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Cida Bento O Pacto Da Branquitude Companhia Das Letras - 2022
Cida Bento O Pacto Da Branquitude Companhia Das Letras - 2022
Capa
Folha de rosto
Sumário
Introdução
1. PACTO NARCÍSICO
2. BRANQUITUDE E COLONIZAÇÃO EUROPEIA
3. CAPITALISMO RACIAL
4. PERSONALIDADE AUTORITÁRIA, MASCULINIDADE
BRANCA E NACIONALISMO
5. O CAMPO DE ESTUDOS SOBRE BRANQUITUDE
6. RACISMO INSTITUCIONAL
7. O CASO DAS MULHERES
8. ENFRENTANDO OS DESAFIOS: CEERT
9. PROJETOS DE TRANSFORMAÇÃO
10. O MOMENTO PRESENTE
Notas
Agradecimentos
Sobre a autora
Créditos
INTRODUÇÃO
Brasil, meu nego,/ deixa eu te contar/ a história que a história não conta,/ o
avesso do mesmo lugar [...] Desde 1500/ tem mais invasão do que
descobrimento,/ tem sangue retinto pisado/ atrás do herói emoldurado
Deivid Domênico, Tomaz Miranda, Mama, Marcio Bola, Ronie Oliveira e
Danilo Firmino1
Certa vez, quando meu filho Daniel Teixeira tinha dez anos, chegou em
casa muito irritado, dizendo que não voltaria à escola, pois não queria
participar das aulas de história sobre escravidão. O responsável por aquele
comportamento era um colega de sala branco, que, enquanto voltava para
casa com Daniel, apontou para alguns garotos negros limpando para-brisas
no semáforo, em troca de algumas moedas, e disse de maneira debochada:
“Aqueles meninos também são descendentes de escravos! É uma vergonha,
né?”.
Ao ouvir esse relato, fiquei em silêncio, matutando. Naquele dia, dormi
atormentada. Mesmo depois de uma aula de história em que o tema era
escravidão, o menino dizia que era uma vergonha ser descendente de
africanos escravizados. Mesmo depois de ouvir sobre as violências e os
abusos incessantes sofridos pelos negros, de ver retratos de navios negreiros
abarrotados de seres humanos em condições brutais, com o corpo marcado
a ferro, de ler que o trabalho que exerciam ao chegar ao Brasil era forçado,
o garoto branco disse que ser negro era motivo de vergonha.
Daniel não poderia acreditar naquilo. Por isso, no dia seguinte decidimos
fazer uma lista, incluindo os feitos tanto dos escravocratas quanto dos
escravizados pelo nosso país. O lado dos escravocratas incluía expropriação
de trabalho, violência física e psicológica, estupros, invasões, exploração de
recursos naturais e tantas outras barbaridades. Já do lado dos escravizados
era curto: vieram à força a um país desconhecido para trabalhar, sem
remuneração, produzindo riquezas para o colonizador em troca da própria
vida. Não havia por que se envergonhar por ter antepassados escravizados,
ao contrário, apenas ter orgulho do que construíram, apesar das
adversidades.
Daniel ficou mais tranquilo, mas eu não. O colega de sala do meu filho
não conseguia perceber que, enquanto branco e com comentários daquele
tipo, ele perpetuava um estigma muito antigo, que desde cedo cria
diferenças e hierarquias nas narrativas sobre negros e brancos.2 O menino
não via que eram pessoas do grupo racial a que ele pertence — branco —
que haviam protagonizado a escravidão dos negros. E isso, sim, poderia ser
motivo de vergonha.
Em casa, meus pais queriam que tivéssemos uma vida diferente da deles.
Meu pai, João, foi motorista a vida inteira; minha mãe, Ruth, trabalhou por
anos como servente num posto de saúde. Meus irmãos e eu — somos em
oito filhos — nascemos e crescemos na Zona Norte de São Paulo, uma das
regiões mais negras da cidade. Não tínhamos, na família, referência de
profissionais que ocupassem cargos de comando em grandes organizações
e, igualmente, estrutura para responder às exigências de espaços onde só a
elite sempre esteve.
Eu fui a primeira pessoa da minha família a concluir o ensino superior, a
fazer mestrado e depois doutorado. Minha irmã Bernadete, assim como eu,
fez psicologia. Meu irmão Henrique fez ciências contábeis, e a maioria dos
outros concentrou seus estudos nas áreas financeira e contábil. Desse modo,
Bernadete e eu ajudávamos uma à outra quanto a questões de trabalho,
assim como meus irmãos compartilhavam entre si suas experiências. O
esforço para superar as barreiras se dava entre nós, como observamos em
tantas outras famílias periféricas e pobres.
Mesmo assim, nunca vou me esquecer de quando, em dada situação, meu
irmão, ainda adolescente, chegou do trabalho e disse para o meu pai que
estava cansado demais para ir à escola, porque tinha passado o dia limpando
os banheiros da empresa em que trabalhava. Irritado, meu pai retrucou que
ele não pisaria mais naquela empresa. “Você foi contratado como office
boy, não para fazer isso. Sua mãe e eu já trabalhamos muito para que nossos
filhos não tenham que limpar banheiros”, disse ele. Mas quebrar a lógica da
história das relações entre brancos e negros no país é algo complexo.
Ao mesmo tempo, a escola não era um dos ambientes mais acolhedores
para crianças negras como nós. Por anos, me senti invisível na sala de aula,
como se não fizesse parte daquele lugar. Para além de qualquer questão com
os colegas, como foi o caso de meu filho Daniel, meus professores foram os
principais responsáveis por essa minha sensação de não pertencimento. E
embora não se falasse muito de racismo e discriminação em minha casa, a
consciência racial se manifestava, por exemplo, quando minha mãe insistia
para que meus irmãos nunca saíssem para a rua sem documentos.
Desde cedo vi o tratamento diferenciado que pessoas em cargos de
destaque davam a seus semelhantes. Na escola, quantas vezes percebia os
professores enaltecerem o esforço de minhas colegas brancas — como eles
— de forma afetuosa, enquanto eu ficava sempre às margens, por estar
afastada do modelo que eles valorizavam. Minha presença só se fazia notar
como exemplo negativo.
Quando terminei a escola, pensei que finalmente me veria livre desse tipo
de comportamento, mas, óbvio, isso não aconteceu. O ambiente corporativo
me mostrou que o mesmo ocorre nos mais diferentes tipos de organização.
Decidi cursar o magistério. Desejava ser professora, uma diferente das que
tive. Por cinco anos, trabalhei em uma escola de emergência, mas percebi
que, para tentar entender o que me inquietava, precisaria mudar de área. Foi
quando decidi fazer psicologia e trabalhar com dimensões mais coletivas
dessa ciência, ou seja, com foco social e organizacional.
* Por exemplo, segundo a Pesquisa sobre negros e negras no Poder Judiciário, realizada pelo
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e publicada no ano de 2021, 85,9% dos(as) magistrados(as) do
Poder Judiciário são brancos(as), 12,8% são negros(as), 1,2% são amarelos(as) e 0,1%, indígenas.
Conselho Nacional de Justiça, Pesquisa sobre negros e negras no Poder Judiciário. Brasília: CNJ,
2021, p. 57. Disponível em: <https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/2021/09/rela-negros-negras-
no-poder-judiciario-150921.pdf>. Acesso em: 28 jan. 2022.
1. PACTO NARCÍSICO
meritocracia pretende justificar as desigualdades que produz e criar uma elite que se considera
trabalhadora e virtuosa. Esta elite se beneficia das enormes desigualdades em investimentos
educacionais e se esforça para oferecer as mesmas oportunidades educacionais aos filhos,
passando os privilégios de uma geração à outra, o que vai impactar melhores oportunidades de
trabalho e de salários para este grupo. Ruim para os pobres, mas também aprisionadora da elite,
que tem que lutar cada vez mais para chegar e se manter no topo, criando diferentes
ressentimentos de ambos os lados, capitalizados pelos governos populistas.4
* Abordei essa herança quando preparava meu texto para o doutorado, focalizando os pactos
narcísicos, inspirada em textos do psicanalista René Kaës e na literatura utilizada por ele, bem como
no texto de outros psicanalistas que tratavam de transmissão geracional de conteúdos negativos.
Outras ativistas e pensadoras negras recorreram a perspectivas da psicanálise, de maneira crítica,
como Lélia Gonzalez, Neusa Santos e bell hooks. Assim, me permiti continuar a utilizar conceitos da
psicanálise, porém de maneira bem livre para trabalhar com a transmissão da herança negativa. René
Kaës trata do pacto denegativo como aliança inconsciente para falar de tudo aquilo que se impõe nos
laços intersubjetivos, relacionado com o negativo, como a repressão, a recusa, a rejeição ou o
enquistamento no espaço interno de um ou de vários sujeitos. Articula-se esse conceito àquele que
Piera Aulagnier definiu como “contrato narcisista”.
2. BRANQUITUDE E COLONIZAÇÃO
EUROPEIA
A percepção da existência do outro como um atentado contra minha vida, como uma ameaça
mortal ou perigo absoluto, cuja eliminação biofísica reforçaria o potencial para minha vida e
segurança […], é um dos muitos imaginários de soberania característico tanto da primeira quanto
da última modernidade.11
Muitas amigas minhas às vezes vão para Salvador e falam que estão na praia. Às vezes pedem
para uma pessoa, um cara negro, que está lá sem fazer nada, para pegar um coco. O cara não vai,
está com preguiça de pegar. Nem sendo pago para isso, sabe? Então, nessa questão da preguiça,
dessa letargia, isso vem desde a escravatura, sabe?
Vemos aqui a habitual e repetitiva associação da situação contemporânea
dos negros com o legado da escravidão. Tudo se explica por uma herança
que os negros trariam da escravidão. Ao observador atento não escapa,
entretanto, uma manifestação do legado de sinhazinha que, mesmo
deleitando-se na praia, não pôde se ocupar de providenciar, ela mesma, uma
água de coco, tendo que se valer do serviço de um negro.
Ela refere-se ao estigma do negro preguiçoso, quando segundo dados da
Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e do
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos
(Dieese)12 a população negra trabalha duas horas a mais do que a branca,
em qualquer parte do Brasil. Mais recentemente, em novembro de 2019,
outra análise do Dieese13 indicou que a população negra trabalha mais e
ganha menos em todos os estados do Brasil — a média é de 30% menos em
comparação com os não negros, sendo as mulheres negras o grupo mais
afetado, visto que trabalham quase o dobro do tempo para obter o salário de
um homem branco.14
Essa realidade é uma continuidade de seu lugar histórico de trabalho no
país, no qual o escravizado foi o motor da economia da metrópole e da
colônia, e a partir de seu trabalho nos diferentes ciclos econômicos, do
açúcar, do café e do ouro produziu riquezas e possibilitou a consolidação da
classe dominante brasileira, protagonizando ainda o enriquecimento
europeu. O tráfico foi o negócio mais importante do Brasil na primeira
metade do século XIX, e foi a escravidão nas colônias que proporcionou o
desenvolvimento do capitalismo industrial nas metrópoles.15
No entanto, a não indenização da população escravizada após o fim da
escravidão é um traço marcante de nossa história. A luta pela reparação em
razão dos atos anti-humanitários ocorridos nos quase quatro séculos de
escravidão no Brasil tem longa história. Já em 1883, nas páginas do
panfleto da Confederação Abolicionista, Luiz Gama chegou a calcular o
montante devido em salários aos escravizados: “Realmente são insaciáveis
os parasitas do trabalho africano! […] Fazem, porventura, ideia da soma
que devem em salário às gerações que se sucederam no cativeiro durante
três séculos?”. Considerando apenas um terço dos escravizados que
chegaram ao país, o abolicionista calculou que mais de 1 trilhão de reais
lhes eram devidos.
Esse tema atravessa as narrativas e ações do movimento negro. Em 2001,
a Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia
e Intolerância Correlata, em Durban, na África do Sul, reconheceu a
escravidão e o comércio atlântico de escravizados como crimes contra a
humanidade. Mais do que nunca, pedidos de reparação adquiriram uma
nova força, porém sempre geraram uma reação de recusa dos Estados
europeus, como se deu na própria Conferência com a retirada desses países
quando o tema do debate foi reparação.
Por sua vez, o Brasil se preocupou em prover reparação aos proprietários
de escravizados. Em 1871, por exemplo, foi publicada a Lei do Ventre
Livre, libertando os filhos das mulheres escravizadas, mas colocando-os sob
custódia do senhor, que deveria receber uma indenização do Estado quando
a criança completasse oito anos, ou poderia exigir compensação da própria
criança, forçando-a a trabalhar até os 21 anos. Para Daniel Teixeira,16 essa
foi uma clara medida de institucionalização do trabalho infantil, não por
acaso, muito maior entre crianças negras na atualidade. Daniel afirma ainda
que a Lei do Ventre Livre, ao prever indenização a escravocratas, também
ia na contramão de países que adotaram medidas de promoção de direitos e
integração econômica da população negra em contextos de abolição formal,
como ocorreu no período denominado de Reconstruction, nos Estados
Unidos, ao final da Guerra de Secessão.
Essa preocupação de determinados grupos europeus e seus descendentes
no Brasil de proteger e fortalecer exclusivamente os interesses dos seus,
manifestação do pacto narcísico, se evidencia repetidamente em nossa
história.
Podemos encontrar um exemplo bem expressivo em ações do primeiro
governo republicano brasileiro, que estimulou a vinda de imigrantes para o
país. Todavia, essa imigração não poderia ser asiática nem africana, como
nos mostra o decreto de imigração de 1890.17 Feito dois anos após a
abolição da escravatura, ele nos permite conhecer o tratamento oferecido
pelo Brasil para imigrantes vindos da África e da Ásia, bem como
indígenas, e, de outro lado, para descendentes de europeus: o Estado
brasileiro subvencionou as passagens dos imigrantes da Europa e
determinou que nos primeiros seis meses ficariam sob sua proteção.
Assinado quarenta anos após a publicação da Lei Eusébio de Queirós,18
que proibia o tráfico de escravos, o decreto dimensiona a concretude dos
interesses e dos pactos narcísicos de determinados segmentos europeus e
seus descendentes no Brasil. É ao longo da história que se forja o “sistema
meritocrático” em que um segmento branco da população vai acumulando
mais recursos econômicos, políticos, sociais, de poder que vai colocar seus
herdeiros em lugar de privilégio.
Podemos observar essa questão em outra normativa, a Lei de Terras,19
que influenciou fortemente a propriedade fundiária e o povoamento do país,
pois fez com que a obtenção de lotes passasse a ser feita por meio de
compra e venda e não mais por posse, dificultando o acesso à pequena
propriedade rural, e, ao mesmo tempo, estimulando a expansão dos
latifúndios em todo o país, impedindo a democratização do solo.20 A
monocultura para exportação e a escravidão, articulada com a forma de
ocupação das terras brasileiras, pelos portugueses, definiram as raízes da
desigualdade social que teve seu início no século XVI e perdura até os dias
atuais.
Não por coincidência, o Brasil exibe ainda hoje a maior concentração de
terras do mundo e onde se encontram os maiores latifúndios: o último
Censo Agropecuário do país revela que apenas 1% dos proprietários de
terra controlam quase 50% da área rural. No entanto, os estabelecimentos
com áreas menores a dez hectares representam metade das propriedades
rurais, controlando apenas 2% da área total.21 Dados dessa natureza
demonstram como a construção das desigualdades é um processo de
estruturação institucional que vai atravessando a história do país.
A colonização europeia das Américas inaugurou um sistema mundial
capitalista que ligou raça, terra e divisão do trabalho,22 conferindo
substância à relação de dominação que se constituiu.
São pessoas diferentes que transitam por lá. A forma dele abordar tem que ser diferente. Se ele
[policial] for abordar uma pessoa [na periferia] da mesma forma que ele for abordar uma pessoa
aqui nos Jardins [região “nobre” de São Paulo], ele vai ter dificuldade. Ele não vai ser respeitado
[…] se eu coloco um [policial] da periferia para lidar, falar com a mesma forma, com a mesma
linguagem que uma pessoa da periferia fala aqui nos Jardins, ele pode estar sendo grosseiro com
uma pessoa dos Jardins que está ali, andando.1
Temos uma Justiça tipicamente de classe: mansa com os ricos e dura com os pobres. Leniente
com o colarinho-branco e severa com os crimes de bagatela. Meninos da periferia com
quantidades relativamente pequenas de drogas são os alvos preferenciais do sistema.
Michel Foucault salientou em sua obra Vigiar e punir9 que é desta forma
— encarcerando ou assassinando — que se lida com os considerados
“inimigos do Estado”. A noção de “biopoder” e “biopolítica” fala de
técnicas da hierarquia que vigia e as técnicas da sanção que normaliza.
Trata-se de “um controle normalizante, uma vigilância que permite
qualificar, classificar e punir”.
Esse conceito, interseccionado às discussões que o filósofo camaronês
Achille Mbembe faz sobre a “necropolítica”, trata do poder não apenas nos
contextos de colonização, mas também que ainda se manifestam com força
nos contextos brasileiros tendo como eixo central as questões raciais
contemporâneas.
O racismo permite o exercício do biopoder, “este velho direito soberano
de matar”. Na economia do biopoder, a função do racismo é regular a
distribuição da morte e tornar possíveis as funções assassinas do Estado.
Segundo Foucault, essa é “a condição para aceitabilidade do fazer
morrer”.10
Vigilância e punição que pudemos observar num fenômeno trágico que
ocorreu em novembro de 2020 nas dependências do supermercado
Carrefour, em Porto Alegre. Um cliente negro, João Alberto Freitas, foi
vigiado, perseguido e espancado até a morte. Enquanto seu sangue
derramava-se sobre o chão branco, durante cinco minutos, foi observado e
filmado por aproximadamente quinze pessoas, até que estivesse morto.11
Assassinato similar a outros milhares que ocorrem no Brasil, já que um
jovem negro é assassinado a cada 23 minutos, caracterizando o que o
movimento negro define como “genocídio da população negra”.
Assassinatos de jovens negros nos enchem de dor e vergonha pelo que
revelam sobre nosso “Brasil cordial”, mas também desencadeiam
importantes movimentos coletivos, como ocorreu em 1978, quando o
assassinato de Robson Silveira da Luz provocou, em tempos de plena
ditadura militar, a criação do Movimento Negro Unificado (MNU), cuja
resistência é um divisor de águas na luta contra o racismo no país.
MASCULINIDADE BRANCA E NACIONALISMO
** A professora Iray Carone, uma das principais estudiosas brasileiras sobre a personalidade
autoritária, foi quem abriu meus caminhos para aprofundar os conhecimentos sobre esta teoria.
*** Estudo realizado pela Rede de Observatórios da Segurança mostra que no Rio de Janeiro, em
2019, o assassinato de negros pela polícia bateu o recorde depois de trinta anos, sendo 86% das
vítimas negras, numa população em que o índice de negros é de 51%. O aumento ocorreu em todos
os cinco estados pesquisados. Em São Paulo, do total de mortos, 62,8% são negros, quando a
população paulista é composta de 34,8% de negros. Na Bahia, por exemplo, 97% dos mortos pela
polícia são pessoas negras. Ademais, a mortandade da população negra é expressivamente maior na
pandemia da covid-19. Em São Paulo, um estudo realizado pelo Observatório Covid-19 e pela
Prefeitura mostrou que, nos bairros com piores indicadores sociais, o risco de morrer por covid-19 é
maior para todas as faixas etárias acima de trinta anos. O estudo ainda relatou que os pretos
moradores da cidade têm 62% mais chance de morrer por covid-19 do que os brancos.
5. O CAMPO DE ESTUDOS SOBRE
BRANQUITUDE
apesar da baixa remuneração monetária, eles [os trabalhadores brancos] recebiam consideração
pública […] por serem brancos. Tinham livre acesso […] às funções públicas [e] aos parques
públicos. […] Os policiais eram extraídos de suas fileiras, e os tribunais […] tratavam-nos com
brandura.3
a escravidão deformou o seu agente de trabalho, impedindo que o negro e o mulato tivessem
plenas possibilidades de colher os frutos da universalização do trabalho livre […] existia a
alternativa de substituí-lo, pois os imigrantes eram numerosos e tidos como poderosos e
inteligentes trabalhadores […]. Entenda-se que nada disso nascia ou ocorria sob o propósito
(declarado ou oculto) de prejudicar o negro.
Dizer que eu não tenho preconceito é mentira, mas se for uma pessoa que eu acho que conhece o
trabalho, que tem competência para aquele cargo, eu não vou ter nenhum tipo de problema. E o
preconceito que eu falo seria mais, assim, em termos de um convívio muito estreito, talvez,
sabe…
Era um tipo assim físico diferente dos outros negros, tipo assim mais altivo […] acho que se
posiciona até acima da gente… ele ultrapassa… acham ele um negro antipático porque ele é
engenheiro… ele afrontou, agrediu mesmo pessoas, sabe? Ele invadiu uma área [engenharia] que
ele não tinha direito. Não que eu tenho presenciado não, sabe?…
Muitos(as) empregadores(as) ainda veem as trabalhadoras como objeto. Exigem que fiquem
confinadas por anos. Não podem adoecer, é como se não tivessem família. Não respeitam o
direito de ir e vir. Se tiver marido, tá desempregado. Só tem ela pra pagar as contas. Como
rejeitar?
Eu liguei pro senhor Pindorama e falei: “O senhor disse que havia duas vagas de montadoras, mas
só aceitou uma das candidatas que encaminhei!”. Ele falou: “Ah! dona Maria, a senhora não disse
que uma era crioula!”. Eu falei: “Pena que o senhor não tenha uma televisão no telefone pra me
ver”, e desliguei o telefone.
falar da opressão da mulher latino-americana é falar de uma generalidade que oculta, enfatiza, que
tira de cena a dura realidade vivida por milhões de mulheres que pagam um preço muito caro pelo
fato de não serem brancas.9
Enquanto mulheres negras defensoras de direitos humanos correm riscos, é nossa democracia que
está em perigo. Em nome de Marielle Franco e tantas outras, seguiremos exigindo a garantia à
proteção de mulheres negras cis e trans na luta pelo direito do exercício da cidadania, da liberdade
de expressão, da autonomia e da participação política.17
* Apesar disso, recentemente num respeitável jornal do campo progressista, uma intelectual branca
se queixou do divisionismo que marcava os “movimentos identitários”, alegando que enfraquecia a
luta por uma sociedade mais justa. Era possível perceber, nessa argumentação contra “movimentos
identitários”, o conceito de que eram segmentos fora do território da “identidade referência”, cuja
condição de branca é de universalidade e de neutralidade.
8. ENFRENTANDO OS DESAFIOS:
Ceert
[1] O Ceert nasce em um período bastante fértil para o avanço dessa luta no Brasil, que corresponde
ao fim da década de 1980 e os primeiros anos da década de 1990, quando se constituíram várias
organizações da sociedade civil voltadas para a questão dos direitos humanos, que provocaram a
sociedade a pensar sobre relações sociais ancoradas no respeito à natureza e em novos valores
civilizatórios. Nos anos anteriores a 1988, a sociedade brasileira se movimentava em torno da
construção da nova Constituição.
Importante destacar que já em 1985 lideranças negras haviam assegurado a presença de um negro,
o professor Hélio Santos, presidente do Conselho da Comunidade Negra do Estado de São Paulo, na
Comissão Provisória de Estudos Constitucionais, a chamada Comissão dos Notáveis, ou Comissão
Afonso Arinos, na qual cerca de cinquenta pessoas do país iriam elaborar o projeto de Constituição.
No ano seguinte, em 1986, duas mulheres negras, com assento no Conselho Nacional dos Direitos da
Mulher — Benedita da Silva e Lélia Gonzalez —, participaram do Encontro Nacional Mulher e
Constituinte. Vale salientar o protesto de Benedita da Silva quando disse: “Estamos reclamando o
direito à cidadania. Somos legítimas representantes daquelas que, em silêncio, possibilitaram que os
senhores [dirigindo-se aos deputados] estejam sentados aí”. No texto da Constituição de 1988, a
principal conquista do movimento negro foi a tipificação do racismo como crime inafiançável e
imprescritível, possibilitando a implementação de dispositivos legais relacionados ao combate ao
racismo e à redução de desigualdades no Brasil.
[2] O Inspir tinha como meta capacitar dirigentes sindicais e fornecer subsídios para o combate ao
racismo e a promoção da igualdade racial na sociedade e especialmente nos empregos. Ver mais em:
<www.inspir.org.br>.
[3] Cofundador do Ceert, militante do movimento negro em São Carlos, morou em Angola.
Participou de um projeto da Unesco para o desenvolvimento do ensino de ciências. Foi cocriador do
Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra do estado de São Paulo.
Trabalhou na Coordenadoria Especial do Negro, órgão da Prefeitura de São Paulo. Atuou na
Secretaria de Justiça e Cidadania, hoje Secretaria Especial de Direitos Humanos, tendo como
principal bandeira a implantação de políticas de ação afirmativa.
[4] Cofundador do Ceert, ex-metalúrgico e sindicalista, doutor e mestre em direito pela PUC-SP e
advogado do Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-brasileiras (Idafro). Foi secretário
de Justiça do Governo do Estado de São Paulo.
[6] O Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (Ibeac) foi criado na cidade de São Paulo
em 1981 e tem como foco a potencialização de direitos, educação e oportunidades para comunidades
vulneráveis.
[7] Instrumento de gestão que foi utilizado pelo Ceert, inicialmente em órgãos públicos, em parceria
com Matilde Ribeiro e Luiza Bairros — que posteriormente viriam a se tornar ministras da Secretaria
de Igualdade Racial dos governos Lula e Dilma. Identifica diferenças de cargos, de salários, de
oportunidade de inserção, capacitação, mentorias e promoções, visando identificar obstáculos e
alavancadores da equidade.
9. PROJETOS DE TRANSFORMAÇÃO
[…] as identidades raciais não são apenas negra, latina, asiática, índia norte-
americana e assim por diante; são também brancas. Ignorar a etnicidade
branca é redobrar sua hegemonia, tornando-a natural.
David Roediger1
* Estudo elaborado com o apoio do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e da Oxfam
Brasil, a partir de iniciativa do grupo Alerta. Conta também com a participação das seguintes
organizações: Anistia Internacional Brasil; Centro Santo Dias de Direitos Humanos da Arquidiocese
de São Paulo; Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc); Instituto Ethos; e Sociedade Brasileira
para o Progresso da Ciência (SBPC).
É uma condição diferenciada, do branco pela condição social que ele tem, de poder frequentar
uma escola; numa competição de branco e preto ele consegue andar mais rápido. [Paulo]
Eu? A minha cor? Eu sou rosado (risos)… olha, ser branco no Brasil… eu diria, é bom!…
Infelizmente é bom, certo? (risos) […] na época da ditadura… nós assim, uns negros outros
brancos… o camarada olhou [para mim] e falou assim: “Você aí! Você é professor, não é?”. Falei:
“Sou!”. Ele falou: “Vai embora!”. Eu, o único que estava com os panfletos, fui… (risos). Bom…
isso é ser branco… aperfeiçoado, com cara de professor… negro não podia ser professor, então é
isso… eu sempre fui elogiado por ser bonitinho quando eu era criança… até na própria escola a
professora discriminava… eu era o único, discriminava todos os outros. [Daniel]
INTRODUÇÃO
1. Trecho do samba-enredo História pra ninar gente grande, Estação Primeira de Mangueira,
2019.
2. Maria Aparecida Silva Bento, “A identidade racial em crianças pequenas”. In: Maria Aparecida
Silva Bento (Org.), Educação infantil, igualdade racial e diversidade: Aspectos políticos, jurídicos e
conceituais. São Paulo: Ceert, 2012, pp. 98-117.
1. PACTO NARCÍSICO
1. Instituto Ethos, Perfil social, racial e de gênero das 500 maiores empresas do Brasil e suas
ações afirmativas. São Paulo: Instituto Ethos; Banco Interamericano de Desenvolvimento, maio de
2016.
2. Maria Aparecida Silva Bento, Pactos narcísicos no racismo: Branquitude e poder nas
organizações empresariais e no poder público. São Paulo: IP-USP, 2002. Tese (Doutorado em
Psicologia).
3. Maria Aparecida Silva Bento, “Branquitude: O lado oculto do discurso sobre o negro”. In: Maria
Aparecida Silva Bento; Iray Carone (Orgs.), Psicologia social do racismo: Estudos sobre
branquitude e branqueamento no Brasil. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 2014, pp. 147-62.
4. Adaptado de Douglas Gravas, “Meritocracia bloqueia classe média e perpetua desigualdade, diz
autor”. Folha de S.Paulo, 3 set. 2021. Disponível em:
<https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2021/09/meritocracia-bloqueia-classe-media-e-perpetua-
desigualdade-diz-autor.shtml?origin=folha>. Acesso em: 17 dez. 2021.
5. Na ocasião, o texto similar que encontrei sobre o assunto remetia à branquidade: Vron Ware
(Org.), Branquidade: Identidade branca e multiculturalismo. Rio de Janeiro: Garamond, 2004.
6. Maria Aparecida Silva Bento; Iray Carone (Orgs.), op. cit.
7. René Kaës, Espaços psíquicos comuns e partilhados: Transmissão e negatividade. São Paulo:
Casa do Psicólogo, 2005.
8. Sigmund Freud, “Lembranças encobridoras”. In: ______. Primeiras Publicações Psicanalíticas
(1893-1899). Rio de Janeiro: Imago, 1996, pp. 285-306. (Obras Psicológicas Completas de Sigmund
Freud, v. 3).
2. BRANQUITUDE E COLONIZAÇÃO EUROPEIA
1. René Kaës et al., Transmissão da vida psíquica entre gerações. São Paulo: Casa do Psicólogo,
2001. (Trabalho original publicado em 1993.)
2. Paula Monteiro, “Globalização, identidade e diferença”. Novos Estudos, São Paulo, Cebrap, n.
49, pp. 47-64, nov. 1997.
3. Jun Mian Chen, “The Contentious Field of Whiteness Studies”. Journal for Social Thought,
Londres, v. 2, n. 1, pp. 15-27, 2017. Disponível em: <https://ir.lib.uwo.ca/jst/vol2/iss1/3>. Acesso
em: 20 dez. 2021.
4. Edward W. Said, Orientalismo: O Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia
das Letras, 1990.
5. bell hooks, “Postmodern Blackness”. In: ______, Yearning: Race, Gender, and Cultural Politics.
Boston: South End Press, 1990, pp. 624-31; Abdul R. Janmohamed, “The Economy of Manichean
Allegory: The Function of Racial Difference in Colonialist Literature”. Critical Inquiry, Chicago, v.
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6. RACISMO INSTITUCIONAL
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2. Publicado pela Casa do Psicólogo.
3. Idem.
4. Edith Piza, O caminho das águas: Personagens femininas negras por escritoras brancas. São
Paulo: Edusp; Fapesp, 1998.
5. Gordon Allport apud John Harding et al., “Prejudice and Ethnic Relations”. In: Gardner
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Publishers, v. 5, pp. 1-76.
6. Eugène Enriquez, “Os desafios éticos nas organizações modernas”. Revista de Administração de
Empresas, v. 37, n. 2, pp. 6-17, abr./jun 1997.
7. Maria Aparecida Silva Bento, Resgatando a minha bisavó: Discriminação no trabalho e
resistência na voz de trabalhadores negros. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica (PUC), 1992.
Dissertação (Mestrado) em Psicologia.
8. Joe R. Feagin; Clairece B. Feagin, op. cit.
7. O CASO DAS MULHERES
1. Guilherme Soares Dias, “‘As empresas nos tratam como lixo, apesar de dependerem de nós’, diz
entregador de aplicativo”. Alma Preta, 23 jul. 2020. Disponível em:
<https://almapreta.com/sessao/cotidiano/as-empresas-nos-tratam-como-lixo-apesar-de-dependerem-
de-nos-diz-entregador-de-aplicativo>. Acesso em: 20 dez. 2021.
EPÍLOGO
1. “HOW White People Can Advocate For The Black Lives Matter Movement”. NPR, 11 jul. 2020.
Disponível em: <https://www.npr.org/2020/07/11/890000800/how-white-people-can-advocate-for-
the-black-lives-matter-movement>. Acesso em: 20 dez. 2021.
2. Ibidem.
3. Henry Giroux, op. cit.
4. Eugène Enriquez, op. cit.
AGRADECIMENTOS
Grafia atualizada segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, que entrou em
vigor no Brasil em 2009.
Preparação
Gabriele Fernandes
Revisão
Tatiana Custódio
Jaqueline Martinho dos Santos
Adriana Moreira Pedro
Versão digital
Rafael Alt
ISBN 978-65-5782-464-1
"Eliana narra com a maestria de linguagem de alguém que sabe lidar com
as palavras." — Conceição Evaristo
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