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ISEED (INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO)

INSTITUTO EDUCACIONAL ALFA

CURSO DE COMPLEMENTAÇÃO EM GEOGRAFIA

KÁSSIA CLARINDO REIS DA FONSÊCA

INDISCIPLINA ESCOLAR

CARATINGA

2016
1

KÁSSIA CLARINDO REIS DA FONSÊCA

INDISCIPLINA ESCOLAR

Monografia apresentada ao Instituto


Educacional Alfa parceria com o ISEED
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO
como Trabalho de Conclusão do Curso de
complementação em Geografia.

Caratinga

2016
2

FOLHA DE APROVAÇÃO

KÁSSIA CLARINDO REIS DA FONSÊCA

INDISCIPLINA ESCOLAR

Monografia apresentada ao Instituto


Educacional Alfa parceria com o ISEED
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO
como Trabalho de Conclusão do Curso de
complementação em Geografia.

Aprovado em: _______/______/_______

Banca Examinadora

Professor Doutor
_________________________________________________________

Instituição: ______________________________Assinatura:_________________

Professor Doutor
_________________________________________________________

Instituição: ______________________________Assinatura:_________________

Professor Doutor
_________________________________________________________

Instituição: ______________________________Assinatura:_________________
3

RESUMO

A indisciplina escolar vem sendo um dos maiores problemas que as instituições de ensino vem
enfrentando em seu cotidiano. Percebe-se que o problema esta se agravando cada vez mais e
vivencia-se uma inquietação quando se relata o assunto. Muitos buscam receitas prontas, outros
buscam culpados e assim o problema se arrasta sem maiores soluções. Este artigo tem por objetivo
investigar as causas da indisciplina escolar, nas séries iniciais do Ensino Fundamental e abordar a
importância da comunidade escolar nesse contexto. Por acreditar que a comunidade escolar exerça
um papel de suma importância como mediador entre família e educando é que esse estudo foi feito. A
escola juntamente com o Supervisor pedagógico irão orienta-los em determinadas situações,
convocar a família para o diálogo e mesmo trabalhar diretamente com o aluno no caso da falta do
Orientador escolar. Ele é uma peça fundamental dentro do âmbito escolar, nesse momento
conflituoso onde pais e educadores se angustiam cada vez mais com esse dilema. A metodologia
utilizada neste presente trabalho é a pesquisa bibliográfica que é o estudo sistematizado
desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é,
material acessível ao público em geral. Fornecendo instrumento analítico para qualquer outro tipo de
pesquisa, mas também pode esgotar-se em si mesma. Enfim, os conflitos e a indisciplina em sala de
aula só serão solucionados, ou amenizados com a ajuda mútua entre pais e profissionais visando
uma educação de qualidade para todos.

Palavras-chave: Família, Escola, Indisciplina.


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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................. .1
2. REVISÃO DA LITERATURA..........................................................................4
3. MATERIAL E MÉTODO ........................................................................... 36
3.1 Material ...............................................................................................36
3.2 Métodos .................................................................................................38
4. RESULTADOS ....................................................................................... . .43
5. DISCUSSÃO....................................................................................... .51
6. CONCLUSÕES ...................................................................................... .69
ANEXOS .................................................................................................. 70
REFERÊNCIAS ......................................................................................... 78
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1 INTRODUÇÃO

O presente estudo vem abordar acerca da indisciplina, e tem como objetivo


compreender as causas da Indisciplina Escolar, devendo também analisar o papel
da escola, da família e do orientador frente aos problemas de convivência dos
alunos no âmbito escolar. Respondendo aos seguintes questionamentos: Quais os
fatores contribuem para crianças serem indisciplinadas? Quais atitudes dos
professores favorecem para a melhoria da relação professor-aluno? O que é
necessário para que as escolas enfrentem os problemas de convivência cumprindo
seu papel de educar sem discriminar o aluno-problema?
Visando uma educação de qualidade sabemos que a empenho dos pais está
em transmitir aos filhos a diferença entre o que é errado, o que é certo ao se fazer
em algumas situações, e assim por diante transmitir os valores ao ser humano. E
cabe ao professor a partir daquilo que o aluno já sabe fazer o aprimoramento de
todos os valores aprendidos em casa. Mas, infelizmente a relação
família/escola/indivíduo não está acontecendo de modo satisfatório, perdeu-se o
sentido de autoridade inerente a cada um. Quando o que é errado é apresentado
com afeto, a criança o aceita mais facilmente. Sem dúvida, não é um trabalho fácil,
mas geralmente funciona. Além da família cabe a escola este papel. Afinal, os
educadores continuam a deter parte considerável da responsabilidade pela
formação da criança.
É preciso continuar investindo na melhoria da qualidade do ensino em nossas
escolas, e para isso é fundamental o maior interesse das políticas públicas na
educação, incentivando a formação e aperfeiçoamento do docente, realizando
melhorias do espaço físico das escolas, além de contar com a participação da
família e da comunidade.
Sabe-se que desde muitos anos atrás, instalou-se em nossas sociedades, e
de maneira especial em nossas escolas, à convicção de que os estudantes estão
sendo cada vez mais indisciplinados e mal-educados, mostrando comportamentos
que interrompem o clima acadêmico da escola, quando não protagonizam agressões
verbais e físicas, furtos e destruição do mobiliário, é essencial à educação saber
estabelecer limites e valorizar a disciplina, e para isso é necessária à presença de
uma autoridade saudável. O segredo que difere autoritarismo do comportamento de
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autoridade adotado para que outra pessoa torna-se mais educada ou disciplinada
está no respeito à autoestima.
Temos que trazer e despertar o interesse de pais e educadores os limites da
disciplina numa maneira bem-humorada e realista, mostrando que pai ou professor,
é o educador, e não pode se esquivar da tarefa de apontar na medida certa os
limites para que os jovens se desenvolvam bem e consigam viver bem em harmonia.
Este trabalho está organizado em capítulos que abordará os seguintes
aspectos: A Indisciplina e Agressividade no Contexto Familiar e Escolar;
refletiremos: A ação dos docentes frente ao aluno Indisciplinado e agressivo; : A
Responsabilidade dos pais e dos Professores.
Segundo Cervo, Bervian e da Silva (2007, p.61) A pesquisa bibliográfica
“constitui o procedimento básico para os estudos monográficos, pelos quais se
busca o domínio do estado da arte sobre determinado tema.” Ela é desenvolvida a
partir de materiais publicadas em livros, artigos, dissertações e teses. Pode ser
realizada independentemente ou pode constituir parte de uma pesquisa. Como
subsidio teórico deste trabalho foram selecionados autores renomados na área da
educação: Içami Tiba, Paulo Freire, entre outros. Analisar as causas do problema é
a preocupação sobre a qual se debruçam todos os que estão envolvidos com
educação, que desejam uma escola de qualidade. É claro que são inúmeros os
elementos que concorrem para atual situação educacional brasileira.

2 A INDISCIPLINA E AGRESSIVIDADE NO CONTEXTO FAMILIAR E


ESCOLAR
Sabemos que a profissão docente passa por um momento delicado e é algo
reconhecido não apenas por quem faz da sala de aula o seu dia a dia, mas também
pelos estudiosos que se debruçam sobre o assunto. Philippe Perrenoud, referência
na sociologia da Educação, costuma afirmar que nunca foi tão difícil ser professor.
Isso porque a escola passa por dois movimentos de mudança - ambos
externos aos seus muros. Por um lado, cobram-se cada vez mais tarefas da
instituição: ensino dos conteúdos regulares, temas transversais, cidadania, ética,
Educação sexual e muito mais. De outro lado, afirma o especialista, "as condições
de exercício da profissão estão cada vez mais difíceis", entre essas dificuldades, a
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indisciplina lidera a lista de queixas.


Pesquisa realizada pela revista Nova Escola e Ibope em 2009 com 500
professores de todo o país revelou que 69% deles apontavam a indisciplina e a falta
de atenção entre os principais problemas da sala de aula.
Só quem sente na pele a questão no cotidiano tem a real dimensão de como
o problema é desgastante, levando a falta de estímulo com a profissão e, muitas
vezes, até ao abandono do cargo.
Mas, é possível, sim, virar esse jogo. Quer conseguir uma turma atenta e
motivada? Na maioria das vezes, trata-se de um trabalho de longo prazo, com
avanços e recuos e rediscussões permanentes, em que o trabalho em equipe é
essencial. Não há receita mágica, mas muitos caminhos para chegar lá. E é
necessária principalmente a compreensão de por que os alunos estão mais
agressivos e quais as causas dessa indisciplina.
Nos tempos atuais, família e escola parecem perder o poder e o espaço que
tiveram outrora no sentido da formação do indivíduo. Devido às mulheres terem que
ajudar na renda familiar, e muitas vezes assumindo como chefes de famílias, as
crianças começaram a entrar mais cedo na escola e esse ingresso escolar
prematuro pode favorecê-las ou desfavorecê-las, dependendo do acompanhamento
escolar e familiar realizado. Caso a criança seja bem acompanhada, esse ingresso
na instituição pode ajudá-la a se desenvolver melhor em todos os aspectos: sociais,
cognitivos, etc., porém, se a família coloca-a na escola, mas não acompanha pode
gerar na criança um sentimento de descaso em relação ao seu desenvolvimento e,
sobretudo, no conhecimento que devem adquirir na infância.
Em outras ocasiões, por culpa dos próprios pais que trabalham demais e
estão ausentes da rotina do filho, permitem, por um sentimento de culpa que a
criança faça tudo que desejar desenvolvendo assim um indivíduo autoritário e
desobediente. Tal comportamento dos pais é prejudicial à própria criança, que fora
do ambiente familiar não encontrará tamanha facilidade. A escola por sua vez
também procura subterfúgios parasse livrar da culpa pelos possíveis fracassos
escolares de seus alunos, entre as desculpas mais frequentes esta a de culpar os
pais pela falta de tempo no convívio com os filhos. Fato que acaba gerando alunos
com problemas de aprendizagem, relacionamento, agressividade e indisciplina.
Cabe, não só aos setores ligados à educação, mas a toda sociedade, através
de pequenas ações no cotidiano, da escola e da família, para que compreenda a
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importâncias dos objetivos traçados pela escola, que deve tornar possível ao aluno a
aquisição de conteúdos indispensáveis de forma mais atraente. Com a inovação dos
métodos, os conteúdos não podem se tornar inconscientes, pois, devem
proporcionar condições de conduzir a satisfação. A escola, enquanto instituição, já
traz embutido o conceito de ordem, a necessidade de disciplina, utilizando-se de
certas punições a fim de manter a ordem já estabelecida e tornar o aluno obediente
e passivo como forma de dominação, nesse sentido, a escola acaba reduzindo a
indisciplina e a agressividade do aluno.
Partimos do principio de que nenhuma criança nasce agressiva, ela torna-se
de acordo com o meio, pois limite e indisciplinas transitam no caminho do afeto e da
liberdade, e isso se reflete nos locais onde ela se insere. Segundo Tiba (1996, p.
173):“O maior estimulo para ter disciplina é o desejo de atingir um objetivo”.
Em termos operativos e sociais o comportamento de qualquer cidadão deve
estar baseado pelo menos em cinco princípios e estes valores devem estar
presentes nos processos educativos, familiares e escolares.: Gratidão, Disciplina,
Religiosidade, Cidadania e Ética.
O desenvolvimento da indisciplina corresponde ao surgimento de um controle
interno, uma obediência às regras que não dependa mais exclusivamente do
controle dos pais ou de outras pessoas. Isso implica a assimilação racional das
regras, o que faz surgir a reciprocidade, o respeito mutuo que vem a ser a
capacidade de respeitar o outro e por ele ser respeitado.
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De acordo com o gráfico estudado em diversas escolas pode-se estabelecer


integralmente o gráfico e esse numero é crescente em cada na aumentando os
casos de indisciplina na escola.

2.1 Características Da Indisciplina E Da Agressividade

O termo “indisciplina” representa comportamentos conforme relatam muitos


professores em sala de aula que perturbam e afetam de forma prejudicial o ambiente
de aprendizagem. De acordo com a literatura da área, LOBATO (2006) OLIVEIRA.
M., (2002), dizem que os comportamentos que mais são apontados pelos
professores como indisciplinados incluem condutas e atitudes como agressão física
(brigas e empurrões) e agressão verbal (xingamentos, ofensas e ameaças) entre os
alunos. . Maria Izete de Oliveira (2002) menciona as seguintes atitudes: responder
ao professor com ofensivas, faltar com o respeito, teimar, desobedecer às regras
previamente estabelecidas. Pappa (2004) questiona a desobediência, a zombaria, o
vandalismo, os insultos, os gestos ofensivos e a discussão com professores. Lobato
(2006) chama de violência simbólica o desrespeito ao professor caracterizado por
rebeldia, ameaças e insultos. Quanto às condutas de indisciplina que estariam
relacionadas à sala de aula e à escola, Maria Izete de Oliveira (2002, p. 117) aponta
“[...] a falta de limites, a desobediência às normas, o não saber ouvir, o desrespeito
ao horário, bagunça, a rebeldia, os assobios, as gritarias, brincadeiras, conversas,
andar pela sala e agir de má fé.” Em relação à sala de aula e à escola, Lobato
(2006) aponta a discriminação aos colegas e o preconceito para com as diferenças
socioeconômicas em classe como uma violência simbólica. A indisciplina,
relacionada às tarefas específicas de sala de aula, ocupa um pequeno espaço nas
obras dos autores pesquisados. Maria Izete de Oliveira (2002), por exemplo,
menciona a falta de atenção e de interesse, distração, não participação e não
execução das atividades entre os alunos em sala de aula. É importante ainda
destacar que os comportamentos considerados indisciplinados, embora sejam,
muitas vezes, caracterizados e/ou interpretados como “violentos” ou relacionados à
“violência”, assumem a caracterização e a denominação de “indisciplina”. São vários
os estudos (CHARLOT, 2002; SANTOS, 2001) que discutem essa temática,
despertando a atenção para a violência na escola, portanto nem sempre se trata de
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questões de violência propriamente dita, como depredação, vandalismo, uso de


drogas ou de armas. De acordo com Pino (2007), uma das maiores dificuldades no
trato da violência, mais precisamente das ações ditas violentas, é a imprecisão dos
seus contornos semânticos.
O comportamento de uma pessoa obedece a atitudes e valores mais ou
menos internalizados. Os problemas de disciplina, que também podem ser
chamados “de convivência”, nas escolas, são reflexos de uma crise de valores que
está se produzindo em nossa sociedade em geral, e na escola como subconjunto
institucional criado por essa sociedade.
Em um mundo cada vez mais globalizado a informação chega diariamente
aos lares através da televisão, mostrando uma infinidade de cenários de violência,
maus tratos e tantos outros episódios extremamente tristes, nesse contexto, a
criança chega a uma escola com toda a bagagem de valores trazida por esta
criança, que se centra unicamente nas aprendizagens acadêmicas, por tudo isso
exposta de maneira compartilhada, fracionando a realidade impedindo o
desenvolvimento de um sentido global e do complexo. Uma escola que pretende
ignorar os interesses e vivências reais dos estudantes e impõe uma ordem
hierárquica e normas de comportamento sobre a base de um principio de
autoridade, não consegue alcançar o seu objetivo diante das adversidades. A escola
não pode por si só modificar as causas que originam este problema, mas pode fazer
o possível para não contribuir para isso, e cabe nesse momento ao orientador criar
dentro do ambiente escolar um local acolhedor, onde a criança queira estar.

2.2 Razões Da Indisciplina E Da Agressividade

Segundo Tiba (1996, p.79) “A educação escapou ao controle da família porque,


desde pequena a criança já recebe influencia da escola, dos amigos, da televisão e
da internet”.
A agressividade aqui colocada está focalizada como uma das manifestações
da indisciplina e apresenta as seguintes razoes:
1) Emocional: grandes partes dos problemas de violência provem de uma falta de
controle das emoções.
2) Individualismo, do egocentrismo, impedindo o aluno de ver o outro como
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mediador na busca do conhecimento escolar, seja o outro professor ou colega nas


trocas indispensáveis nos trabalhos em grupo.
3) Falta de sentido de cooperação levam a um desapego do aluno a respeito da
instituição escolar como micro sociedade na qual convive em grande parte do
tempo.
4) Violência, a aprendizagem da violência, em um contexto no qual esta aparece
como única forma de solução dos conflitos leva a atitudes e comportamentos
violentos, o que frequentemente e potencializado pela incompetência anteriormente
assinalada.
5) Ausência de limites, gerando interrupções inoportunas, confusões, conflitos em
sala de aula que perturbam o ambiente externo adequado a uma boa aprendizagem.

6), Desqualificação do professor, desvalorização da situação escolar, dos


conhecimentos escolares.
7) Intolerância, os contra valores, individualismo, competitividade, falta de
solidariedade frequentemente levam também a uma intolerância com o diferente.
8) Falta de atenção, atenção dividida, atenção voltada para as brigas, trapaças,
roubos em que esteja envolvida diretamente ou indiretamente.
9) Perda de aulas por atraso ou retirada de sala por indisciplina ou ainda
suspensão disciplinares, gerando descontinuidade na construção de determinados
conhecimentos.
10) Não cumprir as tarefas escolares, fora do horário regulamentar pois elas
auxiliaram na desejada aprendizagem, que seriam suporte para novos
conhecimentos.
Está claro que por várias dessas razões ou talvez por apenas uma delas,
acontece o que chamamos hoje de indisciplina, pois nos primórdios da educação
essas situações não aconteciam, ou melhor, se aconteciam eram os alunos punidos
severamente como forma de correção. Entretanto há anos atrás pouco se falava em
indisciplina ou agressividade, a educação dos filhos era completamente outra diante
dos seus pais, e isso refletia também na escola a autoridade dos pais era visível em
todos os lugares e situações, não havia discursão, debate, brigas, pois os pais não
davam a oportunidade de seus filhos se expressarem, ou questionar qualquer que
seja a decisão.
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3 A AÇÃO DOS DOCENTES FRENTE AO ALUNO INDISCIPLINADO

Vivenciamos no dia-a-dia um momento de desafio nas instituições escolares,


observamos um aumento significante da indisciplina e de atos violentos, bem como
a preocupação de pais e professores em relação ao comportamento dos alunos,
precisando ser bem refletido, enfrentado e na medida do possível ser solucionado.
O problema e de uma complexidade enorme e muitas vezes os orientadores
buscam receitas prontas eu se revelam ineficazes quando aplicadas em uma
situação concreta. Um dos maiores problemas que o professor pouco experiente
enfrenta é a criação de um clima favorável à aprendizagem na sala de aula, onde se
entrega a analise de situações indesejáveis e a gestão do comportamento do
professor.
A disciplina escolar não consiste num receituário de propostas para enfrentar
os problemas de comportamento dos alunos. Para isso é preciso, sempre que
possível, antecipar-se ao aparecimento de problemas e só em último caso reparar
os que inevitavelmente tiveram surgido, seja por causa da própria situação de
ensino seja por fatores alheios a dinâmica escolar.
Os pedagogos precisam orientar aos educadores a incentivar comportamento
de trocas, de diálogo, estimulando a análise, criar pontes com os alunos para o
sucesso da aprendizagem.
Assim como diz Oliveira:
O espírito lúdico da convivência prazerosa e criativa, que vinha sendo
praticamente desenvolvido desde o nascimento, com o próprio corpinho e
com a mãe, e depois no faz-de-conta solitário, passa pouco a pouco a fazer
parte do universo social, agora transversal, entre pares, com sua
complicada trama de relações, suas regras e acordos, muitas vezes ainda

implícitos e velados. (OLIVEIRA, 2000, p. 22).

Medidas que também poderiam ser adotadas em uma escola para enfrentar
os problemas de convivência, sem renunciar por isto aos princípios de compreensão
e de escola educadora, está em dar maior ênfase aos aspectos de prevenção do
que aos meramente de punição. Entre as medidas preventivas está a criação de um
currículo que seja de interesses dos alunos, para o qual deveria trabalhar com os
temas transversais, tais como:
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Trabalhos que promovam o valor da meta, desenvolvendo o conhecimento, as


atitudes e as destrezas para a solução dialogada, não violenta dos conflitos
interpessoais, tão frequentes em coletividades onde convivem pessoas diferentes,
dentro do tema Educação para a paz.
Um tema transversal que visa uma questão que está muito relacionada aos
problemas de convivência é Educação emocional, especialmente na adolescência,
como o controle das próprias emoções, o respeito e a atenção às emoções dos
outros.
Perante o fato de que, de forma crescente, nossas escolas vão se tornando
cada vez mais multiculturais, às vezes surgem conflitos derivados da falta de
tolerância e de assunção de valores xenófobos aprendidos fora da escola. Uma
educação intercultural promoverá um maior conhecimento e integração de outras
culturas, promovendo a noção de enriquecimento mútuo.
Trabalhar com a Educação democrática: devido que grande parte da atitude
violenta ou indisciplinada de determinados alunos representa apenas uma ponta de
iceberg, pela imposição autoritária de normas por parte da instituição escolar, deve-
se promover a participação a partir do estabelecimento das próprias normas de
convivência e seu controle, até o planejamento do currículo no contexto de uma
negociação que leve em consideração as exigências da sociedade e seus próprios
interesses.
A educação moral uma vez que promove a reflexão e o julgamento moral em torno
de determinadas situações ainda procura melhorar o conhecimento dos valores e o
desenvolvimento de uma ética pessoal para se conviver em sociedade.
Assim através destes será mobilizada estratégias para a prevenção da
disciplina nas escolas e fora delas. Com o trabalho cooperativo, a participação,
ações solidárias, em um clima comunitário, não será difícil manter a ordem e o
comportamento. Devendo reunir o conselho escolar para debater sobre os valores
relacionados com a não-violência, democracia, tolerância, controle, respeito etc.,
transformando-os em finalidades educativas e selecionar os temas transversais para
que melhor sejam desenvolvidos. Também devem ser tomadas decisões
organizacionais que promovam um clima propício nas salas de aula: diálogo,
tolerância, igualdade, e principalmente, participação. A princípio começará
promovendo a compreensão e elaboração de normas de convivência, através das
Coordenações, criando comissões de convivência para o controle democrático dos
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problemas de convivência, dispositivos de participação, por exemplo, assembleias. A


educação emocional, que requer uma formação psicológica mínima, deverá ser
impulsionada pelo orientador, porém suas estratégias devem ser desenvolvidas por
coordenadores e professores de turmas.

Refletindo em um ditado chinês que diz que, ‘se dois homens vêm andando por uma
estrada, cada um carregando um pão, e, ao se encontrarem, eles trocam os pães,
cada homem vai embora com um; porém, se dois homens vê andando por uma
estrada, cada um carregando uma ideia e, ao se encontrarem, eles trocam as ideias,
cada homem vai embora com duas’. Quem sabe é esse mesmo o sentido do nosso
fazer: repartir ideias, para todos terem pão... (Cortella, 1998, p. 159).
O professor desempenha o papel de modelo, guia, referência, seja para ser seguido
ou contestado; mas os alunos podem aprender a lidar com o conhecimento também
com os colegas. Uma coisa é o conhecimento “pronto”, sistematizado, outro, bem
diferente, é este conhecimento em movimento, tencionado pelas questões da
existência, sendo montado e desmontado (engenharia conceitual). Aprende-se a
pensar, ou, se quiserem, aprende-se a aprender. (Vasconcellos, 2001, p.127)

4. A RESPONSABILIDADE DOS PAIS E DOS PROFESSORES

O que a pessoa é, é representado pelos laços estabelecidos nas relações


familiares. Conforme se observa nas palavras de Sutter “A família é o âmbito em que
a criança vive suas maiores sensações de alegria, prazer e amor, o campo de ação
no qual experimenta tristezas, desencontros, brigas, ciúmes, medos e ódios”. (2007,
p. 2).E de acordo com Silva:

“Atualmente, os pais devem estar cada vez mais atentos aos filhos, ao que
eles falam o que eles fazem, as suas atitudes e comportamentos. E, apesar
de ser difícil, a escola também precisa estar atenta. Eles se comunicam
conosco de várias formas: através de sua ausência, de sua rebeldia, seu
afastamento, recolhimento, choro, silencio. Outras vezes, grito, zanga por
pouca coisa, fugas, notas baixas na escola, mudanças na maneira de se
vestir, nos gestos e atitudes. Os pais devem perceber os filhos. Muitas
vezes, através do comportamento, estão querendo dizer alguma coisa aos
pais. E estes, na carreira do dia a dia, nem prestam atenção àqueles
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pequenos detalhes.” (SILVA, 2008, p. 01).

Silva (2005, p. 53) também relata que “Na família se concretiza o exercício
dos direitos da criança e dos adolescentes, que estão embasados no direito aos
cuidados essenciais para possibilitar seu crescimento e desenvolvimento físico,
psíquico e social”. A família é o elemento mais importante e deve atuar lado a lado
com a escola, na participação ativa e contínua dos educandos.

A prática pedagógica é uma prática social envolvendo uma inter-relação


adultos-aprendizes, observadas a fase de desenvolvimento psicológico e
social destes últimos e que visa modificações profundas nos sujeitos
envolvidos a partir da aprendizagem de saberes existentes na cultura
conduzidas de tal forma a preencher necessidades e exigências de
transformação da sociedade. (LIBÂNEO, 1986, p. 43).

Segundo Beherns, “instrumentalizar os alunos para que participem de


processos coletivos convivam e discutam com pessoas, defendam seus argumentos,
inter-relacione-se e integrem-se aos grupos coletivos para a construção de novos
conhecimentos” (1996, p. 46). As brincadeiras são fontes de avaliação, por meio
delas pode-se observar como se processa o contexto individual de cada aluno, bem
como suas visões de mundo. O reconhecimento da importância da família para o
processo educacional é mencionado em vários artigos da Lei de Diretrizes e Bases
da Educação nacional (Lei Nº 9.394/96), que estabelecem a obrigação das
instituições de ensino e de seus docentes se articularem com as famílias, visando
integrá-las à escola, e auxiliarem a fortalecer os vínculos familiares (SOUZA E
SILVA, 1997).
Hoje em dia não podemos mais falar da família brasileira de um modo geral,
pois existem vários tipos de formação familiar coexistindo em nossa
sociedade, tendo cada uma delas suas características e não mais seguindo
padrões antigos, nos dias atuais existem famílias de pais separados,
chefiados por mulheres, chefiadas por homens sem a companheira, a
extensa, a homossexual, e ainda a nuclear que seria a formação familiar do
inicio dos tempos formada de pai, mãe e filhos, mas não seguindo os
padrões antiquados de antigamente. (CARVALHO, 2009, p. 1).

Sendo que a responsabilidade dos professores Oliveira e Reis (2005) relatam


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que o essencial seria que os cursos de formação propiciassem aos professores


discussões que abrangessem os problemas comportamentais e de relação
professor-aluno a partir de varias perspectivas e que levassem os futuros
professores a conhecerem a pratica e a vivenciá-la. Todos esses requisitos são
essenciais na formação de professores, pois as discussões teóricas e aplicabilidade
da teoria na pratica contribuem com o repertorio de experiências que os futuros
professores iram construir ao longo da sua pratica e ao longo da sua formação
inicial. Para Oliveira (2005, p.65). O bom senso e a experiência podem ajudar no
gerenciamento de sala de aula. Manter os alunos sempre ocupados com atividades
que lhes interessem e que exijam concentração pode ser um fator fundamental para
evitar a indisciplina. O professor precisa preparar sua aula antes de entrar em sala
procurando prever a dosagem, o nível de dificuldade e a duração de cada atividade,
evitando seu excesso ou a ociosidade dos alunos. A autora nos indica ainda a
importância da presença, da contribuição que os profissionais da administração
escolar podem trazer na resolução dos problemas de indisciplina, pois o que nos
parece é que a organização escolar, a organização didática– pedagógica influencia
diretamente nas ocorrências de atos de indisciplina. A autora pontua a necessidade
de problemas como indisciplina escolar serem discutidos não só nos horários de
estudo em conjunto, mas também durante a construção do projeto político
pedagógico da escola, pois supõe - se que os princípios presentes nesse documento
são discutidos, rediscutidos por todos os membros da escola. Oliveira (2005) indica
que apesar de haver a necessidade de discussões, orientação dos profissionais da
administração escolar para os professores sobre os problemas disciplinares, o que
vem se observando nos últimos anos é que, “talvez essa falta de orientação ocorra
porque nem mesmo a equipe pedagógica, administrativa tem claros os princípios
que devem nortear o comportamento dos alunos”. (OLIVEIRA, 2005, p. 64) ressalta
que esse “não saber o que fazer” dos professores, diretores, coordenadores acabam
culminando em regras que muitas vezes são impostas aos alunos e são constituídas
em sua maioria apenas de deveres considerados peças fundamentais na formação
da autonomia dos alunos.
A esse respeito Oliveira (2005, p. 63) nos alerta que: Se é preciso propiciar a
autonomia do educando, é preciso também rever nosso sistema de regras dentro da
escola. Elas sem duvida são necessárias, mas é fundamental que se tenha a
preocupação em garantir a sua clareza e a transparência na sua apresentação como
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também a coerência das sanções, sem nos esquecermos de que somente a


existência de regras, coletivamente definidas, pode esclarecer que atitudes os
alunos devem evitar em sala de aula e na escola, visto que as regras implicam o
entendimento do conceito de moral e ética. A autora complementa dizendo que é
que preciso que os professores considerem “que em uma educação voltada para a
autonomia é preciso entender que os alunos têm vontade própria, que são
competentes e, dentro de suas possibilidades, capazes de construir conhecimento e
interferir no meio em que vivem”.
OLIVEIRA, (2005, p. 63). Golba (2008), Vasconcellos (1994), consideram que
há uma grande ambiguidade no discurso e nas praticas dos professores, pois se de
um lado eles se mostram interessados em formar o aluno autônomo, do outro, ele se
mostra completamente autoritário. Para os pesquisadores da área, esse
comportamento dos profissionais se deve ao fato de que o autoritarismo em sala de
aula vem servindo, ainda que como medida paliativa, como uma das formas de
minimizar os problemas de indisciplina.

A VIOLENCIA NO BRASIL REFLETE NA ESCOLA


A dimensão pública assumida pela violência no Brasil tem levado à
banalização do mal. A representação do brasileiro pacato se contradiz com o
cotidiano violento do país. A escola, por si só, já suscita violência, porque não está
sendo levada a sério. O aluno geralmente não tem consciência da sua
obrigatoriedade de frequentá-la. O investimento na educação é alto, mas quase
sempre a fundo perdido. A escola com a qual sonhamos é aquela que assegura a
todos a formação cultural e científica para a vida pessoal, profissional e cidadã, que
possibilita uma relação autônoma, crítica e construtiva com a cultura em suas várias
manifestações(LIBANEO,2007).
A violência se multiplica, em especial, na escola de periferias, por meio de
ações agressivas entre alunos e de alunos contra professores e funcionários; por
vezes estes direta ou indiretamente repassam para os alunos. Mas a violência
simbólica na escola, que fertiliza a violência flagrante, é o reflexo do social
conturbado que nela desagua.
A escola comete um dos grandes atentados à formação do discente ao
ignorar sua composição emocional. Exige que todos, independentemente de suas
vivencias familiares, apresentem comportamento e resultados uniformes. A
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“afetividade não se acha excluída da cognoscibilidade”(Freire, 2010). Além dessa


associação, o emocional assistido traz o equilíbrio, o bem estar e o sentimento de
pertença a escola.
A impessoalidade na escola começa na disposição das carteiras, que força uma
postura anônima de escuta e obediência. Tudo predeterminado, como se isso
resultasse em excelência de aprendizagem. Sem contar que a maioria das escolas é
literalmente fechada, pouco arejada assemelhando-se a uma prisão. Nesse espaço
de intolerância destaca-se a condição social, os alunos de posse gozam de status, e
os de menor poder aquisitivo, bem como os diferentes, são preteridos, rechaçados
ou sofrem bullying.
A escola reforça, perversamente, os valores da competitividade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Escolhi este tema, por ser um problema constante no âmbito escolar em que
trabalho e por acreditar que não e possível o sucesso da aprendizagem em um
ambiente de indisciplina e agressividade. Faz-se necessário buscar novos caminhos
que levem à família, a equipe pedagógica, a orientadora, os professores e os alunos
a assumirem o seu verdadeiro papel nesse processo.
O problema da indisciplina na sala de aula tem constituído um deságio para a
escola, pois muitos alunos não respeitam seus professores, e é angustiante saber a
falta desse valor, o desrespeito educacional vem de onde não era para vir, do seio
familiar, pois a própria família desmoraliza a instituição que a ajuda no que pode a
suprir a sua deficiência.
Professores e pais têm dificuldades em estabelecer limites à criança e não
sabem até em que ponto devem intervir em comportamentos inadequados que
ocorrem dentro e fora da sala de aula. É necessário resgatar a autoridade fisiológica,
o que não significa ser autoritário cheio de desmandos, injustiças e inadequações.
Cabe a escola, cobrar as autoridades ligadas à educação, nesse momento,
fazer uma mudança nas funções dentro da escola e delegar a supervisora
pedagógica sua verdadeira função que é auxiliar os professores em seus
planejamentos e outras funções inerentes ao cargo e não de fazer o papel de
orientador educacional que haja visto anda em falta nas escolas públicas.
O papel dos docentes frente a esse desafio, e para muitos é uma quimera é
de suma importância nesse momento em que famílias-educadoras e educandos se
encontram perdidos e estáticos. Pois é através do seu trabalho que o orientador irá
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estabelecer um caminho norteador para apoiar o aluno em seus anseios, angustias


decepções e conflitos dentro e fora do ambiente escolar. Orientando não somente
alunos, mas dando um suporte adequado a escola e a família para superar esse
grande desafio “a indisciplina” e se unirem em prol do bem maior que é a Educação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394 de 1996. Disponível


em: <http:/www.portal.mec.gov.br/index.php>. Acesso em: 8 dezembro 2010.

CARVALHO, José Sérgio Fonseca de. Os sentidos da (in) disciplina 1996. Regras
e métodos como práticas sociais. In AQUINO, J. G. (org). Indisciplina na escola:
Alternativas teóricas e práticas. São Paulo, 2009.

FREIRE, Paulo. Pedagogia Autonomia: Saberes Necessários à Prática


Educativa. Ed. São Paulo: Paz e Terra, 1997.

SILVA, Daniela Regina da. Psicologia Geral e do Desenvolvimento. Indaial: Ed.


ASSELVI, 2005.

TIBA, Içami. Disciplina – Limite na medida certa. 8ª edição – São Paulo: Ed.
Gente, 1996.

OLIVEIRA, M. I. Indisciplina escolar: determinações, consequências e ações.


Brasília:
Liber-Livro-Editora, 2005.

OLIVEIRA, R. L. G. ; GOLBA, M. A. M. Reflexões sobre Indisciplina Escolar e


Formação de Professores. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO,
12., 2008,Cachoeira do Sul. Anais. Editora: ULBRA, 2008. p. 34-41.

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