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Meus irmãos, a lição de Deus segundo os seus profetas não vai parar de repetir.

Assim como o
homem que pretende se construir a si próprio não pode chegar senão à própria ruína, deste
modo também o povo de Deus se destrói, desde que se desvia dos caminhos que Deus lhe
traçou. O pecado aparece como sendo o obstáculo acima de tudo, na verdade o único
obstáculo, segundo à realização do plano de Deus. Sem dúvida que os nossos pecados, se
reveste de uma responsabilidade particular. Como ouvimos no versículo de Isaías, que os
profetas tornam responsáveis pelas desgraças da nação: “A mão de Javé não é por demais
curta para salvar, nem seu ouvido por demais duro para ouvir. Mas foram vossas iniquidades
que cavaram um abismo entre vós e vosso Deus”. Pois quando não ouvimos a palavra de Deus
e não colocamos em prática colocamos obstáculos a ser realizados.

Os profetas denunciam o pecado em suas pregações, pois o pecado se torna uma realidade
bem concreta, e ficamos sabendo no que dá o abandono de Javé: violências, julgamentos,
mentiras, adultérios, perjúrios, homicídios, usura, em suma, todas as desordens sociais. A
confissão segundo o profeta Isaías revela quais são concretamente estas “iniquidades” que
“cavaram um abismo entre o povo e Deus”. “Nossos pecados nos estão presentes e
reconhecemos nossos erros: voltaremos e renegaremos a Javé, voltaremos para longe de nosso
Deus, falarmos opressão e revolta, e murmurarmos no coração palavras mentirosas. É posto de
lado o julgamento e a justiça se mantém afastada, porque a boa-fé vacila em praça pública e a
retidão não se pode apresentar”.

Quem pretende se construir a si próprio, independentemente da vontade Deus, faz e aproveita


dos outros principalmente dos pequenos e dos fracos para tentar se exaltar e aproveitar. Esse é
o pecado em nossas vidas, nos faz escravos e aproveita de nós. Os profetas proclamam: “O
homem que não pôs em Deus sua força” “rumina o crime durante o dia todo”, enquanto “o
justo confia no amor de Deus sempre e para sempre”. Quando não colocamos e entregamos no
amor de Deus, nossos dias se tornam ruminantes, mas quando confiamos e nos entregamos
Deus faz grandiosidades em nossas vidas. O pecado do homem não atenta somente contra os
direitos de Deus, mas contra os direitos dos homens também.

Meus irmãos o pecado é a ofensa de Deus: “Se tu pecas, em que o atinges? Se multiplicas tuas
ofensas, fazes-lhe tu algum mal?” (Jó 35,6). Pecando contra Deus, não consegue o homem mais
do que se destruir a si próprio. Se Deus nos prescreve leis, não é para seu próprio interesse,
mas para o nosso, “a fim de que sejamos todos felizes, e vivamos” (Dt 6,24). Mas o Deus da
Bíblia não é o de Aristóteles, indiferente ao homem e ao mundo.

Se o pecado não “fere” a Deus em si mesmo, fere-o primeiro na medida em que atinge aos que
Deus ama. Ainda mais, “cavando um abismo entre Deus e seu povo” (Is 59,2), o pecado atinge
por isso a Deus em seu desígnio de amor: “Meu povo trocou sua Glória pela impotência.
Abandonaram-me a mim, a Fonte de água viva, para cavarem para si cisternas, cisternas rotas,
que não retêm a água” (Jr 2,11ss.) Preferimos ficar no fundo do poço do que sermos cheios de
água viva e do amor de Deus. À medida que a revelação bíblica vai abrindo os nossos olhos
mediante as profundezas desse amor, permiti compreendermos em que sentido real o pecado
do homem pode “ofender” a Deus. Somos filhos ingratos com um pai muito amoroso conosco
e o mesmo com uma mãe, que não poderia “esquecer o fruto de suas entranhas, mesmo assim
as mães se esquecessem e perdoam os pecados e maldades dos seus filhos e os amam
incondicionalmente.

Assim é o amor de Deus por nós, podemos estar nas profundezas e na lama do pecado, mesmo
assim Deus vem e nos tira com sua mão forte (nos lavando e purificando com seu amor).
O pecado ele agride nossas relações pessoais com o próximo e principalmente nossa
intimidade com Deus, pois muitas vezes deixamos ser invadidos pela enganação do pecado e
recusamos de se deixar ser amado por um Deus que sofre por nós e faz de tudo para ser
amado. O remédio do pecado segundo os profetas só denunciam o pecado e revelam a
gravidade para convidar mais ativamente à conversão. Porque, se o homem é infiel, Deus de
sua parte sempre permanece fiel. A recusa do homem ao amor de Deus, não impede Deus de
oferecer este amor. Pois quando o homem vê onde realmente é seu lugar, ele é capaz de voltar,
aproxima-se de Deus para a sua volta.

Meus irmãos como na Parábola do Filho Pródigo, tudo está pronto e certo para esse retorno
desejado. Por isso muitas vezes Deus fecha as portas dos caminhos com espinheiros, obstrui as
estradas para que não achemos mais as lambuzas do pecado. Como diz a parábola: ela
perseguirá seus amantes e não os alcançará, procurá-los e não os achará Então dirá: Vou voltar
a meu primeiro marido, porque eu era mais feliz outrora do que atualmente”. Pois quando já
sentimos o amor de Deus, podemos ir para qualquer lugar, nas sabemos para onde voltar e ele
sempre estará lá de abraços abertos.

De fato, se compreendemos o pecado na recusa do amor, é claro que não será apagado, tirado,
perdoado, senão na medida em que o homem aceitar amar de novo e se deixar entregar nas
profundezas do perdão. Por exemplo, um perdão que possa dispensar o homem de voltar a
Deus seria o mesmo que querer que o homem ame, dispensando de amar! Assim, o próprio
amor de Deus lhe proíbe de não exigir este retorno. Se ele se afirma um “Deus ciumento”, é
porque seu ciúme é um efeito de seu amor. Que se pretende proporcionar a felicidade do
homem, criado a sua própria imagem porque só Deus pode.

A primeira condição da parte do homem é evidentemente que renuncie a sua vontade de


independência, aceite deixar-se levar por Deus, deixar-se amar ou com outros termos:
renuncie ao que constitui o próprio fundo de seu pecado.

Para que o homem seja perdoado não basta que Deus se digne não repeli-lo; é preciso mais!

“Faze-nos voltar, e voltaremos.” O próprio Deus, portanto, irá procura das ovelhas dispersas,
dará ao homem um “coração novo”, um espírito novo, “seu próprio Espírito”. Será a “aliança
nova”; quanto a Lei já não será inscrita em tábuas de pedra, mas no coração dos homens.
Depois não se contentará com oferecer seu amor, nem por exigir o nosso: “Amarás Javé, teu
Deus, de todo o teu coração e a tua alma, a fim de que tu vivas.” Por isso irmãos, confessando
seu pecado, suplica a Deus. Ele mesmo o “lave”, o “purifique”, “crie nele um coração puro”,
persuadido que a “justificação do pecado exige um ato estritamente divino, andar e no ato
criador. Enfim o antigo testamento anuncia que essa transformação interior do homem que o
arranca do seu pecado se realizará graças à oblação sacrifical de um “Servo misterioso, cuja
verdadeira identidade ninguém, antes da realização da profecia, poderia suspeitar.

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