Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Conselheiros Substitutos
HELOISA TRIPOLI GOULART PICCININI
DANIELA ZAGO GONÇALVES DA CUNDA
ALEXANDRE MARIOTTI
ANA CRISTINA MORAES WARPECHOWSKI
LETÍCIA AYRES RAMOS
ROBERTO DEBACCO LOUREIRO
Diretor-Geral
Mauro Castro Carapeços
Diretora Administrativa
Livete Rajczuk Masiel Meira
2
Supervisão de auditoria e instrução de contas estaduais
SAICE
Supervisor
Guilherme Genro Sampedro
Coordenador
Rafael Santos Castro
Equipe
Adriana Flach Sampaio
Camila Ozorio Weisheimer
Enio Guimarães Pansiera
Luís Fernando Alcoba de Freitas
Juliana Coelho Bortoluzzi
Sandro Trescastro Bergue
Thiago Fraga Lima
Apoio
Consultoria Técnica
Escola Superior de Gestão e Controle
Supervisão de Informática
Serviços de Auditoria
Assessoria de Comunicação Social
3
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
DO RIO GRANDE DO SUL
Missão:
exercer o controle externo sobre a gestão do Estado
e dos Municípios do Rio Grande do Sul, contribuindo
para o aperfeiçoamento da Administração Pública,
em benefício da sociedade.
Visão:
ser uma instituição que contribua
para a melhoria da qualidade de
vida do cidadão.
Valores:
efetividade; ética; inovação;
transparência; valorização
das pessoas.
SUMÁRIO
5
3.2.1.5.8 – Créditos Presumidos ............................................................................................................... 138
3.2.1.5.8.1 – Operações com Mercadorias e Serviços ........................................................................ 145
3.2.1.5.8.1.1 – Na Entrada (Compra de Insumos) ......................................................................... 147
3.2.1.5.8.1.2 – Na Saída (Vendas ou Transferências) ................................................................... 150
3.2.1.5.8.1.3 – Na Entrada e na Saída ........................................................................................... 153
3.2.1.5.8.2 – Incentivo a Investimentos ............................................................................................. 154
3.2.1.5.8.2.1 – FUNDOPEM/RS (Lei nº 11.916/2003) ................................................................... 155
3.2.1.5.8.3 – Outras hipóteses de Créditos Presumidos .................................................................... 171
3.2.1.5.8.3.1 – Políticas Públicas ................................................................................................... 171
3.2.1.5.8.3.2 –Ressarcimento de Taxas......................................................................................... 173
3.2.1.5.8.4 – Maiores fruições ............................................................................................................ 175
3.2.1.5.9 – Aplicação das desonerações de Estados da mesma região (LC nº 160, art. 3º, § 8º) ...... 179
3.2.1.5.10 – Análise de Conformidade das Desonerações Fiscais ...................................................... 183
3.2.1.5.10.1 – Quadros demonstrativos dos incisos mais representativos de Isenção, Redução de
Base de Cálculo e Crédito Presumido ........................................................................................... 201
3.2.1.5.10.2 – Deficiência na apresentação de estudos de impacto orçamentário-financeiro (art.
14 da LRF) ...................................................................................................................................... 206
3.2.2 – IPVA ......................................................................................................................................... 208
3.2.3 – ITCD ......................................................................................................................................... 210
3.2.4 – IRRF.......................................................................................................................................... 211
3.2.5 – Taxas ....................................................................................................................................... 212
3.2.6 – Administração Tributária ........................................................................................................ 213
3.2.6.1 – Da Atuação Fiscalizatória ........................................................................................................... 216
3.2.6.2 – Programa de Recuperação de Créditos e Regulamentação de Contribuintes .............................. 218
3.6.2.3 – COMPENSA RS ........................................................................................................................... 219
3.3 – RECEITAS DE CONTRIBUIÇÕES.................................................................................................................. 220
3.4 – RECEITAS PATRIMONIAIS ........................................................................................................................ 221
3.5 – TRANSFERÊNCIAS CORRENTES E TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL ....................................................................... 222
3.5.1 – Recursos extraordinários enviados no contexto de Pandemia da Covid-19 ............................ 225
3.6 – OUTRAS RECEITAS CORRENTES ................................................................................................................ 228
3.7 – OPERAÇÕES DE CRÉDITO ........................................................................................................................ 228
3.8 – AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS CONCEDIDOS.......................................................................................... 230
3.9 – ALIENAÇÃO DE BENS.............................................................................................................................. 230
3.10 – DEMAIS RECEITAS ............................................................................................................................... 231
3.11 – DEDUÇÕES DA RECEITA ........................................................................................................................ 232
3.12 – RECEITA CORRENTE LÍQUIDA ................................................................................................................. 234
3.12.1 – Comprometimento da RCL .................................................................................................... 235
6
5.2.5.1 – Operações de Crédito X Despesas de Capital ............................................................................. 271
5.2.5.2 – Operações de Crédito X Receita Corrente Líquida, e Operações de Crédito por Antecipação da
Receita .................................................................................................................................................... 271
5.2.6 – Da Alienação de Ativos e Aplicação de Recursos..................................................................... 273
5.2.7 – Das Receitas e Despesas Previdenciárias e Projeções Atuariais do Regime Próprio de
Previdência dos Servidores Públicos .................................................................................................... 273
5.2.8 – Do Resultado Primário e Nominal ........................................................................................... 275
5.2.9 – Das Metas Anuais .................................................................................................................... 276
5.2.10 – Da Limitação de Empenho ..................................................................................................... 279
5.3 – PLANO DE AÇÃO PARA O EQUILÍBRIO FISCAL .............................................................................................. 282
5.3.1 – Regime de Recuperação Fiscal ................................................................................................ 282
5.4 – CONCLUSÕES ....................................................................................................................................... 285
7
8.3.1 Execução Orçamentária do IPE PREV ......................................................................................... 359
8.3.2. Plano Previdenciário: FUNDOPREV Civil e Militar ..................................................................... 361
8.3.3. Plano Financeiro: Regime de Repartição Simples...................................................................... 372
8.4 REGIME DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ................................................................................................... 376
8.5. FATO RELEVANTE EM 2020: VIGÊNCIA DOS EFEITOS DAS LC Nº 15.429/19 E Nº 15.511/20 .............................. 378
8.5.1 – Ausência de um sistema de compensação para migração ao RPC na Lei Complementar nº
14.750/2015 e a determinação judicial para sua revisão ................................................................... 379
8.5.2 – Benefício Especial .................................................................................................................... 381
8.5.3 – Transposição do Regime – Justificativa do Governo do Estado............................................... 383
8.5.4 – Análise da Lei Complementar nº 15.511/2020 ........................................................................ 385
8.5.4.1 – Análise do Benefício Especial ..................................................................................................... 385
8.5.4.2 – Análise da Transposição de Regime – Art. 2º da LC .................................................................... 385
8.5.4.3 – Análise da art. 4º da LC nº 15.511/2020 ..................................................................................... 391
8.5.4.4 – Análise da Justificativa de Transposição de Regime (Custo de transição da Migração dos
Servidores para o RPC)............................................................................................................................. 392
8.5.5 – Os impactos das Leis Complementares nº 15.428/19 e 15.511/20 nas Contas do Governo do
Estado.................................................................................................................................................. 398
8.5.5.1 – Os impactos financeiros ............................................................................................................ 399
8.5.5.2 – Os impactos Contábeis .............................................................................................................. 402
8.5.5.3 – Os impactos no Equilíbrio Atuarial do RPPS ............................................................................... 405
8.5.5.4 – Os impactos no cálculo das Despesas com Pessoal (LRF, art. 19) ................................................ 408
8.6 – ANÁLISE DA AVALIAÇÃO ATUARIAL 2020 DO RPPS ESTADUAL...................................................................... 410
8.6.1 – Prazo para Conclusão da Avaliação Atuarial........................................................................... 410
8.6.2 – Inadequação de dados do Relatório Resumido de Execução Orçamentária em relação aos
constantes na Avaliação Atuarial........................................................................................................ 411
8.6.3 – Análise das Projeções da Avaliação Atuarial 2020 Relativas à Transição do Regime de
Repartição Simples para o de Capitalização ....................................................................................... 414
8.6.3.1 – Análise do Fluxo Atuarial do Plano Financeiro Civil .................................................................... 416
8.6.3.2 – Análise do Fluxo Atuarial do Plano Financeiro Militar ................................................................ 417
8.6.3.3 – Análise do Fluxo Atuarial do Plano Previdenciário Civil .............................................................. 418
8.6.3.4 – Análise do Fluxo Atuarial do Plano Previdenciário Militar .......................................................... 420
8.7 – IPE SAÚDE .......................................................................................................................................... 420
8.7.1 – Controle Financeiro das Operações de Assistência à Saúde .................................................... 421
8
9.2 – FINANCIAMENTO DO ENSINO SUPERIOR PÚBLICO ....................................................................................... 475
9.2.1 – Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – UERGS ............................................................ 476
9.2.1.1 – Organização e Infraestrutura Institucional ................................................................................. 478
9.2.1.1.1 - Organização e Distribuição Regional ...................................................................................... 478
9.2.1.1.2 - Infraestrutura de Pessoas: Quadro Docente e Técnico-Administrativo ................................ 482
9.2.1.1.3 - Infraestrutura Tecnológica ...................................................................................................... 483
9.2.1.1.3.1 - Rede e Conexões com a Internet.................................................................................... 483
9.2.1.1.3.2 - Educação a Distância e Videoconferências .................................................................... 484
9.2.1.2 – Políticas, Programas e Processos Organizacionais ...................................................................... 486
9.2.1.2.1 - Ensino: Graduação e Pós-Graduação ...................................................................................... 486
9.2.1.2.1.1 - Ensino de Graduação ...................................................................................................... 486
9.2.1.2.1.2 - Ensino de Pós-Graduação, Pesquisa e Produção Científica ........................................... 487
9.2.1.2.2 - Extensão Universitária ............................................................................................................ 489
9.2.1.3 – Desempenho Institucional ......................................................................................................... 489
9.3 – FOMENTO À EDUCAÇÃO E À PESQUISA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA ................................................................ 490
9.4 – FINANCIAMENTO DA SAÚDE.................................................................................................................... 491
9.4.1 – Legislação Referente às Ações e Serviços Públicos de Saúde – ASPS....................................... 491
9.4.2 – Cálculo dos Gastos em Ações e Serviços Públicos de Saúde .................................................... 492
9.4.2.1 – Aplicação Mínima em ASPS ....................................................................................................... 492
9.4.2.2 – Histórico dos Gastos em ASPS de 2004 a 2020 ........................................................................... 494
9.4.2.3 – Pandemia Covid-19.................................................................................................................... 495
9.4.2.3.1 – Introdução .............................................................................................................................. 496
9.4.2.3.2 – Recursos .................................................................................................................................. 499
9.4.2.3.3 – Aplicação................................................................................................................................. 503
9.4.2.4 – Cobertura Financeira dos Restos a Pagar ................................................................................... 511
9.4.3 – Análise das Despesas em Saúde por “Grupos de Despesas” ................................................... 512
9.4.3.1 – Grupo de Despesas “Outras Despesas Correntes” ...................................................................... 512
9.4.3.2 – Grupo de Despesas “Investimentos”.......................................................................................... 514
9.4.3.3 – Grupo de Despesas “Pessoal e Encargos Sociais” ....................................................................... 515
9.4.4 – Repasses aos Municípios ......................................................................................................... 516
9.4.5 – Repasses as Santas Casas, Hospitais Filantrópicos e Beneficentes ......................................... 519
9.4.6 – Aspectos Qualitativos na Área da Saúde ................................................................................. 521
9.4.6.1 – Quadro de Pessoal da Secretaria da Saúde ................................................................................ 521
9.4.6.2 – Planos Estadual e Anual de Saúde e Indicadores ........................................................................ 522
9.4.7 – Conclusão ................................................................................................................................ 524
9
10.3 – POLÍTICA DE PUBLICIDADE E PROPAGANDA INSTITUCIONAL DO PODER EXECUTIVO ESTADUAL............................ 569
10.3.1 – Plano Anual de Publicidade e Propaganda Governamental .................................................. 570
10.3.2 – Relatório de Transparência: Constituição Estadual, art. 24, III. ............................................ 571
10.3.3 – Gastos com Publicidade e Propaganda: contratações e empenhamentos de despesa ......... 572
10.3.4 – Atuação da Secretaria de Comunicação durante a pandemia da Covid-19: ......................... 577
10
16 SÍNTESE ............................................................................... 720
16.1 - O ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL E CONJUNTURA: INDICADORES E PANORAMA ECONÔMICO .......................... 720
16.1.1 – Rio Grande do Sul: principais indicadores ............................................................................ 720
16.1.1.1 – População................................................................................................................................ 720
16.1.1.2 – Indicadores Econômicos .......................................................................................................... 721
16.1.1.3 – Indicadores de Desenvolvimento ............................................................................................. 722
16.1.2 – Conjuntura Econômica em 2020........................................................................................... 722
16.1.2.1 – Desempenho da economia mundial ......................................................................................... 722
16.1.2.2 – Desempenho da economia brasileira ....................................................................................... 723
16.1.2.3 – Desempenho da economia gaúcha .......................................................................................... 726
16.2 – GESTÃO ORÇAMENTÁRIA ..................................................................................................................... 728
16.2.1 – Plano Plurianual – PPA 2020/2023 – Lei nº 15.236/2019 ..................................................... 728
16.2.2 – Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO – Lei nº 15.304/19.................................................... 730
16.2.3 – Lei Orçamentária Anual – LOA – Lei nº 15.399/2019 ............................................................ 731
16.2.3.1 – Orçamento: Alterações Orçamentárias .................................................................................... 732
16.2.3.2 – Orçamento: Previsão x Execução ............................................................................................. 733
16.2.3.3 – Orçamento: Execução da Despesa Empenhada e dos Restos a Pagar ....................................... 734
16.2.4 – Resultado Orçamentário ....................................................................................................... 735
16.2.4.1 – Resultado Orçamentário na Administração Direta, Autarquias e Fundações ............................ 735
16.2.4.2 – Resultado Orçamentário: Histórico .......................................................................................... 736
16.2.5 – Histórico das Superestimativas de Receitas .......................................................................... 737
16.3 – COMPORTAMENTO DAS RECEITAS .......................................................................................................... 739
16.3.1 –Receitas Orçamentárias ......................................................................................................... 739
16.3.2 – Receitas Tributárias ............................................................................................................... 741
16.3.2.1 – ICMS ........................................................................................................................................ 742
16.3.2.1.1 – Arrecadação de ICMS mensal ............................................................................................... 743
16.3.2.1.2 – ICMS – AMPARA/RS ............................................................................................................. 744
16.3.2.1.3 – Perdas e Compensações da Lei Kandir ................................................................................. 745
16.3.2.1.4 - Desonerações Fiscais do ICMS .............................................................................................. 746
16.3.2.1.4.1 - Isenções ........................................................................................................................ 747
16.3.2.1.4.2 – Reduções de Base de Cálculo....................................................................................... 751
16.3.2.1.4.3 – Não-Estorno do Crédito Fiscal ..................................................................................... 753
16.3.2.1.4.4 – Acúmulo de Saldo Credor ............................................................................................ 754
16.3.2.1.4.5 – Créditos Presumidos .................................................................................................... 754
16.3.2.1.4.6 - Aplicação das desonerações de Estados da mesma região ......................................... 757
16.3.2.1.4.7 - Análise de Conformidade das Desonerações Fiscais ................................................... 757
16.3.2.1.4.8.– Deficiência na apresentação de estudos de impacto orçamentário-financeiro......... 759
16.3.2.2 – Demais impostos ..................................................................................................................... 759
16.3.2.3 – Taxas ....................................................................................................................................... 760
16.3.2.4 – Administração Tributária ......................................................................................................... 760
16.3.2.4.1 – Da Atuação Fiscalizatória ..................................................................................................... 760
16.3.4.2.2 – COMPENSA RS ...................................................................................................................... 761
16.3.3 – Receitas de Contribuições...................................................................................................... 762
16.3.4 – Receitas Patrimoniais ............................................................................................................ 762
16.3.5 – Transferências Correntes e Transferências de Capital .......................................................... 763
16.3.5.1 – Recursos extraordinários enviados no contexto de Pandemia da Covid-19 .............................. 764
16.3.6 – Outras Receitas Correntes ..................................................................................................... 766
16.3.7 – Amortização de Empréstimos Concedidos ............................................................................ 767
16.3.8 – Alienação de Bens ................................................................................................................. 767
16.3.9 – Demais Receitas .................................................................................................................... 768
16.3.10 – Deduções da Receita ........................................................................................................... 768
16.3.11 – Receita Corrente Líquida ..................................................................................................... 769
16.3.11.1 – Comprometimento da RCL ..................................................................................................... 770
16.4 – COMPORTAMENTO DAS DESPESAS ......................................................................................................... 771
16.4.1 – Despesas por Poder, Grupo e Funções de Governo ............................................................... 771
16.4.2 – Despesas com Pessoal e Encargos Sociais ............................................................................. 772
16.4.3 – Despesas com Serviço da Dívida ............................................................................................ 775
16.4.4 – Outras Despesas Correntes ................................................................................................... 775
11
16.4.5 – Investimentos e Inversões Financeiras .................................................................................. 776
16.4.6 – Transferências a Entidades Sem Fins Lucrativos ................................................................... 776
16.5 – GESTÃO FISCAL .................................................................................................................................. 777
16.5.1 – Despesa com pessoal............................................................................................................. 777
16.5.2 – Disponibilidades de caixa ...................................................................................................... 780
16.5.3 – Dívida consolidada líquida..................................................................................................... 781
16.5.4 – Despesas previdenciárias ...................................................................................................... 781
16.5.5 – Resultado primário ................................................................................................................ 782
16.5.6 – Regime de recuperação fiscal ................................................................................................ 783
16.6 – GESTÃO PATRIMONIAL E FINANCEIRA ..................................................................................................... 784
16.6.1 – Ativo ...................................................................................................................................... 784
16.6.1.1 – Sistema Integrado de Administração de Caixa – SIAC ............................................................... 785
16.6.1.2 – Passivo de Remuneração ......................................................................................................... 786
16.6.1.3 – Créditos ................................................................................................................................... 786
16.6.1.4 – Ativo Não Circulante ................................................................................................................ 788
16.6.2 – Passivo ................................................................................................................................... 788
16.6.2.1 – Passivo Circulante.................................................................................................................... 788
16.6.2.2 – Depósitos Judiciais .................................................................................................................. 788
16.6.2.3 – Passivo Não Circulante ............................................................................................................ 789
16.6.2.4 – Regime Especial de Pagamentos de Precatórios....................................................................... 789
16.6.2.4.1 – Movimentação Financeira em Contas Bancárias ................................................................. 789
16.6.2.4.2 – Registros Contábeis de Precatórios e outros Débitos Judiciais ........................................... 790
16.6.3 – Gestão Financeira .................................................................................................................. 791
16.6.3.1 – Movimentação Financeira dos Recursos Vinculados ................................................................ 792
16.6.3.2 – Situação Líquida Financeira Real e Ajustada ............................................................................ 792
16.6.3.3 – Variações Patrimoniais Consolidadas ....................................................................................... 793
16.6.3.4 – Compensações – Contas de Controle ....................................................................................... 793
16.7 – GESTÃO DA DÍVIDA ............................................................................................................................. 794
16.7.1 - Dívida em Contratos ............................................................................................................... 795
16.7.2 - Retrospectiva: Evolução da Dívida ......................................................................................... 795
16.8 – GESTÃO PREVIDENCIÁRIA ..................................................................................................................... 800
16.8.1. Alterações recentes da Legislação sobre Previdência no RS ................................................... 800
16.8.2. Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul – IPE Prev ....................................... 803
16.8.2.1 Execução Orçamentária do IPE PREV .......................................................................................... 803
16.8.2.2. Plano Previdenciário: FUNDOPREV Civil e Militar ...................................................................... 805
16.8.2.3. Plano Financeiro: Regime de Repartição Simples ....................................................................... 808
16.8.3 Regime de Previdência Complementar .................................................................................... 809
16.8.4. Fato Relevante em 2020: Vigência dos efeitos das LC nº 15.429/19 e nº 15.511/20 ............. 810
16.8.4.1 – Benefício Especial .................................................................................................................... 811
16.8.4.2 – Transposição de servidores do Regime Capitalizado para o Financeiro .................................... 812
16.8.5 – Análise da Avaliação Atuarial 2020 do RPPS Estadual .......................................................... 818
16.8.5.1. – Análise do Fluxo Atuarial do Plano Financeiro Civil ................................................................. 819
16.8.5.2 – Análise do Fluxo Atuarial do Plano Financeiro Militar .............................................................. 820
16.8.5.3 – Análise do Fluxo Atuarial do Plano Previdenciário Civil ............................................................ 821
16.8.5.4 – Análise do Fluxo Atuarial do Plano Previdenciário Militar ........................................................ 822
16.8.6 – IPE Saúde ............................................................................................................................... 822
16.8.6.1 – Controle Financeiro das Operações de Assistência à Saúde ...................................................... 823
16.9 – VINCULAÇÕES CONSTITUCIONAIS ........................................................................................................... 826
16.9.1 - Educação ................................................................................................................................ 826
16.9.1.1 – Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – UERGS ............................................................. 829
16.9.2 - Saúde...................................................................................................................................... 832
16.9.2.1 - Fundo de Assistência à Saúde – do Servidor ............................................................................. 838
16.10 – POLÍTICA PÚBLICAS E ATUAÇÃO GOVERNAMENTAL .................................................................................. 839
16.10.1 – Segurança Pública ............................................................................................................... 839
16.10.2 Transportes ............................................................................................................................ 842
16.10.3 – Política de Publicidade e Propaganda Institucional do Poder Executivo Estadual .............. 843
16.10.3.1 – Relatório de Transparência: Constituição Estadual, art. 24, III. ............................................... 844
16.10.3.2 – Gastos com Publicidade e Propaganda: contratações e empenhamentos de despesa ............ 845
16.10.3.3 – Atuação da Secretaria de Comunicação durante a pandemia da Covid-19:............................. 846
12
16.11 – SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA E ENTIDADES CONTROLADAS ................................................................ 846
16.11.1 – Banrisul................................................................................................................................ 848
16.11.2 – Badesul ................................................................................................................................ 849
16.11.3 – Companhia Estadual de Geração e Transmissão de Energia- CEEE – GT ............................ 850
16.11.4 – Corsan.................................................................................................................................. 851
16.11.5 – Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul – BRDE ............................................. 852
16.12 – TRANSPARÊNCIA, CONTROLE INTERNO SOCIAL ........................................................................................ 852
16.12.1 – Transparência: Gestão Fiscal............................................................................................... 852
16.12.2 – Controle Interno: Contadoria e Auditoria-Geral do Estado do RS – CAGE ........................... 853
16.12.3 – Conselhos de Políticas Públicas e Controle Social ................................................................ 854
16.12.3.1 Conselho Estadual de Educação – CEEd..................................................................................... 855
16.12.3.2 Conselho Estadual de Assistência Social – CEAS ........................................................................ 858
16.12.3.3 Conselho Estadual de Saúde – CES ............................................................................................ 859
13
Notas Metodológicas
Alteração do índice de correção monetária
Até a edição do Relatório e Parecer Prévio das Contas do Governador de
2019, todos os dados que precisavam passar por algum tipo de atualização monetária
sofriam a correção por meio da série histórica do IGP-DI (Índice Geral de Preços –
Disponibilidade Interna) calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Entretanto, a
partir da elaboração do Relatório e Parecer Prévio das Contas de 2020 será adotado o
IPCA (Índice de Preço ao Consumidor Amplo) como índice de correção monetária.
Para justificar essa alteração é importante fazer uma breve explicação de
como funcionam estes dois índices de inflação.
O IGP-DI é um indicador que possui a sua coleta de dados realizada entre o
primeiro e o último dia do mês de referência. Ele é composto pela combinação de três
outros índices: a) o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que tem peso de 60% do
índice; b) o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que tem peso de 30%; e c) o Índice
Nacional de Custo de Construção (INCC), representando 10% do IGP-DI. O IPA é o
principal indicador da evolução dos preços no setor atacadista brasileiro, e reflete o valor
adicionado na produção de bens agropecuários, industriais e em transações comerciais. O
IPC mede a variação de preços de um conjunto fixo de bens e serviços componentes de
despesas habituais de famílias com rendimentos de 1 a 33 salários-mínimos mensais. Já o
INCC é o principal indicador de custo da construção civil no Brasil.
O IPCA, por sua vez, é o atual índice oficial de inflação do Brasil. O IBGE
calcula este índice por meio de levantamento mensal, em 13 áreas urbanas do país, da
variação de preços de uma cesta de produtos e serviços consumida por famílias com
rendimentos de 1 a 40 salários-mínimos, qualquer que seja a fonte.
Portanto, constata-se que o IGP-DI capta a variação de preços dos
principais setores da atividade econômica do país, levando em conta os custos para o
produtor, consumidor e construção, enquanto que o IPCA leva em conta apenas os preços
do comércio e dos serviços, que são valores que o consumidor final paga quando faz uma
compra.
No ano de 2020 verificou-se uma grande diferença na inflação medida por
esses dois indicadores. Enquanto que o IGP-DI fechou em 23,07%, o IPCA terminou o ano
com uma variação acumulada de 4,52%. O distanciamento entre os índices, no referido
ano, é explicado pelo movimento de desvalorização da moeda brasileira, diante da
pandemia do novo coronavírus e das incertezas sobre as contas públicas.
Como a composição do IGP-DI conta com um peso maior sobre a variação
de preço ao produtor (IPA – 60%), a variação cambial acaba pesando mais sobre ele. Com
o dólar em alta, o valor de matérias-primas e insumos sobem e pressionam os custos ao
produtor. Portanto, um dos motivos para se deixar de utilizar o IGP-DI na atualização dos
valores no presente relatório é a alta volatilidade que este índice pode apresentar em
função da questão cambial.
14
Além disso, a decisão de adotar o IPCA está atrelada também a sua
utilização por diversos Entes da Federação como referência para atualização de valores. A
seguir citamos alguns exemplos:
- a Unidade Padrão Fiscal do Rio Grande do Sul (UPF-RS) que serve como
indexador para corrigir taxas e tributos cobrados pelo Estado é atualizada periodicamente
por meio do IPCA-E1;
- a Secretaria da Fazenda do Estado (SEFAZ/RS) e o Tesouro Nacional
utilizam o IPCA em seus relatórios financeiros e boletins informativos;
- o IPCA é o índice utilizado para atualizar monetariamente a dívida pública
dos estados com a União.
Além dos exemplos citados acima, o IPCA serve de referência para as metas
de inflação e é monitorado pelo Banco Central para definir a taxa básica de juros da
economia, a Selic.
Por todo o exposto, a partir do presente relatório as atualizações
monetárias passaram a utilizar como índice de referência o IPCA. Portanto, a eventual
comparação com os relatórios de anos anteriores deve levar em conta esta diferença nos
métodos de correção dos valores.
1
O IPCA-E é muito próximo do IPCA. A metodologia de cálculo é a mesma, a diferença é que o IPCA-E é
divulgado ao final de cada trimestre, sendo o acumulado trimestral do IPCA-15 (difere do IPCA apenas no
período de coleta que abrange, em geral, do dia 16 do mês anterior ao 15 do mês de referência e na
abrangência geográfica).
15
A fim de superar essa questão, este relatório técnico procederá aos
seguintes ajustes na evidenciação das receitas e despesas dos exercícios passados:
- Despesas Orçamentárias – deduzem-se do valor total os repasses da
arrecadação aos municípios nos exercícios anteriores a 2020;
- Receitas Arrecadadas – trataram-se as despesas com repasse dos
impostos aos municípios, no período anterior a 2020, como se dedução da receita
fossem.
Entende-se que a partir dessas adequações metodológicas torna-se
exequível a comparação entre as despesas executadas e as receitas arrecadadas, de 2020
com os anos anteriores.
16
Introdução
O Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul em cumprimento aos
procedimentos elencados nos artigos 70, 71 e 72 da Constituição Estadual, realizou o
exame sobre as Contas apresentadas pelo Exmo. Sr. Governador do Estado, Eduardo
Figueiredo Cavalheiro Leite, relativas ao exercício de 2020.
O presente relatório abrange a análise do Balanço Geral do Estado (BGE),
dos demonstrativos da gestão fiscal elaborados pela Contadoria e Auditoria-Geral do
Estado (CAGE), e dos registros do sistema de contabilidade da Secretaria da Fazenda, os
quais estiveram disponíveis aos técnicos do TCE-RS para consulta em tempo real (on-line),
durante todo o exercício. Assim, a realização desse trabalho avaliou os resultados
alcançados pela administração pública estadual, com base nos princípios constitucionais
de legalidade, legitimidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência, eficácia
e economicidade.
Com vistas a proporcionar uma formatação que possibilite melhor
entendimento das contas anuais do chefe do Poder Executivo do Estado de 2020, tendo
como foco o atendimento aos artigos 66 a 69 do Regimento deste Tribunal, o relatório foi
dividido em 12 capítulos, a saber:
1) O Estado do Rio Grande do Sul e Conjuntura: Indicadores e Panorama
Econômico: contextualiza o Rio Grande do Sul, inserindo-o em uma
conjuntura econômica mundial, nacional e regional, além de verificar a
evolução dos principais indicadores.
2) Gestão Orçamentária: identifica os instrumentos legais componentes
do sistema orçamentário: Plano Plurianual - PPA, Lei de Diretrizes
Orçamentárias - LDO e Lei Orçamentária Anual - LOA e, de forma mais
detalhada, avalia o comportamento da execução do Orçamento em
relação à previsão inicial e suas alterações, examinando os valores
empenhados, liquidados e pagos no exercício.
3) Comportamento das Receitas: o capítulo analisa de forma detalhada a
receita orçamentária do RS, em seus diversos grupos e categorias,
demonstrando a evolução dos últimos anos. Também se detalha as
desonerações fiscais concedidas pelo Estado no ano em análise.
4) Comportamento das Despesas: demonstra a despesa executada pelo
RS no ano corrente, detalhando os principais grupos, elementos e
rubricas, comparando os últimos anos com o atual.
5) Gestão Fiscal: o capítulo é dedicado à Lei de Responsabilidade Fiscal.
Ali, realiza-se a apuração dos dados a partir das regras da referida Lei,
mais especificamente aos relacionados a gastos com pessoal, restos a
pagar, disponibilidades financeiras, endividamento, garantias
concedidas, operações de crédito, alienação de ativos, resultado
primário e nominal, receitas e despesas previdenciárias e respectivas
projeções atuariais do Regime Próprio de Previdência. Avalia-se,
17
também, o alcance das situações definidas no Anexo de Metas Fiscais
da Lei de Diretrizes Orçamentárias.
6) Gestão Patrimonial e Financeira: são analisadas as demonstrações
contábeis da Administração Direta, Autarquias e Fundações, com
ênfase para os dados consolidados do Estado. Dentre eles, os ingressos
e desembolsos de recursos, o acompanhamento da administração dos
recursos do Sistema Integrado de Administração de Caixa - SIAC, as
ações de cobrança da dívida ativa, o levantamento do saldo efetivo de
créditos de longo prazo, além da avaliação dos limites de
endividamento, da dívida apurada com precatórios judiciais, da análise
das contas de controle e demais aspectos relevantes.
7) Gestão da Dívida Pública: traz todo o histórico da dívida pública do RS,
separando por contratos, bem como as renegociações ocorridas e uma
análise do cenário atual.
8) Gestão Previdenciária: aborda os regimes de previdência do Estado
(Plano financeiro, previdenciário e complementar), analisando os
valores das receitas de contribuições em cotejo com os gastos dos
benefícios.
9) Vinculações Constitucionais: é verificado o atendimento aos limites
fixados pelas Constituições Federal e Estadual para os gastos com
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino - MDE, Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização
dos Profissionais da Educação - FUNDEB, Salário-Educação,
Manutenção do Ensino Superior Comunitário e Aplicação no Fomento
ao Ensino e à Pesquisa Científica e Tecnológica e Aplicação em Ações e
Serviços Públicos de Saúde - ASPS.
10) Políticas Públicas e Atuação Governamental: analisa a comprovação da
aplicação dos recursos no atendimento ao interesse público, mediante
a atuação do governo nas áreas de segurança pública, infraestrutura e
obras e propaganda e publicidade.
11) Sociedades de Economia Mista e Entidades Controladas: as sociedades
são tratadas com uma abordagem que visa trazer informações mais
abrangentes, tendo por objeto as respectivas análises consolidadas do
Balanço Patrimonial e do Resultado do Exercício. Nessa linha, são
apresentados os dados referentes principalmente às seguintes
empresas: Banco do Estado do Rio Grande do Sul - Banrisul, Badesul
Desenvolvimento S.A. – Agência de Fomento/RS, Conglomerado da
Companhia Estadual de Energia Elétrica – CEEE, Companhia
Riograndense de Saneamento – Corsan e Banco Regional de
Desenvolvimento do Extremo Sul – BRDE.
12) Transparência, Controle Interno e Social: o último capítulo trata da
transparência e controle interno e social, analisando a estrutura, os
processos e o substrato normativo regulamentador para evidenciar
aspectos limitadores que se impõem ao funcionamento e aos bons
resultados das ações de governo, a fim de subsidiar o chefe do Poder
18
Executivo e demais gestores para a tomada de decisão orientada para o
aperfeiçoamento da Administração.
A partir da análise detalhada desses grupos, na sequência são relacionados
os pontos destacados no Relatório e Parecer Prévio de 2019 que permanecem, e os novos
pontos passíveis de esclarecimento, os quais, no entendimento da equipe técnica, podem
vir a ser considerados como irregularidades, impropriedades ou inconsistências.
Após a análise dos esclarecimentos, apresenta-se a Síntese do Exame das
Contas, ou seja, um resumo dos assuntos tratados ao longo do presente relatório.
Antes de adentrar na apresentação dos capítulos descritos acima, é
importante contextualizar alguns fatos relevantes ocorridos no ano de 2020 que afetaram
decisivamente o Exame das Contas do Governador.
Pandemia da Covid-19
O ano de 2020 vai ficar marcado na história da humanidade pela pandemia
da Covid-19. Provavelmente, desde a Segunda Guerra Mundial nenhum evento causou
tantos impactos na vida das pessoas de forma tão generalizada. A necessidade de
distanciamento social para diminuir a propagação do vírus, e assim não sobrecarregar os
sistemas de saúde nacionais, fez com que praticamente todos os indivíduos fossem
afetados direta ou indiretamente pela nova realidade que se instalou ao redor do planeta
a partir do início de 2020. No Estado do Rio Grande do Sul este cenário não foi diferente.
Os primeiros relatos sobre esta doença aconteceram no final de 2019,
quando o escritório da Organização Mundial de Saúde na China foi informado sobre casos
de pneumonia de causa desconhecida, detectada na cidade de Wuhan, na província de
Hubei. Pouco tempo depois descobriu-se que essa doença se tratava de um novo tipo de
coronavírus2, que levou o nome de SARS-Cov-2.
No Brasil, o primeiro caso confirmado de Covid-19 foi em 26/02/2020 de
um homem que havia viajado à Itália no começo do mês. O país europeu foi um dos
primeiros focos de disseminação da doença fora de seu país de origem, a China.
Em 10 de março de 2020 foi confirmado o primeiro caso no Estado do RS.
O paciente era um morador de Campo Bom que também havia viajado pela Itália. Dois
dias depois, em 12 de março, o Brasil registraria o primeiro óbito em decorrência da
Covid-19.
Neste cenário de propagação da doença em níveis alarmantes, a
Organização Mundial da Saúde declarou oficialmente uma pandemia de coronavírus. Para
tentar conter o rápido alastramento do vírus diversos países do mundo adotam medidas
para restringir a circulação de pessoas.
Em 19 de março, o governo do Estado do RS decretou estado de
calamidade para tentar conter a pandemia. Em 25 de março foi anunciada a primeira
morte por Covid-19 no Estado. Uma mulher de 91 anos, em Porto Alegre.
Em 9 de maio o governo do Rio Grande do Sul anunciou o decreto de
distanciamento social controlado em função da pandemia. O sistema de distanciamento
2
Família de vírus que causam infecções respiratórias. O vírus tem esse nome porque seu formato, quando
observado em microscópio, se assemelha a uma coroa.
19
criado classificava as regiões por cores conforme o grau de risco e atribuía regras
específicas a cada uma.
Em 14 de julho de 2020, o Rio Grande do Sul ultrapassou a marca de mil
mortes causadas pelo novo coronavírus. Menos de 3 meses depois, em 7 de outubro já
era ultrapassada a marca de 5 mil óbitos decorrentes da Covid-19. Enquanto isso, nesta
mesma época o mundo registrava mais de 1 milhão de mortos desde o início da
pandemia.
A boa notícia é que, em dezembro de 2020, o Reino Unido se tornou o
primeiro país a iniciar uma campanha de vacinação em massa. Por outro, neste mesmo
período, o Brasil, e por consequência o RS, não tinha ainda uma previsão para o início de
um processo de imunização e ao mesmo tempo via o número de pacientes com Covid-19
internados em UTIs baterem recordes.
Para ilustrar a magnitude da tragédia social provocada pelo novo
coronavírus, na sequência são apresentados alguns números da evolução da doença ao
longo do ano de 2020 no Estado do Rio Grande do Sul. Inicialmente, o gráfico abaixo
apresenta quantidade mensal de novos casos confirmados.
100.000
80.000 74.482
64.759
59.121 57.004
60.000
39.751
40.000
17.609
20.000 7.866
274 1.192
-
mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Fonte: Balanço oficial dos casos segundo o Ministério da Saúde
20
QUANTIDADE MENSAL DE NOVOS ÓBITOS DECORRENTES DE COVID-19
2.500
2.059
2.000
1.559
1.500 1.347
1.262
1.015 1.016
1.000
500 390
173
4 47
-
mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Fonte: Balanço oficial dos casos segundo o Ministério da Saúde
NOVOS CASOS E ÓBITOS POR 100 MIL HAB. – COMPARAÇÃO ENTRE ESTADOS
RR 10.883 RJ 147
DF 8.239 DF 139
AP 7.914 MT 126
SC 6.792 AM 126
ES 6.108 ES 125
TO 5.682 RR 124
RO 5.329 CE 109
MT 5.088 AP 107
SE 4.852 SE 107
AM 4.777 RO 101
MS 4.761
SP 101
AC 4.653
PE 100
PI 4.348
GO 96
GO 4.342
BRASIL 92
PB 4.122
PB 91
AC 89
RS 3.937 PI 86
CE 3.647 RN 85
BRASIL 3.625 MS 83
PR 3.617 PA 83
PA 3.378 RS 78
RN 3.341 TO 78
BA 3.305 AL 74
SP 3.159 SC 72
AL 3.127 PR 69
MA 2.824 MA 63
MG 2.550 BA 61
RJ 2.503 MG 56
PE 2.310
-25 25 75 125 175
- 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 12.000
Fonte: Balanço oficial dos casos segundo o Ministério da Saúde
21
Os dados acima mostram que para cada 100 mil habitantes, 3.937 pessoas
foram infectadas no RS durante o ano de 2020, enquanto que no Brasil a média foi um
pouco menor, 3.625 pessoas. Já com relação ao total de mortes por Covid-19 verifica-se
que o RS apresentou 78 óbitos para cada 100 mil habitantes, resultado
comparativamente melhor do que o observado na média do Brasil para o ano de 2020.
Outra característica que o novo coronavírus apresentou foi a sua maior
letalidade para aquelas pessoas de faixas etárias mais altas. O gráfico a seguir ilustra
perfeitamente esta situação para o caso do RS. As barras em vermelho no gráfico
apresentam o percentual de pessoas por faixa etária sobre o total de casos verificados ao
longo do ano. Da mesma forma, as barras em azul apresentam a participação percentual
dos óbitos por faixa etária sobre o total de mortes por Covid-19 no ano de 2020 no Rio
Grande do Sul.
PARTICIPAÇÃO % DE CADA FAIXA ETÁRIA NO TOTAL DE CASOS E NO TOTAL DE ÓBITOS ASSOCIADOS À COVID-19
35,0%
30,0%
25,0%
20,0%
15,0%
10,0%
5,0%
0,0%
<1 01 a 04 05 a 09 10 a 14 15 a 19 20 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 59 60 a 69 70 a 79 80 e
mais
22
TAXA DE LETALIDADE DA COVID-19 POR FAIXA ETÁRIA
25,00% 23,17%
20,00%
15,00% 11,78%
10,00%
4,59%
5,00% 1,86%
0,50% 1,37%
0,12%
0,00%
1
23
TOTAL 2.897,6
Fonte: Sistema Finanças Públicas Estadual - FPE e Cubo DW Sefaz RS
Cálculos: Equipe SAIPAG/SAICE
ARRECADAÇÃO NA PANDEMIA – CENÁRIO COM E SEM AJUDA DA UNIÃO (LC Nº 173/20 – RECURSOS LIVRES)
29.990,0
24.990,0
25.653,6
23.896,3 23.727,7 23.896,3
19.990,0
14.990,0
9.990,0
4.990,0
-0,7% 7,4%
(10,0)
Sem repasse LC nº 173/20 Com repasse LC nº 173/20
24
Assim, foram recebidos pelo Rio Grande do Sul, em 31-12-2020, R$ 276,0
milhões decorrentes da parcela de 2020 da compensação da Lei Kandir. No mesmo dia o
referido recurso foi transferido ao SIAC.
Paralelo a isso, o Estado seguiu amparado, como nos anos anteriores, por
liminar junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para não pagar a dívida com a União,
possibilitando alívio nos Cofres Públicos. As parcelas mensais são de aproximadamente
R$ 289,1 milhões, o que representou uma economia de R$ 3,47 bilhões no ano.
As situações descritas acima ocorreram alheias a iniciativas diretas do
governo Estadual. Quanto às ações promovidas pelo Estado em 2020 para ajustar seu
fluxo de caixa, importante referir as mudanças previdenciárias ocorridas. Nos anos de
2019 e 2020 duas leis aprovadas na Assembleia Legislativa modificaram algumas regras
na Previdência dos Servidores Civis do Estado do Rio Grande do Sul. Essas mudanças
provocaram impactos no fluxo de caixa do Estado, conforme se discorre na sequência.
Trata-se da Lei nº 15.429/2019, que, entre outras disposições, modificou os valores a
serem descontados de servidores ativos e inativos a título de contribuição previdenciária,
e da Lei nº 15.511/2020, que entre outros temas promoveu a reestruturação do
FUNDOPREV Civil com migração de servidores deste para o Plano Financeiro.
A partir da mudança nas alíquotas ao final de 2019, o efeito no caixa do
Estado foi sentido a partir de abril/2020, quais sejam: aumento da receita de contribuição
previdenciária dos servidores no fundo financeiro devido à elevação das alíquotas;
menores aportes para pagamento de aposentadorias e pensões no fundo financeiro.
Quanto à reestruturação do FUNDOPREV Civil, os efeitos no caixa foram
sentidos a partir de setembro/2020, sendo eles: aumento da receita de contribuição
previdenciária dos servidores no fundo financeiro devido à migração de
aproximadamente 17 mil vínculos; menores aportes para pagamento de aposentadorias e
pensões no fundo financeiro pelo ingresso das contribuições citadas no item acima;
menor desembolso de contribuição previdenciária patronal ao FUNDOPREV pela
migração de aproximadamente 17 mil vínculos.
A síntese dos efeitos descritos acima é resumida na próxima tabela, que
indica os impactos nas saídas de caixa decorrentes das mudanças de regras
previdenciárias por meio da soma das despesas com a contribuição previdenciária
patronal ao fundo financeiro, com as despesas para a cobertura do déficit no regime de
repartição simples. Ambas se referem apenas aos servidores civis, uma vez que, para os
militares, a mudança foi aprovada apenas em 2021, não tendo impactos no ano em
análise.
25
Sendo assim, ocorreu uma redução na ordem de R$ 742,1 milhões nas
saídas de caixa para honrar benefícios previdenciários, no fundo financeiro, comparando
os anos de 2020 (já com as mudanças legislativas expostas nesse tópico) e 2019 (regras
anteriores).
Em relação à contenção de gastos, em janeiro de 2020, o Poder Executivo
publicou quatro decretos3 objetivando reduzir os gastos com custeio contingenciáveis,
bem como as despesas com pessoal. Essa prática já vem sendo utilizada desde o governo
anterior (2015 a 2018), sendo também utilizada no primeiro ano do atual governo (2019).
3
Decretos Estaduais nº 54.981/2020; 54.982/2020; 54.983/2020 e 54.984/2020.
26
CONTINGENCIAMENTO EFETUADO PELOS PODERES - 2020
Em R$ milhões
RUBRICAS (CUSTEIO) REDUÇÃO (20/19)
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO 22,2
TRIBUNAL DE JUSTIÇA 120,1
JUSTIÇA MILITAR DO ESTADO 1,2
MINISTÉRIO PÚBLICO 44,7
DEFENSORIA PÚBLICA 15,7
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA* 43,8
TOTAL 247,7
Fonte: Sistema Finanças Públicas Estadual – FPE
Cálculos: Equipe SAIPAG/SAICE
*Transferência de numerário, conforme consulta ao sistema FPE.
27
promoções, etc., contribuiu para a diminuição da despesa de pessoal no Estado, ajudando
o fluxo de caixa.
Neste cenário, em que diversos eventos impactaram o fluxo de caixa, em
novembro de 2020, após quase cinco anos, o Estado efetuou o pagamento da folha
salarial dos servidores do Poder Executivo em dia, sem a necessidade de parcelamentos,
não ocorrendo atrasos a partir de então.
Portanto, um conjunto de fatores ocorridos durante o exercício de 2020,
alguns decorrentes da atuação do Governo Estadual e outros alheios à atividade do
Executivo ocasionaram uma transformação no fluxo de caixa. Entretanto, considerando
que boa parte destes fatos se deu de forma extraordinária, não é possível afirmar que
está ocorrendo uma tendência de redução sustentada da dívida do SIAC.
Todos estes pontos serão devidamente detalhados ao longo do presente
Parecer Prévio das Contas do Governador no ano de 2020.
28
1 O ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
E CONJUNTURA: INDICADORES E
PANORAMA ECONÔMICO
Neste capítulo será apresentada uma breve contextualização da conjuntura
econômica em que se inseriu o Estado do Rio Grande do Sul no ano de 2020, bem como a
evolução de alguns de seus principais indicadores.
1.1.1 – População
Conforme dados das estimativas da população realizadas pelo IBGE, a
população do Rio Grande do Sul, ao final de 2020 foi de 11.422.973 habitantes, sendo
este total composto por 51,3% mulheres e 48,7% homens, aproximadamente. Em
comparação com os demais Estados do Brasil, o RS ocupa o sexto lugar entre os mais
populosos. Em termos de densidade demográfica, com base no último censo elaborado
pelo IBGE em 2010 o RS é o 13º Estado, com 37,96 hab./km2.
No quesito crescimento populacional o Rio Grande do Sul tem apresentado
taxas anuais abaixo das verificadas pelo Brasil4. Este resultado pode ser verificado no
gráfico a seguir onde são destacadas as taxas de crescimento populacional das últimas
décadas.
4
De acordo com o Atlas Socioeconômico do Rio Grande do Sul este menor crescimento pode ser
explicado em parte pelos movimentos migratórios e a queda na taxa fecundidade da população gaúcha.
30
TAXA DE CRESCIMENTO ANUAL DA POPULAÇÃO DO RS
3
2,51
2,5
2 1,77
1,63 1,61
1,5 1,28 1,21 1,18
1 0,83
0,49 0,46
0,5
0
1970-1980 1980-1991 1991-2000 2000-2010 2010-2020
Brasil RS
Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
0
1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010
Rural Urbana
Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
31
PIRÂMIDE ETÁRIA DA POPULAÇÃO DO RS NOS ANOS DE 1980, 2000 E 2020 (EM MILHARES DE PESSOAS)
80 + 80 +
70-74 70-74
1980 2000
60-64 60-64
50-54 50-54
40-44 40-44
30-34 30-34
20-24 20-24
10-14 10-14
0-4 0-4
600 400 200 0 200 400 600 600 200 200 600
homens mulheres homens mulheres
80 +
70-74 2020
60-64
50-54
40-44
30-34
20-24
10-14
0-4
600 400 200 0 200 400 600
homens mulheres
32
PARTICIPAÇÃO NO VAB POR SETOR DE ATIVIDADE NO EXERCÍCIO DE 2018
Participação no valor adicionado bruto (%)
Atividades
Brasil Rio Grande do Sul
Agropecuária 5,2 9,0
Agricultura, inclusive apoio à agricultura e a pós-colheita 3,5 6,7
Pecuária, inclusive apoio à Pecuária 1,2 1,7
Produção florestal, pesca e aquicultura 0,5 0,5
Indústria 21,8 22,4
Indústrias extrativas 2,7 0,1
Indústrias de transformação 12,3 16,2
Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e 2,9 2,3
descontaminação
Construção 4,0 3,8
Serviços 73,0 68,6
Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas 13,0 14,5
Transporte, armazenagem e correio 4,4 3,8
Alojamento e alimentação 2,4 1,9
Informação e comunicação 3,4 2,6
Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados 7,0 5,5
Atividades imobiliárias 9,8 8,8
Atividades profissionais, científicas e técnicas, administrativas e serviços 7,9 7,9
complementares
Administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social 17,4 14,5
Educação e saúde privadas 4,5 6,6
Artes, cultura, esporte e recreação e outras atividades de serviços 1,8 1,4
Serviços domésticos 1,2 1,2
Total 100,0 100,0
Fonte: IBGE – Contas Nacionais
33
Esta distribuição da economia gaúcha produzirá efeitos nas receitas do
Estado, em especial na forma de arrecadação de tributos, conforme será destacado mais
adiante no presente relatório.
0,83
0,82
0,82
0,82
0,81
0,81
0,77
0,76
0,75
0,75
0,75
0,75
0,74
0,74
0,74
0,74
0,74
0,74
0,73
0,73
0,71
0,70
0,70
0,68
34
MAPAS DO IDESE E DOS BLOCOS DE AVALIAÇÃO
IDESE BLOCO
EDUCAÇÃO
BLOCO BLOCO
RENDA SAÚDE
35
EXPECTATIVA DE VIDA AO NASCER
90
73,22 73,94 75,38 76,6 78,5
80
68,73 68,61
70 64,73
60
50
40
30
20
10
0
1991 2000 2010 2019
Brasil RS
40
30,57
30
22,53
20 16,71 16,7
12,38 12,4
9,79
10
0
1991 2000 2010 2018
Brasil RS
36
TAXA DE ANALFABETISMO DE PESSOAS DE 15 ANOS OU MAIS (%)
16
13,6
14
12
9,6
10
8 6,65 6,6
6 4,53
4 2,6
2
0
2000 2010 2019
Brasil RS
Brasil RS
37
1.2 – Conjuntura Econômica em 2020
O presente tópico busca apresentar uma contextualização do desempenho
da economia mundial e brasileira no exercício de 2020 e de que forma isso impactou nas
atividades produtivas desenvolvidas no Rio Grande do Sul.
6,0%
1,0%
-4,0%
-9,0%
2015 2016 2017 2018 2019 2020
38
% DA FORÇA DE TRABALHO DESEMPREGADA NOS EUA
8,90%
5,30%
4,90%
4,40%
3,90% 3,70%
5,60%
3,90%
2,90%
2,20%
1,00%
-10,40%
Fonte: FMI
39
VARIAÇÃO PERCENTUAL DO VOLUME DO COMÉRCIO INTERNACIONAL DE BENS E SERVIÇOS
Fonte: FMI
40
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA TAXA DE CRESCIMENTO DO PIB NO BRASIL
10
7,5
8
5,8 6,1
6 5,1
4,4 4 4
4 3,4 3,1 3,2 3
2,2 1,9
2 1,4 1,1 1,3 1,8 1,4
0,3 0,5 0,5
0
-0,1
-2
-4
-3,5-3,3
-4,1
-6
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Espanha
França
Peru
Reino Unido
Colombia
India
Alemanha
Japão
EUA
China
Italia
Coreia do Sul
México
Brasil
Russia
41
DESEMPENHO DO PIB EM 2020
Indicadores
Período de Comparação Consumo Consumo
PIB Agro Indústria Serviços FBKF
Familias Governo
Trimestre / mesmo trimestre
do ano anterior (sem ajuste -1,1% -0,4% 1,2% -2,2% 13,5% -3,0% -4,1%
sazonal)
Acumulado em quatro trimes-
tres / mesmo período do ano -4,1% 2,0% -3,5% -4,5% -0,8% -5,5% -4,7%
anterior (sem ajuste sazonal)
Valores correntes no 4º tri- 2,0 82,3 344,2 1,3 366,6 1,3 427,7
mestre (R$) trilhões bilhões bilhões trilhão bilhões trilhão bilhões
7,4 439,8 1,3 4,7 1,2 4,7 1,5
Valores correntes no ano (R$)
trilhões bilhões trilhão trilhões trilhão trilhões trilhão
Fonte: Tabela extraida do portal do IBGE. Link: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/30165-
pib-cai-4-1-em-2020-e-fecha-o-ano-em-r-7-4-trilhoes
10
5 3,3
0,8 1,3 0,7 2,1 0,6 0,4 1,7
2
0
-0,5
-5 -2,7 -2,2
-3,5-4,5
-5,8 -5,2-4,6
-10
2015 2016 2017 2018 2019 2020
42
contribuintes do INSS. De abril a agosto foram pagas 05 (cinco) parcelas de R$ 600,00 e de
setembro a dezembro foram pagam mais 04 (quatro) parcelas de R$ 300,00.
As medidas econômicas citadas acima, somadas a outras, contribuíram
para um aumento expressivo do déficit público. Em 2020, o Governo Central (Tesouro
Nacional, Previdência Social e Banco Central) registrou resultado negativo de R$ 743,087
bilhões, enquanto que em comparação com 2019 o déficit registrado foi de R$ 95,06
bilhões. Esse aumento expressivo no déficit primário é explicado em parte pela queda de
receita líquida (decorrente da queda da atividade econômica) bem como pelos gastos
relacionados ao enfrentamento da pandemia do novo coronavírus, os quais totalizaram
R$ 524,2 bilhões em 2020.
Esse crescimento exponencial dos gastos públicos somente foi possível por
meio de flexibilizações legislativas que permitiram adaptar regras de controle fiscal.
Abaixo, estão citadas algumas destas principais medidas:
43
GASTOS COM COVID-19 (R$ BILHÕES)
MEDIDA ADOTADA PREVISTO PAGO
Cotas dos Fundos Garantidores de Operações e de Crédito 58,09 58,09
Despesas Adicionais do Ministério da Saúde e Demais Ministérios 46,33 42,7
Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda 51,55 33,5
Concessão de Financiamento para Pagamento de Folha Salarial 6,81 6,81
Programa Emergencial de Acesso a Crédito - Maquininhas 10 5
Financiamento da Infraestrutura Turística 5 3,08
Aquisição de Vacinas 24,51 2,22
Transferência para a Conta de Desenvolvimento Energético 0,9 0,9
Ampliação do Programa Bolsa Família 0,37 0,37
TOTAL 604,75 524,03
Fonte: Portal da transparencia da Secretaria do Tesouro Nacional
8,00%
6,50% 6,41% 6,29%
5,91% 5,84% 5,91%
6,00%
4,31% 4,52%
3,75%
4,00% 2,95%
2,00%
0,00%
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
5
A Dívida Bruta do Setor Público abrange o total dos débitos de responsabilidade do Governo Federal,
dos governos estaduais e dos governos municipais, junto ao setor privado, ao setor público financeiro e ao
resto do mundo.
44
Outro aspecto da economia nacional que foi impactado pela pandemia da
Covid-19 foi o resultado da balança comercial do setor externo. De acordo com o
Ministério da Economia, em 2020 o Brasil apresentou um superavit comercial de US$ 50,9
bilhões (a China contribuiu com U$ 33,6 bilhões), valor superior ao verificado em 2019
que foi de US$ 48 bilhões. Entretanto, o resultado está associado a redução do comercio
mundial, visto que em termos de valor as exportações nacionais recuaram 6,9% e as
importações diminuíram 10,4%. Ou seja, a melhora na balança comercial deve-se mais à
queda nas importações impulsionada pela recessão do que ao desempenho das
exportações.
Todos estes dados apresentados sobre o desempenho da economia
brasileira em 2020 mostram que a pandemia do novo coronavírus produziu efeitos de
magnitude nunca observados nos diferentes setores da atividade econômica nacional. No
próximo tópico veremos que estes efeitos se reproduzem de forma similar no
desempenho da economia gaúcha.
-4 -2,1 -2,4
-3,5 -3,3
-6 -4,6 -4,1
-8 -7
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Fonte: Departamento de Economia e Estatística (DEE/SPGG) e IBGE
45
Desde 2015 o Estado do Rio Grande do Sul não apresentava desempenho
no PIB abaixo do obtido pelo Brasil. Até na comparação com o comportamento do PIB dos
demais Estados, o resultado do PIB gaúcho esteve abaixo da média. Este resultado pode
ser observado no gráfico a seguir, onde estão detalhados os dados do IBC-Br6.
O IBC-Br é uma medida de tendência do PIB calculado pelo Bacen, por isso
o valor calculado para o RS difere do valor oficial divulgado pelo IBGE. De qualquer forma,
este indicador aponta que o Estado teve o pior desempenho entre as unidades da
federação brasileira.
Além da pandemia, o principal motivo para esta queda acentuada está na
estiagem que atingiu o Estado e afetou a produção de culturas relevantes, como a soja,
milho e fumo. A produção agropecuária no Estado como um todo sofreu uma queda de
29,6%, enquanto que o resultado verificado no país foi de crescimento de 2%.
O setor de serviços gaúcho sofreu uma retração de 4,8%, valor que esteve
bem próximo do verificado a nível nacional. Neste setor, de acordo com dados do IBGE, as
atividades que tiveram as maiores quedas no RS foram as vendas de tecidos, vestuário e
calçados (-28,8%) e comércio de veículos (-20,2%). Em compensação, o Estado registrou
aumento para as vendas de hipermercados e supermercados (5,9%) e material de
construção (8,4%).
O desempenho da indústria gaúcha (-5,8%) também esteve abaixo da
indústria nacional (-3,5%) no ano de 2020. De acordo com o IBGE, contribuíram para este
resultado no RS o mau desempenho das atividades de couro e calçados (-21,9%) e a
6
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central do Brasil (IBC-Br) é um indicador criado para tentar
antecipar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do país, constituindo-se em um parâmetro preliminar
da evolução da atividade econômica brasileira. Este indicador econômico incorpora estimativas de
crescimento para os setores agropecuário, industrial e de serviços, acrescidas dos impostos sobre produtos,
que são estimados a partir da evolução da oferta total (produção + importações). De um modo geral, o IBC-
Br é um indicador de tendência do PIB, entretanto, não é uma medida prévia do PIB. O IBC-Br não pode ser
considerado uma prévia do PIB porque o dado oficial é muito mais complexo. As divergências na
metodologia de cálculo dos dois indicadores refletem-se nos resultados finais.
46
fabricação de veículos e automotores, reboques e carrocerias (-21,9%). O gráfico a seguir
destaca estes resultados.
Brasil RS
Fonte: IBGE
47
TAXA DESEMPREGO MÉDIA ANUAL (EM %)
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Brasil 7,4 7,1 6,8 8,5 11,5 12,7 12,3 11,9 13,5
Paraná 5 4,3 4 5,9 8,2 9 8,8 8,5 9,4
Santa Catarina 3,4 3,1 2,9 4,1 6,3 7,1 6,4 6,1 6,1
Rio Grande do Sul 4,8 4,8 5 6,2 8,2 8,4 8,1 8 9,1
Fonte: Tabela extraida do portal do IBGE. Link: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/30235-com-
pandemia-20-estados-tem-taxa-media-de-desemprego-recorde-em-2020
O Rio Grande do Sul fechou 2020 com 476 mil pessoas desempregadas
(pessoas sem vagas formais ou informais e que seguem em busca de oportunidades),
conforme o IBGE. No final de 2019, o Estado tinha 441 mil desempregados.
Apesar do desemprego no RS ter registrado em 2020 a maior taxa (9,1%)
da série histórica da PNAD Contínua do IBGE, o resultado foi o segundo menos ruim do
país, ficando atrás apenas de Santa Catarina (6,1%).
A taxa de ocupação, que é a população em idade para trabalhar que estava
ocupada, foi de 54,2% e também foi o pior desde 2012, mas esteve entre os melhores
resultados em termos nacionais.
Em termos de empregos formais, no ano de 2020, o RS perdeu 20.220
empregos com carteira assinada, de acordo com o Caged (cadastro de empregos formais
do Ministério da Economia).
Todos estes números ajudam a ilustrar o estágio da economia gaúcha e os
desafios que ela enfrentou ao longo do ano de 2020. Os próximos capítulos deste
relatório vão destacar de que forma atuou o governo do Estado do RS neste cenário.
48
2 GESTÃO ORÇAMENTÁRIA
As normas que disciplinam as finanças públicas para o Estado Brasileiro
apontam o sistema orçamentário como o principal instrumento para o processo de
planejamento da administração pública. Nesse sentido, os artigos 165 e 169 da
Constituição Federal explicitam que o sistema deve ser constituído de três documentos
interdependentes: a Lei do Plano Plurianual – PPA, a Lei de Diretrizes Orçamentárias –
LDO e a Lei Orçamentária Anual – LOA.
Na Constituição Estadual, o regramento do sistema orçamentário está
disposto nos artigos 149 a 156, com o estabelecimento dos prazos para elaborações das
legislações pertinentes e as sanções pelo Poder Executivo, transcritos a seguir:
7
COPE, Orion K., Governamental Budgetin Theory and Practice, tradução e adaptação de José Teixeira
Machado Jr.
50
por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a
Pagar. (Grifamos.)
Nessa linha, a LRF instituiu as responsabilidades para os administradores
públicos, tanto na elaboração das peças orçamentárias como na execução, controle e
avaliação dos resultados alcançados nas ações contidas nos respectivos diplomas. Entre
outras, cabe menção à instituição de limites de gastos com pessoal, a proibição da criação
de despesas de duração continuada sem a indicação de uma correspondente fonte de
receita segura e a necessidade de maior transparência aos procedimentos envolvidos com
a prática da renúncia fiscal.
Na administração pública brasileira, os planos hierarquicamente
interligados se traduzem em Plano Plurianual – PPA (nível estratégico, definições de
metas para períodos de quatro anos), Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO (orientações
para a elaboração dos orçamentos anuais), e Lei Orçamentária Anual – LOA (nível
operacional, tradução em metas físicas e financeiras dos objetivos da administração
pública para o período de um ano).
O PPA é um instrumento de planejamento de médio prazo, no qual são
identificados os programas, objetivos e metas a serem seguidos pela administração
pública ao longo dos quatro anos subsequentes à sua aprovação. A LDO, por sua vez,
orienta a elaboração da LOA ao estabelecer as metas e prioridades para o exercício
financeiro seguinte. A LOA, por fim, aponta os recursos necessários para a execução do
exposto na LDO. Dessa forma, tudo o que constar na LDO e na LOA deve estar,
inicialmente, no PPA. Fazendo uma simplificação, a LDO e a LOA são uma parte do PPA
que será executada em um ano.
A Lei de Responsabilidade Fiscal reforçou a necessidade de integração
entre esses três instrumentos e nos seus artigos 15, 16 e 17, nos quais registra a
obrigatoriedade de tanto as ações governamentais que geram novas despesas, como as
consideradas despesas de caráter continuado, estarem contempladas nas normas
contidas no PPA e na LDO.
51
Art. 149 – [...]
§ 1º - A lei que aprovar o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada,
as diretrizes, objetivos e metas, quantificados física e financeiramente, dos
programas da administração direta e indireta, de suas fundações, das empresas
públicas e das empresas em que o Estado detenha, direta ou indiretamente, a
maioria do capital social com direito a voto.
O Projeto de Lei nº 339/2019, sancionado e transformado na Lei nº
15.236/2019, dispõe sobre o Plano Plurianual - PPA para o quadriênio 2020-2023. O PPA
Novas Façanhas é o instrumento legal que define diretrizes, objetivos e metas
governamentais. Sua elaboração foi coordenada pela Secretaria do Planejamento,
Orçamento e Gestão (SEPLAG).
52
Importante destacar que o Governo do Estado do Rio Grande do Sul
assumiu o compromisso de dar tratamento aos Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável (ODS), estabelecido em 2015 pelos países-membro da Organização das
Nações Unidas como uma agenda de sustentabilidade compartilhada. Cerca de 83% das
Iniciativas do PPA estão alinhadas com um ou mais ODS.
Além disso, cerca de um quarto dos produtos do PPA 2020-2023 foram
regionalizados, dos quais 33% por município, 13% por COREDE e 54% Região Funcional.
53
Os parâmetros macroeconômicos utilizados como sustentação para a
elaboração da programação de receitas e despesas do PPA 2020-2023 estão identificados
no quadro a seguir:
PRINCIPAIS AGREGADOS DAS RECEITAS PÚBLICAS CONSOLIDADAS ESTIMADAS PPA 2020-2023 X REALIZADOS EM 2020
Em R$ milhões (nominais)
AGREGADOS DA RECEITA PÚBLICA PLPPA2020-2023 REALIZADO 2020 % TOTAL
Receitas Correntes 184.994,6 46.020,6 24,9%
Receita Tributária 192.058,4 45.451,6 23,7%
ICMS 153.365,8 36.380,7 23,7%
IPVA 13.604,0 3.219,1 23,7%
54
PRINCIPAIS AGREGADOS DAS RECEITAS PÚBLICAS CONSOLIDADAS ESTIMADAS PPA 2020-2023 X REALIZADOS EM 2020
Em R$ milhões (nominais)
AGREGADOS DA RECEITA PÚBLICA PLPPA2020-2023 REALIZADO 2020 % TOTAL
IRRF 12.469,7 3.282,0 26,3%
Demais Receitas Tributárias 12.619,0 2.569,7 20,4%
Receita de Contribuições 15.945,9 4.394,8 27,6%
Receita Patrimonial 4.295,9 816,2 19,0%
Receita Agropecuária / Industrial / Serviços 2.447,6 401,6 16,4%
Transferências Correntes 40.057,6 11.812,5 29,5%
Cota-parte do Fundo de Participação dos Estados 10.162,4 2.136,5 21,0%
Cota-parte do IPI - Estados Exportadores 2.325,8 513,9 22,1%
Lei Kandir e Fundo de Auxílio à Exportação 657,0 276,0 42,0%
Salário Educação 2.099,5 312,5 14,9%
Fundo da Educação (Retorno do FUNDEB) 19.889,2 4.349,7 21,9%
Gestão Plena do SUS 3.670,3 886,8 24,2%
Portarias MS - Covid-19 - 558,7 -
LC nº 173/20 - Recursos livres - 1.945,4 -
LC nº 173/20 - Recursos vinculados - Saúde - 261,6 -
Reposição FPE - Calamidade Pública - 126,0 -
Demais Transferências Correntes 1.253,4 445,2 35,5%
Outras Receitas Correntes 3.132,5 571,5 18,2%
Deduções da Receita Corrente FUNDEB -27.511,3 -6.363,9 23,1%
Deduções da Receita Corrente Municípios -45.432,2 -10.740,3 23,6%
Demais Deduções da Receita Corrente - -323,4
Receitas de Capital 1.061,5 1.055,2 99,4%
Operações de Crédito 56,0 24,9 44,4%
Alienação de Bens 59,8 808,2 1350,6%
Amortização Empréstimos 132,9 24,6 18,5%
Transferências de Capital 242,7 197,5 81,4%
Outras Receitas de Capital 570,1 0,1 0,0%
Total das Receitas sem as Transferências
186.056,1 47.075,8 25,3%
Intraorçamentárias
(+) Transferências de Receitas Intraorçamentárias 68.248,7 16.884,8 24,7%
Total das Receitas com as Transferências
254.304,9 63.960,6 25,2%
Intraorçamentárias
Fonte: PPA 2020-2023 e Sistema Cubos DW.
Cálculos: Equipe SAIPAG/SAICE
55
DOTAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CONSOLIDADA PARA O PPA 2020 - 2023
Em R$ milhões (nominais)
ESPECIFICAÇÃO TOTAL
Reserva Previdenciária 3.290,5
Despesas Intraorçamentárias 68.248,7
Despesas Totais PLPPA 2020 – 2023 273.326,5
Fonte: PPA 2016-2019
56
2.2 – Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO – Lei nº 15.304/19
Em atendimento às normas legais que regulamentam o processo
orçamentário, o executivo estadual enviou para Assembleia Legislativa o Projeto de
Lei nº 239/2019, o qual, após apreciação pela casa legislativa, foi aprovado em sessão
plenária. Assim, a Lei nº 15.304, de 31 de julho de 2019 passou a ser o diploma
responsável por especificar as diretrizes para elaboração da Lei Orçamentária do Estado
para o exercício de 2020.
Os dispositivos constitucionais (CF artigo 165, §2º, e CE artigo 149, § 3º)
atribuem à Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO a competência para, de forma
antecipada, dispor sobre os programas e ações considerados prioritários na alocação de
recursos, tal como os parâmetros a serem considerados na elaboração da Lei
Orçamentária Anual – LOA. Destarte, a LDO disciplina a possibilidade de realização de
alterações na legislação tributária, a política tarifária a ser desenvolvida pelas empresas
da administração indireta e a especificação da forma de aplicação das agências
financeiras oficiais de fomento.
A LDO, como lei intermediária, vincula as diretrizes estratégicas previstas
no Plano Plurianual – PPA, válida para um quadriênio, com as correspondentes Leis
Orçamentárias Anuais – LOA’s, válidas para os exercícios compreendidos no mesmo
período.
Com a vigência da Lei de Responsabilidade Fiscal, a LDO passou a ter a
atribuição de proporcionar maior transparência para os atos da administração pública e
de ser um instrumento do planejamento no sentido de que o governo busque o equilíbrio
entre receitas e despesas durante a execução orçamentária.
Entre diversas determinações, a LDO, na seção VI – Das Disposições acerca
da Limitação Orçamentária e Financeira, em seu artigo 30, determina que o Poder
Executivo, por meio de decreto, em até 30 dias após a publicação da Lei Orçamentária de
2020, explicite os procedimentos a serem adotados para acompanhamento da execução
orçamentária e atingimento das metas estabelecidas. Também nesse aspecto, o artigo 31
aponta os critérios e as formas de realização da limitação de empenho e movimentação
financeira, de acordo com o previsto no artigo 9º da Lei Complementar nº 101/2000, e o
artigo 32 registra quais despesas fazem parte da base passível de contingenciamento.
O Decreto nº 54.983, que dispõe sobre a execução orçamentária e o
cumprimento das metas para o exercício de 2020, foi publicado em 14 de janeiro de
2020.
De outra banda, também em atendimento ao art. 4º da LRF, a LDO foi
acompanhada dos seguintes anexos:
Anexo I – Anexo de Metas Fiscais;
Anexo I.a – Demonstrativos das Metas Anuais
Anexo I.b – Avaliação da Situação Financeira e Atuarial dos Regimes de
Previdência do Estado do Rio Grande do Sul;
Anexo I.c - Evolução do Saldo Patrimonial, Origem e Aplicação dos
Recursos Obtidos com a Alienação de Ativos; e
Anexo I.d - Renúncia de receitas e despesas de caráter continuado;
Anexo II – Anexo de Riscos Fiscais.
57
A Lei 15.373/2019 atualizou o Anexo I – Anexo de Metas Fiscais, sendo
estes valores os que serão analisados no presente relatório.
O Anexo I expõe a situação das finanças públicas e os movimentos
promovidos pelo executivo estadual no sentido de viabilizar o equilíbrio das contas,
advertindo que elas poderão ser revistas de modo a permitir uma política fiscal que seja
compatível com o equilíbrio das contas públicas, caso o cenário macroeconômico venha a
apresentar alterações nas variáveis que balizaram a fixação e a previsão dos resultados.
Em sequência, o Anexo I.a evidencia a situação ocorrida com as metas
fiscais para os anos de 2017 a 2019, estabelece as metas fiscais para 2020 e indica as
metas previstas para os anos de 2021 e 2022.
O Anexo I.b demonstra a Avaliação da Situação Financeira e Atuarial dos
Regimes de Previdência.
Enquanto o Anexo I.c registra a Evolução do Patrimônio Líquido, Origem e
Aplicação de Recursos Obtidos com a Alienação de Ativos, o I.d, resumidamente, informa
sobre a previsão de Renúncia de Receitas e Despesas de Caráter Continuado.
Sobre as metas previstas no Anexo II.a, em atendimento ao disposto no
artigo 5º da Lei Complementar nº 101/2000, o artigo 3º da LDO determina que a
elaboração e aprovação da Lei Orçamentária, assim como a sua execução, devem ser
compatíveis com a meta de resultado primário estabelecida para o setor governamental,
conforme o Anexo de Metas Fiscais. Ao Poder Executivo compete comunicar aos demais
Poderes, ao Ministério Público e à Defensoria Pública o risco de não cumprimento da
meta fiscal de resultado primário em razão do comportamento da receita, procedimento
que no ano de 2020 foi feito, bimestralmente por meio de Relatórios de Execução
Orçamentária – RREO.
A meta de superávit primário para 2020 foi estimada com parâmetros
indicativos de crescimento do PIB/RS na casa de 2,7%, índice de inflação de 4,0% (IPCA) e
crescimento do PIB nacional de 2,7%.
Aqui cabe uma breve explicação em relação aos quadros com as metas
fiscais publicados na LDO. Houve mudança metodológica quanto ao cálculo do resultado
primário, sendo que o mesmo deverá considerar as despesas efetivamente pagas, ou
seja, utilizar o regime de caixa. Anteriormente, as despesas eram consideradas pelo seu
empenho. O Governo do Estado entendeu correto publicar dois quadros: um
considerando a nova metodologia e outro com a antiga.
Este TCE-RS entende que a nova metodologia orientada pela Secretaria do
Tesouro Nacional (STN) é a que deverá ser mantida, em prol de uma padronização
nacional, podendo assim haver comparações entre entes da federação. Sendo assim,
tratar-se-á o resultado primário sempre conforme demonstrado no quadro referente à
nova metodologia, inclusive sendo esta a adotada pela Contadoria e Auditoria-Geral do
Estado (CAGE), no Relatório Resumido de Execução Orçamentária (RREO). Apenas para
fins de contingenciamento, assunto tratado no capítulo cinco deste relatório, será
verificado o resultado primário apurando-se as despesas empenhadas.
Segundo os cálculos do executivo estadual, a meta de resultado primário
fixada na LDO foi deficitária em R$ 701,1 milhões, ou seja, as receitas primárias foram
58
projetadas em valor inferior às despesas primárias. O resultado, porém, foi superavitário
em R$ 2,86 bilhões, fato que será mais bem detalhado no capitulo cinco deste relatório.
No Anexo I.b, a LDO avalia a situação financeira e atuarial do sistema
previdenciário vigente para os servidores públicos do Estado e, nesse aspecto, destaca
que o Regime Próprio de Previdência – Plano Financeiro, em 2020, necessitaria de aporte
pelo tesouro estadual de R$ 11,25 bilhões. Entretanto, conforme o resultado apontado no
RREO do 6º bimestre de 2020, o valor do aporte foi de R$ 9,94 bilhões.
O Anexo I.c identifica a evolução do saldo patrimonial do setor
governamental do Estado, evidenciados nos respectivos balanços dos exercícios, e
registra o Demonstrativo da Receita de Alienação de Ativos e Aplicação dos Recursos dos
exercícios anteriores.
Quanto ao Anexo I.d, relativo à renúncia de receitas, a Receita Estadual
informou que segue aperfeiçoando os mecanismos internos de análise da concessão, do
monitoramento, da revisão e da fiscalização de desonerações fiscais, bem como os atuais
benefícios fiscais concedidos, estão considerados nos cenários de receita projetados pelo
Estado para os exercícios seguintes. A LDO/2020 relacionou uma única renúncia de
receita, como consta no quadro a seguir, cujo início dê-se a partir de 01-01-2019:
59
Com relação às despesas de caráter continuado, há somente a informação
de que as despesas obrigatórias de caráter continuado adequar-se-ão às Receitas do
Estado.
O Manual de Demonstrativos Fiscais da Secretaria do Tesouro Nacional,
11º Edição, registra a necessidade de o Executivo Estadual divulgar situações que possam
repercutir na margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado,
conforme modelo do quadro:
60
A verificação do atingimento das metas previstas na LDO para 2020 está
detalhada no capítulo dedicado ao exame do cumprimento dos dispositivos LRF (capitulo
cinco).
Por sua vez, o Anexo II constitui o Anexo de Riscos Fiscais e contempla a
avaliação dos passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas,
contendo as possíveis providências a serem tomadas no caso das suas concretizações.
A tabela a seguir relaciona os riscos apontados pela LDO como capazes de
afetar as contas públicas, tanto no âmbito da receita como na despesa, e as medidas
compensatórias para serem acionadas no caso delas ocorrerem.
LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS PARA 2020 - ANEXO DE RISCOS FISCAIS - § 3º DO ARTIGO 4º DA LRF
1 – PASSIVOS CONTINGENTES E OUTROS RISCOS CAPAZES DE AFETAR AS CONTAS PÚBLICAS
1.1 – RECEITA 1.2 – DESPESA
O ano de 2020 foi fortemente impactado pela pandemia causada pelo vírus da Covid-19, trazendo consequências
tanto na receita (queda de arrecadação, repasses federais), quanto nas despesas (maior aplicação em saúde, economia em
virtude de trabalhos remotos,).
61
ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO – LEI Nº 15.399/2019
CATEGORIAS ECONÔMICAS – CORRENTES E DE CAPITAL - 2020
Em R$ milhões (nominais)
ORÇAMENTO INICIAL
DISCRIMINAÇÃO
RECEITAS DESPESAS RESULTADO
1. Orçamento Corrente 60.699,7 61.487,5 -787,8
2. Orçamento de Capital 460,2 2.852,3 -2.392,1
3. Reserva Orçamentária - 2.098,6 -2.098,6
4. Orçamento Geral do Estado (1 + 2 + 3) 61.159,9 66.438,4 -5.278,5
5. Intraorçamentária* 16.282,5 16.282,5 -
6. Orçamento Geral do Estado - exceto Intraorçamentária (4 - 5) 44.877,5 50.156,0 -5.278,5
7. Execução Orçamentária do Estado 63.960,6 64.557,9 -597,3
8. Execução Intraorçamentária (dupla contagem)* 16.884,8 16.711,4 173,4
9. Execução Orçamentária – exceto Intraorçamentária (7 – 8) 47.075,8 47.846,5 -770,7
Fonte: Sistema Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Receitas e Despesas Intraorçamentárias: dupla contagem decorrente, especialmente, de recursos empenhados pelos Poderes/Órgãos e
ingressados no IPERGS para o custeio de assistência médica e previdência. Nos demais casos, a dupla contagem refere-se a repasses de recursos entre
a Administração Direta, Autarquias e Fundações com contrapartida da entrega de bens ou da prestação de serviços.
62
IV - o produto de operações de crédito autorizadas, em forma que
juridicamente possibilite ao poder executivo realizá-las.
Embora tenha havido alterações na dotação orçamentária, aumentando a
despesa autorizada, a execução do orçamento geral do Estado, em 2020 foi abaixo do
orçado.
63
ALTERAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS E EXECUÇÃO – 2010 a 2020
Em R$ milhões (nominais)
RECEITA DOTAÇÃO DESPESA %
EXERCÍCIO
REALIZADA ALTERADA EMPENHADA EXECUTADO
2010 28.626,6 31.032,9 28.781,0 92,7%
2011 29.609,9 32.211,4 30.104,3 93,5%
2012 32.587,9 35.808,6 33.232,4 92,8%
2013 36.328,3 41.127,6 37.745,3 91,8%
2014 41.538,0 46.909,9 42.731,4 91,1%
2015 40.980,7 49.761,8 45.558,9 91,6%
2016 47.011,0 52.573,0 47.020,3 89,4%
2017 48.545,5 53.055,7 50.185,2 94,6%
2018 53.232,3 60.679,0 56.143,7 92,5%
2019 55.050,0 61.196,8 58.250,4 95,2%
2020 47.075,8 52.175,1 47.846,5 91,7%
Fonte: Sistema Finanças Públicas Estaduais – FPE
Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG
Nota 1: valores sem as operações intraorçamentárias
Nota 2: A partir de 2020, as transferências constitucionais aos municipios passaram a ser contabilizadas como deduções da receita, reduzindo
assim os valores em comparação aos anos anteriores.
DIFERENÇA
DISCRIMINAÇÃO PREVISÃO EXECUÇÃO
VALOR % DA PREVISÃO
RECEITAS CORRENTES 62.078,2 63.448,2 1.369,9 2,2%
Impostos, Taxas e Contribuições de Melhoria 46.501,5 45.451,6 -1.049,8 -2,3%
ICMS 37.550,0 36.380,7 -1.169,3 -3,1%
IPVA 3.091,6 3.219,1 127,5 4,1%
Demais 5.859,8 5.851,8 -8,1 -0,1%
Contribuições 3.842,5 4.394,8 552,3 14,4%
Receita Patrimonial 990,2 816,2 -174,0 -17,6%
Receita Agropecuária 36,4 1,1 -35,4 -97,1%
Receita de Serviços 597,5 400,6 -196,9 -33,0%
Transferências Correntes 9.443,1 11.812,5 2.369,4 25,1%
Cota-Parte FPE 2.262,8 2.136,5 -126,3 -5,6%
Cota-Parte IPI-Exportação 549,3 513,9 -35,4 -6,5%
Recursos SUS 861,8 977,0 115,2 13,4%
Portarias MS - Combate Covid-19 - 558,7 558,7 -
Salário Educação 671,3 312,5 -358,7 -53,4%
Auxílio LC 173/20 – Recursos Llivres - 1.945,4 1.945,4 -
Auxílio LC 173/20 - Recursos Vinculados Saúde - 261,6 261,6 -
Reposição FPE - Calamidade Pública - 126,0 126,0 -
64
ORÇAMENTO VERSUS EXECUÇÃO DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA - 2020
Em R$ milhões (nominais)
DIFERENÇA
DISCRIMINAÇÃO PREVISÃO EXECUÇÃO
VALOR % DA PREVISÃO
FUNDEB 4.633,7 4.349,7 -284,0 -6,1%
Lei Kandir - 276,0 276,0 -
Demais transferências correntes 464,2 355,1 -109,1 -23,5%
Outras Receitas Correntes 667,1 571,5 -95,6 -14,3%
RECEITAS DE CAPITAL 460,2 1.055,2 595,1 129,3%
Operações de Crédito 64,3 24,9 -39,4 -61,3%
Alienações de Bens 147,9 808,2 660,3 446,3%
Amortização de Empréstimos 56,8 24,6 -32,2 -56,7%
Transferências de Capital 191,2 197,5 6,4 3,3%
Outras Receitas de Capital - 0,1 0,1
RECEITAS INTRAORÇAMENTÁRIAS 16.282,5 16.884,8 602,3 3,7%
DEDUÇÕES DA RECEITA CORRENTE -17.661,0 -17.427,6 233,4 -1,3%
TOTAL DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA 61.159,9 63.960,6 2.800,7 4,6%
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
DIFERENÇA
DISCRIMINAÇÃO PREVISÃO EXECUÇÃO
VALOR % DA PREVISÃO
DESPESAS CORRENTES 45.408,9 45.110,4 -298,5 -0,7%
Pessoal e Encargos Sociais 30.728,2 30.486,9 -241,2 -0,8%
Juros e Encargos da Dívida 2.795,8 2.573,7 -222,0 -7,9%
Outras Despesas Correntes 11.885,0 12.049,8 164,8 1,4%
DESPESAS DE CAPITAL 2.852,3 2.736,0 -116,2 -4,1%
Investimentos 987,0 864,3 -122,7 -12,4%
Inversões Financeiras 101,3 105,9 4,6 4,5%
Amortização da Dívida 1.763,9 1.765,8 1,8 0,1%
RESERVA ORÇAMENTÁRIA 1.894,7 - -1.894,7 -
65
ORÇAMENTO VERSUS EXECUÇÃO DA DESPESA ORÇAMENTÁRIA - 2020
Em R$ milhões (nominais)
DIFERENÇA
DISCRIMINAÇÃO PREVISÃO EXECUÇÃO
VALOR % DA PREVISÃO
DESPESAS INTRAORÇAMENTÁRIAS 16.282,5 16.711,4 428,9 2,6%
TOTAL DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA 66.438,4 64.557,9 -1.880,5 -2,8%
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
DIFERENÇA
DISCRIMINAÇÃO PREVISÃO EXECUÇÃO
VALOR % DA PREVISÃO
Receitas Orçamentárias 61.159,9 63.960,6 2.800,7 4,6%
Despesas Orçamentárias 66.438,4 64.557,9 -1.880,5 -2,8%
Resultado Orçamentário -5.278,5 -597,3 4.681,2 88,7%
Operações Intraorçamentárias - 173,4 173,4
Resultado sem Operações Intraorçamentárias -5.278,5 -770,7 4.507,8 85,4%
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
66
DESPESA CONSOLIDADA DO ESTADO – EMPENHADO X LIQUIDADO X PAGO X RESTOS A PAGAR 2020
Em R$ milhões (nominais)
RESTOS A PAGAR
EMPENHADO LIQUIDADO PAGO
GRUPOS DE DESPESA Inscritos no Exercício
(A) (B) (C) (D) = (A – C) % (D/A)
01 - Pessoal e Encargos Sociais 30.486,9 30.031,1 28.479,9 2.007,1 6,6%
02 - Juros e Encargos da Dívida 2.573,7 2.573,7 241,1 2.332,6 90,6%
03 – Outras Despesas Correntes 12.049,8 11.447,9 10.551,4 1.498,4 12,4%
04 – Investimentos 864,3 430,2 377,6 486,7 56,3%
05 – Inversões Financeiras 105,9 79,2 71,1 34,8 32,8%
06 – Amortização da Dívida 1.765,8 1.765,8 627,7 1.138,1 64,5%
Total Despesas (exceto
47.846,5 46.327,9 40.348,8 7.497,7 15,7%
Intraorçamentárias)
( + ) Despesas Intraorçamentárias* 16.711,4 16.708,4 16.888,0 -176,6 -1,1%
Total Despesa Consolidada do Estado 64.557,9 63.036,3 57.236,8 7.321,1 11,3%
Fonte: Sistema Cubos DW da SEFAZ/CAGE
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG
(*) Dupla contagem decorrente, especialmente, de recursos empenhados pelos Poderes/Órgãos e ingressados no IPERGS para o custeio de assistência
médica e previdência. Nos demais casos, a dupla contagem refere-se a repasses de recursos entre a Administração Direta, Autarquias e Fundações com
contrapartida da entrega de bens ou da prestação de serviços.
67
2.4 – Resultado Orçamentário
O resultado orçamentário da administração pública estadual,
considerando-se o montante empenhado para a despesa e arrecadado para a receita, foi
deficitário em R$ 597,3 milhões.
Esse resultado consolidado é demonstrado a seguir, por setores da
administração pública estadual, consideradas as transferências financeiras
intragovernamentais.
68
EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA – ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA – 2020
Em R$ milhões (nominais)
DISCRIMINAÇÃO DIRETA AUTARQUIAS FUNDAÇÕES CONSOLIDADO
DESPESAS DE CAPITAL 2.440,4 292,8 2,9 2.736,0
Investimentos 616,0 245,5 2,8 864,3
Inversões Financeiras 105,9 - - 105,9
Amortização da Dívida 1.718,4 47,2 0,1 1.765,8
DESPESAS INTRAORÇAMENTÁRIAS 16.503,1 202,9 5,4 16.711,4
69
mas igualmente houve ações diretas do governo estadual, como a reforma da
previdência, reforma administrativa, decretos de contingenciamento, entre outros.
Outro fator relevante nas contas públicas é a restrição imposta pelas
vinculações constitucionais, que no Rio Grande do Sul difere do conjunto da Federação, a
exemplo da vinculação de 35% com educação prevista na Constituição Estadual, e não de
25% estabelecida na Constituição Federal. Para cumprir essa vinculação de 35%, e as
demais vinculações, tais como a de 12% para a saúde; de 1,5% para a pesquisa científica e
tecnológica; e de 0,5% para o ensino superior comunitário, o resultado orçamentário de
2020 seria deficitário em mais R$ 4,67 bilhões.
70
Anteriormente, este déficit orçamentário era ocultado com a previsão de
receitas extraordinárias de difícil realização, tais como a indenização pela manutenção
das rodovias federais, o ressarcimento adicional à Lei Kandir e operações de crédito para
redução de encargos da dívida, o que ocorreu, por exemplo, nos exercícios de 2005 a
2007.
Em 2008, pela primeira vez o orçamento não apresentou equilíbrio entre as
receitas e as despesas, sendo o déficit de R$ 1,29 bilhão evidenciado na peça
orçamentária. Em 2009, o orçamento foi apresentado de forma equilibrada.
Entre 2012 e 2019 voltou-se a utilizar uma rubrica, a qual, entretanto,
passou a ser denominada de “Receita Extraordinária para Cobertura do Déficit” a qual
visa para fins orçamentários, atingir o equilíbrio entre receita e despesa.
Ilustra-se com o orçamento de 2019 (Lei nº 15.237/18):
71
previsto de R$ 8,10 bilhões8. Destaca-se que estes valores se tratam de previsão,
efetuada quando da elaboração da LOA.
O real déficit, efetivamente realizado, decorrente da realização de
despesas em valores superiores as receitas, vem sendo coberto apenas de forma parcial
de diferentes maneiras: no exercício de 2013, por exemplo, houve significativo saque de
depósitos judiciais não tributários, e a partir deste ano, “empréstimos” do SIAC. A tabela
a seguir demonstra valores do Sistema Integrado de Administração de Caixa (SIAC),
originalmente instituído pelo Decreto nº 33.959/1991 “emprestados” para cobertura
parcial deste déficit, assim como os depósitos judiciais utilizados.
8
O Art. 5º desta Lei especifica que a cobertura do déficit orçamentário previsto para o exercício
econômico-financeiro de 2021 será buscada por meio de receitas adicionais, controle de despesas e através
da adesão ao Regime de Recuperação Fiscal.
72
3 COMPORTAMENTO DAS RECEITAS
O presente capítulo trata das principais questões envolvendo o
comportamento das receitas do Estado do Rio Grande do Sul no exercício de 2020. Neste
arcabouço destacam-se, em especial, as análises realizadas no ICMS, principal fonte de
arrecadação do Estado, e as desonerações fiscais associadas a este tributo.
74
RECEITA ORÇAMENTÁRIA - 2016/2020
Em R$ milhões
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO Δ% Δ% Δ% Δ% Δ%
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
Outras Receitas de
1,15 - -100,0 - - 7,51 - 0,053 -99,30 -95,39
Capital
Receitas de Capital 644,64 879,62 36,45 1.449,54 64,79 866,66 -40,21 1.055,25 21,76 63,70
Receitas
43.861,59 43.689,93 -0,39 46.216,06 5,78 46.149,44 -0,14 47.075,82 2,01 7,33
Orçamentárias
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE .
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.
(**) Receita Líquida após dedução do FUNDEB e da Transferências aos Municípios, que era contabilizada como despesa até 2019.
(***) Receita Líquida após deduções.
75
RECEITA ORÇAMENTÁRIA - 2016/2020
Em R$ milhões (nominais)
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO % % % % % % % % % % Variação
Categoria Receita Categoria Receita Categoria Receita Categoria Receita Categoria Receita
20/19
Econômica Total Econômica Total Econômica Total Econômica Total Econômica Total
Amortização de
8,6 0,1 2,8 0,06 1,9 0,06 3,3 0,06 2,3 0,05 -13,13
Empréstimos
Transferências
16,8 0,2 11,1 0,2 15,3 0,5 5,1 0,1 18,7 0,4 344,68
de Capital
Outras Receitas
0,2 0,003 - - - - 0,9 0,02 0,005 0,0001 -99,30
de Capital
Receitas de
100,0 1,5 100,0 2,0 100,0 3,3 100,0 1,9 100,0 2,2 21,76
Capital
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE .
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.
(**) Receita Líquida após as Deduções de Impostos, da Patrimonial, das Transferências Correntes e das Outras Receitas Correntes.
TAXAS
20,00
CONTRIBUIÇÕES
15,00
TRANSFERÊNCIAS
10,00 CORRENTES
OUTRAS RECEITAS
5,00 CORRENTES
DEMAIS RECEITAS
- CORRENTES
2016 2017 2018 2019 2020
76
As receitas de impostos seguiram como a principal fonte de recursos do
Tesouro Estadual, representando 57,7% das receitas totais e 59,1%, se consideradas
apenas as receitas correntes. Apesar da relevância dessa fonte de recursos, houve queda
real de arrecadação na ordem de 3,72% em relação a 2019. Quando comparados os
percentuais de 2020 com os do ano de 2019 identifica-se, também, queda da participação
das receitas de impostos, tanto em relação às receitas totais – de 61,2% para 57,7% -
como às receitas correntes – de 62,3% para 59,1% - números influenciados por fatores
como a queda na arrecadação de ICMS e a elevação nas transferências correntes, em
especial pelos recursos remetidos ao Rio Grande do Sul pela União, em consonância com
a Lei Complementar nº 173/2020, que serão detalhados no tópico sobre as Transferências
Correntes. A arrecadação da receita de impostos será amplamente detalhada em tópicos
específicos neste capítulo.
Merecem destaque, também, as receitas de contribuições, que
apresentaram crescimento real de 14,8% frente a 2019, tendo por base o IPCA, ao
atingirem o montante de R$ 4,39 bilhões. Medidas como Reforma da Previdência dos
Servidores Públicos do Estado do Rio Grande do Sul que, entre outras alterações,
modificou as alíquotas inerentes à contribuição previdenciária, impactaram esses
números. Os impactos no âmbito da Previdência dos Servidores do Estado do Rio Grande
do Sul em função da elevação dessa receita serão abordados no Capítulo 8 – Gestão
Previdenciária.
No contexto de pandemia, a fim de mitigar as consequências por possíveis
perdas de arrecadação dos Entes subnacionais, bem como auxiliar financeiramente no
combate à Covid-19, a União apresentou um pacote de ajuda aos Estados e municípios
por meio da Lei Complementar nº 173/2020. Os ingressos se deram na forma de
transferências correntes e de capital, havendo recursos com destino específico de
combate à Covid-19 (aplicação dos recursos abordada em tópico próprio da Saúde no
capítulo 9 – Vinculações Constitucionais), e outros sem uma destinação própria.
Influenciaram, adicionalmente, os valores das Transferências Correntes, os repasses
referentes às compensações da Lei Kandir, ocorridos em dezembro de 2020.
Nesse capítulo, serão analisados esses repasses federais junto às demais
transferências correntes, que no total atingiram R$ 11,17 bilhões, e de capital, cujos
ingressos foram na ordem de R$ 197,5 milhões. Ambas apresentaram aumento real de
29,6% e 344,7%, respectivamente, em relação aos valores atingidos, em 2019.
No rol das receitas de capital destacam-se as receitas de alienação de bens,
que em 2016 e 2017 representaram entre 15% e 16% das receitas de capital, enquanto a
partir de 2018 ultrapassam os 60% dos valores obtidos nessa categoria econômica,
atingindo 76,6% entre as receitas de capital de 2020. Os ingressos extraordinários
relacionados aos programas de incentivo à atividade econômica no âmbito do Fundopem
e Fomentar, decorrentes de operações como liquidações antecipadas e cessões de
direitos creditórios a instituições financeiras, foram os principais responsáveis por essa
elevação em termos de representatividade dentro da categoria econômica. Entretanto
cumpre citar que o reconhecimento da receita orçamentária se deu somente quando da
desconstituição e consequente transferência dos valores pelo Gestor dos fundos, o
Badesul, ao Estado. Os ingressos em caixa e respectiva utilização dos recursos financeiros
não necessariamente ocorreram nos exercícios de reconhecimento das receitas de
77
capital, como será abordado neste capítulo no tópico inerente às receitas de alienação de
bens.
78
Em 2020, as Receitas Tributárias, principal fonte de recursos do Tesouro
Estadual, atingiram o montante de R$ 45,45 bilhões, refletindo, em valores reais, uma
queda de 3,07% em relação ao de 2019 (inflacionado pelo IPCA/IBGE). Considerando-se,
também em termos reais, o valor líquido após a contribuição para a formação do FUNDEB
e a Transferência aos Municípios, as Receitas Tributárias registraram um decréscimo de
4,06%, atingindo R$ 28,99 bilhões. Dessa forma, após pequenos aumentos ocorridos a
partir de 2017, no ano de 2020 constata-se uma queda na arrecadação, ou seja, uma
desaceleração do crescimento da economia, em grande parte com efeitos decorrentes da
pandemia da Covid-19, que ainda afeta a produção global.
O IPVA, em 2020, foi responsável pela arrecadação bruta de R$ 3,22
bilhões, equivalente a 7,08% do total das Receitas Tributárias. As deduções relativas ao
FUNDEB e Transferências aos Municípios atingiram R$ 321,9 milhões e R$ 1,61 bilhão,
respectivamente, perfazendo uma arrecadação líquida desse imposto de R$ 1,28 bilhão, o
que representou 3,24% da arrecadação tributária líquida. Registra-se, assim, um aumento
em 2020 – 1,46% na arrecadação bruta e 1,21% no IPVA líquido -, após redução em 2019
de 5,48% nos valores brutos e 6,53% na quantia após as deduções. Como a arrecadação
do IPVA acaba sendo antecipada para dezembro em alguns anos, como ocorrera em
2018, podem ocorrer estas variações.
A arrecadação do ITCD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e
Doação) vem registrando aumentos sucessivos desde 2017, atingindo a variação de 9,20%
no ano de 2020 frente ao desempenho no exercício anterior. A dedução ao FUNDEB de R$
152,0 milhões ocorrera sobre um ingresso bruto de R$ 759,8 milhões de cujo cotejo
resultou o valor líquido de R$ 607,8 milhões, estes com aumento real de 9,18% em
comparação a 2019.
Os ingressos do IRRF, em termos reais, sofreram uma retração de 1,49%,
na comparação ao ano anterior, atingindo a cifra de R$ 3,28 bilhões. Da mesma forma,
houve redução nos ingressos provenientes dos pagamentos de Taxas, de 8,84%, sendo
que as cifras giraram na ordem de R$ 1,81 bilhão. Também com queda de arrecadação,
22,09% nos valores líquidos arrecadados, o ITBI representou o ingresso líquido de R$ 1,3
bilhão, após a dedução de R$ 1,3 bilhão para Transferência aos Municípios realizada
sobre o ingresso bruto de R$ 2,6 bilhões.
O ICMS, principal tributo estadual, correspondeu a 80,04% do total da
Receita Tributária em 2019, atingindo R$ 36,38 bilhões. Este valor representa uma queda
de 3,51% em relação ao valor corrigido de 2019. Considerando a dedução para o FUNDEB
(R$ 5,39 bilhões) e Transferência aos Municípios (R$ 8,99 bilhões), o valor líquido foi de
R$ 22,0 bilhões, representando 55,58% do total da receita Tributária Líquida. Devido ao
seu campo de incidência o ICMS restou como uma fonte de recursos fortemente atingida
pela redução do nível de atividade econômica advinda dos efeitos da pandemia do novo
coronavírus. Em razão da importância destes ingressos no Tesouro Estadual, o próximo
item é dedicado a uma análise detalhada sobre a matéria.
3.2.1 – ICMS
O ICMS é o imposto estadual de maior relevância no que diz respeito aos
valores arrecadados. Tem como principal base de incidência o comércio de mercadorias,
os serviços de transporte intermunicipal e interestadual, além da comunicação. É um
79
tributo que, em regra, incide de forma não cumulativa, sendo recolhido apenas sobre o
valor agregado a cada etapa da produção até o comércio final.
Do total arrecadado, além dos valores deduzidos ao FUNDEB, vinte e cinco
por cento são remetidos aos municípios do Estado. O rateio dos valores entre os
municípios é influenciado principalmente pelo Valor Agregado Fiscal da economia do
município, sem prejuízo de outros indicadores também impactantes para definição do
valor devido por cada municipalidade.
O ritmo da economia, sobretudo dos setores que estão em sua base de
incidência, tem forte impacto sobre o nível de arrecadação. As dificuldades enfrentadas
pela economia mundial tiveram suas consequências no nível de arrecadação dessa exação
estadual, em 2020. Na sequência desdobram-se os números do ICMS no ano de 2020.
Em 2020, a arrecadação do ICMS tributário, entendido como sendo o valor
depurado, sem contar as quantias arrecadadas a título de multas, juros de mora, dívida
ativa e adjudicações, alcançou a soma de R$ 35,45 bilhões, montante que representou
um incremento nominal de 3,66%, quando comparado com os números do exercício
anterior. Porém, ao compararmos com o valor de 2019 corrigido pelo IPCA/IBGE Médio, a
elevação cai para 0,44%.
No entanto, ao serem feitas as devidas ponderações do cenário de
pandemia vivenciado no ano de 2020, esse aumento real na arrecadação do ICMS
tributário pode ser um indicativo de ganhos de eficiência nas atividades fiscalizatórias da
Administração Tributária. Em relação ao PIB, o ICMS tributário subiu em termos de
participação de 7,20%, em 2019, para 7,49%, em 2020, e não houve majorações de
alíquotas entre esses períodos.
80
Quanto ao ICMS arrecadado a qualquer título, o qual inclui a cobrança do
ICMS inscrito em Dívida Ativa, os juros de mora, as multas por pagamentos em atraso e as
adjudicações (aliás, é o índice utilizado para o cálculo do valor do repasse constitucional
aos Municípios), a soma obtida atingiu o montante de R$ 36,38 bilhões, registrando
queda real de 3,51% quando comparado a 2019.
Em relação ao valor calculado pela SPGG-RS/DEE para o PIB do Estado em
2020, procedimento que pode ser utilizado para avaliar a carga tributária correspondente
ao ICMS/RS, o índice alcançou 7,68%.
É relevante relatar fatos que influenciaram na arrecadação do ICMS em
2020, tanto aumentando a arrecadação quanto diminuindo.
Primeiro faz-se necessário ressaltar que estiveram vigentes as regras
previstas na Lei nº 14.742/2015, apresentada pelo Executivo Estadual com o objetivo de
aumentar a arrecadação do ICMS-RS.
Esta Lei foi responsável por instituir o Fundo de Proteção e Amparo Social
do Estado do Rio Grande do Sul - AMPARA/RS, com a finalidade de destinar os recursos
provenientes do acréscimo de dois pontos percentuais nas alíquotas de incidência do
imposto sobre alguns artigos reconhecidos como supérfluos para viabilizar o acesso a
níveis dignos de subsistência a toda a população do Estado do Rio Grande do Sul.
O rol de mercadorias e prestações incluídas na Lei é: bebidas alcóolicas e
cerveja sem álcool; cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos, cigarreiras, fumos desfiados
e encarteirados, fumos para cachimbos e fumos tipo crespo, perfumaria e cosméticos,
prestação de serviço de televisão por assinatura.
Sobre os valores arrecadados, constatou-se que o AMPARA/RS foi
responsável, em 2020, pelo ingresso de R$ 302,5 milhões, quando considerado apenas o
ICMS tributável, e R$ 303,4 milhões quando avaliado no conjunto das receitas de ICMS a
qualquer título.
Segundo fato a influenciar a arrecadação do ICMS em 2020 refere-se à Lei
nº 15.238/2018, que prorrogou as modificações introduzidas pela Lei nº 14.743/2015 por
mais dois anos (2019 e 2020). Além de elevar de 17% para 18% a alíquota básica do ICMS
aplicada nas operações e prestações de serviços sem alíquota específica, aumentou as
incidentes sobre a base de cálculo dos setores de energia elétrica, combustíveis e
comunicação, de 25% para 30%. O Estado aponta um aumento de R$ 3,00 bilhões de
arrecadação a partir dos efeitos destas mudanças.
O terceiro fator, que pode ter impactado na arrecadação do ICMS a
qualquer título de 2020 foi a não realização do programa de recuperação de créditos
comumente denominado “REFAZ”.
Por derradeiro, porém com significativo impacto na economia global, e
consequentemente na arrecadação de ICMS, foram sentidos os efeitos da Pandemia da
Covid-19. No item 3.2.1.1 deste capítulo será analisada a arrecadação mensal do ICMS ao
longo de 2020 a fim de identificar os meses em que a arrecadação foi mais afetada pelo
contexto aqui mencionado.
Com referência ao Cadastro de Atividade Econômica nível 1 (CAE), o total
obtido pela Administração Tributária Estadual com o ICMS, no período de 2016 a 2020,
apresenta a seguinte composição:
81
ARRECADAÇÃO POR SETOR (CAE- CADASTRO DE ATIVIDADE ECONÔMICA) - 2015 – 2020
Em R$ milhões
Cadastro de Atividade
Part. Part. Part. Part.
Econômica 2016* 2017* 2018* 2019* 2020 %
% % % %
(CAE1)
0-SEM CAE1 1.216,1 3,5% 1.337,9 3,8% 1.273,5 3,4% 1.235,4 3,3% 1.215,0 3,4%
1-PRODUCAO E EXTRACAO
176,2 0,5% 152,4 0,4% 149,7 0,4% 145,2 0,4% 233,3 0,6%
ANIMAL E VEGETAL
2-INDUSTRIA EXTRATIVA
70,1 0,2% 67,9 0,2% 68,1 0,2% 64,7 0,2% 63,2 0,2%
MINERAL
3-INDUSTRIA DE
15.046,4 43,1% 15.439,2 43,6% 17.036,5 45,7% 16.859,0 45,7% 16.189,9 44,7%
TRANSFORMACAO
4-INDUSTRIA DE
1.131,0 3,2% 1.083,1 3,1% 1.069,4 2,9% 1.110,9 3,0% 1.233,0 3,4%
BENEFICIAMENTO
5-INDUSTRIA DE MONTAGEM 382,6 1,1% 351,8 1,0% 531,2 1,4% 488,4 1,3% 381,0 1,1%
6-INDUSTRIA
ACONDICIONAMENTO E 15,6 0,04% 16,8 0,05% 18,5 0,05% 20,5 0,06% 25,0 0,1%
RECONDICIONAMENTO
7-COMERCIO ATACADISTA 10.665,1 30,6% 10.357,0 29,2% 10.684,1 28,7% 10.618,8 28,8% 10.750,8 29,7%
8-COMERCIO VAREJISTA 3.020,4 8,7% 3.505,9 9,9% 3.767,2 10,1% 3.628,6 9,8% 3.508,3 9,7%
9-SERVICOS E OUTROS 3.163,4 9,1% 3.130,4 8,8% 2.665,3 7,2% 2.719,3 7,4% 2.608,5 7,2%
TOTAL 34.887,0 100,0% 35.442,4 100,0% 37.263,5 100,0% 36.890,8 100,0% 36.207,9 100,0%
Fonte: Relatórios IGRNET/SEFAZ/Receita Estadual
Cálculos: Equipe Técnica SAIPAG (*) Atualizados pelo IPCA/IBGE médio.
Obs.: Em 2018, 2019 e 2020, não estão considerados os valores referentes ao programa Compensa RS. Por tratar-se de valor compensado com
precatórios, não houve o efetivo ingresso financeiro.
82
ARRECADAÇÃO POR CÓDIGO - 2018 – 2020
Em R$ milhões
2018* 2019* 2020
ARRECADAÇÃO
VALOR % VALOR % VALOR %
Fonte: Relatório IGRNET/Sefaz/Receita Estadual
Cálculos: Equipe técnica SAIPAG (*) Atualização pelo IPCA/IBGE médio.
Obs: Em 2018, 2019 e 2020, não estão considerados os valores referentes ao programa Compensa RS. Por tratar-se de valor compensado com
precatórios, não houve o efetivo ingresso financeiro
83
ARRECADAÇÃO POR COREDE 2017-2020
Em R$ milhões
2017* 2018* 2019* 2020
COREDE
VALOR % VALOR % VALOR % VALOR %
Cálculos: Equipe técnica SAIPAG (*) Valores atualizados pelo IPCA/IBGE médio.
Obs: Em 2018, 2019 e 2020, não estão considerados os valores referentes ao programa Compensa RS. Por tratar-se de valor compensado com
precatórios, não houve o efetivo ingresso financeiro.
84
SIMPLES NACIONAL PERÍODO 2009 – 2020 - (CÓDIGOS 293, 294 E 298)
Em R$ milhões (nominais)
PARTICIPAÇÃO NO
ANO NOMINAL
ICMS/RS TOTAL
2019 797,0 2,23
2020 764,4 2,11
Fonte: Relatórios IGRNET/SEFAZ/Receita Estadual
Cálculos: Equipe técnica SAIPAG
Obs: Em 2018, 2019 e 2020, não estão considerados os valores referentes ao programa Compensa RS. Por tratar-se de valor compensado com precatórios, não houve o
efetivo ingresso financeiro
85
EVOLUÇÃO DA PARTICIPAÇÃO DAS “BLUE-CHIPS” NA COMPOSIÇÃO DO ICMS - 2009/2020
Em Percentual
EXERCÍCIO COMBUSTÍVEL COMUNICAÇÃO ENERGIA TOTAL BLUE-CHIPS
2012 16,97% 9,32% 9,92% 36,21%
2013 17,81% 8,46% 7,08% 33,36%
2014 17,23% 7,65% 8,06% 32,94%
2015 17,25% 7,39% 11,14% 35,79%
2016 18,13% 8,34% 12,45% 38,92%
2017 17,18% 8,02% 10,78% 35,98%
2018 17,45% 6,34% 10,48% 34,26%
2019 17,02% 6,06% 10,56% 33,63%
2020 16,35% 5,54% 10,37% 32,26%
Fonte: Relatórios SEFAZ
86
os Estados da Federação, obtido da relação entre a arrecadação do ICMS/BR total e o
PIB/BR, que alcançou a taxa de 7,02%, constata-se uma correlação entre eles, com o
índice do Rio Grande do Sul sempre um pouco superior ao índice nacional.
87
ARRECADAÇÃO MENSAL ICMS BRUTO – 2020
Em R$ milhões (nominais)
88
ARRECADAÇÃO MENSAL ICMS LÍQUIDO – 2020
Em R$ milhões (nominais)
89
3.2.1.2 – Substituição Tributária do ICMS
Historicamente o Parecer Prévio vem enfatizando a relevância do
aprimoramento e difusão do regime de Substituição Tributária – ST devido ao fato de se
tratar de mecanismo com elevado grau de eficácia e eficiência no controle da
arrecadação do ICMS.
A Substituição Tributária no âmbito do ICMS é operacionalizada por meio
da sistemática de preço estimado, que pode ser apurado por meio de Margem de Valor
Agregado – MVA, em que se calcula o percentual de margem que se agregará ao produto
nas etapas subsequentes, ou Preço Médio Ponderado Final – PMPF, no qual se divulga o
valor do produto na última etapa de comercialização.
Nesse formato de preço estimado, alguns sujeitos passivos pagam valores
maiores ou menores do imposto. Esse debate chegou ao STF através de demanda de
contribuintes. Em 2016, a Suprema Corte decidiu que o sujeito passivo deve receber o
ressarcimento, sendo suficiente a comprovação de que a Base de Cálculo presumida do
imposto foi superior ao preço final efetivamente praticado. A decisão reconheceu a não
definitividade da ST, e, por consequência, também possibilitou que os Estados tenham o
direito de receber a diferença do ICMS pago a menor, ou seja, quando a Base de Cálculo
presumida do imposto foi inferior ao preço final efetivamente praticado.
Colaciona-se trecho da aludida decisão judicial proferida no âmbito do
Recurso Extraordinário nº 893.849 pela Suprema Corte:
90
As mercadorias abrangidas pelo acordo foram: I- álcool etílico hidratado
combustível; II- gasolina automotiva C (exceto premium); III- gasolina automotiva C
premium; IV- óleo diesel B, exceto S10 (mistura obrigatória); V – óleo diesel B S10
(mistura obrigatória); e V- gás natural gasoso.
O Decreto nº 54.783/2019 produziu efeitos de 02/09/2019 a 31/12/2019 e
foi revogado pelo Decreto nº 54.938/2019, que acrescentou o art. 25-E ao Livro III do
RICMS, instituindo, no período de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2020, o Regime
Optativo de Tributação da Substituição Tributária – ROT ST, em substituição ao ajuste do
imposto retido por ST (Subseção IV-A), aplicável às saídas de mercadorias submetidas ao
regime de substituição tributária com destino a consumidor final do RS, aos contribuintes
substituídos com faturamento igual ou inferior a R$ 78,0 milhões.
Dessa forma, em 2019, foi instituído o ROT ST Combustíveis (já revogado) e
para 2020 a vigência foi do ROT ST, conforme Subseção IV-B (Art. 25-E) do Livro III do
RICMS para contribuintes com faturamento igual ou abaixo de R$ 78,0 milhões. No mês
de outubro de 2020 houve modificação do item 25-E dentro do Livro III do Regulamento
do ICMS de modo que a faixa de faturamento para inserção das empresas no ROT ST
valeu até o final de 2020 e a partir de 2021 deixou de existir tal limitação, podendo todos
os contribuintes optar pelo citado regime.
Um dos pontos a destacar no que toca aos termos dos acordos pela
definitividade da substituição tributária dizem respeito à impossibilidade das empresas
signatárias utilizarem crédito ou exigirem restituição do imposto relativo à diferença
entre o ICMS retido por substituição tributária e o decorrente dos preços aplicados ao
consumidor final.
Outro destaque ocorre no que toca à renúncia expressa, irrevogável e
irretratável para discussões administrativas ou judiciais relacionadas a essas possíveis
diferenças de base de cálculo do ICMS devido.
Identifica-se, assim, que a Administração Tributária envidou esforços no
sentido de mitigar eventuais impactos negativos em termos de eficiência no processo de
cobrança e fiscalização do principal imposto estadual no que tange à relevante
ferramenta da substituição tributária.
Nesse sentido, a tabela, a seguir, demonstra o aumento significativo da
utilização do Regime da Substituição Tributária no período de 2010 a 2020, ou seja, em
que pesem as mudanças advindas do julgado da Suprema Corte referido neste tópico as
ações do Fisco Estadual resultaram na manutenção da trajetória crescente, mesmo que
em menor grau, da participação do imposto decorrente de ST no total do ICMS recolhido.
Enquanto em 2010 o regime respondia por 21,45% do ICMS arrecadado, no
ano em análise o valor correspondente alcançou 26,82%. Os números passaram a
identificar a ocorrência de estagnação no processo de ampliação da utilização do regime
de Substituição Tributária, o que proporcionou inferir sobre um possível atingimento do
limite de expansão do seu uso na cadeia produtiva da economia regional. Os números
também são impactados pela decisão da Suprema Corte mencionada parágrafos acima.
91
PARTICIPAÇÃO DO REGIME DE SUBSTITUIÇÃO
SOBRE O TOTAL DO ICMS ARRECADADO - 2010/2020
Em R$ milhões (nominais)
ICMS – REGIME DE
EXERCÍCIO ICMS TOTAL SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA
VALOR % DO ICMS TOTAL
2010 17.893 3.839 21,45
2011 19.503 4.048 20,75
2012 21.378 4.761 22,27
2013 24.061 5.843 24,28
2014 25.854 6.257 24,20
2015 27.126 6.269 23,11
2016 30.386 6.850 22,54
2017 31.933 7.663 24,00
2018 34.839 8.355 23,98
2019 36.531 8.897 24,36
2020 36.380 9.758 26,82
Fonte: Relatórios IGRNET/SEFAZ/Receita Estadual e Informação da SEFAZ em resposta à Requisição de Documentos.
92
Nesse sentido, o parágrafo único do artigo 4º determinou ao Poder
Executivo a regulamentação da composição e da forma de atuar do Conselho Deliberativo
previsto no “caput” do artigo, assegurando a presença da representação da sociedade
civil.
O artigo 5º, ao acrescentar o artigo 13-A na Lei nº 8.820, explicitou as
mercadorias e serviços que teriam suas alíquotas majoradas, o período de vigência e, de
outra banda, apontou que os recursos obtidos para o Fundo não se sujeitariam aos
efeitos do disposto no art. 158, inciso IV, da Constituição Federal (25% para transferências
aos Municípios), conforme texto transcrito a seguir:
93
Conselho Deliberativo deveria se reunir, no mínimo, uma vez por semestre, ou sempre
que convocado por seu Presidente.
Em consulta à arrecadação do ICMS no ano de 2020 constata-se que os
ingressos no AMPARA/RS somaram R$ 302,5 milhões, só considerando o ICMS tributário
e R$ 303,4 milhões quando se busca o cálculo do ICMS a qualquer título, e o saldo
registrado no SIAC, Caixa Único do Tesouro Estadual, em 31-12-2020 era de R$ 33,0
milhões.
Em consulta ao sistema FPE/Cubos DW da SEFAZ/RS, verifica-se o ingresso
de R$ 1,37 bilhão a título de arrecadação do AMPARA desde sua criação, em 2016, ao
mesmo tempo em que foi empenhado R$ 1,02 bilhão, o que representa um saldo de
Passivo Potencial de R$ 351,9 milhões. Ou seja, os recursos obtidos tiveram o objetivo de
mero instrumento de arrecadação, e, assim sendo, não foram utilizados em sua
totalidade para a finalidade a qual estavam previstos por Lei. Soma-se a essa situação o
fato da Secretaria de Segurança ter enfrentado dificuldades financeiras para atuar na
manutenção dos presídios, pois, como comentado anteriormente, este seria um dos
destinos especificados na Lei.
As diferenças entre os valores não aplicados nos recursos vinculados à
arrecadação do AMPARA, R$ 351,9 milhões nominais, e o saldo disponível na respectiva
conta corrente no SIAC em 31/12/2020, R$ 33,0 milhões, foram objeto de
questionamento ao Tesouro do Estado, entretanto não houve retorno até o fechamento
deste relatório.
Ainda sobre a Lei nº 14.742, destaca-se o fato dos ingressos do
AMPARA/RS serem apartados em conta própria, e, desta forma, ficarem excluídos das
bases de cálculo do FUNDEB e das transferências aos Municípios, formando algo
semelhante à Desvinculação da Receita da União - DRU/Federal.
Por fim, informa-se que a PGE ajuizou a Ação Cível Originária nº 2.922
perante o Supremo Tribunal Federal, contra a União Federal, em razão da inclusão do
adicional de 2% destinados ao Fundo de Combate à Pobreza na base de cálculo da Receita
Líquida de Impostos e Transferências Constitucionais - RLITC e da Receita Líquida Real -
RLR do Estado. A Decisão, proferida em setembro de 2016, concedeu à Procuradoria-
Geral do Estado o deferimento parcial de tutela provisória de urgência, autorizando o
Estado a desconsiderar a receita do ICMS vinculada ao Fundo de Combate à
Pobreza/AMPARA/RS no cálculo das parcelas da dívida com a União, porém, o Estado
deve inclui-la na base de cálculo para formação do FUNDEB.
94
Isto é, após a edição da Lei Kandir, a desoneração das exportações de
produtos primários e semielaborados se tornaram matéria constitucional, e, com a
publicação da Emenda Constitucional nº 42/2003, diploma responsável por ampliar a não
incidência do ICMS a todos os bens e serviços remetidos ao exterior, tomaram forma
definitiva. Entretanto, esse mesmo instrumento legal também determinou a
“constitucionalização” da compensação pelas perdas geradas (artigo 91 do ADCT), mas,
até o momento, esta situação está pendente de regulamentação.
95
Para o recebimento dos recursos, a Lei determinou a assinatura de um
termo de renúncia de direitos de ação contra a União quanto ao tema, o que foi realizado
pelo Rio Grande do Sul.
O Estado publicou, em 29-12-2020, a Lei nº 15.577/20, autorizando o
Poder Executivo a dar quitação quanto aos valores devidos vencidos e vincendos da Lei
Kandir mediante o novo regramento.
Assim, foram recebidos pelo Rio Grande do Sul, em 31-12-2020, R$
276.038.400,00 decorrentes da parcela de 2020 da compensação da Lei Kandir na forma
de Transferência Corrente.
A referida Lei Complementar previu a distribuição de R$ 58 bilhões a
Estados e Municípios, sendo que serão R$ 4 bilhões por ano entre 2020 e 2030, e R$ 500
milhões a cada exercício de 2031 a 2037.
A cota-parte de cada Estado é calculada a partir de dois indicadores,
metade do valor repartido conforme o critério de cada um dos índices. Nos totais
apurados já estão abrangidos os 25% que têm de ser remetidos aos Municípios, sendo
que a União procederá às remessas diretamente aos Estados e aos Municípios. O rateio
entre as municipalidades obedecerá aos mesmos critérios para repartição do ICMS
(detalhamento no item 3.11 – Deduções da Receita).
À exceção do primeiro ano de vigência da LC, quando foi repassada a
quantia em um único mês (dezembro/2020), nos demais exercícios serão enviados
mensalmente os valores.
Metade do montante a ser repassado ao Rio Grande do Sul corresponde a
um número-índice de 10,04446 de um total de 100,00 na forma do Anexo I do Diploma
Legal citado. O restante do repasse é rateado entre os Estados por meio de cálculos
periódicos na forma do Protocolo ICMS nº 69/2008.
96
Todavia, apesar de apresentar um canal de transmissão para mitigar as
desigualdades regionais, tais políticas também estão sujeitas a falhas que podem
comprometer sua efetividade. Quando as desonerações fiscais não estão pautadas no
princípio do “equilíbrio fiscal intergeracional” podem acabar comprometendo o espaço
no orçamento para a manutenção de gastos públicos ditos essenciais para o bem-estar da
população e na qualidade da infraestrutura necessária para o crescimento econômico de
longo prazo. De outra forma, a concessão de benefícios fiscais abre a possibilidade para
que grupos de interesse pressionem as autoridades econômicas e políticas locais,
restringindo a concorrência e o tratamento mais equânime da cunha tributária. Assim,
quando isso ocorre de maneira efetiva, observa-se uma transferência de renda
significativa de parcelas da população menos organizadas para estes grupos, fenômeno
caracterizado como rent-seeking9. De tal modo, em momento de crise econômica
acentuada com sucessivos déficits orçamentários que comprometem o desenvolvimento
de políticas públicas focalizadas nos grupos mais frágeis torna-se fundamental monitorar,
avaliar esse instrumento de política fiscal.
No tocante ao registro das desonerações, verifica-se que o valor estimado
para a renúncia fiscal autorizada para um exercício diz respeito à apropriação financeira
do benefício, logo, não se relaciona, necessariamente, ao ano em que o benefício foi
concedido formalmente. Em outras palavras, o ato de concessão pode ocorrer num
determinado exercício e a fruição efetiva do benefício em outro (ou outros). Portanto, o
fato de um exercício ter como resultado um percentual maior ou menor de
comprometimento da receita potencial pode não refletir a ocorrência de uma política de
expansão ou restrição de renúncias fiscais, ou, mesmo, de privilégio para determinados
setores e regiões econômicas, por parte do governo daquele ano específico.
No que diz respeito às desonerações fiscais não-heterônomas, ou seja,
aquelas sobre as quais o Estado tem influência legislativa, enfatiza-se que desde o
relatório do Parecer Prévio das Contas do Governador do Estado referentes ao exercício
de 2019 foi aberta a possibilidade de análises com maior detalhamento, uma vez que a
Secretaria da Fazenda/Receita Estadual passou a compartilhar informações a respeito das
concessões efetuadas com o Tribunal de Contas, sem prejuízo do imprescindível zelo no
tratamento das informações, notadamente a necessidade de preservação do sigilo fiscal
(CTN, art. 198).
Foram disponibilizados dados de apropriação das desonerações pelos
contribuintes, segregados pelos institutos da Isenção, da Redução de Base de Cálculo e do
Crédito Presumido, os quais serão apresentados em tópicos próprios dentro deste item
sobre as Desonerações Fiscais do ICMS.
9
Pode-se definir rent-seeking como a busca de renda econômica, por meio da manipulação do ambiente
econômico, social ou político no qual as atividades econômicas são desenvolvidas.
97
101/2000 (artigo 5º, II) e, mais recentemente, a LOAT/RS – Lei Orgânica da Administração
Tributária do Estado do Rio Grande do Sul (Lei Complementar nº 13.452), a qual ratifica a
determinação para a elaboração do documento pela Receita Estadual (artigo 6º, V).
Os Demonstrativos das Desonerações Fiscais do RS são elaborados com o
objetivo de acompanhar a proposta da Lei Orçamentária para o exercício seguinte, e, por
essa razão, é disponibilizado no final do exercício em andamento e tem como objeto os
dados referentes ao exercício encerrado. Portanto, as informações disponibilizadas pela
SEFAZ sempre se referiam aos valores do ano anterior ao que era objeto de análise no
Relatório e Parecer Prévio das Contas do Governador.
Com vistas a fornecer a maior transparência possível, a Equipe do TCE-RS
entendia como plausível a apresentação dos dados históricos disponibilizados pela
Secretaria Estadual da Fazenda, relativos às desonerações fiscais fruídas no Estado do Rio
Grande do Sul, informações estas que são disponibilizadas a este Tribunal de Contas no
que concerne às fruições por meio dos institutos da Isenção, Redução de Base de Cálculo
e Crédito Presumido, todos estes afetos ao ICMS, principal imposto estadual, desde o
exame das Contas do Governador relativamente ao exercício de 2019.
No âmbito do Demonstrativo de Desonerações, até os dados relativos a
2015, eram projetados os valores de efetiva desoneração, o que demandava utilização de
métodos de cálculo para sua apuração relativamente a institutos como o da Isenção e da
Redução de Base de Cálculo – os valores de Crédito Presumido fruídos indicam a quantia
efetivamente descontada do ICMS devido -, em 2017 (dados relativos a 2016), a Receita
Estadual modificou o formato de seu Demonstrativo de Desonerações Fiscais. Ao invés de
estimativas do valor da renúncia fiscal, passou a informar os dados diretamente
declarados pelos contribuintes constantes nos seus sistemas de informação. Com isso,
não divulgava mais o valor potencial dos impostos, ou seja, o quanto pode ter deixado de
ser arrecadado no ano em função dos benefícios concedidos.
A partir do Demonstrativo de Desonerações com referência ao ano de 2019
foi retomada a prática de projeção dos valores renunciados em relação ao Imposto
Potencial. Entretanto, em função da complexidade dos cálculos envolvidos e da
necessidade de aguardar pela maior estabilidade quanto às informações do exercício
encerrado, enviadas por meio de obrigações acessórias pelos contribuintes, as projeções
relativas ao ano de 2020 não se encontravam finalizadas até o encerramento deste
relatório.
Cumpre destacar que o Demonstrativo de Desonerações divulgado em
2020 com base nas fruições de desonerações fiscais praticadas até o final de 2019
apresentou significativa melhora em comparação ao documento de igual teor divulgado
no exercício anterior, com destaque para as seguintes melhorias:
- Divulgação de Desonerações no âmbito do IPVA e ITCD discriminadas por
hipótese legal;
- Estimativa dos valores desonerados de Isenção e Redução de Base de
Cálculo e desdobramento pelas hipóteses de utilização do Regulamento do ICMS;
- Estimativa das desonerações no âmbito do Simples.
98
Sem prejuízo da nítida evolução em termos de Transparência dos dados
divulgados pelo Demonstrativo em tela, entende-se que ainda há espaço para melhorias,
como as exemplificativamente listadas na sequência:
- Estimativa das desonerações em decorrência do Instituto do Não-estorno
do crédito, com a devida segregação das saídas não tributadas total ou parcialmente que
deram origem aos referidos créditos;
- Inclusão de Informações consolidadas do destino da aplicação dos gastos
tributários de forma a procurar evidenciar o objeto de desoneração. Exemplo: alimentos,
fomento a atividades econômicas.
Sobre esse último item, como forma de ampliar a qualidade da informação
prestada por este Relatório Técnico no tema das Desonerações Fiscais, procurou-se
avançar nas abordagens acima listadas quando da análise das informações
compartilhadas com este Tribunal de Contas a respeito das fruições de benefícios fiscais
do ano de 2020.
Na sequência apresentam-se os dados divulgados no Demonstrativo de
Desonerações relativo às renúncias fiscais praticadas até o ano de 2019, que marcou a
retomada da divulgação das estimativas de desonerações de impostos.
99
35,7% do total, seguido das isenções com estimativa de R$ 2,4 bilhões desonerados, ou
27,8% do total. As desonerações das microempresas e EPPs foram as que contaram com
maio número de empresas desoneradas, total de 159.598.
100
PIB, ARRECADAÇÃO ICMS E DESONERAÇÕES - REGIÃO SUL – 2019
Em R$ milhões (nominais)
Crédito Total de
Redução da
ESTADO PIB ICMS Presumido Isenções (2) Base de Desonerações
Cálculo (3) (1) + (2) + (3)
(1)
Rio Grande do Sul 480.577,00 35.742,81 3.125,76 2.440,01 1.528,46 7.094,23
Paraná 449.250,00 31.502,72 3.512,84 2.183,83 2.112,31 7.808,98
Santa Catarina 317.300,00 23.276,42 4.094,29 731,73 811,21 5.637,24
Fonte: Dados do PIB – IBGE
Dados de Arrecadação e Desonerações - Relatório e Parecer Prévio dos Estados
14,39%
21,55% 27,05%
12,98%
34,39% 27,97%
72,63%
44,06% 44,98%
101
RELEVÂNCIA DAS DESONERAÇÕES EM COMPARAÇÃO COM O ICMS ARRECADADO
30,0%
24,79% 24,22%
25,0% 19,85%
3,1%
6,9%
20,0% 3,5%
6,8%
15,0% 6,7%
10,0% 4,3%
17,6%
5,0% 11,2%
8,7%
0,0%
RIO GRANDE DO SUL PARANÁ SANTA CATARINA
102
Importante ressaltar que a análise direta dos dados acima não permite
afirmar se a política de incentivos fiscais de determinado estado está sendo mais efetiva
que a dos demais. A realidade mostra que outros fatores, além da política fiscal, em si,
podem ser decisivos na atração de investimentos, como por exemplo, o custo de mão de
obra, o custo de transporte, a proximidade do mercado, entre outros. Dessa forma, pode-
se considerar que o ponto mais importante que define a decisão locacional é a busca pela
maximização dos lucros e minimização dos custos, e que para alcançá-los as empresas
tentam agregar a maior parte desses fatores possível.
103
Com base nos dados evidenciados pela tabela acima, identifica-se que as
exportações foram as saídas imunes que atingiram os maiores montantes, R$ 119,48
bilhões representando 49,7% das saídas com não incidência de 2020, as quatro operações
que vêm na sequência possuem as características de saídas operacionais, ou seja, não se
relacionam diretamente com atos comerciais, mas meros trânsitos de bens, como os
casos das remessas para Depósito Fechado (saídas de R$ 15,37 bilhões) e Armazém Geral
(saídas de R$ 27,11 bilhões) assim como as respectivas Devoluções de Armazém e
Depósito Fechado (saídas de R$ 50,22 bilhões), na mesma linha configuram-se as saídas
de bens do Ativo Imobilizados ou Materiais de Uso e Consumo. Característica diversa
possuem as operações interestaduais com Energia Elétrica, Petróleo e Combustíveis as
quais possuem imunidade prevista na Carta Magna e atingiram R$ 9,47 bilhões em saídas,
3,9% do total das não incidências do exercício de 2020.
Adicionalmente, em relação às saídas imunes em virtude de exportação e
de operações interestaduais com energia elétrica, petróleo e combustíveis, está presente
também o chamado benefício do não-estorno do crédito fiscal, que permite aos
contribuintes a manutenção dos créditos fiscais das etapas anteriores para fins de
compensação com outras saídas tributadas ou transferência a outras empresas, conforme
o Regulamento do ICMS deliberar. As saídas decorrentes dessas duas hipóteses de não
incidência de ICMS que igualmente permitem o não-estorno dos créditos são
evidenciadas na próxima tabela. Cumpre salientar que a manutenção dos créditos fiscais
das etapas anteriores nas exportações possui guarida na Constituição Federal,
diferentemente das operações interestaduais com energia elétrica, petróleo e
combustíveis.
3.2.1.5.4 - Isenções
A Isenção é o benefício fiscal que se caracteriza pela dispensa do
pagamento do imposto devido por meio de lei. Não há lançamento tributário, embora
104
ocorra o fato gerador. Sua fundamentação encontra-se nos artigos 9º e 10º do
Regulamento do ICMS (Decreto nº 37.699/1997) referentes às operações com
mercadorias e prestações de serviços, respectivamente.
Neste rol, estão incluídas as isenções decorrentes de internalização no
Regulamento do ICMS do Rio Grande do Sul de Convênios celebrados no âmbito do
Confaz em atendimento ao disposto no Diploma Constitucional (art. 155, § 2º, XII, g) e Lei
Complementar Federal nº 24/1975.
Apesar de o Instituto da Isenção possuir indicativos de renúncia ao imposto
devido, uma vez que o total da operação deixa de ser oferecido à tributação, não se pode
olvidar que em decorrência dessa desoneração fiscal há recebimento de ICMS devido nas
atividades colaterais à operação isenta, conforme exemplificativamente se discorre na
sequência.
Em tese, uma redução da carga tributária incidente numa determinada
operação pode ocasionar a diminuição dos preços daquele produto e, a depender da sua
elasticidade-preço da demanda, a consequência poderia ser um aumento na procura pelo
produto.
A expectativa de elevação da demanda por um produto traz consigo o
provável aumento da produção daquele bem, o que pode acarretar na aquisição de mais
insumos, na realização de investimentos, na geração de mais empregos, etc. Todos esses
fatores culminariam direta ou indiretamente na ocorrência de fatos geradores do ICMS.
Ademais, a redução da carga tributária e a consequente diminuição dos
preços de um produto implicam no aumento da renda disponível às famílias para
aplicação em poupança (consequentemente em investimento) ou consumo, este
impulsionado pelo efeito multiplicador na economia, que é influenciado pela propensão
marginal a consumir dos indivíduos. Em decorrência do consumo das famílias estão
novamente presentes fatos geradores do ICMS.
Portanto, não é possível afirmar que a concessão de uma isenção a
determinado fato gerador de ICMS teria como efeitos, no longo prazo, a perda sustentada
de arrecadação.
O instituto das isenções é dotado de particularidades por abranger
operações que não representam comércio de mercadorias ou prestação de serviços as
quais se convencionou denominar “operacionais”.
105
Os dados demonstram uma maior participação das Isenções Efetivas
(79,5% das saídas isentas), que atingiram valores de saídas de R$ 82,59 bilhões
aproximadamente, num aumento real de 8,4% em comparação com 2019. As isenções
operacionais tiveram queda de 26,2% nos valores de saídas frente ao exercício anterior
ao atingirem o total de R$ 21,30 bilhões.
Na tabela acima foi adotada a mesma classificação da Receita Estadual em
relação à Isenção dos Transportes de Cargas (RICMS, Livro I, art. 10, IX), a qual foi incluída
no rol das Operacionais. Entretanto esta Equipe Técnica diverge desse entendimento ao
considerar, por sua natureza, a Isenção ao Transporte de Cargas como Isenção efetiva.
Ao incluir o transporte de cargas entre as isenções efetivas, estas têm
acrescentados, em 2020, R$ 6,5 bilhões aproximados em saídas, embora inferiores em
termos reais 51,6% das saídas na faixa de R$ 13,4 bilhões do ano de 2019. Iguais valores
seriam suprimidos das isenções operacionais. A nova distribuição ficaria como
demonstrado na próxima tabela.
106
SAÍDAS ISENTAS EFETIVAS CONFORME O OBJETO
Em Milhões de R$
Saídas Saídas Variação (%)
Objeto da Isenção** Participação 2020 (%)
2019* 2020 2019/2020
Com base nos dados da tabela acima é possível verificar o uso dessa
modalidade de desoneração para o fomento da atividade rural do Estado, cujas saídas
isentas atingiram o montante de R$ 59,2 bilhões, em 2020, o que representa 71,7% do
total de saídas isentas efetivas, aumento real de 15,8% frente a 2019.
Na sequência aparecem as isenções de alimentos com valores de
operações na faixa dos R$ 10,9 bilhões (13,1% das isenções efetivas – queda de 8,8% em
comparação com 2019), as isenções voltadas à saúde e medicamentos tiveram saídas de
R$ 6,5 bilhões, ou 7,9% das isenções efetivas, redução de 2,9% comparado ao exercício
anterior, bem como as desonerações para redução dos custos da Administração Pública,
que atingiram 2,6% das saídas isentas num montante de R$ 2,1 bilhões, numa redução de
24,4% dos valores atingidos em 2019. Os demais objetos de desoneração de isenções
efetivas respondem por 4,6% do total com valores somados de saídas de R$ 3,8 bilhões,
elevação de 6,5% frente ao ano anterior.
Caso incluída a isenção ao transporte de cargas na categoria das efetivas os
números se comportariam como destacado na próxima tabela.
107
igualmente os percentuais relativos das demais aplicações das isenções, como exposto na
tabela. Para efeito de demonstração dos valores praticados de isenção este relatório
técnico considerará nos próximos tópicos a isenção ao transporte de cargas como
pertencente ao rol das isenções efetivas, embora alguns destaques sobre a classificação
dessa rubrica sejam realizados ao longo dos itens que seguem.
108
SAÍDAS ISENTAS OPERACIONAIS
Em Milhões de R$
SAÍDAS Saídas Saídas Participação 2020 Variação (%)
OPERACIONAIS 2019* 2020 (%) 2019/2020
Fonte: Ofícios Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019, nº 35/2020 e nº 31/2021.
(*) Valores atualizados pelo IPCA/IBGE médio.
(**)Transporte de Cargas (RICMS, Livro I, art. 10, IX) na categoria Operacionais.
(***)Transporte de Cargas (RICMS, Livro I, art. 10, IX) na categoria Operacionais.
109
Na sequência serão analisados os dez dispositivos, entre os artigos 9º e 10º
do Livro I do RICMS, que apresentaram os maiores valores de saídas (vendas) isentas, em
2020, os quais, somados atingiram o montante de R$ 81,6 bilhões, que representam
91,7% dos valores de saídas isentas efetivas e 78,6% de todas saídas isentas (incluídas as
operacionais). Para efeitos das exposições que virão na sequência, em especial no que
concerne ao ranking das maiores saídas por meio de isenções efetivas considerar-se-á a
dispensa do pagamento do ICMS devido nos transportes de cargas como isenção efetiva,
a despeito de a Receita Estadual tê-la classificado como Operacional no seu
Demonstrativo de Desonerações.
Inicialmente, uma breve descrição de cada um desses dispositivos e, logo
após, a exposição quanto ao mandamento adotado por cada Convênio ICMS celebrado no
CONFAZ em relação a essas isenções – se obrigatório ou autorizativo, conforme a redação
dos convênios -; quanto à possibilidade ou não de manutenção do crédito fiscal de ICMS
relativo às etapas anteriores – instituto do não-estorno -, pois a carga desonerada é
superior nos casos em que é possível manter o crédito fiscal das etapas passadas na
comparação com as hipóteses em que se obriga o estorno proporcional desses créditos.
- Insumos Agropecuários (Livro I, art. 9º, VIII) – Esse dispositivo concede
isenção às saídas internas (dentro do RS) de um rol de produtos elencados em suas
alíneas, todos relacionados à produção agropecuária, inclusive defensivos agrícolas. O
fundamento original advém do Convênio ICMS nº 100/97.
- Produtos para alimentação animal / fabricação de ração (Livro I, art. 9º,
IX) – Embora em dispositivo apartado, esse item concede isenções voltadas ao setor
agropecuário, assim como o inciso VIII do art. 9º do Livro I do RICMS. O Convênio ICMS nº
100/97 lhe deu fundamento.
- Hortifrutigranjeiros (Livro I, art. 9º, XIX) – aplica-se essa isenção a saídas
de frutas, verduras e hortaliças, ou seja, itens também relacionados à atividade primária
do Estado. A fundamentação original é dada pelo Convênio ICMS nº 44/75.
- Transporte de cargas (Livro I, art. 10, IX) – Esse inciso do art. 10, que
aborda as isenções nas prestações de serviço de transporte de cargas, concede a
desoneração nas operações iniciadas e terminadas no território do Rio Grande do Sul. Até
2019 houve diversos momentos em que o RICMS estendeu essa desoneração às
prestações interestaduais em desobediência ao Convênio ICMS nº 04/04. No entanto, em
2020, a regra aplicada foi mantida apenas em relação às operações intermunicipais.
Embora o Demonstrativo de Desonerações relativo a 2019 divulgado pela Receita
Estadual tenha considerado a isenção em tela na categoria operacionais, entende-se que
as suas características são de isenção efetiva, razão pela qual é incluída nesse ranking das
dez maiores saídas isentas de 2020.
- Equipamentos para prestação de Serviços de Saúde (Livro I, art. 9º, XCVIII)
– Dispositivo que desonera as operações com equipamentos ligados à prestação de
serviços de saúde com fundamento no Convênio ICMS nº 01/99.
- Zona Franca de Manaus (Livro I, art. 9º, XXV) – saídas de produtos
destinados à comercialização ou industrialização na Zona Franca de Manaus,
fundamentado no Convênio ICMS nº 65/88.
- Maçãs e peras (Livro I, art. 9º, CXXIV) – aplica-se às saídas de maçãs e
peras, desde que frescas. Fundamento no Convênio ICMS nº 94/05.
110
- Cadeira de Rodas, próteses (Livro I, art. 9º, XXXIX) – Desoneração
aplicável às saídas dos produtos elencados em suas alíneas, exemplificativamente, cadeira
de rodas e próteses diversas. Fundamentado no Convênio ICMS nº 94/03.
- Equipamentos para Energias Solar e Eólica (Livro I, art. 9º, LXXXV) –
operações com equipamentos de energia solar e eólica dispostos em listagem no RICMS
conforme o respectivo NCM. Fundamento no Convênio ICMS nº 101/97.
- Ovos (Livro I, art. 9º, XVII) – saídas de Ovos. Fundamento original no
Convênio ICMS nº 44/75.
A próxima tabela evidencia os valores de saídas isentas para o período
2016-2020, atualizados pelo IPCA/IBGE médio, com base nos dez dispositivos acima
descritos.
111
A tabela a seguir evidencia a existência ou não de Convênio ICMS, bem
como se os termos dos respectivos acordos implicam “obrigação” ou “autorização” de
recepção pelos Estados no que diz respeito ao trecho sobre as Isenções.
Com base nos dados da tabela acima é possível identificar que parte das
saídas com Isenção decorre de Convênios celebrados no CONFAZ com características de
obrigatoriedade de adoção pelos Estados e DF, tais saídas totalizaram R$ 6,7 bilhões na
amostra das dez maiores saídas isentas; por outro lado os convênios com características
autorizativas atingiram o valor de saídas de R$ 74,9 bilhões em relação ao estrato das dez
mais representativas. Vê-se que, embora advindas de acordos firmados no CONFAZ, a sua
adoção não possuía caráter obrigatório em significativa parcela das isenções ocorridas em
2020.
Outro ponto importante a destacar em relação às isenções da tabela acima
decorrentes de Convênios no âmbito do CONFAZ é que, além da possibilidade de o
acordo celebrado poder ser de natureza obrigatória ou autorizativa, havia casos em que
poderia, também, ser realizada a opção de desoneração a ser adotada: isenção ou
redução da base de cálculo.
Da listagem da tabela acima, destaca-se o Convênio ICMS nº 100/97, que
culminou na introdução de duas das isenções mais representativas, constantes dos incisos
VIII e IX do art. 9º do Livro I do RICMS. Sobre as operações objeto dessas desonerações
destaca-se que o aludido acordo entre os Estados previu redução de base de cálculo nas
operações interestaduais – esta com caráter obrigatório -, bem como autorizou os
Estados em relação às operações internas a concederem redução de base ou isenção. O
112
Rio Grande do Sul optou pela isenção. Colaciona-se trecho da redação do convênio a
respeito dessa possibilidade de escolha para os Estados:
Posição Item RICMS e Descrição Valor das Saídas Percentual do Total Permite não estorno do Crédito
113
Cláusula quinta - Ficam os Estados e o Distrito Federal autorizados a:
I - não exigir a anulação do crédito prevista nos incisos I e II do artigo 21 da Lei
Complementar nº 87, de 13 de setembro de 1996; (grifou-se)
Convênio 01/99:
Cláusula primeira - Ficam isentas do ICMS as operações com os equipamentos e
insumos indicados no anexo a este convênio, classificados pela NBM/SH.
Convênio 101/97:
Cláusula primeira - Ficam isentas do ICMS as operações com os produtos a
seguir indicados [...]
114
3.2.1.5.4.3 – Da Isenção ao Transporte de Cargas (Lv I, art. 10, IX do RICMS)
Dentre todas as hipóteses de Isenção constantes do RICMS, a do
Transporte de Cargas (art. 10, IX), ocupou o segundo lugar entra os maiores valores de
saídas isentas, em 2019. O montante de saídas isentas de frete intermunicipal e
interestadual, conforme dados entregues pela Receita Estadual ao TCE, foi de R$ 12,9
bilhões.
A isenção de ICMS ao Transporte de Cargas tem origem no Convênio ICMS
nº 04/2004, celebrado no âmbito do CONFAZ.
O aludido Convênio, em sua cláusula primeira, autorizou a concessão de
isenção nos seguintes termos:
11
Cadastro Geral de Contribuintes / Tributos Estaduais
115
CGC/TE, que conforme os vernáculos dispostos no Decreto nº 43.532/2004 estendeu a
isenção às operações interestaduais de transportes de cargas, inclusive.
Ao longo dos anos houve diversas modificações na redação do RICMS, Livro
I, art. 10, IX de modo que em determinadas situações o texto adotado estava de acordo
com as regras celebradas no CONFAZ e em outras ocasiões a isenção era estendida aos
fretes interestaduais, à revelia do disposto no convênio.
No ano de 2020, que serve de base para a análise das contas no Processo
em epígrafe, foram realizadas alterações na redação do inciso em tela, conforme se
verifica na sequência.
Relevante trazer à baila o disposto no art. 2º, VII do Decreto nº
54.255/2018, cujos efeitos iniciaram em 01/01/2019, pois adotava regra de acordo com o
celebrado no CONFAZ, notadamente a isenção de ICMS apenas aos fretes iniciados e
terminados no RS, além de se tratar do regramento adotado para início do exercício de
2019:
116
O Convênio ICMS nº 19/2019, utilizado como fundamento para a edição do
Decreto nº 54.564/19, autorizou a realização de novas concessões, que estavam vigentes
em 2018:
O Conselho Nacional de Política Fazendária - CONFAZ, na sua 314ª Reunião
Extraordinária, realizada em Brasília, DF, no dia 13 de março de 2019, tendo em
vista o disposto na Lei Complementar nº 24, de 7 de janeiro de 1975, resolve
celebrar o seguinte
Cláusula primeira - Relativamente aos benefícios fiscais vencidos em 31 de
dezembro de 2018, em virtude do que dispõe a Lei Complementar nº 160, de 7
de agosto de 2017, publicados, registrados e depositados nos temos das
cláusulas segunda a quarta do Convênio ICMS 190/17, de 15 de dezembro de
2017, ficam as unidades federadas autorizadas a:
I – fazer novas concessões, com vigência até 31 de dezembro de 2019,
respeitando os requisitos, condições e limites vigentes em 31 de dezembro de
2018;[...]
117
Convênio ICMS nº 49/17:
O Conselho Nacional de Política Fazendária - CONFAZ, na sua 281ª Reunião
Extraordinária, realizada em Brasília, DF, no dia 25 de abril de 2017, tendo em
vista o disposto na Lei Complementar nº 24, de 7 de janeiro de 1975, resolve
celebrar o seguinte
Cláusula segunda - Os convênios ICMS a seguir indicados passam a vigorar com
prazo final de vigência em 30 de setembro de 2019:
LXXXVIII - Convênio ICMS 04/04, de 2 de abril de 2004, que autoriza os Estados
que menciona a conceder isenção do ICMS à prestação de serviço de transporte
intermunicipal de cargas;
Decreto nº 52.819/2015:
Art. 1º - Com fundamento no disposto nos Convênio ICMS 107/15, ratificado
nos termos da Lei Complementar Federal nº 24, de 07/01/75, conforme Ato
Declaratório CONFAZ nº 21, publicado no Diário Oficial da União de 27/10/15,
ficam introduzidas as seguintes alterações no Livro I do Regulamento do ICMS,
aprovado pelo Decreto nº 37.699, de 26/08/97:[...]
ALTERAÇÃO Nº 4573 - No art. 10, é dada nova redação aos incisos VI e VIII, e ao
inciso IX, mantida a redação de suas notas, conforme segue:[...]
IX - no período de 1º de junho de 2015 a 30 de abril de 2017, de transporte de
cargas realizadas a contribuinte inscrito no CGC/TE;"
Decreto nº 53.538/2017:
Art. 1º - Com fundamento no disposto nos Convênio ICMS 49/17, ratificado nos
termos da Lei Complementar Federal nº 24, de 07/01/75, conforme Ato
Declaratório CONFAZ nº 21, publicado no Diário Oficial da União de 27/10/15,
ficam introduzidas as seguintes alterações no Livro I do Regulamento do ICMS,
aprovado pelo Decreto nº 37.699, de 26/08/97:[...]
ALTERAÇÃO Nº 4854 - No art. 10: [...]
b) o inciso IX passa a vigorar com a seguinte redação mantida a redação de suas
notas:
IX - no período de 1º de junho de 2015 a 30 de setembro de 2019, de transporte
de cargas realizadas a contribuinte inscrito no CGC/TE;"
118
O Decreto nº 54.255/2018, citado no início deste tópico, revogou o
Decreto nº 53.538/2017 e adequou o texto do art. 10, IX ao mandamento do Convênio
ICMS nº 04/04, tendo sido a redação vigente do art. 10, IX no início de 2019.
Porém, em 2019, diante da edição do Decreto nº 54.564/2019, o disposto
no Convênio ICMS nº 04/04 voltou a ser desrespeitado no RICMS, pois o mencionado
decreto isentou, sem o devido amparo legal, os transportes de cargas interestaduais.
O referido decreto foi revogado com o advento do Decreto nº
54.807/2019, o qual teve efeitos a partir de 01/10/2019 e foi ao encontro das regras do
Convênio ICMS nº 04/04, concedendo isenção apenas aos transportes de cargas
intermunicipais.
119
“I – fazer novas concessões, com vigência até 31 de dezembro de 2019,
respeitando os requisitos, condições e limites vigentes em 31 de dezembro de
2018”.
120
RESUMO REDAÇÕES – ART. 10, IX DO RICMS – ISENÇÃO DE FRETE
121
regramento em desacordo com o estabelecido no CONFAZ. Para tanto são necessárias
algumas ponderações:
1º- as alíquotas de ICMS incidentes no frete interestadual podem ser de 7%
ou 12%, a depender do destino do transporte de cargas realizado;
2º- as empresas, enquanto possuíam as saídas isentas, eram obrigadas a
estornar eventuais créditos de ICMS, conforme exige o RICMS, art. 34, I:
122
ICMS incidente em insumos e ativo imobilizado são passíveis de crédito fiscal para
compensação em GIA.
Portanto, é fundamental ponderar que os créditos fiscais que deixariam de
ser estornados pelas Transportadoras tendo em conta que as saídas interestaduais seriam
tributadas poderiam alcançar valores próximos ao ICMS devido de modo que os
montantes a recolher a título da citada exação estadual poderiam ser diminutos ou, até
mesmo, inexistentes.
123
De outra banda, a aqui exposta inobservância do RICMS ao Art. 155, § 2º,
XII, “g” da Carta da República até o final de 2019 (intercalado com breves períodos de
conformidade), vem a demonstrar fragilidade dos normativos que regem o principal
imposto estadual, pois mesmo com a existência de convênio ICMS celebrado, fato que
confere aparência de legalidade ao benefício fiscal concedido, restou implementada
renúncia fiscal em desacordo ao ordenamento jurídico atinente à matéria e que pode ter
culminado em prejuízo aos cofres do Estado. Da mesma forma, as constantes alterações
não contribuem para a segurança jurídica das partes envolvidas — Estado e contribuintes
—, bem como para o planejamento operacional destes últimos.
Entretanto, há que se ressaltar que no exercício de 2020 as regras vigentes
estiveram sempre de acordo com o estabelecido no pacto entre os Estados no âmbito do
CONFAZ.
A adequação das disposições no Regulamento do ICMS quanto à isenção
em epígrafe no ano de 2020, exercício a partir do qual somente as operações dentro do
RS foram desoneradas é ilustrada pela expressiva queda nos valores de saídas isentas
entre os anos de 2019 (ainda isentando operações interestaduais) e de 2020, como
demonstrado na próxima tabela.
124
importa referir que a EC nº 33/2001 determinou que estas alíquotas deverão ser
uniformes em todo o território nacional, podendo ser diferenciadas por produto.
Conforme o Boletim IOB – Manual de Procedimentos, Fascículo nº 17/2014
(RS), a Redução da Base de Cálculo pode ser caracterizada da seguinte forma:
125
- Carga tributária equivalente – os dispositivos do regulamento indicam
que será reduzida a base de cálculo de modo que a carga tributária equivalente seja de
determinado percentual. Exemplo: art. 23, III – Óleo bruto.
Art. 23 – [...]
III -valor que resulte em carga tributária equivalente a 7%.
126
Rio Grande do Sul, envolvendo outros Estados (interestaduais), Nacionais (tanto dentro
do RS como envolvendo outras UF), Importações, esta prevista isoladamente em alguns
dispositivos ou em conjunto com as demais variações em outros. A distribuição dos
valores de saídas praticadas em 2020 conforme o local é destacado na sequência.
127
OPERAÇÕES COM BASE DE CÁLCULO REDUZIDA
CONFORME OBJETO DESONERADO
Em Milhões de R$
Operações Operações Variação (%)
Objeto Participação 2020 (%)
2019* 2020 2019/2020
128
SAÍDAS COM BASE DE CÁLCULO REDUZIDA – COM OU SEM ESTORNO DE CRÉDITO
Em R$ milhões (nominais)
Saídas Base de Percentual do
Valor das Saídas Incisos dos Arts. 23 e 24 do Livro I do RICMS
Cálculo Reduzida Total
Não Estorno de Art.23: LXII, LXXXIII, XLVII, XVII, LXXX, LIII, LXVI, LXX,
7.779,1 17,5%
Crédito (art. 35) LXXV, LXXVI, XXXII, LXXI
Com Estorno de
36.610,5 82,5% Demais incisos dos arts.23 e 24.
Crédito (art. 34)
Fonte: Ofício Gabinete da Receita Estadual nº 31/2021.
Regulamento do ICMS – Livro I, arts. 23, 24, 34 e 35.
A partir dos dados da tabela acima identifica-se que 17,5% das saídas com
base de cálculo reduzida permitiram a manutenção do crédito fiscal proporcional das
etapas anteriores, operações na ordem de R$ 7,8 bilhões.
Em relação aos valores de saídas com a base de cálculo reduzida praticados
no ano de 2020 verifica-se que os dez incisos com maiores montantes de utilização,
somados, atingiram valores de operações na ordem de R$ 38,5 bilhões, o que representa
86,7% de todas saídas com redução na base de cálculo ocorridas no exercício em tela.
A seguir uma breve descrição desses dispositivos, presentes nos artigos 23
e 24 do Livro I do Regulamento do ICMS do Rio Grande do Sul. Após, apresenta-se uma
evolução dos valores nominais de saídas com base reduzida nesses dez incisos
regulamentares, bem como a relação desses com os convênios celebrados no CONFAZ
que lhes deram fundamento (se obrigatórios ou autorizativos), além da análise referente
à presença concomitante do instituto do não-estorno do crédito fiscal das etapas
anteriores, fator que acarreta a elevação da carga de desoneração, se comparado aos
casos em que se estornam esses créditos fiscais.
- Cesta Básica de Alimentos (Livro I, art. 23, II) – reduz-se a base de cálculo
do ICMS para uma lista de produtos que compõem a cesta básica de alimentos, sendo
aplicável somente às operações internas (dentro do RS). Três diferentes alíneas dispõem a
respeito dos percentuais de redução cujos efeitos implicam numa alíquota efetiva de 7%
em relação aos produtos abrangidos por essa desoneração. Encontra fundamento no
Convênio ICMS nº 128/94.
- Máquinas e Implementos Agrícolas (Livro I, art. 23, XIV) – aplica-se às
saídas de máquinas e implementos agrícolas constantes de listagem no Apêndice XI do
RICMS, tanto em operações internas como interestaduais. Os percentuais de redução
variam conforme a alíquota originalmente incidente nos produtos: saídas interestaduais
sujeitas a 7% reduz-se a base de modo a tornar a carga tributária equivalente a 4,1% e as
sujeitas a 12% aplica-se a redução para que a carga equivalente seja de 7%; enquanto as
operações internas são reduzidas de forma que a carga seja de 5,6%. Seu fundamento
original é no Convênio ICMS nº 52/91.
- Mercadorias Usadas (Livro I, art. 23, I) – a base de cálculo é reduzida para
itens usados para 5%, quando se tratar de veículos, e 20% para as demais mercadorias. As
notas explicativas ao inciso importam algumas restrições para que se possa lançar mão
dessa desoneração, como o fato de as mercadorias não poderem ter sido totalmente
oneradas pelo imposto nas etapas anteriores, além de listar alguns itens sobre os quais
não é aplicável essa redução de base. Fundamento adveio do Convênio ICMS nº 15/81.
129
- Insumos Agropecuários (Livro I, art. 23, IX) – Destina-se a uma lista de
insumos agropecuários, incluindo defensivos agrícola. Trata-se de desoneração análoga à
isenção do inciso VIII do art. 9º do Livro I do regulamento, inclusive fundamentada no
mesmo Convênio ICMS nº 100/97, que permitiu isenções nas operações internas e
redução da base de cálculo nas interestaduais, que é o caso em tela. Reduz-se a base para
40% do valor.
- Arroz Beneficiado (Livro I, art. 23, LXXVI) – incide nas saídas interestaduais
de arroz beneficiado de modo que resulte em carga tributária equivalente a 7% se a
alíquota interestadual for de 12% ou 4% nos casos de ICMS interestadual de 7%.
Fundamentação se dá por meio do Convênio ICMS nº 190/17, que consistiu na remissão
de créditos tributários em decorrência da LC nº 160/17.
- Máquinas, equipamentos, aparelhos industriais (Livro I, art. 23, XIII) –
aplicável às saídas de máquinas e equipamentos industriais listados no Apêndice X do
RICMS, consiste na redução à carga tributária equivalente a 5,14% nas operações
interestaduais sujeitas a 7% de ICMS e 8,8% nas operações interestaduais com incidência
de 12% do imposto estadual, bem como nas operações internas (dentro do RS), cuja
alíquota também é de 12%. Seu fundamento encontra-se no Convênio ICMS nº 52/91.
- Veículos para Transporte de dez pessoas ou cargas, caminhões, tratores e
afins (Livro I, art. 23, XXXII) – aplicável nas operações interestaduais de venda dos bens
relacionados no Regulamento, exemplificativamente, veículos para transporte de pessoas
ou cargas, caminhões, tratores, empilhadeiras e afins. Fundamento no Convênio ICMS nº
50/99.
- Carne de aves, leporídeos e gado (Livro I, art. 23, XL) – reduz-se a base de
modo a tornar a carga tributária equivalente a 7% nas saídas interestaduais de carnes de
diversos tipos. Fundamento encontra-se no Convênio ICMS nº 89/05.
- Veículos Automotores (Livro I, art. 23, XXI) – aplica-se redução da base de
cálculo nas operações internas (dentro do RS) e importações de veículos de modo que a
carga tributária seja equivalente a 12%. Não é aplicável a veículos de transporte de
mercadorias. Ocupou a quarta colocação entre os dispositivos com base de cálculo
reduzida, em 2019, e caiu para a nona posição no ano de 2020, fato que ilustra a queda
nas vendas desse bem. Os valores nominais das operações de 2019 eram de R$ 4,6
bilhões enquanto em 2020 reduziram a praticamente um terço, R$ 1,6 bilhões. Foi
fundamentado no Convênio ICMS nº 190/17, que implica a remissão de créditos
tributários na esteira da LC nº 160/17.
- Alimentação animal / Fabricação de ração (Livro I, art. 23, X) – redução de
base de cálculo correlata à isenção do inciso IX do art. 9º do Livro I do regulamento. A
isenção se dá nas operações internas (dentro do RS) enquanto a redução da base ocorre
nas saídas interestaduais. O fundamento é no Convênio ICMS nº 100/97 e a base é
reduzida para 70%.
Da mesma forma que nas isenções, as principais reduções de base de
cálculo constantes no RICMS decorrem da celebração de Convênios ICMS, por vezes
“obrigatórios” ou “autorizativos” no que concerne à sua recepção pelos Estados. A tabela
que segue evidencia os incisos dos artigos 23 e 24 do Livro I do RICMS com os maiores
valores de saídas e a característica do Convênio do qual advieram.
130
OPERAÇÕES COM BASE DE CÁLCULO REDUZIDA E OS CONVÊNIOS CONFAZ
Em R$ milhões (nominais)
Valor
Percentual Obrigatório (O) ou
Posição Item RICMS e Descrição das Convênio ICMS
do Total Autorizativo (A)
Saídas CONFAZ
1 Art 23, II – Cesta Básica 9.904,2 22,3% 128/94 A
Art. 23, XIV – Máquinas e implementos
2 6.032,5 13,6% 52/91 O
agrícolas
3 Art. 23, I – Mercadorias usadas 4.747,5 10,7% 15/81* O
Com base nos dados da tabela acima é possível identificar que parte das
operações com Base de Cálculo Reduzida decorre de Convênios celebrados no CONFAZ
com características de obrigatoriedade de adoção pelos Estados e DF, tais saídas
totalizaram R$ 16,3 bilhões. Por outro lado, os convênios com características autorizativas
atingiram o valor de saídas de R$ 22,2 bilhões.
No caso das operações com base de cálculo reduzida e sua relação com os
acordos oriundos do CONFAZ verifica-se, entre os dez incisos com maiores valores de
saídas, um maior equilíbrio entre aqueles decorrentes de convênios obrigatórios e de
autorizativos.
A tabela a seguir destaca as dez hipóteses de redução de base de cálculo
constantes nos arts. 23 e 24 do Livro I do RICMS, com os maiores valores de saídas e sua
relação com o instituto do não-estorno do crédito fiscal.
131
Art. 23, XIII – Máquinas, equipamentos
6 3.076,2 6,9% Não
e aparelhos industriais
Art. 23, XXXII – Ônibus, caminhões,
7 1.984,0 4,5% Sim
tratores, empilhadeiras e afins
Art. 23, XL – Carnes aves, Leporídeso e
8 1.771,8 4,0% Não
Gado
9 Art. 23, XXI – Veículos Automotores 1.608,0 3,6% Não
Art. 23, X – Alimentação
10 915,8 2,1% Não
animal/Fabricação de ração
Fonte: Ofícios Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019 e nº 35/2020.
Regulamento do ICMS – Livro I, arts. 23, 24, 34 e 35.
Identifica-se que no rol das dez maiores saídas com base de cálculo
reduzida apenas duas das hipóteses permitem o não-estorno do crédito fiscal, trata-se do
inciso LXXVI do art. 23 do Livro I do RICMS. Há outros incisos nos arts. 23 e 24 que
autorizam o não-estorno de crédito, porém não localizados entre os dez maiores.
“Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
[...] II- operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda
que as operações e as prestações se iniciem no exterior; [...]
§2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:
[...]II – a isenção ou não-incidência, salvo determinação em contrário da legisla-
ção:
a) não implicará crédito para compensação com o montante devido nas opera-
ções ou prestações seguintes;
b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações anterio-
res;[...]”grifou-se.
132
CF outorga poderes à legislação infraconstitucional para deliberar de forma oposta,
notadamente na enumeração de hipóteses em que seja permitido o não estorno de
crédito.
O Regulamento do ICMS do RS aborda essa questão nos artigos 34 e 35 do
Livro I do RICMS. O artigo 34 trata de positivar as regras e hipóteses em que o crédito
fiscal deverá ser estornado ao longo de seus incisos.
Em nota explicativa ao § 7º do art. 34, é mencionada a forma de cálculo do
estorno do crédito, in verbis:
133
OPERAÇÕES NÃO TRIBUTADAS SEM ESTORNO DE CRÉDITO 2020
Em R$ milhões (nominais)
Modalidade Operação Valor das Percentual do
Saídas Total (%)
SAÍDAS NÃO TRIBUTADAS SEM ESTORNO DE CRÉDITO 203.608,2 100,0
Fonte: Ofício Gabinete da Receita Estadual nº 31/2021.
Regulamento do ICMS – Livro I, arts. 9º, 10, 11 e 35.
134
3.2.1.5.7 – Acúmulo de Saldo Credor
A apuração do ICMS pode ser resumida de forma simplificada pelo cotejo
entre os débitos e créditos do imposto, gerados a partir das vendas e aquisições de
insumos, respectivamente.
Em algumas ocasiões o volume de créditos será superior aos débitos em
GIA, o que acarretará o acúmulo de saldos credores. Algumas das possíveis causas para
que esses saldos se acumulem foram tratadas no tópico anterior, que são as saídas não
tributadas – total ou parcialmente – que permitem a manutenção do crédito fiscal das
etapas anteriores.
Como foi possível extrair da redação do item 3.2.1.5.6 deste relatório as
Exportações, apesar de serem as saídas não tributadas e que permitem não-estorno do
crédito que atingiram os maiores montantes no ano de 2020, não são as únicas operações
ensejadoras de acúmulos de saldos credores.
Esses saldos, quando acumulados pelos contribuintes, poderão ser objeto
de futura compensação com débitos de ICMS da própria empresa, ou transferidos a
outros contribuintes dentro das hipóteses permitidas pelo Regulamento do ICMS do
Estado do Rio Grande do Sul.
A tabela que segue destaca o volume de saldos credores ao final de 2019,
as movimentações desses saldos ao longo de 2020 (transferências enviadas e recebidas
totais), bem como os valores que restaram acumulados a crédito nas GIAs dos
contribuintes ao final de 2020.
135
Decisão Judicial 319,5 68 7,9
136
A seguir, a tabela registra a evolução das transferências de crédito de ICMS
e a evolução de saldo credor de ICMS no período de 2001 a 2020.
137
g) estorno de lançamento de créditos fiscais em montante igual ao valor do
saldo credor cuja transferência será autorizada.
138
O Crédito Presumido é o benefício fiscal que se caracteriza pela atribuição
de um valor adicional de crédito ao contribuinte, não decorrente de ICMS incidente e
pago em etapas anteriores da cadeia produtiva. Sua fundamentação encontra-se no
artigo 32 do Livro I do Regulamento do ICMS – RICMS (Decreto nº 37.699/1997).
O instituto do crédito presumido é utilizado no RICMS do Estado do Rio
Grande do Sul de diversas formas: incidindo em operações comerciais de compra (crédito
presumido na entrada de mercadorias), de venda (crédito presumido na saída de
mercadorias) ou, por exemplo, com vistas à atração de investimentos, casos do
FUNDOPEM e FOMENTAR.
Alguns dos enquadramentos regulamentares do instituto do crédito
presumido demandam a necessidade de que seja celebrado acordo entre o Estado e a
empresa beneficiada. Nestas modalidades costuma ocorrer exigência de contrapartidas a
serem entregues pelos contribuintes, tais como realização de investimentos, geração e
manutenção de empregos, geração de ICMS incremental (valor de ICMS além do
comumente gerado pela empresa), etc.
Do ponto de vista operacional o instituto do crédito presumido se difere
bastante das isenções e das reduções de base de cálculo. Enquanto estes últimos
evidenciam de forma destacada nas notas fiscais o valor de imposto incidente na
operação, aquele é caracterizado por apropriações diretamente nas Guias de Apuração e
Informação (GIA), independentemente dos valores de ICMS constantes em cada nota
fiscal.
Esse mecanismo de apropriação dos créditos presumidos traz aos
consumidores finais uma noção imprecisa da carga tributária efetivamente incidente nos
produtos e serviços adquiridos, uma vez que a memória de cálculo consta nas
mencionadas GIAs, que são protegidas por sigilo fiscal. Vale dizer que, quando uma
empresa da cadeia produtiva frui o benefício do crédito presumido, o imposto
efetivamente recolhido é inferior ao constante nas notas fiscais desta cadeia produtiva,
inclusive inferior ao constante na nota fiscal do consumidor final.
Entretanto, relativamente aos Demonstrativos de Desonerações Fiscais
publicados pela Receita Estadual ocorre situação diversa: os créditos presumidos fruídos
são divulgados pelos valores efetivamente renunciados do ICMS devido enquanto que as
isenções e reduções de base de cálculo demandam a aplicação de metodologias de
cálculo para essa aferição, o que traz uma inerente imprecisão dos valores efetivamente
desonerados do imposto devido.
Em que pese a ocorrência de renúncia de parte do imposto devido por
meio dos créditos presumidos, em geral, há recolhimento de ICMS ao Estado pelos
contribuintes beneficiados, de modo que uma eventual iniciativa de revogação de
concessões de créditos presumidos teria de ser avaliada levando em consideração o risco
de perda de parcela do imposto que atualmente é recolhida aos Cofres Públicos,
especialmente em decorrência de possível tratamento diferenciado oferecido por outras
UFs na denominada “Guerra Fiscal” horizontal.
Por derradeiro, cumpre mencionar o conteúdo da Nota 02 ao caput do
artigo 32, que delimita a apropriação de crédito presumido ao ICMS devido, impedindo,
assim, a utilização do instituto para acúmulo de saldo credor pelos contribuintes:
139
Art. 32 [...] NOTA 02 – Em cada período de apuração, o valor total de
apropriação de créditos fiscais presumidos pela empresa fica limitado ao valor
do imposto por ela devido antes da apropriação, considerando-se, como
imposto devido a diferença entre o total dos saldos devedores e o total dos
saldos credores de todos os estabelecimentos da empresa localizados no
Estado, bem como os valores de ICMS próprio recolhidos, no período,
relativamente a pagamentos antecipados e na ocorrência do fato gerador, de
que tratam os arts. 46 a 48. (grifou-se).
12
Até 2019 a parcela da arrecadação do ICMS correspondente aos Municípios era contabilizada como
despesa, e a partir de 2020 passou a ser reconhecida como uma dedução da receita. Para fins de
identificação da arrecadação líquida de ICMS foram deduzidas as despesas com repasse do imposto aos
Municípios nos anos de 2016 a 2019.
140
A tabela acima demonstra o total de créditos presumidos apropriados
pelos contribuintes gaúchos no intervalo 2016-2020, bem como a relação desses valores
com o ICMS Bruto e Líquido após as deduções ao FUNDEB e repasse aos Municípios. Vale
destacar que a fruição de créditos presumidos representa uma redução direta no valor do
ICMS Bruto a ser recolhido pelas empresas, portanto com repercussões financeiras na
cota-parte dos Municípios e repasse do FUNDEB.
Os dados indicam que o total utilizado, em 2020, atingiu os maiores
patamares da série num montante de R$ 3,78 bilhões, que representaram 10,39% do
ICMS Bruto, do qual efetivamente são descontados esses créditos fiscais. Como referência
ilustrativa verifica-se que a fruição desse benefício fiscal atingiu montantes equivalentes a
17,18% do ICMS Líquido.
Houve aumento dos valores fruídos de 17,19% frente à utilização do
exercício anterior e de 29,44% com relação a 2016. Já a participação relativa dos Créditos
Presumidos cresceu 21,45% em relação ao ICMS Bruto e 22,87% sobre a arrecadação
líquida de ICMS.
A elevação nas fruições, em 2020, é em parte explicada pelo surgimento de
novos dispositivos, sobretudo, na esteira da aplicação de outras concessões já existentes
em Santa Catarina e Paraná, conforme permitiu a LC nº 170/17 e Convênio ICMS nº
190/17. Essas novas hipóteses de fruição alcançaram aproximadamente R$ 105 milhões.
Outros fatores estão relacionados à elevação, frente a 2019, na ordem de R$ 180 milhões
no crédito presumido voltado ao setor de Biodiesel, R$ 118 milhões no âmbito do
AGREGAR Carnes e R$ 74 milhões do setor Metalmecânico. A distribuição da fruição dos
créditos presumidos é detalhada ao longo desse relatório em tópicos próprios conforme
as características operacionais das hipóteses do RICMS correspondentes.
Embora não constem dos Documentos Fiscais os Créditos Presumidos têm
os valores da efetiva utilização pelos contribuintes destacados no Demonstrativo de
Desonerações divulgado pela Receita Estadual. A identificação direta desses montantes,
juntamente com os descritivos constantes no Regulamento do ICMS do Estado do Rio
Grande do Sul permitiram a evidenciação dos valores utilizados pelas empresas sob
diversas óticas, como se destaca a seguir.
Propõe-se, inicialmente, classificar os valores desonerados entre as
concessões que: i- incidem sobre operações com mercadorias e serviços; ii- que
incentivam a realização de investimos, casos que requerem a celebração de acordo entre
as empresas e o Estado, os quais, em regra, exigem cumprimento de contrapartidas pelas
empresas beneficiadas; e iii- outras hipóteses regulamentares destinadas à realização de
políticas públicas e ao ressarcimento de taxas de serviços.
Os créditos presumidos sobre operações com mercadorias e serviços foram
divididos entre aqueles incidentes na entrada de mercadorias e os que se dão sobre a
saída de mercadorias e serviços, ou ambos. As apropriações que não se deram em
decorrência direta de operações com mercadorias e serviços foram segregadas entre: as
hipóteses que envolvem celebração de acordo ente Estado e empresas como incentivo à
realização de investimentos, além das demais, vinculadas à realização de políticas
públicas e situações que representam ressarcimento de outros tributos. A próxima tabela
evidencia a referida classificação.
141
CRÉDITO PRESUMIDO – CLASSIFICAÇÃO
Em R$ milhões
142
CRÉDITO PRESUMIDO 2020 – SETORES ECONÔMICOS
Em R$ milhões (nominais)
SETOR ECONÔMICO VALOR FRUIDO PARTICIPAÇÃO NA FRUIÇÃO (%)
Demais setores 1.065,8 28,2
TOTAL CRÉDITO PRESUMIDO 3.780,7 100,0
Fonte: Ofícios do Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019 e 35/2020.
Classificação dos Incisos: Equipe SAIPAG conforme redação do RICMS. Cálculos: Equipe SAIPAG
143
variedade de Bases de Cálculo é grande, o que demanda atenção por parte dos
contribuintes e exige maiores esforços da Fiscalização. Os dados abaixo correlacionam
algumas das diferentes bases de cálculo e respectivos valores fruídos.
144
CRÉDITO PRESUMIDO 2020
Em R$ milhões (nominais)
Informações Extra para Fruição Valor Fruído Participação na Fruição (%)
Valores pagos em Projetos (Culturais, Esportivos, Sociais) 61,4 3,3
Condições de Legislação Federal 59,8 3,2
Investimento 57,6 3,1
Valor pago de Taxa de Serviços 27,7 1,5
Valores para
16,9 0,9
Segurança Pública (PISEG)
Demais Casos 0,65 0,03
TOTAL CRÉDITO PRESUMIDO 1.887,3 100,0
Fonte: Ofício do Gabinete da Receita Estadual nº 31/2021.
Classificação dos Incisos: Equipe SAIPAG conforme redação do RICMS. Cálculos: Equipe SAIPAG
145
CRÉDITO PRESUMIDO – CLASSIFICAÇÃO
Em R$ milhões (nominais)
Incidência Classificação 2019* 2020 Variação (%)
146
das concessões efetuadas. Embora seja relevante o Estado acompanhar os dados
microeconômicos a fim de identificar se essa redução de custos do setor produtivo
chegou efetivamente ao consumidor final e se houve agregação de valor ao setor
primário como consequência da redução dos encargos fiscais incidentes.
Nesta senda, outra dificuldade diz respeito ao fato de que aqueles insumos
advindos de produtores rurais são registrados nas notas fiscais do produtor rural,
documento que ainda não adota o formato eletrônico de emissão, o que exigiria
verificações manuais a fim de confirmar o insumo adquirido, bem como sua origem.
Dados como a origem da produção rural (R$ 453,8 milhões fruídos em incisos cujos
requisitos para utilização dependem dessa informação) seriam identificados de forma
mais ágil, caso a nota do produtor adotasse o formato eletrônico.
Outra complexidade é que adquirir insumos produzidos no Estado
(exigência de diversos incisos do art. 32 do Livro I do RICMS que adotam crédito
147
presumido na entrada de mercadorias) é diferente de adquirir de um fornecedor local.
Este último poderia ser conferido a partir de códigos fiscais da operação – CFOP – nos
documentos fiscais, por exemplo, enquanto a confirmação de que leite ou gado (citando
os casos mais prevalentes no RICMS) foram produzidos ou criados no Estado exigiria mais
da fiscalização do que uma análise documental.
Os créditos presumidos incidentes na entrada de mercadorias (compras)
foram segregados, inicialmente, entre aqueles casos que exigem que o insumo adquirido
tenha origem no Estado do Rio Grande do Sul e os demais, que não são dotados de tal
particularidade, como demonstra a tabela abaixo.
148
CRÉDITO PRESUMIDO NA ENTRADA 2020
INSUMOS/PRODUTOS OBJETO DA DESONERAÇÃO
Em Milhões de R$
Fruição Fruição Variação (%)
Insumo/Produto Participação 2020 (%)
2019* 2020 2019/2020
Demais 8,6 13,6 1,9 58,0
CP ENTRADA 511,9 716,8 100,0 40,0
Fonte: Ofícios Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019, nº 35/2020 e nº 31/2021.
Classificação dos Incisos conforme redação adotada no RICMS.
(*) Valores atualizados pelo IPCA/IBGE médio.
149
Estado no que toca à vinculação do insumo ao produto dele resultante, sem prejuízo da
identificação da respectiva origem (se do RS ou não); ii- a aparente concessão, em
diversos dispositivos, de créditos presumidos voltados ao mesmo setor, o que poderia ser
objeto de avaliação com vistas à simplificação das regras do Regulamento.
Relativamente aos créditos presumidos na entrada, cumpre mencionar
novamente a necessidade de o Estado verificar se os possíveis benefícios ao setor
primário – carne ou leite – melhoraram seus patamares de produção e vendas, se as
regiões produtoras tiveram sua economia positivamente impactada em decorrência das
concessões em tela. Sem prejuízo da identificação se a redução dos custos na produção
traduziu-se em menores preços aos consumidores gaúchos.
150
dentro das mesmas hipóteses regulamentares, foram os de maior apropriação, em 2020,
atingindo 53,3% de todo crédito presumido nas saídas, perfazendo um valor fruído de R$
1,19 bilhão (elevação de 39,5% frente ao exercício anterior). Créditos presumidos sobre
as saídas por exportação atingiram apenas 0,04%, num total de R$ 1,0 milhão (queda de
55,3% em relação a 2019).
Dentre as hipóteses do Regulamento do ICMS do Estado do Rio Grande do
Sul que permitem a fruição de crédito presumido em decorrência de vendas identificam-
se casos que incidem em operações internas ou interestaduais e tem como base de
cálculo do benefício a ser apropriado o valor da operação de venda ou mesmo o ICMS
incidente. A variedade de possibilidades e métodos de cálculo ilustra a complexidade que
envolve a apuração de ICMS e seus benefícios fiscais, como demonstra a próxima tabela
que relaciona os diferentes tipos de base de cálculo para a fruição de créditos presumidos
nas saídas e os respectivos valores apropriados.
151
os efeitos potenciais gerados pela permissão de uso dos créditos presumidos nas
transferências.
Art. 32 [...]
XI-[...]
c- 4% (quatro por cento), nas saídas internas, decorrentes de venda ou de
transferência para estabelecimento da mesma empresa, e nas saídas
interestaduais, decorrentes de venda, de carne e produtos comestíveis
resultantes do abate de gado vacum, ovino ou bufalino; (grifou-se)
Relevante trazer à baila a hipótese constante do art. 32, LXI, a qual veda a
apropriação de crédito presumido nas operações de transferência.
LXI - no período de 1° de outubro de 2002 a 31 de dezembro de 2020, aos
estabelecimentos industriais que promoverem saídas interestaduais, exceto
transferências, sujeitas à alíquota igual ou superior a 12%, de móveis de
produção própria classificados nos códigos 9401.30.10 a 9401.71.00 e
9403.10.00 a 9403.60.00, da NBM/SH-NCM, em montante igual ao que resultar
da aplicação do percentual de 2% (dois por cento) sobre o valor da base de
cálculo do imposto; (grifou-se)
152
Todavia, cumpre destacar que com o advento do art. 31-A no Livro I do
Regulamento do ICMS, o qual veda a compensação dos créditos fiscais quando da
simulação de existência de estabelecimentos, dispositivo este acrescentado no RICMS por
meio do Decreto nº 55.777 de 02 de março de 2021, resta, em princípio, mitigado o risco
de mau uso dos créditos presumidos nas transferências como forma de multiplicar as
elisões fiscais em decorrência de operações não ocorridas de fato.
Por derradeiro, cabe citar que os créditos presumidos na saída podem
repercutir nos preços junto ao consumidor final dos bens objeto dessa renúncia fiscal. Os
dados que seguem demonstram os gêneros de produtos sobre os quais houve incidência
de créditos presumidos na saída e a respectiva fruição.
153
3.2.1.5.8.2 – Incentivo a Investimentos
O crédito presumido, como se verifica até aqui neste relatório, possui
ampla variedade de formas de apropriação ou operação sobre a qual incidem. Uma das
modalidades de uso desse gasto tributário diz respeito aos incentivos a investimentos.
Trata-se de alguns incisos do art. 32 do Livro I do RICMS operacionalizados por meio do
instituto do crédito presumido que são decorrentes de acordos, celebrados entre o
Estado do Rio Grande do Sul e as empresas beneficiadas.
Esses termos de acordo costumam exigir contrapartidas das empresas, tais
como geração e manutenção de empregos, além da realização de investimentos, e por
vezes funcionam com uso de ferramentas com vistas à elevação da arrecadação de ICMS
no longo prazo, como é o caso dos acordos que requerem geração de ICMS incremental.
Embora exista certo grau de discricionariedade para atribuição dos
percentuais de renúncia fiscal, esta deve se dar de acordo com o que dispuser o
regulamento próprio de cada programa.
Dentre os benefícios fiscais concedidos por meio de créditos presumidos
que em 2020 somaram 3,76 bilhões, 10,6%, ou 398,1 milhões estiveram sob o amparo
dos programas de incentivo a investimentos, com destaque dentro desse grupo para os
tradicionais programas do Fundo Operação Empresa do Estado do Rio Grande do Sul –
FUNDOPEM-RS e do Fundo de Fomento Automotivo do Estado do Rio Grande do Sul –
FOMENTAR-RS, instrumentos já consagrados na política de atração de investimentos
industriais e agroindustriais para o Estado, bem como de outras concessões que
envolvem a celebração de Termos de Acordo e não estejam diretamente relacionadas às
operações com mercadorias e serviço.
Os incisos do art. 32 do Livro I do RICMS utilizados para fruição de valores
no âmbito dos aludidos programas foram: XIII, XXVII, LII, LIII, LXXXIV, CXXIV, CXXXVI, CL,
CLX, CLXIV, CLXVI, CLXXI.
154
Quanto à operacionalização do FUNDOPEM-RS e FOMENTAR-RS, em regra
geral, os Programas possibilitam financiamento, a juros subsidiados, da parcela do ICMS
devida mensalmente pelas empresas beneficiadas até o limite de 75% do valor a ser pago,
tendo como referência ao atendimento de cláusulas específicas que definem a
localização, investimentos fixos, utilização de mão de obra e inovações tecnológicas.
Conforme previsão legal, a liberação dos valores correspondentes ao montante aprovado
deve ser realizada por apropriação direta pela empresa incentivada, em campo próprio na
Guia de Informações e Apuração do ICMS - GIA, mediante crédito fiscal presumido.
Com a publicação da Lei nº 11.916/03, foi instituído o Programa INTEGRAR-
RS, ao abrigo da legislação pertinente ao FUNDOPEM-RS, porém, com a introdução da
possibilidade de o contribuinte usufruir benefícios fiscais que repercutem em abatimento
nas parcelas do financiamento contratado junto ao Gestor Financeiro do Fundo
(atualmente o Badesul), os quais podem variar segundo os critérios de localização para
instalação da planta industrial e o seu respectivo IDESE – Índice de Desenvolvimento
socioeconômico, ou, ainda, por definição de política industrial protagonizada pelo
Executivo Estadual.
Em 2020, a Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Turismo
(SEDETUR), respondia pelas atribuições e funções afetas ao FUNDOPEM-RS e FOMENTAR-
RS. No ano de 2021, em que se elabora esse relatório, houve cisão da pasta em duas
secretarias, ficando a cargo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico as atividades
afetas aos mencionados programas.
Na sequência uma explicação com o devido detalhamento do
funcionamento do FUNDOPEM/RS, este que é um dos principais instrumentos de
desoneração fiscal com vistas à atração de investimentos ao Estado.
13
As diretrizes visam apoiar empreendimentos que promovam: I - a descentralização estratégica da produ-
ção industrial e a redução de desigualdades regionais; II - o desenvolvimento do parque industrial e agroin-
dustrial, considerando-se os arranjos produtivos locais; III - a competitividade e a ampliação da atividade
industrial e agroindustrial; IV - a geração significativa de empregos; V - o desenvolvimento ou a incorpora-
ção de avanços tecnológicos e de inovações de processos e produtos; VI - o respeito ao meio ambiente; VII -
a complementação das cadeias produtivas da economia estadual; e VIII - a aquisição preferencial de obras
civis, bens, serviços e insumos associados, produzidos por empresas estabelecidas no Estado.
155
FUNDOPEM/INTEGRA-RS (constituído por representantes do Governo e da Sociedade), a
Coordenadoria-Adjunta do Sistema Estadual de Atração e Desenvolvimento de Atividades
Produtivas – SEADAP (funcionando junto a Sedetur) e o Grupo de Análise Técnica – GATE
(constituído por representantes das Secretarias de Estado e das instituições financeiras)14.
O FUNDOPEM-RS propriamente dito consiste no financiamento de parte do
ICMS incremental a ser gerado pela empresa incentivada, financiamento este em
condições especiais. O Programa Integrar/RS, por sua vez, visa apoiar empreendimentos
(a) localizados em Municípios ou regiões cujo indicador de desenvolvimento
socioeconômico seja inferior à média, (b) realizados por empresas integrantes de setores
considerados estratégicos para o Estado e (c) que estejam instalados em distritos
industriais localizados em áreas contíguas a unidades prisionais. Programas enquadrados
no Integrar permitem abater determinado percentual quando do pagamento do
financiamento. Ambos, na verdade, constituem-se em um só sistema, de modo que todas
as empresas atualmente beneficiadas pelo FUNDOPEM-RS também o são pelo Integrar.
Em 2020 o Fundopem/Integrar formalizou, por meio das resoluções de seu
Conselho Diretor, a concessão de benefícios fiscais a 39 empresas do Estado. O valor
destes benefícios, correspondentes ao valor dos investimentos aprovados, perfaz 10,7
milhões de UIF/RS15, ou com base na UIF/RS média do ano de 2020 (1 UIF = R$ 26,9416), o
montante de R$ 288,49 milhões. Destaca-se que este valor é potencial, uma vez que, para
as empresas efetivamente receberem os benefícios, deverão comprovar não apenas a
execução dos investimentos e a geração efetiva de emprego, mas também o incremento
em seu faturamento e em sua geração de ICMS.
Aqui, abre-se um parêntese para destacar o conceito de geração de ICMS
incremental, vinculado ao aumento de faturamento da empresa, o qual é essencial para o
conceito do FUNDOPEM-RS atual. O Estado, desta forma, não renuncia a um imposto
existente, mas sim de um imposto que não existiria se a empresa não aumentasse seu
14
Integrantes do Conselho Diretor: Secretário de Estado de Desenvolvimento e Promoção do Inves-
timento (presidente); Secretário de Estado da Fazenda; Secretário de Estado do Planejamento, Gestão e
Participação Cidadã; Secretário de Estado da Agricultura, Pecuária e Agronegócio; Secretário de Estado da
Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico; Secretário de Estado da Economia Solidária e Apoio à
Micro e Pequena Empresa; - Diretor-Presidente da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do
Investimento - AGDI; Diretor-Presidente do Badesul Desenvolvimento S/A - Agência de Fomento/RS; Diretor
representante do Estado no Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul - BRDE; Diretor-Presidente
do Banco do Estado do Rio Grande do Sul S/A - BANRISUL; Presidente do Conselho Deliberativo do Serviço
Brasileiro de Apoio à Pequena e Microempresa - SEBRAE-RS; e Representante do Fórum dos Conselhos
Regionais de Desenvolvimento - COREDES/RS.
Convidados ao Conselho Diretor: Presidentes: Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul
- FIERGS; Federação das Associações Empresariais do Rio Grande Sul - FEDERASUL; Central Única dos Traba-
lhadores - CUT, no Rio Grande do Sul; Força Sindical, no Rio Grande do Sul; Federação das Associações de
Municípios do Estado do Rio Grande do Sul - FAMURS; e Sindicato e Organização das Cooperativas do Esta-
do do Rio Grande do Sul – OCERGS.
15
Indexador para quaisquer valores adotados para fins de incentivo do FUNDOPEM/RS, atualizada
mensalmente pela variação do índice definido pelo Conselho Diretor. A Receita Estadual da Secretaria da
Fazenda divulga mensalmente no Diário Oficial do Estado.
Os valores apresentados nesta Informação, quando expressos em Reais, consideraram a UIF a R$ 26,39,
correspondente a dezembro de 2019.
16
Fonte: Receita Estadual, em : www.receita.fazenda.rs.gov.br/conteudo/6346/uif-rs.
156
faturamento. Desta forma, apenas incentiva-se empresas que, ou não se encontravam
instaladas no Estado, ou que realizaram investimentos e expandiram sua produção e
faturamento.
Comparado a outras modalidades de crédito presumido, em especial
aquelas incidentes nas operações com mercadorias e serviços, há uma menor exposição
da receita de ICMS a perdas decorrentes da concessão de incentivos fiscais em face da
obrigação de geração de ICMS incremental17.
Pode-se, desde já visualizar que se trata de uma parceria entre o Estado e a
empresa incentivada de longa duração, posto que antes ou durante a realização dos
investimentos, a empresa necessita (a) aprovar seu projeto, (b) oferecer garantias, (c)
realizar e comprovar os investimentos e geração de empregos, (d) aumentar seu
faturamento e geração de imposto, (e) financiar parte deste imposto, (f) aguardar o prazo
de carência e (g) amortizar o financiamento com o abatimento do Integrar. O processo
envolve, no mínimo, a Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia -
Sedetur, a Secretaria da Fazenda - Sefaz e o Badesul.
O valor do benefício, a ser apropriado pelo instituto do crédito presumido
é um financiamento de imposto em condições especiais. Entre estas condições destaca-se
a taxa de juros, que em 2020 variou entre 0,5% e 2% ao ano. O abatimento do INTEGRAR-
RS é calculado em função da localização dos empreendimentos, com vistas à
descentralização industrial, da geração de empregos, da qualidade da massa salarial, de
ser setor estratégico, do impacto ambiental e de ser área contígua a unidades prisionais.
Já a geração de empregos pactuada atingiu 587 empregos diretos
De outra banda, os créditos presumidos fruídos em 2020 (ou seja, por
concessões de incentivos concedidos em anos anteriores) alcançou cerca de R$ 102,7
milhões apenas no Inciso LXXVI do art. 32 do Livro I do RICMS.
Invocando um breve histórico tem-se que o FUNDOPEM foi instituído pela
Lei 6.42/1972. Nesta época, o incentivo utilizava recursos orçamentários do Estado,
forma que vigorou até 1987, e hoje está extinta. O Agente Gestor era o BRDE. A partir de
1988 seguiram-se diversas leis, nas quais o incentivo assumiu a natureza de incentivo
17
O conceito de ICMS incremental assim como de outros institutos relevantes consta no parágrafo
único do art. 1º da Resolução do Conselho Diretor do Fundopem nº 04/2013:
Art.1º [...] Parágrafo único - Para os efeitos desta Resolução, considera-se:
a) faturamento bruto incremental, a parcela do faturamento bruto que exceder ao valor estabele-
cido para a base mensal fixa do faturamento bruto;
b) faturamento bruto, a receita bruta decorrente de vendas de mercadorias e outras operações de
circulação de mercadorias constantes no art. 5º;
c) base mensal fixa do faturamento bruto, o valor correspondente à média aritmética do fatura-
mento bruto relativo a período anterior ao protocolo da carta-consulta de solicitação do incentivo;
d) ICMS incremental, a parcela do ICMS devido no mês que exceder à base mensal do ICMS;
e) ICMS devido, o valor do ICMS devido apurado, após os ajustes de que trata esta Resolução;
f) base mensal do ICMS, o valor correspondente à média aritmética do ICMS devido, relativo a perí-
odo anterior ao protocolo da carta-consulta de solicitação do incentivo.
157
fiscal, fundamentalmente através da renúncia de parte ou de todo o ICMS incremental
gerado. Primeiro através de devolução do imposto efetivamente recolhido, e,
posteriormente, com a utilização de crédito presumido (sem recolhimento prévio do
imposto) para compensação na parcela de imposto a pagar. Foram criados programas
setoriais, como o Nosso Emprego e Proplast, entre outros. O Agente Gestor passa a ser o
Banrisul. Os anos de 1997 e 1998 representaram os picos na concessão de incentivos
fiscais no Estado. A partir de 1998 o incentivo passou a ter natureza de financiamento
subsidiado, também calculado e apropriado sob a forma de crédito presumido. O Agente
Gestor passa a ser a CAIXA-RS. A partir de 2003, com a edição da Lei 11.916, o
FUNDOPEM-RS passa a ter a sistemática atualmente vigente. O FUNDOPEM-RS,
simplificadamente, passa a se constituir em um financiamento subsidiado de parcela do
ICMS incremental devido, sendo que, para determinados projetos, notadamente os
localizados em regiões menos desenvolvidas, foi incluída a possibilidade de abatimento
de parte da parcela financiada, com a criação do Programa INTEGRAR.
A Lei do FUNDOPEM-RS foi significativamente alterada com a edição da Lei
Nº 13.843/2011, a qual previu benefícios do Integrar/RS para setores considerados
estratégicos para o Estado, podendo haver diferenciação entre setores considerados
como prioritários, preferenciais e especiais, bem como para empreendimentos que
estejam instalados em áreas contíguas a unidades prisionais. Na redação anterior, existia
previsão de incentivos para empreendimentos de caráter estratégico de forma
excepcional.
Estes projetos são analisados e enquadrados, dentro de critérios
estabelecidos em resoluções do Conselho Diretor, em uma Tabela para Pontuação e
Enquadramento dos Projetos. Leva-se em conta a localização do empreendimento, o
porte da empresa, a geração de empregos, o grau de desenvolvimento tecnológico e o
potencial de poluição. A partir deste enquadramento é definida a pontuação do projeto,
de modo a se definir a taxa de juros do financiamento, a qual é inferior a do mercado, e o
percentual de abatimento deste. Observa-se, a partir na nova redação da Lei 11.916/2013
e da Resolução Normativa Nº 02/2012, grande foco dos benefícios do Integrar
direcionados a setores estratégicos.
A partir da aprovação do projeto apresentado pelas empresas e
comprovação dos investimentos, a empresa pode começar a fruir o incentivo, o qual
consiste, quando da apuração do imposto, a se creditar do valor autorizado. Esta fruição é
controlada pela Sefaz pelo instrumento denominado de crédito presumido, nos termos
do Inciso LXXIV do RICMS. Os Incisos CXXIV e CXLIX também se relacionam com o
FUNDOPEM-RS. Semelhante ao FUNDOPEM-RS também existe o FOMENTAR-RS, o qual
beneficia a indústria automotiva gaúcha, e cujo contrato foi firmado anos atrás e
encontra previsão de fruição no Inciso XXVII do RICMS.
No que diz respeito à operacionalização do Incentivo a parceria entre o
Estado e a empresa incentivada é de longa duração, podendo atingir facilmente mais de
20 anos entre a apresentação da Carta-Consulta pela empresa, o que formaliza o início do
processo, e o término da amortização do financiamento. Sintetiza-se, a seguir, este
processo:
158
A empresa interessada em obter o benefício deve protocolar junto a
Sedetur/Seadap uma Carta-Consulta, detalhando seu projeto de instalação ou ampliação,
o valor a ser investido, a previsão de geração de empregos, a tecnologia a ser utilizada, e
a comprovação da regularidade quanto as obrigações fiscais e ambientais decorrentes da
legislação vigente, entre outros. Após analisado pela equipe da Sedetur/Seadap e de
grupo técnico integrado por representantes de várias secretarias, o Conselho Diretor
emite uma Resolução estabelecendo as condições do incentivo. Posteriormente, o
Governador emite decreto ratificando os termos da resolução. Estes documentos são
publicados no Diário Oficial do Estado, de forma que é dada publicidade a informações
como a empresa beneficiada, local de instalação, investimento total, percentual de
abatimento, número de empregos existente, incremento de imposto previsto, taxa de
juros, entre outros. A regulamentação desta etapa consta das Resoluções Normativas Nº
01/2012 – Pontuação do Fundopem, Nº 02/2012 – Pontuação do Integrar e Nº 14/2019 –
Sistemática Operacional, todas do Conselho Diretor do FUNDOPEM/INTEGRAR-RS.
159
FLUXO OPERACIONAL DO FUNDOPEM/RS
160
Após o prazo de carência, o valor de cada parcela deve ser amortizado
junto ao Badesul. Cumpridas todas as exigências, é concedido o abatimento previsto no
Integrar.
Exposta esta síntese, deve-se ressaltar que muitas empresas com projetos
aprovados não conseguem efetivamente receber a totalidade do benefício previsto em
resolução. Entre as diversas razões está a não comprovação dos investimentos e/ou
empregos, ou o não aumento de faturamento ou de geração de imposto.
Como exemplo cita-se o caso de empresas exportadoras, as quais
normalmente acumulam créditos, de modo que, ao não gerar imposto a pagar, não tem
como se beneficiarem. Entretanto, podem apresentar projetos e terem reconhecido seu
benefício potencial, ainda que de difícil utilização. Outra situação são empresas que
podem fruir o benefício do Fundopem, mas também são beneficiadas por outros
dispositivos do RICMS, desde que não simultaneamente, e, a seu critério, optam por estes
últimos.
Quanto aos valores dos benefícios potenciais impende inicialmente
apresentar algumas considerações gerais e a série histórica. Os dados referentes aos
critérios de concessão foram obtidos, fundamentalmente, na atual Sedetur e Seadap. A
norma de regência, além da Lei Nº 11.916/03 e do Decreto 49.205/12 são as Resoluções
do Conselho Diretor Nºs 01 e 02, ambas de 2012.
A seguir apresenta-se a evolução, nos últimos cinco anos, do número de
empresas beneficiadas e do valor total do benefício potencial autorizado. Para tanto,
utilizou-se como critério, a data das Resoluções do Conselho Diretor, haja vista que
formalizam a aprovação do projeto por parte do Governo, ainda que pendente de
ratificação do Governador do Estado por meio da edição de decreto de concessão.
Os próximos gráficos dão conta de evidenciar o histórico de concessões no
âmbito do FUNDOPEM relativamente ao número de empresas beneficiadas, assim com os
valores dos benefícios potenciais.
80 3.000,00
70
2.500,00
60
50 2.000,00
40 1.500,00
30 1.000,00
20
500,00
10
0 0,00
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Fonte: Resoluções do Conselho Diretor do FUNDOPEM/RS.
Cálculos: Equipe SAIPAG.
Obs.: valor dos benefícios considerando-se a UIF a R$ 26,94 correspondentes a média de 2020
161
O gráfico demostra a concessão significativa de benefícios em 2018,
quando atingiram o valor de 93,37 milhões de UIFs, equivalentes, em 2020, a R$ 2,52
bilhões, potenciais. Entretanto, apenas uma empresa foi responsável por 55% deste total.
Em 2020 foram concedidos benefícios a 39 empresas, alcançando 10,7 milhões de UIFs,
equivalentes a R$ 288,5 milhões potenciais.
No tocante à análise afeta às concessões no exercício de 2020, verifica-se
que o menor valor de incentivo potencial foi de 36.054,42 UIFs, equivalentes a R$ 971,3
mil. A empresa beneficiada situa-se na cidade de Farroupilha – Corede Serra, nos termos
da Resolução nº 08/2020 do Conselho Diretor. O maior valor de incentivo potencial
concedido foi de 954.882,15 UIFs, equivalentes a R$ 25,7 milhões, utilizando-se como
conversão o valor médio da UIF no ano de 2020 (R$26,94). A empresa beneficiada
localiza-se na cidade de Porto Alegre – Corede Metropolitano Delta do Jacuí, nos termos
da Resolução nº 23/2020 do Conselho Diretor do FUNDOPEM-RS.
No que tange aos empregos incrementais previstos tem-se que a busca do
pleno emprego é mandamento constitucional expresso no artigo 170, VIII da Constituição
Federal. Nesta esteira, a Lei do FUNDOPEM-RS harmoniza-se com o preceito maior
quando coloca a geração de empregos não só como diretriz, mas também como condição
para a concessão de incentivos, alinhada ao incremento da massa salarial e de sua
qualidade, tal como expresso em seu artigo 4º.
O Conselho-Diretor normatizou a operacionalização desta diretriz para os
financiamentos do FUNDOPEM-RS através das Resoluções Normativas 01 e 0218, ambas
de 2012, referentes, respectivamente, ao FUNDOPEM-RS e ao Integrar/RS. Conforme a
Resolução do Integrar, a geração de empregos é um dos critérios para a determinação da
pontuação da empresa e, portanto, para o percentual de abatimento, considerando-se
conjuntamente o porte da empresa. Um terceiro critério aborda a qualidade da massa
salarial, considerando o salário médio de um ano calendário completo.
Os próximos gráficos dizem respeito ao número de empregos incrementais
e o custo por emprego do FUNDOPEM-RS, série histórica entre os anos de 2011 e 2020.
4000 2.500.000,00
3500
2.000.000,00
3000
2500 1.500.000,00
2000
1500 1.000.000,00
1000 500.000,00
500
0 0,00
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
18
A Resolução 01/2012 classifica o Porte da empresa em função de sua Receita Operacional Bruta (ROB):
Micro - ROB < R$ 2,4 milhões; Pequena - $ 2,4 milhões < ROB < R$ 16 milhões; Média - R$ 16 milhões <
ROB < R$ 90 milhões; Média/Grande - R$ 90 milhões < ROB < R$ 300milhões; Grande - ROB > 300 milhões
162
Fonte: Resoluções do Conselho Diretor do FUNDOPEM/RS.
Cálculos: Equipe SAIPAG.
19
Resoluções Normativas Nº 02/2012 - Pontuação da Geração de Emprego – Integrar Percentual de
Abatimento: Máximo: 10%; Mínimo: 2%. Pontuação depende do porte da empresa e do número de
empregos incrementais previstos.
20
De acordo com o Decreto Nº 49205/2012 o indicador de desenvolvimento socioeconômico, para fins de
enquadramento, denominado INTEGRAR/IDESE, será elaborado pela Fundação de Economia e Estatística do
Estado do Rio Grande do Sul - FEE, a partir de critérios estabelecidos pelo Conselho Diretor do
FUNDOPEM/RS.
163
socioeconômico. A análise do IDESE por município comtemplado fugiu ao escopo desta
Informação.
Foram comtemplados 12 dos 28 COREDES existentes no Estado. Os dois
Coredes com menor IDESE, Centro Sul e Fronteira Oeste, não foram beneficiados. As
concessões por COREDE estão sintetizadas na tabela abaixo.
164
FRUIÇÃO DE CRÉDITO PRESUMIDO – FUNDOPEM – RICMS, LIVRO I, ART. 32, LXXIV – Em Milhões de R$ e UIF
Fruição - Valores em Reais - Inciso LXXIV Fruição - Valores em UIFs - Inciso LXXIV
160,00 7,00
140,00 6,00
120,00 5,00
100,00
4,00
80,00
60,00 3,00
40,00 2,00
20,00 1,00
0,00 0,00
2016 2017 2018 2019 2020 2016 2017 2018 2019 2020
Fonte: Ofícios do Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019, 35/2020 e 31/2021.
165
2- O Badesul efetua a cobrança das parcelas do Financiamento por meio de
boleto às empresas e, quando do recebimento dos valores líquidos do abatimento
INTEGRAR, repassa 90% ao Estado (Fundo de Reforma do Estado), receita orçamentária
no âmbito do Estado do Rio Grande do Sul, a qual é registrada como receita de capital
relativa à desconstituição de fundos; os demais 10% retornam ao Fundopem.
Na referida conta contábil de receita de capital também são contabilizados
os ingressos de valores advindos da venda de direitos creditórios do FUNDOPEM,
operação ocorrida em 2019 e que será abordada adiante.
A tabela a seguir demonstra os valores de receita contabilizados na
supramencionada rubrica orçamentária.
166
Portanto, dos R$ 509,4 milhões da tabela alhures referente à receita de
capital de “Desconstituição de Fundos – FUNDOPEM”, aproximadamente R$ 418,2
milhões (90% dos R$ 464,7 milhões da venda dos direitos de crédito) referem-se à
alienação dos recebíveis junto ao Banco ABC Brasil.
Conforme descrito até aqui o FUNDOPEM-RS possui diversas etapas, desde
a apresentação do projeto pela empresa requerente até o pagamento da última parcela
do financiamento oriundo dos créditos presumidos descontados do ICMS incremental
gerado. Pelo fato de anualmente diversos projetos serem objeto de celebração de Termos
de Ajuste, bem como seguirem vigentes acordos firmados em exercícios passados,
quando apurados valores oriundos da operacionalização do FUNDOPEM em determinado
ano, verifica-se simultaneamente a ocorrência dos seguintes fatos:
1- apropriação de Crédito Presumido oriundo de concessões do ano atual e
de anteriores, que culminam na redução do ICMS a recolher;
2- pagamento de parcelas dos financiamentos decorrentes de fruições de
anos anteriores, que resultam no ingresso de receita de capital para o Estado.
Dessa forma, há um fluxo decorrente das concessões no âmbito do
FUNDOPEM ocorridas em diversos exercícios, mas cuja repercussão financeira se dá no
ano em epígrafe, mediante redução da arrecadação de ICMS em virtude da apropriação
do crédito presumido e ingresso de receita ao Estado por meio dos repasses pelo Badesul
de 90% dos valores pagos no âmbito dos financiamentos do Fundopem, além dos
ingressos extraordinários de 90% do recebimento advindo das eventuais vendas dos
direitos creditórios afetos ao citado programa de incentivo financeiro-fiscal estadual.
A próxima tabela evidencia como se deu o referido fluxo financeiro do
FUNDOPEM/RS. Em relação aos valores apropriados a título de crédito presumido foram
somadas as fruições dos seguintes incisos do art. 32 do Livro I do RICMS: XIII e LXXIV.
Extrai-se da tabela acima que entre 2016 e 2018, e no ano de 2020, o fluxo
financeiro do FUNDOPEM-RS foi negativo, ou seja, a fruição de créditos presumidos
superou o ingresso da receita de capital relacionada ao repasse pelo Badesul dos valores
decorrentes dos pagamentos dos financiamentos. Tal fato se deve, em especial, pelo
abatimento do INTEGRAR, bem como à taxa de juros aplicável aos contratos. A exceção
foi o ano de 2019, no qual o ingresso de receita de capital originada do FUNDOPEM-RS
superou a fruição de crédito presumido, muito em virtude da venda dos direitos
creditórios (vide tópico anterior). Caso não houvesse a referida alienação do direito
relacionado aos recebíveis, o fluxo financeiro seria negativo tal como nos exercícios
anteriores.
167
As concessões no âmbito do FUNDOPEM-RS seguem vigentes por diversos
exercícios, desde a primeira fruição de crédito presumido até a amortização da última
parcela de financiamento.
Como exposto, nem todas as empresas conseguem fruir todo o benefício
potencial concedido, de modo que, no total dos benefícios administrados, a fruição é bem
inferior aos benefícios potenciais. Da mesma forma, tomando-se como referência
temporal de concessão dos benefícios a data da publicação da Resolução do Conselho
Diretor, a fruição pode iniciar-se em prazos variáveis, bem como sua duração, ainda que
possua prazo máximo, também pode variar, a depender da empresa. Fatores como o
prazo de realização dos investimentos e a capacidade de gerar aumento de imposto
impactam decisivamente nestes prazos. Uma análise apurada considerando-se as
especificidades de cada contrato ultrapassa o escopo proposto pelo presente estudo.
Entretanto, sinteticamente, o gráfico a seguir tenta colocar as curvas de concessão e
fruição de incentivos em um mesmo referencial.
O Gráfico a seguir projeta as etapas – fruição, carência e amortização
(pagamentos do empréstimo e abatimento) - dos 27,1 milhões de UIFs de incentivos
concedidos por meio das Resoluções de 2019 ao longo da vigência de mais de 20 anos dos
contratos. A parte inferior do eixo das ordenadas representa os gastos tributários por
parte do Estado: financiamento no ICMS e abatimento na parcela amortizada. A parte
superior do eixo das ordenadas representa os direitos do Estado em relação ao
financiamento concedido (financiamentos a receber/valores amortizados).
A perspectiva exposta pelo próximo gráfico é do ponto de vista patrimonial
do Estado do Rio Grande do Sul. Ilustra-se que, no momento da fruição do crédito
presumido, ocorre a denominada Variação Patrimonial Qualitativa no Balanço do Estado,
uma vez que os valores que deixam de ingressar na forma de arrecadação de ICMS
passam a compor a rubrica de Financiamentos a Receber, um direito que consta no Ativo
do Ente Público, analisando o Balanço Patrimonial de forma consolidada.
É importante frisar que cada fruição de crédito presumido dá início a um
financiamento específico com prazos de carência e amortização definidos nos Termos de
Ajustes celebrados entre o Estado e as Empresas. De tal sorte que, se um determinado
acordo foi celebrado com prazo de fruição de 96 meses, carência de 60 meses e
amortização de 96 meses, estes que são os maiores prazos possíveis conforme legislação
do FUNDOPEM-RS, o período total desde a primeira apropriação de crédito presumido
até o último pagamento de parcela referente à amortização do financiamento é de 252
meses, ou 21 anos.
168
PROJEÇÃO CONCESSÕES FUNDOPEM/RS – 2019
15.000,00
10.000,00
5.000,00
(5.000,00)
(10.000,00)
(15.000,00)
20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39
Fruição Acumulada Financiamento a receber (Principal) Financiamento a receber (Juros)
Pagamentos Acumulados (Principal) Pagamentos Acumulados (Juros) Abatimento INTEGRAR
Fonte: Resoluções do Conselho Diretor do FUNDOPEM/RS.
Cálculos e simulações: Equipe SAIPAG.
169
de até 6% a.a.. Este percentual foi reproduzido nos artigos 7º dos Decretos Nº
42.360/2003, hoje revogado, e Nº 49.205/2012, regulamentadores do Fundopem. A
Resolução Normativa Nº 01/2012, atualizada até a Resolução Normativa Nº 15/2019, do
Conselho Diretor, em seu Anexo IV, restringiu os percentuais estabelecidos na Lei e nos
Decretos, estabelecendo uma taxa de juros máxima de 2% a.a..
Para tornar possível a ilustração comparativa no que diz respeito à taxa de
juros aplicável ao FUNDOPEM-RS propõe-se, a partir das premissas da simulação acima,
capitalizar novamente os potenciais financiamentos por meio da taxa média de juros das
concessões de 2019 (IPCA + 1,15% a.a.), bem como por meio da taxa de juros aplicável ao
principal contrato da dívida do Estado do Rio Grande do Sul perante a União, o qual é
remunerado por IPCA + 4% a.a..
Tendo em conta que os valores da UIF são atualizados pela variação do
IPCA, para fins de simulação, os valores capitalizados da série estarão dispostos na citada
Unidade referencial com a incidência das respectivas taxas de juros.
O gráfico a seguir demonstra como seria o comportamento dos juros sobre
os valores potencial financiados, comparando-se a taxa média aplicada às concessões de
2019 do FUNDOPEM-RS com a taxa de juros que incide sobre o principal contrato da
dívida do Estado do RS.
600,00
500,00
400,00
300,00
200,00
100,00
-
20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39
170
Em muitos casos, o benefício do Fundopem concorre com outras desonerações via o
instituto do crédito presumido, podendo a empresa optar pelo benefício que mais lhe
convém.
Envolve a concessão dos benefícios, etapa fundamentalmente a cargo da
Sedetur/SEADAP, a qual é, em sua maior parte, tornada pública, e são previstos valores
potenciais de desoneração fiscal. Passa pela fruição dos incentivos, etapa
fundamentalmente a cargo da Sefaz e protegida pelo sigilo fiscal. Aqui cabe observar que,
na média, os valores efetivamente fruídos em relação aos valores potenciais, são
significativamente inferiores, posto que muitas empresas: ou não conseguem fruir ou sua
fruição é muito baixa.
E este processo termina em uma terceira etapa, fundamentalmente a
cargo do Badesul, onde parte do valor fruído (“emprestado”) retorna aos cofres públicos.
Diga-se que, em 2019, excepcionalmente com a venda de parte destes direitos
creditórios, retornou ao Estado valor superior à desoneração efetuada.
Analisando-se duas das diretrizes do Fundo, a geração de emprego e a
diminuição das desigualdades sociais, verificam-se resultados discretos. Entretanto,
comparando-se o processo do Fundopem com a desoneração pura e simples efetuada por
meio de isenções fiscais ou concessão de crédito presumido, ficam evidentes inúmeras
vantagens: não se renuncia a todo o imposto, mas apenas de parte de seu incremento, ou
seja, uma parcela de imposto que não existiria se a empresa não aumentasse seu
faturamento; apoia-se a realização de investimentos no Estado do Rio Grande do Sul; e os
valores emprestados devem ser respaldados por garantias efetivas.
171
Exemplificativamente, citam-se os créditos presumidos relacionados a
Projetos Culturais, Esportivos, de assistência social, e ao aparelhamento da segurança
pública (PISEG).
No caso dos programas de incentivo às áreas da Cultura, Esporte e
Assistência Social, as empresas patrocinam projetos nessas áreas e, com base nos valores
pagos no âmbito desses projetos, podem fruir créditos presumidos descontados do ICMS
devido.
Na área da Segurança Pública o destaque está por conta do Programa de
Incentivo ao Aparelhamento da Segurança Pública do Estado do Rio Grande do Sul -
PISEG, criado pela Lei Complementar nº 15224/2018. Os descontos no ICMS devido são
permitidos nos casos de aportes de valores em projetos estaduais com o fim de aquisição
de bens e equipamentos aos órgãos de Segurança Pública do Estado, bem como injeção
de valores no Fundo Comunitário Pró-Segurança.
CRÉDITO PRESUMIDO
POLÍTICAS PÚBLICAS
Em Milhares de R$
Fruição Fruição Variação (%)
ÁREA APOIADA Participação 2020 (%)
2019* 2020 2019/2020
Cultura 22.351,2 36.360,5 46,5 62,7
Segurança Pública 546,5 16.890,9 21,6 2990,7
Esporte 6.861,0 16.776,8 21,4 144,5
Social 310,3 8.215,5 10,5 2547,7
CP POLÍTICAS PÚBLICAS 30.068,9 78.243,6 100,0 160,2
Fonte: Ofícios Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019, nº 35/2020 e nº 31/2021.
Classificação dos Incisos conforme redação adotada no RICMS.
(*) Valores atualizados pelo IPCA/IBGE médio.
172
3.2.1.5.8.3.2 –Ressarcimento de Taxas
Constam no RICMS hipóteses de crédito presumido que possuem clara
vinculação a taxas de serviço pagas pelos contribuintes. Esses dispositivos podem estar
indiretamente vinculando valores de arrecadação de imposto à despesa específica, as
quais deveriam estar sendo financiadas por taxa, situação que fere o disposto na
Constituição Federal, art. 167, IV – princípio da não-vinculação da receita de impostos.
173
CXLII - até 31 de dezembro de 2020, aos estabelecimentos industriais de erva-
mate, em montante igual:
NOTA - A apropriação deste crédito fiscal presumido não está sujeita aos limites
e condições previstos nas notas 02 e 05 do "caput" deste artigo.
a) ao valor pago em razão da incidência da taxa prevista no item 10 do Título VI
da tabela anexa à Lei nº 8.109, de 19/12/85; ou
NOTA - O dispositivo mencionado refere-se à taxa destinada ao Fundo de
Desenvolvimento e Inovação da Cadeia Produtiva da Erva-Mate do Estado -
FUNDOMATE, criado pela Lei nº 14.185, de 28/12/12.
b) na hipótese da redução prevista no § 19 do art. 6º da referida Lei, à soma do
valor pago à entidade representativa do setor ervateiro que tenha celebrado
convênio com a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio com o valor
da taxa referida na alínea "a";
174
CRÉDITO PRESUMIDO
RESSARCIMENTO DE TAXAS DE SERVIÇO
Em Milhares de R$
Fruição Fruição Variação (%)
ÁREA APOIADA Participação 2020 (%)
2019* 2020 2019/2020
Fundovit (Vinícolas) 24.052,0 24.357,5 88,1 1,3
Fundomate 1.136,3 1.576,7 5,7 38,8
Fundoleite 568,2 961,6 3,5 69,3
Fundovinos 635,9 759,0 2,7 19,4
CP Ressarcimento Taxas de Serviço 26.392,3 27.654,8 100,0 4,8
Fonte: Ofícios Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019, nº 35/2020 e nº 31/2021.
Classificação dos Incisos conforme redação adotada no RICMS.
(*) Valores atualizados pelo IPCA/IBGE médio.
CRÉDITO PRESUMIDO
MAIORES FRUIÇÕES (por inciso do art. 32)
Em Milhões de R$
Descrição TOP 10 TOP 20 TOP 30 TOP 40 TOP 50
Fruição 2.020,7 2.852,2 3.255,6 3.480,3 3.612,1
175
CRÉDITO PRESUMIDO
MAIORES FRUIÇÕES (por inciso do art. 32)
Em Milhões de R$
Descrição TOP 10 TOP 20 TOP 30 TOP 40 TOP 50
Participação Fruição CP (%) 53,4% 75,4% 86,1% 92,1% 95,5%
Fonte: Ofício Gabinete da Receita Estadual nº 31/2021.
Cálculos: Equipe SAIPAG.
Crédito Presumido - Art. 32- Resumo dos Incisos mais representativos – Parte Econômica
Em milhões de R$ nominais.
(CP/empresas)
Quantidade
arrecadado
Presumido
(CP/ICMS)
Empresas
Relação
Crédito
Objeto
Média
Inciso
ICMS
176
Crédito Presumido - Art. 32- Resumo dos Incisos mais representativos – Parte Econômica
Em milhões de R$ nominais.
(CP/empresas)
Quantidade
arrecadado
Presumido
(CP/ICMS)
Empresas
Relação
Crédito
Objeto
Média
Inciso
ICMS
LXXVI Far. Trigo e misturas 118,0 31 3,8 157,9 0,75
LXXXII Carnes/prod abate aves e suínos 160,5 21 7,6 324,7 0,49
LXXXVIII Biodiesel 412,1 9 45,8 154,5 2,67
CVI Leite p/ queijo 73,9 40 1,8 145,1 0,51
CVII Leite prod rural 77,5 18 4,3 307,9 0,25
CXXVI Carnes aves 82,6 21 3,9 237,4 0,35
CLXVII Inf. E Automação 59,8 39 1,5 65,3 0,92
CLXXVI Leite p/queijo exc. Requeijão 78,0 11 7,1 291,3 0,27
Soma 2.536,4
Fonte: Ofício Gabinete da Receita Estadual nº 31/2021.
Cálculos: Equipe SAIPAG.
CRÉDITO PRESUMIDO
CONTRIBUINTES COM MAIORES FRUIÇÕES
Em Milhões de R$
Contribuintes no
Participação Participação
Descrição Fruição CP Arrecadação ICMS Top 50
Fruição (%) ICMS (%)
ICMS
TOP 50 Fruição CP 2.466,5 65,2% 6.212,5 17,2% 07
TOP 100 Fruição CP 2.928,5 77,5% 9.265,8 25,6% 09
TOP 500 Fruição CP 3.620,8 95,8% 13.754,5 38,0% 21
177
CRÉDITO PRESUMIDO
CONTRIBUINTES COM MAIORES FRUIÇÕES
Em Milhões de R$
Contribuintes no
Participação Participação
Descrição Fruição CP Arrecadação ICMS Top 50
Fruição (%) ICMS (%)
ICMS
Todas 2165 Fruições CP 3.780,7 100,0% 17.247,9 47,6% 27
Fonte: Ofício Gabinete da Receita Estadual nº 31/2021.
Cálculos: Equipe SAIPAG.
178
De outra sorte, verifica-se a existência de múltiplas hipóteses de
apropriação de benefícios fiscais, aparentemente, voltadas aos mesmos setores as quais
poderiam ser objeto de avaliação com vistas à revisão para simplificação da legislação, de
modo a reduzir os custos do Estado com o controle do cumprimento das regras, o que
garantiria também aos contribuintes maior grau de certeza acerca do tratamento
tributário a ser dispensado nas suas operações.
O cenário ideal envolveria a possibilidade de adoção de regras nas
hipóteses do RICMS de crédito presumido que fortalecesse o monitoramento com uso
das ferramentas de tecnologia da informação a partir de dados constantes nos
Documentos Fiscais Eletrônicos ou obrigações acessórias, como o caso das GIAs.
Alterações do RICMS, aqui se ressalta, são questões de Governo, as quais ultrapassam a
competência da Receita Estadual, sendo o Parecer Prévio o fórum por excelência para
tratar do tema no âmbito do TCE. Ainda, conforme resposta a Requisição de Documentos
asseverou-se que, atualmente, são passíveis de verificação via sistema as principais
ocorrências que requeiram fiscalização pela Receita Estadual.
No entanto, verifica-se que o número de servidores designados pela
Receita Estadual a atividades-chave para concessão, revisão e monitoramento dos
benefícios fiscais é bastante reduzido, sendo que em alguns dos processos não há
dedicação exclusiva à atividade. Não obstante esta constatação, na resposta a RD
mencionada, a Receita Estadual informa as ações de fiscalização das desonerações “via
sistema” em andamento, as quais integram seu Planejamento Estratégico.
De outra banda, há que se ponderar que o crédito presumido se constitui
como instrumento típico de “guerra fiscal” pelas suas peculiaridades, em particular a
flexibilidade na sua aplicação, uma redução neste benefício fiscal pode prejudicar o
Estado nesta espécie de “competição”, a qual hoje visa não apenas atrair ou ampliar
empresas, mas também mantê-las operando no Estado.
Por tudo que foi exposto, tem-se forte convicção de que não existe uma
solução fácil e rápida para aumentar significativamente a arrecadação via diminuição das
desonerações fiscais, crédito presumido incluso. Há sim a necessidade de ações junto à
regulamentação do imposto, à forma de atuação da fiscalização (o que, diga-se, vem
sendo feito) conjugado com o fortalecimento de seu quadro de pessoal, isto aliado aos
estudos sobre os reais ganhos econômicos, para a sociedade gaúcha, que as
desonerações de cada cadeia produtiva trazem. Este relatório, ao identificar os 20 incisos
mais representativos do art. 32 do Livro I do RICMS, correspondentes em valores a 75,4%
da fruição em 2020, pode servir para priorizar estas ações.
179
Art 3º [...] § 8º As unidades federadas poderão aderir às isenções, aos
incentivos e aos benefícios fiscais ou financeiro-fiscais concedidos ou
prorrogados por outra unidade federada da mesma região na forma do § 2º,
enquanto vigentes.
180
O maior quantitativo de benefícios fiscais já adotados por outro(s)
Estado(s) da Região Sul e introduzidos no Regulamento do ICMS Gaúcho se deu no
instituto do crédito presumido, as quais na sequência são descritas. Essas disposições
foram adotadas no RICMS/RS, e inseridas no art. 32 do Livro I.
- Inciso CXL - CP às microcervejarias, nas saídas de cerveja e chope
artesanais, de produção própria, sujeitas à alíquota de 25%, em montante igual ao que
resultar da aplicação do percentual de 13% sobre o valor utilizado para cálculo do débito
fiscal próprio.
- Inciso CLXXXII - CP aos estabelecimentos fabricantes de calçados ou de
artefatos de couro, cuja atividade principal esteja enquadrada nos códigos 1521-1/00,
1529-7/00, 1531-9/01, 1531-9/02, 1532-7/00, 1533-5/00 ou 1539-4/00, da Classificação
Nacional de Atividades Econômicas - CNAE, nas saídas decorrentes de vendas de calçados
ou de artefatos de couro e seus acessórios, promovidas pelo estabelecimento industrial
que os tenha produzido, calculado sobre o valor do imposto devido pela operação
própria.
- Inciso CLXXXIII - CP aos estabelecimentos fabricantes das seguintes
mercadorias, de forma que a carga tributária resulte em 3% nas saídas sujeitas à alíquota
de 7% e em 5% nas saídas internas e nas saídas interestaduais sujeitas à alíquota de 12%:
a) aveia cortada, descascada, tostada, classificadas no código 1104.22.00 da NBM/SH-
NCM; b) aveia em flocos e flocos finos, classificadas no código 1104.12.00 da NBM/SH-
NCM; c) "OAT BRAN" fibras de aveia, classificada no código 1102.90.00 da NBM/SH-NCM.
- Inciso CLXXXIV - CP aos estabelecimentos fabricantes de farinha de aveia,
classificada na posição 1102.90.00 da NBM/SH-NCM, de forma que a carga tributária
resulte em 3% nas saídas sujeitas à alíquota de 7% e em 5% nas saídas internas e nas
saídas interestaduais sujeitas à alíquota de 12%.
- Inciso CLXXXV - CP aos estabelecimentos cadastrados no código 2610-
8/00 da CNAE, localizados nos Municípios englobados no Arranjo Produtivo Local
Eletroeletrônico de Automação e Controle, que industrializem produtos eletroeletrônicos
e de informática, em montante igual ao que resultar da aplicação dos seguintes
percentuais sobre o valor do imposto destacado nas saídas, decorrentes de vendas, de
circuitos impressos com componentes montados, quando na industrialização da referida
mercadoria forem aplicados componentes, partes e peças importados do exterior ao
abrigo do diferimento do pagamento do imposto previsto no art. 53, II, e no Apêndice
XVII, LXXXVI.
- Inciso CLXXXVI - CP aos estabelecimentos fabricantes de sistemas
construtivos (prédio de aço) e de estruturas metálicas, classificados, respectivamente, no
código 9406.90.20 e 7308.20.00 da NBM/SH-NCM, nas saídas interestaduais de produtos
fabricados pelo estabelecimento.
- Inciso CXCI - CP de ICMS aos estabelecimentos fabricantes de colchões,
cama "box", estofados, travesseiros, espumas industriais e bases "box", em montante
equivalente a até 5% do valor das saídas internas e interestaduais, limitado ao total do
débito mensal do estabelecimento.
- Inciso CXCII - CP de ICMS aos estabelecimentos que operarem
exclusivamente na modalidade de comércio eletrônico, "e-commerce", que destinem
mercadorias a consumidor final pessoa física.
181
- Inciso CXCIII - CP de ICMS aos estabelecimentos que importem
mercadorias para comercialização ao abrigo do diferimento do pagamento do imposto
previsto no art. 53, VI, por intermédio de portos, aeroportos ou pontos de fronteira
alfandegados, situados neste Estado e com desembaraço aduaneiro neste Estado, nas
operações tributadas de saída das mercadorias que tenham importado.
- Inciso CXCIV - CP de ICMS aos estabelecimentos que importem
mercadorias para comercialização ao abrigo do diferimento do pagamento do imposto
previsto no art. 53, VI, por intermédio de portos, aeroportos ou pontos de fronteira
alfandegados, situados no Rio Grande do Sul e com desembaraço aduaneiro neste Estado,
nas operações de saída das mercadorias por eles importadas.
- Inciso CXCV - CP aos estabelecimentos industriais fabricantes de
formaldeídos e resinas, em montante correspondente a 66,66% do valor do imposto
devido na importação de matéria-prima, material intermediário ou secundário, inclusive
material de embalagem, importados ao abrigo do diferimento do pagamento do imposto
previsto no art. 53, II, e no Apêndice XVII, item LXXXIX, para serem utilizados em seu
processo produtivo, e seja observado o limite máximo de 8% sobre a base de cálculo da
importação e a operação resulte em carga tributária mínima de 4%.
Os incisos CXCI a CXCV são de recente inserção no regulamento e não
tiveram fruição, em 2020, assim como ocorrera com o item CLXXII. Os valores tendem a
ter repercussão a partir de 2021. Já os itens CLXXXIV, CLXXXV e CLXXXVI não terão os
valores de fruição expostos a fim de preservação do sigilo fiscal. Quanto aos demais
dispositivos copiados de SC e/ou PR as apropriações de créditos presumidos são
evidenciadas pela tabela que segue.
182
3.2.1.5.10 – Análise de Conformidade das Desonerações Fiscais
À luz das disposições constitucionais a respeito dos incentivos fiscais no
âmbito do ICMS, notadamente a combinação do artigo 150, §6º 21 com o artigo 155, §2º,
XII, g 22, identificaram-se inconformidades no processo de concessão de benefícios fiscais
no Estado do Rio Grande do Sul, conforme se discorrerá ao longo deste relatório.
O artigo 155, §2º, XII, “g” da Constituição da República outorga à Lei
Complementar a tarefa de regulamentar a forma como, por deliberação dos Estados e DF,
serão concedidos benefícios no âmbito do referido imposto estadual.
A Lei Complementar em questão, nº 24/75, trata a respeito dos convênios
a serem firmados pelos Estados e foi recepcionada pelo Diploma Constitucional vigente
com a prerrogativa de regulamentar o disposto no art. 155, §2º, XII, “g”. O artigo 1º da
referida lei complementar positiva a necessidade de celebração de convênios entre os
Estados e DF para concessão de benefícios fiscais no âmbito do ICMS:
Art. 1º - As isenções do imposto sobre operações relativas à circulação de mer-
cadorias serão concedidas ou revogadas nos termos de convênios celebrados e
ratificados pelos Estados e pelo Distrito Federal, segundo esta Lei.
Parágrafo único - O disposto neste artigo também se aplica:
I - à redução da base de cálculo;
II - à devolução total ou parcial, direta ou indireta, condicionada ou não, do tri-
buto, ao contribuinte, a responsável ou a terceiros;
III - à concessão de créditos presumidos;
IV - à quaisquer outros incentivos ou favores fiscais ou financeiro-fiscais, conce-
didos com base no Imposto de Circulação de Mercadorias, dos quais resulte re-
dução ou eliminação, direta ou indireta, do respectivo ônus;
V - às prorrogações e às extensões das isenções vigentes nesta data.
(grifou-se).
21
O artigo 150, §6º da Constituição Federal positiva a necessidade de edição de lei específica, regulando
exclusivamente a matéria, para concessão de benefícios fiscais.
22
O artigo 155, §2º, XII, “g” outorga à lei complementar o condão para regulamentar a forma como,
mediante deliberação dos Estados, benefícios fiscais no âmbito do ICMS poderão ser concedidos.
183
arts. 27, 28 e 29 não afeta o disciplinamento da matéria neles tratada, que con-
tinua regulada pela Lei Complementar nº 24, de 7 de janeiro de 1975”. Mister
observar, portanto, o sistema estabelecido pela referida lei complementar. (ADI
3936, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado em 25/10/2019,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-243 DIVULG 06-11-2019 PUBLIC 07-11-2019 – ex-
certo do voto da Relatora, acolhido no particular por unanimidade)
184
concessão de incentivos fiscais pelos Entes federados, também, faz-se menção em sua
redação ao art. 155, §2º, XII, “g” conforme se verifica abaixo:
Art. 150 [...] §6º - Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo,
concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, ta-
xas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal,
estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enume-
radas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto
no art. 155, § 2.º, XII, g. (grifou-se)
185
utilização opcional. Sem entrar em maiores considerações, este trabalho, para
classificação, baseou-se na redação que os referidos convênios apresentam. Por exemplo,
quando o convênio dispõe que determinados Estados ficam autorizados a conceder
determinado benefício, classificou-se este como de adoção facultativa. Ou seja, entende-
se que o Estado pode ou não adotar esta desoneração, a seu critério.
A observação destes três requisitos legais, mais do que mero formalismo, é
importante para uma maior segurança jurídica dos entes envolvidos, como bem aponta
Bernardo Motta Moreira em seu trabalho “A Participação do Poder Legislativo na
Ratificação dos Convênios de ICMS: a Evolução da Jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal”:
“[...]o ICMS é um imposto que tem caráter nacional, na medida em que o seu
campo de incidência compreende operações e prestações envolvendo sujeitos
localizados em qualquer parte do território nacional. Essa peculiaridade supõe,
portanto, a edição de regras uniformes, contidas em lei complementar, para vi-
abilizar a correta arrecadação e repartição do imposto e, dessa maneira, pro-
porcionar segurança jurídica aos contribuintes e evitar conflitos entre os titula-
res da competência tributária, decorrente, por exemplo, da concessão unilate-
ral de benefícios relativos ao ICMS como forma de competição entre as unida-
des da Federação.”
[...] “Tal técnica de concessão de incentivos de natureza tributária foi estabele-
cida de modo a inviabilizar a chamada “guerra fiscal”, que se estabeleceu entre
as unidades federadas como atrativo para a implementação de projetos e a ins-
talação de indústrias geradoras de emprego e renda nos respectivos territórios.
Ainda assim, os Estados insistem em descumprir as normas constitucionais, ge-
rando conflitos e litigiosidade, em prejuízo dos próprios contribuintes. Fica evi-
dente o rigor e a necessidade de observância de um rito procedimental para
que viabilize a concessão dos benefícios fiscais de ICMS.”
[...] “Percebe-se, assim, que, pode-se considerar consolidada a jurisprudência
do STF no sentido da necessidade de ratificação pelo Parlamento do convênio
autorizativo do Confaz. O veículo normativo por outro lado – se é necessário re-
almente lei em sentido formal ou mero decreto legislativo – ainda não está to-
talmente claro.”
186
vi- maior transparência nas renúncias fiscais praticadas.
A partir das análises realizadas pela equipe de auditoria acerca da
conformidade das concessões de benefícios fiscais no Estado do Rio Grande do Sul,
identificaram-se desonerações presentes no Regulamento do ICMS com as seguintes
características no que diz respeito ao trâmite legislativo para concessão, indo por vezes
de encontro ao que preconiza a Constituição Federal:
i- Internalização de Convênios ICMS com base em Decreto Legislativo ou
aceitação tácita por decurso de prazo;
ii- Benefícios concedidos sem Convênio Confaz, porém com edição de lei
específica;
iii- Benefícios concedidos sem Convênio Confaz, sem edição de lei
específica, embasados em dispositivo genérico da Lei de ICMS (art. 58 da L. 8820/1989);
iv- Benefícios concedidos sem Convênio Confaz, sem edição de lei
específica, e Decreto do Poder Executivo sem menção a qualquer dispositivo legal.
No que diz respeito à internalização de Convênios ICMS com base em
Decreto Legislativo ou Aceitação Tácita em função do decurso do prazo identificou-se que
convênios celebrados no CONFAZ, dos quais decorreram autorizações para que os
Estados (incluindo o RS) concedessem benefícios fiscais, foram internalizados na
legislação do Estado do Rio Grande do Sul, e entraram em vigor seus efeitos em
desacordo ao que preconiza a Constituição Federal, art. 150, § 6º, notadamente a
necessidade de lei específica para concessão de benefícios fiscais.
Nos termos da LC nº 24/75, quando da concessão de benefícios fiscais
relativas ao ICMS, é necessária celebração de convênio entre os Estados e DF. O art. 4º
indica a forma de internalização dos acordos nas legislações estaduais. Aqui, relembram-
se itens da citada legislação complementar a respeito da internalização dos convênios por
decreto do Poder Executivo de cada Estado, bem como a possibilidade de ratificação
tácita, caso transcorrido o período de quinze dias da publicação do Convênio no Diário
Oficial da União, sem a manifestação.
Na jurisprudência do STF há uma controvérsia a respeito da interpretação
do art. 4º da LC nº 24/75, especialmente, se este dispositivo elide a apreciação do
convênio pelo Poder Legislativo. Conforme o julgado que se junta a seguir, o
entendimento da Corte Suprema é no sentido de que o art. 4º da Lei Complementar em
epígrafe não exclui a necessidade de apreciação dos acordos conveniais entre os Estados
pela Casa Legislativa Estadual. Colaciona-se parte do voto da Ministra Rosa Weber no
âmbito da ADI 3936.
12. De acordo com o art. 4º da Lei Complementar nº 24/75, após a celebração
dos convênios, deve haver a sua ratificação, expressa ou tácita, pelo Poder Exe-
cutivo estadual ou distrital. Esse dispositivo foi severamente criticado pela dou-
trina, por aparentemente autorizar a desoneração tributária sem a intervenção
do Poder Legislativo, em afronta ao princípio da legalidade tributária. A crítica é
procedente, mas se baseia apenas numa das possíveis interpretações do precei-
to, a de que a ratificação pelo Poder Executivo estadual seria uma condição ne-
cessária e suficiente para a concessão de incentivos frente ao ICMS. Nada im-
pede que se leia o preceito de modo diverso, à luz dos ditames constitucionais,
no sentido de que a ratificação pelo Poder Executivo é apenas um pressuposto
à instituição válida do benefício, que ocorre mediante a edição de ato do Poder
187
Legislativo (lei ou decreto legislativo), em observância ao princípio fundamental
da legalidade tributária, inscrito no art. 150, I, e ratificado, na seara das desone-
rações, pelo art. 150, § 6º, ambos da Constituição.
Nessa senda, cabe recordar um dos primeiros precedentes do Plenário desta
Corte sobre a guerra fiscal no âmbito do ICMS, pertinente a uma lei do Estado
de Pernambuco que autorizava o Poder Executivo a conceder incentivos relati-
vos aos tributos estaduais. Na oportunidade, o Supremo Tribunal consignou, de
modo expresso, a impossibilidade de a lei delegar ao Executivo o poder de es-
tabelecer isenções:
“EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - LEI ESTADUAL QUE
OUTORGA AO PODER EXECUTIVO A PRERROGATIVA DE DISPOR, NORMATIVA-
MENTE, SOBRE MATÉRIA TRIBUTARIA - DELEGAÇÃO LEGISLATIVA EXTERNA -
MATÉRIA DE DIREITO ESTRITO - POSTULADO DA SEPARAÇÃO DE PODERES -
PRINCÍPIO DA RESERVA ABSOLUTA DE LEI EM SENTIDO FORMAL - PLAUSIBILI-
DADE JURÍDICA - CONVENIENCIA DA SUSPENSÃO DE EFICACIA DAS NORMAS
LEGAIS IMPUGNADAS - MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA. - A essência do direito
tributário - respeitados os postulados fixados pela própria Constituição - reside
na integral submissão do poder estatal à rule of law. A lei, enquanto manifesta-
ção estatal estritamente ajustada aos postulados subordinantes do texto con-
substanciado na Carta da República, qualifica-se como decisivo instrumento de
garantia constitucional dos contribuintes contra eventuais excessos do Poder
Executivo em matéria tributária. Considerações em torno das dimensões em
que se projeta o princípio da reserva constitucional de lei. - A nova Constituição
da República revelou-se extremamente fiel ao postulado da separação de pode-
res, disciplinando, mediante regime de direito estrito, a possibilidade, sempre
excepcional, de o Parlamento proceder a delegação legislativa externa em favor
do Poder Executivo. A delegação legislativa externa, nos casos em que se apre-
sente possível, só pode ser veiculada mediante resolução, que constitui o meio
formalmente idôneo para consubstanciar, em nosso sistema constitucional, o
ato de outorga parlamentar de funções normativas ao Poder Executivo. A reso-
lução não pode ser validamente substituída, em tema de delegação legislativa,
por lei comum, cujo processo de formação não se ajusta à disciplina ritual fixa-
da pelo art. 68 da Constituição. A vontade do legislador, que substitui arbitrari-
amente a lei delegada pela figura da lei ordinária, objetivando, com esse proce-
dimento, transferir ao Poder Executivo o exercício de competência normativa
primária, revela-se írrita e desvestida de qualquer eficácia jurídica no plano
constitucional. O Executivo não pode, fundando-se em mera permissão legisla-
tiva constante de lei comum, valer-se do regulamento delegado ou autorizado
como sucedâneo da lei delegada para o efeito de disciplinar, normativamente,
temas sujeitos à reserva constitucional de lei. - Não basta, para que se legitime
a atividade estatal, que o Poder Público tenha promulgado um ato legislativo.
Impõe-se, antes de mais nada, que o legislador, abstendo-se de agir ultra vires,
não haja excedido os limites que condicionam, no plano constitucional, o exer-
cício de sua indisponível prerrogativa de fazer instaurar, em caráter inaugural, a
ordem jurídico-normativa. Isso significa dizer que o legislador não pode abdicar
de sua competência institucional para permitir que outros órgãos do Estado -
como o Poder Executivo - produzam a norma que, por efeito de expressa reser-
va constitucional, só pode derivar de fonte parlamentar. O legislador, em con-
sequência, não pode deslocar para a esfera institucional de atuação do Poder
Executivo - que constitui instância juridicamente inadequada - o exercício do
poder de regulação estatal incidente sobre determinadas categorias temáticas -
(a) a outorga de isenção fiscal, (b) a redução da base de calculo tributária, (c) a
concessão de crédito presumido e (d) a prorrogação dos prazos de recolhimen-
to dos tributos -, as quais se acham necessariamente submetidas, em razão de
sua própria natureza, ao postulado constitucional da reserva absoluta de lei em
188
sentido formal. - Traduz situação configuradora de ilícito constitucional a outor-
ga parlamentar ao Poder Executivo de prerrogativa jurídica cuja sedes materiae
- tendo em vista o sistema constitucional de poderes limitados vigente no Brasil
- só pode residir em atos estatais primários editados pelo Poder Legislativo”.
(ADI 1.296 MC, Tribunal Pleno, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 14.6.1995)
Esse entendimento foi aplicado poucos meses após, num julgado que dizia res-
peito exclusivamente ao ICMS:
“[...] CONVENIOS E CONCESSÃO DE ISENÇÃO, INCENTIVO E BENEFICIO FISCAL
EM TEMA DE ICMS: A celebração dos convênios interestaduais constitui pressu-
posto essencial à válida concessão, pelos Estados-membros ou Distrito Federal,
de isenções, incentivos ou benefícios fiscais em tema de ICMS. Esses convênios
- enquanto instrumentos de exteriorização formal do prévio consenso instituci-
onal entre as unidades federadas investidas de competência tributaria em ma-
téria de ICMS - destinam-se a compor os conflitos de interesses que necessari-
amente resultariam, uma vez ausente essa deliberação intergovernamental, da
concessão, pelos Estados-membros ou Distrito Federal, de isenções, incentivos
e benefícios fiscais pertinentes ao imposto em questão. O pacto federativo, sus-
tentando-se na harmonia que deve presidir as relações institucionais entre as
comunidades politicas que compõem o Estado Federal, legitima as restrições de
ordem constitucional que afetam o exercício, pelos Estados-membros e Distrito
Federal, de sua competência normativa em tema de exoneração tributaria per-
tinente ao ICMS. MATÉRIA TRIBUTARIA E DELEGAÇÃO LEGISLATIVA: A outorga
de qualquer subsidio, isenção ou crédito presumido, a redução da base de cal-
culo e a concessão de anistia ou remissão em matéria tributaria só podem ser
deferidas mediante lei específica, sendo vedado ao Poder Legislativo conferir ao
Chefe do Executivo a prerrogativa extraordinária de dispor, normativamente,
sobre tais categorias temáticas, sob pena de ofensa ao postulado nuclear da se-
paração de poderes e de transgressão ao princípio da reserva constitucional de
competência legislativa. Precedente: ADIn 1.296-PE, Rel. Min. CELSO DE MEL-
LO”. (ADI 1.247-MC, Tribunal Pleno, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em
17.8.1995)
189
13. Como já se evidenciou, esta Corte tem jurisprudência fortemente assentada
quanto à ilegitimidade da concessão de benefícios do ICMS sem a prévia cele-
bração de convênio autorizador, no âmbito do CONFAZ.
No Estado do Rio Grande do Sul o tema também é abordado pela Lei Geral
do ICMS – L. 8820/1989 – que dispõe nos seguintes termos a respeito dos procedimentos
para internalização na legislação gaúcha dos Convênios ICMS celebrados no CONFAZ.
Art. 28 - Dependem de convênios celebrados nos termos da Constituição Fede-
ral, art. 155, § 2º, VI e XII, "g" e da Lei Complementar nº 24, de 07/01/75:
I - a concessão ou revogação de isenções, incentivos e benefícios fiscais, dos
quais resulte redução ou eliminação, direta ou indireta, do ônus do imposto;
II - a fixação de alíquotas internas inferiores às fixadas pelo Senado Federal para
as operações e prestações interestaduais.
§ 1º - Para os efeitos do disposto no art. 4º da Lei Complementar nº 24, de
07/01/75, os convênios celebrados nos termos do "caput" serão submetidos,
até o quarto dia subseqüente ao da sua publicação no Diário Oficial da União, à
apreciação da Assembléia Legislativa, que deliberará e publicará o Decreto Le-
gislativo correspondente nos 10 (dez) dias seguintes ao quarto dia antes referi-
do.
§ 2º - Nos termos do art. 4º da Lei Complementar nº 24, de 07/01/75, não ha-
vendo deliberação da Assembléia Legislativa no prazo referido no parágrafo an-
terior, consideram-se ratificados os convênios. [...] (grifou-se)
190
regimentais na Assembleia Legislativa (art. 218 do regimento interno) acerca de ritos
procedimentais na hipótese de decurso dos prazos de ratificação dos convênios.
Este tema sobre o papel dos Poderes nas concessões de desonerações
fiscais há muito já foi tratado pelo STF, como se pode apreciar na ADI 1296-7
Pernambuco, cuja Decisão data de junho de 1995:
“O legislador, em consequência, não pode deslocar para a esfera institucional
de atuação do Poder Executivo – que constitui instância juridicamente inade-
quada – o exercício do poder de regulação estatal incidente sobre determinadas
categorias temáticas – (a) a outorga de isenção fiscal, (b) a redução de base de
cálculo tributária, (c) a concessão de crédito presumido e (d) a prorrogação dos
prazos de recolhimento dos tributos -, as quais se acham necessariamente
submetidas, em razão de sua própria natureza, ao postulado constitucional da
reserva absoluta de lei em sentido formal” (grifos no original).
[...]
“Dentro dessa perspectiva, a norma que, não obstante veiculada em sede legal
[...] opera indisfarçável delegação legislativa externa, outorgando ao Executivo
o exercício de um encargo jurídico absolutamente intransferível pelo Parlamen-
to a qualquer outra instancia de poder.”
191
derá, apenas, de ratificação pelas Assembleias Legislativas estaduais ou pela
Câmara Legislativa do Distrito Federal, dispensada, em consequência, após a
promulgação de decreto legislativo, a edição, pelo Estado-membro ou pelo Dis-
trito Federal, de qualquer ato normativo ulterior...”
Entretanto, este entendimento não é pacífico no STF, como pode ser visto
no Acórdão do Recurso Extraordinário 579.630, de 02 de agosto de 2016, cujo Relator foi
o Ministro Roberto Barroso, “verbis”:
“Sim, porque, nos termos a jurisprudência desta Corte, o convênio, por si só,
não assegura a concessão do benefício em questão. É condição necessária, mas
não suficiente, porque tem sentido jurídico meramente autorizativo: permite a
concessão do benefício fiscal por parte de cada um dos Estados e do Distrito
Federal, mas não o cria per se.
[...] “1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal consolidou-se no sentido
de que a concessão de benefícios fiscais relativos ao Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços pressupõe não somente a autorização por meio de
convênio celebrado entre os Estados e o Distrito Federal, nos termos da Lei
Complementar nº 24/1975, mas também da edição de lei em sentido formal de
cada um daqueles entes.” (Grifo nosso)
[...] “3. Esta Corte tem se firmado pela necessidade de lei em sentido estrito
para estabelecer os critérios de norma que permite à administração exonerar o
sujeito passivo do recolhimento de valores a título de tributo, de modo que é
inconstitucional a delegação pura e simples de competência do Legislativo ao
Executivo para dispor normativamente sobre matéria tributária (ADI 3.462, Rel.
Min. Cármen Lúcia) (Grifo nosso)
Nessa linha, o Ministro cita o RE 572.762 cujo Relator foi o Ministro Ricardo
Lewandowski, transcrevendo-se:
“CONSTITUCIONAL. ICMS. REPARTIÇÃO DE RENDAS TRIBUTÁRIAS. PRODEC.
PROGRAMA DE INCENTIVO FISCAL DE SANTA CATARINA. RETENÇÃO, PELO ES-
TADO, DE PARTE DA PARCELA PERTENCENTE AOS MUNICÍPIOS. INCONSTITUCI-
ONALIDADE. RE DESPROVIDO.
I – A parcela do imposto estadual sobre operações relativas à circulação de
mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e in-
termunicipal e de comunicação, a que se refere o art. 158, IV, da Carta Magna
pertence de pleno direito aos Municípios.
II - O repasse da quota constitucionalmente devida aos Municípios não pode su-
jeitar-se à condição prevista em programa de benefício fiscal de âmbito estadu-
al.
III – Limitação que configura indevida interferência do Estado no sistema consti-
tucional de repartição de receitas tributárias.
IV – Recurso extraordinário desprovido.”
192
Este entendimento igualmente foi esposado anteriormente na ADI 1247-9
já referida, de 17 de agosto de 1995, cujo Relator foi o Ministro Celso de Mello:
“[...] de que o Estado-membro sofreria outra expressiva limitação em sua com-
petência exonerativa, no que concerne ao ICMS, em face da vinculação consti-
tucional que afeta, em favor dos municípios, 25% do produto da arrecadação
dessa espécie tributária”
193
A Lei Complementar nº 160/2017 autoriza os Estados e o Distrito Federal a
deliberarem por meio de Convênio a respeito da remissão dos créditos tributários
decorrentes de benefícios fiscais instituídos sem acordo no âmbito do CONFAZ, bem
como trata da reinstituição dos mencionados incentivos fiscais.
Art. 1º Mediante convênio celebrado nos termos da Lei Complementar no 24,
de 7 de janeiro de 1975, os Estados e o Distrito Federal poderão deliberar so-
bre:
I - a remissão dos créditos tributários, constituídos ou não, decorrentes das
isenções, dos incentivos e dos benefícios fiscais ou financeiro-fiscais instituídos
em desacordo com o disposto na alínea “g” do inciso XII do § 2o do art. 155 da
Constituição Federal por legislação estadual publicada até a data de início de
produção de efeitos desta Lei Complementar;
II - a reinstituição das isenções, dos incentivos e dos benefícios fiscais ou finan-
ceiro-fiscais referidos no inciso I deste artigo que ainda se encontrem em vigor.
194
I – 31 de dezembro do décimo quinto ano posterior à produção de efeitos do
respectivo convênio, quanto àqueles destinados ao fomento das atividades
agropecuária e industrial, inclusive agroindustrial, e ao investimento em infraes-
trutura rodoviária, aquaviária, ferroviária, portuária, aeroportuária e de trans-
porte urbano, bem como quanto àqueles destinados a templos de qualquer cul-
to e a entidades beneficentes de assistência social;
II - 31 de dezembro do oitavo ano posterior à produção de efeitos do respectivo
convênio, quanto àqueles destinados à manutenção ou ao incremento das ati-
vidades portuária e aeroportuária vinculadas ao comércio internacional, incluí-
da a operação subsequente à da importação, praticada pelo contribuinte impor-
tador;
III - 31 de dezembro do quinto ano posterior à produção de efeitos do respecti-
vo convênio, quanto àqueles destinados à manutenção ou ao incremento das
atividades comerciais, desde que o beneficiário seja o real remetente da mer-
cadoria;
IV - 31 de dezembro do terceiro ano posterior à produção de efeitos do respec-
tivo convênio, quanto àqueles destinados às operações e prestações interesta-
duais com produtos agropecuários e extrativos vegetais in natura;
V - 31 de dezembro do primeiro ano posterior à produção de efeitos do respec-
tivo convênio, quanto aos demais.
195
benefícios fiscais, dispositivo genérico da legislação rio-grandense que outorgou ao Poder
Executivo determinadas prerrogativas para o propósito de concessão de desonerações
fiscais.
Art. 58 - Sempre que outro Estado ou o Distrito Federal conceder benefício fis-
cal ou financeiro que resulte em redução ou eliminação, direta ou indiretamen-
te, de ônus tributário relativo no ICMS, com inobservância de disposições da le-
gislação federal que regula a celebração de acordos exigidos para tal fim, o Po-
der Executivo poderá adotar as medidas necessárias à proteção da economia do
Estado, podendo, inclusive, conceder benefício semelhante.
Parágrafo único - O benefício concedido com base no "caput" será apreciado
pela Assembléia Legislativa, a contar da data da publicação do Decreto corres-
pondente, observados o rito e o prazo previstos no artigo 62 da Constituição do
Estado, independentemente de solicitação, e, se aprovado, terá efeito coinci-
dente com o previsto no referido Decreto.
Cumpre destacar que a Lei Geral do ICMS do Estado do Rio Grande do Sul –
nº 8820 - data de 1989, sendo, portanto, pretérita à Emenda Constitucional nº 03/1993,
que inseriu o § 6º ao art. 150 da CF, e tornou como requisito indispensável a edição de lei
específica para fins de concessão de benefícios fiscais, incluindo-se aquelas no âmbito do
ICMS.
Sobre o art. 58, entende-se que as características de sua redação implicam
numa abordagem genérica das concessões de desonerações fiscais e, assim, não poderia
lançar-se mão desse artigo da Lei 8820/89 na condição de diploma legal específico como
o § 6º do art. 150 da CF requer.
Em relação ao art. 58 da Lei 8820/89 identifica-se fenômeno análogo ao do
art. 4º da Lei Complementar Federal nº 24/75: dois regramentos existentes e válidos
quando da edição da EC nº 03/93. E, devido a essa semelhança temporal, entende-se que
é possível aplicar ao dispositivo em tela da lei gaúcha o mesmo raciocínio de
interpretação adotado pelo STF no âmbito da ADI nº 3936 em relação à LC 24/75,
especialmente sobre o art. 4º, de modo que os regramentos permaneçam vigentes,
contudo, sem a prerrogativa de dispensar a edição de lei específica pelo Poder Legislativo
após o constituinte derivado ter acrescentado o § 6º ao artigo 150 da Carta Magna.
Sendo assim, entende-se que aquelas concessões de benefícios fiscais que
se valeram do artigo 58 da Lei Estadual nº 8.820/1989 como fundamentação legal, e que
não foram apreciados pela Assembleia Legislativa na forma de processo legislativo que
tenha culminado na edição de lei específica ou, alternativamente, decreto legislativo,
estão em desconformidade em relação ao disposto na CF, art. 150, § 6º, porque este
exige diploma legal específico. Portanto, possuem vícios no que tange aos requisitos de
validade dos atos.
No entanto, diante da edição da LC nº 160/2017, do Convênio ICMS nº
190/2017 e da Lei Estadual nº 15424/2019, resta o questionamento acerca da
possibilidade de os referidos instrumentos legais e normativos elidirem o requerido pelo
art. 150, § 6º da CF relativamente àqueles benefícios fiscais pretéritos à LC nº 160/2017,
em que foram cumpridos os ritos procedimentais pelo Ente nos moldes que o legislador
complementar inseriu no mencionado Diploma Legal.
Conforme já abordado neste relatório, não há que se discutir quanto à
convalidação, pela LC nº 160/17 e demais normas dela decorrentes, das inconformidades
196
existentes em diversos atos de concessão de benefícios fiscais no que toca à ausência de
acordo entre os Estados por meio de Convênio ICMS no âmbito do Confaz.
Mas em relação à necessidade de existência de lei específica para validade
de quaisquer atos que impliquem renúncia de receita, uma lei complementar seria
dotada de prerrogativas suficientes para modificar materialmente o que está disposto na
Carta Política?
A depender do conteúdo da norma constitucional em análise a resposta
seria positiva. Na doutrina do Professor José Afonso da Silva, as normas constitucionais de
eficácia contida e limitada poderiam ter o seu dispositivo restringido ou ampliado por
meio da edição de uma lei, dependendo do tema, inclusive por lei ordinária.
Para melhor entendimento é imprescindível diferenciar as normas
constitucionais em relação à eficácia de seu conteúdo:
a- Eficácia Plena – as normas de eficácia plena têm aplicabilidade direta,
imediata e integral. Seu conteúdo material não exige a elaboração de novas normas para
completar seu sentido, tampouco podem ter seu alcance restringido ou alterado por
legislação infraconstitucional.
b- Eficácia Contida – as normas de eficácia contida têm aplicabilidade
direta, imediata, porém não integral, pois o poder constituinte deixa margem para que a
lei restrinja a aplicação de seus dispositivos.
c- Eficácia Limitada – as normas de eficácia limitada têm aplicabilidade
indireta, mediata e reduzida, pois dependem da edição de uma lei que as regulamente.
Portanto a edição de lei é necessária a fim de conferir aplicabilidade ao dispositivo
constitucional.
Conforme já enfrentado, a LC nº 160/17, mostra-se capazes de modificar a
aplicabilidade do art. 155, § 2º, XII, “g”; pois a referida norma constitucional possui
eficácia limitada, ou seja, é imprescindível a edição de uma lei complementar para
regulamentar como ocorrerá o acordo entre os Estados e DF para fins de concessão de
desonerações no âmbito do ICMS. O aludido trecho da Carta Magna, in verbis:
Art. 155 – Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos so-
bre:[...] II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações
de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ain-
da que as operações e as prestações se iniciem no exterior;[...]
§2º - O imposto do inciso II atenderá ao seguinte:[...]
XII - cabe à lei complementar:[...]
g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Fede-
ral, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados. (gri-
fou-se)
197
das ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no
art. 155, § 2.º, XII, g. (grifou-se)
198
Em resposta a questionamento da Auditoria do TCE a Sefaz/Receita
Estadual relacionou alguns dos benefícios fiscais ao artigo 58 da Lei nº 8820/89, o que,
com base nas exposições do tópico anterior, já conteria irregularidades desde a entrada
em vigor da EC nº 03/1993. Todavia, ao pesquisar a legislação pretérita relacionada às
concessões em epígrafe identifica-se que sequer a menção ao artigo 58 da Lei 8820/89
ocorrera.
A seguir serão listados alguns dos incisos cujos decretos iniciais (quando
inserido o benefício fiscal pela primeira vez no RICMS) não mencionam lei específica nem
o dispositivo genérico do art. 58 da L. 8820/89.
Importante referir que os decretos cujos textos serão replicados nos itens a
seguir já se encontram revogados, tendo em conta a ocorrência de alterações materiais
nos benefícios fiscais em epígrafe, seja por meio de modificações dos percentuais de
fruição, produtos abarcados pela concessão; todavia não foram localizadas adequações
dos benefícios no que toca à edição de lei específica para fundamentar as renúncias
fiscais. A listagem abaixo é exemplificativa, podendo existir outros casos semelhantes no
Regulamento do ICMS:
a- Biodiesel (Livro I, art.32, LXXXVIII)
O Decreto nº 45604/2008 acrescentou o inciso LXXXVIII ao RICMS por meio
da Alteração nº 2584.
Art. 1º - Fica introduzida a seguinte alteração no Livro I do Regulamento do
ICMS, aprovado pelo Decreto nº 37.699, de 26/08/97:
ALTERAÇÃO Nº 2584 - No art. 32, fica acrescentado o inciso LXXXVIII, conforme
segue: "LXXXVIII - no período de 1º de abril de 2008 a 30 de junho de 2009, aos
estabelecimentos industriais, nas saídas de biodiesel, em montante igual ao que
resultar da aplicação do percentual de 50% (cinqüenta por cento) sobre o im-
posto devido, desde que a matéria-prima tenha sido adquirida e produzida nes-
te Estado.
199
Art. 1º - Fica introduzida a seguinte alteração no Livro I do Regulamento do
ICMS, aprovado pelo DECRETO Nº 37.699, de 26/08/97, numerada em seqüên-
cia às introduzidas pelo DECRETO Nº 42.877, de 04/02/04:
ALTERAÇÃO Nº 1722 - No artigo 32, fica acrescentado o inciso LXXI com a se-
guinte redação:
"LXXI - aos estabelecimentos industriais, a partir de 1º de janeiro de 2004, em
montante igual ao que resultar da aplicação de percentual de até 75% (setenta
e cinco por cento) sobre o valor do imposto incidente sobre as saídas interesta-
duais de fertilizantes de produção própria, conforme segue:[...]
200
de vícios na origem dos atos de concessão, notadamente a inexistência de Lei específica
para cada benefício fiscal conjugada com a utilização de dispositivo genérico da Lei Geral
do ICMS (art. 58 da L. 8820/89) e possível ausência de apreciação pela Assembleia
Legislativa como ordena o parágrafo único do citado art. 58, deveriam os atos de
prorrogação de benefícios fiscais serem precedidos de Lei específica que abordasse
exclusivamente cada concessão que implicasse renúncia de receita.
Compete ainda mencionar que não ficou expresso, em nenhum momento
e de maneira transparente, qual dispositivo de outro Estado que fora editado com
inobservância de disposições da legislação federal que o Poder Executivo Gaúcho visava
confrontar, nos termos do art. 58 mencionado.
As fundamentações apresentadas nesse tópico foram objeto de pontos de
esclarecimentos no âmbito do Exame das Contas do ano de 2019, tendo sido deliberado
pelo Pleno do Tribunal de Contas no sentido de não imputar as falhas ao Chefe do
Executivo, pois este cumpre com o disposto na Legislação Estadual, notadamente a Lei nº
8820/89. Entretanto foi recomendado que o Poder Legislativo do Estado do Rio Grande
do Sul se manifestasse acerca dos Convênios ICMS celebrados a fim de ratificá-los ou não
por meio da edição de Decreto-Legislativo, por exemplo, evitando cercear o debate pleno
na Casa do Povo ao se permitir a aceitação dos termos conveniais a partir do decurso dos
prazos previstos na Lei Complementar nº 24/75 e reproduzidos na Lei Estadual nº
8820/89.
Por essa razão alguns dos pontos de esclarecimentos advindos das
sustentações desse tópico deixam de ser reapresentados no âmbito deste Relatório
Técnico, que examina a Prestação de Contas do Governador do Estado para o exercício de
2020.
201
Isenção - Arts. 9º e 10 - Resumo dos Incisos mais representativos
2019 – Valores das Operações (não são valores desonerados)
Menção expres-
Decreto Legisla-
Condicionantes
sa no art. 55 da
Lei Específica
Classificação
Autorizativo
(RS bilhões)
Convênio
Convênio
Lei 8820.
Objeto
Confaz
Inciso
Valor
tivo
1 VIII Insumos agropecuários 45,0 X X X
2 IX Prod. Alimentação Animal 13,8 X X X
3 XII Vasilhames 8,2 X
4 XIX Hortifruti 7,4 X X X
5 IX (10) Transporte carga 6,5 X X X
6 XIII Retorno Vasilhames 3,4
7 XCVIII Equip. Serviços Saúde 2,6 X X
8 XXV Zona Franca de Manaus 1,7 X
9 XIV Botijões vazios 1,7
10 CXXIV Maçãs e Peras 1,3 X
Soma: 91,9 bilhões de um total de 103,9 bilhões
VIII: Primeiro Decreto 37.699, Primeira Alteração Dec. 38.008/97, Red. Atual Dec. 55.651/20; Conv. 100/97:
IX: Primeiro Decreto 37.699, Primeira Alteração Dec. 38.008/97, Red. Atual Dec. 54.651/20; Conv. 100/97.
XII: Primeiro Decreto e Redação Atual Dec. 37.699. (“Operacional”)
XIX: Primeiro Decreto e Redação Atual Dec. 37.699. Lei 8820/89 art. 55; Conv. 44/75 e alt.
IX (10º): Primeiro Dec. 43.532/04, Red. Atual Dec. 55.651/20; Conv. 04/04 - Obs.: Interestadual não coberto Conv.
XIII: Primeiro Decreto e Redação Atual Dec. 37.699. (“Operacional”)
XCVIII: Primeiro Decreto 39.436/99, Redação Atual Dec. 55.651/20: Conv. 01/99, Dec. Leg. 10.211/99
XXV: Primeiro Decreto 37.699, Red. Atual Dec. 51.378/14; Conv. 65/88:
XIV: Primeiro Decreto e Redação Atual Dec. 37.699. (“Operacional”)
CXXIV: Primeiro Decreto 44.096/05, Primeira Alteração Dec. 52.392/15, Red. Atual 52.545/15. Conv. 94/05.
202
ICMS) e XCVIII (decreto legislativo). Em relação aos demais não foi possível identificar se
foram ou não submetidos à apreciação legislativa.
Em relação disposto no Art. 155, §2º, XII, “g” do mesmo diploma, os sete
incisos de isenções efetivas possuíam convênio.
Destaca-se, adicionalmente, que quatro dos incisos com maiores valores de
fruição de redução de base de cálculo em 2020 possuem exigências (“condicionantes”)
nas regras para apropriação cuja validação da correta utilização pelas empresas é de
difícil verificação unicamente com base nos Documentos Fiscais Eletrônicos ou Guias de
Informação e Apuração do ICMS (GIA). Como exemplo, cita-se o Inciso VIII, isenção
destinada a insumos agropecuários. Esta Isenção exige que os insumos produzidos para
uso na agricultura e na pecuária não tenham destinação diversa deste uso e, em certos
casos, que as indústrias fabricantes tenham o devido registro no Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento e o número desse registro seja indicado no
documento fiscal, quando exigido pelo referido Ministério.
Redução de Base de Cálculo Arts. 23º e 24º- Resumo dos Incisos mais representativos
2019 – Valores das Operações (não são valores desonerados)
Menção expressa
Condicionantes
Lei Específica
Lie 8820/898
Autorizativo
(RS Bilhões)
Legislativo
Convênio
Convênio
Decreto
Classif.
Objeto
Obs. 1
Inciso
Valor
203
identificados como facultativos perfazem R$ 22,2 bilhões, e os identificados como
obrigatórios R$ 16,3 bilhões.
Assim, no estrato analisado, considerando-se as reduções de base de
cálculo, o Estado do RS tem, teoricamente, como administrar 57,8% do total (22,2/39,5).
Procedeu-se à busca por decretos legislativos no site da Assembleia
Legislativa do Estado, identificando-se, apenas, o correspondente aos Incisos XIV, XXI e
XIII. A cesta básica, por sua vez, possui menção expressa na Lei do ICMS. Dessa forma, foi
possível verificar que 4 Incisos atendem ao disposto no Art. 150, §6º da CF (um por
menção expressa em lei e 3 por decreto legislativo). Em relação aos demais não foi
possível identificar se foram ou não submetidos à apreciação legislativa.
Em relação ao disposto no Art. 155, §2º, XII, “g”, dos 10 incisos mais
representativos, nove fundamentam-se em convênios do Confaz (sete “autorizativos”,
dois “obrigatórios”) e um Inciso foi objeto da convalidação quanto à ausência de
convênio.
Neste último caso, a redução de base de cálculo do arroz beneficiado foi
introduzida com base no art. 58 da lei do ICMS, ou seja, “sempre que outro Estado ou o
Distrito Federal conceder benefício fiscal ou financeiro que resulte em redução ou
eliminação, direta ou indiretamente, de ônus tributário relativo ao ICMS, com
inobservância de disposições da legislação federal que regula a celebração de acordos
exigidos para tal fim, o Poder Executivo poderá adotar as medidas necessárias à proteção
da economia do Estado, podendo, inclusive, conceder benefício semelhante.”.
Destaca-se, adicionalmente, que seis dos incisos com maiores valores de
fruição de redução de base de cálculo em 2020 possuem exigências (“condicionantes”)
nas regras para apropriação cuja validação da correta utilização pelas empresas é de
difícil verificação unicamente com base nos Documentos Fiscais Eletrônicos ou Guias de
Informação e Apuração do ICMS (GIA).
Conforme se verá na sequência o instituto do crédito presumido foi o que
menos se aproximou do binômio tido como procedimento formal ideal quando o assunto
é concessão de desoneração fiscal no âmbito do ICMS: i- convênio CONFAZ (CF, art. 155, §
2º, XII, “g”); ii- Lei instituidora do benefício fiscal (CF, art. 150, § 6º).
Essa modalidade de desoneração fiscal é também o principal instrumento
utilizado na denominada “guerra fiscal” entre os estados-membros, podendo residir
nesse contexto uma deficiência, ou mesmo ausência, dos ritos legais imprescindíveis para
a entrada em vigor de quaisquer desonerações que culminem na redução do ICMS a ser
recolhido pelos contribuintes.
As hipóteses constantes em vinte e cinco incisos do art. 32 do Livro I do
Regulamento do ICMS do Estado do Rio Grande do Sul analisadas são aquelas cujos
valores de fruição estão entre os maiores no ano de 2020.
Os dezoito (18) incisos, entre os vinte (20) com os valores mais
representativos de crédito presumido, somaram, em 2020, o montante de fruição de R$
2,54 bilhões representando 67,1% do total apropriado no aludido instituto (R$ 3,78
bilhões). Os dois dispositivos que deixam de ser identificados bem como de ter suas
fruições expostas demandam proteção das informações em virtude do sigilo fiscal.
204
Destaca-se, adicionalmente, que entre os dezoito dispositivos analisados
entre aqueles com maiores valores de fruição de crédito presumido em 2020 dez deles
contam com requisitos nas regras para apropriação cuja validação da correta utilização
pelas empresas não pode ser realizada unicamente com base nos Documentos Fiscais
Eletrônicos ou Guias de Informação e Apuração do ICMS (GIA).
Tal fato aumenta o custo de fiscalização por parte do Estado, bem como
eleva o risco de apropriação incorreta pelas empresas, o que pode culminar na elisão de
recursos aos cofres do Estado.
A causa para essa possível ocorrência está centralizada, sobretudo, na
complexidade dos regramentos adotados, o que causa severa insegurança jurídica para os
atores envolvidos no processo: Estado e contribuintes.
L.8820/89
Específica
Possui Lei
Convênio
Controle
Art. 58 –
CONVAZ
8820/89
190/17*
Milhões
CP - R$-
Objeto
Na Lei
Inciso
Conv.
**
.
205
Com base na tabela acima e no discorrido ao longo desta análise de
conformidade, identifica-se que podem ser consideradas como regulares no que diz
respeito aos requisitos formais para concessão dos benefícios apenas as concessões dos
incisos LXXIV (Fundopem), XXXV (Indústria de linguiças, mortadelas e salsichas) e CLXXVIII
(Leite UHT); uma vez que os itens mencionados foram objeto de edição de Lei, o que
atende a CF, art. 150, §6º assim como tiveram a ausência de Convênio ICMS no Confaz
elidida em decorrência da LC nº 160/17, Conv. ICMS nº 190/17 e Lei Estadual nº
15424/19. As fruições nos referidos incisos atingiram, somadas, o montante de R$ 255,15
milhões, em 2020. Isso representa 6,7% dos valores apropriados a título de crédito
presumido no citado exercício.
Sorte diversa tiveram os demais quinze (15) incisos analisados, que não
contaram com edição de lei específica para sua concessão. O Poder Executivo do Estado
se valeu, ora de dispositivo genérico da Lei Geral do ICMS (art. 58, L. 8820/89), ora de
simples decreto sem a menção a qualquer lei ou convênio que os fundamentasse. As
fruições de crédito presumido nos referidos incisos atingiram, somadas, o montante de
R$ 2,53 bilhão, em 2020. Esse valor dá conta de 60,3% das apropriações advindas do
instituto do crédito presumido.
Edição de lei específica e celebração de convênio entre Estados e DF são
fundamentais do ponto de vista jurídico-formal, mas também não se pode olvidar a
relevância da necessidade de que o texto utilizado nas leis e normas atinentes aos
benefícios fiscais concedidos adotarem redações claras para melhor compreensão e
aplicação, e sejam dotadas de diretrizes que facilitem o processo de fiscalização.
Numa análise comparativa entre os institutos da Isenção, Redução de Base
de Cálculo e Crédito Presumido é possível verificar que este último conteve uma maior
prevalência de concessões contendo irregularidades em relação às disposições
constitucionais e legais afetas ao tema.
Verifica-se, também, que os três institutos, em diversas hipóteses do
RICMS adota regramentos contendo diversas condicionantes para a apropriação dos
benefícios fiscais derivadas de exigências que não são simplesmente detectadas nos
dados dos documentos fiscais eletrônicos ou obrigações acessórias enviadas – como a GIA
-, o que torna complexo e possivelmente mais custoso o controle das fruições ao Fisco
Estadual.
206
I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na esti-
mativa de receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não afetará
as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes or-
çamentárias;
II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado
no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da elevação de alíquo-
tas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contri-
buição.
§ 1o A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido,
concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modifica-
ção de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou con-
tribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado.
§ 2o Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou benefício de que trata
o caput deste artigo decorrer da condição contida no inciso II, o benefício só en-
trará em vigor quando implementadas as medidas referidas no mencionado in-
ciso.
207
Exemplo 2:
Exemplo 3:
3.2.2 – IPVA
O IPVA é imposto estadual incidente sobre a propriedade de veículos
automotores. Do total arrecadado, além dos valores deduzidos ao FUNDEB, cinquenta por
cento são remetidos aos municípios do Estado onde ocorrera o emplacamento.
O valor bruto arrecadado de R$ 3,22 bilhões foi objeto de dedução ao
FUNDEB (R$ 321,9 milhões) e Transferência aos Municípios (R$ 1,61 bilhão), de modo que
o ingresso líquido de R$ 1,28 bilhão representou 39,90% do que foi pago pelos
contribuintes. É possível identificar que esse imposto tem grande parcela repassada aos
cofres dos Municípios do Estado. Neste capítulo, no item relativo às deduções de
impostos, serão identificados os municípios que receberam as maiores fatias do IPVA
arrecadado.
O IPVA conta com uma série de previsões legais de desoneração do
imposto devido que abrangem desde a isenção total até a redução de parte dos valores
devidos. A próxima tabela evidencia os valores desonerados do IPVA conforme o
dispositivo legal que fundamenta as renúncias fiscais respectivas.
Os valores a serem apresentados dizem respeito ao exercício de 2019, pois
até a finalização deste relatório não teria ocorrido o fechamento das informações por
parte da Receita Estadual.
As desonerações no âmbito do IPVA estão divididas nas próximas tabelas
em dois grandes grupos: as imunidades e as isenções. Além delas, há as previsões de
descontos da Lei do Bom Motorista (L. 11.400/99) que atingiram, em 2019, R$ 109,7
208
milhões, os relativos ao “Bom Cidadão” (L. 14.020/12) cuja desoneração chegou a R$ 20,8
milhões, além da dedução pela antecipação do pagamento com cifras de R$ 24,9 milhões,
ambos se referindo igualmente a 2019.
Perda total por furto, roubo, sinistro ou outro motivo (§ 1º) 46.072,0 78.586
209
ISENÇÕES IPVA – 2019
Em R$ Milhares (nominais)
Estimativa
ISENÇÕES (L. 8115/85, art. 4º) Veículos Desonerados
Desoneração
Fonte: Ofício do Gabinete da Receita Estadual nº 34/2021.
Classificação dos Incisos: Equipe SAIPAG conforme redação do RICMS. Cálculos: Equipe SAIPAG
3.2.3 – ITCD
O ITCD é imposto estadual incidente sobre as transmissões causa mortis de
bens e direitos, e sobre as doações. Do valor bruto arrecadado de R$ 759,8 milhões,
patamar superior em 9,20% em comparação a 2019, houve dedução ao FUNDEB (R$
152,0 milhões), perfazendo um ingresso líquido de R$ 607,8 milhões, estes 9,18%
superiores aos valores alcançados no exercício anterior a 2020.
A próxima tabela identifica as desonerações ao ITCD devido junto da
respectiva fundamentação legal decorrentes das imunidades, sendo a maior delas
referente aos Entes (União, Estados e Municípios). Os dados, a exemplo do IPVA, referem-
se a 2019.
210
ISENÇÕES ITCD - 2019
Em R$ Milhares (nominais)
Estimativa Base Legal
ISENÇÕES
Desoneração (L. 8821/89)
EXTINÇÃO DE USUFRUTO INSTITUÍDO PELO NU-
1.024,0 Art. 7º, II
PROPRIETÁRIO
DOAÇÃO À UNIÃO, AO ESTADO DO RS E SEUS MUNICÍPIOS 8.258,8 Art. 7º, III
3.2.4 – IRRF
O IRRF é imposto de competência da União incidente sobre a renda e
proventos de qualquer natureza. Ele consta entre os impostos arrecadados pelo Estado
em virtude do disposto no art. 157, I da Carta Magna.
211
Após reter os valores do IRRF sobre esses pagamentos, em vez de remetê-los à União, o
Estado os arrecada na forma de receita tributária em cumprimento ao mencionado inciso
I do art. 157 da CF.
O valor arrecadado a título de IRRF alcançou o montante de R$ 3,28
bilhões, em 2020, patamar inferior em 1,49% aos ingressos do ano de 2019, entretanto
27,94% superiores, quando comparados com 2016.
A próxima tabela distribui os valores retidos e arrecadados de IRRF
conforme a natureza da operação que lhe serviu de fato gerador, tornando possível
identificar que as quantias mais substantivas dessa fonte de receitas advêm dos
rendimentos do trabalho.
3.2.5 – Taxas
As taxas pertencem ao grupo das receitas tributárias e têm como fato
gerador a prestação efetiva ou potencial de serviço público específico e divisível pelo
Estado, podendo ser didaticamente divididas em taxas de serviço e de polícia, esta última
relacionada ao exercício do poder de polícia pelo Estado, como em casos de fiscalizações.
Uma particularidade em relação às Taxas é o fato de outros Poderes, além
do Executivo, auferirem volumes significativos dessa receita, como é o caso do Poder
Judiciário em relação aos emolumentos e custas judiciais, por exemplo. A próxima tabela
demonstra o comportamento da arrecadação de taxas no período de 2016 a 2020, com a
devida discriminação da natureza da taxa recebida.
212
As Taxas de Serviços, com um extenso rol de rubricas, são as mais
representativas em termos de valores arrecadados, tendo alcançado o patamar de R$
1,56 bilhão, em 2020, embora esse valor represente uma queda de 6,5% em relação ao
ingresso de 2019.
Na sequência aparecem as taxas relacionadas aos emolumentos e custas
judiciais com cifras na casa dos R$ 223,08 milhões, apesar da redução de 22,1% frente aos
valores do exercício anterior. Por fim, aparecem as taxas e emolumentos extrajudiciais e
as relacionadas às atividades de inspeção, controle e fiscalização, com montantes de R$
1,22 milhão e R$ 22,62 milhões, respectivamente.
Por derradeiro cita-se que, entre as taxas de serviço, aquelas relacionadas
ao Fundovinos, Fundomate, Fundoleite e Fundovit contam com benefício fiscal de crédito
presumido, que permite às empresas o ressarcimento total ou parcial dos valores pagos a
título de taxa. Esse expediente distorce as finalidades propugnadas para o uso do recurso
auferido mediante taxas e vincula indiretamente as despesas executadas ao ICMS, pois
dele são abatidos os valores fruídos via crédito presumido, situação vedada pela CF, art.
167, IV. Essa questão foi abordada neste capítulo no tópico relativo às desonerações
fiscais no âmbito do ICMS.
213
Logo a importância da aplicação da legislação tributária está vinculada à
sua aplicação imparcial e íntegra, com o atendimento aos princípios constitucionais de
administração pública, da impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, e, tendo
presente, a observação às diretrizes previstas na Cara Magna para mitigar e regular o
poder de tributar do Estado, na sua concepção mais abrangente.
Nessa linha, o artigo 11 da LRF dispõe que constituem requisitos essenciais
da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos
os tributos da competência constitucional do ente da Federação.
O ano de 2020 foi dotado de particularidades em função da pandemia da
Covid-19 que aumentou a gama de desafios à Administração Tributária para atingir de
forma simultânea um nível adequado de arrecadação frente à alta na demanda por
serviços públicos, sobretudo na área da Saúde, mas sem inviabilizar financeiramente os
setores econômicos envolvidos.
Com referência aos dados apresentados, em comparação com 2019, em
valores nominais, os resultados obtidos pela Receita Estadual no ano de 2020 registram
incremento na arrecadação de ICMS tributário na ordem de 3,66%. Entretanto, na análise
dos valores reais ou inflacionados, constata-se a uma menor elevação, de 0,44%.
Considerando o contexto de Pandemia, a elevação, ainda que abaixo um por cento frente
aos valores corrigidos do exercício anterior ilustram a efetividade nas ações fiscalizatórias
da Administração Tributária. Em relação ao ICMS a qualquer título houve redução real de
3,51%, número influenciado pelo contexto econômico decorrente do cenário pandêmico.
O ano de 2020 não foi o de maior valor nominal de ICMS arrecadado.
Todavia, no período 2010-2020, constata-se aumento real de 17,68%.
214
EVOLUÇÃO DO ICMS - PERÍODO DE 2010 A 2020
Bilhões
40 25,00%
35
20,00%
30
25 15,00%
20
10,00%
15
10
5,00%
5
0 0,00%
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
215
3.2.6.1 – Da Atuação Fiscalizatória
Em 2019, a Receita Estadual lançou um conjunto de 30 medidas para a
modernização da administração tributária do Rio Grande do. As iniciativas, denominadas
“Receita 2030: Rumo à Receita Digital”, fazem parte do processo de recuperação fiscal e
de promoção do desenvolvimento. As ações buscam qualificar o relacionamento do
Estado com os contribuintes, simplificar as obrigações acessórias, incrementar a eficiência
da arrecadação e da fiscalização, racionalizar o uso de recursos e reduzir o custeio da
administração tributária.
A intensificação do uso de Tecnologia da Informação deve ser entendida
como uma ferramenta que teve um desenvolvimento expressivo a partir da
universalização da obrigatoriedade dos contribuintes emitirem Nota Fiscal Eletrônica (NF-
e) e apresentarem suas declarações tributárias na forma de Escrituração Fiscal Digital
(EFD), tanto para as Administrações Tributárias Municipais e Estaduais como Nacional,
conforme suas competências constitucionais. A entrega de arquivos eletrônicos
possibilitou que as Administrações Tributárias construíssem seus bancos de dados e
pudessem trocar informações entre si. No caso do Rio Grande do Sul, a partir da aquisição
de solução de grande capacidade de processamento de dados – Big Data, a análise e o
cruzamento de dados passaram a ser realizadas em frações de segundos.
Diferentemente dos bancos de dados tradicionais, as soluções de Big Data
possuem arquitetura tecnológica otimizada para processamento, em paralelo, de grandes
volumes de informações, diminuindo significativamente os tempos de resposta. Dessa
forma, a utilização desse sistema passou a possibilitar a avaliação de “padrões de
comportamento” irregulares de empresas, viabilizando a identificação de fraudes fiscais
de maneira precoce.
Nas atuais malhas fiscais sistêmicas em operação na Fazenda, estão
lançadas bilhões de informações. As NF-e (Notas Fiscais Eletrônicas) fornecem quase 10
bilhões de registros, as EFD (Escrita Fiscal Digital) outros 26 bilhões de registros, e, para o
mesmo fim, ainda são passíveis de análise cinco bilhões de informações obtidas a partir
das transações com cartão de crédito e débito de contribuintes cadastrados na Receita
Estadual e cinco outros bilhões disponibilizados a partir de dados de consumo de energia
elétrica e telecomunicações, que são repassadas pelas concessionárias do setor.
Quanto à fiscalização no trânsito de mercadorias, o Posto Fiscal Virtual -
PFV representa uma das novas formas de atuar da Administração Tributária Gaúcha que
merece ser ressaltada, sendo que o contínuo aperfeiçoamento no modo de operar das
células de Torres e Erechim tem repercutido em uma nova concepção para os processos
de Fiscalização das Operações no Trânsito de Mercadorias, e, nesse sentido,
proporcionando maior efetividade.
Dentre as atuações fiscalizatória exercidas pela Secretaria da Fazenda,
ressaltam-se as promovidas pelos Grupos e o Núcleos Setoriais de Administração
Tributária - GSAT/NSAT, uma vez que suas atribuições estão direcionadas para o controle
dos contribuintes e dos setores responsáveis pelas parcelas mais relevantes da
arrecadação do ICMS.
Entre as formas de atuação no acompanhamento de contribuintes, merece
menção a implementação do Regime Especial de Fiscalização - REF, procedimento
iniciado com a Lei nº 13.711/2011 com o objetivo de instaurar um tratamento
216
diferenciado para os contribuintes identificados como devedores contumazes, isto é,
aqueles com reiteradas e sistemáticas inadimplências (não recolhimento) dos ICMS
declarados e já vencidos.
Assim, o REF consiste num rol de empresas que deixaram de recolher aos
cofres estaduais o imposto destacado nas notas fiscais e suportado por seus clientes, ao
qual, por estar acessível à consulta de qualquer cidadão, confere transparência nas
relações dos contribuintes com o Estado em nome do interesse público. A lista destas
empresas que são controlados mais a miúde é divulgada no site da Secretaria da Fazenda,
contendo a data de atualização das informações e o Ato Declaratório correspondente a
sua inclusão no Regime.
As empresas enquadradas na categoria de “devedores contumazes”
possuem, no mínimo, 08 (oito) meses de inadimplência nos últimos 12 (doze) meses. A
partir da constatação da inadimplência continuada, a Secretaria da Fazenda formaliza a
notificação via processo administrativo e, em sequência, a correspondente inclusão no
REF. Por importante, ressalta-se que não são considerados os débitos com exigibilidade
suspensa ou parcelados.
A inclusão da empresa no Regime Especial de Fiscalização - REF, além de
determinar sua inserção na lista retro citada, com a respectiva divulgação no “site” da
SEFAZ, também impõe restrições aos contribuintes:
217
Outro ponto a destacar no âmbito da atuação fiscalizatória concerne à
melhoria na qualidade das informações prestadas acerca dos incentivos fiscais fruídos
pelos contribuintes do Estado do Rio Grande do Sul a partir do trabalho desenvolvido no
Monitoramento das Desonerações Fiscais. Foi identificado em sede de Auditoria por esta
Corte de Contas que muitas das inconsistências de informações detectadas em 2019 não
mais constaram nos dados de 2020.
Ainda sobre o tema das Desonerações Fiscais, a Administração Tributária
ampliou o rol de informações, bem como o respectivo detalhamento, no âmbito do
Demonstrativo de Desonerações Fiscais, o que reforça também o compromisso com a
transparência.
LEGISLAÇÕES
PROGRAMA DECRETO DATA
AJUSTAR Nº 47.301 18/06/2010
AJUSTAR 2011 Nº 48.493 31/10/2011
EM DIA 2012 Nº 49.714 18/10/2012
EM DIA 2013 Nº 50.785 28/10/2013
EM DIA 2014 Nº 52.091 27/11/2014
REFAZ 2015 Nº 52.532 01/09/2015
REFAZ 2017 Nº 53.417 30/01/2017
REFAZ Cooperativas 2018 Nº 53.947 02/03/2018
COMPENSA RS Nº 53.974 22/03/2018
REFAZ 2018 Nº 54.346 22/11/2018
REFAZ 2019 Nº 54.853 05/11/2019
Fonte SEFAZ/SGC/DTIF
218
moratórias e seus respectivos acréscimos legais devidos até a data de ingresso do
contribuinte no Programa, nos termos deste Decreto.
Os resultados obtidos com o REFAZ 2019 foram os seguintes, no exercício
em análise:
3.6.2.3 – COMPENSA RS
O COMPENSA RS é um programa, instituído pela Lei nº 15.038/2017 e
regulamentado pelo decreto nº 53.974/2018, que possibilita a compensação de débitos
inscritos em dívida ativa de natureza tributária ou de outra natureza, ajuizados ou não,
com precatórios vencidos do Estado do Rio Grande do Sul, suas autarquias ou fundações,
próprios ou de terceiros, inscritos até o dia 25 de março de 2015. Por meio do encontro
de contas entre os valores devidos (dívida ativa) e os valores que lhe são devidos
(precatórios), a iniciativa viabiliza que os contribuintes e empresas regularizem suas
situações, bem como o ingresso de recursos nos cofres públicos e a redução do estoque
de precatórios, vencidos do Estado, que precisava zerar, por determinação constitucional,
até o ano de 2024. Em 2021, por meio da chamada PEC Emergencial, foi promulgada a EC
nº 109/2021 que modificou o disposto no art. 101 da CF e estendeu o prazo para os Entes
quitarem seus precatórios até dezembro de 2029.
Em relação ao COMPENSA RS, o débito inscrito em dívida ativa pode ser
compensado em até 85% do seu valor atualizado, com o restante pago aos cofres
públicos (10% em dinheiro, em até três parcelas, e os 5% restantes podendo ser
parcelados em até 60 vezes).
Em 2018, o programa havia arrecadado R$ 171,5 milhões (R$ 137,5 milhões
financeiros e R$ 34,4 milhões compensados com precatórios). Ao total, as solicitações
representaram R$ 1,00 bilhão para baixa de dívida ativa, com valores que ainda estavam
pendentes da conciliação contábil.
No ano de 2019 a arrecadação foi de R$ 810,6 milhões (R$ 15,6 milhões
financeiros e R$ 795,0 milhões compensados com precatórios). Agora, em 2020, foram
auferidos R$ 211,9 milhões (R$ 36,5 milhões financeiros e R$ 175,4 milhões compensados
com precatórios).
A diminuição dos ingressos efetivos em caixa contrastando com o aumento
de compensações de precatórios é reflexo das pendencias contábeis que ainda existiam
219
em 2018. Ao total, o programa proporcionou o ingresso de R$ 189,6 milhões no caixa do
Estado e R$ 1,0 bilhão foi compensado.
220
base de incidência em relação a servidores inativos e a pensionistas, que até então
somente descontavam em favor da previdência estadual sobre os vencimentos acima do
teto do RGPS e passaram a contribuir com os proventos acima do salário mínimo.
A alíquota de contribuição previdenciária dos servidores passou de 11%
para 13,25%, a contar de abril de 2013, motivando o incremento na arrecadação dessas
receitas no ano seguinte. Em abril de 2017, a alíquota chegou a 14%, explicando o
aumento no montante das contribuições nos dois últimos exercícios. Vale ressaltar que a
partir de 19 de agosto de 2016, os servidores estaduais ingressantes na administração
pública são abarcados pela previdência complementar do Estado, instituída a partir da Lei
Complementar nº 14.750/2015, limitando as contribuições (e consequentemente as
aposentadorias) ao teto do INSS.
Em dezembro de 2019, foi aprovado o Projeto de Lei Complementar nº
503/2019, transformado na LC nº 15.429/2019, mudando as alíquotas previdenciárias no
Estado a partir de uma tabela progressiva de desconto. A mudança passou a vigorar após
o prazo de noventa dias (abril/2020). Exame mais detalhado do RPPS é apresentado no
capítulo 8 sobre a Gestão Previdenciária.
Diante da nova tabela de alíquotas de contribuições previdenciárias houve
um incremento nessa receita de 35,3% frente a 2019. Essa receita é fonte de recursos
para o pagamento de benefícios previdenciários. Embora, como será visto no capítulo 8
que aborda o tema da Previdência, o montante que ingressa a título da referida
contribuição é insuficiente para fazer frente ao pagamento das aposentadorias e pensões,
razão pela qual existe o denominado aporte para a cobertura de déficit financeiro no
RPPS. Todavia, destaca-se a queda de 4,5% em seus valores comparativamente a 2019,
embora frente a 2016 tenha havido aumento na ordem de 25,1%. As novas alíquotas de
desconto de contribuições previdenciárias e a reestruturação do Fundoprev Civil foram os
principais fatores ocorridos em 2020 de modo a repercutir nesses números.
No ano de 2020, por meio da Lei Complementar nº 15.511/2020, foi
instituído o Benefício Especial como incentivo à migração de regime de servidores
públicos. Caso concretizadas as migrações, a tendência seria de redução da receita de
contribuições, pois os valores passariam a incidir sob uma base de cálculo e alíquotas
efetivas menores. Nessa mesma lei complementar procedeu-se à reestruturação do
fundo previdenciário civil, que teve como consequência uma redução da utilização de
outras receitas para pagamento de benefícios previdenciários. Todas essas análises são
aprofundadas no capítulo 8 deste relatório que versa sobre a Gestão Previdenciária.
221
RECEITAS PATRIMONIAIS - 2016/2020
Em R$ milhões (inflacionados)
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO Δ% Δ% Δ% Δ% Δ%
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
Remuneração dos Recursos do RPPS (**) 106,0 131,2 23,7 136,8 4,2 357,0 161,0 181,0 -49,3 70,7
Dividendos e Juros Capital Próprio – Banrisul 177,4 185,0 4,3 285,9 54,6 283,4 -0,9 107,1 -62,2 -39,6
Remuneração de Depósitos Bancários 191,0 146,9 -23,1 100,5 -31,6 105,4 4,9 59,6 -43,5 -68,8
Exploração do Patrimônio Imobiliário e
81,0 84,8 4,7 87,9 3,7 83,8 -4,6 81,8 -2,4 1,0
Intangível
Dividendos e Juros Capital Próprio - Corsan 68,8 57,4 -16,5 163,1 184,3 52,5 -67,8 38,0 -27,6 -44,7
Dividendos e Juros Capital Próprio - Sulgás 21,4 82,3 284,1 38,9 -52,8 34,7 -10,6 21,7 -37,6 1,3
Concessão de Serviços Públicos 9,6 10,4 8,9 10,7 2,9 10,3 -3,9 2,1 -79,4 -77,8
-
Cessão Folha Salarial de Servidores 1.470,4 59,1 -96,0 1,3 -97,7 1,0 -25,5 0,00 -100,0
100,0
Dividendos e Juros Capital Próprio - Demais
15,5 3,7 -75,9 0,9 -76,9 0,3 -70,6 0,05 -81,4 -99,7
empresas
Demais Receitas Patrimoniais 56,0 35,8 -36,0 20,9 -41,7 26,3 25,8 6,4 -75,7 -88,6
Total Receitas Patrimoniais 2.197,1 796,7 -63,7 846,9 6,3 954,7 12,7 497,7 -47,9 -77,3
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados IPCA/IBGE – Médio.
(**) Investimentos do Fundoprev Civil e Militar, deduzidos os rendimentos negativos, classificados no código 900000000000 - Deduções Receita Corrente.
222
elevação de 29,6% em relação aos valores corrigidos do exercício anterior. As reduções
nos valores das transferências correntes eram recorrentes até 2019. Entretanto, em
virtude dos valores enviados para combate à Pandemia da covid-19, seja diretamente
para aplicação em saúde ou para compensar perdas de arrecadação, inverteu-se essa
tendência de quedas, passando a ocorrer elevação de 23,1% também na comparação de
2020 com o ano de 2016.
As Transferências de Capital, com R$ 197,5 milhões, tiveram expressiva
elevação de 344,7% em relação a 2019, números igualmente influenciados por remessas
de valores no âmbito do combate à pandemia, como para a Saúde (R$ 47,4 milhões) e
Saneamento Básico (R$ 33,8 milhões). Também são destaque os repasses do Fundo
Nacional de Segurança Pública (R$ 42,8 milhões).
223
redistribuição (entre o Estado e seus municípios) calculada pelo número de matrículas em
escolas da rede pública, matéria abordada no Capítulo 5 - Vinculações Constitucionais.
As Transferências para a Saúde atingiram o montante de R$ 1,80 bilhão,
somados os R$ 977,0 milhões (aumento real de 16,3% frente a 2019) que agregam as
transferências para Atenção Básica, Atenção Média e Alta Complexidade Ambulatorial e
Hospitalar, Vigilância em Saúde, Assistência Farmacêutica e Gestão do SUS, com os R$
558,7 milhões transferidos pelo Governo Federal para combate à Covid-19, além de R$
261,6 milhões enviados em decorrência da Lei Complementar nº 173/2020 para aplicação
em saúde e assistência social.
Sobre a LC nº 173/2020, cumpre destacar que esta se encarregou do
chamado pacote de auxílio financeiro aos Estados, e enviou outros recursos sem uma
destinação especificada com o propósito de compensar eventuais perdas de arrecadação
em função do cenário de pandemia enfrentado. O subitem 3.5.1 trata de analisar os
valores remetidos a título dessas transferências.
Outra Lei Complementar Federal com impacto nos valores de ingresso de
transferências foi a LC nº 176/2020 que tratou do tema da compensação das perdas
decorrentes da Lei Kandir pelos Estados exportadores. Foram abordados no tópico 3.2.1.4
- Perdas e compensações da Lei Kandir os valores e períodos acordados para esses
repasses, que transcorrerão até 2037. Em 2020, o ingresso foi de R$ 276,0 milhões. Em
virtude da promulgação da citada lei complementar a Receita Estadual deixou de estimar
as perdas de arrecadação por conta das desonerações da LC nº 87/96 (Lei Kandir).
Ainda na esteira do contexto de pandemia, destacam-se os valores de
transferência recebidos em virtude da Lei Aldir Blanc (L. 14017/20) para aplicação no
setor da Cultura, no montante de R$ 74,1 milhões.
A Administração Federal, a partir de 1995, deu prioridade para a criação
e/ou aumento de contribuições sociais, as quais são exclusivas da União, em detrimento
dos impostos compartilhados com os Estados. Nos últimos anos, a evolução, em relação
ao PIB, dos tributos arrecadados pela União, demonstra a situação de desequilíbrio
federativo, com o aumento de 12,58% dos tributos partilhados com os Estados (IPI, IR e
CIDE) e o aumento que era de 37,50% dos não partilhados (COFINS, PIS/PASEP, CPMF, IOF
e CSLL), em 2019, teve queda no acumulado para 18,06% no ano de 202023.
23
Dados obtidos no Balanço da Carga Tributária Bruta do Governo Geral (Tesouro Nacional).
224
ARRECADAÇÃO DE TRIBUTOS DA UNIÃO EM RELAÇÃO AO PIB NACIONAL - 1995/2020
Em (%)
TRIBUTOS PARTILHADOS
PIB – BR* TRIBUTOS NÃO PARTILHADOS EM RELAÇÃO AO PIB (%)
EM RELAÇÃO AO PIB (%)
EXERCÍCIO (R$
PIS/
milhões) IPI IRT CIDE** TOTAL COFINS CPMF IOF CSLL CIDE** TOTAL
PASEP
2003 1.717.950 1,15 5,41 0,44 7,00 3,47 1,01 1,34 0,26 0,97 0,44 7,49
2004 1.957.751 1,17 5,25 0,39 6,81 3,91 0,99 1,35 0,27 1,00 7,52
2006 2.409.450 1,17 5,70 0,32 7,19 3,84 1,01 1,33 0,28 1,17 7,63
2007 2.720.263 1,24 5,89 0,29 7,42 3,78 0,99 1,34 0,29 1,27 7,67
2008 3.109.803 1,27 6,17 0,19 7,63 3,88 1,02 0,04 0,65 1,41 7,00
2009 3.333.039 0,92 5,75 0,14 6,81 3,54 0,95 0,01 0,58 1,33 6,41
2010 3.885.847 1,03 5,36 0,20 6,59 3,59 1,04 0,00 0,68 1,18 6,49
2011 4.376.382 1,07 5,71 0,20 6,98 3,61 0,96 0,00 0,73 1,33 6,63
2012 4.814.760 0,95 5,49 0,06 6,50 3,62 0,96 0,00 0,64 1,19 6,41
2013 5.331.619 0,88 5,40 0,00 6,28 3,58 0,94 0,00 0,55 1,18 6,25
2014 5.778.953 0,88 5,27 0,00 6,15 3,37 0,90 0,00 0,52 1,13 5,92
2015 5.995.787 0,82 5,37 0,06 6,25 3,36 0,90 0,00 0,58 1,02 5,86
2016 6.259.228 0,72 5,82 0,09 6,63 3,26 0,87 0,00 0,54 1,08 5,75
2017 6.553.843 0,74 5,48 0,09 6,31 3,34 0,89 0,00 0,53 1,06 5,82
2018 6.827.586 0,80 5,72 0,06 6,58 3,55 0,95 0,00 0,53 1,15 6,18
2019 7.256.926 0,78 6,18 0,04 7,00 3,46 0,84 0,00 0,55 1,09 5,94
2020 7.447.858 0,75 6,02 0,03 6,80 2,94 0,83 0,00 0,29 1,04 5,10
VARIAÇÃO 1995/2020 12,58 18,06
Fonte: sites da FEE-RS, Tesouro Nacional, Banco Central e IBGE.
Cálculos:Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Valores do PIB divulgados pelo IBGE e Banco Central, com nova metodologia de cálculo.
(**) A CIDE passou a ser compartilhada a partir do exercício de 2004, e, em 2013 e 2014, o Estado não recebeu essa receita, pois sua alíquota foi
reduzida a zero.
225
ao Covid-19, os quais são direcionados para conta bancária do Fundo Estadual da Saúde,
no Banco do Brasil, gerando, desta forma, rendimentos por estarem aplicados.
Os recursos federais ingressaram ao longo de 2020, a partir do mês de
abril, em resposta ao agravamento da pandemia, e estenderam-se até o mês de
dezembro, embora os maiores volumes tenham sido repassados entre junho e setembro.
226
REPASSES DE RECURSOS FEDERAIS – 2020
Em R$ milhões nominais
2020 2020
RECEITAS 2019 % %
sem repasses federais Com repasses federais
OUTRAS RECEITAS DE CAPITAL 7,3 0,1 -99,3% 0,1 -99,3%
TOTAL 61.360,6 61.531,1 0,3% 64.503,4 5,1%
Fonte: Sistema Cubos/DW/SEFAZRS
Cálculo: Equipe técnica SAICE/SAIPAG
Obs: Valores brutos, sem considerar as receitas intraorçamentárias.
8.000,0
5.609,3
7.000,0 5.691,4 7.969,4
5.691,4 5.127,1 5.801,6 5.596,7 5.111,0 5.589,2
5.480,0
6.000,0 5.127,1 4.788,3
4.788,3 4.790,1
5.093,2 5.140,1 4.946,4 5.072,9
4.935,7 4.698,6
5.000,0
4.938,2 4.794,3 4.981,6
4.000,0 4.714,4 4.705,7 4.746,8 4.831,6 4.458,6 4.641,9 4.618,5
4.551,8
3.000,0 3.789,1
4.238,6
3.689,0
2.000,0
1.000,0
-
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
227
demonstrando a retomada da economia do Estado. Ao analisar o ano de 2020 com
repasses federais (linha verde), a retomada já ocorre em junho, consequência do ingresso
da primeira parcela dos recursos oriundos da LC nº 173/2020.
228
OPERAÇÕES DE CRÉDITO - 2016/2020
Em R$ milhões (inflacionados)
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO Δ% Δ% Δ% Δ% Δ%
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
POD – BID (Externa) - 102,5 - - -100,0 53,7 - - -100,0 -100,0
PROFISCO – BID (Externa) 14,8 19,5 31,8 21,4 9,8 - -100,0 - - -100,0
Total Operações de Crédito 383,0 616,0 60,8 289,3 -53,0 198,0 -31,6 24,9 -87,4 -93,5
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE .
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.
229
R$ 1,4 bilhão foram relativos a parcelas de contratações já efetuadas em anos anteriores.
O montante aplicado em 2020 foi de R$ 52,9 milhões (utilizados os ingressos no exercício
e anteriores), principalmente com operações do POD (BID).
A análise das Operações de Crédito, segundo os limites definidos na Lei
Complementar nº 101/2000 e na Resolução do Senado Federal nº 43/2001, consta de
item específico, examinado no Capítulo 5 – Gestão Fiscal. Igualmente, são abordadas no
Capítulo 7, no subitem que trata da Dívida em Contratos.
230
A título de ilustração, a legislação do Fundopem prevê a remessa ao FRE de
90% dos valores oriundos das amortizações pagas. Já o Fomentar apenas indica no seu
diploma legal que o Fundo de Reforma do Estado é um dos possíveis destinos dos
recursos.
A tabela a seguir demonstra o comportamento das receitas de alienação de
bens no período de 2016 a 2020. Além dos recebimentos ordinários em virtude dos
pagamentos de amortizações, ocorreram dentro desse intervalo operações cuja
consequência foi a antecipação desses recebimentos, seja na forma de pagamento
antecipado pelas empresas ou mesmo da cessão dos direitos creditórios a outras
instituições.
231
DEMAIS RECEITAS ORÇAMENTÁRIAS - 2016/2020
Em R$ milhões (inflacionados)
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO Δ% Δ% Δ% Δ% Δ%
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
Agropecuária 1,8 1,2 -31,8 1,7 40,9 1,2 -31,7 1,1 -10,8 41,4
Industrial 0,05 0,01 -72,8 0,006 -55,7 0,002 -65,0 0,002 -2,8 -95,9
Serviços 441,7 562,3 27,3 558,7 -0,7 529,5 -5,2 400,6 -24,4 -9,3
Total Demais Receitas 443,6 563,6 27,1 558,7 -0,6 529,5 -5,3 400,6 -24,3 -9,5
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados IPCA/IBGE – Médio.
A principal receita desse grupo foi a de Serviços, com R$ 400,6 milhões que
representaram 99,7% das demais receitas de 2020, houve queda real de 24,4%, em
comparação a 2019. Já as receitas agropecuária e industrial têm pequena participação
nesse grupo, e atingiram somadas valores aproximados de R$ 1,1 milhão.
232
DEDUÇÕES DA RECEITA - 2020
Em Milhões de R$
Multas
Receita Deduzida FUNDEB Municípios Valores Mobiliários
Adm/Contr.
IPVA -321,9 -1.612,8 - -
ITCD -152,0 - - -
ICMS -5.385,7 -8.988,2 - -
ITBI - -1,3 - -
Patrimonial - - -318,4 -
Fundo de Participação dos Estados -427,3 - - -
IPI -77,1 -128,5 - -
CIDE - -9,6 - -
Outras Receitas Correntes - - - -5,0
TOTAL -6.363,9 -10.740,3 -318,4 -5,0
Fonte: Cubos DW – Sefaz RS.
24
Dados extraídos em: https://tesouro.fazenda.rs.gov.br/lista/568/transferencias-aos-municipios.
25
Dados extraídos em: https://tesouro.fazenda.rs.gov.br/lista/568/transferencias-aos-municipios.
233
influenciado pelo valor agregado fiscal. Dessa forma, identifica-se a parte da forte
presença industrial em municípios como Canoas, Caxias do Sul e Gravataí, além da zona
portuária de Rio Grande como possíveis causas para esses municípios se juntarem à
capital Porto Alegre entre as maiores participantes da receita repartida do ICMS devido.
Atualmente, setenta e cinco por cento do valor a repartir com os
municípios é afetado pelo Valor Agregado Fiscal de cada municipalidade. Embora outras
questões também tenham peso na hora de determinar o IPM, tais como: área (7%),
população (7%), número de propriedades rurais (5%), produtividade primária (3,5%),
Inverso do VAF per capita (2%), programa de integração tributária – PIT (0,5%).
Encontra-se em estudo iniciativa que busca rever as variáveis que
impactam na divisão do ICMS a ser repartido entre os municípios, tendo como novidade,
além da redução do impacto do valor agregado fiscal (de 75% para 65%), a entrada de
indicadores ligados à educação com o peso de 20%. Segundo a ideia seria criado um
índice de avaliação de desempenho escolar dos municípios, o IMERS, e o rateio do ICMS
juntaria esse índice ao número de matrículas e de alunos pobres na rede municipal de
ensino fundamental. Essa ideia ainda se encontra na fase de projeto de lei.
234
RECEITA CORRENTE LÍQUIDA – RCL - 2016/2020
Em milhões R$
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO Δ% Δ% Δ% Δ% Δ%
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
1. Receita Corrente 59.478,8 59.204,4 -0,5 62.127,9 4,9 62.064,1 -0,1 62.934,8 1,4 5,8
1.1 Receita Tributária 41.465,4 42.598,7 2,7 44.560,9 4,6 46.883,9 5,2 45.437,7 -3,1 9,6
1.2. Receita de Contribuições 3.587,3 3.504,5 -2,3 3.852,0 9,9 3.828,4 -0,6 4.394,8 14,8 22,5
1.3. Receita Patrimonial 2.215,5 807,6 -63,6 933,4 15,6 597,7 -36,0 316,7 -47,0 -85,7
1.4. Receita Agropecuária 1,8 1,2 -31,8 1,7 40,9 1,2 -31,7 1,1 -10,8 -41,4
1.5. Receita Industrial 0,1 0,0 -72,8 0,0 -55,7 0,0 -65,0 0,0 -2,8 -95,9
1.6. Receita de Serviços 372,4 379,4 1,9 369,3 -2,7 529,5 43,4 400,6 -24,4 7,6
1.7. Transferências Correntes 9.627,4 9.225,7 -4,2 9.251,5 0,3 9.149,9 -1,1 11.812,5 29,1 22,7
1.8. Outras Receitas Correntes 2.208,9 2.687,3 21,7 3.159,0 17,6 1.073,5 -66,0 571,5 -46,8 -74,1
2. Deduções para apuração da RCL 18.618,7 19.037,4 2,2 20.595,3 8,2 19.854,5 -3,6 19.828,3 -0,1 6,5
2.1. ( - ) Transf. Constituc. a
10.242,1 10.351,7 1,1 11.075,3 7,0 10.881,7 -1,7 10.740,3 -1,3 4,9
Municípios
2.2. ( - ) Contrib. Previd. dos
1.893,4 1.784,5 -5,7 2.084,3 16,8 2.066,7 -0,8 2.520,9 22,0 33,1
Servidores
2.3. ( - ) Comp. Fin. entre Reg. Previd. 56,6 65,4 15,5 85,2 30,3 78,6 -7,7 65,0 -17,4 14,9
2.4. ( - ) Contribuição ao FUNDEB 6.148,5 6.204,2 0,9 6.621,2 6,7 6.476,6 -2,2 6.502,0 0,4 5,8
2.5. ( - ) Anulação de Restos a Pagar 172,2 500,5 190,6 592,5 18,4 350,8 -40,8 - -100,0 -100,0
2.6. ( - ) Receita/(perda) Fundoprev 106,0 131,2 23,7 136,8 4,2 - -100,0 - - -100,0
3. Subtotal RCL (1 - 2) 40.860,1 40.167,0 -1,7 41.532,6 3,4 42.209,6 1,6 43.106,6 2,1 5,5
4. ( - ) IRRF
2.427,5 2.834,7 16,8 2.825,7 -0,3 3.076,4 8,9 3.185,3 3,5 31,2
Ativos/Inativos/Pensionista
5. ( + ) Perda FUNDEB (8.4 – 5.2) 1.355,8 1.564,6 15,4 1.734,9 10,9 1.923,8 10,9 2.152,3 11,9 58,7
6. RCL (3 - 4 + 5) – Vlr. Inflacionado 39.788,5 38.896,9 -2,2 40.441,8 4,0 41.057,1 1,5 42.073,5 2,5 5,7
7. RCL – Valor Nominal 34.654,9 35.045,9 1,1 37.773,3 7,8 39.779,4 5,3 42.073,5 5,8 21,4
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.
235
GASTOS PÚBLICOS X COMPROMETIMENTO DA RCL - 2016/2020
Em R$ milhões (inflacionados)*
% % % % %
DISCRIMINAÇÃO 2016* 2017* 2018* 2019* 2020
RCL RCL RCL RCL RCL
2. ( - ) Contrib. Previd. dos
1.893,4 4,8 1.784,5 4,6 2.084,3 5,2 2.066,7 5,0 2.520,9 6,0
Servidores (b)
3. ( - ) IRRF dos Servidores
2.427,5 6,1 2.834,7 7,3 2.825,7 7,0 3.076,4 7,5 3.185,3 7,6
(b)
4. Despesa Total Ajustada
39.422,8 99,1 40.728,9 104,7 44.124,7 109,1 40.096,5 107,4 42.140,2 100,2
(c)
5. RECEITA CORRENTE
39.788,5 38.896,9 40.441,8 41.057,1 42.073,5
LÍQUIDA –RCL
6. Gastos Ajustados
acima/(abaixo)
(365,7) 1.832,0 3.682,9 3.039,4 66,7
da capacidade Erário (4
– 5)
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.
(**) Transferências Constitucionais aos Municípios contabilizadas como dedução da Receita em 2020 e ajustada no total da despesa empenhada de 2016
a 2019.
(a) Excluídas as contribuições ao IPERGS para o custeio de assistência médica e previdência, as quais geram duplicidade na consolidação das despesas e
das receitas totais do Estado.
(b) Retenções da folha de pagamento que geraram receita para o Estado e que são excluídas na apuração da RCL.
236
4 COMPORTAMENTO DAS DESPESAS
Neste capítulo é apresentada uma análise consolidada das despesas
estaduais no exercício de 2020, bem como sua evolução nos últimos anos.
238
EVOLUÇÃO DAS DESPESAS POR PODER - 2016/2020
Em R$ milhões
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO % % % % %
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR %
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos:Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.
(**) Dupla contagem decorrente, especialmente, da contribuição patronal empenhada pelos poderes/órgãos ao IPERGS para o custeio da assistência
médica e previdência. Até 2018 o déficit previdenciário era suportado apenas pelo Executivo. A partir de 2019, os valores passaram a ser rateados
entre todos os poderes.
239
DESPESAS POR FUNÇÃO - 2020
Em R$ milhões (nominais)
Intraorçamentária*
% Emp/ Desp.Empenhada
Dotação Dotação (Modalid.de % do
Empenhado Dot. Exceto
SETOR/ÓRGÃO Inicial Alterada Aplicação 91) Total
Inicial Intraorçamentária
Vlr. Empenhado
(A) (B) ( C) (D) = C/A (E) (F) = C – E (G)
15 - Urbanismo 39,9 38,4 14,5 36,34% 0,0 14,5 0,03%
16 – Habitação 41,6 40,0 34,6 83,17% - 34,6 0,07%
17 - Saneamento 38,2 69,0 55,8 146,07% - 55,8 0,11%
18 – Gestão Ambiental 191,2 197,0 147,9 77,35% - 147,9 0,30%
19 - Ciência e Tecnologia 178,3 182,2 153,3 85,98% 0,1 153,2 0,31%
20 - Agricultura 605,9 746,1 523,8 86,45% 1,0 522,8 1,07%
22 - Indústria 3,0 3,3 1,2 40,00% 0,0 1,2 0,00%
23 - Comércio e Serviços 77,3 77,3 60,6 78,40% 0,0 60,6 0,12%
24 – Comunicações 54,2 58,5 55,9 103,14% - 55,9 0,11%
25 - Energia 5,6 7,3 0,8 14,29% - 0,8 0,00%
26 - Transporte 682,2 719,0 548,2 80,36% 0,2 548,0 1,12%
27 - Desporto e Lazer 14,8 18,5 8,9 60,14% - 8,9 0,02%
28 - Encargos Especiais 17.342,6 18.225,5 17.305,2 99,78% 10.824,6 6.480,6 13,24%
99 - Reserva de
1.110,4 0,10 - - - - -
Contingência
Total Geral 66.438,4 69.560,8 64.557,9 97,17% 15.611,2 48.946,7 100,00%
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos:Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Dupla contagem decorrente, especialmente, de recursos empenhados pelos Poderes/Órgãos ao IPERGS para o custeio da assistência médica e
previdência
240
DESPESA COM PESSOAL E ENCARGOS SOCIAIS* - 2000/2020
Em R$ milhões
PESSOAL E ENCARGOS SOCIAIS
EXERCÍCIO VALOR VALOR
% %
NOMINAL INFLACIONADO
2013 18.920,1 13,87 27.384,2 7,22
2014 21.611,5 14,22 29.417,7 7,43
2015 23.985,2 10,98 29.944,8 1,79
2016 25.331,9 5,61 29.084,4 -2,87
2017 27.093,0 6,95 30.070,1 3,39
2018 29.215,4 7,83 31.279,4 4,02
2019 31.160,3 6,66 32.161,1 2,82
2020 30.486,9 (2,16) 30.486,9 -5,21
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Excluída a dupla contagem decorrente, especialmente, de recursos repassados pelos Poderes/Órgãos ao IPERGS para o custeio da assistência médica e
previdência.
26
Decretos Estaduais nº 54.981/2020; 54.982/2020; 54.983/2020 e 54.984/2020.
241
implementadas à época de sua concessão. Visando acabar com os inúmeros processos
individuais dos servidores que ingressavam na Justiça, foi editada a Lei nº 12.961, de 14-
05-2008 (Lei Yeda), autorizando a implantação desses reajustes em quatro parcelas até
2010 (a primeira foi paga em agosto de 2008, e as demais em março de 2009, agosto de
2009 e março de 2010).
No período de 2011 a 2014, além da reposição de servidores, foram vários
os reajustes salariais concedidos. Os aumentos para Polícia Civil, Brigada Militar e SUSEPE
se prolongaram até novembro de 2018.
O comportamento dos gastos com pessoal, discriminados por poder/órgão,
estão evidenciados na tabela a seguir, considerando-se a atualização monetária nos
últimos cinco exercícios.
242
PESSOAL E ENCARGOS SOCIAIS DESPESA POR ELEMENTO – EMPENHADA - 2019/2020
Em R$ milhões
2019 2020 % 2020/2019
DISCRIMINAÇÃO Vlr. % do
Vlr. Vlr.
Inflacionado Total Nominal Inflac.
Nominal Nominal
(*)
Despesas Exceto Intraorçamentárias 31.160,3 32.161,1 30.486,9 100,00 -2,16 -5,21
01 - Aposentadorias e Reformas 13.250,6 13.676,2 13.770,4 45,17 3,92 0,69
03 e 59 – Pensões e Pensões Especiais 3.337,0 3.444,2 3.413,4 11,20 2,29 -0,89
11 - Vencimentos e Vantagens Pessoal Civil 8.838,4 9.122,3 8.653,2 28,38 -2,10 -5,14
12 – Vencimentos e Vantagens Pessoal Militar 2.027,2 2.092,3 1.903,4 6,24 -6,11 -9,03
91 - Sentenças Judiciais 1.837,9 1.896,9 798,7 2,62 -56,54 -57,89
92 – Despesas Exercícios Anteriores 612,6 632,3 844,4 2,77 37,84 33,54
13 - Obrigações Patronais 435,1 449,1 464,4 1,52 6,73 3,41
16 - Outras Despesas Pessoal Civil 338,5 349,4 321,0 1,05 -5,17 -8,13
17 - Outras Despesas Pessoal Militar 168,7 174,1 176,4 0,58 4,56 1,32
Demais Despesas 314,4 324,5 141,7 0,46 -54,93 -56,33
Despesas Intraorçamentárias (**) 15.584,2 16.084,7 16.694,1 54,76 7,12 3,79
Contribuição ao IPERGS Cobertura do Déficit 11.187,2 11.546,5 11.392,9 37,37 1,84 -1,33
Contribuição Previdenciária Patronal
3.650,5
IPERGS/RPPS 3.767,7 4.577,0 15,01 25,38 21,48
Contribuição Patronal IPERGS Assistência Médica 697,5 719,9 706,7 2,32 1,32 -1,83
Demais Despesas 49,1 50,7 17,6 0,06 -64,15 -65,29
Total Geral 46.744,6 48.245,9 47.181,0 154,76 0,93 -2,21
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*)Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.
(**) Exclusão da dupla contagem decorrente, especialmente, de recursos empenhados pelos Poderes/Órgãos ao IPERGS para o custeio da assistência
médica e previdência.
243
Tais gastos são avaliados sob a responsabilidade de cada poder/órgão referidos no art. 20
(Poder Executivo, Poder Legislativo, Poder Judiciário e Ministério Público), com limites
específicos para cada um, estando demonstrados no Capítulo 5 – Gestão Fiscal, do
presente relatório.
Assim, em 2020, os gastos, segundo o grupo de despesa “Pessoal e
Encargos Sociais”, representaram 72,62% da Receita Corrente Líquida, enquanto na
apuração da despesa total com pessoal, de acordo com as normas da LRF, foi obtido o
percentual de 49,77%, estando adequado ao limite estabelecido, como se demonstra a
seguir:
244
pelo aumento da RCL, voltando a subir em 2017, atingindo 54,95%, ficando estável em
2018 (54,47%) e 2019 (53,44%).
245
Em 2020, o montante apurado em ODC foi de R$ 12,05 bilhões, com
elevação de 3,5% em valores atualizados.
Todavia, para a análise desse grupo de despesa, devem ser
desconsideradas aquelas despesas vinculadas que são insuscetíveis de gestão direta por
parte dos administradores, no caso, a Gestão Plena da Saúde (R$ 953,9 milhões).
Com isso, as outras despesas correntes, ajustadas para fins de comparação
na série histórica, alcançaram R$ 11,10 bilhões, representando, em valores inflacionados
um aumento de 3,58% em 2020. Em valores nominais, houve aumento 6,91%.
246
OUTRAS DESPESAS CORRENTES - POR PODER/RECURSO/RUBRICA DE DESPESA – EMPENHADA - 2016/2020
Em R$ milhões (nominais)
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO % % % % %
VALOR VALOR 17/16 VALOR 18/17 VALOR 19/18 VALOR 20/19 20/16
Tribunal de Justiça 620,8 598,8 -3,54% 614,8 2,67% 579,7 -5,71% 555,3 -4,21% -10,55
Tribunal de Justiça Militar 5,7 4,1 -28,07% 4,1 0,00% 3,5 -14,63% 3,2 -8,57% -43,86
Ministério Público 179,2 209,5 16,91% 163,8 -21,81% 133,8 -18,32% 138,9 3,81% -22,49
Defensoria Pública 51,1 65,1 27,40% 55,9 -14,13% 56,9 1,79% 56,3 -1,05% 10,18
Outras Desp. Correntes
10.488,0 10.707,2 2,09% 10.793,2 0,80% 10.712,1 -0,75% 11.095,9 3,58% 5,80
Ajustada**
(+) Gestão Plena Saúde 909,2 846,1 -6,94% 836,2 -1,17% 930,4 11,27% 953,9 2,53% 4,92
Outras Desp. Correntes
11.397,2 11.553,3 1,37% 11.629,4 0,66% 11.642,5 0,11% 12.049,8 3,50% 5,73
(exceto Intraorç)
(+) Transf.
32,3 24,4 -24,46% 20,2 -17,21% 27,8 37,62% 17,3 -37,77% -46,44
Intraorçamentárias***
Total Outras Despesas
11.429,5 11.577,7 1,30% 11.649,6 0,62% 11.670,3 0,18% 12.067,1 3,40% 5,58
Correntes
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*)Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.
(**) Ajuste para fins de comparação, com a exclusão das transferências Intraorçamentárias, transferências aos Municípios e dos repasses aos Sistema
Único de Saúde.
(***) Dupla contagem referente a repasses de recursos entre a Administração Direta, Autarquias e Fundações com contrapartida da entrega de bens ou
da prestação de serviços.
247
INVESTIMENTOS E INVERSÕES FINANCEIRAS - POR PODER E ELEMENTO DE DESPESA – EMPENHADA
Em R$ milhões
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO % % % % %
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
91 - Sentencas judiciais 0,8 1,4 75,00 0,5 -64,29 4,8 860,00 0,1 -97,92 -87,5%
92 - Desp de exerc. anteriores 38,6 63,8 65,28 65,6 2,82 64,1 -2,29 46,2 -27,93 19,7%
93 – Indenizações e Restituições 12,4 10,4 -16,13 76,6 636,54 25,7 -66,45 29,4 14,40 137,1%
Demais Poderes 116,6 226,5 94,25 483,1 113,29 155,8 -67,75 136,4 -12,45 17,0%
Assembleia Legislativa 11,0 11,1 0,91 21,5 93,69 7,1 -66,98 7,0 -1,41 -36,4%
Tribunal de Contas 2,1 4,2 100,00 5,6 33,33 3,1 -44,64 3,8 22,58 81,0%
Tribunal de Justiça 84,0 178,1 112,02 401,3 125,32 96,5 -75,95 87,6 -9,22 4,3%
Tribunal de Justiça Militar 0,5 0,3 -40,00 0,6 100,00 0,2 -66,67 0,4 100,00 -20,0%
Ministério Público 13,0 16,6 27,69 44,2 166,27 34,5 -21,95 27,2 -21,16 109,2%
Defensoria Pública 6,0 16,2 170,00 9,9 -38,89 14,3 44,44 10,5 -26,57 75,0%
Total Investimentos e Inversões 1.259,6 1.227,9 -2,52 1.875,0 52,70 958,2 -48,90 970,3 1,26 -23,0%
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*)Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.
248
EVOLUÇÃO DAS DESPESAS COM INVESTIMENTOS E INVERSÕES FINANCEIRAS - 2000/2020
Em R$ milhões
VALORES NOMINAIS VALORES INFLACIONADOS*
Total Investimentos e
Receita Corrente Líquida
Aumento Inversões
EXERCÍCIO Investimentos de Capital Total %
e Inversões (Elemento Investimentos % Total Relativo
%
Financeiras** 65) e Inversões Valor Inv./RCL Inv./ Valor Base
Anual
Financeiras RCL Fixa
(A) (B) ( C ) = (A + B) (D) (A/D) (C/D)
2000 642,5 180,6 823,1 6.460,2 9,95 12,74 2.707,0 100,00 0,00
2001 618,5 3,5 622,0 7.512,7 8,23 8,28 1.914,6 70,73 -29,27
2002 440,9 4,5 445,4 8.558,3 5,15 5,20 1.264,1 46,70 -33,98
2003 648,4 123,8 772,2 9.859,6 6,58 7,83 1.910,7 70,58 51,15
2004 637,1 21,2 658,3 10.736,7 5,93 6,13 1.527,9 56,44 -20,03
2005 613,7 1,7 615,4 12.349,4 4,97 4,98 1.336,6 49,38 -12,52
2006 640,4 24,0 664,4 13.312,4 4,81 4,99 1.385,1 51,17 3,63
2007 400,5 0,0 400,5 13.991,4 2,86 2,86 805,7 29,76 -41,83
2008 624,6 36,2 660,8 16.657,8 3,75 3,97 1.257,8 46,46 56,11
2009 623,0 38,9 661,9 17.387,3 3,58 3,81 1.201,2 44,37 -4,50
2010 1.881,9 55,0 1.936,9 20.297,8 9,27 9,54 3.346,4 123,62 178,59
2011 1.027,5 77,0 1.104,5 21.927,9 4,69 5,04 1.789,5 66,11 -46,52
2012 1.032,6 190,6 1.223,2 23.710,7 4,35 5,16 1.880,3 69,46 5,07
2013 1.409,0 20,5 1.429,5 26.387,9 5,34 5,42 2.068,9 76,43 10,03
2014 1.615,1 159,6 1.774,7 28.633,5 5,64 6,20 2.415,8 89,24 16,77
2015 770,7 38,3 809,0 30.139,2 2,56 2,68 1.010,0 37,31 -58,19
2016 860,8 236,2 1.097,0 34.654,9 2,48 3,17 1.259,6 46,53 24,71
2017 1.050,6 55,7 1.106,3 35.045,9 3,00 3,16 1.227,9 45,36 -2,52
2018 1.657,6 93,7 1.751,3 37.773,3 4,39 4,64 1.875,0 69,26 52,70
2019 877,0 51,3 928,3 39.779,4 2,20 2,33 958,2 35,40 -48,90
2020 890,3 79,7 970,3 42.073,5 2,12 2,31 970,3 35,84 1,26
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados IPCA/IBGE – Médio.
(**) Excluído o Elemento de Despesa 65 – aumento de capital e a duplicidade com a rubrica 4199 – transferências intragovernamentais anteriores a 2003 (R$ 11,6 milhões
em 2001 e R$ 450 mil em 2002).
249
APLICAÇÃO EM INVESTIMENTOS E INVERSÕES FINANCEIRAS - 2019/2020
Em R$ milhões (nominais)
2020
FONTES DE RECURSO 2019
VALOR %
06 – CONVÊNIOS 153,5 189,2 19,50%
07 e 08 - OPERAÇÕES DE CRÉDITO 233,8 40,6 4,18%
09 - TESOURO-VINCULADOS PELA CONSTITUIÇÃO 60,3 56,1 5,78%
20 – TRANSFERÊNCIAS OBRIGATÓRIAS 45,9 206,9 21,33%
Total Investimentos e Inversões Financeiras 928,3 970,2 100,00%
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
250
TRANSFERÊNCIAS A INSTITUIÇÕES PRIVADAS SEM FINS LUCRATIVOS
MODALIDADE DE APLICAÇÃO 50 – VALORES EMPENHADOS - 2020
Em R$ milhões (nominais)
CREDOR VALOR % TOTAL
22 ASSOC BENEFICENTE SAO VICENTE DE PAULO 3,16 0,78%
23 ASPEUR ASSOC PRO ENSINO SUP EM NOVO HAMBURGO 3,14 0,78%
24 ASSOC BENEFICENTE DE PAROBE 2,95 0,73%
25 FUND ASSISTENCIAL E BENEFICENTE DE CAMAQUA 2,95 0,73%
26 SANTA CASA DE CARIDADE DE URUGUAIANA 2,88 0,71%
27 ASSOC HOSPL BENEFICENTE SANTO ANTONIO 2,82 0,70%
28 IRMANDADE SANTA CASA DE CARIDADE DE ALEGRETE 2,76 0,68%
29 HOSP DE CARIDADE DE CANGUCU 2,75 0,68%
30 SOC EDUCACIONAL MONTEIRO LOBATO 2,70 0,67%
31 HOSP DE CARIDADE FREI CLEMENTE 2,59 0,64%
32 INST BRAS SAUDE ENS PESQ EXT DESENV HUMANO 2,57 0,64%
33 IRMANDADE DA SANTA CASA DE CARIDADE 2,45 0,61%
34 ASSOC DO HOSP DE CARIDADE DE PALMEIRA DAS MISS 2,44 0,60%
35 HOSP SAO LUIZ GONZAGA 2,42 0,60%
36 SOC BENEFICENTE SAPIRANGUENSE 2,40 0,59%
37 INSTITUTO POBRES SERVOS DA DIVINA PROVIDENCIA 2,34 0,58%
38 ASSOC FRANCISCANA DE ASSIST A SAUDE 2,21 0,55%
39 HOSP SANTA TEREZINHA 2,13 0,53%
40 FUNDACAO ARAUCARIA 2,01 0,50%
41 HOSP SAO ROQUE 2,00 0,50%
42 CENTRO DE INTEGRACAO EMPRESA ESCOLA DO RS 1,99 0,49%
43 CONGREGACAO DE NOSSA SENHORA 1,89 0,47%
44 ASSOC BENEFICIENTE DE AMURT AMURTEL 1,88 0,46%
45 SOC BENEFICENTE DO HOSPITAL DE CARIDADE 1,87 0,46%
46 CENTRAL UNICA FAVELAS RIO GRANDE DO SUL CUFA 1,84 0,46%
47 HOSP DE CARIDADE SAO ROQUE 1,79 0,44%
48 ASSOC HOSP DE CARIDADE DE TRES PASSOS 1,69 0,42%
49 HOSP COMUNITARIO SARANDI 1,68 0,42%
50 HOSP N SRA AUXILIADORA 1,66 0,41%
SUBTOTAL 290,38 71,8%
DEMAISENTIDADES 114,3 28,2%
TOTAL TRANSF. INST. PRIVADAS SEM FINS LUCRATIVOS 404,40 100,0%
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Referente ao subprojeto 8511.01.001 - APOIO FINANCEIRO E RECUPERACAO DE HOSPITAIS PUBLICOS E PRIVADOS – FUNAFIR (fundo estadual gerido
financeiramente pelo BADESUL) – despesa empenhada com taxas de equalização e de administração pagas ao BADESUL, na rubrica 4301 –
subvenções socias. Também foram empenhados outros R$ 52,8 milhões na rubrica 4503 – outras equalizações e juros, totalizando R$ 54,3 milhões
pagos ao Banco.
251
5 GESTÃO FISCAL
5.1 – Ponderações iniciais
O presente capítulo analisa as disposições da Lei Complementar nº
101/2000, conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), no âmbito do Poder
Executivo, especificamente relacionados aos gastos com pessoal, restos a pagar,
disponibilidades financeiras, endividamento, garantias concedidas, operações de crédito,
alienação de ativos, receitas e despesas previdenciárias e respectivas projeções atuariais
do regime próprio de previdência, resultado primário e nominal, incluindo as metas
anuais, em conformidade com o anexo de metas fiscais da Lei de Diretrizes Orçamentárias
(LDO), e os parâmetros para a limitação de empenho e movimentação financeira.
Após, analisa-se quais as medidas que o Estado do Rio Grande do Sul
tomou, ao longo de 2020, para atingir o equilíbrio fiscal. Incluem-se também atos da
gestão anterior que tiveram continuidade ao longo do exercício em análise, como as
tratativas para adesão ao Regime de Recuperação Fiscal e a extinção das Fundações
Estaduais, por exemplo.
Por importante, antes de passar ao exame dos aspectos da LRF, faz-se
necessário um breve relato acerca da edição da Lei Complementar nº 173/2020, que
trouxe alterações na LRF, em razão do cenário de pandemia vivido no ano de 2020,
consequência do Covid-19. O TCE-RS elaborou um estudo27 completo sobre o tema,
objetivando esclarecer aos gestores do Estado todas as mudanças acarretadas pela lei. No
presente capítulo, tratar-se-á apenas dos artigos relacionados a mudanças na LRF.
A LC nº 173/2020 instituiu o Programa Federativo de Enfrentamento ao
Coronavírus, inclusive destinando o repasse de verbas federais aos estados e municípios,
e, conforme estudo mencionado, alterou a LRF nos seguintes pontos:
Art. 3º: acrescenta às dispensas já concedidas na nova redação do art. 65 LRF o
afastamento de disposições da LRF e de outros normativos em relação aos
limites e às condições para a realização e o recebimento de transferências
voluntárias, vigentes durante o estado de calamidade pública decretado para o
enfrentamento da Covid-19.
Art. 7º: modifica de forma permanente a redação dos artigos 21 e 65 da LRF.
Art. 8º: em sua essência restringe o aumento da despesa com pessoal até 31 de
dezembro de 2021, proibindo uma série de atos relacionados à pessoal, com
algumas exceções de caráter transitório e relacionadas ao enfrentamento da
pandemia.
As dispensas do artigo 65, já atualizado com as mudanças, podem ser assim
resumidas:
27
http://portal.tce.rs.gov.br/portal/page/portal/noticias_internet/Relatorios/relatorio_lc173.pdf
253
DISPENSAS PREVISTAS NO ARTIGO Nº 65 DA LRF
SITUAÇÕES REFERÊNCIA
Suspensão dos prazos para reenquadramento e as disposições relacionadas ao descumprimento LRF, art.; 65, I
dos limites da Despesa com Pessoal e da Dívida Consolidada (artigos 23 e 31 da LRF)
Caso se verifique a possibilidade de descumprimento das metas de resultado primário ou nominal, LRF, art.; 65, II
os entes ficam dispensados da limitação de empenho e movimentação financeira (art. 9º da LRF)
Suspensão dos limites, condições e demais restrições aplicáveis aos entes públicos bem como sua
verificação, para:
a) contratação e aditamento de operações de crédito; LRF, art. 65, §1º, I
b) concessão de garantias;
c) contratação entre entes da Federação; e
d) recebimento de transferências voluntárias.
Dispensa dos limites e afastadas as vedações e sanções previstas e decorrentes de:
a) realização de operação de crédito entre um ente da Federação e outro (art. 35 da LRF);
b) operações equiparadas a operações de crédito (vedadas pelo art. 37 da LRF);
c) exigência de disponibilidade de caixa para cobrir as obrigações contraídas nos dois últimos
LRF, art. 65, §1º, II
quadrimestres do mandato do titular do Poder ou órgão (art. 42 da LRF);
d) utilização de recursos legalmente vinculados a finalidade específica para atender ao objeto
diferente ao da sua vinculação (art. 8º da LRF)
OBS: em todas as situações elencadas, os recursos arrecadados devem ser destinados ao combate à
calamidade pública.
Afastamento das condições e vedações previstas em relação à:
a) incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita (art. 14 da LRF);
b) ação governamental que acarrete aumento da despesa (art. 16 da LRF);
c) atos que criarem ou aumentarem despesa obrigatória de caráter continuado (art. 17 da LRF). LRF, art. 65, §1º, III
OBS: em todas as situações citadas, o produto (incentivo, benefício, criação ou aumento de
despesa) deve ser destinado ao combate à calamidade pública. .No caso de criação de despesas
obrigatórias de caráter continuado que não se relacionem à pandemia, permanecem as condições
do art. 17 (vide art. 8º, VII e §§1º e 2º)
Fonte: Estudo elaborado pelo TCE-RS, quadro da página 17.
a) resultar em aumento da despesa com pessoal nos 180 (cento e oitenta) dias
anteriores ao final do mandato do titular do Poder Executivo; ou;
254
b) resultar em aumento da despesa com pessoal que preveja parcelas a serem
implementadas em períodos posteriores ao final do mandato do titular do Po-
der Executivo.
(...)
255
Todos os Poderes/Órgãos cumpriram com os seus respectivos limites
fixados da Lei Complementar nº 101/2000.
Porém, a apuração desses gastos, como dispõe a LRF, não corresponde às
despesas brutas contabilizadas orçamentariamente no grupo Pessoal e Encargos Sociais,
as quais alcançaram 72,62% da RCL, de acordo com o relatado no Capítulo 1 – Gestão
Orçamentária, item 1.17.
Quando comparada aos valores de 2019, a despesa com pessoal teve
queda em todos os poderes, tanto em valores nominais quanto corrigidos pelo IPCA –
Médio:
256
Os relatórios de gestão fiscal e os respectivos demonstrativos consolidados
abrangendo todos os poderes e órgãos identificam o responsável pelo controle interno,
no caso o Contador e Auditor-Geral do Estado, o qual os assina conjuntamente com os
responsáveis pelo órgão, deixando consignada a sua concordância com os dados
apresentados.
PODER EXECUTIVO
Em R$ milhões (nominais)
Despesa com Limite Legal
Mês RCL**
Período Pessoal (*) (até 49%)
Referência (A)
(B) (C = B/A)
1º Q/2020 Abr/2020 39.833,9 18.027,5 45,26%
2º Q/2020 Ago/2020 40.515,2 17.923,4 44,24%
3º Q/2020 Dez/2020 41.982,3 17.837,6 42,49%
(*) Incluída a despesa com a Defensoria Pública Estadual (Órgão 30) e com a EMATER/ASCAR (rubrica de despesa 3292 – Serv. Assist. Técnica e Extensão Rural,
Projeto 6046 – Assistência Técnica e Extensão Rural, Credor 13722 - Assoc Riograndense Empr Ass Tec Ext Rural).
(**) A Receita Corrente Líquida é ajustada para fins de verificação da despesa com pessoal, excluindo-se as emendas parlamentares recebidas pelo
Estado.
QUANTO AO ALERTA
Ultrapassou 90% do Ultrapassou 95% do
P ERÍODO Limite Legal = Limite Limite Legal = Limite Emitir alerta neste período?
de Alerta? (44,10%) Prudencial? (46,55%)
1º Q/2019 SIM NÃO SIM
2º Q/2019 SIM NÃO SIM
3º Q/2019 NÃO NÃO NÃO
Fonte: Relatório de Gestão Fiscal do 1º, 2º e 3º quadrimestre/2020.
257
limite legal. (Balanço Geral do Estado 2020, Volume de Análise e Interpretação dos
Resultados, página 513).
A partir de 14-01-2016, passou a viger a Lei Complementar nº 14.836,
chamada de Lei de Responsabilidade Fiscal Estadual. Todavia, com a Ação Direta de
Inconstitucionalidade Nº 70069406122 (Nº CNJ: 0150806-81.2016.8.21.7000), a referida
norma será aplicada apenas ao Executivo, encontrando-se suspensa para os demais
Poderes e Órgãos.
258
1º, VI, “a”), provenientes da arrecadação da contribuição dos segurados para a
previdência, na mesma proporção que a despesa com aposentadorias representa no total
das despesas previdenciárias, conforme quadro demonstrativo para cada Poder/Órgão:
259
pessoal, por não representar um ingresso e um desembolso financeiro efetivo para o
Estado.
Ainda, na apuração da receita corrente líquida, nos termos do Parecer
Coletivo nº 1/2002, foi computado o valor referente à perda dos recursos aplicados no
FUNDEB, de R$ 2,12 bilhões.
Seguindo entendimento manifestado pelo Parecer nº 2/2005, importante
observar, foi considerado como despesas com pessoal do Poder Executivo o gasto com a
EMATER/ASCAR, no montante de R$ 195,1 milhões.
No caso da Defensoria Pública, a sua autonomia administrativo-financeira
foi assegurada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004, logo, após a edição da LRF, em
2000. Portanto, a sua despesa com pessoal (R$ 237,1 milhões) deve compor a apuração
relativa ao Poder Executivo, visto não estar previsto o seu respectivo limite na LRF.
260
exaustivamente explicitadas na própria LRF. O TCE-RS fez interpretações divergentes dos
entendimentos da STN, detalhadas a seguir.
Conforme Parecer Coletivo nº 02/2002 acolhido em decisão unânime do
Tribunal Pleno no Processo nº 676-0200/02-4, em Sessão de 08-05-2002, entende esta
Corte de Contas que o valor do Imposto de Renda Retido na Fonte - IRRF de ativos,
inativos e pensionistas deve ser excluído no cômputo da RCL.
Nos termos do Parecer Coletivo nº 01/2002, acolhido pelo Tribunal Pleno
desta Corte de Contas, em 28-02-2002, a perda resultante do retorno a menor dos
recursos aplicados no FUNDEB não deve ser deduzida para fins de apuração da Receita
Corrente Líquida, portanto, a RCL terá acrescida a referida perda.
A STN entende que os Estados devem considerar tanto os valores pagos
quantos os recebidos pelo FUNDEB (Manual de Demonstrativos Fiscais, 10ª edição,
página 203). Interpreta também que não se pode deduzir o IRRF, devendo este valor ser
incluído na RCL pelo Estado (Manual de Demonstrativos Fiscais, 10ª edição, página 208).
Em relação ao cálculo da despesa com pessoal, o conceito está definido
dentro da LRF, em seu artigo 18 e parágrafos:
Art. 18. Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como despesa to-
tal com pessoal: o somatório dos gastos do ente da Federação com os ativos, os
inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou
empregos, civis, militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies re-
muneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios,
proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratifica-
ções, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como en-
cargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência.
§ 1º Os valores dos contratos de terceirização de mão-de-obra que se referem à
substituição de servidores e empregados públicos serão contabilizados como
"Outras Despesas de Pessoal".
§ 2º A despesa total com pessoal será apurada somando-se a realizada no mês
em referência com as dos onze imediatamente anteriores, adotando-se o regi-
me de competência.
261
b) da compensação financeira de que trata o § 9o do art. 201 da Constituição;
c) das demais receitas diretamente arrecadadas por fundo vinculado a tal finali-
dade, inclusive o produto da alienação de bens, direitos e ativos, bem como seu
superávit financeiro.
O TCE-RS interpretou o artigo 19 da LRF de forma divergente à STN. Em
decisões do pleno, entendeu serem necessárias as seguintes deduções:
As despesas orçamentárias de natureza indenizatória, relativas ao
Abono Permanência aos servidores que, tendo completado as
exigências para aposentadoria voluntária, optem por permanecer em
atividade, conforme decisão do Tribunal Pleno no Processo nº 3889-
02.00/04-9, em sessão de 21-07-2004;
As despesas orçamentárias com Pensionistas, conforme as decisões
unânimes do Tribunal Pleno, nos Processos nº 677-02.00/00-4 e nº
9642-02.00/00-7, em Sessões de 27-06-2004 e 10-10-2001,
respectivamente.
As parcelas de receitas do IRRF sobre Rendimentos do Trabalho,
conforme a Decisão unânime do Tribunal Pleno no Processo nº 676-
02.00/02-4, em Sessão de 08-05-2002;
Com a aprovação no Pleno desta Corte de Contas, no dia 11-03-21, do voto
exaurido pelo Conselheiro-Relator das Contas do Governador de 2019, definiu-se o
seguinte alerta para todos os poderes:
e) alertar os Poderes e órgãos do Estado para que adotem providências no sen-
tido de fazer as suas despesas de pessoal, conforme o caso, convergirem para a
moldura temporal delineada no artigo 15 da Lei Complementar Federal nº 178,
de 13 de janeiro 2021 (tópicos 33 e 38);
Ou seja, faz-se necessário uma convergência da metodologia de cálculo até
então adotada por esta Corte com a adotada pela STN, a qual se baseia nos ditames da
LRF. Lembrando que prazo dado pela LC nº 178/21 é de 10 anos, a contar do exercício de
2021.
Considerando os dados de 2020, o demonstrativo da despesa com pessoal
para o Estado do Rio Grande do Sul pode ser assim resumido:
262
DEMONSTRATIVO RESUMIDO DE DESPESA COM PESSOAL - 2020
Em R$ milhões (nominais)
Poder
ESTADO TCE TJM AL TJ MP
Executivo
DESPESA LÍQUIDA COM PESSOAL (III) = (I
27.093,5 23.008,9 448,0 30,6 457,6 2.357,6 790,7
- II)
RECEITA CORRENTE LÍQUIDA (IV) 43.333,7 43.333,7 43.333,7 43.333,7 43.333,7 43.333,7 43.333,7
COMPROMETIMENTO RCL (V) = (III/IV) 62,52% 53,10% 1,03% 0,07% 1,06% 5,44% 1,82%
AJUSTES CRITÉRIOS TCE (VI) 6.200,0 5.171,2 112,4 11,2 116,5 606,9 181,8
IRRF Ativos e Inativos 2.787,0 2.202,5 77,6 3,6 63,6 310,4 129,4
Pensionistas 3.419,0 3.002,0 32,0 6,8 49,5 270,6 58,1
Demais ajustes de critério (6,1) (33,3) 2,9 0,8 3,4 25,9 (5,7)
DESPESA LÍQUIDA COM PESSOAL (VII) =
20.893,5 17.837,6 335,7 19,4 341,2 1.750,7 608,9
(III - VI)
O Rio Grande do Sul estaria acima do Limite Legal (60,00%) caso fossem
adotados os critérios de cálculo da Secretaria do Tesouro Nacional – STN, atingindo
62,52%.
Conforme relatado anteriormente, no voto das Contas do Governador de
2019, houve a decisão de que os poderes deveriam ser alertados para convergir à
metodologia de cálculo da LRF, no prazo preconizado pela LC nº 178/2021 (10 anos).
Também se encontra em andamento nesta casa o Processo nº 5141-
0200/16-0, o qual trata de um Pedido de Orientação Técnica - POT para revisar os
critérios adotados pelo TCE/RS com relação à aplicação em Manutenção e
Desenvolvimento de Ensino – MDE. A partir de consulta realizada pela Procuradoria-Geral
do Estado – PGE (Doc. Nº 29583-0299/18-0), em razão do início das negociações para
adesão ao Regime de Recuperação Fiscal, entendeu-se que o POT deveria contemplar
também os critérios adotados pelo TCE/RS para o cálculo em saúde e despesa com
pessoal. O processo encontra-se na Consultoria Técnica para elaboração de Parecer.
Importante destacar, também, a assinatura, em 06-03-2018 do Acordo de
Cooperação Técnica, entre a Secretaria do Tesouro Nacional e os Tribunais de Contas, por
intermédio do Instituto Rui Barbosa - IRB e da Associação dos Membros dos Tribunais de
Contas do Brasil - ATRICON, o qual tem como objetivo a conjugação de esforços entre a
STN e os Tribunais signatários visando fomentar a transparência da gestão fiscal, apoiar o
exercício do controle social, racionalizar os custos de controle e regulação, reduzir as
divergências e duplicidades de dados e informações, promover a transferência de
conhecimentos e harmonizar conceitos e procedimentos entre os entes governamentais
na aplicação de normas atinentes à execução orçamentária, financeira e patrimonial, à
contabilidade pública e à gestão fiscal.
263
O TCE-RS decidiu, em reunião administrativa do dia 22-01-19, pela
participação no Acordo de Cooperação Técnica STN/IRB/ATRICON – ACT, entendendo
como importante e oportuna à discussão dos temas propostos. Os trabalhos estão em
andamento, sendo o prazo final do acordo dezembro de 2021. O Grupo de Trabalho 01
está mapeando todas as divergências existentes nos Tribunais da Federação, com relação
aos demonstrativos do Relatório de Gestão Fiscal e Relatório Resumido de Execução
Orçamentária, entre eles o Demonstrativo de Despesa com Pessoal.
264
5.2.3.1 – Equilíbrio Financeiro
A insuficiência financeira de recursos livres do Poder Executivo diminuiu
6,9% (valores atualizados), passando de R$ 32,18 bilhões negativos em 2019 para
R$ 29,96 bilhões em 2020.
265
estabelecimentos comerciais, reduzindo assim a arrecadação de tributos, em especial do
ICMS. Em contrapartida, o repasse de recursos da União, aliado a economia provocada
pelo tele trabalho nos órgãos estaduais, teve como efeito a melhora nas disponibilidades
financeiras do Rio Grande do Sul em 2020. Os repasses recebidos estão detalhados no
capítulo 3 – Comportamento das Receitas, bem como os impactos no caixa do Estado
estão detalhados no Capítulo 6 – Gestão Patrimonial e Financeira.
Cabe, ainda, análise detida da variação ocorrida no saldo da conta
“Obrigações Pendentes de Execução Orçamentária”, no Passivo Circulante. Em 2015, foi o
primeiro ano do registro dessas obrigações, consideradas como um avanço na
transparência dos dados do Balanço Patrimonial. Embora persista o erro com despesas
sendo executadas sem serem reconhecidas orçamentariamente, o quadro era mais grave
quando não existia ao menos o registro dessas operações. Destaque positivo também
para o fato de, enquanto em 2015 o valor contabilizado na conta era de R$ 1,89 bilhão
(valores atualizados), enquanto em 2020 o saldo da conta registrou R$ 747,3 milhões, ou
seja, houve uma significativa redução dessas obrigações.
De acordo com informações da CAGE, os valores contabilizados como
obrigações pendentes já estão incluídos no demonstrativo da insuficiência financeira, ou
seja, o reflexo de sua efetiva realização já está sendo considerado no ano em análise.
Em que pese à melhora da situação financeira de 2020, ainda é o segundo
ano da atual gestão. Entende-se, pois, razoável que a busca pelo equilíbrio financeiro, nos
termos do § 1º do art. 1º da Lei Complementar nº 101/2000, deva ser avaliada no seu
encerramento, em 31-12-2022, quando se espera que a insuficiência financeira
apresentada não seja maior do que aquela recebida da gestão anterior, que se encerrou
em 31-12-2018.
266
DEMONSTRATIVO DA DÍVIDA CONSOLIDADA LÍQUIDA - 2020
Em R$ milhões (nominais)
SALDO DO Até o 1º Até o 2º Até o 3º
DISCRIMINAÇÃO EXERCÍCIO QUADRIMESTRE QUADRIMESTRE QUADRIMESTRE
ANTERIOR 2020 2020 2020
De Tributos 202,0 185,9 179,7 157,4
De Contribuições Previdenciárias 413,5 409,2 405,7 278,9
Precatórios a partir de 05/05/2000 11.627,2 11.620,3 11.620,8 11.667,2
DEDUÇÕES (II) - - - -
Disponibilidade de Caixa Bruta 3.001,9 2.967,1 3.466,5 4.256,2
( - ) Restos a Pagar Processados 12.364,8 9.890,5 9.088,4 14.244,9
DÍVIDA CONSOLIDADA LÍQUIDA- DCL (III) 89.255,4 92.954,9 93.613,8 93.262,9
= (I – II) CORRENTE LÍQUIDA - RCL
RECEITA 39.779,4 39.941,3 40.642,5 42.046,8
% da DC sobre a RCL (I / RCL) 224,38% 232,73% 230,34% 221,81%
% da DCL sobre a RCL (III /RCL) 224,38% 232,73% 230,34% 221,81%
LIMITE LEGAL* 79.558,9 79.882,6 81.284,9 84.093,6
LIMITE DE ALERTA** 71.603,0 71.894,3 73.156,4 75.684,2
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica do TCE/RS.
*Limite Legal: art. 3º, I, da Resolução SF nº 40/2001.
**Limite de Alerta: inciso III do § 1º do art. 59 da LRF.
267
grave crise econômica daquele ano. Após, com receitas extraordinárias obtidas pelo
Estado (venda da folha, por exemplo) houve queda no percentual, porém mostrando uma
tendência de subido nos anos seguintes, consequência do não pagamento da dívida e
aumento do salto do estoque.
Em 2020, houve queda na relação muito por causa do aumento das RCL,
impulsionada em razão dos fortes repasses da União para combate a pandemia do Covid-
19.
O prazo de quinze anos de recondução da dívida ao limite de 200% da RCL
encerrou em 2016. Ao ser ultrapassado o limite, a recondução se dará até o término dos
três quadrimestres subsequentes, sendo 25% desse excesso reduzido no primeiro (art. 31
da LRF). Não cumprindo esta condição inicial, o Estado fica proibido de contratar
operações de crédito e, permanecendo acima do limite após o prazo final, também não
receberá transferências voluntárias, exceto relativas a ações de educação, saúde e
assistência social, além de ser obrigado a obter resultado primário, com limitação de
empenho, dentre outras medidas.
A expectativa gerada com a aprovação pelo Senado Federal da Lei
Complementar nº 148/2014, que altera o indexador da dívida dos Estados e Municípios
com a União (principal parcela no cômputo da DCL) era de que, com sua implementação,
o saldo da dívida reduzisse substancialmente. Ocorre que, apesar da redução produzida
pela alteração de indexador, que era retroativa a 2013, o saldo devedor da dívida
aumentou, devido ao desconto escalonado no pagamento das parcelas previsto na Lei
Complementar nº 156/16. Esse desconto fez com que a parcela ficasse menor, e que o
saldo não pago fosse incorporado ao montante da dívida. Em julho de 2017, o Estado
conseguiu nova liminar junto ao Supremo Tribunal Federal que permitiu a suspensão do
pagamento da dívida junto à União como antecipação do Regime de Recuperação Fiscal, e
que prevê o não pagamento da dívida por três anos prorrogáveis por igual período. O
valor não pago em decorrência dessa liminar foi empenhado e liquidado, estando inscrito
em restos a pagar. Este mesmo procedimento foi adotado em 2020, ficando os valores
não pagos inscritos em restos a pagar processados.
Para o exame do comportamento da DCL, desde a vigência da Lei de
Responsabilidade Fiscal, faz-se importante destacar as liberações de empréstimos no
período.
COMPORTAMENTO DA DCL
Em R$ milhões (nominais)
VALOR
ANO OPERAÇÃO
NOMINAL
2002 Anterior LRF 138,2
2003 Anterior LRF 282,4
2004 Anterior LRF 230,1
2005 Anterior LRF 127,3
2006 Anterior LRF 29,4
2007 - -
2008 Reestruturação 1.192,0
2009 - -
2010 Reestruturação 791,2
2011 Investimentos 247,6
2012 Investimentos 943,7
2013 Investimentos 542,3
268
COMPORTAMENTO DA DCL
Em R$ milhões (nominais)
VALOR
ANO OPERAÇÃO
NOMINAL
2014 Investimentos 2.189,1
2015 Investimentos 203,1
2016 Investimentos 333,6
2017 Investimentos 555,0
2018 Investimentos 270,2
2019 Investimentos 191,9
2020 Investimentos 24,9
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
269
RELAÇÃO ENTRE DCL E RCL
Em R$ milhões (nominais)
% ∆ ANUAL
INDEXADORES
DÍVIDA RECEITA
ECONÔMICOS DCL %
CONSOLIDADA CORRENTE
IGP-DI DÓLAR % META
ANO LÍQUIDA LÍQUIDA
DCL RCL (2010 E 2011) COMERCIAL DCL/RCL ANUAL
DCL RCL IPCA VENDA
(2012 A 2020) (MÉDIA MENSAL
DEZEMBRO)
Fonte: Relatórios e Pareceres Prévios das Contas dos Governadores (2010 a 2019) e Relatório de Gestão Fiscal do 3º Quadrimestre.
Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG
Dólar: média mensal venda de dezembro, conforme Banco Central.
270
5.2.5.1 – Operações de Crédito X Despesas de Capital
O Demonstrativo das Receitas de Operações de Crédito e Despesas de
Capital (Anexo 9 do RREO) apresenta as receitas de operações de crédito comparadas
com as despesas de capital líquidas. Para efeitos do preenchimento desse demonstrativo,
são consideradas apenas as operações de crédito que motivaram registros de receita
orçamentária no exercício a que se refere a lei orçamentária. O Demonstrativo das
Operações de Crédito (Anexo 4 do RGF), por sua vez, abrange toda e qualquer operação
de crédito realizada pelos entes da Federação, independentemente de envolverem ou
não o ingresso de receitas orçamentárias nos cofres públicos. Nesse sentido, tais
demonstrativos, inclusive por possuírem finalidades diversas, apresentarão, em regra,
valores diferentes quanto ao total de operações de crédito realizadas.
O Demonstrativo das Receitas de Operações de Crédito e Despesas de
Capital publicado pelo Poder Executivo, conforme Anexo 9 do Relatório Resumido da
Execução Orçamentária – RREO, informa que as receitas de operações de crédito
(R$ 24,9 milhões) foram inferiores às despesas de capital empenhadas (R$ 2,74 bilhões),
estando adequado ao princípio conhecido como “regra de ouro”, previsto no inciso III do
art. 167 da CF.
DISCRIMINAÇÃO No Até o
Quadrimestre Quadrimestre
RECEITAS DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO de Referência de Referência
271
DEMONSTRATIVO DAS RECEITAS DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO E POR ANTECIPAÇÃO DE RECEITA
LIMITES PARA CONTRATAÇÃO EM RELAÇÃO À RECEITA CORRENTE LÍQUIDA - 2020
Em R$ milhões (nominais)
DISCRIMINAÇÃO No Até o
Quadrimestre Quadrimestre
RECEITAS DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO de Referência de Referência
272
5.2.6 – Da Alienação de Ativos e Aplicação de Recursos
O art. 44 da LC nº101/2000 veda a aplicação da receita de capital derivada
da alienação de bens e direitos que integram o patrimônio público para o financiamento
de despesa corrente, salvo se destinada por lei aos regimes de previdência social, geral e
próprio dos servidores públicos.
O Poder Executivo publicou o Demonstrativo da Receita de Alienação de
Ativos e Aplicação de Recursos, exigido no art. 53, § 1º, inciso III, da LRF, conforme Anexo
11 do Relatório Resumido da Execução Orçamentária - RREO.
O ingresso de R$ 808,2 milhões de receita de alienação de ativos, somado
ao saldo anterior de R$ 612,5 milhões, resultou no total a ser aplicado de R$ 1,42 bilhão.
A aplicação no ano foi de R$ 774,9 milhões em despesas de capital (investimentos e
amortização da dívida), restando, ao final de 2020, um saldo de R$ 645,8 milhões a ser
transferido para 2021.
Ficou evidenciado o atendimento ao art. 44 da LC nº 101/2000, pois a
aplicação de recursos provenientes da Alienação de Ativos não foi para o financiamento
de despesas correntes.
273
RECEITAS E DESPESAS PREVIDENCIÁRIAS DO REGIME PRÓPRIO DOS SERVIDORES PÚBLICOS - 2020
Em R$ milhões (nominais)
DEMONSTRATIVO RPPS DEMONSTRATIVO RPPS
DISCRIMINAÇÃO PLANO PREVIDENCIÁRIO PLANO FINANCEIRO
2019 2020 2019 2020
Inativos 9,1 1,1 13.154,6 13.690,6
Pensionistas 2,8 3,4 3.268,3 3.339,5
Outras Despesas Previdenciárias 490,5
5 - TOTAL DESPESAS PREVIDENCIÁRIAS (4) 11,9 4,5 16.913,4 17.030,1
6 - RESULTADO PREVIDENCIÁRIO ( 3 – 5 ) 852,1 579,9 (12.047,7) (9.939,1)
7 – % Variação Anual 2020/2019 (nominal) -31,9% 17,5%
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE e RREO do 6º bimestre de 2020, publicado pelo Poder Executivo.
Cálculos: Equipe Técnica TCE/RS.
* Valor aportado para equalizar o déficit atuarial, portanto, essa receita não deverá compor o total das receitas previdenciárias do período de apuração
274
No Plano Financeiro, o resultado negativo previsto para 2019 é o pior na
série (R$ 12,47 bilhões negativos), e, após, começará a reduzir, alcançando um déficit de
R$ 365 mil em 2093. Ao final de 2093, a previsão do déficit acumulado é de R$ 178,71
bilhões.
Em 18-08-2016, a Portaria nº 382 da Superintendência Nacional de
Previdência Complementar – PREVIC autorizou o funcionamento do Regime de
Previdência Complementar – RPC, instituído pela Lei Complementar nº 14.750, de
15-10-2015. A partir da autorização, os servidores ingressantes terão suas aposentadorias
e pensões limitadas ao teto do Regime Geral de Previdência Social – RGPS, podendo
aderir ao plano oferecido pela Fundação de Previdência Complementar – RS-Prev, para
fins de complementação do benefício. No longo prazo, o Fundoprev arcará com
aposentadorias e pensões limitadas ao teto do RGPS, o que contribuirá para o equilíbrio
atuarial do fundo e desonerará o Estado de realizar aportes.
Conforme já comentado, no dia 18-12-2019, a Assembleia gaúcha aprovou
o projeto de lei complementar nº 503/2019 que altera as alíquotas previdenciárias dos
servidores civis. As novas alíquotas irão descontar entre 7,5% a 22% dos salários e
passarão a valer a partir de abril de 2020 (90 dias após a sanção, que ocorreu no dia 23-
12-2019). Outra mudança diz respeito à contribuição dos inativos e pensionistas que
eram isentos até o teto do INSS (R$ 5.839,45 em 2019). A nova regra determina o
desconto escalonado (entre 9% e 22%) a partir do valor de um salário mínimo (R$ 998,00
em 2019).
Exame mais detalhado do RPPS é apresentado no capítulo 8 – Gestão
Previdenciária.
275
RESULTADO PRIMÁRIO E NOMINAL DE 2020
Em milhões de R$
RECEITAS PRIMÁRIAS 2019 2020
DESPESAS PRIMÁRIAS CORRENTES (XV) = (XIII-XIV) 52.302,1 43.138,9
DESPESAS DE CAPITAL (XVI) 1.542,9 1.410,0
(-) Despesas de Capital Financeiras 527,1 628,8
DESPESAS PRIMÁRIAS DE CAPITAL (XXI)=(XVI-XVII-XVIII-XIX-XX) 1.015,8 781,3
DESPESA PRIMÁRIA TOTAL (XXIII) = (XV+XXI+XXII) 53.318,0 43.920,1
RESULTADO PRIMÁRIO – Acima da linha (XXIV) = (XII-XXIII) 669,4 2.864,9
Meta Fixada na LDO – Resultado Primário * (701,1)
RESULTADO NOMINAL (5.057,8) (4.007,5)
Meta Fixada na LDO – Resultado Nominal (1.497,0) (1.321,7)
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE e RREO 6º bimestre de 2020, publicado pelo Poder Executivo.
Cálculos: Equipe Técnica TCE/RS
*A meta de foi calculada conforme metodologia antiga, não sendo possível a comparação.
276
nº 54.983/2020, ao desdobrar a meta do resultado primário do orçamento de 2020,
indicou que seria necessário um contingenciamento de R$ 516,4 milhões durante o
exercício para atingir a meta de resultado primário da LDO.
Efetua-se, a seguir, o comparativo dessas metas anuais fixadas na LDO e na
LOA, com os respectivos valores apurados em 2020.
277
meta (superior R$ 3,57 bilhões). O Estado, ao elaborar a Lei de Diretrizes Orçamentárias
(LDO), estipulou uma meta realista, ao contrário de anos anteriores. Isso se deve ao fato
de não ter sido colocado na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2020 receitas
extraordinárias para atingir o equilíbrio orçamentário, fato que foi realizado nos anos
anteriores, distorcendo o orçamento. O bom resultado deve-se, ainda, aos repasses da
União ao Estado para combate à pandemia do Covid-19, bem como os decretos estaduais
que contingenciaram as despesas ao longo do ano. Soma-se ainda o fato de não haver
reposições de servidores, salários congelados, a reforma administrativa que extinguiu os
avanços e triênios dos servidores, dentre outros.
Conforme visto no item 5.2.3.1, existem valores que foram executados a
parte do orçamento, ou seja, despesas foram pagas sem que houvesse o estágio de
empenho, sendo inscritas diretamente na conta Obrigações Pendentes de Execução
Orçamentária, no Passivo Circulante. O montante apurado em 2020 foi de R$ 747,3
milhões, os quais devendo ser considerados no cálculo do resultado primário do exercício.
278
dos fatos, em virtude do salto da sua projeção em 2014 (de R$ 2,64 bilhões para
R$ 4,76 bilhões), pois nesse período ocorreram significativas contratações de operações
de crédito, com impacto na apuração da dívida fiscal líquida.
Em 2015 e 2016, retorna a discrepância do Resultado Nominal em
proporção à meta fixada (206,96% e 150,60%, respectivamente). Em 2017, a meta
estipulada foi bastante alta, com o resultado nominal diminuindo em relação aos anos
anteriores. O resultado em relação à meta foi de 47,21%.
O ano de 2019 seguiu com a forte tendência de extrapolação da meta já
sentido em 2018. O resultado voltou a ser bem acima do estipulado (352,22% superior).
No ano corrente, a meta estipulada foi um crescimento máximo de R$ 1,32
bilhão, enquanto o resultado obtido foi de R$ 4.007,5 milhões, ou seja, bem acima da
meta.
As Metas Fiscais representam os resultados a serem alcançados para
variáveis fiscais, visando atingir os objetivos desejados pelo ente da Federação quanto à
trajetória de endividamento no médio prazo. Pelo princípio da gestão fiscal responsável,
as metas representam a conexão entre o planejamento, a elaboração e a execução do
orçamento. Esses parâmetros indicam os rumos da condução da política fiscal para os
próximos exercícios e servem de indicadores para a promoção da limitação de empenho e
de movimentação financeira.
279
No decorrer do exercício de 2020, a evolução da receita primária (exceto as
intraorçamentárias), com R$ 45,66 bilhões, foi superior a previsão inicialmente orçada no
Decreto nº 54.983/2020 de R$ 43,76 bilhões. A diferença foi ocasionada principalmente
pelas parcelas do auxílio emergencial da LC nº 173/2020.
As despesas primárias empenhadas, no total de R$ 47,85 bilhões
(excetuadas as intraorçamentárias) ficaram abaixo das previsões iniciais, que eram de
R$ 50,01 bilhões. Houve queda nos grupos de Pessoal e Encargos Sociais e Dívida, mas o
impacto mais relevante foi a Reserva de Contingência, na qual foi orçado o valor de R$
1,89 bilhão e não houve execução.
Chama-se atenção ao fato dos relatórios de execução orçamentário dos
bimestres ao longo do ano terem sempre demonstrado ser necessário um alto
contingenciamento aos poderes, mesmo com o resultado primário sendo executado
acima da meta estipulada.
REPROGRAMADO*
RECEITA PRIMÁRIA TOTAL DESPESAS PRIMÁRIA TOTAL CONTINGENTE RESULTADO PRIMÁRIO
1º Bimestre 9.980,6 10.028,6 86,6 38,5
2º Bimestre 10.019,3 10.292,8 98,8 -174,8
3º Bimestre 8.757,2 11.049,8 523,0 -1.769,6
4º Bimestre 10.507,5 11.217,8 883,2 172,9
5º Bimestre 10.261,6 12.583,9 1.258,6 -1.063,7
6º Bimestre 11.153,3 15.807,8 1.275,3 -3.379,2
TOTAL 61.287,0 63.870,9 1.275,3 -1.308,6
EXECUTADO
RECEITA PRIMÁRIA TOTAL DESPESAS PRIMÁRIA TOTAL CONTINGENTE RESULTADO PRIMÁRIO
1º Bimestre 10.536,2 11.317,8 - -781,6
2º Bimestre 9.150,1 9.282,3 - -132,2
3º Bimestre 8.575,5 8.955,7 - -380,1
4º Bimestre 11.106,6 9.544,6 - 1.562,0
5º Bimestre 10.765,2 10.444,9 - 320,3
6º Bimestre 12.409,5 10.648,7 - 1.760,8
TOTAL 62.543,2 60.194,0 - 2.349,2
Fonte: Relatórios de Execução Orçamentária bimestrais, elaborados pelo Tesouro do Estado, Decrteo Estadual nº 54.983,2020 e sistema Cubos/DW
Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG
*O valor reprogramado é aquele constante no relatório do bimestre anterior, bem como a soma total é a prevista no relatório do 6º bimestre/2020.
280
empenhado foi de R$ 10,65, inferior inclusive ao valor do decreto. Em diversos meses
pode se observar discrepâncias, em especial nos três últimos bimestres.
A consequência de uma previsão errônea, conforme já comentado, são
limitações de empenho desnecessárias. A cada bimestre, foi solicitado contingenciamento
aos poderes, embora o cenário não demonstrasse, muitas vezes, essa necessidade.
Apresenta-se a seguir os contingenciamentos requeridos aos poderes ao
longo de 2020:
281
CONTINGENCIAMENTO EFETUADO PELOS PODERES
Em R$ milhões (nominais)
PODER/ÓRGÃO VALOR
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO 22,2
TRIBUNAL DE JUSTIÇA 120,1
JUSTIÇA MILITAR DO ESTADO 1,2
MINISTÉRIO PÚBLICO 44,7
DEFENSORIA PÚBLICA 15,7
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA* 43,8
TOTAL 247,7
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW
*A Assembleia Legislativa devolveu valores ao Executivo, conforme consulta realizada no FPE (transferência de numerário).
282
a) Receita Corrente Líquida - RCL anual do estado menor do
que a Dívida Consolidada - DC ao final do exercício;
b) Despesas Correntes superiores em 95% a RCL, ou Despesa
com Pessoal no mínimo de 60% da RCL, com aferição sempre no
exercício anterior ao pedido de ingresso no regime;
c) Valor total de obrigações superior às disponibilidades de
caixa de recursos livres.
De acordo com o critério “a”, a RCL (R$ 42,07 bilhões) deverá ser menor
que a DCL (R$ 93,26 bilhões), o que foi atingido pelo RS em 2020, considerando-se o
requisito cumprido.
Já o requisito “b” determina que as despesas correntes devam ser
superiores que 95% da RCL ou a despesa com pessoal deverá ser acima de 60% da RCL. A
despesa com pessoal (R$ 20,89 bilhões) representa 49,66%, não sendo suficiente para
cumprir o requisito. Porém, na outra hipótese, as despesas correntes (R$ 61,82 bilhões)
são superiores a 95% da RCL (R$ 39,97 bilhões). A lei é omissa quanto ao estágio da
despesa (empenhada, liquidada ou paga) bem como ao cômputo das despesas
intraorçamentárias ou não. Espera-se que a STN divulgue um manual com os critérios
explicados. Porém, mesmo considerando o valor mais baixo para as despesas correntes,
283
que seriam as despesas correntes pagas sem considerar as intraorçamentárias (R$ 43,38
bilhões), o requisito é cumprido, tornando o Estado apto a aderir ao regime.
Por fim, o requisito “c” também é cumprido, pois as disponibilidades de
caixa do Estado, considerando os recursos livres, foram de R$ 29,96 bilhões negativos ao
final de 2020, ficando dessa forma abaixo das obrigações do Estado (mesmo que essas
fossem zero, o que não é o caso).
As principais consequências da adesão ao regime estão elencadas no artigo
2º da LC nº 159/2017, com as alterações da LC nº 178/2021:
art. 2º O Plano de Recuperação Fiscal será formado por leis ou atos normativos
do Estado que desejar aderir ao Regime de Recuperação Fiscal, por diagnóstico
em que se reconhece a situação de desequilíbrio financeiro, por metas e com-
promissos e pelo detalhamento das medidas de ajuste, com os impactos espe-
rados e os prazos para a sua adoção. (Redação dada pela Lei Complementar nº
178, de 2021)
§ 1º Das leis ou atos referidos no caput deverá decorrer, observados os termos
do regulamento, a implementação das seguintes medidas: (Redação dada pela
Lei Complementar nº 178, de 2021)
I - a alienação total ou parcial de participação societária, com ou sem perda do
controle, de empresas públicas ou sociedades de economia mista, ou a conces-
são de serviços e ativos, ou a liquidação ou extinção dessas empresas, para qui-
tação de passivos com os recursos arrecadados, observado o disposto no art. 44
da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000; (Redação dada pela Lei
Complementar nº 178, de 2021)
II - a adoção pelo Regime Próprio de Previdência Social, no que couber, das re-
gras previdenciárias aplicáveis aos servidores públicos da União; (Redação
dada pela Lei Complementar nº 178, de 2021)
III - a redução de pelo menos 20% (vinte por cento) dos incentivos e benefícios
fiscais ou financeiro-fiscais dos quais decorram renúncias de receitas, observa-
do o § 3º deste artigo; (Redação dada pela Lei Complementar nº 178, de 2021)
IV - a revisão dos regimes jurídicos de servidores da administração pública dire-
ta, autárquica e fundacional para reduzir benefícios ou vantagens não previstos
no regime jurídico único dos servidores públicos da União; (Redação dada pe-
la Lei Complementar nº 178, de 2021)
V - a instituição de regras e mecanismos para limitar o crescimento anual das
despesas primárias à variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Am-
plo (IPCA); (Redação dada pela Lei Complementar nº 178, de 2021)
VI - a realização de leilões de pagamento, nos quais será adotado o critério de
julgamento por maior desconto, para fins de prioridade na quitação de obriga-
ções inscritas em restos a pagar ou inadimplidas, e a autorização para o paga-
mento parcelado destas obrigações; (Redação dada pela Lei Complementar nº
178, de 2021)
VII - a adoção de gestão financeira centralizada no âmbito do Poder Executivo
do ente, cabendo a este estabelecer para a administração direta, indireta e fun-
dacional e empresas estatais dependentes as condições para o recebimento e a
movimentação dos recursos financeiros, inclusive a destinação dos saldos não
utilizados quando do encerramento do exercício, observadas as restrições a es-
sa centralização estabelecidas em regras e leis federais e em instrumentos con-
tratuais preexistentes; (Redação dada pela Lei Complementar nº 178, de
2021)
VIII - a instituição do regime de previdência complementar a que se referem
os §§ 14, 15 e 16 do art. 40 da Constituição Federal. (Incluído pela Lei Com-
plementar nº 178, de 2021)
284
Ainda quanto ao Regime de Recuperação Fiscal, no mês de novembro de
2018, em cumprimento à determinação do processo 465-0200/17-1 – representação do
MPC nº 3/2017, o Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul determinou a
abertura de Inspeção Especial (processo nº 14635-0200/18-6), abrangendo os períodos
de 2017 e 2018, junto a Secretaria da Fazenda do RS para acompanhamento das
negociações do Estado do RS junto à STN para adesão ao regime de recuperação fiscal.
Considerando que o Estado ainda não aderiu ao regime, a Inspeção foi ampliada para
contemplar o período de 2017 a 2020, considerando a Promoção MPC nº 18/2020.
Considerando um futuro acordo e possível adesão do Estado ao regime, os
procedimentos e os impactos relacionados com a matéria deverão ser acompanhados por
este Tribunal de Contas.
5.4 – Conclusões
No que concerne às normas de finanças públicas voltadas para a
Responsabilidade na Gestão Fiscal, estabelecidas na Lei Complementar n° 101/2000, com
amparo no Capítulo II do Título VI da Constituição Federal, e nas Resoluções do Senado
Federal nºs 40/2001 e 43/2001, verifica-se que o Poder Executivo, em 2020:
1) Procedeu à publicação e à entrega da documentação prevista na
LC n° 101/2000, na Resolução nº 1089/2018 e na Instrução Normativa nº 04/2018 dentro
dos prazos e condições.
2) Atendeu aos limites legal (49%), prudencial (46,55%) e de alerta
(44,10%), previstos nos artigos 20, inciso II, alínea “c”, 22 e 59, § 1º, II, combinado com o
art. 20, II, “c”, da LC nº 101/200, para as despesas com pessoal, alcançando 42,49% da
receita corrente líquida.
3) Apresentou insuficiência financeira de R$ 29,96 bilhões nos recursos
livres, a qual, considerada a atualização monetária, foi inferior em 6,9% àquela
apresentada em 2019, de R$ 32,18 bilhões. Apesar da melhora apresentada, resta ainda
uma elevada insuficiência financeira. Entende-se razoável que a busca pelo equilíbrio
financeiro, nos termos do § 1º do art. 1º da LC nº 101/2000, deva ser avaliada no seu
encerramento, em 31-12-2022, quando se espera que a insuficiência financeira
apresentada não seja maior do que aquela recebida da gestão anterior, que se encerrou
em 31-12-2018.
4) Encontra-se com 21,81 pontos percentuais acima da meta da dívida
consolidada líquida, fixada em 200% da receita corrente líquida para o final do exercício
de 2019 (art. 3º, inciso I, da Resolução nº 40/2001), tendo sido o gestor alertado nos
termos do inciso III do § 1º do art. 59 da LRF. Entretanto, a LC nº 173/20 suspendeu os
prazos para readequação ao limite, enquanto durar a situação de calamidade pública
causada pela Covid-19.
Enquanto perdurar a irregularidade, o Ente fica impossibilitado de
contratar operação de crédito e, se não readequado ao limite após o final do terceiro
quadrimestre, ficará impedido também de receber transferências voluntárias da União.
Em julho de 2017, o Estado conseguiu liminar junto ao Supremo Tribunal Federal que
permitiu a suspensão do pagamento da dívida junto à União como antecipação do
Regime de Recuperação Fiscal, e que prevê o não pagamento da dívida por três anos
prorrogáveis por igual período.
285
5) Atendeu aos limites previstos para as Operações de Crédito e Concessão
de Garantias e Contragarantias, dispostos nos arts. 7º, inciso I, 9º e 10 da Resolução do
Senado Federal nº 43/2001.
6) Cumpriu com a “Regra de Ouro” ditada pelo inciso III do art. 167 da
Constituição Federal, segundo demonstrativo exigido pela LC nº 101/2000 (art. 53, § 1º,
inciso I), uma vez que a receita de Operações de Crédito, de R$ 24,9 milhões, foi inferior à
Despesa de Capital, com R$ 2,74 bilhões.
7) Atendeu ao art. 44 da LC nº 101/2000, concluindo-se que a aplicação de
recursos provenientes da alienação de ativos não foi para o financiamento de despesas
correntes. O ingresso de receita, somado ao saldo anterior, alcançou R$ 1,42 bilhão e a
aplicação em despesas de capital foi no total de R$ 774,9 milhões, restando, ao final de
2020, um saldo acumulado não empenhado de R$ 645,8 milhões, proveniente de
recursos de alienação de ativos de vários exercícios.
8) Apresentou resultado previdenciário negativo de R$ 9,94 bilhões, no
plano financeiro (antigos servidores), representando uma melhora de 17,5% em relação
ao saldo nominal do ano anterior. No regime de capitalização – Fundoprev, instituído a
partir de 18-07-2011, o resultado foi superavitário em R$ 579,9 milhões, com uma queda
nominal de 31,9% em relação a 2019. A melhora no plano financeira deve-se a reforma
previdenciária, com aumento de alíquotas e contribuições de inativos e pensionistas que
recebem abaixo do teto do regime geral.
Em 18-08-2016, entrou em funcionamento o Regime de Previdência
Complementar – RPC. As aposentadorias e pensões serão limitadas ao teto do Regime
Geral de Previdência Social – RGPS, podendo-se aderir ao plano oferecido pela Fundação
de Previdência Complementar –RS-Prev, para fins de complementação do benefício. No
longo prazo, o Fundoprev arcará com aposentadorias e pensões limitadas ao teto do
RGPS, o que contribuirá para o equilíbrio atuarial do fundo e desonerará o Estado de
realizar aportes.
9) Apresentou resultado primário de R$ 2,86 bilhões, acima da meta
estabelecida na LDO de R$ 701,1 milhões deficitários. O resultado nominal foi de
R$ 4,01 bilhões, ficando acima da meta máxima de R$ 1,32 bilhão, permitida para o
crescimento da Dívida Fiscal Líquida.
O bom resultado foi consequência dos repasses recebidos pelo Estado da
União para combate a pandemia da Covid-19, bem como as reformas previdenciárias e
administrativas, dentre outros.
As Metas Fiscais representam os resultados a serem alcançados para
variáveis fiscais, visando atingir os objetivos desejados pelo ente da Federação quanto à
trajetória de endividamento no médio prazo. Pelo princípio da gestão fiscal responsável,
as metas representam a conexão entre o planejamento, a elaboração e a execução do
orçamento. Esses parâmetros indicam os rumos da condução da política fiscal para os
próximos exercícios e servem de indicadores para a promoção da limitação de empenho e
de movimentação financeira.
Nada impede a promoção de modificações na LDO em curso, visando, por
exemplo, à reformulação das metas fixadas em meados do ano anterior, em virtude de
fatos supervenientes, justificados pelo Poder Executivo, e com a devida aprovação do
Legislativo.
286
10) Cumpriu com o estabelecido nos artigos 8º e 13º da LRF, relativamente
à elaboração da programação financeira, cronograma de execução mensal de desembolso
e metas bimestrais de arrecadação, indispensáveis ao acompanhamento das limitações
de empenhos, necessários à obtenção da meta de Resultado Primário, nos termos do art.
9º da LRF. Embora tenha sido requeridos contingenciamentos ao longo do exercício, o
resultado primário acima da meta estabelecida comprovou que não havia necessidade de
limitação de empenhos. Também a LC nº 173/2020, conforme já comentado, dispensou o
contingenciamento enquanto perdurar o estado de calamidade pública.
11) O Estado está em negociação com a Secretaria do Tesouro Nacional
para aderir ao Regime de Recuperação Fiscal (LC 159/2017). Com as mudanças verificadas
pela LC nº 178/2021, o Estado encontra-se apto à adesão no ano de 2021.
Após um futuro acordo e possível adesão do Estado ao RRF, os
procedimentos e os impactos relacionados com a matéria deverão ser acompanhados por
este Tribunal de Contas.
De todo o exposto (nos itens 1 a 11, destas Conclusões), dentre os
indicadores que medem a responsabilidade na gestão fiscal, objetivando prevenir riscos e
corrigir desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, constatou-se o
atendimento das metas relacionadas à entrega e publicação de relatórios fiscais,
despesas com pessoal, ao equilíbrio financeiro, às operações de crédito, concessões de
garantias, alienação de ativos, regra de ouro e meta do resultado primário
Todavia, o não atendimento das metas da dívida consolidada líquida e de
resultado nominal, merecem justificativas do Governador do Estado.
287
6 GESTÃO PATRIMONIAL E FINANCEIRA
O Balanço Patrimonial é a demonstração contábil destinada a evidenciar,
qualitativa e quantitativamente, a situação patrimonial da entidade pública, por meio de
contas representativas do patrimônio público, além das contas de compensação.
O processo de convergência da contabilidade pública aos padrões
internacionais, cujo protagonismo no Brasil está a cargo do Conselho Federal de
Contabilidade - CFC, conforme acordo firmado com a Federação Internacional dos
Contadores – IFAC, tem na Secretaria do Tesouro Nacional – STN, o papel de consolidar e
normatizar as regras gerais.
Destaca-se a aprovação da Portaria STN nº 548/2015, a qual, em anexo,
determinou que o Plano de Implantação dos Processos Contábeis Patrimoniais – PIPCP
deve ser atendido pelo setor público de acordo com os prazos estabelecidos. Segundo a
Contadoria e Auditoria-Geral do Estado – CAGE, o Rio Grande do Sul está atendendo aos
prazos, estando, em alguns pontos, em fase adiantada, conforme demonstra a tabela a
seguir:
Estágio atual
Obrigatoriedade dos de Implanta-
PCP (de acordo com as regras das NBC TSP e do MCASP vigentes) registros contábeis ção no Estado
(a partir de) do Rio Gran-
de do Sul
Reconhecimento, mensuração e evidenciação da Dívida Ativa, tributária e Implan-
1 Imediato
não-tributária, e respectivo ajuste para perdas. tado
Reconhecimento, mensuração e evidenciação da provisão atuarial do Implan-
2 Imediato
regime próprio de previdência dos servidores públicos civis e militares. tado
Reconhecimento, mensuração e evidenciação das obrigações com forne- Implan-
3 01/01/2016
cedores por competência. tado
Reconhecimento, mensuração e evidenciação dos demais créditos a rece-
Parcial-
ber, (exceto créditos tributários, previdenciários e de contribuições a
4 01/01/2017 mente
receber), bem como dos respectivos encargos, multas e ajustes para
atendido
perdas.
Reconhecimento, mensuração e evidenciação das obrigações por compe-
Implan-
5 tência decorrentes de benefícios a empregados (ex.: 13º salário, férias , 01/01/2017
tado
etc.).
Reconhecimento, mensuração e evidenciação das provisões por compe- Implan-
6 01/01/2019
tência. tado
Evidenciação de ativos e passivos contingentes em contas de controle e Implan-
7 01/01/2019
em notas explicativas. tado
Reconhecimento, mensuração e evidenciação dos bens móveis e imóveis;
Parcial-
respectiva depreciação, amortização ou exaustão; reavaliação e redução
8 01/01/2019 mente
ao valor recuperável (exceto bens do patrimônio cultural e de infraestru-
atendido
tura).
Reconhecimento, mensuração e evidenciação das obrigações por compe-
Implan-
9 tência decorrentes de empréstimos, financiamentos e dívidas contratuais 01/01/2019
tado
e mobiliárias.
1 Reconhecimento, mensuração e evidenciação dos investimentos perma- Implan-
01/01/2019
0 nentes, e respetivos ajustes para perdas e redução ao valor recuperável. tado
1 Reconhecimento, mensuração e evidenciação dos créditos oriundos de Implan-
01/01/2020
1 receitas tributárias e de contribuições (exceto créditos previdenciários), tado
289
Estágio atual
Obrigatoriedade dos de Implanta-
PCP (de acordo com as regras das NBC TSP e do MCASP vigentes) registros contábeis ção no Estado
(a partir de) do Rio Gran-
de do Sul
bem como dos respectivos encargos, multas, ajustes para perdas e regis-
tro de obrigações relacionadas à repartição de receitas.
Parcial-
1 Reconhecimento, mensuração e evidenciação dos créditos previdenciá- mente
01/01/2020
2 rios, bem como dos respectivos encargos, multas, ajustes para perdas. Atendi-
do
Reconhecimento, mensuração e evidenciação de softwares, marcas,
1 Imple-
patentes, licenças e congêneres, classificados como intangíveis e eventu- 01/01/2020
3 mentado
ais amortizações, reavaliação e redução ao valor recuperável.
Em im-
plemen-
1 ta-
Reconhecimento, mensuração e evidenciação dos estoques. 01/01/2021 ção/Parci
4
almente
Atendido
Planeja-
Reconhecimento, mensuração e evidenciação dos bens de infraestrutura; mento
1
respectiva depreciação, amortização ou exaustão; reavaliação e redução 01/01/2022
5 GTCON
ao valor recuperável.
RS
Reconhecimento, mensuração e evidenciação dos bens do patrimônio Planeja-
1 cultural; respectiva depreciação, amortização ou exaustão; reavaliação e mento
01/01/2022
6 redução ao valor recuperável (quando passível de registro segundo IPSAS, GTCON
NBC TSP e MCASP). RS
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020 p. 70 e 71
Legendas:
Implantado: O procedimento encontra-se implementado e alinhado às regras estabelecidas nas NBC TSP e no MCASP vigentes.
Em Implantação: Os normativos e/ou os guias de lançamentos contábeis foram expedidos e estão alinhados às regras estabelecidas nas NBC TSP e no
MCASP. Os procedimentos foram iniciados em 01/01/2019.
Iniciado: Estudos foram iniciados e foi aberto expediente administrativo próprio para tratar do assunto.
Não iniciado: Estudos não foram iniciados.
Parcialmente Atendido: Os procedimentos contábeis atualmente adotados estão consideravelmente aproximados do estabelecido nas NBC TSP e no
MCASP. Ajustes necessários serão realizados dentro do prazo estabelecido na Portaria.
290
BALANÇO PATRIMONIAL CONSOLIDADO
Em R$ milhões (nominais)
ATIVO PASSIVO
Especificação 2019 2020 Especificação 2019 2020
Prazo Financiamentos
1.1.3. Demais Créditos e 2.13. Fornecedores e Contas a
4.294,8 659,1 2.123,6 2.043,6
Valores Pagar
1.1.4. Investimentos e 2.1.4. Obrigações Fiscais a Curto
2.732,2 3.203,9 64,5 104,7
Aplicações Temp. Prazo
1.1.5. Estoques 265,9 421,2 2.1.5. Transferências Fiscais 0,3 0,0
1.1.6. Imobilizado mantido
32,6 32,6 2.1.7. Provisões a Curto Prazo 6.788,3 336,8
para venda
2.1.8. Demais Obrigações a Curto
15.528,7 14.272,2
Prazo
1.2. Ativo Não Circulante 42.060,6 43.901,3 2.2. Passivo Não Circulante 92.841,3 270.339,6
1.2.1. Ativo Realizável a
19.627,2 19.243,4 2.2.1. Obrig. Trab., Prev. e Assist. 10.059,5 10.348,0
Longo Prazo
2.2.2. Empréstimos e
1.2.2. Investimentos 12.124,2 13.794,7 66.935,5 68.676,8
Financiamentos
2.2.3. Fornecedores e Contas a
1.2.3. Imobilizado 10.262,3 10.783,4 1.929,1 1.556,0
Pagar
2.2.4. Obrigações Fiscais a Longo
1.2.4. Intangível 46,9 79,9 163,4 105,2
Prazo
2.2.7. Provisões a Longo Prazo 13.310,3 189.196,2
2.2.9. Resultado Diferido 443,5 457,4
TOTAL PASSIVO 131.087,4 302.261,4
2.3. Patrimônio Líquido (68.267,6) (239.703,6)
TOTAL 62.819,8 62.557,8 TOTAL 62.819,8 62.557,8
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020 (Volume I)
6.1 – Ativo
O Ativo compreende os recursos controlados pela entidade como resultado
de eventos passados e do qual se espera benefícios econômicos futuros ou potencial do
serviço. O Ativo é segregado em dois grupos: Circulante e Não Circulante.
São classificados como Ativo Circulante, quando atenderem a um dos
critérios: (i) estiverem disponíveis para realização imediata; ou (ii) tiverem a expectativa
de realização até 12 meses após a data das demonstrações contábeis.
São classificados como Ativo Não Circulante, quando realizáveis após 12
meses seguintes à data da publicação das demonstrações contábeis.
ATIVO
Em R$ milhões (nominais)
2019 2020 2020
Especificação
R$ % R$ % Var. 20/19
1.1. Ativo Circulante 20.759,2 33,0% 18.656,5 29,8% -10,1%
1.1.1. Caixa e Equivalentes de Caixa 3.027,2 4,8% 4.294,2 6,9% 41,9%
291
ATIVO
Em R$ milhões (nominais)
Especificação 2019 2020 2020
1.1.2. Créditos a Curto Prazo 10.406,5 16,6% 10.045,4 16,1% -3,5%
1.1.3. Demais Créditos e Valores 4.294,8 6,8% 659,1 1,1% -84,7%
1.1.4. Investimentos e Aplicações Temp. 2.732,2 4,3% 3.203,9 5,1% 17,3%
1.1.5. Estoques 265,9 0,4% 421,2 0,7% 58,4%
1.1.6. Imobilizado mantido para venda 32,6 0,1% 32,6 0,1% 0,0%
292
As variações mais significativas ocorreram nas seguintes contas: SIAC
(aumento de R$ 681,7 milhões), Banco Conta Movimento (redução de R$ 1,53 bilhão) e
Aplicações Financeiras de Recursos Vinculados (aumento de R$ 1,95 bilhão).
A variação do SIAC será detalhada no item a seguir. Quanto às outras duas
contas, houve uma transferência de saldos do Poder Judiciário, de valores que estavam
em contas bancárias e foram movimentados para aplicações financeiras.
293
O saldo contábil que envolve as operações do SIAC registrado nas contas
de Ativo (R$ 7,21 bilhões), quando cotejado com a conta Resgate Acumulado
(R$ 6,49 bilhões), que figura no Passivo Circulante e representa o total já consumido pelo
Estado, aponta saldo líquido de R$ 721,2 milhões em 31-12-2020.
Importante salientar que em 2020, o Estado retirou da contabilização do
SIAC os Depósitos Judiciais, por não ser mais permitida a sua utilização, o que explica a
redução de 99,8% na conta contábil e a consequente redução de 68,4% nos resgates. Este
fato será mais bem explicado no item próprio de depósitos judiciais, na sequência.
Outro fato relevante que deve ser mais bem explicado refere-se a
utilização de recursos vinculados, contribuindo para uma maior queda na conta de
Resgates do Tesouro.
Em análise mensal da conta Resgate do SIAC, onde os valores negativos são
“devoluções” ao sistema e valor positivos significam resgates, verifica-se o seguinte
cenário:
RESGATES MENSAIS DO SIAC – 2020
Em R$ milhões (nominais)
MÊS RESGATE ACUMULADO NO ANO
jan/20 (1.110,0) (1.110,0)
fev/20 (300,0) (1.410,0)
mar/20 90,0 (1.320,0)
abr/20 10,0 (1.310,0)
mai/20 175,0 (1.135,0)
jun/20 45,0 (1.090,0)
jul/20 70,0 (1.020,0)
ago/20 49,0 (971,0)
set/20 (15,0) (986,0)
out/20 (1.930,0) (2.916,0)
nov/20 141,0 (2.775,0)
dez/20 (679,3) (3.454,3)
Fonte: Sistema Finanças Públicas Estadual - FPE
Cálculos: Equipe SAIPAG/SAICE
294
(...)
II - na redução da dívida fundada do Estado
(...)
IX - no financiamento do regime de previdência dos servidores públicos do Esta-
do
Em dezembro de 2019, o Tesouro do Estado empenhou R$ 1,02 bilhão na
rubrica 1309 – Contribuição ao IPERGS para Cobertura do Déficit de Pensionistas,
utilizando o recurso 167 – Fundo de Reforma Estadual. Em janeiro de 2020, quando
houve o ingresso de recursos suficientes para efetuar o pagamento da folha salarial
(recursos livres), ocorreu a seguinte movimentação contábil:
a) Pagamento da folha utilizando os recursos livres que haviam
ingressado no caixa do Estado.
b) Como se tratava de uma despesa empenhada com recurso
167, o qual tinha disponibilidade no SIAC para efetuar tal
pagamento, houve o “ressarcimento” ao Tesouro do Estado, com
o saque da conta vinculado ao FRE.
c) Como a folha já havia sido quitada, o Tesouro “devolveu” o
valor ao SIAC, diminuindo assim o saldo da conta resgate.
Importante destacar que não houve ingresso de recursos novo no caixa do
Estado, apenas movimentações contábeis. Houve apenas a utilização contábil de um
recurso que já estava contabilizado dentro do SIAC.
Em outubro de 2020 houve movimentação parecida, mas o ressarcimento
foi com os valores empenhados para pagar o Serviço da Dívida Pública, entre
Agosto/2016 e setembro/2020. Novamente houve o levantamento de que as despesas
poderiam ser pagas com o recurso vinculado 167, sendo feita toda a movimentação
descrita anteriormente.
295
SALDOS SIAC – PRINCIPAIS CONTAS
Em R$ milhões (nominais)
CONTAS 2019 % 2020 %
EDUCAÇAO 261,45 2,6% 213,36 3,0%
FES/DEMANDAS JUDIC 121,22 1,2% 168,36 2,3%
CORSAN 29,32 0,3% 151,64 2,1%
AGERGS 109,89 1,1% 133,60 1,9%
ASSEMBL/REC179 116,60 1,2% 117,25 1,6%
PGJ 94,05 0,9% 114,07 1,6%
TCE/RS 39,11 0,4% 107,67 1,5%
DEMAIS CONTAS 3.509,7 35,1% 2.467,5 34,2%
TOTAL SALDO SIAC 9.986,45 100,0% 7.213,78 100,0%
RESGATE ACUMULADO SIAC (9.946,9) -99,6% (6.492,6) -90,0%
SALDO LÍQUIDO SIAC 39,5 0,4% 721,2 10,0%
Fonte: Sistema Finanças Públicas Estadual - FPE
Cálculos: Equipe SAIPAG/SAICE
296
para pagamento de cobertura do déficit previdenciário dívida pública estadual, o que
acarretou em diminuição da conta de resgates do tesouro.
Com isso, em 2020 houve redução do saldo resgatado acumulado, ou seja,
redução na dívida do estado perante o SIAC.
Nota-se que a prática sempre foi utilizar os resgates do SIAC para financiar
os déficits recorrentes ocorridos no Estado. As exceções, quando houve devoluções ao
sistema, foram em 2013, ano em que foram utilizados R$ 5,02 bilhões de depósitos
judiciais e agora em 2020, onde já foi explicada a utilização dos recursos vinculados em
prol dos recursos livres. Embora tenha ocorrida essa redução, a dívida permanece em
valores relevantes.
Buscando melhor visualização histórica, elaborou-se o gráfico a seguir,
desta vez cotejando os valores sacados em cada exercício atualizados monetariamente
pelo IPCA-médio. Pare efeitos de comparação, considerou-se a soma dos resgates do SIAC
e dos depósitos judiciais de terceiros, os quais eram contabilizados juntos até 2019.
Fonte: Relatórios SIAC - Divisão de Planejamento Financeiro e SIAC – Tesouro do Estado – SEFAZ/RS e CUBOS DW – SEFAZ/RS/CAGE
Obs.: Saque anual (atualizado pelo IPCA médio)
297
Verifica-se que apenas nos anos de 2009 e 2010 não haviam sido feitos
saques no sistema, os quais se tornaram crescente a partir de 2012, chegando ao valor de
R$ 4,24 bilhões em 2014. A diminuição nos anos seguintes deu-se em razão do
esgotamento do saldo de depósitos judiciais, bem como das contas integrantes do SIAC.
Muito embora o caixa único apresente aspectos positivos para o Estado,
permitindo uma maior flexibilização em relação ao fluxo financeiro, o questionamento
que ora se faz é se em algum momento haverá, por parte do Estado, a capacidade de
reposição destes valores às contas originais.
A manutenção no sistema de valores oriundos de empresas, recursos
vinculados, muitos deles referentes a verbas de convênios e vultosas somas de
financiamentos externos e provenientes de depósitos judiciais não tributários, poderá
ocasionar, em face da morosidade na execução da despesa, inevitável prejuízo aos
investimentos públicos, serviços prestados à população e aos projetos sociais a que os
recursos originalmente se destinavam.
A dependência do Estado com o SIAC deve ser analisada em conjunto com
a utilização dos depósitos judiciais, haja vista que apenas em janeiro de 2018 houve
vedação a sua utilização.
RESGATES NO SIAC E UTILIZAÇÃO DOS DEPÓSITOS JUDICIAIS
Em R$ milhões (nominais)
298
Constatou-se, junto à Divisão do SIAC, da Secretaria da Fazenda, que o
valor efetivamente pendente de reposição, em 31-12-2020, era de R$ 939,2 milhões,
distribuído entre diversas entidades aplicadoras, como se retrata na tabela a seguir:
299
Conta Cálculo da remuneração
PROCERGS “Os recursos disponibilizados ao Sistema Integrado de Administração de Caixa –
SIAC pelo depositante serão remunerados 97% (noventa e sete por cento) da Taxa
bruta recebida pelo Estado nas suas aplicações junto ao Banco do Estado do Rio
Grande do Sul.”
PGJ “Os recursos disponibilizados ao SIAC pelo DEPOSITANTE serão remunerados
diariamente na proporção de 95% (noventa e cinco por cento) da remuneração
paga pelo BANRISUL ao Governo do Estado do Rio Grande do Sul.”
SULGÁS “O depositário pagará ao depositante, ao final de 16 dias úteis após cada período
de 10 dias, a remuneração equivalente a 97,5% da taxa bruta recebida pelo SIAC
nos valores aplicados por este junto ao Banrisul.”
*Extinta
6.1.2 – Créditos
Os créditos do Estado, considerando os de curto e longo prazo, somaram
R$ 29,95 bilhões em 31-12-2020 (R$ 34,33 bilhões em 31-12-2019), composto por valores
conforme tabela a seguir.
300
houve a transferência de saldo para as contas de investimentos de longo prazo (Fundos
para Financiamento), enquanto que no IPE Previdência houve o desreconhecimento de
R$ 482,7 milhões, referente a créditos que foram transferidos para o Estado, em
consequência das Leis nº 11.402/1999 e nº 15.144/2018, mas que atualmente estão em
fase de apuração do saldo a receber, pois o valor original estava evidentemente
superavaliado.
Na conta “Devedores” constam os débitos de pessoas físicas ou jurídicas
realizáveis independente de autorização orçamentária. A maior parte do valor é referente
ao pagamento de precatórios efetuados pelo Tribunal Regional do Trabalho que ainda
não foram regularizados pela Secretaria da Fazenda por falta de identificação dos valores
por credor, dificultando a conciliação desta conta.
Conforme informações constantes no Balanço Geral do Estado de 2020, a
conta “Responsáveis por Pagamentos Irregulares” demonstra os pagamentos efetuados
em que não houve o prévio empenho/liquidação, ou, caso tenha havido, esteja pendente
de regularização. Registrava até 31 de dezembro de 2014 os sequestros judiciais
referentes a Requisições de Pequeno Valor (RPV) não pagas no prazo legal e a ações
judiciais relacionadas à saúde. A partir de 1º de janeiro de 2015, os sequestros passaram
a ser registrados na conta “Sequestros Judiciais a Regularizar”. Os sequestros judiciais
estão relacionados ao não pagamento de RPV no prazo legal ou a ações judiciais da
saúde. A falta de regularização ocorre por duas situações, a saber: 1) Há informação
incompleta sobre o sequestro, caso em que foi efetuado empenho/liquidação, porém
ainda falta a conciliação contábil; 2) Não há informação completa sobre o sequestro, caso
em que a saída de numerário não foi reconhecida orçamentariamente.
Ainda de acordo com informações do Balanço, em cumprimento à IN Cage
nº 8/2019, essa conta teve sua utilização encerrada em 31 de dezembro de 2019 e os
sequestros realizados a partir de 2020 passaram a ser registrados como variações
patrimoniais diminutivas do exercício em que ocorrerem independentemente de sua
regularização orçamentária. A execução orçamentária dos valores sequestrados passou a
ser controlada em contas de controle. Além disso, a IN Cage nº 8/2019 também previu
que os valores de sequestros registrados como ativo em exercícios anteriores, nas contas
de Responsáveis, Sequestros Judiciais a Regularizar ou outra (como a conta Depósitos
Judiciais utilizada majoritariamente pela Administração Indireta) fossem baixadas à conta
de Ajuste de Exercício Anteriores. Essa baixa vai ao encontro das Normas Brasileiras de
Contabilidade, em especial a Estrutura Conceitual (NBCT SP 00), já que os valores não
poderiam ser caracterizados como ativos.
301
6.1.2.1.1 – Evolução do Saldo Registrado no Balanço Patrimonial
O Balanço Patrimonial apresentou, em 2020, saldo de Dívida Ativa de
R$ 20,77 bilhões (R$ 20,50 bilhões em 2019), constituindo-se no subgrupo mais
expressivo do Ativo (levando-se em conta saldos registrados no Circulante e no Não
Circulante).
No exercício de 2019, houve mudanças de critérios para o cálculo do Ajuste
de Perdas para Dívida Ativa em Fase Judicial, tendo sido realizados estudos especializados
pela Receita Estadual (cobrança administrativa) e pela Procuradoria-Geral do Estado
(cobrança judicial). Essa alteração impactou no aumento do saldo viável de Dívida Ativa.
Os saldos contábeis, separados em Administração Direta e Indireta, estão
assim demonstrados:
302
DÍVIDA ATIVA DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA - COBRANÇA X SALDO INICIAL
Em milhões de R$ (nominais)
COBRANÇA SALDO INICIAL
EXERCÍCIO %
NO EXERCÍCIO (*) DO EXERCÍCIO
2011 463,1 26.709,2 1,73
2012 534,5 28.422,7 1,88
2013 442,0 30.202,9 1,46
2014 492,0 32.100,4 1,53
2015 842,5 34.615,4 2,43
2016 708,5 37.030,9 1,91
2017 674,5 40.510,7 1,66
2018 1.266,2 43.669,4 2,90
2019 2.366,0 44.945,9 5,26
2020 1.057,9 46.166,2 2,29
Fonte: Fonte: Balanço Geral do Estado 2020 (volume I) e Cubos DW (SEFAZ/RS)
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
303
EVOLUÇÃO DO SALDO CONTÁBIL - DA DÍVIDA ATIVA DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA
Em milhões de R$
VALORES NOMINAIS VALORES ATUALIZADOS (*)
SALDO DE SALDO DE BASE
EXERCÍCIO BASE FIXA (%) BASE MÓVEL (%) BASE FIXA (%)
BALANÇO BALANÇO MÓVEL (%)
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020 (volume I) e Cubos DW (SEFAZ/RS)
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
Nota1: Valores inflacionados pelo IPCA – médio.
Nota 2: Para fins de comparação, não foi considerado o Ajuste a Valor Recuperável.
304
prazo para este procedimento não deve exceder a 30 dias após a inscrição, e, no caso de
insucesso da cobrança nesta instância, a Secretaria deve providenciar a remessa da
certidão à Procuradoria-Geral do Estado - PGE para iniciar a cobrança judicial.
Na fase prévia à judicialização da cobrança do crédito tributário, isto é,
antes do ajuizamento do executivo fiscal, a PGE exerce o controle da legalidade do título
executivo. No caso de verificadas inconsistências nos AULs ou nas CDAs, os documentos
são restituídos à SEFAZ para que proceda às devidas correções. Esse ato tem o objetivo de
evitar futuros prejuízos financeiro ao erário por deficiências, muitas vezes, meramente
formais no respectivo título, além de evitar cobrança de crédito público indevido.
Em relação ao ano anterior, 2020 assinala o crescimento de 1,46% do valor
do estoque geral de créditos em favor do Estado.
305
EVOLUÇÃO E COMPOSIÇÃO DO ESTOQUE DE CRÉDITOS SISTEMA AUL - 2011 – 2020
Em R$ milhões (nominais)
CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO
ANO EXIGIBILIDADE DISPONÍVEL TOTAL AUL
IMPUGNADO TOTAL PARCELADO TOTAL
SUSPENSA P/ COBRANÇA
2013 2.533,5 649,7 3.183,1 386,4 448,1 834,4 4.017,6
2014 2.526,4 376,6 2.903,0 472,3 261,4 733,7 3.636,7
2015 3.016,0 296,9 3.312,8 634,4 316,5 950,9 4.263,7
2016 3.418,0 365,5 3.783,5 700,2 429,2 1.129,4 4.912,9
2017 4.737,7 426,4 5.164,1 624,8 692,4 1.317,3 6.481,4
2018 6.333,9 455,6 6.789,5 544,2 901,8 1.446,0 8.235,5
2019 6.405,0 536,3 6.941,3 492,7 355,6 848,3 7.789,6
2020 5.545,7 568,3 6.114,0 1.379,3 416,4 1.795,7 7.909,8
Fonte: SEFAZ-Subsecretaria da Receita
306
ESTOQUE GERAL DE CRÉDITOS
Em R$ milhões (nominais)
2016 2017 2018 2019 2020
FASE SALDO % SALDO % SALDO % SALDO % SALDO %
ATUAL TOTAL ATUAL TOTAL ATUAL TOTAL ATUAL TOTAL ATUAL TOTAL
TOTAL
PARCELADO = 1.872,0 4,1 1.888,2 3,8 1.766,2 3,3 2.165,6 4,0 5.985,0 11,1
Adm (A) + Jud (B)
Fonte: SEFAZ-Subsecretaria da Receita/BGE – iGR
Obs: Disponível (1) = Soma do disponível no Sistema AUL e no DAT/ADM
Parcelado (2) = Soma do parcelado do Sistema AUL e do DAT/ADM
Impugnado (3) = Valor do Sistema AUL
Exigibilidade Suspensa (4) = Soma do Valor da Exigibilidade Suspensa do Sistema AUL e do Contenciosos DAT/ADM
307
ajuste necessário para efetivar a transferência dos valores cuja expectativa de realização
ultrapasse o término do exercício financeiro de 2019 para a situação de longo prazo.
Os critérios utilizados para esse cálculo de ajuste foram assim
especificados:
308
20,08 bilhões dos R$ 46,17 bilhões inscritos, portanto 43,50% do total em 2019,
considerando que em 2018 o Estoque Viável era de 29,57%.
O ajuste realizado, a partir do Balanço do Estado de 2015, permite
evidenciar o estoque real dos valores cobráveis em dívida ativa, sem repercussões
orçamentárias e financeiras. Além disso, não há alteração na situação de cobrança dos
créditos, que permanecem como direito do Estado.
Já a arrecadação obteve um desempenho de 89,23% superior ano de 2018,
considerando o valor compensa com precatório (programa Compensa RS). Sem
considerar a referida compensação, o aumento na arrecadação da dívida ativa foi de
29,2% no ano corrente:
6.1.3.1 – Participações
As participações acionárias do Estado consistem em investimentos
permanentes em empresas. No encerramento do ano de 2020, as Participações
Acionárias do Estado somaram R$ 11,79 bilhões (R$ 9,58 bilhões em 2019), um aumento
de 23,1%.
Conforme o Balanço Geral do Estado, os registros contábeis são efetuados
conforme determina a Instrução Normativa CAGE nº 03/2015, a qual dispôs que as
participações em empresas sobre as quais o Estado tenha influência significativa
(empresas coligadas, controladas – exclusivamente ou em conjunto – e consórcios
públicos) devem ser mensuradas ou avaliadas pelo Método da Equivalência Patrimonial
(MEP). Os demais investimentos em empresas permanecem sendo mensurados pelo valor
de custo.
PARTICIPAÇÕES DO ESTADO
Em R$ milhões (nominais)
% do Capital %
EMPRESAS 2019 2020 % 2020
Social 2020/2019
Empresas Controladas 7.370,6 9.583,9 81,3% 30,0%
Badesul – AF 99,99 708,0 727,1 6,2% 2,7%
Banrisul 49,44 3.824,0 4.130,5 35,0% 8,0%
CADIP 99,99 221,4 221,2 1,9% -0,1%
CEASA/RS 94,24 16,1 15,5 0,1% -3,9%
CEEE* 99,99 - - - -
CESA* 99,93 - - - -
Corsan 99,99 2.066,6 3.975,8 33,7% 92,4%
CRM 99,98 312,3 298,2 2,5% -4,5%
EGR 100,00 94,5 95,0 0,8% 0,6%
PROCERGS 99,58 20,3 21,3 0,2% 4,9%
SULGÁS 51,00 107,4 99,3 0,8% -7,6%
Empresas Controladas em Conjunto 1.803,2 1.879,7 15,9% 4,2%
309
PARTICIPAÇÕES DO ESTADO
Em R$ milhões (nominais)
% do Capital %
EMPRESAS 2019 2020 % 2020
Social 2020/2019
BRDE** 33,33 1.803,2 1.879,7 15,9% 4,2%
Adiantamento para futuro aumento de capital 395,4 318,9 2,7% -19,3%
Cesa 280,0 314,1 2,7% 12,2%
Corsan 115,4 4,8 0,0% -95,8%
Empresas Diversas 7,9 7,4 0,1% -6,8%
Total 9.577,1 11.789,8 100,0% 23,1%
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020 (volume I) e Cubos DW (SEFAZ/RS)
(*) Patrimônio Líquido da CEEE e Cesa são negativos, por isso o valor contábil dos investimentos é zero.
(**) Participação calculada em 100% da Agência de Porto Alegre, conforme estatuto.
6.2 – Passivo
O Passivo corresponde às obrigações presentes, derivadas de eventos
passados, cujos pagamentos deverão resultar para a entidade saídas de recursos capazes
de gerar benefícios econômicos ou potencial de serviços. Está segregado em dois grupos:
Circulante e Não Circulante.
São classificadas como Passivo Circulante as obrigações conhecidas e
estimadas que atendam a qualquer um dos seguintes critérios: tenham prazos
estabelecidos ou esperados dentro do ciclo operacional da entidade; sejam mantidos
primariamente para negociação; tenham prazos estabelecidos ou esperados até 12 meses
após a data das demonstrações contábeis.
São classificadas como Passivo Não Circulante as obrigações conhecidas e
estimadas que não atendam a nenhum dos critérios.
O Passivo da Administração Pública Estadual, no exercício de 2020,
alcançou o valor de R$ 302,26 bilhões (R$ 131,09 bilhões em 2019), estando registrados
R$ 31,92 bilhões no Passivo Circulante (R$ 38,25 bilhões em 2019) e R$ 270,34 bilhões no
Passivo Não Circulante (R$ 92,84 bilhões em 2019). Quanto ao Patrimônio Líquido, o
Estado registrou um valor negativo de R$ 302,26 bilhões, ou seja, uma situação de
passivo a descoberto, quando o passivo é maior que o ativo.
Destaca-se o aumento substancial no Passivo Não Circulante, o qual
descreve-se a seguir as explicações contidas n Balanço Geral do Estado:
“Entretanto, cabe destacar que o relevante acréscimo no Passivo Não
Circulante está concentrado na conta de Provisão Atuarial do RPPS, que aumentou de R$
2,48 bilhões em 2019 para R$ 169,01 bilhões em 2020, em razão de alteração de política
contábil, que consistiu no reconhecimento, nos encargos gerais do Estado, do passivo
referente à cobertura de déficit previdenciário futuro. Esse valor sempre foi registrado
em conta redutora de passivo no IPE Prev, fazendo com que ficasse no passivo apenas
uma parcela do passivo atuarial. Com a mudança de política contábil, ambos valores
(passivo nos encargos gerais do Estado e redutor de passivo no IPE Prev) foram
310
eliminados no processo de consolidação, restando, no passivo, os valores da Provisão de
Benefícios Concedidos e a Conceder reconhecidos no IPE Prev.”
PASSIVO CIRCULANTE
Em R$ milhões (nominais)
PASSIVO CIRCULANTE 2019 % 2020 %
Obrigações Trabalhistas, Previdenciárias e Assistenciais a pagar a
3.663,6 9,58% 2.681,9 8,40%
Curto Prazo
Empréstimos e Financiamentos a Curto Prazo 10.077,1 26,35% 12.482,6 39,10%
Fornecedores e Contas a Pagar a Curto Prazo 2.123,6 5,55% 2.043,6 6,40%
Obrigações Fiscais a Curto Prazo 64,5 0,17% 104,7 0,33%
Obrigações de Repartição a Outros entes 0,3 0,00% 0,0 0,00%
Provisões a Curto Prazo 6.788,3 17,75% 336,8 1,06%
Demais Obrigações a Curto Prazo 15.528,7 40,60% 14.272,2 44,71%
TOTAL DO PASSIVO CIRCULANTE 38.246,1 100,00% 31.921,8 100,00%
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020 (volume I)
311
alterada pela Lei Estadual nº 12.585, de 2006, permitiu a disponibilização de 85% de seus
depósitos, tendo previsto, também, o resguardo de 15% como fundo de reserva. Nova
alteração, em 24-09-2015, efetuada pela Lei Estadual nº 14.738, concedeu ao Estado a
possibilidade de sacar até 95% do saldo depositado, mantendo, em fundo de reserva, o
equivalente a 5% do montante dos depósitos. Mesmo antes da última alteração da
legislação estadual, a Lei Complementar Federal nº 151, de 05-08-2015, previa saques de
até 70% do seu saldo total para aqueles depósitos judiciais oriundos de processos em que
estados, Distrito Federal ou municípios fizessem parte.
O Estado não está realizando novos saques por força da Lei Estadual
15.138/18. Essa lei veda a realização de saques em contas de depósitos judiciais,
ressalvados aqueles permitidos pela Lei Complementar Federal 151/2015, enquanto não
houver a recomposição do saldo mínimo do fundo de reserva.
Em 01-10-2018, a Lei Estadual nº 15.232 formalizou o fim do uso dos
depósitos como fonte para financiar a insuficiência financeira do Estado, atendendo a
uma decisão do STF. Em março de 2018, o STF concluiu o julgamento de uma ação direta
de Inconstitucionalidade movida pela OAB, que questionava a Lei nº 11.667, de 2011, que
instituiu o Sistema de Gerenciamento dos Depósitos Judiciais pelo TJ/RS. Além de
convalidar todas as operações relacionadas ao uso dos depósitos judiciais nos últimos
anos, a lei estabeleceu um período de transição com recursos adicionais ao FRPJ, que não
mais receberia rendimentos oriundos de depósitos judiciais.
Ficou estabelecido que fosse zerado um saldo de, aproximadamente,
R$ 722 milhões, que estava contabilizado neste fundo. Parte destes valores já estava
empenhada em investimentos que o Judiciário tinha programado para 2018 e para os
próximos anos.
Para viabilizar a transição, o governo destinaria R$ 310 milhões ao longo
três anos subsequentes à aprovação da lei (cerca de R$ 100 milhões/ano) para atender a
esses compromissos. Depois desta etapa, no mínimo 70% destes repasses (em torno de
R$ 70 milhões/ano) serão destinados a recompor gradativamente o saldo negativo.
Quanto ao atendimento do disposto legal, que limitou o saque em 95% e,
ao mesmo tempo, definiu a preservação de 5% para a formação de um fundo de reserva,
o Balanço Geral do Estado, Volume I, pág. 95, informou que a situação do saldo em
dezembro de 2020 foi de R$ 10,89 bilhões, e que, confrontado com o constante na conta
do SIAC, permite afirmar que o limite de 95% foi atendido:
312
6.2.2 – Passivo Não Circulante
No grupo Passivo Não Circulante da Administração Pública Estadual são
escriturados: Obrigações Trabalhistas, Previdenciárias e Assistenciais a Pagar a Longo
Prazo; Empréstimos e Financiamentos a Longo Prazo; Fornecedores e Contas a Pagar;
Obrigações Fiscais a Longo Prazo; Provisões a Longo Prazo e Resultado Diferido. Sua
composição, em 2019 e 2020, foi a seguinte:
6.2.2.1.1 – Histórico
Com a publicação da Emenda Constitucional nº 62/2009, o pagamento e
controle dos precatórios emitidos contra a Fazenda Pública sofreram profundas
modificações, tendo o artigo 100 da Constituição Federal promovido um novo regime
para o pagamento das sentenças judiciais. Os débitos de natureza alimentícia mantiveram
a preferência sobre todos os demais débitos, exceto, com a nova redação, aos débitos
dessa natureza, cujos titulares tenham 60 anos de idade ou mais na data de expedição do
precatório ou sejam portadores de doença grave.
313
Repetiu o texto original quanto a obrigatoriedade da inclusão no
orçamento de verba necessária ao pagamento dos débitos apresentados até 1º de julho,
fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores
atualizados monetariamente, indicando como índice oficial a caderneta de poupança.
A norma viabilizou, para o Estado, uma inovação no pagamento dos títulos
que se encontram em mora, introduzida no artigo 97 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias. Esse pagamento poderia ocorrer:
- pelo depósito mensal, em conta especial, de 1/12 avos da Receita
Corrente Líquida, ocorrendo a constituição do fundo até seu valor superar o passivo,
momento em que o ente deveria cumprir, integralmente, o artigo 100 da Constituição
Federal, honrando os precatórios apresentados até 31 de julho do ano seguinte; ou,
- pela adoção de regime especial de pagamento28, utilizando alíquota
mínima de 1,5% da RCL para quitação do estoque em até 15 anos. No final do prazo, o
ente deveria obedecer ao artigo 100, como já ressalvado no parágrafo anterior.
Para o Estado do Rio Grande do Sul, a opção escolhida foi a segunda. Pelo
Decreto nº 47.063/2010, o Estado optou pela modalidade prevista no inciso II do § 2º do
artigo 97 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, passando a depositar em
contas bancárias, exclusivamente movimentadas pelo Poder Judiciário, o equivalente a
1,5% da RCL.
Nesse caso, 50% dos valores seriam depositados em conta específica para
o pagamento de precatórios na ordem cronológica, respeitadas as preferências
constitucionais. Os outros 50% seriam utilizados no pagamento de precatórios por
intermédio de leilão, com pagamento à vista de acordo com a ordem cronológica e
crescente do valor, e conciliação com os credores. O Estado, no Decreto nº 47.470/2010,
optou, exclusivamente, pela adoção da “ordem única e crescente de valor”.
No encerramento do exercício de 2012, a gestão dos recursos para
pagamento de precatórios tinha por parâmetro os dispositivos até aqui relatados.
Todavia, em julgamento de fundamental importância para a matéria, o Supremo Tribunal
Federal (STF), em março de 2013, decidiu pela inconstitucionalidade de diversos aspectos
que fazem parte da espinha dorsal da Emenda Constitucional nº 62/2009.
Na decisão, acolhendo questões da Ação Direta de Inconstitucionalidade
(ADIn) nº 4.357, os ministros do STF foram contrários, em resumo, aos seguintes pontos:
possibilidade de pagamentos parcelados; realização de leilões; reserva de percentuais
mínimos nos orçamentos para o pagamento das dívidas (1,5% da RCL, no caso do RS),
entendendo que o percentual mínimo prejudicava o credor, pois o poder público
destinava pouco para a quitação das dívidas; o índice de correção pela caderneta de
poupança; e possibilidade de o poder público descontar eventuais dívidas do credor, a
chamada compensação.
Em abril de 2013, antes de o STF proibir o parcelamento em 15 anos, o
ministro do Supremo Tribunal Federal, Exmo. Sr. Luiz Fux, decidiu pela continuidade do
pagamento parcelado dos precatórios em execução.
28 Para tanto, o Estado não deveria possuir um passivo de precatórios superior a 35% da sua RCL, posição em que o
Rio Grande do Sul estava enquadrado.
314
Por sua vez, em 25-03-2015, o STF, em decisão plenária, concluiu o
julgamento sobre a modulação dos efeitos de tal emenda. Segundo a decisão, ficou
mantido, parcialmente, o regime especial criado pela emenda, para o período de cinco
anos, contados a partir de janeiro de 2016. Foi, ainda, fixado um novo índice de correção
monetária e estabelecida a possibilidade de compensação de precatórios vencidos com o
estoque de créditos já inscritos em dívida ativa.
Com a modulação dos efeitos, o regime especial, instituído pela
EC nº 62/2009, foi prorrogado parcialmente. Isso significa a manutenção das
compensações, leilões e pagamentos à vista, previstos pela emenda, realizados até a data
do julgamento (25-03-2015), vedada a possibilidade de seu uso a partir de então. Ficou
mantida, pelo prazo de cinco anos, a possibilidade de realização de acordos diretos com
os credores de precatórios, observando a ordem de preferência e a redução máxima de
40% do valor do crédito atualizado. Pelo período de cinco anos, também ficou mantida a
vinculação de percentuais mínimos da receita corrente líquida dos estados e municípios
ao pagamento de precatórios, e mantidas as sanções para o caso de não liberação dos
recursos.
Em observância à modulação dos efeitos da EC nº 62/2009, no âmbito
estadual, a partir de outubro de 2015, passou a vigorar a Lei nº 14.751/2015 que institui a
Câmara de Conciliação de Precatórios prevista no art. 97,§ 8º, inciso III, do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). Essa lei prevê obediência rigorosa à
ordem cronológica do precatório; pagamento com redução de até 40% do valor do
precatório; possibilidade de pagamento parcelado, em até dois anos, para precatório cujo
valor obtido após a referida redução exceda a um terço dos recursos repassados
mensalmente ao Poder Judiciário (art. 97,§2º e §8º, inciso III). Em síntese, aqueles
recursos que antes da modulação eram destinados ao pagamento de precatórios pela
então ordem crescente até 25-03-2016, passaram a ser destinados à Câmara de
Conciliação de Precatórios.
Posteriormente, em 15-12-2016, passou a viger a Emenda Constitucional
nº 94/2016. Tal emenda veio para ajustar o regime de pagamentos estipulados na decisão
de 2013 do Supremo Tribunal Federal (STF), a qual havia declarado a
inconstitucionalidade parcial da EC nº 62/2009. As regras de aporte de recursos
permaneceram as mesmas da referida decisão. Assim, ficaram ratificados os precatórios
dos estados, do Distrito Federal e de municípios pendentes até 25-03-2015 e aqueles a
vencer até 31-12-2020, podendo ser pagos até 2020, dentro do regime especial de
pagamento. As exceções a tal regra permanecem as mesmas: preferência para os créditos
de natureza alimentar, os beneficiários que tiverem 60 anos ou mais, portadores de
doença grave ou pessoas com deficiência, assim definidos na forma da lei.
No dia 12-12-2017 foi aprovada a Emenda Constitucional nº 99/2017 no
Congresso Nacional, que estendeu de 2020 para 2024 o prazo para Estados e Municípios
quitarem os precatórios dentro do regime especial aprovado pelo Congresso em 2016.
Em 21-03-2018, foi assinado o Decreto nº 53.974/18 que institui o
programa “Compensa/RS”, com o objetivo de regulamentar os procedimentos para a
compensação de débitos inscritos em dívida ativa, com precatórios vencidos, próprios ou
de terceiros, do Estado, suas autarquias e fundações. O programa tem o objetivo de
contribuir para redução do passivo de precatórios e estoque da dívida ativa do Estado.
315
Em relação às Requisições de Pequeno Valor - RPVs (até 40 salários
mínimos, como estipulado nas Disposições Transitórias), é importante destacar que não
se sujeitam a ordem cronológica já referida e até poderiam ter seus limites fixados por lei
própria. Nesse sentido, a aprovação da Lei nº 13.756/11 se constituiu no principal
instrumento para o Governo Estadual promover a regulamentação da matéria, pois, ali
foram definidos importantes pontos de discussão, tais como:
- prazo para pagamento: de 30 dias, no caso de RPVs de até sete salários
mínimos; e de 180 dias para RPVs entre sete e quarenta salários mínimos, observadas as
ordens cronológicas próprias;
- limite para pagamento: equivalente ao depósito mensal, em conta
bancária própria, de 1/12 (um doze avos) do valor correspondente a 1,5% da RCL anual,
acrescido de 40% do incremento da arrecadação sobre a Dívida Ativa.
Essa medida sofreu Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn nº 4.668),
impetrada pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil no dia 17-10-2011,
entretanto com a revogação expressa da Lei nº 13.756/11 pelo art. 8º da
Lei Estadual nº 14.757/15, o processo foi extinto, sem julgamento do mérito, por perda
do seu objeto.
A Lei nº 14.757/15, por força do §3º do art. 100 da Constituição Federal,
limitou o valor das RPVs a 10 salários mínimos, dentre outras providências. Contudo, esse
limite não alcança aquelas RPVs cujo trânsito em julgado tenha ocorrido antes da entrada
em vigor da lei, conforme seu art. 5º.
Em março de 2021, foi a Emenda Constitucional nº 109/2021, que prorroga
o pagamento de precatórios por estados, Distrito Federal e municípios. O prazo passa de
2024 para 2029, data final para quitação de precatórios sob o regime especial criado pela
EC 99/2017.
316
suas autarquias ou fundações, próprios ou de terceiros. A PGE fará o procedimento nos
débitos ajuizados. No encontro de contas, será usado o valor atualizado da dívida e o
valor líquido atualizado do precatório. Os precatórios podem ser usados para abater até
85% do valor do débito. O restante do débito deve ser quitado ou parcelado, seguindo
regras em vigor.
Somente no exercício de 2020, o Programa Compensa/RS foi responsável
pela redução do estoque de precatórios em aproximadamente R$ 207,5 milhões.
317
Assim, em 2020, foram disponibilizados para pagamentos
R$ 597,1 milhões, correspondendo a um incremento nominal de R$ 25,5 milhões (4,46%)
na comparação com o ano anterior (R$ 571,6 milhões). Desse montante disponibilizado,
R$ 298,6 milhões foram destinados ao pagamento por ordem cronológica de
apresentação29 e R$ 298,6 milhões à modalidade de acordo direto30 celebrados na
Câmara de Conciliação de Precatórios (coordenada pela Procuradoria-Geral, nos termos
da Lei Estadual nº 14.751/2015).
Em relação à conta especial para saldar Requisições de Pequeno Valor -
RPVs, em cumprimento ao previsto na Lei nº 13.756/2011, o valor equivalente a 1/12 (um
doze avos) de 1,5% da RCL anual, acrescido de 40% do incremento da arrecadação sobre
a Dívida Ativa, tinha-se a previsão de depósito em conta específica (0332030008 – Ag.
0100 – Banrisul). Contudo, a partir da ADI nº 4.668 ajuizada pelo Conselho Federal da
Ordem dos Advogados, inaugura-se a controvérsia jurídica acerca da Lei nº 13.756/2011.
Dentre os aspectos controversos, estavam os limites para pagamento de RPVs estipulados
na referida Lei. Tal assunto culminou nos incidentes de inconstitucionalidade nº
7005953044 e nº 70059530246, onde o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul firmou o
entendimento de que os limites previstos na Lei não se aplicavam aos sequestros judiciais
das RPVs. Na prática, entre depósitos por parte do Poder Executivo ou sequestros
judiciais, pagavam-se, a título de RPVs, montantes superiores aos limites da Lei nº
13.756/2011.
Em outubro de 2015, a Lei nº 14.757/2015 passa a viger, revogando a Lei
nº 13.756/2011. Os mecanismos de limites para pagamento de RPVs (1,5% da RCL anual,
acrescido de 40% do incremento da arrecadação sobre a Dívida Ativa) foram extintos.
Logo, independentemente dos limites a serem depositados por parte do Poder Executivo,
não havendo o adimplemento das RPVs, segue o Poder Judiciário procedendo aos
sequestros dos respectivos valores, quando provocado pela parte requerente.
318
SALDO CONTÁBIL DE PRECATÓRIOS, RPVS E SENTENÇAS JUDICIAIS - 2019/2020
Em R$ milhões (nominais)
%
DISCRIMINAÇÃO 2019 2020
20/19
Passivo Não Circulante/Provisões/Atualização Monetária 4.013,2 3.669,4 -8,57
Precatórios de Pessoal a pagar 1.313,9 1.096,7 -16,53
Precatórios de Benefícios Previdenciários a pagar 2.572,7 2.572,7 0,00
Precatórios de Fornecedores a pagar 126,6 - 0,00
TOTAL DEVIDO DE PRECATÓRIOS 15.640,4 15.336,6 2,18
RPVs
Passivo Circulante/Restos a Pagar Processados 72,2 30,9 -57,2
TOTAL DEVIDO DE RPVS 72,2 30,9 -57,2
SENTENÇAS JUDICIAIS
Passivo Circulante/Restos a Pagar Processados 251,5 330,9 31,6
TOTAL DEVIDO DE SENTENÇAS JUDICIAIS 251,5 330,9 31,6
SALDO TOTAL 15.964,1 15.698,4 -1,66
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020 (volume I) e Cubos DW (SEFAZ/RS)
319
PAGAMENTO DE PRECATÓRIOS
Em R$ milhões atualizados
ANO Ordem Cronológica Acordos Compensa RS Total Pago
2015 46,9 27,4 - 74,3
2016 52,1 37,8 - 90,0
2017 1.360,3 454,3 - 1.814,6
2018 518,7 115,2 45,0 679,0
2019 312,7 322,4 967,5 1.602,6
2020 271,0 128,7 207,5 607,2
Fonte: Sistema Cubos DW/Sefaz-RS (consulta aos valores pagos nos recursos 07, 08 e 09)
Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG
Valores atualizados pelo IPCA-médio.
O alto valor de 2019 (R$ 1,60 bilhão) foi fruto da compensação com
precatórios (programa Compensa RS), no montante de R$ 967,5 milhões. Verifica-se que
o pagamento de precatórios em 2020 através da compensação com Dívida Ativa foi de R$
207,5milhões. Em valores atualizados, nota-se uma queda no pagamento a partir de
2017.
Em março de 2021, foi promulgada a PEC nº 109/21, prorrogando o prazo
de quitação de precatórios para 2029 (anteriormente era 2024). Por essa razão, cabe o
esclarecimento do gestor sobre eventuais medidas adotadas, tais como planos de ação,
para atendimento da emenda, considerando um estoque de precatórios de mais de R$ 15
bilhões. Mesmo considerando a prorrogação do prazo de 2024 para 2028, o Estado
precisaria desembolsar valores muito maiores para conseguir quitar o saldo de
precatórios dentro do novo prazo.
De acordo com o informado no Balanço Geral do Estado de 2020, No
exercício de 2020, houve a centralização da gestão orçamentária e operacional dos
débitos de precatórios na Secretaria da Fazenda com o intuito de padronizar e
racionalizar os fluxos de controle e pagamento, conforme Lei Estadual nº 15.404/2019. A
execução orçamentária desses débitos passou a ser efetuada na Unidade Orçamentária
(U.O.) 33.03 – Encargos Financeiros do Estado - Sentenças Judiciárias.
320
DISCRIMINAÇÃO 2019 2020 % 20/19
Depósitos Restituíveis e Valores Vinculados 37.164,2 43.391,7 16,8%
Outros Recebimentos Extraorçamentários 2.992,4 2.651,3 -11,4%
Desembolsos 118.116,2 116.210,2 -1,6%
Despesa Ordinária 28.837,2 29.212,9 1,3%
Despesa Vinculada 45.024,4 35.345,0 -21,5%
Educação 8.414,3 8.561,3 1,7%
Saúde 5.212,0 6.119,6 17,4%
Previdência 17.342,1 17.438,8 0,6%
Transferências Obrigatórias de Outros Entes 197,2 394,8 100,2%
Transferências Voluntárias de Outros Entes 156,4 194,2 24,2%
Fundos Estaduais 13.460,3 2.583,4 -80,8%
Operações de Crédito 242,1 52,9 -78,1%
Pagamentos Extraorçamentários 44.254,6 51.652,3 16,7%
Pagamentos de Restos a Pagar Processados 3.877,0 4.455,9 14,9%
Pagamentos de Restos a Pagar Não Processados 729,9 630,5 -13,6%
Depósitos Restituíveis e Valores Vinculados 36.692,5 44.734,5 21,9%
Outros Pagamentos Extraorçamentários 2.955,2 1.831,4 -38,0%
Disponibilidades no final do exercício 5.762,2 7.500,9 30,2%
Fonte: Balanço Geral do Estado – 2020 e Sistema Cubos DW/Sefaz-RS
Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG
APLICAÇÃO DOS RECURSOS VINCULADOS NO ANO DE 2020 – AJUSTADO PELAS TRANSFERÊNCIAS ENTRE RECURSOS
Em R$ milhões(nominais)
RECEBIMENTOS/ RECEBIMENTOS/
RECURSO RECEITA DESPESA TRANSFERÊNCIAS DE TRANSFERÊNCIAS DE RESULTADO
NUMERÁRIOS, LÍQUIDO RECURSOS, LÍQUIDO
Tesouro – Vinculado pela Constituição 4.797,7 -16.390,6 431,0 0,0 144,9
Tesouro – Vinculado por Lei 2.768,8 -3.163,7 49,7 234,9 -110,3
Convênios 225,0 -302,7 -77,9 0,0 -155,6
Próprios da Autarquia 1.111,0 -227,9 0,0 0,0 883,1
Operações de Crédito Externas 214,4 -178,3 0,0 0,0 36,1
Operações de Crédito Internas 75,7 -70,9 -2,5 0,0 2,3
Transferências Obrigatórias 1.178,2 -944,6 76,4 1,7 311,7
Próprios das Fundações 0,8 -0,2 - - 0,6
TOTAL 21.678,4 -21.278,9 476,7 236,6 1.112,8
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020 (volume I) e Cubos DW (SEFAZ/RS)
321
O resultado de R$ 1,1 bilhão, calculado acima, significa que o montante
arrecadado foi superior ao aplicado no exercício.
O saldo dos recursos vinculados teve um acréscimo de 18,54% sobre a
Situação Líquida Financeira Potencial – SLFP – ajustada do exercício anterior, de
R$ 6 bilhões, totalizando a SLFP, no final do exercício de 2019, em R$ 7,11 bilhões,
conforme demonstrado na tabela a seguir:
322
SITUAÇÃO LÍQUIDA FINANCEIRA AJUSTADA - 2020
Em R$ milhões nominais
TÍTULO VALOR
SALDO FINANCEIRO REAL -22.044,1
SALDO FINANCEIRO POTENCIAL -7.782,1
SALDO FINANCEIRO AJUSTADO -29.826,2
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020
323
Essa alteração resultou no reconhecimento, nos encargos gerais do Estado,
do passivo de R$ 166,24 bilhões referente à cobertura de déficit financeiro futuro, valor
também reconhecido em conta redutora do IPE Prev. Assim, ambos valores (passivo nos
encargos gerais do Estado e redutor de passivo no IPE Prev) foram eliminados no
processo de consolidação, restando, no passivo, os valores da Provisão de Benefícios
Concedidos e a Conceder reconhecidos no IPE Prev, o que é melhor explicado e
evidenciado no item 3.2.6.1 (Provisão Atuarial do RPPS). Esse passivo de R$ 166,24
bilhões teve como contrapartida um débito de R$ 373,09 bilhões em Ajustes de Exercícios
Anteriores (conforme item 3.2.8.2) pelo reconhecimento do passivo atuarial existente em
31 de dezembro de 2019 e um crédito de R$ 206,85 bilhões em Outras Variações
Patrimoniais Aumentativas, na DVP, referente à redução do passivo apresentada em 31
de dezembro de 2020. Considerando ajustes de exercícios anteriores no valor de R$ 1,26
bilhão de superávit e resultado acumulado negativo de R$ 62,13 bilhões em 31-12-2018,
o saldo de 31-12-2019 é de Patrimônio Líquido negativo em R$ 68,27 bilhões.
324
O saldo das compensações, em 2020, está concentrado, principalmente, na
conta 74 – Riscos Fiscais, com um montante de R$ 68,73 bilhões (R$ 52,62 bilhões em
2019), equivalente a 63,8% do valor total. As contas 72 – Administração Financeira e 79 –
Outros Controles, finalizaram 2020 com R$ 15,60 bilhões e 18,05 bilhões,
respectivamente, representando, juntas, 31,3% do total do grupo.
Em relação à conta Risco Fiscais, seu saldo é composto pelos chamados
passivos contingente, os quais se listam abaixo, as contas mais representativas com seus
saldos de 2019 para 2020:
325
qual já há maioria firmada pela manutenção da eficácia retroativa da
inconstitucionalidade da TR, a contar da entrada em vigor da Lei 11.960/2009.
• Brasil Telecom – A Brasil Telecom/Oi ajuizou demanda, processo
nº 1.06.0215436-0, na qual postula a condenação do Estado do Rio Grande do Sul a
ressarcir-lhe os valores despendidos nas milhares de ações judiciais propostas pelos
usuários dos serviços de telefonia fixa, discutindo o valor das ações referentes às linhas
telefônicas da extinta CRT.
• Tarifas TUST e TUSD - Trata-se de demandas ajuizadas por consumidores
que tentam fazer prevalecer a tese da não-incidência do ICMS sobre valores que não
configurariam efetivo consumo, ou seja, sobre o valor relativo à tarifa de uso do sistema
de transmissão (TUST) e à tarifa de uso do sistema de distribuição (TUSD), cumuladas com
repetição de indébito ou compensação com o ICMS devido sobre a fatura de energia
elétrica ou com o ICMS devido a outro título.
Repasses para os municípios de valores do FES – Diante da crise financeira,
hospitais que atendem pelo SUS e Municípios ingressaram com ações e Mandados de
Segurança postulando o correto repasse dos valores previstos. Tais processos apresentam
elevados valores, por vezes com bloqueios nas contas do Estado. Além desses repasses de
valores as ações podem envolver pedido de ressarcimento, reestruturação da política
pública adotada junto ao hospital e demais contratualizações que envolvam valores que
pela Lei nº 8080/90 seriam objeto de repasse aos hospitais.
• Inclusão do déficit previdenciário na base de cálculo do PASEP – O
governo do Estado ingressou com a Ação Cível Originária nº 3.404 perante o Supremo
Tribunal Federal (STF), postulando liminar para impedir cobrança em duplicidade para
Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep). Sustentou-se na ação
que o Estado já repassa o valor destinado ao pagamento dos benefícios previdenciários
dos servidores (cobertura de insuficiências financeiras e cota patronal das contribuições
previdenciárias) pelo Instituto de Previdência do Estado (IPE Prev). Portanto, a cobrança
também via administração direta do Tesouro Estadual seria indevida, porque seria uma
cobrança em duplicidade, já que o IPE é uma autarquia do Executivo.
• Contribuição previdenciária da Fase – A Fundação de Atendimento Sócio-
Educativo do Rio Grande do Sul (Fase) recebeu diversas autuações do INSS em razão de
que o Certificado de Filantropia fora revogado, o que demandaria o recolhimento da cota
patronal em relação a todos os seus empregados. O artigo 55 da Lei Federal nº 8.212, de
24 de julho de 1991, previu requisitos para o exercício da imunidade tributária versada no
§ 7º do artigo 195 da Carta da República, o que tornou impossível à Fase a certificação da
filantropia, basicamente em razão da exigência de que seus diretores não fossem
remunerados, o que é incompatível com o caráter público da Fase. A controvérsia
envolvendo a nulidade do Ato Cancelatório, que gerou a perda do enquadramento da
Fase como entidade filantrópica e de Assistência Social, foi submetida à Câmara de
Conciliação e Arbitragem da Administração Federal, proc. nº. 00400.000176/2013-81, o
qual se encontra suspenso até o julgamento do Recurso Extraordinário nº 566.622 pelo
Supremo Tribunal Federal (STF).
• Ações Civis Públicas (Investimentos na Saúde) – O Ministério Público
Estadual ajuíza, para cada exercício, desde o ano 2003, ações cíveis públicas contra o
Estado do Rio Grande do Sul com o intuito de compeli-lo a depositar os recursos próprios
326
destinados às ações e serviços de saúde pública executados pela Secretaria da Saúde, no
percentual de 12%, conforme previsão constitucional.
• Processos Individuais na Área da Saúde - atualmente existem cerca de
115.292 processos na área de saúde demandando fornecimento de medicamentos,
próteses, órteses e demais prestações na área de saúde. Existem ainda 135 demandas
relativas a medicamentos e procedimentos de alto custo e sete processos com pedido do
medicamento Spinraza (Nusinersen), sem comercialização no Brasil, custando no exterior
o montante de US$ 125 mil a dose, perfazendo um total de US$ 750 mil em um ano de
tratamento por pessoa, não havendo prazo para a duração do tratamento.
327
7 Gestão da Dívida Pública
As obrigações financeiras contraídas por um ente podem ser conceituadas
como dívida pública. Através deste mecanismo, qual seja a busca de montantes
financeiros junto a terceiros, o Estado do Rio Grande do Sul pode financiar seus
programas e políticas públicas.
Ao mesmo tempo em que o financiamento possibilita diversas ações,
implica em obrigações que exigem a capacidade financeira do ente, para que possa
cumprir os compromissos financeiros assumidos.
O presente capítulo tem por objetivo analisar o contexto da dívida pública
no RS, detalhando seu histórico, evolução, composição e fatos relevantes.
32
Com o encerramento das atividades desenvolvidas pela Fundação de Economia e Estatística - FEE-RS,
extinta pelo Governo do Estado em 2017, a Secretaria do Planejamento contratou a Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas-FIPE para elaboração e cálculo do PIB estadual. Posteriormente, o Departamento de
Economia e Estatística-DEE que integra a Secretaria do Planejamento, Orçamento e Gestão passou a
elaborar as estatísticas oficiais, entre elas o PIB do Rio Grande do Sul.
329
O ano-base de 2002 marcou a maior proporção da relação Dívida/PIB, que
foi de 23,5%. Desde então, houve uma contínua queda do percentual até o ano de 2011,
quando chegou a 16,46%. Em 2012, a relação se manteve praticamente estável,
mantendo-se abaixo dos 16% em 2013 a 2014. Posteriormente, até o ano de 2019 a
relação se manteve próxima de 16%, atingindo 17,24% no ano em análise.
Dessa maneira, embora o PIB apresentasse crescimento nesse período
(economia saiu da recessão) e tenha havido renegociação em termos mais favoráveis com
uma prevista redução inicial do estoque33, essa relação não apresentou um decréscimo
mais significativo em decorrência da sustação dos pagamentos no período.
No ano de 2020, em decorrência da continuidade da sustação dos
pagamentos e da queda do PIB, consequência do COVID, a relação dívida/PIB cresce,
ficando acima dos 17%.
A evolução do comprometimento dos recursos empregados pelo Estado
com a Dívida Consolidada, representada pelo somatório dos valores empenhados em
amortizações e os seus respectivos encargos no período de 2003 a 2020, foi a seguinte:
33
Redução esperada em razão da Lei complementar n°148/2014 que determinou a troca do índice de
atualização e a taxa de juro de 6% para 4%, retrocedendo ao ano de 2013.
330
2010, haja vista a antecipação da amortização do contrato PROEX-Extralimite – receita
extraordinária).
O índice de 8,20% registrado em 2015 teve origem tanto no aumento do
serviço da dívida, em valores reais, como pelo declínio real da despesa total (ambos
medidos pelo IGP). No ano de 2016, por força da decisão liminar do Supremo Tribunal
Federal (MS34110) que suspendeu os pagamentos, o serviço da dívida foi reduzido a R$
1,74 bilhão, representando 3,71% da despesa total e 5,03% da receita corrente líquida.
Em 2017, a soma empenhada alcançou o valor de R$ 2,25 bilhões, correspondendo a
4,48% da despesa total e 6,42% da receita corrente líquida. Observa-se que desse valor,
R$ 1,02 bilhão não foram pagos, ficando inscritos em restos a pagar e contando no saldo
devedor da dívida34.
No ano de 2018, o valor empenhado registrou aumento em decorrência do
previsto na Lei Complementar nº 156/2016, a qual, a par de conceder descontos sobre os
valores das parcelas a serem pagas, estabeleceu redução mensal desse benefício. Assim,
os descontos no ano de 2018 foram de percentual reduzido.
A tabela também evidencia as situações decorrentes das ações dos
Governos subnacionais que resultaram na repactuação da Dívida com a União,
especialmente por força das alterações definidas na LC nº 148/2014, quando a taxa de
juro utilizada para cálculo do valor do serviço da dívida foi modificado de 6% para 4% a.a.,
o índice de atualização passou de IGP para IPCA (ambos a serem válidos a partir de 2013)
e houve a ampliação do prazo para 240 meses.
Dessa forma, o serviço da dívida, que representava 8,20% da despesa total
e 12,41% da receita corrente líquida em 2015 passa a representar, aproximadamente, 7%
e 10,5%, respectivamente, no ano de 2018. No ano de 2019, tem-se um acréscimo de
aproximadamente 0,40% passando a representar 7,45% da despesa total e 10,91% da
receita corrente líquida. Vale lembrar que no ano de 2019 não existiu a possibilidade de
abatimentos do serviço (término em junho de 2018). No ano de 2020, a participação dos
serviços na despesa total declina para aproximadamente 6,72% e na receita corrente se
mantém, praticamente, no mesmo patamar. Importante observar que o declínio da
participação no ano de 2019 e 2020 em relação ao patamar existente até 2015 decorre da
renegociação a partir da LC n° 156/2016.
A Dívida Consolidada (incluídos os precatórios), em 2020, somou
R$ 93,26 bilhões e divide-se em dois grupos distintos: R$ 82,60 bilhões relativos à Dívida
Interna e R$ 10,66 bilhões provenientes da Dívida Externa.
Durante os exercícios de 2019 e 2020, a movimentação dessa Dívida, em
números consolidados, pode ser resumida da seguinte forma:
34
Na análise da evolução do serviço da dívida, deve-se desconsiderar os anos de 2016 e 2017, pois nesses
anos foi empenhado um percentual pequeno da prestação calculada para o financiamento, por conta da
suspensão e abatimento dos pagamentos e concomitante não empenho.
331
DÍVIDA CONSOLIDADA 2019/2020
Em R$ milhões
ESPECIFICAÇÃO 2019 2020
Débitos Parcelados 615,58 436,34
Precatórios Judiciais 11.627,20 11.667,20
1-Total Dívida Fundada Interna 80.630,91 82.603,46
Dívida Interna exceto Precatórios 69.003,71 70.936,26
Dívida Externa
Dívida Fundada Externa por contratos 8.624,52 10.659,43
2-Total da Dívida Externa 8.624,52 10.659,43
0,47%
12,51%
87,02%
332
COMPOSIÇÃO DO SALDO DE DÉBITOS PARCELADOS ANO DE 2020
Em R$ milhões
PASSIVO
ORIGEM PASSIVO NÃO CIRCULANTE TOTAL %
CIRCULANTE
INSS 25,9 253,0 278,9 63,9
333
atualização monetária utilizado, trocando do IGP-DI, previsto originalmente, para o Índice
Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), o qual, segundo os interlocutores, seria mais
favorável aos estados por não ser influenciado de forma tão intensa pela volatilidade
cambial. A mesma legislação também foi responsável por promover a alteração na taxa
de juros aplicada sobre o estoque da dívida, passando dos 6% ao ano, estabelecidos no
contrato, para 4% ao ano. Essas novas situações, de acordo com o dispositivo legal,
passaram a ser aplicáveis a partir de 1° de janeiro de 2013, ou seja, tiveram que ser
recalculadas retroativamente a fim de viabilizar redução do valor devido.
Posteriormente, os estados passaram a questionar a forma de pagamento
do serviço da dívida com foco em divergências de entendimento sobre a forma de
capitalização (juros simples versus juros compostos, incidentes a partir de que momento),
situação que culminou com o deferimento de liminares em prol dos Entes Subnacionais, e
a consequente suspensão de pagamentos (Liminar do STF, MS34110, em abril de 2016).
Em ato contínuo, em reunião entre os Governadores e os representantes
do Ministério da Fazenda, foi firmado Acordo entre os estados e a União. Mais adiante,
foi promulgada a Lei Complementar n° 156, de 28 de dezembro de 2016, a qual
estabeleceu o plano de auxílio aos estados e ao Distrito Federal.
O acordo e a LC n° 156/2016, entre outros dispositivos, estabeleceram o
seguinte:
a) Alongamento da dívida dos estados com a União, contratada no âmbito
da Lei n° 9.496/1997, por 240 meses, sendo os meses adicionais acrescidos ao tempo
original dos contratos.
b) Entre os meses de julho a dezembro de 2016, redução extraordinária de
até 100% da parcela devida.
b) Concessão de desconto linear em 18 meses, a partir de janeiro de 2017,
iniciando-se em 100% da prestação mensal devida e reduzindo-se ao longo dos meses
seguintes até a extinção do desconto a partir do 19° mês.
c) Diferimento, em 12 meses, dos valores devidos e não pagos relativos às
liminares concedidas e que tiveram por tese principal o questionamento da forma de
capitalização (juros simples ou compostos), ficando acertado o pagamento desses valores
com início em julho de 2016.
A LC n° 156/2016 afastou as disposições contidas nos art. 5° e 6°, da
Lei n° 9.496/1997, ou seja, o comprometimento máximo da receita (no caso 13% da RLR
previsto no contrato).
Embora o governo do Estado tenha assinado os aditivos contratuais
previstos nas Leis n° 148/2014 e n° 156/2016, somente em 21 e 26 de dezembro de 2017,
respectivamente, os pagamentos foram efetuados de acordo com o previsto na
LC n° 156/2016 e acordo a partir do ano de 2016.
Conforme pactuado no acordo federativo e reconhecido na LC n°156/2016,
os pagamentos das parcelas devidas entre julho a dezembro de 2016, não pagas em face
de obtenção liminar no Judiciário, passaram a ter um prazo para serem adimplidas, e, da
mesma forma, ficou estabelecido que as prestações dos meses seguintes, entre janeiro de
2017 e junho de 2018, sofreriam uma redução extraordinária decrescente, sendo que em
julho de 2018 o estado retornaria a efetuar o pagamento sem redução (parcela cheia).
334
Entretanto, ainda no mês de julho de 2017, em decorrência da fragilidade
fiscal, o estado voltou à instância judicial com o objetivo de obter nova liminar que
antecipasse os efeitos do Regime de Recuperação Fiscal (RRF)35, normatizado pela Lei
Complementar nº 159/2017.
Com o sucesso na concessão da referida medida judicial, os pagamentos da
dívida com a União foram suspensos novamente. Por conseguinte, o total do valor
empenhado em 2018, 2019 e 2020 para o tesouro gaúcho saldar a dívida contratada com
a União não resultou em efetivo pagamento.
Por outro lado, importante observar que a suspensão dos pagamentos
devidos à União implica crescimento do estoque da dívida, logo, deverá repercutir sobre
o serviço da dívida na medida a ser definida no processo de nova renegociação com o
governo federal.
O estado negocia sua adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) junto
ao governo federal. Em 13 de janeiro de 2021, foi sancionada a Lei Complementar nº
178/2021, definindo novos termos e condições para pagamento (modificação de prazo,
pagamento de parcelas não pagas, etc.), como irá se expor na sequência.
35
Em maio de 2017 foi aprovada a Lei complementar n° 159 que Instituiu o Regime de Recuperação Fiscal
dos Estados e do Distrito Federal, alterando as leis complementares n°ѕ 101/2000 e 156/2016.
335
EVOLUÇÃO DA PRESTAÇÃO (PRICE)/PAGAMENTO (LIMITE 13%)
3.000.000
2.500.000
2.000.000
1.500.000
1.000.000
500.000
36
Assim, com ampliação do prazo os 13% sobre a receita líquida real seriam suficientes para o pagamento
pleno da parcela calculada, haja vista a redução dessa parcela pela ampliação do prazo. Dessa forma,
efetuando uma efetiva amortização da dívida ao longo do tempo. A incorporação do prazo, que já era
previsto para prorrogação, ao prazo inicial do contrato, já viabilizaria uma efetiva e importante amortização
do contrato ao longo do período.
336
paga, traz a questão: os juros não pagos (ou parcialmente pagos) num determinado
período podem ser englobados ao saldo devedor para servirem de base de cálculo para
novos juros?
Em suma, o crescimento da receita menos intenso do que o esperado à
época da assinatura do contrato se deveu em grande parte ao contexto econômico e à
política econômica adotada pelo governo federal. No entanto, os empréstimos não
tiveram tratamento similar ao adotado em outras medidas implementadas pelo Governo
Federal, tais como a concessão de anistias tributárias; o refinanciamento de dívidas
tributárias; os subsídios e créditos privilegiados concedidos a alguns setores econômicos
(em especial via bancos públicos); as renúncias fiscais, etc.
Na forma que foram pactuados os pagamentos, a dívida adquiriu uma
dimensão financeira até o ano de 2014 impedindo sua redução. Posteriormente, no
momento que iniciaria a amortização da dívida, com a crise financeira que se instalou,
ocorreu a suspenção dos pagamentos, impedindo, deste modo, sua efetiva amortização.
Vejamos com algum detalhe a evolução anteriormente exposta:
O crescimento da Receita Líquida Real acima do índice de correção, IGP, no
caso, provocou, num primeiro momento, a redução da diferença entre o valor dado pelo
teto de pagamento (13%) e o valor da prestação calculada, com acúmulo na conta do
resíduo. Assim, embora a redução da diferença, a prestação calculada permaneceu maior
que a prestação paga a partir dos 13%. Entretanto, a partir de 2014, a situação modificou-
se, sendo o valor pago no ano maior do que o total devido.
O ano de 2015, por sua vez, se constituirá em um marco na evolução do
estoque da dívida intralimite, pois a partir desse ano passou a ocorrer uma amortização
líquida dessa dívida, como mostra o gráfico a seguir.
100
50
-50
-100
-150
337
positivas), com imposição de forte sacrifício fiscal, o Tesouro Estadual teria uma gradativa
redução real da dívida intralimite, do seu principal e de seu resíduo.
O crescente resgate dos valores da dívida levou a um declínio, em valores
reais, do principal da dívida até o ano de 2015. O resíduo se manteve em crescimento,
mas com taxas declinantes.
Como consequência desse fluxo, observou-se uma tendência ao declínio do
valor real do estoque da dívida intralimite até o ano de 2015, situação que se reverte no
ano de 2016, com a suspensão dos pagamentos obtida por força da liminar STF MS34110,
demandada pelo governo estadual como forma de enfrentar as dificuldades financeiras
provocadas pela crise vivenciada na economia nacional.
Convém ressaltar que o ajuste, realizado com base na Lei nº 9.496/97, não
permitiu, mesmo com significativas transferências de recursos para a União, que o Estado
ao longo do tempo readquirisse sua capacidade de utilizar o endividamento como fonte
de recurso para realizar investimentos de maior prazo de maturação ou mesmo para
atravessar fases difíceis. Assim, o limitador de pagamento (13%) funcionou de forma a
não viabilizar a retomada da capacidade de financiamento através da dívida.
Nas condições originais da Lei nº 9.496/97, o valor a ser refinanciado a
partir de 2028, decorrente de eventual saldo na conta resíduo, estaria relacionado ao
comportamento que a Receita Líquida Real viesse a assumir no decorrer deste prazo (até
2028)37. Por outro lado, a implementação das condições previstas pela LC n°148/2014
possibilitaria uma melhora substancial no financiamento do resíduo a ser realizado em
2028, porém sem nenhum reflexo no pagamento até essa data (no montante do serviço),
pois, conforme o regramento disposto no contrato original, e que não foi objeto de
alteração na legislação de 2014, enquanto houvesse resíduo, os pagamentos mensais
deveriam obedecer ao limite de comprometimento, no caso, de 13% da Receita Líquida
Real. Dessa maneira, a implementação do previsto na Lei Complementar n°148/2014
poderia proporcionar uma evolução mais favorável do estoque até o ano de 2028, mas
sem reflexo na evolução dos serviços a pagar, isto é, exigindo significativo esforço fiscal
devido à inexistência de alterações nos valores a serem pagos nas parcelas mensais.
A frágil situação financeira do Tesouro Estadual, com a contínua carência
de recursos, foi determinante para que o governo gaúcho, ao final de 2017, assinasse
aditivos ao contrato nos termos da LC n° 156/2016, aderindo formalmente às condições
previstas na referida Lei. Observa-se que as normativas estabelecidas com o processo de
renegociação produziram uma redução do comprometimento do serviço da dívida em
relação à RLR nos anos iniciais, mas em anos posteriores, notadamente após 2028,
aumenta esse comprometimento em relação à trajetória prevista para a evolução do
serviço quando considerado somente os parâmetros previstos na LC n° 148/2014.
Em síntese, a assinatura dos aditivos aos contratos com base nas Leis
Complementares nº 148/2014 e 156/2016 provocaram a alteração da taxa de juros de 6%
para 4%, a modificação do índice de atualização monetária retroativa a
1º de janeiro de 2013, ampliação do prazo para pagamento da dívida em 20 anos,
extinção do limitador de 13% da RLR para o pagamento da dívida e a incorporação do
37
O resíduo seria refinanciado em 10 anos e os pagamentos seriam recalculados pela tabela Price.
338
saldo devedor da conta resíduo e PROES, alterando a base de cálculo das prestações
mensais.
O Estado, por força de liminar obtida no mês de julho de 2017, passou a
não efetuar os pagamentos previstos a partir dos ajustes referidos (mesmo com o saldo
reduzido das parcelas). Essa interrupção dos pagamentos gerou um crescimento do
montante devido pela aplicação dos encargos incidentes e pela falta de amortização
dessa dívida.
A crise financeira do RS que se ampliou dificultou, mesmo com as diversas
modificações descritas, a retomada dos pagamentos do serviço da dívida. A renegociação
da dívida voltará a estar na pauta e no cerne da questão mais ampla sobre o
financiamento das atividades do estado. Antes de se retornar a esse tema, devem-se
retomar as informações do ano de 2020.
Em valores de 31-12-2020, a composição da dívida consolidada por
credor/contrato assim se apresentava:
339
DÍVIDA CONSOLIDADA - CONTRATOS 2020
Em R$ milhões
DÍVIDA FUNDADA INTERNA SALDO EM 31-12-2019 SALDO EM 31-12-2020
Lei 9496/97 - LC156 - Resíduo Liminar 550,4 845,8
Caixa Economica Federal
03293505/PROMORAR - 16/12/97 - CEF 1,4 1,0
Banco Nacional de Desenv. Econ. E Social
00137405/1220085-1 24/04/12 PROREDES - BNDES 606,2 585,9
00137405/1121119-1/PF1 35,7 36,9
00137405/1022049-1/P/PF2 61,9 63,8
Contrato de 14/08/2014 - Defensoria/BNDES 32,1 36,4
TOTAL DÍVIDA FUNDADA INTERNA 68.388,1 70.499,9
SALDO EM SALDO EM
DÍVIDA FUNDADA EXTERNA
31-12-2019 31-12-2020
38
Na prática, de 120 meses, pois o contrato original previa a possibilidade de renegociação ao término do
prazo, com prazo adicional de 120 meses.
340
No ano de 2020, com base na Lei complementar nº 173, de 27 de maio de
2020 é efetuada a renegociação dos financiamentos contratados com o BNDES (concluída
no fim de setembro) que viabilizou a suspensão de pagamentos e o alongamento do
prazo de vencimento dos financiamentos por 12 meses.
Como anteriormente exposto, a interrupção dos pagamentos gera um
crescimento do montante devido pela aplicação dos encargos incidentes e pela falta de
amortização dessa dívida. Essa evolução passou a ser retratada a partir do crescimento do
passivo circulante como se pode visualizar na próxima tabela:
341
COMPOSIÇÃO DO SERVIÇO DA DÍVIDA.
Em R$ milhões
CONTRATOS TOTAL SERVIÇOS
BIRD REESTRUTURAÇÂO 311,5
TOTAL DOS SERVIÇOS 4.339,5
Fonte: Sistema Cubos DW – SEFAZ/RS. Divisão Dívida Pública.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS
39
Como pode ser observado na tabela “Evolução do superávit primário e do serviço da dívida” durante
todo o período exposto, 2008 a 2020, o valor do serviço da dívida foi superior às captações.
342
ANO 2013 2014 2015 2016* 2016**
Resultado Primário 623,9 (542,2) (1.777,1) 854,7 (426,0)
(-) Serviço da dívida 2.894,5 3.268,9 3.740,0 1.744,0 3.321,3
Resultado (2.270,7) (3.811,1) (5.517,1) (889,4) (3.747,3)
Captações 542,34 2.189,13 203,10 333,58 333,58
ANO 2017 2018 2018* 2019 2019*
Resultado Primário (422,5) (257,8) (257,8) (437,1) (437,1)
(-) Serviço da dívida 2.249,6 3.970,5 772,0 4.338,5 887,4
Resultado -2.672,1 -4.228,3 -1.029,8 -4.775,6 -1.324,5
Captações 555,0 270,2 270,2 191,9 191,9
ANO 2020 2020* 2020**
Resultado Primário 2.349,2 2.349,2 16,2
(-) Serviço da dívida 4.339,5 868,8 4.339,5
Resultado -1.990,3 1.480,4 -4.323,3
Captações 24,9 24,9 24,9
Fonte: Balanço Geral do Estado, 2008 a 2020.
(*) Serviço da Dívida pago.
(**) Resultado Primário sem receitas Extraordinárias (Em 2016, desconsidera-se o ingresso relacionado à cessão dos direitos de operacionalização da
folha de pagamento do estado e em 2020 o recurso do suporte financiro em decorrencia Leii 14.041/20 e LC 173/20, por seu caráter eventual).
40
A tônica no período 1998 a 2013 foi de resultados primários positivos, com resultados negativos nos
anos iniciais do contrato de renegociação. No agregado, esses resultados negativos foram amplamente
superados pelos resultados positivos dos anos posteriores até 2013. Tal trajetória demonstra que a
evolução da dívida decorreu de sua dimensão financeira e não de um suposto gasto excessivo.
343
No ano de 2017, o resultado primário se deteriorou novamente. A carência
de recursos em parte foi financiada pela redução do serviço da dívida decorrente do
acordo e da LC n° 156/2016 e pela suspensão do pagamento por decisão liminar do STF
(ACO nº 2755), que suspendeu os pagamentos a partir de julho de 2017, ou seja, embora
a despesa com o serviço da dívida no ano de 2017 tenha sido de R$ 2,25 bilhões, somente
foi pago a importância de R$ R$ 1,24 bilhão, diminuindo a carência de recursos para
financiamento das atividades.
Convém ressaltar que mesmo nos anos de 2018, 2019 e 2020, nos
momentos em que o Estado paga um percentual pequeno do serviço da dívida pela
suspensão dos pagamentos com o governo federal, observa-se que o endividamento não
propicia a obtenção de recursos líquidos para o financiamento do Estado, como se nota
ao se comparar o serviço da dívida pago com as captações nos anos referidos41, expostos
anteriormente.
No ano de 2020, embora importante declínio da atividade econômica com
queda de 4,1% e 7,0% do PIB brasileiro e gaúcho respectivamente, o resultado primário
volta a ser positivo (da ordem de 2,33 bilhões) em decorrência principalmente das
transferências extraordinárias do governo federal para as ações de enfrentamento a
Covid -19 e para mitigação de seus efeitos financeiros.
Sem a receita extraordinária se tem uma situação equilibrada no que se
refere ao resultado primário, com receita e despesa primária com montante aproximado,
registrando um superávit de R$ 16,2 milhões. No contexto, se tem uma melhora da
situação financeira, mesmo sem se considerar a transferência da União. Essa trajetória
decorre, primordialmente, do aumento da contribuição dos servidores, do declínio da
despesa com pessoal e do declínio dos juros e encargos da dívida decorrentes dos níveis
inferiores da taxa Selic em 2020 em relação a 2019 (lembrando que a Selic limita os
encargos da dívida).
Nesse contexto, se pode viabilizar um resultado primário mais robusto a
partir de uma recuperação econômica, saída da recessão. Essa recuperação depende, em
grande parte, do controle e evolução da pandemia que assola o mundo, o país e o estado.
O Estado procurou aderir ao Regime de Recuperação Fiscal, previsto pela
Lei Complementar nº 159/2017. No entanto, o processo de negociação entre estados,
União e municípios bem como a pandemia levaram a modificações na previsão legal para
tal.
No ano de 2020 houve tramitação de alterações no regime. Dessa maneira,
o Projeto de Lei Complementar nº 149/19, que continha o chamado Plano Mansueto e
previa alterações na Lei de Responsabilidade Fiscal e no Regime de Recuperação Fiscal
recebeu substitutivo, transformando-se no projeto de medidas de apoio emergencial aos
entes federados em razão da pandemia de coronavírus e aprovado na forma da Lei
Complementar nº 173/2020. No entanto, é, posteriormente, através do Projeto de Lei
complementar nº 101/20 que foi retomado pontos do Projeto de Lei Complementar nº
149/19, que continha o chamado Plano Mansueto e alterações na Lei de
41
Na realidade em todo os anos, de 1998 a 2020, o serviço da dívida supera as captações. Ou seja, a
evolução da dívida não decorre de um excesso de gastos com o financiamento cotidiano das atividades do
estado. A dívida apresenta uma evolução que decorre de sua dimensão financeira, da forma do ajuste de
1998.
344
Responsabilidade Fiscal e no Regime de Recuperação Fiscal, sendo consubstanciado na Lei
complementar nº 178/21 de 13 de janeiro de 2021.
A Lei Complementar nº 173/2020 estabeleceu o Programa de
Enfrentamento ao Coronavírus (Covid-19), sendo por ela fixadas as bases do auxílio
financeiro da União aos estados e municípios para enfrentamento da perda de receitas, a
suspensão e renegociação de dívidas e o relaxamento de diversos artigos de controle
fiscal. Esse dispositivo previu a suspensão das dívidas, o afastamento de disposições,
limites e condições da lei de responsabilidade fiscal durante a pandemia, o auxílio
financeiro aos estados e municípios42, entre outras providências. Importante mencionar
que a suspensão de dívidas prevista neste dispositivo teve efeito reduzido, visto que as
parcelas da dívida com o governo federal já não estavam sendo pagas por força da liminar
desde 2017. A suspensão, com base na referida Lei complementar, cingiu-se a dívida com
BNDES no montante de 78,4 bilhões.
Por sua vez, a Lei Complementar nº 178/21 estabeleceu o Programa de
Acompanhamento e Transparência Fiscal, o Plano de Promoção do Equilíbrio Fiscal e
alterou as Leis Complementares nº 101/2000, 156/16 e 159/17, entre outros. Esse
dispositivo previu alterações no Regime de Recuperação Fiscal (RRF), entre os quais: a
ampliação do prazo do regime de três para nove anos e a previsão de que os valores não
pagos sejam refinanciados contratualmente com a União, em parcelas mensais e
sucessivas apuradas pela tabela Price, em 360 meses, com encargos equivalentes aos do
financiamento principal.
Assim, durante a vigência, está prevista a redução das prestações relativas
aos contratos e a União poderá pagar em nome do estado as prestações de operações de
crédito com o sistema financeiro e instituições multilaterais, garantidas pela União. Esse
benefício será aplicado regressivamente no tempo, de tal forma que a relação entre os
pagamentos do serviço das dívidas estaduais e os valores originalmente devidos das
prestações dessas mesmas dívidas será zero no primeiro exercício e aumentará pelo
menos 11,11 (onze inteiros e onze centésimos) pontos percentuais a cada exercício
financeiro.
Ou seja, o novo marco legal prevê que todos os estados cujo pagamento
da dívida com o governo federal esteja suspenso possam regularizá-lo. No entanto, impõe
uma série de exigências e contrapartidas que fogem estritamente à evolução da dívida.
Como se expôs, o Estado tem um passivo de curto prazo com o governo
federal de aproximadamente 11 bilhões e não aderindo à reforma estaria,
provavelmente, sujeito a ter que arcar com esse estoque no curto prazo.
Aqui existe um dilema, pois se a não adesão significa o vencimento de
dívida no curto prazo, inviabilizando seu pagamento, a sua adesão (junto com os demais
estados da federação) significa a adoção das contrapartidas que limitam a atuação dos
estados na recuperação da economia, comprometendo a capacidade de prover serviços
públicos adequados. O governo do Estado alega que essa é a única opção fiscalmente
responsável para o Rio Grande do Sul, sobretudo porque o ajuste exigido pelo governo
federal, como contrapartida à retomada gradual do pagamento da dívida é integralmente
42
O montante recebido pelo estado a título de auxílio (transferência), com base na referida Lei, foi de
aproximadamente R$ 2,21 bilhões.
345
aderente à agenda de reformas estruturais do RS, que, em grande medida, já foram
implementadas.
Por um lado, como se viu, no exercício de 2020, com os devidos ajustes,
excluindo as receitas extraordinárias, o Estado apresentou um resultado primário
equilibrado o que representa uma evolução favorável. Assim, pode-se vislumbrar a partir
da recuperação da economia a formação de fundos necessários para a retomada, mesmo
que parcial, dos pagamentos da dívida. Por outro lado, a promulgação e a possibilidade
de adesão ao programa de reforma do RS podem precipitar que a liminar que suspendeu
os pagamentos seja revogada a qualquer momento.
O governo federal condiciona a suspensão do pagamento da dívida à
reforma do setor público estadual e ao ajuste patrimonial. Ou seja, as prorrogações de
prazo para o pagamento de dívidas dos estados e DF com a União estão condicionadas à
redução de gastos sociais, privatização de empresas, entre outras providências. Convém
ressaltar, no entanto, que todas as parcelas suspensas ou adiadas terão que ser pagas
posteriormente com juros compostos e correção monetária. Além disso, importante
lembrar, que nos termos existentes, os pagamentos em suspenso ocasionam o acúmulo
de parcelas de juros não pagas que se incorporam ao saldo devedor final. Assim, o prazo
de suspensão deve se ater ao estritamente necessário43.
Através do decreto n° 10.681 de 20 de abril de 2021 a União regulamentou
a lei complementar n° 159 definindo as providências e forma, entre outros
procedimentos, para que os estados adiram ao plano de recuperação fiscal. Ou seja,
como deverá ocorrer a formalização do pedido de adesão e a elaboração do Plano de
Recuperação Fiscal, que inclui a aprovação da legislação estadual exigida para
homologação do Regime.
Dessa maneira, a adesão ao plano e sua dimensão necessária, em especial
pela declarada aderência do programa as reformas da atual administração, constitui-se
matéria de importância a ser considerada no ano de 2021. Importante ressaltar que os
condicionantes exigidos pela União para a suspensão do pagamento da dívida
caracterizam uma dinâmica que foge estritamente a remuneração do credor pelo
devedor que tem que restituir, com a devida remuneração, um recurso recebido.
O programa segue o mesmo procedimento implementado pela primeira
vez na ocasião do ajuste de 1998 a partir da Lei nº 9.496/97 de obrigar a fixar, de forma
organizada e monitorada, compromissos com metas de ajuste fiscal e saneamento
financeiro, sendo os estados forçados a adotarem medidas de controle salarial e corte de
pessoal, privatizações, concessão de serviços públicos e obterem a aprovação da
Assembleia Legislativa à implementação do programa. Como se viu, o ajuste de 1998 não
alcançou os resultados esperados, em decorrência, entre outros motivos, da falta de
compatibilidade entre a parcela a ser paga (13%) e o prazo que levou a que a dívida não
fosse efetivamente amortizada desde então. Importante que a renegociação ponha fim à
dimensão financeira da dívida viabilizando sua efetiva amortização e, portanto, evitando
que essa se transforme em um mecanismo permanente de sucção de receitas mais do
que de financiamento das atividades de maior vulto.
43
Independente de se essa suspensão ocorra por força da liminar ou pela adesão ao programa de
recuperação fiscal.
346
8 GESTÃO PREVIDENCIÁRIA
O presente capítulo trata das principais questões envolvendo a questão
previdenciária no Estado do Rio Grande do Sul, com destaque para a análise das
relevantes alterações introduzidas pelas Leis Complementares nº 15.429/19 e nº
15.511/20.
348
8.1.2. Regimes de Financiamento
As duas principais formas de financiamento das aposentadorias são o
Regime de Repartição Simples e o Regime de Capitalização.
Regime de Capitalização
Outro sistema possível é o capitalizado (também conhecido como Fundo
Previdenciário), em que cada servidor contribui, não mais para pagar a aposentadoria da
geração anterior, mas para pagar a sua própria aposentadoria, contribuindo para um
fundo em que os recursos das contribuições serão aplicados ao longo do tempo de vida
contributivo da pessoa. A soma destes recursos ―contribuições mais rendimentos ―
financiarão a futura aposentadoria. Como detalhe, pode-se citar que este fundo pode ser
administrado de duas formas: um fundo individual, de cada contribuinte, ou um fundo
geral, em que os recursos são aplicados em conjunto e os riscos, de diversas naturezas,
mitigados.
Um ponto que não pode deixar de ser observado é que, se houver uma
transição de um sistema de repartição para um sistema capitalizado, existe um grande
custo inerente a essa transição, uma vez que os contribuintes que estiverem no meio do
caminho contribuíram para a aposentadoria da geração anterior e não da sua, e os novos
contribuintes contribuirão apenas para sua própria aposentadoria. Este chamado custo
de transição deve ser equalizado.
349
8.1.3. Sistemas de Concessão
As duas principais formas de concessão das aposentadorias são o regime
de benefício definido e regime de contribuição definida.
Benefício Definido
No plano de benefício definido, o valor da contribuição e do benefício são
definidos na contratação do plano ―ingresso do servidor no serviço público ―, cuja
fórmula de cálculo é estabelecida na legislação. O método de quantificação do mesmo
independe das reservas formadas e da variação de rentabilidade do capital. É o que
ocorre com a quase totalidade dos benefícios da previdência social brasileira, pois a
metodologia de cálculo é preestabelecida em lei.
Contribuição Definida
Nos planos de contribuição definida, o valor definido é o da contribuição, e
o que o segurado irá receber como benefício é indefinido, estando sujeito a variações. Em
outras palavras, neste plano o benefício tem o valor permanentemente ajustado,
conforme o saldo de contas aplicável mantido em favor do participante, que, por sua vez,
é resultante dos valores pagos a título de contribuição, do tempo de contribuição, dos
rendimentos obtidos com os investimentos realizados, taxas administrativas, dentre
outras variáveis. Assim, categorias que possuem o direito de aposentadoria com menor
tempo de contribuição, como, por exemplo, professor, tem seus benefícios calculados em
função deste menor tempo contributivo.
Nos planos de contribuição definida, o patrocinador garante apenas a sua
parcela de contribuição, não possuindo obrigação legal de efetuar contribuições
adicionais se os recursos do fundo não forem suficientes para pagamento das
aposentadorias e pensões, transferindo, portanto, o risco da rentabilidade do fundo aos
participantes. Logo, a grande diferença das duas modalidades é que no tipo contribuição
definida os riscos atuariais e financeiros são absorvidos exclusivamente pelos
participantes.
A próxima tabela apresenta um resumo das características expostas acima,
bem como a interligação entre elas.
350
8.2. Evolução da Legislação sobre Previdência
Neste tópico busca-se apresentar um breve resumo sobre a evolução da
legislação previdência, em especial no Estado do Rio Grande do Sul.
351
permitindo o uso de alíquotas progressivas de acordo com o valor da base de
contribuição ou dos proventos de aposentadoria e de pensões.
Legislação Estadual
Antes dos novos comandos constitucionais, o Rio Grande do Sul era
responsável pelo pagamento de seus servidores ativos e inativos. O Instituto de
Previdência do Estado - IPE, na forma do § único do art. 149 da CF/88, arrecadava 5,4% de
contribuição para pagamento das pensões, bem como 3,6% para pagamento da
assistência à saúde, totalizando uma alíquota de 9%.
A primeira lei estadual que alterou a visão tradicional da aposentadoria do
servidor público não mais ser totalmente financiada com recursos do orçamento foi a Lei
nº 10.588/1995, ou seja, anterior à própria EC nº 20/98. Nesta época ainda não se falava
em RPPS. Assim, previu o desconto de uma alíquota de 2% sobre os rendimentos dos
servidores, instituindo uma efetiva contribuição do servidor para ―na falta de uma
palavra melhor ― “ajudar” a pagar os proventos dos servidores aposentados. Cabe citar
que não se verificou, em cálculo atuarial, quanto representava esta contribuição em
relação à efetiva necessidade de recursos para o adimplemento das obrigações do Estado
para com seus servidores aposentados.
A segunda lei estadual foi a Lei nº 12.065, de março de 2004, a qual criou o
RPPS e estabeleceu uma contribuição mensal de 11% para o regime por parte dos
servidores, e o dobro desta como contribuição do Estado. Esta Lei foi expressa ao
determinar que “eventual diferença entre o valor necessário ao pagamento das
aposentadorias e pensões e o valor das contribuições previdenciárias correspondentes ao
mês anterior, em decorrência de recolhimentos insuficientes para o pagamento dos
benefícios, será objeto de transferência de recursos do Estado...”. Assim, como o Regime
de Repartição Simples opera na forma de benefício definido, o Estado responde pela
eventual falta de recursos, notadamente pela conhecida fraca relação ativos/aposentados
já existente à época no Estado.
A terceira e quarta leis, nº 12.763 e 12.764, foram promulgadas em 2007, e
criaram dois fundos com receitas extraordinárias, provenientes da alienação das ações
preferenciais do Banco do Estado do Rio Grande do Sul – Banrisul, de propriedade do
Estado, as quais perfizeram R$ 1,29 bilhão. Foram criados o Fundo de Equilíbrio
Previdenciário - FE-Prev e o Fundo de Garantia da Previdência Pública Estadual - FG-Prev.
Estes recursos tiveram, posteriormente, destinação diversa das originalmente previstas44.
A quinta e a sexta leis, nº 13.757 e 13.758, de julho de 2011, criaram os
dois Fundos Previdenciários - FUNDOPREV, o militar e o civil. Estes fundos operam no
sistema de capitalização coletiva, portanto mutualista e solidária. Deste modo os
servidores que ingressaram no Estado após a sua instituição não mais contribuem para a
aposentadoria dos servidores antigos, mas sim para a sua própria aposentadoria. Cria-se,
assim, o que se convencionou chamar de “Segregação de Massas”. Os servidores que
ingressaram antes da Lei ficam enquadrados em um chamado Plano Financeiro, em
44
Os recursos do FE-Prev, no valor de R$ 1,14 bilhão, em sua maioria foram destinados à conservação da
malha rodoviária estaduais em 2009, nos termos da Lei nº 13.328/2009. Os recursos do FG-Prev, no valor
de R$ 191 milhões, foram utilizados para o pagamento de benefícios previdenciários do Sistema de
Repartição, nos termos da Lei nº 13.758/2011.
352
extinção, naturalmente não sustentável financeiramente, inclusive pela falta de novos
servidores. O Plano Capitalizado, entretanto, pode e deve ter sua sustentabilidade
financeira e atuarial assegurada. Os servidores deste Plano ingressaram no Estado entre
18/07/2011 e 19/08/2016. Ambos os Planos operam no sistema de “Benefício Definido”.
Entretanto, a mudança de um Regime de Repartição para o de um
Capitalizado cria o custo de transição já referido, mas atende-se ao comando
constitucional expresso na EC nº 20/98 de ter-se um sistema novo, equilibrado e
sustentável. Vale dizer também que, os servidores que ingressaram, por exemplo, um ano
antes, ou um ano depois do FUNDOPREV, e, portanto, encontram-se em sistemas
diferentes, contribuem com o mesmo percentual e tem os mesmos benefícios de
aposentadoria.
A sétima lei, nº 14.750/2015, criou a Previdência Complementar – RS-
45
Prev . A partir de sua efetiva instituição em 19 de agosto de 2016, os servidores que
ganham acima do teto do RGPS somente terão direito a valores de aposentadoria acima
deste teto se contribuir, por opção, para esta nova Previdência Complementar, a qual
opera no sistema de “Contribuição Definida”, com capitalização individual. Como já
mencionado sobre esse sistema, os valores desta complementação dependem do efetivo
período de contribuição, independentemente do sexo ou da categoria profissional ter
direito à aposentadoria voluntária com menores requisitos de tempo. Os valores
inferiores ao teto do RGPS serão objeto de contribuição ― e futuro pagamento ― do
FUNDOPREV. Ou seja, integram obrigatoriamente o Plano Capitalizado coletivo, mas com
contribuições e benefícios limitados ao teto, embora no sistema de “Benefício Definido”.
A oitava lei, nº 15.429, de dezembro de 2019, aproveitando o novo
comando da EC nº 103/2019, instituiu as alíquotas progressivas no RPPS do Estado.
As tabelas a seguir apresentam a evolução das alterações das alíquotas
previdenciárias no Estado, tendo como base algumas das leis citadas acima.
Primeiramente destaca-se a evolução das alíquotas no contexto de concessão do tipo
benefício definido e depois se apresenta a regra vigente no sistema de contribuição
definida.
45
Essa entidade foi criada com o Decreto Estadual nº 52.856/2016, tendo como atribuição a
responsabilidade de administrar e executar planos de benefícios previdenciários nos termos das Leis
Complementares Federais nº. 108 e 109, de 29 de maio de 2001.
353
EVOLUÇÃO DAS ALÍQUOTAS NO SISTEMA DE BENEFÍCIO DEFINIDO
Base de Inci- Benefícios
Lei Período Alíquota servidor Alíquota Estado Adesão
dência Financiados
Pensão, pecúlio
Salário de
5,40% Sem alíquota Obrigatório e outros bene-
01/01/1982 a Contribuição
Nº 7672/82 fícios
31/12/1986
Salário de Assistência
3,60% Sem alíquota Obrigatório
Contribuição Médica
Pensão, pecúlio
Salário de
5,40% Sem alíquota Obrigatório e outros bene-
01/01/1987 a Contribuição
Nº 8191/86 fícios
28/02/1996
Salário de Assistência
3,60% 3,5% Obrigatório
Contribuição Médica
Pensão, pecúlio
Salário de
5,40% Sem alíquota Obrigatório e outros bene-
Contribuição
fícios
01/01/1996 a
Nº 10588/95 Salário de Assistência
30/06/2004 3,60% 3,5% Obrigatório
Contribuição Médica
Remuneração
2% - Obrigatório Aposentadoria
liquida
Dobro da contribui-
01/07/2004 a Salário de Aposentadoria
Nº 12065/04 11% para ativos ção do servidor (22% Obrigatório
31/04/2013 Contribuição e Pensões
para ativos)
Facultativo
Nº 12066/04 e . A partir de Salário de Assistência
3,10% 3,10% depois de
12134/04 01/07/2004 Contribuição Médica
um ano
26,5% (regime de
01/04/2013 a repartição simples) Remuneração Aposentadoria
Nº 14.016/12 13,25% Obrigatório
31/03/2017 13,25% (regime de bruta e Pensões
capitalização)
28% (regime de
01/04/2017 a repartição simples) Remuneração Aposentadoria
Nº 14.967/16 14% Obrigatório
31/03/2020 14% (regime de bruta e Pensões
capitalização)
Ativos (8 alíquotas
de acordo com a
Dobro da contribui-
faixa de remune-
ção do servi-
ração - de 7,5%
dor(regime de repar-
até 22%)
A partir de tição simples) Remuneração Aposentadoria
Nº 15.429/19 Inativos e pensões Obrigatório
01/04/2020 Idêntica a contribui- bruta e Pensões
(8 alíquotas de
ção do servidor
acordo com a
(regime de capitali-
faixa de remune-
zação)
ração - de 0% até
22%)
354
EVOLUÇÃO DAS ALÍQUOTAS NO SISTEMA DE CONTRIBUIÇÃO DEFINIDA
Alíquota servi- Base de Benefícios
Lei Período Alíquota Estado Adesão
dor Incidência Financiados
Ativos (4 alíquo-
tas de acordo
com a faixa de
remuneração -
de 7,5% até 14%)
Idêntica a contri- (até teto
Inativos e pen- obrigatório
buição do servidor RGPS) Aposentadoria
A partir de sões (4 alíquotas
Nº 15.429/19 e Pensões
01/04/2020 de acordo com a
faixa de remune-
ração - de 0% até
14%)
Parcela re-
a partir de 4,5% 4,5% a 7,5% facultativo muneração
acima do teto
RESUMO DAS REGRAS DE PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES DO ESTADO DO RS VÁLIDAS ATÉ AGOSTO DE 2020
Cálculo do Contribuição Previdenciária
Data de Ingresso Benefício de Regime Adesão Base de Alíquota Alíquota
Destino
Aposentadoria Cálculo Servidor Estado
Faixas de
alíquotas Dobro da Pagamento
Repartição Remuneração
até 31/12/2003 Integralidade Obrigatória previstas contribuição inativos e
Simples Bruta
na lei nº do servidor pensionistas
15.429/19
Faixas de
Média dos alíquotas Dobro da Pagamento
1°/01/2004 a Repartição Remuneração
80% maiores Obrigatória previstas contribuição inativos e
17/07/2011 Simples Bruta
salários na lei nº do servidor pensionistas
15.429/19
355
RESUMO DAS REGRAS DE PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES DO ESTADO DO RS VÁLIDAS ATÉ AGOSTO DE 2020
Faixas de
Média dos alíquotas Idêntica a
18/07/2011 a Remuneração
80% maiores Capitalização Obrigatória previstas contribuição FUNDOPREV
18/08/2016 Bruta
salários na lei nº do servidor
15.429/19
Faixas de
alíquotas Idêntica a
Média dos
Obrigatória Teto RGPS previstas contribuição FUNDOPREV
80% maiores Capitalização +
a partir de na lei nº do servidor
46 salários, limi- Previdência
19/08/2016 15.429/19
tado ao teto Complementar
Parcela remu- Plano RS-
do RGPS a partir de 4,5% a
Facultativa neração acima Futuro da
de 4,5% 7,5%
do teto RGPS RS-Prev
46
O servidor ativo, titular de cargo efetivo, que tiver ingressado no Estado antes de 19/08/2016 pode
optar por migrar de regime previdenciário. Com a publicação da Lei Complementar nº 15.511, de 24 de
agosto de 2020, o prazo para realizar a opção foi reaberto por mais 3 anos, até agosto de 2023.
47
Efeitos a partir da MP nº 167/2004, a qual foi transformada na Lei nº 10.877/2004.
356
Os servidores que ingressaram no Estado a partir da adoção da Previdência
Complementar, ou seja, agosto de 2016, com vencimentos abaixo do teto
do RGPS terão seus proventos calculados pela média, em um plano de
benefício definido. Os servidores com vencimento acima do teto do RGPS
terão assegurada a parcela até o valor do teto do RGPS calculada deste
modo. Podem, entretanto, optar pela previdência complementar, tendo a
parcela acima do teto do RGPS calculada pelo plano de contribuição
definida. Não existe a previsão, como no FUNDOPREV, de aportes do
Estado para garantir determinado valor de benefício. No RS-Prev o plano
tem caráter individual, ou seja, cada participante tem a sua conta própria
onde são contabilizadas as contribuições pessoais e aquelas feitas pelos
patrocinadores.
Com a publicação da Lei Complementar nº 15.511, de 24 de agosto de
2020 ocorreram sensíveis mudanças no âmbito dos Regimes de Financiamento da
Previdência Pública do Estado do Rio Grande do Sul, sobretudo em virtude da
transposição de aproximadamente 17 mil servidores do FUNDOPREV Civil para o Fundo
Financeiro. Além dessa reestruturação do FUNDOPREV, por meio desta Lei instituiu-se o
Benefício Especial como forma de incentivo à migração de servidores para o Regime de
Previdência Complementar, o que reduziria o Passivo Atuarial do Estado. As mudanças
trazidas pela citada legislação são abordadas mais adiante nesse capítulo em tópico
próprio, mas o quadro a seguir demonstra o resultado da transposição dos servidores que
estavam no FUNDOPREV.
RESUMO DAS REGRAS DE PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES DO ESTADO DO RS VÁLIDAS A PARTIR DE AGOSTO DE 2020
Cálculo do Contribuição Previdenciária
Data de Ingresso Benefício de Regime Adesão Base de Alíquota Alíquota
Destino
Aposentadoria Cálculo Servidor Estado
Faixas de
alíquotas Dobro da Pagamento
Repartição Remuneração
até 31/12/2003 Integralidade Obrigatória previstas contribuição inativos e
Simples Bruta
na lei nº do servidor pensionistas
15.429/19
Faixas de
1°/01/2004 a Média dos alíquotas Dobro da Pagamento
Repartição Remuneração
17/07/2011 80% maiores Obrigatória previstas contribuição inativos e
Simples Bruta
18/08/2016 salários na lei nº do servidor pensionistas
15.429/19
Efeito da migração prevista
na Lei nº 15.511/20 Faixas de
Média dos alíquotas Idêntica a
18/07/2011 a Remuneração
80% maiores Capitalização Obrigatória previstas contribuição FUNDOPREV
18/08/2016 Bruta
salários na lei nº do servidor
15.429/19
Média dos Faixas de
80% maiores Capitalização + alíquotas Idêntica a
a partir de
48 salários, limi- Previdência Obrigatória Teto RGPS previstas contribuição FUNDOPREV
19/08/2016
tado ao teto Complementar na lei nº do servidor
do RGPS 15.429/19
48
O servidor ativo, titular de cargo efetivo, que tiver ingressado no Estado antes de 19/08/2016 pode
optar por migrar de regime previdenciário. Com a publicação da Lei Complementar nº 15.511, de 24 de
agosto de 2020, o prazo para realizar a opção foi reaberto por mais 3 anos, até agosto de 2023.
357
RESUMO DAS REGRAS DE PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES DO ESTADO DO RS VÁLIDAS A PARTIR DE AGOSTO DE 2020
Data de Ingresso Cálculo do Regime Adesão Contribuição Previdenciária
Benefício de Parcela remu- Plano RS-
a partir de 4,5% a
Aposentadoria Facultativa neração acima Futuro da
de 4,5% 7,5%
do teto RGPS RS-Prev
Importante ressaltar que a alteração destacada acima se aplica apenas aos
servidores civis, os quais foram objeto da transposição de Fundo de acordo com a Lei
Complementar nº 15.511/20.
358
Em abril de 2010, com a edição da Lei nº 13.415, foi reorganizado o quadro
de pessoal do Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul.
Conforme já explanado anteriormente neste capítulo, em 2011, foi criado
fundo de capitalização para os novos servidores, ingressantes a partir de 18-07-2011, data
de publicação das Leis n.º 13.757/2011 e 13.758/2011 (FUNDOPREV-Militar e
FUNDOPREV-Civil, respectivamente). Em 05 de abril de 2018, foram aprovados cinco
projetos de lei, que alteraram a estrutura do IPERGS:
- Lei nº 15.142: dispõe sobre o Regime Próprio de Previdência Social do
Estado do Rio Grande do Sul – RPPS/RS;
- Lei nº 15.143: dispõe sobre a reestruturação do Instituto de Previdência
do Estado do Rio Grande do Sul – IPE Prev, unidade gestora do RPPS/RS;
- Lei nº 15.144: dispõe sobre a criação do Instituto de Assistência à Saúde
dos Servidores Públicos do Rio Grande do Sul – IPE Saúde;
- Lei nº 15.145: dispõe sobre o Sistema de Assistência à Saúde dos
Servidores Públicos do Rio Grande do Sul – Sistema IPE Saúde, altera a Lei Complementar
nº 12.066, de 29 de março de 2004, que dispõe sobre o Fundo de Assistência à Saúde –
FAS/RS;
- Lei nº 15.146: reorganiza o quadro de pessoal do Instituto de Previdência
do Estado do Rio Grande do Sul, instituído pela Lei nº 9.670, de 29 de maio de 1992.
Desta forma, o Instituto de Previdência do Estado – IPERGS foi
desmembrado em duas autarquias: o IPE Saúde, para cuidar das assistências dos
segurados, que será objeto de análise no item 8.7, e o IPE Prev, que ficou com a parte de
aposentadorias e pensões, sendo o gestor do Regime Próprio de Previdência Social –
RPPS.
359
EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA IPE PREV – 2020
Em R$ millhões (nominais)
DISCRIMINAÇÃO VALORES
6.1 Pessoal e Encargos Sociais 15.492,8
6.2. Outras Despesas Correntes 344,0
7. DESPESAS DE CAPITAL 11,7
7.1. Investimentos 2,3
7.2. Amortização da Dívida 9,4
8. TOTAL DAS DESPESAS 15.848,48
9. RESULTADO ORÇAMENTÁRIO (5 - 8) 3.083,62
Fonte: Sistema Cubos DW da SEFAZ/CAGE e Sistema FPE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
360
seja, o Estado não teria deixado de realizar os repasses, mas estaria realizando tais
transferências com atraso. Tal procedimento estaria respaldado na Constituição Estadual,
artigo 41, §2º, o qual prevê que os recursos devidos ao RPPS deveriam ser repassados no
mesmo dia e mês do pagamento dos servidores, quando destes retidas suas
contribuições. Este argumento do Governo do Estado foi aceito pelo Conselheiro Relator
das Contas de 2019, o qual determinou o aprofundamento e acompanhamento da
matéria pelo corpo técnico do TCE.
A análise mês a mês do ano de 2020 demonstra que o saldo em depósito
das contribuições dos servidores se manteve estável ao longo do ano e passou a ter uma
queda significativa a partir de novembro, mês em que a remuneração dos servidores
voltou a ser paga em dia. Por outro, se observa que mesmo após a volta do pagamento
em dia do funcionalismo, permaneceram saldos em depósito de terceiros no Passivo
circulante dos Poderes nos meses de novembro e dezembro. Ou seja, no caso do mês de
novembro, por exemplo, o Estado quitou a remuneração de seus servidores na data
prevista, mas permaneceu com um saldo em depósito de R$ 18,25 milhões que não foi
repassado ao FUNDOPREV, conforme destacado na tabela a seguir.
361
de Previdência Complementar; a segunda, para dar fôlego financeiro ao pagamento
mensal dos inativos e pensionistas durante o prazo de sete anos (embora tenha sido
utilizada por apenas três anos, no montante de R$ 451,2 milhões).
Ao final de 2009, a Lei nº 13.328/2009 extinguiu o FE-PREV, realocando o
saldo existente, de R$ 966,6 milhões, para outros fins, especialmente, na construção da
malha rodoviária. Em 2011, foi a vez do FG-PREV, cujo saldo de R$ 191,1 milhões foi
utilizado para pagamento dos atuais benefícios previdenciários do Fundo de Repartição
Simples, conforme autorizado na Lei nº 13.758/2011.
A tabela, a seguir, apresenta as movimentações financeiras dessas reservas
denominadas de Fundo de Equilíbrio Previdenciário (FE-PREV – Lei nº 12.763/2007) e
Fundo de Garantia da Previdência Pública Estadual (FG-PREV – Lei nº 12.764/2007).
362
Nesse contexto de extinção das reservas financeiras do FE – PREV e FG –
PREV, passou a viger o FUNDOPREV-Civil (Lei Complementar nº 13.758/11) e o
FUNDOPREV-Militar (Lei Complementar nº 13.757/11).
Em setembro de 2011, no Decreto nº 48.371/2011, foi instituído grupo de
trabalho a fim de normatizar a operacionalização e o funcionamento do FUNDOPREV,
previsto no art. 4º da Lei Complementar nº 13.758/2011. Posteriormente, com os
Decretos nº 52.669/2015 e 52.770/2015 foram instituídos os comitês de investimento do
FUNDOPREV – Civil e FUNDOPREV – Militar, respectivamente.
Os dados da situação financeira e atuarial do RPPS, associado ao
FUNDOPREV, podem ser obtidos nos demonstrativos do Relatório Resumido da Execução
Orçamentária, publicados periodicamente pelo Executivo Estadual, em atendimento à Lei
de Responsabilidade Fiscal (LC nº 101/2000, art. 53), a saber:
a) Demonstrativo das Receitas e Despesas Previdenciárias do Regime
Próprio dos Servidores Públicos (publicado bimestralmente);
b) Demonstrativo da Projeção Atuarial do Regime Próprio dos Servidores
Públicos (publicado anualmente).
Esses demonstrativos, a partir de 2013, passaram a evidenciar
separadamente os valores do Plano Financeiro (RPPS – Antigos Servidores) e do Plano
Previdenciário (FUNDOPREV – Novos Servidores).
PARTE DO DEMONSTRATIVO DA PROJEÇÃO ATUARIAL DO REGIME PRÓPRIO DOS SERVIDORES PÚBLICOS – RPPS ESTADO DO
RIO GRANDE DO SUL - PLANO PREVIDENCIÁRIO
2020 – PERÍODO DE REFERÊNCIA 2019 A 2093
Em R$ milhões (nominais)
RECEITAS DESPESAS RESULTADO SALDO FINANCEIRO DO
EXERCÍCIO PREVIDENCIÁRIAS PREVIDENCIÁRIAS PREVIDENCIÁRIO EXERCÍCIO
(A) (B) (C) = (A – B) (D) = (“D” EXERC. ANT.) + (C)
2019 837,5 11,97 825,5 2.964,1
2093 0,025 2,485 (2,46) 4.859,5
Fonte: Relatório Resumido da Execução Orçamentária – 6º bimestre/2020 – Anexo 10 - Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul - Atuarial
49
Ao se comparar os resultados apresentados no Parecer Prévio de 2019 com os de agora se verifica uma
discrepância relevante entre as projeções do RREO 6º bim. de 2019 e 2020. Em 2019 a Avaliação Atuarial foi
elaborada pelo Banco do Brasil, onde se constata que foi considerada a geração atual de servidores (todos
servidores vinculados ao RPPS em 31/12/2018) e a geração futura (estimativa de ingresso de novos
servidores após a data da avaliação atuarial). Já em 2020, a Avaliação Atuarial foi elaborada pela Lumens
Consultoria, nesse caso é bem provável que tenha sido considerado apenas a geração atual de servidores,
pois as receitas e despesas decrescem ao longo do tempo acompanhando a extinção da massa até
praticamente zerar ao final da projeção, ou seja, não se considerou novos entrantes no RPPS.
363
Visando regularizar o déficit atuarial constatado, em 10-11-2016, a
Assembleia Legislativa criou um Plano de Amortização do Déficit Atuarial para o
FUNDOPREV (Civil e Militar), mediante Leis nº 14.938 e 14.939. Tais leis preveem aportes
periódicos mensais por parte do Estado, juntamente com a contribuição patronal
obrigatória. Esses aportes iniciaram em 2017 (um aporte anual de R$ 4,3 milhões para o
FUNDOPREV-Civil e R$ 311,5 mil para o FUNDOPREV-Militar) e encerrarão em 2050 (com
aportes de R$ 168,6 milhões para o FUNDOPREV-Civil e R$ 28,2 milhões para o
FUNDOPREV-Militar), conforme tabelas abaixo:
364
APORTE PARA AMORTIZAÇÃO DO DÉFICIT ATUARIAL
FUNDOPREV CIVIL E MILITAR - 2017 - 2020
Em R$ milhões (nominais)
EXERCÍCIO 2017 2018 2019 2020 TOTAL
Aportes Realizados 0,3 - 2,3 0 2,6
Valor a menor/maior aportado - (0,8) 0,7 (3,2) (3,3)
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS
365
montante complementado pelo Estado, para suprir as necessidades de financiamento do
regime;
- o IPERGS centraliza o pagamento dos benefícios previdenciários dos
servidores do Poder Executivo e Defensoria Pública, enquanto esses efetuam os repasses
das contribuições patronais e da cobertura das insuficiências financeiras, consignando os
valores correspondentes nas respectivas dotações próprias incluídas nos seus
orçamentos;
- os demais Poderes (Legislativo, Judiciário e Ministério Público) registram
o pagamento dos inativos diretamente à conta das respectivas dotações e a partir de
2019, discriminando os valores correspondentes às contribuições patronais e eventuais
insuficiências.
Passando ao comparativo das receitas e despesas do Plano Previdenciário –
FUNDOPREV, a receita em 2020 alcançou R$ 584,4 milhões, representando uma redução
nominal de 32,35% (R$ 279,5 milhões) em relação ao exercício anterior. Esta redução de
receita é explicada pelos efeitos da LC nº 15.511/20, a qual será devidamente detalhada
no item 8.5 deste capítulo.
Por outro lado, os gastos empenhados com pensões, auxílio-doença e
salário maternidade chegaram ao total de R$ 4,7 milhões representando uma redução
nominal de 62,5% em relação ao exercício de 2019.
366
DEMONSTRATIVO DAS RECEITAS E DESPESAS PREVIDENCIÁRIAS RREO
RELATÓRIO RESUMIDO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA PLANO PREVIDENCIÁRIO – FUNDOPREV - 2016/2020
Em R$ milhões (nominais)
DISCRIMINAÇÃO 2016 2017 2018 2019 2020
7. Despesas de Previdência 1,7 1,5 108,3 11,9 4,7
7.1 Benefícios Civl 0,7 1,1 5,5 11,1 3,9
7.1.1. Aposentadorias - 0,1 0,0 0,6 1,1
7.1.2. Pensões 0,7 1,0 1,4 2,0 2,6
7.1.3. Outros Benefícios Previdenciários - - 4,1 8,5 0,2
7.2. Benefícios Militar 0,1 0,3 0,5 0,8 0,8
7.2.1. Reformas - - - - -
7.2.2. Pensões 0,1 0,3 0,5 0,8 0,8
7.2.3. Outros Benefícios Previdenciários - - - - -
7.3. Outras Despesas Previdenciárias 0,9 0,1 102,3 - -
7.3.1. Compensação Previdenciária - - - - -
7.3.2. Demais Despesas Previdenciárias 0,9 0,1 102,3 - -
8. TOTAL DAS DESPESAS FUNDOPREV 1,7 1,5 108,3 12,0 4,7
9. RESULTADO PREVIDENCIÁRIO (5 – 8) 373,7 450,4 514,9 852,0 579,71
10. APORTES COBERTURA DÉFICIT
- 3,3 1,5 26,5 -
ATUARIAL
10.1. FUNDOPREV Civil 3,0 1,5 24,1 -
10.2. FUNDOPREV Militar 0,3 - 2,3 -
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
367
QUANTIDADE VINCULOS FUNDOPREV - 2015/2019
INGRESSO DE
31/12/2015 31/12/2016 31/12/2017 31/12/2018 30/09/2019
SEGURADOS
TOTAL 21.991 23.430 25.406 29.015 29.344
Fonte: Relatórios anuais de avaliação atuarial do IPE Prev.
368
RECEITAS E DESPESAS X SALDOS BANCÁRIOS DO BALANCETE X RREO
RPPS – PLANO PREVIDENCIÁRIO – FUNDOPREV - ACUMULADO 2011 A 2020
Em R$ milhões (nominais)
FUNDOPREV FUNDOPREV
DISCRIMINAÇÃO TOTAL
CIVIL MILITAR
RECEITAS 2.810,0 628,0 3.437,9
Contribuição Servidores 1.006,0 243,7 1.249,7
Contribuições Patronal 1.004,2 240,7 1.244,9
Remuneração Líquida dos Investimentos 769,9 141,0 910,8
Aportes Amortização Déficit Atuarial 28,6 2,6 31,2
Outras Receitas Correntes 1,3 0,0 1,3
VARIAÇÕES PATRIMONIAIS AUMENTATIVAS 6,8 1,3 8,1
DESPESAS 107,9 19,5 127,3
Aposentarias e Reformas 1,8 - 1,8
Pensões 7,7 2,5 10,3
Outros Benefícios Previdenciários 4,1 - 4,1
Despesa de Exercícios Anteriores 94,2 16,9 111,1
Indenizações e Restituições 0,1 - 0,1
VARIAÇÕES PATRIMONIAIS DIMINUTIVAS 0,1 0,0 0,1
RESULTADO ENTRE RECEITAS, DESPESAS E VARIAÇÕES AUMENTATIVAS E
2.708,9 609,7 3.318,6
DIMINUTIVAS DO FUNDOPREV
VALORES NÃO REPASSADOS 72,7 30,2 102,9
RESULTADO AJUSTADO COM VALORES NÃO REPASSADOS 2.781,6 639,9 3.421,5
BALANCETE - SALDOS CONTAS BANCÁRIAS EM 31-12-2020 2.674,0 611,5 3.285,6
Diferença (Saldo Bancário no Balancete) (-) Resultado entre Receitas e
(107,6) (28,3) (135,9)
Despesas
RREO – Demonstrativo Receitas e Despesas RPPS – Plano Previdenciário - - 3.436,9
Diferença (Saldo Bancário no Balancete) (-) Publicado RREO - - (151,4)
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Demonstrativo publicado pelo Poder Executivo segundo exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal (RREO – Anexo 4 – LRF, art. 53, inciso II –
6ºbim/2020).
369
Em sede de Relatório e Parecer Prévio sobre as Contas do Governador essa
situação foi constatada já em 2014, quando os valores acumulados da Contribuição
Patronal, até aquela data, foram de R$ 121,1 milhões, contra R$ 113,4 milhões da
Contribuição dos Servidores, com uma diferença a maior de R$ 7,7 milhões.
A questão foi relacionada pela primeira vez no Capítulo 8 - Pontos Passíveis
de Esclarecimentos, no exame das contas de 2014 (Ponto 37), para o qual foi solicitado
esclarecimento do Gestor sobre o fato de o Tesouro descontar das retenções dos
servidores ao FUNDOPREV parcela referente às despesas com auxílio-doença e
salário-maternidade, processadas pelo Estado, ou seja, buscando ressarcimento
automaticamente dos valores pagos desses auxílios, sem que esses recursos transitassem
nas contas do Fundo. Trata-se de procedimento contrário às Leis n.º 13.758/2011 e
13.757/2011 (artigos 5º e 7º e seus parágrafos), pois o ressarcimento deveria ser feito
posteriormente pelo Fundo, tendo em vista que toda movimentação financeira e
patrimonial dos seus recursos deve ser submetida à autorização do Gestor Único do RPPS.
O esclarecimento apresentado informou que o encontro de contas entre
débitos e créditos do Tesouro frente ao FUNDOPREV é promovido de forma simplificada,
sendo necessário aperfeiçoamento que possibilite a repercussão, com tempestividade, na
execução orçamentária, no patrimônio e na contabilidade do referido Fundo. Assim, por
se tratar de ponto novo, conhecido após o encerramento da gestão governamental de
2011/2014, não foi possível adotar providências para corrigir a falha.
Em 2015, iniciada nova gestão governamental, foram editadas pelo IPERGS,
no mês de outubro, as Resoluções n.º 395 e 398 que regulamentam os procedimentos
para ressarcimento pelo FUNDOPREV Civil e FUNDOPREV Militar dos valores pagos a
título de benefício de auxílio-doença, salário-maternidade e auxílio-reclusão. Extrai-se do
texto da Resolução 395/2015, a motivação para a referida norma:
370
detalhada em expediente específico, como tratado na questão anterior. No mais, pode-se
identificar que das contribuições patronais que foram empenhadas, existem pendências
de repasses ao Fundo, registradas no Balanço Patrimonial do Estado, em Restos a Pagar
Processados, no total de R$ 31,9 milhões.
371
CONTRIBUIÇÃO PATRONAL AO FUNDOPREV (CIVIL E MILITAR) – RESTOS A PAGAR
POR COMPETÊNCIA DE EMPENHO E ÓRGÃO
Em R$ milhões (nominais)
POSIÇÃO SALDO EM 31/12/2019 POSIÇÃO SALDO EM 31/12/2020
COMPETÊNCIA DO EMPENHO/
SALDO A SALDO SALDO A SALDO A
ÓRGÃO TOTAL TOTAL
LIQUIDAR A PAGAR LIQUIDAR PAGAR
Tribunal de Justiça Militar - 0,0 0,0 - - -
Secretaria da Segurança Pública - 17,8 17,8 - 8,0 8,0
Secretaria da Educação - 5,9 5,9 - 2,9 2,9
Secretaria da Saúde - 1,3 1,3 - 0,6 0,6
Encargos Financeiros do Estado - 2,9 2,9 - 1,3 1,3
2020
Tribunal de Contas 0,06 0,04 0,1
Tribunal de Justiça - 0,31 0,3
Sec. da Adm. Penitenciaria - 0,62 0,6
Secretaria da Segurança Pública - 12,32 12,3
Secretaria da Educação - 1,48 1,5
Secretaria da Saúde - 0,57 0,6
Encargos Financeiros do Estado - 1,42 1,4
Total Geral 0,8 45,7 46,5 0,86 31,0 31,9
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
372
DEMONSTRATIVO DAS RECEITAS E DESPESAS PREVIDENCIÁRIAS - PLANO FINANCEIRO - 2015/2020
Em R$ milhões (nominais)
DISCRIMINAÇÃO 2015 2016 2017 2018 2019 2020
2.2 - Pessoal Militar - - 640,2 643,7 625,8 1.153,6
Contribuição de Militar Ativo - - 320,4 286,4 306,7 404,4
Contribuição de Militar Inativo - - 319,9 357,3 319,2 623,2
Contribuição de Pensionista Militar - - - - - 126,0
3 – Receita Patrimonial* 0,1 686,2 0,0 0,2 0,9 0,0
4 - Receita de Serviços 0,8 0,9 1,0 4,8 5,7 5,4
5 - Outra Receitas Correntes 67,2 130,3 162,9 154,7 95,0 111,0
5.1 - Compensação Previd. entre RGPS E
34,2 49,3 58,9 79,5 76,2 65,0
RPPS
5.2 - Outras Receitas Correntes 33,0 81,0 104,0 75,1 18,8 46,0
6 - Receitas de Capital 0,6 0,5 0,5 0,6 0,0 -
7 - TOTAL DAS RECEITAS PREVIDENCIÁRIAS 3.765,3 4.764,4 4.366,7 4.581,1 4.865,9 7.090,9
8 - Despesa Administração 271,3 411,2 481,9 630,2 419,1 408,3
9 - Despesa Previdência 11.967,4 13.324,0 14.447,3 15.596,6 16.913,4 17.030,1
9.1 - Pessoal Civil 10.033,4 10.903,2 10.824,1 11.355,4 11.418,5 11.816,5
Aposentadorias 7.675,8 8.269,8 8.601,8 9.316,0 9.405,0 9.789,0
Pensões 2.357,6 2.633,4 2.222,3 2.039,4 2.013,4 2.027,5
Outros Benefícios Previdenciários - - - - - -
9.2 - Pessoal Militar 1.933,2 2.412,3 3.623,2 4.241,3 5.495,0 5.213,6
Reformas 1.875,4 2.412,3 2.993,4 3.190,3 3.749,6 3.901,6
Pensões 57,8 - 629,8 1.050,9 1.254,8 1.312,0
10 - Outras Despesas Previdenciárias - - - - 490,5 -
11 - Despesa Previdenciária
0,8 8,5 - - -
Intraorçamentária
12 - TOTAL DAS DESPESAS PREVIDENCIÁRIAS 12.238,7 13.735,2 14.929,2 16.226,8 17.332,5 17.438,4
13 – RESULTADO PREVIDENCIÁRIO (7 – 12)
(Necessidade de aporte adicional pelo (8.473,4) (8.970,8) (10.562,5) (11.645,7) (12.466,7) (10.347,5)
Estado)
14 - RESULTADO PREVID. - EXCETO INTRAORÇ.
(Necessidade Total de Recursos do Estado (10.859,74) (11.408,93) (12.690,91) (14.396,05) (15.485,82) (15.005,13)
incluída a contribuição patronal)
15 - APORTE DE RECURSOS PARA O RPPS 7.595,39 8.645,05 10.116,56 11.169,13 11.397,83 11.248,27
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE e Relatórios Resumidos de Execução Orçamentária.
(*) Parcela do total de R$ 1,25 bilhão de Receita Patrimonial, oriunda da cessão onerosa ao Banrisul da Folha dos Servidores do Poder Executivo, a qual se
destinou à quitação do 13º salário dos seus inativos, não paga em 2015.
373
Depurando-se as Receitas Intraorçamentárias, nas quais estão registradas
as contribuições patronais, o resultado passaria para o valor negativo de R$ 15 bilhões,
em 2020, representando, efetivamente, o montante necessário de recursos do Estado
para a cobertura da totalidade das despesas do RPPS.
Valor Part.
Discriminação
RS milhões %
1. Contribuição Patronal 4.658 26,7%
2. Contribuição Servidores 2.317 13,3%
3. Demais Receitas
117 0,7%
Previdenciárias
4. Total Receitas RPPS
7.091 40,7%
(1+2+3)
5. Necessidade de Aporte
Adicional 10.348 59,3%
pelo Estado (6 – 4)
6. Total das Despesas do
RPPS
17.438 100,0%
(Benefícios + Despesas
Administrativas)
7. Total de Recursos do
Estado 15.005 86,05%
para o RPPS (1+5)
374
com a Lei Complementar nº 15.429/2019, o Estado irá arrecadar mais com o aumento das
contribuições previdenciárias, melhorando o quadro anteriormente apresentado.
Outro fator importante na análise da situação previdenciária no Estado do
RS, já abordado em item que trata da Despesa com Pessoal e Encargos Sociais deste
relatório, está na relação entre o número de servidores inativos e pensionistas por ativos
da Administração Direta, Autarquias e Fundações do Estado. Se, em 2006, os inativos e
pensionistas representavam 48,96% do total de matrículas do Estado, em 2019, eles
passaram a responder por 59,31%.
Conforme já explicitado no início deste capítulo, no Regime de Repartição
Simples (Plano Financeiro), os ativos pagam, com suas contribuições, os benefícios dos
aposentados e pensionistas, todavia a sustentabilidade do sistema depende de uma
relação, no mínimo, de três servidores ativos para cada inativo/pensionista. Até o
exercício de 2019, no Estado do RS, tem-se um ativo para cada 1,45 inativo/pensionista.
Para o exercício de 2020 não foi possível verificar com exatidão a evolução
dos ativos e inativos no Estado. O Boletim Informativo de Pessoal, que era utilizado como
referência para as análises, foi descontinuado. No seu lugar passou a ser utilizado o novo
portal intitulado “Painel de Informações de Pessoal”, do Tesouro do Estado. Entretanto,
os valores apresentados no referido Painel não guardam equivalência com os valores que
eram anteriormente disponibilizados no Boletim Informativo. As imagens abaixo,
extraídas do Balanço Geral do Estado de 2019 e 2020, demonstram estas discrepâncias:
375
Como exemplo da grande discrepância nos dados pode se observar na
imagem acima a grande variação dos vínculos de inativos e pensionistas entre 2014 e
2015,
A informação correta e confiável do total de ativos, inativos e pensionistas
é extremamente relevante para a análise da questão previdenciária no Estado, e por este
motivo as inconsistências apontadas acima serão objeto de ponto de esclarecimento por
parte do Gestor.
50
Portanto, servidores que ingressaram após agosto de 2016 e que recebam abaixo do teto do RGPS,
terão seus proventos de aposentadorias e pensões calculados pela média, em um plano de benefício
definido. Este tipo de servidor pode aderir ao RS-Prev na categoria de participante individual, mas não fará
jus à contrapartida do Estado, por conta de sua remuneração ser inferior ao teto do Regime Geral. Por
outro lado, os servidores com vencimentos acima do teto terão assegurada a parcela até o valor deste teto
do RGPS, bem como poderão optar por aderir ao RS-Prev como participantes patrocinados, ou seja, fazendo
jus a contrapartida do Estado.
376
teto do RGPS, bem como poderão optar por aderir ao RS-Prev como participantes
patrocinados, ou seja, fazendo jus a contrapartida do Estado.
A Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público do Estado
Rio Grande do Sul - RS-Prev (Fundação de natureza pública, com personalidade jurídica de
direito privado e autonomia administrativa, financeira, patrimonial e gerencial) foi
instituída com a finalidade de oferecer planos previdenciários de caráter complementar
no âmbito do RPC do Estado. Em observância às Leis Complementares Federais n.º 108 e
109, ambas de 29-05-2001, os planos previdenciários ofertados pela RS-Prev estão
estruturados na modalidade de contribuição definida. Nessa modalidade, define-se um
valor de contribuição previdenciária mensal que constituirá um fundo a ser capitalizado
ao longo da vida laboral do servidor público. Uma vez aposentado (ou em caso de morte),
o servidor público (ou seu dependente) contará com o montante capitalizado no período
laboral para complementar o benefício de aposentadoria (pensão) pago pelo RPPS
(limitado ao benefício máximo do RGPS, para aqueles servidores com ingresso no Estado
a partir de 19-08-2016). Diferentemente do RPPS, no RPC o valor do benefício de
aposentadoria não é conhecido previamente, pois será o resultado da capitalização de um
fundo.
Nos termos do art. 202, §3º, há vedação de aportes de recursos da
Administração Pública à entidade de previdência privada, exceto na condição de
patrocinadora, onde a contribuição normal não poderá exceder a do segurado. Em
caráter excepcional, a Lei nº 14.750/15 autorizou um aporte inicial de até R$ 20 milhões
por parte do Estado, a título de adiantamento de contribuições, necessário ao regular
funcionamento inicial da entidade.
Consta nas Notas Explicativas às Demonstrações Contábeis de 2020, que foi
assinado Termo de Compromisso entre o Estado (Patrocinador) e a RS-Prev, que
estabeleceu o aporte de R$ 10 milhões, com a obrigação de restituição/compensação
futura, tão logo esse deixe de ser necessário. Esse aporte foi efetuado no exercício de
2016, em cinco parcelas de R$ 2 milhões, e registrado como pagamento por devedores
(Ativo Circulante).
Em 2018 foi assinado o primeiro aditivo ao Termo de Compromisso, que
estabeleceu o aporte complementar no valor de R$ 10 milhões, também a título de
adiantamento de contribuições, em vinte parcelas mensais de R$ 500 mil, sendo a
primeira no mês de agosto de 2018. Tanto o valor do adiantamento, quanto o valor da
correção monetária, incidente na forma da cláusula 3.1 do Termo de Compromisso, foram
reclassificados para o Ativo Não Circulante, Variações Patrimoniais Diminutivas Pagas
Antecipadamente.
No exercício de 2019 a Fundação recebeu do Estado o aporte de mais cinco
parcelas do referido aditivo, totalizando R$ 2,5 milhões. No total, até 31 de dezembro de
2019 a RS-Prev recebeu R$ 14,5 milhões. No exercício de 2020 foi realizado o aporte das
11 parcelas restantes do referido aditivo, totalizando R$ 5,5 milhões no ano. Até o final de
2020 a RS-Prev recebeu a totalidade dos R$ 20 milhões previstos.
Atualmente, a RS-Prev oferece o Plano RS-Futuro para os servidores
estaduais, em que se pode optar por alíquotas de contribuições previdenciárias básicas
que vão de 4,5% a 7,5%. Caso o participante seja patrocinado (enquadrado no RPC e com
remuneração superior ao RGPS), o Estado, por sua vez, deve realizar um aporte patronal
377
de igual valor tendo como base a parcela da remuneração que ultrapassa o teto do RGPS.
O montante dessas contribuições complementares (tanto do servidor quanto do Estado)
constituirá um fundo a ser capitalizado ao longo do tempo, que irá proporcionar o
pagamento de benefícios, dentre eles a complementação da aposentadoria. O
participante do Plano RS-Futuro ainda pode optar por uma contribuição facultativa, com
alíquotas superiores a 7,5%, mas nesse caso não existe aporte patronal de igual valor.
Com base no Relatório Anual de Informações 2020 do RS-Prev, a tabela a
seguir apresenta a evolução do total de participantes do Plano RS-Futuro:
378
Assim, mesmo para os servidores do Plano Capitalizado, se os investimentos não
renderem o esperado, o Estado garante o pagamento do benefício pactuado.
Na nova estratégia, este sistema deve valer somente até o teto do Regime
Geral, de modo que a parcela dos servidores com salário acima deste teto pode optar
pela Previdência Complementar. Nesta, o sistema de concessão é o de contribuição
definida, no qual o servidor sabe o quanto contribui, mas o valor do benefício somente
será conhecido quando da aposentadoria. Este poderá variar não apenas em função do
número de suas contribuições ― estimula, assim, que os servidores trabalhem além do
mínimo necessário para a aposentadoria, o que vale, inclusive, para servidoras mulheres
e professores, os quais têm direito a tempo diferenciado ― como do efetivo rendimento
das aplicações. Caso estas não rendam o esperado, seu benefício igualmente reduzirá.
O primeiro incentivo à migração dos servidores com salários acima do teto
do Regime Geral para o novo sistema veio com a Lei nº 15.429/19, a qual estabeleceu
alíquotas progressivas. Veja-se o quadro a seguir, comparando-se as contribuições de dois
servidores, com rendimentos brutos de R$ 5.000,0 e R$ 30.000,00, antes e depois da
instituição destas alíquotas:
379
possibilidade de percepção de renda, além desse teto, por meio de adesão, de caráter
facultativo, a um fundo fechado de previdência complementar na forma de contribuição
definida. O RPC/RS teve início em 19/08/2016 e os servidores que a partir de então
ingressaram no serviço público estadual passaram a seguir estas novas regras
previdenciárias.
Na hipótese de que outros servidores, vinculados às regras da paridade e
integralidade ou da média salarial (sem limitação ao teto do RGPS), optassem por migrar
para o RPC, não estava prevista nenhuma forma de compensação a estes, pelas
contribuições previdenciárias recolhidas a maior (acima do teto do RGPS).
Nesta senda, a inexistência de uma compensação pelas contribuições
previdenciárias pagas, além do teto do RGPS, poderia ser apontada como uma das razões
para a baixa migração de servidores para o Regime de Previdência Complementar –
RPC/RS.
Conforme informações constantes no Relatório Anual do Conselho Diretor
do RS-PREV o número de migrações para o RPC até 31/12/2019 foi de apenas 109
vínculos. No mesmo relatório demonstra-se expectativa de crescimento desse
quantitativo com o possível advento do Benefício Especial51, sobre o qual se discorre na
sequência.
Nessa esteira, o Procurador Geral de Justiça ingressou com a Ação Direta
de Inconstitucionalidade (ADI) nº 70069544146 tendo por objeto a declaração de
inconstitucionalidade por omissão parcial, sem pronúncia de nulidade e com
chamamento ao legislador, em vista do disposto na LC nº 14.750/15, por ofensa ao
disposto nos arts. 1º, caput, 5º, caput e inciso I, 6º, caput, 40, 149, § 1º, e 150, II, da CF-
88, combinados com os arts. 1º, 19, caput, 30, 38, § 6º, e 140, caput, da CE-89, contra a
Assembleia Legislativa e o Governador do Estado do Rio Grande do Sul. Em resumo, o
foco da ADI era a ausência na legislação de uma previsão de compensação para
contribuições realizadas no sistema anterior (Benefício Definido) na hipótese de migração
do servidor para o novo sistema de previdência complementar (Contribuição Definida).
A Decisão do TJRS, de 22 de maio de 2020 foi favorável ao MP, conforme se depreende da
Ementa:
51
Conforme já exposto no item 8.4 deste relatório, mesmo após a confirmação do Benefício Especial, no
ano de 2020 verificaram-se apenas 20 novas migrações do RPPS para o RS-PREV.
380
nais: contributividade versus solidariedade; enriquecimento sem causa da admi-
nistração versus pacto de gerações para sua auto sustentabilidade; regime de
repartição simples versus direito de compensação. Tais choques devem ser re-
solvidos pelo Poder Judiciário de modo proporcional.
5. Não se trata de compensação financeira entre regimes previdenciários fede-
rativos, decorrentes de contagem recíproca do tempo de contribuição, mas an-
tes de compensação financeira decorrente da limitação do valor do benefício, na
hipótese de migração voluntária do servidor contribuinte entre os regimes dife-
rentes previdenciários. Não há dúvida de que ele poderá computar o seu tempo
de contribuição em qualquer deles, para obter os benefícios previdenciários e de
pensão por morte. Necessidade de criação de mecanismo ressarcitório, evitan-
do-se burla aos princípios constitucionais examinados.
PRELIMINAR REJEITADA.
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO PARCIAL, SEM PRO-
NÚNCIA DE NULIDADE, COM CHAMAMENTO DO LEGISLADOR JULGADA PROCE-
DENTE. UNÂNIME.
381
complementar e atende a compromisso do art. 10 da Lei Complementar nº 15.429/2019.
De forma sintética, trata-se de uma compensação aos servidores que optarem pelo RPC
mediante pagamento de uma rubrica estatutária, além do limite de proventos no âmbito
do RPC quando da aposentadoria ou iniciado o pagamento de pensão, cujo valor é obtido
pela diferença entre a média de remunerações e o teto do RGPS, multiplicada por um
fator de conversão, calculado pela razão entre o total de contribuições e 520,
denominador este que corresponde a 40 anos vezes 13 contribuições anuais.
Nos termos da referida lei complementar amplia-se o prazo para exercício
da opção de migração para 84 meses, contados do ato de instituição do RPC, ou 90 dias
da entrada em exercício no serviço público do Estado do RS para servidor oriundo de
outro Ente (sem interrupção).
No que diz respeito à compensação financeira a ser instituída destacam-se
dispositivos do art. 27-A:
“Art. 27-A - É assegurado aos servidores e membros de Poder abrangidos na hi-
pótese do inciso II do art. 2°, o direito a um Benefício Especial, de caráter esta-
tutário e compensatório, calculado com base nas contribuições recolhidas ao
regime de previdência da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municí-
pios de que trata o art. 40 da Constituição Federal, de acordo com o disposto
nos parágrafos seguintes. (grifou-se)
§ 1º O benefício especial será equivalente à diferença entre a média aritmética
simples das remunerações utilizadas como base para as contribuições do titular
de cargo efetivo ao regime de previdência da União, dos Estados, do Distrito Fe-
deral ou dos Municípios, atualizadas pelo Índice Nacional de Preços ao Consu-
midor Amplo (IPCA), divulgado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), ou outro índice que venha a substituí-lo, até a data de opção
de que trata o inc. II do art. 2° desta Lei Complementar, correspondentes a 100%
(cem por cento) de todo o período contributivo desde a competência julho de
1994 ou desde a do início da contribuição, se posterior àquela competência, e o
limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência
social às aposentadorias e pensões, multiplicada pelo fator de conversão.
§ 2º O fator de conversão de que trata o § 1º deste artigo, cujo resultado é limi-
tado ao máximo de 1 (um), será calculado mediante a aplicação da seguinte
fórmula:
FC = Tc/Tt
Onde: FC = fator de conversão;
Tc = tempo de contribuição: quantidade de contribuições mensais efetuadas pa-
ra os regimes próprios de previdência social de que trata o art. 40 da Constitui-
ção Federal, efetivamente pagas pelo titular de cargo efetivo do Estado do Rio
Grande do Sul até a data da opção;
Tt = tempo total: 520.
§ 3° O Benefício Especial será pago pelo Estado do Rio Grande do Sul, na condi-
ção de seu garantidor, por ocasião da concessão de aposentadoria, inclusive por
incapacidade permanente, ou da pensão por morte, pelo Regime Próprio de
Previdência do Estado do Rio Grande do Sul – RPPS/RS, de que trata o art. 41 da
Constituição do Estado e a Lei Complementar n° 15.142, de 5 de abril de 2018,
pelo prazo de 260 (duzentos e sessenta) meses, na forma de regulamento.
382
§ 4º O Benefício Especial será reajustado, a partir da opção de que trata o inc. II
do art. 2º desta Lei Complementar, nos termos estabelecidos para o Regime Ge-
ral de Previdência Social.
§5° Os valores devidos a título de Benefício Especial, por ocasião do óbito do
servidor, serão pagos aos seus dependentes, habilitados à pensão por morte
junto ao RPPS/RS, ou, na falta deles, aos seus sucessores, na forma da lei civil,
observado o prazo estabelecido no § 3° deste artigo ou seu remanescente, de
acordo com regulamento.
§ 6° Não será devida pelo Estado do Rio Grande do Sul, suas autarquias e funda-
ções públicas qualquer outra contrapartida referente ao valor dos descontos
previdenciários já efetuados sobre a base de contribuição acima do limite pre-
visto no § 1º deste artigo.”
383
aposentadoria e pensão vinculados ao Regime Financeiro de Repartição Simples
de que trata o art. 2° da Lei Complementar n° 13.758/2011, bem como a sua uti-
lização pelo Sistema Integrado de Administração de Caixa no Estado do Rio
Grande do Sul – SIAC.
§ 2º A utilização dos recursos de que trata o caput deste artigo ficará limitada
ao valor correspondente às contribuições, acrescidas dos consectários legais, do
Estado e dos servidores aos quais passar a se aplicar o Regime Financeiro de Re-
partição Simples de que trata o art. 2° da Lei Complementar n° 13.758/2011 em
razão do disposto nesta Lei Complementar, observado, como limite mensal, o
valor da cobertura do déficit previdenciário aportado pelo Tesouro do Estado.
De acordo com a Justificativa enviada pelo governo do Estado, juntamente
com o PLC nº 148/2020, “o impacto inicial da migração incentivada com Benefício
Especial é negativo na ótica fiscal, pois aumenta a necessidade de aportes do Tesouro a
curto prazo, para pagar as aposentadorias já concedidas”. Tais impactos fiscais foram
assim resumidos pela proposta do Governo:
- IMEDIATO: Perda das contribuições dos servidores ativos do Fundo Financeiro
que migrarem do seu regime previdenciário original para o RPC/RS a partir da
data da migração (efeito negativo);
- IMEDIATO: Aumento das contribuições patronais à RS-Prev para os servidores
que migrarem e também aderirem à Fundação, a partir da migração (efeito ne-
gativo);
- IMEDIATO: Redução na contribuição patronal dos servidores do FUNDO-
PREV/CIVIL que migrarem ao RPC/RS, a partir da migração (efeito positivo);
- LONGO PRAZO: Redução dos benefícios pagos (até o teto do INSS) em compa-
ração com os benefícios originais para os que migrarem ao RPC/RS (efeito posi-
tivo);
- LONGO PRAZO: Compensação aos servidores que migrarem ao RPC/RS, quan-
do de sua aposentadoria, na forma de Benefício Especial (efeito negativo).
Portanto, de acordo com o governo estadual, a transposição do
FUNDOPREV/Civil (servidores ingressantes entre 18/07/2011 e 18/08/2016 juntamente
com a correspondente transferência do Patrimônio Líquido do FUNDOPREV) para o Fundo
Financeiro busca “mitigar o alto custo financeiro de transição para o Tesouro com a oferta
incentivada de migração com a previsão do Benefício Especial ao longo dos próximos anos
(visto na seção anterior), como para alinhar a data de corte do FUNDOPREV Civil com a
data da opção obrigatória pela previdência complementar (agosto de 2016)”.
A justificativa ressalta ainda que a transferência de 17 mil vínculos do
FUNDOPREV para o Plano Financeiro não altera a forma de cálculo dos benefícios,
aposentadorias ou pensões dos servidores transferidos, nem nas suas contribuições
previdenciárias presentes ou futuras, inexistindo qualquer impacto nos rendimentos
brutos e líquidos.
Resumidamente, em número de servidores temos:
Servidores do FUNDOPREV 2011-2016 a serem transpostos (todas
as faixas salariais – inclui servidores acima e abaixo do teto do
RGPS) - 17.000;
384
Servidores com salários acima do teto do RGPS passíveis de
migração para o RPC (planos financeiros e FUNDOPREV – executivo,
legislativo e judiciário) - 21.628.
Em cenários montados por Grupo de Trabalho do Executivo Estadual, com
diferentes níveis de migração de servidores com base no Benefício Estadual proposto, “o
aumento dos gastos líquidos pelo Tesouro poderia ir de R$ 360 milhões a R$ 1,65 bilhão a
valor presente, no acumulado dos seis primeiros anos”. Compete considerar, todavia que,
se os 17.000 servidores forem transpostos, mas nenhum dos 21.628 servidores com
salários acima do teto do RGPS decidir migrar para o RPC, o único impacto decorrente
será positivo para o Estado sob o aspecto financeiro, uma vez que os R$ 267,595
milhões52 auferidos por ano e atualmente direcionados a investimentos no mercado de
capitais pelo FUNDOPREV serão agora direcionados ao pagamento de benefícios do Plano
Financeiro.
A análise detalhada desta justificativa do Estado será feito no item 8.5.4.4
deste capítulo.
52
Tabela 15 da Nota Técnica, integrante do Anexo 3 do PLC 148.
385
18/07/2011 tinham as suas contribuições, e as do Estado, aportadas para um Fundo de
Investimentos, o qual deveria custear estas aposentadorias.
A LC nº 15.511/2020, basicamente, transpõe os servidores que ingressaram
entre 2011 e 201653, deste plano capitalizado para o plano financeiro. Permanecem no
plano capitalizado apenas os servidores que ingressaram no Estado após a adoção da
previdência complementar em 2016, cujos proventos são limitados ao teto do regime
geral. Opcionalmente, estes podem contribuir com um plano complementar.
Por sua vez, o Art. 4º permite que os recursos das contribuições destes
servidores que ingressaram entre 2011 e 2016, possam ser utilizados pelo Estado no
momento atual para pagamento das aposentadorias atuais (ou seja, dos servidores já
aposentados), e não das aposentadorias futuras (ou seja, basicamente dos servidores do
FUNDOPREV).
Muito embora o Art. 5º da LC correlacione a transferências dos recursos
hoje investidos para o plano financeiro com a migração para o RPC, esta relação não fica
caracterizada, uma vez que, nos termos da lei, a transferência dos valores ocorre de
forma certa e imediata, enquanto que a migração é apenas uma possibilidade, uma vez
que os servidores podem optar, ou não pelo RPC, em um período de três anos.
53
Entre 18/07/2011 e 19/08/2016
386
Análise da Transposição de Regime sob a ótica do Estado
As mudanças constitucionais trazidas pela EC nº 20 em 1998 visavam
facilitar o planejamento governamental, forte nos conceitos das ciências atuariais de
equilíbrio financeiro (curto prazo) e atuarial (longo prazo).
Assim, a Segregação de Massas com a criação do FUNDOPREV visava a
atender a estes comandos constitucionais, isentando futuramente o orçamento público
de arcar com aposentadorias e pensões de seus servidores. A solução plena desta
questão, entretanto, leva mais de 50 anos, tempo necessário para a extinção do Plano
Financeiro não equilibrado54. A transposição de regime amplia o prazo de extinção desse
Plano em mais cinco anos.
De outra banda, em curto prazo, os recursos acumulados pelo FUNDOPREV
serão direcionados imediatamente para o pagamento das obrigações do Estado para com
o Plano Financeiro nos termos do art. 4º da LC. Outro ganho de ordem financeira para o
Estado, de curto e médio prazo, é que as contribuições dos servidores e do Estado,
atualmente direcionadas para investimentos do FUNDOPREV, serão alocadas no Fundo
Financeiro. Conforme o Anexo 3 do PLC nº 148/2020, representam, cada uma, R$ 133,8
milhões em 202055.
Assim, a LC nº 15.511/2020 beneficia as finanças estaduais de forma
imediata e de curto prazo, mas prorroga a extinção do plano financeiro para mais à
frente. Vale dizer, prorroga o equacionamento do equilíbrio previdenciário para mais
adiante.
Por sua vez, o pagamento do benefício especial, o qual incentiva a
migração de servidores para o RPC, somente ocorrerá no futuro, quando da
aposentadoria dos servidores que migrarem.
Os efeitos contábeis e financeiros desta LC serão analisados
discriminadamente no item 8.5.5 deste capítulo.
54
A total extinção do plano financeiro, conforme o Parecer Prévio de 2019, está prevista para o final da
década de 2090. Entretanto, já a partir de década de 2070 os valores a serem desembolsados são mínimos.
55
Conforme a Tabela 15, item 2.1 do Anexo 3 do PLC, o impacto fiscal da alteração da segregação de
massa representa um ganho fiscal anual de R$ 267,6 (133,8 x 2) milhões anuais entre 2020 e 2040,
decrescendo até se exaurir em 2080. O ganho fiscal acumulado foi estimado em R$ 12,3 bilhões.
Entretanto, ao deixar de alocar recursos em um fundo específico e direcioná-los ao fundo financeiro, o
Estado deverá desembolsar estes recursos de seu Orçamento futuramente, quando estes servidores se
aposentarem.
387
.............
XII - na forma estabelecida na lei complementar de que trata o § 22 do art. 40, a
utilização de recursos de regime próprio de previdência social, incluídos os valo-
res integrantes dos fundos previstos no art. 249, para a realização de despesas
distintas do pagamento dos benefícios previdenciários do respectivo fundo vin-
culado àquele regime e das despesas necessárias à sua organização e ao seu
funcionamento; (Grifo nosso)
56
Art. 60 alterado em 2021 pela Portaria nº 3725/2021/SEPRT – “Art. 60. O RPPS que implementar a
segregação da massa somente poderá alterar os seus parâmetros ou desfazê-la se demonstrado o
atendimento dos pressupostos que garantam a manutenção do equilíbrio financeiro e atuarial do regime,
conforme requisitos estabelecidos neste artigo.”
388
Esta Portaria permite expressamente a revisão da segregação da massa
com a transferência de riscos do Fundo em Repartição para o Fundo em Capitalização,
mas não o contrário.
Inicialmente cabe referir o que constitui um “regime” previdenciário. Na
ementa do PLC nº 148/2020 são mencionados dois “regimes”: o Regime Próprio de
Previdência Social – RPPS/RS e o Regime de Previdência Complementar – RPC/RS. Por sua
vez, o art. 2º refere-se a Regime Financeiro de Repartição Simples e o art. 3º ao Regime
Financeiro de Capitalização. Esta redação tem origem na Lei nº 13.758/1998. Nos
Pareceres Prévios tem-se utilizado a denominação de Plano Financeiro e Plano
Previdenciário (ou Plano Capitalizado), para efetuar esta distinção. Este ponto é
importante quando se analisa a vedação expressa no Inciso XII do art. 167 da CF.
O Anexo 03 do PLC nº 148/2020 assim refere às alterações propostas neste
Projeto:
“Assim, ainda que a via judicial não ofereça completa segurança para o Ente
Público Estadual, os precedentes citados que, em seu bojo, citam ainda outros
precedentes, conduzem à conclusão no sentido de que, mesmo se, posterior-
mente à aprovação legislativa da alteração do marco da segregação da massa
de segurados dos Planos Previdenciário e Financeiro, sobrevier manifestação
contrária da Secretaria da Previdência, o que se admite a fim de exaurir os ar-
gumentos e amainar eventuais riscos jurídicos, o Estado possui argumentos jurí-
dicos para pleitear ordem judicial compelindo a União a expedir o Certificado de
Regularidade Previdenciária.”
57
Constante como Anexo 5 do PLC.
389
SEI nº 164910/2020/ME, de 13 de julho de 2020 da Secretaria da Previdência da
Secretaria Especial da Previdência e Trabalho do Ministério da Economia. Cita-se:
390
Ora, como será demonstrado, os valores transferidos por força do art. 4º
não guardam relação direta ― seja temporal, seja quantitativa ― com os valores que
poderão vir a ser utilizados para o pagamento do benefício especial.
Esta situação deverá ser levada a apreciação do Exmo. Conselheiro-Relator
das Contas do Governador de 2020.
§ 1º Fica vedada a utilização dos recursos de que trata o caput deste artigo para
qualquer outra finalidade que não o pagamento de benefícios previdenciários de
aposentadoria e pensão vinculados ao Regime Financeiro de Repartição Simples
de que trata o art. 2° da Lei Complementar n° 13.758/2011, bem como a sua uti-
lização pelo Sistema Integrado de Administração de Caixa no Estado do Rio
Grande do Sul – SIAC.
§ 2º A utilização dos recursos de que trata o caput deste artigo ficará limitada
ao valor correspondente às contribuições, acrescidas dos consectários legais, do
Estado e dos servidores aos quais passar a se aplicar o Regime Financeiro de Re-
partição Simples de que trata o art. 2° da Lei Complementar n° 13.758/2011 em
razão do disposto nesta Lei Complementar, observado, como limite mensal, o
valor da cobertura do déficit previdenciário aportado pelo Tesouro do Estado.”
58
Em agosto de 2016 o FUNDOPREV Civil possuía R$ 655,7 milhões aplicados e R$ 8,4 milhões em conta
corrente, totalizando um patrimônio de R$ 664,1 milhões.
391
18/07/2011 e 19/08/2016 até a transposição destes ao Plano Financeiro. Ou seja,
recursos integralizados até 2020. Isto porque os servidores que ingressaram neste
período vêm contribuindo continuamente até agora, assim como o Estado também vem
realizando sua Contribuição Patronal. Apenas os recursos aportados ao FUNDOPREV
pelos servidores que ingressaram a partir de 18/07/2016 permanecerão no Fundo.
Os demonstrativos publicados no site do IPE Prev na internet, bem como a
consulta ao Sistema Cubos-DW, não permitem segregar as contribuições dos servidores
que ingressaram antes ou depois de agosto de 2016. Embora se estime que dos R$ 2,64
bilhões de patrimônio do FUNDOPREV Civil existentes em dezembro de 2020, cerca de R$
2,20 bilhões correspondem a aportes dos servidores que terão seu regime transposto.
Salientando que até dezembro de 2020, em que pese aprovada a LC nº 15.511/20 com a
autorização de saque do patrimônio do FUNDOPREV Civil proporcional aos 17 mil vínculos
que migraram, não ocorrera o referido resgate das aplicações financeiras e transferência
para uso no pagamento de benefícios previdenciários no âmbito do Plano Financeiro.
Em terceiro lugar, a redação original, do “caput” do art. 4º referia-se a
“valores recolhidos”, do que se depreende, não abarca os rendimentos das aplicações no
período. A nova redação acresce os “consectários legais”, ou seja, comporta os
rendimentos auferidos no período, bem como os aportes patronais para correção do
déficit atuarial59.
Por fim, em quarto lugar, a transferência dos recursos, a qual poderia se
dar de uma única vez, deverá ser efetuada em duas ou três parcelas, uma vez que o
“déficit” mensal do Plano Financeiro hoje gira em torno de R$ 900 milhões.
59
Os aportes anuais realizados pelo Estado para correção do déficit do FUNDOPREV Civil foram R$ 3,0;
1,5; e 24,1 milhões em 2017, 2018 e 2019 respectivamente.
392
A Relação entre o Custo de Transição ao RPC e a Transferência do
Patrimônio junto de cerca de 17 mil vínculos do Fundoprev para a repartição simples
A transferência do patrimônio atual do FUNDOPREV Civil, de cerca de R$
2,2 bilhões, bem como os aportes, tanto patronais como dos servidores, da ordem de R$
267,0 milhões anuais e respectivos rendimentos, conforme estimativa do PLC, se dará de
forma, senão imediata, em dois ou três meses nos termos do art. 4º da LC. Por sua vez, o
custo de pagamento do benefício especial poderá ou não ocorrer: vai depender dos
servidores optarem, ou não pela migração. Esta tem um prazo de três anos para ser
exercida. E, ocorrendo migração, o efetivo custo com o pagamento do benefício especial
somente se dará a partir da aposentadoria dos servidores e em 260 parcelas.
Contudo, em decorrência de possíveis migrações ao regime de previdência
complementar existiriam outros custos ao Estado no curto prazo, os quais foram
denominados de custo de transição. No entanto podem se concretizar cenários que não
demandariam a utilização do patrimônio do FUNDOPREV para sua cobertura, como se
explica a seguir.
O público-alvo de uma migração para o RPC são aqueles servidores com
ingresso até 18/08/2016, pois têm o direito de vir a receber os proventos além do teto do
RGPS. Dentro desse estrato é relevante separarmos em dois grandes grupos de
servidores: os que já eram submetidos ao regime de repartição simples (ingressos até
17/07/2011) e aqueles que estavam no regime de capitalização (ingressos entre
18/07/2011 e 18/08/2016).
Um servidor público integrante do regime de repartição simples, caso opte
por migrar para o RPC, representará no curto prazo uma perda financeira ao Estado pela
diminuição de sua contribuição previdenciária. Comparam-se o cenário atual e com a
migração para o RPC na visão do Estado para um exemplo de servidor com remuneração
de R$ 20 mil.
No exemplo de servidor ativo com remuneração de R$ 20 mil tem-se:
Contribuição Previdenciária = R$ 20.000,00 X (16,5%) – R$ 380,52 = R$
2.919,48
Contribuição Previdenciária no RPC (limitada ao teto RGPS) = R$ 6.101,06 X
(14,0%) – R$ 141,05 = R$ 713,10
Nesse exemplo hipotético a redução no curto prazo da receita de
contribuição oriunda do servidor seria de R$ 2.206,38.
Sendo assim, vê-se que um servidor pertencente ao regime de repartição
simples (fundo financeiro) que optar pela migração causará aumento no déficit fiscal do
plano financeiro no curto prazo, o que exigirá maiores aportes do Tesouro para essa
cobertura.
Mas em relação aos servidores que descontam a contribuição
previdenciária acima do teto do RGPS e o respectivo valor era remetido ao FUNDOPREV,
existiria o chamado custo de transição imediato? A resposta é NÃO.
Embora também ocorra diminuição em termos de receita da contribuição
previdenciária originada do desconto no holerite do servidor, no caso do FUNDOPREV, os
ingressos, derivados das contribuições previdenciárias do servidor e patronal, eram
393
depositados no fundo capitalizado. Este, por sua vez, é superavitário financeiramente,
pois, dentre outras razões, há um pequeno quantitativo de beneficiários recebendo
proventos de aposentadoria ou pensão.
Com base nos dados de 2020, o resultado previdenciário do FUNDOPREV
foi de superávit financeiro na ordem de R$ 579,9 milhões60. E o patrimônio total do
FUNDOPREV civil encerrou o ano de 2020 com um montante aplicado de R$ 2,6 bilhões61.
Essa quantia mostra-se suficiente para fazer frente ao pagamento dos atuais aposentados
e pensionistas que recebem proventos dele decorrentes.
Outro ponto relevante para análise diz respeito à contribuição
previdenciária patronal. Enquanto no regime de repartição simples (fundo financeiro)
esta corresponde ao dobro do valor descontado do servidor62, no caso do FUNDOPREV o
aporte patronal é igual ao que se desconta do servidor público63.
Do ponto de vista contábil ocorre uma maior despesa com a contribuição
previdenciária patronal no âmbito do Regime Financeiro se comparada à rubrica
equivalente no FUNDOPREV. Contudo, devido ao elevado “déficit” do regime de
repartição simples os efeitos práticos envolvem a necessidade de aportes pelo Tesouro
do Estado que vão além dos valores de contribuição previdenciária, tanto aquela
descontada dos servidores como a parcela patronal. Em relação ao FUNDOPREV, a parte
patronal da referida contribuição tem de ser repassada pelo Estado ao fundo
previdenciário, sem que ocorram outros aportes do Tesouro, além desses valores, para
eventual cobertura de déficit, uma vez que este inexiste no âmbito do fundo capitalizado.
Uma eventual migração dos servidores para o Regime de Previdência
Complementar implicaria alterações em relação à parte patronal a ser custeada pelo
Estado. Para a parcela das remunerações acima do teto do RGPS a alíquota da
contribuição varia entre 14,50% e 22,00%, enquanto na hipótese de o servidor trocar para
o RPC o valor que exceder o teto do RGPS terá como dispêndio pelo Estado o percentual
entre 4,50% e 7,50% da remuneração acima do teto do RGPS, caso o servidor exerça a
faculdade de aderir ao RS-PREV, ou até mesmo, 0,00%, caso o servidor não faça essa
adesão.
Sendo assim, a despesa orçamentária do Estado, do ponto de vista das
contribuições patronais, reduziria de 7% a 22% para servidores do FUNDOPREV e entre
21,5% e 44% para os do regime de repartição simples, percentuais estes incidentes sobre
a parcela da remuneração dos servidores que excedesse o teto do RGPS.
Considerados no cálculo os dois extremos: 7% de queda na despesa em
relação a pertencentes do FUNDOPREV e 21,5% de participantes do Fundo Financeiro -
representam servidores cuja contribuição previdenciária sobre o valor acima do teto do
RGPS era de 14,50% e aderiram ao RSPREV no percentual de 7,50%, assim a parte
patronal de um servidor do fundo capitalizado teria uma diminuição na despesa de 7%
60
Fonte: Demonstrativo das Receitas e Despesas Previdenciárias 6º bimestre 2020 / CAGE-RS.
61
Fonte: Relatório de Evolução dos Recursos previdenciários. Disponível em: www.ipeprev.rs.gov.br
62
Art. 14 da LC Estadual nº 13758/2011 – “A contribuição mensal do Estado para o Regime Financeiro de
Repartição Simples será correspondente ao dobro daquela descontada do servidor [...]”
63
Art. 16 da LC Estadual nº 13758/2011 – “A contribuição mensal do Estado para o FUNDOPREV será
idêntica àquela descontada do servidor, observado o disposto no art. 15.”
394
(14,5% - 7,5%) e na repartição simples seria de 21,5% (14,5% x 2 – 7,5%) -, enquanto no
outro limite teórico reduzir-se-iam as despesas com servidores no maior valor da tabela
de descontos previdenciários e que não aderissem ao RSPREV, 22% daqueles do
FUNDOPREV (22% - 0%) e 44% dos do fundo financeiro (22% x 2 – 0%).
Exemplos para ilustração:
a) Servidores com salário de R$ 7.101,06 (R$ 1.000,00 acima do teto do
RGPS), um do FUNDOPREV e outro do Fundo Financeiro:
- alíquota de contribuição previdenciária sobre esses R$ 1.000,00 além do
teto do RGPS é de 14,50%. Dessa forma, a contribuição patronal nesse valor excedente
seria:
- No FUNDOPREV – R$ 1.000,00 X 14,5% = R$ 145,00
- No Fundo Financeiro – R$ 1.000,00 x 14,5% x 2 = R$ 290,00
- Com migração ao RPC – sem RSPREV – 1000 x 0% = R$ 0,00
- queda na despesa orçamentária de R$ 145,00 ou 14,5%
(FUNDOPREV) e R$ 290,00 ou 29% (Fundo Financeiro)
- Com migração ao RPC – c/ RSPREV (contribuição de 4,5%) – R$ 1.000,00 x
4,5% = R$ 45,00
- queda na despesa orçamentária de R$ 100,00 ou 10%
(FUNDOPREV) e R$ 245,00 ou 24,5% (Fundo Financeiro)
- Com migração ao RPC – c/ RSPREV (contribuição de 7,5%) – R$ 1.000,00 x
7,5% = R$ 75,00
- queda na despesa orçamentária de R$ 70,00 ou 7% (FUNDOPREV)
e R$ R$ 215,00 ou 21,5% (Fundo Financeiro)
395
- queda na despesa orçamentária de R$ 145,00 ou 14,5%
(FUNDOPREV) e R$ 365,00 ou 36,5% (Fundo Financeiro)
Foi estratificado um valor de R$ 1.000,00, ora acima do teto RGPS ora além
do valor máximo da tabela de contribuições, a fim de melhor demonstrar os exemplos,
em especial em relação aos limites mínimo e máximo de queda na despesa, lembrando
que diante das alíquotas progressivas há um escalonamento da contribuição
previdenciária que repercute em fenômeno semelhante no cálculo da economia
orçamentária que ocorreria com eventuais migrações ao RPC.
Todavia, como já comentado acima, relativamente ao regime de repartição
simples, considerando-se o elevado “déficit” existente, esses números têm efeito apenas
do ponto de vista contábil. A consequência prática das migrações ao RPC de servidores
pertencentes ao regime financeiro seria a necessidade de maiores aportes do Tesouro
para fazer frente às atuais aposentadorias e pensões devido à redução dos ingressos de
contribuições previdenciárias descontadas dos ativos pela sua incidência numa base de
cálculo menor (limitada ao teto do RGPS), bem como se elevaria a despesa efetivamente
desembolsada pelo Tesouro para fins de pagamento da parcela devida pelo Estado ao
RSPREV, que poderia chega até 7,50% do valor da remuneração do servidor que
excedesse o teto do RGPS.
De outra sorte, no tocante ao FUNDOPREV, caso não ocorresse a
reestruturação de fundos, que restou aprovada pela LC nº 15.511/2020, a economia aos
cofres públicos dar-se-ia já no curto prazo, pela redução dos aportes patronais, conforme
mencionado alhures. Enquanto no regime de repartição simples a redução do desconto
de contribuições previdenciárias implica maiores alocações de recursos pelo Tesouro para
pagar aposentadorias e pensões naquele regime de repartição simples, no âmbito do
FUNDOPREV a lógica se inverte, devido a dois fatores preponderantes:
1º- o volume de recursos necessários para pagamento de aposentadorias e
pensões no FUNDOPREV era totalmente coberto pelo patrimônio do fundo e continuaria
dessa forma já que o número de beneficiários recebendo proventos era ínfimo, ou seja,
não haveria qualquer aporte do Tesouro nesse sentido; e
2º- a incidência de um menor percentual de contribuição patronal sobre
parte das remunerações (a que exceder o teto do RGPS) demandaria menores
desembolsos pelo Tesouro, gerando, assim, uma economia aos cofres públicos de
imediato.
A depender do quantitativo de servidores, então pertencentes ao
FUNDOPREV, que migrasse ao RPC, os menores aportes patronais do Tesouro em favor do
fundo capitalizado poderiam atingir montante suficiente para compensar o movimento
financeiro inverso que ocorreria na repartição simples diante de adesões ao RPC no
âmbito do fundo financeiro.
Diversos fatores, muitos deles adentrando na individualidade de cada
servidor público, determinarão o exercício da opção ou não pela troca para o RPC, o que
torna extremamente complexa qualquer projeção nesse sentido. Embora, em tese, seja
possível inferir que servidores até então pertencentes ao FUNDOPREV, por terem um
período maior a contribuir para a previdência complementar e, dessa forma, conseguir
montantes substantivos no seu fundo individual no RS-PREV, teriam uma maior
probabilidade de vir a optar por migrar para o RPC, quando comparados à massa de
396
servidores da repartição simples, muitos deles com vias de obter aposentadoria integral
em poucos anos, o que teoricamente reduz as chances desse grupo optar pela mudança
de regime previdenciário.
Há riscos fiscais inerentes ao se ter lançado mão de um fundo
superavitário, como o FUNDOPREV, a fim de dar cobertura a um custo de transição para o
regime de previdência complementar, que sequer pode vir a existir num montante com
materialidade suficiente que exigisse o desmonte do fundo capitalizado.
A imprevisibilidade é tamanha de modo que, entre as diversas
possibilidades de cenários que poderiam se concretizar, há alternativas em que a
economia financeira supramencionada que ocorreria no âmbito do FUNDOPREV, do
ponto de vista dos menores aportes patronais ao fundo, poderia ser suficiente para cobrir
o custo decorrente das migrações de servidores do regime de repartição simples (fundo
financeiro), relembrando que no fundo financeiro uma migração implicaria menor
desconto de contribuição previdenciária dos servidores e consequentemente elevar-se-ia
o valor do desembolso do Tesouro Estadual para pagamento de aposentadorias e
pensões, enquanto no fundo capitalizado a redução da contribuição previdenciária
patronal sobre a parcela das remunerações que ultrapassa o teto do RGPS geraria uma
economia financeira imediata aos cofres públicos, com chances dessa economia dar
cobertura financeira suficiente a todo custo de transição de regimes que eventualmente
ocorreria.
Dessa forma, o argumento central utilizado na justificativa ao PLC nº
148/2020 concernente à necessidade de cobertura do custo de transição para o RPC
somente se sustentaria se estivéssemos considerando apenas servidores pertencentes ao
regime de repartição simples e esse dispêndio poderia ser integralmente compensado
pela economia nos aportes patronais decorrentes das migrações ao RPC dos servidores
então pertencentes ao FUNDOPREV, e que recolhem para a previdência pública acima do
teto do RGPS. Sendo assim, nesse cenário, possivelmente não haveria a necessidade de
reestruturação dos fundos previdenciários a fim de compensar eventuais dispêndios com
a migração.
Com base no acima exposto, entende-se que a alternativa com menor risco
fiscal às finanças do Estado do Rio Grande do Sul envolveria a segregação das matérias
constantes na LC nº 15.511/2020, de modo que primeiramente fosse implantado o
benefício especial e, após o transcurso do prazo para adesão de servidores ao RPC,
conforme fosse o quantitativo e sendo possível mensurar o dispêndio com a transição
(que seria aplicável somente àqueles servidores ligados ao regime de repartição simples),
poderia ser retomado o debate a respeito dos fundos financeiro e capitalizado e eventual
necessidade de resgate dos recursos para cobrir possível custo de transição.
Assim, não é possível visualizar uma ligação direta entre os recursos do
FUNDOPREV e o custo da migração futura. Deste modo vê-se que o governo possui nítido
benefício financeiro pelos próximos anos.
Esta conclusão é semelhante à esposada pelo SAE III na Informação
39/2020, que assim se expressou:
“Primeiramente, em nenhum momento do Estudo Atuarial foi apresentado o
impacto isolado da alteração da data de corte da segregação de massa de
18/07/2011 para 19/08/2016. Ao vincular, de maneira indevida no art. 5º que o
397
benefício especial deve ser implementado em conjunto e concomitante com os
art. 2º (alteração da data de segregação de massa) e 4º (utilização de recursos
do FUNDOPREV Civil), há um entendimento equivocado de que o Estudo Atuarial
deve apresentar o impacto da alteração da data da segregação juntamente com
cenários hipotéticos de migração dos servidores para o RPC.
Contudo, isso não prospera, considerando que a revisão da data da segregação
de massa apresenta uma consequência concreta e imediata, este impacto deve-
ria ser o primeiro a ser evidenciado no Estudo Atuarial, sem vincular qualquer
cenário hipotético de migração de servidores ao RPC. Apesar disso, de forma in-
tricada, foram apresentados dois cenários referentes à adesão dos servidores ao
RPC.
Por óbvio, os assuntos relativos à alteração da data da segregação de massa do
RPPS e à migração de servidores ao RPC não podem se confundir, pois envolvem
dois Regimes Previdenciários distintos e independentes entre si, sendo eles o
Regime Público (RPPS) e o Regime Privado (RPC).
Ainda, há um ponto extremamente crítico no Estudo Atuarial, não há nenhuma
análise, sequer é mencionado, o impacto da utilização do valor equivalente a R$
1,8 bilhão de recursos do FUNDOPREV Civil, o que corresponde a 78% dos recur-
sos acumulados durante nove anos e que, portanto, irá impactar na situação fi-
nanceira e atuarial do RPPS.
Ora, se o próprio art. 5º da LC Nº 15.511/2020 prevê que a criação do benefício
especial está condicionada à alteração da data da segregação de massa (art.
2º) e a autorização para utilizar recursos do FUNDOPREV Civil (art. 4º), não é
coerente, tampouco transparente, apresentar no Estudo Atuarial apenas parte
do impacto das mudanças propostas, desconsiderando completamente o previs-
to no art 4º, que ensejará a utilização de quase totalidade dos recursos do FUN-
DOPREV Civil.
Desta forma, o Estudo Atuarial apresentado no Anexo 4 do PLC 148/2020, mos-
tra-se insuficiente para demonstrar o impacto financeiro e atuarial da proposta
de revisão da segregação de massa, assim como previsto no art. 60 da Portaria
MF Nº 464/2018. Ainda assim, cabe fazer algumas considerações sobre o que
foi apresentado no referido estudo.”
398
atuariais, depende de cálculos detalhados os quais fogem ao escopo do presente
relatório.
Vale destacar que no ano de 2021 foi aprovada a Reforma da Previdência
dos Militares por meio da aprovação do PLC nº 13/2021, a qual adotou alíquotas e bases
de cálculo para as contribuições previdenciárias semelhantes às dos civis. No relatório
técnico e Parecer Prévio das Contas de 2021 esse tema será objeto de análise, inclusive,
no que toca aos possíveis impactos financeiros e orçamentários tal como se propõe nos
tópicos que seguem sobre as Reformas Previdenciárias afetas aos servidores civis.
399
fundo financeiro (regime de repartição simples), abrangendo os ativos, inativos e
pensionistas civis, que foram objeto de alteração pelas LC nº 15.428/19 e 15.511/20. Por
se tratar de repercussão no caixa foi selecionado esse estrato de servidores da repartição
simples, pois esse regime que demanda aportes extras do Tesouro do Estado para
cobertura do déficit, e a receita oriunda da contribuição descontada dos servidores
representa os valores que irão efetivamente reduzir os aportes financeiros do caixa
estadual.
400
EFEITOS FINANCEIROS REFORMAS PREVIDENCIÁRIAS*
CONTRIBUIÇÃO PATRONAL E COBERTURA DO DÉFICIT
Em Milhões de R$ nominais
Valor Valor Variação (R$) Variação (%)
Item
2019 2020 2019/2020 2019/2020
401
em 2020 representou ganhos na ordem de R$ 149,7 milhões64. Esse custo de
oportunidade retira do Estado, a possibilidade de aumentar seu patrimônio.
64
Fonte: Rendimentos dos Recursos Previdenciários dos FUNDOPREVs, disponível em: ipeprev.rs.gov.br
402
O aumento da despesa de contribuição previdenciária patronal
(intraorçamentária) – no regime de repartição simples corresponde ao dobro do valor que
o servidor ativo desconta, enquanto que no regime de capitalização a patronal é igual ao
que se deduz do servidor. Há, portanto, do ponto de vista dos órgãos, um aumento nessa
despesa orçamentária.
Na visão do fundo financeiro, o aumento da receita de contribuição
previdenciária patronal ao RPPS (intraorçamentária) favorece o regime de repartição
simples orçamentariamente.
Enquanto a despesa dos órgãos para cobertura do “déficit” no regime de
repartição simples será reduzida pelo aumento nas receitas de contribuição
previdenciária do servidor e patronal.
Como a entrada em vigor dos efeitos da reestruturação do FUNDOPREV
iniciaram somente em agosto de 2020, a tendência é que no exercício de 2021 sejam mais
bem percebidos esses efeitos orçamentários.
As tabelas que seguem evidenciam os possíveis impactos contábeis na
ótica orçamentária da reestruturação do FUNDOPREV Civil. Os valores citados na última
coluna são simulados e extraídos das justificativas anexadas ao PLC nº 148/20, que
culminou na aprovação da LC 15.511/20.
403
Impactos Contábeis (ótica orçamentária) - Órgãos e Poderes (R$ - milhões)
Contribuição Previdenciária
Servidor
( + ) Redução Despesa “Cobertura Déficit” - Contribuição
267,595 / ano
Previdenciária Patronal ao fundo financeiro
NEGATIVOS (B) (267,595 / ano)
( - ) Aumento Despesa –
Contribuição Previdenciária (267,595 / ano)
Patronal ao fundo financeiro
TOTAL – (A – B) 267,595 / ano
404
Impactos Contábeis (ótica orçamentária) - Consolidado Estado (R$ - milhões)
POSITIVOS (A) -
N/A (Intraorçamentário) -
NEGATIVOS (B) (27,642 / ano)
( - ) Redução Receita – (27,642 / ano)
Aplicações Financeiras FUNDOPREV
TOTAL – (A – B) (27,642 / ano)
405
PROJEÇÃO DAS RECEITAS, DESPESAS E RESULTADO DO PLANO FINANCEIRO CIVIL- 2019
15.000.000.000,00
10.000.000.000,00
5.000.000.000,00
0,00
2019
2022
2025
2028
2031
2034
2037
2040
2043
2046
2049
2052
2055
2058
2061
2064
2067
2070
2073
2076
2079
2082
2085
2088
2091
-5.000.000.000,00
-10.000.000.000,00
Fonte: Relatório e Parecer Prévio 2019 com dados dos Fluxos Atuariais 2019.
406
Os Impactos no Equilíbrio Atuarial do RPPS - FUNDOPREV - A
Sustentabilidade do Novo FUNDOPREV, a partir da Aprovação da LC nº 15.511/2020
O FUNDOPREV, até a edição de EC nº 103/19, apesar de totalmente
superavitário no aspecto financeiro (curto prazo), vinha apresentando pequeno déficit
atuarial (longo prazo), para os quais foram pactuados planos de cobertura. A edição da EC
nº 103 em novembro de 2019 alterou este quadro, uma vez que aumentou o tempo de
serviço necessário a aposentadoria, bem como limitou as pensões. Estas alterações têm
profundo impacto no cálculo atuarial, com o condão de passar o fundo de deficitário para
superavitário. A Avaliação Atuarial de 2020 do IPE Prev65, considerando já as alíquotas
progressivas vigentes nos termos da Lei nº 15.429/2019, apurou um “um superávit
atuarial no valor de R$ 2.878.290.724,55,”. Entretanto, para apurar este superávit, foi
considerada a existência de um Ativo Real Líquido do Plano de R$ 2.312.397.939,81.66,
bem como a hipótese atuarial de uma taxa de juros atuarial de 4,5% a.a.
O “novo” FUNDOPREV, agora integrado pelos servidores que ingressaram
após agosto de 2016 tem sua sustentabilidade evidentemente prejudicada pela adoção
das alíquotas progressivas a partir da edição da Lei nº. 15.429/2019, uma vez que seus
integrantes contribuirão com as menores alíquotas, entre 7,5 e 14%.
Esse menor volume de ingressos de receita decorrente das contribuições
previdenciárias – do servidor e patronal - pode culminar na existência de déficit atuarial
no regime de capitalização e, como consequência, aumentar a necessidade de aportes do
Tesouro para sua cobertura. Nessa esteira, podem vir a se elevar as alíquotas daquela
contribuição.
A Consultoria responsável pela Avaliação Atuaria de 2020 simulou o
cenário com a transferência de servidores ativos para o Plano Financeiro e a instituição do
Benefício Especial para a migração de 100% do Grupo Potencial ao Regime Previdenciário
Complementar. Cita-se:
65
Relatório Resumo de Resultados da Avaliação Atuarial 2020 do IPE Prev, realizado pela empresa
Lumens Atuarial – Consultoria e Assessoria, com data-base de 31/12/2019
66
Em consonância com o Demonstrativo de Aplicações e Investimentos dos Recursos – DAIR.
407
Dessa forma, o saque de significativa parcela do patrimônio do
FUNDOPREV coloca em risco o equilíbrio atuarial e financeiro desse fundo cujas
consequências seriam percebidas no médio e longo prazo.
A Carteira do FUNDOPREV
As aplicações de recursos pelos Regimes Próprios de Previdência
subordinam-se à regulamentação do Conselho Monetário Nacional (CMN). Deste modo a
carteira de investimentos do FUNDOPREV deve obedecer aos limites estabelecidos pela
Resolução CMN Nº 4.695/2018. Assim, embora esta Resolução permita que um RPPS
aplique 100% de seus recursos em Títulos Públicos de emissão do TN, investimentos em
outras modalidades apresentam restrições severas, como, por exemplo, Fundos FIP e
Fundos de Debentures em Infraestrutura.
Desta forma, o saque da grande maioria dos recursos investidos e
atualmente gerenciados pelo FUNDOPREV deve considerar também a possibilidade de
desenquadramento da carteira às normas de regência.
A Informação SAE II nº 39/2020 assim se manifesta:
“Além disso, não se apresentou até o momento estudo ou análise técnica sobre
quais os investimentos dentro da composição da carteira do FUNDOPREV serão
mantidos e quais serão transferidos/liquidados. Tal avaliação é fundamental pa-
ra a continuidade do Plano Previdenciário.”
8.5.5.4 – Os impactos no cálculo das Despesas com Pessoal (LRF, art. 19)
Os impactos contábeis no cálculo da despesa com pessoal – art. 19 da
LRF
Para compreender os efeitos de adesões ao RPC no cálculo da despesa com
pessoal é fundamental apropriar-se do seguinte: 1- o cálculo parte da remuneração dos
servidores ativos e inativos (embutida a contribuição previdenciária deles descontadas) e
soma-se a contribuição previdenciária patronal incidente nos salários e proventos; 2-
deduz-se o IRRF tanto da receita corrente líquida como do valor da despesa; 3- deduz-se o
total de contribuições previdenciárias do regime de repartição simples (servidor e
patronal), como sendo aposentadorias e pensões pagas com recursos vinculados. A
Receita Corrente Líquida, que serve de referencial para a apuração dos percentuais, sofre
os seguintes ajustes (consideradas somente rubricas afetadas pela adesão ao RPC): 1-
IRRF é deduzido do valor da receita corrente; 2- Receita de Contribuição previdenciária do
servidor também é deduzida da RCL. Com base nessas premissas, têm-se os seguintes
efeitos contábeis com repercussão no cálculo das despesas com pessoal em virtude da
reestruturação dos fundos civis:
• Contribuições previdenciárias descontadas dos servidores - no lado
da despesa continuam sendo contabilizadas como despesa de pessoal por estarem
embutidas no salário do servidor. No entanto, como esse valor financia aposentadorias
no regime financeiro, há a dedução dessas contribuições no cálculo, na rubrica de
aposentadorias e pensões pagas com recursos vinculados. O aumento dessa receita em
função das mudanças de alíquotas e bases de cálculo, bem como a utilização dessa fonte
408
de recursos para pagamento de benefícios previdenciários (pela migração de 17 mil
vínculos para o regime de repartição simples) provocam elevação na rubrica
“Aposentadorias e Pensões pagas com recursos vinculados”, a qual se configura como
uma dedução no cálculo previsto no art. 19 da LRF. Sendo assim, ocorreria redução da
despesa total com pessoal a partir das mudanças nessa receita de contribuições.
• Contribuições previdenciárias patronais – as contribuições patronais
correspondem ao dobro do desconto efetuado junto aos servidores no fundo financeiro e
ao mesmo valor no fundo previdenciário. Entretanto, independentemente das mudanças
de alíquotas ou reestruturação dos fundos previdenciários, como essa contribuição é
somada à despesa de pessoal e posteriormente deduzida como pagamento de
aposentadorias e pensões com recursos vinculados, não há mudanças quantitativas no
indicador das despesas com pessoal, apenas qualitativas.
• Imposto de renda retido na fonte – o IRRF descontado dos
servidores não vem sendo computado (conforme critério do TCE/RS) na RCL nem como
despesa com pessoal. A alteração das alíquotas de contribuições provoca mudanças no
imposto de renda retido dos servidores em movimento inverso ao do desconto
previdenciário – aumento da contribuição reduz o IRRF, redução da contribuição eleva o
IRRF – enquanto a reestruturação do fundo previdenciário não tem impacto nesse ponto
do cálculo, pois não mexe com os vencimentos dos servidores e respectivos descontos em
folha.
A LC 15.511/20, além da reestruturação do FUNDOPREV, instituiu o
Benefício Especial como instrumento de incentivo à migração de servidores ao RPC, o que
acarretaria o recebimento dos proventos de aposentadoria limitados ao teto do RGPS.
Essa mudança modificaria os valores das contribuições previdenciárias, patronal e
descontada dos servidores.
No caso de migração de servidores para o RPC, os efeitos no cálculo das
despesas com pessoal seriam os seguintes:
A contribuição previdenciária patronal, como se demonstrou acima, não
traria impactos quantitativos por se somar às despesas com salários e posteriormente ser
deduzida como fonte de recurso para aposentadorias e pensões. As alterações seriam
apenas qualitativas.
No entanto o valor descontado dos servidores a título de contribuição
previdenciária tem impacto direto no cálculo. A opção pelo RPC teria como provável
impacto a redução nos valores dessa receita no RPPS. Em termos de cálculo de despesas
com pessoal, manter-se-iam os valores de salários na despesa bruta, porém seria
reduzida a dedução efetuada na rubrica “aposentadorias e pensões pagas com recursos
vinculados”. Como a dedução seria inferior o impacto seria de elevação das despesas com
pessoal.
409
EFEITOS REFORMAS PREVIDENCIÁRIAS
DESPESAS COM PESSOAL (LRF, ART. 19) – PODER EXECUTIVO
Em milhões R$ nominais
2019 2020
Outras despesas de pessoal terceirização 167,1 195,1
DESPESAS NÃO COMPUTADAS (II) 6.093,0 6.984,3
Indenizações e Demissão e Incentivos à Demissão Vol. 224,0 82,2
Decorrentes de Decisão Judicial de período anterior 1.837,9 798,7
Despesas de Exercícios Anteriores 220,7 360,5
Inativos e Pensionistas com Recursos Vinculados 3.810,4 5.742,8
DESPESA LÍQUIDA COM PESSOAL (III) = (I - II) 23.799,2 23.008,9
RECEITA CORRENTE LÍQUIDA (IV) 41.112,5 43.333,7
COMPROMETIMENTO RCL (V) = (III/IV) 57,89% 53,10%
AJUSTES CRITÉRIOS TCE (VI) 5.717,2 5.171,2
IRRF Ativos e Inativos 2.109,3 2.202,5
Pensionistas 2.921,5 3.002,0
Demais ajustes de critério 686,4 (33,3)
DESPESA LÍQUIDA COM PESSOAL (VII) = (III - VI) 18.082,0 17.837,6
67
https://cadprev.previdencia.gov.br/Cadprev/pages/modulos/draa/consultarDemonstrativos.xhtml
410
8.6.2 – Inadequação de dados do Relatório Resumido de Execução Orçamentária em
relação aos constantes na Avaliação Atuarial
No que se refere ao conteúdo das Avaliações Atuariais relativas ao Plano
Financeiro, constatou-se que algumas de suas informações, embora sejam a fonte oficial
das projeções atuariais que devem ser apresentadas no RREO, não foram adequadamente
consideradas pelo Gestor na elaboração do referido relatório, conforme se pode verificar
na tabela abaixo:
411
para o plano financeiro. Essas alterações, em conjunto, podem ter impactado nos
números da avaliação atuarial de 2020.
Observa-se, quanto a este aspecto, que nos fluxos atuariais os valores da
insuficiência e do saldo financeiro são idênticos em cada exercício projetado, o que está
correto, pois na realidade não ocorre o acúmulo de saldos de insuficiência, tendo em vista
a obrigatoriedade do aporte anual de recursos, no valor da respectiva insuficiência, a fim
de honrar o pagamento dos benefícios previdenciários do exercício. Ou seja, no Plano
Financeiro opera-se no curto prazo, em regime de caixa. Assim, a cada exercício ocorrem
novas receitas, novas despesas e um novo resultado. Após o encerramento do exercício,
as contas de receitas e despesas, assim como as de resultado são exauridas e começa um
novo ciclo.
O fato já havia sido apontado em ano anterior, razão que levou ao
Ministério Público de Contas a abertura da Promoção MPC nº 702/2019. A Informação
SAIPAG nº 39/2020 sugeriu que fosse dada ciência ao atual governo para que a
publicação do Demonstrativo em questão fosse com os mesmos dados do enviado à
Secretaria da Previdência, fato que não ocorreu, conforme demonstrado anteriormente.
Além disso, em resposta ao apontamento destacado no relatório de 2019 o
Gestor encaminhou a este Tribunal a nota Técnica Conjunta CAGE/IPE-Prev, na qual
estaria ratificada a conformidade do Demonstrativo da Projeção Atuarial do Regime de
Previdência do Plano Financeiro.
O conteúdo da referida Nota, encaminhado nos esclarecimentos em sua
integralidade, foi tratada na Informação SAIPAG nº 8/2020, a qual trouxe o entendimento
da área técnica desta Corte. O conteúdo, elaborado por Auditores com formação em
Ciências Atuariais, segue abaixo reproduzido em sua integralidade:
A Nota Técnica elaborada conjuntamente pela CAGE e IPE Prev, em suma,
justifica a adequação do cálculo do saldo financeiro do exercício por estar em
conformidade com o Manual de Demonstrativos Fiscais (MDF).
Neste ponto, mantem-se o entendimento exposto no Parecer Prévio e respectiva
análise de esclarecimentos, em que o saldo financeiro do exercício relativo ao
Plano Financeiro não deve ser acumulado com a insuficiência financeira dos
exercícios anteriores.
O que se espera da informação disposta na última coluna do quadro da
Projeção Atuarial, constante no Anexo 10 do RREO, é que demonstre o saldo
financeiro de cada exercício, ou seja, considerando apenas o período de um ano.
Conforme bem explorado no aponte nº 38 do Parecer Prévio e na Informação
SAIPAG Nº 39/2019, em relação ao Plano Financeiro opera-se no curto prazo,
em regime de caixa, então a cada exercício ocorrem novas receitas, despesas e
um novo resultado. O saldo de insuficiência financeira deve ser imediatamente
aportado pelo Estado para garantir o pagamento dos benefícios previdenciários,
assim inicia-se um novo ciclo com o saldo do exercício anterior zerado.
Neste sentido, as projeções atuariais dispostas no Anexo III do Relatório de
Avaliação Atuarial , apresentam os valores idênticos para o resultado
previdenciário e para o saldo financeiro projetados em cada exercício, o que
entende ser o correto. Logo, estes dados deveriam constar no Anexo 10 do
RREO.
Apesar do MDF orientar que o saldo financeiro do exercício deva ser acumulado
com o saldo dos exercícios anteriores, não há sentido lógico para o Plano
412
Financeiro, interpretar o saldo financeiro do exercício como um acúmulo de
insuficiência financeiras anteriores.
Ao efetuar este cálculo há uma distorção na análise da situação do RPPS, pois
induz que em determinado exercício, o saldo financeiro negativo atingirá um
patamar muito superior ao que de fato irá ocorrer no referido exercício. Além
disso, pode indicar erroneamente que o Plano Financeiro apresentará um
aumento infindável da insuficiência financeira, o que não se confirma uma vez
que esse plano se encontra em extinção.
Como exemplo para reforçar a impropriedade em acumular valores negativos
ano a ano, destaca-se o fato de que o saldo financeiro inicial da Projeção
equivale ao resultado previdenciário inicial e não ao acúmulo de saldo negativo
dos anos anteriores ao primeiro ano da projeção, uma vez que o Estado realizou
o aporte para cobertura da insuficiência financeira destes períodos. Sendo
assim, de forma semelhante, o Estado fará anualmente o aporte necessário,
zerando anualmente o saldo financeiro negativo.
De fato, conforme mencionado na Nota Técnica, não há distinção no leiaute do
Plano Financeiro e Previdenciário em relação à fórmula para o cálculo do Saldo
Financeiro do Exercício. No entanto, considerando que o Plano Previdenciário é
superavitário financeiramente, existe saldo financeiro a ser considerado no
cálculo do ano seguinte, ao contrário do Plano Financeiro.
Outro ponto abordado na Nota Técnica, diz respeito à compatibilidade dos
dados do RREO com os dados enviados à Secretaria de Previdência. Consta na
Nota uma explanação sobre a diferença dos documentos: Relatório de Avaliação
Atuarial (documento em pdf, elaborado pelo atuário, que compila os dados a
partir de planilhas analíticas) e o Demonstrativo de Resultados de Avaliação
Atuarial (DRAA), o qual é um relatório padrão, gerado pelo sistema Cadprev a
partir de planilhas analíticas enviadas pelo atuário à Secretaria de Previdência.
Mesmo que haja diferença entre os referidos documentos, em relação ao
formato e à forma de envio dos dados à Secretaria de Previdência, as
informações devem ser coerentes, sem divergências entre eles. E o Anexo 10 do
RREO deve ser elaborado considerando os dados oficialmente enviados ao
Ministério da Previdência , conforme disposto no MDF. Sendo assim, os dados
dos documentos atuariais e do RREO devem ser os mesmos.
Ainda, consta na Nota que o valor da coluna Saldo Financeiro do Exercício é o
mesmo apresentado no DRAA com a nomenclatura Valor Atual da Cobertura da
Insuficiência Financeira. Neste ponto, entende-se que as informações não são
equivalentes, uma vez que a informação do RREO deve demonstrar ano a ano o
saldo de cada exercício financeiro, enquanto o Valor Atual da Cobertura da
Insuficiência Financeira demonstra o valor total, considerando o período de 75
anos.
Por fim, não prospera a afirmativa de que “Caso os resultados previdenciários
de cada exercícios não fossem acumulados na coluna Saldo Financeiro do
Exercício do Anexo 10, o Estado estaria por suprimir relevante informação
relativa ao esforço projetado para o Tesouro do Estado na cobertura dos déficits
financeiros.” uma vez que esta informação pode ser detalhada nas respectivas
notas explicativas.
413
8.6.3 – Análise das Projeções da Avaliação Atuarial 2020 Relativas à Transição do Regi-
me de Repartição Simples para o de Capitalização
O sistema previdenciário estadual está passando por uma fase de transição
de um regime totalmente em Repartição Simples (Planos Financeiros Civil e Militar), para
um regime de capitalização coletiva (Planos previdenciários FUNDOPREV Civil e Militar),
que foi instituído em 2011 a partir da segregação da massa de segurados, conforme Leis
Estaduais nº 13.757 e 13.758 de 15 de julho de 2011.
Na referida segregação de massa, os servidores ativos que ingressaram no
Estado até 17-07-2011 e os beneficiários de aposentadorias e pensões concedidas até
aquela data foram alocados no Plano Financeiro, já devidamente explicado ao longo deste
capítulo.
Por outro lado, os segurados que ingressaram no Estado a partir de 18-07-
2011, foram alocados no Plano Previdenciário capitalizado, FUNDOPREV, que também já
teve sua lógica de funcionamento explicada no item 8.2 deste capítulo.
No ano de 2020 foram promovidas modificações o âmbito dos planos
financeiro e previdenciário por meio da Lei Complementar nº 15.511/20 em relação aos
servidores civis. Cerca de 17 mil vínculos foram transpostos do FUNDOPREV para o
Regime de Repartição Simples. Como explicado no item 8.5 essa mudança traz fôlego em
termos de fluxo de caixa no curto prazo, pois as contribuições descontadas desses 17 mil
servidores passam a auxiliar no adimplemento das aposentadorias e pensões do plano
financeiro, entretanto posterga em ao menos cinco anos a extinção do regime de
repartição simples.
A nova data de corte do fundo previdenciário passou a ser a mesma do
regime de previdência complementar, notadamente agosto de 2016. Aqueles servidores
que ingressaram no Estado entre julho de 2011 e agosto de 2016 passaram a compor o
fundo financeiro desde a promulgação da LC nº 15.511/20.
Em síntese, as principais diferenças entre o Plano Financeiro e o
Previdenciário são:
Leis Estaduais nº 13.757/2011 (Militar) 13.758/2011 (Servidores Civis), e alterações promovidas pela
Lei Complementar nº 15.511/2020 (Reestruturação do FUNDOPREV Civil)
Servidores que ingressaram no Estado até 17/07/2011. Servidores que ingressaram no Estado a partir de
(Plano fechado e em extinção) 18/07/2011.
Servidores que ingressaram no Estado até Servidores que ingressaram no Estado a partir de
18/08/2016.(Plano fechado e em extinção) 18/08/2016.
414
Leis Estaduais nº 13.757/2011 (Militar) 13.758/2011 (Servidores Civis), e alterações promovidas pela
Lei Complementar nº 15.511/2020 (Reestruturação do FUNDOPREV Civil)
Alíquota de Contribuição escalonada (L. 15.429/19): Alíquota de Contribuição escalonada (L. 15.429/19):
Servidores Ativos – de 7,5% a 22% Servidores Ativos – de 7,5% a 22%
Inativos e Pensionistas – 0%(até 1 salário-mínimo), de 9% a Inativos e Pensionistas – 0%(até 1 salário-mínimo), de
22% (acima de 1 salário-mínimo) 9% a 22% (acima de 1 salário-mínimo)
Patronal – dobro do desconto do Servidor Patronal – igual ao desconto do Servidor
415
servidor ativo. Em oito anos, o nº de ativos contribuintes do Plano Financeiro, caiu de
129.727 para 71.043, ou seja, sofreu redução de 58.684 servidores, equivalente a 45,2%
de queda. Por sua vez, o número de benefícios aumentou de 174.062 para 216.408, ou
seja, sofreu um acréscimo de 42.346, equivalente a 24,3%.
Vale destacar que os números da avaliação atuarial de 2020 referem-se à
competência de 2019, quando a Lei Complementar nº 15.511/20 ainda não vigorava.
Dessa forma, os quantitativos de servidores ativos sofreram alteração no ano de 2020,
situação que será mais bem identificada na avaliação atuarial de 2021. Essas mudanças
aliviam no curto prazo a relação inativos/ativos no plano financeiro.
Ressalta-se, adicionalmente, que a maior parte dos ativos que deixaram de
contribuir ao Plano e que passaram a usufruir ou gerar benefícios constitui-se de
servidores cuja remuneração é inferior ao teto do Regime Geral de Previdência, de modo
que na nova condição (inativo ou pensionista) ocorria a isenção de contribuições
previdenciárias ao sistema até as mudanças promovidas pela Lei Complementar nº
15.428/19. A referida faixa de proventos não oferecida para fins de contribuição
previdenciária reduziu-se para o valor equivalente ao salário mínimo, o que repercutiu em
elevação da arrecadação da referida receita junto aos inativos e pensionistas. A
apresentação desses números foi realizada no item 8.5.5 deste capítulo.
Como houve uma expressiva quantidade de inativações nos últimos anos,
em grande parte motivada pela possibilidade iminente de aprovação de reformas
previdenciárias, essa circunstância explica boa parte do significativo crescimento da
insuficiência financeira constatada nos últimos anos no Plano Financeiro.
Quanto ao Plano Previdenciário, ainda há poucos benefícios concedidos,
isso significa que as contribuições previdenciárias são destinadas quase que
integralmente para compor os Fundos Previdenciários FUNDOPREV Civil e Militar,
favorecendo assim a capitalização dos recursos.
Em síntese, na fase de transição entre os dois planos, na medida em que
cessa o aporte de recursos das contribuições dos servidores que ingressaram a partir de
2016 ao Plano Financeiro ocorre, naturalmente, um aumento da insuficiência financeira
para custear os benefícios do Plano Financeiro (o que caracteriza o custo de transição de
regime) e, ao mesmo tempo, passam a serem constituídas, gradativamente, as reservas
matemáticas do Plano Previdenciário– FUNDOPREV Civil e Militar, a fim de assegurar no
futuro o pagamento dos benefícios previdenciários dos novos servidores, vinculados a
esse regime capitalizado.
Como essa transição transcorrerá durante um longo período de anos, faz-
se necessária uma projeção do fluxo financeiro para que se possa avaliar o
comportamento de suas receitas e despesas bem como seus resultados ao longo do
tempo.
416
PROJEÇÃO DAS RECEITAS, DESPESAS E RESULTADO - PLANO FINANCEIRO CIVIL - 2020-2094
14.000.000.000,00
12.000.000.000,00
10.000.000.000,00
8.000.000.000,00
6.000.000.000,00
4.000.000.000,00
2.000.000.000,00
-
2020
2023
2026
2029
2032
2035
2038
2041
2044
2047
2050
2053
2056
2059
2062
2065
2068
2071
2074
2077
2080
2083
2086
2089
2092
(2.000.000.000,00)
(4.000.000.000,00)
(6.000.000.000,00)
(8.000.000.000,00)
Receita Despesa Resultado
417
PROJEÇÃO DAS RECEITAS, DESPESAS E RESULTADO - PLANO FINANCEIRO MILITAR - 2020-2094
6.000.000.000,00
5.000.000.000,00
4.000.000.000,00
3.000.000.000,00
2.000.000.000,00
1.000.000.000,00
-
2020
2023
2026
2029
2032
2035
2038
2041
2044
2047
2050
2053
2056
2059
2062
2065
2068
2071
2074
2077
2080
2083
2086
2089
2092
(1.000.000.000,00)
(2.000.000.000,00)
(3.000.000.000,00)
(4.000.000.000,00)
Receita Despesa Resultado
418
PROJEÇÃO DAS RECEITAS, DESPESAS E RESULTADO - PLANO PREVIDENCIÁRIO CIVIL - 2020-2094
500.000.000,00
400.000.000,00
300.000.000,00
200.000.000,00
100.000.000,00
-
2020
2023
2026
2029
2032
2035
2038
2041
2044
2047
2050
2053
2056
2059
2062
2065
2068
2071
2074
2077
2080
2083
2086
2089
2092
(100.000.000,00)
(200.000.000,00)
Receita Despesa Resultado
419
vigência do RPC, ou seja, com salários de contribuição até o teto do RGPS e
consequentemente recolhendo uma menor contribuição previdenciária (as faixas salariais
abaixo do teto do INSS recolhem percentuais abaixo dos 14% até então vigentes) pode vir
a impactar nesses números reduzindo receita e resultado. Apesar das novas idades
mínimas para fruição de benefícios previdenciários em função da EC nº 103/19 e LC/RS nº
15.429/19, é possível que permaneça o déficit atuarial no longo prazo.
150.000.000,00
100.000.000,00
50.000.000,00
-
2020
2023
2026
2029
2032
2035
2038
2041
2044
2047
2050
2053
2056
2059
2062
2065
2068
2071
2074
2077
2080
2083
2086
2089
2092
(50.000.000,00)
(100.000.000,00)
(150.000.000,00)
Receita Despesa Resultado
420
- Lei nº 15.143: dispõe sobre a reestruturação do Instituto de Previdência
do Estado do Rio Grande do Sul – IPE Prev -, unidade gestora do RPPS/RS;
- Lei nº 15.144: dispõe sobre a criação do Instituto de Assistência à Saúde
dos Servidores Públicos do Rio Grande do Sul – IPE Saúde;
- Lei nº 15.145: dispõe sobre o Sistema de Assistência à Saúde dos
Servidores Públicos do Rio Grande do Sul – Sistema IPE Saúde -, altera a Lei
Complementar nº 12.066, de 29 de março de 2004, que dispõe sobre o Fundo de
Assistência à Saúde – FAS/RS;
- Lei nº 15.146: reorganiza o quadro de pessoal do Instituto de Previdência
do Estado do Rio Grande do Sul, instituído pela Lei nº 9.670, de 29 de maio de 1992.
Assim, a Lei 15.144/2015 criou o IPE Saúde, órgão que tem como objetivo
cuidar das assistências dos segurados. Importante descrever um breve histórico acerca do
tema.
O Fundo de Assistência à Saúde - FAS foi criado pela Lei Complementar nº
12.066, de 29 de março de 2004, destinado, nos termos do seu artigo 1º, a atender
“exclusivamente o custeio do Sistema de Assistência à Saúde”. O artigo 2º definiu os
recursos do Fundo, compostos, entre outros, pela contribuição mensal patronal e dos
servidores dos Poderes e Órgãos do Estado, ambos na ordem de 3,1% do salário de
remuneração. Já o artigo 4º, a respeito da transferência dessa receita para o IPERGS,
determina o repasse dos saldos arrecadados dos servidores no mesmo dia e mês do
pagamento, de forma automática, enquanto a contribuição devida pelo Estado deverá
ocorrer até o dia 15 do mês seguinte ao de sua competência.
Posteriormente, a Lei Complementar nº 12.134, de 26 de julho de 2004,
disciplinou o Sistema de Assistência à Saúde dos Servidores Públicos do Estado, seus
dependentes e pensionistas, denominando-o de IPE-SAÚDE. A exemplo da Lei anterior,
também aprovou dispositivos para resguardar os recursos do Fundo, entre os quais se
destacam a responsabilização dos gestores por eventuais aplicações fora dos serviços de
saúde e definição de mecanismos exclusivos de controle: escrituração, conta bancária,
etc. Ficou, inclusive, vedada a utilização dos recursos no Caixa Único (SIAC).
Em 2009, o IPERGS teve a sua estrutura orçamentária alterada, passando a
constituir-se de três órgãos, como já mencionado no item 8.3 deste Relatório, sendo que
o Órgão 41 – FAS/RS passou a registrar as operações de assistência à saúde.
A legislação foi aqui resumida no sentido de demonstrar a preocupação do
legislador em evitar o mau uso dos recursos, principalmente, pelo fato de eles terem
finalidade específica e não estarem sujeitos à utilização em outras áreas de atuação
pública seja no próprio IPERGS ou fora dele.
421
EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA IPE SAUDE - 2016/2020
EM R$ MILHÕES (NOMINAIS)
%
DISCRIMINAÇÃO 2016 2017 2018 2019 2020
2020/2019
1. CONTRIBUIÇÕES FUNDOS DE ASSIST.
1.912,7 2.079,3 2.202,4 2.331,1 2.622,1 12,48%
MÉDICA
1.1. Servidores Militares 120,7 145,8 172,2 193,8 212,0 9,37%
1.2. Servidores Civis 461,9 470,0 481,1 488,0 532,8 9,16%
1.3. Prefeituras e Convênios 358,3 388,6 409,7 429,0 470,1 9,58%
1.4. PAMES e PAC 392,9 425,1 458,6 476,6 539,2 13,14%
1.5. Outras Contribuições 69,5 77,2 95,0 115,3 114,8 -0,41%
1.6. Patronal Servidores Civil 509,3 572,6 585,9 628,4 753,2 19,86%
2. RECEITA PATRIMONIAL 36,1 12,0 7,4 7,3 4,1 -43,36%
2.1. Exploração de Patrimônio Imobiliário 3,0 2,8 3,6 1,1 0,4 -60,79%
2.2. Valores Mobiliários 19,1 9,2 3,9 6,2 3,7 -40,35%
2.3. Cessão de Direitos 14,0 - - - -
3. RECEITA DE SERVIÇOS 3,5 3,6 0,0 0,0 0,0 -84,59%
4. OUTRAS RECEITAS CORRENTES 4,9 12,3 6,3 7,2 10,6 47,19%
5. TOTAL DE RECEITAS IPE SAÚDE 1.957,1 2.107,3 2.216,2 2.345,6 2.636,8 12,41%
6. DESPESA CORRENTE 1.937,3 2.076,5 2.153,6 2.290,8 2.522,1 10,10%
6.1. Pessoal e Encargos Sociais 24,4 22,3 32,3 15,5 11,9 -23,36%
6.2. Outras Despesas Correntes 1.912,9 2.054,2 2.121,3 2.275,3 2.510,2 10,33%
7. DESPESAS DE CAPITAL 33,1 31,9 27,9 22,7 38,0 67,08%
7.1. Investimentos 0,0 0,1 0,0 0,4 0,4 -4,50%
7.2. Amortização da Dívida 33,0 31,9 27,9 22,3 37,6 68,49%
8. TOTAL DE DESPESAS IPE SAÚDE 1.970,4 2.108,5 2.181,5 2.313,5 2.560,1 10,66%
9. RESULTADO ORÇAMENTÁRIO (5 - 8) (13,2) (1,2) 34,7 32,1 76,7 139,02%
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
422
O total empenhado em 2020 (R$ 706,6 milhões) deveria ser integralmente
pago até o dia 15 de janeiro de 2021 (art. 4º da Lei nº 12.066/2004). Todavia, em
31-01-2021, a quantia de R$ 108,2 milhões (15,31%) ainda não havia sido repassada para
o Fundo de Assistência à Saúde.
CONTRIBUIÇÃO PATRONAL PARA ASSISTÊNCIA MÉDICA DOS SERVIDORES - RUBRICAS 1301 E 1318
Em R$ milhões (nominais)
SALDO ACUMULADO EM RESTOS A PAGAR
EMPENHADO POSIÇÃO DO SALDO POSIÇÃO DO SALDO
COMPETÊNCIA
ATÉ ORÇAMENTO DE ATÉ ORÇAMENTO DE VARIAÇÃO %
DO EMPENHO
2020 2020 (*) JAN-21/JAN-20
ATÉ 31 DEZ 31/01/2020 31/01/2021
2015 541,0 36,6 0,1 -99,76%
2016 519,0 3,5 1,0 -71,83%
2017 561,8 1,4 1,1 -21,99%
2018 565,5 10,6 0,2 -98,04%
2019 697,5 147,2 0,3 -99,79%
2020 706,6 46,8 108,2 130,69%
TOTAL 3.591,6 246,2 110,8 -54,98%
Fonte: Cubos DW da SEFAZ/CAGE .
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
423
CONTRIBUIÇÃO PATRONAL E DOS SERVIDORESPARA ASSISTÊNCIA MÉDICA
DESPESAS NOS PODERES/ÓRGÃOS
Rubrica 1301 e 1318 – Contrib. Assist. Médica RECEITAS NO IPE-SAÚDE
Diferença entre Rec.
Servidores
Contrib. Servidor
Empenhado
Empenhado Empenhado e o empenhado
PERÍODO Elemento Elemento Total Pago Elemento Receita Receita
no elemento 13
92 Contribuição Contribuição
13 13 + 92 13 (faltou empenhar)
Desp. Ex. Patronal Servidores
Obrig. Patr. Obrig. Patr.
Ant
(A) (B)* ( C ) = (A+B) (D)** (E) ( F)*** (G)=(F-A)
2018 564,1 1,5 565,5 577,6 585,9 653,2 89,2
2019 661,8 35,7 697,5 625,6 628,4 681,9 20,1
2020 692,0 14,7 706,7 760,6 753,3 744,8 52,8
Fonte: Cubos DW da SEFAZ/CAGE .
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Elemento 92 – DEA - Despesas de Exercícios Anteriores: são as despesas de exercícios encerrados, que não foram processados na época própria e
reconhecidas após o encerramento do exercício correspondente.
(**) Valores pagos de empenhos do exercício e de exercícios anteriores.
(***) Nas receitas de contribuições dos servidores (coluna F), foram excluídas aquelas referentes a Precatórios e a Contribuições Avulsas (código
121099490019), pois não possuem contrapartida da respectiva contribuição patronal (Coluna A). Portanto, não devem fazer parte do comparativo
demonstrado na Coluna G . Quanto à contribuição referente à precatórios, há dificuldade em identificar o orgão de origem do servidor em que
deveria ser empenhada a parte patronal; nas contribuições avulsas, são relativas a optantes (pessoas que deixaram de ser servidores mas
mantiveram a contribuição ao IPE-Saúde), licenciados, juízes de paz e outros, em que não há obrigação de o Estado contribuir com sua parte.
424
CONTRIBUIÇÃO PATRONAL PARA ASSISTÊNCIA MÉDICAPODERES/ÓRGÃOS – ELEMENTO 13
Em R$ milhões
PERÍODO EMPENHADO (A) PAGO EXERCÍCIO ATUAL (B)
Novembro 57,9 57,3
Dezembro 133,0 67,5
2020 692,0 540,2
Janeiro 56,1 1,4
Fevereiro 59,7 8,7
Março 64,4 9,5
Abril 59,4 59,0
Maio 47,4 8,9
Junho 61,7 58,6
Julho 58,0 108,5
Agosto 55,3 57,4
Setembro 35,7 56,5
Outubro 80,9 9,1
Novembro 56,7 104,9
Dezembro 56,6 57,7
Fonte: Cubos DW da SEFAZ/CAGE .
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
ÓRGÃO 41 – FAS/RS
EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA X SALDOS RECURSOS FINANCEIROS - JULHO DE 2004 A DEZEMBRO DE 2020
Em R$ milhões (nominais)
425
Enquanto o total acumulado da execução orçamentária foi de R$ 650,2
milhões, houve acréscimo de R$ 306,4 milhões no saldo bancário do FAS. Ou seja, a
diferença de R$ 343,8 milhões foi utilizada em outras finalidades. Tomando-se apenas o
exercício de 2020, houve uma diferença a maior de R$ 38,6 milhões nos saldos bancários
em relação ao resultado orçamentário, o que significa uma devolução ao FAS deste valor.
Na próxima tabela, são demonstrados os principais Créditos a Receber do
IPE Saúde, registrados no Balanço Patrimonial, tais como a Dívida Ativa Não Tributária e
as contribuições mensais ao Fundo (dos servidores e patronal).
ÓRGÃO 41 – FAS/RS
PRINCIPAIS CRÉDITOS A RECEBER DO IPERGS – SALDOS ACUMULADOS NO BALANÇO PATRIMONIAL
2017/2020
Em R$ milhões (nominais)
∆ (%) ∆ (%)
Créditos a Receber 2017 2018 2019 2020
2019/2018 2020/2019
Devedores por Contribuições – Parte
465,3 603,1 970,3 1.140,7 60,88 17,57%
Patronal
Devedores por Consignações – Parte
101,0 116,9 175,7 115,3 50,37 -34,40%
Servidor
Dívida Ativa Não Tributária 6.445,5 1.361,2 1.500,6 1.980,6 10,24 31,98%
(-) Ajuste de Perdas (5.184,5) (1.289,2) (1.289,2) (1.289,2) 0,00 0,00%
Total Principais Créditos a Receber IPERGS 1.827,3 792,0 1.357,4 1.947,4 71,40 43,46%
Fonte: Sistema FPE, Cubos DW da SEFAZ/CAGE .
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
426
9 VINCULAÇÕES CONSTITUCIONAIS
As Vinculações Constitucionais estão disciplinadas nas Constituições
Federal e Estadual e têm por finalidade garantir um mínimo de recursos a ser aplicado em
determinadas funções de governo. As funções contempladas com essas vinculações são: a
Educação, a Saúde, a Pesquisa Científica e Tecnológica, e o Ensino Superior, nos
percentuais evidenciados no quadro abaixo:
VINCULAÇÕES CONSTITUCIONAIS
428
BASES DE CÁLCULO PARA AS VINCULAÇÕES CONSTITUCIONAIS - EXERCÍCIO DE 2020
Em R$ milhões (nominais)
Receita Líquida de Receita Receita Líquida de
Impostos e Transferências Tributária Impostos Próprios
RECEITAS RLIT Líquida RLIP (*)
RTL
(=1+4-5-6) (=1+2+3-5) (=1-5)
Multas e Juros de Mora 255,1 255,1 255,1
Dívida Ativa 532,4 532,4 532,4
Multas e Juros de Mora s/ Dívida
332,7 332,7 332,7
Ativa
1 - Total Impostos 43.468,9 43.471,4 43.471,4
Restituição de ICMS
Restituição de ITCD
Restituição de ITBI
2 - Total de Restituições de
Impostos
Taxas 323,7
Multas e Juros s/Taxas 0,3
Dívida Ativa de Taxas 1,0
Multas e Juros s/ Dívida Ativa 2,1
3 - Total Taxas 327,2
FPE 2.136,5
IPI 513,9
Lei Kandir -
IOF Ouro 0,0
4 - Total Transferências da
2.650,4
União
ICMS (25%) 8.988,2 8.988,2 8.988,2
IPVA (50%) 1.612,8 1.612,8 1.612,8
ITBI (50%) 1,3 1,3
5 - Transferências aos
Municípios de Impostos 10.600,9 10.602,2 10.602,2
Estaduais
IPI (25%) 128,5
6 - Transferências aos
Municípios de Impostos 128,5
Federais
7 - TOTAL GERAL ( 1 + 2 + 3 + 4 -
35.389,8 33.196,4 32.869,2
5-6)
Fonte: Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) O critério de cálculo da RLIP utilizado pelo Estado considerou como transferências aos Municípios os percentuais de ICMS – 25%, IPVA – 50% e ITBI –
50% aplicados sobre a receita desses impostos, ao invés dos valores efetivamente transferidos, restando uma pequena diferença em relação ao
apresentado neste relatório que não interferiu nos percentuais calculados de aplicação no Financiamento do Ensino Superior Público e no Fomento à
Educação e à Pesquisa Científica.
429
Fonte: Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) O critério de cálculo da RLIP utilizado pelo Estado considerou como transferências aos Municípios os percentuais de ICMS – 25%, IPVA – 50% e ITBI – 50%
aplicados sobre a receita desses impostos, ao invés dos valores efetivamente transferidos, restando uma pequena diferença em relação ao apresentado
neste relatório que não interferiu nos percentuais calculados de aplicação no Financiamento do Ensino Superior Público e no Fomento à Educação e à
Pesquisa Científica.
430
APURAÇÃO DO ÍNDICE DE APLICAÇÃO EM - MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO ENSINO - MDE
EXERCÍCIO DE 2020
Em Milhões de R$
DESPESA LIQUIDADA TOTAL NA FUNÇÃO 12 - EDUCAÇÃO
5004 – 6002 –
012 – Contrap. Contrap OC-Rec
GRUPOS DE 002 – 1185 –
CONSULTA Tesouro Tes-Educac TOTAL %
DESPESA MDE FUNDEB
POPULAR Universidades
(*)
Financeira
(-) Receita de Aplicação Financeira dos Recursos do FUNDEB (0,0) (0,0)
(=) 1 - APLICADO EM MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO ENSINO- MDE 9.952,9 100
2 - RECEITA LÍQUIDA DE IMPOSTOS E TRANSFERÊNCIAS 35.389,8
3 - ÍNDICE DE APLICAÇÃO EM MDE 28,12%
4 - VALOR APLICADO A MAIOR: Nos termos do art. 212 da CF [(ITEM 2X 25%)-ITEM 1] 1.105,45
5 - VALOR APLICADO A MENOR: Nos termos do art. 202 da CE [(ITEM 2X 35%)-ITEM 1] (2.433,5)
Fonte: Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG
(*) Despesa realizada em ensino superior e não utilizada para fins do cumprimento prescrito no artigo 201 da Const. Estadual (vide item 2.2).
(**) A perda do FUNDEB foi apurada conforme entendimento mantido no Processo nº 926-0200/07-0 (retorno cód. 1724.0199.0000)
(-) deduções de receita para formação do FUNDEB (contribuição: cód.9000.0000.0000 a 9999.9999.9999)
431
Federal (art. 212), foram aplicados R$ 1,11 bilhão a mais, superior, em 3,12 pontos
percentuais ao mínimo de 25% previsto.
O percentual aplicado em MDE aumentou em 2020, conforme se
demonstra na tabela a seguir:
432
esta Corte de Contas, que calcula o montante de gastos em Educação pela despesa
liquidada total, correspondendo à liquidação de empenhos do exercício analisado e de
exercícios anteriores, conforme metodologia definida no Parecer Coletivo nº 01/2003.
Tal critério, adotado por este Tribunal, já foi objeto de estudo na
Informação da Consultoria Técnica nº 025/2013, com Decisão do Pleno deste Tribunal no
Processo nº 7761-02.00/13-3, em que foram traçadas novas diretrizes acerca dos gastos
em Saúde, a partir da edição da Lei Complementar nº 141/2012. Dentre outras questões
trazidas pela legislação em comento, está a forma de cálculo para a verificação da
aplicação de recursos em ASPS, que passou a ser feito pela despesa liquidada, referente a
empenhos do exercício, somados aos restos a pagar não processados inscritos com
disponibilidade financeira. Não houve, contudo, a análise das despesas em Educação,
permanecendo a orientação contida no Parecer Coletivo nº 01/2003, para apuração dos
gastos em MDE.
Cabe relatar que se encontra em andamento nesta Casa o Processo nº
5141-0200/16-0, o qual trata de um Pedido de Orientação Técnica - POT para revisar os
critérios adotados pelo TCE/RS com relação à aplicação em Manutenção e
Desenvolvimento de Ensino – MDE. A partir de consulta realizada pela Procuradoria-Geral
do Estado – PGE (Doc. Nº 29583-0299/18-0), em razão do início das negociações para
adesão ao Regime de Recuperação Fiscal, entendeu-se que o POT deveria contemplar
também os critérios adotados pelo TCE/RS para o cálculo em saúde e despesa com
pessoal. O processo encontra-se na Consultoria Técnica para elaboração de Parecer.
Outro ponto a ser destacado nas divergências detectadas entre os dados
inseridos no SIOPE e os Publicados no RREO, em relação à apuração efetuada por este
Tribunal de Contas, diz respeito à apropriação dos gastos com inativos e pensionistas da
Secretaria da Educação. A posição adotada pela União, expressa no Item 03.08.05.02 da
10ª Edição do “Manual de Demonstrativos Fiscais –MDF”, à folha 302, válido a partir de
2020 e aplicado à União e aos Estados, Distrito Federal e Municípios, é de que tais
despesas não devem compor a apuração do limite mínimo constitucional de gastos em
MDE.
Conforme relato da CAGE, o entendimento, consolidado em nível federal,
foi incorporado ao SIOPE, impedindo a participação de tais gastos no total das despesas
inseridas no sistema pelo Executivo Estadual. Dessa forma, o resultado das aplicações em
MDE, apurado a partir do SIOPE, diverge daquele apresentado por esta Corte de Contas,
resultando no não cumprimento do mandamento Constitucional junto aos Sistemas de
Controle da União.
O Poder Executivo, utilizando os critérios da despesa liquidada, somada
aos restos a pagar não processados, apurou o montante de R$ 9,95 bilhões, tendo em
2020 o percentual de 28,12% sobre a RLIT, ressalvando-se que, com a exclusão dos gastos
com inativos e pensionistas (R$ 4,47 bilhões), a despesa reduziria para R$ 5,48 bilhões e o
percentual passaria para 15,50%.
A situação apresentada para MDE, relativamente às despesas com inativos
e pensionistas, coincide com aquela analisada pela Consultoria Técnica na Informação
CT nº 025/2013, que tratou da LC nº 141/2012 no âmbito do Proc. 7761-0200/13-3,
relativamente à apuração dos gastos em Ações e Serviços Públicos de Saúde, no qual foi
433
anexada a Informação nº 24/13/GAB da Procuradoria-Geral do Estado, manifestando-se
assim sobre a matéria:
[...]
A norma acima referida, portanto, por desconsiderar premissa fundamental e
histórica de custeio dos inativos pelo Tesouro do Estado, em face da ausência
de contribuição por parte dos servidores públicos, por longo período, o que
impossibilitou a constituição de fundo suficiente para manter tais benefícios,
acaba também por se tornar inconstitucional, por irrazoável, violando o
disposto no art. 5º, LIV, da CF, bem como o estabelecido nos artigos 1º, 18, 25 e
196 da CF, como acima já se expôs.
434
MDF”, em sua folha de. 302, válido a partir de 2020 e aplicado à União e aos Estados,
Distrito Federal e Municípios.
A redação do Inciso I do art.70 da LDB, assim definiu como despesa em
MDE a ser apropriada no cálculo do gasto mínimo em Educação: “Com remuneração e
aperfeiçoamento do pessoal docente e demais profissionais da educação.” (grifo nosso).
No Manual de Demonstrativos Fiscais, elaborado pela Secretaria do
Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda, é interpretada a palavra remuneração à luz
da redação dos arts. 37 e 40 da Constituição Federal:
[...]
Art. 37.
...
XI – a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos
públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e
os proventos, pensões [...]
Art. 40.
[...]
§ 2º Os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasião de sua
concessão, não poderão exceder a remuneração do respectivo servidor, no
cargo efetivo em que se deu a aposentadoria ou que serviu de referências para
a concessão da pensão.
§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por ocasião da sua
concessão, serão consideradas as remunerações utilizadas como base para as
contribuições do servidor aos regimes de previdências de que tratam este
artigo e o art. 201, na forma da lei.” (grifos nossos)
435
nº 001525-0200/15-3, resultou na Decisão nº AD-0006/2015, do Pleno desta Corte de
Contas, na qual restou consignado, a pedido deste setor (SAIPAG):
[...]
c) determinar a autuação de pedido de orientação técnica a fim de que sejam
apreciadas as matérias relativas à apropriação das despesas com inativos e
pensionistas no montante dos recursos aplicados em MDE; aos critérios de
apuração da perda para o FUNDEB; à continuidade ou não da utilização da
despesa liquidada total para o cálculo dos gastos em educação; e à apuração da
base de cálculo (RLIT) a ser aplicada nas vinculações constitucionais de
impostos, em acolhimento à proposição da Instrução Técnica. (grifo nosso)
436
3.196 - Estado do Rio Grande do Sul. Atualmente, o processo encontra-se com julgamento
virtual agendado para o dia 28-05-2021.
Apresenta-se, a seguir, a evolução dos índices de aplicação em MDE,
apurados com base no critério atualmente em vigor (Liquidado Total, Parecer Coletivo
TCE nº 01/2003).
437
9.1.1 – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização
dos Profissionais da Educação – FUNDEB
O FUNDEB é um fundo de natureza contábil, instituído pela Emenda
Constitucional nº 53, de 19 de dezembro de 2006, regulamentado pela Medida Provisória
nº 339, de 28 de dezembro do mesmo ano, convertida na Lei nº 11.494, de 20 de junho
de 2007.
Sua duração prevista seria de 14 anos, com início fixado em 1º de janeiro
de 2007, estendendo-se até 31-12-2020. A partir da promulgação da Emenda
Constitucional nº 108/2020, publicada em 27-08-2020, o Fundeb tornou-se permanente,
constando na Constituição Federal. A implantação deu-se de forma gradual até 2009,
quando o Fundo passou a contar com todo o universo de alunos da educação básica
pública presencial e os percentuais de receitas que o compõem alcançaram o patamar de
20% de contribuição.
Desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, 25% das receitas
dos impostos e transferências dos Estados, Distrito Federal e Municípios encontram-se
vinculados à Educação. Com a Emenda Constitucional nº 14/1996, 60% desses recursos da
educação passaram a ser subvinculados ao Ensino Fundamental (60% de 25% = 15% dos
impostos e transferências), sendo que parte dessa subvinculação de 15% passava pelo
Fundef, cuja partilha dos recursos, entre o Governo Estadual e seus Municípios, tinha
como base o número de alunos do Ensino Fundamental, atendidos em cada rede de
ensino.
Com a Emenda Constitucional nº 53/2006, a subvinculação das receitas dos
impostos e transferências dos Estados, Distrito Federal e Municípios passou para 20% e
sua utilização foi ampliada para toda a educação básica, a qual compreende a educação
infantil, o ensino fundamental e o ensino médio.
O FUNDEB promove a distribuição dos recursos proporcionalmente ao
número de alunos da educação básica pública, a partir dos dados do último Censo
Escolar, sendo computados os alunos matriculados nos respectivos âmbitos de atuação
prioritária (art. 211 da Constituição Federal). Ou seja, os Municípios receberão os
recursos do FUNDEB com base no número de alunos da educação infantil e do ensino
fundamental, e os Estados de acordo com o número de alunos dos ensinos fundamental e
médio.
Cabe um breve relato sobre as mudanças ocorridas no Fundeb no final do
exercício de 2020, muitas das quais terão significativos impactos em 2021. As referidas
alterações ocorreram através da Emenda Constitucional nº 108/2020, publicada em 27-
08-2020, e a nova Lei do Fundeb, nº 14.113, publicada em 25-12-2020.
A Emenda Constitucional nº 108/2020, conforme relatado anteriormente,
alterou a Constituição Federal e, dentre as principais alterações, destaca-se a mudança de
percentual obrigatório destinado ao magistério, que passou de 60% para 70%.
Com relação à Lei nº 14.113/2020, ela regulamentou o Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação (Fundeb), de que trata o art. 212-A da Constituição Federal e revogou
dispositivos da Lei nº 11.494, de 20 de junho de 2007. Dentre as principais alterações,
salienta-se a vedação da utilização dos recursos do Fundeb para pagamento de
aposentadorias e pensões, preconizado no Inciso II, artigo 29 da citada Lei.
438
Enfatiza-se que as alterações ocorridas no Fundeb através das novas
legislações serão explanadas de forma detalhada no Parecer Prévio das Contas do
Governador do exercício de 2021, quando serão apuradas suas consequências.
PERCENTUAIS DO FUNDEB
PERCENTUAL
RECEITAS A partir de
2007 2008
2009
ICMS - (CF, art. 155, inciso II, e art. 158, inciso IV)
FPE e FPM - (CF, art. 159, inciso I, letras a e b)
16,66% 18,33% 20%
IPI-exp - (CF, art. 159, inciso II; LC nº 61/89)
LC nº 87/96 - (Lei Kandir)
ITR - (CF, art. 158, inciso II)
IPVA - (CF, art. 155, inciso III, e art. 158, inciso III) 6,66% 13,33% 20%
ITCD - (CF, art. 155, inciso I)
Base Legal: CF, art. 60, § 5º, do ADCT.
439
pelo Tesouro Nacional e pelos Órgãos Fazendários dos Governos Estaduais, ao Banco do
Brasil, o qual procede à distribuição dos recursos em favor dos Estados e Municípios
beneficiários.
A movimentação financeira da contribuição e distribuição de recursos do
FUNDEB, relativamente aos impostos arrecadados no Estado, ocorre da seguinte forma:
440
Após os ajustes, o valor efetivamente recolhido à conta bancária do Fundo,
relativo a 2020, somou R$ 7,97 bilhões, demonstrado a seguir na Tabela:
Em R$ milhões (nominais)
CLASSIFICAÇÃO DA RECEITA E VALORES
ICMS RECEITA TOTAL IPVA RECEITA TOTAL ITCD RECEITA TOTAL
Total da Receita 35.894,6 3.218,3 756,8
Imposto 35.142,8 2.894,5 726,7
Dívida Ativa 330,3 197,5 4,3
Multas e Juros de Mora 431,4 127,1 28,8
(-) Repetição de Indébito (9,9) (0,9) (3,0)
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS AO FUNDEB:
ICMS RECEITA TOTAL 35.894,6
(-) Parcela ICMS dos Municípios (25%) 8.973,7
(=) Base de cálculo dos 20% do FUNDEB (Estado) 26.921,0
Valor da contribuição do Estado ao FUNDEB sobre o ICMS (Base de Cálculo X 20%) 5.384,2
Valor da contribuição dos Municípios ao FUNDEB sobre o ICMS (Parcela Municípios X 20%) 1.794,7
1. TOTAL DA CONTRIBUIÇÃO AO FUNDEB sobre o ICMS 7.178,9
IPVA RECEITA TOTAL 3.218,3
(-) Parcela IPVA dos Municípios (50%) 1.609,1
(=) Base de cálculo dos 20% do FUNDEB (Estado) 1.609,1
Valor da contribuição do Estado ao FUNDEB sobre o IPVA (Base de Cálculo X 20%) 321,8
Valor da contribuição dos Municípios ao FUNDEB sobre o ICMS (Parcela Municípios X 20%) 321,8
2. TOTAL DA CONTRIBUIÇÃO AO FUNDEB sobre o IPVA 643,7
441
Quanto ao montante depositado na conta bancária do FUNDEB, o
Demonstrativo do MEC informa R$ 7.974,2 milhões, mesmo valor informado pela
Fazenda após os ajustes.
Dessa forma, no comparativo entre o valor devido e o efetivamente
depositado pelo Estado na conta bancária do Fundo, o MEC informa, na Portaria em
comento, que não há diferenças.
No entanto, na apuração da Fazenda Estadual haveria R$ 300 mil
depositados a maior. Bem como, a Secretaria diminui do valor disponível em conta a
importância de R$ 1,3 milhão, que seria de competência de 2017, mas depositada em
2020, sendo tal fato objeto de pedido de esclarecimento.
Destaca-se que, em consulta ao site do Banco do Brasil, no Demonstrativo
Anual dos valores efetivamente depositados às contas do FUNDEB pelas Unidades
Transferidoras, por Unidade Federada e Origem dos Recursos, o valor depositado pelo Rio
Grande do Sul, antes dos ajustes indicados pela CAGE, foi de R$ 7.996,3 milhões, mesmo
valor reportado pela Secretaria da Fazenda do Estado.
442
ACOMPANHAMENTO MENSAL DA MOVIMENTAÇÃO - DOS RECURSOS DO FUNDEB
EXERCÍCIO 2020
Em R$ milhões (nominais)
APLICAÇÃO TOTAL DOS
MÊS RETORNO RETENÇÃO DIFERENÇA RESTITUIÇÃO
FINANCEIRA RECURSOS
(1) (2) (3=1-2) (4) (5) (6=1+4+5)
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da CAGE/SEFAZ
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS
Receita de transferência do FUNDEB (cód 1758.01110002)
Dedução de Receita para formação do FUNDEB (cód 9000.0000.0000 a 9999.9999.9999). Recursos do FUNDEB redistribuídos.
Receita de Aplicação Financeira de recursos vinculados ao FUNDEB (cód. 1300.00000000)
443
no seu artigo 2º, que a conta deveria ser aberta e mantida no Banco do Brasil ou na Caixa
Econômica Federal.
Em 19-07-2018, foi aberta conta no Banco do Brasil, de nº 3798/707007,
com CNPJ da Secretaria da Educação para esse fim.
O Estado também abriu a conta nº 0100/03.409941.0-3 no Banrisul, em 28-
09-2018, nos tipos Centralizadora e Aplicação SIAC, com a finalidade de atendimento a
Portaria Conjunta STN/FNDE nº 02 de 15-01-2018, conforme descrição constante no
Sistema FPE. Esta conta recebeu movimentações do FUNDEB em 2020, cujo saldo em 31-
12-2020 era zerado para a centralizadora e, na Aplicação Financeira SIAC, foi de R$ 310,1
milhões.
Em 2020 constatou-se a movimentação de recursos do FUNDEB na conta
nº 3798/707007 do Banco do Brasil, conforme consulta ao extrato bancário do FPE. No
entanto, verificou-se que, logo que os recursos são creditados na conta, são transferidos
para a conta nº 0100/03.409941.0-3 do Banrisul.
Assim, averiguou-se a movimentação de recursos do FUNDEB na conta nº
0100/03.409941.0-3 no Banrisul em 2020, inclusive com o envio dos mesmos ao Caixa
Único do Estado - SIAC, contrariando o estabelecido pela Portaria Conjunta STN/FNDE nº
02/2018, que determinou a utilização de uma conta ÚNICA e ESPECÍFICA no Banco do
Brasil ou Caixa Econômica Federal para as movimentações dos recursos do FUNDEB,
sendo tal situação objeto de pedido de esclarecimento ao Governador do Estado.
O envio dos valores do FUNDEB ao SIAC faz com que os recursos não sejam
utilizados na sua finalidade específica. Uma vez que o saldo do Caixa Único é somente
escritural, caso o Estado precisasse resgatar os R$ 310,6 milhões do FUNDEB em 31-12-
2020, poderia não conseguir realizar referido saque.
A sistemática adotada pelo Estado para o repasse do FUNDEB, utilizando-se
do SIAC e de diversas contas bancárias intermediárias para a movimentação dos referidos
valores, permite a utilização de recurso vinculado para outros fins.
A partir dos registros contábeis de recursos ainda pertencentes ao FUNDEF,
(R$ 136,7 mil), somados aos saldos contábeis de recursos do FUNDEB no Banco do Brasil
(R$ 364,6 mil) e no Banrisul (R$ 310,1 milhões), chega-se ao montante de R$ 310,6
milhões.
Quanto ao valor do Passivo Potencial (Receita ainda não empenhada) dos
recursos 1185 – FUNDEB e 1025 – FUNDEF existentes no sistema FPE, eles coincidem com
os valores deste parecer.
Em 2020, o total registrado nas receitas de retorno do Fundo, somadas aos
rendimentos de aplicação financeira, às anulações de restos a pagar e restituições
diversas do Recurso 1185 (FUNDEB), foi de R$ 4,35 bilhões que, acrescido do Passivo
Potencial apurado em 2019 (R$ 257,0 milhões) alcançou o montante de R$ 4,61 bilhões
para aplicação no âmbito da educação básica. Deduzida a quantia empenhada em 2020,
no valor de R$ 4,50 bilhões, não foram empenhados R$ 105,3 milhões das receitas do
FUNDEB, que deveriam ter sido aplicados em 2020 na Educação Básica, conforme
demonstrado a seguir:
444
EXECUÇÃO NO RECURSO 1185 – FUNDEB
Em R$ milhões (nominais)
Saldo Inicial do Passivo Potencial para 2019: 95,0
445
financeiro de seu efetivo ingresso, em ações consideradas como de manutenção e
desenvolvimento do ensino para a educação básica pública, como dispõe o artigo 70 da
Lei nº 9.394/96 – LDB.
Todavia, os recursos deverão ser aplicados pelos entes distintamente entre
etapas, modalidades e tipos de estabelecimentos de ensino da educação básica, nos
termos dos §§ 2º e 3º do artigo 211 da Constituição Federal, que assim disciplina quanto
à atuação prioritária.
A Constituição Federal disciplina:
Art. 211 [...]
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na
educação infantil.
§ 3º - Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino
fundamental e médio.
Por seu turno, a Lei nº 9.394/96, a qual estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional, assim dispõe:
Art. 10 – Os Estados incumbir-se-ão de:
[...]
VI – assegurar o ensino fundamental e oferecer, com prioridade, o ensino
médio;
446
APURAÇÃO DO PERCENTUAL APLICADO EM REMUNERAÇÃO
DE PROFISSIONAIS NO MAGISTÉRIO NA EDUCAÇÃO BÁSICA
RECURSO 1185 – FUNDEB - EXERCÍCIO 2020
Em R$ milhões (nominais)
COMPONENTES VALOR %
Total de Recursos Oriundos do FUNDEB 4.349,7 100
60% dos Recursos Oriundos do FUNDEB 2.609,8 60
9.1.2 – Salário-Educação
Nos termos do que consta no site do Fundo Nacional de Desenvolvimento
da Educação – FNDE, o salário-educação, instituído em 1964, é uma contribuição social
destinada ao financiamento de programas, projetos e ações voltadas para o
financiamento da educação básica pública. Esta contribuição também pode ser aplicada
na educação especial, desde que vinculada à educação básica.
447
A contribuição social do salário-educação está prevista no artigo 212, § 5º,
da Constituição Federal, regulamentada pelas Leis nº 9.424/1996, 9.766/1998, Decreto
nº 6.003/2006 e Lei n° 11.457/2007, sendo calculada com base na alíquota de 2,5% sobre
o valor total das remunerações pagas ou creditadas pelas empresas, a qualquer título, aos
segurados empregados, ressalvadas as exceções legais. A mesma é arrecadada, fiscalizada
e cobrada pela Receita Federal do Brasil.
A Constituição Federal, com a redação dada pela Emenda Constitucional
nº 53/2006, estendeu a arrecadação do salário-educação para toda a educação básica
pública. Porém, tratando-se de “contribuição social” e não de “imposto”, esses recursos
não podem ser conceituados para cálculo dos 25% da receita líquida de impostos
destinados a despesas da Manutenção e Desenvolvimento do Ensino - MDE.
O Decreto nº 6.003/2006 regulamenta a arrecadação, fiscalização e
cobrança da contribuição social do salário-educação e institui no § 1º do artigo 9º:
[...]
§ 1º - A quota estadual e municipal da contribuição social do salário-educação
será integralmente redistribuída entre o Estado e seus Municípios na forma
proporcional ao número de alunos matriculados na educação básica das
respectivas redes de ensino no exercício anterior ao da distribuição, conforme
apurado pelo censo educacional realizado pelo Ministério da Educação.
EXERCÍCIO DE 2020
Estado 0,4507193445
Municípios 0,5492806555
448
QUOTA-PARTE DO SALÁRIO-EDUCAÇÃO - EXERCÍCIO DE 2020
Em R$ milhões (nominais)
DISTRIBUIÇÃO PELO FNDE E INSS CONTABILIZAÇÃO PELO ESTADO
Distribuição da Quota Estadual
312,4 2. Receita Quota-Parte Recurso 292 em 2020
2020
Código 171000000000 312,5
Ajustes da Receita:
2.1 (+) Quota Ref. Dez 2020 (Ingresso Jan
42,7
2021)
2.2 (-) Quota Ref. Dez 2019 (Ingresso Jan
42,9
2020)
3. SALÁRIO-EDUCAÇÃO/QUOTA ESTADO
312,4
RECURSO 292 (= 2 + 2.1 – 2.2)
TOTAL 312,4 TOTAL 312,4
Fonte: Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
449
Do total da receita vinculada ao Salário-Educação, de R$ 345,5 milhões
(quota Estado + aplicações financeiras + anulação de restos + restituições), foram
empenhados R$ 449,6 milhões, ocorrendo uma aplicação a maior no valor de
R$ 104,1 milhões.
O somatório dos valores registrados em Restos a Pagar Processados e Não
Processados sem o correspondente pagamento, alusivos a empenhos efetuados em 2020,
no montante de R$ 144,4 milhões, equivaleu a 32,11% do total da despesa empenhada
no exercício em análise.
O saldo da receita acumulada e não empenhada, até 31-12-2020, totalizou
R$ 344,1 milhões, representando o Passivo Potencial dos Recursos 092 e 292 e estão
aplicados no SIAC.
Destaca-se que o valor de anulação de restos a pagar de R$ 27,5 milhões
não foi contabilizado como receita, conforme Nota 7, das Notas Explicativas do Balanço
Consolidado:
No Balanço Orçamentário, as anulações de restos a pagar, que até 2019
eram computadas no item Outras Receitas Correntes, deixaram de ser registradas
orçamentariamente. O procedimento vai ao encontro do disposto no 3.3 da Parte I do
Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP) 8ª Edição.
Apresentam-se os gastos com os recursos do Salário-Educação no Rio
Grande do Sul, separados por rubricas:
450
Verifica-se que o maior gasto do Salário-Educação refere-se à rubrica 4102
- Assistência Financeira a Municípios, representando 21,1% do total. No grupo
Investimentos, o maior gasto ocorre na rubrica 5224 – Gestão Democrática do Ensino,
com 7,4% do total.
Bem como, quando analisada a despesa liquidada por projetos, obtém-se o
seguinte demonstrativo:
451
dos valores anuais pagos desde 2004 e, a partir de 2013, não foi mais efetuado nenhum
repasse do montante do Salário Educação devido aos Municípios.
452
9.1.2.3 – Salário-Educação – Aplicação no SIAC
SALÁRIO-EDUCAÇÃO – RECURSOS 092, 292 E 298 - QUOTA ESTADUAL E MUNICIPAL – SALDO NÃO DESEMBOLSADO
EM 31-12-2020
Em R$ milhões (nominais)
RECURSOS 298
RECURSOS 92 E 292
SALÁRIO-EDUCAÇÃO TOTAL
QUOTA ESTADUAL QUOTA MUNICIPAL
453
R$ 550,4 milhões. Quando cotejada com o saldo bancário, constante no SIAC, de
R$ 349,8 milhões, verifica-se uma insuficiência de R$ 200,6 milhões para executar a
despesa ainda não empenhada e para cobrir os Restos a Pagar.
Caso sejam incorporados aos recursos os rendimentos acumulados da
aplicação financeira no Caixa Único, o passivo de remuneração no valor de R$ 176,5
milhões, ainda assim faltariam R$ 24,1 milhões para cobrir o saldo não desembolsado.
Assim, a diferença de R$ 24,1 milhões a menor no SIAC deve ser conciliada,
a fim de garantir que todos os valores a empenhar e inscritos em Restos a Pagar,
registrados na Contabilidade, tenham consignados, nas respectivas contas bancárias,
saldo suficiente para cobertura das despesas correspondentes.
454
O objetivo do Saeb/Prova Brasil é realizar um diagnóstico dos sistemas
educacionais brasileiros. As informações produzidas por essa avaliação visam subsidiar a
formulação, reformulação e monitoramento das políticas públicas educacionais nas
esferas municipal, estadual e federal. Na edição de 2019, a divulgação dos resultados
tomou como referência o Censo Escolar 2018. Somente as escolas declaradas no referido
Censo Escolar têm seus dados divulgados.
A título de comparação, uma vez que o último ano avaliado pelo IDEB
refere-se à 2019, optou-se por demonstrar alguns dados do Censo Escolar de 2019,
publicado no site http://inep.gov.br/censo-escolar, a fim de apresentar um pequeno
cenário do ensino no Rio Grande do Sul.
Em 2019 o número total de matrículas na Educação Básica,
compreendendo as redes pública e privada, totalizou 2.294.325, representando 155.966
matrículas a menos que em 2018. As matrículas de 2019 estão repartidas entre: 458.003
na Educação Infantil, 1.280.743 no Ensino Fundamental, 335.437 no Ensino Médio,
121.811 na Educação Profissional Técnica, 361 na Educação Profissional - Formação Inicial
Continuada (FIC), 136.932 na Educação de Jovens e Adultos (EJA) e 95.508 na Educação
Especial.
Restringindo-se para a rede pública estadual, o número total de matrículas
na Educação Básica totalizou 838.776, sendo 41.392 de matrículas a menos que em 2018.
A rede pública estadual, em 2019, representou 37% do total de alunos na escola do Rio
Grande do Sul.
Relativamente ao Ensino Médio, em 2019, a rede pública estadual contou
com 275.610 matrículas, sendo 10.768 a menos que 2018. No Ensino Médio da rede
pública estadual de 2019 foram matriculados 6.622 alunos para aulas em tempo integral,
um aumento de 1.623 matrículas com relação a 2018. Apesar do aumento entre os
exercícios, ainda é baixo o número de matrículas para aulas em tempo integral,
correspondendo a apenas 2,4% do total de alunos no Ensino Médio público estadual.
Bem como, verificou-se que há 41.726 docentes na rede pública estadual,
sendo 1.956 a menos que em 2018. Quanto aos docentes que atuam no Ensino Médio,
eles totalizam 21.283, 632 a menos que no exercício de 2018. Assim, obtém-se que, na
rede pública estadual relativa ao Ensino Médio, há 275.610 alunos em 2019 para 21.283
docentes.
Quanto aos Estabelecimentos de Educação Básica, são 9.946 no total,
sendo 2.471 da rede pública estadual, isto é, 25%, do total constante no Rio Grande do
Sul e representando uma redução de 26 estabelecimentos quando comparado a 2018.
Quanto aos dados dos “Resultados e Metas” do IDEB, extraídos do Site do
MEC:
455
2009: superou novamente o índice proposto (4,6), atingindo 4,8 e
ficando em 6º lugar;
2011: ultrapassou a meta, mais uma vez, alcançando o índice de 5,1,
colocando-se na 6ª posição, junto com Mato Grosso. Obtiveram os
maiores índices de rendimento os Estados de Minas Gerais (6,0),
Santa Catarina (5,7), Distrito Federal e São Paulo (5,4), Goiás (5,3) e
Paraná (5,2), sendo que este último não atingiu a sua própria meta
para o exercício;
2013: o Estado superou a meta novamente, alcançando o 5º maior
índice, de 5,5. Obtiveram melhores resultados os Estados de Minas
Gerais e Paraná (6,2), Goiás (6,0), Santa Catarina e São Paulo (5,7) e
Distrito Federal (5,6).
2015: o Estado manteve o índice de 5,5, alcançando assim a meta
para o período. São Paulo (6,4), Minas Gerais (6,3), Paraná (6,2), Goiás
(6,1) e Santa Catarina (5,9) tiveram os melhores desempenhos.
2017: o Estado ficou abaixo da meta proposta de 5.9, uma vez que
obteve o índice de 5.8.
2019: o Estado ficou abaixo da meta proposta de 6.1, uma vez que
obteve o índice de 6.0, localizando-se na 9ª posição entre os 26
Estados e o Distrito Federal, com um índice inferior ao São Paulo,
Distrito Federal, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Goiás e Espiríto
Santo.
456
índice inferior ao de Minas Gerais, Goiás, Acre, São Paulo, Mato
Grosso, Paraná, Santa Catarina e Espírito Santo.
2015: assim como em 2013, a maioria dos Estados não atingiram suas
metas, 21 no total, sendo o RS um deles (4,0), caindo para a 12ª
posição, juntamente com o Distrito Federal, Espirito Santo e
Rondônia. Goias, Santa Cataria e São Paulo foram os melhores
colocados, com índice de 4,7.
2017: assim como em 2015, a maioria dos Estados não atingiram suas
metas, 19 no total, sendo o RS um deles (4,3), caindo para a 16ª
posição, juntamente com o Distrito Federal. Goiás e Rondônia foram
os melhores colocados, com índices de 5,2 e 4,9, respectivamente.
2019: O Rio Grande do Sul não atingiu a meta de 5,6, uma vez que
alcançou apenas 4,8, posicionado na 16º colocação entre os 26
estados brasileiros e o Distrito Federal. São Paulo e Ceará foram os
melhores colocados, com índices de 5,5 e 5,4, respectivamente.
457
2017: situação parecida com a anterior, 25 estados não alcançaram a
meta, entre eles o RS, com 3,4, ocupando a 15ª posição junto com
Distrito Federal e Maranhão. Goiás e Espírito Santo foram os melhores
colocados, com 4,3 e 4,1, respectivamente.
2019: o Rio Grande do Sul não alcançou a meta projetada de 5,3,
uma vez que atingiu somente 4,2 na etapa de ensino sob sua
responsabilidade, atingindo a 11ª posição dentre os 26 estados e o
Distrito Federal. Destaca-se que o único estado que atingiu a meta
projetada do IDEB de 2019 foi Goiás.
Comparando os resultados de 2019, nas séries finais das três etapas da
educação básica na Rede Estadual de Ensino do Estado, com o resultado geral (ou total)
obtido pela média de todos os Estados brasileiros, em suas respectivas redes de ensino
estaduais, verifica-se:
na 4ª Série do Ensino Fundamental, a meta nacional a ser atingida era
de 5,7 e o índice geral verificado foi de 5,9, superando as expectativas.
O IDEB no RS foi de 6,0, ou seja, o Estado está acima da média
nacional mas NÃO atingiu sua própria meta (6,1);
na 8ª Série do Ensino Fundamental, a meta nacional a ser atingida era
de 5,2 e o índice geral verificado foi de 4,9, abaixo da expectativa. O
IDEB no RS foi de 4,8, ou seja, o Estado está com índice abaixo da
média nacional e abaixo da sua própria meta (5,6);
na 3ª Série do Ensino Médio, a meta nacional a ser atingida era de 5,0
e o índice geral verificado foi de 4,2, abaixo da expectativa. O IDEB no
RS foi de 4,2, ou seja, o Estado está empatado com a média nacional
e abaixo da sua própria meta (5,3).
458
econômico e social em que as escolas estão inseridas. Eles são úteis principalmente para
o monitoramento dos sistemas educacionais, considerando o acesso, a permanência e a
aprendizagem de todos os alunos. Dessa forma, contribuem para a criação de políticas
públicas voltadas para a melhoria da qualidade da educação e dos serviços oferecidos à
sociedade pela escola.
O Instituto Nacional de estudos e Pesquisas Educacionais Anisio Teixeira –
INEP, divulga em seu site (http://porta.inep.gov.br/indicadores-educacionais) alguns
indicadores da área da Educação, referente às Unidades Federativas do Brasil.
Seguem os principais indicadores educacionais do INEP:
459
INDICADORES EDUCACIONAIS – IDEB - TAXA DE APROVAÇÃO, REPROVAÇÃO E ABANDONO
ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO - EXERCÍCIO DE 2019
460
INDICADORES EDUCACIONAIS – IDEB - MEDIA DE HORAS – AULA DIÁRIAS
ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO - EXERCÍCIO DE 2020
UF Ensino Fundamental Ensino Médio
Mato Grosso do Sul 4,5 5,1
Minas Gerais 4,5 4,8
Pará 4,4 4,5
Paraíba 4,7 6,8
Paraná 4,5 4,6
Pernambuco 4,5 7,0
Piauí 4,9 5,7
Rio de Janeiro 4,8 5,8
Rio Grande do Norte 4,5 5,4
Rio Grande do Sul 4,3 4,9
Rondônia 4,2 4,9
Roraima 4,3 4,9
Santa Catarina 4,1 4,5
São Paulo 5,2 5,6
Sergipe 4,4 5,6
Tocantins 4,8 5,3
Fonte: SITE INEP: http://porta.inep.gov.br/indicadores-educacionais
461
9.1.3.1.3 – Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Rio Grande do Sul -
SAERS
O Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Rio Grande do Sul –
SAERS - avalia o desempenho dos estudantes dos 3º e 6º anos do Ensino Fundamental e
1º ano do Ensino Médio da Rede Estadual, através da aplicação de provas nas matérias de
Língua Portuguesa e Matemática, de responsabilidade da Secretaria da Educação.
Os índices de avaliação são medidos de 0 a 1000 pontos na Escala Própria
de Alfabetização referente ao 3º ano do Ensino Fundamental e de 0 a 500 pontos na
escala SAEB para o 6º ano do Ensino Fundamental e o 1º do Ensino Médio.
Os índices são distribuídos em intervalos, classificados por:
Abaixo do Básico – estudantes com carência de aprendizagem nas
habilidades esperadas para sua etapa;
Básico – estudantes ainda não demonstram um desenvolvimento
adequado das habilidades esperadas para sua etapa;
Adequado – estudantes apresentam consolidação nas suas habilidades
consideradas mínimas e essenciais para sua etapa;
Avançado – estudantes atingiram um patamar um pouco além do que é
considerado essencial para sua etapa.
Os últimos resultados divulgados no site https://saers.caedufjf.net/
referem-se a 2018, conforme:
DISTRIBUIÇÃO DOS ESTUDANTES POR – PADRÃO DE DESEMPENHO ESTUDANTIL E - PROFICIÊNCIA MÉDIA NO SAERS
EXERCÍCIO DE 2018
% DE
PROFICIÊNCIA PROFICIÊNCIA
Nº DE DISTRIBUIÇÃO
ENSINO ÍNDICES DE - MÉDIA DOS – MÉDIA DOS
NÍVEL ALUNOS DE ESTUDAN-
FUNDAMENTAL AVALIAÇÃO ALUNOS EM ALUNOS EM
AVALIADOS TES POR NOTA
2018 2016 *
EM 2018
Abaixo do
Básico - 0 a 40,9%
600
Língua Básico - 600 a
15,7% 617,7
Portuguesa - 650
Leitura Adequado -
28,3%
650 a 750
Avançado -
15,1%
750 a 1000
Abaixo do
Básico - 0 a 17,3%
3º Ano do
650
Ensino 38.917
Língua Básico - 650 a
Fundamental 12,3%
Portuguesa - 700
Escrita Adequado -
50,6% 722,2
700 a 800
Avançado -
19,8%
800 a 1000
Abaixo do
Básico - 0 a 22,4%
450
Matemática
Básico - 450 a
41,9% 512,7
550
Adequado - 30,3%
462
DISTRIBUIÇÃO DOS ESTUDANTES POR – PADRÃO DE DESEMPENHO ESTUDANTIL E - PROFICIÊNCIA MÉDIA NO SAERS
EXERCÍCIO DE 2018
% DE
PROFICIÊNCIA PROFICIÊNCIA
Nº DE DISTRIBUIÇÃO
ENSINO ÍNDICES DE - MÉDIA DOS – MÉDIA DOS
NÍVEL ALUNOS DE ESTUDAN-
FUNDAMENTAL AVALIAÇÃO ALUNOS EM ALUNOS EM
AVALIADOS TES POR NOTA
2018 2016 *
EM 2018
550 a 650
Avançado -
5,4%
650 a 1000
Abaixo do
Básico - 0 a 13,8%
165
Básico - 165 a
Língua 35,2% 212,7
220
Portuguesa
Adequado -
42,8% 221,0
220 a 290
Avançado -
6º Ano do 8,2%
290 a 500
Ensino 52.339
Abaixo do
Fundamental
Básico - 0 a 24,9%
190
Básico - 190 a
41,5% 224,2 217,2
Matemática 245
Adequado -
26,3%
245 a 295
Avançado -
7,3%
295 a 500
Abaixo do
Básico - 0 a 18,8%
210
Básico - 210 a
Língua 50,1% 256,3 237,8
285
Portuguesa
Adequado -
26,6%
285 a 335
Avançado -
1º Série do 4,5%
335 a 500
Ensino 80.560
Abaixo do
Médio
Básico - 0 a 35,2%
240
Básico - 240 a
51,4% 259,2 246,4
Matemática 315
Adequado -
11,9%
315 a 365
Avançado -
1,5%
365 a 500
Fonte: https://saers.caedufjf.net/
463
Relativamente ao 6º Ano do Ensino Fundamental, constata-se que a média
dos alunos em matemática foi no nível básico e em língua portuguesa a média encontra-
se no nível adequado. Comparativamente a 2016, verifica-se que o índice de matemática
não se modificou, e o de português subiu do básico para o adequado.
Para o 1º ano do Ensino Médio, as médias dos estudantes ficaram no nível
básico, tanto para língua portuguesa quanto para matemática, mesma média de 2016,
demonstrando que os estudantes ainda não possuem um desenvolvimento adequado das
habilidades esperadas para sua etapa, inclusive, sem evolução nos últimos dois anos.
Assim, verifica-se que a rede pública estadual contém a maioria das médias
de proficiência no nível básico, demonstrando a necessidade de ações de intervenção
pedagógica.
464
Meta 7: Fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e
modalidades, com melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem de modo a
atingir as seguintes médias nacionais para o Ideb.
(...)
Estratégias:
7.11) melhorar o desempenho dos alunos da educação básica nas avaliações da
aprendizagem no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes - PISA,
tomado como instrumento externo de referência, internacionalmente
reconhecido, de acordo com as seguintes projeções:
resultados em
matemática, leitu-
ra e ciências
• Canadá – por ter grande extensão territorial, assim como o Brasil, além de
geralmente apresentar alto desempenho;
465
Brasil ficou posicionado entre o 55º e 59º lugar entre 79 países, atrás, por exemplo, de
Chile, Costa Rica, Uruguai e México, mas na frente de Colômbia, Argentina, Peru.
Em 2018, o Brasil obteve o melhor resultado no letramento em leitura,
acrescendo 6 pontos quando comparado a 2015, concluindo-se:
466
O desempenho dos alunos avaliados pelo PISA foi classificado em 6 níveis
de proficiência para matemática, conforme descrito:
467
PISA têm estudantes que se encontram nesses níveis, mas as maiores
proporções de estudantes nessa situação são encontradas nos países com
menor desempenho. Entre os países da OCDE, 79% dos estudantes se encontram
no Nível 2 ou acima, e 21% abaixo do Nível 2 no PISA 2018.
468
do analfabetismo, universalização do atendimento escolar, melhoria da qualidade do
ensino, formação para o trabalho, promoção humanística científica e tecnológica do País
e o estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como
proporção do produto interno bruto”.
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios agirão em regime de
colaboração durante a vigência do Plano, que vigorará no período de 2014 a 2024, e os
Planos Plurianuais, as diretrizes e os orçamentos anuais de todos os entes deverão ser
formulados de maneira a assegurar a consignação de dotações orçamentárias
compatíveis com o PNE (art. 10 da Lei 13.005/14).
O Art. 8º da Lei nº 13.005/2014 determinou que os Estados deverão
elaborar seus correspondentes planos de educação em consonância com o Plano
Nacional. O Rio Grande do Sul institui o Plano Estadual de Educação a partir da publicação
da Lei nº 14.705 em 25-06-2015.
O Plano Nacional e o Plano Estadual de Educação possuem 20 metas,
subdivididas em diversas estratégias, e cujas diretrizes são semelhantes, diferenciando-se
por alguns detalhamentos e pela inclusão de submetas específicas para o Rio Grande do
Sul.
Por exemplo, na Meta 2, enquanto que o Plano Nacional estabeleceu a
universalização do ensino fundamental de 9 anos a toda população entre 6 e 14 anos e
determinou que pelo menos 95% dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada
até 2024, o Estado incluiu uma submeta, a de garantir que no mínimo 80% dos
estudantes concluam essa etapa na idade recomendada até 2019.
Em outro caso exemplificativo, referente à Meta 3 do Plano Nacional, foi
determinada a universalização, até 2016, do atendimento escolar para toda a população
de 15 a 17 anos e elevar, até 2024, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para
85%. O Plano Estadual incluiu uma submeta, a de elevar, até 2019, a taxa de matrículas
no ensino médio para 70%.
Cabe referir que, através da Informação SAIPAG nº 33, foi efetuada análise
acerca da compatibilidade entre as metas definidas no Plano Estadual de Educação e as
Ações Programáticas determinadas no Plano Plurianual do período de 2020 a 2023,
instituído pela Lei nº 15.326 de 01-10-2019.
Para a análise de compatibilidade entre o PPA 2020-2023 e o PEE, foi
utilizado como critério o grau de probabilidade de que a execução de uma determinada
Ação Programática contribua para o alcance de uma meta.
Concluiu-se que, dentro do PPA 2020-2023, havia ações com capacidade de
contribuição para o alcance de quase todas as metas do PEE, com exceção das metas 17 e
18, relacionadas à remuneração e ao plano de carreira dos profissionais do magistério.
Registra-se que esta Corte de Contas estabeleceu auditoria com a
finalidade de acompanhar o cumprimento das metas estabelecidas nos Planos de
Educação, conforme orientações consubstanciadas na Resolução nº03/2015 da
Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil – ATRICON.
469
9.1.3.2.2 – Programas na Área Educacional
A partir do início de 2020 o mundo foi impactado pela pandemia do vírus
da Covid-19, atingindo fortemente o Brasil. Diversas medidas precisaram ser adotadas a
fim de mitigar a transmissão do vírus, como a restrição de circulação, quarentenas, entre
outros.
A educação, como todas as outras áreas, teve de se adaptar a nova
realidade, onde escolas foram fechadas para evitar aglomerações, e os conteúdos foram
ministrados de forma remota.
Através da Requisição de Documentos nº 11/2021, questionou-se à
Secretaria de Educação as medidas adotadas durante a pandemia para continuidade das
aulas, as quais serão descritas a seguir.
Devido à nova realidade vivida no exercício de 2020, excepcionalmente
para esse Relatório e Parecer Prévio das Contas Anuais, não serão descritos os Programas
realizados pela Secretaria da Educação em 2020, como de segurança na escola e de
transporte escolar. O conteúdo se limitará, nesta parte qualitativa, à explanação das
ações da Secretaria durante a pandemia informadas nas respostas à Requisição de
Documentos nº 11/2021.
A suspensão das aulas presenciais ocorreu no dia 23-03-2020, cabendo
destacar as seguintes considerações da Secretaria da Educação, fornecidas na resposta ao
item 1 da referida Requisição referentes as medidas iniciais realizadas pela Pasta:
(...) a Rede Estadual de Educação (REE) do Rio Grande do Sul, com o propósito
de assegurar aos estudantes as aprendizagens essenciais da Educação Básica, e
de oferecer documentos norteadores aos docentes como ponto de partida para
seus planejamentos e estratégias pedagógicas, optou pela implementação do
Modelo Híbrido de Ensino (Matriz referência 2021 para o ano letivo), que
comporta a coexistência de atividades desenvolvidas de forma presencial e de
forma remota.
(...)
Especificamente na Educação, A Secretaria de Educação do Estado do Rio
Grande do Sul (Seduc/RS), juntamente com a Secretaria Estadual de Saúde
(SES/RS) construíram em conjunto a Portaria SES/SEDUC/RS n° 01/2020, que
dispunha sobre as medidas de prevenção e controle ao novo coronavírus, bem
como a Portaria SES/SEDUC/RS/n°02/2020 que define a composição dos
Centros de Operações de Emergência em Saúde para a Educação no âmbito
Estadual (COE-E Estadual) e Local (COEE Local) para as escolas da rede pública
estadual (todas as atribuições para prevenção, monitoramento e controle do
novo coronavírus, estão exaustivamente explicadas nas referidas portarias).
(...)
Além disso, ao longo do ano de 2020 foram realizados inúmeros cursos de
formação, entre eles a Jornada de Atualização Pedagógica - Aulas Remotas
2020. Foram realizados cinco encontros com temas relacionados ao ambiente
virtual e o acolhimento dos professores durante a pandemia, além de outros
assuntos pertinentes. Assim como também, houve plantões nas escolas para a
entrega de material para os alunos sem condições de acesso do ensino remoto,
e a utilização de redes sociais, como alternativa – às aulas para os alunos e
alunas.
470
Na Requisição de Documentos nº 11/2021 foram questionados como
foram desenvolvidos os trabalhos da Secretaria em 2020 acerca de diversos assuntos,
conforme:
- Ensino Remoto:
Esclarecimentos sobre o ensino remoto durante o fechamento das escolas em
2020 estão amparados no Parecer CNE/CP nº 11, de 7 de julho de 2020, que de-
finiu “Orientações Educacionais para a Realização de Aulas e Atividades Peda-
gógicas Presenciais e Não Presenciais no contexto da Pandemia”, e no Parecer
CEEd nº 01/2020, datado de 18 de março de 2020.
Ambos os Pareceres conduziram as instituições de ensinos orientadas por suas
mantenedoras a planejar e organizar as atividades escolares a serem realizadas
pelos estudantes fora do ambiente escolar. Corroborando com o supracitado
segue:
Item 8.3 – as atividades escolares desenvolvidas, nesse período de excepcionali-
dade, fora do ambiente escolar e computadas para o cumprimento do previsto
nos Planos de Estudos e de Curso, serão planejadas e realizadas a partir de ma-
teriais didáticos e/ou recursos tecnológicos disponíveis, com registros das
mesmas e em consonância com seu Projeto Pedagógico; (grifo nosso). Parecer
CEEd nº 01/2020, datado de 18 de março de 2020.
Quanto ao entendimento do que são atividades pedagógicas não presenciais,
mencionaremos o Parecer CEEd 002/2020 datado de 07 de julho:
Item 2.1 – Quanto às atividades domiciliares: As atividades pedagógicas não
presenciais, conforme o Parecer CNE/CP nº 05/2020, são compreendidas como:
[...] conjunto de atividades realizadas com mediação tecnológica ou não a fim
de garantir atendimento escolar essencial durante o período de restrições para
realização de atividades escolares com a presença física de estudantes na uni-
dade educacional da educação básica ou do ensino superior. (grifo nosso).
- Regras de Aprovação:
471
curriculares; e - as formas de avaliação não presenciais durante situação de
emergência ou presencial após o fim da suspensão das aulas (grifo nosso).
- Transporte Escolar:
472
9.1.3.3 – Conclusão
Conforme foi alertado nos anos anteriores, o desempenho obtido no IDEB
nos últimos exercícios, aliado ao persistente cenário de crise nas finanças do Estado,
restringindo os investimentos na área da Educação, não formavam uma conjuntura
favorável ao atingimento das metas definidas para a Rede Estadual de Ensino em 2017.
De fato, com índices de 4.8, na 8ª Série do Ensino Fundamental, e de 4.2,
na 3ª Série do Ensino Médio, o Estado não conseguiu alcançar as suas metas (de 5.6 e 5.3,
respectivamente), revelando um ensino no Estado carente de maiores investimentos,
tanto na área de Recursos Humanos quanto materiais.
Sendo o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB- o método
de avaliação oficial, estabelecido pelo MEC para todos os Estados brasileiros, espera-se
que se constitua de fato em uma ferramenta capaz de medir com eficiência a qualidade
do ensino.
A partir da análise das médias obtidas no SAERS, onde se constatou que a
rede pública estadual contém a maioria das médias de proficiência no nível básico,
demonstrando a necessidade de ações de intervenção pedagógica, bem como, com base
no exame da educação brasileira, relativamente ao PISA, onde o País ficou abaixo das
médias internacionais, constata-se a urgente necessidade de aprimoramento da
educação.
Portanto, há necessidade da adoção de medidas visando promover
melhores resultados, com objetivos de possibilitar aos alunos a permanência durante
mais tempo nas escolas, promovendo uma educação mais abrangente e eficaz, e também
acolhendo e atendendo às necessidades dos alunos mais carentes, no intuito de diminuir
a evasão e a repetência.
É dever do Executivo Estadual zelar pela boa aplicação dos recursos
públicos, financeiros e materiais, bem como valorizar, remunerar adequadamente e
qualificar os Recursos Humanos, de forma a suprir as necessidades de atendimento às
demandas imprescindíveis à garantia de acesso ao ensino público de qualidade no Estado.
473
resposta até o término deste Parecer. Assim, apresentam-se os dados de 2018, quando o
completivo totalizou R$ 222.374.470,90, pagos a 60.688 vínculos de professores.
Destaca-se que foi promulgada a Lei 15.451 em 17-02-2020, alterando a Lei
nº 6.672, de 22 de abril de 1974, que institui o Estatuto e Plano de Carreira do Magistério
Público do Rio Grande do Sul.
A remuneração do magistério foi transformada em subsídio e, conforme
artigos 11º e 12º da Lei 15.451/2020:
Art. 11. Fica convalidada a parcela completiva paga de conformidade com o
acordo judicial firmado na Ação Civil Pública n.º 001/1.11.0246307-9, que assegurou aos
membros do Magistério a percepção de vencimento básico não inferior ao piso nacional
previsto na Lei Federal n.º 11.738, de 16 de julho de 2008.
Art. 12. Fica assegurado o pagamento de subsídio ao membro do
Magistério não inferior ao piso salarial profissional nacional previsto na Lei Federal n.º
11.738/08.
As diferenças salariais referentes à não adoção do Piso Nacional desde
2008 são objeto de diversas ações judiciais, estimados em aproximadamente 107 mil
processos pela Procuradoria-Geral do Estado no Relatório de Passivos Contingenciais do
exercício de 2017.
Conforme informado pela PGE no citado Relatório (págs.5 e 6), “a solução
definitiva da controvérsia ainda depende de pronunciamento das Cortes Superiores, pois
também está em discussão no STF a constitucionalidade do art. 5º, parágrafo único, da
mesma Lei (revisão anual do piso pela variação do percentual de crescimento do valor
anual mínimo por aluno previsto na Lei do FUNDEB), objeto da Ação Direta de
Inconstitucionalidade nº 4848 e, no STJ, a exata extensão da regra prevista no art. 2º, §
1º, c/c o art. 6º da referida Lei Federal, isto é, a existência ou não de repercussão
automática do piso nacional nas classes/níveis mais elevados da carreira e na base de
cálculo das vantagens temporais e gratificações diversas, previstas na legislação local
(Recurso Especial nº 1.426.210)”.
Cabe destacar a informação das Notas Explicativas do Balanço Geral do
Estado de 2020:
A Procuradoria-Geral do Estado vem atuando na defesa do Estado em
milhares de demandas individuais e na Ação Coletiva nº 011.1.11.0246307-9, ajuizada
pelo Ministério Público, postulando a implantação do piso salarial nacional do magistério,
previsto no artigo 2º da Lei Federal nº 11.738-2008, além do pagamento de diferenças
pretéritas;
Na hipótese de decisão contrária ao Estado, a Fazenda estimou o impacto
em 2020 de R$ 34,5 bilhões.
Destaca-se que nas Notas Explicativas do Balanço Geral do Estado de 2020,
o impacto da implantação do Piso Nacional do Magistério foi registrado em contas de
controle, sendo classificado como um passivo contingente, ou seja, com média
probabilidade de ocorrência, sendo possível e não provável de acontecer.
Em que pese as dificuldades financeiras enfrentadas pelo Executivo
Estadual, a situação repercute na possibilidade de impacto bilionário no orçamento do
Estado, estimado em 34,5 bilhões em 2020 (Notas Explicativas do Balanço Geral do
474
Estado de 2020), pela ausência de adoção do Piso Nacional no Magistério Estadual desde
2008.
475
66/2012, o que não limita a eficácia do artigo 201, § 3º, da Constituição (com a redação
que lhe foi conferida pela citada emenda).
O Estado do RS deveria aplicar no exercício em análise o montante mínimo
de 0,5% (R$ 164,3 milhões) da Receita Líquida de Impostos Próprios – RLIP
(R$ 32,87 bilhões) no ensino superior público e no ensino superior comunitário, nos
termos da EC nº 66/2012, que alterou a redação do parágrafo 3º do art. 201 da
Constituição Estadual, o que não ocorreu, situação esta recorrente desde 2004, apesar de
ter sido empenhado o equivalente a R$ 94,3 milhões na Unidade Orçamentária UERGS,
representando 0,29% da RLIP.
Destaca-se que o critério de cálculo da RLIP utilizado pelo Estado
considerou como transferências aos municípios os percentuais de ICMS – 25%, IPVA –
50% e ITBI – 50% aplicados sobre a receita desses impostos, ao invés dos valores
efetivamente transferidos, restando uma pequena diferença em relação ao apresentado
neste relatório que não interferiu nos percentuais calculados de aplicação no
Financiamento do Ensino Superior Público e no Fomento à Educação e à Pesquisa
Científica.
68
A autonomia universitária está prevista em sede constitucional: “Art. 207. As universidades gozam de
autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao
princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.”
476
O excerto tem relevância, pois sinaliza o ponto de partida para a trajetória
de abordagem que se pretende neste relatório, a saber, uma análise da estrutura,
infraestrutura, funcionamento e desempenho da Universidade a fim de subsidiar a
melhor compreensão e subsequente tomada de decisão por parte dos atores sociais,
notadamente a chefia do executivo estadual em relação aos rumos da entidade.
Este propósito assume relevo na medida em que o Plano Nacional de
Educação (Lei nº 13.005, de 25-06-2014) e, em especial, o Plano Estadual de Educação –
PEE, instituído pela Lei nº 14.705 em 25-06-2015, definem metas em relação ao ensino
superior. O PPE contém 3 metas diretamente relacionadas, a saber:69
Meta 12
Elevar a taxa bruta da matrícula na educação superior para 55% (cinquenta e
cinco por cento) e a taxa líquida para 37% (trinta e sete por cento) da população
de 18 (dezoito) a 24 (vinte e quatro) anos, assegurada a qualidade da oferta e
expansão para pelo menos 40% (quarenta por cento) das novas matrículas no
segmento público.
Meta 13
Elevar a qualidade da educação superior e ampliar a proporção de mestres e
doutores do corpo docente em efetivo exercício no conjunto do sistema de
educação superior para 90% (noventa por cento), sendo, do total, no mínimo,
45% (quarenta e cinco por cento) doutores, valorizando esses profissionais com
uma remuneração adequada, conforme praticada em IES.
Meta 14
Elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu,
de modo a atingir a titulação anual de 6.000 (seis mil) mestres e 4.000 (quatro
mil) doutores.
69
O PEE apresenta 20 metas a serem alcançadas em um horizonte temporal de 10 anos (2015–2025).
477
até a sistematização das informações e consolidação final do texto, passando pela análise
de dados, diagnósticos, consulta às pró-reitorias e unidades regionais.
Também é importante que se tome em perspectiva o contexto de inserção
da Universidade e as transformações havidas desde a sua instalação, notadamente em
termos de: a) disponibilidade tecnológica, no que se destaca a educação a distância; b)
ofertas concorrentes, inclusive de ensino público, especialmente os Institutos Federais; e
c) aspectos outros de natureza social, política e econômica, neste ponto em destaque a
situação orçamentária e financeira do Estado do RS, que afetam a consecução dos
objetivos institucionais da UERGS. Bem assim, em especial no que se refere ao exercício
de 2020, merece especial destaque a influência da pandemia provocada pela Covid-19.
Estes aspectos, entre outros afetam sensivelmente a sua infraestrutura
material, humana e tecnológica, funcionamento (políticas, programas e processos
organizacionais) e desempenho institucional.
Os dados e informações que subsidiam a análise subsequente foram
colhidos a partir da Requisição de Documentos e Informações SAIPAG nº 29/2021, ao que
respondeu a Universidade, por sua Superintendência de Planejamento, mediante o Ofício
nº 02/2021 GAB/SUPLAN/UERGS.
478
UNIDADES DA UERGS POR COREDE E REGIÃO FUNCIONAL
Região Funcional COREDE Unidade UERGS
Campos de Cima da Serra Vacaria
4 Litoral Litoral Norte - Osório
Campanha Bagé
Alegrete
6
Fronteira Oeste São Borja
Santana do Livramento
Celeiro Três Passos
7
Missões São Luiz Gonzaga
Alto Jacuí Cruz Alta
8
Jacuí Centro Cachoeira do Sul
Alto da Serra do Botucaraí Soledade
Médio Alto Uruguai Frederico Westphalen
9
Nordeste Sananduva
Norte Erechim
Fonte: SUPLAN/UERGS-2020
479
IMÓVEIS UTILIZADOS PELA UERGS - 2020
Terreno urbano. Endereço: Lote nº 02, da quadra 13, UERGS (Doado pelo
Litoral Norte Doação
setor 700 - Bairro Panorâmico Município)
480
Serviço referente ao exame já das contas do exercício de 2019. Instada a manifestar-se
sobre a situação, conforme Requisição de Documentos e Informações SAIPAG nº 29/2021,
a administração da UERGS, por sua Superintendência de Planejamento, nos termos do
Ofício nº 02/2021 GAB/SUPLAN/UERGS, de 06 de maio de 2021, informa o que segue:
481
6. 19/19500/000244-1: Solicitar a destinação da área ocupada pela
Fundação de Ciência e Tecnologia – CIENTEC para a Universidade Estadual do Rio Grande
do Sul – UERGS – Encaminhado diretamente a SICT;
7. 20/25000-000277-0: “Projeto Estratégico Uergs 20+”, como resultado do
trabalho da Comissão Especial da UERGS, designada pela Portaria Interna nº 062/2020,
instituída em 22 de setembro de 2020, tendo por objetivo produzir um documento que
contemplasse as diretrizes principais idealizadas para um projeto de política pública,
indicando a UERGS como principal ator e a incorporação da infraestrutura da Fundação
de Ciência e Tecnologia do RS (CIENTEC) como ponto de partida. Este processo tramitou
pelas Secretarias de Estado e foi encaminhado à Casa Civil para deliberação Superior e
publicação de ato. Processo retornou à SPGG para análise.
Destaca-se, por fim, o último expediente – 20/25000-000277-0 – que
demonstra a tomada de medidas tendentes a equacionar o problema, a indicar que o
tema está sendo examinado. No entanto, dadas as já informadas condições precárias de
segurança que envolvem as instalações atuais, o tema permanece pendente de solução e
merecendo a devida atenção.
70
Corresponde ao número agregado de professores integrantes das classes de Professor Auxiliar, Professor
Assistente, Professor Adjunto e Professor Titular.
71
Corresponde aos 134 empregos de Analista distribuídos nas 39 distintas ocupações.
72
Corresponde aos 100 empregos de Agente Técnico em suas 10 distintas ocupações, e 130 empregos de
Agente Administrativo.
482
em face do significativo impacto potencial desta carência na qualidade do serviço público
disponibilizado à sociedade, de um ponto de atenção por parte da administração da
Universidade e do Chefe do Executivo.
483
A análise direta dos dados apresentados revela uma tendência decrescente
nos gastos agregados com serviços de conexão com internet e serviços de tecnologia da
informação representada, fundamentalmente, pela redução dos gastos com a PROCERGS.
Neste particular, percebe-se que as ações convergem para a consecução
das Ações 1 e 2, do Objetivo 1, fixado para a Superintendência de Informática no Plano de
Desenvolvimento Institucional – PDI (2017–2021) da UERGS, revisado em relação ao PDI
(2012–2016), a saber, o Objetivo 1 – Aperfeiçoar os canais de Internet em todas as
Unidades da UERGS.
Merece registro, por fim, que as atividades de aperfeiçoamento em termos
de tecnologia da informação são planejadas e executadas pela Superintendência de
Informática da UERGS, que, além do desenvolvimento dos projetos de expansão de
capacidades empreendidos, realiza as demais atividades de suporte aos usuários, tais
como atendimentos e manutenção de equipamentos.
484
O semestre 2020/1 (primeiro semestre de 2020) foi retomado em 22 de
junho e encerrado em 29 de agosto daquele ano conforme autorizado pelo Ministério da
Educação, Parecer nº 5/2020, do Conselho Nacional de Educação – CNE e Parecer nº
1/2020, do Conselho Estadual de Educação – CEEd. O segundo semestre (2020/2)
transcorreu no período compreendido entre 14 de setembro de 2020 e 30 de janeiro de
2021.
As aulas, no regime de Ensino Remoto Emergencial, foram desenvolvidas
em ambos os semestres no ambiente virtual de aprendizagem (AVA) Moodle,73 com o
apoio de outras tecnologias de suporte à educação da plataforma Google Suite for
Education.
Destaca-se que no período compreendido entre a suspensão das aulas no
primeiro semestre letivo (março) e a sua retomada em junho de 2020, a UERGS realizou
atividades de capacitação, conforme informado:
73
MOODLE – Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment (ambiente modular de
aprendizagem dinâmica orientada a objetos).
485
Universidade, encontra-se em processo de revisão, prevendo-se, inclusive “o aumento de
carga horária a distância em cursos presenciais de 20% para 40%, conforme permitido
pela Portaria MEC 2117/2019 (...).”(Ofício nº 02/2021 GAB/SUPLAN/UERGS).
GRADUAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO
Nível de Ensino 2017 2018 2019 2020
Graduação 4.433 4.681 4.869 5.070
Especialização 445 405 454 384
Mestrado 30 116 179 332
Fonte: UERGS – Superintendência de Planejamento
GRADUAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO
Nível de Ensino 2017 2018 2019 2020
Graduação 47 47 47 47
Especialização 13 13 14 5
Mestrado 2 2 4 5
Fonte: UERGS – Superintendência de Planejamento
486
Ciências da Vida e do Meio Ambiente. As formas de ingresso regulares são mediante o
Sistema de Seleção Unificada (SiSU) do Ministério da Educação (MEC), com edital
complementar através do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem).
A tabela a seguir demonstra os dados de disponibilidade e ocupação de
vagas e de evasão agregados no período de 2017 a 2020.
487
produtivo local e regional, à educação e às demandas de Estado, dado que encerra
significativo potencial de legitimação da UERGS no seu contexto de inserção.
Em termos de oferta de cursos de pós-graduação – vagas e quantidade de
matrículas – a próxima tabela demonstra uma disponibilização crescente de
oportunidades, revelando uma tendência para a consecução em especial do Objetivo 1 da
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação previsto no PDE vigente.
Grupos de Pesquisa 48 48 38 60
488
9.2.1.2.2 - Extensão Universitária
A extensão universitária constitui, ao lado do ensino e da pesquisa, o
terceiro eixo que define uma instituição de ensino superior como Universidade.
Ano IGC
2017 4
2018 4
2019 4
2020 4
Fonte: Superintendência de Planejamento da UERGS
489
Teixeira – INEP. Este índice é calculado anualmente e varia em uma escala de 1 a 5,
considerando os seguintes aspectos:74
74
Fonte: https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/pesquisas-estatisticas-e-
indicadores/indicadores-de-qualidade-da-educacao-superior/indice-geral-de-cursos-igc (último acesso em
07/05/2021).
490
APURAÇÃO DO PERCENTUAL APLICADO EM FOMENTO A PESQUISA - CIENTÍFICA E TECNOLOGIA
EXERCÍCIO DE 2020
Em R$ milhões (nominais)
APLICAÇÃO DOTAÇÃO DOTAÇÃO EFETIVAMENTE
EXERCÍCIO RLIP EMPENHADO LIQUIDADO PAGO
MÍNIMA INICIAL ALTERADA APLICADO
(2=(1) x
-1 -3 -4 -5 -6 -7 ( 8 )= ( 6 / 1 )
1,5% )
2009 13.061,20 195,9 11,3 11,3 9 9 4,2 0,07%
2010 16.163,20 242,4 11,5 29,5 23,9 23,9 16,2 0,15%
2011 16.788,50 251,8 24,5 24,5 24,1 24,1 23 0,14%
2012 18.399,70 276 30,3 32,2 32,1 32,1 23,9 0,17%
2013 20.840,50 312,6 50,5 33,3 28,9 28,9 22,3 0,14%
2014 22.549,60 338,2 56,7 54,2 36,4 36,4 33,3 0,16%
2015 23.916,20 358,7 63,5 27,7 26,7 26,7 23,3 0,11%
2016 26.719,00 400,8 29,1 27,4 26,4 26,4 15,8 0,10%
2017 28.412,90 426,2 26,1 26,1 26,1 26,1 14,4 0,09%
2018 31.071,70 466,1 26,1 26,5 26,5 26,5 20,1 0,09%
2019 32.323,42 484,9 28,1 28,1 28,1 28,1 20,0 0,09%
2020 32.869,23 493,0 34,3 34,3 34,3 34,3 25,5 0,10%
Fonte: Sistemas Cubos DW da CAGE/SEFAZ
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS
491
Em âmbito federal, a Emenda Constitucional nº 29, de 13-09-2000 alterou
os arts. 34, 35, 156, 160, 167 e 198 da Constituição Federal e acrescentou o artigo 77 ao
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, estabeleceu a base de cálculo e definiu
os recursos mínimos a serem aplicados pelo Estado nas Ações e Serviços Públicos de
Saúde. Porém, deixou à Lei Complementar a fixação das normas de fiscalização, avaliação
e controle das despesas com saúde nas esferas estadual, distrital e municipal.
Desse modo, a Lei Complementar nº 141, de 13-01-2012, definiu quais as
despesas a serem consideradas como ações e serviços públicos de saúde. A retro citada
Lei Federal foi objeto de exame em Pedido de Orientação Técnica tratado no Processo nº
7761-02.00/13-3, resultando na Informação nº 25/2013.
Cabe relatar que se encontra em andamento nesta Casa o Processo nº
5141-0200/16-0, o qual trata de um Pedido de Orientação Técnica - POT para revisar os
critérios adotados pelo TCE/RS com relação à aplicação em Manutenção e
Desenvolvimento de Ensino – MDE. A partir de consulta realizada pela Procuradoria-Geral
do Estado – PGE (Doc. Nº 29583-0299/18-0), em razão do início das negociações para
adesão ao Regime de Recuperação Fiscal, entendeu-se que o POT deveria contemplar
também os critérios adotados pelo TCE/RS para o cálculo em saúde e despesa com
pessoal. O processo encontra-se na Consultoria Técnica para elaboração de Parecer.
Dentre outras questões, ao analisar o critério de apuração da aplicação do
percentual mínimo de recursos em ASPS referida pela Lei Complementar nº 141/2012,
este Tribunal, a exemplo da União, decidiu por considerar no cálculo as despesas
liquidadas somadas às despesas empenhadas e não liquidadas, inscritas em restos a pagar
não processados até o limite das disponibilidades de caixa ao final do exercício,
consolidadas no Fundo de Saúde.
Consequentemente, o cálculo do montante dos gastos em ASPS, efetuado
nesta Corte de Contas, tanto para elaboração do Parecer Prévio quanto para emissão de
Certidão relativa à aplicação em Saúde no Estado, foi realizado, até 2012, com base nas
liquidações totais, isto é, computadas todas as despesas liquidadas no exercício, tanto
relativas a empenhos do exercício em análise quanto de exercícios anteriores, tendo em
vista o entendimento desta Corte exarado no Parecer Coletivo nº 01/2003, divergindo,
assim, do preconizado na LC nº 141/2012 que teve o critério de cálculo por ela definido
implementado no SIOPS a partir do ano de 2013.
492
APURAÇÃO DO ÍNDICE DE APLICAÇÃO EM AÇÕES E SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE
EMENDAS CONSTITUCIONAIS: FEDERAL Nº 29/2000 E ESTADUAL Nº 25/1999
EXERCÍCIO DE 2020
Em R$ milhões (nominais)
LIQUIDADO (+)
GRUPOS DE DESPESAS INSCRIÇÃO
INSCRIÇÃO EM
(RECURSOS 006, 016, 026 E EM RESTOS A
EMPENHADO LIQUIDADO PAGO RESTOS A
5006, TODOS VINCULADOS À PAGAR NÃO
PAGAR NÃO
SAÚDE): PROCESSADOS
PROCESSADOS
(1) (2) (3) (4) (5 = 2+4)
1. Pessoal e Encargos Sociais 1.427,5 1.427,5 1.239,1 0,0 1.427,5
1.1. Pessoal Ativo SES e FEPPS 384,0 384,0 357,0 0,0 384,0
1.2. Pessoal Ativos Demais
113,4 113,4 113,4 0,0 113,4
Órgãos
1.3. IPE Saúde SES e FEEPS (1) 10,6 10,6 9,9 0,0 10,6
1.4. IPE Saúde Demais Órgãos
595,1 595,1 438,8 0,0 595,1
(1)
1.5. Contrib.Previd.Inativos (2) 58,1 58,1 53,7 0,0 58,1
1.6. Cobertura Déficit Pensões
58,4 58,4 58,4 0,0 58,4
(3)
1.7. Cobertura Déficit Inativos
208,0 208,0 208,0 0,0 208,0
(4)
2. Outras Despesas Correntes 2.764,8 2.763,9 2.228,1 0,9 2.764,8
2.1. SES e FEPPS 2.729,6 2.729,6 2.199,5 0,0 2.729,6
2.2. Demais Órgãos 35,3 34,4 28,6 0,9 35,3
493
Com base na Despesa Liquidada total do exercício, chega-se ao montante
de R$ 4,30 bilhões, correspondendo a 12,15% da Receita Líquida de Impostos e
Transferências – RLIT (R$ 35,39 bilhões), tendo atingido, assim, o percentual mínimo de
12% exigido pela Emenda à Constituição Federal nº 29/2000, superior, portanto, em 0,15
pontos percentuais.
Já nos termos da Emenda à Constituição Estadual nº 25/1999, foi atingido o
percentual de 12,95% da Receita Tributária Líquida - RTL (R$ 33,20 bilhões), ou seja, 2,95
pontos percentuais acima do mínimo exigido (10%).
A tabela anterior demonstra uma aplicação total de R$ 4,30 bilhões, ou
seja, R$ 51,8 milhões a maior do exigido pela Lei, cumprindo assim a referida norma.
494
EVOLUÇÃO DA APLICAÇÃO DO ÍNDICE EM ASPS - EC FEDERAL Nº 29/2000 E EC ESTADUAL Nº 25/1999
EXERCÍCIOS DE 2004 A 2020
Em R$ milhões (nominais)
BASE PARA APLICAÇÃO % APLICAÇÃO
EC ESTADUAL EC FEDERAL
Nº 25/1999 Nº 29/2000
RECEITA RECEITA LÍQUIDA VALOR APLICADO EC ESTADUAL EC FEDERAL
EXERCÍCIO
TRIBUTÁRIA DE IMPOSTOS EM ASPS* Nº 25/1999 Nº 29/2000
LÍQUIDA E TRANSFERÊNCIAS (3) (=3/1) (=3/2)
VALOR(*) % VALOR(*) %
(1) MÍNIMO (2) MÍNIMO
Fonte: Pareceres Prévios, Balanços Gerais do Estado e Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ.
Cálculos:Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
*A partir de 2002 foram computadas as multas e juros relativas aos impostos e dívida ativa (Parecer Prévio - Exercício de 2002).
A partir de 2003 o critério de cálculo da despesa com ASPS passa a ter como base o total da despesa liquidada no exercício (liquidação de despesa do exercício + liquidação
de restos no exercício), conforme Parecer Coletivo nº 01/2003.
No exercício de 2006, a despesa foi ajustada de acordo com o Parecer nº 04/2007-Proc. nº 2.270-02.00/06-2.
A partir de 2007, foram consideradas as despesas com saneamento da Corsan cfe. decisão do Tribunal Pleno em 14-05-2008 - Processo nº 2274-0200/08-0
De 2008 até 2012 foi considerado o Parecer nº 04/2007, incluindo os projetos 5536, 5646 e 6306 e excluindo os projetos 5567 e 6047
Nos exercícios de 2013 a 2015, foram consideradas as despesas liquidadas do exercício mais os restos a pagar não processados, conforme LC nº 141/12, com a inclusão das
“despesas controversas”, conforme explicado nos Pareceres Prévios.
Nos exerccícios de 2016 a 2020, o Executivo excluiu da base de cálculo os Restos a Pagar não Processados sem disponibilidade financeira, conforme preconiza a LC nº
141/12, considerando apenas as despesas liquidadas totais do exercício, com a inclusão das “despesas controversas”.
495
A crise sanitária atingiu fortemente o Brasil, compelindo às autoridades a
adotarem diversas medidas a fim de mitigar a transmissão do vírus. Em face das
circunstâncias, no âmbito do Estado, as maiores ações implementadas em 2020 contra a
pandemia originaram-se na Secretaria Estadual da Saúde, sendo esta responsável pelo
gerenciamento e aplicação dos recursos destinados ao combate do vírus no Rio Grande
do Sul.
Neste contexto, elaborou-se uma análise dos recursos utilizados na
pandemia do Covid-19 sobre o prisma da atuação da Secretaria Estadual da Saúde, onde
se verificou a origem, o total gasto, e os principais grupos de aplicação dos referidos
valores, entre outros tópicos.
Para melhorar a compreensão sobre a análise do Covid-19 no ano de 2020,
separou-se o tópico em três: a introdução, onde se discorreu sobre o histórico, a
legislação e os dados gerais referentes ao combate ao vírus; os recursos, onde se relatou
sobre as receitas utilizadas na pandemia; e a aplicação, onde foram detalhados os gastos
para combate ao Covid-19.
9.4.2.3.1 – Introdução
Em 31-12-2019, a Organização Mundial da Saúde – OMS foi alertada de
que havia diversos casos de pneumonia de origem desconhecida na cidade de Wuhan, na
China. Em 07-01-2020 foi confirmado que os casos de pneumonia decorriam de uma nova
cepa do Coronavírus, batizada de SARS-CoV-2.
Com a propagação do vírus, em 30-01-2020 a OMS declarou Emergência
em Saúde Pública de Importância Internacional em decorrência da Infecção Humana pelo
novo coronavírus – COVID-19, ocasionando, no Brasil, a Declaração de Emergência em
Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN), em 04-02-2020, através da Portaria nº
188/GM/MS.
A partir das declarações de calamidade, foi promulgada a Lei Federal nº
13.979, de 06 de fevereiro de 2020, que dispôs sobre as medidas para enfrentamento da
emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus,
como, por exemplo, permitir às autoridades brasileiras a adoção de medidas de
isolamento e de quarentenas.
Em 26-02-2020 foi confirmado o primeiro caso de Covid-19 no Brasil,
diagnosticado em um brasileiro que havia viajado à Itália. No dia 05-03-2020 foi
confirmado pelo Ministério da Saúde a transmissão local do vírus Covid-19 no Brasil. Em
10-03-2020, a Secretaria Estadual de Saúde confirmou o primeiro caso no Rio Grande do
Sul, tratando-se de um homem que havia viajado à Milão na Itália.
No dia 11-03-2020, a Organização Mundial de Saúde caracterizou a Covid-
19 como pandemia, uma vez que havia distribuição geográfica da doença com surtos em
vários países e regiões do mundo. À vista disso, o Ministério da Saúde dispôs sobre a
regulamentação e operacionalização do estabelecido na Lei nº 13.979 de 06-02-2020,
através da Portaria nº 55.118, de 16 de março de 2020.
Com a propagação do vírus no Rio Grande do Sul, o Estado editou diversas
normativas para a adoção de medidas a fim de combater à pandemia, como, por
496
exemplo, os Decretos de nº 55.115, de 12 de março de 2020 e nº 55.118, de 16 de março
de 2020, que trataram sobre ações de prevenção ao contágio pelo COVID-19.
Bem como, foram criados, através do Decreto nº 55.129 de 19 de março de
2020, atualizado até o Decreto nº 55.311 de 16 de junho de 2020, o Gabinete de Crise
para o Enfrentamento da Epidemia COVID-19, o Conselho de Crise para o Enfrentamento
da Epidemia COVID-19, o Grupo Interinstitucional de Monitoramento das Ações de
Prevenção e Mitigação dos efeitos do COVID-19 no Sistema Prisional do Estado do Rio
Grande do Sul e o Centro de Operação de Emergência - COVID 19 (COE COVID-19) do
Estado do Rio Grande do Sul.
O COE Covid-19 foi regulamentado pela Portaria da Secretaria Estadual de
Saúde nº 234/2020, tratando-se de órgão de articulação da ação governamental para
acompanhamento e definição de estratégias de enfrentamento da Pandemia (COVID-19)
com base na evolução do quadro epidemiológico do novo Coronavírus, visando adotar e
fixar medidas de saúde pública, necessárias à prevenção e controle do contágio e o
tratamento das pessoas afetadas (Parágrafo Único do Artigo 1º, Portaria SES 234/2020).
O Centro de Operação de Emergência é composto por representantes de
diversas áreas, denominados Grupos Técnicos, como de saúde prisional, de políticas
públicas, entre outros, cabendo destacar que o Gabinete da Crise/SES, pertencente ao
COE, deliberará e regulará todas as situações omissas na legislação e sobre fatos
excepcionais que sejam necessários e indispensáveis às medidas de enfrentamento da
Pandemia COVID 19.
O COE elaborou o Plano de Contingência e Ação Estadual do Rio Grande do
Sul para Infecção Humana COVID-19, em consonância com o Plano Nacional de
Contingência, o qual definiu o nível de resposta e a estrutura de comando correspondente
a ser configurada, em cada esfera e nível de complexidade.
O Plano de Contingência Estadual possui os seguintes objetivos: descrever
as ações de Vigilância e Atenção em Saúde do Estado do RS, em todos os níveis de
complexidade, a serem executadas frente à detecção de um caso suspeito de CODIV-19;
minimizar riscos à população frente a um caso suspeito de COVID-19; divulgar
informações em saúde; estabelecer estratégias de Comunicação de Risco; e orientar a
adoção de medidas preventivas e indicação de uso de EPI.
O Estado do Rio Grande do Sul também criou um site para concentrar as
informações sobre a Covid-19: https://coronavirus.rs.gov.br.
No site, por exemplo, encontra-se o Boletim Normativo Coronavírus,
tratando-se de uma compilação de toda a base normativa estadual e federal e dos
pareceres referentes ao combate a pandemia. A última atualização fornecida é a do
Boletim Normativo PGE nº 59 de 17-02-2021 75.
Bem como, encontra-se no site o Boletim Genômico, elaborado com o
objetivo de acompanhar e mapear as mutações genéticas do vírus Covid-19 e o Boletim
de Acompanhamento referente ao monitoramento ambiental do vírus em águas
residuárias e de superfície do Estado.
75
(https://www.pge.rs.gov.br/upload/arquivos/202102/17093638-boletim-normativo-coronavirus-
59.pdf).
497
O Comitê de Dados Covid, constante no site do coronavírus efetuado pelo
Rio Grande do Sul, contempla as projeções de cenários e os indicadores sobre a
pandemia, como estudos de mobilidade e isolamento, Estudo de Prevalência EPICOVID19,
mapa interativo de casos, hospitalizações RS e Macrorregiões - Boletim Diário, entre
outros.
No Boletim Coronavírus publicado em 31-12-2020, desde o início da
pandemia, havia sido confirmados 449.674 casos de Covid-19, sendo que 8.872, o
equivalente a 2% do total de casos, veio a óbito.
O Governo do Estado, através do Decreto nº 55.240, de 10 de maio de
2020, atualizado até o Decreto nº 55.819 de 01 de abril de 2021, instituiu o Sistema de
Distanciamento Controlado para fins de prevenção e de enfrentamento à epidemia
causada pelo novo Coronavírus.
Conforme seu artigo 3º, o Distanciamento Controlado consiste em sistema
que, por meio do uso de metodologias e tecnologias que permitam o constante
monitoramento da evolução da epidemia causada pelo novo Coronavírus (COVID-19) e
das suas consequências sanitárias, sociais e econômicas, estabelece, com base em
evidências científicas e em análise estratégica das informações, um conjunto de medidas
destinadas a preveni-las e a enfrentá-las de modo gradual e proporcional, observando
segmentações regionais do sistema de saúde e segmentações setorizadas das atividades
econômicas.
É informado no referido Decreto que o monitoramento da evolução da
pandemia será efetuado através da avaliação de onze indicadores, destinados a mensurar
a propagação do vírus e a capacidade de atendimento do sistema de saúde (artigo 4º).
O resultado da avaliação dos indicadores será classificado em quatro
bandeiras: amarela, laranja, vermelha e preta, as quais serão utilizadas para a aplicação,
gradual e proporcional, de um conjunto de medidas destinadas à prevenção e ao
enfrentamento da epidemia causada pelo novo Coronavírus (artigo 5º).
Cada município será classificado, semanalmente, no nível de risco indicado
por cor da bandeira, devendo adotar as determinações dos protocolos de cada cor. O
Decreto possui diversas outras diretivas, como as medidas sanitárias permanentes a
serem adotadas no transporte, o uso obrigatório de máscara de proteção facial, entre
outros.
Foi criado um site sobre o distanciamento controlado76, e um aplicativo
para acompanhamento, onde são demonstradas as cores das bandeiras classificadas dos
municípios e do estado, por semana, além das recomendações para cada setor da
economia.
Cabe destacar alguns dados do efeito da pandemia na saúde gaúcha
relatados no Relatório de Prestação de Contas do 3º Quadrimestre de 2020 e no Relatório
Anual de Gestão Final de 2020.
Conforme dados constantes no Relatório de Prestação de Contas do 3º
Quadrimestre de 2020 da Secretaria da Saúde, a causa de internação hospitalar por
doenças infecciosas e parasitárias aumentou 74,95% quando comparado ao mesmo
76
https://distanciamentocontrolado.rs.gov.br/
498
quadrimestre de 2019, devido à pandemia da Covid-19. Bem como, com relação à
morbidade, foi assim descrito no relatório:
Até o ano de 2019 a mortalidade devido às doenças do Capítulo I “Doenças
Infecciosas e Parasitárias” estavam em 10º lugar nas causas de mortalidade. Já
em 2020* (dados parciais e preliminares), passaram para o 3º lugar em
decorrência da Covid-19 - tendo um aumento de 222% no seu índice, em relação
ao ano de 2019.
Por último, cabe esclarecer que o Plano Estadual de Vacinação foi criado
em 2021 com o início da vacinação mundial. Em 2020 foram iniciadas as tratativas para
definição do Plano de Distribuição e Armazenamento das vacinas, de forma que a
vacinação será analisada no Parecer Prévio das Contas do Governador de 2021.
9.4.2.3.2 – Recursos
Para o enfrentamento à Covid-19, o Rio Grande do Sul utilizou tanto
recursos federais, decorrentes de transferências financeiras do Ministério da Saúde,
quanto recursos estaduais, provenientes das arrecadações de impostos estaduais.
Da parte federal, foram transferidos significativos montantes no decorrer
do exercício de 2020, propiciando o ingresso de receitas extraordinárias no Rio Grande do
Sul.
Esses recursos foram transferidos a fim de se alcançar dois objetivos, o
primeiro para atender à saúde e à assistência social no combate ao vírus e o segundo para
suprir a queda de receita devido à diminuição da atividade econômica na pandemia.
Para o primeiro objetivo, as transferências foram exclusivamente
vinculadas à aplicação em saúde e assistência social, assunto tratado neste tópico,
enquanto que, para o segundo objetivo, o recurso foi caracterizado como livre, podendo
ser aplicado em qualquer área e seu recebimento está relatado no capítulo 3 desse
Parecer.
499
O Estado criou dois códigos de recursos vinculados para recebimento das
importâncias federais na área da saúde: 2804 - TR GOV FED – COVID e 2809 - AUXILIO-
COVID 19-SUS SUAS.
O recurso 2804 está vinculado à Secretaria da Saúde e não está no SIAC,
possuindo conta específica do Banco do Brasil, de nº 6338X, agência 3798, para
recebimento e aplicação. Demonstram-se os valores recebidos em 2020 no Recurso 2804:
500
Há também os recursos 2756 - BC-TR SUS-MEDIA E ALTA CO e 2757 - BC-TR
SUS-VIGILANCIA SAUD, os quais recebem mensalmente transferências federais para
despesas de custeio de atenção de média e alta complexidade ambulatorial, e para
vigilância em saúde, respectivamente. Durante a pandemia, parte desses recursos
também foi destinada ao combate à COVID-19.
Enfatiza-se que, relativamente aos ingressos federais nos recursos 2756 e
2757, como seus valores são utilizados tanto para o custeio normal da saúde quanto para
o combate à pandemia, consegue-se identificar os dispêndios específicos do COVID-19 à
conta desses recursos pelos seus valores liquidados, através do Sistema da Secretaria da
Fazenda CAGE Gerencial, na aba Covid-19. Em 2020, foram liquidados R$ 729.999,99 no
recurso 2756 e R$ 640.142,99 no recurso 2757 especificamente para a Covid-19.
Com relação aos recursos estaduais, eles também são utilizados para o
custeio normal da saúde no Estado, de maneira que a identificação dos valores
destinados exclusivamente para a pandemia é realizada através dos valores liquidados à
conta dos respectivos recursos no Sistema da Secretaria da Fazenda CAGE Gerencial, na
aba Covid-19. Em 2020, foi liquidado o valor de R$ 38.118.071,46 no recurso 0006 -
VINCULADO DA SAUDE e de R$ 4.919.272,20 no recurso 0142 - REC OPERAC-FES.
Assim, demonstram-se, resumidamente, os recursos utilizados no Rio
Grande do Sul para combate a pandemia em 2020, destacando-se que, para os recursos
2804 e 2809, considerou-se o valor transferido somado a juros e restituições, uma vez
que foram repasses extraordinários, enquanto que, para os recursos 006, 0142, 2756 e
2756, uma vez que são utilizados para custeio normal da saúde e, a fim de ser apurar as
importâncias específicas utilizadas na pandemia, consideraram-se os valores liquidados
para a Covid-19:
501
decorrentes de emendas parlamentares estaduais ou federais, remanejamentos de
recursos orçamentários de outros órgãos, entre outros:
502
profissionais especializados mediante contratação temporária de pessoal; contratação de
serviços apoio diagnóstico e tratamento; além de outras despesas pertinentes ao
combate à pandemia; Portaria SES/RS Nº 618/2020.
Emendas Parlamentares Federais – Remanejo COVID: através da Portaria
SES/RS Nº 618, de 24 de setembro de 2020, foi formalizada a transferência de R$ 31,6
milhões de recursos de emendas parlamentares federais, oriundas do crédito
extraordinário da Medida Provisória Nº 941/2020, para ação específica do Ministério da
Saúde – Enfrentamento do Coronavírus, distribuídos a 101 hospitais gaúchos. Os recursos
de que trata esta Portaria deverão ser destinados exclusivamente ao custeio das ações e
serviços de saúde necessários para o enfrentamento da emergência de saúde pública
decorrente do coronavírus, tais como: aquisição de medicamentos e insumos, locação e
manutenção de equipamentos, reforma para adequação de espaços, qualificação de
atendimento à população que demandam a disponibilidade de profissionais
especializados mediante contratação temporária de pessoal e contratação de serviços de
apoio diagnóstico e tratamento. Destaca-se que, até o final do exercício de 2020 foi
executada a integralidade dos valores autorizados pela Medida Provisória nº 941/2020.
9.4.2.3.3 – Aplicação
As principais despesas decorrentes da pandemia no Rio Grande do Sul
ocorreram para a compra de equipamentos hospitalares e medicamentos, e de repasses
para hospitais e fundos municipais de saúde.
Demonstram-se, abaixo, as mais significativas rubricas onde foram
aplicados os recursos de combate à Covid-19, por valores liquidados em 2020 e separadas
por recursos:
503
PRINCIPAIS RUBRICAS POR RECURSOS SAÚDE EM 2020
Em milhões R$ nominais
5205 - EQUIPAMENTOS HOSPITALARES 14,8 3,06%
3003 - ARTIGOS CIRURGICOS E LABO 14,6 3,02%
3028 - LIMPEZA E HIGIENE 9,3 1,92%
3921 - LOCACAO DE MAQUINAS E EQU 8,7 1,79%
4108 - FUNDOS MUNICIPAIS DE SAUD 6,5 1,34%
3021 - VESTUARIO E/OU UNIFORME 3,1 0,64%
3939 - MEDICINA 1,1 0,23%
TOTAL 485,01 100,00%
2809 - AUXILIO-LC 173-SUS SUAS VALORES %
4108 - FUNDOS MUNICIPAIS DE SAUD 112,8 43,54%
3912 - ENC C/PREST SERVICOS 102,4 39,55%
3988 - GEST PLENA SUS - PJ 32,2 12,44%
4301 - SUBVENCOES SOCIAIS 11,6 4,47%
TOTAL 259,01 100,00%
0142 - REC OPERAC-FES VALORES %
5205 - EQUIPAMENTOS HOSPITALARES E CIRURGICOS 3,6 73,05%
3002 - SINALIZACAO, IDENTIFICACAO E SEGURANCA 0,8 15,85%
3003 - ARTIGOS CIRURGICOS E LABORATORIAIS 0,5 9,76%
3010 - ACONDICIONAMENTO E/OU EMBALAGEM 0,0 0,84%
1402 - DIARIAS DE VIAGEM 0,0 0,50%
TOTAL 4,92 100,00%
2756 - BC-TR SUS-MEDIA E ALTA CO VALORES %
3988 - GESTAO PLENA DO SUS - PJ 0,7 100,00%
TOTAL 0,7 100,00%
2757 - BC-TR SUS-VIGILANCIA SAUD VALORES %
3003 - ARTIGOS CIRURGICOS E LABORATORIAIS 0,4 58,67%
5246 - IMPRESSORAS 0,1 10,94%
4301 - SUBVENCOES SOCIAIS 0,1 9,37%
3028 - LIMPEZA E HIGIENE 0,1 8,46%
5231 - EQUIPAMENTOS PARA ALOJAMENTO, LAVANDERIA, COPA E/OU COZINHA 0,0 6,57%
3967 - ANALISE CLINICA LABORATORIAL 0,0 2,95%
3002 - SINALIZACAO, IDENTIFICACAO E SEGURANCA 0,0 1,78%
1402 - DIARIAS DE VIAGEM 0,0 1,26%
TOTAL 0,6 100,00%
Fonte: Sistema CAGE Grencial e Cubo DW Sefaz RS
Cálculos: Equipe SAIPAG/SAICE
504
realizados por entidades credenciadas ao SUS, ou seja, são os valores transferidos aos
hospitais com atendimento pelo SUS, como, por exemplo, pagamento de leitos de UTI no
combate à pandemia.
Outras rubricas correspondentes a repasses aos hospitais, e que possuem
significativos montantes em cada um dos recursos apresentados são: 3988 - GEST PLENA
SUS – PJ – registrando as despesas referentes à prestação de serviços por pessoas
jurídicas relativas à resolução CES/RS 006/2002 – Gestão Plena do SUS, a qual, por
exemplo, transfere valores a hospitais referentes à média complexidade; e a rubrica 4301
- SUBVENCOES SOCIAIS, destinada a registrar os gastos decorrentes do pagamento de
despesas através de recursos repassados pelo estado para suplementação de serviços
essenciais de assistência social, médica e educacional, como, por exemplo, para custeio
de leitos clínicos para pacientes com Covid-19.
Bem como, verificaram-se significativos montantes contabilizados na
rubrica 4108 - FUNDOS MUNICIPAIS DE SAUD, tanto nos recursos federais, quanto no
estadual. A rubrica se destina a registrar as transferências de recursos financeiros do
Fundo Estadual de Saúde – FES para os Fundos Municipais de Saúde – FMS,
Muitas das importâncias transferidas para hospitais e municípios
provinham do recurso estadual 0006, sendo que, em 2020, boa parte das transferências
adveio dos recursos de repasses federais (2804 e 2809), conforme tabela comparativa
abaixo:
505
Enfatiza-se que a tabela acima não se refere unicamente a valores da
Covid-19, uma vez que contém importâncias no recurso estadual referente ao custeio
normal da saúde, mas serve de medida de comparação da aplicação em saúde utilizando-
se recursos federais e estaduais nas principais rubricas durante a pandemia em 2020 e o
exercício de 2019.
Constatou-se a utilização de 13% de recursos decorrentes de repasses
federais nas transferências a municípios da rubrica 4108 em 2020, sendo que os 87%
restantes advieram do recurso estadual.
No caso da rubrica 4301, subvenções sociais (transferências a hospitais),
verificou-se que, no ano de 2019, boa parte dos valores adveio do recurso estadual 0006,
enquanto que, em 2020, 74% originou-se do recurso de transferência federal 2804. O
mesmo ocorreu com a rubrica 3988, Gestão Plena do SUS – PJ (transferências a hospitais),
onde 58% dos gastos em saúde foram do recurso de transferência federal 2804 em 2020.
Assim, na análise das principais rubricas de transferências aos hospitais,
verificou-se que boa parte dos valores no exercício de 2020 advieram de recursos de
repasses federais.
Cabe estabelecer um comparativo dos últimos três anos nas quatro
principais rubricas da saúde apresentadas na tabela acima, referentes a transferências a
hospitais e municípios, a fim de se analisar o incremento da despesa decorrente da
pandemia em 2020:
506
PARTICIPAÇÃO DE CREDORES POR RUBRICA/RECURSO EM 2020
Em milhões R$ nominais
RUBRICAS RECURSO CREDOR VALOR % Participação
ASSOC HOSP BENEF SAO VICEN-
TE DE PAULO
CNPJ:92021062000106 Cre-
3,3 6,5%
dor:189480
ASSOC DE CARIDADE SANTA
0006 - VINCULA- CASA DE RIO GRANDE
DO DA SAUDE CNPJ:94862265000142 Cre-
1,8 3,4%
dor:3408396
507
PARTICIPAÇÃO DE CREDORES POR RUBRICA/RECURSO EM 2020
Em milhões R$ nominais
RUBRICAS RECURSO CREDOR VALOR % Participação
CNPJ:92969856000198 Cre-
dor:58327
508
PARTICIPAÇÃO DE CREDORES POR RUBRICA/RECURSO EM 2020
Em milhões R$ nominais
RUBRICAS RECURSO CREDOR VALOR % Participação
509
Covid-19. Bem como, cabe registrar que as aquisições referentes à covid-19 são
verificadas de forma concomitante e detalhada pelas equipes de auditoria deste Tribunal.
A rubrica de maior aumento é a de equipamentos hospitalares, onde se
verificou que a maioria das despesas ocorreu para a compra de ventiladores pulmonares,
monitores e camas hospitalares. O site da Secretaria da Saúde noticiou a compra de 230
respirados e monitores em setembro de 2020 no valor total de R$ 17 milhões, podendo-
se comprovar por empenhos nesta época na rubrica 5205.
Na rubrica de medicina os maiores gastos em 2020 ocorreram para
remoções de UTIs móveis, fazendo o transporte inter-hospitalar decorrentes da Covid-19.
Na rubrica 3003 – medicamentos e laboratórios verificaram-se muitas aquisições de
material para exames da Covid-19 solicitadas pelo Laboratório do Estado – LACEN. Com
relação a aquisição de medicamentos, destaca-se que foram gastos R$ 51.784.245,32
para aquisição de medicamentos de demandas administrativas referentes a portarias do
Covid-19, pagas com recursos federais, conforme informado no Relatório Anual de Gestão
de 2020.
Compras de máscaras, luvas, aventais, álcool gel, termômetros, entre
outros, ocorreram nas rubricas de proteção e profilaxia, limpeza e higiene e de vestuário,
muitas das quais para atendimento da rede de ensino.
Destaca-se que, devido à pandemia, algumas rubricas tiveram diminuições
no exercício de 2020, como por exemplo, a doação de órgãos e a rubrica de feiras e
eventos. No caso específico da doação de órgãos, quando da descrição da meta de
transplantes no RAG 2020, a diminuição foi assim esclarecida:
510
bimestre de 2020, quadros gerenciais para acompanhamento dos repasses e uso dos
recursos específicos referentes à pandemia.
511
As disponibilidades financeiras em contas bancárias do Banco do Estado do
Rio Grande do Sul - Banrisul e do Banco do Brasil, vinculadas ao Fundo Estadual da Saúde
– FES, incluídas as contas recebedoras das transferências federais do Covid-19, referentes
aos recursos 2804 e 2809, totalizaram o montante de R$ 456,6 milhões.
Dessa forma, para fazer frente aos Restos a Pagar, no total de
R$ 660,1 milhões, foi encontrado à disposição do Fundo Estadual da Saúde-FES o
montante de R$ 456,6 milhões, nos quais são empenhadas as despesas que são
consideradas computáveis para a apuração do percentual mínimo de gastos em ASPS.
Assim sendo, não foram vinculados e colocados à disposição do Fundo da Saúde recursos
suficientes ao final do exercício para dar cobertura às inscrições em restos a pagar.
Conforme mostrado anteriormente, o Executivo não utilizou os Restos a
Pagar não Processados na base de cálculo para aplicação em ASPS no ano de 2020,
seguindo o preconizado pela LC nº 141/12 e as orientações emitidas por este Tribunal nos
Pareceres Prévios anteriores.
Segundo o Sistema FPE, os Recursos 006, 016 e 026 (ASPS) encontram-se
vinculados a outras contas bancárias, tanto no Banrisul quanto no Banco do Brasil, porém,
estas mesmas contas correntes, administradas pela Tesouraria da Secretaria da Fazenda -
SEFAZ (005) estão concomitantemente vinculadas a outros recursos que não respondem
pelo pagamento de despesas da área da saúde, tais como: Recurso 002 (Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino - MDE), Recurso 011 (Outros Poderes), Recurso 292 (Salário
Educação), Recurso 1185 (FUNDEB), dentre outros.
Assim, a utilização de contas sem vinculação exclusiva permite a
transferência de valores entre recursos ou a utilização de importâncias pertencentes a um
recurso com o outro, em evidente afronta legal, dificultando sobremaneira o controle
desses valores.
Logo, não há como comprovar qual o montante a ser utilizado para
pagamento de despesas realizadas em ações de saúde.
As disponibilidades financeiras para dar cobertura aos Restos a Pagar
Processados e Não Processados, bem como fazer frente às despesas em ASPS no decorrer
do exercício, devem ser colocadas à disposição do Fundo Estadual de Saúde, em contas
bancárias sob sua estrita administração e responsabilidade, nos termos do parágrafo
único do artigo 2º da Lei Complementar nº 141/2012.
A existência de contas correntes sem vínculo exclusivo com o pagamento
de despesas de ASPS, impossibilitando a mensuração dos valores disponíveis para os
recursos da saúde, somando-se à constatação do alto valor de restos a pagar sem
disponibilidade financeira compatível, impelem para a necessidade de esclarecimentos do
Governador do Estado.
512
Secretaria da Segurança Pública, sendo R$ 31,4 milhões pela Brigada Militar (1,14%) e
R$ 235 mil pela Polícia Civil (0,01%); em “Encargos Financeiros do Estado” houve a
apropriação de R$ 2,7 milhões (0,10%) relativos à Contribuição Patronal ao Fundo de
Assistência à Saúde, que diz respeito ao ressarcimento de despesas com atendimentos
prestados aos Ex-Combatentes da Força Expedicionária Brasileira.
Essas despesas de custeio, realizadas em Órgãos não considerados
diretamente como vinculados às ações em saúde, totalizaram R$ 34,4 milhões, conforme
demonstrado na tabela a seguir:
513
RUBRICAS MAIS SIGNIFICATIVAS NO GRUPO - OUTRAS DESPESAS CORRENTES
Em R$ milhões (nominais)
EXERCÍCIOS ∆
RUBRICAS DE DESPESA ∆%
2019 2020 EM R$
ACRÉSCIMOS:
9102 - PAG DETERM SENT JUD - MED 193,9 386,6 192,7 99,3%
9118 - AQ SENT JUD - AQ MED C ES 230,0 350,6 120,6 52,4%
3018 - MEDICAMENTOS - 74,8 74,8 100,0%
9104 - PAG SENT JUD-TRAT N MEDIC 67,2 125,3 58,1 86,5%
3019 - MEDICAMENTOS EXCEPCIONAIS 33,7 42,6 9,0 26,7%
3939 - MEDICINA 6,4 13,6 7,2 111,9%
3038 - MATER PARA OSTOMIA 43,2 48,9 5,7 13,2%
4503 - OUTRAS EQUAL JUROS 52,8 58,0 5,1 9,7%
9119 - AQ DET SENT JUD-MED C ES 30,7 32,8 2,2 100,0%
DEMAIS RUBRICAS 98,5 112,5 14,0 14,3%
TOTAIS 756,4 1.245,9 489,4
REDUÇÕES:
3032 - CONSERVACAO DE BENS IMOVE 2,1 0,9 -1,1 -54,4%
3921 - LOCACAO DE MAQUINAS E EQU 67,9 63,1 -4,7 -7,0%
3918 - ENERGIA ELETRICA 13,5 4,4 -9,0 -67,2%
9305 - INDENIZACOES 14,9 0,0 -14,9 -100,0%
4301 - SUBVENCOES SOCIAIS 75,8 58,5 -17,3 -22,8%
3912 - ENC C/PREST SERVICOS 500,5 445,7 -54,8 -11,0%
3988 - GEST PLENA SUS - PJ 174,5 90,2 -84,3 -48,3%
3018 - PRODUTOS FARMACEUTICOS E 90,2 0,0 -90,2 -100,0%
4108 - FUNDOS MUNICIPAIS DE SAUD 974,3 814,0 -160,3 -16,5%
DEMAIS RUBRICAS 52,5 41,2 -11,3 -21,5%
TOTAIS 1.966,1 1.518,81 -448,1
TOTAL DO GRUPO 2.722,6 2.763,9 41,4 1,52%
Fonte: Pareceres Prévios, Balanços Gerais do Estado, Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ.
Cálculos:Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
514
GRUPO INVESTIMENTOS - RECURSOS VINCULADOS A SAUDE
Em R$ milhões (nominais)
GRUPO 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
INVESTIMENTOS 214,6 9,0 22,1 24,5 18,7 18,7 16,0
Fonte: Pareceres Prévios, Balanços Gerais do Estado, Sistema Cubos DW da CGE/SEFAZ.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS
(*) Liquidado nos Recursos 006, 016, 026 e 5006
515
Foram apropriadas, também, despesas no total de R$ 113,4 milhões,
relativas ao pagamento da Folha de Pessoal de servidores ativos dos seguintes Órgãos e
nos respectivos montantes:
516
TRANSFERÊNCIA A MUNICÍPIOS - PROGRAMAS MUNICIPAIS – FUNÇÃO SAÚDE
Em R$ milhões (nominais)
LEI ORÇAMENTÁRIA DOTAÇÃO
DOTAÇÃO INICIAL EMPENHADO PAGO
ANUAL – LOA ALTERADA
2020 1.093,7 1.083,0 1.001,2 1.221,5
40 – TRANSF. A MUNICIPIOS 3,1 13,8 11,0 11,0
03 – OUTRAS DESPESAS CORRENTES 3,1 13,8 11,0 11,0
41 – TRANS. MUN. – FUN. A FUND 1.090,6 1.069,2 990,2 1.210,4
03 – OUTRAS DESPESAS CORRENTES 1.062,6 1.057,3 980,1 1.189,1
04 – INVESTIMENTOS 28,0 11,9 10,1 21,3
Fonte: Sistema CUBOS DW (CAGE - SEFAZ/RS).
Cálculo: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS
517
Executivo, em conjunto com a Federação das Associações de Municípios do Rio Grande
do Sul (FAMURS), sendo a proposta aprovada pelos deputados por unanimidade no final
de janeiro e, desde fevereiro, está sancionada pelo governador, através da Lei Nº
15.448/2020. Em 10 de junho, o Decreto Nº 55.307/2020, que regulamenta o programa,
foi publicado, permitindo colocá-lo em prática. Em 23 de junho, o Programa foi
oficialmente lançado e denominado de Negocia RS. Tramitaram pelo Fundo Estadual de
Saúde/SES/RS a solicitação de 24 municípios pela adesão à dação em 2020, o que
demonstrou boa aceitabilidade do Programa, considerando que 2020 foi ano eleitoral e
de início da pandemia.
Destaca-se que, a SES/RS quitou em 2020 a dívida empenhada com os
municípios referente a repasses atrasados de 2014 a 2018. Os valores eram relativos a
programas municipais da Atenção Básica e manutenção de hospitais públicos municipais.
O pagamento da dívida, que somava R$ 216 milhões, foi parcelado em 16 vezes; em
setembro de 2020 foi paga a última parcela.
O Governo Estadual, ao longo dos anos, vem registrando na conta contábil
2.1.3.1.1.03.01.0509 – Obrigações Pendentes de Execução Orçamentária as despesas que
não são reconhecidas na execução orçamentária devido à inexistência de suporte
orçamentário (item 2.3.4 deste Parecer).
Entre essas despesas está o reconhecimento da dívida com programas de
saúde municipais, cujos débitos remontam o exercício de 2013.
Os valores das dívidas do Estado com os municípios do exercício de 2020
foram solicitados através da Requisição de Documentos nº 01/2021. A Secretaria da
Saúde enviou uma planilha com a discriminação dos valores por município e por
programa das dívidas com os fundos municipais do período de 2014 a 2018, sem
empenho, totalizando R$ 464.139.587,66.
Bem como, a Secretaria forneceu tabela indicando que em 2020 foi
baixado R$ 6.183.369,28 das dívidas municipais sem empenho, chegando-se ao saldo
acumulado de R$ 464.139.587,66 em 31-12-2020.
De acordo com consulta ao Sistema FPE, o saldo da conta obrigações
pendentes de execução orçamentária em 31-12-2020 para a Secretaria da Saúde era de
R$ 587.984.027,01, composto por dívidas do Estado com os fundos municipais e com os
hospitais.
Este saldo não confere com o valor enviado pela Secretaria, e também não
se consegue identificar qual o valor corresponde unicamente às dívidas municipais, ou a
qual exercício se refere.
A partir do campo histórico constante nos lançamentos contábeis da conta
2.1.3.1.1.03.01.0509 no FPE, o que se consegue averiguar é a inscrição da dívida de R$
112.851.148,97, conforme se transcreve o histórico:
Referentes a dívidas de 2014 a 2018 com Fundos Municipais de Saúde (R$
464.139.587,66) e dívidas de 2018 com Hospitais (R$ 122.984.027,01), conforme fls. 05,
14 e 18 PROA 20140000118901.
Assim, contatou-se que os lançamentos contábeis da conta obrigações
pendentes de execução orçamentária não permitem maior detalhamento dos valores,
518
como a separação entre dívidas de hospitais e de municípios, ou a identificação da
competência de cada uma, ou à qual credor se refere.
Bem como, os controles da Secretaria, ao não corresponderem com os
valores efetivamente contabilizados, também não permitem um acompanhamento mais
detalhado do efetivamente devido aos munícipios.
Frente à dificuldade de mensuração e detalhamento das dívidas estaduais
com os Fundos Municipais de Saúde, uma vez que há valores reconhecidos
orçamentariamente constantes em restos a pagar, bem como outros sem disponibilidade
orçamentária registrados na conta 2.1.8.9.1.98.01.0509, além da possibilidade de existir
dívidas pactuadas em CIB sem registro contábil, torna-se necessário o pedido de
esclarecimento ao Governador do Estado sobre a forma de apresentação e mensuração
de suas dívidas com os Fundos Municipais.
519
Destaca-se que, com o impacto da Covid-19 no Rio Grande do Sul, o
Governo Federal transferiu recursos para o Estado com o objetivo de combater a
pandemia. Esses recursos representaram uma receita extraordinária visando cobrir o
aumento da despesa em saúde ocasionada pelo vírus. Decorrente dessas transferências
federais foram repassados aos hospitais, liquidados nas rubricas 3912 - ENC C/PREST
SERVICOS, 3988 - GEST PLENA SUS – PJ e 4301 - SUBVENCOES SOCIAIS, o valor de R$
513.149.408,06 milhões. Assim, conforme analisado no item 9.4.2.3.3, houve uma
pequena diminuição no emprego de recurso estadual para a transferências aos hospitais,
uma vez que foi utilizada complementação de verba federal para tal fim.
Conforme informado pela Secretaria da Saúde, o Rio Grande do Sul possui
uma dívida com os hospitais que remonta o exercício de 2013, sendo algumas
empenhadas e registradas em restos a pagar e outras sem empenho e, portanto, sem
reconhecimento orçamentário.
Aos moldes do que ocorre com as dívidas dos fundos municipais de saúde,
o Governo Estadual vem registrando aqueles débitos com os hospitais não reconhecidos
orçamentariamente devido à inexistência de suporte orçamentário na Conta Contábil
2.1.3.1.1.03.01.0509 - Obrigações Pendentes de Execução Orçamentária.
Os valores das dívidas do Estado com os hospitais do exercício de 2020
foram solicitados através da Requisição de Documentos nº 01/2021. A Secretaria da
Saúde enviou uma planilha com a discriminação dos valores por credor e por
competência, totalizando R$ 122.984.027,01. Essa importância refere-se ao parcelamento
das dívidas com os hospitais, dentro do programa FUNAFIR, na sequencia explanado.
Bem como, a Secretaria forneceu tabela indicando que em 2020 foi
baixado R$ 86.259.416,15 das dívidas com os hospitais sem empenho, chegando-se ao
saldo acumulado de R$ 122.984.027,01 em 31-12-2020.
De acordo com consulta ao Sistema FPE, o saldo da conta obrigações
pendentes de execução orçamentária em 31-12-2020 para a Secretaria da Saúde era de
R$ 587.984.027,01, composto por dívidas do Estado com os fundos municipais e com os
hospitais.
Este saldo não confere com o valor enviado pela Secretaria, e também não
se consegue identificar qual o valor corresponde unicamente às dívidas com os hospitais,
ou a qual exercício se referem.
A partir do campo histórico constante nos lançamentos contábeis da conta
2.1.3.1.1.03.01.0509 no FPE, o que se consegue averiguar é a inscrição da dívida de R$
112.851.148,97, conforme se transcreve o histórico:
Referentes a dívidas de 2014 a 2018 com Fundos Municipais de Saúde (R$
464.139.587,66) e dívidas de 2018 com Hospitais (R$ 122.984.027,01), conforme fls. 05,
14 e 18 PROA 20140000118901.
Assim, contatou-se que os lançamentos contábeis da conta obrigações
pendentes de execução orçamentária não permitem maior detalhamento dos valores,
como a separação entre dívidas de hospitais e de municípios, ou a identificação da
competência de cada uma, ou à qual credor se referem.
520
Bem como, os controles da Secretaria, ao não corresponderem com os
valores efetivamente contabilizados, também não permitem um acompanhamento mais
detalhado do efetivamente devido aos hospitais.
Cabe destacar que há uma parte da dívida com os hospitais que não é
registrada na contabilidade pública, correspondente ao parcelamento pelo Estado desses
valores.
O parcelamento das dívidas estaduais com os hospitais é efetuado através
de empréstimos no Banrisul viabilizados por recursos do FUNAFIR - Fundo de Apoio
Financeiro e de Recuperação dos Hospitais Privados.
O FUNAFIR foi instituído pela Lei Estadual nº 11.366 de 31-08-1999,
atualizada pela Lei 11.953, de 05-09-2003, e regulamentado pelo Decreto Estadual nº
39.712, de 08-09-1999, e “destina-se a apoiar a recuperação financeira e a melhoria da
qualidade dos serviços das entidades hospitalares, no âmbito do Estado do Rio Grande do
Sul”.
Conforme art. 4º do Decreto nº 39.172/1999, os recursos do FUNAFIR
serão utilizados nas seguintes operações realizadas junto ao Banrisul:
I – concessão de avais e garantias para viabilizar financiamentos;
II – equalização de taxas de juros em financiamentos concedidos;
521
Conforme relação enviada pela Secretaria da Saúde na resposta à
Requisição de Documentos nº 21/2021, verificou-se alarmante quantidade de cargos
vagos de provimento efetivo em 2020:
%
CARGOS CRIADOS CARGOS PROVIDOS CARGOS VAGOSS
CARGOS* DE CARGOS
EM 05-04-2010 EM 31-12-2020 EM 31-12-2020
VAGOS
Especialista em Saúde NS1, NS2 e
5.680 1.678 4.002
NS3 70,5%
Técnico em Saúde NT1, NT2 e NT3 800 147 653 81,6%
Assistente em Saúde NM1, NM2 e
1.317 173 1.144
NM3 86,9%
TOTAL 7.797 1.998 5.799 74,4%
Fonte: Resposta à Requisição de Documentos nº 21/2021 - SAIPAG
* As siglas referiadas com a numeração 1, 2 e 3 tratam-se de categorias com níveis de vencimentos diferentes.
Obs: os candidatos nomeados em 2020 nos concursos estariam computados no quantitativo apresentado no quadro acima
522
Devido à pandemia do Covid-19, ocorreram algumas adaptações no PES,
conforme relatado no documento:
A construção e a finalização deste Plano se deu em meio à resposta para a
pandemia do novo Coronavírus (COVID-19), agravo de saúde mundial que trouxe desafios
para a gestão da saúde no RS, no sentido de produzir ações rápidas e necessárias, bem
como orientações para as ações em saúde e a pactuação entre os gestores. Além de fazer
a gestão da crise junto aos profissionais que realizam a atenção à saúde aos usuários,
também foi necessário atuar diretamente nos serviços de saúde sob a gestão do estado
do RS.
Assim, no Capítulo 1, item 6 - Novo Coronavírus (SARS-CoV-2) e a COVID-19
são apresentados o perfil dos casos da doença no RS, bem como as ações desenvolvidas
pela SES/RS para o enfrentamento da pandemia. Conforme estabelecido no § 7º, do
artigo 96 da Portaria de Consolidação n. 1, de 28 de setembro de 2017, este instrumento
foi submetido à apreciação do CES/RS, em Plenária Extraordinária realizada no dia 22 de
dezembro de 2020, sendo aprovado com ressalvas através da Resolução CES/RS N°
12/2020.
Esta Resolução foi publicada no Diário Oficial do Estado do Rio Grande do
Sul (DOE/RS) no dia 03/03/2021 e está disponível no site do CES/RS . Cabe ressaltar que
no processo de finalização do documento, após a aprovação deste Plano pelo CES/RS,
houve a publicação no DOE/RS, em 13 de janeiro de 2021, do Decreto Nº 55.718, de 12 de
janeiro de 2021 (Anexo I), que dispõe sobre a Estrutura Básica da Secretaria de Saúde.
Este decreto estabelece as áreas de competência da SES/RS e altera sua estrutura
administrativa. Desta forma, ao final do documento é apresentado o Apêndice I que
elucida quais foram as modificações que precisam ser consideradas para a compreensão
deste documento.
A Programação Anual de Saúde - PAS operacionaliza as intenções do Plano
Estadual, através da anualização da execução das metas, prevendo a alocação dos
recursos orçamentários e apresentando as ações necessárias para o atingimento dos
objetivos. As Programações de 2017, 2018 e 2019 não foram homologadas, pois estão
sendo apreciadas pelo Conselho Estadual de Saúde – RS.
O Gestor do SUS deve entregar, ao final de cada quadrimestre, o Relatório
Detalhado de Prestação de Contas, em audiência pública na Assembleia Legislativa,
contendo o monitoramento e o acompanhamento da execução do PAS, conforme
determinação da Lei Complementar nº 141/2012.
Também deve ser apresentado o Relatório Anual de Gestão - RAG, que
contém os resultados alcançados com a execução do PAS, de acordo com determinação
do artigo 4º, Inciso IV, da Lei 8.142/90, referenciado na Lei Complementar nº 141/2012 e
na Portaria GM/MS nº 575/2012.
No Relatório Anual de Gestão é informada a existência de 7.009
estabelecimentos, entre clínicas, hospitais, farmácias, etc., que prestam serviços de saúde
no Rio Grande do Sul em 2020, sendo que 5,98% estão sob gestão estadual e 9,60% sob
gestão dupla.
De acordo com o informado no RAG:
“Conforme Manual do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES)
a gestão identifica com qual gestor (estadual ou municipal) o estabelecimento
523
tem contrato/convênio e que é responsável pelo cadastro, programação,
autorização e pagamento dos serviços de média e alta complexidade prestados
ao SUS. Estabelecimentos cadastrados como gestão dupla estão sob gestão
estadual, mas realizam também ações de atenção básica sob gestão municipal.”
9.4.7 – Conclusão
Na composição das despesas com ASPS (R$ 4,3 bilhões, em 2020), foram
incluídas as seguintes despesas consideradas controversas, as quais vêm sendo
apropriadas no cálculo desde 2013:
524
Quando do pedido de Certidão de gastos em ASPS relativa ao exercício de
2013, formalizada pelo Poder Executivo Estadual em 31-01-2014, no Processo 1415-
0200/14-5, foi ressalvado que, na esteira da orientação técnica geral traçada na
Informação CT nº 025/2013, caberia, concomitantemente, a análise de caso a caso, com a
interpretação mais ajustada à realidade local. Com isso, foi decidido, no caso concreto do
Poder Executivo Estadual, na linha das ponderações trazidas no trabalho técnico da
Procuradoria-Geral do Estado, expressas na Informação PGE nº 24/13/GAB, que a
certidão relativa à ASPS seria expedida no percentual de 12,47%, apurado com a inclusão
das despesas controversas.
Os “pontos controversos”, identificados e tratados na Informação da PGE,
citada no Voto do Exmo.Conselheiro-Relator no Processo relativo à emissão de Certidão
quanto aos gastos em ASPS, no ano de 2013, constituem-se em: 1) contribuições ao IPE
Saúde; 2) pagamento de Inativos e Pensionistas e; 3) gastos administrativos da SES e de
outros Órgãos que atuam diretamente nesta área.
Cabe destacar neste Relatório Técnico alguns trechos da referida
Informação da PGE, em que argumenta, no caso concreto do Estado do Rio Grande do
Sul, na linha do aproveitamento destas despesas identificadas como “controversas” na
apuração do montante de gastos em ações e serviços públicos de saúde para fins de
verificação do cumprimento do mandamento constitucional.
Primeiramente, quanto às contribuições ao IPE Saúde, objeto de
questionamento quanto ao seu aproveitamento no cômputo das despesas em ASPS em
razão do art.2º, inciso I, da LC nº 141/2012, o qual considerada como despesas em ações
e serviços públicos de saúde aquelas que: “I - sejam destinadas às ações e serviços
públicos de saúde de acesso universal, igualitário e gratuito;” (grifo nosso), assim
assevera a PGE:
Resta evidente que esse sistema de saúde desonera diretamente o SUS, pois
esse enorme contingente de indivíduos beneficiários de planos públicos de
saúde deixa de recorrer ao sistema único para ter acesso a esse bem jurídico
fundamental.
Nessa linha, parece evidente que o montante que o Estado investe em tais
serviços deve ser inserido no percentual da despesa destinada a ASPS (§§ 2º e
3º do artigo 198 da Constituição), daí a inconstitucionalidade tanto da exigência
de gratuidade, versada no art.2º, inciso I, da Lei Complementar 141/2012,
quanto do conceito de universalidade abrangida por uma interpretação
equivocada e não constitucionalmente autorizada do quanto estabelecem os
artigos 3º, II. e 4º, III, da Lei Complementar 141/2012, que excluem desse
cômputo de ASPS tais despesas.
[...]
Ora, quando esse dispositivo refere que serão consideradas como despesas
com ações e serviços públicos de saúde aquelas (...) que sejam destinadas às
ações e serviços públicos de saúde de acesso universal, igualitário e gratuito,
afasta, de plano, a inclusão dos planos estatais nessa rubrica.
[...]
O Estado do Rio Grande do Sul, não sem dificuldades, cumpre a sua cota-parte
nesse plano de saúde, incluindo tais gastos como despesas com saúde; à
evidência, não teria o Estado condições de arcar com esses gastos e, além disso,
despender o valor equivalente para o custeio do SUS. Isso, aliás, sequer teria
525
alguma lógica, porque – repita-se – os beneficiários do plano estatal IPE-SAÙDE
deixam de ser usuários do sistema único.
Precisamente por conta de situações como essas, a Constituição da República
não restringiu que as despesas com ações e serviços de saúde devam ser
relacionadas a serviços gratuitos. Atente-se para a redação do artigo 196 da Lei
Maior cuja transcrição novamente se impõe:
“Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante
políticas sociais e econômicas que visem a redução de risco de doença e de
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
promoção, proteção e recuperação.”
Pode-se, nesse contexto, verificar que a Lei Complementar nº 141/2012, ao
exigir que sejam gratuitos os serviços de saúde para que sejam computados
como despesas nessa área, extrapolou o âmbito material de regulamentação
que lhe deixou o artigo 198 da Constituição.
[...]
Diante disso, resta evidente que a norma infraconstitucional em comento, ao
restringir sobremaneira o rol das ações estatais que se pode incluir dentre os
investimentos em ASPS, acabou por malferir o próprio dispositivo constitucional
que trata das ações da saúde, bem como malferiu os princípios constitucionais
da razoabilidade e do “substantive due process of Law”.
Da mesma forma, verifica-se um desvio de poder na atividade legislativa que
redundou na norma complementar ora em comento, pois há nela manifestos
excessos decorrentes do exercício imoderado e arbitrário da competência
institucional outorgada ao Poder Público de âmbito nacional (União).
Observa-se, outrossim, violação ao princípio federativo. Isso porque, se a
Constituição Federal não vedou a inclusão, pelos Estados de serviços de saúde
não gratuitos para os fins de cumprimento dos percentuais do artigo 198 (§§ 2º
e 3º), norma infraconstitucional não poderia tê-lo feito, o que acaba por
afrontar, além do próprio art. 196, os arts. 1º, 18 e 25 da CRFB, bem como o seu
art. 5º, LIV, que institui o “substantive due process of Law”.
526
recentemente elevada ao patamar de 13,25%, pelas Leis Complementares n.
13.757/2011 e 13.758/2011, para servidores civis e militares, respectivamente.
[...]
Portanto, a Lei Complementar 141/2012, deixando de prestigiar esta peculiar
situação, restringindo em seu art. 3º, inciso X, a inclusão no âmbito das
“despesas com ações e serviços públicos de saúde as referentes a: (...) X –
remuneração do pessoal ativo da área da saúde em atividades nas ações de
que trata este artigo, incluindo encargos sociais (...)”, e impedindo por meio do
art. 4º, inciso I, da Lei Complementar 141/2012 o computo dos gastos em
análise, também merece uma interpretação conforme a Constituição (tema já
abordado no item anterior), de modo que também se possa contemplar o
pagamento de inativos custeados pelo Tesouro do Estado e, portanto, não
alcançados por qualquer fundo de previdência.
Isso porque, para se ter por razoável a restrição imposta pela LC 141/12 acima
referida, necessária se faria partir-se da premissa de que hoje o Tesouro do
Estado não custeasse as despesas de inativação dos servidores da saúde já
implementadas, as quais representam, atualmente, despesas de elevada
monta.
[...]
Assim, os pagamentos de inativos não é feito por fundo de previdência, como
os que irá alcançar os servidores hoje vinculados ao novo regime de
capitalização, mas por recursos do Tesouro do Estado, em face da
ausência/insuficiência de contribuições dos servidores, situação transitória que
alcança somente os servidores inativados pelo regime financeiro anterior.
Isso sem mencionar que a Constituição Federal de 1988 estabeleceu o direito à
pensão no valor integral da remuneração/proventos do servidor público, o que
causou o grande déficit aos institutos de previdência dos entes federados. Em
razão da ausência de fonte de custeio de tal benefício integral, apenas com o
aporte de recursos do Tesouro do Estado é que se tornou possível o pagamento
do referido direito.
Essas peculiaridades não permitem, sem malferir o texto constitucional, o
postulado da proporcionalidade e do devido processo legal substantivo, que se
exclua o cômputo dos valores pagos a título de aposentadoria do pessoal
inativo da área da Saúde das despesas para promoção do direito fundamental
à saúde.
[...]
Portanto, quando o art. 3º, X, da Lei Complementar permite que a remuneração
do pessoal ativo da área da saúde em atividades nas ações de que trata este
artigo, incluindo encargos sociais, deve ser computada como gastos em ASPS,
há de receber uma interpretação conforme, de modo que também seja possível
contemplar no referido percentual os gastos feitos atualmente pelo Tesouro do
Estado para pagamento dos benefícios previdenciários dos servidores da saúde.
A norma acima referida, portanto, por desconsiderar premissa fundamental e
histórica de custeio dos inativos pelo Tesouro do Estado, em face da ausência
de contribuição por parte dos servidores públicos, por longo período, o que
impossibilitou a constituição de fundo suficiente para manter tais benefícios,
acaba também por se tornar inconstitucional, por irrazoável, violando o
disposto no art. 5º, LIV, da CF, bem como o estabelecido nos artigos 1º, 18, 25 e
196 da CF, como acima já se expôs.
527
O último item tratado na Informação da PGE em tela refere-se a gastos
administrativos realizados pela própria Secretaria da Saúde e por outros Órgãos do
Estado que atuam na área da saúde, sobre os quais pondera:
A Lei Complementar 141/2012, prestigiou a inclusão de gastos administrativos
imprescindíveis a execução e serviços públicos de saúde, estabelecendo:
[...]
Art. 3º. Observadas as disposições do art.200 da Constituição Federal, do art. 6º
da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, e do art. 2º desta Lei
Complementar, para efeito da apuração da aplicação dos recursos mínimos aqui
estabelecidos, serão consideradas despesas com ações e serviços públicos de
saúde as referentes a:
[...]
XI – ações de apoio administrativo realizadas pelas instituições públicas do SUS
e imprescindíveis à execução das ações e serviços públicos de saúde;
[...]
Limitou, portanto, a inclusão destes gastos aos “realizados pelas instituições
públicas do SUS” e “imprescindíveis à execução das ações e serviços públicos de
saúde”.
Mais uma vez a Lei Complementar parece ter extrapolado o âmbito material de
regulamentação que lhe deixou o artigo 198 da Constituição.
O afastamento do contexto de gastos com ASPS de dispêndios efetivamente
realizados por setores administrativos e de apoio, justificadamente
identificados como tal pela Secretaria de Estado da Fazenda, não pode ser
excluído, a priori, pela Lei Complementar, não sendo constitucionalmente
sustentável sejam expungidos dos conceitos de ASPS atividades administrativas
necessárias e inafastáveis para garantia de sua efetivação, sob pena de se
violar, além do próprio art. 198, o art. 196, o art. 200, bem como o art. 5º, LIV,
da CRFB.
A discriminação feita pelo legislador não se justifica, tendo em vista que o artigo
196 da Constituição Federal, ao determinar a efetivação de políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e outros agravos e ao
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, não
estabeleceu qualquer distinção quanto aos órgãos ou unidades integrantes da
administração seriam responsáveis por sua execução, na medida em que a
formação e efetivação das políticas públicas podem estar, como de regra estão,
afetas a responsabilidade e atribuição, ainda que parcial, de órgãos diversos,
não exclusivamente e diretamente ligados ao SUS, como literalmente tratado
pelo dispositivo em análise, que refere gastos “realizados pelas instituições
públicas do SUS”.
[...]
A contabilização parece-nos, portanto, possível, devendo sua forma de
contabilização, porém, ser melhor estudada e explicitada em outra
oportunidade, dada a urgência e complexidade do tema da presente consulta.
(grifo nosso)
528
30-07-2014 (incluídas as despesas controversas), havendo o seguinte destaque nas
conclusões do voto do Relator para implementação pelo Poder Executivo Estadual:
529
Complementar que regula os gastos em saúde, permanece o aponte quanto à
necessidade de adoção efetiva da medida recomendada pela Douta PGE, no
intuito de viabilizar o aproveitamento das despesas com IPE Saúde e gastos com
Inativos e Pensionistas no cálculo do percentual mínimo de 12% da RLIT em
ASPS.
Ressalto, ainda, conforme opina a instrução, que se deve ter atenção especial
com riscos decorrentes dos procedimentos impostos pelo Decreto nº 7.827, de
16-10-2012, que regulamenta os procedimentos de condicionamento e
restabelecimento das transferências oriundas da repartição de receitas
tributárias, e suspensão e restabelecimento de transferências voluntárias da
União, nos casos de descumprimento da aplicação mínima de recursos em
Ações e Serviços Públicos de Saúde de que trata a Lei Complementar nº
141/2012, alertando-se, ainda, que, a partir de 2013, os recursos não aplicados
no exercício deverão ser utilizados no ano seguinte. (grifo nosso)
530
O intuito do deste Governo é continuar a priorizar as aplicações em Saúde,
assim como nas áreas de segurança Pública e Educação.
[...]
Assim, não se imagina que o aumento ou recuperação do orçamento da Saúde,
independente da discussão de mérito sobre o tipo de despesa que pode
compor este gasto sob o ponto de vista constitucional, esteja destrelado do
restabelecimento do equilíbrio fiscal do Estado, fazendo com que suas despesas
caibam em suas receitas.
(...)
3. Efetivamente, quanto aos Estados e Municípios, com o advento da LC
141/2012, houve a regulamentação do que deve ou não ser inserido como
despesas em ações e serviços de saúde.
(...)
6. Outrossim, é evidente o dever do Poder Público em cumprir com os ditames
da Lei Complementar, assegurando a regularidade dos repasses ao Fundo
Estadual de Saúde, em periodicidade suficiente a viabilizar a continuidade dos
serviços, respeitando o parâmetro apontado pela Constituição Federal e
regulamentado pela LC nº 141/2012.
531
7. Entretanto, a condenação retroativa do Estado por possível descumprimento
do percentual no repasse das verbas à saúde, quando já exaurido o orçamento
de 2013, importaria em inviabilizar, nos dias de hoje, os demais serviços
constitucionalmente assegurados, inclusive o da saúde.
8. Por oportuno, não se trata de desconsiderar a legislação que rege a matéria
ou chancelar irregularidades cometidas pelo chefe do executivo, de forma
alguma. Ocorre que inviável a determinação para rever a destinação das verbas
públicas do orçamento de 2013, aplicadas e aprovadas na época, visto que tal
retroação implicaria em comprometimento do orçamento futuro.
532
aplicação em saúde pelo Estado, conforme se demonstra, exemplificadamente, os valores
relativos ao período de 2017 a 2020:
533
10 POLÍTICAS PÚBLICAS E ATUAÇÃO
GOVERNAMENTAL
535
Houve um crescimento de 4,2% na aplicação em segurança pública no ano
e análise, na comparação com 2019, com destaque para o crescimento em investimentos,
na ordem de 25%. Ainda assim, na comparação com 2018, o valor dos investimentos foi
28,5% menor. O grupo “Pessoal e Encargos Sociais” representa mais de 90% do total
aplicado em segurança, fortemente influenciado pelo alto valor da folha dos inativos e
pensionistas da área da segurança.
Para uma melhor análise, apresenta-se a seguir a mesma tabela, porém
desconsiderando os inativos militares e civis dos órgãos da segurança pública no Estado:
536
A segurança pública não possui um percentual de aplicação mínimo exigido
pelas Constituições Federal e Estadual, como acontece nas áreas da saúde e educação.
Apenas para comparação, é apresentado o percentual dos valores empenhados na função
segurança pública em relação à Receita Líquida de Impostos e Transferências - RLIT,
juntamente com os valores aplicados em saúde e educação, seguindo os mesmo critérios:
537
Durante o período de 2015 a 2018, houve aumento salarial nas carreiras da
segurança pública, com reposições salariais fracionadas ao longo dos últimos anos, o que
impactou na representatividade do grupo “Pessoal e Encargos Sociais”.
538
PROJETOS FUNDO ESPECIAL DA SEGURANÇA PÚBLICA – 2020
Em R$ milhões (nominais)
PROJETOS FESP VALOR %
3789 - GESTAO DE TIC CBM FESP 18,1 6,7%
6029 - MANUTENCAO PC FESP 11,8 4,4%
6481 - SERVICOS IDENTIF-IGP/FESP 11,6 4,3%
6565 - MANUT SERV BOMBEIROS/FESP 6,4 2,4%
6566 - MANUT POLICIA OST BM FESP 4,1 1,5%
6568 - MANUT AREA SAUDE-BM/FESP 4,0 1,5%
8018 - MANUT ORGAO CENTRAL FESP 0,9 0,3%
8075 - MANUT SERV PERICIAIS FESP 0,5 0,2%
9083 - REAPARELHAMENTO OC FESP 0,4 0,2%
TOTAL 269,2 100,0%
Fonte: Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ.
Cálculos:Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
539
INVESTIMENTOS - PROJETOS NA ÁREA DE SEGURANÇA PÚBLICA
Em R$ milhões (inflacionados*)
EXERCÍCIOS ∆
ÓRGÃO/PROJETO ∆%
2019* 2020 EM R$
6128 - SEG VIGIL E ALIMENTACAO 0,3 - -0,3 -100%
6142 - PROMO EDUC PENA - 0,1 0,1
6825 - APARELHAMENTO SUSEPE - 0,4 0,4
7305 - REAPARELHAMEN. SUSEPE-
0,2 0,4 0,2 109%
CP
0696 - FUNDO PENITENCIARIO 0,6 27,1 26,6 4674%
8136 - APOIO SERV PENITENCIARIOS 0,6 27,1 26,6 4674%
BRIGADA MILITAR 6,6 2,6 -4,0 -61%
5876 - QUALIF INSTAL E SV BM - 2,6 2,6
7309 - REAPARELHAMENTO DA BM-
6,6 - -6,6 -100%
CP
POLICIA CIVIL 1,1 2,4 1,3 122%
6826 - APARELHAMENTO PC - 2,4 2,4
7345 - REP RENOV MAT PERM PC-CP 1,1 - -1,1 -100%
CORPO DE BOMBEIROS MILITA 3,6 - -3,6 -100%
7373 - REAP BOMBEIROS-CP 3,9 - -3,9 -100%
FESP 76,0 90,7 14,7 19%
3858 - REAP CBM FESP - 12,9 12,9
3916 - MODERNIZACAO TIC OC FESP - 1,4 1,4
5646 - MAT PERM SAUDE BM FESP 2,6 12,1 9,4 357%
5928 - CONSTR APARELH CREPEC SU 6,4 2,3 -4,1 -64%
5930 - CONST,REF REAPAR CBM 4,4 - -4,4 -100%
5991 - REAP IGP FESP 5,2 1,3 -3,9 -76%
7345 - REP RENOV MAT PERM PC-CP - 0,5 0,5
9083 - REAPARELHAMENTO OC FESP 21,7 0,3 -21,4 -99%
9088 - RENO FROT E REAP BM FESP 20,9 45,7 24,8 119%
9089 - REAPARELHAMENTO PC FESP 14,5 14,2 -0,3 -2%
9145 - CONST E REF AREA DE SAUDE 0,3 - -0,3 -100%
TOTAL 100,9 125,0 24,1 24%
Fonte: Pareceres Prévios, Balanços Gerais do Estado, Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ.
Cálculos:Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
Empenhado na Função 06.
* Valores Inflacionados pelo IPCA – Médio
0,60%
0,40%
0,20%
0,00%
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
540
10.1.2 – Secretaria da Segurança Pública
Os órgãos que fazem parte da Secretaria de Segurança Pública são os
seguintes: Polícia Civil, Brigada Militar, Corpo de Bombeiros Militar e Instituto Geral de
Perícias. Nos itens seguintes, serão apresentadas as principais análises de cada um deles.
FUNÇÃO 06 – SEGURANÇA PÚBLICA - VALORES EMPENHADOS – POLICIA CIVIL - EXERCÍCIOS 2019 / 2020
Em R$ milhões (inflacionados*)
EXERCÍCIOS ∆
GRUPO DE DESPESAS ∆%
2019* 2020 EM R$
Pessoal e Encargos Sociais 1.017,4 974,9 -42,5 -4,18%
Outras Despesas Correntes 23,4 24,8 1,4 6,10%
Investimentos 1,1 2,4 1,4 129,39%
TOTAL 1.041,8 1.002,1 -39,7 -3,81%
Fonte: Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ.
Cálculos:Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
* Valores Inflacionados pelo IPCA – Médio.
541
Em comparação com a população do Estado, a referência é a seguinte:
A previsão é de 86 policiais civis por 100 mil habitantes, porém a taxa real é
de apenas 46, ou seja, quase metade do previsto.
Foi aberto concurso público em 2017, para ingresso nas carreiras de
Escrivão de Polícia e de Inspetor de Polícia, pelo Edital nº 21/2017, publicado no Diário
Oficial do Estado em 19-12-2017. O concurso disponibilizou 600 vagas para Escrivão de
Polícia e 600 vagas para Inspetor de Polícia. Estão aptos para o curso de formação 1.191
candidatos para o cargo de Escrivão de Polícia e 1.248 candidatos para o cargo de
Inspetor de Polícia. Foram aprovados no curso de formação 207 candidatos para o cargo
de Escrivão de Polícia e 206 candidatos para o cargo de Inspetor de Polícia.
Em 2020, foram nomeados 54 Delegados, 133 Escrivães de Polícia e 126
Inspetores de Polícia, totalizando 313 novos servidores.
A frota da Polícia Civil está assim composta:
Do total da frota de viaturas da Polícia Civil, 60,9% são veículos com menos
de 10 anos de fabricação. A proporção aproximada é de uma viatura para dois Policiais
Civis.
542
FUNÇÃO 06 – SEGURANÇA PÚBLICA - VALORES EMPENHADOS(*) – BRIGADA MILITAR EXERCÍCIOS 2019 / 2020
Em R$ milhões (inflacionados*)
EXERCÍCIOS ∆
GRUPO DE DESPESAS ∆%
2019* 2020 Em R$
Pessoal e Encargos Sociais 1.961,4 1.824,7 -136,7 -7,0%
Outras Despesas Correntes 112,0 105,9 -6,1 -5,5%
Investimentos 6,6 2,6 -4,0 -61,1%
TOTAL 2.080,0 1.933,2 -146,8 -7,1%
Fonte: Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ.
Cálculos:Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
* Valores Inflacionados pelo IPCA – Médio.
543
O Governo Estadual criou em 13-06-18, através da Portaria nº 115/SSP, a
Força Gaúcha de Pronta Resposta - FGPR. Composta por militares estaduais e por
servidores da ativa das carreiras da segurança pública ou por inativos e aposentados
designados por meio de programas específicos, possui a finalidade de ser empregada em
situações que demandem rápida resposta por parte das forças de segurança. No dia 14-
12-18 foi publicado o Decreto nº 54.407/2018, regulamentando o funcionamento da
FGPR.
Melhor avaliação das carências de efetivo, por área de atuação, pode ser
efetuada a partir da Tabela de lotação que segue (conforme informações prestadas pelo
órgão):
544
SERVIDORES DA BRIGADA MILITAR ATUANTES NA FORÇA TAREFA - Exercício 2020
CASAS PRISIONAIS OFICIAIS PRAÇAS TOTAL
Força Tarefa do Presídio Central de Porto Alegre 12 246 25
Força Tarefa da Penitenciária Estadual do Jacuí 6 119 125
Total 18 365 383
Fonte: Brigada Militar, conforme resposta requisição SAIPAG nº 17/2021.
545
Houve queda de 7,2%% no total emprenhado em relação ao ano anterior.
Assim como os órgãos anteriores, houve redução no grupo “Pessoal e Encargos Sociais”.
A Lei Complementar nº 15.009/2017 fixou o efetivo do Corpo de
Bombeiros Militar em 4.101 cargos, sendo 245 Oficiais e 3.856 Praças.
Atualmente o efetivo do Corpo dos Bombeiros está estruturado da
seguinte forma:
546
Livramento/RS
11º Batalhão de Bombeiro Militar Santo Ânge-
14 10 185 151 199 161
lo/RS
12º Batalhão de Bombeiro Militar Ijuí/RS 11 8 200 138 211 146
Companhia Especial de Busca e Salvamento -
4 4 164 72 168 76
CEBS Porto Alegre
Academia de Bombeiro Militar Porto Alegre/RS 11 5 68 27 79 32
Outras Situações 19 25 44
Cedidos 50 27 252 133 302 160
Outros Afastamentos - - - 2 - -
TOTAL 245 166 3856 2673 4101 2839
Fonte: Comando do Corpo de Bombeiros Militar, conforme resposta requisição SAIPAG nº 18/2021.
547
EFETIVO DO IGP – LEI Nº 14.519/2014 - EXERCÍCIOS 2017 – 2020
548
No item específico sobre a capacidade operacional da câmara fria, a equipe
comenta que foi possível comprovar a lotação acima da capacidade, havendo corpos na
ante-câmara. Também houve a verificação que a temperatura, que pelas regras deveria
funcionar entre 0º e 2ºC, encontrava-se acima dos 10ºC. Ocorre um forte odor pela
putrificação dos corpos, gerando um ambiente insalubre, conforme verificado pelos
auditores.
O SAE II conclui que “a contratação emergencial de locação de container
refrigerado como solução provisória, e consequente interdição da câmara fria, tornou
temporariamente superada a situação problemática para custódia adequada de corpos
no tocante à conservação”. Conclui ainda que “a Equipe de Auditoria irá acompanhar o
desfecho da situação quanto à câmara fria interditada. Eventuais inconformidades
passíveis de apontamentos no tocante à sua manutenção ou reforma, contratação de
container frigorífico ou instalação de nova unidade frigorífica serão tratadas em
procedimento próprio, conforme as situações e responsabilidades verificadas”.
Na verificação dos demais equipamentos e instalações, entenderam os
auditores que a situação é precária e inadequada a atividade laboral. Importante citar
ainda que a equipe constatou “que os resíduos das pias, das mesas de necropsia, do piso,
instrumentais e da câmara fria são eliminados diretamente na rede de esgoto comum
sem nenhum tratamento adequado, bem como os efluentes gerados nos exames
radiológicos. Isso pode ocasionar uma série de doenças pelo material nocivo em contato
direto com a rede de esgoto, sendo um problema grave de saúde pública”.
O SAE II examinou, ainda, a capacidade e rotinas operacionais para exame
de necropsia e ossada, onde “várias outras inconsistências foram encontradas nos
conjuntos de dados que exigem que a Equipe de Auditoria faça um forte tratamento nos
dados recebidos, circularizando informações da própria base de dados, a fim de evitar
que os Auditores cheguem a conclusões equivocadas”.
A matéria continuará sendo acompanhada pela equipe de auditoria do SAE
II, em suas auditorias ordinárias, bem como por esta equipe técnica, responsável pela
análise das contas do governador.
549
A rede prisional administrada pela SUSEPE compreende unidades
classificadas por fundação, albergues, penitenciárias, presídios, colônia penal e instituto
penal. Organizadas por região, as casas prisionais estão distribuídas pela capital e interior
do Estado, acolhendo presos do regime aberto, semiaberto e fechado.
550
Para o cargo de Agente Penitenciário foram aprovados 2.000 candidatos e
para o cargo de Agente Penitenciário Administrativo, 880 aprovados.
Também contribuem para o exercício das atividades da SUSEPE um
contingente complementar da Brigada Militar, a dita Força-Tarefa, neste exercício
composta por 390 Policiais Militares. Criada em 1995, em caráter excepcional, pela
Portaria SJS nº 11, de 25-07-1995, para um período de 180 dias, atuando, no entanto, até
o presente momento em razão de sucessivas prorrogações.
551
DÉFICIT VAGAS PRISIONAIS NO RS - EXERCÍCIOS DE 2017- 2020
2017 2018 2019 2020 % 2020 / 2017
População Carcerária 37.855 40.041 42.184 41.441 9,5%
Vagas Prisionais 25.338 27.808 25.436 26.293 3,8%
Déficit Real 14.618 14.989 18.192 16.029 9,7%
Fonte: Susepe, em resposta a Requisição nº 16/2021 SAIPAG.
552
INDICADORES CRIMINAIS – HOMICÍDIOS – PRINCIPAIS MUNICÍPIOS GAÚCHOS - PERÍODO 2015-2019
2016 2017 2018 2019 2020
DISCRIMINAÇÃO ∆% ∆% ∆% ∆% ∆%
TOTAL TOTAL TOTAL TOTAL TOTAL
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
Porto Alegre 705 574 -18,6% 458 -20,2% 287 -37,3% 253 -11,8% -64,1%
Alvorada 103 161 56,3% 124 -23,0% 78 -37,1% 108 38,5% 4,9%
Viamão 124 106 -14,5% 108 1,9% 63 -41,7% 83 31,7% -33,1%
Caxias do Sul 116 83 -28,4% 76 -8,4% 59 -22,4% 73 23,7% -37,1%
Canoas 109 117 7,3% 103 -12,0% 61 -40,8% 53 -13,1% -51,4%
Fonte: site http://www.ssp.rs.gov.br.
553
MORTES VIOLENTAS INTENCIONAIS – TAXAS - ESTADOS DA FEDERAÇÃO
ESTADO 2015 2016 2017 2018 2019 ∆ % 19/18 ∆ % 19/15
Ceará 46,4 39,8 59,1 52,8 26,2 -50,4% -43,5%
Maranhão 33,0 33,7 29,4 25,3 22,1 -12,6% -33,0%
Paraíba 37,8 33,1 31,9 30,3 23,4 -22,8% -38,1%
Pernambuco 41,6 47,6 57,3 43,9 36,3 -17,3% -12,7%
Piauí 21,0 21,9 20,3 19,0 17,8 -6,3% -15,2%
Rio Grande do Norte 48,2 57,0 67,2 55,4 40,7 -26,5% -15,6%
Sergipe 57,3 64,0 55,7 49,6 42,1 -15,1% -26,5%
Região Centro-Oeste 36,1 34,9 30,5 29,7 25,6 -13,8% -29,1%
Distrito Federal 23,8 22,1 18,3 17,0 15,0 -11,8% -37,0%
Goiás 46,2 45,0 39,5 39,1 32,6 -16,6% -29,4%
Mato Grosso do Sul 22,6 23,2 20,8 21,5 19,1 -11,2% -15,5%
Mato Grosso 37,5 35,5 31,5 28,4 26,0 -8,5% -30,7%
Região Sudeste 18,7 19,5 19,8 17,6 15,8 -10,2% -15,5%
Espírito Santo 37,2 32,9 37,5 29,9 26,2 -12,4% -29,6%
Minas Gerais 20,9 20,8 19,6 15,3 13,4 -12,4% -35,9%
Rio de Janeiro 30,3 37,6 40,4 39,1 34,6 -11,5% 14,2%
São Paulo 11,7 11,0 10,7 9,5 8,9 -6,3% -23,9%
Região Sul 22,6 23,9 23,1 19,6 16,5 -15,8% -27,0%
Paraná 25,4 26,2 22,6 21,2 19,4 -8,5% -23,6%
Rio Grande do Sul 24,9 27,0 27,7 21,9 16,8 -23,3% -32,5%
Santa Catarina 14,3 15,0 16,5 13,3 11,4 -14,3% -20,3%
Fonte: www.forumseguranca.org.br
Analisando estes dados, o Rio Grande do Sul era, em 2019, o 23º estado
com maior taxa de mortes violentas intencionais, atingindo 16,8 homicídios a cada 100
mil habitantes, estando abaixo da média nacional, que foi de 22,7.
O estudo demonstra uma queda nas mortes violentas intencionais em
âmbito nacional. O Rio Grande do Sul teve um declínio de 23,3% em 2019, comparando
com 2018, e uma queda de 32,5% na comparação com 2015.
A Secretaria de Segurança Pública divulgou em seu site os “Indicadores de
Eficiência”, divididos entre Brigada Militar e Polícia Civil:
554
INDICADORES DE EFICIÊNCIA – BRIGADA MILITAR
2018 2019 2020
DISCRIMINAÇÃO % % %
TOTAL TOTAL TOTAL
19/18 20/19 20/18
APREENSÃO DE COCAÍNA (G) 429.647 512.487 19,3% 1.090.366 112,8% 153,8%
APREENSÃO DE CRACK (G) 294.565 342.698 16,3% 381.608 11,4% 29,5%
APREENSÃO DE MACONHA (G) 4.089.878 10.955.996 167,9% 9.888.439 -9,7% 141,8%
APREENSÃO DE DINHEIRO EM ESPÉCIE: (R$) 8.333.074 9.953.099 19,4% 12.879.315 29,4% 54,6%
APREENSÃO DE MUNIÇÕES 89.564 90.832 1,4% 100.059 10,2% 11,7%
ARMAS BRANCAS APREENDIDAS 5.123 5.079 -0,9% 4.031 -20,6% -21,3%
ARMAS DE FOGO APREENDIDAS 5.588 5.257 -5,9% 5.603 6,6% 0,3%
ASSISTÊNCIAS REALIZADAS 669.626 713.615 6,6% 800.229 12,1% 19,5%
AUTUAÇÕES DE TRÂNSITO EMBRIAGUEZ 7.518 7.251 -3,6% 7.232 -0,3% -3,8%
BARREIRAS POLICIAIS REALIZADAS 115.134 123.830 7,6% 66.327 -46,4% -42,4%
CNH APREENDIDAS 11.040 12.404 12,4% 8.329 -32,9% -24,6%
COMUNICAÇÕES DE OCORRÊNCIA POLICIAL 71.560 74.355 3,9% 80.200 7,9% 12,1%
INSPEÇÕES EM BARES 51.968 48.827 -6,0% 38.860 -20,4% -25,2%
INSPEÇÕES EM CASAS NOTURNAS 5.466 4.987 -8,8% 2.987 -40,1% -45,4%
INSPEÇÕES EM DESMANCHES 516 477 -7,6% 605 26,8% 17,2%
PRISÕES DE FORAGIDOS 10.332 9.539 -7,7% 7.712 -19,2% -25,4%
PRISÕES DE MOTORISTA SUSPENSOS 4.055 3.056 -24,6% 1.678 -45,1% -58,6%
PRISÕES DE MOTORISTAS EMBRIAGADOS 2.359 2.469 4,7% 2.262 -8,4% -4,1%
PRISÕES EM FLAGRANTE 56.956 58.197 2,2% 57.264 -1,6% 0,5%
PRISÕES REALIZADAS PELA INSTITUIÇÃO 105.282 104.854 -0,4% 106.925 2,0% 1,6%
TERMOS CIRCUNSTANCIADOS (TC) 37.994 37.118 -2,3% 41.949 13,0% 10,4%
VEÍCULOS AUTUADOS 316.130 491.076 55,3% 647.792 31,9% 104,9%
VEÍCULOS FISCALIZADOS 2.959.240 3.205.415 8,3% 2.187.070 -31,8% -26,1%
VEÍCULOS RECOLHIDOS 67.637 66.679 -1,4% 58.580 -12,1% -13,4%
VEÍCULOS RECUPERADOS 13.695 9.486 -30,7% 7.015 -26,0% -48,8%
INDICADORES PRISÃO - Homicidio 239 269 12,6% 255 -5,2% 6,7%
INDICADORES PRISÃO - Homicidio Tentado 378 384 1,6% 342 -10,9% -9,5%
INDICADORES PRISÃO - Roubo 3.277 2.758 -15,8% 1.870 -32,2% -42,9%
INDICADORES PRISÃO - Roubo de Veiculos 824 774 -6,1% 601 -22,4% -27,1%
INDICADORES PRISÃO - Furto 7.175 3.289 -54,2% 2.380 -27,6% -66,8%
INDICADORES PRISÃO - Outras Prisões 93.389 97.380 4,3% 101.477 4,2% 8,7%
Fonte: https://www.ssp.rs.gov.br
555
INDICADORES DE EFICIÊNCIA – POLICIA CIVIL
10.2 – Transporte
Conforme o Plano Estadual de Logística de Transportes do Rio Grande do
Sul - PELT77, a infraestrutura de transporte e logística constitui-se em elemento chave
para o desenvolvimento sustentável do Estado. As ações vinculadas à Função Transporte,
definidas no Orçamento de 2020, referem-se à Secretaria de Logística e Transportes -
SELT, e seus órgãos supervisionados, especialmente o Departamento Autônomo de
Estradas e Rodagem – DAER e a Superintendência do Porto do Rio Grande - SUPRG. Por
sua vez, a Empresa Gaúcha de Rodovias S.A. – EGR é uma empresa pública que tem por
objeto social a conservação, a manutenção e a implantação de melhorias na malha
rodoviária do Estado sob sua responsabilidade, bem como o planejamento para a
expansão da capacidade dos serviços ofertados, de forma a qualificar a infraestrutura
rodoviária gaúcha.
A Lei do Orçamento de 2020, Lei nº 15.399/2019, bem como a Lei de
criação da EGR, relacionaram as principais atribuições para os citados órgãos da
Administração Indireta que atuam no setor. Deve-se observar que a Lei do Orçamento
ainda faz referência as atribuições da Fundação de Planejamento Metropolitano e
77
GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. Secretaria dos Transportes. Plano Estadual de Logística
de Transportes do Rio Grande do Sul. Relatório Final – Documento Síntese. P 18. Março de 2018. Disponível
em www.transportes.rs.gov.br. Acesso em 16/03/2018. O PELT foi financiado com recursos do Programa
Proredes/BIRD, Projeto 5590.
556
Regional – METROPLAN, autarquia extinta no início de 2017, a qual realizou execução
orçamentária neste ano, como será demonstrado. A tabela a seguir detalha as
atribuições:
Fonte: Orçamento Anual 2020 do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, Volume I. e Lei estadual nº 14..876/2016 (EGR)
557
A próxima tabela demonstra a execução orçamentária das ações previstas
para os órgãos que detinham a atribuição de realização, no exercício de 2020, da Função
26 – Transporte.
558
FUNÇÃO TRANSPORTE X DESPESA CONSOLIDADA DO ESTADO - 2020
Em R$ milhões (inflacionados*)
PART. % NA
DESPESA FUNÇÃO TRANSPORTE** DESPESA TOTAL DO ESTADO**
DESPESA TOTAL
EXERCÍCIO
EMPENHADO LIQUIDADO PAGO EMPENHADO
(A/D)
(A) (C) (D)
2018 1.055,73 995,54 903,36 49.034,80 2,15
2019 716,65 646,94 528,05 49.239,60 1,46
2020 548,02 452,21 422,45 47.846,50 1,15
Fonte: Sistema Cubos DW da SEFAZ/CAGE e Sistema AFE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Valores atualizados pelo IPCA-médio.
(**) Valores ajustados com a dedução das despesas intraorçamentárias (Modalidade de Aplicação 91): dupla contagem decorrente, especialmente, de recursos
empenhados pelos Poderes/Órgãos para o custeio de assistência médica e previdência ao IPERGS. Valores ajustados considerando a despesa total do
Estado sem as transferências aos municípios, em face da alteração nas normativas contábeis eme 2020 – ver nota explicativa.
2,5
1,5
0,5
0
2016 2017 2018 2019 2020
Fonte: Sistema CubosDW
Obs.: a transferência de recursos aos municípios não está mais sendo contabilizada na despesa total do Estado, mas sim como diminuição de receita,
alteração ocorrida em 2020.
559
FUNÇÃO TRANSPORTE - ÓRGÃO X RECURSOS ORÇAMENTÁRIOS UTILIZADOS (EMPENHADOS) - 2016/2020
Em milhões de R$ (nominais)
2016 2017 2018 2019 2020
SETOR/ÓRGÃO % % % %
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR
17/16 18/17 19/18 20/19
Demais Recursos 13,90 4,02 0,00 0,00 0,00
DAER 694,00 779,40 12,31 878,16 12,67 579,53 - 399,49 -31,07
Recursos Livres Tesouro 179,08 240,69 376,50 197,20 34,01 272,21
Recursos de Origem 63,66 74,86 63,49 34,23 50,72
Federal
Rec. de Operações de 333,71 375,87 316,29 188,93 2,18
Crédito Recursos
Demais 117,54 87,97 121,88 159,17 74,39
CCC´CCCre|Crédito
SUPRG 87,50 99,96 14,24 114,50 14,54 94,51 - 105,01 11,11
Recursos da Autarquia 87,50 97,80 114,50 94,51 17,46 105,01
Demais Recursos 0,00 2,16 0,00 0,00 0,00
SEINFRA / ST/SELT 16,04 22,52 40,41 46,74 107,51 21,69 - 23,82 9,82
Recursos Livres Tesouro 7,45 16,26 40,34 17,72 53,60 13,30
Demais Recursos 8,59 6,27 6,40 3,97 10,52
METROPLAN 11,23 12,13 8,01 16,33 34,72 20,93 28,12 19,71 -5,84
Recursos Livres Tesouro 10,38 10,99 16,04 20,64 17,86
Demais Recursos 0,84 1,13 0,29 0,29 1,84
Total Geral 848,61 925,26 9,03 1.055,73 14,10 716,65 - 548,02 -23,53
Fonte: Sistema AFE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE. Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS. Valores atualizados pelo IPCA médio 32,12
560
PARTICIPAÇÃO DO RIO GRANDE DO SUL NO TOTAL - CIDE - 2010/2020
Ano de Vigência % Decisão Normativa TCU
2016 5,52967118 149/2016
2017 5,66357618 158/2017
2018 5,54067977 165/2018
2019 5,52403380 174/2019
2020 5,59662497 181/2020
2021 5,57738197 191/2021
Fonte: TCU – http://portal.tcu.gov.br/comunidades/transferencias-constitucionais-e-legais/coeficientes-cide-combustiveis/
78
A Operação de Crédito foi do tipo Sector Wide Approch Program (SWAp), ou Programa de Abordagem
Setorial Ampla, compreendendo diversas finalidades e diferentes secretarias e órgãos de Estado
561
Considerando o valor orçado para a Função Transporte, acrescido das
alterações promovidas no exercício (R$ 718,8 milhões), a Subfunção 0782 – Transporte
Rodoviário foi responsável por 51,2% das dotações autorizadas, ou seja, R$ 368,4
milhões. A Subfunção 0784 – Transporte Hidroviário, vinculada às atribuições da SUPRG,
respondeu por 3,8% das dotações autorizadas (dotação inicial acrescida das
suplementações), valor correspondente a R$ 27,5 milhões.
As ações programadas para a área do Transporte Rodoviário foram as que
mais empenharam recursos na Função Transporte, sendo empenhado um total de R$
312,6 milhões, equivalente a 57,0% do total empenhado na Função.
562
PROJETOS TRANSPORTE RODOVIÁRIO – 2020
Em R$ milhões nominais
ÓRGÃO/PROJETOS EMPENHADO LIQUIDADO PAGO
% SUBFUNÇÃO/TOTAL ESTADO 0,65
Fonte: Sistema Cubos DW da SEFAZ/CAGE e Sistema AFE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
79
Os trabalhos de levantamento das condições das rodovias foram paralisados entre março e novembro de 2020 em
face da Pandemia de Covid-19.
80
Secretaria de Logística e Transporte. Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem. Diretoria de Gestão e
Projetos. Superintendência de Pesquisas Rodoviárias. Relatório da Condição da Malha Rodoviária Pavimentada a partir
de Levantamentos Realizados em 2018, de junho de 2019. Foram objeto de contratação a realização de levantamentos
da condição do pavimento, por meio de Levantamento Visual Contínuo de Defeitos (LVC), levantamento de dados de
Irregularidade Longitudinal (IRI), medidas de Afundamento de Trilha de Roda (ATR) e medidas de Deflexão do
pavimento com utilização de FWD, além da realização de Contagens de Tráfego Volumétricas Classificatórias.
563
SUBFUNÇÃO TRANSPORTE RODOVIÁRIO X DESPESA CONSOLIDADA DO ESTADO - 2020
Em R$ milhões (inflacionados*)
DESPESA TOTAL PART. NA
EXERCÍCIO DESPESA SUBFUNÇÃO TRANSPORTE RODOVIÁRIO**
DO ESTADO** DESPESA TOTAL
% VALORES
EMPENHADO LIQUIDADO PAGO EMPENHADO
EMPENHADOS
Fonte: Sistema Cubos DW da SEFAZ/CAGE e Sistema AFE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Valores atualizados pelo IGP-DI/FGV-médio.
(**) Valores ajustados com a dedução das despesas intraorçamentárias (Modalidade de Aplicação 91).
Obs.: a transferência de recursos aos municípios não está mais sendo contabilizada na despesa total do Estado, mas sim como diminuição de receita, alteração ocorrida
em 2020.
10.2.2 – Recursos Vinculados aos antigos pedágios sob administração direta ou conce-
didos pelo DAER
As praças de pedágio na ERS 135 (Praça de Coxilha, criada em 1992), ERS
240 (Praça de Portão, de 1994) e ERS 239 (Praça de Campo Bom, de 1994) foram
administradas diretamente pelo DAER até 2012. A partir de 2013 sua administração foi
transferida para a Empresa Gaúcha de Rodovias S.A. – EGR. Entretanto, continuam a
constar do Balanço Geral do Estado os seus recursos vinculados, conforme tabela a
seguir:
564
Da mesma forma, durante a vigência do Programa Estadual de Concessão
Rodoviária – PECR, encerrado em 2013, as taxas de fiscalização pagas pelas
concessionárias foram contabilizadas sob a forma do recurso vinculado de número 8029 -
Participação na Remuneração de Serviços de Pedágio. Este recurso vinculado, no valor de
R$ 7,3 milhões, continua constando no Balanço Geral do Estado como um “saldo a
empenhar no próximo exercício”.
565
em 2020. Sobre o Custo dos Serviços Prestados, R$ 134,4 milhões referem-se à
manutenção e conservação de rodovias, R$ 37,2 milhões referem-se à arrecadação e
manutenção das instalações e R$ 3,3 milhões a Convênios, entre outros. Sobre as
Despesas Operacionais de R$ 39,0 milhões, R$ 29,3 milhões referem-se à despesas
administrativas e R$ 8,5 milhões a despesas com pessoal, entre outras.
No Balanço Patrimonial, as disponibilidades de caixa alcançam R$ 54,3
milhões, dos quais R$ 53,3 milhões referem-se a aplicações financeiras no SIAC. Ressalta-
se ainda que a Empresa, após o acréscimo das receitas e despesas financeiras, apresentou
um lucro de R$ 16 mil em 2020.
O Balanço da EGR informa, nas suas Notas Explicativas, a existência de
discussões, nas esferas administrativa e judicial, sobre a cobrança de IRPJ e CSLL, de
competência Federal, e do ISSQN, notadamente quanto à aplicação do princípio da
imunidade recíproca. Assim, sobre o IRPJ o Balanço informa a realização de depósitos
judiciais que totalizavam R$ 24,9 milhões no final de 2020, enquanto que as discussões
sobre o ISSQN, registradas em contas do passivo, alcançam R$ 69,2 milhões.
O Balanço da EGR nos últimos exercícios financeiros vem demonstrando
significativa quantidade de recursos em aplicações financeiras, realizadas no SIAC,
conforme se demonstra. Este percentual alcançou 19,6% em 2020.
APLICAÇÕES FINANCEIRAS
Receita Total Aplicação Financeira
Exercício % Aplicações/Receita
(R$ x 1.000.000) (R$ x 1.000.000)
2015 218,7 75,6 34,6
2016 215,8 73,7 34,2
2017 243,3 78,8* 32,4
2018 297,0 65,0 21,9
2019 298,8 44,9 15,0
2020 272,1 53,3 19,6
Em 2017 foi considerada a disponibilidade de caixa e não a aplicação no SIAC
Fonte: Pareceres Prévios: 2015 a 2019. BGE, -
566
tanto do segmento exportador quanto do mercado interno. Visando este objetivo, é
importante a ampliação da participação do modal hidroviário no sistema, posto que esse
modal, para determinados produtos e rotas, possibilita um custo de transporte mais baixo
que o rodoviário81. Conforme o Relatório Síntese do PELT-RS, o Estado, no âmbito
brasileiro, pode ser considerado privilegiado por suas vias navegáveis, pois, à exceção da
Amazônia, é o único estado brasileiro que possui uma rede hidroviária navegável em
condições comerciais, interligada com um grande porto marítimo, no caso, Rio Grande.
As atividades vinculadas à SubFunção Transporte Hidroviário foram
exercidas pela Superintendência do Porto do Rio Grande – SUPRG, a qual possuía a
atribuição de coordenar o Programa Porto do Rio Grande – Portal Logístico do
MERCOSUL, cujos objetivos e ações buscam, além de operar e manter o porto e suas
instalações, desenvolver instrumentos capazes de proporcionar o aumento na capacidade
de movimentação de carga e atender ao cliente com segurança, qualidade e redução de
custos. Incorporou as funções desenvolvidas pela Superintendência de Portos e Hidrovias
– SPH, a partir da extinção desta em 2017.
Vale mencionar que o PPA 2020-2023, Lei Nº 15.326, de 1º de outubro de
2019, traz o Programa RS INFRAESTRUTURA, o qual tem, como um de seus objetivos, a
diminuição do custo logístico, por meio da integração intermodal. Assim, prevê a Ação
Programática Transportes: Integração e Otimização Intermodal, a cargo da Secretaria de
Logística e Transportes. Duas das iniciativas previstas são o Plano de Fomento a
Integração Intermodal e a Reestruturação dos Portos e Hidrovias do RS. Esta última
iniciativa, prevê, para o período 2020-2023, a transformação da SUPRG de Autarquia em
Empresa Pública, “assegurando-lhe autonomia administrativa e financeira para a sua
operação, visando garantir a manutenção da navegabilidade do sistema hidroviário,
mediante a viabilização dos serviços de dragagem e a sinalização náutica do canal de
acesso do complexo portuário de Rio Grande e da malha hidroviária, por meio de
parcerias com a União e com o setor privado, além da adequação dos calados e dos
berços de atracação dos Portos do RS.”. Entre as ações programas estão as dragagens do
canal de acesso ao Porto do RS (20.000.000 m3) e de hidrovias (9.555.876,6 m3) e a
instalação de um sistema integrado de gerenciamento de informações do tráfego de
embarcações dotado de tecnologia de monitoramento ambiental, ações que compõem a
Inciativa de Reestruturação dos Portos e Hidrovias do RS, com recursos orçamentários
previstos de R$ 40,0 milhões para os 4 anos.
Em 2020 o Porto do Rio Grande movimentou um total de 38.090 mil
toneladas de mercadorias, uma diminuição de 7,8% em relação as 41.303 mil toneladas
movimentadas em 2019.
81
A Pesquisa CNT da Navegação Interior de 2013 aponta que, enquanto uma embarcação consome 4,1 litros de
diesel para transportar uma tonelada de carga por 1.000 km, o modal ferroviário consome 5,7 litros e o rodoviário 15,4
litros, de modo que, garantida a escala para operação, a navegação interior é o modal mais eficiente em termos
energéticos. Um melhor aproveitamento do modal hidroviário pode, inclusive, reduzir a pressão sobre as rodovias,
diminuindo o volume de tráfego de caminhões pesados em longas distâncias, bem como reduzir as emissões de gases
de efeito estufa. Disponível em www.cnt.org.br. Acesso em 16/03/2018
567
PORTO DE RIO GRANDE
MOVIMENTAÇÃO TOTAL DE CARGA POR ANO – EM MIL TONELADAS
50.000
40.000
30.000
20.000
10.000
0
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Fonte: SUPRG: www.portosrs.com.br. Acesso em 04/05/2021
568
SUBFUNÇÃO TRANSPORTE HIDROVIÁRIO X DESPESA CONSOLIDADA DO ESTADO - 2020
Em R$ milhões (inflacionados)*
DESPESA TOTAL PART. NA
DESPESA SUBFUNÇÃO TRANSPORTE HIDROVIÁRIO**
DO ESTADO** DESPESA TOTAL
EXERCÍCIO
% VALORES
EMPENHADO LIQUIDADO PAGO EMPENHADO
EMPENHADOS
2019 10,30 5,68 5,23 49.239,60 0,02
2020 25,72 21,20 20,42 47.846,50 0,05
Fonte: Sistema Cubos DW da SEFAZ/CAGE e Sistema AFE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Valores atualizados pelo IPCA-médio.
(**) Valores ajustados com a dedução das despesas intraorçamentárias (Modalidade de Aplicação 91). . Valores ajustados considerando a despesa total do Estado
sem as transferências aos municípios, em face da alteração nas normativas contábeis eme 2020 – ver nota explicativa.
569
c) unificar a linguagem dos órgãos e das ações governamentais;
d) produzir e distribuir informações de interesse público referentes a atos e ações
governamentais;
e) formular, executar e acompanhar o Plano Anual de Publicidade e Propaganda
Governamental;
f) assessorar e orientar os eventos e as atividades institucionais de relações públicas dos
órgãos da Administração Estadual;
g) coordenar a elaboração, produção e distribuição de informações de interesse público,
por meio das redes sociais e dos canais digitais de comunicação;
h) monitorar todo e qualquer tipo de patrocínio, coordenando a divulgação e utilização
das marcas da Administração Direta e Indireta do Estado; e
i) administrar, executar e fiscalizar a publicidade do Governo, coordenando a divulgação
das demais áreas da gestão, envolvendo as atividades de agências de publicidade e
contratos pertinentes.
82
Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, art. 24, inciso III, quando trata da obrigatoriedade do
executivo publicar anualmente “relatório pormenorizado das despesas mensais realizadas pelo Estado e
pelas entidades da administração indireta na área de comunicação, especialmente em propaganda e
publicidade”.
570
para o cumprimento de compromisso formalizado no Mapa Estratégico de Governo 2019
–2020, mais precisamente em relação a “Aprimorar os mecanismos de transparência” das
ações de governo, previsto na dimensão de Governança e Gestão deste instrumento de
governo.
Em 2019, a SECOM informou que não havia elaborado o Plano Anual de
Publicidade e Propaganda Governamental, devido a edição do Decreto nº 54.870/19.
Sendo que uma nova portaria iria ser elaborada pela secretaria, definindo o conteúdo
mínimo do plano, quais prazos deverão ser observados na sua formulação e como se dará
sua execução e acompanhamento.
A referida portaria (Portaria SECOM nº 016/20) foi publicada no dia 16-09-
20, fato que ensejou a não realização de plano anual em tempo hábil no ano em análise.
Diante do exposto, entende-se que o tema deva constituir objeto de
posterior análise a fim de verificar o cumprimento da disposição legal atinente à
elaboração e divulgação do fundamental instrumento de gestão transparente das ações e
dos gastos, além de boa prática em relação à publicidade e propaganda governamental.
571
observe o que a Constituição Estadual, estabeleceu já em 1989 – passados 30 anos,
portanto – em seu art. 24, inciso III, o que, entende-se, deva ser tomada como uma
oportunidade para inovar neste campo e aperfeiçoar a relação da administração com os
demais atores sociais, em particular com o cidadão.
Também neste ponto merece atenção o compromisso assumido e
formalizado no Mapa Estratégico, mais objetivamente o de “Aprimorar os mecanismos de
transparência” das ações de governo.
Assim, na esteira do que se propõe para o Plano Anual de Publicidade e
Propaganda Governamental, seja o tema objeto de posterior análise a fim de verificar o
cumprimento da disposição constitucional, também fundamental instrumento de gestão
e de transparência das ações e dos gastos com publicidade e propaganda governamental.
572
Além de definir a abrangência do conceito de serviços de publicidade, a
Lei nº 12.232/10 dispôs que os contratos de serviços de publicidade deveriam ser
destinados somente às atividades especificadas como tal, ficando “vedada a inclusão de
quaisquer outras atividades, em especial as de assessoria de imprensa, comunicação e
relações públicas ou as que tenham por finalidade a realização de eventos festivos de
qualquer natureza, as quais serão contratadas por meio de procedimentos licitatórios
próprios, respeitado o disposto na legislação em vigor.”
A SECOM informou ainda, em resposta a requisição de documentos SAIPAG
28/2021, que encontra-se em andamento o processo licitatório para contratação de cinco
agências de publicidade (Processo Administrativo Eletrônico nº 19/0811-0000070-3), com
sorteio previsto para o dia 11-05-2021.
Sobre as despesas de publicidade obrigatória e institucional realizadas pela
Administração Estadual Direta e Indireta, excluindo as Empresas Estatais, o procedimento
adotado na elaboração deste trabalho para obtenção dos valores aplicados considerou as
despesas processadas e contabilizadas nos Projetos específicos de Publicidade, bem como
as contabilizadas em outros Projetos nas rubricas:
- 3029 - Material de Divulgação Promocional e Institucional;
- 3902 - Serviço de Divulgação Promocional e Institucional; e
- 3933 - Serviços de Divulgação Obrigatória.
O critério adotado para análise das despesas de publicidade na elaboração
deste Parecer Prévio não incluiu a rubrica 3934 – Serviços Gráficos, pois, embora ela
possa registrar algumas despesas características de publicidade, regularmente deve ser
utilizada para fim diverso, ou seja, para apropriar despesas correspondentes a serviços
gráficos em geral (reprografia, microfilmagem, encadernação, emolduração e talonários
para diversos expedientes, entre outros).
Considerando esses critérios, os gastos da Administração Direta (incluindo-
se os Poderes Legislativo, Judiciário e o Ministério Público), acrescidos dos realizados
pelas Autarquias e Fundações, resultaram num total de R$ 54,8 milhões durante o
exercício de 2020, o que representa um aumento de 42,9% em ralação ao ano anterior.
573
O Poder Executivo respondeu por 83,9 % da despesa pública empenhada
no ano de 2020. A SECOM foi responsável por 50,1% do total, enquanto as autarquias e
fundações foram responsáveis por 22,9% Em relação aos demais poderes, a Assembleia
Legislativa aplicou 15,3% do total em publicidade e propaganda.
Houve uma grande variação na comparação com 2019, especialmente nos
gastos da SECOM (aumento de 104,5%) e da Secretaria da Saúde (aumento de 143,2%),
fato este fortemente impactado pela pandemia da Covid-19. O Estado viu-se na obrigação
de alertar a população sobre todas as medidas de distanciamento controlado e restrições
ao comércio.
A seguir, são comparados os valores e a participação dos Órgãos e
Entidades da Administração Direta e Indireta (exceto as empresas estatais) no total de
recursos empenhados pelo Poder Executivo Estadual nos exercícios de 2015 a 2020,
obedecendo aos critérios propostos para a elaboração deste Relatório (rubricas 3029,
3902 e 3933).
574
DESPESAS COM PUBLICIDADE DO PODER EXECUTIVO ESTADUAL 2015-2020
Em R$ milhões (nominais)
ÓRGÃOS 2015 2016 2017 2018 2019 2020
INSTITUTO DE PREVIDENCIA DO ESTADO DO RS 0,0 0,0 0,1 0,0 - 0,0
DEPARTAMENTO AUTONOMO DE ESTRADAS DE RODAGEM 0,8 0,8 0,8 0,5 0,3 0,2
INSTITUTO RIOGR DO ARROZ 1,5 1,6 2,0 1,9 1,7 1,5
FUNDACAO ORQUESTRA SINFONICA DE PORTO ALEGRE 0,0 0,0 0,1 - - -
SUPERINTENDENCIA PORTO DE RIO GRANDE 0,6 0,5 0,6 0,8 0,5 0,7
AGENCIA ESTAD DE REGUL DOS SERVS PUBL DELEG RS 0,0 0,0 0,1 0,0 0,1 0,0
DETRAN 2,9 3,0 7,2 10,3 11,7 9,8
ESCRITORIO DE DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS 0,0 0,0 0,1 0,1 - 0,1
JUNTA COML INDL E SERVS DO RIO GRANDE DO SUL 0,1 0,1 0,2 - - -
FUNDACOES 1,6 1,8 1,4 0,1 0,2 0,2
FUNDACAO DE AMPARO A PESQUISA DO RGS - 0,2 0,1 - - -
FUND DE ATENDIMENTO SOCIO EDUCATIVO DO RS 0,2 0,1 0,1 - - -
FUND GAUCHA DO TRABALHO E ACAO SOCIAL 0,1 0,1 0,1 - - -
FUND DE CIENCIA E TECNOLOGIA 0,1 - - - - -
FUND DE ECONOMIA E ESTATISTICA - 0,1 - - - -
FUND DE PLANEJAMENTO METROPOLITANO E REG 0,2 0,2 0,1 - - -
FUND PARA DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS 0,1 0,2 0,0 - - -
FUND PIRATINI - 0,1 0,1 - - -
FUND DE ARTICULACAO E DESENVOLVIMENTO DE POLIT - - 0,1 - - -
FUNDACAO ESTADUAL DE PROTECAO AMBIENTAL 0,1 0,1 0,2 - - -
FUND ESTADUAL DE PESQUISA AGROPEC 0,1 0,1 - - - -
FUND ESTADUAL PRODUC E PESQUISA EM SAUDE FEPPS 0,2 0,2 - - - -
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL 0,4 0,3 0,4 0,1 0,1 0,1
FUND DE PROTECAO ESPECIAL DO RIO GRANDE DO SUL 0,1 0,1 0,2 - - -
TOTAL GERAL 15,2 28,1 43,8 36,4 31,0 45,8
Fonte: Sistema Cubos DW da SEFAZ/CAGE (valores empenhados nas rubricas 3029, 3902 e 3933)
575
Como comentado anteriormente, a Portaria nº 01/2015 registra a
permanência do controle da SECOM sobre as ações de Comunicação promovidas pelas
sociedades de economia mista pertencentes à Administração Indireta do Governo
Estadual, havendo a necessidade de aprovação das SAACs – Solicitação de Autorização
para Ações de Comunicação correspondentes.
Em 2020, as despesas das companhias estatais com publicidade
institucional e legal, alcançaram o montante de R$ 53,4 milhões e R$ 3,4 milhões,
respectivamente, conforme dados fornecidos pela Secretaria da Comunicação, em
resposta à requisição de documentos da equipe de auditoria.
576
Observa-se que as despesas com publicidade em 2020, conforme já
comentado, tiveram crescimento principalmente na Secretaria da Saúde, em razão da
pandemia da Covid-19.
577
• Criação de grupos regionais de Whatspp com intuito de divulgar e dar
ênfase às ações locais.
• Ações de comunicação para a proposta de reforma tributária (cartilha
informativa, série de vídeos, entrevista e drops com o governador, live especial).
• Transmissões on-line de lançamentos, projetos e anúncios de governo.
578
11 SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA E
ENTIDADES CONTROLADAS
O presente capítulo tem como objeto a análise econômico-financeira das
sociedades de economia mista e entidades controladas, as quais totalizam 15 (quinze)
empresas.
Diversas funções de governo são desenvolvidas por essas entidades e, por
intermédio delas, o Estado intervém, supletivamente, na economia, buscando o equilíbrio
entre os interesses públicos e privados.
A análise combinada dos dados propicia examinar, em termos globais, a
variação dos valores ativos e passivos das instituições, incluindo seus desempenhos em
termos operacionais.
As entidades, a seguir arroladas, formam o universo deste tópico, cujo
exame econômico-financeiro foi efetuado com base nas demonstrações financeiras das
empresas, que integram o Balanço Geral do Estado de 2020, em seu Volume V.
580
BALANÇO PATRIMONIAL COMBINADO – EMPRESAS E ENTIDADES
Em R$ milhões nominais
ATIVO PASSIVO
EMPRESA / ENTIDA- PATRIMÔNIO
DE CIRCULAN- NÃO NÃO LÍQUIDO
TOTAL CIRCULANTE TOTAL
TE CIRCULANTE CIRCULANTE
Banrisul * * 91.675,2 * * 83.331,2 8.344,1
Banrisul – Corretora 93,3 6,7 100,0 10,6 0,5 11,1 88,9
Banrisul - Consórcios 148,3 206,2 354,5 52,0 0,8 52,8 301,7
Banrisul – Cartões 3.075,9 107,0 3.182,9 1.877,8 9,8 1.887,6 1.295,3
BAGERGS 32,5 39,4 71,9 11,1 1,7 12,8 59,1
CEASA/RS 10,8 12,6 23,4 4,3 2,5 6,8 16,6
PROCERGS 74,6 120,1 194,7 108,8 127,4 236,2 (41,5)
CRM 142,9 251,6 394,5 60,8 32,8 93,6 300,9
Corsan 774,8 6.152,6 6.927,4 864,4 2.019,5 2.883,9 4.043,5
CADIP 221,4 0,2 221,6 - 0,3 0,3 221,3
Badesul 1.057,7 1.602,9 2.660,6 566,5 1.351,1 1.917,6 743,0
EGR 62,8 156,1 218,9 103,3 28,6 131,9 87,0
SULGÁS 173,4 204,0 377,4 177,9 9,4 187,3 190,1
CEEE - D 1.092,1 2.922,7 4.014,8 2.161,8 7.595,9 9.757,7 (5.742,9)
CEEE - GT 1.695,8 3.852,4 5.548,2 537,9 2.472,6 3.010,5 2.537,7
TOTAL GERAL 8.656,3 15.634,5 115.966,0 6.537,2 13.652,9 103.521,3 12.444,8
Fonte: Balanço Geral do Estado Volume V – 2020
*O Banrisul não divulgou o ativo e passivo separado em circulante e não circulante
581
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 2015/2019
Em R$ milhões (corrigidos*)
∆%
EMPRESAS 2016 2017 2018 2019 2020
2020/2016
Vlr. Nominal 676,7 689,9 708,8 732,9 743,0 9,8%
Vlr. Inflacionado* 776,9 765,7 758,9 756,4 743,0 -4,4%
∆ % inflacionada -1,4% -0,9% -0,3% -1,8%
Fonte: Balanços gerais das sociedades (BGE 2020, volume V)
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS
(*) Valores Inflacionados pelo IPCA-Médio.
582
11.2 – Análise da Demonstração do Resultado do Exercício Combinado
As atividades das diversas empresas do Governo Estadual geraram, em
2020, um lucro líquido de R$ 1,60 bilhão, demonstrado a seguir:
583
11.3 – Análise dos Indicadores Econômico-Financeiros das Sociedades de Econo-
mia Mista e Controladas
Tendo por base o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do
Exercício, segue análise de alguns índices que apontam o estado financeiro dessas
entidades em 31-12-2020. Para efeito de simplificação das contas, os valores estão
dispostos em milhões de reais e são utilizadas as siglas:
Apresenta-se, a seguir, um breve resumo acerca dos principais índices83:
a) Índice de Liquidez Corrente (ILC):
O ILC é considerado o índice mais importante, é calculado dividindo o valor
do Ativo Circulante com o valor do Passivo Circulante, sendo que seu quociente
representa o quanto a empresa dispõe, em valores imediatamente disponíveis ou direitos
conversíveis rapidamente em dinheiro, para saldar suas obrigações de curto prazo, ou
seja, o quanto a empresa dispõe em bens e direitos de curto prazo para fazer frente a
cada real de dívida de curto prazo.
83
Material retirado do artigo “Análise de Balanço: seus índices e indicadores”, do autor Rogério Pereira
da Silva, disponível no endereço eletrônico: https://contjet.com.br/artigos/indicadores-financeiros/
584
PRINCIPAIS ÍNDICES FINANCEIROS
EMPRESAS / ENTIDADES ILC CE ROE ROA
Banrisul * * 8,72 0,79
Banrisul – Corretora 8,80 0,95 2,36 2,10
Banrisul - Consórcios 2,85 0,98 14,58 12,41
Banrisul – Cartões 1,64 0,99 18,89 7,69
BAGERGS 2,93 0,87 14,04 11,54
CEASA/RS 2,51 0,63 1,27 0,90
PROCERGS 0,69 0,46 -28,19 6,01
CRM 2,35 0,65 -2,06 -1,57
Corsan 0,90 0,30 44,87 26,19
CADIP - - -0,09 -0,09
Badesul - AF 1,87 0,30 1,75 0,49
EGR 0,61 0,78 - -
SULGÁS 0,97 0,95 41,82 21,07
CEEE - D 0,51 0,22 28,26 -40,42
CEEE - GT 3,15 0,18 10,99 5,03
TOTAL GERAL 1,32 0,32 12,82 1,38
Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG
*O Banrisul não divulgou o ativo e passivo separado em circulante e não circulante
11.4.1 – Banrisul
O Banco do Estado do Rio Grande do Sul - Banrisul é uma sociedade
anônima de capital aberto, controlada pelo Estado do Rio Grande do Sul. Como banco
múltiplo, atua nas carteiras comercial, de crédito, de financiamento e de investimento,
crédito imobiliário, desenvolvimento e arrendamento mercantil, inclusive nas de
operação de câmbio. Por intermédio de suas controladas e coligadas, atua em diversas
outras atividades, com destaque para corretagem de títulos e valores mobiliários,
administração de consórcios, meios de pagamento, seguros e previdência. As operações
são conduzidas por um conjunto de instituições que agem de forma integrada no
mercado financeiro. O Banrisul atua, também, como instrumento de execução da política
econômico-financeira do Estado, em consonância com os planos e programas do Governo
Estadual.
585
O capital social do Banco, em 31-12-2020, era de R$ 5,20 bilhões, subscrito
e integralizado, representado por 408.974.477 ações, sem valor nominal, como segue:
586
DEPÓSITOS E CAPTAÇÕES NO MERCADO ABERTO – 2019/2020
Em R$ milhões (nominais)
COMPOSIÇÃO 2019 2020 ∆ % ANUAL
Depósitos 53.673,0 62.820,5 17,0%
À vista 3.237,9 4.300,6 32,8%
Poupança 9.622,2 11.065,6 15,0%
Interfinanceiros 457,1 1.478,8 223,5%
A Prazo 40.342,3 45.957,1 13,9%
Outros Depósitos 13,5 18,4 36,3%
Captação no Mercado Aberto 3.577,1 4.573,4 27,9%
Carteira Própria 3.577,1 4.573,4 27,9%
TOTAL 57.250,1 57.250,1 3,98
Fonte: Relatório de Demonstrações Financeiras do Banrisul, página 102.
587
HISTÓRICO DO RESULTADO NOS ÚLTIMOS CINCO EXERCÍCIOS - 2016/2020
Em R$ milhões (nominais)
DISCRIMINAÇÃO 2016 2017 2018 2019 2020
Lucro Líquido apurado no Demonstrativo do Resultado do
659,7 1.053,0 1.048,6 1.344,4 727,5
Exercício
∆ % anual nominal 59,6 -0,4 28,2 -45,9
Fonte: Relatório de Demonstrações Financeiras do Banrisul de 2016 a 2020
11.4.2 – Badesul
O Badesul Desenvolvimento S.A. – Agência de Fomento/RS é uma
instituição financeira de capital fechado, constituída sob a forma de sociedade anônima
de economia mista, autorizada pela Lei nº 10.959, de 27-5-1997, alterada pela Lei nº
588
11.105, de 22-01-1998, e pela Lei nº 13.864, de 28-12-2011, cujo controle acionário é do
Estado do Rio Grande do Sul, que possui 99,99% do seu Capital Social, totalmente
integralizado e representado por ações ordinárias nominativas. Seu funcionamento foi
autorizado pelo Banco Central do Brasil, em 07-12-1998. Tem por objetivo fomentar o
desenvolvimento econômico e social do Estado do Rio Grande do Sul, por meio de
financiamento aos setores público e privado.
Seu Capital Social e seu Patrimônio Líquido, em 31-12-2020, apontavam
saldos de R$ 756,3 milhões e de R$ 743,0 milhões, respectivamente. O Capital Social da
instituição estava representado por 756,3 milhões de ações ordinárias nominativas, no
valor de R$ 1,00 cada uma.
A Agência de Fomento desembolsou, em 2020, R$ 447,8 milhões
destinados ao financiamento de projetos voltados ao desenvolvimento econômico e
social do Rio Grande do Sul, o que representa um acréscimo de 34,6% em relação aos R$
335,0 milhões liberados em 2019. Com isso, o saldo de operações ativas desta instituição
foi de R$ 1,95 bilhão em dezembro de 2020.
O resultado registrado pelo Badesul no exercício de 2019 foi de
R$ 13,1 milhões, representando uma queda de 53,4% em relação ao exercício anterior
(R$ 28,1 milhões).
Na carteira de operações de crédito, discriminada por setores de atividades
beneficiados por financiamentos, o setor privado é o que concentra o maior estoque.
Nessa esfera, houve um decréscimo de 6,6% em relação ao exercício anterior. A maior
representatividade reside nas operações rurais (R$ 808,6 milhões) e industriais
(R$ 444,1 milhões).
589
Em relação aos eventos acima relatados, essa Corte de Contas, tendo
identificado inconsistências em concessões de crédito, quando de sua auditoria ordinária
no Badesul, instaurou, em 2015, dois procedimentos de inspeção extraordinária para
examinar o período de 2012 a 2015, quanto a eventuais repercussões de firmatura de
“cédula de crédito bancário” com as empresas Wind Power Energia S/A (Processo 10326-
0200/15-9) e IESA Óleo & Gás S/A (Processo 10046-0200/15-8). Tais processos estão
sobrestados, até que sobrevenha decisão definitiva na Ação por Improbidade no Processo
n. 9047666-49.2018.8.21.0001, em curso perante a 7ª Vara da Fazenda Pública da
Comarca de Porto Alegre (consulta em 23-04-2021).
Conforme Notas Explicativas elaboradas pelo Poder Executivo, constantes
do Balanço Geral do Estado de 2020, seguem pendentes R$ 26,73 bilhões de recursos
Fundopem para aumento de Capital do Badesul. O valor representa a parcela de 30% dos
retornos de financiamento destinada ao aumento de capital do Badesul, conforme art. 15
da Lei Estadual nº 11.916/2003, alterado pela Lei Estadual nº 14.744/2015.
O assunto vem sendo apontado nos relatórios anuais desde 2015, sendo
que nos esclarecimentos das contas de 2019, foi citado pelo gestor que, a partir de
reunião realizada entre integrantes da Secretaria da Fazenda e da Secretaria de
Desenvolvimento Econômico e Turismo, identificou-se a necessidade de retomada do
trâmite do processo administrativo em questão, a fim de dar prosseguimento à solução
da pendência, com o início do pagamento nos moldes estabelecidos pela JUNCOF. Citou-
se que, na época, estava sendo aguardada a remessa do PROA 18/1600-0001548-0 à
Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo, pelo BADESUL, para
perfectibilização do empenho.
590
participação em outros projetos realizados em parcerias público-privada (ETAU, FOTE e
TESB). A extensão total das linhas de transmissão próprias é de 5.937 km em tensões de
230, 138 e 69 kV, além de 371 km de linhas de transmissão em participações em SPEs.
Além disso, em dezembro de 2020, a CEEE-GT sagrou-se, de forma sozinha, vencedora do
Lote 6 do Leilão ANEEL nº 001/2020, sendo que desde o ano de 2002 a empresa não
participava de leilões desta natureza. Este Lote foi composto por trechos de linhas de
transmissão em 138kV e 230kV, que totalizam cerca de 4 km, e a Subestação
Cachoeirinha 3, com potência de 495 MVA, localizados no Rio Grande do Sul.
Os principais acionistas da CEEE – GT são a Companhia Estadual de Energia
Elétrica Participações – CEEE – Par, com 66,06%, e a ELETROBRÁS, com 32,65% das ações.
O restante de 1,29% das ações pertence a acionistas minoritários.
A CEEE - GT é controlada, diretamente, pela CEEE - Par e, indiretamente,
pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul, considerando sua ampla participação de
capital da CEEE - Par.
COMPOSIÇÃO ACIONÁRIA DA CEEE – GT EM 31-12-2020
591
do Sul, controlador indireto da Companhia, notificação referente à intenção de realizar o
processo de cisão parcial, segregando os segmentos de geração e transmissão, em
consonância com o Processo de Desestatização da CEEE-GT, sendo que em 27 de
novembro foi emitido o CNPJ da empresa Geração, sob o número 39.881.421/0001-04.
Este processo integra o Planejamento Estratégico 2021-2025 e a expectativa é de que os
leilões de desestatização dos negócios de transmissão e geração sejam realizados,
respectivamente, no 1º e 2º semestres de 2021.
592
CONSUMO FATURADO POR CLASSE
Em GWh
CLASSES 2018 2019 %
Residencial 3.026,22 3.148,44 4,0%
Industrial 432,44 329,65 -23,8%
Comercial 1.738,80 1.515,26 -12,9%
Rural 538,74 558,68 3,7%
Poder Público 326,67 267,01 -18,3%
Outros 503,56 500,51 -0,6%
Consumidores livres 1.423,57 1.461,30 2,7%
TOTAL 7.990,00 7.780,85 -2,6%
Fonte: BGE 2020, volume V, p. 363.
593
agosto de 2019. O BNDES está coordenando o projeto, que compreende estudos de
modelagem econômico-financeira, consulta e audiência pública, realização de leilão e
assinatura de contrato entre o setor público e a empresa vencedora, além de prestar
assessoria jurídica e auxiliar na divulgação do projeto e na interação com o mercado para
a concretização da privatização.
Na Assembleia Geral Extraordinária de 03 de setembro de 2020 a CEEE-
PAR, controladora da CEEE-D, deliberou pela alienação do controle acionário da
totalidade das ações detidas na Companhia. A realização da referida operação depende
de autorizações legais, societárias e regulatórias.
Em 16 de novembro foi divulgado fato relevante relativo ao valor
econômico mínimo da operação de R$ 50 mil e ao aporte de capital na CEEE-D de R$
3,363 bilhões, sendo: a) AFAC de R$ 270 milhões na data-base de 30 de junho de 2020; b)
R$ 2,78 bilhões relativo à parte do saldo de ICMS devido ao Estado do Rio Grande do Sul;
e c) R$ 313 milhões relativo aos ex-autárquicos. A eficácia dos aportes fica vinculada ao
êxito da desestatização da Companhia e sua aprovação pelo Conselho Administrativo de
Defesa Econômica e pela ANEEL. No dia 08 de dezembro de 2020 o Governo do Estado do
Rio Grande do Sul publicou o edital da venda do ativo.
O leilão ocorreu no dia 31 de março de 2021, na Bolsa de Valores de São
Paulo, a B3 S.A – Brasil, Bolsa, Balcão. A CEEE-D foi vendida para a holding Equatorial,
sendo que a proposta inicial, de R$ 100 mil foi a única válida no leilão. De acordo com o
governo do Estado, a transferência do controle da concessão para a Equatorial irá ocorrer
entre 60 e 90 dias.
11.4.5 – Corsan
A Companhia Riograndense de Saneamento – Corsan é uma sociedade de
economia mista e capital aberto, cujo objeto é realizar a construção, a operação, a
exploração mercantil e a ampliação de instalações concernentes aos serviços públicos de
fornecimento de água potável e coleta de esgotos sanitários, entre outras atividades.
O acionista controlador da Companhia é o Estado do Rio Grande do Sul,
que detém 99,99% do seu capital social. A composição societária pode ser assim
resumida:
594
COMPOSIÇÃO SOCIETÁRIA DA CORSAN - EM 31-12-2020
PARTICI- AÇÕES ORDINÁRIAS
AÇÕES PREFERENCIAIS CAPITAL TOTAL
PAÇÃO (Capital Votante)
SOCIETÁ-
QUANTIDADE % QUANTIDADE % QUANTIDADE %
RIA
Rosário
do Sul
PM de
2 0,00000063373 2 0,00000063373 4 0,00000063373
Lajeado
PM de
2 0,00000063373 2 0,00000063373 4 0,00000063373
Quarai
PM de
Cerro 2 0,00000063373 2 0,00000063373 4 0,00000063373
Largo
TOTAL 315.592.525 100,00000000 315.592.525 100,00000000 631.185.050 100,00000000
Fonte: BGE 2020, volume V, p.284.
595
funcionários, o Programa Recupera Sul e a postergação do pagamento das parcelas de
seus clientes.
O resultado líquido do BRDE teve queda de 28,30% em 2020, alcançando
R$ 199,3 milhões (R$ 278,0 milhões em 2019). O ativo total atingiu o valor de R$ 16,65
bilhões, dos quais R$ 13,21 bilhões referem-se a operações de crédito (líquidas de
provisões). Por outro lado, as obrigações somaram R$ 13,55 bilhões e o patrimônio
líquido totalizou R$ 3,01 bilhões.
A carteira de crédito do BRDE fechou 2020 com R$ 13,61 bilhões (valores
brutos), sendo mais de 50% do saldo concentrado nos 100 maiores clientes.
O saldo do financiamento, por setor de atividade do projeto, estava
distribuído da seguinte forma ao final de 2020: a agropecuária respondia por 27,2%; a
indústria por 22,8% e o setor de infraestrutura representava 22,4% do total.
596
12 TRANSPARÊNCIA, CONTROLE INTERNO E
SOCIAL
Reconhecido como um eixo central do bom governo, a transparência trans-
cende o fim em si para alcançar os temas da interlocução, da participação e do controle
da sociedade em relação aos atos da administração pública mormente no contexto con-
temporâneo. Em face disso, estes aspectos são aqui tratados de forma articulada. Esta
perspectiva integrada, a propósito, assenta-se no que dispõe a Resolução ATRICON nº
9/2018, que estabelece as Diretrizes de Controle Externo relacionadas à temática da
Transparência dos Tribunais de Contas e dos jurisdicionados.
A análise ora empreendida alinha-se à transparência assumida como valor
institucional do Tribunal de Contas do Estado – PET TCE 2018–202284 –, inclusive a pautar
suas funções finalísticas. Como desdobramento, no Plano de Gestão do TCERS 2020–
202185 está prevista a Iniciativa Estratégica nº 2 – Promover ações de fortalecimento dos
direitos fundamentais e do controle social –, que tem entre suas entregas a seguinte:
[...]
84
http://www1.tce.rs.gov.br/portal/page/portal/tcers/institucional/qualidade/planejamento_estrategico/PET_Revista_
PDF-09.07.2019.pdf
85
http://www1.tce.rs.gov.br/portal/page/portal/tcers/institucional/qualidade/planejamento_estrategico/Plano%20Ges
t%E3o%202020-2021.pdf
598
nicação com a sociedade, estes instrumentos de gestão e de governo estão, portanto, em
sentido amplo, ao alcance do exame relativo às Contas de Governo.
Registra-se, inda, que este capítulo foi desenvolvido em estreita colabora-
ção entre o Serviço de Auditoria, Instrução, Parecer Prévio e Acompanhamento da Gestão
Fiscal – SAIPAG, os demais Serviços de Auditoria Estadual – SAE’s I, II e III. A análise enfoca
a estrutura, os processos e o substrato normativo regulamentador para evidenciar aspec-
tos limitadores que se impõem ao funcionamento e aos bons resultados das ações de
governo, a fim de subsidiar o chefe do Poder Executivo e demais gestores para a tomada
de decisão orientada para o aperfeiçoamento da Administração.
Nesse sentido, a Lei Estadual nº 15.246, de 02 de janeiro de 2019, em seu
Anexo I, vincula à Secretaria de Governança e Gestão Estratégica – SGGE, a seguinte com-
petência:
a) coordenar e monitorar a execução dos programas, projetos e ações
estruturantes do Governo e seus resultados, por meio da estrutura
técnica central e setorial, com o intuito de aumentar a transparência na
gestão;
Desse modo, para além das diretrizes legais atinentes à matéria, a explici-
tação contida no mapa estratégico posiciona o tema da transparência e do controle, no-
86
Conforme consulta no portal institucional da Secretaria de Governança e Gestão Estratégica:
https://governanca.rs.gov.br/mapa-estrategico-2019 [Acesso em 09-04-2021].
599
tadamente o controle social entre as diretrizes fundamentais de governo para o período
de 2019–2022. Disso decorre que a manifesta vontade de governo demonstrada em
compromisso assumido e feito público – o Planejamento Estratégico – igualmente vincula
o administrador ao imperativo de acerca dela prestar contas.
Em consonância com a legislação que organiza o Poder Executivo e suas in-
tenções contidas no referido Mapa Estratégico, outros instrumentos de transparência e
estímulo ao controle social da gestão constituem objeto de análise deste capítulo, a sa-
ber:
Art. 1º [...]
§1º A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e
transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar
o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de
resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que
tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade
social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive
por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a
Pagar. (Grifou-se).
600
Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada
ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos,
orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o
respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o
Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos.
§ 1º A transparência será assegurada também mediante:
I – incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante
os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes
orçamentárias e orçamentos;
II – liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em
tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e
financeira, em meios eletrônicos de acesso público; e
III – adoção de sistema integrado de administração financeira e controle, que
atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido pelo Poder Executivo da
União e ao disposto no art. 48-A.
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disponibilizarão suas
informações e dados contábeis, orçamentários e fiscais conforme
periodicidade, formato e sistema estabelecidos pelo órgão central de
contabilidade da União, os quais deverão ser divulgados em meio eletrônico de
amplo acesso público.
§ 3º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios encaminharão ao Ministério
da Fazenda, nos termos e na periodicidade a serem definidos em instrução
específica deste órgão, as informações necessárias para a constituição do
registro eletrônico centralizado e atualizado das dívidas públicas interna e
externa, de que trata o § 4o do art. 32.
§ 4º A inobservância do disposto nos §§ 2o e 3o ensejará as penalidades
previstas no § 2o do art. 51.
§ 5º Nos casos de envio conforme disposto no § 2o, para todos os efeitos, a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios cumprem o dever de
ampla divulgação a que se refere o caput.
§ 6º Todos os Poderes e órgãos referidos no art. 20, incluídos autarquias,
fundações públicas, empresas estatais dependentes e fundos, do ente da
Federação devem utilizar sistemas únicos de execução orçamentária e
financeira, mantidos e gerenciados pelo Poder Executivo, resguardada a
autonomia.
Art. 48-A. Para os fins a que se refere o inciso II do parágrafo único do art. 48,
os entes da Federação disponibilizarão a qualquer pessoa física ou jurídica o
acesso a informações referentes a:
I – quanto à despesa: todos os atos praticados pelas unidades gestoras no
decorrer da execução da despesa, no momento de sua realização, com a
disponibilização mínima dos dados referentes ao número do correspondente
processo, ao bem fornecido ou ao serviço prestado, à pessoa física ou jurídica
beneficiária do pagamento e, quando for o caso, ao procedimento licitatório
realizado;
II – quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda a receita das
unidades gestoras, inclusive referente a recursos extraordinários.
Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo ficarão
disponíveis, durante todo o exercício, no respectivo Poder Legislativo e no
601
órgão técnico responsável pela sua elaboração, para consulta e apreciação
pelos cidadãos e instituições da sociedade.
602
Registra-se, ainda, que o acompanhamento das publicações desses
Relatórios (RGF e RREO) e do cumprimento dos limites da despesa com pessoal é
relevante para a emissão de certidão por este Tribunal, atendendo ao disposto na
Resolução nº 1089/2018, na Instrução Normativa nº 04/2018 e segundo as exigências do
Manual para Instrução de Pleitos – MIP, da Secretaria do Tesouro Nacional.
O acompanhamento realizado e a análise dos conteúdos, dos prazos e da
forma de publicação permite afirmar que o Poder Executivo procedeu à publicação e à
entrega da documentação dentro dos prazos e condições estabelecidos em correta
observância dos preceitos legais e parâmetros de transparência.
603
Art. 76. O sistema de controle interno previsto no art. 74 da Constituição
Federal terá, no Estado, organização una e integrada, compondo órgão de
contabilidade e auditoria-geral do Estado, com delegações junto às unidades
administrativas dos três Poderes, tendo sua competência e quadro de pessoal
definidos em lei.
Parágrafo único. Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem
conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência, sob
pena de responsabilidade, ao Tribunal de Contas do Estado, o qual comunicará
a ocorrência, em caráter reservado, à Mesa da Assembleia Legislativa87.
88
Fonte: https://cage.fazenda.rs.gov.br/conteudo/1217/apresentacao
87
Com redação dada pela Emenda Constitucional nº 4, de 15 de dezembro de 1993.
88
Acesso em 30/04/2021.
604
e concomitante, da execução da despesa e captação das receitas, que se soma à ação
controladora a posteriori, esta intensamente articulada com o controle externo.
Ainda sobre as atividades desenvolvidas, a CAGE atua no assessoramento e
orientação dos gestores, apoiando-os em questões fundamentais como fornecimento de
suporte em soluções administrativas, financeiras, patrimoniais, operacionais e contábeis.
89
https://cage.fazenda.rs.gov.br/conteudo/1220/planejamento-estrategico (último acesso em 18/05/2021)
605
o reconhecimento, por parte da instituição, de que o envolvimento da sociedade com os
assuntos da administração pública é essencial para o bom governo.
90
https://www.sefaz.rs.gov.br/Site/MontaMenu.aspx?MenuId=92 (último acesso em 18/05/2021)
91
http://www.transparencia.rs.gov.br
92
Diagnóstico sobre os Conselhos de Educação realizado pelo Tribunal de Contas do Estado do RS (2019):
http://portal.tce.rs.gov.br/portal/page/portal/noticias_internet/textos_diversos_pente_fino/Diagnostico_c
onselhoseducacao2019.pdf [Acesso em 19/04/2021].
606
alcançar a análise também do Conselho Estadual de Assistência Social – CEAS e do
Conselho Estadual de Saúde – CES.
O exame realizado em relação aos Conselhos enfoca, essencialmente,
aspectos referentes aos contornos de caracterização, criação legal, competências e
estrutura organizacional dos Conselhos. Segue-se uma abordagem sobre a composição e
a qualificação dos membros, além de uma seção também sobre o quadro de pessoal
destes órgãos. A estrutura física e tecnológica dos Conselhos constitui outro item deste
capítulo. Por fim uma seção sobre a atuação dos conselhos tendo por base as suas
competências legais, sendo que neste item atenção especial foi dispensada ao exame das
ações realizadas por cada um deles em relação aos reflexos decorrentes da situação de
pandemia provocada pela Covid-19. Destaca-se, ainda, que a análise da execução
orçamentária é realizada somente em ralação ao Conselho Estadual de Educação – CEEd,
pois se trata da única estrutura desta natureza que dispõe de previsão própria de
recursos no orçamento do Estado.
Refere-se, ainda preliminarmente, que os dados que subsidiam esta análise
foram colhidos principalmente a partir da Requisição de Documentos e Informações –
SAIPAG nº 22/2021 respondida pela Presidência do CES (Ofício-CES/RS/013/2021), da
Requisição de Documentos e Informações – SAIPAG nº 24/2021 atendida pela Presidência
do CEAS, e da Requisição de Documentos e Informações – SAIPAG nº 25/2021 firmada
pela Presidência do CEEd.
607
12.3.1.1 Composição e Qualificação dos Membros do CEEd
A composição atual do CEEd é de 21 Conselheiros, sendo 7 (sete) de livre
indicação do Governo do Estado e 14 (quatorze) membros indicados por 9 (nove) por
entidades de âmbito estadual. A composição atual do CEEd é de 19 (dezenove)
Conselheiros, tendo em vista que 2 (dois) Conselheiros não tomaram posse, indicados
pelo Sindicato dos Professores Públicos Estaduais/CPERS e pelo Sindicato dos Professores
do Ensino Privado – SINPRO-RS. O Poder Executivo e o CPERS são os organismos com
maior densidade representativa, contando com sete e dois indicados, respectivamente.
Dentre os atuais 19 membros do Conselho, quatro possuem escolaridade
correspondente ao ensino superior incompleto, representando o Executivo estadual, a
União Gaúcha de Estudantes – UGES, a Federação das Associações e Círculos de Pais e
Mestres – ACPM e o Centro dos Professores do Estado do RS – CPERS. Esta condição de
escolaridade, isoladamente, não afasta de plano a possibilidade de contribuição que o
cidadão pode entregar a este importante órgão de gestão democrática e controle social
da educação; mas, de outro lado, é importante reconhecer que pode também sinalizar
um contraste se tomada a relevância das competências institucionais e os impactos das
decisões do CEEd.
Quanto à escolaridade dos demais membros, seis possuem formação em
nível superior, três a titulação em nível de especialização, quatro a de mestrado e dois a
de doutorado. Neste particular, percebe-se uma evolução em termos de titulação se
comparado à observada e registrada no Relatório relativo às contas de exercício de 2019.
Os membros do Conselho participam de 24 (vinte e quatro) sessões
mensais, sendo remunerados mediante jetons, por sessão, no valor de R$ 170,50. A carga
horária de dedicação às atividades do Conselho Estadual de Educação, conforme dispõe o
Decreto n° 44.318, de 01 de março de 2006 (art. 5°, Inciso II) e declaração firmada pelo
candidato à assunção da vaga de membro do Conselho, é a de um período mínimo de
vinte horas semanais para o exercício das suas atribuições no Conselho.
Em relação ao quadro de servidores do CEEd em 2020, observou-se uma
redução em relação ao exercício de 2019. O Conselho iniciou o ano de 2020 com 24 (vinte
e quatro) servidores e concluiu com 19. A redução deve-se ao fato de que 2 (duas)
servidoras entraram em Licença Saúde, 3 (três) exoneram-se e uma (1) aposentou-se.
608
O Conselho ressente-se, no entanto, de um mobiliário adequado, de
equipamentos de suporte às atividades, em especial mobiliário, computadores,
projetores, telas, redes lógica e elétrica e som, seja para dar suporte às reuniões e
sessões deliberativas do Conselho, seja para o desenvolvimento dos trabalhos das
equipes técnicas.
O Conselho Estadual de Educação não possui mobiliário que atenda suas
necessidades mais básicas. [...], devido ao tempo de utilização, necessitamos efetuar
substituições periódicas preventivas e constantes. Entre os principais itens de movelaria
que necessitam de troca estão escrivaninha, mesas para reuniões e cadeiras.
Nossas salas de reuniões não possuem o aparato tecnológico para sua
adequada utilização, como por exemplo, suportes de projetores multimídia, televisores
para substituir a telas, que já estão em precário estado e rede lógica e elétrica
devidamente adaptada ao nosso uso.
A Sala do Plenário necessita de um sistema de som atual, composto de
microfones com a impedância adequada c com possibilidade de gravação das reuniões
para posterior decupagem. As mesas que compõem a sala devem ser substituídas por
uma bancada que se ajuste a exigência protocolar das reuniões do CEEd. (Manifestação
da Presidência do CEEd – RDI nº 25/2021).
Carências em termos de tecnologia de informação e comunicação também
são manifestadas, em particular o acesso à internet disponibilizado, mediante contrato,
pela PROCERGS em capacidade correspondente a 4096 KPBS, o que segundo a
presidência do Conselho, não atende à necessidade de trabalho. Ainda sobre a
infraestrutura de tecnologia, é informado em resposta à Requisição de Documentos e
Informações nº 25/2021:
609
Infere-se pela cota de 100 litros mensais de tancagem que não temos como
fazer um número elevado de saídas. O valor destinado para aquisição de
combustível, lavagem e 4 trocas de óleo e filtro no sistema Ticket é de R$
440.00 (quatrocentos e quarenta reais). Soma-se ao quadro acima outra
dificuldade: no momento, assim como em várias situações do exercício anterior,
estamos bloqueados para abastecimento devido à falta de pagamento das
faturas. (Manifestação da Presidência do CEEd – RDI nº 25/2021).
610
Considerando a execução da despesa de 2020 em relação ao exercício de 2019, observa-
se sensível redução nas rubricas relativas a deslocamento de pessoas; mantendo-se com
reduzido acréscimo os valores referentes à manutenção corretiva de software (4007) e
serviço de nuvem (4009). Observa-se mais significativa elevação na rubrica referente a
comunicação de dados (4013).
611
ensino superior pertencentes ao Sistema Estadual de Ensino, bem como de autorização e
de reconhecimento dos cursos de graduação e pós-graduação.
No ano de 2020 foram realizadas as seguintes atividades, conforme
informado pela Presidência do CEEd em resposta à Requisição de Documentos e
Informações nº 25/2021:
1 – Aprovação do Parecer CEEd nº 002, em 8 de julho de 2020, que orienta
as instituições integrantes do Sistema Estadual de Ensino sobre a reorganização do
Calendário Escolar e o desenvolvimento das atividades escolares em razão da Covid-19.
612
avalição cursos de Licenciatura em Pedagogia e Licenciatura em Pedagogia – PARFOR,
ambos na Unidade da UERGS em Osório, seguindo-se para os processos, em curso no
âmbito do Conselho, referentes ao reconhecimento dos cursos de Licenciatura em
Pedagogia, na Unidade da UERGS, em São Luiz Gonzaga e, de Engenharia de Bioprocessos
e Biotecnologia, na Unidade da UERGS, em Bento Gonçalves.
a) Meta 12: elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a
taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, assegurada a qualidade da
oferta e expansão para, pelo menos, 40% das novas matrículas, no segmento
público;
b) Meta 13: elevar a qualidade da educação superior e ampliar a proporção de
mestres e doutores do corpo docente em efetivo exercício, no conjunto do
sistema de educação superior, para 75%, sendo, desse total, no mínimo, 35%
doutores;
c) Meta 14: elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação
stricto sensu, de modo que se atinja a titulação anual de 60.000 mestres e
25.000 doutores. (Manifestação da Presidência do CEEd – RDI nº 25/2021).
613
Por fim, em que pese se trate de ato referente ao exercício de 2021, mere-
ce registro o encaminhamento do Ofício CEEd nº 71, de 24 de março de 2021, em respos-
ta à consulta da Reitoria da UERGS encaminhada ao Conselho Estadual de Educação, refe-
rente à carga horária em educação a distância de Cursos Superiores de Graduação pre-
senciais. Conforme manifestação da presidência do CEEd (RDI nº 25/2021):
93
Todos disponíveis no seguinte endereço: https://ceed.rs.gov.br/inicial
614
4. Parecer CEEd nº 0004/2020 – Orienta as Instituições integrantes do Sistema
Estadual de Ensino do RS sobre os procedimentos a serem adotados para a in-
tegralização da carga horária do ano letivo de 2020 e o replanejamento curricu-
lar de 2020/2021, nos termos da Lei federal n º 14.040, de 18 de agosto de 2020
e sua respectiva regulamentação.
615
O Conselho Estadual de Assistência Social – CEAS é definido nos termos da
Lei nº 10.716/1996 e tem como principais competências, conforme prescrito em seu art.
2º, as seguintes:
616
Nos termos do artigo 7º da sua lei de instituição – Lei nº 10.716/1996 – o
exercício das funções de Conselheiro do CEAS é considerado de interesse público
relevante, não havendo qualquer tipo de remuneração.
617
Problemas de saúde, inclusive pela incidência de contaminação pelo Covid-
19, elevação das demandas de trabalho em face do mesmo cenário de pandemia, além de
encerramento do contrato com estagiário, em 2020, fragilizaram a equipe da Secretaria
Executiva provocando redistribuição e a consequente sobrecarga de trabalho aos seus
integrantes.
Em termos de capacitação, tanto de servidores quanto de Membros, a
despeito da sua importância em razão das sucessivas legislações advindas, principalmente
em face do contexto de pandemia com reflexos sobre a política de assistência social, não
passaram por qualquer atividade de atualização.
618
Plenárias Ordinárias; 5 (cinco) Sessões Plenárias Extraordinárias; 9 (nove) Reuniões
Ampliadas das Comissões; 4 (quatro) Reuniões Ampliadas da Mesa Diretora com os
Coordenadores das Comissões; 17 (dezessete) Reuniões de Mesa Diretora; e, ainda, 43
(quarenta e três) Projetos do Programa de Apoio à Inclusão e Promoção Social – PAIPS
foram ou estão em análise.
Em termos de produção normativa, no exercício de 2020 foram editadas 22
(vinte e duas) Resoluções, conforme segue:
619
18. Resolução nº 18/2020 – CEAS/RS – Aprovar Projetos do Programa de
Apoio à Inclusão e Promoção Social – PAIPS;
19. Resolução nº 19/2020 – CEAS/RS – Instituição da Comissão Eleitoral de
que trata o art. 39 do Regimento Interno do CEAS/RS, para realização do
processo eleitoral da sociedade civil para compor o Conselho Estadual de
Assistência Social – Gestão 2021-2023;
20. Resolução nº 20/2020 – CEAS/RS – Aprovar o Demonstrativo Sintético de
Execução Orçamentária e Financeira do Cofinanciamento dos recursos do
Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS), exercício de 2019 – Programas e
Serviços; IGD PBF e IGD SUAS;
21. Resolução Ad Referendum nº 01/2020 – CEAS/RS – Suspender as
reuniões plenárias presenciais, bem como as reuniões de comissões internas do
CEAS/RS enquanto permanecer o Decreto Estadual nº 55.154, de 1º de abril de
2020, que reitera a declaração de estado de calamidade pública em todo o
território do Estado do Rio Grande do Sul para fins de prevenção e de
enfrentamento à epidemia causada pelo COVID-19 (novo Coronavírus) e, dá
outras providências;
22. Resolução Ad Referendum nº 02/2020 – CEAS/RS – Recomendar que os
Conselhos Municipais de Assistência Social do Estado do Rio Grande do Sul
suspendam temporariamente a realização de reuniões e eventos coletivos
presenciais em razão da pandemia causada pela COVID-19.
620
a) 07 de julho – Evento realizado pela Comissão de Normas do CEAS/RS,
com o tema “O papel dos Conselhos e dos conselheiros de Assistência
Social frente a pandemia”;
b) 29 de julho – Evento realizado pelas Comissões de Políticas e Comissão
de Acompanhamento aos CMAS do CEAS/RS, com o tema “O papel dos
Conselhos de Assistência Social na garantia da proteção social em
tempos de pandemia”;
c) 13 de agosto – Evento realizado pela Comissão de Normas do CEAS/RS,
com o tema “Inscrições de Entidades e Organizações de Assistência
Social nos Conselhos de Assistência Social”.
621
projetos aprovados” (art. 2º, inciso VII da Lei Estadual nº 10.716/1996) é realizada pelo
Conselho “por meio das Comissões Permanentes e da análise de relatórios apresentados
pelo órgão gestor da política de Assistência Social.”
Quanto à competência prevista no inciso VIII do art. 2º da lei de instituição
do Conselho, que prevê a sua atuação no estabelecimento das diretrizes, na apreciação e
na aprovação dos programas anuais e plurianuais do Fundo Estadual de Assistência Social
– FEAS, a presidência do CEAS informa que o Órgão “aprova os critérios da partilha do
FEAS, elaboradas pela Câmara Técnica, bem como aprova o Plano de Ação deste recurso e
o Plano de Reprogramação dos saldos.”
Outra competência prevista para o CEAS, a ser desenvolvida em interação
com o Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável, especificamente no que
concerne à assistência técnica e extensão rural e social, diz respeito à normatização e à
regulação das prestações de serviços de natureza pública e privada da assistência social.
Neste particular, a presidência do conselho assinala que esta relação se processa especi-
almente por meio da realização de “reuniões conjuntas e do trabalho intersetoriais no que
tange a demandas desta natureza.”
Ainda em relação às competências legalmente previstas para o CEAS, figu-
ra a de “convocar, ordinariamente, a cada 04 (quatro) anos, ou extraordinariamente, por
maioria absoluta de seus membros, a Conferência Estadual de Assistência Social, que terá
a atribuição de avaliar a situação da assistência social e de propor diretrizes para o aper-
feiçoamento do sistema” (art. 2º inciso IV, da Lei Estadual nº 10.716/1996). Neste particu-
lar, refere-se que a última Conferência Estadual de Assistência Social do Rio Grande do Sul
ocorreu em novembro de 2019, tendo sido convocada extraordinariamente.
Por fim, mais especificamente no que concerne à relação entre o CEAS e a
Secretaria Estadual do Trabalho e Assistência Social – STAS, são referenciadas pela
Presidência do CEAS, em resposta à Requisição de Documentos e Informações – SAIPAG nº
24/2021, fundamentalmente a inobservância de fluxos de solicitações encaminhadas pela
Secretaria para deliberação do Conselho, e questionamento por parte da Secretaria sobre
competências e deliberações do Conselho, afetando a celeridade e a efetividade dos
processos que requerem a atuação do CEAS.
94
http://www.ces.rs.gov.br/conteudo/573/Conselho-Estadual-de-Saude (Acesso em 10/03/2021).
622
A natureza de controle do social do Conselho, a exemplo das demais
instâncias dessa natureza antes examinadas, é materializada na sua composição
diversificada deste espaço de discussão e deliberação que envolve representações do
governo, dos prestadores de serviços de saúde, dos profissionais de saúde e dos usuários.
São órgãos e entidades representadas no Conselho Estadual de Saúde –
CES:
I – Na área governamental:
623
Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional – 5º região –
CREFITO
624
A estrutura administrativa do Conselho Estadual da Saúde é constituída
pelos seguintes órgãos de suporte às deliberações do Órgão Colegiado: a Secretaria
Executiva; as áreas Técnica e Jurídica. A Secretaria Executiva é a área responsável pelas
atividades de assessoramento à Mesa Diretora do CES e pelo atendimento de
necessidades administrativas em geral, incluindo a gestão patrimonial. A área Técnica é
responsável pelo assessoramento às atividades das comissões temáticas do CES mediante
a realização de estudos que subsidiem os diferentes estágios de gestão do ciclo das
políticas pública de saúde, em especial no que se refere às fases de formulação e de
execução. A área Jurídica responde pelo suporte técnico de natureza jurídica, análise e
elaboração de documentos, e no assessoramento também no que se refere às atividades
finalísticas da área Técnica.
625
A infraestrutura tecnológica do CES, estas com significativo impacto sobre
a transparência das ações e interações com a sociedade, apresenta os seguintes
elementos constitutivos: Rede de internet (dois aparelhos wireless); Suporte técnico
ofertado pelo Departamento de Gestão de Tecnologias e Inovação – DGTI; 3 (três)
computadores notebooks; 16 (dezesseis) computadores de mesa; 2 (dois) telefones
móveis; 1 (uma) televisão LCD de 29 polegadas; 2 (dois) tablets; e 6 (seis) aparelhos de
comunicação da tecnologia (VoIP).
Especificamente em relação aos canais de comunicação, merecem
destaque os seguintes componentes: Correio eletrônico (aproximadamente 1.500
contatos salvos); Facebook (3.989 pessoas interagindo com a página e 4.376 pessoas
seguidoras); Instagram (602 contas seguindo); Twitter (inativo por falta de retorno) e o
Portal institucional, que é atualizado diariamente. O Conselho Estadual de Saúde realiza
desde 3 de abril de 2018 transmissões ao vivo de seus eventos, sendo um destes a
Plenária Ordinária deste colegiado.95 Também conforme informações prestadas pela
presidência do CES, dados disponibilizados na plataforma do Facebook indicam estimativa
de que o perfil movimentou, aproximadamente, 63,5 mil pessoas ativas, sendo que
tomado o parâmetro de alcance de publicação este número é quadruplicado segundo
dados obtidos a partir do painel Gerenciamento de Página da rede social.
No que diz respeito à disponibilidade de veículo próprio para transporte, é
informado que o Conselho não conta com este recurso, recorrendo à Secretaria de Estado
da Saúde – SES a quem solicita veículo e motorista quando necessários.
95
www.Facebook.com/ConselhoEstadualDeSaudeRS
626
7. Recomendação 01/2021, de 25 de fevereiro de 2021
8. Moção 01/2021, de 11 de fevereiro de 2021
9. Moção 02/2021, de 11 de fevereiro de 2021
A não homologação das resoluções aprovadas pelo CES/RS por parte do gestor
estadual do SUS (o que será melhor esclarecido no item número 3), bem como
falta de recursos humanos, principalmente nas áreas técnicas, para melhor aná-
lise dos instrumentos de gestão, orçamentários e fiscalização das políticas pú-
blicas, que necessita muitas vezes de suporte multidisciplinar.
627
13 Pontos Destacados no Relatório e Parecer
Prévio de 2019, que não Constaram em 2020
A seguir, elencam-se os apontamentos feitos no Relatório e Parecer Prévio
das Contas do Governador do Estado do ano de 2019 que não constaram em 2020, seja
por correção, ou por entendimento naquela apreciação de contas de outros tipos de
monitoramento. Abaixo de cada ponto consta breve explicação do motivo de seus
afastamentos no presente ano.
629
parcialmente tributadas. Em decorrência dessas regras os valores de desoneração
efetivos por meio de Isenções e Reduções de Base de Cálculo podem ser superiores aos
divulgados no Demonstrativo de Desonerações Fiscais da Receita Estadual.
De acordo com o entendimento do Relator das Contas de 2019, conforme
excerto abaixo, é compreensível a forma como o demonstrativo de desonerações fiscais é
elaborado, entretanto, deve a matéria seguir sob acompanhamento da DCF.
630
Dessa forma, no presente Relatório Técnico, deixa-se de apresentar essas
ponderações presentes no exame das Contas de 2019.
5) Os incisos XCVI, CVI, CVII, CLVIII, CLXVIII, CLXIX, CLXXIV, CLXXV, CLXXVI,
XI(A) do art. 32 do Livro I do RICMS dispõem a respeito da concessão de crédito
presumido na entrada nos casos em que os insumos foram produzidos/criados no Estado
do Rio Grande do Sul. Em que pese a iniciativa em prol do setor primário gaúcho há
dificuldades inerentes a essas regras no que diz respeito ao controle da efetiva aquisição
dos insumos locais, em especial pelo fato de a nota de produtor rural não adotar o
modelo eletrônico.
Conforme decisão no exame das Contas de 2019, a existência do
documento fiscal, mesmo que não eletrônico, conjugada com a emissão da NF-e de
entrada, sem prejuízo da ação fiscalizatória da Secretaria da Fazenda, mostram-se
adequadas para o caso concreto. Sendo assim, não se reapresenta o ponto de
esclarecimento acima. Na sequência, colaciona-se parte do Voto do Exmo. Relator das
Contas de 2019, Conselheiro Cezar Miola.
“No particular, anuncio, desde já, que acolho as razões apresentadas pelo se-
nhor Governador. O fato de a emissão de nota fiscal eletrônica ainda não ser
obrigatória para todos os produtores rurais não significa que o documento não
seja emitido. Aliás, existe obrigação no sentido de que os contribuintes que re-
cebem mercadorias de produtores ou não contribuintes emitam o documento
fiscal eletrônico referente à entrada desses itens (art. 26, I, e 26-A, I, Livro II,
RICMS). E, como bem pontuado nos esclarecimentos, “a verificação de veraci-
dade da emissão das notas de entrada ocorre assim como a de veracidade de
emissão de notas de saída, em procedimentos de fiscalização”. Ou seja, as pos-
síveis irregularidades poderão ser desveladas no curso das atividades de fiscali-
zação levadas a efeito pela Secretaria da Fazenda.”
631
8820/89, o qual genericamente outorga ao Poder Executivo poderes para, na defesa da
economia do RS, conceder benefícios fiscais praticados por outros Estados ou DF, com a
exigência de que sejam apreciados pela Assembleia Legislativa (L. 8820/89, art. 58,
parágrafo único). Requer-se que o Poder Executivo comprove a apreciação e aprovação
pela Assembleia Legislativa, indicando o ato editado pelo Poder Legislativo (Lei ou
Decreto Legislativo) para ratificar as concessões de benefícios fiscais praticadas na esteira
do art. 58 da L.8820/89, bem como liste as concessões dessas desonerações fiscais
eventualmente praticadas por outra UF que orientaram a utilização da possibilidade
aventada no art. 58 da Lei 8820/89 em relação aos dispositivos do Livro I do RICMS a
seguir listados: RICMS, Livro I, art. 32, incisos: XI, XXVI, XXXVI, LXIII, LXXI, LXXVI, LXXXII,
LXXXVIII, CVI, CVII, CXVI, CXXVI, CXXXV, CXLI, CLXVII, CLXXVI. O total de crédito presumido
apropriado nos supramencionados dispositivos atingiu o montante de aproximadamente
R$ 1,9 bilhão, em 2019.
Nos três pontos acima a temática central repousou nos trâmites legislativos
no que concerne ao instrumento para entrada em vigor de desonerações fiscais,
notadamente a ausência de Lei ou Decreto-legislativo com esse propósito.
Embora o voto do Conselheiro-Relator tenha ido ao encontro do
entendimento instaurado no aponte pelo Serviço de Auditoria foi feita a ressalva de que a
ausência de edição de ato legislativo (lei ou decreto-legislativo) é incumbência da
Assembleia Legislativa, e o Administrador Estadual seguiu o rito previsto na Lei nº
8820/89 para fins de internalização dos convênios, ou seja, remeteu os acordos para
apreciação do parlamento. Dessa forma, não poderia repousar sobre o Poder Executivo
qualquer imputação de irregularidade uma vez cumprida a lei geral do ICMS e remetidos
os termos dos convênios aos legisladores estaduais para apreciação. Cita-se, nessa
esteira, trecho do voto do Excelentíssimo Conselheiro-Relator das Contas de 2019. Cezar
Miola:
“...O fato é que, muito embora a compreensão do tema esposada pela Supervi-
são da Casa e os apontamentos por ela realizados, o Governo tem cumprido o
que estabelece a legislação local, encaminhando à Assembleia os convênios rati-
ficados para apreciação. E, conforme exaustivamente demonstrado, não há que
se falar em normas manifestamente inconstitucionais. Portanto, não vejo como
censurar a atuação do Poder Executivo no particular...”
632
estabelecimentos da mesma empresa, deixa-se de apresentá-lo novamente por duas
razões: i- segundo voto no exame do Parecer Prévio de 2019 não foram identificadas
situações concretas de mau uso das desonerações em epígrafe, além de ter havido
entendimento de que os procedimentos de fiscalização da Secretaria da Fazenda seriam
capazes de identificar esses casos; ii- conforme constou no relatório técnico para
apreciação das contas relativamente ao exercício de 2020, houve alteração de outros
dispositivos no Regulamento do ICMS, notadamente no que toca às precauções a fim de
evitar simulação de operações e tomada de crédito fiscal, como citado no item
3.2.1.6.8.1.2 a respeito de créditos presumidos nas saídas.
633
Flores da Cunha, escola da rede pública estadual, com tradição na formação de
professores e de extrema importância para a educação gaúcha.
A sua sede, tombada pelo Patrimônio Histórico Estadual em 2006,
encontra-se em situação precária, o que provocou a transferência temporária de suas
atividades para outras instituições enquanto fossem realizadas as obras de restauro da
instituição.
No entanto, os projetos de reformas da escola se alongam desde o
exercício de 2012, sem resultado efetivo em oito anos.
Na Lei Orçamentária Anual de 2020 – Lei nº 15.399, publicada no DOE em
13-1-2019, foi determinada dotação orçamentária de somente R$ 1.500.000,00 para a
reforma do Instituto, enquanto que a obra tinha sido contratada pelo custo de R$
22.927.728,47 por 18 meses (Informação nº 20/2019 – SAE-II). Assim, o Governo Estadual
alocou recursos para 2020 no montante de R$ 125.000,00 mensais, ou seja, 9,81% do
valor do custo mensal da obra, sendo, portanto, insuficientes para a continuidade da
reforma do Instituto de Educação Flores da Cunha.
Destarte, frente à situação precária que se encontra a sede do Instituto
Estadual de Educação General Flores da Cunha, escola tradicional de Porto Alegre e de
enorme importância para a educação gaúcha, não possuindo perspectiva de retorno das
suas obras de reforma devido à alocação insuficiente de recursos no orçamento de 2020
(aprovado em 2019), verifica-se a necessidade de esclarecimentos quanto ao plano do
Governador do Estado para a continuidade desta obra.
Sobre este ponto a decisão do Tribunal Pleno desta Corte de Contas
determinou à Direção de Controle e Fiscalização o monitoramento do andamento da
referida obra.
A obra de recuperação da sede do Instituto Estadual de Educação General
Flores da Cunha tem sido acompanhada pelo Serviço de Auditoria Estadual (SAE II), onde o
andamento mais atualizado está no Processo nº 033002-0200/20-0. No final de 2020 a
equipe de Auditoria sugeriu a aplicação de tutela de urgência para que a Secretaria de
Educação apresentasse um plano de ação para a continuidade a obra. A última
movimentação do processo indicava a manifestação da Secretária de Educação,
recentemente empossada, a qual solicita postergação de prazo para a entrega de um
plano de ação. Neste contexto, o referido assunto permanecerá sob monitoramento por
meio do Processo nº 033002-0200/20-0.
634
15) A Lei Estadual nº 14.982/2017 autorizou a extinção de fundações de
direito privado da Administração Pública Indireta do Estado do Rio Grande do Sul, quais
sejam; Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul – FZB, a Fundação de Ciência e
Tecnologia – CIENTEC, a Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser –
FEE, a Fundação Piratini, a Fundação para o Desenvolvimento e Recursos Humanos –
FDRH e a Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional – METROPLAN.
Faz-se necessário um acompanhamento e devidos esclarecimentos do
gestor público estadual quanto a existência de um plano de transição para extinção das
Fundações, a fim de acompanhar e garantir a continuidade dos serviços prestados à
sociedade.
Entendeu-se que o assunto está sendo acompanhado pelas equipes de
auditoria deste TCE, ao passo que não se faz mais necessário buscar esclarecimentos junto
ao gestor estadual.
17) De acordo com o art. 5º, § 6º, inciso I da Portaria MPS nº 204/2008, o
DRAA deve ser enviado à Secretaria de Previdência até 31 de março de cada exercício,
exceto se houver prorrogação de prazo. No entanto, a Avaliação Atuarial 2020 do Rio
Grande do Sul foi concluída em 03-08-2020, cinco meses após o prazo legal, conforme
consulta realizada no sítio eletrônico do CADPREV.
Em 2020 o art. 1º da Portaria nº 1.348/2019, previu que o DRAA deveria
ser enviado à Secretaria de Previdência até 31 de julho de 2020. A Avaliação Atuarial 2020
do Rio Grande do Sul foi concluída em 30-07-2020, conforme consulta realizada no sítio
635
eletrônico no CADPREV , portanto, dentro do novo prazo previsto para o exercício sob
análise
O citado Demonstrativo foi entregue na data correta em 2020.
636
educação 2 básica pública em geral, incluindo os programas suplementares ao educando
não considerados despesas com MDE. Excluídas apenas as despesas com pessoal.
Assim, há posicionamentos divergentes sobre a utilização da quota
estadual do salário-educação na suplementação alimentar do ensino básico público, no
entanto, não há expressa vedação para a sua utilização, necessitando pedido de
esclarecimento ao Governador do Estado.
A matéria será objeto de consulta sobre o posicionamento desta Corte com
relação a utilização da Quota Estadual do Salário – Educação no PNAE.
637
Fundeb para fazer frente aos compromissos já assumidos inscritos em RPP somados a
despesa ainda não empenhada.
Ao final do exercício de 2020, havia saldo bancário suficiente para honrar
os compromissos com os restos a pagar e com o passivo potencial.
Assim, constatou-se a existência de um saldo bancário de R$ 310,1 milhões,
suficiente para executar a despesa ainda não empenhada, no valor de 105,5 milhões,
representada pelos Passivos Potenciais do FUNDEB (R$ 105,3 milhões) e do FUNDEF (R$
115,7 mil) e para cobrir os Restos a Pagar dos respectivos recursos inscritos no Balanço no
valor de R$ 202,7 milhões. Portanto, para honrar os compromissos já assumidos e
executar a despesa ainda não empenhada, o Poder Executivo tem uma sobra nas contas
correntes vinculadas ao FUNDEF/FUNDEB de R$ 2,4 milhões.
638
No entanto, a TR estava zerada no exercício 2018, mas houve aumento no
saldo do passivo de remuneração de R$ 162,4 na data de 31-12-2017 para R$ 176,5
milhões em 31-12-2018, informados pela Fazenda.
Assim, uma vez que há critérios divergentes de atualização e contabilização
do passivo de remuneração ao longo dos anos, necessita-se de esclarecimentos ao
Governador do Estado.
Não ocorreu em 2020.
26) O valor fixado para a Consulta Popular no ano de 2019, que será
utilizado na execução orçamentária de 2020 foi de R$ 20,0 milhões (R$ 60,0 milhões
menor que o ano anterior). Considerando que o valor do orçamento do Estado de 2020
639
(dotação inicial) é de R$ 66,44 bilhões, a consulta popular realizada em 2019 representou
0,03% do orçamento total, além de estar muito abaixo ao patamar dos anos anteriores.
Considerando a importância da participação popular na gestão pública, solicitam-se
esclarecimentos acerca do tema abordado.
Em 2020, verificou-se um aumento na alocação deste recurso.
640
Portal de ouvidoria é a elaboração do Relatório de Gestão a que alude o inciso II do art.
14 da Lei Federal nº 13.460/2017. O referido Relatório de Gestão deverá ser, conforme o
parágrafo único do art. 16 da referida Lei Federal, não somente encaminhado à
autoridade máxima do órgão a que se vincula a unidade de ouvidoria, mas também
disponibilizado integralmente na internet (inciso II).
O assunto deixou de ser abordado em 2020, para ser acompanhado por
auditoria deste TCE/RS.
641
14 Principais Pontos Passíveis de Esclarecimento
Por ocasião da apreciação das Contas do Governador do Estado do Rio
Grande do Sul referentes ao exercício de 2019, o Tribunal Pleno decidiu pela emissão de
parecer favorável à aprovação. Contudo, em seu voto, o Excelentíssimo Conselheiro-
Relator recomendou ao atual Chefe do Executivo Estadual a atenção aos seguintes
pontos:
1) recomendar ao atual Gestor que adote providências de modo a prevenir
ocorrências como as apontadas no relatório e implemente medidas corretivas
em relação àquelas passíveis de regularização, especialmente no que diz
respeito aos itens sobre a LDO, o efetivo da segurança pública e da CAGE e da
Receita Estadual, os objetivos da implementação de incentivos fiscais e
impactos orçamentários para os exercícios seguintes, o valor disponibilizado
orçamentariamente para Consulta Popular e a conservação de estradas pela
EGR;
2) alertar os Poderes e órgãos do Estado para que adotem providências no
sentido de fazer as suas despesas de pessoal, conforme o caso, convergirem
para a moldura temporal delineada no artigo 15 da Lei Complementar Federal
n. 178, de 13 de janeiro 2021 (tópicos 33 e 38);
3) recomendar ao Governo do Estado que:
3.1) corrija as inconformidades apontadas quanto a destinação mínima de 0,5%
da RLIP no ensino superior público e no ensino superior comunitário;
3.2) corrija a inconformidade apontada quanto a destinação mínima de 1,5% da
RLIP no fomento ao ensino e à pesquisa científica e tecnológica;
3.3) corrija as inconformidades apontadas quanto ao percentual de destinação
mínima em ASPS;
3.4) apresente a esta Casa um plano de ação indicando detalhadamente as
providências que pretende adotar, nas dimensões temporal, orçamentária e
financeira, visando à plena adequação das despesas do Estado ao artigo 212, §
7º, da Constituição da República, na redação dada pela Emenda Constitucional
n. 108/2020,
3.5) atenda a apresentação de projeção para os próximos exercícios e um plano
factível para que o patamar de endividamento volte ao limite proposto na
Resolução n. 40/2001 do Senado Federa;
3.6) apresente um cronograma para a conclusão das obras de reforma do
Instituto Estadual de Educação General Flores da Cunha;
4) recomendar ao atual Administrador que adote as providências cabíveis,
conforme disposto no relatório e voto do Conselheiro-Relator, no que tange aos
apontes sobre contas vinculados aos recursos de educação, saúde e Fundeb, a
busca pelo equilíbrio financeiro, as metas fiscais, a inclusão da alíquota do
Ampara na distribuição aos municípios e situação do IGP, o que deverá ser
objeto de monitoramento pela Unidade Técnica desta Casa.
Ao analisar as contas do exercício de 2020, a equipe técnica do SAIPAG
entendeu pela manutenção de 44 (quarenta e quatro) apontamentos efetuados no
exame das contas do ano anterior.
Tendo em vista a finalidade da atuação do controle externo sobre as contas
do Governador, destaca-se imperativo manter-se um monitoramento das decisões
pretéritas proferidas pelo Tribunal Pleno. Em relação a esta atividade de
643
acompanhamento, destacam-se, em particular, dois propósitos, quais sejam, o de
subsidiar o Executivo em suas ações corretivas e, especialmente, qualificar a incidência
das ações de controle por parte deste Tribunal, tanto em termos de auditorias, quanto no
que se refere à análise das contas do Chefe do Executivo no exercício subsequente.
Sugere-se, em face disto, que estes pontos constituam objeto de apreciação por parte do
Órgão técnico competente para que, de forma integrada em relação aos seus Serviços,
avalie o potencial de contribuição destas informações para fins de planejamento de
auditoria e demais ações de fiscalização.
A relevância desta atuação integrada no processo de controle em relação
aos atos de gestão e de governo no âmbito do Poder Executivo se acentua na medida em
que se observa que os pontos destacados são apontados recorrentemente nos Relatórios
sobre as Contas de Governo e nos correspondentes Pareceres Prévios expedidos pelo
Tribunal de Contas. Ademais, seguem sem enfrentamento efetivo capaz de evidenciar a
necessária solução.
Portanto, o conjunto de elementos, objeto de esclarecimentos por parte
do Exmo. Senhor Governador Eduardo Leite, merecem destaque os seguintes tópicos do
relatório técnico.
644
conciliação desses valores, indispensável para assegurar a tempestividade no registro da
execução orçamentária dessas despesas.
Com a implantação do Plano de Contas Aplicado ao Setor Público – PCASP
entende-se que os respectivos saldos devem passar a ser registrados em Contas de
Controle e não mais em Contas Patrimoniais, visando à adequação às novas normas
contábeis. Enquanto isso não acontecer, os reflexos dessas situações no Resultado
Orçamentário e no Saldo Patrimonial Financeiro devem ser observados em Notas
Explicativas aos respectivos demonstrativos contábeis, bem como serem destacados no
Balanço Geral do Estado, no Volume de Análise e Interpretação dos Resultados, peça de
significativa relevância para o exame das Contas do Governador do Estado. Item 2.3.4.
645
viabilizar o acesso a níveis dignos de subsistência a toda a população do Estado do Rio
Grande do Sul.
Em consulta à arrecadação do ICMS no ano de 2020, constata-se que os
ingressos no AMPARA/RS somaram R$ 302,5 milhões, só considerando o ICMS tributário
e R$ 303,4 milhões quando se busca o cálculo do ICMS a qualquer título, e o saldo
registrado no SIAC, Caixa Único do Tesouro Estadual, em 31-12-2020 era de R$ 33,0
milhões. Também se verifica o ingresso de R$ 1,37 bilhão a título de arrecadação do
AMPARA desde sua criação, em 2016, ao mesmo tempo em que foi empenhado R$ 1,02
bilhão, o que representa um saldo de Passivo Potencial de R$ 351,9 milhões. Ou seja, os
recursos obtidos tiveram o objetivo de mero instrumento de arrecadação, e, assim sendo,
não foram utilizados em sua totalidade para a finalidade a qual estavam previstos por Lei.
Soma-se a essa situação o fato da Secretaria de Segurança ter enfrentado dificuldades
financeiras para atuar na manutenção dos presídios, pois, como comentado
anteriormente, este seria um destinos especificados na Lei.
Portanto, a omissão do Governo em relação ao arrecadado através do
AMPARA ocasionou a retirada da possibilidade de utilização dos recursos de acordo com
o previsto legalmente e proporcionou que restasse, tão somente, o registro contábil do
valor em conta específica no SIAC. Item 3.2.1.3.
646
8) No exame efetuado no Capítulo 5, específico sobre a Lei Complementar
nº 101/2000, foram relacionadas as conclusões acerca de diversos indicadores que
medem a responsabilidade na gestão fiscal. Dentre estes, que objetivam prevenir riscos e
corrigir desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, constatou-se o não
cumprimento das metas de resultado nominal. Este fato, concomitante com o
agravamento da situação financeira, merece justificativas do Governador do Estado. Item
5.2.9.
647
13) A existência de saldos em Depósitos de Terceiros, no Passivo
Circulante, referentes às contribuições previdenciárias retidas dos servidores, estariam a
indicar a pendência de repasses ao IPERGS - RPPS.
O saldo de depósitos das contribuições dos servidores ao FUNDOPREV
passou de R$ 34,0 milhões em 2019 para R$ 10,6 milhões em 2020. Este montante não foi
capitalizado em razão da ausência do repasse, gerando prejuízos ao equilíbrio financeiro e
atuarial do FUNDOPREV. Item 8.3.1.
648
A diferença neste caso foi de R$ 151,4 milhões contabilizados a menor no balancete, a
qual carece de verificação de conciliação bancária e, principalmente, dos procedimentos
de registro das receitas pela Autarquia, a seguir discriminados. Item 8.3.2.
649
Analisando-se os créditos adicionais abertos em 2020, verificou-se que no
primeiro trimestre houve abertura de crédito adicional decorrente do passivo potencial
do Fundeb, no valor de R$ 175.917,65, através do Decreto nº 55.088 de 02-03-2020.
A partir de outubro foram publicados os seguintes Decretos, com créditos
adicionais cuja fonte foi o passivo potencial do Fundeb:
650
no seu artigo 2º, que a conta deveria ser aberta e mantida no Banco do Brasil ou na Caixa
Econômica Federal. Em 19-07-2018, foi aberta conta no Banco do Brasil, de nº
3798/707007, com CNPJ da Secretaria da Educação para esse fim.
O Estado também abriu a conta nº 0100/03.409941.0-3 no Banrisul, em 28-
09-2018, nos tipos Centralizadora e Aplicação SIAC, com a finalidade de atendimento a
Portaria Conjunta STN/FNDE nº 02 de 15-01-2018, conforme descrição constante no
Sistema FPE. Esta conta recebeu movimentações do Fundeb em 2020, cujo saldo em 31-
12-2020 era zerado para a centralizadora e, na Aplicação Financeira SIAC, foi de R$ 310,1
milhões.
No entanto, verificou-se que, logo que os recursos são creditados na conta,
são transferidos para a conta nº 0100/03.409941.0-3 do Banrisul.
Assim, averiguou-se a movimentação de recursos do Fundeb na conta nº
0100/03.409941.0-3 no Banrisul em 2020, inclusive com o envio dos mesmos ao Caixa
único do Estado - SIAC, em evidente contrariedade as determinações legais.
O envio dos valores do Fundeb ao SIAC faz com que os recursos não sejam
utilizados na sua finalidade específica. Uma vez que o saldo do Caixa Único é somente
escritural, caso o Estado precisasse resgatar os R$ 310,1 milhões do Fundeb em 31-12-
2020, não teria saldo no SIAC para tal.
Portanto, necessita-se de esclarecimentos quanto à ausência de utilização
de uma conta ÚNICA e ESPECÍFICA no Banco do Brasil ou Caixa Econômica Federal para as
movimentações dos recursos do Fundeb e quanto ao envio dos mesmos ao SIAC, gerando
diversas problemáticas na utilização dos referidos recursos. Item 9.1.1.3.
651
27) A Resolução nº 26/2013 estabeleceu normas para a execução técnica,
administrativa e financeira do PNAE, bem como, definiu a necessidade de
complementação do Programa com recursos estaduais, conforme inciso II do seu artigo
5º.
O caráter suplementar do PNAE também está previsto no inciso VII do
artigo 208 da Constituição Federal, que elenca, entre os deveres do Estado (união,
estados e municípios), o atendimento ao educando através de programas suplementares
de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.
Uma alimentação deficitária pode ser um empecilho para a aprendizagem
do aluno, dificultando a concentração e a realização de atividades, causando prejuízo ao
seu desempenho escolar. O estudante deve ter acesso, pelo menos na escola, a uma
alimentação saudável, balanceada e suficiente para prover suas necessidades.
Nesta linha, os recursos financeiros disponibilizados para a alimentação
escolar devem ser suficientes para a compra de gêneros alimentícios de forma a suprir as
necessidades nutricionais dos alunos. Portanto, a definição dos valores a serem
repassados à título de complementação estadual deve ser guiada por avaliações sobre o
atendimento dessas necessidades nutricionais na rede escolar pública e os repasses
devem ser efetuados a partir de critérios previamente estipulados.
A definição da complementação estadual do PNAE através unicamente da
dotação orçamentária destinada pela Secretaria da Fazenda, sem estudo ou definição de
critérios que levem em conta a necessidade nutricional dos alunos durante o período
letivo, carece de respaldo técnico e dificulta o acompanhamento do Programa nos seus
aspectos financeiro e de eficiência, necessitando pedido de esclarecimento ao
Governador do Estado. Item 9.1.3.2.2.1.
652
Em 2011, o Estado pagou parte dos atrasados aos Municípios (R$ 312 mil),
um valor significativamente inferior ao montante regularizado em 2010 (R$ 11,9 milhões).
No exercício de 2012, novamente o volume de pagamentos (R$ 110 mil) foi muito abaixo
dos valores anuais pagos desde 2004 e, a partir de 2013, não foi mais efetuado nenhum
repasse do montante do Salário Educação devido aos Municípios. Da quantia ainda não
empenhada e dos valores inscritos em Restos a Pagar anulados em 2013, resta ser
repassado o montante de R$ 52,5 milhões da quota Municípios/Salário-Educação,
procedimento que pode vir a comprometer uma série de projetos municipais na área de
educação, vindo a se configurar em retenção indevida de recurso previsto na
Constituição, cuja distribuição está regulamentada na Lei nº 9.766/1998 e Lei
nº 11.126/1998, situação esta agravada sobremaneira nos últimos exercícios. Assim,
solicitam-se esclarecimentos sobre a existência de plano de ação para a quitação desse
valor. Item 9.1.2.2.
653
Petição de Agravo no Supremo Tribunal Federal em 29-04-2020, sob número PET.
2020/543807-6 (80313053).
Quanto à inconstitucionalidade da Lei Complementar nº 141/2012, arguida
de forma incidental na citada Ação Civil Pública, a Decisão do Recurso de Apelação de 18-
09-2019 reafirmou a necessidade de observância das determinações da Lei pelo Estado,
reconhecendo que é evidente o dever do Poder Público em cumprir com os ditames da
Lei Complementar, conforme se transcreve trecho:
654
05-12-2019, o qual não foi admitido em 02-03-2020, resultando na protocolização de
Petição de Agravo no Supremo Tribunal Federal em 29-04-2020, sob número PET.
2020/543807-6 (80313053).
Quanto à inconstitucionalidade da Lei Complementar nº 141/2012, arguida
de forma incidental na citada Ação Civil Pública, a Decisão do Recurso de Apelação de 18-
09-2019 reafirmou a necessidade de observância das determinações da Lei pelo Estado,
reconhecendo que é evidente o dever do Poder Público em cumprir com os ditames da
Lei Complementar, conforme se transcreve trecho:
3. Efetivamente, quanto aos Estados e Municípios, com o advento da LC
141/2012, houve a regulamentação do que deve ou não ser inserido como
despesas em ações e serviços de saúde.
(...)
6. Outrossim, é evidente o dever do Poder Público em cumprir com os ditames
da Lei Complementar, assegurando a regularidade dos repasses ao Fundo
Estadual de Saúde, em periodicidade suficiente a viabilizar a continuidade dos
serviços, respeitando o parâmetro apontado pela Constituição Federal e
regulamentado pela LC nº 141/2012.
As despesas com a folha de pagamento de pessoal ativo (R$ 111,1 milhões)
e demais despesas com custeio (R$ 35,4 milhões) em outros órgãos do Estado fora da
Secretaria da Saúde, e não integrados ao SUS, pagas com recursos vinculados à Saúde,
são objeto de pedido de esclarecimentos com a finalidade de verificar os critérios
adotados pelo Executivo para apropriação destas despesas em ASPS.
O voto proferido no julgamento das Contas do Governador de 2019
recomendou que fossem corrigidas as inconformidades apontadas nos itens 27 e 28,
referentes à consideração das despesas controversas no percentual mínimo de aplicação
em ASPS.
Desta forma, de acordo com o voto proferido e publicado em 27-04-2021,
o entendimento deste Tribunal é pela não consideração das despesas controversas no
citado cálculo.
Assim, solicita-se esclarecimento acerca do executivo quanto à retirada das
referidas despesas, uma vez que, desta forma, não será atingido o percentual mínimo de
aplicação em saúde. Item 9.4.7.
655
Bem como, no julgamento das Contas do Governador de 2019, publicado
em 20-04-2021, foi o entendimento de que no que pertine ao artigo 14 da Lei Estadual nº
11.646/200138, entendo que, nesse particular, a lei ordinária foi revogada pela EC nº
66/2012, o que não limita a eficácia do artigo 201, § 3º, da Constituição (com a redação
que lhe foi conferida pela citada emenda).
Portanto, necessita-se de esclarecimento quanto à consideração, apesar de
insuficiente, das despesas com a UERGS no percentual de 0,5%, a partir do entendimento
referente à Decisão das Contas do Governador do Estado de 2019. Item 9.2.
656
37) O Rio Grande do Sul possui uma dívida com os Fundos Municipais de
Saúde que remonta o exercício de 2013. São valores de diversos programas municipais,
pactuados em CIB, sendo parte empenhada e outra parte não empenhada por ausência
de disponibilidade orçamentária, contabilizada na conta 2.1.3.1.1.03.01.0509 –
Obrigações Pendentes de Execução Orçamentária.
Constatou-se que os lançamentos contábeis da conta obrigações
pendentes de execução orçamentária não permitem maior detalhamento dos valores,
como a separação entre dívidas de hospitais e de municípios, ou a identificação da
competência de cada uma, ou à qual credor se refere.
A Secretaria da Saúde enviou planilhas com diversos valores das dívidas
com os municípios registrados na conta contábil 2.1.3.1.1.03.01.0509. Contudo, ao não
corresponderem com os valores efetivamente contabilizados, não permite um
acompanhamento mais detalhado da dívida do Estado com os Fundos Municipais.
Assim, frente à dificuldade de mensuração e detalhamento das dívidas
estaduais com os Fundos Municipais de Saúde na contabilidade e, uma vez que há valores
reconhecidos orçamentariamente constantes em restos a pagar, bem como outros sem
disponibilidade orçamentária registrados na conta 2.1.3.1.1.03.01.0509, além da
possibilidade de existir dívidas pactuadas em CIB sem qualquer registro contábil, torna-se
necessário o pedido de esclarecimento ao Governador do Estado sobre a forma de
apresentação, mensuração e controle de suas dívidas com os Fundos Municipais. Item
9.4.4.
38) O Rio Grande do Sul possui uma dívida com os hospitais que remonta o
exercício de 2013, sendo parte empenhada, outra parcela não empenhada por ausência
de disponibilidade orçamentária, contabilizada na conta 2.1.3.1.1.03.01.0509 –
Obrigações Pendentes de Execução Orçamentária, e outra fração decorrente de
parcelamentos com o Fundo de Apoio Financeiro e de Recuperação dos Hospitais
Privados, Sem Fins Lucrativos e Hospitais Públicos - FUNAFIR.
Constatou-se que os lançamentos contábeis da conta obrigações
pendentes de execução orçamentária não permitem maior detalhamento dos valores,
como a separação entre dívidas de hospitais e de municípios, ou a identificação da
competência de cada uma, à qual credor se refere, ou se são dívidas vinculadas ao
FUNAFIR.
A Secretaria da Saúde enviou planilhas com diversos valores das dívidas
com os hospitais registrados na conta contábil 2.1.3.1.1.03.01.0509. Contudo, ao não
corresponderem com os valores efetivamente contabilizados, não permite um
acompanhamento mais detalhado das dívidas do Estado com as Entidades.
Assim, frente à dificuldade de mensuração e detalhamento das dívidas
estaduais com os hospitais, primeiramente pela complexidade em apurar o total devido a
cada entidade, bem como, pela presença de diversos valores com e sem registro contábil,
além dos parcelamentos referentes ao FUNAFIR, torna-se necessário o pedido de
esclarecimento ao Governador do Estado sobre a forma de apresentação, mensuração e
controle de suas dívidas com os hospitais. Item 9.4.5
657
39) O efetivo da Segurança Pública no Rio Grande do Sul tem diminuído ao
longo dos últimos anos, com o número de cargos vagos estando próximo dos 50% em
quase todos os órgãos da secretaria (Policia Civil, Brigada Militar, Corpo de Bombeiros
Militar, Instituto geral de Perícias – IGP e SUSEPE).
Se tratando de um item sensível e que afeta diretamente uma das
principais políticas públicas oferecidas à população, é dada oportunidade ao Executivo
manifestar-se quanto à existência de um plano para recomposição do efetivo da
Segurança Pública. Item 10.1.2.1 a 10.1.3.1.
42) A Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, em seu art. 24, inciso
III, estabelece a obrigatoriedade do Poder Executivo publicar anualmente o “relatório
pormenorizado das despesas mensais realizadas pelo Estado e pelas entidades da
administração indireta na área de comunicação, especialmente em propaganda e
publicidade”. A despeito do esforço empreendido pelo Poder Executivo em disponibilizar
dados de forma analítica no portal de transparência, não se encontram ali os relatórios de
que trata a Constituição Estadual, seja em termos de operacionalização (geração de
relatórios pormenorizados, e não somente a apresentação dos dados), seja em termos de
finalidade, a de esclarecer o cidadão acerca das ações do poder público – administração
direta e indireta por imperativo constitucional – em matéria de publicidade e
propaganda. Nesse sentido, dada à relevância e a essencialidade deste relatório, que se
sobressai em um contexto de administração pública transparente, sugere-se que seja
alertada a administração para que observe o que a Constituição Estadual estabeleceu.
Item 10.3.2.
658
milhões pendentes de capitalização do BADESUL, correspondente ao período
compreendido entre o último aumento de capital realizado até o mês de setembro de
2015, quando do advento da Lei nº 14.744, ou seja, o Governo Estadual promoveu a
alteração do destino previsto para os recursos provenientes do retorno de cada parcela
do financiamento concedido, porém não atentou para o estabelecido na legislação
anterior, notadamente na destinação dos recursos que deveriam ser dirigidos à
capitalização da sua Agência de Fomento.
Aponta-se, por relevante, que a matéria vem sendo abordada desde 2015,
ou seja, a transferência do numerário para integralização de capital do BADESUL,
conforme reconhecido pela Contadoria e Auditoria-Geral do Estado (CAGE), permanece
pendente. Item 11.4.3
659
função do uso do não estorno (RICMS, Livro I, art. 35). O mesmo demonstrativo
igualmente pode avançar no que diz respeito à informação quanto aos objetos em que
são aplicados os recursos decorrentes das desonerações fiscais praticadas a fim de
ampliar a transparência perante a sociedade. Item 3.2.1.5.1.
660
pensionistas é extremamente relevante para a análise da questão previdenciária no
Estado. Item 8.3.3.
661
55) Foi promulgada a Lei 15.451 em 17-02-2020, alterando a Lei nº 6.672,
de 22 de abril de 1974, que institui o Estatuto e Plano de Carreira do Magistério Público
do Rio Grande do Sul.
A remuneração do magistério foi transformada em subsídio e, conforme
seus artigos 11º e 12º da Lei 15.451/2020:
Art. 11. Fica convalidada a parcela completiva paga de conformidade com o
acordo judicial firmado na Ação Civil Pública nº 001/1.11.0246307-9, que
assegurou aos membros do Magistério a percepção de vencimento básico não
inferior ao piso nacional previsto na Lei Federal n.º 11.738, de 16 de julho de
2008.
Art. 12. Fica assegurado o pagamento de subsídio ao membro do Magistério
não inferior ao piso salarial profissional nacional previsto na Lei Federal n.º
11.738/08.
Solicita-se esclarecimento ao Governador do Estado referente ao
pagamento do salário dos professores acima do piso salarial no exercício de 2020,
conforme preconizado pelo artigo 12º da Lei 15.451/2020. Item 9.1.4.
662
15 Análise de Esclarecimentos
Em atendimento à determinação do Exmo. Sr. Conselheiro-Relator,
manifesta-se, tempestivamente, o Exmo. Sr. Eduardo Figueiredo Carvalho Leite,
Governador do Estado do Rio Grande do Sul, sobre os fatos destacados no Relatório em
questão, referente à Prestação de Contas do exercício de 2020. Passa-se à análise dos
esclarecimentos ponto a ponto.
96
A EC 102, artigo 3º, dispensou a observância das limitações legais quanto à criação, à
expansão ou ao aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento de despesa e à concessão
ou à ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita durante
o período do regime extraordinário fiscal, financeiro e de contratações para o enfrentamento de
calamidade pública nacional decorrente de pandemia.
664
2021 e 2022 apresentaram de forma pormenorizada a Estimativa de Renúncias Fiscais e
incluíram o demonstrativo referente à Margem de Expansão das Despesas Obrigatórias
de Caráter Continuada, com o que o apontamento da área técnica do Tribunal de Contas
do Estado restará superado para os exercícios futuros”.
Em relação aos esclarecimentos prestados pelo Gestor, pontua-se que o
apontamento é embasado na transparência dos demonstrativos, sendo este um dos
pilares da Lei de Responsabilidade Fiscal. O fato de ter vigorado o regime extraordinário
fiscal, o qual afastou alguns limites orçamentários e fiscais, certamente justificado pelo
aumento de despesas no combate a pandemia, não impede que a transparência seja
efetuada de maneira ampla, almejando ao efetivo controle social.
O assunto já foi abordado nos anos anteriores (2018 e 2019), quando foi
ressaltado o fato do demonstrativo ter como objetivo dar transparência às renúncias de
receita previstas no projeto de LDO, para uma melhor avaliação do seu impacto nas
metas fiscais fixadas, além de orientar a elaboração da LOA considerando o montante das
renúncias fiscais concedidas. Como exemplos de Demonstrativos da Estimativa e
Compensação da Renúncia de Receita, podemos citar aqueles elaborados pelos estados
de Santa Catarina e Espírito Santo, em que há uma maior transparência em relação aos
benefícios concedidos e seu impacto no orçamento.
Sendo a transparência, conforme dito, um dos pilares da LRF, mantem-se o
aponte afim de que o Poder Executivo proceda a uma melhoria na elaboração do citado
demonstrativo nos próximos exercícios.
665
Destaca, também, que o saldo de R$ 588,0 milhões, registrado na
Secretaria da Saúde, refere-se a dívidas contraídas entre os exercícios de 2014 a 2018
com hospitais. Registra que nos exercícios de 2019 e 2020 não restou nenhuma transação
pendente de execução orçamentária, conforme informado pela Secretaria da Saúde no
PROA nº 20/1400-0011890-1.
Inicialmente, cabe destacar o artigo 1º da cita IN CAGE 07/2016,
especialmente o seu parágrafo único:
Art. 1º - Esta Instrução Normativa disciplina os procedimentos contábeis a
serem adotados no âmbito do Setor Governamental do Estado, a partir do
exercício de 2016, relativos ao registro dos passivos líquidos e certos,
decorrentes de transações pendentes de execução orçamentária, à exceção
daqueles originados de benefícios a empregados.
Parágrafo único - São considerados passivos líquidos e certos as contrapartidas
financeiras devidas por conta do recebimento de bens e/ou serviços prestados,
bem como aquelas em que houver credor, valor e prazo de pagamento
definidos, com ou sem contrato formal.
666
resultar numa superavaliação dos valores de RCL e RLIT, que influenciam importantes
indicadores na Gestão Fiscal, como limites de despesa com pessoal e da dívida pública,
bem como da aplicação de recursos nas áreas de saúde e educação.
À exceção do crédito presumido do inciso XIX do art. 32 do Livro I do
RICMS, as demais hipóteses de ressarcimento de taxas supracitadas estão previstas em
lei, constando na Lei Geral do ICMS – L. 8820/89 – nos seguintes parágrafos do art. 15: §§
21, 29 e 30.
Dessa forma o referido imposto resta como verdadeiro financiador de
despesas às quais taxas de serviço deveriam fazer frente, sem prejuízo dos 25% da cota
parte da arrecadação de ICMS que deveria ser remetida aos municípios e deixa de
ingressar nos cofres públicos, conforme item 3.2.1.6.8.3.2.
Este apontamento esteve presente no Relatório e Parecer Prévio das
Contas do Governador de 2019 e o esclarecimento prestado pelo Gestor neste exercício
também foi idêntico ao apresentado no exercício anterior. Abaixo transcreve-se a analise
de esclarecimento feita no exercício anterior:
Por meio da peça nº 3093594 (a partir da página 131) o Gestor apresentou suas
sustentações em relação a esse aponte com base no seguinte.
Informa que créditos presumidos são incentivos fiscais amparados por legislação
própria e com fundamento no apoio e incentivo para determinado setor e/ou
produto industrial ou comercial.
Aduz, em relação ao princípio da não vinculação da receita de impostos, que os
casos suscitados não necessariamente configuram sua desobediência, uma vez
que o pagamento da taxa serviria como um elemento de cálculo. Tratar-se-ia de
um benefício de mão dupla, onde as taxas sustentam os fundos a que se
destinam e os créditos presumidos incentivam os contribuintes de forma
individual.
Argumenta que no caso dos créditos presumidos ainda não ocorrera arrecadação
do imposto de modo que o mandamento constitucional aplicar-se-ia à receita
arrecadada, ou seja, não se deve vincular a fundo, órgão ou despesa o produto da
arrecadação de impostos.
Invoca que o princípio da não vinculação da receita de impostos não se constitui
cláusula pétrea, citando artigo com exemplo relacionado à área ambiental.
No que concerne ao amparo legal dos incentivos fiscais impende referir que
outros pontos de esclarecimento dessa peça trataram de abordar
inconformidades no que diz respeito aos ritos e procedimentos formais para
entrada em vigor de desonerações, em geral, em especial conflitos com o
ordenamento constitucional do art. 150, § 6º.
No que tange à ponderação de que a apropriação do crédito presumido ainda
não configura arrecadação do imposto é relevante invocar o relatório técnico que
subsidia o Parecer Prévio onde se versa a respeito das características dos
incentivos fiscais de gasto tributário, ou seja, amparando uma operação com
natureza de despesa orçamentária, mas que se realiza por meio do sistema
tributário, na via da renúncia fiscal. Portanto, a prática de crédito presumido
como uma espécie de desconto do imposto a pagar configura-se como um
deslocamento do momento de execução da despesa orçamentária com o
incentivo que se busca conceder ao setor produtivo.
Ademais, o texto constitucional não especifica a necessidade de a receita ter sido
formalmente arrecadada, conforme é possível extrair do trecho da Carta Magna,
667
abaixo replicado (art. 167, IV – princípio da não vinculação da receita de
impostos):
Art. 167 – São vedados: [...]
IV- a vinculação da receita de impostos a órgão, fundo ou despesa [...]
Esses argumentos do Gestor não prosperam, pois, para tanto seria necessário
delimitar o princípio da não vinculação à receita arrecada sem que o constituinte
o tenha feito na redação da Carta da República. De outra banda, como exposto
acima, os créditos presumidos possuem natureza de despesa orçamentária, de
modo que materialmente representam situação semelhante à de arrecadar o
imposto e, posteriormente, executar uma despesa, apenas com ajustes
procedimentais do momento e forma da ocorrência dos fatos.
O exemplo trazido na peça de esclarecimentos propugnando uma possível
flexibilização da aplicação do princípio da não vinculação da receita de impostos
diz respeito àquele caso, não, obrigatoriamente, guardando relação com as
situações abordadas nesse ponto de esclarecimentos.
Com efeito, conforme fundamentado no relatório técnico e citado no aponte, o
ICMS, em última análise, resta como o financiador efetivo das despesas
vinculadas às taxas de serviço em epígrafe, não servindo apenas como
instrumento de cálculo. Os valores de créditos presumidos permitidos para
fruição são obtidos pelo que foi pago a título das referidas taxas.
668
benefícios fiscais com fulcro na CF, art. 150, § 6º, segue vigente e exigível mesmo em
relação àquelas concessões cuja inexistência de Convênio ICMS no âmbito do Confaz está
sendo convalidada.
Sendo assim, mantém-se o ponto de esclarecimento.
669
As justificativas foram apresentadas em conjunto com o item 8, sendo
naquele ponto analisadas.
670
O assunto já havia sido pautado no exame das contas de 2019, inclusive
com decisão deste Tribunal Pleno para que o planejamento solicitado fosse
disponibilizado. Este tema será continuamente acompanhado por esta Corte, sendo
mantido o aponte.
671
Ainda referente às transferências da União, cita o fato de que o Estado e
os demais Entes Federados seguiram cobrando o justo ressarcimento de valores da Lei
Kandir. Quanto a este ponto, com o reconhecimento pelo STF acerca da omissão do
Congresso Nacional quanto à matéria (ADO nº 25), foi oficializado acordo global entre os
entes para o recebimento de valores compensatórios à Lei Kandir e ao Fundo de
Compensação pela Exportação de Produtos Industrializados - FEX, o que para o RS
representará, no mínimo, cerca de R$ 300 milhões ao ano até 2037.
Nas justificativas são citadas ainda diversas ações do Governo no combate
à sonegação, revisão de benefícios fiscais, aprimoramento e aceleração da cobrança da
dívida ativa, não acumulação de passivos, não utilizando recursos de depósitos judiciais
nem efetuando novos saques no SIAC.
Quanto às despesas públicas, o Gestor justifica que o Governo continuou
atuando fortemente no controle rigoroso dos gastos, na modernização da estrutura e de
sistemas de gestão da máquina pública (precatórios e RPVs), que continuaram
apresentando redução significativa tanto em seu estoque quanto no fluxo em 2020,
estando em curso a implementação de novo sistema de gestão de precatórios. Por seu
turno, as novas regras para a Previdência – EC 103/2019 e seus resultados já contribuíram
para ajudar a preservar a prestação dos serviços nas áreas da saúde, educação e
segurança pública.
Argumenta ainda que o risco apontado na LDO em relação à atividade
econômica, que acabou prejudicando especialmente as transferências da União, se
concretizou, com os PIBs nacional e gaúcho tendo desempenho menor do que o
esperado. Quanto às despesas apontadas, a administração estadual diz que logrou êxito
em contornar quase todos os riscos associados no Anexo de Riscos Fiscais da LDO.
Mencionam ainda que cumpriram o art. 9º da Lei Complementar Federal nº 101/2000,
visto que o ingresso do auxílio emergencial do Governo Federal, as medidas de contenção
de despesas do Poder Executivo - sobretudo com a redução do déficit previdenciário – e o
contingenciamento acordado com os demais Poderes e órgãos tornaram o resultado
primário positivo e muito superior à previsão da LDO, de déficit de R$ 1,309 bilhão.
Entretanto, pondera-se que, no ano corrente, a meta estipulada de Resultado Nominal foi
um crescimento máximo de R$ 1,32 bilhão, enquanto o obtido foi de R$ 4.007,5 milhões,
ou seja, bem acima da meta.
O Gestor alega ainda que o déficit apresentado para o Orçamento 2020 foi
de 5,3 bilhões, contudo, ao final do ano, o déficit realizado foi de R$ 597 milhões,
excetuadas as operações intraorçamentárias.
Por seu turno, sustenta que Dívida Consolidada Líquida aumentou em 2019
em cenário de calamidade financeira do Estado, pois as administrações estaduais
buscaram judicialmente a suspensão da exigibilidade da dívida com a União, que
corresponde a 87% de toda a dívida do Estado. Em razão da suspensão dos pagamentos,
o Rio Grande do Sul tem hoje um saldo de parcelas não pagas de sua dívida com a União
superior a R$ 11 bilhões. Ressalta que a suspensão dos pagamentos acarreta o aumento
da Dívida Consolidada Líquida, pois sobre seu saldo continuam incidindo juros e correção
monetária. Mesmo assim, pelas diversas medidas tomadas pelo Governo e já
mencionadas, o Estado conseguiu em 2020 reduzir a relação DCL/RCL para pouco mais de
221%.
672
Em que pese serem viáveis todos os esclarecimentos, as metas postas na
LDO devem ser cumpridas. O fato de serem impraticáveis torna evidente então a falta de
planejamento, quando metas impossíveis de serem alcançadas são propostas pelo
Executivo e aprovadas pelo Legislativo.
Quanto à insuficiência financeira, de fato as reformas praticadas pelo
Gestor e os repasses de recursos da União, aliados à economia provocada pelo tele
trabalho nos órgãos estaduais, surtiram efeitos em 2020, com a queda na insuficiência de
caixa dos recursos livres do Poder Executivo, de 6,9%, finalizando o ano em R$ 29,96
bilhões. Porém, considerando o total de recursos do Poder Executivo (livres e vinculados),
a insuficiência em 2020 foi de R$ 30,12 bilhões, valor praticamente igual ao de 2019
atualizado pelo IPCA (R$ 30,38 bilhões).
Portanto, pelo não cumprimento da meta de resultado nominal posta na
LDO, e pela insuficiência financeira apresentada, mantem-se os apontes.
673
significativos em seus indicadores fiscais: o Resultado Orçamentário foi de déficit de R$
597 milhões, representando uma melhoria expressiva frente ao déficit de R$ 3,4 bilhões
registrado em 2019; o Resultado Primário, obtido pelo confronto entre Receita Primária
(Receita Total deduzida das Receitas Financeiras) e a Despesa Primária (Despesa Total
deduzida das Despesas Financeiras), registrou superávit de R$ 2,86 bilhões em 2020,
correspondendo a uma melhora de R$ 2,20 bilhões sobre o resultado de 2019 (superávit
de R$ 669 milhões); a Receita Corrente Líquida (RCL) atingiu R$ 42,1 bilhões,
correspondendo ao crescimento nominal de 5,8%, superando o IPCA acumulado em 12
meses; a Despesa de Pessoal (R$ 30,5 bilhões) caiu 2,2%, revertendo a trajetória de
crescimento real observado há mais de dez anos; o déficit previdenciário do Fundo
Financeiro caiu de R$ 12,4 bilhões em 2019 para R$ 10,3 bilhões em 2020,
correspondendo a uma queda de 17%; melhora nos limites de endividamento e despesas
de pessoal da Lei de Responsabilidade Fiscal; entre outros.
Destaca também a quitação da Folha em dia, que, após 57 meses de atraso
e parcelamentos, o Estado passou a pagar em dia todos os salários dos agentes do Poder
Executivo a partir de novembro/2020.
As ações apresentadas pelo Gestor são importantes para as finanças do
Estado, contudo carecem de critérios técnicos, que devem ser profundamente analisados,
bem como ajustados a metas factíveis, levando em consideração a realidade fiscal do
Estado. Portanto, opta-se pela manutenção do ponto, e pelo contínuo acompanhamento
desta Corte.
674
momento em que o Estado deve demonstrar que cumpre os requisitos de habilitação, e o
Protocolo do Plano de Recuperação Fiscal, momento em que o Estado deve apresentar
seu Plano de Recuperação e comprovar as leis autorizativas referentes às medidas
obrigatórias.
O Gestor declara que o Estado do Rio Grande do Sul cumpre os requisitos
de habilitação elencados no art. 3º da LC nº 159/2017, quais sejam: (i) Receita Corrente
Líquida menor do que a Dívida Consolidada; (ii) Despesas Correntes superiores a 95% da
Receita Corrente Líquida; e (iii) valor das obrigações maior que as disponibilidades de
caixa. No tocante às leis do RRF, em março de 2021, por meio da LC nº 15.601/2021, o
Estado atualizou sua Lei do Regime de Recuperação (LC nº 15.138/2018) para
compatibilizá-la com as novas regras previstas na LC nº 178/2021. Entretanto, em
decorrência da regulamentação federal, será necessária nova alteração, visando à
adequação aos modelos estabelecidos pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional
(PGFN). Além da adaptação da lei autorizativa do RRF, o Estado deve aprovar o Teto de
Gastos.
Para melhor ilustração, foi apresentado o quadro abaixo com a forma
resumida das leis e atos normativos referentes às medidas de ajustes fiscais obrigatórias
previstas no § 1º do art. 2º da LC nº 159/2017:
675
VI Leilões de Pagamento Sim LC nº 15.138/2018 e alterações – RRF e medidas
de Restos a Pagar
VII Gestão Financeira Sim Decreto nº 33.959/1991 - SIAC
Centralizada
VIII Regime de Previdência Sim LC nº 14.750/2015 – Regime de Previdência
Complementar Complementar – Civis
676
Ainda, destaca que a melhora na gestão do SIAC resultou na diminuição
dos valores a serem devolvidos, quando considerados os depósitos judiciais
conjuntamente. O valor, que era de R$ 20,54 bilhões em 2019 caiu para R$ 17,09 bilhões
em 2020.
Passando a análise, é primordial pontuar a citada segurança financeira.
Embora os resgates ocorram em uma conta específica, os saldos das demais contas são
preservados graficamente, ou seja, em termos financeiros não haveria lastro para cumprir
todas as obrigações, se estas fossem demandadas ao mesmo tempo. Sem considerar os
depósitos judiciais, o SIAC contabilizava ao final de 2020 um somatório de R$ 7,21 bilhões
no total, ao passo que o resgate do tesouro era de R$ 6,49 bilhões. Restariam,
consequentemente, R$ 721,2 milhões líquidos. É evidente que não há lastro para todas as
contas.
Exemplificando, os poderes (Tribunal de Justiça, Tribunal de Contas do
Estado, Assembleia Legislativa, Ministério Público, Defensoria Pública e Ministério
Público) somavam, ao final de 2020, R$ 2,07 bilhões entre recursos livres e vinculados. As
empresas estaduais somavam R$ 1,11 bilhão. Somados, poderes e empresas detinham R$
3,18 bilhões do saldo registrado no SIAC, enquanto o saldo líquido era de R$ 721,2
milhões. Resta evidenciada a falta de lastro financeiro para cobrir os valores.
Reconhece-se a diminuição do saldo a devolver ao SIAC na comparação de
2020 com 2019, porém, o apontamento foi no sentido de cobrar um planejamento, por
parte do Poder Executivo, de recomposição dos valores resgatados, que ainda são
extremamente relevantes. Considerando que o assunto vem sendo tratado nos últimos
anos, e ainda não foi apresentado plano por parte do Poder Executivo, mantem-se o
aponte.
677
imposto pela Emenda Constitucional nº 109/2019, muito embora este venha de fato
diminuindo nos últimos dois exercícios.
Considerando o prazo de dezembro de 2029 para quitação total dos
precatórios e considerando ainda o saldo de R$ 15,3 bilhões registrados ao final de 2020
no Rio Grande do Sul, caso não tivesse registro algum de novos precatórios e
desconsiderando qualquer atualização monetária, o Estado deveria desembolsar R$ 1,7
bilhão anualmente, a partir de 2021, para cumprir o disposto na EC 109/2019.
Em suma, o pagamento em 2020 foi de R$ 607 milhões, sendo necessário,
portanto, a apresentação de um planejamento efetivo para quitação dos precatórios, o
que este TCE/RS vem cobrando já nos últimos exercícios, não sendo integralmente
atendido, fato que enseja a manutenção do aponte e seu efetivo monitoramento.
678
14) Pendências de repasses das contribuições patronais empenhadas ao
Fundoprev, registradas no Balanço Patrimonial do Estado, em Restos a Pagar
Processados, no total de R$ 31,9 milhões, em 31-12-2020. Item 8.3.2.
Entendeu o Gestor que os esclarecimentos prestados para o item anterior
embasam a formação do estoque apontado, ou seja, a pendência de repasse trata-se de
provisionamento das contribuições patronais da gratificação natalina.
A resposta do Gestor não condiz com as informações apresentadas no
Relatório do Parecer Prévio, visto que se verificou que do total de R$ 31,9 milhões de
contribuições empenhadas e não repassadas, R$ 13 milhões são referentes a valores
empenhados do ano de 2019. Tais valores foram obtidos pela equipe técnica desta Corte
de Contas por meio de consultas realizados no início de ano de 2021, e, portanto quando
já havia se encerrado o exercício de 2020 onde, de acordo com o esclarecimentos do
Gestor, deveriam ter sido realizados todos os pagamentos e repasses associados ao
Décimo Terceiro de 2019. Ou seja, o esclarecimento do Executivo Estadual não é
suficiente para esclarecer os R$ 13 milhões pendentes de repasse referentes a 2019.
Segue assim mantido o aponte.
679
O Gestor Estadual informa que foi elaborada uma agenda de aproximação
entre a Diretoria Administrativa da Autarquia e o Tesouro do Estado, a fim de solucionar a
diferença apontada pelo Tribunal de Contas. Neste sentido, destacou-se que houve uma
redução do saldo em restos a pagar, visto que o Relatório e Parecer Prévio do exercício
anterior apontava um saldo acumulado de R$ 199,3 milhões enquanto que no presente
Relatório o valor reduziu para R$ 110,8 milhões.
Apesar da redução, a pendência confirmada pelo Gestor permanece,
portanto, mantem-se o aponte.
680
O Gestor salienta também que a Secretaria da Fazenda vem atuando em
apoio institucional ao IPE-Prev com o acompanhamento permanente do controle interno,
mediante o funcionamento de escritório específico dentro do fluxograma administrativo.
Registra que o Tesouro Estadual, conforme preconizam as Leis nº 13.757 e nº 13.758,
ambas de 2011, continua como fiador do sistema capitalizado de previdência, mesmo
após a segregação de massas.
Tendo em vista que os problemas de conciliação são reconhecidos pelo
Executivo, o aponte está mantido, sendo que a matéria seguirá sendo acompanhada por
esta Corte.
A Nota Técnica elaborada conjuntamente pela CAGE e IPE Prev, em suma, justifi-
ca a adequação do cálculo do saldo financeiro do exercício por estar em confor-
midade com o Manual de Demonstrativos Fiscais (MDF).
Neste ponto, mantem-se o entendimento exposto no Parecer Prévio e respectiva
análise de esclarecimentos, em que o saldo financeiro do exercício relativo ao
Plano Financeiro não deve ser acumulado com a insuficiência financeira dos exer-
cícios anteriores.
O que se espera da informação disposta na última coluna do quadro da Projeção
Atuarial, constante no Anexo 10 do RREO, é que demonstre o saldo financeiro de
cada exercício, ou seja, considerando apenas o período de um ano.
Conforme bem explorado no aponte nº 38 do Parecer Prévio e na Informação
SAIPAG Nº 39/2019, em relação ao Plano Financeiro opera-se no curto prazo, em
regime de caixa, então a cada exercício ocorrem novas receitas, despesas e um
novo resultado. O saldo de insuficiência financeira deve ser imediatamente apor-
tado pelo Estado para garantir o pagamento dos benefícios previdenciários, assim
inicia-se um novo ciclo com o saldo do exercício anterior zerado.
Neste sentido, as projeções atuariais dispostas no Anexo III do Relatório de Avali-
ação Atuarial, apresentam os valores idênticos para o resultado previdenciário e
para o saldo financeiro projetados em cada exercício, o que entende ser o cor-
reto. Logo, estes dados deveriam constar no Anexo 10 do RREO.
Apesar de o MDF orientar que o saldo financeiro do exercício deva ser acumulado
com o saldo dos exercícios anteriores, não há sentido lógico para o Plano Finan-
681
ceiro, interpretar o saldo financeiro do exercício como um acúmulo de insufici-
ências financeiras anteriores.
Ao efetuar este cálculo há uma distorção na análise da situação do RPPS, pois in-
duz que em determinado exercício, o saldo financeiro negativo atingirá um pata-
mar muito superior ao que de fato irá ocorrer no referido exercício. Além disso,
pode indicar erroneamente que o Plano Financeiro apresentará um aumento in-
findável da insuficiência financeira, o que não se confirma uma vez que esse pla-
no se encontra em extinção.
Como exemplo para reforçar a impropriedade em acumular valores negativos ano
a ano, destaca-se o fato de que o saldo financeiro inicial da Projeção equivale ao
resultado previdenciário inicial e não ao acúmulo de saldo negativo dos anos an-
teriores ao primeiro ano da projeção, uma vez que o Estado realizou o aporte pa-
ra cobertura da insuficiência financeira destes períodos. Sendo assim, de forma
semelhante, o Estado fará anualmente o aporte necessário, zerando anualmente
o saldo financeiro negativo.
De fato, conforme mencionado na Nota Técnica, não há distinção no leiaute do
Plano Financeiro e Previdenciário em relação à fórmula para o cálculo do Saldo
Financeiro do Exercício. No entanto, considerando que o Plano Previdenciário é
superavitário financeiramente, existe saldo financeiro a ser considerado no cálcu-
lo do ano seguinte, ao contrário do Plano Financeiro.
Outro ponto abordado na Nota Técnica, diz respeito à compatibilidade dos dados
do RREO com os dados enviados à Secretaria de Previdência. Consta na Nota uma
explanação sobre a diferença dos documentos: Relatório de Avaliação Atuarial
(documento em pdf, elaborado pelo atuário, que compila os dados a partir de
planilhas analíticas) e o Demonstrativo de Resultados de Avaliação Atuarial
(DRAA), o qual é um relatório padrão, gerado pelo sistema Cadprev a partir de
planilhas analíticas enviadas pelo atuário à Secretaria de Previdência.
Mesmo que haja diferença entre os referidos documentos, em relação ao forma-
to e à forma de envio dos dados à Secretaria de Previdência, as informações de-
vem ser coerentes, sem divergências entre eles. E o Anexo 10 do RREO deve ser
elaborado considerando os dados oficialmente enviados ao Ministério da Previ-
dência97, conforme disposto no MDF. Sendo assim, os dados dos documentos
atuariais e do RREO devem ser os mesmos.
Ainda, consta na Nota que o valor da coluna Saldo Financeiro do Exercício é o
mesmo apresentado no DRAA com a nomenclatura Valor Atual da Cobertura da
Insuficiência Financeira. Neste ponto, entende-se que as informações não são
equivalentes, uma vez que a informação do RREO deve demonstrar ano a ano o
saldo de cada exercício financeiro, enquanto o Valor Atual da Cobertura da Insufi-
ciência Financeira demonstra o valor total, considerando o período de 75 anos.
Por fim, não prospera a afirmativa de que “Caso os resultados previdenciários de
cada exercícios não fossem acumulados na coluna Saldo Financeiro do Exercício
do Anexo 10, o Estado estaria por suprimir relevante informação relativa ao es-
forço projetado para o Tesouro do Estado na cobertura dos déficits financeiros.”
uma vez que esta informação pode ser detalhada nas respectivas notas explicati-
vas.
97
O MDF menciona Ministério da Previdência, no entanto, atualmente os dados devem ser enviados à
Secretaria de Previdência/Ministério da Economia.
682
20) Não cumprimento do art. 202 da Constituição Estadual, que determina
a aplicação mínima de 35% da RLIT (R$ 34,91 bilhões) em Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino, deixando de ser aplicado em Educação, em 2020, o
montante de R$ 2,43 bilhões. Item 9.1.
Entende o Gestor que a aplicação de recursos em educação deve ser
entendida em um contexto mais amplo, considerando a crise financeira do Estado e o
fraco quadro econômico do país, ambos intensificados pela pandemia do Covid-19. Cita
que o Estado segue enfrentando dificuldades em sua execução orçamentária e financeira,
mas, com ações efetivas, como a aprovação das reformas administrativa e previdenciária,
entre outras, tem mantido o foco para não incorrer em atrasos salariais, bem como em
garantir a continuidade do funcionamento dos serviços públicos, estando as aplicações
em educação inseridas nesse cenário.
Informa também que houve redução no número de matrículas da rede de
ensino estadual, uma queda de 39,1% de 2007 a 2020 (1,32 bilhão de alunos para 804
mil). A seguir, apresenta a evolução na aplicação em educação pelo Estado,
demonstrando que no mesmo período o aumento foi de 217%, passando de R$ 3,55
bilhões em 2007 para R$ 9,95 bilhões em 2020.
Embora nunca o Estado tenha atingido o mínimo de 35% de aplicação,
houve uma tendência de crescimento até o ano de 2015, quando então foi interrompido.
A partir de então, verifica-se que o Estado se preocupou apenas em atingir o mínimo
preconizado pela Constituição Federal, de 25%, não tentando mais alcançar o mínimo
exigido pelo artigo 202 da Constituição Estadual, conforme se demonstra:
Outro fato a ser destacado é que caso atendida a pretensão exposta na inicial, o
que aliás, foi revisto pelo parquet na réplica apresentada, não seria razoável
683
comprometer 35% do orçamento para atender a área da educação, sabendo-se
que outras áreas estão passando por extrema dificultada.
Nesse sentido, a pretensão tal como postulada na inicial não merece acolhida.
684
Contudo, ao permitirem a vinculação de vários recursos em uma conta
corrente, dificulta-se sobremaneira a identificação das contas que respondem pelos
pagamentos em cada area.
A existência de contas correntes sem vinculação exclusiva aos recursos, a
revelia da Lei, possibilita a utilização de importâncias destinadas a um recurso específico
por outro recurso vinculado a mesma conta.
Assim, uma vez que os recursos de MDE devem ter vinculação exclusiva
com contas bancárias por força de Lei, e que a viabilidade de mensuração dos valores
disponíveis nas contas correntes e a efetiva utilização do recurso na sua exclusiva
finalidade possuem como premissa básica a vinculação privativa destas contas com os
recursos da educação, não prosperaram as justificativas do Executivo Estadual,
mantendo-se o aponte.
685
Cabe destacar que, dentre as modificações nas bases legais do Fundeb,
encontra-se efetivamente o art. 53 da Lei 14.113/2020, que revogou, a partir de
1º de junho de 2021, a Lei nº 11.494/2007, mantendo seus efeitos financeiros,
no que se refere à execução dos Fundos no exercício de 2020. Portanto, foram
revogados pela Lei 14.113/2020 os efeitos financeiros da Lei 11.494/2007 em
2021, o que inclui a execução de eventuais sobras de recursos do Fundo em
2020, possibilitando ao gestor a definição do momento de maior adequação
para o feito (Grifou-se).
Assim, a nova Lei, no seu artigo 53, não dispôs que mantinha os efeitos
financeiros relativos à execução do Fundo NO exercício de 2020, como afirmado pelo
Estado, mas determinou que estavam mantidos os efeitos financeiros referentes à
execução dos Fundos RELATIVA aos recursos de competência de 2020.
Ou seja, o artigo nº 53 da nova Lei do Fundeb, quando determinou
execução dos Fundos relativa ao exercício de 2020, estava se referindo à competência dos
recursos, provenientes do Fundeb de 2020, e cujo efeito financeiro de sua execução
continuam mantidos, independente do exercício, após a revogação da Lei nº
11.494/2007.
A interpretação do Estado acerca do artigo 53 da Lei nº 14.113/2020, de
que o efeito financeiro da execução do Fundo de competência de 2020 estaria restrito a
esse exercício e que não poderia ser considerado em 2021, possibilitando ao gestor a
definição do momento de maior adequação para o feito, não condiz com a determinação
legal.
Portanto, a obrigatoriedade do uso dos recursos do FUNDEB no exercício
financeiro em que lhes forem creditados, estabelecendo a possibilidade de até 5% desses
recursos serem utilizados no 1º Trimestre do exercício imediatamente subsequente,
mediante a abertura de créditos adicionais, continuou vigente para os recursos do
Fundeb de 2020.
Assim, mantido o aponte.
686
Neste exercício, o montante apurado nestas despesas totalizou
R$ 1,56 bilhão. Essa situação tem sido reiteradamente objeto de pedido de
esclarecimentos ao Executivo Estadual por esta Corte de Contas. Item 9.1.1.5.
A exemplo dos esclarecimentos já prestados em exercícios anteriores, o
Estado alegou que vem aplicando os recursos do FUNDEB em consonância com a
legislação vigente sobre a matéria, observando, também, as orientações exaradas na
Promoção Setorial PGE-SEFAZ 023/2008, de 10-10-2008, referindo-se à utilização de
valores do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB, para pagamento de servidores
inativos da rede estadual da Educação.
Destacou ainda o recente Parecer PGE nº 18.790/21, onde foi afirmado que
as despesas da contribuição patronal com inativos da educação e com a cobertura dos
déficits com pensão e com inativos da educação não constituem pagamento de
aposentadorias e pensões passíveis de enquadramento na vedação do parágrafo 7º do
artigo 212 da Constituição Federal, acrescentado pela Emenda Constitucional nº
108/2020, uma vez que esses itens teriam natureza jurídica de tributo, enquadrando-se
no conceito de encargos sociais, além de serem arcados pelo Tesouro do Estado.
Não prosperam as considerações do Estado, uma vez que,
independentemente do regime de previdência, da fonte de recursos utilizada para
pagamento das aposentadorias e pensões ou da natureza jurídica desse pagamento, as
mesmas não podem ser consideradas no cálculo do Fundeb, devido a expressa
determinação do artigo 29, Inciso II, da Lei nº 14.113, de 25-12-2020.
A Lei não detalhou quais pagamentos de aposentadorias e pensões são
vedados, tão pouco discriminou a fonte de recurso ou a natureza tributária do citado
pagamento, sendo a vedação legal para TODOS os tipos de pagamentos de
aposentadorias e pensões. O Poder Público é totalmente subordinado à previsão legal, e,
sob o princípio da legalidade, não pode incluir quaisquer pagamentos de aposentadorias
e pensões nas despesas custeadas com recursos do Fundeb.
Portanto, mantido o aponte.
687
Esses recursos são formados por transposição do recurso geral, ou seja, da
receita arrecadada não vinculada, tendo caráter informativo e de controle.
Indicam que o Estado utilizou seus recursos do Tesouro-Livres para oferece-los
como contrapartida (...)
688
uma conta única e específica para a movimentação dos recursos, cadastrada
obrigatoriamente com CNPJ do órgão responsável pela Educação. Também estabeleceu,
no seu artigo 2º, que a conta deveria ser aberta e mantida no Banco do Brasil ou na Caixa
Econômica Federal. Em 19-07-2018, foi aberta conta no Banco do Brasil, de nº
3798/707007, com CNPJ da Secretaria da Educação para esse fim.
O Estado também abriu a conta nº 0100/03.409941.0-3 no Banrisul, em 28-
09-2018, nos tipos Centralizadora e Aplicação SIAC, com a finalidade de atendimento a
Portaria Conjunta STN/FNDE nº 02 de 15-01-2018, conforme descrição constante no
Sistema FPE. Esta conta recebeu movimentações do Fundeb em 2020, cujo saldo em 31-
12-2020 era zerado para a centralizadora e, na Aplicação Financeira SIAC, foi de R$ 310,1
milhões.
No entanto, verificou-se que, logo que os recursos são creditados na conta,
são transferidos para a conta nº 0100/03.409941.0-3 do Banrisul.
Assim, averiguou-se a movimentação de recursos do Fundeb na conta nº
0100/03.409941.0-3 no Banrisul em 2020, inclusive com o envio dos mesmos ao Caixa
único do Estado - SIAC, em evidente contrariedade as determinações legais.
O envio dos valores do Fundeb ao SIAC faz com que os recursos não sejam
utilizados na sua finalidade específica. Uma vez que o saldo do Caixa Único é somente
escritural, caso o Estado precisasse resgatar os R$ 310,1 milhões do Fundeb em 31-12-
2020, não teria saldo no SIAC para tal.
Portanto, necessita-se de esclarecimentos quanto à ausência de utilização
de uma conta ÚNICA e ESPECÍFICA no Banco do Brasil ou Caixa Econômica Federal para as
movimentações dos recursos do Fundeb e quanto ao envio dos mesmos ao SIAC, gerando
diversas problemáticas na utilização dos referidos recursos. Item 9.1.1.3.
O Governo apresentou o Parecer nº 17.355/18 (ANEXO II) da Procuradoria-
Geral do Estado, que dispõe:
689
Art. 8º [...]Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados a finalidade
específica serão utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua
vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso.
690
complementação do Programa com recursos estaduais, conforme inciso II do seu artigo
5º.
O caráter suplementar do PNAE também está previsto no inciso VII do
artigo 208 da Constituição Federal, que elenca, entre os deveres do Estado (união,
estados e municípios), o atendimento ao educando através de programas suplementares
de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.
Uma alimentação deficitária pode ser um empecilho para a aprendizagem
do aluno, dificultando a concentração e a realização de atividades, causando prejuízo ao
seu desempenho escolar. O estudante deve ter acesso, pelo menos na escola, a uma
alimentação saudável, balanceada e suficiente para prover suas necessidades.
Nesta linha, os recursos financeiros disponibilizados para a alimentação
escolar devem ser suficientes para a compra de gêneros alimentícios de forma a suprir as
necessidades nutricionais dos alunos. Portanto, a definição dos valores a serem
repassados à título de complementação estadual deve ser guiada por avaliações sobre o
atendimento dessas necessidades nutricionais na rede escolar pública e os repasses
devem ser efetuados a partir de critérios previamente estipulados.
A definição da complementação estadual do PNAE através unicamente da
dotação orçamentária destinada pela Secretaria da Fazenda, sem estudo ou definição de
critérios que levem em conta a necessidade nutricional dos alunos durante o período
letivo, carece de respaldo técnico e dificulta o acompanhamento do Programa nos seus
aspectos financeiro e de eficiência, necessitando pedido de esclarecimento ao
Governador do Estado. Item 9.1.3.2.2.1.
O Executivo descreveu como é efetuada a formalização dos procedimentos
de alimentação escolar, com o preenchimento Formulário F-09, disponibilizado pelo
FNDE, contendo dados da escola, controle de estoque, cardápio, entre outros.
Bem como, citou que a Resolução do FNDE nº 6/2020 estabeleceu novas
exigências nutricionais e, com o impacto da pandemia do COVID-19 na inflação dos
alimentos, foi determinada à Equipe da Alimentação Escolar da SEDUC/RS a elaboração
de estudo técnico atualizado sobre os custos dessa alimentação para atendimento das
necessidades nutricionais na rede escolar pública do Estado.
Portanto, será verificado o andamento do referido estudo para o próximo
exercício, mantendo-se o aponte em 2020.
691
possam avaliar a gestão do Governo do Estado quanto à educação, necessitando, assim,
de esclarecimentos do Governador do Estado. Item 9.1.
O Executivo respondeu que não preenche o SIOPE devido a divergências
entre o critério adotado por aquele sistema e o utilizado pelo Estado na apuração dos
valores aplicados em educação.
Também referiu que publica o Relatório Resumido de Execução
Orçamentária – RREO, onde está inserido o anexo 8 – Demonstrativo das Receitas e
Despesas com Manutenção e Desenvolvimento – MDE – que dá publicidade em relação
às receitas e as despesas destinadas à educação. Informou que na prestação de Contas do
Governador demonstra o percentual que o Estado aplicou em educação, bem como,
indicou que a CAGE publica mensalmente na internet o RS Contábil, onde consta a
despesa em educação e o percentual atingido.
O Estado citou a Ação Civil Ordinária nº 3.196 de 08-06-2021, a qual,
através de medida cautelar com efeito suspensivo, embasava o não preenchimento do
SIOPE. O executivo gaúcho alegou que não foi dada a possibilidade de ampla defesa antes
da inscrição de estado-membro em cadastro federal de inadimplentes.
Em recente decisão, proferida em 08-06-2021, o Supremo Tribunal Federal
deu parcial procedência ao Rio Grande do Sul, conforme:
692
Os relatórios informados pela CAGE não possuem o nível de especificação
do SIOPE, são mais resumidos e não permitem um aprofundamento e um detalhamento
importante da educação do Rio Grande do Sul.
Portanto, entende-se que o Estado, com a publicação dos relatórios
referidos, não atende a Lei da Transparência e o artigo 10 do Plano Nacional de Educação
e pode, por vias próprias, prestar as mesmas informações minuciosas e detalhadas,
conforme exigidas no SIOPE, enquanto houver divergência processual quanto ao seu
preenchimento, para que a sociedade gaúcha e os parlamentares possam avaliar a gestão
do Governo do Estado quanto à educação, mantendo-se, assim, o aponte.
693
da Lei Complementar nº 141/2012, ora em vigor, veda o aproveitamento das despesas
com o pagamento de assistência à saúde dos servidores públicos do Estado e do
pagamento de aposentadorias e encargos sobre a folha de inativos e pensionistas da
Secretaria da Saúde, descritas como “controversas” e que compuseram os percentuais de
gastos em ASPS apurados a partir de 2013, constata-se que tais despesas carecem do
amparo de medida legal, cabível e concreta, que viabilize, se assim for o entendimento da
Corte de Contas, o seu reconhecimento no cômputo do montante aplicado em ações e
serviços públicos de saúde, para fins de cumprimento do mandamento constitucional.
O Parecer Prévio das Contas de Governo de 2015, apreciado e aprovado
em Sessão Plenária do dia 06-09-2016, registra a seguinte manifestação no Relatório do
Excelentíssimo Conselheiro-Relator:
Pela recomendação à Sua Excelência, o Governador do Estado, para que,
dentro da discricionariedade que lhe compete, e em conjunto com a Secretaria Estadual
de Saúde, realize estudo que resulte em um Plano de Estado de médio prazo, visando à
recuperação do orçamento da Saúde nos termos já consignados, possibilitando, assim, o
cumprimento do mínimo constitucional sem a inclusão das chamadas despesas
controversas;
A Procuradoria-Geral do Estado efetivou a arguição de
inconstitucionalidade da Lei Complementar nº 141/2012 nos autos da Ação Civil Pública
tombada sob o nº 001/1.15.0061773-4, proposta pelo Ministério Público Estadual em 15-
04-2015. A Ação insurgiu-se contra a inclusão como gastos em ASPS de despesas não
contempladas nas determinações da Lei, requerendo a devolução pelo Rio Grande do Sul
da diferença do percentual de 12% não observado no exercício de 2013.
O Estado impetrou Recurso de Apelação, cuja Decisão foi proferida em 18-
09-2019, absolvendo o Rio Grande do Sul somente quanto ao pedido de devolução dos
recuros da saúde do exercício de 2013 por descumprimento do percentual constitucional.
Assim, o Ministério Público Estadual impetrou Recurso Extraordinário em 05-12-2019, o
qual não foi admitido em 02-03-2020, resultando na protocolização de Petiçao de Agravo
no Supremo Tribunal Federal em 29-04-2020, sob número PET. 2020/543807-6
(80313053).
Quanto à inconstitucionalidade da Lei Complementar nº 141/2012, arguida
de forma incidental na citada Ação Civil Pública, a Decisão do Recurso de Apelação de 18-
09-2019 reafirmou a necessidade de observância das determinações da Lei pelo Estado,
reconhecendo que é evidente o dever do Poder Público em cumprir com os ditames da
Lei Complementar, conforme se transcreve trecho:
694
respeitando o parâmetro apontado pela Constituição Federal e regulamentado pela LC nº
141/2012.
O voto proferido no julgamento das Contas do Governador de 2019
recomendou que fossem corrigidas as inconformidades apontadas nos itens 27 e 28,
referentes à consideração das despesas controversas no percentual mínimo de aplicação
em ASPS.
Desta forma, de acordo com o voto proferido e publicado em 20-04-2021,
o entendimento deste Tribunal é pela não consideração das despesas controversas no
citado cálculo.
Assim, solicita-se esclarecimento acerca do executivo quanto à retirada das
referidas despesas, uma vez que, desta forma, não será atingido o percentual mínimo de
aplicação em saúde. Item 9.4.7.
Os pontos controversos, objetos dos apontamentos nº 30 e 31,
constituem-se em: 1) contribuições patronais ao IPE Saúde (exceto os provenientes da
Secretaria da Saúde); 2) pagamento de Inativos e Pensionistas da área da saúde e; 3)
Despesas em outros Órgãos que não a Secretaria da Saúde, não sendo de natureza
universal.
Discorre-se, primeiramente, acerca do pagamento de inativos e
pensionistas, conforme citado pelo Estado:
695
consideradas no cálculo de ASPS são apenas aquelas correspondentes aos
repasses financeiros ao RPPS, os quais se enquadram na definição de despesa
previdenciária. Quando se tratar de contribuição patronal ordinária ou
suplementar ao RPPS, definida em lei, com recursos vinculados para cobertura
de déficit atuarial, como ocorre no Estado do Rio Grande do Sul (com a
contabilização dos recursos ao RPPS como transferência intraorçamentária), há
despesa de natureza tributária e, como tal, é possível o seu cômputo em ASPS.
Art. 4º: Não constituirão despesas com ações e serviços públicos de saúde, para
fins de apuração dos percentuais mínimos de que trata esta Lei Complementar,
aquelas decorrentes de:
I - pagamento de aposentadorias e pensões, inclusive dos servidores da saúde;
Art. 4º: Não constituirão despesas com ações e serviços públicos de saúde, para
fins de apuração dos percentuais mínimos de que trata esta Lei Complementar,
aquelas decorrentes de:
III - assistência à saúde que não atenda ao princípio de acesso universal
Art. 4º: Não constituirão despesas com ações e serviços públicos de saúde, para
fins de apuração dos percentuais mínimos de que trata esta Lei Complementar,
aquelas decorrentes de:
696
II - pessoal ativo da área de saúde quando em atividade alheia à referida área;
697
realizados por instituições públicas do SUS, matéria analisada na Informação da PGE
nº 024/13/GAB, acostada no Proc. 001415-0200/14-5, que assim se manifestou: “A
contabilização parece-nos, portanto, possível, devendo sua forma de contabilização,
porém, ser melhor estudada e explicitada em outra oportunidade, dada a urgência e
complexidade do tema da presente consulta”. (grifo nosso)
A Procuradoria-Geral do Estado efetivou a arguição de
inconstitucionalidade da Lei Complementar nº 141/2012 nos autos da Ação Civil Pública
tombada sob o nº 001/1.15.0061773-4, proposta pelo Ministério Público Estadual em 15-
04-2015. A Ação insurgiu-se contra a inclusão como gastos em ASPS de despesas não
contempladas nas determinações da Lei, requerendo a devolução pelo Rio Grande do Sul
da diferença do percentual de 12% não observado no exercício de 2013.
O Estado impetrou Recurso de Apelação, cuja Decisão foi proferida em 18-
09-2019, absolvendo o Rio Grande do Sul somente quanto ao pedido de devolução dos
recuros da saúde do exercício de 2013 por descumprimento do percentual constitucional.
Assim, o Ministério Público Estadual impetrou Recurso Extraordinário em 05-12-2019, o
qual não foi admitido em 02-03-2020, resultando na protocolização de Petiçao de Agravo
no Supremo Tribunal Federal em 29-04-2020, sob número PET. 2020/543807-6
(80313053).
Quanto à inconstitucionalidade da Lei Complementar nº 141/2012, arguida
de forma incidental na citada Ação Civil Pública, a Decisão do Recurso de Apelação de 18-
09-2019 reafirmou a necessidade de observância das determinações da Lei pelo Estado,
reconhecendo que é evidente o dever do Poder Público em cumprir com os ditames da
Lei Complementar, conforme se transcreve trecho:
3. Efetivamente, quanto aos Estados e Municípios, com o advento da LC
141/2012, houve a regulamentação do que deve ou não ser inserido como despesas em
ações e serviços de saúde.
(...)
6. Outrossim, é evidente o dever do Poder Público em cumprir com os
ditames da Lei Complementar, assegurando a regularidade dos repasses ao Fundo
Estadual de Saúde, em periodicidade suficiente a viabilizar a continuidade dos serviços,
respeitando o parâmetro apontado pela Constituição Federal e regulamentado pela LC nº
141/2012.
As despesas com a folha de pagamento de pessoal ativo (R$ 111,1 milhões)
e demais despesas com custeio (R$ 35,4 milhões) em outros órgãos do Estado fora da
Secretaria da Saúde, e não integrados ao SUS, pagas com recursos vinculados à Saúde,
são objeto de pedido de esclarecimentos com a finalidade de verificar os critérios
adotados pelo Executivo para apropriação destas despesas em ASPS.
O voto proferido no julgamento das Contas do Governador de 2019
recomendou que fossem corrigidas as inconformidades apontadas nos itens 27 e 28,
referentes à consideração das despesas controversas no percentual mínimo de aplicação
em ASPS.
Desta forma, de acordo com o voto proferido e publicado em 27-04-2021,
o entendimento deste Tribunal é pela não consideração das despesas controversas no
citado cálculo.
698
Assim, solicita-se esclarecimento acerca do executivo quanto à retirada das
referidas despesas, uma vez que, desta forma, não será atingido o percentual mínimo de
aplicação em saúde. Item 9.4.7.
A análise dos esclarecimentos deste apontamento foi efetuada
conjuntamente no item 30, sendo mantidos os pontos 30 e 31.
699
trâmite na 1ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre (Processo 9018150-
81.2018.8.21.0001), que visa a destinar à UERGS os bens móveis da CIENTEC vinculados à
pesquisa.
Em face das ações adotadas, entende-se que o apontamento deva ser
afastado.
Cabe ressaltar, dentro desta sistemática, que apenas uma conta bancária é
indicada preferencialmente para débito quando associada a determinada conta
700
a pagar de alguma Tesouraria. Os demais recursos são ali colacionados apenas
para correções de saldos e acertos contábeis oriundos dos processos
operacionais de pagamento e de execução orçamentária.
37) O Rio Grande do Sul possui uma dívida com os Fundos Municipais de
Saúde que remonta o exercício de 2013. São valores de diversos programas municipais,
pactuados em CIB, sendo parte empenhada e outra parte não empenhada por ausência
de disponibilidade orçamentária, contabilizada na conta 2.1.3.1.1.03.01.0509 –
Obrigações Pendentes de Execução Orçamentária.
Constatou-se que os lançamentos contábeis da conta obrigações
pendentes de execução orçamentária não permitem maior detalhamento dos valores,
como a separação entre dívidas de hospitais e de municípios, ou a identificação da
competência de cada uma, ou à qual credor se refere.
A Secretaria da Saúde enviou planilhas com diversos valores das dívidas
com os municípios registrados na conta contábil 2.1.3.1.1.03.01.0509. Contudo, ao não
corresponderem com os valores efetivamente contabilizados, não permite um
acompanhamento mais detalhado da dívida do Estado com os Fundos Municipais.
Assim, frente à dificuldade de mensuração e detalhamento das dívidas
estaduais com os Fundos Municipais de Saúde na contabilidade e, uma vez que há valores
reconhecidos orçamentariamente constantes em restos a pagar, bem como outros sem
disponibilidade orçamentária registrados na conta 2.1.3.1.1.03.01.0509, além da
possibilidade de existir dívidas pactuadas em CIB sem qualquer registro contábil, torna-se
necessário o pedido de esclarecimento ao Governador do Estado sobre a forma de
apresentação, mensuração e controle de suas dívidas com os Fundos Municipais. Item
9.4.4.
Primeiramente, o Executivo detalhou que, dentro dos valores indicados por
esta Equipe Técnica como transferências a municípios, nas modalidades 40 e 41,
encontra-se a subfunção 0302 – Assistência hospitalar/ambulatorial, a qual se refere ao
Programa Incentivo aos Hospitais, cujo destinatário final é a Instituição de Saúde e o
701
repasse é realizado ao Fundo Municipal de Saúde (modalidade 41), por ser o município
gestor da Saúde e contratante da Instituição.
Foi citada a aprovação da Lei nº 15.448 de 13-02-2020, que autorizou a
quitação de dívidas do Estado da área da saúde com os municípios mediante dação em
pagamento de bens imóveis. O Decreto Estadual nº 55.307/2020 de 10-06-2020, criou o
Programa Especial de Quitação de Débitos Por Meio de Dação em Pagamento de Bens
Imóveis – PROGRAMADAÇÃO, dentro da inciativa NegociaRS. O Executivo referiu que há
mais de cinquenta protocolos ativos dentro do Programa.
É informado que, quanto à mensuração e detalhamento da dívida da SES com os
municípios, o Fundo Estadual efetua registro contábil no sistema de Finanças
Públicas do Estado, sem a liberação orçamentária, com base nos dados
autorizados nos processos de pagamento protocolados pelos departamentos
responsáveis pela fiscalização das políticas de saúde da SES, pactuadas pela
Comissão Intergestora Bipartite ou regradas por Portarias SES.
38) O Rio Grande do Sul possui uma dívida com os hospitais que remonta o
exercício de 2013, sendo parte empenhada, outra parcela não empenhada por ausência
de disponibilidade orçamentária, contabilizada na conta 2.1.3.1.1.03.01.0509 –
Obrigações Pendentes de Execução Orçamentária, e outra fração decorrente de
parcelamentos com o Fundo de Apoio Financeiro e de Recuperação dos Hospitais
Privados, Sem Fins Lucrativos e Hospitais Públicos - FUNAFIR.
Constatou-se que os lançamentos contábeis da conta obrigações
pendentes de execução orçamentária não permitem maior detalhamento dos valores,
como a separação entre dívidas de hospitais e de municípios, ou a identificação da
competência de cada uma, à qual credor se refere, ou se são dívidas vinculadas ao
FUNAFIR.
A Secretaria da Saúde enviou planilhas com diversos valores das dívidas
com os hospitais registrados na conta contábil 2.1.3.1.1.03.01.0509. Contudo, ao não
corresponderem com os valores efetivamente contabilizados, não permite um
acompanhamento mais detalhado das dívidas do Estado com as Entidades.
Assim, frente à dificuldade de mensuração e detalhamento das dívidas
estaduais com os hospitais, primeiramente pela complexidade em apurar o total devido a
cada entidade, bem como, pela presença de diversos valores com e sem registro contábil,
além dos parcelamentos referentes ao FUNAFIR, torna-se necessário o pedido de
esclarecimento ao Governador do Estado sobre a forma de apresentação, mensuração e
controle de suas dívidas com os hospitais. Item 9.4.5
Primeiramente, o Executivo explicou que, dentro dos valores indicados por
esta Equipe Técnica como repasse mensal aos hospitais e santas casas, na modalidade 50,
foi considerada apenas a modalidade “convênios”, e não representaria a integralidade
dos repasses às instituições de saúde. Conforme indicou o Estado, a subfunção 0302 –
702
Assistência Hospitalar e Ambulatorial, cujos valores são transferidos diretamente ao
Fundo Municipal de Saúde, deveria ser considerada na tabela. Assim, referida questão
será abordada no Relatório de Contas do Governador relativo a 2021.
O Executivo limitou-se a informar que os valores pendentes de
adimplemento a hospitais gaúchos, decorrentes de contratação acima da capacidade
financeira do Estado, encontram-se controlados e anotados pelo Fundo Estadual da
Saúde.
Portanto, a dificuldade de mensuração das dívidas estaduais com os
hospitais se manteve em 2020, mantendo-se o aponte.
703
medidas se mostraram insuficientes para avançar no processo de estruturação do efetivo
de servidores, pois permanecem altos índices de vacâncias nos cargos retro citados.
Vale ressaltar que no Relatório desta Área Técnica restou evidenciado que
as nomeações ocorridas em 2020 produziram o efeito tão somente de não piorar os
índices do quadro de pessoal, que vem sendo mantidos, em sua maioria, em
aproximadamente 50% do contingente estipulado nas legislações afetadas.
Inclusive, tal sistemática é reconhecida no Processo Administrativo nº
19/0802-0000255-6, que trata do Plano RS Seguro, onde conclui a PGE que as nomeações
(peça 3712826, p. 28):
704
Em síntese, refere-se à priorização de 12 estabelecimentos prisionais em
diferentes regiões do Estado, com a previsão de geração de 3.557 vagas no sistema, em
decorrência de obras para construção de novos estabelecimentos prisionais, bem como
pela ampliação de outros.
Desta maneira, afirma que haverá “um aumento considerável de 13,5% da
capacidade de engenharia, passando de 26.293 vagas para o total de 29.850,
minimizando o déficit prisional”.
Sobre o Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional (NUGESP), diz se
tratar de:
(...) uma “porta de entrada qualificada” de pessoas presas no
sistema penitenciário gaúcho, o NUGESP não representa apenas 708
(setecentas e oito) novas vagas. Isso porque, ao permitir um tratamento
adequado e tempestivo das pessoas que para lá forem direcionadas, será
possível, a depender do caso, o encaminhamento de detidos para o
cumprimento de medidas alternativas ao encarceramento, como o
monitoramento eletrônico, por exemplo. Nesse sentido, a tendência – e o que
se espera - é a gradual diminuição da população carcerária.
705
No que tange ao ano de 2021, o Gestor menciona que foi publicada a
Portaria nº 005 de 22 de abril de 2021, que estabeleceu o Plano Anual de Publicidade e
Propaganda Governamental do Estado do Rio Grande do Sul.
Na Portaria está previsto: as estratégias da comunicação, as demandas de
execução, sobre a publicidade institucional – com classificação dos meios de veiculação,
previsão orçamentária detalhada por órgão, da aplicação do valor orçamentado, dos
grupos e temas das campanhas publicitarias e disposições finais.
Considerando que no exercício em análise não há plano de publicidade,
cuja edição se deu apenas em 2021, sugere-se a permanência do apontamento. Contudo,
a aplicação do plano deve ser acompanhada pela Área Técnica deste Tribunal, a partir da
sua vigência.
42) A Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, em seu art. 24, inciso
III, estabelece a obrigatoriedade do Poder Executivo publicar anualmente o “relatório
pormenorizado das despesas mensais realizadas pelo Estado e pelas entidades da
administração indireta na área de comunicação, especialmente em propaganda e
publicidade”. A despeito do esforço empreendido pelo Poder Executivo em disponibilizar
dados de forma analítica no portal de transparência, não se encontram ali os relatórios de
que trata a Constituição Estadual, seja em termos de operacionalização (geração de
relatórios pormenorizados, e não somente a apresentação dos dados), seja em termos de
finalidade, a de esclarecer o cidadão acerca das ações do poder público – administração
direta e indireta por imperativo constitucional – em matéria de publicidade e
propaganda. Nesse sentido, dada à relevância e a essencialidade deste relatório, que se
sobressai em um contexto de administração pública transparente, sugere-se que seja
alertada a administração para que observe o que a Constituição Estadual estabeleceu.
Item 10.3.2.
O Gestor traz informações acerca do andamento de uma contratação de
solução tecnológica, desenvolvida pela PROCERGS, que teria finalidade de executar
relatórios pormenorizados dos gastos, com as agências contratadas, com os fornecedores
e com os veículos, de modo a se adequar ao imposto pelo inciso III do art. 24 da
Constituição Estadual.
No entanto, essa ferramenta está em fase final de testes, ou seja, ainda
não se encontra disponível, motivo pelo qual se opina pela manutenção do apontamento
neste exercício.
706
Aponta-se, por relevante, que a matéria vem sendo abordada desde 2015,
ou seja, a transferência do numerário para integralização de capital do BADESUL,
conforme reconhecido pela Contadoria e Auditoria-Geral do Estado (CAGE), permanece
pendente. Item 11.4.3
Em 2019 o Gestor relatou certo descompasso no andamento do processo
administrativo, por conta da troca de Gestão, não sendo adotadas, no ano de 2019, as
providências administrativas necessárias para o pagamento parcelado do valor pendente
de capitalização do BADESUL.
Anexa aos autos o Processo Administrativo (PROA nº 18/1600-0001548-0),
que trata do assunto (peças 3715332, 3715317 e 3715316).
Neste exercício afirma terem sido retomadas as diligências necessárias ao
ajuste da pendência e julga que estão sendo:
707
As razões apresentadas – impacto decorrente da carência de servidores –
são compreensíveis, tanto quanto são elogiáveis os esforços empreendidos em 2020 em
relação às quatro companhias indicadas. Mas estes, por si só, não afastam a necessária
atenção aos imperativos legais assinalados, não somente do ponto de vista formal, mas
especialmente em seu significado substantivo em relação à garantia da higidez
patrimonial e da integridade de gestão das entidades.
A aludida expectativa de ampliação da atuação da CAGE nesta competência
como decorrência dos esforços de recomposição dos seus quadros em 2021 constitui
sinalização positiva. Em face disso, sugere-se a manutenção deste apontamento a fim de
seja verificada a necessária mudança de cenário por ocasião do exame das contas de
governo relativas ao exercício de 2021.
708
O MCASP, de observância obrigatória para todos os entes da Federação,
dispõe no seu item 3.6.1 que a dedução de receita orçamentária é o procedimento
padrão a ser utilizado nos casos de renúncia de receita orçamentária. E, para as medidas
a serem observadas pelos entes públicos que decidirem pela concessão ou ampliação de
incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita, refere
ao art. 14 da LRF. Continuando, refere que as espécies de renúncia são a anistia, a
remissão, o crédito presumido e a isenção, entre outros, especialmente quanto a aqueles
benefícios de natureza fiscal que correspondem a tratamento diferenciado, tendo em
vista que a assunção de recursos por parte do consumidor final não se dá de forma
indiscriminada, mas apenas àquelas que se enquadrem nas regras legais previamente
estabelecidas. Ressalva que a evidenciação de renúncia de receitas poderá ser efetuada
de diversas maneiras, sendo contabilizada somente nos casos em que seja possível
mensurar um valor confiável.
As Instruções de Procedimentos Contábeis – IPCs visam orientar os
profissionais de contabilidade quanto aos registros contábeis aplicáveis. A IPC 16 -
Desonerações Fiscais, de novembro de 2020, detalha alguns procedimentos contábeis,
inclusive citando determinados exemplos, sem, entretanto esgotar o assunto. Ressalta
que caso haja determinações na legislação local ou do respectivo Tribunal de Contas, o
ente poderá tratar os valores orçamentariamente sem prejuízo aos conceitos da IPC.
Entre os exemplos citados na IPC-16 encontra-se o de número 07, o qual trata da
contabilização da redução de base de cálculo, demonstrando as contas de débito e
crédito que registram a renúncia do valor efetivamente desonerado.
Expostas as considerações do Gestor e resumindo-se alguns pontos
normativos, concorda-se com a alegada complexidade do tema. Como exposto no início
deste Relatório, alteração semelhante ― a contabilização da dedução das receitas de
impostos arrecadados pelo Estado e destinada aos municípios ― foi objeto de ajuste no
exercício em exame. Entretanto, opina-se pela manutenção aponte, de modo a verificar-
se no exercício de 2021 o tratamento a ser dispensado a esta matéria.
709
às respectivas saídas não tributadas. Informa que teoricamente é possível identificar uma
proporção entre as saídas com e sem estorno, mas que não há garantia de que essa
proporção seja fidedigna. Ainda, em que pese ser possível estimar o imposto global
desonerado, não será possível obter os valores do não estorno por inciso legal, pela
simples falta de informações. Sobre essa questão ainda informa que foi instituído um
grupo de trabalho com o intuito de melhorar a qualidade dessas informações por parte
dos contribuintes e, como consequência, permitir uma estimativa mais qualificada do
“Não Estorno”.
Em relação ao demonstrativo das desonerações de 2020 o Gestor informa
que deve constar no mesmo a lista das isenções e reduções de base de cálculo que
possuem também o benefício do não estorno do crédito, bem como os benefícios serão
apresentados também com suas respectivas finalidades, apontando para o objetivo ou
setor beneficiado.
Expostas estas considerações, opina-se pela manutenção aponte, de modo
a verificar-se em 2021 a evolução das informações constantes do demonstrativo das
desonerações de 2020, com vistas a proporcionar a maior transparência possível no trato
do tema.
710
R$ 3,38 bilhões após o contingenciamento de R$ 1,28 bilhão sugerido aos poderes, o que
significaria uma despesa de R$ 2,7 bilhões acima da meta do resultado primário, de R$
1,31 bilhão deficitário.
A intenção do aponte efetuado por esta área técnica foi no sentido de
entender o critério utilizado na programação elevada das despesas do 6º bimestre.
Conforme citado no texto, a previsão no início de 2020 apontava R$ 11,00 bilhões a
serem executados nos dois últimos meses do ano, o que se confirmou bem próximo do
real, de R$ 10,65 milhões. Questionou-se, então, a previsão 43,7% superior a feita no
início do ano, ressaltando o fato de ter sido feita em novembro de 2020, ou seja,
praticamente em tempo real a execução do 6º bimestre.
Ao efetuar tal previsão, automaticamente se propôs um
contingenciamento de R$ 1,28 bilhão aos poderes, para atingimento da meta de
resultado primário. O contingenciamento não foi efetuado, e o resultado primário foi de
R$ 2,35 bilhões, bem acima da meta deficitária de R$ 1,31 bilhão.
Há ainda uma confusão nos esclarecimentos prestados, pois ao citar que
“...referente à reestimativa da despesa primária total do 6º bimestre daquele exercício, de
R$ 15,8 bilhões, não significa de modo algum que este novo patamar de despesas possa
ser realizado, pois, com sua utilização, a meta de resultado primário atingida seria de R$
3,379 bilhões negativos após o contingenciamento de despesas requerido, o que
significaria uma despesa adicional de R$ 2,7 bilhões acima da meta de resultado primário
inicialmente estipulado, de R$ 1,309 bilhão negativos...”, o gestor ignora o fato de que o
resultado atingido seria apenas no bimestre, o acumulado no ano seria exatamente a
meta do resultado primário original.
Portanto, além de não explicar os critérios da previsão elevada, que
acarretou em pedido de contingenciamento desnecessário, o Gestor parece desconhecer
a forma de cálculo, confundindo resultados atingidos no bimestre com o acumulado
anual. Mantem-se o aponte, sugerindo monitoramento constante por esta Corte de
Contas nos citados relatórios.
711
Informa que o processo atende os pressupostos que garantem a
manutenção do equilíbrio financeiro e atuarial do regime e cumpre todos os requisitos
estabelecidos no § 4º do art. 60 da Portaria MF nº 464, de 19/11/2018, com a redação
dada pela Portaria SEPTR/ME 3.725, de 30/03/2021 relativamente à revisão da
segregação de massas com transferência dos beneficiários e recursos do Fundo
Capitalizado para o Fundo Financeiro.
Sobre a Portaria MF Nº 464/2018 traz o Parecer PGE/RS nº 18.295/20. Isto
porque a referida Portaria exige a necessidade de prévia aprovação da Secretaria da
Previdência para a revisão da segregação de massas, o que a PGE entende por
questionável, sob o prisma da autonomia dos entes federativos, entendendo suficiente a
apresentação ― não a aprovação ― dos necessários estudos. Como consta no Relatório
do Parecer Prévio, o questionamento da Secretaria da Previdência efetivamente ocorreu,
o que foi enfrentado pelo Parecer PGE nº 18.450/20. Neste Parecer a Douta Procuradoria
entende que a transferência proporcional dos recursos para o Fundo Financeiro decorre
da lógica de que, em sendo reduzido o número de vidas seguradas pelo fundo
previdenciário, menores serão os eventos a serem cobertos, e, portanto, menor será a
necessidade de valores reservados neste fundo.
Informa ainda que a Lei Complementar nº 15.511/2020 é objeto da ADI nº
6.568 junto ao STF, tendo por base a não observação das Portarias do Ministério da
Fazenda, o que ofenderia os arts. 10; 40, caput e § 22, III, IV, VI e VII; e 194, parágrafo
único, VII, da Constituição Federal. Nas informações prestadas pelo Governador na
referida ADI os argumentos dos dois Pareceres citados são igualmente apresentados,
forte na autonomia do ente federativo.
O Gestor conclui seus esclarecimentos solicitando a reavaliação das
conclusões do “Relatório e Parecer Prévio, visto que, como demonstrado, houve
comunicação entre o Governo do Estado e a Secretaria de Previdência do Ministério da
Economia, nos termos previstos na legislação pertinente, com o que não subsiste o
aponte.”. Anexa ainda o Parecer nº 18.450/20 da PGE (Anexo X), a petição inicial (Anexo
XI) e a prestação de informações (Anexo XII) referentes a ADI citada.
Expostos os argumentos do Gestor, inicialmente verifica-se em consulta ao
sitio do STF na internet que a ADI nº 6.568 ainda encontra-se sem decisão. Entretanto, o
Parecer da PGR concluiu, em fevereiro de 2021, que é “inconstitucional a alteração da
segregação da massa que autorize a utilização de recursos financeiros do Fundo de
Capitalização para pagamento de benefícios previdenciários vinculados ao Fundo
Financeiro de Repartição Simples, por ofensa aos arts. 40, caput, e 167, XII, da CF/1988.”.
Desta forma, emite Parecer “pelo deferimento da medida cautelar e, no mérito, pela
procedência parcial do pedido, a fim de que sejam declarados inconstitucionais os arts.
4º, caput e §§ 1º e 2º; e 5º da Lei Complementar 15.511/2020...”.
Isso posto, cumpre destacar que as alterações trazidas pela Portaria
SEPTR/ME 3.725, de 30/03/2021 permitiu, mediante o atendimento de certos requisitos,
a transferência dos beneficiários e recursos do Fundo em Capitalização para o Fundo em
Repartição, o que até então era vedado na redação vigente da Portaria MF nº 464/2018 à
época da publicação da Lei Complementar nº 15.511/2020.
Analisados os Esclarecimentos, verifica-se que a matéria encontra-se sob
judice junto ao STF, e a autorização para a revisão da segregação de massas pela
712
Secretaria de Previdência ainda não foi obtida. Quanto ao principal ponto material, a
transferência de recursos do Fundo Capitalizado para o Estado, embora autorizado na Lei
Complementar Estadual, ainda não se efetivou. Desta forma, opina-se pela manutenção
do aponte, de modo a se acompanhar tanto os desdobramentos da ADI como a efetiva
transferência dos recursos caso esta venha a ocorrer, o que poderá ser visto no Relatório
e Parecer Prévio de 2021.
713
Em relação ao equilíbrio atuarial do Fundoprev aponta para um notável
superávit em 2020 e 2021 em relação a 2019, impacto decorrente das recentes reformas
da previdência e da estrutura remuneratória dos servidores públicos. De um déficit de R$
278 milhões em 2019, o resultado atuarial passou para superávits de R$ 2,7 bilhões.
Informa ainda que, nas avaliações atuariais de 2020 (data-base 31/12/2019) e 2021 (data-
base 31/12/2020) do FUNDOPREV/CIVIL o Valor Atual das Contribuições Futuras
(servidores e Ente), somado à Compensação Previdenciária, supera o Valor Atual dos
Benefícios Futuros (provisão matemática negativa).
Em relação ao patrimônio acumulado do Fundoprev, informa que até o
momento não foram transferidos recursos para serem utilizados no pagamento de
aposentadoria e pensão dos beneficiários vinculados ao RRS. Nesta linha, informa que o
RPPS cumpre todos os requisitos exigidos da Portaria SEPRT/ME nº 3.725/2021 para a
transferência de beneficiários e recursos do Fundo Capitalizado para o Fundo Financeiro,
dentre eles, a manutenção dos recursos financeiros do FUNDOPREV/CIVIL suficientes para
a cobertura dos valores das provisões matemáticas da massa de beneficiários que nele
permanecerão.
Conclui o Gestor que as reformas buscaram a equalização do sistema
previdenciário como um todo, mantendo o equilíbrio atuarial do FUNDOPREV e também
aumentando a capacidade de honrar os pagamentos no curto prazo.
Expostas as considerações do Gestor, verifica-se que o mesmo concorda
quando apontado que a alteração presente na Lei Complementar privilegia uma solução
de curto prazo, ou seja, com enfoque no equilíbrio financeiro. Além desse fato, o Gestor
demonstra que o equilíbrio atuarial do Fundoprev encontra-se assegurado, como exposto
por meio das avaliações atuariais de 2020 e 2021. O que não foi abordado, entretanto, foi
o déficit atuarial do Plano Financeiro (RRS), Plano este anteriormente “fechado” para
servidores que ingressaram no Estado a partir de 2011 e que agora recebe novos
servidores, notadamente os que ingressaram entre 2011 e 2017. Desta forma, a data
prevista para a futura extinção do Plano Financeiro deverá ficar, proporcionalmente,
adiada. Em relação à migração destes servidores para o RPC existe uma incógnita, pois o
Plano é de adesão facultativa de cada servidor, o qual pode levar em conta inúmeros
fatores pessoais para sua decisão.
Para concluir, entende-se esclarecido este ponto, forte na adequação do
Estado ao disposto na Lei Complementar que reestruturou o RRS e o RC. Nada impede,
entretanto, uma nova análise do tema no Relatório e Parecer Prévio de 2021 em conjunto
com o item anterior, especialmente em decorrência de decisão na ADI que trata do
assunto.
714
Painel visa modernizar a coleta de dados, com liberdade ao usuário para pesquisar e
selecionar dados.
O Executivo Estadual coloca a SEFAZ à disposição para avaliar as consultas
realizadas pelo TCE e identificar as eventuais diferenças entre os valores pesquisados.
Entende-se que as pendências trazidas no Relatório devem ser verificadas e se for o caso
solucionadas, fato que não ocorreu nos esclarecimentos. Sendo assim, opta-se por
manter o aponte.
715
É alegado pela Procuradoria que a contribuição patronal com inativos da
área da educação e a contribuição patronal extraordinária do Estado ao RPPS (encargo
legal instituído para a cobertura do déficit com pensionistas e inativos da área da
educação derivado da ausência de liquidação das contribuições patronais de exercícios
anteriores) possuem natureza jurídica de tributo, enquadrando-se na categoria de
encargos sociais e, portanto, não estariam vedados de inclusão no percentual mínimo de
MDE.
Não prosperam as considerações do Estado, uma vez que,
independentemente do regime de previdência, da fonte de recursos utilizada para
pagamento das aposentadorias e pensões ou da natureza jurídica desse pagamento, as
mesmas não podem ser consideradas no cálculo do mínimo constitucional em MDE,
devido a expressa determinação Constitucional introduzida pela EC nº 108/2020.
A Constituição não detalhou quais pagamentos de aposentadorias e
pensões são vedados, tão pouco discriminou a fonte de recurso ou a natureza tributária
do citado pagamento, sendo a vedação legal para TODOS os tipos de pagamentos de
aposentadorias e pensões. O Poder Público é totalmente subordinado à previsão legal, e,
sob o princípio da legalidade, não pode incluir quaisquer pagamentos de aposentadorias
e pensões nas despesas Constitucionais em MDE.
Na sequência, o Estado referiu:
716
que pretende adotar, nas dimensões temporal, orçamentária e financeira, visando à
plena adequação das despesas do Estado ao artigo 212, § 7º, da Constituição da
República, na redação dada pela Emenda Constitucional n. 108/2020, o qual deverá ser
objeto de análise técnica e submetido à deliberação no Tribunal Pleno no âmbito das
Contas relativas ao exercício de 2021, alertando-se que a inobservância dessa providência
poderá repercutir na apreciação de outros Processos de Contas (tópicos 17 e 20), solicita-
se esclarecimento ao Governador quanto ao andamento do Plano de Ação para o
atingimento do percentual determinado na Constituição Estadual, de 35%. Item 9.1.
Este apontamento foi respondido conjuntamente com o de número 52.
Na resposta ao apontamento de nº 52 não foi respondido sobre o referido
plano de ação, mantendo-se, assim, o aponte.
Uma vez que foi explicado pelo Estado a razão do alto valor inscrito em
restos a pagar do Salário Educação, o aponte encontra-se sanado.
717
Solicita-se esclarecimento ao Governador do Estado referente ao
pagamento do salário dos professores acima do piso salarial no exercício de 2020,
conforme preconizado pelo artigo 12º da Lei 15.451/2020. Item 9.1.4.
Primeiramente, o executivo informou que, até a edição da Lei nº
14.451/2020, cumpriu rigorosamente o acordo judicial firmado na Ação Civil Pública nº
001/1.11.0246307-9. O período anterior ao acordo está sendo discutido judicialmente.
Bem como, o Estado afirmou que nenhum membro do magistério recebe
subsídio inferior ao Piso Nacional, de acordo com a determinação legal. Portanto,
encontra-se sanado o aponte.
718
16 SÍNTESE
O presente capítulo reproduz a Síntese do Exame das Contas, abrangendo
os tópicos discorridos nos capítulos anteriores, resumindo os assuntos tratados no
presente relatório.
16.1.1.1 – População
Conforme dados das estimativas da população realizadas pelo IBGE, a
população do Rio Grande do Sul, ao final de 2020 foi de 11.422.973 habitantes, sendo
este total composto por 51,3% mulheres e 48,7% homens, aproximadamente. Em
comparação com os demais estados do Brasil, o RS ocupa o sexto lugar entre os mais
populosos.
No quesito crescimento populacional o Rio Grande do Sul tem apresentado
taxas anuais abaixo das verificadas pelo Brasil. Este cenário se reproduz na análise da
pirâmide de faixa etária da população do Rio Grande do Sul, a qual demonstra uma
inversão da concentração populacional ao longo das últimas décadas, conforme se
verifica nos gráficos a seguir.
PIRAMIDE ETARIA DA POPULAÇÃO DO RS NOS ANOS DE 1980 E 2020 (EM MILHARES DE PESSOAS)
80 + 80 +
70-74
198070-74
2020
60-64 60-64
50-54 50-54
40-44 40-44
30-34 30-34
20-24 20-24
10-14 10-14
0-4 0-4
600 200 200 600 600 400 200 0 200 400 600
homens mulheres homens mulheres
720
Os resultados apresentados nos gráficos acima demonstram uma elevação
acentuada na concentração populacional naquelas faixas de idade mais altas. Este novo
cenário impacta em especial a questão previdenciária, a qual será tratada em capítulo
específico deste relatório.
721
16.1.1.3 – Indicadores de Desenvolvimento
Uma das principais formas de avaliar os indicadores sociais de uma região é
por meio de índices que combinem diferentes fatores que afetem o desenvolvimento
socioeconômico. Dentre estes, pode-se destacar o IDH (Índice de Desenvolvimento
Humano).
O IDH é um índice utilizado pelo Programa das Nações Unidas pelo
Desenvolvimento (PNUD) e ajuda a classificar os países e os Estados pelo seu grau de
desenvolvimento humano. O IDH medido para o RS em 2010 foi de 0,746, considerado
alto e que o coloca na sexta colocação entre os estados brasileiros. Para este mesmo ano
de 2010 o IDH do Brasil foi de 0,726.
Outro indicador que serve para mensurar o desenvolvimento social está
relacionado à expectativa de vida ao nascer. Neste aspecto o RS apresenta um dos
melhores resultados do país e que tem se mantido acima da média nacional ao longo do
tempo. Para o ano de 2019 a expectativa de vida para pessoas nascidas no Rio Grande do
Sul era de 78,5 anos.
No quesito educação a taxa de analfabetismo é uma variável fundamental
para avaliar o desenvolvimento social, pois representa a falta de uma capacidade
limitadora do progresso individual. A análise deste indicador mostra que em 2019 no
Estado do Rio Grande do Sul, 2,6% das pessoas com 15 anos ou mais não eram
alfabetizadas, enquanto que no Brasil este mesmo indicador apontava 6,6%.
Por último, do ponto de vista da desigualdade social, torna-se relevante
analisar o índice de Gini. Tal indicador é utilizado para mediar a desigualdade de renda de
um determinado local, sendo que os valores são medidos entre 0 e 1, onde resultados
mais próximos de zero representam locais menos desiguais e resultados mais próximos
de 1 representam regiões com maior concentração de renda. O RS apresenta uma menor
desigualdade de renda (Gini igual a 0,5472 em 2010) se comparado com o resto do Brasil
(Gini igual a 0,6086 em 2010).
Em 2010, o Rio Grande do Sul era o terceiro estado menos desigual em
termos de distribuição de renda, atrás apenas de Santa Catarina e do Paraná. Apesar
desta boa colocação na comparação nacional, quando se verifica os resultados de outras
nações para o índice de Gini, percebe-se que os números do RS demonstram ainda uma
elevada concentração de renda.
722
De acordo com os dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), a
economia mundial não apresentava uma retração do PIB desde a crise do subprime
ocorrida entre os anos de 2008 e 2009. Entretanto, ressalte-se que a redução do PIB
verificada no exercício de 2020 foi muito mais acentuada, pois afetou basicamente todas
as economias do mundo de maneira profunda.
A economia mundial desde 2015 vinha crescendo a uma taxa de
aproximadamente 3% ao ano, enquanto que em 2020 verificou-se uma retração de mais
de 4%. A China que desde o início da década de 90 apresenta taxas de crescimentos
anuais do PIB superiores a 6%, no ano de 2020 vai apresentar um crescimento de seu
produto interno próximo a 2%, fato que não ocorria há mais de 40 anos.
Os EUA, por sua vez, que vinham crescendo em média 2,5% ao ano, em
2020 devem apresentar uma retração de mais de 4% do PIB.
Apesar destes dados consolidados do ano de 2020 serem bem negativos, o
fim do ano passado já apresentou um processo de recuperação econômica em várias
partes do mundo como resultado da diminuição nas restrições à mobilidade.
Importante ressaltar que a recuperação verificada tende a ser desigual
entre os setores, sendo o setor de serviços o mais afetado pela pandemia, devido à sua
maior sensibilidade às medidas de distanciamento social.
No entanto, apesar desta melhora, o nível de atividade econômica ainda se
encontra, em geral, abaixo do observado no início do ano. Além disso, o grau de incerteza
ainda esteve presente até o final do ano de 2020 visto que a ressurgência da Covid-19 em
algumas economias fez com que voltasse a ser necessária a adoção de medidas de
restrição à mobilidade como forma de combate. Este elevado grau de incerteza sobre a
evolução da pandemia afeta a confiança dos empresários e das famílias, com
consequências sobre o investimento, o consumo e o mercado de trabalho.
De outra parte, importante ressaltar a atuação governamental de diversos
países, que durante os momentos mais críticos da pandemia passaram a adotar políticas
fiscais expansionistas, em especial por meio de mecanismos de transferência de renda
para os indivíduos mais afetados pela “paralização” da economia. A continuidade deste
tipo de política mostra-se como um fator relevante para a consolidação da recuperação
da atividade em nível global, pelo menos até que se observe uma redução no contágio do
vírus em decorrência do avanço do processo de imunização e por consequência uma
recuperação mais nítida nas condições do mercado de trabalho.
723
EVOLUÇÃO HISTORICA DA TAXA DE CRESCIMENTO DO PIB NO BRASIL
10
7,5
8
5,8 6,1
6 5,1
4,4 4 4
4 3,4 3,1 3,2 3
2,2 1,9
2 1,4 1,1 1,3 1,8 1,4
0,3 0,5 0,5
0
-0,1
-2
-4
-3,5-3,3
-4,1
-6
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
724
2020 e previa a redução de jornada e salário de funcionários ou suspensão temporária de
contratos de trabalhos.
Outra medida importante tomada para mitigar os efeitos econômicos
causados pela pandemia de Covid-19 no Brasil foi a criação do Auxílio Emergencial.
Instituído pela Lei nº 13.982/2020 o benefício previu o repasse de recursos a
trabalhadores informais e de baixa renda, microempreendedores individuais e também
contribuintes do INSS. De abril a agosto foram pagas 05 (cinco) parcelas de R$ 600,00 e de
setembro a dezembro foram pagam mais 04 (quatro) parcelas de R$ 300,00.
As medidas econômicas citadas acima, somadas a outras, contribuíram
para um aumento expressivo do déficit público. Em 2020, o Governo Central (Tesouro
Nacional, Previdência Social e Banco Central) registrou resultado negativo de R$ 743,09
bilhões, enquanto que em comparação com 2019 o déficit registrado foi de R$ 95,06
bilhões. Esse aumento expressivo no déficit primário é explicado em parte pela queda de
receita líquida (decorrente da queda da atividade econômica) bem como pelos gastos
relacionados ao enfrentamento da pandemia do novo coronavírus, os quais totalizaram
R$ 524,20 bilhões em 2020.
A tabela a seguir resume os gastos extraordinários da União associados ao
combate dos efeitos da Pandemia de Covid-19 durante o exercício de 2020.
725
outro, a inflação oficial, medida pelo IPCA, apresentou uma alta de 4,52%. Este resultado
foi um pouco superior a inflação verificada em 2019, conforme exposto no gráfico a
seguir.
726
COMPARAÇÃO ENTRE OS ESTADOS DO IBC-BR NO ANO DE 2020
3
1,7
2
1 0,1 0
0
-1
-0,9 -1 -1,1
-2 -1,6
-3 -2,3
-2,8 -2,8
-4 -3,2
-5 -4,05 -4,3
-4,7
-6
Brasil PA PR PE MG SP GO SC RJ AM CE BA ES RS
Fonte: Banco Central do Brasil
727
Apesar do desemprego no RS ter registrado em 2020 a maior taxa (9,1%)
da série histórica da PNAD Contínua do IBGE, o resultado foi o segundo menos ruim do
país, ficando atrás apenas de Santa Catarina (6,1%).
Em termos de empregos formais, no ano de 2020, o RS perdeu 20.220
empregos com carteira assinada, de acordo com o Caged (cadastro de empregos formais
do Ministério da Economia).
Todos estes números ajudam a ilustrar o estágio da economia gaúcha e os
desafios que ela enfrentou ao longo do ano de 2020.
728
Art. 2º Constituem os eixos estratégicos da administração pública estadual,
direta ou indireta, orientadores do planejamento plurianual para o período
2020-2023:
I - Estado Sustentável;
II - Governança e Gestão;
III - Desenvolvimento Empreendedor; e
IV - Sociedade com Qualidade de Vida.
729
DOTAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CONSOLIDADA PARA O PPA 2020 - 2023
Em R$ milhões (nominais)
ESPECIFICAÇÃO TOTAL
Despesas Correntes 189.465,0
Despesas de Capital 13.322,2
Reserva Previdenciária 3.290,5
Despesas Intraorçamentárias 68.248,7
Despesas Totais PLPPA 2020 – 2023 273.326,5
Fonte: PPA 2016-2019
730
Segundo os cálculos do executivo estadual, a meta de resultado primário
fixada na LDO foi deficitária em R$ 701,1 milhões, ou seja, as receitas primárias foram
projetadas em valor inferior às despesas primárias. O resultado, porém, foi superavitário
em R$ 2,86 bilhões.
731
referem-se a repasses de recursos entre a administração direta, autarquias e fundações
com contrapartida da entrega de bens ou da prestação de serviços.
732
ALTERAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS E EXECUÇÃO – 2010 a 2020
Em R$ milhões (nominais)
RECEITA DOTAÇÃO DESPESA %
EXERCÍCIO
REALIZADA ALTERADA EMPENHADA EXECUTADO
2010 28.626,6 31.032,9 28.781,0 92,7%
2011 29.609,9 32.211,4 30.104,3 93,5%
2012 32.587,9 35.808,6 33.232,4 92,8%
2013 36.328,3 41.127,6 37.745,3 91,8%
2014 41.538,0 46.909,9 42.731,4 91,1%
2015 40.980,7 49.761,8 45.558,9 91,6%
2016 47.011,0 52.573,0 47.020,3 89,4%
2017 48.545,5 53.055,7 50.185,2 94,6%
2018 53.232,3 60.679,0 56.143,7 92,5%
2019 55.050,0 61.196,8 58.250,4 95,2%
2020 47.075,8 52.175,1 47.846,5 91,7%
Fonte: Sistema Finanças Públicas Estaduais – FPE
Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG
Nota 1: valores sem as operações intraorçamentárias
Nota 2: A partir de 2020, as transferências constitucionais aos municipios passaram a ser contabilizadas como deduções da receita, reduzindo assim os
valores em comparação aos anos anteriores.
733
ORÇAMENTO VERSUS EXECUÇÃO DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA - 2020
Em R$ milhões (nominais)
DIFERENÇA
DISCRIMINAÇÃO PREVISÃO EXECUÇÃO
VALOR % DA PREVISÃO
Receitas Orçamentárias 61.159,9 63.960,6 2.800,7 4,6%
Despesas Orçamentárias 66.438,4 64.557,9 -1.880,5 -2,8%
Resultado Orçamentário -5.278,5 -597,3 4.681,2 88,7%
Operações Intraorçamentárias - 173,4 173,4
Resultado sem Operações Intraorçamentárias -5.278,5 -770,7 4.507,8 85,4%
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
734
16.2.4 – Resultado Orçamentário
O resultado orçamentário da administração pública estadual,
considerando-se o montante empenhado para a despesa e arrecadado para a receita, foi
deficitário em R$ 597,3 milhões.
Esse resultado consolidado é demonstrado a seguir, por setores da
administração pública estadual, consideradas as transferências financeiras
intragovernamentais.
735
EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA – ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA – 2020
Em R$ milhões (nominais)
DISCRIMINAÇÃO DIRETA AUTARQUIAS FUNDAÇÕES CONSOLIDADO
736
O ano de 2020 apresentou, novamente, uma significativa melhora,
também devido a fatores extraordinários (repasses federais para combate ao Covid-19),
mas igualmente houve ações diretas do governo estadual, como a reforma da
previdência, reforma administrativa, decretos de contingenciamento, entre outros.
Outro fator relevante nas contas públicas é a restrição imposta pelas
vinculações constitucionais, que no Rio Grande do Sul difere do conjunto da Federação, a
exemplo da vinculação de 35% com educação prevista na Constituição Estadual, e não de
25% estabelecida na Constituição Federal. Para cumprir essa vinculação de 35%, e as
demais vinculações, tais como a de 12% para a saúde; de 1,5% para a pesquisa científica e
tecnológica; e de 0,5% para o ensino superior comunitário, o resultado orçamentário de
2020 seria deficitário em mais R$ 4,67 bilhões.
737
Anteriormente, este déficit orçamentário era ocultado com a previsão de
receitas extraordinárias de difícil realização, tais como a indenização pela manutenção
das rodovias federais, o ressarcimento adicional à Lei Kandir e operações de crédito para
redução de encargos da dívida, o que ocorreu, por exemplo, nos exercícios de 2005 a
2007.
Em 2008, pela primeira vez o orçamento não apresentou equilíbrio entre as
receitas e as despesas, sendo o déficit de R$ 1,29 bilhão evidenciado na peça
orçamentária. Em 2009, o orçamento foi apresentado de forma equilibrada.
Entre 2012 e 2019 voltou-se a utilizar uma rubrica, a qual, entretanto,
passou a ser denominada de “Receita Extraordinária para Cobertura do Déficit” a qual
visa para fins orçamentários, atingir o equilíbrio entre receita e despesa.
Ilustra-se com o orçamento de 2019 (Lei nº 15.237/18):
738
previsto de R$ 8,10 bilhões99. Destaca-se que estes valores se tratam de previsão,
efetuada quando da elaboração da LOA.
O real déficit, efetivamente realizado, decorrente da realização de
despesas em valores superiores as receitas, vem sendo coberto apenas de forma parcial
de diferentes maneiras: no exercício de 2013, por exemplo, houve significativo saque de
depósitos judiciais não tributários, e a partir deste ano, “empréstimos” do SIAC. A tabela
a seguir demonstra valores do Sistema Integrado de Administração de Caixa (SIAC),
originalmente instituído pelo Decreto nº 33.959/1991 “emprestados” para cobertura
parcial deste déficit, assim como os depósitos judiciais utilizados.
99
O Art. 5º desta Lei especifica que a cobertura do déficit orçamentário previsto para o exercício
econômico-financeiro de 2021 será buscada por meio de receitas adicionais, controle de despesas e através
da adesão ao Regime de Recuperação Fiscal.
739
do Interesse Público sobre o Privado e mediante edição de leis institui tributos cobrados
das pessoas físicas e jurídicas.
O Comportamento das Receitas Orçamentárias do Estado em 2020,
comparativamente ao exercício de 2019, com os valores atualizados pelo IPCA, é
demonstrado pela próxima tabela.
740
A arrecadação de receitas orçamentárias, em 2020, teve leve aumento em
termos reais, de 2,01%, corrigidos pelo IPCA, em relação a 2019, perfazendo o montante
de R$ 47,08 bilhões. Quando comparadas com o exercício de 2016 a variação positiva é
de 7,33%.
741
16.3.2.1 – ICMS
Do total arrecadado, além dos valores deduzidos ao FUNDEB, vinte e cinco
por cento são remetidos aos municípios do Estado. O rateio dos valores entre os
municípios é influenciado principalmente pelo Valor Agregado Fiscal da economia do
município, sem prejuízo de outros indicadores também impactantes para definição do
valor devido por cada municipalidade.
O ritmo da economia, sobretudo dos setores que estão em sua base de
incidência, tem forte impacto sobre o nível de arrecadação. As dificuldades enfrentadas
pela economia mundial tiveram suas consequências no nível de arrecadação dessa exação
estadual, em 2020. Na sequência desdobram-se os números do ICMS no ano de 2020.
Em 2020, a arrecadação do ICMS tributário, entendido como sendo o valor
depurado, sem contar as quantias arrecadadas a título de multas, juros de mora, dívida
ativa e adjudicações, alcançou a soma de R$ 35,45 bilhões, montante que representou
um incremento nominal de 3,66%, quando comparado com os números do exercício
anterior. Porém, ao compararmos com o valor de 2019 corrigido pelo IPCA/IBGE Médio, a
elevação cai para 0,44%.
Em relação ao PIB, o ICMS tributário subiu em termos de participação de
7,20%, em 2019, para 7,49%, em 2020, e não houve majorações de alíquotas entre esses
períodos.
Quanto ao ICMS arrecadado a qualquer título, o qual inclui a cobrança do
ICMS inscrito em Dívida Ativa, os juros de mora, as multas por pagamentos em atraso e as
adjudicações (aliás, é o índice utilizado para o cálculo do valor do repasse constitucional
aos Municípios), a soma obtida atingiu o montante de R$ 36,38 bilhões, registrando
queda real de 3,51% quando comparado a 2019.
É relevante relatar fatos que influenciaram na arrecadação do ICMS em
2020, tanto aumentando a arrecadação quanto diminuindo.
Primeiro faz-se necessário ressaltar que estiveram vigentes as regras
previstas na Lei nº 14.742/2015, apresentada pelo Executivo Estadual com o objetivo de
aumentar a arrecadação do ICMS-RS.
Esta Lei foi responsável por instituir o Fundo de Proteção e Amparo Social
do Estado do Rio Grande do Sul - AMPARA/RS, com a finalidade de destinar os recursos
provenientes do acréscimo de dois pontos percentuais nas alíquotas de incidência do
imposto sobre alguns artigos reconhecidos como supérfluos para viabilizar o acesso a
níveis dignos de subsistência a toda a população do Estado do Rio Grande do Sul.
Sobre os valores arrecadados, constatou-se que o AMPARA/RS foi
responsável, em 2020, pelo ingresso de R$ 302,5 milhões, quando considerado apenas o
ICMS tributável, e R$ 303,4 milhões quando avaliado no conjunto das receitas de ICMS a
qualquer título.
Segundo fato a influenciar a arrecadação do ICMS em 2020 refere-se à Lei
nº 15.238/2018, que prorrogou as modificações introduzidas pela Lei nº 14.743/2015 por
mais dois anos (2019 e 2020). Além de elevar de 17% para 18% a alíquota básica do ICMS
aplicada nas operações e prestações de serviços sem alíquota específica, aumentou as
incidentes sobre a base de cálculo dos setores de energia elétrica, combustíveis e
742
comunicação, de 25% para 30%. O Estado aponta um aumento de R$ 3,00 bilhões de
arrecadação a partir dos efeitos destas mudanças.
O terceiro fator, que pode ter impactado na arrecadação do ICMS a
qualquer título de 2020 foi a não realização do programa de recuperação de créditos
comumente denominado “REFAZ”.
Por derradeiro, porém com significativo impacto na economia global, e
consequentemente na arrecadação de ICMS, foram sentidos os efeitos da Pandemia da
Covid-19.
743
números amenizados pela arrecadação do primeiro trimestre. Nos meses de junho e julho
são atingidas as maiores quedas acumuladas, na casa de -2,9%, em ambos os períodos.
Entre agosto e novembro são verificados aumentos mensais sucessivos
com o ápice em outubro ao ser atingido o crescimento de 16,0% frente a igual período de
2019. Em dezembro, volta a ser apresentada queda mensal, de -6,1%, embora nos valores
acumulados tenha se mantido a elevação de 1,3%.
Entretanto, trata-se de valores nominais de arrecadação. Ao inflacionar os
números acumulados do ano de 2019 pelo IPCA/IBGE médio, atinge-se a arrecadação
Bruta acumulada de R$ 36,89 bilhões. Sendo assim, os R$ 36,21 bilhões auferidos, em
2020, representam queda real de 1,8% frente ao desempenho do exercício anterior.
744
bases de cálculo do FUNDEB e das transferências aos Municípios, formando algo
semelhante à Desvinculação da Receita da União - DRU/Federal.
Por fim, informa-se que a PGE ajuizou a Ação Cível Originária nº 2.922
perante o Supremo Tribunal Federal, contra a União Federal, em razão da inclusão do
adicional de 2% destinados ao Fundo de Combate à Pobreza na base de cálculo da Receita
Líquida de Impostos e Transferências Constitucionais - RLITC e da Receita Líquida Real -
RLR do Estado. A Decisão, proferida em setembro de 2016, concedeu à Procuradoria-
Geral do Estado o deferimento parcial de tutela provisória de urgência, autorizando o
Estado a desconsiderar a receita do ICMS vinculada ao Fundo de Combate à
Pobreza/AMPARA/RS no cálculo das parcelas da dívida com a União, porém, o Estado
deve inclui-la na base de cálculo para formação do FUNDEB.
745
com outras operações, estas tributadas pelo ICMS, ou se acumulam nas GIAs para futura
compensação ou transferência.
Em 29-12-2020 foi sancionada a Lei Complementar nº 176/2020 que
garantiu repasses federais para compensar as perdas de arrecadação com a Lei Kandir.
Em virtude da aprovação da referida lei, que previu o envio de valores aos Estados até o
ano de 2037 como forma de compensação das perdas de arrecadação em decorrência da
Lei Kandir, o Demonstrativo com as Estimativas de Perdas pelas Desonerações da Lei
Kandir foi descontinuado pela SEFAZ. Passarão a ser informados os valores recebidos na
esteira do mencionado diploma legal.
A Peça Legislativa determinou um repasse de R$ 65,6 bilhões até 2037,
sendo 75% para os estados e 25% para os municípios.
Para o recebimento dos recursos, a Lei determinou a assinatura de um
termo de renúncia de direitos de ação contra a União quanto ao tema, o que foi realizado
pelo Rio Grande do Sul.
O Estado publicou, em 29-12-2020, a Lei nº 15.577/20, autorizando o
Poder Executivo a dar quitação quanto aos valores devidos vencidos e vincendos da Lei
Kandir mediante o novo regramento.
Assim, foram recebidos pelo Rio Grande do Sul, em 31-12-2020, R$
276.038.400,00 decorrentes da parcela de 2020 da compensação da Lei Kandir na forma
de Transferência Corrente.
À exceção do primeiro ano de vigência da LC, quando foi repassada a
quantia em um único mês (dezembro/2020), nos demais exercícios serão enviados
mensalmente os valores.
746
cumprimento das normas legais que tratam da matéria, possibilitando, inclusive,
acompanhar a proposta da Lei Orçamentária para o exercício seguinte. Segundo o
demonstrativo de 2019 ―último exercício disponível quando da elaboração deste Parecer
― a desoneração total, dos três impostos estaduais – ICMS, ITCD e IPVA – alcançou, em
2019, R$ 9,9 bilhões, ou 19,8% da arrecadação potencial (arrecadados R$ 40,2 bilhões
sobre uma arrecadação potencial de R$ 50,1 bilhão). A desoneração do ICMS, principal
tributo estadual, alcançou R$ 8,8 bilhões, considerando-se os institutos da Isenção (R$ 2,4
bilhão), Redução de Base de Cálculo (R$ 1,5 bilhão), Créditos Presumidos (R$ 3,1 bilhão) e
benefícios para microempresas (R$ 1,8 bilhão).
Quando se compara o percentual das desonerações do ICMS do Rio Grande
do Sul em relação aos Estados de Santa Catarina e Paraná, verifica-se que este é menor
que os demais, atingindo 19,8% contra 24,2 e 24,8% respectivamente. Observa-se ainda
que, apesar do crédito presumido ser o instituto mais utilizado nos três Estados, no RS e
no PR este representa 45% do total, percentual inferior ao de SC, no qual este instituto
representa 73% da desoneração do ICMS. Quando esta comparação é efetuada em
relação ao PIB, igualmente o RS apresenta o menor percentual de desoneração, atingindo
1,48%, enquanto Santa Catarina e Paraná este percentual atinge 1,78 e 1,74%
respectivamente.
Observa-se ainda que muitas operações com mercadorias e serviços não se
encontram ao alcance do ICMS em virtude de determinações da Constituição Federal, o
que se denomina de não incidência ou imunidade tributária, cujo maior exemplo são as
exportações. Entretanto, compete mencioná-las tanto com vista à transparência como
para fins de identificação das situações fáticas que darão origem, a partir do fenômeno do
não estorno do crédito (manutenção do crédito fiscal das etapas anteriores de circulação
de mercadorias), aos acúmulos e transferências de saldos credores, estes carregando o
condão de serem compensados com os débitos de ICMS devidos pelos próprios
contribuintes ou por terceiros que recebam esses saldos credores em transferência. O
valor destas saídas imunes (não se trata dos valores de desoneração efetiva) alcançaram
R$ 241 bilhões em 2020, metade delas representada por operações de exportação. As
demais operações possuem as características de saídas operacionais, ou seja, não se
relacionam diretamente com atos comerciais, mas meros trânsitos de bens, ou não são
representativas.
16.3.2.1.4.1 - Isenções
A Isenção é o benefício fiscal que se caracteriza pela dispensa do
pagamento do imposto devido por meio de lei. Neste rol, estão incluídas as isenções
decorrentes de internalização no Regulamento do ICMS do Rio Grande do Sul de
Convênios celebrados no âmbito do Confaz. Destaca-se que, no caso das isenções, se
conhece o valor das operações, mas o valor efetivamente desonerado somente pode ser
estimado, principalmente em face da não cumulatividade do imposto nas diversas etapas
da cadeia produtiva.
As Isenções podem ser classificadas em dois grandes grupos, a efetivas e as
operacionais. Neste segundo grupo encontram-se operações que não representam
comércio de mercadorias ou prestação de serviços, como, por exemplo, o simples
transporte de remessa ou de retorno de vasilhames, recipientes, embalagens e botijões
747
de gás. Em 2020, as isenções efetivas corresponderam a 79,5% do total (valor das
operações de R$ 82,6 bilhões), e as operacionais a 20,5% (valor das operações de R$ 21,3
bilhões100).
A próxima tabela procura evidenciar os objetos de desoneração por meio
das isenções efetivas praticadas.
Com base nos dados da tabela acima é possível verificar o uso principal
dessa modalidade o fomento da atividade rural do Estado, representando 71,7% do total
de saídas isentas efetivas.
Para efeito de demonstração dos valores praticados de isenção este
relatório técnico considerará a partir de agora a isenção ao transporte de cargas como
pertencente ao rol das isenções efetivas, passando o total destas de R$ 82,6 bilhões para
R$ 89,1 bilhões, em contraposição ao critério adotado pela Secretaria da Fazenda em seu
Demonstrativo. Isto porque, em que pese tratar-se de operação meio da cadeia produtiva
e o fato de haver diferimento do ICMS devido, entende-se que a referida isenção deveria
ser enquadrada na categoria de Isenções Efetivas por representar prestação de serviços
no campo de incidência do ICMS, o que será detalhado adiante em virtude de períodos de
descumprimento do Convênio ICMS nº 04/04 pelo Regulamento do ICMS do Estado do
Rio Grande do Sul.
As saídas com isenções efetivas podem ser beneficiadas adicionalmente
pelo instituto do não estorno do crédito fiscal das etapas anteriores. A tabela a seguir
identifica esta situação:
100
Neste valor foi adotado a mesma classificação da Receita Estadual em relação à Isenção dos
Transportes de Cargas, a qual foi incluída no rol das Operacionais. Entretanto esta Equipe Técnica diverge
desse entendimento ao considerar, por sua natureza, a Isenção ao Transporte de Cargas como Isenção
efetiva. Caso fosse isenção ao transporte de cargas classificada como isenção efetiva, esta categoria
aumenta sua participação nas isenções totais para 85,7% com saídas na ordem de R$ 89,1 bilhões,
enquanto as operacionais caem para 14,3% com valores de R$ 14,89 bilhões.
748
SAÍDAS ISENTAS – COM OU SEM ESTORNO DE CRÉDITO
Em R$ milhões nominais
Saídas com Isenção “efetiva” Valor das Saídas Percentual do Total
749
Percentual Obrigatório (O) ou
Posição Item RICMS e Descrição Convênio ICMS
do Total Autorizativo (A)
CONFAZ
1 Insumos Agropecuários 50,6% 100/97 A
Produtos p/ alimentação animal /
2 15,5% 100/97 A
Fabricação de Ração
3 Hortifrutigranjeiros 8,3% 44/75 A
750
A Isenção de Transporte de Carga teve origem no Convênio ICMS nº
04/2004, a qual autorizava esta isenção para as operações de transporte intermunicipal
que tenham início e término no território do Estado. Entretanto, os vários decretos que
internalizaram essa previsão no Regulamento do ICMS do Rio Grande do Sul ora
permitiam, ora não, a aplicação desta isenção para todos os transportes, e não apenas os
internos, desde que a transportadora fosse inscrita na Fazenda Estadual. Esta situação foi
corrigida em 27/12/2019, por meio do Decreto nº 54.963/2019, no qual o Poder
Executivo readequou a redação do art. 10, IX do RICMS às disposições do Convênio ICMS
04/04, no que foi acompanhada em 2020 pelos Decretos nº 55.542/20 e nº 55.651/20
(redação em vigor). Dessa forma, no ano de 2020, que serve de referência para o exame
das contas em epígrafe, o Regulamento do ICMS esteve em conformidade ao que
ordenou o acordo entre os Estados no âmbito do CONFAZ.
751
operações dentro do RS como envolvendo outras UF, respondendo por 32,9% do total),
entre outras menos significativas.
No tangente aos produtos que servem de objeto da incidência da redução
de base de cálculo, a maior participação foi dos Alimentos, (valores de operações de R$
16,9 bilhões, correspondentes a 38,1% do total), seguidos pelos Insumos Agropecuários
(valores de operações de R$ 11,5 bilhões, correspondentes a 25,9% do total) e bens
usados (valores de operações de R$ 4,7 bilhões, correspondentes a 10,7% do total).
No que toca às operações comerciais com bens e serviços enquadradas no
instituto da redução da base de cálculo do ICMS é importante salientar quanto à
possibilidade de não estorno dos créditos fiscais das etapas anteriores.
Conforme a regra geral decorrente da não-cumulatividade do ICMS
disposta na CF, art. 155, §2º, II, “a” e “b”, deveria haver o estorno proporcional dos
créditos fiscais em face da existência de saídas não tributadas devido à redução de sua
base de cálculo.
Entretanto, a legislação tributária dispõe a respeito de hipóteses em que o
referido estorno não precisa ser realizado, regras estas que constam do art. 35 do RICMS,
e alguns dos casos referem-se a saídas com redução de base de cálculo.
752
“obrigatórios” ou “autorizativos” no que concerne à sua recepção pelos Estados. A cesta
básica entende-se como um convênio de natureza autorizativa, enquanto as máquinas e
implementos agrícolas, mercadorias usadas e insumos agropecuários entende-se como de
natureza obrigatória. Entre os 10 principais incisos utilizados, os com características de
obrigatoriedade de adoção pelos Estados e DF totalizaram R$ 16,3 bilhões em saídas. Por
outro lado, os convênios com características autorizativas atingiram o valor de saídas de
R$ 22,2 bilhões.
Em relação as dez hipóteses de redução de base de cálculo constantes
como os maiores valores de saídas e sua relação com o instituto do não-estorno do
crédito fiscal, identificou-se que apenas duas ―arroz beneficiado e ônibus e caminhões
―permitem a utilização deste benefício adicional
753
apresentados não constam parcelas referentes a créditos acumulados por não-estorno
vinculados a saídas isentas ou com base de cálculo reduzida, hipóteses de não incidência
em que a manutenção do crédito fiscal anterior é opcional, ou se apenas saldo credor de
exportação lá estão divulgados, destacando-se que os créditos fiscais que resultam em
saídas para exportação não são estornados por força de legislação federal – CF e Lei
Kandir.
A principal motivação para necessidade dessa segregação das informações
diz respeito ao fato de que os créditos de etapas anteriores acumulados, que são
vinculados a exportações, não têm influência legislativa do Estado, enquanto outros
acúmulos de saldo credor por não-estorno de crédito, como os de saídas isentas ou com
base de cálculo reduzida, em tese, poderiam ser objeto de revogação pelo Estado, caso os
Convênios ICMS no CONFAZ que abordaram esses dispositivos sejam de caráter
autorizativo.
Ademais, no que toca ao Demonstrativo de Desonerações divulgado pela
Receita Estadual faz-se necessário estimar os impactos no imposto potencial das
desonerações decorrentes da possibilidade de manutenção do crédito fiscal lançando-se
mão do instituto do não-estorno.
754
fruições em 2020 é em parte explicada pelo surgimento de novos dispositivos, sobretudo,
na esteira da aplicação de outras concessões já existentes em Santa Catarina e Paraná,
conforme permitiu a LC nº 170/17 e Convênio ICMS nº 190/17. Essas novas hipóteses de
fruição alcançaram aproximadamente R$ 105 milhões. Outros fatores estão relacionados
à elevação, frente a 2019, na ordem de R$ 180 milhões no crédito presumido voltado ao
setor de Biodiesel, R$ 118 milhões no âmbito do AGREGAR Carnes e R$ 74 milhões do
setor Metal-Mecânico.
Apresenta-se a seguir os valores desonerados, agrupando diversos incisos
do Regulamento do ICMS. Dessa forma quer se ilustrar não apenas a complexidade desse
Instituto como também as diferentes finalidades para as quais pode ser utilizado:
2020
Incidência Classificação
R$ milhões
Na Entrada 716,8
Operações com Mercadorias e Serviços Na Saída 2.235,4
Entrada e Saída 324,5
Investimentos Fundopem e outros 398,1
Políticas Públicas 78,2
Demais
Ressarc. Taxas 27,7
TOTAL 3.780,7
755
Os créditos presumidos apropriados tanto na entrada como na saída de
mercadorias podem ser ilustrados pelos benefícios concedidos ao setor Metal-Mecânico e
operam como uma espécie de ressarcimento do frete incorrido na operação logística com
os materiais.
Os créditos presumidos apropriados como incentivo a investimentos via de
regra são decorrentes de acordos celebrados entre o Estado do Rio Grande do Sul e as
empresas beneficiadas. Esses acordos costumam exigir contrapartidas das empresas, tais
como geração e manutenção de empregos, além da realização de investimentos, e por
vezes funcionam com uso de ferramentas com vistas à elevação da arrecadação de ICMS
no longo prazo, como é o caso dos acordos que requerem geração de ICMS incremental.
Em 2020 a fruição de créditos presumidos relacionados a programas de incentivo e
investimentos corresponderam a R$ 398 milhões, com destaque dentro desse grupo para
os tradicionais programas do Fundo Operação Empresa do Estado do Rio Grande do Sul –
FUNDOPEM-RS e do Fundo de Fomento Automotivo do Estado do Rio Grande do Sul –
FOMENTAR-RS. Esses valores foram inferiores a fruição de 2019, R$ 504 milhões, e 2018,
R$ 554 milhões. Destaca-se que a renúncia estimada em um exercício diz respeito tão
somente à apropriação financeira do benefício, não se relacionando, obrigatoriamente,
ao ano em que foi concedida formalmente. Em relação ao Fundopem e Fomentar se
destaca que não são simples desonerações fiscais, mas sim programas de incentivo que
possibilitam o financiamento, a juros subsidiados, da parcela do ICMS devida
mensalmente pelas empresas beneficiadas até o limite de 75% do valor a ser pago, valor
este que ainda pode ser reduzido a partir de enquadramentos no Programa INTEGRAR. O
Estado possui assim, direitos creditórios que possibilitam recuperar parte do valor
desonerado como crédito presumido.
Os créditos presumidos classificados como “Políticas Públicas” referem-se a
operacionalização de políticas públicas, as quais deixam de concorrer por recursos no
orçamento público, substituídos por meio de gastos tributários. Exemplificativamente,
citam-se os créditos presumidos relacionados a Projetos Culturais, Esportivos, de
assistência social, e ao aparelhamento da segurança pública (PISEG). Em 2020 estas
fruições alcançaram R$ 78,2 milhões.
Os créditos presumidos classificados como Ressarcimento de Taxas,
notadamente a Taxa de Serviços Diversos instituída pela Lei 8.109/1098. Incluem-se nessa
categoria desonerações destinadas a Indústria Vinícola, ao Fundomate, ao Fundovinos e
ao Fundoleite. Em 2020 estas fruições alcançaram R$ 27,7 milhões.
Sem prejuízo do debate acerca da aderência dos créditos presumidos em
epígrafe aos ditames constitucionais, positivados no inciso IV do art. 167 da Carta Política,
ao ressarcir taxas, que são receitas correntes, pode ocorrer uma superavaliação da
Receita Corrente Líquida – RCL e da Receita Líquida de Impostos e Taxas - RLIT, as quais
têm repercussão em diversos indicadores de Gestão Fiscal.
Exposta esta classificação, verifica-se a concentração de valores de fruições
de crédito presumido pelas empresas que mais se apropriaram destes. Assim, as 50
empresas mais desoneradas foram responsáveis por 65,2% do total fruído (R$ 2,5 bilhões
em relação a R$ 3,8 Bilhões). O total de empresas desoneradas foi de 2.165.
Dessa forma, verifica-se que o instituto do crédito presumido, no rol das
desonerações fiscais praticadas no âmbito do ICMS, é o que envolve a maior
756
complexidade para compreensão e análise. Sob a ótica econômica foi possível identificar
que, de uma forma geral, embora ocorra renúncia de parte do ICMS devido, muitas
empresas beneficiadas recolhem valores significativos a título desse imposto estadual. De
outra sorte, verifica-se a existência de múltiplas hipóteses de apropriação de benefícios
fiscais, aparentemente, voltadas aos mesmos setores as quais poderiam ser objeto de
avaliação com vistas à revisão para simplificação da legislação, de modo a reduzir os
custos do Estado com o controle do cumprimento das regras, o que garantiria também
aos contribuintes maior grau de certeza acerca do tratamento tributário a ser dispensado
nas suas operações. De outra banda, há que se ponderar que o crédito presumido se
constitui como instrumento típico de “guerra fiscal” pelas suas peculiaridades, em
particular a flexibilidade na sua aplicação, e eventual redução neste benefício fiscal pode
prejudicar o Estado nesta espécie de “competição”, a qual hoje visa não apenas atrair ou
ampliar empresas, mas também mantê-las operando no Estado.
757
referido mandamento constitucional aplica-se às concessões no âmbito de quaisquer
tributos, inclusive impostos estaduais, como o ICMS.
Com base na legislação e jurisprudência mencionados acima identifica-se
que as concessões de benefícios fiscais concernentes ao ICMS demandariam em tese o
seguinte rito formal:
758
16.3.2.1.4.8.– Deficiência na apresentação de estudos de impacto orçamentário-
financeiro
A Lei Complementar nº 101/2000, em seu artigo 14, dispõe a respeito das
medidas necessárias para quando da ampliação da Renúncia Fiscal. Procedimentos estes
que, conforme prevê o referido diploma legal, devem ser seguidos a cada ato de
concessão, constituindo-se, pois, em requisito de validade dos atos.
Os expedientes administrativos relativos a modificações no Regulamento
do ICMS enviados a este TCE ilustram a deficiência dos estudos de impacto orçamentário-
financeiro, com fragilidade de quadros de previsão de renúncia de receita no anexo
próprio da LDO.
759
O valor arrecadado a título de IRRF alcançou o montante de R$ 3,28
bilhões, em 2020, patamar inferior em 1,49% aos ingressos do ano de 2019, entretanto
27,94% superiores, quando comparados com 2016.
16.3.2.3 – Taxas
As taxas pertencem ao grupo das receitas tributárias e têm como fato
gerador a prestação efetiva ou potencial de serviço público específico e divisível pelo
Estado, podendo ser didaticamente divididas em taxas de serviço e de polícia, esta última
relacionada ao exercício do poder de polícia pelo Estado, como em casos de fiscalizações.
Uma particularidade em relação às Taxas é o fato de outros Poderes, além
do Executivo, auferirem volumes significativos dessa receita, como é o caso do Poder
Judiciário em relação aos emolumentos e custas judiciais, por exemplo.
As Taxas de Serviços, com um extenso rol de rubricas, são as mais
representativas em termos de valores arrecadados, tendo alcançado o patamar de R$
1,56 bilhão, em 2020, embora esse valor represente uma queda de 6,5% em relação ao
ingresso de 2019.
Na sequência aparecem as taxas relacionadas aos emolumentos e custas
judiciais com cifras na casa dos R$ 223,08 milhões, apesar da redução de 22,1% frente aos
valores do exercício anterior. Por fim, aparecem as taxas e emolumentos extrajudiciais e
as relacionadas às atividades de inspeção, controle e fiscalização, com montantes de R$
1,22 milhão e R$ 22,62 milhões, respectivamente.
760
relacionamento do Estado com os contribuintes, simplificar as obrigações acessórias,
incrementar a eficiência da arrecadação e da fiscalização, racionalizar o uso de recursos e
reduzir o custeio da administração tributária.
A intensificação do uso de Tecnologia da Informação deve ser entendida
como uma ferramenta que teve um desenvolvimento expressivo a partir da
universalização da obrigatoriedade dos contribuintes emitirem Nota Fiscal Eletrônica (NF-
e) e apresentarem suas declarações tributárias na forma de Escrituração Fiscal Digital
(EFD), tanto para as Administrações Tributárias Municipais e Estaduais como Nacional,
conforme suas competências constitucionais. A entrega de arquivos eletrônicos
possibilitou que as Administrações Tributárias construíssem seus bancos de dados e
pudessem trocar informações entre si. No caso do Rio Grande do Sul, a partir da aquisição
de solução de grande capacidade de processamento de dados – Big Data, a análise e o
cruzamento de dados passaram a ser realizadas em frações de segundos.
Dentre as atuações fiscalizatória exercidas pela Secretaria da Fazenda,
ressaltam-se as promovidas pelos Grupos e o Núcleos Setoriais de Administração
Tributária - GSAT/NSAT, uma vez que suas atribuições estão direcionadas para o controle
dos contribuintes e dos setores responsáveis pelas parcelas mais relevantes da
arrecadação do ICMS.
Entre as formas de atuação no acompanhamento de contribuintes, merece
menção a implementação do Regime Especial de Fiscalização - REF, procedimento
iniciado com a Lei nº 13.711/2011 com o objetivo de instaurar um tratamento
diferenciado para os contribuintes identificados como devedores contumazes, isto é,
aqueles com reiteradas e sistemáticas inadimplências (não recolhimento) dos ICMS
declarados e já vencidos.
Outro ponto a destacar no âmbito da atuação fiscalizatória concerne à
melhoria na qualidade das informações prestadas acerca dos incentivos fiscais fruídos
pelos contribuintes do Estado do Rio Grande do Sul a partir do trabalho desenvolvido no
Monitoramento das Desonerações Fiscais. Foi identificado em sede de Auditoria por esta
Corte de Contas que muitas das inconsistências de informações detectadas em 2019 não
mais constaram nos dados de 2020.
16.3.4.2.2 – COMPENSA RS
O COMPENSA RS é um programa, instituído pela Lei nº 15.038/2017 e
regulamentado pelo decreto nº 53.974/2018, que possibilita a compensação de débitos
inscritos em dívida ativa de natureza tributária ou de outra natureza, ajuizados ou não,
com precatórios vencidos do Estado do Rio Grande do Sul, suas autarquias ou fundações,
próprios ou de terceiros, inscritos até o dia 25 de março de 2015. Por meio do encontro
de contas entre os valores devidos (dívida ativa) e os valores que lhe são devidos
(precatórios), a iniciativa viabiliza que os contribuintes e empresas regularizem suas
situações, bem como o ingresso de recursos nos cofres públicos e a redução do estoque
de precatórios, vencidos do Estado, que precisava zerar, por determinação constitucional,
até o ano de 2024. Em 2021, por meio da chamada PEC Emergencial, foi promulgada a EC
nº 109/2021 que modificou o disposto no art. 101 da CF e estendeu o prazo para os Entes
quitarem seus precatórios até dezembro de 2029.
761
No ano de 2019 a arrecadação foi de R$ 810,6 milhões (R$ 15,6 milhões
financeiros e R$ 795,0 milhões compensados com precatórios). Agora, em 2020, foram
auferidos R$ 211,9 milhões (R$ 36,5 milhões financeiros e R$ 175,4 milhões compensados
com precatórios).
762
As Receitas Patrimoniais (R$ 497,7 milhões) tiveram uma queda (47,9%)
em relação ao ano anterior, bem como em comparação ao ano de 2016 (77,3%).
Entre os ingressos em função da participação acionária do Estado, os
valores mais significativos dessa fonte de receita são os Dividendos e Juros sobre o Capital
Próprio, no total de R$ 107,1 milhões, relativamente à participação nos lucros do
Banrisul, tendo ocorrido recuo de 62,2% frente aos valores atingidos no exercício
anterior.
Cumpre destacar a remuneração dos investimentos do RPPS - Fundoprev
Civil e Militar (R$ 135,5 milhões), com queda real de 49,3% frente a 2019, embora com
relação ao ano de 2016 tenha sido registrada elevação de 70,7%.
Sobre essa fonte de receita cita-se que em função da aprovação da Lei
Complementar nº 15.511/2020 aproximadamente dezessete mil servidores civis foram
migrados para o regime de repartição simples, o que implicará menores ingressos de
receitas de contribuições, além da autorização dada por essa lei para saque proporcional
do patrimônio do fundo previdenciário – ainda não efetivado – o qual pode acarretar
significativa redução dessa receita patrimonial.
763
transferências para Atenção Básica, Atenção Média e Alta Complexidade Ambulatorial e
Hospitalar, Vigilância em Saúde, Assistência Farmacêutica e Gestão do SUS, com os R$
558,7 milhões transferidos pelo Governo Federal para combate à Covid-19, além de R$
261,6 milhões enviados em decorrência da Lei Complementar nº 173/2020 para aplicação
em saúde e assistência social.
Sobre a LC nº 173/2020, cumpre destacar que esta se encarregou do
chamado pacote de auxílio financeiro aos Estados, e enviou outros recursos sem uma
destinação especificada com o propósito de compensar eventuais perdas de arrecadação
em função do cenário de pandemia enfrentado.
Outra Lei Complementar Federal com impacto nos valores de ingresso de
transferências foi a LC nº 176/2020 que tratou do tema da compensação das perdas
decorrentes da Lei Kandir pelos Estados exportadores.
764
REPASSES DE RECURSOS FEDERAIS – 2020
Em R$ milhões nominais
LC nº 73/20
RECURSOS Reposição FPE LC 173/20 Saúde Trans. SUS Cultura TOTAL
Livres
Janeiro/2021 - - - - - -
Fevereiro/2021 - - - - - -
Março/2021 - - - - - -
Abril/2021 1,3 - - 105,4 - 106,7
Maio/2021 8,8 - - 91,3 - 100,1
Junho/2021 47,8 486,3 63,5 99,5 - 697,2
Julho/2021 35,3 486,3 63,5 49,5 - 634,6
Agosto/2021 - 486,3 63,5 133,6 - 685,7
Setembro/2021 13,3 486,3 63,5 12,1 69,8 650,3
Outubro/2021 19,6 - - 18,5 - 38,2
Novembro/2021 - - - 15,9 4,2 20,1
Dezembro/2021 - - - 39,4 0,2 39,6
TOTAL 126,0 1.945,4 261,6 565,2 74,1 2.972,3
Fonte: Sistema Cubos/DW/SEFAZRS
Cálculo: Equipe técnica SAICE/SAIPAG
Obs: Valores brutos
765
No primeiro cenário, considerando o ano de 2020 sem os repasses federais
extraordinários, observa-se um pequeno crescimento de 0,3% (R$ 170,5 milhões) na
receita total, quando comparado com 2019. Embora tenha havido queda das receitas
correntes (-0,1%), ocorreu crescimento de 24,9% nas receitas de capital. A arrecadação
estadual ficou estagnada em 2020, sem variação de um ano para outro.
Em um segundo cenário, ao considerar os repasses federais extraordinários
recebidos pelo Estado, o crescimento na receita total chega a 5,1%. Em valores nominais,
o crescimento em 2020 foi de R$ 3,14 bilhões, ou seja, os repasses federais foram além
da queda na receita orçamentária no ano de 2020, quando comparada com os valores
nominais de 2019.
Conforme já demonstrado, os recursos ingressaram a partir do mês de
abril/2020, sendo os maiores volumes recebidos a partir de junho/2020. O gráfico a
seguir ilustra o comportamento mensal da receita ao longo do ano.
8.000,0
5.609,3
7.000,0 5.691,4 7.969,4
5.691,4 5.127,1 5.801,6 5.596,7 5.111,0 5.589,2
5.480,0
6.000,0 5.127,1 4.788,3
4.790,1
5.093,2 5.140,1 4.946,4 5.072,9
4.788,3 4.935,7 4.698,6
5.000,0
4.938,2 4.794,3 4.981,6
4.000,0 4.714,4 4.705,7 4.746,8 4.831,6 4.458,6 4.641,9 4.618,5
4.551,8
3.000,0 3.789,1
4.238,6
3.689,0
2.000,0
1.000,0
-
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
766
eram classificados em “Outras Receitas Corrente”. A partir do ano em análise, estão
contabilizados junto ao valor principal do tributo, dentro de “Receita de Impostos, Taxas e
Contribuições de Melhoria”.
Para 2020, foi orçado o montante de R$ 64,3 milhões em operações de
crédito internas e externas, tendo sido realizados R$ 24,9 milhões (38,7%). Esses
ingressos foram inferiores em 87,4% aos valores inflacionados de 2019
(R$ 198,0 milhões).
De 2015 a 2018, o Estado ficou impedido de contratar operações por ter
ultrapassado o limite da Dívida Consolidada Líquida, e os ingressos no total de
R$ 1,4 bilhão foram relativos a parcelas de contratações já efetuadas em anos anteriores.
O montante aplicado em 2020 foi de R$ 52,9 milhões (utilizados os ingressos no exercício
e anteriores), principalmente com operações do POD (BID).
767
receita de capital apenas indica o reconhecimento contábil por meio da operacionalização
da desconstituição do fundo.
768
DEDUÇÕES DA RECEITA - 2020
Em Milhões de R$
Multas
Receita Deduzida FUNDEB Municípios Valores Mobiliários
Adm/Contr.
IPI -77,1 -128,5 - -
CIDE - -9,6 - -
Outras Receitas Correntes - - - -5,0
TOTAL -6.363,9 -10.740,3 -318,4 -5,0
Fonte: Cubos DW – Sefaz RS.
769
RECEITA CORRENTE LÍQUIDA – RCL - 2016/2020
Em R$ milhões
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO Δ% Δ% Δ% Δ% Δ%
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
1. Receita Corrente 59.478,8 59.204,4 -0,5 62.127,9 4,9 62.064,1 -0,1 62.934,8 1,4 5,8
1.1 Receita Tributária 41.465,4 42.598,7 2,7 44.560,9 4,6 46.883,9 5,2 45.437,7 -3,1 9,6
1.2. Receita de Contribuições 3.587,3 3.504,5 -2,3 3.852,0 9,9 3.828,4 -0,6 4.394,8 14,8 22,5
1.3. Receita Patrimonial 2.215,5 807,6 -63,6 933,4 15,6 597,7 -36,0 316,7 -47,0 -85,7
1.4. Receita Agropecuária 1,8 1,2 -31,8 1,7 40,9 1,2 -31,7 1,1 -10,8 -41,4
1.5. Receita Industrial 0,1 0,0 -72,8 0,0 -55,7 0,0 -65,0 0,0 -2,8 -95,9
1.6. Receita de Serviços 372,4 379,4 1,9 369,3 -2,7 529,5 43,4 400,6 -24,4 7,6
1.7. Transferências Correntes 9.627,4 9.225,7 -4,2 9.251,5 0,3 9.149,9 -1,1 11.812,5 29,1 22,7
1.8. Outras Receitas Correntes 2.208,9 2.687,3 21,7 3.159,0 17,6 1.073,5 -66,0 571,5 -46,8 -74,1
2. Deduções para apuração da RCL 18.618,7 19.037,4 2,2 20.595,3 8,2 19.854,5 -3,6 19.828,3 -0,1 6,5
2.1. ( - ) Transf. Constituc. a
10.242,1 10.351,7 1,1 11.075,3 7,0 10.881,7 -1,7 10.740,3 -1,3 4,9
Municípios
2.2. ( - ) Contrib. Previd. dos
1.893,4 1.784,5 -5,7 2.084,3 16,8 2.066,7 -0,8 2.520,9 22,0 33,1
Servidores
2.3. ( - ) Comp. Fin. entre Reg. Previd. 56,6 65,4 15,5 85,2 30,3 78,6 -7,7 65,0 -17,4 14,9
2.4. ( - ) Contribuição ao FUNDEB 6.148,5 6.204,2 0,9 6.621,2 6,7 6.476,6 -2,2 6.502,0 0,4 5,8
2.5. ( - ) Anulação de Restos a Pagar 172,2 500,5 190,6 592,5 18,4 350,8 -40,8 - -100,0 -100,0
2.6. ( - ) Receita/(perda) Fundoprev 106,0 131,2 23,7 136,8 4,2 - -100,0 - - -100,0
3. Subtotal RCL (1 - 2) 40.860,1 40.167,0 -1,7 41.532,6 3,4 42.209,6 1,6 43.106,6 2,1 5,5
4. ( - ) IRRF
2.427,5 2.834,7 16,8 2.825,7 -0,3 3.076,4 8,9 3.185,3 3,5 31,2
Ativos/Inativos/Pensionista
5. ( + ) Perda FUNDEB (8.4 – 5.2) 1.355,8 1.564,6 15,4 1.734,9 10,9 1.923,8 10,9 2.152,3 11,9 58,7
6. RCL (3 - 4 + 5) – Vlr. Inflacionado 39.788,5 38.896,9 -2,2 40.441,8 4,0 41.057,1 1,5 42.073,5 2,5 5,7
7. RCL – Valor Nominal 34.654,9 35.045,9 1,1 37.773,3 7,8 39.779,4 5,3 42.073,5 5,8 21,4
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.
770
GASTOS PÚBLICOS x COMPROMETIMENTO DA RCL - 2016/2020
Em R$ milhões (inflacionados)*
% % % % %
DISCRIMINAÇÃO 2016* 2017* 2018* 2019* 2020
RCL RCL RCL RCL RCL
3. ( - ) IRRF dos Servidores
2.427,5 6,1 2.834,7 7,3 2.825,7 7,0 3.076,4 7,5 3.185,3 7,6
(b)
4. Despesa Total Ajustada
39.422,8 99,1 40.728,9 104,7 44.124,7 109,1 40.096,5 107,4 42.140,2 100,2
(c)
5. RECEITA CORRENTE
39.788,5 38.896,9 40.441,8 41.057,1 42.073,5
LÍQUIDA –RCL
6. Gastos Ajustados
acima/(abaixo)
(365,7) 1.832,0 3.682,9 3.039,4 66,7
da capacidade Erário (4
– 5)
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.
(**) Transferências Constitucionais aos Municípios contabilizadas como dedução da Receita em 2020 e ajustada no total da despesa empenhada de 2016
a 2019.
(a) Excluídas as contribuições ao IPERGS para o custeio de assistência médica e previdência, as quais geram duplicidade na consolidação das despesas e
das receitas totais do Estado.
(b) Retenções da folha de pagamento que geraram receita para o Estado e que são excluídas na apuração da RCL.
771
desempenho do Poder Executivo, que cresceu suas despesas intraorçamentárias em
4,9%, enquanto que a maioria dos demais poderes apresentaram redução nas despesas
intraorçamentária.
No total, em termos reais, as despesas empenhadas no âmbito estadual
diminuíram 1,22% (R$ 794,3 milhões) em 2020. Segundo a análise por grupo de despesa,
essa redução foi influenciada pela diminuição em Pessoal e Encargos Sociais de R$ 1,67
bilhão, conforme destacado na tabela a seguir.
772
DESPESA COM PESSOAL E ENCARGOS SOCIAIS* - 2000/2020
Em R$ milhões
PESSOAL E ENCARGOS SOCIAIS
EXERCÍCIO VALOR VALOR
% %
NOMINAL INFLACIONADO
2012 16.615,8 9,66 25.541,1 4,04
2013 18.920,1 13,87 27.384,2 7,22
2014 21.611,5 14,22 29.417,7 7,43
2015 23.985,2 10,98 29.944,8 1,79
2016 25.331,9 5,61 29.084,4 -2,87
2017 27.093,0 6,95 30.070,1 3,39
2018 29.215,4 7,83 31.279,4 4,02
2019 31.160,3 6,66 32.161,1 2,82
2020 30.486,9 (2,16) 30.486,9 -5,21
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Excluída a dupla contagem decorrente, especialmente, de recursos repassados pelos Poderes/Órgãos ao IPERGS para o custeio da assistência médica e
previdência.
101
Decretos Estaduais nº 54.981/2020; 54.982/2020; 54.983/2020 e 54.984/2020.
773
% % % % %
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR %
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
Poder Executivo 24.246,3 25.347,6 4,54 26.539,2 4,70 27.143,7 2,28 25.625,6 84,05 -5,59 1,98
Demais Poderes 4.838,1 4.722,4 -2,39 4.740,2 0,38 5.017,4 5,85 4.861,3 15,95 -3,11 0,94
Assembleia Legislativa 561,1 542,1 -3,39 561,6 3,60 497,4 -11,43 447,8 1,47 -9,97 -24,42
Tribunal de Contas 499,2 508,6 1,88 532,8 4,76 522,5 -1,93 480,5 1,58 -8,04 -8,25
Tribunal de Justiça 2.677,7 2.572,8 -3,92 2.488,5 -3,28 2.671,3 7,35 2.694,6 8,84 0,87 5,80
Trib. de Justiça Militar 36,7 32,9 -10,35 29,1 -11,55 44,2 51,89 30,8 0,10 -30,32 -6,38
Ministério Público 856,8 856,8 0,00 895,9 4,56 952,4 6,31 891,7 2,92 -6,37 -0,61
Defensoria Pública 206,7 209,2 1,21 232,3 11,04 329,6 41,89 315,8 1,04 -4,19 41,87
Total Pessoal e Enc.
29.084,4 30.070,1 3,39 31.279,4 4,02 32.161,1 2,82 30.486,9 100,00 -5,21 1,81
Soc.**
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*)Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.
(**) Exclusão da dupla contagem decorrente, especialmente, de recursos empenhados pelos poderes/órgãos ao IPERGS para o custeio da assistência
médica e previdência.
774
Assim, em 2020, os gastos, segundo o grupo de despesa “Pessoal e
Encargos Sociais”, representaram 72,62% da Receita Corrente Líquida, enquanto na
apuração da despesa total com pessoal, de acordo com as normas da LRF, foi obtido o
percentual de 49,77%, estando adequado ao limite estabelecido.
Em 2000, a despesa com pessoal, segundo a LRF, obteve um percentual da
RCL (73,23%) próximo àquele apurado pelo grupo “Pessoal e Encargos Sociais” (75,69%).
A partir de 2001, no entanto, deixou de fazer parte do cômputo a despesa do IPERGS com
a assistência médica dos servidores, o auxílio funeral, creche, bolsa de estudos,
transportes e refeição (e/ou etapas de alimentação) e, principalmente, o imposto de
renda retido na fonte dos servidores, resultando num percentual da RCL de 58,47%. A
partir de 2010, após ter reduzido para o percentual de 46,39%, este passou a crescer
gradativamente, alcançando 57,48% em 2015. Em 2016, caiu para 51,95%, influenciado
pelo aumento da RCL, voltando a subir em 2017, atingindo 54,95%, ficando estável em
2018 (54,47%) e 2019 (53,44%).
775
Verifica-se também que os demais poderes apresentaram redução real de
2,68% e o Poder Executivo aumentou as ODC em aproximadamente 4%. Parcela
significativa deste aumento está associada à Secretaria da Saúde. Tal Secretaria
representa quase 35% de ODC do Poder Executivo e entre 2019 e 2020 aumentou suas
despesas em quase 30%. Evidentemente estes números estão impactados pela Pandemia
da Covid-19.
776
Com a publicação da Lei Federal nº 13.019/14, e alterações promovidas
pela Lei nº 13.204/15, a União reconheceu essas entidades, as quais passaram a ser
classificadas como Organizações da Sociedade Civil (OSC). Estabeleceu a forma de o
Estado se relacionar com elas, mediante a celebração de termos de colaboração ou de
fomento, e as medidas a serem adotadas para viabilizar o controle e a transparência
sobre a aplicação dos recursos públicos.
Verificou-se que 50 entidades do Estado foram destinatárias de mais de
70% de todos os valores transferidos pelo Gestor Estadual no exercício de 2020.
777
DESPESA TOTAL COM PESSOAL EM RELAÇÃO À RECEITA CORRENTE LÍQUIDA - 2020
Em R$ milhões (nominais)
LIMITES (%) 3º QUADRIMESTRE
PODER/ÓRGÃO
MÁXIMO PRUDENCIAL ALERTA VALOR % RCL
QUANTO AO ALERTA
Ultrapassou 90% do Ultrapassou 95% do
P ERÍODO Limite Legal = Limite Limite Legal = Limite Emitir alerta neste período?
de Alerta? (44,10%) Prudencial? (46,55%)
1º Q/2019 SIM NÃO SIM
2º Q/2019 SIM NÃO SIM
3º Q/2019 NÃO NÃO NÃO
Fonte: Relatório de Gestão Fiscal do 1º, 2º e 3º quadrimestre/2020.
778
DEMONSTRATIVO RESUMIDO DE DESPESA COM PESSOAL - 2020
Em R$ milhões (nominais)
Poder
ESTADO TCE TJM AL TJ MP
Executivo
IRRF Ativos e Inativos 2.787,0 2.202,5 77,6 3,6 63,6 310,4 129,4
Pensionistas 3.419,0 3.002,0 32,0 6,8 49,5 270,6 58,1
Demais ajustes de critério (6,1) (33,3) 2,9 0,8 3,4 25,9 (5,7)
DESPESA LÍQUIDA COM PESSOAL (VII) =
20.893,5 17.837,6 335,7 19,4 341,2 1.750,7 608,9
(III - VI)
O Rio Grande do Sul estaria acima do Limite Legal (60,00%) caso fossem
adotados os critérios de cálculo da Secretaria do Tesouro Nacional – STN, atingindo
62,52%.
Conforme relatado anteriormente, no voto das Contas do Governador de
2019, houve a decisão de que os poderes deveriam ser alertados para convergir à
metodologia de cálculo da LRF, no prazo preconizado pela LC nº 178/2021 (10 anos).
Também se encontra em andamento nesta casa o Processo nº 5141-
0200/16-0, o qual trata de um Pedido de Orientação Técnica - POT para revisar os
critérios adotados pelo TCE/RS com relação à aplicação em Manutenção e
Desenvolvimento de Ensino – MDE. A partir de consulta realizada pela Procuradoria-Geral
do Estado – PGE (Doc. Nº 29583-0299/18-0), em razão do início das negociações para
adesão ao Regime de Recuperação Fiscal, entendeu-se que o POT deveria contemplar
também os critérios adotados pelo TCE/RS para o cálculo em saúde e despesa com
pessoal. O processo encontra-se na Consultoria Técnica para elaboração de Parecer.
Importante destacar, também, a assinatura, em 06-03-2018 do Acordo de
Cooperação Técnica, entre a Secretaria do Tesouro Nacional e os Tribunais de Contas, por
intermédio do Instituto Rui Barbosa - IRB e da Associação dos Membros dos Tribunais de
Contas do Brasil - ATRICON, o qual tem como objetivo a conjugação de esforços entre a
STN e os Tribunais signatários visando fomentar a transparência da gestão fiscal, apoiar o
exercício do controle social, racionalizar os custos de controle e regulação, reduzir as
divergências e duplicidades de dados e informações, promover a transferência de
conhecimentos e harmonizar conceitos e procedimentos entre os entes governamentais
na aplicação de normas atinentes à execução orçamentária, financeira e patrimonial, à
contabilidade pública e à gestão fiscal.
O TCE-RS decidiu, em reunião administrativa do dia 22-01-19, pela
participação no Acordo de Cooperação Técnica STN/IRB/ATRICON – ACT, entendendo
como importante e oportuna à discussão dos temas propostos. Os trabalhos estão em
andamento, sendo o prazo final do acordo dezembro de 2021. O Grupo de Trabalho 01
779
está mapeando todas as divergências existentes nos Tribunais da Federação, com relação
aos demonstrativos do Relatório de Gestão Fiscal e Relatório Resumido de Execução
Orçamentária, entre eles o Demonstrativo de Despesa com Pessoal.
780
recursos do Poder Executivo (livres e vinculados), a insuficiência em 2020 foi de R$ 30,12
bilhões, valor praticamente igual ao de 2019 atualizado pelo IPCA (R$ 30,38 bilhões).
No exercício em análise, a DCL cresceu 4,5% e a RCL 5,7%, bem como IPCA
apresentou um aumento de 4,5%. Com isso, a relação DCL/RCL ficou em 221,81%. Em
razão de liminar no STF, o Estado não está pagando a dívida com a União, ou seja, mesmo
com um aumento da RCL, a tendência é a relação seguir acima do limite.
16.5.4 – Despesas previdenciárias
781
RECEITAS E DESPESAS PREVIDENCIÁRIAS DO REGIME PRÓPRIO DOS SERVIDORES PÚBLICOS - 2020
Em R$ milhões (nominais)
DEMONSTRATIVO RPPS DEMONSTRATIVO RPPS
DISCRIMINAÇÃO PLANO PREVIDENCIÁRIO PLANO FINANCEIRO
2019 2020 2019 2020
7 – % Variação Anual 2020/2019 (nominal) -31,9% 17,5%
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE e RREO do 6º bimestre de 2020, publicado pelo Poder Executivo.
Cálculos: Equipe Técnica TCE/RS.
* Valor aportado para equalizar o déficit atuarial, portanto, essa receita não deverá compor o total das receitas previdenciárias do período de apuração
782
extraordinárias para atingir o equilíbrio orçamentário, fato que foi realizado nos anos
anteriores, distorcendo o orçamento. O bom resultado deve-se, ainda, aos repasses da
União ao Estado para combate à pandemia do Covid-19, bem como os decretos estaduais
que contingenciaram as despesas ao longo do ano. Soma-se ainda o fato de não haver
reposições de servidores, salários congelados, a reforma administrativa que extinguiu os
avanços e triênios dos servidores, dentre outros.
783
CRITÉRIOS DE ADESÃO AO RRF EM 2021
Em R$ milhões (nominais)
CRITÉRIOS DE ADESÃO VALOR
Despesa com Pessoal 20.893,5
Disponibilidade de Caixa de Recursos Livres (29.962,6)
Fonte: Sistema Cubos\DW
Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG
De acordo com o critério “a”, a RCL (R$ 42,07 bilhões) deverá ser menor
que a DCL (R$ 93,26 bilhões), o que foi atingido pelo RS em 2020, considerando-se o
requisito cumprido.
Já o requisito “b” determina que as despesas correntes devam ser
superiores que 95% da RCL ou a despesa com pessoal deverá ser acima de 60% da RCL. A
despesa com pessoal (R$ 20,89 bilhões) representa 49,66%, não sendo suficiente para
cumprir o requisito. Porém, na outra hipótese, as despesas correntes (R$ 61,82 bilhões)
são superiores a 95% da RCL (R$ 39,97 bilhões). A lei é omissa quanto ao estágio da
despesa (empenhada, liquidada ou paga) bem como ao cômputo das despesas
intraorçamentárias ou não. Espera-se que a STN divulgue um manual com os critérios
explicados. Porém, mesmo considerando o valor mais baixo para as despesas correntes,
que seriam as despesas correntes pagas sem considerar as intraorçamentárias (R$ 43,38
bilhões), o requisito é cumprido, tornando o Estado apto a aderir ao regime.
Por fim, o requisito “c” também é cumprido, pois as disponibilidades de
caixa do Estado, considerando os recursos livres, foram de R$ 29,96 bilhões negativos ao
final de 2021, ficando dessa forma abaixo das obrigações do Estado (mesmo que essas
fossem zero, o que não é o caso).
Ainda quanto ao Regime de Recuperação Fiscal, no mês de novembro de
2018, em cumprimento à determinação do processo 465-0200/17-1 – representação do
MPC nº 3/2017, o Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul determinou a
abertura de Inspeção Especial (processo nº 14635-0200/18-6), abrangendo os períodos
de 2017 e 2018, junto a Secretaria da Fazenda do RS para acompanhamento das
negociações do Estado do RS junto à STN para adesão ao regime de recuperação fiscal.
Considerando que o Estado ainda não aderiu ao regime, a Inspeção foi ampliada para
contemplar o período de 2017 a 2020, considerando a Promoção MPC nº 18/2020.
Considerando um futuro acordo e possível adesão do Estado ao regime, os
procedimentos e os impactos relacionados com a matéria deverão ser acompanhados por
este Tribunal de Contas.
16.6.1 – Ativo
O Ativo da Administração Pública Estadual, no exercício de 2020, alcançou
o valor de R$ 62.56 bilhões (R$ 62,82 bilhões em 2019), sendo composto de
R$ 18,66 bilhões (R$ 20,76 bilhões em 2019) por Ativo Circulante e R$ 43,90 bilhões
(R$ 42,01 bilhões em 2019) por Ativo Não Circulante, consoante tabela abaixo:
ATIVO
Em R$ milhões (nominais)
784
2019 2020 2020
Especificação
R$ % R$ % Var. 20/19
1.1. Ativo Circulante 20.759,2 33,0% 18.656,5 29,8% -10,1%
1.1.1. Caixa e Equivalentes de Caixa 3.027,2 4,8% 4.294,2 6,9% 41,9%
1.1.2. Créditos a Curto Prazo 10.406,5 16,6% 10.045,4 16,1% -3,5%
1.1.3. Demais Créditos e Valores 4.294,8 6,8% 659,1 1,1% -84,7%
1.1.4. Investimentos e Aplicações Temp. 2.732,2 4,3% 3.203,9 5,1% 17,3%
1.1.5. Estoques 265,9 0,4% 421,2 0,7% 58,4%
1.1.6. Imobilizado mantido para venda 32,6 0,1% 32,6 0,1% 0,0%
785
Durante o ano de 2020 houve um trabalho minucioso da CAGE, verificando
os saldos vinculados que estavam à disposição no SIAC, confrontando com suas possíveis
utilizações prevista nas respectivas legislações. A exemplo disso tem-se a utilização de R$
3,00 bilhões existentes na conta vinculada ao Fundo de Reforma do Estado (FRE),
integrante do SIAC, para pagamento de cobertura do déficit previdenciário dívida pública
estadual, o que acarretou em diminuição da conta de resgates do tesouro.
Nota-se que a prática sempre foi utilizar os resgates do SIAC para financiar
os déficits recorrentes ocorridos no Estado. As exceções, quando houve devoluções ao
sistema, foram em 2013, ano em que foram utilizados R$ 5,02 bilhões de depósitos
judiciais e agora em 2020, onde já foi explicada a utilização dos recursos vinculados em
prol dos recursos livres. Embora tenha ocorrida essa redução, a dívida permanece em
valores relevantes.
16.6.1.3 – Créditos
Os créditos do Estado, considerando os de curto e longo prazo, somaram
R$ 29,95 bilhões em 31-12-2020 (R$ 34,33 bilhões em 31-12-2019).
Do as ativos de curto prazo, os créditos tributários a receber, constituídos
na fase de auto de lançamento, cotejando-se o ajuste para perdas, atingiu R$ 7,37 bilhões
em 2020, sendo responsável por 24,6% dos créditos a receber pelo Estado.
786
Houve redução na conta de empréstimos e financiamentos concedidos, de
R$ 935,5 milhões em 2019 para R$ 179,7 milhões em 2020, referente a contabilização na
Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, onde houve a transferência
de saldo para as contas de investimentos de longo prazo (Fundos para Financiamento),
enquanto que no IPE Previdência houve o desreconhecimento de R$ 482,7 milhões,
referente a créditos que foram transferidos para o Estado, em consequência das Leis
nº 11.402/1999 e nº 15.144/2018, mas que atualmente estão em fase de apuração do
saldo a receber, pois o valor original estava evidentemente superavaliado.
No longo prazo, a Dívida Ativa foi contabilizada em R$ 20,77 bilhões (R$
20,50 bilhões em 2019), constituindo-se no subgrupo mais expressivo do Ativo (levando-
se em conta saldos registrados no Circulante e no Não Circulante).
A Dívida Ativa está concentrada na Administração Direta, sendo
responsável por 97,7% do total, em 2020, enquanto a Administração Indireta detém
apenas 2,3% desse montante.
Em 2020, o ingresso de receita proveniente da cobrança da dívida ativa
representou 2,29% do saldo existente no início do ano (R$ 46,17 bilhões), indicando uma
queda em relação ao exercício anterior que foi de 5,26%. O maior volume arrecadado em
2019 está diretamente relacionada ao REFAZ 2019, que previa redução de multas e juros
e, também, ao Compensa/RS, que instituiu a compensação da dívida ativa com
precatórios. Do total de R$ 2,37 bilhões de cobrança no exercício, R$ 795 milhões foram
compensados com precatórios, ao passo que agora em 2020, forma R$ 175,4 milhões de
compensação.
Em números atualizados monetariamente, o exame da evolução dos
valores da dívida ativa ao longo de 10 anos, possibilita constatar o crescimento real de
211,6%, mas ao se considerar o comportamento anual (base móvel), verifica-se uma
ligeira diminuição real do saldo nos últimos exercícios.
A fase judicial é responsável pela maior concentração dos créditos da
Fazenda Estadual, embora tenha alcançado o menor índice da série em exame, 64,31%.
Por sua vez, em 2020, a fase administrativa teve o maior índice de participação, incluindo
tanto os créditos que estão na fase reconhecida por Autos de Lançamento (AUL), como
aqueles cujas Certidões de Dívida Ativa permanecem em cobrança pela Secretaria da
Fazenda.
Importante observar que a soma dos créditos identificados como
inexecutáveis da fase administrativa com os registrados na fase de Falência/Cobrança
Exaurida do âmbito Judicial equivale a quase 20% do total da Dívida Ativa,
correspondendo ao valor de R$ 9,27 bilhões.
Em 2015, na busca de adequação às Normas Brasileiras de Contabilidade
Aplicadas ao Setor Público, a CAGE concluiu estudos que provocaram a realização da
segregação dos créditos inscritos em Dívida Ativa; os de curto prazo, referente aos que
possuem maior possibilidade de realização e os de longo prazo aqueles reconhecidos
como de difícil sucesso, ou seja, que apesar de todos os esforços para envidados na sua
cobrança, possuem alta probabilidade de não realização. Dessa forma, os créditos de
Dívida Ativa incluídos na qualidade de longo prazo passaram a ter o registro como ajuste
de perdas esperadas.
787
Essa alteração nos critérios diminuiu substancialmente o Ajuste de Perdas
no ano anterior, resultando num aumento do Estoque Viável de Dívida Ativa para R$
20,08 bilhões dos R$ 46,17 bilhões inscritos, portanto 43,50% do total em 2019,
considerando que em 2018 o Estoque Viável era de 29,57%.
16.6.2 – Passivo
O Passivo da Administração Pública Estadual, no exercício de 2020,
alcançou o valor de R$ 302,26 bilhões (R$ 131,09 bilhões em 2019), estando registrados
R$ 31,92 bilhões no Passivo Circulante (R$ 38,25 bilhões em 2019) e R$ 270,34 bilhões no
Passivo Não Circulante (R$ 92,84 bilhões em 2019). Quanto ao Patrimônio Líquido, o
Estado registrou um valor negativo de R$ 302,26 bilhões, ou seja, uma situação de passivo
a descoberto, quando o passivo é maior que o ativo.
PASSIVO CIRCULANTE
Em R$ milhões (nominais)
PASSIVO CIRCULANTE 2019 % 2020 %
Obrigações Trabalhistas, Previdenciárias e Assistenciais a pagar a
3.663,6 9,58% 2.681,9 8,40%
Curto Prazo
Empréstimos e Financiamentos a Curto Prazo 10.077,1 26,35% 12.482,6 39,10%
Fornecedores e Contas a Pagar a Curto Prazo 2.123,6 5,55% 2.043,6 6,40%
Obrigações Fiscais a Curto Prazo 64,5 0,17% 104,7 0,33%
Obrigações de Repartição a Outros entes 0,3 0,00% 0,0 0,00%
Provisões a Curto Prazo 6.788,3 17,75% 336,8 1,06%
Demais Obrigações a Curto Prazo 15.528,7 40,60% 14.272,2 44,71%
TOTAL DO PASSIVO CIRCULANTE 38.246,1 100,00% 31.921,8 100,00%
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020 (volume I)
788
16.6.2.3 – Passivo Não Circulante
789
Assim, em 2020, foram disponibilizados para pagamentos
R$ 597,1 milhões, correspondendo a um incremento nominal de R$ 25,5 milhões (4,46%)
na comparação com o ano anterior (R$ 571,6 milhões). Desse montante disponibilizado,
R$ 298,6 milhões foram destinados ao pagamento por ordem cronológica de
apresentação102 e R$ 298,6 milhões à modalidade de acordo direto103 celebrados na
Câmara de Conciliação de Precatórios (coordenada pela Procuradoria-Geral, nos termos
da Lei Estadual nº 14.751/2015).
PAGAMENTO DE PRECATÓRIOS
Em R$ milhões atualizados
ANO Ordem Cronológica Acordos Compensa RS Total Pago
2015 46,9 27,4 - 74,3
2016 52,1 37,8 - 90,0
2017 1.360,3 454,3 - 1.814,6
2018 518,7 115,2 45,0 679,0
2019 312,7 322,4 967,5 1.602,6
2020 271,0 128,7 207,5 607,2
Fonte: Sistema Cubos DW/Sefaz-RS (consulta aos valores pagos nos recursos 07, 08 e 09)
Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG
Valores atualizados pelo IPCA-médio.
790
O alto valor de 2019 (R$ 1,60 bilhão) foi fruto da compensação com
precatórios (programa Compensa RS), no montante de R$ 967,5 milhões. Verifica-se que
o pagamento de precatórios em 2020 através da compensação com Dívida Ativa foi de R$
207,5milhões. Em valores atualizados, nota-se uma queda no pagamento a partir de
2017.
Em março de 2021, foi promulgada a PEC nº 109/21, prorrogando o prazo
de quitação de precatórios para 2029 (anteriormente era 2024). Por essa razão, cabe o
esclarecimento do gestor sobre eventuais medidas adotadas, tais como planos de ação,
para atendimento da emenda, considerando um estoque de precatórios de mais de R$ 15
bilhões. Mesmo considerando a prorrogação do prazo de 2024 para 2028, o Estado
precisaria desembolsar valores muito maiores para conseguir quitar o saldo de
precatórios dentro do novo prazo.
791
16.6.3.1 – Movimentação Financeira dos Recursos Vinculados
A parcela da receita orçamentária vinculada, aquela que o Estado, em
decorrência de dispositivos legais e constitucionais, está obrigado a aplicar em fins
específicos, foi de R$ 9,33 bilhões e representou cerca de 14,6% da arrecadação total de
2020 (R$ 63,96 bilhões).
APLICAÇÃO DOS RECURSOS VINCULADOS NO ANO DE 2020 – AJUSTADO PELAS TRANSFERÊNCIAS ENTRE RECURSOS
Em R$ milhões(nominais)
RECEBIMENTOS/ RECEBIMENTOS/
RECURSO RECEITA DESPESA TRANSFERÊNCIAS DE TRANSFERÊNCIAS DE RESULTADO
NUMERÁRIOS, LÍQUIDO RECURSOS, LÍQUIDO
Tesouro – Vinculado
4.797,7 -16.390,6 431,0 0,0 144,9
pela Constituição
Tesouro – Vinculado
2.768,8 -3.163,7 49,7 234,9 -110,3
por Lei
Convênios 225,0 -302,7 -77,9 0,0 -155,6
Próprios da Autarquia 1.111,0 -227,9 0,0 0,0 883,1
Operações de Crédito
214,4 -178,3 0,0 0,0 36,1
Externas
Operações de Crédito
75,7 -70,9 -2,5 0,0 2,3
Internas
Transferências
1.178,2 -944,6 76,4 1,7 311,7
Obrigatórias
Próprios das
0,8 -0,2 - - 0,6
Fundações
TOTAL 21.678,4 -21.278,9 476,7 236,6 1.112,8
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020 (volume I) e Cubos DW (SEFAZ/RS)
792
TÍTULO VALOR
SALDO FINANCEIRO REAL -22.044,1
SALDO FINANCEIRO POTENCIAL -7.782,1
SALDO FINANCEIRO AJUSTADO -29.826,2
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020
793
COMPENSAÇÕES - CONTAS DE CONTROLE - 2019/2020
Em R$ milhões (nominais)
CONTAS 2018 % 2019 %
7119 - OUTROS ATOS POTENCIAIS ATIVOS 3.404,9 3,2% 3.756,3 3,5%
712 - ATOS POTENCIAIS PASSIVOS 336,8 0,3% 423,0 0,4%
7121 - GARANTIAS E CONTRAGARANTIAS CONCEDIDAS 126,8 0,1% 126,8 0,1%
7123 - OBRIGAÇÕES CONTRATUAIS 12,0 0,0% 36,7 0,0%
7129 - OUTROS ATOS POTENCIAIS PASSIVOS 198,0 0,2% 259,6 0,2%
72 - ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 31.500,7 29,5% 15.601,6 14,5%
74 - RISCOS FISCAIS 52.624,4 49,3% 68.727,6 63,8%
79 - OUTROS CONTROLES 17.692,1 16,6% 18.048,0 16,8%
Total do Controles Devedores 106.702,0 100,0% 107.722,3 100,0%
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020 (volume I) e Cubos DW (SEFAZ/RS)
794
DÍVIDA CONSOLIDADA 2019/2020
Em R$ milhões nominais
ESPECIFICAÇÃO 2019 2020
Dívida Fundada Externa
Dívida Fundada Externa por contratos 8.624,52 10.659,43
2-Total da Dívida Fundada Externa 8.624,52 10.659,43
3-Total Dívida Fundada 89.251,81 93.262,89
Total Dívida Fundada exceto Precatórios 77.648,41 81.595,69
Fonte: Balanço Geral do Estado: Demonstração da Dívida Consolidada
795
saldo do resíduo foi corrigido nos mesmos termos do valor principal, isto é, IGP-DI com
acréscimo de 6% de juros ao ano.
O limitador em princípio tinha um objetivo positivo, pois visava que um
percentual da receita fosse o teto dos recursos comprometidos (13% RLR, no caso). A
expectativa era que com o incremento da receita o percentual previsto para o limitador
gerasse um quantum suficiente para o pagamento integral da prestação calculada, ou
seja, de que os 13% sobre a RLR fossem suficientes para pagar a prestação. No entanto,
esse quantum foi insuficiente para o pagamento da parcela devida. Dessa maneira, o
limitador, que em princípio deveria servir como uma garantia para que o estado
mantivesse sua capacidade de pagamento e não comprometesse parcela maior de sua
receita com o serviço da dívida, constituiu-se, por diversos motivos, em um fator para o
crescimento da dívida.
Em decorrência, a dívida não declinou, embora o longo período de
pagamento, em função da sua dimensão financeira e não de desequilíbrios fiscais. Assim,
imperativo seria, não sendo o montante de receitas decorrente da utilização do limitador
suficiente para o pagamento da parcela calculada que ocorresse a repactuação do prazo,
de forma a viabilizar a efetiva amortização da dívida ao longo dos pagamentos. Assim, a
parte da receita destinada ao pagamento do serviço da dívida, entre os anos de 1998 a
2013, 13% RLR, foi insuficiente para o seu pagamento. Essa diferença foi capitalizada
impedindo a redução efetiva do valor real da dívida intralimite.
Deve-se lembrar de que na concepção do contrato, e por sua lógica, o
saldo devedor deveria ser quitado em 2028, e que no início do contrato a prestação da
tabela Price (devida) era superior ao limite de comprometimento da Receita (13% da
RLR). A expectativa era de que em curto período a prestação paga alcançasse a prestação
devida, deixando de formar resíduos, todavia isto não ocorreu.
Após a renegociação de 1998, diversas foram as causas para o desequilíbrio
que formou os resíduos e não permitiu o gradativo declínio do valor da dívida: fraco
crescimento associado à política econômica; índice de correção; as desonerações; o
aumento tributário via contribuição fiscal; a guerra fiscal; a taxa de juros elevada etc.
Essas causas, em grande parte, foram decorrentes da política adotada pelo governo
federal.
Convém ressaltar ainda que a manutenção do limitador do pagamento, do
prazo e das demais condições do contrato, sem que a prestação calculada fosse
plenamente paga, traz a questão: os juros não pagos (ou parcialmente pagos) num
determinado período podem ser englobados ao saldo devedor para servirem de base de
cálculo para novos juros?
Vale lembrar que o crescimento da receita menos intenso do que o
esperado à época da assinatura do contrato se deveu em grande parte ao contexto
econômico e à política econômica adotada pelo governo federal. No entanto, os
empréstimos não tiveram tratamento similar ao adotado em outras medidas
implementadas pelo governo federal, tais como a concessão de anistias tributárias; o
refinanciamento de dívidas tributárias; os subsídios e créditos privilegiados concedidos a
alguns setores econômicos (em especial via bancos públicos); as renúncias fiscais etc.
Na forma que foram pactuados os pagamentos, a dívida adquiriu uma
dimensão financeira até o ano de 2014 impedindo sua redução. Posteriormente, no
796
momento que o estado iniciaria a amortização da dívida, com a crise financeira que se
instalou, ocorreu a suspenção dos pagamentos, impedindo, deste modo, sua efetiva
amortização.
Nas condições originais da Lei nº 9.496/97, o valor a ser refinanciado a
partir de 2028, decorrente de eventual saldo na conta resíduo, estaria relacionado ao
comportamento que a Receita Líquida Real-RLR viesse a assumir no decorrer deste prazo
(até 2028). Por outro lado, a implementação das condições previstas pela LC n°148/2014
possibilitaria uma melhora substancial no financiamento do resíduo a ser realizado em
2028, porém sem nenhum reflexo no pagamento até essa data (no montante do serviço),
pois, conforme o regramento disposto no contrato original, e que não foi objeto de
alteração na legislação de 2014, enquanto houvesse resíduo, os pagamentos mensais
deveriam obedecer ao limite de comprometimento, no caso, de 13% da Receita Líquida
Real.
Dessa maneira, a implementação do previsto na Lei Complementar
n°148/2014 poderia proporcionar uma evolução mais favorável do estoque até o ano de
2028, mas sem reflexo na evolução dos serviços a pagar, isto é, exigindo significativo
esforço fiscal devido à inexistência de alterações nos valores a serem pagos nas parcelas
mensais.
No entanto, a frágil situação financeira do Tesouro Estadual, com a
contínua carência de recursos, foi determinante para que o governo gaúcho, ao final de
2017, assinasse aditivos ao contrato nos termos da LC n° 156/2016, aderindo
formalmente às condições previstas na referida Lei. Observa-se que as normativas
estabelecidas com o processo de renegociação (consubstanciadas na referida Lei)
produzem uma redução do comprometimento do serviço da dívida em relação à Receita
Líquida Real (Serv./RLR) nos anos iniciais, mas em anos posteriores, notadamente após
2028, aumenta esse comprometimento em relação à trajetória prevista para a evolução
do serviço quando considerado somente os parâmetros previstos na LC n° 148/2014.
Com a crise e por força de liminar obtida no mês de julho de 2017, o estado
passou a não efetuar os pagamentos previstos a partir dos ajustes referidos (mesmo com
o saldo reduzido das parcelas previsto na Lei complementar n° 156/2016).
Assinala-se, ainda, que mesmo nos anos de 2018 a 2020, nos momentos
em que o Estado pagou um percentual pequeno do serviço da dívida pela suspensão dos
pagamentos com o governo federal, ainda assim, observa-se que o endividamento não
propicia a obtenção de recursos líquidos para o financiamento do estado. Assim ocorre
porque o estado continua impedido de contratar novas operações por ter ultrapassado o
limite da Dívida Consolidada Líquida (ocorrendo somente ingresso de parcelas de
contratações já efetuadas). A incapacidade de o estado obter recursos líquidos através do
endividamento pode ser visualizada na tabela que segue (resumo do exposto no capítulo
7 do presente relatório).
797
CAPTAÇÕES VIA ENDIVIDAMENTO X SERVIÇO DA DÍVIDA
Em R$ milhões nominais
2018* 2018** 2019* 2019** 2020* 2020**
Captações 270,2 270,2 191,9 191,9 24,90 24,90
(-) Serviço da dívida 3.970,5 772,0 4.338,5 887,4 4.339,51 868,8
(*) Considerando o Valor empenhado do serviço da dívida
(**) Considerando o efetivo pagamento do serviço da dívida.
798
limites e condições da lei de responsabilidade fiscal durante a pandemia, o auxílio
financeiro aos estados e municípios, entre outras providências. Importante mencionar
que a suspensão de dívidas prevista neste dispositivo teve efeito reduzido, visto que as
parcelas da dívida com o governo federal já não estavam sendo pagas por força da liminar
desde 2017. A suspensão, com base na referida Lei complementar, cingiu-se a dívida com
BNDES no montante de 78,4 milhões.
Por sua vez, a Lei Complementar nº 178/21 estabeleceu o Programa de
Acompanhamento e Transparência Fiscal, o Plano de Promoção do Equilíbrio Fiscal e
alterou as Leis Complementares nº 101/2000, 156/16 e 159/17, entre outros. Esse
dispositivo previu alterações no Regime de Recuperação Fiscal (RRF), entre os quais: a
ampliação do prazo do regime de três para nove anos e a previsão de que os valores não
pagos sejam refinanciados contratualmente com a União, em parcelas mensais e
sucessivas apuradas pela tabela Price, em 360 meses, com encargos equivalentes aos do
financiamento principal.
Assim, durante a vigência, está prevista a redução das prestações relativas
aos contratos e a União poderá pagar em nome do estado as prestações de operações de
crédito com o sistema financeiro e instituições multilaterais, garantidas pela União. Esse
benefício será aplicado regressivamente no tempo, de tal forma que a relação entre os
pagamentos do serviço das dívidas estaduais e os valores originalmente devidos das
prestações dessas mesmas dívidas será zero no primeiro exercício e aumentará pelo
menos 11,11 (onze inteiros e onze centésimos) pontos percentuais a cada exercício
financeiro.
Ou seja, o novo marco legal prevê que todos os estados cujo pagamento
da dívida com o governo federal esteja suspenso possam regularizá-lo. No entanto, impõe
uma série de exigências e contrapartidas que fogem estritamente à evolução da dívida.
Como se expôs, o estado tem um passivo de curto prazo com o governo
federal de aproximadamente 11 bilhões e não aderindo à reforma estaria sujeito a ter
que arcar com o refinanciamento desse estoque, nos termos da lei Complementar nº178,
artigo 23, ou seja, em 360 meses.
Aqui existe um dilema, pois se a não adesão significa a retomada de paga-
mento da dívida, principal e parcelas do passivo vencido, inviabilizando seu pagamento, a
sua adesão (junto com os demais estados da federação) significa a adoção das contrapar-
tidas que limitam a atuação dos estados na recuperação da economia, comprometendo a
capacidade de prover serviços públicos adequados.
O governo do estado alega que essa é a única opção fiscalmente
responsável para o Rio Grande do Sul, sobretudo porque o ajuste exigido pelo governo
federal, como contrapartida à retomada gradual do pagamento da dívida é integralmente
aderente à agenda de reformas estruturais do estado, que, em grande medida, já foram
implementadas.
Por um lado, como se viu, no exercício de 2020, com os devidos ajustes,
excluindo as receitas extraordinárias, o estado apresentou um resultado primário
equilibrado o que representa uma evolução favorável. Assim, pode-se vislumbrar a partir
da recuperação da economia a formação de fundos necessários para a retomada, mesmo
que parcial, dos pagamentos da dívida. Por outro lado, a promulgação e a possibilidade
799
de adesão ao programa de reforma do estado podem precipitar que a liminar que
suspendeu os pagamentos seja revogada a qualquer momento.
O governo federal condiciona a suspensão do pagamento da dívida à
reforma do setor público estadual e ao ajuste patrimonial. Ou seja, as prorrogações de
prazo para o pagamento de dívidas dos estados e DF com a União estão condicionadas à
redução de gastos sociais, privatização de empresas, entre outras providências. Convém
ressaltar, no entanto, que todas as parcelas suspensas ou adiadas terão que ser pagas
posteriormente com juros compostos e correção monetária. Além disso, importante
lembrar, que nos termos existentes, os pagamentos em suspenso ocasionam o acúmulo
de parcelas de juros não pagas que se incorporam ao saldo devedor final. Assim, o prazo
de suspensão deve se ater ao estritamente necessário.
Através do decreto n° 10.681 de 20 de abril de 2021 a União regulamentou
a lei complementar n° 159 definindo as providências e forma, entre outros
procedimentos, para que os estados adiram ao plano de recuperação fiscal. Ou seja,
como deverá ocorrer a formalização do pedido de adesão e a elaboração do Plano de
Recuperação Fiscal, que inclui a aprovação da legislação estadual exigida para
homologação do Regime.
Dessa maneira, a adesão ao plano e sua dimensão necessária, em especial
pela declarada aderência do programa às reformas da atual administração, constitui-se
matéria de importância a ser considerada no ano de 2021. Importante ressaltar que os
condicionantes exigidos pela União para a suspensão do pagamento da dívida
caracterizam uma dinâmica que foge estritamente à remuneração do credor pelo
devedor que tem que restituir, com a devida remuneração, um recurso recebido.
O programa segue o mesmo procedimento implementado pela primeira
vez na ocasião do ajuste de 1998 a partir da Lei nº 9.496/97 de obrigar a fixar, de forma
organizada e monitorada, compromissos com metas de ajuste fiscal e saneamento
financeiro, sendo os estados forçados a adotarem medidas de controle salarial e corte de
pessoal, privatizações, concessão de serviços públicos e obterem a aprovação da
Assembleia Legislativa à implementação do programa. Como se viu, o ajuste de 1998 não
alcançou os resultados esperados, em decorrência, entre outros motivos, da falta de
compatibilidade entre a parcela a ser paga (13%) e o prazo que levou a que a dívida não
fosse efetivamente amortizada desde então. Importante que a renegociação ponha fim à
dimensão financeira da dívida viabilizando sua efetiva amortização e, portanto, evitando
que essa se transforme em um mecanismo permanente de sucção de receitas mais do
que de financiamento das atividades de maior vulto.
800
do Rio Grande do Sul no ano de 2020. Os efeitos financeiros decorrentes dessa legislação
repercutiram a partir de abril de 2020 em obediência aos princípios tributários da
anterioridade de exercício e nonagesimal.
RESUMO DAS REGRAS DE PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES DO ESTADO DO RS VÁLIDAS ATÉ AGOSTO DE 2020
Cálculo do Contribuição Previdenciária
Data de Ingresso Benefício de Regime Adesão Base de Alíquota Alíquota
Destino
Aposentadoria Cálculo Servidor Estado
Faixas de
alíquotas Dobro da Pagamento
Repartição Remuneração
até 31/12/2003 Integralidade Obrigatória previstas contribuição inativos e
Simples Bruta
na lei nº do servidor pensionistas
15.429/19
Faixas de
Média dos alíquotas Dobro da Pagamento
1°/01/2004 a Repartição Remuneração
80% maiores Obrigatória previstas contribuição inativos e
17/07/2011 Simples Bruta
salários na lei nº do servidor pensionistas
15.429/19
Faixas de
Média dos alíquotas Idêntica a
18/07/2011 a Remuneração
80% maiores Capitalização Obrigatória previstas contribuição FUNDOPREV
18/08/2016 Bruta
salários na lei nº do servidor
15.429/19
Faixas de
alíquotas Idêntica a
Média dos
Obrigatória Teto RGPS previstas contribuição FUNDOPREV
80% maiores Capitalização +
a partir de na lei nº do servidor
104 salários, limi- Previdência
19/08/2016 15.429/19
tado ao teto Complementar
Parcela remu- Plano RS-
do RGPS a partir de 4,5% a
Facultativa neração acima Futuro da
de 4,5% 7,5%
do teto RGPS RS-Prev
104
O servidor ativo, titular de cargo efetivo, que tiver ingressado no Estado antes de 19/08/2016 pode
optar por migrar de regime previdenciário. Com a publicação da Lei Complementar nº 15.511, de 24 de
agosto de 2020, o prazo para realizar a opção foi reaberto por mais 3 anos, até agosto de 2023.
801
O Regime de Repartição Simples é aquele em que os servidores ativos
pagam a aposentadoria dos servidores aposentados. Este regime é o
utilizado pelo RGPS, e no Estado do RS corresponde ao chamado Plano
Financeiro. Para honrar as aposentadorias já concedidas, o Estado, além de
contribuir o dobro da contribuição do servidor, vem aportando recursos
para cobrir a “eventual diferença entre o valor necessário ao pagamento
das aposentadorias e pensões e o valor das contribuições previdenciárias”.
Estes aportes devem acorrer até a natural extinção do plano.
Este Plano Financeiro opera no sistema de Benefício Definido, que pode ser
a integralidade do último salário (para quem ingressou até a EC nº 41/03),
ou a média das remunerações (para quem ingressou após a EC nº 41/03).
Os servidores que ingressaram após a EC nº 41 têm sua aposentadoria
calculada por uma média, nos termos da Lei nº 10.887/2004105. Esta
considera a média aritmética simples das maiores remunerações, utilizadas
como base para as contribuições do servidor aos regimes de previdência a
que esteve vinculado, correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo
o período contributivo desde a competência julho de 1994.
Já o Regime Capitalizado no Estado, com os recursos destinados ao
FUNDOPREV e tendo inicialmente praticamente apenas servidores ativos,
apresenta as despesas mínimas, assegurando o equilíbrio financeiro. Em
relação ao equilíbrio atuarial, de longo prazo, efetuado a partir de uma
série de premissas, este deve ser cuidadosamente analisado, pois a
legislação assim o exige. Este plano também funciona no sistema de
benefício definido, ou seja, o servidor já conhece antecipadamente o valor
futuro de seus proventos, nos termos das regras em vigor. No caso da falta
de recursos, existe previsão de aporte adicional pelo Estado e, com a
edição da EC nº 103/2019, também pelo servidor.
Os servidores que ingressaram no Estado a partir da adoção da Previdência
Complementar, ou seja, agosto de 2016, com vencimentos abaixo do teto
do RGPS terão seus proventos calculados pela média, em um plano de
benefício definido. Os servidores com vencimento acima do teto do RGPS
terão assegurada a parcela até o valor do teto do RGPS calculada deste
modo. Podem, entretanto, optar pela previdência complementar, tendo a
parcela acima do teto do RGPS calculada pelo plano de contribuição
definida. Não existe a previsão, como no FUNDOPREV, de aportes do
Estado para garantir determinado valor de benefício. No RS-Prev o plano
tem caráter individual, ou seja, cada participante tem a sua conta própria
onde são contabilizadas as contribuições pessoais e aquelas feitas pelos
patrocinadores.
Com a publicação da Lei Complementar nº 15.511, de 24 de agosto de
2020 ocorreram sensíveis mudanças no âmbito dos Regimes de Financiamento da
Previdência Pública do Estado do Rio Grande do Sul, sobretudo em virtude da
transposição de aproximadamente 17 mil servidores do FUNDOPREV Civil para o Fundo
105
Efeitos a partir da MP nº 167/2004, a qual foi transformada na Lei nº 10.877/2004.
802
Financeiro. Além dessa reestruturação do FUNDOPREV, por meio desta Lei instituiu-se o
Benefício Especial como forma de incentivo à migração de servidores para o Regime de
Previdência Complementar, o que reduziria o Passivo Atuarial do Estado. As mudanças
trazidas pela citada legislação são abordadas mais adiante, mas o quadro a seguir
demonstra o resultado da transposição dos servidores que estavam no FUNDOPREV.
RESUMO DAS REGRAS DE PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES DO ESTADO DO RS VÁLIDAS A PARTIR DE AGOSTO DE 2020
Cálculo do Contribuição Previdenciária
Data de Ingresso Benefício de Regime Adesão Base de Alíquota Alíquota
Destino
Aposentadoria Cálculo Servidor Estado
Faixas de
alíquotas Dobro da Pagamento
Repartição Remuneração
até 31/12/2003 Integralidade Obrigatória previstas contribuição inativos e
Simples Bruta
na lei nº do servidor pensionistas
15.429/19
Faixas de
1°/01/2004 a Média dos alíquotas Dobro da Pagamento
Repartição Remuneração
17/07/2011 80% maiores Obrigatória previstas contribuição inativos e
Simples Bruta
18/08/2016 salários na lei nº do servidor pensionistas
15.429/19
Efeito da migração prevista
na Lei nº 15.511/20 Faixas de
Média dos alíquotas Idêntica a
18/07/2011 a Remuneração
80% maiores Capitalização Obrigatória previstas contribuição FUNDOPREV
18/08/2016 Bruta
salários na lei nº do servidor
15.429/19
Faixas de
alíquotas Idêntica a
Média dos
Obrigatória Teto RGPS previstas contribuição FUNDOPREV
80% maiores Capitalização +
a partir de na lei nº do servidor
106 salários, limi- Previdência
19/08/2016 15.429/19
tado ao teto Complementar
Parcela remu- Plano RS-
do RGPS a partir de 4,5% a
Facultativa neração acima Futuro da
de 4,5% 7,5%
do teto RGPS RS-Prev
106
O servidor ativo, titular de cargo efetivo, que tiver ingressado no Estado antes de 19/08/2016 pode
optar por migrar de regime previdenciário. Com a publicação da Lei Complementar nº 15.511, de 24 de
agosto de 2020, o prazo para realizar a opção foi reaberto por mais 3 anos, até agosto de 2023.
803
EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA IPE PREV – 2020
Em R$ millhões (nominais)
DISCRIMINAÇÃO VALORES
1.2. Contribuições Patronais 4.856,2
1.3. Outras Contribuições Sociais 3,3
2. RECEITA PATRIMONIAL 181,0
2.1. Juros e Correções Monetárias 499,4
2.2. Dedução Receita Patrimonial (318,4)
3. RECEITA DE SERVIÇOS 5,4
3.1. Serviços Administrativos 5,4
4. OUTRAS RECEITAS CORRENTES 11.364,5
4.1. Compensações Financeiras entre Regimes 65,0
4.2. Aportes Periódicos Amortização Déficit 11.248,3
4.3. Demais Receitas Correntes 51,3 .
5. TOTAL DE RECEITAS 18.932,1
6. DESPESAS CORRENTES 15.836,8
6.1 Pessoal e Encargos Sociais 15.492,8
6.2. Outras Despesas Correntes 344,0
7. DESPESAS DE CAPITAL 11,7
7.1. Investimentos 2,3
7.2. Amortização da Dívida 9,4
8. TOTAL DAS DESPESAS 15.848,48
9. RESULTADO ORÇAMENTÁRIO (5 - 8) 3.083,62
Fonte: Sistema Cubos DW da SEFAZ/CAGE e Sistema FPE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
804
No Regime de Capitalização, a falta de repasse das contribuições dos
servidores gera prejuízos, comprometendo o equilíbrio financeiro e atuarial do
FUNDOPREV. Nesse regime, o saldo de depósitos das contribuições dos servidores
passou, mais recentemente, de R$ 34,0 milhões em 2019 para R$ 10,6 milhões em 2020.
Em outros termos, teria se deixado de capitalizar esse montante em razão da ausência do
repasse da contribuição dos servidores, isto é, os valores foram retidos nas folhas de
pagamento, porém não teriam sido repassados ao FUNDOPREV pelas respectivas
Entidades.
Os esclarecimentos prestados pelo Gestor com relação ao Parecer Prévio
das Contas de 2019 apontaram que os aumentos dos saldos de depósitos das
contribuições dos servidores ocorreram em função dos atrasos nas folhas salariais. Ou
seja, o Estado não teria deixado de realizar os repasses, mas estaria realizando tais
transferências com atraso. Tal procedimento estaria respaldado na Constituição Estadual,
artigo 41, §2º, o qual prevê que os recursos devidos ao RPPS deveriam ser repassados no
mesmo dia e mês do pagamento dos servidores, quando destes retidas suas
contribuições.
A análise mês a mês do ano de 2020 demonstra que o saldo em depósito
das contribuições dos servidores se manteve estável ao longo do ano e passou a ter uma
queda significativa a partir de novembro, mês em que a remuneração dos servidores
voltou a ser paga em dia. Por outro, se observa que mesmo após a volta do pagamento
em dia do funcionalismo, permaneceram saldos em depósito de terceiros no Passivo
circulante dos Poderes nos meses de novembro e dezembro. Ou seja, no caso do mês de
novembro, por exemplo, o Estado quitou a remuneração de seus servidores na data
prevista, mas permaneceu com um saldo em depósito de R$ 18,25 milhões que não foi
repassado ao FUNDOPREV, conforme destacado na tabela a seguir.
805
PARTE DO DEMONSTRATIVO DA PROJEÇÃO ATUARIAL DO REGIME PRÓPRIO DOS SERVIDORES PÚBLICOS
RPPS ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - PLANO PREVIDENCIÁRIO
2020 – PERÍODO DE REFERÊNCIA 2019 A 2093
Em R$ milhões (nominais)
RECEITAS DESPESAS RESULTADO SALDO FINANCEIRO DO
EXERCÍCIO PREVIDENCIÁRIAS PREVIDENCIÁRIAS PREVIDENCIÁRIO EXERCÍCIO
(A) (B) (C) = (A – B) (D) = (“D” EXERC. ANT.) + (C)
2019 837,5 11,97 825,5 2.964,1
2093 0,025 2,485 (2,46) 4.859,5
Fonte: Relatório Resumido da Execução Orçamentária – 6º bimestre/2020 – Anexo 10 - Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul - Atuarial
806
Os saldos bancários contabilizados no Balancete do IPE Prev foram
confrontados com os resultados acumulados no período de 2011 a 2020, evidenciando
uma diferença a menor de R$ 135,9 milhões. Também foram confrontados com o valor
divulgado pelo Poder Executivo no Demonstrativo de Receitas e Despesas do RPPS –
Plano Previdenciário (anexo 4 do Relatório Resumido de Execução Orçamentária - RREO).
A diferença neste caso foi de R$ 151,4 milhões contabilizados a menor no balancete, a
qual carece de verificação de conciliação bancária e, principalmente, dos procedimentos
de registro das receitas pela Autarquia.
807
Na Tabela anterior, a receita acumulada, de 2011 a 2020, da Contribuição
Patronal foi inferior em R$ 4,8 milhões à receita de Contribuição dos Servidores, embora
com mesma alíquota de contribuição.
Cabe ser verificado, também, se a Contribuição Patronal está sendo
empenhada e repassada no montante devido ao FUNDOPREV, que é o mesmo daquele
retido mensalmente do servidor na folha de pagamento. No mais, pode-se identificar que
das contribuições patronais que foram empenhadas, existem pendências de repasses ao
Fundo, registradas no Balanço Patrimonial do Estado, em Restos a Pagar Processados, no
total de R$ 31,9 milhões.
Os atrasos para quitar todos os repasses trazem prejuízo financeiro ao
Fundo de Capitalização, em virtude da não aplicação dos recursos desde a data de direito
de recebimento dos respectivos repasses da parte patronal.
Valor Part.
Discriminação
RS milhões %
1. Contribuição Patronal 4.658 26,7%
2. Contribuição Servidores 2.317 13,3%
3. Demais Receitas
117 0,7%
Previdenciárias
4. Total Receitas RPPS
7.091 40,7%
(1+2+3)
5. Necessidade de Aporte
Adicional 10.348 59,3%
pelo Estado (6 – 4)
6. Total das Despesas do
RPPS
17.438 100,0%
(Benefícios + Despesas
Administrativas)
7. Total de Recursos do
Estado 15.005 86,05%
para o RPPS (1+5)
808
As receitas do RPPS foram responsáveis pela cobertura de 40,66% dos
benefícios previdenciários e demais despesas empenhadas pelo sistema, enquanto o
Tesouro Estadual contribuiu com os 59,34% faltantes. Por outro lado, considerando-se
que parte da receita do RPPS provém da contribuição patronal, os recursos do Estado,
efetivamente utilizados no total das despesas do RPPS, corresponderam a 86,05%.
Na Projeção Atuarial do Plano Financeiro, o demonstrativo tem como
ponto de partida o resultado previdenciário negativo em 2019, de R$ 12,46 bilhões. Após,
começará a reduzir o déficit, alcançando R$ 365,3 mil negativos, em 2093. O resultado
deficitário acumulado no período de 2019 a 2093 está estimado em R$ 178,7 bilhões.
Outro fator importante na análise da situação previdenciária no Estado do
RS, já abordado em item que trata da Despesa com Pessoal e Encargos Sociais deste
relatório, está na relação entre o número de servidores inativos e pensionistas por ativos
da Administração Direta, Autarquias e Fundações do Estado. Se, em 2006, os inativos e
pensionistas representavam 48,96% do total de matrículas do Estado, em 2019, eles
passaram a responder por 59,31%.
Conforme já explicitado, no Regime de Repartição Simples (Plano
Financeiro), os ativos pagam, com suas contribuições, os benefícios dos aposentados e
pensionistas, todavia a sustentabilidade do sistema depende de uma relação, no mínimo,
de três servidores ativos para cada inativo/pensionista. Até o exercício de 2019, no Estado
do RS, tem-se um ativo para cada 1,45 inativo/pensionista.
107
Portanto, servidores que ingressaram após agosto de 2016 e que recebam abaixo do teto do RGPS,
terão seus proventos de aposentadorias e pensões calculados pela média, em um plano de benefício
definido. Este tipo de servidor pode aderir ao RS-Prev na categoria de participante individual, mas não fará
jus à contrapartida do Estado, por conta de sua remuneração ser inferior ao teto do Regime Geral. Por
outro lado, os servidores com vencimentos acima do teto terão assegurada a parcela até o valor deste teto
do RGPS, bem como poderão optar por aderir ao RS-Prev como participantes patrocinados, ou seja, fazendo
jus a contrapartida do Estado.
809
o servidor público (ou seu dependente) contará com o montante capitalizado no período
laboral para complementar o benefício de aposentadoria (pensão) pago pelo RPPS
(limitado ao benefício máximo do RGPS, para aqueles servidores com ingresso no Estado
a partir de 19-08-2016). Diferentemente do RPPS, no RPC o valor do benefício de
aposentadoria não é conhecido previamente, pois será o resultado da capitalização de um
fundo.
Atualmente, a RS-Prev oferece o Plano RS-Futuro para os servidores
estaduais, em que se pode optar por alíquotas de contribuições previdenciárias básicas
que vão de 4,5% a 7,5%. Caso o participante seja patrocinado (enquadrado no RPC e com
remuneração superior ao RGPS), o Estado, por sua vez, deve realizar um aporte patronal
de igual valor tendo como base a parcela da remuneração que ultrapassa o teto do RGPS.
O montante dessas contribuições complementares (tanto do servidor quanto do Estado)
constituirá um fundo a ser capitalizado ao longo do tempo, que irá proporcionar o
pagamento de benefícios, dentre eles a complementação da aposentadoria. O
participante do Plano RS-Futuro ainda pode optar por uma contribuição facultativa, com
alíquotas superiores a 7,5%, mas nesse caso não existe aporte patronal de igual valor.
Com base no Relatório Anual de Informações 2020 do RS-Prev, a tabela a
seguir apresenta a evolução do total de participantes do Plano RS-Futuro:
810
conhecer o valor de sua aposentadoria antecipadamente. Assim, mesmo para os
servidores do Plano Capitalizado, se os investimentos não renderem o esperado, o Estado
garante o pagamento do benefício pactuado.
Na nova estratégia, este sistema deve valer somente até o teto do Regime
Geral, de modo que a parcela dos servidores com salário acima deste teto pode optar
pela Previdência Complementar. Nesta, o sistema de concessão é o de contribuição
definida, no qual o servidor sabe o quanto contribui, mas o valor do benefício somente
será conhecido quando da aposentadoria. Este poderá variar não apenas em função do
número de suas contribuições ― estimula, assim, que os servidores trabalhem além do
mínimo necessário para a aposentadoria, o que vale, inclusive, para servidoras mulheres
e professores, os quais têm direito a tempo diferenciado ― como do efetivo rendimento
das aplicações. Caso estas não rendam o esperado, seu benefício igualmente reduzirá.
O primeiro incentivo à migração dos servidores com salários acima do teto
do Regime Geral para o novo sistema veio com a Lei nº 15.429/19, a qual estabeleceu
alíquotas progressivas. Veja-se o quadro a seguir, comparando-se as contribuições de dois
servidores, com rendimentos brutos de R$ 5.000,0 e R$ 30.000,00, antes e depois da
instituição destas alíquotas:
811
mediante pagamento de uma rubrica estatutária, além do limite de proventos no âmbito
do RPC quando da aposentadoria ou iniciado o pagamento de pensão, cujo valor é obtido
pela diferença entre a média de remunerações e o teto do RGPS, multiplicada por um
fator de conversão, calculado pela razão entre o total de contribuições e 520,
denominador este que corresponde a 40 anos vezes 13 contribuições anuais.
Em síntese, obtém-se a média das remunerações (desde julho de 1994 ou
posteriores, conforme data de ingresso do servidor), atualizadas pelo IPCA, e faz-se a
dedução do teto do Regime Geral de Previdência Social. O resultado obtido por essa
diferença é multiplicado pelo fator de conversão. Pelas variáveis na fórmula do citado
fator identifica-se o objetivo de ser obtida a proporção das contribuições realizadas em
relação à totalidade necessária para fins de aposentadoria com 100% da média por um
servidor do sexo masculino que não goze da possibilidade de aposentadorias especiais,
notadamente, 40 anos de contribuição. O denominador 520 corresponde à multiplicação
de 13 contribuições anuais (12 meses mais a gratificação natalina) por 40. Portanto, o
método de cálculo do benefício especial não faz as devidas adequações às
particularidades de cada caso, como o fato de servidoras necessitarem de 35 anos de
contribuição para obtenção de 100% da média na forma de proventos. Entende-se, assim,
que seria aplicada maior justiça se o denominador fosse ajustado conforme a
particularidade de cada situação.
Nos termos da referida lei complementar amplia-se o prazo para exercício
da opção de migração para 84 meses, contados do ato de instituição do RPC, ou 90 dias
da entrada em exercício no serviço público do Estado do RS para servidor oriundo de
outro Ente (sem interrupção). Entre a data da opção e a data da concessão do benefício o
reajuste terá por índice o reajuste do RGPS. Assemelha-se a um benefício da modalidade
“contribuição definida”, na qual a contribuição individual é restituída por um período fixo,
no caso, 20 anos.
108
Entre 18/07/2011 e 19/08/2016
812
dos recursos hoje investidos para o plano financeiro com a migração para o RPC, esta
relação não fica caracterizada, uma vez que, nos termos da lei, a transferência dos valores
ocorre de forma certa e imediata, enquanto que a migração é apenas uma possibilidade,
uma vez que os servidores podem optar, ou não pelo RPC, em um período de três anos.
De acordo com a Justificativa enviada pelo governo do Estado, juntamente
com o PLC nº 148/2020, “o impacto inicial da migração incentivada com Benefício
Especial é negativo na ótica fiscal, pois aumenta a necessidade de aportes do Tesouro a
curto prazo, para pagar as aposentadorias já concedidas”. Tais impactos fiscais foram
assim resumidos pela proposta do Governo:
- IMEDIATO: Perda das contribuições dos servidores ativos do Fundo Financeiro
que migrarem do seu regime previdenciário original para o RPC/RS a partir da
data da migração (efeito negativo);
- IMEDIATO: Aumento das contribuições patronais à RS-Prev para os servidores
que migrarem e também aderirem à Fundação, a partir da migração (efeito ne-
gativo);
- IMEDIATO: Redução na contribuição patronal dos servidores do FUNDO-
PREV/CIVIL que migrarem ao RPC/RS, a partir da migração (efeito positivo);
- LONGO PRAZO: Redução dos benefícios pagos (até o teto do INSS) em compa-
ração com os benefícios originais para os que migrarem ao RPC/RS (efeito posi-
tivo);
- LONGO PRAZO: Compensação aos servidores que migrarem ao RPC/RS, quan-
do de sua aposentadoria, na forma de Benefício Especial (efeito negativo).
Portanto, de acordo com o governo estadual, a transposição do
FUNDOPREV/Civil (servidores ingressantes entre 18/07/2011 e 18/08/2016 juntamente
com a correspondente transferência do Patrimônio Líquido do FUNDOPREV) para o Fundo
Financeiro busca “mitigar o alto custo financeiro de transição para o Tesouro com a oferta
incentivada de migração com a previsão do Benefício Especial ao longo dos próximos anos
(visto na seção anterior), como para alinhar a data de corte do FUNDOPREV Civil com a
data da opção obrigatória pela previdência complementar (agosto de 2016)”.
A justificativa ressalta ainda que a transferência de 17 mil vínculos do
FUNDOPREV para o Plano Financeiro não altera a forma de cálculo dos benefícios,
aposentadorias ou pensões dos servidores transferidos, nem nas suas contribuições
previdenciárias presentes ou futuras, inexistindo qualquer impacto nos rendimentos
brutos e líquidos.
Resumidamente, em número de servidores temos:
Servidores do FUNDOPREV 2011-2016 a serem transpostos (todas
as faixas salariais – inclui servidores acima e abaixo do teto do
RGPS) - 17.000;
Servidores com salários acima do teto do RGPS passíveis de
migração para o RPC (planos financeiros e FUNDOPREV – executivo,
legislativo e judiciário) - 21.628.
Em cenários montados por Grupo de Trabalho do Executivo Estadual, com
diferentes níveis de migração de servidores com base no Benefício Estadual proposto, “o
aumento dos gastos líquidos pelo Tesouro poderia ir de R$ 360 milhões a R$ 1,65 bilhão a
valor presente, no acumulado dos seis primeiros anos”. Compete considerar, todavia que,
813
se os 17.000 servidores forem transpostos, mas nenhum dos 21.628 servidores com
salários acima do teto do RGPS decidir migrar para o RPC, o único impacto decorrente
será positivo para o Estado sob o aspecto financeiro, uma vez que os R$ 267,595
milhões109 auferidos por ano e atualmente direcionados a investimentos no mercado de
capitais pelo FUNDOPREV serão agora direcionados ao pagamento de benefícios do Plano
Financeiro.
A transferência do patrimônio atual do FUNDOPREV Civil, de cerca de R$
2,2 bilhões, bem como os aportes, tanto patronais como dos servidores, da ordem de R$
267,0 milhões anuais e respectivos rendimentos, conforme estimativa do PLC, se dará de
forma, senão imediata, em dois ou três meses nos termos do art. 4º da LC. Por sua vez, o
custo de pagamento do benefício especial poderá ou não ocorrer: vai depender dos
servidores optarem, ou não pela migração. Esta tem um prazo de três anos para ser
exercida. E, ocorrendo migração, o efetivo custo com o pagamento do benefício especial
somente se dará a partir da aposentadoria dos servidores e em 260 parcelas.
Contudo, em decorrência de possíveis migrações ao regime de previdência
complementar existiriam outros custos ao Estado no curto prazo, os quais foram
denominados de custo de transição. No entanto podem se concretizar cenários que não
demandariam a utilização do patrimônio do FUNDOPREV para sua cobertura, como se
explica a seguir.
O público-alvo de uma migração para o RPC são aqueles servidores com
ingresso até 18/08/2016, pois têm o direito de vir a receber os proventos além do teto do
RGPS. Dentro desse estrato é relevante separarmos em dois grandes grupos de
servidores: os que já eram submetidos ao regime de repartição simples (ingressos até
17/07/2011) e aqueles que estavam no regime de capitalização (ingressos entre
18/07/2011 e 18/08/2016).
Um servidor público integrante do regime de repartição simples, caso opte
por migrar para o RPC, representará no curto prazo uma perda financeira ao Estado pela
diminuição de sua contribuição previdenciária. Comparam-se o cenário atual e com a
migração para o RPC na visão do Estado para um exemplo de servidor com remuneração
de R$ 20 mil.
No exemplo de servidor ativo com remuneração de R$ 20 mil tem-se:
Contribuição Previdenciária = R$ 20.000,00 X (16,5%) – R$ 380,52 = R$
2.919,48
Contribuição Previdenciária no RPC (limitada ao teto RGPS) = R$ 6.101,06 X
(14,0%) – R$ 141,05 = R$ 713,10
Nesse exemplo hipotético a redução no curto prazo da receita de
contribuição oriunda do servidor seria de R$ 2.206,38.
Sendo assim, vê-se que um servidor pertencente ao regime de repartição
simples (fundo financeiro) que optar pela migração causará aumento no déficit fiscal do
plano financeiro no curto prazo, o que exigirá maiores aportes do Tesouro para essa
cobertura.
109
Tabela 15 da Nota Técnica, integrante do Anexo 3 do PLC 148.
814
Mas em relação aos servidores que descontam a contribuição
previdenciária acima do teto do RGPS e o respectivo valor era remetido ao FUNDOPREV,
existiria o chamado custo de transição imediato? A resposta é NÃO.
Embora também ocorra diminuição em termos de receita da contribuição
previdenciária originada do desconto no holerite do servidor, no caso do FUNDOPREV, os
ingressos, derivados das contribuições previdenciárias do servidor e patronal, eram
depositados no fundo capitalizado. Este, por sua vez, é superavitário financeiramente,
pois, dentre outras razões, há um pequeno quantitativo de beneficiários recebendo
proventos de aposentadoria ou pensão.
Com base nos dados de 2020, o resultado previdenciário do FUNDOPREV
foi de superávit financeiro na ordem de R$ 579,9 milhões110. E o patrimônio total do
FUNDOPREV civil encerrou o ano de 2020 com um montante aplicado de R$ 2,6 bilhões111.
Essa quantia mostra-se suficiente para fazer frente ao pagamento dos atuais aposentados
e pensionistas que recebem proventos dele decorrentes.
Outro ponto relevante para análise diz respeito à contribuição
previdenciária patronal. Enquanto no regime de repartição simples (fundo financeiro)
esta corresponde ao dobro do valor descontado do servidor112, no caso do FUNDOPREV o
aporte patronal é igual ao que se desconta do servidor público113.
Do ponto de vista contábil ocorre uma maior despesa com a contribuição
previdenciária patronal no âmbito do Regime Financeiro se comparada à rubrica
equivalente no FUNDOPREV. Contudo, devido ao elevado “déficit” do regime de
repartição simples os efeitos práticos envolvem a necessidade de aportes pelo Tesouro
do Estado que vão além dos valores de contribuição previdenciária, tanto aquela
descontada dos servidores como a parcela patronal. Em relação ao FUNDOPREV, a parte
patronal da referida contribuição tem de ser repassada pelo Estado ao fundo
previdenciário, sem que ocorram outros aportes do Tesouro, além desses valores, para
eventual cobertura de déficit, uma vez que este inexiste no âmbito do fundo capitalizado.
Uma eventual migração dos servidores para o Regime de Previdência
Complementar implicaria alterações em relação à parte patronal a ser custeada pelo
Estado. Para a parcela das remunerações acima do teto do RGPS a alíquota da
contribuição varia entre 14,50% e 22,00%, enquanto na hipótese de o servidor trocar para
o RPC o valor que exceder o teto do RGPS terá como dispêndio pelo Estado o percentual
entre 4,50% e 7,50% da remuneração acima do teto do RGPS, caso o servidor exerça a
faculdade de aderir ao RS-PREV, ou até mesmo, 0,00%, caso o servidor não faça essa
adesão.
Sendo assim, a despesa orçamentária do Estado, do ponto de vista das
contribuições patronais, reduziria de 7% a 22% para servidores do FUNDOPREV e entre
110
Fonte: Demonstrativo das Receitas e Despesas Previdenciárias 6º bimestre 2020 / CAGE-RS.
111
Fonte: Relatório de Evolução dos Recursos previdenciários. Disponível em: www.ipeprev.rs.gov.br
112
Art. 14 da LC Estadual nº 13758/2011 – “A contribuição mensal do Estado para o Regime Financeiro de
Repartição Simples será correspondente ao dobro daquela descontada do servidor [...]”
113
Art. 16 da LC Estadual nº 13758/2011 – “A contribuição mensal do Estado para o FUNDOPREV será
idêntica àquela descontada do servidor, observado o disposto no art. 15.”
815
21,5% e 44% para os do regime de repartição simples, percentuais estes incidentes sobre
a parcela da remuneração dos servidores que excedesse o teto do RGPS.
Considerados no cálculo os dois extremos: 7% de queda na despesa em
relação a pertencentes do FUNDOPREV e 21,5% de participantes do Fundo Financeiro -
representam servidores cuja contribuição previdenciária sobre o valor acima do teto do
RGPS era de 14,50% e aderiram ao RSPREV no percentual de 7,50%, assim a parte
patronal de um servidor do fundo capitalizado teria uma diminuição na despesa de 7%
(14,5% - 7,5%) e na repartição simples seria de 21,5% (14,5% x 2 – 7,5%) -, enquanto no
outro limite teórico reduzir-se-iam as despesas com servidores no maior valor da tabela
de descontos previdenciários e que não aderissem ao RSPREV, 22% daqueles do
FUNDOPREV (22% - 0%) e 44% dos do fundo financeiro (22% x 2 – 0%).
Exemplos para ilustração:
a) Servidores com salário de R$ 7.101,06 (R$ 1.000,00 acima do teto do
RGPS), um do FUNDOPREV e outro do Fundo Financeiro:
- alíquota de contribuição previdenciária sobre esses R$ 1.000,00 além do
teto do RGPS é de 14,50%. Dessa forma, a contribuição patronal nesse valor excedente
seria:
- No FUNDOPREV – R$ 1.000,00 X 14,5% = R$ 145,00
- No Fundo Financeiro – R$ 1.000,00 x 14,5% x 2 = R$ 290,00
- Com migração ao RPC – sem RSPREV – 1000 x 0% = R$ 0,00
- queda na despesa orçamentária de R$ 145,00 ou 14,5%
(FUNDOPREV) e R$ 290,00 ou 29% (Fundo Financeiro)
- Com migração ao RPC – c/ RSPREV (contribuição de 4,5%) – R$ 1.000,00 x
4,5% = R$ 45,00
- queda na despesa orçamentária de R$ 100,00 ou 10%
(FUNDOPREV) e R$ 245,00 ou 24,5% (Fundo Financeiro)
- Com migração ao RPC – c/ RSPREV (contribuição de 7,5%) – R$ 1.000,00 x
7,5% = R$ 75,00
- queda na despesa orçamentária de R$ 70,00 ou 7% (FUNDOPREV)
e R$ R$ 215,00 ou 21,5% (Fundo Financeiro)
816
- queda na despesa orçamentária de R$ 220,00 ou 22%
(FUNDOPREV) e R$ 440,00 ou 44% (Fundo Financeiro)
- Com migração ao RPC – c/ RSPREV (contribuição de 4,5%) – R$ 1.000,00 x
4,5% = R$ 45,00
- queda na despesa orçamentária de R$ 175,00 ou 17,5%
(FUNDOPREV) e R$ 395,00 ou 39,5% (Fundo Financeiro)
- Com migração ao RPC – c/ RSPREV (contribuição de 7,5%) – R$ 1.000,00 x
7,5% = R$ 75,00
- queda na despesa orçamentária de R$ 145,00 ou 14,5%
(FUNDOPREV) e R$ 365,00 ou 36,5% (Fundo Financeiro)
Foi estratificado um valor de R$ 1.000,00, ora acima do teto RGPS ora além
do valor máximo da tabela de contribuições, a fim de melhor demonstrar os exemplos,
em especial em relação aos limites mínimo e máximo de queda na despesa, lembrando
que diante das alíquotas progressivas há um escalonamento da contribuição
previdenciária que repercute em fenômeno semelhante no cálculo da economia
orçamentária que ocorreria com eventuais migrações ao RPC.
Todavia, como já comentado acima, relativamente ao regime de repartição
simples, considerando-se o elevado “déficit” existente, esses números têm efeito apenas
do ponto de vista contábil. A consequência prática das migrações ao RPC de servidores
pertencentes ao regime financeiro seria a necessidade de maiores aportes do Tesouro
para fazer frente às atuais aposentadorias e pensões devido à redução dos ingressos de
contribuições previdenciárias descontadas dos ativos pela sua incidência numa base de
cálculo menor (limitada ao teto do RGPS), bem como se elevaria a despesa efetivamente
desembolsada pelo Tesouro para fins de pagamento da parcela devida pelo Estado ao
RSPREV, que poderia chega até 7,50% do valor da remuneração do servidor que
excedesse o teto do RGPS.
De outra sorte, no tocante ao FUNDOPREV, caso não ocorresse a
reestruturação de fundos, que restou aprovada pela LC nº 15.511/2020, a economia aos
cofres públicos dar-se-ia já no curto prazo, pela redução dos aportes patronais, conforme
mencionado alhures. Enquanto no regime de repartição simples a redução do desconto
de contribuições previdenciárias implica maiores alocações de recursos pelo Tesouro para
pagar aposentadorias e pensões naquele regime de repartição simples, no âmbito do
FUNDOPREV a lógica se inverte, devido a dois fatores preponderantes:
1º- o volume de recursos necessários para pagamento de aposentadorias e
pensões no FUNDOPREV era totalmente coberto pelo patrimônio do fundo e continuaria
dessa forma já que o número de beneficiários recebendo proventos era ínfimo, ou seja,
não haveria qualquer aporte do Tesouro nesse sentido; e
2º- a incidência de um menor percentual de contribuição patronal sobre
parte das remunerações (a que exceder o teto do RGPS) demandaria menores
desembolsos pelo Tesouro, gerando, assim, uma economia aos cofres públicos de
imediato.
A depender do quantitativo de servidores, então pertencentes ao
FUNDOPREV, que migrasse ao RPC, os menores aportes patronais do Tesouro em favor do
fundo capitalizado poderiam atingir montante suficiente para compensar o movimento
817
financeiro inverso que ocorreria na repartição simples diante de adesões ao RPC no
âmbito do fundo financeiro.
Diversos fatores, muitos deles adentrando na individualidade de cada
servidor público, determinarão o exercício da opção ou não pela troca para o RPC, o que
torna extremamente complexa qualquer projeção nesse sentido. Embora, em tese, seja
possível inferir que servidores até então pertencentes ao FUNDOPREV, por terem um
período maior a contribuir para a previdência complementar e, dessa forma, conseguir
montantes substantivos no seu fundo individual no RS-PREV, teriam uma maior
probabilidade de vir a optar por migrar para o RPC, quando comparados à massa de
servidores da repartição simples, muitos deles com vias de obter aposentadoria integral
em poucos anos, o que teoricamente reduz as chances desse grupo optar pela mudança
de regime previdenciário.
Há riscos fiscais inerentes ao se ter lançado mão de um fundo
superavitário, como o FUNDOPREV, a fim de dar cobertura a um custo de transição para o
regime de previdência complementar, que sequer pode vir a existir num montante com
materialidade suficiente que exigisse o desmonte do fundo capitalizado.
Dessa forma, o argumento central utilizado na justificativa ao PLC nº
148/2020 concernente à necessidade de cobertura do custo de transição para o RPC
somente se sustentaria se estivéssemos considerando apenas servidores pertencentes ao
regime de repartição simples e esse dispêndio poderia ser integralmente compensado
pela economia nos aportes patronais decorrentes das migrações ao RPC dos servidores
então pertencentes ao FUNDOPREV, e que recolhem para a previdência pública acima do
teto do RGPS. Sendo assim, nesse cenário, possivelmente não haveria a necessidade de
reestruturação dos fundos previdenciários a fim de compensar eventuais dispêndios com
a migração.
Com base no acima exposto, entende-se que a alternativa com menor risco
fiscal às finanças do Estado do Rio Grande do Sul envolveria a segregação das matérias
constantes na LC nº 15.511/2020, de modo que primeiramente fosse implantado o
benefício especial e, após o transcurso do prazo para adesão de servidores ao RPC,
conforme fosse o quantitativo e sendo possível mensurar o dispêndio com a transição
(que seria aplicável somente àqueles servidores ligados ao regime de repartição simples),
poderia ser retomado o debate a respeito dos fundos financeiro e capitalizado e eventual
necessidade de resgate dos recursos para cobrir possível custo de transição.
Assim, não é possível visualizar uma ligação direta entre os recursos do
FUNDOPREV e o custo da migração futura.
818
atuariais que devem ser apresentadas nos demonstrativos do RREO, cabe esclarecimento
do gestor em relação à diferença de dados observada entre os dois documentos.
Quanto ao conteúdo dos valores relativos ao “Saldo Financeiro do
Exercício” apresentados no RREO, destaca-se que correspondem ao somatório de
insuficiências financeiras a serem observadas ao longo dos exercícios financeiros
projetados, o que induz a uma análise equivocada de que os valores dos exercícios irão
acumular até atingir os patamares apresentados.
A exemplo: segundo o RREO 6º bim. 2020, em 2023 a insuficiência
financeira do exercício seria equivalente a R$ 46,32 bilhões, em vez de R$ 11,45 bilhões
projetados na Avaliação Atuarial de 2019, bem como distintos dos R$ 33,8 bilhões
constantes da avaliação de 2020. Em 2093, ano em que os planos financeiros estarão
praticamente extintos, a insuficiência financeira constante no RREO atingiria um patamar
de R$ 178,70 bilhões, em vez dos R$ 166,24 bilhões, valor tecnicamente correto, apurado
na Avaliação Atuarial de 2020.
14.000.000.000,00
12.000.000.000,00
10.000.000.000,00
8.000.000.000,00
6.000.000.000,00
4.000.000.000,00
2.000.000.000,00
-
2020
2023
2026
2029
2032
2035
2038
2041
2044
2047
2050
2053
2056
2059
2062
2065
2068
2071
2074
2077
2080
2083
2086
2089
2092
(2.000.000.000,00)
(4.000.000.000,00)
(6.000.000.000,00)
(8.000.000.000,00)
Receita Despesa Resultado
819
Plano Financeiro Civil seja completamente extinto, provavelmente no final da década de
2090, quando cessarem os pagamentos de benefícios previdenciários deste Plano.
Verifica-se, portanto, com base nos dados da Avaliação Atuarial do RPPS do
Estado/RS 2020, que o Plano Financeiro relativo aos servidores civis se encontra numa
situação de reversão do desequilíbrio, que passa a ser equacionado naturalmente com a
extinção dos respectivos benefícios.
Cumpre destacar que a avaliação atuarial realizada no ano de 2020, que
deu origem aos valores que compõem o gráfico, por utilizar como base informações até
2019, não levou em consideração as migrações de aproximadamente 17 mil vínculos do
fundo previdenciário para o financeiro ocorrida no segundo semestre de 2020 em virtude
da LC nº 15.511/20. Por se tratar de servidores ativos de uma forma geral, haverá
incremento nas receitas e consequentemente diminuição da insuficiência financeira
(resultado), dados que devem vir a ser observados na avaliação atuarial de 2021 que
tomará como base para os cálculos o exercício de 2020.
6.000.000.000,00
5.000.000.000,00
4.000.000.000,00
3.000.000.000,00
2.000.000.000,00
1.000.000.000,00
-
2020
2023
2026
2029
2032
2035
2038
2041
2044
2047
2050
2053
2056
2059
2062
2065
2068
2071
2074
2077
2080
2083
2086
2089
2092
(1.000.000.000,00)
(2.000.000.000,00)
(3.000.000.000,00)
(4.000.000.000,00)
Receita Despesa Resultado
820
tendência é de incremento da receita de contribuições advinda dos militares com reflexos
imediatos no resultado do fundo financeiro militar. Todavia, por terem sido
implementadas no ano de 2021, tais mudanças serão identificadas somente na avaliação
atuarial de 2022, quando os cálculos tomarão o exercício de 2021 como referência.
500.000.000,00
400.000.000,00
300.000.000,00
200.000.000,00
100.000.000,00
-
2020
2023
2026
2029
2032
2035
2038
2041
2044
2047
2050
2053
2056
2059
2062
2065
2068
2071
2074
2077
2080
2083
2086
2089
2092
(100.000.000,00)
(200.000.000,00)
Receita Despesa Resultado
821
vigência do RPC, ou seja, com salários de contribuição até o teto do RGPS e
consequentemente recolhendo uma menor contribuição previdenciária (as faixas salariais
abaixo do teto do INSS recolhem percentuais abaixo dos 14% até então vigentes) pode vir
a impactar nesses números reduzindo receita e resultado. Apesar das novas idades
mínimas para fruição de benefícios previdenciários em função da EC nº 103/19 e LC/RS nº
15.429/19, é possível que permaneça o déficit atuarial no longo prazo.
150.000.000,00
100.000.000,00
50.000.000,00
-
2020
2023
2026
2029
2032
2035
2038
2041
2044
2047
2050
2053
2056
2059
2062
2065
2068
2071
2074
2077
2080
2083
2086
2089
2092
(50.000.000,00)
(100.000.000,00)
(150.000.000,00)
Receita Despesa Resultado
822
16.8.6.1 – Controle Financeiro das Operações de Assistência à Saúde
No sentido de verificar o cumprimento das determinações legais, foram
avaliadas as receitas e as despesas do IPE Saúde.
As receitas do IPE-Saúde totalizaram R$ 2,63 bilhões em 2020, compostas
pelas contribuições patronais (R$ 753,2 milhões); dos servidores civis e militares
(R$ 744,8 milhões); do PAMES, PAC, de Prefeituras e de Convênios (R$ 1.009,3 milhões) e
demais receitas (R$ 129,5 milhões).
Quanto ao total das despesas empenhadas, de R$ 2,56 bilhões, 90,6%
correspondeu aos gastos nas rubricas 3939 - MEDICINA (R$ 2,14 bilhão), referentes a
serviços de radiologia, laboratoriais e hospitalares, dentre outros e 3610 - SERVIÇOS
MÉDICOS (R$ 174,06 milhões), relativos a serviços prestados por pessoa física
credenciada junto ao IPERGS.
A receita da contribuição patronal, apurada no IPE Saúde em 31-12-2020,
conforme citado anteriormente, foi de R$ 753,2 milhões. Esse ingresso originou-se dos
valores empenhados nos Órgãos da Administração Direta, Autarquias e Fundações, nas
rubricas de despesa 1301 e 1318 - Contribuição ao IPERGS para Assistência Médica, as
quais totalizaram R$ 706,6 milhões. Esses valores não são iguais, devido ao descompasso
entre os registros da execução da despesa com os da receita realizada, pois esses
obedecem a regimes diversos. Em virtude do regime de caixa para a receita (art. 35 da Lei
nº 4.320/64), deve-se conciliar o efetivo pagamento da despesa (e não o seu empenho ou
liquidação) pelo órgão repassador com o registro da receita correspondente no órgão
recebedor. Com isso, o montante efetivamente pago em 2020 (de empenhos do exercício
e de exercícios anteriores) foi de R$ 760,5 milhões (a diferença a menor em
R$ 7,3 milhões registrada na receita do IPERGS-SAÚDE carece de verificação de
conciliação bancária e dos procedimentos de registro das receitas pela Autarquia).
O total empenhado em 2020 (R$ 706,6 milhões) deveria ser integralmente
pago até o dia 15 de janeiro de 2021 (art. 4º da Lei nº 12.066/2004). Todavia, em
31-01-2021, a quantia de R$ 108,2 milhões (15,31%) ainda não havia sido repassada para
o Fundo de Assistência à Saúde.
Somando-se as pendências de exercícios anteriores (desde 2015), o saldo
acumulado em restos a pagar, até o orçamento de 2020, alcançou R$ 110,8 milhões (na
posição de 31-01-2021). A Administração Direta do Poder Executivo com
R$ 109,3 milhões (98,63%) foi a maior responsável pela falta de pagamento dos valores
empenhados com a contribuição patronal ao IPE-Saúde.
Ressalta-se a permanência de tal condição nos Pareceres Prévios desde
2011, quanto ao fato de a contribuição patronal empenhada ao FAS ter sido inferior à
receita de contribuição dos servidores, pois ambas são paritárias, na ordem de 3,1% do
salário de remuneração. A receita de contribuição dos servidores, de R$ 744,8 milhões
(correspondente aos valores retidos da folha de pagamento), contrasta com os empenhos
da contribuição patronal, no Elemento 13, no total de R$ 692,0 milhões (excetuados,
nessa comparação, os empenhos no Elemento 92 – DEA, explicado mais adiante), com
uma diferença a menor de R$ 52,8 milhões.
Os valores empenhados em 2020 no Elemento 92 – DEA – Despesas de
Exercícios Anteriores, de R$ 14,7 milhões, correspondem à contribuição patronal de
exercícios encerrados, não processados na época própria e reconhecidos posteriormente.
823
Portanto, não cabe a sua comparação com os recolhimentos da contribuição dos
servidores nas folhas de pagamentos mensais de 2020. Logo, são esses empenhos no
elemento 92 - DEA que justamente corroboram a existência de discrepância entre as
contribuições patronais e as contribuições dos servidores.
A falta de regularidade dos repasses da contribuição patronal ao IPE-Saúde,
prejudicial ao gerenciamento dos recursos do fundo pela Autarquia, foi constatada não
somente pelo atraso anual com a falta de empenhamento da despesa (demonstrada na
tabela anterior), como também pela execução mensal daqueles valores empenhados
orçamentariamente.
A próxima tabela identifica a ocorrência de frequentes atrasos, quando se
observam os valores pagos na coluna (B) em relação ao empenhado na coluna (A), no
último ano.
ÓRGÃO 41 – FAS/RS
EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA X SALDOS RECURSOS FINANCEIROS - JULHO DE 2004 A DEZEMBRO DE 2020
Em R$ milhões (nominais)
BALANCETE – SALDOS FINANCEIROS EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA
Total ∆ Despesa
EXERCÍCIO Receita Resultado
Contas Bancárias Anual Orçamentária
Orçamentária Orçamentário
Ativo Circulante (Valor) Empenhada
(A) (B) (C) (D) (E) = C – D
Jul. a Dez/2004 21,5 21,5 341,2 249,7 91,4
2005 25,7 4,1 634,5 593,1 41,4
2006 47,0 21,4 663,8 593,4 70,4
2007 70,9 23,8 766,3 724,0 42,3
2008 217,9 147,0 886,2 747,3 138,9
824
ÓRGÃO 41 – FAS/RS
EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA X SALDOS RECURSOS FINANCEIROS - JULHO DE 2004 A DEZEMBRO DE 2020
Em R$ milhões (nominais)
BALANCETE – SALDOS FINANCEIROS EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA
Total ∆ Despesa
EXERCÍCIO Receita Resultado
Contas Bancárias Anual Orçamentária
Orçamentária Orçamentário
Ativo Circulante (Valor) Empenhada
(A) (B) (C) (D) (E) = C – D
2009 359,9 142,1 921,0 793,2 127,8
2010 326,0 (34,00) 1.096,3 949,9 146,4
2011 237,2 (88,8) 1.098,8 1.182,8 (84,0)
2012 198,5 (38,7) 1.261,6 1.296,0 (34,4)
2013 244,8 46,3 1.585,3 1.539,3 46,0
2014 280,4 35,6 1.659,3 1.617,1 42,2
2015 175,2 (105,2) 1.672,3 1.779,6 (107,3)
2016 133,9 (41,3) 1.957,2 1.970,4 (13,2)
2017 140,1 6,2 2.107,3 2.108,5 (1,2)
2018 145,2 5,1 2.216,2 2.181,5 34,7
2019 191,2 46,0 2.345,6 2.313,5 32,1
2020 306,5 115,3 2.636,8 2.560,1 76,7
TOTAL 306,4 650,2
Fonte: Sistema FPE, Cubos DW da SEFAZ/CAGE .
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
ÓRGÃO 41 – FAS/RS
PRINCIPAIS CRÉDITOS A RECEBER DO IPERGS – SALDOS ACUMULADOS NO BALANÇO PATRIMONIAL
2017/2020
Em R$ milhões (nominais)
∆ (%) ∆ (%)
Créditos a Receber 2017 2018 2019 2020
2019/2018 2020/2019
Devedores por Contribuições – Parte
465,3 603,1 970,3 1.140,7 60,88 17,57%
Patronal
Devedores por Consignações – Parte
101,0 116,9 175,7 115,3 50,37 -34,40%
Servidor
Dívida Ativa Não Tributária 6.445,5 1.361,2 1.500,6 1.980,6 10,24 31,98%
(-) Ajuste de Perdas (5.184,5) (1.289,2) (1.289,2) (1.289,2) 0,00 0,00%
Total Principais Créditos a Receber IPERGS 1.827,3 792,0 1.357,4 1.947,4 71,40 43,46%
Fonte: Sistema FPE, Cubos DW da SEFAZ/CAGE .
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
825
do aumento dos restos a pagar da referida contribuição pelos órgãos públicos e da
parcela não empenhada, situações inicialmente abordadas neste relatório.
Diversos créditos a receber podem vir a prescrever, em razão do prazo
legal de cinco anos, contados a partir do fato gerador (art. 1º do Decreto nº 20.910/1932,
art. 2º do Decreto-Lei nº 4.597/1942 e art. 165 e 168 do Código Tributário Nacional).
Ressalta-se que o total de créditos inscritos em Dívida Ativa Não Tributária
no IPE Saúde é de R$ 691,4 milhões (deduzido o ajuste de perdas), sendo que o saldo no
ano anterior era de R$ 211,5 milhões.
16.9.1 - Educação
O total da despesa executada na Manutenção e Desenvolvimento do
Ensino – MDE alcançou R$ 9,95 bilhões, representando 28,12% da Receita Líquida de
Impostos e Transferências - RLIT (R$ 35,39 bilhões). Estão incluídos no total da MDE os
gastos com inativos, correspondente a 44,6% (R$ 4,44 bilhões) do total da despesa
executada em Educação, bem como R$ 2,01 bilhões relativo à redistribuição de recursos
do FUNDEB.
Portanto, a Despesa Liquidada Total apurada foi inferior em 6,88 pontos
percentuais ao limite mínimo de 35% previsto na Constituição Estadual (art. 202), mas
superior em 3,12 pontos percentuais ao mínimo de 25% fixado na Constituição Federal
(art. 212).
Do índice estabelecido na Constituição Estadual (35% da RLIT), deixou de
ser aplicado R$ 2,43 bilhões, porém, em relação ao percentual definido na Constituição
Federal (25% da RLIT), foi aplicado a mais o montante de R$ 1,11 bilhão.
Em 2020, ocorreu um acréscimo de recursos aplicados na área da Educação
no valor de R$ 417,3 milhões, representando 4,4% em relação a 2019, enquanto a RLIT
teve um crescimento de 1,4%.
826
EVOLUÇÃO DO ÍNDICE DE APLICAÇÃO EM MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO ENSINO - MDE
35% 33,68%
32,76%
33% 31,25% 31,18%
30,23% 29,96%
31% 29,55% 29,28% 28,92%
28,31% 28,12%
29% 27,67% 27,266% 27,32%
26,99%
27% 25,57%
25%
23%
21%
19%
17%
15%
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
827
Do total da receita vinculada ao Salário-Educação (R$ 345,5 milhões) foram
empenhados R$ 449,6 milhões, ocorrendo uma aplicação a maior no valor de
R$ 104,1 milhões. Foram registrados em Restos a Pagar R$ 144,4 milhões,
correspondente a 32,11% do total da despesa empenhada no exercício em análise. O
saldo da receita acumulada e não empenhada, até 31-12-2020, totalizou
R$ 344,1 milhões, representando o Passivo Potencial dos Recursos 092 e 292, aplicados
no SIAC.
Em relação à Quota Municipal/Salário-Educação, considerando-se os
valores nominais inscritos em Restos a Pagar e a quantia não empenhada, resta repassar
R$ 52,5 milhões. Esse procedimento compromete a realização de projetos municipais na
área de educação, ensejando retenção indevida de recursos previstos na Constituição,
cuja distribuição se encontra regulamentada na Lei nº 9.766/1998 e Lei nº 11.126/1998.
Quanto ao Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB, a última
aplicação ocorreu em 2019, demonstrados a seguir.
Com índices de 4,8, na 8ª Série do Ensino Fundamental, e de 4,2, na 3ª
Série do Ensino Médio, o Estado não conseguiu alcançar as suas metas (de 5,6 e 5,3,
respectivamente), revelando um ensino no Estado carente de maiores investimentos,
tanto na área de Recursos Humanos quanto materiais. Na 4ª Série, última Série dos
primeiros anos do Ensino Fundamental (1ª a 4ª Série), observa-se que o Estado não
atingiu a meta estabelecida pelo IDEB de 2019, de 6,1, uma vez que alcançou 6,0.
A Secretaria da Educação possui o Sistema de Avaliação do Rendimento
Escolar do Rio Grande do Sul (SAERS), destinado à avaliação do desempenho dos
estudantes dos 3º e 6º anos do Ensino Fundamental e 1º Ensino Médio da Rede Estadual,
através da aplicação de provas nas matérias de Língua Portuguesa e Matemática.
A medição do desempenho é efetuada através dos seguintes índices de
avaliação: abaixo do básico, básico, adequado e avançado.
Os últimos resultados divulgados, referentes aos exames que foram
aplicados em novembro de 2018, revelou que para os alunos do 3º ano do Ensino
Fundamental em Língua Portuguesa, o conhecimento é básico para a leitura e adequado
para a escrita, enquanto que para matemática é básico. No 6º Ano do Ensino
Fundamental, a média dos alunos em matemática foi no nível básico e em língua
portuguesa a média encontra-se no nível adequado.
Para o 1º ano do Ensino Médio, as médias dos estudantes ficaram no nível
básico, tanto para língua portuguesa quanto para matemática, mesma média de 2016,
demonstrando que os estudantes ainda não possuem um desenvolvimento adequado das
habilidades esperadas para sua etapa, inclusive, sem evolução nos últimos 2 anos.
Assim, verifica-se que a rede pública estadual contém a maioria das médias
de proficiência no nível básico, demonstrando a necessidade de ações de intervenção
pedagógica.
Considerando-se os desempenhos do Estado do Rio Grande do Sul no IDEB
e no SAERS como referência para avaliar a qualidade do Ensino Público Estadual, há
necessidade da adoção de medidas visando promover melhores resultados, promovendo
uma educação mais abrangente e eficaz, e também acolhendo e atendendo às
necessidades dos alunos mais carentes, no intuito de diminuir a evasão e a repetência.
828
O Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes - PISA, cujos dados
são relativos ao nível Brasil, possui, para o último ano divulgado, de 2018, os seguintes
resultados: no letramento em leitura, a média brasileira foi de 413 pontos, 74 pontos
abaixo da média dos estudantes avaliados pela OCDE; no letramento em matemática, a
média brasileira foi de 384 pontos, 108 pontos abaixo da média dos estudantes avaliados
pela OCDE; e no letramento em ciências, a média brasileira foi de 404 pontos, 85 pontos
abaixo da média dos estudantes avaliados pela OCDE.
Com relação ao estabelecido na estratégia 7.11 do Plano Nacional de
Educação - PNE, a saber: o alcance da média de 455 pontos nos três letramentos
avaliados pelo PISA, constatou-se que o Brasil obteve 400,33 pontos nas três disciplinas,
ficando, assim, abaixo do estabelecido na referida estratégia.
A partir do início de 2020 o mundo foi impactado pela pandemia do vírus
da Covid-19, atingindo fortemente o Brasil. Diversas medidas precisaram ser adotadas a
fim de mitigar a transmissão do vírus, como a restrição de circulação, quarentenas, entre
outros.
A educação, como todas as outras áreas, teve de se adaptar a nova
realidade, onde escolas foram fechadas para evitar aglomerações, e os conteúdos foram
ministrados de forma remota. Bem como, a Seduc informou que as receberam a
distribuição da cesta básica com 24kg de alimentos, garantindo a distribuição foi a todos
os alunos da rede estadual com vulnerabilidade social.
Em 2020 não foram destinados recursos para o Ensino Superior Público e
para o Ensino Superior Comunitário, em desobediência ao §3º do art. 201 da Constituição
Estadual, alterado pela Emenda Constitucional nº 66/2012.
O Estado do RS deveria ter aplicado o montante mínimo de
R$ 164,3 milhões, isto é, 0,5% da Receita Líquida de Impostos Próprios – RLIP
(R$ 32,87 bilhões), mas isso não ocorreu, apesar de ter sido empenhado o equivalente a
R$ 94,3 milhões na Unidade Orçamentária da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul
- UERGS. Esta despesa não pode ser considerada no cálculo para fins de cumprimento do
mandamento constitucional, por força da Lei nº 11.646, de 10 de julho de 2001, mas, com
a possibilidade de ser reinterpretada a partir da determinação da Emenda Constitucional
nº 66/2012.
No Ensino e Fomento à Pesquisa Científica e Tecnológica a aplicação
correspondeu a R$ 34,3 milhões, representando 0,10% da Receita Líquida de Impostos
Próprios, não atingindo o mínimo de 1,5% da RLIP, fixado no artigo 236 da Constituição
Estadual, equivalente a R$ 493,0 milhões aplicados a menor.
829
A UERGS está presente em 24 municípios, representando 20 das 28 regiões
dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento (COREDEs).
A situação específica das instalações da Reitoria constitui aspecto de
destacada relevância consoante já abordado no Relatório Anual produzido por este
Serviço referente ao exame já das contas do exercício de 2019. Assinale-se que a matéria
tem sido tratada em expedientes PROA diversos, conforme informado pela
Superintendência de Planejamento da Universidade, a saber:
1. 19/1950-0000243-3: Solicita a destinação da área ocupada pela
Fundação de Ciência e Tecnologia – CIENTEC para a Universidade Estadual do Rio Grande
do Sul – UERGS – Encaminhado diretamente à SEPLAG;
2. 19/1950-0000702-8: PROA encaminhado para a secretária de
patrimônio, após reunião prévia, para apresentar justificativa demonstrando a
necessidade de identificar um imóvel para instalação da unidade da Uergs em Porto
Alegre, tendo em vista o impasse acerca do aluguel do prédio da Reitoria da Uergs, cujo
contrato de locação expirou em 1º de janeiro de 2020;
3. 19/1950-0001428-8: Consulta da Divisão de Estudos e Orientação (DEO)
sobre a situação precária do Prédio da Reitoria, visto que não era mais permitido renovar
o contrato após 31/12/2020;
4. 20/2500-0000170-6: Demanda da SICT - Considerando a recente fusão
da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão com a Secretaria de Governança e
Gestão Estratégica e com o intuito de darmos ciência ao Secretário de Planejamento,
Orçamento e Gestão a respeito das ações ligadas à Sede da Reitoria e do Campus Central
da UERGS, foi encaminhado relato da situação e ações necessárias para a regularização
do funcionamento da Universidade relacionado a estes temas;
5. 20/19500-000130-0: PROA encaminhado para a SEPLAG referente à
estrutura física para instalação do prédio da Reitoria da UERGS para a Subsecretaria do
Patrimônio do Estado – SPE solicitando a indicação do referido imóvel como solução para
a crítica situação que a Reitoria da Universidade. Foram indicados imóveis pela Secretaria,
mas não eram adequados para as necessidades da Reitoria;
6. 19/19500/000244-1: Solicitar a destinação da área ocupada pela
Fundação de Ciência e Tecnologia – CIENTEC para a Universidade Estadual do Rio Grande
do Sul – UERGS – Encaminhado diretamente a SICT;
7. 20/25000-000277-0: “Projeto Estratégico Uergs 20+”, como resultado do
trabalho da Comissão Especial da UERGS, designada pela Portaria Interna nº 062/2020,
instituída em 22 de setembro de 2020, tendo por objetivo produzir um documento que
contemplasse as diretrizes principais idealizadas para um projeto de política pública,
indicando a UERGS como principal ator e a incorporação da infraestrutura da Fundação
de Ciência e Tecnologia do RS (CIENTEC) como ponto de partida. Este processo tramitou
pelas Secretarias de Estado e foi encaminhado à Casa Civil para deliberação Superior e
publicação de ato. Processo retornou à SPGG para análise.
Destaca-se, por fim, o último expediente – 20/25000-000277-0 – que
demonstra a tomada de medidas tendentes a equacionar o problema, a indicar que o
tema está sendo examinado. No entanto, dadas as já informadas condições precárias de
830
segurança que envolvem as instalações atuais, o tema permanece pendente de solução e
merecendo a devida atenção.
Em termos de infraestrutura tecnológica, no ano de 2020 a Universidade
lançou o Projeto UERGS Digital, a partir da interação de ações envolvendo a Pró-Reitoria
de Administração, a Superintendência de Planejamento e a Superintendência de
Informática. Foram examinados e revisados projetos envolvendo tecnologia da
informação a fim de orientá-los ao provimento de soluções de qualifiquem as ações de
ensino, pesquisa e extensão, disponibilizando recursos computacionais voltados à
disponibilização de informações precisas, de forma ágil e com redução de custos.
A infraestrutura de rede da UERGS foi ampliada tanto em sua capacidade
de conexões de internet alcançando as unidades do interior do Estado, quanto no data
center localizado na Reitoria, ambas a fim de responder às demandas emergentes do
modelo de Ensino Remoto Emergencial e do regime de teletrabalho dos servidores em
atividades administrativas e de suporte.
Contratações de recursos computacionais pela UERGS junto à Rede
Nacional de Pesquisas – RNP no valor de R$44.436,00 – correspondente à plataforma
Google Enterprise For Education permitiram a manutenção do ensino remoto
emergencial, proporcionando a possibilidade de gravação de aulas, acesso aos conteúdos,
disponibilização de informações para as diferentes atividades acadêmicas e
administrativas, hospedados em nuvem, possibilitando o aceso ágil, seguro e disponível a
partir de quaisquer dispositivos móveis ou de computador.
Relativamente ao desempenho da UERGS em termos de graduação e pós-
graduação, os dados apresentados demonstram no período analisado – 2017 a 2020 – um
constante crescimento no número agregado de estudantes da Universidade. Destaca-se
aqui, em termos relativos, a pós-graduação, mais sensivelmente no nível de mestrado.
No período em exame não houve aumento no número de cursos de
graduação. O principal destaque em termos percentuais pode ser creditado ao
incremento de um curso de mestrado, alcançando um total de 5 em 2020.
Relativamente à pesquisa e produção científica da Universidade, atividades
sensivelmente dependentes e impactadas pela disponibilidade de recursos, os dados
apresentados na a seguir indicam uma sensível ampliação no número de grupos de
pesquisa (de 30 em 2019 para 60 em 2020), e uma também significativa elevação no
número de publicações de livros e capítulos de livros (de 93 em 2019 para 174 em 2020).
O número de artigos científicos apresentou também nestes dois últimos anos da série,
uma significativa expansão em relação ao observado no ano anterior (de 187 em 2019
para 281 em 2020).
A extensão universitária constitui, ao lado do ensino e da pesquisa, o
terceiro eixo que define uma instituição de ensino superior como Universidade. Os dados
informam um número crescente de atividades de extensão universitária oferecidas pela
UERGS no período de 2017 a 2020. Essa expansão revela o potencial da extensão
universitária como estratégia de desenvolvimento da Universidade e de consequente
legitimação institucional perante a sociedade pela consecução deste que é um dos seus
eixos estruturantes de atuação.
Por fim, em termos de desempenho institucional, tomando-se o Índice
Geral de Cursos – IGC, os resultados obtidos pela UERGS no período de 2017 a 2020
831
mantem-se na nota 4. O IGC decorre de uma média ponderada das notas de avaliação dos
cursos de graduação e de pós-graduação, consolidando, portanto, um referencial de
qualidade atribuído a cada Instituição de Ensino Superior – IES.
A análise do desempenho institucional da UERGS, tendo como referência o
Índice Geral de Cursos – IGC pode ser considerada satisfatória, ainda que se considere as
limitações especialmente de infraestrutura material e humana, o que revela não somente
um mérito de todos quantos contribuíram para os resultados, mas um potencial de
investimento para o desenvolvimento da educação superior, em particular no que diz
respeito à pesquisa e à inovação com reflexos para a sociedade.
16.9.2 - Saúde
Os gastos em Saúde devem ser avaliados quanto ao prescrito na
Constituição Federal (Emenda Constitucional nº 29/2000), cuja aplicação mínima deve ser
de 12% da Receita Líquida de Impostos e Transferências - RLIT, enquanto a Constituição
Estadual (Emenda Constitucional nº 25/1999) prevê o percentual mínimo de gastos em
ASPS equivalente a 10% da Receita Tributária Líquida - RTL.
Devido à normatização trazida pela Lei Complementar nº 141/2012,
aplicada desde 2013, separou-se a análise em dois momentos: até 2012 e a partir de
2013.
18,00% 16,60%
16,00%
14,22%
13,42% 13,23%
13,12%
14,00%
12,40% 12,39%
12,01%12,26%12,12%12,25%12,16%12,15%12,15%
12,00%
9,66%
10,00%
7,92% 8,07%
7,46% 7,23%
8,00% 6,72% 6,76%
5,70%
6,00%
4,00%
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
832
Riograndense de Saneamento – CORSAN, sem os quais o Governo não atenderia ao
percentual mínimo de gastos em saúde.
Até o exercício de 2012, sem o acréscimo dos gastos da Corsan, em
nenhum exercício da série analisada foi atingido o índice mínimo exigido na Constituição
Federal de 12% da RLIT, apesar do crescimento com um índice de 9,66% da RLIT em 2012,
quando em 2010 e 2011 havia sido em torno de 8%.
Em 2013, novamente houve a elevação dos gastos em saúde, alcançando
12,39% da RLIT. Quanto ao exercício de 2014, embora tenha havido ligeira queda no
percentual apurado, de 0,38%, ainda assim a aplicação alcançou 12,01% da Receita,
atendendo à determinação da Constituição Federal. Em 2015, houve novamente um
pequeno crescimento, alcançando 12,26%.
Em 2020, os gastos em ASPS alcançaram o montante de R$ 4,30 bilhões,
representando 12,15% da RLIT (R$ 35,39 bilhões).
Em relação ao mínimo de 10% da Receita Tributária Líquida, fixado na
Constituição Estadual, esse índice, sem os gastos em saneamento efetuados pela Corsan,
foi cumprido em 2012 pela primeira vez, alcançando 10,52%. Posteriormente, a aplicação
alcançou o índice de 13%, sendo que em 2020 foi de 12,95% da RTL (R$ 33,20 bilhões).
19,00% 18,07%
17,00% 15,65%
14,96%
14,40%
14,39%
15,00% 13,79% 13,41%
13,04%13,29%13,08%13,12%13,00%12,96%12,95%
13,00%
10,52%
11,00%
8,88%
8,30% 7,97% 8,61%
9,00% 7,46% 7,53%
6,37%
7,00%
5,00%
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
833
Foram consideradas, até 2012, as liquidações totais, isto é, computadas
todas as despesas liquidadas no exercício, tanto relativas a empenhos do exercício
analisado quanto de exercícios anteriores, tendo em vista o entendimento desta Corte
exarado no Parecer Coletivo nº 01/2003.
Com a aprovação da Lei Complementar nº 141, de 13-01-2012, a lacuna
legal foi preenchida, e desde 2013 passaram a ser observadas as novas diretrizes acerca
dos gastos a serem computados em ASPS para fins de apuração do percentual mínimo de
12% sobre a RLIT.
Nos Votos dos Exmos. Conselheiros-Relatores das contas do Governo do
Estado, acolhidos nos respectivos Pareceres do Tribunal Pleno desta Casa, de 2009 a
2012, foi recomendada ao Chefe do Executivo a adoção de medidas para viabilizar o
atingimento do percentual mínimo de gastos em saúde sem as despesas em saneamento
efetuadas pela Corsan e, tendo-se como base o Parecer Prévio de 2011, relatado em
2012, além dessa recomendação, inseriu-se o alerta quanto à efetiva aplicação de
recursos em ASPS, nos termos preconizados pela LC nº 141/2012, considerando o
disposto no artigo 27 do Decreto nº 7.827, que regulamentou a matéria, e a decisão deste
Tribunal Pleno no Processo nº 2150-02.00/13-3, cujos efeitos da referida norma
passariam a ser aplicados a partir das Contas do ano de 2013.
A retrocitada Lei Federal foi objeto de exame em Pedido de Orientação
Técnica tratado no Processo nº 7761-02.00/13-3, resultando na Decisão do Tribunal Pleno
desta Corte de Contas nº TP-1.360/2013. Dentre outras questões, a exemplo do que
passou a acontecer no âmbito da União, este Tribunal passou a considerar no cálculo a
despesa liquidada de empenhos do exercício em análise, e a despesa empenhada e não
liquidada, inscrita em restos a pagar não processados até o limite das disponibilidades de
caixa ao final do ano, consolidadas no Fundo de Saúde.
O Decreto nº 7.827/2012 regulamentou os procedimentos de
condicionamento e restabelecimento das transferências de receitas oriundas da
repartição tributária e de transferências voluntárias da União, nos casos de
descumprimento da aplicação mínima de recursos em ASPS, tratada na LC nº 141/2012, e
definiu o Sistema de Informações Sobre Orçamentos Públicos em Saúde – SIOPS como
ferramenta de registro, controle e apuração das despesas a serem computadas na
verificação do cumprimento do percentual mínimo de gastos em Saúde.
O Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde - SIOPS do
Ministério da Saúde possui um quadro onde devem ser discriminadas as DESPESAS COM
SAÚDE NÃO COMPUTADAS PARA FINS DE APURAÇÃO DO PERCENTUAL MÍNIMO. Uma
das linhas do Quadro é para preenchimento das despesas com inativos e pensionistas.
O Estado do Rio Grande de Sul preenche o SIOPS. Contudo, embora
considere a despesa com inativos e pensionistas no cálculo do mínimo constitucional, não
há o preenchimento dos valores na linha dos inativos e pensionistas no Quadro das
despesas com saúde não computadas.
Quanto aos recursos não aplicados no exercício anterior, nos termos da
referida LC nº 141/12, estes deverão ser repassados voluntariamente pelo ente da
federação à conta bancária vinculada ao Fundo de Saúde, com a posterior aplicação
efetiva do adicional necessário, no exercício seguinte, ou será adotada medida preliminar
de direcionamento das transferências constitucionais diretamente para a conta do Fundo,
834
correspondente ao montante não aplicado, seguida da suspensão das transferências
constitucionais e voluntárias, em caso de não cumprimento.
Por outro lado, desde 2013, nos termos da LC nº 141/2012, e com a
Decisão do Tribunal Pleno desta Corte de Contas nº TP-1.360/2013, deverá ser verificada
a vinculação de recursos, ao final do exercício, em montante suficiente para dar cobertura
aos Restos a Pagar inscritos no Balanço. No final de 2020, os recursos financeiros
colocados à disposição do Fundo Estadual de Saúde - FES (R$ 456,6 milhões), ficaram
muito aquém dos compromissos assumidos (de R$ 660,1 milhões).
Embora os Recursos 006, 016 e 026 (ASPS) encontrem-se vinculados a
outras contas bancárias, estas mesmas contas correntes, administradas pela Tesouraria
da Secretaria da Fazenda - SEFAZ (005) estão concomitantemente vinculadas a outros
recursos que não respondem pelo pagamento de despesas da área da saúde, tais como:
Recurso 002 (Manutenção e Desenvolvimento do Ensino-MDE), Recurso 011 (Outros
Poderes), Recurso 292 (Salário Educação), Recurso 1185 (FUNDEB), dentre outros. Logo,
não há como distinguir o montante a ser efetivamente utilizado para pagamento de
despesas realizadas em ações de saúde.
As disponibilidades financeiras para dar cobertura aos Restos a Pagar
Processados e Não Processados, bem como fazer frente às despesas em ASPS no decorrer
do exercício, devem ser colocadas à disposição do Fundo Estadual de Saúde, em contas
bancárias sob sua administração e responsabilidade, nos termos do parágrafo único do
artigo 2º da Lei Complementar nº 141/2012.
O montante aplicado em ASPS, em 2020, foi de R$ 4,30 bilhões (12,15% da
RLIT), cuja apuração pela Fazenda Estadual incluiu as seguintes despesas consideradas
controversas: contribuições patronais ao IPE-Saúde (R$ 686,2 milhões); aposentadorias,
pensões e encargos sobre a folha dos inativos (R$ 324,5 milhões); e despesas em outros
Órgãos que não a Secretaria da Saúde (R$ 147,8 milhões).
Considerando que o mínimo aplicado em 2020 deveria ser R$ 4,25 bilhões
(12% x RLIT), com a exclusão das despesas controversas o Estado deixou de aplicar R$
1,16 bilhão no exercício em análise, atingindo apenas 8,87% de aplicação em saúde.
O voto proferido no julgamento das Contas do Governador de 2019
recomendou que fossem corrigidas as inconformidades apontadas nos itens 27 e 28,
referentes a consideração das despesas controversas no percentual mínimo de aplicação
em ASPS.
Desta forma, de acordo com o voto proferido e publicado em 27-04-2021,
o entendimento deste Tribunal é pela não consideração das despesas controversas no
citado cálculo.
A partir do início de 2020 o mundo foi impactado pela pandemia do vírus
Covid-19, gerando repercussões em diversas áreas da vida humana. O vírus abalou a
saúde, economias, empregos, gerando instabilidade social e econômica.
A crise sanitária atingiu fortemente o Brasil, compelindo às autoridades a
adotarem diversas medidas a fim de mitigar a transmissão do vírus. Em face das
circunstâncias, no âmbito do Estado, as maiores ações implementadas em 2020 contra a
pandemia originaram-se na Secretaria Estadual da Saúde.
835
Em 26-02-2020 foi confirmado o primeiro caso de Covid-19 no Brasil,
diagnosticado em um brasileiro que havia viajado à Itália. No dia 05-03-2020 foi
confirmado pelo Ministério da Saúde a transmissão local do vírus Covid-19 no Brasil. Em
10-03-2020, a Secretaria Estadual de Saúde confirmou o primeiro caso no Rio Grande do
Sul, tratando-se de um homem que havia viajado à Milão na Itália.
Com a propagação do vírus no Rio Grande do Sul, o Estado editou diversas
normativas para a adoção de medidas a fim de combater à pandemia, como, por
exemplo, os Decretos de nº 55.115, de 12 de março de 2020 e nº 55.118, de 16 de março
de 2020, que trataram sobre ações de prevenção ao contágio pelo COVID-19.
Bem como, foram criados, através do Decreto nº 55.129 de 19 de março de
2020, atualizado até o Decreto nº 55.311 de 16 de junho de 2020, o Gabinete de Crise
para o Enfrentamento da Epidemia COVID-19, o Conselho de Crise para o Enfrentamento
da Epidemia COVID-19, o Grupo Interinstitucional de Monitoramento das Ações de
Prevenção e Mitigação dos efeitos do COVID-19 no Sistema Prisional do Estado do Rio
Grande do Sul e o Centro de Operação de Emergência - COVID 19 (COE COVID-19) do
Estado do Rio Grande do Sul.
O COE Covid-19 foi regulamentado pela Portaria da Secretaria Estadual de
Saúde nº 234/2020, tratando-se de órgão de articulação da ação governamental para
acompanhamento e definição de estratégias de enfrentamento da Pandemia (COVID-19)
com base na evolução do quadro epidemiológico do novo Coronavírus, visando adotar e
fixar medidas de saúde pública, necessárias à prevenção e controle do contágio e o
tratamento das pessoas afetadas (Parágrafo Único do Artigo 1º, Portaria SES 234/2020).
O Centro de Operação de Emergência é composto por representantes de
diversas áreas, denominados Grupos Técnicos, como de saúde prisional, de políticas
públicas, entre outros, cabendo destacar que o Gabinete da Crise/SES, pertencente ao
COE, deliberará e regulará todas as situações omissas na legislação e sobre fatos
excepcionais que sejam necessários e indispensáveis às medidas de enfrentamento da
Pandemia COVID 19.
O COE elaborou o Plano de Contingência e Ação Estadual do Rio Grande do
Sul para Infecção Humana COVID-19, em consonância com o Plano Nacional de
Contingência, o qual definiu o nível de resposta e a estrutura de comando
correspondente a ser configurada, em cada esfera e nível de complexidade.
O Estado do Rio Grande do Sul também criou um site para concentrar as
informações sobre a Covid-19: https://coronavirus.rs.gov.br.
O Governo do Estado, através do Decreto nº 55.240, de 10 de maio de
2020, atualizado até o Decreto nº 55.819 de 01 de abril de 2021, instituiu o Sistema de
Distanciamento Controlado para fins de prevenção e de enfrentamento à epidemia
causada pelo novo Coronavírus.
Conforme seu artigo 3º, o Distanciamento Controlado consiste em sistema
que, por meio do uso de metodologias e tecnologias que permitam o constante
monitoramento da evolução da epidemia causada pelo novo Coronavírus (COVID-19) e
das suas consequências sanitárias, sociais e econômicas, estabelece, com base em
evidências científicas e em análise estratégica das informações, um conjunto de medidas
destinadas a preveni-las e a enfrentá-las de modo gradual e proporcional, observando
836
segmentações regionais do sistema de saúde e segmentações setorizadas das atividades
econômicas.
Cabe destacar alguns dados do efeito da pandemia na saúde gaúcha
relatados no Relatório de Prestação de Contas do 3º Quadrimestre de 2020 e no Relatório
Anual de Gestão Final de 2020.
Conforme dados constantes no Relatório de Prestação de Contas do 3º
Quadrimestre de 2020 da Secretaria da Saúde, a causa de internação hospitalar por
doenças infecciosas e parasitárias aumentou 74,95% quando comparado ao mesmo
quadrimestre de 2019, devido à pandemia da Covid-19. Bem como, com relação à
morbidade, foi assim descrito no relatório:
Até o ano de 2019 a mortalidade devido às doenças do Capítulo I “Doenças
Infecciosas e Parasitárias” estavam em 10º lugar nas causas de mortalidade. Já em 2020*
(dados parciais e preliminares), passaram para o 3º lugar em decorrência da Covid-19 -
tendo um aumento de 222% no seu índice, em relação ao ano de 2019.
Para o enfrentamento à Covid-19, o Rio Grande do Sul utilizou tanto
recursos federais, decorrentes de transferências financeiras do Ministério da Saúde,
quanto recursos estaduais, provenientes das arrecadações de impostos estaduais.
Da parte federal, foram transferidos significativos montantes no decorrer
do exercício de 2020, propiciando o ingresso de receitas extraordinárias no Rio Grande do
Sul.
Esses recursos foram transferidos a fim de se alcançar dois objetivos, o
primeiro para atender à saúde e à assistência social no combate ao vírus e o segundo para
suprir a queda de receita devido à diminuição da atividade econômica na pandemia.
Para o primeiro objetivo, as transferências foram exclusivamente
vinculadas à aplicação em saúde e assistência social, enquanto que, para o segundo
objetivo, o recurso foi caracterizado como livre, podendo ser aplicado em qualquer área.
Assim, demonstram-se, resumidamente, os recursos utilizados no Rio
Grande do Sul para combate a pandemia em 2020, destacando-se que, para os recursos
2804 e 2809, considerou-se o valor transferido somado a juros e restituições, uma vez
que foram repasses extraordinários, enquanto que, para os recursos 006, 0142, 2756 e
2756, uma vez que são utilizados para custeio normal da saúde e, a fim de ser apurar as
importâncias específicas utilizadas na pandemia, consideraram-se os valores liquidados
para a Covid-19:
837
TOTAL DE RECURSOS PANDEMIA COVID-19 EM 2020
Em R$ nominais
RECURSO TIPO VALORES* %
*Para os recursos 2804 e 2809, considerou-se o valor transferido somado a juros e restituições, enquanto que, para os recursos 006, 0142, 2756 e
2756, uma vez que são utilizados para custeio normal da saúde, a fim de ser apurar as importâncias específicas utilizadas na pandemia, consideraram-
se os valores liquidados à conta desses recursos constantes no sistema CAGE Gerencial, na aba Covid-19
Fonte: Sistema CAGE Gerencial. Sistema Finanças Públicas Estadual – FPE e Cubo DW Sefaz RS
Cálculos: Equipe SAIPAG/SAICE
838
utilizada em outras finalidades. Tomando-se apenas o exercício de 2020, houve uma
diferença a maior de R$ 38,6 milhões nos saldos bancários em relação ao resultado
orçamentário, o que significa uma devolução ao FAS deste valor.
Também, a falta de regularidade nos repasses dos recursos pelo Poder
Executivo dificulta o gerenciamento do fluxo de caixa do Fundo, prejudica de
sobremaneira o exame anual do equilíbrio entre as receitas e despesas do FAS, e a
adoção das medidas necessárias pelo gestor para uma melhor administração do sistema.
Das contribuições patronais empenhadas, R$ 108,2 milhões restaram
pendentes de pagamento, somando-se as pendências de exercícios anteriores (desde
2015), o saldo acumulado em restos a pagar, até o orçamento de 2020, alcançou R$ 110,8
milhões (na posição de 31-01-2021). A Administração Direta do Poder Executivo com
R$ 109,3 milhões (98,63%) foi a maior responsável pela falta de pagamento dos valores
empenhados com a contribuição patronal ao IPE-Saúde.
Os créditos em Dívida Ativa Não Tributária, a receber pelo FAS dos demais
Poderes e Órgãos do Estado, foram parcialmente baixados a título de ajuste por perdas,
permanecem com valores atualizados de R$ 691,4 milhões no Ativo Não Circulante. Tal
situação requer providências, tanto do Governo como do IPERGS, para que a apuração
dessas quantias nos últimos cinco anos venha representar um ativo recuperável a fim de
garantir as operações de assistência à saúde dos seus beneficiários, evitando-se prejuízos
reais ao fundo, pois o montante registrado na contabilidade representa quantia
inalcançável dentro das condições de desequilíbrio estrutural das finanças públicas, e
merecem reavaliação quanto a ser de fato créditos apenas do FAS ou relacionadas às
demais operações do IPERGS.
Porém, não basta o Gestor oferecer uma estrutura operacional que
permita o controle e o registro individualizado da execução financeira e orçamentária do
FAS, condição compartilhada com a legislação pertinente, pois o eventual acúmulo de
sobras financeiras na sua operação não pode ser entendido como uma fonte de
financiamento para outras finalidades que não para a melhoria do serviço prestado, que
foi justamente o objetivo da lei de criação.
A assistência à saúde e à previdência (abordada no item 8) compõem um
“conjunto de benefícios” de relevante importância na composição da remuneração, e
cuja sustentabilidade, no âmbito da Administração Pública, deve ser enfrentada com
responsabilidade por ambas as partes, do empregador e do empregado.
839
DESPESAS COM SEGURANÇA – VALORES EMPENHADOS – PERÍODO 2018-2020
Em R$ milhões*
2018 2019 2020
DISCRIMINAÇÃO ∆% ∆% ∆%
VALOR VALOR VALOR
19/18 20/19 20/18
Pessoal e Encargos Sociais 8.618,9 10.381,3 20,4 10.818,8 4,2 25,5
Outras Despesas Correntes 665,4 680,2 2,2 689,0 1,3 3,5
Investimentos 174,7 100,0 -42,8 125,0 25,0 -28,5
Inversões Financeiras - 0,9 - - -
TOTAL 9.459,0 11.162,4 18,0 11.632,7 4,2 23,0
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
* Valores Inflacionados pelo IPCA – Médio
840
No que diz respeito a Polícia Civil, registra-se que o efetivo atual é de 5.244
policiais, enquanto o total previsto é de 9.831, ou seja, existe uma defasagem de 46,7%
no número de policiais civis no Estado, praticamente metade do efetivo previsto está com
cargos vagos.
Existe uma previsão de 86 policiais civis por 100 mil habitantes, porém a
taxa real é de apenas 46, ou seja, quase metade do previsto.
Em 2020, foram nomeados 54 Delegados, 133 Escrivães de Polícia e 126
Inspetores de Polícia, totalizando 313 novos servidores.
Do total da frota de viaturas da Polícia Civil, 60,9% são veículos com menos
de 10 anos de fabricação. A proporção aproximada é de uma viatura para dois Policiais
Civis.
Quanto a Brigada Militar, a Lei Complementar n° 15.008/2017 criou as
regras de transição com vista à estruturação do Corpo de Bombeiros Militar,
reorganizando o efetivo da Brigada. Com isso, o efetivo anterior da Brigada Militar
reduziu 4.852 cargos, ficando atualmente com 32.198 servidores, aos quais se somam
Policiais Militares Temporários, Corpo de Voluntários e Servidores Civis, constituindo o
quadro total de servidores da Corporação. Sendo que o percentual de cargos vagos foi de
aproximadamente 50% em 2020.
Confrontando-se a população do Estado com o efetivo autorizado para o
Batalhão da Polícia Militar, em 2020, seria de 282 PM’s por 100 mil habitantes, por outro
lado, a relação real constatou o número de 141 PM’s por 100 mil habitantes.
Do Corpo de Bombeiros Militar, a Lei Complementar nº 15.009/2017 fixou
o efetivo desse órgão em 4.101 cargos, sendo 245 Oficiais e 3.856 Praças, estando em
2020 o número de 1.271 estão vagos.
No Instituto Geral de Perícias a composição dos servidores, segundo
enquadramento na Lei nº 14.519/14, apresentou, em 2020, 704 providos e 1.047 vagos,
ou seja, quase 60% de vacância.
Em 2019, o IGP passou por sérios problemas no Departamento Médico-
Legal do Estado, com superlotação de corpos na câmara fria e uma infraestrutura
precária, sendo matéria veiculada por diversos veículos de comunicação. A situação gerou
um pedido, à unidade técnica do TCE responsável por auditar a Secretaria de Segurança
Pública, informações e análises acerca do ocorrido.
Feita a análise o SAE II concluiu, entre outros elementos, que “a
contratação emergencial de locação de container refrigerado como solução provisória, e
consequente interdição da câmara fria, tornou temporariamente superada a situação
problemática para custódia adequada de corpos no tocante à conservação”. Conclui ainda
que “a Equipe de Auditoria irá acompanhar o desfecho da situação quanto à câmara fria
interditada. Eventuais inconformidades passíveis de apontamentos no tocante à sua
manutenção ou reforma, contratação de container frigorífico ou instalação de nova
unidade frigorífica serão tratadas em procedimento próprio, conforme as situações e
responsabilidades verificadas”.
A matéria continuará sendo acompanhado pela equipe de auditoria do SAE
II, em suas auditorias ordinárias, bem como por esta equipe técnica, responsável pela
análise das contas do governador.
841
Já na Superintendência dos Serviços Penitenciários – SUSEPE, subordinada
à Secretaria da Administração Penitenciária, existem 1.915 cargos não ocupados
correspondendo a 27,7% do efetivo previsto para fazer frente às necessidades do Órgão.
O percentual, apesar de ainda ser alto, mostra uma queda nos cargos vagos em relação
aos últimos anos.
No Sistema Prisional do Estado, estruturado em 10 Regiões Penitenciárias e
gerenciadas pela SUSEPE, em 2020 havia disponibilidade de 26.293 vagas para uma
população prisional de 41.441, gerando um déficit de 15.148 vagas. No entanto, em
virtude da existência de regimes diferenciados, ajustando-se o cálculo, o déficit real de
16.029 vagas no sistema prisional (18.192 em 2019).
A SUSEPE informou que, apesar da capacidade de engenharia dos presídios
ser de 26.293 vagas, o teto populacional autorizado pelo judiciário é de 33.079.
A população carcerária aumentou 9,5% nos últimos quatro anos, saltando
de 37.855 em 2017 para 41.441 em 2020, ao passo que as vagas prisionais aumentaram
apenas 3,8%. Isso explica o aumento de 9,7% no déficit prisional. A falta de vagas já era
considerada extremamente alta em 2017 (14.618), chegando a alarmantes 16.029 no
exercício em análise. Apesar da queda em relação a 2019, o aumento de vagas segue em
ritmo muito pequeno, sendo ainda inferior ao registrado em 2018 (27.808).
Em 2020, houve redução em praticamente todos os indicadores criminais,
com exceção dos crimes de homicídio doloso, estelionato, delitos de armas e munições,
posse e tráfico de entorpecentes, que tiveram aumento de 1,0%, 157,0%, 6,0%, 1,5% e
24,0%, respectivamente. Na comparação com os últimos cinco anos, houve aumento
apenas nos estelionatos, posse e tráfico de entorpecentes. Nota-se que, após 2016, vem
ocorrendo uma gradual redução nos crimes praticados no Estado.
Porto Alegre é a cidade gaúcha com o maior número de registros de
homicídios, tendo uma redução em 2020, comparado com o ano anterior, de 11,8%. Nos
últimos cinco anos, a queda foi de 64,1%. Embora tenha havido aumentos nos homicídios
de 2020, a tendência dos últimos cinco anos apresenta uma queda nos números
apresentados.
16.10.2 Transportes
O Plano Estadual de Logística de Transportes do Rio Grande do Sul - PELT
coloca que a infraestrutura de transporte e logística constitui-se em elemento chave para
o desenvolvimento sustentável do Estado. As ações vinculadas à Função Transporte,
definidas no Orçamento de 2020, referem-se à Secretaria de Logística e Transportes -
SELT, e seus órgãos supervisionados, especialmente o Departamento Autônomo de
Estradas e Rodagem – DAER e a Superintendência do Porto do Rio Grande – SUPRG. A
estes órgãos soma-se a atuação da Empresa Gaúcha de Rodovias S.A. – EGR.
842
VALORES EMPENHADOS NA FUNÇÃO TRANSPORTE 2016-2020 – Valores em R$ milhões
1200
1000
800
600
400
200
0
2016 2017 2018 2019 2020
843
atribuições e continuidade dos processos de gestão de modo que as atividades previstas e
seus resultados possam ser verificados.
No contexto de comunicação institucional, destaca-se o Plano Anual de
Publicidade e Propaganda Governamental, previsto na alínea “e” do Anexo I, cuja
responsabilidade pela formulação, execução e acompanhamento cabe à pasta de
comunicação.
Em 2019, a SECOM informou que não havia elaborado o Plano Anual de
Publicidade e Propaganda Governamental, devido à edição do Decreto nº 54.870/19, que
dispõe sobre a realização de despesas com ações de comunicação dos órgãos e das
entidades da administração pública direta e indireta do Estado do Rio Grande do Sul.
Logo, nova portaria iria ser elaborada pela secretaria, definindo o conteúdo
mínimo do plano, quais prazos deverão ser observados na sua formulação e como se dará
sua execução e acompanhamento.
A nova portaria (Portaria SECOM nº 016/20) foi publicada no dia 16-09-20,
fato que ensejou a não realização de plano anual em tempo hábil no ano em análise.
Diante do exposto, entende-se que o tema deva constituir objeto de
posterior análise a fim de verificar o cumprimento da disposição legal atinente à
elaboração e divulgação do fundamental instrumento de gestão transparente das ações e
dos gastos, além de boa prática em relação à publicidade e propaganda governamental.
844
a Constituição Estadual, estabeleceu já em 1989 – passados 30 anos, portanto – em seu
art. 24, inciso III, o que, entende-se, deva ser tomada como uma oportunidade para
inovar neste campo e aperfeiçoar a relação da administração com os demais atores
sociais, em particular com o cidadão.
Também neste ponto merece atenção o compromisso assumido e
formalizado no Mapa Estratégico, mais objetivamente o de “Aprimorar os mecanismos de
transparência” das ações de governo.
Assim, na esteira do que se propõe para o Plano Anual de Publicidade e
Propaganda Governamental, seja o tema objeto de posterior análise a fim de verificar o
cumprimento da disposição constitucional, também fundamental instrumento de gestão
e de transparência das ações e dos gastos com publicidade e propaganda governamental.
845
16.10.3.3 – Atuação da Secretaria de Comunicação durante a pandemia da Co-
vid-19:
Com a pandemia da Covid-19, o governo atuou para informar e
conscientizar a população gaúcha sobre. Para isso, além das entrevistas coletivas,
organizadas de forma virtual, houve atuação nos seguintes assuntos e materiais
(informações obtidas junto ao governo estadual):
• Série de vídeos sobre Distanciamento Controlado: 14 episódios (até
dezembro deste ano) que explicam tudo o que é necessário saber sobre o modelo. O
público-alvo é a imprensa e também a população, por isso, há uso de linguagem clara,
didática e informal.
• Podcast semanal Diálogo RS: série de entrevistas em áudio, cujos
episódios são publicados sempre às quintas-feiras, sobre assuntos diversos. De agosto a
dezembro, foram veiculados 20 episódios, dos quais quatro são sobre a Reforma
Tributária e três sobre o coronavírus e temas relacionados ao enfrentamento à doença.
• Série de programetes diários de rádio, enviados para o interior do Estado
sobre o coronavírus, também produzidos pelo Núcleo de Áudio e Vídeo da Secom.
• Oficina para jornalistas sobre o modelo de Distanciamento Controlado:
secretários diretamente envolvidos na elaboração e na execução do modelo ficaram à
disposição por duas horas para interagir diretamente com os jornalistas, respondendo
dúvidas por meio de videoconferência. A participação na oficina foi estendida aos
assessores de comunicação de todas as secretarias do governo do Estado.
• Newsletter diária, enviada ao mailing da imprensa, sobre ações de
combate ao coronavírus.
• Criação de grupos regionais de Whatsapp com intuito de divulgar e dar
ênfase às ações locais.
• Ações de comunicação para a proposta de reforma tributária (cartilha
informativa, série de vídeos, entrevista e drops com o governador, live especial).
• Transmissões on-line de lançamentos, projetos e anúncios de governo.
846
Empresa Gaúcha de Rodovias EGR
Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul SULGÁS
Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica CEEE – D
Companhia Estadual de Geração e Transmissão de Energia Elétrica CEEE – GT
847
título de tributos a recuperar no ativo não circulante em função do trânsito em julgado de
ação de imunidade tributária, sendo R$ 863,4 milhões reconhecidos como recuperação
de impostos pagos na rubrica de outras receitas e R$ 545,0 milhões como atualização do
valor na rubrica de receitas financeiras. A quantia envolve a repetição dos impostos
federais (IRPJ e ITR) entre 1988 e 2018, atualizados até dezembro de 2020.
Apesar de redução no lucro, também se destacam o Banrisul, a CEEE – GT e
o Banrisul – Cartões, com lucros líquidos de R$ 727,5 milhões, 279,0 milhões e R$ 244,7
milhões, respectivamente.
De outra banda, a CEE-D obteve um prejuízo de R$ 1,62 bilhão no ano em
análise, representando um aumento de 49,9% ante o prejuízo de R$ 1,08 bilhão no
período de 2019. Os motivos do prejuízo foram os seguintes: a redução de mercado e
maior inadimplência, efeitos diretos da pandemia; o acréscimo das despesas
operacionais, especialmente o incremento das provisões para contingências, resultante
do ingresso de novos processos de origem trabalhista e cível e da revisão de premissas
dos cálculos das provisões destes litígios; a elevação do resultado financeiro, em
consequência da inadimplência dos tributos (ICMS) e da variação cambial negativa dos
empréstimos e financiamentos em moeda estrangeira.
As companhias com os melhores índices de liquidez correntes foram o
Banrisul – Corretora (8,80), a CEEE – GT (3,15), BAGERGS (2,93) e Banrisul Consórcios
(2,85). As empresas PROCERGS, Corsan, EGR, Sulgás e CEEE – D obtiveram índices abaixo
de um.
Quanto à composição de endividamento, as maiores proporções de dívida
de curto prazo estão no Banrisul Cartões, Banrisul – Consórcios, Banrisul – Corretora e
Sulgás, com índices de 0,99, 0,98, 0,95 e 0,95, respectivamente. Já os menores índices, ou
seja, as empresas com a maioria das dívidas sendo de longo prazo estão na CEEE – GT
(0,18) e CEEE – D (0,22).
Já quanto ao retorno sobre o Patrimônio Líquido, destacam-se a Corsan e
Sulgás, com 44,87 e 41,82. De igual forma, as duas empresas obtiveram também os
maiores retornos sobre seus ativos, sendo a Corsan com 26,19 e a Sulgás com 21,07.
16.11.1 – Banrisul
O capital social do Banco, em 31-12-2020, era de R$ 5,20 bilhões, subscrito
e integralizado, representado por 408.974.477 ações, sem valor nominal.
Por força da pandemia da Covid-19, destaca-se a atuação do Banrisul para
mitigar os efeitos financeiros com a prorrogação dos vencimentos de dívidas
(reparcelamentos), concessão de limite extra de crédito, entre outras. Também apoiou
pessoas jurídicas, com linhas de crédito específicas.
Também em 2020 o banco aprovou o Programa de Desligamento
Voluntário – PDV, com custo de aproximadamente R$ 177,0 milhões.
Dentre as operações realizadas pelo Banco em 2019, destaca-se a captação
de recursos por depósitos bancários (R$ 62,82 bilhões), que variou positivamente em
17,0% em relação ao ano anterior. Esse registro, que se configura em uma obrigação com
o depositante, está dividido entre o Passivo Circulante e o Não Circulante
848
(R$ 26,50 bilhões e R$ 36,32 bilhões, respectivamente). No mercado aberto de capitais, o
valor de R$ 4,57 bilhões indicou um aumento de 27,9%, na comparação com 2019.
O Banrisul, em 2020, alcançou o lucro líquido de R$ 727,5 milhões,
registrando uma queda de 45,9% em relação ao ano anterior (R$ 1.344,4 milhões).
No Relatório e Parecer Prévio das Contas do Governador de 2019, constou
um ponto específico sobre os atrasos no repasse das consignações ao Banrisul. Conforme
constou, foram cerca de R$ 50 milhões repassados com até 43 dias de atraso, para além
de outros repasses, envolvendo instituições diversas, o que aumenta ainda mais esse
montante. Após os devidos esclarecimentos do gestor estadual, o aponte foi afastado
pelo Conselheiro-Relator, que entendeu que “...a demora na quitação dos empréstimos
consignados decorreu diretamente do atraso no pagamento da folha, o que justifica a
ocorrência destacada pela equipe, de fato, os descontos consignados dependem
invariavelmente do recebimento da remuneração pelo servidor. E, como bem pontuado
nos esclarecimentos, os vencimentos e os subsídios possuem caráter alimentar, de modo
que as retenções em referência só poderiam ocorrer quando do pagamento integral da
remuneração”.
16.11.2 – Badesul
A Agência de Fomento desembolsou, em 2020, R$ 447,8 milhões
destinados ao financiamento de projetos voltados ao desenvolvimento econômico e
social do Rio Grande do Sul, o que representa um acréscimo de 34,6% em relação aos R$
335,0 milhões liberados em 2019. Com isso, o saldo de operações ativas desta instituição
foi de R$ 1,95 bilhão em dezembro de 2020.
O resultado registrado pelo Badesul no exercício de 2019 foi de
R$ 13,1 milhões, representando uma queda de 53,4% em relação ao exercício anterior
(R$ 28,1 milhões).
Na carteira de operações de crédito, discriminada por setores de atividades
beneficiados por financiamentos, o setor privado é o que concentra o maior estoque.
Nessa esfera, houve um decréscimo de 6,6% em relação ao exercício anterior. A maior
representatividade reside nas operações rurais (R$ 808,6 milhões) e industriais
(R$ 444,1 milhões).
Em 2013, o Badesul aprovou e liberou um financiamento de R$ 50 milhões
para a empresa argentina Wind Power Energia para a construção de uma usina para
produção de energia eólica em Guaíba. O tomador do recurso não deu início às obras e
não devolveu nenhum valor ao Badesul. Além disso, também emprestou R$ 40 milhões
para “Iesa Óleo e Gás” e a empresa entrou em recuperação judicial, não tendo devolvido
o empréstimo para esta Agência de Fomento.
Em relação aos eventos acima relatados, essa Corte de Contas, tendo
identificado inconsistências em concessões de crédito, quando de sua auditoria ordinária
no Badesul, instaurou, em 2015, dois procedimentos de inspeção extraordinária para
examinar o período de 2012 a 2015, quanto a eventuais repercussões de firmatura de
“cédula de crédito bancário” com as empresas Wind Power Energia S/A (Processo 10326-
0200/15-9) e IESA Óleo & Gás S/A (Processo 10046-0200/15-8). Tais processos estão
sobrestados, até que sobrevenha decisão definitiva na Ação por Improbidade no Processo
849
n. 9047666-49.2018.8.21.0001, em curso perante a 7ª Vara da Fazenda Pública da
Comarca de Porto Alegre (consulta em 23-04-2021).
Conforme Notas Explicativas elaboradas pelo Poder Executivo, constantes
do Balanço Geral do Estado de 2020, seguem pendentes R$ 26,73 bilhões de recursos
Fundopem para aumento de Capital do Badesul. O valor representa a parcela de 30% dos
retornos de financiamento destinada ao aumento de capital do Badesul, conforme art. 15
da Lei Estadual nº 11.916/2003, alterado pela Lei Estadual nº 14.744/2015.
O assunto vem sendo apontado nos relatórios anuais desde 2015, sendo
que nos esclarecimentos das contas de 2019, foi citado pelo gestor que, a partir de
reunião realizada entre integrantes da Secretaria da Fazenda e da Secretaria de
Desenvolvimento Econômico e Turismo, identificou-se a necessidade de retomada do
trâmite do processo administrativo em questão, a fim de dar prosseguimento à solução
da pendência, com o início do pagamento nos moldes estabelecidos pela JUNCOF. Citou-
se que, na época, estava sendo aguardada a remessa do PROA 18/1600-0001548-0 à
Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo, pelo BADESUL, para
perfectibilização do empenho.
850
A CEEE – D, originada da reestruturação societária da CEEE em 2006, é uma
sociedade anônima de capital aberto, tendo como seu acionista controlador o Estado do
Rio Grande do Sul, por intermédio da CEEE – Par, que detém 65,87% do seu capital total.
A Companhia Distribui energia elétrica para um terço do mercado gaúcho,
atendendo 26% do território do Estado. Está presente em 72 dos 497 municípios através
de 59,8 mil km de redes urbanas e rurais, levando energia elétrica a mais de 4 milhões de
pessoas em 1,76 milhão de unidades consumidoras. Atende também 364 consumidores
livres.
Em função da pandemia do COVID-19, observou-se uma diminuição no
número de unidades consumidoras industriais faturadas em dezembro de 2020,
demonstrando uma redução de 2.775 unidades consumidoras industriais, a queda mais
expressiva dos últimos oito anos.
A redução total no consumo foi especialmente ocasionada pelas classes
industrial e poder público com quedas de 23,8% e 18,3%, respectivamente. Por outro
lado, o público residencial aumentou 4,0%. Estas variações estão fortemente vinculadas a
pandemia da Covid-19, e o modelo de trabalho remoto.
Em 16 de novembro foi divulgado fato relevante relativo ao valor
econômico mínimo da operação de R$ 50 mil e ao aporte de capital na CEEE-D de R$
3,363 bilhões, sendo: a) AFAC de R$ 270 milhões na data-base de 30 de junho de 2020; b)
R$ 2,78 bilhões relativo à parte do saldo de ICMS devido ao Estado do Rio Grande do Sul;
e c) R$ 313 milhões relativo aos ex-autárquicos. A eficácia dos aportes fica vinculada ao
êxito da desestatização da Companhia e sua aprovação pelo Conselho Administrativo de
Defesa Econômica e pela ANEEL. No dia 08 de dezembro de 2020 o Governo do Estado do
Rio Grande do Sul publicou o edital da venda do ativo.
O leilão ocorreu no dia 31 de março de 2021, na Bolsa de Valores de São
Paulo, a B3 S.A – Brasil, Bolsa, Balcão. A CEEE-D foi vendida para a holding Equatorial,
sendo que a proposta inicial, de R$ 100 mil foi a única válida no leilão. De acordo com o
governo do Estado, a transferência do controle da concessão para a Equatorial irá ocorrer
entre 60 e 90 dias.
16.11.4 – Corsan
O acionista controlador da Companhia é o Estado do Rio Grande do Sul,
que detém 99,99% do seu capital social.
Visando acelerar a universalização do serviço de esgotamento sanitário nos
Municípios de Alvorada, Cachoeirinha, Canoas, Eldorado do Sul, Esteio, Gravataí, Guaíba,
Sapucaia do Sul e Viamão, a Corsan levou a mercado o projeto de Parceria Público-
Privada (PPP). O contrato foi assinado em 24/03/2020 e a ordem de início foi dada em
03/04/2020. O projeto está em fase de operação assistida pela concessionária desde
01/12/2020. A operação exclusiva da concessionária tem início previsto para 01/06/2021.
A Corsan pretende replicar o modelo de PPP para outros Municípios do
Estado. Para tanto, contratou o BNDES para auxiliar na estruturação de novos projetos.
Em 13/07/2020, houve a reunião de kickoff do projeto entre Corsan, BNDES e consórcio
de consultores. O projeto envolve 41 municípios atendidos pela Companhia e a
851
modelagem abrange a operação e manutenção dos sistemas de esgotamento sanitário,
com execução de obras de infraestrutura, ampliações e melhorias dos sistemas.
Em 18/03/21 o Governo Gaúcho apresentou plano para a companhia, que
envolve a abertura do capital na bolsa de valores de São Paulo, a B3. Com oferta pública
inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) prevista até outubro, o Estado levantaria cerca de
R$ 1 bilhão, conforme previsão do Palácio Piratini. Parte desse recurso será utilizado para
reforçar o capital da companhia e, assim, aumentar o interesse de futuros compradores
da empresa, disse Leite. A ideia é ceder o controle da Corsan, com o governo mantendo
cerca de 30% dos papéis.
852
administração vem sendo ampliada para levar à sociedade informações em tempo real,
por meio eletrônico, relacionadas à execução orçamentária e financeira; o acesso de
informações referentes à despesa ou receita a qualquer cidadão; além da adoção de um
sistema integrado de administração financeira e controle, com um padrão mínimo de
qualidade.
Atendendo ao artigo 59 da LC nº 101/2000, à Resolução nº 1089/2018 e à
Instrução Normativa nº 04/2018 foi realizada avaliação dos dispositivos da LRF no âmbito
do Poder Executivo do Estado do RS referente ao encerramento do exercício financeiro de
2019, na qual foram consideradas as Análises de Acompanhamento da Gestão Fiscal do
1º, 2º e 3º quadrimestres, efetuadas preliminarmente a este Relatório, para fins de
emissão de alertas, no cumprimento da competência de fiscalização da Gestão Fiscal por
este Tribunal de Contas.
A publicação dos Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária e dos
Relatórios de Gestão Fiscal, nos termos dos artigos 52 e 55, § 2º, da Lei Complementar nº
101/2000, incluindo a entrega desses e dos demais documentos exigidos por esta Corte
de Contas (Resolução nº 1089/2018 e Instrução Normativa nº 04/2018), foram assim
efetuadas nos prazos e condições exigidos. Registra-se, ainda, que o acompanhamento
das publicações desses Relatórios (RGF e RREO) e do cumprimento dos limites da despesa
com pessoal é relevante para a emissão de certidão por este Tribunal, atendendo ao
disposto na Resolução nº 1089/2018, na Instrução Normativa nº 04/2018 e segundo as
exigências do Manual para Instrução de Pleitos – MIP, da Secretaria do Tesouro Nacional.
O acompanhamento realizado e a análise dos conteúdos, dos prazos e da
forma de publicação permite afirmar que o Poder Executivo procedeu à publicação e à
entrega da documentação dentro dos prazos e condições estabelecidos em correta
observância dos preceitos legais e parâmetros de transparência.
114
https://cage.fazenda.rs.gov.br/conteudo/1220/planejamento-estrategico (último acesso em 18/05/2021)
853
desenvolvimento da transparência pública e do controle social colocando em evidência a
função mediadora da CAGE em relação à interação Estado–Sociedade.
Assinala-se aqui, nesta perspectiva, especificamente na dimensão da
sociedade, o objetivo estratégico de “Cuidar do patrimônio público e estimular o seu
controle pela sociedade”. Ainda na dimensão dos processos internos, os objetivos
estratégicos de “Aprimorar a transparência e fomentar o controle social” e de “Comunicar
interna e externamente de forma clara e objetiva”. Estes objetivos sinalizam o
reconhecimento, por parte da instituição, de que o envolvimento da sociedade com os
assuntos da administração pública é essencial para o bom governo.
Especificamente acerca da transparência e de controle social a abordagem
da atuação da CAGE (LC nº 13.451/2010, em seu art. 2º, inciso XXXII) destaca-se o
programa Finanças Públicas em Tempo Real115, que permite o acompanhamento das
receitas (por fontes e balancetes) e despesas (balancetes, por período, por função e por
poder). Este programa está relacionado com o Portal de Transparência do Estado RS,
também sob a responsabilidade da CAGE.116
Por fim, assinala-se que, a despeito das relevantes ações da CAGE
orientadas para o fomento à transparência e ao controle social, relativamente ao
imperativo constitucional de apoio ao controle externo, mantém-se a situação apontada
em Relatórios anteriores referente ao não atendimento da decisão do Tribunal Pleno
desta Corte de Contas, a qual estabeleceu a obrigatoriedade de Parecer do Controle
Interno do Estado (CAGE) em todas as Tomadas de Contas das Entidades da
Administração Indireta do Estado, inclusive no Banco do Estado do RS e nas Sociedades
de Economia Mista.
115
https://www.sefaz.rs.gov.br/Site/MontaMenu.aspx?MenuId=92 (último acesso em 18/05/2021)
116
http://www.transparencia.rs.gov.br
117
Diagnóstico sobre os Conselhos de Educação realizado pelo Tribunal de Contas do Estado do RS (2019):
http://portal.tce.rs.gov.br/portal/page/portal/noticias_internet/textos_diversos_pente_fino/Diagnostico_c
onselhoseducacao2019.pdf [Acesso em 19/04/2021].
854
O exame realizado em relação aos Conselhos enfoca, essencialmente,
aspectos referentes aos contornos de caracterização, criação legal, competências e
estrutura organizacional dos Conselhos. Segue-se uma abordagem sobre a composição e
a qualificação dos membros, além de uma seção também sobre o quadro de pessoal
destes órgãos. A estrutura física e tecnológica dos Conselhos constitui outro item deste
capítulo. Por fim uma seção sobre a atuação dos conselhos tendo por base as suas
competências legais, sendo que neste item atenção especial foi dispensada ao exame das
ações realizadas por cada um deles em relação aos reflexos decorrentes da situação de
pandemia provocada pela Covid-19. Destaca-se, ainda, que a análise da execução
orçamentária é realizada somente em ralação ao Conselho Estadual de Educação – CEEd,
pois se trata da única estrutura desta natureza que dispõe de previsão própria de
recursos no orçamento do Estado.
Refere-se, ainda preliminarmente, que os dados que subsidiam esta análise
foram colhidos principalmente a partir da Requisição de Documentos e Informações –
SAIPAG nº 22/2021 respondida pela Presidência do CES (Ofício-CES/RS/013/2021), da
Requisição de Documentos e Informações – SAIPAG nº 24/2021 atendida pela Presidência
do CEAS, e da Requisição de Documentos e Informações – SAIPAG nº 25/2021 firmada
pela Presidência do CEEd.
855
Carências em termos de tecnologia de informação e comunicação também
são manifestadas, em particular o acesso à internet disponibilizado, mediante contrato,
pela PROCERGS em capacidade correspondente a 4096 KPBS, o que segundo a
presidência do Conselho, não atende à necessidade de trabalho (Requisição de
Documentos e Informações nº 25/2021).
Outros aspectos relativos à infraestrutura tecnológica receberam atenção,
notadamente no que diz respeito à rede, telefonia e suporte de TI, a despeito deste
último quesito ainda inspirar cuidados em face da baixa remuneração do servidor
“Responsável pela TI”, investido em Cargo Comissionado com remuneração
correspondente a um CC08 (R$ 1,200,00).
No que diz respeito à disponibilidade de transporte, é referida a existência
de um veículo com capacidade para transportar até sete passageiros, em bom estado de
conservação e uso, com manutenção adequada consideradas as limitações impostas.
Merece destaque, no entanto, as limitações que alcançam o abastecimento do veículo.
Ponto a destacar aqui, ainda, é o fato de o Conselho não dispor de motorista, sendo o
veículo conduzido, segundo informação do CEED. Este aspecto encaminha a necessidade
de atenção especial, notadamente no que se refere a potenciais reflexos em relação à
responsabilidade da agente.
A dotação orçamentária própria fixada para o CEEd, conforme art. 10 da Lei
nº 9.672, de 19 de junho de 1992, para o exercício de 2020 foi de R$ 440,9 mil. Tomando-
se uma série histórica 2017 – 2020, que se estabiliza em 2020 frente a 2019, conforme
Tabela a seguir, percebe-se uma trajetória crescente de alocação de recursos para o
funcionamento do Conselho.
Analisando as rubricas de despesa nos exercícios de 2017 a 2020, percebe-
se que as principais rubricas de despesa do Conselho Estadual de Educação em 2020
mantêm-se as mesmas. Considerando a execução da despesa de 2020 em relação ao
exercício de 2019, observa-se sensível redução nas rubricas relativas a deslocamento de
pessoas; mantendo-se com reduzido acréscimo os valores referentes à manutenção
corretiva de software (4007) e serviço de nuvem (4009). Observa-se mais significativa
elevação na rubrica referente a comunicação de dados (4013).
Quanto à atuação, no ano de 2020 o Conselho realizou um total de 127
(cento e vinte e sete) credenciamentos de instituições de ensino e autorizações de cursos.
Especificamente em relação ao Plano Estadual de Educação, o Conselho
Estadual de Educação ocupa posição relevante, especialmente no acompanhamento da
sua execução das diretrizes e metas ali consignadas, conforme prescreve a Lei Estadual nº
13.005/2015, em seu art. 5º, inciso IV. Conforme informado pela Presidência do
Conselho, em 2018 a Secretaria de Educação criou uma plataforma digital para controle,
avaliação e observação do PEE, contendo estratégias, metas e indicadores para análise e
acompanhamento. Esta ferramenta, no entanto, foi descontinuada.
Na qualidade de Órgão de acompanhamento e fiscalização dos planos de
educação, merece destaque a atuação da Comissão do Ensino Médio e Superior – CEMES
frente às metas 12, 13 e 14 do Plano Nacional de Educação – PNE e metas do PEE, em
especial no tocante à Universidade do Estado do Rio Grande do Sul – UERGS.
O Conselho Estadual de Educação do Rio Grande do Sul – CEEd, no
exercício da função normativa constitucional, autorizou o funcionamento de cursos e
856
credenciou a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – UERGS, através dos Pareceres
CEED nº 480/2002 e nº 1.150/2002; sendo que a CEMES realiza continuamente a análise
dos processos de credenciamento e de renovação de credenciamento das instituições de
ensino superior pertencentes ao Sistema Estadual de Ensino, bem como de autorização e
de reconhecimento dos cursos de graduação e pós-graduação.
No ano de 2020 foram aprovados: a) o Parecer CEEd nº 002, em 8 de julho
de 2020, que orienta as instituições integrantes do Sistema Estadual de Ensino sobre a
reorganização do Calendário Escolar e o desenvolvimento das atividades escolares em
razão da Covid-19; b) a Deliberação CEEd nº 414, em 02 de setembro de 2020, que
responde consulta sobre a expedição de Diplomas pela Universidade Estadual do Rio
Grande do Sul – UERGS, excepcionalmente enquanto permanecerem as medidas
preventivas ao contágio por Covid-19 (a Comissão toma também conhecimento das ações
da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – UERGS referentes à reorganização das
atividades acadêmicas, enquanto perdurar o estado de calamidade pública decretado em
razão da Covid-19, conforme disposto pelo Parecer CEEd nº 002/2020 e acompanha
processos de reconhecimento de cursos de graduação e de pós-graduação stricto sensu);
c) a Resolução CEEd nº 355, de 25 de novembro de 2020, que autoriza e orienta, em
caráter excepcional e experimental, procedimentos para a realização da avaliação
externa, de forma remota, nos processos de reconhecimento e renovação de
reconhecimento de cursos de Graduação da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul –
UERGS, protocolados neste Conselho, até a data da publicação desta Resolução, durante
o período de calamidade pública de saúde, provocada pelo Novo Coronavírus – COVID-19;
d) a Resolução CEEd nº 356, de 08 de janeiro de 2021, que atualiza disposições sobre o
exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação das instituições de educação
superior e dos cursos superiores de graduação e de pós-graduação no Sistema Estadual
de Ensino do Rio Grande do Sul. Esta normativa resulta de um processo de amplo diálogo
com a UERGS e estudos realizados desde 2019 e 2020.
Esta Resolução, bem como todas as ações de monitoramento e fiscalização
do CEEd/RS junto à UERGS objetivam procedimentos que contemplem todas as
estratégias para garantir as metas 12, 13 e 14 dos Planos Nacional de Educação (PNE – Lei
federal nº 13.005/2014) e Plano Estadual de Educação (PEE – Lei estadual nº
14.705/2015).
Neste particular, a propósito, refere-se que a atuação do Conselho Estadual
de Educação – CEEd, especificamente no que se refere aos efeitos da pandemia de Covid–
19 resultou na edição de um conjunto de pareceres e resoluções com vistas a orientar as
entidades mantenedoras e as instituições de ensino integrantes do Sistema Estadual de
Ensino com vistas a mitigar os efeitos das condições adversas decorrentes da pandemia
sobre a trajetória escolar, o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças e dos
estudantes.
O CEEd também elaborou o documento Indicativos Pedagógicos para a
Reabertura das Instituições de Ensino no RS, cujo objetivo foi contribuir com os gestores
educacionais quando do planejamento de retorno às atividades escolares de forma
presencial.
Em síntese, o CEEd revela-se um Órgão de atuação fundamental no
exercício das funções de fiscalização e de controle social, mas que enfrenta sensíveis
857
fragilidades na sua estrutura, notadamente relacionada a pessoal e tecnologia, o que
sugere um olhar mais acurado acerca das potencialidades que o Conselho apresenta
como organismo de qualificação da Educação no âmbito do Estado do RS e o profundo
repensar dos processos organizacionais orientados para o fortalecimento qualitativo das
suas estruturas, mais fortemente assentado em recursos de tecnologia da informação e
comunicação.
858
foram ou estão em análise. Em termos de produção normativa, no exercício de 2020
foram editadas 22 (vinte e duas) Resoluções.
Especificamente no que concerne aos reflexos da pandemia de Covid-19, o
Conselho Estadual de Assistência Social – CEAS subscreveu, juntamente com o Colegiado
Nacional de gestores Municipais de Assistência Social – COEGEMAS, a Federação das
Associações de Municípios do Estado do RS – FAMURS e a Secretaria do Trabalho e
Assistência Social – STAS, a Resolução Interadministrativa nº 01, de 20 de março de 2020,
que estabeleceu os procedimentos a serem adotados nos serviços, programas e projetos
da Política de Assistência Social na prevenção de contágio pelo Coronavírus – COVID 19.
No que se refere à competência do CEAS prevista no inciso I do art. 2ª da
Lei Estadual nº 10.716/1996 – aprovar a política estadual de assistência social – a
Presidência do CEAS afirma que o órgão gestor da política de assistência social – a
Secretaria do Trabalho e Assistência Social – STAS – encaminhou ao CEAS em 30 de
setembro de 2020 o Plano Estadual de Assistência Social – PEAS para exame e aprovação
do Conselho de Assistência Social.
No que se refere especificamente ao zelo “pela efetivação do sistema
descentralizado e participativo da assistência social”, competência prevista no inciso II do
art. 2º da Lei Estadual nº 10.716/1996, a presidência do CEAS destaca que as principais
ações realizadas com este intento em 2020 concentraram-se nas atividades de apoio
técnico aos Conselhos Municipais de Assistência Social e na realização dos Ciclos de
Debates do Conselho Estadual com seus congêneres municipais.
Por fim, mais especificamente no que concerne à relação entre o CEAS e a
Secretaria Estadual do Trabalho e Assistência Social – STAS, são referenciadas pela
Presidência do CEAS fundamentalmente a inobservância de fluxos de solicitações
encaminhadas pela Secretaria para deliberação do Conselho, e questionamento por parte
da Secretaria sobre competências e deliberações do Conselho, afetando a celeridade e a
efetividade dos processos que requerem a atuação do CEAS.
118
http://www.ces.rs.gov.br/conteudo/573/Conselho-Estadual-de-Saude (Acesso em 10/03/2021).
859
e os usuários. Em observância ao que dispõe a Lei Estadual nº 10.097, de 31 de janeiro de
1994, os membros do CES não possuem carga horária estabelecida, sendo detentores de
cargo de relevância pública, sendo nomeados pelo Governador do Estado para mandatos
de 2 anos e permitidas reconduções.
A estrutura de pessoal do Conselho Estadual de Saúde é composta por
servidores integrantes do quadro de servidores da Saúde Pública, instituído nos termos
da Lei Estadual nº 13.47/2010, sendo formado por 11 (onze) pessoas. Esta composição
conta com 4 (quatro) servidores estatutários.
Em termos de infraestrutura física e tecnológica o Conselho possui boas
condições de mobiliário a fim de atender as necessidades operacionais.
O CES realizou um total de 42 sessões Plenárias. Destas, 19 (dezenove)
Sessões Plenárias Ordinárias e 2 (duas) Sessões Plenárias Extraordinárias (sendo três delas
presenciais). Incluídas neste montante, foram realizadas, ainda, 20 (vinte) Sessões
Plenárias Macrorregionais e 1 (uma) Sessão Plenária Estadual de Conselhos Municipais de
Saúde.
A estas atividades institucionais de aproximação, interação, participação,
transparência e controle social realizado pelo Conselho Estadual da Saúde no exercício de
2020, também em consonância com a sua competência, somam-se a análises e estudos
que resultaram na elaboração e expedição de Resoluções, Moções e Recomendações.
Particularmente no que se refere à atuação do Conselho Estadual de Saúde
– CES em relação aos reflexos da pandemia de Covid-19, são referenciadas, em resposta à
RDI SAIPAG nº 22/2021 a presidência do órgão refere a edição das manifestações acima
indicadas que entende ter encerrado potencial impacto positivo no cenário de saúde,
notadamente me termos de disponibilidade de leitos e insumos, e de controle dos
contágios.
Quanto aos aspectos que afetam o bom funcionamento do Conselho
Estadual de Saúde – CES, são referenciados a não-homologação das resoluções aprovadas
pelo CES, bem como a falta de servidores.
Em síntese, o CES revela-se um Órgão de atuação fundamental no exercício
das funções de fiscalização e de controle social, mas que enfrenta sensíveis fragilidades
na sua estrutura, notadamente relacionada a pessoal, o que sugere um olhar mais
acurado acerca das potencialidades que o Conselho apresenta como organismo de
qualificação das políticas públicas de saúde âmbito do Estado e municípios.
860
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
861
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
119
Peças 3712819, 3712817, 3712780, 3712825, 3712781, 3712783, 3712826, 3712785, 3715332,
3715317, 3715316, 3715326, 3715437, 3715422, 3715444 e 3715425.
120
Art. 167. São vedados: (...) II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que
excedam os créditos orçamentários ou adicionais;
862
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
(18,15%).
121
Art. 167. São vedados: (...) IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa (...).
122
Art. 1º - A Taxa de Serviços Diversos será cobrada pelo Estado, na forma desta Lei, em razão de
atividade especial dirigida ao contribuinte, de acordo com a Tabela de Incidência anexa.
123
Art. 58 - Sempre que outro Estado ou o Distrito Federal conceder benefício fiscal ou financeiro que
resulte em redução ou eliminação, direta ou indiretamente, de ônus tributário relativo no ICMS, com
inobservância de disposições da legislação federal que regula a celebração de acordos exigidos para tal fim,
o Poder Executivo poderá adotar as medidas necessárias à proteção da economia do Estado, podendo,
inclusive, conceder benefício semelhante.
Parágrafo único - O benefício concedido com base no "caput" será apreciado pela Assembléia Legislativa,
a contar da data da publicação do Decreto correspondente, observados o rito e o prazo previstos no artigo
62 da Constituição do Estado, independentemente de solicitação, e, se aprovado, terá efeito coincidente com
o previsto no referido Decreto.
124
Os recursos têm origem no adicional de dois pontos percentuais às alíquotas internas do ICMS,
incidentes sobre as operações especificadas no artigo 13-A da Lei mencionada, vigente até o final do
exercício de 2025.
125
Desde a criação do Fundo, em 2016, houve o ingresso de R$ 1,37 bilhão, sendo que somente R$ 1,02
bilhão foi empenhado, havendo um saldo de Passivo Potencial de R$ 351,9 milhões. Em 2019 o Passivo
Potencial era de R$ 336,4 milhões.
863
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
126
O valor representa uma redução real de 6,9% em relação à insuficiência do exercício precedente (R$
32,18 bilhões), no qual tinha ocorrido incremento real de 11,6% sobre a insuficiência verificada no último
exercício da gestão anterior (2018) – R$ 28,85 bilhões.
127
A evolução da Dívida Fiscal Líquida no período de 2019-2020, que atingiu o montante de R$ 4,01
bilhões, superou em 203,20% a meta máxima estabelecida na LDO (R$ 1,32 bilhão). Em 2019 a DFL de R$
5,06 bilhões havia superado em 252,22% a meta de R$ 1,44 bilhões.
128
Em 2019 o saldo era de R$ 15,64 bilhões.
129
Sendo R$ 55,9 milhões do Regime de Repartição Simples e R$ 10,6 milhões do Regime de
Capitalização (FUNDOPREV).
864
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Fundo130.
130
O valor total representa decréscimo de 52,80% relativamente ao saldo do exercício precedente (R$
140,9 milhões) e de 48,33% àquele existente ao final da gestão anterior (R$ 128,7 milhões).
131
A importância expressa redução de 32,17% em relação ao exercício anterior (R$ 45,7 milhões) e de
27,91% relativamente ao saldo registrado ao final da gestão anterior (R$ 43 milhões).
132
Em 2019 o valor não empenhado foi de R$ 20,1 milhões.
133
Posição de 31/01/2021, considerando-se que o total empenhado em 2020 deveria ser integralmente pago
até 15/01/2021. Em 2019 o valor total era de R$ 199,3 milhões; em 2018 de R$ 151,8 milhões.
134
Em 2019 as diferenças eram de R$ 9,2 milhões e de R$ 143,7 milhões, respectivamente.
865
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
135
Em 2019 o índice foi de 27,32%.
866
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
136
Em afronta à Portaria Conjunta STN/FNDE nº 02/2018.
137
Utilizados valores da Tabela constante da pág. 480 da peça 3546892, na qual foram evidenciados os
cálculos dos índices constitucionais. Embora os valores apresentem pequenas divergências em relação
àqueles indicados pelo SAIPAG na Tabela da pág. 520 da mesma peça, correspondente aos ajustes das
despesas com ASPS, não alteram o percentual ajustado.
867
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
138
Consoante mencionado na Nota de Rodapé nº 21, há pequenas divergências de valores (consta da
Tabela a aplicação de R$ 3.140,14).
139
A Emenda Constitucional Federal nº 29/2000 estabeleceu o mínimo de 12% da RLIT.
140
A Emenda Constitucional Estadual nº 25/1999 fixou o mínimo de 10% da RTL.
141
Em 2019 foi 0,09%.
868
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
142
No cálculo do deficit real a Equipe informa desconsiderar as vagas ociosas, existentes em algumas casas
prisionais, em face da impossibilidade de mera transferência de presos.
143
Em 2018 era de 14.989 vagas; em 2019 de 18.192 vagas.
869
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
870
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
871
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
144
Em 2019 já houve devolução de R$ 13,9 milhões.
872
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
(...)
145
Parecer MPC nº 322/2021.
873
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
IV – CONCLUSÃO
874
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
148
Inclusive os dispositivos da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro – LINDB, especialmente
o art. 28, que convém passe a informar explicitamente a atribuição de responsabilidade ao gestor em contas
de governo.
149
Resolução nº 1.142/2021: Art. 2º (...) IV – em relação à gestão orçamentária: (...) b) autorização de
despesa sem recurso orçamentário próprio.
150
Art. 59. O Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos Tribunais de Contas, e o sistema de
controle interno de cada Poder e do Ministério Público, fiscalizarão o cumprimento das normas desta Lei
Complementar, com ênfase no que se refere a:
I - atingimento das metas estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias;
151
Contribuição patronal de inativos ao RPPS e cobertura do denominado deficit no pagamento de
aposentados.
152
Resolução nº 1.142/2021: Art. 2º (...) XII – em relação aos índices constitucionais: (...) b)
descumprimento das exigências constitucionais e legais relativas à aplicação dos recursos do Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação –
FUNDEB.
153
Mínimos constitucionais: 12% da RLIT (Receita Líquida de Impostos e Transferências) e 10% da RTL
(Receita Tributária Líquida).
875
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
154
Resolução nº 1.142/2021: Art. 2º (...) XII – em relação aos índices constitucionais: a) descumprimento
das exigências constitucionais e legais relativas à aplicação de recursos na manutenção e desenvolvimento
do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.
155
Resolução nº 1.142/2021: Art. 2º (...) XI – em relação à gestão previdenciária: a) descumprimento do
que estabelece a Constituição da República, a legislação e as normativas aplicáveis em matéria
previdenciária, o que poderá estar caracterizado pela ocorrência, entre outras, de quaisquer das situações
mencionadas abaixo: 1. inobservância das regras gerais de organização e de funcionamento dos regimes
próprios de previdências; 2. inobservância das diretrizes e exigências legais para a aplicação e gestão dos
recursos financeiros; 3. utilização de recursos previdenciários para pagamento de despesas distintas das
atinentes aos benefícios do respectivo fundo vinculado àquele regime ou daquelas necessárias à sua
organização e funcionamento; (...) 7. descumprimento de medidas voltadas à manutenção ou obtenção do
equilíbrio atuarial.
156
Não empenhamento de contribuições patronais devidas ao FAS – R$ 52,8 milhões (15); divergências
entre o resultado orçamentário do FUNDOPREV e os respectivos saldos bancários (18); recursos do
FUNDEB em contas bancárias sem vinculação específica (21); existência de saldos negativos em contas de
recursos vinculados à educação (24); não utilização de conta única e específica para os recursos do
FUNDEB, com sua transferência para o SIAC (25); recursos de ASPS em contas bancárias sem vinculação
específica (36); deficiências na evidenciação contábil, na mensuração e no detalhamento das dívidas do
Estado para com os Fundos Municipais de Saúde (37) e para com os Hospitais (38).
157
Resolução nº 1.142/2021: Art. 2º (...) VII – em relação à gestão contábil e patrimonial: a)
descumprimento do princípio da evidenciação contábil, nos termos dos artigos 83, 89 e 104 da Lei Federal
n. 4.320, de 1964, e artigo 50 da Lei Complementar n. 101, de 2000; b) descumprimento do princípio da
universalidade dos registros contábeis, nos termos dos artigos 93 e 100 da Lei Federal n. 4.320, de 1964, e
do artigo 50 da Lei Complementar n. 101, de 2000; (...) d) inobservância do Manual de Contabilidade
Aplicado ao Setor Público - MCASP e de demais normativas emitidas pela Secretaria do Tesouro Nacional,
no que for aplicável à unidade jurisdicionada.
876
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
É o Parecer.
877
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
878
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
879
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
Da estrutura do Relatório
880
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
881
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
882
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
883
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
884
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
885
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
886
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
887
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
158
Conforme previsão do art. 32, incisos LXXXVIII, LXVIII, LXXXII, LXXI, LXXVI, XXXVI, do Livro I do
RICMS
888
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
889
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
Receita Total, por sua vez reduzida em menos de R$ 300 milhões devido à
queda da receita tributária. No lado da despesa, como já mencionado, completa
o quadro o rígido controle dos gastos e a redução da despesa com pessoal” (p.
16 da peça nº 3712818).
890
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
891
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
892
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
893
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
894
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
895
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
privatização CRM –
Mineração
II Adequação do Sim EC nº 78/2020 – Reforma Administrativa e
RPPS Previdenciária – Civis e Militares
LC nº 15.429/2019 – Reforma Previdenciária
Civis
LC nº 15.142/2018 – Lei Geral do RPPS
LC nº 13.757/2011 - FUNDOPREV – Militares
LC nº 13.758/2011 – FUNDOPREV – Civis
LC nº 10.098/1994 – Estatuto dos Servidores
Civis
LC nº 10.990/1997: Estatuto dos Militares
Estaduais
LC nº 15.602/2021: Alíquotas progressivas e
ampliação da base de contribuição para
inativos e pensionistas
III Redução de Sim LC nº 15.138/2018 e alterações – RRF e
benefícios fiscais medidas
IV Revisão do RJU Sim EC nº 78/2020 – Altera regras previdenciárias
dos servidores e dos servidores públicos
LC nº 10.098/1994 – Estatuto dos Servidores
Civis
V Limitação de Não -
crescimento das
despesas primárias
(Teto de Gastos)
VI Leilões de Sim LC nº 15.138/2018 e alterações – RRF e
Pagamento de medidas
Restos a Pagar
VII Gestão Financeira Sim Decreto nº 33.959/1991 - SIAC
Centralizada
VIII Regime de Sim LC nº 14.750/2015 – Regime de Previdência
Previdência Complementar – Civis
Complementar
896
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
897
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
898
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
899
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
900
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
901
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
902
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
BASE PARA
APLICAÇÃO VALOR APLICADO EM
EXERCÍCIO % APLICAÇÃO
MDE*
RLIT
2010 17.787,6 4.801,0 26,99%
2011 18.710,7 5.297,2 28,31%
2012 20.274,3 6.073,2 29,96%
2013 22.819,6 7.115,0 31,18%
2014 24.753,9 8.110,5 32,76%
2015 26.256,7 8.843,1 33,68%
2016 29.176,4 8.541,7 29,28%
2017 30.841,6 8.918,1 28,92%
2018 33.634,3 9.170,8 27,27%
2019 34.905,1 9.535,6 27,32%
2020 35.389,8 9.952,9 28,12%
903
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
904
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
905
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
906
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
907
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
908
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
909
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
910
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
911
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
912
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
913
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
914
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
915
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
916
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
917
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
918
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
Gestor não tem o condão de afastar o apontamento, motivo pelo qual sugere sua
manutenção” (pp. da peça nº 3728476).
919
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
920
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
921
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
922
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
923
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
924
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
925
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
926
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
927
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
pensionistas, que no RS tem paridade com os ativos em quase 97% dos casos,
o que aprofundaria de forma importante e imediata os déficits primário e nominal
e, ao longo do tempo, o déficit previdenciário do Estado.
928
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
929
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
930
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
Com relação aos demais itens, sigo com a análise por área
temática, em sintonia com o art. 2º da recente Resolução TCE nº 1.142/2021.
I - Gestão Previdenciária
931
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
cada ente federativo, que assegure, por lei, a todos os servidores titulares de
cargo efetivo, pelo menos os benefícios de aposentadoria e pensão por morte.
O ente público da Federação, que opta por ter o seu RPPS, busca
organizar a previdência dos seus servidores públicos, titulares de cargo efetivo
(ativos, inativos e pensionistas beneficiários do ente estatal). Vale referir que o
art. 40 da Constituição Federal159, a Lei 9.717/98160 e a Portaria 402/2008
(diretrizes gerais)161, do Ministério da Previdência, são algumas das normas que
regulamentam os regimes próprios.
159
“Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargos
efetivos terá caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente federativo, de
servidores ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio
financeiro e atuarial”.
160
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/L9717compilado.htm,
161
Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/assuntos/previdencia-no-servico-
publico/legislacao-dos-rpps/portarias/arquivos/2020/portaria-mps-no-402-de-2008-atualizada-ate-
19agor2020.pdf
932
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
933
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
934
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
162
“Art. 2º A prática dos seguintes atos ou omissões, arrolados exemplificativamente abaixo, poderá
ensejar, conforme a natureza e o objeto do processo, a emissão de parecer prévio desfavorável ou
favorável, com ressalvas, sobre as contas anuais do Chefe do Poder Executivo ou o julgamento pela
irregularidade ou regularidade, com ressalvas, das contas dos administradores e demais responsáveis:
935
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
II - Saúde
936
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
(liquidado total até o ano de 2012, bem como com a inclusão, a partir do
exercício de 2007, dos gastos em saneamento e as despesas liquidadas
somadas aos restos a pagar não processados até o limite das disponibilidades
de caixa ao final do exercício de 2013 em diante).
937
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
938
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
939
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
940
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
III - Educação
941
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
942
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
943
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
944
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
945
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
946
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
163
Ausência de disponibilização, no portal da transparência, do relatório pormenorizado das despesas
com publicidade e propaganda, previsto no inciso III do artigo 24 da Constituição Federal.
947
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
948
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
ICMS Bruto 34.887,0 35.442,4 1,59 37.299,9 5,24 37.704,6 1,09 36.380,7 -3,51 4,28
( - ) Dedução FUNDEB** (5.193,90) (5.271,7) 1,50 (5.539,7) 5,08 (5.487,0) -0,95 (5.385,7) -1,85 3,69
( - ) Dedução
(8.660,4) (8.786,3) 1,45 (9.238,7) 5,15 (9.144,3) -1,02 (8.988,2) -1,71 3,78
Municípios***
ICMS Líquido 21.032,6 21.384,4 1,67 22.521,5 5,32 23.073,3 2,45 22.006,9 -4,62 4,63
CRÉDITO PRESUMIDO 2.920,7 2.985,4 2,21 3.178,9 6,48 3.226,2 1,49 3.780,7 17,19 29,44
CP / ICMS Bruto 8,37% 8,42% 0,61 8,52% 1,18 8,56% 0,40 10,39% 21,45 24,13
CP / ICMS Líquido 13,96% 0,53 14,11% 1,10 13,98% -0,94 17,18 22,8 23,7
13,89 % 7 1
%Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE. Ofício Gab. RE nº 039/2021 e Demonstrativo de Desonerações Fiscais.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.
(**) Valor retido automaticamente das receitas de impostos e destinado à formação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB.
(***) Cota-parte dos Municípios na Arrecadação de Impostos Estaduais, contabilizado como despesa até 2019, e dedução da receita a
partir de 2020.
949
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
950
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
7. RCL – Valor Nominal 34.654,9 35.045,9 1,1 37.773,3 7,8 39.779,4 5,3 42.073,5 5,8 21,4
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.
951
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
164
Conforme recentemente noticiado: “Pela primeira vez desde que a Lei de Responsabilidade Fiscal
(LRF) foi sancionada, em 2000, a dívida consolidada do Rio Grande do Sul ficou abaixo do limite máximo
estipulado pela norma, de 200% da receita corrente líquida. Em agosto de 2021, o indicador chegou aos
183,65%, influenciado sobretudo pelo crescimento da arrecadação. Em 2020, no mesmo período, a dívida
do Estado era equivalente a 230,3% da receita”.
Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/politica/noticia/2021/10/pela-primeira-vez-divida-do-rs-fica-
abaixo-do-limite-imposto-pela-lei-de-responsabilidade-fiscal-ckuhckyoq0012019m3e32ne0h.html . Acesso
em: 19/10/2021.
165
Fonte: https://fazenda.rs.gov.br/conteudo/14527/relatorio-de-transparencia-fiscal-(rtf) . Acesso
em: 18:10/2021.
952
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
953
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
166
O rol de possíveis irregularidades está estruturado da seguinte forma: I – quanto à entrega de
documentos e informações; II – quanto ao sistema de controle interno; III – em relação à estrutura
administrativa e organizacional; IV – em relação à gestão orçamentária; V - em relação à gestão fiscal; VI -
em relação à gestão tributária e fazendária; VII – em relação à gestão contábil e patrimonial; VIII – quanto à
realização de despesa ou outro ato de gestão; IX – em relação a licitações, contratos e outros ajustes; X –
em relação à administração de pessoal; XI – em relação à gestão previdenciária; XII – em relação aos
índices constitucionais; XIII – em relação à promoção da transparência, acesso à informação e ouvidorias;
XIV - em relação à educação; XV – em relação à saúde; XVI – em relação ao desenvolvimento urbano; XVII
– em relação à acessibilidade; XVIII – em relação ao meio ambiente; XIX – em relação aos conselhos de
participação popular; XX – em relação às políticas públicas voltadas à concretização de direitos
fundamentais; XXI – em relação ao dever de sustentabilidade; XXII – em relação à dignidade da jurisdição
de contas.
954
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
167
Conforme consulta realizada no link http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Portaria/quadro_portaria.htm.
Acesso em 12/06/2020 às 17:23.
955
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
168
Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/04/16/decisao-do-stf-sobre-
isolamento-de-estados-e-municipios-repercute-no-senado. Consulta em 07/08/2020 às 11:23.
956
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
169
Disponível em: https://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rda/article/view/77650/74313. Acesso em
04/10/2021.
957
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
958
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
959
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
170
O artigo 212 da Constituição estabelece que “a União aplicará, anualmente, nunca menos de 18%, e os
estados, o Distrito Federal e os municípios, 25%, no mínimo, da receita resultante de impostos,
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino".
171
Disponível em: https://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rda/article/view/77651/74314. Acesso em
04/10/2021.
960
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
961
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
b) afastar os apontes registrados nos itens 33, 42, 50, 54, 55 e 56,
nos termos das manifestações da Área Técnica (peça nº 3728476) e do
Ministério Público de Contas (peça nº 3781328);
962
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
963
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
É o meu voto.
Alexandre Postal,
Conselheiro Relator.
964
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
965
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
966
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
967
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
968
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
969
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
970
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
é de uma equipe que foi o ano inteiro trabalhando sem sombra de dúvidas,
enalteci os principais, aqueles que conduziram, mas realmente é, desde que
estou aqui, o trabalho de processo maior e mais elaborado e com
acompanhamento por mais tempo. Obrigado, Conselheiro, e acato a sua
proposição.”
Conselheiro Algir Lorenzon: “Perfeito. Obrigado.”
Conselheiro-Presidente, Estilac Xavier: “Como vota o
Conselheiro Miola, agora o voto acrescido da proposição do Conselheiro Algir.”
Conselheiro Cezar Miola: “Senhor Presidente, minha
saudação a Vossa Excelência. Senhoras e Senhores Conselheiros, Titulares,
Substitutos, Procurador-Geral do Ministério Público de Contas, minha saudação
ao Procurador-Geral Adjunto do Estado, Victor Herzer da Silva, ao Procurador
do Estado que atua habitualmente junto à Corte, ele também ex-Procurador-
Geral do Estado, Euzébio Ruschel. Cumprimentos às equipes de trabalho do
Tribunal de Contas, na pessoa da Senhora Secretária, Senhoras e Senhores
que nos acompanham pela internet. Eu, desde logo, digo que, em relação ao
encaminhamento relacionado ao Parecer, alvitrado no minucioso voto do
eminente Relator, acompanho, permitindo-me trazer aqui algumas
considerações acerca de uma proposição que pretendo encaminhar, mas quero
também, fazendo coro ao que disse o Conselheiro Algir Lorenzon, cumprimentar
o eminente Relator, sua equipe de Gabinete e a nossa Unidade Técnica, que se
concentra basicamente no SAIPAG, pelo dedicado e importante trabalho que
realizaram. Nós sabemos o grande esforço envolvido nessa análise do processo
agora denominado de Contas Anuais do Governador, e estendo essa saudação
também à equipe do eminente Procurador-Geral e a Sua Excelência, porque nós
sabemos que ali também a matéria é objeto de minuciosa análise. O que
gostaria de registrar, até por um aspecto de coerência com relação ao
posicionamento que sustentei na condição de Relator das Contas do exercício
de 2019, é no sentido de me reportar, de antemão, ao inteiro teor do voto que
prolatei naquela oportunidade, relativamente aos apontamentos que restaram
mantidos em 2020, inclusive na compreensão do eminente Relator. Então, eu
invoco, no que couber, a fundamentação lá adotada, para trazer esta
justificativa. Eu diria que, do cotejo entre o exercício de 2019, cuja relatoria me
coube, e o que agora vem à análise do Tribunal Pleno, o que se pode dizer é
que grande parte das situações apontadas efetivamente se repetiu e, em relação
a determinadas matérias que se revelam particularmente sensíveis, exigindo a
tomada de medidas efetivas por parte do Governo, inclusive entendi, naquela
oportunidade, pela necessidade de emissão de determinações e assinatura de
prazos ao Gestor, visando ao enfrentamento objetivo e célere das questões, No
entanto, como é sabido, fui vencido no particular e, evidentemente, me submeto
a essa deliberação. Foram, então, exaradas recomendações a respeito, agora
renovadas no voto que acabamos de ver verbalizado pelo ilustre Relator.
Gostaria apenas de destacar alguns pontos, muito brevemente, sobretudo no
tocante àqueles relacionados às vinculações constitucionais, tanto à Carta
971
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
972
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
973
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
974
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
975
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
976
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
977
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
978
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
979
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
educação (itens 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 32,
34, 35, 52 e 53); gestão contábil e patrimonial (itens 2, 11 e
43); sistema de controle interno (item 44); políticas públicas
voltadas à concretização de direitos fundamentais (itens 39,
40 e 41); gestão tributária e fazendária (itens 3, 4, 5, 45, 46
e 47); e gestão fiscal (itens 1, 6, 7, 8, 9, 10, 12 e 48);
c.2) acompanhe o trâmite do Pedido de Orientação
Técnica n. 005141-02.00/16-0, haja vista seu potencial re-
flexo nos critérios empregados na apuração dos valores
aplicados em Ações e Serviços Públicos de Saúde, Manu-
tenção e Desenvolvimento do Ensino e Despesa com Pes-
soal;
c.3) acompanhe os desdobramentos da Ação Direta
de Inconstitucionalidade n. 6.568/RS e sua eventual reper-
cussão nas mudanças implementadas no FundoPrev Civil,
através da Lei Complementar Estadual n. 15.511/2020;
980
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
981
Estado do Rio Grande do Sul
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Palácio Flores da Cunha
PARECER n. 21.254
982
acarretar prejuízos às finanças públicas ou ao cumprimento dos
objetivos do Estado;
- que este Parecer não condicionará o julgamento das contas dos demais
Administradores do Setor Público Estadual, inclusive das Entidades da
Administração Indireta.
Presidente
CONSELHEIRO ESTILAC MARTINS RODRIGUES XAVIER
Relator
CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
983
CONSELHEIRO RENATO LUÍS BORDIN DE AZEREDO
Estive presente:
PROCURADOR-GERAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS,
GERALDO COSTA DA CAMINO
984