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SABERES DOCENTES E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO CONTEXTO DO

ENSINO REMOTO:

contribuições pedagógicas no ensino fundamental - anos finais.

CONOCIMIENTOS DOCENTES Y PRÁCTICAS PEDAGÓGICAS EN EL


CONTEXTO DE LA ENSEÑANZA A DISTANCIA:

aportes pedagógicos en la escuela secundaria - últimos años.

RESUMO

Este artigo tem por objetivo discutir em que medida os saberes e as práticas pedagógicas
foram (re) construídos pelos docentes do ensino fundamental (anos finais) de uma escola da
rede estadual de Tobias Barreto, Sergipe. A metodologia consiste em uma pesquisa
qualitativa, de cunho bibliográfico. Assim, constatou-se que não há um saber específico, mas
a junção de vários saberes, que podem ser adaptados para atender a um determinado contexto.
Dessa forma, coube aos professores, no momento pandêmico, escolher qual prática
pedagógica foi mais adequada para atender à necessidade dos seus alunos durante o ensino
remoto emergencial.

Palavras-chave: Saberes docentes. Práticas pedagógicas. Ensino remoto emergencial.

RESUMEN

La presente pesquisa, tiene como objetivo discutir la medida en que los conocimientos y
prácticas pedagógicas fueron (re) construidos por profesores de escuela secundaria (últimos
años) estatal en Tobías Barreto, Sergipe. La metodología consiste en una investigación
cualitativa, de carácter bibliográfico. Por lo tanto, se descubrió que no hay un conocimiento
específico, sino la unión de varios conocimientos, que se pueden adaptar para conocer un

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determinado contexto. Por ahí, correspondía a los docentes, en el momento de la pandemia,
elegir qué práctica pedagógica era la más adecuada para satisfacer las necesidades de sus
estudiantes durante la enseñanza a distancia de emergencia.

Palabras clave: Conocimientos de enseñanza. Prácticas pedagógicas. Educación a distancia


de emergencia.

INTRODUÇÃO

Os saberes docentes são aqueles que os professores utilizam como base para
desenvolver suas atividades em sala de aula. Estes saberes são heterogêneos, plurais e
indispensáveis para a prática pedagógica dos docentes. Nesse contexto, pondera-se, aqui, que
as práticas docentes precisam ter contornos bem delimitados, tendo em vista que a
centralidade da docência é a organização do seu trabalho (TARDIF; LESSARD, 2014), assim
como a atualidade e as habilidades desses docentes, em especial, na era digital vivenciada e
intensificada na contemporaneidade.

Acreditamos que as práticas pedagógicas necessitam ser cada vez mais diversificadas,
não só diante da necessidade de interação com o mundo, mas também com as mudanças que
ocorrem na sociedade, devido, principalmente, às transformações das tecnologias digitais, da
internet e das interfaces interativas. Ao considerar tal contexto, o docente precisa fazer uma
análise crítica e contínua sobre sua prática, na perspectiva de avaliar sua atuação e/ou
modificá-las, quando for o caso.

Não obstante, até meados do mês de março de 2020, os professores seguiam uma
rotina de trabalho no formato de aulas presenciais, que envolvia o convívio na escola (espaço
físico), porém, durante o isolamento social, medida protetiva para conter a disseminação da
Covid-19, esse formato de práticas mudou, dando lugar ao Ensino Remoto Emergencial1 -

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“Modelo de educação como aulas síncronas com uso de tecnologias digitais interativas via Internet e, por
vezes, complementadas com materiais impressos, disponibilizados nas secretarias das escolas, com uma
metodologia semelhante a do ensino presencial, incluindo horários fixos de aulas por períodos e com salas
virtuais com o mesmo número de estudantes do modelo presencial” (OLIVEIRA; CORRÊA; MORÉS, 2020, p.
ERE, a partir de aulas online, cabendo aos professores, ressignificar seus saberes e práticas
para atuar naquele contexto de ensino.

A partir do cenário apresentado, portanto, o presente estudo busca discutir em que


medida os saberes e as práticas pedagógicas foram (re) construídos pelos docentes do ensino
fundamental – anos finais, de uma escola situada em Tobias Barreto2, estado Sergipe no
contexto do ERE. É importante enfatizar que, durante o período pandêmico, os professores3
foram “apressados” a manipular, em circunstâncias educativas online, as interfaces digitais.
Esta necessidade se configurou como um obstáculo para alguns docentes, que não tinham
habilidade com as tecnologias. Diante disso, para este estudo, servimo-nos das discussões de
Freire (2006), Franco (2016), Tardif (2010 e 2014), dentre outros teóricos que se debruçam
sobre essas temáticas.

SABERES DOCENTES E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: REFLEXÕES SOBRE O


ENSINO REMOTO EMERGENCIAL

Tardif (2014, p. 31) conceitua saber como um “[...] conjunto dos processos de
formação e de aprendizagem elaborados socialmente e destinados a instruir os membros da
sociedade com base em outros saberes [...]”. Nesse sentido, os professores se valem de
diversos saberes para (re) construírem suas práticas pedagógicas, através da conexão com os
pares e das experiências vivenciadas com os colegas, adquirem experiências sistematizadas e
as transformam em discursos e experiências que ajudam a informar ou formar docentes outros
e assim viabilizam respostas aos seus dilemas (TARDIF, 2010).

Ressaltamos que somente a experiência, desarticulada das práticas pedagógicas, não


dariam conta de fazer aulas movimentadas e interativas sem a participação dos discentes, isto
porque, “Considera-se que, nas práticas pedagogicamente construídas, há a mediação do

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Localizada a 128 km da capital, Aracaju. É o segundo maior município em extensão territorial de Sergipe.
Disponível em: http://www.mapnall.com/pt/Mapa-Tobias-Barreto_1113577.html. Acesso em: 11 agost. 2022.
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Essa mudança ocorreu nas práticas pedagógicas de todos os professores, porém, o foco deste estudo são os
professores da já citada escola, os quais não terão seus nomes revelados por questão de ética na pesquisa.
humano e não a submissão do humano a um artefato técnico previamente construído”
(FRANCO, 2016, p. 536). Dessa forma, o docente passa a ser um moderador na produção de
informações, junto aos seus alunos.

Sendo assim, “Os saberes de um professor são uma realidade social materializada
através de uma formação, de programas, de práticas coletivas, de disciplinas escolares, de
uma pedagogia institucionalizada etc., e são também, ao mesmo tempo, os saberes dele”
(TARDIF, 2010, p.16). Esses saberes da sua própria ação perpassam por uma formação inicial
e continuada. Esta última reforça a ideia de que o docente tem de prosseguir em busca de
outros conhecimentos para agregar à sua profissão e, em contrapartida, melhorar sua prática
pedagógica, além de ser um momento de dialogar e interagir, de forma colaborativa, mediado
por meio de debates teóricos e metodológicos.

Essa mudança de paradigma é, para alguns docentes, uma barreira intransponível ao


considerar as dificuldades que alguns sentem em relação a mudança, principalmente no ERE,
quando foi necessário o uso das interfaces digitais, um dos instrumentos propícios para aquele
momento, isto porque, “[...] o potencial de interatividade oferecido pelas interfaces digitais só
fez acentuar o envolvimento das pessoas com as novas tecnologias” (COSTA, 2002, p. 15).
Por conseguinte, no contexto da prática pedagógica, é necessário que o professor se envolva
com as interfaces digitais, na perspectiva de criar e colaborar com os alunos.

Segundo Freire (2006) “[...] há uma visão profundamente ingênua da prática


educativa, vista como prática neutra, a serviço do bem-estar da humanidade, pois não é capaz
de perceber que uma das bonitezas desta prática está exatamente em que não é possível vivê-
la sem riscos” (FREIRE, 2006, p.77). Nesse aspecto, “[...] a função do professor é criar as
condições para que o aluno possa exercer a sua ação de aprender participando de situações
que favoreçam isso” (WEISZ, 2002, p. 23). Por outro, “[...] trabalhar em sala de aula significa
aprender a viver em grupo. Aliado aos valores predominantes do sistema educacional, isso
tem implicações profundas para a educação estabelecida nas escolas.” (GIROUX, 1997, p. 65)
Dessa maneira, a prática pedagógica do professor deve permitir que o aluno alcance outras
competências, através da convivência, tanto na escola, quanto em sociedade.
CAMINHOS METODOLÓGICOS

A partir do cenário apresentado, portanto, o presente estudo busca discutir em que


medida os saberes e as práticas pedagógicas foram (re) construídos pelos docentes do ensino
fundamental (anos finais) de uma escola da rede estadual de Tobias Barreto, estado Sergipe,
no contexto do ensino remoto emergencial. É importante enfatizar que, durante o período
pandêmico, os professores4 foram “apressados” a manipular, em circunstâncias educativas
online, as interfaces digitais. Esta necessidade se configurou como um obstáculo para alguns
docentes, que não tinham habilidade com as tecnologias.

Sendo assim, para que o objetivo deste estudo seja atingido, foi importante traçar um
percurso metodológico, o qual é caracterizado como uma pesquisa qualitativa, pois “[...]
responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível
de realidade que não pode ser quantificado” (MINAYO, 2000, p. 21-22), ou seja, o foco desse
tipo de pesquisa é compreender determinados fenômenos invés de quantificar. Neste caso,
discutimos sobre os saberes docentes e as práticas pedagógicas desenvolvidas pelos
professores de uma escola da rede estadual em Tobias Barreto, Sergipe, durante o ERE. É
uma pesquisa de cunho bibliográfico, visto que tem como vantagem “[...] o fato de permitir ao
investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que
poderia pesquisar”. Por outras palavras, é o ponto de partida para todos os tipos de pesquisa
(GIL, 1994, p. 71).

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Essa mudança ocorreu nas práticas pedagógicas de todos os professores, porém, o foco desse estudo são os
professores da já citada escola, os quais não terão seus nomes revelados por questão de ética na pesquisa.
O presente trabalho estrutura-se da seguinte forma: na seção I “Introdução”, tratamos
sobre o tema proposto para este estudo de forma geral. Na seção II, intitulada “Saberes
docentes e práticas pedagógicas: reflexões sobre o ensino remoto emergencial”, abordamos
sobre a importância dos saberes docentes atrelados às práticas pedagógicas para o professor
em serviço. Na seção III, “Caminhos metodológicos”, apresentamos o percurso que serviu de
objeto para este artigo e por fim, as considerações finais, resultados do conteúdo pesquisado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste estudo foi discutir em que medida os saberes e as práticas


pedagógicas foram (re) construídos pelos docentes do ensino fundamental - anos finais de
uma escola da rede estadual de Tobias Barreto, estado Sergipe, no contexto do ensino remoto
emergencial. A proposta da pesquisa foi cumprida parcialmente, tendo em vista que, de
acordo com as leituras realizadas, não há como definir quais saberes e práticas foram
desenvolvidas pelos docentes durante o ERE, já que conforme ressalta Tardif (2010), não há
um saber específico, mas a junção de saberes outros, que podem ser adaptados para atender a
um determinado contexto. Dessa forma, coube aos professores, naquele momento, escolher
qual prática seria mais adequado para atender à necessidade de seus alunos.

Em relação as práticas, Kenski (2001) alega que a função do professor em todas os


momentos, é a de transmitir mensagens permanentes sobre inovações presentes. No caso do
ERE, não se configurou como inovação, mas como uma necessidade para o momento.
Mediante as leituras, ficou explicitado os desafios que os professores enfrentaram para tentar
pelo menos manter um vínculo entre as instituições de ensino e os discentes, pois muitas
famílias não possuíam renda suficiente para comprar um celular e/ou notebook e muito menos
adquirir plano de internet para acompanhar as aulas naquele período.

Outro fator que ficou comprovado foi a falta de letramento digital por parte dos
professores, mas apesar dessa dificuldade, deram seguimento às aulas e optaram pelo uso do
aplicativo WhatsApp, fazendo uso inclusive de vídeos chamadas, além de suporte de
atividades xerocopiadas, livro didático e outros recursos que pudessem ajudar no
desenvolvimento da aprendizagem dos alunos

O referido estudo também evidenciou várias dificuldades enfrentadas pelos docentes e


discentes, como por exemplo, a falta de políticas públicas que garantissem recursos
tecnólogos (para citar algumas situações). No caso dos professores, (alguns) adquiriram
equipamentos com recursos próprios, já os pais e/ou responsáveis, em sua grande maioria,
ficaram sem renda durante a pandemia, e por isso, não conseguiram adquirir um dispositivo
móvel para acompanhar às aulas, inclusive, em alguns casos, houve a necessidade de enviar
atividades impressas para os alunos.

Ressaltamos ainda que, esta pesquisa necessita de complemento, pois o ERE impactou
a educação de forma geral, e por esse motivo, é preciso investir em políticas públicas para
“resgatar” o conhecimento dos alunos, para além de formação continuada para os professores.
E por fim, salientamos que os saberes docentes a as práticas pedagógicas precisam ser
mediadas pelas relações pedagógicas entre os seguimentos da comunidade escolar.

AGRADECIMENTOS

Ao Instituto Federal Norte de Minas Gerais – polo Teófilo Otoni;


Aos professores das disciplinas cursadas, pelos ensinamentos;
Ao professor tutor, Tarcísio Martins dos Santos Lopes, pelos direcionamentos e atenção
sempre que precisamos;
A cada colega deste grupo que, mesmo à distância aprendemos juntas.

REFERÊNCIAS

COSTA, Rogério da. A Cultura Digital – São Paulo: Publifolha, 2002. – (Folha Explica).

FRANCO, Maria Amélia Santoro. Prática pedagógica e docência: um olhar a partir da


epistemologia do conceito. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos RBEP-INEP, v. 97, p.
534-551, 2016.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São


Paulo: Paz e Terra, 2006.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1994.

GIROUX, Henry A. Os professores como intelectuais: rumo a uma pedagogia crítica da


aprendizagem [Trad. Daniel Bueno]. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

KENSKI, Vani Moreira. O papel do Professor na Sociedade Digital. In: CASTRO, A. D. de


CARVALHO, A.M.P. de (Org.). Ensinar a Ensinar: Didática para a Escola Fundamental e
Média. São Paulo; Ed. Pioneira Thompson Learning, 2001.

MINAYO, Maria Cecília de Souza. Ciência, técnica e arte: o desafio da pesquisa social. In:
MINAYO, Maria Cecília de Souza (org). Pesquisa social: teoria, método e criatividade.
Petrópolis: Vozes, 2000.

OLIVEIRA, Raquel Mignoni.; CORRÊA, Ygor; MORÉS, Andréia. Ensino remoto


emergencial em tempos de Covid-19: formação docente e tecnologias digitais. Revista
Internacional de Formação de Professores (RIPF), Itapetininga, 2020, v. 5, p. 1-18.

TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 4 ed. Rio de Janeiro: Vozes,
2010.

TARDIF, Maurice; LESSARD, Claude. O trabalho docente: elementos para uma teoria da
docência como profissão de interações humanas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.

WEISZ, Telma. O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. Ed. Ática, 2ª ed. São Paulo,
2002.

Integrantes do grupo

Maria do Amparo Pereira


Mery Enedina Avila Manrique
Rosane Barberino
Rozevania Valadares de Meneses César

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