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13/10/2022 10:31 Capítulo 2

2. MÉTODOS DIRETOS PARA SOLUÇÃO DE SISTEMAS


LINEARES
Vamos, nesse parágrafo, examinar os mais usuais médotos diretos para solução numérica de sistemas
lineares. Esses métodos são conhecidos como métodos de eliminação e métodos de fatoração.

2.1 - Método de Eliminação de Gauss

Veja o método de Gauss em acao:


Dado um sistema linear qualquer da forma:

a11.x1 + a12.x2 + . . . + a1n.xn = b1


(2.1) a21.x1 + a22.x2 + . . . + a2n.xn = b2
. . . . . .
an1.x1 + an2.x2 + . . . + ann.xn = bn

o método de Gauss consiste em fazer operações entre linhas deste sistema até chegarmos a um novo sistema
(que terá a mesma solução que o inicial) com a forma triangular:

a'11.x1 + a'12.x2 + . . . + a'1n.xn = b'1


a'22.x2 + . . . + a'2n.xn = b'2
(2.2) . . . . . .
a'nn.xn = b'n

Claro que a determinação da solução de (1.3) é óbvia e direta: o valor de x(n) já está determinado na última
equação. O valor de x(n-1) será determinado na penúltima, substituindo-se o valor de x(n); o valor de x(n-2)
será obtido na penúltima linha com os valores já determinados de x(n) e x(n-1) , e assim por diante até
determinamos x(1). Então, desde que se consiga levar o sistema (1.2) na forma (1.3) sem alterar suas
soluções, o nosso problema está resolvido. Vejamos, então, como fazer esta transformação. Usaremos um
exemplo para tornar o processo mais claro.

Consideremos outra vez o sistema (1.1). Os passos a executar são:

1. considerar a 1a linha como base para a eliminação ;

2. zerar todos os coeficientes da 1a coluna abaixo da a11;

3. zerar todos os coeficientes abaixo da diagonal principal; para isso vamos fazer:

3.1. calcular o elemento mi1= - (ai1 / a11) , 1 i n;

3.2. vamos somar à 2a equação a 1a , multiplicada pelo coeficiente m21, e colocar o resultado na 2a linha.
Isto também não altera a solução do sistema; repetir para as equações abaixo, usando mi1 na i-ésima
equação;

3.3. calcular o elemento m12= - (a'i2/ a'22) ;

3.4. repetir o passo 3.2 com as demais equações.

Para representar todas as mudanças vamos formar uma matriz com duas partes: a 1a será a matriz dos
coeficientes e a 2a será o vetor dos termos independentes:

B= (esta matriz se chama matriz aumentada).

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Todos os passos indicados serão realizados sobre B, e assim economizamos tempo e simplificamos a
notação:

Passo 1: Com m21 = - 1/3 zeramos o elemento da posição (2,1):

Passo 2: Com m31 = - 2/3 zeramos o elemento da posição (3,1):

Passo 3: Com m32 = - (a'32/ a'22)= -2/7 zeramos o elemento da posição (3,2):

A matriz final será:

B' = Então x3 = (45/21)/(45/21) = 1.

Voltando à penúltima linha B', teremos:

(7/3) x2 + (2/3) x3 = 3 e como x3 = 1;

(7/3) x2 + (2/3) = 3 ; x2 = 1.

Da 1a linha vem:

3x1+ 2x2 + x3 = 6 e como x2 = x3 = 1:

3x1+ 2 + 1 = 6 ; x1= 1.

A solução final é dada pelo vetor X= (1 1 1)t.

2.2 - Método de Eliminação de Gauss-Jordan


Este método é uma complementação ao método de Gauss. Ele transforma o sistema dado em um outro
diagonal, isto é, onde todos os elementos fora da diagonal são nulos. O método de Gauss exigia apenas que
se chegasse à forma triangular. Veremos com o exemplo anterior como funciona o método de Gauss-Jordan.

Como vimos o sistema (1.1) tem a matriz aumentada:

B=

Então procuraremos chegar a outra matriz, com os passos do método anterior, com a forma diagonal:
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B= , que será associada a um sistema da forma:

Isto quer dizer que se conseguirmos chegar da matriz B à matriz B', a solução do sistema é imediata.
Podemos, ainda, dividindo cada linha pelo elemento da diagonal, chegar à matriz identidade.

Por exemplo:

a)

b)

c)

d)

e)

f)

Observações:

(1) Eliminamos de uma só vez o 1o e 3o elemento da 2a coluna, fazendo:

- 1a linha nova = 1a linha antiga - 2/3 da 2a linha;


- 3a linha nova = 3a linha antiga - 2/3 da 3a linha;

(2) Eliminamos o 1o e o 2o elemento da 1acoluna, fazendo:

- 1a linha nova = 1a linha antiga - 3/21 da 3a linha;


- 2a linha nova = 2a linha antiga - 2/7 da 3a linha.

Assim o sistema resultante será: x1 = 1; x2 = 1; x3 = 1 ou seja , temos diretamente a solução exata do


sistema.

2.3 - Método de Gauss-Jordan na Inversão de Matrizes


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Uma análise rápida do método de eliminação de Gauss nos mostra que, ao invés de resolvermos um sistema
completo da forma (1.1), resolvemos, na realidade, um sistema triangular da forma (1.3). Isso quer dizer que,
a partir do sistema dado, geramos outro, que conserva suas soluções originais.

De um modo mais formal, podemos dizer que saímos de um sistema geral

(2.3) AX = B

e chegamos a outro sistema

(2.4) A' X = B'

cuja matriz A' é triangular, mas as soluções são as mesmas que do sistema (1.1). Naturalmente a passagem de
uma forma à outra não pode ser arbitrária. Para termos a garantia de que as raízes são preservadas só
permitimos operações elementares sobre as linhas do sistema. Cada uma dessas operações, como veremos
abaixo, equivale à multiplicação da matriz do sistema por uma matriz elementar. Assim, a cada
transformação fica definida uma certa matriz Gi e temos:

(2.5) A1 = G1.A, A1 = G2.G1 A, . . ., A1 = Gk . . . G2.G1.A

Quando, para um certo k, Ak for triangular, teremos:

(2.6) A' = Ak .

Naturalmente, se modificamos um dos membros do sistema, também deveremos modifcar o outro, isto é:

Gk . . . G2.G1.A.X = Gk . . . G2 G1.A.B

(2.7) A'.X = B' A' = Gk. . . G2.G1.A

B' = Gk. . . G2.G1.B

No caso do método de Gauss-Jordan, essas multiplicações são extendidas de modo a se formar no fim do
processo a matriz identidade ou seja:

Gm . . .G2.G1.A.X = Gm . . .G2.G1.B

(2.10) Gm . . .G2.G1.A = I

Gm . . .G2.G1.B = B'', m > k

I.X = X = B''

Este resultado é o que nos permite utilizar o método de eliminação para inverter matrizes:

A.X = B

Gm . . .G2.G1.X = I.X = X = B'' = Gm . . .G2.G1.B

e, já que I.X = X = B'' e X = , verificamos que se fizermos o produto Gm . . .G2.G1 teremos, na


realidade, calculado a matriz . Assim, criamos um algoritmo que calcula :

Seja a mariz aumentada

(2.11) A1 = ( A | I )

Vamos multiplicar A1 por G1 ,G2 , . . ., Gm

Então:

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Gm . . .G2.G1.( A| I )

= (Gm . . .G2.G1.A | Gm . . .G2.G1.I )

= ( I | Gm . . .G2.G1 = )

e claro, o produto Gm . . .G2G1 = fica automaticamente determinado.

Exemplo 1.6

Seja A = Vamos calcular a sua inversa. Então:

Então: = = 1/4.

Observação: algumas vezes todas as tentativas que fazemos para levar a matriz A na matriz identidade são
infrutíferas. Acontece que a inversa de A pode não existir. Para evitar isso, basta verificar se det(A) é
diferente de 0.

Por exemplo, a matriz

A= pela eliminação de Gauss-Jordan é levada em

A= .

Como se pode verificar é impossível obter do lado esquerdo a matriz identidade; mas det(A)=0 e A não tem
inversa.

2.4 - Fatoração de A

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Observamos que no caso do método de Gauss, podemos transformar uma dada matriz A em outra A',
triangular superior. Vamos agora, explicitar o que acontece com as matrizes Gi definidas anteriormente, obter
um novo método direto, chamado método compacto de Banachievicz ou Doolittle. Ele representa a fatoração
da matriz A no produto L.U onde L é triangular inferior e U triangular superior, isto é, A = L.U. Vejamos
como isso funciona.

Consideremos o produto, G = Gm . . .G2.G1 , onde cada Gi é triangular inferior da forma:

Gi=

Então, o produto G dessas matrizes também será triangular inferior com diagonal de elementos 1. Além
disso, desde que existe (pois det Gi = 1) também existirá a inversa :

Observando-se a forma das matrizes :

podemos escrever que também é triangular inferior, com elementos 1 na diagonal. Assim, após a
triangularização de A, teremos:

Gm . . .G2.G1.A = A' , ou seja,

G.A = A', e A = .A'.

Logo, chamando de L e A' de U, teremos decomposto a matriz A em um produto de duas matrizes L e U,


respectivamente triangular inferior e superior.

Esse método usa o fato de que é possível determinar duas matrizes L e U tais que seu produto seja A e
determinar essas matrizes diretamente.

Se X é a solução do sistema A.X = B , então desde que A = L.U, temos: L.U.X = B.

Escrevendo: U.X = Y e L.Y = B,


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vemos que reduzimos a solução do sistema original na solução de dois subsistemas interligados, ambos com
matrizes triangulares o que facilita sua solução. Consideremos, então, as matrizes L e U na sua forma geral:

L= U=

Então, a igualdade L.U = A, feita diretamente nos dará o valor dos l's e dos u's , de acordo com os produtos:

(2.12)
(2.13)

(2.14)
(2.15)

(2.16)
(2.17)

e assim, sucessivamente vamos determinando os l's e u's que definem L e U.

Observação: as condições u11diferente de 0, . . . , unn diferente de 0, são equivalentes à exigência det (Ak)
diferente de 0, onde Ak, k = 1, . . ., n, são as sucessivas matrizes obtidas de A ao longo da diagonal: A11 =
(a11); etc.

Exemplo 1.7

A= L= eU=

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Então:

L= eU=

2.5 - Método de Crout


Da mesma forma que fatoramos A em um produto L.U, fixando os elementos lii = 1, podemos escrever A =
L.U onde, agora fixamos os elementos uii = 1, fazendo com sejam calculados no processo. Essa fatoração
recebe o nome de método de Crout e sua utilização é a adaptação, para esse caso, do método anterior. No
exemplo 1.7 a aplicação do método de Crout daria:

L= eU=

e a obtenção dos lij e uij se dá de forma análoga.

2.6 - Fatoração de Matrizes Reais Simétricas e Positivo-Definidas

Em certos casos, a fatoração da matriz A apresenta vantagens. Por exemplo, se A for real, simétrica e
positivo-definida a fatoração é bastante facilitada e conhecida como método de Cholesky.

Se A é positivo-definida, então:

(A.X , X) =

qualquer que seja X , X diferente de 0 (estamos trabalhando com A real). Uma das características
dessas matrizes é que todos os determinantes de ordens desde 1 a n definidos sobre sua diagonal são
positivos:

Essas matrizes, quando são reais e simétricas, admitem uma fatoração mais simples, da forma

A = L Lt

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que utiliza apenas a matriz triangular L. O procedimento de obtenção dos elementos (lij) de L é o mesmo dos
métodos anteriores, levando-se em consideração o fato de que U = Lt. Nesse caso podemos definir o
algoritmo:

a)

Podemos garantir que L11 é real pois, desde que A é positivo-definida, temos que a11 > 0. O mesmo
acontece com as demais raízes que ocorrem nos passos abaixo:

b)

c)

2.7 - Conclusão

Apresentamos os métodos diretos, e estes, após um certo número de operações fornecem a solução exata de
um sistema, pelo menos teoricamente. Isto porque, quando fazemos muitas divisões e multiplicações,
introduzimos erros de arredondamento produzidos pelo computador. Por isso, os métodos diretos só são
indicados para o caso em que temos um sistema pequeno, de modo que, em sua solução tenhamos de fazer
um número reduzido de operações; senão a solução que vamos obter muitas vezes se afasta da solução real.

Para os sistemas maiores, esse efeito diminui com outros métodos que garantem em certos casos, qualquer
precisão desejada. Estes métodos são chamados métodos iterativos, onde usamos uma aproximação inicial da
solução e a melhoramos quantas vezes sejam necessárias para chegarmos a uma precisão satisfatória.

2.8 - Exercícios Propostos

1) Seja (métrica em R)

Mostre que T é um operador de contração.

2) Inverta a matriz com o método de Gauss-Jordan.

3) Mostre que o algoritmo Xn+1 = Xn ( 2.I - A.Xn ) permite aproximar a inversa de uma matriz (nxn).

4) Construa uma matriz M(4x4) real redutível . Em seguida resolva o sistema MX = Y reduzindo-o a dois
subsistemas.

Obs : Yt = (1,1,1,1)

5) Considere o seguinte sistema:

5x + y = 13500

x + 5y -(3/2)z + w = 11250

x + y + 5z = 12000
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(1/2)x - y + w = 4250

a) Utilizando determinante, verifique se o sistema tem solução. Se existe, ache-a por eliminação Gaussiana.

b) O sistema acima pode ser escrito da forma A.X = Y . Utilizando a inversa de A resolva-o.

6) Sem realizar a decomposição, mostre que é possível decompor M, abaixo, no produto Ut.U ( U triangular
superior) e, em seguida determine a matriz U.

7) Resolva o sistema AX = B, onde A e B são dados abaixo, usando o fato de que A é redutível.

8) Inverta a matriz A, usando a partição indicada:

9) Usando a fatoração de A em L.U , resolva o sistema AX = B

b) Determine a inversa de A

c) Defina a matriz M = Mi.Mi-1 ..... M2.M1 que leva a matriz A em sua inversa (são matrizes elementares)

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