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OS EXTRATIVISTAS DE ANDIROBA EM PROJETOS DE


ASSENTAMENTOS AGROEXTRATIVISTAS (PAEX) DA
VÁRZEA DE IGARAPÉ-MIRI, PARÁ, BRASIL

Núcleo de Meio Ambiente RESUMO: A Carapa guianensis Aubl. (andiroba) possui


Universidade Federal do Pará grande potencial de exploração extrativista nas várzeas
Rua Augusto Corrêa, 01, Guamá
Belém, Pará, Brasil do município de Igarapé-Miri. Apesar da riqueza florística
https://periodicos.ufpa.br/index.php/agroecossistemas
nesse ecossistema, poucas são as informações sobre as
características da espécie e o que ela representa aos
extrativistas. Esta pesquisa teve como objetivo traçar o
Aline Dias Brito perfil dos extrativistas que desenvolvem atividade com
Instituto Federal do Pará – Campus Castanhal
alinedbrito@outlook.com
andiroba em Projetos de Assentamentos
Agroextrativistas (PAEX) das várzeas do Município de
Roberta de Fátima Rodrigues Coelho Igarapé-Miri, PA. Como ferramenta metodológica foram
Instituto Federal do Pará – Campus Castanhal aplicados questionários com 14 extrativistas que
roberta.fatimacoelho@gmail.com
trabalham com andiroba em quatro PAEX nas ilhas
Louise Ferreira Rosal Mamangal, Mutirão, Jarembú e Buçu. Utilizou-se
Instituto Federal do Pará – Campus Castanhal também a metodologia snowball ou “Bola de Neve”. Os
louiserosal@gmail.com
resultados mostraram que a maioria dos extrativistas é de
mulheres. Sobre o trabalho com a espécie, quatro são
coletores, quatro são coletores e extratores e seis são
extratores. A coleta de sementes é feita manualmente e
acontece principalmente nos Sistemas Agroflorestais
(SAFs) no o período que a Euterpe oleracea Mart (açaí)
está na entre safra. A andiroba possui grande
importância no contexto social, econômico e cultural dos
extrativistas do PAEX de Igarapé-Miri além de renda, esta
atividade tem proporcionado a conservação das
andirobeiras. No entanto, é necessário sejam realizados
estudos sobre a gestão dos recursos naturais na região,
resguardando valores e saberes tradicionais na forma de
propagação, manejo, coleta e conservação da andiroba.

PALAVRAS-CHAVE: Amazônia, Extrativismo, Produtos


florestais não madeireiros.

Recebido em: 2019-07-26 THE EXTRACTIVISTS OF ANDIROBA IN AGRO-


Avaliado em: 2019-09-25
Aceito em: 2019-12-11
EXTRACTIVE PROJECT (PAEX) ON FLOODPLAIN OF
IGARAPÉ-MIRI, PARÁ, BRAZIL

Agroecossistemas, v. 11, n. 2, p. 82 – 101, 2019, ISSN online 2318-0188


http://dx.doi.org/10.18542/ragros.v11i2.7303
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ABSTRACT: The Carapa guianensis Aubl. (andiroba) has great potential for extractive
exploration in the floodplains of the municipality of Igarapé-Miri. Despite the floristic
richness in this ecosystem, there is little information about the characteristics of the
species and what it represents to extractive industries. This research had as objective
to trace the profile of the extractive industries that develop activity with andiroba in
Projects of agroextrativistas Settlements (PAEX) of the floodplains of the municipality
of Igarapé-Miri, PA. As a methodological tool questionnaires were applied with 14
extractive industries that work with andiroba in four PAEX in Solomon Mamangal,
Mutirão, Jarembú And Buçu. We also used the methodology snowball.The results
showed that the majority of extractive industries is women. About the job with the
species, four are collectors, four are collectors and extractors and six are extractors.
The collection of seeds is done manually and happens mainly in Agroforestry Systems
(SAFs) in the period that the Euterpe oleracea Mart (Açai) is in between harvest. The
andiroba has great importance in social, economic, and cultural context of the
extractive industries of PAEX of Igarapé-Miri besides income, this activity has provided
the conservation of andirobeiras. However, it is necessary to be conducted studies on
the management of natural resources in the region, protecting values and traditional
knowledge in the form of propagation, management, collection and conservation of
the andiroba.

KEYWORDS: Amazon, Extractivism, Non-timber forest products.

PERFIL DE LOS EXTRACTIVISTAS DE ANDIROBA EN PROYECTOS DE


ASENTAMIENTOS AGROEXTRACTIVISTAS (PAEX) DE LA VÁRZEA DE IGARAPÉ-MIRI,
PARÁ, BRASIL

RESUMEN: La Carapa guianensis Aubl. (Andiroba) tiene un gran potencial para la


exploración extractiva en las llanuras del municipio de Igarapé-Miri. A pesar de la
riqueza florística de este ecosistema, existe poca información acerca de las
características de la especie y lo que representa a los extractivistas extractivas. Esta
investigación tuvo como objetivo trazar el perfil de las industrias extractivas que
desarrollen actividad con Agroextrativistas andiroba en proyectos de asentamientos
(PAEX) de las llanuras de inundación del municipio de Igarapé-Miri, PA. Como
herramienta metodológica se aplicaron cuestionarios con 14 industrias extractivas que
funcionan con andiroba en cuatro en PAEX Mamangal Salomón, Mutirão, y Jarembú
Buçu. También utilizamos la metodología snowball o "bola de nieve". Los resultados
mostraron que la mayoría de las industrias extractivas, es el de las mujeres. Acerca del
trabajo con las especies, cuatro son coleccionistas, cuatro son coleccionistas y
extractores y seis son extractores. La recolección de semillas se realiza manualmente
y sucede principalmente en sistemas agroforestales (SAE) en el período que el Euterpe
oleracea Mart (Açai) está entre la cosecha. La andiroba tiene gran importancia en el

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contexto social, económico y cultural de las industrias extractivas de PAEX de Igarapé-


Miri además del ingreso, esta actividad ha facilitado la conservación de andirobeiras.
Sin embargo, es necesario que se llevaron a cabo estudios sobre la gestión de los
recursos naturales en la región, la protección de valores y conocimientos tradicionales
en la forma de propagación, gestión, recolección y conservación de la andiroba.

PALABRAS CLAVES: Amazon, La industria extractiva, Los productos forestales no


madereros.

INTRODUÇÃO cascas, resinas, fibras, sementes, frutos

As comunidades rurais manifestam que podem ser destinados para fins


suas percepções sobre os espaços doméstico e econômicos (ELIAS;

produtivos a partir de suas relações SANTOS, 2016).


com o ambiente e com a sua cultura Os PFNM’s são vistos como

em que os recursos vegetais, podem alternativas ao desenvolvimento


ser destacados em diversas sustentável na Amazônia, pois não há

etnocategorias de uso (DAVID; PASSA, a necessidade da supressão da


2016). cobertura florestal, sendo, portanto,

Os ecossistemas de várzea são um um dos fatores que podem diminuir a


dos mais ricos em produtividade taxa de desmatamento das florestas

biológica, biodiversidade e recursos (SANTANA et al., 2016). Além disso, do


naturais na Amazônia (SILVA; ponto de vista ambiental, a coleta de

OLIVEIRA, 2016). As florestas de várzea PFNMs tem um menor impacto nas


do estuário amazônico, abrigam florestas, comparados a outras formas

inúmeras espécies não madeireiras de usos da terra, como a extração de


com potencial econômico, sendo madeira, pecuária e outros usos da

capaz de promover o uso sustentável e terra, os quais implicam em conversão


a geração de renda para as populações da floresta.

amazônicas. Os Produtos Florestais As áreas de várzeas do município de


não Madeireiros (PFNM) são os Igarapé-Miri, região do Baixo
produtos oriundos da floresta como Tocantins, apresentam grande

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potencial para a coleta de PFNM. O promissoras de renda, estando

município já trabalha com a extração associadas com outras espécies de


comercial do palmito e do fruto de caráter comercial, como Mauritia

Euterpe oleracea Mart. (açaí), flexuosa L. f (buriti), Hevea brasiliensis


sobressaindo-se na economia local, Mart (seringueira), Astrocaryum

por ser o principal produto de murumuru Mart. (murumuru) e Virola


autoconsumo e renda das famílias surinamensis (Rol.) Warb

ribeirinhas. Além do açaí, esses (ucuúba/virola.)

ecossistemas possuem diversidades de Nas comunidades tradicionais, o


espécies vegetais, de caráter óleo ou azeite de andiroba é

medicinais, alimentícios, ornamentais, amplamente conhecido e utilizado pela


condimentares e artesanais, que população amazônica, pelas

podem ser usados de forma propriedades fitoterápicas,


sustentável para consumo e renda principalmente como anti-inflamatório,

pelas populações locais, contra dores de garganta, artrite e


principalmente durante a entre safra machucados; como repelente natural e

do açaí. como base para produtos emolientes


Entre as espécies vegetais, a Carapa (FERREIRA et al., 2010; ABREU et al.,
guianensis Aubl. (andiroba) possui 2014). O óleo de andiroba possui
grande potencial de exploração grande potencial para promover a

extrativista não madeireira, de modo valorização das florestas devido sua


que o óleo obtido das sementes é demanda no mercado e versatilidade,

utilizado como matéria prima, para tanto medicinal atribuído ao óleo,


produção de cosmético, e para fins como matéria-prima na fabricação de

medicinais. Brito et al. (2016) destacam cosméticos (SANTOS; PELLICCIOTTI,


que essa espécie é consagrada e 2016).

apreciada pelo mercado local das Apesar do potencial produtivo e


várzeas de Igarapé-Miri, pela econômico que a andiroba nas várzeas
diversidade de usos e características de Igarapé-Miri, a maioria das

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pesquisas nesse município ainda estão Além disso, estudos dessa natureza,

voltados para a cultura do açaí, e reforçam a importância sobre a


poucas são as informações sobre as produção/conservação das espécies

características da espécie, sobre os nativas e dos estoques disponíveis e as


conhecimentos ecológicos, tradicionais relações entre homem e natureza.

tanto no campo da práxis, quanto no Nesse contexto, esse trabalho teve


campo simbólico, nos aspectos como objetivo traçar o perfil dos

produtivos e econômicos que ela extrativistas que desenvolvem

representa aos extrativistas. atividade com Carapa guianensis Aubl


Por essa razão, é de grande (andiroba) em Projetos de

importância os estudos sobre espécies Assentamentos Agroextrativistas


com potencial de comercialização na (PAEX) das várzeas do Município de

Amazônia, para que dessa forma, Igarapé-Miri, Pará, Brasil.


possam ser gerados dados confiáveis

para propor ações que visem melhores MATERIAL E MÉTODOS


condições de manejo, e promover a A pesquisa ocorreu no Município de

valorização da floresta. Para Calle et al. Igarapé-Miri, localizado na região do


(2014) o estágio do conhecimento Baixo Tocantins, entre as coordenadas
científico é relativamente amplo no 48º 57' 35" S e 01º 58' 30" W,
âmbito das características do mesorregião do nordeste paraense, a

extrativismo da andiroba e no seu 78 Km da capital do estado do Pará.


potencial de exploração, mas, ainda Tem área territorial de 1.996,790 km² e

tornam-se necessários estudos que índice populacional de 62.355


estabeleçam novas abordagem sobre habitantes (IBGE, 2018).

as perspectivas e as realidades das O clima nessa região é do tipo


populações manejadoras dos recursos tropical, do tipo Am de acordo com a

florestais a partir do conhecimento Köppen, temperatura média anual de


local. 27°C, umidade relativa de 80% e
precipitação pluviométrica anual acima

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de 2.000mm (ALVARES et al., 2013). A finalidade/uso da andiroba e aspectos

vegetação é formada de florestas econômicos.


secundárias com presença de cultivos Os entrevistados foram

agrícolas. Na área de várzea vegetação selecionados por amostragem não


característica e de espécies hidrófilas probabilística, através da metodologia

(água) e latifoliadas (de folhas largas), snowball ou “Bola de Neve”


intercaladas com palmeiras locais (REIS; apresentada por Vinuto (2014), em que

ALMEIDA, 2012). os participantes iniciais de um estudo,

Os dados sobre o perfil dos indicam novos participantes ao


extrativistas foram coletados nas ilhas pesquisador, que por sua vez indicam

Mamangal, Mutirão, Buçu e Jarimbu. novos participantes e assim


Essas ilhas fazem parte de Projetos de sucessivamente. O uso da técnica é

Assentamentos Agroextrativistas encerrado quando os novos


(PAEX). De acordo com o relatório dos entrevistados passarem a repetir

projetos de reforma agrária divulgado informações já adquiridas em


pelo Instituto Nacional de Colonização entrevistas precedentes, ou até que

e Reforma Agrária (INCRA) no ano de seja alcançado o objetivo proposto.


2017, essas ilhas foram regularizadas e Este procedimento permitiu
destinadas à reforma agrária a partir do alcançar 14 extrativistas, pois são
ano de 2005. (INCRA, 2017). poucos que trabalham com a atividade

A pesquisa foi de cunho qualitativo, extrativista da andiroba nas várzeas do


e para a coleta de dados, foram municipio, sendo quatro no PAEX Ilha

realizadas entrevistas com auxílio de Mamangal, com um total de 606


questionários estruturados e famílias assentadas; oito do PAEX ilha

semiestruturados, abordando os Mutirão com 240 famílias assentadas;


aspectos sociais, como identificação, quatro no PAEX Ilha Mamangal com

nível educacional, idade; aspectos 606 Famílias assentadas; um no PAEX


produtivos, como uso e acesso à terra, Ilha Buçu com 113 famílias assentadas e
tipos de sistema de produção,

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um no PAEX Ilha Jarimbu com 910 que permite aos pesquisadores

famílias assentadas. autorizações para atividades com


As entrevistas foram gravadas e finalidade científicas em unidades de

para o consentimento na participação conservação federais e caverna regida


da pesquisa, foram disponibilizados pela instrução Normativa nº 03 de 01

aos respondentes o Termo de de setembro de 2014 (BRASIL, 2014). Os


Consentimento Livre e Esclarecimento dados obtidos nos questionários foram

(TCLE), de acordo com as diretrizes tabulados em planilha no programa

estabelecidas pela Resolução nº Excel 2010 e analisados por meio de


466/2012, com todas as informações estatística descritiva.

pertinentes à pesquisa, esclarecendo .


que o estudo é destinado apenas para RESULTADOS E DISCUSSÃO

fins acadêmicos, sem qualquer relação Observou-se que a maioria dos


com finalidades econômica e comercial extrativistas que coletam sementes são

(BRASIL, 2012). mulheres correspondendo a 11 dos


Foram atribuídos códigos em forma entrevistados. Os entrevistados

de letras aos sujeitos da pesquisa para possuem idade entre 36 e 78 anos,


preservar a identidade dos desses, 64% encontra-se acima de 50
informantes, conforme sugerido por anos. Os aspectos relacionados à idade
Padilha et al. (2004), garantindo o dos extrativistas, destacam que os

máximo de cuidado com o anonimato jovens se encontram ausentes da


dos informantes e protegendo sua atividade e o trabalho com sementes é

identidade para que dessa forma preferencialmente desenvolvido por


possa-se revelar com mais propriedade pessoas de idade mais avançada,

os dados da pesquisa sem refletindo uma geração que aprendeu


comprometer o entrevistado. com os antepassados e ainda preserva

A pesquisa foi cadastrada na os conhecimentos adquiridos através


plataforma Sistema de Autorização e da herança cultural.
Informação em Biodiversidade (SISBio),

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As transmissões de saberes e a sua entrevistados concluiu o ensino

valorização contribuem para a fundamental.


preservação de tradições milenares Resultados semelhantes foram

(PELEGRINI; FUNARI, 2017). Para encontrados por Monte et al. (2016) e


Miranda (2009) o etnoconhecimento Soares et al. (2017) ao estudarem os

ou conhecimentos tradicionais são extrativistas do município de Uruará e


produzidos por povos indígenas, Salvatera no estado do Pará. Os

afrodescendentes e comunidades autores constataram que os

locais de etnias específicas, extrativistas, na sua maioria são


transmitidos de geração em geração, constituídos por pessoas com baixa

sendo conhecimentos dinâmicos que escolaridade, associada a pouca


se encontram em constante processo oportunidade de estudo. Essa

de adaptação e são transmitidos realidade sinaliza a problemática da


principalmente pela oralidade em base educação no campo, e isso mostra o

de valores, formas de vida e crenças quanto é importante o acesso à


mítica, desenvolvidos à margem do informações e novas tecnologias, que

sistema social. são essenciais para o desenvolvimento


Em relação ao nível de escolaridade, do espaço rural (SOARES et al., 2017).
observou-se que a maioria dos No que tange o trabalho com a
entrevistados possui baixa andiroba, verificou- se que dos 14

escolaridade. Entre as mulheres, nove entrevistados, quatro são coletores de


não chegaram a concluir o ensino sementes e fazem apenas a venda de

fundamental, uma não conclui o ensino sementes de andiroba como uma


médio e uma iniciou o ensino superior, oportunidade de renda, uma vez que,

mas não finalizou o curso em função não possuem conhecimento e a prática


da necessidade de trabalhar para de extração de óleo. Quatro são

contribuir na renda familiar. Em relação coletores de sementes e extratores de


aos homens, nenhum dos óleo, coletam as sementes tanto para a
venda, quanto para extração do óleo e

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o óleo extraído é destinado para 2008 para a produção de cosmético, e

autoconsumo e venda, desta maneira, tem um papel importante para o


visam o aumento da renda familiar. Seis fortalecimento da cadeia de produtos

são extratores de óleo, coletam as da sociobiodiversidade das várzeas do


sementes apenas para a extração do município contribuindo para economia

óleo que são destinados a venda e ao tradicional local.


uso pessoal. A partir disso, a atividade de coleta

A organização social de trabalho nas de sementes tornou-se promissora na

várzeas de Igarapé-Miri é bem região, como relatado pela extratora A


diversificada, a maioria dos extrativistas “[...] a cooperativa mostrou a proposta

são filiados à cooperativas e e a partir disso começamos a passar as


associações, sendo que seis fazem sementes para a venda, para ganhar

parte da Cooperativa Agrícola dos um dinheirinho, todo dinheirinho que


Empreendedores Populares de entra é bem-vindo”. A proposta de

Igarapé-Miri (CAEPIM) e da Associação venda de sementes estimulou o


dos Minis e Pequenos Produtores interesse dos extrativistas que não

Rurais de Igarapé-Miri (Associação sabiam realizar a extração de óleo de


Mutirão); quatro somente da CAEPIM; andiroba, a se interessar pela coleta
um da CAEPIM e do sindicato dos das sementes, proporcionando uma
trabalhadores rurais; um da CAEPIM e nova oportunidade de fonte de renda.

da colônia de pescadores, um do A organização social dos


Sindicato dos Trabalhadores e extrativistas é uma estratégia para

Trabalhadoras Rurais e um não fortalecer o trabalho coletivo e, assim,


participa de nenhuma organização viabilizar a comercialização de

social. produtos. Lira; Chaves (2016) destacam


Dentre as organizações sociais, a o poder das organizações sociais na

CAEPIM realiza a comercialização das Amazônia, a partir das suas


sementes oleaginosas para uma singularidades criando coletivamente
empresa multinacional desde o ano de mecanismos para atender as

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necessidades básicas e a de hortaliças e a pesca, mas participam

potencialidade das populações, da coleta de andiroba.


levando em consideração os Estudos realizados por Mota et al.

conhecimentos tradicionais. Para (2014) entre as catadoras de mangaba


Ribeiro et al. (2017), essas organizações no estado de Sergipe e Soares et al.

além de favorecer o desenvolvimento (2017) em Salvaterra, Ilha do Marajó


local, também fortalecem as trocas de (Pará), destacaram que as mulheres

experiências e a convivência entre as eram as principais responsáveis pelo

pessoas. extrativismo, e através da organização


O núcleo familiar dos extrativistas, de trabalho, controlam os recursos da

possui em média seis pessoas por comercialização das sementes,


unidade de produção familiar (UPF). A utilizando no sustento da família,

dinâmica do trabalho para a denotando o exercício de autonomia


manutenção das unidades produtivas é sobre essas atividades. Silva (2009) e

desenvolvida a partir da divisão social Silva et al. (2010) destacaram que a


de trabalho de homens e mulheres. prática de trabalho associado a

As mulheres desempenham força andiroba realizado por mulheres,


de trabalho diversificada dentro do ocorre em função dos conhecimentos
núcleo familiar extrativista, conciliando a cerca dessa espécie, sendo também
o trabalho doméstico a outras as principais responsáveis pela

atividades dentro e fora das UPF, sendo transmissão de conhecimentos a


as principais responsáveis pela coleta geração futura.

de sementes e extração de óleo de Conforme Mota et al. (2014), em


andiroba. Os homens são os principais pesquisa sobre a organização do

responsáveis pelo extrativismo da trabalho familiar no extrativismo, as


Euterpe oleracea Mart e do manejo das organizações do trabalho familiar

UPF, desenvolvendo paralelamente apontaram o desenvolvimento das


atividades secundárias como produção atividades, em que cada função é
realizada de acordo com o produto,

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suas condições de coleta e padrões citado por dez extrativista, seguidos da

culturais. concessão de uso da terra citado por


Nesse sentido, as mulheres possuem dois e pela posse da terra relatado por

um papel significativo no extrativismo dois.


da andiroba, sendo as principais Por se tratar de PAEX, as famílias

responsáveis em reproduzir os deveriam possuir o Contrato de


conhecimentos dos seus antepassados, Concessão de Uso (CCU), um

contribuindo na conservação da documento de titulação de uso da terra

espécie no ecossistema local, mediante fornecida pelo INCRA, órgão


aos valores socioculturais enraizados responsável pela emissão da titulação

pela cultura local. ou concessão de uso para extrativistas


Tais circunstâncias apontam que a e ribeirinhas que usam a floresta para

participação das mulheres na esfera sua sobrevivência. No entanto, a


produtiva da andiroba nas várzeas do maioria dos entrevistados não possui

município, reflete a importância do conhecimento sobre o que são os


papel social que esta atividade PAEX e nem o CCU da terra onde vive.

representa para esse grupo social, por Essa problemática pode estar
inverter os valores culturais, relacionada com a dinâmica de
consolidando o empoderamento das ocupação da terra, uma vez que, os
mulheres em garantir recursos PAEX das ilhas estudadas começaram a

financeiros para o sustento familiar. ser implantados ano de 2005 e a


No que diz respeito ao tamanho das maioria dos extrativistas está há mais

UPF dos entrevistados, mesmo se de 40 anos residindo na localidade, e


tratando de áreas de uso coletivo, esse período pode ter sido importante

todos afirmaram ser donos da terra em para a consolidação do acesso à terra


que vivem, essas áreas possuem em através das relações de parentesco.

média oito hectares (ha) e a herança Sauer e Castro (2017) destacaram


consiste em ser principal fonte de que as relações com a terra,
legitimação do direito ao uso da terra, parentesco, território, ancestralidade,

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tradições e práticas culturais próprias produção (37%), seguido por

de uma categoria social, impactam no segurança alimentar da família (22%),


direito de propriedade e de posse, sombreamento do açaí (15%), renda

caracterizando de um lado a (12%), adubação (6%) e outros (7%).


diversidade cultural, a capacidade Nessa perspectiva, os meios de

criativa e de adaptação das categorias produção sustentável vêm


sociais e por outro, evidencia que o possibilitando a produção com a

direto e a terra são espaços de disputa, conservação dos recursos naturais, a

lutas e identidades. preservação das suas identidades,


Quanto aos sistemas de produção, buscando a valorização do seu modo

foi verificado que em oito UPF o de vida e suas práticas.


sistema produtivo consiste sistemas Com relação a origem dos

agroflorestais (SAFs) e seis em quintais indivíduos de andiroba 12 entrevistados


agroflorestais. O manejo desses afirmaram que as andirobeiras dos

agroecossistemas em sistema de sistemas produtivos são nativas e dois


manejo florestal e adoção SAFs se deu relataram que possuem nativas e

em função do extrativismo predatório plantadas. As coletas das sementes de


realizado ao longo de muitos anos, andiroba são realizadas manualmente
iniciando-se deste modo, a e acontece principalmente na própria
recuperação da vegetação natural que UPF, são coletadas no chão, próximo à

foi exaurida (NOGUEIRA; CONCEIÇÃO arvore matriz, ou em pontos de


2000; REIS 2008; MAIA et al., 2016 e acumulação deslocadas pela água, na

SILVA et al., 2018). maré baixa e os critérios adotados para


Estudos realizados por Silva et al. a seleção das sementes são: sementes

(2018) nessa região, apontou que os novas, sem furos ou sem broca e não
principais fatores que levaram os germinadas.

extrativistas a adotarem meios de As sementes germinadas são


produção, principalmente adoção de deixadas no local para que possam se
SAFs foram a diversificação da desenvolver e formar uma nova planta

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dentro das UPF. As sementes furadas e Além da coleta de sementes de

brocadas pela broca-da-andiroba andiroba, cinco entrevistados coletam


(Hypsipyla grandella) só é coletada por outras oleaginosas, como o

uma extratora de óleo que aproveita Astrocaryum murumuru Mart.


esse tipo de semente para produzir o (murumuru) citado com maior

óleo que vai para olaria, o restante dos frequência entre quatro destes
extrativistas não coletam, pois são entrevistados, seguidos de Virola

sementes danificadas, inviabilizadas surinamensis (Rol. Ex Rottb.) Warb

para a venda e extração de óleo para (ucuuba) citado por três deles e
fins medicinais. Mauritia flexuosa L. (buriti) citado por

Os extrativistas também aproveitam apenas um extrativista. Sacramento


outras áreas do entorno das suas UPF (2011) destacou que essas espécies são

para coletar sementes de andiroba, características da paisagem de várzeas


como as UPF de seus familiares e da e igapós do estuário amazônico, sendo

associação Mutirão e do rio. A coleta um importante recurso vegetal


de sementes no rio citado por um extrativista.

entrevistado, é possível porque esta Sobre a importância da andiroba


espécie tem dispersão hidrocórica, e para os extrativistas, onze afirmaram
por essa razão podem ser que essa oleaginosa representa um
disseminadas nos cursos de água pela recurso econômico estratégico para o

sua leveza, que as fazem flutuar na período que não há coleta do açaí; dois
água com facilidade. Além disso, essas relataram que a andiroba é mais

sementes podem germinar enquanto importante para fins medicinais e um


flutuam favorecendo a colonização de entrevistado relatou que a andiroba

novas áreas, através do processo de possui a mesma importância que o


regeneração natural, uma vez que açaí, como destacado a seguir:

possuem alta capacidade de “No sentido financeiro é que no


inverno não tem o açaí e a gente
germinação (PEREIRA; TONINI, 2012). trabalha na andiroba para se
manter. Começamos a comprar
quando mudamos porque no

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terreno não havia andiroba, meu contribuindo para a conservação das


marido plantou e hoje a gente tira
o azeite das nossas próprias florestas.
andirobeira, a gente tem em
média 500 andirobeira, e nós Dos 14 entrevistados, dez realizam a
compra também dos outros. A
gente vende o azeite para o
extração de óleo de andiroba, sendo
sustento quando não tem o açaí. que cinco realizam extração por
Então a renda é a andiroba e
açaí” (extratora C) entrevista superfície inclinada e cinco em tipiti. O
concedida em 27 de junho de
2017. método de extração de óleo realizado

pelos extrativistas dos PAEX de


Esse relato mostra o potencial que
Igarapé-Miri, são oriundos dos
essa espécie possui, principalmente
conhecimentos tradicionais e técnicas
para os que veem nela grande
repassados principalmente pela mãe,
oportunidade renda. A agregação de
através da oralidade, observação e
valor citada por essa extratora,
prática, representam a valorização dos
incentiva outros moradores a deixarem
traços culturais familiares.
a andiroba se desenvolver em suas
A maior parte do óleo produzido
propriedades proporcionando não só a
pelos extratores de óleo das várzeas
expansão do comércio das sementes e
miriense é destinada ao uso pessoal e
óleo, como também promoção da
venda direta ao consumidor citado por
valorização e o uso econômico dos
seis extrativistas; três relataram que
produtos florestais não madeireiros,
além de uso pessoal, doam parte do
como forma de garantir a propagação
óleo para a família, vizinhos e amigos;
e preservação dessa espécie para a
e um relatou que faz uso pessoal,
manutenção da diversidade da várzea
vende direto ao consumidor,
Silva et al. (2018) destacaram que as
atravessador e para olarias.
atividades extrativistas ligadas aos
Além disso, a andiroba é bastante
PFNM possibilitam geração de renda e
versátil no uso medicinal dos
trabalho, visto que geram pouco ou
extrativistas dos PAEX de Igarapé-Miri,
quase nenhum impacto ambiental,
sendo amplamente utilizado por todos
os entrevistados. Os principais

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sintomas tratados e citados com maior importância no contexto social das

frequência de uso foram: machucados; comunidades tradicionais, fortalecendo


inflamações, principalmente na e valorizando as crenças e os

garganta; prurido (coceiras); repelente; conhecimentos sobre o poder de cura


gripe; tosse, e azia. do óleo. Além disso, a valorização do
Quando questionados sobre a uso medicinal do óleo também
preferência do tratamento dos sintomas proporciona a disseminação do
apresentados com essa oleaginosa, comercio do óleo na região na época
quando comparado aos remédios
de entre safra do açaí, possibilitando
farmacêuticos todos os entrevistados
renda e o desenvolvimento local.
afirmaram preferir se tratar com óleo de
andiroba por ser um recurso de fácil
CONCLUSÃO
acesso e totalmente natural capaz de curar
A coleta de sementes de andiroba e
qualquer enfermidade. Isso pode ser
observado na fala da extratora A que extração de óleo possuem grande

declarou que “usamos o óleo porque é importância no contexto social,

natural”, e pela extratora E, que afirmou econômico e cultural dos extrativistas


“nós sempre usamos e vamos usar porque do PAEX de Igarapé-Miri,
é natural, e é um dos melhores remédios principalmente por se tratar de uma
que se tem, esse de farmácia, não presta”. espécie bastante versátil e com
O uso de andiroba para processos
potencial de geração de renda. Estas
inflamatórios também foi relatado por
atividades têm permitido a
Coelho et al. (2018) e Conceição et al.
conservação das andirobeiras nas UPF,
(2018), ao estudarem o uso de plantas
pois é uma atividade não destrutiva,
medicinais por moradores de Santarém,
comparado a outra exploração de usos
Pará.
da terra.
Dessa maneira, pode-se perceber
A parceria estabelecida entre uma
que o óleo de andiroba faz parte da
empresa multinacional e uma
medicina local dos
cooperativa fomentou a coleta de
extrativistas, pois as distintas formas de
sementes de andiroba, principalmente
usos e aplicações, reforçam a sua

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para os ribeirinhos que não sabiam conhecimentos tradicionais e de todos

realizar a extração de óleo, passando a os saberes que estão envolvidos no


ter possibilidades de ganho econômico processo, que vão desde os critérios de

com outras culturas além do açaí, coleta à extração de seu óleo. Nesse
fortalecendo assim a gestão sentido, é de suma importância ações

sustentável dos recursos naturais, que visem inserir os jovens nessas


garantindo a propagação, preservação atividades, com apoio de instituições e

e manutenção da diversidade da que as iniciativas tenham

várzea. protagonismo da própria comunidade.


Além dos aspectos relacionado a

geração de renda da atividade extrativa AGRADECIMENTOS


do óleo de andiroba, o uso medicinal Ao Conselho Nacional de

deste óleo nessa região mostrou ter Desenvolvimento Científico e


grande importância sociocultural, Tecnológico - CNPq, pelo apoio

enraizado no cotidiano dos financeiro. Ao Núcleo de Estudos em


extrativistas, sendo, portanto, um Agroecologia – NEA, pelo suporte

elemento chave para a conservação dado a pesquisa. Aos extrativistas dos


dos conhecimentos tradicionais dos PAEX das várzeas de Igarapé-Miri, pela
que fazem a extração tradicional e generosidade e receptividade,
artesanal, em um universo de crenças e fornecendo informações importantes

valores, caracterizando a identidade para a construção deste trabalho.


cultural dos extrativistas das várzeas de

Igarapé-Miri. REFERÊNCIAS
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se um alerta para a preservação dos ALVARES, C. A.; STAPE, J. L.;
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