Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos,
para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor.” (Romanos 14:8)
ILUSTRAÇÃO:10
Quando John (1824–1907) e Margaret Paton desembarcaram na ilha de Novas Hébridas, em Aniwa,
em novembro de 1866, viram a miséria dos ilhéus. O povo nativo era canibal e ocasionalmente comia a carne de
seus inimigos derrotados. Eles praticavam o infanticídio e o sacrifício das viúvas, matando-as logo após a morte
de seus maridos, para que elas pudessem servi-los no mundo seguinte.
Paton teve coragem de superar as críticas, que recebeu de respeitáveis presbíteros, por decidir ir para as
Novas Hébridas. Um certo Sr. Dickson explodiu: – Os canibais! Você será comido por canibais! Mas a isso

8
F.F. Bruce.
9
HDL - Novas Hébridas era o nome colonial dado a um grupo de ilhas no sul do Oceano Pacífico, que hoje formam a nação de Vanuatu.
10
https://voltemosaoevangelho.com/blog/2020/03/imortal-ate-que-seu-trabalho-fosse-feito/#:~:text=John%20Paton
%20(1824%E2%80%931907)&text=Quando%20John%20e%20Margaret%20Paton,viram%20a%20mis%C3%A9ria%20dos%20ilh%C3%A9us.
Paton respondeu:
“Sr. Dickson, o senhor já é avançado em anos e sua perspectiva em breve será colocada no túmulo, para ser
devorada por vermes; Confesso que, se eu puder viver e morrer servindo e honrando ao Senhor Jesus, não fará
diferença para mim se eu for comido por canibais ou por vermes; e no Grande Dia, meu corpo da Ressurreição se
levantará tão belo quanto o seu, à semelhança de nosso Redentor ressuscitado.” (Autobiography, 56).
Nos quinze anos seguintes, os Patons viram toda a ilha de Aniwa se voltar para Cristo.
APLICAÇÃO:
→ Paulo escreveu: Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras
considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por
amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo. (Filipenses 3:7,8)

→ O que você está disposto a perder a fim de ganhar Cristo? É a resposta a essa pergunta que vai
determinar quem vem em primeiro lugar na sua vida. Será você mesmo? Ou Jesus? Suas ações responderão.
E Deus estará bem atento a elas.
A morte de Pedro não foi uma tragédia; sua morte glorificou a Deus!Concordo plenamente com o
que diz Matthew Henry: “Aqueles que seguem a Cristo fielmente na graça certamente o seguirão rumo à
glória”.11
John Jowett no seu livro “O pregador, sua vida e sua obra” diz que “vocação é quando
todas as outras portas estão abertas, mas você só anseia entrar pela porta do ministério.”

Tema: Caráter de um verdadeiro discípulo


1. É marcado pelo amor a Cristo acima de todas as coisas (vs.15-17)
2. É marcado pela prontidão de sacrificar tudo por amor a Cristo, inclusive à vida (vs.18-19a)

3. É marcado por seguira Cristo e ser fiel na sua missão (vs.19b-22)


Antes de Pedro negar a Jesus, no dia da crucificação, a quem foi dito: Verdadeiramente, és também
um deles, porque o teu modo de falar o denuncia. (Mateus 26:73)
Ali os olhos de Cristo penetraram na alma de Pedro. Um olhar de tristeza, mas também de
compaixão. Quando Jesus olhou para Pedro, ele se lembrou da palavra do Senhor e ao lembrar-se dela
encontrou uma âncora de esperança e o caminho de volta para a restauração.
Pedro estava sendo restaurado, pois era uma líder da Igreja do Senhor. A liderança duradoura é
fundamentada no caráter. O caráter gera respeito. O respeito gera confiança. E a confiança é o que motiva os
seguidores. Jesus tinha um propósito para Pedro.

a) Jesus diz a Pedro que a sua responsabilidade é seguir o Senhor e ser fiel à sua missão;
Segue-me. Trata-se de movimento físico, mas muito mais do que isso está implícito (cons. 13:36).
Pedro estava sendo convocado a segui-lO constante e fielmente, a permanecer imperturbável, tal como Jesus
permanecera à vista da cruz que se aproximava.
O Senhor tem seus planos para o discípulo amado, mas Pedro não precisa conhecê-los.
A vida e o serviço dos discípulos não acontecem com ―autonomia. Mesmo a vida e o serviço de
alguém como Pedro, o líder do grupo dos discípulos, acontece no ― “seguir”.

b) E Pedro, voltando-se.
Temos em Pedro um exemplo de nossa curiosidade, a qual é, não só supérflua, mas inclusive nociva.
Quando somos levados, desviados de nosso dever, olhando demais para outros, pois nos é quase natural fazermos

11
https://ipalianca.org.br/2014/04/04/o-que-voce-esta-disposto-a-perder-por-amor-a-cristo/
detido exame de como vivem outras pessoas, em vez de examinarmos a nós próprios e fixarmos demais nossa
atenção para achar nelas escusas fúteis12.
3

Pedro acabava de ouvir uma palavra muito difícil. Você vai morrer — dolorosamente. Seu primeiro
pensamento foi comparação. E João? Se tenho que sofrer, será que ele tem que sofrer? Se meu ministério
terminar assim, será que o dele também terminará assim? Se eu não conseguir viver uma longa vida de ministério
frutífero, será que ele viverá?13
Essa é a maneira que nós pecadores somos conectados. Comparar. Comparar. Comparar. Nós ansiamos em
saber como vamos nos colocar em comparação com outros. Existe algum tipo de exaltação, se pudermos
encontrar alguém menos eficaz do que nós.
Quando Pedro, ansiosamente, quis saber acerca do futuro de João, Jesus lhe disse: Se eu quiser que ele fique
até que eu venha, que te importa? Segue-me tu! (21.22).
A tarefa de Pedro era pastorear as ovelhas de Cristo e morrer por ele. A tarefa de João era dar
testemunho da história de Cristo, viver até uma idade avançada e morrer em paz.
Ele seria usado grandemente por Deus foi um homem-chave para a edificação e expansão da igreja.
(1) Foi ele quem pregou o primeiro sermão após o derramamento do Espírito Santo, e quase três mil
pessoas foram convertidas, batizadas e integradas à igreja em Jerusalém (At 2)
(2) Foi ele quem abriu as portas do cristianismo para os samaritanos (At 8.14-25) e aos gentios (At 10)
(3) Foi ele quemescreveu duas cartas preciosas à igreja perseguida (1 e 2 Pedro).
Pedro era o grande pastor, e João era a grande testemunha. Isso não os convertia em rivais ou
competidores em termos de honra ou prestígio. Ambos eram servos e deviam cumprir sua vocação.

APLICAÇÃO:

Deus chama pessoas diferentes, em circunstâncias diferentes, em idades diferentes para o


ministério. Chamou Isaías num momento de crise nacional. Chamou Pedro depois de casado.
Chamou Paulo quando este perseguia a igreja. Chamou Jeremias no ventre da mãe.

"Se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja" (1Tm 3.1) A palavra-chave
nesse versículo é "obra". O ministério pastoral é uma obra árdua. Paulo comparou a vida do
pastor à do soldado e à do lavrador. Ele encorajou o jovem Timóteo a participar "dos sofrimentos"
no ministério (2 Tm 2.3,6).

Espera-se que um pastor seja muitas coisas. Ele tem de ser um conselheiro para aqueles
que necessitam de orientação, um encorajador para aqueles que estão desanimados, e um
confortador para os que estão angustiados. Precisa ser um administrador da vida e do
ministério de uma igreja local, e um líder que dirige a igreja nos caminhos adequados. Porém,
dentre todas essas e outras responsabilidades, o pastor é, primeiramente (e acima de todas as
demais coisas), um pregador. Essa é a sua missão!

2 Tm 4.2
"Prega a palavra!" foi a admoestação do apóstolo a Timóteo. "Prega a palavra, insta, quer seja
oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina" (2 Tm 4.2).
Esse mandamento, por si mesmo, é suficientemente forte para fazer que pastores se aprumem e
percebam a grande ênfase colocada na pregação.
Jesus foi ao encontro de Pedro para restaurá-lo, como vem ao nosso encontro, e Pedro reafirma seu amor
pelo Senhor, é reabilitado e reconvocado para sua missão.

12
Calvino.
13
Piper
As palavras de Jesus: Segue-me tu! Significam literalmente: “Continua a seguir-me”. No mesmo instante,
Pedro começou a seguir Jesus. Mas, por um momento, ele desviou o olhar do Senhor Jesus, um erro que já havia
cometido duas vezes (Lc 5.8; Mt 14.30).
Devemos ter o cuidado de não desviar os olhos do Senhor e começar a olhar para outros cristãos. “Olhar
para Jesus” deve ser o objetivo e a prática de todo cristão (Hb 12.1,2)

CONCLUSÃO:
Caráter de um verdadeiro discípulo – João 21.15-23
1. É marcado pelo amor a Cristo acima de todas as coisas (vs.15-17)
2. É marcado pela prontidão de sacrificar tudo por amor a Cristo, inclusive à vida (VS.18-19a)
3. É marcado por seguir a Cristo e ser fiel na sua missão (19b-22)

J.R. Miller escreveu: A única coisa que os pranteadores levam do túmulo consigo e aquilo que se recusa
a ser sepultado é o caráter de um homem. Aquilo que um homem é, vive muito além dele. Jamais pode ser
sepultado.
Porém há algo mais importante do que as pessoas pensam de nós depois que morrermos. Muito mais
importante que isso é o impacto que causamos enquanto estamos aqui.
Podemos resumir, e dizer que temos o Caráter de um verdadeiro discípulo quando evidenciamos o
caráter de Jesus. Que amou os seus até o fim, e este amor o levou a se entregar a si mesmo por nós, como oferta
e sacrifício a Deus, em aroma suave e foi fiel até a morte, e morte de cruz.
Amor, sacrifício e fidelidade são marcas de um verdadeiro discípulo.

Você também pode gostar