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Fisioterapia Brasil - Ano 2015 - Volume 16 - Número 2 165

Revisão

Fisioterapia no tratamento das disfunções sexuais


femininas
Physical therapy in the treatment of female sexual dysfunctions
Letícia Leiko Camara, Ft.*, Eduardo Filoni, D.Sc.**, Fátima Faní Fitz, Ft., M.Sc.***

*Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), São Paulo/SP, **Coordenador e docente do curso de Fisioterapia da UMC, Centro de
Ciências Biomédicas, São Paulo/SP, ***Docente do curso de Fisioterapia da UMC, Centro de Ciências Biomédicas, São Paulo/SP

Resumo Abstract
Introdução: A disfunção sexual feminina inclui uma variedade de Introduction: The female sexual dysfunction includes a group of
distúrbios que englobam o desejo e o interesse sexual, a excitação e o disorders that includes sexual desire and sexual interest, arousal and
orgasmo. Esta apresenta como causas fatores que envolvem aspectos orgasm. This dysfunction is caused by factors that involve physical,
físicos, psicológicos, sociais e outros desconhecidos. A fisioterapia psychological, social aspects or even unknown aspects. The physical
disponibiliza técnicas de tratamento para estas disfunções. Objetivo: therapy offers treatment techniques for these disorders. Objective: To
Demonstrar a importância e a eficácia do tratamento fisioterapêutico demonstrate the importance and effectiveness of the physical therapy
nas disfunções sexuais femininas por meio de uma revisão de litera- in female sexual dysfunctions through a literature review. Methods:
tura. Método: Trata-se de uma revisão bibliográfica de publicações This is a literature review of publications from January/1952 to
entre janeiro/1952 e julho/2013. Foram utilizadas as bases de dados July/2013. The Medline, Pubmed, Pedro, Lilacs and Scielo databases
Medline, Pubmed, Pedro, Scielo e Lilacs. Elegeram-se os estudos nas were used. It was considered eligible the studies in Portuguese and
línguas portuguesa e inglesa, randomizados e controlados, e também English, randomized and controlled trials, and also clinical trials
ensaios clínicos que avaliaram a atuação da fisioterapia no tratamen- that evaluated the role of physical therapy in the treatment of female
to das disfunções sexuais femininas. Não foram incluídos artigos sexual dysfunctions. It was not included narrative review articles,
de revisão narrativa, editoriais e estudos de caso. Resultados: Após editorials and case studies. Results: 1.494 studies were found after
remoção dos duplicados, foram encontrados 1.494 estudos. Destes, removing duplicates. Of these, 28 were eligible after reading the
28 foram considerados elegíveis após a leitura do título e resumo, title and abstract, and 21 studies were included after reading in
e 21 estudos foram incluídos após leitura na íntegra. Conclusão: full. Conclusion: It can be concluded that physical therapy, with
Conclui-se que a fisioterapia com seus diversos recursos é indicada its many features, is indicated for the treatment of female sexual
para o tratamento das disfunções sexuais femininas. Não foram dysfunctions. There were no observed contraindications, but it is
observadas contra-indicações, porém é notável a necessidade de mais notable the necessity of further randomized and controlled trials
estudos randomizados controlados com tamanho amostral maior. with larger sample size.
Palavras-chave: modalidades de fisioterapia, disfunção sexual Key-words: physical therapy modalities, sexual dysfunction
fisiológica, dispareunia, assoalho pélvico. physiological, dyspareunia, pelvic floor.

Recebido em 5 de maio de 2014; aceito em 5 de março de 2015.


Endereço para correspondência: Fátima Faní Fitz, Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), Centro de Ciências Biomédicas, Avenida Imperatriz
Leopoldina, 550 Vila Leopoldina 05305-000 São Paulo SP, E-mail: fanifitz@yahoo.com.br
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Introdução Pedro, Scielo e Lilacs. Na Pubmed foram utilizados os seguintes


descritores de acordo com o Medical Subject Headings (MESH):
A Disfunção Sexual Feminina (DSF) inclui uma variedade “physical therapy modalities”, “musculoskeletal manipulations”,
de distúrbios que englobam o desejo e o interesse sexual, a “eletric stimulation therapy”, “muscle stretching exercises”,
excitação e o orgasmo [1]. “resistance training”, “physiological sexual dysfunction”, “dys-
A DSF é um fenômeno frequente, tendo como causas pareunia”, “vaginismus”, “vulvar vestibulitis” e “vestibulodynia”.
fatores multifatoriais que envolvem aspectos físicos, psico- Na Medline, Scielo e Lilacs a pesquisa baseou-se nos Descritores
lógicos, sociais e até mesmo outras causas desconhecidas. em Ciências da Saúde (DeCs): “physical therapy modalities”,
As mais apontadas na literatura são a idade (acima de 44 “musculoskeletal manipulations”, “eletric stimulation therapy”,
anos), o déficit de estrogênio pela menopausa, as cirurgias “muscle stretching exercises”, “resistance training”, “sexual dys-
vaginais, as disfunções sexuais do parceiro, a crença religiosa, function, physiological”, “dyspareunia”, “vaginismus”, “vulvar
o desemprego e a baixa percepção da qualidade de vida [2,3]. vestibulitis” e “vulvodynia”. Foram elegíveis estudos randomi-
Além disso, fadiga, consumo de álcool ou drogas, gravidez zados e controlados e também ensaios clínicos que avaliaram a
e doenças crônicas têm sido mencionados como causas de atuação da fisioterapia no tratamento das DSF nas línguas portu-
disfunções sexuais [4]. A debilidade e a hipotonicidade dos guesa e inglesa. Considerou-se DSF a dispareunia, o vaginismo,
músculos do assoalho pélvico (MAP) também contribuem a “frouxidão vaginal”, bem como distúrbios que englobam o
para a incapacidade orgástica [5]. desejo e o interesse sexual, a excitação e o orgasmo. Não foram
Resultados da Pesquisa Nacional de Saúde e Vida Social incluídos artigos de revisão narrativa, editoriais e estudos de caso,
mostram que 30 a 50% das mulheres americanas têm algum por não se enquadrarem nos critérios propostos pela pesquisa.
tipo de disfunção sexual [6]. No Brasil, de acordo com pes-
quisa do Estudo da Vida Sexual do Brasileiro, observou-se Resultados
que 51% das mulheres brasileiras referem alguma disfunção
sexual [7]. Em estudo semelhante, encontrou-se alguma Um total de 1.494 estudos foi encontrado após a remoção
disfunção em pelo menos 49% delas. Dentre as disfunções, dos duplicados. Destes, 28 foram considerados elegíveis após
o desejo sexual hipoativo foi o mais frequente, pois esteve a leitura do título e resumo. Sete estudos foram excluídos
presente em cerca de 27% das mulheres. Na sequência vem por não estarem disponíveis na íntegra [16-22]. Um total de
a dispareunia, que é a queixa de dor persistente ou recorrente 21 estudos foi incluído após a leitura na íntegra [12,23-42].
associada com a tentativa de penetração vaginal ou com a Os detalhes dos estudos incluídos foram tabulados e estão
penetração total [8], a qual apareceu em 23%. Após, segue a apresentados na Tabela I.
disfunção orgástica, em 21% das mulheres [7]. Apesar destes
números, a DSF ainda é pouco estudada, uma vez que o Discussão
vaginismo e a “frouxidão vaginal” também são relatados por
mulheres com DSF [9]. As disfunções sexuais impactam de forma negativa na qua-
A fisioterapia disponibiliza técnicas de tratamento para lidade de vida e na vida sexual das mulheres que apresentam
as DSF. O treinamento, a conscientização e a estimulação estes distúrbios e devem receber atenção de forma preventiva e
nervosa elétrica transcutânea dos MAP têm sido apontados curativa. Na sequência, vamos discutir quais são as principais
como componentes importantes de tratamento para a mulher técnicas que a fisioterapia disponibiliza para o tratamento,
com vaginismo, dispareunia e “frouxidão vaginal” [5,10]. A bem como o mecanismo de ação de cada uma delas.
literatura descreve a efetividade da fisioterapia para o tra-
tamento da dor e da hiperatividade dos MAP de mulheres Treinamento dos músculos do assoalho pélvi-
com dispareunia, bem como do transtorno orgástico e da co nas disfunções sexuais femininas
“frouxidão vaginal” [11-15].
Diante do exposto, o objetivo do presente estudo é Na presente revisão, 10 estudos utilizaram o treinamen-
demonstrar a importância e a eficácia do tratamento fisio- to dos músculos do assoalho pélvico (TMAP) para tratar a
terapêutico nas DSF por meio de uma revisão de literatura. anorgasmia, o vaginismo a dispareunia e a vestibulite vulvar
[12,23,24,27,30,34,37,38,40,41].
Material e métodos A forma como o TMAP associa-se à função orgástica e até
mesmo à função sexual relaciona-se com o fortalecimento dos
O presente estudo trata-se de uma revisão bibliográfica MAP, principalmente dos músculos isquiocavernoso e bul-
realizada no período de maio/2013 a julho/2013. Por tratar-se boesponjoso, pois estes músculos auxiliam na excitação e na
de uma revisão sistematizada, incluíram-se publicações entre facilidade de se atingir o orgasmo, uma vez que têm inserções
janeiro/1952 (data do primeiro estudo encontrado) e julho/2013. no corpo cavernoso do clitóris. O que também justificaria a
Foi realizada uma busca eletrônica computadorizada para identi- melhora significativa da queixa sexual após o fortalecimento
ficar os artigos relevantes nas bases de dados Medline, Pubmed, dos MAP é o fato de a resposta orgástica da mulher ser um
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Tabela I - Detalhes dos estudos incluídos.


Características dos participantes,
Medidas de desfecho, resultados e
Autor/Ano tamanho da amostra (N), duração Desenho do estudo e intervenções
conclusão
dos sintomas
Scott et al, Idade = não relatado Tipo de estudo = estudo clínico Medidas de desfecho = Avaliação dos
1979 [23] N = 116 Protocolo = Grupo eletroestimula- MAP - manometria (mmHg)
Duração dos sintomas = não relatado ção galvânica- 2x/dia, de 15 a 20 Avaliação subjetiva da função sexual
Critérios de inclusão = mulheres com minutos, com um aumento gradual do Resultados = Melhora na relação se-
incontinência urinária de esforço e tempo conforme tolerância xual das pacientes com seus parceiros
disfunção sexual Grupo controle- mulheres saudáveis foi relatada, bem como melhora da
Critérios de exclusão = outras disfun- (sem incontinência urinária de esforço função muscular
ções urinárias que não a incontinência e disfunção sexual) Conclusão = A estimulação galvânica
urinária de esforço Exercícios de Kegel- mulheres assin- para os MAP demonstrou-se eficaz no
tomáticas ou com sintomas leves de fortalecimento muscular. Além disso,
incontinência urinária de esforço ou o estudo indica que o efeito máximo
relaxamento pélvico- realizaram de 15 é observado dentro de um mês e um
a 20 minutos de exercícios de Kegel tratamento
diários
Tempo de tratamento- variou de 1 a
4 meses
Chambless Idade = 27 anos Tipo de estudo = ensaio clínico ran- Medidas de desfecho = Sexual Arou-
et al, 1984 N = 16 domizado controlado sability Inventory—Expanded Form
[24] Duração dos sintomas = média de 5 Protocolo = Grupo exercícios de (SAIE): escala de 28 itens, que avalia
anos (1,5-13 anos) Kegel adaptados de Kline-Graber e excitação, ansiedade e satisfação
Graber, 1978; Grupo controle Women’s Sexuality Questionnaire:
Critérios de inclusão = não devem Grupo exercícios de Kegel adaptados dados demográficos, variáveis de tria-
fazer uso de quantidades de álcool ou de Kline-Graber e Graber, 1978- re- gem e aspectos da resposta orgástica
outras drogas que possam interferir ceberam uma lista de 10 imagens Escala tipo Likert de 7 pontos (1-ne-
na resposta sexual, boa condição não-sexuais sobre sensações vaginais nhuma melhora a 7-muito confiante
física ginecológica, relação sexual e foram convidados a imaginar essas da melhora): medir as expectativas de
pelo menos 6 meses antes do início sensações o mais intensamente pos- alterações devido à participação no
do estudo, de pelo menos uma vez a sível, utilizando-se de cada imagem tratamento ou avaliação
cada duas semanas, engajar-se nos durante 1 minuto Manometria (mmHg) para avaliar a
jogos sexuais precoital e introdução Grupo controle- indivíduos que se função dos MAP
coital por pelo menos 5 minutos, encontravam em uma lista de espera Resultados = Aumento da força dos
não apresentar pontuação máxima Indivíduos nos dois grupos de trata- MAP em 10 mmHg foi observada para
no questionário Anxiety Subscale of mento foram instruídos a praticar os o grupo exercícios de Kegel
the Sexual Arousability Inventory, nem devidos exercícios por 10 minutos 2x/ Melhora da frequência do orgasmo
pontuação mínima no questionário dia. coital foi observada nos três grupos
Arousal Subscale e ter orgasmo com Contatos telefônicos foram realizados com nenhuma diferença significativa
menos de 30% das ocasiões de coito semanalmente para manter a moti- Conclusão = Os exercícios de Kegel
Critérios de exclusão = excluídas após vação. podem contribuir de forma positiva
teste e durante o estudo por falta de 6 semanas de tratamento para o tratamento da disfunção orgás-
aderência ao tratamento e frequência tica
de coito de pelo menos 1x/semana
durante o período de duração do
estudo
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McKay et al, Idade = média de 25 anos (25 a 48) Tipo de estudo = ensaio clínico Medidas de desfecho = Avaliação da
2001 [25] N = 29 Protocolo = TMAP com BF EMG- rea- função dos MAP- atividade EMG
Duração dos sintomas = média de 4 lização de 8 contrações mantidas por Avaliação da dor (0-nenhuma dor e
anos (2 a 5) 3s, seguidas por um relaxamento mus- 10-máxima dor)
Critérios de inclusão = mulheres cular de 12s. Após a terapia consistia Resultados = 15 (51,7%) das pa-
que passaram com um único médico em séries de 8-12s de contração mus- cientes demonstraram diminuição do
com diagnóstico de nível 2 ou 3 de cular seguida por 12s de relaxamento tônus na região do introito vaginal
vestibulite vulvar muscular. O paciente foi solicitado com 14 (93,3%) delas aptas a manter
Critérios de exclusão = não relatado então para manter a contração do relação sexual sem desconforto.
músculo o maior tempo possível até 9 pacientes (31%) demonstraram
um minuto significante decréscimo do tônus na
Após a primeira sessão realizada, região do introito vaginal e na dor e
o paciente recebia instruções de 66,7% retomaram a atividade sexual.
exercícios para serem realizados em 69% pacientes apresentaram-se
domicílio: 60 repetições seguidas de sexualmente ativas, e apenas 5 das
10s de repouso, seguido por 10s de 29 não mostraram nenhuma melhora
contração muscular 2x/dia significante
Avaliações mensais em ambulatório Conclusão = O BF EMG é uma fer-
para incentivar a aderência aos exer- ramenta efetiva para o tratamento da
cícios domiciliares vestibulite vulvar
6 meses de tratamento
Bergeron et Idade = 26 anos Tipo de estudo = ensaio clínico ran- Medidas de desfecho = Questionário
al, 2001 [26] N = 87 domizado controlado Vestibular Pain Index
*Bergeron Duração dos sintomas = 57 meses Protocolo = Grupo TMAP com BF- Pain Rating Index of the McGill Pain
et al, 2008 Critérios de inclusão = dor durante a repouso inicial de 60s; 6 contrações Questionnaire
[27] relação sexual subjetivamente angus- máximas (fásicas) de 12s seguida Avaliação da intensidade da dor du-
tiante, dor na maioria das tentativas de 12s de repouso; 6 contrações rante a relação sexual (escala 0-10)
de relações sexuais por pelo menos máximas de 12s (tônica), seguida de Global Sexual Functioning Score
6 meses, mulheres que pararam de 12s de repouso; 1 contração máxi- Sexual History Form
tentar relações sexuais pela dor, dor ma de 60s (endurance) , seguida de Sexual Information Scale of the Dero-
confirmada durante os exames gine- 30s de repouso; 60s de repouso pós gatis Sexual
cológicos, dor sexual limitada e outras tratamento 8 sessões de 45 minutos + Functioning Inventory
atividades que envolvem pressão ves- 2 sessões diárias de BF domiciliar (60 Mensuração da frequência da relação
tibular, dor moderada a grave em um repetições de 10s de contração com sexual por mês
ou mais locais do vestíbulo durante o 10s de repouso) Global Severity Index of the Brief
teste do cotonete Grupo Cirurgia de Vestíbulo – recebeu Symptom Inventory
Critério de exclusão = dor vulvar ou informações sobre o procedimento Avaliação da melhora (escala 0-5)
pélvica relacionada com a relação antes da cirurgia e instruções de como Avaliação da satisfação (escale 0-10)
sexual, infecção ativa, distúrbios retornar a atividade sexual 6 semanas Resultados = Todos os grupos apre-
psiquiátricos, vaginismo, tratamento após a cirurgia sentaram significante melhora da
contínuo para dispareunia, gravidez, Grupo Terapia Comportamental dor, mas o grupo cirurgia apresentou
idade <18 e > 50 Cognitiva- recebeu informações sobre melhores resultados
a vestibulite vulvar e do impacto da Aos 6 meses de follow-up-, os três
dispareunia no desejo e excitação; grupos melhoraram significantemente
educação sobre a dor e anatomia no ajuste psicológico e função sexual
sexual, relaxamento muscular progres- 2/5 anos follow-up- manutenção dos
sivo, respiração abdominal, exercícios resultados
de Kegel, dilatação vaginal, técnicas Conclusão = ganhos do tratamento
de distração focando na imaginação foram mantidas nos 2-5 anos de
sexual, reestruturação cognitiva, por 8 follow-up. O resultado foi previsto por
a 12 semanas dor pré-tratamento e fatores psicos-
12 semanas de tratamento sociais
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Bergeron et Idade = 35 anos Tipo de estudo = estudo retrospectivo Medidas de desfecho = Entrevista por
al, 2002 [12] N = 35 Protocolo = Programa educacio- telefone com 46 perguntas referente a
Duração dos sintomas = não relatado nal- educar os pacientes que os MAP conceitos sociodemográficos
Critérios de inclusão = dor moderada tendem a contrair quando ocorre a Dor atual durante a relação sexual,
durante a relação sexual, dor mo- dor da vestibulite vulvar, abordando outros tratamentos e função sexual
derada a grave em resposta ao teste a importância de controlar essas rea- Avaliação da dispareunia (Escala de 7
do cotonete, dor limitada ao vestí- ções musculares e ensinou os pacien- pontos, variando de “muito pior” para
bulo vulvar, sem infecções ativas, e tes que a manutenção de um assoalho “completo alívio da dor”)
presença de vestibulite vulvar por um pélvico relaxado, durante a relação Sucesso do tratamento foi definido
período mínimo de 6 meses sexual, diminui consideravelmente a como “grande melhora” ou “completo
sensação de dor alívio da dor”
Técnicas manuais (liberação mio- Resultados = melhora completa ou
fascial, pressão em trigger-point e ótima para 51,4% participantes,
massagem)- para propriocepção, melhora moderada para 20% das
normalização do tónus muscular, participantes, e pouca ou nenhuma
modificação da dor, e mobilização melhoria para 28,6%
foram aplicados sobre a superfície do Diminuição significativa na dor duran-
períneo e internamente por palpação te exames ginecológicos e na relação
vaginal e, por vezes, anal sexual e aumento significativo na
TMAP com BF- objetivos de consciên- frequência de relações sexuais e nos
cia proprioceptiva da região perineal, níveis de desejo e excitação sexual
aprendizado da contração, dessensibi- Conclusão = Existe a necessidade de
lização e controle da dor estudos randomizados controlados
Eletroestimulação dos MAP (baixa sobre os resultados potenciais do
frequência)- para consciência pro- tratamento da dispareunia, no entan-
prioceptiva da área, aprendendo to, constitui um primeiro passo para
a contração, a dessensibilização e avaliar a eficácia da fisioterapia para
controle da dor vestibulite vulvar
Exercícios de Kegel- contração e rela-
xamento dos MAP
Exercícios domiciliares- incluíram di-
latação vaginal com dilatadores e/ou
vibradores e alongamento muscular
utilizando a sonda de BF. Os pacientes
foram incentivados a envolver o seu
parceiro na prática destes exercícios
15 meses de tratamento (2-44 meses)
Nappi et al, Idade = 20-45 anos Tipo de estudo = estudo clínico Medidas de desfecho = Avaliação da
2003 [28] N = 29 Protocolo = Estimulação Elétrica dor (EVA 0-ausente a 10-intolerável)
Duração dos sintomas = mínimo de (1-4Hz; 0,1-0,3ms; 0-70mA; 10-20s Avaliação da função sexual – FSFI
1 ano on-off, por 20 minutos) 1x/semana, Avaliação da atividade EMG dos MAP
Critérios de inclusão = pacientes que por 10 semanas no vestíbulo e introito Resultados = Significante redução
estavam livres de doenças gineco- vaginal da dor na escala EVA (p < 0,001) e
lógicas e tinham experimentado dor TMAP 3x/semana por 20 minutos significante melhora da função sexual
vestibular por pelo menos 1 ano. 10 semanas de tratamento no FSFI (p < 0,001)
Critérios de exclusão = não relatado Significante melhora na habilidade de
contração dos MAP (p < 0,001) no
tônus de repouso (p < 0,001)
Conclusão = A estimulação elétrica
pode ser eficaz no tratamento da
dor sexual e pode representar uma
alternativa adicional para o tratamen-
to terapêutico da vestibulite vulvar,
entretanto, estudos randomizados e
controlados são necessários
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Lawrence et Idade = média de 34 anos Tipo de estudo = estudo clínico Medidas de desfecho = Avaliação da
al, 2004 [29] N = 29 Protocolo = Terapias manuais para di- função sexual- FSFI
Duração dos sintomas = não relatado minuir a dor e restaurar a mobilidade, Escala de avaliação da dor (0/10)
Critérios de inclusão = relações sexu- melhorando a elasticidade e distensi- Resultados = 23 pacientes apresenta-
ais dolorosas e/ou com dificuldade ou bilidade do tecido ram melhora significativa (p ≤ 0,003)
incapacidade de atingir o orgasmo; Cada sessão de terapia teve duração em todas as medidas do FSFI e 17 pa-
disponibilidade para preencher um de 1 a 2 horas cientes que completaram a avaliação
questionário pré e pós-tratamento de 20 horas de tratamento da escala de dor sexual apresentaram
dor e disfunção sexual, e histórico de significativa melhora (p ≤ 0,002)
aderências devido a processos infec- Conclusão = A terapia manual deve
ciosos ou inflamatórios, aborto, dor ser considerada um novo complemen-
abdominal e/ou cirurgia pélvica ou to para o tratamento das disfunções
trauma na região abdomino-pélvica ginecológicas
Critério de exclusão = não relatado
Seo et al, Idade = não relatado Tipo de estudo = ensaio clínico Medidas de desfecho = Avaliação
2005 [30] N = 12 Protocolo = Relaxamento dos MAP da capacidade das pacientes de se
Duração dos sintomas = não relatado com FES-BF 1x/semana durante 15 envolverem em relações sexuais
Critérios de inclusão = pacientes com minutos, por 12 semanas de parâme- Resultados = Após 8 semanas de
sintomas de acordo com o Diagnos- tros: Largura de pulso 2ms, frequência tratamento, todos os 12 pacientes
tic and Statistical Manual of Mental de 50Hz, potência entre 10 a 100mA tinham completado o programa,
Disorders foram inseridos nos critérios Cada paciente foi orientado a contrair e haviam se tornado toleráveis a
para o transtorno de vaginismo do e relaxar os MAP nos intervalos da inserção de sondas vaginais de maior
estudo. Os critérios para o diagnós- corrente tamanho, e puderam atingir a relação
tico de vaginismo são: contração Quando os pacientes se tornaram to- sexual vaginal de forma satisfatória
involuntária recorrente ou persistente leráveis para a manipulação vaginal, Conclusão = O FES-BF e a terapia
dos MAP ou que rodeiam o terço ex- foram fornecidos quatro diferentes ta- comportamental cognitiva é uma
terior da vagina em uma tentativa de manhos de dilatadores vaginais feitos ajuda eficaz para os pacientes com
penetração com pênis, dedo, tampão de silicone para a prática em casa vaginismo para aprender a controlar a
ou espéculo; e sofrimento acentuado A terapia comportamental cognitiva atividade muscular
ou dificuldade interpessoal, devido às (dessensibilização gradual oito etapas
reações da vagina. Além disso, ambos descrito por Kaplan usando auto-di-
os cônjuges devem concordar que latação vaginal com dedos e inserção
todas as tentativas anteriores de pe- da sonda vaginal) foi adicionado du-
netração adequada pelo pênis ereto rante 8 semanas para dessensibiliza-
tinha falhado, e espasmo do esfíncter ção. Na última fase os casais gradual-
vaginal e adução de membros inferio- mente tentaram relações sexuais
res ao exame físico 8 semanas de tratamento
Critérios de exclusão = não relatado
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Danielsson Idade = 25 anos Tipo de estudo = ensaio clínico ran- Medidas de desfecho = Limiar de dor
et al, 2006 N = 46 domizado controlado a pressão
[31] Duração dos sintomas= 38 meses
Critérios de inclusão= dor no introito Protocolo = Questionário Short Form-36
vaginal, dor vestibular grave à pressão Grupo TMAP com BF- TMAP domi-
de um cotonete, moderada a pro- ciliar (3 sessões 10/minutos/dia: 10 Questionário Primary Care Evaluation
nunciada dor durante a maioria das contrações máximas 5s, seguido por of Mental Disorders
tentativas de relação sexual, duração 5s de repouso, 10 contrações repeti-
dos sintomas ≥ 6 meses e idade ≥ das por 1x após 60s de repouso, 15 EVA 0 a 100 (Qualidade de vida, fun-
18 anos contrações máximas de 60s com 10s ção sexual e dor na relação sexual)
Critérios de exclusão= distúrbios repouso) + 4 sessões ambulatoriais
psicológicos, psiquiátricos e médicos Resultados = O tratamento melhorou
graves, gravidez, vestibulectomia Grupo Lidocaína– aplicação do gel a dor vestibular, função sexual, e os
prévia realização de terapia compor- nas áreas dolorosas do vestíbulo de 5 ajustes psicossociais no período de
tamental a 7x/dia, durante os primeiros 2 me- 12 meses de follow-up. Não foram
ses, o gel foi recomendado da mesma observadas diferenças nos resultados
maneira para os 2 meses subsequen- entre os dois grupos. A combinação
tes + 3 sessões ambulatoriais de ambos pode trazer benefícios para
as mulheres com vestibulite vulvar
4 meses de intervenção
Conclusão =
O tratamento com BF EMG e lido-
caína tópica apresentaram melhorias
estatisticamente significativas nas me-
didas de dor vestibular, função sexual,
e nos ajustes psicossociais nos 12
meses de follow-up. A combinação de
ambos os tratamentos podem bene-
ficiar muitas mulheres com vestibulite
vulvar
Bohm-Starke Idade = 25 anos Tipo de estudo = ensaio clínico ran- Medidas de desfecho = Avaliação da
et al, 2007 domizados controlado dor durante a pressão
[32] N = 35 (pacientes), 30 (grupo con-
trole) Protocolo = Questionário Short Form-36
TMAP com BF EMG – 10 minutos
Duração dos sintomas = 36 meses de prática 2x/dia por 4 meses. O Avaliação subjetiva da dor corporal
protocolo foi descrito por Danielsson
Critérios de inclusão = dor no introito et al, 2006 Resultados = nenhuma diferença
vaginal, moderada para pronunciada foi encontrada entre os dois grupos;
dor durante a relação sexual, duração Grupo lidocaína– aplicada no vestíbu- 3/35 pacientes reportaram cura total
dos sintomas ≥ 6 meses e idade ≥18 lo 5x/dia por 4 meses e 35/35 reportaram melhora dos
sintomas
Critérios de exclusão = pacientes com Grupo controle – metade das mu-
problemas severos de saúde, disfun- lheres usavam contraceptivos orais Conclusão = BF EMG e lidocaína
ções psiquiátricas ou psicológicas e combinados, e a outra metade não tópica como tratamento para mulhe-
gravidez utilizava métodos contraceptivos res com vestibulite vulvar, reduziram a
dispareunia,
4 meses de tratamento e melhoraram a dor corporal
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Goetsch, Idade = não relatado Tipo de estudo = ensaio clínico Medidas de desfecho = EVA de 10-cm
2007 [33] N = 111 Protocolo = Os pacientes foram Escala Likert com 5 valores de escolha
Duração dos sintomas = atendidos após a cirurgia em 3 e 8 e questões abertas incluindo avaliação
Não relatado. semanas e em diferentes intervalos daí subjetiva da porcentagem de melhora
Critérios de inclusão = em diante. Uma avaliação posterior da dor
Pacientes com vestibulite vulvar sexu- consistente do vestíbulo foi feita por Resultados = 85% dos indivíduos em
almente incapacitante, que sofreram um leve toque com um cotonete e última instância apresentavam exames
cirurgia da mucosa superficial, dor com atrito por um dedo no exame. de vestíbulo indolor no pós-operatório
reprodutível com um leve toque na mu- Quando necessário para o esclareci- 64% das mulheres informaram resolução
cosa do vestíbulo com um cotonete ou mento da dispareunia relatada, ape- da dispareunia, 24% apresentaram dimi-
algodão, e um histórico de dor locali- sar de um teste do cotonete negativo e nuição da dispareunia, 9% não apresen-
zada, queimação na abertura vaginal e parecendo falta de tensão muscular, a taram melhora e 3% relataram piora
nas tentativas de penetração vaginal sensibilidade foi testada por inserção Conclusão = A cirurgia pode corrigir
Critérios de exclusão = de dilatadores vaginais de 22-48 mm superficialmente a vestibulite vulvar,
dermatoses vulvares, lesões ulcerativas para ver se o alongamento da área entretanto sem o tratamento para a
ou vestibulite vulvar generalizada, cicatrizada era uma fonte de dor mialgia no assoalho pélvico, as mu-
vulvite por Candida ou Streptococcus lheres podem continuar a apresentar a
do grupo B dispareunia
Backman et Idade = média 24 anos (17-23) Tipo de estudo = estudo clínico Medidas de desfecho = Avaliação da
al., 2008 Protocolo = Tratamento psicossexu- frequência da relação sexual- diversas
[34] N = 27 al- Informações sobre o impacto da x/semana; poucas x/ mês; poucas x/
vestibulite vulvar na função sexual e ano; nunca
Duração dos sintomas = 12 meses desejo e como fazer melhorias; avalia- Dor durante a relação sexual- 0 – Dor
ção e discussão da visão global da nunca; I- Dor ocasional ou leve, não
Critérios de inclusão = dor provocada sexualidade, por exemplo, crenças, impedindo a relação sexual; II- Dor
na área em torno do orifício vaginal, atitudes, valores, erotismo e atividade; moderada, por vezes, impedindo a
dor intensa na maioria das tentativas Ajuda para estabelecer limites psico- relação sexual; III- Dor moderada a
de relações sexuais, duração dos lógicos em relação ao trabalho, vida grave, na maioria das vezes impedin-
sintomas por pelo menos 12 meses social, família e parceiro; ajuda para do a relação sexual
Critérios de exclusão = infecção criar uma vida de desejo; eliminação Avaliação da função sexual- função
vulvo-vaginal, dermatose vulvar, dor do estresse; prática física e psicoló- sexual geral; desejo sexual; procura
vulvar não provocada, outro trata- gica para melhorar as questões de sexual; atitudes com a própria sexua-
mento contínuo para vestibulite vulvar, autoestima; treinamento psicológico lidade; estresse geral da vida; estresse
e medicação ou terapia para doença para mudar o foco e pensamentos a no trabalho; limite sexual; limite
maior ou psiquiátrica respeito vestibulite vulvar psicológico
Exercícios para dessensibilização e redu- Resultados = 79% das mulheres
ção do tônus muscular progressivamen- consideravam-se curadas ou melhora-
te- Tocar a área dolorosa do vestíbulo ram muito
uma vez por dia; tocar a área dolorosa A frequência das relações sexuais
no vestíbulo, duas vezes por dia; tocar aumentou (p=0,001) e a dor coital
a área dolorosa no vestíbulo duas vezes reduziu (p=0,02) após a conclusão
por dia com pressão; contração e rela- do tratamento
xamento, exercícios para os músculos Conclusão= O tratamento multidis-
do assoalho pélvico; introduzir um ciplinar (dessensibilização da mucosa
dedo lentamente na vagina, mantendo vestibular, reabilitação do assoalho
parado por um momento e depois pélvico, e ajustes psicossexuais) pode
retirá-lo; introduzir dois dedos lenta- beneficiar mulheres com vestibulite
mente na vagina, mantendo parado por vulvar
um momento e, em seguida, retirá-los;
exercícios de penetração em combina-
ção com leve massagem diária da área
dolorosa; incentivar a paciente a usar
tampões durante a menstruação; incen-
tivar o paciente a ter relações sexuais
Fisioterapia Brasil - Ano 2015 - Volume 16 - Número 2 173

Murina et al, Idade = Grupo TENS 30 anos Tipo de estudo = ensaio clínico ran- Medidas de desfecho = Avaliação da
2008 [35] (21–44) e Grupo placebo 26 anos domizado controlado placebo função sexual - FSFI
(21–35) Protocolo = Grupo TENS- estimula- Avaliação da dor- EVA
ção elétrica intravaginal em forma de Short Form McGill-Melzack Pain
N = 40 onda bifásica simétrica (15 minutos de Questionnaire
10Hz de frequência e duração do pul- Marinoff Dyspareunia Scale
Duração dos sintomas = 6 meses so de 50ms, seguido por 15 minutos Resultados = Melhora significativa
de frequência de 50Hz e duração de de todas as pontuações para o grupo
Critérios de inclusão = história de pulso de 100ms, a intensidade variou TENS. As mulheres do grupo placebo
pelo menos 6 meses de dor vulvar entre 10 e 100mA) não mostraram alterações significa-
mediante inserção de tampões ou Grupo placebo- receberam estimu- tivas
tentativa de relação sexual e teste lação elétrica considerada não ativa, Conclusão = O TENS é um método
do cotonete, na ausência de outras isto é, dois conjuntos de três segundos simples, eficaz e seguro de curto prazo
causas. de estimulação. Parâmetros: frequ- para tratamento da vestibulite vulvar
Critérios de exclusão = gravidez, ência de 2Hz, duração de pulso de
marca-passo cardíaco, infecções 2ms, seguida por uma pausa de 15
vaginais, doenças neurológicas ou minutos.
neuromusculares e diabetes. Frequência de 2x/semana
20 sessões de tratamento
Yasan e Ak- Idade = mulheres 20 anos; homens Tipo de estudo = ensaio clínico Medidas de desfecho = Questionário
deniz, 2009 24 anos. Protocolo = Informação aos casais para a avaliação do tratamento: (I)
[36] N = 44 casais sobre a anatomia sexual e fisiologia Você pode fazer trabalhos domésti-
Duração dos sintomas = sexual com fotos. cos? (Sim ou não); (II) Se você não
não relatado. As mulheres realizaram exercícios pode, quais são os problemas? (III)
individuais em casa, incluindo o Quando você faz as tarefas domésti-
Critérios de inclusão = >18 anos de autoexame vaginal com espelho e cas, ocorre espasmo vaginal? (Sim ou
idade, a ausência de qualquer dano inserção dos próprios dedos no canal não); (IV) Quando você faz as tarefas
físico ou problemas psicológicos que vaginal. Foram passados exercícios de domésticas, você sente alguma dor?
possam interferir com a comunicação, Kegel para as pacientes. Durante as (Sim ou não); (V) Quando você faz as
e assinatura do termo de consen- sessões de aconselhamento semanais, tarefas domésticas, ocorre medo ou
timento indicando a participação o andamento das tarefas atribuídas ansiedade? (Sim ou não)
voluntária de dessensibilização foram avaliadas, Resultados = 36 casais completaram
Critério de exclusão = não relatado envolvendo a introdução sistemática o tratamento, das quais 29 obtiveram
de objetos com diâmetro progressiva- sucesso
mente maior na vagina, por exemplo, Conclusão = A terapia sexual é um
meio dedo, um dedo, ou dois dedos. método viável de tratamento para o
A mudança para cada passo seguinte vaginismo na cultura apresentada. O
foi guiado pela experiência de um presente estudo também ressalta que
desempenho de sucesso do passo mesmo uma terapia sexual eficaz deve
anterior. A ajuda do parceiro era para ser modificada de acordo com as
explorar a vagina da sua parceira e expectativas culturais, valores e modo
inserir os dedos semana a semana, de casamento
então dois dedos, se possível. Antes
da fase final, a contenção vaginal do
pênis ereto foi tentada. Finalmente,
os parceiros do sexo masculino foram
encorajados para fazer a penetração
ativa sem a retirada
Não foi relatado o tempo total de
tratamento
174 Fisioterapia Brasil - Ano 2015 - Volume 16 - Número 2

Forth et al, Idade = 32 anos Tipo de estudo = ensaio clínico Medidas de desfecho = McGill Pain
2009 [37] N = 21 Protocolo = Programa fisioterapêutico Questionnaire
Duração dos sintomas = individualizado (modificação compor- Questionário SF-36
Não relatado tamental e TMAP com BF EMG) Resultados = Redução do nível de dor
Critérios de inclusão = diagnóstico de 4 sessões de tratamento durante o período de tratamento em
vestibulite vulvar entre 10/Maio e 10/ relação ao período de controle; melhora
Agosto de 2004 na qualidade de vida. Entretanto, nenhu-
Critérios de exclusão = Realização ma significância estatística foi observada
de fisioterapia e tratamento cirúrgico devido ao pequeno tamanho da amostra
para a vestibulite vulvar, ou se a ves- Conclusão = O estudo apoia a ideia de
tibulite vulvar era secundária a outra que a fisioterapia proporciona alívio da
condição dor para mulheres com vestibulite vulvar,
entretanto maiores estudos randomiza-
dos e controlados são necessários para
confirmar a eficácia do tratamento
Goldfinger Idade= > de 18 anos Tipo de estudo = ensaio clínico Medidas de desfecho =
et al, 2009 N =13 prospectivo Intensidade da dor vestibular pelo teste
[38] Duração dos sintomas= > 6 meses Protocolo = Breve discussão sobre do cotonete
dor, exercícios e aderência ao trata- Limiar de dor pelo número de gramas
Critérios de inclusão = mulheres mento que provocam dor e o número de
fluentes na língua inglesa, idade Técnicas manuais intravaginal (libe- gramas necessários para provocar uma
>18 anos queixas de dor vulvar por ração de ponto gatilho e massagem) classificação de dor moderada durante o
pelo menos 6 meses e mulheres que realizadas pelo fisioterapeuta que teste sensorial
preencheram os critérios diagnósticos progrediu ao longo do programa de Medidas de autorrelato da intensidade da
vestibulite vulvar durante o exame tratamento (progressão na realização dor sexual e desconforto (EVA de 0 e 10)
ginecológico da massagem de um para dois dedos Porcentagem de tentativas dolorosas de
Critérios de exclusão = condições e aplicação de maior pressão) relações sexuais, (12 atividades dife-
médicas, psiquiátricas ou dor atual TMAP com BF EMG- uma sonda foi rentes: a relação sexual, a inserção do
importante, uso de medicamentos inserida no canal vaginal e orientou- dedo no canal vaginal, o atrito da região
que interferem na dor, amamentação -se a paciente a visualizar sua ativida- vulvar com a roupa, inserção de tampão)
atual ou inferior a 6 meses pós-parto, de muscular em um monitor Avaliação da função sexual- FSFI
cirurgia para prévia para vestibulite Eletroestimulação dos MAP por 5-12 Sexual Esteem Subscale of the Sexuality
vulvar, menopausa, relutância da utili- minutos (F=15Hz, T=250ms, intensi- Scale
zação de outras formas de tratamento dade de 0-100mA, tempo de subida Avaliação da dor associada à cognição-
durante a realização do estudo e no de 1s, tempo de descida de 0,5s, com Pain Catastrophizing Scale
follow-up e as participantes que não tempo on-off de 4s) Pain Anxiety Symptoms Scale-20
puderam Inserção de dilatador vaginal com Center for Epidemiological Studies De-
submeter-se ao exame ginecológico, progressão do mesmo (três dilatadores pression Scale
incluindo o exame do espéculo (por vaginais de silicone foram utilizados: State-Trait Anxiety Inventory Trait Version
exemplo, devido a 1º=3,3 cm de largura, 2º=3,8 cm de Resultados = Significante melhora dos
vaginismo), também foram excluídas largura e o 3º=4,0 cm de largura), as limiares de dor vestibular durante o
do estudo participantes também foram instruídas exame ginecológico e da dor durante a
a inserir o dilatador 2 vezes a cada relação sexual
dois dias por 2 minutos Melhora significativa da função sexual,
8 sessões de tratamento, com duração entretanto a frequência das relações
de 60-75 minutos cada sexuais não melhorou
Significativa redução da ansiedade
relacionada à dor
Conclusão = Os resultados proporcio-
nam sustentação preliminar da eficácia
do TMAP no tratamento da dor da
vestibulite vulvar. Entretanto, existe a
necessidade de estudos randomizados
e controlados para comprovação destes
resultados
Fisioterapia Brasil - Ano 2015 - Volume 16 - Número 2 175

Curran et al, Idade = média de 30 anos Tipo de estudo = estudo clínico piloto Medidas de desfecho = Avaliação da
2010 [39] Protocolo = Acupuntura- 10 sessões função sexual- FSFI
N=8 por 5 semanas (1-2 sessões/semana), Avaliação da dor associada à cogni-
com duração de 1 hora (agulhas ção- Pain Catastrophizing Scale
Duração dos sintomas = não relatado estéreis de uso único). A colocação Avaliação da percepção, consciência
da agulha consistia em 20-25 minutos e vigilância à dor- Pain and Vigilance
Critérios de inclusão = idade ≥19 na parte anterior e posterior do corpo. Awareness Questionnaire 16-item
anos, diagnóstico de vestibulite vulvar, De 10 a 20 agulhas foram inseridas Avaliação do bem-estar, autoconfian-
estar na pré-menopausa e de acordo em cada sessão, distribuídas na: testa, ça, energia e sono (Escala Likert)
em manter constante e concomitante couro cabeludo, interior dos joelhos e Resultados = Melhora da capacida-
tratamento da vestibulite vulvar (isto cotovelos, região central e superior do de de ter relações sexuais e desejo
é, os medicamentos) na duração do abdome e acima do osso púbico, e sexual. As análises qualitativas foram
estudo nas costas acima do cóccix globalmente mais positivas e revela-
Critérios de exclusão = ram uma melhora percebida na saúde
não relatado 10 sessões de tratamento sexual, na redução da dor e melhor
bem-estar mental, na maioria das
participantes
Conclusão = Os resultados encon-
trados requerem a replicação em um
estudo randomizado controlado antes
de quaisquer conclusões definitivas
sobre a eficácia da acupuntura para a
vestibulite vulvar
Piassarolli et Idade = média de 30 anos Tipo de estudo = ensaio clínico Medidas de desfecho = Força dos
al, 2010 [40] Protocolo = TMAP- exercícios em MAP- método PERFECT
N = 45 grupo, 1-2x/semana, durante 50 Atividade eletromiográfica dos MAP
minutos, realizados em 10 posições: Avaliação da função sexual- FSFI
Duração dos sintomas = decúbito dorsal, lateral e ventral; qua- Resultados = Significativa melhora
Não relatado tro apoios; sentada na cadeira e na (p < 0,0001) dos escores do FSFI ao
bola; e em pé de frente ao espelho. final do tratamento comparado às
Critérios de inclusão = diagnósti- Foram solicitadas, para cada posição, avaliações inicial e intermediária
co de disfunção sexual, mínimo de cinco contrações fásicas (rápidas) e Em relação à atividade eletromio-
uma relação sexual no último mês, cinco contrações tônicas (sustentadas) gráfica dos MAP, as amplitudes das
idade entre 18 e 40 anos e parceiros por 10s, com um período de relaxa- contrações fásicas e tônicas aumenta-
estáveis mento de 10s entre cada contração, ram significativamente (p < 0,0001)
Critérios de exclusão = mulheres totalizando, ao final de cada sessão, ao longo do tratamento
na menopausa ou climatério, com 100 contrações. Todas as mulheres re- Aumento na força dos MAP, com 69%
falência ovariana prematura, grávi- cebiam uma cartilha com orientações das mulheres apresentando grau 4 ou
das, mulheres com mais do que três domiciliares, contendo explicações 5 na avaliação final e melhora total
gestações e/ou três partos, história dos exercícios praticados para serem das queixas sexuais
pregressa de abuso e/ou estupro, realizados 1x/dia Conclusão = O TMAP resultou na
diagnóstico de vaginismo, presença 10 sessões de tratamento melhora da força muscular e amplitu-
de diabetes, dislipidemias, hiperten- des de contração pela eletromiogra-
são e/ou tratamento com hipoten- fia, com melhora na função sexual,
sores, depressão não tratada, que indicando o sucesso dessa aborda-
utilizassem anticonvulsivantes e/ou gem terapêutica no tratamento das
antidepressivos, submetidas a cirurgias disfunções sexuais femininas
pélvicas ou vaginais prévias, infecção
ou perda urinária atuais, prolapso de
órgãos pélvicos grau III ou IV, disfun-
ção sexual do parceiro e ausência
de contração dos MAP na avaliação
física, realização de outro tratamento
para disfunção sexual durante a reali-
zação do estudo
176 Fisioterapia Brasil - Ano 2015 - Volume 16 - Número 2

Dionisi e Se- Idade = 32 anos (27-37 anos) Tipo de estudo = ensaio clínico Medidas de desfecho = Avaliação da
natori, 2011 Protocolo = Eletroestimulação dor com o teste do cotonete
[41] N = 45 intravaginal- 1x/semana por 30 Goetsch Scale (0-nenhuma dor e 4-dor
minutos com pulsos bifásicos de severa)
Duração dos sintomas= modulação 0/10-50Hz de frequência, Avaliação da dispareunia Marinoff
16 meses (7-37 meses) 300/100/3.000ms de duração do Dyspareunia Scale (0-3)
pulso, 10 a 100mA de acordo com a Dor e ardência vulvar avaliada com o
Critérios de inclusão = percepção da mulher teste do cotonete (EVA 0-nenhuma dor
mulheres com dispareunia durante a TMAP- contração e relaxamento a 10- dor máxima)
relação sexual no pós parto diariamente em casa, por 15 minutos Resultados = 84,5% das mulheres
pela manhã e 10 minutos à noite e relataram uma melhora da dispareunia
Critérios de exclusão = presença de sessões ambulatórias com TMAP BF após apenas cinco aplicações de TENS,
um dispositivo intrauterino, infecção para conhecimento dos músculos com remissão total dos sintomas em
vaginal, marca-passos cardíacos, 95% delas no final do tratamento
gravidez, diabetes ou lesões da pele e 5 semanas de tratamento Ao follow-up de 8 meses todas as
mucosas pacientes estavam livres de dor
Conclusão = A terapia com estimula-
ção nervosa transcutânea intravaginal e
os exercícios de relaxamento dos MAP
é seguro e eficaz na melhoria da dor e
da dispareunia vulvar na mulher com
trauma pós-parto com episiotomia
Sadownik et Idade = média de 31 Tipo de estudo = estudo retrospectivo Medidas de desfecho = Transcrição
al, 2012 [42] anos qualitativo de entrevista realizada com as pacien-
Protocolo = Seminários educacionais tes, sobre: o aumento do conheci-
N = 19 (12-16 semanas)- conduzidos por gine- mento, aprendizado de novas habili-
cologistas com experiência em medicina dades; melhora na saúde psicológica;
Duração dos sintomas = sexual e dor genital. O primeiro semi- sentimento de apoio e sensação de
Não relatado. nário incluiu uma discussão estruturada maior autonomia
sobre os sintomas e sinais clínicos da Resultados = Cinco temas principais
Critérios de inclusão = mulheres em vestibulite vulvar, as teorias atuais sobre a emergiram: o aumento do conhe-
idade reprodutiva, dispareunia duran- etiologia e fisiopatologia, e os tratamen- cimento e habilidades adquiridas,
te pelo menos 6 meses secundárias tos médicos, comportamentais e cirúrgico percepção da melhora do humor/
para vestibulite vulvar, e capacidade O segundo seminário analisou o bem-estar psicológico, sensação de
para participar de um formato de impacto negativo da dor no ciclo de apoio e maior sensação de poder
grupo. resposta sexual de uma mulher, e uma Conclusão = Programa multidis-
Critérios de exclusão = Mulheres na discussão sobre o impacto da vestibulite ciplinar pode ser benéfico para as
pós-menopausa, mulheres com dor vulvar sobre o relacionamento sexual de mulheres com vestibulite vulvar
vestibular não provocada, desconforto um casal
vulvo-vaginal crônico, mulheres com O terceiro componente- incluía três ses-
dispareunia por outra etiologia (por sões individuais de TMAP com BF EMG
exemplo, líquen escleroso e mulheres (superfície) realizadas por fisioterapeuta.
que não puderam participar no do Técnicas manuais para tratar a hiper-
grupo (por exemplo, pela falta de tonicidade dos MAP com objetivos de
fluência em inglês) educar as mulheres sobre o papel dos
músculos na dor sexual, aumentar a sua
consciência de seus músculos e ensinar
habilidades para controlar seus múscu-
los. Mulheres com significativa hiperto-
nia foram encorajadas para continuar
os exercícios aprendidos no programa
Não foi relatado o tempo de tratamento
TMAP = treinamento dos músculos do assoalho pélvico; MAP = músculos do assoalho pélvico; TMAP BF = treinamento dos músculos do assoalho
pélvico com biofeedback; BF EMG = biofeedback eletromiográfico; EVA = escala visual analógica; TENS = transcutaneous electrical nerve stimulation;
FSFI = Female Sexual Function Index.
Fisioterapia Brasil - Ano 2015 - Volume 16 - Número 2 177

reflexo sensório-motor que enseja em contrações dos músculos anorgasmia, o vaginismo, a dispareunia e a vestibulite vulvar
perineais durante o orgasmo. Mulheres com transtornos de [12,25-27,30-32,37,38,42].
desejo e excitação também podem ser beneficiadas com a re- Inúmeros protocolos são propostos para a utilização do
alização do TMAP, pois os exercícios produzem um aumento BF no tratamento das DSF. O BF tem sido utilizado como
da vascularização pélvica e da sensibilidade clitoriana, o que forma de conscientização proprioceptiva e dessenssibilização
promove uma melhor excitação e lubrificação [40]. da região perineal, bem como para aprendizado da correta
O TMAP tem sido associado à melhora da força e ampli- contração [12,42]. Entretanto, seu maior emprego consiste
tude de contração muscular, comprovada pela eletromiografia, em uma forma adjuvante para o treinamento muscular, men-
e à otimização da função sexual [40]. Também é notável em surando a resposta de contração dos MAP. Desta forma, os
ensaio clínico randomizado controlado que o treinamento pacientes são orientados a realizar o treinamento de contração
muscular contribui de forma direta no aumento da força dos das fibras musculares de endurance (tipo I) e fibras musculares
MAP e de forma positiva no tratamento da disfunção orgástica rápidas (tipo II) [26,31,32,37,38].
[24]. Reafirmando a importância dos exercícios, Scott et al. É grande a variedade de instrumentos de BF utilizados na
utilizaram corrente galvânica e TMAP em mulheres com in- prática clínica. Entretanto, para o treinamento muscular o BF
continência urinária de esforço e disfunção sexual. Os autores manométrico e o eletromiográfico são os mais empregados.
observaram melhora na função sexual e muscular, avaliada O BF EMG tem sido utilizado por muitos estudos para o
por meio da manometria, após a intervenção com devida tratamento dos distúrbios de dor vulvar, demonstrando ser
técnica. Esse estudo também verificou que o efeito máximo eficaz para o treinamento do controle muscular, além de ser
é observado dentro de um mês e um tratamento de longa bem aceito e aumentar a taxa de sucesso pela minimização
duração é desnecessário. Este resultado deve-se à associação da taxa de desistência do tratamento, por ser considerado um
da estimulação galvânica com os exercícios [23]. motivador [25,30,31].
Estudos também demonstram a eficácia do TMAP no
tratamento dos distúrbios de dor. Reduções significativas Eletroterapia nas disfunções sexuais femininas
na intensidade da dor durante a relação sexual e melhora
da capacidade de se engajar em atividades sexuais de forma A eletroterapia tem sido proposta para o tratamento das
significativa sem dor foram observadas em mulheres que disfunções sexuais de duas formas. Para o tratamento da dor,
realizaram o TMAP [12,38]. utilizando-se a Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation
As mulheres com dispareunia e vaginismo apresentam so- (TENS); e para o fortalecimento dos MAP, utilizando-se a
frimento pessoal, devido ao recorrente ou persistente espasmo Functional Electrical Stimulation (FES).
da musculatura perineal, que interfere na penetração durante Na presente revisão, sete estudos utilizaram a eletroterapia
a relação sexual. Este aumento da tensão dos MAP torna-se para tratar as DSF [12,23,28,30,35,38,41]. Eles aplicaram
crônico devido às experiências repetidas com a dispareunia, ao devida técnica no tratamento do vaginismo, da dispareunia
medo e à reação de antecipação da dor que culmina na hiperto- e da vestibulite vulvar.
nicidade e formação de trigger-points nestes músculos [30,38]. Reporta-se que a TENS é um método simples, eficaz e
A alternância entre a contração e o relaxamento durante a seguro para o tratamento das desordens de dor vulvar e do
realização do TMAP promove o relaxamento muscular pro- vestíbulo [35,41]. Dois mecanismos são citados para a efi-
gressivo [30]. Apesar de não haver na literatura informações cácia: o primeiro é a “teoria das comportas da dor”, na qual
sobre as modificações químicas e moleculares nos músculos, ocorre a inibição da informação da dor que segue ao longo
promovidas de forma específica pelo TMAP, verifica-se que o das fibras nociceptivas pela estimulação aferente das fibras
treinamento muscular é capaz de promover melhora da função Ab. O segundo é baseado na liberação endógena de opioides
muscular com grandes modificações vasculares. Ainda assim, pelo organismo, por estimulação das vias aferentes de pequeno
a literatura revela que são incertos os fatores de crescimento diâmetro e fibras motoras [35].
angiogênicos e suas sinalizações que devem estar envolvidas A TENS combinada com o TMAP é capaz de curar com-
no remodelamento vascular e na melhora da função muscular. pletamente a dispareunia e a dor vulvar devido à episiotomia.
Esse aumento do fluxo sanguíneo e da mobilidade pélvica é o O uso de estimulação elétrica como terapia para a dor tem
que potencializa a excitação genital e orgástica [40]. sido reportado desde os tempos antigos, e o melhor efeito
analgésico foi encontrado alternando baixas e altas frequên-
Treinamento dos músculos do assoalho pél- cias, entre 10 e 50Hz, com uma duração de 50 e 100ms. Para
vico com biofeedback nas disfunções sexuais o tratamento da dor vulvar, as correntes são aplicadas através
femininas de eletrodos de superfície, colocados na região perineal, ou
por eletrodos intracavitários [41].
A utilização do biofeedback (BF) na reabilitação dos A outra forma de utilização é pela reeducação e reativa-
MAP foi introduzida por Kegel em 1948. A adição do BF ao ção das funções dos MAP causada pela FES. Essa técnica é
TMAP foi utilizada em 10 estudos nesta revisão. Tratou-se a formulada para intervir diretamente na dinâmica do controle
178 Fisioterapia Brasil - Ano 2015 - Volume 16 - Número 2

sensório-motor, restabelecendo o feedback proprioceptivo sessão de fisioterapia e foi mostrado a eles como conduzi-
bloqueado nas tentativas de movimento muscular. A FES pro- rem as técnicas manuais de alongamento muscular. Como
move um aumento na excitabilidade do neurônio motor, tanto resultado, a intensidade da dor experimentada diminuiu e o
pela ativação direta de grandes unidades motoras como pelo desejo e a excitação sexual aumentaram. Com a inclusão do
efeito sensorial produzido pela corrente elétrica sobre a pele. parceiro na terapia, observou-se que a frequência mensal de
Os efeitos tardios agem na neuroplasticidade e são suscetíveis estimulação manual, a estimulação oral, as relações sexuais e
de modificar as propriedades visco elásticas musculares [43]. a masturbação foram maiores no pós-tratamento para toda
Estudos relatam melhora dos sintomas sexuais e urinários a amostra [12]. Já Goldfinger et al. realizaram um programa
em mulheres com incontinência urinária de esforço e disfun- de fisioterapia para o tratamento da vestibulite vulvar, que
ção sexual após a intervenção com a estimulação galvânica. utilizou diversas técnicas além da terapia manual, porém não
Esta se dá pelas visitas periódicas e que parece ser capaz de envolveu os parceiros das pacientes. No geral, os objetivos
elevar a motivação das pacientes com vestibulite vulvar [28]. dos componentes de tratamento incluíram: aumentar a pro-
Goldfinger et al. realizaram um programa de fisioterapia priocepção; melhorar a flexibilidade do tecido circundante
para os MAP com a inclusão da eletroestimulação e observa- à vagina; diminuir a tensão muscular; melhorar a força dos
ram que além da melhora da eficiência contrátil, o FES pode MAP; aumentar o fluxo sanguíneo para os MAP; aumentar
ser usado como um método de tratamento para distúrbios da a capacidade de tolerar pressão na região; dessensibilizar as
dor sexual, como a dispareunia e o vaginismo, pela dessensi- terminações nervosas; reeducar os MAP; e diminuir o medo
bilização progressiva à dor [38]. da penetração. Mais de dois terços das participantes obtive-
Outra forma de utilização é a combinação de FES com BF ram um resultado bem sucedido no tratamento e ficaram
EMG (FES-BF). Esta combinação foi realizada por Bergeron extremamente satisfeitas [38].
et al., com os objetivos de melhorar a consciência proprio-
ceptiva e de dessensibilizar a região perineal, aprendizado da Terapia comportamental nas disfunções
contração dos MAP e do controle da dor. Utilizou-se corrente sexuais femininas
bifásica de baixa frequência com uma forma de onda retan-
gular, usando a mesma sonda intracavitária utilizada para o A terapia comportamental ou cognitiva é uma das formas
BF. O BF foi utilizado no início do tratamento para ajudar as de tratamento mais utilizadas, pois possibilita a identificação
pacientes no TMAP, permitindo-lhes visualizar a sua atividade de problemas causadores da disfunção sexual e auxilia na
muscular por meio de um monitor de computador. Após era melhora da ansiedade e no conhecimento dos mitos relacio-
realizada a eletroterapia com o FES. Os resultados indicaram nados às questões sexuais. Dessa forma, é possível pensar que
significativa diminuição na dor e aumento da frequência de a associação das técnicas de terapia comportamental, aconse-
relações sexuais das pacientes [12]. lhamento psicológico e a fisioterapia podem contribuir para
se obter resultados melhores no tratamento das disfunções
Terapia manual nas disfunções sexuais sexuais [30,40]. Cinco estudos utilizaram terapia comporta-
femininas mental para tratar as DSF [26,30,34,36,37]. Estes aplicaram
a terapia comportamental no tratamento da anorgasmia, do
A terapia manual também deve ser considerada no trata- vaginismo, da dispareunia e da vestibulite vulvar.
mento das disfunções ginecológicas de dor e na anorgasmia. Bergeron et al. compararam a terapia comportamental,
Teoricamente, a mobilização dos tecidos moles pode quebrar com o TMAP com BF e a cirurgia de vestíbulo. Os autores
as ligações de colágeno e de aderências que causam dor e concluem que os três tratamentos forneceram de forma igual e
disfunção, incluindo a dispareunia e a ausência de orgasmo positiva melhora na função sexual e bons ajustes psicológicos,
[29]. Quatro estudos utilizaram terapia manual para tratar com manutenção dos resultados por seis meses após o término
as DSF nesta revisão [12,29,38,42]. Eles aplicaram a devida do tratamento. Neste estudo, o grupo terapia comportamental
técnica no tratamento da anorgasmia, da dispareunia e da também foi orientado a realizar exercícios para os MAP [26]. Em
vestibulite vulvar. outro estudo a terapia comportamental foi associada ao programa
Muitos dos casos de inibição do orgasmo, dispareunia e fisioterapêutico com o objetivo de mudar o foco de pensamentos
outros aspectos da disfunção sexual parecem ser tratáveis por a respeito da vestibulite vulvar, observando melhora ou cura
uma terapia manual distinta, não invasiva, sem riscos e com dos sintomas depois dessas intervenções, concluindo que um
poucos efeitos adversos [29]. Mulheres que participaram de tratamento multidisciplinar pode beneficiar tais mulheres [34].
um programa multidisciplinar que incluiu técnicas manuais Forth et al. não encontraram diferença estatística na utilização da
de fisioterapia relataram melhora da dor e aprenderam novas modificação comportamental e da fisioterapia devido ao peque-
habilidades para lidar com sua dor sexual [42]. no tamanho da amostra (21 pacientes), porém o estudo apoia
Bergeron et al. incentivaram as mulheres a envolverem a ideia de que a fisioterapia e a modificação comportamental
seus parceiros na prática dos exercícios. Mais especificamente, proporcionam alívio da dor e melhora na qualidade de vida de
os parceiros interessados ​​participaram pelo menos de uma mulheres com vestibulite vulvar [37].
Fisioterapia Brasil - Ano 2015 - Volume 16 - Número 2 179

Como dito anteriormente, a crença religiosa interfere na e revelaram uma perceptível melhora na saúde sexual,
função sexual. Yasan e Akdeniz apresentaram uma interven- redução da dor e melhora do bem-estar mental na
ção para 44 casais islâmicos. A maioria dos casamentos nesta maioria das participantes. Conclui-se que houve efei-
região é organizada pelos membros mais velhos da família e
tos positivos de maneira geral, mas melhorias estatisti-
muitos casais relataram a falta de informação básica relaciona-
da à sexualidade, como, por exemplo, a falta de conhecimento camente significativas foram apresentadas apenas em
da localização exata do canal vaginal por homens e mulheres. relação à dor na estimulação genital. Estes resultados
A terapia foi composta com informações sobre anatomia e requerem a replicação em um estudo randomizado
fisiologia sexual por meio de fotos, mas não foi permitido o controlado antes de qualquer conclusão definitiva
exame pélvico devido aos costumes culturais, o que pode ser sobre a eficácia da acupuntura para tratamento das
um fator preditor para os resultados negativos encontrados disfunções sexuais femininas [39].
no estudo [36].
Critérios validados e aceitáveis para o êxito do Fisioterapia no tratamento das disfunções
tratamento com terapia cognitivo-comportamental sexuais femininas
sexual ainda não foram elucidados. Um resultado
bem-sucedido pode ser definido como a capacidade A fisioterapia para o tratamento das disfunções sexuais
femininas é um tratamento não invasivo e sem efeitos se-
de conseguir a penetração completa e a ejaculação. No
cundários negativos conhecidos. O principal objetivo da
entanto, esta definição não está defensável. Ao avaliar fisioterapia é reabilitar a musculatura do assoalho pélvico,
o sucesso do tratamento, a qualidade da experiência bem como tratar o distúrbio de dor. Para atingir tais objetivos,
sexual deve ser considerada em conjunto com a capa- diversas técnicas foram propostas nos estudos incluídos nesta
cidade de alcançar o coito [30]. revisão, tais como terapia manual, eletroterapia, TMAP, BF
como adjuvante ao TMAP e de propriocepção e conscienti-
Acupuntura nas disfunções sexuais femininas zação dos MAP, e a acupuntura. Estas técnicas demonstram
ser eficazes e benéficas no tratamento das disfunções sexuais,
A acupuntura é uma das modalidades de tratamento causando impacto positivo na função sexual e na qualidade
da medicina tradicional chinesa, segundo a qual o corpo de vida das mulheres acometidas pela disfunção.
humano apresenta doze pontos de ligação principal e
Conclusão
oito canais secundários. Dor e doença é o resultado
do bloqueio ou desequilíbrio entres esses canais. Para Conclui-se que na literatura revisada a fisioterapia, com
restaurar a energia e o equilíbrio, agulhas finas e estéreis seus diversos recursos, é indicada para o tratamento das
são inseridas em pontos específicos ao longo desses disfunções sexuais, tanto associada à outra especialidade,
canais. Cada ponto de acupuntura é então ativado como terapia comportamental, como de forma isolada,
pela aplicação de agulha com pequenos movimentos demonstrando resultados significantes e eficazes. Não foram
observadas contraindicações da fisioterapia, porém é notável
de rotação e empurrão da mesma para provocar uma
a necessidade de mais estudos randomizados controlados com
sensação de dormência e plenitude na área. A visão tamanho amostral maior.
da medicina ocidental é que a colocação de agulhas
de acupuntura em pontos específicos de dor libera Referências
endorfina e opioides que funcionam como analgésicos
e também supõe melhorar o sistema imunológico e o 1. Basson R, Althof S, Davis S, Fugl-meyer K, Goldstein I, Leiblum
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No único estudo incluído nesta revisão que utili- 2. Lemack GE, Zimmern PE. Sexual function after vaginal sur-
zou acupuntura, significativas reduções na dor foram gery for stress incontinence: results of a mailed questionnaire.
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lhorou a capacidade de ter relações sexuais e desejo 4. Masters WH, Johnson VE. A conduta sexual humana. Rio de
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