Você está na página 1de 37

Primeira República:

um balanço historiográfico

Angela de Castro Gomes


Marieta de Moraes Ferreira

ta República. Isto é. trata-se de uma


incursDo às nossas "origens" como
regime polftico. Em segundo lugar.
screvCJ" um ensaio bibliográfico optamos por incluir em nosso universo
discutindo a Iiletatunl sobre a de análise livros e artigos produzidos na
Primeira República no Brasil t área das ci!ncias sociais com este
um empreendimento diffcil e explicito enfoque histórico. Assim.
arriscadd7 só justificável nesle ano do escolhemos. de um lado. examinar textos
CCDlerWio pelo desejo de contribuir com considerados clássicos pelas con­
um pouco de nossa experiencia de tribuiçOes e debates que desencadearam
trabalbo acumulada. Como todos os quando produzidos e que de certa forma
textos que discutem produção biblio­ permanecem como referências obri­
gráfica. este. em especial. exigiu gatórias até hoje. e. de outro. escolhe­
critmos prtvios. uma vez que é sempre mos também discutir uma bibliografta
impossfvel dar conta de tudo o que se mais atual que retoma estas interpre­
esaeveu sobre um determinado assunto. tações consagradas para sobre elas se
O problema se complica ainda mais debruçar. propondo linhas de análise
quando esle assunto t a nossa primeira . renovadoras.
fase republicana. alvo de muita aleRÇao Nossa preocupaç.llo roi também a de
no momento em que o pais comemora examinar trabalhos de fácil acesso ao
cem anos de República após cerca de público em geral. nlIO incluindo - a nao
trinta anos sem eleiçOes para presidente. ser excepcionalmente - teses acadêmi­
A primeira escolha que fizemos foi. cas ainda nDo publicadas. Esta estratégia
portanto. a de trabalhar com a Primei- reduz o campo de renexDo. mas a consi-

NOIIJ: EIIe t.nbaJho COi'OO coou • colabor.çio da CltapAria, Beariz Kusbnir que nos ,..,moo no Icvan·
tamcnIO bibIioaRflCO.

•• '.., HÚl6iic_. JJo eM J Ti",- vol.2. D. �. 1919. P. 144 . 110.


peNEIRA REPCJs'K'A: UM. 8.ALA.NÇO HISTOIlXXiRÁFlOO 24S

d"amos necessária para a viabiliVlÇAo É igualmenre nQSSO objetivo r" li7JIr


desse ensaio. uma certa reflexllo sobre o conrexto poU­
Finalmente, optamos por nIo incluir tico e inrelectual em que boa par1e desta
os cbamados rexlOS de �poca, produzidos produçllo emergiu. Aí vale deslacar que
no momento da PloclamaçJIn e COI1Iem­ � praticamenre após 1964 que a Primelra
podneos li Primclra República, entre os República toma-se alvo privilegiado de
quais se des lscam aqueles dalados da arençao para historiadores, sociólogos,
décwa de lO, quando um balanço do cientistas poIrticos, economistas, peda­
experimento republicano se impôs pela gogos etc. É tamllbn significativo cha­
comemOiaçAo de um outro ccnten4rio: O mar arenção para o impacto que a pre­
da lndependbK:ia, em 1922. Sem dúvida sença dos chamados "brasilianistas" pio­
a mais importanre traduçAo desre clima vocou neste conrexto. Foi a partir de
de reflexllo critica � o livro À margem dD meados dos anos 60 que eles chegaram
história dD República, organizado por em grande número ao Brasil e, principal­
Vicenlt Liclnio Cardoso. Contando com mente, que seus trabalhos começaram a
a colaboraçJIn de um "grupo muito repre­ ser publicados em português. As temáti­
sentativo de inrelecluais da época", o cas da urbanirnção, da industrializaçllo,
rexto foi publicado em 1924 e só veio a do regionalismo e do federalismo slIO al­
ser reeditado pela UnivClSidade de Bra­ guns destaques que piecisam desde logo
sIIia em sua coleçlo "Biblioteca do PeD­ ser assinalados. A aceitaçllo e a influen­
sameDlO Político Republicano" em 1981. cia destes estudos e a desconfl8llÇ& e as
Vale a pena alentar para esre longo espa­ pol!micas que eles criaram slio tam�m
ço de rempo e, nallllalmenre, considecar características que marcam a produção
suas implicaçOes. Muitos outros livros historiográfica sobre a Primeira
produzidos no mesmo período poderiam República.
ser citados e comenlMos, mas conside­ Uma última escolha reve que ser rea­
ramos que o exame desta numerosa e lizada Como apresentar um material bi­
valiosa produçllo era empreendimento bliográfico 110 vasto e heterogêneo?
para outro ensaio bibliográfico, o que Nossa opçao mais ampla foi organizá­
seria esforço e prelensllO excessivos para lo segundo a esltat�gia dos atores
nós. pollticos na Primeira República, as­
Realirndas todas esras escolhas, resla­ sinalando não só que esre foi um mo­
va ainda a definiçAo da própria estratégia mento chave no processo de formação de
de orgaoizaçao da bibliografia. Nesre atores coletivos em nosso pais, como
caso. algumas observações slIO nece.s.sa!­ também acompanhando a trajetória
rias. Nosso objetivo aqui � apenas o de daqueles que julgamos mais importantes,
produzir um certo mapeam ento do terre­ até mesmo pela atençAo que lhes
no, apontando os caminhos mais percor­ dispensa a literatura. Contudo, alguns
ridos, as veredas que cruzam estes cami­ temas nao puderam ser tratados nesta
nhos e os espaços pouco investigados: os perspectiva. Este é o caso das questOes
" senões" ainda parcam ente conhecidos que envolvem a economia do período -
após cem anos. Desta forma, é nossa agricultura, indústria e finanças -, onde
preocupação assinalar O peso relativo da as reOexOes acerca da bibliografia
produçAo bibliogIáfica sobre certos te­ tiveram que assumir um caráter
rnas e o vazio sobre outros. temático.
246 ErnJOOS HISTóRICOS - 1989/4

Finalmente goslarÚlmos de esclarecer Werneck Sodré (1962) e Hélio Jaguaribe


que uma fonte importante para nosso (1962), entre vários outros.
trabalho foi o Dicionário hisI6rico-bio­ Segundo este modelo de análise, ex­
gráfico brasileiro 1930-1983. Como se presso de maneira clara especialmente
trata de obra de referência, preferimos na obra de Werneck Sodré, Formação
registrar aqui sua contribuição. De resto, hisl6rica do Brasil (1962), a Primeira
nllo temos ilusões quanto ao fato de que República é pensada em termos de um
um ensaio desta natureza sempre contém sistema de dominação do latifúndio, cuja
omissões e falhas, em relação às quais dinâmica se configura em três fases: a da
somos inteiramente responsáveis. Consi­ implantação, em que haveria um predo­
deramos, assim, que corremos um risco mínio do poder da classe média através
desag.adável, mas de certa forma inevi­ da atuação dos militares; a da consolida­
tável e, talvez impropriamente, solicita­ ção, em que o controle exclusivo estaria
mos a complacência dos leitores. nas mãos das oligarquias latifund iárias; e
a do declínio, marcada pela expansão da
burguesia industrial e da classe média, e
2. O. "dono." d. Prlm�r. República pela disputa desses setores pelo controle
do poder. Assim, a Revolução de 30
Fazer uma rcnexão sobre a produ­ representou um connilO entre o selOr
ção historiográfica relativa às oligarquias industrial e agrário ou, na expressão do
,

na Primeira República nos conduz de autor, uma luta entre a burguesia e o la­
imediato a citar alguns trabalhos tifúndio.
clássicos. Quer pelo pioneirismo de suas Este tipo de enfoque sobre a Primeira
contribuições, quer pela innuência que República está inserido dentro de um
exerceram nos debates nas décadas modelo mais amplo de inteljlretação da
posteriores, merecem destaque as obras realidade brasileira cuja tese central de­
de Vítor Nunes Leal (1949), José Maria fende a existência de dois setores sócio­
Belo (1952), Afonso Arinos de Melo econômicos básicos: o pré-capitalista,
Franco (1955), Leôncio Basbaum locali7.ado no campo c expresso através
(1957), Nelson Werneck Sodré (1958) e do latifúndio, onde predominam relações
Celso Furtado (1959), entre inúmeros de tipo semifeudal; c o urbano-capita­
outros. lista, que deu origem a uma burguesia
Mas além desse conjunto de traba­ industrial e às classes médias urbanas.
lhos, deve-se observar que emerge tam­ Um dos desdobramentos desta concep­
bém uma linha de inteljlretação sobre o ção é a caracterização dos conflitos de
sistema político oligárquico brasileiro na classe no país como resultado do antago­
Primeira República que, a despeito de nismo entre O latifúndio - aliado ao
diferenças específicas, destaca a idéia de imperialismo - e as forças nacionais -
que havia uma contradição fundamental constituídas de segmentos da burguesia
entre o setor agrário-exportador e os se­ nacional, da pequena burguesia e das
tores urbano - industriais. Nessa luta, as classes populares.
classes médias teriam o papel de van­ Este modelo de inteljlretação, defen­
guarda das reivindicações burguesas. dido em linhas gerais e de forma signifi­
Alguns dos trabalhos fundamentais que cativa pelo Partido Comunista Brasilei­
ilustram esta perspectiva são Nelson ro, ganhou novas forças nos anos 50 com
247

a incOlporaçllo de algumas dessas teses Finalmenle, para os anos 20, Beiguel­


pelo movimento nacionalista. Com o man afasta a idéia de que a agitação da
movimento militar de 64 e a conseqüenle década e a Revolução de 30 tivessem
impossibilidade de manulenção dessas representado urna luta entre burguesia e
teses, abriram-se espaços para inle.poeta­ latiJúndio. No seu enlender, uma expli­
çOes inova doras acerca da realidade bra­ caça0 aIlernauva pode ser buscada na
sileira. Um II1Ibalho pioneiro nesse qua­ eclosão de uma crise institucional, refe­
dro, ainda que sem ter relação específica rida à transformação das bases estrutu­
com a Primeira República, foi a Revolu­ rais que haviam dado sentido ao sislema
ção brasileira de Caio Prado Jr. (1966). politico-administrativo deseenll1l1izado.
Voltada para a crfuca das ativi dades p0- Além disso, uma vez criado um núcleo
líticas da esquerda brasileira, em espe­ econôm ico voltado para o m ercado in­
cial do PCB, a obra apontava os equívo­ terno, passível de transformar-se em
cos dessas teses e, em decorrência, os componenle dinâmico, alterava-se a po­
erros cometidos na elaboração das esll1l­ siçao do setor agrário exportador dentro
tégias de ação política da economia nacional, Finalmenle, a cri­
Os debaleS produzidos pelo livro de se instalada no setor cafeeiro contribuiu
Prado Jr. produziram seus primeiros fru­ para pôr em evidência a necessidade de
tos, no que diz respeito a uma revisllo remediar o pro gressivo empobrecimento
das interpretaçOes sobre a Primeira Re­ de outras áreas do pais. Um aprofunda­
pública, com a publicação do artigo de mento de algumas destas hipóleses de
Paula Beiguelman, "A propósito de uma Paula Beiguelman para as primeiras dé­
interpretaçao da história da República" cadas republicanas foi realizado por
(1967). Nesse artigo, a autora se propõe Eduardo Kugelmas no artigo intitulado
a analisar criticamenle as leseS de Wer­ "A Primeira República no período de
neck Sodré, defendendo a ausência de 1891 a 1909" (1967).
comradiçoes fundamentais entre setor Um outro lexto fundamental de crítica
agrário e setor urbano-industrial no às teses dominanleS nos anos 50 e 60 é o
Brasil. II1Ibalho de Maria do Carmo Campelo de
Tomando como referência a própria Sousa publicado na coletânea organizada
periodização proposta pelo autor, Paula po r Carlos Guilherme Mota, Brasil em
Beiguelman afuma que a primeira fase perspectiva (1968). Inlegrado ao espírito
republicana não represemou uma do­ da obra, que tinha como premissa
minância dos setores urbano-industriais, colocar todo o passado brasileiro em
e que a politica econÔmica implemen­ queslilo, o artigo de Campelo de Sousa
tada no pe ríodo nllo foi urna resposta sobre a Primeira República propOe-se a
direta aos inleresses urbanos. Acrescenta avançar na revisão das leseS tradicionais
ainda que, pela própria natureza do setor sobre o período. Tendo como eixo cen­
urbano de enlllo, seu antagonismo com o tral a análise do processo polItico-parti­
setor exportador era apenas SUperfICial. dário, a autora conduz seu argumento no
Em relação à segunda fase , que para sentido de demonstrar que o desenvolvi­
Werneck Sodré representou O triunfo do mento industrial não criou um antago­
latiJúndio sobre as demais classes, a au­ nismo com o antigo setor exportador e
tOla faz igualmenle uma crítica severa, que havia uma complementaridade de
apontando a simplificação da análise. interesses das duas esferas econômicas.
ESIOIJOS HISI'ORicos - 1989/4

P.artindo dessa perspectiva, a aullJla dissidentes, que tinham como objetivo


vai retomar a análise das conjunturas golpear a begemonia da burguesia
clalSicamenlC consideradas como de caíeeiJa. Contudo, em virtude da incapa­
. urbanos (governos
e,pnsJlo dos se....es cidade das danais fiaçOes de clauç paia
DoodOi:o, Aoriano Peixoco. lkailles da assumir o poder de maneira exclusiva e,
Foo"""a e a de 20) para com O colapso político da burgoosia do
Irar que esses períodos nIo represcola­ caíé, abriu-se um vazio de poda'. A res­
ram perda para os inleresocs das oligar­ posta pua essa sib'8çlO foi o Eupdo de
quias. Seu babalho aborda ainda a e&raC ­ COllpiOiDlSSO.

terizaçao da política Iqld­ Em 1972, COillO um aprofundamento


blicana e traça um qemdro evolutivo dos de lIe"s babalbos anteriores, Boris Faus­
diferentes governos, dando anfase à to publicou Pequ.enos ellSaios tk Iúst6ria
montagem do pacto oligárquico e da da República. A inlCnçAo destes textos
política dos governadores. Dentro dessa era apresen tar as linhas gerais da forma­
mesm a linha de intu",naçllo, deve ser çAo social btasileira e seu sistuna políti­
assinalado O artigo de Boris Fausto, MA co durante a Primeira República Uma
Revoluçllo de 30", também publicado das idéias centrais do autor é que a COD­
em Brasil em perspectiva. centtaçAo das atividades econOmicas em
Ainda que ,.ao incluídos diretameme áreas geográfIC8S derlDidas pIOpiciou a
nesse debate, mas como wna conlribui­ formaçllo no país de wna eslrulura regio­
çAo importante para o conhecimento da nal de classes. As oposiç!!es entre os
Primeira República, devem ser lembra­ diferentes grupos regionais no interior da
dos os diversos babalhos de Edgar Caro­ dasse dominante ganharam mais impor­
ne (1969, 1970, 1971), que propicianun tância do que as divis!!es setoriais (bur­
aos estudiosos do período o acesso a guesia aglárÍ8, comercial, industrial).
wna grande quantidade de valiosas in­ Com esta anrmaçllo, Fausto nlIo só
fOlllal ç!!eS, além do conhecimento de aprofu nda as críticas às intelptetaç!!es
capos documentais importantes. dualisw (contradiç!!es entre oligarquias
Retomando O debate a partir de seus agrárias e setores urbano- induslriaill),
próprios babalhos e das contribuiç!!es de como oferece novas conlribuiç!!es 00
Beiguelman e de Campelo, Fausto publi­ sentido de melbor explicitar o papel da
cou, em 1970 o livro A Revolução tk 30: oligarquia caíeeira. Em suas palavras:
(
) sua capac idade de articulaçllo per­
M
hist6ria e his'oriografla. Nesse texto, o ...

alltor, abavés de uma análise historio­ mitiu que ela fosse mais que benefICiária
gráfica, aprofunda as às concep­ da açao do Estado e que forjasse as insti­
ç!!es que intupretam os conDitos da Pri­ tuiç!!es escacais e as transformasse no ins­
meira República como fruto das conba­ trumento do seu interesse" (1972, p. 5).
diç!!es antagônicas entre o seta agtário­ Ainda nos anos 70, Boris Fausto 811-
exportador e setores urbano-induslriais, sumiu a coordenaçAo dos babalhos da
e a Revoluçllo de 1930 como o resultado coleção "História Geral da Civilizaçao
fmal desse embate. Em seguida, prop!!e­ Brasileira", até então dirigida por Sérgio
se a precisar o significado desse movi­ Buarque de Holanda. Em 1975 a 1976
mento polftico, carac terizando-o como foram publicadOS os dois volumes de O
resultado de conDitos inba-oligárquicos Brasü republicano dedicados à Primeira
fortalecidos por movimenlos militares República: Estrutura tk potkr e eCOM-
249

mia (voL 8) e Soci�dode � ÜlStilMiç6es defendia a iMia de uma quasc total su­
(vol. 9). A orientaç'c adotada para a bonIinaçPo da polflica econôm ica do go­
publiCIÇIo desses volumes foi a pIwaIi­ >QUO faleral 808 desígnios do &elor ca­
dade, COIn vistas a Í1JUlijiOI_ a colabo­ feeiro. Como desdobralln lc lO lese,
raçlo de autores com Macnles orienla­ o autor elaborou o conceilO de socializa­
çOes IC6rico-melOdológices. A contribui­ çIo de pcrdas, por Ullender que, alravts
çIo destes trabalbos, ao propiciar um de de cambial,
painel dos principais lemas do primeiro foram socia)fzados os prejuízos das oli­
período rq>ublicano, foi fundamallal. garquias, provenientes do declínio dos
Ainda DO campo dos estudos sobec as jA� do café 110 mClcado exlemo,
oligarquias, deve sec enfaljzwfa a contri­ várias conjunlw'8S.
buiçIo dos brasil ianisw que se dedica­ Visando relativizar CS5's intaprcta­
ram aos estudos de corIe regional, lais çOes que privilegiam a oligarquia cafeci­
COIIlO Love (1975 e 1982), Wirth (1975) ra como um alor fundamenlal e quase
e Levine (1975). Esrrs autores desenvol­ exclusivo na conduçao da polltica do
veram jUnlos um projelO comparativo perlodo, lem surgido um significativo
sobre as elites oligárquicas DOS rslados número de trabalhos. NCSIe caso, conlri­
de S Io Paulo, Mina<; Gerais e Pernam­ buiçOes inleressan tes lêm partido de eco­
buco, abaIcando o periodo da PnlClama· nomisras dedicados ao esr!ldo da polltica
çIo da República ao Eslado Novo. Love econOmica e fUl8llCCira da Primeira Re­
já havia anleriormenle publicado um rs- pública.
1!Ido sobre o Rio Grande do Sul, e Eu! Já na primeira metade dos anos 70 os
Soo Pang publicou, em 1979, um estudo trabalbos de Pelaez (1971) e V Uela e
1 sobre a oligarquia baiana Suzigan (1973) ajAcscQlavam a idéia de
Um balanço acerca da produçlo que a conduçIo da poUlica econômica
bibliográfica das décadas de 60 e 70, a leria sido jAedominanle e COOSIaDletnen­
despeilo de suas rspecificidades, de­ Ie influenciada pela ulilizaçlo de princl­
monstra que foi privilegiada a idéia de pios ortodoxos de polllica monelária fis­
que a hegemonia polflica da oligarquia cal e cambial, e assim nao seria um
paulisla, em aliança com a mineira, sus­ reflexo direlO dos inleresses cafeeiros.
le/llava-se na preeminência da economia Estes trabalhos, embora nIo leIIham for­
exportadora cafeeira. Em deconbIcia, o mulado exp1iciwnenle uma explicaçlo
arranjo polltico oligárquico entre Sao do porqoo da ulilizaçao das doulrinas
Paulo e Minas dilava de forma nltida a ortodoxas pelos homens públicos brasi­
orienlaçlo do governo federal. leiros, abriram caminhos para um ques­
As base� de suslenlaçlo dessa pers­ IionarnUlIO das leSeS que inlerprelavam a
pectiva de análise podem ser encontra­ polltica econônti ca da Primeira Repúbli­
das DO IeXIO clássico de Celso Furlado, ca como decorrência imedialJl dos inle-

Formação eco/IÔmica do Brasil (1959). resses do café.


O núcleo centnll de seu argumenlO pau­ Esta revisAo ass.umiu novas dimen­
lava-se no falO de que o Executivo sem­ sOes com 8 publicaçlo dos tnlbalhos de
pre leria aluado no sentido de SUSlenlar Winsron Fritsch, "AspeclOS da polllica
os planos de valorizaçlo do café, e que a econômica no Brasil: 1906-1914"
polllica financeira sempre rsleve vollada (1980), "1924" (1980) e "Apogeu e crise
para beneficiar rsle setor. Celso FurIado na Primeira República: 1900-1980"
250 ESTUDOS InSTO.,COS - 1989/4

(1989). Neles o aulOr questiona o pressu­ entaçao econômica ortodoxa se deveria à


posto de que a política econômica do generalizaçllo da crença, nascida nos pri­
governo federal teria consistentemente mórdios da República, de que a desvalo­
favorecido os interesses corporativos da rizaçllo cambial era um frulO do excessi­
oligarquia cafeeira. Sem negar a posição vo crescimento das emissões de moeda
hegemônica desta oligarquia no Estado Dessa forma, as reformas de 1898/ 1900,
brasileiro, Fritsch relativiza as aflrma­ ao perm itirem a expansllo monetária, te­
çOes de que o governo federal sempre se riam cumprido O vaticínio metalista:
curvou às pressõcs da cafeicultura, no provocaram irremediavelmente a baixa
sentido de apoiar program as de valoriz..- do câmbio.
çao do café e de favorecer a depreciação A aceitaçao deste diagnóstico teve, na
cambial. Baseando suas análises numa época, como conseqüências: 1) bloquear
ampla pesquisa documental, sustenta que quaisquer possibilidades de avanço pos­
o governo federal ou negou seu apoio terior das reformas monetárias; 2) permi­
aos planos de valorizaçãO, como em tir a ascensão da ortodoxia rmanceira.
1906 e 1929, ou apenas interveio de Segundo B arroso Franco, a afirmação
maneira esporádica e limitada. dessa perspectiva contribuiu grandemen­
A explicação para essa forma de pro­ te para que fossem adotados pela elite
cedimento deve ser buscada, segundo política procedimentos econômicos orto­
Fritsch, nas pressões contrárias prove­ doxos, muitas vezes contrários e prejudi­
nientes de outros grupos oligárquicos ciais aos interesses específicos da oligar­
regionais, bem como na oposição dos quia cafeeira
banqueiros internacionais. Nos momen­ No campo das análises dos historia­
tos em que auxOios mais efetivos foram dores e cientistas políticos, essa tendên­
concedidos à cafeicultura, essas iniciati­ cia para relativizru o papel e o peso de
vas não significaram a intençao de dar São Paulo e da oLigarquia cafeeira tem se
um tratamento preferencial ao setor ca­ ampliado no decorrer dos anos 80. Na
feeiro, mas antes de tudo, a de evitar que verdade, o surgimenlO de novos traba­
um declínio demasiado dos preços do lhos que têm como foco de análises seja
café trouxesse graves conseqüências para a atuação das demais oligarquias regio­
O desempenho da economia como nais, seja a revisão do papel das oligar­
um todo. quias dominantes - sao Paulo e Minas
Mais recentemente, este debate tem - tem contribuído no sentido de permi­
tido novos desdobramentos, sendo pri­ tir um melhor desenho do sistema oligár­
vilegiada como conjuntura de análise, quico da Primeira República e de apon­
principalmente, a fase de transição do tar para as complexidades do pacto
Império para a República. Neste caso, oligárquico. ,
vale citar os trabalhos de Barroso Franco Também são contribuições importan­
(1983) (1989) e Steven Topik (1987). tes e que atendem aos dois últimos obje­
A principal contribuição de Barroso tivos acima apontados, os trabalhos de
Franco é apresentar explicações acerca José Murilo de Carvalho (1987 e 1989) e
das origens das motivaçOes econômicas de RenalO Lessa (1988). Os bestia/iza­
para a adoça0 de políticas ortodoxas em dos, ainda que tendo como objelO central
várias conjunturas. De acordo com seu de análise a alJJaçao das camadas popu­
argumento, o cnraizamento de uma ori- lares na primeira década republicana,
PIUMEIRA REPúBUCA, UM BAlANço I!)SIORlOGRÁFlco 251

proporciona ricos elemeniOS para a com­ ronelismo como um fenômeno espe­


preensão das práticas oligárquicas que cífico da Primeira República e o defmiu
visavam impedir a extensão da cidadania como "resultado da superposiÇão de
a contingentes mais amplos da popula­ formas desenvolvidas do regime repre­
çlio brasileira Já o trabalho de Renato sentativo a uma estrutura econômica eso­
Lessa A invenção republicana, inves­ cial inadequada" (p. 20). Assim, o coro­
tiga a gênese e a implantaçao da ordem nclismo não era urna mera sobrevivência
política republicana, concentrando sua do poder privado, cuja hipertrofia cons­
ateoçlio na análise do papel da política tituiu fenômeno úpico da história co­
dos governadores como falOr de estabili­ lonial e imperial brasileiras, mas sim um
dade da ordem oligárquica Na mesma compromisso, uma troca de proveitos
linha está o trabalho de Maria de entre o poder público proglessivamente
Lourdes Janoui (1986) que, ao voltar-se fortalecido, e a decadente influência dos
para a atuaçoo dos grupos monarquistaS chefes locais, notadamente os donos de
após a implantação da ordem re­ terra. Trata-se, portanto, de uma rede
publicana, oferece subsídios enrique­ complexa de relaçOes em que os rema­
cedores para o entendimento dos con­ nescentes do poder privado são alimen­
flitos oligárquicos. tados pelo poder público, em funçao de
Um outro conjunto de textos funda­ suas necessidades eleitorais de controlar
mentai para o estudo das oligarquias na o VOIO do interior. Dessa maneira, coro­
Primeira República é aquele que teve nelismo não deve ser confundido com al­
como quesll!o principal a relaçlio entre o gumas de suas características secun­
público e o privado. A obra pioneira e dárias, como mandonismo c cliente­
que deu uma conIribuiçoo definitiva para lismo. Na verdade, contudo, ele pode ser
esse debate é Coronelismo, enxada e entendido como uma fase do man­
VOIO, de VílOr Nunes 1.eaL Publicado em donismo.
1949, o trabalho represenlOu uma signi­ Diferentemente de VílOr Nunes, Ma­
ficativa inovaçlio no campo das ciências ria lsaura Pereira de Queiroz (1969) e
sociais. Além de apresentar uma consis­ Eul 500 Pang (1979) identificaram co­
tente pesquisa como base de seus argu­ ronelismo com mandonismo, o que per­
mentos, rompeu com teses consagladas mite que o conceilO seja dilatado, perca
que apresentavam a socic.dade brasileira sua precisão histórica e possa ser
a partir de modelos dicolÔmicos e opu­ aplicado a qualquer conjuntura da
nham ordem privada a ordem pública, do história brasileira. Maria lsaura também
qual o trabalho de Nestor DUarle (1939) amplia a caracterizaçlio do coronelismo
é o melhor exemplo. para incorporar manifestaçOCs urbanas,
Preoc upado em estudar o fenômeno em que podem ser definidos como
do coronelismo, o aUlor recuperou a evo­ coronéis comerciantes, médicos,
luçoo do município brasileiro da fase c0- empresários, muitaS vezes desvinculados
lonial até a Constiwiçao de 1946, enfo­ da propriedade da terra.
candoas aIribuiçOes municipais, a eleti­ Contudo, a primeira crítica mais pro­
vidade de sllas administraçOCs, sua recei­ funda às I.CSCS de Vitor Nunes foram
ta, sua organizaçoo policial e judiciária e produzidas pelo hislOriador inglês Paul
sua legislaçoo eleitoral. Partindo desse Cammack (1979). O ponto de partida de
quadro geral, Vítor Nunes localizou o co- Cammack é o questionamcnlO do con-
252 tilUDOS - 198914

ceito de oompiomisso cuone1is'f que caduu pública estA associeda la in�


seria "localmente destilUldo de validez" de Raimundo FaoiO. Os doflOS do
pois o siSlulla poUlico oIiPrqllico poder foi publicado em 1958 e ,,::olado
oi
deve ser enteMido a partir da ooçlo de em 1975, quando IJ()freu um poccslJ() de
cliente1ismo. e sim da Icpi(Sent8Ç1lo de tevislo e ampliaçlc. O livro traia da for­
das clss'>CS dominantes. Para maçlo do palrOnalo brasileiro, vista
esre autor, o modelo de anMise de VItor C(jjIlO um pllCCSSO que se iDlCi8 com a
• • •

Nunes, ao privilegiar a polllica dos fllildaçlo do ESlado JlOI1IIgues e se en­


coronéis baseada 00 clientelismo, nlIo cerra com o governo Vargu. A lese

attibui imponlncia devida à sua aluaçlo central t que o Estado foi sempre onipo­
sóci<reconômica Um oulro aspec to da lente IIO Brasil, e ao burocrá­
critica eslá ""seado na negativa de uma lico ocube a direç1Io dos negócios públi­
das premis!!as do compromisso, isto t, a cos. Como o Estado t o cenlro de IUdo,
dependência do governo em te­ quem o personifica é a classe dirigente.
laçA0 ao coronel para a produçlo de vo­ No calJ() especifico da Prilhelra Repúbli­
lOS. Segundo Cammack, o sistema elei­ ca, com a implanlaçlo de um fealeralis­
toral era controlado pelo goveallo esta­ mo desv irtuado, o CSlam ento burocrálico
dual, e eslava em curso um jliUCCSSO de sofre um decUnio, ou mesmo "t banido
centralizaçlo do poder. Nesse quadro, o ou escorraçado". Ainda assim, O poder
poder público esladual dominava com­ público continua a atuar IIO sentido de
pletamente a s;tuaçAo poUtica e nlIo ne­ solucionar crises econômicas e financei­
cCS!!itava de realizar nenhum acordo com ras e, principalmente, intervir para am­
o poder local, conawzado na figura do parar a cafeicultura.
Com uma pelSpeclÍva diferente, Elisa
A da peaIjoência de alguns Reis (1985) analisa o processo de
pontos levantados por Cam maclt, as li­ consInIÇIo do no Brasil de 1890
nhas básicas da análise de Nunes 1"8\ a 1930. A base de seu argumen to t que
perm anecem aluais. Martins, os inleresses agro-exporl8dores do­
em seu artigo "Clientelismo e IeprC$ên­ minantes no pulodo, ao polilizarem a
laçA0 em Minas Gerais duranJe a Primei­ economia, conferiram ao Estado uma
ra República: uma crllica a Paul posiçlo estrah!gica, que em funçllo do
Cammaclt" (1984), faz uma análise das seu lilftillg político propiciou uma
do historiador ingles, res­ marcada a\llOflOlIlia do RSlado frente a
gatando, 00 fundamenlal, a lese do com­ inla\:S!ll':S sociais. Partindo desse ponto,
promisso coronelisla. J ost Murilo de e retornando algumas conlribuiçOes de
Carvalho, igualmente, em seu verbete Vitor Nunes, a autora demonstra o
"Coronelismo" (1984), recUpeill o amplo cresc imento do Estado republicaM bra­

aoo:ca do Jema e, se por um Iedo sileiro IIO período, attavts da expanslo


reconhece os exageros attibuídos ao va­ da buroci3CÍ8, do aumento de sua capa­
lor do voto na República Velha, nlo cidade fiscal e do próprio aumento das
encara limilaçlo como suficiente forças militares.
para invalidar O modelo de análise de Desse debate, a q UCSllo mais impor­
Vitor Nunes. tante a ser retida t que o público e o
Uma outra linha de trabalho que dis­ privado 00 Brasil Iém limites fluidos e
cute as reIaçOes entre ordem privada e continuam a suscitar amptas discussOes.

PlJNPIIlA aEPOBl1(';': UM BALANÇO fOSIORJOOIlÁRCO 253


sobre o setor agropecuário gaú c ho .
a. AQrIcuI..... . IncluOlrlloIlzaçto Quanto ao caft, deve ser mencionado o
artigo de Boris Fausto, "Expanslo do
Uma bibliografia complemenlar que caft e poUlica cafeeira" (1975).
deve 1I....e.:er nossa alellÇlo para urna Outro ttabalho fundamental relacio­
melhor compuxndlo do papel das oli­ nado à atividade cafeeira t O ctUivtiro
garquias e da prOOuçlo . lca a da le"a, de Jost de Sousa Martins, que
elas reft.lUlle, do os estudos vo/redos se dedica à análise da esoutura de produ­
para a agIicultura e a çIo em SIo Paulo. A tese central do au­
A e-imDIe !Obre a agricul- lOr t de que a substituiçlo do lDbaIho
tura brasileira no palodo repüblicano t escravo oh conduziu ao estabelecillk!h·
bastanle limitada. Diferentemente do 10 do nbalho as!a1eriado nos cafezais,
processo de industrializaçlo, que lem mas sim à implantaçao do colonato.
sido objeto de análises sistemáticas que Acrescenta ainda que essa jOlllac!a de
possibilitam uma vklo dé conjunto e um ttabalho se fundame.uou em mecanis­
esf<X'Ço inteljllv8!ivo. a agaicultma "em

mos de ccr.c:çao intta-«ooOmica, o que
,

sendo examinada em $Cus as.;ectos par. cooseqllenlemenle dificultou sua C8n1C­


ciais. em ttabalhos que oscilam enue lerizaçl!o como uma relaçao capitalista
uma excessi va preocupaçAo com deta­ de produçAo. A exist!ncia, entretanto, de
lhes e um exagero de generalizaç�s. relaçOcs de produção pré-capitalista na
No Ca50 particular da Primeira Repú­ cafeicultura, está subordinada à lógica
blica, silllaçao t ainda mais grave, capitalista, segundo a qual o próprio
inexistindo ttabalhos que propiciem urna capital engendra e reproduz relaçOcs
vido de conjuDlO dessa A pro­ nJIo.capitalislas de produção.
duçlo consiSle de alguns ca­ A1tm dessas conlribuiçOcs voltadas
pÍlulos inseridos em obIas de caráw ge­ fundamentalmenle para algum aspecto
ral tais como His/6ria da agricul/",a especifico da agricultura na Primeira
brasileira, de LuIs Amaral (1940), His­ República, deve ser comemado um outro
,

/6rio ecoMmica do Brasil. de Caio Pra­ conjunto de ttabalhos que, embora tIOOi­
do Jr. (1945), e FormaçÓIJ ecoMmlca do cados à discnssAo da problemá'ica agrá­
Brasil, de Celso Furtado (1959), ou ain­ ria do país a partir dos anos 50, ttaz
da, de alguns poucos ttabalhos dedicado< conlribuiçOes interessanleS para o pri-
,

a alguma regilo, ou algum lema especI­ meiro perlodo republicano. Ao longo dos
fICO, ou algum produto em particular. anos 60 e 70 foram produzidas inúmeras
Como exemplo de ttabalho importan­ obras cuja preocupaçao centtal era rene­
Ie na perspectiva da abordagem regional. tir sobre as dificuldades econômicas do
deve ser lembrado o artigo de Francisco pais e as possíveis alternativas para sua
Igltsias (1985) sobre a agricultura de sUjJCIa�. Nestes textos, um lema que
Minas Gerais na Primeira República. ganhou deslaque foi a avaliaçlo do setor
Podem também ser ciladas vl\rios exem­ agrlcola brasileiro. A pergunta principal
plos de estudos dedicados a uma ativida­ consistia em saber se a agricultura era
de especIfICa Enue eles os trabal hos de um obsláculo ao desenvolvimento do
Jost Gnacarine (1975) e Gadiel Perucci paI� ,
(1978), voltados paia as atividades açu­ Partindo do pressuposto de que a res­
careiras, e o livro de Sandra PesaveDlo, posta para essa queslllo SÓ seria obtida
254 ES11JDOS mSTOIUCOS - 1989/4

através da análise do processo de fonna­ riormente. Segundo este autor, a crise de


ção histórica do Brasil, inúmeros autores 29, ao provocar a queda acenwada dos
vollaram-se pal1I o estudo da trajetória preços do café, colocou em xeque O fun­
da agricultura do país, sendo a Primeira cionamento do modelo exportador. No
República uma das conjunturas examina­ entanto, a política cafeeira adotada no
das. Nesse sentido inúmeras contribui­ inIcio da década de 30, ao garantir a
çOes podem ser citadas, como Alberto compra de cafés invendáveis externa­
Passos Guimarães (1963), Hélio Jaguari­ mente, assegurou a manutenção do nlvel
be (1962), Nelson Werneck Sodré de renda do país, funcionando como uma
(1962), Delfim Nel10 (1973) e Antônio medida antidepressiva. Se, de um lado, a
de Barros Castro (1971). Merecem ser demanda por produtos importados foi
citados também as contribuições de mantida, de outro, persistiam as dificul­
Maria Veda Linhares e Francisco Carlos dades de importação, em conseqüência
Teixeira da Silva (1979 e 1981). da depressão internacional. Tal siwação
Os estudos acerca da industrialização criou condições favoráveis à produção
no Brasil, generalizados a partir da dé­ interna de bens manufaturados.
cada de 1950 e produzidos em sua gran­ Este tipo de enfoque, portanto, locali­
de maioria por economistas, desenvolve­ za o desenvolvimento das indústrias bra­
ram-se dentro dos marcos do pensamen­ sileiras fundamentalmente nos anos pos­
to cepalino. Criada em 1948, a Comissao teriores a 1930. No período anterior, a
Econômica para a América Latina Primeira Guerra Mundial é interp n-Jada
(CEPAL) tinha por objetivo produzir como uma conjuntura especifica, em que
análises próprias que permitissem um o afrouxamento das ligações do setor
melhor entendimento da problemática agro-exportador com os mercados exter­
latino-americana, em substituição aos nos criou facilidades para o surgimento
modelos teóricos dominantes desen­ do primeiro crescimento industriaJ brasi­
volvidos a partir da realidade histórica leiro. As análises de Conceição Tavares
de outros países. (1973) também s e inserem nessa
Comprometido com a superação dos pelSpeCtiva.
problemas esbUturais da América Lati­ Uma interpreJação diferente é a que
na, tais como a dependência econômica aparece na obra pioneira de Stanley
e a elevação do nlvel de vida das massas Stein, Brazilian COIIOO Manufaclure,
populares, o discurso cepalino organi­ 1850-1930, (1957). A partir de uma cui­
zou-se em tomo da questllo da industria­ dadosa pesquisa histórica, o autor de­
lização. Em sua pelSpec tiVa, colocava-se monstra a importância da expansão in­
como ponto central que os países latino­ dustrial brasileira anterior a 1930, desta­
americanos que lograram realizar sua in­ cando ar o papel dinarnizador das ativi­
dustrializaÇão o fizeram porque conta­ dades comerciais. Conwdo, o trabal ho
ram com circunstâncias históricas desfa­ de Stein teve muito pouca divulgação no
voráveis ao pleno funcionamemo do Brasil nos anos que se seguiram ao seu
modelo exponador. lançamento, e sua contribuição pal1I o
Este ponto de vista, espec ificamente debate acerca da industrialização brasi­
em relação ao Brasil, é e1 prcsso de for­ leira só se efetivou plenamente nos anos
ma clara por Celso Funado no livro For­ 70, quando seu livro foi traduzido pal1I O
mação econô"uca do Brasil, citado ante- porwguês (1979).
PRIMEIRA REPIlBUCA, UM BAUNÇO IDSI'OIUOGRÁFlco 255

De toda forma, com a crise do mode­ introduziu no país recursos em moOOa


lo desenvolvimentista cepalino nos anos estrangeila que passaram a ser utilizados
60, decorreOle do faro de a industriali­ para a importação de insumos e bens de
zaçllO brasileila nlIO ter correspondido às capital destinados ao setor industrial.
expectativas, tornou-se necesdri o buscar Outro trabalho que merece ser citado
novas perspectivas de análise. A tese de é o de Vilela e Suzigan (1973), onde MO
que a expansllO industrial dos países 1ati­ SÓ é questionado o argumento de que as
no-americanos estava asc;ocjacla 80s m0- dificuldades do setor exportador promo­
mentos de crise do modelo exponado< veram a expansllo da indústria brasileira,
- no caso do Brasil, baseado no café - como também é apontado como fator
recebeu duras críticas, e, conseqüente­ importante no estudo da industrialização
mente, um amplo debate sobre O tema o papel das políticas governamentais.
foi inaugurado no começo dos anos 70. Mais recentemente, em seu trabalho so­
A obra de Warren Dean, traduzida em bre as origens e o desenvolvimento da
1971, traria uma contribuição subslanti­ indústria brasileira entre 1855 e 1939
va a esta discussao, recolocando em (1986), Suzigan retoma estas questOCS,
novos termOS as relações entre atividade defendendo a tese de que o desenvolvi­
exportadora e expansllo industrial. Do mento industrial no século XIX foi indu­
seu ponto de vista, a expansllO industrial zido pela expansllo do setor exportador.
brasileila foi uma decorrência do cresci­ Este impulso dinâmico arrefeceu após a
mento das exportaçOes de café, e a Pri­ Primeila Guerra Mundial, uma vez que a
meira Guerra Mundial, contrariam ente partir de 1900, o próprio setor industrial,
às análises até então coosogradas, repre­ embora incipiente, já passara a estimular
sentou, nao um elemento de incentivo, e investimentos. Na década de 1920, em
sim um obstáculo à industrializaçllO. Isto parte devido aos incentivos governamen­
porque, na medida em que a guerra cria­ tais, acentuou-se a diversificaçao da
va entraves para a importaçãO de bens de estrutura industrial. Foi na década de
capital, limitava o aumento da capacida­ 1930, entrelanto, que a crise do setor ex­
de produtiva do nosso parque fabril. portador e a Grande Depressao rompe­
Assim também, a Grande Depressllo e a ram a ligação entre a cafeicultura e o
crise do café quase paralisaram as indús­ crescimento industrial - embora o
trias de sao Paulo em 1930, tendo a investimento industrial continuasse a
seguir dificultado o crescimento indus­ depender da capacidade de importação
trial durante toda a década. •
criada pelo setor exportador -, inician­
Segundo Dean, ao �mover o cresci- do-se assim um processo de industriali­
mento da renda interna, o comércio ex­ zaçao via substituição de imponaçOes.
portador do café criou no Brasil um Esta interpretaçao de Suzigan é, sem
mercado para produtos manufaturados. dúvida, de grande relevância, mas MO
Impulsionou, também, o desenvolvimen­ enfatiza as diferenças e especificidades
to de estradas de ferro e estimulou os regionais do processo de expansllO in­
investimentos em infra-estrutura, o que dustrial.
por sua vez integrou e ampliou este As formulaçOCS acerca da comple­
mesmo mercado. Além disso, o café foi mentaridade entre a economia expona­
responsável pelo aumento da oferta de dora e os impulsos à industrializaçao
mao-de-obra, ao estimular a imigração, e foram igualmente desenvolvidas nos tra-
256 ESIOLJOS lDSlâ'r.os - 1989/4

balbos de um grupo de ecooocuistas da pRUSSO de "retrocesso industrial". Es1a


Universidade de Campinas - Unicamp l*oposIa de gmnalizaçllo do modelo do
-, entre os quais ""S'rlm-sc Sérgio complexo cafeeiro e de sua ap 1�lIo
Silva (1976), WiI'()D Cano (1977), ]010 pai. o entendímento das lealidades ec0-
Manoel Cardoso de Melo (19&2) e I,iana nômica' do Rio de Janeiro, Minas Gerais
Aureliano (1981). A dc.speito de seus e Espírito Santo mcootra-se porém "'c·
enfoques Cspec{frm. esces esclldos tem Ihoot explici'a"a em seu artigo "PadJões
em COillQm a valorizaçlo du' relações difeaa.cier"álS das principais regiOcs ca­
caf�·indústria como fator fundamenlal feeiras (18�1930)" de 19&5.
paoa a compiunslIo do I*IlCCSSO de in· .. texto, tomando como referen·
dnstria1iuçlO no Brasil E, j",!fllbUl&c cial de análise a economia pal!lis18, Cano
por isso, atribuem um '
rdevanl.e 1 propOe-se a explicar as IU.OCS funda·
atiwfade indUSlrial existe<lle na Primeira Ihtntais pelas quais as principais regiOes
República. cafeeiras do período assina'ado tiVClllm
De acordo com estes trabalhos, o dinAmicas distintas de uescimento e de
capi.al indUSlrial originou�se na d&:pd. liansfonnaçllo econômica. O elemento
de 1880, na CSte;1ll de um dpido pi(J(�,s· fundame,llal de difaenciaçDo enlre SlIo
so de acumulaçllo oc:orrido no selar ex· Paulo e as demais regiões consistiria no
portador de caf�. ConIudo. a relaçllo en· faro de que apenas naquele ESlOOo cons·
ue o capital cafeeiro e o c:apilal indus­ tituiu·se plenamente o complexo cafeei·
trial elll contraditória, em funÇllo da ro, já que. nos demais, as reJaçoes s0-
sllbordínaçllo do segundo ao primeiro, e ciais de produção vigentes e as peculiari·
des'" ao capilal inlemaCionaJ. Assim, o dades da cOlllel'c ializaçllo e do financia·
desenvolvimento do capilalismo baseado mento do café nlIo o pennitiJam . Assim,
no combcio do café, ao mesmo tempo o elemento capaz de explicar seja a ex­
que estimulou o deSCílvolvimento indus­ pansao industrial, seja a perda de di·
trial, impôs-lhe limites que pennitem namismo desta atividade, seria a relaçllo
caracterizá-Io como tardio e CO SlI
•te:(fico. café--indústria.
Do conjunto de esIudos pioouzidos na De acordo com esta pelSpeclÍva COI!·
Unicamp\ des'=mos aqui aqueles reali· plemencarista, no caso de SlIo Paulo, o
zados por Wilson Cano (19TI, 1978 e elemento propulsionado< , da industriali·
1985), que. ao analisar O caso de SIo zaçllo leria sido. portanto, o desenvolvi·
Paulo, oferece também propostas de in· mento da IavOUlll cafeeira. Instituindo
!erpn:'açAo sobre a industrialização no desde cedo o b'abalbo livre, SlIo Paulo
Rio de Janeiro. De fato, seu modelo do leria eliminado um ócio à expanslo do
complem cafeeiro, deslinado a explicar café, e ao mesmo tempo uiado um amo
as origm. e o dínamismo da indústria pio meJCado p8lll produlOS alimentícios
paulista, pressupOe a possibilidade de e industriais. Por outro lado, a expansAo
generalizaçllo para as demais áreas cafe­ da IavouJa teria também ampliado as
eiras do pais. bases de acum"laçao, abrindo oportuni·
Já em seu trabalho de 1977, utilizan· dades de inverslJo de capital lanto no de­
do os mesmos procOOimenlOS de análise senvolvimento de uma agricullUlll Ihel-
,

a partir da realidade paulista, canti l como na indústria. Finalmente,


Cano prOCUlll demonstrar como e por teriam surgido condiÇ<les pila a criaçllo
que a economia c:arioc:a teria sofrido um de um mercado de trabalho livre que
257

reduzia a presslI<> dos custos da produção preocupados com diferenciações regio­


industriaJ. nais no processo de expansllo industrial,
Enquanto Silo Paulo se expandia, a foi abrir novas JlC.ISjJCCtivas de análise,
utilizaç� mais imensa e prolong:v!a do rompendo com uma visão dicot.Om ica, ao
tnlbalho escravo na cidade e no Eslado defender a hipótese de que a industriali­
do Rio teria esv37.iado a possibilidade de zaçao surgiu como resultado dos eslfmu­
criação de um setor agrícola dinâmico los produzidos pela conjugação de perío­
que pudesse !rocar impulsos com o setor dos de diriculdades e de expansao do
industrial. DificullaIldo O aparecimento setor exportador. As concl usOes de F.
de um mercado de lrabalho livre e am­ Versiani (19&0) indicam também que o
plo, o escravismo prolongado teria impe­ setor cafeeiro nlIo constituiu importante
dido O desenvolvimento da produção de fonte de recursos diretos para a indústria,
gêneros alimenlicios baratos - capazes e que os capitais para a nova atividade
por sua vez de baratear o custo da força provieram principalmente do comércio
de lrabalho - bem como a criaçao de de importação e do reinvestimento de
um mercado consumidor para produtos lucros do próprio setor fabril.
indus trialiVldos. Por inferência, conclui­ Por rim merecem ser citados ainda
se que, na medida em que a antiga como contribuições imponantes os Ira·
economia cafeeira do vale do Paralba e balhos de Nlcia Vilela Luz (1960), Eulá·
da regiao de Minas declinava, toda a lia Lobo (1978) e Bárbara Levy (1980 e
economia fluminense e carioca entnlva 1989).
num processo de "inexorável suoria". Esses diversos estudos sobre a indus­
Uma outnl proposta de interpretaçãO trialiVlção. tiveram um papel fundamen­
sobre a expansllO industriaJ na Primeira laI ao reforçar as interpretações sobre o
República é apresentada por Versiani e sistema polftico brasileiro na Primeira
Versiani (1977 e 19&0). Um dos pontos República. que questionam a existência
cenlrais do argumento desses autores é a de uma contradição fundamenlal enlre o
defesa da tese que o Estado desempe­ setor agrário-exportador e os setores ur­
nhou um papel positivo na promoção do bano-industriais. demonstrando que a
desenvolvimento industrial brasileiro expansllO industrial nlIo criou um anta­
antes de 1930. Este apoio concretiwu­ gonismo com O setor exportador e que
se, inicialmente, atnlvés de uma polbca havia uma complementariedade de
de proteção alfandegária deliberada e, interesses das duas esferas econômicas.
posteriormente. atnlvés da conc essl!o de
incentivos e subsldios a indústrias espe.
cíficas. Estudando o desenvolvimento da 4. SoIdadol, lenentee • generll.: OI mili­
indústria de tecidos de a1godao, esses tar.. entram ne cena poUtlc8
autores sugerem que o desenvolvimento
industriaJ deu-se de forma dclica, alter­ Um outro ator político de fundamen­
nando fases de aumento de capacidade laI imponAncia e que mereceu análise
produtiva e fases de aumento da capaci­ cuidadosa da historiografaa sao os milita­
dade de produção. Essa alternância seria res. Nada mais natural, já que foram eles
fruto da variação da taxa de câmbio. que proclamaram a República. entrando
Uma outnl contribuição de Versiani e a pa1Úr dai no cenário político para nlIo
Versiani, ainda que nao espec ificamente mais se afastar.
258 ESl1JIJOS IDSTORJCOS - 1989/4

Praticamente até os anos 60, glande ciais. Estrutura-se assim urna linha de
parte da produçlio bibliográfica volrada interpretação "classista" . sobre o
para O estudo dos militares eslava inseri­ movimento tenentisla e sobre a atuação
da denlrO dos modelos de inteipretaÇllo dos mililares na Primeira República.
que enfocavam a dinâmica da Primeira Esla concepçlio encontra campo próprio
República como resullado de uma oposi­ nos anos 50, sobretudo entre os seguido­
ção entre oligarquias rurais e setores res de uma teoria marxiSIa mais econo­
urbanos. O livro clássico que serviu de miciSla e determ inisla.
base a essa inlerprelaçlio foi o O semido Até meados dos anos 60, pode-se di­
do lenenlismo, de Virgínio Sanla Rosa. zer que é esla inlerpreraç!lo que domina

Publicado em 1933, teve sua reedição os textos sobre mililares, quer sejam
patrOCinada pelo ISEB nos textos "Ca­ mais ou menos acadêmicos. Os primei­
dernos do Povo Brasileiro" em 1963. O ros trabalhos que criticam esla orienla­
prefácio de Nelson Werneck Sodré cor­ ção são artigo de Maria do Carmo
robora e revigora a interprelação de San­ Campelo de Sousa (1968), e os livros de
la Rosa: Boeis Fausto ( J 970) e Décio Saes
(1975). Em suas análises estes autores
"O tenentismo, entre o fim da Pri­ conteslam a tese de que os mililares re­
meira Guerra Mundial e o Eslado presenlavam politicamente os interesses
Novo, ocupou o cenário brasileiro, das classes médias urbanas, deslaCando
avullando como manifeslaÇlio polí­ igualmente a ausência de um projeto
tica cuja complexidade escapava, mais modernizador e industrializante.
via de regra, à análise dos contem­ Ao longo dos anos 70, e no bojo das
porâneos. ( ...) Virgínio Sanla Rosa novas tendências teóricas que privilegia­
foi o iniciador de sua exala con­ ram o papel do Estado na condução do

ceituaçlio: colocou-o em seus devi­ desenvolvimento brasileiro, emerge um


dos termos. E fez tudo isso na se­ oulrO tipo de interpretaçlio. A ação dos
qüência dos próprios acontecimen­ mililares e do movimento tenentista
tos, com as personagens ainda no passam a ser enfocados tendo em visla
palco". uma variável fundamental: o pertenci­
mento à corporação mililar. Este tipo de
A intelegibilidade da Primeira Repú­ análise, que valoriza o papel da organi­
blica para Sanla Rosa eslava no choque zaçlio mililar como instrumento de soci­
entre as oligarquias e as classes médias alização política e de formação de qua­
urbanas, que tinham como sua vanguar­ dros, tem como seus melhores exemplos
da política os mililares. Seu foco de aná­ os textos de Edmundo Campos Coelho
lise está nos anos 20 e no papel que os ( 1 976) e José M,urilo de Carvalho
tenentes desempenharam na Revolução ( 1977). É inegável a importância, para o
de 30. Tenentismo e Revoluçlio de 30 desenvolvimento deste tipo de reflexlio,
são dois temas de análise imbricados dos acontecimentos ocorridos no pós-
desde enl.'lo. 1964, mais particularmente no pós-I968.
Na vislio de Sanla Rosa, os mililares Este modelo de inlerpreIação organi­
puderam desempenhar este papel de zacional seria contudo relativizado pelos
vanguarda política do "povo brasileiro" trabalhos de Maria Cecflia Spina Forjaz
devido a suas origens e articulações 50- (1977, 1978, 1988). Mantendo sempre a
PRIMEIRA REPúBUCA: UM BALANÇO lDSTORJOOR.Ã.ACO 259

mesma linha de análise, a autora assu­ do pelos movimentos que envolveram os


me a dimensao corporativa como ele­ mililareS neste período, a saber; o jacobi­
mento explicativo r.s"'ocial, mas suslen­ nismo e o tenentismo. Enquanto o pri­
la a imponãncia das relações desenvolvi­ meiro e sua principal figura - Floriano
das entre mililareS e setores civis da s0- Peixoto - figuram obscurecidos Ianto
ciedade brasileira. Para ela, inclusive, na versão "oficial" dos fatos republi­
teria sido esla a razllO das dificuldades canos, quanto nas próprias análises his-
enfrentadas pelos lenenleS junto à cúpula . toriográficas, o segundo recebe ampla
do Exétcito, que rejeitou e combatlllJ o alençllO e valorização. As caraclerísticas
movimento rebelde. desleS dois movimentos nos ajudam a
Retomando o debate com José Murilo entender tal percurso. O jacobinismo foi
e Spina Forjaz, surgem os trabalhos de sem dúvida um movimento violento que,
José Augusto Drummond (1985, 1986). se envolveu marechais, também en­
A idéia principal deSle autor é a de que o volveu o baixo povo da cidade do Rio de
movimento lenentisla tem um nítido ca­ Janeiro. Já o lenentismo, se não envol­
ráter mililar, defendendo os inleresses da veu generais, propiciou a saga de muitos
corporaçllO e o seu papel de vanguarda heróis e anti-heróis dos anos 30.
como "patrocinador dos direitos do
povo". Para ele, o apoio popular que os
tenentes receberam não foi nem tlIo 5. Ir.. cl •••• operá ri. v.1 .0 .lndlCllto e

grande, nem tlIo sislemático. Nesle senti­ Deu• • o diabo •• tlo nII 1_,. do .01.

do, o lenentismo é uma corrente política


dentro do Exército, que fala para o Exér­ O fim da década de 50 e sobretudo a
cito e mobiliza oficiais de patenle infe­ década de 60 marcam O momento em
rior, nlIo conseguindo alcançar as palen­ que clentlstas SOC13IS nacionaiS e es�
• • • • • •

leS superiores que o combatem vigorosa­ trangeiros - privilegiaram como objeto


menle. Se a inspiraçãO desle modelo de de seus estudos as populaçOes rurais e a
atuaçllO mililar vem do republicanismo classe trabalhadora que povoa as cidades
radical da virada do século - o floria­ durante a Primeira República. Nesta
nismo e o movimento jacobino - nlIO se nova perspectiva, toma-se fundamental
deve, para Drummond, confundir os dois para a comprcensllO da dinâmica mais
movimentos. No primeiro caso houve global deste período, que o foco das in­
adesões significativas da cúpula mililar e vestigaçOes volte-se para o exame de ato­
maior articulação com bases populares, o res co1etivos - concei tuados como
que nllO ocorreu no segundo caso. "classe", ufrnçao de classe" ou "movi·
A questllo do movimento jacobino é mentos sociais" - que eSlavam fora dos
ela mesma objeto de reflexão que parere setores oligárquicos dominantes e que,
crescer a panir dos anos 80. O livro de em geral, eram percebidos como margi­
Suely R. de Queiroz ( l987) é o melhor nais e pouco significativos para a polí­
exemplo desla preocupaçllO, que até en­ tica coronelisla.
tlIo surgia apenas marginalmente nas É significativo realçar este momento
análises sobre mililareS na Primeira Re­ porque ele é, sem dúvida, o do contexto
pública. do movimento de 1964 com todos os
É interessanle, portanto, rmalizar com seus antecedentes e conseqüenleS dramá­
uma reflex110 sobre o tralamento recebi- ticos no que se refere à mobilizaçllo
260 ES11JDOS HlSIÓRJCOS - 1989/4

popular no e na ddade De uma


campo (;()Iuo ele...enlD cha.e para a organizaçllo
forma geral, podemos dizer que a e atuaçllo pol!tica dos trabalhadores e
litecawra produzida vai nIo só pulCurar para suasrelaçOes com O poder do Esta­
demonstrar a participaçllo social e do. A tdilizaçllo de fontes como dados
pol!tica destes a'O<es no arranjo fede­ estatí!'lÍCffl, documentos de associações
ralista da Primeira República, como tam­ de classe empresaria1 e enirevis1as com
bém postular seu sucesso relativo, mes.­ militantes do movimenlD operário tam­
mo quando (lmocadtx hiSlOricamenle_ bém coostitui outro ponlD inovador de
Azis Sirnllo. Sua análise procura des.acar
A cidade e couelacionar as condições de trabalho
por ocasÕIIo da emergência do sindicalis­
Os estudos sobre a classe trabalhado­ mo na Primeira República - em espe­
ra e os movimenlDs sociais urbanos ocu­ cial os coonilDs grevistas -, com o tipo
pam um grande espaço nesta produçllo. de resistência do patronalD e, sobretudo,
No caso da classe pode-se com o tipo de intervençllo do Estado.
dizer que é SÓ nos inícios da década de Trabalhando de forma comparativa com
60, sob o choque do desmonle do paCID o periodo do pré e do pós-30, o aulDr
populista, que ela se iOf1Ia um objelD pri­ chama a atençllo para o tipo de tradiçllo
vilegiado de reOexAo acadêmica A preo­ organizacional desle primeiro momenlD:
cupaçllo mais geral que move os impor­ uma tradiçllo mutualista (e nlIo corpora­
tantes estudos então produzidos é expli­ tivista), quer na experiência de trabalha­
car as carac terísticas desta classe, que dores, quer na do palrooalD. O exame da
bem ou mal vinha tendo papel funda­ evoluçllo do sindicalismo no Brasil leva,
mental tanlD no processo de industriali­ O a aponlar para um processo de unifor­
zaçllo quanto na experiência política mizaçllo dos tipos de associaçllo - para
liberal democrática do país. E a compre­ o que concorre fortemente o ESlado - e
ensllo destas características nIo se faria para um processo de "racionalizaçllo"
sem um retomo ao periodo da Primeira das relações e açOes sociais destas orga­
República, reconhecidamente o berço do nizações, que se traduz na questão da
processo de induslrializaç�o e de for­ burocratizaçAo do sindicaID no pós-30.
maçllo da classe trabalhadora brasileira. Os Iextos de José Albertino Rodri­
O texlD pioneiro e hoje clássico é, gues (1966) e Leôncio Martins Rodri­
sem dúvida, O problema do sindicaro gues (1966) seriam os dois outros bons
único na Brasil, de Evaristo de Moraes exemplos de estudos que tratam da clas­
Filho, publicado pela primeira vez em se trabalhadora na Primeira República
1952 e reeditado apenas em 1978. É o sob o enfoque do desenvolvimenlD do
primeiro trabalho que recupera a história sindicalismo, proc;urando confrontar os
do movimento operário na Primeira momentos do pré e do pós-30. O primei­
República e chama a atençllo para as ro deles chama a a1ençllo para a relevân­
experiências de legislaçllo social no pré- cia da perspectiva histórica no estudo de
30. Outro livro que também Iem o papel uma instituiçllO social - o sindicato -
de abrir caminhos é Sindicaro e Esrada que afeta o processo de transformaçllo de
(1966), de Azis Simllo. O próprio título toda a sociedade. Neste sentido, O aulDr
deixa nítido O foco de atençllo deste e de critica a ênfase dada ao corte em 1930,
oulrOs aulDres: a questão do sindicalismo COIlsiderando-o exagerado, embora ver-
261

dadeiro. Para ele, laI !nfase advém de o conjunlD de publicaçOes desenv'llvido


uma confusao es.abelecida entre a
cena por Paulo Sérgio Pinheiro e Miehael
evolução do sindicalismo e a evoluçiloda Hall. A eonlribuição de Boris Fausro é
legislaÇilo lrabalhista no Brasil, sendo particularmente importante. Historiador
que o primeiro niIo 6 mero "reflexo" ou consagrado, ele relDma às questOes do
decorrência da segunda, como muitas movimenlD c.perári'l e sindical já aponra­
vezes algumas inrerpretaçOes parecem dos pela Iileratura especializada, lraba­
sugerir. Ambos os livros valorizam a ex­ lhando com o operariado do Ri'l e de
periência vivida pelos lrabalhadores até São Paul'l. Alravés desta eslratégia com­
1930 e siblam sua importância para a parativa - até enlAo muilD pouco se es­
linha mais geral de aluaçAo sindical no crevera sobre a experiência carioca -
país. COlige generalizaçOes e relativiza COR­
Vale 8 pena destacar que esres aulO­ ch.sOes . expandindo e complexificando a
res, que na segunda Jnelade dos anos 60 lemática do sindicalism'l na Primeira
bu scam afrrm ar a presença social e polI­ República. Enue 'lS muilDS ponlDs que
úca dos rrabalhadores no conrexlD da destaca estilo a imponãncia d'l sindica­
Primeira República, eslAo se confronlall­ lismo amarelo, sobreludo para 'l Ri'l, e a
do com uma fOrle verlenre inlerprerativa. força da proposta dos anarquistas, com
Ela pode ser identificada nas análises ênfase para sua dimensao de projelD cul­
dos chamados ''pensadores aulDrilários" tural. Inúmeros estudos selA'l lribulários
das décadas de 30 e 40, que consagraram direra 'lU indiretamenle deste livro de
a visao de uma sociedade brasileira sem Boris FauslD. Dentre eles cabe mencio­
"c lasses" organizadas, sem "opinião nar 'lS textos de Sheldon L. Macan
pública" e, em espec ial, sem qualquer (1 979), Francisco F. Hardman (1984) e
presença significativa de rrabalhadores. AntOni'l A. Prad'l ( 1986), que disculem
Pralicamenle, a única lireratura que recu­ o anarquismo; o !exlD de Zaidan (1985),
perava a alUação desres elemenlDs eram que lida com a experiência d'lS comunis-
-

'lS IexlDS de memórias de lideranças do tas; e a primeira parte do livro de Angela


movirnemo sindical, com as caraclerisli­ Gomes (1988), que lrata de socialistas,
cas naturais de laI tipo de produçAo. anarquistas e comunistas.
O [uo d'lS anos 60 e inlci'l d'lS 70 sa'l O trabalho de Paulo Sérgio Pinheiro e
pródigos em IexlDS que se voltam para a Michael Hall melece alençilo. Paulo Sér­
elas,", Irabalhadora, mas neste momenlD gio, depois da publicaçilo de seu livro
niIo é por excelência a Primeira Repúbli­ Po/{tica e trabalho (1975), dedica-se

ca o al V'l de alençA'l dos estudiosos. O a estudar. localizar e socializar material


período de 1945 a 1964, quando 'l sindi­ documenlal referente à classe rrabalha­
calismo corporativisra convive com os doca, com ênfase para 'l m'lmenlD da Pri­
panid'lS poHtic'ls, 6 'l grande cenlrO da meira República. Em laI empreendimen­
curiosidade, havend'l recuos para a déca­ ID, associa-se a Michael HalI, que vinha
da de 30, quando 'l model'l teria sido lrabalhand'l com as questOes da imi­
m'lntado. Mas já em meados de 70, al­ gração, do trabalh'l n'l campo, e da
guns rexlDS trazem de v'llra 'lS 'llhares e classe operária em Sã'l Paulo (1969 e
os debares para a Primeira República. 1975). JunlDs eles publicam dois precio­
São eles Trabalho ",bafIO e conflilo i,,­ sos v'llumes de documentos: A c/asse
dusrrinl (1890-1920), de Boris rauslD, e opuária fIO Brasil, v'llume I . O movi-
262 ESTUDOS IDSTóRICOS - 1989/4
-

_1110 o�rário (1979); e A classe operá­ Saens Leme (1978) e Angela Gomes
ria no Brasil, volume 2, Condições de (1979) vêm preencher, articulando as
vida e trabalho, relações com os empre­ preocupações sobre O processo de
sários e o Estado (1981)*. Sozinho, Pau­ industrialil.açãO e de formação da classe
lo Sérgio escreve um longo anigo para a trabalhadora a partir de um outro ângulo
"História Geral da Civil ização de vis�o.
Brasileira" ( 1977). De uma maneira geral, o ponto mais
É importante também aponw o papel significativo destes estudos é ressalw a
desempenhado pelos trabalhos de Luiz presença política do ator burguesia urba­
W. Vianna. Em primeiro lugar, seu texto na, analisado até enlllo muito mais por
Libezalismo e sindicato no Brasil (1976), suas carências: fraqueza organizacio­
embora não se concentre no período da nal, ausência de representação política
Primeira República, provocou muitos etc. A presença dos paradigmas europeu
debates e amou como estimulo às rene­ e norte-americano era evidente, e o perfil
xOes sobre o corporativismo e sobre o de Primeira República que se consagrava
movimento sindical, mesmo quando dis­ era efetivamente o de um condomínio
cutia privilegiadamente o papel da bur­ monopolizado pelas oligarquias cafeci­
guesia e do Estado. Desta forma, O autor ras o O esforço daqueles que estudam os
retomou à queslllo da periodização do setores urbanos da burguesia é, portan­
movimento sindical, considerando a si­ to, O de relativizar esta visão. assina­
tuação do mercado de trabalho, e enfati­ lando sua presença na luta por seus
zou a dinâmica das relaçOes entre bur­ interesses chaves (wifas alfandegárias e
guesia-Estado e sindicato, tanto no pe­ regulamentação do mercado de trabalho)
ríodo do pré, quanto do pós-30. Em se­ e qualificando sua forma de organização
gundo lugar, produziu duas das mais polftica. Neste sentido, é importante
significativas resenhas bibliográficas assinalar que foi durante a Primeira
sobre o tema da classe trabalhadora, República e sob o estimulo do próprio
ambas publicadas no BIB (1978 e 1984). movimento sindical que uma rede de
Estas observaçOes ressaltam a impor­ associações de classe se estruturou no
tância para este tema de análise de um Rio de Janeiro e São Paulo, dentre outras
alor que até esse momento vinha rece­ cidades de menor peso no país. Estas as­
bendo pouca atenção da literatura: a bur­ sociações, algumas com tradição que
guesia industrial e comercial. Tendo sido data do século XIX, atuam corno fortes
o objeto do livro de Nícea Vilela Luz grupos de pressão, utilizando a forma
(1975), sua análise era especialmente clássica de um poder de veto e buscando
vinculada às questOes da política eco­ alternativas ao universo da representação
nômica da Primeira República. Assim, pol ítico-partidária .
no que se refere à política social - o Estas conclusOes importam para se
que envolve diretamente as relaçOes com pensar as questOes da industrialização e
a classe trabalhadora e o Estado -, pra­ do trabalho no Brasil do pós-30, quando
ticamente pouco se tinha publicado. É uma proposta corporativista começou a
este espaço que os trabalhos de Mariza ser encaminhada pelo Estado. 00 ponto


• Edgar Cume (1979) tambón organiza e publica um volume de documentos sobre . classe trabalhadora
cobrindo o peóodo que vai. de Isn • 1944.
263

de vista desta resenha impona destacar duranle a Primeira República Os estu­


que, mais uma vez, a Primeira República dos de Boris FauslO sobre as greves de
emerge como um período estratégico 1917, quando urna campanha contra a
para a articulaçlio de interesses de um carestia teve fOrle peso mobilizador, e as
alOr político relevanle como a burguesia dificuldades dos anarquiSlas para organi­
comercial e industria1, permitindo refle­ zar sindicatos, vêm corrobo.-ar a peJSiX'C­
xOes mais refinadas sobre as linhas de tiva dos laços que unem os diversos
continuidade e descontinuidade do pré e segmenlOs sociais da populaçlio urbana.
do pós-1930. Desta forma, verifica-se a complexidade
Finalmente, caroia registrar aqui que e a importância da questllo da participa­
a cidade, durante a Primeira República, çlio política na Primeira República, que
foi nllo só o palco privilegiado do movi­ se contrapõe à estreileza e dificuldade da
menlO operário, como igualmente dos utilização dos mecanismos formais de
chamados movimenlOs sociais policlas­ representaçlio política, circunscrilOs aos
sistas. Neste caso, a cidade do Rio de partidos sob controle oligárquico.
JaneÍ!U, por ser a capital da República e
maior núcleo wbano até pelo menos os O campo
anos 20, surge como principal espaço
para este tipo de movimenlO. Até prati­ No caso dos estudos que se voltam
carnenle os anos 70, os textos que pro­ para as populaçOes rurais, os lemas pri­
curaram tratar da atuação da população vilegiados silo os movimenlOs messiâni­
urbana enfati zaram uma separação entre cos de Canudos, Contestado e J uareiro,
manifestações espontâneas e violentas além da questllo do cangaço. Toda esta
(campanhas, conOilOs, quebra-quebras) e reflexão tem como objetivo principal um
movimentos da classe trabaJhadora (gre­ melhor esclarecimento da lógica que
ves, com destaque), situados como um presidia o paCIO coronelista que coman­
fenômeno à parte. dava a política nacional e estadual du­
O que se pode observar nos estudos ranle a Primeira República. Para isso,
mais atuais que privilegiam esta lemática acentua um ponlO novo e básico: a rela­
é justamenle a preocupação de nllo mais çlio exislenle entre a história política do
distinguir tlIo claramente entre manifes­ pais e a eclosilo de movimentos sociais,
tações da classe trabalhadora e conflitos religiosos ou nlIo, entre a população ru­
policlassistas. Os dois melhores exem­ ral considerada como marginal e atrasa­
plos para o que estamos destacando silo da socialmenle.
os livros de Nicolau Sevcenko, sobre a Esses trahalhos, em seu conjunlO, vllo
Revolta da Vacina (1984), e de José portanlO defender a tese de que os movi­
Murilo de Carvalho ( 1987), sobre a par­ menlOS sociais rurais nllo podem nem
ticipação política na cidade do Rio de devem ser tratados como fatos isolados
Janeiro na virada do século. Em arnbos no lempo e no espaço da Primeira Repú­
os casos praticamente um mesmo episó­ blica. Ao contrário, a inlelegibilidade de
dio 6 analisado, e o que concluímos da tais movimentos só emerge com a per­
leitura é justamente a necessidade de cepçlIo de que eles afetam a política co­
uma linha de ref1exlio que articule empí­ ronelista e silo pa' ela afetados. Em de­
rica e IeOricarnenle os diversos tipos de cOllência, a estratégia de vida e de luta
movimenlOs sociais urbanos ocorridos desleS homens do campo nlio é a do des-
264 ES11JOOS IDSTóRlCOS - 1989/4

ten'O, mas ao conirário, a da participação Iambém mirtimizar a dimensão religio­


poUtica. sa e mlstica destes movimentos rurais,
Este aspecto é para nós fundamen­ defendendo uma explicaçllo de "cunho
!al, pois é revelador de um grande inICr­ material" para suas origens e fins.
locutor de fundo: Os serrou de Eucli­ Seriam razOes de ordem econômica e
des da Cunha. É muito natural, aliás, que polltica que, produzindo o abandono
fosse com esta interp,.."açllo que todos se das populações do interior, provocavam
defronrassem. Euclides da Cunha, em seus movimentos de revolta duranLC a
seu clássico texto sobre Canudos, Primeira República. Tais movimentos,
constrói a imagem de um movimento em decorrência, eram formas de expres­
rural corajoso e violento, expressa0 do são de "vitimas de uma monstruosa
fanatismo religioso de populações organização social", formas esras pre­
atrasadas, porque isoladas física e cursoras e anunciadoras de futuros mo­
politicamenle dos centros da civilizaçllo. vimentos de rebeldia, crescentes à épo­
Isolamento e atraso são variáveis ca da publicaÇão do livro. O trabalho
cruciais em sua análise, pois é de Rui Facó teve grande divulgação,
juslamente a partir delas que a fraqueza sobretudo a partir de meados de 60,
do homem do campo se transfigura em quando se tomou uma espécie de leiwra
força e emerge a figura do serlanejo obrig8lória para toda uma geração de
como o símbolo real da nacionalidade estudanleS universitários que assistia
brasileira. com igual interesse ao filme de G lauber
Nos anos 60 e após experiências nlIo Rocha. Deus e o diabo na lerra do sol
menos violenras e impactanles de confli­ (1964).
tos rurais encabeçadQs pelas Ligas Cam­ Outro trabalho de grande importância
ponesas do NordeslC, a academia se vol­ e influência é O messianisrrw no Brasil e
ta para o ICma do homem do sertllo e no mundo, da socióloga Maria Isaura
retoma sua interpre1açllo magna , mesmo Pereira de Queiroz. Fruto de pesqui­
quando não a menciona diretamente. sas que dalam de 1948, o livro, escrito
Neste conjunto, siluaremos apenas al­ como sua tese de doutoramento na
guns estudos, hoje clássicos da historio­ França, tem prefácio do mestre Roger
grafia sobre o lema. Bastide.·· A proposta de Maria lsaura
Vale começar pelo lexto de Rui é demonstrar a pl'ec<lrie.dade da noção de
Facó, Cangaceiros e fanálicos, escri10 messianismo como uma forma no­
na década de 50 e publicado em 1963.· velesca, dolorosa e atrasada de
Trabalhando com os exemplos de Ca­ manifestação cultural da população
nudos e }IIazeiro, Facó vai conotar posi­ rural. Em sua análise, O m•.ssianismo é
tivamente as categorias de cangaceiro por excelência uma forma do ca­
e fanático, vistas até então com tolicismo popular rústico que percebe a
significado negalivo. Seu estudo vai religiosidade de maneira distinta da

• A lL ediçio, de 1 963, foi feiLt pela Civilizaçio Bruileita. que adquiriu seu. direitos da editon
Vilória. ligada ao PCS. H' wna la. edição de 1965 e a 3•. cdiçio, ""'1. 1 qual trabalhamOl. t de 1972.
•• A I •. ediÇ-io é de 1965 e I la., revuta e aumentada, com I qual trab.Jhamos. � de 1976.
PRIMEIRA REPúBUCA, UM BAu.NÇQ IUSTORIOORÁFla> 265

praticada no I horal, cuja orientação Teixeira MOnleiro ("Um conrronto entre


t dogmática e puritana conforme a hie­ Juazeiro, Canudos e Contestado",
rarquia da Igreja Neste sentido, a autora HGCB) e Walnice Nogueira Galvllo (Na
propOe interpretar os movimentos calor da hora: a guerra de Canudos nos
messiânicos como uma estratégia de jornais), dentre outros.
resposta bem sucedida de uma O texto de MaurIcio Vinhas de Quei­
população marginalizada que integra o roz, publicado em 1966, é inovador pelo
sagrado ao seu cotidiano e o vive como tratamento que dá às fontes.· Para ele,
uma resta: com proci ssOes , cavalhadas, os trabalhos anteriores eram apenas rela­
desafios de viola etc. Uma conclusão tos sobre O Contestado, não havendo real
importante desta tese é a de que, na preocupação com a análise das condi­
perspectiva dos movimentos messiâ­ çOes sociais, políticas e econômicas que
nicos, o "campesinato", mesmo uti­ permitiram sua eclosão naquela região,
l i zando modelos tradicionais de or­ nem com a possibilidade do surgimento
ganizaçãO, passa por um "progresso", de um "homem Santo" que aglutinou
como por exemplo uma economia mais tantas pessoas em tomo de si. Seu traba­
comereial e experiênciBs de "rerorma lho é um eSlUdo sobre a trajetória do
agrária", por via das próprias liderança.. movimento do COOlestado desde a morte
carismáticas, de seu líder santo, passando pelo estabe­
Como Roger Bastide acentua em seu lecimcnto do acampamento religioso e
prefácio, o texto da autora comprova que sua transformação em reduto de guer­
o racionalismo, tido como específico da rilheiros, até a destruição trágica que
sociedade industrial e como rato de des­ envolveu ccrca de 20 mil pessoas. O
truição do misticismo, pode ser "desvi­ ponto a destacar é o de como o autor
ado" deste percurso, seguindo caminhos acompanha o processo que leva os ser­
inusitados no campo e na cidade, ontcm tanejos a instaurarem a sua "monarquia ",
e hoje. Distintamente de Rui Facó, em­ em oposição 11 república dos coronéis.
bora também considerando o mes­ manifestando violcntamente o desejo de
sianismo como um renômeno quc cxige garantir seu direito a terra . Para clc, o
explicação sociológica, Maria lsaura não Contestado é um movimento messiânico
descarta nem minimiza a central idade de de tipo clássico, que tende a readaplar-se
sua dimensão mítica e mística. ao mundo, mesmo quando o recusa de
Impossível, em um ensaio como eSle, forma radical.
discutir, mesmo que brevemente, as Ralph DelJa Cava, que também pro­
in úmeras questOes e propostas da duz nos anos 60, privilegia outro movi­
autora. Seu trabalho é um marco, mento messiânico - o de JU31"iro, no
retomado por autores como Maurício Ccará -, mas ressalta a mesma quesl!!o
V i n has de Queiroz (Mtssianismo t - a da terra - como ponto estratégico
conflito social: a guerra sertaneja do para se entender as relações sociais que
Contestado: 1912-1916); Ralph DelJa se estruturam no Brasil da Primeira Re­
Cava (Milagre em Juazeiro); Douglas pública. Da mesma forma que Vinhas de

• Vale . pen2 dcslAlcar que o aulor trabalha com depoimentos de moradores d. região. proprictirios
e lnlbalh.dores rurais, dele.gadOl de palrei., imigl1lnlcs (recolhidos entre 1954 e 1961) e lambém com
art.ieos de jornais, processos judici'rios c inqumlOS �ici.is.
266 ESlUOOS HISTÓRICOS - 1989/4

Queiroz, o autor utiliza fontes até então De forma geral, todos estes trabalhos
nunca examinadas: arquivos eclesiásti­ sobre os movimenlOs messiânicos, ao
cos, arquivos privados de políticos da ressal tarem a violência no campo, ex­
regillo, periódicos, a correspondência do pOem a outra face da moeda coronelista.
padre Cícero e entrevistas com remanes­ Com o estabelecimento do federalismo e
cemes, realizadas entre 1963 e 1964. A com as crescenlCS disputas por rec ursos
preocupaçllo com a análise documental políticos e econômicos de poder, fica
está fmnada, bem como a recusa da in­ claro que o paclO oligárquico \em equilí­
tcrpretaçllo que vê o movimenlO messiâ­ brio precário. "e VlLor Nunes Ieal cha­
nico como frulO do fanatismo e do atraso ma a a\ençllo, COITo presteza de mestre e
da populaçllo rural. Juazeiro é wn fenô­ como primeiro glande analista, para o
meno de quase meio século, e são suas "ponlO ótimo" des\e paCIO que se traduz
bases místicas e pollticas que possibili- pelo decrescente poder dos oligarcas e
18m tanta coesão e duraçllo. É preciso pelo crescente poder da burocracia de
examiná-lo como um movimento religio­ Estado, os estudos sobre os movimentos
so de cunho popular, cujo sentido políti­ de rebeldia no campo ilustram o seu
co é dado tanto por suas relações com as "ponto péssimo". Amaury de Souza. em
eli\es estaduais e nacionais da Primeira um artigo publicado pela revista Dados
República, quanlO por seus embales com em 1973, que tem o cangaço como seu
a ttierarquia da Igreja Católica. objelO de análise, deixa este aspecto
Nessa mesma linha está o tex10 de muilO claro. MuilO antes da Primeira
Douglas Teixeira Monteiro, que trabalha República existiram rebeldes no sertão
de forma comparativa com Canudos, (millcias privadas existiram desde o séc.
Juazeiro e o Con\estado. A contribuiçllo XVII). Mas é só com o federalismo, de
do autor está em distinguir entre eslCS um lado, e a eX\ensllo do poder central,
movimentos messiânicos, o do ConslCS­ de outro, que esses rebeldes organizam­
tado como o único a possuir carac\erísti­ se em wn movimenlO de cangaceiros que
cas milenaristas, islO é, a postular um vive e explora os interstícios desta
desligamenlO da sociedade instituída em ordem. Este movimento signi ficativa­
nome da instauraçllo de uma comunida­ men\e só é destruído após 1930.
de futura justa e fra\ema. Nem Canudos, O laço que une cangaço e coronelis­
nem Juazeiro possuiriam tais componen� mo é muito fone e vis(vel e \em tradiçllo
teso Nos dois casos, os vínculos com a na literatura de cunho memorialísuco.
polltica oligárquica, e os esforços para a Pata finalizar, é interessante registrar a
manutenção de uma religiosidade que importância para esses estudos dos tra­
nllo se pautava pelo rompimento com a balhos de Eric Hobsbawn. Para ele, os
cúpula eclesiástica, evidenciariam tal in­ movimentos rebeldes podiam ser "con­
terpretação. Engrossando, portanto, o servadores" ou "reformistas". mais ou
mesmo tipo de conclusões defendidas menos violenlOs, mas cenamente não
por Della Cava, o autor vê os movimen­ podiam constituir-se em opçOes revolu­
tos de Canudos e J uazeiro como lendo cionárias. Dois texlOS, pelo menos, fo­
profundas raízes na situaçllo da estrutura ram leitura e inspiraçllo para todos os
eclesiástica católica e significativos que se vol taram para o campo e para os
apoios entre proprietários de terra e rebeldes do Brasil oligárquico: Primitive
comercian\es da Primeira República. Rebels (1965) e Bantlits (I 969).
PRIMEIRA REPÚBUCA: UM BALANÇO IIISTORIOGRÁACO 267

apreensão das marcas que ele imprimiu


Em nome de Roma, ma. na Terra de
fS. na sociedade brasileira. É dentro deste
Santa Cruz contexto que a literatura volta-se para as
grandes reformas que a Igreja sofreu em
Reflelir sobre o período inicial do ex­ meados do século XIX e passa a refletir
perimento republicano no Brasil é neces­ sobre suas implicaçõcs no Brasil.
sariamente considerar a relevância de De forma consensual, a bibliografia
uma inslituição que por mais de quatro situa que com as encíclicas Quanta Cura
séculos manteve estreitos vínculos com e Sy/labus Errorum (1864) Roma passa a
o Estado, fosse ele o metropolitano, fos­ comandar uma política de supremacia
se ele o nacional. A Igreja, através da espiritual do papado que se manifesta na
famosa queslllo religiosa, está nas bases reformulação dos conteúdos do catolicis­
da crise da Proclamação, e a instauração mo e na morali7.ação e nacionalização do
da República é, sem dúvida, um mo­ clero. O ultramontanismo era tanto um
mento-chave para a história do catolicis­ movimento defensivo ante os avanços do
mo brasileiro. racionalismo cienlificista moderno c a
Não se pode dizer que seja eXlensa a ampliação dos espaços das crenças con­
bibliografia que privilegia o estudo da correntes, como um movimento ofensivo
Igreja durante a Primeira República, mas da Igreja através da afirmação da hierar­
pode-se sentir que ela cresee a panir dos quia e da pure7.a da fé calÓl ica. Foi no
anos 70. ESle fato deve-se, em boa parte, contexto desta orientação de renovação e
tanto ao esúmulo produzido pelo movi­ disciplinari7.ação espiritual que se desen­
mento renovador católico que foi espo­ cadeou a crise da proclamação da Repú­
sado pelo clero latino-americano em blica, onde o conservadorismo católico
geral, quando à tensão que, após 1964, foi golpeado com O fim da Monarquia e,
passou a marcar as relaçOcs Estado-Igre­ com ela, do regime do Padroado.
ja no Brasil. Por esta razão, alguns dos A Primeira República se inicia exi­
imporlantes trabalhos sobre a Igreja ocu­ gindo da Igreja uma contundente refle­
pam-se de sua hislÓria institucional e das xão crítica e um grande esforço organi­
relaçOcs que ela manteve com a socieda­ zacional. I l uminar os caminhos desta
de brasileira, destacando aí O período do Igreja neste período é desvendar como
pós-Segunda Guerra Mundial (Thomas ela enfrentou a queslllo da transformação
Bruneau, Catolicismo brasileiro em épo­ das bases materiais que até enlllo susten­
ca de transição ( 1974), por exemplo). tavam culto e clero, e como eslfUWrou
O que gostaríamos de reSsaltar aqui é suas relaçOcs com um novo regime polí­
que o interesse acadêmico pelas relaçOcs tico consagrador das lideranças oligár­
Estado-Igreja no Brasil, motivado pela quicas regionais. São estas reconhecidas
conjuntura dos anos 70, deslancha um dificuldades que alimentam em grande
creseente interesse e reconhecimento da parte interpretaçOcs que vêem o período
imponância do período da Primeira Re­ da Primeira República como um inter­
pública. Através das análises empreendi­ regno do ponto de vista do poder político
das, consolida-se a idéia de que se tra­ da Igreja no Brasil. A separação Igreja­
tava de um momenlO-chave, não SÓ para Estado, eom a perda das regalias assegu­
a compreensão da história do cato­ radas pelo Padroado Imperial, teria afe­
licismo no Brasil, como também para a tado duramente a hierarquia eclesiástica,
268 ESTIJDOS IDSTÓRlCOS - 1989/4

só ocorrendo uma recomposição de seu não apenas relaLiviUl o teor da política


poder por volta de 1930, sob as lideran­ de romanização do Vaticano, como prin­
ças do Cardeal l.eme e de Getúlio Var­ cipalmenle quer SUSlentar que a Primeira
gas. República é um momento fundamental
Este ponlO é importante, pois ele se para a conslrUção institucional da Igreja
sustenta a despeilÓ do reconhecimento no Brasil. Desta forma, Miceli questiona
de que o fim do Padroado foi um fato as abordagens que sustentam a "perda do
ambíguo na própria vim da Igreja Se, poder político" da organiUlção eclesiás­
de um lado, era uma ameaça, pela ins­ tica nestas décac!as e a1inba evidências
tauração de um Estado não confessional que demonstram a conslrUçlIo de uma
que JaiciUlva o casamento, a educação e cuidadosa e profunda rede de relações
oulrOs espaços cativos da fé, era também enlte alto clero católico e novas lideran­
uma salvação, ao exigir do clero um efe­ ças oligárquicas.
tivo trabalho apostólico. O texto de Sér­ De uma forma muito esquemática,
gio L. Moura e José Maria G . de estas evidências têm dois ponlOS fones.
Almeida ("A Igreja na Primeira Repúbli­ O primeiro é o da expansão territorial da
ca", 1977) é um exemplo do que deseja­ Igreja, através do estabelecimento de
mos fixar, pois ele chama a atenção para uma verdadeira máquina organilJlcional
o progresso institucional e para a liber­ de novas dioceses (o que inclui edifica­
dade que a Igreja conseguiu neSle perío­ ções e prelados). A Igreja passa a estar
do, assinalando, ao mesmo tempo, um presenle em todas as capitais estaduais e
clima de ilusório otimismo. No cômputo nas principais cidades do paJs, com ênfa­
geraJ é como se os ganhos - manulen­ se para São Paulo, Minas Gerais e Nor­
ção do presúgio social e político denlre desle. Nesle caso, vale notar que Miceli
oulrOS - não balanceas� as perdas: o endossa a visão de que a Igreja nllo foi
não conlrOle do catolicismo popular; a capaz de incorporar ou domesticar os
descristianizaçãO das camadas superiores movimentos messiânicos como Canudos
da população; o crescimento das crenças e J uazeiro. Mas, para ele, em sua estra­
concorrenleS e o menor poder político. tégia de conlrole, a Igreja monla um
Esla conclusão de fundo sustenla-se verdadeiro "cinturllo de segurança" que
mesmo quando estes autores analisam a impede a difusão desle catolicismo p0-
presença da intelectualidade católica pular rebelde.
desde fins do século XIX até os anos 20. O segundo argumento de peso se re­
O papel de líderes como Carlos de Lael e fere ao invesLimer.to na área de fonnação
Jackson de Figueiredo é sobejamenle escolar, fosse ela dirigida para a repro­
reconhecido, mas sua militância se con­ dução dos próprios quadros eclesiásti­
fronta com um clima de indiferença reli­ cos, fosse dirigida para os quadros da
giosa ou de religiosidades a1lernativas: elite política. Preenchendo um espaço
seitas prolestantes, cultos africanos, espi­ que os grupos dirigentes não conseguiam
ritismo etc.. alender por falta de recursos financeiros
É em relação a eSle quac!ro de fundo e humanos, e também por falta de lradi­
que se deve analisar a proposta de Sérgio ção, a Igreja sela uma fone aliança com
Miceli em seu mais recente livro, A elite os grupos oligárquicos do pais. A
eclesidstica brasileira (1988). Farendo O despeito da educação ser formalmente
pêndulo correr para o oulrO lado, o autor laica e do ensino religioso estar fora dos
PIIWp11tA REPÚBUCA: UM BAlANÇO HlSTOIUOORÁFlCO 269

currículoo, é a Primeira República a Case çAo do Centro D. Vilal e a publicação da


áurea de expansão dos colégios católi­ revista A Ordtm, sob a direção de
cos, especialmente os vol tados para o Jackson de Figueiredo nos anOO 20, dão
ensino secundário de moças e IlIpare8. a precisa dimensão desta estratégia
Apesar de todos esses problemas, (Azzi, 1917; 1982 e Velloso, 1978).
alguns dos quais não resolvidos, a Igreja Longe de estar distante dos grandes
que surge desta leitura está bem mais p0- acontecimentos do período, a Igreja -
derosa e segura, inclusive de seu poder em especial através dos intelectuais
poUtico. A questao central, a nosso ver, é católicos - deles participou e para eles
que durnn te a Primeira República houve se preparou. Nos movimentos nacio­
uma requalilicação do que devia ser o nalistas, nos debates sobre educação,
poder da organiVtÇao eclesiástica. O pró­ eugenia, arte moderna e, em espec ial, na
prio Sérgio Miceli indica laI avaliaçAo, crrtica crescente ao ideário libellll , a
quando destaca a ausência de envol­ Igreja católica é um interlocutor de
vimento poUtico direto por parte de au­ primeira ordem. As décadas de 30 e 40
toridades católicas no BllISiI. Talvez,jus­ comprovam o esmero e a eficácia do alto
tamente por isso, muitas interpretaçOes clero blllSileiro.
insistam na perda da innuência poUtica
da Igreja nesse período, embolll reco­
nheçam seus avançoo em vários setores. 7. Da g ... çlo de 1870 • g...çlo r.publl·
A dificuldade está em ver que Coi cane : oe Int,'.ctuala prole'am a Republlca
nesse momento que a hiernrquia católica do. uua .onho.
discutiu e consolidou um tipo de estraté­
gia para lidar com a poUtica. Uma estra­ No prefácio do já mencionado À
tégia que recusou a COllllaçAo de um par­ margtm da Nst6ria da R.pública, orga­
tido católico (desejado e considerado in­ nizado por Vicente Lidnio Cardoso, este
act) e que
dispensável por Carlos de I. autor dá-nos uma imagem preciooa da
recriminou todos aqueles que desejavam avaliação que os intelectuais tinham s0-
ser "políticos de batina". De certa fOIlIla, bre sua situação e papel histórico durnnte
à desejada visibilidade ritual presente a Primeira República:
nos paramentos, sacrarnentoo, festas reli­
giosas, lugares santos etc., acoplava-se a "Escrevem, porque não puderam
também agora desejada invisibilidade fauc ainda outra coisa senão pensar,
poUtica. Igreja·Estado mantinham fortes mas sentem com a própria obrn que
laçoo, mas aquela nAo poderia nem deve­ vai surgindo (...) o irremediável das
ria se expor aos conflitos e paixOes pro. situaçOes que vão criando: Prome­
prios da arena poUtica institucional. É teus acorrentados pela opinião
preciso assinalar que esta não é uma públiql que os esmaga com o maior
opção universal , já que no Chile, por dos castigos de homens livres: o
exemplo, existiu um significativo partido silêncio horrível de uma nacionali­
católico. dade sem consciência ( . . . )."
En tretanto, absorvida esta orientaçAo, (Cardoso, 198 1 , p.17)
a Igreja está munida de um sólido recur­
so de poder para fundamentar sua mili­ A República fora, antes de tudo, uma
tância, sobretudo entre o laicato. A cria- "idéia" no sentido forte do termo. Um
270 ESTUDOS HISTóRICOS - 1989/4

projeto de ação abraçado por uma gera­ Um dos livros mais imporlantes sobre
ção de políticos e intelecn.ais que, como esle tema, quer por seu pioneirismo, quer
"mosqueteiros", por ele lutaram na vira· pela influência que exerce nos trabalhos
da do século. Décadas após, outros inte­ que lhe são posteriores é A ilustraçáo
loctnais, de uma nova geração que não brasileira e a idlia de universidade
vira a escravidão nem o imperador, quer ( 1959), do filósofo Roque Spencer Ma­
"construir" a República, uma vez que em ciel de Barros. Como O título anuncia, é
seu diagnóstico muito se destruíra e dele o conceito de uma "ilustração bra­
pouco se edificara . O projeto continuava sileira". Ou seja, de que em fms do sé­
a ser o da República; a "vanguarda" res­ culo XIX fonnou-se no Brasil um movi­
ponsável pela educação da elite política mento ilustrado que guardou do ilu­
continuava a ser a dos intelectuais. Ape­ minismo europeu do século XVIII uma
nas os intelectuais não eram mais os crença radical no poder da ciência e,
mesmos, e a República IaIllbém não. ponamo, no papel dos intelectuais, que
A primeira e talvez a maior das con­ iluminariam o país através da cultura, da
clusões que a literatura produzida sobre educação. A esle movimento pertence­
cultura na Primeira República nos per­ riam I3nto libecais como Rui Barbosa e
mite chegar é a do papel de vanguarda Joaquim Nabuco, como "cientificislaS",
política que os intelectuais se aUlO-atri­ positivislaS (ortodoxos ou helerodoxos),
bufam , e a aceilação geral na sociedade spencerianislaS ele. É de Maciel e Bar­
brasileira de que a eles cabia a "missllo" ros, neste sentido, a construção da idéia
de iluminar as elites que con struiriam o de uma "geração de 1870", que teria
povo-nação. Esla literatura é muito vasla renovado a "mentalidade brasileira" e
e di versificada, e a principal razão para que se opunha basicamente à "menlali­
tal fato é a densidade dos debates ocorri­ dade calÓlico-conservadora".
dos neste período. Os mais variados Na primeira parte de seu Iexto, o au­
temas e as mais variadas posiçOes eslllo tor acompanha os debates político-inte­
presentes no campo intelectual. Tratava­ lectnais Que se travaram na virada do
se de enfrentar problemas concretos século, deSlacando autores e aponl3ndo
como os de saúde, educação, agricultura, as questOes mais candentes. Na segunda
imigração, organização do trabalho, ser­ parte, situa a "idéia de universidade"
viço militar, arte ele. como elemento fundamental para se dis­
As múltiplas resposlaS para o desenho cutir O papel do Estado e a posição dos
de uma nova arquiletura política da s0- intelectuais.
ciedade não impediam, contudo, um pon­ Com ceneza, no amplo quadro de
to de convergência básico. O diagnóstico questões da Primeira República, a educa­
realizado pelos intelectuais é o de uma ção foi fundamental pelo entusiasmo que
nação sem consciência, de uma socie­ suscitou e pelos desdobr3(llentos políti­
dade sem povo, mas IaIllbém sem elites cos que envolveu. Os inlelectuais reco­
compelentes e capazes da grande I3refa nheciam que o Brasil não era uma nação,
hislÓrica a que eslavam destinadas. De e uma das mais profundas razOes para tal
. tudo isso emerge a centralidade do papel situação era a ausência de "povo", isto é,
da "inteligência" brasileira por1adora da de um povo educado - ao menos al­
luz do saber, não imporlando, no caso, o fabetizado - que pudesse organizar-se e
paradigma de definição deste saber. constituir uma "opinião pública". Os
I'IUMEIRA REPÚBLICA, UM BALANÇO HISTORlOGRÁACO 271

laços entre educação e cidadania eram em suas análises, pois permitem integrar
óbvios no debate da época. Mas como o tema da educaçllo ao contexto maior
realizar tal tarefa? O caminho deveria ser do perlodo. Assim, é possível vislumbrar
O da "instrução pública" e U1mbém como os anos 20 foram cruciais em
profissional, onde o projeto de trans­ experimentos e disputas, e como o
formaçllo social emergiria "por baixo"? terreno eslava adubado para a ação do
Ele nlIo seria muito longo e arriscado? E Eslado no p6s- 30.
como percorrê-lo? Com os métodos Este mesmo tipo de observaçllo pode
tradicionais manuseados pela Igreja, que ser dirigido aos debates sobre a saúde
investira no ensino primário e secun­ como causa do atraso do país e como
dário, ou com os métodos da "escola razllo da falia de produtividade do traba­
nova", que ensaiava reformas em São lhador nacional. Neste caso específico,
Paulo (Sampaio Dória, 1920), Ceará não dispomos de textos como os de
(Lourenço Filho, 1925), Minas Gerais Nagle, e o livro de Thomas Skidmore,
(Francisco Campos, 1927) e Distrito PrelO no branco: raça e nacionalidade
Federal (Fernando de· Azevedo, 1928)? no pensamento brasileiro (1976), apesar
Uma outra alternativa, provavelmente de ter sofrido uma série de críticas, con­
mais rápida e segura, era privilegiar a tinua sendo uma opçao para se tratar do
educaçllo das elites que posteriormente impacto das expediçOes de Belisário
consuuiriam o povo. Neste caso, o in­ Pena e Anur Neiva sobre o meio político
vestimento deveria ser o ensino unjversi­ e inlelectual . Além disso, ele é útil para
tário, mas não mais vislumbrado nas se trabalhar com a evoluçllo do debale
carreiras "clássicas" de advogado, médi­ sobre raça e nacionali dade, o que envol­
co e engenheiro. Novas possibilidades ve OS temas da imig.aç30, do trabalho do
eram essenciais, e as árcas das ciências homem brasileiro e do homem negro em
naturais e humanas eslavam em aberto. especial. Sobre as relaçOes entre raça e
Além disso, o próprio modelo de univer­ nacionalidade na Primeira República 030
sidade era uma queslllo para o debate. se pode lambém deixar de mencionar os
No trato do tema da educaçllo, os tra­ livros de Renato Oniz (1985), sobretudo
balhos de Jorge Nagle lambém Irnzem seus dois primeiros capítulos, e de André
grande contribuição. Seu l i vro, Campos (1986) sobre Monteiro Lobato.
Educação e sociedo.de na Primeira Re­ Quanto à queslllo do nacionalismo,
pública (1974), e seu artigo na "História vale apontar a publicação em ponuguês
Geral da Civil izaÇãO Brasileira", "A do trabalho do brasilianisUl Ludwig
educação na Primeira República" Lauerhass (1986), produzido como tese
(1977), assinalam os problemas e po­ de doutoramento em 1972. Lauerhass faz
siçOes que dominaram o período. Ele pane do grupo de brasilianislaS que em
chama a atenção para as pregaçOes início dos anos 70, veio ao Brasil inle­
patrióticas que agiUJram os anos 10 e ressado em pesquisar nossa história re­
envolveram educação cívica, serviço publicana. Em seu caso O tema escolhi­
,

miliUlr e exercício do voto, com a do é o da construção da identidade na­


presença marcante de um intelectual ciona) desde as geraçOes de intelectuais
como Olavo Bilac. As relaçOes entre os de 1880 até os anos 30 e 40, quando a
"movimentos-polltico-sociais" e as queslllo nacional torna-se problema polí­
"correntes de idéias" slIo um ponto rico tico capital para o Estado, transcendendo
272 ES11JDOS lUSTÓRlCOS - 1989/4

em muito os debates e projetos das déca­ suficiente para entendermos a influência


das anteriores. da obra. Composta por textos escritos
Mas a preocupoçao de Lauerhass tem em diferentes momentos e para diferen­
um texto antecessor de peso: O caráter tes finalidades, constitui um conjunto
nacional brasileiro (2a. ed., 1969), de que passeia do período colonial ao sécu­
Dante Moreira Leite. Trabalho polêmico lo XX de nossa literawra. Um deles é
e hoje referência obrigatória para todos panicularmente valioso, já que cobre o
os interessados no panorama das idéias momento da Primeira República com
no Brasil, foi produzido como tese de vagar: "Literatura e cultura de 1900 a
psicologia social e difundiu o debate a 1 945". Já em seu início O autor situa o
respeito do "caráter nacional". Outras dilema dos letrados: universalidade e
cOlltribuiçOes importantes sao os livros nacionalidade. Importar "idéias e mode­
de Cruz Costa ( 1 967), Carlos Guilhenne los" é efetivamente imitar? Como apren­
Moua (1977) e Oliveira ( 1 98 1 ), além do der com a Europa sem imitar? O que é

anigo de Bolivar Lamounier ( 1977) so­ ser universal? E possível ser universal e
bre a emergência do pensamento autori­ nacional? Ou, s6 é possível ser universal
tário na Primeira República. O conceito em sendo nacional? E o que é ser nacio­
de "ideologia de Estado" proposto por nal?
este autor tomou-se ponto central no Este elenco de qucslÕCs está implícito
debate de todos os que passaram a inves­ no grande dilema intelectual que define
tigar a natureza do Estado e as relações o campo da literatura e das artes plásti­
que mantém com os intelectuais no pré e cas na Primeira República. Antônio Cân­
no p6s-30. Vinculado a este conjunto de dido nos rala dele ao situar a chamada
temas eslAo também vários texlOS de "Iiteralum sorriso da cidade", expressão
Wanderley Guilhenne dos Santos, dos também utilizada por Brito Broca ( 1 975)
quais gostaríamos de destacar, por seu em outro livro importante sobre o assun­
esforço em diseutir as idéias liberais no la. Para Antônio Cândido, contudo, este
Brasil, Ordem burgul!Sa e liberalismo período é praticamente um interregno
paU/ico ( 1978). entre dois grandes momentos de esplen­
Mas é a queslAo das letras e das artes dor literário: o romantismo do século
que mobiliza por excelência os intelectu­ XIX e o modernismo dos anos 20. Nas
ais na Primeira República e é sobre ela primeiras décadas do século XX, prosa e
que existem alguns trabalhos hoje clássi­ poesia padeceram de excessivo fonnalis­
cos no assunto. Entre eles vale começar mo e de carência de força criativa. Nem
pelo de Alfredo Bosi ( 1 977), onde se mesmo figuras como Euclides da Cunha
mapeia e avalia •• vertentes liter'
dtias do e Lima Barreto são suficientes para con­
período, dando-se " estaque a obras como trabalançar o clima de estética morna
Os sertões, de Euclides da Cunha, e a que domina este momento literário.
autores como Lima Barreto e Hilário Distinguindo-se parcialmente desta
Tácito. Isso, evidentemente, para se che­ perspectiva e aproximando-se em aspec­
gar ao movimento modernista. tos rundarnentais de Maciel de Barros,
O l i vro, porém, que fez escola e é está o trabalho de Nicolau Sevcenko
referência obrigatória é O de Antônio ( 1983)_ Neste texto o autor situa de for­
Cândido, Li/era/ura e sociedade (Ia. ed. ma vívida o ambiente social e político da
1 965). O nome do autor já é indicaçllo capital federal, inserindo aí as expeclllti-
PRIMF.IRA REPúBUCA, UM BALANÇO IDSTORIOGRÁflco 273

vas, desilusOes e rcarazaçOes dos intelec­ Mas é o movimento modernista que


tuais. Trabalha com a idéia da geração concentra a maioria das análises. O que
ilustrada e combativa de 1 870 e apoma nos é posslvel rarer nesIC caso é assina­
para a sua fragmentação. As obras de lar alguns textos como os de Lafelá
Euclides da Cunha e Lima Barreto 530 ( 1 973-4), Francisco Iglésias ( 1 975) e
conCronladas numa dinâmica de sinto­ Eduardo J_ Moraes ( 1978 e 1 988), por
nias e antinomias, e o universo da litera­ exemplo. De uma Conna geral esta litera­
tura da Primeira República que daf tura consagra a visllo de que O modernis­
emerge � mais vigoroso do que no perfil mo �, ainda hoje, o maior movimento de
traçado por Antônio Cândido. renovaçllo artística que já se verificou no
Também voltados para o panorama Brasil. Deseja-se compreender O contex­
literário da virada do século eslllO os tra­ to hislÓrico em que se desencadeou, pro­
balhos de Flora Sussekind ( 1 985 e curando-se explicar por que eclodiu e
1987). No caso de CinemLllógrafo de le­ por que assumiu certas caracterlsticas_
Iras, vale destacar a originalidade da Por OUIro lado, busca-se também cons­
abordagem, que procura apontar como o truir uma periodização do movimento,
desenvolvimento técnico - inlIOduçãO destacando-se Cases no pré-30 (como é o
de novas Connas de registro sonoro e de caso de Moraes) e aspectos distintos no
impressllo - innuenciam o processo de pós-30 (como LaCelá e o próprio A.
produçllo literária e artística em geral. O Cândido).
mundo dos inlelectuais que viveram nas Tomando um caminho distinto e pio­
últimas décadas do século XIX e nas neiro para a análise dos intelectuais do
primeiras do século XX soCre, neste período, eslAo os livros de Sérgio Miceli
sentido, um grande impacto que se re­ ( 1 977 e 1979), que investe em uma soci­
nele em suas vidas c, naturalmente. em ologia do campo intelecwal. Desta Cor­
suas concepçOes e manifestaçOes artís­ ma, ele desvenda aspectos alé enlllo não
ticas. tratados, porque não valorados, desta
NesIC quadro amplo de inIClecruais, temática. Trata-se de saber quais slIo as
uma figura se dcstaca por seu papel de origens sociais dos autores; porque esco­
reCerência obrigatória: Machado de As­ lhem esta carreira, pois trata-se de uma
sis, o Cundador da Acadcmia Brasileira carreira profissional; quem os patrocina
de Letras em 1897. Reconhecido hoje fmanceiran.ente; como eslá eslrUturado o
como o maior dos romancistas brJSilci­ mercado de uabalho e o mercado para
ros, a produção bibliográllca analis.1ndo publicaçOes. A partir destas preocupa­
sua vida e sua obra não cessa de crescer çOes, outras atividades e perfIS de inIC­
em quantidade e qualidade. Alguns dos lectllai� podem ser desenhados: os edi­
mais importantes crlticos li terários e tores, os crlticos literários, o� redatores
cientistas sociais vêm se debruçando de jornais etc. Outro aspecto Cunda­
sobre este autor e seus trabalhos consti­ mental levantado por Miceli é o da rela­
tuem material significativo para uma çllo entre intcleclttais e Estado, talvez o
aproximaçllo com o mundo intelectual ponto mais polêmico de sua tese, sobre­
da Primeira República. Entre esses no­ tudo para o período do pós-30.
mes seria nec essário citar os de Roberto Finalmente seria inICressante regisUllr
Schwanz ( 1 977 e 1 987), John G ledson o trabalho de Laurence Hallewell, O li­
( 1 986) e !(atia Muricy (1988). vro no Brasil ( 1985). Realizando uma
274 ESTUDOS HISTÓRICOS - 1989/4

história do livro no Brasil, o auLOr nos --;


::- . t 968. PeqUtlflos t..Jlwdos dt ciifICU! polfli.ca.
Sio Paulo, Livraria Pioneira Editora. vol. 2.
penn ite uma aproxirnaçllo rica de edilo­ BEl'0, 10"- MlriL
res e casas ediloras, revelando também J969. Hist{xiD da RepWblica. Sio Paulo, Cia. Ed.
este lado pouco investigado da vida inte­ Nacional.
BOSl. Alfr<do.
lectual do país. 1917. "Letras na Primeira República" em
Mas a despeiLO de toda a diversidade, FAUSTO, Boril (ar,.). O Brasil repwblicaltO.
o que surge desses trabalhos é a centrali­ São Paulo, DUel, vol. 2. (História Geral da C.vi­
lizaçio Bruilein., 9).
dade do papel do inteleclual na socie­ BRETAS, Marcus Luis,
dade brasileira, falO aceiLO com certa 1989. "Navalhas e Capoeiras". CiiltciD Hoje, n.
tranqílilidade e consenso durante loda a 59, novo
BROCA, BrilO.
Primeira República. Tal siluaçaO, na ver­ 1975. A. vido lilerdrio fiO Brasil·I9()(), 3L cei.,
dade, só seria eretivamente q,uesliona­ Rio de Janeiro, Josl Olympio.
da, pelos próprios intelcctuais e pela so­ BRUNEAU, Thomb C.
1914, CQloIicumo brarileiro em ipoca ck tralt·
ciedade, após a Segunda Guerra Mun­ siç60. 510 Paulo, Ed. Loyola.
dial, quando a República brasileira e o CAMMACK. Paul.
panorama inteleclual haviam se alterado 1919, "O coronclismo e o compromisso corone­
lista: urna críLica". Caderflos OCP. Belo 1100-
muito. 7..Clf1te, 5: I -lO.
CAMPOS, Andri Luil. Vieira de.
1986. A República do Pu:apaw AmlJrdo: wna

lei/lVa de MONeiro LobalO. São Paulo, Martinl


Bibliografia Fontes.
CANDlOO, Antônio.
ABREU, Marcelo de PaiYL 1985. /...iJualUTa e soc�dod�: estudos tU teoriIJ t
1985. "A drvida pública exlt:ma do Brasil, 1 824- ltulóriIJ Ii/erária. 1L ed" São Paulo, Ed. Nacio·
1931". E.lludcs &oMmicos. Sio Paulo. 15(2): nal (Ia. 0<1. 1965).
167-190. CANO, Wihon.
AMARAL, luis. 1971. Raíus do COllceltlraçdo iNiu.striIJl em Sdo
1940. Hisl6ria ,ual da agricwJllUtJ brasjJ�ira. Paulo. Sio Paulo, Difçl.
São Paulo. Ci.o &I. Naciooal. __ . 1985. "Padrões diferenciados das principais
AUREUANO, Ii'nL regiões edeciras ( 1 850-1930)". Estudos
1981. No 1im.iJJr da illdwsl,uJlizDç40. São Paulo, Eco1tÓmicos. S10 Paulo, 1 5 (2): 291 -306.
Brasiliense. CAROOSO, Femando Henrique.
AUJ, Riolando. 1915. "Doi governos militares a Prudente de
19T1. "Catolicismo popular e autoridade ceie· Monel - Campos Sales", em FAUSTO, Boris
la.tica na evoluçio histórica do Brasil," Reli. (org,). O Brasil republicaflO. Sio Paulo, Direl,
,ido t Socudodt. Sio Paulo, 1 : 125-152. vol. l. (História Geral da Civi izaçào
l Brasileira,
__ . 1 982. "Significaçio histórica da 18ft;' na 8).
soàedade brasileirL" Rt'llLrIlJ lU Cu/flUa Vous. CAR DOSO, Vicente Licfnio.
Pdropolis, 76 (6): 47-56. 1981. À margem da ItUI6ria do República.
__ . 1980. Ao cOllapç40 da ordtm .rocial Brasilia, Ed. UnO.
segwndo o po.riJi\li.rmo ortodoxo brasileiro. São CARONE, Edgar.
Paulo, L..oyola. 1969, A Prinv.ira Rep,u,UCQ (/889·/930); luJo �
B ARROS, Joio Alberto Lins de. COflleXlo. Sio Paulo, Dilel.
1953. Memórias lÚ wn rtvolucilHl4rio. Rio de _ -, ' 1 91 1 . A Repdblica Velha; evoluç60
Janeiro, Civilização Brasileira. poIÍlU:tl. São Paulo, Oifel.
BARROS, Roque Spencer Maciel de. -c:- ' 1912. A. República Velha; ilUtitlliç6u e
1959. A il/IUlTação brasileira e a id/i4 de Wlivtr­ classt..J sociIJis. Sio Paulo, Difel.
sidadt. S10 Paulo, USP. __ 1975. O leflel'llumo (tlCOfltUinv.fltos . per·
'

BASBAUM, t..ôncio. sonagens . programas). São Paulo, D,ifel.


1916. JlistdriD siflura da RepWbJica, dt /889 a --::
:: 1919. Movimento oper4rio fiO Brasil (1 817-
'

/930. 4a.ed., São P-ulo, Alfa-Omega. 1 944). 510 Paulo, DireI.


BEIGUELMAN. Paula. CARVALIIO, JosE MuriJo.
1961. Peq�flcn eSludos tÚ cilflcio política. São 1911. "As forças annadu na Primeira República:
Paulo, Editora Centro Universitfrio, vol. 1 o poder deSC:ltabilizador", em FAUSTO, Boris
PRIMEIRA REPÚBUCA, UM BAUNÇO IDSTORJOGRÁAco 275
,

(OrJ.). o Br(J,JiJ TlpwbliclJlto. SIo Paulo, Direi, Alves de Abn:u. Rio de Janeiro, Forense-Univer­
vo1.2 (História Geral d. Civilizaçio Br ..ileita. .iliria; CPIX>C/FINEP. 4 v. il.
9). DRUMMOND, Jos� Augusto.
;;. 1984. "Co.....eli...o", em DIClONARJO
;-; 1985. A CoIWNJ Pre.Jlu re!'ldu e"4IIJe.J. Sio
-

HlSTORICO-BIOGRAFlCO BRASILEIRO, PaLIo. 8rasiliense (fudo l, hiJlÓri., 103).


1930·1983. Israel Beloch e Ab.ira Alves de -=" . 1986. O movÍIfVlllo tlMIIIUla: Ütl.1Wllç60
Abreu (orgs.), Rio de Janeiro. Forense-Univer­ mililar • cOllfliJo lIuárquico
i (/922·1935). Rio
sitária: CPOOCIFINEP. vol.2. de Janeiro, Grul.
_ -= ' 1987. Os butill/imdo.t: o Rio de JQMiro t DUARTE, Nestor.
Q Repllblica q� MO foi. $lo Paulo. Companhia 1939. A onUm privada e a OI'gallÍUJç40 polílica
das ldras. NJCioMl. Sio Paulo, Ci•. Ed. Nacional (Brasili·
CARVAUlO, Josf Murilo. ana, In).
1989. "As Proclamações da República", Cilnóa DULLES, JoIm W. Foster.
J/oje, na, 59. nov. 1 m. AMrqwto.s e cOfrUUlisltu fiO Brasil. Rio de
CASALECIU, Josf Enio. Janeiro, Nova Ftouleira.
1987: O Par.ido Rtpwblicafto p,JI,úula. Slo FACO, Rui.
Paulo, Brasiliense. 1972. Callgac.iro. e faltÓlicos g"'u� e lUlas.

CASTRO, Antônio 8arros de. 3a. ceI., Rio de Janeiro, Civilizaçio Bra.ileira.
1969. "Agricultura e desenvolvimento no Bra· FAORO, Raimundo.
sil", em CASTRO, Antônio Batl"DC de. 7 tfUQio.f 1958. 0.1 doNU do poder. Rio de Janeiro, Globo.
sobr' (J Economia Br""i/úra, Rio de Janeiro, FARIAS , Osvaldo Cordeiro de.
Fo,�nse. 1 9 8 1 . Meio sle""o de comba.e; did/ogo com
CHALHOUB, S;dney. CortUi,o tU FariM. Rio de Janeiro, Nova Fron­
1986. Trabalho, lor t boltqwim: o cotidiallo dos ..m.
Irabalhadorn fiO Rio de Janeiro da 8tUe FAUSTO, Bori•.
tpoqUl.. SãoPaulo, Bl'1Isiliense. 1910. A Rnolwç40 di. J930. HislóriIJ � lIu'ori(r
COELHO, Edmundo ümpos. ,ra[MJ. Sio Paulo, Brasiliense.
1976. Em bJUca dt wma iJúfltidotk: o EUrciJo t -=- _ . 1972. P�qIUIIOS eMaios fk História da.
Q poUlica 110 sociedade brasileira. Rio de RlplibliCIJ. 1 889-1945. 510 Paulo Cebrap.
Janeiro. Forense·Univeniliria. �
. ("'i.).
COSTA. Caio Túlio. 1975·1981. O Braril RepwblictJllo. S10 Paulo,
1983. O qUI. I o QlIOrqwi.smo. 510 Paulo, Brui­ Direi, 3.vol. (Hi.tória Geral d. Civilizaçio
licnse. Bra.ilciB, 8, 9, 10).
COSTA, Emília Vioui. . 1976. TrtJba/1to IU'btJ"to � confliJo ÜldwlriIJJ
....,
'" ,
1979. Da MOMrqwia d República; If'I{)tMIllOS (189O . J920). Si<> Paulo, Ditei.
dui.Jjvo.r. S10 Paulo, Livr. Ed. Ciência, Hu· "C . 1982. "E_pando do caU e política a­
--:-
mana•. reei n", em O Brasil republicano. Sio Paulo,
CRUZ COSTA, Joio. Dilel, vol. 3 (Históri. Geral d. Civiliuçio
1956. O po.Jitivismo IIIJ RepWbljCIJ (Miar $obu a Brasileira, 10).
hist6ria do positjvumo M Braril). Sio Paulo, FERNANDES, Heloísa Rodrigues.
Cia. Ed. Nacional. 1914. Política l. �egUTaflÇil (Força Pública do
--;:-
_ . 1967. COlllribuiç4o d ltistória das idJüu fIO Es.ado de 540 Pawlo: fwn.damtllIOl ltistÓricos-so.
Brasil. 2&. cd., Rio de Janeiro, Civilizaçio Bra· ciais) . Sio Paulo, Alfa-Omega.
sileira. --;0
;- ' 1978. 0.1 miliuJru como ca,.gOl'io socitll.
CUNHA, Lu;' Antamo R. da. S
i<> Paulo, Global.
s.d. PoIfljca Idw:aciolllÚ 110 Bra.riJ. A profu­ FERREIRA, Mariela de Moraes (cooid.)
.JiollQ./j�40 do elUUto midio. Rio de Janeiro, 1989. A R.pWbIiCIJ M Vdlta ProvíllCiIJ. Rio de
Ed. Eldorado. Janeiro, Ed. Rio Fundo.
DEAN , Wam.:n. F1SHLOW, A.
1971. Á illdwlrioJiwç60 IM $40 Pawlo (1880- 1917. "Origen. e conseqüência. da .ub,tiwiçio
1945). Si<> Paulo, Ditu"" Europo!;' do livro! de importaÇÕCJ do Brasil", em VERSIANl , F.R
EDUSP. (2&. ed., Sio Paulo, Ditei, 1976). e BARROS, J.R.M. FormlJçdo l.cofl6mica do
DELFIM NEI"IO, A. Brarü: ti uperilllci.a da iltdlUtritl/iUJç4o. Sio
1959. O problema do cafi fiO BrariJ. Sio Paulo, Paulo, Saraiva.
Faculdade de Ciências Econômicas da USP. FORJAZ. Maria Cecília Spina.
DELLACA VA, Ralph. 1977. TtIlullumo l. poUtica (Il1celllumo l. cama·
1976. MiúJgre &!m Jwueiro. Trad. Muia Ycdd. diu mLd.·(Jf wbolltU M crise dtJ Primtirll R.pú.
Linhares,., Rio de Janeiro, Pu e Tem. b1icll). Rio de Janeiro, Pu e Tuia.
DICIONARlO Hi.t6ric�Bioarffic:o Br••ileiro. -,-; ' 1978. TeMlllismo e AliIJlIÇa Liberol (1927-
1930-1983. 1984. Coonl. ls..el 8eloch e Aw.. ;:;
1930). Sio Paulo, Poli •.
276 Enuoos ,USTÓ" COS - 1 989/4

-- ' 1 988. Te�fI,smo


j t ForçlU Armadas fIO social no JJrasil (19/7· /937) RIO de Janei ro,
-:
;-
Rt. lloJuçdo de 19]0. Rio de Ja nei ro. Forense­ Ülmptls.
Univenitári•. -,,
_ . 1988. A iflvenç40 do /rabalhümo. São
FRANCO. Afonso Arinos de McUo. Paulo, Vérticx:.
1955. Um u'adista da República; Afrânio lU GUEIROS, OpIato.
Mello Franco t. seu It.mpo. Rio de J aneiro J�é . 1956. Lampião: fMmóTl4r clt um ofiCiai ex·com·
Olympio, 3 vaI. (2a. ed., Rio de Janeiro. Nova baJenlr. das forças volantes. Sal vador , Progresso.
Ag";I." 1 916), IIAIlt-iER, June E.
-,._ . 1973. Rodrigues AJ'Iu; apogeu t. tkc/{nio 1975. Relaç6r..s efllFt civis e mi/ilclru fiO Bro.ri/.
do pruidulcialismo.Rio de Janeiro, José Olym­ São Paulo, Pioneira.
pio; Sio Plulo, EDUSP. IIALL, Míchacl M.
FRANCO, Gustavo BaIlOSO. 1969. TM OT/giAr o/ Moss ImlgrclliCHf in Brazil,
1983. Reforma monf!Iária t. llSlob;
i Jjdodt duranle /87/.J914.Columhia Univcrsity (tcse de dou­
Q transiç40 uPWbUCOffO. R io de Janeiro. toramento).
BNDES, IIAI_LEWELL, Laurence.
__ . 1989. "A primcin: década republicana", 1985. O livro fi() 8rosi/; suo hi.r,ória, São Paulo,
em ABREU. Marcelo de Paiva. Org: A ordem do T.A. QUEI ROZ I EDUSI'.
pr08ruso. Cem OflOS de política uonôm;ca Tt.­ I IARDMA�, Francisco foot..
publiClUtO (J889·J989J. Rio de Janeiro, Campu s . 1984. Nt!ssa páuia, ntm patrão! (vida optrárw t
FRITSCII, Wimton. cwlwro anarquista ltO Brasil) São Paulo, Bnsi·
1980. " 1 924", PuquisQ t plant.jomus/o Iicnse.
uoflÓmico. Rio de Janeiro, IPEA. dC1� 1980, 1I0BSRAWJ\, Eric J.
p.113-114. 1965. Primitive Rebel.f.· Sludju ifl Archaic
- ' 1980. "Aspectos da polhiea econômica do Forrrl$ o/ Social MovefMflls in lhe 19th anti 20th
; :- : 19Q6- 1914", em NEUIIAUS, Paulo (org.)
Bro.il Cenluriu. Ncw York, W,W. l\ortOI\.
EconQmia brasilrra,; wna visdo hirtórica. Rio de = ;-, ' 1969. Bandiu. New VOr\:, Dclacortc. Press.
Janeiro, Campu s. I tOLLOWA Y, lhomas.
_ ,,- ' 1983. Arpt!Ctos da política t!CotWnUca bra· 1978. Vida t mort#! do cOftvinio dt 'laubaJi: a
si/riro na Primúra RrpWh/ica. C.mbridgc, Un i · primeira valorização do co/i. Rio de Janeiro, l'u
versidade de Cambridge (tcse de doutoramento). e Terra.
FRITSCJ-I, Winnon, IGLI!sIAS. Francisco.
t 985. "Sobre as n i terpretações tradicionais da 1971. "Estudos sobre o pcnumcnlo de Jackson
lógica da política econômica na Primeif'l Repú­ dc figueircdo", em Jlistório r. idr.ologia. São
blica". Estudos Econômlco.r. São Paulo, 15 (2): I'aulo. Pcrspccliva.
339 -346. -- - ' 1975. "Modernismo: uma revcrificação da
:-:-
' 1989. "Apogeu e crise na Primeira Repú· in tel i g ê nci a naciun.I", em AVI LA, Aronso
-, .,,- : 1900- 1930", em ABREU, Ma rcelo de
blica (org.). O Modernismo. São Paulo, Perspectiva.
Paiva, org. A. orthm do Progrrsso, um anAf dt � _ . 1 976. R evi são de R aymu n do Faoro".
"

polllica tcoflômica rtpublicaM (/889-/989). Codr.rno.f ocr. Bclo '-Ionzonte 3 ..

Rio de Janeiro, Campus. --.,.,


,-: . (o,g.)
FURTADO, Celso. 1982. Caio Prado ;r. (Jli.flória). São ))aulo,
1959. Formação tconômica do Brasil. São Ália.
Paulo, DireI. : ' 1985. Agric ultu ra em Minas Gerais na
"

GALV ÃO, Walnice Nogueif'l. -:


:-
República Velha" Estudos Econômicos. São
1974. No calor da hora: a glUrra dt Cafludos Paulo, vol. 15.
fiOS jorNJu. 4a. ed. , Sio Paulo, Ática. L'IS'IlTUTO ROBERTO SIMONSEN.
GLEDSON, Jolm. 1979. A problem4lica dtJ industrialização no
1984. TIte dutpti'tlr rtalirm D/ MacJuJdo dt As· JJrasil. São P"'u lo (resenha bibliog rárica) ,

sir: a dissuting ifltuprttatiofl of Dom Caso JAGUARIIIE, Hélio.


nuuro. Liverpool , Great Britain, F. Caims. 1962. Dts�flvolv�fI!o tconôm;co t dtstflvolvi.
. 1986. Mochado dt Auir: ficção t hi.flÓria. fMfltO político. Rjo de Janeiro, Fundo de Cultura.
Rio de Janeiro, Pu e Terra. JANOnl. Maria de Lourdes Mônaco.
GNACARlNE, Josõ, 1981. O coronelismo. São Paulo, Brasilicnse
1975. MA economia do .çúcar. Processo de tra­ n'udo é lIist6ria, 13).
balho e processo de acumulação", cm fAUSTO, -- . 1986. Os sub'tlr.Tsi'tlOl· do República. São
Boris (org.) O Brasil rtpublicano. Sio Paulo, ;
;--
Paulo, Brasilicl\se.
DUel, vol . I (História Geral d. Civili1..ação Hra· KONDER, Leandro.
sileirl, 8). 1988. A deITota da dialética; a recepção das
GOMES, Ângela M. de Castro. idéias de. Mar� no Bra.riJ al� a COfMÇO dos "nos
1979. Burguuia t trobolho: potrtica e legi.doção trinla, Rio de Janciro, Campus.
PRIMEIRA REI'ÚBUCA: UM BALANÇO InSrORIOGRÁACO 277

KUGELMAS, Edu.mo. 1 979. /IislóriD político do abastt!c�1I10 (/9J8-


1 968. A Primeira Repjblica no período de 1891
.. 1974). Brunia, Rinagre.
• 1909", em B ElGUELMAN Paula. Peq"utOs
. LlNIIARcS, Maria Yedda e SILVA , Francisco
estudo! d� cilflcia poIÍlica. Sio Paulo. Pionei ra, C.rloi.
\101. 2. 1981. lIistóriD da agriculturo brasileira. Com­
' 1986. DiflciJ lul�monia; "'" estudo sobr� bales e cQftlrovt.rsias_ São Paulo, Urasilicnse.
-::-
:-
Sõo Paw./o "" PrimLjra R�pWblica. Sio Paulo, LINS, Ivan.
USP (lese de doulOramer'll.o). 1967. /Iislório do positivumo NJ Brtuil. 2a.. ed.
LAFEIA, Joio Luiz. tev. aum., São Paulo, Cia. Ed. Nacional.
1973: "Estética e ideologia: o modernismo em UNS, Wilson.
1930". ArlWMnw, Rio de Janeiro, Paz. e TelTli, 1952. O m/dio São FrlJ1Icisco: lU7IlJ socudodt! dt
ano I , nO 2. , "ureiros e pasloru. Salvador. Livnria Pro­
_ . 1974. /9JO: o crllica � o "wdunismo. São
....". an:.sso.
Pa
ulo, Dua, Cidadet. LOBO, Eulili..
l..A.MOUNlER, Bolivar. 1978. lIislórUJ do Rio dI! )a/Ujro (do capital
1971. "Formação de um pensamenlo polílico comtrcilll QO CQpilQ/ iNiuslf'ial e filtQ.flCeiro). Rio
autoritário na Primei,. República: uma inlcrpre­ de Janeiro, IBMEc..
taçio", em FAUSro, Boris (01'&.) O BrQSiJ u· LOVE. Jo,'f'h.
publica1lo. São Pau �. Direi, vol. 2 (lIislória 1975. O ngiOMlismo gaúcho. Sio Paulo, Pers­
Geral da Ci viliuçio Brasileira, 9). pectiva.
LAPA, Jo-St Robeno Amaral. __ . 1982. A locot1'lQlivlJ: S6.o Paula IIQ fedi!·
1983. Á ecoflomio cafeeiro. São Paulo, Rrui­ raÇiio lNasiltira. Rio de Janeiro, IJaz e Terra..
licnse (Tudo é Hislória. 72). LUZ, Nícca Vilela.
LAUERHASS, Lud wig Jr. 1975. Ao IWlQ pela indYffria/iza.ção "O Brasil. Sio
1986. Ge/úlio Vargas e ° ,riunJo do MciOM­ Paulo, Alra-Omega.
lismo brasileiro: dludo do adve1llo da gUlJção MALTA. Octavio.
MCioltQ.lisla de/9JO. Belo lIorizonte/h.l.Liaia: Sio 1969. OS UMIIUS IIQ revolu.ção masiltira. Rio
P",lo/EDUSP. de Janeiro, Civili7...1çiO Brasi1c.inl.
LEAL. Vitor Nunes. MARAI\1. Sheldon U:slie.
1975. CoroN!/ismo. enrado e '01010. São Paulo. 1979. AM,quisfas, imi,rallles e o movi�lIlo
Alfa-Omega. opt,drio brQ..ti/eiro: /800·1920. Rio de Janeiro,
LEITE, Dante M�ira. Pu e Terra.
1969. O clu61u McioMI brasileiro (hirtõriD de MARTINS, José de 5007.1.
"'"" ideologjlJ). 2a. ed. rev , rd ampl.. São
. 19R6. O cativeiro do terra. 3a. ed São Paulo,
.•

Paulo, Pioneira. l lucilee.


LEME, Mansa S. MARTINS FILlIO. Amilcar.
1978. Á ideologia dos indw.ftriais brasileiros. 1981. A eCOflomia polÍlica do cafi com leile
/9/9·/945. l'elJópolis. Vozes. (/f}{)()·/9JO). Bolo 1I0ri',,"I<, UH�G/PROEJ).
'-ESSA, Renalo. . 1984. "Oientelismo e representação em
....,.,
,,.
1987. Â i1lvuçõo rtpublicafla. São Paulo, Minas Gerais dUnlntc I Primcin. República: uma
Vértice. crilica a Paul Cammeek". Dados, Rio de Janeiro,
LEVINE, Roben. 27.
1975. Á velha Pernambuco na ftlÚrlJção
w.fInO: _,-: ' 1987. TIw! Wh.ite Collor Republic: Palro-
brcuileira. Rio de JaneHo, paz e Terra. 1Iale Qfld 11IltrC!SI Reprt!seltlalio1l i1l MjltQ.s
LEVY, Maria B'rbanl. Gtrois. J889-/910. Dlinoi�, Universidade de Uli­
1977. /lisl6rill do Bolsa de Vo}oru do Ro
i de nais (tese de doutoramento).
)lJ1Ieiro. Rio de Janeiro. IBMEC. MEDEIROS, J.m ...
_ . 1980. "O Encilhamcnlo", em NEUIIAUS. 1978. Idtologia aUJorÍfória 110 Bras;l. J910-
-..".
Paulo (org.). EcollomUJ brasiltirlJ: lU1l(J visão 1945. Rio de Janeiro. Ed. I:aV.
histórica. Rio de Janeiro. Campus. MENDES. Eveiyse Maria Freire.
' 1989. "República S.A". Ciincia /loje, nO 1981. Bibliog'Q.rjQ do pensamento político rt­
-;;
59;-
. novo publicallO (1870-1970). o,.sma, &I. UnO.
UMA, Estácio de. MELLO, J.M. urdoso de.
1965. O mwtdo eslrlJnltc das catlgaUITOS: en­ 1982. O capitolismo tlUdio: conlribuição d re­
saio bio·soâolõgico. Salv.dor h.apoi.
. visão crítica do formoção C! due1lvolvilM"'o da
UMA. Sandra Lúcia Lopes. economia brosileira. São l)aulo, Brasiliense.
1986. O oeste paulislQ e a RepúbliclJ. São P.ulo, MICHU. Sérgio.
Vértice. 1977. Podtr, suo e lelrar ltQ Rep,u,liaJ Velha
UNHARES, Maria Yedda e SI LVA , Francisco (esJwdo cU1I;CO dos dfIQIO!iIlItOS). Sio Paulo,
Carlos Teixeira da. Perspectiva.
278 ESTUDOS lUSTORICOS - 1989/4

' 1979. 'nlldulWDU


c!Q.S,U dirigenl'- no
lo tdrias. Rio de J-neiro, IPEA/lNPES (SErie
-::-
Brasil (1920-/945). 510 Paulo. Oifcl. Monográl"ica, 23).
--=-_ . 1988. A ,-file ecltsidstica brasileira. São PERUCCI, Gadiel.
Paulo, DireI. 1978. A R�pú.blica das wnos
i (1 889-1930). Rio
MONTEIRO. Duglu Teixeira. de Janeiro, Paz e Terra..
1 917. "Um confronto entre Juazeiro, Canu­ PESAVENTO, Sandra latah)'
dOI e Contest.do", em FAUSTO Boris (org.). 1980. R�pú.blica Vt!lho gaúcha. Porto Alegn:,
O Brasil upwblicono. Sio Paulo, Direi, Movimenlo/tEL
vol.2 (Hist6ria Geral d. Civilização Brasileira, -",.
_ . 1983. A Rl!valuç4o FuJualistD. Sio Paulo,
9). Orasiliense.
MORAES, Eduardo Jardim de. __ . 1988. A blUguuia gaúcha - dominoç4o do
1918. A brasiljdtuú 1ftQtÜrnista: SJIJJ dUnens60 capiJal I! disciplino do trabalhe. Porto Alegre,
fiJosó/iaJ. Rio de Janeiro, Grul Mercado Aberto.
, 1988. "Modernismo r'evis itado" Estudos PlNHErRO. Paulo Sérgio.
-;-:
,-
,

Hir,óricos, Rio de Janeiro. 2:220-238. 1975. Política t trabalho fiO Brasil. Rio de
MORAES, Walfrido. Janeiro, Pu e Tem.
1963. Jagunços t hu6is. Rio de Janeiro, Civili­ __ . 19TI. "aaues médias urbanas: rormação,
zação Brasileira. nalure7.a, intervençio na vida política", em
MORAES flLl-lO, Evaristo de. FAUSTO, Bons (org.). o Brasil r�pub[jalfla.
1978. O probltnvJ do sindicalo lÚIico IID Brasil: São Paulo, Direi, \'01.2 (1listória Geral da Civili·
.Jl!1U fi,utdfJnunlos socicl6gicos. São Paulo. Alf. zação Brasileira, 9).
OmegA. - ,,,, '1911. "O p roletariado induSlrial n a
MOTA. Carlos Guilherme.
;:
I'rimeira Repúblic.", em FAUSTO, Boris
1971. A ideologio da culluro brasileira {porl.lo,r (org.). O Brasil rl!pubficaflo. Sio Paulo, Oifcl,
(Ú partida pora lImO' ,t'lludo hisl6rica). 3•. ed., vai. 2 (lIi$l6ria Geral d. Civilização Brasileira,
São Paulo, Ática. 9).
MOURA, So!<gio Lobo c AL\lEIDA, José M.G. -:c
::: . c HALL, Michacl M .
de. 1979. A dan� ofHrdrio no Brasil: DoclIINlltos
1977. "A Igreja na Primeira República", em (/889·/930). VoU, O movimcnlO <>pC"rio. São
FAUSTO, Doris (org.). O Brasil R�pwbJjc.Qno. Paulo, Alra·Omega.
São Paulo, Difel, vol. 2 (l1islóna Geral da Civili­ . c .
c
:::
-:1981.
zação Brasileira, 9). A doss� opl!rdrUl no Brasil: DQC�fllos
MURlCY. K'tia. (/889-/910). vol. 2: Colldiç6u d� !lida � dI! tra­
1988. A razão cirica: Machado de. Arsis e. as balho, r�Jaçõl!.J com os �mprt.Jdrios � o EstDda.
qw.ur6u de. .uw t�mp<J. SIo Paulo, Companhia São Paulo, Rnuiliensc.
das LeLI1I1S. llORTO, Angela, FRITSCH, ülian de A. e PA·
NAGLE, Jo<gc. DILIIA, Syl.i. F. (cd.).
1974. EdUCilç40 e. sQCi�dod� no PrimLira Rl!pú" 1985. Procuso d� modullizaçdo do Brasil,
blica. São Paulo, EDUSP. /850·/910, &onomia � soci�dade: wma biblio·
NEflAUS, P. (cd.). ,raFIO. Rio de Janeiro. Fundaç..io Casa .de Rui
1980. Econo"w brasil�ira: wna vu60 hist6rica. Barbosa/Banco Cn:fisul.
Rio de Janeiro, Campus. PRAOO, Anlônio A. (0fJ.).
OUVEIRA, Lúci. lippi de (coard.), GOMES. 1986. Libtrtdri03 Brasil: fMmóras,
110 i lUlas.
Eduardo Rodrigues, WHA'fELY, Maria Cetina. cultura. São Paulo, Oraliliense.
1980. EJiJ� Uttl!/ectUQI � dtbau poIrtico MS aflos PRAOO Jr., Caio.
10; wma bibliografia cQtUfltada da R�voluçdo 1966. A r�vo/�40 bra-rill!ira. São Paulo. BrlSi­
cú /930. Rio de Janeiro, FGV/tNL icnse.
l
ORTIZ. Renato. -",. _ . 1970. /li.ft6riD uonômiCQ do Brasil. Sio
1985. CuJtlUa brasi/Úra � id�fltidodl! naâONJ/. Paulo, BrlSiJicnse.
Sio Paulo, Brasiliense. PRES1l!S. Luis Carlos.
PANG, Eul Soa. 1982. Prl!slt.J: Lulas � awocrÍlicas. Petrópolis,
1979. CaroM/Uma � oligarquias. Rio de Janeiro, V07.J:.J.
Civiliuçio Brasileira. QUEIROZ, Maria haura Pereira de .
PELÁEZ, C.M. 1968. Os caflgac�iros: lu bondits d' hOfllll!1U
1971. "As conseqüências econômicas da orto­ brÚilil!'Lf. Pans, Julliaru.
doxia monetária cambial e fiscal no Brasil enlre __ . 1976. O musianismo fiO Brasil � lia
1 889-1945." R�vUUJ Brasi/�ira dI! &onomio. 2 1 . mundo. Prcráeio Roger Uastide, 2a.ed., São
-:-:::: c SUZIGAN, W.
' Paulo, Alr.-ómega.
1976. HutórUJ mofl�tdria do Brasil: anti/lu da 1916. "O eoronclismo numa interpretaçio
.
__ '

política. camporlafMflta � irutiruiçõu mOfl�' sociológica", em FAUSTO. Boris (arg.). O Bra-


, PRIMEIRA ItEPÚBUCA, UM BAlANÇO HISTORlOGlIÁflCO 279

sil r�pwblictJllo, Sio Paulo. Direi, '101. 3. SILVA. JoK Luis Wemeck.
(HU:lória Geral da Civilizaçlo Brasileira, 9). 1989. O 15 de novembro e a imprensa de
..

QUEIROZ, M.urldo Vinha. de. Paris". CiJltCÍD lIoj�, nO 59, nov.


1 966. Messianismo e eoll}1iJo social . Q ,.arro SILVA. Hélio.
nr'tJMja do COlllut/UÜ); 1912-J9/6. Rio de 1972. 1 889: Ao R�púbJieo não �spero" o ama­
Janeiro. Ciyj!juçJo B,,.Iüeira. II�c�r. Rio de Janeiro, Civilizaç.lo B rasileira.
QUEIRoz. Sudy Robl... SILVA. Sbgio S.
1987. Os radicau da RepJJblica. $10 Paulo. Sra- 1976. E:tp0ns4o caJuira � orjg�m da illdYSlrÍD
•ilienU!. 110 B rlUiJ. 510 Paulo, Alfa-õmeg
•.
RAMOS. Guem:iro. SILVEIRA , Rosa Maria Godoy.
1961. 1l crise do potkr ft.O Brasil, Rio de Janeiro, 1978, R�publieollismo � Juu.rtÚismo; "'" �SUMJO
Zabar. da implallloção do R�público bra.riJ�iro (1889-
REIS, Elisa Pereu.. 19(2). Brasrua, Senado Federal.
1 985. Klntereuel Isroexportldores e SIMÃO. AziL
conlribuiçlo do Estado; Brasil de 1 890 . 1930", 1966. Sindicato e &todo. Sio Paulo, Dominus.
em SORJ, Bemudo e CARDOSO, Fernan­ SIMONSEN. Robeno C.
do Henrique (olg.). Economia e movimentos 1935. Asputos do história econ6mica IIDCWNJ/.
socÍtJiJ lia !.,"lrica LalUta. 510 Paulo, Brasi­ Sio Paulo, Revista doi; Tribunais.
liollc. __ . 1973. EvoJllf60 i"dustrial do 8rlUil �
RODRIGUES, A.no Mari. Moog (OTE.). o/JJros tU�ctO$. São Paulo, Ed. Nacional.
1981. A Iguja lia República. BruOia; Ed. UnO. SINGER. P,ul.
RODRIGUES. Jost Alt>enino. Im. o Brasil no contexto do capitalismo in­
..

1 966. Silldicato e dutllvol\lilPlu" o /tO Brasil. Sio ternacional, 1 889-1930", em FA USTO, Bo­
Paulo, DiJeJ. ris (org.). O BrlUil r�p"blica"o. Sio Paulo,
RODRIGUES. LWndo Mutin•. Direl,vaI. 2 (História Geral da CiviLizaçio Brasi­
1 966. COllfliJo Ütdurlri41 t sindicalismo /tO Bra­ leifll).
sil. 510 Paulo, Oifcl. SKlDMORE. Thom.. E.
SAES. D&io. 1 m6. Pr�to br(Utco: raça � flDciOflQ/idtJd� 110
110
1 975. Closn mJdiD t poJ(ca
JÍ /tO P,jlM;ro Rtp';'· /UIISOntLlfto bra$jl�iro. Rio de Janeiro, Pu. e
bliaJ br/Uilevo (1889-/910). Petrópolis, Vous Tem.
(Sociologia: Brasileira, 3). SODR�. Ndson Werneck.
--;;_ . 1 985. .... lorWIIJçdo do Errado blUguis ft,(} 1943. Formoçtio do sociedad� brasiJ�irlJ. Rio de
BrlJ.1iJ: (1888-/89/). Rio de. Janeiro, paz. e Tem Janeiro, José Olympio.
(Estudos Brasileiros, 86). _ . 1962. Formoç60 histtSrica do BrtUi/. Sio
-;:-
SAES. Aivio A.M. de e SZMRECSÁNYl. T.rnb. Paulo. Brasiliense.
1 985. "O Capital estrangeiro no Brasil, 1 880- "7 - ' 1965. JlisltSria milillJr do Bra.riJ. Rio de
1930." Estudos Económicru, Slo Paulo, 15(2): Janeiro, Civilizaçio Brasileira.
1 9 1 -220. _ . 1975. Formaç60 histdrica do BrlJ.1il. Sio
-;:-
SANTA ROSA. Vi'g!nio. Paulo, Brasiliense.
1 933. O s�lIIido do t�II�lIIismo. Rio de Janeiro, SOUSA, Maria do Canno CampelJo de.
SdlmidL 1972. "O processo politico-partidirio na Primeira
SANTOS, Wanderley Guilhenne dos. República", em MOTA, Carlos Guilhenne. Bra­
1918. Ortum bW'glUSa � lilnralismo polflico. sil �m /Urs/Uctiva. São Paulo, DiIc.l.
Sio Paulo, Duu Cidades. SOUZA. Amaury de.
SCHWARz, Robeno. 1973. "O cangaço e a poUtica da violência no
1 977. Ao v�lIcedo.p as bala/as. Sio' Paulo, Duas Nordeste brasileiro", Dados, 10:97-125.
Cidades. STElN. SJ.
__ . 1987. Q/U horas silo? São Paulu, Com­ 1979. Origt!m � �volllfÓO da i"d.ír,ria tútil 110
panhil das Letras. Bra.riJ · 185011950.
Rio de Janeiro, Campus.
SOIWAR1ZMAN. Simon. SUSSEKlND. Ao".
1970. "Represen�ção e coope..çlo plUtica no 1984. Tal BreuJ
j qllt2J rOrNJflC� - flDlwraJismo �
Bl'1Isil". Dados, 7:9-40. liluaJwa bra.rilúra. Rio de Janeiro. Ac::hiamé.
--;;-_ . 1975. Sôo Paulo � o Estado NacoftD/.
i Sio -, ' 1985. Littrt2lWTa � vido liur4ria: pollmjeo,
-,
Paulo, Difc.l. diórios � r�/ratos. Rio de Janeiro, Zahar.
SEVCENKO, Nicolau. -; _ . 1987. Cill�mIJtdgroJo d� I�'ros: liJuolwra,
1983. Lit�ratW'a como miss6o: t�IU&S sociais �

liclliclJ � modulIjzaç4o 110 BrGSi/. 510 Paulo,
criDçáo cwJtwral tIQ Prinuira R�plÍ.b/jca. São Companhia das Utru.
Paulo, Brasilienle. SUZlGAN. Wil.on.
-,-
C' . 1984. A R�volto. da Vaci,.,,: m�lIl�s iflSafIDS 1986. Indús,ria bra.riJ�;'lJ - orig�m � MS�IIVOlvi·
� corpos r�NJdLS. São Paulo, Brasilic:nse. ntLlftO. São Plulo, Brasilic:nse.
280 ESTUOOS HISTÓRICOS - 1989/4

TANNURl, Luís Antônio. BARROS, J.R.M. de. Formaç40 tCOIIÓt7U'CIl do


1981. O Encilhanulllo. SIo Paulo, Hucitec. BrQ,fi/: Il upuinciIl i da indw.rtruJ/izaç4o. Slo
TAUNAY. Aronso de E. Paulo, Saraiva.
1939· 1943. HistiNia do cafi no BrtlSiI, Rio de VtANNA, Luiz Werneck.
Janeiro. DNC. 1975. "Estudos .obre o sindicalismo e
TAVARES, Maria d. Concciçio. movimento opertrio: n:senha de algumas ten·
1972. "O proce$50 de substituiçio de impor­ dências". BIB, n9 3.
tações como modelo de desenvolvimento na -;;:
,- ' 1976. Libel1ll1ismo e sindicato no Bl1IIsil.
Aml:rica Latin ... . em TA VARES, Mari. d. Rio de Janeiro, Pu e TCTI1II
Conceiçio. Da sttluliJlliç40 tU importoç&.! ao ....,.,.:-� . 1978 . .. Alua]iundo uma bi.bl.iogmu: novo
capiJaJumo fJNJJtc�iro. Rio de Janeiro. Zahar. sindicalismo. cidadania e fábrica". BIB, nO 17.
TAVORA, Juarez. VILELA, AnRibal Villanoya e SUZIGAN, Wilson.
1973. Uma yidtJ e muitas IlI.las, Rio de Janeiro, 1973. Polít;CIl do govulI.O e crtScUrulllo dtJ leO­
Jos� Olympio, vol.2. IlOnIW brasiltirll, 1889·1945. Rio de Janeiro,
TOPIK. Steven. lPEAllNPES (2a.cd. I 97S).
1988. " La Revoluci6n Republica cn Brasil i La WIARDA, Haward t.
Burguesia en el Pode,?" Siglo Xrx. Mc!xico, 3(5): 1974. O movUMnto operário cat6tico brlUü�iro:
9-44. os djJ�mas do dUMvotllimullo McioMl. Tl1IId.
_ -; ' 1989. A prUtllÇO do Estado na economia pc.. Urbano Rausch. Rio de Jlneiro. Centro Joio
po/(tica do Brasil de J889 a /930. Rio de xxrn. mimeo.
Janeiro, Record. WlRTlI, John.
TORRES, Joio Clmilo de Oliveira. 1975. O [ui dtJ ba/Illlça; Mil'lQ.S GUIlLr M fuu·
1 96 1 . A !ormoç4o do fetkralismo 110 BrosiJ. Sio ração brasi/�irQ. Rio de Janeiro. Paz e Temi.
Plulo, Ci •. Ed. Nacional. (Brasiliana, 308). WIlTER, Sebastião.
_ . 1 968. Hist6rja das idéias religiosas no
---= 1984. Partido poIlrico, f�duQtismo � R�públjca.
Brasil: Q Igrtja t a soci«l.ot.ü brasi/úrll. São São Paulo, Arquivo do Estado.
Paulo, GrijaJbo. ZAIDAN RLHO, M;ehcl.
VELLOSO, MÔNICA Pimenta. 1985. PCB (1922·/929): M busca dtJ.J twi,ULt
1978. " A Ordem: uma revista de doutrina, tU wm marxismo naciONl/. São Paulo, Global.
poUtica e a.dtul1ll católica", R�visla d� Ciincill
Polllicll, 2 1 (3).
VENANClO F., Albcno.
1977. Das areMos ao bachar�/ismo. São Paulo,
Penpectiva. Ângela de Castro Gomes � pesquisadol1ll do
VENEU, M.roo, G. Cpdoc, professora adjunta d. Universidade Federa]
1987. "Enferrujando o sonho: partidos eleições Flwnincnse e autDrll dos livros BurlwuiIJ t trll'
no Rio de Janeiro". Dados, 30. ho/ho (Rio de Janeiro, Campus, 1979) e A. Ut·
VERSIAN1, Aávio B. Y�"fóo do trllOOlhitl7'lO (Sio Paulo, V�rtice. 1988).
1980. "Industrialização e economia de ex­
portação anles de 1914." Revistll Brasü�irll tU Maneta de Moraes Ferreil1ll � pesquisadol1ll do
&o"","ia, 34(1). Cpdoc, professora assistente d. Universidade
VERSIANI, F.R. e VERSIANI, M.T. Fodel1ll1 do Rio de Janeiro e coordenadol1ll do Liyro
1977. "A induslrialil.lção brasileil1ll antes de  R�públicQ M velha ProvlllciD (Rio de Janeiro.
1930: uma contribuiçio", em VERSIANl. F.R. e Rio Fundo Editora, 1989).

Você também pode gostar