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Conselheiros

ALEXANDRE POSTAL– Presidente


MARCO ANTONIO LOPES PEIXOTO – Vice-Presidente
ALGIR LORENZON
CEZAR MIOLA
ESTILAC MARTINS RODRIGUES XAVIER
IRADIR PIETROSKI
RENATO LUÍS BORDIN DE AZEREDO

Conselheiros Substitutos
HELOISA TRIPOLI GOULART PICCININI
DANIELA ZAGO GONÇALVES DA CUNDA
ALEXANDRE MARIOTTI
ANA CRISTINA MORAES WARPECHOWSKI
LETÍCIA AYRES RAMOS
ROBERTO DEBACCO LOUREIRO

Procurador-Geral do Ministério Público de Contas


GERALDO COSTA DA CAMINO

Adjunto de Procurador do Ministério Público de Contas


DANIELA WENDT TONIAZZO
ÂNGELO GRÄBIN BORGHETTI
FERNANDA ISMAEL

Chefe de Gabinete da Presidência


Fabiano Geremia

Diretor-Geral
Mauro Castro Carapeços

Diretor de Controle e Fiscalização


Bruno Alex Londero

Diretora Administrativa
Livete Rajczuk Masiel Meira

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Supervisão de auditoria e instrução de contas estaduais
SAICE

Serviço de Auditoria, Instrução do Parecer Prévio e


Acompanhamento da Gestão Fiscal
SAIPAG

Supervisor
Guilherme Genro Sampedro

Coordenador
Rafael Santos Castro

Equipe
Adriana Flach Sampaio
Camila Ozorio Weisheimer
Enio Guimarães Pansiera
Luís Fernando Alcoba de Freitas
Juliana Coelho Bortoluzzi
Sandro Trescastro Bergue
Thiago Fraga Lima

Apoio
Consultoria Técnica
Escola Superior de Gestão e Controle
Supervisão de Informática
Serviços de Auditoria
Assessoria de Comunicação Social

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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
DO RIO GRANDE DO SUL

Missão:
exercer o controle externo sobre a gestão do Estado
e dos Municípios do Rio Grande do Sul, contribuindo
para o aperfeiçoamento da Administração Pública,
em benefício da sociedade.

Visão:
ser uma instituição que contribua
para a melhoria da qualidade de
vida do cidadão.

Valores:
efetividade; ética; inovação;
transparência; valorização
das pessoas.
SUMÁRIO

NOTAS METODOLÓGICAS ........................................................... 14


INTRODUÇÃO ............................................................................. 17
PANDEMIA DA COVID-19.................................................................................................................................. 19
EVENTOS QUE AFETARAM O FLUXO DE CAIXA DO ESTADO ....................................................................................... 23

1 O ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL E CONJUNTURA:


INDICADORES E PANORAMA ECONÔMICO ................................. 30
1.1 – RIO GRANDE DO SUL: PRINCIPAIS INDICADORES ....................................................................................... 30
1.1.1 – População .................................................................................................................................. 30
1.1.2 – Indicadores Econômicos ............................................................................................................ 32
1.1.3 – Indicadores de Desenvolvimento ............................................................................................... 34
1.2 – CONJUNTURA ECONÔMICA EM 2020 .................................................................................................... 38
1.2.1 – Desempenho da economia mundial .......................................................................................... 38
1.2.2 – Desempenho da economia brasileira ........................................................................................ 40
1.2.3 – Desempenho da economia gaúcha ........................................................................................... 45

2 GESTÃO ORÇAMENTÁRIA ........................................................ 50


2.1 – PLANO PLURIANUAL – PPA 2020/2023 – LEI Nº 15.236/2019 .................................................................. 51
2.2 – LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS – LDO – LEI Nº 15.304/19 ................................................................... 57
2.3 – LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL – LOA – LEI Nº 15.399/2019........................................................................... 61
2.3.1 – Orçamento: Alterações Orçamentárias ..................................................................................... 62
2.3.2 – Orçamento: Previsão x Execução .............................................................................................. 64
2.3.3 – Orçamento: Execução da Despesa Empenhada e dos Restos a Pagar ...................................... 66
2.3.4 – Orçamento: Despesas Incorridas, Não Pagas e Não Empenhadas – Registro em Obrigações
Pendentes de Execução Orçamentária .................................................................................................. 67
2.4 – RESULTADO ORÇAMENTÁRIO .................................................................................................................... 68
2.4.1 – Resultado Orçamentário na Administração Direta, Autarquias e Fundações ........................... 68
2.4.2 – Resultado Orçamentário: Histórico ........................................................................................... 69
2.5 – HISTÓRICO DAS SUPERESTIMATIVAS DE RECEITAS .......................................................................................... 70

3 COMPORTAMENTO DAS RECEITAS .......................................... 74


3.1 – RECEITAS ORÇAMENTÁRIAS ...................................................................................................................... 74
3.2 – RECEITAS TRIBUTÁRIAS ............................................................................................................................ 78
3.2.1 – ICMS .......................................................................................................................................... 79
3.2.1.1 – Arrecadação de ICMS mensal ...................................................................................................... 87
3.2.1.2 – Substituição Tributária do ICMS .................................................................................................. 90
3.2.1.3 – ICMS – AMPARA/RS .................................................................................................................... 92
3.2.1.4 – Perdas e Compensações da Lei Kandir ......................................................................................... 94
3.2.1.5 – Desonerações Fiscais do ICMS ..................................................................................................... 96
3.2.1.5.1 – Demonstrativo de Desonerações da Receita Estadual ............................................................ 97
3.2.1.5.2 – Dados Comparativos Estados da Região Sul .......................................................................... 100
3.2.1.5.3 – Da Não Incidência ................................................................................................................... 103
3.2.1.5.4 - Isenções ................................................................................................................................... 104
3.2.1.5.4.1 – Isenções Operacionais ................................................................................................... 108
3.2.1.5.4.2 – Isenções Efetivas ............................................................................................................ 109
3.2.1.5.4.3 – Da Isenção ao Transporte de Cargas (Lv I, art. 10, IX do RICMS) .................................. 115
3.2.1.5.5 – Reduções de Base de Cálculo ................................................................................................. 124
3.2.1.5.6 – Não-Estorno do Crédito Fiscal ................................................................................................ 132
3.2.1.5.7 – Acúmulo de Saldo Credor ....................................................................................................... 135

5
3.2.1.5.8 – Créditos Presumidos ............................................................................................................... 138
3.2.1.5.8.1 – Operações com Mercadorias e Serviços ........................................................................ 145
3.2.1.5.8.1.1 – Na Entrada (Compra de Insumos) ......................................................................... 147
3.2.1.5.8.1.2 – Na Saída (Vendas ou Transferências) ................................................................... 150
3.2.1.5.8.1.3 – Na Entrada e na Saída ........................................................................................... 153
3.2.1.5.8.2 – Incentivo a Investimentos ............................................................................................. 154
3.2.1.5.8.2.1 – FUNDOPEM/RS (Lei nº 11.916/2003) ................................................................... 155
3.2.1.5.8.3 – Outras hipóteses de Créditos Presumidos .................................................................... 171
3.2.1.5.8.3.1 – Políticas Públicas ................................................................................................... 171
3.2.1.5.8.3.2 –Ressarcimento de Taxas......................................................................................... 173
3.2.1.5.8.4 – Maiores fruições ............................................................................................................ 175
3.2.1.5.9 – Aplicação das desonerações de Estados da mesma região (LC nº 160, art. 3º, § 8º) ...... 179
3.2.1.5.10 – Análise de Conformidade das Desonerações Fiscais ...................................................... 183
3.2.1.5.10.1 – Quadros demonstrativos dos incisos mais representativos de Isenção, Redução de
Base de Cálculo e Crédito Presumido ........................................................................................... 201
3.2.1.5.10.2 – Deficiência na apresentação de estudos de impacto orçamentário-financeiro (art.
14 da LRF) ...................................................................................................................................... 206
3.2.2 – IPVA ......................................................................................................................................... 208
3.2.3 – ITCD ......................................................................................................................................... 210
3.2.4 – IRRF.......................................................................................................................................... 211
3.2.5 – Taxas ....................................................................................................................................... 212
3.2.6 – Administração Tributária ........................................................................................................ 213
3.2.6.1 – Da Atuação Fiscalizatória ........................................................................................................... 216
3.2.6.2 – Programa de Recuperação de Créditos e Regulamentação de Contribuintes .............................. 218
3.6.2.3 – COMPENSA RS ........................................................................................................................... 219
3.3 – RECEITAS DE CONTRIBUIÇÕES.................................................................................................................. 220
3.4 – RECEITAS PATRIMONIAIS ........................................................................................................................ 221
3.5 – TRANSFERÊNCIAS CORRENTES E TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL ....................................................................... 222
3.5.1 – Recursos extraordinários enviados no contexto de Pandemia da Covid-19 ............................ 225
3.6 – OUTRAS RECEITAS CORRENTES ................................................................................................................ 228
3.7 – OPERAÇÕES DE CRÉDITO ........................................................................................................................ 228
3.8 – AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS CONCEDIDOS.......................................................................................... 230
3.9 – ALIENAÇÃO DE BENS.............................................................................................................................. 230
3.10 – DEMAIS RECEITAS ............................................................................................................................... 231
3.11 – DEDUÇÕES DA RECEITA ........................................................................................................................ 232
3.12 – RECEITA CORRENTE LÍQUIDA ................................................................................................................. 234
3.12.1 – Comprometimento da RCL .................................................................................................... 235

4 COMPORTAMENTO DAS DESPESAS ....................................... 238


4.1 - DESPESAS POR PODER, GRUPO E FUNÇÕES DE GOVERNO .............................................................................. 238
4.2 – DESPESAS COM PESSOAL E ENCARGOS SOCIAIS ........................................................................................... 240
4.3 – DESPESAS COM SERVIÇO DA DÍVIDA ......................................................................................................... 245
4.4 – OUTRAS DESPESAS CORRENTES ............................................................................................................... 245
4.5 – INVESTIMENTOS E INVERSÕES FINANCEIRAS ............................................................................................... 247
4.6 – TRANSFERÊNCIAS A ENTIDADES SEM FINS LUCRATIVOS ................................................................................ 250

5 GESTÃO FISCAL ...................................................................... 253


5.1 – PONDERAÇÕES INICIAIS .......................................................................................................................... 253
5.2 – DO ACOMPANHAMENTO DA GESTÃO FISCAL – ART. 59 DA LC Nº 101/2000 .................................................. 256
5.2.1 – Do Sistema de Controle Interno............................................................................................... 256
5.2.2 – Da Despesa Total com Pessoal ................................................................................................ 257
5.2.2.1 – Da diferença de critérios entre o Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul – TCE/RS e a
Secretaria do Tesouro Nacional - STN ...................................................................................................... 260
5.2.3 – Dos Restos a Pagar e Disponibilidade de Caixa ....................................................................... 264
5.2.3.1 – Equilíbrio Financeiro .................................................................................................................. 265
5.2.4 – Da Dívida Consolidada Líquida ................................................................................................ 266
5.2.5 – Das Operações de Crédito ....................................................................................................... 270

6
5.2.5.1 – Operações de Crédito X Despesas de Capital ............................................................................. 271
5.2.5.2 – Operações de Crédito X Receita Corrente Líquida, e Operações de Crédito por Antecipação da
Receita .................................................................................................................................................... 271
5.2.6 – Da Alienação de Ativos e Aplicação de Recursos..................................................................... 273
5.2.7 – Das Receitas e Despesas Previdenciárias e Projeções Atuariais do Regime Próprio de
Previdência dos Servidores Públicos .................................................................................................... 273
5.2.8 – Do Resultado Primário e Nominal ........................................................................................... 275
5.2.9 – Das Metas Anuais .................................................................................................................... 276
5.2.10 – Da Limitação de Empenho ..................................................................................................... 279
5.3 – PLANO DE AÇÃO PARA O EQUILÍBRIO FISCAL .............................................................................................. 282
5.3.1 – Regime de Recuperação Fiscal ................................................................................................ 282
5.4 – CONCLUSÕES ....................................................................................................................................... 285

6 GESTÃO PATRIMONIAL E FINANCEIRA ................................... 289


6.1 – ATIVO ................................................................................................................................................ 291
6.1.1 – Caixa e Equivalentes de Caixa ................................................................................................. 292
6.1.1.1 – Sistema Integrado de Administração de Caixa – SIAC................................................................. 293
6.1.1.1.1 – Registros Contábeis e a Movimentação Bancária do SIAC .................................................... 293
6.1.1.1.2 – Composição do SIAC ............................................................................................................... 295
6.1.1.1.3 – Dependência do Estado com o SIAC ....................................................................................... 296
6.1.1.1.4 – Passivo de Remuneração ........................................................................................................ 298
6.1.2 – Créditos ................................................................................................................................... 300
6.1.2.1 – Dívida Ativa ............................................................................................................................... 301
6.1.2.1.1 – Evolução do Saldo Registrado no Balanço Patrimonial ......................................................... 302
6.1.2.1.2 – Totalidade de Créditos disponíveis para Cobrança ............................................................... 304
6.1.2.1.3 – Da atuação da Procuradoria-Geral do Estado ........................................................................ 307
6.1.3 – Ativo Não Circulante................................................................................................................ 309
6.1.3.1 – Participações ............................................................................................................................. 309
6.2 – PASSIVO ............................................................................................................................................. 310
6.2.1 – Passivo Circulante.................................................................................................................... 311
6.2.1.1 – Depósitos Judiciais .................................................................................................................... 311
6.2.2 – Passivo Não Circulante ............................................................................................................ 313
6.2.2.1 – Débitos de Natureza Judicial – Precatórios, RPVs e Outros ........................................................ 313
6.2.2.1.1 – Histórico .................................................................................................................................. 313
6.2.2.1.2 – Regime Especial de Pagamentos de Precatórios ................................................................... 316
6.2.2.1.3 – Movimentação Financeira em Contas Bancárias ................................................................... 317
6.2.2.1.4 – Registros Contábeis de Precatórios e outros Débitos Judiciais ............................................. 318
6.3 – GESTÃO FINANCEIRA ............................................................................................................................. 320
6.3.1 – Movimentação Financeira dos Recursos Vinculados ............................................................... 321
6.3.2 – Situação Líquida Financeira Real e Ajustada ........................................................................... 322
6.4 – VARIAÇÕES PATRIMONIAIS CONSOLIDADAS ............................................................................................... 323
6.5 – COMPENSAÇÕES – CONTAS DE CONTROLE ................................................................................................ 324

7 GESTÃO DA DÍVIDA PÚBLICA ................................................. 329


7.1- EVOLUÇÃO DO ESTOQUE DA DÍVIDA CONSOLIDADA E SUA COMPOSIÇÃO ........................................................... 329
7.2 - DÍVIDA EM CONTRATOS .......................................................................................................................... 333
7.2.1- Fatos Relevantes ....................................................................................................................... 333
7.2.2- Retrospectiva: Evolução da Dívida ............................................................................................ 335

8 GESTÃO PREVIDENCIÁRIA ...................................................... 348


8.1. CONCEITOS SOBRE PREVIDÊNCIA ................................................................................................................ 348
8.1.1. Regimes de Previdência............................................................................................................. 348
8.1.2. Regimes de Financiamento ....................................................................................................... 349
8.1.3. Sistemas de Concessão .............................................................................................................. 350
8.2. EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO SOBRE PREVIDÊNCIA ........................................................................................... 351
8.3. INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – IPE PREV .................................................... 358

7
8.3.1 Execução Orçamentária do IPE PREV ......................................................................................... 359
8.3.2. Plano Previdenciário: FUNDOPREV Civil e Militar ..................................................................... 361
8.3.3. Plano Financeiro: Regime de Repartição Simples...................................................................... 372
8.4 REGIME DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ................................................................................................... 376
8.5. FATO RELEVANTE EM 2020: VIGÊNCIA DOS EFEITOS DAS LC Nº 15.429/19 E Nº 15.511/20 .............................. 378
8.5.1 – Ausência de um sistema de compensação para migração ao RPC na Lei Complementar nº
14.750/2015 e a determinação judicial para sua revisão ................................................................... 379
8.5.2 – Benefício Especial .................................................................................................................... 381
8.5.3 – Transposição do Regime – Justificativa do Governo do Estado............................................... 383
8.5.4 – Análise da Lei Complementar nº 15.511/2020 ........................................................................ 385
8.5.4.1 – Análise do Benefício Especial ..................................................................................................... 385
8.5.4.2 – Análise da Transposição de Regime – Art. 2º da LC .................................................................... 385
8.5.4.3 – Análise da art. 4º da LC nº 15.511/2020 ..................................................................................... 391
8.5.4.4 – Análise da Justificativa de Transposição de Regime (Custo de transição da Migração dos
Servidores para o RPC)............................................................................................................................. 392
8.5.5 – Os impactos das Leis Complementares nº 15.428/19 e 15.511/20 nas Contas do Governo do
Estado.................................................................................................................................................. 398
8.5.5.1 – Os impactos financeiros ............................................................................................................ 399
8.5.5.2 – Os impactos Contábeis .............................................................................................................. 402
8.5.5.3 – Os impactos no Equilíbrio Atuarial do RPPS ............................................................................... 405
8.5.5.4 – Os impactos no cálculo das Despesas com Pessoal (LRF, art. 19) ................................................ 408
8.6 – ANÁLISE DA AVALIAÇÃO ATUARIAL 2020 DO RPPS ESTADUAL...................................................................... 410
8.6.1 – Prazo para Conclusão da Avaliação Atuarial........................................................................... 410
8.6.2 – Inadequação de dados do Relatório Resumido de Execução Orçamentária em relação aos
constantes na Avaliação Atuarial........................................................................................................ 411
8.6.3 – Análise das Projeções da Avaliação Atuarial 2020 Relativas à Transição do Regime de
Repartição Simples para o de Capitalização ....................................................................................... 414
8.6.3.1 – Análise do Fluxo Atuarial do Plano Financeiro Civil .................................................................... 416
8.6.3.2 – Análise do Fluxo Atuarial do Plano Financeiro Militar ................................................................ 417
8.6.3.3 – Análise do Fluxo Atuarial do Plano Previdenciário Civil .............................................................. 418
8.6.3.4 – Análise do Fluxo Atuarial do Plano Previdenciário Militar .......................................................... 420
8.7 – IPE SAÚDE .......................................................................................................................................... 420
8.7.1 – Controle Financeiro das Operações de Assistência à Saúde .................................................... 421

9 VINCULAÇÕES CONSTITUCIONAIS .......................................... 428


9.1 – MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO ENSINO – MDE ........................................................................... 430
9.1.1 – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação – FUNDEB .................................................................................................. 438
9.1.1.1 – Composição do Fundo ............................................................................................................... 439
9.1.1.2 – Retorno do FUNDEB .................................................................................................................. 442
9.1.1.3 – Movimentação Financeira dos Fundos ....................................................................................... 443
9.1.1.4 – Utilização dos Recursos ............................................................................................................. 445
9.1.1.5 – Remuneração dos Profissionais do Magistério ........................................................................... 446
9.1.2 – Salário-Educação ..................................................................................................................... 447
9.1.2.1 – Recurso 292 – Quota Estadual ................................................................................................... 448
9.1.2.2 – Recurso 298 – Quota Municípios ............................................................................................... 451
9.1.2.3 – Salário-Educação – Aplicação no SIAC ........................................................................................ 453
9.1.3 – Aspectos Qualitativos e Ações Governamentais na Área da Educação................................... 454
9.1.3.1 – Índices de Eficiência .................................................................................................................. 454
9.1.3.1.1 – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - IDEB ......................................................... 454
9.1.3.1.2 – Indicadores Educacionais - INEP ............................................................................................. 458
9.1.3.1.3 – Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Rio Grande do Sul - SAERS....................... 462
9.1.3.1.4 – Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes - PISA ................................................ 464
9.1.3.2 – Ações Governamentais na Área da Educação ............................................................................. 468
9.1.3.2.1 – Plano Nacional de Educação................................................................................................... 468
9.1.3.2.2 – Programas na Área Educacional ............................................................................................. 470
9.1.3.3 – Conclusão .................................................................................................................................. 473
9.1.4 – Política Salarial ........................................................................................................................ 473

8
9.2 – FINANCIAMENTO DO ENSINO SUPERIOR PÚBLICO ....................................................................................... 475
9.2.1 – Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – UERGS ............................................................ 476
9.2.1.1 – Organização e Infraestrutura Institucional ................................................................................. 478
9.2.1.1.1 - Organização e Distribuição Regional ...................................................................................... 478
9.2.1.1.2 - Infraestrutura de Pessoas: Quadro Docente e Técnico-Administrativo ................................ 482
9.2.1.1.3 - Infraestrutura Tecnológica ...................................................................................................... 483
9.2.1.1.3.1 - Rede e Conexões com a Internet.................................................................................... 483
9.2.1.1.3.2 - Educação a Distância e Videoconferências .................................................................... 484
9.2.1.2 – Políticas, Programas e Processos Organizacionais ...................................................................... 486
9.2.1.2.1 - Ensino: Graduação e Pós-Graduação ...................................................................................... 486
9.2.1.2.1.1 - Ensino de Graduação ...................................................................................................... 486
9.2.1.2.1.2 - Ensino de Pós-Graduação, Pesquisa e Produção Científica ........................................... 487
9.2.1.2.2 - Extensão Universitária ............................................................................................................ 489
9.2.1.3 – Desempenho Institucional ......................................................................................................... 489
9.3 – FOMENTO À EDUCAÇÃO E À PESQUISA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA ................................................................ 490
9.4 – FINANCIAMENTO DA SAÚDE.................................................................................................................... 491
9.4.1 – Legislação Referente às Ações e Serviços Públicos de Saúde – ASPS....................................... 491
9.4.2 – Cálculo dos Gastos em Ações e Serviços Públicos de Saúde .................................................... 492
9.4.2.1 – Aplicação Mínima em ASPS ....................................................................................................... 492
9.4.2.2 – Histórico dos Gastos em ASPS de 2004 a 2020 ........................................................................... 494
9.4.2.3 – Pandemia Covid-19.................................................................................................................... 495
9.4.2.3.1 – Introdução .............................................................................................................................. 496
9.4.2.3.2 – Recursos .................................................................................................................................. 499
9.4.2.3.3 – Aplicação................................................................................................................................. 503
9.4.2.4 – Cobertura Financeira dos Restos a Pagar ................................................................................... 511
9.4.3 – Análise das Despesas em Saúde por “Grupos de Despesas” ................................................... 512
9.4.3.1 – Grupo de Despesas “Outras Despesas Correntes” ...................................................................... 512
9.4.3.2 – Grupo de Despesas “Investimentos”.......................................................................................... 514
9.4.3.3 – Grupo de Despesas “Pessoal e Encargos Sociais” ....................................................................... 515
9.4.4 – Repasses aos Municípios ......................................................................................................... 516
9.4.5 – Repasses as Santas Casas, Hospitais Filantrópicos e Beneficentes ......................................... 519
9.4.6 – Aspectos Qualitativos na Área da Saúde ................................................................................. 521
9.4.6.1 – Quadro de Pessoal da Secretaria da Saúde ................................................................................ 521
9.4.6.2 – Planos Estadual e Anual de Saúde e Indicadores ........................................................................ 522
9.4.7 – Conclusão ................................................................................................................................ 524

10 POLÍTICAS PÚBLICAS E ATUAÇÃO GOVERNAMENTAL........... 535


10.1 – SEGURANÇA PÚBLICA .......................................................................................................................... 535
10.1.1 – Análise das Despesas em Segurança por “Grupos de Despesas” .......................................... 537
10.1.1.1 – Grupo de Despesas “Pessoal e Encargos Sociais” ..................................................................... 537
10.1.1.2 – Grupo de Despesas “Outras Despesas Correntes” .................................................................... 538
10.1.1.3 – Grupo de Despesas “Investimentos” ........................................................................................ 539
10.1.2 – Secretaria da Segurança Pública ........................................................................................... 541
10.1.2.1 – Polícia Civil .............................................................................................................................. 541
10.1.2.2 – Brigada Militar......................................................................................................................... 542
10.1.2.3 – Corpo de Bombeiros Militar..................................................................................................... 545
10.1.2.4 – Instituto Geral de Perícias – IGP............................................................................................... 547
10.1.3 – Secretaria da Administração Penitenciária ........................................................................... 549
10.1.3.1 – Superintendência dos Serviços Penitenciários – SUSEPE .......................................................... 549
10.1.3.1.1 – Sistema Prisional .................................................................................................................. 551
10.1.4 – Dados Estatísticos e Indicadores Criminais ........................................................................... 552
10.2 – TRANSPORTE...................................................................................................................................... 556
10.2.1 – Transporte Rodoviário ........................................................................................................... 562
10.2.2 – Recursos Vinculados aos antigos pedágios sob administração direta ou concedidos pelo DAER
............................................................................................................................................................ 564
10.2.3 – Empresa Gaúcha de Rodovias ............................................................................................... 565
10.2.4 – Novas Concessões Rodoviárias .............................................................................................. 566
10.2.5 – Transporte Hidroviário .......................................................................................................... 566

9
10.3 – POLÍTICA DE PUBLICIDADE E PROPAGANDA INSTITUCIONAL DO PODER EXECUTIVO ESTADUAL............................ 569
10.3.1 – Plano Anual de Publicidade e Propaganda Governamental .................................................. 570
10.3.2 – Relatório de Transparência: Constituição Estadual, art. 24, III. ............................................ 571
10.3.3 – Gastos com Publicidade e Propaganda: contratações e empenhamentos de despesa ......... 572
10.3.4 – Atuação da Secretaria de Comunicação durante a pandemia da Covid-19: ......................... 577

11 SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA E ENTIDADES


CONTROLADAS ......................................................................... 580
11.1 – ANÁLISE DO BALANÇO PATRIMONIAL COMBINADO ................................................................................... 580
11.2 – ANÁLISE DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO COMBINADO .................................................... 583
11.3 – ANÁLISE DOS INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS DAS SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA E CONTROLADAS . 584
11.4 – DESEMPENHO FINANCEIRO E OPERACIONAL DO SETOR EMPRESARIAL ........................................................... 585
11.4.1 – Banrisul.................................................................................................................................. 585
11.4.2 – Badesul .................................................................................................................................. 588
11.4.3 – Companhia Estadual de Geração e Transmissão de Energia- CEEE – GT .............................. 590
11.4.4 – Cia. Estadual de Distribuição de Energia Elétrica - CEEE – D ................................................. 592
11.4.5 – Corsan.................................................................................................................................... 594
11.4.6 – Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul – BRDE ............................................... 595

12 TRANSPARÊNCIA, CONTROLE INTERNO E SOCIAL ................. 598


12.1 – TRANSPARÊNCIA: GESTÃO FISCAL .......................................................................................................... 600
12.2 – CONTROLE INTERNO: CONTADORIA E AUDITORIA-GERAL DO ESTADO DO RS – CAGE ..................................... 603
12.2.1 Substrato constitucional e legal de atuação ............................................................................ 603
12.2.2 Estrutura Organizacional ......................................................................................................... 604
12.2.3 Estratégia Institucional ............................................................................................................ 605
12.2.4 Transparência e Controle Social: principais programas institucionais ..................................... 606
12.3 – CONSELHOS DE POLÍTICAS PÚBLICAS E CONTROLE SOCIAL........................................................................... 606
12.3.1 Conselho Estadual de Educação – CEEd ................................................................................... 607
12.3.1.1 Composição e Qualificação dos Membros do CEEd ..................................................................... 608
12.3.1.2 Estrutura física e orçamentária do CEEd ..................................................................................... 608
12.3.1.3 Atuação do CEEd ........................................................................................................................ 611
12.3.2 Conselho Estadual de Assistência Social – CEAS....................................................................... 615
12.3.2.1 Composição do CEAS e Qualificação dos Membros ..................................................................... 616
12.3.2.2 Quadro de Pessoal do CEAS ........................................................................................................ 617
12.3.2.3 Estrutura física e tecnológica do CEAS ........................................................................................ 618
12.3.2.4 Atuação do CEAS ........................................................................................................................ 618
12.3.3 Conselho Estadual de Saúde – CES ........................................................................................... 622
12.3.3.1 Composição do CES e Qualificação dos Membros ....................................................................... 625
12.3.2.2 Quadro de Pessoal do CES .......................................................................................................... 625
12.3.2.3 Estrutura física e tecnológica do CES .......................................................................................... 625
12.3.3.4 Atuação do CES .......................................................................................................................... 626

13 PONTOS DESTACADOS NO RELATÓRIO E PARECER PRÉVIO DE


2019, QUE NÃO CONSTARAM EM 2020 .................................... 629
14 PRINCIPAIS PONTOS PASSÍVEIS DE ESCLARECIMENTO ......... 643
14.1 - MATÉRIAS JÁ APONTADAS NO EXAME DAS CONTAS DO ANO ANTERIOR: .......................................................... 644
14.2 - NOVOS PONTOS PARA ESCLARECIMENTOS: ............................................................................................... 659

15 ANÁLISE DE ESCLARECIMENTOS........................................... 664


15.1 - MATÉRIAS JÁ APONTADAS NO EXAME DAS CONTAS DO ANO ANTERIOR: .......................................................... 664
15.2 - NOVOS PONTOS PARA ESCLARECIMENTOS: ............................................................................................... 708

10
16 SÍNTESE ............................................................................... 720
16.1 - O ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL E CONJUNTURA: INDICADORES E PANORAMA ECONÔMICO .......................... 720
16.1.1 – Rio Grande do Sul: principais indicadores ............................................................................ 720
16.1.1.1 – População................................................................................................................................ 720
16.1.1.2 – Indicadores Econômicos .......................................................................................................... 721
16.1.1.3 – Indicadores de Desenvolvimento ............................................................................................. 722
16.1.2 – Conjuntura Econômica em 2020........................................................................................... 722
16.1.2.1 – Desempenho da economia mundial ......................................................................................... 722
16.1.2.2 – Desempenho da economia brasileira ....................................................................................... 723
16.1.2.3 – Desempenho da economia gaúcha .......................................................................................... 726
16.2 – GESTÃO ORÇAMENTÁRIA ..................................................................................................................... 728
16.2.1 – Plano Plurianual – PPA 2020/2023 – Lei nº 15.236/2019 ..................................................... 728
16.2.2 – Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO – Lei nº 15.304/19.................................................... 730
16.2.3 – Lei Orçamentária Anual – LOA – Lei nº 15.399/2019 ............................................................ 731
16.2.3.1 – Orçamento: Alterações Orçamentárias .................................................................................... 732
16.2.3.2 – Orçamento: Previsão x Execução ............................................................................................. 733
16.2.3.3 – Orçamento: Execução da Despesa Empenhada e dos Restos a Pagar ....................................... 734
16.2.4 – Resultado Orçamentário ....................................................................................................... 735
16.2.4.1 – Resultado Orçamentário na Administração Direta, Autarquias e Fundações ............................ 735
16.2.4.2 – Resultado Orçamentário: Histórico .......................................................................................... 736
16.2.5 – Histórico das Superestimativas de Receitas .......................................................................... 737
16.3 – COMPORTAMENTO DAS RECEITAS .......................................................................................................... 739
16.3.1 –Receitas Orçamentárias ......................................................................................................... 739
16.3.2 – Receitas Tributárias ............................................................................................................... 741
16.3.2.1 – ICMS ........................................................................................................................................ 742
16.3.2.1.1 – Arrecadação de ICMS mensal ............................................................................................... 743
16.3.2.1.2 – ICMS – AMPARA/RS ............................................................................................................. 744
16.3.2.1.3 – Perdas e Compensações da Lei Kandir ................................................................................. 745
16.3.2.1.4 - Desonerações Fiscais do ICMS .............................................................................................. 746
16.3.2.1.4.1 - Isenções ........................................................................................................................ 747
16.3.2.1.4.2 – Reduções de Base de Cálculo....................................................................................... 751
16.3.2.1.4.3 – Não-Estorno do Crédito Fiscal ..................................................................................... 753
16.3.2.1.4.4 – Acúmulo de Saldo Credor ............................................................................................ 754
16.3.2.1.4.5 – Créditos Presumidos .................................................................................................... 754
16.3.2.1.4.6 - Aplicação das desonerações de Estados da mesma região ......................................... 757
16.3.2.1.4.7 - Análise de Conformidade das Desonerações Fiscais ................................................... 757
16.3.2.1.4.8.– Deficiência na apresentação de estudos de impacto orçamentário-financeiro......... 759
16.3.2.2 – Demais impostos ..................................................................................................................... 759
16.3.2.3 – Taxas ....................................................................................................................................... 760
16.3.2.4 – Administração Tributária ......................................................................................................... 760
16.3.2.4.1 – Da Atuação Fiscalizatória ..................................................................................................... 760
16.3.4.2.2 – COMPENSA RS ...................................................................................................................... 761
16.3.3 – Receitas de Contribuições...................................................................................................... 762
16.3.4 – Receitas Patrimoniais ............................................................................................................ 762
16.3.5 – Transferências Correntes e Transferências de Capital .......................................................... 763
16.3.5.1 – Recursos extraordinários enviados no contexto de Pandemia da Covid-19 .............................. 764
16.3.6 – Outras Receitas Correntes ..................................................................................................... 766
16.3.7 – Amortização de Empréstimos Concedidos ............................................................................ 767
16.3.8 – Alienação de Bens ................................................................................................................. 767
16.3.9 – Demais Receitas .................................................................................................................... 768
16.3.10 – Deduções da Receita ........................................................................................................... 768
16.3.11 – Receita Corrente Líquida ..................................................................................................... 769
16.3.11.1 – Comprometimento da RCL ..................................................................................................... 770
16.4 – COMPORTAMENTO DAS DESPESAS ......................................................................................................... 771
16.4.1 – Despesas por Poder, Grupo e Funções de Governo ............................................................... 771
16.4.2 – Despesas com Pessoal e Encargos Sociais ............................................................................. 772
16.4.3 – Despesas com Serviço da Dívida ............................................................................................ 775
16.4.4 – Outras Despesas Correntes ................................................................................................... 775

11
16.4.5 – Investimentos e Inversões Financeiras .................................................................................. 776
16.4.6 – Transferências a Entidades Sem Fins Lucrativos ................................................................... 776
16.5 – GESTÃO FISCAL .................................................................................................................................. 777
16.5.1 – Despesa com pessoal............................................................................................................. 777
16.5.2 – Disponibilidades de caixa ...................................................................................................... 780
16.5.3 – Dívida consolidada líquida..................................................................................................... 781
16.5.4 – Despesas previdenciárias ...................................................................................................... 781
16.5.5 – Resultado primário ................................................................................................................ 782
16.5.6 – Regime de recuperação fiscal ................................................................................................ 783
16.6 – GESTÃO PATRIMONIAL E FINANCEIRA ..................................................................................................... 784
16.6.1 – Ativo ...................................................................................................................................... 784
16.6.1.1 – Sistema Integrado de Administração de Caixa – SIAC ............................................................... 785
16.6.1.2 – Passivo de Remuneração ......................................................................................................... 786
16.6.1.3 – Créditos ................................................................................................................................... 786
16.6.1.4 – Ativo Não Circulante ................................................................................................................ 788
16.6.2 – Passivo ................................................................................................................................... 788
16.6.2.1 – Passivo Circulante.................................................................................................................... 788
16.6.2.2 – Depósitos Judiciais .................................................................................................................. 788
16.6.2.3 – Passivo Não Circulante ............................................................................................................ 789
16.6.2.4 – Regime Especial de Pagamentos de Precatórios....................................................................... 789
16.6.2.4.1 – Movimentação Financeira em Contas Bancárias ................................................................. 789
16.6.2.4.2 – Registros Contábeis de Precatórios e outros Débitos Judiciais ........................................... 790
16.6.3 – Gestão Financeira .................................................................................................................. 791
16.6.3.1 – Movimentação Financeira dos Recursos Vinculados ................................................................ 792
16.6.3.2 – Situação Líquida Financeira Real e Ajustada ............................................................................ 792
16.6.3.3 – Variações Patrimoniais Consolidadas ....................................................................................... 793
16.6.3.4 – Compensações – Contas de Controle ....................................................................................... 793
16.7 – GESTÃO DA DÍVIDA ............................................................................................................................. 794
16.7.1 - Dívida em Contratos ............................................................................................................... 795
16.7.2 - Retrospectiva: Evolução da Dívida ......................................................................................... 795
16.8 – GESTÃO PREVIDENCIÁRIA ..................................................................................................................... 800
16.8.1. Alterações recentes da Legislação sobre Previdência no RS ................................................... 800
16.8.2. Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul – IPE Prev ....................................... 803
16.8.2.1 Execução Orçamentária do IPE PREV .......................................................................................... 803
16.8.2.2. Plano Previdenciário: FUNDOPREV Civil e Militar ...................................................................... 805
16.8.2.3. Plano Financeiro: Regime de Repartição Simples ....................................................................... 808
16.8.3 Regime de Previdência Complementar .................................................................................... 809
16.8.4. Fato Relevante em 2020: Vigência dos efeitos das LC nº 15.429/19 e nº 15.511/20 ............. 810
16.8.4.1 – Benefício Especial .................................................................................................................... 811
16.8.4.2 – Transposição de servidores do Regime Capitalizado para o Financeiro .................................... 812
16.8.5 – Análise da Avaliação Atuarial 2020 do RPPS Estadual .......................................................... 818
16.8.5.1. – Análise do Fluxo Atuarial do Plano Financeiro Civil ................................................................. 819
16.8.5.2 – Análise do Fluxo Atuarial do Plano Financeiro Militar .............................................................. 820
16.8.5.3 – Análise do Fluxo Atuarial do Plano Previdenciário Civil ............................................................ 821
16.8.5.4 – Análise do Fluxo Atuarial do Plano Previdenciário Militar ........................................................ 822
16.8.6 – IPE Saúde ............................................................................................................................... 822
16.8.6.1 – Controle Financeiro das Operações de Assistência à Saúde ...................................................... 823
16.9 – VINCULAÇÕES CONSTITUCIONAIS ........................................................................................................... 826
16.9.1 - Educação ................................................................................................................................ 826
16.9.1.1 – Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – UERGS ............................................................. 829
16.9.2 - Saúde...................................................................................................................................... 832
16.9.2.1 - Fundo de Assistência à Saúde – do Servidor ............................................................................. 838
16.10 – POLÍTICA PÚBLICAS E ATUAÇÃO GOVERNAMENTAL .................................................................................. 839
16.10.1 – Segurança Pública ............................................................................................................... 839
16.10.2 Transportes ............................................................................................................................ 842
16.10.3 – Política de Publicidade e Propaganda Institucional do Poder Executivo Estadual .............. 843
16.10.3.1 – Relatório de Transparência: Constituição Estadual, art. 24, III. ............................................... 844
16.10.3.2 – Gastos com Publicidade e Propaganda: contratações e empenhamentos de despesa ............ 845
16.10.3.3 – Atuação da Secretaria de Comunicação durante a pandemia da Covid-19:............................. 846

12
16.11 – SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA E ENTIDADES CONTROLADAS ................................................................ 846
16.11.1 – Banrisul................................................................................................................................ 848
16.11.2 – Badesul ................................................................................................................................ 849
16.11.3 – Companhia Estadual de Geração e Transmissão de Energia- CEEE – GT ............................ 850
16.11.4 – Corsan.................................................................................................................................. 851
16.11.5 – Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul – BRDE ............................................. 852
16.12 – TRANSPARÊNCIA, CONTROLE INTERNO SOCIAL ........................................................................................ 852
16.12.1 – Transparência: Gestão Fiscal............................................................................................... 852
16.12.2 – Controle Interno: Contadoria e Auditoria-Geral do Estado do RS – CAGE ........................... 853
16.12.3 – Conselhos de Políticas Públicas e Controle Social ................................................................ 854
16.12.3.1 Conselho Estadual de Educação – CEEd..................................................................................... 855
16.12.3.2 Conselho Estadual de Assistência Social – CEAS ........................................................................ 858
16.12.3.3 Conselho Estadual de Saúde – CES ............................................................................................ 859

PARECER MPC 11955/2021 ....................................................... 861


VOTO DO CONSELHEIRO RELATOR............................................ 878
DECISÃO N. TP-0408/2021 .................................................. 965
PARECER N. 21.254 ................................................................... 982

13
Notas Metodológicas
Alteração do índice de correção monetária
Até a edição do Relatório e Parecer Prévio das Contas do Governador de
2019, todos os dados que precisavam passar por algum tipo de atualização monetária
sofriam a correção por meio da série histórica do IGP-DI (Índice Geral de Preços –
Disponibilidade Interna) calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Entretanto, a
partir da elaboração do Relatório e Parecer Prévio das Contas de 2020 será adotado o
IPCA (Índice de Preço ao Consumidor Amplo) como índice de correção monetária.
Para justificar essa alteração é importante fazer uma breve explicação de
como funcionam estes dois índices de inflação.
O IGP-DI é um indicador que possui a sua coleta de dados realizada entre o
primeiro e o último dia do mês de referência. Ele é composto pela combinação de três
outros índices: a) o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que tem peso de 60% do
índice; b) o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que tem peso de 30%; e c) o Índice
Nacional de Custo de Construção (INCC), representando 10% do IGP-DI. O IPA é o
principal indicador da evolução dos preços no setor atacadista brasileiro, e reflete o valor
adicionado na produção de bens agropecuários, industriais e em transações comerciais. O
IPC mede a variação de preços de um conjunto fixo de bens e serviços componentes de
despesas habituais de famílias com rendimentos de 1 a 33 salários-mínimos mensais. Já o
INCC é o principal indicador de custo da construção civil no Brasil.
O IPCA, por sua vez, é o atual índice oficial de inflação do Brasil. O IBGE
calcula este índice por meio de levantamento mensal, em 13 áreas urbanas do país, da
variação de preços de uma cesta de produtos e serviços consumida por famílias com
rendimentos de 1 a 40 salários-mínimos, qualquer que seja a fonte.
Portanto, constata-se que o IGP-DI capta a variação de preços dos
principais setores da atividade econômica do país, levando em conta os custos para o
produtor, consumidor e construção, enquanto que o IPCA leva em conta apenas os preços
do comércio e dos serviços, que são valores que o consumidor final paga quando faz uma
compra.
No ano de 2020 verificou-se uma grande diferença na inflação medida por
esses dois indicadores. Enquanto que o IGP-DI fechou em 23,07%, o IPCA terminou o ano
com uma variação acumulada de 4,52%. O distanciamento entre os índices, no referido
ano, é explicado pelo movimento de desvalorização da moeda brasileira, diante da
pandemia do novo coronavírus e das incertezas sobre as contas públicas.
Como a composição do IGP-DI conta com um peso maior sobre a variação
de preço ao produtor (IPA – 60%), a variação cambial acaba pesando mais sobre ele. Com
o dólar em alta, o valor de matérias-primas e insumos sobem e pressionam os custos ao
produtor. Portanto, um dos motivos para se deixar de utilizar o IGP-DI na atualização dos
valores no presente relatório é a alta volatilidade que este índice pode apresentar em
função da questão cambial.

14
Além disso, a decisão de adotar o IPCA está atrelada também a sua
utilização por diversos Entes da Federação como referência para atualização de valores. A
seguir citamos alguns exemplos:
- a Unidade Padrão Fiscal do Rio Grande do Sul (UPF-RS) que serve como
indexador para corrigir taxas e tributos cobrados pelo Estado é atualizada periodicamente
por meio do IPCA-E1;
- a Secretaria da Fazenda do Estado (SEFAZ/RS) e o Tesouro Nacional
utilizam o IPCA em seus relatórios financeiros e boletins informativos;
- o IPCA é o índice utilizado para atualizar monetariamente a dívida pública
dos estados com a União.
Além dos exemplos citados acima, o IPCA serve de referência para as metas
de inflação e é monitorado pelo Banco Central para definir a taxa básica de juros da
economia, a Selic.
Por todo o exposto, a partir do presente relatório as atualizações
monetárias passaram a utilizar como índice de referência o IPCA. Portanto, a eventual
comparação com os relatórios de anos anteriores deve levar em conta esta diferença nos
métodos de correção dos valores.

Mudança na Contabilização do Repasse dos Impostos Estaduais aos Municípios


Até a edição do Relatório e Parecer Prévio das Contas do Governador de
2019 o repasse da cota-parte municipal dos impostos estaduais era contabilizada como
despesa orçamentária do período.
Paralelamente, a arrecadação dos Impostos era contabilizada pelo bruto,
incluindo esses valores que, em seguida, eram repassados às municipalidades após
contabilizadas as respectivas despesas.
A partir do Relatório e Parecer Prévio de 2020, em função de mudanças
procedimentais do registro desse fato contábil pelo órgão central de Contabilidade do
Estado – Contadoria e Auditoria Geral do Estado –, passou-se a contabilizar a participação
dos municípios nos impostos estaduais como dedução da receita.
Essa alteração se dá em consonância às orientações propugnadas pelo
Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público – MCASP - 8ª edição, divulgado pela
Secretaria do Tesouro Nacional. Segundo o MCASP, devem ser contabilizadas como
dedução da receita, dentre outros fatos, aqueles ingressos que o Ente recolha os valores
dos contribuintes, mas cujo produto da arrecadação pertença a outro Ente. É o caso da
receita de alguns impostos estaduais, como exemplo o ICMS em que 25% da arrecadação
pertencem aos municípios.
A consequência dessa mudança de tratamento contábil seria uma aparente
dificuldade para comparação dos valores de receita arrecadada e despesa executada do
ano de 2020 em relação aos exercícios anteriores.

1
O IPCA-E é muito próximo do IPCA. A metodologia de cálculo é a mesma, a diferença é que o IPCA-E é
divulgado ao final de cada trimestre, sendo o acumulado trimestral do IPCA-15 (difere do IPCA apenas no
período de coleta que abrange, em geral, do dia 16 do mês anterior ao 15 do mês de referência e na
abrangência geográfica).

15
A fim de superar essa questão, este relatório técnico procederá aos
seguintes ajustes na evidenciação das receitas e despesas dos exercícios passados:
- Despesas Orçamentárias – deduzem-se do valor total os repasses da
arrecadação aos municípios nos exercícios anteriores a 2020;
- Receitas Arrecadadas – trataram-se as despesas com repasse dos
impostos aos municípios, no período anterior a 2020, como se dedução da receita
fossem.
Entende-se que a partir dessas adequações metodológicas torna-se
exequível a comparação entre as despesas executadas e as receitas arrecadadas, de 2020
com os anos anteriores.

16
Introdução
O Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul em cumprimento aos
procedimentos elencados nos artigos 70, 71 e 72 da Constituição Estadual, realizou o
exame sobre as Contas apresentadas pelo Exmo. Sr. Governador do Estado, Eduardo
Figueiredo Cavalheiro Leite, relativas ao exercício de 2020.
O presente relatório abrange a análise do Balanço Geral do Estado (BGE),
dos demonstrativos da gestão fiscal elaborados pela Contadoria e Auditoria-Geral do
Estado (CAGE), e dos registros do sistema de contabilidade da Secretaria da Fazenda, os
quais estiveram disponíveis aos técnicos do TCE-RS para consulta em tempo real (on-line),
durante todo o exercício. Assim, a realização desse trabalho avaliou os resultados
alcançados pela administração pública estadual, com base nos princípios constitucionais
de legalidade, legitimidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência, eficácia
e economicidade.
Com vistas a proporcionar uma formatação que possibilite melhor
entendimento das contas anuais do chefe do Poder Executivo do Estado de 2020, tendo
como foco o atendimento aos artigos 66 a 69 do Regimento deste Tribunal, o relatório foi
dividido em 12 capítulos, a saber:
1) O Estado do Rio Grande do Sul e Conjuntura: Indicadores e Panorama
Econômico: contextualiza o Rio Grande do Sul, inserindo-o em uma
conjuntura econômica mundial, nacional e regional, além de verificar a
evolução dos principais indicadores.
2) Gestão Orçamentária: identifica os instrumentos legais componentes
do sistema orçamentário: Plano Plurianual - PPA, Lei de Diretrizes
Orçamentárias - LDO e Lei Orçamentária Anual - LOA e, de forma mais
detalhada, avalia o comportamento da execução do Orçamento em
relação à previsão inicial e suas alterações, examinando os valores
empenhados, liquidados e pagos no exercício.
3) Comportamento das Receitas: o capítulo analisa de forma detalhada a
receita orçamentária do RS, em seus diversos grupos e categorias,
demonstrando a evolução dos últimos anos. Também se detalha as
desonerações fiscais concedidas pelo Estado no ano em análise.
4) Comportamento das Despesas: demonstra a despesa executada pelo
RS no ano corrente, detalhando os principais grupos, elementos e
rubricas, comparando os últimos anos com o atual.
5) Gestão Fiscal: o capítulo é dedicado à Lei de Responsabilidade Fiscal.
Ali, realiza-se a apuração dos dados a partir das regras da referida Lei,
mais especificamente aos relacionados a gastos com pessoal, restos a
pagar, disponibilidades financeiras, endividamento, garantias
concedidas, operações de crédito, alienação de ativos, resultado
primário e nominal, receitas e despesas previdenciárias e respectivas
projeções atuariais do Regime Próprio de Previdência. Avalia-se,

17
também, o alcance das situações definidas no Anexo de Metas Fiscais
da Lei de Diretrizes Orçamentárias.
6) Gestão Patrimonial e Financeira: são analisadas as demonstrações
contábeis da Administração Direta, Autarquias e Fundações, com
ênfase para os dados consolidados do Estado. Dentre eles, os ingressos
e desembolsos de recursos, o acompanhamento da administração dos
recursos do Sistema Integrado de Administração de Caixa - SIAC, as
ações de cobrança da dívida ativa, o levantamento do saldo efetivo de
créditos de longo prazo, além da avaliação dos limites de
endividamento, da dívida apurada com precatórios judiciais, da análise
das contas de controle e demais aspectos relevantes.
7) Gestão da Dívida Pública: traz todo o histórico da dívida pública do RS,
separando por contratos, bem como as renegociações ocorridas e uma
análise do cenário atual.
8) Gestão Previdenciária: aborda os regimes de previdência do Estado
(Plano financeiro, previdenciário e complementar), analisando os
valores das receitas de contribuições em cotejo com os gastos dos
benefícios.
9) Vinculações Constitucionais: é verificado o atendimento aos limites
fixados pelas Constituições Federal e Estadual para os gastos com
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino - MDE, Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização
dos Profissionais da Educação - FUNDEB, Salário-Educação,
Manutenção do Ensino Superior Comunitário e Aplicação no Fomento
ao Ensino e à Pesquisa Científica e Tecnológica e Aplicação em Ações e
Serviços Públicos de Saúde - ASPS.
10) Políticas Públicas e Atuação Governamental: analisa a comprovação da
aplicação dos recursos no atendimento ao interesse público, mediante
a atuação do governo nas áreas de segurança pública, infraestrutura e
obras e propaganda e publicidade.
11) Sociedades de Economia Mista e Entidades Controladas: as sociedades
são tratadas com uma abordagem que visa trazer informações mais
abrangentes, tendo por objeto as respectivas análises consolidadas do
Balanço Patrimonial e do Resultado do Exercício. Nessa linha, são
apresentados os dados referentes principalmente às seguintes
empresas: Banco do Estado do Rio Grande do Sul - Banrisul, Badesul
Desenvolvimento S.A. – Agência de Fomento/RS, Conglomerado da
Companhia Estadual de Energia Elétrica – CEEE, Companhia
Riograndense de Saneamento – Corsan e Banco Regional de
Desenvolvimento do Extremo Sul – BRDE.
12) Transparência, Controle Interno e Social: o último capítulo trata da
transparência e controle interno e social, analisando a estrutura, os
processos e o substrato normativo regulamentador para evidenciar
aspectos limitadores que se impõem ao funcionamento e aos bons
resultados das ações de governo, a fim de subsidiar o chefe do Poder

18
Executivo e demais gestores para a tomada de decisão orientada para o
aperfeiçoamento da Administração.
A partir da análise detalhada desses grupos, na sequência são relacionados
os pontos destacados no Relatório e Parecer Prévio de 2019 que permanecem, e os novos
pontos passíveis de esclarecimento, os quais, no entendimento da equipe técnica, podem
vir a ser considerados como irregularidades, impropriedades ou inconsistências.
Após a análise dos esclarecimentos, apresenta-se a Síntese do Exame das
Contas, ou seja, um resumo dos assuntos tratados ao longo do presente relatório.
Antes de adentrar na apresentação dos capítulos descritos acima, é
importante contextualizar alguns fatos relevantes ocorridos no ano de 2020 que afetaram
decisivamente o Exame das Contas do Governador.

Pandemia da Covid-19
O ano de 2020 vai ficar marcado na história da humanidade pela pandemia
da Covid-19. Provavelmente, desde a Segunda Guerra Mundial nenhum evento causou
tantos impactos na vida das pessoas de forma tão generalizada. A necessidade de
distanciamento social para diminuir a propagação do vírus, e assim não sobrecarregar os
sistemas de saúde nacionais, fez com que praticamente todos os indivíduos fossem
afetados direta ou indiretamente pela nova realidade que se instalou ao redor do planeta
a partir do início de 2020. No Estado do Rio Grande do Sul este cenário não foi diferente.
Os primeiros relatos sobre esta doença aconteceram no final de 2019,
quando o escritório da Organização Mundial de Saúde na China foi informado sobre casos
de pneumonia de causa desconhecida, detectada na cidade de Wuhan, na província de
Hubei. Pouco tempo depois descobriu-se que essa doença se tratava de um novo tipo de
coronavírus2, que levou o nome de SARS-Cov-2.
No Brasil, o primeiro caso confirmado de Covid-19 foi em 26/02/2020 de
um homem que havia viajado à Itália no começo do mês. O país europeu foi um dos
primeiros focos de disseminação da doença fora de seu país de origem, a China.
Em 10 de março de 2020 foi confirmado o primeiro caso no Estado do RS.
O paciente era um morador de Campo Bom que também havia viajado pela Itália. Dois
dias depois, em 12 de março, o Brasil registraria o primeiro óbito em decorrência da
Covid-19.
Neste cenário de propagação da doença em níveis alarmantes, a
Organização Mundial da Saúde declarou oficialmente uma pandemia de coronavírus. Para
tentar conter o rápido alastramento do vírus diversos países do mundo adotam medidas
para restringir a circulação de pessoas.
Em 19 de março, o governo do Estado do RS decretou estado de
calamidade para tentar conter a pandemia. Em 25 de março foi anunciada a primeira
morte por Covid-19 no Estado. Uma mulher de 91 anos, em Porto Alegre.
Em 9 de maio o governo do Rio Grande do Sul anunciou o decreto de
distanciamento social controlado em função da pandemia. O sistema de distanciamento

2
Família de vírus que causam infecções respiratórias. O vírus tem esse nome porque seu formato, quando
observado em microscópio, se assemelha a uma coroa.

19
criado classificava as regiões por cores conforme o grau de risco e atribuía regras
específicas a cada uma.
Em 14 de julho de 2020, o Rio Grande do Sul ultrapassou a marca de mil
mortes causadas pelo novo coronavírus. Menos de 3 meses depois, em 7 de outubro já
era ultrapassada a marca de 5 mil óbitos decorrentes da Covid-19. Enquanto isso, nesta
mesma época o mundo registrava mais de 1 milhão de mortos desde o início da
pandemia.
A boa notícia é que, em dezembro de 2020, o Reino Unido se tornou o
primeiro país a iniciar uma campanha de vacinação em massa. Por outro, neste mesmo
período, o Brasil, e por consequência o RS, não tinha ainda uma previsão para o início de
um processo de imunização e ao mesmo tempo via o número de pacientes com Covid-19
internados em UTIs baterem recordes.
Para ilustrar a magnitude da tragédia social provocada pelo novo
coronavírus, na sequência são apresentados alguns números da evolução da doença ao
longo do ano de 2020 no Estado do Rio Grande do Sul. Inicialmente, o gráfico abaixo
apresenta quantidade mensal de novos casos confirmados.

QUANTIDADE MENSAL DE NOVOS CASOS DE COVID-19


140.000 127.616
120.000

100.000

80.000 74.482
64.759
59.121 57.004
60.000
39.751
40.000
17.609
20.000 7.866
274 1.192
-
mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Fonte: Balanço oficial dos casos segundo o Ministério da Saúde

Os resultados demonstrados acima evidenciam que até a metade do ano o


número de novos casos conseguiu se manter abaixo de 20 mil por mês. A partir do
segundo semestre o número de infectados aumentou de forma consistente, a ponto de o
mês de dezembro apresentar mais de 100 vezes mais diagnosticados com Covid-19 do
que o verificado em abril, quando a pandemia ainda estava sob controle.
Do ponto de vista do número de óbitos decorrentes do novo coronavírus
percebe-se, no gráfico a seguir, que a evolução ao longo do ano seguiu um
comportamento similar ao do número de novos casos.

20
QUANTIDADE MENSAL DE NOVOS ÓBITOS DECORRENTES DE COVID-19
2.500
2.059
2.000
1.559
1.500 1.347
1.262
1.015 1.016
1.000

500 390
173
4 47
-
mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Fonte: Balanço oficial dos casos segundo o Ministério da Saúde

A evolução dos óbitos apresentou um ápice em agosto de 2020 e caiu nos


meses seguintes até o mês de novembro. Entretanto, em dezembro o número de mortes
voltou a subir de forma rápida, atingindo o maior valor de todo o ano.
Na comparação do acumulado de casos confirmados e óbitos durante o
ano de 2020 com outros Estados do Brasil, verifica-se que, em termos relativos
populacionais, o desempenho do RS foi melhor do que a média geral, especialmente no
quesito da mortalidade.

NOVOS CASOS E ÓBITOS POR 100 MIL HAB. – COMPARAÇÃO ENTRE ESTADOS

RR 10.883 RJ 147
DF 8.239 DF 139
AP 7.914 MT 126
SC 6.792 AM 126
ES 6.108 ES 125
TO 5.682 RR 124
RO 5.329 CE 109
MT 5.088 AP 107
SE 4.852 SE 107
AM 4.777 RO 101
MS 4.761
SP 101
AC 4.653
PE 100
PI 4.348
GO 96
GO 4.342
BRASIL 92
PB 4.122
PB 91
AC 89
RS 3.937 PI 86
CE 3.647 RN 85
BRASIL 3.625 MS 83
PR 3.617 PA 83
PA 3.378 RS 78
RN 3.341 TO 78
BA 3.305 AL 74
SP 3.159 SC 72
AL 3.127 PR 69
MA 2.824 MA 63
MG 2.550 BA 61
RJ 2.503 MG 56
PE 2.310
-25 25 75 125 175
- 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 12.000
Fonte: Balanço oficial dos casos segundo o Ministério da Saúde

21
Os dados acima mostram que para cada 100 mil habitantes, 3.937 pessoas
foram infectadas no RS durante o ano de 2020, enquanto que no Brasil a média foi um
pouco menor, 3.625 pessoas. Já com relação ao total de mortes por Covid-19 verifica-se
que o RS apresentou 78 óbitos para cada 100 mil habitantes, resultado
comparativamente melhor do que o observado na média do Brasil para o ano de 2020.
Outra característica que o novo coronavírus apresentou foi a sua maior
letalidade para aquelas pessoas de faixas etárias mais altas. O gráfico a seguir ilustra
perfeitamente esta situação para o caso do RS. As barras em vermelho no gráfico
apresentam o percentual de pessoas por faixa etária sobre o total de casos verificados ao
longo do ano. Da mesma forma, as barras em azul apresentam a participação percentual
dos óbitos por faixa etária sobre o total de mortes por Covid-19 no ano de 2020 no Rio
Grande do Sul.

PARTICIPAÇÃO % DE CADA FAIXA ETÁRIA NO TOTAL DE CASOS E NO TOTAL DE ÓBITOS ASSOCIADOS À COVID-19
35,0%
30,0%
25,0%
20,0%
15,0%
10,0%
5,0%
0,0%
<1 01 a 04 05 a 09 10 a 14 15 a 19 20 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 59 60 a 69 70 a 79 80 e
mais

% em relação ao total de óbitos % em relação ao total de casos

Fonte: Painel Coronavírus RS – Secretaria da Saúde do Estado do Rio Grande do Sul

Por meio do gráfico acima é possível constatar que a maior quantidade de


casos está concentrada na faixa etária dos 20 aos 50 anos de idade. Por outro, a grande
maioria de mortes por Covid-19 no Estado do RS se concentra nas pessoas com idades
superiores a 60 anos. Em outras palavras, mais de 80% do total de mortes decorrentes do
novo coronavírus, no ano de 2020, estão associadas a pessoas que tinham mais de 60
anos.
Os resultados reportados acima se refletem na taxa de letalidade verificada
por faixa etária. O gráfico a seguir ilustra esses resultados.

22
TAXA DE LETALIDADE DA COVID-19 POR FAIXA ETÁRIA
25,00% 23,17%

20,00%

15,00% 11,78%
10,00%
4,59%
5,00% 1,86%
0,50% 1,37%
0,12%
0,00%
1

0 a 39 40 a 49 50 a 59 60 a 69 70 a 79 80 e mais Total Geral

Fonte: Painel Coronavírus RS – Secretaria da Saúde do Estado do Rio Grande do Sul

Pelos dados apresentados acima se observa que a taxa de letalidade geral


do Estado do Rio Grande do Sul, independente da faixa etária, foi de 1,86%, isto significa
que para cada 10.000 pessoas infectadas no Estado, 186 foram a óbito. Já quando se
verifica a letalidade para a faixa acima dos 80 anos constata-se que para cada 10.000
infectados neste grupo de pessoas, 2.317 morreram em média ao longo de 2020.
Neste contexto, praticamente todos os tópicos a serem analisados ao longo
do presente Parecer Prévio serão afetados pela pandemia do novo coronavírus. Desde os
gastos extraordinários em saúde, passando pela queda de arrecadação decorrente da
quase paralisação da economia, todas as análises a serem efetuadas serão feitas tendo
em conta o evento excepcional que ocorreu durante boa parte do ano de 2020.

Eventos que Afetaram o Fluxo de Caixa do Estado


Outro fato marcante de 2020, mas restrito ao RS, foram as transformações
que alteraram o cenário do fluxo de caixa no Estado. As principais causas desta mudança
estão resumidas na sequência.
Devido à crise de saúde pública decorrente da pandemia da Covid-19, o
governo federal repassou maciçamente recursos para combate à pandemia, propiciando
o ingresso de receitas extraordinárias no Estado.
Esses recursos foram transferidos a fim de se alcançar dois objetivos, o
primeiro para atender à saúde e à assistência social no combate ao vírus e o segundo para
suprir a queda de receita devido à diminuição da atividade econômica na pandemia.

INGRESSOS EXTRAORDINÁRIOS – COVID


Em R$ nominais
DETALHAMENTO TOTAL
RECURSOS LIVRES 2.071,4
Recomposição arrecadação (LC 173/20, art. 5º, II) 1.945,4
Reposição FPE (Lei 14.0418/20) 126,0
RECURSOS VINCULADOS 826,2
Gastos com saúde e assistência social (LC 173/20, art. 5º, I) 259,0
Gastos com saúde – repasse Covid Portarias SUS 567,2

23
TOTAL 2.897,6
Fonte: Sistema Finanças Públicas Estadual - FPE e Cubo DW Sefaz RS
Cálculos: Equipe SAIPAG/SAICE

Ressalta-se a importância destes ingressos, frente ao forte impacto na


economia e nos gastos em saúde pública, gerados pela pandemia. Ao passo que os
recursos vinculados auxiliaram a manutenção do atendimento em saúde pelo Estado, os
recursos livres compensaram uma queda na arrecadação, que seria sentida em 2020.
Analisando a arrecadação (ICMS, IPVA e ITBI) orçada com a realizada no
ano de 2020, percebe-se o impacto do valor recebido em razão da LC nº 173/2020, como
recursos livres:

ARRECADAÇÃO NA PANDEMIA – CENÁRIO COM E SEM AJUDA DA UNIÃO (LC Nº 173/20 – RECURSOS LIVRES)

29.990,0

24.990,0
25.653,6
23.896,3 23.727,7 23.896,3
19.990,0

14.990,0

9.990,0

4.990,0
-0,7% 7,4%
(10,0)
Sem repasse LC nº 173/20 Com repasse LC nº 173/20

Previsão orçamentária Arrecadação 2020 Variação

Fonte: Sistema Finanças Públicas Estadual - FPE e Cubo DW Sefaz RS


Cálculos: Equipe SAIPAG/SAICE

Assim, a partir da análise das transferências federais decorrentes da


pandemia do Covid-19, seja para suprir a queda de arrecadação, seja para auxílio na
saúde e assistência social, concluiu-se que o Estado recebeu um total de R$ 2,90 bilhões
no exercício de 2020, possibilitando um acréscimo financeiro de receitas e contribuindo
para a redução da dívida do Caixa Único.
De outra parte, em 29-12-2020 foi sancionada a Lei Complementar
nº 176/2020, que garantiu repasses federais para compensar as perdas de arrecadação
com a Lei Kandir.
Para o recebimento dos recursos, a Lei determinou a assinatura de um
termo de renúncia de direitos de ação contra a União quanto ao tema, o que foi realizado
pelo Rio Grande do Sul. O Estado publicou, em 29-12-2020, a Lei nº 15.577/2020,
autorizando o Poder Executivo a dar quitação quanto aos valores devidos vencidos e
vincendos da Lei Kandir mediante o novo regramento.

24
Assim, foram recebidos pelo Rio Grande do Sul, em 31-12-2020, R$ 276,0
milhões decorrentes da parcela de 2020 da compensação da Lei Kandir. No mesmo dia o
referido recurso foi transferido ao SIAC.
Paralelo a isso, o Estado seguiu amparado, como nos anos anteriores, por
liminar junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para não pagar a dívida com a União,
possibilitando alívio nos Cofres Públicos. As parcelas mensais são de aproximadamente
R$ 289,1 milhões, o que representou uma economia de R$ 3,47 bilhões no ano.
As situações descritas acima ocorreram alheias a iniciativas diretas do
governo Estadual. Quanto às ações promovidas pelo Estado em 2020 para ajustar seu
fluxo de caixa, importante referir as mudanças previdenciárias ocorridas. Nos anos de
2019 e 2020 duas leis aprovadas na Assembleia Legislativa modificaram algumas regras
na Previdência dos Servidores Civis do Estado do Rio Grande do Sul. Essas mudanças
provocaram impactos no fluxo de caixa do Estado, conforme se discorre na sequência.
Trata-se da Lei nº 15.429/2019, que, entre outras disposições, modificou os valores a
serem descontados de servidores ativos e inativos a título de contribuição previdenciária,
e da Lei nº 15.511/2020, que entre outros temas promoveu a reestruturação do
FUNDOPREV Civil com migração de servidores deste para o Plano Financeiro.
A partir da mudança nas alíquotas ao final de 2019, o efeito no caixa do
Estado foi sentido a partir de abril/2020, quais sejam: aumento da receita de contribuição
previdenciária dos servidores no fundo financeiro devido à elevação das alíquotas;
menores aportes para pagamento de aposentadorias e pensões no fundo financeiro.
Quanto à reestruturação do FUNDOPREV Civil, os efeitos no caixa foram
sentidos a partir de setembro/2020, sendo eles: aumento da receita de contribuição
previdenciária dos servidores no fundo financeiro devido à migração de
aproximadamente 17 mil vínculos; menores aportes para pagamento de aposentadorias e
pensões no fundo financeiro pelo ingresso das contribuições citadas no item acima;
menor desembolso de contribuição previdenciária patronal ao FUNDOPREV pela
migração de aproximadamente 17 mil vínculos.
A síntese dos efeitos descritos acima é resumida na próxima tabela, que
indica os impactos nas saídas de caixa decorrentes das mudanças de regras
previdenciárias por meio da soma das despesas com a contribuição previdenciária
patronal ao fundo financeiro, com as despesas para a cobertura do déficit no regime de
repartição simples. Ambas se referem apenas aos servidores civis, uma vez que, para os
militares, a mudança foi aprovada apenas em 2021, não tendo impactos no ano em
análise.

IMPACTOS DAS LEIS PREVIDENCIÁRIAS NO CAIXA DO ESTADO


Em R$ milhões (nominais)
RUBRICA 2019 2020 VARIAÇÃO (D = C – A)

(A) Contribuição Patronal Fundo Financeiro* 2.392,2 3.503,0 1.110,8


(B) Aportes do Tesouro Cobertura Déficit* 9.411,6 7.558,7 (1.852,9)
(A+B)Desembolsos Estado Pagamento Proventos* 11.803,8 11.061,7 (742,1)
Fonte: Cubos DW/SEFAZRS.
* Servidores Civis

25
Sendo assim, ocorreu uma redução na ordem de R$ 742,1 milhões nas
saídas de caixa para honrar benefícios previdenciários, no fundo financeiro, comparando
os anos de 2020 (já com as mudanças legislativas expostas nesse tópico) e 2019 (regras
anteriores).
Em relação à contenção de gastos, em janeiro de 2020, o Poder Executivo
publicou quatro decretos3 objetivando reduzir os gastos com custeio contingenciáveis,
bem como as despesas com pessoal. Essa prática já vem sendo utilizada desde o governo
anterior (2015 a 2018), sendo também utilizada no primeiro ano do atual governo (2019).

OUTRAS DESPESAS CORRENTES (CUSTEIO) – VALORES PAGOS


Em R$ milhões (nominais)
GRUPO 2019 2020 VARIAÇÃO

PODER EXECUTIVO 10.113,2 11.323,9 1.210,7


Secretaria da Saúde 3.420,1 4.652,1 1.232,0
Demais Poder Executivo 6.693,1 6.671,8 (21,3)
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA 56,9 45,9 (11,0)
TRIBUNAL CONTAS DO ESTADO 29,3 25,2 (4,1)
TRIBUNAL DE JUSTICA 533,0 497,7 (35,4)
JUSTICA MILITAR DO ESTADO 3,4 2,8 (0,5)
MINISTERIO PUBLICO 127,6 116,5 (11,1)
DEFENSORIA PUBLICA ESTADO 53,6 56,8 3,2
TOTAL DESPESA PAGA 10.917,0 12.068,8 1.151,8
Fonte: Sistema Finanças Públicas Estadual - FPE
Cálculos: Equipe SAIPAG/SAICE

Observa-se uma redução do custeio em todos os órgãos do Estado, as


exceções da Defensoria Pública (aumento de R$ 3,2 milhões) e do Poder Executivo, que,
conforme demonstrado na tabela, sofreu forte influência da Secretaria da Saúde, órgão
que teve um aumento no custeio de R$ 1,23 bilhão, explicado pela pandemia causada
pela Covid-19 durante o ano, forçando o Estado a aplicar recursos na saúde pública.
Outro fator que contribuiu na redução dos gastos foi um acordo entre os
chefes de poderes para ajudar o Estado no combate à pandemia da Covid-19. Foi
assinado um documento com o compromisso de contingenciar R$ 205,0 milhões em
2020. A Assembleia Legislativa comprometeu-se a devolver valores de seu orçamento (o
valor não está considerado no referido anteriormente).
Em consulta ao sistema de Finanças Públicas Estaduais (FPE), verificou-se o
seguinte contingenciamento já efetuado pelos poderes, bem como a devolução da
Assembleia Legislativa, valores que auxiliaram o Tesouro Estadual na reorganização do
fluxo de caixa do Estado.

3
Decretos Estaduais nº 54.981/2020; 54.982/2020; 54.983/2020 e 54.984/2020.

26
CONTINGENCIAMENTO EFETUADO PELOS PODERES - 2020
Em R$ milhões
RUBRICAS (CUSTEIO) REDUÇÃO (20/19)
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO 22,2
TRIBUNAL DE JUSTIÇA 120,1
JUSTIÇA MILITAR DO ESTADO 1,2
MINISTÉRIO PÚBLICO 44,7
DEFENSORIA PÚBLICA 15,7
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA* 43,8
TOTAL 247,7
Fonte: Sistema Finanças Públicas Estadual – FPE
Cálculos: Equipe SAIPAG/SAICE
*Transferência de numerário, conforme consulta ao sistema FPE.

Também ocorreram diminuições em algumas despesas do Estado, devido


ao atendimento remoto dos órgãos públicos em consequência da crise de saúde pública.
Despesas de custeio (diárias, energias, etc.) tiveram uma redução significativa no ano.
Ademais, em janeiro de 2020, a Assembleia Legislativa aprovou uma série
de preposições, chamadas de Reforma Estruturante pelo Poder Executivo. O objetivo das
medidas foi congelar o chamado “crescimento vegetativo” da folha salarial dos
servidores. Mesmo sem reajustes aos servidores, a folha crescia uma média de 3% ao
ano, em razão de vantagens temporais (triênios e avanços, por exemplo). A Reforma
Administrativa pôs fim a estes adicionais, estabilizando as despesas com a folha de
pagamento. Soma-se à reforma o fato de o Estado não ter reposto as aposentadorias em
número igual às vacâncias.

DESPESAS COM PESSOAL E ENCARGOS SOCIAIS – VALORES EMPENHADOS - 2020


Em R$ milhões (nominais)
ÓRGÃO VALOR ORÇADO VALOR EXECUTADO VARIAÇÃO

PODER EXECUTIVO 25.382,8 25.625,6 242,8


ASSEMBLEIA LEGISLATIVA 563,0 447,8 (115,2)
TRIBUNAL CONTAS DO ESTADO 549,8 480,5 (69,2)
TRIBUNAL DE JUSTICA 2.860,3 2.694,6 (165,7)
JUSTICA MILITAR DO ESTADO 27,1 30,8 3,7
MINISTERIO PUBLICO 1.010,0 891,7 (118,2)
DEFENSORIA PUBLICA ESTADO 335,1 315,8 (19,3)
TOTAL DESPESA COM PESSOAL 30.728,2 30.486,9 (241,2)
Fonte: Sistema Finanças Públicas Estadual – FPE
Cálculos: Equipe SAIPAG/SAICE

Invertendo uma tendência de crescimento histórico, as despesas com


pessoal e encargos sociais do Estado foram menores do que os valores originalmente
orçados. Além da reforma administrativa e da não reposição de servidores aposentados,
deve-se levar em conta a determinação do Governo Federal, por meio da publicação da
Lei Complementar nº 173/2020, de suspender diversos pagamentos de adicionais,

27
promoções, etc., contribuiu para a diminuição da despesa de pessoal no Estado, ajudando
o fluxo de caixa.
Neste cenário, em que diversos eventos impactaram o fluxo de caixa, em
novembro de 2020, após quase cinco anos, o Estado efetuou o pagamento da folha
salarial dos servidores do Poder Executivo em dia, sem a necessidade de parcelamentos,
não ocorrendo atrasos a partir de então.
Portanto, um conjunto de fatores ocorridos durante o exercício de 2020,
alguns decorrentes da atuação do Governo Estadual e outros alheios à atividade do
Executivo ocasionaram uma transformação no fluxo de caixa. Entretanto, considerando
que boa parte destes fatos se deu de forma extraordinária, não é possível afirmar que
está ocorrendo uma tendência de redução sustentada da dívida do SIAC.
Todos estes pontos serão devidamente detalhados ao longo do presente
Parecer Prévio das Contas do Governador no ano de 2020.

28
1 O ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
E CONJUNTURA: INDICADORES E
PANORAMA ECONÔMICO
Neste capítulo será apresentada uma breve contextualização da conjuntura
econômica em que se inseriu o Estado do Rio Grande do Sul no ano de 2020, bem como a
evolução de alguns de seus principais indicadores.

1.1 – Rio Grande do Sul: principais indicadores


O presente tópico busca apresentar algumas características gerais do
Estado do Rio Grande do Sul com vistas a contextualizar este Ente da Federação que será
objeto de análises nos próximos capítulos do presente Relatório e Parecer Prévio de
Contas.

1.1.1 – População
Conforme dados das estimativas da população realizadas pelo IBGE, a
população do Rio Grande do Sul, ao final de 2020 foi de 11.422.973 habitantes, sendo
este total composto por 51,3% mulheres e 48,7% homens, aproximadamente. Em
comparação com os demais Estados do Brasil, o RS ocupa o sexto lugar entre os mais
populosos. Em termos de densidade demográfica, com base no último censo elaborado
pelo IBGE em 2010 o RS é o 13º Estado, com 37,96 hab./km2.
No quesito crescimento populacional o Rio Grande do Sul tem apresentado
taxas anuais abaixo das verificadas pelo Brasil4. Este resultado pode ser verificado no
gráfico a seguir onde são destacadas as taxas de crescimento populacional das últimas
décadas.

4
De acordo com o Atlas Socioeconômico do Rio Grande do Sul este menor crescimento pode ser
explicado em parte pelos movimentos migratórios e a queda na taxa fecundidade da população gaúcha.

30
TAXA DE CRESCIMENTO ANUAL DA POPULAÇÃO DO RS

3
2,51
2,5

2 1,77
1,63 1,61
1,5 1,28 1,21 1,18
1 0,83
0,49 0,46
0,5

0
1970-1980 1980-1991 1991-2000 2000-2010 2010-2020
Brasil RS
Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Outro aspecto relevante na análise da população do RS é a taxa de


urbanização. De acordo com o Censo do IBGE de 2010, 85% das pessoas viviam em áreas
urbanas enquanto que os demais 15% vivem em áreas rurais. O gráfico a seguir ilustra a
evolução do processo de urbanização no Estado.

EVOLUÇÃO DO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO DA POPULAÇÃO DO RS


10
Milhões

0
1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010
Rural Urbana
Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Sob outro prisma, a análise da pirâmide de faixa etária da população do Rio


Grande do Sul demonstra uma inversão da concentração populacional ao longo das
últimas décadas, conforme se verifica nos gráficos a seguir.

31
PIRÂMIDE ETÁRIA DA POPULAÇÃO DO RS NOS ANOS DE 1980, 2000 E 2020 (EM MILHARES DE PESSOAS)
80 + 80 +
70-74 70-74
1980 2000
60-64 60-64
50-54 50-54
40-44 40-44
30-34 30-34
20-24 20-24
10-14 10-14
0-4 0-4
600 400 200 0 200 400 600 600 200 200 600
homens mulheres homens mulheres

80 +
70-74 2020
60-64
50-54
40-44
30-34
20-24
10-14
0-4
600 400 200 0 200 400 600
homens mulheres

Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Os resultados apresentados nos gráficos acima demonstram uma elevação


acentuada na concentração populacional naquelas faixas de idade mais altas. Este novo
cenário impacta em especial a questão previdenciária, a qual será tratada em capítulo
específico deste relatório.

1.1.2 – Indicadores Econômicos


De acordo com o último dado oficial divulgado pelo IBGE, o PIB do RS no
ano de 2018 foi de R$ 457 bilhões, o que representa o 4º maior entre os Estados
brasileiros, atrás apenas de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Em termos
percentuais o PIB do RS em 2018 representou 6,5% do PIB nacional.
Em termos de Valor Adicionado verifica-se, na análise da participação das
principais atividades econômicas, que o Estado do RS possui uma distribuição percentual
similar à observada no Brasil como um todo. Entretanto, conforme a tabela a seguir, é
possível constatar que a economia gaúcha apresenta um enfoque maior na agropecuária
do que o agregado no Brasil, em especial no subgrupo associado especificamente à
agricultura.

32
PARTICIPAÇÃO NO VAB POR SETOR DE ATIVIDADE NO EXERCÍCIO DE 2018
Participação no valor adicionado bruto (%)
Atividades
Brasil Rio Grande do Sul
Agropecuária 5,2 9,0
Agricultura, inclusive apoio à agricultura e a pós-colheita 3,5 6,7
Pecuária, inclusive apoio à Pecuária 1,2 1,7
Produção florestal, pesca e aquicultura 0,5 0,5
Indústria 21,8 22,4
Indústrias extrativas 2,7 0,1
Indústrias de transformação 12,3 16,2
Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e 2,9 2,3
descontaminação
Construção 4,0 3,8
Serviços 73,0 68,6
Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas 13,0 14,5
Transporte, armazenagem e correio 4,4 3,8
Alojamento e alimentação 2,4 1,9
Informação e comunicação 3,4 2,6
Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados 7,0 5,5
Atividades imobiliárias 9,8 8,8
Atividades profissionais, científicas e técnicas, administrativas e serviços 7,9 7,9
complementares
Administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social 17,4 14,5
Educação e saúde privadas 4,5 6,6
Artes, cultura, esporte e recreação e outras atividades de serviços 1,8 1,4
Serviços domésticos 1,2 1,2
Total 100,0 100,0
Fonte: IBGE – Contas Nacionais

Por outro lado, a análise da evolução da composição do Valor Adicionado


por setor no RS mostra um crescimento na participação do setor de Serviços em
detrimento do setor Industrial, enquanto que a Agropecuária manteve-se praticamente
no mesmo patamar. Esta evolução está representada no próximo gráfico.

EVOLUÇÃO DA PARTICIPAÇÃO DOS PRINCIPAIS SETORES NO VALOR ADICIONADO DO ESTADO (%)


100%

63,7 64,5 66,7 65,7 67,3 67,4 66,8 68,5 68,6


50%

27,9 27,1 26,6 24,2 23,4 23,2 23,0 22,4 22,4


10,0 9,3 9,4 10,2 9,2 9,0
0% 8,3 8,3 6,6
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Agropecuária Indústria Serviços


Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

33
Esta distribuição da economia gaúcha produzirá efeitos nas receitas do
Estado, em especial na forma de arrecadação de tributos, conforme será destacado mais
adiante no presente relatório.

1.1.3 – Indicadores de Desenvolvimento


Uma das principais formas de avaliar os indicadores sociais de uma região é
por meio de índices que combinem diferentes fatores que afetem o desenvolvimento
socioeconômico. Dentre estes, pode-se destacar o IDESE (Índice de Desenvolvimento
Socioeconômico) e o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). O IDESE é um índice
sintético resultado da agregação de 12 indicadores divididos em três blocos: Educação,
Renda e Saúde. Considera-se a classificação do índice em alto (acima de 0,800), médio
(entre 0,500 e 0,799) e baixo (menor de 0,499). O gráfico a seguir mostra como tem
evoluído o IDESE no Estado do RS.

EVOLUÇÃO DAS NOTAS DO IDESE E POR BLOCO NO ESTADO DO RS

0,83
0,82
0,82
0,82
0,81
0,81

0,77
0,76
0,75
0,75

0,75
0,75
0,74
0,74

0,74
0,74

0,74
0,74

0,73

0,73
0,71
0,70
0,70
0,68

2013 2014 2015 2016 2017 2018

Bloco Renda Bloco Saúde Bloco Educação Idese

Fonte: Departamento de Economia e Estatística (DEE)/ SEPLAG-RS

Percebe-se nos resultados que o Bloco da Saúde tem apresentado uma


nota satisfatória, enquanto que os blocos Renda e Educação estão apenas com notas
intermediárias.
Em termos de distribuição geográfica, percebe-se nas imagens abaixo que
a metade norte do Estado apresenta melhor desempenho para o indicador geral e para os
blocos específicos de avaliação.

34
MAPAS DO IDESE E DOS BLOCOS DE AVALIAÇÃO

IDESE BLOCO
EDUCAÇÃO

BLOCO BLOCO
RENDA SAÚDE

Fonte: Departamento de Economia e Estatística (DEE)/ SEPLAG-RS

Já o IDH é um índice utilizado pelo Programa das Nações Unidas pelo


Desenvolvimento (PNUD) e ajuda a classificar os países e os Estados pelo seu grau de
desenvolvimento humano. Tal indicador é composto pelas seguintes dimensões: renda,
saúde/longevidade e educação. Considera-se a classificação do índice em muito alto
(acima de 0,800), alto (entre 0,700 e 0,799), médio (entre 0,600 e 0,699), baixo (entre
0,500 e 0,599) e muito baixo (abaixo de 0,499).
O IDH medido para o RS em 2010 foi de 0,746, considerado alto e que o
coloca na sexta colocação entre os Estados brasileiros. Para este mesmo ano de 2010 o
IDH do Brasil foi de 0,726.
Outro indicador que serve para mensurar o desenvolvimento social está
relacionado à expectativa de vida ao nascer. Neste aspecto o RS apresenta um dos
melhores resultados do país e que tem se mantido acima da média nacional ao longo do
tempo. Para o ano de 2019 a expectativa de vida para pessoas nascidas no Rio Grande do
Sul era de 78,5 anos. O gráfico a seguir apresenta a evolução da expectativa de vida nos
últimos 30 anos.

35
EXPECTATIVA DE VIDA AO NASCER
90
73,22 73,94 75,38 76,6 78,5
80
68,73 68,61
70 64,73
60
50
40
30
20
10
0
1991 2000 2010 2019

Brasil RS

Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Outro indicador relevante para mensurar a qualidade do desenvolvimento


social, em especial dos serviços de saúde, é o coeficiente de mortalidade infantil. De
acordo com o Atlas Socioeconômico do Rio Grande do Sul tal indicador reflete a
“qualidade dos cuidados pré e pós-natal das crianças, além de demonstrar a eficácia das
políticas públicas em relação às ações de prevenção com a saúde materna”. No caso do
RS este coeficiente tem caído nos últimos anos, sendo que no ano de 2018 o resultado
obtido foi o quarto menor entre os Estados brasileiros. Na tabela a seguir pode-se
verificar que o desempenho do RS tem sido melhor que a média nacional para este
indicador.

COEFICIENTE DE MORTALIDADE INFANTIL (ÓBITOS/1000 NASCIDOS VIVOS)


50 44,68

40
30,57
30
22,53
20 16,71 16,7
12,38 12,4
9,79
10

0
1991 2000 2010 2018

Brasil RS

Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

No quesito educação a taxa de analfabetismo é uma variável fundamental


para avaliar o desenvolvimento social, pois representa a falta de uma capacidade
limitadora do progresso individual. A análise deste indicador mostra que em 2019 no
Estado do Rio Grande do Sul, 2,6% das pessoas com 15 anos ou mais não eram
alfabetizadas. A tabela a seguir mostra que ao longo dos anos este percentual tem
reduzido e que na comparação com a média nacional os resultados do RS têm sido
melhores.

36
TAXA DE ANALFABETISMO DE PESSOAS DE 15 ANOS OU MAIS (%)
16
13,6
14
12
9,6
10
8 6,65 6,6
6 4,53
4 2,6
2
0
2000 2010 2019

Brasil RS

Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Por último, do ponto de vista da desigualdade social, torna-se relevante


analisar o índice de Gini. Tal indicador é utilizado para mediar a desigualdade de renda de
um determinado local, sendo que os valores são medidos entre 0 e 1, onde resultados
mais próximos de zero representam locais menos desiguais e resultados mais próximos
de 1 representam regiões com maior concentração de renda. Na próxima tabela é
possível constar que o RS apresenta uma menor desigualdade de renda se comparado
com o resto do Brasil e que seu índice de Gini vem reduzindo ao longo dos anos.

ÍNDICE DE GINI – DESIGUALDADE DE RENDA


0,66 0,646
0,6383
0,64
0,62 0,6086
0,6 0,588 0,5863
0,58
0,56 0,5472
0,54
0,52
0,5
0,48
1991 2000 2010

Brasil RS

Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Em 2010, o Rio Grande do Sul era o terceiro Estado menos desigual em


termos de distribuição de renda, atrás apenas de Santa Catarina e do Paraná. Apesar
desta boa colocação na comparação nacional, quando se verifica os resultados de outras
nações para o índice de Gini, percebe-se que os números do RS demonstram ainda uma
elevada concentração de renda.

37
1.2 – Conjuntura Econômica em 2020
O presente tópico busca apresentar uma contextualização do desempenho
da economia mundial e brasileira no exercício de 2020 e de que forma isso impactou nas
atividades produtivas desenvolvidas no Rio Grande do Sul.

1.2.1 – Desempenho da economia mundial


O ano de 2020 vai ficar marcado na história pela pandemia da Covid-19,
não apenas pela perda de milhares de vidas que esta doença provocou, como também
pelo abalo profundo verificado na economia mundial. A necessidade de distanciamento
social, para reduzir a propagação do vírus, afetou diversos setores da economia, que em
muitos casos tiveram que praticamente paralisar suas operações por longos períodos.
O gráfico a seguir ilustra a evolução do crescimento do PIB nos últimos
anos e o impacto da pandemia para o exercício de 2020 em algumas das principais
economias do mundo.

TAXA DE CRESCIMENTO ANUAL DO PIB

6,0%

1,0%

-4,0%

-9,0%
2015 2016 2017 2018 2019 2020

Economia Mundial - PIB Economias Desenvolvidas Economias Emergentes e em Desenvolvimento


América Latina e Caribe EUA União Européia
Japão China
Fonte: FMI

De acordo com os dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), a


economia mundial não apresentava uma retração do PIB desde a crise do subprime
ocorrida entre os anos de 2008 e 2009. Entretanto, ressalte-se que a redução do PIB
verificada no exercício de 2020 foi muito mais acentuada, pois afetou basicamente todas
as economias do mundo de maneira profunda.
Os dados do gráfico acima mostram que a economia mundial desde 2015
vinha crescendo a uma taxa de aproximadamente 3% ao ano, enquanto que em 2020
verificou-se uma retração de mais de 4%. A China que desde o início da década de 90
apresenta taxas de crescimentos anuais do PIB superiores a 6%, no ano de 2020 vai
apresentar um crescimento de seu produto interno próximo a 2%, fato que não ocorria há
mais de 40 anos.
Os EUA, por sua vez, que vinham crescendo em média 2,5% ao ano, em
2020 devem apresentar uma retração de mais de 4% do PIB. Este resultado reflete-se na
elevação da taxa de desemprego norte-americana, conforme gráfico abaixo.

38
% DA FORÇA DE TRABALHO DESEMPREGADA NOS EUA

8,90%

5,30%
4,90%
4,40%
3,90% 3,70%

2015 2016 2017 2018 2019 2020


Fonte: FMI

Outra variável que demonstra o impacto da pandemia da Covid-19 na


economia mundial é a evolução do crescimento do comércio internacional de bens e
serviços. O gráfico abaixo ilustra a queda acentuada ocorrida no ano de 2020.

VARIAÇÃO PERCENTUAL DO VOLUME DO COMÉRCIO INTERNACIONAL DE BENS E SERVIÇOS

5,60%
3,90%
2,90%
2,20%
1,00%

2015 2016 2017 2018 2019 2020

-10,40%

Fonte: FMI

Apesar desses dados consolidados do ano de 2020 serem bem negativos, o


fim do ano passado já apresentou um processo de recuperação econômica em várias
partes do mundo como resultado da diminuição nas restrições à mobilidade. A figura a
seguir mostra a variação do PIB na comparação com trimestre anterior e permite
visualizar perfeitamente este movimento de retomada.

39
VARIAÇÃO PERCENTUAL DO VOLUME DO COMÉRCIO INTERNACIONAL DE BENS E SERVIÇOS

Fonte: FMI

Importante ressaltar que a recuperação verificada tende a ser desigual


entre os setores, sendo o setor de serviços o mais afetado pela pandemia, devido à sua
maior sensibilidade às medidas de distanciamento social.
No entanto, apesar desta melhora, o nível de atividade econômica ainda se
encontra, em geral, abaixo do observado no início do ano. Além disso, o grau de incerteza
ainda esteve presente até o final do ano de 2020 visto que a ressurgência da Covid-19 em
algumas economias fez com que voltasse a ser necessária a adoção de medidas de
restrição à mobilidade como forma de combate. Este elevado grau de incerteza sobre a
evolução da pandemia afeta a confiança dos empresários e das famílias, com
consequências sobre o investimento, o consumo e o mercado de trabalho.
De outra parte, importante ressaltar a atuação governamental de diversos
países, que durante os momentos mais críticos da Pandemia passaram a adotar políticas
fiscais expansionistas, em especial por meio de mecanismos de transferência de renda
para os indivíduos mais afetados pela “paralização” da economia. A continuidade deste
tipo de política mostra-se como um fator relevante para a consolidação da recuperação
da atividade em nível global, pelo menos até que se observe uma redução no contágio do
vírus em decorrência do avanço do processo de imunização e por consequência uma
recuperação mais nítida nas condições do mercado de trabalho.

1.2.2 – Desempenho da economia brasileira


Como não poderia deixar de ser diferente, no ano de 2020 o desempenho
da economia brasileira foi profundamente afetado pela pandemia da Covid-19. O PIB caiu
4,1% em relação a 2019, a menor taxa da série histórica, iniciada pelo IBGE em 1996. Da
mesma forma, o PIB per capita apresentou uma redução de 4,8% em termos reais. O
gráfico a seguir ilustra a evolução do desempenho do PIB nacional nos últimos 25 anos.

40
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA TAXA DE CRESCIMENTO DO PIB NO BRASIL
10
7,5
8
5,8 6,1
6 5,1
4,4 4 4
4 3,4 3,1 3,2 3
2,2 1,9
2 1,4 1,1 1,3 1,8 1,4
0,3 0,5 0,5
0
-0,1
-2
-4
-3,5-3,3
-4,1
-6
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Na comparação com o crescimento do PIB verificado em outros países é


possível constatar que o resultado do Brasil foi menos ruim do que o obtido por grandes
economias da Europa e América Latina, mas ficou abaixo do desempenho dos EUA e da
China. O gráfico a seguir ilustra estes dados.

TAXA DE CRESCIMENTO DO PIB EM 2020 – PRINCIPAIS ECONOMIAS MUNDIAIS


4
2
1,97
0 -1
-2 -5,05 -4,9 -4,8 -4,1 -3,5
-4 -8,2 -6,8 -6,8
-9,9 -8,8 -8,5
-6 -12,3 -11,1 -11
-8
-10
-12
-14
Argentina

Espanha

França
Peru

Reino Unido

Colombia

India

Alemanha

Japão

EUA

China
Italia

Coreia do Sul
México

Brasil
Russia

Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Do ponto de vista do desempenho dos setores da economia brasileira, a


tabela a seguir detalha os resultados no ano de 2020.

DESEMPENHO DO PIB EM 2020


Indicadores
Período de Comparação Consumo Consumo
PIB Agro Indústria Serviços FBKF
Familias Governo
Trimestre / trimestre imedia-
tamente anterior (com ajuste 3,2% -0,5% 1,9% 2,7% 20,0% 3,4% 1,1%
sazonal)

41
DESEMPENHO DO PIB EM 2020
Indicadores
Período de Comparação Consumo Consumo
PIB Agro Indústria Serviços FBKF
Familias Governo
Trimestre / mesmo trimestre
do ano anterior (sem ajuste -1,1% -0,4% 1,2% -2,2% 13,5% -3,0% -4,1%
sazonal)
Acumulado em quatro trimes-
tres / mesmo período do ano -4,1% 2,0% -3,5% -4,5% -0,8% -5,5% -4,7%
anterior (sem ajuste sazonal)
Valores correntes no 4º tri- 2,0 82,3 344,2 1,3 366,6 1,3 427,7
mestre (R$) trilhões bilhões bilhões trilhão bilhões trilhão bilhões
7,4 439,8 1,3 4,7 1,2 4,7 1,5
Valores correntes no ano (R$)
trilhões bilhões trilhão trilhões trilhão trilhões trilhão
Fonte: Tabela extraida do portal do IBGE. Link: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/30165-
pib-cai-4-1-em-2020-e-fecha-o-ano-em-r-7-4-trilhoes

Os dados mostram que apenas a Agropecuária (2,0%) teve crescimento em


2020, enquanto que a Indústria e os Serviços apresentaram queda no valor adicionado de
3,5% e 4,5%, respectivamente. De acordo com o IBGE, os serviços prestados às famílias e
a atividade de transportes foram os mais prejudicados pelo distanciamento social em
decorrência da pandemia da Covid-19. De fato, o setor de serviços apresentou em 2020 o
pior desempenho dos últimos 6 anos, conforme verifica-se no gráfico a seguir.

TAXA DE CRESCIMENTO DO VALOR ADICIONADO POR SETOR


20
14,2
15

10

5 3,3
0,8 1,3 0,7 2,1 0,6 0,4 1,7
2
0
-0,5
-5 -2,7 -2,2
-3,5-4,5
-5,8 -5,2-4,6
-10
2015 2016 2017 2018 2019 2020

Agropecuaria Industria Serviços

Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Outra questão drasticamente afetada pela pandemia foi o mercado de


trabalho. De acordo com dados do IBGE, a taxa média de desemprego para o ano de 2020
foi de 13,5%, a maior da série histórica da PNAD Contínua, iniciada em 2012.
A elevação do desemprego ocorreu apesar do Programa Emergencial de
Manutenção do Emprego e Renda (Lei 14.020/2020), que vigorou de abril a dezembro de
2020 e previa a redução de jornada e salário de funcionários ou suspensão temporária de
contratos de trabalhos.
Outra medida importante tomada para mitigar os efeitos econômicos
causados pela Pandemia de Covid-19 no Brasil foi a criação do Auxílio Emergencial.
Instituído pela Lei n. 13.982/2020 o benefício previu o repasse de recursos a
trabalhadores informais e de baixa renda, microempreendedores individuais e também

42
contribuintes do INSS. De abril a agosto foram pagas 05 (cinco) parcelas de R$ 600,00 e de
setembro a dezembro foram pagam mais 04 (quatro) parcelas de R$ 300,00.
As medidas econômicas citadas acima, somadas a outras, contribuíram
para um aumento expressivo do déficit público. Em 2020, o Governo Central (Tesouro
Nacional, Previdência Social e Banco Central) registrou resultado negativo de R$ 743,087
bilhões, enquanto que em comparação com 2019 o déficit registrado foi de R$ 95,06
bilhões. Esse aumento expressivo no déficit primário é explicado em parte pela queda de
receita líquida (decorrente da queda da atividade econômica) bem como pelos gastos
relacionados ao enfrentamento da pandemia do novo coronavírus, os quais totalizaram
R$ 524,2 bilhões em 2020.
Esse crescimento exponencial dos gastos públicos somente foi possível por
meio de flexibilizações legislativas que permitiram adaptar regras de controle fiscal.
Abaixo, estão citadas algumas destas principais medidas:

 Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020 - Reconheceu da


ocorrência de estado de Calamidade Pública o qual permitiu flexibilização
da Lei da Responsabilidade Fiscal no cumprimento de metas de resultado
primário e de contingenciamento de despesas. Além disso, não foram
consideradas, para fins do Novo Regime Fiscal (EC 95/16 – Teto de Gastos),
as despesas extraordinárias relacionadas a gastos com estado de
calamidade pública.
 Emenda Constitucional nº 106, de 7 de maio de 2020 (“Orçamento de
Guerra”) – Instituiu regime extraordinário fiscal, financeiro e de
contratações para enfrentamento de calamidade pública nacional
decorrente de pandemia. As medidas de enfrentamento a calamidade
pública que não implicassem despesa permanente ficaram dispensadas de
limitações legais para aumento de despesa ou renúncia de receita. A EC n.
1006/20 também dispensou o cumprimento da Regra de Ouro (CF, Art.
167, inciso III), durante o período em que vigore a calamidade pública, a
qual impede a emissão de dívida para cobrir gastos correntes.
 Lei Complementar nº 173, de 27 de maio de 2020 – Instituiu o Programa
Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus SARS-CoV-2 (Covid-19). A LRF
foi alterada para permitir a suspensão do pagamento do serviço da dívida
de estados e municípios com a União. Além disso , permitiu-se a
repactuação, reestruturação e securitização de operações de crédito de
estados e municípios com instituições financeiras e órgãos multilaterais,
bem como estabeleceu-se o Auxílio Emergencial para Estados e Municípios
no valor de R$ 60 bilhões no exercício de 2020.

A tabela a seguir resume os gastos extraordinários da União associados ao


combate dos efeitos da Pandemia de Covid-19 durante o exercício de 2020.

GASTOS COM COVID-19 (R$ BILHÕES)


MEDIDA ADOTADA PREVISTO PAGO
Auxílio Emergencial a Pessoas em Situação de Vulnerabilidade 322 293,11
Auxílio Financeiro aos Estados, Municípios e DF 79,19 78,25

43
GASTOS COM COVID-19 (R$ BILHÕES)
MEDIDA ADOTADA PREVISTO PAGO
Cotas dos Fundos Garantidores de Operações e de Crédito 58,09 58,09
Despesas Adicionais do Ministério da Saúde e Demais Ministérios 46,33 42,7
Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda 51,55 33,5
Concessão de Financiamento para Pagamento de Folha Salarial 6,81 6,81
Programa Emergencial de Acesso a Crédito - Maquininhas 10 5
Financiamento da Infraestrutura Turística 5 3,08
Aquisição de Vacinas 24,51 2,22
Transferência para a Conta de Desenvolvimento Energético 0,9 0,9
Ampliação do Programa Bolsa Família 0,37 0,37
TOTAL 604,75 524,03
Fonte: Portal da transparencia da Secretaria do Tesouro Nacional

A consequência desse aumento do déficit primário foi uma elevação


também da Dívida Bruta do Setor Público (DBSP)5. De acordo com o Banco Central, a DBSP
fechou 2020 em R$ 6,61 trilhões, o que representou 89,3% do PIB. Em 2019 a DBSP
representava 74,3% do PIB. Se considerarmos apenas a Dívida Publica Federal, a qual
inclui o endividamento interno e externo, o resultado no final de 2020 foi de R$ 5,01
trilhões. De acordo a Secretaria do Tesouro Nacional este valor representa um aumento
de 17,9% em relação ao exercício de 2019.
Do ponto de vista da política monetária, o Banco Central reduziu a taxa
básica de juros – SELIC para 2% em agosto e manteve este patamar até o final do ano. Por
outro, a inflação oficial, medida pelo IPCA, apresentou uma alta de 4,52%. Este resultado
foi um pouco superior a inflação verificada em 2019, conforme exposto no gráfico a
seguir.

EVOLUÇÃO DA TAXA DE INFLAÇÃO - IPCA


12,00%
10,67%
10,00%

8,00%
6,50% 6,41% 6,29%
5,91% 5,84% 5,91%
6,00%
4,31% 4,52%
3,75%
4,00% 2,95%

2,00%

0,00%
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Já o IGP-M, utilizado como referência para a correção de valores de


contratos como os de aluguel de imóveis, apresentou uma elevação de 23,14% em 2020,
maior valor desde 2002.

5
A Dívida Bruta do Setor Público abrange o total dos débitos de responsabilidade do Governo Federal,
dos governos estaduais e dos governos municipais, junto ao setor privado, ao setor público financeiro e ao
resto do mundo.

44
Outro aspecto da economia nacional que foi impactado pela pandemia da
Covid-19 foi o resultado da balança comercial do setor externo. De acordo com o
Ministério da Economia, em 2020 o Brasil apresentou um superavit comercial de US$ 50,9
bilhões (a China contribuiu com U$ 33,6 bilhões), valor superior ao verificado em 2019
que foi de US$ 48 bilhões. Entretanto, o resultado está associado a redução do comercio
mundial, visto que em termos de valor as exportações nacionais recuaram 6,9% e as
importações diminuíram 10,4%. Ou seja, a melhora na balança comercial deve-se mais à
queda nas importações impulsionada pela recessão do que ao desempenho das
exportações.
Todos estes dados apresentados sobre o desempenho da economia
brasileira em 2020 mostram que a pandemia do novo coronavírus produziu efeitos de
magnitude nunca observados nos diferentes setores da atividade econômica nacional. No
próximo tópico veremos que estes efeitos se reproduzem de forma similar no
desempenho da economia gaúcha.

1.2.3 – Desempenho da economia gaúcha


Da mesma forma que aconteceu com a economia brasileira, a economia
gaúcha também foi profundamente afetada pelas consequências da pandemia da Covid-
19. Além desse aspecto, a estiagem que atingiu o Estado ocasionou uma queda
significativa do valor adicionado da agropecuária. Estes dois fatores contribuíram
decisivamente para que o PIB do RS apresentasse uma queda de 7% no ano de 2020. Este
resultado foi o pior desde o início da série histórica iniciada em 2002. Importante
ressaltar que este resultado não é oficial do IBGE e sim são resultados divulgados pelo
Departamento de Economia e Estatística do governo do Estado do RS.
O valor corrente do PIB em 2020 foi de R$ 473,419 bilhões, o que
representa 6,4% do PIB nacional. Já o PIB per capita foi de R$ 41.449,67, o que reflete
uma queda real de 7,4% em relação a 2019.
Na comparação com o desempenho do PIB nacional, constata-se que a
economia gaúcha apresentou um desempenho pior, conforme destacado no gráfico
abaixo.

COMPARAÇÃO DO DESEMPENHO DO PIB (%): BRASIL X RS


10 8,5
8
6 4,6
4
4 3
1,9
1,3 1,8 1,8 2 1,4
2
2 0,5
0
-2 -0,3

-4 -2,1 -2,4
-3,5 -3,3
-6 -4,6 -4,1

-8 -7
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Fonte: Departamento de Economia e Estatística (DEE/SPGG) e IBGE

45
Desde 2015 o Estado do Rio Grande do Sul não apresentava desempenho
no PIB abaixo do obtido pelo Brasil. Até na comparação com o comportamento do PIB dos
demais Estados, o resultado do PIB gaúcho esteve abaixo da média. Este resultado pode
ser observado no gráfico a seguir, onde estão detalhados os dados do IBC-Br6.

COMPARAÇÃO ENTRE OS ESTADOS DO IBC-BR NO ANO DE 2020


3
1,7
2
1 0,1 0
0
-1
-0,9 -1 -1,1
-2 -1,6
-3 -2,3
-2,8 -2,8
-4 -3,2
-5 -4,05 -4,3
-4,7
-6
Brasil PA PR PE MG SP GO SC RJ AM CE BA ES RS
Fonte: Banco Central do Brasil

O IBC-Br é uma medida de tendência do PIB calculado pelo Bacen, por isso
o valor calculado para o RS difere do valor oficial divulgado pelo IBGE. De qualquer forma,
este indicador aponta que o Estado teve o pior desempenho entre as unidades da
federação brasileira.
Além da pandemia, o principal motivo para esta queda acentuada está na
estiagem que atingiu o Estado e afetou a produção de culturas relevantes, como a soja,
milho e fumo. A produção agropecuária no Estado como um todo sofreu uma queda de
29,6%, enquanto que o resultado verificado no país foi de crescimento de 2%.
O setor de serviços gaúcho sofreu uma retração de 4,8%, valor que esteve
bem próximo do verificado a nível nacional. Neste setor, de acordo com dados do IBGE, as
atividades que tiveram as maiores quedas no RS foram as vendas de tecidos, vestuário e
calçados (-28,8%) e comércio de veículos (-20,2%). Em compensação, o Estado registrou
aumento para as vendas de hipermercados e supermercados (5,9%) e material de
construção (8,4%).
O desempenho da indústria gaúcha (-5,8%) também esteve abaixo da
indústria nacional (-3,5%) no ano de 2020. De acordo com o IBGE, contribuíram para este
resultado no RS o mau desempenho das atividades de couro e calçados (-21,9%) e a

6
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central do Brasil (IBC-Br) é um indicador criado para tentar
antecipar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do país, constituindo-se em um parâmetro preliminar
da evolução da atividade econômica brasileira. Este indicador econômico incorpora estimativas de
crescimento para os setores agropecuário, industrial e de serviços, acrescidas dos impostos sobre produtos,
que são estimados a partir da evolução da oferta total (produção + importações). De um modo geral, o IBC-
Br é um indicador de tendência do PIB, entretanto, não é uma medida prévia do PIB. O IBC-Br não pode ser
considerado uma prévia do PIB porque o dado oficial é muito mais complexo. As divergências na
metodologia de cálculo dos dois indicadores refletem-se nos resultados finais.

46
fabricação de veículos e automotores, reboques e carrocerias (-21,9%). O gráfico a seguir
destaca estes resultados.

DESEMPENHO DO VAB POR SETOR NO ANO DE 2020 (%)


5 2
0
-5
-3,5 -4,5 -4,8
-10 -5,8
-15
-20
-25
-30
-35 -29,6
Agropecuaria Industria Serviços

Brasil RS

Fonte: IBGE

Na tabela a seguir são apresentados os desempenhos das principais


atividades por setor da economia e é feita comparação do Brasil com o RS. Em amarelo
estão destacados os itens em que o Estado teve um resultado pior que a média nacional.
Na grande maioria das atividades o desempenho gaúcho foi pior no ano de 2020. Verifica-
se que apenas as atividades da indústria de transformação; serviço de transporte,
armazenagem e correio; outros serviços e; administração pública tiveram performances
melhores no RS do que no Brasil como um todo. Além disso, apenas as atividades de
intermediação financeira (0,5%) e serviços imobiliários (1,4%) tiveram desempenho
positivo no ano de 2020.

TAXA DE CRESCIMENTO (%) DO VAB TOTAL E POR SETOR DE ATIVIDADE – 2019/2020


ATIVIDADES RS BRASIL
Agropecuária -29,6 2
Total Indústria -5,8 -3,5
Extrativa Mineral -0,2 1,3
Transformação -3,9 -4,3
Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana -13,7 -0,4
Construção -8,1 -7
Total Serviços -4,8 -4,5
Comércio -5,4 -3,1
Transporte, armazenagem e correio -1,9 -9,2
Serviços de informação -0,6 -0,2
Intermediação financeira e seguros 0,5 4,0
Atividades Imobiliárias 1,4 2,5
Outros Serviços -12,0 -12,1
Administração, educação pública e saúde pública -2,2 -4,7
VAB Total -7,2 -3,9
Fonte: Departamento de Economia e Estatística (DEE/SPGG) e IBGE

Estes resultados negativos verificados nas principais atividades gaúchas se


refletiram no mercado de trabalho. A tabela a seguir ilustra a evolução a taxa de
desemprego no Brasil e dos Estados da região Sul.

47
TAXA DESEMPREGO MÉDIA ANUAL (EM %)
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Brasil 7,4 7,1 6,8 8,5 11,5 12,7 12,3 11,9 13,5
Paraná 5 4,3 4 5,9 8,2 9 8,8 8,5 9,4
Santa Catarina 3,4 3,1 2,9 4,1 6,3 7,1 6,4 6,1 6,1
Rio Grande do Sul 4,8 4,8 5 6,2 8,2 8,4 8,1 8 9,1
Fonte: Tabela extraida do portal do IBGE. Link: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/30235-com-
pandemia-20-estados-tem-taxa-media-de-desemprego-recorde-em-2020

O Rio Grande do Sul fechou 2020 com 476 mil pessoas desempregadas
(pessoas sem vagas formais ou informais e que seguem em busca de oportunidades),
conforme o IBGE. No final de 2019, o Estado tinha 441 mil desempregados.
Apesar do desemprego no RS ter registrado em 2020 a maior taxa (9,1%)
da série histórica da PNAD Contínua do IBGE, o resultado foi o segundo menos ruim do
país, ficando atrás apenas de Santa Catarina (6,1%).
A taxa de ocupação, que é a população em idade para trabalhar que estava
ocupada, foi de 54,2% e também foi o pior desde 2012, mas esteve entre os melhores
resultados em termos nacionais.
Em termos de empregos formais, no ano de 2020, o RS perdeu 20.220
empregos com carteira assinada, de acordo com o Caged (cadastro de empregos formais
do Ministério da Economia).
Todos estes números ajudam a ilustrar o estágio da economia gaúcha e os
desafios que ela enfrentou ao longo do ano de 2020. Os próximos capítulos deste
relatório vão destacar de que forma atuou o governo do Estado do RS neste cenário.

48
2 GESTÃO ORÇAMENTÁRIA
As normas que disciplinam as finanças públicas para o Estado Brasileiro
apontam o sistema orçamentário como o principal instrumento para o processo de
planejamento da administração pública. Nesse sentido, os artigos 165 e 169 da
Constituição Federal explicitam que o sistema deve ser constituído de três documentos
interdependentes: a Lei do Plano Plurianual – PPA, a Lei de Diretrizes Orçamentárias –
LDO e a Lei Orçamentária Anual – LOA.
Na Constituição Estadual, o regramento do sistema orçamentário está
disposto nos artigos 149 a 156, com o estabelecimento dos prazos para elaborações das
legislações pertinentes e as sanções pelo Poder Executivo, transcritos a seguir:

PRAZOS DE ELABORAÇÃO – PPA – LDO – LOA


Instrumento Remessa para a Assembleia Legislativa Devolução para sanção pelo Poder Executivo
PPA Até 01-08 do 1º ano de mandato Até 01-10 do 1º ano de mandato
LDO Até 15-05 de cada ano Até 15-07 de cada ano
LOA Até 15-09 de cada ano Até 30-11 de cada ano
Fonte: Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, artigo 152, §8º e §9º.

Os dispositivos legais referentes ao sistema orçamentário (PPA, LDO e LOA)


e a forma estabelecida para a elaboração de cada uma das leis, apontam no sentido de
que elas se constituem em instrumentos fundamentais para a administração pública
exercer suas atribuições e competências, pois, ao dar publicidade sobre as definições das
ações pretendidas e as prioridades estabelecidas para o direcionamento dos recursos
públicos, nas diversas esferas de poderes constituídos, possibilitam que a sociedade
controle as atividades desenvolvidas e a sua compatibilidade com a respectiva
programação. Segundo Cope7, “o ciclo orçamentário compreende uma série de passos
que se repetem em períodos prefixados, segundo os quais os orçamentos sucessivos são
preparados, votados, executados, os resultados avaliados e as contas julgadas”.
O planejamento na administração pública passou a ganhar maior
relevância com a vigência da Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF, pois, a partir de então,
com o disposto no § 1º do seu art. 1º, ficou definido com clareza a concepção de
planejamento que deve ser atendida pelos gestores.
Art. 1º.
§ 1º - A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e
transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar
o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de
resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que
tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade
social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive

7
COPE, Orion K., Governamental Budgetin Theory and Practice, tradução e adaptação de José Teixeira
Machado Jr.

50
por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a
Pagar. (Grifamos.)
Nessa linha, a LRF instituiu as responsabilidades para os administradores
públicos, tanto na elaboração das peças orçamentárias como na execução, controle e
avaliação dos resultados alcançados nas ações contidas nos respectivos diplomas. Entre
outras, cabe menção à instituição de limites de gastos com pessoal, a proibição da criação
de despesas de duração continuada sem a indicação de uma correspondente fonte de
receita segura e a necessidade de maior transparência aos procedimentos envolvidos com
a prática da renúncia fiscal.
Na administração pública brasileira, os planos hierarquicamente
interligados se traduzem em Plano Plurianual – PPA (nível estratégico, definições de
metas para períodos de quatro anos), Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO (orientações
para a elaboração dos orçamentos anuais), e Lei Orçamentária Anual – LOA (nível
operacional, tradução em metas físicas e financeiras dos objetivos da administração
pública para o período de um ano).
O PPA é um instrumento de planejamento de médio prazo, no qual são
identificados os programas, objetivos e metas a serem seguidos pela administração
pública ao longo dos quatro anos subsequentes à sua aprovação. A LDO, por sua vez,
orienta a elaboração da LOA ao estabelecer as metas e prioridades para o exercício
financeiro seguinte. A LOA, por fim, aponta os recursos necessários para a execução do
exposto na LDO. Dessa forma, tudo o que constar na LDO e na LOA deve estar,
inicialmente, no PPA. Fazendo uma simplificação, a LDO e a LOA são uma parte do PPA
que será executada em um ano.
A Lei de Responsabilidade Fiscal reforçou a necessidade de integração
entre esses três instrumentos e nos seus artigos 15, 16 e 17, nos quais registra a
obrigatoriedade de tanto as ações governamentais que geram novas despesas, como as
consideradas despesas de caráter continuado, estarem contempladas nas normas
contidas no PPA e na LDO.

2.1 – Plano Plurianual – PPA 2020/2023 – Lei nº 15.236/2019


O Plano Plurianual – PPA caracteriza-se por ser um instrumento técnico
essencial para o sistema orçamentário do Estado, sendo peça fundamental para o
planejamento da administração pública, sobretudo por ser a fonte de orientação para os
demais planos e programas de governo, entre os quais se incluem as Leis de Diretrizes
Orçamentárias – LDO’s e os Orçamentos Anuais – LOA’s compreendidas no respectivo
período de vigência de quatro anos.
A Constituição Federal (art. 165, I, § 1º), ao tratar das premissas básicas a
serem consideradas na elaboração de um instrumento de planejamento amplo, explicita:
“a lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes,
objetivos e metas da Administração Pública Federal para as despesas de capital e outras
delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada”.
Ao reforçar as premissas sobre as condições do Princípio do Planejamento
Orçamentário, a Carta Magna prevê a obrigatoriedade de o Plano Plurianual indicar a
quantificação física e financeira para os programas da administração pública estadual,
procedimento transcrito a seguir:

51
Art. 149 – [...]
§ 1º - A lei que aprovar o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada,
as diretrizes, objetivos e metas, quantificados física e financeiramente, dos
programas da administração direta e indireta, de suas fundações, das empresas
públicas e das empresas em que o Estado detenha, direta ou indiretamente, a
maioria do capital social com direito a voto.
O Projeto de Lei nº 339/2019, sancionado e transformado na Lei nº
15.236/2019, dispõe sobre o Plano Plurianual - PPA para o quadriênio 2020-2023. O PPA
Novas Façanhas é o instrumento legal que define diretrizes, objetivos e metas
governamentais. Sua elaboração foi coordenada pela Secretaria do Planejamento,
Orçamento e Gestão (SEPLAG).

Acompanham o PPA dois anexos, os quais detalham os planos. No artigo


2º, estão compreendidos os quatro eixos do programa de governo:

Art. 2º Constituem os eixos estratégicos da administração pública estadual,


direta ou indireta, orientadores do planejamento plurianual para o período
2020-2023:
I - Estado Sustentável;
II - Governança e Gestão;
III - Desenvolvimento Empreendedor; e
IV - Sociedade com Qualidade de Vida.

O PPA projeta um dispêndio de R$ 143,7 bilhões em quatro anos. Cada eixo


foi dividido em Programas Temáticos (12 no total), tendo as seguintes subdivisões: 68
Ações Programáticas, 413 Iniciativas e 1.051 Produtos.

52
Importante destacar que o Governo do Estado do Rio Grande do Sul
assumiu o compromisso de dar tratamento aos Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável (ODS), estabelecido em 2015 pelos países-membro da Organização das
Nações Unidas como uma agenda de sustentabilidade compartilhada. Cerca de 83% das
Iniciativas do PPA estão alinhadas com um ou mais ODS.
Além disso, cerca de um quarto dos produtos do PPA 2020-2023 foram
regionalizados, dos quais 33% por município, 13% por COREDE e 54% Região Funcional.

53
Os parâmetros macroeconômicos utilizados como sustentação para a
elaboração da programação de receitas e despesas do PPA 2020-2023 estão identificados
no quadro a seguir:

PREVISÃO DE PIB E DA INFLAÇÃO PARA O PERÍODO ENTRE 2020 E 2023


PARÂMETROS 2020 2021 2022 2023
PIB Real Brasileiro 2,7 2,6 2,5 2,5
Inflação (IPCA) 4,0 3,7 3,7 3,7
Fonte: PPA 2016-2019

A receita pública para o PPA 2020-2023 foi estimada em R$ 254,30 bilhões,


compreendendo a totalidade da receita da administração direta e a receita própria das
autarquias e fundações.

ESTIMATIVA DAS RECEITAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CONSOLIDADA PPA 2020-2023


Em R$ milhões (nominais)
ESPECIFICAÇÃO TOTAL
Receitas Correntes 184.994,4
Receitas de capital 1.061,5
Receitas Intraorçamentárias (dupla contagem contábil) 68.248,7
Receitas Totais PLPPA 2020 – 2023 254.304,9
Fonte: PPA 2020-2023

Nesse aspecto, a tabela a seguir evidencia a estimativa dos valores para os


principais agregados da receita pública, no período 2020 a 2023 em comparação com os
valores realizados no ano de 2020. As receitas correntes foram previstas em R$ 184,99
bilhões, as receitas de capital em R$ 1,06 bilhão, e as intraorçamentárias na casa de R$
68,25 bilhões.
Nos valores realizados em 2020 é necessário segregar os repasses
recebidos em consequência da pandemia da Covid-19, pois no PPA não se previa o
advento de uma epidemia de alcance mundial e consequentemente não foram estimados
esses ingressos. Os recursos podem ser divididos entre vinculados para aplicação em
saúde, e livres, para compensar a perda de arrecadação. Dentre os recursos vinculados, o
Rio Grande do Sul recebeu os seguintes montantes para combate a pandemia: R$ 558,7
milhões decorrentes de portarias do Ministério da Saúde (MS) e R$ 261,6 milhões da LC
nº 173/2020. Já para compensar a perda de arrecadação, o Estado recebeu, a título de
recursos livres: R$ 1,95 bilhão da LC nº 173/2020 e R$ 126,0 milhões de reposição ao FPE.
Por serem extraordinários, os valores não estavam previsto no PPA.

PRINCIPAIS AGREGADOS DAS RECEITAS PÚBLICAS CONSOLIDADAS ESTIMADAS PPA 2020-2023 X REALIZADOS EM 2020
Em R$ milhões (nominais)
AGREGADOS DA RECEITA PÚBLICA PLPPA2020-2023 REALIZADO 2020 % TOTAL
Receitas Correntes 184.994,6 46.020,6 24,9%
Receita Tributária 192.058,4 45.451,6 23,7%
ICMS 153.365,8 36.380,7 23,7%
IPVA 13.604,0 3.219,1 23,7%

54
PRINCIPAIS AGREGADOS DAS RECEITAS PÚBLICAS CONSOLIDADAS ESTIMADAS PPA 2020-2023 X REALIZADOS EM 2020
Em R$ milhões (nominais)
AGREGADOS DA RECEITA PÚBLICA PLPPA2020-2023 REALIZADO 2020 % TOTAL
IRRF 12.469,7 3.282,0 26,3%
Demais Receitas Tributárias 12.619,0 2.569,7 20,4%
Receita de Contribuições 15.945,9 4.394,8 27,6%
Receita Patrimonial 4.295,9 816,2 19,0%
Receita Agropecuária / Industrial / Serviços 2.447,6 401,6 16,4%
Transferências Correntes 40.057,6 11.812,5 29,5%
Cota-parte do Fundo de Participação dos Estados 10.162,4 2.136,5 21,0%
Cota-parte do IPI - Estados Exportadores 2.325,8 513,9 22,1%
Lei Kandir e Fundo de Auxílio à Exportação 657,0 276,0 42,0%
Salário Educação 2.099,5 312,5 14,9%
Fundo da Educação (Retorno do FUNDEB) 19.889,2 4.349,7 21,9%
Gestão Plena do SUS 3.670,3 886,8 24,2%
Portarias MS - Covid-19 - 558,7 -
LC nº 173/20 - Recursos livres - 1.945,4 -
LC nº 173/20 - Recursos vinculados - Saúde - 261,6 -
Reposição FPE - Calamidade Pública - 126,0 -
Demais Transferências Correntes 1.253,4 445,2 35,5%
Outras Receitas Correntes 3.132,5 571,5 18,2%
Deduções da Receita Corrente FUNDEB -27.511,3 -6.363,9 23,1%
Deduções da Receita Corrente Municípios -45.432,2 -10.740,3 23,6%
Demais Deduções da Receita Corrente - -323,4
Receitas de Capital 1.061,5 1.055,2 99,4%
Operações de Crédito 56,0 24,9 44,4%
Alienação de Bens 59,8 808,2 1350,6%
Amortização Empréstimos 132,9 24,6 18,5%
Transferências de Capital 242,7 197,5 81,4%
Outras Receitas de Capital 570,1 0,1 0,0%
Total das Receitas sem as Transferências
186.056,1 47.075,8 25,3%
Intraorçamentárias
(+) Transferências de Receitas Intraorçamentárias 68.248,7 16.884,8 24,7%
Total das Receitas com as Transferências
254.304,9 63.960,6 25,2%
Intraorçamentárias
Fonte: PPA 2020-2023 e Sistema Cubos DW.
Cálculos: Equipe SAIPAG/SAICE

Com relação à fixação dos dispêndios para o PPA 2020-2023, o executivo


estimou as despesas da administração pública consolidada em R$ 273,33 bilhões,
conforme distribuído na tabela seguinte.

DOTAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CONSOLIDADA PARA O PPA 2020 - 2023


Em R$ milhões (nominais)
ESPECIFICAÇÃO TOTAL
Despesas Correntes 189.465,0
Despesas de Capital 13.322,2

55
DOTAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CONSOLIDADA PARA O PPA 2020 - 2023
Em R$ milhões (nominais)
ESPECIFICAÇÃO TOTAL
Reserva Previdenciária 3.290,5
Despesas Intraorçamentárias 68.248,7
Despesas Totais PLPPA 2020 – 2023 273.326,5
Fonte: PPA 2016-2019

Da mesma forma como foi o tratamento dado à receita, a próxima tabela


evidencia os principais agregados da despesa pública para o período 2020-2023.
Excluindo-se as despesas intraorçamentárias, de R$ 68,25 bilhões, o gasto total ajustado
ficou na ordem de R$ 205,08 bilhões.

PRINCIPAIS AGREGADOS DA DESPESA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CONSOLIDADA


PPA 2020-2023 X REALIZADO EM 2020
Em R$ milhões (nominais)
PPA REALIZADO
AGREGADOS DA DESPESA PÚBLICA % TOTAL
2020-2023 2020
Pessoal e Encargos Sociais 128.367,5 30.486,9 23,7%
Outras Despesas Correntes 49.311,8 12.049,8 24,4%
Serviço da Dívida (Juros, Encargos e Amortização da Dívida) 20.149,3 4.339,5 21,5%
Investimentos Amplos ( Investimentos e Inversões Financeiras) 3.958,7 970,3 24,5%
Reserva Previdenciária 3.290,5 - 0,0%
Total das Despesas sem as Transferências Intraorçamentárias 205.077,7 47.846,5 23,3%
(+) Transferência de Despesas Intraorçamentárias - Pessoal 68.018,6 16.694,1 24,5%
(+) Transferência de Despesas Intraorçamentárias - Custeio 230,2 17,3 7,5%
Total das Despesas com as Transferências Intraorçamentárias 273.326,5 64.557,9 23,6%
Fonte: PPA 2020-2023 e Sistema Cubos DW.
Cálculos: Equipe SAIPAG/SAICE

Os números demonstram que no ano de 2020 a realização da receita


alcançou um índice de 25,2% e a das despesas totalizou 23,6% do previsto no PPA. O
resultado orçamentário está detalhado no item 2.3 deste relatório.
Importante observar que o gasto médio anual do PPA 2020-2023 foi
estimado em R$ 68,33 bilhões, e corresponde, aproximadamente, a 14,43% do PIB
gaúcho de 2020 (R$ 473,42 bilhões).
A Lei do PPA 2020-2023, 15.326/2019, dispõe que os valores nela
referenciados não se constituem em limites na programação financeira, pois nas peças
orçamentárias anuais é que os montantes serão definidos. O acompanhamento da
execução dos programas do PPA, conforme o Decreto nº 54.536, de 25 de março de 2019,
será feito sob a coordenação da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão, que
institui a Rede de Planejamento e Orçamento do Estado do Rio Grande do Sul. A referida
pasta, após Reforma Administrativa, passou a ser denominada Secretaria de
Planejamento, Gestão e Governança, seguindo com as incumbências de coordenação do
acompanhamento da execução dos programas do PPA.

56
2.2 – Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO – Lei nº 15.304/19
Em atendimento às normas legais que regulamentam o processo
orçamentário, o executivo estadual enviou para Assembleia Legislativa o Projeto de
Lei nº 239/2019, o qual, após apreciação pela casa legislativa, foi aprovado em sessão
plenária. Assim, a Lei nº 15.304, de 31 de julho de 2019 passou a ser o diploma
responsável por especificar as diretrizes para elaboração da Lei Orçamentária do Estado
para o exercício de 2020.
Os dispositivos constitucionais (CF artigo 165, §2º, e CE artigo 149, § 3º)
atribuem à Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO a competência para, de forma
antecipada, dispor sobre os programas e ações considerados prioritários na alocação de
recursos, tal como os parâmetros a serem considerados na elaboração da Lei
Orçamentária Anual – LOA. Destarte, a LDO disciplina a possibilidade de realização de
alterações na legislação tributária, a política tarifária a ser desenvolvida pelas empresas
da administração indireta e a especificação da forma de aplicação das agências
financeiras oficiais de fomento.
A LDO, como lei intermediária, vincula as diretrizes estratégicas previstas
no Plano Plurianual – PPA, válida para um quadriênio, com as correspondentes Leis
Orçamentárias Anuais – LOA’s, válidas para os exercícios compreendidos no mesmo
período.
Com a vigência da Lei de Responsabilidade Fiscal, a LDO passou a ter a
atribuição de proporcionar maior transparência para os atos da administração pública e
de ser um instrumento do planejamento no sentido de que o governo busque o equilíbrio
entre receitas e despesas durante a execução orçamentária.
Entre diversas determinações, a LDO, na seção VI – Das Disposições acerca
da Limitação Orçamentária e Financeira, em seu artigo 30, determina que o Poder
Executivo, por meio de decreto, em até 30 dias após a publicação da Lei Orçamentária de
2020, explicite os procedimentos a serem adotados para acompanhamento da execução
orçamentária e atingimento das metas estabelecidas. Também nesse aspecto, o artigo 31
aponta os critérios e as formas de realização da limitação de empenho e movimentação
financeira, de acordo com o previsto no artigo 9º da Lei Complementar nº 101/2000, e o
artigo 32 registra quais despesas fazem parte da base passível de contingenciamento.
O Decreto nº 54.983, que dispõe sobre a execução orçamentária e o
cumprimento das metas para o exercício de 2020, foi publicado em 14 de janeiro de
2020.
De outra banda, também em atendimento ao art. 4º da LRF, a LDO foi
acompanhada dos seguintes anexos:
Anexo I – Anexo de Metas Fiscais;
Anexo I.a – Demonstrativos das Metas Anuais
Anexo I.b – Avaliação da Situação Financeira e Atuarial dos Regimes de
Previdência do Estado do Rio Grande do Sul;
Anexo I.c - Evolução do Saldo Patrimonial, Origem e Aplicação dos
Recursos Obtidos com a Alienação de Ativos; e
Anexo I.d - Renúncia de receitas e despesas de caráter continuado;
Anexo II – Anexo de Riscos Fiscais.

57
A Lei 15.373/2019 atualizou o Anexo I – Anexo de Metas Fiscais, sendo
estes valores os que serão analisados no presente relatório.
O Anexo I expõe a situação das finanças públicas e os movimentos
promovidos pelo executivo estadual no sentido de viabilizar o equilíbrio das contas,
advertindo que elas poderão ser revistas de modo a permitir uma política fiscal que seja
compatível com o equilíbrio das contas públicas, caso o cenário macroeconômico venha a
apresentar alterações nas variáveis que balizaram a fixação e a previsão dos resultados.
Em sequência, o Anexo I.a evidencia a situação ocorrida com as metas
fiscais para os anos de 2017 a 2019, estabelece as metas fiscais para 2020 e indica as
metas previstas para os anos de 2021 e 2022.
O Anexo I.b demonstra a Avaliação da Situação Financeira e Atuarial dos
Regimes de Previdência.
Enquanto o Anexo I.c registra a Evolução do Patrimônio Líquido, Origem e
Aplicação de Recursos Obtidos com a Alienação de Ativos, o I.d, resumidamente, informa
sobre a previsão de Renúncia de Receitas e Despesas de Caráter Continuado.
Sobre as metas previstas no Anexo II.a, em atendimento ao disposto no
artigo 5º da Lei Complementar nº 101/2000, o artigo 3º da LDO determina que a
elaboração e aprovação da Lei Orçamentária, assim como a sua execução, devem ser
compatíveis com a meta de resultado primário estabelecida para o setor governamental,
conforme o Anexo de Metas Fiscais. Ao Poder Executivo compete comunicar aos demais
Poderes, ao Ministério Público e à Defensoria Pública o risco de não cumprimento da
meta fiscal de resultado primário em razão do comportamento da receita, procedimento
que no ano de 2020 foi feito, bimestralmente por meio de Relatórios de Execução
Orçamentária – RREO.
A meta de superávit primário para 2020 foi estimada com parâmetros
indicativos de crescimento do PIB/RS na casa de 2,7%, índice de inflação de 4,0% (IPCA) e
crescimento do PIB nacional de 2,7%.
Aqui cabe uma breve explicação em relação aos quadros com as metas
fiscais publicados na LDO. Houve mudança metodológica quanto ao cálculo do resultado
primário, sendo que o mesmo deverá considerar as despesas efetivamente pagas, ou
seja, utilizar o regime de caixa. Anteriormente, as despesas eram consideradas pelo seu
empenho. O Governo do Estado entendeu correto publicar dois quadros: um
considerando a nova metodologia e outro com a antiga.
Este TCE-RS entende que a nova metodologia orientada pela Secretaria do
Tesouro Nacional (STN) é a que deverá ser mantida, em prol de uma padronização
nacional, podendo assim haver comparações entre entes da federação. Sendo assim,
tratar-se-á o resultado primário sempre conforme demonstrado no quadro referente à
nova metodologia, inclusive sendo esta a adotada pela Contadoria e Auditoria-Geral do
Estado (CAGE), no Relatório Resumido de Execução Orçamentária (RREO). Apenas para
fins de contingenciamento, assunto tratado no capítulo cinco deste relatório, será
verificado o resultado primário apurando-se as despesas empenhadas.
Segundo os cálculos do executivo estadual, a meta de resultado primário
fixada na LDO foi deficitária em R$ 701,1 milhões, ou seja, as receitas primárias foram

58
projetadas em valor inferior às despesas primárias. O resultado, porém, foi superavitário
em R$ 2,86 bilhões, fato que será mais bem detalhado no capitulo cinco deste relatório.
No Anexo I.b, a LDO avalia a situação financeira e atuarial do sistema
previdenciário vigente para os servidores públicos do Estado e, nesse aspecto, destaca
que o Regime Próprio de Previdência – Plano Financeiro, em 2020, necessitaria de aporte
pelo tesouro estadual de R$ 11,25 bilhões. Entretanto, conforme o resultado apontado no
RREO do 6º bimestre de 2020, o valor do aporte foi de R$ 9,94 bilhões.
O Anexo I.c identifica a evolução do saldo patrimonial do setor
governamental do Estado, evidenciados nos respectivos balanços dos exercícios, e
registra o Demonstrativo da Receita de Alienação de Ativos e Aplicação dos Recursos dos
exercícios anteriores.
Quanto ao Anexo I.d, relativo à renúncia de receitas, a Receita Estadual
informou que segue aperfeiçoando os mecanismos internos de análise da concessão, do
monitoramento, da revisão e da fiscalização de desonerações fiscais, bem como os atuais
benefícios fiscais concedidos, estão considerados nos cenários de receita projetados pelo
Estado para os exercícios seguintes. A LDO/2020 relacionou uma única renúncia de
receita, como consta no quadro a seguir, cujo início dê-se a partir de 01-01-2019:

ESTIMATIVA E COMPENSAÇÃO DA RENÚNCIA DE RECEITA


Em R$ (nominais)

SETORES/ RENÚNCIA DE RECEITA PREVISTA


TRIBUTO MODALIDADE PROGRAMAS/ COMPENSAÇÃO
BENEFICIÁRIO
2020 2021 2022
Medicamento para
Revisão dos
IICMS Isenção tratamento da Atro- 367.000,00 367.000,00 367.000,00 benefícios
fia Muscular Espinal existentes
– AME
Bens ou mercadorias,
destinados às ativi-
dades de exploração Revisão dos
IICMS Isenção e produção de petró- - - - benefícios
leo e gás natural, sob existentes
amparo do REPETRO-
SPED
Bens ou mercadorias,
destinados às ativi-
Revisão dos
Base de Cálculo dades de exploração
IICMS e produção de petró- - - - benefícios
Reduzida
leo e gás natural, sob existentes
amparo do REPETRO-
SPED
Fonte: Quadro do Anexo I.d da LDO/2020

O acompanhamento das desonerações fiscais concedidas pelo Estado do


Rio Grande do Sul é matéria de acompanhamento desta Corte de Contas, sendo mais
detalhado no capítulo 3 deste relatório, em item específico.

59
Com relação às despesas de caráter continuado, há somente a informação
de que as despesas obrigatórias de caráter continuado adequar-se-ão às Receitas do
Estado.
O Manual de Demonstrativos Fiscais da Secretaria do Tesouro Nacional,
11º Edição, registra a necessidade de o Executivo Estadual divulgar situações que possam
repercutir na margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado,
conforme modelo do quadro:

MARGEM DE EXPANSÃO DAS DESPESAS OBRIGATÓRIAS DE CARÁTER CONTINUADO


EVENTOS VALOR PREVISTO PARA <Ano de Referência>
Aumento Permanente da Receita
(-) Transferências Constitucionais
(-) Transferências ao FUNDEB
Saldo Final do Aumento Permanente de Receita (I) 0,00
Redução Permanente de Despesa (II)
Margem Bruta (III) = (I+II) 0,00
Saldo Utilizado da Margem Bruta (IV) 0,00
Novas DOCC
Novas DOCC geradas por PPP
Margem Líquida de Expansão de DOCC (V) = (III-IV) 0,00
Fonte: Manual de Demonstrativos Fiscais, 11ª edição, quadro contante na página 151.

Segundo o manual vigente, o Demonstrativo visa dar transparência às


novas Despesas Obrigatórias de Caráter Continuado – DOCC e viabilizar a identificação
das formas adotadas para sua cobertura fiscal, ou seja, se elas serão cobertas por
aumento permanente de receita e, ou, redução permanente de despesa, bem como os
possíveis impactos nas metas fiscais.
O conceito de Despesa Obrigatória de Caráter Continuado - DOCC foi
instituído pela Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF no art. 17, conceituando-a como
despesa corrente derivada de Lei, Medida Provisória ou Ato Administrativo Normativo
que fixem para o Ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois
exercícios. Sendo, ainda, considerada aumento de despesa a prorrogação da DOCC criada
por prazo determinado.
Por conseguinte, a ausência de informações adequadas para os dois
quesitos repercute em restrições à transparência dos atos da Administração Pública
Estadual, e, de forma concreta, ao não atendimento ao disciplinado na
Lei Complementar nº 101/2000 – LRF.
A fragilidade das finanças públicas do Estado do Rio Grande do Sul, com
histórico de sucessivos déficits, impele que o Executivo Estadual não se abstenha de
atender aos preceitos da LRF e da Constituição Estadual na elaboração da LDO, e, nesse
aspecto, fornecer tanto a publicidade como a transparência aos números envolvidos, seja
na área da previsão de receitas, na renúncia fiscal, ou, ainda, nas despesas obrigatórias de
caráter continuado.

60
A verificação do atingimento das metas previstas na LDO para 2020 está
detalhada no capítulo dedicado ao exame do cumprimento dos dispositivos LRF (capitulo
cinco).
Por sua vez, o Anexo II constitui o Anexo de Riscos Fiscais e contempla a
avaliação dos passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas,
contendo as possíveis providências a serem tomadas no caso das suas concretizações.
A tabela a seguir relaciona os riscos apontados pela LDO como capazes de
afetar as contas públicas, tanto no âmbito da receita como na despesa, e as medidas
compensatórias para serem acionadas no caso delas ocorrerem.

LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS PARA 2020 - ANEXO DE RISCOS FISCAIS - § 3º DO ARTIGO 4º DA LRF
1 – PASSIVOS CONTINGENTES E OUTROS RISCOS CAPAZES DE AFETAR AS CONTAS PÚBLICAS
1.1 – RECEITA 1.2 – DESPESA

a) Projeções Fiscais: desvios em função do comportamento


da atividade econômica; gastos com pessoal e encargos
acima do previsto, principalmente em decorrência de ações
a) Não realização dos valores previstos para receitas em judiciais;
virtude mudanças que podem vir de leis aprovadas pelo b) Dívida Pública com a União: descumprimento da
Congresso Nacional e de decisões judiciais favoráveis aos limitação das despesas primárias correntes prevista na LC
contribuintes; nº 156/16 (Teto de Gastos) e aos pagamentos das parcelas
da dívida suspensos por força da liminar obtida em 2017
junto ao STF;
c) Precatórios: saldo de R$ 15,3 bilhões e prazo para
quitação em 2024;
d) Restos a Pagar: saldo de R$ 4,3 bilhões a pagar;
e) SIAC e Depositos Judiciais: reposição do SIAC e de
b) Comportamento da atividade econômica afetado por
recurso dos Depósitos Judiciais.
motivações internas e externas.
f) Passivos Contingentes: saldo de R$ 35,2 bilhões, sendo
R$ 28,6 referente ao piso nacional do magistério.
2 – SITUAÇÕES DE RISCOS PREVISTAS QUE SE CONFIRMARAM NO EXERCÍCIO DE 2020

O ano de 2020 foi fortemente impactado pela pandemia causada pelo vírus da Covid-19, trazendo consequências
tanto na receita (queda de arrecadação, repasses federais), quanto nas despesas (maior aplicação em saúde, economia em
virtude de trabalhos remotos,).

2.3 – Lei Orçamentária Anual – LOA – Lei nº 15.399/2019


A Lei Orçamentária Anual 2020, elaborada mediante as orientações da LDO
2020, alocou recursos para a administração pública estadual, em orçamento único
(compreendendo os poderes do Estado, seus fundos, órgãos e entidades da
administração direta e indireta, autarquias e fundações), no exercício de 2020, com
receita estimada em R$ 61,16 bilhões e despesas fixadas em R$ 66,44 bilhões. Estão
incluídas nestes montantes as operações intraorçamentárias, de R$ 16,28 bilhões, em
valores idênticos na receita e na despesa.
O governo estadual elaborou um orçamento realista, demonstrando o
déficit orçamentário previsto, após sucessivos exercícios utilizando a receita
extraordinária para cobertura do déficit orçamentário, a qual de uma forma geral não se
transformava em arrecadação efetiva.

61
ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO – LEI Nº 15.399/2019
CATEGORIAS ECONÔMICAS – CORRENTES E DE CAPITAL - 2020
Em R$ milhões (nominais)
ORÇAMENTO INICIAL
DISCRIMINAÇÃO
RECEITAS DESPESAS RESULTADO
1. Orçamento Corrente 60.699,7 61.487,5 -787,8
2. Orçamento de Capital 460,2 2.852,3 -2.392,1
3. Reserva Orçamentária - 2.098,6 -2.098,6
4. Orçamento Geral do Estado (1 + 2 + 3) 61.159,9 66.438,4 -5.278,5
5. Intraorçamentária* 16.282,5 16.282,5 -
6. Orçamento Geral do Estado - exceto Intraorçamentária (4 - 5) 44.877,5 50.156,0 -5.278,5
7. Execução Orçamentária do Estado 63.960,6 64.557,9 -597,3
8. Execução Intraorçamentária (dupla contagem)* 16.884,8 16.711,4 173,4
9. Execução Orçamentária – exceto Intraorçamentária (7 – 8) 47.075,8 47.846,5 -770,7
Fonte: Sistema Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Receitas e Despesas Intraorçamentárias: dupla contagem decorrente, especialmente, de recursos empenhados pelos Poderes/Órgãos e
ingressados no IPERGS para o custeio de assistência médica e previdência. Nos demais casos, a dupla contagem refere-se a repasses de recursos entre
a Administração Direta, Autarquias e Fundações com contrapartida da entrega de bens ou da prestação de serviços.

A previsão inicial indicava déficit de R$ 5,28 bilhões, porém, ao final de


2020, a execução orçamentária gerou déficit orçamentário de R$ 597,3 milhões. Esse
resultado é analisado no subitem 2.3.2, mais adiante.
Depurado das transações intraorçamentárias (duplicidades de registro), o
déficit orçamentário foi de R$ 770,7 milhões.
Essas transações (receitas e despesas intraorçamentárias) são decorrentes,
especialmente, de recursos empenhados pelos poderes/órgãos e ingressados no IPE-Prev
e IPE-Saúde, para o custeio de assistência médica e previdência. Nos demais casos,
referem-se a repasses de recursos entre a administração direta, autarquias e fundações
com contrapartida da entrega de bens ou da prestação de serviços.

2.3.1 – Orçamento: Alterações Orçamentárias


Durante a execução orçamentária, é permitida a abertura de créditos
adicionais (classificados em suplementares, especiais e extraordinários) com autorizações
de despesas não computadas ou insuficientemente dotadas na LOA, conforme disposto
nos artigos 40 e 41 da Lei nº 4.320/64.
O art. 43 da referida lei prevê a abertura dos créditos suplementares e
especiais com a existência de recursos disponíveis para ocorrer a despesa e será
precedida de justificativa.
§ 1º Consideram-se recursos para fim deste artigo, desde que não
comprometidos:
I - o superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do exercício anterior;
II - os provenientes de excesso de arrecadação;
III - os resultantes de anulação parcial ou total de dotações orçamentárias ou de
créditos adicionais, autorizados em Lei;

62
IV - o produto de operações de crédito autorizadas, em forma que
juridicamente possibilite ao poder executivo realizá-las.
Embora tenha havido alterações na dotação orçamentária, aumentando a
despesa autorizada, a execução do orçamento geral do Estado, em 2020 foi abaixo do
orçado.

ALTERAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS – 2020


Em R$ milhões (nominais)
DOTAÇÃO DOTAÇÃO DESPESA
GRUPOS DA DESPESA SUPLEMENTAÇÕES REDUÇÕES
INICIAL ALTERADA EMPENHADA
Pessoal e Encargos Sociais 46.990,2 6.581,6 4.508,4 49.063,4 47.181,0
Juros e Encargos da Dívida 2.795,8 - 216,4 2.579,4 2.573,7
Outras Despesas Correntes 11.905,5 3.221,8 1.352,8 13.774,5 12.067,1
Investimentos 987,0 842,3 370,3 1.459,0 864,3
Inversões Financeiras 101,3 25,7 4,0 123,0 105,9
Amortização da Dívida 1.763,9 643,0 618,3 1.788,6 1.765,8
Reserva de Contingência 1.894,7 - 1.122,0 772,7 -
Total 66.438,4 11.314,4 8.192,1 69.560,8 64.557,9
Fonte: Sistema Finanças Públicas Estaduais – FPE
Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG
Obs: Integram o total das depesas empenhadas as operações intraorçamentárias.

A suplementação do orçamento, com a abertura de créditos adicionais,


deu-se principalmente com a redução de dotações orçamentárias.

ABERTURA DE CRÉDITOS ADICIONAIS – 2020


Em R$ milhões (nominais)

ORIGEM DO RECURSO VALOR

Redução de Dotações 8.192,1


Excesso de Arrecadação 1.782,6
Convênios 85,9
Excesso Arrecadação Autarquias e Fundações 247,1
Passivo Potencial 1.006,7
Total 11.314,4
Fonte: Sistema Finanças Públicas Estaduais – FPE
Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG

Abertura de créditos adicionais com redução de dotações não gera impacto


no orçamento, sendo apenas uma realocação de recursos em outras rubricas.
Os orçamentos, suas alterações e respectivas execuções, ao longo do
período de 2010 até 2020, constam na próxima tabela.

63
ALTERAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS E EXECUÇÃO – 2010 a 2020
Em R$ milhões (nominais)
RECEITA DOTAÇÃO DESPESA %
EXERCÍCIO
REALIZADA ALTERADA EMPENHADA EXECUTADO
2010 28.626,6 31.032,9 28.781,0 92,7%
2011 29.609,9 32.211,4 30.104,3 93,5%
2012 32.587,9 35.808,6 33.232,4 92,8%
2013 36.328,3 41.127,6 37.745,3 91,8%
2014 41.538,0 46.909,9 42.731,4 91,1%
2015 40.980,7 49.761,8 45.558,9 91,6%
2016 47.011,0 52.573,0 47.020,3 89,4%
2017 48.545,5 53.055,7 50.185,2 94,6%
2018 53.232,3 60.679,0 56.143,7 92,5%
2019 55.050,0 61.196,8 58.250,4 95,2%
2020 47.075,8 52.175,1 47.846,5 91,7%
Fonte: Sistema Finanças Públicas Estaduais – FPE
Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG
Nota 1: valores sem as operações intraorçamentárias
Nota 2: A partir de 2020, as transferências constitucionais aos municipios passaram a ser contabilizadas como deduções da receita, reduzindo
assim os valores em comparação aos anos anteriores.

2.3.2 – Orçamento: Previsão x Execução


A seguir, demonstra-se o comportamento da receita entre a previsão
orçamentária e a sua execução.

ORÇAMENTO VERSUS EXECUÇÃO DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA - 2020


Em R$ milhões (nominais)

DIFERENÇA
DISCRIMINAÇÃO PREVISÃO EXECUÇÃO
VALOR % DA PREVISÃO
RECEITAS CORRENTES 62.078,2 63.448,2 1.369,9 2,2%
Impostos, Taxas e Contribuições de Melhoria 46.501,5 45.451,6 -1.049,8 -2,3%
ICMS 37.550,0 36.380,7 -1.169,3 -3,1%
IPVA 3.091,6 3.219,1 127,5 4,1%
Demais 5.859,8 5.851,8 -8,1 -0,1%
Contribuições 3.842,5 4.394,8 552,3 14,4%
Receita Patrimonial 990,2 816,2 -174,0 -17,6%
Receita Agropecuária 36,4 1,1 -35,4 -97,1%
Receita de Serviços 597,5 400,6 -196,9 -33,0%
Transferências Correntes 9.443,1 11.812,5 2.369,4 25,1%
Cota-Parte FPE 2.262,8 2.136,5 -126,3 -5,6%
Cota-Parte IPI-Exportação 549,3 513,9 -35,4 -6,5%
Recursos SUS 861,8 977,0 115,2 13,4%
Portarias MS - Combate Covid-19 - 558,7 558,7 -
Salário Educação 671,3 312,5 -358,7 -53,4%
Auxílio LC 173/20 – Recursos Llivres - 1.945,4 1.945,4 -
Auxílio LC 173/20 - Recursos Vinculados Saúde - 261,6 261,6 -
Reposição FPE - Calamidade Pública - 126,0 126,0 -

64
ORÇAMENTO VERSUS EXECUÇÃO DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA - 2020
Em R$ milhões (nominais)

DIFERENÇA
DISCRIMINAÇÃO PREVISÃO EXECUÇÃO
VALOR % DA PREVISÃO
FUNDEB 4.633,7 4.349,7 -284,0 -6,1%
Lei Kandir - 276,0 276,0 -
Demais transferências correntes 464,2 355,1 -109,1 -23,5%
Outras Receitas Correntes 667,1 571,5 -95,6 -14,3%
RECEITAS DE CAPITAL 460,2 1.055,2 595,1 129,3%
Operações de Crédito 64,3 24,9 -39,4 -61,3%
Alienações de Bens 147,9 808,2 660,3 446,3%
Amortização de Empréstimos 56,8 24,6 -32,2 -56,7%
Transferências de Capital 191,2 197,5 6,4 3,3%
Outras Receitas de Capital - 0,1 0,1
RECEITAS INTRAORÇAMENTÁRIAS 16.282,5 16.884,8 602,3 3,7%
DEDUÇÕES DA RECEITA CORRENTE -17.661,0 -17.427,6 233,4 -1,3%
TOTAL DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA 61.159,9 63.960,6 2.800,7 4,6%
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.

Em 2020, a receita do Estado foi 4,6% superior ao previsto, considerando


as operações intraorçamentárias, o que gerou um incremento de R$ 2,80 bilhões frente
ao previsto na LOA. O forte impacto causado pela pandemia da Covid-19 foi sentido na
arrecadação, que teve uma redução de 2,3% do previsto. O ICMS, principal imposto da
economia gaúcha, sofreu uma queda de R$ 1,17 bilhão frente ao previsto, o que
representou 3,1% a menos do projetado. Porém, os auxílios da União, principalmente em
razão da LC nº 173/20, compensou essa queda. O valor destinado para aplicação livre foi
de R$ 1,95 bilhão, ou seja, maior do que a queda registrada na arrecadação. Destacam-se
também os valores recebidos para aplicação na saúde, no combate à pandemia: R$ 558,7
milhões em portarias do Ministério da Saúde e R$ 261,6 milhões da LC nº 173/20.
Analisa-se agora a execução da despesa pública, frente à dotação
orçamentária inicial.

ORÇAMENTO VERSUS EXECUÇÃO DA DESPESA ORÇAMENTÁRIA - 2020


Em R$ milhões (nominais)

DIFERENÇA
DISCRIMINAÇÃO PREVISÃO EXECUÇÃO
VALOR % DA PREVISÃO
DESPESAS CORRENTES 45.408,9 45.110,4 -298,5 -0,7%
Pessoal e Encargos Sociais 30.728,2 30.486,9 -241,2 -0,8%
Juros e Encargos da Dívida 2.795,8 2.573,7 -222,0 -7,9%
Outras Despesas Correntes 11.885,0 12.049,8 164,8 1,4%
DESPESAS DE CAPITAL 2.852,3 2.736,0 -116,2 -4,1%
Investimentos 987,0 864,3 -122,7 -12,4%
Inversões Financeiras 101,3 105,9 4,6 4,5%
Amortização da Dívida 1.763,9 1.765,8 1,8 0,1%
RESERVA ORÇAMENTÁRIA 1.894,7 - -1.894,7 -

65
ORÇAMENTO VERSUS EXECUÇÃO DA DESPESA ORÇAMENTÁRIA - 2020
Em R$ milhões (nominais)

DIFERENÇA
DISCRIMINAÇÃO PREVISÃO EXECUÇÃO
VALOR % DA PREVISÃO
DESPESAS INTRAORÇAMENTÁRIAS 16.282,5 16.711,4 428,9 2,6%
TOTAL DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA 66.438,4 64.557,9 -1.880,5 -2,8%
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.

A execução da despesa foi 2,8% abaixo da dotação inicial, ou seja, R$ 1,88


bilhão a menos que o planejado. Houve queda nas despesas correntes, como Pessoal e
Encargos Sociais e nos Juros e Encargos da Dívida, bem como redução nas despesas de
capital, em investimentos. Porém, o que mais impactou na queda foi o valor previsto em
reserva orçamentária, de R$ 1,89 bilhão, sendo que não houve execução deste grupo.
O governo estadual aprovou, em 2020, reforma administrativa, cortando
vantagens temporais, bem como não houve reposição salarial aos servidores. Cita-se
também a falta de contratação de novos servidores e os efeitos da reforma
previdenciária, aprovada ao final de 2019. As particularidades da despesa estão mais bem
explicadas no capítulo quatro deste relatório.
Cotejando-se as previsões e execuções da receita e despesas, chega-se ao
seguinte cenário:

ORÇAMENTO VERSUS EXECUÇÃO DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA - 2020


Em R$ milhões (nominais)

DIFERENÇA
DISCRIMINAÇÃO PREVISÃO EXECUÇÃO
VALOR % DA PREVISÃO
Receitas Orçamentárias 61.159,9 63.960,6 2.800,7 4,6%
Despesas Orçamentárias 66.438,4 64.557,9 -1.880,5 -2,8%
Resultado Orçamentário -5.278,5 -597,3 4.681,2 88,7%
Operações Intraorçamentárias - 173,4 173,4
Resultado sem Operações Intraorçamentárias -5.278,5 -770,7 4.507,8 85,4%
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.

Enquanto a LOA previu um déficit orçamentário de R$ 5,28 bilhões, a


execução em 2020 foi deficitária em R$ 770,0 milhões. Excluindo-se as operações
intraorçamentárias, o déficit foi de R$ 597,3 milhões no ano em análise.
Houve redução de 85,4% no déficit orçamentário previsto, o que
demonstra o bom resultado atingido no ano de 2020. A análise aprofundada da receita
está no capítulo 3, enquanto da despesa está no capítulo 4, ambos deste relatório.

2.3.3 – Orçamento: Execução da Despesa Empenhada e dos Restos a Pagar


A execução da despesa, quanto aos valores empenhados, liquidados e
pagos, assim se apresentou em 2020:

66
DESPESA CONSOLIDADA DO ESTADO – EMPENHADO X LIQUIDADO X PAGO X RESTOS A PAGAR 2020
Em R$ milhões (nominais)
RESTOS A PAGAR
EMPENHADO LIQUIDADO PAGO
GRUPOS DE DESPESA Inscritos no Exercício
(A) (B) (C) (D) = (A – C) % (D/A)
01 - Pessoal e Encargos Sociais 30.486,9 30.031,1 28.479,9 2.007,1 6,6%
02 - Juros e Encargos da Dívida 2.573,7 2.573,7 241,1 2.332,6 90,6%
03 – Outras Despesas Correntes 12.049,8 11.447,9 10.551,4 1.498,4 12,4%
04 – Investimentos 864,3 430,2 377,6 486,7 56,3%
05 – Inversões Financeiras 105,9 79,2 71,1 34,8 32,8%
06 – Amortização da Dívida 1.765,8 1.765,8 627,7 1.138,1 64,5%
Total Despesas (exceto
47.846,5 46.327,9 40.348,8 7.497,7 15,7%
Intraorçamentárias)
( + ) Despesas Intraorçamentárias* 16.711,4 16.708,4 16.888,0 -176,6 -1,1%
Total Despesa Consolidada do Estado 64.557,9 63.036,3 57.236,8 7.321,1 11,3%
Fonte: Sistema Cubos DW da SEFAZ/CAGE
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG
(*) Dupla contagem decorrente, especialmente, de recursos empenhados pelos Poderes/Órgãos e ingressados no IPERGS para o custeio de assistência
médica e previdência. Nos demais casos, a dupla contagem refere-se a repasses de recursos entre a Administração Direta, Autarquias e Fundações com
contrapartida da entrega de bens ou da prestação de serviços.

Foram inscritos em restos a pagar 11,3% (R$ 7,32 bilhões) do montante


empenhado em 2020 (R$ 5,80 bilhões de restos a pagar processados e R$ 1,52 bilhão de
restos a pagar não processados).

2.3.4 – Orçamento: Despesas Incorridas, Não Pagas e Não Empenhadas – Registro em


Obrigações Pendentes de Execução Orçamentária
No exercício de 2020, ocorreram despesas não reconhecidas na execução
orçamentária. Tais fatos foram registrados no Balanço Patrimonial, no Passivo Circulante,
conta contábil 2.1.3.1.1.03.01.0509 – Obrigações Pendentes de Execução Orçamentária.

OBRIGAÇÕES PENDENTES DE EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA


Em R$ milhões (nominais)
DISCRIMINAÇÃO Saldo em 2019 Saldo em 2020
Secretaria da Saúde 475,1 588,0
Secretaria de Administração Penitenciária 130,7 139,9
Fundações 17,6 11,3
Demais 9,1 8,1
Total Obrigações Pendentes de Execução Orçamentária 632,5 747,3
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE

Conforme demonstrado na tabela acima, houve aumento redução de R$


114,8 milhões no saldo das obrigações pendentes de execução orçamentária, passando
de R$ 632,5 milhões em 2019, para R$ 747,3 milhões em 2020.
No exercício que tais obrigações forem executadas orçamentariamente, o
resultado será fortemente impactado.

67
2.4 – Resultado Orçamentário
O resultado orçamentário da administração pública estadual,
considerando-se o montante empenhado para a despesa e arrecadado para a receita, foi
deficitário em R$ 597,3 milhões.
Esse resultado consolidado é demonstrado a seguir, por setores da
administração pública estadual, consideradas as transferências financeiras
intragovernamentais.

2.4.1 – Resultado Orçamentário na Administração Direta, Autarquias e Fundações


Os resultados orçamentários por setores da administração pública estadual
(administração direta, autarquias e fundações) estão demonstrados, inicialmente, pela
arrecadação na origem e pela despesa no destino e, posteriormente, acrescidos das
Transferências Financeiras Intragovernamentais – TFI’s, registradas
extraorçamentariamente.
Os resultados finais, após as transferências intragovernamentais da
administração direta para a indireta e vice-versa, alcançaram montante deficitário na
administração direta (R$ 2,27 bilhões) e superavitário nas fundações (R$ 20,3 milhões) e
nas autarquias (R$ 1,65 bilhão).

EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA – ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA – 2020


Em R$ milhões (nominais)
DISCRIMINAÇÃO DIRETA AUTARQUIAS FUNDAÇÕES CONSOLIDADO
RECEITAS 40.392,6 23.483,6 84,4 63.960,6
RECEITAS CORRENTES 39.320,2 6.616,9 83,4 46.020,6
Receita Impostos e Taxas (1) 27.512,2 1.477,6 - 28.989,9
Receita de Contribuições - 4.394,8 - 4.394,8
Receita Patrimonial (2) 245,4 250,1 2,2 497,7
Receita Agropecuária 1,1 - - 1,1
Receita Industrial 0,0 - - 0,0
Receita de Serviços 156,3 176,4 67,9 400,6
Transferências Correntes (1) 11.146,8 16,2 6,9 11.170,0
Outras Receitas Correntes (1) 258,4 301,7 6,4 566,6
RECEITAS DE CAPITAL 1.054,2 - 1,0 1.055,2
Operações de Crédito 24,9 - - 24,9
Alienação de Bens 808,2 - 0,0 808,2
Amortização de Empréstimos 24,6 - - 24,6
Transferências de Capital 196,5 - 1,0 197,5
Outras Receitas de Capital 0,1 - - 0,1
RECEITAS INTRAORÇAMENTÁRIAS 18,1 16.866,7 - 16.884,8

DESPESAS 43.847,4 19.907,1 803,3 64.557,9


DESPESAS CORRENTES 24.903,9 19.411,4 795,1 45.110,4
Pessoal e Encargos Sociais 14.155,5 15.736,4 595,1 30.486,9
Juros e Encargos da Dívida 2.573,7 - - 2.573,7
Outras Despesas Correntes 8.174,7 3.675,1 200,0 12.049,8

68
EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA – ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA – 2020
Em R$ milhões (nominais)
DISCRIMINAÇÃO DIRETA AUTARQUIAS FUNDAÇÕES CONSOLIDADO
DESPESAS DE CAPITAL 2.440,4 292,8 2,9 2.736,0
Investimentos 616,0 245,5 2,8 864,3
Inversões Financeiras 105,9 - - 105,9
Amortização da Dívida 1.718,4 47,2 0,1 1.765,8
DESPESAS INTRAORÇAMENTÁRIAS 16.503,1 202,9 5,4 16.711,4

RSULTADO ORÇAMENTÁRIO -3.454,9 3.576,5 -718,9 -597,3


Transferências Intragovernamentais: 1.185,9 -1.925,1 739,2 -
Ingresso de valores 2.430,5 504,9 739,8 3.675,1
Saídas de valores ( 1.244,6) (2.430,0) ( 0,5) ( 3.675,1)
Resultado após Transf. Intragovernamentais -2.269,0 1.651,4 20,3 -597,3
Fonte: Sistema Cubos DW/SefazRS
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG

2.4.2 – Resultado Orçamentário: Histórico


Apresenta-se a seguir, os resultados orçamentários alcançados pelo Estado
nos últimos exercícios:

RESULTADOS ORÇAMENTÁRIOS DO ESTADO – 2010 a 2020


Em R$ milhões
EXERCÍCIO RESULTADO ORÇAMENTÁRIO
2010 (156,5)
2011 (487,6)
2012 (732,2)
2013 (1.394,0)
2014 (1.266,7)
2015 (4.942,5)
2016 (143,1)
2017 (1.668,7)
2018 (2.737,8)
2019 (3.432,5)
2020 (597,3)
Fonte: Sistema Cubos DW/Sefa-RS
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG

Nota-se o histórico de déficits orçamentários atingidos pelo Rio Grande do


Sul nos últimos exercícios. A situação foi se deteriorando entre 2010 até 2015, quando o
resultado foi deficitário em R$ 4,94 bilhões. No ano seguinte, em 2016, por diversas
razões extraordinárias (venda da folha dos servidores, atrasos nos pagamento salariais,
aumento de restos a pagar de fornecedores, etc.) o resultado melhorou
substancialmente, para retomar a tendência de queda nos anos seguintes.
O ano de 2020 apresentou, novamente, uma significativa melhora,
também devido a fatores extraordinários (repasses federais para combate ao Covid-19),

69
mas igualmente houve ações diretas do governo estadual, como a reforma da
previdência, reforma administrativa, decretos de contingenciamento, entre outros.
Outro fator relevante nas contas públicas é a restrição imposta pelas
vinculações constitucionais, que no Rio Grande do Sul difere do conjunto da Federação, a
exemplo da vinculação de 35% com educação prevista na Constituição Estadual, e não de
25% estabelecida na Constituição Federal. Para cumprir essa vinculação de 35%, e as
demais vinculações, tais como a de 12% para a saúde; de 1,5% para a pesquisa científica e
tecnológica; e de 0,5% para o ensino superior comunitário, o resultado orçamentário de
2020 seria deficitário em mais R$ 4,67 bilhões.

DIFERENÇA A MENOR EM RELAÇÃO AO CUMPRIMENTO INTEGRAL DAS VINCULAÇÕES CONSTITUCIONAIS (*)


Em R$ milhões (nominais)
ENSINO TOTAL
Exercício MDE PESQUISA SAÚDE**
SUPERIOR NÃO APLICADO
2010 1.424,6 80,8 218,6 726,0 2.450,0
2011 1.251,5 83,9 227,8 735,4 2.298,6
2012 1.022,8 92,0 243,9 477,2 1.835,9
2013 871,9 104,2 283,7 650,5 1.910,3
2014 553,4 112,7 301,8 531,3 1.499,2
2015 346,7 119,6 332,0 841,1 1.639,4
2016 1.670,0 133,6 374,4 885,4 3.063,4
2017 1.876,5 56,1 400,1 841,7 3.174,4
2018 2.601,2 58,8 439,6 918,5 4.018,1
2019 2.681,1 62,5 456,8 1.051,3 4.251,6
2020 2.433,5 70,0 458,7 1.108,1 4.070,3
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Vide Capítulo 9 – Vinculações Constitucioniais.
(**) Exclusão do montante aplicado, por interpretações divergentes e pelo princípio da prudência aplicado às normas da LC nº 141/2012: dos gastos com
a Corsan até 2012; e dos valores empenhados com as contribuições patronais ao IPE-Saúde e com as aposentadorias, pensões e encargos sobre a folha
dos inativos, a partir de 2013.

2.5 – Histórico das Superestimativas de Receitas


Analisando-se os orçamentos dos últimos 20 anos, na maioria dos
exercícios as despesas orçadas foram maiores do que a previsão da receita que
efetivamente deveria ingressar nos cofres do Estado. Dessa forma o Rio Grande do Sul
utilizou a técnica de criar-se uma rubrica, na parte da receita, para que o equilíbrio
orçamentário seja mantido, ou seja, que as receitas e despesas previstas sejam idênticas.
De acordo com o princípio do equilíbrio orçamentário, a lei orçamentária anual deve
assegurar que o valor da despesa fixada não seja superior ao valor da receita prevista,
conforme entendimento da Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF:

Art. 4º A lei de diretrizes orçamentárias atenderá o disposto no § 2o do art. 165


da Constituição e:
I - disporá também sobre:
a) equilíbrio entre receitas e despesas;

70
Anteriormente, este déficit orçamentário era ocultado com a previsão de
receitas extraordinárias de difícil realização, tais como a indenização pela manutenção
das rodovias federais, o ressarcimento adicional à Lei Kandir e operações de crédito para
redução de encargos da dívida, o que ocorreu, por exemplo, nos exercícios de 2005 a
2007.
Em 2008, pela primeira vez o orçamento não apresentou equilíbrio entre as
receitas e as despesas, sendo o déficit de R$ 1,29 bilhão evidenciado na peça
orçamentária. Em 2009, o orçamento foi apresentado de forma equilibrada.
Entre 2012 e 2019 voltou-se a utilizar uma rubrica, a qual, entretanto,
passou a ser denominada de “Receita Extraordinária para Cobertura do Déficit” a qual
visa para fins orçamentários, atingir o equilíbrio entre receita e despesa.
Ilustra-se com o orçamento de 2019 (Lei nº 15.237/18):

Art. 2º Fica criada a Receita Extraordinária para Cobertura do Deficit, inclusa na


Receita Corrente do Estado, com valor correspondente a R$ 7.390.836.089,00
(sete bilhões, trezentos e noventa milhões, oitocentos e trinta e seis mil, oitenta
e nove reais), referente à estimativa de fonte de recurso de demais
compensações financeiras, que o Poder Executivo fica autorizado a utilizar para
cobrir o deficit orçamentário, nos termos da Lei n° 4.320/64.

Os valores utilizados para igualar o orçamento estadual foram os seguintes:

RECEITA EXTRAORDINÁRIA PARA FINS DE ORÇAMENTO


Em R$ milhões nominais
ANO RECEITAS EXTRAORDINÁRIAS DIFERENÇA ENTRE RECEITA ORÇADA/REALIZADA
2012 246,1 -792,9
2013 1.201,3 -885,3
2014 2.305,2 -611,1
2015 1.790,5 -7.173,6
2016 4.621,3 -6.066,6
2017 2.971,9 -1.931,9
2018 6.874,0 -3.451,7
2019 7.390,8 -2.933,8
2020 * *
2021 * *
Fonte: Sistema Cubos DW/Sefazr-RS
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG
*Nos exercícios de 2020 e 2021 o orçamento foi aprovado de forma “desequilibrada”, com déficits previstos de R$ 5.280 e R$ 8.100 bilhões respec-
tivamente.

Na lei orçamentária anual de 2020, não houve a utilização desta técnica. A


peça orçamentária aprovada pela Assembleia Legislativa (Lei nº 15.399/19) estimou as
despesas em R$ 66,44 bilhões e as receitas em R$ 61,16 bilhões, o que resultou numa
proposta orçamentária para o ano corrente com déficit orçamentário de R$ 5,28 bilhões.
Da mesma forma a lei orçamentária para 2021 (Lei nº 15.562/20) com uma
previsão de R$ 66,92 em despesas e R$ 58,82 para as receitas, aponta para um déficit

71
previsto de R$ 8,10 bilhões8. Destaca-se que estes valores se tratam de previsão,
efetuada quando da elaboração da LOA.
O real déficit, efetivamente realizado, decorrente da realização de
despesas em valores superiores as receitas, vem sendo coberto apenas de forma parcial
de diferentes maneiras: no exercício de 2013, por exemplo, houve significativo saque de
depósitos judiciais não tributários, e a partir deste ano, “empréstimos” do SIAC. A tabela
a seguir demonstra valores do Sistema Integrado de Administração de Caixa (SIAC),
originalmente instituído pelo Decreto nº 33.959/1991 “emprestados” para cobertura
parcial deste déficit, assim como os depósitos judiciais utilizados.

UTILIZAÇÃO DO SIAC E DEPÓSITOS JUDICIAIS


Em R$ milhões nominais
UTILIZAÇÃO
ANO SAQUES SIAC DEPÓSITOS TOTAL UTILIZADO SALDO CONTA SALDO DEPÓSITOS
(A) (B) JUDICIAIS (B+C) RESGATE JUDICIAIS
(C)
2012 1.567,0 - 1.567,0 4.343,9 2.043,0
2013 (2.724,0) 5.015,0 2.291,0 1.619,9 7.058,0
2014 2.462,2 650,0 3.112,2 4.082,1 7.708,0
2015 306,1 1.956,8 2.263,0 4.388,3 9.664,8
2016 831,5 492,9 1.324,4 5.219,8 10.157,7
2017 1.674,6 493,4 2.168,0 6.894,4 10.651,1
2018 1.361,1 40,0 1.401,1 8.255,4 10.691,1
2019 1.691,4 -95,4 1.596,0 9.946,9 10.595,7
2020 (3.454,3) - (3.454,3) 6.492,6 10.595,7
Fonte: Sistema Cubos/DW/Sefaz-RS
Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG

A utilização de valores do SIAC, bem como de depósitos judiciais, está


detalhada no capítulo 6 – Gestão Patrimonial e Financeira.
Na impossibilidade de cobertura total do déficit, o Estado passou a atrasar
seus compromissos, o que ocasionou, entre outras situações, o atraso no pagamento dos
salários dos servidores.

8
O Art. 5º desta Lei especifica que a cobertura do déficit orçamentário previsto para o exercício
econômico-financeiro de 2021 será buscada por meio de receitas adicionais, controle de despesas e através
da adesão ao Regime de Recuperação Fiscal.

72
3 COMPORTAMENTO DAS RECEITAS
O presente capítulo trata das principais questões envolvendo o
comportamento das receitas do Estado do Rio Grande do Sul no exercício de 2020. Neste
arcabouço destacam-se, em especial, as análises realizadas no ICMS, principal fonte de
arrecadação do Estado, e as desonerações fiscais associadas a este tributo.

3.1 – Receitas Orçamentárias


O Poder Público com o objetivo de atingir os seus propósitos junto à
sociedade, notadamente, a adequada oferta de serviços por meio da execução de
políticas públicas nas mais diversas áreas, como em educação, saúde e segurança,
necessita auferir receitas que permitirão o financiamento dessas prestações junto à
população.
As receitas públicas podem advir da exploração do patrimônio do Estado,
nas chamadas receitas derivadas, ou ter origem no exercício do poder de polícia
administrativa por meio do qual o Estado lança mão de princípios como o da Supremacia
do Interesse Público sobre o Privado e mediante edição de leis institui tributos cobrados
das pessoas físicas e jurídicas.
Este relatório, para fins didáticos, adotará a distribuição das receitas
arrecadadas segundo a classificação por categoria econômica, a qual as divide entre
receitas correntes e de capital.
O Comportamento das Receitas Orçamentárias do Estado em 2020,
comparativamente ao exercício de 2019, com os valores atualizados pelo IPCA, é
demonstrado pelas próximas tabelas.

RECEITA ORÇAMENTÁRIA - 2016/2020


Em R$ milhões
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO Δ% Δ% Δ% Δ% Δ%
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
Impostos ** 25.160,79 25.881,21 2,86 27.317,98 5,55 28.232,46 3,35 27.182,50 -3,72 8,04
Taxas 1.738,87 1.916,77 10,23 2.154,08 12,38 2.046,37 -5,00 1.807,36 -11,68 3,94
Contribuições 3.587,53 3.504,70 -2,31 3.852,33 9,92 3.828,41 -0,62 4.394,80 14,79 22,50
Patrimonial *** 2.197,05 799,66 -63,74 846,86 6,30 954,67 12,73 497,73 -47,86 -77,35
Agropecuária 1,80 1,23 -31,76 1,74 40,93 1,19 -31,69 1,06 -10,82 41,42
Industrial 0,052 0,014 -72,81 0,006 -55,67 0,002 -65,04 0,002 -2,84 -95,90
Serviços 441,73 562,33 27,30 558,67 -0,65 529,52 -5,22 400,56 -24,35 -9,32
Transferências
9.075,01 8.686,24 -4,28 8.702,45 0,19 8.616,61 -0,99 11.169,99 29,63 23,09
Correntes ***
Outras Receitas
1.014,12 1.461,14 44,08 1.332,41 -8,81 1.073,54 -19,43 566,57 -47,22 -44,13
Correntes ***
Receitas Correntes 43.216,96 42.810,31 -0,94 44.766,53 4,57 45.282,77 1,15 46,020,57 1,63 6,49
Operações de Crédito 383,00 616,01 60,84 289,29 -53,04 198,03 -31,55 24,87 -87,44 -93,51
Alienação de Bens 96,79 140,52 45,18 912,16 549,15 588,36 -35,50 808,19 37,36 735,02
Amortização de
55,26 25,06 -54,65 26,84 7,10 28,35 5,61 24,63 -13,13 -55,44
Empréstimos
Transferências de
108,44 98,03 -9,60 221,25 125,70 44,42 -79,92 197,51 344,68 82,13
Capital

74
RECEITA ORÇAMENTÁRIA - 2016/2020
Em R$ milhões
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO Δ% Δ% Δ% Δ% Δ%
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
Outras Receitas de
1,15 - -100,0 - - 7,51 - 0,053 -99,30 -95,39
Capital
Receitas de Capital 644,64 879,62 36,45 1.449,54 64,79 866,66 -40,21 1.055,25 21,76 63,70
Receitas
43.861,59 43.689,93 -0,39 46.216,06 5,78 46.149,44 -0,14 47.075,82 2,01 7,33
Orçamentárias
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE .
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.
(**) Receita Líquida após dedução do FUNDEB e da Transferências aos Municípios, que era contabilizada como despesa até 2019.
(***) Receita Líquida após deduções.

A tabela acima evidenciou os valores arrecadados bem como as suas


variações ao longo do período 2016-2020. Os destaques ficam por conta da queda de
3,72% na receita de impostos frente aos valores inflacionados de 2019, fortemente
influenciada pelo contexto de retração econômica em função da pandemia da Covid-19.
Em linha oposta se comportou a receita de contribuições, que apresentou incremento
real de 14,79%, números explicados pelas Reformas Previdenciárias cujos efeitos
entraram em vigor em 2020 mediante alterações nas tabelas de alíquotas e bases de
cálculo das referidas receitas previdenciárias. Por derradeiro destacam-se as
transferências correntes, que tiveram expressivo aumento de 29,63% frente o exercício
de 2019, em grande parte por conta dos recursos enviados pela União de forma
extraordinária para auxiliar no combate à pandemia e às externalidades que foram
causadas na economia e arrecadação.
A tabela que segue indica a participação de cada uma das receitas em
relação ao total de sua Categoria Econômica (CE) – corrente ou de capital - e
relativamente às Receitas Orçamentárias (RO) de modo a se visualizar a
representatividade de cada fonte de recurso do Estado.

RECEITA ORÇAMENTÁRIA - 2016/2020


Em R$ milhões (nominais)
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO % % % % % % % % % % Variação
Categoria Receita Categoria Receita Categoria Receita Categoria Receita Categoria Receita
20/19
Econômica Total Econômica Total Econômica Total Econômica Total Econômica Total
Impostos ** 58,2 57,4 60,5 59,2 61,0 59,1 62,3 61,2 59,1 57,7 -3,72
Taxas 4,0 4,0 4,5 4,4 4,8 4,7 4,5 4,4 3,9 3,8 -11,68
Contribuições 8,3 8,2 8,2 8,0 8,6 8,3 8,5 8,3 9,5 9,3 14,79
Patrimonial ** 5,1 5,0 1,9 1,8 1,9 1,8 2,1 2,1 1,1 1,1 -47,86
Agropecuária 0,004 0,004 0,003 0,003 0,004 0,004 0,003 0,003 0,002 0,002 -10,82
Industrial 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,00003 0,00003 0,00001 0,00001 0,000005 0,000005 -2,84
Serviços 1,0 1,0 1,3 1,3 1,2 1,2 1,2 1,1 0,9 0,9 -24,35
Transferências
21,0 20,7 20,3 19,9 19,4 18,8 19,0 18,7 24,3 23,7 29,63
Correntes **
Outras Receitas
2,3 2,3 3,4 3,3 3,0 2,9 2,4 2,3 1,2 1,2 -47,22
Correntes **
Receitas
100,0 98,5 100,0 98,0 100,0 96,9 100,0 98,1 100,0 97,8 1,67
Correntes
Operações de
59,4 0,9 70,0 1,4 20,0 0,6 22,8 0,4 2,4 0,05 -87,44
Crédito
Alienação de
15,0 0,2 16,0 0,3 62,9 2,0 67,9 1,3 76,6 1,7 37,36
Bens

75
RECEITA ORÇAMENTÁRIA - 2016/2020
Em R$ milhões (nominais)
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO % % % % % % % % % % Variação
Categoria Receita Categoria Receita Categoria Receita Categoria Receita Categoria Receita
20/19
Econômica Total Econômica Total Econômica Total Econômica Total Econômica Total
Amortização de
8,6 0,1 2,8 0,06 1,9 0,06 3,3 0,06 2,3 0,05 -13,13
Empréstimos
Transferências
16,8 0,2 11,1 0,2 15,3 0,5 5,1 0,1 18,7 0,4 344,68
de Capital
Outras Receitas
0,2 0,003 - - - - 0,9 0,02 0,005 0,0001 -99,30
de Capital
Receitas de
100,0 1,5 100,0 2,0 100,0 3,3 100,0 1,9 100,0 2,2 21,76
Capital
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE .
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.
(**) Receita Líquida após as Deduções de Impostos, da Patrimonial, das Transferências Correntes e das Outras Receitas Correntes.

A arrecadação de receitas orçamentárias, em 2020, teve leve aumento em


termos reais, de 2,01%, corrigidos pelo IPCA, em relação a 2019, perfazendo o montante
de R$ 47,08 bilhões. Quando comparadas com o exercício de 2016 a variação positiva é
de 7,33%.
A maior representatividade é da categoria econômica das receitas
correntes, as quais, em 2020, representaram 97,8% das receitas orçamentárias, num total
de R$ 46,02 bilhões, aumento real de 1,63% frente a 2019. As receitas de capital, por sua
vez, somaram R$ 1,06 bilhão, 2,2% do total, e tiveram elevação real de 21,76%, se
comparadas com o exercício anterior.
O próximo gráfico demonstra a evolução na arrecadação das Receitas
Correntes no período 2016-2020. As demais receitas correntes representam a soma das
receitas patrimoniais, agropecuária, industrial, e de serviços.

RECEITAS CORRENTES – 2016 A 2020


30,00
IMPOSTOS
25,00
Arrecadação em R$ bilhões

TAXAS
20,00
CONTRIBUIÇÕES
15,00
TRANSFERÊNCIAS
10,00 CORRENTES
OUTRAS RECEITAS
5,00 CORRENTES
DEMAIS RECEITAS
- CORRENTES
2016 2017 2018 2019 2020

Fonte: Cubos DW – Sefaz RS.


Cálculo: Equipe SAIPAG/SAICE

76
As receitas de impostos seguiram como a principal fonte de recursos do
Tesouro Estadual, representando 57,7% das receitas totais e 59,1%, se consideradas
apenas as receitas correntes. Apesar da relevância dessa fonte de recursos, houve queda
real de arrecadação na ordem de 3,72% em relação a 2019. Quando comparados os
percentuais de 2020 com os do ano de 2019 identifica-se, também, queda da participação
das receitas de impostos, tanto em relação às receitas totais – de 61,2% para 57,7% -
como às receitas correntes – de 62,3% para 59,1% - números influenciados por fatores
como a queda na arrecadação de ICMS e a elevação nas transferências correntes, em
especial pelos recursos remetidos ao Rio Grande do Sul pela União, em consonância com
a Lei Complementar nº 173/2020, que serão detalhados no tópico sobre as Transferências
Correntes. A arrecadação da receita de impostos será amplamente detalhada em tópicos
específicos neste capítulo.
Merecem destaque, também, as receitas de contribuições, que
apresentaram crescimento real de 14,8% frente a 2019, tendo por base o IPCA, ao
atingirem o montante de R$ 4,39 bilhões. Medidas como Reforma da Previdência dos
Servidores Públicos do Estado do Rio Grande do Sul que, entre outras alterações,
modificou as alíquotas inerentes à contribuição previdenciária, impactaram esses
números. Os impactos no âmbito da Previdência dos Servidores do Estado do Rio Grande
do Sul em função da elevação dessa receita serão abordados no Capítulo 8 – Gestão
Previdenciária.
No contexto de pandemia, a fim de mitigar as consequências por possíveis
perdas de arrecadação dos Entes subnacionais, bem como auxiliar financeiramente no
combate à Covid-19, a União apresentou um pacote de ajuda aos Estados e municípios
por meio da Lei Complementar nº 173/2020. Os ingressos se deram na forma de
transferências correntes e de capital, havendo recursos com destino específico de
combate à Covid-19 (aplicação dos recursos abordada em tópico próprio da Saúde no
capítulo 9 – Vinculações Constitucionais), e outros sem uma destinação própria.
Influenciaram, adicionalmente, os valores das Transferências Correntes, os repasses
referentes às compensações da Lei Kandir, ocorridos em dezembro de 2020.
Nesse capítulo, serão analisados esses repasses federais junto às demais
transferências correntes, que no total atingiram R$ 11,17 bilhões, e de capital, cujos
ingressos foram na ordem de R$ 197,5 milhões. Ambas apresentaram aumento real de
29,6% e 344,7%, respectivamente, em relação aos valores atingidos, em 2019.
No rol das receitas de capital destacam-se as receitas de alienação de bens,
que em 2016 e 2017 representaram entre 15% e 16% das receitas de capital, enquanto a
partir de 2018 ultrapassam os 60% dos valores obtidos nessa categoria econômica,
atingindo 76,6% entre as receitas de capital de 2020. Os ingressos extraordinários
relacionados aos programas de incentivo à atividade econômica no âmbito do Fundopem
e Fomentar, decorrentes de operações como liquidações antecipadas e cessões de
direitos creditórios a instituições financeiras, foram os principais responsáveis por essa
elevação em termos de representatividade dentro da categoria econômica. Entretanto
cumpre citar que o reconhecimento da receita orçamentária se deu somente quando da
desconstituição e consequente transferência dos valores pelo Gestor dos fundos, o
Badesul, ao Estado. Os ingressos em caixa e respectiva utilização dos recursos financeiros
não necessariamente ocorreram nos exercícios de reconhecimento das receitas de

77
capital, como será abordado neste capítulo no tópico inerente às receitas de alienação de
bens.

3.2 – Receitas Tributárias


As Receitas Tributárias, que são compostas no âmbito da Contabilidade
Governamental pelos Impostos, Taxas e Contribuições de Melhoria – teoria tripartite –
têm seu desempenho arrecadatório demonstrado pela próxima tabela, com os valores
atualizados pelo IPCA/IBGE.

RECEITA TRIBUTÁRIA - 2016/2020


Em R$ milhões (nominais)
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO Δ% Δ% Δ% Δ% Δ%
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
ICMS Bruto 34.887,0 35.442,4 1,59 37.299,9 5,24 37.704,6 1,09 36.380,7 -3,51 4,28
( - ) Dedução FUNDEB (5.193,9) (5.271,7) 1,50 (5.539,7) 5,08 (5.487,0) -0,95 (5.385,7) -1,85 3,69
( - ) Dedução Municípios (8.660,4) (8.786,3) 1,45 (9.238,7) 5,15 (9.144,3) -1,02 (8.988,2) -1,71 3,78
ICMS Líquido 21.032,6 21.384,4 1,67 22.521,5 5,32 23.073,3 2,45 22.006,9 -4,62 4,63
IPVA Bruto 2.902,1 2.803,8 -3,39 3.356,7 19,72 3.172,7 -5,48 3.219,1 1,46 10,92
( - ) Dedução FUNDEB (287,1) (273,7) -4,68 (320,6) 17,15 (317,3) -1,05 (321,9) 1,46 12,11
( - ) Dedução Municípios (1.451,1) (1.401,9) -3,39 (1.678,3) 19,72 (1.586,4) -5,48 (1.612,8) 1,66 11,14
IPVA Líquido 1.163,9 1.128,2 -3,07 1.357,7 20,34 1.269,1 -6,53 1.284,5 1,21 10,36
ITCD Bruto 493,4 550,7 11,63 625,6 13,60 695,8 11,22 759,8 9,20 54,01
( - ) Dedução FUNDEB (96,5) (108,4) 12,38 (125,3) 15,59 (139,1) 10,99 (152,0) 9,27 57,53
ITCD Líquido 396,9 442,3 11,45 500,3 13,11 556,7 11,28 607,8 9,18 53,15
ITBI 3,9 3,4 -12,88 4,0 16,13 3,3 -16,37 2,6 -22,09 -34,08
( - ) Dedução Municípios (2,0) (1,8) -10,10 (2,0) 12,53 (1,7) -16,37 (1,3) -22,09 -34,08
ITBI Líquido 2,0 1,6 -15,66 2,0 19,96 1,7 -16,37 1,3 -22,09 -34,08
IRRF 2.565,4 2.924,6 14,00 2.936,4 0,41 3.331,6 13,46 3.282,0 -1,49 27,94
TAXAS 1.738,9 1.916,8 10,23 2.011,9 4,97 1.982,7 -1,45 1.807,4 -8,84 3,94
Receita Tributária 42.590,6 43.641,7 2,47 46.234,5 5,94 46.890,8 1,42 45.451,6 -3,07 6,72
( - ) Dedução FUNDEB** (5.577,5) (5.653,8) 1,37 (5.985,6) 5,87 (5.943,4) -0,71 (5.859,6) -1,41 5,06
( - ) Dedução
(10.113,4) (10.189,8) 0,76 (10.919,0) 7,15 (10.732,3) -1,71 (10.602,2) -1,21 4,83
Municípios***
Rec. Tributária Líquida 26.899,7 27.798,0 3,34 29.329,9 5,51 30.215,2 3,02 28.989,9 -4,06 7,77
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE .
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.
(** (**) Valor retido automaticamente das receitas de impostos e destinado à formação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e
de Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB.
(***) Cota-parte dos Municípios na Arrecadação de Impostos Estaduais, contabilizado como despesa até 2019, e dedução da receita a partir de 2020.

Inicialmente cumpre mencionar a mudança, a partir de 2020, na


contabilização do repasse dos impostos aos municípios. Até 2019, o valor da arrecadação
das exações que competia às municipalidades compunha a receita arrecadada do Estado
e a remessa dos valores era tratada como despesa orçamentária. A partir do exercício de
2020 passou-se a contabilizá-las como dedução da receita. Dessa forma, para fins de
comparabilidade entre os exercícios, considera-se como dedução da receita o repasse da
cota-parte municipal dos impostos estaduais arrecadados, inclusive nos exercícios
anteriores a 2020. As deduções da receita serão abordadas neste capítulo em item
próprio.

78
Em 2020, as Receitas Tributárias, principal fonte de recursos do Tesouro
Estadual, atingiram o montante de R$ 45,45 bilhões, refletindo, em valores reais, uma
queda de 3,07% em relação ao de 2019 (inflacionado pelo IPCA/IBGE). Considerando-se,
também em termos reais, o valor líquido após a contribuição para a formação do FUNDEB
e a Transferência aos Municípios, as Receitas Tributárias registraram um decréscimo de
4,06%, atingindo R$ 28,99 bilhões. Dessa forma, após pequenos aumentos ocorridos a
partir de 2017, no ano de 2020 constata-se uma queda na arrecadação, ou seja, uma
desaceleração do crescimento da economia, em grande parte com efeitos decorrentes da
pandemia da Covid-19, que ainda afeta a produção global.
O IPVA, em 2020, foi responsável pela arrecadação bruta de R$ 3,22
bilhões, equivalente a 7,08% do total das Receitas Tributárias. As deduções relativas ao
FUNDEB e Transferências aos Municípios atingiram R$ 321,9 milhões e R$ 1,61 bilhão,
respectivamente, perfazendo uma arrecadação líquida desse imposto de R$ 1,28 bilhão, o
que representou 3,24% da arrecadação tributária líquida. Registra-se, assim, um aumento
em 2020 – 1,46% na arrecadação bruta e 1,21% no IPVA líquido -, após redução em 2019
de 5,48% nos valores brutos e 6,53% na quantia após as deduções. Como a arrecadação
do IPVA acaba sendo antecipada para dezembro em alguns anos, como ocorrera em
2018, podem ocorrer estas variações.
A arrecadação do ITCD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e
Doação) vem registrando aumentos sucessivos desde 2017, atingindo a variação de 9,20%
no ano de 2020 frente ao desempenho no exercício anterior. A dedução ao FUNDEB de R$
152,0 milhões ocorrera sobre um ingresso bruto de R$ 759,8 milhões de cujo cotejo
resultou o valor líquido de R$ 607,8 milhões, estes com aumento real de 9,18% em
comparação a 2019.
Os ingressos do IRRF, em termos reais, sofreram uma retração de 1,49%,
na comparação ao ano anterior, atingindo a cifra de R$ 3,28 bilhões. Da mesma forma,
houve redução nos ingressos provenientes dos pagamentos de Taxas, de 8,84%, sendo
que as cifras giraram na ordem de R$ 1,81 bilhão. Também com queda de arrecadação,
22,09% nos valores líquidos arrecadados, o ITBI representou o ingresso líquido de R$ 1,3
bilhão, após a dedução de R$ 1,3 bilhão para Transferência aos Municípios realizada
sobre o ingresso bruto de R$ 2,6 bilhões.
O ICMS, principal tributo estadual, correspondeu a 80,04% do total da
Receita Tributária em 2019, atingindo R$ 36,38 bilhões. Este valor representa uma queda
de 3,51% em relação ao valor corrigido de 2019. Considerando a dedução para o FUNDEB
(R$ 5,39 bilhões) e Transferência aos Municípios (R$ 8,99 bilhões), o valor líquido foi de
R$ 22,0 bilhões, representando 55,58% do total da receita Tributária Líquida. Devido ao
seu campo de incidência o ICMS restou como uma fonte de recursos fortemente atingida
pela redução do nível de atividade econômica advinda dos efeitos da pandemia do novo
coronavírus. Em razão da importância destes ingressos no Tesouro Estadual, o próximo
item é dedicado a uma análise detalhada sobre a matéria.

3.2.1 – ICMS
O ICMS é o imposto estadual de maior relevância no que diz respeito aos
valores arrecadados. Tem como principal base de incidência o comércio de mercadorias,
os serviços de transporte intermunicipal e interestadual, além da comunicação. É um

79
tributo que, em regra, incide de forma não cumulativa, sendo recolhido apenas sobre o
valor agregado a cada etapa da produção até o comércio final.
Do total arrecadado, além dos valores deduzidos ao FUNDEB, vinte e cinco
por cento são remetidos aos municípios do Estado. O rateio dos valores entre os
municípios é influenciado principalmente pelo Valor Agregado Fiscal da economia do
município, sem prejuízo de outros indicadores também impactantes para definição do
valor devido por cada municipalidade.
O ritmo da economia, sobretudo dos setores que estão em sua base de
incidência, tem forte impacto sobre o nível de arrecadação. As dificuldades enfrentadas
pela economia mundial tiveram suas consequências no nível de arrecadação dessa exação
estadual, em 2020. Na sequência desdobram-se os números do ICMS no ano de 2020.
Em 2020, a arrecadação do ICMS tributário, entendido como sendo o valor
depurado, sem contar as quantias arrecadadas a título de multas, juros de mora, dívida
ativa e adjudicações, alcançou a soma de R$ 35,45 bilhões, montante que representou
um incremento nominal de 3,66%, quando comparado com os números do exercício
anterior. Porém, ao compararmos com o valor de 2019 corrigido pelo IPCA/IBGE Médio, a
elevação cai para 0,44%.
No entanto, ao serem feitas as devidas ponderações do cenário de
pandemia vivenciado no ano de 2020, esse aumento real na arrecadação do ICMS
tributário pode ser um indicativo de ganhos de eficiência nas atividades fiscalizatórias da
Administração Tributária. Em relação ao PIB, o ICMS tributário subiu em termos de
participação de 7,20%, em 2019, para 7,49%, em 2020, e não houve majorações de
alíquotas entre esses períodos.

ICMS TRIBUTÁRIO E ICMS A QUALQUER TÍTULO - 2008/2020


Em R$ milhões
ICMS TRIBUTÁRIO ICMS A QUALQUER TÍTULO (1)
PIB RS (2) ATUALIZAÇÃO
ANO VLR. % VLR. Δ% VLR. % VLR. Δ% VLR. IPCA/IBGE
NOMINAL PIB INFLACIONADO* ANUAL NOMINAL PIB INFLACIONADO* ANUAL NOMINAL (MÉDIO)
2008 14.535,7 7,64% 26.798,1 - 14.825,1 7,79% 27.331,7 - 190.230 1,90351
2009 14.733,2 7,21% 26.737,9 -3,36% 15.086,7 7,38% 27.379,3 -2,98% 204.345 1,81480
2010 17.283,3 7,16% 29.861,0 11,68% 17.893,3 7,42% 30.915,0 12,91% 241.249 1,72774
2011 19.040,8 7,18% 30.850,3 3,31% 19.502,7 7,36% 31.598,6 2,21% 265.056 1,62022
2012 20.730,5 7,21% 31.866,1 3,29% 21.369,6 7,43% 32.848,4 3,96% 287.587 1,53716
2013 23.497,3 7,07% 34.009,1 6,73% 24.060,5 7,24% 34.824,2 6,01% 332.293 1,44736
2014 25.224,5 7,05% 34.335,8 0,96% 25.854,2 7,23% 35.193,0 1,06% 357.816 1,36121
2015 26.167,8 6,85% 32.669,8 -4,85% 27.125,9 7,10% 33.865,9 -3,77% 381.993 1,24847
2016 29.605,8 7,24% 33.991,4 4,05% 30.385,8 7,43% 34.887,0 3,01% 408.790 1,14813
2017 31.214,0 7,37% 34.643,9 1,92% 31.933,4 7,54% 35.442,4 1,59% 423.270 1,10988
2018 33.553,5 7,34% 35.923,9 3,69% 34.838,6 7,62% 37.299,9 5,24% 457.294 1,07065
2019 34.192,2 7,20% 35.290,4 -1,76% 36.531,3 7,69% 37.704,6 1,09% 475.175 1,03212
2020 35.445,4 7,49% 35.445,4 0,44% 36.380,7 7,68% 36.380,7 -3,51% 473.419 1
Fonte: Sistema FPE, Cubos DW da SEFAZ/CAGE, FEE/Núcleo de Contabilidade Social e SPGG-RS/DEE
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS
(*) Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE (médio).
(1) ICMS Arrecadado a Qualquer Título = Total do ICMS arrecadado no exercício, acrescido do ICMS em Dívida Ativa, dos Juros de Mora e das multas por pagamentos fora
de prazo.
(2) PIB/RS calculado pela FEE, para o período de 2003 até 2016, de acordo com a metodologia vigente para o período. De 2017 a 2019, o cálculo da estimativa foi
elaborado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a partir de 2020 calculado pela DEE da SPGG/RS.
Obs. 1: Os Valores do ICMS TRIBUTÁRIO e do ICMS a QUALQUER TÍTULO, incluem os ingressos do ICMS-AMPARA
Obs. 2: Em 2018, 2019 e 2020, não estão considerados os valores referente ao programa Compensa RS. Por tratar-se de valor compensado com precatórios, não houve o
efetivo ingresso financeiro

80
Quanto ao ICMS arrecadado a qualquer título, o qual inclui a cobrança do
ICMS inscrito em Dívida Ativa, os juros de mora, as multas por pagamentos em atraso e as
adjudicações (aliás, é o índice utilizado para o cálculo do valor do repasse constitucional
aos Municípios), a soma obtida atingiu o montante de R$ 36,38 bilhões, registrando
queda real de 3,51% quando comparado a 2019.
Em relação ao valor calculado pela SPGG-RS/DEE para o PIB do Estado em
2020, procedimento que pode ser utilizado para avaliar a carga tributária correspondente
ao ICMS/RS, o índice alcançou 7,68%.
É relevante relatar fatos que influenciaram na arrecadação do ICMS em
2020, tanto aumentando a arrecadação quanto diminuindo.
Primeiro faz-se necessário ressaltar que estiveram vigentes as regras
previstas na Lei nº 14.742/2015, apresentada pelo Executivo Estadual com o objetivo de
aumentar a arrecadação do ICMS-RS.
Esta Lei foi responsável por instituir o Fundo de Proteção e Amparo Social
do Estado do Rio Grande do Sul - AMPARA/RS, com a finalidade de destinar os recursos
provenientes do acréscimo de dois pontos percentuais nas alíquotas de incidência do
imposto sobre alguns artigos reconhecidos como supérfluos para viabilizar o acesso a
níveis dignos de subsistência a toda a população do Estado do Rio Grande do Sul.
O rol de mercadorias e prestações incluídas na Lei é: bebidas alcóolicas e
cerveja sem álcool; cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos, cigarreiras, fumos desfiados
e encarteirados, fumos para cachimbos e fumos tipo crespo, perfumaria e cosméticos,
prestação de serviço de televisão por assinatura.
Sobre os valores arrecadados, constatou-se que o AMPARA/RS foi
responsável, em 2020, pelo ingresso de R$ 302,5 milhões, quando considerado apenas o
ICMS tributável, e R$ 303,4 milhões quando avaliado no conjunto das receitas de ICMS a
qualquer título.
Segundo fato a influenciar a arrecadação do ICMS em 2020 refere-se à Lei
nº 15.238/2018, que prorrogou as modificações introduzidas pela Lei nº 14.743/2015 por
mais dois anos (2019 e 2020). Além de elevar de 17% para 18% a alíquota básica do ICMS
aplicada nas operações e prestações de serviços sem alíquota específica, aumentou as
incidentes sobre a base de cálculo dos setores de energia elétrica, combustíveis e
comunicação, de 25% para 30%. O Estado aponta um aumento de R$ 3,00 bilhões de
arrecadação a partir dos efeitos destas mudanças.
O terceiro fator, que pode ter impactado na arrecadação do ICMS a
qualquer título de 2020 foi a não realização do programa de recuperação de créditos
comumente denominado “REFAZ”.
Por derradeiro, porém com significativo impacto na economia global, e
consequentemente na arrecadação de ICMS, foram sentidos os efeitos da Pandemia da
Covid-19. No item 3.2.1.1 deste capítulo será analisada a arrecadação mensal do ICMS ao
longo de 2020 a fim de identificar os meses em que a arrecadação foi mais afetada pelo
contexto aqui mencionado.
Com referência ao Cadastro de Atividade Econômica nível 1 (CAE), o total
obtido pela Administração Tributária Estadual com o ICMS, no período de 2016 a 2020,
apresenta a seguinte composição:

81
ARRECADAÇÃO POR SETOR (CAE- CADASTRO DE ATIVIDADE ECONÔMICA) - 2015 – 2020
Em R$ milhões
Cadastro de Atividade
Part. Part. Part. Part.
Econômica 2016* 2017* 2018* 2019* 2020 %
% % % %
(CAE1)
0-SEM CAE1 1.216,1 3,5% 1.337,9 3,8% 1.273,5 3,4% 1.235,4 3,3% 1.215,0 3,4%
1-PRODUCAO E EXTRACAO
176,2 0,5% 152,4 0,4% 149,7 0,4% 145,2 0,4% 233,3 0,6%
ANIMAL E VEGETAL
2-INDUSTRIA EXTRATIVA
70,1 0,2% 67,9 0,2% 68,1 0,2% 64,7 0,2% 63,2 0,2%
MINERAL
3-INDUSTRIA DE
15.046,4 43,1% 15.439,2 43,6% 17.036,5 45,7% 16.859,0 45,7% 16.189,9 44,7%
TRANSFORMACAO
4-INDUSTRIA DE
1.131,0 3,2% 1.083,1 3,1% 1.069,4 2,9% 1.110,9 3,0% 1.233,0 3,4%
BENEFICIAMENTO
5-INDUSTRIA DE MONTAGEM 382,6 1,1% 351,8 1,0% 531,2 1,4% 488,4 1,3% 381,0 1,1%
6-INDUSTRIA
ACONDICIONAMENTO E 15,6 0,04% 16,8 0,05% 18,5 0,05% 20,5 0,06% 25,0 0,1%
RECONDICIONAMENTO
7-COMERCIO ATACADISTA 10.665,1 30,6% 10.357,0 29,2% 10.684,1 28,7% 10.618,8 28,8% 10.750,8 29,7%
8-COMERCIO VAREJISTA 3.020,4 8,7% 3.505,9 9,9% 3.767,2 10,1% 3.628,6 9,8% 3.508,3 9,7%
9-SERVICOS E OUTROS 3.163,4 9,1% 3.130,4 8,8% 2.665,3 7,2% 2.719,3 7,4% 2.608,5 7,2%
TOTAL 34.887,0 100,0% 35.442,4 100,0% 37.263,5 100,0% 36.890,8 100,0% 36.207,9 100,0%
Fonte: Relatórios IGRNET/SEFAZ/Receita Estadual
Cálculos: Equipe Técnica SAIPAG (*) Atualizados pelo IPCA/IBGE médio.
Obs.: Em 2018, 2019 e 2020, não estão considerados os valores referentes ao programa Compensa RS. Por tratar-se de valor compensado com
precatórios, não houve o efetivo ingresso financeiro.

Os números evidenciam a permanência da participação elevada do ICMS


gerado na Indústria de Transformação (CAE 3), oscilando, na série analisada, perto de
45% do total arrecadado. No ano em análise, o setor foi responsável por 44,7% da
arrecadação de ICMS. O Comércio Atacadista (CAE 7) foi responsável por 29,7%.
A tabela, a seguir, identifica a estrutura do ICMS/RS e a sua evolução nos
três últimos anos, tendo como referência o código de arrecadação instituído pela
Secretaria da Fazenda Estadual/Subsecretaria da Receita Estadual/Divisão de Estudos
Econômicos.

ARRECADAÇÃO POR CÓDIGO - 2018 – 2020


Em R$ milhões
2018* 2019* 2020
ARRECADAÇÃO
VALOR % VALOR % VALOR %
222-ICMS IMPOSTO S/OPERACOES RELAT. A CIRC. DE MERC. E S/PREST.
10.214,4 27,4% 9.912,7 26,9% 9.359,3 25,8%
DE SERV.
221-ICMS IMPOSTO S/OPERACOES RELAT. A CIRC. DE MERC. E
8.121,1 21,8% 7.887,1 21,4% 7.471,9 20,6%
S/PREST.DE SERV.
224-ICMS SUBSTITUICAO TRIBUTARIA INTERESTADUAL 4.643,0 12,5% 4.757,4 12,9% 5.206,4 14,4%
270-ICMS SUBSTITUICAO TRIBUTARIA INTERNA 4.293,6 11,5% 4.425,8 12,0% 4.552,0 12,6%
226-ICMS SERVICOS 2.487,4 6,7% 2.414,6 6,5% 2.331,7 6,4%
280-ICMS IMPORTACAO OU ARREMATACAO DE MERCADORIA ESTRAN-
1.372,0 3,7% 1.172,3 3,2% 1.255,0 3,5%
GEIRA PAGAMENTO
999-ICMS STIMP OU MERC UF S/CONV 1.253,3 3,4% 1.147,4 3,1% 1.203,4 3,3%
293-ICMS SIMPLES NACIONAL 746,6 2,0% 805,4 2,2% 746,6 2,1%
411-ICMS ACAO FISCAL PAGAMENTO PARCELADO COM MULTA MORA-
736,2 2,0% 499,6 1,4% 659,1 1,8%
TORIA
1511-ICMS CONSUMIDOR FINAL NAO CONTRIBUINTE OUTRA UF POR
310,6 0,8% 380,3 1,0% 475,7 1,3%
APURACAO
379-ICMS PGTO.ANTECIPADO NAS ENTRADAS DE MERC.ORIUNDAS DE
401,9 1,1% 411,7 1,1% 383,5 1,1%
OUTRAS UNIDADES
Demais Códigos 2.683,3 7,2% 3.076,5 8,1% 2.563,2 6,2%
TOTAL 37.263,5 100,0% 36.890,8 100,0% 36.207,9 100,0%

82
ARRECADAÇÃO POR CÓDIGO - 2018 – 2020
Em R$ milhões
2018* 2019* 2020
ARRECADAÇÃO
VALOR % VALOR % VALOR %
Fonte: Relatório IGRNET/Sefaz/Receita Estadual
Cálculos: Equipe técnica SAIPAG (*) Atualização pelo IPCA/IBGE médio.
Obs: Em 2018, 2019 e 2020, não estão considerados os valores referentes ao programa Compensa RS. Por tratar-se de valor compensado com
precatórios, não houve o efetivo ingresso financeiro

Quanto à distribuição da arrecadação por COREDE, a participação das


diversas regiões do Estado na composição do montante arrecadado com o imposto
demonstra a permanência da crescente concentração da arrecadação do ICMS nos
COREDES da área Metropolitano Delta do Jacuí, com índice de 41,9%, pouco abaixo do
que vinha sendo alcançado nos últimos anos.
Ainda com participação elevada aparecem as regiões do Vale do Rio dos
Sinos (27,9%) e da Serra (7,6%). Desse modo, os três COREDES em destaque respondem
por quase 80% do total arrecadado no Estado. Ou seja, apesar da implementação de
mecanismos para influenciar na descentralização da economia do Estado Gaúcho (como
FUNDOPEM-RS e INTEGRAR-RS), os dados dos três COREDES retro citados, os quais
apresentam uma continuidade no espaço geográfico, indicam elevado grau de
concentração no desenvolvimento econômico e social da região.

ARRECADAÇÃO POR COREDE 2017-2020


Em R$ milhões
2017* 2018* 2019* 2020
COREDE
VALOR % VALOR % VALOR % VALOR %
METROPOLITANO DELTA DO JACUI 16.714,6 47,2% 16.098,2 43,2% 15.483,8 42,0% 15.160,7 41,9%
VALE DO RIO DOS SINOS 8.004,3 22,6% 9.413,7 25,3% 10.694,0 29,0% 10.115,0 27,9%
SERRA 3.372,1 9,5% 3.871,9 10,4% 2.632,1 7,1% 2.744,1 7,6%
SUL 1.180,8 3,3% 1.459,7 3,9% 1.547,1 4,2% 1.376,1 3,8%
PRODUCAO 927,5 2,6% 860,9 2,3% 938,9 2,5% 900,3 2,5%
VALE DO RIO PARDO 750,8 2,1% 817,2 2,2% 806,3 2,2% 835,3 2,3%
VALE DO TAQUARI 612,2 1,7% 654,8 1,8% 755,8 2,0% 716,5 2,0%
FRONTEIRA OESTE 382,1 1,1% 358,7 1,0% 339,0 0,9% 436,6 1,2%
PARANHANA-ENCOSTA SERRA 472,9 1,3% 472,8 1,3% 449,0 1,2% 410,4 1,1%
VALE DO CAI 265,1 0,7% 318,2 0,9% 348,8 0,9% 386,5 1,1%
CENTRAL 333,8 0,9% 347,0 0,9% 344,7 0,9% 362,1 1,0%
CENTRO SUL 403,2 1,1% 398,6 1,1% 397,8 1,1% 352,3 1,0%
NORTE 256,7 0,7% 266,4 0,7% 303,4 0,8% 332,5 0,9%
FRONTEIRA NOROESTE 204,3 0,6% 233,0 0,6% 231,0 0,6% 253,9 0,7%
LITORAL 185,2 0,5% 184,0 0,5% 196,0 0,5% 229,5 0,6%
NOROESTE COLONIAL 219,9 0,6% 242,4 0,7% 226,2 0,6% 224,3 0,6%
MISSOES 156,0 0,4% 156,6 0,4% 155,3 0,4% 209,1 0,6%
HORTENSIAS 154,9 0,4% 198,3 0,5% 194,0 0,5% 182,1 0,5%
NORDESTE 129,3 0,4% 135,5 0,4% 139,1 0,4% 161,6 0,4%
MEDIO ALTO URUGUAI 118,6 0,3% 135,3 0,4% 139,4 0,4% 159,8 0,4%
ALTO JACUI 100,9 0,3% 122,2 0,3% 115,9 0,3% 119,5 0,3%
CAMPANHA 140,3 0,4% 125,8 0,3% 105,9 0,3% 117,8 0,3%
RIO DA VARZEA 121,5 0,3% 131,7 0,4% 92,3 0,3% 112,0 0,3%
CELEIRO 64,5 0,2% 71,4 0,2% 72,8 0,2% 81,2 0,2%
JACUI CENTRO 67,7 0,2% 75,5 0,2% 64,4 0,2% 80,3 0,2%
CAMPOS DE CIMA DA SERRA 49,8 0,1% 56,6 0,2% 64,2 0,2% 74,9 0,2%
VALE DO JAGUARI 29,4 0,1% 31,2 0,1% 29,5 0,1% 46,2 0,1%
ALTO DA SERRA DO BOTUCARAI 24,1 0,1% 25,9 0,1% 24,3 0,1% 27,2 0,1%
Total 35.442,4 100,00 37.263,5 100,00 36.890,8 100,00 36.207,9 100,00
Fonte: Relatórios IGRNET/SEFAZ/Receita Estadual

83
ARRECADAÇÃO POR COREDE 2017-2020
Em R$ milhões
2017* 2018* 2019* 2020
COREDE
VALOR % VALOR % VALOR % VALOR %
Cálculos: Equipe técnica SAIPAG (*) Valores atualizados pelo IPCA/IBGE médio.
Obs: Em 2018, 2019 e 2020, não estão considerados os valores referentes ao programa Compensa RS. Por tratar-se de valor compensado com
precatórios, não houve o efetivo ingresso financeiro.

No que tange à participação das empresas que mais contribuem na


arrecadação total do ICMS do Estado, os dados obtidos evidenciam a continuidade da
tendência da retomada da concentração da arrecadação. A participação das 50 maiores
contribuintes continuou próximo à casa dos 50%.

PARTICIPAÇÃO DAS MAIORES EMPRESAS NO ICMS* - 2009-2019


Em R$ milhões
TOTAL 50 100 500
EXERCÍCIO % % %
ICMS MAIORES MAIORES MAIORES
2009 15.086,7 8.058,5 53,41 9.136,8 60,56 11.318,1 75,02
2010 17.893,3 9.100,5 50,86 10.326,2 57,71 13.069,6 73,04
2011 19.502,7 9.863,4 50,57 11.222,7 57,54 14.314,9 73,40
2012 21.378,2 10.694,1 50,02 12.124,9 56,72 15.564,6 72,81
2013 24.060,6 11.444,4 47,57 13.141,9 54,62 17.025,2 70,76
2014 25.854,2 11.321,3 43,79 13.029,4 50,40 17.157,9 66,36
2015 27.125,9 13.532,4 49,89 15.201,3 56,04 19.330,7 71,26
2016 30.385,8 15.341,8 50,49 17.022,9 56,02 21.588,2 71,05
2017 31.933,4 16.592,9 51,96 18.609,1 58,27 23.371,1 73,19
2018 34.804,6 17.398,4 49,99 19.612,8 56,35 24.791,2 71,23
2019 35.742,8 17.521,6 49,02 19.637,2 54,94 24.692,3 69,08
2020 36.207,9 17.146,1 47,35 19.511,9 53,89 25.128,4 69,40
Fonte: Cubo da Arrecadação /SEFAZ – Receita Estadual
Obs 1: ICMS* (arrecadados a qualquer título)
Obs 2: Em 2018, 2019 e 2020, não estão considerados os valores referentes ao programa Compensa RS. Por tratar-se de valor compensado com
precatórios, não houve o efetivo ingresso financeiro.

A elevada concentração na arrecadação do ICMS no Estado deve ser


avaliada como fato preocupante, pois evidencia a dependência do Fisco com um número
restrito de empresas ou grupos de contribuintes.
Os ingressos do Simples Nacional, de acordo com a legislação vigente são
repassados pelo Governo Federal ao Tesouro Estadual, no período 2009 a 2020,
anualmente, registraram os seguintes valores:

SIMPLES NACIONAL PERÍODO 2009 – 2020 - (CÓDIGOS 293, 294 E 298)


Em R$ milhões (nominais)
PARTICIPAÇÃO NO
ANO NOMINAL
ICMS/RS TOTAL
2009 384,5 2,55
2010 405,6 2,26
2011 411,0 2,10
2012 410,4 1,92
2013 494,0 2,05
2014 557,2 2,15
2015 557,9 2,13
2016 596,6 1,96
2017 663,9 2,08
2018 720,3 2,07

84
SIMPLES NACIONAL PERÍODO 2009 – 2020 - (CÓDIGOS 293, 294 E 298)
Em R$ milhões (nominais)
PARTICIPAÇÃO NO
ANO NOMINAL
ICMS/RS TOTAL
2019 797,0 2,23
2020 764,4 2,11
Fonte: Relatórios IGRNET/SEFAZ/Receita Estadual
Cálculos: Equipe técnica SAIPAG
Obs: Em 2018, 2019 e 2020, não estão considerados os valores referentes ao programa Compensa RS. Por tratar-se de valor compensado com precatórios, não houve o
efetivo ingresso financeiro

A Tabela, a seguir, apresenta a arrecadação do ICMS no Estado do Rio


Grande do Sul por grupo setorial e com a identificação da correspondente participação de
cada um para o total obtido em cada exercício no período de 2016 a 2020.

ARRECADAÇÃO DE ICMS POR GRUPO SETORIAL - PERÍODO 2016 -2020


Em R$ milhões
Grupo Setorial 2016* 2017* 2018* 2019* 2020
% do % do % do % do % do
Valor Valor Valor Valor Valor
Tot Tot Tot Tot Tot
Combustíveis e Lubrificantes 6.315,5 18,1% 6.086,9 17,2% 6.518,3 17,5% 6.392,6 17,3% 5.919,5 16,3%
Energia Elétrica 4.321,4 12,4% 3.818,9 10,8% 3.900,7 10,5% 3.892,7 10,6% 3.755,4 10,4%
Agronegócio 2.761,4 7,9% 2.689,7 7,6% 2.714,8 7,3% 2.737,6 7,4% 2.906,0 8,0%
Bebidas 2.481,6 7,1% 2.794,1 7,9% 2.784,5 7,5% 2.763,0 7,5% 2.659,9 7,3%
Polímeros 1.818,1 5,2% 2.157,7 6,1% 2.586,7 6,9% 2.424,2 6,6% 2.444,9 6,8%
Supermercados 1.802,0 5,2% 1.979,2 5,6% 2.132,4 5,7% 2.080,2 5,6% 2.244,6 6,2%
Móveis e Materiais de Construção 1.874,9 5,4% 1.898,8 5,4% 2.029,4 5,4% 2.034,8 5,5% 2.217,0 6,1%
Produtos Médicos e Cosméticos 1.729,7 5,0% 1.998,2 5,6% 2.051,8 5,5% 2.137,2 5,8% 2.153,7 5,9%
Eletrônicos e Artefatos Domésticos 1.561,8 4,5% 1.706,6 4,8% 1.897,6 5,1% 1.964,2 5,3% 2.068,2 5,7%
Comunicações 2.924,8 8,4% 2.857,3 8,1% 2.379,4 6,4% 2.255,0 6,1% 2.004,3 5,5%
Veículos 1.458,1 4,2% 1.593,2 4,5% 1.858,7 5,0% 2.011,4 5,5% 1.815,9 5,0%
Sem GES 1.885,9 5,4% 1.568,2 4,4% 1.639,6 4,4% 1.541,2 4,2% 1.735,6 4,8%
Metal Mecânico 1.145,6 3,3% 1.268,8 3,6% 1.590,7 4,3% 1.507,2 4,1% 1.575,2 4,4%
Calçados e Vestuário 1.927,7 5,5% 2.102,7 5,9% 2.252,8 6,0% 2.049,1 5,6% 1.424,1 3,9%
Transporte 248,9 0,7% 282,6 0,8% 293,2 0,8% 472,8 1,3% 599,6 1,7%
Outras Empresas 296,7 0,9% 298,2 0,8% 306,5 0,8% 330,0 0,9% 349,6 1,0%
Outras Empresas - Porta a Porta 333,0 1,0% 341,3 1,0% 326,4 0,9% 297,6 0,8% 334,3 0,9%
Total 34.887,0 100,0% 35.442,4 100,0% 37.263,5 100,0% 36.890,8 100,0% 36.207,9 100,0%
Fonte: Cubo da Arrecadação /SEFAZ – Receita EstadualÚltima extração em 04/03/2021.
Obs.: Em 2018, 2019 e 2020, não estão considerados os valores referentes ao programa Compensa RS. Por tratar-se de valor compensado com precató-
rios, não houve o efetivo ingresso financeiro.
(*) Valores atualizados pelo ICPA/IBGE médio.

Na análise dos grupos setoriais que mais contribuíram para o incremento


da arrecadação do ICMS do Estado, destacam-se os Combustíveis e Lubrificantes (16,3%),
Energia Elétrica (10,4%) e o Agronegócio (8,0%). Os dois primeiros têm forte relação com
as alíquotas de 30% vigentes para os seus principais produtos no campo de incidência do
ICMS.
A próxima Tabela demonstra a participação dos Combustíveis,
Comunicação e Energia, as chamadas “blue-chips tributárias”, no total do ICMS
arrecadado pelo Tesouro Estadual.

EVOLUÇÃO DA PARTICIPAÇÃO DAS “BLUE-CHIPS” NA COMPOSIÇÃO DO ICMS - 2009/2020


Em Percentual
EXERCÍCIO COMBUSTÍVEL COMUNICAÇÃO ENERGIA TOTAL BLUE-CHIPS
2009 17,49% 10,63% 10,05% 38,17%
2010 17,47% 10,35% 9,22% 37,04%
2011 17,97% 9,93% 9,64% 37,54%

85
EVOLUÇÃO DA PARTICIPAÇÃO DAS “BLUE-CHIPS” NA COMPOSIÇÃO DO ICMS - 2009/2020
Em Percentual
EXERCÍCIO COMBUSTÍVEL COMUNICAÇÃO ENERGIA TOTAL BLUE-CHIPS
2012 16,97% 9,32% 9,92% 36,21%
2013 17,81% 8,46% 7,08% 33,36%
2014 17,23% 7,65% 8,06% 32,94%
2015 17,25% 7,39% 11,14% 35,79%
2016 18,13% 8,34% 12,45% 38,92%
2017 17,18% 8,02% 10,78% 35,98%
2018 17,45% 6,34% 10,48% 34,26%
2019 17,02% 6,06% 10,56% 33,63%
2020 16,35% 5,54% 10,37% 32,26%
Fonte: Relatórios SEFAZ

A elevada participação das “blue-chips tributárias” no total da receita


arrecadada pelo ICMS não é uma situação específica do Estado do Rio Grande do Sul. Da
mesma forma, as circunstâncias enfrentadas nos anos de 2013 e 2014, decorrentes da
política de preços administrados promovida pelo Governo Central, também repercutiu
nos principais Estados da Federação, especialmente com a redução da arrecadação nos
setores de comunicação e energia, com reflexos diretos na queda de participação no total
do ICMS dos Estados.
A evolução na participação do ICMS arrecadado por todos Estados da
Federação, tendo como referência os dados publicados no site do Conselho Nacional de
Política Fazendária - CONFAZ demonstra que o Rio Grande do Sul continuou ocupando a
quarta posição na arrecadação do Imposto. O Estado de São Paulo é responsável por
24,5% do ICMS arrecadado no Brasil. Os cinco primeiros no ranking (São Paulo, Minas
Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná) são responsáveis por 51,9% da
arrecadação.

PARTICIPAÇÃO DOS ESTADOS NA ARRECADAÇÃO DO ICMS - 2019 – 2020


Em R$ milhões (nominais)
UF 2019 % do Total 2020 % do Total
São Paulo 149.774,38 24,8% 149.823,08 24,5%
Minas Gerais 51.945,19 8,6% 52.460,61 8,6%
Rio de Janeiro 45.982,28 7,6% 47.766,79 7,8%
Rio Grande do Sul 35.742,81 5,9% 36.207,90 5,9%
Paraná 31.502,73 5,2% 31.518,26 5,1%
Bahia 24.717,85 4,1% 24.978,68 4,1%
Santa Catarina 23.276,42 3,9% 23.096,26 3,8%
Pernambuco 17.938,84 3,0% 17.673,10 2,9%
Goiás 15.647,64 2,6% 16.225,96 2,6%
Mato Grosso 13.365,99 2,2% 15.334,82 2,5%
Demais Estados 192.941,11 32,0% 197.390,98 32,2%
TOTAL 602.835,27 100,00 612.476,44 100,00
Fonte: Boletim de Arrecadação de Tributos Estaduais, elaborado pelo Conselho Nacional de Politica Fazendária
Obs: Valores nominais e aproximados, confomre divulgação CONFAZ.

A carga tributária do ICMS sobre os bens e serviços produzidos no Estado


do Rio Grande do Sul, índice que é calculado tendo como parâmetro a relação entre o
ICMS/RS Total arrecadado e o Valor estimado para o PIB/RS, em 2020, foi de 7,68%.
Quando o índice obtido é comparado com a média da carga tributária do ICMS de todos

86
os Estados da Federação, obtido da relação entre a arrecadação do ICMS/BR total e o
PIB/BR, que alcançou a taxa de 7,02%, constata-se uma correlação entre eles, com o
índice do Rio Grande do Sul sempre um pouco superior ao índice nacional.

CARGA TRIBUTÁRIA ICMS/RS X CARGA TRIBUTÁRIA ICMS/BR – PERÍODO 2009/2019


Em R$ milhões (nominais)
CARGA CARGA
PIB/RS TRIBUTÁRIA PIB/BR TRIBUTÁRIA
EXERCÍCIO ICMS/RS ICMS/RS ICMS BR ICMS/BR
VAL. NOMINAIS (%) VAL. NOMINAIS (%)
2009 15.086,7 204.345 7,38% 229.163 3.333.039 6,84%
2010 17.893,3 241.249 7,42% 270.436 3.885.847 6,97%
2011 19.502,7 265.056 7,36% 307.374 4.376.382 6,89%
2012 21.369,6 287.587 7,43% 329.735 4.814.760 6,76%
2013 24.060,5 332.293 7,24% 368.756 5.331.619 6,92%
2014 25.854,2 357.816 7,23% 388.116 5.778.953 6,67%
2015 27.125,9 381.993 7,10% 401.294 5.995.787 6,65%
2016 30.385,8 408.790 7,43% 415.848 6.259.228 6,63%
2017 31.933,4 423.270 7,54% 445.653 6.559.940 6,79%
2018 34.838,6 457.294 7,62% 479.624 6.827.586 7,03%
2019 36.531,3 475.175 7,69% 509.775 7.256.926 7,02%
2020 36.380,7 473.419 7,68% 520.060 7.447.858 6,98%
Fonte: Boletim de Arrecadação de Tributos Estaduais, elaborado pelo Conselho Nacional de Politica Fazendária. PIB: IBGE.
Obs1: Valores nominais e aproximados, confomre divulgação CONFAZ. Cálculos: Equipe Técnica SAIPAG
Obs2.: Em 2018, 2019 e 2020, não estão considerados os valores referentes ao programa Compensa RS. Por tratar-se de valor compensado com
precatórios, não houve o efetivo ingresso financeiro.

A partir de 2007, com o fim do prazo estabelecido na Lei nº 12.209/04, que


aumentou as alíquotas para os setores de combustíveis, energia e comunicação referida
legislação, a carga tributária do ICMS Gaúcho se estabilizou em parâmetros bem próximos
à carga tributária média calculada para o ICMS Nacional. Em 2016 com as medidas
promovidas pelo Governo do Estado para aumentar a arrecadação, principalmente com a
aprovação das Leis nºs 14.742 e 14.743, instituidoras do retorno do “tarifaço”, a carga
tributária do ICMS voltou a subir significativamente, atingindo 7,43% do PIB. O índice
continuou aumentando, atingindo 7,62% em 2018, patamar semelhante ao alcançado no
ano de 2019 (7,69%) e em 2020 (7,68%), demonstrando uma estabilidade na relação
entre arrecadação e PIB.

3.2.1.1 – Arrecadação de ICMS mensal


Este tópico apresenta o desempenho da arrecadação de ICMS mês a mês
no ano de 2020, em comparação com igual período de 2019. O objetivo é ilustrar os
períodos em que as atividades econômicas foram mais afetadas pelo contexto de
pandemia ao longo de praticamente todo o exercício, como demonstrado na sequência
em relação ao ICMS Bruto e Líquido.

87
ARRECADAÇÃO MENSAL ICMS BRUTO – 2020
Em R$ milhões (nominais)

EXERCÍCIO - 2019 EXERCÍCIO – 2020 VARIAÇÃO 19/20


MÊS

VALOR MÊS ACUMULADO VALOR MÊS ACUMULADO MÊS ACUMULADO


JANEIRO 2.730 2.730 3.335 3.335 22,2% 22,2%
FEVEREIRO 2.814 5.544 3.123 6.458 11,0% 16,5%
MARÇO 2.804 8.348 2.887 9.346 3,0% 11,9%
ABRIL 2.987 11.335 2.606 11.952 -12,8% 5,4%
MAIO 2.840 14.175 2.067 14.019 -27,2% -1,1%
JUNHO 2.791 16.966 2.454 16.473 -12,1% -2,9%
JULHO 2.818 19.785 2.729 19.202 -3,2% -2,9%
AGOSTO 2.895 22.680 3.016 22.219 4,2% -2,0%
SETEMBRO 2.931 25.610 3.319 25.538 13,3% -0,3%
OUTUBRO 2.895 28.506 3.359 28.897 16,0% 1,4%
NOVEMBRO 3.353 31.858 3.675 32.572 9,6% 2,2%
DEZEMBRO 3.885 35.743 3.647 36.219 -6,1% 1,3%
Fonte: Cubos DW/FPE SEFAZ RS
Cálculos: Equipe técnica SAIPAG
Obs: Em 2019 e 2020, não estão considerados os valores referente ao programa Compensa RS. Por tratar-se de valor compensado com precatórios, não houve o efetivo
ingresso financeiro.

Os dados da arrecadação mensal bruta de ICMS demonstram que nos


meses de janeiro a março de 2020, que decorrem da atividade econômica de dezembro a
fevereiro (recolhimento do ICMS no mês seguinte ao fato gerador, em regra), o
desempenho era superior ao do exercício anterior, tanto na comparação de cada mês em
referência como nos valores acumulados. Esse primeiro período citado envolvia fatos
geradores ocorridos anteriormente ao início da pandemia no Rio Grande do Sul.
A partir da arrecadação de abril até a de julho de 2020, a variação mensal é
negativa frente aos mesmos meses de 2019, atingindo a maior retração no mês de maio,
com a redução de 27,2% no ICMS Bruto recolhido comparativamente ao desempenho no
ano anterior. Nos valores acumulados, a queda inicia em maio, com variação de -1,1%,
números amenizados pela arrecadação do primeiro trimestre. Nos meses de junho e julho
são atingidas as maiores quedas acumuladas, na casa de -2,9%, em ambos os períodos.
Entre agosto e novembro são verificados aumentos mensais sucessivos
com o ápice em outubro ao ser atingido o crescimento de 16,0% frente a igual período de
2019. Em dezembro, volta a ser apresentada queda mensal, de -6,1%, embora nos valores
acumulados tenha se mantido a elevação de 1,3%.
Entretanto, trata-se de valores nominais de arrecadação. Ao inflacionar os
números acumulados do ano de 2019 pelo IPCA/IBGE médio, atinge-se a arrecadação
Bruta acumulada de R$ 36,89 bilhões. Sendo assim, os R$ 36,21 bilhões auferidos, em
2020, representam queda real de 1,8% frente ao desempenho do exercício anterior.
Na tabela a seguir são evidenciados esses comportamentos da arrecadação
em relação ao ICMS líquido, ou seja, após as devidas deduções.

88
ARRECADAÇÃO MENSAL ICMS LÍQUIDO – 2020
Em R$ milhões (nominais)

EXERCÍCIO - 2019 EXERCÍCIO – 2020 VARIAÇÃO 19/20


MÊS

VALOR MÊS ACUMULADO VALOR MÊS ACUMULADO MÊS ACUMULADO


JANEIRO 1.650 1.650 2.007 2.007 21,6% 21,6%
FEVEREIRO 1.699 3.349 1.883 3.890 10,9% 16,2%
MARÇO 1.692 5.041 1.742 5.633 3,0% 11,7%
ABRIL 1.802 6.843 1.572 7.205 -12,8% 5,3%
MAIO 1.713 8.556 1.247 8.451 -27,2% -1,2%
JUNHO 1.684 10.240 1.480 9.931 -12,1% -3,0%
JULHO 1.700 11.939 1.646 11.577 -3,2% -3,0%
AGOSTO 1.746 13.685 1.819 13.395 4,2% -2,1%
SETEMBRO 1.768 15.453 2.001 15.396 13,2% -0,4%
OUTUBRO 1.748 17.200 2.026 17.423 15,9% 1,3%
NOVEMBRO 2.023 19.224 2.217 19.640 9,6% 2,2%
DEZEMBRO 2.343 21.567 2.205 21.845 -5,9% 1,3%
Fonte: Cubos DW/FPE SEFAZ RS
Cálculos: Equipe técnica SAIPAG
Obs: Em 2019 e 2020, não estão considerados os valores referente ao programa Compensa RS. Por tratar-se de valor compensado com precatórios, não houve o efetivo
ingresso financeiro.

O desempenho dos montantes de arrecadação mensal de ICMS Líquido


demonstra semelhança em relação aos números do ICMS Bruto no que diz respeito aos
meses em destaque e suas variações. Nessa linha, os meses do primeiro trimestre
indicam maiores valores auferidos frente o exercício anterior, nas medidas de
comparação mês a mês e dos valores acumulados, sendo destaque o mês de janeiro com
elevação de 21,6%, enquanto o acumulado até março indicou incremento de 11,7% no
ICMS líquido comparado a igual período de 2019. Como comentado alhures, os fatos
geradores dessas arrecadações eram pretéritos ao início da pandemia no Rio Grande do
Sul.
Entre abril e julho de 2020, a variação mensal é negativa frente aos
mesmos meses de 2019, atingindo a maior retração no mês de maio, com a redução de
27,2% no ICMS Líquido. Nos valores acumulados, a queda tem começo em maio, com
variação de -1,2%, números sustentados pela arrecadação do primeiro trimestre. Nos
meses de junho e julho são atingidas as maiores quedas acumuladas, na casa de -3,0% no
acumulado apurado nos dois meses referidos.
Entre agosto e novembro são verificados aumentos mensais sucessivos
com o ápice em outubro ao ser atingido o crescimento de 15,9% frente a igual período de
2019. Em dezembro, volta a ser apresentada queda mensal, de -5,9%, embora nos valores
acumulados tenha se mantido a elevação de 1,3%.
Entretanto, trata-se de valores nominais de arrecadação. Ao inflacionar os
números acumulados do ano de 2019 pelo IPCA/IBGE médio, atinge-se a arrecadação
acumulada de R$ 22,26 bilhões a título de ICMS Líquido. Dessa forma, os R$ 21,85 bilhões
auferidos, em 2020, representam queda real de 1,9% frente ao desempenho do exercício
anterior.

89
3.2.1.2 – Substituição Tributária do ICMS
Historicamente o Parecer Prévio vem enfatizando a relevância do
aprimoramento e difusão do regime de Substituição Tributária – ST devido ao fato de se
tratar de mecanismo com elevado grau de eficácia e eficiência no controle da
arrecadação do ICMS.
A Substituição Tributária no âmbito do ICMS é operacionalizada por meio
da sistemática de preço estimado, que pode ser apurado por meio de Margem de Valor
Agregado – MVA, em que se calcula o percentual de margem que se agregará ao produto
nas etapas subsequentes, ou Preço Médio Ponderado Final – PMPF, no qual se divulga o
valor do produto na última etapa de comercialização.
Nesse formato de preço estimado, alguns sujeitos passivos pagam valores
maiores ou menores do imposto. Esse debate chegou ao STF através de demanda de
contribuintes. Em 2016, a Suprema Corte decidiu que o sujeito passivo deve receber o
ressarcimento, sendo suficiente a comprovação de que a Base de Cálculo presumida do
imposto foi superior ao preço final efetivamente praticado. A decisão reconheceu a não
definitividade da ST, e, por consequência, também possibilitou que os Estados tenham o
direito de receber a diferença do ICMS pago a menor, ou seja, quando a Base de Cálculo
presumida do imposto foi inferior ao preço final efetivamente praticado.
Colaciona-se trecho da aludida decisão judicial proferida no âmbito do
Recurso Extraordinário nº 893.849 pela Suprema Corte:

[...]“É devida a restituição da diferença do Imposto sobre Circulação de Merca-


dorias e Serviços – ICMS pago a mais no regime de substituição tributária para
a frente se a base de cálculo efetiva da operação for inferior à presumida”.[...]

No Estado, a complementação e a restituição do ICMS/ST foram


regulamentadas pelo Decreto nº 54.308, do ano de 2018. A partir de então, os valores
passam a ser apurados e restituídos ao contribuinte, ou por ele complementados, quando
for o caso.
Em decorrência dessa significativa mudança do ponto de vista jurídico em
relação ao instituto da Substituição Tributária o Fisco Estadual buscou amenizar possíveis
impactos negativos na arrecadação de ICMS por meio da celebração de acordos setoriais
a fim de garantir a definitividade da ST.
Nesta senda, o Convênio ICMS nº 67/2019 autorizou o Estado do Rio
Grande do Sul a instituir o Regime Optativo da Substituição Tributária – ROT, para
segmentos varejistas, com dispensa do pagamento do imposto correspondente à
complementação do ICMS retido por substituição tributária, nos casos em que o preço
praticado na operação a consumidor final for superior à base de cálculo para o débito de
responsabilidade por substituição tributária.
Na esteira do citado convênio foi editado o Decreto nº 54783/2019, que
instituiu o Regime Optativo da Substituição Tributária de Combustíveis – ROT ST
Combustíveis, em substituição ao ajuste do imposto retido por substituição tributária
previsto nos arts. 25-A a 25-C, aplicável aos contribuintes substituídos cadastrados no
código CNAE 4731-8/00, em relação às saídas a consumidor final deste Estado.

90
As mercadorias abrangidas pelo acordo foram: I- álcool etílico hidratado
combustível; II- gasolina automotiva C (exceto premium); III- gasolina automotiva C
premium; IV- óleo diesel B, exceto S10 (mistura obrigatória); V – óleo diesel B S10
(mistura obrigatória); e V- gás natural gasoso.
O Decreto nº 54.783/2019 produziu efeitos de 02/09/2019 a 31/12/2019 e
foi revogado pelo Decreto nº 54.938/2019, que acrescentou o art. 25-E ao Livro III do
RICMS, instituindo, no período de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2020, o Regime
Optativo de Tributação da Substituição Tributária – ROT ST, em substituição ao ajuste do
imposto retido por ST (Subseção IV-A), aplicável às saídas de mercadorias submetidas ao
regime de substituição tributária com destino a consumidor final do RS, aos contribuintes
substituídos com faturamento igual ou inferior a R$ 78,0 milhões.
Dessa forma, em 2019, foi instituído o ROT ST Combustíveis (já revogado) e
para 2020 a vigência foi do ROT ST, conforme Subseção IV-B (Art. 25-E) do Livro III do
RICMS para contribuintes com faturamento igual ou abaixo de R$ 78,0 milhões. No mês
de outubro de 2020 houve modificação do item 25-E dentro do Livro III do Regulamento
do ICMS de modo que a faixa de faturamento para inserção das empresas no ROT ST
valeu até o final de 2020 e a partir de 2021 deixou de existir tal limitação, podendo todos
os contribuintes optar pelo citado regime.
Um dos pontos a destacar no que toca aos termos dos acordos pela
definitividade da substituição tributária dizem respeito à impossibilidade das empresas
signatárias utilizarem crédito ou exigirem restituição do imposto relativo à diferença
entre o ICMS retido por substituição tributária e o decorrente dos preços aplicados ao
consumidor final.
Outro destaque ocorre no que toca à renúncia expressa, irrevogável e
irretratável para discussões administrativas ou judiciais relacionadas a essas possíveis
diferenças de base de cálculo do ICMS devido.
Identifica-se, assim, que a Administração Tributária envidou esforços no
sentido de mitigar eventuais impactos negativos em termos de eficiência no processo de
cobrança e fiscalização do principal imposto estadual no que tange à relevante
ferramenta da substituição tributária.
Nesse sentido, a tabela, a seguir, demonstra o aumento significativo da
utilização do Regime da Substituição Tributária no período de 2010 a 2020, ou seja, em
que pesem as mudanças advindas do julgado da Suprema Corte referido neste tópico as
ações do Fisco Estadual resultaram na manutenção da trajetória crescente, mesmo que
em menor grau, da participação do imposto decorrente de ST no total do ICMS recolhido.
Enquanto em 2010 o regime respondia por 21,45% do ICMS arrecadado, no
ano em análise o valor correspondente alcançou 26,82%. Os números passaram a
identificar a ocorrência de estagnação no processo de ampliação da utilização do regime
de Substituição Tributária, o que proporcionou inferir sobre um possível atingimento do
limite de expansão do seu uso na cadeia produtiva da economia regional. Os números
também são impactados pela decisão da Suprema Corte mencionada parágrafos acima.

91
PARTICIPAÇÃO DO REGIME DE SUBSTITUIÇÃO
SOBRE O TOTAL DO ICMS ARRECADADO - 2010/2020
Em R$ milhões (nominais)
ICMS – REGIME DE
EXERCÍCIO ICMS TOTAL SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA
VALOR % DO ICMS TOTAL
2010 17.893 3.839 21,45
2011 19.503 4.048 20,75
2012 21.378 4.761 22,27
2013 24.061 5.843 24,28
2014 25.854 6.257 24,20
2015 27.126 6.269 23,11
2016 30.386 6.850 22,54
2017 31.933 7.663 24,00
2018 34.839 8.355 23,98
2019 36.531 8.897 24,36
2020 36.380 9.758 26,82
Fonte: Relatórios IGRNET/SEFAZ/Receita Estadual e Informação da SEFAZ em resposta à Requisição de Documentos.

Com base nas informações da tabela identifica-se um aumento na


participação da arrecadação derivada do regime de substituição tributária entre 2019 e
2020, de 24,36% para 26,82% dos ingressos do principal imposto estadual em termos de
valores arrecadados.
Dessa forma, resta evidenciada a atuação da Administração Tributária para
contornar eventuais consequências prejudiciais ao Estado em virtude da não
definitividade da Substituição Tributária. Os acordos celebrados junto aos setores
econômicos elencados ao longo deste tópico ilustram esse engajamento por parte da
Receita Estadual, e os resultados são identificáveis na forma de aumento de mais de dois
pontos percentuais na representatividade da ST no ICMS arrecadado.

3.2.1.3 – ICMS – AMPARA/RS


Desde 2016, o Poder Executivo conta com arrecadação extra de ICMS
originada na aprovação da Lei nº 14.742, de 24 de setembro de 2015, a qual foi
responsável pela instituição do Fundo de Proteção e Amparo Social do Estado do Rio
Grande do Sul - AMPARA/RS —, cuja finalidade estava vinculada à criação de condições
para viabilizar o acesso a níveis dignos de subsistência a toda a população do Estado do
Rio Grande do Sul.
De acordo com o artigo segundo da Lei retro citada, os recursos do
AMPARA/RS deveriam ser aplicados em ações de nutrição, habitação, educação, saúde,
segurança, reforço de renda familiar e outros programas de relevante interesse social,
voltados para a melhoria da qualidade de vida, sendo que, o parágrafo primeiro, incluiu,
nominalmente, o transporte escolar e a manutenção de presídios na lista. Em 2018, a Lei
nº 15.149/18 incluiu também a Assistência Técnica e Extensão Rural e Social – ATERS
neste rol de programas.
O artigo 3º definiu as receitas que iriam constituir o Fundo AMPARA/RS, e,
mais adiante, o 4º estabeleceu a sua subordinação à Casa Civil e as competências do
Conselho Deliberativo que ficou responsável pela da gestão dos recursos.

92
Nesse sentido, o parágrafo único do artigo 4º determinou ao Poder
Executivo a regulamentação da composição e da forma de atuar do Conselho Deliberativo
previsto no “caput” do artigo, assegurando a presença da representação da sociedade
civil.
O artigo 5º, ao acrescentar o artigo 13-A na Lei nº 8.820, explicitou as
mercadorias e serviços que teriam suas alíquotas majoradas, o período de vigência e, de
outra banda, apontou que os recursos obtidos para o Fundo não se sujeitariam aos
efeitos do disposto no art. 158, inciso IV, da Constituição Federal (25% para transferências
aos Municípios), conforme texto transcrito a seguir:

“Art. 13-A. Aplica-se, até 31 de dezembro de 2025, adicional de 2 (dois) pontos


percentuais às alíquotas internas referidas no inciso II do art. 12, nas operações
com as mercadorias ou nas prestações de serviços a seguir relacionados:
I - bebidas alcoólicas e cerveja sem álcool;
II - cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos, cigarreiras, fumos desfiados e
encarteirados, fumos para cachimbos e fumos tipo crespo;
III - perfumaria e cosméticos; e
IV - prestação de serviço de televisão por assinatura.
§ 1º O valor do imposto decorrente do adicional de alíquota de que trata este
artigo:
I - será destinado ao Fundo de Proteção e Amparo Social do Estado do Rio
Grande do Sul — Ampara/RS —, conforme o disposto no § 1.º do art. 82 do Ato
das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal;
II - não será utilizado ou considerado para efeitos do cálculo de quaisquer
benefícios ou incentivos fiscais, financeiro-fiscais ou financeiros; e
III - não será utilizado ou considerado para efeitos do disposto no art. 158, IV,
da Constituição Federal.
§ 2º Fica o Poder Executivo autorizado, na forma, no prazo e nas condições
previstos em regulamento, a excluir operações e prestações da aplicação do
adicional de alíquota estabelecido neste artigo.
§ 3º O adicional de alíquota será apurado e pago na forma e nos prazos
previstos em regulamento.
§ 4º A responsabilidade por substituição tributária prevista no art. 33 desta Lei
aplica-se ao adicional de alíquota de que trata este artigo.”

Quase seis meses após a publicação da Lei, em 09 de março de 2016, o


Executivo Estadual expediu o Decreto nº 52.935 para regulamentar a composição e a
forma de operar do Conselho Deliberativo previsto na Lei que instituiu o AMPARA/RS.
O artigo 5º do Decreto dispôs que a execução dos recursos financeiros do
Fundo de Proteção e Amparo Social do Estado do Rio Grande do Sul - AMPARA/RS deveria
ocorrer mediante a implantação de quotas orçamentárias específicas aos projetos, de
acordo com determinação de seu Conselho Deliberativo.
Posteriormente, em 19 de dezembro de 2016, o Decreto nº 53.352 alterou
o artigo 3º do Decreto nº 52.935, registrando que, em vez de uma vez por mês, o

93
Conselho Deliberativo deveria se reunir, no mínimo, uma vez por semestre, ou sempre
que convocado por seu Presidente.
Em consulta à arrecadação do ICMS no ano de 2020 constata-se que os
ingressos no AMPARA/RS somaram R$ 302,5 milhões, só considerando o ICMS tributário
e R$ 303,4 milhões quando se busca o cálculo do ICMS a qualquer título, e o saldo
registrado no SIAC, Caixa Único do Tesouro Estadual, em 31-12-2020 era de R$ 33,0
milhões.
Em consulta ao sistema FPE/Cubos DW da SEFAZ/RS, verifica-se o ingresso
de R$ 1,37 bilhão a título de arrecadação do AMPARA desde sua criação, em 2016, ao
mesmo tempo em que foi empenhado R$ 1,02 bilhão, o que representa um saldo de
Passivo Potencial de R$ 351,9 milhões. Ou seja, os recursos obtidos tiveram o objetivo de
mero instrumento de arrecadação, e, assim sendo, não foram utilizados em sua
totalidade para a finalidade a qual estavam previstos por Lei. Soma-se a essa situação o
fato da Secretaria de Segurança ter enfrentado dificuldades financeiras para atuar na
manutenção dos presídios, pois, como comentado anteriormente, este seria um dos
destinos especificados na Lei.
As diferenças entre os valores não aplicados nos recursos vinculados à
arrecadação do AMPARA, R$ 351,9 milhões nominais, e o saldo disponível na respectiva
conta corrente no SIAC em 31/12/2020, R$ 33,0 milhões, foram objeto de
questionamento ao Tesouro do Estado, entretanto não houve retorno até o fechamento
deste relatório.
Ainda sobre a Lei nº 14.742, destaca-se o fato dos ingressos do
AMPARA/RS serem apartados em conta própria, e, desta forma, ficarem excluídos das
bases de cálculo do FUNDEB e das transferências aos Municípios, formando algo
semelhante à Desvinculação da Receita da União - DRU/Federal.
Por fim, informa-se que a PGE ajuizou a Ação Cível Originária nº 2.922
perante o Supremo Tribunal Federal, contra a União Federal, em razão da inclusão do
adicional de 2% destinados ao Fundo de Combate à Pobreza na base de cálculo da Receita
Líquida de Impostos e Transferências Constitucionais - RLITC e da Receita Líquida Real -
RLR do Estado. A Decisão, proferida em setembro de 2016, concedeu à Procuradoria-
Geral do Estado o deferimento parcial de tutela provisória de urgência, autorizando o
Estado a desconsiderar a receita do ICMS vinculada ao Fundo de Combate à
Pobreza/AMPARA/RS no cálculo das parcelas da dívida com a União, porém, o Estado
deve inclui-la na base de cálculo para formação do FUNDEB.

3.2.1.4 – Perdas e Compensações da Lei Kandir


Entre as desonerações fiscais em que o Estado não possui nenhuma
influência legislativa, ou seja, as heterônomas, a mais relevante corresponde a incidente
no setor dedicado às exportações. Nesse sentido, em primeiro lugar, é oportuno
esclarecer que a Lei Complementar nº 87/1996 - Lei Kandir, promoveu, tão somente, a
desoneração adicional dos produtos primários e semielaborados, pois, como se sabe, os
produtos industrializados já estavam ao abrigo da imunidade prevista no texto original da
Constituição Federal.

94
Isto é, após a edição da Lei Kandir, a desoneração das exportações de
produtos primários e semielaborados se tornaram matéria constitucional, e, com a
publicação da Emenda Constitucional nº 42/2003, diploma responsável por ampliar a não
incidência do ICMS a todos os bens e serviços remetidos ao exterior, tomaram forma
definitiva. Entretanto, esse mesmo instrumento legal também determinou a
“constitucionalização” da compensação pelas perdas geradas (artigo 91 do ADCT), mas,
até o momento, esta situação está pendente de regulamentação.

ESTIMATIVAS DE PERDAS PELAS DESONERAÇÕES - EXPORTAÇÕES E LEI KANDIR – 2018


Em R$ milhões (nominais)
Compensações Perdas Líquidas /
Perdas Brutas R$ Perdas Líquidas R$
R$ % Receita do ICMS
Exportações de Industrializados 6.021,9 509,3 8,5% 5.512,6 15,4%
Lei Kandir 5.045,8 191,8 3,8% 4.854,0 13,6%
Total 11.067,8 701,1 6,3% 10.366,6 29,0%
Fonte: Demonstrativo das Desonerações Fiscais, Agosto 2019 (disponível no site da SEFAZ/RS).

O percentual de compensação das perdas pelas desonerações nas


exportações de industrializados foi de 8,5% em 2018. Na Lei Kandir foi de 3,8% e, no total,
chegou a 6,3%. Em relação à receita de ICMS, as perdas líquidas de 2018 representaram
um comprometimento da ordem de 29,0% no RS, sendo 15,4% pelas “exportações de
industrializados” e 13,6% pela Lei Kandir.
Cabe salientar que, além das perdas líquidas de ingresso de arrecadação de
ICMS em função da Lei Kandir, somam-se os valores de saldo credor que se acumulam
junto aos contribuintes, uma vez que para as exportações não é permitido às legislações
estaduais deliberar pelo estorno do crédito fiscal. Esses créditos restam compensados
com outras operações, estas tributadas pelo ICMS, ou se acumulam nas GIAs para futura
compensação ou transferência. O acúmulo de saldo credor e as respectivas transferências
de créditos foram abordados no item 3.2.1.5.5 desse capítulo.
Em 29-12-2020 foi sancionada a Lei Complementar nº 176/2020 que
garantiu repasses federais para compensar as perdas de arrecadação com a Lei Kandir.
Em virtude da aprovação da referida lei, que previu o envio de valores aos Estados até o
ano de 2037 como forma de compensação das perdas de arrecadação em decorrência da
Lei Kandir, o Demonstrativo com as Estimativas de Perdas pelas Desonerações da Lei
Kandir foi descontinuado pela SEFAZ. Passarão a ser informados os valores recebidos na
esteira do mencionado diploma legal.
A Lei Kandir, de 01-11-1996, determinou a isenção do pagamento de ICMS
sobre a exportação de alguns produtos, mediante compensação, pela União, das perdas
de arrecadação aos Estados. Esta compensação ficou pendente de regulamentação por lei
específica, o que não ocorreu. O Supremo Tribunal Federal, então, mediou acordo
decorrente da análise de Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) nº 25,
tornando-se a Lei Complementar nº 176/20.
A Peça Legislativa determinou um repasse de R$ 65,6 bilhões até 2037,
sendo 75% para os estados e 25% para os municípios.

95
Para o recebimento dos recursos, a Lei determinou a assinatura de um
termo de renúncia de direitos de ação contra a União quanto ao tema, o que foi realizado
pelo Rio Grande do Sul.
O Estado publicou, em 29-12-2020, a Lei nº 15.577/20, autorizando o
Poder Executivo a dar quitação quanto aos valores devidos vencidos e vincendos da Lei
Kandir mediante o novo regramento.
Assim, foram recebidos pelo Rio Grande do Sul, em 31-12-2020, R$
276.038.400,00 decorrentes da parcela de 2020 da compensação da Lei Kandir na forma
de Transferência Corrente.
A referida Lei Complementar previu a distribuição de R$ 58 bilhões a
Estados e Municípios, sendo que serão R$ 4 bilhões por ano entre 2020 e 2030, e R$ 500
milhões a cada exercício de 2031 a 2037.
A cota-parte de cada Estado é calculada a partir de dois indicadores,
metade do valor repartido conforme o critério de cada um dos índices. Nos totais
apurados já estão abrangidos os 25% que têm de ser remetidos aos Municípios, sendo
que a União procederá às remessas diretamente aos Estados e aos Municípios. O rateio
entre as municipalidades obedecerá aos mesmos critérios para repartição do ICMS
(detalhamento no item 3.11 – Deduções da Receita).
À exceção do primeiro ano de vigência da LC, quando foi repassada a
quantia em um único mês (dezembro/2020), nos demais exercícios serão enviados
mensalmente os valores.
Metade do montante a ser repassado ao Rio Grande do Sul corresponde a
um número-índice de 10,04446 de um total de 100,00 na forma do Anexo I do Diploma
Legal citado. O restante do repasse é rateado entre os Estados por meio de cálculos
periódicos na forma do Protocolo ICMS nº 69/2008.

3.2.1.5 – Desonerações Fiscais do ICMS


As desonerações fiscais caracterizam-se por serem disposições existentes
na legislação tributária que possibilitam a redução da arrecadação potencial do imposto.
Mais recentemente, as desonerações fiscais passaram a ser reconhecidas por "gastos
tributários", ou seja, institutos presentes nos impostos que viabilizam a utilização dos
recursos dos tributos em substituição aos gastos governamentais para alcançar variados
objetivos: econômicos, ecológicos, culturais, sociais, saúde, assistência social e outros. De
maneira mais simplificada, as desonerações fiscais ou os "gastos tributários" constituem
um tipo de gasto do governo que é realizado com o auxílio do sistema tributário e à
margem do sistema orçamentário.
Especificamente, do ponto de vista econômico, em geral, os programas de
incentivos fiscais têm como objetivo a mitigação das desigualdades regionais, atração de
novos investimentos e aumento da arrecadação tributária em médio e longo prazo, por
meio da dinamização econômica, oriundo dos efeitos diretos e indiretos dos novos
empreendimentos. A lógica desse instrumento é compensar a falta de competitividade,
infraestrutura local e deficiências da qualidade do capital humano por meio de tais
desonerações.

96
Todavia, apesar de apresentar um canal de transmissão para mitigar as
desigualdades regionais, tais políticas também estão sujeitas a falhas que podem
comprometer sua efetividade. Quando as desonerações fiscais não estão pautadas no
princípio do “equilíbrio fiscal intergeracional” podem acabar comprometendo o espaço
no orçamento para a manutenção de gastos públicos ditos essenciais para o bem-estar da
população e na qualidade da infraestrutura necessária para o crescimento econômico de
longo prazo. De outra forma, a concessão de benefícios fiscais abre a possibilidade para
que grupos de interesse pressionem as autoridades econômicas e políticas locais,
restringindo a concorrência e o tratamento mais equânime da cunha tributária. Assim,
quando isso ocorre de maneira efetiva, observa-se uma transferência de renda
significativa de parcelas da população menos organizadas para estes grupos, fenômeno
caracterizado como rent-seeking9. De tal modo, em momento de crise econômica
acentuada com sucessivos déficits orçamentários que comprometem o desenvolvimento
de políticas públicas focalizadas nos grupos mais frágeis torna-se fundamental monitorar,
avaliar esse instrumento de política fiscal.
No tocante ao registro das desonerações, verifica-se que o valor estimado
para a renúncia fiscal autorizada para um exercício diz respeito à apropriação financeira
do benefício, logo, não se relaciona, necessariamente, ao ano em que o benefício foi
concedido formalmente. Em outras palavras, o ato de concessão pode ocorrer num
determinado exercício e a fruição efetiva do benefício em outro (ou outros). Portanto, o
fato de um exercício ter como resultado um percentual maior ou menor de
comprometimento da receita potencial pode não refletir a ocorrência de uma política de
expansão ou restrição de renúncias fiscais, ou, mesmo, de privilégio para determinados
setores e regiões econômicas, por parte do governo daquele ano específico.
No que diz respeito às desonerações fiscais não-heterônomas, ou seja,
aquelas sobre as quais o Estado tem influência legislativa, enfatiza-se que desde o
relatório do Parecer Prévio das Contas do Governador do Estado referentes ao exercício
de 2019 foi aberta a possibilidade de análises com maior detalhamento, uma vez que a
Secretaria da Fazenda/Receita Estadual passou a compartilhar informações a respeito das
concessões efetuadas com o Tribunal de Contas, sem prejuízo do imprescindível zelo no
tratamento das informações, notadamente a necessidade de preservação do sigilo fiscal
(CTN, art. 198).
Foram disponibilizados dados de apropriação das desonerações pelos
contribuintes, segregados pelos institutos da Isenção, da Redução de Base de Cálculo e do
Crédito Presumido, os quais serão apresentados em tópicos próprios dentro deste item
sobre as Desonerações Fiscais do ICMS.

3.2.1.5.1 – Demonstrativo de Desonerações da Receita Estadual


Nos últimos anos, a Secretaria da Fazenda Estadual tem divulgado Nota
Técnica sobre os Demonstrativos das Desonerações Fiscais do RS, documento que busca o
cumprimento das normas legais que tratam da matéria, a saber: Constituição Federal
(artigo 165, § 6.º); Constituição Estadual (149, § 5, inciso V); Lei Complementar nº

9
Pode-se definir rent-seeking como a busca de renda econômica, por meio da manipulação do ambiente
econômico, social ou político no qual as atividades econômicas são desenvolvidas.

97
101/2000 (artigo 5º, II) e, mais recentemente, a LOAT/RS – Lei Orgânica da Administração
Tributária do Estado do Rio Grande do Sul (Lei Complementar nº 13.452), a qual ratifica a
determinação para a elaboração do documento pela Receita Estadual (artigo 6º, V).
Os Demonstrativos das Desonerações Fiscais do RS são elaborados com o
objetivo de acompanhar a proposta da Lei Orçamentária para o exercício seguinte, e, por
essa razão, é disponibilizado no final do exercício em andamento e tem como objeto os
dados referentes ao exercício encerrado. Portanto, as informações disponibilizadas pela
SEFAZ sempre se referiam aos valores do ano anterior ao que era objeto de análise no
Relatório e Parecer Prévio das Contas do Governador.
Com vistas a fornecer a maior transparência possível, a Equipe do TCE-RS
entendia como plausível a apresentação dos dados históricos disponibilizados pela
Secretaria Estadual da Fazenda, relativos às desonerações fiscais fruídas no Estado do Rio
Grande do Sul, informações estas que são disponibilizadas a este Tribunal de Contas no
que concerne às fruições por meio dos institutos da Isenção, Redução de Base de Cálculo
e Crédito Presumido, todos estes afetos ao ICMS, principal imposto estadual, desde o
exame das Contas do Governador relativamente ao exercício de 2019.
No âmbito do Demonstrativo de Desonerações, até os dados relativos a
2015, eram projetados os valores de efetiva desoneração, o que demandava utilização de
métodos de cálculo para sua apuração relativamente a institutos como o da Isenção e da
Redução de Base de Cálculo – os valores de Crédito Presumido fruídos indicam a quantia
efetivamente descontada do ICMS devido -, em 2017 (dados relativos a 2016), a Receita
Estadual modificou o formato de seu Demonstrativo de Desonerações Fiscais. Ao invés de
estimativas do valor da renúncia fiscal, passou a informar os dados diretamente
declarados pelos contribuintes constantes nos seus sistemas de informação. Com isso,
não divulgava mais o valor potencial dos impostos, ou seja, o quanto pode ter deixado de
ser arrecadado no ano em função dos benefícios concedidos.
A partir do Demonstrativo de Desonerações com referência ao ano de 2019
foi retomada a prática de projeção dos valores renunciados em relação ao Imposto
Potencial. Entretanto, em função da complexidade dos cálculos envolvidos e da
necessidade de aguardar pela maior estabilidade quanto às informações do exercício
encerrado, enviadas por meio de obrigações acessórias pelos contribuintes, as projeções
relativas ao ano de 2020 não se encontravam finalizadas até o encerramento deste
relatório.
Cumpre destacar que o Demonstrativo de Desonerações divulgado em
2020 com base nas fruições de desonerações fiscais praticadas até o final de 2019
apresentou significativa melhora em comparação ao documento de igual teor divulgado
no exercício anterior, com destaque para as seguintes melhorias:
- Divulgação de Desonerações no âmbito do IPVA e ITCD discriminadas por
hipótese legal;
- Estimativa dos valores desonerados de Isenção e Redução de Base de
Cálculo e desdobramento pelas hipóteses de utilização do Regulamento do ICMS;
- Estimativa das desonerações no âmbito do Simples.

98
Sem prejuízo da nítida evolução em termos de Transparência dos dados
divulgados pelo Demonstrativo em tela, entende-se que ainda há espaço para melhorias,
como as exemplificativamente listadas na sequência:
- Estimativa das desonerações em decorrência do Instituto do Não-estorno
do crédito, com a devida segregação das saídas não tributadas total ou parcialmente que
deram origem aos referidos créditos;
- Inclusão de Informações consolidadas do destino da aplicação dos gastos
tributários de forma a procurar evidenciar o objeto de desoneração. Exemplo: alimentos,
fomento a atividades econômicas.
Sobre esse último item, como forma de ampliar a qualidade da informação
prestada por este Relatório Técnico no tema das Desonerações Fiscais, procurou-se
avançar nas abordagens acima listadas quando da análise das informações
compartilhadas com este Tribunal de Contas a respeito das fruições de benefícios fiscais
do ano de 2020.
Na sequência apresentam-se os dados divulgados no Demonstrativo de
Desonerações relativo às renúncias fiscais praticadas até o ano de 2019, que marcou a
retomada da divulgação das estimativas de desonerações de impostos.

ARRECADAÇÃO POTENCIAL DOS IMPOSTOS EM 2019


Em R$ milhões (nominais)
ARRECADAÇÃO
IMPOSTO ARRECADAÇÃO DESONERAÇÃO % SOBRE POTENCIAL
POTENCIAL
ICMS 36.090,5 8.767,2 44.857,7 19,5%
IPVA 3.447,0 1.037,6 4.484,6 23,1%
ITCD 673,7 100,8 764,2 13,0%
TOTAL 40.211,3 9.905,7 50.116,9 19,8%
Fonte: Demonstrativo de Desonerações Fiscais, disponível em: receitadados.fazenda.rs.gov.br.

Os dados fornecidos pelas SEFAZ/RS, resumidos na tabela acima indicam


que o IPVA é o imposto com maior desoneração do imposto potencial em termos
percentuais, 23,1%, enquanto o ICMS possui a maior carga de desoneração em termos de
valores, R$ 8,77 bilhões.
Sobre as desonerações do ICMS, que somadas atingiram o maior montante
entre os impostos de competência do Estado, a respectiva distribuição da renúncia fiscal
praticada entre os institutos de desoneração é demonstrada a seguir.

DESONERAÇÃO DO ICMS POR INSTITUTO - 2019


Em R$ milhões (nominais)
QUANTIDADE PARTICIPAÇÃO
DESONERAÇÕES VALOR
EMPRESAS RELATIVA (%)

ISENÇÕES 2.440,0 11.003 27,8%


REDUÇÕES DE BASE DE CÁLCULO 1.528,5 16.707 17,4%
CRÉDITOS PRESUMIDOS 3.125,8 1.798 35,7%
MICROEMPRESAS E EPPs 1.673,0 159.598 19,1%
TOTAL DAS DESONERAÇÕES 8.767,2 100,0%
Fonte: Demonstrativo de Desonerações Fiscais, disponível em: receitadados.fazenda.rs.gov.br.

O crédito presumido foi, entre as modalidades de desoneração do ICMS, a


que atingiu os maiores valores, em 2019, total fruído de R$ 3,1 bilhões, representando

99
35,7% do total, seguido das isenções com estimativa de R$ 2,4 bilhões desonerados, ou
27,8% do total. As desonerações das microempresas e EPPs foram as que contaram com
maio número de empresas desoneradas, total de 159.598.

EVOLUÇÃO DAS ESTIMATIVAS DE DESONERAÇÃO DO ICMS


Em R$ milhões (nominais)
ARRECADAÇÃO DESONERAÇÃO / ICMS
ANO ARRECADAÇÃO DESONERAÇÃO
POTENCIAL POTENCIAL
2010 17.893,2 4.283,9 22.177,2 19,3%
2011 19.502,9 5.194,9 24.697,8 21,0%
2012 21.378,2 5.620,2 26.998,4 20,8%
2013 24.060,6 6.741,4 30.801,9 21,9%
2014 25.854,2 8.150,6 34.004,8 24,0%
2015 27.125,9 7.326,7 34.452,6 21,3%
2016 30.385,8 8.004,8 38.390,5 20,9%
2017 31.933,4 7.803,6 39.737,0 19,6%
2018 34.456,9 8.503,9 42.960,8 19,8%
2019 36.090,5 8.767,2 44.857,7 19,5%
Fonte: Demonstrativo de Desonerações Fiscais, disponível em: receitadados.fazenda.rs.gov.br.

A tabela acima indica que, embora tenham ocorrido variações no que


tange aos montantes desonerados de ICMS, de uma forma geral a exposição foi em torno
de 20% do imposto potencial, tendo sido atingido um pico de 24,0% no ano de 2014, mas
vem sendo sucessivamente diminuída essa relação entre as desonerações e o imposto
potencial. Em 2019, a taxa foi de 19,5% diante das desonerações estimadas em R$ 8,77
bilhões frente a um ICMS Potencial de R$ 44,86 bilhões.
Esse tópico ilustrou algumas das informações constantes do Demonstrativo
de Desonerações Fiscais, publicado anualmente pela Receita Estadual no site
receitadados.fazenda.rs.gov.br, cumprindo informar que há outros dados lá expostos,
como detalhamento das desonerações do ICMS, sobre os quais este Relatório Técnico
tratará ao longo dos próximos itens deste capítulo, contendo dados de 2020, inclusive,
que serão apresentados pelas desonerações efetivas no caso dos créditos presumidos, e
pelos valores de operações no caso das não incidências, isenções e reduções da base de
cálculo. Estas últimas, portanto, sem a estimativa dos valores efetivamente desonerados.

3.2.1.5.2 – Dados Comparativos Estados da Região Sul


A título de comparação, apresenta-se uma análise entre os valores de
concessões efetuadas pelos estados da região sul relativamente aos principais institutos
de desoneração: crédito presumido, redução de base de cálculo e isenção10.
Os valores são referentes ao exercício de 2019, pois este Tribunal detém
em relação a 2020 apenas os dados do Estado do Rio Grande do Sul. As informações
inerentes aos Estados do Paraná e de Santa Catarina, referentes às desonerações, foram
obtidas nos Pareceres Prévios das Contas dos Governadores nos sites dos Tribunais de
Contas dos referidos Estados.
10
A Isenção e a Redução de Base de Cálculo demandam que as Secretarias de Fazenda de cada Estado
utilizem ponderações para estimar o imposto não arrecadado. As informações oficiais disponíveis
consideram o valor total das notas fiscais, o que torna necessária a atribuição de uma alíquota média que
incidiria se as operações fossem normalmente tributadas.

100
PIB, ARRECADAÇÃO ICMS E DESONERAÇÕES - REGIÃO SUL – 2019
Em R$ milhões (nominais)
Crédito Total de
Redução da
ESTADO PIB ICMS Presumido Isenções (2) Base de Desonerações
Cálculo (3) (1) + (2) + (3)
(1)
Rio Grande do Sul 480.577,00 35.742,81 3.125,76 2.440,01 1.528,46 7.094,23
Paraná 449.250,00 31.502,72 3.512,84 2.183,83 2.112,31 7.808,98
Santa Catarina 317.300,00 23.276,42 4.094,29 731,73 811,21 5.637,24
Fonte: Dados do PIB – IBGE
Dados de Arrecadação e Desonerações - Relatório e Parecer Prévio dos Estados

Os dados da tabela acima apresentam os valores, em termos correntes, do


Produto Interno Bruto, da arrecadação do ICMS e das principais desonerações usufruídas
no exercício de 2019.
Na sequência os gráficos demostram, com base nos dados da tabela
anterior, a relevância de cada modalidade de desoneração nos estados da região sul, bem
como a importância de tais benefícios frente ao PIB e ao total arrecadado de ICMS.

PARTICIPAÇÃO % DE CADA INSTITUTO DE DESONERAÇÃO - ESTADOS DA REGIÃO SUL

14,39%
21,55% 27,05%
12,98%

34,39% 27,97%

72,63%

44,06% 44,98%

RIO GRANDE DO SUL PARANÁ SANTA CATARINA

Crédito Presumido Isenções Redução da Base de Calculo

Fonte: Dados de Desonerações - Relatório e Parecer Prévio dos Estados

O gráfico anterior demonstra que os Estado do Rio Grande do Sul e do


Paraná apresentam uma distribuição mais equilibrada na utilização dos principais
institutos de desoneração, enquanto que em Santa Catarina verifica-se a predominância
do uso da modalidade do crédito presumido. No Rio Grande do Sul, a principal
desoneração, em 2019, foi o instituto crédito presumido, com 44,06% do total, bem como
no Paraná e em Santa Catarina onde a utilização de tal modalidade de renúncia fiscal
representou 44,98% e 72,63% do total das desonerações, respectivamente.

101
RELEVÂNCIA DAS DESONERAÇÕES EM COMPARAÇÃO COM O ICMS ARRECADADO
30,0%
24,79% 24,22%
25,0% 19,85%
3,1%
6,9%
20,0% 3,5%
6,8%
15,0% 6,7%

10,0% 4,3%
17,6%
5,0% 11,2%
8,7%

0,0%
RIO GRANDE DO SUL PARANÁ SANTA CATARINA

Crédito Presumido Redução da base de calculo Isenção

Fonte: Dados de Arrecadação e Desonerações - Relatório e Parecer Prévio dos Estados

Do ponto de vista da representatividade das desonerações em relação ao


ICMS arrecadado, verifica-se no gráfico acima que o Estado do Rio Grande do Sul, em
comparação com os demais da região, apresenta a menor relação “Desoneração/ICMS”,
com as desonerações usufruídas em 2019 representando 19,85% do total arrecado de
ICMS no período. Por outro, no Paraná e em Santa Catarina, essa relação representou
24,79% e 24,22%, respectivamente.

RELEVÂNCIA DAS DESONERAÇÕES EM COMPARAÇÃO COM O PIB ESTADUAL


2,00% 1,78%
1,74%
1,80%
1,60%
1,48% 0,26%
0,47%
1,40% 0,23%
0,32%
1,20%
1,00% 0,49%
0,51%
0,80%
0,60% 1,29%
0,40% 0,78%
0,65%
0,20%
0,00%
Rio Grande do Sul Paraná Santa Catarina

Crédito Presumido Isenções Redução da Base de Cálculo

Fonte: Dados de Arrecadação e Desonerações - Relatório e Parecer Prévio dos Estados


Dados do PIB – IBGE

Quando se confronta os valores de desoneração com o PIB de cada estado,


novamente se verifica que o Rio Grande do Sul, na comparação com os demais estados da
região sul, não apresenta os maiores percentuais em termos de relevância, conforme
demonstrado no gráfico acima.

102
Importante ressaltar que a análise direta dos dados acima não permite
afirmar se a política de incentivos fiscais de determinado estado está sendo mais efetiva
que a dos demais. A realidade mostra que outros fatores, além da política fiscal, em si,
podem ser decisivos na atração de investimentos, como por exemplo, o custo de mão de
obra, o custo de transporte, a proximidade do mercado, entre outros. Dessa forma, pode-
se considerar que o ponto mais importante que define a decisão locacional é a busca pela
maximização dos lucros e minimização dos custos, e que para alcançá-los as empresas
tentam agregar a maior parte desses fatores possível.

3.2.1.5.3 – Da Não Incidência


A Não Incidência do ICMS se caracteriza pelo não pagamento do imposto
em virtude de mandamentos presentes na Constituição Federal. A doutrina tributária
também denomina esse fenômeno como Imunidade Tributária, que não se confunde com
as isenções, embora em ambos os casos não ocorra o recolhimento da exação, até
porque as isenções existem em virtude de lei e se encontram no campo de incidência do
ICMS, podendo o legislador ordinário deliberar pela cobrança do imposto a partir de sua
revogação. No âmbito do Regulamento do ICMS as hipóteses são reproduzidas no art. 11
do Livro I (Decreto nº 37.699/1997).
A relevância de se enumerar os valores de saídas e desonerações advindas
dos casos de não incidência fundamenta-se tanto do ponto de vista da transparência
como para fins de identificação das situações fáticas que darão origem, a partir do
fenômeno do não estorno do crédito (manutenção do crédito fiscal das etapas anteriores
de circulação de mercadorias), aos acúmulos e transferências de saldos credores, estes
carregando o condão de serem compensados com os débitos de ICMS devidos pelos
próprios contribuintes ou por terceiros que recebam esses saldos credores em
transferência.
A próxima tabela enumera o volume de saídas (não se trata dos valores de
desoneração efetiva) praticadas conforme a natureza da operação realizada e abarcada
pela não incidência.

SAÍDAS IMUNES (NÃO INCIDÊNCIA) - 2020


Em R$ Milhões (nominais)
Natureza da Saída Imune Valor Saída Participação no Total (%)
Exportações 119.480,3 49,7

Devolução armazém depósito fechado 50.221,5 20,9

Armazém geral 27.109,9 11,3

Depósito Fechado 15.369,8 6,4


Saída Bens Ativo Imobilizado ou Material de Uso e
14.475,8 6,0
Consumo
Energia Elétrica, Petróleo e Combustíveis – Interestadual 9.466,2 3,9

Demais hipóteses 4.506,5 1,9

TOTAL SAÍDAS IMUNES (NÃO INCIDÊNCIA) 240.630,1 100,0


Fonte: Ofício do Gabinete da Receita Estadual nº 31/2021.
Classificação dos Incisos: Equipe SAIPAG conforme redação do RICMS. Cálculos: Equipe SAIPAG

103
Com base nos dados evidenciados pela tabela acima, identifica-se que as
exportações foram as saídas imunes que atingiram os maiores montantes, R$ 119,48
bilhões representando 49,7% das saídas com não incidência de 2020, as quatro operações
que vêm na sequência possuem as características de saídas operacionais, ou seja, não se
relacionam diretamente com atos comerciais, mas meros trânsitos de bens, como os
casos das remessas para Depósito Fechado (saídas de R$ 15,37 bilhões) e Armazém Geral
(saídas de R$ 27,11 bilhões) assim como as respectivas Devoluções de Armazém e
Depósito Fechado (saídas de R$ 50,22 bilhões), na mesma linha configuram-se as saídas
de bens do Ativo Imobilizados ou Materiais de Uso e Consumo. Característica diversa
possuem as operações interestaduais com Energia Elétrica, Petróleo e Combustíveis as
quais possuem imunidade prevista na Carta Magna e atingiram R$ 9,47 bilhões em saídas,
3,9% do total das não incidências do exercício de 2020.
Adicionalmente, em relação às saídas imunes em virtude de exportação e
de operações interestaduais com energia elétrica, petróleo e combustíveis, está presente
também o chamado benefício do não-estorno do crédito fiscal, que permite aos
contribuintes a manutenção dos créditos fiscais das etapas anteriores para fins de
compensação com outras saídas tributadas ou transferência a outras empresas, conforme
o Regulamento do ICMS deliberar. As saídas decorrentes dessas duas hipóteses de não
incidência de ICMS que igualmente permitem o não-estorno dos créditos são
evidenciadas na próxima tabela. Cumpre salientar que a manutenção dos créditos fiscais
das etapas anteriores nas exportações possui guarida na Constituição Federal,
diferentemente das operações interestaduais com energia elétrica, petróleo e
combustíveis.

OPERAÇÕES COM NÃO INCIDÊNCIA DE ICMS 2020


SEM ESTORNO DE CRÉDITO DAS ETAPAS ANTERIORES
Em R$ milhões (nominais)
Percentual do Total com
Operação Valor das Saídas
Não-estorno

Exportações 119.480,3 92,7%

Venda Interestadual de Energia, Petróleo e Combustíveis 9.466,2 7,3%


Fonte: Ofício Gabinete da Receita Estadual nº 31/2021.
Regulamento do ICMS – Livro I, arts. 11 e 35.

As exportações representam 92,7% das saídas imunes que permitem a


manutenção do crédito fiscal das etapas anteriores e não há qualquer discricionariedade
do Estado sobre essa desoneração. No entanto as operações interestaduais com energia
elétrica, petróleo e combustíveis, em que pese representarem apenas 7,3% das saídas
imunes com manutenção do crédito fiscal de etapas anteriores, poderiam ser objeto de
avaliação do Estado no sentido de deliberar pelo estorno dos créditos.

3.2.1.5.4 - Isenções
A Isenção é o benefício fiscal que se caracteriza pela dispensa do
pagamento do imposto devido por meio de lei. Não há lançamento tributário, embora

104
ocorra o fato gerador. Sua fundamentação encontra-se nos artigos 9º e 10º do
Regulamento do ICMS (Decreto nº 37.699/1997) referentes às operações com
mercadorias e prestações de serviços, respectivamente.
Neste rol, estão incluídas as isenções decorrentes de internalização no
Regulamento do ICMS do Rio Grande do Sul de Convênios celebrados no âmbito do
Confaz em atendimento ao disposto no Diploma Constitucional (art. 155, § 2º, XII, g) e Lei
Complementar Federal nº 24/1975.
Apesar de o Instituto da Isenção possuir indicativos de renúncia ao imposto
devido, uma vez que o total da operação deixa de ser oferecido à tributação, não se pode
olvidar que em decorrência dessa desoneração fiscal há recebimento de ICMS devido nas
atividades colaterais à operação isenta, conforme exemplificativamente se discorre na
sequência.
Em tese, uma redução da carga tributária incidente numa determinada
operação pode ocasionar a diminuição dos preços daquele produto e, a depender da sua
elasticidade-preço da demanda, a consequência poderia ser um aumento na procura pelo
produto.
A expectativa de elevação da demanda por um produto traz consigo o
provável aumento da produção daquele bem, o que pode acarretar na aquisição de mais
insumos, na realização de investimentos, na geração de mais empregos, etc. Todos esses
fatores culminariam direta ou indiretamente na ocorrência de fatos geradores do ICMS.
Ademais, a redução da carga tributária e a consequente diminuição dos
preços de um produto implicam no aumento da renda disponível às famílias para
aplicação em poupança (consequentemente em investimento) ou consumo, este
impulsionado pelo efeito multiplicador na economia, que é influenciado pela propensão
marginal a consumir dos indivíduos. Em decorrência do consumo das famílias estão
novamente presentes fatos geradores do ICMS.
Portanto, não é possível afirmar que a concessão de uma isenção a
determinado fato gerador de ICMS teria como efeitos, no longo prazo, a perda sustentada
de arrecadação.
O instituto das isenções é dotado de particularidades por abranger
operações que não representam comércio de mercadorias ou prestação de serviços as
quais se convencionou denominar “operacionais”.

SAÍDAS ISENTAS CONFORME A MODALIDADE


Em Milhões de R$
Saídas Saídas Variação (%)
Modalidade de Isenção Participação 2020 (%)
2019* 2020 2019/2020

Efetiva 76.193,6 82.587,9 79,5 8,4


Operacional** 28.864,4 21.303,1 20,5 -26,2
ISENÇÕES 105.057,9 103.890,9 100,0 -1,1
Fonte: Ofícios Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019, nº 35/2020 e nº 31/2021.
Classificação dos Incisos conforme redação adotada no RICMS.
(*) Valores atualizados pelo IPCA/IBGE médio.
(**) Incluindo a isenção ao Transporte de Cargas (RICMS, Livro I, art. 10, IX).

105
Os dados demonstram uma maior participação das Isenções Efetivas
(79,5% das saídas isentas), que atingiram valores de saídas de R$ 82,59 bilhões
aproximadamente, num aumento real de 8,4% em comparação com 2019. As isenções
operacionais tiveram queda de 26,2% nos valores de saídas frente ao exercício anterior
ao atingirem o total de R$ 21,30 bilhões.
Na tabela acima foi adotada a mesma classificação da Receita Estadual em
relação à Isenção dos Transportes de Cargas (RICMS, Livro I, art. 10, IX), a qual foi incluída
no rol das Operacionais. Entretanto esta Equipe Técnica diverge desse entendimento ao
considerar, por sua natureza, a Isenção ao Transporte de Cargas como Isenção efetiva.
Ao incluir o transporte de cargas entre as isenções efetivas, estas têm
acrescentados, em 2020, R$ 6,5 bilhões aproximados em saídas, embora inferiores em
termos reais 51,6% das saídas na faixa de R$ 13,4 bilhões do ano de 2019. Iguais valores
seriam suprimidos das isenções operacionais. A nova distribuição ficaria como
demonstrado na próxima tabela.

SAÍDAS ISENTAS CONFORME A MODALIDADE


Em Milhões de R$
Saídas Saídas Variação (%)
Modalidade de Isenção Participação 2020 (%)
2019* 2020 2019/2020

Efetiva ** 89.549,3 89.054,3 85,7 -0,6


Operacional 15.508,6 14.836,7 14,3 -4,3
ISENÇÕES 105.057,9 103.890,9 100,0 -1,1
Fonte: Ofícios Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019, nº 35/2020 e nº 31/2021.
Classificação dos Incisos conforme redação adotada no RICMS.
(*) Valores atualizados pelo IPCA/IBGE médio.
(**) Incluindo a isenção ao Transporte de Cargas (RICMS, Livro I, art. 10, IX).

Com a isenção ao transporte de cargas classificada como isenção efetiva,


esta categoria aumenta sua participação nas isenções totais para 85,7% com saídas na
ordem de R$ 89,1 bilhões, enquanto as operacionais caem para 14,3% com valores de R$
14,89 bilhões.
Conforme exposto nesse relatório as desonerações fiscais também podem
ser compreendidas como gastos tributários, ou seja, uma equivalência às despesas
públicas praticadas dentro do sistema tributário. Nessa esteira a próxima tabela procura
evidenciar os objetos de desoneração por meio das isenções efetivas praticadas.

SAÍDAS ISENTAS EFETIVAS CONFORME O OBJETO


Em Milhões de R$
Saídas Saídas Variação (%)
Objeto da Isenção** Participação 2020 (%)
2019* 2020 2019/2020
Fomento
51.142,2 59.231,1 71,7 15,8
Atividade Rural
Alimentos 11.898,1 10.854,1 13,1 -8,8
Saúde/Medicamentos 6.730,9 6.537,9 7,9 -2,9
Administração Pública 2.828,6 2.138,5 2,6 -24,4
Demais Casos 3.593,8 3.826,3 4,6 6,5

106
SAÍDAS ISENTAS EFETIVAS CONFORME O OBJETO
Em Milhões de R$
Saídas Saídas Variação (%)
Objeto da Isenção** Participação 2020 (%)
2019* 2020 2019/2020

ISENÇÕES EFETIVAS 76.193,5 82.587,9 100,0 8,4


Fonte: Ofícios Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019, nº 35/2020 e nº 31/2021.
Classificação dos Incisos conforme redação adotada no RICMS.
(*) Valores atualizados pelo IPCA/IBGE médio.
(**) Incluindo a isenção ao Transporte de Cargas (RICMS, Livro I, art. 10, IX) na categoria Operacionais, portanto não considerada nos
totais da tabela.

Com base nos dados da tabela acima é possível verificar o uso dessa
modalidade de desoneração para o fomento da atividade rural do Estado, cujas saídas
isentas atingiram o montante de R$ 59,2 bilhões, em 2020, o que representa 71,7% do
total de saídas isentas efetivas, aumento real de 15,8% frente a 2019.
Na sequência aparecem as isenções de alimentos com valores de
operações na faixa dos R$ 10,9 bilhões (13,1% das isenções efetivas – queda de 8,8% em
comparação com 2019), as isenções voltadas à saúde e medicamentos tiveram saídas de
R$ 6,5 bilhões, ou 7,9% das isenções efetivas, redução de 2,9% comparado ao exercício
anterior, bem como as desonerações para redução dos custos da Administração Pública,
que atingiram 2,6% das saídas isentas num montante de R$ 2,1 bilhões, numa redução de
24,4% dos valores atingidos em 2019. Os demais objetos de desoneração de isenções
efetivas respondem por 4,6% do total com valores somados de saídas de R$ 3,8 bilhões,
elevação de 6,5% frente ao ano anterior.
Caso incluída a isenção ao transporte de cargas na categoria das efetivas os
números se comportariam como destacado na próxima tabela.

SAÍDAS ISENTAS EFETIVAS CONFORME O OBJETO


Em Milhões de R$
Saídas Saídas Variação (%)
Objeto da Isenção** Participação 2020 (%)
2019* 2020 2019/2020
Fomento
51.142,2 59.231,1 66,5 15,8
Atividade Rural
Alimentos 11.898,1 10.854,1 12,2 -8,8
Saúde/Medicamentos 6.730,9 6.537,9 7,3 -2,9
Serviço de Transporte 13.360,4 6.475,8 7,3 -51,5
Administração Pública 2.828,6 2.138,5 2,4 -24,4
Demais Casos 3.589,2 3.816,7 4,3 6,3
ISENÇÕES EFETIVAS 89.549,3 89.054,3 100,0 -0,6
Fonte: Ofícios Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019, nº 35/2020 e nº 31/2021.
Classificação dos Incisos conforme redação adotada no RICMS.
(*) Valores atualizados pelo IPCA/IBGE médio.
(**) Incluindo a isenção ao Transporte de Cargas (RICMS, Livro I, art. 10, IX) na categoria Efetivas.

Vê-se que essa mudança de critérios insere o serviço de transporte entre


os principais objetos de desoneração por meio de isenções, passando a ocupar a quarta
posição entre as saídas de isenções efetivas sob a ótica do objeto da renúncia fiscal,
representando 7,3% do novo total de isenções efetivas (R$ 89,1 bilhões). Mudam

107
igualmente os percentuais relativos das demais aplicações das isenções, como exposto na
tabela. Para efeito de demonstração dos valores praticados de isenção este relatório
técnico considerará nos próximos tópicos a isenção ao transporte de cargas como
pertencente ao rol das isenções efetivas, embora alguns destaques sobre a classificação
dessa rubrica sejam realizados ao longo dos itens que seguem.

3.2.1.5.4.1 – Isenções Operacionais


As saídas isentas na categoria denominada “operacionais” representam os
casos em que houve mero trânsito de mercadorias sem que tenha ocorrido uma operação
comercial em relação ao bem objeto dos documentos fiscais.
São os casos, por exemplo, de remessa e retorno de bens para conserto ou
manutenção; para fins de industrialização, neste caso apenas o valor agregado no
processo de industrialização é objeto de incidência do ICMS; também se enquadram
como operacionais os bens remetidos para exposições ou feiras, amostras grátis ou de
valor diminuto.
Como se verificou na tabela acima, as isenções operacionais com saídas de
R$ 21,3 bilhões representaram 20,5% do total de saídas isentas, em 2020, queda de
26,2% em relação aos valores de saídas inflacionados de 2019. A próxima tabela destaca
os valores de saídas por meio de Isenções Operacionais. Esses números incluem a Isenção
ao Transporte de Cargas (Livro I, art. 10, IX), conforme critério adotado pela Receita
Estadual no Demonstrativo de Desonerações Fiscais.

SAÍDAS ISENTAS OPERACIONAIS


Em Milhões de R$
SAÍDAS Saídas Saídas Participação 2020 Variação (%)
OPERACIONAIS 2019* 2020 (%) 2019/2020

Remessa Vasilhames, Recipientes e Embalagens 7.111,0 8.214,5 38,6 15,5


Transporte de Cargas 13.355,8 6.466,4 30,4 -51,6
Retorno Vasilhames, Recipientes e Embalagens 3.624,0 3.363,4 15,8 -7,2
Botijões vazios de GLP 2.494,6 1.725,3 8,1 -30,8
Remessa - Exposições ou Feiras 1.366,8 665,8 3,1 -51,3
Amostra diminuto ou nenhum valor comercial 449,4 381,4 1,8 -15,1
Drawback Retorno Beneficiamento 69,2 136,9 0,6 97,8
Retorno - Exposições ou Feiras 107,1 125,0 0,6 16,8
Partes e peças defeituosas
substituição garantia 84,8 111,8 0,5 31,7
(inciso CXLV)
Partes e peças defeituosas
substituição garantia 125,5 71,0 0,3 -43,5
(inciso CXXXVIII)
Drawback Saídas Beneficiamento 76,1 41,7 0,2 -45,3
ISENÇÕES OPERACIONAIS** 28.864,4 21.303,1 100,0 -26,2
(-) Transporte
(13.355,8) (6.466,4) N/A N/A
de Cargas
ISENÇÕES OPERACIONAIS*** 15.508,6 14.836,6 N/A N/A

108
SAÍDAS ISENTAS OPERACIONAIS
Em Milhões de R$
SAÍDAS Saídas Saídas Participação 2020 Variação (%)
OPERACIONAIS 2019* 2020 (%) 2019/2020
Fonte: Ofícios Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019, nº 35/2020 e nº 31/2021.
(*) Valores atualizados pelo IPCA/IBGE médio.
(**)Transporte de Cargas (RICMS, Livro I, art. 10, IX) na categoria Operacionais.
(***)Transporte de Cargas (RICMS, Livro I, art. 10, IX) na categoria Operacionais.

Os dados da tabela evidenciam as principais movimentações de


mercadorias na categoria de isenções operacionais. Segundo classificação da Receita
Estadual no Demonstrativo de Desonerações Fiscais a Isenção ao Transporte de Cargas
(Livro I, art. 10, IX do RICMS) foi incluída nessa categoria. Em que pese tratar-se de
operação meio da cadeia produtiva e o fato de haver diferimento do ICMS devido,
entende-se que a referida isenção deveria ser enquadrada na categoria de Isenções
Efetivas por representar prestação de serviços no campo de incidência do ICMS.
Sobre a Isenção ao Transporte de Cargas haverá detalhamento no tópico
3.2.1.5.4.3 em virtude de períodos de descumprimento do Convênio ICMS nº 04/04 pelo
Regulamento do ICMS do Estado do Rio Grande do Sul.

3.2.1.5.4.2 – Isenções Efetivas


As isenções efetivas, ou seja, aquelas que de fato representam uma
desoneração de operação comercial de bens ou prestação de serviços, como já
demonstrado acima, podem se direcionar a diferentes objetivos ou segmentos
econômicos.
A próxima tabela evidencia, entre as saídas isentas efetivas (incluída a
isenção ao transporte de cargas), quais estão beneficiadas adicionalmente pelo instituto
do não estorno do crédito fiscal (Livro I, art. 35 do RICMS). Não foram identificadas
hipóteses de não estorno do crédito fiscal nas isenções de serviços (art. 10 do Livro I do
RICMS). A classificação dos incisos ocorreu apenas em relação aos que apresentaram
valores de saídas em 2020.

SAÍDAS ISENTAS EFETIVAS – COM OU SEM ESTORNO DE CRÉDITO


Em R$ milhões (nominais)
Valor
Saídas com Percentua
das Incisos dos Arts. 9º e 10 do Livro I do RICMS
Isenção “efetiva” l do Total
Saídas
Não Estorno de Art 9º- VIII, IX, XCV, XXV, XXXIX, LXXXV, XLI, CCI, XXVI, XXIX, LXX, XXXVIII,
66.882,6 75,1%
Crédito (art. 35) LXXXIV, XLVIII, XLIX, CLXXXI, CXCV, XXXV, XL, LXXIII, XCII, L, LXXI, CIX.
Com Estorno de
22.171,7 24,9% Demais incisos dos arts.9º e 10.
Crédito (art. 34)
Fonte: Ofício Gabinete da Receita Estadual nº 31/2021.
Regulamento do ICMS – Livro I, arts. 9º, 10, 34 e 35.

Dessa forma, do total de R$ 89,1 bilhões de saídas isentas efetivas, 75,1%,


ou R$ 66,9 bilhões, deram-se em hipóteses do RICMS que permitiam aos contribuintes o
não-estorno do crédito fiscal das etapas anteriores.

109
Na sequência serão analisados os dez dispositivos, entre os artigos 9º e 10º
do Livro I do RICMS, que apresentaram os maiores valores de saídas (vendas) isentas, em
2020, os quais, somados atingiram o montante de R$ 81,6 bilhões, que representam
91,7% dos valores de saídas isentas efetivas e 78,6% de todas saídas isentas (incluídas as
operacionais). Para efeitos das exposições que virão na sequência, em especial no que
concerne ao ranking das maiores saídas por meio de isenções efetivas considerar-se-á a
dispensa do pagamento do ICMS devido nos transportes de cargas como isenção efetiva,
a despeito de a Receita Estadual tê-la classificado como Operacional no seu
Demonstrativo de Desonerações.
Inicialmente, uma breve descrição de cada um desses dispositivos e, logo
após, a exposição quanto ao mandamento adotado por cada Convênio ICMS celebrado no
CONFAZ em relação a essas isenções – se obrigatório ou autorizativo, conforme a redação
dos convênios -; quanto à possibilidade ou não de manutenção do crédito fiscal de ICMS
relativo às etapas anteriores – instituto do não-estorno -, pois a carga desonerada é
superior nos casos em que é possível manter o crédito fiscal das etapas passadas na
comparação com as hipóteses em que se obriga o estorno proporcional desses créditos.
- Insumos Agropecuários (Livro I, art. 9º, VIII) – Esse dispositivo concede
isenção às saídas internas (dentro do RS) de um rol de produtos elencados em suas
alíneas, todos relacionados à produção agropecuária, inclusive defensivos agrícolas. O
fundamento original advém do Convênio ICMS nº 100/97.
- Produtos para alimentação animal / fabricação de ração (Livro I, art. 9º,
IX) – Embora em dispositivo apartado, esse item concede isenções voltadas ao setor
agropecuário, assim como o inciso VIII do art. 9º do Livro I do RICMS. O Convênio ICMS nº
100/97 lhe deu fundamento.
- Hortifrutigranjeiros (Livro I, art. 9º, XIX) – aplica-se essa isenção a saídas
de frutas, verduras e hortaliças, ou seja, itens também relacionados à atividade primária
do Estado. A fundamentação original é dada pelo Convênio ICMS nº 44/75.
- Transporte de cargas (Livro I, art. 10, IX) – Esse inciso do art. 10, que
aborda as isenções nas prestações de serviço de transporte de cargas, concede a
desoneração nas operações iniciadas e terminadas no território do Rio Grande do Sul. Até
2019 houve diversos momentos em que o RICMS estendeu essa desoneração às
prestações interestaduais em desobediência ao Convênio ICMS nº 04/04. No entanto, em
2020, a regra aplicada foi mantida apenas em relação às operações intermunicipais.
Embora o Demonstrativo de Desonerações relativo a 2019 divulgado pela Receita
Estadual tenha considerado a isenção em tela na categoria operacionais, entende-se que
as suas características são de isenção efetiva, razão pela qual é incluída nesse ranking das
dez maiores saídas isentas de 2020.
- Equipamentos para prestação de Serviços de Saúde (Livro I, art. 9º, XCVIII)
– Dispositivo que desonera as operações com equipamentos ligados à prestação de
serviços de saúde com fundamento no Convênio ICMS nº 01/99.
- Zona Franca de Manaus (Livro I, art. 9º, XXV) – saídas de produtos
destinados à comercialização ou industrialização na Zona Franca de Manaus,
fundamentado no Convênio ICMS nº 65/88.
- Maçãs e peras (Livro I, art. 9º, CXXIV) – aplica-se às saídas de maçãs e
peras, desde que frescas. Fundamento no Convênio ICMS nº 94/05.

110
- Cadeira de Rodas, próteses (Livro I, art. 9º, XXXIX) – Desoneração
aplicável às saídas dos produtos elencados em suas alíneas, exemplificativamente, cadeira
de rodas e próteses diversas. Fundamentado no Convênio ICMS nº 94/03.
- Equipamentos para Energias Solar e Eólica (Livro I, art. 9º, LXXXV) –
operações com equipamentos de energia solar e eólica dispostos em listagem no RICMS
conforme o respectivo NCM. Fundamento no Convênio ICMS nº 101/97.
- Ovos (Livro I, art. 9º, XVII) – saídas de Ovos. Fundamento original no
Convênio ICMS nº 44/75.
A próxima tabela evidencia os valores de saídas isentas para o período
2016-2020, atualizados pelo IPCA/IBGE médio, com base nos dez dispositivos acima
descritos.

ISENÇÕES – INCISOS MAIS REPRESENTATIVOS – 2016-2020


Em R$ milhões (nominais)
Participação
TÍTULO 2016* 2017* 2018* 2019* 2020 nas Isenções
Efetivas** (%)
Insumos Agropecuários 41.200,5 34.732,6 41.559,6 39.438,2 45.039,1 50,6
Fabricação ração/alim. animal 12.174,7 10.460,9 12.219,7 11.300,5 13.829,2 15,5
Hortifrutigranjeiros 5.246,1 5.835,1 5.692,4 6.567,9 7.429,0 8,3
Transporte de Cargas 12.280,8 15.490,9 19.183,1 13.355,8 6.466,4 7,3
Equipamentos saúde 795,7 1.261,5 2.277,7 2.757,3 2.920,8 3,3
Zona Franca de Manaus 1.041,2 959,9 1.097,9 1.289,7 1.730,0 1,9
Maçãs e Peras 1.019,6 1.078,6 1.102,1 1.223,4 1.268,1 1,4
Cadeira de rodas, próteses 1.502,1 1.786,8 1.871,1 1.814,1 1.141,5 1,3
Equipamentos Energias
161,5 177,1 1.139,6 987,5 982,1 1,1
Solar/Eólica
Ovos 512,7 525,6 571,0 665,5 836,1 0,9
TOTAIS 75.934,8 72.309,0 86.714,0 79.399,8 81.642,2 91,7
Fonte: Ofícios do Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019, 35/2020 e 31/2021.
Cálculos: Equipe SAIPAG
(*) Atualizados pelo IPCA/IBGE médio.
(**) Referência ano 2020.

No que diz respeito às isenções praticadas pelo Estado do Rio Grande do


Sul ver-se-á que, entre os dez incisos com valores de saída mais substantivos, em 2019, a
maior parte decorre da celebração de convênios no âmbito do CONFAZ.
Sobre o tema em análise compete mencionar que determinados convênios
do Confaz possuem um caráter “obrigatório”, enquanto outros possuem um caráter mais
“autorizativo”, ou de utilização opcional. Sem entrar em maiores considerações, este
trabalho, para classificação, baseou-se na redação que os referidos convênios
apresentam. Por exemplo, quando o convênio dispõe que determinados estados ficam
autorizados a conceder determinado benefício, classificou-se este como de adoção
facultativa. Ou seja, entende-se que o Estado pode ou não adotar esta desoneração, a seu
critério. Alguns dos convênios podem possuir trechos com viés obrigatório enquanto
outras partes das disposições são autorizativas.

111
A tabela a seguir evidencia a existência ou não de Convênio ICMS, bem
como se os termos dos respectivos acordos implicam “obrigação” ou “autorização” de
recepção pelos Estados no que diz respeito ao trecho sobre as Isenções.

SAÍDAS ISENTAS E OS CONVÊNIOS CONFAZ


Em R$ milhões (nominais)
Valor
Percentual Obrigatório (O) ou
Posição Item RICMS e Descrição das Convênio ICMS
do Total Autorizativo (A)
Saídas CONFAZ
1 Art 9º, VIII – Insumos Agropecuários 45.039,1 50,6% 100/97 A
Art. 9º, IX – Produtos p/ alimentação
2 13.829,2 15,5% 100/97 A
animal / Fabricação de Ração
3 Art. 9º, XIX – Hortifrutigranjeiros 7.429,0 8,3% 44/75 A

4 Art. 10, IX – Transporte de Cargas 6.466,4 7,3% 04/04 A


Art. 9º, XCVIII – Equipamentos para
5 2.920,8 3,3% 01/99 O
prestação serviços de saúde
Art. 9º, XXV – destino à Zona Franca de
6 1.730,0 1,9% 65/88 O
Manaus/AM
7 Art. 9º, CXXIV – Maçãs e peras 1.268,1 1,4% 94/05 A
Art. 9º, XXXIX – Cadeira de rodas,
8 1.141,5 1,3% 94/03 O
próteses, aparelhos auditivos
Art. 9º, LXXXV – Equipamentos Energia
9 982,1 1,1% 101/97 O
Solar e Eólica
10 Art. 9º, XVII – Ovos 836,1 0,9% 44/75 A
Fonte: Ofícios Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019, nº 35/2020 e 31/2021.
Regulamento do ICMS – Livro I, arts. 9º, 10, 34 e 35. Convênios ICMS citados na tabela.
* Convênio 190/17 – remissão das concessões sem Convênio ICMS na origem da concessão.

Com base nos dados da tabela acima é possível identificar que parte das
saídas com Isenção decorre de Convênios celebrados no CONFAZ com características de
obrigatoriedade de adoção pelos Estados e DF, tais saídas totalizaram R$ 6,7 bilhões na
amostra das dez maiores saídas isentas; por outro lado os convênios com características
autorizativas atingiram o valor de saídas de R$ 74,9 bilhões em relação ao estrato das dez
mais representativas. Vê-se que, embora advindas de acordos firmados no CONFAZ, a sua
adoção não possuía caráter obrigatório em significativa parcela das isenções ocorridas em
2020.
Outro ponto importante a destacar em relação às isenções da tabela acima
decorrentes de Convênios no âmbito do CONFAZ é que, além da possibilidade de o
acordo celebrado poder ser de natureza obrigatória ou autorizativa, havia casos em que
poderia, também, ser realizada a opção de desoneração a ser adotada: isenção ou
redução da base de cálculo.
Da listagem da tabela acima, destaca-se o Convênio ICMS nº 100/97, que
culminou na introdução de duas das isenções mais representativas, constantes dos incisos
VIII e IX do art. 9º do Livro I do RICMS. Sobre as operações objeto dessas desonerações
destaca-se que o aludido acordo entre os Estados previu redução de base de cálculo nas
operações interestaduais – esta com caráter obrigatório -, bem como autorizou os
Estados em relação às operações internas a concederem redução de base ou isenção. O

112
Rio Grande do Sul optou pela isenção. Colaciona-se trecho da redação do convênio a
respeito dessa possibilidade de escolha para os Estados:

Cláusula terceira - Ficam os Estados e o Distrito Federal autorizados a conceder


às operações internas com os produtos relacionados nas cláusulas anteriores,
redução da base de cálculo ou isenção do ICMS, observadas as respectivas
condições para fruição do benefício. (grifou-se)

No que tange à possibilidade de manutenção do crédito fiscal das etapas


anteriores (não-estorno) a tabela abaixo identifica entre as dez hipóteses de isenção com
os mais expressivos montantes de saídas em 2020 quais permitem o Não-estorno do
crédito fiscal, fator que eleva a efetiva desoneração.

SAÍDAS ISENTAS EFETIVAS – COM OU SEM ESTORNO DE CRÉDITO


Em R$ milhões (nominais)

Posição Item RICMS e Descrição Valor das Saídas Percentual do Total Permite não estorno do Crédito

Art 9º, VIII – Insumos


1 45.039,1 50,6% Sim
Agropecuários
Art. 9º, IX – Produtos p/
2 alimentação animal / Fabricação de 13.829,2 15,5% Sim
Ração
3 Art. 9º, XIX – Hortifrutigranjeiros 7.429,0 8,3% Não

4 Art. 10, IX – Transporte de Cargas 6.466,4 7,3% Não


Art. 9º, XCVIII – Equipamentos para
5 2.920,8 3,3% Sim
prestação serviços de saúde
Art. 9º, XXV – destino à Zona
6 1.730,0 1,9% Sim
Franca de Manaus/AM
7 Art. 9º, CXXIV – Maçãs e peras 1.268,1 1,4% Não
Art. 9º, XXXIX – Cadeira de rodas,
8 1.141,5 1,3% Sim
próteses, aparelhos auditivos
Art. 9º, LXXXV – Equipamentos
9 982,1 1,1% Sim
Energia Solar e Eólica
10 Art. 9º, XVII – Ovos 836,1 0,9% Sim
Fonte: Ofícios Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019, nº 35/2020 e nº 31/2021.
Regulamento do ICMS – Livro I, arts. 9º, 10, 34 e 35.

Suscitando novamente a característica dos Convênios ICMS celebrados


enquanto de adoção obrigatória ou autorizativa identifica-se no que toca ao não-estorno
do crédito fiscal que, mesmo em alguns convênios ditos obrigatórios, tal imperativo não
se estendia ao não-estorno.
O Convênio ICMS nº 100/97 (relacionado ao art. 9º, incisos VIII e IX) já
possui caráter autorizativo em relação à concessão da isenção nas operações internas,
além da alternativa de uso da redução de base de cálculo em vez da desoneração total da
operação (isenção). E, verifica-se que a possibilidade de não-estorno também se constitui
numa faculdade conferida aos Estados. Abaixo o trecho do convênio nesse sentido.

113
Cláusula quinta - Ficam os Estados e o Distrito Federal autorizados a:
I - não exigir a anulação do crédito prevista nos incisos I e II do artigo 21 da Lei
Complementar nº 87, de 13 de setembro de 1996; (grifou-se)

Os Convênios nº 01/99 (relacionado ao art. 9º, XCVIII) e nº 101/97 no que


diz respeito à isenção têm característica de obrigatoriedade. No entanto em relação ao
não-estorno trata-se de autorizações aos Estados, conforme se verifica nos trechos abaixo
colacionados com cláusula obrigatória para isenção e autorizativa para não-estorno.

Convênio 01/99:
Cláusula primeira - Ficam isentas do ICMS as operações com os equipamentos e
insumos indicados no anexo a este convênio, classificados pela NBM/SH.

Cláusula segunda - Ficam os Estados e o Distrito Federal autorizados a não


exigir o estorno de crédito fiscal de que trata o artigo 21 da Lei Complementar
nº 87, de 13 de setembro de 1996. (grifou-se)

Convênio 101/97:
Cláusula primeira - Ficam isentas do ICMS as operações com os produtos a
seguir indicados [...]

Cláusula segunda - Ficam os Estados e o Distrito Federal autorizados a


conceder a manutenção dos créditos do imposto a que se refere a cláusula
anterior. (grifou-se)

Já o Convênio nº 94/03, relacionado à hipótese constante no inciso XXXIX


do art. 9º do Livro I do RICMS, e o nº 65/88 (ligado ao art. 9º, XXV), são dotados de
obrigatoriedade tanto para a concessão da isenção como para o não estorno do crédito
fiscal.
Com base nas informações expostas nesse tópico identifica-se que a atual
carga de desonerações tributárias no âmbito do instituto da isenção decorre em parte do
exercício das seguintes faculdades pelo poder público estadual: diante de alguns
Convênios CONFAZ com trechos autorizativos exerceu-se a opção de utilizá-los e
internalizá-los na legislação gaúcha; na possibilidade de estornar ou não o crédito fiscal
de etapas anteriores escolheu-se, em alguns casos, o não-estorno; e, por derradeiro,
optou-se por conceder isenção em situações que a redução da base de cálculo também
era alternativa de desoneração.
Em especial no que tange ao uso do não-estorno do crédito, bem como à
escolha da isenção em vez da redução da base de cálculo, trata-se de opção pelas
alternativas de maior desoneração do ICMS a recolher pelos contribuintes.

114
3.2.1.5.4.3 – Da Isenção ao Transporte de Cargas (Lv I, art. 10, IX do RICMS)
Dentre todas as hipóteses de Isenção constantes do RICMS, a do
Transporte de Cargas (art. 10, IX), ocupou o segundo lugar entra os maiores valores de
saídas isentas, em 2019. O montante de saídas isentas de frete intermunicipal e
interestadual, conforme dados entregues pela Receita Estadual ao TCE, foi de R$ 12,9
bilhões.
A isenção de ICMS ao Transporte de Cargas tem origem no Convênio ICMS
nº 04/2004, celebrado no âmbito do CONFAZ.
O aludido Convênio, em sua cláusula primeira, autorizou a concessão de
isenção nos seguintes termos:

Cláusula primeira - Ficam os Estados do Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas,


Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná,
Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São
Paulo e Tocantins autorizados a conceder isenção do ICMS à prestação de
serviço de transporte intermunicipal de cargas destinada a contribuinte do
imposto, que tenha início e término no seu território, nos termos
estabelecidos em legislação estadual. (grifou-se)

No Regulamento do ICMS, a isenção foi introduzida no inciso IX do artigo


10 por meio do Decreto nº 43532/2004, o qual na esteira do Convênio ICMS nº 04/2004
isentou de ICMS as operações de transporte de cargas a contribuintes inscritos no
CGC/TE11 .

Art. 1º - Com fundamento no disposto no Convênio ICMS 04/04, ratificado nos


termos da Lei Complementar nº 24, de 07/01/75, conforme Ato Declaratório
CONFAZ nº 03/04, publicado no Diário Oficial da União de 28/04/04, fica
introduzida a seguinte alteração no Livro I do Regulamento do ICMS, aprovado
pelo DECRETO Nº 37.699, de 26/08/97, numerada em sequência às introduzidas
pelo DECRETO Nº 43.501, de 14/12/04:
ALTERAÇÃO Nº 1835 - No art. 10, fica acrescentado o inciso IX com a seguinte
redação:
"IX - de transporte de cargas realizadas a contribuinte inscrito no CGC/TE.”
(grifou-se)

Note-se que a autorização de isenção concedida pelo Convênio ICMS nº


04/2004 abarcava as operações de transporte intermunicipal de cargas, com a ênfase de
que essas tivessem início e término no território do Estado concedente da desoneração
fiscal. Portanto, os transportes interestaduais de cargas não estavam isentos da
incidência e cobrança do ICMS.
Entretanto, quando da internalização à legislação do Rio Grande do Sul do
Convênio ICMS 04/2004, adotou-se a isenção do transporte de cargas a inscritos no

11
Cadastro Geral de Contribuintes / Tributos Estaduais

115
CGC/TE, que conforme os vernáculos dispostos no Decreto nº 43.532/2004 estendeu a
isenção às operações interestaduais de transportes de cargas, inclusive.
Ao longo dos anos houve diversas modificações na redação do RICMS, Livro
I, art. 10, IX de modo que em determinadas situações o texto adotado estava de acordo
com as regras celebradas no CONFAZ e em outras ocasiões a isenção era estendida aos
fretes interestaduais, à revelia do disposto no convênio.
No ano de 2020, que serve de base para a análise das contas no Processo
em epígrafe, foram realizadas alterações na redação do inciso em tela, conforme se
verifica na sequência.
Relevante trazer à baila o disposto no art. 2º, VII do Decreto nº
54.255/2018, cujos efeitos iniciaram em 01/01/2019, pois adotava regra de acordo com o
celebrado no CONFAZ, notadamente a isenção de ICMS apenas aos fretes iniciados e
terminados no RS, além de se tratar do regramento adotado para início do exercício de
2019:

Art. 2º Com fundamento no disposto nos Convênios ICMS a seguir


mencionados, ratificados nos termos da Lei Complementar Federal nº 24 de
07/01/75, ficam introduzidas as seguintes alterações no Regulamento do ICMS,
aprovalo pelo Decreto nº 37.699, de 26/08/97: [...]
VII – Conv. ICMS 04/04:
ALTERAÇÃO Nº 4987 - No art. 10 do Livro I, o inciso IX passa a vigorar com a
seguinte redação:
"IX - de transporte intermunicipal de cargas, no período de 1º de janeiro a 30 de
setembro de 2019, realizadas a contribuinte inscrito no CGC/TE, que tenha
início e término no território deste Estado;[...] (grifou-se)

A regra para isenção de transporte de cargas iniciou 2019 em


conformidade ao disposto no Convênio ICMS nº 04/04 ao desonerar apenas os fretes
intermunicipais, todavia em abril de 2019, por meio do Decreto nº 54.564/2019, o art. 10,
IX do Livro I do RICMS volta a sofrer alteração, que culminou na extensão da isenção aos
fretes interestaduais:

Art. 1º - Com fundamento no disposto no Convênio ICMS 19/19, ratificado nos


termos da Lei Complementar Federal nº 24, de 07/01/75, conforme Ato
Declaratório CONFAZ nº 4, publicado no Diário Oficial da União de 01/04/19,
ficam introduzidas as seguintes alterações no Livro I do Regulamento do ICMS,
aprovado pelo Decreto nº 37.699, de 26/08/97:[...]
ALTERAÇÃO Nº 5037 - No art. 10, é dada nova redação aos incisos IX e XII,
conforme segue:
"IX - no período de 1º de abril a 30 de setembro de 2019, de transporte de
cargas realizadas a contribuinte inscrito no CGC/TE; (grifou-se)

116
O Convênio ICMS nº 19/2019, utilizado como fundamento para a edição do
Decreto nº 54.564/19, autorizou a realização de novas concessões, que estavam vigentes
em 2018:
O Conselho Nacional de Política Fazendária - CONFAZ, na sua 314ª Reunião
Extraordinária, realizada em Brasília, DF, no dia 13 de março de 2019, tendo em
vista o disposto na Lei Complementar nº 24, de 7 de janeiro de 1975, resolve
celebrar o seguinte
Cláusula primeira - Relativamente aos benefícios fiscais vencidos em 31 de
dezembro de 2018, em virtude do que dispõe a Lei Complementar nº 160, de 7
de agosto de 2017, publicados, registrados e depositados nos temos das
cláusulas segunda a quarta do Convênio ICMS 190/17, de 15 de dezembro de
2017, ficam as unidades federadas autorizadas a:
I – fazer novas concessões, com vigência até 31 de dezembro de 2019,
respeitando os requisitos, condições e limites vigentes em 31 de dezembro de
2018;[...]

No entanto, quando examinada a legislação que embasou a isenção de


frete no Regulamento de ICMS do RS, identifica-se que os convênios que supostamente
fundamentaram as alterações na isenção de frete no RICMS faziam sempre remissão ao
Convênio nº 04/04, o qual limitou a isenção aos fretes intermunicipais, conforme já foi
mencionado acima.
Trata-se dos Convênios ICMS nº 27/2015, que fundamentou o Decreto nº
52.392/2015, Convênio ICMS nº 107/2015, que fundamentou o Decreto nº 52.819/2015,
e Convênio ICMS nº 49/17, que fundamentou o Decreto nº 53.538/2017.
Os Convênios citados buscaram renovar os efeitos do Convênio ICMS nº
04/04, conforme se verifica abaixo:
Convênio ICMS nº 27/15:
O Conselho Nacional de Política Fazendária - CONFAZ, na sua 238ª reunião
extraordinária, realizada em Brasília, DF, no dia 22 de abril de 2015, tendo em
vista o disposto na Lei Complementar nº 24, de 7 de janeiro de 1975, resolve
celebrar o seguinte
Cláusula primeira - Ficam prorrogadas até 31 de dezembro de 2015 as
disposições contidas nos convênios a seguir indicados:[...]
XCIII - Convênio ICMS 04/04, de 2 de abril de 2004, que autoriza os Estados que
menciona a conceder isenção do ICMS à prestação de serviço de transporte
intermunicipal de cargas; [...]

Convênio ICMS nº 107/15:


O Conselho Nacional de Política Fazendária - CONFAZ, na sua 158ª reunião
ordinária, realizada em Florianópolis, SC, no dia 2 de outubro de 2015, tendo
em vista o disposto na Lei Complementar nº 24, de 7 de janeiro de 1975,
resolve celebrar o seguinte
Cláusula primeira - Ficam prorrogadas até 30 de abril de 2017 as disposições
contidas nos convênios a seguir indicados:[...]
LXXXIX - Convênio ICMS 04/04, de 2 de abril de 2004, que autoriza os Estados
que menciona a conceder isenção do ICMS à prestação de serviço de transporte
intermunicipal de cargas;

117
Convênio ICMS nº 49/17:
O Conselho Nacional de Política Fazendária - CONFAZ, na sua 281ª Reunião
Extraordinária, realizada em Brasília, DF, no dia 25 de abril de 2017, tendo em
vista o disposto na Lei Complementar nº 24, de 7 de janeiro de 1975, resolve
celebrar o seguinte
Cláusula segunda - Os convênios ICMS a seguir indicados passam a vigorar com
prazo final de vigência em 30 de setembro de 2019:
LXXXVIII - Convênio ICMS 04/04, de 2 de abril de 2004, que autoriza os Estados
que menciona a conceder isenção do ICMS à prestação de serviço de transporte
intermunicipal de cargas;

Contudo, os Decretos editados pelo Poder Executivo do Estado do Rio


Grande do Sul, embora fundamentados nos referidos convênios, adotaram regras que
extrapolaram a autorização celebrada entre os Estados no Convênio ICMS nº 04/04:
Decreto nº 52.392/2015:
Art. 1º - Com fundamento no disposto no Convênio ICMS 27/15, ratificado nos
termos da Lei Complementar Federal nº 24, de 07/01/75, conforme Ato
Declaratório CONFAZ nº 10, publicado no Diário Oficial da União de 14/05/15,
ficam introduzidas as seguintes alterações no Livro I do Regulamento do ICMS,
aprovado pelo Decreto nº 37.699, de 26/08/97:[...]
ALTERAÇÃO Nº 4480 - No art. 10, é dada nova redação aos incisos VI e VIII, e ao
inciso IX, mantida a redação de suas notas, conforme segue: [...]
IX - no período de 1º de junho a 31 de dezembro de 2015, de transporte de
cargas realizadas a contribuinte inscrito no CGC/TE;"

Decreto nº 52.819/2015:
Art. 1º - Com fundamento no disposto nos Convênio ICMS 107/15, ratificado
nos termos da Lei Complementar Federal nº 24, de 07/01/75, conforme Ato
Declaratório CONFAZ nº 21, publicado no Diário Oficial da União de 27/10/15,
ficam introduzidas as seguintes alterações no Livro I do Regulamento do ICMS,
aprovado pelo Decreto nº 37.699, de 26/08/97:[...]
ALTERAÇÃO Nº 4573 - No art. 10, é dada nova redação aos incisos VI e VIII, e ao
inciso IX, mantida a redação de suas notas, conforme segue:[...]
IX - no período de 1º de junho de 2015 a 30 de abril de 2017, de transporte de
cargas realizadas a contribuinte inscrito no CGC/TE;"

Decreto nº 53.538/2017:
Art. 1º - Com fundamento no disposto nos Convênio ICMS 49/17, ratificado nos
termos da Lei Complementar Federal nº 24, de 07/01/75, conforme Ato
Declaratório CONFAZ nº 21, publicado no Diário Oficial da União de 27/10/15,
ficam introduzidas as seguintes alterações no Livro I do Regulamento do ICMS,
aprovado pelo Decreto nº 37.699, de 26/08/97:[...]
ALTERAÇÃO Nº 4854 - No art. 10: [...]
b) o inciso IX passa a vigorar com a seguinte redação mantida a redação de suas
notas:
IX - no período de 1º de junho de 2015 a 30 de setembro de 2019, de transporte
de cargas realizadas a contribuinte inscrito no CGC/TE;"

118
O Decreto nº 54.255/2018, citado no início deste tópico, revogou o
Decreto nº 53.538/2017 e adequou o texto do art. 10, IX ao mandamento do Convênio
ICMS nº 04/04, tendo sido a redação vigente do art. 10, IX no início de 2019.
Porém, em 2019, diante da edição do Decreto nº 54.564/2019, o disposto
no Convênio ICMS nº 04/04 voltou a ser desrespeitado no RICMS, pois o mencionado
decreto isentou, sem o devido amparo legal, os transportes de cargas interestaduais.
O referido decreto foi revogado com o advento do Decreto nº
54.807/2019, o qual teve efeitos a partir de 01/10/2019 e foi ao encontro das regras do
Convênio ICMS nº 04/04, concedendo isenção apenas aos transportes de cargas
intermunicipais.

Art. 1º - Com fundamento no disposto no Convênio ICMS 04/04, ratificado nos


termos da Lei Complementar Federal nº 24, de 07/01/75, conforme Ato
Declaratório CONFAZ nº 03/04, publicado no Diário Oficial da União de
28/04/04, fica introduzida a seguinte alteração no Regulamento do ICMS,
aprovado pelo Decreto nº 37.699, de 26/08/97:
ALTERAÇÃO Nº 5121 - No art. 10 do Livro I, o inciso IX passa a vigorar com a
seguinte redação:
"IX - de transporte intermunicipal de cargas, no período de 1º de outubro de
2019 a 31 de outubro de 2020, realizadas a contribuinte inscrito no CGC/TE, que
tenha início e término no território deste Estado;

Entretanto a isenção em conformidade às regras do CONFAZ durou apenas


um mês, uma vez que em novembro de 2019 foi editado o Decreto nº 54.850/2019, que
novamente estendeu a isenção aos fretes interestaduais:

Art. 1º - Com fundamento no disposto no Convênio ICMS 161/19, ratificado nos


termos da Lei Complementar Federal nº 24, de 07/01/75, conforme Ato
Declaratório CONFAZ nº 17, publicado no Diário Oficial da União de 30/10/19,
ficam introduzidas as seguintes alterações no Livro I do Regulamento do ICMS,
aprovado pelo Decreto nº 37.699, de 26/08/97: [...]
ALTERAÇÃO Nº 5141 - No art. 10, é dada nova redação aos incisos IX e XII,
conforme segue:
"IX - no período de 1º de novembro a 31 de dezembro de 2019, de transporte
de cargas realizadas a contribuinte inscrito no CGC/TE;

O Convênio ICMS nº 161/19, utilizado como fundamento ao Decreto nº


54.850/2019, apenas altera parte da redação do Convênio nº 19/19 e não permite a
extensão da isenção aos fretes interestaduais.
O Conselho Nacional de Política Fazendária - CONFAZ, na sua 318ª Reunião
Extraordinária, realizada em Brasília, DF, no dia 10 de outubro de 2019, tendo
em vista o disposto na Lei Complementar nº 24, de 7 de janeiro de 1975,
resolve celebrar o seguinte
Cláusula primeira Fica alterado o inciso I da cláusula primeira do Convênio ICMS
19/19, de 13 de março de 2019, que passa a vigorar com a seguinte redação:

119
“I – fazer novas concessões, com vigência até 31 de dezembro de 2019,
respeitando os requisitos, condições e limites vigentes em 31 de dezembro de
2018”.

Diante do exposto, a concessão de isenção aos transportes de cargas


interestaduais ocorreu em descumprimento ao acordo celebrado no âmbito do CONFAZ
por meio do Convênio ICMS nº 04/04, e os valores de frete interestadual, isentos com
base no art. 10, IX do RICMS, deixaram de ser tributados pelo ICMS e, consequentemente
valores devidos não ingressaram nos cofres do Estado do Rio Grande do Sul.
Por derradeiro, cumpre informar que em 27/12/2019, por meio do Decreto
nº 54.963/2019, o Poder Executivo readequou a redação do art. 10, IX às disposições do
Convênio ICMS 04/04.

Art. 1º Com fundamento no disposto no Convênio ICMS 04/04, ratificado nos


termos da Lei Complementar Federal nº 24, de 07/01/75, conforme Atos
Declaratórios CONFAZ nº 03/04, publicado no Diário Oficial da União de
28/04/04 e 29/07/19, fica introduzida a seguinte alteração no Regulamento do
ICMS, aprovado pelo Decreto nº 37.699, de 26/08/97:
ALTERAÇÃO Nº 5182 - No art. 10 do Livro I, é dada nova redação ao inciso IX,
mantida a redação de suas notas, conforme segue:
"IX - de transporte intermunicipal de cargas, no período de 1º de janeiro a 31 de
outubro de 2020, realizadas a contribuinte inscrito no CGC/TE, que tenham
início e término no território deste Estado;"

No ano de 2020 foram editados os Decretos nº 55.542/20 e nº 55.651/20


(redação em vigor), ambos adotando redação aderente às disposições do Convênio nº
04/04, com a isenção ao transporte de cargas ficando restrita às operações iniciadas e
terminadas no território do Estado do Rio Grande do Sul.
Dessa forma, no ano de 2020, que serve de referência para o exame das
contas em epígrafe, o Regulamento do ICMS esteve em conformidade ao que ordenou o
acordo entre os Estados no âmbito do CONFAZ.
A tabela a seguir tem o intuito de resumir o ocorrido em relação à redação
do Art. 10, IX do Livro I do RICMS e destacar os períodos em que estiveram vigentes
redações em conformidade ou em desacordo ao disposto no Convênio ICMS 04/04.

RESUMO REDAÇÕES – ART. 10, IX DO RICMS – ISENÇÃO DE FRETE

Cfe. Conv. ICMS Nº dias em


Decreto Isenção fretes Entrada em vigor Fim vigência
04/04 desacordo
43532/04 Todos 01/01/2005 31/05/2015 Não 3803
52392/15 Todos 01/06/2015 31/12/2015 Não 214
52819/15 Todos 01/01/2016 30/04/2017 Não 486
53538/17 Todos 01/05/2017 31/12/2018 Não 610
54255/18 Intermunicipal 01/01/2019 31/03/2019 Sim -

120
RESUMO REDAÇÕES – ART. 10, IX DO RICMS – ISENÇÃO DE FRETE

Cfe. Conv. ICMS Nº dias em


Decreto Isenção fretes Entrada em vigor Fim vigência
04/04 desacordo
54564/19 Todos 01/04/2019 30/09/2019 Não 183
54807/19 Intermunicipal 01/10/2019 31/10/2019 Sim -
54850/19 Todos 01/11/2019 31/12/2019 Não 61
54963/19 Intermunicipal 01/01/2020 15/10/2020 Sim -
55542/20 Intermunicipal 16/10/2020 14/12/2020 Sim -
55651/20 Intermunicipal 15/12/2020 Vigente Sim -
Total 5.357
Fonte: Regulamento do ICMS/RS

Da análise da tabela acima, identifica-se que na maior parte do tempo,


desde quando foi inserida a isenção dos transportes de carga no art. 10, IX do RICMS,
esteve vigente redação que violava o disposto no Convênio ICMS nº 04/04.
Todavia, no que diz respeito ao exame das Contas do Governador relativas
ao exercício de 2020, a redação do art. 10, IX do RICMS esteve durante todo o período
sob exame de acordo com as regras firmadas no mencionado Convênio ICMS.
Os dados de fruição dos benefícios fiscais encaminhados a este Tribunal de
Contas, no que toca à isenção de transporte de cargas (art. 10, IX), estavam dispostos
pelo total das saídas, sem a segregação entre os fretes dentro do Estado (de acordo com
as regras do CONFAZ) e os interestaduais (em desacordo às regras do CONFAZ), razão
pela qual se solicitou a discriminação dos valores entre saídas internas e para outras UFs,
de forma a tornar possível a identificação do montante que deixou de ser oferecido à
tributação pelo ICMS. A Receita Estadual respondeu a solicitação por meio do ofício nº
38/2020.
A tabela seguinte demonstra o total de saídas isentas com base no previsto
no art. 10, IX do Livro I do RICMS de forma segregada entre os transportes de cargas com
destino ao Estado do Rio Grande do Sul (intermunicipais) e a outras Unidades Federadas
(interestaduais). A disposição está em valores nominais.

TOTAL DE SAÍDAS ISENTAS POR DESTINO – RICMS – Livro I, art. 10, IX


Em R$ milhões (nominais)
Destino 2014 2015 2016 2017 2018 2019 TOTAL

RS 4.492,3 4.827,5 6.339,1 9.258,5 11.715,9 8.252,7 44.886,2


Outras
3.979,8 4.339,8 4.191,9 4.504,9 5.977,1 4.607,1 27.601,0
UFs
Fonte: Ofício Gabinete da Receita Estadual nº 38/2020.

As operações praticadas no ano de 2020 foram, conforme previsão do


RICMS, realizadas com início e término no território do Estado do Rio Grande do Sul. Na
sequência são reapresentadas simulações de possíveis impactos na arrecadação de ICMS
pelo Estado do Rio Grande do Sul durante o período em que vigorou na isenção em tela

121
regramento em desacordo com o estabelecido no CONFAZ. Para tanto são necessárias
algumas ponderações:
1º- as alíquotas de ICMS incidentes no frete interestadual podem ser de 7%
ou 12%, a depender do destino do transporte de cargas realizado;
2º- as empresas, enquanto possuíam as saídas isentas, eram obrigadas a
estornar eventuais créditos de ICMS, conforme exige o RICMS, art. 34, I:

Art. 34 - O sujeito passivo deverá efetuar o estorno do imposto de que se tiver


creditado sempre que o serviço tomado ou a mercadoria entrada no
estabelecimento:
I - for objeto de saída ou prestação de serviço não-tributada ou isenta, sendo
esta circunstância imprevisível na data da entrada da mercadoria ou da
utilização do serviço;

3º- as empresas que realizam transporte de cargas, quando os serviços são


tributados pelo ICMS, têm direito ao benefício do crédito presumido previsto no Livro I,
art. 32, XXI:

Art. 32 – Assegura-se o crédito fiscal presumido:[...]


XX I- aos estabelecimentos prestadores de serviço de transporte, exceto o
aéreo, em montante igual ao que resultar da aplicação do percentual de 20%
(vinte por cento) sobre o valor do imposto incidente nas referidas prestações;

4º - os fretes interestaduais, quando tributados pelo ICMS, dão direito ao


crédito fiscal do imposto ao embarcador do frete CIF - remetente da mercadoria -,
conforme RICMS, Livro I, art. 31, I, “a”:

Art. 31 - Para a compensação a que se refere o artigo anterior, é assegurado ao


sujeito passivo o direito de creditar-se do imposto:
[...]
I - anteriormente cobrado e destacado na 1ª via do documento fiscal, nos
termos do disposto neste Capítulo, em operações ou prestações de que tenha
resultado:
a) a entrada de mercadorias, real ou simbólica, inclusive as destinadas ao ativo
permanente do estabelecimento, ou o recebimento de prestações de serviços
de transporte interestadual e intermunicipal; (grifou-se)

Numa simulação de cenários considerando como premissas: i- inexistência


de saldos credores nas transportadoras; ii- apropriação do crédito fiscal presumido
previsto no art. 32, XXI; e a totalidade dos fretes com destino a Estados cuja alíquota
interestadual é de 7% e a Estados cuja alíquota interestadual é de 12%, verifica-se que os
valores não recolhidos pelas Transportadoras entre 2014 e 2019 situar-se-iam entre R$
1,5 e R$ 2,6 bilhões. Esses valores somente seriam atingidos numa hipotética e
improvável situação de inexistência de saldo credor nas transportadoras, lembrando que

122
ICMS incidente em insumos e ativo imobilizado são passíveis de crédito fiscal para
compensação em GIA.
Portanto, é fundamental ponderar que os créditos fiscais que deixariam de
ser estornados pelas Transportadoras tendo em conta que as saídas interestaduais seriam
tributadas poderiam alcançar valores próximos ao ICMS devido de modo que os
montantes a recolher a título da citada exação estadual poderiam ser diminutos ou, até
mesmo, inexistentes.

CENÁRIO 1 - ICMS (ALÍQUOTA 7%) – ISENÇÃO FRETE INTERESTADUAL


Em R$ milhões (nominais)
Título 2014 2015 2016 2017 2018 2019 TOTAL
Saídas 3.979 4.339 4.191 4.504 5.977 4.607 27.601
ICMS (7%) 278 303 293 315 418 322 1.932
Créd. Presumido (20%) (55) (60) (58) (63) (83) (64) (386)
(=)ICMS devido 222,8 243,0 234,7 252,2 334,7 258,0 1.545,6
Fonte: Ofício do Gabinete da Receita Estadual nº 38/2020.
Cálculos: Equipe SAIPAG.

CENÁRIO 2 - ICMS (ALÍQUOTA 12%) – ISENÇÃO FRETE INTERESTADUAL


Em R$ milhões (nominais)
Título 2014 2015 2016 2017 2018 2019 TOTAL
Saídas 3.979 4.339 4.191 4.504 5.977 4.607 27.601
ICMS (12%) 477 520 503 540 717 552 3.312
Créd. Presumido (20%) (95) (104) (100) (108) (143) (110) (662)
(=)ICMS devido 382,0 416,6 402,4 432,4 573,8 442,2 2.649,6
Fonte: Ofício do Gabinete da Receita Estadual nº 38/2020.
Cálculos: Equipe SAIPAG

Em que pese os cenários propostos aparentemente indicarem que houve


um menor volume de arrecadação de ICMS por estarem isentos os fretes interestaduais,
impende referir que, uma vez tributada essa prestação de serviço de transporte de cargas
(sem a isenção), o ICMS incidente transformar-se-ia em crédito perante os embarcadores,
conforme prevê a alínea “a” do inciso I do art. 31 do Livro I do RICMS; reduzindo, assim, o
recolhimento da exação pelas empresas remetentes de mercadorias.
Diante do exposto, não se pode falar em efetiva e/ou significativa queda na
arrecadação de ICMS do Estado em virtude do descumprimento das regras do Convênio
ICMS nº 04/04 com a extensão da isenção aos transportes de cargas interestaduais.
Cumpre destacar que o Demonstrativo de Desonerações publicado pela
Receita Estadual e abordado no item 3.2.1.5.1 deste capítulo, ao classificar esta Isenção
na categoria Operacional, deixou de publicar as estimativas de renúncia fiscal efetiva.
Como já comentado anteriormente, entende-se que as prestações de serviço de
transporte de cargas intermunicipal e interestadual, caso isentas do ICMS devido, devem
ser enquadradas na categoria das isenções efetivas e, assim, ter as estimativas de
renúncia fiscal, calculadas e divulgadas.

123
De outra banda, a aqui exposta inobservância do RICMS ao Art. 155, § 2º,
XII, “g” da Carta da República até o final de 2019 (intercalado com breves períodos de
conformidade), vem a demonstrar fragilidade dos normativos que regem o principal
imposto estadual, pois mesmo com a existência de convênio ICMS celebrado, fato que
confere aparência de legalidade ao benefício fiscal concedido, restou implementada
renúncia fiscal em desacordo ao ordenamento jurídico atinente à matéria e que pode ter
culminado em prejuízo aos cofres do Estado. Da mesma forma, as constantes alterações
não contribuem para a segurança jurídica das partes envolvidas — Estado e contribuintes
—, bem como para o planejamento operacional destes últimos.
Entretanto, há que se ressaltar que no exercício de 2020 as regras vigentes
estiveram sempre de acordo com o estabelecido no pacto entre os Estados no âmbito do
CONFAZ.
A adequação das disposições no Regulamento do ICMS quanto à isenção
em epígrafe no ano de 2020, exercício a partir do qual somente as operações dentro do
RS foram desoneradas é ilustrada pela expressiva queda nos valores de saídas isentas
entre os anos de 2019 (ainda isentando operações interestaduais) e de 2020, como
demonstrado na próxima tabela.

ISENÇÃO AO TRANSPORTE DE CARGAS (FRETE) 2019-2020


Em Milhões de R$
Valor Participação Valor Participação 2020 Variação (%)
DESCRIÇÃO
2019* 2019 (%) 2020 (%) 2019/2020

Rio Grande do Sul 8.517,8 64,2** 6.466,4 100,0** -24,1


Outras UF 4.755,2 35,8** - - -100,0
ISENÇÃO FRETE 13.273,0 14,8*** 6.466,4 7,3*** -51,3
ISENÇÕES EFETIVAS 89.549,3 N/A 89.054,3 N/A -0,6
Fonte: Ofícios Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019, nº 35/2020 e nº 31/2021.
Classificação dos Incisos conforme redação adotada no RICMS.
(*) Valores atualizados pelo IPCA/IBGE médio.
(**) Em relação aos Fretes. (***) Em relação às Isenções Efetivas.

Os dados da tabela evidenciam os impactos da adequação das regras


permitindo o uso da Isenção às operações de transporte de cargas somente quando
iniciadas e finalizadas no RS. A queda nos valores das operações isentas foi de 51,3%
frente aos valores corrigidos de 2019. Quando analisadas somente as operações
intermunicipais (dentro do RS) a redução fica em 24,1%. Outro dado importante é a
participação relativa do frete entre as isenções efetivas, que caiu de 14,8%, em 2019, para
7,3% no ano de 2020.

3.2.1.5.5 – Reduções de Base de Cálculo


A CRFB/88, na alínea “i” do Inciso XII do § 2º do Art. 155 estabeleceu que
cabe a lei complementar “fixar a base de cálculo, de modo que o montante do imposto a
integre, também na importação do exterior de bem, mercadoria ou serviço.” Na
sequência, o Inciso IV do § 4º do mesmo artigo estabelece que “as alíquotas do imposto
serão definidas mediante deliberação dos Estados e Distrito Federal...”. Entretanto,

124
importa referir que a EC nº 33/2001 determinou que estas alíquotas deverão ser
uniformes em todo o território nacional, podendo ser diferenciadas por produto.
Conforme o Boletim IOB – Manual de Procedimentos, Fascículo nº 17/2014
(RS), a Redução da Base de Cálculo pode ser caracterizada da seguinte forma:

“A redução da base de cálculo é um modo de diminuir a carga tributária do


imposto incidente sobre a operação, de tal forma que a parcela correspondente
à redução não seja tributada.
Muitas são as operações e as prestações de serviços tributadas pelo ICMS. [...]
Ressaltamos que o benefício fiscal pode ser concedido por prazo determinado
ou indeterminado e a sua aplicação pode estar condicionada ao cumprimento
de requisitos previstos no próprio dispositivo legal que o concede, os quais
devem ser observados pelos contribuintes no momento de realização da
operação.
Algumas mercadorias são beneficiadas pela redução de base de cálculo em
qualquer tipo de operação, interna, interestadual ou de importação; outras são
beneficiadas somente em operações internas; outras, somente na importação;
e outras, ainda, somente nas operações interestaduais.”

Normalmente este tipo de desoneração fiscal não é específico para


determinada empresa, mas alcança a totalidade das empresas de determinado ramo e/ou
produto específico, como, por exemplo, produtos da cesta básica. Assim, via de regra, não
está condicionada a realização de contrapartidas por parte das empresas beneficiadas.
O instituto da redução da base de cálculo possui semelhanças com o da
isenção no que diz respeito ao fato de os documentos fiscais evidenciarem a carga
tributária efetivamente incidente nas operações. Contudo, diferentemente das isenções,
nas hipóteses de redução de base de cálculo há incidência de parte do imposto devido
nas operações com mercadorias e serviços.
No RICMS as normas gerais da base de cálculo estão previstas nos artigos
16 a 22, e a redução desta base está prevista nos artigos 23 (mercadorias) e 24 (serviços).
Há diversos métodos para cálculo da base reduzida nas previsões do
Regulamento do ICMS, tais como:
- Redução direta da base – é informado um percentual de redução
aplicável diretamente sobre a base de cálculo do imposto. Exemplo: art. 23, II – Cesta
básica.

Art. 23 – [...] II- [...]


a) 41,176%, quando a alíquota aplicável for 17%;
b) 58,333%, quando a alíquota aplicável for 12%
c) 38,888%, quando a alíquota aplicável for 18%

125
- Carga tributária equivalente – os dispositivos do regulamento indicam
que será reduzida a base de cálculo de modo que a carga tributária equivalente seja de
determinado percentual. Exemplo: art. 23, III – Óleo bruto.

Art. 23 – [...]
III -valor que resulte em carga tributária equivalente a 7%.

- Referencial externo – os dispositivos vinculam a hipóteses de redução da


base de cálculo a um fato externo, como a incidência de tributos federais no
desembaraço aduaneiro. Exemplo: art. 23, XXVII.

XXVII - o percentual correspondente ao aplicado pela União, quando houver


cobrança proporcional dos impostos federais, no desembaraço aduaneiro de
mercadorias ou bens decorrentes de importação do exterior efetuada sob o
amparo do Regime Especial Aduaneiro de Admissão Temporária, previsto na
legislação federal específica, de forma que a carga tributária resultante seja
equivalente àquela cobrança proporcional, e desde que as referidas
mercadorias ou bens sejam devolvidas à origem no prazo estabelecido pela
autoridade aduaneira federal.

A próxima tabela identifica o volume de saídas praticadas com a indicação


da base de cálculo utilizada para fins de redução.

SAÍDAS COM BASE REDUZIDA 2020


POR TIPOS DE BASE DE CÁLCULO
Em Milhões de R$
Fruição Fruição Variação (%)
Base de Cálculo Participação 2020 (%)
2019* 2020 2019/2020

Carga Tributária Equivalente 31.373,8 28.180,3 63,5 -10,2


Percentual da
17.413,4 16.207,3 36,5 -6,9
Base Cheia
Referencial Externo 1,9 2,1 0,005 8,9
SAÍDAS RBC 48.789,2 44.389,6 100,0 -9,0
Fonte: Ofícios Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019, nº 35/2020 e nº 31/2021.
Classificação dos Incisos conforme redação adotada no RICMS.
(*) Valores atualizados pelo IPCA/IBGE médio.

Tendo como referência os dados da tabela acima verifica-se que a carga


tributária equivalente foi o principal instrumento utilizado, em 2020, para fins de redução
de base de cálculo, seus valores de saída alcançaram R$ 28,2 bilhões, ou 63,5% das
operações com base reduzida, seguida da incidência de percentual sobre a base cheia,
com operações na faixa de R$ 16,2 bilhões (36,5% entre os casos com redução de base),
tendo ambas decrescido em termos reais frente ao ano de 2019 os percentuais de 10,2%
e 6,9%, respectivamente.
No que concerne à referência geográfica das operações desoneradas pelo
instituto da redução da base de cálculo tem-se casos em que fatos geradores dentro do

126
Rio Grande do Sul, envolvendo outros Estados (interestaduais), Nacionais (tanto dentro
do RS como envolvendo outras UF), Importações, esta prevista isoladamente em alguns
dispositivos ou em conjunto com as demais variações em outros. A distribuição dos
valores de saídas praticadas em 2020 conforme o local é destacado na sequência.

OPERAÇÕES COM BASE DE CÁLCULO REDUZIDA


CONFORME REFERENCIAL GEOGRÁFICO DA OPERAÇÃO
Em Milhões de R$
Operações Operações Participação 2020 Variação (%)
Referencial Geográfico
2019* 2020 (%) 2019/2020

Nacionais 18.233,8 14.587,9 32,9 -20,0


Internas 14.237,2 14.500,2 32,7 1,8
Interestaduais 9.748,1 11.353,7 25,6 16,5
Interestaduais e Importação 946,6 2.023,4 4,6 113,8
Internas e Importações 4.884,0 1.829,1 4,1 -62,5
Nacionais e Importações 516,8 92,7 0,2 -82,1
Importação 202,4 2,6 0,006 -98,7
Internas e Interestaduais a Não Contribuintes 20,3 - - -100,0
OPERAÇÕES – RBC 48.789,2 44.389,6 100,0 -9,0
Fonte: Ofícios Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019, nº 35/2020 e nº 31/2021.
Classificação dos Incisos conforme redação adotada no RICMS.
(*) Valores atualizados pelo IPCA/IBGE médio.

A partir das informações da tabela destacam-se no âmbito das


desonerações por meio da redução de base de cálculo aquelas voltadas
concomitantemente às operações internas e interestaduais, aqui denominadas nacionais,
que alcançaram valores de operações de R$ 14,6 bilhões, 32,9% do total de RBC, tendo
ocorrido queda de 20,0% em relação a 2019. Na sequência, com 32,7% de participação no
ano de 2020 e valores de saídas de R$ 14,5 bilhões, vêm as operações exclusivamente
Internas, seguida dos casos em que apenas vendas interestaduais são objeto de redução
da base de cálculo, com operações que atingiram R$ 11,4 bilhões (25,6% do total de RBC).
As demais hipóteses somadas não chegam a atingir 10% dos valores de
operações. Destaca-se a queda de 98,7% nos incisos que desoneram apenas importações,
que pela amostra de dados analisados há indicativos de ter havido erro de classificação
pelos contribuintes em 2019, pois o dispositivo do RICMS que deu origem a essa redução
significativa é voltado a um segmento específico e empresas de outros setores constaram
nas listas do ano de 2019. A correção das informações, em 2020, apresenta-se como
provável consequência das melhorias implantadas na atividade de Monitoramento das
Desonerações Fiscais pela Receita Estadual.
No tangente aos produtos que servem de objeto da incidência da redução
de base de cálculo, constam desde alimentos, insumos ao setor agropecuário, ou bens em
geral, como demonstra a tabela abaixo com os respectivos valores de operações sujeitas
à redução de base.

127
OPERAÇÕES COM BASE DE CÁLCULO REDUZIDA
CONFORME OBJETO DESONERADO
Em Milhões de R$
Operações Operações Variação (%)
Objeto Participação 2020 (%)
2019* 2020 2019/2020

Alimentos 14.418,9 16.901,3 38,1 17,2


Insumos Agropecuários 12.735,5 11.519,0 25,9 -9,6
Bens Usados 5.798,9 4.747,5 10,7 -18,1
Veículos ** 6.433,6 4.194,9 9,5 -34,8
Demais casos 9.402,3 7.026,9 15,8 -25,3
OPERAÇÕES - RBC 48.789,2 44.389,6 100,0 -9,0
Fonte: Ofícios Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019, nº 35/2020 e nº 31/2021.
Classificação dos Incisos conforme redação adotada no RICMS.
(*) Valores atualizados pelo IPCA/IBGE médio.
(**) Diversos, como carros, motos, caminhões e ônibus.

Os dados da tabela destacam que, em 2020, a participação de 38,1% dos


Alimentos como principal objeto de desonerações por meio da redução da base de
cálculo ao atingir valores de operações de R$ 16,9 bilhões, um crescimento real de 17,2%
frente ao ocorrido no exercício anterior. Na sequência, representando 25,9% das saídas
com redução de base de cálculo de 2020, aparecem os insumos ao setor agropecuário,
que de uma forma geral têm isenção nas operações internas e redução da base de cálculo
nas interestaduais, e tiveram o montante de saídas com base reduzida de R$ 11,5 bilhões,
queda de 9,6% frente a 2019. Bens usados com saídas de R$ 4,7 bilhões e veículos com
operações na ordem de R$ 4,2 bilhões vêm logo em seguida, enquanto as demais
operações atingiram somadas valores de R$ 7,0 bilhões.
No que toca às operações comerciais com bens e serviços enquadradas no
instituto da redução da base de cálculo do ICMS é importante salientar quanto à
possibilidade de não estorno dos créditos fiscais das etapas anteriores.
Conforme a regra geral decorrente da não-cumulatividade do ICMS
disposta na CF, art. 155, §2º, II, “a” e “b”, deveria haver o estorno proporcional dos
créditos fiscais em face da existência de saídas não tributadas devido à redução de sua
base de cálculo.
Entretanto, a legislação tributária dispõe a respeito de hipóteses em que o
referido estorno não precisa ser realizado, regras estas que constam do art. 35 do RICMS,
e alguns dos casos referem-se a saídas com redução de base de cálculo.
No ano de 2020 o total de saídas com a base de cálculo reduzida atingiu o
montante de R$ 44,4 bilhões, queda de 9% frente a 2019. O referido valor foi dividido
entre as hipóteses dos arts. 23 e 24 do RICMS que permitem ou não a manutenção do
crédito fiscal das etapas anteriores.
A classificação dos incisos ocorreu apenas em relação aos que
apresentaram valores de saídas em 2020, deixando de constar, portanto, hipóteses
presentes no RICMS em que não houve nenhum valor de fruição no mencionado
exercício.

128
SAÍDAS COM BASE DE CÁLCULO REDUZIDA – COM OU SEM ESTORNO DE CRÉDITO
Em R$ milhões (nominais)
Saídas Base de Percentual do
Valor das Saídas Incisos dos Arts. 23 e 24 do Livro I do RICMS
Cálculo Reduzida Total
Não Estorno de Art.23: LXII, LXXXIII, XLVII, XVII, LXXX, LIII, LXVI, LXX,
7.779,1 17,5%
Crédito (art. 35) LXXV, LXXVI, XXXII, LXXI
Com Estorno de
36.610,5 82,5% Demais incisos dos arts.23 e 24.
Crédito (art. 34)
Fonte: Ofício Gabinete da Receita Estadual nº 31/2021.
Regulamento do ICMS – Livro I, arts. 23, 24, 34 e 35.

A partir dos dados da tabela acima identifica-se que 17,5% das saídas com
base de cálculo reduzida permitiram a manutenção do crédito fiscal proporcional das
etapas anteriores, operações na ordem de R$ 7,8 bilhões.
Em relação aos valores de saídas com a base de cálculo reduzida praticados
no ano de 2020 verifica-se que os dez incisos com maiores montantes de utilização,
somados, atingiram valores de operações na ordem de R$ 38,5 bilhões, o que representa
86,7% de todas saídas com redução na base de cálculo ocorridas no exercício em tela.
A seguir uma breve descrição desses dispositivos, presentes nos artigos 23
e 24 do Livro I do Regulamento do ICMS do Rio Grande do Sul. Após, apresenta-se uma
evolução dos valores nominais de saídas com base reduzida nesses dez incisos
regulamentares, bem como a relação desses com os convênios celebrados no CONFAZ
que lhes deram fundamento (se obrigatórios ou autorizativos), além da análise referente
à presença concomitante do instituto do não-estorno do crédito fiscal das etapas
anteriores, fator que acarreta a elevação da carga de desoneração, se comparado aos
casos em que se estornam esses créditos fiscais.
- Cesta Básica de Alimentos (Livro I, art. 23, II) – reduz-se a base de cálculo
do ICMS para uma lista de produtos que compõem a cesta básica de alimentos, sendo
aplicável somente às operações internas (dentro do RS). Três diferentes alíneas dispõem a
respeito dos percentuais de redução cujos efeitos implicam numa alíquota efetiva de 7%
em relação aos produtos abrangidos por essa desoneração. Encontra fundamento no
Convênio ICMS nº 128/94.
- Máquinas e Implementos Agrícolas (Livro I, art. 23, XIV) – aplica-se às
saídas de máquinas e implementos agrícolas constantes de listagem no Apêndice XI do
RICMS, tanto em operações internas como interestaduais. Os percentuais de redução
variam conforme a alíquota originalmente incidente nos produtos: saídas interestaduais
sujeitas a 7% reduz-se a base de modo a tornar a carga tributária equivalente a 4,1% e as
sujeitas a 12% aplica-se a redução para que a carga equivalente seja de 7%; enquanto as
operações internas são reduzidas de forma que a carga seja de 5,6%. Seu fundamento
original é no Convênio ICMS nº 52/91.
- Mercadorias Usadas (Livro I, art. 23, I) – a base de cálculo é reduzida para
itens usados para 5%, quando se tratar de veículos, e 20% para as demais mercadorias. As
notas explicativas ao inciso importam algumas restrições para que se possa lançar mão
dessa desoneração, como o fato de as mercadorias não poderem ter sido totalmente
oneradas pelo imposto nas etapas anteriores, além de listar alguns itens sobre os quais
não é aplicável essa redução de base. Fundamento adveio do Convênio ICMS nº 15/81.

129
- Insumos Agropecuários (Livro I, art. 23, IX) – Destina-se a uma lista de
insumos agropecuários, incluindo defensivos agrícola. Trata-se de desoneração análoga à
isenção do inciso VIII do art. 9º do Livro I do regulamento, inclusive fundamentada no
mesmo Convênio ICMS nº 100/97, que permitiu isenções nas operações internas e
redução da base de cálculo nas interestaduais, que é o caso em tela. Reduz-se a base para
40% do valor.
- Arroz Beneficiado (Livro I, art. 23, LXXVI) – incide nas saídas interestaduais
de arroz beneficiado de modo que resulte em carga tributária equivalente a 7% se a
alíquota interestadual for de 12% ou 4% nos casos de ICMS interestadual de 7%.
Fundamentação se dá por meio do Convênio ICMS nº 190/17, que consistiu na remissão
de créditos tributários em decorrência da LC nº 160/17.
- Máquinas, equipamentos, aparelhos industriais (Livro I, art. 23, XIII) –
aplicável às saídas de máquinas e equipamentos industriais listados no Apêndice X do
RICMS, consiste na redução à carga tributária equivalente a 5,14% nas operações
interestaduais sujeitas a 7% de ICMS e 8,8% nas operações interestaduais com incidência
de 12% do imposto estadual, bem como nas operações internas (dentro do RS), cuja
alíquota também é de 12%. Seu fundamento encontra-se no Convênio ICMS nº 52/91.
- Veículos para Transporte de dez pessoas ou cargas, caminhões, tratores e
afins (Livro I, art. 23, XXXII) – aplicável nas operações interestaduais de venda dos bens
relacionados no Regulamento, exemplificativamente, veículos para transporte de pessoas
ou cargas, caminhões, tratores, empilhadeiras e afins. Fundamento no Convênio ICMS nº
50/99.
- Carne de aves, leporídeos e gado (Livro I, art. 23, XL) – reduz-se a base de
modo a tornar a carga tributária equivalente a 7% nas saídas interestaduais de carnes de
diversos tipos. Fundamento encontra-se no Convênio ICMS nº 89/05.
- Veículos Automotores (Livro I, art. 23, XXI) – aplica-se redução da base de
cálculo nas operações internas (dentro do RS) e importações de veículos de modo que a
carga tributária seja equivalente a 12%. Não é aplicável a veículos de transporte de
mercadorias. Ocupou a quarta colocação entre os dispositivos com base de cálculo
reduzida, em 2019, e caiu para a nona posição no ano de 2020, fato que ilustra a queda
nas vendas desse bem. Os valores nominais das operações de 2019 eram de R$ 4,6
bilhões enquanto em 2020 reduziram a praticamente um terço, R$ 1,6 bilhões. Foi
fundamentado no Convênio ICMS nº 190/17, que implica a remissão de créditos
tributários na esteira da LC nº 160/17.
- Alimentação animal / Fabricação de ração (Livro I, art. 23, X) – redução de
base de cálculo correlata à isenção do inciso IX do art. 9º do Livro I do regulamento. A
isenção se dá nas operações internas (dentro do RS) enquanto a redução da base ocorre
nas saídas interestaduais. O fundamento é no Convênio ICMS nº 100/97 e a base é
reduzida para 70%.
Da mesma forma que nas isenções, as principais reduções de base de
cálculo constantes no RICMS decorrem da celebração de Convênios ICMS, por vezes
“obrigatórios” ou “autorizativos” no que concerne à sua recepção pelos Estados. A tabela
que segue evidencia os incisos dos artigos 23 e 24 do Livro I do RICMS com os maiores
valores de saídas e a característica do Convênio do qual advieram.

130
OPERAÇÕES COM BASE DE CÁLCULO REDUZIDA E OS CONVÊNIOS CONFAZ
Em R$ milhões (nominais)
Valor
Percentual Obrigatório (O) ou
Posição Item RICMS e Descrição das Convênio ICMS
do Total Autorizativo (A)
Saídas CONFAZ
1 Art 23, II – Cesta Básica 9.904,2 22,3% 128/94 A
Art. 23, XIV – Máquinas e implementos
2 6.032,5 13,6% 52/91 O
agrícolas
3 Art. 23, I – Mercadorias usadas 4.747,5 10,7% 15/81* O

4 Art. 23, IX – Insumos Agropecuários 4.564,7 10,3% 100/97 O

5 Art. 23, LXXVI – Arroz beneficiado 3.863,8 8,7% 190/17** A


Art. 23, XIII – Máquinas, equipamentos e
6 3.076,2 6,9% 52/91 A
aparelhos industriais
Art. 23, XXXII – Ônibus, caminhões,
7 1.984,0 4,5% 50/99 A
tratores, empilhadeiras e afins
Art. 23, XL – Carnes aves, Leporídeso e
8 1.771,8 4,0% 89/05 A
Gado
9 Art. 23, XXI – Veículos Automotores 1.608,0 3,6% 190/17** A
Art. 23, X – Alimentação
10 915,8 2,1% 100/97 O
animal/Fabricação de ração
Fonte: Ofícios Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019 e nº 35/2020.
Regulamento do ICMS – Livro I, arts. 23, 24, 34 e 35.
Classificação dos Convênios ICMS com base nas redações dos acordos citados na tabela.
* Convênio 15/81 – ampliada redução de base veículos usados (33/93) e prazo indeterminado demais bens (151/94).
** Convênio 190/17 – remissão dos créditos tributários na esteira da LC 160/17.

Com base nos dados da tabela acima é possível identificar que parte das
operações com Base de Cálculo Reduzida decorre de Convênios celebrados no CONFAZ
com características de obrigatoriedade de adoção pelos Estados e DF, tais saídas
totalizaram R$ 16,3 bilhões. Por outro lado, os convênios com características autorizativas
atingiram o valor de saídas de R$ 22,2 bilhões.
No caso das operações com base de cálculo reduzida e sua relação com os
acordos oriundos do CONFAZ verifica-se, entre os dez incisos com maiores valores de
saídas, um maior equilíbrio entre aqueles decorrentes de convênios obrigatórios e de
autorizativos.
A tabela a seguir destaca as dez hipóteses de redução de base de cálculo
constantes nos arts. 23 e 24 do Livro I do RICMS, com os maiores valores de saídas e sua
relação com o instituto do não-estorno do crédito fiscal.

BASE DE CÁLCULO REDUZIDA – COM OU SEM ESTORNO DE CRÉDITO


Em R$ milhões (nominais)
Percentual do Permite não estorno
Posição Item RICMS e Descrição Valor das Saídas
Total do Crédito
1 Art 23, II – Cesta Básica 9.904,2 22,3% Não
Art. 23, XIV – Máquinas e implementos
2 6.032,5 13,6% Não
agrícolas
3 Art. 23, I – Mercadorias usadas 4.747,5 10,7% Não

4 Art. 23, IX – Insumos Agropecuários 4.564,7 10,3% Não

5 Art. 23, LXXVI – Arroz beneficiado 3.863,8 8,7% Sim

131
Art. 23, XIII – Máquinas, equipamentos
6 3.076,2 6,9% Não
e aparelhos industriais
Art. 23, XXXII – Ônibus, caminhões,
7 1.984,0 4,5% Sim
tratores, empilhadeiras e afins
Art. 23, XL – Carnes aves, Leporídeso e
8 1.771,8 4,0% Não
Gado
9 Art. 23, XXI – Veículos Automotores 1.608,0 3,6% Não
Art. 23, X – Alimentação
10 915,8 2,1% Não
animal/Fabricação de ração
Fonte: Ofícios Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019 e nº 35/2020.
Regulamento do ICMS – Livro I, arts. 23, 24, 34 e 35.

Identifica-se que no rol das dez maiores saídas com base de cálculo
reduzida apenas duas das hipóteses permitem o não-estorno do crédito fiscal, trata-se do
inciso LXXVI do art. 23 do Livro I do RICMS. Há outros incisos nos arts. 23 e 24 que
autorizam o não-estorno de crédito, porém não localizados entre os dez maiores.

3.2.1.5.6 – Não-Estorno do Crédito Fiscal


Os postulados do estorno e do não-estorno do crédito fiscal, ambos
constantes do Livro I do RICMS nos artigos 34 e 35, respectivamente, têm impacto no que
diz respeito à carga tributária efetivamente desonerada. Aquelas ocasiões em que a
legislação permite a manutenção do crédito fiscal, ou seja, ocorre o não-estorno,
viabilizam a desoneração da operação comercial em questão e das etapas anteriores
também, portanto perfazendo uma desoneração superior, se comparada às situações em
que o estorno do crédito é necessário.
Invoca-se a sistemática de não-cumulatividade do ICMS a qual, salvo
algumas exceções, indica que o crédito do imposto que resultar em saída não tributada
deve ser anulado. O referido regramento está positivado na Constituição Federal, art.
155, §2º, II, “a” e “b”, in verbis:

“Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
[...] II- operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda
que as operações e as prestações se iniciem no exterior; [...]
§2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:
[...]II – a isenção ou não-incidência, salvo determinação em contrário da legisla-
ção:
a) não implicará crédito para compensação com o montante devido nas opera-
ções ou prestações seguintes;
b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações anterio-
res;[...]”grifou-se.

O mandamento constitucional dispõe, em linhas gerais, que as operações


sujeitas ao ICMS, porventura abarcadas por saídas não tributadas, como aquelas
decorrentes do instituto da Isenção e Redução de Base de Cálculo, acarretarão a anulação
do crédito relativo às operações anteriores. Todavia a redação do inciso II do art. 155 da

132
CF outorga poderes à legislação infraconstitucional para deliberar de forma oposta,
notadamente na enumeração de hipóteses em que seja permitido o não estorno de
crédito.
O Regulamento do ICMS do RS aborda essa questão nos artigos 34 e 35 do
Livro I do RICMS. O artigo 34 trata de positivar as regras e hipóteses em que o crédito
fiscal deverá ser estornado ao longo de seus incisos.
Em nota explicativa ao § 7º do art. 34, é mencionada a forma de cálculo do
estorno do crédito, in verbis:

§ 7º - Para efeito de estorno proporcional, presumem-se usados, consumidos


ou prestados, no período de apuração em que se verificar a obrigação de estor-
no, as mercadorias entradas para uso ou consumo nas atividades do estabele-
cimento ou os serviços de transporte e de comunicação a ele prestados, no
mesmo período.
NOTA 01 - Para apurar o montante a estornar, aplica-se a proporção entre o to-
tal das saídas não-tributadas, isentas, a parte reduzida das saídas com redução
de base de cálculo e o total das saídas, sobre o total dos créditos apropriados
por entradas ou prestações, no período.

Extrai-se do excerto que será apurado o montante do crédito proporcional


para identificação da relação das saídas não tributadas pelo total de saídas ocorridas. A
utilização da prática do estorno do crédito mantém consistência operacional à
característica de não-cumulatividade do ICMS, pois, se concedida uma isenção ou
redução de base de cálculo, apenas o valor agregado daquela etapa da cadeia produtiva
será afetado pela desoneração do ICMS devido.
Situação diversa ocorre nas hipóteses em que o não-estorno do crédito
está presente, o qual acarreta a concessão de isenção e/ou redução de base de cálculo
não apenas à operação sobre a qual incidem as citadas desonerações, mas as amplia a
toda cadeia produtiva, porque mantém os créditos aos contribuintes para compensação
com outros débitos na apuração de ICMS, ou permite que esses se acumulem em GIA
para futura compensação ou transferência a terceiros conforme as regras do
regulamento.
Na sequência procura-se evidenciar entre as saídas não tributadas, total ou
parcialmente, aquelas que possibilitam a manutenção do crédito fiscal das etapas
anteriores.

OPERAÇÕES NÃO TRIBUTADAS SEM ESTORNO DE CRÉDITO 2020


Em R$ milhões (nominais)
Valor das Percentual do
Modalidade Operação
Saídas Total (%)

Não Incidência (art. 11) Exportações 119.480,3 58,7%


Venda Interestadual Energia, Petróleo e
Não Incidência (art. 11) 9.466,2 4,6%
Combustíveis
Isenções (arts. 9º e 10) Isenções 66.882,6 32,8%
Reduções de Base de Cálculo (arts.
Reduções de Base de Cálculo 7.779,1 3,8%
23 e 24)

133
OPERAÇÕES NÃO TRIBUTADAS SEM ESTORNO DE CRÉDITO 2020
Em R$ milhões (nominais)
Modalidade Operação Valor das Percentual do
Saídas Total (%)
SAÍDAS NÃO TRIBUTADAS SEM ESTORNO DE CRÉDITO 203.608,2 100,0
Fonte: Ofício Gabinete da Receita Estadual nº 31/2021.
Regulamento do ICMS – Livro I, arts. 9º, 10, 11 e 35.

A partir das informações da tabela acima, as operações de saídas não


tributadas, total ou parcialmente que permitem a manutenção do crédito fiscal atingiram
valores de operações de R$ 203,6 bilhões, restando como campeã as Exportações com
saídas na faixa de R$ 119,5 bilhões, ou 58,7% das saídas não tributadas sem estorno do
crédito fiscal das etapas anteriores.
Em relação às exportações cumpre repisar que o não-estorno tem guarida
constitucional e não poderia ser revisto pelos Estados. Caminho diverso poderia ser
seguido em relação ao rol de isenções, reduções de base de cálculo e imunidade da venda
interestadual de energia, petróleo e combustíveis no sentido de legislar pelo estorno do
crédito fiscal proporcionalmente a essas saídas, como indica o art. 34 do Livro I do RICMS.
As saídas isentas com manutenção do crédito (não-estorno) foram de R$
66,9 bilhões, aquelas com base de cálculo reduzida e não realização do estorno
proporcional atingiram R$ 7,8 bilhões, enquanto foi mantido o crédito fiscal proporcional
às saídas imunes decorrentes de venda interestadual de energia, petróleo e combustíveis
para operações na ordem de R$ 9,5 bilhões.
Embora o não-estorno de créditos advindos de saídas não tributadas
guarde relação de causa e efeito com o acúmulo de saldo credor pelos contribuintes não
é possível afirmar que os saldos credores acumulados, ou já transferidos pelos
contribuintes, têm origem na exata proporção entre as saídas não tributadas destacadas
pela tabela acima. Contudo é importante que o Estado, quando da divulgação dos saldos
credores acumulados (vide na sequência deste tópico), informe se nos valores
apresentados não constam parcelas referentes a créditos acumulados por não-estorno
vinculados a saídas isentas, com base de cálculo reduzida, hipóteses de não incidência em
que a manutenção do crédito fiscal anterior é opcional, ou se apenas saldo credor de
exportação lá estão divulgados, destacando-se que os créditos fiscais que resultam em
saídas para exportação não são estornados por força de legislação federal – CF e Lei
Kandir.
A principal motivação para necessidade dessa segregação das informações
diz respeito ao fato de que os créditos de etapas anteriores acumulados, que são
vinculados a exportações, não têm influência legislativa do Estado, portanto são
desonerações heterônomas, enquanto outros acúmulos de saldo credor por não-estorno
de crédito, como os de saídas isentas ou com base de cálculo reduzida, em tese,
poderiam ser objeto de revogação pelo Estado, caso os Convênios ICMS no CONFAZ que
abordaram esses dispositivos sejam de caráter autorizativo.
Ademais, no que toca ao Demonstrativo de Desonerações divulgado pela
Receita Estadual faz-se necessário estimar os impactos no imposto potencial das
desonerações decorrentes da possibilidade de manutenção do crédito fiscal lançando-se
mão do instituto do não-estorno.

134
3.2.1.5.7 – Acúmulo de Saldo Credor
A apuração do ICMS pode ser resumida de forma simplificada pelo cotejo
entre os débitos e créditos do imposto, gerados a partir das vendas e aquisições de
insumos, respectivamente.
Em algumas ocasiões o volume de créditos será superior aos débitos em
GIA, o que acarretará o acúmulo de saldos credores. Algumas das possíveis causas para
que esses saldos se acumulem foram tratadas no tópico anterior, que são as saídas não
tributadas – total ou parcialmente – que permitem a manutenção do crédito fiscal das
etapas anteriores.
Como foi possível extrair da redação do item 3.2.1.5.6 deste relatório as
Exportações, apesar de serem as saídas não tributadas e que permitem não-estorno do
crédito que atingiram os maiores montantes no ano de 2020, não são as únicas operações
ensejadoras de acúmulos de saldos credores.
Esses saldos, quando acumulados pelos contribuintes, poderão ser objeto
de futura compensação com débitos de ICMS da própria empresa, ou transferidos a
outros contribuintes dentro das hipóteses permitidas pelo Regulamento do ICMS do
Estado do Rio Grande do Sul.
A tabela que segue destaca o volume de saldos credores ao final de 2019,
as movimentações desses saldos ao longo de 2020 (transferências enviadas e recebidas
totais), bem como os valores que restaram acumulados a crédito nas GIAs dos
contribuintes ao final de 2020.

CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS - SALDOS E MOVIMENTAÇÕES


Em R$ milhões (nominais)
Quantidade
Descrição Valores
Contribuintes
Saldo Credor 2019 2.519,9 14.582

Saldo Credor 2020 2.519,0 13.957

(+/-) Variação 2019/2020 (878,4) N/A

Transferências Realizadas 4.026,8 1.818

Transferências Recebidas 3.989,2 1.958


Fonte: Ofício Gabinete da Receita Estadual nº 31/2021.
Classificação dos Incisos: Equipe SAIPAG conforme redação do RICMS. Cálculos: Equipe SAIPAG

As movimentações de transferências de saldos credores e as respectivas


previsões do RICMS estão dispostas nas tabelas que seguem, sendo a primeira a respeito
dos valores enviados e a segunda sobre os recebidos, ambas referentes ao ano de 2020.

CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS - TRANSFERÊNCIAS REALIZADAS - 2020


Em R$ milhões (nominais)
Quantidade Participação Relativa
Descrição Valores
Contribuintes 2020 (%)
Estabelecimentos mesma empresa 2.719,7 1.367 67,5
Créditos Fiscais Excedentes
449,4 80 11,2
(estabelecimentos mesma empresa)

135
Decisão Judicial 319,5 68 7,9

Outros (Termos de Acordo) 141,3 9 3,5

Demais Casos 397,0 603 9,9

Total Transferências Realizadas 4.026,8 1.818* 100,0


Fonte: Ofícios do Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019 e 35/2020.
Classificação dos Incisos: Equipe SAIPAG conforme redação do RICMS. Cálculos: Equipe SAIPAG
(*) Não consiste na soma direta, pois um mesmo contribuinte pode transferir créditos em distintas hipóteses do RICMS.

Da análise da tabela acima, destacam-se as hipóteses de envio de saldo


credor entre estabelecimentos da mesma empresa, seja ao longo do exercício ou ao final
da apuração (créditos fiscais excedentes), os quais responderam somados por 78,7% dos
créditos transferidos, em 2020, num montante de R$ 3,17 bilhões transferidos. Casos
decorrentes de decisões judiciais e que envolvem celebração de termos de acordo vêm na
sequência com valores transferidos de R$ 319,5 milhões (7,9% das transferências
realizadas) e R$ 141,3 milhões (3,5% das transferências realizadas), respectivamente.

CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS - TRANSFERÊNCIAS RECEBIDAS - 2020


Em R$ milhões (nominais)
Quantidade Participação Relativa
Descrição Valores
Contribuintes 2020 (%)
Estabelecimentos mesma empresa 2.695,8 1.354 67,6
Créditos Fiscais Excedentes
450,2 78 11,3
(estabelecimentos mesma empresa)
Decisão Judicial 316,4 145 7,9

Outros (Termos de Acordo) 143,5 17 3,6

Demais Casos 383,3 1.056 9,6

Total Transferências Recebidas 3.989,2 1.958* 100,0


Fonte: Ofícios do Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019 e 35/2020.
Classificação dos Incisos: Equipe SAIPAG conforme redação do RICMS. Cálculos: Equipe SAIPAG
(*) Não consiste na soma direta, pois um mesmo contribuinte pode receber créditos em distintas hipóteses do RICMS.

Os dados da tabela acima vão ao encontro em termos de ordenamento ao


já disposto em relação às transferências realizadas. As proporções em relação ao total,
bem como valores recebidos são próximos.
Sobre os casos que envolvem celebração de Termos de Acordo com
contrapartidas a fim de viabilizar as transferências de créditos, visando manter a
arrecadação no patamar capaz de dar suporte às ações da Administração Pública, o
Governo Estadual, por ações protagonizadas pelo Fisco, permanece impondo restrições a
essas transferências de saldos credores.
A partir do incremento das exportações, movimento iniciado no final de
2002, o Estado do Rio Grande do Sul passou a apresentar evolução significativa no saldo
credor de ICMS, ou seja, dos créditos de ICMS devido aos contribuintes que exportam
com bases instaladas no Estado Gaúcho, embora existam outras operações que
acarretam acúmulo de créditos, como vimos em relação às isenções, reduções de base de
cálculo e saídas interestaduais de energia, petróleo e combustíveis.

136
A seguir, a tabela registra a evolução das transferências de crédito de ICMS
e a evolução de saldo credor de ICMS no período de 2001 a 2020.

CRÉDITOS ICMS - 2001/2020


VALOR VALOR VALOR LIB. TRANSF. SALDO
EXPORTAÇÕES EXPORTAÇÕES DE CRÉDITO DE CREDOR
EXERCÍCIO
DO ESTADO DO ESTADO ICMS-EXPORTAÇÃO ICMS – EXPORTAÇÃO*
(US$ 1.000.000,00) (R$ 1.000.000) (R$ 1.000.000,00) (1.000.000,00 R$)
2001 6.352 14.968 384
2002 6.383 18.716 488
2003 8.027 24.735 786 14
2004 9.902 29.043 897 30
2005 10.475 25.572 636 32
2006 11.802 25.669 555 67
2007 15.017 29.234 446 54
2008 18.460 33.453 355 58
2009 15.236 29.795 293 63
2010 15.383 27.043 306 56
2011 19.427 32.533 239 54
2012 17.386 34.000 221 69
2013 25.094 54.621 222 41
2014 18.696 43.594 244 54
2015 17.518 58.487 328 25
2016 16.578 57.747 391 23
2017 17.787 56.787 336 42
2018 21.014 78.415 406 29
2019 18.545 78.208 518 52
2020 14.060 72.517 541 32
Fonte: SEFAZ/RECEITA ESTADUAL;
*Conversão de dólares para reais é realizada conforme média anual de cotações do Banco Central do Brasi, PTAX (última cotação do dia), R$ 5,1578.
Obs: dados identificam as evoluções das transferências de crédito de ICMS e do saldo credor de ICMS, as quais, embora não correspondam somente a saldos acumulados
por exportações, servem como indicativos das restrições impostas pelo Estado aos aproveitamentos dos referidos créditos, e, por outro lado, evidenciam o montante da
pendência do Tesouro Estadual para com as empresas cadastradas no Fisco Gaúcho.

As restrições impostas pela Administração Tributária Estadual para liberar


as transferências de crédito de ICMS-Exportação começaram a repercutir com maior
relevância a partir do ano de 2004, chegando em 2008 com R$ 2,10 bilhões de saldo
credor de ICMS. Após uma queda, o saldo voltou a crescer e atingiu, em 2019, o valor de
R$ 2,52 bilhões, com queda em torno de R$ 800,00 milhões, em 2020, ainda próximos a
R$ 2,52 bilhões os créditos totais.
Estas restrições estão amparadas no artigo 58 do Regulamento do ICMS,
pois, segundo o dispositivo legal, as transferências podem ser flexibilizadas se o
contribuinte cedente do crédito fiscal firmar Termo de Acordo com a Receita Estadual
estabelecendo as condições para transferência, considerando um ou mais dos seguintes
compromissos que a empresa assumir:
a) geração ou manutenção de empregos;
b) realização de investimentos;
c) incremento na arrecadação do ICMS decorrente de importações do
exterior;
d) incremento das aquisições internas de mercadorias, bens e serviços;
e) ampliação da atividade econômica;
f) agregação de percentual mínimo de valor econômico;

137
g) estorno de lançamento de créditos fiscais em montante igual ao valor do
saldo credor cuja transferência será autorizada.

No ano de 2011, o Executivo Estadual promoveu a extinção do Conselho


Estadual de Competitividade do Rio Grande do Sul - COMPET/RS, o qual, até então, era o
órgão responsável por avaliar e aprovar as condições estabelecidas nos Termos de
Acordos. Assim, as liberações para transferências do ICMS/Exportação passaram a ser
realizadas diretamente pela SEFAZ.
O procedimento adotado Pelo Executivo Estadual, a partir da extinção do
COMPET-RS, em 2011, resultou em maior grau de centralização e discricionariedade na
Administração Tributária, situação que ganhava realce devido à posição da Receita
Estadual de restringir o fornecimento de dados a esta Corte de Contas, especialmente as
informações dos compromissos firmados pelas partes nos respectivos Termos de
Acordos, nos quais são explicitados os pontos que devem ser atendidos pelas empresas
para liberação da transferência dos seus créditos ICMS - Exportação e como são
realizadas as análises e aprovações dos Termos correspondentes. Todavia, no âmbito dos
exames das Contas de 2020 foram fornecidos dados de toda movimentação de saldos
credores entre os contribuintes – realizados e recebidos - com a devida distribuição por
enquadramento.
Isso posto, identificou-se que as transferências decorrentes de Termos de
Acordo corresponderam a percentuais em torno de 3% a 4% das transferências
realizadas.
Ato contínuo, em função do voto proferido na análise desta Corte de
Contas para fins de emissão do Parecer Prévio relativo às Contas do Governador do ano
de 2019 no sentido de abertura de Auditoria Operacional para examinar com maior
detalhamento as desonerações fiscais concedidas pelo Estado do Rio Grande do Sul, e
considerando a disponibilização pela Receita Estadual da relação, por contribuinte e
enquadramento no RICMS, dos saldos credores acumulados bem como das transferências
de créditos realizadas e recebidas, entende-se pela retirada do Ponto de Esclarecimento
acerca do não envio das informações contidas nos termos de acordo para transferência
de saldos credores entre contribuintes, devendo o respectivo exame ser objeto de
detalhamento no âmbito da referida Auditoria Operacional.
Em caso de negativa de compartilhamento das informações em tela,
quando da realização da citada Auditoria Operacional, o tema em epígrafe voltará a ser
apontado no Relatório Técnico que subsidia as Contas do Governador.

3.2.1.5.8 – Créditos Presumidos


O ICMS tem como característica a adoção do princípio da não-
cumulatividade, o que dá ao sujeito passivo o direito de se creditar desse imposto
estadual pago nas etapas anteriores da cadeia produtiva. Sendo assim, quando da
aquisição de insumos, por exemplo, os valores de ICMS incidentes nos bens e serviços
adquiridos transformam-se em crédito fiscal para serem compensados com os débitos
gerados pelo contribuinte em decorrência de suas vendas de bens e serviços no campo de
incidência dessa exação. Recolhe-se aos cofres estaduais, portanto, a diferença entre os
débitos e créditos gerados no período de apuração.

138
O Crédito Presumido é o benefício fiscal que se caracteriza pela atribuição
de um valor adicional de crédito ao contribuinte, não decorrente de ICMS incidente e
pago em etapas anteriores da cadeia produtiva. Sua fundamentação encontra-se no
artigo 32 do Livro I do Regulamento do ICMS – RICMS (Decreto nº 37.699/1997).
O instituto do crédito presumido é utilizado no RICMS do Estado do Rio
Grande do Sul de diversas formas: incidindo em operações comerciais de compra (crédito
presumido na entrada de mercadorias), de venda (crédito presumido na saída de
mercadorias) ou, por exemplo, com vistas à atração de investimentos, casos do
FUNDOPEM e FOMENTAR.
Alguns dos enquadramentos regulamentares do instituto do crédito
presumido demandam a necessidade de que seja celebrado acordo entre o Estado e a
empresa beneficiada. Nestas modalidades costuma ocorrer exigência de contrapartidas a
serem entregues pelos contribuintes, tais como realização de investimentos, geração e
manutenção de empregos, geração de ICMS incremental (valor de ICMS além do
comumente gerado pela empresa), etc.
Do ponto de vista operacional o instituto do crédito presumido se difere
bastante das isenções e das reduções de base de cálculo. Enquanto estes últimos
evidenciam de forma destacada nas notas fiscais o valor de imposto incidente na
operação, aquele é caracterizado por apropriações diretamente nas Guias de Apuração e
Informação (GIA), independentemente dos valores de ICMS constantes em cada nota
fiscal.
Esse mecanismo de apropriação dos créditos presumidos traz aos
consumidores finais uma noção imprecisa da carga tributária efetivamente incidente nos
produtos e serviços adquiridos, uma vez que a memória de cálculo consta nas
mencionadas GIAs, que são protegidas por sigilo fiscal. Vale dizer que, quando uma
empresa da cadeia produtiva frui o benefício do crédito presumido, o imposto
efetivamente recolhido é inferior ao constante nas notas fiscais desta cadeia produtiva,
inclusive inferior ao constante na nota fiscal do consumidor final.
Entretanto, relativamente aos Demonstrativos de Desonerações Fiscais
publicados pela Receita Estadual ocorre situação diversa: os créditos presumidos fruídos
são divulgados pelos valores efetivamente renunciados do ICMS devido enquanto que as
isenções e reduções de base de cálculo demandam a aplicação de metodologias de
cálculo para essa aferição, o que traz uma inerente imprecisão dos valores efetivamente
desonerados do imposto devido.
Em que pese a ocorrência de renúncia de parte do imposto devido por
meio dos créditos presumidos, em geral, há recolhimento de ICMS ao Estado pelos
contribuintes beneficiados, de modo que uma eventual iniciativa de revogação de
concessões de créditos presumidos teria de ser avaliada levando em consideração o risco
de perda de parcela do imposto que atualmente é recolhida aos Cofres Públicos,
especialmente em decorrência de possível tratamento diferenciado oferecido por outras
UFs na denominada “Guerra Fiscal” horizontal.
Por derradeiro, cumpre mencionar o conteúdo da Nota 02 ao caput do
artigo 32, que delimita a apropriação de crédito presumido ao ICMS devido, impedindo,
assim, a utilização do instituto para acúmulo de saldo credor pelos contribuintes:

139
Art. 32 [...] NOTA 02 – Em cada período de apuração, o valor total de
apropriação de créditos fiscais presumidos pela empresa fica limitado ao valor
do imposto por ela devido antes da apropriação, considerando-se, como
imposto devido a diferença entre o total dos saldos devedores e o total dos
saldos credores de todos os estabelecimentos da empresa localizados no
Estado, bem como os valores de ICMS próprio recolhidos, no período,
relativamente a pagamentos antecipados e na ocorrência do fato gerador, de
que tratam os arts. 46 a 48. (grifou-se).

Ou seja, limita o benefício a uma espécie de “imposto zero”. Caso fosse


permitido o acúmulo de saldo credor, este poderia ser transferido (“vendido”) a outra
empresa, hipótese em que o Estado estaria subsidiando a operação/empresa.
Cabe ainda citar que, embora sejam poucas as contrapartidas pactuadas
com empresas mediante termos de acordo, muitos dos incisos do RICMS preveem que a
fruição do crédito presumido apresente determinadas condicionantes (e/ou limitações).
Como exemplo, temos a exigência de aquisição de insumos de produtores locais, ou o não
aproveitamento de outros créditos porventura existentes. A principal complexidade para
a correta fiscalização da fruição de créditos presumidos advém da existência destas
condicionantes/limitações, a maioria delas constantes de notas explicativas dos incisos do
RICMS.
Na sequência apresentam-se alguns números a respeito das fruições de
créditos presumidos pelos contribuintes gaúchos. Primeiramente, demonstra-se o quanto
esse benefício fiscal representou em relação à arrecadação líquida de ICMS – após as
deduções ao FUNDEB e repartição da cota-parte dos Municípios12 - com valores
atualizados pelo IPCA/IBGE Médio.

CRÉDITOS PRESUMIDOS E ICMS ARRECADADO - 2016/2020


Em R$ milhões (nominais)
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO Δ% Δ% Δ% Δ% Δ%
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
ICMS Bruto 34.887,0 35.442,4 1,59 37.299,9 5,24 37.704,6 1,09 36.380,7 -3,51 4,28
( - ) Dedução FUNDEB** (5.193,9) (5.271,7) 1,50 (5.539,7) 5,08 (5.487,0) -0,95 (5.385,7) -1,85 3,69
( - ) Dedução
(8.660,4) (8.786,3) 1,45 (9.238,7) 5,15 (9.144,3) -1,02 (8.988,2) -1,71 3,78
Municípios***
ICMS Líquido 21.032,6 21.384,4 1,67 22.521,5 5,32 23.073,3 2,45 22.006,9 -4,62 4,63
CRÉDITO PRESUMIDO 2.920,7 2.985,4 2,21 3.178,9 6,48 3.226,2 1,49 3.780,7 17,19 29,44
CP / ICMS Bruto 8,37% 8,42% 0,61 8,52% 1,18 8,56% 0,40 10,39% 21,45 24,13
CP / ICMS Líquido 13,89% 13,96% 0,53 14,11% 1,10 13,98% -0,94 17,18% 22,87 23,71
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE. Ofício Gab. RE nº 039/2021 e Demonstrativo de Desonerações Fiscais.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.
(** (**) Valor retido automaticamente das receitas de impostos e destinado à formação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e
de Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB.
(***) Cota-parte dos Municípios na Arrecadação de Impostos Estaduais, contabilizado como despesa até 2019, e dedução da receita a partir de 2020.

12
Até 2019 a parcela da arrecadação do ICMS correspondente aos Municípios era contabilizada como
despesa, e a partir de 2020 passou a ser reconhecida como uma dedução da receita. Para fins de
identificação da arrecadação líquida de ICMS foram deduzidas as despesas com repasse do imposto aos
Municípios nos anos de 2016 a 2019.

140
A tabela acima demonstra o total de créditos presumidos apropriados
pelos contribuintes gaúchos no intervalo 2016-2020, bem como a relação desses valores
com o ICMS Bruto e Líquido após as deduções ao FUNDEB e repasse aos Municípios. Vale
destacar que a fruição de créditos presumidos representa uma redução direta no valor do
ICMS Bruto a ser recolhido pelas empresas, portanto com repercussões financeiras na
cota-parte dos Municípios e repasse do FUNDEB.
Os dados indicam que o total utilizado, em 2020, atingiu os maiores
patamares da série num montante de R$ 3,78 bilhões, que representaram 10,39% do
ICMS Bruto, do qual efetivamente são descontados esses créditos fiscais. Como referência
ilustrativa verifica-se que a fruição desse benefício fiscal atingiu montantes equivalentes a
17,18% do ICMS Líquido.
Houve aumento dos valores fruídos de 17,19% frente à utilização do
exercício anterior e de 29,44% com relação a 2016. Já a participação relativa dos Créditos
Presumidos cresceu 21,45% em relação ao ICMS Bruto e 22,87% sobre a arrecadação
líquida de ICMS.
A elevação nas fruições, em 2020, é em parte explicada pelo surgimento de
novos dispositivos, sobretudo, na esteira da aplicação de outras concessões já existentes
em Santa Catarina e Paraná, conforme permitiu a LC nº 170/17 e Convênio ICMS nº
190/17. Essas novas hipóteses de fruição alcançaram aproximadamente R$ 105 milhões.
Outros fatores estão relacionados à elevação, frente a 2019, na ordem de R$ 180 milhões
no crédito presumido voltado ao setor de Biodiesel, R$ 118 milhões no âmbito do
AGREGAR Carnes e R$ 74 milhões do setor Metalmecânico. A distribuição da fruição dos
créditos presumidos é detalhada ao longo desse relatório em tópicos próprios conforme
as características operacionais das hipóteses do RICMS correspondentes.
Embora não constem dos Documentos Fiscais os Créditos Presumidos têm
os valores da efetiva utilização pelos contribuintes destacados no Demonstrativo de
Desonerações divulgado pela Receita Estadual. A identificação direta desses montantes,
juntamente com os descritivos constantes no Regulamento do ICMS do Estado do Rio
Grande do Sul permitiram a evidenciação dos valores utilizados pelas empresas sob
diversas óticas, como se destaca a seguir.
Propõe-se, inicialmente, classificar os valores desonerados entre as
concessões que: i- incidem sobre operações com mercadorias e serviços; ii- que
incentivam a realização de investimos, casos que requerem a celebração de acordo entre
as empresas e o Estado, os quais, em regra, exigem cumprimento de contrapartidas pelas
empresas beneficiadas; e iii- outras hipóteses regulamentares destinadas à realização de
políticas públicas e ao ressarcimento de taxas de serviços.
Os créditos presumidos sobre operações com mercadorias e serviços foram
divididos entre aqueles incidentes na entrada de mercadorias e os que se dão sobre a
saída de mercadorias e serviços, ou ambos. As apropriações que não se deram em
decorrência direta de operações com mercadorias e serviços foram segregadas entre: as
hipóteses que envolvem celebração de acordo ente Estado e empresas como incentivo à
realização de investimentos, além das demais, vinculadas à realização de políticas
públicas e situações que representam ressarcimento de outros tributos. A próxima tabela
evidencia a referida classificação.

141
CRÉDITO PRESUMIDO – CLASSIFICAÇÃO
Em R$ milhões

Incidência Classificação 2019* 2020 Variação (%)

Na Entrada 511,9 716,8 40,0


Operações com Mercadorias e Serviços Na Saída 1.782,9 2.235,4 25,4
Entrada e Saída 258,3 324,5 25,6
Investimentos Fundopem e outros 520,7 398,1 -23,5
Políticas Públicas 30,1 78,2 160,2
Demais
Ressarc. Taxas 26,4 27,7 4,8
TOTAL 3.130,2 3.780,7 20,8
Fonte: Ofícios Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019, nº 35/2020 e 31/2021.
Classificação dos Incisos: Equipe SAIPAG conforme redação do RICMS.
(*) Valores atualizados pelo IPCA/IBGE médio.

Os créditos presumidos incidentes nas operações com mercadorias e


serviços são os de valores mais representativos (86,7% do total), com destaque para as
apropriações em decorrência das saídas de bens e serviços, que atingiram 59,1% da
fruição em 2020. Tópicos específicos relativos a cada uma dessas classificações,
constantes desse capítulo evidenciarão os aprofundamentos técnicos pertinentes.
Cumpre informar que os dados de fruição relativos a 2019 expostos na
tabela que apura a relação das fruições com a arrecadação de ICMS têm origem no
Demonstrativo de Desonerações Fiscais enquanto os números de 2019 da tabela logo
acima compõem as informações compartilhadas com este TCE por meio dos Ofícios do
Gab. RE 185/19 e 35/20. A diferença de montantes se explica pelas distintas datas de
extração dos dados, uma vez que diariamente as GIAs encaminhadas pelos contribuintes
à Receita Estadual podem ser retificadas. Para efeitos de análise e classificação mais
detalhada da composição dos créditos presumido apropriados este Relatório se valerá
dos dados enviados pelos referidos Ofícios, além do de nº 31/21 onde constam as
informações de fruição de 2020.
A próxima tabela detalha a distribuição dos valores fruídos de nove setores
econômicos que estão entre os dez mais beneficiados no ano de 2020. Os créditos
presumidos utilizados pelas empresas desses nove setores atingiram o montante de R$
2,71 bilhões, cifras que representaram 71,8% de todo crédito presumido fruído em 2020
(R$ 3,78 bilhões). O setor que junto desses compõe o Top 10 de Créditos Presumidos
deixa de ser divulgado para fins de preservação do sigilo fiscal.

CRÉDITO PRESUMIDO 2020 – SETORES ECONÔMICOS


Em R$ milhões (nominais)
SETOR ECONÔMICO VALOR FRUIDO PARTICIPAÇÃO NA FRUIÇÃO (%)
Leite e derivados 719,7 19,0
Biodiesel 412,1 10,9
Carne Bovina 409,2 10,8
Carne de aves e suína 376,8 10,0
Metal-mecânico 324,5 8,6
Farinha de trigo e derivados 148,5 3,9
Fertilizantes 119,7 3,2
Fundopem e afins – Diversos 103,9 2,7
Transporte 100,4 2,7

142
CRÉDITO PRESUMIDO 2020 – SETORES ECONÔMICOS
Em R$ milhões (nominais)
SETOR ECONÔMICO VALOR FRUIDO PARTICIPAÇÃO NA FRUIÇÃO (%)
Demais setores 1.065,8 28,2
TOTAL CRÉDITO PRESUMIDO 3.780,7 100,0
Fonte: Ofícios do Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019 e 35/2020.
Classificação dos Incisos: Equipe SAIPAG conforme redação do RICMS. Cálculos: Equipe SAIPAG

Verifica-se que os setores mais beneficiados por desonerações no âmbito


do instituto do crédito presumido, em 2020, ressalvada a preservação de sigilo fiscal,
foram (na ordem de fruição): Leite e derivados (19,0%), Biodiesel (10,9%) e Carne bovina
(10,8%). Cumpre ressaltar que as fruições desses setores estiveram distribuídas entre
diversas empresas.
Além da forma de operacionalização e dos setores beneficiados, outra
abordagem relevante diz respeito ao objeto de incidência dos créditos presumidos
utilizados, os quais permitem identificar as apropriações desse benefício fiscal sob uma
perspectiva de aplicações dos recursos. Foram classificados como objetos os produtos
sobre os quais incidiram os percentuais de desconto do ICMS a recolher na forma de
crédito presumido.
A tabela que segue evidencia as dez aplicações dos créditos presumidos
com maiores fruições em 2020, os quais somados representaram 95,6% dos valores
utilizados dessa modalidade de gasto tributário. O objeto de maior aplicação de
desoneração de ICMS por meio de créditos presumidos são os alimentos e bebidas,
responsáveis por 30,6% dos valores apropriados num montante de R$ 1,16 bilhão
aproximadamente. Trata-se, pois, de uma desoneração fiscal que pode impactar os
preços desses bens essenciais para a sociedade, na forma de redução dos valores ao
consumidor.

CRÉDITO PRESUMIDO 2020


Em R$ milhões (nominais)
Objeto de Incidência Valor Fruído Participação na Fruição (%)
Alimentos e Bebidas 1.157,5 30,6
Fomento Atividade Rural 779,6 20,6
Combustíveis 461,1 12,2
Investimento (Fundopem e afins) 383,5 10,1
Bens para Construção Civil 332,4 8,8
Bens de Transporte 151,0 4,0
Serviços 103,7 2,7
Informática/Tecnologia 97,7 2,6
Vestuário 85,8 2,3
Saúde/Medicamentos 64,0 1,7
Demais Aplicações 164,5 4,4
TOTAL CRÉDITO PRESUMIDO 3.780,7 100,0
Fonte: Ofício do Gabinete da Receita Estadual nº 31/2021.
Classificação dos Incisos: Equipe SAIPAG conforme redação do RICMS. Cálculos: Equipe SAIPAG

Uma das características inerentes aos dispositivos do RICMS é a


complexidade das regras e formas de operacionalização dos créditos presumidos. A

143
variedade de Bases de Cálculo é grande, o que demanda atenção por parte dos
contribuintes e exige maiores esforços da Fiscalização. Os dados abaixo correlacionam
algumas das diferentes bases de cálculo e respectivos valores fruídos.

CRÉDITO PRESUMIDO 2020


Em R$ milhões (nominais)
Bases de Cálculo - CP Valor Fruído Participação na Fruição (%)
Valor da Operação (Nota Fiscal) 1.381,1 36,5
Valor do ICMS da Saída (Nota Fiscal) 1.087,7 28,8
Base de Cálculo do ICMS (Nota Fiscal) 334,4 8,8
Distância e quantidade transportada 324,4 8,6
Conforme Termos de Acordo 170,2 4,5
Saldo Devedor de ICMS (GIA) 104,6 2,8
ICMS Incremental (GIA) 110,4 2,9
Carga Tributária Equivalente 97,2 2,6
Aplicação de Recursos em Projetos 61,4 1,6
Demais Bases de Cálculo - CP 91,0 2,4
TOTAL CRÉDITO PRESUMIDO 3.780,7 100,0
Fonte: Ofício do Gabinete da Receita Estadual nº 31/2021.
Classificação dos Incisos: Equipe SAIPAG conforme redação do RICMS. Cálculos: Equipe SAIPAG

Identifica-se na tabela que 36,5% das fruições tiveram como base de


cálculo o valor das operações, seja entrada ou saída de mercadorias, seguido das
incidências a partir do valor do ICMS incidente nas saídas (28,8%) e das operações que
tomam como referência a base de cálculo do próprio ICMS nos documentos fiscais, valor
este que não necessariamente será igual ao da operação com mercadorias. Surgem na
sequência das fruições formas de apropriação distintas dos valores usuais de documentos
fiscais e GIAs, como a distância combinada com o peso do produto transportado (8,6%),
ou mesmo aqueles casos que dependem dos termos celebrados em acordo entre
empresas e o Estado (4,5%).
Outra particularidade entre as diversas modalidades do benefício fiscal em
tela refere-se à existência de condicionantes nos regramentos para utilização dos créditos
que vão além das informações dispostas nos documentos fiscais eletrônicos e GIAs. Do
total de crédito presumido apropriado, em 2020, R$ 1,893 bilhão (50,1%) foram utilizados
em dispositivos cujos requisitos para apropriação constam de bases de dados disponíveis
nos documentos fiscais ou GIAs, enquanto que os demais 49,9% (R$ 1,887 bilhão) das
fruições ocorreram por meio de dispositivos que demandam outras informações para
verificação pelos contribuintes e pelo Estado da correta utilização.

CRÉDITO PRESUMIDO 2020


Em R$ milhões (nominais)
Informações Extra para Fruição Valor Fruído Participação na Fruição (%)
Condições de Acordo celebrado 476,1 25,2
Identificar origem Produção e Vincular insumo ao
453,6 24,0
Produto Final
Condições do Programa
409,2 21,7
AGREGAR Carnes
Distância do Frete 324,4 17,2

144
CRÉDITO PRESUMIDO 2020
Em R$ milhões (nominais)
Informações Extra para Fruição Valor Fruído Participação na Fruição (%)
Valores pagos em Projetos (Culturais, Esportivos, Sociais) 61,4 3,3
Condições de Legislação Federal 59,8 3,2
Investimento 57,6 3,1
Valor pago de Taxa de Serviços 27,7 1,5
Valores para
16,9 0,9
Segurança Pública (PISEG)
Demais Casos 0,65 0,03
TOTAL CRÉDITO PRESUMIDO 1.887,3 100,0
Fonte: Ofício do Gabinete da Receita Estadual nº 31/2021.
Classificação dos Incisos: Equipe SAIPAG conforme redação do RICMS. Cálculos: Equipe SAIPAG

Entre as maiores fruições destacam-se os casos que demandam verificação


das condições previstas em acordo celebrado entre o Estado e as empresas beneficiadas,
as denominadas contrapartidas, como ocorre no âmbito do Fundopem, seguida de
concessões que requerem a identificação da origem (local) da produção rural bem como a
sua vinculação ao produto final, situação muito presente em benefícios fiscais ao setor de
laticínios, quando da entrada do insumo, desde que utilizado na produção de
determinados derivados do leite, conforme o caso. As fruições no âmbito do Programa
AGREGAR Carnes, que devem cumprir os seus requisitos, igualmente necessitam de
verificações extras, fora do escopo dos documentos fiscais e GIAs, além dos benefícios ao
setor metalmecânico que possuem metodologias de apropriação vinculadas, entre outras,
à distância do frete que transportara seus insumos.
A presença de condicionantes adicionais para a apropriação dos créditos
fiscais demanda maiores esforços, tanto pelos contribuintes na apuração do ICMS devido
como do Fisco para fins de fiscalização da correta utilização dos valores. Entende-se que
poderia haver adequações no texto do regulamento, mediante simplificação de regras,
bem como eventual agregação de concessões com características similares, de modo a
privilegiar soluções de fiscalização sistêmicas e/ou automatizadas em relação às manuais
ou às que demandem verificação in loco na busca pela eficiência da Administração
Pública.

3.2.1.5.8.1 – Operações com Mercadorias e Serviços


Os créditos presumidos incidentes sobre as operações com mercadorias e
serviços foram classificados ao longo de tópicos próprios entre os que incidem na
entrada, os que têm por base a saída de bens e serviços e aquelas hipóteses do RICMS em
que, tanto a entrada como a saída dos bens podem ser alcançadas por esses créditos
fiscais.

CRÉDITO PRESUMIDO – CLASSIFICAÇÃO


Em R$ milhões (nominais)

Incidência Classificação 2019* 2020 Variação (%)

Operações com Mercadorias e Serviços Na Entrada 511,9 716,8 40,0

145
CRÉDITO PRESUMIDO – CLASSIFICAÇÃO
Em R$ milhões (nominais)
Incidência Classificação 2019* 2020 Variação (%)

Na Saída 1.782,9 2.235,4 25,4

Entrada e Saída 258,3 324,5 25,6


TOTAL 2.553,1 3.276,7 28,3
Fonte: Ofícios Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019, nº 35/2020 e 31/2021.
Classificação dos Incisos: Equipe SAIPAG conforme redação do RICMS.
(*) Valores atualizados pelo IPCA/IBGE médio.

O total de crédito presumido apropriado sobre operações com mercadorias


e serviços foi de R$ 3,276 bilhões, o que representa 86,67% de todo crédito presumido
fruído, em 2020. Frente aos valores atualizados de 2019 (R$ 2,553 bilhões) houve
aumento de 28,3%.
É possível verificar que os valores mais substantivos de fruição ocorreram
em operações de saídas de bens e serviços (R$ 2,235 bilhões), que representaram 68,2%
do total relativo aos créditos presumidos incidentes nas operações com bens e serviços e
59,1% de toda fruição desse benefício fiscal.
Em decorrência do fato de desonerarem diretamente operações que
envolvem a produção de bens, seja a partir da aquisição de insumos ou da própria venda
das mercadorias e serviços, é possível identificar os objetos da renúncia fiscal, ou em
outras palavras, as entregas à sociedade por meio desse gasto tributário, que pode
ocorrer exemplificativamente na forma de redução do preço dos bens e serviços
envolvidos ou fomento a atividades econômicas vocacionais do Estado. A próxima tabela
identifica as fruições dos créditos presumidos incidentes nas operações com mercadorias
e serviços segundo a ótica relatada nesse parágrafo.

CRÉDITO PRESUMIDO NAS OPERAÇÕES COM


MERCADORIAS E SERVIÇOS POR OBJETO DE INCIDÊNCIA
Em R$ milhões (nominais)
Fruição Fruição Variação (%)
Objeto de Incidência
2019* 2020 2019/2020
Alimentos e Bebidas 956,5 1.157,5 21,0
Fomento Atividade Rural 600,8 778,4 29,6
Combustíveis 238,7 461,1 93,2
Bens para Construção Civil 260,2 329,1 26,5
Demais Aplicações 497,0 550,7 10,8
TOTAL CRÉDITO PRESUMIDO 2.553,1 3.276,7 28,3
Fonte: Ofícios do Gabinete da Receita Estadual nº 35/2020 e 31/2021.
Classificação dos Incisos: Equipe SAIPAG conforme redação do RICMS. Cálculos: Equipe SAIPAG
(*) Valores atualizados pelo IPCA/IBGE Médio.

Os números da tabela acima indicam uma forte presença dos gastos


tributários pela via da presunção do crédito fiscal sobre o comércio de alimentos e
bebidas, num montante de apropriação de R$ 1,157 bilhão, na sequência vem o fomento
à atividade rural com fruição de R$ 778,4 milhões e os combustíveis com R$ 461,1
milhões de crédito presumido apropriado. Desonerar o preço dos alimentos e dos
combustíveis, além de fomentar a atividade rural do Estado, são externalidades positivas

146
das concessões efetuadas. Embora seja relevante o Estado acompanhar os dados
microeconômicos a fim de identificar se essa redução de custos do setor produtivo
chegou efetivamente ao consumidor final e se houve agregação de valor ao setor
primário como consequência da redução dos encargos fiscais incidentes.

3.2.1.5.8.1.1 – Na Entrada (Compra de Insumos)


Constam ao longo dos incisos do artigo 32 do Livro I do Regulamento do
ICMS algumas hipóteses de apropriação de crédito presumido em virtude da entrada de
mercadorias (compras), algumas delas, com condicionantes que exigem a aquisição dos
insumos dentro do Estado do Rio Grande do Sul com provável intenção de fomento à
economia local.
A concessão de crédito presumido proporcional ao valor de entrada dos
insumos torna o controle por parte do Estado mais complexo. Como o imposto a pagar de
determinada empresa corresponde à parcela do valor que esta agrega no processo
produtivo, informação conhecida quando da venda (saída) da mercadoria, o crédito na
entrada dificulta a identificação, especialmente quando a empresa fabrica diferentes
produtos a partir de determinado insumo.
Do total de crédito presumido utilizado na entrada de insumos (R$ 716,8
milhões), 91,9%, ou R$658,7 milhões, ocorreram em dispositivos em que há necessidade
de conferências adicionais aos dados das notas fiscais e GIAs. As principais informações
extras são destacadas pela próxima tabela.

CRÉDITO PRESUMIDO NA ENTRADA 2020


INFORMAÇÕES EXTRAS PARA FRUIÇÃO
Em R$ milhões (nominais)
Participação Relativa
Informações Extras para Fruição Valor Fruído
CP Entrada (%)
Identificar origem Produção e Vincular insumo ao
453,6 63,3
Produto Final
Condições do Programa
204,9 28,6
AGREGAR Carnes
Identificar origem Produção 0,21 0,03
Alvará Sanitário do Produtor 0,04 0,01
NÃO EXIGEM INFORMAÇÕES EXTRAS 58,1 8,1
CRÉDITO PRESUMIDO ENTRADA 716,8 100,0
Fonte: Ofício do Gabinete da Receita Estadual nº 31/2021.
Classificação dos Incisos: Equipe SAIPAG conforme redação do RICMS. Cálculos: Equipe SAIPAG

Nesta senda, outra dificuldade diz respeito ao fato de que aqueles insumos
advindos de produtores rurais são registrados nas notas fiscais do produtor rural,
documento que ainda não adota o formato eletrônico de emissão, o que exigiria
verificações manuais a fim de confirmar o insumo adquirido, bem como sua origem.
Dados como a origem da produção rural (R$ 453,8 milhões fruídos em incisos cujos
requisitos para utilização dependem dessa informação) seriam identificados de forma
mais ágil, caso a nota do produtor adotasse o formato eletrônico.
Outra complexidade é que adquirir insumos produzidos no Estado
(exigência de diversos incisos do art. 32 do Livro I do RICMS que adotam crédito

147
presumido na entrada de mercadorias) é diferente de adquirir de um fornecedor local.
Este último poderia ser conferido a partir de códigos fiscais da operação – CFOP – nos
documentos fiscais, por exemplo, enquanto a confirmação de que leite ou gado (citando
os casos mais prevalentes no RICMS) foram produzidos ou criados no Estado exigiria mais
da fiscalização do que uma análise documental.
Os créditos presumidos incidentes na entrada de mercadorias (compras)
foram segregados, inicialmente, entre aqueles casos que exigem que o insumo adquirido
tenha origem no Estado do Rio Grande do Sul e os demais, que não são dotados de tal
particularidade, como demonstra a tabela abaixo.

CRÉDITO PRESUMIDO NA ENTRADA


EXIGÊNCIA DE INSUMO DO RS
Em Milhões de R$
Origem Fruição Fruição Variação (%)
Participação 2020 (%)
Insumo 2019* 2020 2019/2020
Rio Grande do Sul 340,5 460,7 64,3 35,3
Outros locais 171,4 256,1 35,7 49,4
CP ENTRADA 511,9 716,8 100,0 40,0
Fonte: Ofícios Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019, nº 35/2020 e nº 31/2021.
Classificação dos Incisos conforme redação adotada no RICMS.
(*) Valores atualizados pelo IPCA/IBGE médio.

Extrai-se dos dados apresentados que o crédito presumido na entrada de


mercadorias foi mais representativo, em termos de valores apropriados, naqueles casos
em que se exige a aquisição de insumo com origem no Estado do Rio Grande do Sul,
atingindo fruições de R$ 460,7 milhões, em 2020, o que representou 64,3% dos créditos
presumidos na entrada. Houve aumento nas fruições na entrada de 40,0% frente a 2019,
sendo na ordem de 35,3% a elevação dos casos que exigem insumo com origem no RS, e
49,4% o aumento das apropriações dos demais casos.
Essa distribuição evidencia fatos que podem ter sido positivos à economia
gaúcha em virtude das externalidades intrínsecas aos benefícios fiscais em tela, tais como
geração de emprego e renda nos setores primários do Estado, fornecedores de insumos
para a indústria. Os créditos presumidos concedidos por conta da entrada de mercadorias
demonstram incentivos tanto ao setor industrial, que fruirá os créditos, como ao setor
primário local, naquelas situações em que se exige a produção no RS do insumo.
Os maiores volumes de créditos presumidos utilizados na entrada
encontram-se nos setores de carne e laticínios, notadamente áreas vocacionais do setor
primário gaúcho, como se verifica no quadro a seguir onde são apresentadas as fruições
combinadas com os itens sobre os quais incidiram.

CRÉDITO PRESUMIDO NA ENTRADA 2020


INSUMOS/PRODUTOS OBJETO DA DESONERAÇÃO
Em Milhões de R$
Fruição Fruição Variação (%)
Insumo/Produto Participação 2020 (%)
2019* 2020 2019/2020
Leite de
336,5 453,6 63,3 34,8
Produtor Rural
Gado 151,2 204,9 28,6 35,5
Produtos Farmacêuticos 15,7 44,7 6,2 185,8

148
CRÉDITO PRESUMIDO NA ENTRADA 2020
INSUMOS/PRODUTOS OBJETO DA DESONERAÇÃO
Em Milhões de R$
Fruição Fruição Variação (%)
Insumo/Produto Participação 2020 (%)
2019* 2020 2019/2020
Demais 8,6 13,6 1,9 58,0
CP ENTRADA 511,9 716,8 100,0 40,0
Fonte: Ofícios Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019, nº 35/2020 e nº 31/2021.
Classificação dos Incisos conforme redação adotada no RICMS.
(*) Valores atualizados pelo IPCA/IBGE médio.

Os dados evidenciam uma maior apropriação de créditos presumidos sobre


insumos ao setor industrial quando relacionados à produção de carne e leite. O insumo
leite de produtor rural permitiu a fruição de R$ 453,6 milhões enquanto a entrada de
gado viabilizou a tomada de R$ 204,9 em créditos presumidos, os quais representaram
63,3% e 28,6% das fruições na entrada.
Em relação às concessões que tiveram como objeto a entrada de leite
obtido de produtor rural cumpre destacar o fato de estarem distribuídas em diversas
hipóteses regulamentares de apropriação de crédito com a particularidade de que se
vincula a entrada desse insumo ao produto que será objeto de venda (saída) pela
indústria. Os dados da próxima tabela destacam, entre os créditos presumidos na entrada
de leite adquirido de produtor rural, a distribuição da fruição em conformidade com o
produto final a esse insumo vinculado, bem como se houve exigência no regulamento de
que a origem do leite fosse o Estado do Rio Grande do Sul.

CRÉDITO PRESUMIDO NA ENTRADA DE LEITE 2020


PRODUTO VINCULADO AO INSUMO
Em Milhões de R$
Variação
Fruição Fruição Participação
Produto Derivado (%)
2019* 2020 2020 (%)
2019/2020
Leite Fluido 97,4 131,7 29,0 35,2
Sem Vinculação
56,5 77,5 17,1 37,2
Produto Final
Queijos 50,5 73,9 16,3 46,4
Leite em Pó 54,0 70,9 15,6 31,3
Queijos, exceto Requeijão 37,6 48,4 10,7 28,5
Leite Condensado 25,3 33,8 7,4 33,3
Manteiga 7,8 9,3 2,0 19,0
Requeijão 3,7 6,4 1,4 69,4
Bebida Láctea, Iogurte, Creme de Leite, Manteiga, Ricota e Doce de Leite 3,6 1,8 0,4 -50,3
CP ENTRADA LEITE 336,5 453,6 100,0 34,8
Fonte: Ofícios Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019, nº 35/2020 e nº 31/2021.
Classificação dos Incisos conforme redação adotada no RICMS.
(*) Valores atualizados pelo IPCA/IBGE médio.

As informações da tabela acima colocam em evidência dois pontos que


merecem atenção: i- dificuldades de apropriação pelas empresas e fiscalização pelo

149
Estado no que toca à vinculação do insumo ao produto dele resultante, sem prejuízo da
identificação da respectiva origem (se do RS ou não); ii- a aparente concessão, em
diversos dispositivos, de créditos presumidos voltados ao mesmo setor, o que poderia ser
objeto de avaliação com vistas à simplificação das regras do Regulamento.
Relativamente aos créditos presumidos na entrada, cumpre mencionar
novamente a necessidade de o Estado verificar se os possíveis benefícios ao setor
primário – carne ou leite – melhoraram seus patamares de produção e vendas, se as
regiões produtoras tiveram sua economia positivamente impactada em decorrência das
concessões em tela. Sem prejuízo da identificação se a redução dos custos na produção
traduziu-se em menores preços aos consumidores gaúchos.

3.2.1.5.8.1.2 – Na Saída (Vendas ou Transferências)


Constam ao longo dos incisos do artigo 32 do Livro I do Regulamento do
ICMS hipóteses de apropriação de crédito presumido em virtude da saída de mercadorias,
sejam as decorrentes de vendas (mais usual) ou mesmo transferências entre
estabelecimentos da mesma empresa.
As hipóteses de fruição de crédito presumido na saída de mercadorias e
serviços estão divididas conforme o destino dos produtos de acordo com o previsto em
cada inciso. Há situações em que o benefício fiscal incide somente nas operações internas
(dentro do RS), nas interestaduais; ou mesmo, tanto nas internas como nas
interestaduais, caso em que a denominação será de operações nacionais.
A próxima tabela destaca os valores fruídos em decorrência de créditos
presumidos nas saídas em operações internas, interestaduais e nacionais, com
respectivos incisos. Também foi identificada uma hipótese de crédito presumido na
exportação dos produtos (art. 32, XIV).

CRÉDITO PRESUMIDO NA SAÍDA


CONFORME O DESTINO
Em Milhões de R$
Destino Fruição Fruição Variação (%)
Participação 2020 (%)
Produto 2019* 2020 2019/2020
Nacionais 853,9 1.191,5 53,3 39,5
Interestaduais 595,7 673,1 30,1 13,0
Internas 331,1 369,9 16,5 11,7
Exportação 2,2 1,0 0,04 -55,3
CP NA SAÍDA 1.782,9 2.235,4 100,0 25,4
Fonte: Ofícios Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019, nº 35/2020 e nº 31/2021.
Classificação dos Incisos conforme redação adotada no RICMS.
(*) Valores atualizados pelo IPCA/IBGE médio.

Identifica-se que os créditos presumidos fruídos em relação às operações


exclusivamente internas (dentro do RS) representaram 16,5% das fruições atingindo o
montante de R$ 369,9 milhões (aumento de 11,7% em relação a 2019) e foram menores
do que as inerentes às exclusivamente interestaduais, que atingiram 30,1% do total
apropriado, cifras de R$ 673,1 milhões (13% superior a 2019); e os casos em que tanto as
operações internas como as interestaduais estão abarcadas pelos créditos presumidos,

150
dentro das mesmas hipóteses regulamentares, foram os de maior apropriação, em 2020,
atingindo 53,3% de todo crédito presumido nas saídas, perfazendo um valor fruído de R$
1,19 bilhão (elevação de 39,5% frente ao exercício anterior). Créditos presumidos sobre
as saídas por exportação atingiram apenas 0,04%, num total de R$ 1,0 milhão (queda de
55,3% em relação a 2019).
Dentre as hipóteses do Regulamento do ICMS do Estado do Rio Grande do
Sul que permitem a fruição de crédito presumido em decorrência de vendas identificam-
se casos que incidem em operações internas ou interestaduais e tem como base de
cálculo do benefício a ser apropriado o valor da operação de venda ou mesmo o ICMS
incidente. A variedade de possibilidades e métodos de cálculo ilustra a complexidade que
envolve a apuração de ICMS e seus benefícios fiscais, como demonstra a próxima tabela
que relaciona os diferentes tipos de base de cálculo para a fruição de créditos presumidos
nas saídas e os respectivos valores apropriados.

CRÉDITO PRESUMIDO NA SAÍDA


CONFORME A BASE DE CÁLCULO PARA FRUIÇÃO
Em Milhões de R$
Fruição Fruição Variação (%)
Base de Cálculo Participação 2020 (%)
2019* 2020 2019/2020
ICMS da Saída 770,9 1.087,7 48,7 41,1
Valor da Operação 617,1 709,8 31,8 15,0
Base de Cálculo
252,6 289,4 12,9 14,6
do Imposto
Carga Tributária Equivalente 78,1 97,2 4,3 24,5
Demais Casos 64,2 51,3 2,3 -20,0
CP NA SAÍDA 1.782,9 2.235,4 100,0 25,4
Fonte: Ofícios Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019, nº 35/2020 e nº 31/2021.
Classificação dos Incisos conforme redação adotada no RICMS.
(*) Valores atualizados pelo IPCA/IBGE médio.

No Regulamento do ICMS há dispositivos que permitem apropriação de


crédito presumido quando da realização de operações de saída mediante transferência a
outro estabelecimento da empresa.
As transferências entre estabelecimentos da mesma empresa não se
configuram em operação comercial, apesar de representarem uma circulação de
mercadorias. A possibilidade de fruição em operações de transferência entre
estabelecimentos da mesma empresa abre espaço para que os contribuintes, por meio de
planejamento tributário, venham a se apropriar em diversos momentos de créditos
presumidos inerentes ao mesmo bem produzido, possivelmente distorcendo a finalidade
do benefício fiscal concedido.
Como exemplo, tem-se o crédito presumido ligado ao Agregar Carnes (art.
32, XI, c), bem como os casos dos incisos LXIX e LXXVI, incidentes nas operações que
envolvam farinha de trigo e outros produtos. O total utilizado na alínea “c” do inciso XI foi
de R$ 193,6 milhões, no inciso LXIX foram fruídos 15,6 milhões e no inciso LXXVI foram
utilizados R$ 118,0 milhões. Vale destacar que os referidos dispositivos permitem fruição
no caso de vendas, também, o que é o mais comum. De tal sorte que não se pode afirmar

151
os efeitos potenciais gerados pela permissão de uso dos créditos presumidos nas
transferências.
Art. 32 [...]
XI-[...]
c- 4% (quatro por cento), nas saídas internas, decorrentes de venda ou de
transferência para estabelecimento da mesma empresa, e nas saídas
interestaduais, decorrentes de venda, de carne e produtos comestíveis
resultantes do abate de gado vacum, ovino ou bufalino; (grifou-se)

LXIX - no período de 1º de julho de 2005 a 31 de dezembro de 2020, aos


estabelecimentos industrializadores, em montante igual ao que resultar da
aplicação do percentual de 4% (quatro por cento) sobre o valor das saídas
interestaduais, decorrentes de venda ou de transferência a outro
estabelecimento do mesmo titular, sujeitas à alíquota de 12%, das seguintes
mercadorias de produção própria: [...]
a) farinha de trigo;
b) misturas e pastas de farinha de trigo para a preparação de produtos de
padaria, classificadas no código 1901.20.00 da NBM/SH-NCM; [...] (grifou-se)

LXXVI - no período de 1º de maio de 2017 a 31 de dezembro de 2020, aos


estabelecimentos industrializadores, em montante igual ao que resultar da
aplicação do percentual de 10% (dez por cento) sobre o valor das saídas,
sujeitas à alíquota de 12%, destinadas a contribuinte localizado nos Estados de
São Paulo, Minas Gerais ou Rio de Janeiro, decorrentes de venda ou de
transferência a outro estabelecimento do mesmo titular, das seguintes
mercadorias de produção própria: [...]
a) farinha de trigo;
b) misturas e pastas de farinha de trigo para a preparação de produtos de
padaria, classificadas no código 1901.20.00 da NBM/SH-NCM.
c) biscoitos doces e salgados, exceto recheados e os de cobertura especial;
d) massas alimentícias classificadas na posição 1902.1 da NBM/SH-NCM, exceto
as que devam ser mantidas sob refrigeração. (grifou-se)

Relevante trazer à baila a hipótese constante do art. 32, LXI, a qual veda a
apropriação de crédito presumido nas operações de transferência.
LXI - no período de 1° de outubro de 2002 a 31 de dezembro de 2020, aos
estabelecimentos industriais que promoverem saídas interestaduais, exceto
transferências, sujeitas à alíquota igual ou superior a 12%, de móveis de
produção própria classificados nos códigos 9401.30.10 a 9401.71.00 e
9403.10.00 a 9403.60.00, da NBM/SH-NCM, em montante igual ao que resultar
da aplicação do percentual de 2% (dois por cento) sobre o valor da base de
cálculo do imposto; (grifou-se)

O risco inerente à permissão de fruição de crédito presumido nas


transferências diz respeito à possibilidade de múltiplas apropriações para uma única
mercadoria comercializada.

152
Todavia, cumpre destacar que com o advento do art. 31-A no Livro I do
Regulamento do ICMS, o qual veda a compensação dos créditos fiscais quando da
simulação de existência de estabelecimentos, dispositivo este acrescentado no RICMS por
meio do Decreto nº 55.777 de 02 de março de 2021, resta, em princípio, mitigado o risco
de mau uso dos créditos presumidos nas transferências como forma de multiplicar as
elisões fiscais em decorrência de operações não ocorridas de fato.
Por derradeiro, cabe citar que os créditos presumidos na saída podem
repercutir nos preços junto ao consumidor final dos bens objeto dessa renúncia fiscal. Os
dados que seguem demonstram os gêneros de produtos sobre os quais houve incidência
de créditos presumidos na saída e a respectiva fruição.

CRÉDITO PRESUMIDO NA SAÍDA


PRODUTOS/OBJETOS DA DESONERAÇÃO
Em Milhões de R$
Fruição Fruição Variação (%)
Produto/Objetos Participação 2020 (%)
2019* 2020 2019/2020
Alimentos/Bebidas 956,2 1.157,0 51,8 21,0
Combustíveis 238,7 461,1 20,6 93,2
Demais 588,0 617,4 27,6 5,0
CP SAÍDA 1.782,9 2.235,4 100,0 25,4
Fonte: Ofícios Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019, nº 35/2020 e nº 31/2021.
Classificação dos Incisos conforme redação adotada no RICMS.
(*) Valores atualizados pelo IPCA/IBGE médio.

Com base nos dados verifica-se que os alimentos e bebidas são os


principais objetos de desconto do ICMS devido nas saídas sob a forma de créditos
presumidos. Conforme já destacado ao longo desse relatório é importante o Estado
acompanhar se a desoneração concedida na produção impacta o preço dos itens quando
chega ao consumidor gaúcho.

3.2.1.5.8.1.3 – Na Entrada e na Saída


Constam em meio aos itens do artigo 32 do Livro I do RICMS hipóteses que,
dentro do mesmo inciso, permitem a apropriação de crédito presumido tanto na entrada
como na saída de mercadorias, não necessariamente sobre a mesma mercadoria
circulada, podendo haver alíneas com previsão de fruição na entrada e outras na saída
dentro do mesmo inciso. Trata-se dos incisos VII, XCI e LIX.
Os dois primeiros são voltados ao setor metalmecânico e operam como
uma espécie de ressarcimento do frete incorrido na operação logística com os materiais.
O inciso de valor mais representativo é VII, que tem como limite o custo do
transporte das chapas e bobinas de aço. O total de crédito presumido apropriado em
hipóteses regulamentares que permitem fruição tanto na entrada como na saída de
mercadorias foi de R$ 324,5 milhões. Houve elevação de 25,6% em relação ao valor
atualizado (IPCA/IBGE médio) fruído em 2019 (R$ 258,3 milhões).

153
3.2.1.5.8.2 – Incentivo a Investimentos
O crédito presumido, como se verifica até aqui neste relatório, possui
ampla variedade de formas de apropriação ou operação sobre a qual incidem. Uma das
modalidades de uso desse gasto tributário diz respeito aos incentivos a investimentos.
Trata-se de alguns incisos do art. 32 do Livro I do RICMS operacionalizados por meio do
instituto do crédito presumido que são decorrentes de acordos, celebrados entre o
Estado do Rio Grande do Sul e as empresas beneficiadas.
Esses termos de acordo costumam exigir contrapartidas das empresas, tais
como geração e manutenção de empregos, além da realização de investimentos, e por
vezes funcionam com uso de ferramentas com vistas à elevação da arrecadação de ICMS
no longo prazo, como é o caso dos acordos que requerem geração de ICMS incremental.
Embora exista certo grau de discricionariedade para atribuição dos
percentuais de renúncia fiscal, esta deve se dar de acordo com o que dispuser o
regulamento próprio de cada programa.
Dentre os benefícios fiscais concedidos por meio de créditos presumidos
que em 2020 somaram 3,76 bilhões, 10,6%, ou 398,1 milhões estiveram sob o amparo
dos programas de incentivo a investimentos, com destaque dentro desse grupo para os
tradicionais programas do Fundo Operação Empresa do Estado do Rio Grande do Sul –
FUNDOPEM-RS e do Fundo de Fomento Automotivo do Estado do Rio Grande do Sul –
FOMENTAR-RS, instrumentos já consagrados na política de atração de investimentos
industriais e agroindustriais para o Estado, bem como de outras concessões que
envolvem a celebração de Termos de Acordo e não estejam diretamente relacionadas às
operações com mercadorias e serviço.
Os incisos do art. 32 do Livro I do RICMS utilizados para fruição de valores
no âmbito dos aludidos programas foram: XIII, XXVII, LII, LIII, LXXXIV, CXXIV, CXXXVI, CL,
CLX, CLXIV, CLXVI, CLXXI.

VALORES DOS BENEFÍCIOS FISCAIS FRUÍDOS DOS PROGRAMAS


VINCULADOS AO FUNDOPEM-RS, FOMENTAR-RS E DEMAIS - 2015/2019
Em R$ milhões (nominais)
VALOR ICMS VALOR % VALOR FRUÍDO / VALOR ICMS
EXERCÍCIO
ARRECADADO FRUÍDO ARRECADADO
2016 30.385,8 559,6 1,84%
2017 31.933,4 648,7 2,03%
2018 34.804,6 553,6 1,59%
2019 35.742,8 504,4 1,41%
2020 36.380,7 398,1 1,10%
Fonte: Subsecretaria da Receita Estadual RE/SEFAZ. Ofícios nº 185/2019, 35/2020 e 31/2021.

Cabe destacar que a renúncia estimada em um exercício diz respeito tão


somente à apropriação financeira do benefício, não se relacionando, obrigatoriamente,
ao ano em que foi concedida formalmente. Em outras palavras, o ato de concessão pode
ocorrer num determinado exercício e a fruição efetiva em outros. Desse modo, o
percentual maior ou menor de comprometimento da receita potencial em um exercício
não reflete, necessariamente, uma política de expansão ou restrição de renúncias fiscais
por parte do Governo nesse ano específico.

154
Quanto à operacionalização do FUNDOPEM-RS e FOMENTAR-RS, em regra
geral, os Programas possibilitam financiamento, a juros subsidiados, da parcela do ICMS
devida mensalmente pelas empresas beneficiadas até o limite de 75% do valor a ser pago,
tendo como referência ao atendimento de cláusulas específicas que definem a
localização, investimentos fixos, utilização de mão de obra e inovações tecnológicas.
Conforme previsão legal, a liberação dos valores correspondentes ao montante aprovado
deve ser realizada por apropriação direta pela empresa incentivada, em campo próprio na
Guia de Informações e Apuração do ICMS - GIA, mediante crédito fiscal presumido.
Com a publicação da Lei nº 11.916/03, foi instituído o Programa INTEGRAR-
RS, ao abrigo da legislação pertinente ao FUNDOPEM-RS, porém, com a introdução da
possibilidade de o contribuinte usufruir benefícios fiscais que repercutem em abatimento
nas parcelas do financiamento contratado junto ao Gestor Financeiro do Fundo
(atualmente o Badesul), os quais podem variar segundo os critérios de localização para
instalação da planta industrial e o seu respectivo IDESE – Índice de Desenvolvimento
socioeconômico, ou, ainda, por definição de política industrial protagonizada pelo
Executivo Estadual.
Em 2020, a Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Turismo
(SEDETUR), respondia pelas atribuições e funções afetas ao FUNDOPEM-RS e FOMENTAR-
RS. No ano de 2021, em que se elabora esse relatório, houve cisão da pasta em duas
secretarias, ficando a cargo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico as atividades
afetas aos mencionados programas.
Na sequência uma explicação com o devido detalhamento do
funcionamento do FUNDOPEM/RS, este que é um dos principais instrumentos de
desoneração fiscal com vistas à atração de investimentos ao Estado.

3.2.1.5.8.2.1 – FUNDOPEM/RS (Lei nº 11.916/2003)


O Fundo Operação Empresa do Estado do Rio Grande do Sul -
FUNDOPEM/RS e o Programa de Harmonização do Desenvolvimento Industrial do Rio
Grande do Sul - INTEGRAR/RS, foram instituídos pela Lei n° 11.916, de 2 de junho de
2003. A regulamentação atual é do Decreto Nº 49.205, de 11 de junho de 2012. Seu
objetivo é incentivar investimentos em empreendimentos13 industriais e agroindustriais e
em centros de pesquisa e de desenvolvimento tecnológico que visem ao desenvolvimento
socioeconômico integrado e sustentável do Estado.
Os órgãos envolvidos no processo de concessão e fruição de benefícios do
FUNDOPEM são a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo – Sedetur, a
Secretaria da Fazenda - Sefaz e o Badesul Desenvolvimento S/A - Agência de Fomento/RS.
A operação do sistema compreende, também, o Conselho Diretor do

13
As diretrizes visam apoiar empreendimentos que promovam: I - a descentralização estratégica da produ-
ção industrial e a redução de desigualdades regionais; II - o desenvolvimento do parque industrial e agroin-
dustrial, considerando-se os arranjos produtivos locais; III - a competitividade e a ampliação da atividade
industrial e agroindustrial; IV - a geração significativa de empregos; V - o desenvolvimento ou a incorpora-
ção de avanços tecnológicos e de inovações de processos e produtos; VI - o respeito ao meio ambiente; VII -
a complementação das cadeias produtivas da economia estadual; e VIII - a aquisição preferencial de obras
civis, bens, serviços e insumos associados, produzidos por empresas estabelecidas no Estado.

155
FUNDOPEM/INTEGRA-RS (constituído por representantes do Governo e da Sociedade), a
Coordenadoria-Adjunta do Sistema Estadual de Atração e Desenvolvimento de Atividades
Produtivas – SEADAP (funcionando junto a Sedetur) e o Grupo de Análise Técnica – GATE
(constituído por representantes das Secretarias de Estado e das instituições financeiras)14.
O FUNDOPEM-RS propriamente dito consiste no financiamento de parte do
ICMS incremental a ser gerado pela empresa incentivada, financiamento este em
condições especiais. O Programa Integrar/RS, por sua vez, visa apoiar empreendimentos
(a) localizados em Municípios ou regiões cujo indicador de desenvolvimento
socioeconômico seja inferior à média, (b) realizados por empresas integrantes de setores
considerados estratégicos para o Estado e (c) que estejam instalados em distritos
industriais localizados em áreas contíguas a unidades prisionais. Programas enquadrados
no Integrar permitem abater determinado percentual quando do pagamento do
financiamento. Ambos, na verdade, constituem-se em um só sistema, de modo que todas
as empresas atualmente beneficiadas pelo FUNDOPEM-RS também o são pelo Integrar.
Em 2020 o Fundopem/Integrar formalizou, por meio das resoluções de seu
Conselho Diretor, a concessão de benefícios fiscais a 39 empresas do Estado. O valor
destes benefícios, correspondentes ao valor dos investimentos aprovados, perfaz 10,7
milhões de UIF/RS15, ou com base na UIF/RS média do ano de 2020 (1 UIF = R$ 26,9416), o
montante de R$ 288,49 milhões. Destaca-se que este valor é potencial, uma vez que, para
as empresas efetivamente receberem os benefícios, deverão comprovar não apenas a
execução dos investimentos e a geração efetiva de emprego, mas também o incremento
em seu faturamento e em sua geração de ICMS.
Aqui, abre-se um parêntese para destacar o conceito de geração de ICMS
incremental, vinculado ao aumento de faturamento da empresa, o qual é essencial para o
conceito do FUNDOPEM-RS atual. O Estado, desta forma, não renuncia a um imposto
existente, mas sim de um imposto que não existiria se a empresa não aumentasse seu
14
Integrantes do Conselho Diretor: Secretário de Estado de Desenvolvimento e Promoção do Inves-
timento (presidente); Secretário de Estado da Fazenda; Secretário de Estado do Planejamento, Gestão e
Participação Cidadã; Secretário de Estado da Agricultura, Pecuária e Agronegócio; Secretário de Estado da
Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico; Secretário de Estado da Economia Solidária e Apoio à
Micro e Pequena Empresa; - Diretor-Presidente da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do
Investimento - AGDI; Diretor-Presidente do Badesul Desenvolvimento S/A - Agência de Fomento/RS; Diretor
representante do Estado no Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul - BRDE; Diretor-Presidente
do Banco do Estado do Rio Grande do Sul S/A - BANRISUL; Presidente do Conselho Deliberativo do Serviço
Brasileiro de Apoio à Pequena e Microempresa - SEBRAE-RS; e Representante do Fórum dos Conselhos
Regionais de Desenvolvimento - COREDES/RS.
Convidados ao Conselho Diretor: Presidentes: Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul
- FIERGS; Federação das Associações Empresariais do Rio Grande Sul - FEDERASUL; Central Única dos Traba-
lhadores - CUT, no Rio Grande do Sul; Força Sindical, no Rio Grande do Sul; Federação das Associações de
Municípios do Estado do Rio Grande do Sul - FAMURS; e Sindicato e Organização das Cooperativas do Esta-
do do Rio Grande do Sul – OCERGS.

15
Indexador para quaisquer valores adotados para fins de incentivo do FUNDOPEM/RS, atualizada
mensalmente pela variação do índice definido pelo Conselho Diretor. A Receita Estadual da Secretaria da
Fazenda divulga mensalmente no Diário Oficial do Estado.
Os valores apresentados nesta Informação, quando expressos em Reais, consideraram a UIF a R$ 26,39,
correspondente a dezembro de 2019.
16
Fonte: Receita Estadual, em : www.receita.fazenda.rs.gov.br/conteudo/6346/uif-rs.

156
faturamento. Desta forma, apenas incentiva-se empresas que, ou não se encontravam
instaladas no Estado, ou que realizaram investimentos e expandiram sua produção e
faturamento.
Comparado a outras modalidades de crédito presumido, em especial
aquelas incidentes nas operações com mercadorias e serviços, há uma menor exposição
da receita de ICMS a perdas decorrentes da concessão de incentivos fiscais em face da
obrigação de geração de ICMS incremental17.
Pode-se, desde já visualizar que se trata de uma parceria entre o Estado e a
empresa incentivada de longa duração, posto que antes ou durante a realização dos
investimentos, a empresa necessita (a) aprovar seu projeto, (b) oferecer garantias, (c)
realizar e comprovar os investimentos e geração de empregos, (d) aumentar seu
faturamento e geração de imposto, (e) financiar parte deste imposto, (f) aguardar o prazo
de carência e (g) amortizar o financiamento com o abatimento do Integrar. O processo
envolve, no mínimo, a Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia -
Sedetur, a Secretaria da Fazenda - Sefaz e o Badesul.
O valor do benefício, a ser apropriado pelo instituto do crédito presumido
é um financiamento de imposto em condições especiais. Entre estas condições destaca-se
a taxa de juros, que em 2020 variou entre 0,5% e 2% ao ano. O abatimento do INTEGRAR-
RS é calculado em função da localização dos empreendimentos, com vistas à
descentralização industrial, da geração de empregos, da qualidade da massa salarial, de
ser setor estratégico, do impacto ambiental e de ser área contígua a unidades prisionais.
Já a geração de empregos pactuada atingiu 587 empregos diretos
De outra banda, os créditos presumidos fruídos em 2020 (ou seja, por
concessões de incentivos concedidos em anos anteriores) alcançou cerca de R$ 102,7
milhões apenas no Inciso LXXVI do art. 32 do Livro I do RICMS.
Invocando um breve histórico tem-se que o FUNDOPEM foi instituído pela
Lei 6.42/1972. Nesta época, o incentivo utilizava recursos orçamentários do Estado,
forma que vigorou até 1987, e hoje está extinta. O Agente Gestor era o BRDE. A partir de
1988 seguiram-se diversas leis, nas quais o incentivo assumiu a natureza de incentivo

17
O conceito de ICMS incremental assim como de outros institutos relevantes consta no parágrafo
único do art. 1º da Resolução do Conselho Diretor do Fundopem nº 04/2013:
Art.1º [...] Parágrafo único - Para os efeitos desta Resolução, considera-se:
a) faturamento bruto incremental, a parcela do faturamento bruto que exceder ao valor estabele-
cido para a base mensal fixa do faturamento bruto;
b) faturamento bruto, a receita bruta decorrente de vendas de mercadorias e outras operações de
circulação de mercadorias constantes no art. 5º;
c) base mensal fixa do faturamento bruto, o valor correspondente à média aritmética do fatura-
mento bruto relativo a período anterior ao protocolo da carta-consulta de solicitação do incentivo;
d) ICMS incremental, a parcela do ICMS devido no mês que exceder à base mensal do ICMS;
e) ICMS devido, o valor do ICMS devido apurado, após os ajustes de que trata esta Resolução;
f) base mensal do ICMS, o valor correspondente à média aritmética do ICMS devido, relativo a perí-
odo anterior ao protocolo da carta-consulta de solicitação do incentivo.

157
fiscal, fundamentalmente através da renúncia de parte ou de todo o ICMS incremental
gerado. Primeiro através de devolução do imposto efetivamente recolhido, e,
posteriormente, com a utilização de crédito presumido (sem recolhimento prévio do
imposto) para compensação na parcela de imposto a pagar. Foram criados programas
setoriais, como o Nosso Emprego e Proplast, entre outros. O Agente Gestor passa a ser o
Banrisul. Os anos de 1997 e 1998 representaram os picos na concessão de incentivos
fiscais no Estado. A partir de 1998 o incentivo passou a ter natureza de financiamento
subsidiado, também calculado e apropriado sob a forma de crédito presumido. O Agente
Gestor passa a ser a CAIXA-RS. A partir de 2003, com a edição da Lei 11.916, o
FUNDOPEM-RS passa a ter a sistemática atualmente vigente. O FUNDOPEM-RS,
simplificadamente, passa a se constituir em um financiamento subsidiado de parcela do
ICMS incremental devido, sendo que, para determinados projetos, notadamente os
localizados em regiões menos desenvolvidas, foi incluída a possibilidade de abatimento
de parte da parcela financiada, com a criação do Programa INTEGRAR.
A Lei do FUNDOPEM-RS foi significativamente alterada com a edição da Lei
Nº 13.843/2011, a qual previu benefícios do Integrar/RS para setores considerados
estratégicos para o Estado, podendo haver diferenciação entre setores considerados
como prioritários, preferenciais e especiais, bem como para empreendimentos que
estejam instalados em áreas contíguas a unidades prisionais. Na redação anterior, existia
previsão de incentivos para empreendimentos de caráter estratégico de forma
excepcional.
Estes projetos são analisados e enquadrados, dentro de critérios
estabelecidos em resoluções do Conselho Diretor, em uma Tabela para Pontuação e
Enquadramento dos Projetos. Leva-se em conta a localização do empreendimento, o
porte da empresa, a geração de empregos, o grau de desenvolvimento tecnológico e o
potencial de poluição. A partir deste enquadramento é definida a pontuação do projeto,
de modo a se definir a taxa de juros do financiamento, a qual é inferior a do mercado, e o
percentual de abatimento deste. Observa-se, a partir na nova redação da Lei 11.916/2013
e da Resolução Normativa Nº 02/2012, grande foco dos benefícios do Integrar
direcionados a setores estratégicos.
A partir da aprovação do projeto apresentado pelas empresas e
comprovação dos investimentos, a empresa pode começar a fruir o incentivo, o qual
consiste, quando da apuração do imposto, a se creditar do valor autorizado. Esta fruição é
controlada pela Sefaz pelo instrumento denominado de crédito presumido, nos termos
do Inciso LXXIV do RICMS. Os Incisos CXXIV e CXLIX também se relacionam com o
FUNDOPEM-RS. Semelhante ao FUNDOPEM-RS também existe o FOMENTAR-RS, o qual
beneficia a indústria automotiva gaúcha, e cujo contrato foi firmado anos atrás e
encontra previsão de fruição no Inciso XXVII do RICMS.
No que diz respeito à operacionalização do Incentivo a parceria entre o
Estado e a empresa incentivada é de longa duração, podendo atingir facilmente mais de
20 anos entre a apresentação da Carta-Consulta pela empresa, o que formaliza o início do
processo, e o término da amortização do financiamento. Sintetiza-se, a seguir, este
processo:

(a) CONCESSÃO: aprovar seu projeto

158
A empresa interessada em obter o benefício deve protocolar junto a
Sedetur/Seadap uma Carta-Consulta, detalhando seu projeto de instalação ou ampliação,
o valor a ser investido, a previsão de geração de empregos, a tecnologia a ser utilizada, e
a comprovação da regularidade quanto as obrigações fiscais e ambientais decorrentes da
legislação vigente, entre outros. Após analisado pela equipe da Sedetur/Seadap e de
grupo técnico integrado por representantes de várias secretarias, o Conselho Diretor
emite uma Resolução estabelecendo as condições do incentivo. Posteriormente, o
Governador emite decreto ratificando os termos da resolução. Estes documentos são
publicados no Diário Oficial do Estado, de forma que é dada publicidade a informações
como a empresa beneficiada, local de instalação, investimento total, percentual de
abatimento, número de empregos existente, incremento de imposto previsto, taxa de
juros, entre outros. A regulamentação desta etapa consta das Resoluções Normativas Nº
01/2012 – Pontuação do Fundopem, Nº 02/2012 – Pontuação do Integrar e Nº 14/2019 –
Sistemática Operacional, todas do Conselho Diretor do FUNDOPEM/INTEGRAR-RS.

(b) CONCESSÃO : oferecer garantias


A concessão de financiamento envolve a apresentação de garantias reais
ou fidejussórias. Normalmente estas são identificadas já quando da apresentação da
proposta pela empresa.

(c) CONCESSÃO: realizar e comprovar os investimentos e geração de


empregos
Após a emissão do Decreto, a empresa necessita comprovar efetivamente
a realização dos investimentos, o que pode ser objeto de fiscalização in loco pela equipe
da Sedetur/Seadap. Esta comprovação pode ser, a critério da empresa, de parte ou da
totalidade dos investimentos realizados. O valor comprovado é autorizado para fruição, o
que ocorre por meio do instrumento denominado de Termo de Ajuste - TA. Se a
comprovação for realizada em etapas, são emitidos os TA’s correspondentes as mesmas,
após a comprovação de cada etapa. O TA contém, também, dados da arrecadação e
geração de imposto atual da empresa, valores calculados pela Sefaz para formar a “base”,
a partir da qual se verifica o incremento da arrecadação. Estes dados estão abrangidos
pelo sigilo fiscal, de modo que não é dada publicidade a este instrumento. A
regulamentação desta etapa consta da Resolução Normativa Nº14/2019 – Sistemática
Operacional, do Conselho Diretor do Fundopem/Integrar.
As 3 etapas até aqui colocadas podem ser visualizadas no fluxograma do
Fundo, disponibilizado no site da Sedetur:

159
FLUXO OPERACIONAL DO FUNDOPEM/RS

Fonte: Site oficial da SEDETUR/RS.

(d) FRUIÇÃO: aumentar seu faturamento e geração de imposto


Autorizada a fruição, a empresa passa a informar, nas Guias de Informação
e Arrecadação do ICMS, o valor que deseja fruir, nos termos do Inciso LXXIV do RICMS.
Compete a Sefaz verificar o real incremento na geração de imposto, bem como os limites
máximos mensais de fruição estipulados. O prazo máximo legal para fruição é de 96
meses, mas, atendendo as condições, a empresa pode fruir em menor tempo. A fruição
do incentivo também se encontra ao abrigo do sigilo fiscal, de modo que os dados de
fruição são disponibilizados pela Sefaz de forma agregada, isto é, o total fruído por todas
as empresas beneficiadas no ano, sem a identificação das mesmas. A regulamentação
desta etapa consta da Resolução Normativa Nº 04/2013 – Regulamento da Apuração do
ICMS e Faturamento Bruto Incremental, do Conselho Diretor do FUNDOPEM/INTEGRAR-
RS.
(e) FRUIÇÃO: financiar parte deste imposto
O valor de cada parcela de crédito presumido utilizado pela empresa passa
a ser objeto de financiamento, a ser gerenciado pelo Badesul - Agência de Fomento. O
financiamento terá vencimento antecipado se a empresa tiver débito decorrente de ICMS
inscrito em dívida ativa, deixar de cumprir compromissos previstos no projeto aprovado
ou tornar-se inadimplente junto ao Badesul.
(f) AMORTIZAÇÃO: aguardar o prazo de carência,
Como em financiamentos normais, é estabelecido um prazo de carência
para o pagamento das parcelas do financiamento. O prazo máximo estabelecido em lei é
de 60 meses de carência, a ser operacionalizado pelo Badesul.
(g) AMORTIZAÇÃO: amortizar o financiamento com o abatimento do
Integrar

160
Após o prazo de carência, o valor de cada parcela deve ser amortizado
junto ao Badesul. Cumpridas todas as exigências, é concedido o abatimento previsto no
Integrar.
Exposta esta síntese, deve-se ressaltar que muitas empresas com projetos
aprovados não conseguem efetivamente receber a totalidade do benefício previsto em
resolução. Entre as diversas razões está a não comprovação dos investimentos e/ou
empregos, ou o não aumento de faturamento ou de geração de imposto.
Como exemplo cita-se o caso de empresas exportadoras, as quais
normalmente acumulam créditos, de modo que, ao não gerar imposto a pagar, não tem
como se beneficiarem. Entretanto, podem apresentar projetos e terem reconhecido seu
benefício potencial, ainda que de difícil utilização. Outra situação são empresas que
podem fruir o benefício do Fundopem, mas também são beneficiadas por outros
dispositivos do RICMS, desde que não simultaneamente, e, a seu critério, optam por estes
últimos.
Quanto aos valores dos benefícios potenciais impende inicialmente
apresentar algumas considerações gerais e a série histórica. Os dados referentes aos
critérios de concessão foram obtidos, fundamentalmente, na atual Sedetur e Seadap. A
norma de regência, além da Lei Nº 11.916/03 e do Decreto 49.205/12 são as Resoluções
do Conselho Diretor Nºs 01 e 02, ambas de 2012.
A seguir apresenta-se a evolução, nos últimos cinco anos, do número de
empresas beneficiadas e do valor total do benefício potencial autorizado. Para tanto,
utilizou-se como critério, a data das Resoluções do Conselho Diretor, haja vista que
formalizam a aprovação do projeto por parte do Governo, ainda que pendente de
ratificação do Governador do Estado por meio da edição de decreto de concessão.
Os próximos gráficos dão conta de evidenciar o histórico de concessões no
âmbito do FUNDOPEM relativamente ao número de empresas beneficiadas, assim com os
valores dos benefícios potenciais.

NÚMERO DE EMPRESAS BENEFICIADAS E VALOR BENEFÍCIO POTENCIAL FUNDOPEM/RS

Número de Empresas Beneficiadas por Ano Valor do Benefício Potencial - R$ x 1.000.000

80 3.000,00
70
2.500,00
60
50 2.000,00
40 1.500,00
30 1.000,00
20
500,00
10
0 0,00
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Fonte: Resoluções do Conselho Diretor do FUNDOPEM/RS.
Cálculos: Equipe SAIPAG.
Obs.: valor dos benefícios considerando-se a UIF a R$ 26,94 correspondentes a média de 2020

161
O gráfico demostra a concessão significativa de benefícios em 2018,
quando atingiram o valor de 93,37 milhões de UIFs, equivalentes, em 2020, a R$ 2,52
bilhões, potenciais. Entretanto, apenas uma empresa foi responsável por 55% deste total.
Em 2020 foram concedidos benefícios a 39 empresas, alcançando 10,7 milhões de UIFs,
equivalentes a R$ 288,5 milhões potenciais.
No tocante à análise afeta às concessões no exercício de 2020, verifica-se
que o menor valor de incentivo potencial foi de 36.054,42 UIFs, equivalentes a R$ 971,3
mil. A empresa beneficiada situa-se na cidade de Farroupilha – Corede Serra, nos termos
da Resolução nº 08/2020 do Conselho Diretor. O maior valor de incentivo potencial
concedido foi de 954.882,15 UIFs, equivalentes a R$ 25,7 milhões, utilizando-se como
conversão o valor médio da UIF no ano de 2020 (R$26,94). A empresa beneficiada
localiza-se na cidade de Porto Alegre – Corede Metropolitano Delta do Jacuí, nos termos
da Resolução nº 23/2020 do Conselho Diretor do FUNDOPEM-RS.
No que tange aos empregos incrementais previstos tem-se que a busca do
pleno emprego é mandamento constitucional expresso no artigo 170, VIII da Constituição
Federal. Nesta esteira, a Lei do FUNDOPEM-RS harmoniza-se com o preceito maior
quando coloca a geração de empregos não só como diretriz, mas também como condição
para a concessão de incentivos, alinhada ao incremento da massa salarial e de sua
qualidade, tal como expresso em seu artigo 4º.
O Conselho-Diretor normatizou a operacionalização desta diretriz para os
financiamentos do FUNDOPEM-RS através das Resoluções Normativas 01 e 0218, ambas
de 2012, referentes, respectivamente, ao FUNDOPEM-RS e ao Integrar/RS. Conforme a
Resolução do Integrar, a geração de empregos é um dos critérios para a determinação da
pontuação da empresa e, portanto, para o percentual de abatimento, considerando-se
conjuntamente o porte da empresa. Um terceiro critério aborda a qualidade da massa
salarial, considerando o salário médio de um ano calendário completo.
Os próximos gráficos dizem respeito ao número de empregos incrementais
e o custo por emprego do FUNDOPEM-RS, série histórica entre os anos de 2011 e 2020.

NÚMERO DE EMPREGOS INCREMENTAIS E CUSTO POR EMPREGO - FUNDOPEM/RS

Número de Empregos Incrementais Custo por emprego

4000 2.500.000,00
3500
2.000.000,00
3000
2500 1.500.000,00
2000
1500 1.000.000,00
1000 500.000,00
500
0 0,00
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

18
A Resolução 01/2012 classifica o Porte da empresa em função de sua Receita Operacional Bruta (ROB):
Micro - ROB < R$ 2,4 milhões; Pequena - $ 2,4 milhões < ROB < R$ 16 milhões; Média - R$ 16 milhões <
ROB < R$ 90 milhões; Média/Grande - R$ 90 milhões < ROB < R$ 300milhões; Grande - ROB > 300 milhões

162
Fonte: Resoluções do Conselho Diretor do FUNDOPEM/RS.
Cálculos: Equipe SAIPAG.

A Resolução Nº 02/2012 previu que o controle de empregos será realizado


por meio de documentos oficiais conforme solicitação do SEADAP, tais como o Cadastro
Geral de Empregados e Desempregados - CAGED, Guia de Recolhimento do FGTS/
Sistema Empresa de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social -
GFIP/SEFIP, entre outros.
Relativamente às concessões que tiveram as Resoluções do Conselho-
diretor do FUNDOPEM/RS formalizadas em 2020 tem-se que as 39 empresas
contempladas projetaram um incremento de 587 empregos diretos. A empresa que
propôs maior incremento de emprego totalizou 64 empregos incrementais. Esta empresa
apresentou projeto para investimento de aproximados 445.973,85 em UIF, equivalentes a
R$ 12,0 milhões. Desta forma, a relação Valor Incentivo/número de empregos alcançou
R$ 187,7 mil/emprego.
A maior relação “incentivo/emprego” esteve presente na concessão para
empresa que recebeu um incentivo de R$ 19,3 milhões e previu um incremento de 03
empregos diretos, perfazendo um valor de R$ 238,4 mil por emprego direto. Já a menor
relação “incentivo/emprego” foi de empresa que recebeu um incentivo de R$ 1,99 milhão
e previu um incremento de 55 empregos diretos, perfazendo um valor de R$ 36,1 mil por
emprego direto.
Deve-se ressaltar que a variação na relação “incentivo/emprego” é normal,
decorrente da atividade de cada empresa e de seu projeto específico, estando dentro das
normativas expressas pelo Conselho Diretor. Optou-se por apresentar esta relação tendo
em vista que uma das diretrizes do Fundopem/Integrar é a geração significativa de
empregos no Estado. Uma análise mais aprofundada pode ser efetuada verificando-se,
em cada contrato, quanto à geração de empregos representa de abatimento potencial do
benefício. Ou seja, a desoneração potencial da empresa por emprego gerado, o que foi
calculado pela Equipe do SAIPAG a partir da Tabela constante do Art., 3º - Segundo
Critério, da Resolução Normativa Nº 02/201219.
Sobre os Coredes e a busca por descentralização industrial destaca-se que
um dos objetivos do INTEGRAR/RS é a redução das desigualdades regionais através da
descentralização da produção industrial. Harmoniza-se, desta forma, com o disposto nos
artigos 170, VII, e 174, §1º da CF e 166, II da CE. A Lei Nº 11.916/2003 determinou que,
uma das possibilidades para concessão do Integrar é que os empreendimentos se
localizem em regiões ou municípios de menor desenvolvimento socioeconômico20. A
delimitação das regiões é feita por meio dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento –
COREDEs, apresentando-se a seguir os valores dos incentivos potenciais e abatimento do
Integrar desta forma. Estes foram classificados em ordem crescente de desenvolvimento

19
Resoluções Normativas Nº 02/2012 - Pontuação da Geração de Emprego – Integrar Percentual de
Abatimento: Máximo: 10%; Mínimo: 2%. Pontuação depende do porte da empresa e do número de
empregos incrementais previstos.
20
De acordo com o Decreto Nº 49205/2012 o indicador de desenvolvimento socioeconômico, para fins de
enquadramento, denominado INTEGRAR/IDESE, será elaborado pela Fundação de Economia e Estatística do
Estado do Rio Grande do Sul - FEE, a partir de critérios estabelecidos pelo Conselho Diretor do
FUNDOPEM/RS.

163
socioeconômico. A análise do IDESE por município comtemplado fugiu ao escopo desta
Informação.
Foram comtemplados 12 dos 28 COREDES existentes no Estado. Os dois
Coredes com menor IDESE, Centro Sul e Fronteira Oeste, não foram beneficiados. As
concessões por COREDE estão sintetizadas na tabela abaixo.

RESOLUÇÕES FUNDOPEM 2020 POR COREDE


Em R$ milhões (nominais) – UIF a 26,94 (média 2020)
COREDE Investimento Empresas Empregos
Metropolitano do Delta do Jacuí 61,3 4 120
Vale do Caí 60,9 7 137
Produção 46,3 4 44
Norte 43,2 4 64
Serra 17,1 5 57
Vale do Rio dos Sinos 15,5 4 37
Paranhana Encosta da Serra 13,4 1 20
Vale do Rio Pardo 9,0 3 27
Hortênsias 8,7 1 30
Médio Alto Uruguai 6,5 2 20
Vale do Taquari 5,3 3 17
Rio da Várzea 1,2 1 14
TOTAL 288,5 39 587
Fonte: Resoluções Fundopem 2020.

Relativamente aos valores de fruição e sua série histórica destaca-se que


somente haverá fruição se, cumulativamente, for atendido o seguinte: 1- geração de
faturamento bruto incremental e 2- geração de ICMS incremental. Esses dois requisitos
por vezes impedem que determinadas empresas, mesmo diante de projetos com
expressivos investimentos fixos aprovados, possam fruir, ou se apropriem de quantias
irrisórias em relação ao investimento fixo realizado. Nos termos do art. 10º do Decreto Nº
49.205 o montante do financiamento não poderá exceder ao valor total do ICMS
incremental pertencente ao Estado, isto é, 75% do ICMS total, uma vez que 25% do ICMS
são distribuídos aos municípios.
Existem ainda limites máximos mensais de fruição, normalmente 9% (nove
por cento) do faturamento bruto incremental, e também um limite do ICMS mensal
incremental devido, em torno de 80%, nos termos fixados em Resolução. Estes limites
mensais evitam que a empresa possa fruir todo o incentivo em tempo muito curto.
O Gráfico a seguir demonstra a fruição ocorrida por meio do Inciso LXXIV
do art. 32 do Livro I do RICMS - o FUNDOPEM-RS:

164
FRUIÇÃO DE CRÉDITO PRESUMIDO – FUNDOPEM – RICMS, LIVRO I, ART. 32, LXXIV – Em Milhões de R$ e UIF

Fruição - Valores em Reais - Inciso LXXIV Fruição - Valores em UIFs - Inciso LXXIV
160,00 7,00
140,00 6,00
120,00 5,00
100,00
4,00
80,00
60,00 3,00
40,00 2,00
20,00 1,00
0,00 0,00
2016 2017 2018 2019 2020 2016 2017 2018 2019 2020
Fonte: Ofícios do Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019, 35/2020 e 31/2021.

Compete ressaltar que, em determinados casos, a empresa beneficiada


pelo Fundopem pode fruir os créditos presumidos, com base na Lei 11.916/2003 e Inciso
LXXIV, ou optar, alternativamente, por benefícios previstos em outros Incisos do Art. 32
do RICMS. Entre os incisos que regulamentam a utilização de créditos presumidos que
não permitem a apropriação cumulativa com este crédito, ou que com ele se relacionam,
encontram-se os Incisos LXXXVIII, XCVIII, XCIX, CXXIV, CXLVII, CXLIX, CL, CLX, CLXIV, CLXV,
CLXVI E CLXXI. Estas condicionantes trazem, sem dúvida nenhuma, complexidade à
fiscalização tributária.
Em relação ao financiamento decorrente das fruições de crédito presumido
do FUNDOPEM/RS é relevante trazer à baila que, nos termos originais do Art. 29 do
Decreto Nº 49.205/2012, o retorno de cada parcela do financiamento previsto no art. 7°
seria destinado 30% ao aumento de capital do Badesul Desenvolvimento S/A - Agência de
Fomento/RS e 30% ao Fundo de Desenvolvimento Regional, criado pela Lei nº
11.181/1998.
O Badesul deveria destinar os recursos financeiros ao fomento de
pequenas e médias empresas sediadas nas regiões ou Municípios enquadrados no inciso I
do art. 18 do Decreto regulamentador e/ou ao fomento de pequenas e médias empresas
sediadas em qualquer região do Estado. Ainda, os recursos destinados ao Badesul
também deveriam ser utilizados para o financiamento dos empreendimentos realizados
no Polo Naval de Rio Grande.
Após a alteração na Lei do FUNDOPEM-RS promovida pela Lei Nº
14.744/2015, 90% do retorno de cada parcela de financiamento do Fundopem se
destinará ao Fundo de Reforma do Estado.
Do ponto de vista contábil a operacionalização do FUNDOPEM-RS se dá da
seguinte forma:
1- O Ativo “Financiamentos a Receber” encontra-se no âmbito do Badesul
Desenvolvimento S/A e é contabilizado a partir do envio de Ofício pela Receita Estadual a
respeito das fruições ocorridas no mês, das quais decorrem novos financiamentos com
prazos de carência e amortização, bem como abatimento do INTEGRAR aplicáveis
conforme legislação e disposições do Termo de Ajuste Celebrado;

165
2- O Badesul efetua a cobrança das parcelas do Financiamento por meio de
boleto às empresas e, quando do recebimento dos valores líquidos do abatimento
INTEGRAR, repassa 90% ao Estado (Fundo de Reforma do Estado), receita orçamentária
no âmbito do Estado do Rio Grande do Sul, a qual é registrada como receita de capital
relativa à desconstituição de fundos; os demais 10% retornam ao Fundopem.
Na referida conta contábil de receita de capital também são contabilizados
os ingressos de valores advindos da venda de direitos creditórios do FUNDOPEM,
operação ocorrida em 2019 e que será abordada adiante.
A tabela a seguir demonstra os valores de receita contabilizados na
supramencionada rubrica orçamentária.

RECEITA DE CAPITAL DECORRENTE DO REPASSE DE 90% DO FUNDOPEM AO ESTADO


Em R$ milhões (nominais)
Receita de Capital 2016 2017 2018 2019 2020
Receita com Desconstituição de Fundos – FUNDOPEM 65,8 123,7 116,7 509,4 45,1
Fonte: CUBOS/DW-SEFAZ/RS

3- No Balanço do Estado o FUNDOPEM encontra-se como conta de Ativo


não-circulante – Investimentos e é mensurado conforme a variação do Patrimônio Líquido
do Fundo - Equivalência Patrimonial.
Os valores de saldo devedor dos financiamentos constituem-se em direitos
do Estado de recebimentos futuros, os quais podem vir a ser objeto de cessão a terceiros
com vistas à antecipação dos fluxos de caixa futuros.
O valor mais elevado, em 2019, decorre da cessão de direitos efetivada
mediante um pregão presencial realizado pela Central de Licitações, por meio desta
operação o governo do Estado vendeu parte de seus créditos do Fundopem/RS. Os
direitos creditórios de 14 contratos de empresas, firmados entre 2005 e 2012, foram
alienados ao Banco ABC Brasil, sendo arrecadados R$ 464,7 milhões. A operação foi
autorizada pelo Conselho Diretor do Fundopem, inobstante a ausência de lei específica,
após análise da PGE.
Os direitos creditórios do Fundopem foram oriundos de diferentes
investimentos incentivados no passado para essas empresas e estavam sendo atualizados
pelo IPCA, com juros de 3 a 5% ao ano. Dados os juros contratuais, o valor oferecido
reflete um deságio em face da diferença de tais taxas para os juros de mercado
relacionados aos prazos das operações, sendo o vencedor da licitação o que ofereceu o
menor deságio para esses contratos. O valor dos créditos, de R$ 489,2 milhões, em
relação ao valor de venda, R$ 464,7 milhões, corresponde a um deságio de 5,3%.
Do valor arrecadado com a venda dos créditos, 10% retornaram ao
Fundopem para o fomento a pequenas e médias empresas sediadas em qualquer região
do Estado e os outros 90% vão para o Fundo de Reforma do Estado.
Os referidos valores foram lançados como receita de capital na mesma
conta em que se contabilizam os repasses pelo Badesul de 90% dos recebimentos
decorrentes dos financiamentos do FUNDOPEM.

166
Portanto, dos R$ 509,4 milhões da tabela alhures referente à receita de
capital de “Desconstituição de Fundos – FUNDOPEM”, aproximadamente R$ 418,2
milhões (90% dos R$ 464,7 milhões da venda dos direitos de crédito) referem-se à
alienação dos recebíveis junto ao Banco ABC Brasil.
Conforme descrito até aqui o FUNDOPEM-RS possui diversas etapas, desde
a apresentação do projeto pela empresa requerente até o pagamento da última parcela
do financiamento oriundo dos créditos presumidos descontados do ICMS incremental
gerado. Pelo fato de anualmente diversos projetos serem objeto de celebração de Termos
de Ajuste, bem como seguirem vigentes acordos firmados em exercícios passados,
quando apurados valores oriundos da operacionalização do FUNDOPEM em determinado
ano, verifica-se simultaneamente a ocorrência dos seguintes fatos:
1- apropriação de Crédito Presumido oriundo de concessões do ano atual e
de anteriores, que culminam na redução do ICMS a recolher;
2- pagamento de parcelas dos financiamentos decorrentes de fruições de
anos anteriores, que resultam no ingresso de receita de capital para o Estado.
Dessa forma, há um fluxo decorrente das concessões no âmbito do
FUNDOPEM ocorridas em diversos exercícios, mas cuja repercussão financeira se dá no
ano em epígrafe, mediante redução da arrecadação de ICMS em virtude da apropriação
do crédito presumido e ingresso de receita ao Estado por meio dos repasses pelo Badesul
de 90% dos valores pagos no âmbito dos financiamentos do Fundopem, além dos
ingressos extraordinários de 90% do recebimento advindo das eventuais vendas dos
direitos creditórios afetos ao citado programa de incentivo financeiro-fiscal estadual.
A próxima tabela evidencia como se deu o referido fluxo financeiro do
FUNDOPEM/RS. Em relação aos valores apropriados a título de crédito presumido foram
somadas as fruições dos seguintes incisos do art. 32 do Livro I do RICMS: XIII e LXXIV.

FLUXO FINANCEIRO DO FUNDOPEM/RS


Em R$ milhões (nominais)
2016 2017 2018 2019 2020
(+) Receita de Capital 65,8 123,7 116,7 509,4 45,1
(-) Crédito Presumido (467,7) (578,2) (239,7) (114,5) (102,7)
(=) Fluxo Financeiro (401,9) (454,4) (122,9) 394,9 (57,6)
Fonte: CUBOS/DW-SEFAZ/RS. Ofícios Receita Estadual nº 185/2019, nº 35/2020 e 31/2021.

Extrai-se da tabela acima que entre 2016 e 2018, e no ano de 2020, o fluxo
financeiro do FUNDOPEM-RS foi negativo, ou seja, a fruição de créditos presumidos
superou o ingresso da receita de capital relacionada ao repasse pelo Badesul dos valores
decorrentes dos pagamentos dos financiamentos. Tal fato se deve, em especial, pelo
abatimento do INTEGRAR, bem como à taxa de juros aplicável aos contratos. A exceção
foi o ano de 2019, no qual o ingresso de receita de capital originada do FUNDOPEM-RS
superou a fruição de crédito presumido, muito em virtude da venda dos direitos
creditórios (vide tópico anterior). Caso não houvesse a referida alienação do direito
relacionado aos recebíveis, o fluxo financeiro seria negativo tal como nos exercícios
anteriores.

167
As concessões no âmbito do FUNDOPEM-RS seguem vigentes por diversos
exercícios, desde a primeira fruição de crédito presumido até a amortização da última
parcela de financiamento.
Como exposto, nem todas as empresas conseguem fruir todo o benefício
potencial concedido, de modo que, no total dos benefícios administrados, a fruição é bem
inferior aos benefícios potenciais. Da mesma forma, tomando-se como referência
temporal de concessão dos benefícios a data da publicação da Resolução do Conselho
Diretor, a fruição pode iniciar-se em prazos variáveis, bem como sua duração, ainda que
possua prazo máximo, também pode variar, a depender da empresa. Fatores como o
prazo de realização dos investimentos e a capacidade de gerar aumento de imposto
impactam decisivamente nestes prazos. Uma análise apurada considerando-se as
especificidades de cada contrato ultrapassa o escopo proposto pelo presente estudo.
Entretanto, sinteticamente, o gráfico a seguir tenta colocar as curvas de concessão e
fruição de incentivos em um mesmo referencial.
O Gráfico a seguir projeta as etapas – fruição, carência e amortização
(pagamentos do empréstimo e abatimento) - dos 27,1 milhões de UIFs de incentivos
concedidos por meio das Resoluções de 2019 ao longo da vigência de mais de 20 anos dos
contratos. A parte inferior do eixo das ordenadas representa os gastos tributários por
parte do Estado: financiamento no ICMS e abatimento na parcela amortizada. A parte
superior do eixo das ordenadas representa os direitos do Estado em relação ao
financiamento concedido (financiamentos a receber/valores amortizados).
A perspectiva exposta pelo próximo gráfico é do ponto de vista patrimonial
do Estado do Rio Grande do Sul. Ilustra-se que, no momento da fruição do crédito
presumido, ocorre a denominada Variação Patrimonial Qualitativa no Balanço do Estado,
uma vez que os valores que deixam de ingressar na forma de arrecadação de ICMS
passam a compor a rubrica de Financiamentos a Receber, um direito que consta no Ativo
do Ente Público, analisando o Balanço Patrimonial de forma consolidada.
É importante frisar que cada fruição de crédito presumido dá início a um
financiamento específico com prazos de carência e amortização definidos nos Termos de
Ajustes celebrados entre o Estado e as Empresas. De tal sorte que, se um determinado
acordo foi celebrado com prazo de fruição de 96 meses, carência de 60 meses e
amortização de 96 meses, estes que são os maiores prazos possíveis conforme legislação
do FUNDOPEM-RS, o período total desde a primeira apropriação de crédito presumido
até o último pagamento de parcela referente à amortização do financiamento é de 252
meses, ou 21 anos.

168
PROJEÇÃO CONCESSÕES FUNDOPEM/RS – 2019
15.000,00

10.000,00

5.000,00

(5.000,00)

(10.000,00)

(15.000,00)
20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39
Fruição Acumulada Financiamento a receber (Principal) Financiamento a receber (Juros)
Pagamentos Acumulados (Principal) Pagamentos Acumulados (Juros) Abatimento INTEGRAR
Fonte: Resoluções do Conselho Diretor do FUNDOPEM/RS.
Cálculos e simulações: Equipe SAIPAG.

No gráfico acima foram adotadas as seguintes premissas, utilizadas a fim


de consolidar as concessões do ano de 2019, realizadas por meio de Resoluções do
Conselho Diretor do Fundopem:
- Fruição atingindo 50% do total dos Investimentos previstos;
- Prazos de fruição, carência e amortização obtidos através da média,
entendida esta como a soma de cada um dos prazos constantes das Resoluções dividida
pelo total de Resoluções de concessão editadas em 2019;
- Taxa de Juros e percentual de abatimento do INTEGRAR, calculados pelas
médias de taxa juros e percentual de abatimento constantes nas resoluções de
concessão, na mesma forma do item acima;
- Valores em UIF, de modo a mitigar eventuais efeitos da atualização
monetária através do IPCA, índice de preços que corrige os valores dos contratos de
financiamento bem como serve de referência para atualização dos valores de conversão
da UIF em Reais.
Analisando as informações projetadas pelo gráfico verifica-se que a efetiva
renúncia de valores pelo Estado se dá apenas no momento da Amortização do
financiamento por meio dos abatimentos previstos no INTEGRAR.
A operação de venda de direitos creditórios, citada alhures, consiste numa
espécie de antecipação dos valores constantes da rubrica “Financiamentos a receber”,
com a devida ressalva de que no caso concreto de cessão dos direitos, ocorrida em 2019,
os valores correspondem a concessões no âmbito do FUNDOPEM-RS anteriores ao
mencionado exercício.
No tocante aos juros que incidem sobre os financiamentos é importante
referir que a Lei Nº 11.916/2003, em seu artigo 5º, previa que o financiamento teria juros

169
de até 6% a.a.. Este percentual foi reproduzido nos artigos 7º dos Decretos Nº
42.360/2003, hoje revogado, e Nº 49.205/2012, regulamentadores do Fundopem. A
Resolução Normativa Nº 01/2012, atualizada até a Resolução Normativa Nº 15/2019, do
Conselho Diretor, em seu Anexo IV, restringiu os percentuais estabelecidos na Lei e nos
Decretos, estabelecendo uma taxa de juros máxima de 2% a.a..
Para tornar possível a ilustração comparativa no que diz respeito à taxa de
juros aplicável ao FUNDOPEM-RS propõe-se, a partir das premissas da simulação acima,
capitalizar novamente os potenciais financiamentos por meio da taxa média de juros das
concessões de 2019 (IPCA + 1,15% a.a.), bem como por meio da taxa de juros aplicável ao
principal contrato da dívida do Estado do Rio Grande do Sul perante a União, o qual é
remunerado por IPCA + 4% a.a..
Tendo em conta que os valores da UIF são atualizados pela variação do
IPCA, para fins de simulação, os valores capitalizados da série estarão dispostos na citada
Unidade referencial com a incidência das respectivas taxas de juros.
O gráfico a seguir demonstra como seria o comportamento dos juros sobre
os valores potencial financiados, comparando-se a taxa média aplicada às concessões de
2019 do FUNDOPEM-RS com a taxa de juros que incide sobre o principal contrato da
dívida do Estado do RS.

SIMULAÇÃO COMPARATIVA DOS JUROS DA DÍVIDA DO RS X JUROS FUNDOPEM/RS

600,00

500,00

400,00

300,00

200,00

100,00

-
20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39

FUNDOPEM (IPCA + 1,15% a.a.) Dívida do Estado (IPCA + 4,00% a.a.)


Fonte: Resoluções do Conselho Diretor do FUNDOPEM/RS.
Juros da Dívida RS: Relatório e Parecer Prévio 2018.
Cálculos e simulações: Equipe SAIPAG.

Com base no cenário proposto pelo gráfico acima, identifica-se que o


incentivo financeiro-fiscal do FUNDOPEM se dá tanto nos abatimentos do INTEGRAR
como na utilização de taxas de juros atrativas para financiar os investimentos, as quais
são bastante inferiores àquela constante do maior contrato da dívida pública do RS.
Diante do exposto conclui-se que o processo de incentivo financeiro-fiscal
do Fundopem/Integrar pressupõe uma parceria de longa duração com as empresas que
procuram o Estado para apresentar seu projeto e se candidatar a receber estes
benefícios, que se constituem em empréstimos para pagamento do ICMS Incremental,
ainda que em condições especiais, inclusive com direito a abatimento de parte do valor.

170
Em muitos casos, o benefício do Fundopem concorre com outras desonerações via o
instituto do crédito presumido, podendo a empresa optar pelo benefício que mais lhe
convém.
Envolve a concessão dos benefícios, etapa fundamentalmente a cargo da
Sedetur/SEADAP, a qual é, em sua maior parte, tornada pública, e são previstos valores
potenciais de desoneração fiscal. Passa pela fruição dos incentivos, etapa
fundamentalmente a cargo da Sefaz e protegida pelo sigilo fiscal. Aqui cabe observar que,
na média, os valores efetivamente fruídos em relação aos valores potenciais, são
significativamente inferiores, posto que muitas empresas: ou não conseguem fruir ou sua
fruição é muito baixa.
E este processo termina em uma terceira etapa, fundamentalmente a
cargo do Badesul, onde parte do valor fruído (“emprestado”) retorna aos cofres públicos.
Diga-se que, em 2019, excepcionalmente com a venda de parte destes direitos
creditórios, retornou ao Estado valor superior à desoneração efetuada.
Analisando-se duas das diretrizes do Fundo, a geração de emprego e a
diminuição das desigualdades sociais, verificam-se resultados discretos. Entretanto,
comparando-se o processo do Fundopem com a desoneração pura e simples efetuada por
meio de isenções fiscais ou concessão de crédito presumido, ficam evidentes inúmeras
vantagens: não se renuncia a todo o imposto, mas apenas de parte de seu incremento, ou
seja, uma parcela de imposto que não existiria se a empresa não aumentasse seu
faturamento; apoia-se a realização de investimentos no Estado do Rio Grande do Sul; e os
valores emprestados devem ser respaldados por garantias efetivas.

3.2.1.5.8.3 – Outras hipóteses de Créditos Presumidos


Os créditos presumidos não incidentes nas operações com mercadorias,
tampouco vinculados a investimentos (Fundopem e equivalentes), foram segregados
entre os que estão relacionados à execução de políticas públicas e às que representam
ressarcimento de taxas de serviços.
O total de crédito presumido apropriado nesses dois grupos foi de R$ 105,9
milhões, em 2020, tendo variado positivamente 87,6% em relação à fruição atualizada de
2019 (R$ 56,5 milhões).
Os créditos concedidos atrelados à execução de políticas públicas foram os
principais responsáveis por essa variação, tendo ocorrido aumento de fruição nos
programas das áreas de Cultura, Esporte, Social e Segurança Pública, como se verificará
no tópico próprio a respeito dessa modalidade de benefício fiscal.

3.2.1.5.8.3.1 – Políticas Públicas


O instituto do crédito presumido na maioria das hipóteses regulamentares
é utilizado como instrumento de intervenção econômica por parte do Estado por meio da
desoneração de processos produtivos e comerciais, incentivo aos produtores locais,
atração de investimentos, geração de emprego e renda; todavia, o referido benefício
fiscal também serve como referência para a operacionalização de políticas públicas, as
quais deixam de concorrer por recursos no orçamento público e os obtêm por meio de
gastos tributários.

171
Exemplificativamente, citam-se os créditos presumidos relacionados a
Projetos Culturais, Esportivos, de assistência social, e ao aparelhamento da segurança
pública (PISEG).
No caso dos programas de incentivo às áreas da Cultura, Esporte e
Assistência Social, as empresas patrocinam projetos nessas áreas e, com base nos valores
pagos no âmbito desses projetos, podem fruir créditos presumidos descontados do ICMS
devido.
Na área da Segurança Pública o destaque está por conta do Programa de
Incentivo ao Aparelhamento da Segurança Pública do Estado do Rio Grande do Sul -
PISEG, criado pela Lei Complementar nº 15224/2018. Os descontos no ICMS devido são
permitidos nos casos de aportes de valores em projetos estaduais com o fim de aquisição
de bens e equipamentos aos órgãos de Segurança Pública do Estado, bem como injeção
de valores no Fundo Comunitário Pró-Segurança.

CRÉDITO PRESUMIDO
POLÍTICAS PÚBLICAS
Em Milhares de R$
Fruição Fruição Variação (%)
ÁREA APOIADA Participação 2020 (%)
2019* 2020 2019/2020
Cultura 22.351,2 36.360,5 46,5 62,7
Segurança Pública 546,5 16.890,9 21,6 2990,7
Esporte 6.861,0 16.776,8 21,4 144,5
Social 310,3 8.215,5 10,5 2547,7
CP POLÍTICAS PÚBLICAS 30.068,9 78.243,6 100,0 160,2
Fonte: Ofícios Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019, nº 35/2020 e nº 31/2021.
Classificação dos Incisos conforme redação adotada no RICMS.
(*) Valores atualizados pelo IPCA/IBGE médio.

As fruições em função de projetos na área da Cultura atingiram os maiores


montantes nesse grupo de créditos presumidos, num total aproximado de R$ 36,4
milhões, quantia que obteve aumento real de 62,7% frente à apropriação em 2019 e
representou 46,5% das apropriações voltadas a políticas públicas. Na sequência aparecem
os gastos tributários no âmbito do PISEG, com cifras próximas a R$ 16,9 milhões de modo
que o aumento significativo de 2990,7% frente aos pouco mais de R$ 500 mil utilizados no
exercício anterior é explicado pela recente criação do programa. Áreas do esporte e social
completam a lista com valores em torno de R$ 16,8 milhões e R$ 8,2 milhões aplicados
em projetos e descontados do ICMS devido.
As hipóteses do Regulamento do ICMS supramencionadas são objeto de
controle concomitante por parte dos órgãos responsáveis por cada política pública no que
concerne à fiscalização dos projetos, e a Secretaria da Fazenda em relação à fruição dos
créditos presumidos. O crescimento nos valores totais apropriados de 160,2%
aumentando a utilização de R$ 30,1 milhões, em 2019, para R$ 78,2 milhões no ano de
2020 sinalizam maiores investimentos nessas áreas, mesmo que de forma indireta pelo
Poder Público lançando mão dos gastos tributários.

172
3.2.1.5.8.3.2 –Ressarcimento de Taxas
Constam no RICMS hipóteses de crédito presumido que possuem clara
vinculação a taxas de serviço pagas pelos contribuintes. Esses dispositivos podem estar
indiretamente vinculando valores de arrecadação de imposto à despesa específica, as
quais deveriam estar sendo financiadas por taxa, situação que fere o disposto na
Constituição Federal, art. 167, IV – princípio da não-vinculação da receita de impostos.

Art. 167. São vedados:


[...] IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa,
ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se
referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços
públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para
realização de atividades da administração tributária, como determinado,
respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias
às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º,
bem como o disposto no § 4º deste artigo;

Com as mencionadas particularidades, notadamente prerrogativas de


ressarcimento de taxas de serviços encontram-se os seguintes incisos do art. 32 do Livro I
do Regulamento do ICMS:
- Inciso XIX, destinado à Indústria Vinícola – Crédito presumido para
ressarcimento ao pagamento de taxa estadual (L. 8109/85).

XIX - no período de 1º de março de 2013 a 31 de dezembro de 2020, às


indústrias vinícolas e às produtoras de derivados da uva e do vinho, limitado ao
valor devido e pago em razão da incidência da taxa prevista no item 7 do Título
VI da tabela anexa à Lei nº 8.109, de 19/12/85, calculado por tonelada de uva
industrializada, conforme segue:
NOTA - A apropriação deste crédito fiscal presumido não está sujeita aos limites
e condições previstos nas notas 02 e 05 do "caput" deste artigo.

TIPO DE UVA QUANTIDADE


UPF-RS / t
a) uva americana e híbrida, exceto
se industrializada por EPP 2,6271
b) uva vinífera, exceto se industriali- 4,3786
zada por EPP
c) uva americana e híbrida, industri- 0,5254
alizada por EPP
d) uva vinífera, industrializada por 0,8757
EPP

- Inciso CXLII, destinado ao Fundomate – Crédito presumido para


ressarcimento ao pagamento de taxa estadual (L. 8109/85).

173
CXLII - até 31 de dezembro de 2020, aos estabelecimentos industriais de erva-
mate, em montante igual:
NOTA - A apropriação deste crédito fiscal presumido não está sujeita aos limites
e condições previstos nas notas 02 e 05 do "caput" deste artigo.
a) ao valor pago em razão da incidência da taxa prevista no item 10 do Título VI
da tabela anexa à Lei nº 8.109, de 19/12/85; ou
NOTA - O dispositivo mencionado refere-se à taxa destinada ao Fundo de
Desenvolvimento e Inovação da Cadeia Produtiva da Erva-Mate do Estado -
FUNDOMATE, criado pela Lei nº 14.185, de 28/12/12.
b) na hipótese da redução prevista no § 19 do art. 6º da referida Lei, à soma do
valor pago à entidade representativa do setor ervateiro que tenha celebrado
convênio com a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio com o valor
da taxa referida na alínea "a";

– Inciso CXXXII, destinado ao Fundovinos – Crédito presumido para


ressarcimento ao pagamento de taxa estadual (L. 8109/85).

CXXXII - no período de 1º de setembro de 2012 a 31 de dezembro de 2020, aos


estabelecimentos comerciais e industriais, em montante igual ao valor devido
em razão da incidência da taxa prevista no item 8 do Título VI da tabela anexa à
Lei nº 8.109, de 19/12/85, limitado ao valor pago;
NOTA 01 - A apropriação deste crédito fiscal presumido não está sujeita aos
limites e condições previstos nas notas 02 e 05 do "caput" deste artigo.
NOTA 02 - O dispositivo mencionado refere-se à taxa destinada ao Fundo de
Desenvolvimento da Ovinocultura do Estado - FUNDOVINOS, criado pela Lei nº
11.169, de 08/06/98.

- Inciso CLVI, destinado à Indústria de laticínios – Crédito presumido para


ressarcimento ao pagamento de taxa estadual (L. 8109/85).

CLVI - no período de 23 de junho de 2014 a 31 de dezembro de 2020, aos


estabelecimentos industriais de laticínios, em montante igual a 50% (cinquenta
por cento) do valor pago em razão da incidência da taxa prevista no inciso I do
item 11 do Título VI da Tabela de Incidência anexa à Lei nº 8.109, de 19/12/85;
NOTA - A apropriação deste crédito fiscal presumido não está sujeita aos limites
e condições previstos nas notas 02 e 05 do "caput" deste artigo.

Entende-se que as hipóteses presentes no RICMS voltadas ao


ressarcimento de Taxas de Serviços por meio da apropriação de créditos presumidos
implicam na desobediência ao Princípio Constitucional da não-vinculação da Receita de
Impostos, insculpido no inciso IV do art. 167 da Constituição Federal.
A próxima tabela evidencia a fruição total de crédito presumido em relação
aos dispositivos do Regulamento do ICMS do Estado do Rio Grande do Sul que têm como
base de sua incidência o pagamento de taxas de serviços pelas empresas beneficiadas.

174
CRÉDITO PRESUMIDO
RESSARCIMENTO DE TAXAS DE SERVIÇO
Em Milhares de R$
Fruição Fruição Variação (%)
ÁREA APOIADA Participação 2020 (%)
2019* 2020 2019/2020
Fundovit (Vinícolas) 24.052,0 24.357,5 88,1 1,3
Fundomate 1.136,3 1.576,7 5,7 38,8
Fundoleite 568,2 961,6 3,5 69,3
Fundovinos 635,9 759,0 2,7 19,4
CP Ressarcimento Taxas de Serviço 26.392,3 27.654,8 100,0 4,8
Fonte: Ofícios Gabinete da Receita Estadual nº 185/2019, nº 35/2020 e nº 31/2021.
Classificação dos Incisos conforme redação adotada no RICMS.
(*) Valores atualizados pelo IPCA/IBGE médio.

O crédito presumido apropriado como forma de Ressarcimento da Taxa de


Serviços ligada à Indústria Vinícola atingiu os maiores montantes nesse grupo de créditos
presumidos, num total aproximado de R$ 24,1 milhões, quantia que obteve aumento real
de 1,3% frente à apropriação em 2019 e representou 88,1% das fruições que permitem
ressarcimento de taxas. Na sequência aparecem os valores do Fundomate, com cifras
próximas a R$ 1,6 milhão, aumento de 38,8% em relação ao exercício anterior. O
ressarcimento das taxas do fundoleite e fundovinos completam a lista com valores em
torno de R$ 961,6 mil e R$ 759,0 mil pagos a título de taxas e descontados do ICMS
devido, posteriormente.
Por fim, sem prejuízo do debate acerca da aderência dos créditos
presumidos em epígrafe aos ditames constitucionais, positivados no inciso IV do art. 167
da Carta Política, ao ressarcir taxas, que são receitas correntes, pode ocorrer uma
superavaliação da Receita Corrente Líquida – RCL e da Receita Líquida de Impostos e
Taxas - RLIT, as quais têm repercussão em diversos indicadores de Gestão Fiscal, como
limites de despesa com pessoal e da dívida pública, calculados em relação à RCL; bem
como a aplicação de recursos em saúde e educação, influenciadas pela RLIT.

3.2.1.5.8.4 – Maiores fruições


As maiores fruições de crédito presumido serão analisadas a partir de duas
óticas: por dispositivo do art. 32 do Livro I do RICMS e pelas empresas que mais se
apropriaram de créditos presumidos numa abordagem de dados consolidados sem a
exposição dos contribuintes como forma de proteção ao sigilo fiscal. Ambas as análises
correlacionam informações com os valores arrecadados a título de ICMS.
No que diz respeito aos incisos por meio dos quais foram fruídos créditos
presumidos cumpre destacar que houve utilização de algum valor pelos contribuintes em
cento e oito dos dispositivos. A tabela a seguir destaca as fruições e participação relativa
dos dez, vinte, trinta, quarenta e cinquenta incisos de maiores valores apropriados, em
2020.

CRÉDITO PRESUMIDO
MAIORES FRUIÇÕES (por inciso do art. 32)
Em Milhões de R$
Descrição TOP 10 TOP 20 TOP 30 TOP 40 TOP 50
Fruição 2.020,7 2.852,2 3.255,6 3.480,3 3.612,1

175
CRÉDITO PRESUMIDO
MAIORES FRUIÇÕES (por inciso do art. 32)
Em Milhões de R$
Descrição TOP 10 TOP 20 TOP 30 TOP 40 TOP 50
Participação Fruição CP (%) 53,4% 75,4% 86,1% 92,1% 95,5%
Fonte: Ofício Gabinete da Receita Estadual nº 31/2021.
Cálculos: Equipe SAIPAG.

As informações da tabela acima indicam que os dez incisos de maiores


fruições responderam por 53,4% do valor utilizado de Crédito Presumido com totais
somados de R$ 2,0 bilhões. Incluídas as vinte hipóteses com as apropriações de maior
valor atinge-se a marca de R$ 2,9 bilhões, representando 75,4% do total. As cinquenta
maiores possibilidades regulamentares praticamente chegam ao total utilizado ao chegar
à marca de 95,5% com R$ 3,6 bilhões fruídos.
Nessa esteira, serão analisados os vinte (20) incisos com os valores mais
representativos de crédito presumido, os quais somaram, em 2020, o montante de
fruição de R$ 2.852.157.886,49 representando 75,4 % do total de R$ 3.780.694.900,20
apropriados nesse instituto de desoneração tributária, em 2020.
No tocante à arrecadação de ICMS aos cofres do Estado do Rio Grande do
Sul, cumpre citar que, conforme os dados informados pela Receita Estadual, os mil e
cinquenta (1.050) contribuintes que se beneficiaram de créditos presumidos nos vinte
(20) incisos mais representativos de crédito presumido recolheram o montante de R$
2.887.728,374,59 a título do citado imposto estadual. Vê-se que o total arrecadado de
ICMS junto aos contribuintes que se apropriaram de crédito presumido nos vinte (20)
enquadramentos de maior fruição foi superior ao valor renunciado do imposto nesses
incisos.
O quadro a seguir destaca algumas informações econômicas relevantes
acerca de dezoito dos vinte dispositivos com as maiores fruições, com a ressalva de que
dois incisos não terão seus valores divulgados nem serão identificados para fins de
preservação do sigilo fiscal.

Crédito Presumido - Art. 32- Resumo dos Incisos mais representativos – Parte Econômica

Em milhões de R$ nominais.
(CP/empresas)
Quantidade

arrecadado
Presumido

(CP/ICMS)
Empresas

Relação
Crédito
Objeto

Média
Inciso

ICMS

VII Chapas e bobinas de aço 321,8 27 11,9 499,4 0,64


XI, A Agregar Carnes 204,9 110 1,9 155,9 1,31
XI, C Agregar Carnes 204,4 104 2,0 151,5 1,35
XXI Serviço transporte 93,6 662 141,5 450,4 0,21
XXVI Indústria de Queijos 149,9 45 3,3 224,5 0,67
XXXV Linguiça, mortadela, salsicha 74,4 41 1,8 373,1 0,20
XXXVI Leite em pó 70,9 12 5,9 292,9 0,31
LXIII Leite fluido 131,7 13 10,1 292,1 0,42
LXXI Fertilizantes 119,7 4 29,9 19,8 6,05
LXXIV Fundopem/RS 102,7 83 1,2 670,8 0,15

176
Crédito Presumido - Art. 32- Resumo dos Incisos mais representativos – Parte Econômica

Em milhões de R$ nominais.

(CP/empresas)
Quantidade

arrecadado
Presumido

(CP/ICMS)
Empresas

Relação
Crédito
Objeto

Média
Inciso

ICMS
LXXVI Far. Trigo e misturas 118,0 31 3,8 157,9 0,75
LXXXII Carnes/prod abate aves e suínos 160,5 21 7,6 324,7 0,49
LXXXVIII Biodiesel 412,1 9 45,8 154,5 2,67
CVI Leite p/ queijo 73,9 40 1,8 145,1 0,51
CVII Leite prod rural 77,5 18 4,3 307,9 0,25
CXXVI Carnes aves 82,6 21 3,9 237,4 0,35
CLXVII Inf. E Automação 59,8 39 1,5 65,3 0,92
CLXXVI Leite p/queijo exc. Requeijão 78,0 11 7,1 291,3 0,27
Soma 2.536,4
Fonte: Ofício Gabinete da Receita Estadual nº 31/2021.
Cálculos: Equipe SAIPAG.

Extrai-se do excerto que, excetuados os dois incisos protegidos por sigilo


fiscal, em relação aos demais dezoito dispositivos posicionados entre aqueles com
maiores valores de fruição, em 2020, houve apropriação dos créditos presumidos por um
número significativo de empresas. Também é possível identificar que esses mesmos
contribuintes que se beneficiam dos créditos fiscais arrecadam importantes valores de
ICMS aos cofres públicos.
A relação entre a fruição de crédito presumido e a arrecadação de ICMS
demonstra que em catorze incisos em que o valor da referida relação está abaixo de 1,00
houve maior arrecadação de ICMS pelas empresas do que fruição dos créditos
presumidos. Todavia, os índices devem ser analisados com cautela, pois uma mesma
empresa pode ter fruído em mais de um enquadramento do instituto do crédito
presumido de modo que a referida divisão (CP/arrecadação ICMS) pode, assim, superar
1,00, ou seja, apropriações do crédito fiscal por um mesmo contribuinte, quando
somadas, superariam os valores arrecadados de ICMS por este sujeito passivo.
No que toca às empresas que mais fruíram créditos presumidos procura-se
ilustrar dados consolidados a fim de não ferir o sigilo fiscal dos contribuintes. Na tabela a
seguir constam dados de apropriação de crédito presumido e uma correlação com a
arrecadação de ICMS pelas cinquenta, cem e quinhentas empresas que mais lançaram
mão, em termos de montantes utilizados, de créditos presumidos no ano de 2020.

CRÉDITO PRESUMIDO
CONTRIBUINTES COM MAIORES FRUIÇÕES
Em Milhões de R$
Contribuintes no
Participação Participação
Descrição Fruição CP Arrecadação ICMS Top 50
Fruição (%) ICMS (%)
ICMS
TOP 50 Fruição CP 2.466,5 65,2% 6.212,5 17,2% 07
TOP 100 Fruição CP 2.928,5 77,5% 9.265,8 25,6% 09
TOP 500 Fruição CP 3.620,8 95,8% 13.754,5 38,0% 21

177
CRÉDITO PRESUMIDO
CONTRIBUINTES COM MAIORES FRUIÇÕES
Em Milhões de R$
Contribuintes no
Participação Participação
Descrição Fruição CP Arrecadação ICMS Top 50
Fruição (%) ICMS (%)
ICMS
Todas 2165 Fruições CP 3.780,7 100,0% 17.247,9 47,6% 27
Fonte: Ofício Gabinete da Receita Estadual nº 31/2021.
Cálculos: Equipe SAIPAG.

Com base nas informações da tabela acima, verifica-se que as cinquenta


empresas que mais se apropriaram de créditos presumidos utilizaram a soma de R$ 2,47
bilhões, ou 65,2% do total, e em termos de arrecadação contribuíram com 17,2% dos
ingressos de ICMS no ano de 2020, total de R$ 6,21 bilhões, mais do que o dobro da
renúncia fiscal da qual se beneficiaram, em que pese apenas sete desses contribuintes
terem figurado no ranking dos cinquenta maiores recolhedores de ICMS.
A quantidade de beneficiários de créditos presumidos vai aumentando
entre os “Top 50” de Arrecadação de ICMS à medida que se eleva o número analisado da
amostra, até atingir o total de vinte e sete dos cinquenta maiores recolhedores, quando
considerada a totalidade de contribuintes que se valeram de descontos do ICMS devido
pela via da presunção do crédito (2165 empresas).
As informações evidenciam que há substanciais ingressos de receita de
ICMS ao Tesouro, advindos de empresas que se beneficiam de créditos presumidos,
chegando ao total de R$ 17,25 bilhões de ICMS recolhido por essas empresas contra R$
3,78 bilhões de renúncia na forma de crédito presumido.
Dessa forma, verifica-se que o instituto do crédito presumido, no rol das
desonerações fiscais praticadas no âmbito do ICMS, é o que envolve a maior
complexidade para compreensão e análise. A referida modalidade de benefício fiscal é
utilizada de várias formas: para operacionalizar termos de acordo celebrados; pode incidir
na entrada de insumos; na saída de bens ou serviços, seja por meio de operações
internas, interestaduais, nacionais ou mesmo na importação de produtos. Apenas uma
pequena parte das hipóteses regulamentares exige o cumprimento de contrapartidas,
como, por exemplo, a geração de emprego ou renda; mas muitas apresentam
condicionantes ou limitações de utilização; a base de cálculo do crédito presumido a
apropriar varia, podendo ser o ICMS devido após o confronto de débitos e créditos, o
valor das entradas, das saídas, ou mesmo do imposto incidente na operação. Dessa
forma, sua regulamentação é altamente flexível. E, ao contrário de desonerações como
isenção e redução de base de cálculo, nas quais se conhece o valor das desonerações
pelas notas fiscais, este benefício aparece apenas como uma redução de imposto a pagar
quando de sua apuração, ou seja, nas GIAs. Sendo assim, é a desoneração menos
transparente para a sociedade.
Sob a ótica econômica foi possível identificar que, de uma forma geral,
embora ocorra renúncia de parte do ICMS devido, as empresas beneficiadas recolhem
valores significativos a título desse imposto estadual. Sendo assim, pode haver risco de
perda de arrecadação no futuro caso haja revogação dos créditos presumidos sem prévia
e cuidadosa análise econômica.

178
De outra sorte, verifica-se a existência de múltiplas hipóteses de
apropriação de benefícios fiscais, aparentemente, voltadas aos mesmos setores as quais
poderiam ser objeto de avaliação com vistas à revisão para simplificação da legislação, de
modo a reduzir os custos do Estado com o controle do cumprimento das regras, o que
garantiria também aos contribuintes maior grau de certeza acerca do tratamento
tributário a ser dispensado nas suas operações.
O cenário ideal envolveria a possibilidade de adoção de regras nas
hipóteses do RICMS de crédito presumido que fortalecesse o monitoramento com uso
das ferramentas de tecnologia da informação a partir de dados constantes nos
Documentos Fiscais Eletrônicos ou obrigações acessórias, como o caso das GIAs.
Alterações do RICMS, aqui se ressalta, são questões de Governo, as quais ultrapassam a
competência da Receita Estadual, sendo o Parecer Prévio o fórum por excelência para
tratar do tema no âmbito do TCE. Ainda, conforme resposta a Requisição de Documentos
asseverou-se que, atualmente, são passíveis de verificação via sistema as principais
ocorrências que requeiram fiscalização pela Receita Estadual.
No entanto, verifica-se que o número de servidores designados pela
Receita Estadual a atividades-chave para concessão, revisão e monitoramento dos
benefícios fiscais é bastante reduzido, sendo que em alguns dos processos não há
dedicação exclusiva à atividade. Não obstante esta constatação, na resposta a RD
mencionada, a Receita Estadual informa as ações de fiscalização das desonerações “via
sistema” em andamento, as quais integram seu Planejamento Estratégico.
De outra banda, há que se ponderar que o crédito presumido se constitui
como instrumento típico de “guerra fiscal” pelas suas peculiaridades, em particular a
flexibilidade na sua aplicação, uma redução neste benefício fiscal pode prejudicar o
Estado nesta espécie de “competição”, a qual hoje visa não apenas atrair ou ampliar
empresas, mas também mantê-las operando no Estado.
Por tudo que foi exposto, tem-se forte convicção de que não existe uma
solução fácil e rápida para aumentar significativamente a arrecadação via diminuição das
desonerações fiscais, crédito presumido incluso. Há sim a necessidade de ações junto à
regulamentação do imposto, à forma de atuação da fiscalização (o que, diga-se, vem
sendo feito) conjugado com o fortalecimento de seu quadro de pessoal, isto aliado aos
estudos sobre os reais ganhos econômicos, para a sociedade gaúcha, que as
desonerações de cada cadeia produtiva trazem. Este relatório, ao identificar os 20 incisos
mais representativos do art. 32 do Livro I do RICMS, correspondentes em valores a 75,4%
da fruição em 2020, pode servir para priorizar estas ações.

3.2.1.5.9 – Aplicação das desonerações de Estados da mesma região (LC nº 160,


art. 3º, § 8º)
Com o advento da Lei Complementar nº 160/2017 os Estados e o Distrito
Federal ficaram autorizados a celebrar convênio com fins de remissão dos créditos
tributários em decorrência de concessões efetuadas em contrariedade ao disposto na
Constituição Federal, art. 155, § 2º, XII, “g”. Além das disposições acerca da remissão,
recém referida, destaca-se o disposto no § 8º do artigo 3º no que concerne à
possibilidade de os Estados aderirem aos benefícios fiscais concedidos ou prorrogados
por outra UF pertencente à mesma região:

179
Art 3º [...] § 8º As unidades federadas poderão aderir às isenções, aos
incentivos e aos benefícios fiscais ou financeiro-fiscais concedidos ou
prorrogados por outra unidade federada da mesma região na forma do § 2º,
enquanto vigentes.

Extrai-se do excerto que o Estado do Rio Grande do Sul está autorizado a


conceder benefícios fiscais semelhantes aos de Paraná e Santa Catarina e estes Estados
podem replicar concessões eventualmente praticadas pelo RS.
O Convênio ICMS nº 190/2017 tratou de regulamentar os termos da
legislação complementar supramencionada e, no que toca à faculdade de os Estados
lançarem mão de desonerações fiscais já concedidas pelos demais de sua região, a
cláusula décima terceira do citado convênio tratou a respeito:

Cláusula décima terceira Os Estados e o Distrito Federal podem aderir aos


benefícios fiscais concedidos ou prorrogados por outra unidade federada da
mesma região, na forma das cláusulas nona e décima, enquanto vigentes.

Na esteira do permissivo da LC nº 160/17, combinado com o Convênio


ICMS nº 190/17, o Estado do Rio Grande do Sul introduziu no Regulamento do ICMS
determinados benefícios fiscais já concedidos pelos demais Estados da região Sul,
conforme se dispõe na sequência.
No âmbito das desonerações por redução da base de cálculo o Estado do
Rio Grande do Sul lançou mão da Cláusula 13ª do Convênio ICMS 190/17 para as
seguintes concessões:
- Livro I, art. 23, LXXXIII - RBC nas saídas internas de transformadores ou
autotransformadores de potência e reatores, destinadas a integrar os sistemas de
transmissão de energia elétrica de empresa para a prestação do serviço público de
transmissão. Soma-se nessa desoneração a possibilidade de manutenção do crédito fiscal
das etapas anteriores, igualmente copiada na esteira da mencionada possibilidade
positivada em lei complementar e convênio no CONFAZ. Trata-se do inciso XXXVIII do art.
35 do Livro I do RICMS. As saídas com base de cálculo reduzida nesse dispositivo
atingiram valores abaixo de R$ 100,00 no ano de 2020.
- Livro I, art. 23, LXXXV - RBC para valor que resulte em carga tributária
equivalente a 12% nas operações realizadas por estabelecimento industrial localizado
neste Estado com as seguintes mercadorias: a) carroceria para veículos automóveis;
b) semirreboques. A esta redução de base também se acrescenta o não estorno do
crédito conforme Livro I, art. 35, IV, “b”. Em 2020, não chegou a haver saídas com
referência a estes dispositivos segundo os anexos do Ofício do Gabinete da Receita
Estadual nº 31/2021.
No âmbito do art. 38-A do Livro I do RICMS foi introduzida a possibilidade
de Regime diferenciado de apuração para bares, restaurantes e estabelecimentos
similares, classificados no grupo 56.1 da CNAE e enquadrados na categoria geral.

180
O maior quantitativo de benefícios fiscais já adotados por outro(s)
Estado(s) da Região Sul e introduzidos no Regulamento do ICMS Gaúcho se deu no
instituto do crédito presumido, as quais na sequência são descritas. Essas disposições
foram adotadas no RICMS/RS, e inseridas no art. 32 do Livro I.
- Inciso CXL - CP às microcervejarias, nas saídas de cerveja e chope
artesanais, de produção própria, sujeitas à alíquota de 25%, em montante igual ao que
resultar da aplicação do percentual de 13% sobre o valor utilizado para cálculo do débito
fiscal próprio.
- Inciso CLXXXII - CP aos estabelecimentos fabricantes de calçados ou de
artefatos de couro, cuja atividade principal esteja enquadrada nos códigos 1521-1/00,
1529-7/00, 1531-9/01, 1531-9/02, 1532-7/00, 1533-5/00 ou 1539-4/00, da Classificação
Nacional de Atividades Econômicas - CNAE, nas saídas decorrentes de vendas de calçados
ou de artefatos de couro e seus acessórios, promovidas pelo estabelecimento industrial
que os tenha produzido, calculado sobre o valor do imposto devido pela operação
própria.
- Inciso CLXXXIII - CP aos estabelecimentos fabricantes das seguintes
mercadorias, de forma que a carga tributária resulte em 3% nas saídas sujeitas à alíquota
de 7% e em 5% nas saídas internas e nas saídas interestaduais sujeitas à alíquota de 12%:
a) aveia cortada, descascada, tostada, classificadas no código 1104.22.00 da NBM/SH-
NCM; b) aveia em flocos e flocos finos, classificadas no código 1104.12.00 da NBM/SH-
NCM; c) "OAT BRAN" fibras de aveia, classificada no código 1102.90.00 da NBM/SH-NCM.
- Inciso CLXXXIV - CP aos estabelecimentos fabricantes de farinha de aveia,
classificada na posição 1102.90.00 da NBM/SH-NCM, de forma que a carga tributária
resulte em 3% nas saídas sujeitas à alíquota de 7% e em 5% nas saídas internas e nas
saídas interestaduais sujeitas à alíquota de 12%.
- Inciso CLXXXV - CP aos estabelecimentos cadastrados no código 2610-
8/00 da CNAE, localizados nos Municípios englobados no Arranjo Produtivo Local
Eletroeletrônico de Automação e Controle, que industrializem produtos eletroeletrônicos
e de informática, em montante igual ao que resultar da aplicação dos seguintes
percentuais sobre o valor do imposto destacado nas saídas, decorrentes de vendas, de
circuitos impressos com componentes montados, quando na industrialização da referida
mercadoria forem aplicados componentes, partes e peças importados do exterior ao
abrigo do diferimento do pagamento do imposto previsto no art. 53, II, e no Apêndice
XVII, LXXXVI.
- Inciso CLXXXVI - CP aos estabelecimentos fabricantes de sistemas
construtivos (prédio de aço) e de estruturas metálicas, classificados, respectivamente, no
código 9406.90.20 e 7308.20.00 da NBM/SH-NCM, nas saídas interestaduais de produtos
fabricados pelo estabelecimento.
- Inciso CXCI - CP de ICMS aos estabelecimentos fabricantes de colchões,
cama "box", estofados, travesseiros, espumas industriais e bases "box", em montante
equivalente a até 5% do valor das saídas internas e interestaduais, limitado ao total do
débito mensal do estabelecimento.
- Inciso CXCII - CP de ICMS aos estabelecimentos que operarem
exclusivamente na modalidade de comércio eletrônico, "e-commerce", que destinem
mercadorias a consumidor final pessoa física.

181
- Inciso CXCIII - CP de ICMS aos estabelecimentos que importem
mercadorias para comercialização ao abrigo do diferimento do pagamento do imposto
previsto no art. 53, VI, por intermédio de portos, aeroportos ou pontos de fronteira
alfandegados, situados neste Estado e com desembaraço aduaneiro neste Estado, nas
operações tributadas de saída das mercadorias que tenham importado.
- Inciso CXCIV - CP de ICMS aos estabelecimentos que importem
mercadorias para comercialização ao abrigo do diferimento do pagamento do imposto
previsto no art. 53, VI, por intermédio de portos, aeroportos ou pontos de fronteira
alfandegados, situados no Rio Grande do Sul e com desembaraço aduaneiro neste Estado,
nas operações de saída das mercadorias por eles importadas.
- Inciso CXCV - CP aos estabelecimentos industriais fabricantes de
formaldeídos e resinas, em montante correspondente a 66,66% do valor do imposto
devido na importação de matéria-prima, material intermediário ou secundário, inclusive
material de embalagem, importados ao abrigo do diferimento do pagamento do imposto
previsto no art. 53, II, e no Apêndice XVII, item LXXXIX, para serem utilizados em seu
processo produtivo, e seja observado o limite máximo de 8% sobre a base de cálculo da
importação e a operação resulte em carga tributária mínima de 4%.
Os incisos CXCI a CXCV são de recente inserção no regulamento e não
tiveram fruição, em 2020, assim como ocorrera com o item CLXXII. Os valores tendem a
ter repercussão a partir de 2021. Já os itens CLXXXIV, CLXXXV e CLXXXVI não terão os
valores de fruição expostos a fim de preservação do sigilo fiscal. Quanto aos demais
dispositivos copiados de SC e/ou PR as apropriações de créditos presumidos são
evidenciadas pela tabela que segue.

CRÉDITO PRESUMIDO 2020


DISPOSITIVOS COPIADOS DE SC E/OU PR
Em R$ milhões (nominais)
Item do art. 32 do Livro I RICMS Valor Fruído Participação na Fruição CP* (%)
Microcervejarias (inciso CXL) 5,1 0,14
Fabricantes de Calçados
13,5 0,36
(inciso CLXXXII)
Fabricantes de Aveia 3,5 0,09
TOTAL CRÉDITO PRESUMIDO * 3.780,7 N/A
Fonte: Ofícios do Gabinete da Receita Estadual nº 31/2021 e 65/2021.
(*) Considerado o total fruído de crédito presumido.

Os números de fruição nos três dispositivos copiados de SC e/ou PR


indicam uma pequena representatividade em relação ao total de crédito presumido
utilizado no ano de 2020, nenhum deles atingiu sequer 1% de participação no total
desonerado nessa modalidade de benefício fiscal.
Por derradeiro, cumpre mencionar que não houve edição de Lei para a
entrada em vigor dos dispositivos colacionados neste tópico. A ausência de lei para
concessão de desonerações fiscais fere o disposto na Constituição Federal, art. 150, § 6º.
O próximo tópico discorrerá acerca desse requisito material para concessão de quaisquer
desonerações fiscais, inclusive as inerentes a impostos estaduais, caso do ICMS.

182
3.2.1.5.10 – Análise de Conformidade das Desonerações Fiscais
À luz das disposições constitucionais a respeito dos incentivos fiscais no
âmbito do ICMS, notadamente a combinação do artigo 150, §6º 21 com o artigo 155, §2º,
XII, g 22, identificaram-se inconformidades no processo de concessão de benefícios fiscais
no Estado do Rio Grande do Sul, conforme se discorrerá ao longo deste relatório.
O artigo 155, §2º, XII, “g” da Constituição da República outorga à Lei
Complementar a tarefa de regulamentar a forma como, por deliberação dos Estados e DF,
serão concedidos benefícios no âmbito do referido imposto estadual.
A Lei Complementar em questão, nº 24/75, trata a respeito dos convênios
a serem firmados pelos Estados e foi recepcionada pelo Diploma Constitucional vigente
com a prerrogativa de regulamentar o disposto no art. 155, §2º, XII, “g”. O artigo 1º da
referida lei complementar positiva a necessidade de celebração de convênios entre os
Estados e DF para concessão de benefícios fiscais no âmbito do ICMS:
Art. 1º - As isenções do imposto sobre operações relativas à circulação de mer-
cadorias serão concedidas ou revogadas nos termos de convênios celebrados e
ratificados pelos Estados e pelo Distrito Federal, segundo esta Lei.
Parágrafo único - O disposto neste artigo também se aplica:
I - à redução da base de cálculo;
II - à devolução total ou parcial, direta ou indireta, condicionada ou não, do tri-
buto, ao contribuinte, a responsável ou a terceiros;
III - à concessão de créditos presumidos;
IV - à quaisquer outros incentivos ou favores fiscais ou financeiro-fiscais, conce-
didos com base no Imposto de Circulação de Mercadorias, dos quais resulte re-
dução ou eliminação, direta ou indireta, do respectivo ônus;
V - às prorrogações e às extensões das isenções vigentes nesta data.
(grifou-se).

A citada lei complementar foi editada anteriormente à Carta Magna


vigente. A sua recepção pela Constituição Federal de 1988, notadamente como norma
regulamentadora do art. 155, § 2º, XII, “g”, já foi confirmada pelo Supremo Tribunal
Federal, conforme se verifica no julgado a seguir colacionado, ADI 1.179, Tribunal Pleno,
Rel. Min. Carlos Velloso, julgada em 13.11.2002.
A disciplina estabelecida pela Lei Complementar nº 24/75 não foi alterada pela
Lei Complementar nº 87/96, que regula o ICMS. Esta lei, apelidada “Lei Kandir”,
omite-se quanto ao tema, pois foram vetados os artigos que regulamentariam o
art. 155, § 2º, XII, g, da Constituição de 1988 (arts. 27, 28 e 29), por também tra-
tarem da composição, das atribuições e da forma de funcionamento do CON-
FAZ, o que é matéria de iniciativa privativa do Presidente da República. Com is-
so, manteve-se a vigência da Lei Complementar nº 24/75, como se consignou
expressamente na Mensagem de Veto nº 869: “é de se assinalar que o veto aos

21
O artigo 150, §6º da Constituição Federal positiva a necessidade de edição de lei específica, regulando
exclusivamente a matéria, para concessão de benefícios fiscais.
22
O artigo 155, §2º, XII, “g” outorga à lei complementar o condão para regulamentar a forma como,
mediante deliberação dos Estados, benefícios fiscais no âmbito do ICMS poderão ser concedidos.

183
arts. 27, 28 e 29 não afeta o disciplinamento da matéria neles tratada, que con-
tinua regulada pela Lei Complementar nº 24, de 7 de janeiro de 1975”. Mister
observar, portanto, o sistema estabelecido pela referida lei complementar. (ADI
3936, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado em 25/10/2019,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-243 DIVULG 06-11-2019 PUBLIC 07-11-2019 – ex-
certo do voto da Relatora, acolhido no particular por unanimidade)

Relativamente aos Convênios no CONFAZ, o STF endente que estes são


requisitos de validade das concessões de benefícios fiscais no âmbito do ICMS, inclusive
sob a prerrogativa de impedirem a “guerra tributária”, conforme se verifica no trecho
abaixo do voto proferido pelo Excelentíssimo Ministro-Relator da ADI nº 1247-9 em 1995,
Ministro Celso de Mello:
ICMS E REPULSA CONSTITUCIONAL À GUERRA TRIBUTÁRIA ENTRE OS ESTADOS-
MEMBROS: o legislador constituinte republicano, com o propósito de impedir a
“guerra tributária” entre os Estados-membros, enunciou postulados e prescre-
veu diretrizes gerais de caráter subordinante destinados a compor o estatuto
constitucional do ICMS. Os princípios fundamentais consagrados pela Constitui-
ção da República, em tema de ICMS, (a) realçam o perfil nacional de que se re-
veste esse tributo, (b) legitimam a instituição, pelo poder central, de regramen-
to normativo unitário destinado a disciplinar, de modo uniforme, essa espécie
tributária, notadamente em face de seu caráter não-cumulativo, (c) justificam a
edição de lei complementar nacional vocacionada a regular o modo e a forma
como os Estados-membros e o Distrito Federal, sempre após deliberação con-
junta, poderão, por ato próprio, conceder e/ou revogar isenções, incentivos e
benefícios fiscais.
CONVÊNIOS E CONCESSÃO DE ISENÇÃO, INCENTIVO E BENEFÍCIO FISCAL EM
TEMA DE ICMS: A celebração dos convênios interestaduais constitui pressupos-
to essencial à válida concessão, pelos Estados-membro ou Distrito Federal, de
isenções, incentivos ou benefícios fiscais em tema de ICMS.[...]

A mencionada LC nº 24/75 dispôs a respeito do rito procedimental para


fins de internalização nas legislações estaduais das disposições acordadas nos Convênios
no âmbito do CONFAZ. Cita-se o art. 4º da referida lei complementar:
Art. 4º - Dentro do prazo de 15 (quinze) dias contados da publicação dos convê-
nios no Diário Oficial da União, e independentemente de qualquer outra comu-
nicação, o Poder Executivo de cada Unidade da Federação publicará decreto
ratificando ou não os convênios celebrados, considerando-se ratificação tácita
dos convênios a falta de manifestação no prazo assinalado neste artigo. (grifou-
se)

Destaque dado na redação do art. 4º da LC nº 24/75 para a expressão


referente à possibilidade de ratificação tácita dos convênios celebrados, por decurso do
prazo de quinze dias após publicação do acordo entre os Estados no DOU. Como citado
acima, a Suprema Corte já se manifestou no sentido da recepção dessa legislação
complementar pela atual CF.
Ademais, no ano de 1993 foi editada a Emenda Constitucional nº 03/93,
que trouxe novas exigências em relação às concessões de benefícios fiscais, independente
da exação. Sobre essa emenda à CF se discorre na sequência.
A EC nº 03/93 acrescentou o parágrafo 6º ao artigo 150 da Carta Política e
por meio de seu mandamento positivou a necessidade de lei específica para fins de

184
concessão de incentivos fiscais pelos Entes federados, também, faz-se menção em sua
redação ao art. 155, §2º, XII, “g” conforme se verifica abaixo:
Art. 150 [...] §6º - Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo,
concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, ta-
xas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal,
estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enume-
radas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto
no art. 155, § 2.º, XII, g. (grifou-se)

Da leitura do dispositivo colacionado alhures fica evidente o objetivo do


Poder Constituinte de que a matéria dos benefícios fiscais passasse, assim, a ser
submetida ao crivo dos representantes do povo, notadamente o Poder Legislativo de
cada Ente, para as devidas apreciações e deliberações. Trata-se, portanto, desde então,
de requisito de validade dos atos de concessão de benefícios fiscais a submissão do tema
ao devido processo legislativo. Enfatiza-se o trecho que demanda a abordagem exclusiva
da matéria por lei específica. O referido mandamento constitucional aplica-se às
concessões no âmbito de quaisquer tributos, inclusive impostos estaduais, como o ICMS.
Nesse sentido já deliberou a Suprema Corte em 2016, no âmbito RE nº
579630 – Rio Grande do Norte, em que foi negado provimento a Agravo Regimental por
parte daquele Estado, conforme se verifica no trecho que segue do voto do Ministro Luís
Roberto Barroso, relator do aludido processo:
[...]1. O agravo regimental não merece provimento. Os argumentos do recor-
rente não encontram amparo na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.
2. Ao inverso do que pretende fazer crer a parte agravante, as decisões aponta-
das nos fundamentos da decisão agravada, quais sejam, o RE nº 586.560-AgR e
RE nº 630.705, foram prolatadas pela Primeira Turma desta Corte e já transita-
ram em julgado, não se tratando de decisões monocráticas. Ademais, estas não
são as únicas decisões no mesmo sentido da decisão agravada.
3. Esta Corte tem se firmado pela necessidade de lei em sentido estrito para
estabelecer os critérios de norma que permite à administração exonerar o sujei-
to passivo do recolhimento de valores a título de tributo, de modo que é in-
constitucional a delegação pura e simples de competência do Legislativo ao
Executivo para dispor normativamente sobre matéria tributária (ADI 3.462, Rel.
Min. Cármen Lúcia).[...] (grifou-se).

Com base na legislação e jurisprudência, mencionados acima, identifica-se


que as concessões de benefícios fiscais concernentes ao ICMS demandariam o seguinte
rito formal:
1º - Celebração de Convênio ICMS no CONFAZ entre os Estados e
DF;
2º - Internalização na legislação estadual dos termos do convênio
celebrado;
3º - Edição de Lei específica para a concessão da desoneração fiscal
(aplicável também aos demais tributos) adquirir validade.
Aqui compete mencionar que determinados convênios do Confaz possuem
um caráter “obrigatório”, enquanto outros possuem um caráter mais “facultativo”, ou de

185
utilização opcional. Sem entrar em maiores considerações, este trabalho, para
classificação, baseou-se na redação que os referidos convênios apresentam. Por exemplo,
quando o convênio dispõe que determinados Estados ficam autorizados a conceder
determinado benefício, classificou-se este como de adoção facultativa. Ou seja, entende-
se que o Estado pode ou não adotar esta desoneração, a seu critério.
A observação destes três requisitos legais, mais do que mero formalismo, é
importante para uma maior segurança jurídica dos entes envolvidos, como bem aponta
Bernardo Motta Moreira em seu trabalho “A Participação do Poder Legislativo na
Ratificação dos Convênios de ICMS: a Evolução da Jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal”:
“[...]o ICMS é um imposto que tem caráter nacional, na medida em que o seu
campo de incidência compreende operações e prestações envolvendo sujeitos
localizados em qualquer parte do território nacional. Essa peculiaridade supõe,
portanto, a edição de regras uniformes, contidas em lei complementar, para vi-
abilizar a correta arrecadação e repartição do imposto e, dessa maneira, pro-
porcionar segurança jurídica aos contribuintes e evitar conflitos entre os titula-
res da competência tributária, decorrente, por exemplo, da concessão unilate-
ral de benefícios relativos ao ICMS como forma de competição entre as unida-
des da Federação.”
[...] “Tal técnica de concessão de incentivos de natureza tributária foi estabele-
cida de modo a inviabilizar a chamada “guerra fiscal”, que se estabeleceu entre
as unidades federadas como atrativo para a implementação de projetos e a ins-
talação de indústrias geradoras de emprego e renda nos respectivos territórios.
Ainda assim, os Estados insistem em descumprir as normas constitucionais, ge-
rando conflitos e litigiosidade, em prejuízo dos próprios contribuintes. Fica evi-
dente o rigor e a necessidade de observância de um rito procedimental para
que viabilize a concessão dos benefícios fiscais de ICMS.”
[...] “Percebe-se, assim, que, pode-se considerar consolidada a jurisprudência
do STF no sentido da necessidade de ratificação pelo Parlamento do convênio
autorizativo do Confaz. O veículo normativo por outro lado – se é necessário re-
almente lei em sentido formal ou mero decreto legislativo – ainda não está to-
talmente claro.”

A realização do adequado processo legislativo para concessão de


benefícios fiscais, tanto nos casos de internalização dos Convênios ICMS como nas demais
situações, traz consigo a possibilidade de diversas externalidades positivas à sociedade,
tais como:
i- preservação do amplo debate e controle aos representantes do povo
(Poder Legislativo);
ii- estimativas de impacto orçamentário-financeiro exigidas pelo artigo 14
da Lei de Responsabilidade Fiscal poderiam acompanhar os projetos de lei ou processos
administrativos para ratificação das concessões por meio de Decreto-Legislativo, caso seja
o diploma adotado;
iii- exposição dos objetivos almejados com a concessão da renúncia fiscal
na redação da lei ou decreto-legislativo;
iv- indicação de metas para atingimento dos objetivos da renúncia fiscal;
v- indicação de métodos para mensuração se as metas estão sendo
atingidas;

186
vi- maior transparência nas renúncias fiscais praticadas.
A partir das análises realizadas pela equipe de auditoria acerca da
conformidade das concessões de benefícios fiscais no Estado do Rio Grande do Sul,
identificaram-se desonerações presentes no Regulamento do ICMS com as seguintes
características no que diz respeito ao trâmite legislativo para concessão, indo por vezes
de encontro ao que preconiza a Constituição Federal:
i- Internalização de Convênios ICMS com base em Decreto Legislativo ou
aceitação tácita por decurso de prazo;
ii- Benefícios concedidos sem Convênio Confaz, porém com edição de lei
específica;
iii- Benefícios concedidos sem Convênio Confaz, sem edição de lei
específica, embasados em dispositivo genérico da Lei de ICMS (art. 58 da L. 8820/1989);
iv- Benefícios concedidos sem Convênio Confaz, sem edição de lei
específica, e Decreto do Poder Executivo sem menção a qualquer dispositivo legal.
No que diz respeito à internalização de Convênios ICMS com base em
Decreto Legislativo ou Aceitação Tácita em função do decurso do prazo identificou-se que
convênios celebrados no CONFAZ, dos quais decorreram autorizações para que os
Estados (incluindo o RS) concedessem benefícios fiscais, foram internalizados na
legislação do Estado do Rio Grande do Sul, e entraram em vigor seus efeitos em
desacordo ao que preconiza a Constituição Federal, art. 150, § 6º, notadamente a
necessidade de lei específica para concessão de benefícios fiscais.
Nos termos da LC nº 24/75, quando da concessão de benefícios fiscais
relativas ao ICMS, é necessária celebração de convênio entre os Estados e DF. O art. 4º
indica a forma de internalização dos acordos nas legislações estaduais. Aqui, relembram-
se itens da citada legislação complementar a respeito da internalização dos convênios por
decreto do Poder Executivo de cada Estado, bem como a possibilidade de ratificação
tácita, caso transcorrido o período de quinze dias da publicação do Convênio no Diário
Oficial da União, sem a manifestação.
Na jurisprudência do STF há uma controvérsia a respeito da interpretação
do art. 4º da LC nº 24/75, especialmente, se este dispositivo elide a apreciação do
convênio pelo Poder Legislativo. Conforme o julgado que se junta a seguir, o
entendimento da Corte Suprema é no sentido de que o art. 4º da Lei Complementar em
epígrafe não exclui a necessidade de apreciação dos acordos conveniais entre os Estados
pela Casa Legislativa Estadual. Colaciona-se parte do voto da Ministra Rosa Weber no
âmbito da ADI 3936.
12. De acordo com o art. 4º da Lei Complementar nº 24/75, após a celebração
dos convênios, deve haver a sua ratificação, expressa ou tácita, pelo Poder Exe-
cutivo estadual ou distrital. Esse dispositivo foi severamente criticado pela dou-
trina, por aparentemente autorizar a desoneração tributária sem a intervenção
do Poder Legislativo, em afronta ao princípio da legalidade tributária. A crítica é
procedente, mas se baseia apenas numa das possíveis interpretações do precei-
to, a de que a ratificação pelo Poder Executivo estadual seria uma condição ne-
cessária e suficiente para a concessão de incentivos frente ao ICMS. Nada im-
pede que se leia o preceito de modo diverso, à luz dos ditames constitucionais,
no sentido de que a ratificação pelo Poder Executivo é apenas um pressuposto
à instituição válida do benefício, que ocorre mediante a edição de ato do Poder

187
Legislativo (lei ou decreto legislativo), em observância ao princípio fundamental
da legalidade tributária, inscrito no art. 150, I, e ratificado, na seara das desone-
rações, pelo art. 150, § 6º, ambos da Constituição.
Nessa senda, cabe recordar um dos primeiros precedentes do Plenário desta
Corte sobre a guerra fiscal no âmbito do ICMS, pertinente a uma lei do Estado
de Pernambuco que autorizava o Poder Executivo a conceder incentivos relati-
vos aos tributos estaduais. Na oportunidade, o Supremo Tribunal consignou, de
modo expresso, a impossibilidade de a lei delegar ao Executivo o poder de es-
tabelecer isenções:
“EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - LEI ESTADUAL QUE
OUTORGA AO PODER EXECUTIVO A PRERROGATIVA DE DISPOR, NORMATIVA-
MENTE, SOBRE MATÉRIA TRIBUTARIA - DELEGAÇÃO LEGISLATIVA EXTERNA -
MATÉRIA DE DIREITO ESTRITO - POSTULADO DA SEPARAÇÃO DE PODERES -
PRINCÍPIO DA RESERVA ABSOLUTA DE LEI EM SENTIDO FORMAL - PLAUSIBILI-
DADE JURÍDICA - CONVENIENCIA DA SUSPENSÃO DE EFICACIA DAS NORMAS
LEGAIS IMPUGNADAS - MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA. - A essência do direito
tributário - respeitados os postulados fixados pela própria Constituição - reside
na integral submissão do poder estatal à rule of law. A lei, enquanto manifesta-
ção estatal estritamente ajustada aos postulados subordinantes do texto con-
substanciado na Carta da República, qualifica-se como decisivo instrumento de
garantia constitucional dos contribuintes contra eventuais excessos do Poder
Executivo em matéria tributária. Considerações em torno das dimensões em
que se projeta o princípio da reserva constitucional de lei. - A nova Constituição
da República revelou-se extremamente fiel ao postulado da separação de pode-
res, disciplinando, mediante regime de direito estrito, a possibilidade, sempre
excepcional, de o Parlamento proceder a delegação legislativa externa em favor
do Poder Executivo. A delegação legislativa externa, nos casos em que se apre-
sente possível, só pode ser veiculada mediante resolução, que constitui o meio
formalmente idôneo para consubstanciar, em nosso sistema constitucional, o
ato de outorga parlamentar de funções normativas ao Poder Executivo. A reso-
lução não pode ser validamente substituída, em tema de delegação legislativa,
por lei comum, cujo processo de formação não se ajusta à disciplina ritual fixa-
da pelo art. 68 da Constituição. A vontade do legislador, que substitui arbitrari-
amente a lei delegada pela figura da lei ordinária, objetivando, com esse proce-
dimento, transferir ao Poder Executivo o exercício de competência normativa
primária, revela-se írrita e desvestida de qualquer eficácia jurídica no plano
constitucional. O Executivo não pode, fundando-se em mera permissão legisla-
tiva constante de lei comum, valer-se do regulamento delegado ou autorizado
como sucedâneo da lei delegada para o efeito de disciplinar, normativamente,
temas sujeitos à reserva constitucional de lei. - Não basta, para que se legitime
a atividade estatal, que o Poder Público tenha promulgado um ato legislativo.
Impõe-se, antes de mais nada, que o legislador, abstendo-se de agir ultra vires,
não haja excedido os limites que condicionam, no plano constitucional, o exer-
cício de sua indisponível prerrogativa de fazer instaurar, em caráter inaugural, a
ordem jurídico-normativa. Isso significa dizer que o legislador não pode abdicar
de sua competência institucional para permitir que outros órgãos do Estado -
como o Poder Executivo - produzam a norma que, por efeito de expressa reser-
va constitucional, só pode derivar de fonte parlamentar. O legislador, em con-
sequência, não pode deslocar para a esfera institucional de atuação do Poder
Executivo - que constitui instância juridicamente inadequada - o exercício do
poder de regulação estatal incidente sobre determinadas categorias temáticas -
(a) a outorga de isenção fiscal, (b) a redução da base de calculo tributária, (c) a
concessão de crédito presumido e (d) a prorrogação dos prazos de recolhimen-
to dos tributos -, as quais se acham necessariamente submetidas, em razão de
sua própria natureza, ao postulado constitucional da reserva absoluta de lei em

188
sentido formal. - Traduz situação configuradora de ilícito constitucional a outor-
ga parlamentar ao Poder Executivo de prerrogativa jurídica cuja sedes materiae
- tendo em vista o sistema constitucional de poderes limitados vigente no Brasil
- só pode residir em atos estatais primários editados pelo Poder Legislativo”.
(ADI 1.296 MC, Tribunal Pleno, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 14.6.1995)
Esse entendimento foi aplicado poucos meses após, num julgado que dizia res-
peito exclusivamente ao ICMS:
“[...] CONVENIOS E CONCESSÃO DE ISENÇÃO, INCENTIVO E BENEFICIO FISCAL
EM TEMA DE ICMS: A celebração dos convênios interestaduais constitui pressu-
posto essencial à válida concessão, pelos Estados-membros ou Distrito Federal,
de isenções, incentivos ou benefícios fiscais em tema de ICMS. Esses convênios
- enquanto instrumentos de exteriorização formal do prévio consenso instituci-
onal entre as unidades federadas investidas de competência tributaria em ma-
téria de ICMS - destinam-se a compor os conflitos de interesses que necessari-
amente resultariam, uma vez ausente essa deliberação intergovernamental, da
concessão, pelos Estados-membros ou Distrito Federal, de isenções, incentivos
e benefícios fiscais pertinentes ao imposto em questão. O pacto federativo, sus-
tentando-se na harmonia que deve presidir as relações institucionais entre as
comunidades politicas que compõem o Estado Federal, legitima as restrições de
ordem constitucional que afetam o exercício, pelos Estados-membros e Distrito
Federal, de sua competência normativa em tema de exoneração tributaria per-
tinente ao ICMS. MATÉRIA TRIBUTARIA E DELEGAÇÃO LEGISLATIVA: A outorga
de qualquer subsidio, isenção ou crédito presumido, a redução da base de cal-
culo e a concessão de anistia ou remissão em matéria tributaria só podem ser
deferidas mediante lei específica, sendo vedado ao Poder Legislativo conferir ao
Chefe do Executivo a prerrogativa extraordinária de dispor, normativamente,
sobre tais categorias temáticas, sob pena de ofensa ao postulado nuclear da se-
paração de poderes e de transgressão ao princípio da reserva constitucional de
competência legislativa. Precedente: ADIn 1.296-PE, Rel. Min. CELSO DE MEL-
LO”. (ADI 1.247-MC, Tribunal Pleno, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em
17.8.1995)

Na sessão de 1º de junho de 2011, tal concepção foi reafirmada:


“Ementa: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE COMUNICAÇÃO E DE TRANSPORTE INTERMUNICI-
PAL E INTERESTADUAL. ISENÇÃO CONCEDIDA A TÍTULO DE AUXÍLIO-
TRANSPORTE AOS INTEGRANTES DA POLÍCIA CIVIL E MILITAR EM ATIVIDADE OU
INATIVIDADE. AUSÊNCIA DE PRÉVIO CONVÊNIO INTERESTADUAL. PERMISSÃO
GENÉRICA AO EXECUTIVO. INCONSTITUCIONALIDADE. LEI 13.561/2002 DO ES-
TADO DO PARANÁ. 1. A concessão de benefício ou de incentivo fiscal relativo ao
ICMS sem prévio convênio interestadual que os autorize viola o art. 155, § 2º,
XII, g da Constituição. 2. Todos os critérios essenciais para a identificação dos
elementos que deverão ser retirados do campo de incidência do tributo (regra-
matriz) devem estar previstos em lei, nos termos do art. 150, § 6º da Constitui-
ção. A permissão para que tais elementos fossem livremente definidos em de-
creto do Poder Executivo viola a separação de funções estatais prevista na
Constituição. Ação Direta de Inconstitucionalidade julgada procedente”. (ADI
2.688, Tribunal Pleno, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em 1º.6.2011)
Destarte, a concessão de benefícios frente ao ICMS pressupõe a celebração de
convênio no âmbito do CONFAZ, mas somente se perfectibiliza com a edição de
ato legislativo.

189
13. Como já se evidenciou, esta Corte tem jurisprudência fortemente assentada
quanto à ilegitimidade da concessão de benefícios do ICMS sem a prévia cele-
bração de convênio autorizador, no âmbito do CONFAZ.

(ADI 3936, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado em


25/10/2019, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-243 DIVULG 06-11-2019 PUBLIC 07-
11-2019 – excerto do voto da Relatora, acolhido no particular por unanimidade)

No Estado do Rio Grande do Sul o tema também é abordado pela Lei Geral
do ICMS – L. 8820/1989 – que dispõe nos seguintes termos a respeito dos procedimentos
para internalização na legislação gaúcha dos Convênios ICMS celebrados no CONFAZ.
Art. 28 - Dependem de convênios celebrados nos termos da Constituição Fede-
ral, art. 155, § 2º, VI e XII, "g" e da Lei Complementar nº 24, de 07/01/75:
I - a concessão ou revogação de isenções, incentivos e benefícios fiscais, dos
quais resulte redução ou eliminação, direta ou indireta, do ônus do imposto;
II - a fixação de alíquotas internas inferiores às fixadas pelo Senado Federal para
as operações e prestações interestaduais.
§ 1º - Para os efeitos do disposto no art. 4º da Lei Complementar nº 24, de
07/01/75, os convênios celebrados nos termos do "caput" serão submetidos,
até o quarto dia subseqüente ao da sua publicação no Diário Oficial da União, à
apreciação da Assembléia Legislativa, que deliberará e publicará o Decreto Le-
gislativo correspondente nos 10 (dez) dias seguintes ao quarto dia antes referi-
do.
§ 2º - Nos termos do art. 4º da Lei Complementar nº 24, de 07/01/75, não ha-
vendo deliberação da Assembléia Legislativa no prazo referido no parágrafo an-
terior, consideram-se ratificados os convênios. [...] (grifou-se)

O Art. 141 da Constituição Estadual estabelece que a “concessão de anistia,


remissão, isenção, benefícios e incentivos fiscais, bem como de dilatação de prazos de
pagamento de tributo só será feita mediante autorização legislativa.”. O seu Parágrafo
único, por sua vez, estabelece que as isenções, os benefícios e incentivos fiscais objetos
de convênios celebrados entre o Estado e as demais unidades da Federação serão
estabelecidos por prazo certo e sob condições determinadas e somente terão eficácia
após ratificação pela Assembleia Legislativa.
O Regimento Interno da Assembleia Legislativa aborda o tema, como
segue:
Art. 218. Os convênios e acordos em que o Estado seja parte serão apreciados
pela Assembleia Legislativa no prazo de 30 (trinta) dias. (Redação dada pela Re-
solução n.º 2.978/06)
§ 1.º Excetuam-se do disposto no "caput" os convênios e/ou acordos celebra-
dos nos termos do art. 155, § 2.°, VI e XII, "g", da Constituição Federal e da Lei
Complementar Federal n.º 24, de 07 de janeiro de 1975, não deliberados no
prazo estabelecido no § 1.º do art. 28 da Lei n.º 8.820, de 27 de janeiro de 1989,
e os previstos no art. 116, "caput" e § 2.º, da Lei Federal n.º 8.666, de 21 de ju-
nho de 1993, que serão arquivados, após publicados no Diário da Assembleia
para conhecimento. (Redação dada pela Resolução n.º 2.978/06)

Verifica-se, assim, que a legislação gaúcha, quando da internalização dos


Convênios ICMS, requer a remessa do tema ao Poder Legislativo para que este delibere a
respeito. Nesta senda, na esteira do § 1º do art. 28 da Lei 8820/89, há dispositivos

190
regimentais na Assembleia Legislativa (art. 218 do regimento interno) acerca de ritos
procedimentais na hipótese de decurso dos prazos de ratificação dos convênios.
Este tema sobre o papel dos Poderes nas concessões de desonerações
fiscais há muito já foi tratado pelo STF, como se pode apreciar na ADI 1296-7
Pernambuco, cuja Decisão data de junho de 1995:
“O legislador, em consequência, não pode deslocar para a esfera institucional
de atuação do Poder Executivo – que constitui instância juridicamente inade-
quada – o exercício do poder de regulação estatal incidente sobre determinadas
categorias temáticas – (a) a outorga de isenção fiscal, (b) a redução de base de
cálculo tributária, (c) a concessão de crédito presumido e (d) a prorrogação dos
prazos de recolhimento dos tributos -, as quais se acham necessariamente
submetidas, em razão de sua própria natureza, ao postulado constitucional da
reserva absoluta de lei em sentido formal” (grifos no original).
[...]
“Dentro dessa perspectiva, a norma que, não obstante veiculada em sede legal
[...] opera indisfarçável delegação legislativa externa, outorgando ao Executivo
o exercício de um encargo jurídico absolutamente intransferível pelo Parlamen-
to a qualquer outra instancia de poder.”

Uma espécie legislativa citada pelo art. 28 da L. 8820/89 é o Decreto


Legislativo que, embora formalmente distinta da Lei Formal, tem prerrogativas de inovar
no ordenamento jurídico, diferente dos Decretos do Poder Executivo, os quais se
encontram no rol de poderes administrativos do Administrador Público com possibilidade
de explicar e tornar exequível a lei em que se encontra fundamentado, notadamente o
poder regulamentar.
A jurisprudência do STF já se manifestou favoravelmente à possibilidade de
o Decreto Legislativo internalizar os mencionados convênios.
Cita-se o Recurso Extraordinário 539.130-Rio Grande do Sul, julgado pela
Segunda Turma do STF e cujo Acordão data de 04 de dezembro de 2009. O caso em
questão trata do Convênio ICMS 91/91, internalizado na legislação do Estado por meio do
Decreto Legislativo nº 6591/1992. Neste feito foi reconhecido o Decreto Legislativo como
instrumento hábil para atender ao disposto no §6º do art. 150 da CF:
“[...] a concessão de benefícios fiscais submete-se ao princípio da legalidade es-
trita, devendo qualquer isenção, subsídio ou outro incentivo ser, necessaria-
mente, precedido de lei complementar ou convênio. Enfatiza, contudo, que es-
te ajuste, por si só, não é capaz de conceder favor fiscal, uma vez que o ato de-
finitivo de sua outorga é o decreto legislativo emanado do Estado a dar-lhe vali-
dação.”[...]
“E, em terceiro lugar, o já referido Decreto Legislativo 6.591/92, norma que
consolida e viabiliza a benesse fiscal em discussão.”

Entendimento semelhante foi esposado no Recurso Extraordinário 634634-


Distrito Federal em que o Ministro Celso de Mello, em Decisão Monocrática de 28 de
fevereiro de 2013, também reconhece como instrumento hábil para internalização dos
convênios o Decreto Legislativo:
“É de registrar, no ponto, que o magistério da doutrina firmou-se no sentido de
que o convênio interestadual fundado no art. 155, § 2º, inciso XII, alínea “g”, da
Constituição da República, para gerar, validamente, no plano interno de cada
unidade federada, os efeitos jurídico-tributários que lhe são inerentes, depen-

191
derá, apenas, de ratificação pelas Assembleias Legislativas estaduais ou pela
Câmara Legislativa do Distrito Federal, dispensada, em consequência, após a
promulgação de decreto legislativo, a edição, pelo Estado-membro ou pelo Dis-
trito Federal, de qualquer ato normativo ulterior...”

Entretanto, este entendimento não é pacífico no STF, como pode ser visto
no Acórdão do Recurso Extraordinário 579.630, de 02 de agosto de 2016, cujo Relator foi
o Ministro Roberto Barroso, “verbis”:
“Sim, porque, nos termos a jurisprudência desta Corte, o convênio, por si só,
não assegura a concessão do benefício em questão. É condição necessária, mas
não suficiente, porque tem sentido jurídico meramente autorizativo: permite a
concessão do benefício fiscal por parte de cada um dos Estados e do Distrito
Federal, mas não o cria per se.
[...] “1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal consolidou-se no sentido
de que a concessão de benefícios fiscais relativos ao Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços pressupõe não somente a autorização por meio de
convênio celebrado entre os Estados e o Distrito Federal, nos termos da Lei
Complementar nº 24/1975, mas também da edição de lei em sentido formal de
cada um daqueles entes.” (Grifo nosso)
[...] “3. Esta Corte tem se firmado pela necessidade de lei em sentido estrito
para estabelecer os critérios de norma que permite à administração exonerar o
sujeito passivo do recolhimento de valores a título de tributo, de modo que é
inconstitucional a delegação pura e simples de competência do Legislativo ao
Executivo para dispor normativamente sobre matéria tributária (ADI 3.462, Rel.
Min. Cármen Lúcia) (Grifo nosso)

O Ministro também manifesta preocupação com a concessão de


desonerações fiscais por parte dos executivos estaduais quando estas concessões afetem
outros entes federados, como os municípios, uma vez que parcela da arrecadação do
ICMS destina-se a estes:
“5. Em especial, a concessão de benefícios fiscais que impliquem, potencial-
mente, redução indevida da parcela da arrecadação de tributos cujo produto é
destinado a outros entes federados (neste caso município) comporta controle
constitucional, nos termos do art. 158, VI da Constituição.

Nessa linha, o Ministro cita o RE 572.762 cujo Relator foi o Ministro Ricardo
Lewandowski, transcrevendo-se:
“CONSTITUCIONAL. ICMS. REPARTIÇÃO DE RENDAS TRIBUTÁRIAS. PRODEC.
PROGRAMA DE INCENTIVO FISCAL DE SANTA CATARINA. RETENÇÃO, PELO ES-
TADO, DE PARTE DA PARCELA PERTENCENTE AOS MUNICÍPIOS. INCONSTITUCI-
ONALIDADE. RE DESPROVIDO.
I – A parcela do imposto estadual sobre operações relativas à circulação de
mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e in-
termunicipal e de comunicação, a que se refere o art. 158, IV, da Carta Magna
pertence de pleno direito aos Municípios.
II - O repasse da quota constitucionalmente devida aos Municípios não pode su-
jeitar-se à condição prevista em programa de benefício fiscal de âmbito estadu-
al.
III – Limitação que configura indevida interferência do Estado no sistema consti-
tucional de repartição de receitas tributárias.
IV – Recurso extraordinário desprovido.”

192
Este entendimento igualmente foi esposado anteriormente na ADI 1247-9
já referida, de 17 de agosto de 1995, cujo Relator foi o Ministro Celso de Mello:
“[...] de que o Estado-membro sofreria outra expressiva limitação em sua com-
petência exonerativa, no que concerne ao ICMS, em face da vinculação consti-
tucional que afeta, em favor dos municípios, 25% do produto da arrecadação
dessa espécie tributária”

Como exposto, considerando a recepção constitucional da LC nº 24/75,


reconhecida pelo STF, os procedimentos nela previstos para internalização nas legislações
estaduais dos convênios celebrados no Confaz são válidos. Contudo, entende-se que,
após a promulgação da EC 03/1993, que inseriu o § 6º no art. 150 Carta da República, o
ato de concessão de benefícios fiscais somente se perfectibiliza caso ocorra deliberação
favorável do Poder Legislativo de cada Ente por meio da edição de uma Lei Específica ou
Decreto Legislativo, abordando especificamente a matéria.
Ademais, a manifestação do Poder Legislativo é fundamental para o fiel
cumprimento à legalidade. Cita-se o Voto Vista do Ministro Joaquim Barbosa no RE
539.130-RS já referido, em que o mesmo assevera:
“Chamou-me a atenção no debate a afirmação constante na ementa do acór-
dão recorrido da existência de norma local que permitiria a ratificação tácita
dos convênios.
É imprescindível resgatar a função que a regra da legalidade tem no sistema
constitucional. Cabe ao Poder Legislativo autorizar a realização de despesas e a
instituição de tributos, como expressão da vontade popular.” [...]
“Não pode o Poder Legislativo delegar atividade que lhe é inerente, sob pena de
usurpação e de ou de abdicação dos poderes inerentes a uma das três Funções
do Estado.”

Sendo assim, as concessões de desonerações fiscais decorrentes de


Convênios ICMS, celebrados no CONFAZ, cujas internalizações na legislação rio-grandense
tenham ocorrido por meio de ratificação tácita por decurso do prazo constante na Lei nº
8.820/89, sem a posterior edição de Decreto Legislativo ou Lei específica, contando
apenas com Decreto do Poder Executivo, não demonstram o melhor atendimento ao
comando constitucional insculpido no art. 150, § 6º.
Da mesma forma, nos termos do art. 141 da CE, cabe questionar se a
necessária ratificação das desonerações fiscais pelo Poder Legislativo Estadual deve
necessariamente ser formalizada — no entender desta Equipe a forma mais transparente
— ou pode se dar tacitamente, por decurso de prazo, o que, na esteira do mandamento
constitucional (CF, art. 150, § 6º) e jurisprudência do STF acima juntada, não atende todos
os requisitos de validade dos atos de concessão de benefícios fiscais.
No que tange às desonerações fiscais concedidas pelo Estado do Rio
Grande do Sul sem a celebração de Convênio ICMS no âmbito do CONFAZ é relevante
trazer à baila o disposto na Lei Complementar nº 160/2017, no Convênio ICMS nº
190/2017 e na Lei Estadual nº 15.424/2019, notadamente a remissão de créditos
tributários decorrentes de isenções, benefícios fiscais ou financeiro-fiscais instituídos em
desacordo com disposto na alínea “g” do inciso XII do § 2º do art. 155 da Constituição
Federal.

193
A Lei Complementar nº 160/2017 autoriza os Estados e o Distrito Federal a
deliberarem por meio de Convênio a respeito da remissão dos créditos tributários
decorrentes de benefícios fiscais instituídos sem acordo no âmbito do CONFAZ, bem
como trata da reinstituição dos mencionados incentivos fiscais.
Art. 1º Mediante convênio celebrado nos termos da Lei Complementar no 24,
de 7 de janeiro de 1975, os Estados e o Distrito Federal poderão deliberar so-
bre:
I - a remissão dos créditos tributários, constituídos ou não, decorrentes das
isenções, dos incentivos e dos benefícios fiscais ou financeiro-fiscais instituídos
em desacordo com o disposto na alínea “g” do inciso XII do § 2o do art. 155 da
Constituição Federal por legislação estadual publicada até a data de início de
produção de efeitos desta Lei Complementar;
II - a reinstituição das isenções, dos incentivos e dos benefícios fiscais ou finan-
ceiro-fiscais referidos no inciso I deste artigo que ainda se encontrem em vigor.

Entende-se que a redação do art. 1º, I da LC nº 160/17 delimita a remissão


dos créditos tributários no que diz respeito apenas ao descumprimento do disposto na
Constituição Federal, art. 155, § 2º, XII, “g”.
Sendo assim, os demais requisitos de validade dos benefícios fiscais
concedidos, notadamente a necessidade de lei específica para instituição ou ampliação de
benefícios fiscais com fulcro na CF, art. 150, § 6º, seguem vigentes e exigíveis mesmo em
relação àquelas concessões cuja inexistência de Convênio ICMS no âmbito do Confaz está
sendo convalidada. Até porque uma Lei Complementar não é dotada de prerrogativas
para revogar, ou flexibilizar, mandamento constitucional cristalino, como o do art. 150, §
6º.
Para consecução do preconizado na LC nº 160/17 foram indicadas
condicionantes a serem cumpridos pelos Estados e DF, conforme se verifica no art. 3º do
mencionado diploma legal.
Art. 3º O convênio de que trata o art. 1o desta Lei Complementar atenderá, no
mínimo, às seguintes condicionantes, a serem observadas pelas unidades fede-
radas:
I - publicar, em seus respectivos diários oficiais, relação com a identificação de
todos os atos normativos relativos às isenções, aos incentivos e aos benefícios
fiscais ou financeiro-fiscais abrangidos pelo art. 1o desta Lei Complementar;
II - efetuar o registro e o depósito, na Secretaria Executiva do Conselho Nacional
de Política Fazendária (Confaz), da documentação comprobatória correspon-
dente aos atos concessivos das isenções, dos incentivos e dos benefícios fiscais
ou financeiro-fiscais mencionados no inciso I deste artigo, que serão publicados
no Portal Nacional da Transparência Tributária, que será instituído pelo Confaz
e disponibilizado em seu sítio eletrônico.

Foram estabelecidos prazos para concessão e prorrogação dos benefícios


fiscais editados sem Convênio CONFAZ.
§ 2o A unidade federada que editou o ato concessivo relativo às isenções, aos
incentivos e aos benefícios fiscais ou financeiro-fiscais vinculados ao ICMS de
que trata o art. 1o desta Lei Complementar cujas exigências de publicação, re-
gistro e depósito, nos termos deste artigo, foram atendidas é autorizada a con-
cedê-los e a prorrogá-los, nos termos do ato vigente na data de publicação do
respectivo convênio, não podendo seu prazo de fruição ultrapassar:

194
I – 31 de dezembro do décimo quinto ano posterior à produção de efeitos do
respectivo convênio, quanto àqueles destinados ao fomento das atividades
agropecuária e industrial, inclusive agroindustrial, e ao investimento em infraes-
trutura rodoviária, aquaviária, ferroviária, portuária, aeroportuária e de trans-
porte urbano, bem como quanto àqueles destinados a templos de qualquer cul-
to e a entidades beneficentes de assistência social;
II - 31 de dezembro do oitavo ano posterior à produção de efeitos do respectivo
convênio, quanto àqueles destinados à manutenção ou ao incremento das ati-
vidades portuária e aeroportuária vinculadas ao comércio internacional, incluí-
da a operação subsequente à da importação, praticada pelo contribuinte impor-
tador;
III - 31 de dezembro do quinto ano posterior à produção de efeitos do respecti-
vo convênio, quanto àqueles destinados à manutenção ou ao incremento das
atividades comerciais, desde que o beneficiário seja o real remetente da mer-
cadoria;
IV - 31 de dezembro do terceiro ano posterior à produção de efeitos do respec-
tivo convênio, quanto àqueles destinados às operações e prestações interesta-
duais com produtos agropecuários e extrativos vegetais in natura;
V - 31 de dezembro do primeiro ano posterior à produção de efeitos do respec-
tivo convênio, quanto aos demais.

O Convênio ICMS nº 190/2017 tratou de regulamentar o referido no texto


da LC 160/2017 e a Lei Estadual nº 15.424/2019 cumpriu o rito de exigências da aludida
Lei Complementar convalidando os atos de concessão de benefícios fiscais praticados à
revelia da alínea “g” do inciso XII do § 2º do art. 155 da Carta Magna.
Diante do exposto, entende-se que resta prejudicada eventual tentativa de
revisão dos benefícios fiscais concedidos pelo Estado do Rio Grande do Sul sob o
argumento de ausência de Convênio ICMS no CONFAZ.
As concessões sem celebração de Convênio no CONFAZ, porém com Lei
Específica promulgada, merecem especial atenção, uma vez que no rol dos benefícios
fiscais concedidos pelo Estado do RS no âmbito dos institutos da isenção, da redução de
base de cálculo e do crédito presumido encontram-se desonerações efetuadas dessa
maneira.
Com o advento da LC 160/17, Convênio ICMS 190/17 e Lei Estadual
15424/19; entende-se que as concessões de renúncia fiscal baseadas em lei específica,
mesmo que sem celebração de Convênio no CONFAZ, e anteriores à edição da Lei
Complementar nº 160/17, estão convalidadas no que toca ao cumprimento da Carta
Política, relativamente ao artigo 155, § 2º, XII, “g”. A existência de lei específica se mostra
de acordo à CF, art. 150, § 6º, independentemente dos termos da LC nº 160/17.
Diante do exposto, aquelas concessões de benefícios fiscais no âmbito do
ICMS do RS, oriundas de lei específica, estão em conformidade aos requisitos de validade
atinentes à matéria.
Impende destacar que no decorrer da análise dos benefícios fiscais
encontraram-se no Regulamento do ICMS diversas concessões que se valeram de
dispositivo genérico da Lei Geral do ICMS como fundamentação legal.
Trata-se do artigo 58 da Lei Estadual nº 8.820/1989, que dispõe a respeito
da possibilidade de o Poder Executivo, a fim de defender a economia estadual, conceder

195
benefícios fiscais, dispositivo genérico da legislação rio-grandense que outorgou ao Poder
Executivo determinadas prerrogativas para o propósito de concessão de desonerações
fiscais.
Art. 58 - Sempre que outro Estado ou o Distrito Federal conceder benefício fis-
cal ou financeiro que resulte em redução ou eliminação, direta ou indiretamen-
te, de ônus tributário relativo no ICMS, com inobservância de disposições da le-
gislação federal que regula a celebração de acordos exigidos para tal fim, o Po-
der Executivo poderá adotar as medidas necessárias à proteção da economia do
Estado, podendo, inclusive, conceder benefício semelhante.
Parágrafo único - O benefício concedido com base no "caput" será apreciado
pela Assembléia Legislativa, a contar da data da publicação do Decreto corres-
pondente, observados o rito e o prazo previstos no artigo 62 da Constituição do
Estado, independentemente de solicitação, e, se aprovado, terá efeito coinci-
dente com o previsto no referido Decreto.

Cumpre destacar que a Lei Geral do ICMS do Estado do Rio Grande do Sul –
nº 8820 - data de 1989, sendo, portanto, pretérita à Emenda Constitucional nº 03/1993,
que inseriu o § 6º ao art. 150 da CF, e tornou como requisito indispensável a edição de lei
específica para fins de concessão de benefícios fiscais, incluindo-se aquelas no âmbito do
ICMS.
Sobre o art. 58, entende-se que as características de sua redação implicam
numa abordagem genérica das concessões de desonerações fiscais e, assim, não poderia
lançar-se mão desse artigo da Lei 8820/89 na condição de diploma legal específico como
o § 6º do art. 150 da CF requer.
Em relação ao art. 58 da Lei 8820/89 identifica-se fenômeno análogo ao do
art. 4º da Lei Complementar Federal nº 24/75: dois regramentos existentes e válidos
quando da edição da EC nº 03/93. E, devido a essa semelhança temporal, entende-se que
é possível aplicar ao dispositivo em tela da lei gaúcha o mesmo raciocínio de
interpretação adotado pelo STF no âmbito da ADI nº 3936 em relação à LC 24/75,
especialmente sobre o art. 4º, de modo que os regramentos permaneçam vigentes,
contudo, sem a prerrogativa de dispensar a edição de lei específica pelo Poder Legislativo
após o constituinte derivado ter acrescentado o § 6º ao artigo 150 da Carta Magna.
Sendo assim, entende-se que aquelas concessões de benefícios fiscais que
se valeram do artigo 58 da Lei Estadual nº 8.820/1989 como fundamentação legal, e que
não foram apreciados pela Assembleia Legislativa na forma de processo legislativo que
tenha culminado na edição de lei específica ou, alternativamente, decreto legislativo,
estão em desconformidade em relação ao disposto na CF, art. 150, § 6º, porque este
exige diploma legal específico. Portanto, possuem vícios no que tange aos requisitos de
validade dos atos.
No entanto, diante da edição da LC nº 160/2017, do Convênio ICMS nº
190/2017 e da Lei Estadual nº 15424/2019, resta o questionamento acerca da
possibilidade de os referidos instrumentos legais e normativos elidirem o requerido pelo
art. 150, § 6º da CF relativamente àqueles benefícios fiscais pretéritos à LC nº 160/2017,
em que foram cumpridos os ritos procedimentais pelo Ente nos moldes que o legislador
complementar inseriu no mencionado Diploma Legal.
Conforme já abordado neste relatório, não há que se discutir quanto à
convalidação, pela LC nº 160/17 e demais normas dela decorrentes, das inconformidades

196
existentes em diversos atos de concessão de benefícios fiscais no que toca à ausência de
acordo entre os Estados por meio de Convênio ICMS no âmbito do Confaz.
Mas em relação à necessidade de existência de lei específica para validade
de quaisquer atos que impliquem renúncia de receita, uma lei complementar seria
dotada de prerrogativas suficientes para modificar materialmente o que está disposto na
Carta Política?
A depender do conteúdo da norma constitucional em análise a resposta
seria positiva. Na doutrina do Professor José Afonso da Silva, as normas constitucionais de
eficácia contida e limitada poderiam ter o seu dispositivo restringido ou ampliado por
meio da edição de uma lei, dependendo do tema, inclusive por lei ordinária.
Para melhor entendimento é imprescindível diferenciar as normas
constitucionais em relação à eficácia de seu conteúdo:
a- Eficácia Plena – as normas de eficácia plena têm aplicabilidade direta,
imediata e integral. Seu conteúdo material não exige a elaboração de novas normas para
completar seu sentido, tampouco podem ter seu alcance restringido ou alterado por
legislação infraconstitucional.
b- Eficácia Contida – as normas de eficácia contida têm aplicabilidade
direta, imediata, porém não integral, pois o poder constituinte deixa margem para que a
lei restrinja a aplicação de seus dispositivos.
c- Eficácia Limitada – as normas de eficácia limitada têm aplicabilidade
indireta, mediata e reduzida, pois dependem da edição de uma lei que as regulamente.
Portanto a edição de lei é necessária a fim de conferir aplicabilidade ao dispositivo
constitucional.
Conforme já enfrentado, a LC nº 160/17, mostra-se capazes de modificar a
aplicabilidade do art. 155, § 2º, XII, “g”; pois a referida norma constitucional possui
eficácia limitada, ou seja, é imprescindível a edição de uma lei complementar para
regulamentar como ocorrerá o acordo entre os Estados e DF para fins de concessão de
desonerações no âmbito do ICMS. O aludido trecho da Carta Magna, in verbis:
Art. 155 – Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos so-
bre:[...] II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações
de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ain-
da que as operações e as prestações se iniciem no exterior;[...]
§2º - O imposto do inciso II atenderá ao seguinte:[...]
XII - cabe à lei complementar:[...]
g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Fede-
ral, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados. (gri-
fou-se)

Característica diversa possui o texto do art. 150, § 6º, o qual é


perfeitamente compatível com as características de uma norma com eficácia plena, pois
não há outorga de poder à legislação infraconstitucional para conferir-lhe restrições,
muito menos demanda regulamentação para dar-lhe aplicabilidade.
Art. 150 [...] §6º - Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo,
concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, ta-
xas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal,
estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumera-

197
das ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no
art. 155, § 2.º, XII, g. (grifou-se)

Ademais, além da impossibilidade de uma lei complementar alterar a


aplicabilidade do art. 150, § 6º da CF, impende referir novamente que a regra
constitucional em tela determina como imprescindível a edição de lei específica para fins
de concessão de quaisquer benefícios fiscais pelos Entes federados. Especificidade é
característica da qual não é dotado o art. 58 da Lei Estadual nº 8820/1989.
Traz-se novamente a jurisprudência da Suprema Corte a fim de ratificar a
necessidade de lei específica para concessão de benefícios fiscais, bem como a
impossibilidade de que se lance mão de dispositivos legais a fim de outorgar amplas
prerrogativas, ao Poder Executivo, para este legislar em matéria tributária, situação
presente no art. 58 da L. 8820/89. A referida decisão foi proferida no âmbito do Recurso
Extraordinário nº 579630, conforme se verifica no trecho que segue do voto do Ministro
Relator Luís Roberto Barroso:

[...]1. O agravo regimental não merece provimento. Os argumentos do recor-


rente não encontram amparo na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.
2. Ao inverso do que pretende fazer crer a parte agravante, as decisões aponta-
das nos fundamentos da decisão agravada, quais sejam, o RE nº 586.560-AgR e
RE nº 630.705, foram prolatadas pela Primeira Turma desta Corte e já transita-
ram em julgado, não se tratando de decisões monocráticas. Ademais, estas não
são as únicas decisões no mesmo sentido da decisão agravada.
3. Esta Corte tem se firmado pela necessidade de lei em sentido estrito para es-
tabelecer os critérios de norma que permite à administração exonerar o sujeito
passivo do recolhimento de valores a título de tributo, de modo que é inconsti-
tucional a delegação pura e simples de competência do Legislativo ao Executi-
vo para dispor normativamente sobre matéria tributária (ADI 3.462, Rel. Min.
Cármen Lúcia).[...] (grifou-se).

Enfatizou-se acerca da inconstitucionalidade a respeito da delegação pura


e simples eventualmente concedida pelo Poder Legislativo ao Executivo para deliberar
normativamente sobre matéria tributária.
Dessa forma, aqueles benefícios fiscais concedidos na esteira do art. 58 da
Lei Estadual nº 8820/89 e, que não foram objeto de apreciação pelo Poder Legislativo,
encontram-se eivados de vícios por descumprimento a mandamento constitucional, in
casu, o §6º do art. 150.
Adicionalmente, foram identificadas algumas hipóteses de crédito
presumido que sequer a citação ao art. 58 da Lei 8820/89 ocorrera, tendo sido editado
simples Decreto pelo Poder Executivo para dar prosseguimento às concessões que serão
exemplificativamente indicadas a seguir.
As verificações efetuadas pela equipe de auditoria identificaram a presença
de hipóteses regulamentares de benefício fiscal que foram introduzidas no Regulamento
do ICMS sem a existência de Convênio CONFAZ, sem lei específica, tampouco houve
menção ao dispositivo genérico do artigo 58 da Lei Estadual nº 8820/89.

198
Em resposta a questionamento da Auditoria do TCE a Sefaz/Receita
Estadual relacionou alguns dos benefícios fiscais ao artigo 58 da Lei nº 8820/89, o que,
com base nas exposições do tópico anterior, já conteria irregularidades desde a entrada
em vigor da EC nº 03/1993. Todavia, ao pesquisar a legislação pretérita relacionada às
concessões em epígrafe identifica-se que sequer a menção ao artigo 58 da Lei 8820/89
ocorrera.
A seguir serão listados alguns dos incisos cujos decretos iniciais (quando
inserido o benefício fiscal pela primeira vez no RICMS) não mencionam lei específica nem
o dispositivo genérico do art. 58 da L. 8820/89.
Importante referir que os decretos cujos textos serão replicados nos itens a
seguir já se encontram revogados, tendo em conta a ocorrência de alterações materiais
nos benefícios fiscais em epígrafe, seja por meio de modificações dos percentuais de
fruição, produtos abarcados pela concessão; todavia não foram localizadas adequações
dos benefícios no que toca à edição de lei específica para fundamentar as renúncias
fiscais. A listagem abaixo é exemplificativa, podendo existir outros casos semelhantes no
Regulamento do ICMS:
a- Biodiesel (Livro I, art.32, LXXXVIII)
O Decreto nº 45604/2008 acrescentou o inciso LXXXVIII ao RICMS por meio
da Alteração nº 2584.
Art. 1º - Fica introduzida a seguinte alteração no Livro I do Regulamento do
ICMS, aprovado pelo Decreto nº 37.699, de 26/08/97:
ALTERAÇÃO Nº 2584 - No art. 32, fica acrescentado o inciso LXXXVIII, conforme
segue: "LXXXVIII - no período de 1º de abril de 2008 a 30 de junho de 2009, aos
estabelecimentos industriais, nas saídas de biodiesel, em montante igual ao que
resultar da aplicação do percentual de 50% (cinqüenta por cento) sobre o im-
posto devido, desde que a matéria-prima tenha sido adquirida e produzida nes-
te Estado.

b- Carne de aves ou suínos (Livro I, art. 32, LXXXII)


O Decreto nº 44477/2006 acrescentou o inciso LXXXII ao RICMS sem
fundamentar em lei ou convênio.
Art. 1º - Fica introduzida a seguinte alteração no Regulamento do ICMS, apro-
vado pelo DECRETO Nº 37.699, de 26/08/97:
ALTERAÇÃO Nº 2121 - No artigo 32 do livro I, ficam acrescentados os incisos
LXXXII e LXXXIII, com a seguinte redação:
"LXXXII - no período de 1º de maio a 31 de agosto de 2006, aos estabelecimen-
tos abatedores, nas saídas interestaduais de carnes e demais produtos comestí-
veis frescos, resfriados, congelados e salgados, resultantes do abate de aves e
suínos, de produção própria, em montante igual ao que resultar da aplicação do
percentual de 7% (sete por cento) sobre o valor da operação;[...]

c- Fertilizantes (Livro I, art. 32, LXXI)


O Decreto nº 42878/2004 acrescentou o inciso LXXI ao RICMS sem
fundamentar em lei ou convênio.

199
Art. 1º - Fica introduzida a seguinte alteração no Livro I do Regulamento do
ICMS, aprovado pelo DECRETO Nº 37.699, de 26/08/97, numerada em seqüên-
cia às introduzidas pelo DECRETO Nº 42.877, de 04/02/04:
ALTERAÇÃO Nº 1722 - No artigo 32, fica acrescentado o inciso LXXI com a se-
guinte redação:
"LXXI - aos estabelecimentos industriais, a partir de 1º de janeiro de 2004, em
montante igual ao que resultar da aplicação de percentual de até 75% (setenta
e cinco por cento) sobre o valor do imposto incidente sobre as saídas interesta-
duais de fertilizantes de produção própria, conforme segue:[...]

d- Farinha de trigo e misturas (Livro I, art. 32, LXXVI)


O Decreto nº 43909/2005 acrescentou o inciso LXXXII ao RICMS sem
fundamentar em lei ou convênio.
Art. 1º - Fica introduzida a seguinte alteração no Regulamento do ICMS, apro-
vado pelo DECRETO Nº 37.699, de 26/08/97:
ALTERAÇÃO Nº 1956 - No art. 32 do Livro I, é dada nova redação ao inciso LXIX e
fica acrescentado o inciso LXXVI, conforme segue: [...]
"LXXVI - de 1º de julho a 30 de setembro de 2005, aos estabelecimentos indus-
trializadores, em montante igual ao valor do imposto incidente nas saídas des-
tinadas a contribuinte localizado no Estado de São Paulo, decorrentes de venda
ou de transferência a outro estabelecimento do mesmo titular, das seguintes
mercadorias de produção própria:
NOTA 01 - Esse crédito fiscal não poderá se adotado cumulativamente ao crédi-
to fiscal previsto no inciso LXIX.
NOTA 02 - A apropriação deste crédito fiscal fica limitada, em cada trimestre ci-
vil, ao valor do imposto incidente sobre as saídas referidas no "caput" promovi-
das no trimestre civil correspondente do ano anterior acrescido de 10% (dez por
cento).
a) farinha de trigo;
b) misturas e pastas de farinha de trigo para a preparação de produtos de pada-
ria, classificadas no código 1901.20.00 da NBM/SH-NCM."

e- Leite em pó (Livro I, art. 32, XXXVI)


O Decreto nº 38472/1998 acrescentou o inciso LXXXII ao RICMS sem
fundamentar em lei ou convênio.
Art. 1º - Ficam introduzidas as seguintes alterações no Livro I do Regulamento
do ICMS, aprovado pelo DECRETO Nº 37.699, de 26/08/97, numeradas em se-
qüência às introduzidas pelo DECRETO Nº 38.471, de 04/05/98.
ALTERAÇÕES Nº 237 - Ficam acrescentados os incisos XXXVI e XXXVII ao artigo
32 com a seguinte redação:
"XXXVI - até 31 de maio de 1998, aos estabelecimentos fabricantes, em mon-
tante igual ao que resultar da aplicação do percentual de 50% (cinqüenta por
cento) sobre o valor do imposto incidente nas saídas internas e interestaduais
de leite em pó, classificado nas subposições 0402.10 e 0402.2 da NBM/SH-NCM;

Os decretos originais supramencionados foram praticados por outros


Gestores, contudo houve diversas prorrogações de prazo por meio de novos decretos,
estes últimos praticados, também, pelo atual Governador. Tendo em conta a existência

200
de vícios na origem dos atos de concessão, notadamente a inexistência de Lei específica
para cada benefício fiscal conjugada com a utilização de dispositivo genérico da Lei Geral
do ICMS (art. 58 da L. 8820/89) e possível ausência de apreciação pela Assembleia
Legislativa como ordena o parágrafo único do citado art. 58, deveriam os atos de
prorrogação de benefícios fiscais serem precedidos de Lei específica que abordasse
exclusivamente cada concessão que implicasse renúncia de receita.
Compete ainda mencionar que não ficou expresso, em nenhum momento
e de maneira transparente, qual dispositivo de outro Estado que fora editado com
inobservância de disposições da legislação federal que o Poder Executivo Gaúcho visava
confrontar, nos termos do art. 58 mencionado.
As fundamentações apresentadas nesse tópico foram objeto de pontos de
esclarecimentos no âmbito do Exame das Contas do ano de 2019, tendo sido deliberado
pelo Pleno do Tribunal de Contas no sentido de não imputar as falhas ao Chefe do
Executivo, pois este cumpre com o disposto na Legislação Estadual, notadamente a Lei nº
8820/89. Entretanto foi recomendado que o Poder Legislativo do Estado do Rio Grande
do Sul se manifestasse acerca dos Convênios ICMS celebrados a fim de ratificá-los ou não
por meio da edição de Decreto-Legislativo, por exemplo, evitando cercear o debate pleno
na Casa do Povo ao se permitir a aceitação dos termos conveniais a partir do decurso dos
prazos previstos na Lei Complementar nº 24/75 e reproduzidos na Lei Estadual nº
8820/89.
Por essa razão alguns dos pontos de esclarecimentos advindos das
sustentações desse tópico deixam de ser reapresentados no âmbito deste Relatório
Técnico, que examina a Prestação de Contas do Governador do Estado para o exercício de
2020.

3.2.1.5.10.1 – Quadros demonstrativos dos incisos mais representativos de Isen-


ção, Redução de Base de Cálculo e Crédito Presumido
Os quadros a seguir resumem as características dos incisos com os valores
mais representativos de fruição com base nos institutos da Isenção, Redução de base de
cálculo e crédito presumido no concernente aos ritos legais e normativos adotados para a
concessão de cada uma dessas desonerações.
O enquadramento foi efetuado para os dez (10) incisos com os valores
mais substantivos de saídas isentas e com redução da base de cálculo e para dezoito (18)
dos (20) maiores valores de fruição por meio do crédito presumido.
Conforme se verificará nas explicações ao conteúdo dos quadros, a
amostra selecionada representou valores superiores a 75% do total relativo a cada um
dos institutos. Relembrando que os montantes inerentes aos institutos da Isenção e da
Base de Cálculo Reduzida estão dispostos pelos valores de saída, enquanto as
informações afetas ao Crédito Presumido constam pelos valores de efetiva fruição na
apuração de ICMS. Para fins de preservação do sigilo fiscal deixou-se de informar de
maneira segregada valores de alguns dos incisos, constando os valores da soma entre os
incisos com sigilo.

201
Isenção - Arts. 9º e 10 - Resumo dos Incisos mais representativos
2019 – Valores das Operações (não são valores desonerados)

Menção expres-

Decreto Legisla-

Condicionantes
sa no art. 55 da
Lei Específica
Classificação

Autorizativo
(RS bilhões)

Convênio

Convênio

Lei 8820.
Objeto

Confaz
Inciso

Valor

tivo
1 VIII Insumos agropecuários 45,0 X X X
2 IX Prod. Alimentação Animal 13,8 X X X
3 XII Vasilhames 8,2 X
4 XIX Hortifruti 7,4 X X X
5 IX (10) Transporte carga 6,5 X X X
6 XIII Retorno Vasilhames 3,4
7 XCVIII Equip. Serviços Saúde 2,6 X X
8 XXV Zona Franca de Manaus 1,7 X
9 XIV Botijões vazios 1,7
10 CXXIV Maçãs e Peras 1,3 X
Soma: 91,9 bilhões de um total de 103,9 bilhões
VIII: Primeiro Decreto 37.699, Primeira Alteração Dec. 38.008/97, Red. Atual Dec. 55.651/20; Conv. 100/97:
IX: Primeiro Decreto 37.699, Primeira Alteração Dec. 38.008/97, Red. Atual Dec. 54.651/20; Conv. 100/97.
XII: Primeiro Decreto e Redação Atual Dec. 37.699. (“Operacional”)
XIX: Primeiro Decreto e Redação Atual Dec. 37.699. Lei 8820/89 art. 55; Conv. 44/75 e alt.
IX (10º): Primeiro Dec. 43.532/04, Red. Atual Dec. 55.651/20; Conv. 04/04 - Obs.: Interestadual não coberto Conv.
XIII: Primeiro Decreto e Redação Atual Dec. 37.699. (“Operacional”)
XCVIII: Primeiro Decreto 39.436/99, Redação Atual Dec. 55.651/20: Conv. 01/99, Dec. Leg. 10.211/99
XXV: Primeiro Decreto 37.699, Red. Atual Dec. 51.378/14; Conv. 65/88:
XIV: Primeiro Decreto e Redação Atual Dec. 37.699. (“Operacional”)
CXXIV: Primeiro Decreto 44.096/05, Primeira Alteração Dec. 52.392/15, Red. Atual 52.545/15. Conv. 94/05.

Os dez incisos mais representativos representam em valores 88,5% do total


(R$ 91,98 de R$ 103,89 bilhões).
Os três incisos identificados como operacionais (Vasilhames, Retorno de
Vasilhames, Botijões vazios), ou seja, que não se constituem propriamente em
desonerações, representam R$ 13,30 bilhões, equivalentes a 14,4% deste estrato. Estes
incisos constam na redação original do Decreto que instituiu o RICMS.
Retirando-se os incisos “operacionais”, o valor deste estrato se reduz para
R$ 78,68 bilhões. Os Incisos cujos convênios foram identificados como obrigatórios, XXV e
XCVIII, perfazem cerca de R$ 4,65 bilhões. Assim, os incisos cujos convênios Confaz foram
identificados como facultativos, isto é, de adoção não obrigatória por parte do Estado,
somados às isenções que independem de convênios Confaz perfazem R$ 74,03 bilhões,
equivalentes a 94,1% do total dos incisos não “operacionais” dessa amostra. Assim, no
estrato analisado, considerando-se as isenções que efetivamente são desonerações, o
Estado do RS tem, teoricamente, como administrar estes 94,1% dessas isenções.
Procedeu-se a busca por decretos legislativos no site da Assembleia
Legislativa do Estado, identificando-se, apenas, o correspondente ao inciso XCVIII. Da
mesma forma, identificou-se apenas uma menção na Lei originária do ICMS, referente à
desoneração prevista no Inciso XIX (hortifrúti).
Resumidamente, dos 10 incisos mais representativos, três referem-se a
procedimentos operacionais que não se constituem propriamente em desoneração.
Assim, entende-se que, dos sete Incisos que efetivamente representam isenções, dois
Incisos atendem ao disposto no Art. 150, §6º da CF. São eles o XIX (menção na Lei do

202
ICMS) e XCVIII (decreto legislativo). Em relação aos demais não foi possível identificar se
foram ou não submetidos à apreciação legislativa.
Em relação disposto no Art. 155, §2º, XII, “g” do mesmo diploma, os sete
incisos de isenções efetivas possuíam convênio.
Destaca-se, adicionalmente, que quatro dos incisos com maiores valores de
fruição de redução de base de cálculo em 2020 possuem exigências (“condicionantes”)
nas regras para apropriação cuja validação da correta utilização pelas empresas é de
difícil verificação unicamente com base nos Documentos Fiscais Eletrônicos ou Guias de
Informação e Apuração do ICMS (GIA). Como exemplo, cita-se o Inciso VIII, isenção
destinada a insumos agropecuários. Esta Isenção exige que os insumos produzidos para
uso na agricultura e na pecuária não tenham destinação diversa deste uso e, em certos
casos, que as indústrias fabricantes tenham o devido registro no Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento e o número desse registro seja indicado no
documento fiscal, quando exigido pelo referido Ministério.

Redução de Base de Cálculo Arts. 23º e 24º- Resumo dos Incisos mais representativos
2019 – Valores das Operações (não são valores desonerados)

Menção expressa

Condicionantes
Lei Específica

Lie 8820/898
Autorizativo
(RS Bilhões)

Legislativo
Convênio

Convênio

Decreto
Classif.

Objeto

Obs. 1
Inciso

Valor

1 II Cesta Básica 9,9 X X X


2 XIV Maq. Agrícolas 6,0 X X X
3 I Mercadorias Usadas 4,7 X X
4 IX Insumos Agropecuários 4,6 X X X
5 LXXVI Arroz Benef. Interest. 3,9 . X
6 XIII Maq. Industriais 3,1 X X X X
7 XXXII Ônibus, caminhões, trato- 2,0 X X
res e afins
8 XL Carnes, Aves, Interest. 1,8 X X
9 XXI Veículos 1,6 X X X X
10 X Alimentação Animal 0,9 X X
Soma R$ 38,46 (equivalente a 86,7% do total de R$ 44,39 bilhões)
Obs. 1- Condicionantes: quando a isenção não puder ser avaliada apenas pelas NFs/GIAs,,
II – Apêndice I da Lei 8820/89; Conv. 128/94
XIV – Primeiro Decreto 37.699, Atual Dec. 54.803/19, Conv. 52/91, 74/96, Dec. Leg. 8.155/96
I – Primeiro Decreto e Redação Atual Dec. 37.699. Conv. 15/81, prorrogado indefinidamente pelo Conv. 151/94.
IX – Primeiro Decreto 37.699, Atual Dec. 54.611/19, Conv. 100/97
LXXVI – Primeiro Decreto 53.218/16, Atual Dec. 53.607/16, Art. 58 da Lei 8.820/98. Conv. 190/17
XIII – Primeiro Decreto 37.699, Atual Dec. 54.803/19, Conv. 52/91, 74/96, Dec. Leg. 8.155/96
XXXII – Primeiro Decreto 42.119/03, Atual Dec. 55.651/20. Conv. 50/99.
XL – Primeiro Decreto e Redação Atual Dec. 44.228/05, Conv. 89/05
XXI – Primeiro Dec. 38.137/98, Atual Dec. 52.836/15, Conv. 129/97, Dec. Leg. 10.310/99
X – Primeiro Decreto 37.699, Atual Dec. 54.611/19, Conv. 100/97

Os 10 incisos mais representativos do Instituto da Redução da Base de


Cálculo representam, em valores de mercadorias, 86,7% do total (R$ 38,5 de R$ 44,4
bilhões). O inciso em que o Estado concedeu benefício sem base em convênio soma R$
3,9 bilhões, sendo o mesmo objeto da convalidação em relação à ausência de acordo
entre os Estados. Quanto aos incisos que foram objeto de convênios no CONFAZ

203
identificados como facultativos perfazem R$ 22,2 bilhões, e os identificados como
obrigatórios R$ 16,3 bilhões.
Assim, no estrato analisado, considerando-se as reduções de base de
cálculo, o Estado do RS tem, teoricamente, como administrar 57,8% do total (22,2/39,5).
Procedeu-se à busca por decretos legislativos no site da Assembleia
Legislativa do Estado, identificando-se, apenas, o correspondente aos Incisos XIV, XXI e
XIII. A cesta básica, por sua vez, possui menção expressa na Lei do ICMS. Dessa forma, foi
possível verificar que 4 Incisos atendem ao disposto no Art. 150, §6º da CF (um por
menção expressa em lei e 3 por decreto legislativo). Em relação aos demais não foi
possível identificar se foram ou não submetidos à apreciação legislativa.
Em relação ao disposto no Art. 155, §2º, XII, “g”, dos 10 incisos mais
representativos, nove fundamentam-se em convênios do Confaz (sete “autorizativos”,
dois “obrigatórios”) e um Inciso foi objeto da convalidação quanto à ausência de
convênio.
Neste último caso, a redução de base de cálculo do arroz beneficiado foi
introduzida com base no art. 58 da lei do ICMS, ou seja, “sempre que outro Estado ou o
Distrito Federal conceder benefício fiscal ou financeiro que resulte em redução ou
eliminação, direta ou indiretamente, de ônus tributário relativo ao ICMS, com
inobservância de disposições da legislação federal que regula a celebração de acordos
exigidos para tal fim, o Poder Executivo poderá adotar as medidas necessárias à proteção
da economia do Estado, podendo, inclusive, conceder benefício semelhante.”.
Destaca-se, adicionalmente, que seis dos incisos com maiores valores de
fruição de redução de base de cálculo em 2020 possuem exigências (“condicionantes”)
nas regras para apropriação cuja validação da correta utilização pelas empresas é de
difícil verificação unicamente com base nos Documentos Fiscais Eletrônicos ou Guias de
Informação e Apuração do ICMS (GIA).
Conforme se verá na sequência o instituto do crédito presumido foi o que
menos se aproximou do binômio tido como procedimento formal ideal quando o assunto
é concessão de desoneração fiscal no âmbito do ICMS: i- convênio CONFAZ (CF, art. 155, §
2º, XII, “g”); ii- Lei instituidora do benefício fiscal (CF, art. 150, § 6º).
Essa modalidade de desoneração fiscal é também o principal instrumento
utilizado na denominada “guerra fiscal” entre os estados-membros, podendo residir
nesse contexto uma deficiência, ou mesmo ausência, dos ritos legais imprescindíveis para
a entrada em vigor de quaisquer desonerações que culminem na redução do ICMS a ser
recolhido pelos contribuintes.
As hipóteses constantes em vinte e cinco incisos do art. 32 do Livro I do
Regulamento do ICMS do Estado do Rio Grande do Sul analisadas são aquelas cujos
valores de fruição estão entre os maiores no ano de 2020.
Os dezoito (18) incisos, entre os vinte (20) com os valores mais
representativos de crédito presumido, somaram, em 2020, o montante de fruição de R$
2,54 bilhões representando 67,1% do total apropriado no aludido instituto (R$ 3,78
bilhões). Os dois dispositivos que deixam de ser identificados bem como de ter suas
fruições expostas demandam proteção das informações em virtude do sigilo fiscal.

204
Destaca-se, adicionalmente, que entre os dezoito dispositivos analisados
entre aqueles com maiores valores de fruição de crédito presumido em 2020 dez deles
contam com requisitos nas regras para apropriação cuja validação da correta utilização
pelas empresas não pode ser realizada unicamente com base nos Documentos Fiscais
Eletrônicos ou Guias de Informação e Apuração do ICMS (GIA).
Tal fato aumenta o custo de fiscalização por parte do Estado, bem como
eleva o risco de apropriação incorreta pelas empresas, o que pode culminar na elisão de
recursos aos cofres do Estado.
A causa para essa possível ocorrência está centralizada, sobretudo, na
complexidade dos regramentos adotados, o que causa severa insegurança jurídica para os
atores envolvidos no processo: Estado e contribuintes.

Crédito Presumido - Art. 32 do Livro I do RICMS

L.8820/89
Específica
Possui Lei
Convênio

Controle
Art. 58 –
CONVAZ

8820/89
190/17*
Milhões
CP - R$-
Objeto

Na Lei
Inciso

Conv.

**
.

VII Chapas e bobinas de aço 321,8 X X


XI, A Agregar Carnes 204,9 X X X
XI, C Agregar Carnes 204,4 X X X
XXI Serviço transporte 93,6 X X
XXVI Indústria de Queijos 149,9 X X
XXXV Linguiça, mortadela, salsicha 74,4 X X X X
XXXVI Leite em pó 70,9 X X X
LXIII Leite fluido 131,7 X X X
LXXI Fertilizantes 119,7 X X
LXXIV Fundopem/RS 102,7 X X X
LXXVI Far. Trigo e misturas 118,0 X X
LXXXII Carnes/prod abate 160,5 X X
LXXXVIII Biodiesel 412,1 X X X
CVI Leite p/ queijo 73,9 X X X
CVII Leite adquirido produtor rural 77,5 X X X
CXXVI Carnes aves 82,6 X X
CLXVII Inf. E Automação 59,8 X X
CLXXVIII Leite UHT 78,0 X X X
Soma 2.536,4
- Valores omitidos para preservação do sigilo fiscal (art. 198 CTN).
* Conv. ICMS 190/17 elidiu ausência de Convênio CONFAZ na esteira da LC nº 160/17.
** Quando o controle não pode ser realizado apenas a partir dos documentos fiscais ou GIAs.
VII- Sem Lei específica. Conv. 190/17.
XI,A – Lei genérica (art. 58 L. 8820/89) – Conv. 190/17
XI, C - Lei genérica (art. 58 L. 8820/89) – Conv. 190/17
XXI- Sem lei específica. Conv. 190/17. Consta desde redação original do RICMS.
XXVI- Lei genérica (art. 58 L. 8820/89) – Conv. 190/17
XXXV- L. 8820/89 art. 15, §23 c/c art. 58.
XXXVI- Sefaz indica art. 58 L. 8820/89, porém Dec. 38472/98 (inicial) não cita lei ou convênio.
LXIII- Lei genérica (art. 58 L. 8820/89) – Conv. 190/17
LXXI- Sefaz indica art. 58 L. 8820/89, porém Dec. 42878/04 (inicial) não cita lei ou convênio.
LXXIV – L. 11916/03.
LXXVI- Sefaz indica art. 58 L. 8820/89, porém Dec. 43909/05 (inicial) não cita lei ou convênio.
LXXXII - Sefaz indica art. 58 L. 8820/89, porém Dec. 44477/06 (inicial) não cita lei ou convênio.
LXXXVIII – Sefaz indica art. 58 L. 8820/89, porém Dec. 45604/08 (inicial) não cita lei ou convênio.
CVI- Lei genérica (art. 58 L. 8820/89) – Conv. 190/17
CVII- Lei genérica (art. 58 L. 8820/89) – Conv. 190/17
CXXVI- Lei genérica (art. 58 L. 8820/89) – Conv. 190/17
CLXVII- Lei genérica (art. 58 L. 8820/89) – Conv. 190/17
CLXXVIII- L. 8820/89, art. 15, § 33. Conv. 190/17

205
Com base na tabela acima e no discorrido ao longo desta análise de
conformidade, identifica-se que podem ser consideradas como regulares no que diz
respeito aos requisitos formais para concessão dos benefícios apenas as concessões dos
incisos LXXIV (Fundopem), XXXV (Indústria de linguiças, mortadelas e salsichas) e CLXXVIII
(Leite UHT); uma vez que os itens mencionados foram objeto de edição de Lei, o que
atende a CF, art. 150, §6º assim como tiveram a ausência de Convênio ICMS no Confaz
elidida em decorrência da LC nº 160/17, Conv. ICMS nº 190/17 e Lei Estadual nº
15424/19. As fruições nos referidos incisos atingiram, somadas, o montante de R$ 255,15
milhões, em 2020. Isso representa 6,7% dos valores apropriados a título de crédito
presumido no citado exercício.
Sorte diversa tiveram os demais quinze (15) incisos analisados, que não
contaram com edição de lei específica para sua concessão. O Poder Executivo do Estado
se valeu, ora de dispositivo genérico da Lei Geral do ICMS (art. 58, L. 8820/89), ora de
simples decreto sem a menção a qualquer lei ou convênio que os fundamentasse. As
fruições de crédito presumido nos referidos incisos atingiram, somadas, o montante de
R$ 2,53 bilhão, em 2020. Esse valor dá conta de 60,3% das apropriações advindas do
instituto do crédito presumido.
Edição de lei específica e celebração de convênio entre Estados e DF são
fundamentais do ponto de vista jurídico-formal, mas também não se pode olvidar a
relevância da necessidade de que o texto utilizado nas leis e normas atinentes aos
benefícios fiscais concedidos adotarem redações claras para melhor compreensão e
aplicação, e sejam dotadas de diretrizes que facilitem o processo de fiscalização.
Numa análise comparativa entre os institutos da Isenção, Redução de Base
de Cálculo e Crédito Presumido é possível verificar que este último conteve uma maior
prevalência de concessões contendo irregularidades em relação às disposições
constitucionais e legais afetas ao tema.
Verifica-se, também, que os três institutos, em diversas hipóteses do
RICMS adota regramentos contendo diversas condicionantes para a apropriação dos
benefícios fiscais derivadas de exigências que não são simplesmente detectadas nos
dados dos documentos fiscais eletrônicos ou obrigações acessórias enviadas – como a GIA
-, o que torna complexo e possivelmente mais custoso o controle das fruições ao Fisco
Estadual.

3.2.1.5.10.2 – Deficiência na apresentação de estudos de impacto orçamentário-


financeiro (art. 14 da LRF)
A Lei Complementar nº 101/2000, em seu artigo 14, dispõe a respeito das
medidas necessárias para quando da ampliação da Renúncia Fiscal. Procedimentos estes
que, conforme prevê o referido diploma legal, devem ser seguidos a cada ato de
concessão, constituindo-se, pois, em requisito de validade dos atos.
Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tribu-
tária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de esti-
mativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar
sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes or-
çamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições:

206
I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na esti-
mativa de receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não afetará
as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes or-
çamentárias;
II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado
no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da elevação de alíquo-
tas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contri-
buição.
§ 1o A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido,
concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modifica-
ção de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou con-
tribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado.
§ 2o Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou benefício de que trata
o caput deste artigo decorrer da condição contida no inciso II, o benefício só en-
trará em vigor quando implementadas as medidas referidas no mencionado in-
ciso.

Com o advento da LC nº 160/2017 ficam os Estados pertencentes à mesma


região, autorizados a implementarem benefícios porventura concedidos pelas demais
UFs, sem que se exija o cumprimento das regras do artigo 14 da LRF a fim de permitir a
implementação das disposições da LC nº 160/2017.
Art. 4o São afastadas as restrições decorrentes da aplicação do art. 14 da Lei
Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, que possam comprometer a im-
plementação das disposições desta Lei Complementar.

Entende-se que aquelas concessões de benefícios fiscais com fulcro no


permissivo do § 8º do art. 3º da LC nº 160/17, notadamente a possibilidade de lançar mão
dos mesmos benefícios fiscais já concedidos por outro Estado pertencente à sua região,
prescindem da necessidade de cumprimento do rito procedimental positivado no art. 14
da LC nº 101/00, todavia a aludida exceção não se aplica aos demais benefícios fiscais
concedidos anteriormente à LC nº 160/17.
Foram enviadas pela SEFAZ/Receita Estadual cópias de três expedientes
administrativos relativos a modificações no Regulamento do ICMS, incluídas as inerentes
às desonerações fiscais, como resposta de solicitação da equipe de auditoria do TCE,
referente à comprovação do cumprimento das disposições do art. 14 da LRF, em especial,
no que concerne aos estudos de impacto orçamentário-financeiro no ano de implantação
e dois seguintes para uma amostra de benefícios concedidos.
Na sequência colacionam-se trechos dos aludidos processos
administrativos que culminaram em alterações do RICMS, que evidenciam a fragilidade
dos estudos de impacto orçamentário-financeiro, bem como da comprovação de não
afetação das metas fiscais, tal como requer a LRF.
Exemplo 1:

[...]COMPROMETIMENTO FINANCEIRO: Tendo em vista que a medida proposta


trata de benefícios cuja prorrogação foi considerada na previsão da arrecadação
tributária estadual e que está vedada a restituição ou compensação de impor-
tâncias pagas, não há comprometimento financeiro.[...]

207
Exemplo 2:

[...]COMPROMETIMENTO FINANCEIRO: Tendo em vista que a medida proposta


trata de prorrogações de benefícios em vigor, o comprometimento financeiro já
está considerado na previsão da arrecadação tributária estadual.[...]

Exemplo 3:

[...]COMPROMETIMENTO FINANCEIRO: Não haverá redução na arrecadação.[...]

Este último representa caso de reinstituição de benefícios fiscais na esteira


da LC nº 160/17 e Convênio ICMS nº 190/17, portanto está dispensado de cumprir as
exigências do art. 14 da LRF por força do art. 4º da LC nº 160/17.
Os estratos dos processos supracitados ilustram a deficiência ou mesmo
ausência dos estudos de impacto orçamentário-financeiro.
Cumpre informar que desde o Parecer Prévio das Contas do Governador
relativo ao exercício de 2018 já contou com ponto de esclarecimento relativo à fragilidade
de quadros de previsão de renúncia de receita no anexo próprio da LDO.
Vê-se que o Governo do Estado precisa aperfeiçoar este procedimento a
fim de dar maior transparência às renúncias fiscais praticadas e seu impacto nas finanças
públicas estaduais. Entretanto, as novas desonerações identificadas nos dados de fruição
relativamente ao ano de 2020 dizem respeito à autorização do § 8º do art. 3º da LC
160/17, notadamente a aplicação de benefícios já concedidos por outros Estados da
mesma região. Como se identifica alguns parágrafos acima, a referida lei complementar
dispensa o cumprimento dos ritos previstos no art. 14 da LRF.

3.2.2 – IPVA
O IPVA é imposto estadual incidente sobre a propriedade de veículos
automotores. Do total arrecadado, além dos valores deduzidos ao FUNDEB, cinquenta por
cento são remetidos aos municípios do Estado onde ocorrera o emplacamento.
O valor bruto arrecadado de R$ 3,22 bilhões foi objeto de dedução ao
FUNDEB (R$ 321,9 milhões) e Transferência aos Municípios (R$ 1,61 bilhão), de modo que
o ingresso líquido de R$ 1,28 bilhão representou 39,90% do que foi pago pelos
contribuintes. É possível identificar que esse imposto tem grande parcela repassada aos
cofres dos Municípios do Estado. Neste capítulo, no item relativo às deduções de
impostos, serão identificados os municípios que receberam as maiores fatias do IPVA
arrecadado.
O IPVA conta com uma série de previsões legais de desoneração do
imposto devido que abrangem desde a isenção total até a redução de parte dos valores
devidos. A próxima tabela evidencia os valores desonerados do IPVA conforme o
dispositivo legal que fundamenta as renúncias fiscais respectivas.
Os valores a serem apresentados dizem respeito ao exercício de 2019, pois
até a finalização deste relatório não teria ocorrido o fechamento das informações por
parte da Receita Estadual.
As desonerações no âmbito do IPVA estão divididas nas próximas tabelas
em dois grandes grupos: as imunidades e as isenções. Além delas, há as previsões de
descontos da Lei do Bom Motorista (L. 11.400/99) que atingiram, em 2019, R$ 109,7

208
milhões, os relativos ao “Bom Cidadão” (L. 14.020/12) cuja desoneração chegou a R$ 20,8
milhões, além da dedução pela antecipação do pagamento com cifras de R$ 24,9 milhões,
ambos se referindo igualmente a 2019.

IMUNIDADES IPVA – 2019


Em R$ Milhares (nominais)
Estimativa
IMUNIDADES (L. 8115/85, art. 3º) Veículos Desonerados
Desoneração
Veículos Oficiais - União, Estados e Municípios (Inciso I e
43.761,1 43.521
§1º)
Templos (Inciso II) 1.929,2 2.268
Partidos Políticos e suas fundações
7,4 8
(Inciso III)
Sindicatos de Trabalhadores
681,9 755
(Inciso IV)
Instituições de Educação e Assistência Social (Inciso V) 2.584,3 3.187

TOTAL IMUNIDADES 48.963,9 49.739


Fonte: Ofício do Gabinete da Receita Estadual nº 34/2021.
Classificação dos Incisos: Equipe SAIPAG conforme redação do RICMS. Cálculos: Equipe SAIPAG

Entre as desonerações no âmbito do IPVA destacam-se as isenções para


máquinas agrícolas, de terraplanagem, tratores, barcos, aviões, reboques e ciclomotores
com estimativa de desoneração de R$ 411,5 milhões, em 2019, em seguida vêm os
veículos com idade superior a vinte anos, que representaram desoneração estimada de
R$ 344,4 milhões, atingindo mais de 2 milhões de veículos, como ilustra a tabela abaixo.

ISENÇÕES IPVA – 2019


Em R$ Milhares (nominais)
Estimativa
ISENÇÕES (L. 8115/85, art. 4º) Veículos Desonerados
Desoneração
Corpos Diplomáticos (inciso I) 119,8 56
Máq Agrícolas, de terraplanagem, tratores, barcos, aviões,
411.541,4 -
reboques e ciclomotores (Inciso II)
Conselhos Comunitários Pró Segurança Pública (Inciso III) 64,0 49
Veículos com mais de 20 anos
344.377,0 2.277.594
(Inciso IV)
Veículos com IPVA inferior a 4 UPF/RS (Inciso V) 23.526,8 424.472

Deficientes Físicos e paraplégicos (Inciso VI) 29.771,5 22.728

Táxi – Categoria Aluguel (Inciso VII, a) 14.733,0 15.089


Ônibus urbano, suburbano, região metropolitana (Inciso
8.674,6 6.901
VII, b)
Táxis-lotação (Inciso VII, c) 548,4 486

Transporte Escolar (Inciso VII, d) 2.810,4 4.580

Leilão do FUNCAB (Inciso VIII) 86,9 127

Associação de Bombeiros Voluntários (Inciso X) 49,6 57

Perda total por furto, roubo, sinistro ou outro motivo (§ 1º) 46.072,0 78.586

TOTAL ISENÇÕES 882.375,6 2.830.725

209
ISENÇÕES IPVA – 2019
Em R$ Milhares (nominais)
Estimativa
ISENÇÕES (L. 8115/85, art. 4º) Veículos Desonerados
Desoneração
Fonte: Ofício do Gabinete da Receita Estadual nº 34/2021.
Classificação dos Incisos: Equipe SAIPAG conforme redação do RICMS. Cálculos: Equipe SAIPAG

No rol das estimativas de isenções chama atenção, além do valor


desonerado de R$ 882,4 milhões, o total de veículos que deixa de ser tributado de quase
3 milhões.

3.2.3 – ITCD
O ITCD é imposto estadual incidente sobre as transmissões causa mortis de
bens e direitos, e sobre as doações. Do valor bruto arrecadado de R$ 759,8 milhões,
patamar superior em 9,20% em comparação a 2019, houve dedução ao FUNDEB (R$
152,0 milhões), perfazendo um ingresso líquido de R$ 607,8 milhões, estes 9,18%
superiores aos valores alcançados no exercício anterior a 2020.
A próxima tabela identifica as desonerações ao ITCD devido junto da
respectiva fundamentação legal decorrentes das imunidades, sendo a maior delas
referente aos Entes (União, Estados e Municípios). Os dados, a exemplo do IPVA, referem-
se a 2019.

IMUNIDADES ITCD – 2019


Em R$ Milhares (nominais)
Estimativa Base Legal
IMUNIDADES
Desoneração (L. 8821/89)
União, Estados e Municípios 2.817,6 Art. 5º, I

Templos de Qualquer Culto 600,8 Art. 5º, II

Partidos Políticos e suas fundações - Art. 5º, III


Sindicatos de Trabalhadores e Instituições de Educação e
492,4 Art. 5º, IV
Assistência Social
Livros, Jornais, Periódicos e papeis destinados à sua
- Art. 5º, V
impressão
TOTAL IMUNIDADES 3.910,8
Fonte: Ofício do Gabinete da Receita Estadual nº 34/2021.
Classificação dos Incisos: Equipe SAIPAG conforme redação do RICMS. Cálculos: Equipe SAIPAG

No que diz respeito às Não Incidências os maiores valores desonerados


advêm da previsão do inciso III do art. 6º da Lei 8821/89, notadamente a extinção de
usufruto na transmissão da terra nua, com estimativa de R$ 671,0 mil, enquanto a
extinção de condomínio (L. 8821/89, art. 6º, V) atingiu R$ 237,5 mil. Ambos os valores se
referem ao exercício de 2019.

ISENÇÕES ITCD - 2019


Em R$ Milhares (nominais)
Estimativa Base Legal
ISENÇÕES
Desoneração (L. 8821/89)
IMÓVEL URBANO DE ATÉ 4.379 UPFs 757,8 Art. 7º, I

210
ISENÇÕES ITCD - 2019
Em R$ Milhares (nominais)
Estimativa Base Legal
ISENÇÕES
Desoneração (L. 8821/89)
EXTINÇÃO DE USUFRUTO INSTITUÍDO PELO NU-
1.024,0 Art. 7º, II
PROPRIETÁRIO
DOAÇÃO À UNIÃO, AO ESTADO DO RS E SEUS MUNICÍPIOS 8.258,8 Art. 7º, III

IMÓVEL RURAL 1.108,6 Art. 7º, IV


TRANSM. DO DOMÍNIO DIRETO OU NUA-PROPRIEDADE
18,7 Art. 7º, V
(REVOGADO PELA LEI 13.337/09)
EXTINÇÃO DE USUFRUTO (OPERAÇÃO TRIBUTADA
25.114,7 Art. 7º, VI
ANTERIORMENTE)
DOAÇÃO A TEMPLOS, PART. POLÍTICOS, ENTIDADES
4.908,8 Art. 7º, VII
SINDICAIS E ASS. SOCIAL
ROUPAS, UTENSÍLIOS AGRÍCOLAS DE USO MANUAL,
- Art. 7º, VIII
MÓVEIS E APAR. DOMÉSTICOS
SUCESSÃO LEGÍTIMA, QUINHÃO ATÉ 10.509 UPFs
49.205,0 Art. 7º, IX
(REVOGADO PELA LEI 14.741/16)
VALOR DO ITCD INFERIOR A 4 UPFs 54,9 Art. 7º, X
REL. À COPA DO MUNDO DA FIFA 2014 E CONFEDERAÇÕES
- Art. 7º, XI
2013 (2011 A 2014)
TOTAL IMUNIDADES 90.451,2
Fonte: Ofício do Gabinete da Receita Estadual nº 34/2021.
Classificação dos Incisos: Equipe SAIPAG conforme redação do RICMS. Cálculos: Equipe SAIPAG

A tabela acima demonstrou a relação das isenções estimadas de 2019, com


a respectiva fundamentação legal. A sucessão legítima, quinhão até 10509 UPFs ocupou a
maior desoneração com R$ 49,2 milhões estimados, seguida da extinção de usufruto
tributada anteriormente com estimativa de R$ 25,1 milhões de desoneração.
Outras formas de desoneração do ITCD também informadas foram a
alíquota zero para valor de ITCD até 2000 UPFs, prevista no art. 18 da L. 8821/89, com
desoneração estimada de R$ 10,4 milhões, além da não incidência decorrente da doação
em comum (L. 10406/02, art. 551, parágrafo único) com estimativa de R$ 561,9 mil,
ambos referentes a 2019.

3.2.4 – IRRF
O IRRF é imposto de competência da União incidente sobre a renda e
proventos de qualquer natureza. Ele consta entre os impostos arrecadados pelo Estado
em virtude do disposto no art. 157, I da Carta Magna.

Art. 157. Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal:


I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos
de qualquer natureza, incidente na fonte sobre rendimentos pagos, a qualquer
título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e
mantiverem; [...]

Em virtude de legislação federal, o Estado do Rio Grande do Sul procede à


retenção na fonte do Imposto de Renda sobre grande parte de suas contratações de bens
e serviços (há exceções previstas na lei), além da folha de pagamento de seus servidores.

211
Após reter os valores do IRRF sobre esses pagamentos, em vez de remetê-los à União, o
Estado os arrecada na forma de receita tributária em cumprimento ao mencionado inciso
I do art. 157 da CF.
O valor arrecadado a título de IRRF alcançou o montante de R$ 3,28
bilhões, em 2020, patamar inferior em 1,49% aos ingressos do ano de 2019, entretanto
27,94% superiores, quando comparados com 2016.
A próxima tabela distribui os valores retidos e arrecadados de IRRF
conforme a natureza da operação que lhe serviu de fato gerador, tornando possível
identificar que as quantias mais substantivas dessa fonte de receitas advêm dos
rendimentos do trabalho.

IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE - IRRF - 2016/2020


Em R$ milhões (inflacionados)
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO Δ% Δ% Δ% Δ% Δ%
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
IRRF – Trabalho 2.427,9 2.835,3 16,8 2.826,3 -0,3 3.077,1 8,9 3.185,2 3,5 31,2
IRRF – Outros Rendimentos 137,5 89,3 -35,0 110,2 23,4 254,6 131,1 96,5 -62,1 -29,8
Total IRRF 2.565,4 2.924,6 14,0 2.936,5 0,4 3.331,7 13,5 3.282,0 -1,5 27,9
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados IPCA/IBGE – Médio.

3.2.5 – Taxas
As taxas pertencem ao grupo das receitas tributárias e têm como fato
gerador a prestação efetiva ou potencial de serviço público específico e divisível pelo
Estado, podendo ser didaticamente divididas em taxas de serviço e de polícia, esta última
relacionada ao exercício do poder de polícia pelo Estado, como em casos de fiscalizações.
Uma particularidade em relação às Taxas é o fato de outros Poderes, além
do Executivo, auferirem volumes significativos dessa receita, como é o caso do Poder
Judiciário em relação aos emolumentos e custas judiciais, por exemplo. A próxima tabela
demonstra o comportamento da arrecadação de taxas no período de 2016 a 2020, com a
devida discriminação da natureza da taxa recebida.

ARRECADAÇÃO DE TAXAS - 2016/2020


Em R$ milhões (inflacionados)
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO Δ% Δ% Δ% Δ% Δ%
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
Taxas de Serviços 1.431,31 1.596,82 11,6 1.686,37 5,6 1.669,78 -1,0 1.560,43 -6,5 9,0
Emolumentos e Custas
292,22 294,79 0,9 295,42 0,2 286,52 -3,0 223,08 -22,1 -23,7
Judiciais
Emolumentos e Custas
0,542 0,705 30,0 0,735 4,2 1,191 62,2 1,222 2,6 125,3
Extrajudiciais
Inspeção, Controle e
14,795 24,461 65,3 29,418 20,3 25,202 -14,3 22,620 -10,2 52,9
Fiscalização
Total Taxas 1.738,87 1.916,77 10,2 2.011,94 5,0 1.982,69 -1,5 1.807,36 -8,8 3,9
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados IPCA/IBGE – Médio.

212
As Taxas de Serviços, com um extenso rol de rubricas, são as mais
representativas em termos de valores arrecadados, tendo alcançado o patamar de R$
1,56 bilhão, em 2020, embora esse valor represente uma queda de 6,5% em relação ao
ingresso de 2019.
Na sequência aparecem as taxas relacionadas aos emolumentos e custas
judiciais com cifras na casa dos R$ 223,08 milhões, apesar da redução de 22,1% frente aos
valores do exercício anterior. Por fim, aparecem as taxas e emolumentos extrajudiciais e
as relacionadas às atividades de inspeção, controle e fiscalização, com montantes de R$
1,22 milhão e R$ 22,62 milhões, respectivamente.
Por derradeiro cita-se que, entre as taxas de serviço, aquelas relacionadas
ao Fundovinos, Fundomate, Fundoleite e Fundovit contam com benefício fiscal de crédito
presumido, que permite às empresas o ressarcimento total ou parcial dos valores pagos a
título de taxa. Esse expediente distorce as finalidades propugnadas para o uso do recurso
auferido mediante taxas e vincula indiretamente as despesas executadas ao ICMS, pois
dele são abatidos os valores fruídos via crédito presumido, situação vedada pela CF, art.
167, IV. Essa questão foi abordada neste capítulo no tópico relativo às desonerações
fiscais no âmbito do ICMS.

3.2.6 – Administração Tributária


A Administração Tributária do Estado é detentora da competência de
responder pelo desenvolvimento das ações que visam à obtenção dos recursos
financeiros capazes de viabilizar o atendimento às demandas da Administração Pública,
cujas ações possuem como limite o alcance da Receita Potencial do Estado, ou seja, o
correspondente ao valor total possível de arrecadar tendo por parâmetro a base
imponível prevista na legislação.
Os especialistas em tributação afirmam que a melhor Administração
Tributária não é aquela que arrecada mais receita, mas a que busca reduzir a diferença
entre o valor da receita arrecadada e o valor estimado para a receita potencial para o
exercício. Por isso, as atividades desenvolvidas pela Administração Tributária buscam a
otimização da Receita Estadual, isto é, estão focadas na redução do “gap” entre a efetiva
arrecadação tributária e o seu limite impositivo, tanto técnico como socialmente aceito.
Do ponto de vista institucional, a organização política do Brasil, com sua
estrutura lastreada no modelo federativo, possibilita a presença de diversos órgãos com
funções típicas da Administração Tributária. A Carta Magna, ao tratar do Sistema
Tributário Nacional, atribui à União, aos Estados e Municípios a capacidade de instituir e
arrecadar os tributos de sua competência, e, de forma explícita, dispõe acerca das
limitações que devem ser atendidas por aqueles que possuem o poder de tributar,
situações que, por suas implicações específicas, impelem que cada ente político institua
sua própria Administração Tributária.
Igualmente, a simples edição de normas legais dispondo sobre a ordem
tributária pode não resultar, efetivamente, na arrecadação dos impostos, ou seja, a
eficácia do sistema tributário não se resume apenas na questão da instituição de
legislação tributária competente, mas de eficiência e integridade de todos envolvidos com
a administração tributária.

213
Logo a importância da aplicação da legislação tributária está vinculada à
sua aplicação imparcial e íntegra, com o atendimento aos princípios constitucionais de
administração pública, da impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, e, tendo
presente, a observação às diretrizes previstas na Cara Magna para mitigar e regular o
poder de tributar do Estado, na sua concepção mais abrangente.
Nessa linha, o artigo 11 da LRF dispõe que constituem requisitos essenciais
da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos
os tributos da competência constitucional do ente da Federação.
O ano de 2020 foi dotado de particularidades em função da pandemia da
Covid-19 que aumentou a gama de desafios à Administração Tributária para atingir de
forma simultânea um nível adequado de arrecadação frente à alta na demanda por
serviços públicos, sobretudo na área da Saúde, mas sem inviabilizar financeiramente os
setores econômicos envolvidos.
Com referência aos dados apresentados, em comparação com 2019, em
valores nominais, os resultados obtidos pela Receita Estadual no ano de 2020 registram
incremento na arrecadação de ICMS tributário na ordem de 3,66%. Entretanto, na análise
dos valores reais ou inflacionados, constata-se a uma menor elevação, de 0,44%.
Considerando o contexto de Pandemia, a elevação, ainda que abaixo um por cento frente
aos valores corrigidos do exercício anterior ilustram a efetividade nas ações fiscalizatórias
da Administração Tributária. Em relação ao ICMS a qualquer título houve redução real de
3,51%, número influenciado pelo contexto econômico decorrente do cenário pandêmico.
O ano de 2020 não foi o de maior valor nominal de ICMS arrecadado.
Todavia, no período 2010-2020, constata-se aumento real de 17,68%.

INCREMENTO DO ICMS A QUALQUER TÍTULO - PERIODO 2010 – 2020


Em R$ milhões
VALOR VALOR ∆%
∆% ∆%
NOMINAL INFLACIONADO* 2010/2020
2010 17.893,3 30.915,0
2011 19.502,9 9,0 31.599,0 2,2
2012 21.369,6 9,6 32.848,4 4,0
2013 24.060,6 12,6 34.824,3 6,0
2014 25.854,2 7,5 35.193,0 1,1
17,68
2015 27.125,9 4,9 33.865,9 -3,8
2016 30.385,8 12,0 34.887,0 3,0
2017 31.933,4 5,1 35.442,4 1,6
2018 34.838,6 9,1 37.299,9 5,2
2019 36.531,3 4,9 37.704,6 1,1
2020 36.380,7 -0,4 36.380,7 -3,5
Fonte: Cubos DW SEFAZ RS.
*Valores Inflacionados pelo índice IPCA/IBGE (Médio)
Cálculos: Equipe Técnica SAIPAG

214
EVOLUÇÃO DO ICMS - PERÍODO DE 2010 A 2020

Bilhões
40 25,00%

35
20,00%
30

25 15,00%
20
10,00%
15

10
5,00%
5

0 0,00%
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

INCREMENTO DO ICMS A QUALQUER TÍTULO PERIODO 2010 - 2020


Var. % Acumulada

Fonte: Balanço Geral do Estado 2020


Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS

Na análise da evolução da arrecadação do ICMS, muitas vezes somos


levados ao entendimento de que as taxas de crescimento do PIB e do ICMS deveriam ser
semelhantes, especialmente pelo fato de terem bases aproximadas. Como referencial
teórico, poderíamos considerar correto afirmar que a “elasticidade-renda” (ou mais
propriamente, a “elasticidade-produto”) do ICMS seria unitária. Todavia, o
comportamento efetivo da arrecadação do ICMS é influenciado por outros fatores, sendo
que os mais relevantes estão vinculados às alterações na política e na administração
tributária, tanto no âmbito regional como nacional.
A comparação entre a receita do ICMS e a evolução do produto da
economia deve ser realizada observando precauções técnicas vinculadas às variáveis que
podem afetar o resultado. Como exemplo, destacamos os efeitos provocados pelos
aumentos de alíquotas em determinados serviços e mercadorias e os derivados da Lei
Kandir. Nesse último caso, as desonerações das exportações podem afetar diretamente a
relação, ou seja, o aumento de produção de bens direcionados à exportação ou o simples
aumento de produção no setor primário, situações que repercutem positivamente no PIB
regional, pode não resultar em aumento direto de ingressos de ICMS, muito embora, por
outro lado, devamos considerar a ocorrência do efeito “renda” e outros “indiretos”.
Em linhas gerais, excluindo a majoração de alíquotas do ICMS, o
desempenho demonstrado na arrecadação do ICMS/RS dos últimos exercícios pode ser
atribuído à constante busca da maior eficiência e eficácia da Administração Tributária
Estadual, sendo que as principais ações estiveram envolvidas no combate à sonegação, no
uso intensivo de dados e informações fiscais para o controle das operações dos
contribuintes, na adoção de programas de monitoramento de grandes contribuintes e na
melhoria dos procedimentos que visam à integração entre os servidores que atuam na
área tributária.

215
3.2.6.1 – Da Atuação Fiscalizatória
Em 2019, a Receita Estadual lançou um conjunto de 30 medidas para a
modernização da administração tributária do Rio Grande do. As iniciativas, denominadas
“Receita 2030: Rumo à Receita Digital”, fazem parte do processo de recuperação fiscal e
de promoção do desenvolvimento. As ações buscam qualificar o relacionamento do
Estado com os contribuintes, simplificar as obrigações acessórias, incrementar a eficiência
da arrecadação e da fiscalização, racionalizar o uso de recursos e reduzir o custeio da
administração tributária.
A intensificação do uso de Tecnologia da Informação deve ser entendida
como uma ferramenta que teve um desenvolvimento expressivo a partir da
universalização da obrigatoriedade dos contribuintes emitirem Nota Fiscal Eletrônica (NF-
e) e apresentarem suas declarações tributárias na forma de Escrituração Fiscal Digital
(EFD), tanto para as Administrações Tributárias Municipais e Estaduais como Nacional,
conforme suas competências constitucionais. A entrega de arquivos eletrônicos
possibilitou que as Administrações Tributárias construíssem seus bancos de dados e
pudessem trocar informações entre si. No caso do Rio Grande do Sul, a partir da aquisição
de solução de grande capacidade de processamento de dados – Big Data, a análise e o
cruzamento de dados passaram a ser realizadas em frações de segundos.
Diferentemente dos bancos de dados tradicionais, as soluções de Big Data
possuem arquitetura tecnológica otimizada para processamento, em paralelo, de grandes
volumes de informações, diminuindo significativamente os tempos de resposta. Dessa
forma, a utilização desse sistema passou a possibilitar a avaliação de “padrões de
comportamento” irregulares de empresas, viabilizando a identificação de fraudes fiscais
de maneira precoce.
Nas atuais malhas fiscais sistêmicas em operação na Fazenda, estão
lançadas bilhões de informações. As NF-e (Notas Fiscais Eletrônicas) fornecem quase 10
bilhões de registros, as EFD (Escrita Fiscal Digital) outros 26 bilhões de registros, e, para o
mesmo fim, ainda são passíveis de análise cinco bilhões de informações obtidas a partir
das transações com cartão de crédito e débito de contribuintes cadastrados na Receita
Estadual e cinco outros bilhões disponibilizados a partir de dados de consumo de energia
elétrica e telecomunicações, que são repassadas pelas concessionárias do setor.
Quanto à fiscalização no trânsito de mercadorias, o Posto Fiscal Virtual -
PFV representa uma das novas formas de atuar da Administração Tributária Gaúcha que
merece ser ressaltada, sendo que o contínuo aperfeiçoamento no modo de operar das
células de Torres e Erechim tem repercutido em uma nova concepção para os processos
de Fiscalização das Operações no Trânsito de Mercadorias, e, nesse sentido,
proporcionando maior efetividade.
Dentre as atuações fiscalizatória exercidas pela Secretaria da Fazenda,
ressaltam-se as promovidas pelos Grupos e o Núcleos Setoriais de Administração
Tributária - GSAT/NSAT, uma vez que suas atribuições estão direcionadas para o controle
dos contribuintes e dos setores responsáveis pelas parcelas mais relevantes da
arrecadação do ICMS.
Entre as formas de atuação no acompanhamento de contribuintes, merece
menção a implementação do Regime Especial de Fiscalização - REF, procedimento
iniciado com a Lei nº 13.711/2011 com o objetivo de instaurar um tratamento

216
diferenciado para os contribuintes identificados como devedores contumazes, isto é,
aqueles com reiteradas e sistemáticas inadimplências (não recolhimento) dos ICMS
declarados e já vencidos.
Assim, o REF consiste num rol de empresas que deixaram de recolher aos
cofres estaduais o imposto destacado nas notas fiscais e suportado por seus clientes, ao
qual, por estar acessível à consulta de qualquer cidadão, confere transparência nas
relações dos contribuintes com o Estado em nome do interesse público. A lista destas
empresas que são controlados mais a miúde é divulgada no site da Secretaria da Fazenda,
contendo a data de atualização das informações e o Ato Declaratório correspondente a
sua inclusão no Regime.
As empresas enquadradas na categoria de “devedores contumazes”
possuem, no mínimo, 08 (oito) meses de inadimplência nos últimos 12 (doze) meses. A
partir da constatação da inadimplência continuada, a Secretaria da Fazenda formaliza a
notificação via processo administrativo e, em sequência, a correspondente inclusão no
REF. Por importante, ressalta-se que não são considerados os débitos com exigibilidade
suspensa ou parcelados.
A inclusão da empresa no Regime Especial de Fiscalização - REF, além de
determinar sua inserção na lista retro citada, com a respectiva divulgação no “site” da
SEFAZ, também impõe restrições aos contribuintes:

O contribuinte submetido ao REF ficará sujeito às seguintes medidas:


I - perda dos sistemas especiais de pagamento do ICMS previstos no RICMS,
Livro I, art. 50.
II - pagamento na ocorrência do fato gerador, exceto nas saídas de
estabelecimento varejista, do débito próprio e, quando for o caso, de
responsabilidade por substituição tributária, conforme previsto no RICMS, Livro
I, art. 46, I, "f" e Livro III, art. 21-B.
Neste caso as notas fiscais emitidas deverão conter a observação
"Contribuinte submetido ao REF com vencimento do ICMS no fato gerador; o
crédito fiscal somente é permitido mediante comprovante de arrecadação." e
a guia ou comprovante de recolhimento deve acompanhar o trânsito e ser
entregue ao destinatário.
No caso de substituição tributária, o destinatário/adquirente da mercadoria
também é responsável pelo pagamento do ICMS-ST conforme art. 11, VII do
Livro III do RICMS, sendo solidário nos termos do art. 14, VI do Livro I do
RICMS, se não houver a comprovação do pagamento do imposto de
responsabilidade por substituição tributária.
III - suspensão do diferimento do pagamento do imposto, conforme previsto no
RICMS, Livro III, art. 1º, § 4, nos fornecimentos destinados a empresa
enquadrada no REF; neste caso, os fornecedores devem destacar e recolher o
ICMS devido na operação.
IV - obrigatoriedade de pagamento centralizado em um único estabelecimento,
conforme previsto no RICMS, Livro I, art. 40, § 3º, no caso de empresa com
várias filiais.
V - fiscalização ininterrupta no estabelecimento do sujeito passivo.
VI - apresentação periódica de informações econômicas, patrimoniais e
financeiras.

217
Outro ponto a destacar no âmbito da atuação fiscalizatória concerne à
melhoria na qualidade das informações prestadas acerca dos incentivos fiscais fruídos
pelos contribuintes do Estado do Rio Grande do Sul a partir do trabalho desenvolvido no
Monitoramento das Desonerações Fiscais. Foi identificado em sede de Auditoria por esta
Corte de Contas que muitas das inconsistências de informações detectadas em 2019 não
mais constaram nos dados de 2020.
Ainda sobre o tema das Desonerações Fiscais, a Administração Tributária
ampliou o rol de informações, bem como o respectivo detalhamento, no âmbito do
Demonstrativo de Desonerações Fiscais, o que reforça também o compromisso com a
transparência.

3.2.6.2 – Programa de Recuperação de Créditos e Regulamentação de Contribuin-


tes
No período de 2010 a 2019, a Secretaria da Fazenda tem se socorrido,
sistematicamente, da realização de Programa de Recuperação de créditos e
Regulamentação de Contribuintes, quase sempre amparado, tão somente, em Convênios
promovidos no âmbito do CONFAZ, cujas apreciações pela Assembleia Legislativa
ocorrem de forma tácita (por decurso de prazo) e Decretos expedidos pelo Chefe do
Executivo.

LEGISLAÇÕES
PROGRAMA DECRETO DATA
AJUSTAR Nº 47.301 18/06/2010
AJUSTAR 2011 Nº 48.493 31/10/2011
EM DIA 2012 Nº 49.714 18/10/2012
EM DIA 2013 Nº 50.785 28/10/2013
EM DIA 2014 Nº 52.091 27/11/2014
REFAZ 2015 Nº 52.532 01/09/2015
REFAZ 2017 Nº 53.417 30/01/2017
REFAZ Cooperativas 2018 Nº 53.947 02/03/2018
COMPENSA RS Nº 53.974 22/03/2018
REFAZ 2018 Nº 54.346 22/11/2018
REFAZ 2019 Nº 54.853 05/11/2019
Fonte SEFAZ/SGC/DTIF

Em 2019, deu início a um novo Plano de Recuperação, o REFAZ 2019, que


teve como fundamento o disposto no Convênio ICMS 151/2019, ratificado nos termos da
Lei Complementar Federal nº 24/75, conforme acordado no Ato Declaratório CONFAZ nº
15/2019, publicado no Diário Oficial da União de 29 de outubro de 2019.
A partir do decreto nº 54.853/2019, o governo estadual instituiu o
programa, com o objetivo de regularizar créditos tributários decorrentes do ICMS perante
a Receita Estadual. Os créditos tributários, constituídos ou não, inscritos ou não em Dívida
Ativa, inclusive ajuizados, vencidos até 31 de dezembro de 2018, foram autorizados a
serem pagos, exclusivamente em moeda corrente nacional, com redução de até 90%
(noventa por cento) dos juros e de até 90% (noventa por cento) das multas punitivas ou

218
moratórias e seus respectivos acréscimos legais devidos até a data de ingresso do
contribuinte no Programa, nos termos deste Decreto.
Os resultados obtidos com o REFAZ 2019 foram os seguintes, no exercício
em análise:

TOTAL GERAL – PROGRAMA REFAZ 2019


Em R$ milhões (nominais)
VALOR TOTAL VALOR
QUANTIDADE TOTAL DO
PAGAMENTO LÍQUIDO
DE VALOR BRUTO
INICIAL NEGOCIADO
CRÉDITOS NEGOCIADO (R$)
(R$) (R$)
A VISTA 14.659 670,1 670,1 1.532,4
PARCELADO 61.788 50,3 1.084,9 1.225,5
TOTAL 76.447 720,4 1.754,9 2.757,9
Fonte SEFAZ/SGC – Pesquisa realizada em 20/12/2019
Obs: O valor do ingresso no exercício de 2019 é o mesmo do pagamento inicial, ou seja, R$ 720,4 milhões, haja vista que o programa entrou em vigor em
novembro/2019.

No exercício de 2020, segundo informado pelo Gabinete da Receita


Estadual, não houve programa de recuperação de créditos equivalente ao REFAZ.

3.6.2.3 – COMPENSA RS
O COMPENSA RS é um programa, instituído pela Lei nº 15.038/2017 e
regulamentado pelo decreto nº 53.974/2018, que possibilita a compensação de débitos
inscritos em dívida ativa de natureza tributária ou de outra natureza, ajuizados ou não,
com precatórios vencidos do Estado do Rio Grande do Sul, suas autarquias ou fundações,
próprios ou de terceiros, inscritos até o dia 25 de março de 2015. Por meio do encontro
de contas entre os valores devidos (dívida ativa) e os valores que lhe são devidos
(precatórios), a iniciativa viabiliza que os contribuintes e empresas regularizem suas
situações, bem como o ingresso de recursos nos cofres públicos e a redução do estoque
de precatórios, vencidos do Estado, que precisava zerar, por determinação constitucional,
até o ano de 2024. Em 2021, por meio da chamada PEC Emergencial, foi promulgada a EC
nº 109/2021 que modificou o disposto no art. 101 da CF e estendeu o prazo para os Entes
quitarem seus precatórios até dezembro de 2029.
Em relação ao COMPENSA RS, o débito inscrito em dívida ativa pode ser
compensado em até 85% do seu valor atualizado, com o restante pago aos cofres
públicos (10% em dinheiro, em até três parcelas, e os 5% restantes podendo ser
parcelados em até 60 vezes).
Em 2018, o programa havia arrecadado R$ 171,5 milhões (R$ 137,5 milhões
financeiros e R$ 34,4 milhões compensados com precatórios). Ao total, as solicitações
representaram R$ 1,00 bilhão para baixa de dívida ativa, com valores que ainda estavam
pendentes da conciliação contábil.
No ano de 2019 a arrecadação foi de R$ 810,6 milhões (R$ 15,6 milhões
financeiros e R$ 795,0 milhões compensados com precatórios). Agora, em 2020, foram
auferidos R$ 211,9 milhões (R$ 36,5 milhões financeiros e R$ 175,4 milhões compensados
com precatórios).
A diminuição dos ingressos efetivos em caixa contrastando com o aumento
de compensações de precatórios é reflexo das pendencias contábeis que ainda existiam

219
em 2018. Ao total, o programa proporcionou o ingresso de R$ 189,6 milhões no caixa do
Estado e R$ 1,0 bilhão foi compensado.

3.3 – Receitas de Contribuições


As contribuições sociais são tributos que compõem o grupo das receitas
correntes do Ente Público. A Constituição Federal permite aos Estados a instituição de
contribuições para financiamento dos respectivos regimes próprios de previdência.
Essas contribuições sociais, que financiam o RPPS do Estado do Rio Grande
do Sul, são em parte compostas por repasses intraorçamentários, ou seja, embora
representem uma receita na análise somente da Gestão Previdenciária são ao mesmo
tempo despesas nos órgãos e entidades. Trata-se das contribuições previdenciárias
patronais e dos aportes para cobertura de eventuais déficits previdenciários. Não há,
pois, ingresso efetivo de recurso ao Estado.
Situação diferente ocorre em relação às contribuições descontadas nos
contracheques dos servidores ativos e inativos, e dos pensionistas, as quais ingressam ao
Estado na forma de Receita Orçamentária. A exemplo dos repasses intraorçamentários
são utilizadas como fonte de recurso para o pagamento de benefícios previdenciários.
Esse tema será abordado em maior profundidade no Capítulo 8 a respeito da Gestão
Previdenciária.
A próxima tabela destaca o comportamento das Receitas de Contribuições,
considerados os repasses intraorçamentários (contribuições patronais e cobertura do
déficit ao IPERGS).

RECEITAS DE CONTRIBUIÇÕES - 2016/2020


Em R$ milhões (inflacionados)
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO Δ% Δ% Δ% Δ% Δ%
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
Contribuições Previdenciárias 4.221,6 4.389,8 4,0 4.654,8 6,0 5.452,1 17,1 7.379,3 35,3 74,8
Aportes Cobertura do Défcit
8.990,3 10.386,8 15,5 11.140,8 7,3 11.791,2 5,8 11.248,3 -4,6 25,1
Financeiro RPPS
Contribuições Assistência
2.196,0 2.307,8 5,1 2.358,0 2,2 2.406,0 2,0 2.622,1 9,0 19,4
Médica
Outras Contribuições Sociais 22,6 9,6 -57,3 9,4 -2,7 3,3 -64,8 3,3 -1,1 -85,6
Total Receita Contribuições 15.430,4 17.094,1 10,8 18.163,0 6,3 19.652,6 8,2 21.252,9 8,1 37,7
(-) Receitas 11.842,9 13.589,4 14,7 14.310,6 5,3 15.824,1 10,6 16.858,1 6,5 42,3
Rec. Contribuições Exceto
Intraorçamentárias**
3.587,5 3.504,7 -2,3 3.852,3 9,9 3.828,4 -0,6 4.394,8 14,8 22,5
Intraorçamentárias
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados IPCA/IBGE – Médio.
(**) Dupla contagem decorrente de recursos empenhados pelos Poderes/Órgãos e ingressados no IPERGS para o custeio de assistência médica e
previdência (tais como as contribuições patronais e para a cobertura do déficit).

As Receitas de Contribuições, excluídas as Intraorçamentárias, atingiram o


montante de R$ 4,39 bilhões, refletindo um acréscimo de 14,8%, em relação ao montante
inflacionado de 2019, e um aumento de 22,5% em comparação a 2016.
Esses números sofreram um maior impacto justamente no exercício de
2020, quando da vigência dos efeitos da Reforma Previdenciária Gaúcha que, entre
outros aspectos, modificou as alíquotas de Contribuição Previdenciária, além de ampliar a

220
base de incidência em relação a servidores inativos e a pensionistas, que até então
somente descontavam em favor da previdência estadual sobre os vencimentos acima do
teto do RGPS e passaram a contribuir com os proventos acima do salário mínimo.
A alíquota de contribuição previdenciária dos servidores passou de 11%
para 13,25%, a contar de abril de 2013, motivando o incremento na arrecadação dessas
receitas no ano seguinte. Em abril de 2017, a alíquota chegou a 14%, explicando o
aumento no montante das contribuições nos dois últimos exercícios. Vale ressaltar que a
partir de 19 de agosto de 2016, os servidores estaduais ingressantes na administração
pública são abarcados pela previdência complementar do Estado, instituída a partir da Lei
Complementar nº 14.750/2015, limitando as contribuições (e consequentemente as
aposentadorias) ao teto do INSS.
Em dezembro de 2019, foi aprovado o Projeto de Lei Complementar nº
503/2019, transformado na LC nº 15.429/2019, mudando as alíquotas previdenciárias no
Estado a partir de uma tabela progressiva de desconto. A mudança passou a vigorar após
o prazo de noventa dias (abril/2020). Exame mais detalhado do RPPS é apresentado no
capítulo 8 sobre a Gestão Previdenciária.
Diante da nova tabela de alíquotas de contribuições previdenciárias houve
um incremento nessa receita de 35,3% frente a 2019. Essa receita é fonte de recursos
para o pagamento de benefícios previdenciários. Embora, como será visto no capítulo 8
que aborda o tema da Previdência, o montante que ingressa a título da referida
contribuição é insuficiente para fazer frente ao pagamento das aposentadorias e pensões,
razão pela qual existe o denominado aporte para a cobertura de déficit financeiro no
RPPS. Todavia, destaca-se a queda de 4,5% em seus valores comparativamente a 2019,
embora frente a 2016 tenha havido aumento na ordem de 25,1%. As novas alíquotas de
desconto de contribuições previdenciárias e a reestruturação do Fundoprev Civil foram os
principais fatores ocorridos em 2020 de modo a repercutir nesses números.
No ano de 2020, por meio da Lei Complementar nº 15.511/2020, foi
instituído o Benefício Especial como incentivo à migração de regime de servidores
públicos. Caso concretizadas as migrações, a tendência seria de redução da receita de
contribuições, pois os valores passariam a incidir sob uma base de cálculo e alíquotas
efetivas menores. Nessa mesma lei complementar procedeu-se à reestruturação do
fundo previdenciário civil, que teve como consequência uma redução da utilização de
outras receitas para pagamento de benefícios previdenciários. Todas essas análises são
aprofundadas no capítulo 8 deste relatório que versa sobre a Gestão Previdenciária.

3.4 – Receitas Patrimoniais


As Receitas Patrimoniais fazem parte do grupo denominado de receitas
originárias, uma vez que decorrem da exploração do patrimônio do Ente Público e não do
exercício do poder extroverso pela Administração Pública, como ocorre no caso dos
tributos. Entre esses ingressos constarão rubricas como a remuneração de depósitos
bancários, recebimento de aluguéis, royalties por concessões, dividendos e juros sobre o
capital próprio de empresas em que o Estado possua participação.
A próxima tabela coloca em evidência os valores auferidos a título de
receita patrimonial pelo Estado entre 2016 e 2020, bem como suas variações ano a ano e
no intervalo 2016-2020. A correção dos valores se dá pelo IPCA/IBGE médio.

221
RECEITAS PATRIMONIAIS - 2016/2020
Em R$ milhões (inflacionados)
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO Δ% Δ% Δ% Δ% Δ%
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
Remuneração dos Recursos do RPPS (**) 106,0 131,2 23,7 136,8 4,2 357,0 161,0 181,0 -49,3 70,7
Dividendos e Juros Capital Próprio – Banrisul 177,4 185,0 4,3 285,9 54,6 283,4 -0,9 107,1 -62,2 -39,6
Remuneração de Depósitos Bancários 191,0 146,9 -23,1 100,5 -31,6 105,4 4,9 59,6 -43,5 -68,8
Exploração do Patrimônio Imobiliário e
81,0 84,8 4,7 87,9 3,7 83,8 -4,6 81,8 -2,4 1,0
Intangível
Dividendos e Juros Capital Próprio - Corsan 68,8 57,4 -16,5 163,1 184,3 52,5 -67,8 38,0 -27,6 -44,7
Dividendos e Juros Capital Próprio - Sulgás 21,4 82,3 284,1 38,9 -52,8 34,7 -10,6 21,7 -37,6 1,3
Concessão de Serviços Públicos 9,6 10,4 8,9 10,7 2,9 10,3 -3,9 2,1 -79,4 -77,8
-
Cessão Folha Salarial de Servidores 1.470,4 59,1 -96,0 1,3 -97,7 1,0 -25,5 0,00 -100,0
100,0
Dividendos e Juros Capital Próprio - Demais
15,5 3,7 -75,9 0,9 -76,9 0,3 -70,6 0,05 -81,4 -99,7
empresas
Demais Receitas Patrimoniais 56,0 35,8 -36,0 20,9 -41,7 26,3 25,8 6,4 -75,7 -88,6
Total Receitas Patrimoniais 2.197,1 796,7 -63,7 846,9 6,3 954,7 12,7 497,7 -47,9 -77,3
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados IPCA/IBGE – Médio.
(**) Investimentos do Fundoprev Civil e Militar, deduzidos os rendimentos negativos, classificados no código 900000000000 - Deduções Receita Corrente.

As Receitas Patrimoniais (R$ 497,7 milhões) tiveram uma queda (47,9%)


em relação ao ano anterior, bem como em comparação ao ano de 2016 (77,3%).
Entre os ingressos em função da participação acionária do Estado, os
valores mais significativos dessa fonte de receita são os Dividendos e Juros sobre o Capital
Próprio, no total de R$ 107,1 milhões, relativamente à participação nos lucros do
Banrisul, tendo ocorrido recuo de 62,2% frente aos valores atingidos no exercício
anterior.
Cumpre destacar a remuneração dos investimentos do RPPS - Fundoprev
Civil e Militar (R$ 135,5 milhões), com queda real de 49,3% frente a 2019, embora com
relação ao ano de 2016 tenha sido registrada elevação de 70,7%.
Sobre essa fonte de receita cita-se que em função da aprovação da Lei
Complementar nº 15.511/2020 aproximadamente dezessete mil servidores civis foram
migrados para o regime de repartição simples, o que implicará menores ingressos de
receitas de contribuições, além da autorização dada por essa lei para saque proporcional
do patrimônio do fundo previdenciário – ainda não efetivado – o qual pode acarretar
significativa redução dessa receita patrimonial. As repercussões da legislação supracitada
serão aprofundadas no capítulo 8 – Gestão Previdenciária.

3.5 – Transferências Correntes e Transferências de Capital


As transferências correntes e de capital são caracterizadas como recursos
advindos de outros Entes, ou mesmo entidades públicas ou privadas. O que diferencia se
estes ingressos comporão a categoria econômica das receitas correntes ou de capital é o
destino que será dado aos valores, quando da execução da despesa.
Para o ano de 2020, as Transferências Correntes alcançaram o montante
de R$ 11,17 bilhões (deduzidas as contribuições para a formação do FUNDEB), com

222
elevação de 29,6% em relação aos valores corrigidos do exercício anterior. As reduções
nos valores das transferências correntes eram recorrentes até 2019. Entretanto, em
virtude dos valores enviados para combate à Pandemia da covid-19, seja diretamente
para aplicação em saúde ou para compensar perdas de arrecadação, inverteu-se essa
tendência de quedas, passando a ocorrer elevação de 23,1% também na comparação de
2020 com o ano de 2016.
As Transferências de Capital, com R$ 197,5 milhões, tiveram expressiva
elevação de 344,7% em relação a 2019, números igualmente influenciados por remessas
de valores no âmbito do combate à pandemia, como para a Saúde (R$ 47,4 milhões) e
Saneamento Básico (R$ 33,8 milhões). Também são destaque os repasses do Fundo
Nacional de Segurança Pública (R$ 42,8 milhões).

TRANSFERÊNCIAS CORRENTES E TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL - 2016/2020


Em R$ milhões (nominais)
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO Δ% Δ% Δ% Δ% Δ%
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
Cota-parte FPE (FPE, IPI, CIDE,
2.228,7 2.236,0 0,3 2.259,6 1,1 2.317,5 2,6 2.046,4 -11,7 -8,2
IOF) **
Compensação Exploração
70,6 56,1 -20,5 36,7 -34,5 31,5 -14,2 27,3 -13,4 -61,3
Recursos Naturais
Transferências SUS 934,5 872,4 -6,6 885,2 1,5 839,7 -5,1 977,0 16,3 4,5
Transferências SUS combate
- - - - - - - 558,7 - -
Covid-19
FNDE 479,6 467,9 -2,5 475,6 1,7 446,0 -6,2 386,6 -13,3 -19,4
Compensação Desonerações Lei
168,7 163,0 -3,3 154,1 -5,5 - -100,0 276,0 - 63,7
Kandir ***
Demais Transferências Correntes
418,8 262,2 -37,4 91,5 -65,1 429,0 368,9 141,2 -67,1 -66,3
****
Recomposição FPE (LC 173/20) - - - - - - - 126,0 - -
Repasses vinculados à Saúde e
- - - - - - - 261,6 - -
Assistência Social (LC 173/20)
Compensação Perdas de
- - - - - - - 1.945,4 - -
Arrecadação (LC 173/20)
Transferência apoio à Cultura
- - - - - - - 74,1 - -
(Lei Aldir Blanc – L. 14017/20)
FUNDEB 4.774,1 4.628,7 -3,0 4.799,7 3,7 4.552,8 -5,1 4.349,7 -4,5 -8,9
Total Transferências Correntes 9.075,0 8.686,2 -4,3 8.702,4 0,2 8.616,6 -1,0 11.170,0 29,6 23,1
Transferências de Capital 108,4 98,0 -9,6 221,2 125,7 44,4 -79,9 197,5 344,7 82,1
Total Transferências 9.183,5 8.784,3 -4,3 8.923,7 1,6 8.661,0 -2,9 11.367,5 31,2 23,8
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados PCA/IBGE – Médio.
(**) Descontadas as parcelas retidas automaticamente das receitas da cota-parte FPE, cota-parte IPI e Lei Kandir destinadas à formação do Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB.
(***) Em 2020, valores decorrentes da LC 176/20.
(****) Inclui cessão onerosa do Pré-sal em 2019.

A maior transferência corrente, o retorno do Fundo de Manutenção e


Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação –
FUNDEB, atingiu R$ 4,35 bilhões em 2020 (4,5% menor que 2019). O Estado contribuiu
para o Fundo com R$ 6,36 bilhões (20% do ICMS, FPE, IPI-Exportação, ITCD e IPVA), logo
houve a perda de R$ 2,01 bilhões de recursos, os quais retornaram de acordo com a

223
redistribuição (entre o Estado e seus municípios) calculada pelo número de matrículas em
escolas da rede pública, matéria abordada no Capítulo 5 - Vinculações Constitucionais.
As Transferências para a Saúde atingiram o montante de R$ 1,80 bilhão,
somados os R$ 977,0 milhões (aumento real de 16,3% frente a 2019) que agregam as
transferências para Atenção Básica, Atenção Média e Alta Complexidade Ambulatorial e
Hospitalar, Vigilância em Saúde, Assistência Farmacêutica e Gestão do SUS, com os R$
558,7 milhões transferidos pelo Governo Federal para combate à Covid-19, além de R$
261,6 milhões enviados em decorrência da Lei Complementar nº 173/2020 para aplicação
em saúde e assistência social.
Sobre a LC nº 173/2020, cumpre destacar que esta se encarregou do
chamado pacote de auxílio financeiro aos Estados, e enviou outros recursos sem uma
destinação especificada com o propósito de compensar eventuais perdas de arrecadação
em função do cenário de pandemia enfrentado. O subitem 3.5.1 trata de analisar os
valores remetidos a título dessas transferências.
Outra Lei Complementar Federal com impacto nos valores de ingresso de
transferências foi a LC nº 176/2020 que tratou do tema da compensação das perdas
decorrentes da Lei Kandir pelos Estados exportadores. Foram abordados no tópico 3.2.1.4
- Perdas e compensações da Lei Kandir os valores e períodos acordados para esses
repasses, que transcorrerão até 2037. Em 2020, o ingresso foi de R$ 276,0 milhões. Em
virtude da promulgação da citada lei complementar a Receita Estadual deixou de estimar
as perdas de arrecadação por conta das desonerações da LC nº 87/96 (Lei Kandir).
Ainda na esteira do contexto de pandemia, destacam-se os valores de
transferência recebidos em virtude da Lei Aldir Blanc (L. 14017/20) para aplicação no
setor da Cultura, no montante de R$ 74,1 milhões.
A Administração Federal, a partir de 1995, deu prioridade para a criação
e/ou aumento de contribuições sociais, as quais são exclusivas da União, em detrimento
dos impostos compartilhados com os Estados. Nos últimos anos, a evolução, em relação
ao PIB, dos tributos arrecadados pela União, demonstra a situação de desequilíbrio
federativo, com o aumento de 12,58% dos tributos partilhados com os Estados (IPI, IR e
CIDE) e o aumento que era de 37,50% dos não partilhados (COFINS, PIS/PASEP, CPMF, IOF
e CSLL), em 2019, teve queda no acumulado para 18,06% no ano de 202023.

ARRECADAÇÃO DE TRIBUTOS DA UNIÃO EM RELAÇÃO AO PIB NACIONAL - 1995/2020


Em (%)
TRIBUTOS PARTILHADOS
PIB – BR* TRIBUTOS NÃO PARTILHADOS EM RELAÇÃO AO PIB (%)
EM RELAÇÃO AO PIB (%)
EXERCÍCIO (R$
PIS/
milhões) IPI IRT CIDE** TOTAL COFINS CPMF IOF CSLL CIDE** TOTAL
PASEP
1995 705.992 1,93 4,11 6,04 2,16 0,87 0,46 0,83 4,32
1996 854.764 1,84 3,99 5,83 2,12 0,88 0,34 0,78 4,12
1997 952.089 1,79 3,89 5,68 2,04 0,81 0,74 0,40 0,82 4,81
1998 1.002.351 1,67 4,68 6,35 1,91 0,77 0,83 0,36 0,79 4,66
1999 1.087.710 1,55 4,84 6,39 3,02 0,92 0,75 0,46 0,69 5,84
2000 1.199.092 1,57 4,70 6,27 3,33 0,84 1,21 0,26 0,77 6,41
2001 1.315.755 1,48 4,93 6,41 3,52 0,87 1,31 0,27 0,71 6,68
2002 1.488.787 1,33 5,76 0,49 7,58 3,51 0,86 1,37 0,27 0,90 0,49 7,40

23
Dados obtidos no Balanço da Carga Tributária Bruta do Governo Geral (Tesouro Nacional).

224
ARRECADAÇÃO DE TRIBUTOS DA UNIÃO EM RELAÇÃO AO PIB NACIONAL - 1995/2020
Em (%)
TRIBUTOS PARTILHADOS
PIB – BR* TRIBUTOS NÃO PARTILHADOS EM RELAÇÃO AO PIB (%)
EM RELAÇÃO AO PIB (%)
EXERCÍCIO (R$
PIS/
milhões) IPI IRT CIDE** TOTAL COFINS CPMF IOF CSLL CIDE** TOTAL
PASEP
2003 1.717.950 1,15 5,41 0,44 7,00 3,47 1,01 1,34 0,26 0,97 0,44 7,49
2004 1.957.751 1,17 5,25 0,39 6,81 3,91 0,99 1,35 0,27 1,00 7,52
2006 2.409.450 1,17 5,70 0,32 7,19 3,84 1,01 1,33 0,28 1,17 7,63
2007 2.720.263 1,24 5,89 0,29 7,42 3,78 0,99 1,34 0,29 1,27 7,67
2008 3.109.803 1,27 6,17 0,19 7,63 3,88 1,02 0,04 0,65 1,41 7,00
2009 3.333.039 0,92 5,75 0,14 6,81 3,54 0,95 0,01 0,58 1,33 6,41
2010 3.885.847 1,03 5,36 0,20 6,59 3,59 1,04 0,00 0,68 1,18 6,49
2011 4.376.382 1,07 5,71 0,20 6,98 3,61 0,96 0,00 0,73 1,33 6,63
2012 4.814.760 0,95 5,49 0,06 6,50 3,62 0,96 0,00 0,64 1,19 6,41
2013 5.331.619 0,88 5,40 0,00 6,28 3,58 0,94 0,00 0,55 1,18 6,25
2014 5.778.953 0,88 5,27 0,00 6,15 3,37 0,90 0,00 0,52 1,13 5,92
2015 5.995.787 0,82 5,37 0,06 6,25 3,36 0,90 0,00 0,58 1,02 5,86
2016 6.259.228 0,72 5,82 0,09 6,63 3,26 0,87 0,00 0,54 1,08 5,75
2017 6.553.843 0,74 5,48 0,09 6,31 3,34 0,89 0,00 0,53 1,06 5,82
2018 6.827.586 0,80 5,72 0,06 6,58 3,55 0,95 0,00 0,53 1,15 6,18
2019 7.256.926 0,78 6,18 0,04 7,00 3,46 0,84 0,00 0,55 1,09 5,94
2020 7.447.858 0,75 6,02 0,03 6,80 2,94 0,83 0,00 0,29 1,04 5,10
VARIAÇÃO 1995/2020 12,58 18,06
Fonte: sites da FEE-RS, Tesouro Nacional, Banco Central e IBGE.
Cálculos:Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Valores do PIB divulgados pelo IBGE e Banco Central, com nova metodologia de cálculo.
(**) A CIDE passou a ser compartilhada a partir do exercício de 2004, e, em 2013 e 2014, o Estado não recebeu essa receita, pois sua alíquota foi
reduzida a zero.

3.5.1 – Recursos extraordinários enviados no contexto de Pandemia da Covid-19


O contexto da pandemia decorrente da Covid-19 que perpassou quase
todo exercício de 2020 apresentou uma série de desafios ao Poder Público do Estado, seja
no campo do atendimento à saúde, ou mesmo do ponto de vista econômico com a
possível queda na arrecadação das exações estaduais. A fim de auxiliar os Entes
subnacionais a superar esses desafios, a União remeteu valores ao Estado.

REPASSES DE RECURSOS FEDERAIS – 2020


Em R$ milhões nominais
RECURSOS LEGISLAÇÃO APLICAÇÃO TOTAL
Reposição FPE – Apoio Financeiro aos Estados Lei nº 14.041/2020 Livre 126,0
Reposição perdas de Arrecadação LC nº 173/2020 – Art. 5º, II Livre 1.945,4
Ações de Saúde e Assistência Social LC n º 173/2020 – Art. 5º, I Saúde/Assist. Social 261,6
Transferências SUS – Combate COVID Portarias MS/SUS Saúde – COVID 565,2
Apoio a Cultura – Lei Aldir Blanc Lei nº 14.017/2020 Setor Cultural 74,1
TOTAL 2.972,3
Fonte: Sistema Cubos/DW/SEFAZRS
Cálculo: Equipe técnica SAICE/SAIPAG
Obs: Valores brutos

Assim, no exercício de 2020 ingressaram no Rio Grande do Sul R$ 2,97


bilhões extras, sendo R$ 2,07 bilhões para livre aplicação, R$ 826,8 milhões para aplicação
em saúde e R$ 74,1 milhões para o setor cultural. Soma-se a estes valores R$ 1,9 milhão
de remuneração bancária, vinculada às transferências recebidas do SUS, para o combate

225
ao Covid-19, os quais são direcionados para conta bancária do Fundo Estadual da Saúde,
no Banco do Brasil, gerando, desta forma, rendimentos por estarem aplicados.
Os recursos federais ingressaram ao longo de 2020, a partir do mês de
abril, em resposta ao agravamento da pandemia, e estenderam-se até o mês de
dezembro, embora os maiores volumes tenham sido repassados entre junho e setembro.

REPASSES DE RECURSOS FEDERAIS – 2020


Em R$ milhões nominais
LC nº 73/20
RECURSOS Reposição FPE LC 173/20 Saúde Trans. SUS Cultura TOTAL
Livres
Janeiro/2021 - - - - - -
Fevereiro/2021 - - - - - -
Março/2021 - - - - - -
Abril/2021 1,3 - - 105,4 - 106,7
Maio/2021 8,8 - - 91,3 - 100,1
Junho/2021 47,8 486,3 63,5 99,5 - 697,2
Julho/2021 35,3 486,3 63,5 49,5 - 634,6
Agosto/2021 - 486,3 63,5 133,6 - 685,7
Setembro/2021 13,3 486,3 63,5 12,1 69,8 650,3
Outubro/2021 19,6 - - 18,5 - 38,2
Novembro/2021 - - - 15,9 4,2 20,1
Dezembro/2021 - - - 39,4 0,2 39,6
TOTAL 126,0 1.945,4 261,6 565,2 74,1 2.972,3
Fonte: Sistema Cubos/DW/SEFAZRS
Cálculo: Equipe técnica SAICE/SAIPAG
Obs: Valores brutos

O impacto dos repasses federais no total da receita orçamentária do


Estado pode ser verificado na tabela a seguir. Os valores são nominais e estão brutos de
qualquer dedução.

REPASSES DE RECURSOS FEDERAIS – 2020


Em R$ milhões nominais
2020 2020
RECEITAS 2019 % %
sem repasses federais Com repasses federais
RECEITAS CORRENTES 60.520,9 60.482,3 -0,1% 63.448,2 4,8%
IMPOSTOS E TAXAS 45.431,6 45.451,6 0,0% 45.451,6 0,0%
CONTRIBUIÇÕES 3.709,3 4.394,8 18,5% 4.394,8 18,5%
RECEITA PATRIMONIAL 960,6 816,2 -15,0% 816,2 -15,0%
RECEITA AGROPECUÁRIA 1,1 1,1 -8,0% 1,1 -8,0%
RECEITA INDUSTRIAL 0,0 0,0 0,3% 0,0 0,3%
RECEITA DE SERVIÇOS 513,0 400,6 -21,9% 400,6 -21,9%
TRANSFERÊNCIAS CORRENTES 8.865,1 8.846,6 -0,2% 11.812,5 33,2%
OUTRAS RECEITAS CORRENTES 1.040,1 571,5 -45,1% 571,5 -45,1%
RECEITAS DE CAPITAL 839,7 1.048,7 24,9% 1.055,2 25,7%
OPERAÇÕES DE CRÉDITO 191,9 24,9 -87,0% 24,9 -87,0%
ALIENAÇÃO DE BENS 570,1 808,2 41,8% 808,2 41,8%
AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS 27,5 24,6 -10,3% 24,6 -10,3%
TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL 43,0 191,0 343,9% 197,5 359,0%

226
REPASSES DE RECURSOS FEDERAIS – 2020
Em R$ milhões nominais
2020 2020
RECEITAS 2019 % %
sem repasses federais Com repasses federais
OUTRAS RECEITAS DE CAPITAL 7,3 0,1 -99,3% 0,1 -99,3%
TOTAL 61.360,6 61.531,1 0,3% 64.503,4 5,1%
Fonte: Sistema Cubos/DW/SEFAZRS
Cálculo: Equipe técnica SAICE/SAIPAG
Obs: Valores brutos, sem considerar as receitas intraorçamentárias.

No primeiro cenário, considerando o ano de 2020 sem os repasses federais


extraordinários, observa-se um pequeno crescimento de 0,3% (R$ 170,5 milhões) na
receita total, quando comparado com 2019. Embora tenha havido queda das receitas
correntes (-0,1%), ocorreu crescimento de 24,9% nas receitas de capital. A arrecadação
estadual ficou estagnada em 2020, sem variação de um ano para outro. É importante
destacar o crescimento nas contribuições, consequência direta da reforma previdenciária
realizada pelo Estado, assunto que será tratado no item 7.
Em um segundo cenário, ao considerar os repasses federais extraordinários
recebidos pelo Estado, o crescimento na receita total chega a 5,1%. Em valores nominais,
o crescimento em 2020 foi de R$ 3,14 bilhões, ou seja, os repasses federais foram além
da queda na receita orçamentária no ano de 2020, quando comparada com os valores
nominais de 2019.
Conforme já demonstrado, os recursos ingressaram a partir do mês de
abril/2020, sendo os maiores volumes recebidos a partir de junho/2020. O gráfico a
seguir ilustra o comportamento mensal da receita ao longo do ano.

GRÁFICO - RECEITA DO ESTADO – VARIAÇÃO MENSAL 2020 (Em R$ milhões nominais)


8.343,3
9.000,0 8.303,8

8.000,0
5.609,3
7.000,0 5.691,4 7.969,4
5.691,4 5.127,1 5.801,6 5.596,7 5.111,0 5.589,2
5.480,0
6.000,0 5.127,1 4.788,3
4.788,3 4.790,1
5.093,2 5.140,1 4.946,4 5.072,9
4.935,7 4.698,6
5.000,0
4.938,2 4.794,3 4.981,6
4.000,0 4.714,4 4.705,7 4.746,8 4.831,6 4.458,6 4.641,9 4.618,5
4.551,8
3.000,0 3.789,1
4.238,6
3.689,0
2.000,0
1.000,0
-
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

2019 2020 - sem repasses 2020 - com repasses

Fonte: Sistema Cubos/DW/SEFAZRS


Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG

Com a variação mensal, é possível verificar no gráfico o período de


agravamento da pandemia com a consequente queda na arrecadação. Após iniciar o ano
com uma receita superior a 2019, nos meses de abril, maio e junho ocorre uma inversão
nas linhas. É possível ainda, analisando apenas o ano de 2019 (linha azul) com o ano de
2020 sem os repasses federais (linha vermelha) que as receitas voltam a superar as do
ano anterior apenas em setembro, permanecendo assim até o final do exercício,

227
demonstrando a retomada da economia do Estado. Ao analisar o ano de 2020 com
repasses federais (linha verde), a retomada já ocorre em junho, consequência do ingresso
da primeira parcela dos recursos oriundos da LC nº 173/2020.

3.6 – Outras Receitas Correntes


As “Outras Receitas Correntes”, somando R$ 566,7 milhões, diminuíram
21,19% em relação aos valores inflacionados de 2019. A anulação de restos a pagar
exerce grande influência neste grupo de receitas.
Importante ressaltar a mudança na forma de contabilização, a partir de
2019, das multas e juros relativos aos tributos cobrados pelo estado. Anteriormente,
eram classificados em “Outras Receitas Corrente”. A partir do ano em análise, estão
contabilizados junto ao valor principal do tributo, dentro de “Receita de Impostos, Taxas e
Contribuições de Melhoria”.

OUTRAS RECEITAS CORRENTES - 2016/2020


Em R$ milhões
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO Δ% Δ% Δ% Δ% Δ%
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
Multas Administrativas,
199,0 245,2 23,2 277,2 13,1 314,8 13,5 228,4 -29,0** 12,3**
Contratuais e Judiciais
(-) Dedução de Multas Adm,
(5,0) - -
Contratuais e Judiciais
Anulação de Restos a Pagar 172,2 500,5 190,6 592,5 18,4 350,8 -40,8 - -100,0 -100,0
Indenizações, Restituições e
536,0 587,7 9,7 322,3 -45,2 304,9 -5,4 224,1 -26,5 -58,2
Ressarcimentos
Compensações Financeiras entre
56,6 65,4 15,5 85,2 30,3 78,6 -7,7 65,0 -17,4 14,9
RGPP e RPPS
Encargos legais pela Inscrição em
22,2 28,4 28,0 31,3 10,0 11,7 -62,4 3,1 -73,6 -86,0
Dívida Atíva
Demais Receitas Diversas 28,1 34,0 20,9 23,9 -29,6 12,7 -46,9 51,0 301,1 81,3
Total Outras Receitas Correntes 1.014,1 1.461,1 44,1 1.332,4 -8,8 1.073,5 -19,4 566,6 -47,2 -44,1
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE .
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.
(**) Arrecadação de Multas após a Dedução considerada para verificação das variações.

3.7 – Operações de Crédito


Para 2020, foi orçado o montante de R$ 64,3 milhões em operações de
crédito internas e externas, tendo sido realizados R$ 24,9 milhões (38,7%). Esses
ingressos foram inferiores em 87,4% aos valores inflacionados de 2019
(R$ 198,0 milhões).

OPERAÇÕES DE CRÉDITO - 2016/2020


Em R$ milhões (inflacionados)
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO Δ% Δ% Δ% Δ% Δ%
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
PROREDES – BNDES ( Interno) 114,2 47,7 -58,2 34,2 -28,2 51,6 50,7 20,0 -61,2 -82,5
PMAE - BNDES - Defensoria Pública
2,2 12,8 470,5 5,0 -60,7 8,3 65,9 4,9 -41,5 117,5
(Interno)
PROREDES – BIRD (Externa) 251,8 433,6 72,2 228,6 -47,3 84,4 -63,1 - -100,0 -100,0

228
OPERAÇÕES DE CRÉDITO - 2016/2020
Em R$ milhões (inflacionados)
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO Δ% Δ% Δ% Δ% Δ%
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
POD – BID (Externa) - 102,5 - - -100,0 53,7 - - -100,0 -100,0
PROFISCO – BID (Externa) 14,8 19,5 31,8 21,4 9,8 - -100,0 - - -100,0
Total Operações de Crédito 383,0 616,0 60,8 289,3 -53,0 198,0 -31,6 24,9 -87,4 -93,5
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE .
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.

Na próxima tabela estão registrados os ingressos de Operações de Crédito


a cada período de governo desde 1995.

OPERAÇÕES DE CRÉDITO – RECEITA REALIZADA - 1995/2020


Em R$ milhões (nominais)
% Participação/
Op. de Crédito Op. de Crédito Total Total 1995/2020
Período
Interna Externa Op. de Crédito
Interna Externa Total
1995/1998 7.244,4 309,0 7.553,4 74,10 4,66 46,05
1999/2002 296,3 424,3 720,6 3,03 6,40 4,39
2003/2006 114,5 554,7 669,2 1,17 8,37 4,08
2007/2010 4,4 1.978,8 1.983,2 0,05 29,86 12,09
2011/2014 1.857,9 2.064,8 3.922,7 19,00 31,16 23,91
2015/2018 200,6 1.161,3 1.361,9 2,05 17,52 8,30
2019/2022(*) 82,9 133,8 216,7 0,85 2,02 1,32
Total 9.801,00 6.626,70 16.427,70 100,00 100,00 100,00
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE .
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Considerados apenas os anos de 2019 e 2020

No período de 1995 a 1998, anterior à edição da Lei Complementar


nº 101/2000, a qual estabeleceu limites para a realização de operações de crédito, o
montante contratado representou 46,05% do total apurado em vinte e cinco anos (de
1995 a 2019). Nos dois períodos posteriores (1999/2002 e 2003/2006), essas operações,
em valores nominais, que antes tinham alcançado R$ 7,55 bilhões, passaram para
R$ 720,6 milhões e R$ 669,2 milhões, respectivamente, e corresponderam apenas a
parcelas já contratadas anteriormente, ressalvando-se a quantia de R$ 80,9 milhões,
ingressada em 2003, para fins de refinanciamento da dívida mobiliária
(Lei nº 8.822/1989).
De 2007 a 2010, as operações de crédito representaram 12,09% do total da
série examinada (1995 a 2019). Destacam-se os ingressos ocorridos em 2008 e 2010 (no
total de R$ 1,98 bilhão), referentes ao Contrato de Empréstimo Externo nº 7584-BR, com
o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento – BIRD, mediante garantia
da União, e com a finalidade de reestruturação de parte da dívida extra limite do Estado.
No período de 2011 a 2014, as contratações somaram R$ 3,92 bilhões
(23,91% do total da série 1995/2019), o dobro em relação aos valores nominais da gestão
anterior.
De 2015 a 2018, o Estado ficou impedido de contratar operações por ter
ultrapassado o limite da Dívida Consolidada Líquida, e os ingressos no total de

229
R$ 1,4 bilhão foram relativos a parcelas de contratações já efetuadas em anos anteriores.
O montante aplicado em 2020 foi de R$ 52,9 milhões (utilizados os ingressos no exercício
e anteriores), principalmente com operações do POD (BID).
A análise das Operações de Crédito, segundo os limites definidos na Lei
Complementar nº 101/2000 e na Resolução do Senado Federal nº 43/2001, consta de
item específico, examinado no Capítulo 5 – Gestão Fiscal. Igualmente, são abordadas no
Capítulo 7, no subitem que trata da Dívida em Contratos.

3.8 – Amortização de Empréstimos Concedidos


As Receitas derivadas de Amortização de Empréstimos Concedidos
totalizaram R$ 24,6 milhões, com um decréscimo de 13,1%, comparado aos valores
inflacionados de 2019. A receita mais significativa, com R$ 17,0 milhões, decorreu da
amortização de empréstimos da CORSAN.

AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS CONCEDIDOS - 2016/2020


Em R$ milhões (inflacionados)
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO Δ% Δ% Δ% Δ% Δ%
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
Amort. Emprest. CORSAN 15,5 12,8 -17,6 13,4 4,9 14,2 5,6 17,0 20,1 9,6
Carteira da Extinta CEERGS 10,4 9,7 -6,7 11,1 14,6 11,9 6,7 6,1 -48,9 -41,7
Outras 29,3 2,5 -91,3 2,3 -10,5 2,3 0,9 1,5 -33,3 -94,8
Total Amortização Empréstimos
55,3 25,1 -54,7 26,8 7,1 28,3 5,6 24,6 -13,1 -55,4
Concedidos
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados IPCA/IBGE – Médio.

3.9 – Alienação de Bens


A receita de alienação de bens possui como principais vetores os ingressos
oriundos da desconstituição dos fundos afetos aos programas de fomento à atividade
econômica do Estado do Rio Grande do Sul no âmbito do Fundopem e Fomentar.
Conforme amplamente exposto em item próprio dentro do tema
desonerações fiscais do ICMS, os referidos programas são operacionalizados como uma
espécie de financiamento parcelado de parte do ICMS devido, conforme o regramento de
cada programa e dentro dos termos dos acordos individuais celebrados entre o Estado e
os Contribuintes que neles se enquadraram.
Esse valor de ICMS que deixa de ser pago a partir da fruição de créditos
presumidos transforma-se em financiamentos a longo prazo cuja gestão e operação fica
na competência do Badesul.
Quando do ingresso do pagamento das amortizações desses
financiamentos pelas empresas beneficiadas, parte do recurso permanece nos
respectivos fundos para fins de fomento a outras atividades econômicas, com destaque
ao fomento a empresas de menor parte. A outra parcela, conforme o regramento do
Fundopem ou Fomentar, é transferido ao Fundo de Reforma do Estado. É justamente no
momento do ingresso dos valores no FRE que é reconhecida a receita de capital de
alienação de bens em função da desconstituição desses fundos.

230
A título de ilustração, a legislação do Fundopem prevê a remessa ao FRE de
90% dos valores oriundos das amortizações pagas. Já o Fomentar apenas indica no seu
diploma legal que o Fundo de Reforma do Estado é um dos possíveis destinos dos
recursos.
A tabela a seguir demonstra o comportamento das receitas de alienação de
bens no período de 2016 a 2020. Além dos recebimentos ordinários em virtude dos
pagamentos de amortizações, ocorreram dentro desse intervalo operações cuja
consequência foi a antecipação desses recebimentos, seja na forma de pagamento
antecipado pelas empresas ou mesmo da cessão dos direitos creditórios a outras
instituições.

RECEITA DE ALIENAÇÃO DE BENS - 2016/2020


Em R$ milhões (inflacionados)
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO Δ% Δ% Δ% Δ% Δ%
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
Bens móveis e semoventes 0,4 1,4 226,7 1,3 -11,7 2,0 58,2 0,3 -83,6 -25,1
Desconstituição Fundopem 75,6 137,4 81,8 125,0 -9,0 525,8 320,6 45,1 -91,4 -40,3
Desconstituição Fomentar - - - - - - - 758,5 - -
Outras Alienações de Títulos
12,1 - -100,0 - - - - - - -100,0
Mobiliários
Alienação de Participações
- - - 754,5 - 55,6 -92,6 - -100,0 -
Societárias
Alienação de Bens Imóveis 8,6 1,7 -80,1 31,4 1727,0 5,0 -84,2 4,3 -14,3 -50,7
Total Alienação de Bens 96,8 140,5 45,2 912,2 549,1 588,4 -35,5 808,2 37,4 735,0
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados IPCA/IBGE – Médio.

Destaca-se que no final de 2020 ocorrera desconstituição do Fomentar que


implicou no reconhecimento de R$ 758,5 milhões em receita de capital, valor que
representou 93,9% das receitas de alienações de bens. A origem desse montante remete
a operações efetuadas em exercícios anteriores. Como a conta corrente do Fomentar
pertence ao SIAC, já ocorrera a utilização efetiva dos valores no passado. A presente
receita de capital apenas indica o reconhecimento contábil por meio da operacionalização
da desconstituição do fundo.
No exercício de 2019, o Fundopem realizara cessão de direitos creditórios
futuros que implicou no ingresso de aproximadamente R$ 450,0 milhões, que
influenciaram os números dessa rubrica naquele exercício.
Essas operações de antecipação de receita tiveram forte influência para o
atingimento do crescimento de 735,0% no total das receitas de alienação de bens quando
comparado todo o período 2016-2020.

3.10 – Demais Receitas


As demais receitas orçamentárias (R$ 400,6 milhões), elencadas a seguir,
representaram menos de 1,0% da Receita Corrente do Estado (R$ 46,0 bilhões, excluída a
dupla contagem).

231
DEMAIS RECEITAS ORÇAMENTÁRIAS - 2016/2020
Em R$ milhões (inflacionados)
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO Δ% Δ% Δ% Δ% Δ%
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
Agropecuária 1,8 1,2 -31,8 1,7 40,9 1,2 -31,7 1,1 -10,8 41,4
Industrial 0,05 0,01 -72,8 0,006 -55,7 0,002 -65,0 0,002 -2,8 -95,9
Serviços 441,7 562,3 27,3 558,7 -0,7 529,5 -5,2 400,6 -24,4 -9,3
Total Demais Receitas 443,6 563,6 27,1 558,7 -0,6 529,5 -5,3 400,6 -24,3 -9,5
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados IPCA/IBGE – Médio.

A principal receita desse grupo foi a de Serviços, com R$ 400,6 milhões que
representaram 99,7% das demais receitas de 2020, houve queda real de 24,4%, em
comparação a 2019. Já as receitas agropecuária e industrial têm pequena participação
nesse grupo, e atingiram somadas valores aproximados de R$ 1,1 milhão.

3.11 – Deduções da Receita


De acordo com o Manual de Contabilidade Aplicado ao Setor Público
(MCASP, 8ª edição), a dedução da receita, exceto quando houver determinação legal para
que se contabilize como despesa orçamentária, é o procedimento a ser adotado em casos
como: i- recursos que o ente tenha a competência de arrecadar, mas que pertençam a
outro ente; ii- restituição de tributos recebidos a maior ou indevidamente; iii – renúncia
de receita orçamentária.
A restituição de tributos recebidos com valor majorado ou indevidamente
é contabilizada como despesa orçamentária, enquanto a renúncia de receita
orçamentária sequer contabilização recebe. Esse último fato contábil é objeto de
divulgação pela Receita Estadual por meio do Demonstrativo de Desonerações Fiscais,
onde são apresentados os valores fruídos e estimados da renúncia de receita praticada
pelo Estado do Rio Grande do Sul.
A ausência de contabilização da renúncia de receita traduz-se em
desobediência às orientações do manual supramencionado, sem prejuízo do fato de o
demonstrativo de desonerações citado no parágrafo acima, em que pese ter sido objeto
de sensíveis melhorias como explicado no tópico 3.2.1.5.1, divulga as informações de
forma intempestiva em relação aos respectivos fatos geradores, situação que representa
inconsistência nas Demonstrações Contábeis pelo não registro de fato contábil ocorrido.
No que diz respeito aos recursos que o Estado tem competência de
arrecadar, mas que são devidos a outro Ente, ressalta-se a mudança de tratamento
contábil em relação à cota-parte dos Municípios na arrecadação de tributos. Até 2019
esses valores eram contabilizados como despesa orçamentária, entretanto passou-se a
registrá-los como dedução da receita a partir de 2020, procedimento que vai ao encontro
das orientações do MCASP.
A próxima tabela destaca as deduções da receita ocorridas no ano de 2020
com a evidenciação da receita da qual foram descontadas. Os maiores valores de
dedução dizem respeito ao repasse aos municípios e ao Fundeb. A receita da qual se
deduziu a maior quantia em termos absolutos foi o ICMS, imposto que também é o
responsável pelos maiores montantes de arrecadação aos cofres do Estado.

232
DEDUÇÕES DA RECEITA - 2020
Em Milhões de R$
Multas
Receita Deduzida FUNDEB Municípios Valores Mobiliários
Adm/Contr.
IPVA -321,9 -1.612,8 - -
ITCD -152,0 - - -
ICMS -5.385,7 -8.988,2 - -
ITBI - -1,3 - -
Patrimonial - - -318,4 -
Fundo de Participação dos Estados -427,3 - - -
IPI -77,1 -128,5 - -
CIDE - -9,6 - -
Outras Receitas Correntes - - - -5,0
TOTAL -6.363,9 -10.740,3 -318,4 -5,0
Fonte: Cubos DW – Sefaz RS.

Os valores destinados ao Fundeb, após serem deduzidos das receitas como


demonstrado na tabela acima, retornam ao Estado na forma de transferências, conforme
critérios próprios do programa. O capítulo 9 deste relatório técnico, que trata das
vinculações constitucionais, aprofunda esse tema em seu tópico de número 9.1.1
especificamente voltado a desdobrar o Fundeb.
Quanto aos repasses aos municípios dos dois principais impostos estaduais
em termos de valores arrecadados, notadamente o ICMS e o IPVA, identificam-se como
critérios para distribuição dos valores o Índice de Participação dos Municípios – IPM, no
caso do ICMS, e o local do emplacamento do veículo para repasse do IPVA devido aos
municípios.
Sobre o montante de R$ 1,28 bilhão24 repassado às municipalidades após
arrecadação do IPVA, verifica-se Porto Alegre como a localidade que auferiu o maior
volume de recursos decorrentes desse repasse, valores na ordem de R$ 214,1 milhões
(16,8%), seguida de Caxias do Sul (R$ 69,4 milhões – 5,4%) e Canoas (R$ 39,4 milhões –
3,1%), os municípios de Pelotas e Santa Maria completam a lista dos cinco maiores
recebedores da cota-parte municipal do IPVA percebendo as quantias de R$ 37,6 milhões
(2,9%) e R$ 37,3 milhões (2,9%), respectivamente.
Em relação ao ICMS repassado aos municípios, tem-se que o valor líquido
enviado após retenções foi de R$ 6,7 bilhões25. Novamente a capital dos gaúchos Porto
Alegre ficou com a maior fatia ao receber repasses na ordem de R$ 555,1 milhões,
equivalentes a 8,3% do total. Na sequência aparecem os municípios de Canoas com 448,5
milhões (7,2%), Caxias do Sul que auferiu R$ 308,8 milhões (4,6%), Gravataí com ingresso
de R$ 155,2 milhões (2,3%), e Rio Grande completando os cinco maiores repasses com as
cifras de R$ 112,4 milhões (1,7%).
Como se pode verificar a distribuição dos percentuais bem como os
municípios no ranking dos cinco primeiros sofre modificações quando comparados os
repasses do IPVA e do ICMS, enquanto aquele imposto tem o local do emplacamento dos
veículos como fator determinante para o repasse, o ICMS adota o chamado índice de
participação dos municípios, o qual é principalmente (75% de peso no indicador)

24
Dados extraídos em: https://tesouro.fazenda.rs.gov.br/lista/568/transferencias-aos-municipios.
25
Dados extraídos em: https://tesouro.fazenda.rs.gov.br/lista/568/transferencias-aos-municipios.

233
influenciado pelo valor agregado fiscal. Dessa forma, identifica-se a parte da forte
presença industrial em municípios como Canoas, Caxias do Sul e Gravataí, além da zona
portuária de Rio Grande como possíveis causas para esses municípios se juntarem à
capital Porto Alegre entre as maiores participantes da receita repartida do ICMS devido.
Atualmente, setenta e cinco por cento do valor a repartir com os
municípios é afetado pelo Valor Agregado Fiscal de cada municipalidade. Embora outras
questões também tenham peso na hora de determinar o IPM, tais como: área (7%),
população (7%), número de propriedades rurais (5%), produtividade primária (3,5%),
Inverso do VAF per capita (2%), programa de integração tributária – PIT (0,5%).
Encontra-se em estudo iniciativa que busca rever as variáveis que
impactam na divisão do ICMS a ser repartido entre os municípios, tendo como novidade,
além da redução do impacto do valor agregado fiscal (de 75% para 65%), a entrada de
indicadores ligados à educação com o peso de 20%. Segundo a ideia seria criado um
índice de avaliação de desempenho escolar dos municípios, o IMERS, e o rateio do ICMS
juntaria esse índice ao número de matrículas e de alunos pobres na rede municipal de
ensino fundamental. Essa ideia ainda se encontra na fase de projeto de lei.

3.12 – Receita Corrente Líquida


A Receita Corrente Líquida, a partir de 2000, passou a ser calculada com
base na Lei Complementar nº 101, de 04-05-2000, que estabelece normas de finanças
públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal (Lei de Responsabilidade Fiscal).
De acordo com o entendimento deste Tribunal de Contas, para a apuração
da Receita Corrente Líquida, deve ser acrescentado o valor referente à perda dos recursos
aplicados no FUNDEF (Parecer Coletivo 1/2002, apreciado pelo Tribunal Pleno desta Casa,
em Sessão do dia 28-08-2002), e deduzida a receita advinda da retenção na fonte do
Imposto de Renda sobre a folha de pessoal do Estado (Parecer Coletivo 2/2002, aprovado
em Sessão Plenária de 08-05-2002).
Embora a substituição do FUNDEF para FUNDEB, a partir de 2007,
permanece a orientação dada pelo Parecer Coletivo 1/2002, no que se refere à apuração
da Receita Corrente Líquida.
A partir de janeiro de 2004, o cálculo da RCL, efetuado pela Contadoria e
Auditoria-Geral do Estado – CAGE, passou a ser em consonância com os critérios
estabelecidos por este Tribunal de Contas do Estado.

234
RECEITA CORRENTE LÍQUIDA – RCL - 2016/2020
Em milhões R$
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO Δ% Δ% Δ% Δ% Δ%
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
1. Receita Corrente 59.478,8 59.204,4 -0,5 62.127,9 4,9 62.064,1 -0,1 62.934,8 1,4 5,8
1.1 Receita Tributária 41.465,4 42.598,7 2,7 44.560,9 4,6 46.883,9 5,2 45.437,7 -3,1 9,6
1.2. Receita de Contribuições 3.587,3 3.504,5 -2,3 3.852,0 9,9 3.828,4 -0,6 4.394,8 14,8 22,5
1.3. Receita Patrimonial 2.215,5 807,6 -63,6 933,4 15,6 597,7 -36,0 316,7 -47,0 -85,7
1.4. Receita Agropecuária 1,8 1,2 -31,8 1,7 40,9 1,2 -31,7 1,1 -10,8 -41,4
1.5. Receita Industrial 0,1 0,0 -72,8 0,0 -55,7 0,0 -65,0 0,0 -2,8 -95,9
1.6. Receita de Serviços 372,4 379,4 1,9 369,3 -2,7 529,5 43,4 400,6 -24,4 7,6
1.7. Transferências Correntes 9.627,4 9.225,7 -4,2 9.251,5 0,3 9.149,9 -1,1 11.812,5 29,1 22,7
1.8. Outras Receitas Correntes 2.208,9 2.687,3 21,7 3.159,0 17,6 1.073,5 -66,0 571,5 -46,8 -74,1
2. Deduções para apuração da RCL 18.618,7 19.037,4 2,2 20.595,3 8,2 19.854,5 -3,6 19.828,3 -0,1 6,5
2.1. ( - ) Transf. Constituc. a
10.242,1 10.351,7 1,1 11.075,3 7,0 10.881,7 -1,7 10.740,3 -1,3 4,9
Municípios
2.2. ( - ) Contrib. Previd. dos
1.893,4 1.784,5 -5,7 2.084,3 16,8 2.066,7 -0,8 2.520,9 22,0 33,1
Servidores
2.3. ( - ) Comp. Fin. entre Reg. Previd. 56,6 65,4 15,5 85,2 30,3 78,6 -7,7 65,0 -17,4 14,9
2.4. ( - ) Contribuição ao FUNDEB 6.148,5 6.204,2 0,9 6.621,2 6,7 6.476,6 -2,2 6.502,0 0,4 5,8
2.5. ( - ) Anulação de Restos a Pagar 172,2 500,5 190,6 592,5 18,4 350,8 -40,8 - -100,0 -100,0
2.6. ( - ) Receita/(perda) Fundoprev 106,0 131,2 23,7 136,8 4,2 - -100,0 - - -100,0
3. Subtotal RCL (1 - 2) 40.860,1 40.167,0 -1,7 41.532,6 3,4 42.209,6 1,6 43.106,6 2,1 5,5
4. ( - ) IRRF
2.427,5 2.834,7 16,8 2.825,7 -0,3 3.076,4 8,9 3.185,3 3,5 31,2
Ativos/Inativos/Pensionista
5. ( + ) Perda FUNDEB (8.4 – 5.2) 1.355,8 1.564,6 15,4 1.734,9 10,9 1.923,8 10,9 2.152,3 11,9 58,7
6. RCL (3 - 4 + 5) – Vlr. Inflacionado 39.788,5 38.896,9 -2,2 40.441,8 4,0 41.057,1 1,5 42.073,5 2,5 5,7

7. RCL – Valor Nominal 34.654,9 35.045,9 1,1 37.773,3 7,8 39.779,4 5,3 42.073,5 5,8 21,4
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.

Em 2020, a Receita Corrente Líquida cresceu 2,5%, em relação aos valores


inflacionados de 2019. Em montante nominal, houve um incremento de 5,8%.
Comumente o comportamento da receita corrente líquida era influenciado,
fundamentalmente, pelas Receitas Tributárias, responsáveis pela maior parte da
arrecadação do Tesouro Estadual. Todavia, em função de mudanças substanciais na
previdência estadual (abordadas no capítulo 8 – Gestão Previdenciária) e de envio de
recursos federais para apoio aos Estados no enfrentamento da pandemia (explicitado no
tópico 3.5.1 deste capítulo), as receitas de contribuições e de transferências correntes,
com elevações reais na ordem de 14,8% e 29,1%, respectivamente, contribuíram para
que, apesar da queda na arrecadação tributária de 3,1% (em relação aos valores
corrigidos de 2019), houvesse incremento real na RCL.

3.12.1 – Comprometimento da RCL


A análise do comprometimento da Receita Corrente Líquida, em relação
aos gastos públicos, está assim demonstrada:

GASTOS PÚBLICOS X COMPROMETIMENTO DA RCL - 2016/2020


Em R$ milhões (inflacionados)*
% % % % %
DISCRIMINAÇÃO 2016* 2017* 2018* 2019* 2020
RCL RCL RCL RCL RCL
1. Despesa Total
43.743,6 109,9 45.348,1 116,6 49.034,8 121,2 49.239,6 119,9 47.846,5 113,7
Empenhada (a)**

235
GASTOS PÚBLICOS X COMPROMETIMENTO DA RCL - 2016/2020
Em R$ milhões (inflacionados)*
% % % % %
DISCRIMINAÇÃO 2016* 2017* 2018* 2019* 2020
RCL RCL RCL RCL RCL
2. ( - ) Contrib. Previd. dos
1.893,4 4,8 1.784,5 4,6 2.084,3 5,2 2.066,7 5,0 2.520,9 6,0
Servidores (b)
3. ( - ) IRRF dos Servidores
2.427,5 6,1 2.834,7 7,3 2.825,7 7,0 3.076,4 7,5 3.185,3 7,6
(b)
4. Despesa Total Ajustada
39.422,8 99,1 40.728,9 104,7 44.124,7 109,1 40.096,5 107,4 42.140,2 100,2
(c)
5. RECEITA CORRENTE
39.788,5 38.896,9 40.441,8 41.057,1 42.073,5
LÍQUIDA –RCL
6. Gastos Ajustados
acima/(abaixo)
(365,7) 1.832,0 3.682,9 3.039,4 66,7
da capacidade Erário (4
– 5)
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.
(**) Transferências Constitucionais aos Municípios contabilizadas como dedução da Receita em 2020 e ajustada no total da despesa empenhada de 2016
a 2019.
(a) Excluídas as contribuições ao IPERGS para o custeio de assistência médica e previdência, as quais geram duplicidade na consolidação das despesas e
das receitas totais do Estado.
(b) Retenções da folha de pagamento que geraram receita para o Estado e que são excluídas na apuração da RCL.

Em 2020, o total empenhado de R$ 47,85 bilhões representou 113,7% da


Receita Corrente Líquida. Depois de deduzidas aquelas despesas com reflexo na apuração
da RCL (Contribuições Previdenciárias e IRRF dos Servidores), a relação da despesa total
com a RCL alcançou 100,2%, ou seja, os gastos públicos ficaram acima da capacidade do
Erário em 0,2% (R$ 66,7 milhões). Vale destacar que as Transferências Constitucionais aos
Municípios que antes eram deduzidas no cálculo da RCL tiveram sua forma de
contabilização alterada, deixando de constar nas despesas para ser tratada como uma
dedução da receita de modo que o ajuste deixa de ser necessário para apuração da RCL.
Comparando-se 2020 com o exercício de 2016 verifica-se alteração,
partindo de um gasto inferior à RCL em R$ 365,7 milhões, passou-se para um de
R$ 66,7 milhões acima da receita corrente líquida, além de terem ocorrido momentos de
gastos além da RCL mais significativos entre 2017 e 2019 com pico atingido no ano de
2018 (R$ 3,68 bilhões acima da receita corrente líquida).

236
4 COMPORTAMENTO DAS DESPESAS
Neste capítulo é apresentada uma análise consolidada das despesas
estaduais no exercício de 2020, bem como sua evolução nos últimos anos.

4.1 - Despesas por Poder, Grupo e Funções de Governo


Em 2020, não levando em consideração as operações intraorçamentárias,
todos os poderes tiveram redução real no total de suas despesas na comparação com o
ano imediatamente anterior. Na comparação das despesas de 2020 com os valores de 05
(cinco) anos antes se verifica também que a maioria dos poderes reduziram suas
despesas ou pelo menos mantiveram o patamar, com exceção do Ministério Público,
Defensoria Pública e Poder Executivo que aumentaram em termos reais suas despesas no
referido período em 0,8%, 45% e 11%, respectivamente.
Com relação às despesas intraorçamentárias verifica-se uma elevação no
total de 3,7% com relação ao ano de 2019. O referido aumento está relacionado ao
desempenho do Poder Executivo, que cresceu suas despesas intraorçamentárias em
4,9%, enquanto que a maioria dos demais poderes apresentaram redução nas despesas
intraorçamentária. Na comparação com o resultado apurado em 05 (cinco) anos antes,
importante observar que o aumento substancial na despesa intraorçamentária dos
poderes Legislativo e Judiciário está relacionada à cobertura do déficit previdenciário, que
até 2018 era suportado apenas pelo Executivo. A partir de 2019, os valores passaram a
ser divididos entre todos os poderes.

EVOLUÇÃO DAS DESPESAS POR PODER - 2016/2020


Em R$ milhões
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO % % % % %
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR %
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
Poder Legislativo 1.163,8 1.165,2 0,1% 1.218,3 4,6% 1.128,2 -7,4% 1.033,8 2,2% -8,4% -11,2%
Assembleia Legislativa 634,8 620,1 -2,3% 648,3 4,5% 564,4 -12,9% 504,8 1,1% -10,6% -20,5%
Tribunal de Contas 529,0 545,0 3,0% 569,9 4,6% 563,7 -1,1% 529,0 1,1% -6,2% 0,0%
Poder Judiciário 3.425,3 3.387,1 -1,1% 3.538,5 4,5% 3.395,4 -4,0% 3.371,9 7,0% -0,7% -1,6%
Tribunal de Justiça 3.382,5 3.349,8 -1,0% 3.504,7 4,6% 3.347,5 -4,5% 3.337,5 7,0% -0,3% -1,3%
Justiça Militar 42,8 37,3 -12,9% 33,8 -9,4% 47,9 41,7% 34,5 0,1% -28,0% -19,4%
Ministério Público 1.048,9 1.083,0 3,3% 1.103,9 1,9% 1.120,6 1,5% 1.057,8 2,2% -5,6% 0,8%
Defensoria Pública 263,8 290,4 10,1% 298,0 2,6% 400,8 34,5% 382,6 0,8% -4,5% 45,0%
Poder Executivo 37.841,7 39.422,4 4,2% 42.876,0 8,8% 43.194,5 0,7% 42.000,3 87,8% -2,8% 11,0%
Total Poderes (exceto
43.743,6 45.348,1 3,7% 49.034,8 8,1% 49.239,6 0,4% 47.846,5 100,0 -2,8% 9,4%
Intraorçamentária)
(+) Intraorçamentária ** 12.017,6 13.641,6 13,5% 14.144,8 3,7% 16.112,6 13,9% 16.711,4 3,7% 39,1%
Assembleia Legislativa 17,4 13,6 -21,8% 13,1 -3,7% 238,1 1717,6 219,4 -7,9% 1160,9
Tribunal de Contas 15,8 15,5 -1,9% 16,3 %
5,2% 255,0 1464,4 242,2 -5,0% %
1432,9
Tribunal de Justiça 81,6 84,6 3,7% 86,8 %
2,6% 1.047,2 1106,5 972,8 -7,1% %
1092,2
Justiça Militar 0,8 0,7 -12,5% 1,5 114,3 13,3 %
786,7 12,2 -8,3% %
1425,0
Ministério Público 20,5 21,3 3,9% 21,0 %
-1,4% %
191,5 811,9 207,8 8,5% %
913,7
Defensoria Pública 106,5 105,8 -0,7% 76,9 -27,3% 83,6 %
8,7% 78,5 -6,1% %
-26,3%
Executivo 11.775,0 13.400,1 13,8% 13.929,2 3,9% 14.284,0 2,5% 14.978,5 4,9% 27,2%
Despesa Total 55.761,2 58.989,8 5,8% 63.179,5 7,1% 65.352,2 3,4% 64.557,9 -1,2% 15,8%

238
EVOLUÇÃO DAS DESPESAS POR PODER - 2016/2020
Em R$ milhões
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO % % % % %
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR %
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos:Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.
(**) Dupla contagem decorrente, especialmente, da contribuição patronal empenhada pelos poderes/órgãos ao IPERGS para o custeio da assistência
médica e previdência. Até 2018 o déficit previdenciário era suportado apenas pelo Executivo. A partir de 2019, os valores passaram a ser rateados
entre todos os poderes.

No total, em termos reais, as despesas empenhadas no âmbito estadual


diminuíram 1,22% (R$ 794,3 milhões) em 2020. Segundo a análise por grupo de despesa,
essa redução foi influenciada pela diminuição em Pessoal e Encargos Sociais de R$ 1,67
bilhão, conforme destacado na tabela a seguir.

DESPESAS EMPENHADAS POR GRUPO DE DESPESAS - 2019/2020


Em R$ milhões
2019 2020
DISCRIMINAÇÃO Valor % %
Valor Valor
Inflacionado Nominal Inflac (*) % do Total
Nominal Nominal
(*) 2020/2019 2020/2019
Pessoal e Encargos Sociais 31.160,3 32.161,1 30.486,9 -2,16% -5,21% 63,72%
Outras Despesas Correntes 11.280,2 11.642,5 12.049,8 6,82% 3,50% 25,18%
Serviço da Dívida 4.338,5 4.477,8 4.339,5 0,02% -3,09% 9,07%
Investimentos e Inversões Financeiras 928,3 958,2 970,3 4,52% 1,26% 2,03%
Total (exceto Intraorçamentárias) 47.707,3 49.239,6 47.846,5 0,29% -2,83% 100,00%
(+) Despesas Intraorçamentárias (**) 15.611,2 16.112,6 16.711,4 7,05% 3,72%
Despesa Total 63.318,5 65.352,2 64.557,9 1,96% -1,22%
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos:Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.
(**) Dupla contagem decorrente, especialmente, de recursos empenhados ao IPERGS para o custeio da assistência médica e previdência.

Considerando-se a classificação por função, o comportamento da execução


orçamentária em 2020 está demonstrado na tabela subsequente:

DESPESAS POR FUNÇÃO - 2020


Em R$ milhões (nominais)
Intraorçamentária*
% Emp/ Desp.Empenhada
Dotação Dotação (Modalid.de % do
Empenhado Dot. Exceto
SETOR/ÓRGÃO Inicial Alterada Aplicação 91) Total
Inicial Intraorçamentária
Vlr. Empenhado
(A) (B) ( C) (D) = C/A (E) (F) = C – E (G)
01 - Legislativa 730,7 728,0 537,3 73,53% 2,5 534,8 1,09%
02 - Judiciária 2.840,8 2.900,8 2.432,1 85,61% 6,1 2.426,0 4,96%
03 - Essencial à Justiça 1.527,1 1.462,9 1.399,2 91,62% 2,4 1.396,8 2,85%
04 – Administração 1.126,1 1.028,8 889,0 78,95% 0,2 888,8 1,82%
06 - Seguranca Pública 4.657,4 5.822,7 5.531,7 118,77% 0,9 5.530,8 11,30%
08 - Assistência Social 165,5 174,0 143,6 86,77% 0,10 143,5 0,29%
09 - Previdência Social 17.790,9 18.062,9 17.250,8 96,96% 1,0 17.249,8 35,24%
10 - Saúde 7.665,1 9.091,5 8.482,1 110,66% 1.121,1 7.361,0 15,04%
11 - Trabalho 55,0 55,3 50,4 91,64% 0,0 50,4 0,10%
12 – Educação 9.111,9 9.325,2 8.487,1 93,14% 4.751,2 3.735,9 7,63%
13 - Cultura 60,4 138,1 129,6 214,57% 0,0 129,6 0,26%
14 - Direitos da Cidadania 322,5 388,2 314,2 97,43% - 314,2 0,64%

239
DESPESAS POR FUNÇÃO - 2020
Em R$ milhões (nominais)
Intraorçamentária*
% Emp/ Desp.Empenhada
Dotação Dotação (Modalid.de % do
Empenhado Dot. Exceto
SETOR/ÓRGÃO Inicial Alterada Aplicação 91) Total
Inicial Intraorçamentária
Vlr. Empenhado
(A) (B) ( C) (D) = C/A (E) (F) = C – E (G)
15 - Urbanismo 39,9 38,4 14,5 36,34% 0,0 14,5 0,03%
16 – Habitação 41,6 40,0 34,6 83,17% - 34,6 0,07%
17 - Saneamento 38,2 69,0 55,8 146,07% - 55,8 0,11%
18 – Gestão Ambiental 191,2 197,0 147,9 77,35% - 147,9 0,30%
19 - Ciência e Tecnologia 178,3 182,2 153,3 85,98% 0,1 153,2 0,31%
20 - Agricultura 605,9 746,1 523,8 86,45% 1,0 522,8 1,07%
22 - Indústria 3,0 3,3 1,2 40,00% 0,0 1,2 0,00%
23 - Comércio e Serviços 77,3 77,3 60,6 78,40% 0,0 60,6 0,12%
24 – Comunicações 54,2 58,5 55,9 103,14% - 55,9 0,11%
25 - Energia 5,6 7,3 0,8 14,29% - 0,8 0,00%
26 - Transporte 682,2 719,0 548,2 80,36% 0,2 548,0 1,12%
27 - Desporto e Lazer 14,8 18,5 8,9 60,14% - 8,9 0,02%
28 - Encargos Especiais 17.342,6 18.225,5 17.305,2 99,78% 10.824,6 6.480,6 13,24%
99 - Reserva de
1.110,4 0,10 - - - - -
Contingência
Total Geral 66.438,4 69.560,8 64.557,9 97,17% 15.611,2 48.946,7 100,00%
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos:Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Dupla contagem decorrente, especialmente, de recursos empenhados pelos Poderes/Órgãos ao IPERGS para o custeio da assistência médica e
previdência

A tabela acima demonstra que os setores da Segurança Pública, Educação,


Saúde e Previdência Social quando somados representam praticamente 70% das despesas
empenhadas em 2020.
Nos tópicos seguintes deste capítulo são detalhados os dados dos
principais grupos de despesa.

4.2 – Despesas com Pessoal e Encargos Sociais


A próxima tabela mostra a evolução das despesas com pessoal e encargos
sociais nos últimos 21 anos.

DESPESA COM PESSOAL E ENCARGOS SOCIAIS* - 2000/2020


Em R$ milhões
PESSOAL E ENCARGOS SOCIAIS
EXERCÍCIO VALOR VALOR
% %
NOMINAL INFLACIONADO
2000 5.039,3 - 16.574,1 -
2001 5.686,4 12,84 17.504,9 5,62
2002 6.653,2 17,00 18.885,3 7,89
2003 7.496,2 12,67 18.548,8 -1,78
2004 7.831,1 4,47 18.178,2 -2,00
2005 8.541,6 9,07 18.553,0 2,06
2006 9.557,4 11,89 19.925,8 7,40
2007 10.157,2 6,28 20.432,3 2,54
2008 11.001,3 8,31 20.941,1 2,49
2009 12.106,9 10,05 21.971,5 4,92
2010 13.625,7 12,55 23.541,8 7,15
2011 15.152,0 11,20 24.549,5 4,28
2012 16.615,8 9,66 25.541,1 4,04

240
DESPESA COM PESSOAL E ENCARGOS SOCIAIS* - 2000/2020
Em R$ milhões
PESSOAL E ENCARGOS SOCIAIS
EXERCÍCIO VALOR VALOR
% %
NOMINAL INFLACIONADO
2013 18.920,1 13,87 27.384,2 7,22
2014 21.611,5 14,22 29.417,7 7,43
2015 23.985,2 10,98 29.944,8 1,79
2016 25.331,9 5,61 29.084,4 -2,87
2017 27.093,0 6,95 30.070,1 3,39
2018 29.215,4 7,83 31.279,4 4,02
2019 31.160,3 6,66 32.161,1 2,82
2020 30.486,9 (2,16) 30.486,9 -5,21
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Excluída a dupla contagem decorrente, especialmente, de recursos repassados pelos Poderes/Órgãos ao IPERGS para o custeio da assistência médica e
previdência.

Em 2020, houve decréscimo real de 5,21%, alcançando o total empenhado


de R$ 30,48 bilhões. Em valores nominais, ocorreu decréscimo de 2,16%. Esta redução da
folha de pessoal em termos nominais foi primeira na série histórica dos últimos vinte
anos. Os fatores citados a seguir ajudam a explicar essa queda na despesa com pessoal:

 Em janeiro de 2020, o Poder Executivo publicou quatro decretos26


objetivando reduzir os gastos com custeio contingenciáveis, bem
como as despesas com pessoal. Essa prática já vinha sendo utilizada
desde o governo anterior (2015 a 2018), sendo também utilizada no
primeiro ano do atual governo (2019).
 A publicação da Lei Complementar nº 173/2020 pelo Governo
Federal, contendo a determinação de suspender diversos
pagamentos de adicionais, promoções, etc., contribuiu para a
diminuição da despesa de pessoal no Estado.
 Aprovação na Assembleia Legislativa de uma série de preposições,
chamadas de Reforma Estruturante pelo Poder Executivo,
estabilizando as despesas com a folha de pagamento. Soma-se a
reforma o fato do Estado não ter reposto as aposentadorias em
número igual às vacâncias.

Em contrapartida a esta redução nas despesas com pessoal verificada em


2020, constata-se que nos anos anteriores a elevação dos gastos de um ano para outro
era um fator recorrente. Além do denominado “crescimento vegetativo da folha”,
consequência de incorporações de promoções e vantagens temporais dos servidores,
outros fatores colaboraram para o incremento nominal das despesas do grupo Pessoal e
Encargos Sociais nos exercícios anteriores.
No período de 2008 a 2010, em especial, foram os efeitos dos reajustes da
chamada Lei Britto. Nesse caso, mediante decisões judiciais, os servidores vinham
obtendo os reajustes salariais concedidos pelas Leis 10.395/95 e 10.420/95, não

26
Decretos Estaduais nº 54.981/2020; 54.982/2020; 54.983/2020 e 54.984/2020.

241
implementadas à época de sua concessão. Visando acabar com os inúmeros processos
individuais dos servidores que ingressavam na Justiça, foi editada a Lei nº 12.961, de 14-
05-2008 (Lei Yeda), autorizando a implantação desses reajustes em quatro parcelas até
2010 (a primeira foi paga em agosto de 2008, e as demais em março de 2009, agosto de
2009 e março de 2010).
No período de 2011 a 2014, além da reposição de servidores, foram vários
os reajustes salariais concedidos. Os aumentos para Polícia Civil, Brigada Militar e SUSEPE
se prolongaram até novembro de 2018.
O comportamento dos gastos com pessoal, discriminados por poder/órgão,
estão evidenciados na tabela a seguir, considerando-se a atualização monetária nos
últimos cinco exercícios.

EVOLUÇÃO DAS DESPESAS COM PESSOAL E ENCARGOS SOCIAIS – EMPENHADA


EXCETUADAS AS TRANSFERÊNCIAS INTRAORÇAMENTÁRIAS POR PODER - 2016/2020
Em R$ milhões
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO % % % % %
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR %
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
Poder Executivo 24.246,3 25.347,6 4,54 26.539,2 4,70 27.143,7 2,28 25.625,6 84,05 -5,59 1,98
Demais Poderes 4.838,1 4.722,4 -2,39 4.740,2 0,38 5.017,4 5,85 4.861,3 15,95 -3,11 0,94
Assembleia Legislativa 561,1 542,1 -3,39 561,6 3,60 497,4 -11,43 447,8 1,47 -9,97 -24,42
Tribunal de Contas 499,2 508,6 1,88 532,8 4,76 522,5 -1,93 480,5 1,58 -8,04 -8,25
Tribunal de Justiça 2.677,7 2.572,8 -3,92 2.488,5 -3,28 2.671,3 7,35 2.694,6 8,84 0,87 5,80
Trib. de Justiça Militar 36,7 32,9 -10,35 29,1 -11,55 44,2 51,89 30,8 0,10 -30,32 -6,38
Ministério Público 856,8 856,8 0,00 895,9 4,56 952,4 6,31 891,7 2,92 -6,37 -0,61
Defensoria Pública 206,7 209,2 1,21 232,3 11,04 329,6 41,89 315,8 1,04 -4,19 41,87
Total Pessoal e Enc.
29.084,4 30.070,1 3,39 31.279,4 4,02 32.161,1 2,82 30.486,9 100,00 -5,21 1,81
Soc.**
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*)Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.
(**) Exclusão da dupla contagem decorrente, especialmente, de recursos empenhados pelos poderes/órgãos ao IPERGS para o custeio da assistência
médica e previdência.

O Poder Executivo (incluídas as autarquias e fundações), responsável por


84,05% do total das despesas, reduziu seus gastos com pessoal e encargos sociais em
5,59% em 2020. Os demais poderes (Legislativo, Judiciário, Ministério Público e
Defensoria Pública), que representam 15,95% das despesas de pessoal, apresentaram, no
mesmo período, uma redução de 3,11%.
O grupo “Pessoal e Encargos Sociais”, segundo a classificação por elemento
de despesa, compõe-se de:

242
PESSOAL E ENCARGOS SOCIAIS DESPESA POR ELEMENTO – EMPENHADA - 2019/2020
Em R$ milhões
2019 2020 % 2020/2019
DISCRIMINAÇÃO Vlr. % do
Vlr. Vlr.
Inflacionado Total Nominal Inflac.
Nominal Nominal
(*)
Despesas Exceto Intraorçamentárias 31.160,3 32.161,1 30.486,9 100,00 -2,16 -5,21
01 - Aposentadorias e Reformas 13.250,6 13.676,2 13.770,4 45,17 3,92 0,69
03 e 59 – Pensões e Pensões Especiais 3.337,0 3.444,2 3.413,4 11,20 2,29 -0,89
11 - Vencimentos e Vantagens Pessoal Civil 8.838,4 9.122,3 8.653,2 28,38 -2,10 -5,14
12 – Vencimentos e Vantagens Pessoal Militar 2.027,2 2.092,3 1.903,4 6,24 -6,11 -9,03
91 - Sentenças Judiciais 1.837,9 1.896,9 798,7 2,62 -56,54 -57,89
92 – Despesas Exercícios Anteriores 612,6 632,3 844,4 2,77 37,84 33,54
13 - Obrigações Patronais 435,1 449,1 464,4 1,52 6,73 3,41
16 - Outras Despesas Pessoal Civil 338,5 349,4 321,0 1,05 -5,17 -8,13
17 - Outras Despesas Pessoal Militar 168,7 174,1 176,4 0,58 4,56 1,32
Demais Despesas 314,4 324,5 141,7 0,46 -54,93 -56,33
Despesas Intraorçamentárias (**) 15.584,2 16.084,7 16.694,1 54,76 7,12 3,79
Contribuição ao IPERGS Cobertura do Déficit 11.187,2 11.546,5 11.392,9 37,37 1,84 -1,33
Contribuição Previdenciária Patronal
3.650,5
IPERGS/RPPS 3.767,7 4.577,0 15,01 25,38 21,48
Contribuição Patronal IPERGS Assistência Médica 697,5 719,9 706,7 2,32 1,32 -1,83
Demais Despesas 49,1 50,7 17,6 0,06 -64,15 -65,29
Total Geral 46.744,6 48.245,9 47.181,0 154,76 0,93 -2,21
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*)Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.
(**) Exclusão da dupla contagem decorrente, especialmente, de recursos empenhados pelos Poderes/Órgãos ao IPERGS para o custeio da assistência
médica e previdência.

Do total do grupo “Pessoal e Encargos Sociais” (R$ 30,48 bilhões), mais da


metade dos gastos (55,37%) foi com aposentadorias e pensões (R$ 17,18 bilhões, nos
elementos de despesa 01, 03 e 59).
Os gastos com servidores ativos (tomando-se os elementos 11, 12, 16 e 17)
alcançaram R$ 11,05 bilhões.
A proporção entre essas despesas (inativos e pensionistas em relação aos
ativos) é 155%, ou seja, para cada R$ 100,00 pagos aos servidores ativos, R$ 155,00 são
pagos aos inativos e pensionistas, evidenciando a participação alta e crescente das
despesas previdenciárias nos orçamentos do Estado. Pela primeira vez, em 2016, os
inativos ultrapassaram o quadro de servidores ativos em 6.032 matrículas. Logo, aqui
reside um dos principais limites da política de ajuste fiscal, em que as medidas adotadas
surtem efeitos somente no longo prazo.
As dificuldades financeiras enfrentadas pelo Estado, em 2020, refletiram-
se, novamente, nos atrasos no pagamento da folha mensal dos servidores do Poder
Executivo até novembro de 2020.
Na Lei de Responsabilidade Fiscal (LC nº 101, de 04-05-2000), a apuração
das despesas com pessoal, visando ao limite máximo de 60% da receita corrente líquida,
segue critérios diferentes dos apresentados no âmbito da gestão estadual para compor o
grupo de despesa “Pessoal e Encargos Sociais”. Isso ocorre, em especial, pela exclusão das
pensões e, a partir de 2001, pela dedução do imposto de renda retido na fonte dos
servidores (IRRF), segundo determinação do parecer coletivo nº 2/2002 deste Tribunal.

243
Tais gastos são avaliados sob a responsabilidade de cada poder/órgão referidos no art. 20
(Poder Executivo, Poder Legislativo, Poder Judiciário e Ministério Público), com limites
específicos para cada um, estando demonstrados no Capítulo 5 – Gestão Fiscal, do
presente relatório.
Assim, em 2020, os gastos, segundo o grupo de despesa “Pessoal e
Encargos Sociais”, representaram 72,62% da Receita Corrente Líquida, enquanto na
apuração da despesa total com pessoal, de acordo com as normas da LRF, foi obtido o
percentual de 49,77%, estando adequado ao limite estabelecido, como se demonstra a
seguir:

TOTAL COM PESSOAL/LRF EM RELAÇÃO À RECEITA CORRENTE LÍQUIDA


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTADUAL - 2000/2019
Em R$ milhões (nominais)
DESPESA COM PESSOAL RCL % SOBRE A RCL
GRUPO DE DESPESA SEGUNDO INTERPRETAÇÃO À ÉPOCA DOS
DA LRF RESPECTIVOS GRUPO DESPESA
PESSOAL E ENCARGOS
À ÉPOCA DOS RESPECTIVOS PARECERES DESPESA LRF
EXERCÍCIO SOCIAIS
PORT. STN/SOF 163/2001 PARECERES PRÉVIOS PRÉVIOS(*)

(B) (C) (A/C) (B/C)


(A)
2000 5.039,3 4.875,3 6.657,9 75,69 73,23
2001 5.686,4 4.392,6 7.512,7 75,69 58,47
2002 6.653,2 4.971,1 8.558,3 77,74 58,08
2003 7.496,2 5.790,3 9.859,6 76,03 58,73
2004 7.831,1 5.921,8 10.736,7 72,94 55,15
2005 8.541,6 6.217,5 12.349,4 69,17 50,35
2006 9.557,4 6.893,0 13.312,4 71,79 51,78
2007 10.157,2 7.344,0 13.991,4 72,60 52,49
2008 11.001,3 7.722,8 16.657,8 66,04 46,36
2009 12.106,7 8.603,6 17.387,3 69,63 49,48
2010 13.625,7 9.415,9 20.297,8 67,13 46,39
2011 15.152,0 10.643,5 21.927,9 69,10 48,54
2012 16.615,8 12.021,8 23.710,7 70,08 50,70
2013 18.920,1 13.515,4 26.387,9 71,70 51,22
2014 21.611,5 15.343,7 28.633,5 75,48 53,59
2015 23.985,2 17.323,3 30.139,2 79,58 57,48
2016 25.331,9 18.004,6 34.654,9 73,10 51,95
2017 27.093,0 19.257,2 35.045,9 77,31 54,95
2018 29.215,4 20.574,2 37.773,3 77,34 54,47
2019 31.160,3 21.256,6 39.779,4 78,33 53,44
2020 30.486,9 20.893,5 42.073,5 72,46 49,66
Fonte: Sistema FPE, Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) RCL de 2000 de acordo com o valor apresentado no Parecer Prévio do respectivo exercício (R$ 6.657.894.571,14). Se considerado o mesmo critério de
apuração dos demais exercícios (somada a perda do FUNDEF e excluído o IRRF dos Servidores) tería-se o montante nominal de R$ 6.460.188.804,21.

Em 2000, a despesa com pessoal, segundo a LRF, obteve um percentual da


RCL (73,23%) próximo àquele apurado pelo grupo “Pessoal e Encargos Sociais” (75,69%).
A partir de 2001, no entanto, deixou de fazer parte do cômputo a despesa do IPERGS com
a assistência médica dos servidores, o auxílio funeral, creche, bolsa de estudos,
transportes e refeição (e/ou etapas de alimentação) e, principalmente, o imposto de
renda retido na fonte dos servidores, resultando num percentual da RCL de 58,47%. A
partir de 2010, após ter reduzido para o percentual de 46,39%, este passou a crescer
gradativamente, alcançando 57,48% em 2015. Em 2016, caiu para 51,95%, influenciado

244
pelo aumento da RCL, voltando a subir em 2017, atingindo 54,95%, ficando estável em
2018 (54,47%) e 2019 (53,44%).

4.3 – Despesas com Serviço da Dívida


A despesa empenhada em 2020 com o serviço da dívida, constituída pelas
amortizações (R$ 1,76 bilhão) e pelos juros e encargos da dívida (R$ 2,57 bilhões),
totalizou R$ 4,34 bilhões, representando um decréscimo de 3,09% em relação aos valores
inflacionados de 2019.

SERVIÇO DA DÍVIDA - JUROS E ENCARGOS + AMORTIZAÇÃO - 2016/2020


Em R$ milhões (nominais)
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO % % % % %
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
Dívida Contratual Interna 1.591,1 2.068,2 29,99 3.683,4 78,10 3.805,9 3,33 3.616,4 -4,98% 127,29%
Juros 593,4 1.306,9 120,24 2.506,9 91,82 2.545,1 1,52 2.397,0 -5,82% 303,94%
Amortização 997,7 761,2 -23,70 1.176,5 54,56 1.260,8 7,17 1.219,4 -3,28% 22,22%
Dívida Contratual Externa 304,0 309,5 1,81 464,2 49,98 589,1 26,91 624,5 6,01% 105,43%
Juros 95,4 123,2 29,14 215,4 74,84 268,7 24,74 176,8 -34,20% 85,32%
Amortização 208,6 186,2 -10,74 248,8 33,62 320,4 28,78 447,7 39,73% 114,62%
Remuneração de Depósitos - - 30,7 - -100 -
Restituição de Receitas - - 3,4 - -100 2,8
Débitos Parcelados (Juros +
107,2 119,2 11,19 72,6 -39,09 82,8 14,05 95,9 15,82% -10,54%
Amort)
PASEP 43,3 79,4 83,37 41,0 -48,36 47,5 15,85 48,7 2,53% 12,47%
INSS 63,9 39,8 -37,72 31,6 -20,60 35,2 11,39 47,2 34,09% -26,13%
Total do Serviço da Dívida 2.002,4 2.496,8 24,69 4.251,0 70,26 4.477,8 5,34 4.339,5 -3,09% 116,71%
Total Juros 692,8 1.431,9 106,68 2.753,2 92,28 2.813,8 2,20 2.573,7 -8,53% 271,49%
Total Amortizações 1.309,6 1.064,9 -18,69 1.497,8 40,65 1.664,0 11,10 1.765,8 6,12% 34,84%
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*)Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.

Ressalta-se que, em razão de liminar obtida pelo Estado junto ao Supremo


Tribunal Federal (STF), em julho de 2017, os pagamentos relacionados à dívida com a
União estão suspensos, em razão das negociações do RS para adesão ao Regime de
Recuperação Fiscal. Em 2020, o total pago foi de R$ 868,8 milhões.
A análise mais detalhada sobre o serviço da dívida encontra-se no
Capítulo 8 - Gestão da Dívida Pública.

4.4 – Outras Despesas Correntes


O grupo Outras Despesas Correntes - ODC engloba os gastos com a
manutenção e custeio da máquina pública (exceto pessoal), prestação de serviços
públicos e as transferências correntes legais e constitucionais aos municípios e a outras
instituições não pertencentes à Administração Pública Estadual. No período de 2009 a
2011, passou a contar com os valores apropriados no Órgão 40 - IPERGS/RPPS, a título de
aposentadorias e pensões do Poder Executivo mais os respectivos precatórios, sendo que,
em 2012, retornaram à classificação anterior no grupo de Pessoal e Encargos Sociais.

245
Em 2020, o montante apurado em ODC foi de R$ 12,05 bilhões, com
elevação de 3,5% em valores atualizados.
Todavia, para a análise desse grupo de despesa, devem ser
desconsideradas aquelas despesas vinculadas que são insuscetíveis de gestão direta por
parte dos administradores, no caso, a Gestão Plena da Saúde (R$ 953,9 milhões).
Com isso, as outras despesas correntes, ajustadas para fins de comparação
na série histórica, alcançaram R$ 11,10 bilhões, representando, em valores inflacionados
um aumento de 3,58% em 2020. Em valores nominais, houve aumento 6,91%.

EMPENHADO NO GRUPO 3 - OUTRAS DESPESAS CORRENTES - AJUSTADAS(*)


Em R$ milhões
OUTRAS DESPESAS CORRENTES*
EMPENHADA
EXERCÍCIO
VALOR VALOR
% %
NOMINAL INFLACIONADO
2000 1.759,9 - 5.788,3 0,00
2001 2.118,5 20,38 6.521,6 12,67
2002 2.171,9 2,52 6.165,1 -5,47
2003 2.150,1 -1,01 5.320,1 -13,71
2004 2.588,7 20,40 6.009,1 12,95
2005 2.972,9 14,84 6.457,4 7,46
2006 3.074,1 3,40 6.409,0 -0,75
2007 3.016,9 -1,86 6.068,8 -5,31
2008 3.365,5 11,56 6.406,3 5,56
2009 3.460,8 2,83 6.280,7 -1,96
2010 4.128,2 19,28 7.132,5 13,56
2011 4.728,9 14,55 7.661,8 7,42
2012 5.480,6 15,90 8.424,6 9,96
2013 6.575,7 19,98 9.517,4 12,97
2014 7.540,2 14,67 10.263,8 7,84
2015 7.973,7 5,75 9.954,9 -3,01
2016 9.134,8 14,56 10.488,0 5,35
2017 9.647,1 5,61 10.707,2 2,09
2018 10.081,0 4,50 10.793,2 0,80
2019 10.378,7 2,95 10.712,1 -0,75
2020 11.095,8 6,91 11.095,9 3,58
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Outras Despesas Correntes ajustadas pela exclusão da dupla contagem contábil (despesas de transferências intraorçamentárias), das transferências
constitucionais e legais a municípios, das despesas com a gestão plena do Sistema Único de Saúde, das despesas com aposentadorias, pensões e
sentenças judiciais do Poder Executivo, empenhadas pelo IPERGS (em 2009, 2010 e 2011).

A tabela, a seguir, evidencia os gastos com ODC por poder/órgão.

OUTRAS DESPESAS CORRENTES - POR PODER/RECURSO/RUBRICA DE DESPESA – EMPENHADA - 2016/2020


Em R$ milhões (nominais)
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO % % % % %
VALOR VALOR 17/16 VALOR 18/17 VALOR 19/18 VALOR 20/19 20/16
Poder Executivo Ajustado** 9.540,8 9.730,4 1,99% 9.857,9 1,31% 9.840,2 -0,18% 10.247,5 4,14% 7,41
Demais Poderes (exceto
947,1 976,7 3,13% 935,3 -4,24% 871,8 -6,79% 848,4 -2,68% -10,42
intraorç.)***
Assembleia Legislativa 62,6 66,9 6,87% 65,3 -2,39% 59,9 -8,27% 50,0 -16,53% -20,13
Tribunal de Contas 27,7 32,2 16,25% 31,5 -2,17% 38,2 21,27% 44,7 17,02% 61,37

246
OUTRAS DESPESAS CORRENTES - POR PODER/RECURSO/RUBRICA DE DESPESA – EMPENHADA - 2016/2020
Em R$ milhões (nominais)
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO  %  %  % % %
VALOR VALOR 17/16 VALOR 18/17 VALOR 19/18 VALOR 20/19 20/16

Tribunal de Justiça 620,8 598,8 -3,54% 614,8 2,67% 579,7 -5,71% 555,3 -4,21% -10,55
Tribunal de Justiça Militar 5,7 4,1 -28,07% 4,1 0,00% 3,5 -14,63% 3,2 -8,57% -43,86
Ministério Público 179,2 209,5 16,91% 163,8 -21,81% 133,8 -18,32% 138,9 3,81% -22,49
Defensoria Pública 51,1 65,1 27,40% 55,9 -14,13% 56,9 1,79% 56,3 -1,05% 10,18
Outras Desp. Correntes
10.488,0 10.707,2 2,09% 10.793,2 0,80% 10.712,1 -0,75% 11.095,9 3,58% 5,80
Ajustada**
(+) Gestão Plena Saúde 909,2 846,1 -6,94% 836,2 -1,17% 930,4 11,27% 953,9 2,53% 4,92
Outras Desp. Correntes
11.397,2 11.553,3 1,37% 11.629,4 0,66% 11.642,5 0,11% 12.049,8 3,50% 5,73
(exceto Intraorç)
(+) Transf.
32,3 24,4 -24,46% 20,2 -17,21% 27,8 37,62% 17,3 -37,77% -46,44
Intraorçamentárias***
Total Outras Despesas
11.429,5 11.577,7 1,30% 11.649,6 0,62% 11.670,3 0,18% 12.067,1 3,40% 5,58
Correntes
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*)Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.
(**) Ajuste para fins de comparação, com a exclusão das transferências Intraorçamentárias, transferências aos Municípios e dos repasses aos Sistema
Único de Saúde.
(***) Dupla contagem referente a repasses de recursos entre a Administração Direta, Autarquias e Fundações com contrapartida da entrega de bens ou
da prestação de serviços.

Verifica-se, acima, que os demais poderes apresentaram redução real de


2,68% e o Poder Executivo aumentou as despesas em aproximadamente 4%. Parcela
significativa deste aumento está associada à Secretaria da Saúde. Tal Secretaria
representa quase 35% de ODC do Poder Executivo e entre 2019 e 2020 aumentou suas
despesas em quase 30%. Evidentemente estes números estão impactados pela Pandemia
da Covid-19.

4.5 – Investimentos e Inversões Financeiras


Em 2020 os gastos com investimentos e inversões financeiras foram
R$ 970,3 milhões, o que representa uma estabilidade em relação aos valores investidos
de 2019.

INVESTIMENTOS E INVERSÕES FINANCEIRAS - POR PODER E ELEMENTO DE DESPESA – EMPENHADA


Em R$ milhões
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO % % % % %
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
Poder Executivo 1.143,0 1.001,4 -12,39 1.391,8 38,99 802,4 -42,35 833,8 3,91 -27,1%
30 - Material de consumo - - - - 0,3
39 - Outros serv. de terceiros - - - - -
40 - Serv. tic - pess.juridica - - 5,5 3,9 -29,09 5,6 43,59
42 - Auxilios 104,7 96,6 -7,74 52,4 -45,76 31,0 -40,84 36,5 17,74 -65,1%
45 - Subvencoes economicas - - - - 0,7
48 - Outros aux. a pess. fis. - - - - -
51 - Obras e instalacoes 524,5 598,7 14,15 775,1 29,46 471,0 -39,23 313,8 -33,38 -40,2%
52 - Equip. e material 171,2 152,5 -10,92 299,1 96,13 138,3 -53,76 297,1 114,82 73,5%
61 - Aquisicao de imoveis 0,4 - 0,1 0,9 - -100,0 -100,0%
62 - Aquisicao de produtos 1,1 - 0,5 - - -100,0%
65 - Constituicao de capital 271,2 61,9 -77,18 100,3 62,04 53,0 -47,16 79,7 50,38 -70,6%
66 - Concessao emprest. e fin. 18,1 16,1 -11,05 16,1 0,00 9,6 -40,37 24,4 154,17 34,8%

247
INVESTIMENTOS E INVERSÕES FINANCEIRAS - POR PODER E ELEMENTO DE DESPESA – EMPENHADA
Em R$ milhões
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO % % % % %
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
91 - Sentencas judiciais 0,8 1,4 75,00 0,5 -64,29 4,8 860,00 0,1 -97,92 -87,5%
92 - Desp de exerc. anteriores 38,6 63,8 65,28 65,6 2,82 64,1 -2,29 46,2 -27,93 19,7%
93 – Indenizações e Restituições 12,4 10,4 -16,13 76,6 636,54 25,7 -66,45 29,4 14,40 137,1%
Demais Poderes 116,6 226,5 94,25 483,1 113,29 155,8 -67,75 136,4 -12,45 17,0%
Assembleia Legislativa 11,0 11,1 0,91 21,5 93,69 7,1 -66,98 7,0 -1,41 -36,4%
Tribunal de Contas 2,1 4,2 100,00 5,6 33,33 3,1 -44,64 3,8 22,58 81,0%
Tribunal de Justiça 84,0 178,1 112,02 401,3 125,32 96,5 -75,95 87,6 -9,22 4,3%
Tribunal de Justiça Militar 0,5 0,3 -40,00 0,6 100,00 0,2 -66,67 0,4 100,00 -20,0%
Ministério Público 13,0 16,6 27,69 44,2 166,27 34,5 -21,95 27,2 -21,16 109,2%
Defensoria Pública 6,0 16,2 170,00 9,9 -38,89 14,3 44,44 10,5 -26,57 75,0%
Total Investimentos e Inversões 1.259,6 1.227,9 -2,52 1.875,0 52,70 958,2 -48,90 970,3 1,26 -23,0%
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*)Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.

Com exceção do Tribunal de Contas e da Justiça Militar, os demais poderes


tiveram redução das despesas com investimentos e inversões financeiras.
O Executivo apresentou um pequeno aumento em investimentos, 3,91% de
2019 para 2020. Por outro lado, na comparação com os valores investidos há cinco anos,
percebe-se uma redução de 27,1% neste item.
Como exemplo das consequências da redução dos investimentos no Estado
foi destacada no Relatório do Parecer Prévio de 2019 a situação do Instituto Estadual de
Educação General Flores da Cunha, escola da rede pública estadual, com tradição na
formação de professores e de extrema importância para a educação gaúcha. Conforme
relatado, a sede do Instituto encontra-se em situação precária, sendo que os projetos de
reforma se estendem desde o exercício de 2012.
Neste contexto, decisão do Tribunal Pleno desta Corte de Contas
determinou à Direção de Controle e Fiscalização o monitoramento do andamento da
referida obra. De fato, tal obra tem sido acompanhada pelo Serviço de Auditoria Estadual
(SAE II), onde o andamento mais atualizado está no Processo nº 033002-0200/20-0. No
final de 2020 a equipe de Auditoria sugeriu a aplicação de tutela de urgência para que a
Secretaria de Educação apresentasse um plano de ação para a continuidade a obra. A
última movimentação do processo indicava a manifestação da Secretária de Educação,
recentemente empossada, a qual solicita postergação de prazo para a entrega de um
plano de ação.
Portanto, o exemplo do andamento arrastado desta obra, demonstra
perfeitamente a dificuldade do Estado em realizar uma política de investimentos efetiva.
Na próxima tabela, apresenta-se a evolução das despesas com
investimentos e inversões financeiras, desde 2000, segundo a atualização monetária pelo
IPCA/IBGE – médio, e sua relação com a receita corrente líquida.

248
EVOLUÇÃO DAS DESPESAS COM INVESTIMENTOS E INVERSÕES FINANCEIRAS - 2000/2020
Em R$ milhões
VALORES NOMINAIS VALORES INFLACIONADOS*
Total Investimentos e
Receita Corrente Líquida
Aumento Inversões
EXERCÍCIO Investimentos de Capital Total %
e Inversões (Elemento Investimentos % Total Relativo
%
Financeiras** 65) e Inversões Valor Inv./RCL Inv./ Valor Base
Anual
Financeiras RCL Fixa
(A) (B) ( C ) = (A + B) (D) (A/D) (C/D)
2000 642,5 180,6 823,1 6.460,2 9,95 12,74 2.707,0 100,00 0,00
2001 618,5 3,5 622,0 7.512,7 8,23 8,28 1.914,6 70,73 -29,27
2002 440,9 4,5 445,4 8.558,3 5,15 5,20 1.264,1 46,70 -33,98
2003 648,4 123,8 772,2 9.859,6 6,58 7,83 1.910,7 70,58 51,15
2004 637,1 21,2 658,3 10.736,7 5,93 6,13 1.527,9 56,44 -20,03
2005 613,7 1,7 615,4 12.349,4 4,97 4,98 1.336,6 49,38 -12,52
2006 640,4 24,0 664,4 13.312,4 4,81 4,99 1.385,1 51,17 3,63
2007 400,5 0,0 400,5 13.991,4 2,86 2,86 805,7 29,76 -41,83
2008 624,6 36,2 660,8 16.657,8 3,75 3,97 1.257,8 46,46 56,11
2009 623,0 38,9 661,9 17.387,3 3,58 3,81 1.201,2 44,37 -4,50
2010 1.881,9 55,0 1.936,9 20.297,8 9,27 9,54 3.346,4 123,62 178,59
2011 1.027,5 77,0 1.104,5 21.927,9 4,69 5,04 1.789,5 66,11 -46,52
2012 1.032,6 190,6 1.223,2 23.710,7 4,35 5,16 1.880,3 69,46 5,07
2013 1.409,0 20,5 1.429,5 26.387,9 5,34 5,42 2.068,9 76,43 10,03
2014 1.615,1 159,6 1.774,7 28.633,5 5,64 6,20 2.415,8 89,24 16,77
2015 770,7 38,3 809,0 30.139,2 2,56 2,68 1.010,0 37,31 -58,19
2016 860,8 236,2 1.097,0 34.654,9 2,48 3,17 1.259,6 46,53 24,71
2017 1.050,6 55,7 1.106,3 35.045,9 3,00 3,16 1.227,9 45,36 -2,52
2018 1.657,6 93,7 1.751,3 37.773,3 4,39 4,64 1.875,0 69,26 52,70
2019 877,0 51,3 928,3 39.779,4 2,20 2,33 958,2 35,40 -48,90
2020 890,3 79,7 970,3 42.073,5 2,12 2,31 970,3 35,84 1,26
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados IPCA/IBGE – Médio.
(**) Excluído o Elemento de Despesa 65 – aumento de capital e a duplicidade com a rubrica 4199 – transferências intragovernamentais anteriores a 2003 (R$ 11,6 milhões
em 2001 e R$ 450 mil em 2002).

Tomando-se como base o exercício de 2000, com R$ 2,71 bilhões, verifica-


se que no período de 21 anos a participação dessas despesas reduziu para R$ 970,3
milhões, representando 35,84% do valor aplicado no ano base.
O percentual da receita corrente líquida em 2000 era de 12,74%, passando
para 2,31% em 2020. Em 2010, esse percentual foi de 9,54% (o segundo melhor), devido à
aplicação com o recurso vinculado 1101 – construção da malha rodoviária, oriundo do
saldo da venda das ações do Banrisul em 2007.
Em 2020, as maiores aplicações em investimentos e inversões financeiras
ocorreram com fonte de recurso do tesouro livre, R$ 363,6 milhões (37,48% do total), e
de transferências obrigatórias (21,33%), como demonstrado na tabela a seguir:

APLICAÇÃO EM INVESTIMENTOS E INVERSÕES FINANCEIRAS - 2019/2020


Em R$ milhões (nominais)
2020
FONTES DE RECURSO 2019
VALOR %
01 - TESOURO-LIVRES 236,9 363,6 37,48%
03 - PRÓPRIOS DA AUTARQUIA 105,7 19,2 1,98%
04 - PRÓPRIOS DA FUNDAÇÃO 1,9 0,6 0,06%
05 - TESOURO-VINCULADOS POR LEI 90,3 94,0 9,69%

249
APLICAÇÃO EM INVESTIMENTOS E INVERSÕES FINANCEIRAS - 2019/2020
Em R$ milhões (nominais)
2020
FONTES DE RECURSO 2019
VALOR %
06 – CONVÊNIOS 153,5 189,2 19,50%
07 e 08 - OPERAÇÕES DE CRÉDITO 233,8 40,6 4,18%
09 - TESOURO-VINCULADOS PELA CONSTITUIÇÃO 60,3 56,1 5,78%
20 – TRANSFERÊNCIAS OBRIGATÓRIAS 45,9 206,9 21,33%
Total Investimentos e Inversões Financeiras 928,3 970,2 100,00%
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.

4.6 – Transferências a Entidades Sem Fins Lucrativos


A execução orçamentária na modalidade de aplicação 50 – Transferências a
Entidades Privadas Sem Fins Lucrativos alcançou o montante empenhado de
R$ 404,4 milhões em 2020, para um total de 1.065 entidades.
Essas entidades de fins públicos e não lucrativos atuam no terceiro setor da
sociedade civil, em atividades de diversas áreas, tais como: meio ambiente, combate à
pobreza, assistência social, saúde, educação, reciclagem, desenvolvimento sustentável,
entre outras.
Com a publicação da Lei Federal nº 13.019/14, e alterações promovidas
pela Lei nº 13.204/15, a União reconheceu essas entidades, as quais passaram a ser
classificadas como Organizações da Sociedade Civil (OSC). Estabeleceu a forma de o
Estado se relacionar com elas, mediante a celebração de termos de colaboração ou de
fomento, e as medidas a serem adotadas para viabilizar o controle e a transparência
sobre a aplicação dos recursos públicos.
As 50 maiores entidades sem fins lucrativos estão evidenciadas a seguir:

TRANSFERÊNCIAS A INSTITUIÇÕES PRIVADAS SEM FINS LUCRATIVOS


MODALIDADE DE APLICAÇÃO 50 – VALORES EMPENHADOS - 2020
Em R$ milhões (nominais)
CREDOR VALOR % TOTAL
1 FUND UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL 39,90 9,87%
2 FUND UNIVERSITARIA DE CARDIOLOGIA 38,03 9,40%
3 FUND MARCOPOLO 20,59 5,09%
4 ASSOCIAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL DO NORTE 14,68 3,63%
5 INSTITUTO TROCANDO IDEIA DE TECNOLOGIA SOCIAL 12,73 3,15%
6 FUNDACAO DE APOIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL RGS 12,30 3,04%
7 UNIAO BRASILEIRA DE VITIVINICULTURA 12,00 2,97%
8 ASSOC HOSP BENEF SAO VICENTE DE PAULO 11,47 2,84%
9 HOSP DE CLINICAS DE PASSO FUNDO 7,90 1,95%
10 ASSOC DE CARIDADE SANTA CASA DE RIO GRANDE 5,82 1,44%
11 ASSOC HOSP DE CARIDADE IJUI 5,57 1,38%
12 ASSOC HOSP DE CARIDADE DE SANTO ANGELO 5,32 1,32%
13 ASSOC EDUCADORA SAO CARLOS AESC 4,96 1,23%
14 FUND HOSPL SANTA TEREZINHA DE ERECHIM 4,68 1,16%
15 ASSOC DAS DAMAS DE CARIDADE 4,62 1,14%
16 ASSOC HOSPL VILA NOVA 3,96 0,98%
17 HOSPITAL DE CARIDADE DE SANTIAGO 3,94 0,98%
18 ASSOC DE PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS 3,60 0,89%
19 ASSOC ORDEM AUXIL SENHORAS EVANGEL MONTENEGRO 3,50 0,87%
20 ASSOC DOS FUNCIONARIOS PUBLICOS DO ESTADO RGS 3,47 0,86%
21 SANTA CASA DE CARIDADE DE BAGE 3,36 0,83%

250
TRANSFERÊNCIAS A INSTITUIÇÕES PRIVADAS SEM FINS LUCRATIVOS
MODALIDADE DE APLICAÇÃO 50 – VALORES EMPENHADOS - 2020
Em R$ milhões (nominais)
CREDOR VALOR % TOTAL
22 ASSOC BENEFICENTE SAO VICENTE DE PAULO 3,16 0,78%
23 ASPEUR ASSOC PRO ENSINO SUP EM NOVO HAMBURGO 3,14 0,78%
24 ASSOC BENEFICENTE DE PAROBE 2,95 0,73%
25 FUND ASSISTENCIAL E BENEFICENTE DE CAMAQUA 2,95 0,73%
26 SANTA CASA DE CARIDADE DE URUGUAIANA 2,88 0,71%
27 ASSOC HOSPL BENEFICENTE SANTO ANTONIO 2,82 0,70%
28 IRMANDADE SANTA CASA DE CARIDADE DE ALEGRETE 2,76 0,68%
29 HOSP DE CARIDADE DE CANGUCU 2,75 0,68%
30 SOC EDUCACIONAL MONTEIRO LOBATO 2,70 0,67%
31 HOSP DE CARIDADE FREI CLEMENTE 2,59 0,64%
32 INST BRAS SAUDE ENS PESQ EXT DESENV HUMANO 2,57 0,64%
33 IRMANDADE DA SANTA CASA DE CARIDADE 2,45 0,61%
34 ASSOC DO HOSP DE CARIDADE DE PALMEIRA DAS MISS 2,44 0,60%
35 HOSP SAO LUIZ GONZAGA 2,42 0,60%
36 SOC BENEFICENTE SAPIRANGUENSE 2,40 0,59%
37 INSTITUTO POBRES SERVOS DA DIVINA PROVIDENCIA 2,34 0,58%
38 ASSOC FRANCISCANA DE ASSIST A SAUDE 2,21 0,55%
39 HOSP SANTA TEREZINHA 2,13 0,53%
40 FUNDACAO ARAUCARIA 2,01 0,50%
41 HOSP SAO ROQUE 2,00 0,50%
42 CENTRO DE INTEGRACAO EMPRESA ESCOLA DO RS 1,99 0,49%
43 CONGREGACAO DE NOSSA SENHORA 1,89 0,47%
44 ASSOC BENEFICIENTE DE AMURT AMURTEL 1,88 0,46%
45 SOC BENEFICENTE DO HOSPITAL DE CARIDADE 1,87 0,46%
46 CENTRAL UNICA FAVELAS RIO GRANDE DO SUL CUFA 1,84 0,46%
47 HOSP DE CARIDADE SAO ROQUE 1,79 0,44%
48 ASSOC HOSP DE CARIDADE DE TRES PASSOS 1,69 0,42%
49 HOSP COMUNITARIO SARANDI 1,68 0,42%
50 HOSP N SRA AUXILIADORA 1,66 0,41%
SUBTOTAL 290,38 71,8%
DEMAISENTIDADES 114,3 28,2%
TOTAL TRANSF. INST. PRIVADAS SEM FINS LUCRATIVOS 404,40 100,0%
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Referente ao subprojeto 8511.01.001 - APOIO FINANCEIRO E RECUPERACAO DE HOSPITAIS PUBLICOS E PRIVADOS – FUNAFIR (fundo estadual gerido
financeiramente pelo BADESUL) – despesa empenhada com taxas de equalização e de administração pagas ao BADESUL, na rubrica 4301 –
subvenções socias. Também foram empenhados outros R$ 52,8 milhões na rubrica 4503 – outras equalizações e juros, totalizando R$ 54,3 milhões
pagos ao Banco.

Os dados da tabela acima mostram que 50 entidades do Estado foram


destinatárias de mais de 70% de todos os valores transferidos pelo Gestor Estadual no
exercício de 2020.

251
5 GESTÃO FISCAL
5.1 – Ponderações iniciais
O presente capítulo analisa as disposições da Lei Complementar nº
101/2000, conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), no âmbito do Poder
Executivo, especificamente relacionados aos gastos com pessoal, restos a pagar,
disponibilidades financeiras, endividamento, garantias concedidas, operações de crédito,
alienação de ativos, receitas e despesas previdenciárias e respectivas projeções atuariais
do regime próprio de previdência, resultado primário e nominal, incluindo as metas
anuais, em conformidade com o anexo de metas fiscais da Lei de Diretrizes Orçamentárias
(LDO), e os parâmetros para a limitação de empenho e movimentação financeira.
Após, analisa-se quais as medidas que o Estado do Rio Grande do Sul
tomou, ao longo de 2020, para atingir o equilíbrio fiscal. Incluem-se também atos da
gestão anterior que tiveram continuidade ao longo do exercício em análise, como as
tratativas para adesão ao Regime de Recuperação Fiscal e a extinção das Fundações
Estaduais, por exemplo.
Por importante, antes de passar ao exame dos aspectos da LRF, faz-se
necessário um breve relato acerca da edição da Lei Complementar nº 173/2020, que
trouxe alterações na LRF, em razão do cenário de pandemia vivido no ano de 2020,
consequência do Covid-19. O TCE-RS elaborou um estudo27 completo sobre o tema,
objetivando esclarecer aos gestores do Estado todas as mudanças acarretadas pela lei. No
presente capítulo, tratar-se-á apenas dos artigos relacionados a mudanças na LRF.
A LC nº 173/2020 instituiu o Programa Federativo de Enfrentamento ao
Coronavírus, inclusive destinando o repasse de verbas federais aos estados e municípios,
e, conforme estudo mencionado, alterou a LRF nos seguintes pontos:
Art. 3º: acrescenta às dispensas já concedidas na nova redação do art. 65 LRF o
afastamento de disposições da LRF e de outros normativos em relação aos
limites e às condições para a realização e o recebimento de transferências
voluntárias, vigentes durante o estado de calamidade pública decretado para o
enfrentamento da Covid-19.
Art. 7º: modifica de forma permanente a redação dos artigos 21 e 65 da LRF.
Art. 8º: em sua essência restringe o aumento da despesa com pessoal até 31 de
dezembro de 2021, proibindo uma série de atos relacionados à pessoal, com
algumas exceções de caráter transitório e relacionadas ao enfrentamento da
pandemia.
As dispensas do artigo 65, já atualizado com as mudanças, podem ser assim
resumidas:

27
http://portal.tce.rs.gov.br/portal/page/portal/noticias_internet/Relatorios/relatorio_lc173.pdf

253
DISPENSAS PREVISTAS NO ARTIGO Nº 65 DA LRF
SITUAÇÕES REFERÊNCIA
Suspensão dos prazos para reenquadramento e as disposições relacionadas ao descumprimento LRF, art.; 65, I
dos limites da Despesa com Pessoal e da Dívida Consolidada (artigos 23 e 31 da LRF)
Caso se verifique a possibilidade de descumprimento das metas de resultado primário ou nominal, LRF, art.; 65, II
os entes ficam dispensados da limitação de empenho e movimentação financeira (art. 9º da LRF)
Suspensão dos limites, condições e demais restrições aplicáveis aos entes públicos bem como sua
verificação, para:
a) contratação e aditamento de operações de crédito; LRF, art. 65, §1º, I
b) concessão de garantias;
c) contratação entre entes da Federação; e
d) recebimento de transferências voluntárias.
Dispensa dos limites e afastadas as vedações e sanções previstas e decorrentes de:
a) realização de operação de crédito entre um ente da Federação e outro (art. 35 da LRF);
b) operações equiparadas a operações de crédito (vedadas pelo art. 37 da LRF);
c) exigência de disponibilidade de caixa para cobrir as obrigações contraídas nos dois últimos
LRF, art. 65, §1º, II
quadrimestres do mandato do titular do Poder ou órgão (art. 42 da LRF);
d) utilização de recursos legalmente vinculados a finalidade específica para atender ao objeto
diferente ao da sua vinculação (art. 8º da LRF)
OBS: em todas as situações elencadas, os recursos arrecadados devem ser destinados ao combate à
calamidade pública.
Afastamento das condições e vedações previstas em relação à:
a) incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita (art. 14 da LRF);
b) ação governamental que acarrete aumento da despesa (art. 16 da LRF);
c) atos que criarem ou aumentarem despesa obrigatória de caráter continuado (art. 17 da LRF). LRF, art. 65, §1º, III
OBS: em todas as situações citadas, o produto (incentivo, benefício, criação ou aumento de
despesa) deve ser destinado ao combate à calamidade pública. .No caso de criação de despesas
obrigatórias de caráter continuado que não se relacionem à pandemia, permanecem as condições
do art. 17 (vide art. 8º, VII e §§1º e 2º)
Fonte: Estudo elaborado pelo TCE-RS, quadro da página 17.

Ainda conforme o mencionado estudo “estão mantidas as regras e


periodicidade para apuração de despesa com pessoal, estando prevista uma natural
elevação nos percentuais, decorrentes de contratações emergenciais temporárias, por
exemplo, e de queda na arrecadação. Embora estejam interrompidos os prazos e
condições para retorno aos limites, permanecem vigentes as vedações previstas no caso
de atingimento do limite prudencial (95% do limite da despesa com pessoal), como
previsto no parágrafo único do art. 22”.
Também foi acrescido na LRF vedações àquelas já previstas no artigo 21,
quais sejam:
(...)
III - o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal que preveja parcelas
a serem implementadas em períodos posteriores ao final do mandato do titular
de Poder ou órgão referido no art. 20;

IV - a aprovação, a edição ou a sanção, por Chefe do Poder Executivo, por Presi-


dente e demais membros da Mesa ou órgão decisório equivalente do Poder Le-
gislativo, por Presidente de Tribunal do Poder Judiciário e pelo Chefe do Minis-
tério Público, da União e dos Estados, de norma legal contendo plano de altera-
ção, reajuste e reestruturação de carreiras do setor público, ou a edição de ato,
por esses agentes, para nomeação de aprovados em concurso público, quando:

a) resultar em aumento da despesa com pessoal nos 180 (cento e oitenta) dias
anteriores ao final do mandato do titular do Poder Executivo; ou;

254
b) resultar em aumento da despesa com pessoal que preveja parcelas a serem
implementadas em períodos posteriores ao final do mandato do titular do Po-
der Executivo.
(...)

Com o inciso III, tenta-se evitar a criação de despesas que extrapolem o


mandato o gestor, deixando para que futuras gestões tenham que arcar com despesas
criadas anteriormente. Já o inciso IV, proíbe que os chefes de todos os poderes do estado
aumentem ou criem despesas ao final de seu mandato.
O artigo 8º da LC nº 173/2020 determinou vedações que deverão ser
cumpridas enquanto houver reconhecimento de calamidade pública decorrente da
pandemia da Covid-19, ou seja, até o dia 31-12-2021, conforme determina o próprio
artigo. São vedações relativas a aumento de despesas com pessoal, ou seja, tem por
objetivo conter qualquer aumento com esse tipo de despesa nos estados e municípios.
Os impactos da LC nº 173/2020 serão analisado conjuntamente com os
itens que compõem o presente capítulo, relacionados aos atos do Governo do Rio Grande
do Sul.
Outra lei com grandes impactos na LRF é a Lei Complementar nº 178/2021,
que foi sancionada em janeiro de 2021. Pela data de sanção, a mesma não atinge o ano
em análise (2020), porém as mudanças são de grande relevância, principalmente na
metodologia de cálculo da despesa com pessoal e nas regras do Regime de Recuperação
Fiscal. Sendo assim, será mencionada no decorrer deste capitulo, quando houver
impactos nas regras atuais.
Ainda, antes de entrar na análise da LRF, resumem-se os gastos de pessoal
da Administração Pública Estadual, em relação à Receita Corrente Líquida, tendo em vista
o limite de 60% constante no art. 19, inciso II, da Lei Complementar nº 101/2000.

DESPESA TOTAL COM PESSOAL EM RELAÇÃO À RECEITA CORRENTE LÍQUIDA - 2020


Em R$ milhões (nominais)
LIMITES (%) 3º QUADRIMESTRE
PODER/ÓRGÃO
MÁXIMO PRUDENCIAL ALERTA VALOR % RCL
1. PODER EXECUTIVO* 49,00% 46,55% 44,10% 17.837,6 42,49%
2. ASSEMBLEIA LEGISLATIVA 1,82% 1,73% 1,64% 341,2 0,81%
3 TRIBUNAL DE CONTAS 1,18% 1,12% 1,06% 335,7 0,80%
4. TRIBUNAL DE JUSTIÇA 5,88% 5,59% 5,29% 1.750,7 4,17%
5. TRIBUNAL DE JUSTIÇA MILITAR 0,12% 0,11% 0,11% 19,4 0,05%
6. MINISTÉRIO PÚBLICO 2,00% 1,90% 1,80% 608,9 1,45%
7. DESP. TOTAL COM PESSOAL 60,00% 57,00% 54,00% 20.893,5 49,77%
8. RECEITA CORRENTE LÍQUIDA** 41.982,3 100,0%
Fontes: Relatórios de Gestão Fiscal publicados pelos Poderes/Órgãos.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Inclui a despesa da Defensoria Pública (R$ 237,1 milhões), representando 0,56% da RCL. A sua autonomia administrativo-financeira foi
assegurada pela Emenda Constitucional nº45, de 2004, após a edição da LC nº 101/2000. Portanto, visto não estar previsto o seu respectivo limite
na LRF, a sua despesa com pessoal deve compor a apuração relativa ao Poder Executivo.
(**) A Receita Corrente Líquida é ajustada para fins de verificação da despesa com pessoal, excluindo-se as emendas parlamentares recebidas pelo
Estado.

A despesa total com pessoal do Estado do Rio Grande do Sul, em 2020,


alcançou a cifra de R$ 20,89 bilhões, representando 49,77% da Receita Corrente Líquida
Ajustada (R$ 41,98 bilhões), estando adequada ao limite de 60% da esfera estadual.

255
Todos os Poderes/Órgãos cumpriram com os seus respectivos limites
fixados da Lei Complementar nº 101/2000.
Porém, a apuração desses gastos, como dispõe a LRF, não corresponde às
despesas brutas contabilizadas orçamentariamente no grupo Pessoal e Encargos Sociais,
as quais alcançaram 72,62% da RCL, de acordo com o relatado no Capítulo 1 – Gestão
Orçamentária, item 1.17.
Quando comparada aos valores de 2019, a despesa com pessoal teve
queda em todos os poderes, tanto em valores nominais quanto corrigidos pelo IPCA –
Médio:

DESPESA TOTAL COM PESSOAL EM RELAÇÃO À RECEITA CORRENTE LÍQUIDA - 2019/2020


Em R$ milhões (corrigidos pelo IPCA)
2019 2020 % ∆ ANUAL
PODER/ÓRGÃO Valor %∆
Valor % da Valor % da %∆
Inflacionado Inflacionada
Nominal RCL Nominal RCL Nominal
* *
PODER EXECUTIVO 18.082,0 45,60 18.662,8 17.837,6 42,49 -1,4 -4,4
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA 351,3 0,89 362,6 341,2 0,81 -2,9 -5,9
TRIBUNAL DE CONTAS 352,3 0,89 363,6 335,7 0,80 -4,7 -7,7
TRIBUNAL DE JUSTIÇA 1.822,2 4,60 1.880,7 1.750,7 4,17 -3,9 -6,9
TRIBUNAL DE JUSTIÇA MILITAR 20,0 0,05 20,6 19,4 0,05 -2,9 -6,0
MINISTÉRIO PÚBLICO 628,8 1,59 649,0 608,9 1,45 -3,2 -6,2
DESP. TOTAL C/PESSOAL 21.256,6 53,61 21.939,3 20.893,5 49,77 -1,7 -4,8
RECEITA CORRENTE LÍQUIDA** 39.650,3 100,00 40.923,8 41.982,3 100,00 5,9 2,6
Fontes: Relatórios de Gestão Fiscal publicados pelos Poderes/Órgãos.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados pelo IPCA – Médio.
(**) A Receita Corrente Líquida é ajustada para fins de verificação da despesa com pessoal, excluindo-se as emendas parlamentares recebidas pelo Estado.

5.2 – Do Acompanhamento da Gestão Fiscal – art. 59 da LC nº 101/2000


Em atendimento ao artigo 59 da Lei Complementar nº 101/2000, na
Resolução nº 1089/2018 e nas Instruções Normativas nº 02/2019 e 07/2019, ambas do
TCE, foi realizada avaliação dos dispositivos da LRF no âmbito do Poder Executivo do Rio
Grande do Sul, referente ao encerramento do exercício financeiro de 2020, na qual foram
consideradas as análises de acompanhamento da gestão fiscal do 1º, 2º e 3º
quadrimestres, efetuadas preliminarmente a este relatório, para fins de emissão de
alertas, no cumprimento da competência de fiscalização da gestão fiscal por este Tribunal
de Contas.

5.2.1 – Do Sistema de Controle Interno


As atribuições delegadas ao sistema de controle interno, determinadas nos
artigos. 54 e 59 da Lei Complementar nº 101/2000, vieram reforçar o caráter preventivo
de sua ação fiscalizatória, auxiliando o gestor na sua missão, visando ao efetivo
atendimento da lei.
Na órbita estadual, a função de controle interno é desenvolvida pela
Contadoria e Auditoria-Geral do Estado - CAGE, órgão criado pela Lei Estadual nº 521, de
28-12-1948, e cuja lei orgânica foi instituída em 26 de abril de 2010, pela Lei
Complementar nº 13.451/2010.

256
Os relatórios de gestão fiscal e os respectivos demonstrativos consolidados
abrangendo todos os poderes e órgãos identificam o responsável pelo controle interno,
no caso o Contador e Auditor-Geral do Estado, o qual os assina conjuntamente com os
responsáveis pelo órgão, deixando consignada a sua concordância com os dados
apresentados.

5.2.2 – Da Despesa Total com Pessoal


Os valores da Despesa com Pessoal do Poder Executivo, no 3º
quadrimestre de 2020, foram inseridos na próxima tabela, para fins de cálculo e análise
do percentual obtido em relação à receita corrente líquida, com base em orientações
contidas nas Informações da Consultoria Técnica nº 43/2001 e 24/2004 e nos Pareceres
Coletivos nº 01/2002 e 02/2002, todos normativos do TCE/RS.

PODER EXECUTIVO
Em R$ milhões (nominais)
Despesa com Limite Legal
Mês RCL**
Período Pessoal (*) (até 49%)
Referência (A)
(B) (C = B/A)
1º Q/2020 Abr/2020 39.833,9 18.027,5 45,26%
2º Q/2020 Ago/2020 40.515,2 17.923,4 44,24%
3º Q/2020 Dez/2020 41.982,3 17.837,6 42,49%
(*) Incluída a despesa com a Defensoria Pública Estadual (Órgão 30) e com a EMATER/ASCAR (rubrica de despesa 3292 – Serv. Assist. Técnica e Extensão Rural,
Projeto 6046 – Assistência Técnica e Extensão Rural, Credor 13722 - Assoc Riograndense Empr Ass Tec Ext Rural).
(**) A Receita Corrente Líquida é ajustada para fins de verificação da despesa com pessoal, excluindo-se as emendas parlamentares recebidas pelo
Estado.

QUANTO AO ALERTA
Ultrapassou 90% do Ultrapassou 95% do
P ERÍODO Limite Legal = Limite Limite Legal = Limite Emitir alerta neste período?
de Alerta? (44,10%) Prudencial? (46,55%)
1º Q/2019 SIM NÃO SIM
2º Q/2019 SIM NÃO SIM
3º Q/2019 NÃO NÃO NÃO
Fonte: Relatório de Gestão Fiscal do 1º, 2º e 3º quadrimestre/2020.

Os valores considerados no cálculo da despesa com pessoal foram


confirmados por este Tribunal de Contas, em consultas aos sistemas informatizados
disponibilizados pela Secretaria da Fazenda do Estado – Sefaz/RS (FPE e Cubos DW),
obedecendo à competência estabelecida no § 2º do art. 59 da lei
complementar nº 101/2000.
No 3º quadrimestre de 2020, a despesa com pessoal do Poder Executivo
alcançou o montante de R$ 17,84 bilhões, perfazendo, em relação à receita corrente
líquida, um percentual de 42,49%, estando abaixo do Limite Legal (49,00%), do Limite
Prudencial (46,55%) e do Limite de Alerta (44,10%), definidos na LC nº 101/2000.
Importante destacar que na hipótese de as despesas com pessoal serem
calculadas conforme entendimento da Secretaria do Tesouro Nacional – STN, definido no
Manual de Demonstrativos Contábeis - MDF (assunto tratado no item 5.1.2.1), o Estado
estaria com uma despesa com pessoal consolidada de 62,52% da RCL, ou seja, acima do

257
limite legal. (Balanço Geral do Estado 2020, Volume de Análise e Interpretação dos
Resultados, página 513).
A partir de 14-01-2016, passou a viger a Lei Complementar nº 14.836,
chamada de Lei de Responsabilidade Fiscal Estadual. Todavia, com a Ação Direta de
Inconstitucionalidade Nº 70069406122 (Nº CNJ: 0150806-81.2016.8.21.7000), a referida
norma será aplicada apenas ao Executivo, encontrando-se suspensa para os demais
Poderes e Órgãos.

ANTE O EXPOSTO, RECEBO a petição inicial da presente ADI e DEFIRO o pedido


liminar, ao efeito de conceder a medida cautelar para a suspensão da eficácia
do inciso I do § 2º do artigo 1º, mais especificamente das expressões “o Minis-
tério Público e a Defensoria Pública, o Poder Legislativo, o Tribunal de Contas e
o Poder Judiciário”, da Lei Complementar Estadual n.º 14.836, de 14 de janeiro
de 2016 (“Lei de Responsabilidade Fiscal Estadual”), nos termos em que postu-
lado, até o julgamento definitivo da questão jurídico-constitucional em análise.

A LRF Estadual estabeleceu no art. 3º a adoção das seguintes medidas:

Art. 3º Na hipótese em que os Poderes ou órgãos referidos no § 2.º do art. 1.º


desta Lei Complementar forem obrigados a adotar as determinações previstas
no parágrafo único do art. 22 da Lei Complementar Federal n.º 101/00, deverão
esses, uma vez corrigido o comprometimento com a despesa com pessoal, ado-
tar complementarmente as seguintes medidas prudenciais:
I - a despesa total com pessoal no exercício seguinte ao do ajustamento não
poderá exceder, em valores absolutos, ao montante da despesa empenhada no
exercício financeiro anterior para a mesma destinação, corrigido pela variação
anual acumulada do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA –,
ou outro que venha a substituí-lo; e Art. 149 – [...]
II - a variação da despesa total com pessoal, após o período de que trata o inci-
so I deste artigo, poderá ser adicionada, no ano subsequente, sem prejuízo da
correção pela variação anual acumulada do IPCA, em até 25% (vinte e cinco por
cento) do índice de crescimento real da Receita Corrente Líquida no mesmo pe-
ríodo. § 1º A variação da despesa total com pessoal para fins do disposto nos
incisos I e II deste artigo fica limitada a 90% (noventa por cento) do crescimento
da Receita Corrente Líquida no mesmo período

Portanto, como o Executivo ultrapassou o Limite Prudencial (46,55%) no 3º


quadrimestre de 2018 e a contenção do crescimento das despesas com pessoal é após o
término do período de adequação à percentual inferior ao limite prudencial (3º
quadrimestre de 2019), o Poder Executivo esteve sujeito ao disposto no inciso I do artigo
3º da referida lei, ou seja, sua despesa com pessoal ao final de 2020 não poderia exceder
despesa executada em 2019, corrigida pelo IPCA.
Conforme ficou demonstrado na segunda tabela do presente capítulo, a
despesa com pessoal do Poder Executivo em 2020 foi menor que a de 2019, inclusive em
termos nominais, estando, portanto, dentro da regra exigida pela lei.
Na apuração do montante da Despesa com Pessoal, foram deduzidos os
valores relativos às despesas com inativos custeadas com recursos vinculados (art. 19, §

258
1º, VI, “a”), provenientes da arrecadação da contribuição dos segurados para a
previdência, na mesma proporção que a despesa com aposentadorias representa no total
das despesas previdenciárias, conforme quadro demonstrativo para cada Poder/Órgão:

PROPORÇÃO APOSENTADORIAS X TOTAL DESPESAS PREVIDENCIÁRIAS - RGF/2020


(COM BASE NOS VALORES EMPENHADOS DE JANEIRO A DEZEMBRO/2019)
Em R$ milhões (nominais)
TOTAL DESPESAS %
PODERES/ APOSENTADORIAS PENSÕES
PREVIDENCIÁRIAS APOSENTADORIAS
ÓRGÃOS A B
C=A+B D = A/C
Poder Executivo 11.793,3 2.904,4 14.697,8 80,24%
Assembleia Legislativa 200,9 49,2 250,0 80,34%
Tribunal de Contas 248,7 30,1 278,9 89,20%
Tribunal de Justiça 847,1 276,4 1.123,5 75,40%
Tribunal de Justiça Militar 8,1 6,7 14,8 54,57%
Ministério Público 152,5 54,3 206,8 73,74%
Total 13.250,6 3.321,1 16.571,7 79,96%
Os percentuais acima foram aplicados no exercício de 2020, sendo que, nas apurações do 1º e 2º quadrimestre/2020, que abrangeram parte do
exercício de 2019, os percentuais nesses períodos (entre maio e dez/2019) conforme Processo de Contas de Governo e de Gestão de 2019, foram de:
Executivo – 80,32%; Assembleia Legislativa – 79,96%; Tribunal de Contas – 89,01%; Tribunal de Justiça – 74,94%; Tribunal de Justiça Militar – 58,59%;
Ministério Público – 71,83%.

Apuração no Poder Executivo 3º quadrimestre/2020:


Contribuição Previdenciária dos Servidores (janeiro a dezembro/2020) – R$ 1.863,7 x 80,24% = R$ 1.495,4

A adoção desse critério é decorrente da não inclusão das despesas com


pensões no cômputo das Despesas com Pessoal, com guarida no art. 169 da Constituição
Federal.
As novas proporções, calculadas no encerramento do exercício de 2020,
demonstradas a seguir, serão utilizadas na apuração dos respectivos Relatórios de Gestão
Fiscal do exercício de 2021.

PROPORÇÃO APOSENTADORIAS X TOTAL DESPESAS PREVIDENCIÁRIAS - RGF/2021


(COM BASE NOS VALORES EMPENHADOS DE JANEIRO A DEZEMBRO/2020)
Em R$ milhões (nominais)
TOTAL DESPESAS %
PODERES/ APOSENTADORIAS PENSÕES
PREVIDENCIÁRIAS APOSENTADORIAS
ÓRGÃOS A B
C=A+B D = A/C
Poder Executivo 12.306,5 2.985,2 15.291,7 80,48%
Assembleia Legislativa 201,6 49,5 251,1 80,28%
Tribunal de Contas 260,1 30,7 290,8 89,44%
Tribunal de Justiça 885,0 270,6 1.155,5 76,59%
Tribunal de Justiça Militar 8,1 6,8 14,9 54,25%
Ministério Público 156,9 54,8 211,7 74,13%
Total 13.818,2 3.397,6 17.215,8 80,26%
Os percentuais acima devem ser aplicados no exercício de 2021, e, nas apurações do 1º e 2º quadrimestre/2021, abrangendo parte do exercício de
2020, os percentuais nesses períodos (entre maio e dez/2020) são aqueles demonstrados no quadro anterior.

Devido ao entendimento deste Tribunal no Parecer Coletivo nº 2/2002, a


receita do imposto de renda dos servidores (R$ 3,19 bilhões – ativos, inativos e
pensionistas do Estado) não é computada na receita corrente líquida, assim como a
parcela dos vencimentos correspondente à retenção desse imposto na folha de
pagamento dos servidores do Poder Executivo (R$ 1,00 bilhão, dos servidores ativos, e
R$ 1,20 bilhão, dos servidores inativos) não é considerada na apuração da despesa com

259
pessoal, por não representar um ingresso e um desembolso financeiro efetivo para o
Estado.
Ainda, na apuração da receita corrente líquida, nos termos do Parecer
Coletivo nº 1/2002, foi computado o valor referente à perda dos recursos aplicados no
FUNDEB, de R$ 2,12 bilhões.
Seguindo entendimento manifestado pelo Parecer nº 2/2005, importante
observar, foi considerado como despesas com pessoal do Poder Executivo o gasto com a
EMATER/ASCAR, no montante de R$ 195,1 milhões.
No caso da Defensoria Pública, a sua autonomia administrativo-financeira
foi assegurada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004, logo, após a edição da LRF, em
2000. Portanto, a sua despesa com pessoal (R$ 237,1 milhões) deve compor a apuração
relativa ao Poder Executivo, visto não estar previsto o seu respectivo limite na LRF.

5.2.2.1 – Da diferença de critérios entre o Tribunal de Contas do Estado do Rio


Grande do Sul – TCE/RS e a Secretaria do Tesouro Nacional - STN
As diferenças de metodologia no cálculo da despesa com pessoal, para fins
de verificação dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF, entre o TCE-RS e a STN,
ocorrem tanto no cálculo da receita corrente líquida - RCL quanto no cálculo da despesa
com pessoal.
A RCL é um conceito advindo da LRF que serve de parâmetro para diversos
indicadores da gestão fiscal, dentre eles a apuração dos limites da despesa com pessoal.
O conceito da RCL está contido no inciso IV do artigo 2º da LRF:

Art. 2º Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como:


IV - receita corrente líquida: somatório das receitas tributárias, de contribui-
ções, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências cor-
rentes e outras receitas também correntes, deduzidos:
a) na União, os valores transferidos aos Estados e Municípios por determinação
constitucional ou legal, e as contribuições mencionadas na alínea a do inciso I e
no inciso II do art. 195, e no art. 239 da Constituição;
b) nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por determinação consti-
tucional;
c) na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos servidores para o
custeio do seu sistema de previdência e assistência social e as receitas proveni-
entes da compensação financeira citada no § 9º do art. 201 da Constituição.
§ 1º Serão computados no cálculo da receita corrente líquida os valores pagos e
recebidos em decorrência da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de
1996, e do fundo previsto pelo art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias.
§ 2º Não serão considerados na receita corrente líquida do Distrito Federal e
dos Estados do Amapá e de Roraima os recursos recebidos da União para aten-
dimento das despesas de que trata o inciso V do § 1o do art. 19.
§ 3º A receita corrente líquida será apurada somando-se as receitas arrecada-
das no mês em referência e nos onze anteriores, excluídas as duplicidades.

Conforme descrito no Manual de Demonstrativos Fiscais – MDF, elaborado


pela Secretaria do Tesouro Nacional – STN, as deduções no cálculo da RCL estão

260
exaustivamente explicitadas na própria LRF. O TCE-RS fez interpretações divergentes dos
entendimentos da STN, detalhadas a seguir.
Conforme Parecer Coletivo nº 02/2002 acolhido em decisão unânime do
Tribunal Pleno no Processo nº 676-0200/02-4, em Sessão de 08-05-2002, entende esta
Corte de Contas que o valor do Imposto de Renda Retido na Fonte - IRRF de ativos,
inativos e pensionistas deve ser excluído no cômputo da RCL.
Nos termos do Parecer Coletivo nº 01/2002, acolhido pelo Tribunal Pleno
desta Corte de Contas, em 28-02-2002, a perda resultante do retorno a menor dos
recursos aplicados no FUNDEB não deve ser deduzida para fins de apuração da Receita
Corrente Líquida, portanto, a RCL terá acrescida a referida perda.
A STN entende que os Estados devem considerar tanto os valores pagos
quantos os recebidos pelo FUNDEB (Manual de Demonstrativos Fiscais, 10ª edição,
página 203). Interpreta também que não se pode deduzir o IRRF, devendo este valor ser
incluído na RCL pelo Estado (Manual de Demonstrativos Fiscais, 10ª edição, página 208).
Em relação ao cálculo da despesa com pessoal, o conceito está definido
dentro da LRF, em seu artigo 18 e parágrafos:

Art. 18. Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como despesa to-
tal com pessoal: o somatório dos gastos do ente da Federação com os ativos, os
inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou
empregos, civis, militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies re-
muneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios,
proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratifica-
ções, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como en-
cargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência.
§ 1º Os valores dos contratos de terceirização de mão-de-obra que se referem à
substituição de servidores e empregados públicos serão contabilizados como
"Outras Despesas de Pessoal".
§ 2º A despesa total com pessoal será apurada somando-se a realizada no mês
em referência com as dos onze imediatamente anteriores, adotando-se o regi-
me de competência.

No artigo 19, parágrafo 1º, estão elencadas as deduções possíveis de serem


efetuadas:
Art. 19:
§ 1º Na verificação do atendimento dos limites definidos neste artigo, não serão
computadas as despesas:
I - de indenização por demissão de servidores ou empregados;
II - relativas a incentivos à demissão voluntária;
III - derivadas da aplicação do disposto no inciso II do § 6o do art. 57 da Consti-
tuição;
IV - decorrentes de decisão judicial e da competência de período anterior ao da
apuração a que se refere o § 2o do art. 18;
V - com pessoal, do Distrito Federal e dos Estados do Amapá e Roraima, custea-
das com recursos transferidos pela União na forma dos incisos XIII e XIV do art.
21 da Constituição e do art. 31 da Emenda Constitucional no 19;
VI - com inativos, ainda que por intermédio de fundo específico, custeadas por
recursos provenientes:
a) da arrecadação de contribuições dos segurados;

261
b) da compensação financeira de que trata o § 9o do art. 201 da Constituição;
c) das demais receitas diretamente arrecadadas por fundo vinculado a tal finali-
dade, inclusive o produto da alienação de bens, direitos e ativos, bem como seu
superávit financeiro.
O TCE-RS interpretou o artigo 19 da LRF de forma divergente à STN. Em
decisões do pleno, entendeu serem necessárias as seguintes deduções:
 As despesas orçamentárias de natureza indenizatória, relativas ao
Abono Permanência aos servidores que, tendo completado as
exigências para aposentadoria voluntária, optem por permanecer em
atividade, conforme decisão do Tribunal Pleno no Processo nº 3889-
02.00/04-9, em sessão de 21-07-2004;
 As despesas orçamentárias com Pensionistas, conforme as decisões
unânimes do Tribunal Pleno, nos Processos nº 677-02.00/00-4 e nº
9642-02.00/00-7, em Sessões de 27-06-2004 e 10-10-2001,
respectivamente.

As parcelas de receitas do IRRF sobre Rendimentos do Trabalho,
conforme a Decisão unânime do Tribunal Pleno no Processo nº 676-
02.00/02-4, em Sessão de 08-05-2002;
Com a aprovação no Pleno desta Corte de Contas, no dia 11-03-21, do voto
exaurido pelo Conselheiro-Relator das Contas do Governador de 2019, definiu-se o
seguinte alerta para todos os poderes:
e) alertar os Poderes e órgãos do Estado para que adotem providências no sen-
tido de fazer as suas despesas de pessoal, conforme o caso, convergirem para a
moldura temporal delineada no artigo 15 da Lei Complementar Federal nº 178,
de 13 de janeiro 2021 (tópicos 33 e 38);
Ou seja, faz-se necessário uma convergência da metodologia de cálculo até
então adotada por esta Corte com a adotada pela STN, a qual se baseia nos ditames da
LRF. Lembrando que prazo dado pela LC nº 178/21 é de 10 anos, a contar do exercício de
2021.
Considerando os dados de 2020, o demonstrativo da despesa com pessoal
para o Estado do Rio Grande do Sul pode ser assim resumido:

DEMONSTRATIVO RESUMIDO DE DESPESA COM PESSOAL - 2020


Em R$ milhões (nominais)
Poder
ESTADO TCE TJM AL TJ MP
Executivo
DESPESA BRUTA COM PESSOAL (I) 35.965,7 29.993,2 649,0 45,6 592,0 3.532,6 1.153,4
Pessoal Ativo 18.547,9 14.508,4 356,8 30,8 340,8 2.376,7 934,4
Pessoal Inativo 13.803,7 12.287,6 260,2 8,1 201,7 885,3 160,9
Pensionistas 3.419,0 3.002,0 32,0 6,8 49,5 270,6 58,1
Outras despesas de pessoal terceiriza-
195,1 195,1 - - - - -
ção
DESPESAS NÃO COMPUTADAS (II) 8.872,3 6.984,3 200,9 15,0 134,4 1.175,0 362,7
Indenizações e Demissão e Incentivos à
117,0 82,2 0,7 0,1 6,9 26,5 0,6
Demissão Vol.
Decorrentes de Decisão Judicial de
798,7 798,7 - - - - -
período anterior
Despesas de Exercícios Anteriores 861,1 360,5 10,8 4,9 1,0 406,2 77,6
Inativos e Pensionistas com Recursos
7.095,4 5.742,8 189,5 10,0 126,4 742,3 284,4
Vinculados

262
DEMONSTRATIVO RESUMIDO DE DESPESA COM PESSOAL - 2020
Em R$ milhões (nominais)
Poder
ESTADO TCE TJM AL TJ MP
Executivo
DESPESA LÍQUIDA COM PESSOAL (III) = (I
27.093,5 23.008,9 448,0 30,6 457,6 2.357,6 790,7
- II)
RECEITA CORRENTE LÍQUIDA (IV) 43.333,7 43.333,7 43.333,7 43.333,7 43.333,7 43.333,7 43.333,7
COMPROMETIMENTO RCL (V) = (III/IV) 62,52% 53,10% 1,03% 0,07% 1,06% 5,44% 1,82%
AJUSTES CRITÉRIOS TCE (VI) 6.200,0 5.171,2 112,4 11,2 116,5 606,9 181,8
IRRF Ativos e Inativos 2.787,0 2.202,5 77,6 3,6 63,6 310,4 129,4
Pensionistas 3.419,0 3.002,0 32,0 6,8 49,5 270,6 58,1
Demais ajustes de critério (6,1) (33,3) 2,9 0,8 3,4 25,9 (5,7)
DESPESA LÍQUIDA COM PESSOAL (VII) =
20.893,5 17.837,6 335,7 19,4 341,2 1.750,7 608,9
(III - VI)

RECEITA CORRENTE LÍQUIDA AJUSTE


41.982,3 41.982,3 41.982,3 41.982,3 41.982,3 41.982,3 41.982,3
TCE-RS (VIII)

COMPROMETIMENTO RCL AJUSTE TCE-


49,77% 42,49% 0,80% 0,05% 0,81% 4,17% 1,45%
RS (IX) = (III/IV)
LIMITE MÁXIMO 60,00% 49,00% 1,18% 0,12% 1,82% 5,88% 2,00%
LIMITE PRUDENCIAL 57,00% 46,55% 1,12% 0,11% 1,73% 5,59% 1,90%
LIMITE DE ALERTA 54,00% 44,10% 1,06% 0,11% 1,64% 5,29% 1,80%
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da Sefaz/CAGE e Relatório de Gestão Fiscal do 3º Quadrimestre de 2020, publicado pelo Executivo.
Cálculos: Equipe Técnica do SAIPAG
A Receita Corrente Líquida ajuste TCE calcula-se deduzindo os valores de IRRF e excluindo do cálculo a perda do FUNDEB.
TCE – Tribunal de Contas do Estado; TJM – Tribunal de Justiça Militar; AL – Assembleia Legislativa; Tj – Tribunal de Justiça; MP – Ministério Público.

O Rio Grande do Sul estaria acima do Limite Legal (60,00%) caso fossem
adotados os critérios de cálculo da Secretaria do Tesouro Nacional – STN, atingindo
62,52%.
Conforme relatado anteriormente, no voto das Contas do Governador de
2019, houve a decisão de que os poderes deveriam ser alertados para convergir à
metodologia de cálculo da LRF, no prazo preconizado pela LC nº 178/2021 (10 anos).
Também se encontra em andamento nesta casa o Processo nº 5141-
0200/16-0, o qual trata de um Pedido de Orientação Técnica - POT para revisar os
critérios adotados pelo TCE/RS com relação à aplicação em Manutenção e
Desenvolvimento de Ensino – MDE. A partir de consulta realizada pela Procuradoria-Geral
do Estado – PGE (Doc. Nº 29583-0299/18-0), em razão do início das negociações para
adesão ao Regime de Recuperação Fiscal, entendeu-se que o POT deveria contemplar
também os critérios adotados pelo TCE/RS para o cálculo em saúde e despesa com
pessoal. O processo encontra-se na Consultoria Técnica para elaboração de Parecer.
Importante destacar, também, a assinatura, em 06-03-2018 do Acordo de
Cooperação Técnica, entre a Secretaria do Tesouro Nacional e os Tribunais de Contas, por
intermédio do Instituto Rui Barbosa - IRB e da Associação dos Membros dos Tribunais de
Contas do Brasil - ATRICON, o qual tem como objetivo a conjugação de esforços entre a
STN e os Tribunais signatários visando fomentar a transparência da gestão fiscal, apoiar o
exercício do controle social, racionalizar os custos de controle e regulação, reduzir as
divergências e duplicidades de dados e informações, promover a transferência de
conhecimentos e harmonizar conceitos e procedimentos entre os entes governamentais
na aplicação de normas atinentes à execução orçamentária, financeira e patrimonial, à
contabilidade pública e à gestão fiscal.

263
O TCE-RS decidiu, em reunião administrativa do dia 22-01-19, pela
participação no Acordo de Cooperação Técnica STN/IRB/ATRICON – ACT, entendendo
como importante e oportuna à discussão dos temas propostos. Os trabalhos estão em
andamento, sendo o prazo final do acordo dezembro de 2021. O Grupo de Trabalho 01
está mapeando todas as divergências existentes nos Tribunais da Federação, com relação
aos demonstrativos do Relatório de Gestão Fiscal e Relatório Resumido de Execução
Orçamentária, entre eles o Demonstrativo de Despesa com Pessoal.

5.2.3 – Dos Restos a Pagar e Disponibilidade de Caixa


O Poder Executivo publicou o Demonstrativo da Disponibilidade de Caixa e
dos Restos a Pagar de 2020, fazendo distinção entre os recursos livres e vinculados (estes
discriminados de forma individualizada), em conformidade com o disposto no artigo 8º,
parágrafo único, 43 e 50, I, da LC 101/2000.
Da mesma forma, publicou, posteriormente, o referido demonstrativo
consolidando os valores das Disponibilidades de Caixa e dos Restos a Pagar de 2020 dos
demais Poderes/Órgãos (Assembleia Legislativa, Tribunal de Contas, Ministério Público e
do Poder Judiciário).
Os dados apresentados podem ser assim simplificados:

DISPONIBILIDADES DE CAIXA E RESTOS A PAGAR - 2020


Em R$ milhões (nominais)
RECURSOS RECURSOS
TÍTULOS TOTAL
LIVRES VINCULADOS
PODER EXECUTIVO:
Disponibilidades de Caixa Bruta (3.882,0) 4.448,2 566,1
(-) Restos a Pagar Processados de Exercício Anteriores (6.801,1) (1.026,5) (7.827,6)
(-) Restos a Pagar Processados do Exercício (4.102,9) (2.298,3) (6.401,2)
(-) Restos a Pagar Não Processados de Exercícios Anteriores (18,3) (55,5) (73,8)
(-) Demais Obrigações Financeiras (15.046,2) (588,0) (15.634,1)
Disponibilidade de Caixa Líquida (antes da Inscrição em RPNP) (29.850,6) 479,9 (29.370,6)
(-) Inscrição de Restos a Pagar Não Processados do Exercício (112,1) (633,6) (745,7)
8. Disponibilidade de Caixa Final (29.962,6) (153,7) (30.116,3)
- - -
CONSOLIDADO DO ESTADO: - - -
8. SALDO EXCEDENTE/(INSUFICIENTE) – CONSOLIDADO (31.075,6) 2.974,0 (28.101,6)
Fonte: Relatório de Gestão Fiscal do 3º quadrimestre/2020 e Relatório de Gestão Fiscal Consolidado de 2020, publicados pelo Poder Executivo.
Cálculos: Equipe Técnica do TCE/RS.

Nas disponibilidades de caixa (Ativo Circulante), os recursos foram


discriminados em livres e vinculados, com o respectivo saldo financeiro contabilizado em
disponível e nas demais contas.
Nas obrigações (Passivo Circulante), aqueles classificados como vinculados
referem-se aos depósitos judiciais, às cauções e aos rendimentos do Sistema Integrado de
Administração de Caixa - SIAC, registrados na conta valores restituíveis. As demais
obrigações, consignações e os resgates do SIAC, que também compõem os valores
restituíveis, foram classificados como livres, inclusive a conta outros credores a curto
prazo.

264
5.2.3.1 – Equilíbrio Financeiro
A insuficiência financeira de recursos livres do Poder Executivo diminuiu
6,9% (valores atualizados), passando de R$ 32,18 bilhões negativos em 2019 para
R$ 29,96 bilhões em 2020.

PODER EXECUTIVO - EVOLUÇÃO DA INSUFICIÊNCIA FINANCEIRA


Em R$ milhões
Insuficiência Financeira Disponibilidade Financeira Insuficiência Financeira
Recursos Livres Recursos Vinculados Total
EXERCÍCIO Rel. Rel. Rel.
Valor ∆% Valor ∆% Valor ∆%
Base Base Base
(A) Anual (B) Anual (C = A + B) Anual
Fixa Fixa Fixa
GESTÃO ANTERIOR 2015/2018
2014 (12.352,4) 100,0% 2.205,8 100,0% (10.146,6) 100,0% -
Valor
Nominal 2018 (26.942,8) 218,1% 3.108,5 140,9% (23.834,3) 234,9% -
Valor 2014 (16.814,2) 100,0% 3.002,5 100,0% (13.811,7) 100,0% -
Atualizado
IPCA Médio 2018 (28.846,2) 171,6% 3.328,1 110,8% (25.518,1) 184,8% -
GESTÃO ATUAL 2019/2022
2018 (26.942,8) 100,0% 3.108,5 100,0% (23.834,3) 100,0%
Valor
2019 (31.181,4) 115,7% 15,7% 1.743,9 56,1% -43,9% (29.437,6) 123,5% 23,5%
Nominal
2020 (28.846,2) 111,2% -3,9% (153,7) -4,9% -108,8% (30.116,3) 126,4% 2,3%
2018 (28.846,2) 100,0% 3.328,1 100,0% (25.518,1) 100,0%
Valor
Autalizado 2019 (32.182,9) 111,6% 11,6% 1.799,9 54,1% -45,9% (30.383,0) 119,1% 19,1%
IPCA Médio
2020 (29.962,6) 103,9% -6,9% (153,7) -4,6% -108,5% (30.116,3) 118,0% -0,9%
Fonte: Relatórios e Pareceres Prévios dos Exercícios de 2014 e 2018 e Relatório de Gestão Fiscal do 3º quad/2020, publicado pelo Poder Executivo.
Cálculos: Equipe Técnica do TCE/RS.

Em decorrência da utilização do Caixa Único, iniciada em 1999, o Estado


tem apresentado um saldo de disponibilidade negativo, situação a perdurar por largo
período. Portanto, ao herdar este quadro financeiro, o Gestor depara-se com a
impossibilidade de chegar ao final do ano em situação de equilíbrio, mesmo que venha a
obter uma recuperação financeira.
Ao final da gestão anterior (2015/2018), a insuficiência financeira de
recursos livres praticamente dobrou em relação àquela recebida do Governo anterior,
aumentando (em valores atualizados) de R$ 16,81 bilhões (em 2014), para
R$ 28,85 bilhões (em 2018).
A atual gestão terminou o primeiro ano de governo atingindo uma
insuficiência de R$ 32,18 bilhões, aumentando em 11,6% a insuficiência financeira dos
recursos livres, considerando os valores atualizados pelo IPCA-Médio.
Em 2020, houve uma queda na insuficiência de caixa dos recursos livres do
Poder Executivo, de 6,9%, finalizando o ano em R$ 29,96 bilhões. Considerando o total de
recursos do Poder Executivo (livres e vinculados), a insuficiência em 2020 foi de R$ 30,12
bilhões, valor praticamente igual ao de 2019 atualizado pelo IPCA (R$ 30,38 bilhões).
A pandemia provocada pelo Covid-19 teve impactos relevantes nas
finanças dos estados, pois o distanciamento social obrigou ao fechamento de

265
estabelecimentos comerciais, reduzindo assim a arrecadação de tributos, em especial do
ICMS. Em contrapartida, o repasse de recursos da União, aliado a economia provocada
pelo tele trabalho nos órgãos estaduais, teve como efeito a melhora nas disponibilidades
financeiras do Rio Grande do Sul em 2020. Os repasses recebidos estão detalhados no
capítulo 3 – Comportamento das Receitas, bem como os impactos no caixa do Estado
estão detalhados no Capítulo 6 – Gestão Patrimonial e Financeira.
Cabe, ainda, análise detida da variação ocorrida no saldo da conta
“Obrigações Pendentes de Execução Orçamentária”, no Passivo Circulante. Em 2015, foi o
primeiro ano do registro dessas obrigações, consideradas como um avanço na
transparência dos dados do Balanço Patrimonial. Embora persista o erro com despesas
sendo executadas sem serem reconhecidas orçamentariamente, o quadro era mais grave
quando não existia ao menos o registro dessas operações. Destaque positivo também
para o fato de, enquanto em 2015 o valor contabilizado na conta era de R$ 1,89 bilhão
(valores atualizados), enquanto em 2020 o saldo da conta registrou R$ 747,3 milhões, ou
seja, houve uma significativa redução dessas obrigações.
De acordo com informações da CAGE, os valores contabilizados como
obrigações pendentes já estão incluídos no demonstrativo da insuficiência financeira, ou
seja, o reflexo de sua efetiva realização já está sendo considerado no ano em análise.
Em que pese à melhora da situação financeira de 2020, ainda é o segundo
ano da atual gestão. Entende-se, pois, razoável que a busca pelo equilíbrio financeiro, nos
termos do § 1º do art. 1º da Lei Complementar nº 101/2000, deva ser avaliada no seu
encerramento, em 31-12-2022, quando se espera que a insuficiência financeira
apresentada não seja maior do que aquela recebida da gestão anterior, que se encerrou
em 31-12-2018.

5.2.4 – Da Dívida Consolidada Líquida


A Resolução n.º 40/2001 do Senado Federal estabeleceu formas de
controle sobre o estoque da dívida pública dos Estados e Municípios, fixando o exercício
de 2001 como base para a verificação de um limite do passivo de, no máximo, duas vezes
sobre a Receita Corrente Líquida (200% – art. 3º, inciso I). Para sua adequação, no caso de
excesso, foi definida uma redução na proporção de 1/15 (um quinze avos), a cada
exercício, no período de 2002 a 2016 (art. 4º, inciso I).
Para a verificação do cumprimento dessa meta, elaborou-se o
demonstrativo a seguir, com a respectiva situação da Dívida Consolidada Líquida - DCL, no
3º quadrimestre de 2020. Esse trabalho confirmou os valores apresentados pelo Poder
Executivo.
DEMONSTRATIVO DA DÍVIDA CONSOLIDADA LÍQUIDA - 2020
Em R$ milhões (nominais)
SALDO DO Até o 1º Até o 2º Até o 3º
DISCRIMINAÇÃO EXERCÍCIO QUADRIMESTRE QUADRIMESTRE QUADRIMESTRE
ANTERIOR 2020 2020 2020
DÍVIDA CONSOLIDADA – DC (I) 89.255,4 92.954,9 93.613,8 93.262,9
Dívida Mobiliária - - - -
Dívida Contratual 77.628,2 81.334,6 81.993,0 81.595,7
Empréstimos 77.012,6 80.739,6 81.407,6 81.159,4
Interna 68.388,1 69.300,0 70.023,1 70.499,9
Externa 8.624,5 11.439,6 11.384,5 10.659,4
Parcelamento e Renegociação de dívidas 615,6 595,0 585,4 436,3

266
DEMONSTRATIVO DA DÍVIDA CONSOLIDADA LÍQUIDA - 2020
Em R$ milhões (nominais)
SALDO DO Até o 1º Até o 2º Até o 3º
DISCRIMINAÇÃO EXERCÍCIO QUADRIMESTRE QUADRIMESTRE QUADRIMESTRE
ANTERIOR 2020 2020 2020
De Tributos 202,0 185,9 179,7 157,4
De Contribuições Previdenciárias 413,5 409,2 405,7 278,9
Precatórios a partir de 05/05/2000 11.627,2 11.620,3 11.620,8 11.667,2
DEDUÇÕES (II) - - - -
Disponibilidade de Caixa Bruta 3.001,9 2.967,1 3.466,5 4.256,2
( - ) Restos a Pagar Processados 12.364,8 9.890,5 9.088,4 14.244,9
DÍVIDA CONSOLIDADA LÍQUIDA- DCL (III) 89.255,4 92.954,9 93.613,8 93.262,9
= (I – II) CORRENTE LÍQUIDA - RCL
RECEITA 39.779,4 39.941,3 40.642,5 42.046,8
% da DC sobre a RCL (I / RCL) 224,38% 232,73% 230,34% 221,81%
% da DCL sobre a RCL (III /RCL) 224,38% 232,73% 230,34% 221,81%
LIMITE LEGAL* 79.558,9 79.882,6 81.284,9 84.093,6
LIMITE DE ALERTA** 71.603,0 71.894,3 73.156,4 75.684,2
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica do TCE/RS.
*Limite Legal: art. 3º, I, da Resolução SF nº 40/2001.
**Limite de Alerta: inciso III do § 1º do art. 59 da LRF.

No 3º quadrimestre de 2020, a Dívida Consolidada Líquida


(R$ 93,26 bilhões) representou 221,81% da RCL (R$ 42,05 bilhões), estando 21,81 pontos
percentuais acima da meta fiscal de 200%, que deveria ter sido alcançada ao final de
2016, gerando alerta ao Poder Executivo nos termos do art. 59, § 1º, inciso III, da LRF.
O comportamento da Relação DCL/RCL, em comparação à Meta de Ajuste,
traçada pela Resolução Senatorial, pode ser acompanhada no próximo Gráfico.

ACOMPANHAMENTO DA RELAÇÃO DCL/RCL E DA META DE AJUSTE ANUAL

Fonte: Relatórios e Parecer Prévio das Contas do Governador de anos anteriores


Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG

O gráfico permite visualizar que, após um grave distanciamento no


exercício de 2002 (DCL acima da meta), o Estado obteve uma contínua aproximação entre
as variáveis, que culminou com o realinhamento no final de 2008. Em 2009 e 2010,
observou-se o distanciamento favorável entre as variáveis (DCL abaixo da meta), que é
interrompido a partir de 2011, voltando a se aproximarem. Ao final de 2014, a relação
DCL/RCL ficou abaixo da meta em 0,36 pontos percentuais, demonstrando a tendência
preocupante de retorno ao descumprimento dos limites de realinhamento, como
também evidenciado em 2012. Em 2015, houve uma forte subida na relação, devido a

267
grave crise econômica daquele ano. Após, com receitas extraordinárias obtidas pelo
Estado (venda da folha, por exemplo) houve queda no percentual, porém mostrando uma
tendência de subido nos anos seguintes, consequência do não pagamento da dívida e
aumento do salto do estoque.
Em 2020, houve queda na relação muito por causa do aumento das RCL,
impulsionada em razão dos fortes repasses da União para combate a pandemia do Covid-
19.
O prazo de quinze anos de recondução da dívida ao limite de 200% da RCL
encerrou em 2016. Ao ser ultrapassado o limite, a recondução se dará até o término dos
três quadrimestres subsequentes, sendo 25% desse excesso reduzido no primeiro (art. 31
da LRF). Não cumprindo esta condição inicial, o Estado fica proibido de contratar
operações de crédito e, permanecendo acima do limite após o prazo final, também não
receberá transferências voluntárias, exceto relativas a ações de educação, saúde e
assistência social, além de ser obrigado a obter resultado primário, com limitação de
empenho, dentre outras medidas.
A expectativa gerada com a aprovação pelo Senado Federal da Lei
Complementar nº 148/2014, que altera o indexador da dívida dos Estados e Municípios
com a União (principal parcela no cômputo da DCL) era de que, com sua implementação,
o saldo da dívida reduzisse substancialmente. Ocorre que, apesar da redução produzida
pela alteração de indexador, que era retroativa a 2013, o saldo devedor da dívida
aumentou, devido ao desconto escalonado no pagamento das parcelas previsto na Lei
Complementar nº 156/16. Esse desconto fez com que a parcela ficasse menor, e que o
saldo não pago fosse incorporado ao montante da dívida. Em julho de 2017, o Estado
conseguiu nova liminar junto ao Supremo Tribunal Federal que permitiu a suspensão do
pagamento da dívida junto à União como antecipação do Regime de Recuperação Fiscal, e
que prevê o não pagamento da dívida por três anos prorrogáveis por igual período. O
valor não pago em decorrência dessa liminar foi empenhado e liquidado, estando inscrito
em restos a pagar. Este mesmo procedimento foi adotado em 2020, ficando os valores
não pagos inscritos em restos a pagar processados.
Para o exame do comportamento da DCL, desde a vigência da Lei de
Responsabilidade Fiscal, faz-se importante destacar as liberações de empréstimos no
período.

COMPORTAMENTO DA DCL
Em R$ milhões (nominais)
VALOR
ANO OPERAÇÃO
NOMINAL
2002 Anterior LRF 138,2
2003 Anterior LRF 282,4
2004 Anterior LRF 230,1
2005 Anterior LRF 127,3
2006 Anterior LRF 29,4
2007 - -
2008 Reestruturação 1.192,0
2009 - -
2010 Reestruturação 791,2
2011 Investimentos 247,6
2012 Investimentos 943,7
2013 Investimentos 542,3

268
COMPORTAMENTO DA DCL
Em R$ milhões (nominais)
VALOR
ANO OPERAÇÃO
NOMINAL
2014 Investimentos 2.189,1
2015 Investimentos 203,1
2016 Investimentos 333,6
2017 Investimentos 555,0
2018 Investimentos 270,2
2019 Investimentos 191,9
2020 Investimentos 24,9
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.

RELAÇÃO ENTRE DCL E RCL


Em R$ milhões (nominais)
% ∆ ANUAL
INDEXADORES
DÍVIDA RECEITA
ECONÔMICOS DCL %
CONSOLIDADA CORRENTE
IGP-DI DÓLAR % META
ANO LÍQUIDA LÍQUIDA
DCL RCL (2010 E 2011) COMERCIAL DCL/RCL ANUAL
DCL RCL IPCA VENDA
(2012 A 2020) (MÉDIA MENSAL
DEZEMBRO)
2010 43.437,0 20.297,8 13,8 16,7 11,3 -3,2 214,00 229,09
2011 46.874,2 21.927,9 7,9 8,0 5,0 8,4 213,77 224,24
2012 51.718,9 23.710,7 10,3 8,1 5,8 13,2 218,13 219,39
2013 55.040,9 26.387,9 6,4 11,3 5,9 12,7 208,58 214,54
2014 59.939,7 28.633,5 8,9 8,5 6,4 12,8 209,33 209,69
2015 68.486,0 30.139,2 14,3 5,3 10,7 46,3 227,23 204,85
2016 73.797,0 34.654,9 7,8 15,0 6,3 -13,4 212,95 200,00
2017 76.703,2 35.045,9 3,9 1,1 3,0 -1,6 218,86 200,00
2018 84.197,6 37.773,3 9,8 7,8 3,8 17,8 222,90 200,00
2019 89.255,4 39.779,4 6,0 5,3 4,3 5,8 224,38 200,00
2020 93.262,9 42.046,8 4,5 5,7 4,5 25,1 221,81 200,00
Análise da Variação Média Anual (Vlr. Final – Vlr. Inicial)/número de anos
Período DCL RCL
Média anual do período 2020/2010 (10
11,5% 10,7%
anos)
Média anual do período 2020/2011 (9
9,9% 9,2%
anos)
Média anual do período 2020/2012 (8
8,0% 7,7%
anos)
Média anual do período 2020/2013 (7
6,9% 5,9%
anos)
Média anual do período 2020/2014 (6
5,6% 4,7%
anos)
Média anual do período 2020/2015 (5
3,6% 4,0%
anos)
Média anual do período 2020/2016 (4
2,6% 2,1%
anos)
Média anual do período 2020/2017 (3
2,2% 2,0%
anos)
Média anual do período 2020/2018 (2
1,1% 1,1%
anos)
Média anual do período 2020/2019 (1
0,4% 0,6%
anos)

269
RELAÇÃO ENTRE DCL E RCL
Em R$ milhões (nominais)
% ∆ ANUAL
INDEXADORES
DÍVIDA RECEITA
ECONÔMICOS DCL %
CONSOLIDADA CORRENTE
IGP-DI DÓLAR % META
ANO LÍQUIDA LÍQUIDA
DCL RCL (2010 E 2011) COMERCIAL DCL/RCL ANUAL
DCL RCL IPCA VENDA
(2012 A 2020) (MÉDIA MENSAL
DEZEMBRO)
Fonte: Relatórios e Pareceres Prévios das Contas dos Governadores (2010 a 2019) e Relatório de Gestão Fiscal do 3º Quadrimestre.
Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG
Dólar: média mensal venda de dezembro, conforme Banco Central.

Os contratos da dívida estão detalhados no capítulo 7 – Gestão da Dívida


Pública, onde é demonstrado todo o histórico, mudanças na legislação e impactos nas
finanças do Estado.
No exercício em análise, a DCL cresceu 4,5% e a RCL 5,7%, bem como IPCA
apresentou um aumento de 4,5%. Com isso, a relação DCL/RCL ficou em 221,81%.
Conforme explicado anteriormente, o Estado não está pagando a dívida com a União em
razão de liminar no STF, ou seja, mesmo com um aumento da RCL, a tendência é a relação
seguir acima do limite.
Considera-se ainda que o Estado do Rio Grande do Sul, conforme
mencionado anteriormente, conseguiu nova liminar junto ao Supremo Tribunal Federal,
permitindo a suspensão do pagamento da dívida como antecipação do Regime de
Recuperação Fiscal, e que prevê o não pagamento da dívida por três anos prorrogáveis
por igual período.
Ainda, conforme já comentado no início do capítulo, a Lei Complementar
nº 173/2020 deu nova redação ao artigo 65 da LRF:
Art. 65. Na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo Congresso Naci-
onal, no caso da União, ou pelas Assembleias Legislativas, na hipótese dos Esta-
dos e Municípios, enquanto perdurar a situação:
I - serão suspensas a contagem dos prazos e as disposições estabelecidas nos
arts. 23, 31 e 70;
Ou seja, diante do cenário de pandemia do Covid-19 e reconhecimento de
situação de calamidade pública em 2020, o prazo para recondução dos limites da Dívida
Consolidada Líquida encontram-se suspensos.

5.2.5 – Das Operações de Crédito


A LC nº101/2000 (art. 53, § 1º, inciso I, e art. 32, §º3º) determinou a
elaboração de demonstrativo evidenciando o atendimento ao disposto no inciso III do art.
167 da Constituição Federal. O produto das operações de crédito não pode ultrapassar o
montante das despesas de capital em um mesmo exercício financeiro, ressalvadas as
autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa,
aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta.
O art. 55 (inciso I, alínea “d” e inciso III, alínea “c”) exigiu a publicação de
comparativo com os limites estabelecidos para as operações de crédito, inclusive por
antecipação de receita, em relação à Receita Corrente Líquida.

270
5.2.5.1 – Operações de Crédito X Despesas de Capital
O Demonstrativo das Receitas de Operações de Crédito e Despesas de
Capital (Anexo 9 do RREO) apresenta as receitas de operações de crédito comparadas
com as despesas de capital líquidas. Para efeitos do preenchimento desse demonstrativo,
são consideradas apenas as operações de crédito que motivaram registros de receita
orçamentária no exercício a que se refere a lei orçamentária. O Demonstrativo das
Operações de Crédito (Anexo 4 do RGF), por sua vez, abrange toda e qualquer operação
de crédito realizada pelos entes da Federação, independentemente de envolverem ou
não o ingresso de receitas orçamentárias nos cofres públicos. Nesse sentido, tais
demonstrativos, inclusive por possuírem finalidades diversas, apresentarão, em regra,
valores diferentes quanto ao total de operações de crédito realizadas.
O Demonstrativo das Receitas de Operações de Crédito e Despesas de
Capital publicado pelo Poder Executivo, conforme Anexo 9 do Relatório Resumido da
Execução Orçamentária – RREO, informa que as receitas de operações de crédito
(R$ 24,9 milhões) foram inferiores às despesas de capital empenhadas (R$ 2,74 bilhões),
estando adequado ao princípio conhecido como “regra de ouro”, previsto no inciso III do
art. 167 da CF.

DEMONSTRATIVO DAS RECEITAS DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO E DESPESAS DE CAPITAL - 2020


Em R$ milhões (nominais)
PREVISÃO RECEITAS
RECEITAS SALDO
ATUALIZADA REALIZADAS
RECEITA DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO (1) 64,3 24,9 39,4
DOTAÇÃO DESPESAS SALDO NÃO
DESPESAS
ATUALIZADA EMPENHADAS EXECUTADO
DESPESAS DE CAPITAL LÍQUIDA (2) 3.370,6 2.736,0 634,6
3 – RESULTADO PARA A APURAÇÃO DA REGRA DE OURO (1 – 2) (3.306,3) (2.711,2) (595,2)
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica do TCE/RS.

5.2.5.2 – Operações de Crédito X Receita Corrente Líquida, e Operações de Crédi-


to por Antecipação da Receita
O Demonstrativo das Operações de Crédito em Relação à Receita Corrente
Líquida foi publicado pelo Poder Executivo, de acordo com o Anexo 4 do Relatório de
Gestão Fiscal (LRF, art. 55, inciso I, alínea “d” e inciso III, alínea “c”).

DEMONSTRATIVO DAS RECEITAS DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO E POR ANTECIPAÇÃO DE RECEITA


LIMITES PARA CONTRATAÇÃO EM RELAÇÃO À RECEITA CORRENTE LÍQUIDA - 2020
Em R$ milhões (nominais)

DISCRIMINAÇÃO No Até o
Quadrimestre Quadrimestre
RECEITAS DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO de Referência de Referência

Sujeitas ao Limite para Fins de Operação de Crédito (I) 10,0 20,0


- Contratual Interna 10,0 20,0
(recurso vinculado 305 – PROREDES - BNDES) 10,0 20,0
- Contratual Externa
Não Sujeitas ao Limite para Fins de Operação de Crédito (II) 2,0 4,9

271
DEMONSTRATIVO DAS RECEITAS DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO E POR ANTECIPAÇÃO DE RECEITA
LIMITES PARA CONTRATAÇÃO EM RELAÇÃO À RECEITA CORRENTE LÍQUIDA - 2020
Em R$ milhões (nominais)

DISCRIMINAÇÃO No Até o
Quadrimestre Quadrimestre
RECEITAS DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO de Referência de Referência

(recurso vinculado 307 – PMAE – BNDES – DEF. PÚBLICA) 2,0 4,9

APURAÇÃO DO CUMPRIMENTO DOS LIMITES VALOR % DA RCL

RECEITA CORRENTE LÍQUIDA 42.046,8 -


OPERAÇÕES VEDADAS (III) - -
TOTAL CONSIDERADO PARA FINS DE APURAÇÃO DO CUMPRIMENTO DO LIMITE (IV) = (I) 20,0 0,05%

LIMITE GERAL DEFINIDO PARA AS OPERAÇÕES DE CRÉDITO INTERNAS E EXTERNAS - ART.


6.727,5 16,00%
7º, I, DA RES SF 43/2001 – (16,00% DA RCL)
LIMITE DE ALERTA (inciso III do §1º do art. 59 da LRF) - <%> - 14.40% 6.054,7 14,40%

OPERAÇÕES DE CRÉDITO POR ANTECIPAÇÃO DE RECEITA ORÇAMENTÁRIA - -


LIMITE DEFINIDO PARA AS OPERAÇÕES DE CRÉDITO POR ANTECIPAÇÃO DE RECEITA - ART.
2.943,3 7,00%
10, DA RES SF 43/2001 – (7,00% DA RCL)
TOTAL CONSIDERADO PARA CONTRATAÇÃO DE NOVAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO (V) = (I
24,9 0,06%
+ II)
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE e RGF do 3º quadrimestre de 2020, publicado pelo Poder Executivo. Cálculos: Equipe Técnica TCE/RS

Em 2020, as operações de crédito sujeitas ao limite de 16% da Receita


Corrente Líquida, previsto no art. 7º, inciso I, da Resolução do Senado Federal
nº 43/2001, alcançaram o montante de R$ 20,0 milhões, representando 0,05% da RCL,
cumprindo o dispositivo legal.
Além disso, aconteceu contratação de R$ 4,9 milhões, com a finalidade de
financiar projetos de investimentos para melhoria da administração de receitas e da
gestão fiscal, financeira e patrimonial, no âmbito de programas propostos pelo Poder
Executivo Federal, logo, não estão sujeitos ao limite para fins de contratação, atendendo
ao disposto no inciso I do § 3º do art. 7º da Resolução SF nº 43/2001 (com redação dada
pela Resolução nº 19/2003, art. 2º).
Não houve operações vedadas, ou seja, aquelas equiparadas pela LRF a
operações de crédito, nos termos dos art. 35 e 37 da LRF, e do art. 5º das Resoluções do
Senado Federal nº 43/2001 e 48/2007.
Também, não ocorreram Operações de Crédito por Antecipação da
Receita, as quais estão limitadas a 7% da Receita Corrente Líquida, nos termos do
disposto no art. 10 da Resolução do Senado Federal n.º 43/2001.
A LRF tem o objetivo de garantir o equilíbrio fiscal dos Entes da Federação,
o que requer a adoção de medidas de prevenção de riscos fiscais e de correção de desvios
(art. 1º, § 1º, da LC nº 101/2000). Assim, as novas contratações devem levar em conta
tanto as operações de crédito sujeitas ao limite, quanto aquelas não sujeitas ao limite,
visto ambas causarem impacto negativo na capacidade de endividamento. Logo, o total
de operações efetuadas em 2020, de R$ 24,9 milhões, representam 0,06% da RCL
(R$ 42,05 bilhões), situação a ser avaliada quando da contratação de novas operações de
crédito.

272
5.2.6 – Da Alienação de Ativos e Aplicação de Recursos
O art. 44 da LC nº101/2000 veda a aplicação da receita de capital derivada
da alienação de bens e direitos que integram o patrimônio público para o financiamento
de despesa corrente, salvo se destinada por lei aos regimes de previdência social, geral e
próprio dos servidores públicos.
O Poder Executivo publicou o Demonstrativo da Receita de Alienação de
Ativos e Aplicação de Recursos, exigido no art. 53, § 1º, inciso III, da LRF, conforme Anexo
11 do Relatório Resumido da Execução Orçamentária - RREO.
O ingresso de R$ 808,2 milhões de receita de alienação de ativos, somado
ao saldo anterior de R$ 612,5 milhões, resultou no total a ser aplicado de R$ 1,42 bilhão.
A aplicação no ano foi de R$ 774,9 milhões em despesas de capital (investimentos e
amortização da dívida), restando, ao final de 2020, um saldo de R$ 645,8 milhões a ser
transferido para 2021.
Ficou evidenciado o atendimento ao art. 44 da LC nº 101/2000, pois a
aplicação de recursos provenientes da Alienação de Ativos não foi para o financiamento
de despesas correntes.

5.2.7 – Das Receitas e Despesas Previdenciárias e Projeções Atuariais do Regime Próprio


de Previdência dos Servidores Públicos
O Demonstrativo das Receitas e Despesas Previdenciárias do Regime
Próprio dos Servidores Públicos de 2020, exigido no art. 50, inciso IV, e 53, inciso II, da
LC nº 101/2000, foi publicado pelo Poder Executivo (Anexo 4 do RREO), evidenciando
separadamente os valores do Plano Financeiro (RPPS – Antigos Servidores) e do Plano
Previdenciário (Fundoprev – Novos Servidores, a partir de 18-07-2011), estando
sintetizado da seguinte forma:

RECEITAS E DESPESAS PREVIDENCIÁRIAS DO REGIME PRÓPRIO DOS SERVIDORES PÚBLICOS - 2020


Em R$ milhões (nominais)
DEMONSTRATIVO RPPS DEMONSTRATIVO RPPS
DISCRIMINAÇÃO PLANO PREVIDENCIÁRIO PLANO FINANCEIRO
2019 2020 2019 2020
1 - Receitas Correntes 890,5 584,4 4.865,8 7.090,9
Receita de Contribuições dos Segurados 257,4 204,8 1.745,1 2.316,8
Ativos 257,3 204,5 905,6 909,6
Inativos - 0,1 658,1 1.149,1
Pensionistas 0,1 0,2 181,5 258,1
Receita de Contribuições Patronais 260,7 198,6 3.019,2 4.657,7
Ativos 260,7 198,6 1.489,4 1.824,8
Inativos 0,0 - 1.211,3 2.334,1
Pensionistas 0,0 - 318,4 498,8
Receita Patrimonial 345,9 181,0 0,9 0,0
Receita de Serviços 5,7 5,4
Demais Receitas Correntes 26,5 - 94,9 111,0
Aporte Periódico Amortização Déficit Atuarial* 26,5 - - -
2 – Receita de Capital - - - -
3 - TOTAL RECEITAS PREVIDENCIÁRIAS (1 + 2) 864,0 584,4 4.865,8 7.090,9
4 - Despesas Previdenciárias 11,9 4,5 16.913,4 17.030,1
Previdência Social 11,9 4,5 16.422,9 17.030,1

273
RECEITAS E DESPESAS PREVIDENCIÁRIAS DO REGIME PRÓPRIO DOS SERVIDORES PÚBLICOS - 2020
Em R$ milhões (nominais)
DEMONSTRATIVO RPPS DEMONSTRATIVO RPPS
DISCRIMINAÇÃO PLANO PREVIDENCIÁRIO PLANO FINANCEIRO
2019 2020 2019 2020
Inativos 9,1 1,1 13.154,6 13.690,6
Pensionistas 2,8 3,4 3.268,3 3.339,5
Outras Despesas Previdenciárias 490,5
5 - TOTAL DESPESAS PREVIDENCIÁRIAS (4) 11,9 4,5 16.913,4 17.030,1
6 - RESULTADO PREVIDENCIÁRIO ( 3 – 5 ) 852,1 579,9 (12.047,7) (9.939,1)
7 – % Variação Anual 2020/2019 (nominal) -31,9% 17,5%
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE e RREO do 6º bimestre de 2020, publicado pelo Poder Executivo.
Cálculos: Equipe Técnica TCE/RS.
* Valor aportado para equalizar o déficit atuarial, portanto, essa receita não deverá compor o total das receitas previdenciárias do período de apuração

Em 2020, o Resultado Previdenciário no Plano Financeiro (Antigos


Servidores) foi negativo em R$ 9,94 bilhões, representando o saldo entre as receitas, de
R$ 7,09 bilhões, e as despesas, com R$ 17,03 bilhões. Comparado a 2019, houve melhora
de 17,5% em relação ao saldo nominal negativo de R$ 12,05 bilhões. Houve forte impacto
nas receitas previdenciárias, em razão da lei complementar nº 503/2019, que aumentou
as alíquotas cobradas, além de estender a cobrança a aposentados e pensionistas que
recebem abaixo do teto previdenciário. Este tema é mais bem detalhado no capítulo 8 –
Gestão Previdenciária.
Esse resultado não deve ser interpretado como um déficit previdenciário,
mas, sim, um déficit fiscal, pois se trata de uma obrigação assumida pelo Estado para com
os seus servidores já inativados, quando o regime previdenciário passou de um sistema
assistencialista para um sistema contributivo e solidário, com as alterações promovidas
nas Emendas Constitucionais nº 20 e 41, de 1998 e 2003, respectivamente.
Para os novos servidores, a partir de 18-07-2011, foram criados dois
Fundos: FUNDOPREV/MILITAR e FUNDOPREV/CIVIL (Leis Complementares
nº 13.757/2011 e 13.758/2011). Desde esta data, o RPPS do Rio Grande do Sul passou a
ser organizado e financiado por dois sistemas: de Repartição Simples, para os antigos
servidores; e de Capitalização, para os novos servidores.
O Resultado Previdenciário no Regime de Capitalização – Fundoprev, em
razão do pouco tempo de existência, foi superavitário em R$ 579,9 milhões, com uma
queda nominal de 31,9% comparado ao exercício anterior, com R$ 852,1 milhões.
Quanto às projeções atuariais, exigidas pelo art. 53, § 1º, inciso II, da
LC nº 101/2000, e igualmente no artigo 1º, inciso I, da Lei Federal nº 9.717/98, o Poder
Executivo publicou, tanto para o Plano Financeiro quanto para o Plano Previdenciário, o
Demonstrativo de Resultados de Avaliação Atuarial, estimando as receitas, despesas e
resultados previdenciários no período de 2019 até 2093.
Sobre a Projeção no Plano Previdenciário – Fundoprev, o resultado
superavitário atual reverterá para um déficit de R$ 12,9 milhões em 2046, e,
gradativamente irá piorar, alcançando R$ 275,2 milhões de déficit em 2057, quando
então retoma um patamar de queda, chegando ao final de 2093 com uma projeção
deficitária de R$ 2,5 milhões. Destaca-se que o saldo acumulado permanece positivo em
todos os exercícios, atingindo o montante de R$ 4,86 bilhões em 2093.

274
No Plano Financeiro, o resultado negativo previsto para 2019 é o pior na
série (R$ 12,47 bilhões negativos), e, após, começará a reduzir, alcançando um déficit de
R$ 365 mil em 2093. Ao final de 2093, a previsão do déficit acumulado é de R$ 178,71
bilhões.
Em 18-08-2016, a Portaria nº 382 da Superintendência Nacional de
Previdência Complementar – PREVIC autorizou o funcionamento do Regime de
Previdência Complementar – RPC, instituído pela Lei Complementar nº 14.750, de
15-10-2015. A partir da autorização, os servidores ingressantes terão suas aposentadorias
e pensões limitadas ao teto do Regime Geral de Previdência Social – RGPS, podendo
aderir ao plano oferecido pela Fundação de Previdência Complementar – RS-Prev, para
fins de complementação do benefício. No longo prazo, o Fundoprev arcará com
aposentadorias e pensões limitadas ao teto do RGPS, o que contribuirá para o equilíbrio
atuarial do fundo e desonerará o Estado de realizar aportes.
Conforme já comentado, no dia 18-12-2019, a Assembleia gaúcha aprovou
o projeto de lei complementar nº 503/2019 que altera as alíquotas previdenciárias dos
servidores civis. As novas alíquotas irão descontar entre 7,5% a 22% dos salários e
passarão a valer a partir de abril de 2020 (90 dias após a sanção, que ocorreu no dia 23-
12-2019). Outra mudança diz respeito à contribuição dos inativos e pensionistas que
eram isentos até o teto do INSS (R$ 5.839,45 em 2019). A nova regra determina o
desconto escalonado (entre 9% e 22%) a partir do valor de um salário mínimo (R$ 998,00
em 2019).
Exame mais detalhado do RPPS é apresentado no capítulo 8 – Gestão
Previdenciária.

5.2.8 – Do Resultado Primário e Nominal


A LRF explicitamente inseriu entre os demonstrativos a acompanhar o
Relatório Resumido da Execução Orçamentária – RREO os que demonstram os resultados
primário e nominal obtidos até cada bimestre (LRF, art. 53, inciso III). A partir dos cálculos
do resultado primário e nominal, publicados pelo Poder Executivo, mede-se o resultado
fiscal do exercício em análise.
O resultado primário do Rio Grande do Sul, em 2020, bem como o
resultado nominal, pode assim ser resumido:

RESULTADO PRIMÁRIO E NOMINAL DE 2020


Em milhões de R$
RECEITAS PRIMÁRIAS 2019 2020
RECEITAS CORRENTES (I) 53.870,4 46.020,6
(-) Receitas Correntes Financeiras 449,5 241,3
RECEITAS PRIMÁRIAS CORRENTES (IV) = (I-II-III) 53.420,9 45.779,3
RECEITAS DE CAPITAL (V) 839,7 1.055,2
(-)Receitas de Capital Financeiras 273,2 49,5
RECEITAS PRIMÁRIAS DE CAPITAL(XI)=(V-VI-VII-VIII-IX-X) 566,5 1.005,8
RECEITA PRIMÁRIA TOTAL (XII) = (IV + XI) 53.987,4 46.785,0
DESPESAS PRIMÁRIA
DESPESAS CORRENTES (XIII) 52.662,4 43.380,0
(-) Despesas Correntes Financeiras 360,3 241,1

275
RESULTADO PRIMÁRIO E NOMINAL DE 2020
Em milhões de R$
RECEITAS PRIMÁRIAS 2019 2020
DESPESAS PRIMÁRIAS CORRENTES (XV) = (XIII-XIV) 52.302,1 43.138,9
DESPESAS DE CAPITAL (XVI) 1.542,9 1.410,0
(-) Despesas de Capital Financeiras 527,1 628,8
DESPESAS PRIMÁRIAS DE CAPITAL (XXI)=(XVI-XVII-XVIII-XIX-XX) 1.015,8 781,3
DESPESA PRIMÁRIA TOTAL (XXIII) = (XV+XXI+XXII) 53.318,0 43.920,1
RESULTADO PRIMÁRIO – Acima da linha (XXIV) = (XII-XXIII) 669,4 2.864,9
Meta Fixada na LDO – Resultado Primário * (701,1)
RESULTADO NOMINAL (5.057,8) (4.007,5)
Meta Fixada na LDO – Resultado Nominal (1.497,0) (1.321,7)
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE e RREO 6º bimestre de 2020, publicado pelo Poder Executivo.
Cálculos: Equipe Técnica TCE/RS
*A meta de foi calculada conforme metodologia antiga, não sendo possível a comparação.

O Resultado Primário é a diferença entre as receitas e as despesas não


financeiras, ou seja, entre as receitas e despesas fiscais. Objetiva-se, dessa forma,
demonstrar o quanto as ações correntes da Administração Pública afetam sua situação
econômica, financeira e patrimonial. Quanto maior esse indicador, apurado antes da
apropriação dos juros e outros encargos da dívida, maior será o volume de recursos
disponíveis para o seu pagamento ou para a realização de novos investimentos.
Em 2020, o Resultado Primário publicado pelo Poder Executivo foi de R$
2,86 bilhões, bem acima da meta estipulada, deficitária em R$ 701,1 milhões. O resultado
foi fortemente afetado pelas transferências de recursos da União ao Estado, bem como
pelas reformas previdenciárias e administrativas promovidas pelo Poder Executivo, além
de decretos contingenciando as despesas no ano. Chama-se a atenção para alguns ajustes
nessa apuração, explicada no próximo item.
O Resultado Nominal representa a variação da Dívida Fiscal Líquida num
determinado período, a qual corresponde ao saldo da Dívida Consolidada Líquida,
somado às receitas de privatizações e deduzidos os passivos reconhecidos (dívidas
juridicamente devidas, reconhecidas pelo governo e representativas de déficits passados
que não mais ocorrem no presente). Ou seja, o Resultado Nominal representa o quanto a
dívida de um ente público aumentou ou diminuiu.
O resultado nominal negativo de R$ 4,01 bilhões em 2020 demonstra um
crescimento no saldo da dívida acima do previsto, que era de R$ 1,32 bilhão.

5.2.9 – Das Metas Anuais


A Lei de Diretrizes Orçamentárias nº 15.304/2019 – LDO/2020
(posteriormente alterada pela Lei nº 15.373/2019), nos termos do artigo 4º, § 1º, da Lei
Complementar nº 101/2000, estabeleceu, no Anexo de Metas Fiscais (Anexo Ia), as metas
anuais para receita e despesa primárias, resultados primário e nominal e dívida líquida.
Posteriormente, o Decreto nº 54.983/2020 instituiu as metas bimestrais para o Resultado
Primário, servindo de parâmetro para a limitação de empenho e movimentação
financeira.
Na elaboração do Orçamento de 2020, o resultado primário foi estimado
em um déficit de R$ 1,31 bilhão, o mesmo da LDO/2020. Além disso, o Decreto

276
nº 54.983/2020, ao desdobrar a meta do resultado primário do orçamento de 2020,
indicou que seria necessário um contingenciamento de R$ 516,4 milhões durante o
exercício para atingir a meta de resultado primário da LDO.
Efetua-se, a seguir, o comparativo dessas metas anuais fixadas na LDO e na
LOA, com os respectivos valores apurados em 2020.

LDO – ANEXO DE METAS FISCAIS - 2020


LDO 2020 PREVISTO REALIZADO DIFERENÇA
Receita Primária 44.139,1 46.785,0 2.645,9
Despesa Primária 44.840,1 43.920,1 (920,0)
Resultado Primário (701,1) 2.864,9 3.565,9

Resultado Nominal (1.321,7) (4.007,5) 2.685,8


Dívida Líquida 89.255,4 93.262,90 4.007,5
Fonte: Lei nº 15.373/2019
Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG

O Resultado Primário foi de R$ 2,86 bilhões, enquanto a meta fixada na


LDO era de R$ 701,1 milhões deficitário.
Para fins de contingenciamento, foi apresentado na LDO um segundo
quadro, utilizando a metodologia de cálculo do resultado primário antiga, na qual as
despesas são verificadas a partir de seu empenho, e não no pagamento, conforme
determina a Secretaria de Tesouro Nacional (STN). Este tema está detalhado no tópico
5.2.10.
A próxima Tabela traz os resultados na série histórica entre 2010 a 2020,
com base na receita e despesa da execução orçamentária de cada exercício, bem como as
respectivas metas anuais.

EVOLUÇÃO DO RESULTADO PRIMÁRIO


Em R$ milhões (nominais)
RESULTADO META % RESULTADO/
ANO PRIMÁRIO MÍNIMA META
A B C = A/B
2010 1.582,2 1.958,4 80,8
2011 1.454,1 1.994,9 72,9
2012 804,6 1.741,5 46,2
2013 623,9 1.653,8 37,7
2014 (542,2) 1.419,5 -38,2
2015 (1.777,1) 1.807,5 -98,3
2016 854,7 2.620,9 32,6
2017 (422,5) 1.189,0 -35,5
2018 (257,8) 4.237,3 -6,1
2019 (437,1) 3.592,3 -12,2
2020 2.864,9 (701,1) 408,7
Fonte: Anexo de Metas Fiscais da LDO para 2020, Relatório de Execução Orçamentária 6º bimestre/2020 e Sistemas FPE e Cubos DW SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica do TCE/RS.
Obs: Até 2019, o cálculo baseou-se nas despesas empenhadas. A partir de 2020, conforme nova metodologia da STN, consideram-se as despesas pagas.

O resultado primário obtido em 2020 é o melhor da série histórica. Embora


a metodologia tenha sido alterada, na comparação com a meta estipulada pode-se
verificar o excelente resultado obtido no ano corrente, com um resultado bem acima da

277
meta (superior R$ 3,57 bilhões). O Estado, ao elaborar a Lei de Diretrizes Orçamentárias
(LDO), estipulou uma meta realista, ao contrário de anos anteriores. Isso se deve ao fato
de não ter sido colocado na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2020 receitas
extraordinárias para atingir o equilíbrio orçamentário, fato que foi realizado nos anos
anteriores, distorcendo o orçamento. O bom resultado deve-se, ainda, aos repasses da
União ao Estado para combate à pandemia do Covid-19, bem como os decretos estaduais
que contingenciaram as despesas ao longo do ano. Soma-se ainda o fato de não haver
reposições de servidores, salários congelados, a reforma administrativa que extinguiu os
avanços e triênios dos servidores, dentre outros.
Conforme visto no item 5.2.3.1, existem valores que foram executados a
parte do orçamento, ou seja, despesas foram pagas sem que houvesse o estágio de
empenho, sendo inscritas diretamente na conta Obrigações Pendentes de Execução
Orçamentária, no Passivo Circulante. O montante apurado em 2020 foi de R$ 747,3
milhões, os quais devendo ser considerados no cálculo do resultado primário do exercício.

RESULTADO PRIMÁRIO AJUSTADO - 2020


Em R$ milhões (nominais)
AJUSTES VALOR
1. Resultado Primário apurado pela execução orçamentária em 2020 2.864,9
2. Despesa Primária Paga sem Empenho 747,3
3. Resultado Primário Ajustado em 2020 (1 -2) 2.117,6
Fonte: Sistema Cubos DW/Sefaz/RS
Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG

Com relação ao Resultado Nominal, cujo objetivo de sua apuração é medir


a evolução da Dívida Fiscal Líquida, a meta era de R$ 1,44 bilhão, ou seja, o limite máximo
para o seu crescimento, o qual foi ultrapassado por R$ 3,62 bilhões, pois alcançou
R$ 5,06 bilhões.

EVOLUÇÃO DO RESULTADO NOMINAL


Em R$ milhões (nominais)
RESULTADO META % RESULTADO/
ANO NOMINAL MÁXIMA META
A B C = A/B
2010 5.266,3 2.037,3 258,49
2011 3.437,2 1.899,7 180,94
2012 4.844,7 2.816,5 172,01
2013 3.322,0 2.648,3 125,44
2014 4.898,8 4.760,4 102,91
2015 8.546,3 4.129,4 206,96
2016 5.310,9 3.526,6 150,60
2017 2.906,2 6.156,4 47,21
2018 7.494,4 4.294,1 174,53
2019 5.057,8 1.436,0 352,22
2020 4.007,5 1.321,7 303,20
Fonte: Anexo de Metas Fiscais da LDO para 2020, Relatório de Execução Orçamentária 6º bimestre/2020 e Sistemas FPE e Cubos DW SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica do TCE/RS.

Na série analisada, a meta de Resultado Nominal havia sido cumprida


apenas em 2017. Após 2010, nota-se a redução gradativa na comparação da meta com o
obtido, no período de 2011 até 2014, quando o resultado foi apenas 2,9% acima do
estipulado. Esse comportamento foi consequência da readequação da meta à realidade

278
dos fatos, em virtude do salto da sua projeção em 2014 (de R$ 2,64 bilhões para
R$ 4,76 bilhões), pois nesse período ocorreram significativas contratações de operações
de crédito, com impacto na apuração da dívida fiscal líquida.
Em 2015 e 2016, retorna a discrepância do Resultado Nominal em
proporção à meta fixada (206,96% e 150,60%, respectivamente). Em 2017, a meta
estipulada foi bastante alta, com o resultado nominal diminuindo em relação aos anos
anteriores. O resultado em relação à meta foi de 47,21%.
O ano de 2019 seguiu com a forte tendência de extrapolação da meta já
sentido em 2018. O resultado voltou a ser bem acima do estipulado (352,22% superior).
No ano corrente, a meta estipulada foi um crescimento máximo de R$ 1,32
bilhão, enquanto o resultado obtido foi de R$ 4.007,5 milhões, ou seja, bem acima da
meta.
As Metas Fiscais representam os resultados a serem alcançados para
variáveis fiscais, visando atingir os objetivos desejados pelo ente da Federação quanto à
trajetória de endividamento no médio prazo. Pelo princípio da gestão fiscal responsável,
as metas representam a conexão entre o planejamento, a elaboração e a execução do
orçamento. Esses parâmetros indicam os rumos da condução da política fiscal para os
próximos exercícios e servem de indicadores para a promoção da limitação de empenho e
de movimentação financeira.

5.2.10 – Da Limitação de Empenho


A Secretaria da Fazenda, através do Tesouro do Estado, encaminhou aos
Poderes e Órgãos os Relatórios de Execução Orçamentária, apresentando, a cada final de
bimestre, uma análise sobre o comportamento e a reprogramação das receitas e
despesas, e da necessidade de contingenciamento, visando à obtenção da meta
estipulada na LDO para o Resultado Primário de 2020, cumprindo os artigos 8º, 9º e 13 da
LRF.
A correta projeção de receitas (ao encargo do Poder Executivo, como
disposto no art. 12, § 3º, e 13 da LC nº 101/2000) é fundamental para a fixação das
despesas na Lei Orçamentária Anual e para a execução do orçamento. Caso a reestimativa
de receita prevendo uma frustração na arrecadação não se concretizar, poderá estar
ocorrendo alteração no planejamento governamental e limitação de empenhos
desnecessários. Todavia, nos termos do § 1º do art. 9º da LC nº 101/2000, no caso de
restabelecimento da receita prevista, embora parcial, a recomposição das dotações cujos
empenhos foram limitados dar-se-á de forma proporcional às reduções efetivadas.
O Tesouro do Estado manteve, para o cálculo do resultado primário com
fins de contingenciamento, a metodologia antiga da STN, na qual são verificadas as
despesas empenhadas. As projeções dessa metodologia foram apresentadas em um
segundo quadro no anexo I.a e acompanhadas nos relatórios de execução orçamentária
bimestrais.
Conforme a metodologia antiga, o resultado primário informado pelo
Poder Executivo, e obtido da execução orçamentária, foi de R$ 2,35 bilhões. Dessa forma,
com Resultado Primário obtido sendo superior a meta estipulada na LDO (deficitária em
R$ 1,31 bilhão), não foi necessário o contingenciamento dos poderes.

279
No decorrer do exercício de 2020, a evolução da receita primária (exceto as
intraorçamentárias), com R$ 45,66 bilhões, foi superior a previsão inicialmente orçada no
Decreto nº 54.983/2020 de R$ 43,76 bilhões. A diferença foi ocasionada principalmente
pelas parcelas do auxílio emergencial da LC nº 173/2020.
As despesas primárias empenhadas, no total de R$ 47,85 bilhões
(excetuadas as intraorçamentárias) ficaram abaixo das previsões iniciais, que eram de
R$ 50,01 bilhões. Houve queda nos grupos de Pessoal e Encargos Sociais e Dívida, mas o
impacto mais relevante foi a Reserva de Contingência, na qual foi orçado o valor de R$
1,89 bilhão e não houve execução.
Chama-se atenção ao fato dos relatórios de execução orçamentário dos
bimestres ao longo do ano terem sempre demonstrado ser necessário um alto
contingenciamento aos poderes, mesmo com o resultado primário sendo executado
acima da meta estipulada.

CONTINGENCIAMENTO REQUERIDO AO LONGO DO ANO


Em R$ milhões nominais
DECRETO ESTADUAL Nº 54.983/2020
RECEITA PRIMÁRIA TOTAL DESPESAS PRIMÁRIA TOTAL CONTINGENTE RESULTADO PRIMÁRIO
1º Bimestre 9.980,6 10.028,6 86,6 38,5
2º Bimestre 9.686,9 10.065,5 86,6 -292,1
3º Bimestre 9.835,3 10.410,1 86,6 -488,2
4º Bimestre 9.083,4 9.882,7 86,6 -712,7
5º Bimestre 9.769,5 10.482,1 86,6 -626,0
6º Bimestre 11.684,0 10.998,7 86,6 771,9
TOTAL 60.039,7 61.867,7 519,4 -1.308,6

REPROGRAMADO*
RECEITA PRIMÁRIA TOTAL DESPESAS PRIMÁRIA TOTAL CONTINGENTE RESULTADO PRIMÁRIO
1º Bimestre 9.980,6 10.028,6 86,6 38,5
2º Bimestre 10.019,3 10.292,8 98,8 -174,8
3º Bimestre 8.757,2 11.049,8 523,0 -1.769,6
4º Bimestre 10.507,5 11.217,8 883,2 172,9
5º Bimestre 10.261,6 12.583,9 1.258,6 -1.063,7
6º Bimestre 11.153,3 15.807,8 1.275,3 -3.379,2
TOTAL 61.287,0 63.870,9 1.275,3 -1.308,6

EXECUTADO
RECEITA PRIMÁRIA TOTAL DESPESAS PRIMÁRIA TOTAL CONTINGENTE RESULTADO PRIMÁRIO
1º Bimestre 10.536,2 11.317,8 - -781,6
2º Bimestre 9.150,1 9.282,3 - -132,2
3º Bimestre 8.575,5 8.955,7 - -380,1
4º Bimestre 11.106,6 9.544,6 - 1.562,0
5º Bimestre 10.765,2 10.444,9 - 320,3
6º Bimestre 12.409,5 10.648,7 - 1.760,8
TOTAL 62.543,2 60.194,0 - 2.349,2
Fonte: Relatórios de Execução Orçamentária bimestrais, elaborados pelo Tesouro do Estado, Decrteo Estadual nº 54.983,2020 e sistema Cubos/DW
Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG
*O valor reprogramado é aquele constante no relatório do bimestre anterior, bem como a soma total é a prevista no relatório do 6º bimestre/2020.

Verifica-se, ao longo do ano, uma reprogramação das despesas primárias


total sempre superior ao executado, como se pode observar no 6º bimestre/2020, por
exemplo. No decreto, a previsão inicial era de R$ 11,00 bilhões, ao passo que no bimestre
anterior (5º bimestre), o Tesouro do Estado reprogramou a previsão para R$ 15,81
bilhões, ou seja, 43,7% superior ao valor original. Quando na execução, o valor

280
empenhado foi de R$ 10,65, inferior inclusive ao valor do decreto. Em diversos meses
pode se observar discrepâncias, em especial nos três últimos bimestres.
A consequência de uma previsão errônea, conforme já comentado, são
limitações de empenho desnecessárias. A cada bimestre, foi solicitado contingenciamento
aos poderes, embora o cenário não demonstrasse, muitas vezes, essa necessidade.
Apresenta-se a seguir os contingenciamentos requeridos aos poderes ao
longo de 2020:

CONTINGENCIAMENTO REQUERIDO EM 2020 (BIMESTRALMENTE)


Em R$ milhões (nominais)
1º Bimestre 2º Bimestre 3º Bimestre 4º Bimestre 5º Bimestre
Poder Executivo 423.508 1.795.596 2.276.934 2.164.331 1.098.417
Poder Judiciário 40.239 169.562 213.138 201.693 101.856
Assembleia Legislativa 7.231 30.472 38.303 36.308 18.444
Tribunal de Contas 6.192 26.069 32.712 30.955 15.632
Ministério Público 12.196 51.491 65.093 61.539 29.674
Defensoria Pública 4.450 18.750 23.563 22.297 11.267
TOTAL 493.816 2.091.940 2.649.743 2.517.123 1.275.290
Fonte: Relatório de Execução Orçamentária elaborado pelo Tesouro do Estado..
Cálculos: Equipe Técnica do TCE/RS.

Conforme já comentado, mesmo em um cenário indicando não haver


necessidade de contingenciamento, o Governo do Estado seguiu calculando altos valores
a serem contingenciáveis. Ao analisarmos o relatório do 5º bimestre/2020, nota-se uma
solicitação de contingenciamento de 1,28 bilhão aos poderes, o que representa 637,7
milhões por mês (novembro e dezembro de 2020). Ao comparar com o comentado
anteriormente, no último bimestre houve excesso na previsão da despesa primária total,
pois a reprogramação indicou uma execução de R$ 15,81 bilhões, contra R$ 11,00 bilhões
previstos no decreto e R$ 10,65 bilhões executados. Há uma discrepância muito grande, a
qual pode gerar contingenciamentos desnecessários, prejudicando a programação
orçamentária dos poderes.
Importante também referir a edição da Lei Complementar nº 173/20.
Houve a flexibilização de alguns dispositivos da LRF, conforme nova redação do artigo 65
(comentado no início do presente capítulo). De acordo com a nova redação, caso se
verifique a possibilidade de descumprimento das metas de resultado primário ou
nominal, os entes ficam dispensados da limitação de empenho e movimentação
financeira (art. 9º da LRF). Ou seja, mesmo que identificada a necessidade de
contingenciamento, os poderes estão dispensados desta limitação enquanto perdurar o
estado de calamidade imposto pela pandemia do Covid-19.
Quando ocorreu a entrega na Assembleia Legislativa do projeto da LDO
2021, houve um acordo entre os chefes de Poderes, os quais assinaram um documento
com o compromisso de contingenciar R$ 205,0 milhões em 2020. A Assembleia Legislativa
comprometeu-se a devolver valores de seu orçamento, o valor não está considerado no
referido anteriormente. Os valores devolvidos pelos poderes serviriam como ajuda ao
combate à pandemia do Covid-19.
Em consulta ao sistema Finanças Públicas Estaduais – FPE, verificou-se o
seguinte contingenciamento já efetuado pelos poderes:

281
CONTINGENCIAMENTO EFETUADO PELOS PODERES
Em R$ milhões (nominais)
PODER/ÓRGÃO VALOR
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO 22,2
TRIBUNAL DE JUSTIÇA 120,1
JUSTIÇA MILITAR DO ESTADO 1,2
MINISTÉRIO PÚBLICO 44,7
DEFENSORIA PÚBLICA 15,7
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA* 43,8
TOTAL 247,7
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW
*A Assembleia Legislativa devolveu valores ao Executivo, conforme consulta realizada no FPE (transferência de numerário).

Destaca-se que os valores contingenciados pelo poderes, em ato próprio,


não constaram nos relatório de execução orçamentária, elaborados bimestralmente pelo
Tesouro do Estado.

5.3 – Plano de Ação para o Equilíbrio Fiscal


Conforme relatado nos itens anteriores, o Estado do Rio Grande do Sul
passa por uma profunda crise nas finanças públicas, com resultados primários negativos
nos últimos anos, aumento do saldo da dívida pública e aumento na insuficiência
financeira.
A apresentação de um plano para equilíbrio fiscal pelo Estado vem sendo
solicitada nos últimos relatórios, tendo em vista a Promoção MPC nº 306/2016, acolhida
parcialmente pelo Conselheiro-Relator das Contas do Governador de 2016. A solicitação
acabou não sendo atendida integralmente.
No Relatório e Parecer Prévio das Contas do Governador de 2019, foi
solicitada a apresentação de um plano por parte do Poder Executivo, o qual novamente
não o fez. Em seu voto, o Pleno desta Corte de Contas decidiu pela recomendação ao
gestor estadual quanto à apresentação de um plano que demonstre a busca pelo
equilíbrio fiscal do Rio Grande do Sul. O assunto seguirá, dessa forma, sendo
acompanhado por esta área técnica.

5.3.1 – Regime de Recuperação Fiscal


O Regime de Recuperação Fiscal (RRF) foi instituído pela Lei Complementar
nº 159/2017 como forma de reequilibrar as contas dos estados, promovendo a
readequação do fluxo de caixa no curto prazo, com contrapartidas que garantam o
equilíbrio fiscal do ente no médio prazo. A LC 159/2017 foi regulamentada pelo Decreto
nº 9.109/2017.
Em janeiro de 2021, foi promulgada a Lei Complementar nº 178/2021, a
qual trouxe importantes modificações no RRF. Apresenta-se a seguir os principais
aspectos do regime, já atualizados com a nova legislação.
Os requisitos de entrada exigidos para a adesão ao Regime de Recuperação
Fiscal são os seguintes:

282
a) Receita Corrente Líquida - RCL anual do estado menor do
que a Dívida Consolidada - DC ao final do exercício;
b) Despesas Correntes superiores em 95% a RCL, ou Despesa
com Pessoal no mínimo de 60% da RCL, com aferição sempre no
exercício anterior ao pedido de ingresso no regime;
c) Valor total de obrigações superior às disponibilidades de
caixa de recursos livres.

Anteriormente, o requisito “b” exigia que o somatório das despesas com


pessoal, juros e amortizações fosse igual ou maior que 70% da RCL. Por este fato, as
tentativas anteriores de ingressos no regime pelo Rio Grande do Sul foram frustradas.
O Estado tentou alegar que os dados do SICONFI são lançados conforme
entendimentos firmados pelo Tribunal de Contas do Estado, os quais são divergentes aos
dispostos no Manual de Demonstrativos Fiscais - MDF da STN. Caso os dados fossem
lançados à luz do MDF, o Estado atingiria o mínimo exigido, estando habilitado à adesão
ao regime. A STN negou o pedido em todas as oportunidades.
Considerando a alteração da exigência, simula-se o cenário para o Rio
Grande do Sul, no caso de adesão ao regime em 2021, com os valores de 2020 que serão
considerados:

CRITÉRIOS DE ADESÃO AO RRF EM 2021


Em R$ milhões (nominais)
CRITÉRIOS DE ADESÃO VALOR
Receita Corrente Líquida 42.073,5
Dívida Consolidada Líquida 93.262,9
95% da Receita Corrente Líquida 39.969,8
Despesas Correntes Empenhadas 61.821,9
Despesas Correntes Liquidadas 61.147,2
Despesas Correntes Pagas 60.268,0
Despesas Correntes Empenhadas (Exceto intraorçamentárias) 45.110,4
Despesas Correntes Liquidadas (Exceto intraorçamentárias) 44.438,8
Despesas Correntes Pagas (Exceto intraorçamentárias) 43.380,0
Despesa com Pessoal 20.893,5
Disponibilidade de Caixa de Recursos Livres (29.962,6)
Fonte: Sistema Cubos\DW
Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG

De acordo com o critério “a”, a RCL (R$ 42,07 bilhões) deverá ser menor
que a DCL (R$ 93,26 bilhões), o que foi atingido pelo RS em 2020, considerando-se o
requisito cumprido.
Já o requisito “b” determina que as despesas correntes devam ser
superiores que 95% da RCL ou a despesa com pessoal deverá ser acima de 60% da RCL. A
despesa com pessoal (R$ 20,89 bilhões) representa 49,66%, não sendo suficiente para
cumprir o requisito. Porém, na outra hipótese, as despesas correntes (R$ 61,82 bilhões)
são superiores a 95% da RCL (R$ 39,97 bilhões). A lei é omissa quanto ao estágio da
despesa (empenhada, liquidada ou paga) bem como ao cômputo das despesas
intraorçamentárias ou não. Espera-se que a STN divulgue um manual com os critérios
explicados. Porém, mesmo considerando o valor mais baixo para as despesas correntes,

283
que seriam as despesas correntes pagas sem considerar as intraorçamentárias (R$ 43,38
bilhões), o requisito é cumprido, tornando o Estado apto a aderir ao regime.
Por fim, o requisito “c” também é cumprido, pois as disponibilidades de
caixa do Estado, considerando os recursos livres, foram de R$ 29,96 bilhões negativos ao
final de 2020, ficando dessa forma abaixo das obrigações do Estado (mesmo que essas
fossem zero, o que não é o caso).
As principais consequências da adesão ao regime estão elencadas no artigo
2º da LC nº 159/2017, com as alterações da LC nº 178/2021:

art. 2º O Plano de Recuperação Fiscal será formado por leis ou atos normativos
do Estado que desejar aderir ao Regime de Recuperação Fiscal, por diagnóstico
em que se reconhece a situação de desequilíbrio financeiro, por metas e com-
promissos e pelo detalhamento das medidas de ajuste, com os impactos espe-
rados e os prazos para a sua adoção. (Redação dada pela Lei Complementar nº
178, de 2021)
§ 1º Das leis ou atos referidos no caput deverá decorrer, observados os termos
do regulamento, a implementação das seguintes medidas: (Redação dada pela
Lei Complementar nº 178, de 2021)
I - a alienação total ou parcial de participação societária, com ou sem perda do
controle, de empresas públicas ou sociedades de economia mista, ou a conces-
são de serviços e ativos, ou a liquidação ou extinção dessas empresas, para qui-
tação de passivos com os recursos arrecadados, observado o disposto no art. 44
da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000; (Redação dada pela Lei
Complementar nº 178, de 2021)
II - a adoção pelo Regime Próprio de Previdência Social, no que couber, das re-
gras previdenciárias aplicáveis aos servidores públicos da União; (Redação
dada pela Lei Complementar nº 178, de 2021)
III - a redução de pelo menos 20% (vinte por cento) dos incentivos e benefícios
fiscais ou financeiro-fiscais dos quais decorram renúncias de receitas, observa-
do o § 3º deste artigo; (Redação dada pela Lei Complementar nº 178, de 2021)
IV - a revisão dos regimes jurídicos de servidores da administração pública dire-
ta, autárquica e fundacional para reduzir benefícios ou vantagens não previstos
no regime jurídico único dos servidores públicos da União; (Redação dada pe-
la Lei Complementar nº 178, de 2021)
V - a instituição de regras e mecanismos para limitar o crescimento anual das
despesas primárias à variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Am-
plo (IPCA); (Redação dada pela Lei Complementar nº 178, de 2021)
VI - a realização de leilões de pagamento, nos quais será adotado o critério de
julgamento por maior desconto, para fins de prioridade na quitação de obriga-
ções inscritas em restos a pagar ou inadimplidas, e a autorização para o paga-
mento parcelado destas obrigações; (Redação dada pela Lei Complementar nº
178, de 2021)
VII - a adoção de gestão financeira centralizada no âmbito do Poder Executivo
do ente, cabendo a este estabelecer para a administração direta, indireta e fun-
dacional e empresas estatais dependentes as condições para o recebimento e a
movimentação dos recursos financeiros, inclusive a destinação dos saldos não
utilizados quando do encerramento do exercício, observadas as restrições a es-
sa centralização estabelecidas em regras e leis federais e em instrumentos con-
tratuais preexistentes; (Redação dada pela Lei Complementar nº 178, de
2021)
VIII - a instituição do regime de previdência complementar a que se referem
os §§ 14, 15 e 16 do art. 40 da Constituição Federal. (Incluído pela Lei Com-
plementar nº 178, de 2021)

284
Ainda quanto ao Regime de Recuperação Fiscal, no mês de novembro de
2018, em cumprimento à determinação do processo 465-0200/17-1 – representação do
MPC nº 3/2017, o Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul determinou a
abertura de Inspeção Especial (processo nº 14635-0200/18-6), abrangendo os períodos
de 2017 e 2018, junto a Secretaria da Fazenda do RS para acompanhamento das
negociações do Estado do RS junto à STN para adesão ao regime de recuperação fiscal.
Considerando que o Estado ainda não aderiu ao regime, a Inspeção foi ampliada para
contemplar o período de 2017 a 2020, considerando a Promoção MPC nº 18/2020.
Considerando um futuro acordo e possível adesão do Estado ao regime, os
procedimentos e os impactos relacionados com a matéria deverão ser acompanhados por
este Tribunal de Contas.

5.4 – Conclusões
No que concerne às normas de finanças públicas voltadas para a
Responsabilidade na Gestão Fiscal, estabelecidas na Lei Complementar n° 101/2000, com
amparo no Capítulo II do Título VI da Constituição Federal, e nas Resoluções do Senado
Federal nºs 40/2001 e 43/2001, verifica-se que o Poder Executivo, em 2020:
1) Procedeu à publicação e à entrega da documentação prevista na
LC n° 101/2000, na Resolução nº 1089/2018 e na Instrução Normativa nº 04/2018 dentro
dos prazos e condições.
2) Atendeu aos limites legal (49%), prudencial (46,55%) e de alerta
(44,10%), previstos nos artigos 20, inciso II, alínea “c”, 22 e 59, § 1º, II, combinado com o
art. 20, II, “c”, da LC nº 101/200, para as despesas com pessoal, alcançando 42,49% da
receita corrente líquida.
3) Apresentou insuficiência financeira de R$ 29,96 bilhões nos recursos
livres, a qual, considerada a atualização monetária, foi inferior em 6,9% àquela
apresentada em 2019, de R$ 32,18 bilhões. Apesar da melhora apresentada, resta ainda
uma elevada insuficiência financeira. Entende-se razoável que a busca pelo equilíbrio
financeiro, nos termos do § 1º do art. 1º da LC nº 101/2000, deva ser avaliada no seu
encerramento, em 31-12-2022, quando se espera que a insuficiência financeira
apresentada não seja maior do que aquela recebida da gestão anterior, que se encerrou
em 31-12-2018.
4) Encontra-se com 21,81 pontos percentuais acima da meta da dívida
consolidada líquida, fixada em 200% da receita corrente líquida para o final do exercício
de 2019 (art. 3º, inciso I, da Resolução nº 40/2001), tendo sido o gestor alertado nos
termos do inciso III do § 1º do art. 59 da LRF. Entretanto, a LC nº 173/20 suspendeu os
prazos para readequação ao limite, enquanto durar a situação de calamidade pública
causada pela Covid-19.
Enquanto perdurar a irregularidade, o Ente fica impossibilitado de
contratar operação de crédito e, se não readequado ao limite após o final do terceiro
quadrimestre, ficará impedido também de receber transferências voluntárias da União.
Em julho de 2017, o Estado conseguiu liminar junto ao Supremo Tribunal Federal que
permitiu a suspensão do pagamento da dívida junto à União como antecipação do
Regime de Recuperação Fiscal, e que prevê o não pagamento da dívida por três anos
prorrogáveis por igual período.

285
5) Atendeu aos limites previstos para as Operações de Crédito e Concessão
de Garantias e Contragarantias, dispostos nos arts. 7º, inciso I, 9º e 10 da Resolução do
Senado Federal nº 43/2001.
6) Cumpriu com a “Regra de Ouro” ditada pelo inciso III do art. 167 da
Constituição Federal, segundo demonstrativo exigido pela LC nº 101/2000 (art. 53, § 1º,
inciso I), uma vez que a receita de Operações de Crédito, de R$ 24,9 milhões, foi inferior à
Despesa de Capital, com R$ 2,74 bilhões.
7) Atendeu ao art. 44 da LC nº 101/2000, concluindo-se que a aplicação de
recursos provenientes da alienação de ativos não foi para o financiamento de despesas
correntes. O ingresso de receita, somado ao saldo anterior, alcançou R$ 1,42 bilhão e a
aplicação em despesas de capital foi no total de R$ 774,9 milhões, restando, ao final de
2020, um saldo acumulado não empenhado de R$ 645,8 milhões, proveniente de
recursos de alienação de ativos de vários exercícios.
8) Apresentou resultado previdenciário negativo de R$ 9,94 bilhões, no
plano financeiro (antigos servidores), representando uma melhora de 17,5% em relação
ao saldo nominal do ano anterior. No regime de capitalização – Fundoprev, instituído a
partir de 18-07-2011, o resultado foi superavitário em R$ 579,9 milhões, com uma queda
nominal de 31,9% em relação a 2019. A melhora no plano financeira deve-se a reforma
previdenciária, com aumento de alíquotas e contribuições de inativos e pensionistas que
recebem abaixo do teto do regime geral.
Em 18-08-2016, entrou em funcionamento o Regime de Previdência
Complementar – RPC. As aposentadorias e pensões serão limitadas ao teto do Regime
Geral de Previdência Social – RGPS, podendo-se aderir ao plano oferecido pela Fundação
de Previdência Complementar –RS-Prev, para fins de complementação do benefício. No
longo prazo, o Fundoprev arcará com aposentadorias e pensões limitadas ao teto do
RGPS, o que contribuirá para o equilíbrio atuarial do fundo e desonerará o Estado de
realizar aportes.
9) Apresentou resultado primário de R$ 2,86 bilhões, acima da meta
estabelecida na LDO de R$ 701,1 milhões deficitários. O resultado nominal foi de
R$ 4,01 bilhões, ficando acima da meta máxima de R$ 1,32 bilhão, permitida para o
crescimento da Dívida Fiscal Líquida.
O bom resultado foi consequência dos repasses recebidos pelo Estado da
União para combate a pandemia da Covid-19, bem como as reformas previdenciárias e
administrativas, dentre outros.
As Metas Fiscais representam os resultados a serem alcançados para
variáveis fiscais, visando atingir os objetivos desejados pelo ente da Federação quanto à
trajetória de endividamento no médio prazo. Pelo princípio da gestão fiscal responsável,
as metas representam a conexão entre o planejamento, a elaboração e a execução do
orçamento. Esses parâmetros indicam os rumos da condução da política fiscal para os
próximos exercícios e servem de indicadores para a promoção da limitação de empenho e
de movimentação financeira.
Nada impede a promoção de modificações na LDO em curso, visando, por
exemplo, à reformulação das metas fixadas em meados do ano anterior, em virtude de
fatos supervenientes, justificados pelo Poder Executivo, e com a devida aprovação do
Legislativo.

286
10) Cumpriu com o estabelecido nos artigos 8º e 13º da LRF, relativamente
à elaboração da programação financeira, cronograma de execução mensal de desembolso
e metas bimestrais de arrecadação, indispensáveis ao acompanhamento das limitações
de empenhos, necessários à obtenção da meta de Resultado Primário, nos termos do art.
9º da LRF. Embora tenha sido requeridos contingenciamentos ao longo do exercício, o
resultado primário acima da meta estabelecida comprovou que não havia necessidade de
limitação de empenhos. Também a LC nº 173/2020, conforme já comentado, dispensou o
contingenciamento enquanto perdurar o estado de calamidade pública.
11) O Estado está em negociação com a Secretaria do Tesouro Nacional
para aderir ao Regime de Recuperação Fiscal (LC 159/2017). Com as mudanças verificadas
pela LC nº 178/2021, o Estado encontra-se apto à adesão no ano de 2021.
Após um futuro acordo e possível adesão do Estado ao RRF, os
procedimentos e os impactos relacionados com a matéria deverão ser acompanhados por
este Tribunal de Contas.
De todo o exposto (nos itens 1 a 11, destas Conclusões), dentre os
indicadores que medem a responsabilidade na gestão fiscal, objetivando prevenir riscos e
corrigir desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, constatou-se o
atendimento das metas relacionadas à entrega e publicação de relatórios fiscais,
despesas com pessoal, ao equilíbrio financeiro, às operações de crédito, concessões de
garantias, alienação de ativos, regra de ouro e meta do resultado primário
Todavia, o não atendimento das metas da dívida consolidada líquida e de
resultado nominal, merecem justificativas do Governador do Estado.

287
6 GESTÃO PATRIMONIAL E FINANCEIRA
O Balanço Patrimonial é a demonstração contábil destinada a evidenciar,
qualitativa e quantitativamente, a situação patrimonial da entidade pública, por meio de
contas representativas do patrimônio público, além das contas de compensação.
O processo de convergência da contabilidade pública aos padrões
internacionais, cujo protagonismo no Brasil está a cargo do Conselho Federal de
Contabilidade - CFC, conforme acordo firmado com a Federação Internacional dos
Contadores – IFAC, tem na Secretaria do Tesouro Nacional – STN, o papel de consolidar e
normatizar as regras gerais.
Destaca-se a aprovação da Portaria STN nº 548/2015, a qual, em anexo,
determinou que o Plano de Implantação dos Processos Contábeis Patrimoniais – PIPCP
deve ser atendido pelo setor público de acordo com os prazos estabelecidos. Segundo a
Contadoria e Auditoria-Geral do Estado – CAGE, o Rio Grande do Sul está atendendo aos
prazos, estando, em alguns pontos, em fase adiantada, conforme demonstra a tabela a
seguir:

Estágio atual
Obrigatoriedade dos de Implanta-
PCP (de acordo com as regras das NBC TSP e do MCASP vigentes) registros contábeis ção no Estado
(a partir de) do Rio Gran-
de do Sul
Reconhecimento, mensuração e evidenciação da Dívida Ativa, tributária e Implan-
1 Imediato
não-tributária, e respectivo ajuste para perdas. tado
Reconhecimento, mensuração e evidenciação da provisão atuarial do Implan-
2 Imediato
regime próprio de previdência dos servidores públicos civis e militares. tado
Reconhecimento, mensuração e evidenciação das obrigações com forne- Implan-
3 01/01/2016
cedores por competência. tado
Reconhecimento, mensuração e evidenciação dos demais créditos a rece-
Parcial-
ber, (exceto créditos tributários, previdenciários e de contribuições a
4 01/01/2017 mente
receber), bem como dos respectivos encargos, multas e ajustes para
atendido
perdas.
Reconhecimento, mensuração e evidenciação das obrigações por compe-
Implan-
5 tência decorrentes de benefícios a empregados (ex.: 13º salário, férias , 01/01/2017
tado
etc.).
Reconhecimento, mensuração e evidenciação das provisões por compe- Implan-
6 01/01/2019
tência. tado
Evidenciação de ativos e passivos contingentes em contas de controle e Implan-
7 01/01/2019
em notas explicativas. tado
Reconhecimento, mensuração e evidenciação dos bens móveis e imóveis;
Parcial-
respectiva depreciação, amortização ou exaustão; reavaliação e redução
8 01/01/2019 mente
ao valor recuperável (exceto bens do patrimônio cultural e de infraestru-
atendido
tura).
Reconhecimento, mensuração e evidenciação das obrigações por compe-
Implan-
9 tência decorrentes de empréstimos, financiamentos e dívidas contratuais 01/01/2019
tado
e mobiliárias.
1 Reconhecimento, mensuração e evidenciação dos investimentos perma- Implan-
01/01/2019
0 nentes, e respetivos ajustes para perdas e redução ao valor recuperável. tado
1 Reconhecimento, mensuração e evidenciação dos créditos oriundos de Implan-
01/01/2020
1 receitas tributárias e de contribuições (exceto créditos previdenciários), tado

289
Estágio atual
Obrigatoriedade dos de Implanta-
PCP (de acordo com as regras das NBC TSP e do MCASP vigentes) registros contábeis ção no Estado
(a partir de) do Rio Gran-
de do Sul
bem como dos respectivos encargos, multas, ajustes para perdas e regis-
tro de obrigações relacionadas à repartição de receitas.
Parcial-
1 Reconhecimento, mensuração e evidenciação dos créditos previdenciá- mente
01/01/2020
2 rios, bem como dos respectivos encargos, multas, ajustes para perdas. Atendi-
do
Reconhecimento, mensuração e evidenciação de softwares, marcas,
1 Imple-
patentes, licenças e congêneres, classificados como intangíveis e eventu- 01/01/2020
3 mentado
ais amortizações, reavaliação e redução ao valor recuperável.
Em im-
plemen-
1 ta-
Reconhecimento, mensuração e evidenciação dos estoques. 01/01/2021 ção/Parci
4
almente
Atendido
Planeja-
Reconhecimento, mensuração e evidenciação dos bens de infraestrutura; mento
1
respectiva depreciação, amortização ou exaustão; reavaliação e redução 01/01/2022
5 GTCON
ao valor recuperável.
RS
Reconhecimento, mensuração e evidenciação dos bens do patrimônio Planeja-
1 cultural; respectiva depreciação, amortização ou exaustão; reavaliação e mento
01/01/2022
6 redução ao valor recuperável (quando passível de registro segundo IPSAS, GTCON
NBC TSP e MCASP). RS
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020 p. 70 e 71
Legendas:
Implantado: O procedimento encontra-se implementado e alinhado às regras estabelecidas nas NBC TSP e no MCASP vigentes.
Em Implantação: Os normativos e/ou os guias de lançamentos contábeis foram expedidos e estão alinhados às regras estabelecidas nas NBC TSP e no
MCASP. Os procedimentos foram iniciados em 01/01/2019.
Iniciado: Estudos foram iniciados e foi aberto expediente administrativo próprio para tratar do assunto.
Não iniciado: Estudos não foram iniciados.
Parcialmente Atendido: Os procedimentos contábeis atualmente adotados estão consideravelmente aproximados do estabelecido nas NBC TSP e no
MCASP. Ajustes necessários serão realizados dentro do prazo estabelecido na Portaria.

Apresenta-se, a seguir, o Balanço Patrimonial Consolidado da


Administração Direta e Indireta, considerando que a consolidação das contas públicas
está prevista no parágrafo único do art. 110 da Lei nº 4.320/64 e no inciso III do art. 50 da
Lei de Responsabilidade Fiscal.
A composição do Balanço Patrimonial Consolidado da Administração
Pública Estadual, nos encerramentos dos exercícios de 2019 e de 2020, está assim
representada:

BALANÇO PATRIMONIAL CONSOLIDADO


Em R$ milhões (nominais)
ATIVO PASSIVO
Especificação 2019 2020 Especificação 2019 2020
1.1. Ativo Circulante 20.759,2 18.656,5 2.1. Passivo Circulante 38.246,2 31.921,8
1.1.1. Caixa e Equivalentes
3.027,2 4.294,2 2.1.1. Obrig. Trab., Prev. e Assist. 3.663,6 2.681,9
de Caixa
1.1.2. Créditos a Curto 10.406,5 10.045,4 2.1.2. Empréstimos e 10.077,1 12.482,6

290
BALANÇO PATRIMONIAL CONSOLIDADO
Em R$ milhões (nominais)
ATIVO PASSIVO
Especificação 2019 2020 Especificação 2019 2020
Prazo Financiamentos
1.1.3. Demais Créditos e 2.13. Fornecedores e Contas a
4.294,8 659,1 2.123,6 2.043,6
Valores Pagar
1.1.4. Investimentos e 2.1.4. Obrigações Fiscais a Curto
2.732,2 3.203,9 64,5 104,7
Aplicações Temp. Prazo
1.1.5. Estoques 265,9 421,2 2.1.5. Transferências Fiscais 0,3 0,0
1.1.6. Imobilizado mantido
32,6 32,6 2.1.7. Provisões a Curto Prazo 6.788,3 336,8
para venda
2.1.8. Demais Obrigações a Curto
15.528,7 14.272,2
Prazo
1.2. Ativo Não Circulante 42.060,6 43.901,3 2.2. Passivo Não Circulante 92.841,3 270.339,6
1.2.1. Ativo Realizável a
19.627,2 19.243,4 2.2.1. Obrig. Trab., Prev. e Assist. 10.059,5 10.348,0
Longo Prazo
2.2.2. Empréstimos e
1.2.2. Investimentos 12.124,2 13.794,7 66.935,5 68.676,8
Financiamentos
2.2.3. Fornecedores e Contas a
1.2.3. Imobilizado 10.262,3 10.783,4 1.929,1 1.556,0
Pagar
2.2.4. Obrigações Fiscais a Longo
1.2.4. Intangível 46,9 79,9 163,4 105,2
Prazo
2.2.7. Provisões a Longo Prazo 13.310,3 189.196,2
2.2.9. Resultado Diferido 443,5 457,4
TOTAL PASSIVO 131.087,4 302.261,4
2.3. Patrimônio Líquido (68.267,6) (239.703,6)
TOTAL 62.819,8 62.557,8 TOTAL 62.819,8 62.557,8
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020 (Volume I)

A partir do exercício de 2019, foi modificada a política contábil relacionada


à apresentação das disponibilidades financeiras centralizadas no Sistema Integrado de
Administração de Caixa (SIAC). Assim, o saldo do SIAC está considerado, na tabela acima,
pelo valor líquido, deduzindo-se os valores resgatados pelo Tesouro do Estado que estão
registrados no passivo.

6.1 – Ativo
O Ativo compreende os recursos controlados pela entidade como resultado
de eventos passados e do qual se espera benefícios econômicos futuros ou potencial do
serviço. O Ativo é segregado em dois grupos: Circulante e Não Circulante.
São classificados como Ativo Circulante, quando atenderem a um dos
critérios: (i) estiverem disponíveis para realização imediata; ou (ii) tiverem a expectativa
de realização até 12 meses após a data das demonstrações contábeis.
São classificados como Ativo Não Circulante, quando realizáveis após 12
meses seguintes à data da publicação das demonstrações contábeis.

ATIVO
Em R$ milhões (nominais)
2019 2020 2020
Especificação
R$ % R$ % Var. 20/19
1.1. Ativo Circulante 20.759,2 33,0% 18.656,5 29,8% -10,1%
1.1.1. Caixa e Equivalentes de Caixa 3.027,2 4,8% 4.294,2 6,9% 41,9%

291
ATIVO
Em R$ milhões (nominais)
Especificação 2019 2020 2020
1.1.2. Créditos a Curto Prazo 10.406,5 16,6% 10.045,4 16,1% -3,5%
1.1.3. Demais Créditos e Valores 4.294,8 6,8% 659,1 1,1% -84,7%
1.1.4. Investimentos e Aplicações Temp. 2.732,2 4,3% 3.203,9 5,1% 17,3%
1.1.5. Estoques 265,9 0,4% 421,2 0,7% 58,4%
1.1.6. Imobilizado mantido para venda 32,6 0,1% 32,6 0,1% 0,0%

1.2. Ativo Não Circulante 42.060,6 67,0% 43.901,3 70,2% 4,4%


1.2.1. Ativo Realizável a Longo Prazo 19.627,2 31,2% 19.243,4 30,8% -2,0%
1.2.2. Investimentos 12.124,2 19,3% 13.794,7 22,1% 13,8%
1.2.3. Imobilizado 10.262,3 16,3% 10.783,4 17,2% 5,1%
1.2.4. Intangível 46,9 0,1% 79,9 0,1% 70,5%
TOTAL 62.819,8 100,0% 62.557,8 100,0% -0,4%
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020 (Volume I)

O Ativo da Administração Pública Estadual, no exercício de 2020, alcançou


o valor de R$ 62.56 bilhões (R$ 62,82 bilhões em 2019), sendo composto de
R$ 18,66 bilhões (R$ 20,76 bilhões em 2019) por Ativo Circulante e R$ 43,90 bilhões
(R$ 42,01 bilhões em 2019) por Ativo Não Circulante.

6.1.1 – Caixa e Equivalentes de Caixa


Este grupo compreende o somatório dos recursos com livre movimentação
do Estado, considerando os valores em caixa e em bancos, bem como equivalentes.
Conforme já mencionado, o saldo do SIAC é considerado nos valores apresentados em
valores líquidos, já descontados os resgates efetuados pelo Tesouro.

CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA - 2020


Em R$ milhões (nominais)
%
TÍTULO 2019 % 2020 %
2019/2018
Caixa e Equivalente de Caixa (SIAC) 39,5 1,3 721,2 16,8 1723,6
Banco Conta Movimento 1.798,6 59,4 266,2 6,2 -85,2
Aplicações Financeiras de Liquidez Imediata (Recursos
15,5 0,5 18,5 0,4 19,3
Livres)
Aplicações Financeiras de Liquidez Imediata (Recursos
857,0 28,3 2.811,7 65,5 228,1
Vinculados)
Aplicações Fundo da Saúde 88,4 2,9 237,0 5,5 168,2
Rede Bancária – Arrecadação 177,6 5,9 197,9 4,6 11,4
RPPS 50,4 1,7 41,6 1,0 -17,4
TOTAL 3.027,2 100,0 4.294,2 100,0 41,9
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020 E Sistema Cubos/DW
Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG

O valor total do grupo Caixa e Equivalentes de Caixa do Estado, ao final de


2020, era de R$ 4,29 bilhões, representando um aumento de 41,9% em relação ao
exercício anterior (R$ 3,03 bilhões). A conta mais representativa do grupo, em 2020,
foram as aplicações financeiras de liquidez imediata dos recursos vinculados, que
representou 65,5% do total (R$ 2,81 bilhões).

292
As variações mais significativas ocorreram nas seguintes contas: SIAC
(aumento de R$ 681,7 milhões), Banco Conta Movimento (redução de R$ 1,53 bilhão) e
Aplicações Financeiras de Recursos Vinculados (aumento de R$ 1,95 bilhão).
A variação do SIAC será detalhada no item a seguir. Quanto às outras duas
contas, houve uma transferência de saldos do Poder Judiciário, de valores que estavam
em contas bancárias e foram movimentados para aplicações financeiras.

6.1.1.1 – Sistema Integrado de Administração de Caixa – SIAC


O Sistema Integrado de Administração de Caixa - SIAC, originalmente
instituído pelo Decreto nº 33.959, de 31-05-1991, representa a centralização, em conta
única, de todas as disponibilidades dos órgãos da Administração Direta e Indireta.
Inicialmente, a concentração de valores em uma só conta tinha como
objetivo reduzir a necessidade da busca de financiamento junto às instituições
financeiras. Nos últimos anos, porém, a principal finalidade passou a ser a de suprir as
deficiências de caixa do Estado para o cumprimento dos seus programas. Assim, as contas
bancárias livres e vinculadas do Estado e as contas “centralizadoras” de cada órgão, fundo
ou entidade, mantidas no Banrisul foram cadastradas no SIAC, sendo seus saldos
transferidos para uma conta específica no banco, denominada “Conta Única”. Quando da
necessidade de se efetuar um pagamento, cujos recursos correspondentes estão
aplicados no sistema, ocorre a transferência do valor para a respectiva conta
centralizadora do SIAC e desta para a conta pagamento de cada órgão, fundo ou
entidade.

6.1.1.1.1 – Registros Contábeis e a Movimentação Bancária do SIAC


Para melhor visualização, extraíram-se do Balanço Patrimonial da
Administração Direta do Estado os saldos das contas referentes ao SIAC nos exercícios de
2019 e 2020.

SISTEMA INTEGRADO DE ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA – CONTAS CONTÁBEIS


Em R$ milhões nominais
CONTAS 2019 2020 % 2020/2019
SIAC - Valores livres (ativo) 1.152,7 1.699,2 47,4%
SIAC - Valores vinculados (ativo) 6.036,7 2.990,9 -50,5%
SIAC - Depósitos Judiciais (ativo) 10.620,8 25,4 -99,8%
SIAC - Fundos Especiais (ativo) 893,0 139,1 -84,4%
SIAC – Autarquias (ativo) 1.013,1 1.146,0 13,1%
SIAC – Fundações (ativo) 48,8 50,2 2,9%
Depósitos do SIAC – Empresas (ativo) 817,1 1.163,0 42,3%
Resgates do Tesouro (passivo) (20.542,6) (6.492,6) -68,4%
SALDO LÍQUIDO SIAC 39,5 721,2 1.723,6%
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020 e Sistema Cubos/DW
Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG

A tabela anterior dimensiona a complexidade e o impacto das operações


do SIAC no Balanço Patrimonial, ocasionando registros extraorçamentários entre contas
de ativo e passivo circulantes.

293
O saldo contábil que envolve as operações do SIAC registrado nas contas
de Ativo (R$ 7,21 bilhões), quando cotejado com a conta Resgate Acumulado
(R$ 6,49 bilhões), que figura no Passivo Circulante e representa o total já consumido pelo
Estado, aponta saldo líquido de R$ 721,2 milhões em 31-12-2020.
Importante salientar que em 2020, o Estado retirou da contabilização do
SIAC os Depósitos Judiciais, por não ser mais permitida a sua utilização, o que explica a
redução de 99,8% na conta contábil e a consequente redução de 68,4% nos resgates. Este
fato será mais bem explicado no item próprio de depósitos judiciais, na sequência.
Outro fato relevante que deve ser mais bem explicado refere-se a
utilização de recursos vinculados, contribuindo para uma maior queda na conta de
Resgates do Tesouro.
Em análise mensal da conta Resgate do SIAC, onde os valores negativos são
“devoluções” ao sistema e valor positivos significam resgates, verifica-se o seguinte
cenário:
RESGATES MENSAIS DO SIAC – 2020
Em R$ milhões (nominais)
MÊS RESGATE ACUMULADO NO ANO
jan/20 (1.110,0) (1.110,0)
fev/20 (300,0) (1.410,0)
mar/20 90,0 (1.320,0)
abr/20 10,0 (1.310,0)
mai/20 175,0 (1.135,0)
jun/20 45,0 (1.090,0)
jul/20 70,0 (1.020,0)
ago/20 49,0 (971,0)
set/20 (15,0) (986,0)
out/20 (1.930,0) (2.916,0)
nov/20 141,0 (2.775,0)
dez/20 (679,3) (3.454,3)
Fonte: Sistema Finanças Públicas Estadual - FPE
Cálculos: Equipe SAIPAG/SAICE

Nos meses de janeiro, fevereiro, outubro e dezembro ocorreram grandes


devoluções ao SIAC (valores negativos), com a consequente diminuição de R$ 3,45 bilhões
na conta de resgate acumulado.
O que ocorreu foi que o Estado, a partir de uma análise nos saldos
existentes das contas do SIAC, acabou utilizando os recursos para pagamento de despesas
que anteriormente estavam sendo pagas com recursos livres.
O exemplo que ilustra bem essa utilização é o Fundo de Reforma do Estado
(FRE), que conforme visto na tabela 1, tinha em 2018 um saldo de R$ 2,21 bilhões
aplicados no SIAC e ao final de 2020 contava com R$ 677,7 milhões, ou seja, houve uma
redução de R$ 1,53 bilhão no saldo.
A lei nº 10.607/95 define quais as utilizações possíveis para o fundo.
Dentre as alternativas, destacam-se duas:
Art. 10. Os recursos oriundos do Programa de Reforma do Estado disponíveis no
Fundo de Reforma do Estado, serão utilizados da seguinte forma:

294
(...)
II - na redução da dívida fundada do Estado
(...)
IX - no financiamento do regime de previdência dos servidores públicos do Esta-
do
Em dezembro de 2019, o Tesouro do Estado empenhou R$ 1,02 bilhão na
rubrica 1309 – Contribuição ao IPERGS para Cobertura do Déficit de Pensionistas,
utilizando o recurso 167 – Fundo de Reforma Estadual. Em janeiro de 2020, quando
houve o ingresso de recursos suficientes para efetuar o pagamento da folha salarial
(recursos livres), ocorreu a seguinte movimentação contábil:
a) Pagamento da folha utilizando os recursos livres que haviam
ingressado no caixa do Estado.
b) Como se tratava de uma despesa empenhada com recurso
167, o qual tinha disponibilidade no SIAC para efetuar tal
pagamento, houve o “ressarcimento” ao Tesouro do Estado, com
o saque da conta vinculado ao FRE.
c) Como a folha já havia sido quitada, o Tesouro “devolveu” o
valor ao SIAC, diminuindo assim o saldo da conta resgate.
Importante destacar que não houve ingresso de recursos novo no caixa do
Estado, apenas movimentações contábeis. Houve apenas a utilização contábil de um
recurso que já estava contabilizado dentro do SIAC.
Em outubro de 2020 houve movimentação parecida, mas o ressarcimento
foi com os valores empenhados para pagar o Serviço da Dívida Pública, entre
Agosto/2016 e setembro/2020. Novamente houve o levantamento de que as despesas
poderiam ser pagas com o recurso vinculado 167, sendo feita toda a movimentação
descrita anteriormente.

6.1.1.1.2 – Composição do SIAC


Em sequência, o demonstrativo a seguir permite a visualização da variação
dos principais valores apostos por entidades no SIAC, nos comparativos 2019 e 2020,
contribuindo para maior transparência do sistema.
Como explicado anteriormente, houve a retirada dos depósitos judiciais da
contabilização do sistema, fato que ensejou o ajuste em 2019 para fins de comparação.

SALDOS SIAC – PRINCIPAIS CONTAS


Em R$ milhões (nominais)
CONTAS 2019 % 2020 %
PJ RGS 441,47 4,4% 746,10 10,3%
DDP/PRE 3.140,26 31,4% 677,74 9,4%
CEEE G 291,84 2,9% 566,73 7,9%
ASSEMBL/CASA 383,20 3,8% 503,81 7,0%
DETRAN 407,67 4,1% 468,40 6,5%
FUNDEB SEDUC 584,19 5,8% 310,09 4,3%
FRH/DNAEE 234,93 2,4% 246,06 3,4%
CADIP/GIRO 221,56 2,2% 221,41 3,1%

295
SALDOS SIAC – PRINCIPAIS CONTAS
Em R$ milhões (nominais)
CONTAS 2019 % 2020 %
EDUCAÇAO 261,45 2,6% 213,36 3,0%
FES/DEMANDAS JUDIC 121,22 1,2% 168,36 2,3%
CORSAN 29,32 0,3% 151,64 2,1%
AGERGS 109,89 1,1% 133,60 1,9%
ASSEMBL/REC179 116,60 1,2% 117,25 1,6%
PGJ 94,05 0,9% 114,07 1,6%
TCE/RS 39,11 0,4% 107,67 1,5%
DEMAIS CONTAS 3.509,7 35,1% 2.467,5 34,2%
TOTAL SALDO SIAC 9.986,45 100,0% 7.213,78 100,0%
RESGATE ACUMULADO SIAC (9.946,9) -99,6% (6.492,6) -90,0%
SALDO LÍQUIDO SIAC 39,5 0,4% 721,2 10,0%
Fonte: Sistema Finanças Públicas Estadual - FPE
Cálculos: Equipe SAIPAG/SAICE

No encerramento de 2020, o montante aplicado no SIAC era de


R$ 7,21 bilhões (R$ 9,87 bilhões em 2019), tendo sido resgatado pelo Estado
R$ 6,49 bilhões (R$ 9,95 bilhões em 2019), restando R$ 721,2 milhões (10,0%) disponíveis
no sistema. Em comparação ao ano de 2019, houve um aumento de R$ 681,7 milhões de
saldo livre.
Das fontes de recursos que ingressaram no sistema no exercício de 2020,
destacam-se aquelas provenientes da movimentação das aplicações do Tribunal de
Justiça (R$ 304,6 milhões), da CEEE GT (R$ 274,9 milhões), da Assembleia Legislativa (R$
120,6 milhões) e da Corsan (R$ 122,3 milhões). Entre as contas que tiveram mais
utilização de recursos que aplicações, destacam-se o Fundo de Reforma do Estado (R$
2,46 bilhões), o Fomentar (R$ 758,5 milhões), o Fundo Ampara (R$ 290,0 milhões) e o
Fundeb (R$ 274,1 milhões).
Ao final de 2020 houve descontinuidade do Fomentar, com a transferência
dos valores ao Fundo de Reforma do Estado. Em relação ao Fomentar, a legislação prevê
como destino dos valores os financiamentos a pequenas empresas e de pequeno porte,
bem como o FRE. Entretanto, não são citados percentuais para cada uma das destinações.
Nessa esteira, no final de 2020, por meio do PROA nº 20/1400-0011330-6, a Junta
Administrativa do Fomentar decidiu pela transferência dos valores nele depositados ao
Fundo de Reforma do Estado.

6.1.1.1.3 – Dependência do Estado com o SIAC


A utilização do SIAC pelo Tesouro do Estado é recorrente ao longo dos
exercícios anteriores. Em 2014, por exemplo, a utilização foi de R$ 3,11 bilhões. O atual
governo fez uso do sistema no primeiro ano de mandato, ao utilizar R$ 1,60 bilhão.
Conforme já explicado anteriormente, durante o ano de 2020 houve um trabalho
minucioso da CAGE, verificando os saldos vinculados que estavam a disposição no SIAC,
confrontando com suas possíveis utilizações prevista nas respectivas legislações.
Como já citado, o grande exemplo foi a utilização de R$ 3,00 bilhões
existentes na conta vinculada ao Fundo de Reforma do Estado (FRE), integrante do SIAC,

296
para pagamento de cobertura do déficit previdenciário dívida pública estadual, o que
acarretou em diminuição da conta de resgates do tesouro.
Com isso, em 2020 houve redução do saldo resgatado acumulado, ou seja,
redução na dívida do estado perante o SIAC.

VALORES ANUAIS DO SIAC UTILIZADOS NO FLUXO DE CAIXA DO ESTADO


Em R$ milhões (nominais)
ANO RESGATE
2011 183,0
2012 1.567,0
2013 (2.724,0)
2014 2.462,2
2015 306,1
2016 831,5
2017 1.674,6
2018 1.361,1
2019 1.691,4
2020 (3.454,3)
SALDO CONTA RESGATE 6.492,6
Fonte: Relatórios SIAC– SEFAZ/RS e CUBOS DW – SEFAZ/RS/CAGE.

Nota-se que a prática sempre foi utilizar os resgates do SIAC para financiar
os déficits recorrentes ocorridos no Estado. As exceções, quando houve devoluções ao
sistema, foram em 2013, ano em que foram utilizados R$ 5,02 bilhões de depósitos
judiciais e agora em 2020, onde já foi explicada a utilização dos recursos vinculados em
prol dos recursos livres. Embora tenha ocorrida essa redução, a dívida permanece em
valores relevantes.
Buscando melhor visualização histórica, elaborou-se o gráfico a seguir,
desta vez cotejando os valores sacados em cada exercício atualizados monetariamente
pelo IPCA-médio. Pare efeitos de comparação, considerou-se a soma dos resgates do SIAC
e dos depósitos judiciais de terceiros, os quais eram contabilizados juntos até 2019.

DEPENDÊNCIA DO ESTADO COM O SIAC


(SAQUES DA CONTA RESGATE DE 1999 A 2020 – VALORES ATUALIZADOS)

Fonte: Relatórios SIAC - Divisão de Planejamento Financeiro e SIAC – Tesouro do Estado – SEFAZ/RS e CUBOS DW – SEFAZ/RS/CAGE
Obs.: Saque anual (atualizado pelo IPCA médio)

297
Verifica-se que apenas nos anos de 2009 e 2010 não haviam sido feitos
saques no sistema, os quais se tornaram crescente a partir de 2012, chegando ao valor de
R$ 4,24 bilhões em 2014. A diminuição nos anos seguintes deu-se em razão do
esgotamento do saldo de depósitos judiciais, bem como das contas integrantes do SIAC.
Muito embora o caixa único apresente aspectos positivos para o Estado,
permitindo uma maior flexibilização em relação ao fluxo financeiro, o questionamento
que ora se faz é se em algum momento haverá, por parte do Estado, a capacidade de
reposição destes valores às contas originais.
A manutenção no sistema de valores oriundos de empresas, recursos
vinculados, muitos deles referentes a verbas de convênios e vultosas somas de
financiamentos externos e provenientes de depósitos judiciais não tributários, poderá
ocasionar, em face da morosidade na execução da despesa, inevitável prejuízo aos
investimentos públicos, serviços prestados à população e aos projetos sociais a que os
recursos originalmente se destinavam.
A dependência do Estado com o SIAC deve ser analisada em conjunto com
a utilização dos depósitos judiciais, haja vista que apenas em janeiro de 2018 houve
vedação a sua utilização.
RESGATES NO SIAC E UTILIZAÇÃO DOS DEPÓSITOS JUDICIAIS
Em R$ milhões (nominais)

TOTAL UTILIZADO UTILIZAÇÃO


UTILIZAÇÃO DEPÓSITOS
ANO RESGATES SIAC ACUMULADA (SALDO
JUDICIAIS NO ANO A DEVOLVER)
2011 183,0 - 183,0 4.819,9
2012 1.567,0 - 1.567,0 6.386,9
2013 (2.724,0) 5.015,0 2.291,0 8.677,9
2014 2.462,2 650,0 3.112,2 11.790,1
2015 306,1 1.956,8 2.263,0 14.053,1
2016 831,5 492,9 1.324,4 15.377,5
2017 1.674,6 493,4 2.168,0 17.545,5
2018 1.361,1 40,0 1.401,1 18.946,6
2019 1.691,4 (95,4) 1.596,0 20.542,6
2020 (3.454,3) - (3.454,3) 17.088,3
Fonte: Sistema Finanças Públicas Estadual - FPE
Cálculos: Equipe SAIPAG/SAICE

Embora tenha havido redução no passivo acumulado em 2020 (somando


resgates do SIAC com depósitos judiciais), o saldo ainda resta relevantemente alto,
podendo comprometer um ajuste fiscal futuro que seja pretendido pelo Estado.

6.1.1.1.4 – Passivo de Remuneração


Como o Estado recolhe valores de diversas contas bancárias para aplicação
no Caixa Único, entre as quais “Recursos Procedentes de Terceiros”, deveria ser
providenciada a imediata reposição da rentabilidade financeira que deixou de ser
incorporada nestas contas de origem. Isso, porém, não tem ocorrido regularmente nos
últimos anos, gerando uma dívida conhecida como Passivo de Remuneração.

298
Constatou-se, junto à Divisão do SIAC, da Secretaria da Fazenda, que o
valor efetivamente pendente de reposição, em 31-12-2020, era de R$ 939,2 milhões,
distribuído entre diversas entidades aplicadoras, como se retrata na tabela a seguir:

REMUNERAÇÃO DAS CONTAS DO SIAC - SALDO PENDENTE DE PAGAMENTO EM 31-12-2020


Em R$ milhões (nominais)
Nº CONTA VALOR
SIGLA AGÊNCIA %
ORDEM BANCÁRIA ACUMULADO
1 EDUCAÇAO 100 0320276801 168,0 17,9%
2 SUPRG 330 0304940207 168,0 17,9%
3 FRH/DNAEE 597 0259282503 137,4 14,6%
4 PJ RGS 1.099 0315219508 109,1 11,6%
5 ASSEMBL/CASA 839 0305000100 106,5 11,3%
6 PGJ 835 0312071003 74,5 7,9%
7 FRPJ RECDIV 1.099 0315236704 41,3 4,4%
8 PJ REC FINANC 1.099 0332714705 32,7 3,5%
9 ASSEMBL/REC179 839 0385015907 25,2 2,7%
10 FES/MUNICIP 597 0259517705 10,0 1,1%
Demais Contas 66,5 7,1%
TOTAL PENDENTE DE PAGAMENTO – SALDO EFETIVO 939,2 100,0%
Fonte: Relatório de Passivo de Remuneração do SIAC – Divisão de Planejamento Financeiro e SIAC – Tesouro do Estado – SEFAZ/RS.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.

A título de esclarecimento, a maioria das contas que integram o SIAC não


tem sua remuneração exigida, pois, de acordo com o Decreto n.º 38.113/98, foi eliminada
essa obrigatoriedade para os recursos alocados, exceto àqueles com remuneração devida
por imposição legal. Não fosse por esse motivo, o passivo seria superior.
A seguir, para ilustrar, elencam-se algumas contas que possuem
remuneração e como é realizado o seu cálculo:

Conta Cálculo da remuneração


CEEE-D “Fica declarado expressamente que os índices utilizados pelo ESTADO para as
aplicações financeiras da CEEE-D correspondem aos resultados líquidos obtidos
pelo SIAC nas suas aplicações.”
Corsan “Os recursos disponibilizados ao Sistema Integrado de Administração de Caixa –
SIAC, pelo Depositante, serão remunerados em 100% (cem por cento) da taxa
recebida pelo Estado na aplicação dos seus recursos junto ao BANRISUL.”
EGR “O DEPOSITÁRIO pagará ao DEPOSITANTE, a remuneração equivalente a média de
juros líquidos que no mesmo período o Banco do Estado do Rio Grande do Sul S/A
praticar com seus clientes, em idênticas transações.”
Instituto de Previdência do Estado – “O depositário pagará ao depositante, ao final de 16 dias úteis após cada período
IPE de 10 dias, a remuneração equivalente a taxa SELIC.”
EDUCAÇÃO “O depositário pagará ao depositante, no final de 23 dias úteis, a remuneração
equivalente a média de juros líquidos que no mesmo período o Banco do Estado
do Rio Grande do Sul S.A e Caixa Econômica Estadual* do Rio Grande do Sul
praticarem com seus clientes em idênticas transações.”
FRH/DNAEE “O depositário pagará ao depositante, no final de 16 dias úteis, a remuneração
equivalente a média de juros líquidos que no mesmo período o Banco do Estado
do Rio Grande do Sul S.A e Caixa Econômica Estadual* do Rio Grande do Sul
praticarem com seus clientes em idênticas transações.”
PJ RGS “Os recursos disponibilizados ao SIAC pelo DEPOSITANTE serão remunerados
diariamente na proporção de 95% (noventa e cinco por cento) da remuneração
paga pelo BANRISUL ao Governo do Estado do Rio Grande do Sul.”
Salário Educação – Cota Município “O depositário pagará ao depositante, ao final de 16 dias úteis, a remuneração
equivalente a TR diária que no mesmo período o Banco do Estado do Rio Grande
do Sul S.A. praticar com seus clientes em idênticas transações.”

299
Conta Cálculo da remuneração
PROCERGS “Os recursos disponibilizados ao Sistema Integrado de Administração de Caixa –
SIAC pelo depositante serão remunerados 97% (noventa e sete por cento) da Taxa
bruta recebida pelo Estado nas suas aplicações junto ao Banco do Estado do Rio
Grande do Sul.”
PGJ “Os recursos disponibilizados ao SIAC pelo DEPOSITANTE serão remunerados
diariamente na proporção de 95% (noventa e cinco por cento) da remuneração
paga pelo BANRISUL ao Governo do Estado do Rio Grande do Sul.”
SULGÁS “O depositário pagará ao depositante, ao final de 16 dias úteis após cada período
de 10 dias, a remuneração equivalente a 97,5% da taxa bruta recebida pelo SIAC
nos valores aplicados por este junto ao Banrisul.”
*Extinta

6.1.2 – Créditos
Os créditos do Estado, considerando os de curto e longo prazo, somaram
R$ 29,95 bilhões em 31-12-2020 (R$ 34,33 bilhões em 31-12-2019), composto por valores
conforme tabela a seguir.

CRÉDITOS DE CURTO E LONGO PRAZOS (ATIVO CIRCULANTE E NÃO CIRCULANTE)


Em R$ milhões (nominais)
CONTAS 2019 % 2020 %
ATIVO CIRCULANTE 14.701,3 42,8% 10.704,5 35,7%
Créditos Tributários a Receber 7.789,6 22,7% 7.909,8 26,4%
Clientes 60,3 0,2% 55,7 0,2%
Empréstimos e Financiamentos Concedidos 935,5 2,7% 179,7 0,6%
Dívida Ativa Tributária 1.700,0 5,0% 2.382,5 8,0%
Dívida Ativa Não Tributária 41,8 0,1% 54,9 0,2%
Devedores 142,0 0,4% 158,1 0,5%
Responsáveis por Pagamentos Irregulares 1.713,7 5,0% 111,9 0,4%
Sequestros Judiciais a Regularizar 1.595,8 4,6% - 0,0%
Depósitos Judiciais 581,0 1,7% 59,7 0,2%
Demais Créditos de Curto Prazo 262,3 0,8% 329,6 1,1%
(-) Ajuste de Perdas de Créditos da Curto prazo -120,7 -0,4% -537,2 -1,8%
ATIVO NÃO CIRCULANTE 19.627,1 57,2% 19.243,3 64,3%
Clientes 2,2 0,0% 4,4 0,0%
Dívida Ativa Tributária 44.071,2 128,4% 43.346,2 144,7%
Dívida Ativa Não Tributária 729,9 2,1% 839,8 2,8%
Demais Créditos e Valores a Longo Prazo 1.061,6 3,1% 1.069,5 3,6%
VPD Pagas Antecipadamente 19,9 0,1% 22,3 0,1%
(-) Ajuste de Perdas de Créditos de Longo Prazo -26.257,7 -76,5% -26.038,9 -86,9%
TOTAL 34.328,4 100,0% 29.947,9 100,0%
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020 (volume I) e Sistema Cubos DW/Sefaz-RS

Os créditos tributários a receber, constituídos na fase de auto de


lançamento, refletem o procedimento de registrar os créditos tributários vencidos
previamente à sua inscrição obrigatória em dívida ativa, possibilitando melhor
transparência na contabilidade, pois, a qualquer tempo é possível colher a informação da
totalidade dos créditos tributários vencidos a receber pelo Estado. Essa conta, cotejando-
se o ajuste para perdas, atingiu R$ 7,37 bilhões em 2020, sendo responsável por 24,6%
dos créditos a receber pelo Estado.
Com relação a redução na conta de empréstimos e financiamentos
concedidos, de R$ 935,5 milhões em 2019 para R$ 179,7 milhões em 2020, refere-se a
contabilização na Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, onde

300
houve a transferência de saldo para as contas de investimentos de longo prazo (Fundos
para Financiamento), enquanto que no IPE Previdência houve o desreconhecimento de
R$ 482,7 milhões, referente a créditos que foram transferidos para o Estado, em
consequência das Leis nº 11.402/1999 e nº 15.144/2018, mas que atualmente estão em
fase de apuração do saldo a receber, pois o valor original estava evidentemente
superavaliado.
Na conta “Devedores” constam os débitos de pessoas físicas ou jurídicas
realizáveis independente de autorização orçamentária. A maior parte do valor é referente
ao pagamento de precatórios efetuados pelo Tribunal Regional do Trabalho que ainda
não foram regularizados pela Secretaria da Fazenda por falta de identificação dos valores
por credor, dificultando a conciliação desta conta.
Conforme informações constantes no Balanço Geral do Estado de 2020, a
conta “Responsáveis por Pagamentos Irregulares” demonstra os pagamentos efetuados
em que não houve o prévio empenho/liquidação, ou, caso tenha havido, esteja pendente
de regularização. Registrava até 31 de dezembro de 2014 os sequestros judiciais
referentes a Requisições de Pequeno Valor (RPV) não pagas no prazo legal e a ações
judiciais relacionadas à saúde. A partir de 1º de janeiro de 2015, os sequestros passaram
a ser registrados na conta “Sequestros Judiciais a Regularizar”. Os sequestros judiciais
estão relacionados ao não pagamento de RPV no prazo legal ou a ações judiciais da
saúde. A falta de regularização ocorre por duas situações, a saber: 1) Há informação
incompleta sobre o sequestro, caso em que foi efetuado empenho/liquidação, porém
ainda falta a conciliação contábil; 2) Não há informação completa sobre o sequestro, caso
em que a saída de numerário não foi reconhecida orçamentariamente.
Ainda de acordo com informações do Balanço, em cumprimento à IN Cage
nº 8/2019, essa conta teve sua utilização encerrada em 31 de dezembro de 2019 e os
sequestros realizados a partir de 2020 passaram a ser registrados como variações
patrimoniais diminutivas do exercício em que ocorrerem independentemente de sua
regularização orçamentária. A execução orçamentária dos valores sequestrados passou a
ser controlada em contas de controle. Além disso, a IN Cage nº 8/2019 também previu
que os valores de sequestros registrados como ativo em exercícios anteriores, nas contas
de Responsáveis, Sequestros Judiciais a Regularizar ou outra (como a conta Depósitos
Judiciais utilizada majoritariamente pela Administração Indireta) fossem baixadas à conta
de Ajuste de Exercício Anteriores. Essa baixa vai ao encontro das Normas Brasileiras de
Contabilidade, em especial a Estrutura Conceitual (NBCT SP 00), já que os valores não
poderiam ser caracterizados como ativos.

6.1.2.1 – Dívida Ativa


A Dívida Ativa abrange os créditos a favor da Fazenda Pública, cuja certeza
e liquidez foram apuradas por não terem sido efetivamente recebidos nas datas
aprazadas. É, portanto, uma fonte potencial de fluxos de caixa, com impacto positivo pela
recuperação de valores, espelhando créditos a receber, sendo contabilmente reconhecida
no Ativo.

301
6.1.2.1.1 – Evolução do Saldo Registrado no Balanço Patrimonial
O Balanço Patrimonial apresentou, em 2020, saldo de Dívida Ativa de
R$ 20,77 bilhões (R$ 20,50 bilhões em 2019), constituindo-se no subgrupo mais
expressivo do Ativo (levando-se em conta saldos registrados no Circulante e no Não
Circulante).
No exercício de 2019, houve mudanças de critérios para o cálculo do Ajuste
de Perdas para Dívida Ativa em Fase Judicial, tendo sido realizados estudos especializados
pela Receita Estadual (cobrança administrativa) e pela Procuradoria-Geral do Estado
(cobrança judicial). Essa alteração impactou no aumento do saldo viável de Dívida Ativa.
Os saldos contábeis, separados em Administração Direta e Indireta, estão
assim demonstrados:

DÍVIDA ATIVA CONSOLIDADA - SALDOS CONTÁBEIS DE 2011 A 2020


Em R$ milhões (nominais)
ADMINISTRAÇÃO ADMINISTRAÇÃO DÍVIDA ATIVA
ANO % %
DIRETA INDIRETA CONSOLIDADA
2011 28.422,7 99,2 218,9 0,8 28.641,6
2012 30.202,9 99,3 215,4 0,7 30.418,3
2013 32.100,4 99,3 237,2 0,7 32.337,6
2014 34.615,4 99,4 200,1 0,6 34.815,5
2015 11.760,5 99,0 121,9 1,0 11.882,4*
2016 11.602,9 97,9 246,0 2,1 11.848,9
2017 12.745,1 97,6 314,6 2,4 13.059,7
2018 13.291,5 98,6 190,6 1,4 13.482,1
2019 20.081,3 98,2 376,7 1,8 20.458,0**
2020 20.300,5 97,7 471,9 2,3 20.772,4
Fonte: Balanço Geral do Estado 2019 (volume I) e Cubos DW (SEFAZ/RS)
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) No exercício de 2015, a CAGE finalizou estudo, em atendimento às Normas Brasilieras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público, para que anualmente fosse
realizada a transferência para o longo prazo e registrado o ajuste das perdas esperadas referentes aos créditos inscritos em dívida ativa que possuem alta probabilidade
de não realização.
(**) No exercício de 2019, foram realizados estudos que alterarm o critério de cálculo dos ajustes de perdas da dívida ativa.
Obs: Os saldos foram ajustados para efeito de consolidação, conforme critérios do BGE dos respectivos exercícios.

A Dívida Ativa está concentrada na Administração Direta, sendo


responsável por 97,7% do total, em 2020, enquanto a Administração Indireta detém
apenas 2,3% desse montante.
A totalização desses créditos das Administrações Direta e Indireta
considerou os ajustes para fins de consolidação, segundo o Balanço Patrimonial do Setor
Governamental que evidenciou, em especial, a exclusão da Dívida Ativa do IPERGS com
outras entidades governamentais.
Os dados já apresentados demonstram a importância do grupo Dívida Ativa
no patrimônio do Estado. Relevante se faz a análise dos valores escriturados pela
cobrança dos créditos no Balanço Geral do Estado – BGE, segundo as informações dos
sistemas de controle da Administração Direta, mantidos na Secretaria da Fazenda.
Apurado o total da cobrança no ano de 2020, demonstra-se seu efeito no
estoque da Dívida Ativa. Esse percentual é cotejado na série a seguir:

302
DÍVIDA ATIVA DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA - COBRANÇA X SALDO INICIAL
Em milhões de R$ (nominais)
COBRANÇA SALDO INICIAL
EXERCÍCIO %
NO EXERCÍCIO (*) DO EXERCÍCIO
2011 463,1 26.709,2 1,73
2012 534,5 28.422,7 1,88
2013 442,0 30.202,9 1,46
2014 492,0 32.100,4 1,53
2015 842,5 34.615,4 2,43
2016 708,5 37.030,9 1,91
2017 674,5 40.510,7 1,66
2018 1.266,2 43.669,4 2,90
2019 2.366,0 44.945,9 5,26
2020 1.057,9 46.166,2 2,29
Fonte: Fonte: Balanço Geral do Estado 2020 (volume I) e Cubos DW (SEFAZ/RS)
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.

Em 2020, o ingresso de receita proveniente da cobrança da dívida ativa


representou 2,29% do saldo existente no início do ano (R$ 46,17 bilhões), indicando uma
queda em relação ao exercício anterior que foi de 5,26%. O maior volume arrecadado em
2019 está diretamente relacionada ao REFAZ 2019, que previa redução de multas e juros
e, também, ao Compensa/RS, que instituiu a compensação da dívida ativa com
precatórios. Do total de R$ 2,37 bilhões de cobrança no exercício, R$ 795 milhões foram
compensados com precatórios, ao passo que agora em 2020, forma R$ 175,4 milhões de
compensação.
A próxima tabela aponta o comportamento do estoque da Dívida Ativa da
Administração Direta, considerando os valores registrados no Ativo Circulante e no Não
Circulante do Estado.

EVOLUÇÃO DO SALDO CONTÁBIL - DA DÍVIDA ATIVA DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA


Em milhões de R$
VALORES NOMINAIS VALORES ATUALIZADOS (*)
SALDO DE SALDO DE BASE
EXERCÍCIO BASE FIXA (%) BASE MÓVEL (%) BASE FIXA (%)
BALANÇO BALANÇO MÓVEL (%)
2001 7.085,9 100,0 21.813,1 100,0
2002 8.417,2 118,8% 118,8% 23.892,5 109,5% 109,5%
2003 10.392,4 146,7% 123,5% 25.715,1 117,9% 107,6%
2004 12.449,0 175,7% 119,8% 28.897,6 132,5% 112,4%
2005 13.771,1 194,3% 110,6% 29.911,8 137,1% 103,5%
2006 15.980,3 225,5% 116,0% 33.316,5 152,7% 111,4%
2007 18.095,9 255,4% 113,2% 36.401,7 166,9% 109,3%
2008 20.974,2 296,0% 115,9% 39.924,5 183,0% 109,7%
2009 24.437,2 344,9% 116,5% 44.348,6 203,3% 111,1%
2010 26.536,0 374,5% 108,6% 45.847,4 210,2% 103,4%
2011 28.422,4 401,1% 107,1% 46.050,5 211,1% 100,4%
2012 30.202,9 426,2% 106,3% 46.426,6 212,8% 100,8%
2013 32.100,4 453,0% 106,3% 46.460,8 213,0% 100,1%
2014 34.616,4 488,5% 107,8% 47.120,1 216,0% 101,4%
2015 37.030,9 522,6% 107,0% 46.232,0 211,9% 98,1%
2016 40.510,7 571,7% 109,4% 46.511,7 213,2% 100,6%
2017 43.669,4 616,3% 107,8% 48.468,0 222,2% 104,2%
2018 44.945,9 634,3% 102,9% 48.121,2 220,6% 99,3%
2019 46.166,2 651,5% 102,7% 47.649,0 218,4% 99,0%
2020 46.151,6 651,3% 100,0% 46.151,6 211,6% 96,9%

303
EVOLUÇÃO DO SALDO CONTÁBIL - DA DÍVIDA ATIVA DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA
Em milhões de R$
VALORES NOMINAIS VALORES ATUALIZADOS (*)
SALDO DE SALDO DE BASE
EXERCÍCIO BASE FIXA (%) BASE MÓVEL (%) BASE FIXA (%)
BALANÇO BALANÇO MÓVEL (%)
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020 (volume I) e Cubos DW (SEFAZ/RS)
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
Nota1: Valores inflacionados pelo IPCA – médio.
Nota 2: Para fins de comparação, não foi considerado o Ajuste a Valor Recuperável.

Em números atualizados monetariamente, o exame da evolução dos


valores em relação à base fixa da tabela (2001) possibilita constatar o crescimento real de
211,6%. Analisando o comportamento anual (base móvel), verifica-se uma diminuição
real do saldo nos últimos exercícios.

6.1.2.1.2 – Totalidade de Créditos disponíveis para Cobrança


As informações apontadas neste item têm como base os dados fornecidos
pela Receita Estadual, obtidos no Sistema DAT, e visam identificar a composição dos
créditos do Estado disponíveis para cobrança, tanto na esfera administrativa como
judicial.

ESTOQUE GERAL DOS CRÉDITOS - 2011 - 2020


Em R$ milhões (nominais)
ADMINISTRATIVO JUDICIAL
TOTAL
ANO % %
AUL DAT TOTAL DAT. JUDICIAL DO ESTOQUE
S /TOTAL S /TOTAL
2011 3.705,4 2.129,6 5.835,0 18,20% 26.224,5 81,80% 32.059,4
2012 3.765,7 2.649,8 6.415,5 18,93% 27.481,6 81,07% 33.897,1
2013 4.017,6 3.428,1 7.445,7 20,66% 28.599,1 79,34% 36.044,8
2014 3.636,7 5.019,2 8.655,9 22,71% 29.451,8 77,29% 38.107,7
2015 4.263,7 5.774,5 10.038,2 24,40% 31.107,8 75,60% 41.146,0
2016 4.912,9 7.322,9 12.235,8 26,94% 33.187,8 73,06% 45.423,6
2017 6.481,4 8.275,2 14.756,6 29,42% 35.394,2 70,58% 50.150,7
2018 8.235,5 8.217,8 16.453,2 30,94% 36.728,2 69,06% 53.181,4
2019 7.789,6 9.250,3 17.039,9 31,58% 36.915,9 68,42% 53.955,8
2020 7.909,8 11.384,5 19.294,2 35,69% 34.767,1 64,31% 54.061,4
Fonte: SEFAZ-Subsecretaria da Receita

Embora tenha alcançado o menor índice da série em exame, 64,31%, a fase


judicial é responsável pela maior concentração dos créditos da Fazenda Estadual. Por sua
vez, em 2020, a fase administrativa teve o maior índice de participação, incluindo tanto os
créditos que estão na fase reconhecida por Autos de Lançamento (AUL), como aqueles
cujas Certidões de Dívida Ativa permanecem em cobrança pela Secretaria da Fazenda.
Quanto aos aspectos legais, ressalvadas as exceções, a Lei nº 6.537/73
determina que os créditos tributários não pagos devam ser inscritos em Dívida Ativa até o
61º (sexagésimo primeiro) dia, contados da notificação do Auto de Lançamento, no caso
de não ter ocorrido impugnação, ou mesmo do vencimento do prazo para pagamento do
ICMS, na hipótese do crédito ter sido constituído automaticamente por sistemas AL/GIA.
A partir da inscrição, a Secretaria da Fazenda permanece à frente da
cobrança do respectivo valor, na denominada cobrança administrativa da Dívida Ativa. O

304
prazo para este procedimento não deve exceder a 30 dias após a inscrição, e, no caso de
insucesso da cobrança nesta instância, a Secretaria deve providenciar a remessa da
certidão à Procuradoria-Geral do Estado - PGE para iniciar a cobrança judicial.
Na fase prévia à judicialização da cobrança do crédito tributário, isto é,
antes do ajuizamento do executivo fiscal, a PGE exerce o controle da legalidade do título
executivo. No caso de verificadas inconsistências nos AULs ou nas CDAs, os documentos
são restituídos à SEFAZ para que proceda às devidas correções. Esse ato tem o objetivo de
evitar futuros prejuízos financeiro ao erário por deficiências, muitas vezes, meramente
formais no respectivo título, além de evitar cobrança de crédito público indevido.
Em relação ao ano anterior, 2020 assinala o crescimento de 1,46% do valor
do estoque geral de créditos em favor do Estado.

EVOLUÇÃO DO ESTOQUE TOTAL GERAL DE CRÉDITOS 2011 -2020


(AUL, DAT ADMINISTRATIVO E DAT JUDICIAL)
Em R$ milhões (nominais)
ANO R$ ∆%
2011 32.059,4 5,66%
2012 33.897,1 5,73%
2013 36.044,8 6,34%
2014 38.107,7 5,72%
2015 41.146,0 7,97%
2016 45.423,6 10,40%
2017 50.150,7 10,41%
2018 53.181,4 6,04%
2019 53.955,8 1,46%
2020 54.061,4 0,20%
Fonte: SEFAZ-Subsecretaria da Receita

O estoque geral dos créditos mostra um aumento em 2016 e 2017, com


crescimentos superiores a 10%. No exercício em analise (2020), a evolução do estoque foi
de 0,20%.
Quanto à composição do estoque de créditos incluído no Sistema AUL, a
sua estrutura identifica duas situações diversas. A primeira, referente ao contencioso,
compreende aqueles créditos que, após sua constituição, são objetos de recursos
administrativos (tanto em 1ª como em 2ª instância); a segunda é constituída por créditos
que já ultrapassaram a fases anteriores e, por conseguinte, estão sujeitos às ações de
cobrança.
Os Autos de Lançamentos Disponíveis para Cobrança, durante o exercício
em exame, ficaram na casa dos R$ 416,4 milhões, representando um aumento de 17,1%
em relação ao ano anterior (R$ 355,6 milhões).

EVOLUÇÃO E COMPOSIÇÃO DO ESTOQUE DE CRÉDITOS SISTEMA AUL - 2011 – 2020


Em R$ milhões (nominais)
CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO
ANO EXIGIBILIDADE DISPONÍVEL TOTAL AUL
IMPUGNADO TOTAL PARCELADO TOTAL
SUSPENSA P/ COBRANÇA
2011 2.217,6 729,5 2.947,1 361,1 416,6 777,7 3.724,8
2012 2.336,9 686,1 3.022,9 360,9 419,3 780,3 3.803,2

305
EVOLUÇÃO E COMPOSIÇÃO DO ESTOQUE DE CRÉDITOS SISTEMA AUL - 2011 – 2020
Em R$ milhões (nominais)
CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO
ANO EXIGIBILIDADE DISPONÍVEL TOTAL AUL
IMPUGNADO TOTAL PARCELADO TOTAL
SUSPENSA P/ COBRANÇA
2013 2.533,5 649,7 3.183,1 386,4 448,1 834,4 4.017,6
2014 2.526,4 376,6 2.903,0 472,3 261,4 733,7 3.636,7
2015 3.016,0 296,9 3.312,8 634,4 316,5 950,9 4.263,7
2016 3.418,0 365,5 3.783,5 700,2 429,2 1.129,4 4.912,9
2017 4.737,7 426,4 5.164,1 624,8 692,4 1.317,3 6.481,4
2018 6.333,9 455,6 6.789,5 544,2 901,8 1.446,0 8.235,5
2019 6.405,0 536,3 6.941,3 492,7 355,6 848,3 7.789,6
2020 5.545,7 568,3 6.114,0 1.379,3 416,4 1.795,7 7.909,8
Fonte: SEFAZ-Subsecretaria da Receita

A próxima tabela traz a evolução e a composição do estoque de créditos


inscritos em Dívida Ativa de acordo com as fases de cobrança. Um primeiro grupo
referente à fase administrativa, onde são registrados todos os créditos inscritos em Dívida
Ativa, cujos procedimentos de cobrança permanecem sob a responsabilidade da
Secretaria da Fazenda Estadual; e um segundo grupo correspondente às Certidões de
Dívida Ativa (CDA) enviadas à PGE/RS para cobrança judicial.

ESTOQUE GERAL DE CRÉDITOS


Em R$ milhões (nominais)
2016 2017 2018 2019 2020
FASE SALDO % SALDO % SALDO % SALDO % SALDO %
ATUAL TOTAL ATUAL TOTAL ATUAL TOTAL ATUAL TOTAL ATUAL TOTAL
FASE
ADMINISTRATIVA
1 – DISPONÍVEL 1.275,5 2,8 2.143,1 4.3 2.156,8 4.1 2.031,7 3,8 2.265,0 4,2
2 - PARCELADO (A) 1.185,1 2,6 1.196,9 2,4 1.194,2 2,3 1.457,8 2,7 5.436,5 10,1
3 – IMPUGNADO 3.418,0 7,5 4.737,7 9,5 6.333,9 11,9 6.405,0 11,9 5.545,7 10,3
4 - EXIGIBILIDADE 1.390,6
1.601,2 3,5 1.434,2 2.9 1.480,3 2,8 1.536,5 2,9 2,6
SUSPENSA
5 – INEXECUTÁVEL 4.756,0 10,5 5.244,7 10,5 5.288,1 9,9 5.609,1 10,4 4.656,5 8,6
19.294,2
12.235, 14.756,
SUB-TOTAL 26,9 29,4 16.453, 30,9 17.039,9 31,6 35,7
8 6
2
FASE JUDICIAL
5 - FASES
21.597, 22.822,
PROCESSUAIS 47,6 45,5 22.822, 44,9 24.277,9 45,0 22.316,2 41,3
5 7
DIVERSAS 7
6 – EXECUÇÃO
2.696,0 5,9 2.638,1 5,3 2.638,1 4,2 1.993,3 3,7 1.846,0 3,4
EMBARGADA
7 - PARCELADO (B) 686,9 1,5 691,3 1,4 691,3 1,1 707,8 1,3 548,6 1,0
8 – COBRANÇA
3.612,0 8,0 4.477,9 8,9 4.477,9 9,8 5.120,7 9,5 5.438,3 10,1
SUSPENSA
9 - FALÊNCIA OU
COBRANÇA 4.595,4 10,1 4.764,1 9,5 4.764,1 9,1 4.816,1 8,9 4.618,2 8,5
EXAURIDA
33.187, 35.394,
SUB-TOTAL 73,1 70,6 35.394, 69,1 36.915,9 68,4 34.767,1 64,3
8 2
2
45.423, 50.150, 53.181,
TOTAL 53.955,8 54.061,4
6 7 4

306
ESTOQUE GERAL DE CRÉDITOS
Em R$ milhões (nominais)
2016 2017 2018 2019 2020
FASE SALDO % SALDO % SALDO % SALDO % SALDO %
ATUAL TOTAL ATUAL TOTAL ATUAL TOTAL ATUAL TOTAL ATUAL TOTAL
TOTAL
PARCELADO = 1.872,0 4,1 1.888,2 3,8 1.766,2 3,3 2.165,6 4,0 5.985,0 11,1
Adm (A) + Jud (B)
Fonte: SEFAZ-Subsecretaria da Receita/BGE – iGR
Obs: Disponível (1) = Soma do disponível no Sistema AUL e no DAT/ADM
Parcelado (2) = Soma do parcelado do Sistema AUL e do DAT/ADM
Impugnado (3) = Valor do Sistema AUL
Exigibilidade Suspensa (4) = Soma do Valor da Exigibilidade Suspensa do Sistema AUL e do Contenciosos DAT/ADM

Os critérios utilizados pela Secretaria da Fazenda para distribuição dos


créditos nas diversas fases têm sofrido alterações nos últimos exercícios. Enquanto em
2014 o valor do estoque inexecutável estava somado ao disponível para cobrança, a partir
de 2015 ele voltou a ser apartado. No último ano, os valores desses créditos atingiram
8,6% do total inscrito em Dívida Ativa.
Os créditos incluídos na fase de estoque inexecutável são os de valores
abaixo do mínimo para ajuizamento, conforme Lei nº 9298/91, e aqueles que retornaram
à fase administrativa após a tentativa de cobrança judicial, de acordo com o previsto nas
Leis nº 10.915/97 e 13.591/10.
Sobre esse ponto de vista, importante observar que a soma dos créditos
identificados como inexecutáveis da fase administrativa com os registrados na fase de
Falência/Cobrança Exaurida do âmbito Judicial equivale a quase 20% do total da Dívida
Ativa, correspondendo ao valor de R$ 9,27 bilhões.
Em 2020, 35,7% do estoque de créditos estavam apontados na fase
administrativa. Dentre esses, destaca-se o aumento dos créditos parcelados, os quais
representam 10,1% do total.

6.1.2.1.3 – Da atuação da Procuradoria-Geral do Estado


O Decreto nº 42.819/2004 atribuiu à Procuradoria Fiscal competência de
exercer a representação judicial e a consultoria jurídica nas matérias de natureza
tributária e financeiro-fiscal, inclusive relacionadas com a arrecadação e cobrança dos
créditos da Fazenda Pública e dos títulos executivos do Tribunal de Contas.
Em 2015, na busca de adequação às Normas Brasileiras de Contabilidade
Aplicadas ao Setor Público, a CAGE concluiu estudos que provocaram a realização da
segregação dos créditos inscritos em Dívida Ativa; os de curto prazo, referente aos que
possuem maior possibilidade de realização e os de longo prazo aqueles reconhecidos
como de difícil sucesso, ou seja, que apesar de todos os esforços para envidados na sua
cobrança, possuem alta probabilidade de não realização. Dessa forma, os créditos de
Dívida Ativa incluídos na qualidade de longo prazo passaram a ter o registro como ajuste
de perdas esperadas.
Em observância ao proposto pela CAGE, os Órgãos responsáveis pela
gestão da Dívida Ativa - a Procuradoria-Geral do Estado (cobrança judicial) e Receita
Estadual (cobrança administrativa) desenvolveram análises com o intuito de calcular o

307
ajuste necessário para efetivar a transferência dos valores cuja expectativa de realização
ultrapasse o término do exercício financeiro de 2019 para a situação de longo prazo.
Os critérios utilizados para esse cálculo de ajuste foram assim
especificados:

a) Subsecretaria da Receita Estadual (Fase Administrativa) - As prováveis


perdas relacionadas à cobrança administrativa da Dívida Ativa são calculadas pela
Subsecretaria da Receita Estadual mediante aplicação dos seguintes critérios:

I. Créditos Devolvidos pela PGE por Impossibilidade/Inviabilidade de


Cobrança: são aqueles remetidos para cobrança judicial e que foram posteriormente
devolvidos pela PGE por impossibilidade ou esgotamento de tentativas de cobrança via
execução fiscal. Nesses casos, a prescrição, que estava interrompida pelo despacho do
juiz que ordenou a citação, é reiniciada após a desistência das ações. Assim, os créditos
devolvidos permanecem em cobrança administrativa por mais cinco anos. O índice de
recuperação desses créditos é ínfimo, tendo em vista o esgotamento das cobranças
administrativas e judiciais. Dessa forma, os créditos que nessa situação são considerados
perdidos.

II. Créditos Suspensos por Decisão Judicial: são os créditos em situação de


cobrança administrativa, porém questionados judicialmente, no todo ou em parte, pelo
sujeito passivo. Sobrevindo decisão judicial favorável ao Estado, o crédito fica disponível
para a continuidade das ações de cobrança. Caso a decisão beneficie o sujeito passivo, o
crédito será total ou parcialmente excluído, conforme o que for decidido, ficando a parte
não excluída disponível para cobrança. Foi realizado o levantamento das exclusões de
créditos que estavam em discussão judicial nos últimos nove exercícios, apurando-se uma
média anual de 7,57%. Para fins de cálculo do ajuste para perdas, o referido percentual é
aplicado sobre o saldo de créditos que se encontram suspensos por decisão judicial em 31
de dezembro de 20209.

III - Créditos de Pequeno Valor (Abaixo do Valor mínimo de ajuizamento):


Uma parte dos créditos em cobrança não pode ser encaminhada à cobrança judicial, pois
tem saldo inferior ao Valor Mínimo de Ajuizamento, previsto na Lei Estadual nº 9.298/91.
Outra parte desses créditos não é recuperada e acaba sendo excluída por prescrição após
cinco anos.

b) Procuradoria-Geral do Estado (Fase Judicial) - O critério de cálculo do


Ajuste de Perdas para Dívida Ativa em Fase Judicial sofreu alterações para o exercício de
2019. Quando comparado com o critério utilizado em 2018, houve a inclusão de cinco
novas fases de cobrança e reclassificação de viabilidade de cobrança de outras cinco fases
já existentes.
Essa alteração nos critérios diminuiu substancialmente o Ajuste de Perdas
no ano anterior, resultando num aumento do Estoque Viável de Dívida Ativa para R$

308
20,08 bilhões dos R$ 46,17 bilhões inscritos, portanto 43,50% do total em 2019,
considerando que em 2018 o Estoque Viável era de 29,57%.
O ajuste realizado, a partir do Balanço do Estado de 2015, permite
evidenciar o estoque real dos valores cobráveis em dívida ativa, sem repercussões
orçamentárias e financeiras. Além disso, não há alteração na situação de cobrança dos
créditos, que permanecem como direito do Estado.
Já a arrecadação obteve um desempenho de 89,23% superior ano de 2018,
considerando o valor compensa com precatório (programa Compensa RS). Sem
considerar a referida compensação, o aumento na arrecadação da dívida ativa foi de
29,2% no ano corrente:

6.1.3 – Ativo Não Circulante


No Ativo Não Circulante da Administração Pública Estadual são incluídos os
Créditos a Longo Prazo, Dívida Ativa (Tributária e Não Tributária), Ajuste de Perdas de
Créditos a Longo Prazo, Investimentos, Imobilizado e Intangível. Nos itens anteriores, já
foram tratados os valores de Créditos, especialmente a dívida ativa, contemplando a
inscrição no ativo não circulante. Passa-se então a análise dos demais grupos relevantes.

6.1.3.1 – Participações
As participações acionárias do Estado consistem em investimentos
permanentes em empresas. No encerramento do ano de 2020, as Participações
Acionárias do Estado somaram R$ 11,79 bilhões (R$ 9,58 bilhões em 2019), um aumento
de 23,1%.
Conforme o Balanço Geral do Estado, os registros contábeis são efetuados
conforme determina a Instrução Normativa CAGE nº 03/2015, a qual dispôs que as
participações em empresas sobre as quais o Estado tenha influência significativa
(empresas coligadas, controladas – exclusivamente ou em conjunto – e consórcios
públicos) devem ser mensuradas ou avaliadas pelo Método da Equivalência Patrimonial
(MEP). Os demais investimentos em empresas permanecem sendo mensurados pelo valor
de custo.

PARTICIPAÇÕES DO ESTADO
Em R$ milhões (nominais)
% do Capital %
EMPRESAS 2019 2020 % 2020
Social 2020/2019
Empresas Controladas 7.370,6 9.583,9 81,3% 30,0%
Badesul – AF 99,99 708,0 727,1 6,2% 2,7%
Banrisul 49,44 3.824,0 4.130,5 35,0% 8,0%
CADIP 99,99 221,4 221,2 1,9% -0,1%
CEASA/RS 94,24 16,1 15,5 0,1% -3,9%
CEEE* 99,99 - - - -
CESA* 99,93 - - - -
Corsan 99,99 2.066,6 3.975,8 33,7% 92,4%
CRM 99,98 312,3 298,2 2,5% -4,5%
EGR 100,00 94,5 95,0 0,8% 0,6%
PROCERGS 99,58 20,3 21,3 0,2% 4,9%
SULGÁS 51,00 107,4 99,3 0,8% -7,6%
Empresas Controladas em Conjunto 1.803,2 1.879,7 15,9% 4,2%

309
PARTICIPAÇÕES DO ESTADO
Em R$ milhões (nominais)
% do Capital %
EMPRESAS 2019 2020 % 2020
Social 2020/2019
BRDE** 33,33 1.803,2 1.879,7 15,9% 4,2%
Adiantamento para futuro aumento de capital 395,4 318,9 2,7% -19,3%
Cesa 280,0 314,1 2,7% 12,2%
Corsan 115,4 4,8 0,0% -95,8%
Empresas Diversas 7,9 7,4 0,1% -6,8%
Total 9.577,1 11.789,8 100,0% 23,1%
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020 (volume I) e Cubos DW (SEFAZ/RS)
(*) Patrimônio Líquido da CEEE e Cesa são negativos, por isso o valor contábil dos investimentos é zero.
(**) Participação calculada em 100% da Agência de Porto Alegre, conforme estatuto.

As empresas controladas pelo Estado estão mais bem detalhadas em


capítulo próprio deste relatório (capítulo 11 – Sociedades de Economia Mista e Entidades
Controladas).

6.2 – Passivo
O Passivo corresponde às obrigações presentes, derivadas de eventos
passados, cujos pagamentos deverão resultar para a entidade saídas de recursos capazes
de gerar benefícios econômicos ou potencial de serviços. Está segregado em dois grupos:
Circulante e Não Circulante.
São classificadas como Passivo Circulante as obrigações conhecidas e
estimadas que atendam a qualquer um dos seguintes critérios: tenham prazos
estabelecidos ou esperados dentro do ciclo operacional da entidade; sejam mantidos
primariamente para negociação; tenham prazos estabelecidos ou esperados até 12 meses
após a data das demonstrações contábeis.
São classificadas como Passivo Não Circulante as obrigações conhecidas e
estimadas que não atendam a nenhum dos critérios.
O Passivo da Administração Pública Estadual, no exercício de 2020,
alcançou o valor de R$ 302,26 bilhões (R$ 131,09 bilhões em 2019), estando registrados
R$ 31,92 bilhões no Passivo Circulante (R$ 38,25 bilhões em 2019) e R$ 270,34 bilhões no
Passivo Não Circulante (R$ 92,84 bilhões em 2019). Quanto ao Patrimônio Líquido, o
Estado registrou um valor negativo de R$ 302,26 bilhões, ou seja, uma situação de
passivo a descoberto, quando o passivo é maior que o ativo.
Destaca-se o aumento substancial no Passivo Não Circulante, o qual
descreve-se a seguir as explicações contidas n Balanço Geral do Estado:
“Entretanto, cabe destacar que o relevante acréscimo no Passivo Não
Circulante está concentrado na conta de Provisão Atuarial do RPPS, que aumentou de R$
2,48 bilhões em 2019 para R$ 169,01 bilhões em 2020, em razão de alteração de política
contábil, que consistiu no reconhecimento, nos encargos gerais do Estado, do passivo
referente à cobertura de déficit previdenciário futuro. Esse valor sempre foi registrado
em conta redutora de passivo no IPE Prev, fazendo com que ficasse no passivo apenas
uma parcela do passivo atuarial. Com a mudança de política contábil, ambos valores
(passivo nos encargos gerais do Estado e redutor de passivo no IPE Prev) foram

310
eliminados no processo de consolidação, restando, no passivo, os valores da Provisão de
Benefícios Concedidos e a Conceder reconhecidos no IPE Prev.”

6.2.1 – Passivo Circulante


O Passivo Circulante da Administração Pública Estadual engloba as
Obrigações Trabalhistas, Previdenciárias e Assistenciais a Pagar a Curto Prazo;
Empréstimos e Financiamentos a Curto Prazo; Fornecedores e Contas a Pagar a Curto
Prazo; Obrigações Fiscais a Curto Prazo; Obrigações de Repartição a Outros Entes;
Provisões a Curto Prazo e Demais Obrigações a Curto Prazo. Sua composição, em 2019 e
2020, foi a seguinte:

PASSIVO CIRCULANTE
Em R$ milhões (nominais)
PASSIVO CIRCULANTE 2019 % 2020 %
Obrigações Trabalhistas, Previdenciárias e Assistenciais a pagar a
3.663,6 9,58% 2.681,9 8,40%
Curto Prazo
Empréstimos e Financiamentos a Curto Prazo 10.077,1 26,35% 12.482,6 39,10%
Fornecedores e Contas a Pagar a Curto Prazo 2.123,6 5,55% 2.043,6 6,40%
Obrigações Fiscais a Curto Prazo 64,5 0,17% 104,7 0,33%
Obrigações de Repartição a Outros entes 0,3 0,00% 0,0 0,00%
Provisões a Curto Prazo 6.788,3 17,75% 336,8 1,06%
Demais Obrigações a Curto Prazo 15.528,7 40,60% 14.272,2 44,71%
TOTAL DO PASSIVO CIRCULANTE 38.246,1 100,00% 31.921,8 100,00%
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020 (volume I)

O valor total do Passivo Circulante, em 31-12-2020, era de


R$ 31,92 bilhões. Em 31-12-2019, o saldo do grupo estava em R$ 38,25 bilhões. A
variação de R$ 6,32 bilhões foi principalmente afetada na provisão atuarial do RPPS que
aumentou R$ 166,53 bilhões de 2019 para 2020, a qual ocorreu, conforme descrito
anteriormente.
Além disso, verifica-se incremento em empréstimos e financiamentos a
curto prazo, decorrente da dívida com o Governo Federal, pois os pagamentos estão
suspensos desde julho de 2017, em razão da liminar que antecipou os efeitos do Regime
de Recuperação Fiscal. Assim, isso tem gerado crescimento do montante devido pela
aplicação dos encargos incidentes que são IPCA + 4% ao ano.

6.2.1.1 – Depósitos Judiciais


A principal conta do SIAC nos exercícios anteriores era a DDP/DEP JUD, que
contabilizava os saques de depósitos judiciais de terceiros. Até 2019, o valor sacado de
depósitos judiciais de terceiros era depositado em uma conta corrente específica
vinculada ao Siac, o que, de acordo com a CAGE, resultava em registros duplicados: um
pelo saque do depósito judicial e outro pela utilização do valor no Siac. Com essa
alteração, o saldo dos depósitos judiciais passou a ser depositado diretamente em uma
conta de recurso livre, evitando-se assim que os valores constem como Resgates do
Tesouro e consequentemente a duplicidade de registros.
O primeiro ingresso no sistema ocorreu em 2004, motivado pela Lei
Estadual nº 12.069, de 22-04-2004, e limitava seus saques em até 70%. Posteriormente,

311
alterada pela Lei Estadual nº 12.585, de 2006, permitiu a disponibilização de 85% de seus
depósitos, tendo previsto, também, o resguardo de 15% como fundo de reserva. Nova
alteração, em 24-09-2015, efetuada pela Lei Estadual nº 14.738, concedeu ao Estado a
possibilidade de sacar até 95% do saldo depositado, mantendo, em fundo de reserva, o
equivalente a 5% do montante dos depósitos. Mesmo antes da última alteração da
legislação estadual, a Lei Complementar Federal nº 151, de 05-08-2015, previa saques de
até 70% do seu saldo total para aqueles depósitos judiciais oriundos de processos em que
estados, Distrito Federal ou municípios fizessem parte.
O Estado não está realizando novos saques por força da Lei Estadual
15.138/18. Essa lei veda a realização de saques em contas de depósitos judiciais,
ressalvados aqueles permitidos pela Lei Complementar Federal 151/2015, enquanto não
houver a recomposição do saldo mínimo do fundo de reserva.
Em 01-10-2018, a Lei Estadual nº 15.232 formalizou o fim do uso dos
depósitos como fonte para financiar a insuficiência financeira do Estado, atendendo a
uma decisão do STF. Em março de 2018, o STF concluiu o julgamento de uma ação direta
de Inconstitucionalidade movida pela OAB, que questionava a Lei nº 11.667, de 2011, que
instituiu o Sistema de Gerenciamento dos Depósitos Judiciais pelo TJ/RS. Além de
convalidar todas as operações relacionadas ao uso dos depósitos judiciais nos últimos
anos, a lei estabeleceu um período de transição com recursos adicionais ao FRPJ, que não
mais receberia rendimentos oriundos de depósitos judiciais.
Ficou estabelecido que fosse zerado um saldo de, aproximadamente,
R$ 722 milhões, que estava contabilizado neste fundo. Parte destes valores já estava
empenhada em investimentos que o Judiciário tinha programado para 2018 e para os
próximos anos.
Para viabilizar a transição, o governo destinaria R$ 310 milhões ao longo
três anos subsequentes à aprovação da lei (cerca de R$ 100 milhões/ano) para atender a
esses compromissos. Depois desta etapa, no mínimo 70% destes repasses (em torno de
R$ 70 milhões/ano) serão destinados a recompor gradativamente o saldo negativo.
Quanto ao atendimento do disposto legal, que limitou o saque em 95% e,
ao mesmo tempo, definiu a preservação de 5% para a formação de um fundo de reserva,
o Balanço Geral do Estado, Volume I, pág. 95, informou que a situação do saldo em
dezembro de 2020 foi de R$ 10,89 bilhões, e que, confrontado com o constante na conta
do SIAC, permite afirmar que o limite de 95% foi atendido:

SALDO DEPÓSITOS JUDICIAIS – SALDOS EM 31-12-2020


Em R$ milhões (nominais)
DEPÓSITOS JUDICIAIS VALORES
Total depositado junto ao BANRISUL ............................................................. 10.890,2
Limite máximo de saque pelo Estado (95% dos depósitos) ............................... 10.345,7
Ingresso no SIAC (por intermédio da conta DDP/DEP JUD NÃO) ................. 10.112,8
Percentual utilizado pelo Estado...................................................................... 92,86
Fonte: Balanço Geral do Estado - 2020

312
6.2.2 – Passivo Não Circulante
No grupo Passivo Não Circulante da Administração Pública Estadual são
escriturados: Obrigações Trabalhistas, Previdenciárias e Assistenciais a Pagar a Longo
Prazo; Empréstimos e Financiamentos a Longo Prazo; Fornecedores e Contas a Pagar;
Obrigações Fiscais a Longo Prazo; Provisões a Longo Prazo e Resultado Diferido. Sua
composição, em 2019 e 2020, foi a seguinte:

PASSIVO NÃO CIRCULANTE


Em R$ milhões (nominais)
PASSIVO NÃO CIRCULANTE 2019 % 2020 %
Obrigações Trabalhistas, Previdenciárias e Assistenciais a
10.059,5 10,84 10.348,0 3,83
Pagar a Longo Prazo
Empréstimos e Financiamentos a Longo Prazo 66.935,5 72,1 68.676,8 25,40
Fornecedores e Contas a Pagar 1.929,1 2,08 1.556,0 0,58
Obrigações Fiscais a Longo Prazo 163,4 0,18 105,2 0,04
Provisões a Longo Prazo 13.310,3 14,34 189.196,2 69,98
Resultado Diferido 443,5 0,48 457,4 0,17
TOTAL DO PASSIVO NÃO CIRCULANTE 92.841,3 100 270.339,6 100
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020 (volume I)

Os dados indicam o valor total do Passivo Não Circulante, em 31-12-2020,


em R$ 270,34 bilhões. Em 31-12-2019, o saldo do grupo era de R$ 92,84 bilhões,
representando uma variação de 191%. A conta de maior representatividade é “Provisões
a Longo Prazo”, correspondendo a, aproximadamente, 69,98% do saldo do Passivo Não
Circulante. Essa conta contém a Provisão Atuarial do RPPS, cuja contabilização foi
alterada em 2020, conforme explicado no item 6.2
A dívida contratual interna apresentou valor de R$ 70,50 bilhões em 2020,
representando aumento de R$ 2,13 bilhões por conta do saldo da dívida com o Governo
Federal. Em relação à dívida externa, verificou-se aumento de R$ 2,03 bilhões no período,
totalizando, em 2020, R$ 10,66 bilhões, em razão da desvalorização de quase 30% do real
em relação ao dólar, no ano de 2020.

6.2.2.1 – Débitos de Natureza Judicial – Precatórios, RPVs e Outros


O presente item analisa os débitos de natureza judicial do Estado,
formados pelos Precatórios, Requisições de Pequeno Valor – RPVs e os pagamentos
determinados por Sentenças Judiciais. Segue, abaixo, um histórico contendo legislação e
decisões sobre a matéria.

6.2.2.1.1 – Histórico
Com a publicação da Emenda Constitucional nº 62/2009, o pagamento e
controle dos precatórios emitidos contra a Fazenda Pública sofreram profundas
modificações, tendo o artigo 100 da Constituição Federal promovido um novo regime
para o pagamento das sentenças judiciais. Os débitos de natureza alimentícia mantiveram
a preferência sobre todos os demais débitos, exceto, com a nova redação, aos débitos
dessa natureza, cujos titulares tenham 60 anos de idade ou mais na data de expedição do
precatório ou sejam portadores de doença grave.

313
Repetiu o texto original quanto a obrigatoriedade da inclusão no
orçamento de verba necessária ao pagamento dos débitos apresentados até 1º de julho,
fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores
atualizados monetariamente, indicando como índice oficial a caderneta de poupança.
A norma viabilizou, para o Estado, uma inovação no pagamento dos títulos
que se encontram em mora, introduzida no artigo 97 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias. Esse pagamento poderia ocorrer:
- pelo depósito mensal, em conta especial, de 1/12 avos da Receita
Corrente Líquida, ocorrendo a constituição do fundo até seu valor superar o passivo,
momento em que o ente deveria cumprir, integralmente, o artigo 100 da Constituição
Federal, honrando os precatórios apresentados até 31 de julho do ano seguinte; ou,
- pela adoção de regime especial de pagamento28, utilizando alíquota
mínima de 1,5% da RCL para quitação do estoque em até 15 anos. No final do prazo, o
ente deveria obedecer ao artigo 100, como já ressalvado no parágrafo anterior.
Para o Estado do Rio Grande do Sul, a opção escolhida foi a segunda. Pelo
Decreto nº 47.063/2010, o Estado optou pela modalidade prevista no inciso II do § 2º do
artigo 97 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, passando a depositar em
contas bancárias, exclusivamente movimentadas pelo Poder Judiciário, o equivalente a
1,5% da RCL.
Nesse caso, 50% dos valores seriam depositados em conta específica para
o pagamento de precatórios na ordem cronológica, respeitadas as preferências
constitucionais. Os outros 50% seriam utilizados no pagamento de precatórios por
intermédio de leilão, com pagamento à vista de acordo com a ordem cronológica e
crescente do valor, e conciliação com os credores. O Estado, no Decreto nº 47.470/2010,
optou, exclusivamente, pela adoção da “ordem única e crescente de valor”.
No encerramento do exercício de 2012, a gestão dos recursos para
pagamento de precatórios tinha por parâmetro os dispositivos até aqui relatados.
Todavia, em julgamento de fundamental importância para a matéria, o Supremo Tribunal
Federal (STF), em março de 2013, decidiu pela inconstitucionalidade de diversos aspectos
que fazem parte da espinha dorsal da Emenda Constitucional nº 62/2009.
Na decisão, acolhendo questões da Ação Direta de Inconstitucionalidade
(ADIn) nº 4.357, os ministros do STF foram contrários, em resumo, aos seguintes pontos:
possibilidade de pagamentos parcelados; realização de leilões; reserva de percentuais
mínimos nos orçamentos para o pagamento das dívidas (1,5% da RCL, no caso do RS),
entendendo que o percentual mínimo prejudicava o credor, pois o poder público
destinava pouco para a quitação das dívidas; o índice de correção pela caderneta de
poupança; e possibilidade de o poder público descontar eventuais dívidas do credor, a
chamada compensação.
Em abril de 2013, antes de o STF proibir o parcelamento em 15 anos, o
ministro do Supremo Tribunal Federal, Exmo. Sr. Luiz Fux, decidiu pela continuidade do
pagamento parcelado dos precatórios em execução.

28 Para tanto, o Estado não deveria possuir um passivo de precatórios superior a 35% da sua RCL, posição em que o
Rio Grande do Sul estava enquadrado.

314
Por sua vez, em 25-03-2015, o STF, em decisão plenária, concluiu o
julgamento sobre a modulação dos efeitos de tal emenda. Segundo a decisão, ficou
mantido, parcialmente, o regime especial criado pela emenda, para o período de cinco
anos, contados a partir de janeiro de 2016. Foi, ainda, fixado um novo índice de correção
monetária e estabelecida a possibilidade de compensação de precatórios vencidos com o
estoque de créditos já inscritos em dívida ativa.
Com a modulação dos efeitos, o regime especial, instituído pela
EC nº 62/2009, foi prorrogado parcialmente. Isso significa a manutenção das
compensações, leilões e pagamentos à vista, previstos pela emenda, realizados até a data
do julgamento (25-03-2015), vedada a possibilidade de seu uso a partir de então. Ficou
mantida, pelo prazo de cinco anos, a possibilidade de realização de acordos diretos com
os credores de precatórios, observando a ordem de preferência e a redução máxima de
40% do valor do crédito atualizado. Pelo período de cinco anos, também ficou mantida a
vinculação de percentuais mínimos da receita corrente líquida dos estados e municípios
ao pagamento de precatórios, e mantidas as sanções para o caso de não liberação dos
recursos.
Em observância à modulação dos efeitos da EC nº 62/2009, no âmbito
estadual, a partir de outubro de 2015, passou a vigorar a Lei nº 14.751/2015 que institui a
Câmara de Conciliação de Precatórios prevista no art. 97,§ 8º, inciso III, do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). Essa lei prevê obediência rigorosa à
ordem cronológica do precatório; pagamento com redução de até 40% do valor do
precatório; possibilidade de pagamento parcelado, em até dois anos, para precatório cujo
valor obtido após a referida redução exceda a um terço dos recursos repassados
mensalmente ao Poder Judiciário (art. 97,§2º e §8º, inciso III). Em síntese, aqueles
recursos que antes da modulação eram destinados ao pagamento de precatórios pela
então ordem crescente até 25-03-2016, passaram a ser destinados à Câmara de
Conciliação de Precatórios.
Posteriormente, em 15-12-2016, passou a viger a Emenda Constitucional
nº 94/2016. Tal emenda veio para ajustar o regime de pagamentos estipulados na decisão
de 2013 do Supremo Tribunal Federal (STF), a qual havia declarado a
inconstitucionalidade parcial da EC nº 62/2009. As regras de aporte de recursos
permaneceram as mesmas da referida decisão. Assim, ficaram ratificados os precatórios
dos estados, do Distrito Federal e de municípios pendentes até 25-03-2015 e aqueles a
vencer até 31-12-2020, podendo ser pagos até 2020, dentro do regime especial de
pagamento. As exceções a tal regra permanecem as mesmas: preferência para os créditos
de natureza alimentar, os beneficiários que tiverem 60 anos ou mais, portadores de
doença grave ou pessoas com deficiência, assim definidos na forma da lei.
No dia 12-12-2017 foi aprovada a Emenda Constitucional nº 99/2017 no
Congresso Nacional, que estendeu de 2020 para 2024 o prazo para Estados e Municípios
quitarem os precatórios dentro do regime especial aprovado pelo Congresso em 2016.
Em 21-03-2018, foi assinado o Decreto nº 53.974/18 que institui o
programa “Compensa/RS”, com o objetivo de regulamentar os procedimentos para a
compensação de débitos inscritos em dívida ativa, com precatórios vencidos, próprios ou
de terceiros, do Estado, suas autarquias e fundações. O programa tem o objetivo de
contribuir para redução do passivo de precatórios e estoque da dívida ativa do Estado.

315
Em relação às Requisições de Pequeno Valor - RPVs (até 40 salários
mínimos, como estipulado nas Disposições Transitórias), é importante destacar que não
se sujeitam a ordem cronológica já referida e até poderiam ter seus limites fixados por lei
própria. Nesse sentido, a aprovação da Lei nº 13.756/11 se constituiu no principal
instrumento para o Governo Estadual promover a regulamentação da matéria, pois, ali
foram definidos importantes pontos de discussão, tais como:
- prazo para pagamento: de 30 dias, no caso de RPVs de até sete salários
mínimos; e de 180 dias para RPVs entre sete e quarenta salários mínimos, observadas as
ordens cronológicas próprias;
- limite para pagamento: equivalente ao depósito mensal, em conta
bancária própria, de 1/12 (um doze avos) do valor correspondente a 1,5% da RCL anual,
acrescido de 40% do incremento da arrecadação sobre a Dívida Ativa.
Essa medida sofreu Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn nº 4.668),
impetrada pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil no dia 17-10-2011,
entretanto com a revogação expressa da Lei nº 13.756/11 pelo art. 8º da
Lei Estadual nº 14.757/15, o processo foi extinto, sem julgamento do mérito, por perda
do seu objeto.
A Lei nº 14.757/15, por força do §3º do art. 100 da Constituição Federal,
limitou o valor das RPVs a 10 salários mínimos, dentre outras providências. Contudo, esse
limite não alcança aquelas RPVs cujo trânsito em julgado tenha ocorrido antes da entrada
em vigor da lei, conforme seu art. 5º.
Em março de 2021, foi a Emenda Constitucional nº 109/2021, que prorroga
o pagamento de precatórios por estados, Distrito Federal e municípios. O prazo passa de
2024 para 2029, data final para quitação de precatórios sob o regime especial criado pela
EC 99/2017.

6.2.2.1.2 – Regime Especial de Pagamentos de Precatórios


Criada pela Lei nº 14.751/15, a Câmara de Conciliação de Precatórios
completou cinco anos de existência. Ela tem a função de viabilizar o pagamento de
precatórios por acordo direto com os credores mediante deságio de até 40% do valor da
dívida. Os titulares de precatórios são chamados na ordem cronológica para negociar com
a Procuradoria-Geral do Estado (PGE), podendo aceitar ou permanecer na fila,
aguardando o pagamento do valor integral.
De acordo com o Balanço Geral do Estado, o valor inscrito em 2020 foi de
R$ 435,4, inferior em 58,21% do valor inscrito em 2019, de R$ 1,04 bilhão. Bem como, os
pagamentos em 2020, no valor de R$ 607,2 milhões, foram superiores às novas inscrições
em precatórios.
Também por iniciativa da PGE, a Lei de Compensação de Precatórios
permite aos credores de precatórios, que também são devedores do Estado, o direito de
compensar os débitos inscritos em dívida ativa até 25-03-2015. A Lei nº 15.038/2017
possibilita regularizar os precatórios vencidos e recuperar parcela expressiva da dívida
ativa.
O Programa “Compensa/RS” abrange débitos com tributos ou de outra
natureza, inscritos em dívida ativa, ajuizados ou não, com precatórios vencidos do Estado,

316
suas autarquias ou fundações, próprios ou de terceiros. A PGE fará o procedimento nos
débitos ajuizados. No encontro de contas, será usado o valor atualizado da dívida e o
valor líquido atualizado do precatório. Os precatórios podem ser usados para abater até
85% do valor do débito. O restante do débito deve ser quitado ou parcelado, seguindo
regras em vigor.
Somente no exercício de 2020, o Programa Compensa/RS foi responsável
pela redução do estoque de precatórios em aproximadamente R$ 207,5 milhões.

6.2.2.1.3 – Movimentação Financeira em Contas Bancárias


No Decreto nº 47.063/2010, foi determinado o depósito de 1/12 (um doze
avos) do valor correspondente a 1,5% da RCL apurada no segundo mês anterior ao mês
do depósito, em contas bancárias específicas para precatórios, sendo possível calcular o
valor dos depósitos e situar a disponibilidade em 31-12-2020.

DEPÓSITOS NAS CONTAS BANCÁRIAS DE PRECATÓRIOS - EC 62/2009


Em R$ milhões (nominais)
MÊS DE RCL ÚLTIMOS 1,5% 1/12 DE 1,5%
MÊS DE REPASSE
REFERÊNCIA 12 MESES DA RCL DA RCL
jan/20 nov/19 38.549,9 578,2 48,2
fev/20 dez/19 38.976,0 584,6 48,7
mar/20 jan/20 39.467,9 592,0 49,3
abr/20 fev/20 39.802,9 597,0 49,8
mai/20 mar/20 39.820,0 597,3 49,8
jun/20 abr/20 39.271,1 589,1 49,1
jul/20 mai/20 38.701,2 580,5 48,4
ago/20 jun/20 39.165,3 587,5 49,0
set/20 jul/20 39.677,6 595,2 49,6
out/20 ago/20 40.396,9 606,0 50,5
nov/20 set/20 41.241,8 618,6 51,6
dez/20 out/20 41.680,0 625,2 52,1
Total 476.750,7 7.151,3 595,9
Fonte: Demonstrativo de Depósitos Mensais de Precatórios da Secretaria da Fazenda do Estado 2020

Além da transferência acima demonstrada, em 2020, houve ainda, as


transferências relativas ao programa Compensa/RS, cuja lei determinou que o valor
máximo a ser compensado com precatórios seria de 85% do valor da dívida ativa e o
restante à vista ou de forma parcelada. Sobre o saldo não compensado, devem ser
transferidos 3% para o Tribunal de Justiça para pagamentos adicionais de precatórios.
Segue, abaixo, resumo dos valores transferidos para pagamento de
precatórios em 2020:

DEPÓSITOS NAS CONTAS BANCÁRIAS DE PRECATÓRIOS - EC 62/2009 E COMPENSA/RS


Em R$ milhões (nominais)
ORIGEM TRANSFERÊNCIA ORDEM CRONOLÓGICA ACORDOS TOTAL DEPOSITADO
1,5% da RCL – EC 62/2009 298,0 298,0 596,0
COMPENSA/RS – Lei 15.038/17 0,6 0,6 1,2
Total 298,6 298,6 597,1
Fonte: Demonstrativo de Depósitos Mensais de Precatórios da Secretaria da Fazenda do Estado 2019 e BGE 2020, pág. 103

317
Assim, em 2020, foram disponibilizados para pagamentos
R$ 597,1 milhões, correspondendo a um incremento nominal de R$ 25,5 milhões (4,46%)
na comparação com o ano anterior (R$ 571,6 milhões). Desse montante disponibilizado,
R$ 298,6 milhões foram destinados ao pagamento por ordem cronológica de
apresentação29 e R$ 298,6 milhões à modalidade de acordo direto30 celebrados na
Câmara de Conciliação de Precatórios (coordenada pela Procuradoria-Geral, nos termos
da Lei Estadual nº 14.751/2015).
Em relação à conta especial para saldar Requisições de Pequeno Valor -
RPVs, em cumprimento ao previsto na Lei nº 13.756/2011, o valor equivalente a 1/12 (um
doze avos) de 1,5% da RCL anual, acrescido de 40% do incremento da arrecadação sobre
a Dívida Ativa, tinha-se a previsão de depósito em conta específica (0332030008 – Ag.
0100 – Banrisul). Contudo, a partir da ADI nº 4.668 ajuizada pelo Conselho Federal da
Ordem dos Advogados, inaugura-se a controvérsia jurídica acerca da Lei nº 13.756/2011.
Dentre os aspectos controversos, estavam os limites para pagamento de RPVs estipulados
na referida Lei. Tal assunto culminou nos incidentes de inconstitucionalidade nº
7005953044 e nº 70059530246, onde o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul firmou o
entendimento de que os limites previstos na Lei não se aplicavam aos sequestros judiciais
das RPVs. Na prática, entre depósitos por parte do Poder Executivo ou sequestros
judiciais, pagavam-se, a título de RPVs, montantes superiores aos limites da Lei nº
13.756/2011.
Em outubro de 2015, a Lei nº 14.757/2015 passa a viger, revogando a Lei
nº 13.756/2011. Os mecanismos de limites para pagamento de RPVs (1,5% da RCL anual,
acrescido de 40% do incremento da arrecadação sobre a Dívida Ativa) foram extintos.
Logo, independentemente dos limites a serem depositados por parte do Poder Executivo,
não havendo o adimplemento das RPVs, segue o Poder Judiciário procedendo aos
sequestros dos respectivos valores, quando provocado pela parte requerente.

6.2.2.1.4 – Registros Contábeis de Precatórios e outros Débitos Judiciais


Com a adoção do Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP), os
saldos a pagar de Precatórios, Requisições de Pequeno Valor – RPVs e Sentenças Judiciais,
no encerramento do exercício de 2020, estavam registrados contabilmente, conforme a
próxima tabela.

SALDO CONTÁBIL DE PRECATÓRIOS, RPVS E SENTENÇAS JUDICIAIS - 2019/2020


Em R$ milhões (nominais)
%
DISCRIMINAÇÃO 2019 2020
20/19
PRECATÓRIOS
Passivo Circulante/Restos a Pagar Processados 23,8 16,2 -31,74
Precatórios Empenhados, Liquidados a Pagar 23,8 16,2 -31,74
Passivo Não Circulante: 11.603,4 11651,10 0,41
Precatórios de Pessoal a pagar 5.787,9 6.076,8 4,99
Precatórios de Benefícios Previdenciários a pagar 3.886,4 4.018,1 3,39
Precatórios de Fornecedores a pagar 1.929,1 1.556,0 -19,34

29 Conta Banrisul nº 1132715508, Agência 1099.


30 Conta Banrisul nº 1120139007, Agência 1099.

318
SALDO CONTÁBIL DE PRECATÓRIOS, RPVS E SENTENÇAS JUDICIAIS - 2019/2020
Em R$ milhões (nominais)
%
DISCRIMINAÇÃO 2019 2020
20/19
Passivo Não Circulante/Provisões/Atualização Monetária 4.013,2 3.669,4 -8,57
Precatórios de Pessoal a pagar 1.313,9 1.096,7 -16,53
Precatórios de Benefícios Previdenciários a pagar 2.572,7 2.572,7 0,00
Precatórios de Fornecedores a pagar 126,6 - 0,00
TOTAL DEVIDO DE PRECATÓRIOS 15.640,4 15.336,6 2,18
RPVs
Passivo Circulante/Restos a Pagar Processados 72,2 30,9 -57,2
TOTAL DEVIDO DE RPVS 72,2 30,9 -57,2
SENTENÇAS JUDICIAIS
Passivo Circulante/Restos a Pagar Processados 251,5 330,9 31,6
TOTAL DEVIDO DE SENTENÇAS JUDICIAIS 251,5 330,9 31,6
SALDO TOTAL 15.964,1 15.698,4 -1,66
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020 (volume I) e Cubos DW (SEFAZ/RS)

O total contabilizado de débitos judiciais em 2020, considerando o valor de


restos a pagar não processados, foi de R$ 15,70 bilhões. Verifica-se uma pequena redução
de 1,66% em relação ao exercício anterior.
As RPVs, com saldo a pagar de R$ 30,9 milhões, tiveram redução de 58,2%
e as Sentenças Judiciais (em grande parte, relativas às ações judiciais da área da saúde)
aumentaram 31,6%.
As Requisições de Pequeno Valor – RPVs são, na maior parte, de ações
transitadas em julgado relativas à Lei Britto31. Até 2014, o aumento dos pagamentos de
RPVs vinha ocorrendo devido à intensificação dos sequestros judiciais pelo Poder
Judiciário, superiores ao limitador de 1,5% da RCL, estabelecido na Lei nº 13.756/2011 (à
semelhança dos precatórios, nos termos da Emenda Constitucional nº 62/2009).
A partir de 2015, esses sequestros das contas bancárias do Poder Executivo
foram reduzidos, tendo em vista as dificuldades financeiras enfrentadas pelo Estado,
agravadas pela recessão econômica, com atrasos nos pagamentos da folha salarial dos
servidores e, consequentemente, pela escassez de recursos disponíveis nas contas
bancárias para os sequestros do Poder Judiciário. Além disso, a Lei nº 14.757/2015
revogou a Lei nº 13.756/2011, e alterou para 10 salários mínimos por RPV, na tentativa de
conter esses desembolsos, embora siga valendo o limite de 40 salários mínimos para
aquelas decisões mais antigas (com trânsito em julgado antes da referida Lei).
Os precatórios, os mais representativos, com R$ 15,34bilhões, registraram
um decréscimo de 1,94%.
A inscrição de novos precatórios em 2020 (R$ 435,4 milhões) foi inferior
em 58,21% ao valor inscrito no ano anterior (R$ 1,04 bilhão). Tal quantia foi inferior aos
recursos disponibilizados ao Poder Judiciário para pagamento (de R$ 596,0 milhões,
conforme explicado no item anterior).
Também considerando as compensações de precatórios com a Dívida
Ativa, houve pagamentos superiores às novas inscrições. Na tabela abaixo constam os
valores pagos referentes a precatórios nos últimos cinco anos:
31
Diferenças de remuneração reconhecidas pelo Judiciário como devidas a diversas categorias de servidores, em consequência da
sustação, a contar de 1996, de reajustes concedidos por lei do ano anterior.

319
PAGAMENTO DE PRECATÓRIOS
Em R$ milhões atualizados
ANO Ordem Cronológica Acordos Compensa RS Total Pago
2015 46,9 27,4 - 74,3
2016 52,1 37,8 - 90,0
2017 1.360,3 454,3 - 1.814,6
2018 518,7 115,2 45,0 679,0
2019 312,7 322,4 967,5 1.602,6
2020 271,0 128,7 207,5 607,2
Fonte: Sistema Cubos DW/Sefaz-RS (consulta aos valores pagos nos recursos 07, 08 e 09)
Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG
Valores atualizados pelo IPCA-médio.

O alto valor de 2019 (R$ 1,60 bilhão) foi fruto da compensação com
precatórios (programa Compensa RS), no montante de R$ 967,5 milhões. Verifica-se que
o pagamento de precatórios em 2020 através da compensação com Dívida Ativa foi de R$
207,5milhões. Em valores atualizados, nota-se uma queda no pagamento a partir de
2017.
Em março de 2021, foi promulgada a PEC nº 109/21, prorrogando o prazo
de quitação de precatórios para 2029 (anteriormente era 2024). Por essa razão, cabe o
esclarecimento do gestor sobre eventuais medidas adotadas, tais como planos de ação,
para atendimento da emenda, considerando um estoque de precatórios de mais de R$ 15
bilhões. Mesmo considerando a prorrogação do prazo de 2024 para 2028, o Estado
precisaria desembolsar valores muito maiores para conseguir quitar o saldo de
precatórios dentro do novo prazo.
De acordo com o informado no Balanço Geral do Estado de 2020, No
exercício de 2020, houve a centralização da gestão orçamentária e operacional dos
débitos de precatórios na Secretaria da Fazenda com o intuito de padronizar e
racionalizar os fluxos de controle e pagamento, conforme Lei Estadual nº 15.404/2019. A
execução orçamentária desses débitos passou a ser efetuada na Unidade Orçamentária
(U.O.) 33.03 – Encargos Financeiros do Estado - Sentenças Judiciárias.

6.3 – Gestão Financeira


Demonstra-se, na sequência, a movimentação financeira do exercício com
o respectivo montante das disponibilidades existentes ao final de 2019 e 2020.

DISCRIMINAÇÃO 2019 2020 % 20/19


Disponibilidades no início do exercício 4.751,5 5.762,2 21,3%
Ingressos 119.126,9 117.948,9 -1,0%
Receita Ordinária 25.419,3 27.677,7 8,9%
Receita Vinculada 45.010,0 36.282,9 -19,4%
Educação 8.460,6 8.304,5 -1,8%
Saúde 5.338,1 5.921,8 10,9%
Previdência 17.173,0 18.933,9 10,3%
Transferências Obrigatórias de Outros Entes 533,8 450,2 -15,7%
Transferências Voluntárias de Outros Entes 100,8 140,9 39,8%
Fundos Estaduais 13.120,4 2.506,4 -80,9%
Operações de Crédito 283,3 25,1 -91,1%
Recebimentos Extraorçamentários 48.697,6 53.988,3 10,9%
Inscrição Restos a Pagar Processados 7.718,4 6.414,1 -16,9%
Inscrição Restos a Pagar Não Processados 822,6 1.531,2 86,1%

320
DISCRIMINAÇÃO 2019 2020 % 20/19
Depósitos Restituíveis e Valores Vinculados 37.164,2 43.391,7 16,8%
Outros Recebimentos Extraorçamentários 2.992,4 2.651,3 -11,4%
Desembolsos 118.116,2 116.210,2 -1,6%
Despesa Ordinária 28.837,2 29.212,9 1,3%
Despesa Vinculada 45.024,4 35.345,0 -21,5%
Educação 8.414,3 8.561,3 1,7%
Saúde 5.212,0 6.119,6 17,4%
Previdência 17.342,1 17.438,8 0,6%
Transferências Obrigatórias de Outros Entes 197,2 394,8 100,2%
Transferências Voluntárias de Outros Entes 156,4 194,2 24,2%
Fundos Estaduais 13.460,3 2.583,4 -80,8%
Operações de Crédito 242,1 52,9 -78,1%
Pagamentos Extraorçamentários 44.254,6 51.652,3 16,7%
Pagamentos de Restos a Pagar Processados 3.877,0 4.455,9 14,9%
Pagamentos de Restos a Pagar Não Processados 729,9 630,5 -13,6%
Depósitos Restituíveis e Valores Vinculados 36.692,5 44.734,5 21,9%
Outros Pagamentos Extraorçamentários 2.955,2 1.831,4 -38,0%
Disponibilidades no final do exercício 5.762,2 7.500,9 30,2%
Fonte: Balanço Geral do Estado – 2020 e Sistema Cubos DW/Sefaz-RS
Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG

Nas disponibilidades apresentadas na tabela anterior estão as contas


“Caixa e Equivalentes de Caixa”, “Vinculado em Conta Corrente Bancária”, “Investimentos
de Liquidez Imediata do RPPS” e “Depósitos Restituíveis e Valores Vinculados”, e apontam
um saldo, em 31-12-2019, de R$ 7,50 bilhões.

6.3.1 – Movimentação Financeira dos Recursos Vinculados


A parcela da receita orçamentária vinculada, aquela que o Estado, em
decorrência de dispositivos legais e constitucionais, está obrigado a aplicar em fins
específicos, foi de R$ 9,33 bilhões e representou cerca de 14,6% da arrecadação total de
2020 (R$ 63,96 bilhões).
A movimentação financeira desses recursos vinculados é composta pelo
comparativo entre os valores recebidos e suas aplicações, cujo resultado, no ano de 2020,
foi o seguinte:

APLICAÇÃO DOS RECURSOS VINCULADOS NO ANO DE 2020 – AJUSTADO PELAS TRANSFERÊNCIAS ENTRE RECURSOS
Em R$ milhões(nominais)
RECEBIMENTOS/ RECEBIMENTOS/
RECURSO RECEITA DESPESA TRANSFERÊNCIAS DE TRANSFERÊNCIAS DE RESULTADO
NUMERÁRIOS, LÍQUIDO RECURSOS, LÍQUIDO
Tesouro – Vinculado pela Constituição 4.797,7 -16.390,6 431,0 0,0 144,9
Tesouro – Vinculado por Lei 2.768,8 -3.163,7 49,7 234,9 -110,3
Convênios 225,0 -302,7 -77,9 0,0 -155,6
Próprios da Autarquia 1.111,0 -227,9 0,0 0,0 883,1
Operações de Crédito Externas 214,4 -178,3 0,0 0,0 36,1
Operações de Crédito Internas 75,7 -70,9 -2,5 0,0 2,3
Transferências Obrigatórias 1.178,2 -944,6 76,4 1,7 311,7
Próprios das Fundações 0,8 -0,2 - - 0,6
TOTAL 21.678,4 -21.278,9 476,7 236,6 1.112,8
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020 (volume I) e Cubos DW (SEFAZ/RS)

321
O resultado de R$ 1,1 bilhão, calculado acima, significa que o montante
arrecadado foi superior ao aplicado no exercício.
O saldo dos recursos vinculados teve um acréscimo de 18,54% sobre a
Situação Líquida Financeira Potencial – SLFP – ajustada do exercício anterior, de
R$ 6 bilhões, totalizando a SLFP, no final do exercício de 2019, em R$ 7,11 bilhões,
conforme demonstrado na tabela a seguir:

PASSIVO FINANCEIRO POTENCIAL - CONSOLIDADO


Em R$ milhões (nominais)
PASSIVO PASSIVO
TÍTULO MOVIMENTO ∆%
31-12-18 31-12-19
Tesouro – Vinculado pela Constituição 1.591,7 144,9 1.736,6 9,10
Tesouro – Vinculado por Lei 1.940,2 -110,3 1.829,9 -5,68
Convênios 708,8 -155,6 553,2 -21,95
Próprios da Autarquia 1.620,4 883,1 2.503,5 54,50
Operações de Crédito Externas 42,1 36,1 78,2 85,75
Operações de Crédito Internas 84,8 2,3 87,1 2,71
Transferências Obrigatórias 13,3 311,7 325,0 2.343,61
Próprios das Fundações 0,7 0,6 1,3 85,71
SITUAÇÃO LÍQUIDA 6.002,0 1.112,8 7.114,8 18,54
Fonte: Balanço Geral do Estado de 2019, vol. I, p. 135.

O crescimento do saldo da Situação Líquida Financeira Potencial ocorreu,


principalmente, devido ao aumento dos recursos próprios das autarquias, destacando-se
aqueles vinculados ao FUNDOPREV. O aumento do saldo a empenhar das transferências
obrigatórias é explicado principalmente pela transferência da União para o Estado dos
recursos da cessão onerosa do Pré-Sal em 31-12-2019, com aplicação dos recursos apenas
em 2020.

6.3.2 – Situação Líquida Financeira Real e Ajustada


Conforme informações do Balanço Geral do Estado – 2020, a Situação
Líquida Financeira Real corresponde ao Saldo Patrimonial Financeiro do exercício anterior
mais o resultado do exercício financeiro de 2020, ajustado pelas variações líquidas
independentes da execução orçamentária:

SITUAÇÃO LÍQUIDA FINANCEIRA REAL - 2020


Em R$ milhões nominais
TÍTULO VALOR
SALDO PATRIMONIAL FINANCEIRO – 2019 -18.307,3
DÉFICIT FINANCEIRO AJUSTADO DO EXERCÍCIO -3.736,9
SALDO PATRIMONIAL FINANCEIRO ATUAL -22.044,1
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020

Já a Situação Líquida Financeira Ajustada (SLFA) é obtida pelo acréscimo da


Situação Líquida Financeira Potencial à Situação Líquida Financeira Real:

322
SITUAÇÃO LÍQUIDA FINANCEIRA AJUSTADA - 2020
Em R$ milhões nominais
TÍTULO VALOR
SALDO FINANCEIRO REAL -22.044,1
SALDO FINANCEIRO POTENCIAL -7.782,1
SALDO FINANCEIRO AJUSTADO -29.826,2
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020

Em resumo, estariam faltando R$ 29,83 bilhões para que o Estado possa


saldar as obrigações do seu passivo financeiro e as despesas a empenhar,
correspondentes aos saldos de recursos vinculados.

6.4 – Variações Patrimoniais Consolidadas


As alterações verificadas no patrimônio consistem nas variações
quantitativas e qualitativas. As variações quantitativas são decorrentes de transações no
setor público que aumentam ou diminuem o patrimônio líquido. Já as variações
qualitativas são decorrentes de transações no setor público que alteram a composição
dos elementos patrimoniais sem afetar o patrimônio líquido.
A Demonstração das Variações Patrimoniais Consolidadas assim se
apresenta:

RESULTADO PATRIMONIAL DO PERÍODO - 2020


Em R$ milhões nominais
TÍTULO 2019 2020 ∆%
4 - VARIAÇÃO PATRIMONIAL AUMENTATIVA 120.814,1 557.149,5 361,2%
41 - IMPOSTOS, TAXAS E CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA 42.725,2 44.124,2 3,3%
42 - CONTRIBUIÇÕES 18.611,6 20.782,7 11,7%
43 - EXPLORAÇÃO E VENDA DE BENS, SERVIÇOS E DIREITOS 388,4 314,6 -19,0%
44 - VARIAÇÕES PATRIMONIAIS AUMENTATIVAS FINANCEIRAS 1.236,4 1.315,4 6,4%
45 - TRANSFERÊNCIAS E DELEGAÇÕES RECEBIDAS 8.908,2 12.065,2 35,4%
46 - VALORIZAÇÃO E GANHOS COM ATIVOS E DESINCORPORAÇÃO DE PASSIVOS 11.340,2 10.383,7 -8,4%
49 - OUTRAS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS AUMENTATIVAS 37.604,1 468.163,7 1145,0%
3 - VARIAÇÃO PATRIMONIAL DIMINUTIVA 128.207,7 349.677,9 172,7%
31 - PESSOAL E ENCARGOS 30.607,6 30.013,9 -1,9%
32 - BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS E ASSISTENCIAIS 16.662,4 17.253,0 3,5%
33 - USO DE BENS, SERVIÇOS E CONSUMO DE CAPITAL FIXO 7.099,5 7.173,5 1,0%
34 - VARIAÇÕES PATRIMONIAIS DIMINUTIVAS FINANCEIRAS 7.372,9 9.765,5 32,5%
35 - TRANSFERÊNCIAS E DELEGAÇÕES CONCEDIDAS 18.120,1 18.628,3 2,8%
36 - DESVALORIZAÇÃO E PERDA DE ATIVOS E INCORPORAÇÃO DE PASSIVOS 7.191,8 6.091,5 -15,3%
37 - TRIBUTÁRIAS 466,3 574,9 23,3%
39 - OUTRAS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS DIMINUTIVAS 40.687,1 260.177,3 539,5%
RESULTADO PATRIMONIAL DO PERÍODO -7.393,6 207.471,6 2906,1%
Fonte: Balanço Geral do Estado – 2020 e Sistema Cubos DW/Sefaz-RS
Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG

No exercício de 2020 foi apurado um resultado patrimonial de R$ 207,47


bilhões. O grande aumento no resultado do exercício, na comparação com o ano anterior,
explica-se pelo impacto da alteração contábil do reconhecimento do passivo atuarial do
RPPS, conforme explicação a seguir, retirada do Balanço Geral do Estado:

323
Essa alteração resultou no reconhecimento, nos encargos gerais do Estado,
do passivo de R$ 166,24 bilhões referente à cobertura de déficit financeiro futuro, valor
também reconhecido em conta redutora do IPE Prev. Assim, ambos valores (passivo nos
encargos gerais do Estado e redutor de passivo no IPE Prev) foram eliminados no
processo de consolidação, restando, no passivo, os valores da Provisão de Benefícios
Concedidos e a Conceder reconhecidos no IPE Prev, o que é melhor explicado e
evidenciado no item 3.2.6.1 (Provisão Atuarial do RPPS). Esse passivo de R$ 166,24
bilhões teve como contrapartida um débito de R$ 373,09 bilhões em Ajustes de Exercícios
Anteriores (conforme item 3.2.8.2) pelo reconhecimento do passivo atuarial existente em
31 de dezembro de 2019 e um crédito de R$ 206,85 bilhões em Outras Variações
Patrimoniais Aumentativas, na DVP, referente à redução do passivo apresentada em 31
de dezembro de 2020. Considerando ajustes de exercícios anteriores no valor de R$ 1,26
bilhão de superávit e resultado acumulado negativo de R$ 62,13 bilhões em 31-12-2018,
o saldo de 31-12-2019 é de Patrimônio Líquido negativo em R$ 68,27 bilhões.

6.5 – Compensações – Contas de Controle


As contas de compensação, nos termos do artigo 105, §5º, da
Lei nº 4.320/1964, registram operações que “mediata ou indiretamente possam vir a
afetar o patrimônio”. A compensação funciona como um controle à parte do Sistema
Patrimonial. Enquanto este último engloba as contas que compõem o patrimônio do
Estado, aquele abrange escrituração que serve exclusivamente para controle e fonte de
dados para transmitir determinadas informações a terceiros, sem fazer parte do
patrimônio.
Em suma, as contas de controles são relacionadas às situações não
compreendidas no patrimônio. Porém, direta ou indiretamente, poderão afetá-lo,
exclusive as referentes a atos e fatos ligados à execução orçamentária e financeira e as
contas com função precípua de controle.
Nos anos de 2019 e de 2020, as situações reconhecidas pelo Estado podem
ser resumidas assim:

COMPENSAÇÕES - CONTAS DE CONTROLE - 2019/2020


Em R$ milhões (nominais)
CONTAS 2018 % 2019 %
71 - ATOS POTENCIAIS 4.884,9 4,6% 5.345,1 5,0%
711 - ATOS POTENCIAIS ATIVOS 4.548,1 4,3% 4.922,2 4,6%
7111 - GARANTIAS E CONTRAGARANTIAS RECEBIDAS 1.045,0 1,0% 1.038,3 1,0%
7112 - DIREITOS CONVENIADOS E OUTROS INSTRUMENTOS CONGÊNERES 98,2 0,1% 127,5 0,1%
7119 - OUTROS ATOS POTENCIAIS ATIVOS 3.404,9 3,2% 3.756,3 3,5%
712 - ATOS POTENCIAIS PASSIVOS 336,8 0,3% 423,0 0,4%
7121 - GARANTIAS E CONTRAGARANTIAS CONCEDIDAS 126,8 0,1% 126,8 0,1%
7123 - OBRIGAÇÕES CONTRATUAIS 12,0 0,0% 36,7 0,0%
7129 - OUTROS ATOS POTENCIAIS PASSIVOS 198,0 0,2% 259,6 0,2%
72 - ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 31.500,7 29,5% 15.601,6 14,5%
74 - RISCOS FISCAIS 52.624,4 49,3% 68.727,6 63,8%
79 - OUTROS CONTROLES 17.692,1 16,6% 18.048,0 16,8%
Total do Controles Devedores 106.702,0 100,0% 107.722,3 100,0%
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020 (volume I) e Cubos DW (SEFAZ/RS)

324
O saldo das compensações, em 2020, está concentrado, principalmente, na
conta 74 – Riscos Fiscais, com um montante de R$ 68,73 bilhões (R$ 52,62 bilhões em
2019), equivalente a 63,8% do valor total. As contas 72 – Administração Financeira e 79 –
Outros Controles, finalizaram 2020 com R$ 15,60 bilhões e 18,05 bilhões,
respectivamente, representando, juntas, 31,3% do total do grupo.
Em relação à conta Risco Fiscais, seu saldo é composto pelos chamados
passivos contingente, os quais se listam abaixo, as contas mais representativas com seus
saldos de 2019 para 2020:

PASSIVOS CONTINGENTES – 2019 e 2020


Em R$ milhões nominais
OBJETO 2019 2020
Implantação Piso Nacional do Magistério 33.300,8 34.500,0
Compensação de Débitos Estaduais com Precatórios - 7.000,0
Inconstitucionalidade TR – estoque de precatórios e RPVs 5.791,8 6.734,0
Brasil Telecom 5.000,0 5.000,0
Tarifas TUST e TUSD - 1.600,0
Repasses para os municípios de recursos do FES - 1.434,9
Inclusão do déficit previdenciário na base de cálculo do PASEP - 1.400,0
Contribuição previdenciária da Fase - 1.320,0
Ações Civis Públicas - Investimentos na área da saúde 1.915,6 1.276,8
Ação Civil Pública. Meio Ambiente - 1.000,0
Contribuições do Daer ao IPE Prev e IPE Saúde 986,8 986,8
Processos individuais na área de saúde 2.097,6 844,5
Demais Passivos Contingentes 3.531,8 5.630,6
TOTAL 52.624,4 68.727,6
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020 (Volume I)

• Implantação do Piso Nacional do Magistério – A Procuradoria-Geral do


Estado vem atuando na defesa do Estado em milhares de demandas individuais e na ação
coletiva nº 011.1.11.0246307-9, ajuizada pelo Ministério Público, postulando a
implantação do piso salarial nacional do magistério, previsto no artigo 2º da Lei Federal
11.738-2008, além do pagamento de diferenças pretéritas.
• Compensação de débitos estaduais com Precatórios - A Procuradoria
Fiscal da PGE atua em processos judiciais em que os contribuintes de tributos estaduais
formulam pedidos de compensação de débitos estaduais com precatórios adquiridos
pelos devedores. A matéria referente aos pedidos de compensação de tributos com
créditos de precatório, vencido e não pago, formulados antes da edição da Emenda
Constitucional nº 62/2009, nos termos do art. 78, § 2º, do ADCT da Constituição Federal
(CF88), diante da proteção ao direito adquirido, ato jurídico perfeito e segurança jurídica,
com base no art. 5º, XXXV e XXXVI, da CF88, deverá ser examinada pelo Supremo Tribunal
Federal em repercussão geral.
• Inconstitucionalidade da TR como índice de correção monetária dos
débitos da Fazenda Pública sobre o estoque de precatórios e RPV’s: o tema 810 do STF
controverte acerca da validade da correção monetária e dos juros moratórios incidentes
sobre as condenações impostas à Fazenda Pública, conforme previsto no artigo 1º-F da
Lei nº 9.494/1997, com redação dada pela Lei nº 11.960/2009. As fazendas estaduais
estão atuando conjuntamente na tentativa de alterar o quadro atual do julgamento, no

325
qual já há maioria firmada pela manutenção da eficácia retroativa da
inconstitucionalidade da TR, a contar da entrada em vigor da Lei 11.960/2009.
• Brasil Telecom – A Brasil Telecom/Oi ajuizou demanda, processo
nº 1.06.0215436-0, na qual postula a condenação do Estado do Rio Grande do Sul a
ressarcir-lhe os valores despendidos nas milhares de ações judiciais propostas pelos
usuários dos serviços de telefonia fixa, discutindo o valor das ações referentes às linhas
telefônicas da extinta CRT.
• Tarifas TUST e TUSD - Trata-se de demandas ajuizadas por consumidores
que tentam fazer prevalecer a tese da não-incidência do ICMS sobre valores que não
configurariam efetivo consumo, ou seja, sobre o valor relativo à tarifa de uso do sistema
de transmissão (TUST) e à tarifa de uso do sistema de distribuição (TUSD), cumuladas com
repetição de indébito ou compensação com o ICMS devido sobre a fatura de energia
elétrica ou com o ICMS devido a outro título.
Repasses para os municípios de valores do FES – Diante da crise financeira,
hospitais que atendem pelo SUS e Municípios ingressaram com ações e Mandados de
Segurança postulando o correto repasse dos valores previstos. Tais processos apresentam
elevados valores, por vezes com bloqueios nas contas do Estado. Além desses repasses de
valores as ações podem envolver pedido de ressarcimento, reestruturação da política
pública adotada junto ao hospital e demais contratualizações que envolvam valores que
pela Lei nº 8080/90 seriam objeto de repasse aos hospitais.
• Inclusão do déficit previdenciário na base de cálculo do PASEP – O
governo do Estado ingressou com a Ação Cível Originária nº 3.404 perante o Supremo
Tribunal Federal (STF), postulando liminar para impedir cobrança em duplicidade para
Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep). Sustentou-se na ação
que o Estado já repassa o valor destinado ao pagamento dos benefícios previdenciários
dos servidores (cobertura de insuficiências financeiras e cota patronal das contribuições
previdenciárias) pelo Instituto de Previdência do Estado (IPE Prev). Portanto, a cobrança
também via administração direta do Tesouro Estadual seria indevida, porque seria uma
cobrança em duplicidade, já que o IPE é uma autarquia do Executivo.
• Contribuição previdenciária da Fase – A Fundação de Atendimento Sócio-
Educativo do Rio Grande do Sul (Fase) recebeu diversas autuações do INSS em razão de
que o Certificado de Filantropia fora revogado, o que demandaria o recolhimento da cota
patronal em relação a todos os seus empregados. O artigo 55 da Lei Federal nº 8.212, de
24 de julho de 1991, previu requisitos para o exercício da imunidade tributária versada no
§ 7º do artigo 195 da Carta da República, o que tornou impossível à Fase a certificação da
filantropia, basicamente em razão da exigência de que seus diretores não fossem
remunerados, o que é incompatível com o caráter público da Fase. A controvérsia
envolvendo a nulidade do Ato Cancelatório, que gerou a perda do enquadramento da
Fase como entidade filantrópica e de Assistência Social, foi submetida à Câmara de
Conciliação e Arbitragem da Administração Federal, proc. nº. 00400.000176/2013-81, o
qual se encontra suspenso até o julgamento do Recurso Extraordinário nº 566.622 pelo
Supremo Tribunal Federal (STF).
• Ações Civis Públicas (Investimentos na Saúde) – O Ministério Público
Estadual ajuíza, para cada exercício, desde o ano 2003, ações cíveis públicas contra o
Estado do Rio Grande do Sul com o intuito de compeli-lo a depositar os recursos próprios

326
destinados às ações e serviços de saúde pública executados pela Secretaria da Saúde, no
percentual de 12%, conforme previsão constitucional.
• Processos Individuais na Área da Saúde - atualmente existem cerca de
115.292 processos na área de saúde demandando fornecimento de medicamentos,
próteses, órteses e demais prestações na área de saúde. Existem ainda 135 demandas
relativas a medicamentos e procedimentos de alto custo e sete processos com pedido do
medicamento Spinraza (Nusinersen), sem comercialização no Brasil, custando no exterior
o montante de US$ 125 mil a dose, perfazendo um total de US$ 750 mil em um ano de
tratamento por pessoa, não havendo prazo para a duração do tratamento.

327
7 Gestão da Dívida Pública
As obrigações financeiras contraídas por um ente podem ser conceituadas
como dívida pública. Através deste mecanismo, qual seja a busca de montantes
financeiros junto a terceiros, o Estado do Rio Grande do Sul pode financiar seus
programas e políticas públicas.
Ao mesmo tempo em que o financiamento possibilita diversas ações,
implica em obrigações que exigem a capacidade financeira do ente, para que possa
cumprir os compromissos financeiros assumidos.
O presente capítulo tem por objetivo analisar o contexto da dívida pública
no RS, detalhando seu histórico, evolução, composição e fatos relevantes.

7.1- Evolução do Estoque da Dívida Consolidada e sua Composição


A evolução da dívida, em relação ao PIB Estadual, é demonstrada a seguir:

EVOLUÇÃO DO ESTOQUE DA DÍVIDA EM RELAÇÃO AO PIB – 2002/2020


Em R$ milhões nominais
DÍVIDA % PIB (*) % RELAÇÃO % RELAÇÃO %
ANO CONSOLIDADA ANO ANO
A ANTERIOR B ANTERIOR A/B* A/B**
2002 24.786,4 - 105.486,82 - 23,50
2003 26.683,1 7,65 124.551,27 18,07 21,42
2004 29.093,7 9,03 137.830,68 10,66 21,11
2005 30.326,8 4,24 144.218,20 4,63 21,03
2006 31.920,8 5,26 156.826,93 8,74 20,35
2007 33.913,1 6,24 176.615,07 12,62 19,20
2008 38.276,9 12,87 199.499,01 12,96 19,19
2009 37.108,2 -3,05 215.863,88 8,20 17,19
2010 41.067,9 10,67 241.255,56 11,76 17,02
2011 43.621,7 6,22 264.968,71 9,83 16,46
2012 47.722,6 9,40 287.055,58 8,34 16,62
2013 51.054,8 6,98 331.095,18 15,34 15,42
2014 55.370,8 8,45 360.439,87 8,86 15,36
2015 62.615,6 13,08 392.149,41 8,80 15,97 16,39
2016 66.799,8 6,68 410.275,93 4,62 16,28 16,34
32
2017 68.123,3 1,98 423.151,00 3,51 16,10
2018 73.723,6 8,22 454.516,00 7,41 16,22
2019 77.648,4 5,32 480.577,00 5,73 16,16
2020 81.595,7 5,08 473.419,00 -1,50 17,24
Fonte: FEE. Serie PIB 2002 a 2016. DEE- Departamento de economia e Estatistica PIB de 2017 a 2020
Obs: Desconsidera-se o saldo de precatórios
*Cálculo da FEE-RS
**Cálculo da FIPE/DEE

32
Com o encerramento das atividades desenvolvidas pela Fundação de Economia e Estatística - FEE-RS,
extinta pelo Governo do Estado em 2017, a Secretaria do Planejamento contratou a Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas-FIPE para elaboração e cálculo do PIB estadual. Posteriormente, o Departamento de
Economia e Estatística-DEE que integra a Secretaria do Planejamento, Orçamento e Gestão passou a
elaborar as estatísticas oficiais, entre elas o PIB do Rio Grande do Sul.

329
O ano-base de 2002 marcou a maior proporção da relação Dívida/PIB, que
foi de 23,5%. Desde então, houve uma contínua queda do percentual até o ano de 2011,
quando chegou a 16,46%. Em 2012, a relação se manteve praticamente estável,
mantendo-se abaixo dos 16% em 2013 a 2014. Posteriormente, até o ano de 2019 a
relação se manteve próxima de 16%, atingindo 17,24% no ano em análise.
Dessa maneira, embora o PIB apresentasse crescimento nesse período
(economia saiu da recessão) e tenha havido renegociação em termos mais favoráveis com
uma prevista redução inicial do estoque33, essa relação não apresentou um decréscimo
mais significativo em decorrência da sustação dos pagamentos no período.
No ano de 2020, em decorrência da continuidade da sustação dos
pagamentos e da queda do PIB, consequência do COVID, a relação dívida/PIB cresce,
ficando acima dos 17%.
A evolução do comprometimento dos recursos empregados pelo Estado
com a Dívida Consolidada, representada pelo somatório dos valores empenhados em
amortizações e os seus respectivos encargos no período de 2003 a 2020, foi a seguinte:

SERVIÇOS DA DÍVIDA CONSOLIDADA 2003/2020


Em R$ milhões nominais
SERVIÇOS
DESPESA TOTAL % Serv.
DA DÍVIDA % Serv.
ANO RCL
(AMORTIZAÇÕES E S/ RCL
(DT) S/DT
ENCARGOS)
2003 1.459,37 14.227,40 10,26 9.859,60 14,80
2004 1.493,27 15.391,16 9,70 10.736,73 13,91
2005 1.605,57 17.574,86 9,14 12.349,35 13,00
2006 1.775,46 19.001,47 9,34 13.312,37 13,34
2007 1.830,38 19.524,39 9,37 13.991,37 13,08
2008 2.149,07 22.118,79 9,72 16.657,79 12,90
2009 2.112,32 23.673,89 8,92 17.387,29 12,15
2010 ajustado 2.168,95 27.994,16 7,75 20.297,85 10,69
2011 2.504,16 30.104,31 8,32 21.927,90 11,42
2012 2.685,52 33.232,38 8,08 23.710,65 11,33
2013 2.894,54 37.745,29 7,67 26.387,88 10,97
2014 3.268,89 42.731,36 7,57 28.633,47 11,42
2015 3.739,97 45.558,91 8,20 30.139,17 12,41
2016 1.744,01 47.020,28 3,71 34.654,90 5,03
2017 2.249,62 50.185,19 4,48 35.045,93 6,42
2018 3.970,48 56.143,71 7,07 37.773,29 10,51
2019 4.338,47 58.250,42 7,45 39.779,44 10,91
2020 4.339,51 64.557,89 6,72 42.073,52 10,31
Fonte: Balanço Geral do Estado, Sistema Cubos DW – SEFAZ/RS e requisição de informações ao Tesouro do Estado. Valores empenhados.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.

Conforme se expõe na tabela anterior, a partir do ano de 2003 ocorreu


uma lenta, mas gradativa tendência à redução do serviço da dívida nos indicadores
selecionados, embora com pequenas oscilações da participação dos serviços na despesa
total, atingindo o percentual de 7,57% em 2014 (desconsiderado na análise o ano de

33
Redução esperada em razão da Lei complementar n°148/2014 que determinou a troca do índice de
atualização e a taxa de juro de 6% para 4%, retrocedendo ao ano de 2013.

330
2010, haja vista a antecipação da amortização do contrato PROEX-Extralimite – receita
extraordinária).
O índice de 8,20% registrado em 2015 teve origem tanto no aumento do
serviço da dívida, em valores reais, como pelo declínio real da despesa total (ambos
medidos pelo IGP). No ano de 2016, por força da decisão liminar do Supremo Tribunal
Federal (MS34110) que suspendeu os pagamentos, o serviço da dívida foi reduzido a R$
1,74 bilhão, representando 3,71% da despesa total e 5,03% da receita corrente líquida.
Em 2017, a soma empenhada alcançou o valor de R$ 2,25 bilhões, correspondendo a
4,48% da despesa total e 6,42% da receita corrente líquida. Observa-se que desse valor,
R$ 1,02 bilhão não foram pagos, ficando inscritos em restos a pagar e contando no saldo
devedor da dívida34.
No ano de 2018, o valor empenhado registrou aumento em decorrência do
previsto na Lei Complementar nº 156/2016, a qual, a par de conceder descontos sobre os
valores das parcelas a serem pagas, estabeleceu redução mensal desse benefício. Assim,
os descontos no ano de 2018 foram de percentual reduzido.
A tabela também evidencia as situações decorrentes das ações dos
Governos subnacionais que resultaram na repactuação da Dívida com a União,
especialmente por força das alterações definidas na LC nº 148/2014, quando a taxa de
juro utilizada para cálculo do valor do serviço da dívida foi modificado de 6% para 4% a.a.,
o índice de atualização passou de IGP para IPCA (ambos a serem válidos a partir de 2013)
e houve a ampliação do prazo para 240 meses.
Dessa forma, o serviço da dívida, que representava 8,20% da despesa total
e 12,41% da receita corrente líquida em 2015 passa a representar, aproximadamente, 7%
e 10,5%, respectivamente, no ano de 2018. No ano de 2019, tem-se um acréscimo de
aproximadamente 0,40% passando a representar 7,45% da despesa total e 10,91% da
receita corrente líquida. Vale lembrar que no ano de 2019 não existiu a possibilidade de
abatimentos do serviço (término em junho de 2018). No ano de 2020, a participação dos
serviços na despesa total declina para aproximadamente 6,72% e na receita corrente se
mantém, praticamente, no mesmo patamar. Importante observar que o declínio da
participação no ano de 2019 e 2020 em relação ao patamar existente até 2015 decorre da
renegociação a partir da LC n° 156/2016.
A Dívida Consolidada (incluídos os precatórios), em 2020, somou
R$ 93,26 bilhões e divide-se em dois grupos distintos: R$ 82,60 bilhões relativos à Dívida
Interna e R$ 10,66 bilhões provenientes da Dívida Externa.
Durante os exercícios de 2019 e 2020, a movimentação dessa Dívida, em
números consolidados, pode ser resumida da seguinte forma:

DÍVIDA CONSOLIDADA 2019/2020


Em R$ milhões
ESPECIFICAÇÃO 2019 2020
Dívida Interna
Dívida Contratual 68.388,13 70.499,92

34
Na análise da evolução do serviço da dívida, deve-se desconsiderar os anos de 2016 e 2017, pois nesses
anos foi empenhado um percentual pequeno da prestação calculada para o financiamento, por conta da
suspensão e abatimento dos pagamentos e concomitante não empenho.

331
DÍVIDA CONSOLIDADA 2019/2020
Em R$ milhões
ESPECIFICAÇÃO 2019 2020
Débitos Parcelados 615,58 436,34
Precatórios Judiciais 11.627,20 11.667,20
1-Total Dívida Fundada Interna 80.630,91 82.603,46
Dívida Interna exceto Precatórios 69.003,71 70.936,26
Dívida Externa
Dívida Fundada Externa por contratos 8.624,52 10.659,43
2-Total da Dívida Externa 8.624,52 10.659,43

3-Total Dívida 89.255,43 93.262,89

Total Dívida exceto Precatórios 77.628,23 81.595,69


Fonte: Balanço Geral do Estado: Demonstração da Dívida Consolidada

O crescimento nominal do estoque da dívida foi de 4,49%, passando de


R$ 89,25 bilhões para R$ 93,26 bilhões. Esse total está assim composto:

COMPOSIÇÃO DA DÍVIDA CONSOLIDADA EXERCÍCIO DE 2020 %

0,47%
12,51%

87,02%

contratos debitos parcelados Precatórios Judiciais

Fonte: Balanço Geral do Estado. Cubos DW (SEFAZ/RS).


Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS

Pode-se verificar, pelo exposto no gráfico, que, do total da Dívida


Consolidada, aproximadamente 87% está formalizada por contratos, enquanto a
participação dos precatórios e dos débitos parcelados é de aproximadamente 12,5% e
0,5%, respectivamente.
Destaca-se que a dívida com precatórios foi analisada com maiores
detalhes na seção 6.2 deste Relatório.
Com relação ao saldo contábil de débitos parcelados, apresentado no
Balanço Patrimonial de 31-12-2020, verifica-se que o valor de R$ 436,3 milhões é
composto de parcelamentos contraídos com o INSS e o PASEP.

332
COMPOSIÇÃO DO SALDO DE DÉBITOS PARCELADOS ANO DE 2020
Em R$ milhões
PASSIVO
ORIGEM PASSIVO NÃO CIRCULANTE TOTAL %
CIRCULANTE
INSS 25,9 253,0 278,9 63,9

PASEP 52,2 105,2 157,4 36,1


TOTAL 78,1 358,2 436,3 100,0
Fonte, Sistema Cubos DW – SEFAZ/RS

Assim, a parcela da dívida constituída de Débitos Parcelados está


concentrada em obrigações com o INSS, no total de R$ 278,9 milhões (63,92 % do total), e
com o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público – PASEP, no valor de
R$ 157,43 milhões (36,1 % do total).
Visto que a dívida com precatórios foi examinada em item próprio e a
dívida contratual representa aproximadamente 87 % do total da dívida, passa-se à análise
específica da dívida em contratos.

7.2 - Dívida em Contratos

7.2.1- Fatos Relevantes


A dívida contratual do Estado sofreu profunda modificação no processo de
renegociação celebrado com a União em 15-04-1998. Com o Contrato de
nº 014/98/STN/COAFI de Confissão, Promessa de Assunção, Consolidação e
Refinanciamento de Dívidas, no âmbito do Programa de Apoio à Reestruturação e ao
Ajuste Fiscal dos Estados, a dívida mobiliária (representativa de títulos) e a dívida
contratual com a Caixa Econômica Federal (CEF), foram refinanciadas, passando a ser
atualizadas pela variação positiva do IGP-DI/FGV e acrescidas da taxa de juros de 6% ao
ano, calculados e debitados mensalmente, por um prazo de 30 anos, para pagamento
pelo sistema de amortização tabela Price. Como garantia, foram oferecidas as receitas
próprias do Estado, transferências constitucionais e créditos, de que trata a Lei
Complementar nº 87/1996, recursos esses que podem ser bloqueados em caso de
inadimplência.
Os pagamentos ficavam limitados a 13% da Receita Líquida Real – RLR,
deduzidos os valores pagos a cargo das dívidas oriundas das Leis Federais n.º 7.976/89 e
8.727/93 e da Dívida de Médio e Longo Prazo-DMLP, com previsão na cláusula quinta do
Contrato e seus parágrafos. O valor excedente ao limite de 13% da RLR era transferido
para a Conta-Resíduo, que seria amortizado no prazo adicional de 10 anos (120 meses),
ou seja, até o ano de 2038.
Em face da intensa negociação forçada pelos governadores de estados que
estavam com situação fiscal fragilizada, a sensibilidade dos representantes da União
assim como do Judiciário possibilitou, a partir de 2014, a ocorrência de várias alterações
legais e/ou judiciais.
A Lei Complementar n° 148/2014, que por força da LC n° 151/2015 se
tornaria efetiva a partir de janeiro de 2016, determinou mudanças no índice de

333
atualização monetária utilizado, trocando do IGP-DI, previsto originalmente, para o Índice
Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), o qual, segundo os interlocutores, seria mais
favorável aos estados por não ser influenciado de forma tão intensa pela volatilidade
cambial. A mesma legislação também foi responsável por promover a alteração na taxa
de juros aplicada sobre o estoque da dívida, passando dos 6% ao ano, estabelecidos no
contrato, para 4% ao ano. Essas novas situações, de acordo com o dispositivo legal,
passaram a ser aplicáveis a partir de 1° de janeiro de 2013, ou seja, tiveram que ser
recalculadas retroativamente a fim de viabilizar redução do valor devido.
Posteriormente, os estados passaram a questionar a forma de pagamento
do serviço da dívida com foco em divergências de entendimento sobre a forma de
capitalização (juros simples versus juros compostos, incidentes a partir de que momento),
situação que culminou com o deferimento de liminares em prol dos Entes Subnacionais, e
a consequente suspensão de pagamentos (Liminar do STF, MS34110, em abril de 2016).
Em ato contínuo, em reunião entre os Governadores e os representantes
do Ministério da Fazenda, foi firmado Acordo entre os estados e a União. Mais adiante,
foi promulgada a Lei Complementar n° 156, de 28 de dezembro de 2016, a qual
estabeleceu o plano de auxílio aos estados e ao Distrito Federal.
O acordo e a LC n° 156/2016, entre outros dispositivos, estabeleceram o
seguinte:
a) Alongamento da dívida dos estados com a União, contratada no âmbito
da Lei n° 9.496/1997, por 240 meses, sendo os meses adicionais acrescidos ao tempo
original dos contratos.
b) Entre os meses de julho a dezembro de 2016, redução extraordinária de
até 100% da parcela devida.
b) Concessão de desconto linear em 18 meses, a partir de janeiro de 2017,
iniciando-se em 100% da prestação mensal devida e reduzindo-se ao longo dos meses
seguintes até a extinção do desconto a partir do 19° mês.
c) Diferimento, em 12 meses, dos valores devidos e não pagos relativos às
liminares concedidas e que tiveram por tese principal o questionamento da forma de
capitalização (juros simples ou compostos), ficando acertado o pagamento desses valores
com início em julho de 2016.
A LC n° 156/2016 afastou as disposições contidas nos art. 5° e 6°, da
Lei n° 9.496/1997, ou seja, o comprometimento máximo da receita (no caso 13% da RLR
previsto no contrato).
Embora o governo do Estado tenha assinado os aditivos contratuais
previstos nas Leis n° 148/2014 e n° 156/2016, somente em 21 e 26 de dezembro de 2017,
respectivamente, os pagamentos foram efetuados de acordo com o previsto na
LC n° 156/2016 e acordo a partir do ano de 2016.
Conforme pactuado no acordo federativo e reconhecido na LC n°156/2016,
os pagamentos das parcelas devidas entre julho a dezembro de 2016, não pagas em face
de obtenção liminar no Judiciário, passaram a ter um prazo para serem adimplidas, e, da
mesma forma, ficou estabelecido que as prestações dos meses seguintes, entre janeiro de
2017 e junho de 2018, sofreriam uma redução extraordinária decrescente, sendo que em
julho de 2018 o estado retornaria a efetuar o pagamento sem redução (parcela cheia).

334
Entretanto, ainda no mês de julho de 2017, em decorrência da fragilidade
fiscal, o estado voltou à instância judicial com o objetivo de obter nova liminar que
antecipasse os efeitos do Regime de Recuperação Fiscal (RRF)35, normatizado pela Lei
Complementar nº 159/2017.
Com o sucesso na concessão da referida medida judicial, os pagamentos da
dívida com a União foram suspensos novamente. Por conseguinte, o total do valor
empenhado em 2018, 2019 e 2020 para o tesouro gaúcho saldar a dívida contratada com
a União não resultou em efetivo pagamento.
Por outro lado, importante observar que a suspensão dos pagamentos
devidos à União implica crescimento do estoque da dívida, logo, deverá repercutir sobre
o serviço da dívida na medida a ser definida no processo de nova renegociação com o
governo federal.
O estado negocia sua adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) junto
ao governo federal. Em 13 de janeiro de 2021, foi sancionada a Lei Complementar nº
178/2021, definindo novos termos e condições para pagamento (modificação de prazo,
pagamento de parcelas não pagas, etc.), como irá se expor na sequência.

7.2.2- Retrospectiva: Evolução da Dívida


Ao longo dos anos, mais precisamente até 2013, acumulou-se um resíduo
porque o valor pago, com limitador de 13% da Receita Líquida Real, foi sistematicamente
menor do que o valor devido, resultando em novas incorporações a essa conta. Além
disso, o próprio saldo do resíduo foi corrigido nos mesmos termos do valor principal, isto
é, IGP-DI com acréscimo de 6% de juros ao ano.
O limitador em princípio tinha um objetivo positivo, pois visava que um
percentual da receita fosse o teto dos recursos comprometidos (13% da RLR, no caso). A
expectativa era que com o incremento da receita o percentual previsto para o limitador
gerasse um quantum suficiente para o pagamento integral da prestação calculada, ou
seja, de que os 13% sobre a RLR fossem suficientes para pagar a prestação. No entanto,
esse quantum foi insuficiente para o pagamento da parcela devida. Dessa maneira, o
limitador, que em princípio deveria servir como uma garantia para que o estado
mantivesse sua capacidade de pagamento e não comprometesse parcela maior de sua
receita com o serviço da dívida, constituiu-se, por diversos motivos, em um fator para o
crescimento da dívida.

35
Em maio de 2017 foi aprovada a Lei complementar n° 159 que Instituiu o Regime de Recuperação Fiscal
dos Estados e do Distrito Federal, alterando as leis complementares n°ѕ 101/2000 e 156/2016.

335
EVOLUÇÃO DA PRESTAÇÃO (PRICE)/PAGAMENTO (LIMITE 13%)
3.000.000

2.500.000

2.000.000

1.500.000

1.000.000

500.000

prestação calculada pagamento limite

Fonte: Divisão da Dívida Pública.

Dessa maneira, a dívida não declinou, embora o longo período de


pagamento, em função da sua dimensão financeira e não de desequilíbrios fiscais. Assim,
imperativo seria, não sendo o montante de receitas decorrente da utilização do limitador
suficiente para o pagamento da parcela calculada que ocorresse a repactuação do prazo,
de forma a viabilizar a efetiva amortização da dívida ao longo dos pagamentos36. Assim, a
parte da receita destinada ao pagamento do serviço da dívida, entre os anos de 1998 a
2013, foi insuficiente para o seu pagamento. Essa diferença foi capitalizada impedindo a
redução efetiva do valor real da dívida intralimite.
Deve-se lembrar de que na concepção do contrato, e por sua lógica, o
saldo devedor deveria ser quitado em 2028, e que no início do contrato a prestação da
tabela Price (devida) era superior ao limite de comprometimento da Receita (13% da
RLR). A expectativa era de que em curto período a prestação paga alcançasse a prestação
devida, deixando de formar resíduos, todavia isto não ocorreu. Convém ressaltar que o
crescimento da receita de forma mais intensa permitiria que os 13% sobre essa receita
alcançassem um quantum que viabilizasse o pleno pagamento da prestação calculada a
partir do prazo do contrato, o que conforme já dito, não ocorreu.
Após a renegociação de 1998, diversas foram as causas para o desequilíbrio
que formou os resíduos e não permitiu o gradativo declínio do valor da dívida: fraco
crescimento associado à política econômica; índice de correção; as desonerações; o
aumento tributário via contribuição fiscal; a guerra fiscal; a taxa de juros elevada, etc.
Observa-se que a manutenção do limitador do pagamento, do prazo e das
demais condições do contrato, sem que a prestação calculada possa ter sido plenamente

36
Assim, com ampliação do prazo os 13% sobre a receita líquida real seriam suficientes para o pagamento
pleno da parcela calculada, haja vista a redução dessa parcela pela ampliação do prazo. Dessa forma,
efetuando uma efetiva amortização da dívida ao longo do tempo. A incorporação do prazo, que já era
previsto para prorrogação, ao prazo inicial do contrato, já viabilizaria uma efetiva e importante amortização
do contrato ao longo do período.

336
paga, traz a questão: os juros não pagos (ou parcialmente pagos) num determinado
período podem ser englobados ao saldo devedor para servirem de base de cálculo para
novos juros?
Em suma, o crescimento da receita menos intenso do que o esperado à
época da assinatura do contrato se deveu em grande parte ao contexto econômico e à
política econômica adotada pelo governo federal. No entanto, os empréstimos não
tiveram tratamento similar ao adotado em outras medidas implementadas pelo Governo
Federal, tais como a concessão de anistias tributárias; o refinanciamento de dívidas
tributárias; os subsídios e créditos privilegiados concedidos a alguns setores econômicos
(em especial via bancos públicos); as renúncias fiscais, etc.
Na forma que foram pactuados os pagamentos, a dívida adquiriu uma
dimensão financeira até o ano de 2014 impedindo sua redução. Posteriormente, no
momento que iniciaria a amortização da dívida, com a crise financeira que se instalou,
ocorreu a suspenção dos pagamentos, impedindo, deste modo, sua efetiva amortização.
Vejamos com algum detalhe a evolução anteriormente exposta:
O crescimento da Receita Líquida Real acima do índice de correção, IGP, no
caso, provocou, num primeiro momento, a redução da diferença entre o valor dado pelo
teto de pagamento (13%) e o valor da prestação calculada, com acúmulo na conta do
resíduo. Assim, embora a redução da diferença, a prestação calculada permaneceu maior
que a prestação paga a partir dos 13%. Entretanto, a partir de 2014, a situação modificou-
se, sendo o valor pago no ano maior do que o total devido.
O ano de 2015, por sua vez, se constituirá em um marco na evolução do
estoque da dívida intralimite, pois a partir desse ano passou a ocorrer uma amortização
líquida dessa dívida, como mostra o gráfico a seguir.

AMORTIZAÇÃO MENSAL – 2013 A 2015

100

50

-50

-100

-150

Fonte: Requisição informações – Secretaria da Fazenda – Divisão da Dívida Pública..


Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS

Ou seja, a partir do ano de 2015 constata-se a ocorrência de amortizações


mensais positivas em torno de R$ 400 milhões de reais no ano. Naquele exercício, as
prestações pagas superaram o somatório do valor dos juros do principal e do estoque do
resíduo, sendo que, caso fosse mantida essa trajetória (com amortizações líquidas

337
positivas), com imposição de forte sacrifício fiscal, o Tesouro Estadual teria uma gradativa
redução real da dívida intralimite, do seu principal e de seu resíduo.
O crescente resgate dos valores da dívida levou a um declínio, em valores
reais, do principal da dívida até o ano de 2015. O resíduo se manteve em crescimento,
mas com taxas declinantes.
Como consequência desse fluxo, observou-se uma tendência ao declínio do
valor real do estoque da dívida intralimite até o ano de 2015, situação que se reverte no
ano de 2016, com a suspensão dos pagamentos obtida por força da liminar STF MS34110,
demandada pelo governo estadual como forma de enfrentar as dificuldades financeiras
provocadas pela crise vivenciada na economia nacional.
Convém ressaltar que o ajuste, realizado com base na Lei nº 9.496/97, não
permitiu, mesmo com significativas transferências de recursos para a União, que o Estado
ao longo do tempo readquirisse sua capacidade de utilizar o endividamento como fonte
de recurso para realizar investimentos de maior prazo de maturação ou mesmo para
atravessar fases difíceis. Assim, o limitador de pagamento (13%) funcionou de forma a
não viabilizar a retomada da capacidade de financiamento através da dívida.
Nas condições originais da Lei nº 9.496/97, o valor a ser refinanciado a
partir de 2028, decorrente de eventual saldo na conta resíduo, estaria relacionado ao
comportamento que a Receita Líquida Real viesse a assumir no decorrer deste prazo (até
2028)37. Por outro lado, a implementação das condições previstas pela LC n°148/2014
possibilitaria uma melhora substancial no financiamento do resíduo a ser realizado em
2028, porém sem nenhum reflexo no pagamento até essa data (no montante do serviço),
pois, conforme o regramento disposto no contrato original, e que não foi objeto de
alteração na legislação de 2014, enquanto houvesse resíduo, os pagamentos mensais
deveriam obedecer ao limite de comprometimento, no caso, de 13% da Receita Líquida
Real. Dessa maneira, a implementação do previsto na Lei Complementar n°148/2014
poderia proporcionar uma evolução mais favorável do estoque até o ano de 2028, mas
sem reflexo na evolução dos serviços a pagar, isto é, exigindo significativo esforço fiscal
devido à inexistência de alterações nos valores a serem pagos nas parcelas mensais.
A frágil situação financeira do Tesouro Estadual, com a contínua carência
de recursos, foi determinante para que o governo gaúcho, ao final de 2017, assinasse
aditivos ao contrato nos termos da LC n° 156/2016, aderindo formalmente às condições
previstas na referida Lei. Observa-se que as normativas estabelecidas com o processo de
renegociação produziram uma redução do comprometimento do serviço da dívida em
relação à RLR nos anos iniciais, mas em anos posteriores, notadamente após 2028,
aumenta esse comprometimento em relação à trajetória prevista para a evolução do
serviço quando considerado somente os parâmetros previstos na LC n° 148/2014.
Em síntese, a assinatura dos aditivos aos contratos com base nas Leis
Complementares nº 148/2014 e 156/2016 provocaram a alteração da taxa de juros de 6%
para 4%, a modificação do índice de atualização monetária retroativa a
1º de janeiro de 2013, ampliação do prazo para pagamento da dívida em 20 anos,
extinção do limitador de 13% da RLR para o pagamento da dívida e a incorporação do

37
O resíduo seria refinanciado em 10 anos e os pagamentos seriam recalculados pela tabela Price.

338
saldo devedor da conta resíduo e PROES, alterando a base de cálculo das prestações
mensais.
O Estado, por força de liminar obtida no mês de julho de 2017, passou a
não efetuar os pagamentos previstos a partir dos ajustes referidos (mesmo com o saldo
reduzido das parcelas). Essa interrupção dos pagamentos gerou um crescimento do
montante devido pela aplicação dos encargos incidentes e pela falta de amortização
dessa dívida.
A crise financeira do RS que se ampliou dificultou, mesmo com as diversas
modificações descritas, a retomada dos pagamentos do serviço da dívida. A renegociação
da dívida voltará a estar na pauta e no cerne da questão mais ampla sobre o
financiamento das atividades do estado. Antes de se retornar a esse tema, devem-se
retomar as informações do ano de 2020.
Em valores de 31-12-2020, a composição da dívida consolidada por
credor/contrato assim se apresentava:

DÍVIDA CONSOLIDADA – CONTRATO 2020


Em R$ milhões nominais
DÍVIDA SALDO EM EM
CONTRATOS DÍVIDA FUNDADA
INTERNA EXTERNA 31/12/2020 %
Contratos 9496/97-LC156 -BB¹ 69.063,6 69.063,6 85,1
00136310/20/14132-7 20/12/12 PROINVEST - B. Brasil 683,7 683,7 0,8
00136310/94/00108-1 - Assunção - COHAB – Vincenda 28,6 28,6 0,0
Caixa Econômica Federal 1,0 1,0 0,0
Banco Nacional de Desenvolvimento Social 723,0 723,0 0,9
Banco Inter.p/Reconstr.e Desenvolvimento 8.351,2 8351,2 10,3
Banco Interamericano de Desenvolvimento 2.308,3 2308,3 2,8
TOTAL 70.499,9 10.659,5 81.159,4 100,0
Fonte: Cubos DW (SEFAZ/RS).
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS
¹ SOMATÓRIO do registrado como Lei 9496/97-LC156-principal + Lei 9496- LC156-Residuo+ Lei 9496/97-Residuo Liminar+ Contrato de 15/04/98- Liminar suspensão.

Aproximadamente 86% dos compromissos do Estado do Rio Grande do Sul


por contratos estão disciplinados pela Lei nº 9.496/1997, provenientes do processo de
renegociação e refinanciamento de dívidas, e que, a partir de 2014, têm sido objeto de
contínuos aditivos, especialmente os realizados com base nas Leis Complementares n°s
148/2014 e n° 156/2016.
De uma forma mais específica, a movimentação financeira da dívida,
individualizada por contratos, pode ser visualizada na tabela a seguir:

DÍVIDA CONSOLIDADA - CONTRATOS 2020


Em R$ milhões
DÍVIDA FUNDADA INTERNA SALDO EM 31-12-2019 SALDO EM 31-12-2020
Banco do Brasil S/A
00137499/94/00108-1 - Assunção - COHAB -
52,3 28,6
Vincenda
00136310/20/14132-7 20/12/12 PROINVEST - B.
683,7 683,7
Brasil
Contrato de 15-04-98 – Liminar Suspensão STF 492,5 492,5
Lei 9496/97 - LC156 – Principal 65.871,9 67.725,3

339
DÍVIDA CONSOLIDADA - CONTRATOS 2020
Em R$ milhões
DÍVIDA FUNDADA INTERNA SALDO EM 31-12-2019 SALDO EM 31-12-2020
Lei 9496/97 - LC156 - Resíduo Liminar 550,4 845,8
Caixa Economica Federal
03293505/PROMORAR - 16/12/97 - CEF 1,4 1,0
Banco Nacional de Desenv. Econ. E Social
00137405/1220085-1 24/04/12 PROREDES - BNDES 606,2 585,9
00137405/1121119-1/PF1 35,7 36,9
00137405/1022049-1/P/PF2 61,9 63,8
Contrato de 14/08/2014 - Defensoria/BNDES 32,1 36,4
TOTAL DÍVIDA FUNDADA INTERNA 68.388,1 70.499,9
SALDO EM SALDO EM
DÍVIDA FUNDADA EXTERNA
31-12-2019 31-12-2020

Banco Inter.p/Reconstr.e Desenvolvimento

06681590/7584-BR - Reestruturação Dív Extralimite


3.661,7 4.439,9
1,1 bilhão- BIRD
06681590/8155-BR 11/09/2012 PROREDES 480
1.914,1 2.462,0
milhões
Proconfis II 280 milhões –BIRD 1.126,3 1.449,3
Banco Interamericano de Desenvolvimento
22864709/776OCBR - 26/07/95 US$ 110,2 Milhões -
28,0 -
BID
22864709/911SFBR - 26/07/95 US$ 22,1 Milhões –
5,0 -
BID
22864709/2371/0C-BRPROFISCO BID 188,4 221,8
22864709/2850/0C-BR 21/12/12 PROCONFIS 725,5 883,4
Proconfins/RS II BID 773,9 956,2
Contrato de 01/09/2014 U$ 50 milhões -POD 201,5 246,8
TOTAL DÍVIDA FUNDADA EXTERNA 8.624,5 10.659,4
TOTAL DA DÍVIDA CONTRATUAL 77.012,6 81.159,4
Fonte: Cubos DW (SEFAZ/RS).

Em relação aos contratos externos se pode observar que houve um


incremento significativo da ordem de 23,6%, aproximadamente R$ 2,03 bilhões, no saldo
devedor em razão da desvalorização do Real em relação ao dólar no ano de 2020.
Vale lembrar que as renegociações realizadas com base nas Leis
Complementares nº 148/2014 e 156/2016 provocaram alterações substantivas nos
contratos firmados com amparo na Lei nº 9.496/1997. A dívida, que anteriormente era
reconhecida como intralimite, passou a ter o seu valor incluído no principal e a contar
com um prazo adicional ao inicialmente estabelecido (sem prorrogação) de 240 meses38.
Além dessa situação, a LC nº 156/2016 também viabilizou a repactuação dos contratos
PEF I (BNDES), PEF II (BNDES) e Proinveste-Banco do Brasil, possibilitando que esses
contratos passassem a ter um prazo adicional de 120 meses ao inicialmente previsto.

38
Na prática, de 120 meses, pois o contrato original previa a possibilidade de renegociação ao término do
prazo, com prazo adicional de 120 meses.

340
No ano de 2020, com base na Lei complementar nº 173, de 27 de maio de
2020 é efetuada a renegociação dos financiamentos contratados com o BNDES (concluída
no fim de setembro) que viabilizou a suspensão de pagamentos e o alongamento do
prazo de vencimento dos financiamentos por 12 meses.
Como anteriormente exposto, a interrupção dos pagamentos gera um
crescimento do montante devido pela aplicação dos encargos incidentes e pela falta de
amortização dessa dívida. Essa evolução passou a ser retratada a partir do crescimento do
passivo circulante como se pode visualizar na próxima tabela:

EVOLUÇÃO DOS EMPRESTIMOS E FINANCIAMENTOS DE CURTO PRAZO – 2017 – 2020


Em R$ milhões nominais
DISCRIMINAÇÃO 2017 2018 2019 2020
Empréstimos a curto prazo – Interno 1.502,2 7.387,0 9.699,9 11.976,2
Empréstimos a curto prazo - Externo 260,3 433,6 377,2 506,4
Total emprestimos a curto prazo 1.762,5 7.820,6 10.077,1 12.482,6
Fonte: Cubos DW (SEFAZ/RS). Passivo Circulante.

O expressivo crescimento da conta empréstimos no curto prazo, o qual


passou de R$ 1,76 bilhão em 2017, para R$ 10,08 bilhões em 2019 e 12,48 bilhões em
2020 decorre da contabilização, a esse título, do não pagamento do contrato realizado
com o governo federal, seja por decisão judicial, seja devido ao processo de renegociação
de acordo com as legislações vigentes.
Em 2020, a composição do serviço da dívida empenhada pode ser
observada na tabela que segue:

COMPOSIÇÃO DO SERVIÇO DA DÍVIDA.


Em R$ milhões
CONTRATOS TOTAL SERVIÇOS
Internas 3.712,3
B.Brasil -COHAB VINCENDAS 24,2
B.BRASIL-LEI 9496/97 3.511,8
PEF I – BNDES - Contrato 1121119-1 -
BNDES PEF II - CR.00137405 - FPE 6716 -
BNDES PMAE TRIBUTÁRIO - CR.00137405 - FPE 750 -
PROREDES BNDES 74,4
BNDES DEFENSORIA 2,3
BNDES/20305/2018 1,3
BNDES/20308/2018 2,0
CEF-PRÓ-MORADIA - CR.03293505 - FPE 890 0,5
INSS 44,6
PASEP 9,6
Governo Federal diversos 41,7
Externas 627,2
BID-PRÓ-GUAÍBA - CR.22864709 - FPE 610 33,5
BID-RODOVIAS - CR.22864709 - FPE 590 28,2
PROCONFIS RS -BID 72,0
BID PROCONFINS II 65,2
BID PROFISCO -BID 17,8
BID- 21712/2020 -
BID POD 5,9
PROREDES BIRD 60,5
BIRD PROCONSFIS II 32,6

341
COMPOSIÇÃO DO SERVIÇO DA DÍVIDA.
Em R$ milhões
CONTRATOS TOTAL SERVIÇOS
BIRD REESTRUTURAÇÂO 311,5
TOTAL DOS SERVIÇOS 4.339,5
Fonte: Sistema Cubos DW – SEFAZ/RS. Divisão Dívida Pública.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS

A despesa empenhada para saldar o serviço da dívida (consolidada) no ano


de 2020 foi de R$ 4,34 bilhões, contudo, o valor pago foi de R$ 832,3 milhões, soma
prioritariamente referente aos pagamentos de serviços de empréstimos contraídos em
agências de fomento internacionais (dívida externa). Como anteriormente mencionado, a
diminuição expressiva decorreu da decisão liminar do STF (ACO nº 2755) que suspendeu
os pagamentos a partir de julho de 2017.
As novas captações no exercício de 2020 foram de R$ 24,87 milhões, como
se expõe na tabela a seguir:

CAPTAÇÕES DE RECURSOS POR EMPRÉSTIMOS - 2020


Em R$ milhões nominais
DÍVIDA
DÍVIDA FUNDADA
VALOR %
Contratos
Dívida Interna 24,9 100
Defensoria(BNDES) 4,9 19,4
PROREDES (BNDES) 20,0 80,4
Dívida Externa - -
TOTAL DE CAPTAÇÕES 24,9 100,0
Fonte: Sistema Cubos DW – SEFAZ/RS. Divisão Dívida Pública.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.

O Estado continua impedido de contratar novas operações por ter


ultrapassado o limite da Dívida Consolidada Líquida. No entanto, houve ingressos de
parcelas de contratações já efetuadas, como se expôs na tabela anterior.
Cabe lembrar, que a falta de amortização efetiva, durante praticamente
todo o período do contrato com o governo federal (Lei nº 9.496/97), impediu a redução
real do estoque da dívida, inviabilizando que o endividamento fosse utilizado para
obtenção de recursos líquidos positivos39, mesmo em 2014, ano de significativas
captações, como se pode visualizar na tabela a seguir:

EVOLUÇÃO DO SUPERÁVIT PRIMÁRIO E DO SERVIÇO DA DÍVIDA


Em R$ milhões nominais
ANO 2008 2009 2010 2011 2012
Resultado Primário 2.150,8 1.627,5 1.582,2 1.454,2 804,6
(-) Serviço da dívida 3.182,6 2.112,3 2.955,8 2.504,2 2.685,5
Resultado (1.031,8) (484,8) (1.373,5) (1.050,0) (1.880,9)
Captações 1.192,0 0,0 791,2 247,6 943,7

39
Como pode ser observado na tabela “Evolução do superávit primário e do serviço da dívida” durante
todo o período exposto, 2008 a 2020, o valor do serviço da dívida foi superior às captações.

342
ANO 2013 2014 2015 2016* 2016**
Resultado Primário 623,9 (542,2) (1.777,1) 854,7 (426,0)
(-) Serviço da dívida 2.894,5 3.268,9 3.740,0 1.744,0 3.321,3
Resultado (2.270,7) (3.811,1) (5.517,1) (889,4) (3.747,3)
Captações 542,34 2.189,13 203,10 333,58 333,58
ANO 2017 2018 2018* 2019 2019*
Resultado Primário (422,5) (257,8) (257,8) (437,1) (437,1)
(-) Serviço da dívida 2.249,6 3.970,5 772,0 4.338,5 887,4
Resultado -2.672,1 -4.228,3 -1.029,8 -4.775,6 -1.324,5
Captações 555,0 270,2 270,2 191,9 191,9
ANO 2020 2020* 2020**
Resultado Primário 2.349,2 2.349,2 16,2
(-) Serviço da dívida 4.339,5 868,8 4.339,5
Resultado -1.990,3 1.480,4 -4.323,3
Captações 24,9 24,9 24,9
Fonte: Balanço Geral do Estado, 2008 a 2020.
(*) Serviço da Dívida pago.
(**) Resultado Primário sem receitas Extraordinárias (Em 2016, desconsidera-se o ingresso relacionado à cessão dos direitos de operacionalização da
folha de pagamento do estado e em 2020 o recurso do suporte financiro em decorrencia Leii 14.041/20 e LC 173/20, por seu caráter eventual).

Constata-se que o superávit primário40 e as captações no período 2008 a


2013 ajudaram a financiar os valores a serem pagos com o serviço da dívida. No ano de
2014, com déficit primário, as captações expressivas serviram para financiar parte do
montante total gasto nas atividades e ações do governo (correntes e de capital) e no
pagamento do serviço da dívida (financiar parte desse valor global).
No ano de 2015, ocorreu o incremento do déficit primário e o Estado não
pode se utilizar do incremento das captações para financiar parte do montante gasto nas
atividades, nas ações e no pagamento do serviço da dívida. Em decorrência, as
dificuldades financeiras se agravaram pela carência desses recursos para financiamento.
Convém ressaltar que a partir desse ano a crise econômica no Brasil começa a ganhar
força.
No ano de 2016, o resultado primário melhorou: passou de um déficit de
R$ 1,78 bilhão em 2015, para um superávit de R$ 854,7 milhões. Esse superavit,
importante lembrar, foi viabilizado pela receita extraordinária da cessão dos direitos da
folha de pagamento do estado (Banrisul). Junto com o superávit ocorreu a redução do
serviço da dívida em relação a 2015 de aproximadamente R$ 2,00 bilhões em decorrência
da suspensão garantida por liminar concedida ao Estado em mandado de segurança no
STF, e em razão de posterior acordo entre governadores de estados e o Ministério da
Fazenda. Esses dois acontecimentos ajudaram a financiar as atividades, reduzindo a
carência de recursos. Importante lembrar que os anos de 2015 e 2016 foram anos de
recessão no Brasil.

40
A tônica no período 1998 a 2013 foi de resultados primários positivos, com resultados negativos nos
anos iniciais do contrato de renegociação. No agregado, esses resultados negativos foram amplamente
superados pelos resultados positivos dos anos posteriores até 2013. Tal trajetória demonstra que a
evolução da dívida decorreu de sua dimensão financeira e não de um suposto gasto excessivo.

343
No ano de 2017, o resultado primário se deteriorou novamente. A carência
de recursos em parte foi financiada pela redução do serviço da dívida decorrente do
acordo e da LC n° 156/2016 e pela suspensão do pagamento por decisão liminar do STF
(ACO nº 2755), que suspendeu os pagamentos a partir de julho de 2017, ou seja, embora
a despesa com o serviço da dívida no ano de 2017 tenha sido de R$ 2,25 bilhões, somente
foi pago a importância de R$ R$ 1,24 bilhão, diminuindo a carência de recursos para
financiamento das atividades.
Convém ressaltar que mesmo nos anos de 2018, 2019 e 2020, nos
momentos em que o Estado paga um percentual pequeno do serviço da dívida pela
suspensão dos pagamentos com o governo federal, observa-se que o endividamento não
propicia a obtenção de recursos líquidos para o financiamento do Estado, como se nota
ao se comparar o serviço da dívida pago com as captações nos anos referidos41, expostos
anteriormente.
No ano de 2020, embora importante declínio da atividade econômica com
queda de 4,1% e 7,0% do PIB brasileiro e gaúcho respectivamente, o resultado primário
volta a ser positivo (da ordem de 2,33 bilhões) em decorrência principalmente das
transferências extraordinárias do governo federal para as ações de enfrentamento a
Covid -19 e para mitigação de seus efeitos financeiros.
Sem a receita extraordinária se tem uma situação equilibrada no que se
refere ao resultado primário, com receita e despesa primária com montante aproximado,
registrando um superávit de R$ 16,2 milhões. No contexto, se tem uma melhora da
situação financeira, mesmo sem se considerar a transferência da União. Essa trajetória
decorre, primordialmente, do aumento da contribuição dos servidores, do declínio da
despesa com pessoal e do declínio dos juros e encargos da dívida decorrentes dos níveis
inferiores da taxa Selic em 2020 em relação a 2019 (lembrando que a Selic limita os
encargos da dívida).
Nesse contexto, se pode viabilizar um resultado primário mais robusto a
partir de uma recuperação econômica, saída da recessão. Essa recuperação depende, em
grande parte, do controle e evolução da pandemia que assola o mundo, o país e o estado.
O Estado procurou aderir ao Regime de Recuperação Fiscal, previsto pela
Lei Complementar nº 159/2017. No entanto, o processo de negociação entre estados,
União e municípios bem como a pandemia levaram a modificações na previsão legal para
tal.
No ano de 2020 houve tramitação de alterações no regime. Dessa maneira,
o Projeto de Lei Complementar nº 149/19, que continha o chamado Plano Mansueto e
previa alterações na Lei de Responsabilidade Fiscal e no Regime de Recuperação Fiscal
recebeu substitutivo, transformando-se no projeto de medidas de apoio emergencial aos
entes federados em razão da pandemia de coronavírus e aprovado na forma da Lei
Complementar nº 173/2020. No entanto, é, posteriormente, através do Projeto de Lei
complementar nº 101/20 que foi retomado pontos do Projeto de Lei Complementar nº
149/19, que continha o chamado Plano Mansueto e alterações na Lei de
41
Na realidade em todo os anos, de 1998 a 2020, o serviço da dívida supera as captações. Ou seja, a
evolução da dívida não decorre de um excesso de gastos com o financiamento cotidiano das atividades do
estado. A dívida apresenta uma evolução que decorre de sua dimensão financeira, da forma do ajuste de
1998.

344
Responsabilidade Fiscal e no Regime de Recuperação Fiscal, sendo consubstanciado na Lei
complementar nº 178/21 de 13 de janeiro de 2021.
A Lei Complementar nº 173/2020 estabeleceu o Programa de
Enfrentamento ao Coronavírus (Covid-19), sendo por ela fixadas as bases do auxílio
financeiro da União aos estados e municípios para enfrentamento da perda de receitas, a
suspensão e renegociação de dívidas e o relaxamento de diversos artigos de controle
fiscal. Esse dispositivo previu a suspensão das dívidas, o afastamento de disposições,
limites e condições da lei de responsabilidade fiscal durante a pandemia, o auxílio
financeiro aos estados e municípios42, entre outras providências. Importante mencionar
que a suspensão de dívidas prevista neste dispositivo teve efeito reduzido, visto que as
parcelas da dívida com o governo federal já não estavam sendo pagas por força da liminar
desde 2017. A suspensão, com base na referida Lei complementar, cingiu-se a dívida com
BNDES no montante de 78,4 bilhões.
Por sua vez, a Lei Complementar nº 178/21 estabeleceu o Programa de
Acompanhamento e Transparência Fiscal, o Plano de Promoção do Equilíbrio Fiscal e
alterou as Leis Complementares nº 101/2000, 156/16 e 159/17, entre outros. Esse
dispositivo previu alterações no Regime de Recuperação Fiscal (RRF), entre os quais: a
ampliação do prazo do regime de três para nove anos e a previsão de que os valores não
pagos sejam refinanciados contratualmente com a União, em parcelas mensais e
sucessivas apuradas pela tabela Price, em 360 meses, com encargos equivalentes aos do
financiamento principal.
Assim, durante a vigência, está prevista a redução das prestações relativas
aos contratos e a União poderá pagar em nome do estado as prestações de operações de
crédito com o sistema financeiro e instituições multilaterais, garantidas pela União. Esse
benefício será aplicado regressivamente no tempo, de tal forma que a relação entre os
pagamentos do serviço das dívidas estaduais e os valores originalmente devidos das
prestações dessas mesmas dívidas será zero no primeiro exercício e aumentará pelo
menos 11,11 (onze inteiros e onze centésimos) pontos percentuais a cada exercício
financeiro.
Ou seja, o novo marco legal prevê que todos os estados cujo pagamento
da dívida com o governo federal esteja suspenso possam regularizá-lo. No entanto, impõe
uma série de exigências e contrapartidas que fogem estritamente à evolução da dívida.
Como se expôs, o Estado tem um passivo de curto prazo com o governo
federal de aproximadamente 11 bilhões e não aderindo à reforma estaria,
provavelmente, sujeito a ter que arcar com esse estoque no curto prazo.
Aqui existe um dilema, pois se a não adesão significa o vencimento de
dívida no curto prazo, inviabilizando seu pagamento, a sua adesão (junto com os demais
estados da federação) significa a adoção das contrapartidas que limitam a atuação dos
estados na recuperação da economia, comprometendo a capacidade de prover serviços
públicos adequados. O governo do Estado alega que essa é a única opção fiscalmente
responsável para o Rio Grande do Sul, sobretudo porque o ajuste exigido pelo governo
federal, como contrapartida à retomada gradual do pagamento da dívida é integralmente

42
O montante recebido pelo estado a título de auxílio (transferência), com base na referida Lei, foi de
aproximadamente R$ 2,21 bilhões.

345
aderente à agenda de reformas estruturais do RS, que, em grande medida, já foram
implementadas.
Por um lado, como se viu, no exercício de 2020, com os devidos ajustes,
excluindo as receitas extraordinárias, o Estado apresentou um resultado primário
equilibrado o que representa uma evolução favorável. Assim, pode-se vislumbrar a partir
da recuperação da economia a formação de fundos necessários para a retomada, mesmo
que parcial, dos pagamentos da dívida. Por outro lado, a promulgação e a possibilidade
de adesão ao programa de reforma do RS podem precipitar que a liminar que suspendeu
os pagamentos seja revogada a qualquer momento.
O governo federal condiciona a suspensão do pagamento da dívida à
reforma do setor público estadual e ao ajuste patrimonial. Ou seja, as prorrogações de
prazo para o pagamento de dívidas dos estados e DF com a União estão condicionadas à
redução de gastos sociais, privatização de empresas, entre outras providências. Convém
ressaltar, no entanto, que todas as parcelas suspensas ou adiadas terão que ser pagas
posteriormente com juros compostos e correção monetária. Além disso, importante
lembrar, que nos termos existentes, os pagamentos em suspenso ocasionam o acúmulo
de parcelas de juros não pagas que se incorporam ao saldo devedor final. Assim, o prazo
de suspensão deve se ater ao estritamente necessário43.
Através do decreto n° 10.681 de 20 de abril de 2021 a União regulamentou
a lei complementar n° 159 definindo as providências e forma, entre outros
procedimentos, para que os estados adiram ao plano de recuperação fiscal. Ou seja,
como deverá ocorrer a formalização do pedido de adesão e a elaboração do Plano de
Recuperação Fiscal, que inclui a aprovação da legislação estadual exigida para
homologação do Regime.
Dessa maneira, a adesão ao plano e sua dimensão necessária, em especial
pela declarada aderência do programa as reformas da atual administração, constitui-se
matéria de importância a ser considerada no ano de 2021. Importante ressaltar que os
condicionantes exigidos pela União para a suspensão do pagamento da dívida
caracterizam uma dinâmica que foge estritamente a remuneração do credor pelo
devedor que tem que restituir, com a devida remuneração, um recurso recebido.
O programa segue o mesmo procedimento implementado pela primeira
vez na ocasião do ajuste de 1998 a partir da Lei nº 9.496/97 de obrigar a fixar, de forma
organizada e monitorada, compromissos com metas de ajuste fiscal e saneamento
financeiro, sendo os estados forçados a adotarem medidas de controle salarial e corte de
pessoal, privatizações, concessão de serviços públicos e obterem a aprovação da
Assembleia Legislativa à implementação do programa. Como se viu, o ajuste de 1998 não
alcançou os resultados esperados, em decorrência, entre outros motivos, da falta de
compatibilidade entre a parcela a ser paga (13%) e o prazo que levou a que a dívida não
fosse efetivamente amortizada desde então. Importante que a renegociação ponha fim à
dimensão financeira da dívida viabilizando sua efetiva amortização e, portanto, evitando
que essa se transforme em um mecanismo permanente de sucção de receitas mais do
que de financiamento das atividades de maior vulto.

43
Independente de se essa suspensão ocorra por força da liminar ou pela adesão ao programa de
recuperação fiscal.

346
8 GESTÃO PREVIDENCIÁRIA
O presente capítulo trata das principais questões envolvendo a questão
previdenciária no Estado do Rio Grande do Sul, com destaque para a análise das
relevantes alterações introduzidas pelas Leis Complementares nº 15.429/19 e nº
15.511/20.

8.1. Conceitos sobre Previdência


As alterações na legislação previdenciária do Estado em 2020 foram
significativas, com substanciais e complexos impactos no Balanço Geral deste e dos
próximos exercícios financeiros. Desta forma, para uma melhor compreensão do tema,
passa-se a detalhar inicialmente aspectos conceituais que facilitarão no entendimento
dos tópicos seguintes.

8.1.1. Regimes de Previdência


O sistema previdenciário é composto basicamente por três tipos de
regimes: Regime Geral de Previdência Social (RGPS), Regime Próprio de Previdência Social
(RPPS) e Regime de Previdência Complementar (RPC).

Regime Geral de Previdência Social


O Regime Geral de Previdência Social tem suas políticas elaboradas pelo
Governo Federal e executadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), autarquia
federal a ele vinculada. Este regime possui caráter contributivo e de filiação obrigatória.
Dentre os contribuintes, encontram-se os empregadores, empregados assalariados,
domésticos, autônomos, contribuintes individuais e trabalhadores rurais, além dos
ocupantes de empregos públicos (empregados das empresas públicas e sociedades de
economia mista).

Regimes Próprios de Previdência Social


São os mantidos pela União, pelos estados, Distrito Federal e por
municípios em proteção aos seus servidores públicos, ocupantes de cargos efetivos e de
seus beneficiários. Importante observar que a criação do RPPS não é obrigatória, sendo
que nestes casos os servidores públicos titulares de cargo efetivo são vinculados ao RGPS.
Da mesma forma que o Regime Geral, o RPPS também possui caráter contributivo e de
filiação obrigatória.

Regime de Previdência Complementar


O Regime de Previdência Complementar tem por finalidade proporcionar
ao trabalhador uma proteção previdenciária adicional àquela oferecida pelo RGPS ou
pelo RPPS, para os quais as contribuições dos trabalhadores são obrigatórias. A adesão ao
RPC é facultativa e desvinculada da previdência pública (RGPS e RPPS), conforme previsto
no art. 202 da Constituição Federal.

348
8.1.2. Regimes de Financiamento
As duas principais formas de financiamento das aposentadorias são o
Regime de Repartição Simples e o Regime de Capitalização.

Regime de Repartição Simples


O Regime de Repartição Simples é aquele em que tanto os servidores
quanto o governo contribuem para o pagamento dos aposentados. Entretanto, para ser
viável ―, ou seja, para ser sustentável sem exigir alíquotas muito altas ou tempos de
contribuição muito longos ―, esse sistema normalmente exige que se tenham três ou
mais servidores ativos para cada aposentado. Neste sistema fica, assim, caracterizada
uma solidariedade entre as gerações, uma vez que a geração seguinte paga a
aposentadoria da geração anterior. Em outras palavras, no regime financeiro de
Repartição Simples, o custeio dos benefícios é iniciado na data de sua concessão, não
havendo a constituição de um fundo.

Regime de Capitalização
Outro sistema possível é o capitalizado (também conhecido como Fundo
Previdenciário), em que cada servidor contribui, não mais para pagar a aposentadoria da
geração anterior, mas para pagar a sua própria aposentadoria, contribuindo para um
fundo em que os recursos das contribuições serão aplicados ao longo do tempo de vida
contributivo da pessoa. A soma destes recursos ―contribuições mais rendimentos ―
financiarão a futura aposentadoria. Como detalhe, pode-se citar que este fundo pode ser
administrado de duas formas: um fundo individual, de cada contribuinte, ou um fundo
geral, em que os recursos são aplicados em conjunto e os riscos, de diversas naturezas,
mitigados.

Para ilustrar a importância dos rendimentos das aplicações financeiras


em prazos muito longos como são os Fundos Previdenciários, elabo-
rou-se esta tabela considerando-se rendimentos reais de 6 e 8% a.a.
para ilustrar quanto R$ 1,00, aplicado em determinado período, repre-
senta após 20 e 40 anos.

Período (anos) 6% (R$) 8% (R$)


20 3,21 4,66
40 10,29 21,72

Assim, um real aportado a um Fundo Previdenciário que possibilite um


rendimento real, descontadas taxas, de 8% a.a. significa mais de 21
reais após 40 anos de contribuição. Como o valor total não é pago
quando da aposentadoria, a maior parte continua rendendo após esta.

Um ponto que não pode deixar de ser observado é que, se houver uma
transição de um sistema de repartição para um sistema capitalizado, existe um grande
custo inerente a essa transição, uma vez que os contribuintes que estiverem no meio do
caminho contribuíram para a aposentadoria da geração anterior e não da sua, e os novos
contribuintes contribuirão apenas para sua própria aposentadoria. Este chamado custo
de transição deve ser equalizado.

349
8.1.3. Sistemas de Concessão
As duas principais formas de concessão das aposentadorias são o regime
de benefício definido e regime de contribuição definida.

Benefício Definido
No plano de benefício definido, o valor da contribuição e do benefício são
definidos na contratação do plano ―ingresso do servidor no serviço público ―, cuja
fórmula de cálculo é estabelecida na legislação. O método de quantificação do mesmo
independe das reservas formadas e da variação de rentabilidade do capital. É o que
ocorre com a quase totalidade dos benefícios da previdência social brasileira, pois a
metodologia de cálculo é preestabelecida em lei.

Contribuição Definida
Nos planos de contribuição definida, o valor definido é o da contribuição, e
o que o segurado irá receber como benefício é indefinido, estando sujeito a variações. Em
outras palavras, neste plano o benefício tem o valor permanentemente ajustado,
conforme o saldo de contas aplicável mantido em favor do participante, que, por sua vez,
é resultante dos valores pagos a título de contribuição, do tempo de contribuição, dos
rendimentos obtidos com os investimentos realizados, taxas administrativas, dentre
outras variáveis. Assim, categorias que possuem o direito de aposentadoria com menor
tempo de contribuição, como, por exemplo, professor, tem seus benefícios calculados em
função deste menor tempo contributivo.
Nos planos de contribuição definida, o patrocinador garante apenas a sua
parcela de contribuição, não possuindo obrigação legal de efetuar contribuições
adicionais se os recursos do fundo não forem suficientes para pagamento das
aposentadorias e pensões, transferindo, portanto, o risco da rentabilidade do fundo aos
participantes. Logo, a grande diferença das duas modalidades é que no tipo contribuição
definida os riscos atuariais e financeiros são absorvidos exclusivamente pelos
participantes.
A próxima tabela apresenta um resumo das características expostas acima,
bem como a interligação entre elas.

RESUMOS DAS CARACTERÍSTICAS DOS REGIMES DE PREVIDÊNCIA


REGIME RGPS RPPS RPC
Trabalhadores do setor privado e Qualquer
Público-alvo Funcionários públicos estatutários
funcionários públicos celetistas Cidadão
 Obrigatório;  Obrigatório;  Optativo;
 Público;  Público;  Contribuição defini-
 Nacional;  Nível nacional, estadual e da;
 Benefício definido; municipal;  Administrado por
Características  Admite fundo de previdência  Benefício definido; fundos de pensão
complementar;  Admite fundo de previdência abertos ou fechados
 Administrado pelo INSS complementar;
 Administrado pelos respecti-
vos governos
Regime de Repartição Simples ou capitalização
Repartição Simples Capitalização
Financiamento em alguns casos

350
8.2. Evolução da Legislação sobre Previdência
Neste tópico busca-se apresentar um breve resumo sobre a evolução da
legislação previdência, em especial no Estado do Rio Grande do Sul.

Constituição Federal – CF/88 e legislação federal


A CF/88, assim como as anteriores, não previa expressamente a
contribuição do servidor para a aposentadoria. Dessa forma, as aposentadorias dos
servidores públicos eram pagas com recursos do orçamento, assim como o salário dos
servidores ativos. Havia apenas a previsão do § único do art. 149, a qual abria a
possibilidade dos estados instituírem contribuição de seus servidores para o custeio de
seus sistemas de previdência e assistência social, estes normalmente associados à pensão
de familiares.
A primeira mudança significativa da CF/88 veio com a Emenda
Constitucional - EC nº 20, de dezembro de 1998, a qual instituiu o caráter contributivo do
benefício, bem como colocou os critérios de equilíbrio financeiro e atuarial. Assim, traz
para dentro da Carta importantes conceitos das ciências atuariais até então não
existentes. Previu ainda outros critérios para aposentadoria além do tempo de
contribuição, como o tempo mínimo de dez anos de efetivo exercício no serviço público e
cinco anos no cargo efetivo, sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se
homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta de contribuição, se mulher, entre
outros. Limitou ainda que os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasião de
sua concessão, não poderiam exceder a remuneração do respectivo servidor no cargo
efetivo em que se deu a aposentadoria. Em relação aos recursos necessários para custear
a aposentadorias dos servidores, quer inativos ou em exercício à época, assim dispôs:

Art. 249. Com o objetivo de assegurar recursos para o pagamento de proventos


de aposentadoria e pensões concedidas aos respectivos servidores e seus de-
pendentes, em adição aos recursos dos respectivos tesouros, a União, os Esta-
dos, o Distrito Federal e os Municípios poderão constituir fundos integrados pe-
los recursos provenientes de contribuições e por bens, direitos e ativos de qual-
quer natureza, mediante lei que disporá sobre a natureza e administração des-
ses fundos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998). (Grifo
nosso)

A segunda mudança significativa veio com a Emenda Constitucional - EC nº


41 em 2003, a qual estabeleceu o fim da integralidade para os novos servidores,
prevendo que o benefício seja calculado a partir de uma média das maiores
remunerações (o que foi regulamentado pela Lei Federal nº 10.887/2004), bem como,
conjuntamente com a EC nº 47/05, estabeleceu regras de transição para os servidores
que já se encontravam em exercício antes de sua promulgação.
A terceira mudança significativa veio com a EC nº 103 em novembro de
2019, a qual positivou o conceito de equilíbrio financeiro e atuarial no seu § 1º do art. 9º
e alterou as regras de aposentadoria, de modo a ampliar o tempo de serviço e diminuir os
gastos com a previdência, bem como a adoção da previdência complementar na
modalidade de contribuição definida. Uma das alterações foi no art. 149 da CF/88,

351
permitindo o uso de alíquotas progressivas de acordo com o valor da base de
contribuição ou dos proventos de aposentadoria e de pensões.

Legislação Estadual
Antes dos novos comandos constitucionais, o Rio Grande do Sul era
responsável pelo pagamento de seus servidores ativos e inativos. O Instituto de
Previdência do Estado - IPE, na forma do § único do art. 149 da CF/88, arrecadava 5,4% de
contribuição para pagamento das pensões, bem como 3,6% para pagamento da
assistência à saúde, totalizando uma alíquota de 9%.
A primeira lei estadual que alterou a visão tradicional da aposentadoria do
servidor público não mais ser totalmente financiada com recursos do orçamento foi a Lei
nº 10.588/1995, ou seja, anterior à própria EC nº 20/98. Nesta época ainda não se falava
em RPPS. Assim, previu o desconto de uma alíquota de 2% sobre os rendimentos dos
servidores, instituindo uma efetiva contribuição do servidor para ―na falta de uma
palavra melhor ― “ajudar” a pagar os proventos dos servidores aposentados. Cabe citar
que não se verificou, em cálculo atuarial, quanto representava esta contribuição em
relação à efetiva necessidade de recursos para o adimplemento das obrigações do Estado
para com seus servidores aposentados.
A segunda lei estadual foi a Lei nº 12.065, de março de 2004, a qual criou o
RPPS e estabeleceu uma contribuição mensal de 11% para o regime por parte dos
servidores, e o dobro desta como contribuição do Estado. Esta Lei foi expressa ao
determinar que “eventual diferença entre o valor necessário ao pagamento das
aposentadorias e pensões e o valor das contribuições previdenciárias correspondentes ao
mês anterior, em decorrência de recolhimentos insuficientes para o pagamento dos
benefícios, será objeto de transferência de recursos do Estado...”. Assim, como o Regime
de Repartição Simples opera na forma de benefício definido, o Estado responde pela
eventual falta de recursos, notadamente pela conhecida fraca relação ativos/aposentados
já existente à época no Estado.
A terceira e quarta leis, nº 12.763 e 12.764, foram promulgadas em 2007, e
criaram dois fundos com receitas extraordinárias, provenientes da alienação das ações
preferenciais do Banco do Estado do Rio Grande do Sul – Banrisul, de propriedade do
Estado, as quais perfizeram R$ 1,29 bilhão. Foram criados o Fundo de Equilíbrio
Previdenciário - FE-Prev e o Fundo de Garantia da Previdência Pública Estadual - FG-Prev.
Estes recursos tiveram, posteriormente, destinação diversa das originalmente previstas44.
A quinta e a sexta leis, nº 13.757 e 13.758, de julho de 2011, criaram os
dois Fundos Previdenciários - FUNDOPREV, o militar e o civil. Estes fundos operam no
sistema de capitalização coletiva, portanto mutualista e solidária. Deste modo os
servidores que ingressaram no Estado após a sua instituição não mais contribuem para a
aposentadoria dos servidores antigos, mas sim para a sua própria aposentadoria. Cria-se,
assim, o que se convencionou chamar de “Segregação de Massas”. Os servidores que
ingressaram antes da Lei ficam enquadrados em um chamado Plano Financeiro, em

44
Os recursos do FE-Prev, no valor de R$ 1,14 bilhão, em sua maioria foram destinados à conservação da
malha rodoviária estaduais em 2009, nos termos da Lei nº 13.328/2009. Os recursos do FG-Prev, no valor
de R$ 191 milhões, foram utilizados para o pagamento de benefícios previdenciários do Sistema de
Repartição, nos termos da Lei nº 13.758/2011.

352
extinção, naturalmente não sustentável financeiramente, inclusive pela falta de novos
servidores. O Plano Capitalizado, entretanto, pode e deve ter sua sustentabilidade
financeira e atuarial assegurada. Os servidores deste Plano ingressaram no Estado entre
18/07/2011 e 19/08/2016. Ambos os Planos operam no sistema de “Benefício Definido”.
Entretanto, a mudança de um Regime de Repartição para o de um
Capitalizado cria o custo de transição já referido, mas atende-se ao comando
constitucional expresso na EC nº 20/98 de ter-se um sistema novo, equilibrado e
sustentável. Vale dizer também que, os servidores que ingressaram, por exemplo, um ano
antes, ou um ano depois do FUNDOPREV, e, portanto, encontram-se em sistemas
diferentes, contribuem com o mesmo percentual e tem os mesmos benefícios de
aposentadoria.
A sétima lei, nº 14.750/2015, criou a Previdência Complementar – RS-
45
Prev . A partir de sua efetiva instituição em 19 de agosto de 2016, os servidores que
ganham acima do teto do RGPS somente terão direito a valores de aposentadoria acima
deste teto se contribuir, por opção, para esta nova Previdência Complementar, a qual
opera no sistema de “Contribuição Definida”, com capitalização individual. Como já
mencionado sobre esse sistema, os valores desta complementação dependem do efetivo
período de contribuição, independentemente do sexo ou da categoria profissional ter
direito à aposentadoria voluntária com menores requisitos de tempo. Os valores
inferiores ao teto do RGPS serão objeto de contribuição ― e futuro pagamento ― do
FUNDOPREV. Ou seja, integram obrigatoriamente o Plano Capitalizado coletivo, mas com
contribuições e benefícios limitados ao teto, embora no sistema de “Benefício Definido”.
A oitava lei, nº 15.429, de dezembro de 2019, aproveitando o novo
comando da EC nº 103/2019, instituiu as alíquotas progressivas no RPPS do Estado.
As tabelas a seguir apresentam a evolução das alterações das alíquotas
previdenciárias no Estado, tendo como base algumas das leis citadas acima.
Primeiramente destaca-se a evolução das alíquotas no contexto de concessão do tipo
benefício definido e depois se apresenta a regra vigente no sistema de contribuição
definida.

EVOLUÇÃO DAS ALÍQUOTAS NO SISTEMA DE BENEFÍCIO DEFINIDO


Base de Inci- Benefícios
Lei Período Alíquota servidor Alíquota Estado Adesão
dência Financiados
Salário de
5% Sem alíquota Obrigatório Pensão
Contribuição
01/08/1966 a Vencimento
Nº 5255/66 1% Sem alíquota Obrigatório pecúlio
31/12/73 básico
Salário de Assistência
1% Sem alíquota Obrigatório
Contribuição Médica
Salário de Pensão e pecú-
5,40% Sem alíquota Obrigatório
01/01/1974 a Contribuição lio
Nº 6617/73
31/12/1981 Salário de Assistência
3,60% Sem alíquota Obrigatório
Contribuição Médica

45
Essa entidade foi criada com o Decreto Estadual nº 52.856/2016, tendo como atribuição a
responsabilidade de administrar e executar planos de benefícios previdenciários nos termos das Leis
Complementares Federais nº. 108 e 109, de 29 de maio de 2001.

353
EVOLUÇÃO DAS ALÍQUOTAS NO SISTEMA DE BENEFÍCIO DEFINIDO
Base de Inci- Benefícios
Lei Período Alíquota servidor Alíquota Estado Adesão
dência Financiados
Pensão, pecúlio
Salário de
5,40% Sem alíquota Obrigatório e outros bene-
01/01/1982 a Contribuição
Nº 7672/82 fícios
31/12/1986
Salário de Assistência
3,60% Sem alíquota Obrigatório
Contribuição Médica
Pensão, pecúlio
Salário de
5,40% Sem alíquota Obrigatório e outros bene-
01/01/1987 a Contribuição
Nº 8191/86 fícios
28/02/1996
Salário de Assistência
3,60% 3,5% Obrigatório
Contribuição Médica
Pensão, pecúlio
Salário de
5,40% Sem alíquota Obrigatório e outros bene-
Contribuição
fícios
01/01/1996 a
Nº 10588/95 Salário de Assistência
30/06/2004 3,60% 3,5% Obrigatório
Contribuição Médica
Remuneração
2% - Obrigatório Aposentadoria
liquida
Dobro da contribui-
01/07/2004 a Salário de Aposentadoria
Nº 12065/04 11% para ativos ção do servidor (22% Obrigatório
31/04/2013 Contribuição e Pensões
para ativos)
Facultativo
Nº 12066/04 e . A partir de Salário de Assistência
3,10% 3,10% depois de
12134/04 01/07/2004 Contribuição Médica
um ano
26,5% (regime de
01/04/2013 a repartição simples) Remuneração Aposentadoria
Nº 14.016/12 13,25% Obrigatório
31/03/2017 13,25% (regime de bruta e Pensões
capitalização)
28% (regime de
01/04/2017 a repartição simples) Remuneração Aposentadoria
Nº 14.967/16 14% Obrigatório
31/03/2020 14% (regime de bruta e Pensões
capitalização)
Ativos (8 alíquotas
de acordo com a
Dobro da contribui-
faixa de remune-
ção do servi-
ração - de 7,5%
dor(regime de repar-
até 22%)
A partir de tição simples) Remuneração Aposentadoria
Nº 15.429/19 Inativos e pensões Obrigatório
01/04/2020 Idêntica a contribui- bruta e Pensões
(8 alíquotas de
ção do servidor
acordo com a
(regime de capitali-
faixa de remune-
zação)
ração - de 0% até
22%)

EVOLUÇÃO DAS ALÍQUOTAS NO SISTEMA DE CONTRIBUIÇÃO DEFINIDA


Alíquota servi- Base de Benefícios
Lei Período Alíquota Estado Adesão
dor Incidência Financiados
(teto do
14% 14% obrigatório
RGPS) Aposentadoria
a partir
Nº14.750/15 Parcela re- e Pensões
19/08/2016
a partir de 4,5% 4,5% a 7,5% facultativo muneração
acima do teto

354
EVOLUÇÃO DAS ALÍQUOTAS NO SISTEMA DE CONTRIBUIÇÃO DEFINIDA
Alíquota servi- Base de Benefícios
Lei Período Alíquota Estado Adesão
dor Incidência Financiados
Ativos (4 alíquo-
tas de acordo
com a faixa de
remuneração -
de 7,5% até 14%)
Idêntica a contri- (até teto
Inativos e pen- obrigatório
buição do servidor RGPS) Aposentadoria
A partir de sões (4 alíquotas
Nº 15.429/19 e Pensões
01/04/2020 de acordo com a
faixa de remune-
ração - de 0% até
14%)
Parcela re-
a partir de 4,5% 4,5% a 7,5% facultativo muneração
acima do teto

Na tabela a seguir são apresentadas as faixas de alíquotas e as respectivas


parcelas a deduzir previstas na lei nº 15.429/19. Tal tabela vigorou no Estado do Rio
Grande do Sul no ano de 2020. Os efeitos financeiros decorrentes dessa legislação
repercutiram a partir de abril de 2020 em obediência aos princípios tributários da
anterioridade de exercício e nonagesimal.

FAIXAS DE ALÍQUOTAS PREVISTAS NA LEI Nº 15.429/19


ATIVOS INATIVOS
Parcela
Faixas Alíquotas Alíquotas Parcela a deduzir
a deduzir
Até 1 salário-mínimo 7,50% 0 0 0
Acima de 1 salário-mínimo a R$ 2.089,60 9% 15,68 9% 94,05
De R$ 2.089,6 a R$ 3.134,4 12% 78,36 12% 156,74
De R$ 3.134,41 a R$ 6.101,06 14% 141,05 14% 219,43
De R$ 6.101,07 a R$ 10.448,00 14,50% 171,56 14,50% 249,93
De R$ 10.448,01 a R$ 20.896,00 16,50% 380,52 16,50% 458,89
De R$ 20.896,01 a R$ 40.747,20 19% 902,92 19% 981,29
Acima de R$ 40.747,20 22% 2125,33 22% 2.203,71

Para complementar e facilitar o entendimento da evolução legislativa


exposta acima, a tabela a seguir resume a situação (até agosto de 2020) de aposentadoria
dos servidores do RS com base na data de ingresso no serviço público.

RESUMO DAS REGRAS DE PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES DO ESTADO DO RS VÁLIDAS ATÉ AGOSTO DE 2020
Cálculo do Contribuição Previdenciária
Data de Ingresso Benefício de Regime Adesão Base de Alíquota Alíquota
Destino
Aposentadoria Cálculo Servidor Estado
Faixas de
alíquotas Dobro da Pagamento
Repartição Remuneração
até 31/12/2003 Integralidade Obrigatória previstas contribuição inativos e
Simples Bruta
na lei nº do servidor pensionistas
15.429/19
Faixas de
Média dos alíquotas Dobro da Pagamento
1°/01/2004 a Repartição Remuneração
80% maiores Obrigatória previstas contribuição inativos e
17/07/2011 Simples Bruta
salários na lei nº do servidor pensionistas
15.429/19

355
RESUMO DAS REGRAS DE PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES DO ESTADO DO RS VÁLIDAS ATÉ AGOSTO DE 2020
Faixas de
Média dos alíquotas Idêntica a
18/07/2011 a Remuneração
80% maiores Capitalização Obrigatória previstas contribuição FUNDOPREV
18/08/2016 Bruta
salários na lei nº do servidor
15.429/19
Faixas de
alíquotas Idêntica a
Média dos
Obrigatória Teto RGPS previstas contribuição FUNDOPREV
80% maiores Capitalização +
a partir de na lei nº do servidor
46 salários, limi- Previdência
19/08/2016 15.429/19
tado ao teto Complementar
Parcela remu- Plano RS-
do RGPS a partir de 4,5% a
Facultativa neração acima Futuro da
de 4,5% 7,5%
do teto RGPS RS-Prev

As informações contidas no quadro acima podem ser assim detalhadas:


 O Regime de Repartição Simples, como referido em item anterior deste
capítulo, é aquele em que os servidores ativos pagam a aposentadoria dos
servidores aposentados. Este regime é o utilizado pelo RGPS, e no Estado
do RS corresponde ao chamado Plano Financeiro. Para honrar as
aposentadorias já concedidas, o Estado, além de contribuir o dobro da
contribuição do servidor, vem aportando recursos para cobrir a “eventual
diferença entre o valor necessário ao pagamento das aposentadorias e
pensões e o valor das contribuições previdenciárias”. Estes aportes devem
acorrer até a natural extinção do plano.
 Este Plano Financeiro opera no sistema de Benefício Definido, que pode ser
a integralidade do último salário (para quem ingressou até a EC nº 41/03),
ou a média das remunerações (para quem ingressou após a EC nº 41/03).
Os servidores que ingressaram após a EC nº 41 têm sua aposentadoria
calculada por uma média, nos termos da Lei nº 10.887/200447. Esta
considera a média aritmética simples das maiores remunerações, utilizadas
como base para as contribuições do servidor aos regimes de previdência a
que esteve vinculado, correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo
o período contributivo desde a competência julho de 1994.
 Já o Regime Capitalizado no Estado, com os recursos destinados ao
FUNDOPREV e tendo inicialmente praticamente apenas servidores ativos,
apresenta as despesas mínimas, assegurando o equilíbrio financeiro. Em
relação ao equilíbrio atuarial, de longo prazo, efetuado a partir de uma
série de premissas, este deve ser cuidadosamente analisado, pois a
legislação assim o exige. Este plano também funciona no sistema de
benefício definido, ou seja, o servidor já conhece antecipadamente o valor
futuro de seus proventos, nos termos das regras em vigor. No caso da falta
de recursos, existe previsão de aporte adicional pelo Estado e, com a
edição da EC nº 103/2019, também pelo servidor.

46
O servidor ativo, titular de cargo efetivo, que tiver ingressado no Estado antes de 19/08/2016 pode
optar por migrar de regime previdenciário. Com a publicação da Lei Complementar nº 15.511, de 24 de
agosto de 2020, o prazo para realizar a opção foi reaberto por mais 3 anos, até agosto de 2023.
47
Efeitos a partir da MP nº 167/2004, a qual foi transformada na Lei nº 10.877/2004.

356
Os servidores que ingressaram no Estado a partir da adoção da Previdência
Complementar, ou seja, agosto de 2016, com vencimentos abaixo do teto
do RGPS terão seus proventos calculados pela média, em um plano de
benefício definido. Os servidores com vencimento acima do teto do RGPS
terão assegurada a parcela até o valor do teto do RGPS calculada deste
modo. Podem, entretanto, optar pela previdência complementar, tendo a
parcela acima do teto do RGPS calculada pelo plano de contribuição
definida. Não existe a previsão, como no FUNDOPREV, de aportes do
Estado para garantir determinado valor de benefício. No RS-Prev o plano
tem caráter individual, ou seja, cada participante tem a sua conta própria
onde são contabilizadas as contribuições pessoais e aquelas feitas pelos
patrocinadores.
Com a publicação da Lei Complementar nº 15.511, de 24 de agosto de
2020 ocorreram sensíveis mudanças no âmbito dos Regimes de Financiamento da
Previdência Pública do Estado do Rio Grande do Sul, sobretudo em virtude da
transposição de aproximadamente 17 mil servidores do FUNDOPREV Civil para o Fundo
Financeiro. Além dessa reestruturação do FUNDOPREV, por meio desta Lei instituiu-se o
Benefício Especial como forma de incentivo à migração de servidores para o Regime de
Previdência Complementar, o que reduziria o Passivo Atuarial do Estado. As mudanças
trazidas pela citada legislação são abordadas mais adiante nesse capítulo em tópico
próprio, mas o quadro a seguir demonstra o resultado da transposição dos servidores que
estavam no FUNDOPREV.

RESUMO DAS REGRAS DE PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES DO ESTADO DO RS VÁLIDAS A PARTIR DE AGOSTO DE 2020
Cálculo do Contribuição Previdenciária
Data de Ingresso Benefício de Regime Adesão Base de Alíquota Alíquota
Destino
Aposentadoria Cálculo Servidor Estado
Faixas de
alíquotas Dobro da Pagamento
Repartição Remuneração
até 31/12/2003 Integralidade Obrigatória previstas contribuição inativos e
Simples Bruta
na lei nº do servidor pensionistas
15.429/19
Faixas de
1°/01/2004 a Média dos alíquotas Dobro da Pagamento
Repartição Remuneração
17/07/2011 80% maiores Obrigatória previstas contribuição inativos e
Simples Bruta
18/08/2016 salários na lei nº do servidor pensionistas
15.429/19
Efeito da migração prevista
na Lei nº 15.511/20 Faixas de
Média dos alíquotas Idêntica a
18/07/2011 a Remuneração
80% maiores Capitalização Obrigatória previstas contribuição FUNDOPREV
18/08/2016 Bruta
salários na lei nº do servidor
15.429/19
Média dos Faixas de
80% maiores Capitalização + alíquotas Idêntica a
a partir de
48 salários, limi- Previdência Obrigatória Teto RGPS previstas contribuição FUNDOPREV
19/08/2016
tado ao teto Complementar na lei nº do servidor
do RGPS 15.429/19

48
O servidor ativo, titular de cargo efetivo, que tiver ingressado no Estado antes de 19/08/2016 pode
optar por migrar de regime previdenciário. Com a publicação da Lei Complementar nº 15.511, de 24 de
agosto de 2020, o prazo para realizar a opção foi reaberto por mais 3 anos, até agosto de 2023.

357
RESUMO DAS REGRAS DE PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES DO ESTADO DO RS VÁLIDAS A PARTIR DE AGOSTO DE 2020
Data de Ingresso Cálculo do Regime Adesão Contribuição Previdenciária
Benefício de Parcela remu- Plano RS-
a partir de 4,5% a
Aposentadoria Facultativa neração acima Futuro da
de 4,5% 7,5%
do teto RGPS RS-Prev
Importante ressaltar que a alteração destacada acima se aplica apenas aos
servidores civis, os quais foram objeto da transposição de Fundo de acordo com a Lei
Complementar nº 15.511/20.

8.3. Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul – IPE Prev


O Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul – IPE Prev foi
criado pelo Decreto nº 4.842, de 08-08-1931, tendo por finalidade promover e
desenvolver a previdência e assistência social em favor dos funcionários do Estado, dos
municípios e das classes proletárias, mediante a concessão de pensões, empréstimos e
pecúlios.
Naquela época, o Estado reconhecia a necessidade de amparar os
funcionários públicos e suas famílias, não só lhes concedendo diretamente gratificações
especiais, aposentadoria e meio-soldo, como também auxiliando as instituições
particulares organizadas para esse fim, as quais, entretanto, não vinham correspondendo
satisfatoriamente, o que levou à criação do Instituto.
Passados 50 anos, em 18-06-1982, foi editada a Lei nº 7.672, dispondo
sobre o IPERGS - Autarquia Estadual de previdência e assistência, com personalidade
jurídica de direito público, dotada de autonomia administrativa e financeira, e atuando,
basicamente, na prestação de benefícios e serviços relativos a pensões, pecúlio, auxílio-
reclusão, assistência médica, habitacional e financeira. Atualmente, essa lei, depois de
várias alterações, deixou de abordar as normas de assistência médica, as quais passaram
a ser ditadas em leis específicas.
Em 2004, buscando adequar-se às bases da Reforma da Previdência no
Serviço Público, foi editada a Lei Complementar nº 12.065/2004, alterando as
contribuições mensais para o Regime Próprio de Previdência Social. Também, com a
edição das Leis Complementares n.º 12.066/2004 e 12.134/2004, foi reestruturado o
Sistema de Assistência à Saúde. Dessa forma, individualizaram-se os dois sistemas, o de
Previdência e o de Saúde, com a contabilização em separado das suas respectivas
contribuições, sendo vedada a transferência de recursos entre ambos.
A Lei nº 12.395/2005 foi responsável por reorganizar a estrutura
administrativa do IPERGS, atribuindo, ao Instituto, as prerrogativas de Gestor Único do
Regime Próprio de Previdência Social – RPPS/RS – e do Sistema de Assistência à Saúde dos
Servidores Públicos do Estado do Rio Grande do Sul – IPE – SAÚDE.
Em 2008, foi editada a Lei nº 12.909, de 03-03-2008, referente,
especificamente, ao Regime Próprio de Previdência dos Servidores Públicos, a qual
designou o IPERGS como o seu Gestor Único, com a denominação de IPE – PREVIDÊNCIA.
A partir de 2009, foi alterada a estrutura orçamentária da Autarquia.
Anteriormente, constituída de apenas um órgão e unidades orçamentárias relacionadas à
Previdência, Saúde, Habitação e Pecúlios, passou a ser classificada em três órgãos
distintos: Órgão 40 – RPPS/RS, Órgão 41 – FAS/RS e Órgão 42 – IPERGS.

358
Em abril de 2010, com a edição da Lei nº 13.415, foi reorganizado o quadro
de pessoal do Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul.
Conforme já explanado anteriormente neste capítulo, em 2011, foi criado
fundo de capitalização para os novos servidores, ingressantes a partir de 18-07-2011, data
de publicação das Leis n.º 13.757/2011 e 13.758/2011 (FUNDOPREV-Militar e
FUNDOPREV-Civil, respectivamente). Em 05 de abril de 2018, foram aprovados cinco
projetos de lei, que alteraram a estrutura do IPERGS:
- Lei nº 15.142: dispõe sobre o Regime Próprio de Previdência Social do
Estado do Rio Grande do Sul – RPPS/RS;
- Lei nº 15.143: dispõe sobre a reestruturação do Instituto de Previdência
do Estado do Rio Grande do Sul – IPE Prev, unidade gestora do RPPS/RS;
- Lei nº 15.144: dispõe sobre a criação do Instituto de Assistência à Saúde
dos Servidores Públicos do Rio Grande do Sul – IPE Saúde;
- Lei nº 15.145: dispõe sobre o Sistema de Assistência à Saúde dos
Servidores Públicos do Rio Grande do Sul – Sistema IPE Saúde, altera a Lei Complementar
nº 12.066, de 29 de março de 2004, que dispõe sobre o Fundo de Assistência à Saúde –
FAS/RS;
- Lei nº 15.146: reorganiza o quadro de pessoal do Instituto de Previdência
do Estado do Rio Grande do Sul, instituído pela Lei nº 9.670, de 29 de maio de 1992.
Desta forma, o Instituto de Previdência do Estado – IPERGS foi
desmembrado em duas autarquias: o IPE Saúde, para cuidar das assistências dos
segurados, que será objeto de análise no item 8.7, e o IPE Prev, que ficou com a parte de
aposentadorias e pensões, sendo o gestor do Regime Próprio de Previdência Social –
RPPS.

8.3.1 Execução Orçamentária do IPE PREV


A execução do orçamento em 2020, considerando as receitas e as despesas
alocadas no IPE Prev, está demonstrada na tabela a seguir.

EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA IPE PREV – 2020


Em R$ millhões (nominais)
DISCRIMINAÇÃO VALORES
1. RECEITAS DE CONTRIBUIÇÕES 7.381,1
1.1. Contribuições de Servidores 2.521,6
1.2. Contribuições Patronais 4.856,2
1.3. Outras Contribuições Sociais 3,3
2. RECEITA PATRIMONIAL 181,0
2.1. Juros e Correções Monetárias 499,4
2.2. Dedução Receita Patrimonial (318,4)
3. RECEITA DE SERVIÇOS 5,4
3.1. Serviços Administrativos 5,4
4. OUTRAS RECEITAS CORRENTES 11.364,5
4.1. Compensações Financeiras entre Regimes 65,0
4.2. Aportes Periódicos Amortização Déficit 11.248,3
4.3. Demais Receitas Correntes 51,3 .
5. TOTAL DE RECEITAS 18.932,1
6. DESPESAS CORRENTES 15.836,8

359
EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA IPE PREV – 2020
Em R$ millhões (nominais)
DISCRIMINAÇÃO VALORES
6.1 Pessoal e Encargos Sociais 15.492,8
6.2. Outras Despesas Correntes 344,0
7. DESPESAS DE CAPITAL 11,7
7.1. Investimentos 2,3
7.2. Amortização da Dívida 9,4
8. TOTAL DAS DESPESAS 15.848,48
9. RESULTADO ORÇAMENTÁRIO (5 - 8) 3.083,62
Fonte: Sistema Cubos DW da SEFAZ/CAGE e Sistema FPE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.

As contribuições previdenciárias dos servidores (em torno de


R$ 2,51 bilhões) têm sido alvo de ressalva nos Relatórios e Pareceres Prévios anteriores,
pois a existência de saldos em Depósitos de Terceiros, no Passivo Circulante dos
Poderes/Órgãos, identificados na Tabela a seguir, estaria a indicar a pendência de
repasses ao IPE Prev.

CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS DOS SERVIDORES CONSIGNAÇÕES SOBRE A FOLHA DE PESSOAL


SALDO EM DEPÓSITOS DE TERCEIROS NO PASSIVO CIRCULANTE DOS PODERES/ÓRGÃOS
Em R$ milhões (nominais)
DISCRIMINAÇÃO 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Servidores do Plano Financeiro 5,1 1,0 0,8 0,6 0,9 1,3 98,9 100,7 106,9 55,9
Servidores do Plano Previdenciário 0,0 1,7 0,1 0,1 7,2 0,3 20,9 28,0 34,0 10,6
Fonte: Sistema Cubos DW da SEFAZ/CAGE e Sistema FPE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.

O saldo em Depósitos das contribuições dos servidores do Regime de


Repartição Simples vinha reduzindo até o final de 2014 (de R$ 5,1 milhões em 2011 para
R$ 588,7 mil em 2014). No caso do FUNDOPREV, essa redução também ocorreu (de
R$ 1,7 milhão em 2012 para R$ 58,2 mil em 2014). Contudo, de 2015 a 2019, verificou-se
uma reversão dessa tendência em ambos os regimes. Já no ano de 2020 o saldo em
depósitos das contribuições dos servidores voltou a sofrer uma redução consistente.
No caso da retenção da contribuição do servidor para o Regime de
Repartição Simples, repasse parcial ao IPE Prev acarreta maior valor na complementação
do déficit pelo Tesouro Estadual, devido ao pagamento integral das despesas com os
atuais inativos e pensionistas.
No Regime de Capitalização, a falta de repasse das contribuições dos
servidores gera prejuízos, comprometendo o equilíbrio financeiro e atuarial do
FUNDOPREV. Nesse regime, o saldo de depósitos das contribuições dos servidores
passou, mais recentemente, de R$ 34,0 milhões em 2019 para R$ 10,6 milhões em 2020.
Em outros termos, teria se deixado de capitalizar esse montante em razão da ausência do
repasse da contribuição dos servidores, isto é, os valores foram retidos nas folhas de
pagamento, porém não teriam sido repassados ao FUNDOPREV pelas respectivas
Entidades.
Os esclarecimentos prestados pelo Gestor com relação ao Parecer Prévio
das Contas de 2019 apontaram que os aumentos dos saldos de depósitos das
contribuições dos servidores ocorreram em função dos atrasos nas folhas salariais. Ou

360
seja, o Estado não teria deixado de realizar os repasses, mas estaria realizando tais
transferências com atraso. Tal procedimento estaria respaldado na Constituição Estadual,
artigo 41, §2º, o qual prevê que os recursos devidos ao RPPS deveriam ser repassados no
mesmo dia e mês do pagamento dos servidores, quando destes retidas suas
contribuições. Este argumento do Governo do Estado foi aceito pelo Conselheiro Relator
das Contas de 2019, o qual determinou o aprofundamento e acompanhamento da
matéria pelo corpo técnico do TCE.
A análise mês a mês do ano de 2020 demonstra que o saldo em depósito
das contribuições dos servidores se manteve estável ao longo do ano e passou a ter uma
queda significativa a partir de novembro, mês em que a remuneração dos servidores
voltou a ser paga em dia. Por outro, se observa que mesmo após a volta do pagamento
em dia do funcionalismo, permaneceram saldos em depósito de terceiros no Passivo
circulante dos Poderes nos meses de novembro e dezembro. Ou seja, no caso do mês de
novembro, por exemplo, o Estado quitou a remuneração de seus servidores na data
prevista, mas permaneceu com um saldo em depósito de R$ 18,25 milhões que não foi
repassado ao FUNDOPREV, conforme destacado na tabela a seguir.

MOVIMENTAÇÃO MENSAL – SALDO EM DEPÓSITOS DE TERCEIROS - 2020


DISCRIMINAÇÃO Jan/20 Fev/20 Mar/20 Abr/20 Mai/20 Jun/20 Jul/20 Ago/20 Set/20 Out/20 Nov/20 Dez/20
Servidores do Plano
31,09 32,20 36,47 37,22 43,69 34,15 32,35 25,98 25,90 20,46 18,25 10,61
Previdenciário
Fonte: Sistema Cubos DW da SEFAZ/CAGE e Sistema FPE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.

Em virtude da manutenção de valores a serem regularizados em Depósitos


das contribuições dos servidores ao FUNDOPREV, mesmo após o retorno do pagamento
em dia do funcionalismo, entende-se pela manutenção do apontamento e da necessidade
de esclarecimentos do Gestor.
A relevância do acompanhamento dos recursos da previdência, conforme
destacado acima, demonstra a necessidade de cuidado da Administração, bem como a
importância do correto registro de receitas, despesas e contas bancárias com suas
respectivas unidades orçamentárias e credores envolvidos na operação, procedimentos
adotados justamente para melhor controlar os recursos envolvidos nessas atividades fins.
A análise mais detalhada das contribuições dos servidores ao FUNDOPREV
foi tratada no próximo item deste relatório, juntamente com as contribuições patronais e
demais recursos do Fundo.

8.3.2. Plano Previdenciário: FUNDOPREV Civil e Militar


No histórico do fundo previdenciário no Estado do Rio Grande do Sul,
inicialmente é importante relembrar a posição adotada pelo Governo do período de
2007 a 2010, quando, além de buscar a implementação da Previdência Complementar,
promoveu medidas para tentar amenizar as dificuldades com o fluxo dos gastos
previdenciários. Embora as destinações dadas aos recursos obtidos com a venda de ações
do Banrisul (R$ 1,3 bilhão – valor nominal em 2007) tenham sido denominadas de fundos
previdenciários (FG-PREV e FE-PREV), trataram-se efetivamente de duas reservas
financeiras: a primeira, para os aportes patronais das futuras aposentadorias no modelo

361
de Previdência Complementar; a segunda, para dar fôlego financeiro ao pagamento
mensal dos inativos e pensionistas durante o prazo de sete anos (embora tenha sido
utilizada por apenas três anos, no montante de R$ 451,2 milhões).
Ao final de 2009, a Lei nº 13.328/2009 extinguiu o FE-PREV, realocando o
saldo existente, de R$ 966,6 milhões, para outros fins, especialmente, na construção da
malha rodoviária. Em 2011, foi a vez do FG-PREV, cujo saldo de R$ 191,1 milhões foi
utilizado para pagamento dos atuais benefícios previdenciários do Fundo de Repartição
Simples, conforme autorizado na Lei nº 13.758/2011.
A tabela, a seguir, apresenta as movimentações financeiras dessas reservas
denominadas de Fundo de Equilíbrio Previdenciário (FE-PREV – Lei nº 12.763/2007) e
Fundo de Garantia da Previdência Pública Estadual (FG-PREV – Lei nº 12.764/2007).

MOVIMENTAÇÃO DAS RESERVAS FINANCEIRAS FG-PREV E FE-PREV


E SALDO ACUMULADO DOS RECURSOS DO FUNDO PREVIDENCIÁRIO - FUNDOPREV
Em R$ milhões (nominais)
2007 - 2010
DISCRIMINAÇÃO FG-PREV FE-PREV
RECURSO 1187 RECURSO 1188
FG-PREV e FE-PREV (2007 a 2010):
1. Recursos Venda Ações Banrisul p/ fundos
126,4 1.138,0
previdenciários, em 2007
2. Rendimento Financeiro (2007/2009) 37,0 277,8
3. Transferência do Recurso 0001 – Tesouro Livres, em 31-
- 2,1
12-2009*
4. Total Recursos Financeiros movimentados de 2007 a
163,4 1.417,8
2009 (1 +2 + 3)
5. Aplicação (despesa empenhada para o custeio da
- -451,2
previdência - 2007/2009)
6. Subtotal (4 – 5) 163,4 966,6
7. Transferência para o Recurso 1101 – Construção da Malha
- -676,6
Rodoviária
8. Transferência para o Recurso 0001 – Tesouro Livres - -193,3
9. Transferência para o Recurso 0167 – Fundo de reforma
- -96,7
Estadual
10. Saldo Financeiro em 31-12-2009 (6 – 7 – 8 - 9) 163,4 -
11. Rendimento Financeiro em 2010 16,0 -
12. Saldo Financeiro em 31-12-2010 (10 + 11) 179,4 -
13. Rendimento Financeiro em 2011 11,7 -
14. Aplicação (despesa empenhada c/ previdência (Lei
-191,1 -
nº 13.758/2011)
-
15. Saldo Financeiro em 31-12-2011 (12 + 13 - 14) -
-
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Para complementação de transferência do recurso de destino (1188) para o recurso 0167, conforme art. 3º da Lei nº 13.328/2009.

Não obstante, as circunstâncias da situação financeira do Estado, aliadas ao


conflito para aplicação dos recursos escassos, entre a necessidade de melhoria da malha
rodoviária, da segurança pública, da educação e o pagamento de benefícios
previdenciários, o FUNDOPREV deixou de contar com relevantes aportes para o
funcionamento inicial de suas operações.

362
Nesse contexto de extinção das reservas financeiras do FE – PREV e FG –
PREV, passou a viger o FUNDOPREV-Civil (Lei Complementar nº 13.758/11) e o
FUNDOPREV-Militar (Lei Complementar nº 13.757/11).
Em setembro de 2011, no Decreto nº 48.371/2011, foi instituído grupo de
trabalho a fim de normatizar a operacionalização e o funcionamento do FUNDOPREV,
previsto no art. 4º da Lei Complementar nº 13.758/2011. Posteriormente, com os
Decretos nº 52.669/2015 e 52.770/2015 foram instituídos os comitês de investimento do
FUNDOPREV – Civil e FUNDOPREV – Militar, respectivamente.
Os dados da situação financeira e atuarial do RPPS, associado ao
FUNDOPREV, podem ser obtidos nos demonstrativos do Relatório Resumido da Execução
Orçamentária, publicados periodicamente pelo Executivo Estadual, em atendimento à Lei
de Responsabilidade Fiscal (LC nº 101/2000, art. 53), a saber:
a) Demonstrativo das Receitas e Despesas Previdenciárias do Regime
Próprio dos Servidores Públicos (publicado bimestralmente);
b) Demonstrativo da Projeção Atuarial do Regime Próprio dos Servidores
Públicos (publicado anualmente).
Esses demonstrativos, a partir de 2013, passaram a evidenciar
separadamente os valores do Plano Financeiro (RPPS – Antigos Servidores) e do Plano
Previdenciário (FUNDOPREV – Novos Servidores).

PARTE DO DEMONSTRATIVO DA PROJEÇÃO ATUARIAL DO REGIME PRÓPRIO DOS SERVIDORES PÚBLICOS – RPPS ESTADO DO
RIO GRANDE DO SUL - PLANO PREVIDENCIÁRIO
2020 – PERÍODO DE REFERÊNCIA 2019 A 2093
Em R$ milhões (nominais)
RECEITAS DESPESAS RESULTADO SALDO FINANCEIRO DO
EXERCÍCIO PREVIDENCIÁRIAS PREVIDENCIÁRIAS PREVIDENCIÁRIO EXERCÍCIO
(A) (B) (C) = (A – B) (D) = (“D” EXERC. ANT.) + (C)
2019 837,5 11,97 825,5 2.964,1
2093 0,025 2,485 (2,46) 4.859,5
Fonte: Relatório Resumido da Execução Orçamentária – 6º bimestre/2020 – Anexo 10 - Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul - Atuarial

No Plano Previdenciário – FUNDOPREV, o resultado previdenciário


superavitário de R$ 825,5 milhões, em 2019, reverterá para um déficit de R$ 2,46 milhões
em 2093. O saldo positivo acumulado nesse período atingirá R$ 4,85 bilhões. A
variabilidade dos valores destacados em relação às projeções dos exercícios anteriores
decorre, em grande medida, de alterações das hipóteses atuariais utilizadas para o
cálculo49.

49
Ao se comparar os resultados apresentados no Parecer Prévio de 2019 com os de agora se verifica uma
discrepância relevante entre as projeções do RREO 6º bim. de 2019 e 2020. Em 2019 a Avaliação Atuarial foi
elaborada pelo Banco do Brasil, onde se constata que foi considerada a geração atual de servidores (todos
servidores vinculados ao RPPS em 31/12/2018) e a geração futura (estimativa de ingresso de novos
servidores após a data da avaliação atuarial). Já em 2020, a Avaliação Atuarial foi elaborada pela Lumens
Consultoria, nesse caso é bem provável que tenha sido considerado apenas a geração atual de servidores,
pois as receitas e despesas decrescem ao longo do tempo acompanhando a extinção da massa até
praticamente zerar ao final da projeção, ou seja, não se considerou novos entrantes no RPPS.

363
Visando regularizar o déficit atuarial constatado, em 10-11-2016, a
Assembleia Legislativa criou um Plano de Amortização do Déficit Atuarial para o
FUNDOPREV (Civil e Militar), mediante Leis nº 14.938 e 14.939. Tais leis preveem aportes
periódicos mensais por parte do Estado, juntamente com a contribuição patronal
obrigatória. Esses aportes iniciaram em 2017 (um aporte anual de R$ 4,3 milhões para o
FUNDOPREV-Civil e R$ 311,5 mil para o FUNDOPREV-Militar) e encerrarão em 2050 (com
aportes de R$ 168,6 milhões para o FUNDOPREV-Civil e R$ 28,2 milhões para o
FUNDOPREV-Militar), conforme tabelas abaixo:

PLANO DE AMORTIZAÇÃO, POR APORTES PERIÓDICOS


COBERTURA DO DÉFICIT ATUARIAL PLANO PREVIDENCIÁRIO 2016/2050
EM R$ MIL (NOMINAIS)
APORTES APORTES APORTES APORTES
ANUAIS ANUAIS ANUAIS ANUAIS
ORDEM ANO ORDEM ANO
FUNDOPREV FUNDOPREV FUNDOPREV FUNDOPREV
- CIVIL - MILITAR - CIVIL - MILITAR
1 2016 0,0 0,0 19 2034 122.251,6 19.485,7
2 2017 4.256,5 311,5 20 2035 127.405,9 20.843,9
3 2018 9.340,7 788,2 21 2036 132.148,8 22.100,7
4 2019 15.643,7 1.644,7 22 2037 136.623,9 23.216,1
5 2020 23.665,6 3.223,4 23 2038 140.557,8 24.048,2
6 2021 32.717,8 4.937,6 24 2039 144.138,6 24.746,3
7 2022 42.997,8 7.008,1 25 2040 147.835,0 25.550,5
8 2023 53.878,5 8.721,4 26 2041 150.589,5 25.808,6
9 2024 65.915,4 10.784,0 27 2042 153.144,4 26.066,7
10 2025 78.687,3 12.611,8 28 2043 155.629,2 26.328,7
11 2026 83.429,2 13.121,3 29 2044 157.841,4 26.592,0
12 2027 88.026,7 13.510,1 30 2045 159.756,3 26.857,9
13 2028 92.859,9 14.290,9 31 2046 161.652,8 27.126,5
14 2029 97.981,2 15.201,1 32 2047 163.462,9 27.391,7
15 2030 102.691,1 15.752,0 33 2048 165.199,3 27.671,7
16 2031 107.649,6 16.652,3 34 2049 166.914,4 27.948,4
17 2032 112.627,1 17.656,4 35 2050 168.612,5 28.227,9
18 2033 117.726,9 18.659,9
Fonte: Lei nº 14.938, de 10 de novembro de 2016.

Os montantes aportados até 2020 foram os seguintes:

APORTE PARA AMORTIZAÇÃO DO DÉFICIT ATUARIAL


FUNDOPREV CIVIL E MILITAR - 2017 - 2020
Em R$ milhões (nominais)
EXERCÍCIO 2017 2018 2019 2020 TOTAL
FUNDOPREV Civil
Aportes Definidos na Lei nº 14.938/2016 4,3 9,3 15,6 23,6 52,8
Aportes Realizados 3,0 1,5 24,1 0 28,6
Valor a menor/maior aportado (1,3) (7,9) 8,5 (23,6) (24,3)
FUNDOPREV Militar
Aportes Definidos na Lei nº 14.939/2016 0,3 0,8 1,6 3,2 6,9

364
APORTE PARA AMORTIZAÇÃO DO DÉFICIT ATUARIAL
FUNDOPREV CIVIL E MILITAR - 2017 - 2020
Em R$ milhões (nominais)
EXERCÍCIO 2017 2018 2019 2020 TOTAL
Aportes Realizados 0,3 - 2,3 0 2,6
Valor a menor/maior aportado - (0,8) 0,7 (3,2) (3,3)
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS

Os valores de 2017, ainda que uma parte em 2018, foram aportados em


sua totalidade. Já sobre os valores de 2018 não houve nenhum valor repassado pelo
Estado. Em 2019, foram aportados em sua integralidade os valores do ano anterior, bem
como os de 2019, não em sua totalidade. Para o ano de 2020 foi observado que o Estado
não realizou novos aportes. Neste caso, o Gestor se valeu do previsto no art. 5º das Leis
nºs 14.938 e 14.939:
Art. 5º O plano de amortização será revisto nas reavaliações atuariais anuais,
respeitando sempre o período remanescente para o equacionamento do déficit
técnico atuarial, contado a partir do marco inicial de implantação do plano de
amortização.

No Relatório de Avaliação Atuarial, referente a 2019, produzido pela


Lumens Atuarial – Consultoria e Assessoria, apontou-se à seguinte conclusão sobre a
situação do déficit atuarial do FUNDOPREV:
Em virtude de ter sido apurado um resultado de superávit atuarial pleno para o
FUNDOPREV, no encerramento do exercício de 2019, ou seja, que o valor dos
bens e direitos do RPPS são superiores ao passivo atuarial (provisões
matemáticas calculadas), conforme restou demonstrado por meio da Tabela
15., haveria a viabilidade técnica de supressão do plano de amortização
existente, previsto por meio da Lei nº 14.938, de 10/11/2016

Portanto, em função do superavit atuarial verificado no exercício de 2019,


não foram realizados novos aportes ao longo do ano de 2020.
Antes de apresentar os Demonstrativos das Receitas e Despesas
Previdenciárias, publicados segundo as exigências dos art. 50, inciso IV, e 53, inciso II, da
Lei Complementar nº 101/2000, são trazidas algumas considerações necessárias ao seu
entendimento:
- o item que apura as Receitas Previdenciárias Intraorçamentárias, refere-
se às contribuições patronais, empenhadas, liquidadas e pagas pelos órgãos, fundos ou
entidades dos orçamentos fiscal e da seguridade social, e que são receitas de outro órgão,
fundo ou entidade que integram esses orçamentos, nesse caso o Órgão 40 - RPPS/RS;
- na contabilização adotada pelo Estado do Rio Grande do Sul, também as
despesas para a cobertura da insuficiência financeira à entidade previdenciária foram
empenhadas nas dotações próprias do Poder Executivo e da Defensoria Pública (despesa
intraorçamentária), com a respectiva contrapartida em contas de receita
intraorçamentária no RPPS/RS. Todavia, essa insuficiência financeira não deve constar na
linha de “Receitas Intraorçamentárias” do Demonstrativo do RPPS, mas em item apartado
daqueles que compõem o Resultado Previdenciário, pois o mesmo deverá representar o

365
montante complementado pelo Estado, para suprir as necessidades de financiamento do
regime;
- o IPERGS centraliza o pagamento dos benefícios previdenciários dos
servidores do Poder Executivo e Defensoria Pública, enquanto esses efetuam os repasses
das contribuições patronais e da cobertura das insuficiências financeiras, consignando os
valores correspondentes nas respectivas dotações próprias incluídas nos seus
orçamentos;
- os demais Poderes (Legislativo, Judiciário e Ministério Público) registram
o pagamento dos inativos diretamente à conta das respectivas dotações e a partir de
2019, discriminando os valores correspondentes às contribuições patronais e eventuais
insuficiências.
Passando ao comparativo das receitas e despesas do Plano Previdenciário –
FUNDOPREV, a receita em 2020 alcançou R$ 584,4 milhões, representando uma redução
nominal de 32,35% (R$ 279,5 milhões) em relação ao exercício anterior. Esta redução de
receita é explicada pelos efeitos da LC nº 15.511/20, a qual será devidamente detalhada
no item 8.5 deste capítulo.
Por outro lado, os gastos empenhados com pensões, auxílio-doença e
salário maternidade chegaram ao total de R$ 4,7 milhões representando uma redução
nominal de 62,5% em relação ao exercício de 2019.

DEMONSTRATIVO DAS RECEITAS E DESPESAS PREVIDENCIÁRIAS RREO


RELATÓRIO RESUMIDO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA PLANO PREVIDENCIÁRIO – FUNDOPREV - 2016/2020
Em R$ milhões (nominais)
DISCRIMINAÇÃO 2016 2017 2018 2019 2020
1 - Receita de Contribuições dos
140,8 157,0 276,4 257,4 204,84
Segurados
1.1. Servidores Civil 124,8 132,1 228,5 196,7 136,78
1.1.1. Ativo 124,8 132,0 228,4 196,6 136,45
1.1.2. Inativo - - - - 0,14
1.1.3. Pensionistas 0,0 0,0 0,1 0,1 0,20
1.2. Servidores Militar 15,9 24,9 47,9 60,7 68,05
1.2.1. Ativo 15,9 24,9 47,9 60,7 68,05
1.2.2. Inativo - - - - -
1.2.3. Pensionistas - - - - -
2 - Receita de Contribuições Patronais 141,2 176,6 217,9 260,7 198,59
1.1. Servidores Civil 125,5 147,9 180,0 200,1 131,48
1.1.1. Ativo 125,5 147,9 180,0 200,1 131,48
1.1.2. Inativo - - - - -
1.1.3. Pensionistas - - - - -
1.2. Servidores Militar 15,8 28,7 37,9 60,6 67,11
1.2.1. Ativo 15,8 28,7 37,9 60,6 67,11
1.2.2. Inativo - - - - -
1.2.3. Pensionistas - - - - -
3. Receita Patrimonial 92,4 118,2 127,7 345,9 180,98
3.1. Remuneração de Recursos 108,5 128,1 208,6 381,5 499,40
3.2. Deduções Receita Patrimonial -16,1 -9,8 -80,8 -35,6 -318,42
4. Outras Receitas Correntes 0,1 - 1,2 - -
4.1. Demais Receitas Correntes 0,1 - 1,2 - -
5. TOTAL DAS RECEITAS FUNDOPREV 374,4 451,9 623,3 864,0 584,41
6. Despesas de Administração - - - 0,1 2,8
6.1. Despesas Correntes - - - 0,1 -
6.2. Despesas de Capital - - - - -

366
DEMONSTRATIVO DAS RECEITAS E DESPESAS PREVIDENCIÁRIAS RREO
RELATÓRIO RESUMIDO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA PLANO PREVIDENCIÁRIO – FUNDOPREV - 2016/2020
Em R$ milhões (nominais)
DISCRIMINAÇÃO 2016 2017 2018 2019 2020
7. Despesas de Previdência 1,7 1,5 108,3 11,9 4,7
7.1 Benefícios Civl 0,7 1,1 5,5 11,1 3,9
7.1.1. Aposentadorias - 0,1 0,0 0,6 1,1
7.1.2. Pensões 0,7 1,0 1,4 2,0 2,6
7.1.3. Outros Benefícios Previdenciários - - 4,1 8,5 0,2
7.2. Benefícios Militar 0,1 0,3 0,5 0,8 0,8
7.2.1. Reformas - - - - -
7.2.2. Pensões 0,1 0,3 0,5 0,8 0,8
7.2.3. Outros Benefícios Previdenciários - - - - -
7.3. Outras Despesas Previdenciárias 0,9 0,1 102,3 - -
7.3.1. Compensação Previdenciária - - - - -
7.3.2. Demais Despesas Previdenciárias 0,9 0,1 102,3 - -
8. TOTAL DAS DESPESAS FUNDOPREV 1,7 1,5 108,3 12,0 4,7
9. RESULTADO PREVIDENCIÁRIO (5 – 8) 373,7 450,4 514,9 852,0 579,71
10. APORTES COBERTURA DÉFICIT
- 3,3 1,5 26,5 -
ATUARIAL
10.1. FUNDOPREV Civil 3,0 1,5 24,1 -
10.2. FUNDOPREV Militar 0,3 - 2,3 -
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.

Do ponto de vista das despesas previdenciárias destaca-se a elevação dos


valores observada no exercício de 2018. Esse aumento, explicado no Balanço Geral do
Estado de 2018 – Volume I, pág. 60, está diretamente ligado ao que previa o art. 5º da Lei
Complementar nº 13.758/2011, em que o FUNDOPREV deveria custear, por reembolso, o
auxílio-doença, o salário-maternidade e o auxílio-reclusão dos servidores a ele vinculados.
Em 2018, esse dispositivo foi revogado pela Lei Complementar nº 15.142/2018. Desde o
surgimento do Fundo, a Administração Direta do Poder Executivo descontava de suas
contribuições o valor desses benefícios, em lugar de repassar a contribuição integral e
solicitar o reembolso. Em 2018, foi firmado um Termo de Ajuste pelo qual o Estado
efetuou essas contribuições e recebeu o reembolso pelas despesas, gerando, de forma
acumulada, registros de receitas e despesas. Em 2019 os valores voltaram ao patamar
normal.
Em termos de quantidade de vínculos, o FUNDOPREV contava, em
setembro de 2019, com 29.277 servidores ativos entre civis e militares e 117 inativos,
totalizando 29.344 vínculos junto ao Fundo. As informações disponibilizadas na tabela a
seguir não demonstram ainda o impacto da LC nº 15.511/20 que promoveu a
transposição de servidores civis do Fundoprev para o Plano Financeiro.

QUANTIDADE VINCULOS FUNDOPREV - 2015/2019


INGRESSO DE
31/12/2015 31/12/2016 31/12/2017 31/12/2018 30/09/2019
SEGURADOS
Ativos 21.990 23.409 25.358 28.949 29.227
Civil 19.467 19.450 20.768 22.318 22.551
Militar 2.523 3.959 4.590 6.631 6.676
Inativos 1 21 48 66 117
Civil 1 21 38 54 96
Militar - - 10 12 21

367
QUANTIDADE VINCULOS FUNDOPREV - 2015/2019
INGRESSO DE
31/12/2015 31/12/2016 31/12/2017 31/12/2018 30/09/2019
SEGURADOS
TOTAL 21.991 23.430 25.406 29.015 29.344
Fonte: Relatórios anuais de avaliação atuarial do IPE Prev.

Sob o prisma da questão patrimonial, importante frisar que no Estado do


RS, o Fundo Financeiro não forma poupança. Portanto, o patrimônio referente aos fundos
previdenciários existentes no Estado é oriundo dos Fundos de Capitalização,
FUNDOPREV-Civil e FUNDOPREV—Militar. O aumento de seus recursos ocorre com o
ingresso de novos servidores e com o rendimento das aplicações das contribuições
patronais e de seus segurados.
Em 2020, os rendimentos líquidos alcançaram R$ 180,9 milhões e o
acumulado desde 2012 é de R$ 924,6 milhões.
A Política Anual de Investimentos do ano de 2020 foi aprovada pela
Resolução do Conselho Deliberativo nº 03/2020, e a meta atuarial estipulou a aplicação
dos recursos financeiros de forma a buscar um retorno de 4,25% a.a., mais o Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA, observando-se sempre a adequação do
perfil de risco dos segmentos de investimento.
No site do IPE Prev, estão disponibilizados os percentuais alcançados com
os rendimentos das aplicações financeiras e as respectivas metas atuariais, como se pode
ver na próxima tabela. Em 2020, o percentual foi de 5,83% para o total das aplicações do
FUNDOPREV, enquanto a meta fixada na Política Anual de Investimentos era de 8,77%.

META ATUARIAL X RENDIMENTOS DOS RECURSOS DO FUNDOPREV - 2014/2020


Em (%)
(%) META ATUARIAL FUNDOPREV FUNDOPREV TOTAL
(%)
ANUAL APROVADA P/ POLÍTICA CIVIL MILITAR FUNDOPREV
IPCA
ANUAL DE INVESTIMENTOS (%) (%) (%)
dez/14 6,41 10,67 12,75 11,26 12,56
dez/15 10,67 17,32 9,11 9,42 9,19
dez/16 6,29 11,87 16,24 17,90 16,45
dez/17 2,95 8,10 11,93 12,49 12,00
dez/18 3,75 8,41 7,88 9,66 8,13
Dez/19 4,31 8,81 16,47 16,86 16,53
Dez/20 4,52 8,77 5,9 5,5 5,83
Fonte: IPERGS – Acompanhamento da Diretoria de Previdência e Meta Atuarial conforme Política Anual de Investimentos – Resoluções do Conselho Deliberativo –
site http://www.ipe.rs.gov.br,

Os saldos bancários contabilizados no Balancete do IPE Prev foram


confrontados com os resultados acumulados no período de 2011 a 2020, evidenciando
uma diferença a menor de R$ 135,9 milhões. Também foram confrontados com o valor
divulgado pelo Poder Executivo no Demonstrativo de Receitas e Despesas do RPPS –
Plano Previdenciário (anexo 4 do Relatório Resumido de Execução Orçamentária - RREO).
A diferença neste caso foi de R$ 151,4 milhões contabilizados a menor no balancete, a
qual carece de verificação de conciliação bancária e, principalmente, dos procedimentos
de registro das receitas pela Autarquia, a seguir discriminados.

368
RECEITAS E DESPESAS X SALDOS BANCÁRIOS DO BALANCETE X RREO
RPPS – PLANO PREVIDENCIÁRIO – FUNDOPREV - ACUMULADO 2011 A 2020
Em R$ milhões (nominais)
FUNDOPREV FUNDOPREV
DISCRIMINAÇÃO TOTAL
CIVIL MILITAR
RECEITAS 2.810,0 628,0 3.437,9
Contribuição Servidores 1.006,0 243,7 1.249,7
Contribuições Patronal 1.004,2 240,7 1.244,9
Remuneração Líquida dos Investimentos 769,9 141,0 910,8
Aportes Amortização Déficit Atuarial 28,6 2,6 31,2
Outras Receitas Correntes 1,3 0,0 1,3
VARIAÇÕES PATRIMONIAIS AUMENTATIVAS 6,8 1,3 8,1
DESPESAS 107,9 19,5 127,3
Aposentarias e Reformas 1,8 - 1,8
Pensões 7,7 2,5 10,3
Outros Benefícios Previdenciários 4,1 - 4,1
Despesa de Exercícios Anteriores 94,2 16,9 111,1
Indenizações e Restituições 0,1 - 0,1
VARIAÇÕES PATRIMONIAIS DIMINUTIVAS 0,1 0,0 0,1
RESULTADO ENTRE RECEITAS, DESPESAS E VARIAÇÕES AUMENTATIVAS E
2.708,9 609,7 3.318,6
DIMINUTIVAS DO FUNDOPREV
VALORES NÃO REPASSADOS 72,7 30,2 102,9
RESULTADO AJUSTADO COM VALORES NÃO REPASSADOS 2.781,6 639,9 3.421,5
BALANCETE - SALDOS CONTAS BANCÁRIAS EM 31-12-2020 2.674,0 611,5 3.285,6
Diferença (Saldo Bancário no Balancete) (-) Resultado entre Receitas e
(107,6) (28,3) (135,9)
Despesas
RREO – Demonstrativo Receitas e Despesas RPPS – Plano Previdenciário - - 3.436,9
Diferença (Saldo Bancário no Balancete) (-) Publicado RREO - - (151,4)
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Demonstrativo publicado pelo Poder Executivo segundo exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal (RREO – Anexo 4 – LRF, art. 53, inciso II –
6ºbim/2020).

As diferenças a conciliar do confronto entre os saldos bancários versus o


resultado acumulado entre receitas e despesas desde a criação do Regime de
Capitalização; e o publicado no anexo 4 do RREO, devem ser apuradas separadamente
para cada fundo, ou seja, FUNDOPREV Civil e FUNDOPREV Militar. Tal circunstância
decorre da finalidade específica de cada um desses recursos, separados dentre os
servidores civis e os servidores militares, pelas peculiaridades de cada regime e das
necessidades futuras que possam advir para a manutenção do seu equilíbrio, conforme
demonstrado na Avaliação Atuarial do FUNDOPREV, comentada anteriormente.
Os recursos do FUNDOPREV encontram-se depositados em contas
bancárias segregadas das contas do Tesouro e não participam do Sistema Integrado de
Administração do Caixa – SIAC. Então, legalmente, não podem ser utilizados para outros
fins que não previdenciários e, por serem regulados por Lei Complementar, essa posição
é difícil de ser modificada.
Logo, a gestão do FUNDOPREV tem especial importância na análise das
Contas do Exmo. Governador do Estado, não impedindo que o exame da mesma matéria
seja abordado no Processo de Contas Anual do Gestor do IPE Prev.
Na Tabela anterior, a receita acumulada, de 2011 a 2020, da Contribuição
Patronal foi inferior em R$ 4,8 milhões à receita de Contribuição dos Servidores, embora
com mesma alíquota de contribuição.

369
Em sede de Relatório e Parecer Prévio sobre as Contas do Governador essa
situação foi constatada já em 2014, quando os valores acumulados da Contribuição
Patronal, até aquela data, foram de R$ 121,1 milhões, contra R$ 113,4 milhões da
Contribuição dos Servidores, com uma diferença a maior de R$ 7,7 milhões.
A questão foi relacionada pela primeira vez no Capítulo 8 - Pontos Passíveis
de Esclarecimentos, no exame das contas de 2014 (Ponto 37), para o qual foi solicitado
esclarecimento do Gestor sobre o fato de o Tesouro descontar das retenções dos
servidores ao FUNDOPREV parcela referente às despesas com auxílio-doença e
salário-maternidade, processadas pelo Estado, ou seja, buscando ressarcimento
automaticamente dos valores pagos desses auxílios, sem que esses recursos transitassem
nas contas do Fundo. Trata-se de procedimento contrário às Leis n.º 13.758/2011 e
13.757/2011 (artigos 5º e 7º e seus parágrafos), pois o ressarcimento deveria ser feito
posteriormente pelo Fundo, tendo em vista que toda movimentação financeira e
patrimonial dos seus recursos deve ser submetida à autorização do Gestor Único do RPPS.
O esclarecimento apresentado informou que o encontro de contas entre
débitos e créditos do Tesouro frente ao FUNDOPREV é promovido de forma simplificada,
sendo necessário aperfeiçoamento que possibilite a repercussão, com tempestividade, na
execução orçamentária, no patrimônio e na contabilidade do referido Fundo. Assim, por
se tratar de ponto novo, conhecido após o encerramento da gestão governamental de
2011/2014, não foi possível adotar providências para corrigir a falha.
Em 2015, iniciada nova gestão governamental, foram editadas pelo IPERGS,
no mês de outubro, as Resoluções n.º 395 e 398 que regulamentam os procedimentos
para ressarcimento pelo FUNDOPREV Civil e FUNDOPREV Militar dos valores pagos a
título de benefício de auxílio-doença, salário-maternidade e auxílio-reclusão. Extrai-se do
texto da Resolução 395/2015, a motivação para a referida norma:

CONSIDERANDO, ainda, que a ausência do repasse integral dos valores das


contribuições ao IPERGS, decorrente da glosa na origem dos valores que
deveriam ter sido objeto de ressarcimento, em desacordo com o que determina
a Lei Complementar nº 13.758/11 e com o próprio ordenamento jurídico, além
de desvirtuar o caráter contributivo do RPPS/RS, impede a emissão do
Certificado de Regularidade Previdenciária – CRP pela Secretaria de Políticas de
Previdência Social – SPPS do Ministério da Previdência Social, nos termos dos
artigos 4º e 5º, inciso III, alínea “b” e 10, §1º, todos da Portaria MPS nº
204/2008 e do Decreto nº 3.788/01, evidencia-se a necessidade de controle
mais sistemático da concessão e pagamento dos referidos benefícios por parte
da Autarquia Previdenciária, evitando-se, assim, que o RPPS/RS incorra em
penalidades.

Portanto, com as providências adotadas pelo Gestor, entendeu-se por não


repetir o apontamento em 2015, direcionando o exame da implementação dos
procedimentos estabelecidos nas referidas Resoluções para expediente de auditoria
específico no IPERGS, nos próximos exercícios.
Cabe ser verificado, também, se a Contribuição Patronal está sendo
empenhada e repassada no montante devido ao FUNDOPREV, que é o mesmo daquele
retido mensalmente do servidor na folha de pagamento, portanto exigindo análise

370
detalhada em expediente específico, como tratado na questão anterior. No mais, pode-se
identificar que das contribuições patronais que foram empenhadas, existem pendências
de repasses ao Fundo, registradas no Balanço Patrimonial do Estado, em Restos a Pagar
Processados, no total de R$ 31,9 milhões.

RESTOS A PAGAR – FUNDOPREV - CONTRIBUIÇÕES PATRONAIS


Em R$ milhões (nominais)
Posição Saldo Restos a Pagar 31/12/2020
1315 - FUNDOPREV 1316 – FUNDOPREV
Competência do Empenho Total Geral
CIVIL ATIVOS MILITAR ATIVOS
Saldo a Liquidar
2015 0,76 - 0,76
2020 0,06 - 0,06
Saldo a Pagar
2015 1,0 - 1,0
2016 0,1 - 0,1
2017 0,0 - 0,0
2018 0,1 - 0,1
2019 9,0 4,0 13,0
2020 6,5 10,4 16,9
Total Saldo a Liquidar 0,82 - 0,82
Total Saldo a Pagar 16,7 14,4 31,1
Total Geral 17,5 14,4 31,9
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG

Os órgãos responsáveis pelas contribuições patronais pendentes de


pagamento ao FUNDOPREV estão discriminados na tabela, a seguir, evidenciando-se o
saldo ao final de 2019 e de 2020.

CONTRIBUIÇÃO PATRONAL AO FUNDOPREV (CIVIL E MILITAR) – RESTOS A PAGAR


POR COMPETÊNCIA DE EMPENHO E ÓRGÃO
Em R$ milhões (nominais)
POSIÇÃO SALDO EM 31/12/2019 POSIÇÃO SALDO EM 31/12/2020
COMPETÊNCIA DO EMPENHO/
SALDO A SALDO SALDO A SALDO A
ÓRGÃO TOTAL TOTAL
LIQUIDAR A PAGAR LIQUIDAR PAGAR
2015
Ministério Público 0,8 - 0,8 0,8 - 0,8
Defensoria Pública - 1,0 1,0 - 1,0 1,0
2016 -
DAER - 0,1 0,1 - 0,1 0,1
2018 -
DAER - 0,1 0,1 - 0,1 0,1
Secretaria da Segurança Pública - 7,4 7,4 - - -
Secretaria da Educação - 3,3 3,3 - - -
Secretaria da Saúde - 0,6 0,6 - - -
Encargos Financeiros do Estado - 1,5 1,5 - - -
2019 -
DAER - 0,4 0,4 - 0,2 0,2
Tribunal de Contas - 1,0 1,0 - - -
Tribunal de Justiça - 2,3 2,3 - - -

371
CONTRIBUIÇÃO PATRONAL AO FUNDOPREV (CIVIL E MILITAR) – RESTOS A PAGAR
POR COMPETÊNCIA DE EMPENHO E ÓRGÃO
Em R$ milhões (nominais)
POSIÇÃO SALDO EM 31/12/2019 POSIÇÃO SALDO EM 31/12/2020
COMPETÊNCIA DO EMPENHO/
SALDO A SALDO SALDO A SALDO A
ÓRGÃO TOTAL TOTAL
LIQUIDAR A PAGAR LIQUIDAR PAGAR
Tribunal de Justiça Militar - 0,0 0,0 - - -
Secretaria da Segurança Pública - 17,8 17,8 - 8,0 8,0
Secretaria da Educação - 5,9 5,9 - 2,9 2,9
Secretaria da Saúde - 1,3 1,3 - 0,6 0,6
Encargos Financeiros do Estado - 2,9 2,9 - 1,3 1,3
2020
Tribunal de Contas 0,06 0,04 0,1
Tribunal de Justiça - 0,31 0,3
Sec. da Adm. Penitenciaria - 0,62 0,6
Secretaria da Segurança Pública - 12,32 12,3
Secretaria da Educação - 1,48 1,5
Secretaria da Saúde - 0,57 0,6
Encargos Financeiros do Estado - 1,42 1,4
Total Geral 0,8 45,7 46,5 0,86 31,0 31,9
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.

Até o dia 31 de dezembro de 2020, considerando os exercícios anteriores,


ainda restava um saldo de R$ 31,9 milhões de restos a pagar.
Os atrasos para quitar todos os repasses trazem prejuízo financeiro ao
Fundo de Capitalização, em virtude da não aplicação dos recursos desde a data de direito
de recebimento dos respectivos repasses da parte patronal.

8.3.3. Plano Financeiro: Regime de Repartição Simples


Passando-se para a análise no Plano Financeiro (RPPS – Antigos
Servidores), o comportamento das receitas e despesas no período de 2015 a 2020 foi o
seguinte:

DEMONSTRATIVO DAS RECEITAS E DESPESAS PREVIDENCIÁRIAS - PLANO FINANCEIRO - 2015/2020


Em R$ milhões (nominais)
DISCRIMINAÇÃO 2015 2016 2017 2018 2019 2020
1 - Receita de Contribuições dos Segurados 1.310,4 1.508,4 2.073,9 1.670,5 1.745,1 2.316,8
1.1 -Pessoal Civil 1.081,1 1.213,0 1.721,8 1.190,8 1.242,3 1.788,8
Contribuição de Servidor Ativo Civil 707,7 781,8 1.052,1 720,8 737,7 717,0
Contribuição de Servidor Inativo Civil 288,8 333,6 574,5 370,5 395,8 882,5
Contribuição de Pensionista Civil 84,6 97,7 95,2 99,4 108,8 189,3
1.2 - Pessoal Militar 229,3 295,4 352,1 479,8 502,8 528,0
Contribuição de Militar Ativo 132,6 148,1 135,5 184,5 167,9 192,7
Contribuição de Militar Inativo 76,0 115,5 172,7 235,6 262,2 266,6
Contribuição de Pensionista Militar 20,6 31,8 43,9 59,7 72,7 68,7
2 - Receita de Contribuições Patronais 2.386,3 2.438,1 2.128,4 2.750,3 3.019,2 4.657,7
2.1 -Pessoal Civil - - 1.488,1 2.106,7 2.393,3 3.504,0
Contribuição de Servidor Ativo Civil - - 1.051,3 1.414,2 1.182,8 1.420,4
Contribuição de Servidor Inativo Civil - - 436,4 692,5 892,1 1.710,9
Contribuição de Pensionista Civil - - 0,4 - 318,4 372,8

372
DEMONSTRATIVO DAS RECEITAS E DESPESAS PREVIDENCIÁRIAS - PLANO FINANCEIRO - 2015/2020
Em R$ milhões (nominais)
DISCRIMINAÇÃO 2015 2016 2017 2018 2019 2020
2.2 - Pessoal Militar - - 640,2 643,7 625,8 1.153,6
Contribuição de Militar Ativo - - 320,4 286,4 306,7 404,4
Contribuição de Militar Inativo - - 319,9 357,3 319,2 623,2
Contribuição de Pensionista Militar - - - - - 126,0
3 – Receita Patrimonial* 0,1 686,2 0,0 0,2 0,9 0,0
4 - Receita de Serviços 0,8 0,9 1,0 4,8 5,7 5,4
5 - Outra Receitas Correntes 67,2 130,3 162,9 154,7 95,0 111,0
5.1 - Compensação Previd. entre RGPS E
34,2 49,3 58,9 79,5 76,2 65,0
RPPS
5.2 - Outras Receitas Correntes 33,0 81,0 104,0 75,1 18,8 46,0
6 - Receitas de Capital 0,6 0,5 0,5 0,6 0,0 -
7 - TOTAL DAS RECEITAS PREVIDENCIÁRIAS 3.765,3 4.764,4 4.366,7 4.581,1 4.865,9 7.090,9
8 - Despesa Administração 271,3 411,2 481,9 630,2 419,1 408,3
9 - Despesa Previdência 11.967,4 13.324,0 14.447,3 15.596,6 16.913,4 17.030,1
9.1 - Pessoal Civil 10.033,4 10.903,2 10.824,1 11.355,4 11.418,5 11.816,5
Aposentadorias 7.675,8 8.269,8 8.601,8 9.316,0 9.405,0 9.789,0
Pensões 2.357,6 2.633,4 2.222,3 2.039,4 2.013,4 2.027,5
Outros Benefícios Previdenciários - - - - - -
9.2 - Pessoal Militar 1.933,2 2.412,3 3.623,2 4.241,3 5.495,0 5.213,6
Reformas 1.875,4 2.412,3 2.993,4 3.190,3 3.749,6 3.901,6
Pensões 57,8 - 629,8 1.050,9 1.254,8 1.312,0
10 - Outras Despesas Previdenciárias - - - - 490,5 -
11 - Despesa Previdenciária
0,8 8,5 - - -
Intraorçamentária
12 - TOTAL DAS DESPESAS PREVIDENCIÁRIAS 12.238,7 13.735,2 14.929,2 16.226,8 17.332,5 17.438,4
13 – RESULTADO PREVIDENCIÁRIO (7 – 12)
(Necessidade de aporte adicional pelo (8.473,4) (8.970,8) (10.562,5) (11.645,7) (12.466,7) (10.347,5)
Estado)
14 - RESULTADO PREVID. - EXCETO INTRAORÇ.
(Necessidade Total de Recursos do Estado (10.859,74) (11.408,93) (12.690,91) (14.396,05) (15.485,82) (15.005,13)
incluída a contribuição patronal)
15 - APORTE DE RECURSOS PARA O RPPS 7.595,39 8.645,05 10.116,56 11.169,13 11.397,83 11.248,27
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE e Relatórios Resumidos de Execução Orçamentária.
(*) Parcela do total de R$ 1,25 bilhão de Receita Patrimonial, oriunda da cessão onerosa ao Banrisul da Folha dos Servidores do Poder Executivo, a qual se
destinou à quitação do 13º salário dos seus inativos, não paga em 2015.

Em 2020, o resultado previdenciário no Plano Financeiro foi negativo em


R$ 10,34 bilhões, com uma redução nominal de 17% em relação ao exercício anterior.
Esse resultado previdenciário negativo não deve ser interpretado como um
déficit previdenciário, mas, sim, um déficit fiscal, pois se trata de uma obrigação assumida
pelo Estado para com os seus servidores já inativados, quando o regime previdenciário
passou de um sistema assistencialista para um sistema contributivo e solidário, com as
alterações promovidas com as Emendas Constitucionais nºs 20 e 41, de 1998 e 2003,
respectivamente.
O sistema de seguridade social, ao receber essa gama de obrigações na sua
formação, já estaria falido, nasceria falido e impossível de ser cumprido. Com a separação
dessas obrigações, cujo contingente de beneficiários se extinguirá com o tempo, e com a
nova massa de servidores, com a formação de um fundo que propicie o pagamento de
suas futuras aposentadorias, é que se poderá falar, então, em superávit ou déficit
previdenciário, como é o caso do FUNDOPREV, abordado anteriormente.

373
Depurando-se as Receitas Intraorçamentárias, nas quais estão registradas
as contribuições patronais, o resultado passaria para o valor negativo de R$ 15 bilhões,
em 2020, representando, efetivamente, o montante necessário de recursos do Estado
para a cobertura da totalidade das despesas do RPPS.

RECURSOS DO ESTADO UTILIZADOS NO PAGAMENTO DO RPPS – PLANO FINANCEIRO

Valor Part.
Discriminação
RS milhões %
1. Contribuição Patronal 4.658 26,7%
2. Contribuição Servidores 2.317 13,3%
3. Demais Receitas
117 0,7%
Previdenciárias
4. Total Receitas RPPS
7.091 40,7%
(1+2+3)
5. Necessidade de Aporte
Adicional 10.348 59,3%
pelo Estado (6 – 4)
6. Total das Despesas do
RPPS
17.438 100,0%
(Benefícios + Despesas
Administrativas)
7. Total de Recursos do
Estado 15.005 86,05%
para o RPPS (1+5)

As receitas do RPPS foram responsáveis pela cobertura de 40,66% dos


benefícios previdenciários e demais despesas empenhadas pelo sistema, enquanto o
Tesouro Estadual contribuiu com os 59,34% faltantes. Por outro lado, considerando-se
que parte da receita do RPPS provém da contribuição patronal, os recursos do Estado,
efetivamente utilizados no total das despesas do RPPS, corresponderam a 86,05%.
Na Projeção Atuarial do Plano Financeiro, o demonstrativo tem como
ponto de partida o resultado previdenciário negativo em 2019, de R$ 12,46 bilhões. Após,
começará a reduzir o déficit, alcançando R$ 365,3 mil negativos, em 2093. O resultado
deficitário acumulado no período de 2019 a 2093 está estimado em R$ 178,7 bilhões.

PARTE DO DEMONSTRATIVO DA PROJEÇÃO ATUARIAL DO


REGIME PRÓPRIO DOS SERVIDORES PÚBLICOS – RPPS
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PLANO FINANCEIRO - 2019 – PERÍODO DE REFERÊNCIA 2019 A 2093
Em R$ milhões (nominais)
RECEITAS DESPESAS RESULTADO SALDO FINANCEIRO DO
EXERCÍCIO PREVIDENCIÁRIAS PREVIDENCIÁRIAS PREVIDENCIÁRIO EXERCÍCIO
(A) (B) (C) = (A – B) (D) = (“D” EXERC. ANT.) + (C)
2019 4.865,37 17.332,5 (12.466,7) (12.466,7)
2093 0,00 0,36 (0,36) (178.707,5)
Fonte: Relatório Resumido da Execução Orçamentária – 6º bimestre/2019 – Anexo 10 - Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul - Atuarial

A forma de publicação do Demonstrativo da Projeção Atuarial do RPPS,


especificamente ao do Plano Financeiro, foi questionada no presente Relatório e Parecer
Prévio das Contas do Governador, sendo tratada no item 8.6.1. Importante destacar que

374
com a Lei Complementar nº 15.429/2019, o Estado irá arrecadar mais com o aumento das
contribuições previdenciárias, melhorando o quadro anteriormente apresentado.
Outro fator importante na análise da situação previdenciária no Estado do
RS, já abordado em item que trata da Despesa com Pessoal e Encargos Sociais deste
relatório, está na relação entre o número de servidores inativos e pensionistas por ativos
da Administração Direta, Autarquias e Fundações do Estado. Se, em 2006, os inativos e
pensionistas representavam 48,96% do total de matrículas do Estado, em 2019, eles
passaram a responder por 59,31%.
Conforme já explicitado no início deste capítulo, no Regime de Repartição
Simples (Plano Financeiro), os ativos pagam, com suas contribuições, os benefícios dos
aposentados e pensionistas, todavia a sustentabilidade do sistema depende de uma
relação, no mínimo, de três servidores ativos para cada inativo/pensionista. Até o
exercício de 2019, no Estado do RS, tem-se um ativo para cada 1,45 inativo/pensionista.
Para o exercício de 2020 não foi possível verificar com exatidão a evolução
dos ativos e inativos no Estado. O Boletim Informativo de Pessoal, que era utilizado como
referência para as análises, foi descontinuado. No seu lugar passou a ser utilizado o novo
portal intitulado “Painel de Informações de Pessoal”, do Tesouro do Estado. Entretanto,
os valores apresentados no referido Painel não guardam equivalência com os valores que
eram anteriormente disponibilizados no Boletim Informativo. As imagens abaixo,
extraídas do Balanço Geral do Estado de 2019 e 2020, demonstram estas discrepâncias:

COMPARATIVO DOS DADOS DE VÍNCULOS NO ESTADO DO RS


BALANÇO GERAL DO ESTADO 2019

BALANÇO GERAL DO ESTADO 2020

375
Como exemplo da grande discrepância nos dados pode se observar na
imagem acima a grande variação dos vínculos de inativos e pensionistas entre 2014 e
2015,
A informação correta e confiável do total de ativos, inativos e pensionistas
é extremamente relevante para a análise da questão previdenciária no Estado, e por este
motivo as inconsistências apontadas acima serão objeto de ponto de esclarecimento por
parte do Gestor.

8.4 Regime de Previdência Complementar


Em linhas gerais, o Regime de Previdência Complementar (RPC), instituído
pela Lei Complementar nº 14.750/15, entrou em funcionamento em 18-08-2016, após a
autorização concedida pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar –
PREVIC, na Portaria nº 382. Assim, no caso do Estado do Rio Grande do Sul, todos os
servidores, empossados a partir dessa data, passaram a ser enquadrados neste regime,
ou seja, estão sujeitos a limitação do teto do RGPS50.
Portanto, servidores que ingressaram após agosto de 2016 e que recebam
abaixo do teto do RGPS, terão seus proventos de aposentadorias e pensões calculados
pela média, em um plano de benefício definido. Este tipo de servidor pode aderir ao RS-
Prev na categoria de participante individual, mas não fará jus à contrapartida do Estado,
por conta de sua remuneração ser inferior ao teto do Regime Geral. Por outro lado, os
servidores com vencimentos acima do teto terão assegurada a parcela até o valor deste

50
Portanto, servidores que ingressaram após agosto de 2016 e que recebam abaixo do teto do RGPS,
terão seus proventos de aposentadorias e pensões calculados pela média, em um plano de benefício
definido. Este tipo de servidor pode aderir ao RS-Prev na categoria de participante individual, mas não fará
jus à contrapartida do Estado, por conta de sua remuneração ser inferior ao teto do Regime Geral. Por
outro lado, os servidores com vencimentos acima do teto terão assegurada a parcela até o valor deste teto
do RGPS, bem como poderão optar por aderir ao RS-Prev como participantes patrocinados, ou seja, fazendo
jus a contrapartida do Estado.

376
teto do RGPS, bem como poderão optar por aderir ao RS-Prev como participantes
patrocinados, ou seja, fazendo jus a contrapartida do Estado.
A Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público do Estado
Rio Grande do Sul - RS-Prev (Fundação de natureza pública, com personalidade jurídica de
direito privado e autonomia administrativa, financeira, patrimonial e gerencial) foi
instituída com a finalidade de oferecer planos previdenciários de caráter complementar
no âmbito do RPC do Estado. Em observância às Leis Complementares Federais n.º 108 e
109, ambas de 29-05-2001, os planos previdenciários ofertados pela RS-Prev estão
estruturados na modalidade de contribuição definida. Nessa modalidade, define-se um
valor de contribuição previdenciária mensal que constituirá um fundo a ser capitalizado
ao longo da vida laboral do servidor público. Uma vez aposentado (ou em caso de morte),
o servidor público (ou seu dependente) contará com o montante capitalizado no período
laboral para complementar o benefício de aposentadoria (pensão) pago pelo RPPS
(limitado ao benefício máximo do RGPS, para aqueles servidores com ingresso no Estado
a partir de 19-08-2016). Diferentemente do RPPS, no RPC o valor do benefício de
aposentadoria não é conhecido previamente, pois será o resultado da capitalização de um
fundo.
Nos termos do art. 202, §3º, há vedação de aportes de recursos da
Administração Pública à entidade de previdência privada, exceto na condição de
patrocinadora, onde a contribuição normal não poderá exceder a do segurado. Em
caráter excepcional, a Lei nº 14.750/15 autorizou um aporte inicial de até R$ 20 milhões
por parte do Estado, a título de adiantamento de contribuições, necessário ao regular
funcionamento inicial da entidade.
Consta nas Notas Explicativas às Demonstrações Contábeis de 2020, que foi
assinado Termo de Compromisso entre o Estado (Patrocinador) e a RS-Prev, que
estabeleceu o aporte de R$ 10 milhões, com a obrigação de restituição/compensação
futura, tão logo esse deixe de ser necessário. Esse aporte foi efetuado no exercício de
2016, em cinco parcelas de R$ 2 milhões, e registrado como pagamento por devedores
(Ativo Circulante).
Em 2018 foi assinado o primeiro aditivo ao Termo de Compromisso, que
estabeleceu o aporte complementar no valor de R$ 10 milhões, também a título de
adiantamento de contribuições, em vinte parcelas mensais de R$ 500 mil, sendo a
primeira no mês de agosto de 2018. Tanto o valor do adiantamento, quanto o valor da
correção monetária, incidente na forma da cláusula 3.1 do Termo de Compromisso, foram
reclassificados para o Ativo Não Circulante, Variações Patrimoniais Diminutivas Pagas
Antecipadamente.
No exercício de 2019 a Fundação recebeu do Estado o aporte de mais cinco
parcelas do referido aditivo, totalizando R$ 2,5 milhões. No total, até 31 de dezembro de
2019 a RS-Prev recebeu R$ 14,5 milhões. No exercício de 2020 foi realizado o aporte das
11 parcelas restantes do referido aditivo, totalizando R$ 5,5 milhões no ano. Até o final de
2020 a RS-Prev recebeu a totalidade dos R$ 20 milhões previstos.
Atualmente, a RS-Prev oferece o Plano RS-Futuro para os servidores
estaduais, em que se pode optar por alíquotas de contribuições previdenciárias básicas
que vão de 4,5% a 7,5%. Caso o participante seja patrocinado (enquadrado no RPC e com
remuneração superior ao RGPS), o Estado, por sua vez, deve realizar um aporte patronal

377
de igual valor tendo como base a parcela da remuneração que ultrapassa o teto do RGPS.
O montante dessas contribuições complementares (tanto do servidor quanto do Estado)
constituirá um fundo a ser capitalizado ao longo do tempo, que irá proporcionar o
pagamento de benefícios, dentre eles a complementação da aposentadoria. O
participante do Plano RS-Futuro ainda pode optar por uma contribuição facultativa, com
alíquotas superiores a 7,5%, mas nesse caso não existe aporte patronal de igual valor.
Com base no Relatório Anual de Informações 2020 do RS-Prev, a tabela a
seguir apresenta a evolução do total de participantes do Plano RS-Futuro:

EVOLUÇÃO DOS PARTICIPANTES DO PLANO RS-FUTURO


Ano 2016 2017 2018 2019 2020
Quantidada de participantes 41 2019 614 1028 1331
Fonte: Relatório Anual de Informações 2020 do RS-Prev

Deste total de 1.331 participantes do Plano RS-Futuro no exercício de 2020,


129 ingressaram por meio de migração de regime previdenciário.
A política de investimentos do Plano RS Futuro, com vigência entre 1° de
janeiro de 2020 e 31 de dezembro de 2024, foi aprovada pelo Conselho Deliberativo em
09 de dezembro de 2019, segundo as Notas Explicativas às Demonstrações Contábeis de
31-12-2020. Até o final de 2017, os aportes iniciais, recebidos como adiantamento de
contribuições do patrocinador, e os recursos oriundos de contribuições previdenciárias,
mantiveram-se aplicados, exclusivamente, no Fundo de Investimento do Banco do Estado
do Rio Grande do Sul denominado Banrisul Absoluto Fundo de Investimento Renda Fixa
Longo Prazo. A partir de 2018, atendendo às diretrizes traçadas pela Política de
Investimento da RS-Prev, a gestão da entidade diversificou os recursos para outros fundos
de investimento. A partir de agosto de 2020, com a permissão de compra de títulos
públicos Federais na Política de Investimentos, tais tipos de ativos passaram a compor a
carteira do Plano RS-Futuro. Ao final de 2020, o montante de recursos administrados pela
RS-Prev totalizou R$ 44,078 milhões (R$ 27,8 milhões em 2019).

8.5. Fato Relevante em 2020: Vigência dos efeitos das LC nº 15.429/19 e nº


15.511/20
O presente tópico trata do PLC nº 148/2020, que se transformou na LC nº
15.511/2020, destacando seus principais pontos, bem como as justificativas apresentadas
pelo Executivo para tal proposta. Também é mencionado o início da vigência dos efeitos
da LC nº 15.429/2019, que se deu em abril de 2020 em obediência aos princípios
tributários da anterioridade de exercício e nonagesimal uma vez que a referida lei tratava
da mudança nas alíquotas de contribuição previdenciária.
A LC nº 15.511/2020 juntamente com a lei nº 15.429/2019 claramente
demonstram a intenção do governo de alterar estruturalmente a previdência dos
servidores com salários acima do teto do Regime Geral. Atualmente, estes servidores se
aposentam com o salário integral (servidores admitidos até 2003) ou pela média
(servidores admitidos entre 2003 e 2016), sendo seu sistema de concessão o de benefício
definido, ou seja, já é possível conhecer o valor de sua aposentadoria antecipadamente.

378
Assim, mesmo para os servidores do Plano Capitalizado, se os investimentos não
renderem o esperado, o Estado garante o pagamento do benefício pactuado.
Na nova estratégia, este sistema deve valer somente até o teto do Regime
Geral, de modo que a parcela dos servidores com salário acima deste teto pode optar
pela Previdência Complementar. Nesta, o sistema de concessão é o de contribuição
definida, no qual o servidor sabe o quanto contribui, mas o valor do benefício somente
será conhecido quando da aposentadoria. Este poderá variar não apenas em função do
número de suas contribuições ― estimula, assim, que os servidores trabalhem além do
mínimo necessário para a aposentadoria, o que vale, inclusive, para servidoras mulheres
e professores, os quais têm direito a tempo diferenciado ― como do efetivo rendimento
das aplicações. Caso estas não rendam o esperado, seu benefício igualmente reduzirá.
O primeiro incentivo à migração dos servidores com salários acima do teto
do Regime Geral para o novo sistema veio com a Lei nº 15.429/19, a qual estabeleceu
alíquotas progressivas. Veja-se o quadro a seguir, comparando-se as contribuições de dois
servidores, com rendimentos brutos de R$ 5.000,0 e R$ 30.000,00, antes e depois da
instituição destas alíquotas:

Contribuições Previdenciárias – Lei 15.429/2019


Alíquotas/Salário R$ 5.000 R$ 30.000
14% (Antes da Lei) 700 4.200
Progressiva (Depois da Lei) 524 4.679

Percebe-se, claramente, que as alíquotas progressivas favorecem a


migração dos servidores com salários acima do teto do Regime Geral para o Regime de
Previdência Complementar, aderindo-se ou não ao RS-Prev, uma vez que a contribuição
previdenciária descontada dos servidores passa a diminuir para bases de incidência até o
teto do RGPS.
O segundo incentivo à migração veio da LC 15.511/20 que, além de
reestruturar o FUNDOPREV Civil, implementou a concessão do benefício especial aos
servidores antigos que optarem pela migração para o regime de previdência
complementar, ficando a partir de então seus proventos de aposentadoria limitados ao
teto do INSS. Este benefício de natureza estatutária será pago em complemento à
aposentadoria pelo RPPS, e objetiva compensar as contribuições previdenciárias passadas
recolhidas pelos servidores sobre valores que ultrapassavam o citado teto. Todavia, o
pagamento dessa compensação ocorrerá durante um período de 20 anos, cessando após
esse transcurso de tempo.
Nesta esteira, inicialmente apresenta-se uma contextualização do cenário
em que se originou a LC 15.511/2020.

8.5.1 – Ausência de um sistema de compensação para migração ao RPC na Lei Comple-


mentar nº 14.750/2015 e a determinação judicial para sua revisão
Conforme destacado em tópico anterior, a Lei Complementar nº
14.750/2015 inseriu no âmbito do Estado do Rio Grande do Sul o Regime de Previdência
Complementar – RPC/RS, que consiste num plano de previdência cujos proventos de
aposentadoria e pensão ficam limitados ao teto do RGPS e, adicionalmente, existe a

379
possibilidade de percepção de renda, além desse teto, por meio de adesão, de caráter
facultativo, a um fundo fechado de previdência complementar na forma de contribuição
definida. O RPC/RS teve início em 19/08/2016 e os servidores que a partir de então
ingressaram no serviço público estadual passaram a seguir estas novas regras
previdenciárias.
Na hipótese de que outros servidores, vinculados às regras da paridade e
integralidade ou da média salarial (sem limitação ao teto do RGPS), optassem por migrar
para o RPC, não estava prevista nenhuma forma de compensação a estes, pelas
contribuições previdenciárias recolhidas a maior (acima do teto do RGPS).
Nesta senda, a inexistência de uma compensação pelas contribuições
previdenciárias pagas, além do teto do RGPS, poderia ser apontada como uma das razões
para a baixa migração de servidores para o Regime de Previdência Complementar –
RPC/RS.
Conforme informações constantes no Relatório Anual do Conselho Diretor
do RS-PREV o número de migrações para o RPC até 31/12/2019 foi de apenas 109
vínculos. No mesmo relatório demonstra-se expectativa de crescimento desse
quantitativo com o possível advento do Benefício Especial51, sobre o qual se discorre na
sequência.
Nessa esteira, o Procurador Geral de Justiça ingressou com a Ação Direta
de Inconstitucionalidade (ADI) nº 70069544146 tendo por objeto a declaração de
inconstitucionalidade por omissão parcial, sem pronúncia de nulidade e com
chamamento ao legislador, em vista do disposto na LC nº 14.750/15, por ofensa ao
disposto nos arts. 1º, caput, 5º, caput e inciso I, 6º, caput, 40, 149, § 1º, e 150, II, da CF-
88, combinados com os arts. 1º, 19, caput, 30, 38, § 6º, e 140, caput, da CE-89, contra a
Assembleia Legislativa e o Governador do Estado do Rio Grande do Sul. Em resumo, o
foco da ADI era a ausência na legislação de uma previsão de compensação para
contribuições realizadas no sistema anterior (Benefício Definido) na hipótese de migração
do servidor para o novo sistema de previdência complementar (Contribuição Definida).
A Decisão do TJRS, de 22 de maio de 2020 foi favorável ao MP, conforme se depreende da
Ementa:

“2. A LC-RS nº 14.750/15, que “Institui o Regime de Previdência Complementar


para os servidores públicos estaduais titulares de cargos efetivos – RPC/RS, fixa
o limite máximo para a concessão de aposentadorias e pensões pelo Regime
Próprio de Previdência Social – RPPS/RS, autoriza a criação de entidade fechada
de previdência complementar denominada Fundação de Previdência Comple-
mentar do Servidor Público do Estado do Rio Grande do Sul – RS-Prev, e dá ou-
tras providências”, insere-se na competência exclusiva do Estado-membro, ex-
traída do § 1º do artigo 25 da Constituição Federal.
3. Na espécie, a alegada inconstitucionalidade se dá por omissão parcial, por
não dispor a legislação inquinada sobre a compensação das contribuições ao
sistema anterior na hipótese de migração do servidor para o novo sistema de
previdência complementar.
4. Na omissão parcial agora examinada há conflito entre princípios constitucio-

51
Conforme já exposto no item 8.4 deste relatório, mesmo após a confirmação do Benefício Especial, no
ano de 2020 verificaram-se apenas 20 novas migrações do RPPS para o RS-PREV.

380
nais: contributividade versus solidariedade; enriquecimento sem causa da admi-
nistração versus pacto de gerações para sua auto sustentabilidade; regime de
repartição simples versus direito de compensação. Tais choques devem ser re-
solvidos pelo Poder Judiciário de modo proporcional.
5. Não se trata de compensação financeira entre regimes previdenciários fede-
rativos, decorrentes de contagem recíproca do tempo de contribuição, mas an-
tes de compensação financeira decorrente da limitação do valor do benefício, na
hipótese de migração voluntária do servidor contribuinte entre os regimes dife-
rentes previdenciários. Não há dúvida de que ele poderá computar o seu tempo
de contribuição em qualquer deles, para obter os benefícios previdenciários e de
pensão por morte. Necessidade de criação de mecanismo ressarcitório, evitan-
do-se burla aos princípios constitucionais examinados.
PRELIMINAR REJEITADA.
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO PARCIAL, SEM PRO-
NÚNCIA DE NULIDADE, COM CHAMAMENTO DO LEGISLADOR JULGADA PROCE-
DENTE. UNÂNIME.

Cumpre citar parte da extensa Decisão, na parte do Voto Unificado, em que


determina as providências que devem ser efetuadas, entre estas a implementação do
Benefício Especial:
“5. DISPOSITIVO DO VOTO UNIFICADO
Diante do exposto, o meu voto unificado é no sentido de (1) re-
jeitar as preliminares e, no mérito, julgar procedente a ADI nº 70.069.544.146
(do Procurador-Geral de Justiça do Estado), para reconhecer a mora do Gover-
nador do Estado e declarar a inconstitucionalidade por omissão parcial, sem
pronúncia de nulidade e com chamamento ao Legislador, em face do disposto
na Lei Complementar RS n.º 14.750, de 15 de outubro de 2015, por afronta aos
artigos 1º, 19, caput, 30, 38, §§ 5º e 6º, e 140, caput, da Constituição Estadual,
combinados com os artigos 1º, caput, 5º, caput e inciso I, 6º, caput, 40, 149, §
1º, e 150, inciso II, da Constituição Federal, e ao artigo 34, inciso II, da Emenda
Constitucional nº 103/2019, e determinar que o Governador do Estado elabore e
remeta Projeto de Lei Complementar à Assembleia Legislativa do Estado − que
deverá apreciá-lo e aprová-lo na forma da lei −, a fim de instituir, regulamentar
e calcular o mecanismo de ressarcimento ou de complementação de "benefício
especial compensatório" em favor dos servidores públicos titulares de cargos
efetivos do Estado do Rio Grande do Sul, de suas autarquias e fundações de di-
reito público, que tenham ingressado no serviço público até a data da publica-
ção do ato de instituição do RPC-RS, nele tenham permanecido sem perda de
vínculo efetivo, e ao RPC-RS adiram mediante prévia e expressa opção, confor-
me previsto no § 16 do art. 40 da Constituição Federal (art. 2º, inc. II, da vigente
Lei Complementar RS nº 14.750, de 15/10/2015), e, nesta exata extensão, por
arrastamento residual.....” (Grifo nosso)

O Art. 10 da Lei Complementar nº 15.429/2019 também previu a


apresentação, no prazo de até 180 dias da publicação, projeto de lei complementar
dispondo sobre a instituição de benefício especial para fins de migração ao Regime de
Previdência Complementar – RPC.

8.5.2 – Benefício Especial


O Benefício Especial, previsto na LC nº 15.511/2020, tem como
prerrogativa incentivar a migração de servidores para o regime de previdência

381
complementar e atende a compromisso do art. 10 da Lei Complementar nº 15.429/2019.
De forma sintética, trata-se de uma compensação aos servidores que optarem pelo RPC
mediante pagamento de uma rubrica estatutária, além do limite de proventos no âmbito
do RPC quando da aposentadoria ou iniciado o pagamento de pensão, cujo valor é obtido
pela diferença entre a média de remunerações e o teto do RGPS, multiplicada por um
fator de conversão, calculado pela razão entre o total de contribuições e 520,
denominador este que corresponde a 40 anos vezes 13 contribuições anuais.
Nos termos da referida lei complementar amplia-se o prazo para exercício
da opção de migração para 84 meses, contados do ato de instituição do RPC, ou 90 dias
da entrada em exercício no serviço público do Estado do RS para servidor oriundo de
outro Ente (sem interrupção).
No que diz respeito à compensação financeira a ser instituída destacam-se
dispositivos do art. 27-A:
“Art. 27-A - É assegurado aos servidores e membros de Poder abrangidos na hi-
pótese do inciso II do art. 2°, o direito a um Benefício Especial, de caráter esta-
tutário e compensatório, calculado com base nas contribuições recolhidas ao
regime de previdência da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municí-
pios de que trata o art. 40 da Constituição Federal, de acordo com o disposto
nos parágrafos seguintes. (grifou-se)
§ 1º O benefício especial será equivalente à diferença entre a média aritmética
simples das remunerações utilizadas como base para as contribuições do titular
de cargo efetivo ao regime de previdência da União, dos Estados, do Distrito Fe-
deral ou dos Municípios, atualizadas pelo Índice Nacional de Preços ao Consu-
midor Amplo (IPCA), divulgado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), ou outro índice que venha a substituí-lo, até a data de opção
de que trata o inc. II do art. 2° desta Lei Complementar, correspondentes a 100%
(cem por cento) de todo o período contributivo desde a competência julho de
1994 ou desde a do início da contribuição, se posterior àquela competência, e o
limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência
social às aposentadorias e pensões, multiplicada pelo fator de conversão.
§ 2º O fator de conversão de que trata o § 1º deste artigo, cujo resultado é limi-
tado ao máximo de 1 (um), será calculado mediante a aplicação da seguinte
fórmula:
FC = Tc/Tt
Onde: FC = fator de conversão;
Tc = tempo de contribuição: quantidade de contribuições mensais efetuadas pa-
ra os regimes próprios de previdência social de que trata o art. 40 da Constitui-
ção Federal, efetivamente pagas pelo titular de cargo efetivo do Estado do Rio
Grande do Sul até a data da opção;
Tt = tempo total: 520.
§ 3° O Benefício Especial será pago pelo Estado do Rio Grande do Sul, na condi-
ção de seu garantidor, por ocasião da concessão de aposentadoria, inclusive por
incapacidade permanente, ou da pensão por morte, pelo Regime Próprio de
Previdência do Estado do Rio Grande do Sul – RPPS/RS, de que trata o art. 41 da
Constituição do Estado e a Lei Complementar n° 15.142, de 5 de abril de 2018,
pelo prazo de 260 (duzentos e sessenta) meses, na forma de regulamento.

382
§ 4º O Benefício Especial será reajustado, a partir da opção de que trata o inc. II
do art. 2º desta Lei Complementar, nos termos estabelecidos para o Regime Ge-
ral de Previdência Social.
§5° Os valores devidos a título de Benefício Especial, por ocasião do óbito do
servidor, serão pagos aos seus dependentes, habilitados à pensão por morte
junto ao RPPS/RS, ou, na falta deles, aos seus sucessores, na forma da lei civil,
observado o prazo estabelecido no § 3° deste artigo ou seu remanescente, de
acordo com regulamento.
§ 6° Não será devida pelo Estado do Rio Grande do Sul, suas autarquias e funda-
ções públicas qualquer outra contrapartida referente ao valor dos descontos
previdenciários já efetuados sobre a base de contribuição acima do limite pre-
visto no § 1º deste artigo.”

Em síntese, obtém-se a média das remunerações (desde julho de 1994 ou


posteriores, conforme data de ingresso do servidor), atualizadas pelo IPCA, e faz-se a
dedução do teto do Regime Geral de Previdência Social. O resultado obtido por essa
diferença é multiplicado pelo fator de conversão. Pelas variáveis na fórmula do citado
fator identifica-se o objetivo de ser obtida a proporção das contribuições realizadas em
relação à totalidade necessária para fins de aposentadoria com 100% da média por um
servidor do sexo masculino que não goze da possibilidade de aposentadorias especiais,
notadamente, 40 anos de contribuição. O denominador 520 corresponde à multiplicação
de 13 contribuições anuais (12 meses mais a gratificação natalina) por 40.
Cabe destacar que o benefício somente será pago a partir da
aposentadoria do servidor optante. Entre a data da opção e a data da concessão do
benefício o reajuste terá por índice o reajuste do RGPS. Assemelha-se a um benefício da
modalidade “contribuição definida”, na qual a contribuição individual é restituída por um
período fixo, no caso, 20 anos.

8.5.3 – Transposição do Regime – Justificativa do Governo do Estado


De forma conjugada com a implantação do Benefício Especial, a LC nº
15.511/2020 apresentou proposta de reestruturação da data de corte dos fundos de
previdência dos servidores civis, de tal forma que sejam realocados do FUNDOPREV/Civil
para o Fundo Financeiro aproximadamente 17 mil vínculos, sendo 14 mil do Poder
Executivo e cerca de três mil de outros Poderes e órgão autônomos. Esta transposição do
FUNDOPREV está prevista no art. 4º da LC nº 15.511/2020:
Art. 4° Fica autorizada a utilização dos recursos recolhidos ao Fundo Previdenci-
ário – FUNDOPREV –, previsto na Lei Complementar n° 13.758/2011, até a data
da publicação do ato de instituição do RPC/RS, nos termos da Lei Complementar
n° 14.750/2015, como aporte do Estado do Rio Grande do Sul ao Regime Finan-
ceiro de Repartição Simples de que trata o art. 2° daquela Lei Complementar,
para pagamento de benefícios previdenciários de aposentadoria e pensão vincu-
lados a este Regime.
Adicionalmente foi aprovada a Emenda nº 01 ao PLC nº 148/2020 (que deu
origem a LC nº 15.511/2020) a qual incluiu os §§ 1º e 2º no art. 4º nos seguintes termos:
§ 1º Fica vedada a utilização dos recursos de que trata o caput deste artigo para
qualquer outra finalidade que não o pagamento de benefícios previdenciários de

383
aposentadoria e pensão vinculados ao Regime Financeiro de Repartição Simples
de que trata o art. 2° da Lei Complementar n° 13.758/2011, bem como a sua uti-
lização pelo Sistema Integrado de Administração de Caixa no Estado do Rio
Grande do Sul – SIAC.
§ 2º A utilização dos recursos de que trata o caput deste artigo ficará limitada
ao valor correspondente às contribuições, acrescidas dos consectários legais, do
Estado e dos servidores aos quais passar a se aplicar o Regime Financeiro de Re-
partição Simples de que trata o art. 2° da Lei Complementar n° 13.758/2011 em
razão do disposto nesta Lei Complementar, observado, como limite mensal, o
valor da cobertura do déficit previdenciário aportado pelo Tesouro do Estado.
De acordo com a Justificativa enviada pelo governo do Estado, juntamente
com o PLC nº 148/2020, “o impacto inicial da migração incentivada com Benefício
Especial é negativo na ótica fiscal, pois aumenta a necessidade de aportes do Tesouro a
curto prazo, para pagar as aposentadorias já concedidas”. Tais impactos fiscais foram
assim resumidos pela proposta do Governo:
- IMEDIATO: Perda das contribuições dos servidores ativos do Fundo Financeiro
que migrarem do seu regime previdenciário original para o RPC/RS a partir da
data da migração (efeito negativo);
- IMEDIATO: Aumento das contribuições patronais à RS-Prev para os servidores
que migrarem e também aderirem à Fundação, a partir da migração (efeito ne-
gativo);
- IMEDIATO: Redução na contribuição patronal dos servidores do FUNDO-
PREV/CIVIL que migrarem ao RPC/RS, a partir da migração (efeito positivo);
- LONGO PRAZO: Redução dos benefícios pagos (até o teto do INSS) em compa-
ração com os benefícios originais para os que migrarem ao RPC/RS (efeito posi-
tivo);
- LONGO PRAZO: Compensação aos servidores que migrarem ao RPC/RS, quan-
do de sua aposentadoria, na forma de Benefício Especial (efeito negativo).
Portanto, de acordo com o governo estadual, a transposição do
FUNDOPREV/Civil (servidores ingressantes entre 18/07/2011 e 18/08/2016 juntamente
com a correspondente transferência do Patrimônio Líquido do FUNDOPREV) para o Fundo
Financeiro busca “mitigar o alto custo financeiro de transição para o Tesouro com a oferta
incentivada de migração com a previsão do Benefício Especial ao longo dos próximos anos
(visto na seção anterior), como para alinhar a data de corte do FUNDOPREV Civil com a
data da opção obrigatória pela previdência complementar (agosto de 2016)”.
A justificativa ressalta ainda que a transferência de 17 mil vínculos do
FUNDOPREV para o Plano Financeiro não altera a forma de cálculo dos benefícios,
aposentadorias ou pensões dos servidores transferidos, nem nas suas contribuições
previdenciárias presentes ou futuras, inexistindo qualquer impacto nos rendimentos
brutos e líquidos.
Resumidamente, em número de servidores temos:
 Servidores do FUNDOPREV 2011-2016 a serem transpostos (todas
as faixas salariais – inclui servidores acima e abaixo do teto do
RGPS) - 17.000;

384

Servidores com salários acima do teto do RGPS passíveis de
migração para o RPC (planos financeiros e FUNDOPREV – executivo,
legislativo e judiciário) - 21.628.
Em cenários montados por Grupo de Trabalho do Executivo Estadual, com
diferentes níveis de migração de servidores com base no Benefício Estadual proposto, “o
aumento dos gastos líquidos pelo Tesouro poderia ir de R$ 360 milhões a R$ 1,65 bilhão a
valor presente, no acumulado dos seis primeiros anos”. Compete considerar, todavia que,
se os 17.000 servidores forem transpostos, mas nenhum dos 21.628 servidores com
salários acima do teto do RGPS decidir migrar para o RPC, o único impacto decorrente
será positivo para o Estado sob o aspecto financeiro, uma vez que os R$ 267,595
milhões52 auferidos por ano e atualmente direcionados a investimentos no mercado de
capitais pelo FUNDOPREV serão agora direcionados ao pagamento de benefícios do Plano
Financeiro.
A análise detalhada desta justificativa do Estado será feito no item 8.5.4.4
deste capítulo.

8.5.4 – Análise da Lei Complementar nº 15.511/2020


Este tópico busca realizar análises técnicas das propostas destacadas
anteriormente que estão presentes na LC nº 15.511/2020.

8.5.4.1 – Análise do Benefício Especial


Algumas ponderações em relação à fórmula de cálculo do benefício
especial merecem destaque, especialmente, no que diz respeito à variável utilizada no
denominador: o número 520 como sendo o tempo total (40 anos vezes 13 contribuições).
Ocorre que 40 anos de contribuição para percepção de proventos a 100% da média dos
salários é uma exigência a um servidor civil do sexo masculino. Portanto, o método de
cálculo do benefício especial não faz as devidas adequações às particularidades de cada
caso, como o fato de servidoras necessitarem de 35 anos de contribuição para obtenção
de 100% da média na forma de proventos. Entende-se, assim, que seria aplicada maior
justiça se o denominador fosse ajustado conforme a particularidade de cada situação.
Outro ponto importante diz respeito ao que consta no § 5º no tangente à
possibilidade de, na falta de beneficiários elegíveis à pensão no RPPS, o benefício especial
poder ser pago aos sucessores do servidor na forma da legislação civil. Esta diferença
entre as normas do RPPS e do RPC é uma das particularidades da decisão de cada servidor
de realizar a migração ou não.

8.5.4.2 – Análise da Transposição de Regime – Art. 2º da LC


Simplificadamente, na realidade atual, os servidores que ingressaram no
Estado até 17/07/2011, terão seus proventos de aposentadoria pagos por um plano
custeado majoritariamente pelo Estado, não equilibrado, o qual deve ser extinto por volta
de 2080. Antes da edição da LC nº 15.511/2020 os servidores que ingressassem após

52
Tabela 15 da Nota Técnica, integrante do Anexo 3 do PLC 148.

385
18/07/2011 tinham as suas contribuições, e as do Estado, aportadas para um Fundo de
Investimentos, o qual deveria custear estas aposentadorias.
A LC nº 15.511/2020, basicamente, transpõe os servidores que ingressaram
entre 2011 e 201653, deste plano capitalizado para o plano financeiro. Permanecem no
plano capitalizado apenas os servidores que ingressaram no Estado após a adoção da
previdência complementar em 2016, cujos proventos são limitados ao teto do regime
geral. Opcionalmente, estes podem contribuir com um plano complementar.
Por sua vez, o Art. 4º permite que os recursos das contribuições destes
servidores que ingressaram entre 2011 e 2016, possam ser utilizados pelo Estado no
momento atual para pagamento das aposentadorias atuais (ou seja, dos servidores já
aposentados), e não das aposentadorias futuras (ou seja, basicamente dos servidores do
FUNDOPREV).
Muito embora o Art. 5º da LC correlacione a transferências dos recursos
hoje investidos para o plano financeiro com a migração para o RPC, esta relação não fica
caracterizada, uma vez que, nos termos da lei, a transferência dos valores ocorre de
forma certa e imediata, enquanto que a migração é apenas uma possibilidade, uma vez
que os servidores podem optar, ou não pelo RPC, em um período de três anos.

Análise da Transposição de Regime sob a ótica dos servidores


Vejamos como exemplo dois servidores, que passaram no mesmo concurso
e ingressaram no Estado no mesmo cargo. O que passou melhor classificado ingressou em
16/07/2011 e o outro em 19/07/2011, ou seja, três dias depois. Ambos contribuem com a
mesma alíquota e ambos terão seus proventos calculados pela média. A diferença é que o
primeiro tem suas contribuições, próprias e patronais, direcionadas ao pagamento de
aposentadorias e pensões já concedidas (Plano Financeiro), enquanto o segundo tinha
suas contribuições, próprias e patronais, investidas em um fundo previdenciário (Plano
Previdenciário).
Assim, teoricamente o servidor que ingressou no dia 16 e o servidor que
ingressou no dia 19 tinham as mesmas obrigações e os mesmos direitos, quando da
aposentadoria, mudando-se apenas a forma de custeio desta: no primeiro caso serão
fundamentalmente recursos orçamentários do Estado e as contribuições dos servidores
ativos. No segundo caso, seria fundamentalmente o resgate dos recursos aplicados pelo
fundo previdenciário. Não parece crível supor que, em caso de insuficiência financeira,
um teria tratamento diferenciado em relação ao outro.
Cumpre, todavia, destacar o conceito de “déficit”, o qual tem sido utilizado
em cálculos atuariais do FUNDOPREV, o que se entende correto, e do Plano Financeiro,
intrinsicamente não sustentável. Isso porque a Lei nº 15.429/2019 previu diferentes
mecanismos para mitigar a “ocorrência de déficit atuarial”. Ora, o FUNDOPREV, tal como
existia, possuía pequeno “déficit” anteriormente a EC nº 103/19, tornando-se
superavitário a partir desta. Entretanto, conforme seja o entendimento de “déficit”, todos
os servidores do Plano Financeiro podem vir a ser chamados a contribuir para sua
cobertura, o que não ocorreria com servidores originalmente alocados no FUNDOPREV,
pela simples ausência deste “déficit”.

53
Entre 18/07/2011 e 19/08/2016

386
Análise da Transposição de Regime sob a ótica do Estado
As mudanças constitucionais trazidas pela EC nº 20 em 1998 visavam
facilitar o planejamento governamental, forte nos conceitos das ciências atuariais de
equilíbrio financeiro (curto prazo) e atuarial (longo prazo).
Assim, a Segregação de Massas com a criação do FUNDOPREV visava a
atender a estes comandos constitucionais, isentando futuramente o orçamento público
de arcar com aposentadorias e pensões de seus servidores. A solução plena desta
questão, entretanto, leva mais de 50 anos, tempo necessário para a extinção do Plano
Financeiro não equilibrado54. A transposição de regime amplia o prazo de extinção desse
Plano em mais cinco anos.
De outra banda, em curto prazo, os recursos acumulados pelo FUNDOPREV
serão direcionados imediatamente para o pagamento das obrigações do Estado para com
o Plano Financeiro nos termos do art. 4º da LC. Outro ganho de ordem financeira para o
Estado, de curto e médio prazo, é que as contribuições dos servidores e do Estado,
atualmente direcionadas para investimentos do FUNDOPREV, serão alocadas no Fundo
Financeiro. Conforme o Anexo 3 do PLC nº 148/2020, representam, cada uma, R$ 133,8
milhões em 202055.
Assim, a LC nº 15.511/2020 beneficia as finanças estaduais de forma
imediata e de curto prazo, mas prorroga a extinção do plano financeiro para mais à
frente. Vale dizer, prorroga o equacionamento do equilíbrio previdenciário para mais
adiante.
Por sua vez, o pagamento do benefício especial, o qual incentiva a
migração de servidores para o RPC, somente ocorrerá no futuro, quando da
aposentadoria dos servidores que migrarem.
Os efeitos contábeis e financeiros desta LC serão analisados
discriminadamente no item 8.5.5 deste capítulo.

Análise da Transposição de Regime sob a ótica legal - Regras


Previdenciárias
Como referido, a EC nº 20/98 colocou na Carta Magna os conceitos,
oriundos das ciências atuariais de equilíbrio financeiro (curto prazo) e atuarial (longo
prazo).
Visando assegurar o cumprimento destes conceitos, a EC nº 103 de 2019
introduziu na CF, no seu artigo 167, XII, a seguinte disposição:

Art. 167. São vedados:

54
A total extinção do plano financeiro, conforme o Parecer Prévio de 2019, está prevista para o final da
década de 2090. Entretanto, já a partir de década de 2070 os valores a serem desembolsados são mínimos.
55
Conforme a Tabela 15, item 2.1 do Anexo 3 do PLC, o impacto fiscal da alteração da segregação de
massa representa um ganho fiscal anual de R$ 267,6 (133,8 x 2) milhões anuais entre 2020 e 2040,
decrescendo até se exaurir em 2080. O ganho fiscal acumulado foi estimado em R$ 12,3 bilhões.
Entretanto, ao deixar de alocar recursos em um fundo específico e direcioná-los ao fundo financeiro, o
Estado deverá desembolsar estes recursos de seu Orçamento futuramente, quando estes servidores se
aposentarem.

387
.............
XII - na forma estabelecida na lei complementar de que trata o § 22 do art. 40, a
utilização de recursos de regime próprio de previdência social, incluídos os valo-
res integrantes dos fundos previstos no art. 249, para a realização de despesas
distintas do pagamento dos benefícios previdenciários do respectivo fundo vin-
culado àquele regime e das despesas necessárias à sua organização e ao seu
funcionamento; (Grifo nosso)

A sanção, em caso de utilização indevida de recursos, está prevista no


próximo Inciso:

“XIII - a transferência voluntária de recursos, a concessão de avais, as garantias


e as subvenções pela União e a concessão de empréstimos e de financiamentos
por instituições financeiras federais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Muni-
cípios na hipótese de descumprimento das regras gerais de organização e de
funcionamento de regime próprio de previdência social.”

A Portaria nº 464/2018/GM do Ministério da Economia, a qual dispõe


sobre as normas aplicáveis às avaliações atuariais dos regimes próprios de previdência
social - RPPS da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e estabelece
parâmetros para a definição do plano de custeio e o equacionamento do déficit atuarial,
estabelece, em seus artigos 56 e 60, o seguinte:

Art. 56. Poderá ser implementada a segregação da massa dos beneficiários do


RPPS, divididos entre o Fundo em Repartição e o Fundo em Capitalização, para o
equacionamento do déficit do regime, observados os seguintes parâmetros:
........
II - o Fundo em Repartição será constituído por um grupo fechado em extinção,
sendo vedado o ingresso de novos segurados, os quais deverão ser alocados no
Fundo em Capitalização;

III - para a definição da composição da submassa do Fundo em Capitalização,


deverá ser considerado que a esse fundo serão vinculados os saldos de todos os
recursos financeiros do RPPS acumulados anteriormente à implementação da
segregação, para fazer frente aos compromissos desse grupo; e
......
Art. 60. O RPPS que implementar a segregação da massa somente poderá alte-
rar os seus parâmetros ou desfazê-la por meio de apresentação do estudo técni-
co previsto no art. 57 e prévia aprovação da Secretaria de Previdência, devendo
ser demonstrado o atendimento dos pressupostos que garantam a manutenção
do equilíbrio financeiro e atuarial do regime. (Grifo nosso)56

56
Art. 60 alterado em 2021 pela Portaria nº 3725/2021/SEPRT – “Art. 60. O RPPS que implementar a
segregação da massa somente poderá alterar os seus parâmetros ou desfazê-la se demonstrado o
atendimento dos pressupostos que garantam a manutenção do equilíbrio financeiro e atuarial do regime,
conforme requisitos estabelecidos neste artigo.”

388
Esta Portaria permite expressamente a revisão da segregação da massa
com a transferência de riscos do Fundo em Repartição para o Fundo em Capitalização,
mas não o contrário.
Inicialmente cabe referir o que constitui um “regime” previdenciário. Na
ementa do PLC nº 148/2020 são mencionados dois “regimes”: o Regime Próprio de
Previdência Social – RPPS/RS e o Regime de Previdência Complementar – RPC/RS. Por sua
vez, o art. 2º refere-se a Regime Financeiro de Repartição Simples e o art. 3º ao Regime
Financeiro de Capitalização. Esta redação tem origem na Lei nº 13.758/1998. Nos
Pareceres Prévios tem-se utilizado a denominação de Plano Financeiro e Plano
Previdenciário (ou Plano Capitalizado), para efetuar esta distinção. Este ponto é
importante quando se analisa a vedação expressa no Inciso XII do art. 167 da CF.
O Anexo 03 do PLC nº 148/2020 assim refere às alterações propostas neste
Projeto:

A alteração da data de corte da segregação de massa para os servidores civis


(atualmente 18/07/2011) para coincidir com a data de instituição do Regime de
Previdência Complementar (19/08/2016) implica a transferência de cerca de 17
mil vínculos de servidores ativos civis do FUNDOPREV/CIVIL para o Fundo Finan-
ceiro.”

Desta forma fica claro que uma alteração da segregação de massas já


aprovada pela Secretaria da Previdência do Ministério da Economia do Governo Federal,
deve ser submetida à nova análise e aprovação. O Parecer nº 18.295/202057 da PGE,
constante como Anexo 5 do PLC nº 148/2020, enfrentou esta questão, entendendo-se, a
partir daí, que a alteração proposta no PLC não foi submetida ao Governo Federal. Forte
em decisões de ações cíveis originários do STF, entendeu a Douta Procuradoria que,
apesar de haver risco, o PLC poderia seguir. Cita-se:

“Assim, ainda que a via judicial não ofereça completa segurança para o Ente
Público Estadual, os precedentes citados que, em seu bojo, citam ainda outros
precedentes, conduzem à conclusão no sentido de que, mesmo se, posterior-
mente à aprovação legislativa da alteração do marco da segregação da massa
de segurados dos Planos Previdenciário e Financeiro, sobrevier manifestação
contrária da Secretaria da Previdência, o que se admite a fim de exaurir os ar-
gumentos e amainar eventuais riscos jurídicos, o Estado possui argumentos jurí-
dicos para pleitear ordem judicial compelindo a União a expedir o Certificado de
Regularidade Previdenciária.”

Compete citar que, ao ser enviado em regime de urgência para a


Assembleia Legislativa, o PLC nº 148/2020 que deu origem a LC nº 15.511/2020 não teve
sua constitucionalidade apreciada formalmente. Com base no Parecer da PGE já citado,
existia risco de questionamento da transposição de regime por parte da Secretaria de
Previdência do Ministério da Economia, o que efetivamente ocorreu nos termos do Ofício

57
Constante como Anexo 5 do PLC.

389
SEI nº 164910/2020/ME, de 13 de julho de 2020 da Secretaria da Previdência da
Secretaria Especial da Previdência e Trabalho do Ministério da Economia. Cita-se:

“Embora devam ser reconhecidos e enaltecidos os esforços desenvolvidos nos


anos recentes pelo Estado do Rio Grande do Sul para equacionamento do déficit
atuarial do RPPS dos servidores públicos estaduais, entende-se que o modelo
proposto, ao possibilitar a transferência de recursos do Fundo Previdenciário pa-
ra o Fundo Financeiro, não atende os comandos normativos estabelecidos (art.
167, XII da Constituição Federal, art. 9º, caput da Emenda Constitucional nº
103/2019, art. 9º da Lei nº 9.717/1998 e art. 60 da Portaria MF nº 464/2018.”.
Esta situação foi analisada detalhadamente na Informação nº 39/2020 do
SAE III, integrante do expediente 27426.0299/20-7.

Análise da Transposição de Regime sob a ótica legal - LRF


A LRF, em seu art. 43, §§ 1º e 2º, II, assim disciplina:

Art. 43. As disponibilidades de caixa dos entes da Federação serão depositadas


conforme estabelece o § 3o do art. 164 da Constituição.
§ 1o As disponibilidades de caixa dos regimes de previdência social, geral e pró-
prio dos servidores públicos, ainda que vinculadas a fundos específicos a que se
referem os arts. 249 e 250 da Constituição, ficarão depositadas em conta sepa-
rada das demais disponibilidades de cada ente e aplicadas nas condições de
mercado, com observância dos limites e condições de proteção e prudência fi-
nanceira.
§ 2o É vedada a aplicação das disponibilidades de que trata o § 1o em:
........
II - empréstimos, de qualquer natureza, aos segurados e ao Poder Público, inclu-
sive a suas empresas controladas. (Grifo nosso)

A transposição de regime terá como consequência a transferência dos


recursos do fundo capitalizado para cobertura do fundo financeiro, cujo “déficit” é de
responsabilidade do Estado. Esse valor será pago mais adiante quando da aposentadoria
dos servidores atuais. Desta forma, ainda que não tenha ocorrido “a priori” um
“empréstimo” destes recursos do FUNDOPREV, sua utilização pode vir a configurar esta
situação. Vejamos o que dispôs o art. 5º da LC nº 15.511/2020:

Art. 5° Para a garantia do equilíbrio financeiro e atuarial dos regimes, o benefí-


cio especial criado pelo artigo 1º, através da introdução do art. 27-A na Lei
Complementar nº 14.750/2015, e as alterações promovidas pelos artigos 2º e 4º
desta Lei Complementar serão implementados em conjunto e concomitante-
mente, sendo nula de pleno direito a efetivação individualizada de qualquer dos
institutos jurídicos correspondentes.

390
Ora, como será demonstrado, os valores transferidos por força do art. 4º
não guardam relação direta ― seja temporal, seja quantitativa ― com os valores que
poderão vir a ser utilizados para o pagamento do benefício especial.
Esta situação deverá ser levada a apreciação do Exmo. Conselheiro-Relator
das Contas do Governador de 2020.

8.5.4.3 – Análise da art. 4º da LC nº 15.511/2020


A redação original do art. 4º do PLC nº 148/2020 era a seguinte:

Art. 4° Fica autorizada a utilização dos recursos recolhidos ao Fundo Previdenci-


ário FUNDOPREV –, previsto na Lei Complementar n° 13.758/2011, até a data
da publicação do ato de instituição do RPC/RS, nos termos da Lei Complementar
n° 14.750/2015, como aporte do Estado do Rio Grande do Sul ao Regime Finan-
ceiro de Repartição Simples de que trata o art. 2° daquela Lei Complementar,
para pagamento de benefícios previdenciários de aposentadoria e pensão vincu-
lados a este Regime.

A nova redação, dada pela Emenda 01 de Plenário, aprovada, acrescenta


dois parágrafos ao art. 4º:

§ 1º Fica vedada a utilização dos recursos de que trata o caput deste artigo para
qualquer outra finalidade que não o pagamento de benefícios previdenciários de
aposentadoria e pensão vinculados ao Regime Financeiro de Repartição Simples
de que trata o art. 2° da Lei Complementar n° 13.758/2011, bem como a sua uti-
lização pelo Sistema Integrado de Administração de Caixa no Estado do Rio
Grande do Sul – SIAC.
§ 2º A utilização dos recursos de que trata o caput deste artigo ficará limitada
ao valor correspondente às contribuições, acrescidas dos consectários legais, do
Estado e dos servidores aos quais passar a se aplicar o Regime Financeiro de Re-
partição Simples de que trata o art. 2° da Lei Complementar n° 13.758/2011 em
razão do disposto nesta Lei Complementar, observado, como limite mensal, o
valor da cobertura do déficit previdenciário aportado pelo Tesouro do Estado.”

Sobre esta compete tecer quatro considerações. Em primeiro lugar, a


vedação de utilização de recursos do FUNDOPREV pelo SIAC tem efeitos contábeis, mas
não financeiros. Isto porque o Caixa do Estado é obrigado a pagar o chamado “déficit” do
Plano Financeiro. Ainda que não haja transferência de recursos ao SIAC, este será
desonerado de parte da cobertura deste “déficit”, em valores idênticos aos que forem
transferidos para o pagamento do Plano Financeiro.
Em segundo lugar, a redação original previa a utilização dos recursos do
FUNDOPREV integralizados a este até 17/08/201658. A nova redação permite a utilização
dos recursos integralizados ao FUNDOPREV pelos servidores que ingressaram entre

58
Em agosto de 2016 o FUNDOPREV Civil possuía R$ 655,7 milhões aplicados e R$ 8,4 milhões em conta
corrente, totalizando um patrimônio de R$ 664,1 milhões.

391
18/07/2011 e 19/08/2016 até a transposição destes ao Plano Financeiro. Ou seja,
recursos integralizados até 2020. Isto porque os servidores que ingressaram neste
período vêm contribuindo continuamente até agora, assim como o Estado também vem
realizando sua Contribuição Patronal. Apenas os recursos aportados ao FUNDOPREV
pelos servidores que ingressaram a partir de 18/07/2016 permanecerão no Fundo.
Os demonstrativos publicados no site do IPE Prev na internet, bem como a
consulta ao Sistema Cubos-DW, não permitem segregar as contribuições dos servidores
que ingressaram antes ou depois de agosto de 2016. Embora se estime que dos R$ 2,64
bilhões de patrimônio do FUNDOPREV Civil existentes em dezembro de 2020, cerca de R$
2,20 bilhões correspondem a aportes dos servidores que terão seu regime transposto.
Salientando que até dezembro de 2020, em que pese aprovada a LC nº 15.511/20 com a
autorização de saque do patrimônio do FUNDOPREV Civil proporcional aos 17 mil vínculos
que migraram, não ocorrera o referido resgate das aplicações financeiras e transferência
para uso no pagamento de benefícios previdenciários no âmbito do Plano Financeiro.
Em terceiro lugar, a redação original, do “caput” do art. 4º referia-se a
“valores recolhidos”, do que se depreende, não abarca os rendimentos das aplicações no
período. A nova redação acresce os “consectários legais”, ou seja, comporta os
rendimentos auferidos no período, bem como os aportes patronais para correção do
déficit atuarial59.
Por fim, em quarto lugar, a transferência dos recursos, a qual poderia se
dar de uma única vez, deverá ser efetuada em duas ou três parcelas, uma vez que o
“déficit” mensal do Plano Financeiro hoje gira em torno de R$ 900 milhões.

8.5.4.4 – Análise da Justificativa de Transposição de Regime (Custo de transição


da Migração dos Servidores para o RPC)
Caso um número substantivo de servidores migre para o Regime de
Previdência Complementar – RPC há, do ponto de vista previdenciário, uma redução dos
valores a serem desembolsados pelo RPPS no futuro, tendo em conta a limitação dos
proventos ao teto do Regime Geral de Previdência Social. Tal economia é positiva aos
cofres do Tesouro Estadual, contudo a efetivação desses efeitos dar-se-á no longo prazo,
quando da inatividade ou concessão de pensões.
De outra banda, os valores devidos à previdência pública pelos servidores
ativos na forma de contribuição previdenciária passam a ser recolhidos a partir de uma
base de cálculo menor (limitada ao teto do RGPS). Portanto, há uma redução dos
ingressos da receita de contribuições que financiam os atuais inativos e pensionistas,
aumentando a necessidade de aportes do Tesouro para fazer frente às obrigações
presentes com aposentadorias e pensões. Trata-se do chamado custo de transição para o
RPC.
O Custo de transição foi o argumento central utilizado pelo Governo do
Estado no âmbito do PLC que deu origem a LC nº 15.511/20 a fim de justificar o saque do
patrimônio do fundo capitalizado. Essa relação entre esse custo e a possível necessidade
do uso de recursos advindos do fundo previdenciário será analisada no tópico abaixo.

59
Os aportes anuais realizados pelo Estado para correção do déficit do FUNDOPREV Civil foram R$ 3,0;
1,5; e 24,1 milhões em 2017, 2018 e 2019 respectivamente.

392
A Relação entre o Custo de Transição ao RPC e a Transferência do
Patrimônio junto de cerca de 17 mil vínculos do Fundoprev para a repartição simples
A transferência do patrimônio atual do FUNDOPREV Civil, de cerca de R$
2,2 bilhões, bem como os aportes, tanto patronais como dos servidores, da ordem de R$
267,0 milhões anuais e respectivos rendimentos, conforme estimativa do PLC, se dará de
forma, senão imediata, em dois ou três meses nos termos do art. 4º da LC. Por sua vez, o
custo de pagamento do benefício especial poderá ou não ocorrer: vai depender dos
servidores optarem, ou não pela migração. Esta tem um prazo de três anos para ser
exercida. E, ocorrendo migração, o efetivo custo com o pagamento do benefício especial
somente se dará a partir da aposentadoria dos servidores e em 260 parcelas.
Contudo, em decorrência de possíveis migrações ao regime de previdência
complementar existiriam outros custos ao Estado no curto prazo, os quais foram
denominados de custo de transição. No entanto podem se concretizar cenários que não
demandariam a utilização do patrimônio do FUNDOPREV para sua cobertura, como se
explica a seguir.
O público-alvo de uma migração para o RPC são aqueles servidores com
ingresso até 18/08/2016, pois têm o direito de vir a receber os proventos além do teto do
RGPS. Dentro desse estrato é relevante separarmos em dois grandes grupos de
servidores: os que já eram submetidos ao regime de repartição simples (ingressos até
17/07/2011) e aqueles que estavam no regime de capitalização (ingressos entre
18/07/2011 e 18/08/2016).
Um servidor público integrante do regime de repartição simples, caso opte
por migrar para o RPC, representará no curto prazo uma perda financeira ao Estado pela
diminuição de sua contribuição previdenciária. Comparam-se o cenário atual e com a
migração para o RPC na visão do Estado para um exemplo de servidor com remuneração
de R$ 20 mil.
No exemplo de servidor ativo com remuneração de R$ 20 mil tem-se:
Contribuição Previdenciária = R$ 20.000,00 X (16,5%) – R$ 380,52 = R$
2.919,48
Contribuição Previdenciária no RPC (limitada ao teto RGPS) = R$ 6.101,06 X
(14,0%) – R$ 141,05 = R$ 713,10
Nesse exemplo hipotético a redução no curto prazo da receita de
contribuição oriunda do servidor seria de R$ 2.206,38.
Sendo assim, vê-se que um servidor pertencente ao regime de repartição
simples (fundo financeiro) que optar pela migração causará aumento no déficit fiscal do
plano financeiro no curto prazo, o que exigirá maiores aportes do Tesouro para essa
cobertura.
Mas em relação aos servidores que descontam a contribuição
previdenciária acima do teto do RGPS e o respectivo valor era remetido ao FUNDOPREV,
existiria o chamado custo de transição imediato? A resposta é NÃO.
Embora também ocorra diminuição em termos de receita da contribuição
previdenciária originada do desconto no holerite do servidor, no caso do FUNDOPREV, os
ingressos, derivados das contribuições previdenciárias do servidor e patronal, eram

393
depositados no fundo capitalizado. Este, por sua vez, é superavitário financeiramente,
pois, dentre outras razões, há um pequeno quantitativo de beneficiários recebendo
proventos de aposentadoria ou pensão.
Com base nos dados de 2020, o resultado previdenciário do FUNDOPREV
foi de superávit financeiro na ordem de R$ 579,9 milhões60. E o patrimônio total do
FUNDOPREV civil encerrou o ano de 2020 com um montante aplicado de R$ 2,6 bilhões61.
Essa quantia mostra-se suficiente para fazer frente ao pagamento dos atuais aposentados
e pensionistas que recebem proventos dele decorrentes.
Outro ponto relevante para análise diz respeito à contribuição
previdenciária patronal. Enquanto no regime de repartição simples (fundo financeiro)
esta corresponde ao dobro do valor descontado do servidor62, no caso do FUNDOPREV o
aporte patronal é igual ao que se desconta do servidor público63.
Do ponto de vista contábil ocorre uma maior despesa com a contribuição
previdenciária patronal no âmbito do Regime Financeiro se comparada à rubrica
equivalente no FUNDOPREV. Contudo, devido ao elevado “déficit” do regime de
repartição simples os efeitos práticos envolvem a necessidade de aportes pelo Tesouro
do Estado que vão além dos valores de contribuição previdenciária, tanto aquela
descontada dos servidores como a parcela patronal. Em relação ao FUNDOPREV, a parte
patronal da referida contribuição tem de ser repassada pelo Estado ao fundo
previdenciário, sem que ocorram outros aportes do Tesouro, além desses valores, para
eventual cobertura de déficit, uma vez que este inexiste no âmbito do fundo capitalizado.
Uma eventual migração dos servidores para o Regime de Previdência
Complementar implicaria alterações em relação à parte patronal a ser custeada pelo
Estado. Para a parcela das remunerações acima do teto do RGPS a alíquota da
contribuição varia entre 14,50% e 22,00%, enquanto na hipótese de o servidor trocar para
o RPC o valor que exceder o teto do RGPS terá como dispêndio pelo Estado o percentual
entre 4,50% e 7,50% da remuneração acima do teto do RGPS, caso o servidor exerça a
faculdade de aderir ao RS-PREV, ou até mesmo, 0,00%, caso o servidor não faça essa
adesão.
Sendo assim, a despesa orçamentária do Estado, do ponto de vista das
contribuições patronais, reduziria de 7% a 22% para servidores do FUNDOPREV e entre
21,5% e 44% para os do regime de repartição simples, percentuais estes incidentes sobre
a parcela da remuneração dos servidores que excedesse o teto do RGPS.
Considerados no cálculo os dois extremos: 7% de queda na despesa em
relação a pertencentes do FUNDOPREV e 21,5% de participantes do Fundo Financeiro -
representam servidores cuja contribuição previdenciária sobre o valor acima do teto do
RGPS era de 14,50% e aderiram ao RSPREV no percentual de 7,50%, assim a parte
patronal de um servidor do fundo capitalizado teria uma diminuição na despesa de 7%

60
Fonte: Demonstrativo das Receitas e Despesas Previdenciárias 6º bimestre 2020 / CAGE-RS.
61
Fonte: Relatório de Evolução dos Recursos previdenciários. Disponível em: www.ipeprev.rs.gov.br
62
Art. 14 da LC Estadual nº 13758/2011 – “A contribuição mensal do Estado para o Regime Financeiro de
Repartição Simples será correspondente ao dobro daquela descontada do servidor [...]”
63
Art. 16 da LC Estadual nº 13758/2011 – “A contribuição mensal do Estado para o FUNDOPREV será
idêntica àquela descontada do servidor, observado o disposto no art. 15.”

394
(14,5% - 7,5%) e na repartição simples seria de 21,5% (14,5% x 2 – 7,5%) -, enquanto no
outro limite teórico reduzir-se-iam as despesas com servidores no maior valor da tabela
de descontos previdenciários e que não aderissem ao RSPREV, 22% daqueles do
FUNDOPREV (22% - 0%) e 44% dos do fundo financeiro (22% x 2 – 0%).
Exemplos para ilustração:
a) Servidores com salário de R$ 7.101,06 (R$ 1.000,00 acima do teto do
RGPS), um do FUNDOPREV e outro do Fundo Financeiro:
- alíquota de contribuição previdenciária sobre esses R$ 1.000,00 além do
teto do RGPS é de 14,50%. Dessa forma, a contribuição patronal nesse valor excedente
seria:
- No FUNDOPREV – R$ 1.000,00 X 14,5% = R$ 145,00
- No Fundo Financeiro – R$ 1.000,00 x 14,5% x 2 = R$ 290,00
- Com migração ao RPC – sem RSPREV – 1000 x 0% = R$ 0,00
- queda na despesa orçamentária de R$ 145,00 ou 14,5%
(FUNDOPREV) e R$ 290,00 ou 29% (Fundo Financeiro)
- Com migração ao RPC – c/ RSPREV (contribuição de 4,5%) – R$ 1.000,00 x
4,5% = R$ 45,00
- queda na despesa orçamentária de R$ 100,00 ou 10%
(FUNDOPREV) e R$ 245,00 ou 24,5% (Fundo Financeiro)
- Com migração ao RPC – c/ RSPREV (contribuição de 7,5%) – R$ 1.000,00 x
7,5% = R$ 75,00
- queda na despesa orçamentária de R$ 70,00 ou 7% (FUNDOPREV)
e R$ R$ 215,00 ou 21,5% (Fundo Financeiro)

b) Servidores com salário de R$ 41.747,20 (R$ 1.000,00 acima do último


valor da tabela de contribuição previdenciária), um do FUNDOPREV e outro do Fundo
Financeiro
- alíquota de contribuição previdenciária sobre esses R$ 1.000,00 da última
faixa de contribuição é de 22,00%. Dessa forma, a contribuição patronal nesse valor
excedente seria:
- No FUNDOPREV – R$ 1.000,00 X 22% = R$ 220,00
- No Fundo Financeiro – R$ 1.000,00 x 22% x 2 = R$ 440,00

- Com migração ao RPC – sem RSPREV – R$ 1.000,00 x 0% = R$ 0,00


- queda na despesa orçamentária de R$ 220,00 ou 22%
(FUNDOPREV) e R$ 440,00 ou 44% (Fundo Financeiro)
- Com migração ao RPC – c/ RSPREV (contribuição de 4,5%) – R$ 1.000,00 x
4,5% = R$ 45,00
- queda na despesa orçamentária de R$ 175,00 ou 17,5%
(FUNDOPREV) e R$ 395,00 ou 39,5% (Fundo Financeiro)
- Com migração ao RPC – c/ RSPREV (contribuição de 7,5%) – R$ 1.000,00 x
7,5% = R$ 75,00

395
- queda na despesa orçamentária de R$ 145,00 ou 14,5%
(FUNDOPREV) e R$ 365,00 ou 36,5% (Fundo Financeiro)
Foi estratificado um valor de R$ 1.000,00, ora acima do teto RGPS ora além
do valor máximo da tabela de contribuições, a fim de melhor demonstrar os exemplos,
em especial em relação aos limites mínimo e máximo de queda na despesa, lembrando
que diante das alíquotas progressivas há um escalonamento da contribuição
previdenciária que repercute em fenômeno semelhante no cálculo da economia
orçamentária que ocorreria com eventuais migrações ao RPC.
Todavia, como já comentado acima, relativamente ao regime de repartição
simples, considerando-se o elevado “déficit” existente, esses números têm efeito apenas
do ponto de vista contábil. A consequência prática das migrações ao RPC de servidores
pertencentes ao regime financeiro seria a necessidade de maiores aportes do Tesouro
para fazer frente às atuais aposentadorias e pensões devido à redução dos ingressos de
contribuições previdenciárias descontadas dos ativos pela sua incidência numa base de
cálculo menor (limitada ao teto do RGPS), bem como se elevaria a despesa efetivamente
desembolsada pelo Tesouro para fins de pagamento da parcela devida pelo Estado ao
RSPREV, que poderia chega até 7,50% do valor da remuneração do servidor que
excedesse o teto do RGPS.
De outra sorte, no tocante ao FUNDOPREV, caso não ocorresse a
reestruturação de fundos, que restou aprovada pela LC nº 15.511/2020, a economia aos
cofres públicos dar-se-ia já no curto prazo, pela redução dos aportes patronais, conforme
mencionado alhures. Enquanto no regime de repartição simples a redução do desconto
de contribuições previdenciárias implica maiores alocações de recursos pelo Tesouro para
pagar aposentadorias e pensões naquele regime de repartição simples, no âmbito do
FUNDOPREV a lógica se inverte, devido a dois fatores preponderantes:
1º- o volume de recursos necessários para pagamento de aposentadorias e
pensões no FUNDOPREV era totalmente coberto pelo patrimônio do fundo e continuaria
dessa forma já que o número de beneficiários recebendo proventos era ínfimo, ou seja,
não haveria qualquer aporte do Tesouro nesse sentido; e
2º- a incidência de um menor percentual de contribuição patronal sobre
parte das remunerações (a que exceder o teto do RGPS) demandaria menores
desembolsos pelo Tesouro, gerando, assim, uma economia aos cofres públicos de
imediato.
A depender do quantitativo de servidores, então pertencentes ao
FUNDOPREV, que migrasse ao RPC, os menores aportes patronais do Tesouro em favor do
fundo capitalizado poderiam atingir montante suficiente para compensar o movimento
financeiro inverso que ocorreria na repartição simples diante de adesões ao RPC no
âmbito do fundo financeiro.
Diversos fatores, muitos deles adentrando na individualidade de cada
servidor público, determinarão o exercício da opção ou não pela troca para o RPC, o que
torna extremamente complexa qualquer projeção nesse sentido. Embora, em tese, seja
possível inferir que servidores até então pertencentes ao FUNDOPREV, por terem um
período maior a contribuir para a previdência complementar e, dessa forma, conseguir
montantes substantivos no seu fundo individual no RS-PREV, teriam uma maior
probabilidade de vir a optar por migrar para o RPC, quando comparados à massa de

396
servidores da repartição simples, muitos deles com vias de obter aposentadoria integral
em poucos anos, o que teoricamente reduz as chances desse grupo optar pela mudança
de regime previdenciário.
Há riscos fiscais inerentes ao se ter lançado mão de um fundo
superavitário, como o FUNDOPREV, a fim de dar cobertura a um custo de transição para o
regime de previdência complementar, que sequer pode vir a existir num montante com
materialidade suficiente que exigisse o desmonte do fundo capitalizado.
A imprevisibilidade é tamanha de modo que, entre as diversas
possibilidades de cenários que poderiam se concretizar, há alternativas em que a
economia financeira supramencionada que ocorreria no âmbito do FUNDOPREV, do
ponto de vista dos menores aportes patronais ao fundo, poderia ser suficiente para cobrir
o custo decorrente das migrações de servidores do regime de repartição simples (fundo
financeiro), relembrando que no fundo financeiro uma migração implicaria menor
desconto de contribuição previdenciária dos servidores e consequentemente elevar-se-ia
o valor do desembolso do Tesouro Estadual para pagamento de aposentadorias e
pensões, enquanto no fundo capitalizado a redução da contribuição previdenciária
patronal sobre a parcela das remunerações que ultrapassa o teto do RGPS geraria uma
economia financeira imediata aos cofres públicos, com chances dessa economia dar
cobertura financeira suficiente a todo custo de transição de regimes que eventualmente
ocorreria.
Dessa forma, o argumento central utilizado na justificativa ao PLC nº
148/2020 concernente à necessidade de cobertura do custo de transição para o RPC
somente se sustentaria se estivéssemos considerando apenas servidores pertencentes ao
regime de repartição simples e esse dispêndio poderia ser integralmente compensado
pela economia nos aportes patronais decorrentes das migrações ao RPC dos servidores
então pertencentes ao FUNDOPREV, e que recolhem para a previdência pública acima do
teto do RGPS. Sendo assim, nesse cenário, possivelmente não haveria a necessidade de
reestruturação dos fundos previdenciários a fim de compensar eventuais dispêndios com
a migração.
Com base no acima exposto, entende-se que a alternativa com menor risco
fiscal às finanças do Estado do Rio Grande do Sul envolveria a segregação das matérias
constantes na LC nº 15.511/2020, de modo que primeiramente fosse implantado o
benefício especial e, após o transcurso do prazo para adesão de servidores ao RPC,
conforme fosse o quantitativo e sendo possível mensurar o dispêndio com a transição
(que seria aplicável somente àqueles servidores ligados ao regime de repartição simples),
poderia ser retomado o debate a respeito dos fundos financeiro e capitalizado e eventual
necessidade de resgate dos recursos para cobrir possível custo de transição.
Assim, não é possível visualizar uma ligação direta entre os recursos do
FUNDOPREV e o custo da migração futura. Deste modo vê-se que o governo possui nítido
benefício financeiro pelos próximos anos.
Esta conclusão é semelhante à esposada pelo SAE III na Informação
39/2020, que assim se expressou:
“Primeiramente, em nenhum momento do Estudo Atuarial foi apresentado o
impacto isolado da alteração da data de corte da segregação de massa de
18/07/2011 para 19/08/2016. Ao vincular, de maneira indevida no art. 5º que o

397
benefício especial deve ser implementado em conjunto e concomitante com os
art. 2º (alteração da data de segregação de massa) e 4º (utilização de recursos
do FUNDOPREV Civil), há um entendimento equivocado de que o Estudo Atuarial
deve apresentar o impacto da alteração da data da segregação juntamente com
cenários hipotéticos de migração dos servidores para o RPC.
Contudo, isso não prospera, considerando que a revisão da data da segregação
de massa apresenta uma consequência concreta e imediata, este impacto deve-
ria ser o primeiro a ser evidenciado no Estudo Atuarial, sem vincular qualquer
cenário hipotético de migração de servidores ao RPC. Apesar disso, de forma in-
tricada, foram apresentados dois cenários referentes à adesão dos servidores ao
RPC.
Por óbvio, os assuntos relativos à alteração da data da segregação de massa do
RPPS e à migração de servidores ao RPC não podem se confundir, pois envolvem
dois Regimes Previdenciários distintos e independentes entre si, sendo eles o
Regime Público (RPPS) e o Regime Privado (RPC).
Ainda, há um ponto extremamente crítico no Estudo Atuarial, não há nenhuma
análise, sequer é mencionado, o impacto da utilização do valor equivalente a R$
1,8 bilhão de recursos do FUNDOPREV Civil, o que corresponde a 78% dos recur-
sos acumulados durante nove anos e que, portanto, irá impactar na situação fi-
nanceira e atuarial do RPPS.
Ora, se o próprio art. 5º da LC Nº 15.511/2020 prevê que a criação do benefício
especial está condicionada à alteração da data da segregação de massa (art.
2º) e a autorização para utilizar recursos do FUNDOPREV Civil (art. 4º), não é
coerente, tampouco transparente, apresentar no Estudo Atuarial apenas parte
do impacto das mudanças propostas, desconsiderando completamente o previs-
to no art 4º, que ensejará a utilização de quase totalidade dos recursos do FUN-
DOPREV Civil.
Desta forma, o Estudo Atuarial apresentado no Anexo 4 do PLC 148/2020, mos-
tra-se insuficiente para demonstrar o impacto financeiro e atuarial da proposta
de revisão da segregação de massa, assim como previsto no art. 60 da Portaria
MF Nº 464/2018. Ainda assim, cabe fazer algumas considerações sobre o que
foi apresentado no referido estudo.”

Assim, este Parecer Técnico detalhará a seguir os efeitos da LC sob os


aspectos financeiros: os valores da transposição de regime podem ser calculados, uma
vez que conhecidos. O custo de migração somente pode ser estimado a partir de
hipóteses, uma vez que não se sabe quantos servidores poderão migrar, nem seus
salários de contribuição ou seu tempo de serviço para fins de cálculo do benefício
especial.

8.5.5 – Os impactos das Leis Complementares nº 15.428/19 e 15.511/20 nas Contas do


Governo do Estado
Passa-se, a seguir, a realizar a análise detalhada dos efeitos de ordem
financeira das referidas Leis Complementares nas Contas do Governo do Estado em 2020.
Ainda, muitos destes efeitos somente podem ser projetados a partir de hipóteses, uma
vez que dependem dos servidores migrarem ou não para o RPC e desfrutarem do
benefício especial. A análise detalhada dos efeitos de longo prazo, isto é, dos efeitos

398
atuariais, depende de cálculos detalhados os quais fogem ao escopo do presente
relatório.
Vale destacar que no ano de 2021 foi aprovada a Reforma da Previdência
dos Militares por meio da aprovação do PLC nº 13/2021, a qual adotou alíquotas e bases
de cálculo para as contribuições previdenciárias semelhantes às dos civis. No relatório
técnico e Parecer Prévio das Contas de 2021 esse tema será objeto de análise, inclusive,
no que toca aos possíveis impactos financeiros e orçamentários tal como se propõe nos
tópicos que seguem sobre as Reformas Previdenciárias afetas aos servidores civis.

8.5.5.1 – Os impactos financeiros


Os impactos financeiros decorrentes da aprovação das leis previdenciárias
em tela dizem respeito às consequências que os referidos diplomas legais provocam no
fluxo de caixa do Estado do Rio Grande do Sul.
Na sequência são listadas algumas alterações que as legislações trouxeram,
e indicadas possíveis direções que o caixa estadual tomaria. Ao final, uma tabela resume
os efeitos já transcorridos no ano de 2020. Embora não seja possível segregar o impacto
de cada alteração isoladamente, razão pela qual se demonstram os valores de forma
consolidada.
Elevação das alíquotas de contribuições previdenciárias e ampliação da
base de cálculo nos inativos e pensionistas (L. 15.428/19)
O escalonamento de alíquotas das contribuições previdenciárias com
majoração para quem recebe acima do teto do RGPS, bem como a ampliação da base de
cálculo deste tributo em relação aos inativos e pensionistas – antes somente para valores
acima do citado teto, agora sobre as quantias além do salário-mínimo - resultaram em
elevações nos valores da receita de contribuições advindas dos contracheques dos
servidores ativos, inativos e pensionistas.
Em relação àqueles vínculos do fundo previdenciário não houve mudanças
em termos de caixa no que diz respeito ao repasse da contribuição dos servidores. No
que toca à parte patronal, os valores dessa despesa em relação aos servidores que
recebem acima do teto do INSS aumentaram, e daqueles que auferem até esse limite,
reduziram. Como a partir de agosto de 2016 vigora o regime de previdência
complementar, é possível que o cômputo final seja de menores desembolsos de caixa
nesse estrato de servidores.
No que tange ao maior grupo de ativos, inativos e pensionistas,
notadamente os vínculos pertencentes ao regime de repartição simples, houve redução
nos desembolsos de caixa. A contribuição patronal, apesar de orçamentariamente maior
a despesa, tem apenas efeitos contábeis, pois esse regime é deficitário financeiramente:
as contribuições dos servidores e patronal são insuficientes para fazer frente aos
benefícios previdenciários devidos. Entretanto, as contribuições descontadas dos
servidores, ao atingirem maiores montantes auxiliam na redução do déficit financeiro,
pois são utilizadas como fonte de recursos para pagamento das aposentadorias e
pensões. Dessa forma, os aportes do Tesouro do Estado para cobrir o déficit diminuem.
A tabela abaixo compara a variação entre 2019 e 2020 dos valores da
receita de contribuição previdenciária, descontada em folha dos servidores no âmbito do

399
fundo financeiro (regime de repartição simples), abrangendo os ativos, inativos e
pensionistas civis, que foram objeto de alteração pelas LC nº 15.428/19 e 15.511/20. Por
se tratar de repercussão no caixa foi selecionado esse estrato de servidores da repartição
simples, pois esse regime que demanda aportes extras do Tesouro do Estado para
cobertura do déficit, e a receita oriunda da contribuição descontada dos servidores
representa os valores que irão efetivamente reduzir os aportes financeiros do caixa
estadual.

EFEITOS FINANCEIROS REFORMAS PREVIDENCIÁRIAS*


CONTRIBUIÇÃO DOS SERVIDORES
Em Milhões de R$ nominais
Valor Valor Variação (R$) Variação (%)
Contribuição Previdenciária Servidores
2019 2020 2019/2020 2019/2020

Ativos 737,7 717,0 -20,8 -2,8%


Inativos 395,8 882,5 486,7 122,9%
Pensionistas 108,8 189,3 80,5 74,0%
TOTAL 1.242,3 1.788,8 546,5 44,0%
Fonte: Cubos DW / Sefaz RS.
(*) Somente servidores civis.

Com base nas informações acima é possível verificar que entre os


servidores ativos houve maior estabilidade nos valores, com leve queda de 2,8% na
comparação em termos nominais do desempenho no ano de 2019, variando de R$ 737,7
milhões para R$ 717,0 milhões. Vale dizer que o novo escalonamento de alíquotas
provocou maiores descontos para quem recebe remuneração acima do teto do RGPS e
menores àqueles que têm remunerações inferiores ao referido limite ou estão
enquadrados no RPC – descontando, assim, somente até esse valor de referência - de tal
sorte que as características particulares de cada grupo estratificado são determinantes
para haver aumento, estabilidade ou diminuição dos descontos previdenciários.
Houve significativo aumento nos valores, de R$ 395,8 milhões para R$
882,5 milhões, numa variação nominal de 122,9% em relação às contribuições
descontadas dos inativos, e de 74,0% (R$ 108,8 milhões para R$ 189,3 milhões) no caso
dos pensionistas, muito por influência da majoração das alíquotas e da maior base de
cálculo das contribuições, a partir de abril de 2020 incidentes sobre a parcela da
remuneração acima do salário-mínimo. Essas elevações nas contribuições dos inativos e
pensionistas acarretaram na retração dos valores de aporte para cobertura de déficit,
como se verifica na próxima tabela, que também evidencia o comportamento da
contribuição previdenciária patronal, ambas no regime de repartição simples.

EFEITOS FINANCEIROS REFORMAS PREVIDENCIÁRIAS*


CONTRIBUIÇÃO PATRONAL E COBERTURA DO DÉFICIT
Em Milhões de R$ nominais
Valor Valor Variação (R$) Variação (%)
Item
2019 2020 2019/2020 2019/2020

CP Patronal Ativos 1.181,6 1.419,4 237,7 20,1%


CP Patronal Inativos 892,1 1.710,9 818,8 91,8%

400
EFEITOS FINANCEIROS REFORMAS PREVIDENCIÁRIAS*
CONTRIBUIÇÃO PATRONAL E COBERTURA DO DÉFICIT
Em Milhões de R$ nominais
Valor Valor Variação (R$) Variação (%)
Item
2019 2020 2019/2020 2019/2020

CP Patronal Pensionistas 318,4 372,8 54,3 17,1%


Aporte para Cobertura Déficit 9.411,6 7.558,7 -1.852,9 -19,7%
TOTAL 11.803,8 11.061,7 -742,1 -6,3%
Fonte: Cubos DW / Sefaz RS.
(*) Somente servidores civis.

A soma das rubricas evidenciadas acima representa os efetivos


desembolsos do caixa do Estado para pagamento de aposentadorias e pensões no regime
de repartição simples, número este que foi reduzido nominalmente em R$ 742,1 milhões
(retração de 6,3%) entre os R$ 11,8 bilhões desembolsados no ano de 2019 para R$ 11,1
bilhões, considerados apenas os servidores civis pertencentes ao fundo financeiro.

Reestruturação do FUNDOPREV – saque do Patrimônio Líquido (L.


15.511/20, art. 4º)
Em função da autorização de saque do patrimônio do FUNDOPREV civil,
proporcionalmente às contribuições e consectários oriundos dos 17 mil vínculos migrados
para o regime de repartição simples ocorreria redução imediata nos desembolsos do
Tesouro do Estado no fundo financeiro para pagamento de aposentadorias e pensões.
Com base nas informações do sistema Cubos/DW da Sefaz/RS, os valores
da despesa do Tesouro Estadual para cobertura desse déficit atingiram, entre janeiro e
julho de 2020 (período anterior à aprovação da LC 15.511/20), o total de R$ 6,57 bilhões,
média mensal de R$ 938,95 milhões. Estima-se a utilização total do recurso oriundo do
FUNDOPREV em aproximadamente 03 meses, tendo como referência a supramencionada
média mensal de despesa para cobertura do déficit. Apesar das simulações ressalta-se
que o saque não havia sido efetuado até 31 de dezembro de 2020.
Repisa-se que na Emenda 01 do PLC nº 148/20 (resultou na LC 15.511/20)
existia uma vedação à utilização dos recursos oriundos do patrimônio do FUNDOPREV no
SIAC (Caixa Único). Contudo, este deixará de arcar financeiramente com o pagamento de
aposentadorias e pensões pelo estimado período de 03 meses. Em que pese essa retórica,
a consequência efetiva seria semelhante caso a “restrição” não existisse no projeto de lei
complementar.
Os aproximadamente R$ 2,2 bilhões (valores estimados do patrimônio
proporcional do FUNDOPREV em dezembro de 2020) que o Tesouro por ora deixaria de
desembolsar para fazer frente a aposentadorias e pensões têm reflexo positivo em
termos de fluxo de caixa no curto prazo, embora esse evento decorra da desconstituição
do patrimônio do FUNDOPREV.
Perder-se-iam as receitas patrimoniais decorrentes dos rendimentos que
eram obtidos com as aplicações financeiras do fundo previdenciário, cujo desempenho

401
em 2020 representou ganhos na ordem de R$ 149,7 milhões64. Esse custo de
oportunidade retira do Estado, a possibilidade de aumentar seu patrimônio.

Reestruturação do FUNDOPREV - Contribuições dos Servidores (ingressos


entre 2011-2016) e Patronal
A migração de 17 mil servidores (número aproximado) para o regime de
repartição simples tende a refletir em impactos positivos em termos de fluxo de caixa
para o Tesouro do Estado. A contribuição previdenciária patronal no âmbito do fundo
financeiro, embora em termos orçamentários represente o dobro daquela equivalente no
FUNDOPREV, tem consequências apenas contábeis na repartição simples. Já no
FUNDOPREV ela representava a necessidade de desembolso desses valores pelo Tesouro
em favor do fundo previdenciário. Portanto, em termos de contribuição patronal houve
diminuição nos desembolsos pela migração dos vínculos.
Ato contínuo, a contribuição descontada dos servidores, que outrora era
repassada ao FUNDOPREV Civil, agora passa a servir de fonte de recursos para honrar o
pagamento de proventos de aposentadorias e pensões no regime de repartição simples, o
que desonera o caixa do Tesouro para esse fim.
As mudanças nos fundos financeiro e previdenciário ocorreram em agosto
de 2020 de modo que os efeitos mais significativos do ponto de vista financeiro serão
percebidos mais claramente no exercício de 2021.
A rubrica por meio da qual já se pode identificar algum impacto da referida
alteração nos fundos civis é a contribuição previdenciária descontada dos servidores
ativos ligados ao regime de repartição simples, cuja média mensal de janeiro a julho de
2020 era de R$ 49,2 milhões e, após vigorar a nova legislação, foi de R$ 60,1 milhões
entre agosto e dezembro do referido exercício. Destacando-se que a partir de agosto as
contribuições de aproximadamente 17 mil servidores deixaram de ser alocadas no
FUNDOPREV para compor receita no regime de repartição simples.

8.5.5.2 – Os impactos Contábeis


Os Impactos Contábeis (ótica orçamentária) – LC. 15.511/20
A Contribuição previdenciária descontada do servidor sofreu mudanças
qualitativas de contas contábeis na condição de receita no RPPS em função da
reestruturação do FUNDOPREV civil. Apesar de seguir sendo uma receita corrente de
contribuições, ao ingressar no fundo financeiro, impactará na necessidade menor de
cobertura de “déficit” do regime de repartição simples, reduzindo o respectivo valor
dessa despesa nos órgãos.
A Contribuição previdenciária patronal tem efeito neutro no resultado
orçamentário consolidado do Estado, pois se trata de operação intraorçamentária pela
combinação da despesa nos órgãos dos servidores e receita no RPPS. Dessa forma, ao
dobrar de valor em relação ao que se contabilizava quando os 17 mil servidores
pertenciam ao FUNDOPREV, gera-se efeito líquido neutro em termos de resultado
orçamentário, em que pese o “aumento da despesa e da receita”:

64
Fonte: Rendimentos dos Recursos Previdenciários dos FUNDOPREVs, disponível em: ipeprev.rs.gov.br

402
O aumento da despesa de contribuição previdenciária patronal
(intraorçamentária) – no regime de repartição simples corresponde ao dobro do valor que
o servidor ativo desconta, enquanto que no regime de capitalização a patronal é igual ao
que se deduz do servidor. Há, portanto, do ponto de vista dos órgãos, um aumento nessa
despesa orçamentária.
Na visão do fundo financeiro, o aumento da receita de contribuição
previdenciária patronal ao RPPS (intraorçamentária) favorece o regime de repartição
simples orçamentariamente.
Enquanto a despesa dos órgãos para cobertura do “déficit” no regime de
repartição simples será reduzida pelo aumento nas receitas de contribuição
previdenciária do servidor e patronal.
Como a entrada em vigor dos efeitos da reestruturação do FUNDOPREV
iniciaram somente em agosto de 2020, a tendência é que no exercício de 2021 sejam mais
bem percebidos esses efeitos orçamentários.
As tabelas que seguem evidenciam os possíveis impactos contábeis na
ótica orçamentária da reestruturação do FUNDOPREV Civil. Os valores citados na última
coluna são simulados e extraídos das justificativas anexadas ao PLC nº 148/20, que
culminou na aprovação da LC 15.511/20.

IMPACTO CONTÁBIL – OTICA ORÇAMENTÁRIA


Rubrica Efeito Ótica Intra-orçamentário Resultado Rubrica
Contribuição RPPS –
Aumento Receita NÃO POSITIVO 133,798 / ano
Servidor financ.
Contribuição Diminuição
FUNDOPREV NÃO NEGATIVO 133,798 / ano
Servidor Receita
Contribuição
Qualitativo Estado N/A NEUTRO N/A
Servidor
Contribuição Aumento
Órgãos SIM NEGATIVO 133,798 / ano
Patronal Despesa
Contribuição RPPS –
Aumento Receita SIM POSITIVO 267,595 / ano
Patronal financ.
Contribuição Diminuição
FUNDOPREV SIM NEGATIVO 133,798 / ano
Patronal Receita
Contribuição
Qualitativo Estado N/A NEUTRO N/A
Patronal
Cobertura de Diminuição
Órgãos SIM POSITIVO 267,595 / ano
Déficit Despesa
Cobertura de
Qualitativo Estado N/A NEUTRO N/A
Déficit
Rendimentos
Redução Receita FUNDOPREV NÃO NEGATIVO 27,642 / ano
Aplicações
Rendimentos
Redução Receita Estado NÃO NEGATIVO 27,642 / ano
Aplicações

A próxima tabela evidencia um impacto positivo em termos de resultado


orçamentário na visão dos Órgãos e Poderes em torno de R$ 267,6 milhões por ano.

Impactos Contábeis (ótica orçamentária) - Órgãos e Poderes (R$ - milhões)


POSITIVOS (A) 535,19 / ano
( + ) Redução Despesa –
133,798 / ano
Contribuição Patronal ao FUNDOPREV
( + ) Redução Despesa “Cobertura Déficit” - Ingresso da 133,798 / ano

403
Impactos Contábeis (ótica orçamentária) - Órgãos e Poderes (R$ - milhões)
Contribuição Previdenciária
Servidor
( + ) Redução Despesa “Cobertura Déficit” - Contribuição
267,595 / ano
Previdenciária Patronal ao fundo financeiro
NEGATIVOS (B) (267,595 / ano)
( - ) Aumento Despesa –
Contribuição Previdenciária (267,595 / ano)
Patronal ao fundo financeiro
TOTAL – (A – B) 267,595 / ano

Conforme a tabela abaixo se vê que a necessidade de cobertura do


“déficit” no regime de repartição simples, na visão do RPPS, reduzir-se-ia em R$ 401,4,
portanto esse valor representa uma melhora em termos de resultado orçamentário do
fundo financeiro.

Impactos Contábeis (ótica orçamentária) - RPPS – fundo financeiro (R$ - milhões)


POSITIVOS (A) 401,393 / ano
( + ) Aumento Receita – 267,595 / ano
Contribuição Patronal
( + ) Aumento Receita - 133,798 / ano
Contribuição Previdenciária
Servidor
NEGATIVOS (B) -
N/A -
TOTAL – (A – B) 401,393 / ano

Entretanto, sob o olhar do FUNDOPREV, haveria um déficit orçamentário


de R$ 295,238 milhões, sendo que a perda dos rendimentos de aplicações financeiras
teria repercussão quantitativa na análise consolidada do Estado.

Impactos Contábeis (ótica orçamentária) - RPPS – FUNDOPREV (R$ - milhões)


POSITIVOS (A) -
N/A -
NEGATIVOS (B) (295,238 / ano)
( - ) Redução Receita – Contribuição Previdenciária (133,798 / ano)
Servidor
( - ) Redução Receita – Contribuição Previdenciária (133,798 / ano)
Patronal
( - ) Redução Receita – (27,642 / ano)
Aplicações Financeiras
TOTAL – (A – B) (295,238 / ano)

Na visão consolidada do Estado identifica-se que a maior parte das


mudanças em termos de resultado orçamentário nos Órgãos e Poderes, bem como nos
regimes financeiro e previdenciário, é decorrente de operações intraorçamentárias, de
modo que um melhor resultado sob a perspectiva isolada de um deles é
contrabalanceada em sentido oposto nos demais, ou seja, variações qualitativas entre
rubricas contábeis. Exceção faz-se em relação aos rendimentos das aplicações financeiras
que deixarão de ser auferidos pelo Estado e representam um aumento no déficit
orçamentário de forma quantitativa.

404
Impactos Contábeis (ótica orçamentária) - Consolidado Estado (R$ - milhões)
POSITIVOS (A) -
N/A (Intraorçamentário) -
NEGATIVOS (B) (27,642 / ano)
( - ) Redução Receita – (27,642 / ano)
Aplicações Financeiras FUNDOPREV
TOTAL – (A – B) (27,642 / ano)

Os Impactos Contábeis (ótica patrimonial)


Na análise contábil a partir da ótica patrimonial tem-se no possível saque
do patrimônio do FUNDOPREV uma perda de Ativo no Balanço Consolidado do Estado. A
depender do comportamento do passivo atuarial, o Estado passará a ter de financiar uma
despesa com aposentadorias e pensões, que outrora era acobertada no todo ou em parte
por esse patrimônio.
Em relação às Contribuições previdenciárias (patronal e do servidor) no
âmbito do FUNDOPREV, que passavam a compor um ativo, portanto eram variações
patrimoniais qualitativas no ativo do Estado, pois não havia perda patrimonial no curto
prazo. Já no regime de repartição simples, essas contribuições irão financiar despesas
correntes imediatas com aposentadorias e pensões, ocorrendo, assim, uma perda
patrimonial.
Entretanto, os menores aportes do Tesouro do Estado para cobertura de
déficit no regime de repartição simples têm como consequência a preservação de saldo
em caixa, o que elevaria o patrimônio estadual.
Dessa forma, no caso de os valores que o Tesouro do Estado deixará de
aportar a fim de dar cobertura no “déficit” do fundo financeiro não serem direcionados
para a formação de patrimônio (Despesas de Capital), a tendência é que o Resultado
Patrimonial a ser apurado na DVP (Demonstração das Variações Patrimoniais) seja
reduzido, considerando apenas essas variáveis.

8.5.5.3 – Os impactos no Equilíbrio Atuarial do RPPS


Os Impactos Contábeis (ótica patrimonial)
A longo prazo, a solução proposta pela LC, na prática, adia esta solução por
mais uns cinco anos, uma vez que o plano financeiro, que até então recebia servidores
que ingressaram até 2011, receberá servidores que ingressaram entre este ano e 2016.

405
PROJEÇÃO DAS RECEITAS, DESPESAS E RESULTADO DO PLANO FINANCEIRO CIVIL- 2019

15.000.000.000,00

10.000.000.000,00

5.000.000.000,00

0,00
2019
2022
2025
2028
2031
2034
2037
2040
2043
2046
2049
2052
2055
2058
2061
2064
2067
2070
2073
2076
2079
2082
2085
2088
2091
-5.000.000.000,00

-10.000.000.000,00

Receitas Despesas Resultado

Fonte: Relatório e Parecer Prévio 2019 com dados dos Fluxos Atuariais 2019.

Este gráfico mostra nitidamente a situação atual do Plano Financeiro, não


considerando as medidas adotadas a partir da EC nº 103/19. As receitas originam-se das
contribuições patronal e dos servidores, enquanto as despesas representam o pagamento
de aposentadorias e pensões já concedidas e a conceder, para os servidores que
ingressaram até 17/07/2011. Haja vista a existência de maior número de aposentados e
pensionistas do que ativos, a maioria recebendo proventos integrais, enquanto a
contribuição patronal e dos servidores ativos, bem como a contribuição dos aposentados
que recebem acima do teto do Regime Geral, não fazem frente a esta despesa. Deste
modo, é necessário o aporte de recursos do orçamento para fazer frente a estes gastos,
representado na linha denominada “resultado”.
A Informação nº 39/2020 do SAE III bem destaca que esta insuficiência
financeira demonstrada neste tipo de gráfico, a qual era de R$ 8 bilhões nos termos da
Avaliação Atuarial de 2018, diminuiu para R$ 6 bilhões na Avaliação Atuarial de 2020,
“....em decorrência do aumento da receita previdenciária ocasionada pela ampliação da
base de incidência de contribuição dos aposentados e pensionistas, conforme previsto na
Emenda Constitucional nº 103/2019 e ajustado pela Lei Complementar Estadual nº
15.429/2019.”. Como o Plano Financeiro encontra-se em extinção, esse aporte de
recursos também deve diminuir, até sua extinção.
Ao realizar a migração dos servidores do FUNDOPREV Civil que ingressaram
no serviço público entre 2011 e 2016, as três curvas serão deslocadas para frente, em
aproximadamente cinco anos. A análise precisa deste deslocamento depende de um
cálculo atuarial, considerando os dados reais de cada servidor, como tempo de serviço,
idade, remuneração, direitos adquiridos, entre outros.

406
Os Impactos no Equilíbrio Atuarial do RPPS - FUNDOPREV - A
Sustentabilidade do Novo FUNDOPREV, a partir da Aprovação da LC nº 15.511/2020
O FUNDOPREV, até a edição de EC nº 103/19, apesar de totalmente
superavitário no aspecto financeiro (curto prazo), vinha apresentando pequeno déficit
atuarial (longo prazo), para os quais foram pactuados planos de cobertura. A edição da EC
nº 103 em novembro de 2019 alterou este quadro, uma vez que aumentou o tempo de
serviço necessário a aposentadoria, bem como limitou as pensões. Estas alterações têm
profundo impacto no cálculo atuarial, com o condão de passar o fundo de deficitário para
superavitário. A Avaliação Atuarial de 2020 do IPE Prev65, considerando já as alíquotas
progressivas vigentes nos termos da Lei nº 15.429/2019, apurou um “um superávit
atuarial no valor de R$ 2.878.290.724,55,”. Entretanto, para apurar este superávit, foi
considerada a existência de um Ativo Real Líquido do Plano de R$ 2.312.397.939,81.66,
bem como a hipótese atuarial de uma taxa de juros atuarial de 4,5% a.a.
O “novo” FUNDOPREV, agora integrado pelos servidores que ingressaram
após agosto de 2016 tem sua sustentabilidade evidentemente prejudicada pela adoção
das alíquotas progressivas a partir da edição da Lei nº. 15.429/2019, uma vez que seus
integrantes contribuirão com as menores alíquotas, entre 7,5 e 14%.
Esse menor volume de ingressos de receita decorrente das contribuições
previdenciárias – do servidor e patronal - pode culminar na existência de déficit atuarial
no regime de capitalização e, como consequência, aumentar a necessidade de aportes do
Tesouro para sua cobertura. Nessa esteira, podem vir a se elevar as alíquotas daquela
contribuição.
A Consultoria responsável pela Avaliação Atuaria de 2020 simulou o
cenário com a transferência de servidores ativos para o Plano Financeiro e a instituição do
Benefício Especial para a migração de 100% do Grupo Potencial ao Regime Previdenciário
Complementar. Cita-se:

O resultado apurado para o presente cenário remontou a um superávit atuarial


no valor de R$ 2.539.375.177,37. Depreende-se, portanto, um impacto negativo
na ordem de R$ 338.915.547,18 (Tabelas 10 e 14) no resultado atuarial do
FUNDOPREV, em decorrência da elevação das reservas matemáticas com a res-
trição da remuneração ao mencionado grupo de servidores ativos ao teto do
RGPS.

Entretanto, este cálculo foi realizado considerando a existência do mesmo


Ativo Real Líquido do Plano apurado em 31/12/2019, R$ 2.312.397.939,81. A LC, todavia,
prevê a transferência da maior parte deste ativo para cobertura do “déficit” do Plano
Financeiro. Desta forma, nos termos da agora Lei nº 15.511/2020, este resultado deverá
ser revisto em face da transferência dos ativos do FUNDOPREV.

65
Relatório Resumo de Resultados da Avaliação Atuarial 2020 do IPE Prev, realizado pela empresa
Lumens Atuarial – Consultoria e Assessoria, com data-base de 31/12/2019
66
Em consonância com o Demonstrativo de Aplicações e Investimentos dos Recursos – DAIR.

407
Dessa forma, o saque de significativa parcela do patrimônio do
FUNDOPREV coloca em risco o equilíbrio atuarial e financeiro desse fundo cujas
consequências seriam percebidas no médio e longo prazo.

A Carteira do FUNDOPREV
As aplicações de recursos pelos Regimes Próprios de Previdência
subordinam-se à regulamentação do Conselho Monetário Nacional (CMN). Deste modo a
carteira de investimentos do FUNDOPREV deve obedecer aos limites estabelecidos pela
Resolução CMN Nº 4.695/2018. Assim, embora esta Resolução permita que um RPPS
aplique 100% de seus recursos em Títulos Públicos de emissão do TN, investimentos em
outras modalidades apresentam restrições severas, como, por exemplo, Fundos FIP e
Fundos de Debentures em Infraestrutura.
Desta forma, o saque da grande maioria dos recursos investidos e
atualmente gerenciados pelo FUNDOPREV deve considerar também a possibilidade de
desenquadramento da carteira às normas de regência.
A Informação SAE II nº 39/2020 assim se manifesta:

“Além disso, não se apresentou até o momento estudo ou análise técnica sobre
quais os investimentos dentro da composição da carteira do FUNDOPREV serão
mantidos e quais serão transferidos/liquidados. Tal avaliação é fundamental pa-
ra a continuidade do Plano Previdenciário.”

8.5.5.4 – Os impactos no cálculo das Despesas com Pessoal (LRF, art. 19)
Os impactos contábeis no cálculo da despesa com pessoal – art. 19 da
LRF
Para compreender os efeitos de adesões ao RPC no cálculo da despesa com
pessoal é fundamental apropriar-se do seguinte: 1- o cálculo parte da remuneração dos
servidores ativos e inativos (embutida a contribuição previdenciária deles descontadas) e
soma-se a contribuição previdenciária patronal incidente nos salários e proventos; 2-
deduz-se o IRRF tanto da receita corrente líquida como do valor da despesa; 3- deduz-se o
total de contribuições previdenciárias do regime de repartição simples (servidor e
patronal), como sendo aposentadorias e pensões pagas com recursos vinculados. A
Receita Corrente Líquida, que serve de referencial para a apuração dos percentuais, sofre
os seguintes ajustes (consideradas somente rubricas afetadas pela adesão ao RPC): 1-
IRRF é deduzido do valor da receita corrente; 2- Receita de Contribuição previdenciária do
servidor também é deduzida da RCL. Com base nessas premissas, têm-se os seguintes
efeitos contábeis com repercussão no cálculo das despesas com pessoal em virtude da
reestruturação dos fundos civis:
• Contribuições previdenciárias descontadas dos servidores - no lado
da despesa continuam sendo contabilizadas como despesa de pessoal por estarem
embutidas no salário do servidor. No entanto, como esse valor financia aposentadorias
no regime financeiro, há a dedução dessas contribuições no cálculo, na rubrica de
aposentadorias e pensões pagas com recursos vinculados. O aumento dessa receita em
função das mudanças de alíquotas e bases de cálculo, bem como a utilização dessa fonte

408
de recursos para pagamento de benefícios previdenciários (pela migração de 17 mil
vínculos para o regime de repartição simples) provocam elevação na rubrica
“Aposentadorias e Pensões pagas com recursos vinculados”, a qual se configura como
uma dedução no cálculo previsto no art. 19 da LRF. Sendo assim, ocorreria redução da
despesa total com pessoal a partir das mudanças nessa receita de contribuições.
• Contribuições previdenciárias patronais – as contribuições patronais
correspondem ao dobro do desconto efetuado junto aos servidores no fundo financeiro e
ao mesmo valor no fundo previdenciário. Entretanto, independentemente das mudanças
de alíquotas ou reestruturação dos fundos previdenciários, como essa contribuição é
somada à despesa de pessoal e posteriormente deduzida como pagamento de
aposentadorias e pensões com recursos vinculados, não há mudanças quantitativas no
indicador das despesas com pessoal, apenas qualitativas.
• Imposto de renda retido na fonte – o IRRF descontado dos
servidores não vem sendo computado (conforme critério do TCE/RS) na RCL nem como
despesa com pessoal. A alteração das alíquotas de contribuições provoca mudanças no
imposto de renda retido dos servidores em movimento inverso ao do desconto
previdenciário – aumento da contribuição reduz o IRRF, redução da contribuição eleva o
IRRF – enquanto a reestruturação do fundo previdenciário não tem impacto nesse ponto
do cálculo, pois não mexe com os vencimentos dos servidores e respectivos descontos em
folha.
A LC 15.511/20, além da reestruturação do FUNDOPREV, instituiu o
Benefício Especial como instrumento de incentivo à migração de servidores ao RPC, o que
acarretaria o recebimento dos proventos de aposentadoria limitados ao teto do RGPS.
Essa mudança modificaria os valores das contribuições previdenciárias, patronal e
descontada dos servidores.
No caso de migração de servidores para o RPC, os efeitos no cálculo das
despesas com pessoal seriam os seguintes:
A contribuição previdenciária patronal, como se demonstrou acima, não
traria impactos quantitativos por se somar às despesas com salários e posteriormente ser
deduzida como fonte de recurso para aposentadorias e pensões. As alterações seriam
apenas qualitativas.
No entanto o valor descontado dos servidores a título de contribuição
previdenciária tem impacto direto no cálculo. A opção pelo RPC teria como provável
impacto a redução nos valores dessa receita no RPPS. Em termos de cálculo de despesas
com pessoal, manter-se-iam os valores de salários na despesa bruta, porém seria
reduzida a dedução efetuada na rubrica “aposentadorias e pensões pagas com recursos
vinculados”. Como a dedução seria inferior o impacto seria de elevação das despesas com
pessoal.

EFEITOS REFORMAS PREVIDENCIÁRIAS


DESPESAS COM PESSOAL (LRF, ART. 19) – PODER EXECUTIVO
Em milhões R$ nominais
2019 2020
DESPESA BRUTA COM PESSOAL (I) 29.892,2 29.993,2
Pessoal Ativo 14.986,0 14.508,4
Pessoal Inativo 11.817,6 12.287,6
Pensionistas 2.921,5 3.002,0

409
EFEITOS REFORMAS PREVIDENCIÁRIAS
DESPESAS COM PESSOAL (LRF, ART. 19) – PODER EXECUTIVO
Em milhões R$ nominais
2019 2020
Outras despesas de pessoal terceirização 167,1 195,1
DESPESAS NÃO COMPUTADAS (II) 6.093,0 6.984,3
Indenizações e Demissão e Incentivos à Demissão Vol. 224,0 82,2
Decorrentes de Decisão Judicial de período anterior 1.837,9 798,7
Despesas de Exercícios Anteriores 220,7 360,5
Inativos e Pensionistas com Recursos Vinculados 3.810,4 5.742,8
DESPESA LÍQUIDA COM PESSOAL (III) = (I - II) 23.799,2 23.008,9
RECEITA CORRENTE LÍQUIDA (IV) 41.112,5 43.333,7
COMPROMETIMENTO RCL (V) = (III/IV) 57,89% 53,10%
AJUSTES CRITÉRIOS TCE (VI) 5.717,2 5.171,2
IRRF Ativos e Inativos 2.109,3 2.202,5
Pensionistas 2.921,5 3.002,0
Demais ajustes de critério 686,4 (33,3)
DESPESA LÍQUIDA COM PESSOAL (VII) = (III - VI) 18.082,0 17.837,6

RECEITA CORRENTE LÍQUIDA AJUSTE TCE-RS (VIII) 39.650,3 41.982,3

COMPROMETIMENTO RCL AJUSTE TCE-RS (IX) = (III/IV) 45,60% 42,49%


LIMITE MÁXIMO 60,00% 49,00%
LIMITE PRUDENCIAL 57,00% 46,55%
LIMITE DE ALERTA 54,00% 44,10%
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da Sefaz/CAGE e Relatório de Gestão Fiscal do 3º Quadrimestre de 2019 e 2020, publicados pelo Executivo.
Cálculos: Equipe Técnica do SAIPAG
A Receita Corrente Líquida ajuste TCE calcula-se deduzindo os valores de IRRF e excluindo do cálculo a perda do FUNDEB,

Os efeitos decorrentes das mudanças previdenciárias em função das Leis


Complementares nº 15428/19 e 15511/20 já puderam ser percebidos no levantamento
das despesas com pessoal do terceiro quadrimestre de 2020, conforme se verifica no
quadro acima, que compara os cálculos de 2019 e 2020 das despesas com pessoal do
Poder Executivo. Destaque para a rubrica de Inativos e Pensionistas pagos com recursos
vinculados que no último quadrimestre de 2019 apresentava o montante de R$ 3,81
bilhões e elevou-se para R$ 5,74 bilhões no ano de 2020. Movimento semelhante ocorre
em relação aos demais Poderes e Órgãos Autônomos. Uma das consequências foi a
redução do indicador das despesas com pessoal em relação à receita corrente líquida, de
45,6% em 2019 para 42,5% no exercício de 2020.

8.6 – Análise da Avaliação Atuarial 2020 do RPPS Estadual

8.6.1 – Prazo para Conclusão da Avaliação Atuarial


De acordo com o art. 5º, § 6º, inciso I da Portaria MPS nº 204/2008, o
DRAA deve ser enviado à Secretaria de Previdência até 31 de março de cada exercício,
exceto se houver prorrogação de prazo. Em 2020 o art. 1º da Portaria nº 1.348/2019,
previu que o DRAA deveria ser enviado à Secretaria de Previdência até 31 de julho de
2020. A Avaliação Atuarial 2020 do Rio Grande do Sul foi concluída em 30-07-2020,
conforme consulta realizada no sítio eletrônico no CADPREV67, portanto, dentro do novo
prazo previsto para o exercício sob análise.

67
https://cadprev.previdencia.gov.br/Cadprev/pages/modulos/draa/consultarDemonstrativos.xhtml

410
8.6.2 – Inadequação de dados do Relatório Resumido de Execução Orçamentária em
relação aos constantes na Avaliação Atuarial
No que se refere ao conteúdo das Avaliações Atuariais relativas ao Plano
Financeiro, constatou-se que algumas de suas informações, embora sejam a fonte oficial
das projeções atuariais que devem ser apresentadas no RREO, não foram adequadamente
consideradas pelo Gestor na elaboração do referido relatório, conforme se pode verificar
na tabela abaixo:

COMPARATIVO ENTRE OS VALORES REFERENTES AO “SALDO FINANCEIRO DO EXERCÍCIO” DOS PLANOS


FINANCEIROS, CIVIL E MILITAR, RREO 6º BIM 2020 E PROJEÇÕES ATUARIAIS DAS AVALIAÇÕES ATUARIAIS
2019 E 2020.
Em R$ milhões (nominais)
Saldo Financeiro do Exercício

Exercício Projeções atuariais Projeções atuariais


RREO 6º bim 2020
Av. Atuarial 2019 Av. Atuarial 2020

2020 (21.317,7) (11.478,9) (8.851,9)


2023 (46.323,9) (11.446,9) (33.857,2)
2092 (178.707,2) (10.170,9) (166.240,4)
2093 (178.707,5) (7.349,3) (166.240,8)
Fonte: RREO 6º bimestre 2020 e Relatórios de Avaliação Atuarial 2019 e 2020 dos Planos Financeiros Civil e Militar.

Observa-se que os valores referentes ao “Saldo Financeiro do Exercício”,


constantes no RREO, divergem significativamente dos valores informados nas Avaliações
Atuariais. Como o Relatório Anual de Avaliação Atuarial é a fonte oficial das projeções
atuariais que devem ser apresentadas nos demonstrativos do RREO, cabe esclarecimento
do gestor em relação à diferença de dados observada entre os dois documentos.
Quanto ao conteúdo dos valores relativos ao “Saldo Financeiro do
Exercício” apresentados no RREO, destaca-se que correspondem ao somatório de
insuficiências financeiras a serem observadas ao longo dos exercícios financeiros
projetados, o que induz a uma análise equivocada de que os valores dos exercícios irão
acumular até atingir os patamares apresentados.
A exemplo: segundo o RREO 6º bim. 2020, em 2023 a insuficiência
financeira do exercício seria equivalente a R$ 46,32 bilhões, em vez de R$ 11,45 bilhões
projetados na Avaliação Atuarial de 2019, bem como distintos dos R$ 33,8 bilhões
constantes da avaliação de 2020. Em 2093, ano em que os planos financeiros estarão
praticamente extintos, a insuficiência financeira constante no RREO atingiria um patamar
de R$ 178,70 bilhões, em vez dos R$ 166,24 bilhões, valor tecnicamente correto, apurado
na Avaliação Atuarial de 2020.
No ano de 2020 entraram em vigor os efeitos das leis complementares, nº
15.488/19 e 15.511/20, que modificaram substancialmente regramentos do RPPS gaúcho,
desde em relação às idades para recebimento dos benefícios previdenciários, passando
pelas mudanças de alíquotas e bases de cálculo da contribuição, sem prejuízo da
reestruturação do fundo previdenciário civil que acarretou na migração de servidores

411
para o plano financeiro. Essas alterações, em conjunto, podem ter impactado nos
números da avaliação atuarial de 2020.
Observa-se, quanto a este aspecto, que nos fluxos atuariais os valores da
insuficiência e do saldo financeiro são idênticos em cada exercício projetado, o que está
correto, pois na realidade não ocorre o acúmulo de saldos de insuficiência, tendo em vista
a obrigatoriedade do aporte anual de recursos, no valor da respectiva insuficiência, a fim
de honrar o pagamento dos benefícios previdenciários do exercício. Ou seja, no Plano
Financeiro opera-se no curto prazo, em regime de caixa. Assim, a cada exercício ocorrem
novas receitas, novas despesas e um novo resultado. Após o encerramento do exercício,
as contas de receitas e despesas, assim como as de resultado são exauridas e começa um
novo ciclo.
O fato já havia sido apontado em ano anterior, razão que levou ao
Ministério Público de Contas a abertura da Promoção MPC nº 702/2019. A Informação
SAIPAG nº 39/2020 sugeriu que fosse dada ciência ao atual governo para que a
publicação do Demonstrativo em questão fosse com os mesmos dados do enviado à
Secretaria da Previdência, fato que não ocorreu, conforme demonstrado anteriormente.
Além disso, em resposta ao apontamento destacado no relatório de 2019 o
Gestor encaminhou a este Tribunal a nota Técnica Conjunta CAGE/IPE-Prev, na qual
estaria ratificada a conformidade do Demonstrativo da Projeção Atuarial do Regime de
Previdência do Plano Financeiro.
O conteúdo da referida Nota, encaminhado nos esclarecimentos em sua
integralidade, foi tratada na Informação SAIPAG nº 8/2020, a qual trouxe o entendimento
da área técnica desta Corte. O conteúdo, elaborado por Auditores com formação em
Ciências Atuariais, segue abaixo reproduzido em sua integralidade:
A Nota Técnica elaborada conjuntamente pela CAGE e IPE Prev, em suma,
justifica a adequação do cálculo do saldo financeiro do exercício por estar em
conformidade com o Manual de Demonstrativos Fiscais (MDF).
Neste ponto, mantem-se o entendimento exposto no Parecer Prévio e respectiva
análise de esclarecimentos, em que o saldo financeiro do exercício relativo ao
Plano Financeiro não deve ser acumulado com a insuficiência financeira dos
exercícios anteriores.
O que se espera da informação disposta na última coluna do quadro da
Projeção Atuarial, constante no Anexo 10 do RREO, é que demonstre o saldo
financeiro de cada exercício, ou seja, considerando apenas o período de um ano.
Conforme bem explorado no aponte nº 38 do Parecer Prévio e na Informação
SAIPAG Nº 39/2019, em relação ao Plano Financeiro opera-se no curto prazo,
em regime de caixa, então a cada exercício ocorrem novas receitas, despesas e
um novo resultado. O saldo de insuficiência financeira deve ser imediatamente
aportado pelo Estado para garantir o pagamento dos benefícios previdenciários,
assim inicia-se um novo ciclo com o saldo do exercício anterior zerado.
Neste sentido, as projeções atuariais dispostas no Anexo III do Relatório de
Avaliação Atuarial , apresentam os valores idênticos para o resultado
previdenciário e para o saldo financeiro projetados em cada exercício, o que
entende ser o correto. Logo, estes dados deveriam constar no Anexo 10 do
RREO.
Apesar do MDF orientar que o saldo financeiro do exercício deva ser acumulado
com o saldo dos exercícios anteriores, não há sentido lógico para o Plano

412
Financeiro, interpretar o saldo financeiro do exercício como um acúmulo de
insuficiência financeiras anteriores.
Ao efetuar este cálculo há uma distorção na análise da situação do RPPS, pois
induz que em determinado exercício, o saldo financeiro negativo atingirá um
patamar muito superior ao que de fato irá ocorrer no referido exercício. Além
disso, pode indicar erroneamente que o Plano Financeiro apresentará um
aumento infindável da insuficiência financeira, o que não se confirma uma vez
que esse plano se encontra em extinção.
Como exemplo para reforçar a impropriedade em acumular valores negativos
ano a ano, destaca-se o fato de que o saldo financeiro inicial da Projeção
equivale ao resultado previdenciário inicial e não ao acúmulo de saldo negativo
dos anos anteriores ao primeiro ano da projeção, uma vez que o Estado realizou
o aporte para cobertura da insuficiência financeira destes períodos. Sendo
assim, de forma semelhante, o Estado fará anualmente o aporte necessário,
zerando anualmente o saldo financeiro negativo.
De fato, conforme mencionado na Nota Técnica, não há distinção no leiaute do
Plano Financeiro e Previdenciário em relação à fórmula para o cálculo do Saldo
Financeiro do Exercício. No entanto, considerando que o Plano Previdenciário é
superavitário financeiramente, existe saldo financeiro a ser considerado no
cálculo do ano seguinte, ao contrário do Plano Financeiro.
Outro ponto abordado na Nota Técnica, diz respeito à compatibilidade dos
dados do RREO com os dados enviados à Secretaria de Previdência. Consta na
Nota uma explanação sobre a diferença dos documentos: Relatório de Avaliação
Atuarial (documento em pdf, elaborado pelo atuário, que compila os dados a
partir de planilhas analíticas) e o Demonstrativo de Resultados de Avaliação
Atuarial (DRAA), o qual é um relatório padrão, gerado pelo sistema Cadprev a
partir de planilhas analíticas enviadas pelo atuário à Secretaria de Previdência.
Mesmo que haja diferença entre os referidos documentos, em relação ao
formato e à forma de envio dos dados à Secretaria de Previdência, as
informações devem ser coerentes, sem divergências entre eles. E o Anexo 10 do
RREO deve ser elaborado considerando os dados oficialmente enviados ao
Ministério da Previdência , conforme disposto no MDF. Sendo assim, os dados
dos documentos atuariais e do RREO devem ser os mesmos.
Ainda, consta na Nota que o valor da coluna Saldo Financeiro do Exercício é o
mesmo apresentado no DRAA com a nomenclatura Valor Atual da Cobertura da
Insuficiência Financeira. Neste ponto, entende-se que as informações não são
equivalentes, uma vez que a informação do RREO deve demonstrar ano a ano o
saldo de cada exercício financeiro, enquanto o Valor Atual da Cobertura da
Insuficiência Financeira demonstra o valor total, considerando o período de 75
anos.
Por fim, não prospera a afirmativa de que “Caso os resultados previdenciários
de cada exercícios não fossem acumulados na coluna Saldo Financeiro do
Exercício do Anexo 10, o Estado estaria por suprimir relevante informação
relativa ao esforço projetado para o Tesouro do Estado na cobertura dos déficits
financeiros.” uma vez que esta informação pode ser detalhada nas respectivas
notas explicativas.

Assim, verifica-se mais uma vez a inadequação técnica da formulação do


RREO no que se refere à quantificação e acúmulo de saldos de insuficiência financeira,
pois está em desacordo com a Avaliação Atuarial.

413
8.6.3 – Análise das Projeções da Avaliação Atuarial 2020 Relativas à Transição do Regi-
me de Repartição Simples para o de Capitalização
O sistema previdenciário estadual está passando por uma fase de transição
de um regime totalmente em Repartição Simples (Planos Financeiros Civil e Militar), para
um regime de capitalização coletiva (Planos previdenciários FUNDOPREV Civil e Militar),
que foi instituído em 2011 a partir da segregação da massa de segurados, conforme Leis
Estaduais nº 13.757 e 13.758 de 15 de julho de 2011.
Na referida segregação de massa, os servidores ativos que ingressaram no
Estado até 17-07-2011 e os beneficiários de aposentadorias e pensões concedidas até
aquela data foram alocados no Plano Financeiro, já devidamente explicado ao longo deste
capítulo.
Por outro lado, os segurados que ingressaram no Estado a partir de 18-07-
2011, foram alocados no Plano Previdenciário capitalizado, FUNDOPREV, que também já
teve sua lógica de funcionamento explicada no item 8.2 deste capítulo.
No ano de 2020 foram promovidas modificações o âmbito dos planos
financeiro e previdenciário por meio da Lei Complementar nº 15.511/20 em relação aos
servidores civis. Cerca de 17 mil vínculos foram transpostos do FUNDOPREV para o
Regime de Repartição Simples. Como explicado no item 8.5 essa mudança traz fôlego em
termos de fluxo de caixa no curto prazo, pois as contribuições descontadas desses 17 mil
servidores passam a auxiliar no adimplemento das aposentadorias e pensões do plano
financeiro, entretanto posterga em ao menos cinco anos a extinção do regime de
repartição simples.
A nova data de corte do fundo previdenciário passou a ser a mesma do
regime de previdência complementar, notadamente agosto de 2016. Aqueles servidores
que ingressaram no Estado entre julho de 2011 e agosto de 2016 passaram a compor o
fundo financeiro desde a promulgação da LC nº 15.511/20.
Em síntese, as principais diferenças entre o Plano Financeiro e o
Previdenciário são:

Leis Estaduais nº 13.757/2011 (Militar) 13.758/2011 (Servidores Civis), e alterações promovidas pela
Lei Complementar nº 15.511/2020 (Reestruturação do FUNDOPREV Civil)

Plano Financeiro Plano Previdenciário

Servidores que ingressaram no Estado até 17/07/2011. Servidores que ingressaram no Estado a partir de
(Plano fechado e em extinção) 18/07/2011.

Servidores que ingressaram no Estado até Servidores que ingressaram no Estado a partir de
18/08/2016.(Plano fechado e em extinção) 18/08/2016.

Repartição Simples Capitalização Coletiva


Não há constituição de reservas. Itens grifados:
Situação anterior
Há constituição de reservas.
à Lei nº 15.511/20
Alíquota de Contribuição: Alíquota de Contribuição:
Servidores – 14% Servidores – 14%
Patronal – 28% Patronal – 14%

414
Leis Estaduais nº 13.757/2011 (Militar) 13.758/2011 (Servidores Civis), e alterações promovidas pela
Lei Complementar nº 15.511/2020 (Reestruturação do FUNDOPREV Civil)

Plano Financeiro Plano Previdenciário

Alíquota de Contribuição escalonada (L. 15.429/19): Alíquota de Contribuição escalonada (L. 15.429/19):
Servidores Ativos – de 7,5% a 22% Servidores Ativos – de 7,5% a 22%
Inativos e Pensionistas – 0%(até 1 salário-mínimo), de 9% a Inativos e Pensionistas – 0%(até 1 salário-mínimo), de
22% (acima de 1 salário-mínimo) 9% a 22% (acima de 1 salário-mínimo)
Patronal – dobro do desconto do Servidor Patronal – igual ao desconto do Servidor

Insuficiência financeira deve ser garantida pelo Tesouro Estadual.

Nos primeiros anos de existência do Plano Previdenciário haverá um


número crescente de servidores ativos em fase contributiva e poucos benefícios
concedidos, o que permite uma contínua acumulação de recursos para fazer frente ao
pagamento dos benefícios. De forma oposta, o Plano Financeiro apresentará um número
decrescente de servidores ativos e um número crescente de benefícios sendo pagos. Essa
situação pode ser observada no quadro abaixo, que apresenta o quantitativo de
segurados do RPPS Estadual conforme o tipo de plano.

QUANTITATIVO DE SERVIDORES ATIVOS, APOSENTADOS E PENSIONISTAS


SEGUNDO TIPO DE PLANO (FINANCEIRO OU PREVIDENCIÁRIO)
Plano Financeiro (Civil e Militar) Plano Previdenciário (Civil e Militar)
Avaliação Atuarial P. Financeiro - P.Previdenciário -
(data base) P.Financeiro - Relação de Ina- P.Previdenciário -
(Aposent. + (Aposent. + Pen-
Ativos tivos/Ativos Ativos
Pensionistas) sionistas)
2012 129.727 174.062 1,3 342
(dados dez/2011)
2013 122.006 182.237 1,5 6.680
(dados dez/2012)
2014 116.332 191.077 1,6 9.354
(dados dez/2013)
2015 114.477 198.442 1,7 18.565 7
(dados dez/2014)
2016 99.556 182.492 1,8 21.990 12
(dados dez/2015)
2017 91.369 187.217 2,0 23.409 21
(dados dez/2016)
2018 83.901 211.194 2,5 25.358 48
(dados dez/2017)
2019 76.552 213.345 2,8 28.949 66
(dados dez/2018)
2020 71.043 216.408 3,0 29.227 117
(dados dez/2019)
Fonte: Elaboração TCE. Dados obtidos nas Avaliações Atuariais e Demonstrativos de Resultados da Avaliação Atuarial, 2012 a 2020.

Observa-se que no Plano Financeiro o número de aposentados e


pensionistas é superior ao de servidores ativos desde 2012, ano do início desta análise, e,
de acordo com a Avaliação Atuarial 2020, a relação atual é de 3,0 inativos para cada

415
servidor ativo. Em oito anos, o nº de ativos contribuintes do Plano Financeiro, caiu de
129.727 para 71.043, ou seja, sofreu redução de 58.684 servidores, equivalente a 45,2%
de queda. Por sua vez, o número de benefícios aumentou de 174.062 para 216.408, ou
seja, sofreu um acréscimo de 42.346, equivalente a 24,3%.
Vale destacar que os números da avaliação atuarial de 2020 referem-se à
competência de 2019, quando a Lei Complementar nº 15.511/20 ainda não vigorava.
Dessa forma, os quantitativos de servidores ativos sofreram alteração no ano de 2020,
situação que será mais bem identificada na avaliação atuarial de 2021. Essas mudanças
aliviam no curto prazo a relação inativos/ativos no plano financeiro.
Ressalta-se, adicionalmente, que a maior parte dos ativos que deixaram de
contribuir ao Plano e que passaram a usufruir ou gerar benefícios constitui-se de
servidores cuja remuneração é inferior ao teto do Regime Geral de Previdência, de modo
que na nova condição (inativo ou pensionista) ocorria a isenção de contribuições
previdenciárias ao sistema até as mudanças promovidas pela Lei Complementar nº
15.428/19. A referida faixa de proventos não oferecida para fins de contribuição
previdenciária reduziu-se para o valor equivalente ao salário mínimo, o que repercutiu em
elevação da arrecadação da referida receita junto aos inativos e pensionistas. A
apresentação desses números foi realizada no item 8.5.5 deste capítulo.
Como houve uma expressiva quantidade de inativações nos últimos anos,
em grande parte motivada pela possibilidade iminente de aprovação de reformas
previdenciárias, essa circunstância explica boa parte do significativo crescimento da
insuficiência financeira constatada nos últimos anos no Plano Financeiro.
Quanto ao Plano Previdenciário, ainda há poucos benefícios concedidos,
isso significa que as contribuições previdenciárias são destinadas quase que
integralmente para compor os Fundos Previdenciários FUNDOPREV Civil e Militar,
favorecendo assim a capitalização dos recursos.
Em síntese, na fase de transição entre os dois planos, na medida em que
cessa o aporte de recursos das contribuições dos servidores que ingressaram a partir de
2016 ao Plano Financeiro ocorre, naturalmente, um aumento da insuficiência financeira
para custear os benefícios do Plano Financeiro (o que caracteriza o custo de transição de
regime) e, ao mesmo tempo, passam a serem constituídas, gradativamente, as reservas
matemáticas do Plano Previdenciário– FUNDOPREV Civil e Militar, a fim de assegurar no
futuro o pagamento dos benefícios previdenciários dos novos servidores, vinculados a
esse regime capitalizado.
Como essa transição transcorrerá durante um longo período de anos, faz-
se necessária uma projeção do fluxo financeiro para que se possa avaliar o
comportamento de suas receitas e despesas bem como seus resultados ao longo do
tempo.

8.6.3.1 – Análise do Fluxo Atuarial do Plano Financeiro Civil


O gráfico abaixo, relativo ao Plano Financeiro Civil, foi elaborado com os
dados dos Fluxos Atuariais de Receitas e Despesas da Avaliação Atuarial do RPPS
referente ao exercício de 2020.

416
PROJEÇÃO DAS RECEITAS, DESPESAS E RESULTADO - PLANO FINANCEIRO CIVIL - 2020-2094

14.000.000.000,00
12.000.000.000,00
10.000.000.000,00
8.000.000.000,00
6.000.000.000,00
4.000.000.000,00
2.000.000.000,00
-
2020
2023
2026
2029
2032
2035
2038
2041
2044
2047
2050
2053
2056
2059
2062
2065
2068
2071
2074
2077
2080
2083
2086
2089
2092
(2.000.000.000,00)
(4.000.000.000,00)
(6.000.000.000,00)
(8.000.000.000,00)
Receita Despesa Resultado

Fonte: Dados obtidos nos Fluxos Atuariais 2020.


Cálculo: Equipe SAIPAG/SAICE

Observa-se, no gráfico, que os valores relativos à insuficiência financeira ou


resultado negativo entre Despesas e Receitas do Plano Financeiro já se encontram em
seus patamares mais elevados, apresentando uma tendência de redução do resultado
financeiro negativo. Nos primeiros 10 anos projetados, o valor médio da insuficiência
financeira é equivalente a R$ 3,78 bilhões e esta já teria atingido o seu pico máximo em
2020 (R$ 5,46 bilhões). A partir de então, a insuficiência financeira em valores nominais,
deixará de oscilar positivamente e entrará em processo de redução permanente até que o
Plano Financeiro Civil seja completamente extinto, provavelmente no final da década de
2090, quando cessarem os pagamentos de benefícios previdenciários deste Plano.
Verifica-se, portanto, com base nos dados da Avaliação Atuarial do RPPS do
Estado/RS 2020, que o Plano Financeiro relativo aos servidores civis se encontra numa
situação de reversão do desequilíbrio, que passa a ser equacionado naturalmente com a
extinção dos respectivos benefícios.
Cumpre destacar que a avaliação atuarial realizada no ano de 2020, que
deu origem aos valores que compõem o gráfico, por utilizar como base informações até
2019, não levou em consideração as migrações de aproximadamente 17 mil vínculos do
fundo previdenciário para o financeiro ocorrida no segundo semestre de 2020 em virtude
da LC nº 15.511/20. Por se tratar de servidores ativos de uma forma geral, haverá
incremento nas receitas e consequentemente diminuição da insuficiência financeira
(resultado), dados que devem vir a ser observados na avaliação atuarial de 2021 que
tomará como base para os cálculos o exercício de 2020.

8.6.3.2 – Análise do Fluxo Atuarial do Plano Financeiro Militar


De forma semelhante, foi elaborado o gráfico expondo a projeção do fluxo
atuarial de receitas e despesas em relação ao Plano Financeiro Militar.

417
PROJEÇÃO DAS RECEITAS, DESPESAS E RESULTADO - PLANO FINANCEIRO MILITAR - 2020-2094

6.000.000.000,00

5.000.000.000,00

4.000.000.000,00

3.000.000.000,00

2.000.000.000,00

1.000.000.000,00

-
2020
2023
2026
2029
2032
2035
2038
2041
2044
2047
2050
2053
2056
2059
2062
2065
2068
2071
2074
2077
2080
2083
2086
2089
2092
(1.000.000.000,00)

(2.000.000.000,00)

(3.000.000.000,00)

(4.000.000.000,00)
Receita Despesa Resultado

Fonte: Dados obtidos nos Fluxos Atuariais 2020.


Cálculo: Equipe SAIPAG/SAICE

No Plano Financeiro dos servidores militares, como se pode verificar no


gráfico acima, a situação de insuficiência entre receitas e despesas, tal como se observou
em relação aos civis, atingiu seu maior pico (R$ 3,39 bilhões) no ano de 2020, a partir
disso, entrará em processo de declínio até a sua completa extinção, que deverá ocorrer
provavelmente entre 2095-2100.
No ano de 2021, anteriormente ao fechamento deste relatório técnico,
foram promovidas alterações na previdência dos militares no que tange às alíquotas de
contribuição previdenciária, adotando-se os mesmos parâmetros dos servidores civis. A
tendência é de incremento da receita de contribuições advinda dos militares com reflexos
imediatos no resultado do fundo financeiro militar. Todavia, por terem sido
implementadas no ano de 2021, tais mudanças serão identificadas somente na avaliação
atuarial de 2022, quando os cálculos tomarão o exercício de 2021 como referência.

8.6.3.3 – Análise do Fluxo Atuarial do Plano Previdenciário Civil


O gráfico abaixo, relativo ao Plano Previdenciário Civil, foi elaborado com
os dados dos Fluxos Atuariais de Receitas e Despesas da Avaliação Atuarial do RPPS
referente ao exercício de 2020.

418
PROJEÇÃO DAS RECEITAS, DESPESAS E RESULTADO - PLANO PREVIDENCIÁRIO CIVIL - 2020-2094

500.000.000,00

400.000.000,00

300.000.000,00

200.000.000,00

100.000.000,00

-
2020
2023
2026
2029
2032
2035
2038
2041
2044
2047
2050
2053
2056
2059
2062
2065
2068
2071
2074
2077
2080
2083
2086
2089
2092
(100.000.000,00)

(200.000.000,00)
Receita Despesa Resultado

Fonte: Dados obtidos nos Fluxos Atuariais 2020.


Cálculo: Equipe SAIPAG/SAICE

Por tratar-se de um plano novo, observa-se no gráfico que os valores das


despesas são baixos nos anos iniciais e vão aumentando ao longo do tempo. Observa-se
também que, pelo fato de ter uma grande maioria de servidores ativos, o resultado
positivo vai acumulando ao passar dos anos.
No ano de 2020, a LC 15.511/20 migrou aproximadamente 17 mil vínculos
do FUNDOPREV Civil para o Fundo Financeiro Civil, entretanto os efeitos decorrentes
dessa mudança ainda não foram projetados, pois a avaliação atuarial que serviu de base
para o gráfico alhures utilizou-se das informações de 2019, ainda sem as migrações de
vínculos para o fundo financeiro.
Embora o resultado positivo acumulado, em 2044 as despesas ultrapassam
as receitas, seguindo uma tendência de resultados negativos nos anos seguintes. O
reflexo é da queda do resultado acumulado, que tem uma estagnação e começa a cair. Ou
seja, o plano civil previdenciário, é deficitário atuarialmente na sua projeção de longo
prazo.
No final de 2019 foi aprovada a Lei Complementar nº 15.429/2019 que
adequou as regras de previdência dos servidores civis gaúchos à Emenda Constitucional
103/2019, promulgada em novembro do mesmo ano. Estabeleceu-se, entre outras
mudanças, novas alíquotas da contribuição previdenciária e mudanças na referida base
de cálculo para inativos e pensionistas, que antes não pagavam sobre valores acima do
teto do RGPS e passaram a contribuir, quando os proventos fossem acima do salário-
mínimo. As alterações da alíquota de 14% para um escalonamento progressivo das
contribuições fizeram com que os ativos que recebiam até o teto do RGPS recolhessem
valores abaixo de 14%, e os demais acima disto. Os inativos e pensionistas, em geral,
aumentaram o desconto de contribuições em função da troca da base de incidência.
Nessa esteira, a migração de servidores para o fundo financeiro, que
acarretou na permanência no FUNDOPREV Civil de servidores com ingresso após a

419
vigência do RPC, ou seja, com salários de contribuição até o teto do RGPS e
consequentemente recolhendo uma menor contribuição previdenciária (as faixas salariais
abaixo do teto do INSS recolhem percentuais abaixo dos 14% até então vigentes) pode vir
a impactar nesses números reduzindo receita e resultado. Apesar das novas idades
mínimas para fruição de benefícios previdenciários em função da EC nº 103/19 e LC/RS nº
15.429/19, é possível que permaneça o déficit atuarial no longo prazo.

8.6.3.4 – Análise do Fluxo Atuarial do Plano Previdenciário Militar


O gráfico abaixo, relativo ao Plano Previdenciário Militar, foi elaborado
com os dados dos Fluxos Atuariais de Receitas e Despesas da Avaliação Atuarial do RPPS
de 2020.

PROJEÇÃO DAS RECEITAS, DESPESAS E RESULTADO - PLANO PREVIDENCIÁRIO MILITAR - 2020-2094

150.000.000,00

100.000.000,00

50.000.000,00

-
2020
2023
2026
2029
2032
2035
2038
2041
2044
2047
2050
2053
2056
2059
2062
2065
2068
2071
2074
2077
2080
2083
2086
2089
2092
(50.000.000,00)

(100.000.000,00)

(150.000.000,00)
Receita Despesa Resultado

Fonte: Dados obtidos nos Fluxos Atuariais 2020.


Cálculo: Equipe SAIPAG/SAICE

As explicações do item anterior (Plano Previdenciário Civil) cabem também


para o Plano Previdenciário Militar. Apenas destaca-se que o resultado acumulado terá
uma queda mais rápido quando comparado ao Plano Civil.
Todavia, há que se verificar os efeitos da entrada em vigor das novas
alíquotas de contribuição previdenciária em termos de receita e resultado. A legislação
entrou em vigor no ano de 2021 e deve impactar nesses valores. A avaliação atuarial de
2022 deverá analisar as consequências dessa nova regra pela primeira vez.

8.7 – IPE Saúde


Conforme relatado no item 8.3 deste relatório, em 05 de abril de 2018,
foram aprovados cinco projetos de lei, que alteraram a estrutura do IPERGS:
- Lei nº 15.142: dispõe sobre o Regime Próprio de Previdência Social do
Estado do Rio Grande do Sul – RPPS/RS;

420
- Lei nº 15.143: dispõe sobre a reestruturação do Instituto de Previdência
do Estado do Rio Grande do Sul – IPE Prev -, unidade gestora do RPPS/RS;
- Lei nº 15.144: dispõe sobre a criação do Instituto de Assistência à Saúde
dos Servidores Públicos do Rio Grande do Sul – IPE Saúde;
- Lei nº 15.145: dispõe sobre o Sistema de Assistência à Saúde dos
Servidores Públicos do Rio Grande do Sul – Sistema IPE Saúde -, altera a Lei
Complementar nº 12.066, de 29 de março de 2004, que dispõe sobre o Fundo de
Assistência à Saúde – FAS/RS;
- Lei nº 15.146: reorganiza o quadro de pessoal do Instituto de Previdência
do Estado do Rio Grande do Sul, instituído pela Lei nº 9.670, de 29 de maio de 1992.
Assim, a Lei 15.144/2015 criou o IPE Saúde, órgão que tem como objetivo
cuidar das assistências dos segurados. Importante descrever um breve histórico acerca do
tema.
O Fundo de Assistência à Saúde - FAS foi criado pela Lei Complementar nº
12.066, de 29 de março de 2004, destinado, nos termos do seu artigo 1º, a atender
“exclusivamente o custeio do Sistema de Assistência à Saúde”. O artigo 2º definiu os
recursos do Fundo, compostos, entre outros, pela contribuição mensal patronal e dos
servidores dos Poderes e Órgãos do Estado, ambos na ordem de 3,1% do salário de
remuneração. Já o artigo 4º, a respeito da transferência dessa receita para o IPERGS,
determina o repasse dos saldos arrecadados dos servidores no mesmo dia e mês do
pagamento, de forma automática, enquanto a contribuição devida pelo Estado deverá
ocorrer até o dia 15 do mês seguinte ao de sua competência.
Posteriormente, a Lei Complementar nº 12.134, de 26 de julho de 2004,
disciplinou o Sistema de Assistência à Saúde dos Servidores Públicos do Estado, seus
dependentes e pensionistas, denominando-o de IPE-SAÚDE. A exemplo da Lei anterior,
também aprovou dispositivos para resguardar os recursos do Fundo, entre os quais se
destacam a responsabilização dos gestores por eventuais aplicações fora dos serviços de
saúde e definição de mecanismos exclusivos de controle: escrituração, conta bancária,
etc. Ficou, inclusive, vedada a utilização dos recursos no Caixa Único (SIAC).
Em 2009, o IPERGS teve a sua estrutura orçamentária alterada, passando a
constituir-se de três órgãos, como já mencionado no item 8.3 deste Relatório, sendo que
o Órgão 41 – FAS/RS passou a registrar as operações de assistência à saúde.
A legislação foi aqui resumida no sentido de demonstrar a preocupação do
legislador em evitar o mau uso dos recursos, principalmente, pelo fato de eles terem
finalidade específica e não estarem sujeitos à utilização em outras áreas de atuação
pública seja no próprio IPERGS ou fora dele.

8.7.1 – Controle Financeiro das Operações de Assistência à Saúde


No sentido de verificar o cumprimento das determinações legais, foram
avaliadas as receitas e as despesas do IPE Saúde.

421
EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA IPE SAUDE - 2016/2020
EM R$ MILHÕES (NOMINAIS)
%
DISCRIMINAÇÃO 2016 2017 2018 2019 2020
2020/2019
1. CONTRIBUIÇÕES FUNDOS DE ASSIST.
1.912,7 2.079,3 2.202,4 2.331,1 2.622,1 12,48%
MÉDICA
1.1. Servidores Militares 120,7 145,8 172,2 193,8 212,0 9,37%
1.2. Servidores Civis 461,9 470,0 481,1 488,0 532,8 9,16%
1.3. Prefeituras e Convênios 358,3 388,6 409,7 429,0 470,1 9,58%
1.4. PAMES e PAC 392,9 425,1 458,6 476,6 539,2 13,14%
1.5. Outras Contribuições 69,5 77,2 95,0 115,3 114,8 -0,41%
1.6. Patronal Servidores Civil 509,3 572,6 585,9 628,4 753,2 19,86%
2. RECEITA PATRIMONIAL 36,1 12,0 7,4 7,3 4,1 -43,36%
2.1. Exploração de Patrimônio Imobiliário 3,0 2,8 3,6 1,1 0,4 -60,79%
2.2. Valores Mobiliários 19,1 9,2 3,9 6,2 3,7 -40,35%
2.3. Cessão de Direitos 14,0 - - - -
3. RECEITA DE SERVIÇOS 3,5 3,6 0,0 0,0 0,0 -84,59%
4. OUTRAS RECEITAS CORRENTES 4,9 12,3 6,3 7,2 10,6 47,19%
5. TOTAL DE RECEITAS IPE SAÚDE 1.957,1 2.107,3 2.216,2 2.345,6 2.636,8 12,41%
6. DESPESA CORRENTE 1.937,3 2.076,5 2.153,6 2.290,8 2.522,1 10,10%
6.1. Pessoal e Encargos Sociais 24,4 22,3 32,3 15,5 11,9 -23,36%
6.2. Outras Despesas Correntes 1.912,9 2.054,2 2.121,3 2.275,3 2.510,2 10,33%
7. DESPESAS DE CAPITAL 33,1 31,9 27,9 22,7 38,0 67,08%
7.1. Investimentos 0,0 0,1 0,0 0,4 0,4 -4,50%
7.2. Amortização da Dívida 33,0 31,9 27,9 22,3 37,6 68,49%
8. TOTAL DE DESPESAS IPE SAÚDE 1.970,4 2.108,5 2.181,5 2.313,5 2.560,1 10,66%
9. RESULTADO ORÇAMENTÁRIO (5 - 8) (13,2) (1,2) 34,7 32,1 76,7 139,02%
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.

As receitas do IPE-Saúde totalizaram R$ 2,63 bilhões em 2020, compostas


pelas contribuições patronais (R$ 753,2 milhões); dos servidores civis e militares
(R$ 744,8 milhões); do PAMES, PAC, de Prefeituras e de Convênios (R$ 1.009,3 milhões) e
demais receitas (R$ 129,5 milhões).
Quanto ao total das despesas empenhadas, de R$ 2,56 bilhões, 90,6%
corresponderam aos gastos nas rubricas 3939 - MEDICINA (R$ 2,14 bilhão), referentes a
serviços de radiologia, laboratoriais e hospitalares, dentre outros e 3610 - SERVIÇOS
MÉDICOS (R$ 174,06 milhões), relativos a serviços prestados por pessoa física
credenciada junto ao IPERGS.
A receita da contribuição patronal, apurada no IPE Saúde em 31-12-2020,
conforme citado anteriormente, foi de R$ 753,2 milhões. Esse ingresso originou-se dos
valores empenhados nos Órgãos da Administração Direta, Autarquias e Fundações, nas
rubricas de despesa 1301 e 1318 - Contribuição ao IPERGS para Assistência Médica, as
quais totalizaram R$ 706,6 milhões. Esses valores não são iguais, devido ao descompasso
entre os registros da execução da despesa com os da receita realizada, pois esses
obedecem a regimes diversos. Em virtude do regime de caixa para a receita (art. 35 da Lei
nº 4.320/64), deve-se conciliar o efetivo pagamento da despesa (e não o seu empenho ou
liquidação) pelo órgão repassador com o registro da receita correspondente no órgão
recebedor. Com isso, o montante efetivamente pago em 2020 (de empenhos do exercício
e de exercícios anteriores) foi de R$ 760,5 milhões (a diferença a menor em
R$ 7,3 milhões registrada na receita do IPERGS-SAÚDE carece de verificação de
conciliação bancária e dos procedimentos de registro das receitas pela Autarquia).

422
O total empenhado em 2020 (R$ 706,6 milhões) deveria ser integralmente
pago até o dia 15 de janeiro de 2021 (art. 4º da Lei nº 12.066/2004). Todavia, em
31-01-2021, a quantia de R$ 108,2 milhões (15,31%) ainda não havia sido repassada para
o Fundo de Assistência à Saúde.

CONTRIBUIÇÃO PATRONAL PARA ASSISTÊNCIA MÉDICA DOS SERVIDORES - RUBRICAS 1301 E 1318
Em R$ milhões (nominais)
SALDO ACUMULADO EM RESTOS A PAGAR
EMPENHADO POSIÇÃO DO SALDO POSIÇÃO DO SALDO
COMPETÊNCIA
ATÉ ORÇAMENTO DE ATÉ ORÇAMENTO DE VARIAÇÃO %
DO EMPENHO
2020 2020 (*) JAN-21/JAN-20
ATÉ 31 DEZ 31/01/2020 31/01/2021
2015 541,0 36,6 0,1 -99,76%
2016 519,0 3,5 1,0 -71,83%
2017 561,8 1,4 1,1 -21,99%
2018 565,5 10,6 0,2 -98,04%
2019 697,5 147,2 0,3 -99,79%
2020 706,6 46,8 108,2 130,69%
TOTAL 3.591,6 246,2 110,8 -54,98%
Fonte: Cubos DW da SEFAZ/CAGE .
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.

Somando-se as pendências de exercícios anteriores (desde 2015), o saldo


acumulado em restos a pagar, até o orçamento de 2020, alcançou R$ 110,8 milhões (na
posição de 31-01-2021). A Administração Direta do Poder Executivo com
R$ 109,3 milhões (98,63%) foi a maior responsável pela falta de pagamento dos valores
empenhados com a contribuição patronal ao IPE-Saúde.
Ressalta-se a permanência de tal condição nos Pareceres Prévios desde
2011, quanto ao fato de a contribuição patronal empenhada ao FAS ter sido inferior à
receita de contribuição dos servidores, pois ambas são paritárias, na ordem de 3,1% do
salário de remuneração. A receita de contribuição dos servidores, de R$ 744,8 milhões
(correspondente aos valores retidos da folha de pagamento), contrasta com os empenhos
da contribuição patronal, no Elemento 13, no total de R$ 692,0 milhões (excetuados,
nessa comparação, os empenhos no Elemento 92 – DEA, explicado mais adiante), com
uma diferença a menor de R$ 52,8 milhões. A tabela a seguir evidencia os valores não
empenhados (Coluna G):

CONTRIBUIÇÃO PATRONAL E DOS SERVIDORESPARA ASSISTÊNCIA MÉDICA


DESPESAS NOS PODERES/ÓRGÃOS
Rubrica 1301 e 1318 – Contrib. Assist. Médica RECEITAS NO IPE-SAÚDE
Diferença entre Rec.
Servidores
Contrib. Servidor
Empenhado
Empenhado Empenhado e o empenhado
PERÍODO Elemento Elemento Total Pago Elemento Receita Receita
no elemento 13
92 Contribuição Contribuição
13 13 + 92 13 (faltou empenhar)
Desp. Ex. Patronal Servidores
Obrig. Patr. Obrig. Patr.
Ant
(A) (B)* ( C ) = (A+B) (D)** (E) ( F)*** (G)=(F-A)
2015 534,5 6,5 541,0 366,2 359,8 543,1 8,6
2016 516,0 3,0 519,0 515,9 509,3 582,6 66,7
2017 547,5 14,4 561,8 575,3 572,6 615,8 68,3

423
CONTRIBUIÇÃO PATRONAL E DOS SERVIDORESPARA ASSISTÊNCIA MÉDICA
DESPESAS NOS PODERES/ÓRGÃOS
Rubrica 1301 e 1318 – Contrib. Assist. Médica RECEITAS NO IPE-SAÚDE
Diferença entre Rec.
Servidores
Contrib. Servidor
Empenhado
Empenhado Empenhado e o empenhado
PERÍODO Elemento Elemento Total Pago Elemento Receita Receita
no elemento 13
92 Contribuição Contribuição
13 13 + 92 13 (faltou empenhar)
Desp. Ex. Patronal Servidores
Obrig. Patr. Obrig. Patr.
Ant
(A) (B)* ( C ) = (A+B) (D)** (E) ( F)*** (G)=(F-A)
2018 564,1 1,5 565,5 577,6 585,9 653,2 89,2
2019 661,8 35,7 697,5 625,6 628,4 681,9 20,1
2020 692,0 14,7 706,7 760,6 753,3 744,8 52,8
Fonte: Cubos DW da SEFAZ/CAGE .
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Elemento 92 – DEA - Despesas de Exercícios Anteriores: são as despesas de exercícios encerrados, que não foram processados na época própria e
reconhecidas após o encerramento do exercício correspondente.
(**) Valores pagos de empenhos do exercício e de exercícios anteriores.
(***) Nas receitas de contribuições dos servidores (coluna F), foram excluídas aquelas referentes a Precatórios e a Contribuições Avulsas (código
121099490019), pois não possuem contrapartida da respectiva contribuição patronal (Coluna A). Portanto, não devem fazer parte do comparativo
demonstrado na Coluna G . Quanto à contribuição referente à precatórios, há dificuldade em identificar o orgão de origem do servidor em que
deveria ser empenhada a parte patronal; nas contribuições avulsas, são relativas a optantes (pessoas que deixaram de ser servidores mas
mantiveram a contribuição ao IPE-Saúde), licenciados, juízes de paz e outros, em que não há obrigação de o Estado contribuir com sua parte.

Os valores empenhados em 2020 no Elemento 92 – DEA – Despesas de


Exercícios Anteriores, de R$ 14,7 milhões, correspondem à contribuição patronal de
exercícios encerrados, não processados na época própria e reconhecidos posteriormente.
Portanto, não cabe a sua comparação com os recolhimentos da contribuição dos
servidores nas folhas de pagamentos mensais de 2020. Logo, são esses empenhos no
elemento 92 - DEA que justamente corroboram a existência de discrepância entre as
contribuições patronais e as contribuições dos servidores.
A falta de regularidade dos repasses da contribuição patronal ao IPE-Saúde,
prejudicial ao gerenciamento dos recursos do fundo pela Autarquia, foi constatada não
somente pelo atraso anual com a falta de empenhamento da despesa (demonstrada na
tabela anterior), como também pela execução mensal daqueles valores empenhados
orçamentariamente.
A próxima tabela identifica a ocorrência de frequentes atrasos, quando se
observam os valores pagos na coluna (B) em relação ao empenhado na coluna (A), nos
últimos dois anos.

CONTRIBUIÇÃO PATRONAL PARA ASSISTÊNCIA MÉDICAPODERES/ÓRGÃOS – ELEMENTO 13


Em R$ milhões
PERÍODO EMPENHADO (A) PAGO EXERCÍCIO ATUAL (B)
2019 661,8 457,8
Janeiro 7,8 1,6
Fevereiro 91,8 7,6
Março 51,2 7,7
Abril 9,5 8,1
Maio 76,6 51,8
Junho 25,4 51,4
Julho 71,2 50,7
Agosto 34,8 50,5
Setembro 50,2 51,1
Outubro 52,4 52,6

424
CONTRIBUIÇÃO PATRONAL PARA ASSISTÊNCIA MÉDICAPODERES/ÓRGÃOS – ELEMENTO 13
Em R$ milhões
PERÍODO EMPENHADO (A) PAGO EXERCÍCIO ATUAL (B)
Novembro 57,9 57,3
Dezembro 133,0 67,5
2020 692,0 540,2
Janeiro 56,1 1,4
Fevereiro 59,7 8,7
Março 64,4 9,5
Abril 59,4 59,0
Maio 47,4 8,9
Junho 61,7 58,6
Julho 58,0 108,5
Agosto 55,3 57,4
Setembro 35,7 56,5
Outubro 80,9 9,1
Novembro 56,7 104,9
Dezembro 56,6 57,7
Fonte: Cubos DW da SEFAZ/CAGE .
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.

Outras evidências indicam a utilização de recursos em atividades alheias ao


Fundo de Assistência à Saúde. É o caso da análise dos saldos bancários contabilizados no
balancete do IPE - SAÚDE (Tesouraria 12), cujo montante acumulado anualmente não
correspondeu ao resultado da execução orçamentária da Autarquia, desde a sua
constituição em julho de 2004.

ÓRGÃO 41 – FAS/RS
EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA X SALDOS RECURSOS FINANCEIROS - JULHO DE 2004 A DEZEMBRO DE 2020
Em R$ milhões (nominais)

BALANCETE – SALDOS FINANCEIROS EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA


Total ∆ Despesa
EXERCÍCIO Receita Resultado
Contas Bancárias Anual Orçamentária
Orçamentária Orçamentário
Ativo Circulante (Valor) Empenhada
(A) (B) (C) (D) (E) = C – D
Jul. a Dez/2004 21,5 21,5 341,2 249,7 91,4
2005 25,7 4,1 634,5 593,1 41,4
2006 47,0 21,4 663,8 593,4 70,4
2007 70,9 23,8 766,3 724,0 42,3
2008 217,9 147,0 886,2 747,3 138,9
2009 359,9 142,1 921,0 793,2 127,8
2010 326,0 (34,00) 1.096,3 949,9 146,4
2011 237,2 (88,8) 1.098,8 1.182,8 (84,0)
2012 198,5 (38,7) 1.261,6 1.296,0 (34,4)
2013 244,8 46,3 1.585,3 1.539,3 46,0
2014 280,4 35,6 1.659,3 1.617,1 42,2
2015 175,2 (105,2) 1.672,3 1.779,6 (107,3)
2016 133,9 (41,3) 1.957,2 1.970,4 (13,2)
2017 140,1 6,2 2.107,3 2.108,5 (1,2)
2018 145,2 5,1 2.216,2 2.181,5 34,7
2019 191,2 46,0 2.345,6 2.313,5 32,1
2020 306,5 115,3 2.636,8 2.560,1 76,7
TOTAL 306,4 650,2
Fonte: Sistema FPE, Cubos DW da SEFAZ/CAGE .
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.

425
Enquanto o total acumulado da execução orçamentária foi de R$ 650,2
milhões, houve acréscimo de R$ 306,4 milhões no saldo bancário do FAS. Ou seja, a
diferença de R$ 343,8 milhões foi utilizada em outras finalidades. Tomando-se apenas o
exercício de 2020, houve uma diferença a maior de R$ 38,6 milhões nos saldos bancários
em relação ao resultado orçamentário, o que significa uma devolução ao FAS deste valor.
Na próxima tabela, são demonstrados os principais Créditos a Receber do
IPE Saúde, registrados no Balanço Patrimonial, tais como a Dívida Ativa Não Tributária e
as contribuições mensais ao Fundo (dos servidores e patronal).

ÓRGÃO 41 – FAS/RS
PRINCIPAIS CRÉDITOS A RECEBER DO IPERGS – SALDOS ACUMULADOS NO BALANÇO PATRIMONIAL
2017/2020
Em R$ milhões (nominais)
∆ (%) ∆ (%)
Créditos a Receber 2017 2018 2019 2020
2019/2018 2020/2019
Devedores por Contribuições – Parte
465,3 603,1 970,3 1.140,7 60,88 17,57%
Patronal
Devedores por Consignações – Parte
101,0 116,9 175,7 115,3 50,37 -34,40%
Servidor
Dívida Ativa Não Tributária 6.445,5 1.361,2 1.500,6 1.980,6 10,24 31,98%
(-) Ajuste de Perdas (5.184,5) (1.289,2) (1.289,2) (1.289,2) 0,00 0,00%
Total Principais Créditos a Receber IPERGS 1.827,3 792,0 1.357,4 1.947,4 71,40 43,46%
Fonte: Sistema FPE, Cubos DW da SEFAZ/CAGE .
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.

Em 2020 houve acréscimo de 43,46% no total a receber, influenciado pelas


Contribuições Patronais, que aumentaram o saldo em 17,57% em ralação ao ano anterior.
Analisando a tabela anterior, verifica-se o aumento nominal ano após ano dos saldos
inscritos em Devedores por Contribuições - Parte Patronal. Esse comportamento é reflexo
do aumento dos restos a pagar da referida contribuição pelos órgãos públicos e da
parcela não empenhada, situações inicialmente abordadas neste relatório.
Diversos créditos a receber podem vir a prescrever, em razão do prazo
legal de cinco anos, contados a partir do fato gerador (art. 1º do Decreto nº 20.910/1932,
art. 2º do Decreto-Lei nº 4.597/1942 e art. 165 e 168 do Código Tributário Nacional).
Ressalta-se que o total de créditos inscritos em Dívida Ativa Não Tributária
no IPE Saúde é de R$ 691,4 milhões (deduzido o ajuste de perdas), sendo que o saldo no
ano anterior era de R$ 211,5 milhões.

426
9 VINCULAÇÕES CONSTITUCIONAIS
As Vinculações Constitucionais estão disciplinadas nas Constituições
Federal e Estadual e têm por finalidade garantir um mínimo de recursos a ser aplicado em
determinadas funções de governo. As funções contempladas com essas vinculações são: a
Educação, a Saúde, a Pesquisa Científica e Tecnológica, e o Ensino Superior, nos
percentuais evidenciados no quadro abaixo:

VINCULAÇÕES CONSTITUCIONAIS

Bases de Cálculo para as Vinculações


VINCULAÇÕES CONSTITUCIONAIS Receita Líquida de Receita Tributária Receita Líquida de
Impostos e Líquida Impostos Próprios
Transferências RTL RLIP
RLIT
CONSTITUIÇÃO FEDERAL:
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino –
MDE 25%
CF. art. 212
Ações e Serviços Públicos de Saúde – ASPS
12%
EC 29/00
CONSTITUIÇÃO ESTADUAL:
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino –
MDE 35%
CE. Art. 202
Ações e Serviços Públicos de Saúde – ASPS
10%
EC 25/99
Ensino Superior
0,5%
CE. Art. 201 3º
Pesquisa Científica e Tecnológica
1,5%
CE. Art. 236

Considerando-se as diferentes bases de cálculo: Receita Líquida de


Impostos e Transferências - RLIT, Receita Tributária Líquida - RTL e Receita Líquida de
Impostos Próprios - RLIP será demonstrada na próxima tabela a composição de cada uma
delas, a saber: a primeira não inclui taxas e inclui as transferências da União; a segunda
inclui taxas e não inclui transferências da União; a terceira não inclui taxas nem
transferências da União, e em todas são excluídas as transferências aos Municípios.

BASES DE CÁLCULO PARA AS VINCULAÇÕES CONSTITUCIONAIS - EXERCÍCIO DE 2020


Em R$ milhões (nominais)
Receita Líquida de Receita Receita Líquida de
Impostos e Transferências Tributária Impostos Próprios
RECEITAS RLIT Líquida RLIP (*)
RTL
(=1+4-5-6) (=1+2+3-5) (=1-5)
ICMS 35.445,4 35.445,4 35.445,35
IPVA 2.894,5 2.894,5 2.894,53
IRRF 3.282,0 3.282,0 3.282,02
ITCD 726,7 726,7 726,7
ITBI 2,6 2,6

428
BASES DE CÁLCULO PARA AS VINCULAÇÕES CONSTITUCIONAIS - EXERCÍCIO DE 2020
Em R$ milhões (nominais)
Receita Líquida de Receita Receita Líquida de
Impostos e Transferências Tributária Impostos Próprios
RECEITAS RLIT Líquida RLIP (*)
RTL
(=1+4-5-6) (=1+2+3-5) (=1-5)
Multas e Juros de Mora 255,1 255,1 255,1
Dívida Ativa 532,4 532,4 532,4
Multas e Juros de Mora s/ Dívida
332,7 332,7 332,7
Ativa
1 - Total Impostos 43.468,9 43.471,4 43.471,4
Restituição de ICMS
Restituição de ITCD
Restituição de ITBI
2 - Total de Restituições de
Impostos
Taxas 323,7
Multas e Juros s/Taxas 0,3
Dívida Ativa de Taxas 1,0
Multas e Juros s/ Dívida Ativa 2,1
3 - Total Taxas 327,2
FPE 2.136,5
IPI 513,9
Lei Kandir -
IOF Ouro 0,0
4 - Total Transferências da
2.650,4
União
ICMS (25%) 8.988,2 8.988,2 8.988,2
IPVA (50%) 1.612,8 1.612,8 1.612,8
ITBI (50%) 1,3 1,3
5 - Transferências aos
Municípios de Impostos 10.600,9 10.602,2 10.602,2
Estaduais
IPI (25%) 128,5
6 - Transferências aos
Municípios de Impostos 128,5
Federais
7 - TOTAL GERAL ( 1 + 2 + 3 + 4 -
35.389,8 33.196,4 32.869,2
5-6)
Fonte: Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) O critério de cálculo da RLIP utilizado pelo Estado considerou como transferências aos Municípios os percentuais de ICMS – 25%, IPVA – 50% e ITBI –
50% aplicados sobre a receita desses impostos, ao invés dos valores efetivamente transferidos, restando uma pequena diferença em relação ao
apresentado neste relatório que não interferiu nos percentuais calculados de aplicação no Financiamento do Ensino Superior Público e no Fomento à
Educação e à Pesquisa Científica.

TOTAL DE APLICAÇÕES CONSTITUCIONAIS


Em R$ milhões (nominais)
RLIT RTL RLIP

MDE MDE ASPS


APLICAÇÕES ASPS Ensino Pesquisa
Const. Const. Const.
Const. Estadual Superior Científica
Federal Estadual Federal
Total Aplicado 9.952,9 9.952,9 4.298,5 4.298,5 94,3 34,3
Índice de Aplicação 28,12% 28,12% 12,15% 12,95% 0,29% 0,10%
Aplicação Mínima 25% 35% 12% 10% 0,5% 1,5%
Base Legal CF. art. 212 CE. art. 202 EC 29/00 EC 25/99 CE art. 201 §3º CE. art. 236
Valor Aplicado a
1.105,5 (2.433,5) 51,8 978,9 (70,0) (458,7)
Maior / (Menor)

429
Fonte: Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) O critério de cálculo da RLIP utilizado pelo Estado considerou como transferências aos Municípios os percentuais de ICMS – 25%, IPVA – 50% e ITBI – 50%
aplicados sobre a receita desses impostos, ao invés dos valores efetivamente transferidos, restando uma pequena diferença em relação ao apresentado
neste relatório que não interferiu nos percentuais calculados de aplicação no Financiamento do Ensino Superior Público e no Fomento à Educação e à
Pesquisa Científica.

9.1 – Manutenção e Desenvolvimento do Ensino – MDE


Os meios financeiros pelos quais o poder público atenderá seus deveres
educacionais relacionados à oferta, permanência, qualidade e garantia de ensino aos
cidadãos estão definidos no artigo 212 da Constituição Federal, da seguinte forma:

Art. 212 – A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados,


o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da
receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências,
na manutenção e desenvolvimento do ensino (grifo nosso).
§ 1º - A parcela de arrecadação de impostos transferida pela União aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios, ou pelos Estados aos respectivos
Municípios, não é considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo,
receita do governo que a transferir.

A Constituição Estadual, no artigo 202, elevou esse percentual para 35% da


receita resultante de impostos, incluídas as transferências, a ser aplicado em MDE, nas
despesas elencadas no artigo 70 da Lei nº 9.394/96 - Lei de Diretrizes e Bases da
Educação.
A base de cálculo (Receita) dos limites constitucionais mínimos a serem
aplicados em MDE é a RLIT, e importou em R$ 35,39 bilhões em 2020.
A seguir, serão demonstradas as despesas liquidadas (totais) na Função 12
– Educação, em todas as fontes de recursos consideradas pelo Executivo Estadual no
cálculo para apuração da aplicação mínima em MDE:

APURAÇÃO DO ÍNDICE DE APLICAÇÃO EM - MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO ENSINO - MDE


EXERCÍCIO DE 2020
Em Milhões de R$
DESPESA LIQUIDADA TOTAL NA FUNÇÃO 12 - EDUCAÇÃO
5004 – 6002 –
012 – Contrap. Contrap OC-Rec
GRUPOS DE 002 – 1185 –
CONSULTA Tesouro Tes-Educac TOTAL %
DESPESA MDE FUNDEB
POPULAR Universidades
(*)
01 - Pessoal e
3.394,4 - 4.263,8 - 7.658,2 76,9
Encargos Sociais
Inativos 2.877,6 - 1.559,9 - 4.437,5 44,6
Ativos 516,8 - 2.703,9 - 3.220,7 32,4
03 - Outras
49,4 - 228,1 - 0,0 277,5 2,8
Despesas Correntes
04 – Investimentos 3,3 - - - 0,0 3,3 0,0
Total geral 3.447,1 - 4.491,9 0,0 7.939,0 79,8
Total das despesas em MDE na Função 12 – Educação, em todos os
7.939,0
Recursos:
(+) Perda para o FUNDEB (**) 2.014,2 20,2
(-) Cancelamento de Restoa a Pagar inscritos com Disponibilidade (0,3) (0,0)

430
APURAÇÃO DO ÍNDICE DE APLICAÇÃO EM - MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO ENSINO - MDE
EXERCÍCIO DE 2020
Em Milhões de R$
DESPESA LIQUIDADA TOTAL NA FUNÇÃO 12 - EDUCAÇÃO
5004 – 6002 –
012 – Contrap. Contrap OC-Rec
GRUPOS DE 002 – 1185 –
CONSULTA Tesouro Tes-Educac TOTAL %
DESPESA MDE FUNDEB
POPULAR Universidades
(*)
Financeira
(-) Receita de Aplicação Financeira dos Recursos do FUNDEB (0,0) (0,0)
(=) 1 - APLICADO EM MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO ENSINO- MDE 9.952,9 100
2 - RECEITA LÍQUIDA DE IMPOSTOS E TRANSFERÊNCIAS 35.389,8
3 - ÍNDICE DE APLICAÇÃO EM MDE 28,12%
4 - VALOR APLICADO A MAIOR: Nos termos do art. 212 da CF [(ITEM 2X 25%)-ITEM 1] 1.105,45
5 - VALOR APLICADO A MENOR: Nos termos do art. 202 da CE [(ITEM 2X 35%)-ITEM 1] (2.433,5)
Fonte: Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG
(*) Despesa realizada em ensino superior e não utilizada para fins do cumprimento prescrito no artigo 201 da Const. Estadual (vide item 2.2).
(**) A perda do FUNDEB foi apurada conforme entendimento mantido no Processo nº 926-0200/07-0 (retorno cód. 1724.0199.0000)
(-) deduções de receita para formação do FUNDEB (contribuição: cód.9000.0000.0000 a 9999.9999.9999)

Para o cálculo dos gastos em MDE, foram consideradas as despesas


liquidadas totais, isto é, computadas as despesas liquidadas do exercício e de exercícios
anteriores, seguindo o entendimento desta Corte exarado no Parecer Coletivo nº 01/03,
aprovado pelo Tribunal Pleno em 01-12-2003.
O Estado considerou critério distinto para o cálculo da aplicação em MDE,
utilizando as despesas empenhadas no exercício atual, não provocando diferença no
percentual de 28,12%, apurado tanto no Balanço Geral quanto pelo TCE.
Em 2019 foi constatado um gasto de R$ 506 mil à conta do Recurso 6002 –
Contrapartida Operações de Crédito Receita Tesouro Educação, e, no Sistema de Finanças
Públicas do Estado - FPE, sua contrapartida está registrada no recurso 0306 – Programa
de Apoio a Retomada do Desenvolvimento-Proredes-Bird.
Em consulta ao FPE, foi verificado que o saldo do recurso 6002 encontra-se
negativo no final de 2020, criando, portanto, um falso ativo potencial. Não há ingresso de
receita em 2020. O recurso 5002 – Contraprestação de Rec. Tes-Educação também
continuou com saldo negativo em 2020, de R$ 950 mil.
Portanto, os saldos negativos dos recursos necessitam de esclarecimentos
quanto ao falso ativo potencial que demonstram.
Em 2020, de acordo com a tabela apresentada, a despesa executada em
MDE totalizou R$ 9,95 bilhões, representando 28,12% da RLIT, a qual alcançou
R$ 35,39 bilhões. No montante de gastos apurado em MDE, foram computados
R$ 2,01 bilhões, relativo à redistribuição de recursos do FUNDEB (perda), e os gastos com
inativos, correspondendo a 44,6% (R$ 4,44 bilhões) do total da despesa executada em
Educação, no cálculo do percentual mínimo constitucional.
Dessa forma, com base no índice da Constituição Estadual (art. 202),
deixaram de serem aplicados, em 2020, R$ 2,43 bilhões em Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino, ou seja, inferior em 6,88 pontos percentuais ao limite
mínimo de 35% previsto. Por outro lado, com base no índice estabelecido na Constituição

431
Federal (art. 212), foram aplicados R$ 1,11 bilhão a mais, superior, em 3,12 pontos
percentuais ao mínimo de 25% previsto.
O percentual aplicado em MDE aumentou em 2020, conforme se
demonstra na tabela a seguir:

COMPARAÇÃO DO ÍNDICE DE APLICAÇÃO EM MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO ENSINO


EXERCÍCIOS DE 2019 A 2020
Em R$ milhões (nominais)
GRUPOS DE DESPESAS 2019 2020 ∆% 2019-2020
Pessoal e Encargos 7.429,9 7.658,2 3,1
Outras Despesas Correntes 249,4 277,5 11,3
Investimentos 3,0 3,3 9,9
Perda para o FUNDEB 1.863,9 2.014,2 8,1
Cancelamento Restos a Pagar (11,1) (0,3) -97,4
Receita Aplicação Finan. FUNDEB (0,0) (0,0) 94,3
Total Aplicado em MDE 9.535,1 9.952,9 4,4
Fonte: Pareceres Prévios, Balanços Gerais do Estado, Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ.
Cálculos:Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.

Verifica-se um aumento de R$ 417,3 milhões na aplicação em MDE de 2019


para 2020. A redução nos cancelamentos de restos a pagar em R$ 10,8 milhões, valores
esses que diminuem a aplicação em MDE, foi significativa de 2019 para 2020. Bem como,
cabe destacar o aumento da “Perda para o Fundeb” de R$ 150,3 milhões.
No cálculo da perda para o FUNDEB, conforme a orientação seguida por
este Tribunal de Contas, são deduzidas das “Receitas de Transferências” contabilizadas
pelo Estado, oriundas do Fundo, as contribuições efetuadas ao Fundo, que são aquelas
representadas pelos lançamentos contábeis em “Deduções da Receita”, chegando-se
então à apuração da perda.
Em 2020, o cálculo da perda, publicada no RREO pela CAGE, coincide com o
montante apurado por esta área técnica (R$ 2,01 bilhões).
Em 2014, segundo relato da Contadoria e Auditoria-Geral do Estado- CAGE,
alguns elementos integrantes do cálculo dos gastos em MDE sofreram alteração na
apuração realizada e publicada no Relatório Resumido da Execução Orçamentária – RREO,
em razão de critérios impostos pela União no Sistema de Informações sobre Orçamentos
Públicos em Educação – SIOPE. Um deles é a perda para o FUNDEB e outro é a despesa a
ser considerada no cálculo do montante dos gastos em MDE, que, no caso da União, vem
a ser a despesa liquidada, relativa a empenhos do exercício, somada aos restos a pagar
não processados.
Este critério não apropria as liquidações de empenhos efetuados em
exercícios anteriores e foi novamente utilizado pela CAGE em 2020, resultando em uma
diferença de R$ 612.270,29 a menos entre o liquidado total em 2020 e o liquidado
somente do exercício em análise, não provocando diferença no percentual de 28,12%,
apurado tanto pela CAGE quanto pelo TCE.
Quanto à “Fase”, ou estágio da despesa, para apuração dos gastos em
MDE, a inserção de dados no SIOPE é feita de acordo com a orientação seguida na União,
ou seja, o cálculo é feito com base na despesa liquidada (somente de empenhos do
exercício) somada aos restos a pagar não processados, divergindo do critério adotado por

432
esta Corte de Contas, que calcula o montante de gastos em Educação pela despesa
liquidada total, correspondendo à liquidação de empenhos do exercício analisado e de
exercícios anteriores, conforme metodologia definida no Parecer Coletivo nº 01/2003.
Tal critério, adotado por este Tribunal, já foi objeto de estudo na
Informação da Consultoria Técnica nº 025/2013, com Decisão do Pleno deste Tribunal no
Processo nº 7761-02.00/13-3, em que foram traçadas novas diretrizes acerca dos gastos
em Saúde, a partir da edição da Lei Complementar nº 141/2012. Dentre outras questões
trazidas pela legislação em comento, está a forma de cálculo para a verificação da
aplicação de recursos em ASPS, que passou a ser feito pela despesa liquidada, referente a
empenhos do exercício, somados aos restos a pagar não processados inscritos com
disponibilidade financeira. Não houve, contudo, a análise das despesas em Educação,
permanecendo a orientação contida no Parecer Coletivo nº 01/2003, para apuração dos
gastos em MDE.
Cabe relatar que se encontra em andamento nesta Casa o Processo nº
5141-0200/16-0, o qual trata de um Pedido de Orientação Técnica - POT para revisar os
critérios adotados pelo TCE/RS com relação à aplicação em Manutenção e
Desenvolvimento de Ensino – MDE. A partir de consulta realizada pela Procuradoria-Geral
do Estado – PGE (Doc. Nº 29583-0299/18-0), em razão do início das negociações para
adesão ao Regime de Recuperação Fiscal, entendeu-se que o POT deveria contemplar
também os critérios adotados pelo TCE/RS para o cálculo em saúde e despesa com
pessoal. O processo encontra-se na Consultoria Técnica para elaboração de Parecer.
Outro ponto a ser destacado nas divergências detectadas entre os dados
inseridos no SIOPE e os Publicados no RREO, em relação à apuração efetuada por este
Tribunal de Contas, diz respeito à apropriação dos gastos com inativos e pensionistas da
Secretaria da Educação. A posição adotada pela União, expressa no Item 03.08.05.02 da
10ª Edição do “Manual de Demonstrativos Fiscais –MDF”, à folha 302, válido a partir de
2020 e aplicado à União e aos Estados, Distrito Federal e Municípios, é de que tais
despesas não devem compor a apuração do limite mínimo constitucional de gastos em
MDE.
Conforme relato da CAGE, o entendimento, consolidado em nível federal,
foi incorporado ao SIOPE, impedindo a participação de tais gastos no total das despesas
inseridas no sistema pelo Executivo Estadual. Dessa forma, o resultado das aplicações em
MDE, apurado a partir do SIOPE, diverge daquele apresentado por esta Corte de Contas,
resultando no não cumprimento do mandamento Constitucional junto aos Sistemas de
Controle da União.
O Poder Executivo, utilizando os critérios da despesa liquidada, somada
aos restos a pagar não processados, apurou o montante de R$ 9,95 bilhões, tendo em
2020 o percentual de 28,12% sobre a RLIT, ressalvando-se que, com a exclusão dos gastos
com inativos e pensionistas (R$ 4,47 bilhões), a despesa reduziria para R$ 5,48 bilhões e o
percentual passaria para 15,50%.
A situação apresentada para MDE, relativamente às despesas com inativos
e pensionistas, coincide com aquela analisada pela Consultoria Técnica na Informação
CT nº 025/2013, que tratou da LC nº 141/2012 no âmbito do Proc. 7761-0200/13-3,
relativamente à apuração dos gastos em Ações e Serviços Públicos de Saúde, no qual foi

433
anexada a Informação nº 24/13/GAB da Procuradoria-Geral do Estado, manifestando-se
assim sobre a matéria:
[...]
A norma acima referida, portanto, por desconsiderar premissa fundamental e
histórica de custeio dos inativos pelo Tesouro do Estado, em face da ausência
de contribuição por parte dos servidores públicos, por longo período, o que
impossibilitou a constituição de fundo suficiente para manter tais benefícios,
acaba também por se tornar inconstitucional, por irrazoável, violando o
disposto no art. 5º, LIV, da CF, bem como o estabelecido nos artigos 1º, 18, 25 e
196 da CF, como acima já se expôs.

No pedido de Certidão quanto ao cumprimento do gasto mínimo em


Saúde, relativa ao exercício de 2013, formalizado pelo Executivo Estadual no Proc. 1415-
0200/14-5, em 31-01-2014, foi ressalvado que, na esteira da orientação técnica geral
traçada na Informação CT nº 025/2013, caberia, concomitantemente, a análise de caso a
caso, com a interpretação mais ajustada à realidade local. Com isso, foi decidido que, no
caso concreto do Poder Executivo Estadual, na linha das ponderações trazidas no trabalho
técnico da Procuradoria-Geral do Estado, a Certidão de ASPS seria expedida com a
inclusão das despesas com inativos e pensionistas da Secretaria da Saúde. O mesmo
entendimento foi aplicado no Relatório e Parecer Prévio sobre as contas de 2013,
apreciado em 30-07-2014, havendo o seguinte destaque nas conclusões do voto do
Relator para implementação pelo Poder Executivo Estadual:
[...]
d) atender a recomendação da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) quanto a
pleitear junto ao Supremo Tribunal Federal a inconstitucionalidade de Lei
Complementar nº. 141/2012, haja vista o entendimento de que essa norma
veda o aproveitamento das despesas com o pagamento de assistência à saúde
de servidores públicos do Estado, bem como o pagamento de aposentadorias e
encargos sobre a folha de nativos e pensionistas da Secretaria da Saúde,
descritas como “controversas” e que foram aproveitadas junto aos gastos com
Ações e Serviços Públicos de Saúde (ASPS), tendo culminado com o
atendimento dos gastos com a saúde, embora, na concepção da PGE,
carecessem de medida legal, cabível e concreta;

A Certidão do exercício de 2013, alusiva aos gastos com Educação, a


exemplo dos exercícios anteriores, foi emitida com a inclusão das despesas com inativos e
pensionistas na apuração do percentual mínimo de aplicação de recursos em MDE.
Porém, embora esteja sob análise a possibilidade de inclusão de despesas
com inativos e pensionistas das Secretarias da Educação e da Saúde, tanto nos gastos em
MDE quanto em ASPS, respectivamente, a legislação que vedou expressamente a
apropriação de tais despesas em Saúde, para fins de cumprimento do percentual de
aplicação mínima de recursos em ASPS (Lei Complementar nº 141/12), não é a mesma
que embasa a orientação da União quanto à exclusão destes gastos na apuração do
percentual mínimo de aplicação de recursos em Educação (MDE), tratando-se, neste caso,
de interpretação dada pela União ao art.70 da Lei nº 9.394/1996 (Lei de Diretrizes Básicas
– LDB), quando define as despesas que devem ser consideradas no cálculo, entendimento
este expresso no Item 03.08.05.02 da 10ª Edição do “Manual de Demonstrativos Fiscais –

434
MDF”, em sua folha de. 302, válido a partir de 2020 e aplicado à União e aos Estados,
Distrito Federal e Municípios.
A redação do Inciso I do art.70 da LDB, assim definiu como despesa em
MDE a ser apropriada no cálculo do gasto mínimo em Educação: “Com remuneração e
aperfeiçoamento do pessoal docente e demais profissionais da educação.” (grifo nosso).
No Manual de Demonstrativos Fiscais, elaborado pela Secretaria do
Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda, é interpretada a palavra remuneração à luz
da redação dos arts. 37 e 40 da Constituição Federal:
[...]
Art. 37.
...
XI – a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos
públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e
os proventos, pensões [...]
Art. 40.
[...]
§ 2º Os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasião de sua
concessão, não poderão exceder a remuneração do respectivo servidor, no
cargo efetivo em que se deu a aposentadoria ou que serviu de referências para
a concessão da pensão.
§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por ocasião da sua
concessão, serão consideradas as remunerações utilizadas como base para as
contribuições do servidor aos regimes de previdências de que tratam este
artigo e o art. 201, na forma da lei.” (grifos nossos)

Nessa linha, a interpretação conjunta dos artigos citados, de acordo com o


Manual em comento, permite concluir que somente a despesa com os servidores ativos
estaria incluída no gasto elencado no inciso I do art.70 da LDB (remuneração), pois as
despesas com aposentadorias deveriam estar representadas pela palavra proventos.
Portanto, embora o cerne da questão resida em aceitar ou não a
interpretação (restrita) dada pela União, e expressa no MDF, à palavra “remuneração”,
inscrita no inciso I do art.70 da LDB, cabe ponderar também, por outro viés, a exemplo do
mesmo entendimento formalizado pela PGE na Inf. nº 24/13/GAB (quanto aos gastos em
Saúde), que as despesas com inativos e pensionistas da Secretaria da Educação, quando
custeadas por recursos orçamentários correntes, como é o caso do Estado do Rio Grande
do Sul, deveriam, pelas mesmas razões, compor o montante apurado para verificação do
cumprimento do percentual mínimo de aplicação de recursos em Educação.
Com as divergências aqui relatadas, quanto aos critérios de cálculo
aplicados na apuração dos gastos em MDE, provocadas recentemente pela necessidade
de adequação da Contadoria e Auditoria-Geral do Estado às exigências impostas pela
União, a partir dos entendimentos consolidados nos Sistemas de Controle e apuração de
gastos em Educação pelos Órgãos Federais junto aos entes federados, o pedido de
Certidão relativa aos gastos mínimos em Educação e Saúde em 2014, tratado no Proc.

435
nº 001525-0200/15-3, resultou na Decisão nº AD-0006/2015, do Pleno desta Corte de
Contas, na qual restou consignado, a pedido deste setor (SAIPAG):
[...]
c) determinar a autuação de pedido de orientação técnica a fim de que sejam
apreciadas as matérias relativas à apropriação das despesas com inativos e
pensionistas no montante dos recursos aplicados em MDE; aos critérios de
apuração da perda para o FUNDEB; à continuidade ou não da utilização da
despesa liquidada total para o cálculo dos gastos em educação; e à apuração da
base de cálculo (RLIT) a ser aplicada nas vinculações constitucionais de
impostos, em acolhimento à proposição da Instrução Técnica. (grifo nosso)

Esclarecidas as divergências em relação aos critérios utilizados pelo


Executivo Estadual na apuração dos gastos com MDE a partir de 2014, este Tribunal de
Contas, até a competente análise da matéria, seguirá os procedimentos amparados em
Normativas e Orientações Técnicas em vigor no cálculo da perda para o FUNDEB, na
utilização do critério da despesa liquidada total, e permanecerá apropriando os gastos
com inativos e pensionistas no montante apurado.
Através da Emenda Constitucional nº 108/2020, de 26-08-2020, a qual
inseriu o parágrafo 7º no artigo 212 da Constituição Federal, foi vedado o uso dos
recursos de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino para pagamento de
aposentadorias e pensões, determinando, assim, que tais gastos não podem compor o
percentual de aplicação mínima em MDE. Os efeitos financeiros da respectiva
determinação, conforme artigo 4º da EC 108/2020, vigerá a partir de 01-01-2021.
Tendo em vista a eminente mudança de critério de cálculo a partir da
elaboração do Relatório e Parecer Prévio das Contas do Governador de 2021, e na esteira
do voto proferido no Parecer Prévio das Contas do Governador de 2019 em 27-04-2021,
onde foi recomendado ao Governador do Estado que apresente a esta Casa um plano de
ação indicando detalhadamente as providências que pretende adotar, nas dimensões
temporal, orçamentária e financeira, visando à plena adequação das despesas do Estado
ao artigo 212, § 7º, da Constituição da República, na redação dada pela Emenda
Constitucional n. 108/2020, o qual deverá ser objeto de análise técnica e submetido à
deliberação no Tribunal Pleno no âmbito das Contas relativas ao exercício de 2021,
alertando-se que a inobservância dessa providência poderá repercutir na apreciação de
outros Processos de Contas (tópicos 17 e 20), será pedido esclarecimento ao Governador
quanto ao andamento do referido Plano de Ação.
Cabe relatar que o Estado do Rio Grande do Sul não preenche o Sistema de
Orçamentos Públicos em Educação – SIOPE do Ministério da Educação desde o exercício
de 2013. O Sistema deve ser preenchido pelos entes federativos com as informações
sobre o orçamento da educação e, ao final, com apuração do percentual aplicado.
Uma vez que o SIOPE possui campos específicos para a desconsideração de
inativos e pensionistas do cálculo em MDE, caso o Estado preenchesse adotando as regras
estabelecidas pela União, não atingiria o mínimo constitucional de aplicação em
educação.
O não preenchimento do SIOPE está embasado em Decisão judicial com
efeito suspensivo proferida nos autos da Medida Cautelar na Ação Cível Originária nº

436
3.196 - Estado do Rio Grande do Sul. Atualmente, o processo encontra-se com julgamento
virtual agendado para o dia 28-05-2021.
Apresenta-se, a seguir, a evolução dos índices de aplicação em MDE,
apurados com base no critério atualmente em vigor (Liquidado Total, Parecer Coletivo
TCE nº 01/2003).

EVOLUÇÃO DA APLICAÇÃO DO ÍNDICE NA MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO ENSINO


EXERCÍCIO DE 2020
Em R$ milhões (nominais)
BASE PARA CONSTITUIÇÃO CONSTITUIÇÃO
EXERCÍCI VALOR APLICADO %
APLICAÇÃO FEDERAL Art. 212 ESTADUAL Art. 202
O EM MDE* APLICAÇÃO
RLIT % MÍNIMO % MÍNIMO
2010 17.787,6 25% 35% 4.801,0 26,99%
2011 18.710,7 25% 35% 5.297,2 28,31%
2012 20.274,3 25% 35% 6.073,2 29,96%
2013 22.819,6 25% 35% 7.115,0 31,18%
2014 24.753,9 25% 35% 8.110,5 32,76%
2015 26.256,7 25% 35% 8.843,1 33,68%
2016 29.176,4 25% 35% 8.541,7 29,28%
2017 30.841,6 25% 35% 8.918,1 28,92%
2018 33.634,3 25% 35% 9.170,8 27,27%
2019 34.905,1 25% 35% 9.535,6 27,32%
2020 35.389,8 25% 35% 9.952,9 28,12%
Fonte: Pareceres Prévios, Balanços Gerais do Estado, Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ .
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.

Usando como critério a Despesa Liquidada Total, o índice de 35%, exigido


pela Constituição Estadual, não foi atingido em nenhum dos exercícios da série analisada.
No entanto, se for considerado o índice da Constituição Federal, ou seja, 25% da RLIT
constata-se que houve o atendimento em todos os exercícios.
Na série analisada, o percentual apurado não diz respeito somente ao
montante de gastos em Educação acrescido a cada ano, mas, por outro lado, também
sofre a influência da variação, maior ou menor, de crescimento da Receita Líquida de
Impostos e Transferências – RLIT. Exemplificativamente, o ano de 2010 apresentou o
menor percentual de aplicação, entretanto, este fato não foi decorrente de uma redução
na despesa com a Manutenção e Desenvolvimento do Ensino, e sim, ao incremento da
RLIT, de 22,5%, em relação a 2009.
Em 2018, houve um incremento de R$ 252,7 milhões no montante de
recursos aplicados na área da Educação, representando 2,83% a mais, quando comparado
ao volume das despesas em 2017.
No exercício de 2019 se verificou um aumento de R$ 364,8 milhões no
montante de recursos aplicados em Educação, representando 3,98% a mais quando
comparado a 2018.
Em 2020 houve acréscimo de R$ 417,3 milhões na aplicação em MDE
relativamente a 2019, representando um crescimento de 4,38%.
A Receita Vinculada - RLIT evoluiu, alcançando 1,39% de crescimento em
2020, evidenciando que o aumento da aplicação em Educação foi maior que o
crescimento da Receita do Estado.

437
9.1.1 – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização
dos Profissionais da Educação – FUNDEB
O FUNDEB é um fundo de natureza contábil, instituído pela Emenda
Constitucional nº 53, de 19 de dezembro de 2006, regulamentado pela Medida Provisória
nº 339, de 28 de dezembro do mesmo ano, convertida na Lei nº 11.494, de 20 de junho
de 2007.
Sua duração prevista seria de 14 anos, com início fixado em 1º de janeiro
de 2007, estendendo-se até 31-12-2020. A partir da promulgação da Emenda
Constitucional nº 108/2020, publicada em 27-08-2020, o Fundeb tornou-se permanente,
constando na Constituição Federal. A implantação deu-se de forma gradual até 2009,
quando o Fundo passou a contar com todo o universo de alunos da educação básica
pública presencial e os percentuais de receitas que o compõem alcançaram o patamar de
20% de contribuição.
Desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, 25% das receitas
dos impostos e transferências dos Estados, Distrito Federal e Municípios encontram-se
vinculados à Educação. Com a Emenda Constitucional nº 14/1996, 60% desses recursos da
educação passaram a ser subvinculados ao Ensino Fundamental (60% de 25% = 15% dos
impostos e transferências), sendo que parte dessa subvinculação de 15% passava pelo
Fundef, cuja partilha dos recursos, entre o Governo Estadual e seus Municípios, tinha
como base o número de alunos do Ensino Fundamental, atendidos em cada rede de
ensino.
Com a Emenda Constitucional nº 53/2006, a subvinculação das receitas dos
impostos e transferências dos Estados, Distrito Federal e Municípios passou para 20% e
sua utilização foi ampliada para toda a educação básica, a qual compreende a educação
infantil, o ensino fundamental e o ensino médio.
O FUNDEB promove a distribuição dos recursos proporcionalmente ao
número de alunos da educação básica pública, a partir dos dados do último Censo
Escolar, sendo computados os alunos matriculados nos respectivos âmbitos de atuação
prioritária (art. 211 da Constituição Federal). Ou seja, os Municípios receberão os
recursos do FUNDEB com base no número de alunos da educação infantil e do ensino
fundamental, e os Estados de acordo com o número de alunos dos ensinos fundamental e
médio.
Cabe um breve relato sobre as mudanças ocorridas no Fundeb no final do
exercício de 2020, muitas das quais terão significativos impactos em 2021. As referidas
alterações ocorreram através da Emenda Constitucional nº 108/2020, publicada em 27-
08-2020, e a nova Lei do Fundeb, nº 14.113, publicada em 25-12-2020.
A Emenda Constitucional nº 108/2020, conforme relatado anteriormente,
alterou a Constituição Federal e, dentre as principais alterações, destaca-se a mudança de
percentual obrigatório destinado ao magistério, que passou de 60% para 70%.
Com relação à Lei nº 14.113/2020, ela regulamentou o Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação (Fundeb), de que trata o art. 212-A da Constituição Federal e revogou
dispositivos da Lei nº 11.494, de 20 de junho de 2007. Dentre as principais alterações,
salienta-se a vedação da utilização dos recursos do Fundeb para pagamento de
aposentadorias e pensões, preconizado no Inciso II, artigo 29 da citada Lei.

438
Enfatiza-se que as alterações ocorridas no Fundeb através das novas
legislações serão explanadas de forma detalhada no Parecer Prévio das Contas do
Governador do exercício de 2021, quando serão apuradas suas consequências.

9.1.1.1 – Composição do Fundo


O FUNDEB, nos termos do inciso II do artigo 60 do ADCT, é constituído por
20% (vinte por cento) dos impostos e transferências elencados a seguir. Esse percentual
foi alcançado, gradativamente, no terceiro ano de vigência do Fundo.

PERCENTUAIS DO FUNDEB
PERCENTUAL
RECEITAS A partir de
2007 2008
2009
ICMS - (CF, art. 155, inciso II, e art. 158, inciso IV)
FPE e FPM - (CF, art. 159, inciso I, letras a e b)
16,66% 18,33% 20%
IPI-exp - (CF, art. 159, inciso II; LC nº 61/89)
LC nº 87/96 - (Lei Kandir)
ITR - (CF, art. 158, inciso II)
IPVA - (CF, art. 155, inciso III, e art. 158, inciso III) 6,66% 13,33% 20%
ITCD - (CF, art. 155, inciso I)
Base Legal: CF, art. 60, § 5º, do ADCT.

A Lei nº 11.494/2007, em seu artigo 3º, inciso IX, veio ratificar o


entendimento vigente nesta Corte de Contas quanto à inclusão, no FUNDEB, das receitas
da dívida ativa tributária relativa aos impostos acima relacionados, bem como das
receitas de multas e juros de mora deles decorrentes.
Os Fundos de cada Estado e do Distrito Federal poderão contar com
recursos advindos da complementação da União, nos termos da Seção II da mencionada
norma.
Com base na legislação citada, o Estado, a partir de 2009, passou a
contribuir para a formação do FUNDEB com 20% dos impostos elencados a seguir:
 Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS;
 Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores – IPVA;
 Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação – ITCD;
 Fundo de Participação dos Estados – FPE;
 Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI Exportação –
proporcional às exportações;
 Desoneração de Exportações, Lei Complementar nº 87/1996 (Lei
Kandir).
As transferências constitucionais da União (FPE, IPI Exportação e Lei
Kandir), vinculadas ao Fundo, sofrem retenção automática, efetuada pelo Banco do Brasil,
no ato do repasse. O valor descontado é depositado numa conta especial criada pelo
próprio Banco em nome de cada Ente.
A arrecadação dos recursos que compõem o Fundo é realizada pela União
e pelos Estados e a disponibilização dos recursos gerados é efetuada periodicamente,

439
pelo Tesouro Nacional e pelos Órgãos Fazendários dos Governos Estaduais, ao Banco do
Brasil, o qual procede à distribuição dos recursos em favor dos Estados e Municípios
beneficiários.
A movimentação financeira da contribuição e distribuição de recursos do
FUNDEB, relativamente aos impostos arrecadados no Estado, ocorre da seguinte forma:

MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA DO FUNDEB


ARRECADAÇÃO ARRECADAÇÃO ARRECADAÇÃO
IMPOSTO
VIA Banrisul VIA BANCO DO BRASIL VIA OUTROS BANCOS
ICMS estadual Sobre o total arrecadado: Sobre o total arrecadado:
+ 1. Da parcela de 75% pertencente 1. Da parcela de 75% pertencente
cota parte ao Estado, 80% fica disponível ao ao Estado, 80% fica disponível ao Repassam o total da
municipal Estado no Banrisul e 20% é retido Estado no Banco do Brasil e 20% é arrecadação ao
e recolhido ao Banco do Brasil, retido e permanece no Banco do Banrisul e este faz a
(retenção de conta FUNDEB; Brasil, conta FUNDEB; distribuição nos
20% sobre o 2. Da parcela de 25% pertencente 2. Da parcela de 25% pertencente moldes da sua própria
total aos Municípios, 80% é repassado à aos Municípios, 80% é repassado à arrecadação.
arrecadado: conta Banrisul FAMURS e 20% é conta Banrisul FAMURS e 20% é
Estado + retido e recolhido ao Banco do retido e permanece no Banco do
Município) Brasil, conta FUNDEB. Brasil, conta FUNDEB.
IPVA estadual Sobre o total arrecadado:
O Banco do Brasil repassa todo o
+ 1. Da parcela de 50% pertencente
valor arrecadado para o BANRISUL.
cota parte ao Estado, 80% fica disponível ao
Após a rotina diária de arrecadação, Repassam o total da
municipal Estado no Banrisul e 20% é retido
a PROCERGS encaminha ao Banrisul arrecadação ao
e recolhido ao Banco do Brasil,
um arquivo diário com os critérios Banrisul e este faz a
(retenção de conta FUNDEB;
de rateio do IPVA entre o Estado e distribuição nos
20% sobre o 2. Da parcela de 50% pertencente
Municípios e os valores de moldes da sua própria
total aos Municípios, 80% é repassado à
contribuição ao FUNDEB. A parcela arrecadação.
arrecadado: conta Banrisul FAMURS e 20% é
relativa ao Fundo é devolvida ao
Estado + retido e recolhido ao Banco do
Banco do Brasil, conta FUNDEB.
Município) Brasil, conta FUNDEB.
20% do total arrecadado é retido e
Não são agentes
destinado para o Banco do Brasil,
ITCD Não é agente arrecadador de ITCD. arrecadadores de
conta do FUNDEB. O restante fica
ITCD.
disponível ao Estado, no Banrisul.

Nesse caso, a contribuição ao FUNDEB (20%), referente à arrecadação de


ICMS (100%), é equivalente ao montante efetivamente depositado na conta 31027.89.02-
3, Agência 3798 do Banco do Brasil, denominada FUNDEB.
Deve-se, entretanto, proceder ao devido ajuste, pois, em virtude do lapso
temporal existente entre a data de arrecadação (diária) e a data de transferência dos
recursos ao Fundo (semanal), do Banrisul para o Banco do Brasil, o montante depositado
na conta do FUNDEB, em determinado exercício, pode estar composto de uma parcela
correspondente à arrecadação de impostos do exercício anterior, ao mesmo tempo em
que lhe faltam valores relativos ao exercício em análise, os quais são repassados nos
primeiros dias do exercício seguinte.
O total depositado na conta do FUNDEB RS em 2020, no montante de
R$ 8,00 bilhões, está composto de valores que competem a 2019 e 2017, faltando, ao
mesmo tempo, montantes pertencentes a 2020 que foram depositados em 2021.
De acordo com as informações obtidas junto à CAGE/DILEG, há valores
creditados em janeiro de 2020, R$ 232,0 milhões e R$ 1,3 milhões que se referem a 2019,
e valores creditados em janeiro de 2021 (R$ 211,2 milhões), que são de 2020.

440
Após os ajustes, o valor efetivamente recolhido à conta bancária do Fundo,
relativo a 2020, somou R$ 7,97 bilhões, demonstrado a seguir na Tabela:

FORMAÇÃO E DISPONIBILIZAÇÃO DOS RECURSOS DO FUNDEB - EXERCÍCIO DE 2020

Em R$ milhões (nominais)
CLASSIFICAÇÃO DA RECEITA E VALORES
ICMS RECEITA TOTAL IPVA RECEITA TOTAL ITCD RECEITA TOTAL
Total da Receita 35.894,6 3.218,3 756,8
Imposto 35.142,8 2.894,5 726,7
Dívida Ativa 330,3 197,5 4,3
Multas e Juros de Mora 431,4 127,1 28,8
(-) Repetição de Indébito (9,9) (0,9) (3,0)
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS AO FUNDEB:
ICMS RECEITA TOTAL 35.894,6
(-) Parcela ICMS dos Municípios (25%) 8.973,7
(=) Base de cálculo dos 20% do FUNDEB (Estado) 26.921,0
Valor da contribuição do Estado ao FUNDEB sobre o ICMS (Base de Cálculo X 20%) 5.384,2
Valor da contribuição dos Municípios ao FUNDEB sobre o ICMS (Parcela Municípios X 20%) 1.794,7
1. TOTAL DA CONTRIBUIÇÃO AO FUNDEB sobre o ICMS 7.178,9
IPVA RECEITA TOTAL 3.218,3
(-) Parcela IPVA dos Municípios (50%) 1.609,1
(=) Base de cálculo dos 20% do FUNDEB (Estado) 1.609,1
Valor da contribuição do Estado ao FUNDEB sobre o IPVA (Base de Cálculo X 20%) 321,8
Valor da contribuição dos Municípios ao FUNDEB sobre o ICMS (Parcela Municípios X 20%) 321,8
2. TOTAL DA CONTRIBUIÇÃO AO FUNDEB sobre o IPVA 643,7

ITCD RECEITA TOTAL 756,8


(=) Base de cálculo dos 20% do FUNDEB (Estado) 756,8
Valor da contribuição do Estado ao FUNDEB sobre o ITCD (Base de Cálculo X 20%) 151,4
3. TOTAL DA CONTRIBUIÇÃO AO FUNDEB sobre o ITCD 151,4
CONTRIB. ESTADO ao FUNDEB= ICMS+IPVA+ITCD 5.857,4
CONTRIB. MUNICÍPIOS ao FUNDEB= ICMS+IPVA 2.116,6
4. TOTAL DA CONTRIBUIÇÃO DEVIDA AO FUNDEB: (ESTADO +MUNICÍPIO) 7.973,9
4.1) VALOR CREDITADO EM 2020 7.996,3
4.2) (-) CREDITADOS EM 2020, DE COMPETÊNCIA DO EXERCÍCIO DE 2019 232,0
4.3) (-) CREDITADOS EM 2020, DE COMPETÊNCIA DO EXERCÍCIO DE 2017 1,3
4.4) (+) CREDITADOS EM 2021, DE COMPETÊNCIA DO EXERCÍCIO DE 2020 211,2
5. TOTAL DA CONTRIBUIÇÃO APÓS AJUSTE (5= 4.1 - 4.2 + 4.3) 7.974,2
6. REPASSE A MAIOR EM 2020 (6= 4 - 5) 0,3
Fonte: Informação da CAGE/DILEG, Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ e extratos bancários.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.

De acordo com a Portaria Interministerial nº 2, de 22 de abril de 2021, para


o ajuste financeiro anual na distribuição dos recursos do FUNDEB, o Ministério da
Educação - MEC, em parceria com a Secretaria do Tesouro Nacional – STN, realizou o
comparativo entre o total da arrecadação devida, calculada sobre as receitas informadas
pelos Estados, com o total da arrecadação efetivamente realizada, depositada na conta
do Fundo.
A referida Portaria chega ao montante de R$ 7.973,9 milhões devidos ao
Fundo, valor igual ao apurado pela Secretaria da Fazenda, conforme apresentado na
tabela anterior.

441
Quanto ao montante depositado na conta bancária do FUNDEB, o
Demonstrativo do MEC informa R$ 7.974,2 milhões, mesmo valor informado pela
Fazenda após os ajustes.
Dessa forma, no comparativo entre o valor devido e o efetivamente
depositado pelo Estado na conta bancária do Fundo, o MEC informa, na Portaria em
comento, que não há diferenças.
No entanto, na apuração da Fazenda Estadual haveria R$ 300 mil
depositados a maior. Bem como, a Secretaria diminui do valor disponível em conta a
importância de R$ 1,3 milhão, que seria de competência de 2017, mas depositada em
2020, sendo tal fato objeto de pedido de esclarecimento.
Destaca-se que, em consulta ao site do Banco do Brasil, no Demonstrativo
Anual dos valores efetivamente depositados às contas do FUNDEB pelas Unidades
Transferidoras, por Unidade Federada e Origem dos Recursos, o valor depositado pelo Rio
Grande do Sul, antes dos ajustes indicados pela CAGE, foi de R$ 7.996,3 milhões, mesmo
valor reportado pela Secretaria da Fazenda do Estado.

9.1.1.2 – Retorno do FUNDEB


O retorno das retenções incidentes sobre os impostos estaduais e
transferências da União, que formam o Fundo, dá-se em conta bancária específica do
FUNDEB de cada Município ou Estado e é proporcional ao número de alunos matriculados
em suas respectivas redes de ensino, de acordo com o último Censo Escolar.
Os recursos foram distribuídos, a partir de 2009, com base em 100% das
matrículas da educação infantil, ensino médio e educação de jovens e adultos – EJA.
Dessa forma, o Ente poderá obter um retorno a maior ou a menor do que lhe foi retido
para contribuição ao Fundo.
Demonstram-se a seguir os valores ingressados em 2020 e ajustes
efetuados.

ACOMPANHAMENTO MENSAL DA MOVIMENTAÇÃO - DOS RECURSOS DO FUNDEB


EXERCÍCIO 2020
Em R$ milhões (nominais)
APLICAÇÃO TOTAL DOS
MÊS RETORNO RETENÇÃO DIFERENÇA RESTITUIÇÃO
FINANCEIRA RECURSOS
(1) (2) (3=1-2) (4) (5) (6=1+4+5)
Janeiro 479,1 (584,2) (105,0) 0,0 0,4 479,5
Fevereiro 372,1 (556,7) (184,6) 0,0 0,3 372,4
Março 385,2 (506,5) (121,2) 0,0 0,2 385,4
Abril 343,3 (498,9) (155,7) 0,0 0,1 343,4
Maio 281,6 (379,6) (98,0) 0,0 0,1 281,7
Junho 269,0 (421,0) (152,0) 0,0 0,0 269,0
Julho 322,9 (460,0) (137,1) 0,0 0,0 322,9
Agosto 323,4 (504,9) (181,5) 0,0 0,0 323,4
Setembro 355,2 (545,4) (190,3) 0,0 0,0 355,2
Outubro 383,6 (568,9) (185,3) 0,0 0,0 383,7
Novembro 386,1 (615,6) (229,5) 0,0 0,0 386,1
Dezembro 448,2 (722,2) (274,0) 0,0 0,0 448,2
TOTAL 4.349,7 (6.363,9) (2.014,2) 0,0 1,1 4.350,8

442
ACOMPANHAMENTO MENSAL DA MOVIMENTAÇÃO - DOS RECURSOS DO FUNDEB
EXERCÍCIO 2020
Em R$ milhões (nominais)
APLICAÇÃO TOTAL DOS
MÊS RETORNO RETENÇÃO DIFERENÇA RESTITUIÇÃO
FINANCEIRA RECURSOS
(1) (2) (3=1-2) (4) (5) (6=1+4+5)
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da CAGE/SEFAZ
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS
Receita de transferência do FUNDEB (cód 1758.01110002)
Dedução de Receita para formação do FUNDEB (cód 9000.0000.0000 a 9999.9999.9999). Recursos do FUNDEB redistribuídos.
Receita de Aplicação Financeira de recursos vinculados ao FUNDEB (cód. 1300.00000000)

No caso do Estado do Rio Grande do Sul, houve uma contribuição de


R$ 6,36 bilhões, conforme os lançamentos contábeis em “Deduções da Receita”, e um
retorno de R$ 4,35 bilhões, representados pelas “Receitas de Transferências” oriundas do
Fundo, contabilizadas pelo Estado, ocasionando uma diferença a menor (perda) no valor
de R$ 2,01 bilhões, valor esse redistribuído aos Municípios e, igualmente considerado
como aplicação na educação básica pública, para efeito do cumprimento ao art. 212 da
CF.

9.1.1.3 – Movimentação Financeira dos Fundos


Os recursos ainda não aplicados do FUNDEF encontram-se registrados na
conta contábil vinculada nº 001/3798/580201 do Banco do Brasil, com saldo zerado, e na
conta contábil de Aplicação Financeira-SIAC nº 041/0100/03.267219.04 do Banrisul, com
saldo de R$ 136,7 mil, perfazendo o total de R$ 136,7 mil.
O registro relativo ao retorno de recursos do FUNDEB para aplicação no
Estado ocorre na conta contábil vinculada nº 52140 do Banco do Brasil, dividida em duas
subcontas: aplicação de curto prazo (001/3798/52140/AC), com saldo no montante de
R$ 564,00 em 31-12-2020, e centralizadora (001/3798/52140/C) com saldo de R$ 363,3
mil ao final do exercício analisado. Entretanto, esta conta bancária também está
vinculada aos Recursos 006 (Saúde) e 001 (Tesouro Livres), colocando em risco a
utilização, com exclusividade, de seu saldo para o custeio de despesas em Educação, tal
qual definido em Lei.
Assim, a utilização de contas sem vinculação exclusiva permite a
transferência de valores entre recursos ou a utilização de importâncias pertencentes a um
recurso com o outro, em evidente afronta legal, dificultando sobremaneira o controle
desses valores.
A conta corrente nº 041/0100/03.274232.06 do Banrisul, que compõe o
Sistema Integrado de Administração de Caixa – SIAC, durante o exercício de 2017 e em
parte de 2018, foi a centralizadora dos recursos do Fundo e recebia as transferências da
conta corrente FUNDEB nº 001/3798/52140, do Banco do Brasil. Os registros destas
movimentações financeiras ocorreram na conta contábil vinculada de Aplicação
Financeira-SIAC (041/0100/03.274232.06/A) com saldo equivalente a R$ 4,6 mil.
Em 15-01-2018 foi publicada a Portaria Conjunta STN/FNDE nº 02,
determinando, no seu artigo 1º, que cada ente beneficiário do FUNDEB deveria possuir
uma conta única e específica para a movimentação dos recursos, cadastrada
obrigatoriamente com CNPJ do órgão responsável pela Educação. Também estabeleceu,

443
no seu artigo 2º, que a conta deveria ser aberta e mantida no Banco do Brasil ou na Caixa
Econômica Federal.
Em 19-07-2018, foi aberta conta no Banco do Brasil, de nº 3798/707007,
com CNPJ da Secretaria da Educação para esse fim.
O Estado também abriu a conta nº 0100/03.409941.0-3 no Banrisul, em 28-
09-2018, nos tipos Centralizadora e Aplicação SIAC, com a finalidade de atendimento a
Portaria Conjunta STN/FNDE nº 02 de 15-01-2018, conforme descrição constante no
Sistema FPE. Esta conta recebeu movimentações do FUNDEB em 2020, cujo saldo em 31-
12-2020 era zerado para a centralizadora e, na Aplicação Financeira SIAC, foi de R$ 310,1
milhões.
Em 2020 constatou-se a movimentação de recursos do FUNDEB na conta
nº 3798/707007 do Banco do Brasil, conforme consulta ao extrato bancário do FPE. No
entanto, verificou-se que, logo que os recursos são creditados na conta, são transferidos
para a conta nº 0100/03.409941.0-3 do Banrisul.
Assim, averiguou-se a movimentação de recursos do FUNDEB na conta nº
0100/03.409941.0-3 no Banrisul em 2020, inclusive com o envio dos mesmos ao Caixa
Único do Estado - SIAC, contrariando o estabelecido pela Portaria Conjunta STN/FNDE nº
02/2018, que determinou a utilização de uma conta ÚNICA e ESPECÍFICA no Banco do
Brasil ou Caixa Econômica Federal para as movimentações dos recursos do FUNDEB,
sendo tal situação objeto de pedido de esclarecimento ao Governador do Estado.
O envio dos valores do FUNDEB ao SIAC faz com que os recursos não sejam
utilizados na sua finalidade específica. Uma vez que o saldo do Caixa Único é somente
escritural, caso o Estado precisasse resgatar os R$ 310,6 milhões do FUNDEB em 31-12-
2020, poderia não conseguir realizar referido saque.
A sistemática adotada pelo Estado para o repasse do FUNDEB, utilizando-se
do SIAC e de diversas contas bancárias intermediárias para a movimentação dos referidos
valores, permite a utilização de recurso vinculado para outros fins.
A partir dos registros contábeis de recursos ainda pertencentes ao FUNDEF,
(R$ 136,7 mil), somados aos saldos contábeis de recursos do FUNDEB no Banco do Brasil
(R$ 364,6 mil) e no Banrisul (R$ 310,1 milhões), chega-se ao montante de R$ 310,6
milhões.
Quanto ao valor do Passivo Potencial (Receita ainda não empenhada) dos
recursos 1185 – FUNDEB e 1025 – FUNDEF existentes no sistema FPE, eles coincidem com
os valores deste parecer.
Em 2020, o total registrado nas receitas de retorno do Fundo, somadas aos
rendimentos de aplicação financeira, às anulações de restos a pagar e restituições
diversas do Recurso 1185 (FUNDEB), foi de R$ 4,35 bilhões que, acrescido do Passivo
Potencial apurado em 2019 (R$ 257,0 milhões) alcançou o montante de R$ 4,61 bilhões
para aplicação no âmbito da educação básica. Deduzida a quantia empenhada em 2020,
no valor de R$ 4,50 bilhões, não foram empenhados R$ 105,3 milhões das receitas do
FUNDEB, que deveriam ter sido aplicados em 2020 na Educação Básica, conforme
demonstrado a seguir:

444
EXECUÇÃO NO RECURSO 1185 – FUNDEB
Em R$ milhões (nominais)
Saldo Inicial do Passivo Potencial para 2019: 95,0

(+) Total de Ingressos do Fundo no Recurso 1185 em 2019: 4.411,5


(=) Total Disponível em 2019 para execução da Despesa: 4.506,5

(-) Total empenhado no Recurso 1185 em 2019 4.249,5

Saldo Inicial do Passivo Potencial para 2020: 257,0

(+) Total de Ingressos do Fundo no Recurso 1185 em 2020: 4.350,8


(=) Total Disponível em 2020 para execução da Despesa: 4.607,8

(-) Total empenhado no Recurso 1185 em 2020 4.502,4

Saldo Inicial do Passivo Potencial para 2021: 105,3

Assim, constatou-se a existência de um saldo bancário de R$ 310,1


milhões, suficiente para executar a despesa ainda não empenhada, no valor de 105,5
milhões, representada pelos Passivos Potenciais do FUNDEB (R$ 105,3 milhões) e do
FUNDEF (R$ 115,7 mil) e para cobrir os Restos a Pagar dos respectivos recursos inscritos
no Balanço no valor de R$ 202,7 milhões. Portanto, para honrar os compromissos já
assumidos e executar a despesa ainda não empenhada, o Poder Executivo tem uma sobra
nas contas correntes vinculadas ao FUNDEF/FUNDEB de R$ 2,4 milhões.
A Dotação Inicial da LOA foi reduzida de R$ 7,5 milhões, sofrendo,
portanto, uma diminuição na expectativa de retorno de recursos do Fundo para aplicação
no Estado. Em 2020, ao contrário do que ocorreu em 2019, o ingresso foi inferior à
dotação da LOA em R$ 275,8 milhões.

DESPESA AUTORIZADA (DOTAÇÃO LOA)


X
RECEITA EFETIVA (INGRESSOS NO RECURSO 1185 - FUNDEB)
Em R$ milhões (nominais)
Dotação Orçamentária inicial da LOA (Alterada) para execução da despesa no
4.626,7
exercício de 2020:
(-) Total de Ingressos efetivos no Recurso: 4.350,8

(=) Ingresso abaixo da Dotação Orçamentária correspondente: 275,8

Confrontando as expectativas de despesas e receitas do FUNDEB em 2020,


a Dotação Alterada para 2020, no Recurso 1185, foi de R$ 4,63 bilhões, quando, por outro
lado, o ingresso efetivo de recursos foi de R$ 4,35 bilhões, revelando uma receita menor
que a expectativa no montante de R$ 275,8 milhões.

9.1.1.4 – Utilização dos Recursos


De acordo com o artigo 21 da Lei nº 11.494/07, os recursos do FUNDEB
serão utilizados pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, no exercício

445
financeiro de seu efetivo ingresso, em ações consideradas como de manutenção e
desenvolvimento do ensino para a educação básica pública, como dispõe o artigo 70 da
Lei nº 9.394/96 – LDB.
Todavia, os recursos deverão ser aplicados pelos entes distintamente entre
etapas, modalidades e tipos de estabelecimentos de ensino da educação básica, nos
termos dos §§ 2º e 3º do artigo 211 da Constituição Federal, que assim disciplina quanto
à atuação prioritária.
A Constituição Federal disciplina:
Art. 211 [...]
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na
educação infantil.
§ 3º - Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino
fundamental e médio.
Por seu turno, a Lei nº 9.394/96, a qual estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional, assim dispõe:
Art. 10 – Os Estados incumbir-se-ão de:
[...]
VI – assegurar o ensino fundamental e oferecer, com prioridade, o ensino
médio;

Do anteriormente citado, o Estado deverá aplicar os recursos do FUNDEB


exclusivamente no ensino fundamental e médio e, prioritariamente, neste último.
Ao estabelecer a prioridade de aplicação no ensino médio, o legislador não
determinou parâmetros para medi-la, se percentualmente, ou pelo pleno atendimento de
todos os itens necessários ao desempenho satisfatório do ensino, deixando uma lacuna a
ser preenchida e oportunizando, dessa forma, como critério possível de aferição, a
supremacia monetária do valor aplicado no ensino médio sobre o ensino fundamental.
A Lei nº 11.494/07 determinou a vinculação de 60% dos recursos recebidos
à conta do FUNDEB para a remuneração dos profissionais do magistério da educação
básica em efetivo exercício na rede pública, ou seja, aqueles profissionais que oferecem
suporte pedagógico direto ao exercício da docência: direção ou administração escolar,
planejamento, inspeção, supervisão, orientação educacional e coordenação pedagógica.
Outra questão conceitualmente definida é o termo remuneração,
abarcando, inclusive, encargos incidentes sobre a mesma. A Lei nº 11.494/07 determina a
aplicação dos recursos para a remuneração dos profissionais do magistério em efetivo
exercício na rede pública, afastando o pagamento de inativos com recursos do FUNDEB.

9.1.1.5 – Remuneração dos Profissionais do Magistério

APURAÇÃO DO PERCENTUAL APLICADO EM REMUNERAÇÃO


DE PROFISSIONAIS NO MAGISTÉRIO NA EDUCAÇÃO BÁSICA
RECURSO 1185 – FUNDEB - EXERCÍCIO 2020
Em R$ milhões (nominais)
COMPONENTES VALOR %
Recursos do FUNDEB 4.349,7
(+) Rendimentos de Aplicações Financeiras das Contas do FUNDEB 0,0

446
APURAÇÃO DO PERCENTUAL APLICADO EM REMUNERAÇÃO
DE PROFISSIONAIS NO MAGISTÉRIO NA EDUCAÇÃO BÁSICA
RECURSO 1185 – FUNDEB - EXERCÍCIO 2020
Em R$ milhões (nominais)
COMPONENTES VALOR %
Total de Recursos Oriundos do FUNDEB 4.349,7 100
60% dos Recursos Oriundos do FUNDEB 2.609,8 60

Total dos Gastos Efetuados c/ Profissionais do Magistério 4.263,8


(-) Contrib. Previdenciárias ao RPPS e cobertura do déficit no pagamento dos
1.559,9
inativos
Gastos Efetuados c/ Profissionais do Magistério em efetivo exercício na Rede Pública 2.703,9 62,16
Valor Acima do Limite 94,0
Fonte: Sistema Cubos DW da CAGE/SEZ E FPE/SEFAZ
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS

Como evidencia a tabela acima, tendo o Estado recebido de retorno do


FUNDEB o valor total de R$ 4,35 bilhões, consideradas as aplicações financeiras que
devem ser empregadas na mesma finalidade, conclui-se que o montante de
R$ 2,70 bilhões de despesa liquidada com a remuneração dos profissionais da educação
básica pública, por conta dos recursos do Fundo, ajustada com a exclusão de gastos com
inativos (R$ 1,56 bilhão), correspondeu a 62,16 %, sendo plenamente obedecido o
mandamento legal.
Finalmente, dos 40% restantes dos recursos do Fundo, como a lei veda a
utilização dos mesmos no financiamento de despesas não consideradas como de
manutenção e desenvolvimento do ensino, previstas no artigo 71 da Lei nº 9.394/96–
LDB, conclui-se que eles deverão ser aplicados em manutenção e desenvolvimento do
ensino da educação básica em despesas que se coadunem com aquelas arroladas no
artigo 70 da Lei nº 9.394/96 e, logicamente, sempre respeitando a etapa de atuação
prioritária de cada Ente.
Porém, o Executivo vem empenhando despesas com contribuição
previdenciária de inativos para o RPPS e contribuições ao IPERGS para cobertura do
déficit no pagamento dos inativos, em desacordo com a Lei do FUNDEB. Neste exercício,
o montante apurado nestas despesas totalizou R$ 1,56 bilhão e não foi levado em conta
para fins da apuração dos 60% (sessenta por cento), como demonstrado na tabela acima.
Com o advento da Emenda Constitucional nº 108, de 27-08-2020 e a nova
Lei do Fundeb, nº 14.113, de 25-12-2020, ficou expressamente proibida a utilização de
recursos do Fundo com aposentadorias e pensões, bem como, foi alterado o percentual
destinado aos profissionais de magistério para 70%. Tais alterações vigerão a partir de
2021.

9.1.2 – Salário-Educação
Nos termos do que consta no site do Fundo Nacional de Desenvolvimento
da Educação – FNDE, o salário-educação, instituído em 1964, é uma contribuição social
destinada ao financiamento de programas, projetos e ações voltadas para o
financiamento da educação básica pública. Esta contribuição também pode ser aplicada
na educação especial, desde que vinculada à educação básica.

447
A contribuição social do salário-educação está prevista no artigo 212, § 5º,
da Constituição Federal, regulamentada pelas Leis nº 9.424/1996, 9.766/1998, Decreto
nº 6.003/2006 e Lei n° 11.457/2007, sendo calculada com base na alíquota de 2,5% sobre
o valor total das remunerações pagas ou creditadas pelas empresas, a qualquer título, aos
segurados empregados, ressalvadas as exceções legais. A mesma é arrecadada, fiscalizada
e cobrada pela Receita Federal do Brasil.
A Constituição Federal, com a redação dada pela Emenda Constitucional
nº 53/2006, estendeu a arrecadação do salário-educação para toda a educação básica
pública. Porém, tratando-se de “contribuição social” e não de “imposto”, esses recursos
não podem ser conceituados para cálculo dos 25% da receita líquida de impostos
destinados a despesas da Manutenção e Desenvolvimento do Ensino - MDE.
O Decreto nº 6.003/2006 regulamenta a arrecadação, fiscalização e
cobrança da contribuição social do salário-educação e institui no § 1º do artigo 9º:
[...]
§ 1º - A quota estadual e municipal da contribuição social do salário-educação
será integralmente redistribuída entre o Estado e seus Municípios na forma
proporcional ao número de alunos matriculados na educação básica das
respectivas redes de ensino no exercício anterior ao da distribuição, conforme
apurado pelo censo educacional realizado pelo Ministério da Educação.

As quotas estadual e municipal correspondem a 2/3 (dois terços) do


montante dos recursos arrecadados em cada unidade da federação e serão creditadas
mensal e automaticamente em favor das Secretarias de Educação dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios para financiamento de programas, projetos e ações voltadas
para a educação básica.
Os coeficientes de participação do Estado e seus Municípios no Salário-
Educação, para 2020, foram primeiramente divulgados por meio do Anexo da Portaria do
FNDE/MEC nº 115, de 14 de fevereiro de 2020, retificado pelo Anexo da Portaria do
FNDE/MEC nº 764, de 14 de dezembro de 2020, e foram calculados a partir da divisão do
número de alunos da educação básica pública, urbana e rural, das redes estaduais,
distritais e municipais de ensino, pelo total de matrículas do mesmo segmento de ensino,
apurados com base no Censo Escolar de 2019, nos termos legais, e são os seguintes:

EXERCÍCIO DE 2020
Estado 0,4507193445
Municípios 0,5492806555

9.1.2.1 – Recurso 292 – Quota Estadual


Os valores repassados pela União são depositados mensalmente na
Ag. 3798-2 do Banco do Brasil, conta nº 5031-8, e transferidos para a Ag. 100 do Banrisul,
conta nº 03.202768.0-1, a qual integra o Sistema Integrado de Administração de Caixa -
SIAC.

448
QUOTA-PARTE DO SALÁRIO-EDUCAÇÃO - EXERCÍCIO DE 2020
Em R$ milhões (nominais)
DISTRIBUIÇÃO PELO FNDE E INSS CONTABILIZAÇÃO PELO ESTADO
Distribuição da Quota Estadual
312,4 2. Receita Quota-Parte Recurso 292 em 2020
2020
Código 171000000000 312,5
Ajustes da Receita:
2.1 (+) Quota Ref. Dez 2020 (Ingresso Jan
42,7
2021)
2.2 (-) Quota Ref. Dez 2019 (Ingresso Jan
42,9
2020)
3. SALÁRIO-EDUCAÇÃO/QUOTA ESTADO
312,4
RECURSO 292 (= 2 + 2.1 – 2.2)
TOTAL 312,4 TOTAL 312,4
Fonte: Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.

Segundo a página eletrônica (site) do FNDE, o total repassado ao Estado,


em 2020, foi equivalente a R$ 312,4 milhões. Em virtude dos valores serem depositados
sempre no mês seguinte ao qual se referem e de a receita ser apurada pelo regime de
caixa, o ingresso verificado no período (R$ 312,5 milhões) deverá ser ajustado com o
acréscimo de R$ 42,7 milhões, depositado em janeiro de 2021, mas pertencente ao mês
de dezembro de 2020, e a dedução de R$ 42,9 milhões, depositado em janeiro de 2020 e,
no entanto, relativo ao mês de dezembro de 2019.
A origem e a aplicação dos recursos referentes ao salário-educação em
2020 estão demonstradas na tabela a seguir.

RECEITA X DESPESA - SALÁRIO-EDUCAÇÃO – RECURSOS 092 E 292 - EXERCÍCIO DE 2020


Em R$ milhões (nominais)
RECEITAS DESPESA: RECURSOS 92 E 292
RESTOS A PAGAR EXERCÍCIO
GRUPOS ATUAL
DENOMINAÇÃO VALOR EMPENHADA LIQUIDADA PAGA
DE DESPESAS NÃO
PROCESSADOS
PROCESSADOS
Outras Despesas
RECURSOS 092 0,0
Correntes 329,5 289,0 274,2 40,5 14,8
Multas e Juros 0,0 Investimentos
120,1 34,0 31,0 86,2 3,0
Anulação de Restos
0,0
a Pagar
RECURSOS 292 345,5
Quota-Parte
312,5
Salário Educação
Rendimentos
0,0
MDE/FNDE
Multas Contratuais 0,3
Restituições 5,1
Anulação de
27,5
Restos a Pagar
1 - Total das 2 - Total das
345,5
Receitas Despesas 449,6 323,0 305,2 126,6 17,7
3 - APLICAÇÃO
104,1 22,5 40,2
A MAIOR
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da CAGE/SEFAZ
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS

449
Do total da receita vinculada ao Salário-Educação, de R$ 345,5 milhões
(quota Estado + aplicações financeiras + anulação de restos + restituições), foram
empenhados R$ 449,6 milhões, ocorrendo uma aplicação a maior no valor de
R$ 104,1 milhões.
O somatório dos valores registrados em Restos a Pagar Processados e Não
Processados sem o correspondente pagamento, alusivos a empenhos efetuados em 2020,
no montante de R$ 144,4 milhões, equivaleu a 32,11% do total da despesa empenhada
no exercício em análise.
O saldo da receita acumulada e não empenhada, até 31-12-2020, totalizou
R$ 344,1 milhões, representando o Passivo Potencial dos Recursos 092 e 292 e estão
aplicados no SIAC.
Destaca-se que o valor de anulação de restos a pagar de R$ 27,5 milhões
não foi contabilizado como receita, conforme Nota 7, das Notas Explicativas do Balanço
Consolidado:
No Balanço Orçamentário, as anulações de restos a pagar, que até 2019
eram computadas no item Outras Receitas Correntes, deixaram de ser registradas
orçamentariamente. O procedimento vai ao encontro do disposto no 3.3 da Parte I do
Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP) 8ª Edição.
Apresentam-se os gastos com os recursos do Salário-Educação no Rio
Grande do Sul, separados por rubricas:

RUBRICAS MAIS SIGNIFICATIVAS POR GRUPOS - DESPESAS LIQUIDADAS


RECURSOS 092 E 292
Em R$ milhões (nominais)
EXERCÍCIO
RUBRICAS DE DESPESA %
2020*
03 - OUTRAS DESPESAS CORRENTES 289,01 89,5%
4102 - ASSIST FIN A MUNICIPIOS 68,21 21,1%
3965 - MANUTENCAO E CONSERVACAO 67,71 21,0%
3006 - GENEROS PARA ALIMENTACAO 46,93 14,5%
3918 - ENERGIA ELETRICA 25,12 7,8%
3901 - AGUA E ESGOTO 18,33 5,7%
4013 - COMUNICACAO DE DADOS 10,52 3,3%
4099 - OUTROS SERVICOS TIC 10,51 3,3%
3930 - CONSERVACAO DE BENS IMOVE 8,68 2,7%
OUTROS 33,01 10,2%
04 - INVESTIMENTOS 33,96 10,5%
5224 - GESTAO DEMOCRATICA DO ENS 23,75 7,4%
5103 - CONSTRUCAO OU AMPLIACAO D 8,54 2,6%
4002 - CUSTOS SUBS EVOL SOFTWARE 1,16 0,4%
OUTROS 0,51 0,2%
TOTAL DO GRUPO 322,98 100%
Fonte: Pareceres Prévios, Balanços Gerais do Estado, Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ.
Cálculos:Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
* Despesa Liquidada

450
Verifica-se que o maior gasto do Salário-Educação refere-se à rubrica 4102
- Assistência Financeira a Municípios, representando 21,1% do total. No grupo
Investimentos, o maior gasto ocorre na rubrica 5224 – Gestão Democrática do Ensino,
com 7,4% do total.
Bem como, quando analisada a despesa liquidada por projetos, obtém-se o
seguinte demonstrativo:

PROJETOS MAIS SIGNIFICATIVOS POR GRUPOS - DESPESAS LIQUIDADAS


RECURSOS 092 E 292
Em R$ milhões (nominais)
EXERCÍCIO
RUBRICAS DE DESPESA %
2020*
03 - OUTRAS DESPESAS CORRENTES 289,01 89,5%
6085 - TRANSPORTE ESCOLAR 71,32 22,1%
6958 - AUTON FIN,PEDAG E MANUTEN 63,41 19,6%
6093 - MANUTENCAO ESC ED BAS 59,01 18,3%
2373 - ALIMENTACAO ESCOLAR 46,92 14,5%
5786 - INF DA GESTAO 21,50 6,7%
6344 - QUAL REDE FISICA ED BASIC 8,37 2,6%
OUTROS 18,48 5,7%
04 - INVESTIMENTOS 33,96 10,5%
6958 - AUTON FIN,PEDAG E MANUTEN 23,75 7,4%
6344 - QUAL REDE FISICA ED BASIC 8,71 2,7%
1909 - MODERN TECNOL CULT DIGIT 1,50 0,5%
5894 - QUAL. INFRA - CRE SEDUC 0,01 0,0%
6346 - EQ,MOB. BAS. ED. BASICA - 0,0%
OUTROS - 0,0%
TOTAL DO GRUPO 322,98 100%
Fonte: Pareceres Prévios, Balanços Gerais do Estado, Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ.
Cálculos:Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
* Despesa Liquidada

Constata-se que o maior gasto de 2020 do Salário Educação, no Grupo


Outras Despesas Correntes, está no projeto 6085 – TRANSPORTE ESCOLAR,
representando 22,1% do total. No Grupo Investimentos, está concentrado no projeto
6956 – AUTON FIN, PEDAG E MANUTEN, com o total de R$ 23,8 milhões.

9.1.2.2 – Recurso 298 – Quota Municípios


A partir de 2004, a distribuição do salário-educação, da parcela que
compete aos Municípios, passou a ser repassada diretamente para esses, não transitando
pela contabilidade do Estado, existindo, entretanto, valores a empenhar e valores a pagar
relativos ao período 1998 a 2003.
Em 2011, o Estado pagou parte dos atrasados aos Municípios (R$ 312 mil),
um valor significativamente inferior ao montante regularizado em 2010 (R$ 11,9 milhões).
No exercício de 2012, novamente o volume de pagamentos (R$ 110 mil) foi muito abaixo

451
dos valores anuais pagos desde 2004 e, a partir de 2013, não foi mais efetuado nenhum
repasse do montante do Salário Educação devido aos Municípios.

RECURSO 0298 – SALÁRIO-EDUCAÇÃO MUNICÍPIOS


Em R$ milhões (nominais)
SALDO A
REPASSAR AOS % SOBRE O % PAGO EM RELAÇÃO AO SALDO
VALORES
EXERCÍCIOS MUNICÍPIOS AO TOTAL PAGO NO DEVEDOR AO FINAL DO EXERCÍCIO
PAGOS (B)
FINAL DO PERÍODO (B/A)
EXERCÍCIO (A)
(1) (2) (3=1-2) (4)
2004 83,1 15,0 25,2 18,0
2005 85,8 11,7 19,7 13,6
2006 80,1 5,7 9,6 7,1
2007 79,0 1,1 1,9 1,4
2008 72,0 6,8 11,5 9,5
2009 65,2 6,8 11,4 10,4
2010 53,2 11,9 20,0 22,3
2011 52,6 0,3 0,5 0,6
2012 52,5 0,1 0,2 0,2
TOTAL 59,4 100,0
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da CAGE/SEFAZ
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG-TCE/RS

A série histórica revela os valores nominais pagos de 2004 a 2012


(R$ 59,4 milhões), o percentual que cada montante representa em relação ao total
restituído neste período de nove anos e o quanto o valor pago a cada ano representa em
percentual quando confrontado com o saldo não repassado aos municípios até o final do
exercício. Nos dois últimos anos, o Estado interrompeu a política que, até 2010, garantiu,
em média, pagamentos na ordem de 12% ao ano em relação ao saldo devedor.
Em 2011 e 2012, o volume dos repasses não atingiu 1%: 0,59% e 0,21%,
respectivamente e, a partir de 2013, nada foi repassado. A posição do Salário-
Educação/Quota Municípios, em 31-12-2020, está demonstrada na tabela a seguir.

SALÁRIO-EDUCAÇÃO - RECURSO 0298 - QUOTA MUNICÍPIOS


SALDO ACUMULADO EM 31-12-2020
Em R$ milhões (nominais)

Passivo Potencial em 2012 (Receita não empenhada) 34,5

(+) Anulação de Restos a Pagar em 2013 18,0

(=) Valor a repassar aos Municípios em 31-12-2020 52,5


Fonte: Sistemas FPE e Cubos DW da CAGE/SEFAZ
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.

Da quantia ainda não empenhada e dos valores inscritos em Restos a Pagar


anulados em 2013, resta ser repassado o montante de R$ 52,5 milhões da quota
Municípios/Salário-Educação, procedimento que pode vir a comprometer uma série de
projetos municipais na área de educação, vindo a se configurar em retenção indevida de
recurso previsto na Constituição, cuja distribuição está regulamentada na Lei
nº 9.766/1998 e Lei nº 11.126/1998, situação agravada sobremaneira nos últimos
exercícios, sendo objeto de pedido de esclarecimento ao Governador.

452
9.1.2.3 – Salário-Educação – Aplicação no SIAC

SALÁRIO-EDUCAÇÃO – RECURSOS 092, 292 E 298 - QUOTA ESTADUAL E MUNICIPAL


SALDO BANCÁRIO EM 31-12-2020
Em R$ milhões (nominais)
1 - Saldo no SIAC (2+3+4) 349,8
2 - Conta 041/0100/0320276801 (Recurso 292 e 0092) 213,4
3 - Conta 041/0100/0324446809 (Recurso 298) 51,1
4 - Conta 041/0100/0323580005 (restituição Rec. 292) 85,3

5 - Rendimentos acumulados da Aplicação no SIAC, não apropriados nas contas do Salário-


176,5
Educação
6 - Total Contas Bancárias + Rendimento SIAC (1+5) 526,3
Fonte: Sistemas FPE e Cubos DW da CAGE/SEFAZ
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS
Item 5 – Dados fornecidos pela Secretaria da Fazenda.

Os recursos excedentes do Salário-Educação (quota Municípios e Estado),


ou seja, a diferença entre os valores recebidos e pagos passaram a compor as aplicações
financeiras do SIAC a partir de 2000. Em 31-12-2020, os valores aplicados alcançaram o
montante de R$ 349,8 milhões, representando o equivalente a 4,8% do total aplicado no
SIAC (R$ 7,21 bilhões).
De acordo com a informação encaminhada pela Secretaria da Fazenda do
Estado do Rio Grande do Sul, os rendimentos acumulados da aplicação financeira no
Caixa Único, relativos ao Salário-Educação, representam R$ 176,5 milhões no exercício
em análise, não sendo os mesmos incorporados aos recursos. Esses valores são
conhecidos como “Passivos de Remuneração” e constituem-se em dívida não registrada
contabilmente a ser resgatada no Caixa Único e aplicada no objeto de sua vinculação.
O Passivo de Remuneração do Salário-Educação em 31-12-2019, de R$
176,5 milhões, não sofreu alteração quando comparado com o valor contabilizado em 31-
12-2020. A Secretaria da Fazenda informou que as contas do Salário-Educação no SIAC
são remuneradas pela Taxa Referencial – TR, e a variação desse índice está zerada há
anos e, portanto, não há variação na remuneração também.

SALÁRIO-EDUCAÇÃO – RECURSOS 092, 292 E 298 - QUOTA ESTADUAL E MUNICIPAL – SALDO NÃO DESEMBOLSADO
EM 31-12-2020
Em R$ milhões (nominais)
RECURSOS 298
RECURSOS 92 E 292
SALÁRIO-EDUCAÇÃO TOTAL
QUOTA ESTADUAL QUOTA MUNICIPAL

1 - Saldo do Passivo Potencial (Receita não empenha-


344,1 52,5 396,6
da)
2 - Saldo acumulado em Restos a Pagar 153,7 - 153,7

3 - Saldo não desembolsado (1+2) 497,8 52,5 550,4


Fonte: Sistemas FPE e Cubos DW da CAGE/SEFAZ
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.

O total da receita não empenhada do Salário-Educação (quota estadual e


municipal), adicionada aos restos a pagar, atinge um saldo equivalente a

453
R$ 550,4 milhões. Quando cotejada com o saldo bancário, constante no SIAC, de
R$ 349,8 milhões, verifica-se uma insuficiência de R$ 200,6 milhões para executar a
despesa ainda não empenhada e para cobrir os Restos a Pagar.
Caso sejam incorporados aos recursos os rendimentos acumulados da
aplicação financeira no Caixa Único, o passivo de remuneração no valor de R$ 176,5
milhões, ainda assim faltariam R$ 24,1 milhões para cobrir o saldo não desembolsado.
Assim, a diferença de R$ 24,1 milhões a menor no SIAC deve ser conciliada,
a fim de garantir que todos os valores a empenhar e inscritos em Restos a Pagar,
registrados na Contabilidade, tenham consignados, nas respectivas contas bancárias,
saldo suficiente para cobertura das despesas correspondentes.

9.1.3 – Aspectos Qualitativos e Ações Governamentais na Área da Educação


No intuito de apreciar os resultados alcançados com a aplicação dos
recursos destinados à Manutenção e Desenvolvimento do Ensino no Estado, procedeu-se
a analise de índices de qualidade do ensino, do censo escolar e a apresentação de
algumas ações relevantes de governo na área da Educação Básica.

9.1.3.1 – Índices de Eficiência

9.1.3.1.1 – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - IDEB


Segundo definição no Site do MEC, o IDEB é um indicador de qualidade
educacional que combina informações de desempenho em exames padronizados, obtido
pelos estudantes no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb/Prova Brasil) ao final
das etapas de ensino (4ª e 8ª séries do ensino fundamental e 3ª série do ensino médio),
com informações sobre rendimento escolar (aprovação).
O índice é medido a cada dois anos, com a última medição correspondendo
a 2019 e o objetivo é que o País, a partir do alcance das metas municipais e estaduais,
tenha nota 6 em 2022 – similar à qualidade do ensino em países desenvolvidos.
O último IDEB publicado, referente ao exercício de 2019, será descrito
neste relatório.
É importante, de acordo com o MEC, combinar as informações produzidas
nas análises sobre qualidade educacional, pois a complementaridade entre elas é
evidente: “O ideal seria um sistema de ensino em que todas as crianças e adolescentes
tivessem acesso à escola, não desperdiçassem tempo com repetências, não
abandonassem a escola precocemente e, ao final de tudo, aprendessem”.
O Sistema de Avaliação da Educação Básica – Saeb/Prova Brasil é uma
avaliação externa em larga escala aplicada desde 1990, a cada dois anos, pelo Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, cuja metodologia
baseia-se na aplicação de testes padronizados de Língua Portuguesa e Matemática e de
Questionários Socioeconômicos a estudantes de 5º ano (4ª Série) e 9º ano (8ª Série) do
Ensino Fundamental e 3ª série do Ensino Médio. Além dos estudantes, diretores e
professores também preenchem o Questionário Socioeconômico.

454
O objetivo do Saeb/Prova Brasil é realizar um diagnóstico dos sistemas
educacionais brasileiros. As informações produzidas por essa avaliação visam subsidiar a
formulação, reformulação e monitoramento das políticas públicas educacionais nas
esferas municipal, estadual e federal. Na edição de 2019, a divulgação dos resultados
tomou como referência o Censo Escolar 2018. Somente as escolas declaradas no referido
Censo Escolar têm seus dados divulgados.
A título de comparação, uma vez que o último ano avaliado pelo IDEB
refere-se à 2019, optou-se por demonstrar alguns dados do Censo Escolar de 2019,
publicado no site http://inep.gov.br/censo-escolar, a fim de apresentar um pequeno
cenário do ensino no Rio Grande do Sul.
Em 2019 o número total de matrículas na Educação Básica,
compreendendo as redes pública e privada, totalizou 2.294.325, representando 155.966
matrículas a menos que em 2018. As matrículas de 2019 estão repartidas entre: 458.003
na Educação Infantil, 1.280.743 no Ensino Fundamental, 335.437 no Ensino Médio,
121.811 na Educação Profissional Técnica, 361 na Educação Profissional - Formação Inicial
Continuada (FIC), 136.932 na Educação de Jovens e Adultos (EJA) e 95.508 na Educação
Especial.
Restringindo-se para a rede pública estadual, o número total de matrículas
na Educação Básica totalizou 838.776, sendo 41.392 de matrículas a menos que em 2018.
A rede pública estadual, em 2019, representou 37% do total de alunos na escola do Rio
Grande do Sul.
Relativamente ao Ensino Médio, em 2019, a rede pública estadual contou
com 275.610 matrículas, sendo 10.768 a menos que 2018. No Ensino Médio da rede
pública estadual de 2019 foram matriculados 6.622 alunos para aulas em tempo integral,
um aumento de 1.623 matrículas com relação a 2018. Apesar do aumento entre os
exercícios, ainda é baixo o número de matrículas para aulas em tempo integral,
correspondendo a apenas 2,4% do total de alunos no Ensino Médio público estadual.
Bem como, verificou-se que há 41.726 docentes na rede pública estadual,
sendo 1.956 a menos que em 2018. Quanto aos docentes que atuam no Ensino Médio,
eles totalizam 21.283, 632 a menos que no exercício de 2018. Assim, obtém-se que, na
rede pública estadual relativa ao Ensino Médio, há 275.610 alunos em 2019 para 21.283
docentes.
Quanto aos Estabelecimentos de Educação Básica, são 9.946 no total,
sendo 2.471 da rede pública estadual, isto é, 25%, do total constante no Rio Grande do
Sul e representando uma redução de 26 estabelecimentos quando comparado a 2018.
Quanto aos dados dos “Resultados e Metas” do IDEB, extraídos do Site do
MEC:

Em relação à 4ª Série do Ensino Fundamental


 2005: O Estado situava-se em 6º lugar, na primeira medição do IDEB,
com índice de 4,2, devendo alcançar 6,3 em 2021;
 2007: alcançou o índice de 4,5 superando a meta proposta para o
exercício, que era de 4,2, deslocando-se então para o 5º lugar;

455
 2009: superou novamente o índice proposto (4,6), atingindo 4,8 e
ficando em 6º lugar;
 2011: ultrapassou a meta, mais uma vez, alcançando o índice de 5,1,
colocando-se na 6ª posição, junto com Mato Grosso. Obtiveram os
maiores índices de rendimento os Estados de Minas Gerais (6,0),
Santa Catarina (5,7), Distrito Federal e São Paulo (5,4), Goiás (5,3) e
Paraná (5,2), sendo que este último não atingiu a sua própria meta
para o exercício;
 2013: o Estado superou a meta novamente, alcançando o 5º maior
índice, de 5,5. Obtiveram melhores resultados os Estados de Minas
Gerais e Paraná (6,2), Goiás (6,0), Santa Catarina e São Paulo (5,7) e
Distrito Federal (5,6).
 2015: o Estado manteve o índice de 5,5, alcançando assim a meta
para o período. São Paulo (6,4), Minas Gerais (6,3), Paraná (6,2), Goiás
(6,1) e Santa Catarina (5,9) tiveram os melhores desempenhos.
 2017: o Estado ficou abaixo da meta proposta de 5.9, uma vez que
obteve o índice de 5.8.
 2019: o Estado ficou abaixo da meta proposta de 6.1, uma vez que
obteve o índice de 6.0, localizando-se na 9ª posição entre os 26
Estados e o Distrito Federal, com um índice inferior ao São Paulo,
Distrito Federal, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Goiás e Espiríto
Santo.

Em relação à 8ª Série do Ensino Fundamental

 2005: O Estado situava-se em 4º lugar, na primeira medição do IDEB,


com índice de 3,5, junto com Acre, Amapá e Espírito Santo, devendo
alcançar 5,5 em 2021;
 2007: alcançou o índice de 3,7 superando a meta proposta para o
exercício (3,5) deslocando-se então para o 4º lugar, junto com Minas
Gerais;
 2009: superou novamente o índice proposto (3,6), atingindo 3,8 e
ficando em 5º lugar, junto com Espírito Santo;
 2011: constatou-se ser o RS um dos 12 Estados brasileiros que não
atingiu a meta proposta, obtendo índice de 3,8, mesmo índice de
2009, colocando-se na 7ª posição, com índice inferior ao de Santa
Catarina, Minas Gerais, Mato Grosso, São Paulo, Acre, Goiás, Paraná,
Amazonas, Distrito Federal e Tocantins.
 2013: 19 Estados brasileiros não atingiram a meta proposta, entre eles
o RS, que obteve índice de 3,9, quando a meta para o Estado era de
4,4, colocando-se na 7ª posição, junto com Amazonas e Ceará, e com

456
índice inferior ao de Minas Gerais, Goiás, Acre, São Paulo, Mato
Grosso, Paraná, Santa Catarina e Espírito Santo.
 2015: assim como em 2013, a maioria dos Estados não atingiram suas
metas, 21 no total, sendo o RS um deles (4,0), caindo para a 12ª
posição, juntamente com o Distrito Federal, Espirito Santo e
Rondônia. Goias, Santa Cataria e São Paulo foram os melhores
colocados, com índice de 4,7.
 2017: assim como em 2015, a maioria dos Estados não atingiram suas
metas, 19 no total, sendo o RS um deles (4,3), caindo para a 16ª
posição, juntamente com o Distrito Federal. Goiás e Rondônia foram
os melhores colocados, com índices de 5,2 e 4,9, respectivamente.
 2019: O Rio Grande do Sul não atingiu a meta de 5,6, uma vez que
alcançou apenas 4,8, posicionado na 16º colocação entre os 26
estados brasileiros e o Distrito Federal. São Paulo e Ceará foram os
melhores colocados, com índices de 5,5 e 5,4, respectivamente.

Quanto à 3ª Série do Ensino Médio da Rede Estadual de Ensino


 2005: na primeira medição do IDEB realizada em 2005, o Estado,
situava-se em 2º lugar, junto com Minas Gerais, com índice de 3,4,
devendo alcançar 5,3 em 2021;
 2007: repetiu o mesmo índice de 3,4, não atingindo a meta proposta
para o exercício (3,5), deslocando-se para o 4º lugar, junto com Mato
Grosso do Sul e São Paulo;
 2009: recuperou-se e atingiu a meta proposta, de 3,6, ocupando o 3º
lugar, junto com Minas Gerais e São Paulo;
 2011: constatou-se ser o RS um dos 7 Estados brasileiros que não
atingiu a meta proposta, obtendo índice de 3,4, inferior à medição
anterior, feita em 2009, colocando-se, então, na 6ª posição, junto com
os Estados do Amazonas e Ceará, ficando com índice inferior ao de
Santa Catarina (4,0), São Paulo (3,9), Minas Gerais e Paraná (3,7),
Goiás (3,6), Mato Grosso do Sul, Roraima e Tocantins (3,5);
 2013: 21 Estados brasileiros não atingiram a meta proposta, entre eles
o RS, que obteve índice de 3,7, quando a meta para o Estado era de
4,0, passando, ainda assim, para a 2ª posição, junto com São Paulo,
que também não atingiu a sua própria meta (3,9), superados pelo
Estado de Goiás, com índice de 3,8.
 2015: situação parecida com a anterior, 23 estados não alcançaram a
meta, entre eles o RS, com 3,3, ocupando a 15ª posição junto com
Rondônia e Tocantins. Pernambuco e São Paulo foram os melhores
colocados, com 3,9.

457
 2017: situação parecida com a anterior, 25 estados não alcançaram a
meta, entre eles o RS, com 3,4, ocupando a 15ª posição junto com
Distrito Federal e Maranhão. Goiás e Espírito Santo foram os melhores
colocados, com 4,3 e 4,1, respectivamente.
 2019: o Rio Grande do Sul não alcançou a meta projetada de 5,3,
uma vez que atingiu somente 4,2 na etapa de ensino sob sua
responsabilidade, atingindo a 11ª posição dentre os 26 estados e o
Distrito Federal. Destaca-se que o único estado que atingiu a meta
projetada do IDEB de 2019 foi Goiás.
Comparando os resultados de 2019, nas séries finais das três etapas da
educação básica na Rede Estadual de Ensino do Estado, com o resultado geral (ou total)
obtido pela média de todos os Estados brasileiros, em suas respectivas redes de ensino
estaduais, verifica-se:
 na 4ª Série do Ensino Fundamental, a meta nacional a ser atingida era
de 5,7 e o índice geral verificado foi de 5,9, superando as expectativas.
O IDEB no RS foi de 6,0, ou seja, o Estado está acima da média
nacional mas NÃO atingiu sua própria meta (6,1);
 na 8ª Série do Ensino Fundamental, a meta nacional a ser atingida era
de 5,2 e o índice geral verificado foi de 4,9, abaixo da expectativa. O
IDEB no RS foi de 4,8, ou seja, o Estado está com índice abaixo da
média nacional e abaixo da sua própria meta (5,6);
 na 3ª Série do Ensino Médio, a meta nacional a ser atingida era de 5,0
e o índice geral verificado foi de 4,2, abaixo da expectativa. O IDEB no
RS foi de 4,2, ou seja, o Estado está empatado com a média nacional
e abaixo da sua própria meta (5,3).

O desempenho nacional do IDEB na 3ª Série do Ensino Médio em 2019


(4,2) vem se repetindo desde 2009 e vem sendo duramente criticado, desde então, pois
permitiu ver quantificada a baixa qualidade da educação nesta última etapa da educação
básica, causando inquietude e constrangimento. Quanto ao Estado do Rio Grande do Sul,
agrava-se a situação por ser um dos Estados, juntamente com Santa Catarina e Minas
Gerais, que têm as maiores metas a serem atingidas até 2021 (5,5).
Cumpre referir o Acordo de Cooperação Técnica pactuado em 2013 por
esta Corte de Contas com os demais Tribunais de Contas brasileiros, a Associação dos
Membros dos Tribunais de Contas do Brasil e o Instituto Rui Barbosa (Processo
nº 004430-0200/13-9), pertinente à realização de auditoria coordenada em ações de
governo na área da educação, com a finalidade de identificar os principais problemas que
afetam a qualidade e a cobertura do ensino médio no Brasil, bem como avaliar as ações
governamentais que procuram eliminar ou mitigar suas causas.

9.1.3.1.2 – Indicadores Educacionais - INEP


Os indicadores educacionais atribuem valor estatístico à qualidade do
ensino, atendo-se não somente ao desempenho dos alunos, mas também ao contexto

458
econômico e social em que as escolas estão inseridas. Eles são úteis principalmente para
o monitoramento dos sistemas educacionais, considerando o acesso, a permanência e a
aprendizagem de todos os alunos. Dessa forma, contribuem para a criação de políticas
públicas voltadas para a melhoria da qualidade da educação e dos serviços oferecidos à
sociedade pela escola.
O Instituto Nacional de estudos e Pesquisas Educacionais Anisio Teixeira –
INEP, divulga em seu site (http://porta.inep.gov.br/indicadores-educacionais) alguns
indicadores da área da Educação, referente às Unidades Federativas do Brasil.
Seguem os principais indicadores educacionais do INEP:

INDICADORES EDUCACIONAIS – IDEB - TAXA DE APROVAÇÃO, REPROVAÇÃO E ABANDONO


ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO - EXERCÍCIO DE 2019

Total Total Total Total Total Total

Aprovação Aprovação Reprovação Reprovação Abandono Abandono


UF
Ensino Fun- Ensino Ensino Ensino Ensino Ensino
damental Médio Fundamental Médio Fundamental Médio

Acre 92,7 82,8 5,2 10,8 2,1 6,4


Alagoas 94,1 86,7 4,4 7,2 1,5 6,1
Amapá 88,4 79,3 9,6 11,0 2,0 9,7
Amazonas 91,7 82,9 5,9 6,9 2,4 10,2
Bahia 86,7 79,4 10,7 13,5 2,6 7,1
Ceará 96,6 92,7 2,7 3,8 0,7 3,5
Distrito Federal 93,9 86,1 5,3 10,2 0,8 3,7
Espírito Santo 92,4 88,8 7,1 9,1 0,5 2,1
Goiás 96,1 92,9 3,3 5,2 0,6 1,9
Maranhão 91,7 90,6 6,5 4,7 1,8 4,7
Mato Grosso 95,7 73,2 3,7 17,2 0,6 9,6
Mato Grosso do Sul 90,6 83,1 8,3 10,9 1,1 6,0
Minas Gerais 94,0 84,4 5,4 11,0 0,6 4,6
Pará 86,5 78,6 10,6 11,3 2,9 10,1
Paraíba 88,7 83,3 9,0 10,4 2,3 6,3
Paraná 94,5 89,1 5,0 7,8 0,5 3,1
Pernambuco 93,3 93,5 5,8 5,1 0,9 1,4
Piauí 91,8 84,7 6,9 8,1 1,3 7,2
Rio de Janeiro 90,9 81,7 8,1 12,5 1,0 5,8
Rio Grande do Norte 86,8 77,6 11,2 14,9 2,0 7,5
Rio Grande do Sul 89,7 79,2 9,4 15,5 0,9 5,3
Rondônia 93,0 86,4 5,9 8,0 1,1 5,6
Roraima 91,9 83,8 6,2 9,1 1,9 7,1
Santa Catarina 93,1 82,0 6,5 12,9 0,4 5,1
São Paulo 97,5 92,3 2,1 5,7 0,4 2,0
Sergipe 85,3 81,2 12,7 12,5 2,0 6,3

459
INDICADORES EDUCACIONAIS – IDEB - TAXA DE APROVAÇÃO, REPROVAÇÃO E ABANDONO
ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO - EXERCÍCIO DE 2019

Total Total Total Total Total Total

Aprovação Aprovação Reprovação Reprovação Abandono Abandono


UF
Ensino Fun- Ensino Ensino Ensino Ensino Ensino
damental Médio Fundamental Médio Fundamental Médio

Tocantins 93,0 87,9 6,1 7,9 0,9 4,2


Fonte: Site INDEP: http://porta.inep.gov.br/indicadores-educacionais

Analisando os indicadores do último ano publicado pelo INEP, 2019,


conclui-se:
 O Ensino Fundamental no RS ocupa a 21ª colocação com relação à
Taxa de Aprovação, e o 24º lugar em relação ao Ensino Médio;
 Em contrapartida, verificando a Taxa de Reprovação, o Estado ocupa a
6ª colocação no Ensino Fundamental e a SEGUNDA posição no Ensino
Médio, revelando seu alto índice de reprovação.
 A Taxa de Abandono no RS é uma das menores do país, com o Estado
ocupando a 16ª posição no Ensino Fundamental e 16ª no Ensino
Médio.

Constata-se a baixa taxa de aprovação do Estado em contrapartida com


uma alta taxa de reprovação, principalmente no Ensino Médio, onde o Estado tem uma
das piores médias.
Assim, embora o Estado tenha ultrapassado o percentual mínimo de
aplicação em MDE no exercício de 2019 – 27,32%, as péssimas médias apresentadas nas
avaliações do IDEB indicam que a aplicação dos recursos em educação carece de
efetividade.
Com relação à média de horas-aula diárias, o INEP forneceu os dados
relativos a 2020, conforme:

INDICADORES EDUCACIONAIS – IDEB - MEDIA DE HORAS – AULA DIÁRIAS


ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO - EXERCÍCIO DE 2020
UF Ensino Fundamental Ensino Médio
Acre 4,3 5,2
Alagoas 4,6 6,0
Amapá 4,4 5,5
Amazonas 4,4 4,7
Bahia 4,4 4,7
Ceará 4,4 5,9
Distrito Federal 5,0 5,2
Espírito Santo 4,8 5,8
Goiás 4,7 5,4
Maranhão 4,3 5,3
Mato Grosso 4,2 4,7

460
INDICADORES EDUCACIONAIS – IDEB - MEDIA DE HORAS – AULA DIÁRIAS
ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO - EXERCÍCIO DE 2020
UF Ensino Fundamental Ensino Médio
Mato Grosso do Sul 4,5 5,1
Minas Gerais 4,5 4,8
Pará 4,4 4,5
Paraíba 4,7 6,8
Paraná 4,5 4,6
Pernambuco 4,5 7,0
Piauí 4,9 5,7
Rio de Janeiro 4,8 5,8
Rio Grande do Norte 4,5 5,4
Rio Grande do Sul 4,3 4,9
Rondônia 4,2 4,9
Roraima 4,3 4,9
Santa Catarina 4,1 4,5
São Paulo 5,2 5,6
Sergipe 4,4 5,6
Tocantins 4,8 5,3
Fonte: SITE INEP: http://porta.inep.gov.br/indicadores-educacionais

O RS ocupa a 24ª posição no Ensino Fundamental, com uma média de 4,3


horas diárias de aula. A média nacional foi de 4,7 em 2020, ficando o Estado um pouco
abaixo da mesma.
No Ensino Médio, o RS é o 19º colocado, com 4,9, horas-aulas diárias,
abaixo da média nacional, de 5,3.
Relativamente aos professores, importante destacar alguns indicadores
apurados pelo INEP, como o percentual de adequação da formação docente.
Para o exercício de 2020, no Ensino Médio da Rede Pública Estadual, foi
apurado que somente 67,7% dos professores possuem formação superior de licenciatura
ou bacharelado com complementação pedagógica na mesma área da disciplina que
lecionam e 25,6% são formados em área diferente da disciplina que lecionam.
Outro índice interessante quanto à docência, refere-se ao Esforço Docente,
conforme INEP:
(...) classifica o docente em níveis de 1 a 6 de acordo com o esforço
empreendido no exercício da profissão, níveis elevados indicam maior esforço. A partir
dos dados disponíveis no Censo da Educação Básica, considerou-se que o esforço docente
está relacionado às seguintes características da docência: número de escolas em que
atua, número de turnos de trabalho, número de alunos atendidos e número de etapas
nas quais leciona.
No caso do Ensino Médio da Rede Estadual em 2020, verifica-se que a
maior concentração de docentes encontra-se no esforço de nível 4, com 46,6%,
identificando o professor estadual de ensino médio que, em geral, tem entre 50 e 400
alunos e atua em dois turnos, em uma ou duas escolas e em duas etapas.

461
9.1.3.1.3 – Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Rio Grande do Sul -
SAERS
O Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Rio Grande do Sul –
SAERS - avalia o desempenho dos estudantes dos 3º e 6º anos do Ensino Fundamental e
1º ano do Ensino Médio da Rede Estadual, através da aplicação de provas nas matérias de
Língua Portuguesa e Matemática, de responsabilidade da Secretaria da Educação.
Os índices de avaliação são medidos de 0 a 1000 pontos na Escala Própria
de Alfabetização referente ao 3º ano do Ensino Fundamental e de 0 a 500 pontos na
escala SAEB para o 6º ano do Ensino Fundamental e o 1º do Ensino Médio.
Os índices são distribuídos em intervalos, classificados por:
Abaixo do Básico – estudantes com carência de aprendizagem nas
habilidades esperadas para sua etapa;
Básico – estudantes ainda não demonstram um desenvolvimento
adequado das habilidades esperadas para sua etapa;
Adequado – estudantes apresentam consolidação nas suas habilidades
consideradas mínimas e essenciais para sua etapa;
Avançado – estudantes atingiram um patamar um pouco além do que é
considerado essencial para sua etapa.
Os últimos resultados divulgados no site https://saers.caedufjf.net/
referem-se a 2018, conforme:

DISTRIBUIÇÃO DOS ESTUDANTES POR – PADRÃO DE DESEMPENHO ESTUDANTIL E - PROFICIÊNCIA MÉDIA NO SAERS
EXERCÍCIO DE 2018
% DE
PROFICIÊNCIA PROFICIÊNCIA
Nº DE DISTRIBUIÇÃO
ENSINO ÍNDICES DE - MÉDIA DOS – MÉDIA DOS
NÍVEL ALUNOS DE ESTUDAN-
FUNDAMENTAL AVALIAÇÃO ALUNOS EM ALUNOS EM
AVALIADOS TES POR NOTA
2018 2016 *
EM 2018
Abaixo do
Básico - 0 a 40,9%
600
Língua Básico - 600 a
15,7% 617,7
Portuguesa - 650
Leitura Adequado -
28,3%
650 a 750
Avançado -
15,1%
750 a 1000
Abaixo do
Básico - 0 a 17,3%
3º Ano do
650
Ensino 38.917
Língua Básico - 650 a
Fundamental 12,3%
Portuguesa - 700
Escrita Adequado -
50,6% 722,2
700 a 800
Avançado -
19,8%
800 a 1000
Abaixo do
Básico - 0 a 22,4%
450
Matemática
Básico - 450 a
41,9% 512,7
550
Adequado - 30,3%

462
DISTRIBUIÇÃO DOS ESTUDANTES POR – PADRÃO DE DESEMPENHO ESTUDANTIL E - PROFICIÊNCIA MÉDIA NO SAERS
EXERCÍCIO DE 2018
% DE
PROFICIÊNCIA PROFICIÊNCIA
Nº DE DISTRIBUIÇÃO
ENSINO ÍNDICES DE - MÉDIA DOS – MÉDIA DOS
NÍVEL ALUNOS DE ESTUDAN-
FUNDAMENTAL AVALIAÇÃO ALUNOS EM ALUNOS EM
AVALIADOS TES POR NOTA
2018 2016 *
EM 2018
550 a 650
Avançado -
5,4%
650 a 1000
Abaixo do
Básico - 0 a 13,8%
165
Básico - 165 a
Língua 35,2% 212,7
220
Portuguesa
Adequado -
42,8% 221,0
220 a 290
Avançado -
6º Ano do 8,2%
290 a 500
Ensino 52.339
Abaixo do
Fundamental
Básico - 0 a 24,9%
190
Básico - 190 a
41,5% 224,2 217,2
Matemática 245
Adequado -
26,3%
245 a 295
Avançado -
7,3%
295 a 500
Abaixo do
Básico - 0 a 18,8%
210
Básico - 210 a
Língua 50,1% 256,3 237,8
285
Portuguesa
Adequado -
26,6%
285 a 335
Avançado -
1º Série do 4,5%
335 a 500
Ensino 80.560
Abaixo do
Médio
Básico - 0 a 35,2%
240
Básico - 240 a
51,4% 259,2 246,4
Matemática 315
Adequado -
11,9%
315 a 365
Avançado -
1,5%
365 a 500
Fonte: https://saers.caedufjf.net/

Destaca-se que os referidos resultados também se encontram publicados


na Revista do SAERS 2018, constante no site http://www.saers.caedufjf.net/.
De acordo com a citada Revista, os níveis Básicos e Abaixo do Básico
sinalizam para a necessidade de ações de intervenção pedagógica, e os níveis Adequado e
Avançado demonstram o desempenho desejável dos estudantes.
Verifica-se que, para os alunos do 3º ano do Ensino Fundamental em
Língua Portuguesa, o conhecimento é básico para a leitura e adequado para a escrita,
enquanto que para matemática é básico.

463
Relativamente ao 6º Ano do Ensino Fundamental, constata-se que a média
dos alunos em matemática foi no nível básico e em língua portuguesa a média encontra-
se no nível adequado. Comparativamente a 2016, verifica-se que o índice de matemática
não se modificou, e o de português subiu do básico para o adequado.
Para o 1º ano do Ensino Médio, as médias dos estudantes ficaram no nível
básico, tanto para língua portuguesa quanto para matemática, mesma média de 2016,
demonstrando que os estudantes ainda não possuem um desenvolvimento adequado das
habilidades esperadas para sua etapa, inclusive, sem evolução nos últimos dois anos.
Assim, verifica-se que a rede pública estadual contém a maioria das médias
de proficiência no nível básico, demonstrando a necessidade de ações de intervenção
pedagógica.

9.1.3.1.4 – Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes - PISA


O Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes - PISA é um estudo
comparativo internacional, realizado a cada três anos, pela Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Ele avalia o desempenho dos
estudantes na faixa dos 15 anos, através da aplicação de questionários e testes cognitivos
focados em três áreas: leitura, matemática e ciências.
No último estudo realizado, referente ao exercício de 2018, também
foram avaliados domínios inovadores, como, no caso do Brasil, o letramento financeiro.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira –
INEP é o órgão responsável pelo planejamento e operacionalização da avaliação no Brasil.
De acordo com o Relatório Brasil no Pisa 2018, constante no site do INEP -
http://portal.inep.gov.br/web/guest/acoes-internacionais/pisa/resultados - os domínios
avaliados no PISA são assim detalhados:

• Letramento em Leitura é definido como a capacidade de compreender, usar,


avaliar, refletir sobre e envolver-se com textos, a fim de alcançar um objetivo,
desenvolver conhecimento e potencial, e participar da sociedade.
• Letramento em Matemática é definido como a capacidade de formular,
empregar e interpretar a matemática em uma série de contextos, o que inclui
raciocinar matematicamente e utilizar conceitos, procedimentos, fatos e
ferramentas matemáticos para descrever, explicar e prever fenômenos.
• Letramento Científico é definido como a capacidade de se envolver com as
questões relacionadas com a ciência e com a ideia da ciência, como cidadão
reflexivo. Uma pessoa letrada cientificamente está disposta a participar de
discussão fundamentada sobre ciência e tecnologia, o que exige as
competências para explicar fenômenos cientificamente, avaliar e planejar
investigações científicas e interpretar dados e evidências cientificamente.

O estudo permite que cada país avalie o desempenho de seus estudantes


em comparação com os de outros países, sendo, inclusive, previsto no Plano Nacional de
Educação – Lei nº 13.005/2014:

464
Meta 7: Fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e
modalidades, com melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem de modo a
atingir as seguintes médias nacionais para o Ideb.
(...)
Estratégias:
7.11) melhorar o desempenho dos alunos da educação básica nas avaliações da
aprendizagem no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes - PISA,
tomado como instrumento externo de referência, internacionalmente
reconhecido, de acordo com as seguintes projeções:

PISA 2015 2018 2021

Média dos 438 455 473

resultados em

matemática, leitu-

ra e ciências

Em 2018, 79 países participaram do PISA, sendo avaliados 10.691


estudantes brasileiros matriculados em 597 escolas no território nacional. Conforme
descrito no Relatório Brasil no Pisa 2018, os resultados foram comparados com os
seguintes países:

• Todos os países da América Latina participantes – por sua proximidade


regional e cultural com o Brasil;

• Espanha e Portugal – por sua proximidade cultural com o Brasil;

• Estados Unidos – por ter um sistema federativo e grande extensão territorial,


assim como o Brasil;

• Canadá – por ter grande extensão territorial, assim como o Brasil, além de
geralmente apresentar alto desempenho;

• Coreia – um país asiático que geralmente apresenta alto desempenho;

• Finlândia – um país europeu que geralmente apresenta alto desempenho.

Os resultados obtidos em 2018 foram descritos no Relatório Brasil no Pisa


2018.
Primeiramente, no letramento em leitura, a média brasileira foi de 413
pontos, 74 pontos abaixo da média dos estudantes avaliados pela OCDE. No Ranking, o

465
Brasil ficou posicionado entre o 55º e 59º lugar entre 79 países, atrás, por exemplo, de
Chile, Costa Rica, Uruguai e México, mas na frente de Colômbia, Argentina, Peru.
Em 2018, o Brasil obteve o melhor resultado no letramento em leitura,
acrescendo 6 pontos quando comparado a 2015, concluindo-se:

Embora a média de proficiência do Brasil em letramento em Leitura tenha


aumentado de 407 em 2015 para 413 em 2018, esses valores não são
estatisticamente diferentes quando se consideram os intervalos de confiança.
Verifica-se que a média de proficiência do Brasil nesse domínio melhorou entre
2000 e 2009 e, desde então, vem oscilando em torno de 410 pontos.

O desempenho dos alunos avaliados pelo PISA foi classificado em escala de


proficiência para a leitura: 1c, 1b, 1 a, 2, 3, 4, 5 e 6, em ordem crescente de desempenho,
sendo o nível 6 o de mais alta proficiência:

Cerca de 50,0% dos estudantes brasileiros alcançaram o Nível 2 ou acima em


letramento em Leitura, em contraste a 77,4% dos estudantes dos países da
OCDE. O percentual de estudantes em cada país/economia que alcançam cada
nível de proficiência indica quão bem os países conseguem fomentar a
excelência em seus sistemas educativos. Segundo a OCDE, no Nível 2, os alunos
começam a demonstrar a capacidade de usar suas habilidades de leitura para
adquirir conhecimento e resolver uma ampla variedade de problemas práticos.
(...)
Embora seja um ponto positivo que cerca de metade dos estudantes brasileiros
participantes do PISA 2018 tenham alcançado o Nível 2 ou acima em letramento
em Leitura, a outra metade não apresentou o nível mínimo de proficiência. Esse
resultado provavelmente representa um grande obstáculo na vida desses
jovens, dificultando ou até mesmo impedindo que avancem em seus estudos,
tenham oportunidades melhores no mercado de trabalho e participem
plenamente na sociedade.

Verificou-se também que a média do desempenho em leitura de


estudantes de escolas estaduais ficou abaixo da média nacional, sendo de 404 pontos.
Quando separadas por regiões, constatou-se que a região sul atingiu 432 pontos, acima
da média nacional.
Quanto ao letramento em matemática, a média brasileira foi de 384
pontos, 108 pontos abaixo da média dos estudantes avaliados pela OCDE. No Ranking, o
Brasil ficou posicionado entre o 69º e 72º lugar entre 79 países, atrás, por exemplo, de
Chile, Costa Rica, Uruguai, Peru, Colômbia e México, mas na frente de Argentina, Panamá
e República Dominicana, concluindo-se que:

Embora a média de proficiência do Brasil tenha aumentado de 377 em 2015


para 384 em 2018, esses valores não são estatisticamente diferentes quando se
consideram os intervalos de confiança. Verifica-se que a média de proficiência
do Brasil em Matemática melhorou no período de 2003 a 2018, porém, a maior
parte dessa melhora ocorreu até 2009. Desde então, a média de proficiência em
Matemática vem oscilando em torno de 385 pontos.

466
O desempenho dos alunos avaliados pelo PISA foi classificado em 6 níveis
de proficiência para matemática, conforme descrito:

Aproximadamente 31,8% dos estudantes brasileiros alcançaram o Nível 2 ou


acima em Matemática, em contraste a 76,0% dos estudantes dos países da
OCDE. O percentual de estudantes em cada país/economia que alcançam cada
nível de proficiência indica quão bem os países conseguem fomentar a
excelência em seus sistemas educativos. Segundo a OCDE, atingir pelo menos o
Nível 2 é particularmente importante, uma vez que este é considerado o nível
básico de proficiência que se espera de todos os jovens, a fim de que possam
tirar proveito de novas oportunidades de aprendizagem e participar plenamente
da vida social, econômica e cívica da sociedade moderna em um mundo
globalizado (OCDE, 2019b).
(...)
A maioria dos estudantes brasileiros que participaram do PISA 2018 se encontra
no Nível 1 ou abaixo dele (68,1%).

Verificou-se que a média do desempenho em matemática de estudantes


de escolas estaduais ficou abaixo da média nacional, sendo de 374 pontos. Quando
separadas por regiões, constatou-se que a região sul atingiu 401 pontos, acima da média
nacional.
Relativamente ao letramento em ciências, a média brasileira foi de 404
pontos, 85 pontos abaixo da média dos estudantes avaliados pela OCDE. No Ranking, o
Brasil ficou posicionado entre o 64º e 67º lugar entre 79 países, atrás, por exemplo, de
Chile, Costa Rica, Uruguai, Peru, Colômbia, Argentina e México, mas na frente de Panamá
e República Dominicana, concluindo-se que:

Embora a média de proficiência do Brasil tenha aumentado ligeiramente, de 401


em 2015 para 404 em 2018, a diferença entre esses valores não é
estatisticamente significativa. Verifica-se que a média de proficiência do Brasil
em Ciências melhorou entre 2006 e 2009 e, desde então, vem oscilando em
torno de 400 pontos.

O desempenho dos alunos avaliados pelo PISA foi classificado em 7 níveis


de proficiência para ciências, conforme descrito:

O percentual de estudantes em cada país/economia que alcançam cada nível de


proficiência indica quão bem os países conseguem fomentar a excelência em
seus sistemas educativos. Segundo a OCDE, atingir pelo menos o Nível 2 é
particularmente importante, uma vez que este é considerado o nível básico de
proficiência que se espera de todos os jovens, a fim de que possam tirar proveito
de novas oportunidades de aprendizagem e de participar plenamente da vida
social, econômica e cívica da sociedade moderna em um mundo globalizado
(OCDE, 2019b).
O Brasil apresentou em Ciências, no PISA 2018, 45% de estudantes no Nível 2 ou
acima, e 55% abaixo do Nível 2. Todos os países e economias participantes do

467
PISA têm estudantes que se encontram nesses níveis, mas as maiores
proporções de estudantes nessa situação são encontradas nos países com
menor desempenho. Entre os países da OCDE, 79% dos estudantes se encontram
no Nível 2 ou acima, e 21% abaixo do Nível 2 no PISA 2018.

Constatou-se que a média do desempenho em ciências de estudantes de


escolas estaduais ficou abaixo da média nacional, sendo de 395 pontos. Quando
separadas por regiões, constatou-se que a região sul atingiu 419 pontos, acima da média
nacional.
Na análise realizada para o PISA, foi possível verificar outros dados, como o
tamanho médio das turmas:

Nos países membros da OCDE, o tamanho médio das turmas é de 26 alunos,


sendo que Finlândia (19,6 estudantes) e Portugal (25,6 estudantes) se destacam
por figurarem entre as menores médias.
O tamanho médio da turma no Brasil (36,0 estudantes) está entre os resultados
mais elevados, acima do Peru (26,0 estudantes), Costa Rica (27,1 estudantes) e
Uruguai (27,4 estudantes). E, dentre as regiões geográficas, verifica-se que a
Região Centro-Oeste (32,0 estudantes) apresenta o menor quantitativo e a
Região Norte (38,0 estudantes) o maior.

Relativamente à quantidade de alunos por professor, obteve-se a seguinte


conclusão:
Nos países integrantes da OCDE, em média, há cerca de 13 alunos por professor,
com destaque para a Argentina (10,2), Portugal (10,4) e Finlândia (10,9), que
apresentaram as menores proporções. O Brasil (29) e o México (33) estão entre
os que apresentam os maiores índices.
As regiões geográficas brasileiras obtiveram resultados variados: a região Sul
apresentou a menor proporção aluno-professor (19,3), enquanto a região Norte
(35,5) obteve o maior resultado dentre as demais.

O Brasil obteve a melhor pontuação no letramento em leitura – 413


pontos, seguido de ciências – 404 pontos, e, por último, em matemática – 384 pontos. Em
todos os letramentos o País ficou abaixo da média internacional.
Com relação ao estabelecido na estratégia 7.11 do PNE, a qual projetou o
alcance da média de 455 pontos nos três letramentos avaliados pelo PISA, a fim de atingir
o determinado pela meta 7, constatou-se que o Brasil obteve 400,33 pontos nas três
disciplinas, ficando, assim, abaixo do estabelecido na referida estratégia.

9.1.3.2 – Ações Governamentais na Área da Educação

9.1.3.2.1 – Plano Nacional de Educação


O Plano Nacional de Educação, aprovado pela Lei nº 13.005, de 25-06-
2014, define diretrizes, objetivos, metas e estratégias para o sistema educacional, a fim
de conduzir, conforme determinação do art. 214 da Constituição Federal, “a erradicação

468
do analfabetismo, universalização do atendimento escolar, melhoria da qualidade do
ensino, formação para o trabalho, promoção humanística científica e tecnológica do País
e o estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como
proporção do produto interno bruto”.
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios agirão em regime de
colaboração durante a vigência do Plano, que vigorará no período de 2014 a 2024, e os
Planos Plurianuais, as diretrizes e os orçamentos anuais de todos os entes deverão ser
formulados de maneira a assegurar a consignação de dotações orçamentárias
compatíveis com o PNE (art. 10 da Lei 13.005/14).
O Art. 8º da Lei nº 13.005/2014 determinou que os Estados deverão
elaborar seus correspondentes planos de educação em consonância com o Plano
Nacional. O Rio Grande do Sul institui o Plano Estadual de Educação a partir da publicação
da Lei nº 14.705 em 25-06-2015.
O Plano Nacional e o Plano Estadual de Educação possuem 20 metas,
subdivididas em diversas estratégias, e cujas diretrizes são semelhantes, diferenciando-se
por alguns detalhamentos e pela inclusão de submetas específicas para o Rio Grande do
Sul.
Por exemplo, na Meta 2, enquanto que o Plano Nacional estabeleceu a
universalização do ensino fundamental de 9 anos a toda população entre 6 e 14 anos e
determinou que pelo menos 95% dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada
até 2024, o Estado incluiu uma submeta, a de garantir que no mínimo 80% dos
estudantes concluam essa etapa na idade recomendada até 2019.
Em outro caso exemplificativo, referente à Meta 3 do Plano Nacional, foi
determinada a universalização, até 2016, do atendimento escolar para toda a população
de 15 a 17 anos e elevar, até 2024, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para
85%. O Plano Estadual incluiu uma submeta, a de elevar, até 2019, a taxa de matrículas
no ensino médio para 70%.
Cabe referir que, através da Informação SAIPAG nº 33, foi efetuada análise
acerca da compatibilidade entre as metas definidas no Plano Estadual de Educação e as
Ações Programáticas determinadas no Plano Plurianual do período de 2020 a 2023,
instituído pela Lei nº 15.326 de 01-10-2019.
Para a análise de compatibilidade entre o PPA 2020-2023 e o PEE, foi
utilizado como critério o grau de probabilidade de que a execução de uma determinada
Ação Programática contribua para o alcance de uma meta.
Concluiu-se que, dentro do PPA 2020-2023, havia ações com capacidade de
contribuição para o alcance de quase todas as metas do PEE, com exceção das metas 17 e
18, relacionadas à remuneração e ao plano de carreira dos profissionais do magistério.
Registra-se que esta Corte de Contas estabeleceu auditoria com a
finalidade de acompanhar o cumprimento das metas estabelecidas nos Planos de
Educação, conforme orientações consubstanciadas na Resolução nº03/2015 da
Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil – ATRICON.

469
9.1.3.2.2 – Programas na Área Educacional
A partir do início de 2020 o mundo foi impactado pela pandemia do vírus
da Covid-19, atingindo fortemente o Brasil. Diversas medidas precisaram ser adotadas a
fim de mitigar a transmissão do vírus, como a restrição de circulação, quarentenas, entre
outros.
A educação, como todas as outras áreas, teve de se adaptar a nova
realidade, onde escolas foram fechadas para evitar aglomerações, e os conteúdos foram
ministrados de forma remota.
Através da Requisição de Documentos nº 11/2021, questionou-se à
Secretaria de Educação as medidas adotadas durante a pandemia para continuidade das
aulas, as quais serão descritas a seguir.
Devido à nova realidade vivida no exercício de 2020, excepcionalmente
para esse Relatório e Parecer Prévio das Contas Anuais, não serão descritos os Programas
realizados pela Secretaria da Educação em 2020, como de segurança na escola e de
transporte escolar. O conteúdo se limitará, nesta parte qualitativa, à explanação das
ações da Secretaria durante a pandemia informadas nas respostas à Requisição de
Documentos nº 11/2021.
A suspensão das aulas presenciais ocorreu no dia 23-03-2020, cabendo
destacar as seguintes considerações da Secretaria da Educação, fornecidas na resposta ao
item 1 da referida Requisição referentes as medidas iniciais realizadas pela Pasta:
(...) a Rede Estadual de Educação (REE) do Rio Grande do Sul, com o propósito
de assegurar aos estudantes as aprendizagens essenciais da Educação Básica, e
de oferecer documentos norteadores aos docentes como ponto de partida para
seus planejamentos e estratégias pedagógicas, optou pela implementação do
Modelo Híbrido de Ensino (Matriz referência 2021 para o ano letivo), que
comporta a coexistência de atividades desenvolvidas de forma presencial e de
forma remota.
(...)
Especificamente na Educação, A Secretaria de Educação do Estado do Rio
Grande do Sul (Seduc/RS), juntamente com a Secretaria Estadual de Saúde
(SES/RS) construíram em conjunto a Portaria SES/SEDUC/RS n° 01/2020, que
dispunha sobre as medidas de prevenção e controle ao novo coronavírus, bem
como a Portaria SES/SEDUC/RS/n°02/2020 que define a composição dos
Centros de Operações de Emergência em Saúde para a Educação no âmbito
Estadual (COE-E Estadual) e Local (COEE Local) para as escolas da rede pública
estadual (todas as atribuições para prevenção, monitoramento e controle do
novo coronavírus, estão exaustivamente explicadas nas referidas portarias).
(...)
Além disso, ao longo do ano de 2020 foram realizados inúmeros cursos de
formação, entre eles a Jornada de Atualização Pedagógica - Aulas Remotas
2020. Foram realizados cinco encontros com temas relacionados ao ambiente
virtual e o acolhimento dos professores durante a pandemia, além de outros
assuntos pertinentes. Assim como também, houve plantões nas escolas para a
entrega de material para os alunos sem condições de acesso do ensino remoto,
e a utilização de redes sociais, como alternativa – às aulas para os alunos e
alunas.

470
Na Requisição de Documentos nº 11/2021 foram questionados como
foram desenvolvidos os trabalhos da Secretaria em 2020 acerca de diversos assuntos,
conforme:
- Ensino Remoto:
Esclarecimentos sobre o ensino remoto durante o fechamento das escolas em
2020 estão amparados no Parecer CNE/CP nº 11, de 7 de julho de 2020, que de-
finiu “Orientações Educacionais para a Realização de Aulas e Atividades Peda-
gógicas Presenciais e Não Presenciais no contexto da Pandemia”, e no Parecer
CEEd nº 01/2020, datado de 18 de março de 2020.
Ambos os Pareceres conduziram as instituições de ensinos orientadas por suas
mantenedoras a planejar e organizar as atividades escolares a serem realizadas
pelos estudantes fora do ambiente escolar. Corroborando com o supracitado
segue:
Item 8.3 – as atividades escolares desenvolvidas, nesse período de excepcionali-
dade, fora do ambiente escolar e computadas para o cumprimento do previsto
nos Planos de Estudos e de Curso, serão planejadas e realizadas a partir de ma-
teriais didáticos e/ou recursos tecnológicos disponíveis, com registros das
mesmas e em consonância com seu Projeto Pedagógico; (grifo nosso). Parecer
CEEd nº 01/2020, datado de 18 de março de 2020.
Quanto ao entendimento do que são atividades pedagógicas não presenciais,
mencionaremos o Parecer CEEd 002/2020 datado de 07 de julho:
Item 2.1 – Quanto às atividades domiciliares: As atividades pedagógicas não
presenciais, conforme o Parecer CNE/CP nº 05/2020, são compreendidas como:
[...] conjunto de atividades realizadas com mediação tecnológica ou não a fim
de garantir atendimento escolar essencial durante o período de restrições para
realização de atividades escolares com a presença física de estudantes na uni-
dade educacional da educação básica ou do ensino superior. (grifo nosso).

- Regras de Aprovação:

Uma das mudanças que houve em 2020 foi a dispensa da obrigatoriedade do


cumprimento do mínimo de dias letivos elencado na Medida Provisória nº
934/2020, convertida na lei 14.040/2020. A saber:
Art. 1º, inc. II – no ensino fundamental e no ensino médio, da obrigatoriedade
de observância do mínimo de dias de efetivo trabalho escolar, nos termos do in-
ciso I do caput e do § 1º do art.24 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 ,
desde que cumprida a carga horária mínima anual estabelecida nos referidos
dispositivos, sem prejuízo da qualidade do ensino e da garantia dos direitos e
objetivos de aprendizagem, observado o disposto no
§ 3º deste artigo.
No que tange ao funcionamento das provas, citaremos o Parecer CEEd nº
002/2020 datado de 07 de julho:
Item 2.2 – Quanto ao registro das atividades domiciliares e dos direitos e obje-
tivos de aprendizagem no Plano de Ação Pedagógica:
Cada instituição de ensino, com anuência de sua Mantenedora, deve ter elabo-
rado seu Plano de Ação Pedagógica, documento que registra todo o planeja-
mento, procedimentos e orientações referentes ao período de realização de ati-
vidades domiciliares, bem como a participação efetiva dos estudantes, conside-
rando os elementos apontados no Parecer CNE/CP nº 05/2020: (...) - a forma de
registro de participação dos estudantes, inferida a partir da realização das ativi-
dades entregues (por meio digital durante o período de suspensão das aulas ou
ao final, com apresentação digital ou física), relacionadas aos planejamentos de
estudo encaminhados pela escola e às habilidades e objetivos de aprendizagem

471
curriculares; e - as formas de avaliação não presenciais durante situação de
emergência ou presencial após o fim da suspensão das aulas (grifo nosso).

- Equipamentos de Proteção Individual – EPI’s:

Diante de diversas reportagens veiculadas na impressa de que as escolas


não estariam recebendo EPI´S para proteção de seus funcionários, professores e alunos,
questionou-se a Secretaria quanto ao fornecimento dos mesmos. A Pasta forneceu a
relação de compras, limitando-se a informar que tudo que havia sido comprado foi
entregue as escolas. Assim, não foi informado se haveria escolas sem Equipamentos de
Proteção Individual no exercício de 2020.

- Transporte Escolar:

Quanto ao Transporte Escolar, a Secretaria limitou-se a informar que, em


2021, foi empenhado o valor de R$ 10.192.548,20 no Programa 6085 – Apoio ao
transporte escolar da educação básica, referente a primeira parcela, em fevereiro, dos
recursos financeiros a serem transferidos aos municípios, sendo, contudo, sobrestados
para serem liberados apenas quando for permitida a volta as aulas presenciais.
Em 2020, foram liquidados R$ 73,9 milhões no projeto 6085 – transporte
escolar, situação que será acompanhada por este Tribunal.
- Alimentação Escolar:
Questionou-se a Secretaria da educação quanto ao fornecimento de
alimentação escolar, sendo respondido:
Em resposta as Informações nº11/2021 que solicita informações referente a
alimentação escolar ofertada nas escolas estaduais, informamos que devido a
Pandemia COVID-19 as escolas no ano letivo de 2020 receberam a distribuição
da cesta básica com 24kg de alimentos. Informamos que a distribuição foi
garantida a todos os alunos da rede estadual com vulnerabilidade social.

Em 2020 foi liquidado no projeto 2373 – Alimentação Escolar R$ 83,1


milhões.
- Comitês Escolares e Planos de Contingência Covid-19:

Sobre os Comitês Escolares e Planos de Contingência nas Escolas para


combate a Covid-19, a Secretaria da Educação informou:
A Conforme Portaria Conjunta SES/SEDUC nº 01/2020, Art. 4º, § 3º - Caberá à
instituição de ensino constituir seu COE-E Local e elaborar o Plano de
Contingência para Prevenção, Monitoramento e Controle, bem como, articular
junto ao COE municipal o controle ao novo coronavírus – COVID-19 no âmbito
da Instituição de Ensino.
Informamos que as escolas da rede pública estadual possuem seus COEs
devidamente instituídos e apresentaram seus Planos de Contingência para
Prevenção, Monitoramento e Controle do Novo Coronavírus - COVID-19.

472
9.1.3.3 – Conclusão
Conforme foi alertado nos anos anteriores, o desempenho obtido no IDEB
nos últimos exercícios, aliado ao persistente cenário de crise nas finanças do Estado,
restringindo os investimentos na área da Educação, não formavam uma conjuntura
favorável ao atingimento das metas definidas para a Rede Estadual de Ensino em 2017.
De fato, com índices de 4.8, na 8ª Série do Ensino Fundamental, e de 4.2,
na 3ª Série do Ensino Médio, o Estado não conseguiu alcançar as suas metas (de 5.6 e 5.3,
respectivamente), revelando um ensino no Estado carente de maiores investimentos,
tanto na área de Recursos Humanos quanto materiais.
Sendo o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB- o método
de avaliação oficial, estabelecido pelo MEC para todos os Estados brasileiros, espera-se
que se constitua de fato em uma ferramenta capaz de medir com eficiência a qualidade
do ensino.
A partir da análise das médias obtidas no SAERS, onde se constatou que a
rede pública estadual contém a maioria das médias de proficiência no nível básico,
demonstrando a necessidade de ações de intervenção pedagógica, bem como, com base
no exame da educação brasileira, relativamente ao PISA, onde o País ficou abaixo das
médias internacionais, constata-se a urgente necessidade de aprimoramento da
educação.
Portanto, há necessidade da adoção de medidas visando promover
melhores resultados, com objetivos de possibilitar aos alunos a permanência durante
mais tempo nas escolas, promovendo uma educação mais abrangente e eficaz, e também
acolhendo e atendendo às necessidades dos alunos mais carentes, no intuito de diminuir
a evasão e a repetência.
É dever do Executivo Estadual zelar pela boa aplicação dos recursos
públicos, financeiros e materiais, bem como valorizar, remunerar adequadamente e
qualificar os Recursos Humanos, de forma a suprir as necessidades de atendimento às
demandas imprescindíveis à garantia de acesso ao ensino público de qualidade no Estado.

9.1.4 – Política Salarial


Conforme já relatado nos Pareceres anteriores, com a Decisão do Supremo
Tribunal Federal - STF, passou a vigorar, em 27 de abril de 2011, o piso salarial nacional
para todos os profissionais do magistério público da educação básica, determinado pela
Lei nº 11.738 de 16-07-2008.
Destaca-se que os Ministros do Supremo fixaram a data de 27-04-2011
para entrada em vigor da Lei do Piso Nacional, tendo em vista ter sido o dia da sessão em
que foi considerada constitucional, em Decisão referente a uma Ação de
Inconstitucionalidade dos governos estaduais.
O Rio Grande do Sul não remunera seus professores pelo Piso Nacional, no
entanto, passou a pagar uma parcela complementar em 2012, denominada “completivo”,
para aqueles que recebem abaixo do piso. Este valor não é utilizado na base de cálculo
para as demais vantagens, conforma a lei determina.
Através da Requisição de Documentos nº 02/2020 foi solicitado o número
de professores que recebem abaixo do piso nacional e sua remuneração, não se obtendo

473
resposta até o término deste Parecer. Assim, apresentam-se os dados de 2018, quando o
completivo totalizou R$ 222.374.470,90, pagos a 60.688 vínculos de professores.
Destaca-se que foi promulgada a Lei 15.451 em 17-02-2020, alterando a Lei
nº 6.672, de 22 de abril de 1974, que institui o Estatuto e Plano de Carreira do Magistério
Público do Rio Grande do Sul.
A remuneração do magistério foi transformada em subsídio e, conforme
artigos 11º e 12º da Lei 15.451/2020:
Art. 11. Fica convalidada a parcela completiva paga de conformidade com o
acordo judicial firmado na Ação Civil Pública n.º 001/1.11.0246307-9, que assegurou aos
membros do Magistério a percepção de vencimento básico não inferior ao piso nacional
previsto na Lei Federal n.º 11.738, de 16 de julho de 2008.
Art. 12. Fica assegurado o pagamento de subsídio ao membro do
Magistério não inferior ao piso salarial profissional nacional previsto na Lei Federal n.º
11.738/08.
As diferenças salariais referentes à não adoção do Piso Nacional desde
2008 são objeto de diversas ações judiciais, estimados em aproximadamente 107 mil
processos pela Procuradoria-Geral do Estado no Relatório de Passivos Contingenciais do
exercício de 2017.
Conforme informado pela PGE no citado Relatório (págs.5 e 6), “a solução
definitiva da controvérsia ainda depende de pronunciamento das Cortes Superiores, pois
também está em discussão no STF a constitucionalidade do art. 5º, parágrafo único, da
mesma Lei (revisão anual do piso pela variação do percentual de crescimento do valor
anual mínimo por aluno previsto na Lei do FUNDEB), objeto da Ação Direta de
Inconstitucionalidade nº 4848 e, no STJ, a exata extensão da regra prevista no art. 2º, §
1º, c/c o art. 6º da referida Lei Federal, isto é, a existência ou não de repercussão
automática do piso nacional nas classes/níveis mais elevados da carreira e na base de
cálculo das vantagens temporais e gratificações diversas, previstas na legislação local
(Recurso Especial nº 1.426.210)”.
Cabe destacar a informação das Notas Explicativas do Balanço Geral do
Estado de 2020:
A Procuradoria-Geral do Estado vem atuando na defesa do Estado em
milhares de demandas individuais e na Ação Coletiva nº 011.1.11.0246307-9, ajuizada
pelo Ministério Público, postulando a implantação do piso salarial nacional do magistério,
previsto no artigo 2º da Lei Federal nº 11.738-2008, além do pagamento de diferenças
pretéritas;
Na hipótese de decisão contrária ao Estado, a Fazenda estimou o impacto
em 2020 de R$ 34,5 bilhões.
Destaca-se que nas Notas Explicativas do Balanço Geral do Estado de 2020,
o impacto da implantação do Piso Nacional do Magistério foi registrado em contas de
controle, sendo classificado como um passivo contingente, ou seja, com média
probabilidade de ocorrência, sendo possível e não provável de acontecer.
Em que pese as dificuldades financeiras enfrentadas pelo Executivo
Estadual, a situação repercute na possibilidade de impacto bilionário no orçamento do
Estado, estimado em 34,5 bilhões em 2020 (Notas Explicativas do Balanço Geral do

474
Estado de 2020), pela ausência de adoção do Piso Nacional no Magistério Estadual desde
2008.

9.2 – Financiamento do Ensino Superior Público


A Constituição Estadual (§3º do art. 201), posteriormente alterada pela
Emenda nº 29/2001, determinou que o Estado aplicará 0,5% da Receita Líquida de
Impostos Próprios: “na manutenção e desenvolvimento do ensino superior comunitário,
através de crédito educativo e de bolsa de estudos, integral ou parcial, cabendo à lei
complementar regular a alocação e fiscalização deste recurso.” (grifo nosso).
A recente Emenda Constitucional nº 66, de 21 de dezembro de 2012,
alterou a redação do parágrafo 3º do art. 201 da Constituição Estadual, dando maior
abrangência à aplicação dos recursos, dispondo que o Estado passaria a aplicar 0,5%
(meio por cento) da Receita Líquida de Impostos Próprios: “na manutenção e
desenvolvimento do ensino superior público e, através de crédito educativo e de bolsas
de estudos, integral ou parcial, no ensino superior comunitário, cabendo à lei
complementar regular a alocação e fiscalização deste recurso”. (grifos nossos)
A Lei nº 11.646, de 10 de julho de 2001, instituidora da Universidade
Estadual do Rio Grande do Sul, veda expressamente em seu art. 14 a utilização dos
recursos para custeio das despesas e investimentos da Universidade no percentual
determinado no §3º do art. 201. No entanto, a Emenda Constitucional nº 66, publicada
em 2012, ao incluir o ensino superior público no rol de aplicação de 0,5%, autorizou a
consideração dos gastos da UERGS no referido percentual.
Assim, nos termos do voto do Conselheiro Relator no julgamento das
Contas do Governador de 2017, julgada favorável para aprovação na Assembleia
Legislativa, a legislação há de ser reinterpretada, a fim de se considerar a UERGS na
despesa considerada para aplicação dos 0,5%, sendo referida situação objeto de pedido
de esclarecimentos ao Governador do Estado.
O Sistema Estadual de Financiamento do Ensino Superior Comunitário tem
como finalidade a concessão de recursos aos alunos de graduação com insuficiência de
recursos próprios ou familiares, visando ao custeio de matrículas e mensalidades
escolares nas Instituições de Ensino Superior Comunitário em que os mesmos estiverem
inscritos.
Em 2020, conforme consulta ao Sistema Cubo DW da Secretaria da
Fazenda, as despesas executadas nos Recursos 004 – Recursos do Tesouro – Ensino
Superior, 014 – Ensino Superior Consulta Popular, e 5004 – Contrapartida com Recursos
do Tesouro do Estado, pertencentes ao Ensino Superior, dizem respeito a gastos
realizados na UERGS, não podendo ser consideradas no cálculo para fins de cumprimento
do mandamento constitucional, por força da Lei nº 11.646, de 10 de julho de 2001, mas,
com a possibilidade de ser reinterpretada a partir da determinação da Emenda
Constitucional nº 66/2012.
No julgamento das Contas do Governador de 2019, publicado em 20-04-
2021, foi o entendimento de que no que pertine ao artigo 14 da Lei Estadual nº
11.646/200138, entendo que, nesse particular, a lei ordinária foi revogada pela EC nº

475
66/2012, o que não limita a eficácia do artigo 201, § 3º, da Constituição (com a redação
que lhe foi conferida pela citada emenda).
O Estado do RS deveria aplicar no exercício em análise o montante mínimo
de 0,5% (R$ 164,3 milhões) da Receita Líquida de Impostos Próprios – RLIP
(R$ 32,87 bilhões) no ensino superior público e no ensino superior comunitário, nos
termos da EC nº 66/2012, que alterou a redação do parágrafo 3º do art. 201 da
Constituição Estadual, o que não ocorreu, situação esta recorrente desde 2004, apesar de
ter sido empenhado o equivalente a R$ 94,3 milhões na Unidade Orçamentária UERGS,
representando 0,29% da RLIP.
Destaca-se que o critério de cálculo da RLIP utilizado pelo Estado
considerou como transferências aos municípios os percentuais de ICMS – 25%, IPVA –
50% e ITBI – 50% aplicados sobre a receita desses impostos, ao invés dos valores
efetivamente transferidos, restando uma pequena diferença em relação ao apresentado
neste relatório que não interferiu nos percentuais calculados de aplicação no
Financiamento do Ensino Superior Público e no Fomento à Educação e à Pesquisa
Científica.

9.2.1 – Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – UERGS


Reconhecida a educação como direito social, consoante dispõe a
Constituição da República em seu art. 6º, a Constituição do Estado do Rio Grande do Sul,
com redação dada pela Emenda Constitucional nº 64, de 18 de abril de 2012, eleva a
educação superior pública à condição de dever do Estado nos seguintes termos:

Art. 199. É dever do Estado:


[...]
IX – prover meios para a oferta de cursos regulares no ensino superior público.

A Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – UERGS foi instituída sob a


forma de fundação publica de direito privado, observado um arranjo multicampi,
mediante autorização conferida pela Lei n° 11.646, de 10 de julho de 2001. Revestida dos
atributos que conformam as Universidades de modo geral e fixados constitucionalmente,
tais como autonomia didática, pedagógica, científica, administrativa, financeira e
patrimonial,68 a UERGS tem como objetivo, consoante disposto no art. 2º da sua lei
autorizadora:

Art. 2º [...] ministrar o ensino de graduação, de pós-graduação e de formação


tecnólogos; oferecer cursos presenciais e não presenciais; promover cursos de
extensão universitária; fornecer assessoria científica e tecnológica e
desenvolver a pesquisa, as ciências, as letras e as artes, enfatizando os aspectos
ligados à formação humanística e à inovação, à transferência e à oferta de
tecnologia, visando ao desenvolvimento regional sustentável, o aproveitamento
de vocações e de estruturas culturais e produtivas locais.

68
A autonomia universitária está prevista em sede constitucional: “Art. 207. As universidades gozam de
autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao
princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.”

476
O excerto tem relevância, pois sinaliza o ponto de partida para a trajetória
de abordagem que se pretende neste relatório, a saber, uma análise da estrutura,
infraestrutura, funcionamento e desempenho da Universidade a fim de subsidiar a
melhor compreensão e subsequente tomada de decisão por parte dos atores sociais,
notadamente a chefia do executivo estadual em relação aos rumos da entidade.
Este propósito assume relevo na medida em que o Plano Nacional de
Educação (Lei nº 13.005, de 25-06-2014) e, em especial, o Plano Estadual de Educação –
PEE, instituído pela Lei nº 14.705 em 25-06-2015, definem metas em relação ao ensino
superior. O PPE contém 3 metas diretamente relacionadas, a saber:69

Meta 12
Elevar a taxa bruta da matrícula na educação superior para 55% (cinquenta e
cinco por cento) e a taxa líquida para 37% (trinta e sete por cento) da população
de 18 (dezoito) a 24 (vinte e quatro) anos, assegurada a qualidade da oferta e
expansão para pelo menos 40% (quarenta por cento) das novas matrículas no
segmento público.

Meta 13
Elevar a qualidade da educação superior e ampliar a proporção de mestres e
doutores do corpo docente em efetivo exercício no conjunto do sistema de
educação superior para 90% (noventa por cento), sendo, do total, no mínimo,
45% (quarenta e cinco por cento) doutores, valorizando esses profissionais com
uma remuneração adequada, conforme praticada em IES.

Meta 14
Elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu,
de modo a atingir a titulação anual de 6.000 (seis mil) mestres e 4.000 (quatro
mil) doutores.

Estas são metas que vinculam a ação do Executivo e, destacadamente, da


UERGS. Ainda em termos de instrumentos de planejamento da ação institucional da
Universidade é importante destacar o Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI. O
PDI é o instrumento de planejamento que define a instituição em seus contornos,
conferindo-lhe identidade e estabelecendo a sua estratégia. Em particular, fixa e
comunica para a comunidade acadêmica e demais atores da sociedade os objetivos e
ações das diferentes áreas da Universidade.
Cumpre referir que o PDI vigente – de setembro de 2019 – aprovado na
226ª Sessão Ordinária do CONSUN e conduzido por Comissão Central especialmente
designada para a sua elaboração, decorreu de um amplo processo de revisão alcançando
a participação da comunidade acadêmica que envolveu desde a capacitação das pessoas

69
O PEE apresenta 20 metas a serem alcançadas em um horizonte temporal de 10 anos (2015–2025).

477
até a sistematização das informações e consolidação final do texto, passando pela análise
de dados, diagnósticos, consulta às pró-reitorias e unidades regionais.
Também é importante que se tome em perspectiva o contexto de inserção
da Universidade e as transformações havidas desde a sua instalação, notadamente em
termos de: a) disponibilidade tecnológica, no que se destaca a educação a distância; b)
ofertas concorrentes, inclusive de ensino público, especialmente os Institutos Federais; e
c) aspectos outros de natureza social, política e econômica, neste ponto em destaque a
situação orçamentária e financeira do Estado do RS, que afetam a consecução dos
objetivos institucionais da UERGS. Bem assim, em especial no que se refere ao exercício
de 2020, merece especial destaque a influência da pandemia provocada pela Covid-19.
Estes aspectos, entre outros afetam sensivelmente a sua infraestrutura
material, humana e tecnológica, funcionamento (políticas, programas e processos
organizacionais) e desempenho institucional.
Os dados e informações que subsidiam a análise subsequente foram
colhidos a partir da Requisição de Documentos e Informações SAIPAG nº 29/2021, ao que
respondeu a Universidade, por sua Superintendência de Planejamento, mediante o Ofício
nº 02/2021 GAB/SUPLAN/UERGS.

9.2.1.1 – Organização e Infraestrutura Institucional


A realização dos objetivos e metas institucionais contidos no Plano
Estadual de Educação – PEE e no Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI, em
consonância com os objetivos da Universidade fixados legalmente e já referenciados,
assume relevo atentar para aspectos referentes à organização e distribuição física
multicampi (art. 4º, parágrafo único da Lei nº 11.646/2001) e infraestrutura material,
humana e tecnológica disponível.

9.2.1.1.1 - Organização e Distribuição Regional


A UERGS está presente em 24 municípios, representando 20 das 28 regiões
dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento (COREDEs), convergindo para o que dispõe
o parágrafo único do artigo 4º, da Lei nº 11.646/2001.

UNIDADES DA UERGS POR COREDE E REGIÃO FUNCIONAL


Região Funcional COREDE Unidade UERGS
Centro Sul Tapes
Porto Alegre
Metropolitano Delta do Jacuí
1 Guaíba
Vale do Caí Montenegro
Vale do Rio dos Sinos Novo Hamburgo
Vale do Taquari Encantado
2
Vale do Rio Pardo Santa Cruz do Sul
Bento Gonçalves
Serra
3 Caxias do Sul
Hortênsias São Francisco de Paula

478
UNIDADES DA UERGS POR COREDE E REGIÃO FUNCIONAL
Região Funcional COREDE Unidade UERGS
Campos de Cima da Serra Vacaria
4 Litoral Litoral Norte - Osório
Campanha Bagé
Alegrete
6
Fronteira Oeste São Borja
Santana do Livramento
Celeiro Três Passos
7
Missões São Luiz Gonzaga
Alto Jacuí Cruz Alta
8
Jacuí Centro Cachoeira do Sul
Alto da Serra do Botucaraí Soledade
Médio Alto Uruguai Frederico Westphalen
9
Nordeste Sananduva
Norte Erechim
Fonte: SUPLAN/UERGS-2020

Os imóveis em que estão instaladas as unidades universitárias da UERGS


encontram-se nas seguintes situações:

IMÓVEIS UTILIZADOS PELA UERGS - 2020

Unidade Forma de ocupação Informações sobre o imóvel Propriedade

Terreno com pavilhão. Endereço: Rua Brigadeiro UERGS (Doado pelo


Alegrete Doação
Olivério, 1346. DAER)

Cessão de uso / Doação Prédio da antiga Escola Ester Ferreira de Magalhães.


Bagé Estado do RS - SARH
em tramitação Ocupação integral. Endereço: Av. Tupy Silveira, 2820
Prédio da Escola Est. Ens. Fund. Gen. Bento Gonçalves
Secretaria de
Bento Gonçalves Termo de compromisso da Silva. Ocupação parcial. Endereço: Rua Benjamin
Educação do RS
Constant, 229.
Terreno com 700,0000m², para construção de Centro
Bento Gonçalves Cessão de uso de Laboratório de Pesquisa. Endereço: Av. Presidente Estado do RS - SARH
Costa e Silva, 787.
Área de 75 hectares (Patronato Agrícola Nossa
Senhora da Conceição), para implantação de UERGS (Doado pelo
Cachoeira do Sul Doação
Complexo Universitário Estadual na região. Endereço: Município)
Distrito de Três Vendas.
Cessão de uso / Doação Prédio da extinta Caixa Econômica Estadual. Cedência
Cachoeira do Sul Estado do RS
em tramitação integral. Endereço: Rua Sete de Setembro, 1040
Prédio do Instituto Estadual de Educação Cristóvão de
Secretaria de
Caxias do Sul Termo de compromisso Mendoza. Ocupação parcial. Endereço: Av. Júlio de
Educação do RS
Castilhos, 3947
Terreno. Endereço: Rua Luiz Dias da Costa, esquina
UERGS (doado pelo
Cruz Alta Doação com a Rua Carlos Walberto Frederico Drunn - Bairro
Município)
Jardim América.

479
IMÓVEIS UTILIZADOS PELA UERGS - 2020

Unidade Forma de ocupação Informações sobre o imóvel Propriedade

Aluguel remunerado / Prédio do antigo IPERGS. Ocupação parcial. Endereço:


Cruz Alta IPE/ Estado do RS
Doação em tramitação Rua Andrade Neves, 358.
Prédio da Fundação Alto Taquari de Educação Rural e
Convênio / Cessão de uso Município de
Encantado Cooperativismo - FATERCO. Ocupação parcial.
em tramitação Encantado
Endereço: Rua Alegrete, 821.
Prédio da antiga Escola Estadual São Cristóvão.
Cessão de uso / Doação
Erechim Ocupação integral. Endereço: Rua Dr. José Bisognin, Estado do RS
em tramitação
250.
Frederico Terreno. Endereço: Lote Urbano Nº 01 da Quadra 279 UERGS (Doado pelo
Doação
Westphalen – Bairro Itapagé. Município)
Prédio da Escola Estadual de Ensino Fundamental
Frederico Secretaria de
Termo de compromisso Vergínio Cerutti. Ocupação parcial. Endereço: Rua
Westphalen Educação do RS
Nossa Senhora Aparecida, 115 - Bairro Aparecida
Cessão de uso / Doação Pavilhão e terreno. Ocupação parcial. Endereço:
Guaíba DAER/RS
em tramitação Estrada de Santa Maria, 2300 - Bairro Ramada

Terreno urbano. Endereço: Lote nº 02, da quadra 13, UERGS (Doado pelo
Litoral Norte Doação
setor 700 - Bairro Panorâmico Município)

Prédio com terreno. Ocupação integral. Endereço: Doado pelo


Litoral Norte Cessão de uso
Rua Machado de Assis, nº 1456 - Bairro Sulbrasileiro Município de Osorio
Prédio da Fundarte. Uso compartilhado. Endereço: Fundação Municipal
Montenegro Cessão de uso remunerada Rua Capitão Porfírio, 2141. de Artes de
Valor do aluguel: R$ 50.000,00 mensal. Montenegro
Termo de Cooperação Prédio da Fundação Escola Técnica Liberato Salzano. Fundação Liberato
Novo Hamburgo
Técnica Ocupação parcial. Endereço: Rua Inconfidentes, 395. Salzano
Prédios em terreno da CETAF-CEEE. Uso
Contrato de concessão
POA - Campus compartilhado. Endereço: Av. Bento Gonçalves, 8855
onerosa de direito real de CEEE
Central – Porto Alegre. Valor do aluguel: R$
uso
190.000,00/mensal.
Edifício. Endereço: Rua Sete de Setembro, 1156 –
Reitoria Aluguel Bairro Centro Histórico, Porto Alegre. Valor do Pessoa física
aluguel: R$ 48.000,00/mensal
Prédio da Escola Municipal Santa Terezinha.
Município de
Sananduva Cessão de uso Ocupação parcial. Endereço: Av. Fiorentino Bacchi,
Sananduva
311.
Cessão de uso / Doação
Sananduva Terreno. Endereço: Rua Júlio de Castilhos. DAER/RS
em tramitação
Prédio da antiga Escola Estadual Murilo Braga de
Santa Cruz do Sul Cessão de uso Carvalho. Ocupação integral. Endereço: Av. Estado do RS
Independência, 2824.
Santana do Edifício e terreno. Endereços: Rua Rivadávia Correa UERGS (Doado pelo
Doação
Livramento 795 e 825. Estado do RS)

Santana do Cessão de uso / Doação FEPAGRO - Estado


Terreno da Fepagro. Estrada BR 158.
Livramento em tramitação do RS

Prédio da Prefeitura. Ocupação parcial. Endereço: Município de São


São Borja Permissão de uso
Avenida Tancredo Neves, nº. 210. Borja
Fonte: UERGS, mediante Requisição de Documentos e Informações.

A situação específica das instalações da Reitoria constitui aspecto de


destacada relevância consoante já abordado no Relatório Anual produzido por este

480
Serviço referente ao exame já das contas do exercício de 2019. Instada a manifestar-se
sobre a situação, conforme Requisição de Documentos e Informações SAIPAG nº 29/2021,
a administração da UERGS, por sua Superintendência de Planejamento, nos termos do
Ofício nº 02/2021 GAB/SUPLAN/UERGS, de 06 de maio de 2021, informa o que segue:

Em relação à situação referente à localização da Reitoria, até o presente


momento não houve avanços concretizados. No ano de 2020 foi cadastrado
como projeto estratégico do Governo o projeto Consolidação do Campus
Central da Uergs. Este projeto tem como objetivo consolidar o Campus Central
da Uergs, ou seja, Reitoria, Biblioteca Central e Unidade Universitária em Porto
Alegre em espaço próprio e não oneroso. O projeto foi registrado junto ao
Sistema de Monitoramento Estratégico (SME) no início de 2020 e desde então
tem sido pautado nas reuniões com Secretários e com o Governador do Estado,
uma vez que é um projeto que apresenta uma série de pontos críticos.
Especialmente, no que diz respeito à Reitoria, esta encontra-se ainda instalada
em prédio locado no centro da capital gaúcha, sem que haja instrumento
contratual firmado uma vez que CAGE e a Procuradoria Jurídica da Universidade
indicaram a impossibilidade de nova aditivação ao contrato firmado.
Emergencialmente, a Universidade apresentou contrato à Imobiliária que faz a
gerência do espaço locado, mas não houve retorno desta a fim de firmar o
contrato emergencial.

Assinale-se que a matéria tem sido tratada em expedientes PROA diversos,


conforme informado pela Superintendência de Planejamento da Universidade, a saber:

1. 19/1950-0000243-3: Solicita a destinação da área ocupada pela


Fundação de Ciência e Tecnologia – CIENTEC para a Universidade Estadual do Rio Grande
do Sul – UERGS – Encaminhado diretamente à SEPLAG;
2. 19/1950-0000702-8: PROA encaminhado para a secretária de
patrimônio, após reunião prévia, para apresentar justificativa demonstrando a
necessidade de identificar um imóvel para instalação da unidade da Uergs em Porto
Alegre, tendo em vista o impasse acerca do aluguel do prédio da Reitoria da Uergs, cujo
contrato de locação expirou em 1º de janeiro de 2020;
3. 19/1950-0001428-8: Consulta da Divisão de Estudos e Orientação (DEO)
sobre a situação precária do Prédio da Reitoria, visto que não era mais permitido renovar
o contrato após 31/12/2020;
4. 20/2500-0000170-6: Demanda da SICT - Considerando a recente fusão
da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão com a Secretaria de Governança e
Gestão Estratégica e com o intuito de darmos ciência ao Secretário de Planejamento,
Orçamento e Gestão a respeito das ações ligadas à Sede da Reitoria e do Campus Central
da UERGS, foi encaminhado relato da situação e ações necessárias para a regularização
do funcionamento da Universidade relacionado a estes temas;
5. 20/19500-000130-0: PROA encaminhado para a SEPLAG referente à
estrutura física para instalação do prédio da Reitoria da UERGS para a Subsecretaria do
Patrimônio do Estado – SPE solicitando a indicação do referido imóvel como solução para
a crítica situação que a Reitoria da Universidade. Foram indicados imóveis pela Secretaria,
mas não eram adequados para as necessidades da Reitoria;

481
6. 19/19500/000244-1: Solicitar a destinação da área ocupada pela
Fundação de Ciência e Tecnologia – CIENTEC para a Universidade Estadual do Rio Grande
do Sul – UERGS – Encaminhado diretamente a SICT;
7. 20/25000-000277-0: “Projeto Estratégico Uergs 20+”, como resultado do
trabalho da Comissão Especial da UERGS, designada pela Portaria Interna nº 062/2020,
instituída em 22 de setembro de 2020, tendo por objetivo produzir um documento que
contemplasse as diretrizes principais idealizadas para um projeto de política pública,
indicando a UERGS como principal ator e a incorporação da infraestrutura da Fundação
de Ciência e Tecnologia do RS (CIENTEC) como ponto de partida. Este processo tramitou
pelas Secretarias de Estado e foi encaminhado à Casa Civil para deliberação Superior e
publicação de ato. Processo retornou à SPGG para análise.
Destaca-se, por fim, o último expediente – 20/25000-000277-0 – que
demonstra a tomada de medidas tendentes a equacionar o problema, a indicar que o
tema está sendo examinado. No entanto, dadas as já informadas condições precárias de
segurança que envolvem as instalações atuais, o tema permanece pendente de solução e
merecendo a devida atenção.

9.2.1.1.2 - Infraestrutura de Pessoas: Quadro Docente e Técnico-Administrativo


O quadro de docentes e demais agentes técnico-administrativos da UERGS
– Lei nº 13.968, de 12/04/2012 – está constituído conforme tabela abaixo:

Quadro de Pessoal: docentes, técnicos e apoio Administrativo – UERGS


Previsto em Lei / Situação atual
Ano Professores70 Técnicos71 Apoio Administrativo72
Situação
Previsto Situação Atual Previsto Previsto Situação Atual
Atual
2017 600 265 134 40 256 95
2018 600 264 134 40 256 103
2019 600 267 134 40 256 102
2020 600 260 134 34 256 146

Fonte: UERGS – Departamento de Recursoso Humanos

A leitura dos dados expressos na Tabela demonstra sensível


distanciamento entre os quantitativos de pessoal – de docentes, de técnicos e de apoio
administrativo – existente em atividade em relação aos legalmente previstos. A situação
tanto pode evidenciar uma dissociação daquela previsão legal – definida no ano de 2001
– frente ao atual cenário de necessidade e oferta de vagas no ensino superior público no
Rio Grande do Sul, quanto revelar a reduzida atenção historicamente dispensada pelo
poder Executivo em relação à composição do quadro de pessoal da UERGS. Trata-se, pois,

70
Corresponde ao número agregado de professores integrantes das classes de Professor Auxiliar, Professor
Assistente, Professor Adjunto e Professor Titular.
71
Corresponde aos 134 empregos de Analista distribuídos nas 39 distintas ocupações.
72
Corresponde aos 100 empregos de Agente Técnico em suas 10 distintas ocupações, e 130 empregos de
Agente Administrativo.

482
em face do significativo impacto potencial desta carência na qualidade do serviço público
disponibilizado à sociedade, de um ponto de atenção por parte da administração da
Universidade e do Chefe do Executivo.

9.2.1.1.3 - Infraestrutura Tecnológica


O desempenho das atividades de ensino, pesquisa e extensão, que
conformam as funções essenciais e estruturantes de uma Universidade no contexto
contemporâneo assentam-se, necessariamente, em tecnologia de informação.

9.2.1.1.3.1 - Rede e Conexões com a Internet


No ano de 2020 a Universidade lançou o Projeto UERGS Digital, a partir da
interação de ações envolvendo a Pró-Reitoria de Administração, a Superintendência de
Planejamento e a Superintendência de Informática. Foram examinados e revisados
projetos envolvendo tecnologia da informação a fim de orientá-los ao provimento de
soluções de qualifiquem as ações de ensino, pesquisa e extensão, disponibilizando
recursos computacionais voltados à disponibilização de informações precisas, de forma
ágil e com redução de custos.
A infraestrutura de rede da UERGS foi ampliada tanto em sua capacidade
de conexões de internet alcançando as unidades do interior do Estado, quanto no data
center localizado na Reitoria, ambas a fim de responder às demandas emergentes do
modelo de Ensino Remoto Emergencial e do regime de teletrabalho dos servidores em
atividades administrativas e de suporte.
Contratações de recursos computacionais pela UERGS junto à Rede
Nacional de Pesquisas – RNP no valor de R$44.436,00 – correspondente à plataforma
Google Enterprise For Education permitiram a manutenção do ensino remoto
emergencial, proporcionando a possibilidade de gravação de aulas, acesso aos conteúdos,
disponibilização de informações para as diferentes atividades acadêmicas e
administrativas, hospedados em nuvem, possibilitando o aceso ágil, seguro e disponível a
partir de quaisquer dispositivos moveis ou de computador.
No que se refere aos gastos com rede e conexão de internet, conforme
informado pela Superintendência de Planejamento, nos termos do Ofício nº 02/2021
GAB/SUPLAN/UERGS, assiste-se a uma constante redução, conforme de percebe na
análise da Tabela a seguir, que apresenta uma série histórica do comportamento das
despesas realizadas com a contratação da PROCERGS e com contratos locais de conexão:

DEMONSTRATIVO DE GASTOS COM CENECTIVIDADE DE INTERNET E SERVIÇOS DE TI - 2015 - 2020


Em R$ milhares (nominais)
Ano 2015 2016 2017 2018 2019 2020
PROCERGS 735,6 388,3 383,3 426,4 363,9 301,1
Conexões 98,1 98,1 150,3 172,2 127,5 116,1
Total 833,7 486,4 533,6 598,6 491,3 417,2
Fonte: Superintendência de Informática UERGS

483
A análise direta dos dados apresentados revela uma tendência decrescente
nos gastos agregados com serviços de conexão com internet e serviços de tecnologia da
informação representada, fundamentalmente, pela redução dos gastos com a PROCERGS.
Neste particular, percebe-se que as ações convergem para a consecução
das Ações 1 e 2, do Objetivo 1, fixado para a Superintendência de Informática no Plano de
Desenvolvimento Institucional – PDI (2017–2021) da UERGS, revisado em relação ao PDI
(2012–2016), a saber, o Objetivo 1 – Aperfeiçoar os canais de Internet em todas as
Unidades da UERGS.
Merece registro, por fim, que as atividades de aperfeiçoamento em termos
de tecnologia da informação são planejadas e executadas pela Superintendência de
Informática da UERGS, que, além do desenvolvimento dos projetos de expansão de
capacidades empreendidos, realiza as demais atividades de suporte aos usuários, tais
como atendimentos e manutenção de equipamentos.

9.2.1.1.3.2 - Educação a Distância e Videoconferências


A Educação a Distância está inserida nas diretrizes expressas no Plano de
Desenvolvimento Institucional PDI (2017–2021) da UERGS, destacando-se o seguinte
objetivo e correspondentes ações:

Objetivo 4 – Implementar o efetivo funcionamento da EAD – Educação a


Distância.
Ação 1 – Implementar Fórum Interno para discutir as políticas de EAD na
Universidade.
Ação 2 – Implementar as políticas de EAD na Uergs.
Ação 3 – Regulamentar as atividades de educação a distância (metodologia,
critérios, horas).
Ação 4 – Criar Programa Institucional para oferta de cursos de
formação/capacitação para utilização das Tecnologias da Informação e
Comunicação (Moodle, Mconf, etc.).
Ação 5 – Desenvolver a cultura de educação digital para apoio aos componentes
curriculares.
Ação 6 – Credenciar a Uergs para oferta de cursos na modalidade EAD,
preferencialmente cursos de pós-graduação lato sensu.
Ação 7 – Propor parcerias para inovação constante em EAD.

De fato, essa previsão é convergente com as tendências do campo da


educação, em particular a educação superior no Brasil e no mundo, e ainda com mais
destaque se fez necessária no período de isolamento que marcou o ano letivo de 2020
ora em exame.
Nos termos do Ofício nº 02/2021 GAB/SUPLAN/UERGS, de 06 de maio de
2021, encaminhado em resposta à Requisição de Documentos e Informações SAIPAG nº
29/2021, a administração da UERGS, por sua Superintendência de Planejamento, informa
sobre os reflexos da pandemia sobre as atividades da Universidade. Conforme informado,
a UERGS respondeu às orientações da Organização Mundial de Saúde e do Ministério da
Saúde consubstanciadas nos Boletins Epidemiológicos.

484
O semestre 2020/1 (primeiro semestre de 2020) foi retomado em 22 de
junho e encerrado em 29 de agosto daquele ano conforme autorizado pelo Ministério da
Educação, Parecer nº 5/2020, do Conselho Nacional de Educação – CNE e Parecer nº
1/2020, do Conselho Estadual de Educação – CEEd. O segundo semestre (2020/2)
transcorreu no período compreendido entre 14 de setembro de 2020 e 30 de janeiro de
2021.
As aulas, no regime de Ensino Remoto Emergencial, foram desenvolvidas
em ambos os semestres no ambiente virtual de aprendizagem (AVA) Moodle,73 com o
apoio de outras tecnologias de suporte à educação da plataforma Google Suite for
Education.
Destaca-se que no período compreendido entre a suspensão das aulas no
primeiro semestre letivo (março) e a sua retomada em junho de 2020, a UERGS realizou
atividades de capacitação, conforme informado:

Para os discentes, foi elaborado o curso Moodle para Estudantes, também


aberto para a comunidade externa, com cerca de cinco mil inscritos. Dos
concluintes, 96% consideraram o curso “bom” ou “excelente”. Além disso, o
Programa de Formação Continuada de Docentes (PFCD) foi direcionado de
forma a atualizar e instrumentalizar os docentes para o uso das tecnologias
digitais necessárias ao Ensino Remoto, além de conceitos gerais de EaD. Assim,
foi criado o curso Formação Continuada para o Uso de Tecnologias Digitais,
composto de sete unidades com carga horária total de 120 horas, entre abril e
julho. Para os que não participaram da formação, foi disponibilizado o curso
Moodle para Professores e Tutores, também aberto à comunidade externa no
formato de um MOOC sem tutoria, com carga horária de 30 horas. (Ofício nº
02/2021 GAB/SUPLAN/UERGS)

No que se refere aos desempenhos alcançados, informa-se que no segundo


semestre letivo de 2020 – 14 de setembro de 2020 e 30 de janeiro de 2021 – foram
ofertados pela Universidade um total 728 (setecentos e vinte e oito) componentes
curriculares (disciplinas), correspondendo a um aumento de 33% em relação ao primeiro
semestre. Neste particular, também refere a Superintendência de Planejamento, a
priorização dos “componentes teóricos e de final de curso a fim de contemplar as
demandas de alunos com possibilidade de formatura” (Ofício nº 02/2021
GAB/SUPLAN/UERGS). A mesma Superintendência também informa que o planejamento
do primeiro semestre de 2021 previu a oferta de um total de 1.056 componentes
curriculares, representando um acréscimo da ordem de 45% em relação a 2020/2.
A Universidade, por intermédio da Pro-Reitoria de Ensino, expediu em
2020 7 (sete) Orientações e 6 (seis) Instruções Normativas, além de diversas reuniões
com coordenações de Cursos direcionadas à organização do ensino remoto no âmbito da
UERGS.
Dada a priorização de esforços concentrados na resposta às exigências do
regime de Ensino Remoto Presencial, a política de educação a distância da UERGS não
sofreu mudanças em 2020, mas, considerando ser um dos projetos estratégicos da

73
MOODLE – Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment (ambiente modular de
aprendizagem dinâmica orientada a objetos).

485
Universidade, encontra-se em processo de revisão, prevendo-se, inclusive “o aumento de
carga horária a distância em cursos presenciais de 20% para 40%, conforme permitido
pela Portaria MEC 2117/2019 (...).”(Ofício nº 02/2021 GAB/SUPLAN/UERGS).

9.2.1.2 – Políticas, Programas e Processos Organizacionais


Esta seção apresenta os principais indicadores quantitativos da UERGS em
relação às funções estruturantes de uma Universidade: ensino, pesquisa e extensão.

9.2.1.2.1 - Ensino: Graduação e Pós-Graduação


Nesta seção são apresentados em termos agregados, no período entre
2016 e 2019, os números de cursos de graduação e de pós-graduação, e de estudantes da
UERGS, incluindo aqueles hipossuficientes e portadores de deficiência, atendidos nos
termos da Lei nº 11.646, de 10 de julho de 2001, que autoriza a criação da UERGS.

EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE ESTUDANTES - UERGS: 2017–2020

GRADUAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO
Nível de Ensino 2017 2018 2019 2020
Graduação 4.433 4.681 4.869 5.070
Especialização 445 405 454 384
Mestrado 30 116 179 332
Fonte: UERGS – Superintendência de Planejamento

Os dados apresentados demonstram no período analisado – 2017 a 2020 –


um constante crescimento no número agregado de estudantes da Universidade. Destaca-
se aqui, em termos relativos, a pós-graduação, mais sensivelmente no nível de mestrado.

EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE CURSOS - UERGS: 2017–2020

GRADUAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO
Nível de Ensino 2017 2018 2019 2020
Graduação 47 47 47 47
Especialização 13 13 14 5
Mestrado 2 2 4 5
Fonte: UERGS – Superintendência de Planejamento

No período em exame não houve aumento no número de cursos de


graduação. O principal destaque em termos percentuais pode ser creditado ao
incremento de um curso de mestrado, alcançando um total de 5 em 2020. Merece
registro o fato de que essa tendência se alinha com as diretrizes estratégicas da
Universidade, afeto à Pró-Reitoria de Pós-Graduação de Pesquisa, contidas no Plano de
Desenvolvimento Institucional da UERGS – PDI (2017–2021) – Objetivo 1 – Promover a
criação e o fortalecimento de cursos de mestrado e doutorado.

9.2.1.2.1.1 - Ensino de Graduação


A Universidade oferece cursos de graduação que habilitam bacharéis,
licenciados e tecnólogos para atuação nas áreas das Ciências Humanas, Ciências Exatas e

486
Ciências da Vida e do Meio Ambiente. As formas de ingresso regulares são mediante o
Sistema de Seleção Unificada (SiSU) do Ministério da Educação (MEC), com edital
complementar através do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem).
A tabela a seguir demonstra os dados de disponibilidade e ocupação de
vagas e de evasão agregados no período de 2017 a 2020.

VAGAS DE GRADUAÇÃO, QUANTIDADE DE MATRÍCULAS E EVASÃO - 2017 – 2020


Fatores 2017 2018 2019 2020
Oferta Matrícula Oferta Matrícula Oferta Matrícula Oferta Matrícula
Alunos nos Cursos de Graduação 1.485 1.488 1.485 1.414 1.445 1.296 1.605 1.322
Percentual de ocupação das vagas 100% 95,21% 89,68% 82,37%
Evadidos totais (Dez/2019) 775 659 382 92
Percentual de Evasão 52,08% 46,60% 29,47% 7%
Fonte: Superintendência de Planejamento UERGS

A análise dos dados revela que a evasão apresentou significativo


decréscimo no ano letivo de 2020 em relação aos percentuais observados em períodos
anteriores.

9.2.1.2.1.2 - Ensino de Pós-Graduação, Pesquisa e Produção Científica


A pós-graduação constitui o eixo de atuação mais diretamente relacionado
com a pesquisa e a produção de conhecimento científico de uma Universidade. Esta
produção de conhecimento tem impacto sobre a transformação e o desenvolvimento da
sociedade.
O fomento à pós-graduação é à pesquisa científica está presente no Plano
de Desenvolvimento Institucional da UERGS – PDI (2017–2021), destacando-se os
seguintes:
Objetivo 1 – Promover a criação e o fortalecimento de cursos de mestrado e
doutorado.
[...]
Objetivo 3 – Promover pesquisa científica e de inovação voltada ao setor
produtivo local e regional, à educação e às demandas de Estado.
Objetivo 4 – Incentivar a multiplicação do conhecimento gerado na pesquisa e
pós-graduação.

Os objetivos destacados do PDI (2017–2021), tanto quanto os seus


desdobramentos em ações também previstas, evidenciam uma perspectiva de atuação
integrada com outras instituições de ensino superior, em especial na pós-graduação
stricto sensu, o fomento a redes e grupos de pesquisa, bem como a publicação e a
divulgação científica: periódicos, livros e eventos. Assume relevo a necessária
infraestrutura de pesquisa e demais recursos indispensáveis à produção científica, tais
como carga horária docente, bolsas de estudo e pesquisa, também contemplada em
termos de objetivos e metas do Plano.
Destaca-se, neste particular eixo de desenvolvimento da Universidade o
Objetivo 3, que se refere à produção de pesquisa científica e de inovação voltada ao setor

487
produtivo local e regional, à educação e às demandas de Estado, dado que encerra
significativo potencial de legitimação da UERGS no seu contexto de inserção.
Em termos de oferta de cursos de pós-graduação – vagas e quantidade de
matrículas – a próxima tabela demonstra uma disponibilização crescente de
oportunidades, revelando uma tendência para a consecução em especial do Objetivo 1 da
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação previsto no PDE vigente.

VAGAS DE PÓS-GRADUAÇÃO, QUANTIDADE DE MATRÍCULAS E EVADIDOS - 2017-2020


Fatores 2017 2018 2019 2020
Oferta Matrícula Oferta Matrícula Oferta Matrícula Oferta Matrícula
Alunos Cursos de Pós-Graduação 507 475 488 456 628 543 273 249
Percentual de ocupação das vagas 93,68% 93,44% 86,46% 91,20%
Evadidos totais (Dez/2020) 118 20 0 0
Percentual de Evasão 24,84% 4,39% 0 0
Fonte: Superintendência de Planejamento UERGS

Relativamente à pesquisa e produção científica da Universidade, atividades


sensivelmente dependentes e impactadas pela disponibilidade de recursos, os dados
apresentados na a seguir indicam uma sensível ampliação no número de grupos de
pesquisa (de 30 em 2019 para 60 em 2020), e uma também significativa elevação no
número de publicações de livros e capítulos de livros (de 93 em 2019 para 174 em 2020).
O número de artigos científicos apresentou também nestes dois últimos anos da série,
uma significativa expansão em relação ao observado no ano anterior (de 187 em 2019
para 281 em 2020).

PESQUISA E PRODUÇÃO CIENTÍFICA UERGS - 2017 – 2020

Categorias 2017 2018 2019 2020

Linhas de Pesquisa N/D N/D 132 140

Grupos de Pesquisa 48 48 38 60

Bolsistas 218 204 203 190

Livros e Capítulos de Livros 174 86 93 174

Artigos Científicos 222 186 187 281


Fonte: Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação UERGS.
N/D: Dado não disponível.

É importante assinalar, neste particular, que, assim como a pesquisa


requer um tempo (não raro em anos) para o seu ciclo de realização, também a produção
de artigos delas decorrentes também envolve um tempo substantivo (em geral superior a
um ano) desde a submissão, passando pela avaliação duplo cega por pares, até a
publicação em periódicos científicos. Desse modo, é preciso considerar que o
desempenho no número de publicações deve ser creditado a esforços de pesquisa
empreendidos em períodos bem anteriores a 2020.

488
9.2.1.2.2 - Extensão Universitária
A extensão universitária constitui, ao lado do ensino e da pesquisa, o
terceiro eixo que define uma instituição de ensino superior como Universidade.

NÚMERO DE CURSOS E CERTIFICAÇÕES UERGS


EM ATIVIDADES DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

Fatores 2017 2018 2019 2020

Cursos Oferecidos 236 277 279 275

Participações e Certificações 22.380 89.084 208.203 250.000

Fonte: UERGS – Pró-Reitoria de Extensão

Os dados apresentados na Tabela acima informam um número crescente


de atividades de extensão universitária oferecidas pela UERGS no período de 2017 a
2020. Essa expansão, salienta-se, está alinhada com o Objetivo 1 fixado para a Pró-
Reitoria de Extensão no Plano de Desenvolvimento Institucional vigente: Objetivo 1 –
Promover ações que fortaleçam a extensão universitária da instituição.
O crescimento dos dados revela o potencial da extensão universitária como
estratégia de desenvolvimento da Universidade e de consequente legitimação
institucional perante a sociedade pela consecução deste que é um dos seus eixos
estruturantes de atuação.

9.2.1.3 – Desempenho Institucional


Em termos de desempenho institucional, tomando-se o Índice Geral de
Cursos – IGC, os resultados obtidos pela UERGS no período de 2017 a 2020 mantem-se na
nota 4. O IGC decorre de uma média ponderada das notas de avaliação dos cursos de
graduação e de pós-graduação, consolidando, portanto, um referencial de qualidade
atribuído a cada Instituição de Ensino Superior – IES.

ÍNDICE GERAL DE CURSOS - 2017 - 2020

Ano IGC

2017 4

2018 4

2019 4

2020 4
Fonte: Superintendência de Planejamento da UERGS

O IGC é um indicador de qualidade das Instituições de Ensino Superior


aferido e divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio

489
Teixeira – INEP. Este índice é calculado anualmente e varia em uma escala de 1 a 5,
considerando os seguintes aspectos:74

1. média dos Conceitos Preliminares dos Cursos do último triênio, re-


lativos aos cursos avaliados da instituição, ponderada pelo número de
matrículas em cada um dos cursos computados;
2. média dos conceitos de avaliação dos programas de pós-graduação
stricto sensu atribuídos pela CAPES na última avaliação trienal dispo-
nível, convertida para escala compatível e ponderada pelo número de
matrículas em cada um dos programas de pós-graduação correspon-
dentes;
3. distribuição dos estudantes entre os diferentes níveis de ensino,
graduação ou pós-graduação stricto sensu, excluindo as informações
do item II para as instituições que não oferecerem pós-graduação
stricto sensu.

A análise do desempenho institucional da UERGS, tendo como referência o


Índice Geral de Cursos – IGC pode ser considerada satisfatória, ainda que se considere as
limitações especialmente de infraestrutura material e humana, o que revela não somente
um mérito de todos quantos contribuíram para os resultados, mas um potencial de
investimento para o desenvolvimento da educação superior, em particular no que diz
respeito à pesquisa e à inovação com reflexos para a sociedade.

9.3 – Fomento à Educação e à Pesquisa Científica e Tecnológica


O artigo 236 da Constituição Estadual determina que o Estado deverá
destinar, no mínimo, o equivalente a 1,5% de sua Receita Líquida de Impostos Próprios à
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS) para
aplicação no Fomento ao Ensino e à Pesquisa Científica e Tecnológica.
As condições e periodicidade dos repasses, assim como o gerenciamento e
o controle democráticos das dotações previstas, foram disciplinados pela Lei
Complementar nº 9.103/1990.
No ano de 2020, a Receita Líquida de Impostos Próprios foi de
R$ 32,87 bilhões e a aplicação mínima no Fomento à Educação e Pesquisa Científica e
Tecnológica (1,5% da RLIP) corresponderia a R$ 493,0 milhões.

APURAÇÃO DO PERCENTUAL APLICADO EM FOMENTO A PESQUISA - CIENTÍFICA E TECNOLOGIA


EXERCÍCIO DE 2020
Em R$ milhões (nominais)
APLICAÇÃO DOTAÇÃO DOTAÇÃO EFETIVAMENTE
EXERCÍCIO RLIP EMPENHADO LIQUIDADO PAGO
MÍNIMA INICIAL ALTERADA APLICADO
(2=(1) x
-1 -3 -4 -5 -6 -7 ( 8 )= ( 6 / 1 )
1,5% )
2008 12.547,60 188,2 10,7 10,7 4,7 4,7 3,9 0,04%

74
Fonte: https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/pesquisas-estatisticas-e-
indicadores/indicadores-de-qualidade-da-educacao-superior/indice-geral-de-cursos-igc (último acesso em
07/05/2021).

490
APURAÇÃO DO PERCENTUAL APLICADO EM FOMENTO A PESQUISA - CIENTÍFICA E TECNOLOGIA
EXERCÍCIO DE 2020
Em R$ milhões (nominais)
APLICAÇÃO DOTAÇÃO DOTAÇÃO EFETIVAMENTE
EXERCÍCIO RLIP EMPENHADO LIQUIDADO PAGO
MÍNIMA INICIAL ALTERADA APLICADO
(2=(1) x
-1 -3 -4 -5 -6 -7 ( 8 )= ( 6 / 1 )
1,5% )
2009 13.061,20 195,9 11,3 11,3 9 9 4,2 0,07%
2010 16.163,20 242,4 11,5 29,5 23,9 23,9 16,2 0,15%
2011 16.788,50 251,8 24,5 24,5 24,1 24,1 23 0,14%
2012 18.399,70 276 30,3 32,2 32,1 32,1 23,9 0,17%
2013 20.840,50 312,6 50,5 33,3 28,9 28,9 22,3 0,14%
2014 22.549,60 338,2 56,7 54,2 36,4 36,4 33,3 0,16%
2015 23.916,20 358,7 63,5 27,7 26,7 26,7 23,3 0,11%
2016 26.719,00 400,8 29,1 27,4 26,4 26,4 15,8 0,10%
2017 28.412,90 426,2 26,1 26,1 26,1 26,1 14,4 0,09%
2018 31.071,70 466,1 26,1 26,5 26,5 26,5 20,1 0,09%
2019 32.323,42 484,9 28,1 28,1 28,1 28,1 20,0 0,09%
2020 32.869,23 493,0 34,3 34,3 34,3 34,3 25,5 0,10%
Fonte: Sistemas Cubos DW da CAGE/SEFAZ
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS

Com base na Despesa Liquidada Total, a aplicação no Ensino e Fomento à


Pesquisa Científica e Tecnológica correspondeu a R$ 34,3 milhões, representando 0,10%
da Receita Líquida de Impostos Próprios, deixando de atingir o limite mínimo estabelecido
no artigo 236 da Constituição Estadual, de 1,5%, ou seja, uma aplicação a menor de R$
458,7 milhões.
Conforme demonstrado na tabela anterior, houve um crescimento
significativo dos gastos, na comparação de 2009 com 2014. Após uma redução nos anos
seguintes, houve novo crescimento, embora pequeno, no exercício de 2020 Em nenhum
exercício da série analisada, o percentual mínimo foi alcançado, propondo-se que o
Executivo tome as devidas providências para dar cumprimento a esse comando
constitucional.

9.4 – Financiamento da Saúde

9.4.1 – Legislação Referente às Ações e Serviços Públicos de Saúde – ASPS


As aplicações em Ações e Serviços Públicos de Saúde – ASPS estão
disciplinadas, no âmbito estadual, pela Emenda Constitucional nº 25, de 22-06-1999, e, no
âmbito federal, pela Emenda Constitucional nº 29, de 13-09-2000.
A Emenda Constitucional Estadual nº 25/99, que alterou o art. 244 da
Constituição Estadual, acrescentou o parágrafo 3º: “o Estado deverá aplicar, em ações e
serviços de saúde, no mínimo 10% (dez por cento) da Receita Tributária Líquida, excluídos
os repasses federais oriundos do Sistema Único de Saúde, considerando ações e serviços
de saúde os Programas Saúde no Orçamento do Estado”.

491
Em âmbito federal, a Emenda Constitucional nº 29, de 13-09-2000 alterou
os arts. 34, 35, 156, 160, 167 e 198 da Constituição Federal e acrescentou o artigo 77 ao
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, estabeleceu a base de cálculo e definiu
os recursos mínimos a serem aplicados pelo Estado nas Ações e Serviços Públicos de
Saúde. Porém, deixou à Lei Complementar a fixação das normas de fiscalização, avaliação
e controle das despesas com saúde nas esferas estadual, distrital e municipal.
Desse modo, a Lei Complementar nº 141, de 13-01-2012, definiu quais as
despesas a serem consideradas como ações e serviços públicos de saúde. A retro citada
Lei Federal foi objeto de exame em Pedido de Orientação Técnica tratado no Processo nº
7761-02.00/13-3, resultando na Informação nº 25/2013.
Cabe relatar que se encontra em andamento nesta Casa o Processo nº
5141-0200/16-0, o qual trata de um Pedido de Orientação Técnica - POT para revisar os
critérios adotados pelo TCE/RS com relação à aplicação em Manutenção e
Desenvolvimento de Ensino – MDE. A partir de consulta realizada pela Procuradoria-Geral
do Estado – PGE (Doc. Nº 29583-0299/18-0), em razão do início das negociações para
adesão ao Regime de Recuperação Fiscal, entendeu-se que o POT deveria contemplar
também os critérios adotados pelo TCE/RS para o cálculo em saúde e despesa com
pessoal. O processo encontra-se na Consultoria Técnica para elaboração de Parecer.
Dentre outras questões, ao analisar o critério de apuração da aplicação do
percentual mínimo de recursos em ASPS referida pela Lei Complementar nº 141/2012,
este Tribunal, a exemplo da União, decidiu por considerar no cálculo as despesas
liquidadas somadas às despesas empenhadas e não liquidadas, inscritas em restos a pagar
não processados até o limite das disponibilidades de caixa ao final do exercício,
consolidadas no Fundo de Saúde.
Consequentemente, o cálculo do montante dos gastos em ASPS, efetuado
nesta Corte de Contas, tanto para elaboração do Parecer Prévio quanto para emissão de
Certidão relativa à aplicação em Saúde no Estado, foi realizado, até 2012, com base nas
liquidações totais, isto é, computadas todas as despesas liquidadas no exercício, tanto
relativas a empenhos do exercício em análise quanto de exercícios anteriores, tendo em
vista o entendimento desta Corte exarado no Parecer Coletivo nº 01/2003, divergindo,
assim, do preconizado na LC nº 141/2012 que teve o critério de cálculo por ela definido
implementado no SIOPS a partir do ano de 2013.

9.4.2 – Cálculo dos Gastos em Ações e Serviços Públicos de Saúde

9.4.2.1 – Aplicação Mínima em ASPS


A seguir, será demonstrado o percentual de aplicação em ASPS no Estado,
em 2020, com base no critério de cálculo definido na LC nº 141/12, aplicado a partir de
2013, constituindo-se no somatório da despesa liquidada, relativa a empenhos somente
do exercício em análise, com a despesa inscrita em Restos a Pagar não Processados
(despesas empenhadas no exercício e não liquidadas) até o limite das disponibilidades
financeiras, calculado em relação às duas receitas (RLIT e RTL) permanecendo como bases
de cálculo para verificação do cumprimento dos percentuais mínimos determinados nas
Emendas Constitucionais nº 29/2000 e 25/1999, nos âmbitos Federal e Estadual,
respectivamente.

492
APURAÇÃO DO ÍNDICE DE APLICAÇÃO EM AÇÕES E SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE
EMENDAS CONSTITUCIONAIS: FEDERAL Nº 29/2000 E ESTADUAL Nº 25/1999
EXERCÍCIO DE 2020
Em R$ milhões (nominais)
LIQUIDADO (+)
GRUPOS DE DESPESAS INSCRIÇÃO
INSCRIÇÃO EM
(RECURSOS 006, 016, 026 E EM RESTOS A
EMPENHADO LIQUIDADO PAGO RESTOS A
5006, TODOS VINCULADOS À PAGAR NÃO
PAGAR NÃO
SAÚDE): PROCESSADOS
PROCESSADOS
(1) (2) (3) (4) (5 = 2+4)
1. Pessoal e Encargos Sociais 1.427,5 1.427,5 1.239,1 0,0 1.427,5
1.1. Pessoal Ativo SES e FEPPS 384,0 384,0 357,0 0,0 384,0
1.2. Pessoal Ativos Demais
113,4 113,4 113,4 0,0 113,4
Órgãos
1.3. IPE Saúde SES e FEEPS (1) 10,6 10,6 9,9 0,0 10,6
1.4. IPE Saúde Demais Órgãos
595,1 595,1 438,8 0,0 595,1
(1)
1.5. Contrib.Previd.Inativos (2) 58,1 58,1 53,7 0,0 58,1
1.6. Cobertura Déficit Pensões
58,4 58,4 58,4 0,0 58,4
(3)
1.7. Cobertura Déficit Inativos
208,0 208,0 208,0 0,0 208,0
(4)
2. Outras Despesas Correntes 2.764,8 2.763,9 2.228,1 0,9 2.764,8
2.1. SES e FEPPS 2.729,6 2.729,6 2.199,5 0,0 2.729,6
2.2. Demais Órgãos 35,3 34,4 28,6 0,9 35,3

3. Investimentos 16,0 16,0 15,9 0,0 16,0


3.1. SES e FEPPS 16,0 16,0 15,9 0,0 16,0
3.2. Demais Órgãos 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
4. Sub-Total (1+2+3) 4.208,4 4.207,5 3.483,1 0,9 4.208,4
Ajustes do Poder Executivo nas despesas com Pessoal e Encargos Sociais:
Adições:
Rubrica 1301: IPE Saúde (5) 88,1 88,1 82,0 0,0 88,1
Rubrica 1318: IPE Saúde (5) 3,0 3,0 2,8 0,3 3,3
5. Sub-Total 91,1 91,1 84,8 0,3 91,4

6. Ajustes / Exclusões (1,2)


7. Total aplicado em ASPS
4.299,5 4.298,5 3.567,9 - 4.298,5
apurado em 2018 (4+5-6)

8. Receita Líquida de Impostos e Transferências - RLIT 35.389,8


9. Percentual de aplicação sobre a RLIT (6/7): EC Federal nº 29/2000 12,15%
10. Receita Tributária Líquida – RTL 33.196,4
11. Percentual de aplicação sobre a RTL (6/9): EC Estadual nº 25/1999 12,95%
Fonte: Pareceres Prévios, Balanços Gerais do Estado, Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ.
Cálculos:Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(1) As despesas com IPE Saúde (Rubrica 1301) não estão desdobradas em Ativos e Inativos
(2) Contribuição Previdenciária Inativos – Rubrica 1311
(3) Cobertura Déficit Pensões – Rubrica 1309
(4) Cobertura Défict Inativos - Rubrica 1313
(5) IPE Saúde (Ativos/Inativos) lançado em outros recursos não vinculados à Saúde (não considerados Recursos de Fundações-7000 e Autarquias-8000).
(6) A partir de 2019 a Fazenda excluiu as Rubricas 0108 -13 VENC-INATIVOS CIVIS e 0109 - ABON FAM - INAT CIVIL

O Executivo excluiu da base de cálculo o valor de R$ 1,2 milhão


correspondentes aos Restos a Pagar não Processados, pois não havia disponibilidade de
caixa ao final do período, conforme preconiza a LC 141/2012. Este assunto será abordado
no próximo tópico.

493
Com base na Despesa Liquidada total do exercício, chega-se ao montante
de R$ 4,30 bilhões, correspondendo a 12,15% da Receita Líquida de Impostos e
Transferências – RLIT (R$ 35,39 bilhões), tendo atingido, assim, o percentual mínimo de
12% exigido pela Emenda à Constituição Federal nº 29/2000, superior, portanto, em 0,15
pontos percentuais.
Já nos termos da Emenda à Constituição Estadual nº 25/1999, foi atingido o
percentual de 12,95% da Receita Tributária Líquida - RTL (R$ 33,20 bilhões), ou seja, 2,95
pontos percentuais acima do mínimo exigido (10%).
A tabela anterior demonstra uma aplicação total de R$ 4,30 bilhões, ou
seja, R$ 51,8 milhões a maior do exigido pela Lei, cumprindo assim a referida norma.

9.4.2.2 – Histórico dos Gastos em ASPS de 2004 a 2020


Na tabela a seguir, consta a evolução dos índices de aplicação em ASPS nos
termos da Emenda Constitucional Federal nº 29/2000 e da Emenda Constitucional
Estadual nº 25/1999, com os índices atestados pelo TCE-RS e apurados com base nos
critérios vigentes nos respectivos anos (liquidado total até o ano de 2012, bem como com
a inclusão, a partir do exercício de 2007, dos gastos em saneamento e as despesas
liquidadas somadas aos restos a pagar não processados até o limite das disponibilidades
de caixa ao final do exercício de 2013 em diante).

EVOLUÇÃO DA APLICAÇÃO DO ÍNDICE EM ASPS - EC FEDERAL Nº 29/2000 E EC ESTADUAL Nº 25/1999


EXERCÍCIOS DE 2004 A 2020
Em R$ milhões (nominais)
BASE PARA APLICAÇÃO % APLICAÇÃO
EC ESTADUAL EC FEDERAL
Nº 25/1999 Nº 29/2000
RECEITA RECEITA LÍQUIDA VALOR APLICADO EC ESTADUAL EC FEDERAL
EXERCÍCIO
TRIBUTÁRIA DE IMPOSTOS EM ASPS* Nº 25/1999 Nº 29/2000
LÍQUIDA E TRANSFERÊNCIAS (3) (=3/1) (=3/2)
VALOR(*) % VALOR(*) %
(1) MÍNIMO (2) MÍNIMO
2004 8.532,50 10% 9.175,60 12% 559,9 6,56% 6,10%
2005 9.488,30 10% 10.612,20 12% 604,7 6,37% 5,70%
2006 9.976,20 10% 11.073,00 12% 744 7,46% 6,72%
2007 10.575,70 10% 11.788,70 12% 1581,9 14,96% 13,42%
2008 12.702,40 10% 14.123,30 12% 1.751,20 13,79% 12,40%
2009 13.233,00 10% 14.523,90 12% 1.905,20 14,40% 13,12%
2010 16.355,60 10% 17.787,60 12% 2.353,30 14,39% 13,23%
2011 17.004,90 10% 18.710,70 12% 2.661,60 15,65% 14,22%
2012 18.621,50 10% 20.274,30 12% 3.365,20 18,07% 16,60%
2013 21.088,40 10% 22.819,60 12% 2.827,60 13,41% 12,39%
2014 22.831,30 10% 24.788,50 12% 2.977,40 13,04% 12,01%
2015 24.211,00 10% 26.256,70 12% 3.219,10 13,29% 12,26%
2016 27.050,30 10% 29.176,40 12% 3.538,90 13,08% 12,12%
2017 28.784,02 10% 30.841,56 12% 3.777,77 13,12% 12,25%
2018 31.456,16 10% 33.634,33 12% 4.089,40 13,00% 12,16%
2019 32.719,87 10% 34.905,05 12% 4.241,99 12,96% 12,15%
2020 33.196,41 10% 35389,85 12% 4.298,54 12,95% 12,15%

494
EVOLUÇÃO DA APLICAÇÃO DO ÍNDICE EM ASPS - EC FEDERAL Nº 29/2000 E EC ESTADUAL Nº 25/1999
EXERCÍCIOS DE 2004 A 2020
Em R$ milhões (nominais)
BASE PARA APLICAÇÃO % APLICAÇÃO
EC ESTADUAL EC FEDERAL
Nº 25/1999 Nº 29/2000
RECEITA RECEITA LÍQUIDA VALOR APLICADO EC ESTADUAL EC FEDERAL
EXERCÍCIO
TRIBUTÁRIA DE IMPOSTOS EM ASPS* Nº 25/1999 Nº 29/2000
LÍQUIDA E TRANSFERÊNCIAS (3) (=3/1) (=3/2)
VALOR(*) % VALOR(*) %
(1) MÍNIMO (2) MÍNIMO
Fonte: Pareceres Prévios, Balanços Gerais do Estado e Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ.
Cálculos:Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
*A partir de 2002 foram computadas as multas e juros relativas aos impostos e dívida ativa (Parecer Prévio - Exercício de 2002).
A partir de 2003 o critério de cálculo da despesa com ASPS passa a ter como base o total da despesa liquidada no exercício (liquidação de despesa do exercício + liquidação
de restos no exercício), conforme Parecer Coletivo nº 01/2003.
No exercício de 2006, a despesa foi ajustada de acordo com o Parecer nº 04/2007-Proc. nº 2.270-02.00/06-2.
A partir de 2007, foram consideradas as despesas com saneamento da Corsan cfe. decisão do Tribunal Pleno em 14-05-2008 - Processo nº 2274-0200/08-0
De 2008 até 2012 foi considerado o Parecer nº 04/2007, incluindo os projetos 5536, 5646 e 6306 e excluindo os projetos 5567 e 6047
Nos exercícios de 2013 a 2015, foram consideradas as despesas liquidadas do exercício mais os restos a pagar não processados, conforme LC nº 141/12, com a inclusão das
“despesas controversas”, conforme explicado nos Pareceres Prévios.
Nos exerccícios de 2016 a 2020, o Executivo excluiu da base de cálculo os Restos a Pagar não Processados sem disponibilidade financeira, conforme preconiza a LC nº
141/12, considerando apenas as despesas liquidadas totais do exercício, com a inclusão das “despesas controversas”.

Considerando-se a Despesa Liquidada Total, o Estado só passou a atingir o


índice mínimo de 12% da RLIT, fixado pela Emenda Constitucional nº 29/2000, com o
incremento dos gastos da CORSAN, os quais foram considerados nos cálculos de 2007 até
2012.
A mesma situação é encontrada levando-se em conta a EC Estadual nº
25/1999, pois somente a partir de 2007 o mínimo de 10% foi atingido.
O Voto do Exmo. Conselheiro-Relator Cezar Miola, referente ao exame das
Contas da Governadora do ano de 2009, acolhido pelo Parecer nº 15.498/2010, indicou a
necessidade de o Estado promover, a partir do ano de 2011, ainda que de forma
gradativa, investimentos em saúde viáveis para o atingimento do percentual mínimo,
desconsiderando os gastos em saneamento da Corsan.
O Executivo Estadual afirmou, nos esclarecimentos prestados em 2012,
quanto ao não cumprimento, naquele exercício, do percentual mínimo de gastos em
saúde (12% da RLIT) sem o acréscimo dos gastos em saneamento da Corsan, conforme
teor do Ofício nº 1440/2012 – GSF, de 25-07-2012, estar comprometido com um novo
modelo de gestão fiscal, em que busca a sustentabilidade das políticas públicas,
respeitando os limites da responsabilidade fiscal e ressaltando, por outro lado, que os
gastos foram definidos no sentido de garantir a qualidade do serviço prestado na área da
saúde.
Não obstante, e de acordo com o determinado por este Tribunal de Contas,
os gastos em saneamento efetuados pela CORSAN não integraram mais o cálculo das
despesas em ações e serviços públicos em saúde a partir de 2013.

9.4.2.3 – Pandemia Covid-19


A partir do início de 2020 o mundo foi impactado pela pandemia do vírus
Covid-19, gerando repercussões em diversas áreas da vida humana. O vírus abalou a
saúde, economias, empregos, gerando instabilidade social e econômica.

495
A crise sanitária atingiu fortemente o Brasil, compelindo às autoridades a
adotarem diversas medidas a fim de mitigar a transmissão do vírus. Em face das
circunstâncias, no âmbito do Estado, as maiores ações implementadas em 2020 contra a
pandemia originaram-se na Secretaria Estadual da Saúde, sendo esta responsável pelo
gerenciamento e aplicação dos recursos destinados ao combate do vírus no Rio Grande
do Sul.
Neste contexto, elaborou-se uma análise dos recursos utilizados na
pandemia do Covid-19 sobre o prisma da atuação da Secretaria Estadual da Saúde, onde
se verificou a origem, o total gasto, e os principais grupos de aplicação dos referidos
valores, entre outros tópicos.
Para melhorar a compreensão sobre a análise do Covid-19 no ano de 2020,
separou-se o tópico em três: a introdução, onde se discorreu sobre o histórico, a
legislação e os dados gerais referentes ao combate ao vírus; os recursos, onde se relatou
sobre as receitas utilizadas na pandemia; e a aplicação, onde foram detalhados os gastos
para combate ao Covid-19.

9.4.2.3.1 – Introdução
Em 31-12-2019, a Organização Mundial da Saúde – OMS foi alertada de
que havia diversos casos de pneumonia de origem desconhecida na cidade de Wuhan, na
China. Em 07-01-2020 foi confirmado que os casos de pneumonia decorriam de uma nova
cepa do Coronavírus, batizada de SARS-CoV-2.
Com a propagação do vírus, em 30-01-2020 a OMS declarou Emergência
em Saúde Pública de Importância Internacional em decorrência da Infecção Humana pelo
novo coronavírus – COVID-19, ocasionando, no Brasil, a Declaração de Emergência em
Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN), em 04-02-2020, através da Portaria nº
188/GM/MS.
A partir das declarações de calamidade, foi promulgada a Lei Federal nº
13.979, de 06 de fevereiro de 2020, que dispôs sobre as medidas para enfrentamento da
emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus,
como, por exemplo, permitir às autoridades brasileiras a adoção de medidas de
isolamento e de quarentenas.
Em 26-02-2020 foi confirmado o primeiro caso de Covid-19 no Brasil,
diagnosticado em um brasileiro que havia viajado à Itália. No dia 05-03-2020 foi
confirmado pelo Ministério da Saúde a transmissão local do vírus Covid-19 no Brasil. Em
10-03-2020, a Secretaria Estadual de Saúde confirmou o primeiro caso no Rio Grande do
Sul, tratando-se de um homem que havia viajado à Milão na Itália.
No dia 11-03-2020, a Organização Mundial de Saúde caracterizou a Covid-
19 como pandemia, uma vez que havia distribuição geográfica da doença com surtos em
vários países e regiões do mundo. À vista disso, o Ministério da Saúde dispôs sobre a
regulamentação e operacionalização do estabelecido na Lei nº 13.979 de 06-02-2020,
através da Portaria nº 55.118, de 16 de março de 2020.
Com a propagação do vírus no Rio Grande do Sul, o Estado editou diversas
normativas para a adoção de medidas a fim de combater à pandemia, como, por

496
exemplo, os Decretos de nº 55.115, de 12 de março de 2020 e nº 55.118, de 16 de março
de 2020, que trataram sobre ações de prevenção ao contágio pelo COVID-19.
Bem como, foram criados, através do Decreto nº 55.129 de 19 de março de
2020, atualizado até o Decreto nº 55.311 de 16 de junho de 2020, o Gabinete de Crise
para o Enfrentamento da Epidemia COVID-19, o Conselho de Crise para o Enfrentamento
da Epidemia COVID-19, o Grupo Interinstitucional de Monitoramento das Ações de
Prevenção e Mitigação dos efeitos do COVID-19 no Sistema Prisional do Estado do Rio
Grande do Sul e o Centro de Operação de Emergência - COVID 19 (COE COVID-19) do
Estado do Rio Grande do Sul.
O COE Covid-19 foi regulamentado pela Portaria da Secretaria Estadual de
Saúde nº 234/2020, tratando-se de órgão de articulação da ação governamental para
acompanhamento e definição de estratégias de enfrentamento da Pandemia (COVID-19)
com base na evolução do quadro epidemiológico do novo Coronavírus, visando adotar e
fixar medidas de saúde pública, necessárias à prevenção e controle do contágio e o
tratamento das pessoas afetadas (Parágrafo Único do Artigo 1º, Portaria SES 234/2020).
O Centro de Operação de Emergência é composto por representantes de
diversas áreas, denominados Grupos Técnicos, como de saúde prisional, de políticas
públicas, entre outros, cabendo destacar que o Gabinete da Crise/SES, pertencente ao
COE, deliberará e regulará todas as situações omissas na legislação e sobre fatos
excepcionais que sejam necessários e indispensáveis às medidas de enfrentamento da
Pandemia COVID 19.
O COE elaborou o Plano de Contingência e Ação Estadual do Rio Grande do
Sul para Infecção Humana COVID-19, em consonância com o Plano Nacional de
Contingência, o qual definiu o nível de resposta e a estrutura de comando correspondente
a ser configurada, em cada esfera e nível de complexidade.
O Plano de Contingência Estadual possui os seguintes objetivos: descrever
as ações de Vigilância e Atenção em Saúde do Estado do RS, em todos os níveis de
complexidade, a serem executadas frente à detecção de um caso suspeito de CODIV-19;
minimizar riscos à população frente a um caso suspeito de COVID-19; divulgar
informações em saúde; estabelecer estratégias de Comunicação de Risco; e orientar a
adoção de medidas preventivas e indicação de uso de EPI.
O Estado do Rio Grande do Sul também criou um site para concentrar as
informações sobre a Covid-19: https://coronavirus.rs.gov.br.
No site, por exemplo, encontra-se o Boletim Normativo Coronavírus,
tratando-se de uma compilação de toda a base normativa estadual e federal e dos
pareceres referentes ao combate a pandemia. A última atualização fornecida é a do
Boletim Normativo PGE nº 59 de 17-02-2021 75.
Bem como, encontra-se no site o Boletim Genômico, elaborado com o
objetivo de acompanhar e mapear as mutações genéticas do vírus Covid-19 e o Boletim
de Acompanhamento referente ao monitoramento ambiental do vírus em águas
residuárias e de superfície do Estado.

75
(https://www.pge.rs.gov.br/upload/arquivos/202102/17093638-boletim-normativo-coronavirus-
59.pdf).

497
O Comitê de Dados Covid, constante no site do coronavírus efetuado pelo
Rio Grande do Sul, contempla as projeções de cenários e os indicadores sobre a
pandemia, como estudos de mobilidade e isolamento, Estudo de Prevalência EPICOVID19,
mapa interativo de casos, hospitalizações RS e Macrorregiões - Boletim Diário, entre
outros.
No Boletim Coronavírus publicado em 31-12-2020, desde o início da
pandemia, havia sido confirmados 449.674 casos de Covid-19, sendo que 8.872, o
equivalente a 2% do total de casos, veio a óbito.
O Governo do Estado, através do Decreto nº 55.240, de 10 de maio de
2020, atualizado até o Decreto nº 55.819 de 01 de abril de 2021, instituiu o Sistema de
Distanciamento Controlado para fins de prevenção e de enfrentamento à epidemia
causada pelo novo Coronavírus.
Conforme seu artigo 3º, o Distanciamento Controlado consiste em sistema
que, por meio do uso de metodologias e tecnologias que permitam o constante
monitoramento da evolução da epidemia causada pelo novo Coronavírus (COVID-19) e
das suas consequências sanitárias, sociais e econômicas, estabelece, com base em
evidências científicas e em análise estratégica das informações, um conjunto de medidas
destinadas a preveni-las e a enfrentá-las de modo gradual e proporcional, observando
segmentações regionais do sistema de saúde e segmentações setorizadas das atividades
econômicas.
É informado no referido Decreto que o monitoramento da evolução da
pandemia será efetuado através da avaliação de onze indicadores, destinados a mensurar
a propagação do vírus e a capacidade de atendimento do sistema de saúde (artigo 4º).
O resultado da avaliação dos indicadores será classificado em quatro
bandeiras: amarela, laranja, vermelha e preta, as quais serão utilizadas para a aplicação,
gradual e proporcional, de um conjunto de medidas destinadas à prevenção e ao
enfrentamento da epidemia causada pelo novo Coronavírus (artigo 5º).
Cada município será classificado, semanalmente, no nível de risco indicado
por cor da bandeira, devendo adotar as determinações dos protocolos de cada cor. O
Decreto possui diversas outras diretivas, como as medidas sanitárias permanentes a
serem adotadas no transporte, o uso obrigatório de máscara de proteção facial, entre
outros.
Foi criado um site sobre o distanciamento controlado76, e um aplicativo
para acompanhamento, onde são demonstradas as cores das bandeiras classificadas dos
municípios e do estado, por semana, além das recomendações para cada setor da
economia.
Cabe destacar alguns dados do efeito da pandemia na saúde gaúcha
relatados no Relatório de Prestação de Contas do 3º Quadrimestre de 2020 e no Relatório
Anual de Gestão Final de 2020.
Conforme dados constantes no Relatório de Prestação de Contas do 3º
Quadrimestre de 2020 da Secretaria da Saúde, a causa de internação hospitalar por
doenças infecciosas e parasitárias aumentou 74,95% quando comparado ao mesmo

76
https://distanciamentocontrolado.rs.gov.br/

498
quadrimestre de 2019, devido à pandemia da Covid-19. Bem como, com relação à
morbidade, foi assim descrito no relatório:
Até o ano de 2019 a mortalidade devido às doenças do Capítulo I “Doenças
Infecciosas e Parasitárias” estavam em 10º lugar nas causas de mortalidade. Já
em 2020* (dados parciais e preliminares), passaram para o 3º lugar em
decorrência da Covid-19 - tendo um aumento de 222% no seu índice, em relação
ao ano de 2019.

No Relatório de Gestão Anual, é informada uma consequência indireta da


Covid-19, a qual reduziu a morbidade por causas externas, as quais tiveram uma
diminuição de 8,3% para 7,5%, entre os anos de 2019 e 2020, devido ao isolamento social
provocado pela pandemia.
No caso da produção de Atenção Básica, consoante RAG 2020:

Conforme se observa pela produção da AB, são evidentes os efeitos da


pandemia da COVID-19, especialmente em abril e maio em que houve redução
dos atendimentos de forma geral, quando comparados a janeiro de 2020. A
partir de junho observa-se uma retomada gradual da produção. O
enfrentamento da pandemia, que inicialmente perpassa pelo atendimento de
casos de Síndrome Gripal e fluxo de casos de Síndrome Respiratória Aguda
Grave para internação, com o tempo requer também das equipes da AB uma
atenção aos usuários com condições crônicas, atendimentos à demanda
programática, procedimentos, visitas domiciliares, entre outros, a partir de uma
adaptação dos fluxos e modalidades de atenção.

Por último, cabe esclarecer que o Plano Estadual de Vacinação foi criado
em 2021 com o início da vacinação mundial. Em 2020 foram iniciadas as tratativas para
definição do Plano de Distribuição e Armazenamento das vacinas, de forma que a
vacinação será analisada no Parecer Prévio das Contas do Governador de 2021.

9.4.2.3.2 – Recursos
Para o enfrentamento à Covid-19, o Rio Grande do Sul utilizou tanto
recursos federais, decorrentes de transferências financeiras do Ministério da Saúde,
quanto recursos estaduais, provenientes das arrecadações de impostos estaduais.
Da parte federal, foram transferidos significativos montantes no decorrer
do exercício de 2020, propiciando o ingresso de receitas extraordinárias no Rio Grande do
Sul.
Esses recursos foram transferidos a fim de se alcançar dois objetivos, o
primeiro para atender à saúde e à assistência social no combate ao vírus e o segundo para
suprir a queda de receita devido à diminuição da atividade econômica na pandemia.
Para o primeiro objetivo, as transferências foram exclusivamente
vinculadas à aplicação em saúde e assistência social, assunto tratado neste tópico,
enquanto que, para o segundo objetivo, o recurso foi caracterizado como livre, podendo
ser aplicado em qualquer área e seu recebimento está relatado no capítulo 3 desse
Parecer.

499
O Estado criou dois códigos de recursos vinculados para recebimento das
importâncias federais na área da saúde: 2804 - TR GOV FED – COVID e 2809 - AUXILIO-
COVID 19-SUS SUAS.
O recurso 2804 está vinculado à Secretaria da Saúde e não está no SIAC,
possuindo conta específica do Banco do Brasil, de nº 6338X, agência 3798, para
recebimento e aplicação. Demonstram-se os valores recebidos em 2020 no Recurso 2804:

INGRESSOS DO RECURSO 2804 – TR GOV FED – COVID


Em R$ nominais
DETALHAMENTO TOTAL
Ingresso Efetivo 565.217.898,23
Remuneração do Depósito Bancário 1.930.150,13
Restituições 1.307,93
TOTAL 567.149.356,29
Fonte: Sistema Finanças Públicas Estadual - FPE e Cubo DW Sefaz RS
Cálculos: Equipe SAIPAG/SAICE

Assim, no exercício de 2020 ingressaram no Rio Grande do Sul R$ 565,2


milhões no recurso 2804, os quais, somados à remuneração de depósitos bancários e às
restituições, totalizaram R$ 567,1 milhões de receita extra no Estado para a área da
saúde.
Os valores do recurso 2804 estão classificados nas seguintes contas de
receitas, específicas para esse fim, dentro de transferências correntes: 171803910007 -
TRANSFERENCIA GOVERNO FEDERAL - COMBATE COVID, 132100111630 - REMUNERACAO
DEPOSITO VINCULADO TRANSFERENCIA GOVERNO FEDERAL - COMBATE COVID e
132100112629 - REMUNERACAO DEPOSITO VINCULADO TRANSFERENCIA GOVERNO
FEDERAL - COMBATE COVID.
Os valores recebidos à conta do recurso 2809 - AUXILIO-COVID 19-SUS
SUAS foram regulamentados através da Lei Complementar nº 173/2020, no seu artigo 5º,
inciso I, cuja utilização deve abranger ações de saúde e de assistência social no combate à
Covid-19.
Ele está vinculado à Secretaria da Fazenda, sendo contabilizado no SIAC, na
conta do Banrisul, agência 0597, c/c 0321774503. O Rio Grande do Sul recebeu, em 2020,
R$ 259.010.853,44 no recurso 2809, sendo repassado em quatro parcelas, conforme:

INGRESSOS NO RECURSO 2809


Em R$ nominais
RECURSO VALORES
Junho-2020 62.908.870,45
Julho-2020 62.832.433,96
Agosto-2020 65.138.670,67
Setembro-2020 68.130.878,36
TOTAL 259.010.853,44
Fonte: Cartilha Prestação de Contas Covid-19, Sistema Finanças Públicas Estadual - FPE e Cubo DW Sefaz RS
Cálculos: Equipe SAICE/SAIPAG

500
Há também os recursos 2756 - BC-TR SUS-MEDIA E ALTA CO e 2757 - BC-TR
SUS-VIGILANCIA SAUD, os quais recebem mensalmente transferências federais para
despesas de custeio de atenção de média e alta complexidade ambulatorial, e para
vigilância em saúde, respectivamente. Durante a pandemia, parte desses recursos
também foi destinada ao combate à COVID-19.
Enfatiza-se que, relativamente aos ingressos federais nos recursos 2756 e
2757, como seus valores são utilizados tanto para o custeio normal da saúde quanto para
o combate à pandemia, consegue-se identificar os dispêndios específicos do COVID-19 à
conta desses recursos pelos seus valores liquidados, através do Sistema da Secretaria da
Fazenda CAGE Gerencial, na aba Covid-19. Em 2020, foram liquidados R$ 729.999,99 no
recurso 2756 e R$ 640.142,99 no recurso 2757 especificamente para a Covid-19.
Com relação aos recursos estaduais, eles também são utilizados para o
custeio normal da saúde no Estado, de maneira que a identificação dos valores
destinados exclusivamente para a pandemia é realizada através dos valores liquidados à
conta dos respectivos recursos no Sistema da Secretaria da Fazenda CAGE Gerencial, na
aba Covid-19. Em 2020, foi liquidado o valor de R$ 38.118.071,46 no recurso 0006 -
VINCULADO DA SAUDE e de R$ 4.919.272,20 no recurso 0142 - REC OPERAC-FES.
Assim, demonstram-se, resumidamente, os recursos utilizados no Rio
Grande do Sul para combate a pandemia em 2020, destacando-se que, para os recursos
2804 e 2809, considerou-se o valor transferido somado a juros e restituições, uma vez
que foram repasses extraordinários, enquanto que, para os recursos 006, 0142, 2756 e
2756, uma vez que são utilizados para custeio normal da saúde e, a fim de ser apurar as
importâncias específicas utilizadas na pandemia, consideraram-se os valores liquidados
para a Covid-19:

TOTAL DE RECURSOS PANDEMIA COVID-19 EM 2020


Em R$ nominais
RECURSO TIPO VALORES* %
0006 - VINCULADO DA SAUDE Estadual 38.118.071,46 4,38%
0142 - REC OPERAC-FES Estadual 4.919.272,20 0,57%
2756 - BC-TR SUS-MEDIA E ALTA CO Federal 729.999,99 0,08%
2757 - BC-TR SUS-VIGILANCIA SAUD Federal 640.142,99 0,07%
2804 - TR GOV FED - COVID Federal 567.149.356,29 65,15%
2809 - AUXILIO-COVID 19-SUS SUAS Federal 259.010.853,44 29,75%
TOTAL 870.567.696,37 100,00%
*Para os recursos 2804 e 2809, considerou-se o valor transferido somado a juros e restituições, enquanto que, para os recursos 006, 0142, 2756 e
2756, uma vez que são utilizados para custeio normal da saúde, a fim de ser apurar as importâncias específicas utilizadas na pandemia, consideraram-
se os valores liquidados à conta desses recursos constantes no sistema CAGE Gerencial, na aba Covid-19
Fonte: Sistema CAGE Gerencial. Sistema Finanças Públicas Estadual – FPE e Cubo DW Sefaz RS
Cálculos: Equipe SAIPAG/SAICE

Verificou-se que foram destinados à pandemia R$ 870,6 milhões em 2020,


sendo que desse valor, 95,06% proveniente de recursos federais e 4,94% de recursos
estaduais.
A título de esclarecimento, cabe destacar o relatado no Relatório de
Gestão Anual da Secretaria da Saúde de 2020 referente a origem de parte dos valores
contabilizados nos recursos descritos acima (006, 2804, etc.), como as importâncias

501
decorrentes de emendas parlamentares estaduais ou federais, remanejamentos de
recursos orçamentários de outros órgãos, entre outros:

Emendas parlamentares estaduais - Ações de enfrentamento ao COVID-


19: a Assembleia Legislativa/RS destinou R$ 52,5 milhões em emendas parlamentares
estaduais para o incremento de ações na Atenção Básica, Média e Alta Complexidade e
para o enfrentamento à pandemia da COVID-19 em 2020. Deste montante, foram
repassados mais de R$ 44 milhões até o término do exercício, o que representa 83,81%
do total de ingressos de emendas estaduais. Foram destinados R$ 13,4 milhões para
municípios ou entidades de acordo com a indicação do deputado estadual, R$ 28 milhões
para o enfrentamento da pandemia e R$ 3 milhões para a Operação Verão Total na
Saúde. Os repasses foram efetuados aos fundos municipais de saúde, aos hospitais
públicos e filantrópicos e às Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAES), em
recursos de custeio e investimento.
Auxílio Emergencial às Santas Casas e Hospitais Filantrópicos: as santas
casas e hospitais filantrópicos do Rio Grande do Sul receberam valores adicionais de R$
224 milhões (R$ 115,6 milhões para entidades sob gestão estadual e R$ 109,2 milhões
para entidades sob gestão municipal) do Ministério da Saúde para arcar com despesas
extras decorrentes da pandemia da COVID-19. O valor é referente a duas parcelas dos
recursos repassados a este fim, definidos pela Lei Nº 13.995/2020, de 05/05/2020. A
Portaria GM/MS nº 1393/2020 regulamentou o repasse da primeira etapa, e a Portaria
GM/MS Nº 1.448/2020, da segunda. No Estado foram 235 hospitais beneficiados. As
instituições que receberam recursos na primeira etapa foram as que constavam no Plano
de Contingência Estadual e as localizadas em municípios que possuem presídios. Os
demais hospitais, que receberam recursos na segunda etapa, tiveram seus valores
calculados com base em dados epidemiológicos do avanço da doença, no número de
leitos de cada hospital filantrópico que atende por meio do Sistema Único de Saúde (SUS)
e em valores da produção dos serviços ambulatoriais e hospitalares de média e alta
complexidade (MAC) realizados por eles em 2019. De acordo com a legislação federal, a
aplicação do recurso deve ser efetuada na aquisição de medicamentos, suprimentos,
insumos, produtos e equipamentos hospitalares. Esse valor também pode ser aplicado
em pequenas reformas e adaptações físicas para aumento da oferta de leitos de terapia
intensiva e na contratação e pagamento dos profissionais de saúde necessários para
atender à demanda adicional. Foram repassados, aos hospitais sob gestão estadual, no
exercício de 2020, R$ 22,7 milhões referentes à primeira parcela (Portaria GM/MS Nº
1.393/2020) e R$ 92,8 milhões referentes à segunda parcela (Portaria GM/MS Nº
1448/2020), totalizando R$ 115,6 milhões em 2020.
Remanejo de recursos de outras áreas - COVID: foram publicadas as
Portaria GM/MS Nº 1003/2020, em 24/04/2020 e Portaria SES/RS Nº 410/2020, em
26/06/2020, de recursos remanejados de outras áreas para a ação de enfrentamento ao
COVID-19, o que possibilitou a SES/RS transferir o montante de R$ 43,4 milhões para
municípios e hospitais. A aplicação dos recursos deve ocorrer exclusivamente no custeio
das ações e serviços de saúde necessários para o enfrentamento da emergência de saúde
pública decorrente do COVID-19, através da aquisição de medicamentos e insumos;
locação e manutenção de equipamentos; reforma para adequação de espaços;
qualificação de atendimento à população que demandam a disponibilidade de

502
profissionais especializados mediante contratação temporária de pessoal; contratação de
serviços apoio diagnóstico e tratamento; além de outras despesas pertinentes ao
combate à pandemia; Portaria SES/RS Nº 618/2020.
Emendas Parlamentares Federais – Remanejo COVID: através da Portaria
SES/RS Nº 618, de 24 de setembro de 2020, foi formalizada a transferência de R$ 31,6
milhões de recursos de emendas parlamentares federais, oriundas do crédito
extraordinário da Medida Provisória Nº 941/2020, para ação específica do Ministério da
Saúde – Enfrentamento do Coronavírus, distribuídos a 101 hospitais gaúchos. Os recursos
de que trata esta Portaria deverão ser destinados exclusivamente ao custeio das ações e
serviços de saúde necessários para o enfrentamento da emergência de saúde pública
decorrente do coronavírus, tais como: aquisição de medicamentos e insumos, locação e
manutenção de equipamentos, reforma para adequação de espaços, qualificação de
atendimento à população que demandam a disponibilidade de profissionais
especializados mediante contratação temporária de pessoal e contratação de serviços de
apoio diagnóstico e tratamento. Destaca-se que, até o final do exercício de 2020 foi
executada a integralidade dos valores autorizados pela Medida Provisória nº 941/2020.

9.4.2.3.3 – Aplicação
As principais despesas decorrentes da pandemia no Rio Grande do Sul
ocorreram para a compra de equipamentos hospitalares e medicamentos, e de repasses
para hospitais e fundos municipais de saúde.
Demonstram-se, abaixo, as mais significativas rubricas onde foram
aplicados os recursos de combate à Covid-19, por valores liquidados em 2020 e separadas
por recursos:

PRINCIPAIS RUBRICAS POR RECURSOS SAÚDE EM 2020


Em milhões R$ nominais
0006 - VINCULADO DA SAUDE VALORES %
3912 - ENCARGOS COM PRESTADORES DE SERVICOS - MS/SUS 18,4 44,94%
4108 - FUNDOS MUNICIPAIS DE SAUDE 15,7 38,20%
3988 - GESTAO PLENA DO SUS - PJ 2,0 4,99%
4301 - SUBVENCOES SOCIAIS 1,9 4,73%
3704 - SERVICOS TECNICOS 1,2 2,96%
3018 - MEDICAMENTOS FARMACEUTICOS E ODONTOLOGICOS 0,6 1,58%
3032 - CONSERVACAO DE BENS IMOVEIS 0,5 1,31%
3003 - ARTIGOS CIRURGICOS E LABORATORIAIS 0,2 0,51%
3015 - PROTECAO E PROFILAXIA 0,2 0,46%
3706 - SERVICOS DE APOIO ADMINISTRATIVO 0,1 0,34%
TOTAL 41,05 100,00%
2804 - TR GOV FED - COVID VALORES %
4301 - SUBVENCOES SOCIAIS 199,1 41,04%
3988 - GEST PLENA SUS - PJ 167,8 34,60%
3018 - MEDICAMENTOS 35,7 7,35%
3019 - MEDICAMENTOS EXCEPCIONAIS 24,3 5,01%

503
PRINCIPAIS RUBRICAS POR RECURSOS SAÚDE EM 2020
Em milhões R$ nominais
5205 - EQUIPAMENTOS HOSPITALARES 14,8 3,06%
3003 - ARTIGOS CIRURGICOS E LABO 14,6 3,02%
3028 - LIMPEZA E HIGIENE 9,3 1,92%
3921 - LOCACAO DE MAQUINAS E EQU 8,7 1,79%
4108 - FUNDOS MUNICIPAIS DE SAUD 6,5 1,34%
3021 - VESTUARIO E/OU UNIFORME 3,1 0,64%
3939 - MEDICINA 1,1 0,23%
TOTAL 485,01 100,00%
2809 - AUXILIO-LC 173-SUS SUAS VALORES %
4108 - FUNDOS MUNICIPAIS DE SAUD 112,8 43,54%
3912 - ENC C/PREST SERVICOS 102,4 39,55%
3988 - GEST PLENA SUS - PJ 32,2 12,44%
4301 - SUBVENCOES SOCIAIS 11,6 4,47%
TOTAL 259,01 100,00%
0142 - REC OPERAC-FES VALORES %
5205 - EQUIPAMENTOS HOSPITALARES E CIRURGICOS 3,6 73,05%
3002 - SINALIZACAO, IDENTIFICACAO E SEGURANCA 0,8 15,85%
3003 - ARTIGOS CIRURGICOS E LABORATORIAIS 0,5 9,76%
3010 - ACONDICIONAMENTO E/OU EMBALAGEM 0,0 0,84%
1402 - DIARIAS DE VIAGEM 0,0 0,50%
TOTAL 4,92 100,00%
2756 - BC-TR SUS-MEDIA E ALTA CO VALORES %
3988 - GESTAO PLENA DO SUS - PJ 0,7 100,00%
TOTAL 0,7 100,00%
2757 - BC-TR SUS-VIGILANCIA SAUD VALORES %
3003 - ARTIGOS CIRURGICOS E LABORATORIAIS 0,4 58,67%
5246 - IMPRESSORAS 0,1 10,94%
4301 - SUBVENCOES SOCIAIS 0,1 9,37%
3028 - LIMPEZA E HIGIENE 0,1 8,46%
5231 - EQUIPAMENTOS PARA ALOJAMENTO, LAVANDERIA, COPA E/OU COZINHA 0,0 6,57%
3967 - ANALISE CLINICA LABORATORIAL 0,0 2,95%
3002 - SINALIZACAO, IDENTIFICACAO E SEGURANCA 0,0 1,78%
1402 - DIARIAS DE VIAGEM 0,0 1,26%
TOTAL 0,6 100,00%
Fonte: Sistema CAGE Grencial e Cubo DW Sefaz RS
Cálculos: Equipe SAIPAG/SAICE

No caso dos recursos estaduais 006 e 0142, os valores destinados ao


combate à Covid-19 foram aplicados, em sua maioria, nas rubricas 3912 - ENCARGOS
COM PRESTADORES DE SERVICOS - MS/SUS e 5205 - EQUIPAMENTOS HOSPITALARES E
CIRURGICOS, respectivamente. Conforme descrito no Sistema de Finanças Públicas
Estaduais – FPE, a rubrica 3912 é destinada a registrar as despesas referentes a serviços

504
realizados por entidades credenciadas ao SUS, ou seja, são os valores transferidos aos
hospitais com atendimento pelo SUS, como, por exemplo, pagamento de leitos de UTI no
combate à pandemia.
Outras rubricas correspondentes a repasses aos hospitais, e que possuem
significativos montantes em cada um dos recursos apresentados são: 3988 - GEST PLENA
SUS – PJ – registrando as despesas referentes à prestação de serviços por pessoas
jurídicas relativas à resolução CES/RS 006/2002 – Gestão Plena do SUS, a qual, por
exemplo, transfere valores a hospitais referentes à média complexidade; e a rubrica 4301
- SUBVENCOES SOCIAIS, destinada a registrar os gastos decorrentes do pagamento de
despesas através de recursos repassados pelo estado para suplementação de serviços
essenciais de assistência social, médica e educacional, como, por exemplo, para custeio
de leitos clínicos para pacientes com Covid-19.
Bem como, verificaram-se significativos montantes contabilizados na
rubrica 4108 - FUNDOS MUNICIPAIS DE SAUD, tanto nos recursos federais, quanto no
estadual. A rubrica se destina a registrar as transferências de recursos financeiros do
Fundo Estadual de Saúde – FES para os Fundos Municipais de Saúde – FMS,
Muitas das importâncias transferidas para hospitais e municípios
provinham do recurso estadual 0006, sendo que, em 2020, boa parte das transferências
adveio dos recursos de repasses federais (2804 e 2809), conforme tabela comparativa
abaixo:

RUBRICAS PANDEMIA COVID-19 EM 2020


R$ nominais
% Participa- % Participa-
RUBRICAS ?RECURSOS 2019 2020
ção ção

3912 - ENC 0006 - VINCULADO DA SAUDE 500.525.447,62 100% 445.697.092,11 81%


C/PREST 2809 - AUXILIO-LC 173-SUS SUAS - - 102.441.284,33 19%
SERVICOS
Total 500.525.447,62 100% 548.138.376,44 100%
0006 - VINCULADO DA SAUDE 174.524.139,11 100% 90.196.293,64 31%
3988 - GEST
2804 - TR GOV FED - COVID - 167.838.038,55 58%
PLENA SUS -
PJ 2809 - AUXILIO-LC 173-SUS SUAS - 32.220.368,47 11%
Total 174.524.139,11 100% 290.254.700,66 100%
0006 - VINCULADO DA SAUDE 972.355.635,07 100% 813.983.689,49 87%
0016 - TESOURO SAUDE CONS
4108 - FUN-
POP 1.959.728,47 0% - 0%
DOS MUNI-
CIPAIS DE 2804 - TR GOV FED - COVID - 0% 6.497.099,45 1%
SAUD 2809 - AUXILIO-LC 173-SUS SUAS - 0% 112.763.056,39 12%
Total 974.315.363,54 100% 933.243.845,33 100%
0006 - VINCULADO DA SAUDE 71.986.675,61 95% 58.538.649,12 22%
0016 - TESOURO SAUDE CONS
4301 - SUB- POP 3.838.739,66 5% - 0%
VENCOES
2804 - TR GOV FED - COVID - 0% 199.063.573,46 74%
SOCIAIS
2809 - AUXILIO-LC 173-SUS SUAS - 0% 11.586.144,25 4%
Total 75.825.415,27 100% 269.188.366,83 100%
TOTAL 3.374.555.315,81 3.812.462.211,69
Fonte: Sistema CAGE Grencial e Cubo DW Sefaz RS
Cálculos: Equipe SAIPAG/SAICE

505
Enfatiza-se que a tabela acima não se refere unicamente a valores da
Covid-19, uma vez que contém importâncias no recurso estadual referente ao custeio
normal da saúde, mas serve de medida de comparação da aplicação em saúde utilizando-
se recursos federais e estaduais nas principais rubricas durante a pandemia em 2020 e o
exercício de 2019.
Constatou-se a utilização de 13% de recursos decorrentes de repasses
federais nas transferências a municípios da rubrica 4108 em 2020, sendo que os 87%
restantes advieram do recurso estadual.
No caso da rubrica 4301, subvenções sociais (transferências a hospitais),
verificou-se que, no ano de 2019, boa parte dos valores adveio do recurso estadual 0006,
enquanto que, em 2020, 74% originou-se do recurso de transferência federal 2804. O
mesmo ocorreu com a rubrica 3988, Gestão Plena do SUS – PJ (transferências a hospitais),
onde 58% dos gastos em saúde foram do recurso de transferência federal 2804 em 2020.
Assim, na análise das principais rubricas de transferências aos hospitais,
verificou-se que boa parte dos valores no exercício de 2020 advieram de recursos de
repasses federais.
Cabe estabelecer um comparativo dos últimos três anos nas quatro
principais rubricas da saúde apresentadas na tabela acima, referentes a transferências a
hospitais e municípios, a fim de se analisar o incremento da despesa decorrente da
pandemia em 2020:

CRESCIMENTO DAS RUBRICAS DE TRASNFERÊNCIAS A HOSPITAIS E MUNICÍPIOS


Em milhões R$ nominais
RUBRICA 2018 18/19 % 2019 19/20 % 2020 18/20 %
3912 - ENC C/PREST SERVICOS 682,7 -26,7% 500,5 9,5% 548,1 -19,7%
3988 - GEST PLENA SUS - PJ 904,0 12,8% 1.019,4 17,1% 1.193,3 32,0%
4108 - FUNDOS MUNICIPAIS DE SAUD 893,8 16,0% 1.036,3 -4,4% 990,4 10,8%
4301 - SUBVENCOES SOCIAIS 64,5 18,4% 76,4 252,4% 269,2 317,3%
TOTAL 2.545,0 3,4% 2.632,7 14,0% 3.001,0 17,92%
Fonte: Sistema CAGE Grencial, Sistema Finanças Públicas Estadual - FPE e Cubo DW Sefaz RS
Cálculos: Equipe SAIPAG/SAICE

Houve um aumento de 17,92% nas despesas liquidadas referentes às


rubricas de transferências a hospitais e municípios, de 2018 para 2020, quando ocorreu o
impacto da Covid-19. Também se verificou que o maior aumento ocorreu em subvenções
sociais, representando 317,3% a mais de despesas de 2018 para 2020 e de 252,4% de
2019 para 2020.
A rubrica 4301 de subvenções sociais é destinada a registrar os gastos
decorrentes do pagamento de despesas através de recursos repassados pelo Estado para
suplementação de serviços essenciais de assistência social, médica e educacional, como,
por exemplo, para custeio de leitos clínicos para pacientes com Covid-19.
Analisando-se os recursos transferidos unicamente para combate ao Covid-
19 para hospitais e fundos municipais de saúde nas quatro rubricas apresentadas acima,
os credores que mais receberam recursos em 2020 foram:

506
PARTICIPAÇÃO DE CREDORES POR RUBRICA/RECURSO EM 2020
Em milhões R$ nominais
RUBRICAS RECURSO CREDOR VALOR % Participação
ASSOC HOSP BENEF SAO VICEN-
TE DE PAULO
CNPJ:92021062000106 Cre-
3,3 6,5%
dor:189480
ASSOC DE CARIDADE SANTA
0006 - VINCULA- CASA DE RIO GRANDE
DO DA SAUDE CNPJ:94862265000142 Cre-
1,8 3,4%
dor:3408396

ASSOC HOSPL VILA NOVA


3912 - ENC C/PREST SERVICOS CNPJ:04994418000201 Cre- 1,4 2,8%
dor:57398925
FUND DE SAUDE SAPUCAIA DO
SUL |CNPJ 13183513000208 16,3 31,7%
|Credor 48107042
2809 - AUXILIO-LC
173-SUS SUAS FUND UNIVERSITARIA DE CARDI-
OLOGIA |CNPJ 92898550000279 28,6 55,6%
|Credor 28769112

Total 51,5 100%


FUND ASSISTENCIAL E BENEFI-
CENTE DE CAMAQUA
CNPJ:88358940000106 Cre-
0006 - VINCULA- dor:254355 1,2 3,0%
DO DA SAUDE SANTA CASA DE CARIDADE DE
DOM PEDRITO
CNPJ:89265342000147 Cre-
dor:3330168 0,9 2,3%
HOSP DE CLINICAS DE PASSO
2756 - BC-TR SUS-
FUNDO CNPJ:92030543000170
MEDIA E ALTA CO
Credor:1725947 0,7 1,9%

HOSP DE CLINICAS DE PASSO


FUNDO CNPJ:92030543000170
Credor:1725947
12,0 31,3%
ASSOC HOSP BENEF SAO VICEN-
2804 - TR GOV
TE DE PAULO
FED - COVID
3988 - GEST PLENA SUS - PJ CNPJ:92021062000106 Cre-
dor:189480 11,7 30,7%
FUND DE SAUDE SAPUCAIA DO
SUL CNPJ:13183513000208
Credor:48107042 7,3 19,0%
ASSOC HOSP BENEF SAO VICEN-
TE DE PAULO |CNPJ
92021062000106 |Credor
189480 1,9 5,1%
ASSOC HOSP DE CARIDADE DE
2809 - AUXILIO-LC SANTO ANGELO |CNPJ
173-SUS SUAS 96210471000101 |Credor
3410579 1,3 3,3%

HOSP DE CLINICAS DE PASSO


FUNDO |CNPJ 92030543000170
|Credor 1725947
1,3 3,3%
Total 38,2 100%
0006 - VINCULA- UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO
4301 - SUBVENCOES SOCIAIS
DO DA SAUDE GRANDE DO SUL 1,2 3%

507
PARTICIPAÇÃO DE CREDORES POR RUBRICA/RECURSO EM 2020
Em milhões R$ nominais
RUBRICAS RECURSO CREDOR VALOR % Participação
CNPJ:92969856000198 Cre-
dor:58327

ASSOC DE PAIS AMIGOS EXCEP-


CIONAIS CHARQUEADAS
CNPJ:89346043000137 Cre-
dor:3331210 0,0 0%
ASSOC DE PAIS AMIGOS EXCEP-
CIONAIS HORIZONTINA
CNPJ:89095129000134 Cre-
dor:3327981 0,0 0%
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO
2757 - BC-TR SUS- GRANDE DO SUL
VIGILANCIA SAUD CNPJ:92969856000198 Cre-
dor:58327 0,1 0%

FUND UNIVERSITARIA DE CARDI-


OLOGIA CNPJ:92898550000864
Credor:57333890
12,3 28%
ASSOC HOSP BENEF SAO VICEN-
2804 - TR GOV TE DE PAULO
FED - COVID CNPJ:92021062000106 Cre-
dor:189480 11,2 26%

HOSP DE CLINICAS DE PASSO


FUNDO CNPJ:92030543000170
Credor:1725947
7,0 16%

FUND UNIVERSIDADE DE CAXIAS


2809 - AUXILIO-LC
DO SUL |CNPJ 88648761001843
173-SUS SUAS
|Credor 25974599
11,6 27%
Total 43,5 100%
FUNDO MUN DE SAUDE DE
CAXIAS DO SUL
CNPJ:10546325000128 Cre-
dor:47563745 1,78 2%
FUNDO MUN DE SAUDE DE
0006 - VINCULA- NOVO HAMBURGO
DO DA SAUDE CNPJ:11416036000177 Cre-
dor:46527826 0,60 1%
FUNDO MUN DE SAUDE DE
PORTO ALEGRE
CNPJ:11358235000176 Cre-
4108 - FUNDOS MUNICIPAIS DE dor:47588977 0,59 1%
SAUD FUNDO MUN DE SAUDE DE
SALTO DO JACUI
CNPJ:12193806000122 Cre-
dor:46528148 0,84 1%
FUNDO MUN DE SAUDE DE
2804 - TR GOV ESTANCIA VELHA
FED - COVID CNPJ:11287173000159 Cre-
dor:45712999 0,79 1%
FUNDO MUN DE SAUDE DE SAO
PEDRO DO SUL
CNPJ:12409054000194 Cre-
dor:47374276 0,22 0%

508
PARTICIPAÇÃO DE CREDORES POR RUBRICA/RECURSO EM 2020
Em milhões R$ nominais
RUBRICAS RECURSO CREDOR VALOR % Participação

FUNDO MUN DE SAUDE DE


CANOAS |CNPJ 11413650000185
|Credor 46526854
41,63 46%
FUNDO MUN DE SAUDE DE
2809 - AUXILIO-LC PORTO ALEGRE |CNPJ
173-SUS SUAS 11358235000176 |Credor
47588977 24,25 27%
FUNDO MUN DE SAUDE DE
SAPUCAIA DO SUL |CNPJ
11413810000196 |Credor
46528369 19,08 21%
Total 89,78 100%
TOTAL 222,96
Fonte: Sistema CAGE Grencial e Cubo DW Sefaz RS
Cálculos: Equipe SAIPAG/SAICE

Outras rubricas que sofreram significativos aumentos decorrentes do


impacto da pandemia Covid-19 são as seguintes:

CRESCIMENTO DAS PRINCIPAIS RUBRICAS NA PANDEMIA


Em milhões R$ nominais
RUBRICA 2018 18/19 % 2019 19/20 % 2020 18/20 %
3002 - SINALIZACAO, IDENTIFICACA 0,0 -36,7% 0,0 7039,8% 1,0 4421,7%
3003 - ARTIGOS CIRURGICOS E LABO 9,8 -7,4% 9,0 144,8% 22,1 126,6%
3015 - PROTECAO E PROFILAXIA 0,0 -27,8% 0,0 21729,6% 0,9 15656,8%
3018 - MEDICAMENTOS/PRODUTOS FARM 64,2 41,1% 90,6 23,7% 112,1 74,5%
3019 - MEDICAMENTOS EXCEPCIONAIS 48,6 -5,2% 46,1 73,4% 79,9 64,4%
3021 - VESTUARIO E/OU UNIFORME 0,1 -61,1% 0,1 5851,1% 3,4 2212,6%
3028 - LIMPEZA E HIGIENE 0,9 -55,9% 0,4 2282,8% 9,8 951,7%
3902 - DIVULGACAO PROMOCIONAL OU 0,9 -63,0% 0,3 1111,6% 4,0 348,0%
3939 - MEDICINA 1,4 349,6% 6,2 131,1% 14,4 938,9%
5205 - EQUIPAMENTOS HOSPITALARES 0,0 22,2% 0,0 101220,9% 24,9 123668,2%
5207 - LABORATORIOS E/OU GABINET 0,0 469,2% 0,1 754,1% 1,2 4761,4%
TOTAL 126,1 21,4% 153,0 78,9% 273,8 117,15%
Fonte: Sistema CAGE Grencial, Sistema Finanças Públicas Estadual - FPE e Cubo DW Sefaz RS
Cálculos: Equipe SAIPAG/SAICE

Verificou-se que a pandemia em 2020 aumentou significativamente os


valores de diversas rubricas da saúde, como equipamentos hospitalares, medicamentos,
laboratórios, proteção e profilaxia, entre outros. Quando se analisa a amostragem das
rubricas acima, constata-se um aumento de 117,15% na despesa liquidada de 2018 para
2020 e de 78,9% de 2019 para 2020.
A título exemplificativo destacam-se algumas compras ocorridas nas
rubricas apresentadas na tabela acima a fim de se demonstrar o impacto da pandemia no
Estado, cujas principais aquisições foram alteradas de maneira a priorizar o combate a

509
Covid-19. Bem como, cabe registrar que as aquisições referentes à covid-19 são
verificadas de forma concomitante e detalhada pelas equipes de auditoria deste Tribunal.
A rubrica de maior aumento é a de equipamentos hospitalares, onde se
verificou que a maioria das despesas ocorreu para a compra de ventiladores pulmonares,
monitores e camas hospitalares. O site da Secretaria da Saúde noticiou a compra de 230
respirados e monitores em setembro de 2020 no valor total de R$ 17 milhões, podendo-
se comprovar por empenhos nesta época na rubrica 5205.
Na rubrica de medicina os maiores gastos em 2020 ocorreram para
remoções de UTIs móveis, fazendo o transporte inter-hospitalar decorrentes da Covid-19.
Na rubrica 3003 – medicamentos e laboratórios verificaram-se muitas aquisições de
material para exames da Covid-19 solicitadas pelo Laboratório do Estado – LACEN. Com
relação a aquisição de medicamentos, destaca-se que foram gastos R$ 51.784.245,32
para aquisição de medicamentos de demandas administrativas referentes a portarias do
Covid-19, pagas com recursos federais, conforme informado no Relatório Anual de Gestão
de 2020.
Compras de máscaras, luvas, aventais, álcool gel, termômetros, entre
outros, ocorreram nas rubricas de proteção e profilaxia, limpeza e higiene e de vestuário,
muitas das quais para atendimento da rede de ensino.
Destaca-se que, devido à pandemia, algumas rubricas tiveram diminuições
no exercício de 2020, como por exemplo, a doação de órgãos e a rubrica de feiras e
eventos. No caso específico da doação de órgãos, quando da descrição da meta de
transplantes no RAG 2020, a diminuição foi assim esclarecida:

D1 O1.1 Meta 33 - A meta não foi cumprida em virtude da pandemia do COVID-


19, que demandou um recrutamento de leitos de internação e UTI em todos
Hospitais do Rio Grande do Sul. O risco aumentado de complicações para os
transplantados, bem como, o suporte aos receptores pós-transplantes fez com
que os hospitais transplantadores suspendessem os transplantes eletivos. Nos
números de transplantes em 2020, mês a mês, observa-se uma queda de 28%
nos órgãos sólidos e 54% nos tecidos, em relação a 2019 (dados não
apresentados). Esta queda se refletiu em aumento considerável nas listas de
espera para cada tipo de Transplante.

Salienta-se, exclusivamente quanto aos recursos 2804 e 2809, referentes


as transferências federais, houve a inscrição de valores em restos a pagar processados e
não processados.
Do recurso 2804, foram inscritos R$ 42,7 milhões em restos a pagar não
processados e de R$ 45,3 milhões em restos a pagar processados, enquanto que no
recurso 2809 foram inscritos R$ 1,6 milhão em restos a pagar processados.
À título de acompanhamento da aplicação dos recursos relacionados à
Covid-19, a inscrição dos referidos valores em restos a pagar será objeto de pedido de
esclarecimento ao Governador do Estado.
Enfatiza-se que, conforme cartilha de orientação aos usuários do Sistema
de Informações Sobre Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS) de 2020, com o objetivo de
acompanhamento dos recursos relacionados à Covid-19, foram criados, a partir do 2º

510
bimestre de 2020, quadros gerenciais para acompanhamento dos repasses e uso dos
recursos específicos referentes à pandemia.

9.4.2.4 – Cobertura Financeira dos Restos a Pagar


O critério de apuração anual do montante a ser considerado como gasto
em saúde, para fins de verificação do cumprimento do mandamento constitucional,
pressupõe a existência de recursos financeiros para cobertura das despesas já liquidadas,
de empenhos do exercício e dos restos a pagar processados de exercícios anteriores, bem
como daquelas não liquidadas, inscritas em restos a pagar não processados, condição
explicitada no parágrafo 1º do art. 24 da LC nº 141/2012, in verbis: “A disponibilidade de
caixa vinculada aos Restos a Pagar, considerados para fins do mínimo na forma do inciso II
do caput e posteriormente cancelados ou prescritos, deverá ser, necessariamente,
aplicada em ações e serviços públicos de saúde”, tratando-se de preceito já consagrado
pela LC nº101/2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal.
Preliminarmente, é necessária a análise dos restos a pagar, obedecendo à
correspondente fase da despesa, já que os restos a pagar processados não dependem do
implemento de condição, tratando-se de empenhos já liquidados, colocando-os em
condição de preferência frente às disponibilidades financeiras, em relação aos ainda não
liquidados.
Destaca-se que neste relatório foi alterado o critério de demonstração dos
restos a pagar para apresentar aqueles vinculados exclusivamente ao Fundo Estadual de
Saúde – FES, conforme pesquisa no Sistema de Finanças Públicas do Estado – FPE do
exercício de 2020:

RESTOS A PAGAR 2020


Em R$ (nominais)
RESTOS A PAGAR RESTOS A PAGAR NÃO TOTAL INSCRITO EM RESTOS A
EXERCÍCIOS
PROCESSADOS PROCESSADOS PAGAR
Recurso 0006 525.957.317,98 - 525.957.317,98
Recurso 0016 25.909,35 - 25.909,35

Outros Recursos 82.052.647,05 52.044.534,67 134.097.181,72


Total Inscrito em Restos a Pagar 608.035.874,38 52.044.534,67 660.080.409,05
Fonte: Sistemas FPE e Cubos DW da CAGE/SEFAZ (Unidade Orçamentária 20.95 – FES)

Constata-se a existência de R$ 608,0 milhões em Restos a Pagar


Processados e de R$ 52,0 milhões em Restos a Pagar Não Processados, ambos referentes
ao Fundo Estadual de Saúde em 31-12-2020.
Em 2020 novamente há um montante expressivo de compromissos
assumidos, liquidados (R$ 660,1 milhões), e não pagos pelo Executivo Estadual, mas
considerados como aplicados em saúde.
Destaca-se que o maior saldo de restos a pagar, tanto não processados
quanto processados, está no recurso 2804-TR GOV FED – COVID, o qual será objeto de
pedido de esclarecimento ao Governador do Estado.

511
As disponibilidades financeiras em contas bancárias do Banco do Estado do
Rio Grande do Sul - Banrisul e do Banco do Brasil, vinculadas ao Fundo Estadual da Saúde
– FES, incluídas as contas recebedoras das transferências federais do Covid-19, referentes
aos recursos 2804 e 2809, totalizaram o montante de R$ 456,6 milhões.
Dessa forma, para fazer frente aos Restos a Pagar, no total de
R$ 660,1 milhões, foi encontrado à disposição do Fundo Estadual da Saúde-FES o
montante de R$ 456,6 milhões, nos quais são empenhadas as despesas que são
consideradas computáveis para a apuração do percentual mínimo de gastos em ASPS.
Assim sendo, não foram vinculados e colocados à disposição do Fundo da Saúde recursos
suficientes ao final do exercício para dar cobertura às inscrições em restos a pagar.
Conforme mostrado anteriormente, o Executivo não utilizou os Restos a
Pagar não Processados na base de cálculo para aplicação em ASPS no ano de 2020,
seguindo o preconizado pela LC nº 141/12 e as orientações emitidas por este Tribunal nos
Pareceres Prévios anteriores.
Segundo o Sistema FPE, os Recursos 006, 016 e 026 (ASPS) encontram-se
vinculados a outras contas bancárias, tanto no Banrisul quanto no Banco do Brasil, porém,
estas mesmas contas correntes, administradas pela Tesouraria da Secretaria da Fazenda -
SEFAZ (005) estão concomitantemente vinculadas a outros recursos que não respondem
pelo pagamento de despesas da área da saúde, tais como: Recurso 002 (Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino - MDE), Recurso 011 (Outros Poderes), Recurso 292 (Salário
Educação), Recurso 1185 (FUNDEB), dentre outros.
Assim, a utilização de contas sem vinculação exclusiva permite a
transferência de valores entre recursos ou a utilização de importâncias pertencentes a um
recurso com o outro, em evidente afronta legal, dificultando sobremaneira o controle
desses valores.
Logo, não há como comprovar qual o montante a ser utilizado para
pagamento de despesas realizadas em ações de saúde.
As disponibilidades financeiras para dar cobertura aos Restos a Pagar
Processados e Não Processados, bem como fazer frente às despesas em ASPS no decorrer
do exercício, devem ser colocadas à disposição do Fundo Estadual de Saúde, em contas
bancárias sob sua estrita administração e responsabilidade, nos termos do parágrafo
único do artigo 2º da Lei Complementar nº 141/2012.
A existência de contas correntes sem vínculo exclusivo com o pagamento
de despesas de ASPS, impossibilitando a mensuração dos valores disponíveis para os
recursos da saúde, somando-se à constatação do alto valor de restos a pagar sem
disponibilidade financeira compatível, impelem para a necessidade de esclarecimentos do
Governador do Estado.

9.4.3 – Análise das Despesas em Saúde por “Grupos de Despesas”

9.4.3.1 – Grupo de Despesas “Outras Despesas Correntes”


Em 2020, no Grupo de Despesas “Outras Despesas Correntes” foram
liquidados R$ 2,76 bilhões nos recursos vinculados à saúde, dos quais R$ 2,73 bilhões
foram gastos pela Secretaria da Saúde (98,76%) e o restante da despesa foi efetuada: pela

512
Secretaria da Segurança Pública, sendo R$ 31,4 milhões pela Brigada Militar (1,14%) e
R$ 235 mil pela Polícia Civil (0,01%); em “Encargos Financeiros do Estado” houve a
apropriação de R$ 2,7 milhões (0,10%) relativos à Contribuição Patronal ao Fundo de
Assistência à Saúde, que diz respeito ao ressarcimento de despesas com atendimentos
prestados aos Ex-Combatentes da Força Expedicionária Brasileira.
Essas despesas de custeio, realizadas em Órgãos não considerados
diretamente como vinculados às ações em saúde, totalizaram R$ 34,4 milhões, conforme
demonstrado na tabela a seguir:

GRUPO DE DESPESAS - “OUTRAS DESPESAS CORRENTES”


Em R$ milhões (nominais)
LIQUIDADO NOS % DE % DE
LIQUIDADO LIQUIDADO
RECURSOS PARTICIPAÇÃO PARTICIPAÇÃO
2019 2020
006, 016, 026 E 5006 POR SOBRE O TOTAL SOBRE O TOTAL DO
ÓRGÃOS DO GRUPO GRUPO
Secretaria da Saúde 2.692,1 98,9% 2.729,6 98,76%
Secretaria da Segurança
27,2 1,0% 31,4 1,14%
Pública/Brigada Militar
Secretaria da Segurança
0,2 0,0% 0,2 0,01%
Pública/Polícia Civil
Encargos Financ. do Estado 3,0 0,1% 2,7 0,10%
Total no Grupo de
2.722,6 100,0% 2.763,9 100,0%
Despesas
Fonte: Pareceres Prévios, Balanços Gerais do Estado, Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ.
Cálculos:Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.

No Grupo “Outras Despesas Correntes”, houve um aumento de


R$ 41,4 milhões na despesa liquidada em 2020 (R$ 2,76 bilhões), com relação a 2019
(R$ 2,72 bilhão), equivalente a um acréscimo de 1,52%.
Ainda, com base na tabela anterior, existiram gastos em outra Secretarias,
não ligadas à área da saúde, sendo R$ 31,6 milhões na Secretaria da Segurança Pública e
R$ 2,7 milhões em Encargos Financeiros do Estado.
Na Secretaria de Segurança Pública, os valores foram investidos nos
projetos 3445 - GESTAO DE TIC BM, 6132 – Manutenção Área de Saúde da Brigada Militar
e 6329 – Manutenção Área da Saúde da Polícia Civil. Conforme a Informação 025/2013
deste Tribunal, as ações destinadas exclusivamente aos policiais militares, civis e inativos
desta Corporação não atendem ao princípio da universalidade e igualdade, não se
enquadrando então como gastos em ASPS, como preconiza a LC nº 141/2012.
Quanto aos Encargos Financeiros do Estado, o valor foi aplicado no projeto
2668 – Contribuição Patronal ao FAS/RS-IPERGS – PE Civil e Ex-Combatentes. As despesas
acima referidas serão objeto de pedido de esclarecimento ao Governo do Estado, para
verificação da possibilidade de apropriação na aplicação em ASPS.
As variações mais significativas nos gastos com custeio na área da saúde
ocorreram nas seguintes rubricas, em despesas liquidadas nos recursos 006, 016, 026 e
5006:

513
RUBRICAS MAIS SIGNIFICATIVAS NO GRUPO - OUTRAS DESPESAS CORRENTES
Em R$ milhões (nominais)
EXERCÍCIOS ∆
RUBRICAS DE DESPESA ∆%
2019 2020 EM R$

ACRÉSCIMOS:
9102 - PAG DETERM SENT JUD - MED 193,9 386,6 192,7 99,3%
9118 - AQ SENT JUD - AQ MED C ES 230,0 350,6 120,6 52,4%
3018 - MEDICAMENTOS - 74,8 74,8 100,0%
9104 - PAG SENT JUD-TRAT N MEDIC 67,2 125,3 58,1 86,5%
3019 - MEDICAMENTOS EXCEPCIONAIS 33,7 42,6 9,0 26,7%
3939 - MEDICINA 6,4 13,6 7,2 111,9%
3038 - MATER PARA OSTOMIA 43,2 48,9 5,7 13,2%
4503 - OUTRAS EQUAL JUROS 52,8 58,0 5,1 9,7%
9119 - AQ DET SENT JUD-MED C ES 30,7 32,8 2,2 100,0%
DEMAIS RUBRICAS 98,5 112,5 14,0 14,3%
TOTAIS 756,4 1.245,9 489,4
REDUÇÕES:
3032 - CONSERVACAO DE BENS IMOVE 2,1 0,9 -1,1 -54,4%
3921 - LOCACAO DE MAQUINAS E EQU 67,9 63,1 -4,7 -7,0%
3918 - ENERGIA ELETRICA 13,5 4,4 -9,0 -67,2%
9305 - INDENIZACOES 14,9 0,0 -14,9 -100,0%
4301 - SUBVENCOES SOCIAIS 75,8 58,5 -17,3 -22,8%
3912 - ENC C/PREST SERVICOS 500,5 445,7 -54,8 -11,0%
3988 - GEST PLENA SUS - PJ 174,5 90,2 -84,3 -48,3%
3018 - PRODUTOS FARMACEUTICOS E 90,2 0,0 -90,2 -100,0%
4108 - FUNDOS MUNICIPAIS DE SAUD 974,3 814,0 -160,3 -16,5%
DEMAIS RUBRICAS 52,5 41,2 -11,3 -21,5%
TOTAIS 1.966,1 1.518,81 -448,1
TOTAL DO GRUPO 2.722,6 2.763,9 41,4 1,52%
Fonte: Pareceres Prévios, Balanços Gerais do Estado, Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ.
Cálculos:Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.

Importante destacar o aumento na Rubrica 9102 – PAG. DETERM. SENT.


JUD. – MED, de R$ 192,7 milhões. Nas reduções, os gastos foram de R$ 160,3 milhões a
menos em Fundos Municipais de Saúde - Rubrica 4108.

9.4.3.2 – Grupo de Despesas “Investimentos”


No Grupo de Despesas “Investimentos”, nos recursos vinculados à saúde,
foram liquidados R$ 16,0 milhões pela Secretaria da Saúde. Houve uma redução de R$ 2,7
milhões na despesa liquidada em 2020 (R$ 16,0 milhões) em relação a 2019
(R$ 18,7 milhões), ou seja, uma queda de 14,46%. Constata-se que o valor investido está
muito abaixo em relação aos anos anteriores, comprometendo a qualidade do
atendimento à população.

514
GRUPO INVESTIMENTOS - RECURSOS VINCULADOS A SAUDE
Em R$ milhões (nominais)
GRUPO 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
INVESTIMENTOS 214,6 9,0 22,1 24,5 18,7 18,7 16,0
Fonte: Pareceres Prévios, Balanços Gerais do Estado, Sistema Cubos DW da CGE/SEFAZ.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS
(*) Liquidado nos Recursos 006, 016, 026 e 5006

As variações mais significativas ocorreram nas seguintes rubricas, em


despesas no grupo Investimentos, nos recursos vinculados a saúde:

RUBRICAS MAIS SIGNIFICATIVAS NO GRUPO - INVESTIMENTOS (*)


Em R$ milhões (nominais)
EXERCÍCIOS ∆
RUBRICAS DE DESPESA ∆%
2019 2020 EM R$
5205 - EQUIPAMENTOS HOSPITALARES 0,025 0,114 0,089 51,6%
5207 - LABORATORIOS E/OU GABINET 0,115 0,154 0,038 2073,8%
5222 - SOM E/OU IMAGEM 0,015 0,052 0,037 100,0%
5214 - MOBILIARIO EM GERAL 0,067 0,090 0,024 22,9%
5231 - ALOJ, LAVAND, COP COZINHA 0,007 0,017 0,010 100,0%
DEMAIS RUBRICAS 18,468 15,563 -4,465 -42,9%
TOTAIS 18,696 15,989 -4,267 -22,8%
Fonte: Pareceres Prévios, Balanços Gerais do Estado, Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ.
Cálculos:Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Liquidado nos Recursos 006, 016, 026 e 5006.

Nessa linha, quanto às variações nos investimentos efetuados em 2020,


cumpre destacar os aumentos de R$ 89 mil na rubrica 5205 – Equipamentos Hospitalares.

9.4.3.3 – Grupo de Despesas “Pessoal e Encargos Sociais”


A despesa contabilizada no Recurso 006, vinculado à saúde, no Grupo de
despesas “Pessoal e Encargos Sociais”, totalizou R$ 1,43 bilhão, onde estão incluídos
R$ 605,6 milhões, relativos às Contribuições ao IPERGS para Assistência Médica, dos quais
R$ 10,6 milhões referem-se às contribuições para assistência à saúde dos servidores da
Secretaria da Saúde, e o restante corresponde a contribuições ao IPE Saúde lançadas em
“Encargos Financeiros do Estado” e demais Fundações e Autarquias.
Ainda quanto às contribuições ao IPE Saúde, foram acrescidos
R$ 91,1 milhões, apropriados como gastos em ASPS, contabilizados em outros recursos
não vinculados à saúde, referentes à assistência à saúde dos servidores dos demais
Poderes e Órgãos da Administração Direta.
No mesmo grupo de despesas: Pessoal e Encargos Sociais, no Recurso 006,
vinculado aos gastos em saúde, constatou-se a quantia de R$ 58,1 milhões que se
constituiu em contribuições previdenciárias calculadas sobre a folha de pagamento de
inativos. Foram também adicionados R$ 266,4 milhões aos gastos com ações e serviços
públicos de saúde, relativos à cobertura do déficit no pagamento das Aposentadorias e
Pensões de servidores da Secretaria da Saúde, contabilizados no Recurso 006, nos
Projetos 2668 – CP FAS-PE-EXC SE/SES/SSP e 8323 – CF RPPS/RS – SES.

515
Foram apropriadas, também, despesas no total de R$ 113,4 milhões,
relativas ao pagamento da Folha de Pessoal de servidores ativos dos seguintes Órgãos e
nos respectivos montantes:

DESPESAS DA FOLHA DE PESSOAL DE SERVIDORES ATIVOS


Em R$ milhões (nominais)
MONTANTE
ÓRGÃO
APROPRIADO EM 2019 APROPRIADO EM 2020

04 - SEC GOVERNANCA E GESTAO 0,4 0,5


05 - SEC MEIO AMBIENTE E INFRA 2,8 4,2
08 - GOVERNO DO ESTADO* 7,0 5,8
10 - PROCURADORIA GERAL ESTADO 28,7 30,9
13 - SEC DE PLANEJAMENTO 19,9 20,2
14 - SECRETARIA DA FAZENDA 49,8 49,9
16 - SEC DESEN ECON E TURISMO 1,4 -
25 - SEC INOVACAO, CIENCIA E T** 1,0 1,7
26 - SEC ART E APOIO AOS MUNIC 0,0 0,1
04 - SEC GOVERNANCA E GESTAO 0,4 0,5
TOTAL 103,8 111,1
Fonte: Pareceres Prévios, Balanços Gerais do Estado, Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ.
Cálculos:Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Despesas realizadas na Casa Civil
(**)Secretaria que alteraram a nomeclatura de 2019 para 2020: Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento para Secretaria do Ambiente e Infraestru-
tura, e Secretaria do Desenvolvimento Economico para Secretaria do Desenvolvimento Economico e Turismo.

Nesse contexto, as despesas com o pagamento da folha de pessoal ativo de


outros órgãos do Estado fora da Secretaria da Saúde, e não vinculados ao SUS, serão
objeto de pedido de esclarecimentos com a finalidade de verificar os critérios adotados
pelo Órgão para identificação e apropriação destas despesas em ASPS, haja vista a
dificuldade em identificar as atividades desenvolvidas pelos servidores de outros órgãos
cuja remuneração foi apropriada como tendo sido realizada efetivamente em ações de
saúde.

9.4.4 – Repasses aos Municípios


Do ponto de vista da previsão e execução orçamentárias da Secretaria
Estadual da Saúde, na Função 10-Saúde, em todos os Recursos, Programas, Projetos e
Subprojetos, o valor da dotação inicial encaminhada na Lei Orçamentária, para 2020,
totalizava R$ 1,09 bilhão na Modalidade “Transferências a Municípios”, tendo sido
minorada no decorrer do ano em R$ 10,8 milhões.
Foi empenhados R$ 1,00 bilhão e pago R$ 1,22 bilhão, correspondendo a
92% e 112,8% da Dotação Alterada, respectivamente, sendo pago R$ 220,3 milhões a
maior que o empenhado. Do total pago, R$ 320,5 milhões referem-se a despesas de
exercícios anteriores.

516
TRANSFERÊNCIA A MUNICÍPIOS - PROGRAMAS MUNICIPAIS – FUNÇÃO SAÚDE
Em R$ milhões (nominais)
LEI ORÇAMENTÁRIA DOTAÇÃO
DOTAÇÃO INICIAL EMPENHADO PAGO
ANUAL – LOA ALTERADA
2020 1.093,7 1.083,0 1.001,2 1.221,5
40 – TRANSF. A MUNICIPIOS 3,1 13,8 11,0 11,0
03 – OUTRAS DESPESAS CORRENTES 3,1 13,8 11,0 11,0
41 – TRANS. MUN. – FUN. A FUND 1.090,6 1.069,2 990,2 1.210,4
03 – OUTRAS DESPESAS CORRENTES 1.062,6 1.057,3 980,1 1.189,1
04 – INVESTIMENTOS 28,0 11,9 10,1 21,3
Fonte: Sistema CUBOS DW (CAGE - SEFAZ/RS).
Cálculo: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS

Analisando os repasses aos Municípios (modalidade 40 e 41) na função


Saúde (função 10) dos últimos seis exercícios, verifica-se a seguinte situação:

TRANSFERÊNCIA A MUNICÍPIOS - PROGRAMAS MUNICIPAIS – FUNÇÃO SAÚDE


EXERCÍCIOS 2015 / 2020
Em R$ milhões (nominais)
DOTAÇÃO DOTAÇÃO
EXERCÍCIO EMPENHADO PAGO
INICIAL ALTERADA
2015 1.043,5 806,3 757,3 692,2
2016 1.036,5 1.026,4 950,9 877,5
2017 934,7 1.026,6 962,9 880,7
2018 1.023,2 921,1 903,9 909,7
2019 894,8 1.055,3 1.050,0 957,2
2020 1.093,7 1.083,0 1.001,2 1.221,5
Fonte: Sistema CUBOS DW (CAGE - SEFAZ/RS).
Cálculo: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS

A Dotação Orçamentária aumentou de R$ 1,04 bilhão em 2015 para R$


1,09 bilhão em 2020 e o total pago também aumentou de R$ 692,2 milhões em 2015 para
R$ 1,22 bilhão em 2020. Na série analisada, o total empenhado foi de R$ 5,63 bilhões,
enquanto o total pago foi de R$ 5,54 bilhões.
Destaca-se que, com o impacto da Covid-19 no Rio Grande do Sul, o
Governo Federal transferiu recursos para o Estado com o objetivo de combater a
pandemia. Esses recursos representaram uma receita extraordinária visando cobrir o
aumento da despesa em saúde ocasionada pelo vírus. Decorrente dessas transferências
federais, foram repassados aos fundos municipais de saúde, liquidados na rubrica 4108 -
FUNDOS MUNICIPAIS DE SAUDE, o valor de R$ 119,3 milhões. Assim, conforme analisado
no item 9.4.2.3.3, houve uma pequena diminuição na utilização de recurso estadual para
a transferências a municípios, uma vez que foi utilizada complementação de verba federal
para tal fim.
O Estado possui dívidas históricas com os fundos municipais de saúde,
algumas empenhadas e outras sem reconhecimento orçamentário, destacando-se as
seguintes ações efetuadas pela Secretaria para quitação da dívida, conforme o Relatório
Anual de Gestão de 2020:
Visando encontrar uma alternativa para regularizar a dívida não
empenhada com os municípios (no montante atual de R$ 463,8 milhões), oriunda do
período 2014-2018, foi criado o Programa Negocia RS. O programa permite a dação em
pagamento de bens imóveis do Estado do RS para a quitação de débitos com os
municípios na área da Saúde. Este programa foi elaborado por diversos setores do Poder

517
Executivo, em conjunto com a Federação das Associações de Municípios do Rio Grande
do Sul (FAMURS), sendo a proposta aprovada pelos deputados por unanimidade no final
de janeiro e, desde fevereiro, está sancionada pelo governador, através da Lei Nº
15.448/2020. Em 10 de junho, o Decreto Nº 55.307/2020, que regulamenta o programa,
foi publicado, permitindo colocá-lo em prática. Em 23 de junho, o Programa foi
oficialmente lançado e denominado de Negocia RS. Tramitaram pelo Fundo Estadual de
Saúde/SES/RS a solicitação de 24 municípios pela adesão à dação em 2020, o que
demonstrou boa aceitabilidade do Programa, considerando que 2020 foi ano eleitoral e
de início da pandemia.
Destaca-se que, a SES/RS quitou em 2020 a dívida empenhada com os
municípios referente a repasses atrasados de 2014 a 2018. Os valores eram relativos a
programas municipais da Atenção Básica e manutenção de hospitais públicos municipais.
O pagamento da dívida, que somava R$ 216 milhões, foi parcelado em 16 vezes; em
setembro de 2020 foi paga a última parcela.
O Governo Estadual, ao longo dos anos, vem registrando na conta contábil
2.1.3.1.1.03.01.0509 – Obrigações Pendentes de Execução Orçamentária as despesas que
não são reconhecidas na execução orçamentária devido à inexistência de suporte
orçamentário (item 2.3.4 deste Parecer).
Entre essas despesas está o reconhecimento da dívida com programas de
saúde municipais, cujos débitos remontam o exercício de 2013.
Os valores das dívidas do Estado com os municípios do exercício de 2020
foram solicitados através da Requisição de Documentos nº 01/2021. A Secretaria da
Saúde enviou uma planilha com a discriminação dos valores por município e por
programa das dívidas com os fundos municipais do período de 2014 a 2018, sem
empenho, totalizando R$ 464.139.587,66.
Bem como, a Secretaria forneceu tabela indicando que em 2020 foi
baixado R$ 6.183.369,28 das dívidas municipais sem empenho, chegando-se ao saldo
acumulado de R$ 464.139.587,66 em 31-12-2020.
De acordo com consulta ao Sistema FPE, o saldo da conta obrigações
pendentes de execução orçamentária em 31-12-2020 para a Secretaria da Saúde era de
R$ 587.984.027,01, composto por dívidas do Estado com os fundos municipais e com os
hospitais.
Este saldo não confere com o valor enviado pela Secretaria, e também não
se consegue identificar qual o valor corresponde unicamente às dívidas municipais, ou a
qual exercício se refere.
A partir do campo histórico constante nos lançamentos contábeis da conta
2.1.3.1.1.03.01.0509 no FPE, o que se consegue averiguar é a inscrição da dívida de R$
112.851.148,97, conforme se transcreve o histórico:
Referentes a dívidas de 2014 a 2018 com Fundos Municipais de Saúde (R$
464.139.587,66) e dívidas de 2018 com Hospitais (R$ 122.984.027,01), conforme fls. 05,
14 e 18 PROA 20140000118901.
Assim, contatou-se que os lançamentos contábeis da conta obrigações
pendentes de execução orçamentária não permitem maior detalhamento dos valores,

518
como a separação entre dívidas de hospitais e de municípios, ou a identificação da
competência de cada uma, ou à qual credor se refere.
Bem como, os controles da Secretaria, ao não corresponderem com os
valores efetivamente contabilizados, também não permitem um acompanhamento mais
detalhado do efetivamente devido aos munícipios.
Frente à dificuldade de mensuração e detalhamento das dívidas estaduais
com os Fundos Municipais de Saúde, uma vez que há valores reconhecidos
orçamentariamente constantes em restos a pagar, bem como outros sem disponibilidade
orçamentária registrados na conta 2.1.8.9.1.98.01.0509, além da possibilidade de existir
dívidas pactuadas em CIB sem registro contábil, torna-se necessário o pedido de
esclarecimento ao Governador do Estado sobre a forma de apresentação e mensuração
de suas dívidas com os Fundos Municipais.

9.4.5 – Repasses as Santas Casas, Hospitais Filantrópicos e Beneficentes


O Estado repassa mensalmente valores aos Hospitais e Santas Casas, tendo
a seguinte situação nos últimos anos:

TRANSFERÊNCIA A HOSPITAIS - FUNÇÃO SAÚDE - EXERCÍCIOS 2015 / 2020


Em R$ milhões (nominais)
DOTAÇÃO DOTAÇÃO
EXERCÍCIO EMPENHADO PAGO
INICIAL ALTERADA
2015 418,5 84,7 83,8 79,2
2016 435,9 101,9 83,3 71,4
2017 117,3 69,8 57,3 56,2
2018 34,9 89,3 75,4 80,7
2019 156,8 84,9 82,9 69,2
2020 80,3 295,4 281,2 297,5
Fonte: Sistema CUBOS DW (CAGE - SEFAZ/RS).
Cálculo: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS

A Dotação Orçamentária Inicial reduziu de R$ 418,5 milhões em 2015 para


R$ 80,3 milhões em 2020. A Dotação Alterada foi de R$ 295,4 milhões no exercício em
análise, o que representa um aumento de 268% da Dotação Inicial (R$ 80,3 milhões).
Os maiores valores empenhados e pagos ocorreram nos anos de 2015 e
2016, voltando a cair nos últimos exercícios. No período analisado, o total empenhado foi
de R$ 281,2 milhões e o total pago foi de R$ 297,5 milhões. Destaca-se o alto valor pago
frente às Dotações Iniciais nas peças orçamentárias de cada ano:

TRANSFERÊNCIA A HOSPITAIS - DOTAÇÃO INICIAL X VALOR PAGO EXERCÍCIOS 2015 / 2020


Em R$ milhões (nominais)
DOTAÇÃO VALOR
EXERCÍCIO %
INICIAL PAGO
2015 418,5 79,2 18,94%
2016 435,9 71,4 16,38%
2017 117,3 56,2 47,95%
2018 34,9 80,7 231,35%
2019 156,8 69,2 44,10%
2020 80,3 297,5 370,31%
Fonte: Sistema CUBOS DW (CAGE - SEFAZ/RS).
Cálculo: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS

519
Destaca-se que, com o impacto da Covid-19 no Rio Grande do Sul, o
Governo Federal transferiu recursos para o Estado com o objetivo de combater a
pandemia. Esses recursos representaram uma receita extraordinária visando cobrir o
aumento da despesa em saúde ocasionada pelo vírus. Decorrente dessas transferências
federais foram repassados aos hospitais, liquidados nas rubricas 3912 - ENC C/PREST
SERVICOS, 3988 - GEST PLENA SUS – PJ e 4301 - SUBVENCOES SOCIAIS, o valor de R$
513.149.408,06 milhões. Assim, conforme analisado no item 9.4.2.3.3, houve uma
pequena diminuição no emprego de recurso estadual para a transferências aos hospitais,
uma vez que foi utilizada complementação de verba federal para tal fim.
Conforme informado pela Secretaria da Saúde, o Rio Grande do Sul possui
uma dívida com os hospitais que remonta o exercício de 2013, sendo algumas
empenhadas e registradas em restos a pagar e outras sem empenho e, portanto, sem
reconhecimento orçamentário.
Aos moldes do que ocorre com as dívidas dos fundos municipais de saúde,
o Governo Estadual vem registrando aqueles débitos com os hospitais não reconhecidos
orçamentariamente devido à inexistência de suporte orçamentário na Conta Contábil
2.1.3.1.1.03.01.0509 - Obrigações Pendentes de Execução Orçamentária.
Os valores das dívidas do Estado com os hospitais do exercício de 2020
foram solicitados através da Requisição de Documentos nº 01/2021. A Secretaria da
Saúde enviou uma planilha com a discriminação dos valores por credor e por
competência, totalizando R$ 122.984.027,01. Essa importância refere-se ao parcelamento
das dívidas com os hospitais, dentro do programa FUNAFIR, na sequencia explanado.
Bem como, a Secretaria forneceu tabela indicando que em 2020 foi
baixado R$ 86.259.416,15 das dívidas com os hospitais sem empenho, chegando-se ao
saldo acumulado de R$ 122.984.027,01 em 31-12-2020.
De acordo com consulta ao Sistema FPE, o saldo da conta obrigações
pendentes de execução orçamentária em 31-12-2020 para a Secretaria da Saúde era de
R$ 587.984.027,01, composto por dívidas do Estado com os fundos municipais e com os
hospitais.
Este saldo não confere com o valor enviado pela Secretaria, e também não
se consegue identificar qual o valor corresponde unicamente às dívidas com os hospitais,
ou a qual exercício se referem.
A partir do campo histórico constante nos lançamentos contábeis da conta
2.1.3.1.1.03.01.0509 no FPE, o que se consegue averiguar é a inscrição da dívida de R$
112.851.148,97, conforme se transcreve o histórico:
Referentes a dívidas de 2014 a 2018 com Fundos Municipais de Saúde (R$
464.139.587,66) e dívidas de 2018 com Hospitais (R$ 122.984.027,01), conforme fls. 05,
14 e 18 PROA 20140000118901.
Assim, contatou-se que os lançamentos contábeis da conta obrigações
pendentes de execução orçamentária não permitem maior detalhamento dos valores,
como a separação entre dívidas de hospitais e de municípios, ou a identificação da
competência de cada uma, ou à qual credor se referem.

520
Bem como, os controles da Secretaria, ao não corresponderem com os
valores efetivamente contabilizados, também não permitem um acompanhamento mais
detalhado do efetivamente devido aos hospitais.
Cabe destacar que há uma parte da dívida com os hospitais que não é
registrada na contabilidade pública, correspondente ao parcelamento pelo Estado desses
valores.
O parcelamento das dívidas estaduais com os hospitais é efetuado através
de empréstimos no Banrisul viabilizados por recursos do FUNAFIR - Fundo de Apoio
Financeiro e de Recuperação dos Hospitais Privados.
O FUNAFIR foi instituído pela Lei Estadual nº 11.366 de 31-08-1999,
atualizada pela Lei 11.953, de 05-09-2003, e regulamentado pelo Decreto Estadual nº
39.712, de 08-09-1999, e “destina-se a apoiar a recuperação financeira e a melhoria da
qualidade dos serviços das entidades hospitalares, no âmbito do Estado do Rio Grande do
Sul”.
Conforme art. 4º do Decreto nº 39.172/1999, os recursos do FUNAFIR
serão utilizados nas seguintes operações realizadas junto ao Banrisul:
I – concessão de avais e garantias para viabilizar financiamentos;
II – equalização de taxas de juros em financiamentos concedidos;

A escrituração contábil das transações decorrentes de operações de


crédito (empréstimos e financiamentos) é efetuada pelo BADESUL, no entanto, o Fundo é
vinculado a Secretaria da Saúde.
Os lançamentos contábeis da conta obrigações pendentes de execução
orçamentária em 31-12-2020 não permitem maior detalhamento dos valores, como a
identificação do exercício de competência da dívida, à quais hospitais ela se refere, ou se
são dívidas vinculadas ao FUNAFIR.
Bem como, os controles da Secretaria e da Seccional, ao não
corresponderem com os valores efetivamente contabilizados, também não permitem um
acompanhamento mais detalhado do efetivamente devido aos hospitais.
Frente à dificuldade de mensuração e detalhamento das dívidas estaduais
com os hospitais, primeiramente pela complexidade em apurar o total devido a cada
hospital, bem como, pela presença de diversos valores com e sem registro contábil, além
dos parcelamentos referentes ao FUNAFIR, torna-se necessário o pedido de
esclarecimento ao Governador do Estado sobre a forma de apresentação e mensuração
de suas dívidas com os hospitais.

9.4.6 – Aspectos Qualitativos na Área da Saúde

9.4.6.1 – Quadro de Pessoal da Secretaria da Saúde


A Lei nº 13.417, de 05-04-2010, atualizada até a Lei nº 14.260 de 10-07-
2013, dispôs sobre a reestruturação do Quadro de Pessoal da Secretaria da Saúde e criou
os seguintes cargos: Assistente em Saúde (Escolaridade: Ensino Médio Completo); Técnico
em Saúde (Escolaridade: Ensino Médio Técnico Completo); e Especialista em Saúde
(Escolaridade: Nível Superior Completo).

521
Conforme relação enviada pela Secretaria da Saúde na resposta à
Requisição de Documentos nº 21/2021, verificou-se alarmante quantidade de cargos
vagos de provimento efetivo em 2020:

QUADRO DE CARGOS CRIADOS, PROVIDOS E VAGOS - SECRETARIA DA SAÚDE

%
CARGOS CRIADOS CARGOS PROVIDOS CARGOS VAGOSS
CARGOS* DE CARGOS
EM 05-04-2010 EM 31-12-2020 EM 31-12-2020
VAGOS
Especialista em Saúde NS1, NS2 e
5.680 1.678 4.002
NS3 70,5%
Técnico em Saúde NT1, NT2 e NT3 800 147 653 81,6%
Assistente em Saúde NM1, NM2 e
1.317 173 1.144
NM3 86,9%
TOTAL 7.797 1.998 5.799 74,4%
Fonte: Resposta à Requisição de Documentos nº 21/2021 - SAIPAG
* As siglas referiadas com a numeração 1, 2 e 3 tratam-se de categorias com níveis de vencimentos diferentes.
Obs: os candidatos nomeados em 2020 nos concursos estariam computados no quantitativo apresentado no quadro acima

Do total de cargos de provimento efetivo da SES, 74,4% estão vagos. A


maior defasagem é para o cargo de Assistente em Saúde, cujas atribuições são serviços
gerais de escritório, com 86,9% de cargos vagos.
Relativamente aos profissionais de Ensino Superior, como médicos,
dentistas, contadores, etc. (cargo de Especialista em Saúde), as vagas efetivas ocupadas
perfizeram somente 29,5% em 31-12-2020.
Há um cargo especial em extinção, cuja escolaridade exigida é nível
fundamental, com 635 cargos ocupados em 31-12-2020.
Em 2019 havia 5.645 cargos de provimento efetivo vagos na Secretaria da
Saúde, sendo que em 2020 este número aumentou para 5.799.
Assim, há uma substancial defasagem de pessoal de provimento efetivo em
2020 no Quadro de Pessoal da Secretaria da Saúde no Estado, sem previsão de reposição
diante do término da vigência do último concurso em março de 2018.

9.4.6.2 – Planos Estadual e Anual de Saúde e Indicadores


Este tópico tem por finalidade a explanação dos instrumentos de
planejamento e avaliação das ações de Saúde no Estado do Rio Grande do Sul, de forma
a, resumidamente, apresentar um panorama das programações e resultados da prestação
de serviços de saúde referentes ao exercício de 2020.
O Plano Estadual de Saúde é o instrumento de planejamento da gestão
estadual do SUS, possuindo vigência de quatro anos, no período de 2020 a 2023 e contem
diretrizes, objetivos e metas para as ações de saúde, a serem compatibilizadas com o
Plano Plurianual.
Ele segue as orientações de organização da Portaria de Consolidação MS nº
1 de 20217, dividindo-se em três capítulos: análise situacional da saúde no estado; a
apresentação das diretrizes, objetivos e metas para o período; e o método de
monitoramento e avaliação das ações propostas.

522
Devido à pandemia do Covid-19, ocorreram algumas adaptações no PES,
conforme relatado no documento:
A construção e a finalização deste Plano se deu em meio à resposta para a
pandemia do novo Coronavírus (COVID-19), agravo de saúde mundial que trouxe desafios
para a gestão da saúde no RS, no sentido de produzir ações rápidas e necessárias, bem
como orientações para as ações em saúde e a pactuação entre os gestores. Além de fazer
a gestão da crise junto aos profissionais que realizam a atenção à saúde aos usuários,
também foi necessário atuar diretamente nos serviços de saúde sob a gestão do estado
do RS.
Assim, no Capítulo 1, item 6 - Novo Coronavírus (SARS-CoV-2) e a COVID-19
são apresentados o perfil dos casos da doença no RS, bem como as ações desenvolvidas
pela SES/RS para o enfrentamento da pandemia. Conforme estabelecido no § 7º, do
artigo 96 da Portaria de Consolidação n. 1, de 28 de setembro de 2017, este instrumento
foi submetido à apreciação do CES/RS, em Plenária Extraordinária realizada no dia 22 de
dezembro de 2020, sendo aprovado com ressalvas através da Resolução CES/RS N°
12/2020.
Esta Resolução foi publicada no Diário Oficial do Estado do Rio Grande do
Sul (DOE/RS) no dia 03/03/2021 e está disponível no site do CES/RS . Cabe ressaltar que
no processo de finalização do documento, após a aprovação deste Plano pelo CES/RS,
houve a publicação no DOE/RS, em 13 de janeiro de 2021, do Decreto Nº 55.718, de 12 de
janeiro de 2021 (Anexo I), que dispõe sobre a Estrutura Básica da Secretaria de Saúde.
Este decreto estabelece as áreas de competência da SES/RS e altera sua estrutura
administrativa. Desta forma, ao final do documento é apresentado o Apêndice I que
elucida quais foram as modificações que precisam ser consideradas para a compreensão
deste documento.
A Programação Anual de Saúde - PAS operacionaliza as intenções do Plano
Estadual, através da anualização da execução das metas, prevendo a alocação dos
recursos orçamentários e apresentando as ações necessárias para o atingimento dos
objetivos. As Programações de 2017, 2018 e 2019 não foram homologadas, pois estão
sendo apreciadas pelo Conselho Estadual de Saúde – RS.
O Gestor do SUS deve entregar, ao final de cada quadrimestre, o Relatório
Detalhado de Prestação de Contas, em audiência pública na Assembleia Legislativa,
contendo o monitoramento e o acompanhamento da execução do PAS, conforme
determinação da Lei Complementar nº 141/2012.
Também deve ser apresentado o Relatório Anual de Gestão - RAG, que
contém os resultados alcançados com a execução do PAS, de acordo com determinação
do artigo 4º, Inciso IV, da Lei 8.142/90, referenciado na Lei Complementar nº 141/2012 e
na Portaria GM/MS nº 575/2012.
No Relatório Anual de Gestão é informada a existência de 7.009
estabelecimentos, entre clínicas, hospitais, farmácias, etc., que prestam serviços de saúde
no Rio Grande do Sul em 2020, sendo que 5,98% estão sob gestão estadual e 9,60% sob
gestão dupla.
De acordo com o informado no RAG:
“Conforme Manual do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES)
a gestão identifica com qual gestor (estadual ou municipal) o estabelecimento

523
tem contrato/convênio e que é responsável pelo cadastro, programação,
autorização e pagamento dos serviços de média e alta complexidade prestados
ao SUS. Estabelecimentos cadastrados como gestão dupla estão sob gestão
estadual, mas realizam também ações de atenção básica sob gestão municipal.”

Do Relatório Anual de Gestão depreendem-se alguns indicadores


financeiros, colocados neste Parecer a título informativo, como a despesa em Saúde de
2020, sob a responsabilidade do Estado, por habitante (R$/hab), aferida em R$ 537,86.
Também é informado que a participação da despesa com pessoal no total da despesa
com saúde foi de 24,98% em 2020.
O Relatório Anual de Gestão também contém resultados referentes aos 23
indicadores de saúde estabelecidos na Pactuação Interfederativa para o período de 2017
– 2021 pela Comissão Intergestores Tripartite (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios).
A Pactuação contém 20 indicadores universais, os quais devem ser
considerados no planejamento de cada ente, de acordo comum e obrigatório e três
indicadores específicos, de pactuação obrigatória quando forem observadas as
especificidades no território. O Rio Grande do Sul estabeleceu outros quatro indicadores
a serem considerados na avaliação da saúde gaúcha, totalizando 27 indicadores para o
Estado.
Conforme art. 5º do Acordo Tripartite, “os gestores nas três esferas de
governo são responsáveis pelo monitoramento e avaliação das respectivas metas
pactuadas, de modo que os resultados retroalimentem o planejamento em saúde.
Parágrafo único. Os gestores são responsáveis por calcular os resultados alcançados,
utilizando informações disponibilizadas nas bases nacionais, estaduais e locais”.
De maneira ilustrativa, cita-se o indicador estabelecido somente para o
Estado, o RS 2, demonstra a proporção de amostras de água com presença de Escherichia
Coli, em Soluções Alternativas Coletivas, cuja meta para 2020 era de 2%, enquanto que o
Estado atingiu 11% de amostras contendo o Escherichia Coli.
À título informativo, do Relatório Anual de Gestão depreendem-se
informações acerca das auditorias da Secretaria da Saúde em 2020. São informados que
43.314 Autorizações de Internação Hospital foram auditadas e instaurados 1.058
processos para auditoria de bloqueio.

9.4.7 – Conclusão
Na composição das despesas com ASPS (R$ 4,3 bilhões, em 2020), foram
incluídas as seguintes despesas consideradas controversas, as quais vêm sendo
apropriadas no cálculo desde 2013:

Controversas, pois são


1) contribuições patronais ao IPE-Saúde (exceto SES e FEPPS) – R$ 686,2 milhões
vedadas no cômputo de
2) aposentadorias, pensões e encargos sobre a folha dos inativos - R$ 324,5 milhões ASPS pela LC nº 141/2012
Controversas, nos termos
3) Despesas em outros Órgãos que não a Secretaria da Saúde, não sendo de natureza
da Informação
universal - R$ 147,8 milhões
CT nº 25/2013

524
Quando do pedido de Certidão de gastos em ASPS relativa ao exercício de
2013, formalizada pelo Poder Executivo Estadual em 31-01-2014, no Processo 1415-
0200/14-5, foi ressalvado que, na esteira da orientação técnica geral traçada na
Informação CT nº 025/2013, caberia, concomitantemente, a análise de caso a caso, com a
interpretação mais ajustada à realidade local. Com isso, foi decidido, no caso concreto do
Poder Executivo Estadual, na linha das ponderações trazidas no trabalho técnico da
Procuradoria-Geral do Estado, expressas na Informação PGE nº 24/13/GAB, que a
certidão relativa à ASPS seria expedida no percentual de 12,47%, apurado com a inclusão
das despesas controversas.
Os “pontos controversos”, identificados e tratados na Informação da PGE,
citada no Voto do Exmo.Conselheiro-Relator no Processo relativo à emissão de Certidão
quanto aos gastos em ASPS, no ano de 2013, constituem-se em: 1) contribuições ao IPE
Saúde; 2) pagamento de Inativos e Pensionistas e; 3) gastos administrativos da SES e de
outros Órgãos que atuam diretamente nesta área.
Cabe destacar neste Relatório Técnico alguns trechos da referida
Informação da PGE, em que argumenta, no caso concreto do Estado do Rio Grande do
Sul, na linha do aproveitamento destas despesas identificadas como “controversas” na
apuração do montante de gastos em ações e serviços públicos de saúde para fins de
verificação do cumprimento do mandamento constitucional.
Primeiramente, quanto às contribuições ao IPE Saúde, objeto de
questionamento quanto ao seu aproveitamento no cômputo das despesas em ASPS em
razão do art.2º, inciso I, da LC nº 141/2012, o qual considerada como despesas em ações
e serviços públicos de saúde aquelas que: “I - sejam destinadas às ações e serviços
públicos de saúde de acesso universal, igualitário e gratuito;” (grifo nosso), assim
assevera a PGE:
Resta evidente que esse sistema de saúde desonera diretamente o SUS, pois
esse enorme contingente de indivíduos beneficiários de planos públicos de
saúde deixa de recorrer ao sistema único para ter acesso a esse bem jurídico
fundamental.
Nessa linha, parece evidente que o montante que o Estado investe em tais
serviços deve ser inserido no percentual da despesa destinada a ASPS (§§ 2º e
3º do artigo 198 da Constituição), daí a inconstitucionalidade tanto da exigência
de gratuidade, versada no art.2º, inciso I, da Lei Complementar 141/2012,
quanto do conceito de universalidade abrangida por uma interpretação
equivocada e não constitucionalmente autorizada do quanto estabelecem os
artigos 3º, II. e 4º, III, da Lei Complementar 141/2012, que excluem desse
cômputo de ASPS tais despesas.
[...]
Ora, quando esse dispositivo refere que serão consideradas como despesas
com ações e serviços públicos de saúde aquelas (...) que sejam destinadas às
ações e serviços públicos de saúde de acesso universal, igualitário e gratuito,
afasta, de plano, a inclusão dos planos estatais nessa rubrica.
[...]
O Estado do Rio Grande do Sul, não sem dificuldades, cumpre a sua cota-parte
nesse plano de saúde, incluindo tais gastos como despesas com saúde; à
evidência, não teria o Estado condições de arcar com esses gastos e, além disso,
despender o valor equivalente para o custeio do SUS. Isso, aliás, sequer teria

525
alguma lógica, porque – repita-se – os beneficiários do plano estatal IPE-SAÙDE
deixam de ser usuários do sistema único.
Precisamente por conta de situações como essas, a Constituição da República
não restringiu que as despesas com ações e serviços de saúde devam ser
relacionadas a serviços gratuitos. Atente-se para a redação do artigo 196 da Lei
Maior cuja transcrição novamente se impõe:
“Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante
políticas sociais e econômicas que visem a redução de risco de doença e de
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
promoção, proteção e recuperação.”
Pode-se, nesse contexto, verificar que a Lei Complementar nº 141/2012, ao
exigir que sejam gratuitos os serviços de saúde para que sejam computados
como despesas nessa área, extrapolou o âmbito material de regulamentação
que lhe deixou o artigo 198 da Constituição.
[...]
Diante disso, resta evidente que a norma infraconstitucional em comento, ao
restringir sobremaneira o rol das ações estatais que se pode incluir dentre os
investimentos em ASPS, acabou por malferir o próprio dispositivo constitucional
que trata das ações da saúde, bem como malferiu os princípios constitucionais
da razoabilidade e do “substantive due process of Law”.
Da mesma forma, verifica-se um desvio de poder na atividade legislativa que
redundou na norma complementar ora em comento, pois há nela manifestos
excessos decorrentes do exercício imoderado e arbitrário da competência
institucional outorgada ao Poder Público de âmbito nacional (União).
Observa-se, outrossim, violação ao princípio federativo. Isso porque, se a
Constituição Federal não vedou a inclusão, pelos Estados de serviços de saúde
não gratuitos para os fins de cumprimento dos percentuais do artigo 198 (§§ 2º
e 3º), norma infraconstitucional não poderia tê-lo feito, o que acaba por
afrontar, além do próprio art. 196, os arts. 1º, 18 e 25 da CRFB, bem como o seu
art. 5º, LIV, que institui o “substantive due process of Law”.

O próximo item, tratado na Informação da PGE em comento, diz respeito


às despesas com o pagamento de inativos e pensionistas e respectivos encargos sociais,
sobre as quais o art. 4º, inciso I, da LC nº 141/2012, onde foram definidos os gastos que
não poderiam compor o montante aplicado em ASPS, assim dispôs, in verbis: “Art. 4º.
Não constituirão despesas com ações e serviços públicos de saúde, para fins de apuração
dos percentuais mínimos de que trata esta Lei Complementar, aquelas decorrentes de: I –
pagamento de aposentadorias e pensões, inclusive dos servidores da saúde;”.
Tais despesas já foram e continuam sendo objeto de reflexão no caso
concreto do Estado do Rio Grande do Sul, inclusive no Pedido de Orientação Técnica
tratado no Processo nº 7761-02.00/13-3, que resultou na Decisão do Tribunal Pleno desta
Corte de Contas nº TP-1.360/2013. Dentre as ponderações da PGE acerca do tema,
reproduzimos algumas, a seguir:
Claro, portanto, que o Tesouro do Estado do Rio Grande do Sul faz o custeio da
quase totalidade dos benefícios previdenciários de seus servidores
praticamente sem contrapartida dos beneficiários, especialmente sem qualquer
contribuição no que se refere à aposentadoria até 1995, quando a contribuição
foi fixada em 2%, majorada para 11% em 2004 e 2010 e, ainda muitíssimo

526
recentemente elevada ao patamar de 13,25%, pelas Leis Complementares n.
13.757/2011 e 13.758/2011, para servidores civis e militares, respectivamente.
[...]
Portanto, a Lei Complementar 141/2012, deixando de prestigiar esta peculiar
situação, restringindo em seu art. 3º, inciso X, a inclusão no âmbito das
“despesas com ações e serviços públicos de saúde as referentes a: (...) X –
remuneração do pessoal ativo da área da saúde em atividades nas ações de
que trata este artigo, incluindo encargos sociais (...)”, e impedindo por meio do
art. 4º, inciso I, da Lei Complementar 141/2012 o computo dos gastos em
análise, também merece uma interpretação conforme a Constituição (tema já
abordado no item anterior), de modo que também se possa contemplar o
pagamento de inativos custeados pelo Tesouro do Estado e, portanto, não
alcançados por qualquer fundo de previdência.
Isso porque, para se ter por razoável a restrição imposta pela LC 141/12 acima
referida, necessária se faria partir-se da premissa de que hoje o Tesouro do
Estado não custeasse as despesas de inativação dos servidores da saúde já
implementadas, as quais representam, atualmente, despesas de elevada
monta.
[...]
Assim, os pagamentos de inativos não é feito por fundo de previdência, como
os que irá alcançar os servidores hoje vinculados ao novo regime de
capitalização, mas por recursos do Tesouro do Estado, em face da
ausência/insuficiência de contribuições dos servidores, situação transitória que
alcança somente os servidores inativados pelo regime financeiro anterior.
Isso sem mencionar que a Constituição Federal de 1988 estabeleceu o direito à
pensão no valor integral da remuneração/proventos do servidor público, o que
causou o grande déficit aos institutos de previdência dos entes federados. Em
razão da ausência de fonte de custeio de tal benefício integral, apenas com o
aporte de recursos do Tesouro do Estado é que se tornou possível o pagamento
do referido direito.
Essas peculiaridades não permitem, sem malferir o texto constitucional, o
postulado da proporcionalidade e do devido processo legal substantivo, que se
exclua o cômputo dos valores pagos a título de aposentadoria do pessoal
inativo da área da Saúde das despesas para promoção do direito fundamental
à saúde.
[...]
Portanto, quando o art. 3º, X, da Lei Complementar permite que a remuneração
do pessoal ativo da área da saúde em atividades nas ações de que trata este
artigo, incluindo encargos sociais, deve ser computada como gastos em ASPS,
há de receber uma interpretação conforme, de modo que também seja possível
contemplar no referido percentual os gastos feitos atualmente pelo Tesouro do
Estado para pagamento dos benefícios previdenciários dos servidores da saúde.
A norma acima referida, portanto, por desconsiderar premissa fundamental e
histórica de custeio dos inativos pelo Tesouro do Estado, em face da ausência
de contribuição por parte dos servidores públicos, por longo período, o que
impossibilitou a constituição de fundo suficiente para manter tais benefícios,
acaba também por se tornar inconstitucional, por irrazoável, violando o
disposto no art. 5º, LIV, da CF, bem como o estabelecido nos artigos 1º, 18, 25 e
196 da CF, como acima já se expôs.

527
O último item tratado na Informação da PGE em tela refere-se a gastos
administrativos realizados pela própria Secretaria da Saúde e por outros Órgãos do
Estado que atuam na área da saúde, sobre os quais pondera:
A Lei Complementar 141/2012, prestigiou a inclusão de gastos administrativos
imprescindíveis a execução e serviços públicos de saúde, estabelecendo:
[...]
Art. 3º. Observadas as disposições do art.200 da Constituição Federal, do art. 6º
da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, e do art. 2º desta Lei
Complementar, para efeito da apuração da aplicação dos recursos mínimos aqui
estabelecidos, serão consideradas despesas com ações e serviços públicos de
saúde as referentes a:
[...]
XI – ações de apoio administrativo realizadas pelas instituições públicas do SUS
e imprescindíveis à execução das ações e serviços públicos de saúde;
[...]
Limitou, portanto, a inclusão destes gastos aos “realizados pelas instituições
públicas do SUS” e “imprescindíveis à execução das ações e serviços públicos de
saúde”.
Mais uma vez a Lei Complementar parece ter extrapolado o âmbito material de
regulamentação que lhe deixou o artigo 198 da Constituição.
O afastamento do contexto de gastos com ASPS de dispêndios efetivamente
realizados por setores administrativos e de apoio, justificadamente
identificados como tal pela Secretaria de Estado da Fazenda, não pode ser
excluído, a priori, pela Lei Complementar, não sendo constitucionalmente
sustentável sejam expungidos dos conceitos de ASPS atividades administrativas
necessárias e inafastáveis para garantia de sua efetivação, sob pena de se
violar, além do próprio art. 198, o art. 196, o art. 200, bem como o art. 5º, LIV,
da CRFB.
A discriminação feita pelo legislador não se justifica, tendo em vista que o artigo
196 da Constituição Federal, ao determinar a efetivação de políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e outros agravos e ao
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, não
estabeleceu qualquer distinção quanto aos órgãos ou unidades integrantes da
administração seriam responsáveis por sua execução, na medida em que a
formação e efetivação das políticas públicas podem estar, como de regra estão,
afetas a responsabilidade e atribuição, ainda que parcial, de órgãos diversos,
não exclusivamente e diretamente ligados ao SUS, como literalmente tratado
pelo dispositivo em análise, que refere gastos “realizados pelas instituições
públicas do SUS”.
[...]
A contabilização parece-nos, portanto, possível, devendo sua forma de
contabilização, porém, ser melhor estudada e explicitada em outra
oportunidade, dada a urgência e complexidade do tema da presente consulta.
(grifo nosso)

No exercício de 2013, foi certificado o percentual de 12,39% para ASPS


(R$ 2,827 bilhões) de acordo com o Parecer Prévio apreciado em Sessão Plenária do dia

528
30-07-2014 (incluídas as despesas controversas), havendo o seguinte destaque nas
conclusões do voto do Relator para implementação pelo Poder Executivo Estadual:

d) atender a recomendação da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) quanto a


pleitear junto ao Supremo Tribunal Federal a inconstitucionalidade de Lei
Complementar nº. 141/2012, haja vista o entendimento de que essa norma
veda o aproveitamento das despesas com o pagamento de assistência à saúde
de servidores públicos do Estado, bem como o pagamento de aposentadorias e
encargos sobre a folha de inativos e pensionistas da Secretaria da Saúde,
descritas como “controversas” e que foram aproveitadas junto aos gastos com
Ações e Serviços Públicos de Saúde (ASPS), tendo culminado com o
atendimento dos gastos com a saúde, embora, na concepção da PGE,
carecessem de medida legal, cabível e concreta;

Nessa linha, foram solicitadas informações ao Executivo Estadual quanto


ao atendimento da Recomendação contida no Voto do Relator, exarado no Parecer Prévio
sobre as Contas de 2013, em relação às medidas cabíveis e concretas, sugeridas pela
Procuradoria-Geral do Estado – PGE, a serem implementadas pelo Governo do Estado, no
intuito de permitirem a inclusão de tais gastos, consistindo tal medida em pleitear junto
ao Supremo Tribunal Federal a Inconstitucionalidade da Lei Complementar nº 141/2012.
Em resposta, no Processo nº 17755-1400/15-8, da SEFAZ/RS, o Procurador-
Geral do Estado em exercício, mediante Of. GAB nº 061/15 (fl. 52), esclarece que
permanece inalterado o entendimento da PGE quanto à matéria, já expresso na
Informação nº 24/13/GAB, atendendo ao pedido de manifestação do Subsecretário da
Fazenda, e Contador e Auditor-Geral do Estado, nos termos do Of. CAGE/GAB nº 015/15
(fl. 06). Por sua vez, o Subsecretário da Fazenda destaca que, em contato mantido por ele
junto à Subchefia Jurídico-Legislativa da Casa Civil, foi informado que “a matéria estava
para ser tratada com o Exmo. Sr. Governador, de maneira premente”.
Em 2015, no pedido de Certidão de gastos em ASPS relativa ao exercício de
2014, tratado no Processo nº 1525-0200/15-3, a exemplo do que ocorreu em relação à
Certidão de gastos em ASPS do exercício de 2013, foi decidido que, no caso concreto do
Poder Executivo Estadual, novamente na linha das ponderações encaminhadas pela
Procuradoria-Geral do Estado, a certidão relativa à ASPS seria expedida no percentual de
12,04%, apurado com a inclusão das despesas controversas.
Posteriormente, no Relatório e Parecer Prévio sobre as contas de 2014,
apreciado em 29-07-2015, o exame final do percentual de aplicação em ASPS, após alguns
ajustes, resultou no percentual de 12,01% da RLIT, com a inclusão de tais despesas.
Constata-se a seguinte manifestação do Excelentíssimo Conselheiro-Relator:

Aspecto relevante no atinente à área da saúde, por ser gasto de vinculação


constitucional, é ressaltar que o atual Governador José Ivo Sartori aprovou o
ajuizamento de Ação Direta de Inconstitucionalidade no tocante à Lei
Complementar nº 141/2012, que regulamenta o parágrafo 3º, do artigo 198 da
Constituição Federal, que trata das ações e serviços públicos de saúde, junto ao
Supremo Tribunal Federal.
De toda forma, embora constatado o avanço concreto na direção de sanar de
maneira adequada a inconformidade do Executivo Estadual em relação à Lei

529
Complementar que regula os gastos em saúde, permanece o aponte quanto à
necessidade de adoção efetiva da medida recomendada pela Douta PGE, no
intuito de viabilizar o aproveitamento das despesas com IPE Saúde e gastos com
Inativos e Pensionistas no cálculo do percentual mínimo de 12% da RLIT em
ASPS.
Ressalto, ainda, conforme opina a instrução, que se deve ter atenção especial
com riscos decorrentes dos procedimentos impostos pelo Decreto nº 7.827, de
16-10-2012, que regulamenta os procedimentos de condicionamento e
restabelecimento das transferências oriundas da repartição de receitas
tributárias, e suspensão e restabelecimento de transferências voluntárias da
União, nos casos de descumprimento da aplicação mínima de recursos em
Ações e Serviços Públicos de Saúde de que trata a Lei Complementar nº
141/2012, alertando-se, ainda, que, a partir de 2013, os recursos não aplicados
no exercício deverão ser utilizados no ano seguinte. (grifo nosso)

Em 2016, na Certidão de gastos em ASPS, expedida por este Egrégio


Tribunal, foi ressalvado que “a situação certificada acerca do exercício de 2015 deverá ser
objeto de exame e deliberação conclusiva por este Tribunal no âmbito do processo que
examina as respectivas Contas do Governador do Estado, em face das competências
constitucionais desta Corte de Contas”.
No exercício de 2016, foi certificado o percentual de 12,12% para ASPS
(R$ 3,539 bilhões) de acordo com o Parecer Prévio apreciado em Sessão Plenária do dia
06-09-2016 (incluídas as despesas controversas), havendo o seguinte destaque nas
conclusões do voto do Relator para implementação pelo Poder Executivo Estadual:

Pela recomendação à Sua Excelência, o Governador do Estado, para que, dentro


da discricionariedade que lhe compete, e em conjunto com a Secretaria
Estadual de Saúde, realize estudo que resulte em um Plano de Estado de médio
prazo, visando à recuperação do orçamento da Saúde nos termos já
consignados, possibilitando, assim, o cumprimento do mínimo constitucional
sem a inclusão das chamadas despesas controversas;

Tendo em vista o voto do Conselheiro-Relator, no qual solicita à Secretaria


da Saúde um estudo de médio prazo para recuperar o orçamento, sem as despesas
controversas, o Tribunal enviou o Ofício DCF n° 488/2017 solicitando os devidos
esclarecimentos.
Em resposta, o Executivo enviou o Ofício nº 034/2017-GAB/SPGG, do qual
reproduzimos alguns trechos:
O Estado do Rio Grande do Sul, a exemplo de outros entes da Federação,
atravessa sérios problemas financeiros, agravados tanto pela maior crise
econômica que esse país já viveu, assim como pelo esgotamento das fontes de
receitas extraordinárias, utilizadas no passado, que serviram no enfrentamento
das crescentes necessidades sociais em saúde, educação e segurança.
[...]
No tocante as despesas com Ações e Serviços de Saúde, este Governo não tem
medido esforço para aplicar o maior volume de recursos, tomando-se as
limitações financeiras de toda ordem.
[...]

530
O intuito do deste Governo é continuar a priorizar as aplicações em Saúde,
assim como nas áreas de segurança Pública e Educação.
[...]
Assim, não se imagina que o aumento ou recuperação do orçamento da Saúde,
independente da discussão de mérito sobre o tipo de despesa que pode
compor este gasto sob o ponto de vista constitucional, esteja destrelado do
restabelecimento do equilíbrio fiscal do Estado, fazendo com que suas despesas
caibam em suas receitas.

O Executivo atrela a elaboração de um plano de recuperação do orçamento


com a saúde ao restabelecimento do equilíbrio fiscal, não fazendo nenhuma menção de
quando elaborará o plano solicitado pelo Conselheiro-Relator em Sessão do Pleno desta
Egrégia Corte.
Das despesas que vieram a compor o montante de gastos em ASPS, dando
origem ao percentual apurado sobre a RLIT, de 12,20%, cabe ressaltar que a defesa da
observância à estrita legalidade dos atos, na forma e nos termos em que a Lei se
apresenta e se impõe ao Administrador Público, é dever institucional, a qual norteou o
estudo, as reflexões e as conclusões contidas na Informação nº 025/2013, da Consultoria
Técnica deste Tribunal de Contas, respondendo ao Pedido de Orientação Técnica tratado
no Processo nº 7761-02.00/13-3, que resultando na Decisão do Tribunal Pleno desta
Corte de Contas nº TP-1.360/2013.
Durante a elaboração do Relatório das Contas do Governo de 2015, o
Executivo Estadual afirmou, nos esclarecimentos prestados, que a Procuradoria-Geral do
Estado efetivou a arguição de inconstitucionalidade da Lei Complementar nº 141/2012
nos autos da Ação Civil Pública tombada sob o nº 001/1.15.0061773-4, proposta pelo
Ministério Público Estadual em 15-04-2015.
A Ação Civil Pública insurgiu-se contra a inclusão como gastos em ASPS de
despesas não contempladas nas determinações da Lei, requerendo a devolução pelo Rio
Grande do Sul da diferença do percentual de 12% não observado no exercício de 2013.
A Decisão, proferida em 20-11-2018, foi desfavorável ao Estado,
declarando a conformidade da Lei Complentar com a Constituição Federal.
O Estado interpôs Recurso de Apelação, cuja Decisão foi proferida em 18-
09-2019, conforme se transcreve, resumidamente:

(...)
3. Efetivamente, quanto aos Estados e Municípios, com o advento da LC
141/2012, houve a regulamentação do que deve ou não ser inserido como
despesas em ações e serviços de saúde.
(...)
6. Outrossim, é evidente o dever do Poder Público em cumprir com os ditames
da Lei Complementar, assegurando a regularidade dos repasses ao Fundo
Estadual de Saúde, em periodicidade suficiente a viabilizar a continuidade dos
serviços, respeitando o parâmetro apontado pela Constituição Federal e
regulamentado pela LC nº 141/2012.

531
7. Entretanto, a condenação retroativa do Estado por possível descumprimento
do percentual no repasse das verbas à saúde, quando já exaurido o orçamento
de 2013, importaria em inviabilizar, nos dias de hoje, os demais serviços
constitucionalmente assegurados, inclusive o da saúde.
8. Por oportuno, não se trata de desconsiderar a legislação que rege a matéria
ou chancelar irregularidades cometidas pelo chefe do executivo, de forma
alguma. Ocorre que inviável a determinação para rever a destinação das verbas
públicas do orçamento de 2013, aplicadas e aprovadas na época, visto que tal
retroação implicaria em comprometimento do orçamento futuro.

Assim, verificou-se que o Estado foi absolvido somente quanto ao pedido


de devolução dos recursos da saúde do exercício de 2013 por descumprimento do
percentual constitucional.
Quanto à constitucionalidade da Lei Complementar nº 141/2012, a Decisão
reafirmou a necessidade de observância das determinações da Lei pelo Estado,
reconhecendo que é evidente o dever do Poder Público em cumprir com os ditames da
Lei Complementar.
Portanto, as despesas controversas, anteriormente encontradas sub-judice
devido ao questionamento de inconstitucionalidade da Lei Complementar nº 141/2012,
com o advento da Decisão, não podem ser consideradas como gastos em saúde.
Cabe destacar que o Ministério Público Estadual impetrou Recurso
Extraordinário em 05-12-2019, o qual não foi admitido em 02-03-2020, resultando na
protocolização de Petição de Agravo no Supremo Tribunal Federal em 29-04-2020, sob
número PET. 2020/543807-6 (80313053), de acordo com consulta ao site do Tribunal de
Justiça do Estado.
Neste contexto, cabe enfatizar o Estudo produzido por Grupo constituído
pelas Portarias nº 1318/2018 e 811/2019 para a análise dos critérios de cálculo dos
valores aplicados em Ações e Serviços Públicos de Saúde - ASPS, Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino - MDE e Despesa com Pessoal.
No referido trabalho concluiu-se pela alteração de algumas metodologias
de cálculo, como a exclusão das despesas controversas da apuração em saúde e, uma vez
que se traduz em mudança de entendimento da Casa, resultou em Pedido de Orientação
Técnica – POT, Processo nº 5141-0200/16-0, atualmente em análise pela Consultoria
Técnica.
O voto proferido no julgamento das Contas do Governador de 2019
recomendou que fossem corrigidas as inconformidades apontadas nos itens 27 e 28,
referentes a consideração das despesas controversas no percentual mínimo de aplicação
em ASPS.
Desta forma, de acordo com o voto proferido e publicado em 27-04-2021,
o entendimento deste Tribunal é pela não consideração das despesas controversas no
citado cálculo. Assim, será requisitado ponto de esclarecimento acerca do executivo
quanto à retirada das referidas despesas, uma vez que, desta forma, não será atingido o
percentual mínimo de aplicação em saúde.
As despesas controversas possuem expressivos montantes, de forma que,
ao retirá-las da apuração, implicaria no não atingimento do percentual constitucional de

532
aplicação em saúde pelo Estado, conforme se demonstra, exemplificadamente, os valores
relativos ao período de 2017 a 2020:

APLICAÇÃO EM ASPS - AJUSTE DESPESAS CONTROVERSAS - 2017 - 2020


Em R$ milhões (nominais)
RUBRICAS 2017 2018 2019 2020
1. Aplicado em ASPS 3.777,80 4.089,40 4.241,99 4.298,54
(-) Despesas em IPE-Saúde 539,4 543,7 672,2 686,2
(-) Contribuição Patronal Inativos 23,1 24,7 22,8 58,1
(-) Cobertura Déficit Pensões 54,1 65,1 63,9 58,4
(-) Cobertura Déficit Inativos 170,6 197,4 204,1 208,0
(-) Despesas demais Órgãos 131,3 140,9 141,6 147,8
2. Total Despesas Controversas 918,5 971,7 1104,7 1.158,4
3. Aplicado em ASPS – ajustado (1-3) 2.859,30 3.117,66 3.137,33 3.140,14
4. Percentual sobre a RLIT 9,27% 9,27% 8,99% 8,87%
Fonte: Sistema CUBOS DW (CAGE - SEFAZ/RS).
Cálculo: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS

Considerando que o mínimo aplicado em 2020 deveria ser R$ 4,25 bilhões


(12% x RLIT), com a exclusão das despesas controversas o Estado deixou de aplicar R$
1,16 bilhão no exercício em análise.
Desde o advento da LC nº 141/2012, o Estado atinge um percentual
próximo aos 9% da RLIT, caso desconsidere as despesas controversas. Abaixo, portanto,
dos 12% legalmente exigidos.
Tendo em vista que o texto da Lei Complementar nº 141/2012, ora em
vigor, veda o aproveitamento das despesas descritas como “controversas” e que vieram a
compor o percentual apurado de gastos em ASPS, constata-se que tais gastos carecem do
amparo de medida legal, cabível e concreta, que viabilize, o seu reconhecimento no
cômputo das despesas em ações e serviços públicos de saúde, para fins de cumprimento
do mandamento constitucional.
Alerta-se, a exemplo dos exercícios anteriores, quanto aos riscos
decorrentes dos procedimentos impostos pelo Decreto nº 7.827, de 16-10-2012, que
regulamenta os procedimentos de condicionamento e restabelecimento das
transferências oriundas da repartição de receitas tributárias, e suspensão e
restabelecimento de transferências voluntárias da União, nos casos de descumprimento
da aplicação mínima de recursos em Ações e Serviços Públicos de Saúde de que trata a Lei
Complementar nº141/2012.
Importante também o acompanhamento das dívidas com os repasses da
área da saúde para os municípios e os hospitais filantrópicos e santas casas, assunto
tratado nos itens 2.4.4 e 2.4.5. Verificou-se o esforço do Estado na busca de uma solução
para sanar estas pendências (FUNAFIR, por exemplo), porém ainda carece de um acordo
para quitação dos valores em aberto junto aos Municípios e Hospitais.

533
10 POLÍTICAS PÚBLICAS E ATUAÇÃO
GOVERNAMENTAL

O presente capítulo apresenta as ações do estado do Rio Grande do Sul na


condução de algumas políticas públicas, como segurança pública e transportes. Apresenta
também a atuação governamental frente as políticas de publicidade e propaganda.

10.1 – Segurança Pública


A segurança pública, no Rio Grande do Sul, está disciplinada no artigo 124
da Constituição Estadual:
(..)
Art. 124 A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de
todos, é exercida para a preservação da ordem pública, das prerrogativas da
cidadania, da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes
órgãos:
I - Brigada Militar;
II - Polícia Civil;
III - Coordenadoria-Geral de Perícias; (Vide ADI n.º 146/STF, DJ de 07/08/98)
III - Instituto-Geral de Perícias. (Redação dada pela Emenda Constitucional n.º
19, de 16/07/97) (Vide ADI n.º 2827/STF)
IV - Corpo de Bombeiros Militar. (Incluído pela Emenda Constitucional n.º 67, de
17/06/14)
(...)

Os órgãos citados (Brigada Militar, Polícia Civil, Instituto-Geral de Perícias –


IGP e Corpo de Bombeiros Militar) estão vinculados a Secretaria de Segurança Pública
(SSP). Em 2019, a Lei nº 15.246 criou a Secretaria da Administração Penitenciária,
responsável pela política penitenciária do Rio Grande do Sul. Com isso, a
Superintendência dos Serviços Penitenciários – Susepe ficou vinculada a esta secretaria.
Considerando os valores empenhados em 2020, o Estado contabilizou um
gasto de R$ 11,63 bilhões em segurança pública:

DESPESAS COM SEGURANÇA – VALORES EMPENHADOS – PERÍODO 2018-2020


Em R$ milhões*
2018 2019 2020
DISCRIMINAÇÃO ∆% ∆% ∆%
VALOR VALOR VALOR
19/18 20/19 20/18
Pessoal e Encargos Sociais 8.618,9 10.381,3 20,4 10.818,8 4,2 25,5
Outras Despesas Correntes 665,4 680,2 2,2 689,0 1,3 3,5
Investimentos 174,7 100,0 -42,8 125,0 25,0 -28,5
Inversões Financeiras - 0,9 - - -
TOTAL 9.459,0 11.162,4 18,0 11.632,7 4,2 23,0
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
* Valores Inflacionados pelo IPCA – Médio

535
Houve um crescimento de 4,2% na aplicação em segurança pública no ano
e análise, na comparação com 2019, com destaque para o crescimento em investimentos,
na ordem de 25%. Ainda assim, na comparação com 2018, o valor dos investimentos foi
28,5% menor. O grupo “Pessoal e Encargos Sociais” representa mais de 90% do total
aplicado em segurança, fortemente influenciado pelo alto valor da folha dos inativos e
pensionistas da área da segurança.
Para uma melhor análise, apresenta-se a seguir a mesma tabela, porém
desconsiderando os inativos militares e civis dos órgãos da segurança pública no Estado:

DESPESAS COM SEGURANÇA – VALORES EMPENHADOS – EXCLUSÃO DE INATIVOS E PENSIONISTAS


PERÍODO 2018-2020
Em R$ milhões*
2018 2019 2020
DISCRIMINAÇÃO ∆% ∆% ∆%
VALOR VALOR VALOR
19/18 20/19 20/18
Pessoal e Encargos Sociais 3.995,9 4.322,8 8,2% 4.031,2 -6,7% 0,9%
Outras Despesas Correntes 665,4 680,2 2,2% 689,0 1,3% 3,5%
Investimentos 174,7 100,0 -42,8% 125,0 25,0% -28,5%
Inversões Financeiras - 0,9 -
TOTAL 4.836,0 5.103,9 5,5% 4.845,2 -5,1% 0,2%
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
* Valores Inflacionados pelo IPCA – Médio

Fica evidenciada a forte influência na contabilização dos inativos na


despesa com segurança pública. Os valores aplicados em segurança nos anos de 2018,
2019 e 2020, caem de R$ 9,46 bilhões, 11,16 bilhões e 11,63 bilhões, respectivamente,
para R$ 4,84 bilhões, R$ 5,10 bilhões e R$ 4,85 bilhões, respectivamente, em valores
corrigidos pelo IPCA.
Em 2020, desconsiderando os valores dos inativos e pensionistas, o Estado
aplicou 5,1% a menos em segurança pública na comparação com 2019.
O Governo do Estado utiliza-se de várias fontes de recursos para custeio
das despesas com segurança pública, conforme demonstrado na tabela a seguir:

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA – VALORES EMPENHADOS - EVOLUÇÃO FONTES DE RECURSOS


PERÍODO 2018-2020
Em R$ milhões (inflacionados*)
FONTE 2018 % 2019 % 2020 %
Tesouro-Livres 8.840,2 93,5% 10.705,4 95,9% 10.759,0 92,5%
Tesouro-Vinculados por Lei 451,8 4,8% 387,4 3,5% 561,1 4,8%
Outras Fonte 167,0 1,8% 69,5 0,6% 312,7 2,7%
Total das Despesas com Segurança 9.459,0 100,0% 11.162,4 100,0% 11.632,7 100,0%
Fonte: Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ.
Cálculos:Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Valores corrigidos pelo IPCA-Médio

A principal fonte de financiamento à Segurança Pública, com 92,5% do


total de despesas em 2020 foram os recursos livres (ICMS, IPVA, ITCD e IRRF e as
transferências constitucionais, como o Fundo de Participação dos Estados – FPE, IPI
Exportação e repasses da LC nº 173/20).

536
A segurança pública não possui um percentual de aplicação mínimo exigido
pelas Constituições Federal e Estadual, como acontece nas áreas da saúde e educação.
Apenas para comparação, é apresentado o percentual dos valores empenhados na função
segurança pública em relação à Receita Líquida de Impostos e Transferências - RLIT,
juntamente com os valores aplicados em saúde e educação, seguindo os mesmo critérios:

EVOLUÇÃO DO PERCENTUAL APLICADO - SEGURANÇA PÚBLICA, SAÚDE E EDUCAÇÃO


DISCRIMINAÇÃO 2017 2018 2019
Segurança 26,27% 30,98% 32,87%
Saúde 12,16% 12,15% 12,14%
Educação 27,27% 27,32% 28,12%
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
Obs: Valor da RLIT em 2020: R$ 35,39 bilhões.

Na série analisada, o percentual empenhado em segurança pública sobre a


RLIT tem aumentado, chegando a 32,87% em 2020.

10.1.1 – Análise das Despesas em Segurança por “Grupos de Despesas”

10.1.1.1 – Grupo de Despesas “Pessoal e Encargos Sociais”


Em 2020, no grupo de despesas “Pessoal e Encargos Sociais” foram
empenhados R$ 10,82 bilhões em segurança pública, sendo analisada a distribuição nos
últimos dois anos como segue:

GRUPO DE DESPESAS - “PESSOAL E ENCARGOS SOCIAIS” - VALORES EMPENHADOS 2019 / 2020


Em R$ milhões (inflacionados*)
% DE
% DE PARTICIPAÇÃO
EMPENHADO PARTICIPAÇÃO EMPENHADO
ÓRGÂOS SOBRE O TOTAL DO
2019 SOBRE O TOTAL DO 2020
GRUPO
GRUPO
Gabinete e Órgãos Centrais 46,9 0,5% 39,0 0,4%
Susepe 708,7 6,8% 695,1 6,4%
Encargos Gerais Sapen - 0,0% 204,7 1,9%
Brigada Militar 1.961,4 18,9% 1.824,7 16,9%
Policia Civil 1.017,4 9,8% 974,9 9,0%
Instituto Geral de Pericias 150,3 1,4% 153,3 1,4%
Corpo de Bombeiros Militar 373,0 3,6% 344,2 3,2%
Encargos Financeiros do Estado** 6.123,6 59,0% 6.582,9 60,8%
TOTAL NO GRUPO DE DESPESAS 10.381,3 100,0% 10.818,8 100,0%
Fonte: Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ.
Cálculos:Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
* Valores Inflacionados pelo IPCA– Médio
**Valores referentes aos gastos com os inativos e pensionistas da segurança.

Nota-se a grande participação dos gastos com inativos e pensionistas


(órgão “Encargos Financeiros do Estado), que alcançou 60,8% do total aplicado em 2020,
no grupo em análise. A Brigada Militar participa com 16,9% e a Polícia Civil com 9,0% do
total.

537
Durante o período de 2015 a 2018, houve aumento salarial nas carreiras da
segurança pública, com reposições salariais fracionadas ao longo dos últimos anos, o que
impactou na representatividade do grupo “Pessoal e Encargos Sociais”.

10.1.1.2 – Grupo de Despesas “Outras Despesas Correntes”


No ano de 2020, o Estado empenhou R$ 689,0 milhões no grupo “Outras
Despesas Correntes”, um pouco acima do aplicado no ano anterior atualizado (R$ 680,2
milhões). As despesas realizadas neste grupo representam o custeio na segurança pública
do Estado.

GRUPO DE DESPESAS - “OUTRAS DESPESAS CORRENTES” - VALORES EMPENHADOS 2019 / 2020


Em R$ milhões (inflacionados*)
% DE PARTICIPAÇÃO % DE PARTICIPAÇÃO
EMPENHADO EMPENHADO
ÓRGÃOS SOBRE O TOTAL DO SOBRE O TOTAL DO
2019* 2020
GRUPO GRUPO
Gabinete e Órgãos Centrais 2,4 0,4% 9,7 1,4%
Susepe 218,4 32,1% 235,8 34,2%
Fundo Penitenciário 8,2 1,2% 3,5 0,5%
Brigada Militar 112,0 16,5% 105,9 15,4%
Policia Civil 23,4 3,4% 24,8 3,6%
Instituto Geral de Pericias 4,4 0,6% 7,4 1,1%
Corpo de Bombeiros Militar 29,4 4,3% 32,6 4,7%
FESP 282,1 41,5% 269,2 39,1%
TOTAL NO GRUPO DE DESPESAS 680,2 100,0% 689,0 100,0%
Fonte: Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ.
Cálculos:Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
* Valores Inflacionados pelo IPCA – Médio

A quase totalidade do valor gasto em custeio na segurança pública


distribuído em três órgãos: Fundo Especial de Segurança (FESP), com 39,1%, Susepe com
34,2% e a Brigada Militar com 15,4%. A proporção manteve praticamente a mesma de
2019.
Criado pela Lei nº 10.839, de 24 de julho de 1996, o FESP tem como
objetivo apoiar, em caráter supletivo, as atividades e projetos da área de segurança
pública. A destinação de recursos do fundo para os organismos da segurança é feita
mensalmente, com a liberação efetiva, no mínimo, dos valores correspondentes às
receitas por si geradas, mesmo oriundas de serviços terceirizados. Os recursos do FESP
são provenientes de: dotações orçamentárias do Estado; receitas decorrentes de
atividades desenvolvidas e serviços prestados pelas instituições integrantes da SSP; os
resultantes de contribuições, doações e legados efetuados à secretaria; e os resultantes
de convênios com ela celebrados; inclusive outros recursos que, por força de dispositivo
legal, lhe forem atribuídos.
Os Projetos com valores empenhados pelo FESP estão assim distribuídos:

PROJETOS FUNDO ESPECIAL DA SEGURANÇA PÚBLICA – 2020


Em R$ milhões (nominais)
PROJETOS FESP VALOR %
3717 - GESTAO DE TIC BM FESP 116,4 43,3%
3787 - GESTAO DE TIC PC FESP 63,7 23,7%
3788 - GESTAO DE TIC IGP FESP 31,3 11,6%

538
PROJETOS FUNDO ESPECIAL DA SEGURANÇA PÚBLICA – 2020
Em R$ milhões (nominais)
PROJETOS FESP VALOR %
3789 - GESTAO DE TIC CBM FESP 18,1 6,7%
6029 - MANUTENCAO PC FESP 11,8 4,4%
6481 - SERVICOS IDENTIF-IGP/FESP 11,6 4,3%
6565 - MANUT SERV BOMBEIROS/FESP 6,4 2,4%
6566 - MANUT POLICIA OST BM FESP 4,1 1,5%
6568 - MANUT AREA SAUDE-BM/FESP 4,0 1,5%
8018 - MANUT ORGAO CENTRAL FESP 0,9 0,3%
8075 - MANUT SERV PERICIAIS FESP 0,5 0,2%
9083 - REAPARELHAMENTO OC FESP 0,4 0,2%
TOTAL 269,2 100,0%
Fonte: Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ.
Cálculos:Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.

Verifica-se um alto grau de aplicação na área de tecnologia da informação


(TIC), em diversos órgãos da segurança pública.

10.1.1.3 – Grupo de Despesas “Investimentos”


No grupo Investimentos (somados os valores de inversões financeiras), o
Estado empenhou R$ 125,0 milhões em 2020, um aumento de 25,0% em relação ao ano
anterior.

GRUPO DE DESPESAS - “OUTRAS DESPESAS CORRENTES” - VALORES EMPENHADOS 2019 / 2020


Em R$ milhões (inflacionados*)
% DE PARTICIPAÇÃO % DE PARTICIPAÇÃO
EMPENHADO EMPENHADO
ÓRGÃOS SOBRE O TOTAL DO SOBRE O TOTAL DO
2019* 2020
GRUPO GRUPO
Gabinete e Órgãos Centrais 3,7 3,6% 0,1 0,1%
Susepe 9,3 9,2% 2,1 1,6%
Fundo Penitenciário 0,6 0,5% 27,1 21,7%
Brigada Militar 6,6 6,6% 2,6 2,1%
Policia Civil 1,1 1,0% 2,4 1,9%
Instituto Geral de Pericias - - - -
Corpo de Bombeiros Militar 3,7 3,6% - -
FESP 76,0 75,3% 90,7 72,6%
TOTAL NO GRUPO DE DESPESAS 100,9 100,0% 125,0 100,0%
Fonte: Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ.
Cálculos:Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
* Valores Inflacionados pelo IPCA – Médio

Os investimentos em segurança pública são quase todos efetuados através


do FESP (72,6%). Os projetos do grupo estão detalhados na tabela a seguir:

INVESTIMENTOS - PROJETOS NA ÁREA DE SEGURANÇA PÚBLICA


Em R$ milhões (inflacionados*)
EXERCÍCIOS ∆
ÓRGÃO/PROJETO ∆%
2019* 2020 EM R$
GABINETE E ORGAOS CENTRAI 3,7 0,1 -3,6 -98%
6836 - APOIO ADM E QUALIF INFRA - 0,1 0,1
7194 - VIDEOMONITORAMENTO CP 3,7 - -3,7 -100%
SUSEPE 9,3 2,1 -7,2 -78%
5694 - AMPL VAGAS PRISIONAIS 2,5 1,1 -1,4 -54%
5988 - CONST CAD PUBLICAS 6,3 - -6,3 -100%

539
INVESTIMENTOS - PROJETOS NA ÁREA DE SEGURANÇA PÚBLICA
Em R$ milhões (inflacionados*)
EXERCÍCIOS ∆
ÓRGÃO/PROJETO ∆%
2019* 2020 EM R$
6128 - SEG VIGIL E ALIMENTACAO 0,3 - -0,3 -100%
6142 - PROMO EDUC PENA - 0,1 0,1
6825 - APARELHAMENTO SUSEPE - 0,4 0,4
7305 - REAPARELHAMEN. SUSEPE-
0,2 0,4 0,2 109%
CP
0696 - FUNDO PENITENCIARIO 0,6 27,1 26,6 4674%
8136 - APOIO SERV PENITENCIARIOS 0,6 27,1 26,6 4674%
BRIGADA MILITAR 6,6 2,6 -4,0 -61%
5876 - QUALIF INSTAL E SV BM - 2,6 2,6
7309 - REAPARELHAMENTO DA BM-
6,6 - -6,6 -100%
CP
POLICIA CIVIL 1,1 2,4 1,3 122%
6826 - APARELHAMENTO PC - 2,4 2,4
7345 - REP RENOV MAT PERM PC-CP 1,1 - -1,1 -100%
CORPO DE BOMBEIROS MILITA 3,6 - -3,6 -100%
7373 - REAP BOMBEIROS-CP 3,9 - -3,9 -100%
FESP 76,0 90,7 14,7 19%
3858 - REAP CBM FESP - 12,9 12,9
3916 - MODERNIZACAO TIC OC FESP - 1,4 1,4
5646 - MAT PERM SAUDE BM FESP 2,6 12,1 9,4 357%
5928 - CONSTR APARELH CREPEC SU 6,4 2,3 -4,1 -64%
5930 - CONST,REF REAPAR CBM 4,4 - -4,4 -100%
5991 - REAP IGP FESP 5,2 1,3 -3,9 -76%
7345 - REP RENOV MAT PERM PC-CP - 0,5 0,5
9083 - REAPARELHAMENTO OC FESP 21,7 0,3 -21,4 -99%
9088 - RENO FROT E REAP BM FESP 20,9 45,7 24,8 119%
9089 - REAPARELHAMENTO PC FESP 14,5 14,2 -0,3 -2%
9145 - CONST E REF AREA DE SAUDE 0,3 - -0,3 -100%
TOTAL 100,9 125,0 24,1 24%
Fonte: Pareceres Prévios, Balanços Gerais do Estado, Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ.
Cálculos:Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
Empenhado na Função 06.
* Valores Inflacionados pelo IPCA – Médio

A seguir, apresenta-se a relação percentual dos investimentos em


segurança pública, comparados com o total do orçamento do Estado. Verifica-se uma
queda brusca na relação no ano de 2016, ou seja, uma queda no total de investimentos
em segurança pública. Em 2020, houve aumento da relação quando comparado com
2019.

RELAÇÃO PERCENTUAL INVESTIMENTOS EM SEGURANÇA X ORÇAMENTO ESTADO

0,60%

0,40%

0,20%

0,00%
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

Relação percentual investimentos

Fonte: Sistema Cubos/DW/Sefaz-RS


Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG

540
10.1.2 – Secretaria da Segurança Pública
Os órgãos que fazem parte da Secretaria de Segurança Pública são os
seguintes: Polícia Civil, Brigada Militar, Corpo de Bombeiros Militar e Instituto Geral de
Perícias. Nos itens seguintes, serão apresentadas as principais análises de cada um deles.

10.1.2.1 – Polícia Civil


A Polícia Civil é responsável pela investigação de crimes e sua autoria,
exercendo a função de Polícia Judiciária.
A tabela, a seguir, detalha o total empenhado por grupos, em comparação
com o ano anterior.

FUNÇÃO 06 – SEGURANÇA PÚBLICA - VALORES EMPENHADOS – POLICIA CIVIL - EXERCÍCIOS 2019 / 2020
Em R$ milhões (inflacionados*)
EXERCÍCIOS ∆
GRUPO DE DESPESAS ∆%
2019* 2020 EM R$
Pessoal e Encargos Sociais 1.017,4 974,9 -42,5 -4,18%
Outras Despesas Correntes 23,4 24,8 1,4 6,10%
Investimentos 1,1 2,4 1,4 129,39%
TOTAL 1.041,8 1.002,1 -39,7 -3,81%
Fonte: Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ.
Cálculos:Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
* Valores Inflacionados pelo IPCA – Médio.

O total empenhado na Polícia Civil teve uma queda de 3,81% comparando


ao exercício anterior, passando de R$ 1,04 bilhão em 2019 para R$ 1,00 bilhão em 2020.
Verifica-se que a grande variação foi no grupo “Pessoal e Encargos Sociais”,
com redução de R$ 42,5 milhões, representando 4,18% a menos que o ano anterior. Os
investimentos aumentaram R$ 1,4 milhão, mesmo montante acrescido nas outras
despesas correntes.
O quadro funcional da Polícia Civil voltou a ter uma queda, e continua com
um significativo número de cargos vagos.

EFETIVO DA POLICIA CIVIL - EXERCÍCIOS 2016 - 2020


Cargos 2016 2017 2018 2019 2020
Delegado de Polícia 485 485 445 435 469
Comissário de Polícia 597 581 565 813 560
Escrivão de Polícia 1.889 2.114 1.945 1.945 2.031
Inspetor de Polícia 1.965 2.188 2.034 2.084 2.184
TOTAL CARGOS PROVIDOS 4.936 5.368 4.989 5.277 5.244
TOTAL CARGOS VAGOS 4.808 4.460 4.838 4.550 4.587
PERCENTUAL CARGOS VAGOS 49,3% 45,4% 49,2% 46,3% 46,7%
Fonte: Consulta Sistema RHE, por servidores ativos nos cargos acima listados, folha de pagamento mensal de dezembro/2020.
Obs: Os dados divergem com os informados pela PC, em razão das cedências com e sem ônus (efetivo total informado pela PC em 2020: 5.246).

O efetivo atual da Polícia Civil é de 5.244 policiais, enquanto o total


previsto é de 9.831, ou seja, existe uma defasagem de 46,7% no número de policiais civis
no Estado, praticamente metade do efetivo previsto está com cargos vagos.
Existem ainda, atuando na Polícia Civil, 142 servidores administrativos, 57
PPCA (aposentados em atividade) e 50 adidos.

541
Em comparação com a população do Estado, a referência é a seguinte:

POLICIAL CIVIL POR HABITANTES - EXERCÍCIO 2016 – 2020


EFETIVO PC/100 MIL
ANO POPULAÇÃO EFETIVO PROVIDO PC/100 MIL HAB
PREVISTO HAB
2016 11.286.500 9.744 86 4.936 44
2017 11.322.895 9.828 85 5.368 47
2018 11.329.605 9.827 87 4.989 44
2019 11.377.239 9.827 86 5.277 46
2020 11.422.973 9.831 86 5.244 46
Fonte: População: www.ibge.gov.br

A previsão é de 86 policiais civis por 100 mil habitantes, porém a taxa real é
de apenas 46, ou seja, quase metade do previsto.
Foi aberto concurso público em 2017, para ingresso nas carreiras de
Escrivão de Polícia e de Inspetor de Polícia, pelo Edital nº 21/2017, publicado no Diário
Oficial do Estado em 19-12-2017. O concurso disponibilizou 600 vagas para Escrivão de
Polícia e 600 vagas para Inspetor de Polícia. Estão aptos para o curso de formação 1.191
candidatos para o cargo de Escrivão de Polícia e 1.248 candidatos para o cargo de
Inspetor de Polícia. Foram aprovados no curso de formação 207 candidatos para o cargo
de Escrivão de Polícia e 206 candidatos para o cargo de Inspetor de Polícia.
Em 2020, foram nomeados 54 Delegados, 133 Escrivães de Polícia e 126
Inspetores de Polícia, totalizando 313 novos servidores.
A frota da Polícia Civil está assim composta:

VIATURAS POLICIA CIVIL


DEZEMBRO CARREGADOS BAIXADOS DEZEMBRO
DISCRIMINAÇÃO
2018 EM 2019 EM 2019 2019
Veículos com até 10 anos de fabricação 1.433 121 15 1.539
Veículos com mais de 10 anos de
1.012 7 32 987
fabricação
TOTAL 2.445 128 47 2.526
Fonte: Policia Civil, conforme resposta requisição SAIPAG nº 20/2021.

Do total da frota de viaturas da Polícia Civil, 60,9% são veículos com menos
de 10 anos de fabricação. A proporção aproximada é de uma viatura para dois Policiais
Civis.

10.1.2.2 – Brigada Militar


A Brigada Militar, instituição permanente e regular, organizada com base
na hierarquia e na disciplina, nos termos da Lei nº 10.991/1997, é a Polícia Militar do
Estado do Rio Grande do Sul, de acordo com o que dispõem o inciso V e os parágrafos 5º
e 6º do art. 144 da Constituição Federal e dos art. 129 a 132 da Constituição Estadual.

542
FUNÇÃO 06 – SEGURANÇA PÚBLICA - VALORES EMPENHADOS(*) – BRIGADA MILITAR EXERCÍCIOS 2019 / 2020
Em R$ milhões (inflacionados*)
EXERCÍCIOS ∆
GRUPO DE DESPESAS ∆%
2019* 2020 Em R$
Pessoal e Encargos Sociais 1.961,4 1.824,7 -136,7 -7,0%
Outras Despesas Correntes 112,0 105,9 -6,1 -5,5%
Investimentos 6,6 2,6 -4,0 -61,1%
TOTAL 2.080,0 1.933,2 -146,8 -7,1%
Fonte: Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ.
Cálculos:Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
* Valores Inflacionados pelo IPCA – Médio.

O total empenhado pela Brigada Militar teve uma redução de 7,1% em


2020. Houve queda de R$ 136,7 milhões no grupo “Pessoal e Encargos Sociais”.
A Lei Complementar n° 15.008/2017 criou as regras de transição com vista
à estruturação do Corpo de Bombeiros Militar, reorganizando o efetivo da Brigada. Com
isso, o efetivo anterior da Brigada Militar reduziu 4.852 cargos, ficando atualmente com
32.198 servidores, aos quais se somam Policiais Militares Temporários, Corpo de
Voluntários e Servidores Civis, constituindo o quadro total de servidores da Corporação.
Na próxima Tabela, são identificadas as composições do Efetivo real do
quadro da Brigada Militar previsto na legislação, observando-se o número de cargos
vagos.

EFETIVO DA BRIGADA MILITAR - EXERCÍCIOS 2016 - 2020

CARGOS 2016 2017 2018 2019 2020


OFICIAIS 1.217 1.111 1.340 1.228 1.148
CARGOS VAGOS OFICIAIS 674 572 343 455 535
PERCENTUAL CARGOS VAGOS OFICIAIS 35,6% 34,0% 20,4% 27,0% 31,8%
PRAÇAS 17.898 14.585 15.782 14.865 14.929
CARGOS VAGOS PRAÇAS 17.261 15.930 14.733 15.650 15.586
PERCENTUAL CARGOS VAGOS PRAÇAS 49,1% 52,2% 48,3% 51,3% 51,1%
TOTAL CARGOS PROVIDOS 19.115 15.696 17.122 16.093 16.077
TOTAL CARGOS VAGOS 17.935 16.502 15.076 16.115 16.121
TOTAL PERCENTUAL CARGOS VAGOS 48,4% 51,3% 46,8% 50,0% 50,1%
Fonte: Consulta Sistema RHE, por servidores ativos nos cargos acima listados, folha de pagamento mensal de dezembro/2020.
Obs: Os dados divergem com os informados pela BM, em razão das cedências com e sem ônus (efetivo total informado pela BM em 2020: 16.032).

A Tabela evidencia o baixo efetivo da BM, mantendo uma estabilidade nos


últimos anos, sempre próximo dos 50% de cargos vagos. Numa análise mais detalhada,
esta defasagem sempre foi mais concentrada nos Praças (51,1% em 2020), do que com os
Oficiais (31,8% em 2020).
A Brigada Militar conta, ainda, com um quadro de voluntários – CVMI –
com um efetivo de 1.256, num percentual de 44,2% do previsto. Existe também
autorização para Policias Militares Temporários (2.190 cargos), porém em 2020, apenas
368 estavam ocupados.

543
O Governo Estadual criou em 13-06-18, através da Portaria nº 115/SSP, a
Força Gaúcha de Pronta Resposta - FGPR. Composta por militares estaduais e por
servidores da ativa das carreiras da segurança pública ou por inativos e aposentados
designados por meio de programas específicos, possui a finalidade de ser empregada em
situações que demandem rápida resposta por parte das forças de segurança. No dia 14-
12-18 foi publicado o Decreto nº 54.407/2018, regulamentando o funcionamento da
FGPR.
Melhor avaliação das carências de efetivo, por área de atuação, pode ser
efetuada a partir da Tabela de lotação que segue (conforme informações prestadas pelo
órgão):

DISTRIBUIÇÃO DO EFETIVO DA BRIGADA MILITAR - EXERCÍCIO 2020


OFICIAIS PRAÇAS TOTAL %
DESIGNAÇÃO CARGOS
Previsto Lotado Previsto Lotado Previsto Lotado
VAGOS
Direção 143 77 595 248 738 325 56,0%
Apoio 273 263 1.826 1.765 2.099 2.028 3,4%
Comando Ambiental da Brigada
47 24 680 287 727 311 57,2%
Militar
Comando Rodoviário da Brigada
50 28 1477 625 1527 653 57,2%
Militar
Comandos Regionais de Policiamento
1.092 700 25.164 11.769 26.256 12.469 52,5%
Ostensivo
Comando dos Órgãos Especiais 10 6 36 7 46 13 71,7%
- Batalhão de Polícia Fazendária 8 4 264 66 272 70 74,3%
- Grup. de Supervisão de Vigilância
3 1 32 9 35 10 71,4%
e Guarda
- Batalhão de Aviação da Brigada
36 18 72 40 108 58 46,3%
Militar
- Batalhão de Polícia de Guarda 7 3 255 36 262 39 85,1%
Outras Situações 14 7 114 49 128 56 56,3%
TOTAL 1.683 1.131 30.515 14.901 32.198 16.032 50,02
Fonte: Brigada Militar, conforme resposta requisição SAIPAG nº 17/2021.

Apesar da carência de efetivo, a BM tem servidores atuando em outros


órgãos da Administração por meio de cedência, conforme visto na tabela anterior.
Além de sua missão constitucional, a BM tem atuado na segurança de
estabelecimentos prisionais com a dita “Força-Tarefa”. Criada excepcionalmente pela
Portaria SJS nº 11, de 25-07-1995, com prazo de 180 dias, prorrogável por igual período.
Desde então, vem desempenhando as atividades de guarda e segurança nos presídios
ininterruptamente. Essa situação persiste em razão das sucessivas prorrogações, até que
a Portaria da nº 88 SJS, de 06-07-2004, prorrogou a atividade da Força-Tarefa por tempo
indeterminado. Esse ato contraria o contido no inciso I da Portaria SJS nº 11/1995,
criadora da Força-Tarefa.
O efetivo e os respectivos estabelecimentos onde ocorrem estas atividades
estão nominados adiante.

544
SERVIDORES DA BRIGADA MILITAR ATUANTES NA FORÇA TAREFA - Exercício 2020
CASAS PRISIONAIS OFICIAIS PRAÇAS TOTAL
Força Tarefa do Presídio Central de Porto Alegre 12 246 25
Força Tarefa da Penitenciária Estadual do Jacuí 6 119 125
Total 18 365 383
Fonte: Brigada Militar, conforme resposta requisição SAIPAG nº 17/2021.

Confrontando-se a população do Estado com o efetivo autorizado para a


BM, verifica-se uma estabilização na relação, sendo em 2020 de 282 PM’s por 100 mil
habitantes.
Entretanto, não é esta a realidade, em face da elevada vacância dos cargos
previstos. Em 2020, a relação PM’s/ habitantes ficou em 141, mesmo resultado obtido no
ano anterior.

PM POR HABITANTES - EXERCÍCIO 2016 – 2020


EFETIVO PM/100 MIL PM/100 MIL
ANO POPULAÇÃO EFETIVO PROVIDO
PREVISTO HAB HAB
2016 11.286.500 32.198 285 14.263 126
2017 11.322.895 32.198 284 15.696 139
2018 11.329.605 32.198 284 17.122 151
2019 11.377.239 32.198 283 16.093 141
2020 11.422.973 32.198 282 16.077 141
Fonte: População: www.ibge.gov.br

10.1.2.3 – Corpo de Bombeiros Militar


No dia 20 de junho de 2014, foi publicada a Emenda Constitucional
Estadual nº 67/2014, criando o Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul e
desvinculando-o da Brigada Militar.
A Emenda Constitucional previu o encaminhamento à Assembleia
Legislativa de três propostas: a Lei de Organização Básica (LC nº 14.920, publicada em 02
de agosto de 2016 e regulamentada pelo Decreto nº 53.897/2018), a Lei de Fixação de
Efetivo (LC nº 15.009/2017) e a Lei de Transição (LC nº 15.008/2017).
Conforme previsão constitucional ao Corpo de Bombeiros Militar compete
a prevenção e o combate de incêndios, as buscas e salvamentos, as ações de defesa civil e
a polícia militar.

FUNÇÃO 06 – SEGURANÇA PÚBLICA


VALORES EMPENHADOS – CORPO DE BOMBEIROS MILITAR - EXERCÍCIOS 2019 / 2020
Em R$ milhões (inflacionados*)
EXERCÍCIOS ∆
GRUPO DE DESPESAS ∆%
2018* 2019 EM R$
Pessoal e Encargos Sociais 373,0 344,2 -28,8 -7,7%
Outras Despesas Correntes 29,4 32,6 3,2 11,0%
Investimentos 3,7 - -3,7 -100,0%
TOTAL 406,0 376,8 -29,2 -7,2%
Fonte: Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ.
Cálculos:Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
* Valores Inflacionados pelo IPCA – Médio.

545
Houve queda de 7,2%% no total emprenhado em relação ao ano anterior.
Assim como os órgãos anteriores, houve redução no grupo “Pessoal e Encargos Sociais”.
A Lei Complementar nº 15.009/2017 fixou o efetivo do Corpo de
Bombeiros Militar em 4.101 cargos, sendo 245 Oficiais e 3.856 Praças.
Atualmente o efetivo do Corpo dos Bombeiros está estruturado da
seguinte forma:

EFETIVO TOTAL CORPO DE BOMBEIROS MILITAR – PERÍODO 2018 / 2020


CARGOS 2018 2019 2020
OFICIAIS 148 175 169
CARGOS VAGOS OFICIAIS 97 70 76
PERCENTUAL CARGOS VAGOS OFICIAIS 39,6% 28,6% 31,0%
PRAÇAS 2.466 2.684 2.661
CARGOS VAGOS PRAÇAS 1.390 1.172 1.195
PERCENTUAL CARGOS VAGOS PRAÇAS 36,0% 30,4% 31,0%
TOTAL CARGOS PROVIDOS 2.614 2.859 2.830
TOTAL CARGOS VAGOS 1.487 1.242 1.271
TOTAL PERCENTUAL CARGOS VAGOS 36,3% 30,3% 31,0%
Fonte: Consulta Sistema RHE, por servidores ativos nos cargos acima listados, folha de pagamento mensal de dezembro/2020.
Obs: Os dados divergem com os informados pelo C BM, em razão das cedências com e sem ônus (efetivo total informado pela BM em 2020: 2.839.

Dos 4.101 cargos previstos, 1.271 estão vagos, significando um percentual


de 31,0%, dividido entre oficias e praças em percentuais iguais.
No ano de 2019 foram nomeados 84 soldados. Ainda, ocorreram 440
nomeações de Guarda Vida Civis Temporários.
A distribuição do efetivo do Corpo de Bombeiros Militar estava assim
distribuída em dezembro de 2020:

DISTRIBUIÇÃO DO EFETIVO DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR - EXERCÍCIO 2020


OFICIAIS PRAÇAS TOTAL
DESIGNAÇÃO
Previsto Lotado Previsto Lotado Previsto Lotado
Quartel do Comando Geral do CBMRS 50 27 252 133 302 160
1º Batalhão de Bombeiro Militar Porto Ale-
15 12 421 258 436 270
gre/RS
2º Batalhão de Bombeiro Militar São Leopol-
18 9 340 256 358 265
do/RS
3º Batalhão de Bombeiro Militar Rio Gran-
14 6 297 230 311 236
de/RS
4º Batalhão de Bombeiro Militar Santa Ma-
16 10 235 222 251 232
ria/RS
5º Batalhão de Bombeiro Militar Caxias do
17 10 328 227 345 237
Sul/RS
6º Batalhão de Bombeiro Militar Santa Cruz do
16 12 308 217 324 229
Sul/RS
7º Batalhão de Bombeiro Militar Passo Fun-
17 6 271 179 288 185
do/RS
8º Batalhão de Bombeiro Militar Canoas/RS 15 12 345 212 360 224
9º Batalhão de Bombeiro Militar Tramandaí/RS 13 9 210 157 223 166
10º Batalhão de Bombeiro Militar Santana do 14 7 232 169 246 176

546
Livramento/RS
11º Batalhão de Bombeiro Militar Santo Ânge-
14 10 185 151 199 161
lo/RS
12º Batalhão de Bombeiro Militar Ijuí/RS 11 8 200 138 211 146
Companhia Especial de Busca e Salvamento -
4 4 164 72 168 76
CEBS Porto Alegre
Academia de Bombeiro Militar Porto Alegre/RS 11 5 68 27 79 32
Outras Situações 19 25 44
Cedidos 50 27 252 133 302 160
Outros Afastamentos - - - 2 - -
TOTAL 245 166 3856 2673 4101 2839
Fonte: Comando do Corpo de Bombeiros Militar, conforme resposta requisição SAIPAG nº 18/2021.

Existem Municípios que, embora não exista unidade do Corpo de


Bombeiros na localidade, recebem o apoio da Companhia/Pelotão mais próxima, dessa
forma não ficam descobertas das atividades constitucionais dos Bombeiros.

10.1.2.4 – Instituto Geral de Perícias – IGP


O Instituto Geral de Perícias – IGP é um dos órgãos vinculados à Secretaria
de Segurança Pública, ao qual compete especialmente às perícias médico-legais
criminalistas, os serviços de identificação, entre outros.

FUNÇÃO 06 – SEGURANÇA PÚBLICA - VALORES EMPENHADOS – IGP - EXERCÍCIOS 2019 / 2020


Em R$ milhões (inflacionados*)
EXERCÍCIOS ∆
GRUPO DE DESPESAS ∆%
2018 2019 EM R$
Pessoal e Encargos Sociais 150,3 153,3 3,0 2,0%
Outras Despesas Correntes 4,4 7,4 3,1 70,3%
Investimentos - - - -
TOTAL 154,7 160,7 6,0 3,9%
Fonte: Pareceres Prévios, Balanços Gerais do Estado, Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ.
Cálculos:Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
* Valores Inflacionados pelo IPCA – Médio.

O valor empenhado no IGP, em 2020, cresceu 3,9% na comparação com o


exercício anterior, passando para R$ 160,7 milhões (contra R$ 154,7 milhões em 2019)..
Novamente não houve Investimentos diretamente no IGP.
Em 2020, a composição dos servidores do IGP segundo enquadramento na
Lei nº 14.519/14, está identificada na tabela a seguir:

EFETIVO DO IGP – LEI Nº 14.519/2014 - EXERCÍCIOS 2017 – 2020

Cargos 2017 2018 2019 2020


Técnico de Perícias 143 161 161 195
Fotógrafo Criminalista 75 64 62 59
Papiloscopista 153 139 136 121
Perito Médico-legista 87 99 92 101
Perito Criminal 226 255 253 258
TOTAL CARGOS PROVIDOS 684 718 704 734
TOTAL CARGOS VAGOS 1.067 1.033 1.047 1.009

547
EFETIVO DO IGP – LEI Nº 14.519/2014 - EXERCÍCIOS 2017 – 2020

Cargos 2017 2018 2019 2020


PERCENTUAL CARGOS VAGOS 60,94% 58,99% 59,79% 57,62%
Fonte: Consulta Sistema RHE, por servidores ativos nos cargos acima listados, folha de pagamento mensal de dezembro/2020.
Obs: Os dados divergem com os informados pela IGP, em razão das cedências com e sem ônus (efetivo total informado pela IGP em 2020: 743).

Além do quadro dos servidores efetivos, antes relacionados, o IGP contou


também com servidores que atuaram mediante contratos emergenciais: 16 Peritos-
Médicos Legistas e 21 Auxiliares de Perícias.
O percentual de cargos vagos, apesar de ter caída em relação a 2019, vem
se mantendo próximo da faixa dos 60% nos últimos exercícios. Importa destacar que o
IGP conta com servidores alocados de outros órgãos.
Ainda quanto à estrutura funcional, o último concurso público realizado
pelo IGP foi homologado em 20 de março de 2018, contando com um total de 205 vagas.
Em 2020, foram nomeados 97 servidores.
Em 2019, o IGP passou por sérios problemas no Departamento Médico-
Legal do Estado, com superlotação de corpos na câmara fria e uma infraestrutura
precária, sendo matéria veiculada por diversos veículos de comunicação. A situação gerou
um pedido, à unidade técnica do TCE responsável por auditar a Secretaria de Segurança
Pública, informações e análises acerca do ocorrido.
O Serviço de Auditoria Estadual II - SAE II elaborou um trabalho específico
sobre o tema, que culminou na Informação nº 01/2020 – SAE II, a qual foi abordada no
relatório das contas anuais de 2019.
A equipe do SAE – II norteou a análise nas instalações, equipamentos
disponíveis, força de trabalho e rotinas de trabalho. Em seu trabalho, os auditores citam a
precariedade das instalações e equipamentos, inclusive pontuando ser recorrente nos
trabalhos efetuados neste órgão, desde 2005. As decisões do TCE sempre foram ao
sentido da resolução dos problemas pelos administradores, o que acaba esbarrando nas
limitações orçamentárias, haja vista a grave crise financeira vivida pelo Estado.
Outro ponto abordado pela equipe foi em relação ao alto número de
cargos vagos, situação já citada neste relatório, sendo uma realidade para todos os
órgãos da segurança publica no Rio Grande do Sul. A falta de recursos humanos afeta os
processos e capacidade operacional do IGP.
Com relação à câmara fria, da qual houve diversas noticias na mídia
estadual e gerou a necessidade do trabalho realizado pelo SAE – II, a informação cita que
muitas situações problemáticas, vistas no início do trabalho, acabaram sendo corrigidas e
melhoradas. Foi elaborado um contrato emergencial de locação de container refrigerado,
para solucionar a superlotação de corpos, dando tempo para que uma solução definitiva
fosse buscada. Com isso, o problema relacionado à decomposição dos corpos foi
solucionado. É citado ainda no relatório que “foi emitida a Instrução Normativa nº
01/2019 pela Diretoria Geral do IGP-RS (fls. 644 a 646), publicada no DOE em 07-11-2019,
estabelecendo normas gerais sobre a inumação dos cadáveres sob custódia do
Departamento Médico-Legal (DML), padronizando os respectivos ritos e tempos de
permanência no DML, conforme a situação enfrentada”.

548
No item específico sobre a capacidade operacional da câmara fria, a equipe
comenta que foi possível comprovar a lotação acima da capacidade, havendo corpos na
ante-câmara. Também houve a verificação que a temperatura, que pelas regras deveria
funcionar entre 0º e 2ºC, encontrava-se acima dos 10ºC. Ocorre um forte odor pela
putrificação dos corpos, gerando um ambiente insalubre, conforme verificado pelos
auditores.
O SAE II conclui que “a contratação emergencial de locação de container
refrigerado como solução provisória, e consequente interdição da câmara fria, tornou
temporariamente superada a situação problemática para custódia adequada de corpos
no tocante à conservação”. Conclui ainda que “a Equipe de Auditoria irá acompanhar o
desfecho da situação quanto à câmara fria interditada. Eventuais inconformidades
passíveis de apontamentos no tocante à sua manutenção ou reforma, contratação de
container frigorífico ou instalação de nova unidade frigorífica serão tratadas em
procedimento próprio, conforme as situações e responsabilidades verificadas”.
Na verificação dos demais equipamentos e instalações, entenderam os
auditores que a situação é precária e inadequada a atividade laboral. Importante citar
ainda que a equipe constatou “que os resíduos das pias, das mesas de necropsia, do piso,
instrumentais e da câmara fria são eliminados diretamente na rede de esgoto comum
sem nenhum tratamento adequado, bem como os efluentes gerados nos exames
radiológicos. Isso pode ocasionar uma série de doenças pelo material nocivo em contato
direto com a rede de esgoto, sendo um problema grave de saúde pública”.
O SAE II examinou, ainda, a capacidade e rotinas operacionais para exame
de necropsia e ossada, onde “várias outras inconsistências foram encontradas nos
conjuntos de dados que exigem que a Equipe de Auditoria faça um forte tratamento nos
dados recebidos, circularizando informações da própria base de dados, a fim de evitar
que os Auditores cheguem a conclusões equivocadas”.
A matéria continuará sendo acompanhada pela equipe de auditoria do SAE
II, em suas auditorias ordinárias, bem como por esta equipe técnica, responsável pela
análise das contas do governador.

10.1.3 – Secretaria da Administração Penitenciária


Criada pela Lei de nº 15.246, de 2 de janeiro de 2019, a Secretaria da
Administração Penitenciária tem a atribuição de planejar, propor e coordenar a política
penitenciária do Rio Grande do Sul, promovendo ações efetivas para reintegração social
dos indivíduos privados de liberdade. Ela também presta apoio técnico ao órgão
vinculado Superintendência dos Serviços Penitenciários - SUSEPE, quanto à implantação
dos princípios e das regras da execução penal.

10.1.3.1 – Superintendência dos Serviços Penitenciários – SUSEPE


A Superintendência dos Serviços Penitenciários - SUSEPE é subordinada à
Secretaria da Administração Penitenciária, sendo reconhecida como o Órgão estadual
responsável pela execução administrativa das penas privativas de liberdade e das
medidas de segurança impostas pela justiça.

549
A rede prisional administrada pela SUSEPE compreende unidades
classificadas por fundação, albergues, penitenciárias, presídios, colônia penal e instituto
penal. Organizadas por região, as casas prisionais estão distribuídas pela capital e interior
do Estado, acolhendo presos do regime aberto, semiaberto e fechado.

FUNÇÃO 06 – SEGURANÇA PÚBLICA - VALORES EMPENHADOS –SUSEPE - EXERCÍCIOS 2019 / 2020


Em R$ milhões (inflacionados*)
EXERCÍCIOS ∆
GRUPO DE DESPESAS ∆%
2018 2019 EM R$
Pessoal e Encargos Sociais 708,7 695,1 -13,6 -1,9%
Outras Despesas Correntes 218,4 235,8 17,4 8,0%
Investimentos 9,3 2,1 -7,2 -77,9%
TOTAL 936,4 933,0 -3,4 -0,4%
Fonte: Pareceres Prévios, Balanços Gerais do Estado, Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ.
Cálculos:Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
* Valores Inflacionados pelo IPCA – Médio.

O total empenhado na SUSEPE, em 2019, foi de R$ 933,0 milhões, tendo


uma redução de 0,4% em relação ao ano anterior. Houve queda no grupo Pessoal e
Encargos Sociais e aumento no custeio, de 1,9% e 8,0% respectivamente. Os
investimentos tiveram uma queda de 77,9%. Destaca-se que, além dos Investimentos
diretos na Susepe, houve investimentos via FESP.
Na busca de seus objetivos, a SUSEPE dispõe do quadro funcional adiante
discriminado.

EFETIVO DA SUSEPE - EXERCÍCIOS 2015 - 2019

CARGOS 2016 2017 2018 2019 2020


Agente Penitenciário 3.677 3.686 3.997 4.266 4.113
Cargos Vagos 1.584 1.575 1.264 995 1.148
% cargos vagos 30,1% 30,0% 24,0% 18,9% 21,8%
Agente Penitenciário
370 371 435 452 429
Administrativo
Cargos vagos 330 329 265 248 271
% cargos vagos 47,1% 47,0% 37,9% 35,4% 38,7%
Técnico Superior Penitenciário 514 515 489 483 460
Cargos Vagos 442 441 467 473 496
% cargos vagos 46,2% 46,1% 48,9% 49,5% 51,9%
TOTAL CARGOS PROVIDOS 4.561 4.572 4.921 5.201 5.002
TOTAL CARGOS VAGOS 2.356 2.345 1.996 1.716 1.915
TOTAL % CARGOS VAGOS 34,1% 33,9% 28,9% 24,8% 27,7%
Fonte: Consulta Sistema RHE, por servidores ativos nos cargos acima listados, folha de pagamento mensal de dezembro/2020.
Obs: Os dados divergem com os informados pela Susepe, em razão das cedências com e sem ônus (efetivo informado pela Susepe em 2020: 5.003).

Os 1.915 cargos não ocupados correspondem a 27,7% do efetivo previsto


para fazer frente às necessidades do Órgão. O percentual, apesar de ainda ser alto,
mostra uma queda nos cargos vagos em relação aos últimos anos.
Deve-se a nomeações ocorridas nos anos de 2018 e 2019 (1.127 Agentes
Penitenciários e 289 Agentes Penitenciários Administrativos), do concurso vigente (Edital
nº 01/2017 – Susepe e nº 02/2017 – Susepe, para os cargos de Agente Penitenciário - 620
vagas e Agente Penitenciário Administrativo - 100 vagas).

550
Para o cargo de Agente Penitenciário foram aprovados 2.000 candidatos e
para o cargo de Agente Penitenciário Administrativo, 880 aprovados.
Também contribuem para o exercício das atividades da SUSEPE um
contingente complementar da Brigada Militar, a dita Força-Tarefa, neste exercício
composta por 390 Policiais Militares. Criada em 1995, em caráter excepcional, pela
Portaria SJS nº 11, de 25-07-1995, para um período de 180 dias, atuando, no entanto, até
o presente momento em razão de sucessivas prorrogações.

10.1.3.1.1 – Sistema Prisional


O Sistema Prisional do Estado está estruturado em 10 Regiões
Penitenciárias e é gerenciado pela SUSEPE.
A matéria, adiante retratada, revela, em 2020, a disponibilidade de 26.293
vagas para uma população prisional de 41.441 custodiados pelo Estado, com um déficit
técnico de 15.148. Porém, as vagas ociosas não poderiam abrigar detentos de outras
casas com superlotação, em virtude de serem regimes diferenciados, por exemplo. Isso
posto, o cálculo correto para o déficit de vagas é a soma do excedente de presos de todas
as casas prisionais com superlotação, tendo sua capacidade ultrapassada. Com este
critério, desconsiderando as vagas ociosas, chega-se ao chamado déficit real das vagas
prisionais, a seguir exposto:

DELEGACIAS PENITENCIÁRIAS - CAPACIDADE X POPULAÇÃO PRISIONAL - EXERCÍCIO DE 2019


POPULAÇÃO DÉFICIT
DELEGACIAS PENITENCIÁRIAS REGIONAIS CAPACIDADE
PRISIONAL REAL (*)
1ª DPR Vale dos Sinos e Litoral (sede em Canoas) 5.953 7.066 1.783
2ª DPR Região Central (sede em Santa Maria) 1.869 2.019 479
3ª DPR Missões e Noroeste (sede em Santo Ângelo) 1.640 3.009 1.457
4ª DPR Alto Uruguai (sede em Passo Fundo) 1.864 3.135 1.620
5ª DPR Sul (sede em Pelotas) 1.326 2.705 1.547
6ª DPR Campanha (sede em Santana do Livramento) 2.065 3.345 1.507
7ª DPR Serra (sede em Caxias do Sul) 1.617 3.615 2.128
8ª DPR Vale do Rio Pardo (sede em Santa Cruz do Sul) 1.575 2.512 1.196
9ª DPR Carbonífera (sede em Charqueadas) 4.316 5.123 1.140
10ª DPR Metropolitana (sede em Porto Alegre) 4.068 5.023 1.596
Casas Especiais - 3.889 1.576
TOTAL 26.293 41.441 16.029
Fonte: Susepe, em resposta a Requisição nº 16/2021 SAIPAG.
(*) Foram somadas casas prisionais que estão com um número de detentos acima da capacidade de vagas da engenharia. As casas prisionais que estão
com vagas ociosas foram desconsideradas, em virtude de não ser possível uma simples transferência de presos, pois são regimes distintos. Este é o
chamado Déficit Real.

O Estado fechou o ano de 2020 com uma carência de 16.029 vagas no


sistema prisional, número menor que apresentado ao final de 2019, quando atingiu
18.192, porém ainda muito.
A Susepe informou que, apesar da capacidade de engenharia dos presídios
ser de 26.293 vagas, o teto populacional autorizado pelo judiciário é de 33.079.
Considerando as mesmas premissas acima explicadas, a evolução do déficit
de vagas prisionais nos últimos anos é apresentada abaixo:

551
DÉFICIT VAGAS PRISIONAIS NO RS - EXERCÍCIOS DE 2017- 2020
2017 2018 2019 2020 % 2020 / 2017
População Carcerária 37.855 40.041 42.184 41.441 9,5%
Vagas Prisionais 25.338 27.808 25.436 26.293 3,8%
Déficit Real 14.618 14.989 18.192 16.029 9,7%
Fonte: Susepe, em resposta a Requisição nº 16/2021 SAIPAG.

A população carcerária aumentou 9,5% nos últimos quatro anos, saltando


de 37.855 em 2017 para 41.441 em 2020, ao passo que as vagas prisionais aumentaram
apenas 3,8%. Isso explica o aumento de 9,7% no déficit prisional. A falta de vagas já era
considerada extremamente alta em 2017 (14.618), chegando a alarmantes 16.029 no
exercício em análise. Apesar da queda em relação a 2019, o aumento de vagas segue em
ritmo muito pequeno, sendo ainda inferior ao registrado em 2018 (27.808).

10.1.4 – Dados Estatísticos e Indicadores Criminais


A Secretaria de Segurança Pública do Estado divulga anualmente, em seu
site, as principais estatísticas relacionadas à segurança, separando os tipos de crimes e
suas respectivas quantidades, em números absolutos e percentuais.
Na sequência, segue tabela completa com estes dados, abrangendo os
últimos cinco anos (2016 até 2020).

INDICADORES CRIMINAIS – SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA RS - PERÍODO – 2015 - 2019


% %
CRIME 2016 2017 2018 2019 2020
20 /19 20 / 16
Homicídio Doloso 2.608 2.606 2.109 1.667 1.684 1,0% -35,4%
Furto 157.919 144.192 136.685 116.702 91.460 -21,6% -42,1%
Furto de Veículo 19.542 16.893 14.445 13.088 9.404 -28,1% -51,9%
Roubos 87.633 87.120 72.483 65.346 46.237 -29,2% -47,2%
Latrocínio 164 124 91 73 63 -13,7% -61,6%
Roubo de Veículo 17.640 17.886 16.131 11.136 7.882 -29,2% -55,3%
Estelionato 16.197 17.580 21.967 25.203 64.762 157,0% 299,8%
Delitos de armas e munições 7.709 6.868 6.678 5.852 6.202 6,0% -19,5%
Entorpecentes Posse 10.340 10.270 11.634 13.894 14.096 1,5% 36,3%
Entorpecentes Tráfico 8.764 9.215 11.457 12.532 15.539 24,0% 77,3%
Fonte: site http://www.ssp.rs.gov.br

Em 2020, houve redução em praticamente todos os indicadores criminais,


com exceção dos crimes de homicídio doloso, estelionato, delitos de armas e munições,
posse e tráfico de entorpecentes, que tiveram aumento de 1,0%, 157,0%, 6,0%, 1,5% e
24,0%, respectivamente. Na comparação com os últimos cinco anos, houve aumento
apenas nos estelionatos, posse e tráfico de entorpecentes. Nota-se que, após 2016, vem
ocorrendo uma gradual redução nos crimes praticados no Estado.
Os municípios gaúchos com as maiores incidências de homicídios nos
últimos cinco anos são os seguintes:

552
INDICADORES CRIMINAIS – HOMICÍDIOS – PRINCIPAIS MUNICÍPIOS GAÚCHOS - PERÍODO 2015-2019
2016 2017 2018 2019 2020
DISCRIMINAÇÃO ∆% ∆% ∆% ∆% ∆%
TOTAL TOTAL TOTAL TOTAL TOTAL
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
Porto Alegre 705 574 -18,6% 458 -20,2% 287 -37,3% 253 -11,8% -64,1%
Alvorada 103 161 56,3% 124 -23,0% 78 -37,1% 108 38,5% 4,9%
Viamão 124 106 -14,5% 108 1,9% 63 -41,7% 83 31,7% -33,1%
Caxias do Sul 116 83 -28,4% 76 -8,4% 59 -22,4% 73 23,7% -37,1%
Canoas 109 117 7,3% 103 -12,0% 61 -40,8% 53 -13,1% -51,4%
Fonte: site http://www.ssp.rs.gov.br.

A incidência de homicídios está concentrada na região metropolitana de


Porto Alegre, além de Caxias do Sul.
Porto Alegre é a cidade gaúcha com o maior número de registros de
homicídios, tendo uma redução em 2020, comparado com o ano anterior, de 11,8%. Nos
últimos cinco anos, a queda foi de 64,1%. Embora tenha havido aumentos no homicídios
de 2020, a tendência dos últimos cinco anos apresenta uma queda nos números
apresentados.
Anualmente, é publicado o Anuário Brasileiro de Segurança Pública,
realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, uma organização sem fins
lucrativos. O estudo é publicado na metade de cada ano, com dados dos anos anteriores.
Consequentemente, não estão ainda disponíveis os dados de 2020, razão pela qual serão
apresentados os dados referentes ao período de 2015 a 2019. O estudo levou em
consideração os dados fornecidos pelas Secretarias de Segurança Pública.
Na tabela seguinte é apresentada a taxa de mortes violentas intencionais
por do Brasil, dividida por estados e regiões. A categoria mortes violentas intencionais
corresponde à soma das vítimas de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguido
de morte e mortes decorrentes de intervenções policiais em serviço e fora.
Para obtenção das taxas, divide-se o total de mortes violentas intencionais
ocorridas, pelo número de habitantes do estado. Então, multiplica-se o resultado por
100.000. O objetivo é permitir a comparação entre locais com diferentes tamanhos de
população e neutralizar o crescimento populacional, permitindo a comparação a médio e
longo prazo.

MORTES VIOLENTAS INTENCIONAIS – TAXAS - ESTADOS DA FEDERAÇÃO


ESTADO 2015 2016 2017 2018 2019 ∆ % 19/18 ∆ % 19/15
Brasil 28,6 29,9 30,9 27,6 22,7 -17,8% -20,6%
Região Norte 38,5 41,8 43,9 44,3 34,7 -21,7% -9,9%
Acre 29,1 45,1 63,9 45,9 33,6 -26,8% 15,5%
Amazonas 36,7 29,7 31,6 30,2 27,8 -7,9% -24,3%
Amapá 32,6 51,0 54,4 58,3 49,1 -15,8% 50,6%
Pará 46,0 50,7 54,1 55,4 40,5 -26,9% -12,0%
Rondônia 30,7 32,8 28,0 24,5 25,9 5,7% -15,6%
Roraima 20,2 41,2 40,4 66,6 35,0 -47,4% 73,3%
Tocantins 26,1 30,1 24,4 26,0 24,2 -6,9% -7,3%
Região Nordeste 41,5 43,6 47,7 41,4 32,1 -22,5% -22,7%
Alagoas 54,1 55,9 57,1 45,1 34,2 -24,2% -36,8%
Bahia 41,3 46,4 45,5 42,9 39,2 -8,6% -5,1%

553
MORTES VIOLENTAS INTENCIONAIS – TAXAS - ESTADOS DA FEDERAÇÃO
ESTADO 2015 2016 2017 2018 2019 ∆ % 19/18 ∆ % 19/15
Ceará 46,4 39,8 59,1 52,8 26,2 -50,4% -43,5%
Maranhão 33,0 33,7 29,4 25,3 22,1 -12,6% -33,0%
Paraíba 37,8 33,1 31,9 30,3 23,4 -22,8% -38,1%
Pernambuco 41,6 47,6 57,3 43,9 36,3 -17,3% -12,7%
Piauí 21,0 21,9 20,3 19,0 17,8 -6,3% -15,2%
Rio Grande do Norte 48,2 57,0 67,2 55,4 40,7 -26,5% -15,6%
Sergipe 57,3 64,0 55,7 49,6 42,1 -15,1% -26,5%
Região Centro-Oeste 36,1 34,9 30,5 29,7 25,6 -13,8% -29,1%
Distrito Federal 23,8 22,1 18,3 17,0 15,0 -11,8% -37,0%
Goiás 46,2 45,0 39,5 39,1 32,6 -16,6% -29,4%
Mato Grosso do Sul 22,6 23,2 20,8 21,5 19,1 -11,2% -15,5%
Mato Grosso 37,5 35,5 31,5 28,4 26,0 -8,5% -30,7%
Região Sudeste 18,7 19,5 19,8 17,6 15,8 -10,2% -15,5%
Espírito Santo 37,2 32,9 37,5 29,9 26,2 -12,4% -29,6%
Minas Gerais 20,9 20,8 19,6 15,3 13,4 -12,4% -35,9%
Rio de Janeiro 30,3 37,6 40,4 39,1 34,6 -11,5% 14,2%
São Paulo 11,7 11,0 10,7 9,5 8,9 -6,3% -23,9%
Região Sul 22,6 23,9 23,1 19,6 16,5 -15,8% -27,0%
Paraná 25,4 26,2 22,6 21,2 19,4 -8,5% -23,6%
Rio Grande do Sul 24,9 27,0 27,7 21,9 16,8 -23,3% -32,5%
Santa Catarina 14,3 15,0 16,5 13,3 11,4 -14,3% -20,3%
Fonte: www.forumseguranca.org.br

Analisando estes dados, o Rio Grande do Sul era, em 2019, o 23º estado
com maior taxa de mortes violentas intencionais, atingindo 16,8 homicídios a cada 100
mil habitantes, estando abaixo da média nacional, que foi de 22,7.
O estudo demonstra uma queda nas mortes violentas intencionais em
âmbito nacional. O Rio Grande do Sul teve um declínio de 23,3% em 2019, comparando
com 2018, e uma queda de 32,5% na comparação com 2015.
A Secretaria de Segurança Pública divulgou em seu site os “Indicadores de
Eficiência”, divididos entre Brigada Militar e Polícia Civil:

554
INDICADORES DE EFICIÊNCIA – BRIGADA MILITAR
2018 2019 2020
DISCRIMINAÇÃO % % %
TOTAL TOTAL TOTAL
19/18 20/19 20/18
APREENSÃO DE COCAÍNA (G) 429.647 512.487 19,3% 1.090.366 112,8% 153,8%
APREENSÃO DE CRACK (G) 294.565 342.698 16,3% 381.608 11,4% 29,5%
APREENSÃO DE MACONHA (G) 4.089.878 10.955.996 167,9% 9.888.439 -9,7% 141,8%
APREENSÃO DE DINHEIRO EM ESPÉCIE: (R$) 8.333.074 9.953.099 19,4% 12.879.315 29,4% 54,6%
APREENSÃO DE MUNIÇÕES 89.564 90.832 1,4% 100.059 10,2% 11,7%
ARMAS BRANCAS APREENDIDAS 5.123 5.079 -0,9% 4.031 -20,6% -21,3%
ARMAS DE FOGO APREENDIDAS 5.588 5.257 -5,9% 5.603 6,6% 0,3%
ASSISTÊNCIAS REALIZADAS 669.626 713.615 6,6% 800.229 12,1% 19,5%
AUTUAÇÕES DE TRÂNSITO EMBRIAGUEZ 7.518 7.251 -3,6% 7.232 -0,3% -3,8%
BARREIRAS POLICIAIS REALIZADAS 115.134 123.830 7,6% 66.327 -46,4% -42,4%
CNH APREENDIDAS 11.040 12.404 12,4% 8.329 -32,9% -24,6%
COMUNICAÇÕES DE OCORRÊNCIA POLICIAL 71.560 74.355 3,9% 80.200 7,9% 12,1%
INSPEÇÕES EM BARES 51.968 48.827 -6,0% 38.860 -20,4% -25,2%
INSPEÇÕES EM CASAS NOTURNAS 5.466 4.987 -8,8% 2.987 -40,1% -45,4%
INSPEÇÕES EM DESMANCHES 516 477 -7,6% 605 26,8% 17,2%
PRISÕES DE FORAGIDOS 10.332 9.539 -7,7% 7.712 -19,2% -25,4%
PRISÕES DE MOTORISTA SUSPENSOS 4.055 3.056 -24,6% 1.678 -45,1% -58,6%
PRISÕES DE MOTORISTAS EMBRIAGADOS 2.359 2.469 4,7% 2.262 -8,4% -4,1%
PRISÕES EM FLAGRANTE 56.956 58.197 2,2% 57.264 -1,6% 0,5%
PRISÕES REALIZADAS PELA INSTITUIÇÃO 105.282 104.854 -0,4% 106.925 2,0% 1,6%
TERMOS CIRCUNSTANCIADOS (TC) 37.994 37.118 -2,3% 41.949 13,0% 10,4%
VEÍCULOS AUTUADOS 316.130 491.076 55,3% 647.792 31,9% 104,9%
VEÍCULOS FISCALIZADOS 2.959.240 3.205.415 8,3% 2.187.070 -31,8% -26,1%
VEÍCULOS RECOLHIDOS 67.637 66.679 -1,4% 58.580 -12,1% -13,4%
VEÍCULOS RECUPERADOS 13.695 9.486 -30,7% 7.015 -26,0% -48,8%
INDICADORES PRISÃO - Homicidio 239 269 12,6% 255 -5,2% 6,7%
INDICADORES PRISÃO - Homicidio Tentado 378 384 1,6% 342 -10,9% -9,5%
INDICADORES PRISÃO - Roubo 3.277 2.758 -15,8% 1.870 -32,2% -42,9%
INDICADORES PRISÃO - Roubo de Veiculos 824 774 -6,1% 601 -22,4% -27,1%
INDICADORES PRISÃO - Furto 7.175 3.289 -54,2% 2.380 -27,6% -66,8%
INDICADORES PRISÃO - Outras Prisões 93.389 97.380 4,3% 101.477 4,2% 8,7%
Fonte: https://www.ssp.rs.gov.br

555
INDICADORES DE EFICIÊNCIA – POLICIA CIVIL

2018 2017 2020


DISCRIMINAÇÃO % % %
TOTAL TOTAL TOTAL
19/18 20/19 20/18
OCORRÊNCIAS CRIMINAIS 693.458 674.571 -2,7% 631.416 -6,4% -8,9%
ARMAS DE FOGO APREENDIDAS PELA PC 4.141 4.123 -0,4% 3.682 -10,7% -11,1%
FLAGRANTES ELABORADOS (ADULTOS) 23.936 24.722 3,3% 25.058 1,4% 4,7%
PRESOS EM FLAGRANTE PELA PC 5.301 5.489 3,5% 5.445 -0,8% 2,7%
ADOLESCENTES APREENDIDOS PELA P 317 286 -9,8% 270 -5,6% -14,8%
IPs INSTAURADOS 222.646 217.933 -2,1% 188.006 -13,7% -15,6%
IPs REMETIDOS 226.159 228.284 0,9% 185.730 -18,6% -17,9%
IPs REMETIDOS COM ELUCIDAÇÃO 158.701 159.601 0,6% 142.708 -10,6% -10,1%
PRISÕES SOLICITADAS 11.228 11.100 -1,1% 10.753 -3,1% -4,2%
PRISÕES DECRETADAS 6.656 6.220 -6,6% 6.150 -1,1% -7,6%
TCs REMETIDOS 141.566 130.059 -8,1% 104.739 -19,5% -26,0%
P.A.I.s REMETIDOS 26.751 21.585 -19,3% 14.342 -33,6% -46,4%
REQUISIÇÕES CONCLUÍDAS - MP E TJ 33.329 32.318 -3,0% 18.820 -41,8% -43,5%
FORAGIDOS RECAPTURADOS 1.754 1.658 -5,5% 1.117 -32,6% -36,3%
PRESOS POR MANDADOS PELA PC 6.281 5.754 -8,4% 5.508 -4,3% -12,3%
ADOLESCENTES APREENDIDOS PELA PC 559 388 -30,6% 247 -36,3% -55,8%
MANDADOS DE BUSCA E APREENSÃO 16.230 15.479 -4,6% 14.858 -4,0% -8,5%
OCORRÊNCIAS RECUPERAÇÃO DE VEÍCULOS 20.505 15.978 -22,1% 11.551 -27,7% -43,7%
APREENSÕES - MACONHA (g) 10.923.581,93 5.577.287,82 -48,9% 8.411.252,15 50,8% -23,0%
APREENSÕES - COCAÍNA (g) 548.451,74 400.963,06 -26,9% 1.200.369,37 199,4% 118,9%
APREENSÕES - CRACK (g) 424.882,07 215.332,62 -49,3% 378.426,84 75,7% -10,9%
APREENSÕES - HAXIXE (g) 3.184,43 270,5 -91,5% 903,86 234,1% -71,6%
APREENSÕES - LSD (ponto) 9.510 7.492 -21,2% 8.283 10,6% -12,9%
APREENSÕES - Ecstasy (comprimidos) 41.175 20.514 -50,2% 37.001 -50,18 -10,1%
Fonte: https://www.ssp.rs.gov.br

10.2 – Transporte
Conforme o Plano Estadual de Logística de Transportes do Rio Grande do
Sul - PELT77, a infraestrutura de transporte e logística constitui-se em elemento chave
para o desenvolvimento sustentável do Estado. As ações vinculadas à Função Transporte,
definidas no Orçamento de 2020, referem-se à Secretaria de Logística e Transportes -
SELT, e seus órgãos supervisionados, especialmente o Departamento Autônomo de
Estradas e Rodagem – DAER e a Superintendência do Porto do Rio Grande - SUPRG. Por
sua vez, a Empresa Gaúcha de Rodovias S.A. – EGR é uma empresa pública que tem por
objeto social a conservação, a manutenção e a implantação de melhorias na malha
rodoviária do Estado sob sua responsabilidade, bem como o planejamento para a
expansão da capacidade dos serviços ofertados, de forma a qualificar a infraestrutura
rodoviária gaúcha.
A Lei do Orçamento de 2020, Lei nº 15.399/2019, bem como a Lei de
criação da EGR, relacionaram as principais atribuições para os citados órgãos da
Administração Indireta que atuam no setor. Deve-se observar que a Lei do Orçamento
ainda faz referência as atribuições da Fundação de Planejamento Metropolitano e

77
GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. Secretaria dos Transportes. Plano Estadual de Logística
de Transportes do Rio Grande do Sul. Relatório Final – Documento Síntese. P 18. Março de 2018. Disponível
em www.transportes.rs.gov.br. Acesso em 16/03/2018. O PELT foi financiado com recursos do Programa
Proredes/BIRD, Projeto 5590.

556
Regional – METROPLAN, autarquia extinta no início de 2017, a qual realizou execução
orçamentária neste ano, como será demonstrado. A tabela a seguir detalha as
atribuições:

PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES DOS ÓRGÃOS DA ADMINISTRAÇÃO INDIRETA NA ÁREA DE TRANSPORTE


ÓRGÃO PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES PREVISTAS (FUNÇÃO TRANSPORTE)

- Prestar apoio ao Conselho Estadual de Transporte Metropolitano Coletivo de Passageiro – CETM;


METROPLAN - Planejar, coordenar, fiscalizar e gerir o Sistema Estadual de Transporte Metropolitano Coletivo de
Passageiros - SETM da região metropolitana e das aglomerações urbanas;
- Executar o planejamento rodoviário;
- Estudos, projetos e desenvolvimento tecnológico rodoviário;
- Elaborar e expedir normas rodoviárias;
- Construir, operar e conservar rodovias;
- Conceder, permitir, autorizar, gerenciar, planejar e fiscalizar o transporte coletivo intermunicipal
de rodovias;
DAER - Controlar e otimizar o transporte de carga;
- Administrar as faixas de domínio público;
- Planejar e implantar os pedágios em rodovias (competência assumida pela EGR);
- Executar assessoramento técnico aos municípios;
- Policiar o trânsito em rodovias;
- Realizar outras atribuições determinadas pelo Poder Executivo.

- Administrar o Porto de Rio Grande, na qualidade de executor da Concessão da União ao Estado, e


como autoridade portuária executiva, coordenando e fiscalizando as diversas entidades atuantes
no Porto organizado nos termos da legislação federal;
- Propor o plano de desenvolvimento e zoneamento do Porto, submetendo-o a aprovação do
Conselho de Autoridade Portuária;
SUPRG - Transferir a terceiros, através de licitação e sob forma de arrendamento, áreas e instalações
portuárias destinadas a operações de cargas, descarga, armazenagem, ensilagem e frigorificação;
- Aplicar a legislação federal sobre os portos;
- Propor a revitalização de áreas ociosas do Porto do Rio Grande;
- Exercer quaisquer outras atividades compatíveis com a legislação portuária.

- Praticar todos os atos necessários para o cumprimento do seu objeto social;


- Fixar as tarifas de pedágio, seus reajustes e revisões, nos termos da legislação vigente;
- Planejar e gerenciar rodovias sob a sua administração;
- Promover estudos técnicos de engenharia, financeiros, jurídicos, econômicos, sociais, ambientais
e outros necessários para administração dos contratos de serviços e obras;
- Propor ao Poder Executivo Estadual alternativas técnicas e econômicas para melhoramento
contínuo da infraestrutura rodoviária, assim como a avaliação e os planos de exploração e
EGR
expansão da malha rodoviária;
- Cumprir e fazer cumprir as exigências contratuais e legais do Sistema Nacional de Trânsito, do
órgão executivo rodoviário e do órgão executivo de trânsito que lhe forem pertinentes;
- Planejar, executar, ampliar, remodelar, operar, manter e realizar obras e serviços nas rodovias sob
sua administração; e
- Executar atos administrativos e judiciais para fins de desapropriação de áreas necessárias para
aumento de rodovias sob sua administração."

Fonte: Orçamento Anual 2020 do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, Volume I. e Lei estadual nº 14..876/2016 (EGR)

Para a consecução das referidas atribuições, a Lei Orçamentária de 2020


destinou para o setor de infraestrutura de transporte do Estado a cifra de R$ 682,2
milhões, valor que, com as alterações promovidas posteriormente, foi acrescido em 5,4%,
atingindo a soma de R$ 718,8 milhões.

557
A próxima tabela demonstra a execução orçamentária das ações previstas
para os órgãos que detinham a atribuição de realização, no exercício de 2020, da Função
26 – Transporte.

FUNÇÃO 26 – TRANSPORTE - PARTICIPAÇÃO DOS SETORES E ÓRGÃOS - 2020


Em R$ milhões (nominais)
DOTAÇÃO DOTAÇÃO
SE- EMPENHADO LIQUIDADO PAGO
INICIAL AUTORIZADA
TOR/ÓRGÃO
(A) (B) % (B/A) (C) % (C/B) (D) %(D/C) (E) %(E/D)
AUTARQUIAS
DAER 460,55 486,57 399,49 319,41 293,99
SUPRG 114,69 124,69 105,01 96,48 93,45
DIRETA
SELT 92,70 84,02 23,82 16,65 15,78
FUNDACOES

14,25 23,50 19,71 19,67 19,23


METROPLAN
TOTAL GERAL 682,19 718,79 105,4 548,02 76,2 452,21 82,5 422,45 93,4
Fonte: Sistema Cubos DW da SEFAZ/CAGE e Sistema AFE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
Obs.: Valores ajustados com a dedução das despesas intraorçamentárias (Modalidade de Aplicação 91)

O percentual empenhado alcançou 76,2% da dotação autorizada, ou seja,


R$ 548,0 milhões. A participação da Administração Direta, R$ 23,8 milhões, correspondeu
a 3,5%, valor totalmente empenhado na Secretaria de Logística e Transportes. As
autarquias vinculadas à Função Transporte, DAER e SUPRG, por sua vez, responderam por
92,1%, valor correspondente a R$ 504,5 milhões. Deste valor, 79,2% (R$ 399,5 milhões)
foram destinados ao DAER e 20,8% (R$ 105,0 milhões) à SUPRG. Quanto à participação de
Fundações no valor empenhado na Função Transporte durante o exercício de 2020, os
valores identificados na tabela revelam que a METROPLAN registrou participação
correspondente a 3,6% (R$ 19,7 milhões).
Do mesmo modo, a despesa liquidada na Função, de R$ 452,2 milhões,
correspondeu 62,9% das despesas previstas na dotação alterada e a 82,5% da
empenhada.
Quando o cálculo se refere ao valor pago em relação ao empenhado, o
índice alcança 77,1%. Da mesma forma, entre o valor desembolsado e o liquidado o
resultado atinge 93,4%. Nesse aspecto, ressalta-se que a diferença do valor empenhado e
o valor pago (R$ 125,6 milhões) foi inscrito em Restos a Pagar.
Passa-se a analisar a representatividade da Função Transporte no total da
despesa realizada pelo Estado (empenhada e liquidada), tendo como foco os dados
registrados nos últimos cinco exercícios.

FUNÇÃO TRANSPORTE X DESPESA CONSOLIDADA DO ESTADO - 2020


Em R$ milhões (inflacionados*)
PART. % NA
DESPESA FUNÇÃO TRANSPORTE** DESPESA TOTAL DO ESTADO**
DESPESA TOTAL
EXERCÍCIO
EMPENHADO LIQUIDADO PAGO EMPENHADO
(A/D)
(A) (C) (D)
2016 848,62 742,50 678,11 43.743,60 1,94
2017 925,26 796,43 693,23 45.348,10 2,04

558
FUNÇÃO TRANSPORTE X DESPESA CONSOLIDADA DO ESTADO - 2020
Em R$ milhões (inflacionados*)
PART. % NA
DESPESA FUNÇÃO TRANSPORTE** DESPESA TOTAL DO ESTADO**
DESPESA TOTAL
EXERCÍCIO
EMPENHADO LIQUIDADO PAGO EMPENHADO
(A/D)
(A) (C) (D)
2018 1.055,73 995,54 903,36 49.034,80 2,15
2019 716,65 646,94 528,05 49.239,60 1,46
2020 548,02 452,21 422,45 47.846,50 1,15
Fonte: Sistema Cubos DW da SEFAZ/CAGE e Sistema AFE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Valores atualizados pelo IPCA-médio.
(**) Valores ajustados com a dedução das despesas intraorçamentárias (Modalidade de Aplicação 91): dupla contagem decorrente, especialmente, de recursos
empenhados pelos Poderes/Órgãos para o custeio de assistência médica e previdência ao IPERGS. Valores ajustados considerando a despesa total do
Estado sem as transferências aos municípios, em face da alteração nas normativas contábeis eme 2020 – ver nota explicativa.

Em valores constantes, a despesa liquidada na área de Transporte


(R$ 452,2 milhões) diminuiu 30,0% em relação aos gastos realizados em 2019.
O resultado obtido entre o total das despesas empenhadas pelo Estado
(R$ 47,8 bilhões) e as empenhadas especificamente na Função Transporte
(R$ 548,0 milhões) atingiu o índice de 1,15%, percentual inferior ao dos exercícios de
2016 a 2019, como evidencia o gráfico a seguir:

PERCENTUAL DOS VALORES EMPENHADOS NA FUNÇÃO TRANSPORTE


EM RELAÇÃO A DESPESA EMPRENHADA TOTAL DO ESTADO - 2000 A 2020

2,5

1,5

0,5

0
2016 2017 2018 2019 2020
Fonte: Sistema CubosDW
Obs.: a transferência de recursos aos municípios não está mais sendo contabilizada na despesa total do Estado, mas sim como diminuição de receita,
alteração ocorrida em 2020.

A tabela a seguir evidencia as origens dos recursos utilizados como suporte


para os empenhamentos das despesas realizadas na área de transporte no período de
2016 a 2020.

FUNÇÃO TRANSPORTE - ÓRGÃO X RECURSOS ORÇAMENTÁRIOS UTILIZADOS (EMPENHADOS) - 2016/2020


Em milhões de R$ (nominais)
2016 2017 2018 2019 2020
SETOR/ÓRGÃO % % % %
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR
17/16 18/17 19/18 20/19
SPH 39,85 11,25 -71,77 0,00 - 0,00 0,00
Recursos Livres Tesouro 25,95 7,23 0,00 0,00 0,00

559
FUNÇÃO TRANSPORTE - ÓRGÃO X RECURSOS ORÇAMENTÁRIOS UTILIZADOS (EMPENHADOS) - 2016/2020
Em milhões de R$ (nominais)
2016 2017 2018 2019 2020
SETOR/ÓRGÃO % % % %
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR
17/16 18/17 19/18 20/19
Demais Recursos 13,90 4,02 0,00 0,00 0,00
DAER 694,00 779,40 12,31 878,16 12,67 579,53 - 399,49 -31,07
Recursos Livres Tesouro 179,08 240,69 376,50 197,20 34,01 272,21
Recursos de Origem 63,66 74,86 63,49 34,23 50,72
Federal
Rec. de Operações de 333,71 375,87 316,29 188,93 2,18
Crédito Recursos
Demais 117,54 87,97 121,88 159,17 74,39
CCC´CCCre|Crédito
SUPRG 87,50 99,96 14,24 114,50 14,54 94,51 - 105,01 11,11
Recursos da Autarquia 87,50 97,80 114,50 94,51 17,46 105,01
Demais Recursos 0,00 2,16 0,00 0,00 0,00
SEINFRA / ST/SELT 16,04 22,52 40,41 46,74 107,51 21,69 - 23,82 9,82
Recursos Livres Tesouro 7,45 16,26 40,34 17,72 53,60 13,30
Demais Recursos 8,59 6,27 6,40 3,97 10,52
METROPLAN 11,23 12,13 8,01 16,33 34,72 20,93 28,12 19,71 -5,84
Recursos Livres Tesouro 10,38 10,99 16,04 20,64 17,86
Demais Recursos 0,84 1,13 0,29 0,29 1,84
Total Geral 848,61 925,26 9,03 1.055,73 14,10 716,65 - 548,02 -23,53
Fonte: Sistema AFE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE. Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS. Valores atualizados pelo IPCA médio 32,12

Os recursos empenhados na Função Transporte diminuíram 23,5% quando


(*) Valores Inflacionados pelo IGP-I/FGV – Médio.
OBS.: Recursos Livres: incluem os recursos do Tesouro-Livres (0001) e os recursos próprios de Autarquias e Fundações (7000, 7096, 8000, 8096), bem
se compara o exercício de 2020 com o de 2019. No DAER, essa diminuição foi de 31,1%.
como os de transposição do recurso geral, tais como os recursos 0002 a 0006

Os recursos federais, especialmente o da Contribuição sobre a Intervenção


de Domínio Econômico – CIDE alcançaram R$ 50,7 milhões em 2020, integralmente
alocados ao DAER. Esse valor representou um aumento de 48,2% dos valores da CIDE
alocados em 2019 (R$ 34,2 milhões).
Considerando-se o período 2010 a 2020, verifica-se uma pequena
diminuição percentual, -1,7%, na participação do Estado do Rio Grande do Sul na parcela
reservada aos Estados para a CIDE. Apresenta-se a evolução deste percentual com base
nos cálculos do TCU, nos termos da Lei nº 10.336/2001 e alterações. A participação do
Estado no consumo total de combustíveis no cálculo da CIDE com vigência em 2020 foi de
5,9%, correspondente a um volume de 8,30 bilhões de litros (base 2019).
Considerando-se a Decisão Normativa Nº 191/2021 (vigência em 2021,
base 2020), verifica-se uma queda no consumo de combustíveis no Estado de 6,9% entre
2019 e 2020 (de 8,30 para 7,73 bilhões de litros), decorrente, especialmente, da
diminuição da circulação de pessoas em decorrência da Pandemia do Covid19. Esta queda
foi levemente superior a registrada nacionalmente, a qual foi de 5,97% (de 140,1 para
131,8 bilhões de litros).

PARTICIPAÇÃO DO RIO GRANDE DO SUL NO TOTAL - CIDE - 2010/2020


Ano de Vigência % Decisão Normativa TCU
2010 5,69121948 105/2010
2011 5,59996774 112/2011
2012 5,65525353 120/2012
2013 5,55394939 125/2013
2014 5,52170362 136/2014
2015 5,54490311 142/2015

560
PARTICIPAÇÃO DO RIO GRANDE DO SUL NO TOTAL - CIDE - 2010/2020
Ano de Vigência % Decisão Normativa TCU
2016 5,52967118 149/2016
2017 5,66357618 158/2017
2018 5,54067977 165/2018
2019 5,52403380 174/2019
2020 5,59662497 181/2020
2021 5,57738197 191/2021
Fonte: TCU – http://portal.tcu.gov.br/comunidades/transferencias-constitucionais-e-legais/coeficientes-cide-combustiveis/

Os recursos das operações de crédito, especialmente do Proredes


BIRD/BNDES alcançaram R$ 2,2 milhões em 2020, valores inteiramente alocados ao DAER,
representando uma diminuição de 98,8% em relação a 2019, quando estes alcançaram
cerca 183,1 milhões de reais. Esta diminuição reflete o término dos respectivos contratos
de financiamento internacional. Menciona-se que o Projeto 3252 – Reabilitação e
Manutenção de Estradas Pavimentadas Estaduais (CREMA), o qual recebeu recursos,
entre os exercícios de 2015 e 2019, do Contrato de Empréstimo Nº 8.155-BR78 com o
Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD). A previsão inicial do
CREMA de USS 222,5 milhões foi inclusive ultrapassada, chegando-se a um valor total
executado de USS 258,9 milhões, em face da realocação de recursos.
A tabela, a seguir, evidencia os valores empenhados na Função Transporte,
incluindo a participação de cada uma das subfunções e a vinculação com as diversas
formas de atuação do Estado.

FUNÇÃO 26 – TRANSPORTES - PARTICIPAÇÃO DAS SUBFUNÇÕES - 2020


Em R$ milhões (nominais)
DOTAÇÃO DOTAÇÃO
SUBFUNÇÃO EMPENHADO % LIQUIDADO PAGO
INICIAL AUTORIZADA
0121 - PLANEJAMENTO E ORCAMENTO 2,71 2,22 1,37 61,87 0,75 0,56
0122 - ADMINISTRAÇÃO GERAL 202,28 194,30 149,27 76,82 145,96 135,74
0123 - ADMINISTRACAO FINANCEIRA 3,78 2,94 1,41 47,81 1,41 1,00
0126 – TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 11,05 11,69 10,47 89,54 9,43 9,01
0130 - ADMINISTRAÇÃO DE CONCESSÕES 0,01 0,00 0,00 - 0,00 0,00
0131 - COMUNICAÇÃO SOCIAL 2,23 1,61 0,84 52,23 0,72 0,72
0181 - POLICIAMENTO 18,63 17,97 16,04 89,22 10,35 10,23
0451 – INFRA-ESTRUTURA URBANA 0,00 1,31 0,00 0,00 0,00 0,00
0453 - TRANSPORTES COLETIVOS UR- 20,47 20,56 18,30 89,00 18,27 18,23
BANOS
0781 - TRANSPORTE AÉREO 69,02 70,32 12,00 17,07 4,84 4,51
0782 - TRANSPORTE RODOVIÁRIO 331,32 368,36 312,60 84,86 239,28 221,48
0784 - TRANSPORTE HIDROVIÁRIO 20,69 27,49 25,72 93,55 21,20 20,97
TOTAL GERAL 682,19 718,79 548,02 76,24 452,21 422,45
Fonte: Sistema Cubos DW da SEFAZ/CAGE e Sistema AFE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.

78
A Operação de Crédito foi do tipo Sector Wide Approch Program (SWAp), ou Programa de Abordagem
Setorial Ampla, compreendendo diversas finalidades e diferentes secretarias e órgãos de Estado

561
Considerando o valor orçado para a Função Transporte, acrescido das
alterações promovidas no exercício (R$ 718,8 milhões), a Subfunção 0782 – Transporte
Rodoviário foi responsável por 51,2% das dotações autorizadas, ou seja, R$ 368,4
milhões. A Subfunção 0784 – Transporte Hidroviário, vinculada às atribuições da SUPRG,
respondeu por 3,8% das dotações autorizadas (dotação inicial acrescida das
suplementações), valor correspondente a R$ 27,5 milhões.
As ações programadas para a área do Transporte Rodoviário foram as que
mais empenharam recursos na Função Transporte, sendo empenhado um total de R$
312,6 milhões, equivalente a 57,0% do total empenhado na Função.

10.2.1 – Transporte Rodoviário


O Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem – DAER, o qual possui
personalidade jurídica de direito público e autonomia administrativa, sendo responsável
por uma malha de 10.576 km de rodovias, da quais 7.252 km são pavimentados. O
Departamento respondeu pela aplicação dos valores empenhados na Subfunção
Transporte Rodoviário, a qual, em 2020, teve como principal fonte de recurso os do
Tesouro do Estado (R$ 272,2 milhões, um aumento de 42,4% em relação aos R$ 191,1
milhões de recursos próprios aplicados em 2019 - Recurso 0001).
Dentre os valores empenhados pelo Departamento na Subfunção
Transporte Rodoviário, R$ 312,6 milhões, destaca-se o projeto de conservação de
rodovias, com R$ 89,3 milhões, e o projeto de restauração e ampliação da ERS 118, com
R$ 63,4 milhões.

PROJETOS TRANSPORTE RODOVIÁRIO – 2020


Em R$ milhões nominais
ÓRGÃO/PROJETOS EMPENHADO LIQUIDADO PAGO
DAER
3151 - PAV. ACESSOS MUNICIPAIS 42,29 20,18 18,82
3152 - RESTAURAÇÃO AMPLIACAO ERS/118 65,39 61,29 59,35
3157 - CONSTRUÇÃO DE RODOVIAS 31,35 22,03 20,24
3158 - CONSTRUÇÃO E REPAROS OAE 1,55 1,44 1,44
3160 - CONSERVAÇÃO DE RODOVIAS 89,30 64,30 59,33
3162 - CONVENIOS MUNICIPAIS 17,00 12,40 11,05
3252 – RESTAURAÇÃO MANUTENÇÃO - CREMA 28,68 27,04 25,01
3273 - DESAPROPRIACOES 1,54 1,41 1,23
3278 – AMPLIAÇÃO CAPACIDADE RODOVIAS 2,27 2,00 2,00
3317 – DUPLICAÇÃO E AMPLIAÇÃO DE RODOVIAS 0,00 0,00 0,00
3387 - APOIO TEC FISC OBRAS DAER 22,35 21,87 17,92
4199 - GERENCIAMENTO FAIXA DOMÍNIO 0,01 0,01 0,01
4307 - PLANEJ. GERENC. RODOVIÁRIO ESTADUAL 4,03 1,41 1,30
4314 - TRANSP. COLETIVO INTERMUNICIPAL PASSAGEIROS 1,20 1,20 1,20
4315 - CONTRÔLE ELETRÔNICO DE VELOCIDADE 5,53 2,58 2,58
4316 - CONTROLE PESO RODOVIAS 0,01 0,01 0,01
7438 - ESTRADAS VICINAIS - CP 0,10 0,10 0,00
TOTAL GERAL 312,60 239,28 221,48
DESPESA TOTAL DO ESTADO 47.846,50

562
PROJETOS TRANSPORTE RODOVIÁRIO – 2020
Em R$ milhões nominais
ÓRGÃO/PROJETOS EMPENHADO LIQUIDADO PAGO
% SUBFUNÇÃO/TOTAL ESTADO 0,65
Fonte: Sistema Cubos DW da SEFAZ/CAGE e Sistema AFE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.

O Projeto de valor mais representativo foi o de Conservação de rodovias,


com R$ 89,3 milhões empenhados. Compete mencionar que o DAER realizou
levantamentos sobre a condição da malha rodoviária pavimentada em 2018/201979,
trabalho este contemplado no Programa PROREDES-BIRD80. O respectivo Relatório, em
síntese, identificou que a condição predominante é a ruim (≈55%), e que os principais
defeitos presentes são elevados níveis de trincamento, presença de panelas e reparos,
defeitos estes associados ao envelhecimento das rodovias e à manutenção aquém das
necessidades. Também verificou que 26% da malha encontram-se na condição regular e
que outros 19% estão em condições bom e ótimo. O Relatório pontua ainda que as
soluções preventivas ajudam a evitar a evolução de defeitos, o que demandaria
intervenções mais caras.
Os investimentos em novas obras representam parcela menor em relação
aos recursos totais. Excetuando-se a duplicação da RS118 (trecho Sapucaia do Sul –
Gravataí), principal obra rodoviária entregue em 2020, os recursos alocados nos projetos
orçamentários 3151-Acessos Municipais, 3157–Construção de rodovias e 3278-Ampliação
de Capacidade atingem apenas cerca de R$ 75,9 milhões, não se verificando despesas no
projeto 3317 - Duplicação de rodovias. Em relação a novas obras, cita-se que o PELT-RS
identificou a necessidade de investimentos, para o período de 2014-2039, de recursos do
orçamento do Estado, ou de concessões/Parcerias Público Privadas da ordem de R$ 11,6
bilhões, além dos necessários para a manutenção da malha rodoviária.

SUBFUNÇÃO TRANSPORTE RODOVIÁRIO X DESPESA CONSOLIDADA DO ESTADO - 2020


Em R$ milhões (inflacionados*)
DESPESA TOTAL PART. NA
EXERCÍCIO DESPESA SUBFUNÇÃO TRANSPORTE RODOVIÁRIO**
DO ESTADO** DESPESA TOTAL
% VALORES
EMPENHADO LIQUIDADO PAGO EMPENHADO
EMPENHADOS
2016 566,32 536,81 422,40 43.743,60 1,29
2017 660,80 626,97 474,08 45.348,10 1,46
2018 766,92 785,88 646,49 49.034,80 1,56
2019 473,58 454,78 331,47 49.239,60 0,96
2020 312,60 267,68 221,48 47.846,50 0,65

79
Os trabalhos de levantamento das condições das rodovias foram paralisados entre março e novembro de 2020 em
face da Pandemia de Covid-19.
80
Secretaria de Logística e Transporte. Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem. Diretoria de Gestão e
Projetos. Superintendência de Pesquisas Rodoviárias. Relatório da Condição da Malha Rodoviária Pavimentada a partir
de Levantamentos Realizados em 2018, de junho de 2019. Foram objeto de contratação a realização de levantamentos
da condição do pavimento, por meio de Levantamento Visual Contínuo de Defeitos (LVC), levantamento de dados de
Irregularidade Longitudinal (IRI), medidas de Afundamento de Trilha de Roda (ATR) e medidas de Deflexão do
pavimento com utilização de FWD, além da realização de Contagens de Tráfego Volumétricas Classificatórias.

563
SUBFUNÇÃO TRANSPORTE RODOVIÁRIO X DESPESA CONSOLIDADA DO ESTADO - 2020
Em R$ milhões (inflacionados*)
DESPESA TOTAL PART. NA
EXERCÍCIO DESPESA SUBFUNÇÃO TRANSPORTE RODOVIÁRIO**
DO ESTADO** DESPESA TOTAL
% VALORES
EMPENHADO LIQUIDADO PAGO EMPENHADO
EMPENHADOS
Fonte: Sistema Cubos DW da SEFAZ/CAGE e Sistema AFE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Valores atualizados pelo IGP-DI/FGV-médio.
(**) Valores ajustados com a dedução das despesas intraorçamentárias (Modalidade de Aplicação 91).
Obs.: a transferência de recursos aos municípios não está mais sendo contabilizada na despesa total do Estado, mas sim como diminuição de receita, alteração ocorrida
em 2020.

No que tange à participação da Subfunção Transporte Rodoviário no total


das despesas realizadas pelo Estado, os dados apresentados na tabela demonstram uma
diminuição na participação desta Subfunção em 2020, diminuindo de 0,96% em 2019 para
0,65% em 2020.
Vale mencionar que o PPA 2020-2023, Lei Nº 15.326 de 1º de outubro de
2019, no seu Programa RS INFRAESTRUTURA, o qual tem como foco temático a ampliação
e qualificação da infraestrutura e da logística do Estado, aponta que 30,47% das estradas
gaúchas não são pavimentadas. Dessa forma prevê, para o período 2020-2023, R$ 440,5
milhões para construção de acessos municipais, tarefa a cargo do DAER. O valor
empenhado em 2020 no Programa 3151 – Pavimentação de Acessos Municipais atingiu
R$ 42,29 milhões, ou seja, 9,6 % do previsto para o período do PPA.

10.2.2 – Recursos Vinculados aos antigos pedágios sob administração direta ou conce-
didos pelo DAER
As praças de pedágio na ERS 135 (Praça de Coxilha, criada em 1992), ERS
240 (Praça de Portão, de 1994) e ERS 239 (Praça de Campo Bom, de 1994) foram
administradas diretamente pelo DAER até 2012. A partir de 2013 sua administração foi
transferida para a Empresa Gaúcha de Rodovias S.A. – EGR. Entretanto, continuam a
constar do Balanço Geral do Estado os seus recursos vinculados, conforme tabela a
seguir:

SALDOS DOS RECURSOS VINCULADOS – ANTIOS PEDÁGIOS ESTADUAIS


Em R$ milhões (nominais)
Recurso Vinculado Posição 2019 Posição 2020
8017 - TARIFA PEDÁGIO - RS 135 19,4 19,4
8018 - TARIFA PEDÁGIO - RS 239 25,3 25,3
8019 - TARIFA PEDÁGIO - RS 240 42,3 42,3
Saldo vinculado a empenhar no próximo exercício 87,0 87,0
Fonte: BGE – Demonstrativos da Administração Indireta

O saldo a empenhar desses recursos, os quais tem origem na soma dos


saldos não utilizados desde sua criação, deve ser destinado à manutenção das respectivas
estradas e acessos municipais às mesmas, nos termos da Lei nº 14.152, de 20 de
dezembro de 2012. Este saldo de R$ 87,0 milhões vem permanecendo constante nos
últimos exercícios financeiros, constando nos Demonstrativos da Administração Indireta
do Balanço Geral do Estado.

564
Da mesma forma, durante a vigência do Programa Estadual de Concessão
Rodoviária – PECR, encerrado em 2013, as taxas de fiscalização pagas pelas
concessionárias foram contabilizadas sob a forma do recurso vinculado de número 8029 -
Participação na Remuneração de Serviços de Pedágio. Este recurso vinculado, no valor de
R$ 7,3 milhões, continua constando no Balanço Geral do Estado como um “saldo a
empenhar no próximo exercício”.

10.2.3 – Empresa Gaúcha de Rodovias


A Empresa Gaúcha de Rodovias – EGR foi criada a partir da Lei nº 14.033,
de 29 de junho de 2012 como uma sociedade anônima de capital fechado vinculada à
Secretaria de Logística e Transportes. A atuação da EGR alcança 908,5 km de rodovias
estaduais, administrando 14 praças de pedágio.

PRAÇAS DE PEDÁGIO E RODOVIAS CORRESPONDENTES


Praça Rodovia Extensão (km) Total (Km)
Três Coroas ERS-115 41,97 41,97
ERS-128 16,38
Boa Vista do Sul 74,59
RSC-453 58,21
Campo Bom ERS-239 75,54 75,54
Candelária RSC-287 72,03 72,03
Coxilha ERS-135 78,33 78,33
Cruzeiro do Sul RSC-453 29,83 29,83
ERS-129 59,28
Encantado 87,36
ERS-130 28,08
Flores da Cunha ERS-122 49,67 49,67
ERS-235 34,64
Gramado ERS-235 7,67 49,53
ERS-466 7,22
ERS-122 39,09
Portão ERS-240 33,58 79,78
RSC-287 7,11
ERS-020 21,87
São Francisco de Paula ERS-020 6,35 62,23
ERS-235 34,01
Santo Antônio da Patrulha ERS-474 32,64 32,64
Venâncio Aires RSC-287 76,62 76,62
ERS-040 83,61
Viamão 98,36
ERS-784 14,75
Extensão total (Km) 908,48
Extensão média por praça (Km) 64,89
Fonte: endereço eletrônico da EGR: www.egr.rs.gov.br

A Demonstração do Resultado do Exercício da EGR, publicado junto ao


BGE, aponta uma Receita Operacional Líquida de R$ 215,1 milhões, inferior em 9,5% em
relação a 2019, na qual esta alcançou R$ 237,6 milhões. A Receita Total da empresa foi de
R$ 272,1 milhões, correspondendo a uma perda de 8,9% em relação ao ano anterior.
O Custo dos Serviços Prestados e as Despesas Operacionais alcançaram
respectivamente R$ 174,9 e R$ 39,0 milhões, perfazendo um total de R$ 213,9 milhões

565
em 2020. Sobre o Custo dos Serviços Prestados, R$ 134,4 milhões referem-se à
manutenção e conservação de rodovias, R$ 37,2 milhões referem-se à arrecadação e
manutenção das instalações e R$ 3,3 milhões a Convênios, entre outros. Sobre as
Despesas Operacionais de R$ 39,0 milhões, R$ 29,3 milhões referem-se à despesas
administrativas e R$ 8,5 milhões a despesas com pessoal, entre outras.
No Balanço Patrimonial, as disponibilidades de caixa alcançam R$ 54,3
milhões, dos quais R$ 53,3 milhões referem-se a aplicações financeiras no SIAC. Ressalta-
se ainda que a Empresa, após o acréscimo das receitas e despesas financeiras, apresentou
um lucro de R$ 16 mil em 2020.
O Balanço da EGR informa, nas suas Notas Explicativas, a existência de
discussões, nas esferas administrativa e judicial, sobre a cobrança de IRPJ e CSLL, de
competência Federal, e do ISSQN, notadamente quanto à aplicação do princípio da
imunidade recíproca. Assim, sobre o IRPJ o Balanço informa a realização de depósitos
judiciais que totalizavam R$ 24,9 milhões no final de 2020, enquanto que as discussões
sobre o ISSQN, registradas em contas do passivo, alcançam R$ 69,2 milhões.
O Balanço da EGR nos últimos exercícios financeiros vem demonstrando
significativa quantidade de recursos em aplicações financeiras, realizadas no SIAC,
conforme se demonstra. Este percentual alcançou 19,6% em 2020.

APLICAÇÕES FINANCEIRAS
Receita Total Aplicação Financeira
Exercício % Aplicações/Receita
(R$ x 1.000.000) (R$ x 1.000.000)
2015 218,7 75,6 34,6
2016 215,8 73,7 34,2
2017 243,3 78,8* 32,4
2018 297,0 65,0 21,9
2019 298,8 44,9 15,0
2020 272,1 53,3 19,6
Em 2017 foi considerada a disponibilidade de caixa e não a aplicação no SIAC
Fonte: Pareceres Prévios: 2015 a 2019. BGE, -

10.2.4 – Novas Concessões Rodoviárias


A Rodovia RSC-287, entre Tabaí e Santa Maria, foi objeto de concorrência
internacional para fins de concessão mediante pedágio, sendo prevista a duplicação de
204,5 km. O período de concessão previsto é de 30 anos, sendo prevista a instalação de 5
praças de pedágio (três novas e duas já existentes, operadas pela EGR, a qual atualmente
é responsável por 149 km do trecho). A abertura dos envelopes ocorreu em 18 de
dezembro de 2020, sendo o termo de adjudicação e homologação publicado em fevereiro
do ano seguinte. O vencedor da Licitação foi o Consórcio Via Central, cuja empresa líder é
a Sacyr Concessões e Participações.
Observa-se que as duas praças que deverão ser transferidas à nova
Concessionária, Venâncio Aires e Candelária, foram responsáveis por 34,7% da receita
total da EGR em 2019.

10.2.5 – Transporte Hidroviário


Uma das atribuições da infraestrutura de transportes é a diminuição dos
custos logísticos, fator importante para garantir a competitividade do setor produtivo,

566
tanto do segmento exportador quanto do mercado interno. Visando este objetivo, é
importante a ampliação da participação do modal hidroviário no sistema, posto que esse
modal, para determinados produtos e rotas, possibilita um custo de transporte mais baixo
que o rodoviário81. Conforme o Relatório Síntese do PELT-RS, o Estado, no âmbito
brasileiro, pode ser considerado privilegiado por suas vias navegáveis, pois, à exceção da
Amazônia, é o único estado brasileiro que possui uma rede hidroviária navegável em
condições comerciais, interligada com um grande porto marítimo, no caso, Rio Grande.
As atividades vinculadas à SubFunção Transporte Hidroviário foram
exercidas pela Superintendência do Porto do Rio Grande – SUPRG, a qual possuía a
atribuição de coordenar o Programa Porto do Rio Grande – Portal Logístico do
MERCOSUL, cujos objetivos e ações buscam, além de operar e manter o porto e suas
instalações, desenvolver instrumentos capazes de proporcionar o aumento na capacidade
de movimentação de carga e atender ao cliente com segurança, qualidade e redução de
custos. Incorporou as funções desenvolvidas pela Superintendência de Portos e Hidrovias
– SPH, a partir da extinção desta em 2017.
Vale mencionar que o PPA 2020-2023, Lei Nº 15.326, de 1º de outubro de
2019, traz o Programa RS INFRAESTRUTURA, o qual tem, como um de seus objetivos, a
diminuição do custo logístico, por meio da integração intermodal. Assim, prevê a Ação
Programática Transportes: Integração e Otimização Intermodal, a cargo da Secretaria de
Logística e Transportes. Duas das iniciativas previstas são o Plano de Fomento a
Integração Intermodal e a Reestruturação dos Portos e Hidrovias do RS. Esta última
iniciativa, prevê, para o período 2020-2023, a transformação da SUPRG de Autarquia em
Empresa Pública, “assegurando-lhe autonomia administrativa e financeira para a sua
operação, visando garantir a manutenção da navegabilidade do sistema hidroviário,
mediante a viabilização dos serviços de dragagem e a sinalização náutica do canal de
acesso do complexo portuário de Rio Grande e da malha hidroviária, por meio de
parcerias com a União e com o setor privado, além da adequação dos calados e dos
berços de atracação dos Portos do RS.”. Entre as ações programas estão as dragagens do
canal de acesso ao Porto do RS (20.000.000 m3) e de hidrovias (9.555.876,6 m3) e a
instalação de um sistema integrado de gerenciamento de informações do tráfego de
embarcações dotado de tecnologia de monitoramento ambiental, ações que compõem a
Inciativa de Reestruturação dos Portos e Hidrovias do RS, com recursos orçamentários
previstos de R$ 40,0 milhões para os 4 anos.
Em 2020 o Porto do Rio Grande movimentou um total de 38.090 mil
toneladas de mercadorias, uma diminuição de 7,8% em relação as 41.303 mil toneladas
movimentadas em 2019.

81
A Pesquisa CNT da Navegação Interior de 2013 aponta que, enquanto uma embarcação consome 4,1 litros de
diesel para transportar uma tonelada de carga por 1.000 km, o modal ferroviário consome 5,7 litros e o rodoviário 15,4
litros, de modo que, garantida a escala para operação, a navegação interior é o modal mais eficiente em termos
energéticos. Um melhor aproveitamento do modal hidroviário pode, inclusive, reduzir a pressão sobre as rodovias,
diminuindo o volume de tráfego de caminhões pesados em longas distâncias, bem como reduzir as emissões de gases
de efeito estufa. Disponível em www.cnt.org.br. Acesso em 16/03/2018

567
PORTO DE RIO GRANDE
MOVIMENTAÇÃO TOTAL DE CARGA POR ANO – EM MIL TONELADAS

50.000

40.000

30.000

20.000

10.000

0
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Fonte: SUPRG: www.portosrs.com.br. Acesso em 04/05/2021

A SUPRG, em 2020, foi responsável pela realização de empenhos que


somaram R$ 25,7 milhões na Subfunção 0784 - Transporte Hidroviário, valor
correspondente a 4,7% do total das despesas empenhadas na Função Transporte que
montaram 548,0 milhões.

TRANSPORTE HIDROVIÁRIO – SURG – 2020


Em R$ milhões nominais
ÓRGÃO/PROJETOS EMPENHADO LIQUIDADO PAGO
SUPRG
3138 - DRAGAGEM CANAIS ACESSO 16,40 13,12 13,12
4567 - GESTAO AMBIENTAL PORTO 9,32 12,19 12,13
TOTAL SUBFUNÇÃO TRANSPORTE HIDROVIÁRIO 25,72 25,30 25,25
DESPESA TOTAL DO ESTADO 47.846,5
% 0,05%
Fonte: Sistema Cubos DW da SEFAZ/CAGE e Sistema AFE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.

Os valores empregados nesta Subfunção destinaram-se a Dragagem do


Canal de Acesso, conforme consta explicitamente no PPA, e a Gestão Ambiental do Porto
do Rio Grande. Na Tabela, a seguir, demonstra-se a participação da Subfunção 784 –
Transporte Hidroviário no total das despesas realizadas pelo Estado nos últimos cinco
anos.

SUBFUNÇÃO TRANSPORTE HIDROVIÁRIO X DESPESA CONSOLIDADA DO ESTADO - 2020


Em R$ milhões (inflacionados)*
DESPESA TOTAL PART. NA
DESPESA SUBFUNÇÃO TRANSPORTE HIDROVIÁRIO**
DO ESTADO** DESPESA TOTAL
EXERCÍCIO
% VALORES
EMPENHADO LIQUIDADO PAGO EMPENHADO
EMPENHADOS
2016 9,73 8,86 7,83 43.743,60 0,02
2017 18,53 8,66 8,09 45.348,10 0,04
2018 11,54 8,67 8,53 49.034,80 0,02

568
SUBFUNÇÃO TRANSPORTE HIDROVIÁRIO X DESPESA CONSOLIDADA DO ESTADO - 2020
Em R$ milhões (inflacionados)*
DESPESA TOTAL PART. NA
DESPESA SUBFUNÇÃO TRANSPORTE HIDROVIÁRIO**
DO ESTADO** DESPESA TOTAL
EXERCÍCIO
% VALORES
EMPENHADO LIQUIDADO PAGO EMPENHADO
EMPENHADOS
2019 10,30 5,68 5,23 49.239,60 0,02
2020 25,72 21,20 20,42 47.846,50 0,05
Fonte: Sistema Cubos DW da SEFAZ/CAGE e Sistema AFE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Valores atualizados pelo IPCA-médio.
(**) Valores ajustados com a dedução das despesas intraorçamentárias (Modalidade de Aplicação 91). . Valores ajustados considerando a despesa total do Estado
sem as transferências aos municípios, em face da alteração nas normativas contábeis eme 2020 – ver nota explicativa.

O percentual dos valores empenhados em 2020 na Subfunção Transporte


Hidroviário, R$ 25,72 milhões, aumentou em 150% relação ao ano anterior em valores
corrigidos pelo IPCA médio. A participação da Subfunção no Orçamento Geral do Estado
aumentou de 0,02% em 2018, para 0,05% em 2020.
Cabe mencionar que na SUPRG os principais recursos não foram
empenhados na Subfunção Transporte Hidroviário, mas na Subfunção Administração
Geral, cujos valores empenhados alcançaram R$ 71,6 milhões.

10.3 – Política de Publicidade e Propaganda Institucional do Poder Executivo Es-


tadual
A comunicação em sentido amplo é uma função essencial de governo, que
ganha ainda maior relevo em um cenário de transparência e de estímulo ao envolvimento
da sociedade com a administração da coisa pública. A comunicação institucional, para
além da divulgação das ações de governo e do cumprimento do princípio constitucional
da publicidade, tem também a finalidade de informar o cidadão e esclarecer sobre seus
direitos e responsabilidades frente ao Estado e à sociedade.
Nessa perspectiva, a Constituição Federal, em seu artigo 37, parágrafo 1º,
explicita que as atividades de divulgação, publicidade e propaganda promovidas pelo
Estado devem ser desenvolvidas no sentido de levar ao conhecimento da sociedade os
atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos, sempre com caráter
educativo, informativo ou de orientação social. O propósito da comunicação é, portanto,
possibilitar o maior nível de transparência dos atos da Administração Pública, pois
somente com a consecução desse pressuposto a sociedade estará apta para exercitar na
plenitude o controle sobre os atos de gestão e de governo. Daí a importância de abordar
esse tema como componente também central e estruturante do senso de boa
administração.
A Política de Comunicação do Poder Executivo está sob a responsabilidade
da Secretaria de Comunicação – Lei nº 15.246/2019, Anexo I –, cujas competências
alinham-se com o conceito de transparência em sentido mais amplo, a saber:

a) formular, coordenar e executar a política de comunicação do Poder Executivo, bem


como suas diretrizes de comunicação, tanto da Administração Direta quanto da
Administração Indireta;
b) coordenar o sistema de comunicação do Governo;

569
c) unificar a linguagem dos órgãos e das ações governamentais;
d) produzir e distribuir informações de interesse público referentes a atos e ações
governamentais;
e) formular, executar e acompanhar o Plano Anual de Publicidade e Propaganda
Governamental;
f) assessorar e orientar os eventos e as atividades institucionais de relações públicas dos
órgãos da Administração Estadual;
g) coordenar a elaboração, produção e distribuição de informações de interesse público,
por meio das redes sociais e dos canais digitais de comunicação;
h) monitorar todo e qualquer tipo de patrocínio, coordenando a divulgação e utilização
das marcas da Administração Direta e Indireta do Estado; e
i) administrar, executar e fiscalizar a publicidade do Governo, coordenando a divulgação
das demais áreas da gestão, envolvendo as atividades de agências de publicidade e
contratos pertinentes.

Assinala-se que as competências atuais da Secretaria de Comunicação são


idênticas àquelas estatuídas já pela Lei nº 14.733, de 15 de setembro de 2015, o que
sugere uma estabilidade de atribuições e continuidade dos processos de gestão de modo
que as atividades ali previstas e seus resultados possam ser verificados.
Do excerto do texto legal se depreende que a fiscalização das atividades
desenvolvidas com patrocínios e publicidades, implicando dizer a definição dos objetivos
de publicidade e propaganda, o acompanhamento e a avaliação das ações e dos gastos
correspondentes tendo em vista o interesse público, está entre as funções essenciais da
Secretaria.
O recorte de análise que se adota é o que segue:

a) Plano Anual de Publicidade e Propaganda Governamental;


b) Transparência dos dados (Constituição Estadual, art. 24, III)82.
c) Gastos com publicidade e propaganda: contratações e empenhamentos de
despesa;

10.3.1 – Plano Anual de Publicidade e Propaganda Governamental


Nesse contexto de comunicação institucional, destaca-se o Plano Anual de
Publicidade e Propaganda Governamental, previsto na alínea e do mesmo Anexo I, cuja
responsabilidade pela formulação, execução e acompanhamento cabe à pasta de
comunicação.
Dada a sua natureza e propósitos, a elaboração e a divulgação deste
documento – além de observância ao fundamental princípio da legalidade – concorrem

82
Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, art. 24, inciso III, quando trata da obrigatoriedade do
executivo publicar anualmente “relatório pormenorizado das despesas mensais realizadas pelo Estado e
pelas entidades da administração indireta na área de comunicação, especialmente em propaganda e
publicidade”.

570
para o cumprimento de compromisso formalizado no Mapa Estratégico de Governo 2019
–2020, mais precisamente em relação a “Aprimorar os mecanismos de transparência” das
ações de governo, previsto na dimensão de Governança e Gestão deste instrumento de
governo.
Em 2019, a SECOM informou que não havia elaborado o Plano Anual de
Publicidade e Propaganda Governamental, devido a edição do Decreto nº 54.870/19.
Sendo que uma nova portaria iria ser elaborada pela secretaria, definindo o conteúdo
mínimo do plano, quais prazos deverão ser observados na sua formulação e como se dará
sua execução e acompanhamento.
A referida portaria (Portaria SECOM nº 016/20) foi publicada no dia 16-09-
20, fato que ensejou a não realização de plano anual em tempo hábil no ano em análise.
Diante do exposto, entende-se que o tema deva constituir objeto de
posterior análise a fim de verificar o cumprimento da disposição legal atinente à
elaboração e divulgação do fundamental instrumento de gestão transparente das ações e
dos gastos, além de boa prática em relação à publicidade e propaganda governamental.

10.3.2 – Relatório de Transparência: Constituição Estadual, art. 24, III.


A Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, em seu art. 24, inciso III,
estabelece a obrigatoriedade do Poder Executivo publicar anualmente o “relatório
pormenorizado das despesas mensais realizadas pelo Estado e pelas entidades da
administração indireta na área de comunicação, especialmente em propaganda e
publicidade”.
O relatório pormenorizado das despesas mensais realizadas pelo Estado na
área de comunicação, especialmente em publicidade, está disponível para consulta no
endereço eletrônico: http://www.transparencia.rs.gov.br, ícone "gastos". Após, o
solicitante deverá determinar a posição, exercício, mês e fase a serem consultados.
Preenchidas essas informações, o requerente deverá selecionar a opção “gastos por
projeto”, selecionar Poder Executivo e, no campo de pesquisa, digitar Publicidade. Assim,
terá acesso a todas as informações sobre o assunto.
Neste particular, a despeito do esforço empreendido pelo Poder Executivo
em disponibilizar dados de forma analítica no referido portal, não se encontram ali os
relatórios de que trata a Constituição Estadual, seja em termos de operacionalização
(geração de relatórios pormenorizados, e não somente a apresentação dos dados), seja
em termos de finalidade, a de esclarecer o cidadão acerca das ações do poder público –
administração direta e indireta por imperativo constitucional – em matéria de publicidade
e propaganda. A administração deve apresentar relatório pormenorizado das despesas
mensais, que no contexto atual deve fazer transparecer de forma clara e consistente, em
linguagem acessível, por exemplo, não somente os gastos, mas sua motivação, propósito
e impacto. Nessa perspectiva, a disponibilização de ferramenta de consulta que permita a
busca de dados tal como se apresenta é acessória.
Diante do exposto, entende-se que a disponibilização da referida
ferramenta de consulta sobre gastos públicos, inclusive em matéria de publicidade e
propaganda, ainda que essencial, não atende ao dispositivo constitucional. Nesse sentido,
dada a relevância e a essencialidade deste relatório, que se sobressai em um contexto de
administração pública transparente, sugere-se que seja alertada a administração para que

571
observe o que a Constituição Estadual, estabeleceu já em 1989 – passados 30 anos,
portanto – em seu art. 24, inciso III, o que, entende-se, deva ser tomada como uma
oportunidade para inovar neste campo e aperfeiçoar a relação da administração com os
demais atores sociais, em particular com o cidadão.
Também neste ponto merece atenção o compromisso assumido e
formalizado no Mapa Estratégico, mais objetivamente o de “Aprimorar os mecanismos de
transparência” das ações de governo.
Assim, na esteira do que se propõe para o Plano Anual de Publicidade e
Propaganda Governamental, seja o tema objeto de posterior análise a fim de verificar o
cumprimento da disposição constitucional, também fundamental instrumento de gestão
e de transparência das ações e dos gastos com publicidade e propaganda governamental.

10.3.3 – Gastos com Publicidade e Propaganda: contratações e empenhamentos de


despesa
Nos próximos itens são delineados os procedimentos que devem ser
atendidos na seleção das agências, na aprovação das produções publicitárias contratadas,
nas comprovações das peças produzidas, do planejamento e contratação da mídia e do
recebimento do material publicitário.
Define-se que o Fiscal do Contrato é servidor do órgão ou de entidade
demandante, nomeado pelo ordenador de despesas para acompanhar a execução do
contrato devendo registrar em relatório todas as ocorrências, as deficiências, as
irregularidades ou as falhas porventura observadas na execução dos serviços, informando
à SECOM que tem poderes, entre outros, para notificar as contratadas, objetivando sua
imediata correção, nos termos do contrato.
Tais circunstâncias atendem ao antigo questionamento desta Corte de
Contas quanto à realização de monitoramentos e controles sobre as ações de
Comunicação do Executivo Estadual.
Quanto à contratação dos serviços de publicidade e propaganda, em 2019,
o Executivo Estadual permaneceu atuando de acordo com o homologado no processo
licitatório encerrado em agosto de 2016, expediente nº 2827-08.01/15-4.
As empresas vencedoras do processo licitatório para atuar na prestação de
serviços de publicidade para o Governo Estadual foram as seguintes:
- Pública Comunicação
- CPL Centro de Propaganda Ltda.
- Dez Comunicação Ltda.
- Agência Matriz Comunicação e Marketing Ltda.
- GlobalComm Comunicação e Marketing Ltda.
- SPR Comunicação Ltda.
Os contratos vigentes estão formalizados de acordo com as premissas
dispostas na Lei nº 12.232/10, diploma responsável por introduzir no cenário
administrativo as normas gerais para licitação e contratação de serviços de publicidade
prestados por intermédio das agências de propaganda.

572
Além de definir a abrangência do conceito de serviços de publicidade, a
Lei nº 12.232/10 dispôs que os contratos de serviços de publicidade deveriam ser
destinados somente às atividades especificadas como tal, ficando “vedada a inclusão de
quaisquer outras atividades, em especial as de assessoria de imprensa, comunicação e
relações públicas ou as que tenham por finalidade a realização de eventos festivos de
qualquer natureza, as quais serão contratadas por meio de procedimentos licitatórios
próprios, respeitado o disposto na legislação em vigor.”
A SECOM informou ainda, em resposta a requisição de documentos SAIPAG
28/2021, que encontra-se em andamento o processo licitatório para contratação de cinco
agências de publicidade (Processo Administrativo Eletrônico nº 19/0811-0000070-3), com
sorteio previsto para o dia 11-05-2021.
Sobre as despesas de publicidade obrigatória e institucional realizadas pela
Administração Estadual Direta e Indireta, excluindo as Empresas Estatais, o procedimento
adotado na elaboração deste trabalho para obtenção dos valores aplicados considerou as
despesas processadas e contabilizadas nos Projetos específicos de Publicidade, bem como
as contabilizadas em outros Projetos nas rubricas:
- 3029 - Material de Divulgação Promocional e Institucional;
- 3902 - Serviço de Divulgação Promocional e Institucional; e
- 3933 - Serviços de Divulgação Obrigatória.
O critério adotado para análise das despesas de publicidade na elaboração
deste Parecer Prévio não incluiu a rubrica 3934 – Serviços Gráficos, pois, embora ela
possa registrar algumas despesas características de publicidade, regularmente deve ser
utilizada para fim diverso, ou seja, para apropriar despesas correspondentes a serviços
gráficos em geral (reprografia, microfilmagem, encadernação, emolduração e talonários
para diversos expedientes, entre outros).
Considerando esses critérios, os gastos da Administração Direta (incluindo-
se os Poderes Legislativo, Judiciário e o Ministério Público), acrescidos dos realizados
pelas Autarquias e Fundações, resultaram num total de R$ 54,8 milhões durante o
exercício de 2020, o que representa um aumento de 42,9% em ralação ao ano anterior.

DESPESAS COM PUBLICIDADE E PROPAGANDA – ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA


Em R$ milhões nominais

PODER/ÓRGÃO 2019 PART % 2020 PART % Var 20/19 %

PODER EXECUTIVO 31,1 81,1% 45,9 83,9% 47,8%


Secretaria de Comunicação 13,4 35,0% 27,4 50,1% 104,5%
Secretaria da Saúde 1,8 4,6% 4,3 7,8% 143,2%
Autarquias e Fundações 14,4 37,6% 12,5 22,9% -13,1%
Demais órgãos 1,5 3,9% 1,7 3,1% 13,3%
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA 7,0 18,2% 8,4 15,3% 20,2%
TRIBUNAL CONTAS DO ESTADO 0,2 0,5% 0,4 0,7% 119,2%
TRIBUNAL DE JUSTICA 0,1 0,2% 0,0 0,1% -59,1%
TOTAL 38,3 100,0% 54,8 100,0% 42,9%
Fonte: Sistema Cubos DW/Sefaz-RS
Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG
Valores empenhados nas ribricas 3029, 3902 e 3933.

573
O Poder Executivo respondeu por 83,9 % da despesa pública empenhada
no ano de 2020. A SECOM foi responsável por 50,1% do total, enquanto as autarquias e
fundações foram responsáveis por 22,9% Em relação aos demais poderes, a Assembleia
Legislativa aplicou 15,3% do total em publicidade e propaganda.
Houve uma grande variação na comparação com 2019, especialmente nos
gastos da SECOM (aumento de 104,5%) e da Secretaria da Saúde (aumento de 143,2%),
fato este fortemente impactado pela pandemia da Covid-19. O Estado viu-se na obrigação
de alertar a população sobre todas as medidas de distanciamento controlado e restrições
ao comércio.
A seguir, são comparados os valores e a participação dos Órgãos e
Entidades da Administração Direta e Indireta (exceto as empresas estatais) no total de
recursos empenhados pelo Poder Executivo Estadual nos exercícios de 2015 a 2020,
obedecendo aos critérios propostos para a elaboração deste Relatório (rubricas 3029,
3902 e 3933).

DESPESAS COM PUBLICIDADE DO PODER EXECUTIVO ESTADUAL 2015-2020


Em R$ milhões (nominais)
ÓRGÃOS 2015 2016 2017 2018 2019 2020
DIRETA / RS GOVERNO DO ESTADO 7,6 20,2 31,3 22,7 16,6 33,3
SEC GOVERNANCA E GESTAO - - - - - 0,1
SEC MEIO AMBIENTE E INFRA 0,2 0,1 - 0,1 - 0,2
GOVERNO DO ESTADO 2,5 14,8 26,8 18,7 13,4 27,4
SECRETARIA CULTURA - - 1,5 0,2 - -
SEC. DA SEGURANCA PUBLICA 0,1 0,1 0,2 - - -
SEC DE PLANEJAMENTO - 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1
SECRETARIA DA FAZENDA 0,1 0,2 0,1 - - -
SAP 0,4 0,4 0,5 0,4 0,1 0,1
SEC DESEN ECON E TURISMO 0,0 0,1 0,1 - 0,2 0,8
SECRETARIA DA EDUCACAO 0,4 0,4 0,3 0,2 0,1 0,1
SECRETARIA DA SAUDE 2,9 1,7 1,0 1,7 1,8 4,3
SEC TRABALHO E ASS SOCIAL - 0,1 - - - 0,1
SECRETARIA DO TURISMO 0,3 1,8 - - - -
SEC MODERNIZ ADM E RH 0,4 0,2 0,1 0,3 - -
SEC JUSTICA - 0,1 0,6 1,0 0,8 0,1
SEC. DES. RURAL COOP - 0,0 0,1 - - -
AUTARQUIAS 5,9 6,1 11,1 13,6 14,3 12,3

574
DESPESAS COM PUBLICIDADE DO PODER EXECUTIVO ESTADUAL 2015-2020
Em R$ milhões (nominais)
ÓRGÃOS 2015 2016 2017 2018 2019 2020
INSTITUTO DE PREVIDENCIA DO ESTADO DO RS 0,0 0,0 0,1 0,0 - 0,0
DEPARTAMENTO AUTONOMO DE ESTRADAS DE RODAGEM 0,8 0,8 0,8 0,5 0,3 0,2
INSTITUTO RIOGR DO ARROZ 1,5 1,6 2,0 1,9 1,7 1,5
FUNDACAO ORQUESTRA SINFONICA DE PORTO ALEGRE 0,0 0,0 0,1 - - -
SUPERINTENDENCIA PORTO DE RIO GRANDE 0,6 0,5 0,6 0,8 0,5 0,7
AGENCIA ESTAD DE REGUL DOS SERVS PUBL DELEG RS 0,0 0,0 0,1 0,0 0,1 0,0
DETRAN 2,9 3,0 7,2 10,3 11,7 9,8
ESCRITORIO DE DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS 0,0 0,0 0,1 0,1 - 0,1
JUNTA COML INDL E SERVS DO RIO GRANDE DO SUL 0,1 0,1 0,2 - - -
FUNDACOES 1,6 1,8 1,4 0,1 0,2 0,2
FUNDACAO DE AMPARO A PESQUISA DO RGS - 0,2 0,1 - - -
FUND DE ATENDIMENTO SOCIO EDUCATIVO DO RS 0,2 0,1 0,1 - - -
FUND GAUCHA DO TRABALHO E ACAO SOCIAL 0,1 0,1 0,1 - - -
FUND DE CIENCIA E TECNOLOGIA 0,1 - - - - -
FUND DE ECONOMIA E ESTATISTICA - 0,1 - - - -
FUND DE PLANEJAMENTO METROPOLITANO E REG 0,2 0,2 0,1 - - -
FUND PARA DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS 0,1 0,2 0,0 - - -
FUND PIRATINI - 0,1 0,1 - - -
FUND DE ARTICULACAO E DESENVOLVIMENTO DE POLIT - - 0,1 - - -
FUNDACAO ESTADUAL DE PROTECAO AMBIENTAL 0,1 0,1 0,2 - - -
FUND ESTADUAL DE PESQUISA AGROPEC 0,1 0,1 - - - -
FUND ESTADUAL PRODUC E PESQUISA EM SAUDE FEPPS 0,2 0,2 - - - -
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL 0,4 0,3 0,4 0,1 0,1 0,1
FUND DE PROTECAO ESPECIAL DO RIO GRANDE DO SUL 0,1 0,1 0,2 - - -
TOTAL GERAL 15,2 28,1 43,8 36,4 31,0 45,8
Fonte: Sistema Cubos DW da SEFAZ/CAGE (valores empenhados nas rubricas 3029, 3902 e 3933)

Em 2020, observa-se aumento de 47,7% nas despesas de publicidade do


Executivo Estadual em relação ao ano anterior. Conforme já comentado, a publicidade
decorrente de avisos institucionais acerca da pandemia da Covid-19 acarretou este
aumento significativo. Na Administração Indireta, observa-se uma estabilização dos
gastos em publicidade, com os valores mantendo-se praticamente estáveis, inclusive com
uma pequena redução quando se analisa apenas as autarquias.
Ressalta-se, por oportuno, o fato da evolução das despesas com
publicidade apresentarem um dinamismo peculiar, ou seja, no primeiro ano de Governo
os executivos eleitos ainda não possuem identidade nem ações desenvolvidas para
apresentar à sociedade. A partir do segundo ano, com a necessidade de mostrar o que
está sendo feito e justificar o que pretende fazer, de acordo com o seu Plano de Governo,
o Executivo passa a aplicar mais recursos em ações de publicidade.
Porém, o ano de 2020 tende a ser atípico na análise de todo o tempo de
governo (quatro anos), pois a pandemia acarretou gastos extraordinários.
Por outro lado, mesmo regidas pela Lei nº 6.404/76, e por esse motivo
afastadas do cumprimento das fases da despesa pública (empenhamento, liquidação e
pagamento), as empresas públicas ou de economia mista podem ser consideradas como
braços operacionais do Executivo, logo devem atender às normas constitucionais
previstas para a realização das despesas com publicidade e propaganda no âmbito da
Administração Pública.

575
Como comentado anteriormente, a Portaria nº 01/2015 registra a
permanência do controle da SECOM sobre as ações de Comunicação promovidas pelas
sociedades de economia mista pertencentes à Administração Indireta do Governo
Estadual, havendo a necessidade de aprovação das SAACs – Solicitação de Autorização
para Ações de Comunicação correspondentes.
Em 2020, as despesas das companhias estatais com publicidade
institucional e legal, alcançaram o montante de R$ 53,4 milhões e R$ 3,4 milhões,
respectivamente, conforme dados fornecidos pela Secretaria da Comunicação, em
resposta à requisição de documentos da equipe de auditoria.

DESPESAS DAS COMPANHIAS ESTATAIS - PUBLICIDADE INSTITUCIONAL E LEGAL


Em R$ milhões (nominais)
PUBLICIDADE PUBLICIDADE TOTAL GASTO EM
INSTITUIÇÃO
INSTITUCIONAL LEGAL PUBLICIDADE
BANRISUL Grupo 42,9 1,3 44,2
BADESUL/CE/AF 0,8 0,2 1,0
CEASA/RS - 0,1 0,1
CEEE - 1,0 1,0
CORSAN 8,1 0,5 8,6
CRM - 0,1 0,1
PROCERGS - 0,1 0,1
EGR 0,5 0,0 0,5
SULGÁS 1,1 0,1 1,3
TOTAL 53,4 3,4 56,8
Fonte: Secretaria de Comunicação

Diante dos critérios estabelecidos para elaboração deste relatório, a tabela


a seguir apresenta a análise do conjunto das despesas realizadas pelo Estado do Rio
Grande do Sul nos últimos cinco anos.

DESPESAS COM PUBLICIDADE - ADMINISTRAÇÃO DIRETA, AUTARQUIAS, FUNDAÇÕES E ESTATAIS


EXERCÍCIOS DE 2015 A 2019
Em R$ milhares (nominais)
PODER
TOTAL GERAL
PODER DEMAIS TOTAL EXECUTIVO
ESTATAIS (Todos Poderes
EXECUTIVO PODERES EMPENHADO (Empenhado+Esta
+ Estatais)
EXERCÍCIO tais)
     
E=
A B C = A+B D F = C+D Anua
Anual Anual Anual Anual A+D Anual
l
2016 28,2 7,4 35,7 41,5 69,8 77,2
53,7
2017 44,0 55,7% 7,3 -1,4% 51,3 43,8% 67,4 62,2% 111,3 59,6% 118,7
%
-
2018 36,4 -17,1% 7,2 -1,6% 43,7 -14,9% 43,3 -35,7% 79,8 -28,3% 87,0 26,7
%
48,7
2019 31,0 -14,9% 7,2 0,0% 38,2 -12,5% 91,2 110,4% 122,2 53,2% 129,4
%
-
2020 45,9 48,0% 8,8 21,9% 54,7 43,1% 56,8 -37,7% 102,7 -15,9% 111,5 13,8
%
Fonte: Sistema Cubos DW da SEFAZ/CAGE (valores empenhados nas rubricas 3029, 3902 e 3933);
Informações fornecidas pela Secretaria de Comunicação

576
Observa-se que as despesas com publicidade em 2020, conforme já
comentado, tiveram crescimento principalmente na Secretaria da Saúde, em razão da
pandemia da Covid-19.

VALOR EMPENHADO COM PUBLICIDADE - ADMINISTRAÇÃO DIRETA, AUTARQUIAS, FUNDAÇÕES EXERCÍCIOS DE


2015 A 2020
Em R$ milhares (nominais)
EXERCÍCIO VALOR EMPENHADO (R$) Var MEDIA DA GESTÃO
2015 15,3 --
2016 28,2 84,6
31,0
2017 44,0 55,7
2018 36,4 -17,1
2019 31,0 -14,9
38,5
2020 45,9 48,0
Fonte: Sistema Cubos DW da SEFAZ/CAGE (valores empenhados nas rubricas 3029, 3902 e 3933);

10.3.4 – Atuação da Secretaria de Comunicação durante a pandemia da Covid-19:


Como bem já destacado no presente relatório, o ano de 2020 foi
fortemente afetado pela pandemia causada pelo vírus da Covid-19, alterando as formas
de trabalho, de convivência, sendo muito sentida na forma de comunicação entre as
pessoas.
Em termos financeiros, já restou demonstrado a ampliação dos gatos do
Rio Grande do Sul na área de publicidade, sendo importante então pontuar a atuação da
SECOM durante o ano de 2020, especialmente nos assuntos ligados a pandemia.
Desde os primeiros casos registrados no Estado, o governo viu-se na
obrigação de informar a população gaúcha, devida a importância de conscientização de
todos, Além das entrevistas coletivas, organizadas de forma virtual, houve atuação nos
seguintes assuntos e materiais (informações obtidas junto ao governo estadual):
• Série de vídeos sobre Distanciamento Controlado: 14 episódios (até
dezembro deste ano) que explicam tudo o que é necessário saber sobre o modelo. O
público-alvo é a imprensa e também a população, por isso, há uso de linguagem clara,
didática e informal.
• Podcast semanal Diálogo RS: série de entrevistas em áudio, cujos
episódios são publicados sempre às quintas-feiras, sobre assuntos diversos. De agosto a
dezembro, foram veiculados 20 episódios, dos quais quatro são sobre a Reforma
Tributária e três sobre o coronavírus e temas relacionados ao enfrentamento à doença.
• Série de programetes diários de rádio, enviados para o interior do Estado
sobre o coronavírus, também produzidos pelo Núcleo de Áudio e Vídeo da Secom.
• Oficina para jornalistas sobre o modelo de Distanciamento Controlado:
secretários diretamente envolvidos na elaboração e na execução do modelo ficaram à
disposição por duas horas para interagir diretamente com os jornalistas, respondendo
dúvidas por meio de videoconferência. A participação na oficina foi estendida aos
assessores de comunicação de todas as secretarias do governo do Estado.
• Newsletter diária, enviada ao mailing da imprensa, sobre ações de
combate ao coronavírus.

577
• Criação de grupos regionais de Whatspp com intuito de divulgar e dar
ênfase às ações locais.
• Ações de comunicação para a proposta de reforma tributária (cartilha
informativa, série de vídeos, entrevista e drops com o governador, live especial).
• Transmissões on-line de lançamentos, projetos e anúncios de governo.

578
11 SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA E
ENTIDADES CONTROLADAS
O presente capítulo tem como objeto a análise econômico-financeira das
sociedades de economia mista e entidades controladas, as quais totalizam 15 (quinze)
empresas.
Diversas funções de governo são desenvolvidas por essas entidades e, por
intermédio delas, o Estado intervém, supletivamente, na economia, buscando o equilíbrio
entre os interesses públicos e privados.
A análise combinada dos dados propicia examinar, em termos globais, a
variação dos valores ativos e passivos das instituições, incluindo seus desempenhos em
termos operacionais.
As entidades, a seguir arroladas, formam o universo deste tópico, cujo
exame econômico-financeiro foi efetuado com base nas demonstrações financeiras das
empresas, que integram o Balanço Geral do Estado de 2020, em seu Volume V.

SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA / ENTIDADE CONTROLADA SIGLA


Banco do Estado do Rio Grande do Sul S.A. Banrisul
Banrisul S.A. – Corretora de Valores Mobiliários e Câmbio Banrisul – Corretora
Banrisul S.A. – Administradora de Consórcios Banrisul – Consórcios
Banrisul Cartões S.A. Banrisul – Cartões
Banrisul Armazéns Gerais S.A. BAGERGS
Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Sul S.A. CEASA/RS
Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul PROCERGS
Companhia Riograndense de Mineração CRM
Companhia Riograndense de Saneamento Corsan
Caixa de Administração da Dívida Pública Estadual S.A. CADIP
Badesul Desenvolvimento S.A.– Agência de Fomento /RS Badesul – AF
Empresa Gaúcha de Rodovias EGR
Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul SULGÁS
Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica CEEE – D
Companhia Estadual de Geração e Transmissão de Energia Elétrica CEEE – GT

O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul - BRDE, autarquia


especial interestadual, instituído por convênio celebrado entre os Estados do Rio Grande
do Sul, Santa Catarina e Paraná, será analisado separadamente ao final deste capítulo,
haja vista que seu capital pertence aos três estados membros, na proporção de 33,33% a
cada um deles. O BRDE está registrado contabilmente no grupo Participações Societárias,
em “Empresas Diversas”, no Ativo Não Circulante.

11.1 – Análise do Balanço Patrimonial Combinado


A composição dos valores ativos e passivos das entidades integrantes do
grupo empresarial, no exercício de 2020, está assim demonstrada:

580
BALANÇO PATRIMONIAL COMBINADO – EMPRESAS E ENTIDADES
Em R$ milhões nominais
ATIVO PASSIVO
EMPRESA / ENTIDA- PATRIMÔNIO
DE CIRCULAN- NÃO NÃO LÍQUIDO
TOTAL CIRCULANTE TOTAL
TE CIRCULANTE CIRCULANTE
Banrisul * * 91.675,2 * * 83.331,2 8.344,1
Banrisul – Corretora 93,3 6,7 100,0 10,6 0,5 11,1 88,9
Banrisul - Consórcios 148,3 206,2 354,5 52,0 0,8 52,8 301,7
Banrisul – Cartões 3.075,9 107,0 3.182,9 1.877,8 9,8 1.887,6 1.295,3
BAGERGS 32,5 39,4 71,9 11,1 1,7 12,8 59,1
CEASA/RS 10,8 12,6 23,4 4,3 2,5 6,8 16,6
PROCERGS 74,6 120,1 194,7 108,8 127,4 236,2 (41,5)
CRM 142,9 251,6 394,5 60,8 32,8 93,6 300,9
Corsan 774,8 6.152,6 6.927,4 864,4 2.019,5 2.883,9 4.043,5
CADIP 221,4 0,2 221,6 - 0,3 0,3 221,3
Badesul 1.057,7 1.602,9 2.660,6 566,5 1.351,1 1.917,6 743,0
EGR 62,8 156,1 218,9 103,3 28,6 131,9 87,0
SULGÁS 173,4 204,0 377,4 177,9 9,4 187,3 190,1
CEEE - D 1.092,1 2.922,7 4.014,8 2.161,8 7.595,9 9.757,7 (5.742,9)
CEEE - GT 1.695,8 3.852,4 5.548,2 537,9 2.472,6 3.010,5 2.537,7
TOTAL GERAL 8.656,3 15.634,5 115.966,0 6.537,2 13.652,9 103.521,3 12.444,8
Fonte: Balanço Geral do Estado Volume V – 2020
*O Banrisul não divulgou o ativo e passivo separado em circulante e não circulante

Em termos de patrimônio total, destaca-se o Banco do Estado do Rio


Grande do Sul - Banrisul, o qual representa 79,1% de total de ativos. Juntamente com a
Companhia Riograndense de Saneamento – Corsan, a Companhia Estadual de Geração e
Transmissão de Energia Elétrica – CEEE – GT, a Companhia Estadual de Distribuição de
Energia Elétrica – CEEE – D, o Banrisul Cartões S.A e o Badesul Desenvolvimento S/A,
representa, em conjunto, 98,3% do total de ativos. Salienta-se que a CEEE-D apresenta
passivo a descoberto.
A evolução do Patrimônio Líquido das principais empresas no período de
2016 a 2020 é a seguinte:

PATRIMÔNIO LÍQUIDO 2015/2019


Em R$ milhões (corrigidos*)
∆%
EMPRESAS 2016 2017 2018 2019 2020
2020/2016
Banrisul
Vlr. Nominal 6.440,5 7.031,7 7.275,1 7.792,4 8.344,1 29,6%
Vlr. Inflacionado* 7.394,5 7.804,3 7.789,1 8.042,7 8.344,1 12,8%
∆ % inflacionada 5,5% -0,2% 3,3% 3,7%
CEEE-GT
Vlr. Nominal 2.181,7 2.324,3 2.372,6 2.432,8 2.537,7 16,3%
Vlr. Inflacionado* 2.504,9 2.579,7 2.540,2 2.510,9 2.537,7 1,3%
∆ % inflacionada 3,0% -1,5% -1,2% 1,1%
Corsan
Vlr. Nominal 1.908,9 2.014,0 2.142,5 2.400,3 4.043,5 111,8%
Vlr. Inflacionado* 2.191,7 2.235,3 2.293,9 2.477,4 4.043,5 84,5%
∆ % inflacionada 2,0% 2,6% 8,0% 63,2%
Banrisul Cartões
Vlr. Nominal 537,5 706,6 903,8 1.109,2 1.295,3 141,0%
Vlr. Inflacionado* 617,1 784,2 967,7 1.144,8 1.295,3 109,9%
∆ % inflacionada 27,1% 23,4% 18,3% 13,1%
Badesul

581
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 2015/2019
Em R$ milhões (corrigidos*)
∆%
EMPRESAS 2016 2017 2018 2019 2020
2020/2016
Vlr. Nominal 676,7 689,9 708,8 732,9 743,0 9,8%
Vlr. Inflacionado* 776,9 765,7 758,9 756,4 743,0 -4,4%
∆ % inflacionada -1,4% -0,9% -0,3% -1,8%
Fonte: Balanços gerais das sociedades (BGE 2020, volume V)
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS
(*) Valores Inflacionados pelo IPCA-Médio.

Em 2020, o Patrimônio Líquido do Banrisul atingiu R$ 8,34 bilhões, com


valor real estável 3,7% superior ao ano anterior. As principais movimentações no PL do
Banco estão relacionadas incorporação de resultados gerados, aos pagamentos de juros
sobre o capital próprio, ao remensuramento do passivo atuarial, em R$104,0 milhões,
referente aos benefícios pós-emprego, e aos ajustes de variação cambial sobre o
patrimônio de dependências no exterior em R$117,1 milhões.
Na comparação com o exercício de 2019, todas as empresas relacionadas
no quadro acima tiveram aumento em seus patrimônios líquidos, considerado a inflação,
com exceção do Badesul.
A Corsan teve um aumento de 63,2% em seu patrimônio líquido, fruto do
lucro líquido de R$ 1,81 bilhão em 2020, fato melhor explicado no item seguinte.
Em 2020, as alterações ocorridas no Patrimônio Líquido das empresas sob
controle do Estado, comparadas ao valor nominal de 2019, estão sintetizadas da seguinte
forma:

VARIAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO


Em R$ milhões nominais
EMPRESAS 2019 2020 ∆%
Banrisul 7.792,40 8.344,1 7,1%
Banrisul – Corretora 87,2 88,9 1,9%
Banrisul - Consórcios 268,4 301,7 12,4%
Banrisul – Cartões 1.109,20 1.295,3 16,8%
BAGERGS 52,8 59,1 11,9%
CEASA/RS 16,4 16,6 1,2%
PROCERGS (37,9) (41,5) 9,5%
CRM 307 300,9 -2,0%
Corsan 2.400,30 4.043,5 68,5%
CADIP 221,6 221,3 -0,1%
Badesul - AF 732,9 743,0 1,4%
EGR 87,2 87,0 -0,2%
SULGÁS 191,7 190,1 -0,8%
CEEE - D (3.690,3) (5.742,9) 55,6%
CEEE - GT 2.432,80 2.537,7 4,3%
Fonte: Balanço Geral do Estado Volume V – 2020
Cálculo: Equipe técnica SAICE/SAIPAG

Em relação às variações da conta Patrimônio Líquido, destaca-se o


aumento do PL da Corsan, já comentado anteriormente. Destaca-se também o aumento
do passivo a descoberto da CEEE – D, em razão do prejuízo de R$ 1,62 bilhão, o qual será
explicado no item a seguir.

582
11.2 – Análise da Demonstração do Resultado do Exercício Combinado
As atividades das diversas empresas do Governo Estadual geraram, em
2020, um lucro líquido de R$ 1,60 bilhão, demonstrado a seguir:

LUCRO LÍQUIDO DAS EMPRESAS/ENTIDADES – 2019 e 2020


Em R$ milhões nominais
SOCIEDADE/ENTIDADES LUCRO LÍQUIDO 2019 LUCRO LÍQUIDO 2020 VARIAÇÃO %
Corsan 301,2 1.814,4 502,4%
Banrisul 1.344,4 727,5 -45,9%
CEEE - GT 391,2 279,0 -28,7%
Banrisul – Cartões 271,6 244,7 -9,9%
SULGÁS 82,7 79,5 -3,9%
Banrisul - Consórcios 44,5 44,0 -1,1%
Badesul - AF 28,1 13,0 -53,7%
PROCERGS -39,5 11,7 -129,6%
BAGERGS 9,6 8,3 -13,5%
Banrisul – Corretora 3,8 2,1 -44,7%
CEASA/RS 0,3 0,2 -30,0%
EGR 0,4 - -100,0%
CADIP -0,0 -0,2 471,4%
CRM -8,9 -6,2 -30,3%
CEEE - D -1.082,5 -1.622,8 49,9%
TOTAL GERAL 2.080,4 1.595,2 -23,3%
Fonte: Balanço Geral do Estado Volume V – 2020
Cálculo: Equipe técnica SAICE/SAIPAG
Obs: Estão computados, na coluna “Resultado do Exercício”, as partcipações, nos casos existentes.

Entre as quinze empresas apresentadas na tabela anterior, doze delas


tiveram uma redução em seu lucro líquido, na comparação de 2020 com 2019. Este fato
está ligado a pandemia da Covid-19, a qual impactou o cenário econômico global.
Destaca-se positivamente, pelo lucro apresentado no exercício, a Corsan,
que apresentou 1,81 bilhão em 2020, contra R$ 301,2 milhões no ano anterior. O lucro
líquido de 2020 foi impactado positivamente pelo reconhecimento de R$ 1,4 bilhões a
título de tributos a recuperar no ativo não circulante em função do trânsito em julgado de
ação de imunidade tributária, sendo R$ 863,4 milhões reconhecidos como recuperação
de impostos pagos na rubrica de outras receitas e R$ 545,0 milhões como atualização do
valor na rubrica de receitas financeiras. A quantia envolve a repetição dos impostos
federais (IRPJ e ITR) entre 1988 e 2018, atualizados até dezembro de 2020.
Apesar de redução no lucro, também se destacam o Banrisul, a CEEE – GT e
o Banrisul – Cartões, com lucros líquidos de R$ 727,5 milhões, 279,0 milhões e R$ 244,7
milhões, respectivamente.
De outra banda, a CEE-D obteve um prejuízo de R$ 1,62 bilhão no ano em
análise, representando um aumento de 49,9% ante o prejuízo de R$ 1,08 bilhão no
período de 2019. Os motivos do prejuízo foram os seguintes: a redução de mercado e
maior inadimplência, efeitos diretos da pandemia; o acréscimo das despesas
operacionais, especialmente o incremento das provisões para contingências, resultante
do ingresso de novos processos de origem trabalhista e cível e da revisão de premissas
dos cálculos das provisões destes litígios; a elevação do resultado financeiro, em
consequência da inadimplência dos tributos (ICMS) e da variação cambial negativa dos
empréstimos e financiamentos em moeda estrangeira.

583
11.3 – Análise dos Indicadores Econômico-Financeiros das Sociedades de Econo-
mia Mista e Controladas
Tendo por base o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do
Exercício, segue análise de alguns índices que apontam o estado financeiro dessas
entidades em 31-12-2020. Para efeito de simplificação das contas, os valores estão
dispostos em milhões de reais e são utilizadas as siglas:
Apresenta-se, a seguir, um breve resumo acerca dos principais índices83:
a) Índice de Liquidez Corrente (ILC):
O ILC é considerado o índice mais importante, é calculado dividindo o valor
do Ativo Circulante com o valor do Passivo Circulante, sendo que seu quociente
representa o quanto a empresa dispõe, em valores imediatamente disponíveis ou direitos
conversíveis rapidamente em dinheiro, para saldar suas obrigações de curto prazo, ou
seja, o quanto a empresa dispõe em bens e direitos de curto prazo para fazer frente a
cada real de dívida de curto prazo.

b) Composição do Endividamento (CE):


Demonstra a relação das dívidas de curto prazo e a dívida total da
empresa. Deve-se dividir o valor do Passivo Circulante com a soma do passivo da
empresa.
c) Retorno do Patrimônio Líquido (ROE):
Dos indicadores financeiros, possivelmente o principal indicador de
rentabilidade utilizado por analistas de mercado é o ROE (Return On Equity), o qual visa
medir a taxa de retorno promovida pelo investimento de captação direta dos acionistas,
ou seja, esse indicador evidenciará para o investidor quanto a empresa gerou de retorno
em face ao que ela captou de seus próprios acionistas. Divide-se o Lucro Líquido obtido
pela empresa por seu Patrimônio Líquido, multiplicando o resultado por 100.

d) Retorno sobre os Ativos (ROA):


A função do ROA, que é mais um indicador extremamente importante na
análise financeiras das empresas, é mensurar quanto uma empresa obteve de lucro
líquido em relação à totalidade de seus investimentos, ou seja, demonstrar qual seu
potencial de geração de lucros. A fórmula do ROA consiste na divisão do Lucro Líquido
pelo valor total do Ativo da empresa.

O próximo quadro apresenta os índices apresentados anteriormente,


aplicados as sociedades de economia mista do Estado, consideradas individualmente e
combinadas.

83
Material retirado do artigo “Análise de Balanço: seus índices e indicadores”, do autor Rogério Pereira
da Silva, disponível no endereço eletrônico: https://contjet.com.br/artigos/indicadores-financeiros/

584
PRINCIPAIS ÍNDICES FINANCEIROS
EMPRESAS / ENTIDADES ILC CE ROE ROA
Banrisul * * 8,72 0,79
Banrisul – Corretora 8,80 0,95 2,36 2,10
Banrisul - Consórcios 2,85 0,98 14,58 12,41
Banrisul – Cartões 1,64 0,99 18,89 7,69
BAGERGS 2,93 0,87 14,04 11,54
CEASA/RS 2,51 0,63 1,27 0,90
PROCERGS 0,69 0,46 -28,19 6,01
CRM 2,35 0,65 -2,06 -1,57
Corsan 0,90 0,30 44,87 26,19
CADIP - - -0,09 -0,09
Badesul - AF 1,87 0,30 1,75 0,49
EGR 0,61 0,78 - -
SULGÁS 0,97 0,95 41,82 21,07
CEEE - D 0,51 0,22 28,26 -40,42
CEEE - GT 3,15 0,18 10,99 5,03
TOTAL GERAL 1,32 0,32 12,82 1,38
Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG
*O Banrisul não divulgou o ativo e passivo separado em circulante e não circulante

As companhias com os melhores índices de liquidez correntes foram o


Banrisul – Corretora (8,80), a CEEE – GT (3,15), BAGERGS (2,93) e Banrisul Consórcios
(2,85). As empresas PROCERGS, Corsan, EGR, Sulgás e CEEE – D obtiveram índices abaixo
de um.
Quanto à composição de endividamento, as maiores proporções de dívida
de curto prazo estão no Banrisul Cartões, Banrisul – Consórcios, Banrisul – Corretora e
Sulgás, com índices de 0,99, 0,98, 0,95 e 0,95, respectivamente. Já os menores índices, ou
seja, as empresas com a maioria das dívidas sendo de longo prazo estão na CEEE – GT
(0,18) e CEEE – D (0,22).
Já quanto ao retorno sobre o Patrimônio Líquido, destacam-se a Corsan e
Sulgás, com 44,87 e 41,82. De igual forma, as duas empresas obtiveram também os
maiores retornos sobre seus ativos, sendo a Corsan com 26,19 e a Sulgás com 21,07.

11.4 – Desempenho Financeiro e Operacional do Setor Empresarial


Dentre as principais empresas do Estado do Rio Grande do Sul, destacam-
se, a seguir, aspectos referentes aos seus investimentos e realizações.

11.4.1 – Banrisul
O Banco do Estado do Rio Grande do Sul - Banrisul é uma sociedade
anônima de capital aberto, controlada pelo Estado do Rio Grande do Sul. Como banco
múltiplo, atua nas carteiras comercial, de crédito, de financiamento e de investimento,
crédito imobiliário, desenvolvimento e arrendamento mercantil, inclusive nas de
operação de câmbio. Por intermédio de suas controladas e coligadas, atua em diversas
outras atividades, com destaque para corretagem de títulos e valores mobiliários,
administração de consórcios, meios de pagamento, seguros e previdência. As operações
são conduzidas por um conjunto de instituições que agem de forma integrada no
mercado financeiro. O Banrisul atua, também, como instrumento de execução da política
econômico-financeira do Estado, em consonância com os planos e programas do Governo
Estadual.

585
O capital social do Banco, em 31-12-2020, era de R$ 5,20 bilhões, subscrito
e integralizado, representado por 408.974.477 ações, sem valor nominal, como segue:

COMPOSIÇÃO SOCIETÁRIA DO BANRISUL -2020


AÇÕES AÇÕES
PARTICIPAÇÃO AÇÕES ORDINÁRIAS PREFERENCIAIS PREFERENCIAIS TOTAL
SOCIETÁRIA CLASSE A CLASSE B
QUANTIDADE % QUANTIDADE % QUANTIDADE % QUANTIDADE %
Estado do Rio Grande do Sul 201.225.359 98,13 751.479 54,5 - - 201.946.838 49,39
Administradores, 9
Conselheiros e Membros do 56 - 26 - 5.705 - 5.787 -
Comitê
Outros 3.839.426 1,87 621.586 45,3 202.530.840 100,00 206.991.852 50,61
TOTAL 205.064.841 100,00 1
1.373.091 100, 202.536.545 100,00 408.974.477 100,00
Fonte: BGE 2020– volume V, notas explicativas Banrisul. 00

Por força da pandemia da Covid-19, destaca-se a atuação do Banrisul para


mitigar os efeitos financeiros com a prorrogação dos vencimentos de dívidas
(reparcelamentos), concessão de limite extra de crédito, entre outras. Também apoiou
pessoas jurídicas, com linhas de crédito específicas.
Também em 2020 o banco aprovou o Programa de Desligamento
Voluntário – PDV, com custo de aproximadamente R$ 177,0 milhões.
As empresas controladas e coligadas são as seguintes: Banrisul Cartões S.A;
Banrisul S.A. Administradora de Consórcios; Banrisul S.A. Corretora de Valores Mobiliários
e Câmbio; Banrisul Armazéns Gerais S.A.; Banrisul Seguridade Participações S.A.; Banrisul
Icatu Participações S.A e Bem Promotora de Vendas e Participações S.A., cujos
investimentos, na posição de 31-12-2020, apresentaram o montante de R$ 1,91 bilhão
(R$ 1,64 bilhão em 2019) e geraram, no exercício, um resultado positivo de equivalência
patrimonial de R$ 359,4 milhões (R$ 385,4 milhões em 2019).
As captações em depósitos a prazo são realizadas com pessoas físicas ou
jurídicas, nas modalidades de encargos pós ou pré-fixados, os quais correspondem a
98,73% e 1,27% do total da carteira, respectivamente. A taxa média de captação para os
depósitos pós-fixados corresponde a 80,29% (31/12/2019 - 83,83%) da variação do CDI, e
para os pré-fixados 1,96% (31/12/2019 - 4,55%) ao ano. Do total de captações em
depósito a prazo, 64,16% (31/12/2019 - 64,04%) possuem registro de possibilidade de
resgate antecipado, cuja apropriação da despesa é efetuada pela taxa contratada para o
vencimento, desconsiderando descontos ou reduções, aplicados quando o resgate for
antecipado. As faixas de vencimento demonstradas não consideram a possibilidade do
resgate antecipado. As captações por meio de operações compromissadas - carteira
própria - no mercado aberto, realizadas com instituições financeiras, têm taxa média de
captação de 100% da variação do CDI.

586
DEPÓSITOS E CAPTAÇÕES NO MERCADO ABERTO – 2019/2020
Em R$ milhões (nominais)
COMPOSIÇÃO 2019 2020 ∆ % ANUAL
Depósitos 53.673,0 62.820,5 17,0%
À vista 3.237,9 4.300,6 32,8%
Poupança 9.622,2 11.065,6 15,0%
Interfinanceiros 457,1 1.478,8 223,5%
A Prazo 40.342,3 45.957,1 13,9%
Outros Depósitos 13,5 18,4 36,3%
Captação no Mercado Aberto 3.577,1 4.573,4 27,9%
Carteira Própria 3.577,1 4.573,4 27,9%
TOTAL 57.250,1 57.250,1 3,98
Fonte: Relatório de Demonstrações Financeiras do Banrisul, página 102.

Dentre as operações realizadas pelo Banco em 2019, destaca-se a captação


de recursos por depósitos bancários (R$ 62,82 bilhões), que variou positivamente em
17,0% em relação ao ano anterior. Esse registro, que se configura em uma obrigação com
o depositante, está dividido entre o Passivo Circulante e o Não Circulante
(R$ 26,50 bilhões e R$ 36,32 bilhões, respectivamente). No mercado aberto de capitais, o
valor de R$ 4,57 bilhões indicou um aumento de 27,9%, na comparação com 2019.
O saldo da carteira de operações de crédito (na qual são registradas as
liberações de empréstimos e financiamentos para clientes), abaixo demonstrado, em 31-
12-2020, era de R$ 37,61 bilhões. Verifica-se um aumento de 3,9% em relação a 2019,
decorrente principalmente do incremento da carteira de pessoas físicas, que registrou um
crescimento de 4,4%.

COMPOSIÇÃO DA CARTEIRA POR SETOR DE ATIVIDADE - 2018/2019


Em R$ milhões (nominais)
COMPOSIÇÃO 2018 2019 ∆ % ANUAL
Setor Privado 36.075,6 37.502,2 4,0%
Pessoas Físicas 27.355,3 28.550,0 4,4%
Pessoa Jurídica 8.720,3 8.952,2 2,7%
Educação, Saúde e outros 1.398,6 1.233,6 -11,8%
Alimentos, Bebidas 1.142,0 1.146,4 0,4%
Comércio atacadista 893,4 1.094,9 22,6%
Construção e Imobiliário 816,6 837,5 2,6%
Comércio Varejista - outros 622,0 784,3 26,1%
Financeiro e Seguros 449,8 338,7 -24,7%
Químico e Petroquímico 427,4 434,1 1,6%
Petróleo e Gás Natural 374,1 355,3 -5,0%
Automotivo 340,6 383,3 12,5%
Demais setores 2.255,8 2.344,1 3,9%
Setor Público 107,1 103,6 -3,3%
TOTAL 36.182,7 37.605,8 3,9%
Fonte: Relatório de Demonstrações Financeiras do Banrisul, página 25.

A seguir, demonstra-se o histórico do resultado líquido da Companhia nos


últimos cinco exercícios.

587
HISTÓRICO DO RESULTADO NOS ÚLTIMOS CINCO EXERCÍCIOS - 2016/2020
Em R$ milhões (nominais)
DISCRIMINAÇÃO 2016 2017 2018 2019 2020
Lucro Líquido apurado no Demonstrativo do Resultado do
659,7 1.053,0 1.048,6 1.344,4 727,5
Exercício
∆ % anual nominal 59,6 -0,4 28,2 -45,9
Fonte: Relatório de Demonstrações Financeiras do Banrisul de 2016 a 2020

O Banrisul, em 2020, alcançou o lucro líquido de R$ 727,5 milhões,


registrando uma queda de 45,9% em relação ao ano anterior.
Conforme consta no Relatório de Demonstrações Financeiras do Banrisul, o
lucro líquido de 2020 foi impactado em R$ 97,3 milhões por Programa de Desligamento
Voluntário líquido dos efeitos fiscais; enquanto o lucro de 2019 foi impactado, em R$ 70,6
milhões, por constituição de provisão trabalhista, reversão de provisões cíveis,
reestruturação de planos da Fundação Banrisul de Seguridade Social - FBSS, pelos efeitos
fiscais sobre esses eventos não recorrentes e por crédito tributário referente à Emenda
Constitucional - EC 103/2019. Todos esses eventos foram tratados, para fins de análise de
resultado, como não recorrentes.
Ainda conforme o referido relatório, o lucro líquido ajustado do ano de
2020 somou R$ 824,8 milhões e apresentou retração de 35,3% ou R$ 449,0 milhões em
relação ao lucro líquido ajustado do ano de 2019. O desempenho no período reflete,
especialmente, o maior fluxo de despesa de provisão para perdas de crédito em R$307,6
milhões; a diminuição da margem financeira em R$262,3 milhões; a redução das receitas
de prestação de serviços e de tarifas bancárias em R$87,1 milhões; a retração das
despesas administrativas ajustadas em R$195,0 milhões; aumentos das demais despesas
em R$133,2 milhões; e consequente menor volume de tributos sobre o lucro em R$ 104,1
milhões, refletindo a menor base tributária e a alteração na alíquota da CSLL a partir de
março de 2020, com reflexos na contribuição diferida e corrente, e menor volume de
participação no lucro e resultado.
No Relatório e Parecer Prévio das Contas do Governador de 2019, constou
um ponto específico sobre os atrasos no repasse das consignações ao Banrisul. Conforme
constou, foram cerca de R$ 50 milhões repassados com até 43 dias de atraso, para além
de outros repasses, envolvendo instituições diversas, o que aumenta ainda mais esse
montante. Após os devidos esclarecimentos do gestor estadual, o aponte foi afastado
pelo Conselheiro-Relator, que entendeu que “...a demora na quitação dos empréstimos
consignados decorreu diretamente do atraso no pagamento da folha, o que justifica a
ocorrência destacada pela equipe De fato, os descontos consignados dependem
invariavelmente do recebimento da remuneração pelo servidor. E, como bem pontuado
nos esclarecimentos, os vencimentos e os subsídios possuem caráter alimentar, de modo
que as retenções em referência só poderiam ocorrer quando do pagamento integral da
remuneração”.

11.4.2 – Badesul
O Badesul Desenvolvimento S.A. – Agência de Fomento/RS é uma
instituição financeira de capital fechado, constituída sob a forma de sociedade anônima
de economia mista, autorizada pela Lei nº 10.959, de 27-5-1997, alterada pela Lei nº

588
11.105, de 22-01-1998, e pela Lei nº 13.864, de 28-12-2011, cujo controle acionário é do
Estado do Rio Grande do Sul, que possui 99,99% do seu Capital Social, totalmente
integralizado e representado por ações ordinárias nominativas. Seu funcionamento foi
autorizado pelo Banco Central do Brasil, em 07-12-1998. Tem por objetivo fomentar o
desenvolvimento econômico e social do Estado do Rio Grande do Sul, por meio de
financiamento aos setores público e privado.
Seu Capital Social e seu Patrimônio Líquido, em 31-12-2020, apontavam
saldos de R$ 756,3 milhões e de R$ 743,0 milhões, respectivamente. O Capital Social da
instituição estava representado por 756,3 milhões de ações ordinárias nominativas, no
valor de R$ 1,00 cada uma.
A Agência de Fomento desembolsou, em 2020, R$ 447,8 milhões
destinados ao financiamento de projetos voltados ao desenvolvimento econômico e
social do Rio Grande do Sul, o que representa um acréscimo de 34,6% em relação aos R$
335,0 milhões liberados em 2019. Com isso, o saldo de operações ativas desta instituição
foi de R$ 1,95 bilhão em dezembro de 2020.
O resultado registrado pelo Badesul no exercício de 2019 foi de
R$ 13,1 milhões, representando uma queda de 53,4% em relação ao exercício anterior
(R$ 28,1 milhões).
Na carteira de operações de crédito, discriminada por setores de atividades
beneficiados por financiamentos, o setor privado é o que concentra o maior estoque.
Nessa esfera, houve um decréscimo de 6,6% em relação ao exercício anterior. A maior
representatividade reside nas operações rurais (R$ 808,6 milhões) e industriais
(R$ 444,1 milhões).

CARTEIRA DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, POR SETOR DE ATIVIDADE - 2019/2020


Em R$ milhões
DISCRIMINAÇÃO 2018 2019 ∆%
Setor Público Municipal 204,3 275,7 34,9%
Administração Direta 201,3 273,1 35,7%
Outros Serviços 3,0 2,6 -13,3%
Setor Privado 1.793,8 1.675,1 -6,6%
Pessoa Física 21,6 28,1 30,1%
Indústria 500,2 444,1 -11,2%
Comércio 84,1 75,9 -9,8%
Outros serviços 303,8 318,4 -64,0%
Rural 884,1 808,6 166,2%
TOTAL 1.998,1 1.950,9 -2,4%
Fonte: BGE 2020, volume V,parte 2. p. 5.

Em 2013, o Badesul aprovou e liberou um financiamento de R$ 50 milhões


para a empresa argentina Wind Power Energia para a construção de uma usina para
produção de energia eólica em Guaíba. O tomador do recurso não deu início às obras e
não devolveu nenhum valor ao Badesul. Além disso, também emprestou R$ 40 milhões
para “Iesa Óleo e Gás” e a empresa entrou em recuperação judicial, não tendo devolvido
o empréstimo para esta Agência de Fomento.

589
Em relação aos eventos acima relatados, essa Corte de Contas, tendo
identificado inconsistências em concessões de crédito, quando de sua auditoria ordinária
no Badesul, instaurou, em 2015, dois procedimentos de inspeção extraordinária para
examinar o período de 2012 a 2015, quanto a eventuais repercussões de firmatura de
“cédula de crédito bancário” com as empresas Wind Power Energia S/A (Processo 10326-
0200/15-9) e IESA Óleo & Gás S/A (Processo 10046-0200/15-8). Tais processos estão
sobrestados, até que sobrevenha decisão definitiva na Ação por Improbidade no Processo
n. 9047666-49.2018.8.21.0001, em curso perante a 7ª Vara da Fazenda Pública da
Comarca de Porto Alegre (consulta em 23-04-2021).
Conforme Notas Explicativas elaboradas pelo Poder Executivo, constantes
do Balanço Geral do Estado de 2020, seguem pendentes R$ 26,73 bilhões de recursos
Fundopem para aumento de Capital do Badesul. O valor representa a parcela de 30% dos
retornos de financiamento destinada ao aumento de capital do Badesul, conforme art. 15
da Lei Estadual nº 11.916/2003, alterado pela Lei Estadual nº 14.744/2015.
O assunto vem sendo apontado nos relatórios anuais desde 2015, sendo
que nos esclarecimentos das contas de 2019, foi citado pelo gestor que, a partir de
reunião realizada entre integrantes da Secretaria da Fazenda e da Secretaria de
Desenvolvimento Econômico e Turismo, identificou-se a necessidade de retomada do
trâmite do processo administrativo em questão, a fim de dar prosseguimento à solução
da pendência, com o início do pagamento nos moldes estabelecidos pela JUNCOF. Citou-
se que, na época, estava sendo aguardada a remessa do PROA 18/1600-0001548-0 à
Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo, pelo BADESUL, para
perfectibilização do empenho.

11.4.3 – Companhia Estadual de Geração e Transmissão de Energia- CEEE – GT


A CEEE – GT é uma sociedade anônima de capital aberto, sendo seu
acionista controlador o Estado do Rio Grande do Sul, por intermédio da CEEE – Par,
empresa detentora de 66,06% de seu capital total. É responsável pelas áreas de geração,
transmissão e comercialização de energia. Seu objeto social é projetar, construir e
explorar sistemas de produção (geração) e transmissão de energia elétrica, bem como
desenvolver atividades que visem à idêntica finalidade; a prestação de serviços de
natureza pública ou privada, no setor de energia elétrica; a exploração de sua
infraestrutura, com a finalidade de gerar receitas alternativas, complementares ou
acessórias, inclusive proveniente de projetos associados. Sua constituição formal ocorreu
em 26-11-2006, pela Assembleia Geral de Acionistas, originada do processo de
reestruturação societária da Companhia de Energia Elétrica do Rio Grande do Sul – CEEE.
A companhia possui 15 usinas hidrelétricas, com potência própria instalada
de 910,3 MW. Outros 356,41 MW são oriundos de participação em projetos realizados
em parcerias público/privada, somando potência total de geração de 1.266,71 MW. A
energia produzida pelas usinas destina-se ao suprimento do Sistema Integrado Nacional
(SIN) e os clientes da área de geração são empresas de distribuidoras, geradores e
comercializadores.
Na área de transmissão, a CEEE-GT possui 55 subestações próprias, sendo
45 de Rede Básica e 10 de Demais Instalações da Transmissão (tensões inferiores a 230
kV). A potência instalada própria é de 10758 MVA. Outros 1.296 MVA são oriundos de

590
participação em outros projetos realizados em parcerias público-privada (ETAU, FOTE e
TESB). A extensão total das linhas de transmissão próprias é de 5.937 km em tensões de
230, 138 e 69 kV, além de 371 km de linhas de transmissão em participações em SPEs.
Além disso, em dezembro de 2020, a CEEE-GT sagrou-se, de forma sozinha, vencedora do
Lote 6 do Leilão ANEEL nº 001/2020, sendo que desde o ano de 2002 a empresa não
participava de leilões desta natureza. Este Lote foi composto por trechos de linhas de
transmissão em 138kV e 230kV, que totalizam cerca de 4 km, e a Subestação
Cachoeirinha 3, com potência de 495 MVA, localizados no Rio Grande do Sul.
Os principais acionistas da CEEE – GT são a Companhia Estadual de Energia
Elétrica Participações – CEEE – Par, com 66,06%, e a ELETROBRÁS, com 32,65% das ações.
O restante de 1,29% das ações pertence a acionistas minoritários.
A CEEE - GT é controlada, diretamente, pela CEEE - Par e, indiretamente,
pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul, considerando sua ampla participação de
capital da CEEE - Par.
COMPOSIÇÃO ACIONÁRIA DA CEEE – GT EM 31-12-2020

PARTICIPAÇÃO AÇÕES ORDINÁRIAS AÇÕES PREFERENCIAIS TOTAL


SOCIETÁRIA QUANTIDADE % QUANTIDADE % QUANTIDADE %
CEEE – Par 6.380.821 67,11 1.087 0,71 6.381.908 66,06
ELETROBRÁS 3.067.035 32,26 87.639 57,17 3.154.674 32,65
Municípios 32.918 0,35 50.434 32,90 83.352 0,86
Custódia BM&F BOVESPA S/A 26.765 0,28 13.026 8,50 39.791 0,41
Outros 431 0,00 1.101 0,72 1.532 0,02
TOTAL 9.507.970 100,00 153.287 100,00 9.661.257 100,00
Fonte: BGE 2020 , volume V, p. 468

Em 04 de julho de 2019, foi aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado


do Rio Grande do Sul a Lei nº 15.298/2019, que autorizou o Poder Executivo do Estado do
Rio Grande do Sul a promover medidas de desestatização da Companhia Estadual de
Energia Elétrica Participações (CEEE-PAR), da Companhia Estadual 469 6 de Geração e
Transmissão de Energia Elétrica (CEEE-GT) e da Companhia Estadual de Distribuição de
Energia Elétrica (CEEE-D). No contexto de adesão ao Regime de Recuperação Fiscal, sobre
o qual o Estado do Rio Grande do Sul busca reorganizar-se financeiramente, a alienação
de ativos e participações, ao lado de outras medidas, tem o objetivo de ampliar receitas e
é condicionante para o acordo com a União, nos termos do art.2º, § 1º, da Lei
Complementar nº 159, de 19 de maio de 2017.
O contrato para estruturação do projeto para o processo de desestatização
da CEEE-GT foi assinado pelo acionista controlador, Governo do Estado do Rio Grande do
Sul, e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em 16 de
agosto de 2019. O BNDES está coordenando o projeto, que compreende estudos de
modelagem econômico-financeira, consulta e audiência pública, realização de leilão e
assinatura de contrato entre o setor público e a empresa vencedora. Além de prestar
assessoria jurídica e auxiliar na divulgação do projeto e na interação com o mercado para
a concretização da privatização. Em 31 de março de 2020, a Administração publicou Fato
Relevante, informando a acionistas e investidores que recebeu do Estado do Rio Grande

591
do Sul, controlador indireto da Companhia, notificação referente à intenção de realizar o
processo de cisão parcial, segregando os segmentos de geração e transmissão, em
consonância com o Processo de Desestatização da CEEE-GT, sendo que em 27 de
novembro foi emitido o CNPJ da empresa Geração, sob o número 39.881.421/0001-04.
Este processo integra o Planejamento Estratégico 2021-2025 e a expectativa é de que os
leilões de desestatização dos negócios de transmissão e geração sejam realizados,
respectivamente, no 1º e 2º semestres de 2021.

11.4.4 – Cia. Estadual de Distribuição de Energia Elétrica - CEEE – D


A CEEE – D, originada da reestruturação societária da CEEE em 2006, é uma
sociedade anônima de capital aberto, tendo como seu acionista controlador o Estado do
Rio Grande do Sul, por intermédio da CEEE – Par, que detém 65,87% do seu capital total.
Tem como objeto projetar, construir e explorar sistemas de distribuição de energia
elétrica; prestar serviços de natureza pública e privada no setor, bem como explorar a
respectiva infraestrutura para a prestação de outros serviços previstos em seu contrato
de concessão.
A Companhia Distribui energia elétrica para um terço do mercado gaúcho,
atendendo 26% do território do Estado. Está presente em 72 dos 497 municípios através
de 59,8 mil km de redes urbanas e rurais, levando energia elétrica a mais de 4 milhões de
pessoas em 1,76 milhão de unidades consumidoras. Atende também 364 consumidores
livres.
Apresenta-se, a seguir, a composição acionária da companhia no
encerramento de 2020:

COMPOSIÇÃO SOCIETÁRIA DA CEEE – D - EM 31-12-2020


PARTICIPAÇÃO AÇÕES ORDINÁRIAS AÇÕES PREFERENCIAIS TOTAL
SOCIETÁRIA QUANTIDADE % QUANTIDADE % QUANTIDADE %
CEEE – Par 6.375.347 66,99 1.087 0,66 6.376.434 65,87
ELETROBRÁS 3.067.033 32,23 87.638 53,44 3.154.671 32,59
Municípios 32.997 0,35 50.155 30,58 83.152 0,86
Custódia em Bolsa – B3 40.903 0,43 23.757 14.48 64.660 0,67
Outros 452 0,00 1.377 0,85 1.829 0,01
TOTAL 9.516.732 100,00 164.014 100,00 9.680.746 100,00
Fonte: BGE, volume V, p.298.

O número de unidades consumidoras faturadas em dezembro de 2020 foi


de 1.763.369, apresentando um crescimento de 1,15% sobre o mesmo período do ano
anterior.
A distribuição de energia elétrica da CEEE-D apresentou uma redução de
2,6% em relação a 2019, finalizando o ano com a distribuição de 7.780 GWh em
comparação a 7.990 GWh de 2019.
Em função da pandemia do COVID-19, observou-se uma diminuição no
número de unidades consumidoras industriais faturadas em dezembro de 2020,
demonstrando uma redução de 2.775 unidades consumidoras industriais, a queda mais
expressiva dos últimos oito anos.

592
CONSUMO FATURADO POR CLASSE
Em GWh
CLASSES 2018 2019 %
Residencial 3.026,22 3.148,44 4,0%
Industrial 432,44 329,65 -23,8%
Comercial 1.738,80 1.515,26 -12,9%
Rural 538,74 558,68 3,7%
Poder Público 326,67 267,01 -18,3%
Outros 503,56 500,51 -0,6%
Consumidores livres 1.423,57 1.461,30 2,7%
TOTAL 7.990,00 7.780,85 -2,6%
Fonte: BGE 2020, volume V, p. 363.

O mercado cativo da distribuidora reduziu 3,8% em relação ao mercado


verificado em 2019, encerrando 2020 com a distribuição de 6.319 GWh, contra 6.566
GWh realizada em 2019.
A redução total no consumo foi especialmente ocasionada pelas classes
industrial e poder público com quedas de 23,8% e 18,3%, respectivamente. Por outro
lado, o público residencial aumentou 4,0%. Estas variações estão fortemente vinculadas a
pandemia da Covid-19, e o modelo de trabalho remoto.
Em 04 de julho de 2019, foi aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado
do Rio Grande do Sul, a Lei nº 15.298, que autorizou o Poder Executivo do Estado do Rio
Grande do Sul a promover medidas de desestatização da Companhia Estadual de Energia
Elétrica Participações (CEEE-PAR), da Companhia Estadual de Geração e Transmissão de
Energia Elétrica (CEEE-GT) e da Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica
(CEEE-D). No contexto de adesão ao Regime de Recuperação Fiscal, sobre o qual o Estado
do Rio Grande do Sul busca reorganizar-se financeiramente, a alienação de ativos e
participações, ao lado de outras medidas, tem o objetivo de ampliar receitas e é
condicionante para o acordo com a União, nos termos do art. 2º, § 1º, da Lei
Complementar nº 159, de 19 de maio de 2017.
A proposta de desestatização da CEEE-D também está vinculada ao risco da
perda de Concessão, já que o 4º Termo Aditivo ao Contrato de Concessão firmado pelo
Estado do Rio Grande do Sul junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) trouxe
como condicionante para a renovação, dentre outros, o indicador de sustentabilidade
econômico-financeira. Havendo dificuldade por parte da Companhia em honrar esses
condicionantes e impossibilidade por parte do Governo do Estado do Rio Grande do Sul
em aportar recursos, pode ser utilizado o instituto disposto na cláusula décima segunda,
subcláusula oitava do 4º Termo Aditivo em questão, que dispõe sobre a possibilidade de
apresentação de um Plano de Transferência de Controle Societário.
Nesse contexto, foi autorizada a alienação ou transferência da participação
societária e de seus ativos, bem como do controle acionário do Estado do Rio Grande do
Sul na holding e nas suas subsidiárias, nas formas estabelecidas no art. 3º da Lei nº
10.607, de 28 de dezembro de 1995..
O contrato para estruturação do projeto para o processo de desestatização
da CEEE-D foi assinado pelo acionista controlador, o Governo do Estado do Rio Grande do
Sul, e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em 16 de

593
agosto de 2019. O BNDES está coordenando o projeto, que compreende estudos de
modelagem econômico-financeira, consulta e audiência pública, realização de leilão e
assinatura de contrato entre o setor público e a empresa vencedora, além de prestar
assessoria jurídica e auxiliar na divulgação do projeto e na interação com o mercado para
a concretização da privatização.
Na Assembleia Geral Extraordinária de 03 de setembro de 2020 a CEEE-
PAR, controladora da CEEE-D, deliberou pela alienação do controle acionário da
totalidade das ações detidas na Companhia. A realização da referida operação depende
de autorizações legais, societárias e regulatórias.
Em 16 de novembro foi divulgado fato relevante relativo ao valor
econômico mínimo da operação de R$ 50 mil e ao aporte de capital na CEEE-D de R$
3,363 bilhões, sendo: a) AFAC de R$ 270 milhões na data-base de 30 de junho de 2020; b)
R$ 2,78 bilhões relativo à parte do saldo de ICMS devido ao Estado do Rio Grande do Sul;
e c) R$ 313 milhões relativo aos ex-autárquicos. A eficácia dos aportes fica vinculada ao
êxito da desestatização da Companhia e sua aprovação pelo Conselho Administrativo de
Defesa Econômica e pela ANEEL. No dia 08 de dezembro de 2020 o Governo do Estado do
Rio Grande do Sul publicou o edital da venda do ativo.
O leilão ocorreu no dia 31 de março de 2021, na Bolsa de Valores de São
Paulo, a B3 S.A – Brasil, Bolsa, Balcão. A CEEE-D foi vendida para a holding Equatorial,
sendo que a proposta inicial, de R$ 100 mil foi a única válida no leilão. De acordo com o
governo do Estado, a transferência do controle da concessão para a Equatorial irá ocorrer
entre 60 e 90 dias.

11.4.5 – Corsan
A Companhia Riograndense de Saneamento – Corsan é uma sociedade de
economia mista e capital aberto, cujo objeto é realizar a construção, a operação, a
exploração mercantil e a ampliação de instalações concernentes aos serviços públicos de
fornecimento de água potável e coleta de esgotos sanitários, entre outras atividades.
O acionista controlador da Companhia é o Estado do Rio Grande do Sul,
que detém 99,99% do seu capital social. A composição societária pode ser assim
resumida:

COMPOSIÇÃO SOCIETÁRIA DA CORSAN - EM 31-12-2020


PARTICI- AÇÕES ORDINÁRIAS
AÇÕES PREFERENCIAIS CAPITAL TOTAL
PAÇÃO (Capital Votante)
SOCIETÁ-
QUANTIDADE % QUANTIDADE % QUANTIDADE %
RIA
Estado do
315.592.505 99,99999366271 315.592.505 99,99999366271 631.185.010 99,99999366271
RS
PM de
5 0,00000158432 5 0,00000158432 10 0,00000158432
Estrela
PM de
3 0,00000095059 3 0,00000095059 6 0,00000095059
Carazinho
PM de
São Mar- 2 0,00000063373 2 0,00000063373 4 0,00000063373
cos
PM de
2 0,00000063373 2 0,00000063373 4 0,00000063373
Muçum
PM de 2 0,00000063373 2 0,00000063373 4 0,00000063373

594
COMPOSIÇÃO SOCIETÁRIA DA CORSAN - EM 31-12-2020
PARTICI- AÇÕES ORDINÁRIAS
AÇÕES PREFERENCIAIS CAPITAL TOTAL
PAÇÃO (Capital Votante)
SOCIETÁ-
QUANTIDADE % QUANTIDADE % QUANTIDADE %
RIA
Rosário
do Sul
PM de
2 0,00000063373 2 0,00000063373 4 0,00000063373
Lajeado
PM de
2 0,00000063373 2 0,00000063373 4 0,00000063373
Quarai
PM de
Cerro 2 0,00000063373 2 0,00000063373 4 0,00000063373
Largo
TOTAL 315.592.525 100,00000000 315.592.525 100,00000000 631.185.050 100,00000000
Fonte: BGE 2020, volume V, p.284.

Visando acelerar a universalização do serviço de esgotamento sanitário nos


Municípios de Alvorada, Cachoeirinha, Canoas, Eldorado do Sul, Esteio, Gravataí, Guaíba,
Sapucaia do Sul e Viamão, a Corsan levou a mercado o projeto de parceria público-
privada. O contrato foi assinado em 24/03/2020 e a ordem de início foi dada em
03/04/2020. O projeto está em fase de operação assistida pela concessionária desde
01/12/2020. A operação exclusiva da concessionária tem início previsto para 01/06/2021.
Considerando o sucesso alcançado com o Leilão da PPP da Região
Metropolitana de Porto Alegre, a Corsan pretende replicar o modelo para outros
Municípios do Estado. Para tanto, contratou o BNDES para auxiliar na estruturação de
novos projetos. Em 13/07/2020, houve a reunião de kickoff do projeto entre Corsan,
BNDES e consórcio de consultores. O projeto envolve 41 municípios atendidos pela
Companhia e a modelagem abrange a operação e manutenção dos sistemas de
esgotamento sanitário, com execução de obras de infraestrutura, ampliações e melhorias
dos sistemas.
O governo do Estado anunciou no dia 18-03-21, a intenção de passar o
controle da Corsan à iniciativa privada. O governador Eduardo Leite apresentou o plano
de privatização da empresa pública, que envolve a abertura do capital na bolsa de
valores de São Paulo, a B3. Com oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês)
prevista até outubro, o Estado levantaria cerca de R$ 1 bilhão, conforme previsão do
Palácio Piratini. Parte desse recurso será utilizada para reforçar o capital da companhia e,
assim, aumentar o interesse de futuros compradores da empresa, disse Leite. A ideia é
ceder o controle da Corsan, com o governo mantendo cerca de 30% dos papéis.

11.4.6 – Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul – BRDE


O BRDE é uma instituição financeira pública constituída sob a forma de
convênio celebrado entre os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná e tem
por objeto servir de instrumento dos governos desses estados para o fomento das
atividades produtivas da região sul.
Assim como todas as empresas, foi fortemente afetado pela pandemia da
Covid-19. Com o intuito de minimizar, em parte, os efeitos da pandemia, o banco agiu na
operacionalização de três importantes eixos de atuação: o trabalho remoto dos seus

595
funcionários, o Programa Recupera Sul e a postergação do pagamento das parcelas de
seus clientes.
O resultado líquido do BRDE teve queda de 28,30% em 2020, alcançando
R$ 199,3 milhões (R$ 278,0 milhões em 2019). O ativo total atingiu o valor de R$ 16,65
bilhões, dos quais R$ 13,21 bilhões referem-se a operações de crédito (líquidas de
provisões). Por outro lado, as obrigações somaram R$ 13,55 bilhões e o patrimônio
líquido totalizou R$ 3,01 bilhões.
A carteira de crédito do BRDE fechou 2020 com R$ 13,61 bilhões (valores
brutos), sendo mais de 50% do saldo concentrado nos 100 maiores clientes.
O saldo do financiamento, por setor de atividade do projeto, estava
distribuído da seguinte forma ao final de 2020: a agropecuária respondia por 27,2%; a
indústria por 22,8% e o setor de infraestrutura representava 22,4% do total.

BRDE - CARTEIRA DE CRÉDITO POR SETOR DE ATIVIDADE - 2019/2020


Em R$ milhões (nominais)
CONTAS 2018 2019 ∆% ANUAL
Setor Público 352,8 476,7 35,1%
Administração Pública 226,0 469,1 107,6%
Indústria 126,8 7,6 -94,0%
Setor Privado 13.170,9 13.132,4 -0,3%
Agropecuária 4.142,6 3.696,2 -10,8%
Indústria 3.292,4 3.102,4 -5,8%
Infraestrutura 2.685,6 3.055,0 13,8%
Comércio 2.188,8 2.263,3 3,4%
Serviços 861,5 1.015,5 17,9%
TOTAL 13.523,7 13.609,1 0,6%
Fonte: Demonstrações financeiras do BRDE (2020), notas explicativas- item 7.5
Cálculo: Equipe Técnica da SAICE/SAIPAG.

596
12 TRANSPARÊNCIA, CONTROLE INTERNO E
SOCIAL
Reconhecido como um eixo central do bom governo, a transparência trans-
cende o fim em si para alcançar os temas da interlocução, da participação e do controle
da sociedade em relação aos atos da administração pública mormente no contexto con-
temporâneo. Em face disso, estes aspectos são aqui tratados de forma articulada. Esta
perspectiva integrada, a propósito, assenta-se no que dispõe a Resolução ATRICON nº
9/2018, que estabelece as Diretrizes de Controle Externo relacionadas à temática da
Transparência dos Tribunais de Contas e dos jurisdicionados.
A análise ora empreendida alinha-se à transparência assumida como valor
institucional do Tribunal de Contas do Estado – PET TCE 2018–202284 –, inclusive a pautar
suas funções finalísticas. Como desdobramento, no Plano de Gestão do TCERS 2020–
202185 está prevista a Iniciativa Estratégica nº 2 – Promover ações de fortalecimento dos
direitos fundamentais e do controle social –, que tem entre suas entregas a seguinte:

[...]

5 - Diagnósticos de conteúdos de Conselhos Sociais a serem incluídos nos pro-


cessos de contas anuais;
[...]

O escopo dessa análise é ampliado, ainda, para também incorporar a rele-


vante posição e atuação do controle interno – a Contadoria e Auditoria-Geral do Estado –
CAGE – como organismo facilitador da boa governança pública, conceito este aqui toma-
do em sua acepção mais ampla e consistente com a apreciação das contas anuais objeto
deste Relatório. A abordagem da atuação da CAGE no contexto do exame da transparên-
cia no âmbito do Poder Executivo assenta-se, também, no que dispõe a Lei Complemen-
tar nº 13.451/2010, em seu art. 2º, inciso XXXII:

Art. 2º São funções institucionais da Contadoria e Auditoria-Geral do Estado:


XXXII - promover ações com vista a assegurar a transparência das contas públi-
cas, estimulando a participação da sociedade no exercício do controle social;

O exame realizado em relação à CAGE também se orientou pelas disposi-


ções contidas na Resolução ATRICON nº 5/2014, atinente às diretrizes de atuação do Tri-
bunal de Contas em relação ao controle interno.
Avança-se, ainda, em relação à análise do cumprimento dos termos da
Constituição e da lei em sentido estrito, para estender o exame sobre outros instrumen-
tos de gestão, que também constituem compromissos do gestor em relação à sociedade,
em especial o planejamento estratégico. Nesta condição de interface, inclusive de comu-

84
http://www1.tce.rs.gov.br/portal/page/portal/tcers/institucional/qualidade/planejamento_estrategico/PET_Revista_
PDF-09.07.2019.pdf
85
http://www1.tce.rs.gov.br/portal/page/portal/tcers/institucional/qualidade/planejamento_estrategico/Plano%20Ges
t%E3o%202020-2021.pdf

598
nicação com a sociedade, estes instrumentos de gestão e de governo estão, portanto, em
sentido amplo, ao alcance do exame relativo às Contas de Governo.
Registra-se, inda, que este capítulo foi desenvolvido em estreita colabora-
ção entre o Serviço de Auditoria, Instrução, Parecer Prévio e Acompanhamento da Gestão
Fiscal – SAIPAG, os demais Serviços de Auditoria Estadual – SAE’s I, II e III. A análise enfoca
a estrutura, os processos e o substrato normativo regulamentador para evidenciar aspec-
tos limitadores que se impõem ao funcionamento e aos bons resultados das ações de
governo, a fim de subsidiar o chefe do Poder Executivo e demais gestores para a tomada
de decisão orientada para o aperfeiçoamento da Administração.
Nesse sentido, a Lei Estadual nº 15.246, de 02 de janeiro de 2019, em seu
Anexo I, vincula à Secretaria de Governança e Gestão Estratégica – SGGE, a seguinte com-
petência:
a) coordenar e monitorar a execução dos programas, projetos e ações
estruturantes do Governo e seus resultados, por meio da estrutura
técnica central e setorial, com o intuito de aumentar a transparência na
gestão;

Ressalta-se que a abordagem do tema transparência está intrinsecamente


relacionada com a participação e com o controle da sociedade sobre os atos da adminis-
tração, sua finalidade última. Essa interação sistêmica pode ser percebida também ao
analisar o Mapa Estratégico do Governo para o período de 2019 a 2022.86 Nesse sentido,
“Aprimorar os mecanismos de transparência” e “Promover a articulação regional e a par-
ticipação social” estão definidos entre os objetivos expressos no mapa na dimensão Go-
vernança e Gestão. Observa-se, portanto, que dois dos 19 (dezenove) objetivos contidos
no Mapa Estratégico do Governo 2019–2022 são transversais aos temas centrais deste
Capítulo: transparência, participação e controle social.

MAPA ESTRATÉGICO DO GOVERNO - 2019–2022

Desse modo, para além das diretrizes legais atinentes à matéria, a explici-
tação contida no mapa estratégico posiciona o tema da transparência e do controle, no-

86
Conforme consulta no portal institucional da Secretaria de Governança e Gestão Estratégica:
https://governanca.rs.gov.br/mapa-estrategico-2019 [Acesso em 09-04-2021].

599
tadamente o controle social entre as diretrizes fundamentais de governo para o período
de 2019–2022. Disso decorre que a manifesta vontade de governo demonstrada em
compromisso assumido e feito público – o Planejamento Estratégico – igualmente vincula
o administrador ao imperativo de acerca dela prestar contas.
Em consonância com a legislação que organiza o Poder Executivo e suas in-
tenções contidas no referido Mapa Estratégico, outros instrumentos de transparência e
estímulo ao controle social da gestão constituem objeto de análise deste capítulo, a sa-
ber:

a) os instrumentos referenciados na Lei de Responsabilidade Fiscal:


a. Relatório de Gestão Fiscal – RGF;
b. Relatório Resumido da Execução Orçamentária – RREO; e
c. Audiências Públicas para a elaboração das peças orçamentárias: (PPA, LDO e
LOA);

b) a atuação dos Conselhos Estaduais de Políticas Públicas:


a. Conselho estadual de Educação – CEEd;
b. Conselho Estadual de Assistência Social – CEAS; e
c. Conselho Estadual de Saúde – CES.

12.1 – Transparência: Gestão Fiscal

A transparência nas ações de governo é elemento fundante da gestão fiscal


responsável, nos termos do artigo 1º, § 1º da Lei Complementar nº 101/2000 – a Lei de
Responsabilidade Fiscal e alterações posteriores.

Art. 1º [...]
§1º A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e
transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar
o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de
resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que
tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade
social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive
por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a
Pagar. (Grifou-se).

Conforme disposto nos artigos 48, 48-A e 49 da Lei de Responsabilidade


Fiscal, com alterações trazidas pelas Leis Complementares nº 131, de 27 de maio de 2009
e nº 156, de 28 de dezembro de 2016, a exigência de transparência dos atos da
administração vem sendo ampliada para levar à sociedade informações em tempo real,
por meio eletrônico, relacionadas à execução orçamentária e financeira; o acesso de
informações referentes à despesa ou receita a qualquer cidadão; além da adoção de um
sistema integrado de administração financeira e controle, com um padrão mínimo de
qualidade.

600
Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada
ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos,
orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o
respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o
Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos.
§ 1º A transparência será assegurada também mediante:
I – incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante
os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes
orçamentárias e orçamentos;
II – liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em
tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e
financeira, em meios eletrônicos de acesso público; e
III – adoção de sistema integrado de administração financeira e controle, que
atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido pelo Poder Executivo da
União e ao disposto no art. 48-A.
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disponibilizarão suas
informações e dados contábeis, orçamentários e fiscais conforme
periodicidade, formato e sistema estabelecidos pelo órgão central de
contabilidade da União, os quais deverão ser divulgados em meio eletrônico de
amplo acesso público.
§ 3º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios encaminharão ao Ministério
da Fazenda, nos termos e na periodicidade a serem definidos em instrução
específica deste órgão, as informações necessárias para a constituição do
registro eletrônico centralizado e atualizado das dívidas públicas interna e
externa, de que trata o § 4o do art. 32.
§ 4º A inobservância do disposto nos §§ 2o e 3o ensejará as penalidades
previstas no § 2o do art. 51.
§ 5º Nos casos de envio conforme disposto no § 2o, para todos os efeitos, a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios cumprem o dever de
ampla divulgação a que se refere o caput.
§ 6º Todos os Poderes e órgãos referidos no art. 20, incluídos autarquias,
fundações públicas, empresas estatais dependentes e fundos, do ente da
Federação devem utilizar sistemas únicos de execução orçamentária e
financeira, mantidos e gerenciados pelo Poder Executivo, resguardada a
autonomia.
Art. 48-A. Para os fins a que se refere o inciso II do parágrafo único do art. 48,
os entes da Federação disponibilizarão a qualquer pessoa física ou jurídica o
acesso a informações referentes a:
I – quanto à despesa: todos os atos praticados pelas unidades gestoras no
decorrer da execução da despesa, no momento de sua realização, com a
disponibilização mínima dos dados referentes ao número do correspondente
processo, ao bem fornecido ou ao serviço prestado, à pessoa física ou jurídica
beneficiária do pagamento e, quando for o caso, ao procedimento licitatório
realizado;
II – quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda a receita das
unidades gestoras, inclusive referente a recursos extraordinários.
Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo ficarão
disponíveis, durante todo o exercício, no respectivo Poder Legislativo e no

601
órgão técnico responsável pela sua elaboração, para consulta e apreciação
pelos cidadãos e instituições da sociedade.

Em atendimento ao artigo 59 da LC nº 101/2000, na Resolução


nº 1089/2018 e na Instrução Normativa nº 04/2018 foi realizada avaliação dos
dispositivos da LRF no âmbito do Poder Executivo do Estado do RS referente ao
encerramento do exercício financeiro de 2019, na qual foram consideradas as Análises de
Acompanhamento da Gestão Fiscal do 1º, 2º e 3º quadrimestres, efetuadas
preliminarmente a este Relatório, para fins de emissão de alertas, no cumprimento da
competência de fiscalização da Gestão Fiscal por este Tribunal de Contas.
A publicação dos Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária e dos
Relatórios de Gestão Fiscal, nos termos dos artigos 52 e 55, § 2º, da Lei Complementar nº
101/2000, incluindo a entrega desses e dos demais documentos exigidos por esta Corte
de Contas (Resolução nº 1.133/2020), foram assim efetuadas:

RREO – RELATÓRIO RESUMIDO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA (BIMESTRAL) - PODER EXECUTIVO

Publicação Entrega Dias de Atraso


Prazo de Prazo de
Prazo de
Mês Publicação Data da Entrega
Período Publicação Data da
Ref. art. 55,§ Publicação Resolução Publicação Entrega
art. 224 Entrega
2º, (**) 1133/2020
do CPC (*)
da LRF Anexo I
1º B/2020 Fev/20 30-03-2020 31-03-2020 26-03-2020 30-03-2020 30-03-2020 - -
2º B/2020 Abr/20 29-05-2020 02-06-2020 28-05-2020 29-05-2020 26-05-2020 - -
3º B/2020 Jun/20 30-07-2020 30-07-2020 30-07-2020 30-07-2020 28-07-2020 - -
4º B/2020 Ago/20 30-09-2020 30-09-2020 30-09-2020 30-09-2020 28-09-2020 - -
5º B/2020 Out/20 30-11-2020 01-12-2020 26-11-2020 30-11-2020 26-11-2020 - -
6º B/2020 Dez/20 30-01-2021 31-01-2021 28-01-2021 03-02-2021 29-01-2021 - -
(*) De acordo com o Código de Processo Civil (art. 224), na contagem de prazo de início e término deverá ser observado o dia útil.
(**) Publicado no Diário Oficial do Estado.

RGF – RELATÓRIO DE GESTÃO FISCAL (QUADRIMESTRAL) - PODER EXECUTIVO


Publicação Entrega Dias de Atraso
Prazo de Prazo de
Mês Prazo de
Período Publicação Data da Entrega
Ref. Publicação Data da
art. 55,§ Publicação Resolução Publicação Entrega
art. 224 Entrega
2º, (**) 1133/2020
do CPC (*)
da LRF Anexo I
1º Q/2020 Abr/20 29-05-2020 02-06-2020 28-05-2020 29-05-2020 26-05-2020 - -
2º Q/2020 Ago/20 30-09-2020 30-09-2020 30-09-2020 30-09-2020 28-09-2020 - -
3º Q/2020 Dez/20 30-01-2021 31-01-2021 28-01-2021 03-02-2021 29-01-2021 - -
(*) De acordo com o Código de Processo Civil (art. 224), na contagem de prazo de início e término deverá ser observado o dia útil.
(**) Publicado no Diário Oficial do Estado.

602
Registra-se, ainda, que o acompanhamento das publicações desses
Relatórios (RGF e RREO) e do cumprimento dos limites da despesa com pessoal é
relevante para a emissão de certidão por este Tribunal, atendendo ao disposto na
Resolução nº 1089/2018, na Instrução Normativa nº 04/2018 e segundo as exigências do
Manual para Instrução de Pleitos – MIP, da Secretaria do Tesouro Nacional.
O acompanhamento realizado e a análise dos conteúdos, dos prazos e da
forma de publicação permite afirmar que o Poder Executivo procedeu à publicação e à
entrega da documentação dentro dos prazos e condições estabelecidos em correta
observância dos preceitos legais e parâmetros de transparência.

12.2 – Controle Interno: Contadoria e Auditoria-Geral do Estado do RS – CAGE


A Contadoria e Auditoria-Geral do Estado – CAGE integra a estrutura
organizacional da Secretaria de Estado da Fazenda – SEFAZ, e tem como função essencial
zelar pela boa utilização dos recursos públicos em consonância com os princípios e
orientações constitucionais e legais. O exame sobre a atuação do controle interno
realizado pela CAGE fundou-se também nas diretrizes definidas pela Resolução ATRICON
nº 5/2014, atinente à atuação do Tribunal de Contas em relação ao controle interno.

12.2.1 Substrato constitucional e legal de atuação


O controle interno constitui função essencial da administração pública e
tem assento no art. 74 da Constituição da República Federativa do Brasil, sendo sua
integração com o controle externo exercido pelo Tribunal de Contas também fixado no
mesmo dispositivo – Art. 74, §1º.

Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma


integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução
dos programas de governo e dos orçamentos da União;
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência,
da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da
administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por
entidades de direito privado;
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como
dos direitos e haveres da União;
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.
§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de
qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas
da União, sob pena de responsabilidade solidária.
§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima
para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o
Tribunal de Contas da União.

O controle interno da administração pública estadual tem como Órgão


central a Contadoria e Auditoria-Geral do Estado – CAGE, consoante previsto no art. 76 da
Constituição Estadual.

603
Art. 76. O sistema de controle interno previsto no art. 74 da Constituição
Federal terá, no Estado, organização una e integrada, compondo órgão de
contabilidade e auditoria-geral do Estado, com delegações junto às unidades
administrativas dos três Poderes, tendo sua competência e quadro de pessoal
definidos em lei.
Parágrafo único. Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem
conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência, sob
pena de responsabilidade, ao Tribunal de Contas do Estado, o qual comunicará
a ocorrência, em caráter reservado, à Mesa da Assembleia Legislativa87.

No plano infraconstitucional, a Lei Complementar nº 13.451/2010, que


estabeleceu a lei orgânica da Contadoria e Auditoria-Geral do Estado – CAGE, constituída
como Subsecretaria da Pasta Fazendária, estabelece suas competências institucionais
atinentes ao exercício do controle interno no âmbito da administração pública do Estado
do Rio Grande do Sul, com atuação em todos os poderes e órgãos da administração direta
e entidades da administração indireta.

12.2.2 Estrutura Organizacional


A estrutura organizacional interna da Contadoria e Auditoria-Geral do
Estado – CAGE está representada conforme o organograma abaixo.

88
Fonte: https://cage.fazenda.rs.gov.br/conteudo/1217/apresentacao

Em termos de atuação opera também de forma descentralizada segundo


unidades seccionais junto às secretarias do Poder Executivo e demais poderes e órgãos
autônomos. A atividades assim desenvolvidas viabiliza especialmente os controles prévio

87
Com redação dada pela Emenda Constitucional nº 4, de 15 de dezembro de 1993.

88
Acesso em 30/04/2021.

604
e concomitante, da execução da despesa e captação das receitas, que se soma à ação
controladora a posteriori, esta intensamente articulada com o controle externo.
Ainda sobre as atividades desenvolvidas, a CAGE atua no assessoramento e
orientação dos gestores, apoiando-os em questões fundamentais como fornecimento de
suporte em soluções administrativas, financeiras, patrimoniais, operacionais e contábeis.

12.2.3 Estratégia Institucional


A estratégia de posicionamento, atuação e desenvolvimento institucional
da Contadoria e Auditoria-Geral do Estado – CAGE está consolidada e comunicada no seu
Mapa Estratégico par ao período de 2019-202289.

O Mapa Estratégico da CAGE – 2019 a 2022, que sintetiza não somente os


valores, mas os grandes objetivos institucionais em suas diferentes dimensões tomadas
de forma articulada e balanceada, destaca esforços também orientados para o
desenvolvimento da transparência pública e do controle social colocando em evidência a
função mediadora da CAGE em relação à interação Estado–Sociedade.
Assinala-se aqui, nesta perspectiva, especificamente na dimensão da
sociedade, o objetivo estratégico de “Cuidar do patrimônio público e estimular o seu
controle pela sociedade”. Ainda na dimensão dos processos internos, os objetivos
estratégicos de “Aprimorar a transparência e fomentar o controle social” e de
“Comunicar interna e externamente de forma clara e objetiva”. Estes objetivos sinalizam

89
https://cage.fazenda.rs.gov.br/conteudo/1220/planejamento-estrategico (último acesso em 18/05/2021)

605
o reconhecimento, por parte da instituição, de que o envolvimento da sociedade com os
assuntos da administração pública é essencial para o bom governo.

12.2.4 Transparência e Controle Social: principais programas institucionais


A abordagem da atuação da CAGE no contexto do exame da transparência
no âmbito do Poder Executivo assenta-se, também, no que dispõe a Lei Complementar nº
13.451/2010, em seu art. 2º, inciso XXXII:

Art. 2º São funções institucionais da Contadoria e Auditoria-Geral do Estado:


XXXII - promover ações com vista a assegurar a transparência das contas públi-
cas, estimulando a participação da sociedade no exercício do controle social;

Entre os programas empreendidos pela CAGE mais diretamente


relacionados à transparência e ao controle social identifica-se o Finanças Públicas em
Tempo Real90, que permite o acompanhamento das receitas (por fontes e balancetes) e
despesas (balancetes, por período, por função e por poder). Este programa está
relacionado com o Portal de Transparência do Estado RS, também sob a responsabilidade
da CAGE91.
Por fim, assinala-se que, a despeito das relevantes ações da CAGE
orientadas para o fomento à transparência e ao controle social, relativamente ao
imperativo constitucional de apoio ao controle externo, mantém-se a situação apontada
em Relatórios anteriores referente ao não atendimento da decisão do Tribunal Pleno
desta Corte de Contas, a qual estabeleceu a obrigatoriedade de Parecer do Controle
Interno do Estado (CAGE) em todas as Tomadas de Contas das Entidades da
Administração Indireta do Estado, inclusive no Banco do Estado do RS e nas Sociedades
de Economia Mista.

12.3 – Conselhos de Políticas Públicas e Controle Social


Esta seção aborda a atuação dos Conselhos Estaduais de Educação, de
Saúde e de Assistência Social do Estado do RS tomados como instâncias plurais e
democráticas de participação na gestão de políticas públicas, notadamente no que
concerne ao controle social. São analisados especificamente aspectos de sua estrutura e
funcionamento, destacando as competências e os limites impostos à sua efetiva atuação
com a finalidade precípua de explicitar possibilidades de aperfeiçoamento da sua
configuração, atividade e resultados entregues à sociedade e à própria Administração.
A produção desta seção inspirou-se, originariamente, no Diagnóstico sobre
os Conselhos de Educação (TCERS, 2019)92, ao que se seguiu o exame contido no Relatório
de análise das contas anuais do exercício de 2019, especificamente em relação ao
Conselho Estadual de Educação – CEEd. No presente Relatório amplia-se este escopo para

90
https://www.sefaz.rs.gov.br/Site/MontaMenu.aspx?MenuId=92 (último acesso em 18/05/2021)
91
http://www.transparencia.rs.gov.br
92
Diagnóstico sobre os Conselhos de Educação realizado pelo Tribunal de Contas do Estado do RS (2019):
http://portal.tce.rs.gov.br/portal/page/portal/noticias_internet/textos_diversos_pente_fino/Diagnostico_c
onselhoseducacao2019.pdf [Acesso em 19/04/2021].

606
alcançar a análise também do Conselho Estadual de Assistência Social – CEAS e do
Conselho Estadual de Saúde – CES.
O exame realizado em relação aos Conselhos enfoca, essencialmente,
aspectos referentes aos contornos de caracterização, criação legal, competências e
estrutura organizacional dos Conselhos. Segue-se uma abordagem sobre a composição e
a qualificação dos membros, além de uma seção também sobre o quadro de pessoal
destes órgãos. A estrutura física e tecnológica dos Conselhos constitui outro item deste
capítulo. Por fim uma seção sobre a atuação dos conselhos tendo por base as suas
competências legais, sendo que neste item atenção especial foi dispensada ao exame das
ações realizadas por cada um deles em relação aos reflexos decorrentes da situação de
pandemia provocada pela Covid-19. Destaca-se, ainda, que a análise da execução
orçamentária é realizada somente em ralação ao Conselho Estadual de Educação – CEEd,
pois se trata da única estrutura desta natureza que dispõe de previsão própria de
recursos no orçamento do Estado.
Refere-se, ainda preliminarmente, que os dados que subsidiam esta análise
foram colhidos principalmente a partir da Requisição de Documentos e Informações –
SAIPAG nº 22/2021 respondida pela Presidência do CES (Ofício-CES/RS/013/2021), da
Requisição de Documentos e Informações – SAIPAG nº 24/2021 atendida pela Presidência
do CEAS, e da Requisição de Documentos e Informações – SAIPAG nº 25/2021 firmada
pela Presidência do CEEd.

12.3.1 Conselho Estadual de Educação – CEEd


O exame aqui empreendido parte dos parâmetros definidos para a análise
realizada no Relatório sobre as Contas do Governador referentes ao exercício de 2019. A
apreciação que segue resulta de uma abordagem transversal no âmbito da Supervisão de
Auditoria e Instrução de Contas Estaduais – SAICE, especialmente por envolver o trabalho
articulado com o Serviço de Auditoria da Área Estadual – II, especialmente no contido em
relatórios de auditoria e nos parâmetros da matriz de planejamento mantida para o
Órgão.
O Conselho Estadual de Educação é definido nos termos da Lei nº 9.672, de
19 de junho de 1992, com redação dada pela Lei nº 10.591/95:

Art. 1º O Conselho Estadual de Educação é o órgão consultivo, normativo,


fiscalizador e deliberativo do Sistema Estadual de Ensino, com dotação
orçamentária própria, que lhe assegure eficiente funcionamento e autonomia
administrativa para agir e decidir de conformidade com as funções e atribuições
conferidas pelas legislações federal e estadual.

O funcionamento do CEEd é regulado por regimento interno próprio e


composto por um colégio de conselheiros nomeados pelo Governador dentre
representantes da comunidade escolar, indicados pelas entidades de âmbito estadual a
partir de listas tríplices.

607
12.3.1.1 Composição e Qualificação dos Membros do CEEd
A composição atual do CEEd é de 21 Conselheiros, sendo 7 (sete) de livre
indicação do Governo do Estado e 14 (quatorze) membros indicados por 9 (nove) por
entidades de âmbito estadual. A composição atual do CEEd é de 19 (dezenove)
Conselheiros, tendo em vista que 2 (dois) Conselheiros não tomaram posse, indicados
pelo Sindicato dos Professores Públicos Estaduais/CPERS e pelo Sindicato dos Professores
do Ensino Privado – SINPRO-RS. O Poder Executivo e o CPERS são os organismos com
maior densidade representativa, contando com sete e dois indicados, respectivamente.
Dentre os atuais 19 membros do Conselho, quatro possuem escolaridade
correspondente ao ensino superior incompleto, representando o Executivo estadual, a
União Gaúcha de Estudantes – UGES, a Federação das Associações e Círculos de Pais e
Mestres – ACPM e o Centro dos Professores do Estado do RS – CPERS. Esta condição de
escolaridade, isoladamente, não afasta de plano a possibilidade de contribuição que o
cidadão pode entregar a este importante órgão de gestão democrática e controle social
da educação; mas, de outro lado, é importante reconhecer que pode também sinalizar
um contraste se tomada a relevância das competências institucionais e os impactos das
decisões do CEEd.
Quanto à escolaridade dos demais membros, seis possuem formação em
nível superior, três a titulação em nível de especialização, quatro a de mestrado e dois a
de doutorado. Neste particular, percebe-se uma evolução em termos de titulação se
comparado à observada e registrada no Relatório relativo às contas de exercício de 2019.
Os membros do Conselho participam de 24 (vinte e quatro) sessões
mensais, sendo remunerados mediante jetons, por sessão, no valor de R$ 170,50. A carga
horária de dedicação às atividades do Conselho Estadual de Educação, conforme dispõe o
Decreto n° 44.318, de 01 de março de 2006 (art. 5°, Inciso II) e declaração firmada pelo
candidato à assunção da vaga de membro do Conselho, é a de um período mínimo de
vinte horas semanais para o exercício das suas atribuições no Conselho.
Em relação ao quadro de servidores do CEEd em 2020, observou-se uma
redução em relação ao exercício de 2019. O Conselho iniciou o ano de 2020 com 24 (vinte
e quatro) servidores e concluiu com 19. A redução deve-se ao fato de que 2 (duas)
servidoras entraram em Licença Saúde, 3 (três) exoneram-se e uma (1) aposentou-se.

12.3.1.2 Estrutura física e orçamentária do CEEd


Em termos de infraestrutura física o exame in loco realizada ainda no início
de 2020 e demais informações coletadas permitem observar que a área física das
instalações é compatível com as atribuições do Conselho. Conforme informações colhidas
relativamente ao exercício de 2020, a Presidência do Conselho assim se manifesta em
resposta à Requisição de Documentos e Informações nº 25/2021:
No ano de 2020, as condições físicas e tecnológicas continuaram as
mesmas. Os dados não sofreram alterações. No entanto, tendo em vista a pandemia
causada pelo coronavírus, parte dos servidores, amparados pela legislação federal e
estadual passaram trabalhar de forma remota desde o final de março de 2021, utilizando
o Google Meet, YouTube dentre outros meios tecnológicos disponíveis. (Manifestação da
Presidência do CEEd – RDI nº 25/2021).

608
O Conselho ressente-se, no entanto, de um mobiliário adequado, de
equipamentos de suporte às atividades, em especial mobiliário, computadores,
projetores, telas, redes lógica e elétrica e som, seja para dar suporte às reuniões e
sessões deliberativas do Conselho, seja para o desenvolvimento dos trabalhos das
equipes técnicas.
O Conselho Estadual de Educação não possui mobiliário que atenda suas
necessidades mais básicas. [...], devido ao tempo de utilização, necessitamos efetuar
substituições periódicas preventivas e constantes. Entre os principais itens de movelaria
que necessitam de troca estão escrivaninha, mesas para reuniões e cadeiras.
Nossas salas de reuniões não possuem o aparato tecnológico para sua
adequada utilização, como por exemplo, suportes de projetores multimídia, televisores
para substituir a telas, que já estão em precário estado e rede lógica e elétrica
devidamente adaptada ao nosso uso.
A Sala do Plenário necessita de um sistema de som atual, composto de
microfones com a impedância adequada c com possibilidade de gravação das reuniões
para posterior decupagem. As mesas que compõem a sala devem ser substituídas por
uma bancada que se ajuste a exigência protocolar das reuniões do CEEd. (Manifestação
da Presidência do CEEd – RDI nº 25/2021).
Carências em termos de tecnologia de informação e comunicação também
são manifestadas, em particular o acesso à internet disponibilizado, mediante contrato,
pela PROCERGS em capacidade correspondente a 4096 KPBS, o que segundo a
presidência do Conselho, não atende à necessidade de trabalho. Ainda sobre a
infraestrutura de tecnologia, é informado em resposta à Requisição de Documentos e
Informações nº 25/2021:

Nossos equipamentos de informática já estão se encaminhando para a


obsolescência. Foram adquiridos em 2014 e. desde então, estão em utilização
diária constante. Caso um deles falhe, não teremos unidades de reposição para
substituir. Para evitar gastos excessivos com a mídia papel utilizamos sempre
que possível os projetores multimídia. Ressalte-se que um dos equipamentos
foi obtido por empréstimo da SEDUC. Necessitamos, portanto, de 3
equipamentos fixos sendo um na plenária e dois nas salas de reuniões.
(Manifestação da Presidência do CEEd – RDI nº 25/2021).

Outros aspectos relativos à infraestrutura tecnológica receberam atenção,


notadamente no que diz respeito à rede, telefonia e suporte de TI, a despeito deste
último quesito ainda inspirar cuidados em face da baixa remuneração do servidor
“Responsável pela TI”, investido em Cargo Comissionado com remuneração
correspondente a um CC08 (R$ 1.200,00).
No que diz respeito à disponibilidade de transporte, é referida a existência
de um veículo – Fiat Dobló Essence 1.8 2012/2012 – com capacidade para transportar até
sete passageiros, em bom estado de conservação e uso, com manutenção adequada,
consideradas as limitações impostas. Merece destaque, no entanto, as limitações que
alcançam o abastecimento do veículo.

609
Infere-se pela cota de 100 litros mensais de tancagem que não temos como
fazer um número elevado de saídas. O valor destinado para aquisição de
combustível, lavagem e 4 trocas de óleo e filtro no sistema Ticket é de R$
440.00 (quatrocentos e quarenta reais). Soma-se ao quadro acima outra
dificuldade: no momento, assim como em várias situações do exercício anterior,
estamos bloqueados para abastecimento devido à falta de pagamento das
faturas. (Manifestação da Presidência do CEEd – RDI nº 25/2021).

Ponto a destacar aqui, ainda, é o fato de o CEEd não dispor de motorista,


sendo o veículo conduzido, segundo informação do CEED.

E impeditivo o fato de que o CEEd não possui motorista, a tarefa é


executada por servidora nos intervalos de sua atividade principal que é
de digitação e degravação das atas das reuniões do Colegiado.
(Manifestação da Presidência do CEEd – RDI nº 25/2021).

Este aspecto encaminha a necessidade de atenção especial, notadamente


no que se refere a potenciais reflexos em relação à responsabilidade da agente.
A dotação orçamentária própria fixada para o CEEd, conforme art. 10 da Lei
nº 9.672, de 19 de junho de 1992, para o exercício de 2020 foi de R$ 440,9 mil. Tomando-
se uma série histórica 2017 – 2020, que se estabiliza em 2020 frente a 2019, conforme
Tabela a seguir, percebe-se uma trajetória crescente de alocação de recursos para o
funcionamento do Conselho. A execução dos valores, no entanto, sofre sensível queda
em 2020.

DOTAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS E DESPESA - CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO – CEED


Em R$ milhares (nominais)
2017 2018 2019 2020
Dotação Inicial 231,0 231,0 440,9 440,9
Dotação com Alteração 281,0 390,9 440,9 440,9
Valor Empenhado 235,1 307,9 337,2 180,0
Valor Liquidado 235,1 307,9 337,2 180,0
Valor Pago 230,5 257,9 381,7 188,4
Fonte: Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ (valores correntes)

Analisando as rubricas de despesa nos exercícios de 2017 a 2020, percebe-


se que os valores mais significativos se referem aos seguintes:

PRINCIPAIS RUBRICAS DE DESPESA - CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO – CEED


Em R$ milhares (nominais)
2017 2018 2019 2020
1402 – Diárias de Viagem 1,5 43,3 81,9 11,4
3302 – Transporte de Pessoal 89,6 64,8 70,1 20,3
4007 – Manut. Corretiva Software - - 28,7 29,8
4009 – Serviço em Nuvem - - 31,5 32,2
4013 – Comunicação de Dados - - 58,4 64,1
Fonte: Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ (valores correntes)

A análise dos dados da Tabela anterior demonstra que as principais


rubricas de despesa do Conselho Estadual de Educação em 2020 mantêm-se as mesmas.

610
Considerando a execução da despesa de 2020 em relação ao exercício de 2019, observa-
se sensível redução nas rubricas relativas a deslocamento de pessoas; mantendo-se com
reduzido acréscimo os valores referentes à manutenção corretiva de software (4007) e
serviço de nuvem (4009). Observa-se mais significativa elevação na rubrica referente a
comunicação de dados (4013).

12.3.1.3 Atuação do CEEd


Entre as atribuições do Conselho Estadual de Educação estão a fiscalização
de estabelecimentos de ensino, a autorização de funcionamento de instituições de ensino
das redes pública e privada e de seus cursos, e o acompanhamento da execução do Plano
Nacional de Educação e do Plano Estadual de Educação.
No ano de 2020 o CEEd realizou um total de 127 (cento e vinte e sete)
credenciamentos de instituições de ensino e autorizações de cursos.
Especificamente em relação ao Plano Estadual de Educação, o Conselho
Estadual de Educação ocupa posição relevante, especialmente no acompanhamento da
sua execução das diretrizes e metas ali consignadas, conforme prescreve a Lei Estadual nº
13.005/2015, em seu art. 5º, inciso IV.

Art. 5º A execução do PEE e o cumprimento de suas metas serão objeto de


monitoramento contínuo e de avaliações periódicas, realizados pelas seguintes
instâncias:
I - Secretaria Estadual da Educação – Seduc;
II - União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação, seção do Rio Grande
do Sul – Undime/RS;
III - Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da
Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul – CECDCT;
IV - Conselho Estadual de Educação – CEEd/RS;
V - União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação, seção do Rio Grande
do Sul – UNCME/RS; e
VI - Fórum Estadual de Educação – FEE/RS.

Conforme informado pela Presidência do Conselho, em 2018 a Secretaria


de Educação criou uma plataforma digital para controle, avaliação e observação do PEE,
contendo estratégias, metas e indicadores para análise e acompanhamento. Esta
ferramenta, no entanto, foi descontinuada.
Na qualidade de Órgão de acompanhamento e fiscalização dos planos de
educação, merece destaque a atuação da Comissão do Ensino Médio e Superior – CEMES
frente às metas 12, 13 e 14 do Plano Nacional de Educação – PNE e metas do PEE, em
especial no tocante à Universidade do Estado do Rio Grande do Sul – UERGS.
O Conselho Estadual de Educação do Rio Grande do Sul – CEEd, no
exercício da função normativa constitucional, autorizou o funcionamento de cursos e
credenciou a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – UERGS, através dos Pareceres
CEED nº 480/2002 e nº 1.150/2002; sendo que a CEMES realiza continuamente a análise
dos processos de credenciamento e de renovação de credenciamento das instituições de

611
ensino superior pertencentes ao Sistema Estadual de Ensino, bem como de autorização e
de reconhecimento dos cursos de graduação e pós-graduação.
No ano de 2020 foram realizadas as seguintes atividades, conforme
informado pela Presidência do CEEd em resposta à Requisição de Documentos e
Informações nº 25/2021:
1 – Aprovação do Parecer CEEd nº 002, em 8 de julho de 2020, que orienta
as instituições integrantes do Sistema Estadual de Ensino sobre a reorganização do
Calendário Escolar e o desenvolvimento das atividades escolares em razão da Covid-19.

2 – Aprovação da Deliberação CEEd nº 414, em 02 de setembro de 2020,


que responde consulta sobre a expedição de Diplomas pela Universidade Estadual do Rio
Grande do Sul – UERGS, excepcionalmente enquanto permanecerem as medidas
preventivas ao contágio por Covid-19. Além disso, a Comissão toma conhecimento das
ações da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – UERGS referentes à reorganização
das atividades acadêmicas, enquanto perdurar o estado de calamidade pública decretado
em razão da Covid-19, conforme disposto pelo Parecer CEEd nº 002/2020 e acompanha
processos de reconhecimento de cursos de graduação e de pós-graduação stricto sensu.

3 – Aprovação da Resolução CEEd nº 355, de 25 de novembro de 2020, que


autoriza e orienta, em caráter excepcional e experimental, procedimentos para a
realização da avaliação externa, de forma remota, nos processos de reconhecimento e
renovação de reconhecimento de cursos de Graduação da Universidade Estadual do Rio
Grande do Sul – UERGS, protocolados neste Conselho, até a data da publicação desta
Resolução, durante o período de calamidade pública de saúde, provocada pelo Novo
Coronavírus – COVID-19.
Conforme informações prestadas pela Presidência do CEEd (RDI nº
25/2021):

Dentre as estratégias permanentes de monitoramento dos Cursos e Unidades


da UERGS pelo CEEd/RS destaca-se o processo de reconhecimento de cursos de
graduação e de pós-graduação stricto sensu. Os procedimentos necessários
para o reconhecimento de curso encontram-se definidos na Resolução CEEd nº
356/2021. Para avaliação dos cursos, é designada pela Presidência, através de
Portaria, Comissão de Verificação composta por dois Professores Especialistas,
com vistas à avaliação in loco dos cursos. O CEEd mantém um Banco de
Especialistas, os quais devem ser detentores, de no mínimo, título de Mestre,
na área específica do Curso que será objeto da visita e comprovar, por meio do
Currículo Lattes, experiência docente de, no mínimo, 2 anos, na Educação
Superior. (Manifestação da Presidência do CEEd – RDI nº 25/2021).

O processo de avaliação é realizado in loco, por comissão específica que


produz relatório circunstanciado envolvendo as condições de oferta dos Cursos em
relação às dimensões da organização didático-pedagógica, do corpo docente e das
instalações. Em razão das condições excepcionais de pandemia, o CEEd, provocado pelo
Ofício nº 272/2020/GAB/REITORIA/UERGS, de 05 de outubro de 2020, deu início a um
processo piloto de avaliação externa de forma remota. Esta abordagem iniciou com a

612
avalição cursos de Licenciatura em Pedagogia e Licenciatura em Pedagogia – PARFOR,
ambos na Unidade da UERGS em Osório, seguindo-se para os processos, em curso no
âmbito do Conselho, referentes ao reconhecimento dos cursos de Licenciatura em
Pedagogia, na Unidade da UERGS, em São Luiz Gonzaga e, de Engenharia de Bioprocessos
e Biotecnologia, na Unidade da UERGS, em Bento Gonçalves.

4 – O CEEd RS aprovou a Resolução CEEd nº 356, de 08 de janeiro de 2021,


que atualiza disposições sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e
avaliação das instituições de educação superior e dos cursos superiores de graduação e
de pós-graduação no Sistema Estadual de Ensino do Rio Grande do Sul. Esta normativa
resulta de um processo de amplo diálogo com a UERGS e estudos realizados desde 2019 e
2020.

Esta Resolução, bem como todas as ações de monitoramento e fiscalização


do CEEd/RS junto à UERGS objetivam procedimentos que contemplem todas as
estratégias para garantir as metas 12, 13 e 14 dos Planos Nacional de Educação (PNE – Lei
federal nº 13.005/2014) e Plano Estadual de Educação (PEE – Lei estadual nº
14.705/2015). De acordo com o proposto no PNE 2014 – 2024, o qual define vinte metas
que contemplam todas as etapas e níveis de ensino no País, as metas estruturantes estão
distribuídas em quatro grupos: 1) metas para a garantia do direito à educação básica com
qualidade, que dizem respeito ao acesso, à universalização da alfabetização e à ampliação
da escolaridade e das oportunidades educacionais; 2) metas que tratam, especificamente,
da redução das desigualdades e da valorização da diversidade, caminhos imprescindíveis
para a equidade; 3) metas que tratam da valorização dos profissionais da educação,
consideradas estratégicas para que as metas anteriores sejam atingidas; e 4) metas
referentes ao ensino superior, que, em geral, são de responsabilidade dos governos
estaduais e federal. As metas propostas para a educação superior, constantes no PNE
2014 – 2024 compreendem as que são apontadas a seguir:

a) Meta 12: elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a
taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, assegurada a qualidade da
oferta e expansão para, pelo menos, 40% das novas matrículas, no segmento
público;
b) Meta 13: elevar a qualidade da educação superior e ampliar a proporção de
mestres e doutores do corpo docente em efetivo exercício, no conjunto do
sistema de educação superior, para 75%, sendo, desse total, no mínimo, 35%
doutores;
c) Meta 14: elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação
stricto sensu, de modo que se atinja a titulação anual de 60.000 mestres e
25.000 doutores. (Manifestação da Presidência do CEEd – RDI nº 25/2021).

Do exposto, tem-se que o CEEd, por meio da atuação da CEMES, a partir de


2021 parte de uma nova normativa para a consecução do que dispõe a Lei Estadual nº
13.005/2015, em seu art. 5º, inciso IV – monitoramento e fiscalização de metas –, o que,
entende-se e sugere-se, deva constituir objeto de acompanhamento pelo Órgão de Con-
trole Externo.

613
Por fim, em que pese se trate de ato referente ao exercício de 2021, mere-
ce registro o encaminhamento do Ofício CEEd nº 71, de 24 de março de 2021, em respos-
ta à consulta da Reitoria da UERGS encaminhada ao Conselho Estadual de Educação, refe-
rente à carga horária em educação a distância de Cursos Superiores de Graduação pre-
senciais. Conforme manifestação da presidência do CEEd (RDI nº 25/2021):

Nesta consulta, o CEEd/RS orientou a Universidade a seguir as orientações nas


determinações contidas nas normativas vigentes no âmbito do Sistema Federal
de 10 Ensino, dispostas na Portaria MEC nº 2.117, de 6 de dezembro de 2019,
que dispõe sobre a oferta de carga horária na modalidade de Ensino a Distância
- EaD em cursos de graduação presenciais ofertados por Instituições de
Educação Superior – IES pertencentes ao Sistema Federal de Ensino. Outrossim,
a Universidade, em consonância com as Diretrizes Curriculares Nacionais
definidas pelo Conselho Nacional de Educação – CNE, o Plano de
Desenvolvimento Institucional (PDI) e o Plano Pedagógico Institucional (PPI),
poderá introduzir gradativamente a oferta de carga horária na modalidade de
Educação a Distância em sua organização pedagógica e curricular de seus cursos
de graduação presenciais, até o limite de 40% da carga horária total do curso,
devendo atentar para formação continuada de professores e técnicos e das
demais condições que a modalidade a distância implica e requer e, ficando
consignada a possibilidade de manutenção da oferta de carga horária a
distância à avaliação por Comissão Verificadora, designada por este Colegiado
nos termos da Resolução CEEd nº 356/2021. (Manifestação da Presidência do
CEEd – RDI nº 25/2021).

O destaque ao ato se justifica por tratar-se de reflexo de evento altamente


impactante havido a partir de 2020 com reflexos sensíveis sobre a educação, inclusive a
superior.
Neste particular, a propósito, refere-se que a atuação do Conselho Estadual
de Educação – CEEd, especificamente no que se refere aos efeitos da pandemia de Covid–
19 resultou na edição de um conjunto de pareceres e resoluções com vistas a orientar as
entidades mantenedoras e as instituições de ensino integrantes do Sistema Estadual de
Ensino com vistas a mitigar os efeitos das condições adversas decorrentes da pandemia
sobre a trajetória escolar, o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças e dos estu-
dantes. Os atos são os seguintes:93

1. Parecer CEEd nº 0001/2020 – Orienta as Instituições integrantes do Sistema


Estadual de Ensino sobre o desenvolvimento das atividades escolares, excepci-
onalmente, enquanto permanecerem as medidas de prevenção ao novo Coro-
navírus – COVID-19.

2. Parecer CEEd nº 002/2020 – Orienta as Instituições integrantes do Sistema


Estadual de Ensino sobre a reorganização do Calendário Escolar e o desenvol-
vimento das atividades escolares em razão da Covid-19.

3. Resolução nº 353, 12 de agosto de 2020 – Define procedimentos para o cre-


denciamento de instituição de ensino, inclusive polo, quando for o caso, e auto-
rização de curso novo em tempos de pandemia do novo Coronavírus – COVID-
19.

93
Todos disponíveis no seguinte endereço: https://ceed.rs.gov.br/inicial

614
4. Parecer CEEd nº 0004/2020 – Orienta as Instituições integrantes do Sistema
Estadual de Ensino do RS sobre os procedimentos a serem adotados para a in-
tegralização da carga horária do ano letivo de 2020 e o replanejamento curricu-
lar de 2020/2021, nos termos da Lei federal n º 14.040, de 18 de agosto de 2020
e sua respectiva regulamentação.

5. Parecer CEEd nº 001/2021 – Orienta as Mantenedoras de Instituições inte-


grantes do Sistema Estadual de Ensino do RS acerca dos procedimentos referen-
tes à prorrogação de prazos estabelecidos em atos exarados por este Conselho,
que expiram durante o período de calamidade pública de saúde, conforme de-
finição em decreto estadual vigente.

6. Resolução CEED nº 357, de 24 de março de 2021 – Autoriza as Instituições de


Ensino integrantes do Sistema Estadual de Ensino, em caráter excepcional, a
proceder à certificação de conclusão de cursos de educação profissional técnica
de nível médio e especializações técnicas diretamente relacionados ao combate
à pandemia da Covid 19, desde que cumpridos com êxito o mínimo de 75% (se-
tenta e cinco por cento) da carga horária dos estágios curriculares obrigatórios.

O CEEd também elaborou o documento Indicativos Pedagógicos para a


Reabertura das Instituições de Ensino no RS, cujo objetivo foi contribuir com os gestores
educacionais quando do planejamento de retorno às atividades escolares de forma pre-
sencial.
Em síntese, o CEEd revela-se um Órgão de atuação fundamental no
exercício das funções de fiscalização e de controle social, mas que enfrenta sensíveis
fragilidades na sua estrutura, notadamente relacionada a pessoal e tecnologia, o que
sugere um olhar mais acurado acerca das potencialidades que o Conselho apresenta
como organismo de qualificação da Educação no âmbito do Estado do RS e o profundo
repensar dos processos organizacionais orientados para o fortalecimento qualitativo das
suas estruturas, mais fortemente assentado em recursos de tecnologia da informação e
comunicação.

12.3.2 Conselho Estadual de Assistência Social – CEAS

O Conselho Estadual de Assistência Social do Rio Grande do Sul – CEAS/RS


foi instituído pela Lei Estadual nº 10.716/96. Está vinculado à estrutura da Secretaria de
Estado do Trabalho e Assistência Social – STAS, que assegura apoio administrativo e
dotação orçamentária para seu funcionamento.

A estrutura organizacional do SEAS é composta pelos seguintes órgãos:


I - Plenária
II - Presidência (Presidente e Vice-Presidente)
III - Mesa Diretora
IV - Comissões Temáticas
V - Secretaria Executiva

615
O Conselho Estadual de Assistência Social – CEAS é definido nos termos da
Lei nº 10.716/1996 e tem como principais competências, conforme prescrito em seu art.
2º, as seguintes:

I – aprovar a Política Estadual de Assistência Social;


II – zelar pela efetivação do sistema descentralizado e participativo da assistên-
cia social;
III – convocar, ordinariamente, a cada 04 (quatro) anos, ou extraordinariamen-
te, por maioria absoluta de seus membros, a Conferência Estadual de Assistên-
cia Social, que terá a atribuição de avaliar a situação da assistência social e de
propor diretrizes para o aperfeiçoamento do sistema;
IV – aprovar a proposta orçamentária da Assistência Social, a ser encaminhada
pelo órgão da Administração Pública Estadual responsável pela coordenação da
Política Estadual de Assistência Social;
V – aprovar critérios de transferência de recursos para os municípios, conside-
rando, para tanto, indicadores que informem sua regionalização mais eqüitati-
va, tais como população, renda “per capita”, mortalidade infantil e concentra-
ção de renda, além de disciplinar os procedimentos de repasse de recursos para
entidades e organizações de assistência social, sem prejuízo das disposições da
Lei de Diretrizes Orçamentárias;
VI – estabelecer critérios para a destinação de recursos financeiros aos municí-
pios, a título de participação no custeio do pagamento aos auxílios natalidade e
funeral;
VII – acompanhar e avaliar a gestão dos recursos, bem como os ganhos sociais e
o desempenho dos programas e projetos aprovados;
VIII – estabelecer diretrizes, apreciar e aprovar os programas anuais e plurianu-
ais do Fundo Estadual de Assistência Social - FEAS;
IX – elaborar e aprovar seu regimento interno;
X – divulgar, no Diário Oficial do Estado, todas as suas decisões;
XI – normatizar as ações e regular as prestações de serviços de natureza pública
e privada no campo da assistência social, compartilhando atribuições com o
Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável no caso da assistência
técnica e extensão rural e social.

12.3.2.1 Composição do CEAS e Qualificação dos Membros


O CEAS é composto por 18 (dezoito) Conselheiros titulares e seus
correspondentes suplentes, que representam 9 (nove) entidades da sociedade civil, 8
(oito) órgãos e entidades da administração pública estadual (Secretaria da Agricultura,
Pecuária e Desenvolvimento Rural; Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão;
Secretaria da Educação; Secretaria de Segurança Pública; Secretaria da Saúde; Secretaria
do Trabalho e Assistência Social; Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas
Públicas para Pessoas com Deficiência e com Altas Habilidades no Rio Grande do Sul –
FADERS e Fundação de Proteção Especial) e a Federação das Associações de Municípios
do Estado do Rio Grande do Sul – FAMURS.
Dentre os atuais membros do Conselho predominam profissionais com
formação em assistência social, entre outras, tais como nas áreas de sociologia,
enfermagem, pedagogia, profissional da pesca, entre outras, demonstrando a pluralidade
de representações que o Conselho encerra.

616
Nos termos do artigo 7º da sua lei de instituição – Lei nº 10.716/1996 – o
exercício das funções de Conselheiro do CEAS é considerado de interesse público
relevante, não havendo qualquer tipo de remuneração.

12.3.2.2 Quadro de Pessoal do CEAS


A Secretaria Executiva do CEAS/RS é a unidade de apoio técnico e
administrativo para o funcionamento do CEAS. As atribuições desta Secretaria são:

I – Assessorar as reuniões do colegiado e divulgar suas deliberações,


devendo contar com pessoal de apoio técnico e administrativo;
II – Apoiar os Conselhos nos procedimentos administrativos internos,
inclusive com a elaboração de atas e memórias das reuniões;
III – Subsidiar, assessorar, levantar e sistematizar as informações que
permitam à Presidência, ao Colegiado, Comissões e Grupos de Trabalhos
tomarem decisões;
IV – Coordenar, supervisionar, dirigir a equipe e estabelecer os planos de
trabalho da Secretaria Executiva e relatórios de atividades do Conselho.

A Secretaria Executiva do Conselho tem sua estrutura vinculada ao


Departamento de Assistência Social – DAS, da Secretaria do Trabalho e Assistência Social
– STAS, que aporta recursos humanos e materiais, além de infraestrutura física e dotação
orçamentária necessários ao seu funcionamento. Em que pese esteja prevista na Lei
Estadual nº 10.716/1996, que cria o Conselho Estadual de Assistência Social, em seu art.
6º que a Secretaria Executiva do CEAS “terá sua estrutura disciplinada em ato do Poder
Executivo”, esta estrutura encontra-se prevista no Regimento Interno do CEAS/RS. Uma
proposta de alteração da referida lei que se encontra em tramitação, busca prever a
criação de infraestrutura mínima, com profissionais de apoio administrativo, apoio
técnico e Secretário Executivo.
Conforme resposta formulada à Requisição de Documentos e Informações
nº 24/2021, o quadro de pessoal atuante na Secretaria executiva do CEAS no exercício de
2020 é composto de 4 (quatro) servidores públicos estatutários com carga horária de 40h
semanais, sendo uma delas servidora eventual (não exclusiva da Secretaria Executiva), e 1
(um) estagiário. Os profissionais exercem atividades de apoio técnico e administrativo,
além da titular do cargo de secretária executiva.
Em razão das condições impostas pela Pandemia, no exercício de 2020 o
trabalho na Secretaria Executiva foi desenvolvido de forma remota, tendo em vista que a
quase totalidade dos servidores integra o denominado grupo de risco. Este formato de
trabalho exigiu a adoção de canais alternativos de interação e atendimento das
demandas advindas dos municípios – solicitações das administrações, das entidades
locais e dos Conselhos municipais de Assistência Social –, da administração estadual e do
próprio Conselho Estadual de Assistência Social. Estes canais foram o aplicativo de
mensagens, telefones celulares e correio eletrônico. A nova forma de comunicação
impactou sensivelmente o atendimento aos municípios, eis que o canal convencional
eram os telefones fixos da Secretaria Executiva.

617
Problemas de saúde, inclusive pela incidência de contaminação pelo Covid-
19, elevação das demandas de trabalho em face do mesmo cenário de pandemia, além de
encerramento do contrato com estagiário, em 2020, fragilizaram a equipe da Secretaria
Executiva provocando redistribuição e a consequente sobrecarga de trabalho aos seus
integrantes.
Em termos de capacitação, tanto de servidores quanto de Membros, a
despeito da sua importância em razão das sucessivas legislações advindas, principalmente
em face do contexto de pandemia com reflexos sobre a política de assistência social, não
passaram por qualquer atividade de atualização.

12.3.2.3 Estrutura física e tecnológica do CEAS


Em termos de infraestrutura física, ainda em face da resposta formulada à
Requisição de Documentos e Informações – SAIPAG nº 25/2021, é informado que a
infraestrutura física conta com mobiliário próprio, suficiente e em boas condições de uso
e estado de conservação.
Relativamente à infraestrutura tecnológica, o CEAS conta com 4 (quatro)
“computadores de mesa antigos e em condições precárias de funcionamento, além de 2
notebooks que não são novos, mas se encontram em bom estado de conservação.”
(Requisição de Documentos e Informações – SAIPAG nº 25/2021)
O CEAS dispõe, desde abril de 2020, ainda que com sinal limitado, acesso à
rede wi-fi da Secretaria do Trabalho e Assistência Social – STAS. Possui, também, 4
(quatro) linhas telefônicas com aparelhos novos ligados à rede VOIP, com 5 (cinco) pontos
de internet, 1 impressora multifuncional nova (alugada) de uso compartilhado com outros
setores (DASG e Prestação de Contas) e 2 impressoras multifuncional antigas sem tonner
(utilizando apenas o scanner).
O acesso à rede de internet constitui também fator que impacta na
participação dos membros do Conselho residentes no interior do Estado. Ainda no que diz
respeito à infraestrutura de tecnologia da informação, o Conselho se ressente de não
dispor de plataforma de suporte a reuniões virtuais que possibilite a gravação das
reuniões, com reflexos no subsequente registro formal das reuniões em atas e eventual
necessidade de consulta ao que foi deliberado. Isso se deve às restrições impostas pela
versão gratuita das plataformas que também impõem limitação ao número de
participantes das reuniões.
As atividades de suporte em TI são realizadas sempre que solicitado pela
Divisão de Tecnologia da Informação – DTI, vinculada ao Departamento Administrativo da
Secretaria do Trabalho e Assistência Social – STAS.
O CEAS também não possui veículos próprios para utilização dos
conselheiros ou da Secretaria Executiva, sendo que demandas por veículos e motoristas
porventura existentes são encaminhadas à Divisão de Administração de Serviços Gerais –
DASG, vinculada ao Departamento Administrativo da STAS.

12.3.2.4 Atuação do CEAS


Conforme informado a partir da Requisição de Documentos e Informações
SAIPAG nº 24/2021, no exercício de 2020 o CEAS realizou 24 (vinte e quatro) Sessões

618
Plenárias Ordinárias; 5 (cinco) Sessões Plenárias Extraordinárias; 9 (nove) Reuniões
Ampliadas das Comissões; 4 (quatro) Reuniões Ampliadas da Mesa Diretora com os
Coordenadores das Comissões; 17 (dezessete) Reuniões de Mesa Diretora; e, ainda, 43
(quarenta e três) Projetos do Programa de Apoio à Inclusão e Promoção Social – PAIPS
foram ou estão em análise.
Em termos de produção normativa, no exercício de 2020 foram editadas 22
(vinte e duas) Resoluções, conforme segue:

1. Resolução nº 01/2020 – CEAS/RS – Aprovar Projetos do Programa de


Apoio Inclusão e Promoção Social – PAIPS;
2. Resolução nº 02/2020 – CEAS/RS – Aprovar Projetos do Programa de
Apoio à Inclusão e Promoção Social – PAIPS;
3. Resolução nº 03/2020 – CEAS/RS – Aprovar Projeto do Programa de
Apoio à Inclusão e Promoção Social – PAIPS;
4. Resolução nº04/2020 – CEAS/RS – Nomeação da Mesa Diretora do
CEAS/RS para o mandato de um ano, a contar do dia 02 de março 2020;
5. Resolução nº 05/2020 – CEAS/RS – Aprova Projetos do Programa de
Apoio à Inclusão e Promoção Social – PAIPS;
6. Resolução nº 06/2020 – CEAS/RS – Aprova Projetos do Programa de
Apoio à Inclusão e Promoção Social – PAIPS;
7. Resolução nº 07/2020 – CEAS/RS – Ratifica a Resolução CNAS nº04/2020,
sobre a alteração do artigo 13 da Resolução CNAS nº14/2014;
8. Resolução nº 08/2020 – CEAS/RS – Aprova o Projetos do Programa de
Apoio à Inclusão e Promoção Social – PAIPS;
9. Resolução nº 09/2020 – CEAS/RS – Aprovar a partilha do
cofinanciamento estadual aos municípios do Rio Grande do Sul que tem valor
previsto na Lei Orçamentária Anual – LOA;
10. Resolução nº 10/2020 – CEAS/RS – Subscreve a Resolução CNAS
nº14/2014 no âmbito Estadual;
11. Resolução nº 11/2020 – CEAS/RS – Aprovar Projetos do Programa de
Apoio à Inclusão e Promoção Social – PAIPS;
12. Resolução nº 12/2020 – CEAS/RS – Aprova o monitoramento do Pacto de
Aprimoramento do Sistema Único de Assistência Social para o quadriênio de
2016 a 2019 do Estado do Rio Grande do Sul com as ações referentes ao
exercício de 2019 com ressalvas;
13. Resolução nº 13/2020 – CEAS/RS – Aprovar Projetos do Programa de
Apoio à Inclusão e Promoção Social – PAIPS;
14. Resolução nº 14/2020 – CEAS/RS – Alterar a Resolução 04/2020, que
nomeou a Mesa Diretora do CEAS/RS para o mandato de um ano, a contar do
dia 02/03/2020, que, com a substituição da conselheira Isolete Magali Georg
Bacca pelo conselheiro Daniel José Farias (ASAE);
15. Resolução nº 15/2020 – CEAS/RS – Aprovar o Plano de Estadual de
Assistência Social – PEAS para o Quadriênio 2020-2023;
16. Resolução nº 16/2020 – CEAS/RS – Aprova Projetos do Programa de
Apoio à Inclusão e Promoção Social – PAIPS;
17. Resolução nº 17/2020 – CEAS/RS – Aprovar a partilha de sobra de
recursos, no valor de R$ 304.877,47, após a Adesão FEAS 2020, para os Serviços
de Acolhimento de Crianças e Adolescentes, dos 11 (onze) municípios de
Pequeno Porte I que recebem cofinanciamento federal;

619
18. Resolução nº 18/2020 – CEAS/RS – Aprovar Projetos do Programa de
Apoio à Inclusão e Promoção Social – PAIPS;
19. Resolução nº 19/2020 – CEAS/RS – Instituição da Comissão Eleitoral de
que trata o art. 39 do Regimento Interno do CEAS/RS, para realização do
processo eleitoral da sociedade civil para compor o Conselho Estadual de
Assistência Social – Gestão 2021-2023;
20. Resolução nº 20/2020 – CEAS/RS – Aprovar o Demonstrativo Sintético de
Execução Orçamentária e Financeira do Cofinanciamento dos recursos do
Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS), exercício de 2019 – Programas e
Serviços; IGD PBF e IGD SUAS;
21. Resolução Ad Referendum nº 01/2020 – CEAS/RS – Suspender as
reuniões plenárias presenciais, bem como as reuniões de comissões internas do
CEAS/RS enquanto permanecer o Decreto Estadual nº 55.154, de 1º de abril de
2020, que reitera a declaração de estado de calamidade pública em todo o
território do Estado do Rio Grande do Sul para fins de prevenção e de
enfrentamento à epidemia causada pelo COVID-19 (novo Coronavírus) e, dá
outras providências;
22. Resolução Ad Referendum nº 02/2020 – CEAS/RS – Recomendar que os
Conselhos Municipais de Assistência Social do Estado do Rio Grande do Sul
suspendam temporariamente a realização de reuniões e eventos coletivos
presenciais em razão da pandemia causada pela COVID-19.

Especificamente no que concerne aos reflexos da pandemia de Covid-19, o


Conselho Estadual de Assistência Social – CEAS subscreveu, juntamente com o Colegiado
Nacional de gestores Municipais de Assistência Social – COEGEMAS, a Federação das
Associações de Municípios do Estado do RS – FAMURS e a Secretaria do Trabalho e
Assistência Social – STAS, a Resolução Interadministrativa nº 01, de 20 de março de 2020,
que estabeleceu os procedimentos a serem adotados nos serviços, programas e projetos
da Política de Assistência Social na prevenção de contágio pelo Coronavírus – COVID 19.
Foi publicada, também, a Resolução ad referendum nº 02/2020 – CEAS/RS,
recomendando que:
os Conselhos Municipais de Assistência Social do Estado do Rio Grande
do Sul suspendam temporariamente a realização de reuniões e eventos
coletivos presenciais, facultando a estes, em caráter excepcional, a
realização de reuniões plenárias virtuais, com o uso das ferramentas
eletrônicas que melhor se adequarem à sua realidade, de modo a
possibilitar a participação do maior número de conselheiros, garantindo
a continuidade das ações de controle social. (Manifestação da
Presidência do CEAS – RDI nº 24/2021).

Conforme informado, forma também realizadas as seguintes ações em


formato virtual transmitidos pelas redes sociais do Conselho na internet:

I – VI Ciclo de Debates do CEAS/RS com os Conselhos Municipais de


Assistência Social. Em razão da pandemia de Covid-19, em 2020 este evento foi realizado
de forma remota entre os meses de julho e agosto abordando os seguintes temas:

620
a) 07 de julho – Evento realizado pela Comissão de Normas do CEAS/RS,
com o tema “O papel dos Conselhos e dos conselheiros de Assistência
Social frente a pandemia”;
b) 29 de julho – Evento realizado pelas Comissões de Políticas e Comissão
de Acompanhamento aos CMAS do CEAS/RS, com o tema “O papel dos
Conselhos de Assistência Social na garantia da proteção social em
tempos de pandemia”;
c) 13 de agosto – Evento realizado pela Comissão de Normas do CEAS/RS,
com o tema “Inscrições de Entidades e Organizações de Assistência
Social nos Conselhos de Assistência Social”.

II – Seminário virtual Pop Rua – A Proteção Social à População em Situação


de Rua: Realidade e Desafios, realizado em 18 de novembro de 2020, de forma virtual e
transmitida pela página do Facebook do CEAS/RS.

No que se refere à competência do CEAS prevista no inciso I do art. 2ª da


Lei Estadual nº 10.716/1996 – aprovar a política estadual de assistência social – a
Presidência do CEAS, conforme resposta à Requisição de Dados e Informações SAIPAG nº
28/2021, afirma que o órgão gestor da política de assistência social – a Secretaria do
Trabalho e Assistência Social – STAS – encaminhou ao CEAS em 30 de setembro de 2020 o
Plano Estadual de Assistência Social – PEAS. O referido Plano constitui-se como
“instrumento de planejamento estratégico que organiza, regula e norteia a execução da
Política de Assistência Social na perspectiva do SUAS [Sistema Único de Assistência
Social].”
A elaboração do Plano Estadual de Assistência Social é de responsabilidade
do órgão gestor da política, que o submete ao exame e aprovação do Conselho de
Assistência Social, o que reafirma esta instância como organismo de controle social e
transparência, reafirmando, ainda, os princípios democrático e participativo de gestão
das políticas públicas de assistência social. Conforme informações prestadas pela
presidência do órgão,

O CEAS/RS, através das Comissões Ampliadas, analisou e deliberou sobre o


PEAS para o quadriênio 2020-2023, que foi aprovado na reunião plenária do dia
21 de dezembro, deliberação esta materializada pela publicação da Resolução
CEAS/RS nº15/2020, publicada no DOE/RS em 04 de março de 2021.

No que se refere especificamente ao zelo “pela efetivação do sistema


descentralizado e participativo da assistência social”, competência prevista no inciso II do
art. 2º da Lei Estadual nº 10.716/1996, a presidência do CEAS refere que as principais
ações realizadas com este intento em 2020 concentraram-se nas atividades de apoio
técnico aos Conselhos Municipais de Assistência Social e na realização dos Ciclos de
Debates do Conselho Estadual com seus congêneres municipais.
Seguindo em atenção à Requisição de Documentos e Informações SAIPAG
nº 28/2021, a presidência do CEAS informa que o acompanhamento e a avaliação “da
gestão dos recursos, bem como os ganhos sociais e o desempenho dos programas e

621
projetos aprovados” (art. 2º, inciso VII da Lei Estadual nº 10.716/1996) é realizada pelo
Conselho “por meio das Comissões Permanentes e da análise de relatórios apresentados
pelo órgão gestor da política de Assistência Social.”
Quanto à competência prevista no inciso VIII do art. 2º da lei de instituição
do Conselho, que prevê a sua atuação no estabelecimento das diretrizes, na apreciação e
na aprovação dos programas anuais e plurianuais do Fundo Estadual de Assistência Social
– FEAS, a presidência do CEAS informa que o Órgão “aprova os critérios da partilha do
FEAS, elaboradas pela Câmara Técnica, bem como aprova o Plano de Ação deste recurso e
o Plano de Reprogramação dos saldos.”
Outra competência prevista para o CEAS, a ser desenvolvida em interação
com o Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável, especificamente no que
concerne à assistência técnica e extensão rural e social, diz respeito à normatização e à
regulação das prestações de serviços de natureza pública e privada da assistência social.
Neste particular, a presidência do conselho assinala que esta relação se processa especi-
almente por meio da realização de “reuniões conjuntas e do trabalho intersetoriais no que
tange a demandas desta natureza.”
Ainda em relação às competências legalmente previstas para o CEAS, figu-
ra a de “convocar, ordinariamente, a cada 04 (quatro) anos, ou extraordinariamente, por
maioria absoluta de seus membros, a Conferência Estadual de Assistência Social, que terá
a atribuição de avaliar a situação da assistência social e de propor diretrizes para o aper-
feiçoamento do sistema” (art. 2º inciso IV, da Lei Estadual nº 10.716/1996). Neste particu-
lar, refere-se que a última Conferência Estadual de Assistência Social do Rio Grande do Sul
ocorreu em novembro de 2019, tendo sido convocada extraordinariamente.
Por fim, mais especificamente no que concerne à relação entre o CEAS e a
Secretaria Estadual do Trabalho e Assistência Social – STAS, são referenciadas pela
Presidência do CEAS, em resposta à Requisição de Documentos e Informações – SAIPAG nº
24/2021, fundamentalmente a inobservância de fluxos de solicitações encaminhadas pela
Secretaria para deliberação do Conselho, e questionamento por parte da Secretaria sobre
competências e deliberações do Conselho, afetando a celeridade e a efetividade dos
processos que requerem a atuação do CEAS.

12.3.3 Conselho Estadual de Saúde – CES


O Conselho Estadual de Saúde – CES, nos termos da Lei Estadual nº 10.097,
de 31 de janeiro de 1994, é um órgão colegiado deliberativo, constituído de forma
paritária, que tem como atribuições a formulação de estratégias e o controle da execução
da política estadual de saúde, inclusive sob a perspectiva econômica e financeira. O CES
incide, ainda, na proposição e aprovação de diretrizes para a elaboração do Plano
Estadual de Saúde e na avaliação do modelo estadual de gestão do Sistema Único de
Saúde – SUS e fiscalização da gestão do Fundo estadual de Saúde, em relação ao qual
aprecia e manifesta-se trimestralmente acerca de suas contas. O conselho também
acompanha e contribui com a atuação e o fortalecimento dos Conselhos Municipais de
Saúde. 94

94
http://www.ces.rs.gov.br/conteudo/573/Conselho-Estadual-de-Saude (Acesso em 10/03/2021).

622
A natureza de controle do social do Conselho, a exemplo das demais
instâncias dessa natureza antes examinadas, é materializada na sua composição
diversificada deste espaço de discussão e deliberação que envolve representações do
governo, dos prestadores de serviços de saúde, dos profissionais de saúde e dos usuários.
São órgãos e entidades representadas no Conselho Estadual de Saúde –
CES:

I – Na área governamental:

Secretaria da Saúde – SES


Ministério da Saúde – MS
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS
Associação dos Secretários Estaduais de Saúde – ASSEDISA
Secretaria de Educação – SEDUC
Companhia Rio-Grandense de Saneamento Básico – CORSAN
Federação das Associações dos Municípios do Estado do RS – FAMURS
Secretaria de Planejamento, Gestão e Governança – SPGG
Secretaria do Trabalho e Assistência Social – STAS

II – Na área dos prestadores de Serviços de Saúde:

Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos


Federação dos Hospitais do Rio Grande do Sul – FEHOSUL
Sindicato dos Laboratórios de Análises Clínicas – SINDILAC
Associação Rio-Grandense de Empreendimentos de Assistência Técnica e
Extensão Rural – EMATER/RS.

III – Na área dos profissionais da saúde:

Sindicato Médico do RS – SIMERS


Conselho Regional de Odontologia – CRO/RS
Sindicato dos Enfermeiros – SERGS
Federação dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde no
Estado do Rio Grande do Sul – FEESSERS
Conselho Regional de Serviço Social – 10ª região – CRESS
Conselho Regional de Nutricionistas – 2º região – CRN 2
Conselho Regional de Psicologia – 7° região – CRP 7
Sindicato dos Farmacêuticos no Estado do Rio Grande do Sul – SINDIFARS
Conselho Regional de Medicina Veterinária – CRMV

623
Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional – 5º região –
CREFITO

IV – Na área dos Usuários – Sociedade civil organizada:

Federação Rio-Grandense de Associação Comunitária de Moradores de


Bairro – FRACAB
Federação dos Trabalhadores na Agricultura no RS – FETAG/RS
Central Única dos Trabalhadores do Estado do Rio Grande do Sul – CUT/RS
Central Geral dos Trabalhadores do Brasil – CGTB
Federação dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas do RS –
FETAPERGS
Grupo de Apoio à Prevenção da AIDS – GAPA
Associação Gaúcha de Familiares de Pacientes Esquizofrênicos – AGAFAPE
Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul – FIERGS
Federação das Associações Comerciais do RS – FEDERASUL
Federação da Agricultura do Estado do RS – FARSUL
Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural – AGAPAN
Ação Democrática Feminina Gaúcha Amigos da Terra – ADFG
Associação de Defesa do Consumidor de Vacaria – ADECONV
Fórum Gaúcho de Saúde Mental – FGSM
Sindicato dos Servidores Públicos do Rio Grande do Sul – SINDSEPE/RS
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB
Federação das Associações dos Transplantados e Portadores de Doenças
Crônicas do Rio Grande do Sul – FADOC
Fraternidade Cristã de Doentes e Deficientes – FCD

O Conselho Estadual de Saúde – CES está organizado em 8 (oito) Comissões


que se reúnem quinzenalmente:

Comissão de Saúde Mental


Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador
Comissão Permanente de Fiscalização
Comissão de Vigilância em Saúde
Comissão de Atenção Básica
Comissão de Educação Permanente, Informação e Comunicação para o
Controle Social no SUS
Comissão de Assistência Farmacêutica
Comissão IST/HIV/AIDS/Tuberculose e Hepatites Virais

624
A estrutura administrativa do Conselho Estadual da Saúde é constituída
pelos seguintes órgãos de suporte às deliberações do Órgão Colegiado: a Secretaria
Executiva; as áreas Técnica e Jurídica. A Secretaria Executiva é a área responsável pelas
atividades de assessoramento à Mesa Diretora do CES e pelo atendimento de
necessidades administrativas em geral, incluindo a gestão patrimonial. A área Técnica é
responsável pelo assessoramento às atividades das comissões temáticas do CES mediante
a realização de estudos que subsidiem os diferentes estágios de gestão do ciclo das
políticas pública de saúde, em especial no que se refere às fases de formulação e de
execução. A área Jurídica responde pelo suporte técnico de natureza jurídica, análise e
elaboração de documentos, e no assessoramento também no que se refere às atividades
finalísticas da área Técnica.

12.3.3.1 Composição do CES e Qualificação dos Membros


Conforme manifestação da Presidência do CES, nos termos do Ofício-
CES/RS/013/2021 em resposta à Requisição de Documentos e Informações – SAIPAG nº
22/2021, a composição atual do Conselho é de 41 (quarenta e um) Membros e seus
correspondentes suplentes, que representam os órgãos e entidades antes indicados.
Ainda segundo informado, em observância ao que dispõe a Lei Estadual nº
10.097, de 31 de janeiro de 1994, os membros do CES “não possuem carga horária
estabelecida, sendo detentores de cargo de relevância pública, sendo nomeados pelo
Governador do Estado para mandatos de 2 anos, sendo permitidas reconduções.”

12.3.2.2 Quadro de Pessoal do CES


A estrutura de pessoal do Conselho Estadual de Saúde é composta por
servidores integrantes do quadro de servidores da Saúde Pública, instituído nos termos
da Lei Estadual nº 13.47/2010.
Atualmente o CES possui um quadro de pessoal formado por 11 (onze)
pessoas. Esta composição conta com 4 (quatro) servidores estatutários. Destes, 03 (três)
são integrantes da carreira de nível superior de Especialistas em Saúde, sendo um com
formação em Administração, um com formação em Direito e um com formação em
Biologia.
A estrutura de pessoal administrativo conta, também, com 1 (um) servidor
da carreira de Assistente em Saúde, que a despeito do requisito de escolaridade mínimo
ser o nível médio, possui formação superior em Arquitetura. Atuam, ainda, outros 2 (dois)
servidores ocupantes de cargos de provimento em comissão, um com formação em
Jornalismo e cursando também Direito, e outro com escolaridade de nível médio.
Estagiários do ensino superior, em número de 4 (quatro), completam a equipe de
trabalho, sendo 3 (três) estudantes de Pedagogia 1 (um) de Jornalismo.

12.3.2.3 Estrutura física e tecnológica do CES


Em termos de infraestrutura física, conforme informações apresentadas
em atenção à Requisição de Documentos e Informações – SAIPAG nº 22/2021, o Conselho
possui boas condições de mobiliário a fim de atender as necessidades operacionais.

625
A infraestrutura tecnológica do CES, estas com significativo impacto sobre
a transparência das ações e interações com a sociedade, apresenta os seguintes
elementos constitutivos: Rede de internet (dois aparelhos wireless); Suporte técnico
ofertado pelo Departamento de Gestão de Tecnologias e Inovação – DGTI; 3 (três)
computadores notebooks; 16 (dezesseis) computadores de mesa; 2 (dois) telefones
móveis; 1 (uma) televisão LCD de 29 polegadas; 2 (dois) tablets; e 6 (seis) aparelhos de
comunicação da tecnologia (VoIP).
Especificamente em relação aos canais de comunicação, merecem
destaque os seguintes componentes: Correio eletrônico (aproximadamente 1.500
contatos salvos); Facebook (3.989 pessoas interagindo com a página e 4.376 pessoas
seguidoras); Instagram (602 contas seguindo); Twitter (inativo por falta de retorno) e o
Portal institucional, que é atualizado diariamente. O Conselho Estadual de Saúde realiza
desde 3 de abril de 2018 transmissões ao vivo de seus eventos, sendo um destes a
Plenária Ordinária deste colegiado.95 Também conforme informações prestadas pela
presidência do CES, dados disponibilizados na plataforma do Facebook indicam estimativa
de que o perfil movimentou, aproximadamente, 63,5 mil pessoas ativas, sendo que
tomado o parâmetro de alcance de publicação este número é quadruplicado segundo
dados obtidos a partir do painel Gerenciamento de Página da rede social.
No que diz respeito à disponibilidade de veículo próprio para transporte, é
informado que o Conselho não conta com este recurso, recorrendo à Secretaria de Estado
da Saúde – SES a quem solicita veículo e motorista quando necessários.

12.3.3.4 Atuação do CES


Conforme informado a partir da Requisição de Documentos e Informações
– SAIPAG nº 22/2021, no exercício de 2020 o CES realizou um total de 42 sessões
Plenárias. Destas, 19 (dezenove) Sessões Plenárias Ordinárias e 2 (duas) Sessões Plenárias
Extraordinárias (sendo três delas presenciais). Incluídas neste montante, foram
realizadas, ainda, 20 (vinte) Sessões Plenárias Macrorregionais e 1 (uma) Sessão Plenária
Estadual de Conselhos Municipais de Saúde.
A estas atividades institucionais de aproximação, interação, participação,
transparência e controle social realizado pelo Conselho Estadual da Saúde no exercício de
2020, também em consonância com a sua competência, somam-se a análises e estudos
que resultaram na elaboração e expedição de Resoluções, Moções e Recomendações
conforme abaixo discriminadas:

1. Resolução 02/2020, de 18 de junho de 2020


2. Resolução 03/2020, de 18 de junho de 2020
3. Resolução 04/2020, de 16 de julho de 2020
4. Resolução 05/2020, de 16 de julho de 2020
5. Resolução 06/2020, de 16 de julho de 2020
6. Recomendação 14/2020, de 17 de dezembro de 2020

95
www.Facebook.com/ConselhoEstadualDeSaudeRS

626
7. Recomendação 01/2021, de 25 de fevereiro de 2021
8. Moção 01/2021, de 11 de fevereiro de 2021
9. Moção 02/2021, de 11 de fevereiro de 2021

Particularmente no que se refere à atuação do Conselho Estadual de Saúde


– CES em relação aos reflexos da pandemia de Covid-19, são referenciadas, em resposta à
RDI SAIPAG nº 22/2021 a presidência do órgão refere a edição das manifestações acima
indicadas que entende ter encerrado potencial impacto positivo no cenário de saúde,
notadamente me termos de disponibilidade de leitos e insumos, e de controle dos
contágios.

Quanto aos aspectos que afetam o bom funcionamento do Conselho


Estadual de Saúde – CES, são referenciados em resposta à requisição de Documentos e
Informações SAIPAG nº 22/2021 por meio do Ofício-CES/RS/013/2021, de 16 de abril de
2021:

A não homologação das resoluções aprovadas pelo CES/RS por parte do gestor
estadual do SUS (o que será melhor esclarecido no item número 3), bem como
falta de recursos humanos, principalmente nas áreas técnicas, para melhor aná-
lise dos instrumentos de gestão, orçamentários e fiscalização das políticas pú-
blicas, que necessita muitas vezes de suporte multidisciplinar.

Segue a mesma manifestação do CES nos seguintes termos:

Ademais, outro aspecto importante que restringe o bom funcionamento do


CES/RS se verifica a partir da não homologação das Resoluções do CES/RS por
parte da Secretaria Estadual de Saúde, ao arrepio da Lei n. 10.097/94 que esta-
belece o dever do gestor em homologar as resoluções no prazo de 30 dias.
Em consequência ao fato narrado, em 2020 a Procuradoria Geral do Estado
emite o Parecer n. 18.398/2020, que atribui ao CES/RS caráter consultivo, im-
pondo que as homologações por parte do gestor são atos discricionários, que
depende da oportunidade e conveniência, e não mais atos vinculados, confor-
me prevê a Lei Federal n. 8142/90, que cria os conselhos de saúde em território
nacional, bem como afronta a Lei Estadual n. 10.097/94, que prevê de forma
explícita o caráter deliberativo do conselho de saúde. Em sequência, o Gover-
nador aprova o parecer e impõe como norma a toda administração pública do
Estado.

Em síntese, o CES revela-se um Órgão de atuação fundamental no exercício


das funções de fiscalização e de controle social, mas que enfrenta sensíveis fragilidades
na sua estrutura, notadamente relacionada a pessoal, o que sugere um olhar mais
acurado acerca das potencialidades que o Conselho apresenta como organismo de
qualificação das políticas públicas de saúde âmbito do Estado e municípios.

627
13 Pontos Destacados no Relatório e Parecer
Prévio de 2019, que não Constaram em 2020
A seguir, elencam-se os apontamentos feitos no Relatório e Parecer Prévio
das Contas do Governador do Estado do ano de 2019 que não constaram em 2020, seja
por correção, ou por entendimento naquela apreciação de contas de outros tipos de
monitoramento. Abaixo de cada ponto consta breve explicação do motivo de seus
afastamentos no presente ano.

1) No sentido de restringir as despesas, o artigo 36 da LDO estipulou o


índice de 3% como sendo o máximo a ser acrescido nos orçamentos para o grupo de
natureza da despesa pessoal e encargos sociais, na fonte de recursos Tesouro-Livres,
incluindo aí os valores decorrentes de possível revisão geral prevista constitucionalmente.
Verificou-se que em 2019 as despesas com pessoal e encargos (exceto
intraorçamentárias) atingiram o valor de R$ 31,16 bilhões (R$ 29,21 bilhões em 2017),
representando um aumento de aproximadamente 6,6% no período. Considerando a
vedação na LDO de incremento superior a 3% para o grupo de natureza da despesa de
pessoal e encargos sociais, cabe ao gestor esclarecimentos acerca desse assunto.
Ponto afastado na análise dos esclarecimentos de 2019. Em 2020, não
houve previsão na LDO sobre crescimento de pessoal, portanto, não se justifica a
manutenção do mesmo.

2) O Convênio ICMS nº 04/04, do qual decorrem as isenções de transporte


de cargas, permitiu a isenção da exação estadual apenas nos transportes de cargas no
âmbito intermunicipal (início e término no território do Estado). No entanto vigorou no
inciso IX do artigo 10 do Livro I do RICMS isenção de transporte de cargas a inscritos no
CGC/TE, portanto com o acréscimo dos fretes interestaduais, situação não permitida pelo
supramencionado convênio. Os decretos nº 54.564/2019 e 54.850/2019 diziam respeito à
concessão de isenção de ICMS sobre o transporte de cargas a inscritos no CGC/TE, ou
seja, tanto transportes intermunicipais com início e término no território do Rio Grande
do Sul, como interestaduais. Sendo assim, o Executivo Estadual manteve em vigor isenção
fiscal em desacordo às regras celebradas no CONFAZ.
No ano de 2020 foi corrigida a inconsistência da desoneração dos
transportes de cargas e adotada, durante todo o exercício, isenção de acordo com o
propugnado pelo Convênio ICMS nº 04/04, ou seja, a concessão de isenção somente aos
fretes com início e término dentro do Estado do Rio Grande do Sul. A queda de 51,3% nos
valores de operações isentas com base no inciso IX do art. 10 do Livro I do RICMS, de R$
13,27 bilhões para R$ 6,47 bilhões, corrobora a adequação das disposições materiais
desse trecho do Regulamento do ICMS.

3) Permanecem em vigor no art. 35 do Livro I do RICMS, vinculados a


desonerações por meio de isenção e redução de base de cálculo, dispositivos que
permitem o não estorno do crédito fiscal, a despeito das saídas não terem sido total ou

629
parcialmente tributadas. Em decorrência dessas regras os valores de desoneração
efetivos por meio de Isenções e Reduções de Base de Cálculo podem ser superiores aos
divulgados no Demonstrativo de Desonerações Fiscais da Receita Estadual.
De acordo com o entendimento do Relator das Contas de 2019, conforme
excerto abaixo, é compreensível a forma como o demonstrativo de desonerações fiscais é
elaborado, entretanto, deve a matéria seguir sob acompanhamento da DCF.

“Assim, como apontado pela equipe de auditoria, os valores efetivos de desone-


ração referentes a isenções e reduções de base de cálculo podem realmente ser
superiores aos divulgados no demonstrativo de desonerações fiscais da Receita
Estadual. Entretanto, é compreensível que tal documento seja elaborado a par-
tir do conjunto de interpretações defendidas pelo Executivo (as quais, aliás, são
compatíveis com aquelas sustentadas pela Unidade Técnica) e que acabe se di-
vorciando da realidade em razão de decisões judiciais supervenientes, sobre as
quais não há ingerência da Administração Estadual a respeito.
Dessa forma, aqui também sou pela determinação de acompanhamento da ma-
téria por parte da Direção de Controle e Fiscalização.”

Com base no acompanhamento das melhorias efetuadas no Demonstrativo


de Desonerações pela Receita Estadual e com fundamento no entendimento de que há
possibilidade de sequência e evolução nessas melhorias, como citado no Relatório Técnico,
constará questionamento a respeito da não projeção da carga tributária desonerada em
função do não estorno do crédito fiscal com finalidades, entre outras, de ampliação da
transparência a respeito da renúncia fiscal praticada pelo Estado.

4) Solicita-se, adicionalmente, que o Executivo Estadual informe se os


valores de saldo credor acumulado, constantes no item 1.7.3 (relatório de 2019), são
compostos exclusivamente de créditos em virtude de exportações, ou se existem
naqueles saldos, créditos acumulados devido à aplicação do instituto do não estorno do
crédito para saídas isentas ou com base de cálculo reduzida. Caso positivo, a não
segregação dos créditos acumulados em virtude de exportações daqueles devido às
hipóteses de não estorno vinculadas a saídas isentas ou com base de cálculo reduzida
traduz uma ideia imprecisa acerca das possibilidades legislativas do Estado do Rio Grande
do Sul relativamente a esses créditos acumulados – enquanto os decorrentes de
exportação o RS não tem influência legislativa, os demais são passíveis de revisão pelo
Estado mediante revogação de hipóteses de não-estorno do crédito fiscal.
Conforme voto do Excelentíssimo Conselheiro-Relator do Parecer Prévio das
Contas de 2019, Cezar Miola, houve entendimento de que as ponderações do Executivo
Estadual mostraram-se adequadas e suficientes para o afastamento do aponte. Cita-se
trecho do referido voto:

“...Embora seja possível ampliar, no particular, os mecanismos de transparência,


conforme frisado pelo Serviço Técnico, tenho por esclarecido o presente pon-
to...”

630
Dessa forma, no presente Relatório Técnico, deixa-se de apresentar essas
ponderações presentes no exame das Contas de 2019.

5) Os incisos XCVI, CVI, CVII, CLVIII, CLXVIII, CLXIX, CLXXIV, CLXXV, CLXXVI,
XI(A) do art. 32 do Livro I do RICMS dispõem a respeito da concessão de crédito
presumido na entrada nos casos em que os insumos foram produzidos/criados no Estado
do Rio Grande do Sul. Em que pese a iniciativa em prol do setor primário gaúcho há
dificuldades inerentes a essas regras no que diz respeito ao controle da efetiva aquisição
dos insumos locais, em especial pelo fato de a nota de produtor rural não adotar o
modelo eletrônico.
Conforme decisão no exame das Contas de 2019, a existência do
documento fiscal, mesmo que não eletrônico, conjugada com a emissão da NF-e de
entrada, sem prejuízo da ação fiscalizatória da Secretaria da Fazenda, mostram-se
adequadas para o caso concreto. Sendo assim, não se reapresenta o ponto de
esclarecimento acima. Na sequência, colaciona-se parte do Voto do Exmo. Relator das
Contas de 2019, Conselheiro Cezar Miola.
“No particular, anuncio, desde já, que acolho as razões apresentadas pelo se-
nhor Governador. O fato de a emissão de nota fiscal eletrônica ainda não ser
obrigatória para todos os produtores rurais não significa que o documento não
seja emitido. Aliás, existe obrigação no sentido de que os contribuintes que re-
cebem mercadorias de produtores ou não contribuintes emitam o documento
fiscal eletrônico referente à entrada desses itens (art. 26, I, e 26-A, I, Livro II,
RICMS). E, como bem pontuado nos esclarecimentos, “a verificação de veraci-
dade da emissão das notas de entrada ocorre assim como a de veracidade de
emissão de notas de saída, em procedimentos de fiscalização”. Ou seja, as pos-
síveis irregularidades poderão ser desveladas no curso das atividades de fiscali-
zação levadas a efeito pela Secretaria da Fazenda.”

6) Na esteira da LC nº 160/2017 foram introduzidos dispositivos no


RICMS/RS, já praticados por outro Estado da Região Sul, todavia sem que tenha sido
editada Lei específica para a entrada em vigor das desonerações, o que fere o § 6º do art.
150 da Constituição Federal.
7) Foram concedidas desonerações fiscais no âmbito dos institutos da
isenção e da redução de base de cálculo, derivadas da celebração de Convênios no
CONFAZ, cuja internalização na legislação do Estado do Rio Grande do Sul não ocorrera
mediante edição de lei específica, tampouco Decreto legislativo, conforme exige o
mandamento constitucional do § 6º do art. 150 da Carta Magna. No Livro I do RICMS, os
seguintes incisos dos arts. 9º e 10, referentes à isenção, e dos arts. 23 e 24, referentes à
redução de base de cálculo, estão entre os dez com maiores valores de saídas em 2019
em cada instituto e não demonstraram cumprir a exigência constitucional citada acima: -
art. 9º, incisos IX, VIII e XXXIX; - art. 10, inciso IX; - art. 23, incisos I, IX, XL, X; - art. 24,
inciso I. Sendo assim, vigoram no âmbito do Regulamento do ICMS do Estado do Rio
Grande do Sul desonerações fiscais em desacordo ao preconizado na CF, art. 150, § 6º.
8) Como comentado no ponto de esclarecimento nº 49, é necessária edição
de lei específica para concessão de desonerações fiscais no âmbito do ICMS conforme CF,
art. 150, § 6º. Constam no RICMS desonerações fundamentadas no art. 58 da Lei nº

631
8820/89, o qual genericamente outorga ao Poder Executivo poderes para, na defesa da
economia do RS, conceder benefícios fiscais praticados por outros Estados ou DF, com a
exigência de que sejam apreciados pela Assembleia Legislativa (L. 8820/89, art. 58,
parágrafo único). Requer-se que o Poder Executivo comprove a apreciação e aprovação
pela Assembleia Legislativa, indicando o ato editado pelo Poder Legislativo (Lei ou
Decreto Legislativo) para ratificar as concessões de benefícios fiscais praticadas na esteira
do art. 58 da L.8820/89, bem como liste as concessões dessas desonerações fiscais
eventualmente praticadas por outra UF que orientaram a utilização da possibilidade
aventada no art. 58 da Lei 8820/89 em relação aos dispositivos do Livro I do RICMS a
seguir listados: RICMS, Livro I, art. 32, incisos: XI, XXVI, XXXVI, LXIII, LXXI, LXXVI, LXXXII,
LXXXVIII, CVI, CVII, CXVI, CXXVI, CXXXV, CXLI, CLXVII, CLXXVI. O total de crédito presumido
apropriado nos supramencionados dispositivos atingiu o montante de aproximadamente
R$ 1,9 bilhão, em 2019.
Nos três pontos acima a temática central repousou nos trâmites legislativos
no que concerne ao instrumento para entrada em vigor de desonerações fiscais,
notadamente a ausência de Lei ou Decreto-legislativo com esse propósito.
Embora o voto do Conselheiro-Relator tenha ido ao encontro do
entendimento instaurado no aponte pelo Serviço de Auditoria foi feita a ressalva de que a
ausência de edição de ato legislativo (lei ou decreto-legislativo) é incumbência da
Assembleia Legislativa, e o Administrador Estadual seguiu o rito previsto na Lei nº
8820/89 para fins de internalização dos convênios, ou seja, remeteu os acordos para
apreciação do parlamento. Dessa forma, não poderia repousar sobre o Poder Executivo
qualquer imputação de irregularidade uma vez cumprida a lei geral do ICMS e remetidos
os termos dos convênios aos legisladores estaduais para apreciação. Cita-se, nessa
esteira, trecho do voto do Excelentíssimo Conselheiro-Relator das Contas de 2019. Cezar
Miola:

“...O fato é que, muito embora a compreensão do tema esposada pela Supervi-
são da Casa e os apontamentos por ela realizados, o Governo tem cumprido o
que estabelece a legislação local, encaminhando à Assembleia os convênios rati-
ficados para apreciação. E, conforme exaustivamente demonstrado, não há que
se falar em normas manifestamente inconstitucionais. Portanto, não vejo como
censurar a atuação do Poder Executivo no particular...”

9) No art. 32 do Livro I do RICMS/RS alguns dispositivos permitem a


apropriação de crédito presumido, inclusive nas hipóteses de transferência entre
estabelecimentos da mesma empresa, o que pode resultar na redução de arrecadação ao
Estado através de fatos que não configuram operação comercial de venda. Trata-se da
alínea “c” do inciso XI, e incisos LXIX e LXXVI, todos do art. 32 do Livro I do RICMS. O
Decreto nº 54738/2019 ampliou a vigência das desonerações dos incisos LXIX e LXXVI até
31 de dezembro de 2020. Sendo assim, a regra vigente nos referidos dispositivos pode
acarretar na redução da arrecadação de ICMS sem que tenha ocorrido comercialização
dos produtos.
Sobre o ponto de esclarecimento relacionado à existência de dispositivos no
RICMS permitindo uso do crédito presumido para fins de transferência entre

632
estabelecimentos da mesma empresa, deixa-se de apresentá-lo novamente por duas
razões: i- segundo voto no exame do Parecer Prévio de 2019 não foram identificadas
situações concretas de mau uso das desonerações em epígrafe, além de ter havido
entendimento de que os procedimentos de fiscalização da Secretaria da Fazenda seriam
capazes de identificar esses casos; ii- conforme constou no relatório técnico para
apreciação das contas relativamente ao exercício de 2020, houve alteração de outros
dispositivos no Regulamento do ICMS, notadamente no que toca às precauções a fim de
evitar simulação de operações e tomada de crédito fiscal, como citado no item
3.2.1.6.8.1.2 a respeito de créditos presumidos nas saídas.

10) Atividades sensíveis no âmbito da Receita Estadual, que envolvem


questões chave relacionadas aos benefícios fiscais, como o monitoramento e a revisão,
contam com reduzido quadro de servidores, o que pode não garantir a persuasiva
fiscalização das fruições, bem como pode tornar intempestiva a avaliação da efetividade
das concessões em vigor.
Esse aponte não constará no relatório e Parecer Prévio das Contas de 2020,
uma vez que no ano de 2021, anteriormente ao fechamento desse relatório, a Receita
Estadual procedeu à recomposição de 100 Auditores-fiscais da Receita Estadual em seus
quadros. Espera-se que as atividades citadas no aponte recebam recursos humanos a
partir desses novos ingressos de servidores.

11) Expedientes administrativos enviados ao TCE, relativos a


encaminhamentos de proposições relacionadas a concessões ou prorrogações de
desonerações fiscais apresentaram fragilidade ou mesmo ausência de previsões de
valores no que diz respeito aos estudos de impacto orçamentário-financeiro para o ano e
dois seguintes (art. 14 da LRF), fato que reduz a transparência perante órgãos de controle
e, sobretudo a sociedade, em relação aos montantes de arrecadação de que se está
abrindo mão.
12) Com base nas informações enviadas a respeito das desonerações fiscais
concedidas pelo Estado do Rio Grande do Sul, em especial devido à ausência em muitas
das concessões de tramitação de projeto de lei específica, não foi possível identificar com
clareza quais os objetivos almejados pelo governo estadual ao implantar e/ou manter em
vigor o rol atual de incentivos fiscais. Solicita-se que sejam apresentados os motivos que
levam o Estado a manter em vigor a atual carga de desonerações fiscais, especialmente
aquelas que apresentam os maiores valores de renúncia ao ICMS devido.
Os dois pontos de esclarecimentos acima culminaram na determinação
pelo Tribunal Pleno, quando do exame do relatório e Parecer Prévio das Contas do
Governador de 2019, para que fosse instaurada Auditoria Operacional a respeito das
concessões de desonerações fiscais. Como os assuntos passarão a ser abordados em
expediente de auditoria específico, deixa-se de apresentar o aponte no presente relatório
técnico.

13) Uma das graves consequências da redução dos investimentos no


Estado refere-se à situação em que se encontra o Instituto Estadual de Educação General

633
Flores da Cunha, escola da rede pública estadual, com tradição na formação de
professores e de extrema importância para a educação gaúcha.
A sua sede, tombada pelo Patrimônio Histórico Estadual em 2006,
encontra-se em situação precária, o que provocou a transferência temporária de suas
atividades para outras instituições enquanto fossem realizadas as obras de restauro da
instituição.
No entanto, os projetos de reformas da escola se alongam desde o
exercício de 2012, sem resultado efetivo em oito anos.
Na Lei Orçamentária Anual de 2020 – Lei nº 15.399, publicada no DOE em
13-1-2019, foi determinada dotação orçamentária de somente R$ 1.500.000,00 para a
reforma do Instituto, enquanto que a obra tinha sido contratada pelo custo de R$
22.927.728,47 por 18 meses (Informação nº 20/2019 – SAE-II). Assim, o Governo Estadual
alocou recursos para 2020 no montante de R$ 125.000,00 mensais, ou seja, 9,81% do
valor do custo mensal da obra, sendo, portanto, insuficientes para a continuidade da
reforma do Instituto de Educação Flores da Cunha.
Destarte, frente à situação precária que se encontra a sede do Instituto
Estadual de Educação General Flores da Cunha, escola tradicional de Porto Alegre e de
enorme importância para a educação gaúcha, não possuindo perspectiva de retorno das
suas obras de reforma devido à alocação insuficiente de recursos no orçamento de 2020
(aprovado em 2019), verifica-se a necessidade de esclarecimentos quanto ao plano do
Governador do Estado para a continuidade desta obra.
Sobre este ponto a decisão do Tribunal Pleno desta Corte de Contas
determinou à Direção de Controle e Fiscalização o monitoramento do andamento da
referida obra.
A obra de recuperação da sede do Instituto Estadual de Educação General
Flores da Cunha tem sido acompanhada pelo Serviço de Auditoria Estadual (SAE II), onde o
andamento mais atualizado está no Processo nº 033002-0200/20-0. No final de 2020 a
equipe de Auditoria sugeriu a aplicação de tutela de urgência para que a Secretaria de
Educação apresentasse um plano de ação para a continuidade a obra. A última
movimentação do processo indicava a manifestação da Secretária de Educação,
recentemente empossada, a qual solicita postergação de prazo para a entrega de um
plano de ação. Neste contexto, o referido assunto permanecerá sob monitoramento por
meio do Processo nº 033002-0200/20-0.

14) Considerando: as intensas negociações para o Estado aderir ao Regime


de Recuperação Fiscal (LC nº 159/2017); o fato de o acordo exigir uma readequação nos
critérios de cálculo da despesa com pessoal, para fins de verificação de limites da Lei de
Responsabilidade Fiscal; e o Estado do Rio Grande do Sul ficar acima do limite legal no
caso de atendimento dos critérios exigidos pela Secretaria de Tesouro Nacional, entende
esta corte a necessidade da apresentação de um plano, pelo Poder Executivo, que mostre
uma projeção da relação da despesa com pessoal x receita corrente líquida, para
adequação aos limites exigidos pela LRF.
Com as mudanças advindas da LC 178/2021 e da EC 109/21, entende-se
superada as principais divergências na metodologia de cálculo da despesa com pessoal.

634
15) A Lei Estadual nº 14.982/2017 autorizou a extinção de fundações de
direito privado da Administração Pública Indireta do Estado do Rio Grande do Sul, quais
sejam; Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul – FZB, a Fundação de Ciência e
Tecnologia – CIENTEC, a Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser –
FEE, a Fundação Piratini, a Fundação para o Desenvolvimento e Recursos Humanos –
FDRH e a Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional – METROPLAN.
Faz-se necessário um acompanhamento e devidos esclarecimentos do
gestor público estadual quanto a existência de um plano de transição para extinção das
Fundações, a fim de acompanhar e garantir a continuidade dos serviços prestados à
sociedade.
Entendeu-se que o assunto está sendo acompanhado pelas equipes de
auditoria deste TCE, ao passo que não se faz mais necessário buscar esclarecimentos junto
ao gestor estadual.

16) O Banrisul celebrou convênios com entidades públicas do Rio Grande


do Sul, segundo os quais essas entidades deveriam efetuar o desconto em folha de
pagamento das parcelas dos empréstimos (crédito consignado) e repassar os valores à
instituição financeira. Ocorre que em diversas ocasiões, conforme relata o Bacen, as
entidades deixaram de repassar os valores dentro dos prazos previstos, configurando
assim violação do disposto no artigo 29, inciso III e § 1º, c/c o artigo 32 da Lei
Complementar nº 101/2000 – LRF.
A prática configura um financiamento do Banrisul ao Estado do Rio Grande
do Sul, pois conforme mostrado neste relatório, são cerca de R$ 50,00 milhões
repassados com até 43 dias de atraso. Existem outros repasses, bem como outras
instituições envolvidas, aumentando ainda mais este montante. O fato exige pedido de
esclarecimentos ao gestor.
Ponto afastado pelo Relator de 2019, sendo aceitas as justificativas do
gestor estadual, quanto aos atrasos serem decorrente do parcelamento da folha salarial.
Verificou-se, em 2020, uma diminuição no atraso, sendo que a partir de novembro, com a
folha dos servidores do poder executivo sendo paga em dia, o repasse ao Banrisul ocorreu
em poucos dias, conforme é aceito no contrato de convênio. O assunto seguirá sendo
monitorado na análise das contas anuais, porém não se faz necessário o pedido de
esclarecimentos.

17) De acordo com o art. 5º, § 6º, inciso I da Portaria MPS nº 204/2008, o
DRAA deve ser enviado à Secretaria de Previdência até 31 de março de cada exercício,
exceto se houver prorrogação de prazo. No entanto, a Avaliação Atuarial 2020 do Rio
Grande do Sul foi concluída em 03-08-2020, cinco meses após o prazo legal, conforme
consulta realizada no sítio eletrônico do CADPREV.
Em 2020 o art. 1º da Portaria nº 1.348/2019, previu que o DRAA deveria
ser enviado à Secretaria de Previdência até 31 de julho de 2020. A Avaliação Atuarial 2020
do Rio Grande do Sul foi concluída em 30-07-2020, conforme consulta realizada no sítio

635
eletrônico no CADPREV , portanto, dentro do novo prazo previsto para o exercício sob
análise
O citado Demonstrativo foi entregue na data correta em 2020.

18) A Resolução nº 26/2013 estabeleceu normas para a execução técnica,


administrativa e financeira do PNAE, bem como, definiu a necessidade de
complementação do Programa com recursos estaduais, conforme inciso II do seu artigo
5º.
A Secretaria da Educação informou que o recurso utilizado para a
complementação estadual foi a quota estadual do recurso 292 – Salário-Educação.
O Parágrafo 4º do artigo 212 da Constituição Federal dispõe que os
programas suplementares de alimentação e assistência à saúde previstos no art. 208, VII,
serão financiados com recursos provenientes de contribuições sociais e outros recursos
orçamentários.
De acordo com algumas interpretações, as quotas estaduais e municipais
do Salário-Educação, definidos como Contribuição Social no parágrafo 5º do artigo 212 da
Carta Magna, estariam autorizados pelo referido parágrafo 4º do artigo 212 da
Constituição Federal a serem utilizados em programas suplementares de alimentação.
No entanto, o FNDE, no seu site, elencou as despesas que podem ser
utilizadas com Salário-Educação
(https://www.fnde.gov.br/index.php/financiamento/salario-educacao/area-para-
gestores/utilizacao-de-recursos), relatando que as despesas, conforme o inciso II do § 1º
do art. 15 da Lei nº 9.424/1996, serão realizadas para financiamento de programas,
projetos e ações voltados para o desenvolvimento do ensino básico público. A Lei nº
9.394, de 20 de dezembro de 1996, no art. 70 da LDB, enumera as ações consideradas
como de manutenção e desenvolvimento do ensino.
Assim, de acordo com o FNDE, as ações não consideradas como de
manutenção e desenvolvimento do ensino, conforme a Lei nº 9.394/1996, não poderiam
ser custeadas pelo Salário-Educação, sendo o caso dos programas suplementares de
educação, elencado nas vedações do artigo 71 da citada Lei.
A Confederação Nacional dos Municípios – CNM, na sua Nota Técnica nº
11/2017, possui o entendimento de que o Salário-Educação pode ser utilizado na
alimentação escolar, conforme se descreve:
2.3. As despesas que são e as que não são consideradas como MDE estão
descritas nos arts. 70 e 71 da LDB. A Lei fixa que as despesas com “programas
suplementares de alimentação, assistência médico-odontológica, farmacêutica e
psicológica, e outras formas de assistência social” não constituem MDE (art. 71, IV).
Entretanto, essa restrição refere-se à utilização da receita proveniente de impostos, e não
de contribuições sociais como o salário-educação.
2.4. Ao mesmo tempo, a Lei 9.766/1998, que trata do salário-educação,
não restringe a aplicação desses recursos a despesas consideradas como MDE, vedando
apenas sua destinação para pagamento de pessoal (art. 7º da Lei). Portanto, os recursos
recebidos à conta dessa contribuição social podem ser aplicados no financiamento da

636
educação 2 básica pública em geral, incluindo os programas suplementares ao educando
não considerados despesas com MDE. Excluídas apenas as despesas com pessoal.
Assim, há posicionamentos divergentes sobre a utilização da quota
estadual do salário-educação na suplementação alimentar do ensino básico público, no
entanto, não há expressa vedação para a sua utilização, necessitando pedido de
esclarecimento ao Governador do Estado.
A matéria será objeto de consulta sobre o posicionamento desta Corte com
relação a utilização da Quota Estadual do Salário – Educação no PNAE.

19) Verificou-se gastos da complementação estadual com a quota estadual


do recurso 292 – Salário-Educação nas rubricas 3978 – Transporte Não Servidores no
valor de R$ 12 mil e 1402 – Diárias de Viagem na importância de R$ 29 mil.
Não foi encontrado fundamento legal para despesas relativas ao PNAE nas
referidas rubricas, sendo tais gastos objeto de pedido de esclarecimento ao Governador
do Estado.
A matéria será enviada ao setor de Auditoria para fiscalização das referidas
despesas.

20) Verificou-se alto valor de inscrições em Restos a Pagar Processados do


recurso 1185 – Fundeb , totalizando R$ 416,8 milhões em 2019. Em comparação com o
exercício de 2018, houve um aumento de 210% nas referidas inscrições.
Este valor compreende despesas contabilizadas nas rubricas de salários,
utilizadas para o cálculo do atingimento do índice de 60% da remuneração do magistério
com recursos do Fundeb. Uma vez que o estágio da despesa utilizado é o liquidado, os
Restos a Pagar Processados do recurso 1185-Fundeb entraram nessa apuração.
Assim, para o cálculo do atingimento do índice de 60% foram utilizadas
despesas liquidadas em 2019, mas não pagas no referido ano, e que representam uma
fatia significativa de compromissos assumidos, não pagos e considerados neste
percentual.
Bem como, a partir dos registros contábeis de recursos ainda pertencentes
ao FUNDEF, (R$ 129,5 mil), somados aos saldos contábeis de recursos do FUNDEB no
Banco do Brasil (R$ 366,2 mil) e no Banrisul (R$ 584,2 milhões), chega-se ao montante de
R$ 584,7 milhões de saldo bancário disponível ao Fundeb.
Este saldo bancário de R$ 584,7 milhões é insuficiente para executar a
despesa ainda não empenhada, no valor de 257,1 milhões, representada pelos Passivos
Potenciais do FUNDEB (R$ 257,0 milhões) e do FUNDEF (R$ 115,7 mil) e para cobrir os
Restos a Pagar dos respectivos recursos inscritos no Balanço no valor de
R$ 416,8 milhões. Portanto, para honrar os compromissos já assumidos e executar a
despesa ainda não empenhada, o Poder Executivo tem uma falta nas contas correntes
vinculadas ao FUNDEF/FUNDEB de R$ 89,2 milhões.
Assim, verifica-se a necessidade de esclarecimentos do Governador do
Estado quanto ao alto valor de inscrições em Restos a Pagar Processados do recurso
1185- Fundeb em 2019, bem como, quanto a ausência de saldo nas contas correntes do

637
Fundeb para fazer frente aos compromissos já assumidos inscritos em RPP somados a
despesa ainda não empenhada.
Ao final do exercício de 2020, havia saldo bancário suficiente para honrar
os compromissos com os restos a pagar e com o passivo potencial.
Assim, constatou-se a existência de um saldo bancário de R$ 310,1 milhões,
suficiente para executar a despesa ainda não empenhada, no valor de 105,5 milhões,
representada pelos Passivos Potenciais do FUNDEB (R$ 105,3 milhões) e do FUNDEF (R$
115,7 mil) e para cobrir os Restos a Pagar dos respectivos recursos inscritos no Balanço no
valor de R$ 202,7 milhões. Portanto, para honrar os compromissos já assumidos e
executar a despesa ainda não empenhada, o Poder Executivo tem uma sobra nas contas
correntes vinculadas ao FUNDEF/FUNDEB de R$ 2,4 milhões.

21) A Lei nº 11.494/2007, no seu artigo 2º, determinou a obrigatoriedade


do uso dos recursos do FUNDEB no exercício financeiro em que lhes forem creditados,
estabelecendo a possibilidade de até 5% desses recursos serem utilizados no 1º Trimestre
do exercício imediatamente subsequente, mediante a abertura de créditos adicionais
(§ 2º, do artigo 2º).
Verificou-se que o saldo inicial do passivo potencial para 2020 do recurso
1185-Fundeb totalizou R$ 257,0 milhões. Este saldo representa a soma dos valores não
empenhados do Fundeb de exercícios anteriores, de R$ 95 milhões, com os ingressos do
recurso em 2019, de R$ 4,41 bilhões, diminuídos do valor empenhado em 2019, de R$
4,25 bilhões.
Assim, tem-se que não foram aplicados no Fundeb em 2019 o valor de R$
257,0 milhões, composto por importâncias de anos anteriores e de 2019.
A fim de se verificar o cumprimento do artigo 2º da Lei nº 11.494/2007, há
a necessidade de esclarecimentos do Governador do Estado para indicar qual a
importância dentro do saldo de R$ 257,0 milhões do recurso do Fundeb não aplicados
que pertence ao exercício de 2019. Item 2.1.1.3.
O Executivo informou que os R$ 257,0 milhões que ficaram para ser
aplicados em 2020, pertencem ao exercício de 2019.

22) Os recursos excedentes do Salário-Educação (quota Municípios e


Estado), ou seja, a diferença entre os valores recebidos e pagos passaram a compor as
aplicações financeiras do SIAC a partir de 2000. Em 31-12-2019, os valores aplicados
alcançaram o montante de R$ 392,9 milhões.
De acordo com a informação encaminhada pela Secretaria da Fazenda do
Estado do Rio Grande do Sul, os rendimentos acumulados da aplicação financeira no
Caixa Único, relativos ao Salário-Educação, representam R$ 176,5 milhões no exercício
em análise, não sendo os mesmos incorporados aos recursos.
O Passivo de Remuneração do Salário-Educação em 31-12-2019, de R$
176,5 milhões, não sofreu alteração quando comparado com o valor contabilizado em 31-
12-2018. A Secretaria da Fazenda informou que as contas do Salário-Educação no SIAC
são remuneradas pela Taxa Referencial – TR, e a variação desse índice está zerada há
anos e portanto, não há variação na remuneração também.

638
No entanto, a TR estava zerada no exercício 2018, mas houve aumento no
saldo do passivo de remuneração de R$ 162,4 na data de 31-12-2017 para R$ 176,5
milhões em 31-12-2018, informados pela Fazenda.
Assim, uma vez que há critérios divergentes de atualização e contabilização
do passivo de remuneração ao longo dos anos, necessita-se de esclarecimentos ao
Governador do Estado.
Não ocorreu em 2020.

23) Tendo presente que a Empresa Gaúcha de Rodovias - EGR é uma


empresa pública, e que as rodovias as quais administra apresentam situação apenas
regular como demonstra a Pesquisa CNT e verificado “in loco” por equipe deste Tribunal,
bem como objeto de Ação Civil na Comarca de Encantado em decorrência da qualidade
do pavimento, compete esclarecer a aplicação de R$ 44,9 milhões de seus recursos no
SIAC, quando os mesmos poderiam, ou deveriam, ter sido utilizado para melhoria das
rodovias sob sua administração. Questionam-se ainda quais providências estão sendo
tomada para dar resposta a população gaúcha, que em sua maioria considerou as
condições das estradas administradas pela EGR como ruins/regulares.
O Gestor esclareceu que todos os desembolsos programados pela empresa
para o ano foram efetuados, existindo valores disponíveis caso necessário. Reforça que as
disponibilidades de caixa de 2015 a 2019 foram reduzidas, caracterizando um processo de
utilização destes recursos. Destaca que existem limitações para a transferência de
recursos arrecadados em uma praça serem utilizados em outra por força de Lei, existindo
praças que, por sua condição, exigem menos recursos para sua manutenção, enquanto
em outras a situação se inverte. Desta forma, necessária a compatibilização das reais
necessidades das rodovias e dos recursos obtidos por meio da arrecadação em suas
praças de pedágio. Assim, no presente Relatório Técnico, deixa-se de apresentar essas
ponderações presentes no exame das Contas de 2020.

24) O Estado alocou R$ 10,1 milhões em quatro campanhas publicitárias no


ano de 2019 (Reforma Estrutural, Programas e Ações do Governo, Expointer e 100 dias de
governo). Desta forma, tomando como cenário a dura realidade vivida nas finanças
estaduais, entende-se por bem questionar o gestor estadual no sentido da relevância e
interesse público com relação à verba alocada nas quatro campanhas.
25) O Estado empenhou o valor de R$ 1,7 milhão na rubrica 3902 –
Divulgação Promocional, utilizando o recurso 2757 – BC TR SUS Vigilância Saúde. Por
trata-se de repasse federal para aplicação no SUS, cabe pedido de esclarecimento ao
gestor acerca das campanhas publicitárias elaboradas utilizando esse recurso.
Entende-se que 2020 as propagandas governamentais foram ao encontro
do que a pandemia causada pela Covid-19 exigiu de comunicação por parte do governo
estadual.

26) O valor fixado para a Consulta Popular no ano de 2019, que será
utilizado na execução orçamentária de 2020 foi de R$ 20,0 milhões (R$ 60,0 milhões
menor que o ano anterior). Considerando que o valor do orçamento do Estado de 2020

639
(dotação inicial) é de R$ 66,44 bilhões, a consulta popular realizada em 2019 representou
0,03% do orçamento total, além de estar muito abaixo ao patamar dos anos anteriores.
Considerando a importância da participação popular na gestão pública, solicitam-se
esclarecimentos acerca do tema abordado.
Em 2020, verificou-se um aumento na alocação deste recurso.

27) O estudo diagnóstico nos portais de transparências realizado em 2015


sobre os sítios institucionais de órgãos e entidades do Poder Executivo Estadual, sendo
cinco secretarias de estado, quatro sociedades de economia mista e duas autarquias, foi
atualizado em 2019.
Destaca-se o portal institucional do Departamento Autônomo de Estradas
de Rodagem – DAER com o menor índice de inobservância aos quesitos de transparência,
alcançando um número de cinco itens não atendidos, especialmente relacionados à
disponibilidade de informações sobre licitações e acesso aos termos de contrato e dados
sobre remuneração nos termos do que preconiza a Lei. Os cinco órgãos da administração
direta analisados apresentam como destaque a Secretaria da Educação – SEDUC, com
quatro itens não observados. Não se pode desconsiderar que reflexos dos esforços que
vierem a ser investidos nesses requisitos legais de transparência também impactam
potencialmente em outros objetivos expressos no Mapa Estratégico de Governo 2019–
2020. Entende-se necessários esclarecimentos do Gestor Estadual no que se refere ao
tema de transparências dos portais.
O assunto deixou de ser abordado em 2020, para ser acompanhado por
auditoria deste TCE/RS.

28) A Carta de Serviços ao Usuário do Poder Executivo do Estado do RS está


disponível na internet, em observância ao que dispõe o art. 7º da Lei Federal nº
13.460/2017. A análise dos dados disponíveis no referido portal institucional permite
verificar que os quesitos exigidos nos incisos I ao VI do §2º do já citado art. 7º estão
presentes em distintos níveis de atendimento. No que se refere aos aspectos exigidos nos
incisos I ao V do §3º do mesmo art. 7º – compromissos e padrões de qualidade do
atendimento –, verifica-se maior precariedade, evidenciando-se, para além da
inobservância dos parâmetros legais, oportunidade de aperfeiçoamento da Carta de
Serviços ao Usuário.
É importante assinalar que a Carta de Serviços constitui importante
instrumento de facilitação de acesso do cidadão aos serviços públicos, tanto quanto de
transparência da ação do poder público, portanto, entende-se importante a solicitação de
esclarecimentos ao gestor público quanto ao tema.
O assunto deixou de ser abordado em 2020, para ser acompanhado por
auditoria deste TCE/RS.

29) A análise da página da Ouvidoria-Geral – ouvidoriageral.rs.gov.br –


demonstrou reduzida aderência às diretrizes expressas na Lei nº 13.460/2017, uma vez
que estão ausentes evidências capazes de demonstrar a realização das atividades antes
referenciadas, listadas no art. 13. Outro aspecto que não se percebe a partir da análise do

640
Portal de ouvidoria é a elaboração do Relatório de Gestão a que alude o inciso II do art.
14 da Lei Federal nº 13.460/2017. O referido Relatório de Gestão deverá ser, conforme o
parágrafo único do art. 16 da referida Lei Federal, não somente encaminhado à
autoridade máxima do órgão a que se vincula a unidade de ouvidoria, mas também
disponibilizado integralmente na internet (inciso II).
O assunto deixou de ser abordado em 2020, para ser acompanhado por
auditoria deste TCE/RS.

30) O Conselho Estadual de Educação - CEEd revela-se um Órgão de


atuação fundamental no exercício das funções de fiscalização e de controle social, mas
que enfrenta sensíveis fragilidades na sua estrutura, notadamente relacionada a pessoal e
tecnologia, o que acaba inviabilizando o monitoramento dos planos de educação do
Estado e dos Municípios. Oportuniza-se ao gestor esclarecimentos acerca de eventuais
medidas a serem tomadas para fortalecer o CEEd.
O assunto deixou de ser abordado em 2020, para ser acompanhado por
auditoria deste TCE/RS.

641
14 Principais Pontos Passíveis de Esclarecimento
Por ocasião da apreciação das Contas do Governador do Estado do Rio
Grande do Sul referentes ao exercício de 2019, o Tribunal Pleno decidiu pela emissão de
parecer favorável à aprovação. Contudo, em seu voto, o Excelentíssimo Conselheiro-
Relator recomendou ao atual Chefe do Executivo Estadual a atenção aos seguintes
pontos:
1) recomendar ao atual Gestor que adote providências de modo a prevenir
ocorrências como as apontadas no relatório e implemente medidas corretivas
em relação àquelas passíveis de regularização, especialmente no que diz
respeito aos itens sobre a LDO, o efetivo da segurança pública e da CAGE e da
Receita Estadual, os objetivos da implementação de incentivos fiscais e
impactos orçamentários para os exercícios seguintes, o valor disponibilizado
orçamentariamente para Consulta Popular e a conservação de estradas pela
EGR;
2) alertar os Poderes e órgãos do Estado para que adotem providências no
sentido de fazer as suas despesas de pessoal, conforme o caso, convergirem
para a moldura temporal delineada no artigo 15 da Lei Complementar Federal
n. 178, de 13 de janeiro 2021 (tópicos 33 e 38);
3) recomendar ao Governo do Estado que:
3.1) corrija as inconformidades apontadas quanto a destinação mínima de 0,5%
da RLIP no ensino superior público e no ensino superior comunitário;
3.2) corrija a inconformidade apontada quanto a destinação mínima de 1,5% da
RLIP no fomento ao ensino e à pesquisa científica e tecnológica;
3.3) corrija as inconformidades apontadas quanto ao percentual de destinação
mínima em ASPS;
3.4) apresente a esta Casa um plano de ação indicando detalhadamente as
providências que pretende adotar, nas dimensões temporal, orçamentária e
financeira, visando à plena adequação das despesas do Estado ao artigo 212, §
7º, da Constituição da República, na redação dada pela Emenda Constitucional
n. 108/2020,
3.5) atenda a apresentação de projeção para os próximos exercícios e um plano
factível para que o patamar de endividamento volte ao limite proposto na
Resolução n. 40/2001 do Senado Federa;
3.6) apresente um cronograma para a conclusão das obras de reforma do
Instituto Estadual de Educação General Flores da Cunha;
4) recomendar ao atual Administrador que adote as providências cabíveis,
conforme disposto no relatório e voto do Conselheiro-Relator, no que tange aos
apontes sobre contas vinculados aos recursos de educação, saúde e Fundeb, a
busca pelo equilíbrio financeiro, as metas fiscais, a inclusão da alíquota do
Ampara na distribuição aos municípios e situação do IGP, o que deverá ser
objeto de monitoramento pela Unidade Técnica desta Casa.
Ao analisar as contas do exercício de 2020, a equipe técnica do SAIPAG
entendeu pela manutenção de 44 (quarenta e quatro) apontamentos efetuados no
exame das contas do ano anterior.
Tendo em vista a finalidade da atuação do controle externo sobre as contas
do Governador, destaca-se imperativo manter-se um monitoramento das decisões
pretéritas proferidas pelo Tribunal Pleno. Em relação a esta atividade de

643
acompanhamento, destacam-se, em particular, dois propósitos, quais sejam, o de
subsidiar o Executivo em suas ações corretivas e, especialmente, qualificar a incidência
das ações de controle por parte deste Tribunal, tanto em termos de auditorias, quanto no
que se refere à análise das contas do Chefe do Executivo no exercício subsequente.
Sugere-se, em face disto, que estes pontos constituam objeto de apreciação por parte do
Órgão técnico competente para que, de forma integrada em relação aos seus Serviços,
avalie o potencial de contribuição destas informações para fins de planejamento de
auditoria e demais ações de fiscalização.
A relevância desta atuação integrada no processo de controle em relação
aos atos de gestão e de governo no âmbito do Poder Executivo se acentua na medida em
que se observa que os pontos destacados são apontados recorrentemente nos Relatórios
sobre as Contas de Governo e nos correspondentes Pareceres Prévios expedidos pelo
Tribunal de Contas. Ademais, seguem sem enfrentamento efetivo capaz de evidenciar a
necessária solução.
Portanto, o conjunto de elementos, objeto de esclarecimentos por parte
do Exmo. Senhor Governador Eduardo Leite, merecem destaque os seguintes tópicos do
relatório técnico.

14.1 - Matérias já apontadas no exame das contas do ano anterior:


1) A Lei Complementar nº 101/2000, no artigo 4º, § 2º, determina que as
Leis de Diretrizes Orçamentárias devem ser acompanhadas dos Anexos dos
demonstrativos referentes à estimativa e compensação da renúncia de receita e da
margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado, os quais estão
formalmente regrados nas diversas edições do Manual de Demonstrativos Fiscais
publicados pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Em 2020, esteve vigente a 10ª
Edição do Manual de Demonstrativos Fiscais (MDF), referendada pela Portaria STN nº
286/2019.
Entretanto, com relação às despesas de caráter continuado, o Anexo I.d da
LDO – 2020 (Lei nº 15.304/19), apresentou o referido demonstrativo somente com a
informação de que as despesas obrigatórias de caráter continuado adequar-se-ão às
receitas do estado. Ainda, o referido anexo contou com uma única renúncia de receita,
deixando de relacionar as demais vigentes.
Assim, o Executivo Estadual, não se referindo às despesas obrigatórias de
caráter continuado, deixou de apresentar informações relevantes para fins de
transparência, embasamento para a elaboração da LOA e avaliação do impacto nas metas
fiscais. Ou seja, permaneceu sem atender ao previsto nas normas legais que
regulamentam a matéria. Item 2.2.

2) Os pagamentos sem prévio empenho, na maior parte, relativos ao saldo


de R$ 747,3 milhões registrados na conta Obrigações Pendentes de Execução
Orçamentária, do Passivo Circulante, ocorrem em desacordo com o estabelecido na
Lei nº 4.320/1964 e no inciso II do artigo 167 da Constituição Federal.
Assim, afetam o Saldo Patrimonial Financeiro e o Resultado Orçamentário.
Permanece a necessidade de cobrança efetiva do Poder Executivo para a realização da

644
conciliação desses valores, indispensável para assegurar a tempestividade no registro da
execução orçamentária dessas despesas.
Com a implantação do Plano de Contas Aplicado ao Setor Público – PCASP
entende-se que os respectivos saldos devem passar a ser registrados em Contas de
Controle e não mais em Contas Patrimoniais, visando à adequação às novas normas
contábeis. Enquanto isso não acontecer, os reflexos dessas situações no Resultado
Orçamentário e no Saldo Patrimonial Financeiro devem ser observados em Notas
Explicativas aos respectivos demonstrativos contábeis, bem como serem destacados no
Balanço Geral do Estado, no Volume de Análise e Interpretação dos Resultados, peça de
significativa relevância para o exame das Contas do Governador do Estado. Item 2.3.4.

3) O inciso IV do art. 167 da Constituição Federal veda a vinculação da


receita de impostos a órgão, fundo ou despesa. No entanto, no rol de benefícios fiscais
relacionados ao crédito presumido constam situações que envolvem o ressarcimento de
taxas de serviço (estas que têm suas receitas vinculadas a despesas específicas) nos
incisos XIX, CXLII, CXXXII e CLVI do art. 32 do Livro I do RICMS/RS.
A operacionalização de tais créditos culmina na redução do ICMS a
recolher. Além da questão que envolve a conformidade em relação ao inciso IV do art.
167 da CF, a possibilidade de ressarcimento de taxas, que são receitas correntes, pode
resultar numa superavaliação dos valores de RCL e RLIT, que influenciam importantes
indicadores na Gestão Fiscal, como limites de despesa com pessoal e da dívida pública,
bem como da aplicação de recursos nas áreas de saúde e educação.
À exceção do crédito presumido do inciso XIX do art. 32 do Livro I do
RICMS, as demais hipóteses de ressarcimento de taxas supracitadas estão previstas em
lei, constando na Lei Geral do ICMS – L. 8820/89 – nos seguintes parágrafos do art. 15: §§
21, 29 e 30.
Dessa forma o referido imposto resta como verdadeiro financiador de
despesas às quais taxas de serviço deveriam fazer frente, sem prejuízo dos 25% da cota
parte da arrecadação de ICMS que deveria ser remetida aos municípios e deixa de
ingressar nos cofres públicos, conforme item 3.2.1.6.8.3.2.

4) Os decretos de concessão inicial e de prorrogação de vigência não


citaram nenhuma Lei como fundamento para instituição e/ou manutenção das
desonerações a seguir listadas: RICMS, Livro I, art. 32, incisos: LXXXVIII, LXVIII, LXXXII,
LXXI, LXXVI, XXXVI.
A ausência de menção a dispositivo legal como fundamento de concessões
de créditos presumidos podem indicar que o Poder Legislativo tenha ficado apartado do
processo de inserção e manutenção da vigência dessas desonerações fiscais, conforme
item 3.2.1.6.10.

5) Desde o ano de 2016, o Executivo conta com arrecadação extra de ICMS


originada na aprovação da Lei nº 14.742, de 24 de setembro de 2015, a qual foi
responsável pela instituição do Fundo de Proteção e Amparo Social do Estado do Rio
Grande do Sul — Ampara/RS, cuja finalidade estava vinculada à criação de condições para

645
viabilizar o acesso a níveis dignos de subsistência a toda a população do Estado do Rio
Grande do Sul.
Em consulta à arrecadação do ICMS no ano de 2020, constata-se que os
ingressos no AMPARA/RS somaram R$ 302,5 milhões, só considerando o ICMS tributário
e R$ 303,4 milhões quando se busca o cálculo do ICMS a qualquer título, e o saldo
registrado no SIAC, Caixa Único do Tesouro Estadual, em 31-12-2020 era de R$ 33,0
milhões. Também se verifica o ingresso de R$ 1,37 bilhão a título de arrecadação do
AMPARA desde sua criação, em 2016, ao mesmo tempo em que foi empenhado R$ 1,02
bilhão, o que representa um saldo de Passivo Potencial de R$ 351,9 milhões. Ou seja, os
recursos obtidos tiveram o objetivo de mero instrumento de arrecadação, e, assim sendo,
não foram utilizados em sua totalidade para a finalidade a qual estavam previstos por Lei.
Soma-se a essa situação o fato da Secretaria de Segurança ter enfrentado dificuldades
financeiras para atuar na manutenção dos presídios, pois, como comentado
anteriormente, este seria um destinos especificados na Lei.
Portanto, a omissão do Governo em relação ao arrecadado através do
AMPARA ocasionou a retirada da possibilidade de utilização dos recursos de acordo com
o previsto legalmente e proporcionou que restasse, tão somente, o registro contábil do
valor em conta específica no SIAC. Item 3.2.1.3.

6) No exame do Capítulo 5 (Gestão Fiscal), evidenciou-se a precária


situação financeira do Estado, a qual compromete a busca pelo equilíbrio das contas
públicas como disposto no § 1º do art. 1º da LC nº 101/2000. Embora tenha diminuído, a
insuficiência financeira de recursos livres em 2020 foi de R$ 29,96 bilhões, (6,9% melhor
que 2019). Pela relevância do valor, oportuniza-se ao gestor estadual uma justificativa
acerca do assunto. Item 5.2.3.1.

7) No exame da Dívida Consolidada - DCL, ficou demonstrada que a relação


com a Receita Corrente Líquida – RCL deveria ser menor que 200% em 2020. O valor
atingido foi de 221,81%, ou seja, 21,81 pontos acima da meta. O não atingimento da meta
ocorre desde 2015 e o prazo para recondução ao limite, quando ultrapassado, é de 3
quadrimestres.
Contudo, conforme já comentado no início do capítulo, a Lei
Complementar nº 173/2020 deu nova redação ao artigo 65 da LRF:
Art. 65. Na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo Congresso Naci-
onal, no caso da União, ou pelas Assembleias Legislativas, na hipótese dos Esta-
dos e Municípios, enquanto perdurar a situação:
I - serão suspensas a contagem dos prazos e as disposições estabelecidas nos
arts. 23, 31 e 70;
Ou seja, diante do cenário de pandemia do Covid-19 e reconhecimento de
situação de calamidade pública em 2020, o prazo para recondução dos limites da Dívida
Consolidada Líquida encontram-se suspensos.
Porém, conforme decisão do Pleno desta Corte quando na apreciação das
Contas do Governador de 2019, recomenda-se ao gestor estadual a apresentação de um
plano para os exercícios seguintes, comtemplando uma volta ao limite determinado para
a relação DCL/RCL. Item 5.2.4.

646
8) No exame efetuado no Capítulo 5, específico sobre a Lei Complementar
nº 101/2000, foram relacionadas as conclusões acerca de diversos indicadores que
medem a responsabilidade na gestão fiscal. Dentre estes, que objetivam prevenir riscos e
corrigir desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, constatou-se o não
cumprimento das metas de resultado nominal. Este fato, concomitante com o
agravamento da situação financeira, merece justificativas do Governador do Estado. Item
5.2.9.

9) A apresentação de um plano para equilíbrio fiscal pelo Estado vem


sendo solicitada nos últimos relatórios, tendo em vista a Promoção MPC nº 306/2016,
acolhida parcialmente pelo Conselheiro-Relator das Contas do Governador de 2016. A
solicitação acabou não sendo atendido integralmente.
Conforme decisão do Pleno desta Casa acerca das Contas do Governador
de 2019 recomenda-se ao gestor estadual a apresentação de um plano de equilíbrio
fiscal. Item 5.3.

10) O Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul determinou a


abertura de Inspeção Especial (processo nº 14635-0200/18-6), junto a Secretaria da
Fazenda do RS para acompanhamento das negociações do Estado junto a Secretaria do
Tesouro Nacional para adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (LC nº 159/2017).
Com as mudanças acarretadas pela LC 178/21, solicita-se a apresentação
da situação atual das negociações, bem como cenários de demais projeções considerando
o acordo (previsão de receitas, despesas e saldo da dívida pública estadual ao final do
tempo de carência de pagamentos do regime). Item 5.3.1.

11) Em 2019, o passivo acumulado do SIAC, contabilizado na conta


Resgates do Tesouro, atingiu o valor de R$ 6,49 bilhões, os quais deverão retornar às suas
contas de origem. O saldo dos depósitos judiciais utilizados pelo RS foi de R$ 10,60
bilhões. Ou seja, o somatório a ser devolvido pelo Estado, é de R$ 17,09 bilhões.
Muito embora se saiba das dificuldades que ora enfrenta o Estado, é
necessário um planejamento que viabilize a aplicação dos valores nos recursos a que
originalmente se destinavam. Item 6.1.1.4.3.

12) Em virtude da prorrogação do prazo para quitação do estoque de


precatórios previsto na EC nº 109/2019 (até o ano de 2028), cabe o esclarecimento do
gestor sobre eventuais medidas adotadas, tais como planos de ação para atendimento da
emenda, considerando um estoque de precatórios de mais de R$ 15 bilhões. Em 2020, o
RS desembolsou R$ 607,2 milhões no pagamento de precatório, ou seja, mesmo
considerando a prorrogação do prazo de 2024 para 2028, o Estado precisaria
desembolsar valores muito maiores para conseguir quitar o saldo de precatórios dentro
do novo prazo. Item 6.2.2.1.4

647
13) A existência de saldos em Depósitos de Terceiros, no Passivo
Circulante, referentes às contribuições previdenciárias retidas dos servidores, estariam a
indicar a pendência de repasses ao IPERGS - RPPS.
O saldo de depósitos das contribuições dos servidores ao FUNDOPREV
passou de R$ 34,0 milhões em 2019 para R$ 10,6 milhões em 2020. Este montante não foi
capitalizado em razão da ausência do repasse, gerando prejuízos ao equilíbrio financeiro e
atuarial do FUNDOPREV. Item 8.3.1.

14) Pendências de repasses das contribuições patronais empenhadas ao


Fundoprev, registradas no Balanço Patrimonial do Estado, em Restos a Pagar
Processados, no total de R$ 31,9 milhões, em 31-12-2020. Item 8.3.2.

15) Falta de empenhamento das contribuições patronais ao Fundo de


Assistência à Saúde – FAS, especialmente das pensionistas vinculadas a servidores
falecidos do Poder Executivo. Restaram pendentes de empenho R$ 52,8 milhões de
competência de 2020.
A falta de regularidade dos repasses da contribuição patronal ao IPE-Saúde,
prejudicial ao gerenciamento dos recursos do fundo pela Autarquia, foi constatada não
somente pelo atraso anual com a falta de empenhamento da despesa, como também
pela execução mensal daqueles valores empenhados orçamentariamente. Item 8.7.1.

16) Na linha do aponte anterior, quanto à falta de regularidade dos


repasses das contribuições patronais empenhadas ao Fundo de Assistência à Saúde – FAS,
constatou-se o saldo acumulado em Restos a Pagar de R$ 110,8 milhões em 31-01-2021.
A Administração Direta do Poder Executivo com R$ 109,3 milhões (98,63%) foi a maior
responsável pela falta de pagamento dos valores empenhados com a contribuição
patronal ao IPE-Saúde. Item 8.7.1.

17) Os recursos do Fundo de Assistência à Saúde - FAS, historicamente,


vêm sendo utilizados para financiar outras atividades do IPERGS. Os saldos bancários
registrados no Balanço do Fundo em 2020 não condizem com os resultados
orçamentários acumulados desde a sua criação em julho de 2004.
Enquanto o total acumulado da execução orçamentária foi de R$ 650,2
milhões, houve acréscimo de R$ 306,4 milhões no saldo bancário do FAS. Ou seja, a
diferença de R$ 343,8 milhões foi utilizada em outras finalidades. Tomando-se apenas o
exercício de 2020, houve uma diferença a maior de R$ 38,6 milhões nos saldos bancários
em relação ao resultado orçamentário, o que significa uma devolução ao FAS deste valor.
Item 8.7.1.

18) Os saldos bancários contabilizados no Balancete do IPE Prev foram


confrontados com os resultados acumulados no período de 2011 a 2020, evidenciando
uma diferença a menor de R$ 135,9 milhões. Também foram confrontados com o valor
divulgado pelo Poder Executivo no Demonstrativo de Receitas e Despesas do RPPS –
Plano Previdenciário (anexo 4 do Relatório Resumido de Execução Orçamentária - RREO).

648
A diferença neste caso foi de R$ 151,4 milhões contabilizados a menor no balancete, a
qual carece de verificação de conciliação bancária e, principalmente, dos procedimentos
de registro das receitas pela Autarquia, a seguir discriminados. Item 8.3.2.

19) No que se refere ao conteúdo das Avaliações Atuariais relativas ao


Plano Financeiro, há informações que, embora sejam a fonte oficial das projeções
atuariais que devem ser apresentadas no RREO, não foram adequadamente consideradas
pelo Gestor na elaboração do referido Relatório. Item 8.6.2.

20) Não cumprimento do art. 202 da Constituição Estadual, que determina


a aplicação mínima de 35% da RLIT (R$ 34,91 bilhões) em Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino, deixando de ser aplicado em Educação, em 2020, o
montante de R$ 2,43 bilhões. Item 9.1.

21) Verificou-se a existência de contas correntes sem vinculação privativa


com os recursos da educação, colocando em risco a utilização, com exclusividade, de seu
saldo para o custeio de despesas em MDE, tal qual definido em Lei.
A utilização de contas sem vinculação exclusiva permite a transferência de
valores entre recursos ou a utilização de importâncias pertencentes a um recurso com
despesas de áreas diversas a sua exclusiva vinculação, em evidente afronta legal,
dificultando sobremaneira o controle desses valores.
A abertura de contas-correntes vinculadas tem por finalidade garantir que
o numerário recebido seja reconhecido e utilizado somente no objeto da sua vinculação e
que os pagamentos sejam efetuados e contabilizados diretamente na respectiva conta
vinculada, nos termos do inciso I do artigo 50 da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Assim, a ausência de contas correntes com vinculação exclusiva aos
recursos da educação, causando dificuldades de mensuração dos valores disponíveis para
a área e problemas de identificação das contas que respondem pelos pagamentos na
educação, constituem objeto deste pedido de esclarecimento. Item 9.1.1.3.

22) A Lei nº 11.494/2007, no seu artigo 21, determinou a obrigatoriedade


do uso dos recursos do FUNDEB no exercício financeiro em que lhes forem creditados,
estabelecendo a possibilidade de até 5% desses recursos serem utilizados no 1º Trimestre
do exercício imediatamente subsequente, mediante a abertura de créditos adicionais
(§ 2º, do artigo 21).
Destaca-se que foi publicada, em 25-12-2020, a Lei nº 14.113, que alterou
dispositivos da Lei nº 11.494/2007, entre eles, a determinação do § 2º, artigo 21. No seu
artigo 25º, § 3º, a Lei 14.113/2020 determinou que até 10% dos recursos poderiam ser
utilizados no primeiro quadrimestre do exercício seguinte. No entanto, a Lei vigente
durante os anos de 2019 e 2020 é a de nº 11.494/2007, portanto, a regra a ser obedecida
é a de 5% dos recursos a serem utilizados no primeiro trimestre do exercício seguinte.
No Parecer Prévio do exercício de 2019 verificou-se uma sobra de R$ 257,0
milhões, resultante do confronto entre o total disponível para a execução do Fundeb
(saldo + ingressos) com os valores empenhados em 2019.

649
Analisando-se os créditos adicionais abertos em 2020, verificou-se que no
primeiro trimestre houve abertura de crédito adicional decorrente do passivo potencial
do Fundeb, no valor de R$ 175.917,65, através do Decreto nº 55.088 de 02-03-2020.
A partir de outubro foram publicados os seguintes Decretos, com créditos
adicionais cuja fonte foi o passivo potencial do Fundeb:

Decreto Data da Publicação Valor Fonte de Crédito Adicional


55.531 06/10/2020 24.675.000,00
55.653 18/12/2020 15.000.000,00
55.655 21/12/2020 204.000.000,00
Contudo, verificou-se que os créditos adicionais apresentados na tabela
acima foram publicados no último trimestre do ano, em total desacordo com o § 2º, do
artigo 21º, da Lei nº 11.494/2007, ensejando o esclarecimento do Governador do Estado.
Item 9.1.1.3.

23) O Executivo vem empenhando despesas com contribuição


previdenciária de inativos para o RPPS e contribuições ao IPERGS para cobertura do
déficit no pagamento dos inativos, em desacordo com a Lei do FUNDEB. Inclusive,
verificou-se a abertura de créditos adicionais para esse fim utilizando-se do Passivo
Potencial do Fundeb, conforme Decreto nº 55.655 de 21-12-2020.
Com a nova Lei do Fundeb, nº 14.113, de 25-12-2020, ficou expressamente
proibida a utilização de recursos do Fundo com aposentadorias e pensões, conforme seu
artigo 29, Inciso II.
Neste exercício, o montante apurado nestas despesas totalizou
R$ 1,56 bilhão. Essa situação tem sido reiteradamente objeto de pedido de
esclarecimentos ao Executivo Estadual por esta Corte de Contas. Item 9.1.1.5.

24) Em consulta ao FPE, foi verificado que o saldo do recurso 6002 –


Contrapartida Operações de Crédito Receita Tesouro Educação (sua contrapartida está
registrada no recurso 0306 – Programa de Apoio a Retomada do Desenvolvimento-
Proredes-Bird) encontra-se negativo, criando, portanto, um falso ativo potencial.
O mesmo correu com o recurso 5002 – Contraprestação de Rec. Tes-
Educação, encontrando-se com saldo negativo.
Recursos com saldo negativo não contém a informação contábil de forma
fidedigna, contrariando as Normas Brasileiras de Contabilidade.
Portanto, os saldos negativos dos recursos necessitam de esclarecimentos
quanto ao falso ativo potencial que demonstram e quanto à ausência de ingresso de
receitas, apesar do pagamento de despesas à conta dos mesmos. Item 9.1.

25) Em 15-01-2018 foi publicada a Portaria Conjunta STN/FNDE nº 02,


determinando, no seu artigo 1º, que cada ente beneficiário do Fundeb deveria possuir
uma conta única e específica para a movimentação dos recursos, cadastrada
obrigatoriamente com CNPJ do órgão responsável pela Educação. Também estabeleceu,

650
no seu artigo 2º, que a conta deveria ser aberta e mantida no Banco do Brasil ou na Caixa
Econômica Federal. Em 19-07-2018, foi aberta conta no Banco do Brasil, de nº
3798/707007, com CNPJ da Secretaria da Educação para esse fim.
O Estado também abriu a conta nº 0100/03.409941.0-3 no Banrisul, em 28-
09-2018, nos tipos Centralizadora e Aplicação SIAC, com a finalidade de atendimento a
Portaria Conjunta STN/FNDE nº 02 de 15-01-2018, conforme descrição constante no
Sistema FPE. Esta conta recebeu movimentações do Fundeb em 2020, cujo saldo em 31-
12-2020 era zerado para a centralizadora e, na Aplicação Financeira SIAC, foi de R$ 310,1
milhões.
No entanto, verificou-se que, logo que os recursos são creditados na conta,
são transferidos para a conta nº 0100/03.409941.0-3 do Banrisul.
Assim, averiguou-se a movimentação de recursos do Fundeb na conta nº
0100/03.409941.0-3 no Banrisul em 2020, inclusive com o envio dos mesmos ao Caixa
único do Estado - SIAC, em evidente contrariedade as determinações legais.
O envio dos valores do Fundeb ao SIAC faz com que os recursos não sejam
utilizados na sua finalidade específica. Uma vez que o saldo do Caixa Único é somente
escritural, caso o Estado precisasse resgatar os R$ 310,1 milhões do Fundeb em 31-12-
2020, não teria saldo no SIAC para tal.
Portanto, necessita-se de esclarecimentos quanto à ausência de utilização
de uma conta ÚNICA e ESPECÍFICA no Banco do Brasil ou Caixa Econômica Federal para as
movimentações dos recursos do Fundeb e quanto ao envio dos mesmos ao SIAC, gerando
diversas problemáticas na utilização dos referidos recursos. Item 9.1.1.3.

26) Em decisão proferida em 2016, na Ação Cível Ordinária nº 2.922, o ST


entendeu que o Rio Grande do Sul deveria considerar os valores ingressantes da alíquota
adicional de 2,0% de ICMS (AMPARA, Lei nº 14.742/2015) no cálculo para formação dos
repasses ao FUNDEB.
Conforme voto do Parecer das Contas de 2019, publicado em 20-04-2021:
No particular, constato que, se ainda não se tem uma posição definitiva do STF
a respeito do tema, o pronunciamento do Relator, proferido em sede de
cognição sumária, assevera:
Assim, estando inserido o produto de arrecadação do ICMS no conceito de
receita própria do Estado, nos termos do art. 155, II, da Constituição, enquanto
vigentes a LC 8/1970, a Lei 4.320/1964 e a Lei 11.494/2007, me parece correta,
nesse juízo perfunctório, a consideração do adicional de 2% (dois por cento)
sobre a alíquota do ICMS para fins de financiamento do Fundo de Combate à
Pobreza estadual na base de cálculo da contribuição para o PASEP e na
apuração dos valores destinados ao FUNDEB. (Grifei.)
É importante que se acompanhe o desfecho da sobredita ação, mas não
havendo declaração de inconstitucionalidade sobre os dispositivos em debate, é
de se determinar a inclusão do adicional de 2% sobre a alíquota do ICMS para
fins de financiamento do Ampara na apuração dos valores destinados ao
Fundeb.
Uma vez que o voto proferido considerou correta a inclusão do valor
AMPARA na base de cálculo do Fundeb, a ausência de tal inclusão necessita de
esclarecimentos do gestor estadual. Item 9.1.1.1.

651
27) A Resolução nº 26/2013 estabeleceu normas para a execução técnica,
administrativa e financeira do PNAE, bem como, definiu a necessidade de
complementação do Programa com recursos estaduais, conforme inciso II do seu artigo
5º.
O caráter suplementar do PNAE também está previsto no inciso VII do
artigo 208 da Constituição Federal, que elenca, entre os deveres do Estado (união,
estados e municípios), o atendimento ao educando através de programas suplementares
de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.
Uma alimentação deficitária pode ser um empecilho para a aprendizagem
do aluno, dificultando a concentração e a realização de atividades, causando prejuízo ao
seu desempenho escolar. O estudante deve ter acesso, pelo menos na escola, a uma
alimentação saudável, balanceada e suficiente para prover suas necessidades.
Nesta linha, os recursos financeiros disponibilizados para a alimentação
escolar devem ser suficientes para a compra de gêneros alimentícios de forma a suprir as
necessidades nutricionais dos alunos. Portanto, a definição dos valores a serem
repassados à título de complementação estadual deve ser guiada por avaliações sobre o
atendimento dessas necessidades nutricionais na rede escolar pública e os repasses
devem ser efetuados a partir de critérios previamente estipulados.
A definição da complementação estadual do PNAE através unicamente da
dotação orçamentária destinada pela Secretaria da Fazenda, sem estudo ou definição de
critérios que levem em conta a necessidade nutricional dos alunos durante o período
letivo, carece de respaldo técnico e dificulta o acompanhamento do Programa nos seus
aspectos financeiro e de eficiência, necessitando pedido de esclarecimento ao
Governador do Estado. Item 9.1.3.2.2.1.

28) O Estado do Rio Grande do Sul não preenche o Sistema de Orçamentos


Públicos em Educação – SIOPE do Ministério da Educação desde o exercício de 2013. O
Sistema deve ser preenchido pelos entes federativos com as informações sobre o
orçamento da educação e, ao final, com apuração do percentual aplicado. O não
preenchimento do SIOPE está embasado em Decisão judicial com efeito suspensivo
proferida nos autos da Medida Cautelar na Ação Cível Originária nº 3.196 - Estado do Rio
Grande do Sul. Atualmente, o processo encontra-se concluso para o relator, com última
movimentação em 20-05-2021. Embora haja decisão judicial, o Estado não pode
permanecer descumprindo a Lei da Transparência e o artigo 10 do Plano Nacional de
Educação, uma vez que poderia, por vias próprias, atender a esses normativos, prestando
as mesmas informações lá exigidas, para que a sociedade gaúcha e os parlamentares
possam avaliar a gestão do Governo do Estado quanto à educação, necessitando, assim,
de esclarecimentos do Governador do Estado. Item 9.1.

29) A partir de 2004, a distribuição do salário-educação, da parcela que


compete aos Municípios, passou a ser repassada diretamente para esses, não transitando
pela contabilidade do Estado, existindo, entretanto, valores a empenhar e valores a pagar
relativos ao período 1998 a 2003.

652
Em 2011, o Estado pagou parte dos atrasados aos Municípios (R$ 312 mil),
um valor significativamente inferior ao montante regularizado em 2010 (R$ 11,9 milhões).
No exercício de 2012, novamente o volume de pagamentos (R$ 110 mil) foi muito abaixo
dos valores anuais pagos desde 2004 e, a partir de 2013, não foi mais efetuado nenhum
repasse do montante do Salário Educação devido aos Municípios. Da quantia ainda não
empenhada e dos valores inscritos em Restos a Pagar anulados em 2013, resta ser
repassado o montante de R$ 52,5 milhões da quota Municípios/Salário-Educação,
procedimento que pode vir a comprometer uma série de projetos municipais na área de
educação, vindo a se configurar em retenção indevida de recurso previsto na
Constituição, cuja distribuição está regulamentada na Lei nº 9.766/1998 e Lei
nº 11.126/1998, situação esta agravada sobremaneira nos últimos exercícios. Assim,
solicitam-se esclarecimentos sobre a existência de plano de ação para a quitação desse
valor. Item 9.1.2.2.

30) Tendo em vista o reconhecimento da Procuradoria-Geral do Estado –


PGE, na Informação nº 024/13/GAB, acostada no Proc. 001415-0200/14-5, de que o texto
da Lei Complementar nº 141/2012, ora em vigor, veda o aproveitamento das despesas
com o pagamento de assistência à saúde dos servidores públicos do Estado e do
pagamento de aposentadorias e encargos sobre a folha de inativos e pensionistas da
Secretaria da Saúde, descritas como “controversas” e que compuseram os percentuais de
gastos em ASPS apurados a partir de 2013, constata-se que tais despesas carecem do
amparo de medida legal, cabível e concreta, que viabilize, se assim for o entendimento da
Corte de Contas, o seu reconhecimento no cômputo do montante aplicado em ações e
serviços públicos de saúde, para fins de cumprimento do mandamento constitucional.
O Parecer Prévio das Contas de Governo de 2015, apreciado e aprovado
em Sessão Plenária do dia 06-09-2016, registra a seguinte manifestação no Relatório do
Excelentíssimo Conselheiro-Relator:
Pela recomendação à Sua Excelência, o Governador do Estado, para que,
dentro da discricionariedade que lhe compete, e em conjunto com a Secretaria Estadual
de Saúde, realize estudo que resulte em um Plano de Estado de médio prazo, visando à
recuperação do orçamento da Saúde nos termos já consignados, possibilitando, assim, o
cumprimento do mínimo constitucional sem a inclusão das chamadas despesas
controversas;
A Procuradoria-Geral do Estado efetivou a arguição de
inconstitucionalidade da Lei Complementar nº 141/2012 nos autos da Ação Civil Pública
tombada sob o nº 001/1.15.0061773-4, proposta pelo Ministério Público Estadual em 15-
04-2015. A Ação insurgiu-se contra a inclusão como gastos em ASPS de despesas não
contempladas nas determinações da Lei, requerendo a devolução pelo Rio Grande do Sul
da diferença do percentual de 12% não observado no exercício de 2013.
O Estado impetrou Recurso de Apelação, cuja Decisão foi proferida em 18-
09-2019, absolvendo o Rio Grande do Sul somente quanto ao pedido de devolução dos
recursos da saúde do exercício de 2013 por descumprimento do percentual
constitucional. Assim, o Ministério Público Estadual impetrou Recurso Extraordinário em
05-12-2019, o qual não foi admitido em 02-03-2020, resultando na protocolização de

653
Petição de Agravo no Supremo Tribunal Federal em 29-04-2020, sob número PET.
2020/543807-6 (80313053).
Quanto à inconstitucionalidade da Lei Complementar nº 141/2012, arguida
de forma incidental na citada Ação Civil Pública, a Decisão do Recurso de Apelação de 18-
09-2019 reafirmou a necessidade de observância das determinações da Lei pelo Estado,
reconhecendo que é evidente o dever do Poder Público em cumprir com os ditames da
Lei Complementar, conforme se transcreve trecho:

3. Efetivamente, quanto aos Estados e Municípios, com o advento da LC


141/2012, houve a regulamentação do que deve ou não ser inserido como
despesas em ações e serviços de saúde.
(...)
6. Outrossim, é evidente o dever do Poder Público em cumprir com os ditames
da Lei Complementar, assegurando a regularidade dos repasses ao Fundo
Estadual de Saúde, em periodicidade suficiente a viabilizar a continuidade dos
serviços, respeitando o parâmetro apontado pela Constituição Federal e
regulamentado pela LC nº 141/2012.
O voto proferido no julgamento das Contas do Governador de 2019
recomendou que fossem corrigidas as inconformidades apontadas nos itens 27 e 28,
referentes à consideração das despesas controversas no percentual mínimo de aplicação
em ASPS.
Desta forma, de acordo com o voto proferido e publicado em 20-04-2021,
o entendimento deste Tribunal é pela não consideração das despesas controversas no
citado cálculo.
Assim, solicita-se esclarecimento acerca do executivo quanto à retirada das
referidas despesas, uma vez que, desta forma, não será atingido o percentual mínimo de
aplicação em saúde. Item 9.4.7.

31) A Lei Complementar nº 141/2012 prevê a inclusão de gastos em ações


de apoio administrativo imprescindíveis à execução dos serviços públicos de saúde,
realizados por instituições públicas do SUS, matéria analisada na Informação da PGE
nº 024/13/GAB, acostada no Proc. 001415-0200/14-5, que assim se manifestou: “A
contabilização parece-nos, portanto, possível, devendo sua forma de contabilização,
porém, ser melhor estudada e explicitada em outra oportunidade, dada a urgência e
complexidade do tema da presente consulta”. (grifo nosso)
A Procuradoria-Geral do Estado efetivou a arguição de
inconstitucionalidade da Lei Complementar nº 141/2012 nos autos da Ação Civil Pública
tombada sob o nº 001/1.15.0061773-4, proposta pelo Ministério Público Estadual em 15-
04-2015. A Ação insurgiu-se contra a inclusão como gastos em ASPS de despesas não
contempladas nas determinações da Lei, requerendo a devolução pelo Rio Grande do Sul
da diferença do percentual de 12% não observado no exercício de 2013.
O Estado impetrou Recurso de Apelação, cuja Decisão foi proferida em 18-
09-2019, absolvendo o Rio Grande do Sul somente quanto ao pedido de devolução dos
recursos da saúde do exercício de 2013 por descumprimento do percentual
constitucional. Assim, o Ministério Público Estadual impetrou Recurso Extraordinário em

654
05-12-2019, o qual não foi admitido em 02-03-2020, resultando na protocolização de
Petição de Agravo no Supremo Tribunal Federal em 29-04-2020, sob número PET.
2020/543807-6 (80313053).
Quanto à inconstitucionalidade da Lei Complementar nº 141/2012, arguida
de forma incidental na citada Ação Civil Pública, a Decisão do Recurso de Apelação de 18-
09-2019 reafirmou a necessidade de observância das determinações da Lei pelo Estado,
reconhecendo que é evidente o dever do Poder Público em cumprir com os ditames da
Lei Complementar, conforme se transcreve trecho:
3. Efetivamente, quanto aos Estados e Municípios, com o advento da LC
141/2012, houve a regulamentação do que deve ou não ser inserido como
despesas em ações e serviços de saúde.
(...)
6. Outrossim, é evidente o dever do Poder Público em cumprir com os ditames
da Lei Complementar, assegurando a regularidade dos repasses ao Fundo
Estadual de Saúde, em periodicidade suficiente a viabilizar a continuidade dos
serviços, respeitando o parâmetro apontado pela Constituição Federal e
regulamentado pela LC nº 141/2012.
As despesas com a folha de pagamento de pessoal ativo (R$ 111,1 milhões)
e demais despesas com custeio (R$ 35,4 milhões) em outros órgãos do Estado fora da
Secretaria da Saúde, e não integrados ao SUS, pagas com recursos vinculados à Saúde,
são objeto de pedido de esclarecimentos com a finalidade de verificar os critérios
adotados pelo Executivo para apropriação destas despesas em ASPS.
O voto proferido no julgamento das Contas do Governador de 2019
recomendou que fossem corrigidas as inconformidades apontadas nos itens 27 e 28,
referentes à consideração das despesas controversas no percentual mínimo de aplicação
em ASPS.
Desta forma, de acordo com o voto proferido e publicado em 27-04-2021,
o entendimento deste Tribunal é pela não consideração das despesas controversas no
citado cálculo.
Assim, solicita-se esclarecimento acerca do executivo quanto à retirada das
referidas despesas, uma vez que, desta forma, não será atingido o percentual mínimo de
aplicação em saúde. Item 9.4.7.

32) Em 2020 foi empenhado o equivalente a R$ 94,3 milhões na Unidade


Orçamentária UERGS, representando 0,29% da RLIP (R$ 32,87 bilhões).
Conforme artigo 14 da Lei nº 11.646/2001, a UERGS não poderia ser
considerada no percentual de 0,5%, determinado no §3º do art. 201 da Constituição
Estadual.
No entanto, a Emenda Constitucional nº 66, publicada em 2012, ao incluir
o ensino superior público no rol de aplicação dos 0,5%, autoriza a consideração dos
gastos da UERGS no referido percentual.
Assim, nos termos do voto do Conselheiro Relator no julgamento das
Contas do Governador de 2017, julgada favorável para aprovação na Assembleia
Legislativa, a legislação há de ser reinterpretada, a fim de se considerar a UERGS na
despesa considerada para aplicação dos 0,5%.

655
Bem como, no julgamento das Contas do Governador de 2019, publicado
em 20-04-2021, foi o entendimento de que no que pertine ao artigo 14 da Lei Estadual nº
11.646/200138, entendo que, nesse particular, a lei ordinária foi revogada pela EC nº
66/2012, o que não limita a eficácia do artigo 201, § 3º, da Constituição (com a redação
que lhe foi conferida pela citada emenda).
Portanto, necessita-se de esclarecimento quanto à consideração, apesar de
insuficiente, das despesas com a UERGS no percentual de 0,5%, a partir do entendimento
referente à Decisão das Contas do Governador do Estado de 2019. Item 9.2.

33) Solicita-se esclarecimentos quanto as medidas adotadas pelo Executivo


em relação à solicitação de transferência das instalações da Reitoria da UERGS. Que
avanços foram realizados em relação às instalações da Reitoria? Qual é a situação atual
desses encaminhamentos? Item 9.2.1.

34) Não cumprimento do parágrafo 3º do art. 201 da Constituição Estadual,


alterado pela EC nº 66/2012, que determina a aplicação mínima de 0,5%
(R$ 164,3 milhões) da RLIP (R$ 32,87 bilhões) no ensino superior público e no ensino
superior comunitário, o que não ocorreu, situação recorrente desde 2004. Item 9.2.

35) Não cumprimento do artigo 236 da Constituição Estadual que


determina a aplicação mínima de 1,5% da RLIP (R$ 32,87 bilhões), no Ensino e Fomento à
Pesquisa Científica e Tecnológica, tendo sido aplicado o montante de R$ 34,3 milhões,
que representou 0,10% da RLIP, o que equivale a uma aplicação a menor de
R$ 458,7 milhões. Item 9.3.

36) Verificou-se a existência de contas correntes sem vinculação privativa


com os recursos da saúde, colocando em risco a utilização, com exclusividade, de seu
saldo para o custeio de despesas em Ações e Serviços Públicos em Saúde, tal qual
definido em Lei.
A utilização de contas sem vinculação exclusiva permite a transferência de
valores entre recursos ou a utilização de importâncias pertencentes a um recurso com
despesas de áreas diversas a sua exclusiva vinculação, em evidente afronta legal,
dificultando sobremaneira o controle desses valores.
A abertura de contas-correntes vinculadas tem por finalidade garantir que
o numerário recebido seja reconhecido e utilizado somente no objeto da sua vinculação e
que os pagamentos sejam efetuados e contabilizados diretamente na respectiva conta
vinculada, nos termos do inciso I do artigo 50 da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Assim, a ausência de contas correntes com vinculação exclusiva aos
recursos 006, 016 e 026 (ASPS), visto que causam dificuldades de mensuração dos valores
disponíveis para a área e problemas de identificação das contas que respondem pelos
pagamentos na saúde, constituem objeto deste pedido de esclarecimento. Item 9.4.2.3.

656
37) O Rio Grande do Sul possui uma dívida com os Fundos Municipais de
Saúde que remonta o exercício de 2013. São valores de diversos programas municipais,
pactuados em CIB, sendo parte empenhada e outra parte não empenhada por ausência
de disponibilidade orçamentária, contabilizada na conta 2.1.3.1.1.03.01.0509 –
Obrigações Pendentes de Execução Orçamentária.
Constatou-se que os lançamentos contábeis da conta obrigações
pendentes de execução orçamentária não permitem maior detalhamento dos valores,
como a separação entre dívidas de hospitais e de municípios, ou a identificação da
competência de cada uma, ou à qual credor se refere.
A Secretaria da Saúde enviou planilhas com diversos valores das dívidas
com os municípios registrados na conta contábil 2.1.3.1.1.03.01.0509. Contudo, ao não
corresponderem com os valores efetivamente contabilizados, não permite um
acompanhamento mais detalhado da dívida do Estado com os Fundos Municipais.
Assim, frente à dificuldade de mensuração e detalhamento das dívidas
estaduais com os Fundos Municipais de Saúde na contabilidade e, uma vez que há valores
reconhecidos orçamentariamente constantes em restos a pagar, bem como outros sem
disponibilidade orçamentária registrados na conta 2.1.3.1.1.03.01.0509, além da
possibilidade de existir dívidas pactuadas em CIB sem qualquer registro contábil, torna-se
necessário o pedido de esclarecimento ao Governador do Estado sobre a forma de
apresentação, mensuração e controle de suas dívidas com os Fundos Municipais. Item
9.4.4.

38) O Rio Grande do Sul possui uma dívida com os hospitais que remonta o
exercício de 2013, sendo parte empenhada, outra parcela não empenhada por ausência
de disponibilidade orçamentária, contabilizada na conta 2.1.3.1.1.03.01.0509 –
Obrigações Pendentes de Execução Orçamentária, e outra fração decorrente de
parcelamentos com o Fundo de Apoio Financeiro e de Recuperação dos Hospitais
Privados, Sem Fins Lucrativos e Hospitais Públicos - FUNAFIR.
Constatou-se que os lançamentos contábeis da conta obrigações
pendentes de execução orçamentária não permitem maior detalhamento dos valores,
como a separação entre dívidas de hospitais e de municípios, ou a identificação da
competência de cada uma, à qual credor se refere, ou se são dívidas vinculadas ao
FUNAFIR.
A Secretaria da Saúde enviou planilhas com diversos valores das dívidas
com os hospitais registrados na conta contábil 2.1.3.1.1.03.01.0509. Contudo, ao não
corresponderem com os valores efetivamente contabilizados, não permite um
acompanhamento mais detalhado das dívidas do Estado com as Entidades.
Assim, frente à dificuldade de mensuração e detalhamento das dívidas
estaduais com os hospitais, primeiramente pela complexidade em apurar o total devido a
cada entidade, bem como, pela presença de diversos valores com e sem registro contábil,
além dos parcelamentos referentes ao FUNAFIR, torna-se necessário o pedido de
esclarecimento ao Governador do Estado sobre a forma de apresentação, mensuração e
controle de suas dívidas com os hospitais. Item 9.4.5

657
39) O efetivo da Segurança Pública no Rio Grande do Sul tem diminuído ao
longo dos últimos anos, com o número de cargos vagos estando próximo dos 50% em
quase todos os órgãos da secretaria (Policia Civil, Brigada Militar, Corpo de Bombeiros
Militar, Instituto geral de Perícias – IGP e SUSEPE).
Se tratando de um item sensível e que afeta diretamente uma das
principais políticas públicas oferecidas à população, é dada oportunidade ao Executivo
manifestar-se quanto à existência de um plano para recomposição do efetivo da
Segurança Pública. Item 10.1.2.1 a 10.1.3.1.

40) As informações prestadas pela SUSEPE apresentam uma capacidade


prisional de 26.293 vagas nos presídios do Estado, frente a uma população prisional de
41.441 detentos. Estes números revelam um déficit real de 16.029 vagas. A SUSEPE
informou que nos últimos quatro anos a população carcerária aumentou 9,5% nos
últimos quatro anos, saltando de 37.855 em 2017 para 41.441 em 2020, ao passo que as
vagas prisionais aumentaram apenas 3,8%. Frente ao cenário caótico do Sistema
Penitenciário, é dada oportunidade para manifestação quanto à criação de vagas a fim de
solucionar o elevado déficit. Item 10.1.3.1.1

41) O Plano Anual de Publicidade e Propaganda Governamental, cuja


responsabilidade pela formulação, execução e acompanhamento cabe à pasta de
comunicação, é instrumento de gestão transparente das ações e dos gastos, além de boa
prática em relação à publicidade e propaganda governamental. Em 2020, foi publicada a
Portaria SECOM nº 016/20, exigida pelo Decreto nº 54.870/19, definindo o conteúdo
mínimo do plano, quais prazos deverão ser observados na sua formulação e como se dará
sua execução e acompanhamento. Entende-se pertinente solicitar esclarecimentos
quanto à elaboração do plano para o exercício em análise e os seguintes. Item 10.3.1.

42) A Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, em seu art. 24, inciso
III, estabelece a obrigatoriedade do Poder Executivo publicar anualmente o “relatório
pormenorizado das despesas mensais realizadas pelo Estado e pelas entidades da
administração indireta na área de comunicação, especialmente em propaganda e
publicidade”. A despeito do esforço empreendido pelo Poder Executivo em disponibilizar
dados de forma analítica no portal de transparência, não se encontram ali os relatórios de
que trata a Constituição Estadual, seja em termos de operacionalização (geração de
relatórios pormenorizados, e não somente a apresentação dos dados), seja em termos de
finalidade, a de esclarecer o cidadão acerca das ações do poder público – administração
direta e indireta por imperativo constitucional – em matéria de publicidade e
propaganda. Nesse sentido, dada à relevância e a essencialidade deste relatório, que se
sobressai em um contexto de administração pública transparente, sugere-se que seja
alertada a administração para que observe o que a Constituição Estadual estabeleceu.
Item 10.3.2.

43) No Balanço Geral do Estado - 2020, ao apresentar as Notas Explicativas


sobre os registros em contas de controle (nota 31.1), é relatada a existência de R$ 26,7

658
milhões pendentes de capitalização do BADESUL, correspondente ao período
compreendido entre o último aumento de capital realizado até o mês de setembro de
2015, quando do advento da Lei nº 14.744, ou seja, o Governo Estadual promoveu a
alteração do destino previsto para os recursos provenientes do retorno de cada parcela
do financiamento concedido, porém não atentou para o estabelecido na legislação
anterior, notadamente na destinação dos recursos que deveriam ser dirigidos à
capitalização da sua Agência de Fomento.
Aponta-se, por relevante, que a matéria vem sendo abordada desde 2015,
ou seja, a transferência do numerário para integralização de capital do BADESUL,
conforme reconhecido pela Contadoria e Auditoria-Geral do Estado (CAGE), permanece
pendente. Item 11.4.3

44) No exercício de 2020 a CAGE permaneceu sem realizar, na


integralidade, as funções institucionais que lhe foram atribuídas, tanto na Constituição
Estadual como na sua Lei Orgânica (Lei Complementar nº 13.451/2010), especialmente
quanto aos procedimentos vinculados à elaboração dos Pareceres que devem ser
anexados à documentação necessária ao exame das contas das Empresas Estatais
pertencentes à Administração Indireta do Estado. Que razões explicam a manutenção
dessa situação? Que medidas foram tomadas para atender aos dispositivos
constitucionais e legais atinentes à matéria? Item 12.2.

14.2 - Novos pontos para esclarecimentos:


45) Além da não aplicação total dos recursos arrecadados por meio do
Ampara nos objetos indicados na legislação própria do programa (ponto de
esclarecimento nº 5, constatou-se, em consulta aos extratos da conta corrente do
Ampara no SIAC, que o valor presente em conta corrente de R$ 33,0 milhões em 31 de
dezembro de 2020 é bastante inferior ao Passivo Potencial de recursos não aplicados, de
R$ 351,9 milhões. Requer-se que o Chefe do Poder Executivo explique o porquê dessas
diferenças de saldo no SIAC em relação ao Ampara, conforme item 3.2.1.3.

46) O Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público – MCASP


propugna que devem ser registradas como dedução da receita, entre outros fatos, as
renúncias de receita praticadas pelo Ente. Entretanto, a despeito dessa orientação, o
Estado do Rio Grande do Sul não efetua esse reconhecimento contábil em relação às
desonerações fiscais de seus impostos, sobretudo as do ICMS, que atingem os montantes
mais relevantes, conforme citado no item 3.11.

47) O Demonstrativo de Desonerações Fiscais elaborado pela Receita


Estadual apresentou muitos avanços ao comparar-se o relativo a 2018 com o inerente a
2019, como projeção e detalhamento dos dispositivos relacionados a isenções e reduções
de base de cálculo. Todavia, no que concerne ao instituto do não estorno do crédito fiscal
ainda não há qualquer projeção de carga de renúncia fiscal praticada. Tampouco são
informados em relação aos itens desonerados por isenção, redução de base de cálculo e
não incidência de ICMS quais deles também permitem a manutenção do crédito fiscal em

659
função do uso do não estorno (RICMS, Livro I, art. 35). O mesmo demonstrativo
igualmente pode avançar no que diz respeito à informação quanto aos objetos em que
são aplicados os recursos decorrentes das desonerações fiscais praticadas a fim de
ampliar a transparência perante a sociedade. Item 3.2.1.5.1.

48) Os relatórios de execução orçamentárias, publicados bimestralmente


pelo Tesouro do Estado, demonstram a necessidade de contingenciamento pelos Poderes
do Estado, para atingimento das metas fiscais.
Verifica-se, ao longo do ano, uma reprogramação das despesas primárias
total sempre superior ao executado, como se pode observar no 6º bimestre/2020, por
exemplo. No decreto, a previsão inicial era de R$ 11,00 bilhões, ao passo que no bimestre
anterior (5º bimestre), o Tesouro do Estado reprogramou a previsão para R$ 15,81
bilhões, ou seja, 43,7% superior ao valor original. Quando na execução, o valor
empenhado foi de R$ 10,65, inferior inclusive ao valor do decreto. Em diversos meses
pode se observar discrepâncias, em especial nos três últimos bimestres.
A consequência de uma previsão errônea, conforme já comentado, são
limitações de empenho desnecessárias. A cada bimestre, foi solicitado contingenciamento
aos poderes, embora o cenário não demonstrasse, muitas vezes, essa necessidade.
Entende-se necessária a explicação quanto aos critérios utilizados na
elaboração deste relatório, de suma importância na previsão e programação das finanças
estaduais. Item 5.2.10.

49) No ano de 2020 o Estado procedeu à nova segregação de massas


previdenciárias ao transpor aproximadamente 17 mil servidores do Fundoprev para o
regime de repartição simples, entretanto sem autorização prévia da Secretaria da
Previdência, vinculada ao Ministério da Economia, como orienta a legislação atinente ao
tema da previdência pública, conforme consta no item 8.5.4.2.

50) O Estado, por meio do PLC 148/20 que se transformou na LC 15511/20,


vinculou um possível custo de transição pela migração de servidores para o regime de
previdência complementar com a necessidade de segregação de massas, de cerca de 17
mil servidores, então vinculados ao fundo previdenciário, desta operação decorrendo
também o saque do patrimônio proporcional constante no Fundoprev, para financiar o
referido custo. Todavia, como amplamente discorrido no item 8.5.4 e subitens, não há
certeza da existência do mencionado custo de transição sem a efetivação de substanciais
migrações de servidores para o RPC, de modo que a segregação de massas e possível
saque do patrimônio do Fundoprev Civil em favor do regime de repartição simples pode
significar solução de liquidez de curto prazo ao Caixa do Tesouro Estadual com possíveis
impactos no equilíbrio atuarial do fundo previdenciário. Item 8.5.4.

51) O novo “Painel de Informações de Pessoal” apresenta valores que não


guardam equivalência com os valores que eram anteriormente disponibilizados no
Boletim Informativo de Pessoal. A divulgação correta do total de ativos, inativos e

660
pensionistas é extremamente relevante para a análise da questão previdenciária no
Estado. Item 8.3.3.

52) Verificou-se a consideração de despesas com inativos em MDE,


correspondendo a 44,6% (R$ 4,44 bilhões) do total da despesa executada em Educação,
no cálculo do percentual mínimo constitucional.
Com a exclusão dos gastos com inativos e pensionistas a despesa reduziria
para R$ 5,48 bilhões e o percentual de aplicação em MDE passaria para 15,50%.
Através da Emenda Constitucional nº 108/2020, de 26-08-2020, a qual
inseriu o parágrafo 7º no artigo 212 da Constituição Federal, foi vedado o uso dos
recursos de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino para pagamento de
aposentadorias e pensões, determinando, assim, que tais gastos não podem compor o
percentual de aplicação mínima em MDE. Os efeitos financeiros da respectiva
determinação, conforme artigo 4º da EC 108/2020, vigerá a partir de 01-01-2021.
Tendo em vista a eminente mudança de critério de cálculo a partir da
elaboração do Relatório e Parecer Prévio das Contas do Governador de 2021, e na esteira
do voto proferido no Parecer Prévio das Contas do Governador de 2019 em 27-04-2021,
onde foi recomendado ao Governador do Estado que apresente a esta Casa um plano de
ação indicando detalhadamente as providências que pretende adotar, nas dimensões
temporal, orçamentária e financeira, visando à plena adequação das despesas do Estado
ao artigo 212, § 7º, da Constituição da República, na redação dada pela Emenda
Constitucional n. 108/2020, o qual deverá ser objeto de análise técnica e submetido à
deliberação no Tribunal Pleno no âmbito das Contas relativas ao exercício de 2021,
alertando-se que a inobservância dessa providência poderá repercutir na apreciação de
outros Processos de Contas (tópicos 17 e 20), solicita-se esclarecimento ao Governador
quanto ao andamento do referido Plano de Ação. Item 9.1.

53) Tendo em vista o voto proferido no Parecer Prévio das Contas do


Governador de 2019 em 27-04-2021, onde foi recomendado ao Governador do Estado
que apresente a esta Casa um plano de ação indicando detalhadamente as providências
que pretende adotar, nas dimensões temporal, orçamentária e financeira, visando à
plena adequação das despesas do Estado ao artigo 212, § 7º, da Constituição da
República, na redação dada pela Emenda Constitucional n. 108/2020, o qual deverá ser
objeto de análise técnica e submetido à deliberação no Tribunal Pleno no âmbito das
Contas relativas ao exercício de 2021, alertando-se que a inobservância dessa providência
poderá repercutir na apreciação de outros Processos de Contas (tópicos 17 e 20), solicita-
se esclarecimento ao Governador quanto ao andamento do Plano de Ação para o
atingimento do percentual determinado na Constituição Estadual, de 35%. Item 9.1.

54) Solicita-se esclarecimento quanto ao alto valor inscrito em restos a


pagar do Salário Educação, alusivos a empenhos efetuados em 2020, no montante de
R$ 144,4 milhões, equivalendo a 32,11% do total da despesa empenhada no exercício em
análise no referido recurso. Item 9.1.2.1.

661
55) Foi promulgada a Lei 15.451 em 17-02-2020, alterando a Lei nº 6.672,
de 22 de abril de 1974, que institui o Estatuto e Plano de Carreira do Magistério Público
do Rio Grande do Sul.
A remuneração do magistério foi transformada em subsídio e, conforme
seus artigos 11º e 12º da Lei 15.451/2020:
Art. 11. Fica convalidada a parcela completiva paga de conformidade com o
acordo judicial firmado na Ação Civil Pública nº 001/1.11.0246307-9, que
assegurou aos membros do Magistério a percepção de vencimento básico não
inferior ao piso nacional previsto na Lei Federal n.º 11.738, de 16 de julho de
2008.
Art. 12. Fica assegurado o pagamento de subsídio ao membro do Magistério
não inferior ao piso salarial profissional nacional previsto na Lei Federal n.º
11.738/08.
Solicita-se esclarecimento ao Governador do Estado referente ao
pagamento do salário dos professores acima do piso salarial no exercício de 2020,
conforme preconizado pelo artigo 12º da Lei 15.451/2020. Item 9.1.4.

56) Do recurso 2804, foram inscritos R$ 42,7 milhões em restos a pagar


não processados e de R$ 45,3 milhões em restos a pagar processados, enquanto que no
recurso 2809 foram inscritos R$ 1,6 milhão em restos a pagar processados em 2020.
Assim, verifica-se a necessidade de esclarecimentos do Governador do
Estado quanto ao alto valor de inscrições em Restos a Pagar Processados dos recursos
2804 e 2809 em 2020. Item 9.4.2.3.3.

662
15 Análise de Esclarecimentos
Em atendimento à determinação do Exmo. Sr. Conselheiro-Relator,
manifesta-se, tempestivamente, o Exmo. Sr. Eduardo Figueiredo Carvalho Leite,
Governador do Estado do Rio Grande do Sul, sobre os fatos destacados no Relatório em
questão, referente à Prestação de Contas do exercício de 2020. Passa-se à análise dos
esclarecimentos ponto a ponto.

15.1 - Matérias já apontadas no exame das contas do ano anterior:


1) A Lei Complementar nº 101/2000, no artigo 4º, § 2º, determina que as
Leis de Diretrizes Orçamentárias devem ser acompanhadas dos Anexos dos
demonstrativos referentes à estimativa e compensação da renúncia de receita e da
margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado, os quais estão
formalmente regrados nas diversas edições do Manual de Demonstrativos Fiscais
publicados pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Em 2020, esteve vigente a 10ª
Edição do Manual de Demonstrativos Fiscais (MDF), referendada pela Portaria STN nº
286/2019.
Entretanto, com relação às despesas de caráter continuado, o Anexo I.d da
LDO – 2020 (Lei nº 15.304/19), apresentou o referido demonstrativo somente com a
informação de que as despesas obrigatórias de caráter continuado adequar-se-ão às
receitas do estado. Ainda, o referido anexo contou com uma única renúncia de receita,
deixando de relacionar as demais vigentes.
Assim, o Executivo Estadual, não se referindo às despesas obrigatórias de
caráter continuado, deixou de apresentar informações relevantes para fins de
transparência, embasamento para a elaboração da LOA e avaliação do impacto nas metas
fiscais. Ou seja, permaneceu sem atender ao previsto nas normas legais que
regulamentam a matéria. Item 2.2.
O Gestor inicia seus esclarecimentos alegando ter vigorado, durante o
exercício de 2020, o regime extraordinário fiscal, financeiro e de contratações para o
enfrentamento da pandemia de Covid-19.
Cita também decisão do Ministro Alexandre de Moraes (Medida Cautelar
na ADI 6357), afastando a incidência dos artigos 14, 16, 17 e 24 da LRF e 114, caput, in
fine, e § 14, da LDO/2020, durante o estado de calamidade pública e para fins exclusivos
de combate integral da pandemia de COVID-19. Posteriormente, a ADI 6357 foi julgada
prejudicada, em função da edição da Emenda Constitucional 10696.
Apresenta ainda a Nota Técnica SEI/ME nº 21231/2020/ME, concluindo ao
final que “os Anexos de Metas Fiscais e de Riscos Fiscais que acompanharam as LDOs

96
A EC 102, artigo 3º, dispensou a observância das limitações legais quanto à criação, à
expansão ou ao aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento de despesa e à concessão
ou à ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita durante
o período do regime extraordinário fiscal, financeiro e de contratações para o enfrentamento de
calamidade pública nacional decorrente de pandemia.

664
2021 e 2022 apresentaram de forma pormenorizada a Estimativa de Renúncias Fiscais e
incluíram o demonstrativo referente à Margem de Expansão das Despesas Obrigatórias
de Caráter Continuada, com o que o apontamento da área técnica do Tribunal de Contas
do Estado restará superado para os exercícios futuros”.
Em relação aos esclarecimentos prestados pelo Gestor, pontua-se que o
apontamento é embasado na transparência dos demonstrativos, sendo este um dos
pilares da Lei de Responsabilidade Fiscal. O fato de ter vigorado o regime extraordinário
fiscal, o qual afastou alguns limites orçamentários e fiscais, certamente justificado pelo
aumento de despesas no combate a pandemia, não impede que a transparência seja
efetuada de maneira ampla, almejando ao efetivo controle social.
O assunto já foi abordado nos anos anteriores (2018 e 2019), quando foi
ressaltado o fato do demonstrativo ter como objetivo dar transparência às renúncias de
receita previstas no projeto de LDO, para uma melhor avaliação do seu impacto nas
metas fiscais fixadas, além de orientar a elaboração da LOA considerando o montante das
renúncias fiscais concedidas. Como exemplos de Demonstrativos da Estimativa e
Compensação da Renúncia de Receita, podemos citar aqueles elaborados pelos estados
de Santa Catarina e Espírito Santo, em que há uma maior transparência em relação aos
benefícios concedidos e seu impacto no orçamento.
Sendo a transparência, conforme dito, um dos pilares da LRF, mantem-se o
aponte afim de que o Poder Executivo proceda a uma melhoria na elaboração do citado
demonstrativo nos próximos exercícios.

2) Os pagamentos sem prévio empenho, na maior parte, relativos ao saldo


de R$ 747,3 milhões registrados na conta Obrigações Pendentes de Execução
Orçamentária, do Passivo Circulante, ocorrem em desacordo com o estabelecido na
Lei nº 4.320/1964 e no inciso II do artigo 167 da Constituição Federal.
Assim, afetam o Saldo Patrimonial Financeiro e o Resultado Orçamentário.
Permanece a necessidade de cobrança efetiva do Poder Executivo para a realização da
conciliação desses valores, indispensável para assegurar a tempestividade no registro da
execução orçamentária dessas despesas.
Com a implantação do Plano de Contas Aplicado ao Setor Público – PCASP
entende-se que os respectivos saldos devem passar a ser registrados em Contas de
Controle e não mais em Contas Patrimoniais, visando à adequação às novas normas
contábeis. Enquanto isso não acontecer, os reflexos dessas situações no Resultado
Orçamentário e no Saldo Patrimonial Financeiro devem ser observados em Notas
Explicativas aos respectivos demonstrativos contábeis, bem como serem destacados no
Balanço Geral do Estado, no Volume de Análise e Interpretação dos Resultados, peça de
significativa relevância para o exame das Contas do Governador do Estado. Item 2.3.4.
Conforme esclarecimentos prestados, é citado que o valor de R$ 747,3
milhões refere-se a obrigações ainda não pagas e pendentes de execução orçamentária
(empenho e liquidação). Todos os conceitos e processos, conforme pontuado pelo gestor
estadual, estão de acordo com a Instrução Normativa CAGE 07/2016 e objetivam
demonstrar por competência os passivos que o Estado possui, independentemente da
ocorrência da execução orçamentária.

665
Destaca, também, que o saldo de R$ 588,0 milhões, registrado na
Secretaria da Saúde, refere-se a dívidas contraídas entre os exercícios de 2014 a 2018
com hospitais. Registra que nos exercícios de 2019 e 2020 não restou nenhuma transação
pendente de execução orçamentária, conforme informado pela Secretaria da Saúde no
PROA nº 20/1400-0011890-1.
Inicialmente, cabe destacar o artigo 1º da cita IN CAGE 07/2016,
especialmente o seu parágrafo único:
Art. 1º - Esta Instrução Normativa disciplina os procedimentos contábeis a
serem adotados no âmbito do Setor Governamental do Estado, a partir do
exercício de 2016, relativos ao registro dos passivos líquidos e certos,
decorrentes de transações pendentes de execução orçamentária, à exceção
daqueles originados de benefícios a empregados.
Parágrafo único - São considerados passivos líquidos e certos as contrapartidas
financeiras devidas por conta do recebimento de bens e/ou serviços prestados,
bem como aquelas em que houver credor, valor e prazo de pagamento
definidos, com ou sem contrato formal.

Em que pese a contabilização estar de acordo com os normativos internos


do Estado, a Constituição Federal (art. 167, inciso II) proíbe a realização de despesas ou a
assunção de obrigações diretas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais.
Art. 167. São vedados:
II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam
os créditos orçamentários ou adicionais;

Ainda, o art. 60 da Lei nº 4.320/64 veda a realização de despesa sem prévio


empenho.
Art. 60. É vedada a realização de despesa sem prévio empenho.

Também de acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal estão vedados à


assunção de obrigação, sem autorização orçamentária, com fornecedores para
pagamento a posteriori de bens e serviços.
Embora se reconheça a transparência buscada pelo Estado do Rio Grande
do Sul, ao iniciar em 2016 o reconhecimento das obrigações ainda pendentes de
execução orçamentária, há de se reconhecer os dispositivos legais que vedam este tipo
de despesa. É necessário o prévio empenho a qualquer obrigação contraída, sendo,
portanto, mantido o aponte.

3) O inciso IV do art. 167 da Constituição Federal veda a vinculação da


receita de impostos a órgão, fundo ou despesa. No entanto, no rol de benefícios fiscais
relacionados ao crédito presumido constam situações que envolvem o ressarcimento de
taxas de serviço (estas que têm suas receitas vinculadas a despesas específicas) nos
incisos XIX, CXLII, CXXXII e CLVI do art. 32 do Livro I do RICMS/RS.
A operacionalização de tais créditos culmina na redução do ICMS a
recolher. Além da questão que envolve a conformidade em relação ao inciso IV do art.
167 da CF, a possibilidade de ressarcimento de taxas, que são receitas correntes, pode

666
resultar numa superavaliação dos valores de RCL e RLIT, que influenciam importantes
indicadores na Gestão Fiscal, como limites de despesa com pessoal e da dívida pública,
bem como da aplicação de recursos nas áreas de saúde e educação.
À exceção do crédito presumido do inciso XIX do art. 32 do Livro I do
RICMS, as demais hipóteses de ressarcimento de taxas supracitadas estão previstas em
lei, constando na Lei Geral do ICMS – L. 8820/89 – nos seguintes parágrafos do art. 15: §§
21, 29 e 30.
Dessa forma o referido imposto resta como verdadeiro financiador de
despesas às quais taxas de serviço deveriam fazer frente, sem prejuízo dos 25% da cota
parte da arrecadação de ICMS que deveria ser remetida aos municípios e deixa de
ingressar nos cofres públicos, conforme item 3.2.1.6.8.3.2.
Este apontamento esteve presente no Relatório e Parecer Prévio das
Contas do Governador de 2019 e o esclarecimento prestado pelo Gestor neste exercício
também foi idêntico ao apresentado no exercício anterior. Abaixo transcreve-se a analise
de esclarecimento feita no exercício anterior:

Por meio da peça nº 3093594 (a partir da página 131) o Gestor apresentou suas
sustentações em relação a esse aponte com base no seguinte.
Informa que créditos presumidos são incentivos fiscais amparados por legislação
própria e com fundamento no apoio e incentivo para determinado setor e/ou
produto industrial ou comercial.
Aduz, em relação ao princípio da não vinculação da receita de impostos, que os
casos suscitados não necessariamente configuram sua desobediência, uma vez
que o pagamento da taxa serviria como um elemento de cálculo. Tratar-se-ia de
um benefício de mão dupla, onde as taxas sustentam os fundos a que se
destinam e os créditos presumidos incentivam os contribuintes de forma
individual.
Argumenta que no caso dos créditos presumidos ainda não ocorrera arrecadação
do imposto de modo que o mandamento constitucional aplicar-se-ia à receita
arrecadada, ou seja, não se deve vincular a fundo, órgão ou despesa o produto da
arrecadação de impostos.
Invoca que o princípio da não vinculação da receita de impostos não se constitui
cláusula pétrea, citando artigo com exemplo relacionado à área ambiental.
No que concerne ao amparo legal dos incentivos fiscais impende referir que
outros pontos de esclarecimento dessa peça trataram de abordar
inconformidades no que diz respeito aos ritos e procedimentos formais para
entrada em vigor de desonerações, em geral, em especial conflitos com o
ordenamento constitucional do art. 150, § 6º.
No que tange à ponderação de que a apropriação do crédito presumido ainda
não configura arrecadação do imposto é relevante invocar o relatório técnico que
subsidia o Parecer Prévio onde se versa a respeito das características dos
incentivos fiscais de gasto tributário, ou seja, amparando uma operação com
natureza de despesa orçamentária, mas que se realiza por meio do sistema
tributário, na via da renúncia fiscal. Portanto, a prática de crédito presumido
como uma espécie de desconto do imposto a pagar configura-se como um
deslocamento do momento de execução da despesa orçamentária com o
incentivo que se busca conceder ao setor produtivo.
Ademais, o texto constitucional não especifica a necessidade de a receita ter sido
formalmente arrecadada, conforme é possível extrair do trecho da Carta Magna,

667
abaixo replicado (art. 167, IV – princípio da não vinculação da receita de
impostos):
Art. 167 – São vedados: [...]
IV- a vinculação da receita de impostos a órgão, fundo ou despesa [...]
Esses argumentos do Gestor não prosperam, pois, para tanto seria necessário
delimitar o princípio da não vinculação à receita arrecada sem que o constituinte
o tenha feito na redação da Carta da República. De outra banda, como exposto
acima, os créditos presumidos possuem natureza de despesa orçamentária, de
modo que materialmente representam situação semelhante à de arrecadar o
imposto e, posteriormente, executar uma despesa, apenas com ajustes
procedimentais do momento e forma da ocorrência dos fatos.
O exemplo trazido na peça de esclarecimentos propugnando uma possível
flexibilização da aplicação do princípio da não vinculação da receita de impostos
diz respeito àquele caso, não, obrigatoriamente, guardando relação com as
situações abordadas nesse ponto de esclarecimentos.
Com efeito, conforme fundamentado no relatório técnico e citado no aponte, o
ICMS, em última análise, resta como o financiador efetivo das despesas
vinculadas às taxas de serviço em epígrafe, não servindo apenas como
instrumento de cálculo. Os valores de créditos presumidos permitidos para
fruição são obtidos pelo que foi pago a título das referidas taxas.

Como não houve alteração do cenário, sugere-se a manutenção do aponte


e acompanhamento da matéria no Relatório e Parecer Prévio de 2021.

4) Os decretos de concessão inicial e de prorrogação de vigência não


citaram nenhuma Lei como fundamento para instituição e/ou manutenção das
desonerações a seguir listadas: RICMS, Livro I, art. 32, incisos: LXXXVIII, LXVIII, LXXXII,
LXXI, LXXVI, XXXVI.
A ausência de menção a dispositivo legal como fundamento de concessões
de créditos presumidos podem indicar que o Poder Legislativo tenha ficado apartado do
processo de inserção e manutenção da vigência dessas desonerações fiscais, conforme
item 3.2.1.6.10.
Este apontamento esteve presente no Relatório e Parecer Prévio das
Contas do Governador de 2019 e o esclarecimento prestado pelo Gestor neste exercício
transcreve em grande parte o que foi abordado na resposta de 2019.
O Executivo Estadual acrescentou que houve uma mudança de paradigma
na concessão (ou reinstituição) de benefícios fiscais em matéria de ICMS com a edição da
Lei Complementar n° 160/17 e do Convênio ICMS 190/17. Alega que a nova legislação
autorizou os Estados e o Distrito Federal, mediante o cumprimento de exigências, a
proceder à remissão e à anistia de créditos tributários decorrentes de benefícios fiscais
concedidos em desacordo com o disposto na alínea "g" do inciso XII do § 2º do art. 155 da
Constituição Federal, bem como a reinstituí-los por prazos de até 15 anos.
Neste Contexto, o Gestor aponta que as desonerações associadas ao
RICMS, Livro I, art. 32, incisos: LXXXVIII, LXVIII, LXXXII, LXXI, LXXVI, XXXVI, atualmente
estão fundamentadas no Convenio 190/17.
Entretanto, conforme o longo arrazoado apresentado no relatório que
subsidia o Parecer Prévio, a necessidade de lei específica para instituição ou ampliação de

668
benefícios fiscais com fulcro na CF, art. 150, § 6º, segue vigente e exigível mesmo em
relação àquelas concessões cuja inexistência de Convênio ICMS no âmbito do Confaz está
sendo convalidada.
Sendo assim, mantém-se o ponto de esclarecimento.

5) Desde o ano de 2016, o Executivo conta com arrecadação extra de ICMS


originada na aprovação da Lei nº 14.742, de 24 de setembro de 2015, a qual foi
responsável pela instituição do Fundo de Proteção e Amparo Social do Estado do Rio
Grande do Sul — Ampara/RS, cuja finalidade estava vinculada à criação de condições para
viabilizar o acesso a níveis dignos de subsistência a toda a população do Estado do Rio
Grande do Sul.
Em consulta à arrecadação do ICMS no ano de 2020, constata-se que os
ingressos no AMPARA/RS somaram R$ 302,5 milhões, só considerando o ICMS tributário
e R$ 303,4 milhões quando se busca o cálculo do ICMS a qualquer título, e o saldo
registrado no SIAC, Caixa Único do Tesouro Estadual, em 31-12-2020 era de R$ 33,0
milhões. Também se verifica o ingresso de R$ 1,37 bilhão a título de arrecadação do
AMPARA desde sua criação, em 2016, ao mesmo tempo em que foi empenhado R$ 1,02
bilhão, o que representa um saldo de Passivo Potencial de R$ 351,9 milhões. Ou seja, os
recursos obtidos tiveram o objetivo de mero instrumento de arrecadação, e, assim sendo,
não foram utilizados em sua totalidade para a finalidade a qual estavam previstos por Lei.
Soma-se a essa situação o fato da Secretaria de Segurança ter enfrentado dificuldades
financeiras para atuar na manutenção dos presídios, pois, como comentado
anteriormente, este seria um destinos especificados na Lei.
Portanto, a omissão do Governo em relação ao arrecadado através do
AMPARA ocasionou a retirada da possibilidade de utilização dos recursos de acordo com
o previsto legalmente e proporcionou que restasse, tão somente, o registro contábil do
valor em conta específica no SIAC. Item 3.2.1.3.
O Gestor Estadual esclarece que os recursos do AMPARA/RS estão
preservados e financiam a atividade pública regular para a qual a fonte concebida.
Ressalta também que no primeiro semestre de 2021 houve redução significativa dos
saldo do passivo potencial do AMPARA-RS, na medida em que o ingresso de receitas no
período totalizou cerca de R$ 154,6 milhões, sendo que as despesas empenhadas com a
referida fonte de recursos atingiam cerca de R$ 267,7 milhões, perfazendo a diferença de
R$ 113,2 milhões.
Por conseguinte, entende-se por manter o apontamento e propor o
acompanhamento da utilização dos recursos do Fundo AMPARA-RS, em especial no
exercício de 2021.

6) No exame do Capítulo 5 (Gestão Fiscal), evidenciou-se a precária


situação financeira do Estado, a qual compromete a busca pelo equilíbrio das contas
públicas como disposto no § 1º do art. 1º da LC nº 101/2000. Embora tenha diminuído, a
insuficiência financeira de recursos livres em 2020 foi de R$ 29,96 bilhões, (6,9% melhor
que 2019). Pela relevância do valor, oportuniza-se ao gestor estadual uma justificativa
acerca do assunto. Item 5.2.3.1.

669
As justificativas foram apresentadas em conjunto com o item 8, sendo
naquele ponto analisadas.

7) No exame da Dívida Consolidada - DCL, ficou demonstrada que a relação


com a Receita Corrente Líquida – RCL deveria ser menor que 200% em 2020. O valor
atingido foi de 221,81%, ou seja, 21,81 pontos acima da meta. O não atingimento da meta
ocorre desde 2015 e o prazo para recondução ao limite, quando ultrapassado, é de 3
quadrimestres.
Contudo, conforme já comentado no início do capítulo, a Lei
Complementar nº 173/2020 deu nova redação ao artigo 65 da LRF:
Art. 65. Na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo Congresso Naci-
onal, no caso da União, ou pelas Assembleias Legislativas, na hipótese dos Esta-
dos e Municípios, enquanto perdurar a situação:
I - serão suspensas a contagem dos prazos e as disposições estabelecidas nos
arts. 23, 31 e 70;
Ou seja, diante do cenário de pandemia do Covid-19 e reconhecimento de
situação de calamidade pública em 2020, o prazo para recondução dos limites da Dívida
Consolidada Líquida encontram-se suspensos.
Porém, conforme decisão do Pleno desta Corte quando na apreciação das
Contas do Governador de 2019, recomenda-se ao gestor estadual a apresentação de um
plano para os exercícios seguintes, comtemplando uma volta ao limite determinado para
a relação DCL/RCL. Item 5.2.4.
Esclarece o Gestor que o fato do Estado ter excedido a relação em 2015
não se deve a nenhuma ação ativa das gestões estaduais, pois não houve novas
contratações de operações de crédito neste período. Reitera que a DCL aumentou em um
cenário de calamidade financeira, quando o Estado buscou a suspensão da exigibilidade
da dívida com a União, que representa 87% de toda a dívida no Estado. Destaca que essa
medida era indispensável e foi aceita pelo STF.
Com a suspensão, destaca o Gestor que hoje o Rio Grande do Sul tem um
saldo de parcelas não pagas com valor superior a R$ 11,0 bilhões. Considera então que,
caso as parcelas tivessem sido pagas, a situação hoje seria de colapso na prestação de
serviços essenciais, incluindo educação, saúde e segurança, além do aumento no atraso
salarial do Poder Executivo, que de 30 dias poderia ter chegado a oito meses. Sendo
assim, fica evidente o aumento no saldo da DCL, pois sobre as parcelas não pagas
continuam incidindo juros e correção monetária.
Destaca ainda que, outro elemento responsável pelo aumento da dívida é
o volume de inscrição de novos precatórios judiciais, da esfera de competência do Poder
Judiciário, e que até 2018 vinham sendo superiores ao total de valores pagos anualmente.
Em 2019 e 2020, informa que o saldo pago de precatório foi maior que o valor inscrito,
representando uma diminuição no saldo. Por outro lado, tem um cenário de queda na
receita, contribuindo também para este aumento.
Embora reconheça todos os argumentos, não foi apresentado o que de
fato solicitou-se: uma projeção dos próximos exercícios e um plano factível para que essa
relação volte ao limite proposto (DCL/RCL < 200,00%).

670
O assunto já havia sido pautado no exame das contas de 2019, inclusive
com decisão deste Tribunal Pleno para que o planejamento solicitado fosse
disponibilizado. Este tema será continuamente acompanhado por esta Corte, sendo
mantido o aponte.

8) No exame efetuado no Capítulo 5, específico sobre a Lei Complementar


nº 101/2000, foram relacionadas as conclusões acerca de diversos indicadores que
medem a responsabilidade na gestão fiscal. Dentre estes, que objetivam prevenir riscos e
corrigir desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, constatou-se o não
cumprimento das metas de resultado nominal. Este fato, concomitante com o
agravamento da situação financeira, merece justificativas do Governador do Estado. Item
5.2.9.
O Gestor entendeu que as justificativas aqui apresentadas, para explicar o
não atingimento das metas de resultado primário e nominal, servem também para o
ponto 6, que trata da insuficiência financeira de recursos livres em 2020 que foi de R$
29,96 bilhões (6,9% melhor que 2019).
Sendo assim, pondera o Gestor que as finanças gaúchas devem sempre ser
observadas dentro de um cenário muito mais amplo, considerando o fraco quadro
econômico do país e do intervalo de tempo necessário para que as ações já
encaminhadas possam amenizar de forma mais significativa os efeitos da crise financeira
que acompanha o Estado antes mesmo da pandemia. Enfatiza, também, que o Estado
melhorou diversos resultados fiscais em 2020, tendo em vista a modernização da
arrecadação de receitas, a gestão adequada do fluxo de caixa, as reformas administrativa
e previdenciária e seus efeitos sobre o controle das despesas de pessoal, a redução de
pagamentos de precatórios e RPVs, entre outros. Como exemplo, citou o resultado
primário, que evoluiu de R$ 669 milhões em 2019 para R$ 2,9 bilhões em 2020, fruto da
soma da busca permanente pelo equilíbrio fiscal, das reformas estruturantes promovidas
pelo Governo (administrativa/previdenciária), e do suporte financeiro adicional da União,
sobretudo em função da pandemia.
Não foram apresentadas justificativas para o não atingimento do resultado
nominal. Em relação ao Resultado Primário, argumentou que a LDO baseou-se em uma
estimativa de crescimento de 2,7% do PIB, enquanto ao final do ano apresentou-se
decréscimo de -7,0%, derivado dos efeitos da pandemia sobre a atividade econômica.
Para 2020, na definição de metas fiscais, não foi inscrita, na LDO, a adesão ao Regime de
Recuperação Fiscal, embora o Governo continuasse tentando ajustar a matéria a real
necessidade financeira do Estado. Finalmente, foi inscrita na LDO de 2020 a continuidade
da busca pelo equilíbrio fiscal e a necessidade da adesão ao Regime de Recuperação
Fiscal (RRF) para reversão do quadro ainda deficitário das contas gaúchas.
Em termos de execução orçamentária, é alegado que apesar da queda
significativa no crescimento da economia, esta não se transferiu inteiramente à redução
da receita do Estado, que apresentou alguma recuperação a partir de setembro, com a
retomada parcial da economia, fechando o exercício com queda de 0,4% no ICMS. Cita
ainda que as transferências correntes, oriundas do suporte financeiro da LC 173 (R$ 2,3
bilhões), contribuíram para que as receitas correntes superassem o crescimento de 5%
em 2020.

671
Ainda referente às transferências da União, cita o fato de que o Estado e
os demais Entes Federados seguiram cobrando o justo ressarcimento de valores da Lei
Kandir. Quanto a este ponto, com o reconhecimento pelo STF acerca da omissão do
Congresso Nacional quanto à matéria (ADO nº 25), foi oficializado acordo global entre os
entes para o recebimento de valores compensatórios à Lei Kandir e ao Fundo de
Compensação pela Exportação de Produtos Industrializados - FEX, o que para o RS
representará, no mínimo, cerca de R$ 300 milhões ao ano até 2037.
Nas justificativas são citadas ainda diversas ações do Governo no combate
à sonegação, revisão de benefícios fiscais, aprimoramento e aceleração da cobrança da
dívida ativa, não acumulação de passivos, não utilizando recursos de depósitos judiciais
nem efetuando novos saques no SIAC.
Quanto às despesas públicas, o Gestor justifica que o Governo continuou
atuando fortemente no controle rigoroso dos gastos, na modernização da estrutura e de
sistemas de gestão da máquina pública (precatórios e RPVs), que continuaram
apresentando redução significativa tanto em seu estoque quanto no fluxo em 2020,
estando em curso a implementação de novo sistema de gestão de precatórios. Por seu
turno, as novas regras para a Previdência – EC 103/2019 e seus resultados já contribuíram
para ajudar a preservar a prestação dos serviços nas áreas da saúde, educação e
segurança pública.
Argumenta ainda que o risco apontado na LDO em relação à atividade
econômica, que acabou prejudicando especialmente as transferências da União, se
concretizou, com os PIBs nacional e gaúcho tendo desempenho menor do que o
esperado. Quanto às despesas apontadas, a administração estadual diz que logrou êxito
em contornar quase todos os riscos associados no Anexo de Riscos Fiscais da LDO.
Mencionam ainda que cumpriram o art. 9º da Lei Complementar Federal nº 101/2000,
visto que o ingresso do auxílio emergencial do Governo Federal, as medidas de contenção
de despesas do Poder Executivo - sobretudo com a redução do déficit previdenciário – e o
contingenciamento acordado com os demais Poderes e órgãos tornaram o resultado
primário positivo e muito superior à previsão da LDO, de déficit de R$ 1,309 bilhão.
Entretanto, pondera-se que, no ano corrente, a meta estipulada de Resultado Nominal foi
um crescimento máximo de R$ 1,32 bilhão, enquanto o obtido foi de R$ 4.007,5 milhões,
ou seja, bem acima da meta.
O Gestor alega ainda que o déficit apresentado para o Orçamento 2020 foi
de 5,3 bilhões, contudo, ao final do ano, o déficit realizado foi de R$ 597 milhões,
excetuadas as operações intraorçamentárias.
Por seu turno, sustenta que Dívida Consolidada Líquida aumentou em 2019
em cenário de calamidade financeira do Estado, pois as administrações estaduais
buscaram judicialmente a suspensão da exigibilidade da dívida com a União, que
corresponde a 87% de toda a dívida do Estado. Em razão da suspensão dos pagamentos,
o Rio Grande do Sul tem hoje um saldo de parcelas não pagas de sua dívida com a União
superior a R$ 11 bilhões. Ressalta que a suspensão dos pagamentos acarreta o aumento
da Dívida Consolidada Líquida, pois sobre seu saldo continuam incidindo juros e correção
monetária. Mesmo assim, pelas diversas medidas tomadas pelo Governo e já
mencionadas, o Estado conseguiu em 2020 reduzir a relação DCL/RCL para pouco mais de
221%.

672
Em que pese serem viáveis todos os esclarecimentos, as metas postas na
LDO devem ser cumpridas. O fato de serem impraticáveis torna evidente então a falta de
planejamento, quando metas impossíveis de serem alcançadas são propostas pelo
Executivo e aprovadas pelo Legislativo.
Quanto à insuficiência financeira, de fato as reformas praticadas pelo
Gestor e os repasses de recursos da União, aliados à economia provocada pelo tele
trabalho nos órgãos estaduais, surtiram efeitos em 2020, com a queda na insuficiência de
caixa dos recursos livres do Poder Executivo, de 6,9%, finalizando o ano em R$ 29,96
bilhões. Porém, considerando o total de recursos do Poder Executivo (livres e vinculados),
a insuficiência em 2020 foi de R$ 30,12 bilhões, valor praticamente igual ao de 2019
atualizado pelo IPCA (R$ 30,38 bilhões).
Portanto, pelo não cumprimento da meta de resultado nominal posta na
LDO, e pela insuficiência financeira apresentada, mantem-se os apontes.

9) A apresentação de um plano para equilíbrio fiscal pelo Estado vem


sendo solicitada nos últimos relatórios, tendo em vista a Promoção MPC nº 306/2016,
acolhida parcialmente pelo Conselheiro-Relator das Contas do Governador de 2016. A
solicitação acabou não sendo atendido integralmente.
Conforme decisão do Pleno desta Casa acerca das Contas do Governador
de 2019 recomenda-se ao gestor estadual a apresentação de um plano de equilíbrio
fiscal. Item 5.3.
Apresenta o Gestor um rol de medidas executadas pelo atual governo, em
busca do equilíbrio fiscal. A atual administração, conforme descrito nas justificativas,
elegeu a implementação de reformas estruturais como agenda prioritária para restaurar o
equilíbrio fiscal do Estado. O plano de ação envolve iniciativas simultâneas e
complementares, que incluem: reformas estruturais para conter o crescimento das
despesas de pessoal ativo e com previdência; ações na área da receita pública – agenda
Receita 2030; otimização da estrutura, centralização de serviços e especialização de
atividades; avanços na Reforma Tributária do Estado, visando reforçar a competitividade
de empresas gaúchas; avanços nos projetos de privatizações ocorridos em 2019 e 2021; e
continuidade nas negociações para adesão ao Regime de Recuperação Fiscal, que serão
detalhados no ponto 10.
Cita que em 2019 obteve aprovação legislativa para a privatização da CEEE,
Sulgás e CRM, com a contratação do BNDES para prestar o serviço de modelagem. E que
em 2021 obteve aprovação da PEC nº 280/2019 (EC nº 80/2021) que retirou a exigência
de consulta plebiscitária para a privatização da Corsan. Em 2020 não foram citados
avanços, apenas em 2021 com a conclusão da privatização da CEEE-D e leilão da CEEE-T.
Importante referir que existe no TCE um grupo de acompanhamento a este processo de
privatizações, dentro da estrutura da Supervisão de Auditoria e Instrução de Contas
Estaduais – SAICE.
O Gestor argumenta ainda que em 2020, como resultado das reformas
estruturais aprovadas em 2019-2020, das medidas de ajuste fiscal e do rígido controle das
despesas, bem como do suporte financeiro da União e da recuperação da arrecadação de
ICMS entre os meses de setembro e dezembro, o Estado do Rio Grande do Sul, apesar da
crise sanitária e econômica decorrente da pandemia de COVID-19, registrou avanços

673
significativos em seus indicadores fiscais: o Resultado Orçamentário foi de déficit de R$
597 milhões, representando uma melhoria expressiva frente ao déficit de R$ 3,4 bilhões
registrado em 2019; o Resultado Primário, obtido pelo confronto entre Receita Primária
(Receita Total deduzida das Receitas Financeiras) e a Despesa Primária (Despesa Total
deduzida das Despesas Financeiras), registrou superávit de R$ 2,86 bilhões em 2020,
correspondendo a uma melhora de R$ 2,20 bilhões sobre o resultado de 2019 (superávit
de R$ 669 milhões); a Receita Corrente Líquida (RCL) atingiu R$ 42,1 bilhões,
correspondendo ao crescimento nominal de 5,8%, superando o IPCA acumulado em 12
meses; a Despesa de Pessoal (R$ 30,5 bilhões) caiu 2,2%, revertendo a trajetória de
crescimento real observado há mais de dez anos; o déficit previdenciário do Fundo
Financeiro caiu de R$ 12,4 bilhões em 2019 para R$ 10,3 bilhões em 2020,
correspondendo a uma queda de 17%; melhora nos limites de endividamento e despesas
de pessoal da Lei de Responsabilidade Fiscal; entre outros.
Destaca também a quitação da Folha em dia, que, após 57 meses de atraso
e parcelamentos, o Estado passou a pagar em dia todos os salários dos agentes do Poder
Executivo a partir de novembro/2020.
As ações apresentadas pelo Gestor são importantes para as finanças do
Estado, contudo carecem de critérios técnicos, que devem ser profundamente analisados,
bem como ajustados a metas factíveis, levando em consideração a realidade fiscal do
Estado. Portanto, opta-se pela manutenção do ponto, e pelo contínuo acompanhamento
desta Corte.

10) O Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul determinou a


abertura de Inspeção Especial (processo nº 14635-0200/18-6), junto a Secretaria da
Fazenda do RS para acompanhamento das negociações do Estado junto a Secretaria do
Tesouro Nacional para adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (LC nº 159/2017).
Com as mudanças acarretadas pela LC 178/21, solicita-se a apresentação
da situação atual das negociações, bem como cenários de demais projeções considerando
o acordo (previsão de receitas, despesas e saldo da dívida pública estadual ao final do
tempo de carência de pagamentos do regime). Item 5.3.1.
Esclarece o Gestor que com a LC nº 178/2021 aprovada, iniciou-se uma
etapa de debates entre os Estados e a União para regulamentação das novas regras do
Regime de Recuperação Fiscal. Em abril/2021, foram publicados o Decreto Federal nº
10.681/2021, regulamentando o RRF, e a Portaria ME nº 4.758/2021, disciplinando a
forma de verificação do atendimento aos requisitos para adesão. Somente em
julho/2021, foi editada a Portaria STN nº 931/2021, que dispõe sobre a elaboração dos
Planos de Recuperação Fiscal. Ressalta que ainda há alguns pontos importantes a serem
disciplinados pelo Governo Federal, como, por exemplo, a avaliação de desempenho pelo
Conselho de Supervisão do Regime de Recuperação Fiscal (CSRRF).
Informa ainda que com as novas regras, ficaram superados os dois
principais entraves ao ingresso do Estado no Regime de Recuperação Fiscal: a
comprovação do requisito de despesas de pessoal e a obrigatoriedade da privatização
total das empresas do setor de energia, saneamento e financeiro.
Além disso, menciona que a nova legislação alterou o processo de adesão,
estabelecendo dois marcos distintos, a saber: o Protocolo do Pedido de Adesão,

674
momento em que o Estado deve demonstrar que cumpre os requisitos de habilitação, e o
Protocolo do Plano de Recuperação Fiscal, momento em que o Estado deve apresentar
seu Plano de Recuperação e comprovar as leis autorizativas referentes às medidas
obrigatórias.
O Gestor declara que o Estado do Rio Grande do Sul cumpre os requisitos
de habilitação elencados no art. 3º da LC nº 159/2017, quais sejam: (i) Receita Corrente
Líquida menor do que a Dívida Consolidada; (ii) Despesas Correntes superiores a 95% da
Receita Corrente Líquida; e (iii) valor das obrigações maior que as disponibilidades de
caixa. No tocante às leis do RRF, em março de 2021, por meio da LC nº 15.601/2021, o
Estado atualizou sua Lei do Regime de Recuperação (LC nº 15.138/2018) para
compatibilizá-la com as novas regras previstas na LC nº 178/2021. Entretanto, em
decorrência da regulamentação federal, será necessária nova alteração, visando à
adequação aos modelos estabelecidos pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional
(PGFN). Além da adaptação da lei autorizativa do RRF, o Estado deve aprovar o Teto de
Gastos.
Para melhor ilustração, foi apresentado o quadro abaixo com a forma
resumida das leis e atos normativos referentes às medidas de ajustes fiscais obrigatórias
previstas no § 1º do art. 2º da LC nº 159/2017:

MEDIDAS OBRIGATÓRIAS – LEGISLAÇÃO ESTADUAL


Inciso do § 1º
do Art. 2º da Medida Atendido Legislação Estadual
LC 159
I Alienação de Sim Lei nº 15.298/2019: Autorização para privatização CEEE –
participação em Energia Elétrica
empresas Lei nº 15.299/2019: Autorização para privatização Sulgás
– Gás
Lei nº 15.300/2019: Autorização para privatização CRM –
Mineração
II Adequação do RPPS Sim EC nº 78/2020 – Reforma Administrativa e Previdenciária
– Civis e Militares
LC nº 15.429/2019 – Reforma Previdenciária Civis
LC nº 15.142/2018 – Lei Geral do RPPS
LC nº 13.757/2011 - FUNDOPREV – Militares
LC nº 13.758/2011 – FUNDOPREV – Civis
LC nº 10.098/1994 – Estatuto dos Servidores Civis
LC nº 10.990/1997: Estatuto dos Militares Estaduais
LC nº 15.602/2021: Alíquotas progressivas e ampliação
da base de contribuição para
inativos e pensionistas
III Redução de benefícios Sim LC nº 15.138/2018 e alterações – RRF e medidas
fiscais
IV Revisão do RJU dos Sim EC nº 78/2020 – Altera regras previdenciárias e dos
servidores servidores públicos
LC nº 10.098/1994 – Estatuto dos Servidores Civis
V Limitação de Não -
crescimento das
despesas primárias
(Teto de Gastos)

675
VI Leilões de Pagamento Sim LC nº 15.138/2018 e alterações – RRF e medidas
de Restos a Pagar
VII Gestão Financeira Sim Decreto nº 33.959/1991 - SIAC
Centralizada
VIII Regime de Previdência Sim LC nº 14.750/2015 – Regime de Previdência
Complementar Complementar – Civis

Por fim, o Gestor esclarece que o Poder Executivo está trabalhando na


atualização da lei autorizativa do Regime, necessária para protocolar o Pedido de Adesão
no Ministério da Economia. Em paralelo, o Poder Executivo está elaborando a Pré-
Proposta do Plano de Recuperação Fiscal, nos moldes estabelecidos pela Portaria STN nº
931/2021, contemplando o diagnóstico fiscal da situação do Estado, as projeções
financeiras do Cenário Base e as ressalvas que serão incluídas no Plano de Recuperação,
as medidas de ajuste fiscal e Cenário Ajustado, bem como as notas técnicas detalhando as
premissas e metodologia utilizadas nas projeções. A expectativa do Poder Executivo é de
protocolar o Pedido de Adesão e o Plano de Recuperação Fiscal neste segundo semestre
de 2021.
Destacou ainda que durante todo esse período de discussões e evolução na
implementação de reformas estruturais, o Estado do Rio Grande do Sul logrou manter
vigente a medida liminar concedida pelo STF na ACO 2755 e os efeitos financeiros do
Acordo Federativo no MS 34.110, trazendo melhores condições para negociar com a
União o Plano de Recuperação Fiscal e os termos da adesão do Estado do Rio Grande do
Sul ao RRF.
As ações demonstradas pelo Gestor refletem o empenho do Estado em
buscar a adesão ao RRF, porém, não foram apresentados os cenários de projeções
considerando o acordo (previsão de receitas, despesas e saldo da dívida pública estadual
ao final do tempo de carência de pagamentos do regime), conforme solicitado. Sendo
assim, opta-se pela manutenção do ponto, e pelo contínuo acompanhamento desta
Corte.

11) Em 2019, o passivo acumulado do SIAC, contabilizado na conta


Resgates do Tesouro, atingiu o valor de R$ 6,49 bilhões, os quais deverão retornar às suas
contas de origem. O saldo dos depósitos judiciais utilizados pelo RS foi de R$ 10,60
bilhões. Ou seja, o somatório a ser devolvido pelo Estado, é de R$ 17,09 bilhões.
Muito embora se saiba das dificuldades que ora enfrenta o Estado, é
necessário um planejamento que viabilize a aplicação dos valores nos recursos a que
originalmente se destinavam. Item 6.1.1.4.3.
O Gestor inicia os esclarecimentos contextualizando o Sistema Integrado
de Administração de Caixa (SIAC), citando o Decreto estadual nº 33.959/1991. Explica que
os resgates são feitos em conta própria para esta finalidade, preservando os saldos de
todas as contas integrantes do sistema. Reforça a segurança financeira, salientando que
quando solicitado, os numerários financeiros são imediatamente postos à disposição do
demandante, e enfatiza a maximização de rendimentos financeiros na alocação conjunta
de recursos no mercado. Finaliza, destacando a situação financeira precária que o Estado
atravessa, não sendo possível a devolução dos valores no curto prazo.

676
Ainda, destaca que a melhora na gestão do SIAC resultou na diminuição
dos valores a serem devolvidos, quando considerados os depósitos judiciais
conjuntamente. O valor, que era de R$ 20,54 bilhões em 2019 caiu para R$ 17,09 bilhões
em 2020.
Passando a análise, é primordial pontuar a citada segurança financeira.
Embora os resgates ocorram em uma conta específica, os saldos das demais contas são
preservados graficamente, ou seja, em termos financeiros não haveria lastro para cumprir
todas as obrigações, se estas fossem demandadas ao mesmo tempo. Sem considerar os
depósitos judiciais, o SIAC contabilizava ao final de 2020 um somatório de R$ 7,21 bilhões
no total, ao passo que o resgate do tesouro era de R$ 6,49 bilhões. Restariam,
consequentemente, R$ 721,2 milhões líquidos. É evidente que não há lastro para todas as
contas.
Exemplificando, os poderes (Tribunal de Justiça, Tribunal de Contas do
Estado, Assembleia Legislativa, Ministério Público, Defensoria Pública e Ministério
Público) somavam, ao final de 2020, R$ 2,07 bilhões entre recursos livres e vinculados. As
empresas estaduais somavam R$ 1,11 bilhão. Somados, poderes e empresas detinham R$
3,18 bilhões do saldo registrado no SIAC, enquanto o saldo líquido era de R$ 721,2
milhões. Resta evidenciada a falta de lastro financeiro para cobrir os valores.
Reconhece-se a diminuição do saldo a devolver ao SIAC na comparação de
2020 com 2019, porém, o apontamento foi no sentido de cobrar um planejamento, por
parte do Poder Executivo, de recomposição dos valores resgatados, que ainda são
extremamente relevantes. Considerando que o assunto vem sendo tratado nos últimos
anos, e ainda não foi apresentado plano por parte do Poder Executivo, mantem-se o
aponte.

12) Em virtude da prorrogação do prazo para quitação do estoque de


precatórios previsto na EC nº 109/2019 (até o ano de 2028), cabe o esclarecimento do
gestor sobre eventuais medidas adotadas, tais como planos de ação para atendimento da
emenda, considerando um estoque de precatórios de mais de R$ 15 bilhões. Em 2020, o
RS desembolsou R$ 607,2 milhões no pagamento de precatório, ou seja, mesmo
considerando a prorrogação do prazo de 2024 para 2028, o Estado precisaria
desembolsar valores muito maiores para conseguir quitar o saldo de precatórios dentro
do novo prazo. Item 6.2.2.1.4
Nos esclarecimentos prestados, o Gestor pontua diversas ações e
melhorias no fluxo de pagamentos dos precatórios, citando como exemplo o programa
COMPENSA-RS, a centralização de pagamentos via tesouraria específica, o grupo de
trabalho criado pelo Decreto nº 54.815/2019, além de aperfeiçoamento nos sistemas
informatizados. Com isso, pontua que os pagamentos efetuados superaram a inscrição de
novos precatórios pelo segundo ano consecutivo, diminuindo o estoque de precatórios
(R$ 15,8 bilhões em 2018, R$ 15,6 bilhões em 2019 e R$ 15,3 bilhões em 2020).
Detalha o trabalho executado pela Procuradoria-Geral do Estado (PGE/RS),
a frente da Câmara de Conciliação e do já citado programa COMPENSA-RS.
Passando para a análise, reitera-se que o apontamento foi na linha de que,
com o atual desembolso praticado pelo Estado, o saldo não será zerado ao final do prazo

677
imposto pela Emenda Constitucional nº 109/2019, muito embora este venha de fato
diminuindo nos últimos dois exercícios.
Considerando o prazo de dezembro de 2029 para quitação total dos
precatórios e considerando ainda o saldo de R$ 15,3 bilhões registrados ao final de 2020
no Rio Grande do Sul, caso não tivesse registro algum de novos precatórios e
desconsiderando qualquer atualização monetária, o Estado deveria desembolsar R$ 1,7
bilhão anualmente, a partir de 2021, para cumprir o disposto na EC 109/2019.
Em suma, o pagamento em 2020 foi de R$ 607 milhões, sendo necessário,
portanto, a apresentação de um planejamento efetivo para quitação dos precatórios, o
que este TCE/RS vem cobrando já nos últimos exercícios, não sendo integralmente
atendido, fato que enseja a manutenção do aponte e seu efetivo monitoramento.

13) A existência de saldos em Depósitos de Terceiros, no Passivo


Circulante, referentes às contribuições previdenciárias retidas dos servidores, estariam a
indicar a pendência de repasses ao IPERGS - RPPS.
O saldo de depósitos das contribuições dos servidores ao FUNDOPREV
passou de R$ 34,0 milhões em 2019 para R$ 10,6 milhões em 2020. Este montante não foi
capitalizado em razão da ausência do repasse, gerando prejuízos ao equilíbrio financeiro e
atuarial do FUNDOPREV. Item 8.3.1.
Em resposta a tal apontamento o Executivo Estadual informa que o saldo
residual sob análise é oriundo de liquidações e processamento na competência legal,
relacionados à gratificação natalina não paga durante o exercício regular de execução.
Ressalta que tais pagamentos em atraso ocorreram em decorrência da manutenção do
quadro de dificuldades financeiras do Estado. Nos anos anteriores os atrasos se
acentuavam em razão dos atrasos nas folhas de pagamento dos servidores. De acordo
com a Constituição Estadual, artigo 41, § 2º, (redação anterior a EC 78/20), os recursos
devidos ao IPE-Prev deverão ser repassados no mesmo dia e mês do pagamento salarial
aos servidores. A cota patronal vence no dia 15 do mês subsequente.
Salienta também que o controle dos fundos previdenciários (Fundoprev
Civil e Fundoprev Militar) tem sido aprimorado ao longo dos anos. Exemplifica a criação
de contas distintas para controle no SIAC. A estruturação em andamento no IPE-Prev
possibilitará a verificação tempestiva de todos os saldos a pagar aos Fundoprev’s. O
Gestor destaca também que o Poder Executivo tem atuado para estruturar o IPE Prev, por
meio da nomeação de servidores em caráter emergencial e de novos Diretores de
Previdência e de Benefícios, bem como com a realização de novo concursos públicos.
Ao que pese as explicações e tentativas de melhoria no controle, o atraso
no repasse, conforme tratado ao longo do Relatório do Parecer Prévio de 2020 gera
prejuízos ao equilíbrio financeiro e atuarial do fundo. Além disso, conforme destacado no
Relatório, a análise mês a mês demonstrou que mesmo após a volta do pagamento em
dia do funcionalismo, permaneceram saldos em depósitos de terceiros no Passivo
circulante nos meses de novembro e dezembro.
Sendo assim, a matéria seguirá sendo acompanhada por esta área técnica e
segue mantido o aponte.

678
14) Pendências de repasses das contribuições patronais empenhadas ao
Fundoprev, registradas no Balanço Patrimonial do Estado, em Restos a Pagar
Processados, no total de R$ 31,9 milhões, em 31-12-2020. Item 8.3.2.
Entendeu o Gestor que os esclarecimentos prestados para o item anterior
embasam a formação do estoque apontado, ou seja, a pendência de repasse trata-se de
provisionamento das contribuições patronais da gratificação natalina.
A resposta do Gestor não condiz com as informações apresentadas no
Relatório do Parecer Prévio, visto que se verificou que do total de R$ 31,9 milhões de
contribuições empenhadas e não repassadas, R$ 13 milhões são referentes a valores
empenhados do ano de 2019. Tais valores foram obtidos pela equipe técnica desta Corte
de Contas por meio de consultas realizados no início de ano de 2021, e, portanto quando
já havia se encerrado o exercício de 2020 onde, de acordo com o esclarecimentos do
Gestor, deveriam ter sido realizados todos os pagamentos e repasses associados ao
Décimo Terceiro de 2019. Ou seja, o esclarecimento do Executivo Estadual não é
suficiente para esclarecer os R$ 13 milhões pendentes de repasse referentes a 2019.
Segue assim mantido o aponte.

15) Falta de empenhamento das contribuições patronais ao Fundo de


Assistência à Saúde – FAS, especialmente das pensionistas vinculadas a servidores
falecidos do Poder Executivo. Restaram pendentes de empenho R$ 52,8 milhões de
competência de 2020.
A falta de regularidade dos repasses da contribuição patronal ao IPE-Saúde,
prejudicial ao gerenciamento dos recursos do fundo pela Autarquia, foi constatada não
somente pelo atraso anual com a falta de empenhamento da despesa, como também
pela execução mensal daqueles valores empenhados orçamentariamente. Item 8.7.1.
Informa o Gestor que a diferença apontada pode ser explicada em parte
pelas receitas relativas ao reingresso de segurados que haviam deixado do plano, visto
que estes pagam joia ao IPE Saúde para retornarem ao sistema e usufruírem seus
benefícios. Aponta também que a base de dados que orienta as contribuições patronais
ao IPE Saúde deriva de relatórios do sistema RHE e que, portanto a análise de
conformidade sobre os montantes apurados de contribuição patronal devem estar
referenciados a tais relatórios.
Os esclarecimentos do Executivo Estadual ressaltam ainda que está sendo
realizada uma estruturação no IPE-Saúde, a qual se acredita que auxiliará no controle das
cobranças e verificações de ausências ou impontualidade nos repasses.
Sendo assim, em função estruturação que o Executivo está promovendo, a
matéria seguirá sendo acompanhada por esta área técnica e segue mantido o aponte.

16) Na linha do aponte anterior, quanto à falta de regularidade dos


repasses das contribuições patronais empenhadas ao Fundo de Assistência à Saúde – FAS
constatou-se o saldo acumulado em Restos a Pagar de R$ 110,8 milhões em 31-01-2021.
A Administração Direta do Poder Executivo com R$ 109,3 milhões (98,63%) foi a maior
responsável pela falta de pagamento dos valores empenhados com a contribuição
patronal ao IPE-Saúde. Item 8.7.1.

679
O Gestor Estadual informa que foi elaborada uma agenda de aproximação
entre a Diretoria Administrativa da Autarquia e o Tesouro do Estado, a fim de solucionar a
diferença apontada pelo Tribunal de Contas. Neste sentido, destacou-se que houve uma
redução do saldo em restos a pagar, visto que o Relatório e Parecer Prévio do exercício
anterior apontava um saldo acumulado de R$ 199,3 milhões enquanto que no presente
Relatório o valor reduziu para R$ 110,8 milhões.
Apesar da redução, a pendência confirmada pelo Gestor permanece,
portanto, mantem-se o aponte.

17) Os recursos do Fundo de Assistência à Saúde - FAS, historicamente,


vêm sendo utilizados para financiar outras atividades do IPERGS. Os saldos bancários
registrados no Balanço do Fundo em 2020 não condizem com os resultados
orçamentários acumulados desde a sua criação em julho de 2004.
Enquanto o total acumulado da execução orçamentária foi de R$ 650,2
milhões, houve acréscimo de R$ 306,4 milhões no saldo bancário do FAS. Ou seja, a
diferença de R$ 343,8 milhões foi utilizada em outras finalidades. Tomando-se apenas o
exercício de 2020, houve uma diferença a maior de R$ 38,6 milhões nos saldos bancários
em relação ao resultado orçamentário, o que significa uma devolução ao FAS deste valor.
Item 8.7.1.
Em resposta ao apontamento o Gestor destacou que os avanços
decorrentes da especialização da gestão do novo IPE Saúde já apresentaram resultados.
Para tanto, é citada a comparação dos Relatórios e Parecer Prévio sobre as Contas do
Governador do Estado dos anos de 2019 e 2020. Por exemplo, no ano de 2019, houve
devolução ao FAS do montante de R$ 13,9 milhões, enquanto que no ano de 2020 é
apontada uma nova devolução, no valor de R$ 38,6 milhões, o que, no entendimento do
Gestor Estadual, demonstra a adoção de medidas efetivas na seara administrativa para o
saneamento do problema.
Apesar da aparente melhora nos resultados, a diferença acumulada
persiste, portanto, mantem-se o aponte.

18) Os saldos bancários contabilizados no Balancete do IPE Prev foram


confrontados com os resultados acumulados no período de 2011 a 2020, evidenciando
uma diferença a menor de R$ 135,9 milhões. Também foram confrontados com o valor
divulgado pelo Poder Executivo no Demonstrativo de Receitas e Despesas do RPPS –
Plano Previdenciário (anexo 4 do Relatório Resumido de Execução Orçamentária - RREO).
A diferença neste caso foi de R$ 151,4 milhões contabilizados a menor no balancete, a
qual carece de verificação de conciliação bancária e, principalmente, dos procedimentos
de registro das receitas pela Autarquia, a seguir discriminados. Item 8.3.2.
Sobre este apontamento o Gestor aponta que ajustes foram procedidos já
no exercício de 2020, no qual não foram constatadas diferenças relevantes. Além disso,
foi relatado pelo Executivo Estadual que o sistema de captura de receitas do Instituto está
bastante defasado em relação à atual infraestrutura tecnológica instalada, gerando
diversas reclassificações que dificultam a concepção de soluções imediatas mais robustas.

680
O Gestor salienta também que a Secretaria da Fazenda vem atuando em
apoio institucional ao IPE-Prev com o acompanhamento permanente do controle interno,
mediante o funcionamento de escritório específico dentro do fluxograma administrativo.
Registra que o Tesouro Estadual, conforme preconizam as Leis nº 13.757 e nº 13.758,
ambas de 2011, continua como fiador do sistema capitalizado de previdência, mesmo
após a segregação de massas.
Tendo em vista que os problemas de conciliação são reconhecidos pelo
Executivo, o aponte está mantido, sendo que a matéria seguirá sendo acompanhada por
esta Corte.

19) No que se refere ao conteúdo das Avaliações Atuariais relativas ao


Plano Financeiro, há informações que, embora sejam a fonte oficial das projeções
atuariais que devem ser apresentadas no RREO, não foram adequadamente consideradas
pelo Gestor na elaboração do referido Relatório. Item 8.6.2.

O Gestor reitera o posicionamento de conformidade do Demonstrativo da


Projeção Atuarial do Regime de Previdência do Plano Financeiro – Anexo 10 do Relatório
Resumido da Execução Orçamentaria (RREO) com as normas constantes do Manual de
Demonstrativos Fiscais (MDF) elaborado pelo Tesouro Nacional. Neste sentido, ratifica
novamente o disposto na Nota Técnica Conjunta CAGE/IPE-Prev.
Conforme já explanado no Relatório e Parecer Prévio sobre as Contas do
Governador do Estado do exercício anterior, o conteúdo da Nota Técnica Conjunta
CAGE/IPE-Prev foi tratada na Informação SAIPAG nº 8/2020, a qual trouxe o
entendimento da área técnica desta Corte. O conteúdo, elaborado por Auditores com
formação em Ciências Atuariais, segue abaixo reproduzido em sua integralidade:

A Nota Técnica elaborada conjuntamente pela CAGE e IPE Prev, em suma, justifi-
ca a adequação do cálculo do saldo financeiro do exercício por estar em confor-
midade com o Manual de Demonstrativos Fiscais (MDF).
Neste ponto, mantem-se o entendimento exposto no Parecer Prévio e respectiva
análise de esclarecimentos, em que o saldo financeiro do exercício relativo ao
Plano Financeiro não deve ser acumulado com a insuficiência financeira dos exer-
cícios anteriores.
O que se espera da informação disposta na última coluna do quadro da Projeção
Atuarial, constante no Anexo 10 do RREO, é que demonstre o saldo financeiro de
cada exercício, ou seja, considerando apenas o período de um ano.
Conforme bem explorado no aponte nº 38 do Parecer Prévio e na Informação
SAIPAG Nº 39/2019, em relação ao Plano Financeiro opera-se no curto prazo, em
regime de caixa, então a cada exercício ocorrem novas receitas, despesas e um
novo resultado. O saldo de insuficiência financeira deve ser imediatamente apor-
tado pelo Estado para garantir o pagamento dos benefícios previdenciários, assim
inicia-se um novo ciclo com o saldo do exercício anterior zerado.
Neste sentido, as projeções atuariais dispostas no Anexo III do Relatório de Avali-
ação Atuarial, apresentam os valores idênticos para o resultado previdenciário e
para o saldo financeiro projetados em cada exercício, o que entende ser o cor-
reto. Logo, estes dados deveriam constar no Anexo 10 do RREO.
Apesar de o MDF orientar que o saldo financeiro do exercício deva ser acumulado
com o saldo dos exercícios anteriores, não há sentido lógico para o Plano Finan-

681
ceiro, interpretar o saldo financeiro do exercício como um acúmulo de insufici-
ências financeiras anteriores.
Ao efetuar este cálculo há uma distorção na análise da situação do RPPS, pois in-
duz que em determinado exercício, o saldo financeiro negativo atingirá um pata-
mar muito superior ao que de fato irá ocorrer no referido exercício. Além disso,
pode indicar erroneamente que o Plano Financeiro apresentará um aumento in-
findável da insuficiência financeira, o que não se confirma uma vez que esse pla-
no se encontra em extinção.
Como exemplo para reforçar a impropriedade em acumular valores negativos ano
a ano, destaca-se o fato de que o saldo financeiro inicial da Projeção equivale ao
resultado previdenciário inicial e não ao acúmulo de saldo negativo dos anos an-
teriores ao primeiro ano da projeção, uma vez que o Estado realizou o aporte pa-
ra cobertura da insuficiência financeira destes períodos. Sendo assim, de forma
semelhante, o Estado fará anualmente o aporte necessário, zerando anualmente
o saldo financeiro negativo.
De fato, conforme mencionado na Nota Técnica, não há distinção no leiaute do
Plano Financeiro e Previdenciário em relação à fórmula para o cálculo do Saldo
Financeiro do Exercício. No entanto, considerando que o Plano Previdenciário é
superavitário financeiramente, existe saldo financeiro a ser considerado no cálcu-
lo do ano seguinte, ao contrário do Plano Financeiro.
Outro ponto abordado na Nota Técnica, diz respeito à compatibilidade dos dados
do RREO com os dados enviados à Secretaria de Previdência. Consta na Nota uma
explanação sobre a diferença dos documentos: Relatório de Avaliação Atuarial
(documento em pdf, elaborado pelo atuário, que compila os dados a partir de
planilhas analíticas) e o Demonstrativo de Resultados de Avaliação Atuarial
(DRAA), o qual é um relatório padrão, gerado pelo sistema Cadprev a partir de
planilhas analíticas enviadas pelo atuário à Secretaria de Previdência.
Mesmo que haja diferença entre os referidos documentos, em relação ao forma-
to e à forma de envio dos dados à Secretaria de Previdência, as informações de-
vem ser coerentes, sem divergências entre eles. E o Anexo 10 do RREO deve ser
elaborado considerando os dados oficialmente enviados ao Ministério da Previ-
dência97, conforme disposto no MDF. Sendo assim, os dados dos documentos
atuariais e do RREO devem ser os mesmos.
Ainda, consta na Nota que o valor da coluna Saldo Financeiro do Exercício é o
mesmo apresentado no DRAA com a nomenclatura Valor Atual da Cobertura da
Insuficiência Financeira. Neste ponto, entende-se que as informações não são
equivalentes, uma vez que a informação do RREO deve demonstrar ano a ano o
saldo de cada exercício financeiro, enquanto o Valor Atual da Cobertura da Insufi-
ciência Financeira demonstra o valor total, considerando o período de 75 anos.
Por fim, não prospera a afirmativa de que “Caso os resultados previdenciários de
cada exercícios não fossem acumulados na coluna Saldo Financeiro do Exercício
do Anexo 10, o Estado estaria por suprimir relevante informação relativa ao es-
forço projetado para o Tesouro do Estado na cobertura dos déficits financeiros.”
uma vez que esta informação pode ser detalhada nas respectivas notas explicati-
vas.

Como não foram apresentados novos argumentos pelo Gestor Estadual e


tendo em vista o entendimento da área técnica deste TCE, mantem-se o aponte em sua
integralidade.

97
O MDF menciona Ministério da Previdência, no entanto, atualmente os dados devem ser enviados à
Secretaria de Previdência/Ministério da Economia.

682
20) Não cumprimento do art. 202 da Constituição Estadual, que determina
a aplicação mínima de 35% da RLIT (R$ 34,91 bilhões) em Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino, deixando de ser aplicado em Educação, em 2020, o
montante de R$ 2,43 bilhões. Item 9.1.
Entende o Gestor que a aplicação de recursos em educação deve ser
entendida em um contexto mais amplo, considerando a crise financeira do Estado e o
fraco quadro econômico do país, ambos intensificados pela pandemia do Covid-19. Cita
que o Estado segue enfrentando dificuldades em sua execução orçamentária e financeira,
mas, com ações efetivas, como a aprovação das reformas administrativa e previdenciária,
entre outras, tem mantido o foco para não incorrer em atrasos salariais, bem como em
garantir a continuidade do funcionamento dos serviços públicos, estando as aplicações
em educação inseridas nesse cenário.
Informa também que houve redução no número de matrículas da rede de
ensino estadual, uma queda de 39,1% de 2007 a 2020 (1,32 bilhão de alunos para 804
mil). A seguir, apresenta a evolução na aplicação em educação pelo Estado,
demonstrando que no mesmo período o aumento foi de 217%, passando de R$ 3,55
bilhões em 2007 para R$ 9,95 bilhões em 2020.
Embora nunca o Estado tenha atingido o mínimo de 35% de aplicação,
houve uma tendência de crescimento até o ano de 2015, quando então foi interrompido.
A partir de então, verifica-se que o Estado se preocupou apenas em atingir o mínimo
preconizado pela Constituição Federal, de 25%, não tentando mais alcançar o mínimo
exigido pelo artigo 202 da Constituição Estadual, conforme se demonstra:

BASE PARA APLICAÇÃO VALOR APLICADO EM


EXERCÍCIO % APLICAÇÃO
MDE*
RLIT
2010 17.787,6 4.801,0 26,99%
2011 18.710,7 5.297,2 28,31%
2012 20.274,3 6.073,2 29,96%
2013 22.819,6 7.115,0 31,18%
2014 24.753,9 8.110,5 32,76%
2015 26.256,7 8.843,1 33,68%
2016 29.176,4 8.541,7 29,28%
2017 30.841,6 8.918,1 28,92%
2018 33.634,3 9.170,8 27,27%
2019 34.905,1 9.535,6 27,32%
2020 35.389,8 9.952,9 28,12%

Na sequência, é citada a Ação Civil Pública n.º 001/1/17.0034489-8,


ajuizada pelo Ministério Público Estadual perante a 5ª Vara da Fazenda Pública da
Comarca da Capital, na qual foi pedido que houvesse a obrigação de fazer consistente no
encaminhamento do orçamento de 2018 com a previsão de aplicação do percentual
previsto na Constituição Estadual.
A Ação Cívil Pública foi julgada improcedente, conforme sentença proferida
em 10-10-2017:

Outro fato a ser destacado é que caso atendida a pretensão exposta na inicial, o
que aliás, foi revisto pelo parquet na réplica apresentada, não seria razoável

683
comprometer 35% do orçamento para atender a área da educação, sabendo-se
que outras áreas estão passando por extrema dificultada.
Nesse sentido, a pretensão tal como postulada na inicial não merece acolhida.

Contudo, não foi declarada a inconstitucionalidade do artigo 202 da


Constituição Estadual:

Isso porque a declaração de inconstitucionalidade é desnecessária devendo-se


aplicar aqui o princípio de que a invalidade só deve ser pronunciada em caso
extremo (item 26).

Assim, a consideração da invalidade ou da razoabilidade da determinação


do artigo 202 da Constituição Estadual extrapola a competência desta área técnica, dado
o alcance e a natureza da análise efetuada.
É importante ressaltar o demonstrado na tabela anterior: a aplicação em
educação vem caindo nos últimos anos, ou seja, não há o mínimo esforço para atingir o
percentual de 35%. Verifica-se um retrocesso na aplicação de recursos em MDE, fato que
demonstra a necessidade da manutenção do ponto e acompanhamento da matéria por
esta Corte.

21) Verificou-se a existência de contas correntes sem vinculação privativa


com os recursos da educação, colocando em risco a utilização, com exclusividade, de seu
saldo para o custeio de despesas em MDE, tal qual definido em Lei.
A utilização de contas sem vinculação exclusiva permite a transferência de
valores entre recursos ou a utilização de importâncias pertencentes a um recurso com
despesas de áreas diversas a sua exclusiva vinculação, em evidente afronta legal,
dificultando sobremaneira o controle desses valores.
A abertura de contas-correntes vinculadas tem por finalidade garantir que
o numerário recebido seja reconhecido e utilizado somente no objeto da sua vinculação e
que os pagamentos sejam efetuados e contabilizados diretamente na respectiva conta
vinculada, nos termos do inciso I do artigo 50 da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Assim, a ausência de contas correntes com vinculação exclusiva aos
recursos da educação, causando dificuldades de mensuração dos valores disponíveis para
a área e problemas de identificação das contas que respondem pelos pagamentos na
educação, constituem objeto deste pedido de esclarecimento. Item 9.1.1.3.
O Estado assim esclareceu acerca das contas bancárias vinculadas aos
recursos:
Cabe ressaltar, dentro desta sistemática, que apenas uma conta bancária é
indicada preferencialmente para débito quando associada a determinada conta
a pagar de alguma Tesouraria. Os demais recursos são ali colacionados apenas
para correções de saldos e acertos contábeis oriundos dos processos
operacionais de pagamento e de execução orçamentária.

Também citou 3 motivos para as contas correntes possuirem vinculação


com vários recursos.

684
Contudo, ao permitirem a vinculação de vários recursos em uma conta
corrente, dificulta-se sobremaneira a identificação das contas que respondem pelos
pagamentos em cada area.
A existência de contas correntes sem vinculação exclusiva aos recursos, a
revelia da Lei, possibilita a utilização de importâncias destinadas a um recurso específico
por outro recurso vinculado a mesma conta.
Assim, uma vez que os recursos de MDE devem ter vinculação exclusiva
com contas bancárias por força de Lei, e que a viabilidade de mensuração dos valores
disponíveis nas contas correntes e a efetiva utilização do recurso na sua exclusiva
finalidade possuem como premissa básica a vinculação privativa destas contas com os
recursos da educação, não prosperaram as justificativas do Executivo Estadual,
mantendo-se o aponte.

22) A Lei nº 11.494/2007, no seu artigo 21, determinou a obrigatoriedade


do uso dos recursos do FUNDEB no exercício financeiro em que lhes forem creditados,
estabelecendo a possibilidade de até 5% desses recursos serem utilizados no 1º Trimestre
do exercício imediatamente subsequente, mediante a abertura de créditos adicionais
(§ 2º, do artigo 21).
Destaca-se que foi publicada, em 25-12-2020, a Lei nº 14.113, que alterou
dispositivos da Lei nº 11.494/2007, entre eles, a determinação do § 2º, artigo 21. No seu
artigo 25º, § 3º, a Lei 14.113/2020 determinou que até 10% dos recursos poderiam ser
utilizados no primeiro quadrimestre do exercício seguinte. No entanto, a Lei vigente
durante os anos de 2019 e 2020 é a de nº 11.494/2007, portanto, a regra a ser obedecida
é a de 5% dos recursos a serem utilizados no primeiro trimestre do exercício seguinte.
No Parecer Prévio do exercício de 2019 verificou-se uma sobra de R$ 257,0
milhões, resultante do confronto entre o total disponível para a execução do Fundeb
(saldo + ingressos) com os valores empenhados em 2019.
Analisando-se os créditos adicionais abertos em 2020, verificou-se que no
primeiro trimestre houve abertura de crédito adicional decorrente do passivo potencial
do Fundeb, no valor de R$ 175.917,65, através do Decreto nº 55.088 de 02-03-2020.
A partir de outubro foram publicados os seguintes Decretos, com créditos
adicionais cuja fonte foi o passivo potencial do Fundeb:

Decreto Data da Publicação Valor Fonte de Crédito Adicional


55.531 06/10/2020 24.675.000,00
55.653 18/12/2020 15.000.000,00
55.655 21/12/2020 204.000.000,00
Contudo, verificou-se que os créditos adicionais apresentados na tabela
acima foram publicados no último trimestre do ano, em total desacordo com o § 2º, do
artigo 21º, da Lei nº 11.494/2007, ensejando o esclarecimento do Governador do Estado.
Item 9.1.1.3.
O Estado afirmou o seguinte:

685
Cabe destacar que, dentre as modificações nas bases legais do Fundeb,
encontra-se efetivamente o art. 53 da Lei 14.113/2020, que revogou, a partir de
1º de junho de 2021, a Lei nº 11.494/2007, mantendo seus efeitos financeiros,
no que se refere à execução dos Fundos no exercício de 2020. Portanto, foram
revogados pela Lei 14.113/2020 os efeitos financeiros da Lei 11.494/2007 em
2021, o que inclui a execução de eventuais sobras de recursos do Fundo em
2020, possibilitando ao gestor a definição do momento de maior adequação
para o feito (Grifou-se).

A Lei 14.113/2020, em seu artigo 53, assim determinou:

Fica revogada, a partir de 1º de janeiro de 2021, a Lei nº 11.494, de 20 de junho


de 2007 , ressalvado o art. 12 e mantidos seus efeitos financeiros no que se
refere à execução dos Fundos relativa ao exercício de 2020 (Grifou-se).

Assim, a nova Lei, no seu artigo 53, não dispôs que mantinha os efeitos
financeiros relativos à execução do Fundo NO exercício de 2020, como afirmado pelo
Estado, mas determinou que estavam mantidos os efeitos financeiros referentes à
execução dos Fundos RELATIVA aos recursos de competência de 2020.
Ou seja, o artigo nº 53 da nova Lei do Fundeb, quando determinou
execução dos Fundos relativa ao exercício de 2020, estava se referindo à competência dos
recursos, provenientes do Fundeb de 2020, e cujo efeito financeiro de sua execução
continuam mantidos, independente do exercício, após a revogação da Lei nº
11.494/2007.
A interpretação do Estado acerca do artigo 53 da Lei nº 14.113/2020, de
que o efeito financeiro da execução do Fundo de competência de 2020 estaria restrito a
esse exercício e que não poderia ser considerado em 2021, possibilitando ao gestor a
definição do momento de maior adequação para o feito, não condiz com a determinação
legal.
Portanto, a obrigatoriedade do uso dos recursos do FUNDEB no exercício
financeiro em que lhes forem creditados, estabelecendo a possibilidade de até 5% desses
recursos serem utilizados no 1º Trimestre do exercício imediatamente subsequente,
mediante a abertura de créditos adicionais, continuou vigente para os recursos do
Fundeb de 2020.
Assim, mantido o aponte.

23) O Executivo vem empenhando despesas com contribuição


previdenciária de inativos para o RPPS e contribuições ao IPERGS para cobertura do
déficit no pagamento dos inativos, em desacordo com a Lei do FUNDEB. Inclusive,
verificou-se a abertura de créditos adicionais para esse fim utilizando-se do Passivo
Potencial do Fundeb, conforme Decreto nº 55.655 de 21-12-2020.
Com a nova Lei do Fundeb, nº 14.113, de 25-12-2020, ficou expressamente
proibida a utilização de recursos do Fundo com aposentadorias e pensões, conforme seu
artigo 29, Inciso II.

686
Neste exercício, o montante apurado nestas despesas totalizou
R$ 1,56 bilhão. Essa situação tem sido reiteradamente objeto de pedido de
esclarecimentos ao Executivo Estadual por esta Corte de Contas. Item 9.1.1.5.
A exemplo dos esclarecimentos já prestados em exercícios anteriores, o
Estado alegou que vem aplicando os recursos do FUNDEB em consonância com a
legislação vigente sobre a matéria, observando, também, as orientações exaradas na
Promoção Setorial PGE-SEFAZ 023/2008, de 10-10-2008, referindo-se à utilização de
valores do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB, para pagamento de servidores
inativos da rede estadual da Educação.
Destacou ainda o recente Parecer PGE nº 18.790/21, onde foi afirmado que
as despesas da contribuição patronal com inativos da educação e com a cobertura dos
déficits com pensão e com inativos da educação não constituem pagamento de
aposentadorias e pensões passíveis de enquadramento na vedação do parágrafo 7º do
artigo 212 da Constituição Federal, acrescentado pela Emenda Constitucional nº
108/2020, uma vez que esses itens teriam natureza jurídica de tributo, enquadrando-se
no conceito de encargos sociais, além de serem arcados pelo Tesouro do Estado.
Não prosperam as considerações do Estado, uma vez que,
independentemente do regime de previdência, da fonte de recursos utilizada para
pagamento das aposentadorias e pensões ou da natureza jurídica desse pagamento, as
mesmas não podem ser consideradas no cálculo do Fundeb, devido a expressa
determinação do artigo 29, Inciso II, da Lei nº 14.113, de 25-12-2020.
A Lei não detalhou quais pagamentos de aposentadorias e pensões são
vedados, tão pouco discriminou a fonte de recurso ou a natureza tributária do citado
pagamento, sendo a vedação legal para TODOS os tipos de pagamentos de
aposentadorias e pensões. O Poder Público é totalmente subordinado à previsão legal, e,
sob o princípio da legalidade, não pode incluir quaisquer pagamentos de aposentadorias
e pensões nas despesas custeadas com recursos do Fundeb.
Portanto, mantido o aponte.

24) Em consulta ao FPE, foi verificado que o saldo do recurso 6002 –


Contrapartida Operações de Crédito Receita Tesouro Educação (sua contrapartida está
registrada no recurso 0306 – Programa de Apoio a Retomada do Desenvolvimento-
Proredes-Bird) encontra-se negativo, criando, portanto, um falso ativo potencial.
O mesmo correu com o recurso 5002 – Contraprestação de Rec. Tes-
Educação, encontrando-se com saldo negativo.
Recursos com saldo negativo não contém a informação contábil de forma
fidedigna, contrariando as Normas Brasileiras de Contabilidade.
Portanto, os saldos negativos dos recursos necessitam de esclarecimentos
quanto ao falso ativo potencial que demonstram e quanto à ausência de ingresso de
receitas, apesar do pagamento de despesas à conta dos mesmos. Item 9.1.
O Executivo respondeu:

687
Esses recursos são formados por transposição do recurso geral, ou seja, da
receita arrecadada não vinculada, tendo caráter informativo e de controle.
Indicam que o Estado utilizou seus recursos do Tesouro-Livres para oferece-los
como contrapartida (...)

Se os recursos são formados por transposição do recurso geral e possuem


caráter informativo e de controle referentes aos valores utilizados como contrapartida,
então, há a necessidade de transferência de saldo do recurso geral para os recursos 5002
e 6002, nos valores exatos a serem, futuramente, utilizados na contrapartida.
Somente depois seria possível empenhar à conta desses recursos,
possibilitando, assim, maior controle dos valores utilizados e representando a natureza do
recurso de forma correta, sem saldo negativo.
A matéria é disciplinada pelas Normas Brasileiras de Contabilidade
Aplicadas ao Setor Público, as quais normatizam a informação contábil.
Conforme a NBC TSP ESTRUTURA CONCEITUAL - Estrutura Conceitual para
Elaboração e Divulgação de Informação Contábil de Propósito Geral pelas Entidades do
Setor Público, as qualidades da informação contábil são a relevância, a representação
fidedigna, a compreensibilidade, a tempestividade, a comparabilidade e a verificabilidade.
O Estado, ao registrar no Sistema de Finanças Públicas fictícios saldos
negativos para determinados recursos, não apresentou a informação contábil de forma
fidedigna, conforme preceituam os itens 3.10, 3.11 e 3.12 da NBC TSP ESTRUTURA
CONCEITUAL:
3.10 Para ser útil como informação contábil, a informação deve corresponder à
representação fidedigna dos fenômenos econômicos e outros que se pretenda
representar. A representação fidedigna é alcançada quando a representação do
fenômeno é completa, neutra e livre de erro material. A informação que
representa fielmente um fenômeno econômico ou outro fenômeno retrata a
substância da transação, a qual pode não corresponder, necessariamente, à sua
forma jurídica.
3.11 Na prática, pode não ser possível ter certeza ou saber se a informação
apresentada nos RCPGs está completa, neutra e livre de erro material.
Entretanto, a informação deve estar completa, neutra e livre de erro material
tanto quanto possível.
3.12 A omissão de algumas informações pode fazer com que a representação do
fenômeno econômico ou outro qualquer seja falsa ou enganosa, não sendo útil
para os usuários dos RCPGs.

Assim o Executivo, ao contabilizar saldos negativos em recursos, além de


demonstrar um falso ativo potencial, está prejudicando a compreensibilidade e a
verificabilidade das suas informações financeiras, dificultando o controle das mesmas.
O Estado informou que a CAGE irá avaliar alternativas com vistas a zerar o
saldos dos recursos mencionados.
Portanto, mantem-se o aponte.

25) Em 15-01-2018 foi publicada a Portaria Conjunta STN/FNDE nº 02,


determinando, no seu artigo 1º, que cada ente beneficiário do Fundeb deveria possuir

688
uma conta única e específica para a movimentação dos recursos, cadastrada
obrigatoriamente com CNPJ do órgão responsável pela Educação. Também estabeleceu,
no seu artigo 2º, que a conta deveria ser aberta e mantida no Banco do Brasil ou na Caixa
Econômica Federal. Em 19-07-2018, foi aberta conta no Banco do Brasil, de nº
3798/707007, com CNPJ da Secretaria da Educação para esse fim.
O Estado também abriu a conta nº 0100/03.409941.0-3 no Banrisul, em 28-
09-2018, nos tipos Centralizadora e Aplicação SIAC, com a finalidade de atendimento a
Portaria Conjunta STN/FNDE nº 02 de 15-01-2018, conforme descrição constante no
Sistema FPE. Esta conta recebeu movimentações do Fundeb em 2020, cujo saldo em 31-
12-2020 era zerado para a centralizadora e, na Aplicação Financeira SIAC, foi de R$ 310,1
milhões.
No entanto, verificou-se que, logo que os recursos são creditados na conta,
são transferidos para a conta nº 0100/03.409941.0-3 do Banrisul.
Assim, averiguou-se a movimentação de recursos do Fundeb na conta nº
0100/03.409941.0-3 no Banrisul em 2020, inclusive com o envio dos mesmos ao Caixa
único do Estado - SIAC, em evidente contrariedade as determinações legais.
O envio dos valores do Fundeb ao SIAC faz com que os recursos não sejam
utilizados na sua finalidade específica. Uma vez que o saldo do Caixa Único é somente
escritural, caso o Estado precisasse resgatar os R$ 310,1 milhões do Fundeb em 31-12-
2020, não teria saldo no SIAC para tal.
Portanto, necessita-se de esclarecimentos quanto à ausência de utilização
de uma conta ÚNICA e ESPECÍFICA no Banco do Brasil ou Caixa Econômica Federal para as
movimentações dos recursos do Fundeb e quanto ao envio dos mesmos ao SIAC, gerando
diversas problemáticas na utilização dos referidos recursos. Item 9.1.1.3.
O Governo apresentou o Parecer nº 17.355/18 (ANEXO II) da Procuradoria-
Geral do Estado, que dispõe:

3. Inexistem óbices para que os recursos do FUNDEB destinados à folha de


pagamento dos profissionais do magistério da educação básica sejam
transferidos para conta específica do fundo, integrante do SIAC, para posterior
repasse aos referidos servidores públicos, ou para o ressarcimento de valores
antecipados para a referida despesa.

O saldo do Fundeb no SIAC apresentado em 31-12-2020, no valor de R$


310,1 milhões, trata-se de um saldo escritural.
Isso acontece pela apresentação de ativo registrado em valor superior ao
real, pois o Balanço contempla um saldo gráfico para as contas integrantes do SIAC não
correspondente ao saldo financeiro existente, quando descontados os valores resgatados.
Isto é, a sistemática de funcionamento do SIAC não possibilita a identificação das contas
com a efetiva retirada, como o caso do Fundeb.
Nos últimos anos a principal finalidade do SIAC passou a ser a de suprir as
deficiências de caixa do Estado para o cumprimento dos seus programas.
Portanto, os recursos do Fundeb, ao serem repassados para o Caixa Único,
podem não estar sendo utilizados na sua finalidade exclusiva, em afronta ao artigo 8º da
LRF:

689
Art. 8º [...]Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados a finalidade
específica serão utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua
vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso.

A sistemática adotada pelo Estado para o repasse do Fundeb, utilizando-se


do SIAC e de diversas contas bancárias intermediárias para a movimentação dos referidos
valores, permite a utilização de recurso vinculado para outros fins.
De outra parte, a utilização de uma conta única, conforme dispõe a
Portaria Conjunta STN/FNDE nº 02, permite maior controle sobre os repasses dos
recursos do Fundeb.
Portanto, mantido o aponte.

26) Em decisão proferida em 2016, na Ação Cível Ordinária nº 2.922, o ST


entendeu que o Rio Grande do Sul deveria considerar os valores ingressantes da alíquota
adicional de 2,0% de ICMS (AMPARA, Lei nº 14.742/2015) no cálculo para formação dos
repasses ao FUNDEB.
Conforme voto do Parecer das Contas de 2019, publicado em 20-04-2021:
No particular, constato que, se ainda não se tem uma posição definitiva do
STF a respeito do tema, o pronunciamento do Relator, proferido em sede de cognição
sumária, assevera:
Assim, estando inserido o produto de arrecadação do ICMS no conceito de
receita própria do Estado, nos termos do art. 155, II, da Constituição, enquanto vigentes a
LC 8/1970, a Lei 4.320/1964 e a Lei 11.494/2007, me parece correta, nesse juízo
perfunctório, a consideração do adicional de 2% (dois por cento) sobre a alíquota do ICMS
para fins de financiamento do Fundo de Combate à Pobreza estadual na base de cálculo
da contribuição para o PASEP e na apuração dos valores destinados ao FUNDEB. (Grifei.)
É importante que se acompanhe o desfecho da sobredita ação, mas não
havendo declaração de inconstitucionalidade sobre os dispositivos em debate, é de se
determinar a inclusão do adicional de 2% sobre a alíquota do ICMS para fins de
financiamento do Ampara na apuração dos valores destinados ao Fundeb.
Uma vez que o voto proferido considerou correta a inclusão do valor
AMPARA na base de cálculo do Fundeb, a ausência de tal inclusão necessita de
esclarecimentos do gestor estadual. Item 9.1.1.1.
O Executivo citou que o cômputo dos recursos do AMPARA na base de
cálculo das receitas vinculadas estaria pendente de decisão da Ação Civil Originária nº
2922.
Bem como, referiu que, a partir da Lei Federal nº 14.113, de 25-12-2020,
foi determinada expressamente a inclusão do AMPARA na base de cálculo do FUNDEB, e
que o Estado estaria incluindo referida receita na base de cálculo do Fundeb em 2021.
No entanto, uma vez que referido aponte refere-se ao exercício 2020, ele
restou mantido.

27) A Resolução nº 26/2013 estabeleceu normas para a execução técnica,


administrativa e financeira do PNAE, bem como, definiu a necessidade de

690
complementação do Programa com recursos estaduais, conforme inciso II do seu artigo
5º.
O caráter suplementar do PNAE também está previsto no inciso VII do
artigo 208 da Constituição Federal, que elenca, entre os deveres do Estado (união,
estados e municípios), o atendimento ao educando através de programas suplementares
de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.
Uma alimentação deficitária pode ser um empecilho para a aprendizagem
do aluno, dificultando a concentração e a realização de atividades, causando prejuízo ao
seu desempenho escolar. O estudante deve ter acesso, pelo menos na escola, a uma
alimentação saudável, balanceada e suficiente para prover suas necessidades.
Nesta linha, os recursos financeiros disponibilizados para a alimentação
escolar devem ser suficientes para a compra de gêneros alimentícios de forma a suprir as
necessidades nutricionais dos alunos. Portanto, a definição dos valores a serem
repassados à título de complementação estadual deve ser guiada por avaliações sobre o
atendimento dessas necessidades nutricionais na rede escolar pública e os repasses
devem ser efetuados a partir de critérios previamente estipulados.
A definição da complementação estadual do PNAE através unicamente da
dotação orçamentária destinada pela Secretaria da Fazenda, sem estudo ou definição de
critérios que levem em conta a necessidade nutricional dos alunos durante o período
letivo, carece de respaldo técnico e dificulta o acompanhamento do Programa nos seus
aspectos financeiro e de eficiência, necessitando pedido de esclarecimento ao
Governador do Estado. Item 9.1.3.2.2.1.
O Executivo descreveu como é efetuada a formalização dos procedimentos
de alimentação escolar, com o preenchimento Formulário F-09, disponibilizado pelo
FNDE, contendo dados da escola, controle de estoque, cardápio, entre outros.
Bem como, citou que a Resolução do FNDE nº 6/2020 estabeleceu novas
exigências nutricionais e, com o impacto da pandemia do COVID-19 na inflação dos
alimentos, foi determinada à Equipe da Alimentação Escolar da SEDUC/RS a elaboração
de estudo técnico atualizado sobre os custos dessa alimentação para atendimento das
necessidades nutricionais na rede escolar pública do Estado.
Portanto, será verificado o andamento do referido estudo para o próximo
exercício, mantendo-se o aponte em 2020.

28) O Estado do Rio Grande do Sul não preenche o Sistema de Orçamentos


Públicos em Educação – SIOPE do Ministério da Educação desde o exercício de 2013. O
Sistema deve ser preenchido pelos entes federativos com as informações sobre o
orçamento da educação e, ao final, com apuração do percentual aplicado. O não
preenchimento do SIOPE está embasado em Decisão judicial com efeito suspensivo
proferida nos autos da Medida Cautelar na Ação Cível Originária nº 3.196 - Estado do Rio
Grande do Sul. Atualmente, o processo encontra-se concluso para o relator, com última
movimentação em 20-05-2021. Embora haja decisão judicial, o Estado não pode
permanecer descumprindo a Lei da Transparência e o artigo 10 do Plano Nacional de
Educação, uma vez que poderia, por vias próprias, atender a esses normativos, prestando
as mesmas informações lá exigidas, para que a sociedade gaúcha e os parlamentares

691
possam avaliar a gestão do Governo do Estado quanto à educação, necessitando, assim,
de esclarecimentos do Governador do Estado. Item 9.1.
O Executivo respondeu que não preenche o SIOPE devido a divergências
entre o critério adotado por aquele sistema e o utilizado pelo Estado na apuração dos
valores aplicados em educação.
Também referiu que publica o Relatório Resumido de Execução
Orçamentária – RREO, onde está inserido o anexo 8 – Demonstrativo das Receitas e
Despesas com Manutenção e Desenvolvimento – MDE – que dá publicidade em relação
às receitas e as despesas destinadas à educação. Informou que na prestação de Contas do
Governador demonstra o percentual que o Estado aplicou em educação, bem como,
indicou que a CAGE publica mensalmente na internet o RS Contábil, onde consta a
despesa em educação e o percentual atingido.
O Estado citou a Ação Civil Ordinária nº 3.196 de 08-06-2021, a qual,
através de medida cautelar com efeito suspensivo, embasava o não preenchimento do
SIOPE. O executivo gaúcho alegou que não foi dada a possibilidade de ampla defesa antes
da inscrição de estado-membro em cadastro federal de inadimplentes.
Em recente decisão, proferida em 08-06-2021, o Supremo Tribunal Federal
deu parcial procedência ao Rio Grande do Sul, conforme:

3. A inscrição de entes federativos em cadastros de inadimplência, mantidos


pela União, nos termos da lei, requer a prévia verificação da veracidade das
irregularidades apontadas durante o cumprimento de contratos ou convênios,
sendo, portanto, imprescindível a observância dos princípios constitucionais da
ampla defesa e do contraditório. 4. Ação Cível Originária julgada parcialmente
procedente para determinar à União que se abstenha de incluir o Estado do Rio
Grande do Sul, em cadastros de inadimplências nos sistemas SIAFI/CADIN/CAUC,
em razão da falta de informações atinentes ao cumprimento, em 2018, do
percentual versado no artigo 212 da Constituição Federal, tão somente até o
exaurimento de procedimento administrativo específico em que observados os
princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório, rejeitado o pedido
de adoção do critério de cálculo utilizado pelo Tribunal de Contas do Estado no
que concerne à inclusão do pagamento de proventos de inativos no conceito de
gastos com manutenção e desenvolvimento do ensino.

Bem como, determinou:

1. Inviabilidade de inclusão do pagamento de proventos de inativos no conceito


de gastos com manutenção e desenvolvimento do ensino, sob pena de
descumprimento do art. 212 da Constituição da República.

Portanto, restou reconhecido pelo STF a impossibilidade de consideração


de inativos e pensionistas no cálculo em MDE, bem como, foi determinado que o Estado
não poderia ser inscrito no cadastro de inadimplente antes de viabilizar o direito de
defesa.
O SIOPE possui campos de preenchimento bastante detalhados,
permitindo filtros e informações sobre a educação de cada Estado de forma minuciosa e
completa.

692
Os relatórios informados pela CAGE não possuem o nível de especificação
do SIOPE, são mais resumidos e não permitem um aprofundamento e um detalhamento
importante da educação do Rio Grande do Sul.
Portanto, entende-se que o Estado, com a publicação dos relatórios
referidos, não atende a Lei da Transparência e o artigo 10 do Plano Nacional de Educação
e pode, por vias próprias, prestar as mesmas informações minuciosas e detalhadas,
conforme exigidas no SIOPE, enquanto houver divergência processual quanto ao seu
preenchimento, para que a sociedade gaúcha e os parlamentares possam avaliar a gestão
do Governo do Estado quanto à educação, mantendo-se, assim, o aponte.

29) A partir de 2004, a distribuição do salário-educação, da parcela que


compete aos Municípios, passou a ser repassada diretamente para esses, não transitando
pela contabilidade do Estado, existindo, entretanto, valores a empenhar e valores a pagar
relativos ao período 1998 a 2003.
Em 2011, o Estado pagou parte dos atrasados aos Municípios (R$ 312 mil),
um valor significativamente inferior ao montante regularizado em 2010 (R$ 11,9 milhões).
No exercício de 2012, novamente o volume de pagamentos (R$ 110 mil) foi muito abaixo
dos valores anuais pagos desde 2004 e, a partir de 2013, não foi mais efetuado nenhum
repasse do montante do Salário Educação devido aos Municípios. Da quantia ainda não
empenhada e dos valores inscritos em Restos a Pagar anulados em 2013, resta ser
repassado o montante de R$ 52,5 milhões da quota Municípios/Salário-Educação,
procedimento que pode vir a comprometer uma série de projetos municipais na área de
educação, vindo a se configurar em retenção indevida de recurso previsto na
Constituição, cuja distribuição está regulamentada na Lei nº 9.766/1998 e Lei
nº 11.126/1998, situação esta agravada sobremaneira nos últimos exercícios. Assim,
solicitam-se esclarecimentos sobre a existência de plano de ação para a quitação desse
valor. Item 9.1.2.2.
O Gestor explica que os valores relativos ao recurso orçamentário 298 - sa-
lário educação-municípios encontra-se adimplidos, em que pese a contabilidade ainda
não reconhecer a baixa do passivo. Informa ainda que as diferenças observadas são de-
correntes de acionamentos judiciais individualizados. Ainda de acordo com os esclareci-
mentos apresentados, alguns cumprimentos foram sanados à conta de recursos livres. As
ações judiciais que tratavam do assunto estão extintas e não se observam eventuais no-
vas iniciativas propondo o reconhecimento ou execução dos valores apontados. Trata-se
de passivo orçamentário vetusto, encontrando-se satisfeitas as respectivas obrigações.
Conforme foi demonstrado no capítulo 2 deste relatório, o saldo a pagar
constante na contabilidade relativo ao recurso 298 é de R$ 52,5 milhões, valor este con-
firmado em nova consulta ao sistema Cubos DW/SEFAZ/RS. É necessária uma análise mais
profunda para verificar as alegações do Gestor, e caso sejam confirmadas, deve-se efetu-
ar os devidos ajustes contábeis para dar baixa ao passivo constante. Pelas alegadas incon-
sistências contábeis, mantem-se o aponte e recomenda-se que o assunto seja verificado
junto ao órgão contábil do Estado para as devidas explicações e ajuste.

30) Tendo em vista o reconhecimento da Procuradoria-Geral do Estado –


PGE, na Informação nº 024/13/GAB, acostada no Proc. 001415-0200/14-5, de que o texto

693
da Lei Complementar nº 141/2012, ora em vigor, veda o aproveitamento das despesas
com o pagamento de assistência à saúde dos servidores públicos do Estado e do
pagamento de aposentadorias e encargos sobre a folha de inativos e pensionistas da
Secretaria da Saúde, descritas como “controversas” e que compuseram os percentuais de
gastos em ASPS apurados a partir de 2013, constata-se que tais despesas carecem do
amparo de medida legal, cabível e concreta, que viabilize, se assim for o entendimento da
Corte de Contas, o seu reconhecimento no cômputo do montante aplicado em ações e
serviços públicos de saúde, para fins de cumprimento do mandamento constitucional.
O Parecer Prévio das Contas de Governo de 2015, apreciado e aprovado
em Sessão Plenária do dia 06-09-2016, registra a seguinte manifestação no Relatório do
Excelentíssimo Conselheiro-Relator:
Pela recomendação à Sua Excelência, o Governador do Estado, para que,
dentro da discricionariedade que lhe compete, e em conjunto com a Secretaria Estadual
de Saúde, realize estudo que resulte em um Plano de Estado de médio prazo, visando à
recuperação do orçamento da Saúde nos termos já consignados, possibilitando, assim, o
cumprimento do mínimo constitucional sem a inclusão das chamadas despesas
controversas;
A Procuradoria-Geral do Estado efetivou a arguição de
inconstitucionalidade da Lei Complementar nº 141/2012 nos autos da Ação Civil Pública
tombada sob o nº 001/1.15.0061773-4, proposta pelo Ministério Público Estadual em 15-
04-2015. A Ação insurgiu-se contra a inclusão como gastos em ASPS de despesas não
contempladas nas determinações da Lei, requerendo a devolução pelo Rio Grande do Sul
da diferença do percentual de 12% não observado no exercício de 2013.
O Estado impetrou Recurso de Apelação, cuja Decisão foi proferida em 18-
09-2019, absolvendo o Rio Grande do Sul somente quanto ao pedido de devolução dos
recuros da saúde do exercício de 2013 por descumprimento do percentual constitucional.
Assim, o Ministério Público Estadual impetrou Recurso Extraordinário em 05-12-2019, o
qual não foi admitido em 02-03-2020, resultando na protocolização de Petiçao de Agravo
no Supremo Tribunal Federal em 29-04-2020, sob número PET. 2020/543807-6
(80313053).
Quanto à inconstitucionalidade da Lei Complementar nº 141/2012, arguida
de forma incidental na citada Ação Civil Pública, a Decisão do Recurso de Apelação de 18-
09-2019 reafirmou a necessidade de observância das determinações da Lei pelo Estado,
reconhecendo que é evidente o dever do Poder Público em cumprir com os ditames da
Lei Complementar, conforme se transcreve trecho:

3. Efetivamente, quanto aos Estados e Municípios, com o advento da LC


141/2012, houve a regulamentação do que deve ou não ser inserido como despesas em
ações e serviços de saúde.
(...)
6. Outrossim, é evidente o dever do Poder Público em cumprir com os
ditames da Lei Complementar, assegurando a regularidade dos repasses ao Fundo
Estadual de Saúde, em periodicidade suficiente a viabilizar a continuidade dos serviços,

694
respeitando o parâmetro apontado pela Constituição Federal e regulamentado pela LC nº
141/2012.
O voto proferido no julgamento das Contas do Governador de 2019
recomendou que fossem corrigidas as inconformidades apontadas nos itens 27 e 28,
referentes à consideração das despesas controversas no percentual mínimo de aplicação
em ASPS.
Desta forma, de acordo com o voto proferido e publicado em 20-04-2021,
o entendimento deste Tribunal é pela não consideração das despesas controversas no
citado cálculo.
Assim, solicita-se esclarecimento acerca do executivo quanto à retirada das
referidas despesas, uma vez que, desta forma, não será atingido o percentual mínimo de
aplicação em saúde. Item 9.4.7.
Os pontos controversos, objetos dos apontamentos nº 30 e 31,
constituem-se em: 1) contribuições patronais ao IPE Saúde (exceto os provenientes da
Secretaria da Saúde); 2) pagamento de Inativos e Pensionistas da área da saúde e; 3)
Despesas em outros Órgãos que não a Secretaria da Saúde, não sendo de natureza
universal.
Discorre-se, primeiramente, acerca do pagamento de inativos e
pensionistas, conforme citado pelo Estado:

As despesas controversas indicadas como em desacordo com o artigo 4º, inciso


I, da LC n.º 141/2012, correspondem ao valor da contribuição mensal e da
contribuição suplementar do Estado ao RPPS, criadas pelos artigos 2º e 3º da Lei
Complementar n.º 12.065, de 29 de março de 2004, com as alterações da Lei
Complementar n.º 12.860, de 18 de dezembro de 2007, da Lei Complementar
n.º 13.758, de 15 de julho de 2011, da Lei Complementar n.º 14.967, de 29 de
dezembro de 2016, e conforme o Plano de Amortização de Déficit estabelecido
na Lei n.º 14.938, de 10 de novembro de 2016. Referidas contribuições,
ordinária e suplementar, têm natureza jurídica de tributo, enquadrando-se no
conceito de encargos sociais, cujo cômputo para fins de ASPS está
expressamente previsto no artigo 3º, inciso X, da LC n.º 141/2012.
(...)
Os encargos sociais, pela sua própria natureza, não podem ser considerados
como pagamento de proventos e, portanto, não se incluem na vedação do
artigo 4º, inciso I, da LC n.º 141/2012. O cômputo dos encargos sociais em ASPS
é permitido, expressamente, no artigo 3º, inciso X, da LC n.º 141/2012, que não
distingue as contribuições previdenciárias ordinárias das suplementares,
tampouco faz diferenciação em relação à base de cálculo da contribuição
patronal (se calculada sobre vencimentos ou proventos).
Impende considerar que a situação aventada pelo Ministério Público Estadual
somente tem cabimento para aqueles entes federativos que não possuem
Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) para seus servidores ou que
extinguiram seus RPPS, com a manutenção dos servidores beneficiários sob
responsabilidade financeira do Tesouro.
(...)
Ao diferenciar a contribuição patronal ao RPPS feita na forma de receita
orçamentária dos repasses financeiros de responsabilidade do ente federado, o
MDF/STN deixa explícito que as contribuições previdenciárias (encargos sociais
lato senso) com inativos e pensionistas da área da Saúde que não podem ser

695
consideradas no cálculo de ASPS são apenas aquelas correspondentes aos
repasses financeiros ao RPPS, os quais se enquadram na definição de despesa
previdenciária. Quando se tratar de contribuição patronal ordinária ou
suplementar ao RPPS, definida em lei, com recursos vinculados para cobertura
de déficit atuarial, como ocorre no Estado do Rio Grande do Sul (com a
contabilização dos recursos ao RPPS como transferência intraorçamentária), há
despesa de natureza tributária e, como tal, é possível o seu cômputo em ASPS.

Primeiramente, o Estado faz uma diferenciação de conceitos de despesas


previdenciárias para que as mesmas possam ser incluídas nas despesas com saúde. Refere
que as contribuições previdenciárias mensal e suplementar do Estado ao RPPS teriam
natureza jurídica de “tributo” e, portanto, poderiam ser classificadas no conceito de
“encargos sociais”, o qual estaria permitido pela Lei Complementar nº 141/2012 de ser
incluído em ASPS.
Não prosperam as considerações do Estado, uma vez que,
independentemente do regime de previdência ou da fonte de recursos utilizada para
pagamento das aposentadorias e pensões, as mesmas não podem ser consideradas no
cálculo do mínimo constitucional em saúde, devido à expressa determinação legislativa
contida no artigo 4º, inciso I, da Lei nº 141/2012, conforme:

Art. 4º: Não constituirão despesas com ações e serviços públicos de saúde, para
fins de apuração dos percentuais mínimos de que trata esta Lei Complementar,
aquelas decorrentes de:
I - pagamento de aposentadorias e pensões, inclusive dos servidores da saúde;

A Lei não detalhou quais pagamentos de aposentadorias e pensões são


vedados, tão pouco discriminou a fonte de recurso ou a natureza tributária do citado
pagamento, sendo a vedação legal para TODOS os tipos de pagamentos de
aposentadorias e pensões, inclusive dos servidores da saúde. O Poder Público é
totalmente subordinado à previsão legal, e, sob o princípio da legalidade, não pode incluir
quaisquer pagamentos de aposentadorias e pensões nas despesas Constitucionais em
ASPS.
Na mesma linha se enquadram as despesas com contribuições ao IPE
SAÚDE, cuja vedação está consubstanciada no artigo 4º, inciso I, da Lei nº 141/2012:

Art. 4º: Não constituirão despesas com ações e serviços públicos de saúde, para
fins de apuração dos percentuais mínimos de que trata esta Lei Complementar,
aquelas decorrentes de:
III - assistência à saúde que não atenda ao princípio de acesso universal

Bem como, nas despesas em órgãos alheios a Secretaria da Saúde, a


vedação da Lei também é taxativa:

Art. 4º: Não constituirão despesas com ações e serviços públicos de saúde, para
fins de apuração dos percentuais mínimos de que trata esta Lei Complementar,
aquelas decorrentes de:

696
II - pessoal ativo da área de saúde quando em atividade alheia à referida área;

Assim, o texto da Lei Complementar nº 141/2012, ora em vigor, veda o


aproveitamento das despesas descritas como “controversas” e que vieram a compor o
percentual apurado de gastos em ASPS, constata-se que tais gastos carecem do amparo
de medida legal, cabível e concreta, que viabilize, o seu reconhecimento no cômputo das
despesas em ações e serviços públicos de saúde, para fins de cumprimento do
mandamento constitucional.
Cabe destacar que a não inclusão das despesas controversas no cálculo em
ASPS foi reforçada em decisão ocorrida em 18-09-2019 no Recurso de Apelação da Ação
Civil Pública nº 001/1.15.0061773-4, onde foi reafirmada a necessidade de observância
das determinações da Lei Complementar nº 141/2012 pelo Estado, reconhecendo que é
evidente o dever do Poder Público em cumprir com os ditames da Lei Complementar,
conforme se transcreve:

3. Efetivamente, quanto aos Estados e Municípios, com o advento da LC


141/2012, houve a regulamentação do que deve ou não ser inserido como
despesas em ações e serviços de saúde.
(...)
6. Outrossim, é evidente o dever do Poder Público em cumprir com os ditames
da Lei Complementar, assegurando a regularidade dos repasses ao Fundo
Estadual de Saúde, em periodicidade suficiente a viabilizar a continuidade dos
serviços, respeitando o parâmetro apontado pela Constituição Federal e
regulamentado pela LC nº 141/2012.
7. Entretanto, a condenação retroativa do Estado por possível descumprimento
do percentual no repasse das verbas à saúde, quando já exaurido o orçamento
de 2013, importaria em inviabilizar, nos dias de hoje, os demais serviços
constitucionalmente assegurados, inclusive o da saúde.
8. Por oportuno, não se trata de desconsiderar a legislação que rege a matéria
ou chancelar irregularidades cometidas pelo chefe do executivo, de forma
alguma. Ocorre que inviável a determinação para rever a destinação das
verbas públicas do orçamento de 2013, aplicadas e aprovadas na época, visto
que tal retroação implicaria em comprometimento do orçamento futuro.
(Grifou-se)

Este Tribunal, em recente Decisão proferida no julgamento das Contas do


Governador de 2019 recomendou que fossem corrigidas as inconformidades apontadas
nos itens 27 e 28, referentes à consideração das despesas controversas no percentual
mínimo de aplicação em ASPS.
Desta forma, de acordo com o voto proferido e publicado em 27-04-2021,
o entendimento deste Tribunal é pela não consideração das despesas controversas no
citado cálculo.
Portanto, mantem-se o aponte.

31) A Lei Complementar nº 141/2012 prevê a inclusão de gastos em ações


de apoio administrativo imprescindíveis à execução dos serviços públicos de saúde,

697
realizados por instituições públicas do SUS, matéria analisada na Informação da PGE
nº 024/13/GAB, acostada no Proc. 001415-0200/14-5, que assim se manifestou: “A
contabilização parece-nos, portanto, possível, devendo sua forma de contabilização,
porém, ser melhor estudada e explicitada em outra oportunidade, dada a urgência e
complexidade do tema da presente consulta”. (grifo nosso)
A Procuradoria-Geral do Estado efetivou a arguição de
inconstitucionalidade da Lei Complementar nº 141/2012 nos autos da Ação Civil Pública
tombada sob o nº 001/1.15.0061773-4, proposta pelo Ministério Público Estadual em 15-
04-2015. A Ação insurgiu-se contra a inclusão como gastos em ASPS de despesas não
contempladas nas determinações da Lei, requerendo a devolução pelo Rio Grande do Sul
da diferença do percentual de 12% não observado no exercício de 2013.
O Estado impetrou Recurso de Apelação, cuja Decisão foi proferida em 18-
09-2019, absolvendo o Rio Grande do Sul somente quanto ao pedido de devolução dos
recuros da saúde do exercício de 2013 por descumprimento do percentual constitucional.
Assim, o Ministério Público Estadual impetrou Recurso Extraordinário em 05-12-2019, o
qual não foi admitido em 02-03-2020, resultando na protocolização de Petiçao de Agravo
no Supremo Tribunal Federal em 29-04-2020, sob número PET. 2020/543807-6
(80313053).
Quanto à inconstitucionalidade da Lei Complementar nº 141/2012, arguida
de forma incidental na citada Ação Civil Pública, a Decisão do Recurso de Apelação de 18-
09-2019 reafirmou a necessidade de observância das determinações da Lei pelo Estado,
reconhecendo que é evidente o dever do Poder Público em cumprir com os ditames da
Lei Complementar, conforme se transcreve trecho:
3. Efetivamente, quanto aos Estados e Municípios, com o advento da LC
141/2012, houve a regulamentação do que deve ou não ser inserido como despesas em
ações e serviços de saúde.
(...)
6. Outrossim, é evidente o dever do Poder Público em cumprir com os
ditames da Lei Complementar, assegurando a regularidade dos repasses ao Fundo
Estadual de Saúde, em periodicidade suficiente a viabilizar a continuidade dos serviços,
respeitando o parâmetro apontado pela Constituição Federal e regulamentado pela LC nº
141/2012.
As despesas com a folha de pagamento de pessoal ativo (R$ 111,1 milhões)
e demais despesas com custeio (R$ 35,4 milhões) em outros órgãos do Estado fora da
Secretaria da Saúde, e não integrados ao SUS, pagas com recursos vinculados à Saúde,
são objeto de pedido de esclarecimentos com a finalidade de verificar os critérios
adotados pelo Executivo para apropriação destas despesas em ASPS.
O voto proferido no julgamento das Contas do Governador de 2019
recomendou que fossem corrigidas as inconformidades apontadas nos itens 27 e 28,
referentes à consideração das despesas controversas no percentual mínimo de aplicação
em ASPS.
Desta forma, de acordo com o voto proferido e publicado em 27-04-2021,
o entendimento deste Tribunal é pela não consideração das despesas controversas no
citado cálculo.

698
Assim, solicita-se esclarecimento acerca do executivo quanto à retirada das
referidas despesas, uma vez que, desta forma, não será atingido o percentual mínimo de
aplicação em saúde. Item 9.4.7.
A análise dos esclarecimentos deste apontamento foi efetuada
conjuntamente no item 30, sendo mantidos os pontos 30 e 31.

32) Em 2020 foi empenhado o equivalente a R$ 94,3 milhões na Unidade


Orçamentária UERGS, representando 0,29% da RLIP (R$ 32,87 bilhões).
Conforme artigo 14 da Lei nº 11.646/2001, a UERGS não poderia ser
considerada no percentual de 0,5%, determinado no §3º do art. 201 da Constituição
Estadual.
No entanto, a Emenda Constitucional nº 66, publicada em 2012, ao incluir
o ensino superior público no rol de aplicação dos 0,5%, autoriza a consideração dos
gastos da UERGS no referido percentual.
Assim, nos termos do voto do Conselheiro Relator no julgamento das
Contas do Governador de 2017, julgada favorável para aprovação na Assembleia
Legislativa, a legislação há de ser reinterpretada, a fim de se considerar a UERGS na
despesa considerada para aplicação dos 0,5%.
Bem como, no julgamento das Contas do Governador de 2019, publicado
em 20-04-2021, foi o entendimento de que no que pertine ao artigo 14 da Lei Estadual nº
11.646/200138, entendo que, nesse particular, a lei ordinária foi revogada pela EC nº
66/2012, o que não limita a eficácia do artigo 201, § 3º, da Constituição (com a redação
que lhe foi conferida pela citada emenda).
Portanto, necessita-se de esclarecimento quanto à consideração, apesar de
insuficiente, das despesas com a UERGS no percentual de 0,5%, a partir do entendimento
referente à Decisão das Contas do Governador do Estado de 2019. Item 9.2.
Os esclarecimentos foram prestados juntamente ao apontamento número
20, onde o Executivo limitou-se a citar a forte crise financeira do Rio Grande do Sul e a
continuidade da degradação econômica do país, além de efetuar um extensivo panorama
histórico sobre a aplicação em educação no RS.
Uma vez que não houve indicação de ação concreta para a referida
alteração pelo Estado, mantêm-se o aponte.

33) Solicita-se esclarecimentos quanto as medidas adotadas pelo Executivo


em relação à solicitação de transferência das instalações da Reitoria da UERGS. Que
avanços foram realizados em relação às instalações da Reitoria? Qual é a situação atual
desses encaminhamentos? Item 9.2.1.
Em relação à solicitação de transferência das instalações da Reitoria da
UERGS, o Gestor informa a assinatura de termo de sessão de uso, em caráter gratuito e
pelo período de um ano, das instalações da Fundação de Ciência e tecnologia – CIENTEC,
em extinção, à Universidade, mediado pela Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia,
tendo por objeto o Prédio 4, localizado na rua Washington Luiz, nº 675, em Porto Alegre
(Expediente Administrativo nº 20/2500-0000277-0). Os esclarecimentos fazem referência,
ainda, ao Acordo Judicial celebrado entre o Estado do RS e o Ministério Público, em

699
trâmite na 1ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre (Processo 9018150-
81.2018.8.21.0001), que visa a destinar à UERGS os bens móveis da CIENTEC vinculados à
pesquisa.
Em face das ações adotadas, entende-se que o apontamento deva ser
afastado.

34) Não cumprimento do parágrafo 3º do art. 201 da Constituição Estadual,


alterado pela EC nº 66/2012, que determina a aplicação mínima de 0,5%
(R$ 164,3 milhões) da RLIP (R$ 32,87 bilhões) no ensino superior público e no ensino
superior comunitário, o que não ocorreu, situação recorrente desde 2004. Item 9.2.
O Executivo limitou-se a informar que os esclarecimentos já haviam sido
prestados no item 20. Uma vez que não houve indicação de resolução da questão pelo
Executivo, mantêm-se o aponte.

35) Não cumprimento do artigo 236 da Constituição Estadual que


determina a aplicação mínima de 1,5% da RLIP (R$ 32,87 bilhões), no Ensino e Fomento à
Pesquisa Científica e Tecnológica, tendo sido aplicado o montante de R$ 34,3 milhões,
que representou 0,10% da RLIP, o que equivale a uma aplicação a menor de
R$ 458,7 milhões. Item 9.3.
O Executivo limitou-se a informar que os esclarecimentos já haviam sido
prestados no item 20. Uma vez que não houve indicação de resolução da questão pelo
Executivo, mantêm-se o aponte.

36) Verificou-se a existência de contas correntes sem vinculação privativa


com os recursos da saúde, colocando em risco a utilização, com exclusividade, de seu
saldo para o custeio de despesas em Ações e Serviços Públicos em Saúde, tal qual
definido em Lei.
A utilização de contas sem vinculação exclusiva permite a transferência de
valores entre recursos ou a utilização de importâncias pertencentes a um recurso com
despesas de áreas diversas a sua exclusiva vinculação, em evidente afronta legal,
dificultando sobremaneira o controle desses valores.
A abertura de contas-correntes vinculadas tem por finalidade garantir que
o numerário recebido seja reconhecido e utilizado somente no objeto da sua vinculação e
que os pagamentos sejam efetuados e contabilizados diretamente na respectiva conta
vinculada, nos termos do inciso I do artigo 50 da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Assim, a ausência de contas correntes com vinculação exclusiva aos
recursos 006, 016 e 026 (ASPS), visto que causam dificuldades de mensuração dos valores
disponíveis para a área e problemas de identificação das contas que respondem pelos
pagamentos na saúde, constituem objeto deste pedido de esclarecimento. Item 9.4.2.3.
O Estado referiu que os esclarecimentos havim sido prestados no item 21,
onde foi citado o seguinte acerca das contas bancárias vinculadas aos recursos:

Cabe ressaltar, dentro desta sistemática, que apenas uma conta bancária é
indicada preferencialmente para débito quando associada a determinada conta

700
a pagar de alguma Tesouraria. Os demais recursos são ali colacionados apenas
para correções de saldos e acertos contábeis oriundos dos processos
operacionais de pagamento e de execução orçamentária.

Também citou 3 motivos para as contas correntes possuirem vinculação


com vários recursos.
Contudo, ao permitirem a vinculação de vários recursos em uma conta
corrente, dificulta-se sobremaneira a identificação das contas que respondem pelos
pagamentos em cada area.
A existência de contas correntes sem vinculação exclusiva aos recursos, a
revelia da Lei, possibilita a utilização de importâncias destinadas a um recurso específico
por outro recurso vinculado a mesma conta.
Assim, uma vez que os recursos de ASPS devem ter vinculação exclusiva
com contas bancárias por força de Lei, e que a viabilidade de mensuração dos valores
disponíveis nas contas correntes e a efetiva utilização do recurso na sua exclusiva
finalidade possuem como premissa básica a vinculação privativa destas contas com os
recursos da saúde, não prosperaram as justificativas do Executivo Estadual, mantendo-se
o aponte.

37) O Rio Grande do Sul possui uma dívida com os Fundos Municipais de
Saúde que remonta o exercício de 2013. São valores de diversos programas municipais,
pactuados em CIB, sendo parte empenhada e outra parte não empenhada por ausência
de disponibilidade orçamentária, contabilizada na conta 2.1.3.1.1.03.01.0509 –
Obrigações Pendentes de Execução Orçamentária.
Constatou-se que os lançamentos contábeis da conta obrigações
pendentes de execução orçamentária não permitem maior detalhamento dos valores,
como a separação entre dívidas de hospitais e de municípios, ou a identificação da
competência de cada uma, ou à qual credor se refere.
A Secretaria da Saúde enviou planilhas com diversos valores das dívidas
com os municípios registrados na conta contábil 2.1.3.1.1.03.01.0509. Contudo, ao não
corresponderem com os valores efetivamente contabilizados, não permite um
acompanhamento mais detalhado da dívida do Estado com os Fundos Municipais.
Assim, frente à dificuldade de mensuração e detalhamento das dívidas
estaduais com os Fundos Municipais de Saúde na contabilidade e, uma vez que há valores
reconhecidos orçamentariamente constantes em restos a pagar, bem como outros sem
disponibilidade orçamentária registrados na conta 2.1.3.1.1.03.01.0509, além da
possibilidade de existir dívidas pactuadas em CIB sem qualquer registro contábil, torna-se
necessário o pedido de esclarecimento ao Governador do Estado sobre a forma de
apresentação, mensuração e controle de suas dívidas com os Fundos Municipais. Item
9.4.4.
Primeiramente, o Executivo detalhou que, dentro dos valores indicados por
esta Equipe Técnica como transferências a municípios, nas modalidades 40 e 41,
encontra-se a subfunção 0302 – Assistência hospitalar/ambulatorial, a qual se refere ao
Programa Incentivo aos Hospitais, cujo destinatário final é a Instituição de Saúde e o

701
repasse é realizado ao Fundo Municipal de Saúde (modalidade 41), por ser o município
gestor da Saúde e contratante da Instituição.
Foi citada a aprovação da Lei nº 15.448 de 13-02-2020, que autorizou a
quitação de dívidas do Estado da área da saúde com os municípios mediante dação em
pagamento de bens imóveis. O Decreto Estadual nº 55.307/2020 de 10-06-2020, criou o
Programa Especial de Quitação de Débitos Por Meio de Dação em Pagamento de Bens
Imóveis – PROGRAMADAÇÃO, dentro da inciativa NegociaRS. O Executivo referiu que há
mais de cinquenta protocolos ativos dentro do Programa.
É informado que, quanto à mensuração e detalhamento da dívida da SES com os
municípios, o Fundo Estadual efetua registro contábil no sistema de Finanças
Públicas do Estado, sem a liberação orçamentária, com base nos dados
autorizados nos processos de pagamento protocolados pelos departamentos
responsáveis pela fiscalização das políticas de saúde da SES, pactuadas pela
Comissão Intergestora Bipartite ou regradas por Portarias SES.

Portanto, reconhece-se o esforço do Executivo no sentido de melhorar a


contabilização e evidenciação dos valores das dívidas com os fundos municipais de saúde,
bem como, verifica-se o empenho estadual para quitar as dívidas com os fundos
municipais de saúde, no entanto, no que concerne ao exercício de 2020, tais problemas
continuaram vigentes, mantendo-se, assim, o aponte.

38) O Rio Grande do Sul possui uma dívida com os hospitais que remonta o
exercício de 2013, sendo parte empenhada, outra parcela não empenhada por ausência
de disponibilidade orçamentária, contabilizada na conta 2.1.3.1.1.03.01.0509 –
Obrigações Pendentes de Execução Orçamentária, e outra fração decorrente de
parcelamentos com o Fundo de Apoio Financeiro e de Recuperação dos Hospitais
Privados, Sem Fins Lucrativos e Hospitais Públicos - FUNAFIR.
Constatou-se que os lançamentos contábeis da conta obrigações
pendentes de execução orçamentária não permitem maior detalhamento dos valores,
como a separação entre dívidas de hospitais e de municípios, ou a identificação da
competência de cada uma, à qual credor se refere, ou se são dívidas vinculadas ao
FUNAFIR.
A Secretaria da Saúde enviou planilhas com diversos valores das dívidas
com os hospitais registrados na conta contábil 2.1.3.1.1.03.01.0509. Contudo, ao não
corresponderem com os valores efetivamente contabilizados, não permite um
acompanhamento mais detalhado das dívidas do Estado com as Entidades.
Assim, frente à dificuldade de mensuração e detalhamento das dívidas
estaduais com os hospitais, primeiramente pela complexidade em apurar o total devido a
cada entidade, bem como, pela presença de diversos valores com e sem registro contábil,
além dos parcelamentos referentes ao FUNAFIR, torna-se necessário o pedido de
esclarecimento ao Governador do Estado sobre a forma de apresentação, mensuração e
controle de suas dívidas com os hospitais. Item 9.4.5
Primeiramente, o Executivo explicou que, dentro dos valores indicados por
esta Equipe Técnica como repasse mensal aos hospitais e santas casas, na modalidade 50,
foi considerada apenas a modalidade “convênios”, e não representaria a integralidade
dos repasses às instituições de saúde. Conforme indicou o Estado, a subfunção 0302 –

702
Assistência Hospitalar e Ambulatorial, cujos valores são transferidos diretamente ao
Fundo Municipal de Saúde, deveria ser considerada na tabela. Assim, referida questão
será abordada no Relatório de Contas do Governador relativo a 2021.
O Executivo limitou-se a informar que os valores pendentes de
adimplemento a hospitais gaúchos, decorrentes de contratação acima da capacidade
financeira do Estado, encontram-se controlados e anotados pelo Fundo Estadual da
Saúde.
Portanto, a dificuldade de mensuração das dívidas estaduais com os
hospitais se manteve em 2020, mantendo-se o aponte.

39) O efetivo da Segurança Pública no Rio Grande do Sul tem diminuído ao


longo dos últimos anos, com o número de cargos vagos estando próximo dos 50% em
quase todos os órgãos da secretaria (Policia Civil, Brigada Militar, Corpo de Bombeiros
Militar, Instituto geral de Perícias – IGP e SUSEPE).
Em se tratando de um item sensível e que afeta diretamente uma das
principais políticas públicas oferecidas à população, é dada oportunidade ao Executivo
manifestar-se quanto à existência de um plano para recomposição do efetivo da
Segurança Pública. Item 10.1.2.1 a 10.1.3.1.
O Gestor informa que foi elaborado um plano denominado Programa
Estruturante RS Seguro, nos anos de 2019 e 2020, que prevê a recomposição do efetivo,
levando em consideração os editais de concursos vigentes no âmbito das instituições
mencionadas.
Nesse sentido, discorre sobre a existência de um calendário de nomeações,
expondo que ocorreram 1.375 nomeações somente no ano de 2020 além de estarem
projetadas novas nomeações para os anos de 2021 e 2022.
Especificamente, no caso da SUSEPE declara que os editais nºs 001/2017 e
002/2017, para provimento dos cargos de Agente Penitenciário e Agente Penitenciário
Administrativo, respectivamente, tiveram suas vigências prorrogadas até setembro de
2021.
Em 2021, destaca a nomeação de 400 agentes penitenciários e 50 agentes
penitenciários administrativos, dos quais 395 agentes penitenciários e 31 agentes
penitenciários administrativos foram integrados ao Órgão em julho, após sessão solene
de formatura.
Desse modo, esclarece ainda que remanesce um contingente de aprovados
que poderão vir a ser nomeados até meados de setembro. Paralelamente, está em
andamento o Processo Administrativo (PROA nº 21/060200046169), que visa ampliar
quadro de servidores da SUSEPE, por meio de alteração da LCE 13.259/2009, e, também,
o Processo Administrativo (PROA nº 21/0602-0004619-3), cuja finalidade é a construção
de edital para novo concurso, mais ainda sem definição do número de vagas.
Documentação às peças 3712783, 3712826, 3712785.
De plano, dos esclarecimentos prestados pelo Gestor, identificam-se ações
do Estado em prol da recomposição do efetivo de servidores dos órgãos integrantes da
estrutura de segurança pública e administração penitenciária do Estado. No entanto, tais

703
medidas se mostraram insuficientes para avançar no processo de estruturação do efetivo
de servidores, pois permanecem altos índices de vacâncias nos cargos retro citados.
Vale ressaltar que no Relatório desta Área Técnica restou evidenciado que
as nomeações ocorridas em 2020 produziram o efeito tão somente de não piorar os
índices do quadro de pessoal, que vem sendo mantidos, em sua maioria, em
aproximadamente 50% do contingente estipulado nas legislações afetadas.
Inclusive, tal sistemática é reconhecida no Processo Administrativo nº
19/0802-0000255-6, que trata do Plano RS Seguro, onde conclui a PGE que as nomeações
(peça 3712826, p. 28):

(...) observem o caráter de excepcionalidade admitido pela Lei


de Responsabilidade Fiscal e delineado nos pareceres acima abordados, ou seja,
devem as nomeações consubstanciar comprovada reposição derivada de
aposentadoria, falecimento, exoneração ou demissão. Ademais, imprescindível
que haja prévia dotação orçamentária suficiente à projeção de despesa e que
não se alcance o limite setorial de despesa de pessoal previsto no artigo 20, II, c,
da LC 101/2000.

Exigência que foi reforçada no processo quando da autorização do Gestor


(peça 3712826, p. 43):

(...) autorizo, excepcionalmente, nos termos do Decreto nº


54.480, de 2 de janeiro de 2019, e por tratar-se de necessidade voltada ao
interesse público, o prosseguimento do Programa Estruturante RS SEGURO
contendo o cronograma para o chamamento dos servidores aprovados em
concursos públicos vigentes nas áreas da segurança pública e penitenciária,
sendo que a apreciação no momento é apenas para o encaminhamento do
plano de reposição, (...). Grifou-se.

Ante o exposto, sugere-se a permanência do apontamento, incluindo alerta


ao Gestor que para que se efetive um plano de maior robustez, com a finalidade de
mitigar a defasagem dos quadros de pessoal da Policia Civil, Brigada Militar, Corpo de
Bombeiros Militar, Instituto geral de Perícias – IGP e SUSEPE.

40) As informações prestadas pela SUSEPE apresentam uma capacidade


prisional de 26.293 vagas nos presídios do Estado, frente a uma população prisional de
41.441 detentos. Estes números revelam um déficit real de 16.029 vagas. A SUSEPE
informou que nos últimos quatro anos a população carcerária aumentou 9,5% nos
últimos quatro anos, saltando de 37.855 em 2017 para 41.441 em 2020, ao passo que as
vagas prisionais aumentaram apenas 3,8%. Frente ao cenário caótico do Sistema
Penitenciário, é dada oportunidade para manifestação quanto à criação de vagas a fim de
solucionar o elevado déficit. Item 10.1.3.1.1
De início, o Gestor expõe a necessidade de eleger prioridades a serem
enfrentadas, tendo em vista os recursos escassos do Estado. Após discorre sobre a
existência de projetos estratégicos previstos para o enfrentamento da questão, na ordem
de R$ 922.865.829,18.

704
Em síntese, refere-se à priorização de 12 estabelecimentos prisionais em
diferentes regiões do Estado, com a previsão de geração de 3.557 vagas no sistema, em
decorrência de obras para construção de novos estabelecimentos prisionais, bem como
pela ampliação de outros.
Desta maneira, afirma que haverá “um aumento considerável de 13,5% da
capacidade de engenharia, passando de 26.293 vagas para o total de 29.850,
minimizando o déficit prisional”.
Sobre o Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional (NUGESP), diz se
tratar de:
(...) uma “porta de entrada qualificada” de pessoas presas no
sistema penitenciário gaúcho, o NUGESP não representa apenas 708
(setecentas e oito) novas vagas. Isso porque, ao permitir um tratamento
adequado e tempestivo das pessoas que para lá forem direcionadas, será
possível, a depender do caso, o encaminhamento de detidos para o
cumprimento de medidas alternativas ao encarceramento, como o
monitoramento eletrônico, por exemplo. Nesse sentido, a tendência – e o que
se espera - é a gradual diminuição da população carcerária.

Informa, ainda, que foi instaurado o processo administrativo, PROA nº


21/2800-0000483-4, para a contratação da sociedade empresária com pagamento via
permuta de bens imóveis por área construída, tendo recebido parecer favorável da PGE.
Nesse ponto, destaca a construção de um Núcleo de Gestão Estratégica do
Sistema Prisional - NUGESP, em Porto Alegre, tal núcleo:

(...) centralizará todos os procedimentos básicos de


identificação, a documentação, o registro policial, a classificação, a triagem, a
audiência de custódia e os encaminhamentos compatíveis com o perfil do
preso. Em caso de concessão de liberdade provisória com monitoramento, a
tornozeleira eletrônica já será instalada no local. Pela proposta, o Nugesp
contará com espaços para atendimento jurídico e pátio para banho de sol, nos
termos dos protocolos a serem definidos, além de atendimento de saúde,
especialmente visando ao controle epidemiológico.

Diante dos esclarecimentos prestados, ainda que haja programação do


Estado para ampliar o quantitativo de vagas no sistema prisional, o déficit de vagas nesse
sistema encontra-se elevado e insuficiente para atender sua demanda. Por isso, esta Área
Técnica entende que as ações transcritas pelo Gestor não tem o condão de afastar o
apontamento, motivo pelo qual sugere sua manutenção.

41) O Plano Anual de Publicidade e Propaganda Governamental, cuja


responsabilidade pela formulação, execução e acompanhamento cabe à pasta de
comunicação, é instrumento de gestão transparente das ações e dos gastos, além de boa
prática em relação à publicidade e propaganda governamental. Em 2020, foi publicada a
Portaria SECOM nº 016/20, exigida pelo Decreto nº 54.870/19, definindo o conteúdo
mínimo do plano, quais prazos deverão ser observados na sua formulação e como se dará
sua execução e acompanhamento. Entende-se pertinente solicitar esclarecimentos
quanto à elaboração do plano para o exercício em análise e os seguintes. Item 10.3.1.

705
No que tange ao ano de 2021, o Gestor menciona que foi publicada a
Portaria nº 005 de 22 de abril de 2021, que estabeleceu o Plano Anual de Publicidade e
Propaganda Governamental do Estado do Rio Grande do Sul.
Na Portaria está previsto: as estratégias da comunicação, as demandas de
execução, sobre a publicidade institucional – com classificação dos meios de veiculação,
previsão orçamentária detalhada por órgão, da aplicação do valor orçamentado, dos
grupos e temas das campanhas publicitarias e disposições finais.
Considerando que no exercício em análise não há plano de publicidade,
cuja edição se deu apenas em 2021, sugere-se a permanência do apontamento. Contudo,
a aplicação do plano deve ser acompanhada pela Área Técnica deste Tribunal, a partir da
sua vigência.

42) A Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, em seu art. 24, inciso
III, estabelece a obrigatoriedade do Poder Executivo publicar anualmente o “relatório
pormenorizado das despesas mensais realizadas pelo Estado e pelas entidades da
administração indireta na área de comunicação, especialmente em propaganda e
publicidade”. A despeito do esforço empreendido pelo Poder Executivo em disponibilizar
dados de forma analítica no portal de transparência, não se encontram ali os relatórios de
que trata a Constituição Estadual, seja em termos de operacionalização (geração de
relatórios pormenorizados, e não somente a apresentação dos dados), seja em termos de
finalidade, a de esclarecer o cidadão acerca das ações do poder público – administração
direta e indireta por imperativo constitucional – em matéria de publicidade e
propaganda. Nesse sentido, dada à relevância e a essencialidade deste relatório, que se
sobressai em um contexto de administração pública transparente, sugere-se que seja
alertada a administração para que observe o que a Constituição Estadual estabeleceu.
Item 10.3.2.
O Gestor traz informações acerca do andamento de uma contratação de
solução tecnológica, desenvolvida pela PROCERGS, que teria finalidade de executar
relatórios pormenorizados dos gastos, com as agências contratadas, com os fornecedores
e com os veículos, de modo a se adequar ao imposto pelo inciso III do art. 24 da
Constituição Estadual.
No entanto, essa ferramenta está em fase final de testes, ou seja, ainda
não se encontra disponível, motivo pelo qual se opina pela manutenção do apontamento
neste exercício.

43) No Balanço Geral do Estado - 2020, ao apresentar as Notas Explicativas


sobre os registros em contas de controle (nota 31.1), é relatada a existência de R$ 26,7
milhões pendentes de capitalização do BADESUL, correspondente ao período
compreendido entre o último aumento de capital realizado até o mês de setembro de
2015, quando do advento da Lei nº 14.744, ou seja, o Governo Estadual promoveu a
alteração do destino previsto para os recursos provenientes do retorno de cada parcela
do financiamento concedido, porém não atentou para o estabelecido na legislação
anterior, notadamente na destinação dos recursos que deveriam ser dirigidos à
capitalização da sua Agência de Fomento.

706
Aponta-se, por relevante, que a matéria vem sendo abordada desde 2015,
ou seja, a transferência do numerário para integralização de capital do BADESUL,
conforme reconhecido pela Contadoria e Auditoria-Geral do Estado (CAGE), permanece
pendente. Item 11.4.3
Em 2019 o Gestor relatou certo descompasso no andamento do processo
administrativo, por conta da troca de Gestão, não sendo adotadas, no ano de 2019, as
providências administrativas necessárias para o pagamento parcelado do valor pendente
de capitalização do BADESUL.
Anexa aos autos o Processo Administrativo (PROA nº 18/1600-0001548-0),
que trata do assunto (peças 3715332, 3715317 e 3715316).
Neste exercício afirma terem sido retomadas as diligências necessárias ao
ajuste da pendência e julga que estão sendo:

(...) observadas as recomendações contidas no Parecer da


Procuradoria Geral do Estado n°18.622/2021, considerando o disposto no artigo
29, inciso I, da Lei Complementar n°101/2000 e no § 4° do art. 105 da Lei
Federal n°4.320/1964, serão firmados, com periodicidade semestral, contratos
específicos para cada operação de adiantamento para futura subscrição
acionária até a integralização do valor pendente de capitalização.

Por fim, declara que a primeira parcela mensal, no valor de R$ 445.579,74,


foi quitada no dia 14 de julho de 2021 (peça 3715316, p. 21).
Logo, conforme explanado, os documentos acostados nos autos
comprovam o andamento da tratativa, bem como o pagamento da primeira parcela do
valor pendente de capitalização do BADESUL. Por isso, sugere-se o acompanhamento por
esta Corte de Contas no que diz respeito à execução do plano de pagamentos acordado.
Quanto à responsabilidade, opina-se pelo seu afastamento neste exercício,
consoante entendimento exarado pelo MPC em seu Parecer nº 322/2021, Contas de
2019, considerando que o aponte se originou em 2015, o que inviabiliza a
responsabilização do Gestor.

44) No exercício de 2020 a CAGE permaneceu sem realizar, na


integralidade, as funções institucionais que lhe foram atribuídas, tanto na Constituição
Estadual como na sua Lei Orgânica (Lei Complementar nº 13.451/2010), especialmente
quanto aos procedimentos vinculados à elaboração dos Pareceres que devem ser
anexados à documentação necessária ao exame das contas das Empresas Estatais
pertencentes à Administração Indireta do Estado. Que razões explicam a manutenção
dessa situação? Que medidas foram tomadas para atender aos dispositivos
constitucionais e legais atinentes à matéria? Item 12.2.
Trata-se de apontamento recorrente no exame das contas de governo. É
reiterado por esta Corte em face do valor que se atribui ao controle interno e da
relevância, não somente da atividade de controle prevista nos planos constitucional e
legal, mas dos seus reflexos sobre o patrimônio das empresas estatais do Estado do Rio
Grande do Sul.

707
As razões apresentadas – impacto decorrente da carência de servidores –
são compreensíveis, tanto quanto são elogiáveis os esforços empreendidos em 2020 em
relação às quatro companhias indicadas. Mas estes, por si só, não afastam a necessária
atenção aos imperativos legais assinalados, não somente do ponto de vista formal, mas
especialmente em seu significado substantivo em relação à garantia da higidez
patrimonial e da integridade de gestão das entidades.
A aludida expectativa de ampliação da atuação da CAGE nesta competência
como decorrência dos esforços de recomposição dos seus quadros em 2021 constitui
sinalização positiva. Em face disso, sugere-se a manutenção deste apontamento a fim de
seja verificada a necessária mudança de cenário por ocasião do exame das contas de
governo relativas ao exercício de 2021.

15.2 - Novos pontos para esclarecimentos:


45) Além da não aplicação total dos recursos arrecadados por meio do
Ampara nos objetos indicados na legislação própria do programa (ponto de
esclarecimento nº 5), constatou-se, em consulta aos extratos da conta corrente do
Ampara no SIAC, que o valor presente em conta corrente de R$ 33,0 milhões em 31 de
dezembro de 2020 é bastante inferior ao Passivo Potencial de recursos não aplicados, de
R$ 351,9 milhões. Requer-se que o Chefe do Poder Executivo explique o porquê dessas
diferenças de saldo no SIAC em relação ao Ampara, conforme item 3.2.1.3.
O Gestor esclarece que, por dificuldades técnicas, os valores arrecadados
do Ampara-RS não ingressavam diretamente na conta específica do recurso, tal como
determinado na Lei, mas sim por meio de transferências financeiras de encerramento
para asseamento dos saldos, com repasses de acerto de grande monta. Assevera que,
após abril de 2021, a segregação bancária vem sendo realizada a partir da arrecadação.
Os ajustes necessários foram efetuados no primeiro trimestre de 2021, ainda se
desenvolvendo ajustes de valores residuais reclassificados.
Desta forma, opina-se pela manutenção aponte, de modo a verificar-se, no
exercício de 2021, a efetiva realização destas correções.

46) O Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público – MCASP


propugna que devem ser registradas como dedução da receita, entre outros fatos, as
renúncias de receita praticadas pelo Ente. Entretanto, a despeito dessa orientação, o
Estado do Rio Grande do Sul não efetua esse reconhecimento contábil em relação às
desonerações fiscais de seus impostos, sobretudo as do ICMS, que atingem os montantes
mais relevantes, conforme citado no item 3.11.
O Gestor inicialmente esclarece que, além do MCASP, a STN publica as
Instruções de Procedimentos Contábeis – IPC para alguns fatos específicos. Menciona a
recente aprovação da IPC-16 – Benefícios Fiscais, afirmando que não é a totalidade de
benefícios concedidos que deva ter seu registro como dedução de receita. Concluindo,
afirma que o próprio IPC-16 demonstra a complexidade do tema, justificando que os
registros de deduções de receita ainda não foram efetuados porque a aplicação da IPC
ainda não é de observância obrigatória e o tema carece de estudo mais aprofundado pela
Receita Estadual e pela CAGE.

708
O MCASP, de observância obrigatória para todos os entes da Federação,
dispõe no seu item 3.6.1 que a dedução de receita orçamentária é o procedimento
padrão a ser utilizado nos casos de renúncia de receita orçamentária. E, para as medidas
a serem observadas pelos entes públicos que decidirem pela concessão ou ampliação de
incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita, refere
ao art. 14 da LRF. Continuando, refere que as espécies de renúncia são a anistia, a
remissão, o crédito presumido e a isenção, entre outros, especialmente quanto a aqueles
benefícios de natureza fiscal que correspondem a tratamento diferenciado, tendo em
vista que a assunção de recursos por parte do consumidor final não se dá de forma
indiscriminada, mas apenas àquelas que se enquadrem nas regras legais previamente
estabelecidas. Ressalva que a evidenciação de renúncia de receitas poderá ser efetuada
de diversas maneiras, sendo contabilizada somente nos casos em que seja possível
mensurar um valor confiável.
As Instruções de Procedimentos Contábeis – IPCs visam orientar os
profissionais de contabilidade quanto aos registros contábeis aplicáveis. A IPC 16 -
Desonerações Fiscais, de novembro de 2020, detalha alguns procedimentos contábeis,
inclusive citando determinados exemplos, sem, entretanto esgotar o assunto. Ressalta
que caso haja determinações na legislação local ou do respectivo Tribunal de Contas, o
ente poderá tratar os valores orçamentariamente sem prejuízo aos conceitos da IPC.
Entre os exemplos citados na IPC-16 encontra-se o de número 07, o qual trata da
contabilização da redução de base de cálculo, demonstrando as contas de débito e
crédito que registram a renúncia do valor efetivamente desonerado.
Expostas as considerações do Gestor e resumindo-se alguns pontos
normativos, concorda-se com a alegada complexidade do tema. Como exposto no início
deste Relatório, alteração semelhante ― a contabilização da dedução das receitas de
impostos arrecadados pelo Estado e destinada aos municípios ― foi objeto de ajuste no
exercício em exame. Entretanto, opina-se pela manutenção aponte, de modo a verificar-
se no exercício de 2021 o tratamento a ser dispensado a esta matéria.

47) O Demonstrativo de Desonerações Fiscais elaborado pela Receita


Estadual apresentou muitos avanços ao comparar-se o relativo a 2018 com o inerente a
2019, como projeção e detalhamento dos dispositivos relacionados a isenções e reduções
de base de cálculo. Todavia, no que concerne ao instituto do não estorno do crédito fiscal
ainda não há qualquer projeção de carga de renúncia fiscal praticada. Tampouco são
informados em relação aos itens desonerados por isenção, redução de base de cálculo e
não incidência de ICMS quais deles também permitem a manutenção do crédito fiscal em
função do uso do não estorno (RICMS, Livro I, art. 35). O mesmo demonstrativo
igualmente pode avançar no que diz respeito à informação quanto aos objetos em que
são aplicados os recursos decorrentes das desonerações fiscais praticadas a fim de
ampliar a transparência perante a sociedade. Item 3.2.1.5.1.
O Gestor esclarece que o estorno ou não do crédito é definido juntamente
com a implantação da desoneração, mesmo que constante de artigo distinto do RICMS.
Apesar disso, informa que este valor é o mais complexo de ser estimado, por conta da
falta de informações geradas pelos contribuintes. Isso porque o registro das entradas
geradoras de créditos não possui qualquer marcação que permita identificá-las ou ligá-las

709
às respectivas saídas não tributadas. Informa que teoricamente é possível identificar uma
proporção entre as saídas com e sem estorno, mas que não há garantia de que essa
proporção seja fidedigna. Ainda, em que pese ser possível estimar o imposto global
desonerado, não será possível obter os valores do não estorno por inciso legal, pela
simples falta de informações. Sobre essa questão ainda informa que foi instituído um
grupo de trabalho com o intuito de melhorar a qualidade dessas informações por parte
dos contribuintes e, como consequência, permitir uma estimativa mais qualificada do
“Não Estorno”.
Em relação ao demonstrativo das desonerações de 2020 o Gestor informa
que deve constar no mesmo a lista das isenções e reduções de base de cálculo que
possuem também o benefício do não estorno do crédito, bem como os benefícios serão
apresentados também com suas respectivas finalidades, apontando para o objetivo ou
setor beneficiado.
Expostas estas considerações, opina-se pela manutenção aponte, de modo
a verificar-se em 2021 a evolução das informações constantes do demonstrativo das
desonerações de 2020, com vistas a proporcionar a maior transparência possível no trato
do tema.

48) Os relatórios de execução orçamentárias, publicados bimestralmente


pelo Tesouro do Estado, demonstram a necessidade de contingenciamento pelos Poderes
do Estado, para atingimento das metas fiscais.
Verifica-se, ao longo do ano, uma reprogramação das despesas primárias
total sempre superior ao executado, como se pode observar no 6º bimestre/2020, por
exemplo. No decreto, a previsão inicial era de R$ 11,00 bilhões, ao passo que no bimestre
anterior (5º bimestre), o Tesouro do Estado reprogramou a previsão para R$ 15,81
bilhões, ou seja, 43,7% superior ao valor original. Quando na execução, o valor
empenhado foi de R$ 10,65, inferior inclusive ao valor do decreto. Em diversos meses
pode se observar discrepâncias, em especial nos três últimos bimestres.
A consequência de uma previsão errônea, conforme já comentado, são
limitações de empenho desnecessárias. A cada bimestre, foi solicitado contingenciamento
aos poderes, embora o cenário não demonstrasse, muitas vezes, essa necessidade.
Entende-se necessária a explicação quanto aos critérios utilizados na
elaboração deste relatório, de suma importância na previsão e programação das finanças
estaduais. Item 5.2.10.
O Gestor, inicialmente, conceitua os Relatórios de Execução Orçamentária
elaborados pelo Tesouro Estadual, citando a base legal para a confecção (arts. 8º e 9º da
LRF), citando ainda os dispositivos estaduais vigentes para o ano de 2020 (LDO, LOA e
Decreto nº 54.983/2020). Apresenta ainda uma breve explicação dos valores envolvidos
nos relatórios de 2020, bem como os critérios utilizados nas receitas e despesas
programadas.
Ao final, explica o exemplo citado no aponte, qual seja, uma previsão de R$
15,81 bilhões nas despesas do 6º bimestre (conforme relatório publicado no 5º bimestre),
ao passo que a execução foi de R$ 10,65 bilhões. O Gestor alega que de forma alguma o
patamar previsto poderia ser realizado, pois assim o resultado primário atingido seria de

710
R$ 3,38 bilhões após o contingenciamento de R$ 1,28 bilhão sugerido aos poderes, o que
significaria uma despesa de R$ 2,7 bilhões acima da meta do resultado primário, de R$
1,31 bilhão deficitário.
A intenção do aponte efetuado por esta área técnica foi no sentido de
entender o critério utilizado na programação elevada das despesas do 6º bimestre.
Conforme citado no texto, a previsão no início de 2020 apontava R$ 11,00 bilhões a
serem executados nos dois últimos meses do ano, o que se confirmou bem próximo do
real, de R$ 10,65 milhões. Questionou-se, então, a previsão 43,7% superior a feita no
início do ano, ressaltando o fato de ter sido feita em novembro de 2020, ou seja,
praticamente em tempo real a execução do 6º bimestre.
Ao efetuar tal previsão, automaticamente se propôs um
contingenciamento de R$ 1,28 bilhão aos poderes, para atingimento da meta de
resultado primário. O contingenciamento não foi efetuado, e o resultado primário foi de
R$ 2,35 bilhões, bem acima da meta deficitária de R$ 1,31 bilhão.
Há ainda uma confusão nos esclarecimentos prestados, pois ao citar que
“...referente à reestimativa da despesa primária total do 6º bimestre daquele exercício, de
R$ 15,8 bilhões, não significa de modo algum que este novo patamar de despesas possa
ser realizado, pois, com sua utilização, a meta de resultado primário atingida seria de R$
3,379 bilhões negativos após o contingenciamento de despesas requerido, o que
significaria uma despesa adicional de R$ 2,7 bilhões acima da meta de resultado primário
inicialmente estipulado, de R$ 1,309 bilhão negativos...”, o gestor ignora o fato de que o
resultado atingido seria apenas no bimestre, o acumulado no ano seria exatamente a
meta do resultado primário original.
Portanto, além de não explicar os critérios da previsão elevada, que
acarretou em pedido de contingenciamento desnecessário, o Gestor parece desconhecer
a forma de cálculo, confundindo resultados atingidos no bimestre com o acumulado
anual. Mantem-se o aponte, sugerindo monitoramento constante por esta Corte de
Contas nos citados relatórios.

49) No ano de 2020 o Estado procedeu à nova segregação de massas


previdenciárias ao transpor aproximadamente 17 mil servidores do Fundoprev para o
regime de repartição simples, entretanto sem autorização prévia da Secretaria da
Previdência, vinculada ao Ministério da Economia, como orienta a legislação atinente ao
tema da previdência pública, conforme consta no item 8.5.4.2.
O Gestor esclarece que a reestruturação dos Fundos Financeiro Civil e
Fundoprev Civil foram objeto da Lei Nº 15.511/2020, reestruturação esta que (i) revisou a
data da segregação de massas, (ii) autorizou a utilização de parte dos recursos do Fundo
previdenciário e (iii) ofertou um benefício especial como forma de incentivo a migração
ao RPC/RS. Informa que, antes mesmo do protocolo do Projeto de Lei da reestruturação
tem mantido tratativas com a Secretaria da Previdência do Ministério da Economia, órgão
federal a quem compete aprovar a revisão da segregação de massas, processo que,
todavia, ainda se encontra em tramitação.
Aqui, se destaca a colocação do Gestor de que, “até o presente momento,
não houve transferência de patrimônio do FUNDOPREV/CIVIL ao Fundo Financeiro,
principal item de análise da SPREV/ME.”.

711
Informa que o processo atende os pressupostos que garantem a
manutenção do equilíbrio financeiro e atuarial do regime e cumpre todos os requisitos
estabelecidos no § 4º do art. 60 da Portaria MF nº 464, de 19/11/2018, com a redação
dada pela Portaria SEPTR/ME 3.725, de 30/03/2021 relativamente à revisão da
segregação de massas com transferência dos beneficiários e recursos do Fundo
Capitalizado para o Fundo Financeiro.
Sobre a Portaria MF Nº 464/2018 traz o Parecer PGE/RS nº 18.295/20. Isto
porque a referida Portaria exige a necessidade de prévia aprovação da Secretaria da
Previdência para a revisão da segregação de massas, o que a PGE entende por
questionável, sob o prisma da autonomia dos entes federativos, entendendo suficiente a
apresentação ― não a aprovação ― dos necessários estudos. Como consta no Relatório
do Parecer Prévio, o questionamento da Secretaria da Previdência efetivamente ocorreu,
o que foi enfrentado pelo Parecer PGE nº 18.450/20. Neste Parecer a Douta Procuradoria
entende que a transferência proporcional dos recursos para o Fundo Financeiro decorre
da lógica de que, em sendo reduzido o número de vidas seguradas pelo fundo
previdenciário, menores serão os eventos a serem cobertos, e, portanto, menor será a
necessidade de valores reservados neste fundo.
Informa ainda que a Lei Complementar nº 15.511/2020 é objeto da ADI nº
6.568 junto ao STF, tendo por base a não observação das Portarias do Ministério da
Fazenda, o que ofenderia os arts. 10; 40, caput e § 22, III, IV, VI e VII; e 194, parágrafo
único, VII, da Constituição Federal. Nas informações prestadas pelo Governador na
referida ADI os argumentos dos dois Pareceres citados são igualmente apresentados,
forte na autonomia do ente federativo.
O Gestor conclui seus esclarecimentos solicitando a reavaliação das
conclusões do “Relatório e Parecer Prévio, visto que, como demonstrado, houve
comunicação entre o Governo do Estado e a Secretaria de Previdência do Ministério da
Economia, nos termos previstos na legislação pertinente, com o que não subsiste o
aponte.”. Anexa ainda o Parecer nº 18.450/20 da PGE (Anexo X), a petição inicial (Anexo
XI) e a prestação de informações (Anexo XII) referentes a ADI citada.
Expostos os argumentos do Gestor, inicialmente verifica-se em consulta ao
sitio do STF na internet que a ADI nº 6.568 ainda encontra-se sem decisão. Entretanto, o
Parecer da PGR concluiu, em fevereiro de 2021, que é “inconstitucional a alteração da
segregação da massa que autorize a utilização de recursos financeiros do Fundo de
Capitalização para pagamento de benefícios previdenciários vinculados ao Fundo
Financeiro de Repartição Simples, por ofensa aos arts. 40, caput, e 167, XII, da CF/1988.”.
Desta forma, emite Parecer “pelo deferimento da medida cautelar e, no mérito, pela
procedência parcial do pedido, a fim de que sejam declarados inconstitucionais os arts.
4º, caput e §§ 1º e 2º; e 5º da Lei Complementar 15.511/2020...”.
Isso posto, cumpre destacar que as alterações trazidas pela Portaria
SEPTR/ME 3.725, de 30/03/2021 permitiu, mediante o atendimento de certos requisitos,
a transferência dos beneficiários e recursos do Fundo em Capitalização para o Fundo em
Repartição, o que até então era vedado na redação vigente da Portaria MF nº 464/2018 à
época da publicação da Lei Complementar nº 15.511/2020.
Analisados os Esclarecimentos, verifica-se que a matéria encontra-se sob
judice junto ao STF, e a autorização para a revisão da segregação de massas pela

712
Secretaria de Previdência ainda não foi obtida. Quanto ao principal ponto material, a
transferência de recursos do Fundo Capitalizado para o Estado, embora autorizado na Lei
Complementar Estadual, ainda não se efetivou. Desta forma, opina-se pela manutenção
do aponte, de modo a se acompanhar tanto os desdobramentos da ADI como a efetiva
transferência dos recursos caso esta venha a ocorrer, o que poderá ser visto no Relatório
e Parecer Prévio de 2021.

50) O Estado, por meio do PLC 148/20 que se transformou na LC 15511/20,


vinculou um possível custo de transição pela migração de servidores para o regime de
previdência complementar com a necessidade de segregação de massas, de cerca de 17
mil servidores, então vinculados ao fundo previdenciário, desta operação decorrendo
também o saque do patrimônio proporcional constante no Fundoprev, para financiar o
referido custo. Todavia, como amplamente discorrido no item 8.5.4 e subitens, não há
certeza da existência do mencionado custo de transição sem a efetivação de substanciais
migrações de servidores para o RPC, de modo que a segregação de massas e possível
saque do patrimônio do Fundoprev Civil em favor do regime de repartição simples pode
significar solução de liquidez de curto prazo ao Caixa do Tesouro Estadual com possíveis
impactos no equilíbrio atuarial do fundo previdenciário. Item 8.5.4.
O Gestor inicialmente cita as diversas reformas estruturais visando ao
equilíbrio financeiro e atuarial de seu Regime Próprio de Previdência Social, entre as quais
a reestruturação dos Fundos Financeiro Civil e FUNDOPREV Civil, alinhando a data do
FUNDOPREV com a data de início do Regime de Previdência Complementar (RPC), e a
criação de incentivo à migração de servidores civis ao RPC, por meio da oferta do
Benefício Especial.
Aponta que a migração de um Regime de Repartição Simples (RRS) para um
Regime de Capitalização (RC) implica em um custo de transição. No caso do Rio Grande
do Sul, entende que “o custo decorrente da transição do Regime de Repartição Simples
para o Regime de Capitalização se mostra excessivo para as condições fiscais do Estado.”
(aqui esta Equipe entende que o Gestor quer se referir à instituição do Fundoprev em
2011). Ilustra a situação com o déficit do Fundo Financeiro, o qual atingiu R$ 12,4 bilhões
em 2019 e R$ 10,3 bilhões em 2020. Esta redução de 17% reflete as reformas
previdenciárias promovidas neste exercício, mas, em pese a melhoria dos resultados, o
Fundo Financeiro ainda compromete uma parcela significativa das receitas estaduais.
Continuando, o Gestor coloca que o Benefício Especial, o qual visa
estimular a migração de servidores civis ao RPC, sem fonte adicional de financiamento,
implica em custo de transição. Soma-se a isso o fato de que, quando servidores civis
vinculados ao RRS migram para o RPC a base de incidência de suas contribuições
previdenciárias fica limitada ao teto do RGPS.
Esclarece que os dois tipos de equilíbrio ― financeiro, ou seja, de curto
prazo ou dentro de cada exercício, e atuarial, ou seja, de longo prazo ― aparecem em pé
de igualdade, sem hierarquização na Constituição Federal, e, desta forma, devem ser
entendidos como complementares. Entende que não é possível desconsiderar ou
relativizar a importância do equilíbrio financeiro, além do que, isoladamente, o equilíbrio
atuarial não garante a capacidade de pagamento de benefícios na data prevista de sua
exigência.

713
Em relação ao equilíbrio atuarial do Fundoprev aponta para um notável
superávit em 2020 e 2021 em relação a 2019, impacto decorrente das recentes reformas
da previdência e da estrutura remuneratória dos servidores públicos. De um déficit de R$
278 milhões em 2019, o resultado atuarial passou para superávits de R$ 2,7 bilhões.
Informa ainda que, nas avaliações atuariais de 2020 (data-base 31/12/2019) e 2021 (data-
base 31/12/2020) do FUNDOPREV/CIVIL o Valor Atual das Contribuições Futuras
(servidores e Ente), somado à Compensação Previdenciária, supera o Valor Atual dos
Benefícios Futuros (provisão matemática negativa).
Em relação ao patrimônio acumulado do Fundoprev, informa que até o
momento não foram transferidos recursos para serem utilizados no pagamento de
aposentadoria e pensão dos beneficiários vinculados ao RRS. Nesta linha, informa que o
RPPS cumpre todos os requisitos exigidos da Portaria SEPRT/ME nº 3.725/2021 para a
transferência de beneficiários e recursos do Fundo Capitalizado para o Fundo Financeiro,
dentre eles, a manutenção dos recursos financeiros do FUNDOPREV/CIVIL suficientes para
a cobertura dos valores das provisões matemáticas da massa de beneficiários que nele
permanecerão.
Conclui o Gestor que as reformas buscaram a equalização do sistema
previdenciário como um todo, mantendo o equilíbrio atuarial do FUNDOPREV e também
aumentando a capacidade de honrar os pagamentos no curto prazo.
Expostas as considerações do Gestor, verifica-se que o mesmo concorda
quando apontado que a alteração presente na Lei Complementar privilegia uma solução
de curto prazo, ou seja, com enfoque no equilíbrio financeiro. Além desse fato, o Gestor
demonstra que o equilíbrio atuarial do Fundoprev encontra-se assegurado, como exposto
por meio das avaliações atuariais de 2020 e 2021. O que não foi abordado, entretanto, foi
o déficit atuarial do Plano Financeiro (RRS), Plano este anteriormente “fechado” para
servidores que ingressaram no Estado a partir de 2011 e que agora recebe novos
servidores, notadamente os que ingressaram entre 2011 e 2017. Desta forma, a data
prevista para a futura extinção do Plano Financeiro deverá ficar, proporcionalmente,
adiada. Em relação à migração destes servidores para o RPC existe uma incógnita, pois o
Plano é de adesão facultativa de cada servidor, o qual pode levar em conta inúmeros
fatores pessoais para sua decisão.
Para concluir, entende-se esclarecido este ponto, forte na adequação do
Estado ao disposto na Lei Complementar que reestruturou o RRS e o RC. Nada impede,
entretanto, uma nova análise do tema no Relatório e Parecer Prévio de 2021 em conjunto
com o item anterior, especialmente em decorrência de decisão na ADI que trata do
assunto.

51) O novo “Painel de Informações de Pessoal” apresenta valores que não


guardam equivalência com os valores que eram anteriormente disponibilizados no
Boletim Informativo de Pessoal. A divulgação correta do total de ativos, inativos e
pensionistas é extremamente relevante para a análise da questão previdenciária no
Estado. Item 8.3.3.
Sobre este apontamento o Gestor discorre sobre o Painel de Informações
de Pessoal, o qual veio para substituir o Boletim Informativo de Pessoal. Salienta que o

714
Painel visa modernizar a coleta de dados, com liberdade ao usuário para pesquisar e
selecionar dados.
O Executivo Estadual coloca a SEFAZ à disposição para avaliar as consultas
realizadas pelo TCE e identificar as eventuais diferenças entre os valores pesquisados.
Entende-se que as pendências trazidas no Relatório devem ser verificadas e se for o caso
solucionadas, fato que não ocorreu nos esclarecimentos. Sendo assim, opta-se por
manter o aponte.

52) Verificou-se a consideração de despesas com inativos em MDE,


correspondendo a 44,6% (R$ 4,44 bilhões) do total da despesa executada em Educação,
no cálculo do percentual mínimo constitucional.
Com a exclusão dos gastos com inativos e pensionistas a despesa reduziria
para R$ 5,48 bilhões e o percentual de aplicação em MDE passaria para 15,50%.
Através da Emenda Constitucional nº 108/2020, de 26-08-2020, a qual
inseriu o parágrafo 7º no artigo 212 da Constituição Federal, foi vedado o uso dos
recursos de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino para pagamento de
aposentadorias e pensões, determinando, assim, que tais gastos não podem compor o
percentual de aplicação mínima em MDE. Os efeitos financeiros da respectiva
determinação, conforme artigo 4º da EC 108/2020, vigerá a partir de 01-01-2021.
Tendo em vista a eminente mudança de critério de cálculo a partir da
elaboração do Relatório e Parecer Prévio das Contas do Governador de 2021, e na esteira
do voto proferido no Parecer Prévio das Contas do Governador de 2019 em 27-04-2021,
onde foi recomendado ao Governador do Estado que apresente a esta Casa um plano de
ação indicando detalhadamente as providências que pretende adotar, nas dimensões
temporal, orçamentária e financeira, visando à plena adequação das despesas do Estado
ao artigo 212, § 7º, da Constituição da República, na redação dada pela Emenda
Constitucional n. 108/2020, o qual deverá ser objeto de análise técnica e submetido à
deliberação no Tribunal Pleno no âmbito das Contas relativas ao exercício de 2021,
alertando-se que a inobservância dessa providência poderá repercutir na apreciação de
outros Processos de Contas (tópicos 17 e 20), solicita-se esclarecimento ao Governador
quanto ao andamento do referido Plano de Ação. Item 9.1.
Primeiramente, o Executivo referiu que o aumento da despesa anual com a
adoção da determinação da Emenda Constitucional nº 108/2020 seria de mais de R$ 3,0
bilhões. Também citou um agravante de que qualquer aumento salarial a profissionais da
educação ativos, terá que ser estendido à inativos e pensionistas, que no RS tem paridade
com os ativos em quase 97% dos casos, o que aprofundaria de forma importante e
imediata os déficits primário e nominal e, ao longo do tempo, o déficit previdenciário do
Estado.
Cita que foi encaminhada a Procuradoria-Geral do Estado – PGE, consulta
sobre a matéria, culminando no Parecer nº 18.790/2021.
No citado Parecer, a PGE refere que as alterações introduzidas pela EC
108/2020 devem ser examinadas na perspectiva dos conceitos de despesa previdenciária
e de despesa tributária.

715
É alegado pela Procuradoria que a contribuição patronal com inativos da
área da educação e a contribuição patronal extraordinária do Estado ao RPPS (encargo
legal instituído para a cobertura do déficit com pensionistas e inativos da área da
educação derivado da ausência de liquidação das contribuições patronais de exercícios
anteriores) possuem natureza jurídica de tributo, enquadrando-se na categoria de
encargos sociais e, portanto, não estariam vedados de inclusão no percentual mínimo de
MDE.
Não prosperam as considerações do Estado, uma vez que,
independentemente do regime de previdência, da fonte de recursos utilizada para
pagamento das aposentadorias e pensões ou da natureza jurídica desse pagamento, as
mesmas não podem ser consideradas no cálculo do mínimo constitucional em MDE,
devido a expressa determinação Constitucional introduzida pela EC nº 108/2020.
A Constituição não detalhou quais pagamentos de aposentadorias e
pensões são vedados, tão pouco discriminou a fonte de recurso ou a natureza tributária
do citado pagamento, sendo a vedação legal para TODOS os tipos de pagamentos de
aposentadorias e pensões. O Poder Público é totalmente subordinado à previsão legal, e,
sob o princípio da legalidade, não pode incluir quaisquer pagamentos de aposentadorias
e pensões nas despesas Constitucionais em MDE.
Na sequência, o Estado referiu:

Um dos pontos que vem sendo mais citados é a busca de um período de


transição para implantação das medidas de vedação da aplicação de valores do
Fundeb e principalmente de MDE com inativos, sendo esta uma condição
necessária para viabilizar o atendimento a Emenda Constitucional n º 108/2020.
A exemplo do período de tempo que a União acabou dispondo para aumentar
sua complementação ao Fundeb, aos poucos tem sido delineado um horizonte
de tempo para que os entes federados possam atender adequadamente o que
preceitua a EC nº 108/2020.
A esse respeito, tramita no Congresso Nacional a PEC nº 13/2021, que
acrescenta o art. 115 ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
(ADCT), no sentido de que os Estados, o DF e os Municípios, bem como seus
agentes, não poderão ser responsabilizados pelo descumprimento, em anos
subsequentes, das disposições do art. 212, § 7º, da Constituição Federal.

A inclusão de inativos e pensionistas no cálculo do mínimo em MDE está


vedada por força constitucional. No entanto, reconhecem-se os graves impactos para as
finanças do Estado da adoção imediata de referida determinação e, nessa esteira de
entendimento, foi proferido o voto no Parecer Prévio das Contas do Governador de 2019
em 27-04-2021, onde foi recomendado ao Governador do Estado que apresente a esta
Casa um plano de ação sobre a alteração constitucional.
Neste apontamento foi solicitado sobre o andamento de referido plano de
ação, o qual não foi respondido, mantendo-se, assim, o aponte.

53) Tendo em vista o voto proferido no Parecer Prévio das Contas do


Governador de 2019 em 27-04-2021, onde foi recomendado ao Governador do Estado
que apresente a esta Casa um plano de ação indicando detalhadamente as providências

716
que pretende adotar, nas dimensões temporal, orçamentária e financeira, visando à
plena adequação das despesas do Estado ao artigo 212, § 7º, da Constituição da
República, na redação dada pela Emenda Constitucional n. 108/2020, o qual deverá ser
objeto de análise técnica e submetido à deliberação no Tribunal Pleno no âmbito das
Contas relativas ao exercício de 2021, alertando-se que a inobservância dessa providência
poderá repercutir na apreciação de outros Processos de Contas (tópicos 17 e 20), solicita-
se esclarecimento ao Governador quanto ao andamento do Plano de Ação para o
atingimento do percentual determinado na Constituição Estadual, de 35%. Item 9.1.
Este apontamento foi respondido conjuntamente com o de número 52.
Na resposta ao apontamento de nº 52 não foi respondido sobre o referido
plano de ação, mantendo-se, assim, o aponte.

54) Solicita-se esclarecimento quanto ao alto valor inscrito em restos a


pagar do Salário Educação, alusivos a empenhos efetuados em 2020, no montante de
R$ 144,4 milhões, equivalendo a 32,11% do total da despesa empenhada no exercício em
análise no referido recurso. Item 9.1.2.1.
O Executivo referiu:

Até junho corrente ainda restavam R$ 97.004.006,90 a liquidar, relativos a


restos 2020. Destes, destacam-se R$ 67.197.1179,07, relativos à compra de
equipamentos de informática para a rede docente estadual. Conforme ocorrem
os fornecimentos, os respectivos atestes provocam a liquidação das contas...
(...)
Ou seja, o saldo dos empenhos da fonte Salário Educação realizados em 2020,
inscritos como restos a pagar são referentes a bens e serviços que tiveram sua
prestação ou entrega afetados pela Pandemia do Coronavírus ...

Uma vez que foi explicado pelo Estado a razão do alto valor inscrito em
restos a pagar do Salário Educação, o aponte encontra-se sanado.

55) Foi promulgada a Lei 15.451 em 17-02-2020, alterando a Lei nº 6.672,


de 22 de abril de 1974, que institui o Estatuto e Plano de Carreira do Magistério Público
do Rio Grande do Sul.
A remuneração do magistério foi transformada em subsídio e, conforme
seus artigos 11º e 12º da Lei 15.451/2020:
Art. 11. Fica convalidada a parcela completiva paga de conformidade com o
acordo judicial firmado na Ação Civil Pública nº 001/1.11.0246307-9, que assegurou aos
membros do Magistério a percepção de vencimento básico não inferior ao piso nacional
previsto na Lei Federal n.º 11.738, de 16 de julho de 2008.
Art. 12. Fica assegurado o pagamento de subsídio ao membro do
Magistério não inferior ao piso salarial profissional nacional previsto na Lei Federal n.º
11.738/08.

717
Solicita-se esclarecimento ao Governador do Estado referente ao
pagamento do salário dos professores acima do piso salarial no exercício de 2020,
conforme preconizado pelo artigo 12º da Lei 15.451/2020. Item 9.1.4.
Primeiramente, o executivo informou que, até a edição da Lei nº
14.451/2020, cumpriu rigorosamente o acordo judicial firmado na Ação Civil Pública nº
001/1.11.0246307-9. O período anterior ao acordo está sendo discutido judicialmente.
Bem como, o Estado afirmou que nenhum membro do magistério recebe
subsídio inferior ao Piso Nacional, de acordo com a determinação legal. Portanto,
encontra-se sanado o aponte.

56) Do recurso 2804, foram inscritos R$ 42,7 milhões em restos a pagar


não processados e de R$ 45,3 milhões em restos a pagar processados, enquanto que no
recurso 2809 foram inscritos R$ 1,6 milhão em restos a pagar processados em 2020.
Assim, verifica-se a necessidade de esclarecimentos do Governador do
Estado quanto ao alto valor de inscrições em Restos a Pagar Processados dos recursos
2804 e 2809 em 2020. Item 9.4.2.3.3.
O Executivo justificou a inscrição dos valores dos recursos 2804 e 2809 em
restos a pagar, encontrando-se sanado o aponte.

718
16 SÍNTESE
O presente capítulo reproduz a Síntese do Exame das Contas, abrangendo
os tópicos discorridos nos capítulos anteriores, resumindo os assuntos tratados no
presente relatório.

16.1 - O Estado do Rio Grande do Sul e Conjuntura: Indicadores e Panora-


ma Econômico
Neste item será apresentada uma breve contextualização da conjuntura
econômica em que se inseriu o Estado do Rio Grande do Sul no ano de 2020, bem como a
evolução de alguns de seus principais indicadores.

16.1.1 – Rio Grande do Sul: principais indicadores


O presente tópico busca apresentar algumas características gerais do
Estado do Rio Grande do Sul com vistas a contextualizar este Ente da Federação.

16.1.1.1 – População
Conforme dados das estimativas da população realizadas pelo IBGE, a
população do Rio Grande do Sul, ao final de 2020 foi de 11.422.973 habitantes, sendo
este total composto por 51,3% mulheres e 48,7% homens, aproximadamente. Em
comparação com os demais estados do Brasil, o RS ocupa o sexto lugar entre os mais
populosos.
No quesito crescimento populacional o Rio Grande do Sul tem apresentado
taxas anuais abaixo das verificadas pelo Brasil. Este cenário se reproduz na análise da
pirâmide de faixa etária da população do Rio Grande do Sul, a qual demonstra uma
inversão da concentração populacional ao longo das últimas décadas, conforme se
verifica nos gráficos a seguir.

PIRAMIDE ETARIA DA POPULAÇÃO DO RS NOS ANOS DE 1980 E 2020 (EM MILHARES DE PESSOAS)
80 + 80 +
70-74
198070-74
2020
60-64 60-64
50-54 50-54
40-44 40-44
30-34 30-34
20-24 20-24
10-14 10-14
0-4 0-4
600 200 200 600 600 400 200 0 200 400 600
homens mulheres homens mulheres

Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

720
Os resultados apresentados nos gráficos acima demonstram uma elevação
acentuada na concentração populacional naquelas faixas de idade mais altas. Este novo
cenário impacta em especial a questão previdenciária, a qual será tratada em capítulo
específico deste relatório.

16.1.1.2 – Indicadores Econômicos


De acordo com o último dado oficial divulgado pelo IBGE, o PIB do RS no
ano de 2018 foi de R$ 457 bilhões, o que representa o 4º maior entre os estados
brasileiros, atrás apenas de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Em termos
percentuais o PIB do RS em 2018 representou 6,5% do PIB nacional.
Em termos de Valor Adicionado verifica-se, na análise da participação das
principais atividades econômicas, que o Estado do RS possui uma distribuição percentual
similar à observada no Brasil como um todo. Entretanto, conforme a tabela a seguir, é
possível constatar que a economia gaúcha apresenta um enfoque maior na agropecuária
do que o agregado no Brasil, em especial no subgrupo associado especificamente à
agricultura.

PARTICIPAÇÃO NO VAB POR SETOR DE ATIVIDADE NO EXERCÍCIO DE 2018


Participação no valor adicionado bruto (%)
Atividades
Brasil Rio Grande do Sul
Agropecuária 5,2 9,0
Agricultura, inclusive apoio à agricultura e a pós-colheita 3,5 6,7
Pecuária, inclusive apoio à Pecuária 1,2 1,7
Produção florestal, pesca e aquicultura 0,5 0,5
Indústria 21,8 22,4
Indústrias extrativas 2,7 0,1
Indústrias de transformação 12,3 16,2
Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resí- 2,9 2,3
duos e descontaminação
Construção 4,0 3,8
Serviços 73,0 68,6
Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas 13,0 14,5
Transporte, armazenagem e correio 4,4 3,8
Alojamento e alimentação 2,4 1,9
Informação e comunicação 3,4 2,6
Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados 7,0 5,5
Atividades imobiliárias 9,8 8,8
Atividades profissionais, científicas e técnicas, administrativas e 7,9 7,9
serviços complementares
Administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade 17,4 14,5
social
Educação e saúde privadas 4,5 6,6
Artes, cultura, esporte e recreação e outras atividades de servi- 1,8 1,4
ços
Serviços domésticos 1,2 1,2
Total 100,0 100,0
Fonte: IBGE – Contas Nacionais

Esta distribuição da economia gaúcha produzirá efeitos nas receitas do


Estado, em especial na forma de arrecadação de tributos.

721
16.1.1.3 – Indicadores de Desenvolvimento
Uma das principais formas de avaliar os indicadores sociais de uma região é
por meio de índices que combinem diferentes fatores que afetem o desenvolvimento
socioeconômico. Dentre estes, pode-se destacar o IDH (Índice de Desenvolvimento
Humano).
O IDH é um índice utilizado pelo Programa das Nações Unidas pelo
Desenvolvimento (PNUD) e ajuda a classificar os países e os Estados pelo seu grau de
desenvolvimento humano. O IDH medido para o RS em 2010 foi de 0,746, considerado
alto e que o coloca na sexta colocação entre os estados brasileiros. Para este mesmo ano
de 2010 o IDH do Brasil foi de 0,726.
Outro indicador que serve para mensurar o desenvolvimento social está
relacionado à expectativa de vida ao nascer. Neste aspecto o RS apresenta um dos
melhores resultados do país e que tem se mantido acima da média nacional ao longo do
tempo. Para o ano de 2019 a expectativa de vida para pessoas nascidas no Rio Grande do
Sul era de 78,5 anos.
No quesito educação a taxa de analfabetismo é uma variável fundamental
para avaliar o desenvolvimento social, pois representa a falta de uma capacidade
limitadora do progresso individual. A análise deste indicador mostra que em 2019 no
Estado do Rio Grande do Sul, 2,6% das pessoas com 15 anos ou mais não eram
alfabetizadas, enquanto que no Brasil este mesmo indicador apontava 6,6%.
Por último, do ponto de vista da desigualdade social, torna-se relevante
analisar o índice de Gini. Tal indicador é utilizado para mediar a desigualdade de renda de
um determinado local, sendo que os valores são medidos entre 0 e 1, onde resultados
mais próximos de zero representam locais menos desiguais e resultados mais próximos
de 1 representam regiões com maior concentração de renda. O RS apresenta uma menor
desigualdade de renda (Gini igual a 0,5472 em 2010) se comparado com o resto do Brasil
(Gini igual a 0,6086 em 2010).
Em 2010, o Rio Grande do Sul era o terceiro estado menos desigual em
termos de distribuição de renda, atrás apenas de Santa Catarina e do Paraná. Apesar
desta boa colocação na comparação nacional, quando se verifica os resultados de outras
nações para o índice de Gini, percebe-se que os números do RS demonstram ainda uma
elevada concentração de renda.

16.1.2 – Conjuntura Econômica em 2020


O presente tópico busca apresentar uma contextualização do desempenho
da economia mundial e brasileira no exercício de 2020 e de que forma isso impactou nas
atividades produtivas desenvolvidas no Rio Grande do Sul.

16.1.2.1 – Desempenho da economia mundial


O ano de 2020 vai ficar marcado na história pela Pandemia da Covid-19,
não apenas pela perda de milhares de vidas que esta doença provocou, como também
pelo abalo profundo verificado na economia mundial. A necessidade de distanciamento
social, para reduzir a propagação do vírus, afetou diversos setores da economia, que em
muitos casos tiveram que praticamente paralisar suas operações por longos períodos.

722
De acordo com os dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), a
economia mundial não apresentava uma retração do PIB desde a crise do subprime
ocorrida entre os anos de 2008 e 2009. Entretanto, ressalte-se que a redução do PIB
verificada no exercício de 2020 foi muito mais acentuada, pois afetou basicamente todas
as economias do mundo de maneira profunda.
A economia mundial desde 2015 vinha crescendo a uma taxa de
aproximadamente 3% ao ano, enquanto que em 2020 verificou-se uma retração de mais
de 4%. A China que desde o início da década de 90 apresenta taxas de crescimentos
anuais do PIB superiores a 6%, no ano de 2020 vai apresentar um crescimento de seu
produto interno próximo a 2%, fato que não ocorria há mais de 40 anos.
Os EUA, por sua vez, que vinham crescendo em média 2,5% ao ano, em
2020 devem apresentar uma retração de mais de 4% do PIB.
Apesar destes dados consolidados do ano de 2020 serem bem negativos, o
fim do ano passado já apresentou um processo de recuperação econômica em várias
partes do mundo como resultado da diminuição nas restrições à mobilidade.
Importante ressaltar que a recuperação verificada tende a ser desigual
entre os setores, sendo o setor de serviços o mais afetado pela pandemia, devido à sua
maior sensibilidade às medidas de distanciamento social.
No entanto, apesar desta melhora, o nível de atividade econômica ainda se
encontra, em geral, abaixo do observado no início do ano. Além disso, o grau de incerteza
ainda esteve presente até o final do ano de 2020 visto que a ressurgência da Covid-19 em
algumas economias fez com que voltasse a ser necessária a adoção de medidas de
restrição à mobilidade como forma de combate. Este elevado grau de incerteza sobre a
evolução da pandemia afeta a confiança dos empresários e das famílias, com
consequências sobre o investimento, o consumo e o mercado de trabalho.
De outra parte, importante ressaltar a atuação governamental de diversos
países, que durante os momentos mais críticos da pandemia passaram a adotar políticas
fiscais expansionistas, em especial por meio de mecanismos de transferência de renda
para os indivíduos mais afetados pela “paralização” da economia. A continuidade deste
tipo de política mostra-se como um fator relevante para a consolidação da recuperação
da atividade em nível global, pelo menos até que se observe uma redução no contágio do
vírus em decorrência do avanço do processo de imunização e por consequência uma
recuperação mais nítida nas condições do mercado de trabalho.

16.1.2.2 – Desempenho da economia brasileira


Como não poderia deixar de ser diferente, no ano de 2020 o desempenho
da economia brasileira foi profundamente afetado pela pandemia da Covid-19. O PIB caiu
4,1% em relação a 2019, a menor taxa da série histórica, iniciada pelo IBGE em 1996. Da
mesma forma, o PIB per capita apresentou uma redução de 4,8% em termos reais.

723
EVOLUÇÃO HISTORICA DA TAXA DE CRESCIMENTO DO PIB NO BRASIL
10
7,5
8
5,8 6,1
6 5,1
4,4 4 4
4 3,4 3,1 3,2 3
2,2 1,9
2 1,4 1,1 1,3 1,8 1,4
0,3 0,5 0,5
0
-0,1
-2
-4
-3,5-3,3
-4,1
-6
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Do ponto de vista do desempenho dos setores da economia brasileira, a


tabela a seguir detalha os resultados no ano de 2020.

DESEMPENHO DO PIB EM 2020


Indicadores
Período de Comparação Consumo Consumo
PIB Agro Indústria Serviços FBKF
Familias Governo
Trimestre / trimestre imedia-
tamente anterior (com ajuste 3,2% -0,5% 1,9% 2,7% 20,0% 3,4% 1,1%
sazonal)
Trimestre / mesmo trimestre
do ano anterior (sem ajuste -1,1% -0,4% 1,2% -2,2% 13,5% -3,0% -4,1%
sazonal)
Acumulado em quatro trimes-
tres / mesmo período do ano -4,1% 2,0% -3,5% -4,5% -0,8% -5,5% -4,7%
anterior (sem ajuste sazonal)
Valores correntes no 4º tri- 2,0 82,3 344,2 1,3 366,6 1,3 427,7
mestre (R$) trilhões bilhões bilhões trilhão bilhões trilhão bilhões
7,4 439,8 1,3 4,7 1,2 4,7 1,5
Valores correntes no ano (R$)
trilhões bilhões trilhão trilhões trilhão trilhões trilhão
Fonte: Tabela extraida do portal do IBGE. Link: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/30165-
pib-cai-4-1-em-2020-e-fecha-o-ano-em-r-7-4-trilhoes

Os dados mostram que apenas a Agropecuária (2,0%) teve crescimento em


2020, enquanto que a Indústria e os Serviços apresentaram queda no valor adicionado de
3,5% e 4,5%, respectivamente. De acordo com o IBGE, os serviços prestados às famílias e
a atividade de transportes foram os mais prejudicados pelo distanciamento social em
decorrência da pandemia da Covid-19.
Outra questão drasticamente afetada pela pandemia foi o mercado de
trabalho. De acordo com dados do IBGE, a taxa média de desemprego para o ano de 2020
foi de 13,5%, a maior da série histórica da PNAD Contínua, iniciada em 2012.
A elevação do desemprego ocorreu apesar do Programa Emergencial de
Manutenção do Emprego e Renda (Lei 14.020/2020), que vigorou de abril a dezembro de

724
2020 e previa a redução de jornada e salário de funcionários ou suspensão temporária de
contratos de trabalhos.
Outra medida importante tomada para mitigar os efeitos econômicos
causados pela pandemia de Covid-19 no Brasil foi a criação do Auxílio Emergencial.
Instituído pela Lei nº 13.982/2020 o benefício previu o repasse de recursos a
trabalhadores informais e de baixa renda, microempreendedores individuais e também
contribuintes do INSS. De abril a agosto foram pagas 05 (cinco) parcelas de R$ 600,00 e de
setembro a dezembro foram pagam mais 04 (quatro) parcelas de R$ 300,00.
As medidas econômicas citadas acima, somadas a outras, contribuíram
para um aumento expressivo do déficit público. Em 2020, o Governo Central (Tesouro
Nacional, Previdência Social e Banco Central) registrou resultado negativo de R$ 743,09
bilhões, enquanto que em comparação com 2019 o déficit registrado foi de R$ 95,06
bilhões. Esse aumento expressivo no déficit primário é explicado em parte pela queda de
receita líquida (decorrente da queda da atividade econômica) bem como pelos gastos
relacionados ao enfrentamento da pandemia do novo coronavírus, os quais totalizaram
R$ 524,20 bilhões em 2020.
A tabela a seguir resume os gastos extraordinários da União associados ao
combate dos efeitos da Pandemia de Covid-19 durante o exercício de 2020.

GASTOS COM COVID-19


Em R$ bilhões nominais
MEDIDA ADOTADA PREVISTO PAGO
Auxílio Emergencial a Pessoas em Situação de Vulnerabilidade 322 293,11
Auxílio Financeiro aos Estados, Municípios e DF 79,19 78,25
Cotas dos Fundos Garantidores de Operações e de Crédito 58,09 58,09
Despesas Adicionais do Ministério da Saúde e Demais Ministérios 46,33 42,7
Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda 51,55 33,5
Concessão de Financiamento para Pagamento de Folha Salarial 6,81 6,81
Programa Emergencial de Acesso a Crédito - Maquininhas 10 5
Financiamento da Infraestrutura Turística 5 3,08
Aquisição de Vacinas 24,51 2,22
Transferência para a Conta de Desenvolvimento Energético 0,9 0,9
Ampliação do Programa Bolsa Família 0,37 0,37
TOTAL 604,75 524,03
Fonte: Portal da transparencia da Secretaria do Tesouro Nacional

A consequência desse aumento do déficit primário foi uma elevação


também da Dívida Bruta do Setor Público (DBSP)98. De acordo com o Banco Central, a
DBSP fechou 2020 em R$ 6,61 trilhões, o que representou 89,3% do PIB. Em 2019 a DBSP
representava 74,3% do PIB. Se considerarmos apenas a Dívida Publica Federal, a qual
inclui o endividamento interno e externo, o resultado no final de 2020 foi de R$ 5,01
trilhões. De acordo a Secretaria do Tesouro Nacional este valor representa um aumento
de 17,9% em relação ao exercício de 2019.
Do ponto de vista da política monetária, o Banco Central reduziu a taxa
básica de juros – SELIC para 2% em agosto e manteve este patamar até o final do ano. Por
98
A Dívida Bruta do Setor Público abrange o total dos débitos de responsabilidade do Governo Federal,
dos governos estaduais e dos governos municipais, junto ao setor privado, ao setor público financeiro e ao
resto do mundo.

725
outro, a inflação oficial, medida pelo IPCA, apresentou uma alta de 4,52%. Este resultado
foi um pouco superior a inflação verificada em 2019, conforme exposto no gráfico a
seguir.

EVOLUÇÃO DA TAXA DE INFLAÇÃO - IPCA


12,00% 10,67%
10,00%
8,00% 6,50% 6,41%
5,91% 5,84% 5,91% 6,29%
6,00%
4,31% 4,52%
3,75%
4,00% 2,95%
2,00%
0,00%
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Já o IGP-M, utilizado como referência para a correção de valores de


contratos como os de aluguel de imóveis, apresentou uma elevação de 23,14% em 2020,
maior valor desde 2002.
Todos estes dados apresentados sobre o desempenho da economia
brasileira em 2020 mostram que a pandemia do novo coronavírus produziu efeitos de
magnitude nunca observados nos diferentes setores da atividade econômica nacional. No
próximo tópico veremos que estes efeitos se reproduzem de forma similar no
desempenho da economia gaúcha.

16.1.2.3 – Desempenho da economia gaúcha


Da mesma forma que aconteceu com a economia brasileira, a economia
gaúcha também foi profundamente afetada pelas consequências da pandemia da Covid-
19. Além desse aspecto, a estiagem que atingiu o Estado ocasionou uma queda
significativa do valor adicionado da agropecuária. Estes dois fatores contribuíram
decisivamente para que o PIB do RS apresentasse uma queda de 7% no ano de 2020. Este
resultado foi o pior desde o início da série histórica iniciada em 2002. Importante
ressaltar que este resultado não é oficial do IBGE e sim são resultados divulgados pelo
Departamento de Economia e Estatística do governo do Estado do RS.
O valor corrente do PIB em 2020 foi de R$ 473,42 bilhões, o que representa
6,4% do PIB nacional. Já o PIB per capita foi de R$ 41.449,67, o que reflete uma queda
real de 7,4% em relação a 2019.
Na comparação com o desempenho do PIB nacional, constata-se que a
economia gaúcha apresentou um desempenho pior. Desde 2015 o Estado do Rio Grande
do Sul não apresentava desempenho no PIB abaixo do obtido pelo Brasil. Até na
comparação com o comportamento do PIB dos demais estados, o resultado do PIB
gaúcho esteve abaixo da média. Este resultado pode ser observado no gráfico a seguir,
onde estão detalhados os dados do IBC-Br.

726
COMPARAÇÃO ENTRE OS ESTADOS DO IBC-BR NO ANO DE 2020
3
1,7
2
1 0,1 0
0
-1
-0,9 -1 -1,1
-2 -1,6
-3 -2,3
-2,8 -2,8
-4 -3,2
-5 -4,05 -4,3
-4,7
-6
Brasil PA PR PE MG SP GO SC RJ AM CE BA ES RS
Fonte: Banco Central do Brasil

O IBC-Br é uma medida de tendência do PIB calculado pelo Banco Central


do Brasil (BACEN), por isso o valor calculado para o RS difere do valor oficial divulgado
pelo IBGE. De qualquer forma, este indicador aponta que o Estado teve o pior
desempenho entre as unidades da federação brasileira.
Além da pandemia, o principal motivo para esta queda acentuada está na
estiagem que atingiu o Estado e afetou a produção de culturas relevantes, como a soja,
milho e fumo. A produção agropecuária no Estado como um todo sofreu uma queda de
29,6%, enquanto que o resultado verificado no país foi de crescimento de 2%.
O setor de serviços gaúcho sofreu uma retração de 4,8%, valor que esteve
bem próximo do verificado a nível nacional. Neste setor, de acordo com dados do IBGE, as
atividades que tiveram as maiores quedas no RS foram as vendas de tecidos, vestuário e
calçados (-28,8%) e comércio de veículos (-20,2%). Em compensação, o Estado registrou
aumento para as vendas de hipermercados e supermercados (5,9%) e material de
construção (8,4%).
O desempenho da indústria gaúcha (-5,8%) também esteve abaixo da
indústria nacional (-3,5%) no ano de 2020. De acordo com o IBGE, contribuíram para este
resultado no RS o mau desempenho das atividades de couro e calçados (-21,9%) e a
fabricação de veículos e automotores, reboques e carrocerias (-21,9%).
Na comparação do desempenho das principais atividades por setor da
economia verifica-se que na grande maioria das atividades o desempenho gaúcho foi pior
a media nacional no ano de 2020. Apenas as atividades da indústria de transformação;
serviço de transporte, armazenagem e correio; outros serviços e; administração pública
tiveram performances melhores no RS do que no Brasil como um todo. Além disso,
apenas as atividades de intermediação financeira (0,5%) e serviços imobiliários (1,4%)
tiveram desempenho positivo no ano de 2020.
Estes resultados negativos verificados nas principais atividades gaúchas se
refletiram no mercado de trabalho. O Rio Grande do Sul fechou 2020 com 476 mil
pessoas desempregadas (pessoas sem vagas formais ou informais e que seguem em
busca de oportunidades), conforme o IBGE. No final de 2019, o Estado tinha 441 mil
desempregados.

727
Apesar do desemprego no RS ter registrado em 2020 a maior taxa (9,1%)
da série histórica da PNAD Contínua do IBGE, o resultado foi o segundo menos ruim do
país, ficando atrás apenas de Santa Catarina (6,1%).
Em termos de empregos formais, no ano de 2020, o RS perdeu 20.220
empregos com carteira assinada, de acordo com o Caged (cadastro de empregos formais
do Ministério da Economia).
Todos estes números ajudam a ilustrar o estágio da economia gaúcha e os
desafios que ela enfrentou ao longo do ano de 2020.

16.2 – Gestão Orçamentária


As normas que disciplinam as finanças públicas para o Estado Brasileiro
apontam o sistema orçamentário como o principal instrumento para o processo de
planejamento da administração pública. Nesse sentido, os artigos 165 e 169 da
Constituição Federal explicitam que o sistema deve ser constituído de três documentos
interdependentes: a Lei do Plano Plurianual – PPA, a Lei de Diretrizes Orçamentárias –
LDO e a Lei Orçamentária Anual – LOA.
Na Constituição Estadual, o regramento do sistema orçamentário está
disposto nos artigos 149 a 156, com o estabelecimento dos prazos para elaborações das
legislações pertinentes e as sanções pelo Poder Executivo, transcritos a seguir:

PRAZOS DE ELABORAÇÃO – PPA – LDO – LOA


Instrumento Remessa para a Assembleia Legislativa Devolução para sanção pelo Poder Executivo
PPA Até 01-08 do 1º ano de mandato Até 01-10 do 1º ano de mandato
LDO Até 15-05 de cada ano Até 15-07 de cada ano
LOA Até 15-09 de cada ano Até 30-11 de cada ano
Fonte: Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, artigo 152, §8º e §9º.

16.2.1 – Plano Plurianual – PPA 2020/2023 – Lei nº 15.236/2019


O Plano Plurianual – PPA caracteriza-se por ser um instrumento técnico
essencial para o sistema orçamentário do Estado, sendo peça fundamental para o
planejamento da administração pública, sobretudo por ser a fonte de orientação para os
demais planos e programas de governo, entre os quais se incluem as Leis de Diretrizes
Orçamentárias – LDO’s e os Orçamentos Anuais – LOA’s compreendidas no respectivo
período de vigência de quatro anos.
O Projeto de Lei nº 339/2019, sancionado e transformado na Lei nº
15.236/2019, dispõe sobre o Plano Plurianual - PPA para o quadriênio 2020-2023. O PPA
Novas Façanhas é o instrumento legal que define diretrizes, objetivos e metas
governamentais. Sua elaboração foi coordenada pela Secretaria do Planejamento,
Orçamento e Gestão (SEPLAG).
Acompanham o PPA dois anexos, os quais detalham os planos. No artigo
2º, estão compreendidos os quatro eixos do programa de governo:

728
Art. 2º Constituem os eixos estratégicos da administração pública estadual,
direta ou indireta, orientadores do planejamento plurianual para o período
2020-2023:
I - Estado Sustentável;
II - Governança e Gestão;
III - Desenvolvimento Empreendedor; e
IV - Sociedade com Qualidade de Vida.

Cada eixo foi dividido em Programas Temáticos (12 no total), tendo as


seguintes subdivisões: 68 Ações Programáticas, 413 Iniciativas e 1.051 Produtos.
Importante destacar que o Governo do Estado do Rio Grande do Sul
assumiu o compromisso de dar tratamento aos Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável (ODS), estabelecido em 2015 pelos países-membro da Organização das
Nações Unidas como uma agenda de sustentabilidade compartilhada. Cerca de 83% das
Iniciativas do PPA estão alinhadas com um ou mais ODS.
Além disso, cerca de um quarto dos produtos do PPA 2020-2023 foram
regionalizados, dos quais 33% por município, 13% por COREDE e 54% Região Funcional.
Os parâmetros macroeconômicos utilizados como sustentação para a
elaboração da programação de receitas e despesas do PPA 2020-2023 estão identificados
no quadro a seguir:

PREVISÃO DE PIB E DA INFLAÇÃO PARA O PERÍODO ENTRE 2020 E 2023


PARÂMETROS 2020 2021 2022 2023
PIB Real Brasileiro 2,7 2,6 2,5 2,5
Inflação (IPCA) 4,0 3,7 3,7 3,7
Fonte: PPA 2016-2019

A receita pública para o PPA 2020-2023 foi estimada em R$ 254,30 bilhões,


compreendendo a totalidade da receita da administração direta e a receita própria das
autarquias e fundações.

ESTIMATIVA DAS RECEITAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CONSOLIDADA PPA 2020-2023


Em R$ milhões (nominais)
ESPECIFICAÇÃO TOTAL
Receitas Correntes 184.994,4
Receitas de capital 1.061,5
Receitas Intraorçamentárias (dupla contagem contábil) 68.248,7
Receitas Totais PLPPA 2020 – 2023 254.304,9
Fonte: PPA 2020-2023

Com relação à fixação dos dispêndios para o PPA 2020-2023, o executivo


estimou as despesas da administração pública consolidada em R$ 273,33 bilhões,
conforme distribuído na tabela seguinte.

729
DOTAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CONSOLIDADA PARA O PPA 2020 - 2023
Em R$ milhões (nominais)
ESPECIFICAÇÃO TOTAL
Despesas Correntes 189.465,0
Despesas de Capital 13.322,2
Reserva Previdenciária 3.290,5
Despesas Intraorçamentárias 68.248,7
Despesas Totais PLPPA 2020 – 2023 273.326,5
Fonte: PPA 2016-2019

Os números demonstram que no ano de 2020 a realização da receita


alcançou um índice de 25,2% e a das despesas totalizou 23,6% do previsto no PPA. O
resultado orçamentário está detalhado no item 2.3 deste relatório.
Importante observar que o gasto médio anual do PPA 2020-2023 foi
estimado em R$ 68,33 bilhões, e corresponde, aproximadamente, a 14,43% do PIB
gaúcho de 2020 (R$ 473,42 bilhões).

16.2.2 – Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO – Lei nº 15.304/19


Em atendimento às normas legais que regulamentam o processo
orçamentário, o executivo estadual enviou para Assembleia Legislativa o Projeto de
Lei nº 239/2019, o qual, após apreciação pela casa legislativa, foi aprovado em sessão
plenária. Assim, a Lei nº 15.304, de 31 de julho de 2019 passou a ser o diploma
responsável por especificar as diretrizes para elaboração da Lei Orçamentária do Estado
para o exercício de 2020.
Os dispositivos constitucionais (CF artigo 165, §2º, e CE artigo 149, § 3º)
atribuem à Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO a competência para, de forma
antecipada, dispor sobre os programas e ações considerados prioritários na alocação de
recursos, tal como os parâmetros a serem considerados na elaboração da Lei
Orçamentária Anual – LOA. Destarte, a LDO disciplina a possibilidade de realização de
alterações na legislação tributária, a política tarifária a ser desenvolvida pelas empresas
da administração indireta e a especificação da forma de aplicação das agências
financeiras oficiais de fomento.
Em atendimento ao art. 4º da LRF, a LDO foi acompanhada dos seguintes
anexos:
Anexo I – Anexo de Metas Fiscais;
Anexo I.a – Demonstrativos das Metas Anuais
Anexo I.b – Avaliação da Situação Financeira e Atuarial dos Regimes de
Previdência do Estado do Rio Grande do Sul;
Anexo I.c - Evolução do Saldo Patrimonial, Origem e Aplicação dos
Recursos Obtidos com a Alienação de Ativos; e
Anexo I.d - Renúncia de receitas e despesas de caráter continuado;
Anexo II – Anexo de Riscos Fiscais.

730
Segundo os cálculos do executivo estadual, a meta de resultado primário
fixada na LDO foi deficitária em R$ 701,1 milhões, ou seja, as receitas primárias foram
projetadas em valor inferior às despesas primárias. O resultado, porém, foi superavitário
em R$ 2,86 bilhões.

16.2.3 – Lei Orçamentária Anual – LOA – Lei nº 15.399/2019


A Lei Orçamentária Anual 2020, elaborada mediante as orientações da LDO
2020, alocou recursos para a administração pública estadual, em orçamento único
(compreendendo os poderes do Estado, seus fundos, órgãos e entidades da
administração direta e indireta, autarquias e fundações), no exercício de 2020, com
receita estimada em R$ 61,16 bilhões e despesas fixadas em R$ 66,44 bilhões. Estão
incluídas nestes montantes as operações intraorçamentárias, de R$ 16,28 bilhões, em
valores idênticos na receita e na despesa.
O governo estadual elaborou um orçamento realista, demonstrando o
déficit orçamentário previsto, após sucessivos exercícios utilizando a receita
extraordinária para cobertura do déficit orçamentário, a qual de uma forma geral não se
transformava em arrecadação efetiva.

ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO – LEI Nº 15.399/2019


CATEGORIAS ECONÔMICAS – CORRENTES E DE CAPITAL - 2020
Em R$ milhões (nominais)
ORÇAMENTO INICIAL
DISCRIMINAÇÃO
RECEITAS DESPESAS RESULTADO
1. Orçamento Corrente 60.699,7 61.487,5 -787,8
2. Orçamento de Capital 460,2 2.852,3 -2.392,1
3. Reserva Orçamentária - 2.098,6 -2.098,6
4. Orçamento Geral do Estado (1 + 2 + 3) 61.159,9 66.438,4 -5.278,5
5. Intraorçamentária* 16.282,5 16.282,5 -
6. Orçamento Geral do Estado - exceto Intraorçamentária (4 - 5) 44.877,5 50.156,0 -5.278,5
7. Execução Orçamentária do Estado 63.960,6 64.557,9 -597,3
8. Execução Intraorçamentária (dupla contagem)* 16.884,8 16.711,4 173,4
9. Execução Orçamentária – exceto Intraorçamentária (7 – 8) 47.075,8 47.846,5 -770,7
Fonte: Sistema Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Receitas e Despesas Intraorçamentárias: dupla contagem decorrente, especialmente, de recursos empenhados pelos Poderes/Órgãos e
ingressados no IPERGS para o custeio de assistência médica e previdência. Nos demais casos, a dupla contagem refere-se a repasses de recursos entre
a Administração Direta, Autarquias e Fundações com contrapartida da entrega de bens ou da prestação de serviços.

A previsão inicial indicava déficit de R$ 5,28 bilhões, porém, ao final de


2020, a execução orçamentária gerou déficit orçamentário de R$ 597,3 milhões. Esse
resultado é analisado no subitem 2.3.2, mais adiante.
Depurado das transações intraorçamentárias (duplicidades de registro), o
déficit orçamentário foi de R$ 770,7 milhões.
Essas transações (receitas e despesas intraorçamentárias) são decorrentes,
especialmente, de recursos empenhados pelos poderes/órgãos e ingressados no IPE-Prev
e IPE-Saúde, para o custeio de assistência médica e previdência. Nos demais casos,

731
referem-se a repasses de recursos entre a administração direta, autarquias e fundações
com contrapartida da entrega de bens ou da prestação de serviços.

16.2.3.1 – Orçamento: Alterações Orçamentárias


Durante a execução orçamentária, é permitida a abertura de créditos
adicionais (classificados em suplementares, especiais e extraordinários) com autorizações
de despesas não computadas ou insuficientemente dotadas na LOA, conforme disposto
nos artigos 40 e 41 da Lei nº 4.320/64.
O art. 43 da referida lei prevê a abertura dos créditos suplementares e
especiais com a existência de recursos disponíveis para ocorrer a despesa e será
precedida de justificativa.
§ 1º Consideram-se recursos para fim deste artigo, desde que não
comprometidos:
I - o superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do exercício anterior;
II - os provenientes de excesso de arrecadação;
III - os resultantes de anulação parcial ou total de dotações orçamentárias ou de
créditos adicionais, autorizados em Lei;
IV - o produto de operações de crédito autorizadas, em forma que
juridicamente possibilite ao poder executivo realizá-las.
Embora tenha havido alterações na dotação orçamentária, aumentando a
despesa autorizada, a execução do orçamento geral do Estado, em 2020 foi abaixo do
orçado.

ALTERAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS – 2020


Em R$ milhões (nominais)
DOTAÇÃO DOTAÇÃO DESPESA
GRUPOS DA DESPESA SUPLEMENTAÇÕES REDUÇÕES
INICIAL ALTERADA EMPENHADA
Pessoal e Encargos Sociais 46.990,2 6.581,6 4.508,4 49.063,4 47.181,0
Juros e Encargos da Dívida 2.795,8 - 216,4 2.579,4 2.573,7
Outras Despesas Correntes 11.905,5 3.221,8 1.352,8 13.774,5 12.067,1
Investimentos 987,0 842,3 370,3 1.459,0 864,3
Inversões Financeiras 101,3 25,7 4,0 123,0 105,9
Amortização da Dívida 1.763,9 643,0 618,3 1.788,6 1.765,8
Reserva de Contingência 1.894,7 - 1.122,0 772,7 -
Total 66.438,4 11.314,4 8.192,1 69.560,8 64.557,9
Fonte: Sistema Finanças Públicas Estaduais – FPE
Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG
Obs: Integram o total das depesas empenhadas as operações intraorçamentárias.

Abertura de créditos adicionais com redução de dotações não gera impacto


no orçamento, sendo apenas uma realocação de recursos em outras rubricas.
Os orçamentos, suas alterações e respectivas execuções, ao longo do
período de 2010 até 2020, constam na próxima tabela.

732
ALTERAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS E EXECUÇÃO – 2010 a 2020
Em R$ milhões (nominais)
RECEITA DOTAÇÃO DESPESA %
EXERCÍCIO
REALIZADA ALTERADA EMPENHADA EXECUTADO
2010 28.626,6 31.032,9 28.781,0 92,7%
2011 29.609,9 32.211,4 30.104,3 93,5%
2012 32.587,9 35.808,6 33.232,4 92,8%
2013 36.328,3 41.127,6 37.745,3 91,8%
2014 41.538,0 46.909,9 42.731,4 91,1%
2015 40.980,7 49.761,8 45.558,9 91,6%
2016 47.011,0 52.573,0 47.020,3 89,4%
2017 48.545,5 53.055,7 50.185,2 94,6%
2018 53.232,3 60.679,0 56.143,7 92,5%
2019 55.050,0 61.196,8 58.250,4 95,2%
2020 47.075,8 52.175,1 47.846,5 91,7%
Fonte: Sistema Finanças Públicas Estaduais – FPE
Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG
Nota 1: valores sem as operações intraorçamentárias
Nota 2: A partir de 2020, as transferências constitucionais aos municipios passaram a ser contabilizadas como deduções da receita, reduzindo assim os
valores em comparação aos anos anteriores.

16.2.3.2 – Orçamento: Previsão x Execução


Em 2020, a receita do Estado foi 4,6% superior ao previsto, considerando
as operações intraorçamentárias, o que gerou um incremento de R$ 2,80 bilhões frente
ao previsto na LOA. O forte impacto causado pela pandemia da Covid-19 foi sentido na
arrecadação, que teve uma redução de 2,3% do previsto. O ICMS, principal imposto da
economia gaúcha, sofreu uma queda de R$ 1,17 bilhão frente ao previsto, o que
representou 3,1% a menos do projetado. Porém, os auxílios da União, principalmente em
razão da LC nº 173/20, compensaram essa queda. O valor destinado para aplicação livre
foi de R$ 1,95 bilhão, ou seja, maior do que a queda registrada na arrecadação.
Destacam-se também os valores recebidos para aplicação na saúde, no combate à
pandemia: R$ 558,7 milhões em portarias do Ministério da Saúde e R$ 261,6 milhões da
LC nº 173/20.
A execução da despesa foi 2,8% abaixo da dotação inicial, ou seja, R$ 1,88
bilhão a menos que o planejado. Houve queda nas despesas correntes, como Pessoal e
Encargos Sociais e nos Juros e Encargos da Dívida, bem como redução nas despesas de
capital, em investimentos. Porém, o que mais impactou na queda foi o valor previsto em
reserva orçamentária, de R$ 1,89 bilhão, sendo que não houve execução deste grupo.
O governo estadual aprovou, em 2020, reforma administrativa, cortando
vantagens temporais, bem como não houve reposição salarial aos servidores. Cita-se
também a falta de contratação de novos servidores e os efeitos da reforma
previdenciária, aprovada ao final de 2019. As particularidades da despesa estão mais bem
explicadas no capítulo quatro deste relatório.
Cotejando-se as previsões e execuções da receita e despesas, chega-se ao
seguinte cenário:

733
ORÇAMENTO VERSUS EXECUÇÃO DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA - 2020
Em R$ milhões (nominais)

DIFERENÇA
DISCRIMINAÇÃO PREVISÃO EXECUÇÃO
VALOR % DA PREVISÃO
Receitas Orçamentárias 61.159,9 63.960,6 2.800,7 4,6%
Despesas Orçamentárias 66.438,4 64.557,9 -1.880,5 -2,8%
Resultado Orçamentário -5.278,5 -597,3 4.681,2 88,7%
Operações Intraorçamentárias - 173,4 173,4
Resultado sem Operações Intraorçamentárias -5.278,5 -770,7 4.507,8 85,4%
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.

Enquanto a LOA previu um déficit orçamentário de R$ 5,28 bilhões, a


execução em 2020 foi deficitária em R$ 770,0 milhões. Excluindo-se as operações
intraorçamentárias, o déficit foi de R$ 597,3 milhões no ano em análise.
Houve redução de 85,4% no déficit orçamentário previsto, o que
demonstra o bom resultado atingido no ano de 2020. A análise aprofundada da receita
está no capítulo 3, enquanto da despesa está no capítulo 4, ambos deste relatório.

16.2.3.3 – Orçamento: Execução da Despesa Empenhada e dos Restos a Pagar


A execução da despesa, quanto aos valores empenhados, liquidados e
pagos, assim se apresentou em 2020:

DESPESA CONSOLIDADA DO ESTADO – EMPENHADO X LIQUIDADO X PAGO X RESTOS A PAGAR 2020


Em R$ milhões (nominais)
RESTOS A PAGAR
EMPENHADO LIQUIDADO PAGO
GRUPOS DE DESPESA Inscritos no Exercício
(A) (B) (C) (D) = (A – C) % (D/A)
01 - Pessoal e Encargos Sociais 30.486,9 30.031,1 28.479,9 2.007,1 6,6%
02 - Juros e Encargos da Dívida 2.573,7 2.573,7 241,1 2.332,6 90,6%
03 – Outras Despesas Correntes 12.049,8 11.447,9 10.551,4 1.498,4 12,4%
04 – Investimentos 864,3 430,2 377,6 486,7 56,3%
05 – Inversões Financeiras 105,9 79,2 71,1 34,8 32,8%
06 – Amortização da Dívida 1.765,8 1.765,8 627,7 1.138,1 64,5%
Total Despesas (exceto Intraorçamentárias) 47.846,5 46.327,9 40.348,8 7.497,7 15,7%
( + ) Despesas Intraorçamentárias* 16.711,4 16.708,4 16.888,0 -176,6 -1,1%
Total Despesa Consolidada do Estado 64.557,9 63.036,3 57.236,8 7.321,1 11,3%
Fonte: Sistema Cubos DW da SEFAZ/CAGE
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG
(*) Dupla contagem decorrente, especialmente, de recursos empenhados pelos Poderes/Órgãos e ingressados no IPERGS para o custeio de assistência
médica e previdência. Nos demais casos, a dupla contagem refere-se a repasses de recursos entre a Administração Direta, Autarquias e Fundações com
contrapartida da entrega de bens ou da prestação de serviços.

Foram inscritos em restos a pagar 11,3% (R$ 7,32 bilhões) do montante


empenhado em 2020 (R$ 5,80 bilhões de restos a pagar processados e R$ 1,52 bilhão de
restos a pagar não processados).

734
16.2.4 – Resultado Orçamentário
O resultado orçamentário da administração pública estadual,
considerando-se o montante empenhado para a despesa e arrecadado para a receita, foi
deficitário em R$ 597,3 milhões.
Esse resultado consolidado é demonstrado a seguir, por setores da
administração pública estadual, consideradas as transferências financeiras
intragovernamentais.

16.2.4.1 – Resultado Orçamentário na Administração Direta, Autarquias e Fun-


dações
Os resultados orçamentários por setores da administração pública estadual
(administração direta, autarquias e fundações) estão demonstrados, inicialmente, pela
arrecadação na origem e pela despesa no destino e, posteriormente, acrescidos das
Transferências Financeiras Intragovernamentais – TFI’s, registradas
extraorçamentariamente.
Os resultados finais, após as transferências intragovernamentais da
administração direta para a indireta e vice-versa, alcançaram montante deficitário na
administração direta (R$ 2,27 bilhões) e superavitário nas fundações (R$ 20,3 milhões) e
nas autarquias (R$ 1,65 bilhão).

EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA – ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA – 2020


Em R$ milhões (nominais)
DISCRIMINAÇÃO DIRETA AUTARQUIAS FUNDAÇÕES CONSOLIDADO
RECEITAS 40.392,6 23.483,6 84,4 63.960,6
RECEITAS CORRENTES 39.320,2 6.616,9 83,4 46.020,6
Receita Impostos e Taxas (1) 27.512,2 1.477,6 - 28.989,9
Receita de Contribuições - 4.394,8 - 4.394,8
Receita Patrimonial (2) 245,4 250,1 2,2 497,7
Receita Agropecuária 1,1 - - 1,1
Receita Industrial 0,0 - - 0,0
Receita de Serviços 156,3 176,4 67,9 400,6
Transferências Correntes (1) 11.146,8 16,2 6,9 11.170,0
Outras Receitas Correntes (1) 258,4 301,7 6,4 566,6
RECEITAS DE CAPITAL 1.054,2 - 1,0 1.055,2
Operações de Crédito 24,9 - - 24,9
Alienação de Bens 808,2 - 0,0 808,2
Amortização de Empréstimos 24,6 - - 24,6
Transferências de Capital 196,5 - 1,0 197,5
Outras Receitas de Capital 0,1 - - 0,1
RECEITAS INTRAORÇAMENTÁRIAS 18,1 16.866,7 - 16.884,8

DESPESAS 43.847,4 19.907,1 803,3 64.557,9


DESPESAS CORRENTES 24.903,9 19.411,4 795,1 45.110,4
Pessoal e Encargos Sociais 14.155,5 15.736,4 595,1 30.486,9
Juros e Encargos da Dívida 2.573,7 - - 2.573,7

735
EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA – ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA – 2020
Em R$ milhões (nominais)
DISCRIMINAÇÃO DIRETA AUTARQUIAS FUNDAÇÕES CONSOLIDADO

Outras Despesas Correntes 8.174,7 3.675,1 200,0 12.049,8


DESPESAS DE CAPITAL 2.440,4 292,8 2,9 2.736,0
Investimentos 616,0 245,5 2,8 864,3
Inversões Financeiras 105,9 - - 105,9
Amortização da Dívida 1.718,4 47,2 0,1 1.765,8
DESPESAS INTRAORÇAMENTÁRIAS 16.503,1 202,9 5,4 16.711,4

RSULTADO ORÇAMENTÁRIO -3.454,9 3.576,5 -718,9 -597,3


Transferências Intragovernamentais: 1.185,9 -1.925,1 739,2 -
Ingresso de valores 2.430,5 504,9 739,8 3.675,1
Saídas de valores ( 1.244,6) (2.430,0) ( 0,5) ( 3.675,1)
Resultado após Transf. Intragovernamentais -2.269,0 1.651,4 20,3 -597,3
Fonte: Sistema Cubos DW/SefazRS
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG

16.2.4.2 – Resultado Orçamentário: Histórico


Apresenta-se a seguir, os resultados orçamentários alcançados pelo Estado
nos últimos exercícios:

RESULTADOS ORÇAMENTÁRIOS DO ESTADO – 2010 a 2020


Em R$ milhões
EXERCÍCIO RESULTADO ORÇAMENTÁRIO
2010 (156,5)
2011 (487,6)
2012 (732,2)
2013 (1.394,0)
2014 (1.266,7)
2015 (4.942,5)
2016 (143,1)
2017 (1.668,7)
2018 (2.737,8)
2019 (3.432,5)
2020 (597,3)
Fonte: Sistema Cubos DW/Sefa-RS
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG

Nota-se o histórico de déficits orçamentários atingidos pelo Rio Grande do


Sul nos últimos exercícios. A situação foi se deteriorando entre 2010 até 2015, quando o
resultado foi deficitário em R$ 4,94 bilhões. No ano seguinte, em 2016, por diversas
razões extraordinárias (venda da folha dos servidores, atrasos nos pagamento salariais,
aumento de restos a pagar de fornecedores, etc.) o resultado melhorou
substancialmente, para retomar a tendência de queda nos anos seguintes.

736
O ano de 2020 apresentou, novamente, uma significativa melhora,
também devido a fatores extraordinários (repasses federais para combate ao Covid-19),
mas igualmente houve ações diretas do governo estadual, como a reforma da
previdência, reforma administrativa, decretos de contingenciamento, entre outros.
Outro fator relevante nas contas públicas é a restrição imposta pelas
vinculações constitucionais, que no Rio Grande do Sul difere do conjunto da Federação, a
exemplo da vinculação de 35% com educação prevista na Constituição Estadual, e não de
25% estabelecida na Constituição Federal. Para cumprir essa vinculação de 35%, e as
demais vinculações, tais como a de 12% para a saúde; de 1,5% para a pesquisa científica e
tecnológica; e de 0,5% para o ensino superior comunitário, o resultado orçamentário de
2020 seria deficitário em mais R$ 4,67 bilhões.

DIFERENÇA A MENOR EM RELAÇÃO AO CUMPRIMENTO INTEGRAL DAS VINCULAÇÕES CONSTITUCIONAIS (*)


Em R$ milhões (nominais)
ENSINO TOTAL
Exercício MDE PESQUISA SAÚDE**
SUPERIOR NÃO APLICADO
2010 1.424,6 80,8 218,6 726,0 2.450,0
2011 1.251,5 83,9 227,8 735,4 2.298,6
2012 1.022,8 92,0 243,9 477,2 1.835,9
2013 871,9 104,2 283,7 650,5 1.910,3
2014 553,4 112,7 301,8 531,3 1.499,2
2015 346,7 119,6 332,0 841,1 1.639,4
2016 1.670,0 133,6 374,4 885,4 3.063,4
2017 1.876,5 56,1 400,1 841,7 3.174,4
2018 2.601,2 58,8 439,6 918,5 4.018,1
2019 2.681,1 62,5 456,8 1.051,3 4.251,6
2020 2.433,5 70,0 458,7 1.108,1 4.070,3
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Vide Capítulo 9 – Vinculações Constitucioniais.
(**) Exclusão do montante aplicado, por interpretações divergentes e pelo princípio da prudência aplicado às normas da LC nº 141/2012: dos gastos com
a Corsan até 2012; e dos valores empenhados com as contribuições patronais ao IPE-Saúde e com as aposentadorias, pensões e encargos sobre a folha
dos inativos, a partir de 2013.

16.2.5 – Histórico das Superestimativas de Receitas


Analisando-se os orçamentos dos últimos 20 anos, na maioria dos
exercícios as despesas orçadas foram maiores do que a previsão da receita que
efetivamente deveria ingressar nos cofres do Estado. Dessa forma o Rio Grande do Sul
utilizou a técnica de criar-se uma rubrica, na parte da receita, para que o equilíbrio
orçamentário seja mantido, ou seja, que as receitas e despesas previstas sejam idênticas.
De acordo com o princípio do equilíbrio orçamentário, a lei orçamentária anual deve
assegurar que o valor da despesa fixada não seja superior ao valor da receita prevista,
conforme entendimento da Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF:
Art. 4º A lei de diretrizes orçamentárias atenderá o disposto no § 2o do art. 165
da Constituição e:
I - disporá também sobre:
a) equilíbrio entre receitas e despesas;

737
Anteriormente, este déficit orçamentário era ocultado com a previsão de
receitas extraordinárias de difícil realização, tais como a indenização pela manutenção
das rodovias federais, o ressarcimento adicional à Lei Kandir e operações de crédito para
redução de encargos da dívida, o que ocorreu, por exemplo, nos exercícios de 2005 a
2007.
Em 2008, pela primeira vez o orçamento não apresentou equilíbrio entre as
receitas e as despesas, sendo o déficit de R$ 1,29 bilhão evidenciado na peça
orçamentária. Em 2009, o orçamento foi apresentado de forma equilibrada.
Entre 2012 e 2019 voltou-se a utilizar uma rubrica, a qual, entretanto,
passou a ser denominada de “Receita Extraordinária para Cobertura do Déficit” a qual
visa para fins orçamentários, atingir o equilíbrio entre receita e despesa.
Ilustra-se com o orçamento de 2019 (Lei nº 15.237/18):

Art. 2º Fica criada a Receita Extraordinária para Cobertura do Deficit, inclusa na


Receita Corrente do Estado, com valor correspondente a R$ 7.390.836.089,00
(sete bilhões, trezentos e noventa milhões, oitocentos e trinta e seis mil, oitenta
e nove reais), referente à estimativa de fonte de recurso de demais
compensações financeiras, que o Poder Executivo fica autorizado a utilizar para
cobrir o deficit orçamentário, nos termos da Lei n° 4.320/64.

Os valores utilizados para igualar o orçamento estadual foram os seguintes:

RECEITA EXTRAORDINÁRIA PARA FINS DE ORÇAMENTO


Em R$ milhões nominais
ANO RECEITAS EXTRAORDINÁRIAS DIFERENÇA ENTRE RECEITA ORÇADA/REALIZADA
2012 246,1 -792,9
2013 1.201,3 -885,3
2014 2.305,2 -611,1
2015 1.790,5 -7.173,6
2016 4.621,3 -6.066,6
2017 2.971,9 -1.931,9
2018 6.874,0 -3.451,7
2019 7.390,8 -2.933,8
2020 * *
2021 * *
Fonte: Sistema Cubos DW/Sefazr-RS
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG
*Nos exercícios de 2020 e 2021 o orçamento foi aprovado de forma “desequilibrada”, com déficits previstos de R$ 5.280 e R$ 8.100 bilhões respecti-
vamente.

Na lei orçamentária anual de 2020, não houve a utilização desta técnica. A


peça orçamentária aprovada pela Assembleia Legislativa (Lei nº 15.399/19) estimou as
despesas em R$ 66,44 bilhões e as receitas em R$ 61,16 bilhões, o que resultou numa
proposta orçamentária para o ano corrente com déficit orçamentário de R$ 5,28 bilhões.
Da mesma forma a lei orçamentária para 2021 (Lei nº 15.562/20) com uma
previsão de R$ 66,92 em despesas e R$ 58,82 para as receitas, aponta para um déficit

738
previsto de R$ 8,10 bilhões99. Destaca-se que estes valores se tratam de previsão,
efetuada quando da elaboração da LOA.
O real déficit, efetivamente realizado, decorrente da realização de
despesas em valores superiores as receitas, vem sendo coberto apenas de forma parcial
de diferentes maneiras: no exercício de 2013, por exemplo, houve significativo saque de
depósitos judiciais não tributários, e a partir deste ano, “empréstimos” do SIAC. A tabela
a seguir demonstra valores do Sistema Integrado de Administração de Caixa (SIAC),
originalmente instituído pelo Decreto nº 33.959/1991 “emprestados” para cobertura
parcial deste déficit, assim como os depósitos judiciais utilizados.

UTILIZAÇÃO DO SIAC E DEPÓSITOS JUDICIAIS


Em R$ milhões nominais
UTILIZAÇÃO
ANO SAQUES SIAC DEPÓSITOS TOTAL UTILIZADO SALDO CONTA SALDO DEPÓSI-
(A) (B) JUDICIAIS (B+C) RESGATE TOS JUDICIAIS
(C)
2012 1.567,0 - 1.567,0 4.343,9 2.043,0
2013 (2.724,0) 5.015,0 2.291,0 1.619,9 7.058,0
2014 2.462,2 650,0 3.112,2 4.082,1 7.708,0
2015 306,1 1.956,8 2.263,0 4.388,3 9.664,8
2016 831,5 492,9 1.324,4 5.219,8 10.157,7
2017 1.674,6 493,4 2.168,0 6.894,4 10.651,1
2018 1.361,1 40,0 1.401,1 8.255,4 10.691,1
2019 1.691,4 -95,4 1.596,0 9.946,9 10.595,7
2020 (3.454,3) - (3.454,3) 6.492,6 10.595,7
Fonte: Sistema Cubos/DW/Sefaz-RS
Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG

A utilização de valores do SIAC, bem como de depósitos judiciais, está


detalhada no capítulo 6 – Gestão Patrimonial e Financeira.
Na impossibilidade de cobertura total do déficit, o Estado passou a atrasar
seus compromissos, o que ocasionou, entre outras situações, o atraso no pagamento dos
salários dos servidores.

16.3 – Comportamento das Receitas

16.3.1 –Receitas Orçamentárias


O Poder Público com o objetivo de atingir os seus propósitos junto à
sociedade, notadamente, a adequada oferta de serviços por meio da execução de
políticas públicas nas mais diversas áreas, como em educação, saúde e segurança,
necessita auferir receitas que permitirão o financiamento dessas prestações junto à
população.
As receitas públicas podem advir da exploração do patrimônio do Estado,
nas chamadas receitas derivadas, ou ter origem no exercício do poder de polícia
administrativa por meio do qual o Estado lança mão de princípios como o da Supremacia

99
O Art. 5º desta Lei especifica que a cobertura do déficit orçamentário previsto para o exercício
econômico-financeiro de 2021 será buscada por meio de receitas adicionais, controle de despesas e através
da adesão ao Regime de Recuperação Fiscal.

739
do Interesse Público sobre o Privado e mediante edição de leis institui tributos cobrados
das pessoas físicas e jurídicas.
O Comportamento das Receitas Orçamentárias do Estado em 2020,
comparativamente ao exercício de 2019, com os valores atualizados pelo IPCA, é
demonstrado pela próxima tabela.

RECEITA ORÇAMENTÁRIA - 2016/2020


Em R$ milhões
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO Δ% Δ% Δ% Δ% Δ%
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
Impostos ** 25.160,79 25.881,21 2,86 27.317,98 5,55 28.232,46 3,35 27.182,50 -3,72 8,04
Taxas 1.738,87 1.916,77 10,23 2.154,08 12,38 2.046,37 -5,00 1.807,36 -11,68 3,94
Contribuições 3.587,53 3.504,70 -2,31 3.852,33 9,92 3.828,41 -0,62 4.394,80 14,79 22,50
Patrimonial *** 2.197,05 799,66 -63,74 846,86 6,30 954,67 12,73 497,73 -47,86 -77,35
Agropecuária 1,80 1,23 -31,76 1,74 40,93 1,19 -31,69 1,06 -10,82 41,42
Industrial 0,052 0,014 -72,81 0,006 -55,67 0,002 -65,04 0,002 -2,84 -95,90
Serviços 441,73 562,33 27,30 558,67 -0,65 529,52 -5,22 400,56 -24,35 -9,32
Transferências
9.075,01 8.686,24 -4,28 8.702,45 0,19 8.616,61 -0,99 11.169,99 29,63 23,09
Correntes ***
Outras Receitas
1.014,12 1.461,14 44,08 1.332,41 -8,81 1.073,54 -19,43 566,57 -47,22 -44,13
Correntes ***
Receitas Correntes 43.216,96 42.810,31 -0,94 44.766,53 4,57 45.282,77 1,15 46,020,57 1,63 6,49
Operações de
383,00 616,01 60,84 289,29 -53,04 198,03 -31,55 24,87 -87,44 -93,51
Crédito
Alienação de Bens 96,79 140,52 45,18 912,16 549,15 588,36 -35,50 808,19 37,36 735,02
Amortização de
55,26 25,06 -54,65 26,84 7,10 28,35 5,61 24,63 -13,13 -55,44
Empréstimos
Transferências de
108,44 98,03 -9,60 221,25 125,70 44,42 -79,92 197,51 344,68 82,13
Capital
Outras Receitas de
1,15 - -100,0 - - 7,51 - 0,053 -99,30 -95,39
Capital
Receitas de Capital 644,64 879,62 36,45 1.449,54 64,79 866,66 -40,21 1.055,25 21,76 63,70
Receitas
43.861,59 43.689,93 -0,39 46.216,06 5,78 46.149,44 -0,14 47.075,82 2,01 7,33
Orçamentárias
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE .
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.
(**) Receita Líquida após dedução do FUNDEB e da Transferências aos Municípios, que era contabilizada como despesa até 2019.
(***) Receita Líquida após deduções.

A tabela acima evidenciou os valores arrecadados bem como as suas


variações ao longo do período 2016-2020. Os destaques ficam por conta da queda de
3,72% na receita de impostos frente aos valores inflacionados de 2019, fortemente
influenciada pelo contexto de retração econômica em função da pandemia da Covid-19.
Em linha oposta se comportou a receita de contribuições, que apresentou incremento
real de 14,79%, números explicados pelas Reformas Previdenciárias cujos efeitos
entraram em vigor em 2020 mediante alterações nas tabelas de alíquotas e bases de
cálculo das referidas receitas previdenciárias. Por derradeiro destacam-se as
transferências correntes, que tiveram expressivo aumento de 29,63% frente o exercício
de 2019, em grande parte por conta dos recursos enviados pela União de forma
extraordinária para auxiliar no combate à pandemia e às externalidades que foram
causadas na economia e arrecadação.

740
A arrecadação de receitas orçamentárias, em 2020, teve leve aumento em
termos reais, de 2,01%, corrigidos pelo IPCA, em relação a 2019, perfazendo o montante
de R$ 47,08 bilhões. Quando comparadas com o exercício de 2016 a variação positiva é
de 7,33%.

16.3.2 – Receitas Tributárias


Em 2020, as Receitas Tributárias, principal fonte de recursos do Tesouro
Estadual, atingiram o montante de R$ 45,45 bilhões, refletindo, em valores reais, uma
queda de 3,07% em relação ao de 2019 (inflacionado pelo IPCA/IBGE). Considerando-se,
também em termos reais, o valor líquido após a contribuição para a formação do FUNDEB
e a Transferência aos Municípios, as Receitas Tributárias registraram um decréscimo de
4,06%, atingindo R$ 28,99 bilhões.
O IPVA, em 2020, foi responsável pela arrecadação bruta de R$ 3,22
bilhões, equivalente a 7,08% do total das Receitas Tributárias. As deduções relativas ao
FUNDEB e Transferências aos Municípios atingiram R$ 321,9 milhões e R$ 1,61 bilhão,
respectivamente, perfazendo uma arrecadação líquida desse imposto de R$ 1,28 bilhão, o
que representou 3,24% da arrecadação tributária líquida. Registra-se, assim, um aumento
em 2020 – 1,46% na arrecadação bruta e 1,21% no IPVA líquido -, após redução em 2019
de 5,48% nos valores brutos e 6,53% na quantia após as deduções. Como a arrecadação
do IPVA acaba sendo antecipada para dezembro em alguns anos, como ocorrera em
2018, podem ocorrer estas variações.
A arrecadação do ITCD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e
Doação) vem registrando aumentos sucessivos desde 2017, atingindo a variação de 9,20%
no ano de 2020 frente ao desempenho no exercício anterior. A dedução ao FUNDEB de R$
152,0 milhões ocorrera sobre um ingresso bruto de R$ 759,8 milhões de cujo cotejo
resultou o valor líquido de R$ 607,8 milhões, estes com aumento real de 9,18% em
comparação a 2019.
Os ingressos do IRRF, em termos reais, sofreram uma retração de 1,49%,
na comparação ao ano anterior, atingindo a cifra de R$ 3,28 bilhões. Da mesma forma,
houve redução nos ingressos provenientes dos pagamentos de Taxas, de 8,84%, sendo
que as cifras giraram na ordem de R$ 1,81 bilhão. Também com queda de arrecadação,
22,09% nos valores líquidos arrecadados, o ITBI representou o ingresso líquido de R$ 1,3
bilhão, após a dedução de R$ 1,3 bilhão para Transferência aos Municípios realizada
sobre o ingresso bruto de R$ 2,6 bilhões.
O ICMS, principal tributo estadual, correspondeu a 80,04% do total da
Receita Tributária em 2019, atingindo R$ 36,38 bilhões. Este valor representa uma queda
de 3,51% em relação ao valor corrigido de 2019. Considerando a dedução para o FUNDEB
(R$ 5,39 bilhões) e Transferência aos Municípios (R$ 8,99 bilhões), o valor líquido foi de
R$ 22,0 bilhões, representando 55,58% do total da receita Tributária Líquida. Devido ao
seu campo de incidência o ICMS restou como uma fonte de recursos fortemente atingida
pela redução do nível de atividade econômica advinda dos efeitos da pandemia do novo
coronavírus.

741
16.3.2.1 – ICMS
Do total arrecadado, além dos valores deduzidos ao FUNDEB, vinte e cinco
por cento são remetidos aos municípios do Estado. O rateio dos valores entre os
municípios é influenciado principalmente pelo Valor Agregado Fiscal da economia do
município, sem prejuízo de outros indicadores também impactantes para definição do
valor devido por cada municipalidade.
O ritmo da economia, sobretudo dos setores que estão em sua base de
incidência, tem forte impacto sobre o nível de arrecadação. As dificuldades enfrentadas
pela economia mundial tiveram suas consequências no nível de arrecadação dessa exação
estadual, em 2020. Na sequência desdobram-se os números do ICMS no ano de 2020.
Em 2020, a arrecadação do ICMS tributário, entendido como sendo o valor
depurado, sem contar as quantias arrecadadas a título de multas, juros de mora, dívida
ativa e adjudicações, alcançou a soma de R$ 35,45 bilhões, montante que representou
um incremento nominal de 3,66%, quando comparado com os números do exercício
anterior. Porém, ao compararmos com o valor de 2019 corrigido pelo IPCA/IBGE Médio, a
elevação cai para 0,44%.
Em relação ao PIB, o ICMS tributário subiu em termos de participação de
7,20%, em 2019, para 7,49%, em 2020, e não houve majorações de alíquotas entre esses
períodos.
Quanto ao ICMS arrecadado a qualquer título, o qual inclui a cobrança do
ICMS inscrito em Dívida Ativa, os juros de mora, as multas por pagamentos em atraso e as
adjudicações (aliás, é o índice utilizado para o cálculo do valor do repasse constitucional
aos Municípios), a soma obtida atingiu o montante de R$ 36,38 bilhões, registrando
queda real de 3,51% quando comparado a 2019.
É relevante relatar fatos que influenciaram na arrecadação do ICMS em
2020, tanto aumentando a arrecadação quanto diminuindo.
Primeiro faz-se necessário ressaltar que estiveram vigentes as regras
previstas na Lei nº 14.742/2015, apresentada pelo Executivo Estadual com o objetivo de
aumentar a arrecadação do ICMS-RS.
Esta Lei foi responsável por instituir o Fundo de Proteção e Amparo Social
do Estado do Rio Grande do Sul - AMPARA/RS, com a finalidade de destinar os recursos
provenientes do acréscimo de dois pontos percentuais nas alíquotas de incidência do
imposto sobre alguns artigos reconhecidos como supérfluos para viabilizar o acesso a
níveis dignos de subsistência a toda a população do Estado do Rio Grande do Sul.
Sobre os valores arrecadados, constatou-se que o AMPARA/RS foi
responsável, em 2020, pelo ingresso de R$ 302,5 milhões, quando considerado apenas o
ICMS tributável, e R$ 303,4 milhões quando avaliado no conjunto das receitas de ICMS a
qualquer título.
Segundo fato a influenciar a arrecadação do ICMS em 2020 refere-se à Lei
nº 15.238/2018, que prorrogou as modificações introduzidas pela Lei nº 14.743/2015 por
mais dois anos (2019 e 2020). Além de elevar de 17% para 18% a alíquota básica do ICMS
aplicada nas operações e prestações de serviços sem alíquota específica, aumentou as
incidentes sobre a base de cálculo dos setores de energia elétrica, combustíveis e

742
comunicação, de 25% para 30%. O Estado aponta um aumento de R$ 3,00 bilhões de
arrecadação a partir dos efeitos destas mudanças.
O terceiro fator, que pode ter impactado na arrecadação do ICMS a
qualquer título de 2020 foi a não realização do programa de recuperação de créditos
comumente denominado “REFAZ”.
Por derradeiro, porém com significativo impacto na economia global, e
consequentemente na arrecadação de ICMS, foram sentidos os efeitos da Pandemia da
Covid-19.

16.3.2.1.1 – Arrecadação de ICMS mensal


Este tópico apresenta o desempenho da arrecadação de ICMS mês a mês
no ano de 2020, em comparação com igual período de 2019. O objetivo é ilustrar os
períodos em que as atividades econômicas foram mais afetadas pelo contexto de
pandemia ao longo de praticamente todo o exercício, como demonstrado na sequência
em relação ao ICMS Bruto e Líquido.

ARRECADAÇÃO MENSAL ICMS BRUTO – 2020


Em R$ milhões (nominais)

EXERCÍCIO - 2019 EXERCÍCIO – 2020 VARIAÇÃO 19/20


MÊS

VALOR MÊS ACUMULADO VALOR MÊS ACUMULADO MÊS ACUMULADO


JANEIRO 2.730 2.730 3.335 3.335 22,2% 22,2%
FEVEREIRO 2.814 5.544 3.123 6.458 11,0% 16,5%
MARÇO 2.804 8.348 2.887 9.346 3,0% 11,9%
ABRIL 2.987 11.335 2.606 11.952 -12,8% 5,4%
MAIO 2.840 14.175 2.067 14.019 -27,2% -1,1%
JUNHO 2.791 16.966 2.454 16.473 -12,1% -2,9%
JULHO 2.818 19.785 2.729 19.202 -3,2% -2,9%
AGOSTO 2.895 22.680 3.016 22.219 4,2% -2,0%
SETEMBRO 2.931 25.610 3.319 25.538 13,3% -0,3%
OUTUBRO 2.895 28.506 3.359 28.897 16,0% 1,4%
NOVEMBRO 3.353 31.858 3.675 32.572 9,6% 2,2%
DEZEMBRO 3.885 35.743 3.647 36.219 -6,1% 1,3%
Fonte: Cubos DW/FPE SEFAZ RS
Cálculos: Equipe técnica SAIPAG
Obs: Em 2019 e 2020, não estão considerados os valores referente ao programa Compensa RS. Por tratar-se de valor compensado com precatórios, não houve o efetivo
ingresso financeiro.

Os dados da arrecadação mensal bruta de ICMS demonstram que nos


meses de janeiro a março de 2020, que decorrem da atividade econômica de dezembro a
fevereiro (recolhimento do ICMS no mês seguinte ao fato gerador, em regra), o
desempenho era superior ao do exercício anterior, tanto na comparação de cada mês em
referência como nos valores acumulados. Esse primeiro período citado envolvia fatos
geradores ocorridos anteriormente ao início da pandemia no Rio Grande do Sul.
A partir da arrecadação de abril até a de julho de 2020, a variação mensal é
negativa frente aos mesmos meses de 2019, atingindo a maior retração no mês de maio,
com a redução de 27,2% no ICMS Bruto recolhido comparativamente ao desempenho no
ano anterior. Nos valores acumulados, a queda inicia em maio, com variação de -1,1%,

743
números amenizados pela arrecadação do primeiro trimestre. Nos meses de junho e julho
são atingidas as maiores quedas acumuladas, na casa de -2,9%, em ambos os períodos.
Entre agosto e novembro são verificados aumentos mensais sucessivos
com o ápice em outubro ao ser atingido o crescimento de 16,0% frente a igual período de
2019. Em dezembro, volta a ser apresentada queda mensal, de -6,1%, embora nos valores
acumulados tenha se mantido a elevação de 1,3%.
Entretanto, trata-se de valores nominais de arrecadação. Ao inflacionar os
números acumulados do ano de 2019 pelo IPCA/IBGE médio, atinge-se a arrecadação
Bruta acumulada de R$ 36,89 bilhões. Sendo assim, os R$ 36,21 bilhões auferidos, em
2020, representam queda real de 1,8% frente ao desempenho do exercício anterior.

16.3.2.1.2 – ICMS – AMPARA/RS


Desde 2016, o Poder Executivo conta com arrecadação extra de ICMS
originada na aprovação da Lei nº 14.742, de 24 de setembro de 2015, a qual foi
responsável pela instituição do Fundo de Proteção e Amparo Social do Estado do Rio
Grande do Sul - AMPARA/RS —, cuja finalidade estava vinculada à criação de condições
para viabilizar o acesso a níveis dignos de subsistência a toda a população do Estado do
Rio Grande do Sul.
De acordo com o artigo segundo da Lei retro citada, os recursos do
AMPARA/RS deveriam ser aplicados em ações de nutrição, habitação, educação, saúde,
segurança, reforço de renda familiar e outros programas de relevante interesse social,
voltados para a melhoria da qualidade de vida, sendo que, o parágrafo primeiro, incluiu,
nominalmente, o transporte escolar e a manutenção de presídios na lista.
Em consulta à arrecadação do ICMS no ano de 2020 constata-se que os
ingressos no AMPARA/RS somaram R$ 302,5 milhões, só considerando o ICMS tributário
e R$ 303,4 milhões quando se busca o cálculo do ICMS a qualquer título, e o saldo
registrado no SIAC, Caixa Único do Tesouro Estadual, em 31-12-2020 era de R$ 33,0
milhões.
Em consulta ao sistema FPE/Cubos DW da SEFAZ/RS, verifica-se o ingresso
de R$ 1,37 bilhão a título de arrecadação do AMPARA desde sua criação, em 2016, ao
mesmo tempo em que foi empenhado R$ 1,02 bilhão, o que representa um saldo de
Passivo Potencial de R$ 351,9 milhões. Ou seja, os recursos obtidos tiveram o objetivo de
mero instrumento de arrecadação, e, assim sendo, não foram utilizados em sua
totalidade para a finalidade a qual estavam previstos por Lei. Soma-se a essa situação o
fato da Secretaria de Segurança ter enfrentado dificuldades financeiras para atuar na
manutenção dos presídios, pois, como comentado anteriormente, este seria um dos
destinos especificados na Lei.
As diferenças entre os valores não aplicados nos recursos vinculados à
arrecadação do AMPARA, R$ 351,9 milhões nominais, e o saldo disponível na respectiva
conta corrente no SIAC em 31/12/2020, R$ 33,0 milhões, foram objeto de
questionamento ao Tesouro do Estado, entretanto não houve retorno até o fechamento
deste relatório.
Ainda sobre a Lei nº 14.742, destaca-se o fato dos ingressos do
AMPARA/RS serem apartados em conta própria, e, desta forma, ficarem excluídos das

744
bases de cálculo do FUNDEB e das transferências aos Municípios, formando algo
semelhante à Desvinculação da Receita da União - DRU/Federal.
Por fim, informa-se que a PGE ajuizou a Ação Cível Originária nº 2.922
perante o Supremo Tribunal Federal, contra a União Federal, em razão da inclusão do
adicional de 2% destinados ao Fundo de Combate à Pobreza na base de cálculo da Receita
Líquida de Impostos e Transferências Constitucionais - RLITC e da Receita Líquida Real -
RLR do Estado. A Decisão, proferida em setembro de 2016, concedeu à Procuradoria-
Geral do Estado o deferimento parcial de tutela provisória de urgência, autorizando o
Estado a desconsiderar a receita do ICMS vinculada ao Fundo de Combate à
Pobreza/AMPARA/RS no cálculo das parcelas da dívida com a União, porém, o Estado
deve inclui-la na base de cálculo para formação do FUNDEB.

16.3.2.1.3 – Perdas e Compensações da Lei Kandir


Entre as desonerações fiscais em que o Estado não possui nenhuma
influência legislativa, ou seja, as heterônomas, a mais relevante corresponde a incidente
no setor dedicado às exportações. Nesse sentido, em primeiro lugar, é oportuno
esclarecer que a Lei Complementar nº 87/1996 - Lei Kandir, promoveu, tão somente, a
desoneração adicional dos produtos primários e semielaborados, pois, como se sabe, os
produtos industrializados já estavam ao abrigo da imunidade prevista no texto original da
Constituição Federal.
Isto é, após a edição da Lei Kandir, a desoneração das exportações de
produtos primários e semielaborados se tornaram matéria constitucional, e, com a
publicação da Emenda Constitucional nº 42/2003, diploma responsável por ampliar a não
incidência do ICMS a todos os bens e serviços remetidos ao exterior, tomaram forma
definitiva. Entretanto, esse mesmo instrumento legal também determinou a
“constitucionalização” da compensação pelas perdas geradas (artigo 91 do ADCT), mas,
até o momento, esta situação está pendente de regulamentação.

ESTIMATIVAS DE PERDAS PELAS DESONERAÇÕES - EXPORTAÇÕES E LEI KANDIR – 2018


Em R$ milhões (nominais)
Compensações Perdas Líquidas /
Perdas Brutas R$ Perdas Líquidas R$
R$ % Receita do ICMS
Exportações de Industrializados 6.021,9 509,3 8,5% 5.512,6 15,4%
Lei Kandir 5.045,8 191,8 3,8% 4.854,0 13,6%
Total 11.067,8 701,1 6,3% 10.366,6 29,0%
Fonte: Demonstrativo das Desonerações Fiscais, Agosto 2019 (disponível no site da SEFAZ/RS).

O percentual de compensação das perdas pelas desonerações nas


exportações de industrializados foi de 8,5% em 2018. Na Lei Kandir foi de 3,8% e, no total,
chegou a 6,3%. Em relação à receita de ICMS, as perdas líquidas de 2018 representaram
um comprometimento da ordem de 29,0% no RS, sendo 15,4% pelas “exportações de
industrializados” e 13,6% pela Lei Kandir.
Cabe salientar que, além das perdas líquidas de ingresso de arrecadação de
ICMS em função da Lei Kandir, somam-se os valores de saldo credor que se acumulam
junto aos contribuintes, uma vez que para as exportações não é permitido às legislações
estaduais deliberar pelo estorno do crédito fiscal. Esses créditos restam compensados

745
com outras operações, estas tributadas pelo ICMS, ou se acumulam nas GIAs para futura
compensação ou transferência.
Em 29-12-2020 foi sancionada a Lei Complementar nº 176/2020 que
garantiu repasses federais para compensar as perdas de arrecadação com a Lei Kandir.
Em virtude da aprovação da referida lei, que previu o envio de valores aos Estados até o
ano de 2037 como forma de compensação das perdas de arrecadação em decorrência da
Lei Kandir, o Demonstrativo com as Estimativas de Perdas pelas Desonerações da Lei
Kandir foi descontinuado pela SEFAZ. Passarão a ser informados os valores recebidos na
esteira do mencionado diploma legal.
A Peça Legislativa determinou um repasse de R$ 65,6 bilhões até 2037,
sendo 75% para os estados e 25% para os municípios.
Para o recebimento dos recursos, a Lei determinou a assinatura de um
termo de renúncia de direitos de ação contra a União quanto ao tema, o que foi realizado
pelo Rio Grande do Sul.
O Estado publicou, em 29-12-2020, a Lei nº 15.577/20, autorizando o
Poder Executivo a dar quitação quanto aos valores devidos vencidos e vincendos da Lei
Kandir mediante o novo regramento.
Assim, foram recebidos pelo Rio Grande do Sul, em 31-12-2020, R$
276.038.400,00 decorrentes da parcela de 2020 da compensação da Lei Kandir na forma
de Transferência Corrente.
À exceção do primeiro ano de vigência da LC, quando foi repassada a
quantia em um único mês (dezembro/2020), nos demais exercícios serão enviados
mensalmente os valores.

16.3.2.1.4 - Desonerações Fiscais do ICMS


As desonerações fiscais, também conhecidas como "gastos tributários”
podem ter como objetivo a mitigação das desigualdades sociais e regionais, a atração de
novos investimentos e o aumento da arrecadação tributária em médio e longo prazo, por
meio da dinamização econômica. Destaca-se que a fruição destas desonerações pode-se
dar em exercícios posteriores a sua concessão e, por consequência, um maior ou menor
comprometimento da receita potencial pode não refletir a ocorrência de uma política de
expansão ou restrição de renúncias fiscais, ou, mesmo, de privilégio para determinados
setores e regiões econômicas, por parte do governo daquele ano específico.
A partir do exercício de 2019 foi aberta a possibilidade de análises com
maior detalhamento destas desonerações, com a Secretaria da Fazenda/Receita Estadual
compartilhando informações a respeito das concessões efetuadas com o Tribunal de
Contas, sem prejuízo do imprescindível zelo no tratamento das informações,
notadamente a necessidade de preservação do sigilo fiscal (CTN, art. 198).
Foram disponibilizados dados de apropriação das desonerações pelos
contribuintes, segregados pelos institutos da Isenção, da Redução de Base de Cálculo e do
Crédito Presumido, os quais serão apresentados em tópicos próprios dentro deste item
sobre as Desonerações Fiscais do ICMS.
Cabe mencionar que a Secretaria da Fazenda Estadual tem divulgado Nota
Técnica sobre os Demonstrativos das Desonerações Fiscais do RS, documento que busca o

746
cumprimento das normas legais que tratam da matéria, possibilitando, inclusive,
acompanhar a proposta da Lei Orçamentária para o exercício seguinte. Segundo o
demonstrativo de 2019 ―último exercício disponível quando da elaboração deste Parecer
― a desoneração total, dos três impostos estaduais – ICMS, ITCD e IPVA – alcançou, em
2019, R$ 9,9 bilhões, ou 19,8% da arrecadação potencial (arrecadados R$ 40,2 bilhões
sobre uma arrecadação potencial de R$ 50,1 bilhão). A desoneração do ICMS, principal
tributo estadual, alcançou R$ 8,8 bilhões, considerando-se os institutos da Isenção (R$ 2,4
bilhão), Redução de Base de Cálculo (R$ 1,5 bilhão), Créditos Presumidos (R$ 3,1 bilhão) e
benefícios para microempresas (R$ 1,8 bilhão).
Quando se compara o percentual das desonerações do ICMS do Rio Grande
do Sul em relação aos Estados de Santa Catarina e Paraná, verifica-se que este é menor
que os demais, atingindo 19,8% contra 24,2 e 24,8% respectivamente. Observa-se ainda
que, apesar do crédito presumido ser o instituto mais utilizado nos três Estados, no RS e
no PR este representa 45% do total, percentual inferior ao de SC, no qual este instituto
representa 73% da desoneração do ICMS. Quando esta comparação é efetuada em
relação ao PIB, igualmente o RS apresenta o menor percentual de desoneração, atingindo
1,48%, enquanto Santa Catarina e Paraná este percentual atinge 1,78 e 1,74%
respectivamente.
Observa-se ainda que muitas operações com mercadorias e serviços não se
encontram ao alcance do ICMS em virtude de determinações da Constituição Federal, o
que se denomina de não incidência ou imunidade tributária, cujo maior exemplo são as
exportações. Entretanto, compete mencioná-las tanto com vista à transparência como
para fins de identificação das situações fáticas que darão origem, a partir do fenômeno do
não estorno do crédito (manutenção do crédito fiscal das etapas anteriores de circulação
de mercadorias), aos acúmulos e transferências de saldos credores, estes carregando o
condão de serem compensados com os débitos de ICMS devidos pelos próprios
contribuintes ou por terceiros que recebam esses saldos credores em transferência. O
valor destas saídas imunes (não se trata dos valores de desoneração efetiva) alcançaram
R$ 241 bilhões em 2020, metade delas representada por operações de exportação. As
demais operações possuem as características de saídas operacionais, ou seja, não se
relacionam diretamente com atos comerciais, mas meros trânsitos de bens, ou não são
representativas.

16.3.2.1.4.1 - Isenções
A Isenção é o benefício fiscal que se caracteriza pela dispensa do
pagamento do imposto devido por meio de lei. Neste rol, estão incluídas as isenções
decorrentes de internalização no Regulamento do ICMS do Rio Grande do Sul de
Convênios celebrados no âmbito do Confaz. Destaca-se que, no caso das isenções, se
conhece o valor das operações, mas o valor efetivamente desonerado somente pode ser
estimado, principalmente em face da não cumulatividade do imposto nas diversas etapas
da cadeia produtiva.
As Isenções podem ser classificadas em dois grandes grupos, a efetivas e as
operacionais. Neste segundo grupo encontram-se operações que não representam
comércio de mercadorias ou prestação de serviços, como, por exemplo, o simples
transporte de remessa ou de retorno de vasilhames, recipientes, embalagens e botijões

747
de gás. Em 2020, as isenções efetivas corresponderam a 79,5% do total (valor das
operações de R$ 82,6 bilhões), e as operacionais a 20,5% (valor das operações de R$ 21,3
bilhões100).
A próxima tabela procura evidenciar os objetos de desoneração por meio
das isenções efetivas praticadas.

SAÍDAS ISENTAS EFETIVAS CONFORME OBJETO


Em R$ milhões nominais
Objeto da Isenção** Saídas 2020 Participação 2020 (%)
Fomento
59.231,1 71,7
Atividade Rural
Alimentos 10.854,1 13,1
Saúde/Medicamentos 6.537,9 7,9
Demais Casos 5.964,8 7,2
ISENÇÕES EFETIVAS 82.587,9 100,0

Com base nos dados da tabela acima é possível verificar o uso principal
dessa modalidade o fomento da atividade rural do Estado, representando 71,7% do total
de saídas isentas efetivas.
Para efeito de demonstração dos valores praticados de isenção este
relatório técnico considerará a partir de agora a isenção ao transporte de cargas como
pertencente ao rol das isenções efetivas, passando o total destas de R$ 82,6 bilhões para
R$ 89,1 bilhões, em contraposição ao critério adotado pela Secretaria da Fazenda em seu
Demonstrativo. Isto porque, em que pese tratar-se de operação meio da cadeia produtiva
e o fato de haver diferimento do ICMS devido, entende-se que a referida isenção deveria
ser enquadrada na categoria de Isenções Efetivas por representar prestação de serviços
no campo de incidência do ICMS, o que será detalhado adiante em virtude de períodos de
descumprimento do Convênio ICMS nº 04/04 pelo Regulamento do ICMS do Estado do
Rio Grande do Sul.
As saídas com isenções efetivas podem ser beneficiadas adicionalmente
pelo instituto do não estorno do crédito fiscal das etapas anteriores. A tabela a seguir
identifica esta situação:

SAÍDAS ISENTAS – COM OU SEM ESTORNO DE CRÉDITO


Em R$ milhões nominais

Saídas com Isenção “efetiva” Valor das Saídas Percentual do Total

Não Estorno de Crédito (art. 35) 66.882,6 75,1%

100
Neste valor foi adotado a mesma classificação da Receita Estadual em relação à Isenção dos
Transportes de Cargas, a qual foi incluída no rol das Operacionais. Entretanto esta Equipe Técnica diverge
desse entendimento ao considerar, por sua natureza, a Isenção ao Transporte de Cargas como Isenção
efetiva. Caso fosse isenção ao transporte de cargas classificada como isenção efetiva, esta categoria
aumenta sua participação nas isenções totais para 85,7% com saídas na ordem de R$ 89,1 bilhões,
enquanto as operacionais caem para 14,3% com valores de R$ 14,89 bilhões.

748
SAÍDAS ISENTAS – COM OU SEM ESTORNO DE CRÉDITO
Em R$ milhões nominais
Saídas com Isenção “efetiva” Valor das Saídas Percentual do Total

Com Estorno de Crédito (art. 34) 22.171,7 24,9%

O grupo mais representativo de produtos isentos são os Insumos


Agropecuários, correspondentes a um rol de produtos relacionados à produção
agropecuária, inclusive defensivos agrícolas. O fundamento original advém do Convênio
ICMS nº 100/97. Em 2020 o valor destas operações alcançou o valor de R$ 45,0 bilhões,
correspondente a 50,6% das isenções efetivas, incluindo a referente ao transporte.
Os Produtos para alimentação animal ou fabricação de ração foram o
segundo grupo mais representativo, tendo por base o mesmo Convênio ICMS nº 100/97.
Em 2020 o valor destas operações alcançou o valor de R$ 13,8 bilhões, correspondente a
15,5% das isenções efetivas, incluindo a referente ao transporte.
Os Hortifrutigranjeiros foram o terceiro grupo mais significativo, tendo por
base o Convênio ICMS nº 44/75. Em 2020 o valor destas operações alcançou o valor de R$
7,4 bilhões, correspondente a 8,3% das isenções efetivas, incluindo a referente ao
transporte.
O Transporte de cargas ― na classificação utilizada neste Parecer ―
representou o quarto grupo mais representativo. Até 2019 houve diversos momentos em
que o RICMS estendeu essa desoneração às prestações interestaduais em desobediência
ao Convênio ICMS nº 04/04. No entanto, em 2020, a regra aplicada foi mantida apenas
em relação às operações intermunicipais. Embora o Demonstrativo de Desonerações
relativo a 2019 divulgado pela Receita Estadual tenha considerado a isenção em tela na
categoria operacionais, entende-se que as suas características são de isenção efetiva. Em
2020 o valor destas operações alcançou o valor de R$ 6,5 bilhões, correspondente a 7,3%
das isenções efetivas, incluindo a referente ao transporte.
Nas isenções praticadas pelo Estado do Rio Grande do Sul os incisos do
RICMS com valores de saída mais substantivos decorrem, em sua maior parte, da
celebração de convênios no âmbito do CONFAZ.
Sobre o tema em análise compete mencionar que determinados convênios
do Confaz possuem um caráter “obrigatório”, enquanto outros possuem um caráter mais
“autorizativo”, ou de utilização opcional. Sem entrar em maiores considerações, este
trabalho, para classificação, baseou-se na redação que os referidos convênios
apresentam. Por exemplo, quando o convênio dispõe que determinados estados ficam
autorizados a conceder determinado benefício, classificou-se este como de adoção
facultativa. Ou seja, entende-se que o Estado pode ou não adotar esta desoneração, a seu
critério. Alguns dos convênios podem possuir trechos com viés obrigatório enquanto
outras partes das disposições são autorizativas.
A tabela a seguir evidencia a existência ou não de Convênio ICMS, bem
como se os termos dos respectivos acordos implicam “obrigação” ou “autorização” de
recepção pelos Estados no que diz respeito ao trecho sobre as Isenções.

749
Percentual Obrigatório (O) ou
Posição Item RICMS e Descrição Convênio ICMS
do Total Autorizativo (A)
CONFAZ
1 Insumos Agropecuários 50,6% 100/97 A
Produtos p/ alimentação animal /
2 15,5% 100/97 A
Fabricação de Ração
3 Hortifrutigranjeiros 8,3% 44/75 A

4 Transporte de Cargas 7,3% 04/04 A


Equipamentos para prestação serviços
5 3,3% 01/99 O
de saúde

Vê-se que, embora advindas de acordos firmados no CONFAZ, a sua adoção


não possuía caráter obrigatório em significativa parcela das isenções ocorridas em 2020.
Outro ponto importante a destacar em relação às isenções da tabela acima decorrentes
de Convênios no âmbito do CONFAZ é que, além da possibilidade de o acordo celebrado
poder ser de natureza obrigatória ou autorizativa, havia casos em que poderia, também,
ser realizada a opção de desoneração a ser adotada: isenção ou redução da base de
cálculo. Cita-se a redação da Cláusula Terceira do Convênio ICMS nº 100/97, que
culminou na introdução das duas isenções mais representativas, a qual estabelece que
“ficam os Estados e o Distrito Federal autorizados a conceder às operações internas com
os produtos relacionados nas cláusulas anteriores, redução da base de cálculo ou isenção
do ICMS, observadas as respectivas condições para fruição do benefício.”. Sobre as
operações objeto dessas desonerações destaca-se que o aludido acordo entre os Estados
previu redução de base de cálculo nas operações interestaduais – esta com caráter
obrigatório -, bem como autorizou os Estados em relação às operações internas a
concederem redução de base ou isenção. O Rio Grande do Sul optou pela isenção, a qual
resulta em uma desoneração maior do que a opção pela redução de base..
Verifica-se ainda que as duas isenções mais significativas ―insumos
agropecuários e produtos para alimentação animal ―permitem o não estorno do crédito,
fator que eleva a efetiva desoneração.
Suscitando novamente a característica dos Convênios ICMS celebrados
enquanto de adoção obrigatória ou autorizativa identifica-se no que toca ao não-estorno
do crédito fiscal que, mesmo em alguns convênios ditos obrigatórios, tal imperativo não
se estendia ao não-estorno, mas se constitui numa faculdade conferida aos Estados. Cita-
se a Cláusula Quinta do convênio ICMS nº 100/97 que autoriza os estados a “não exigir a
anulação do crédito prevista nos incisos I e II do artigo 21 da Lei Complementar nº
87......”.
Com base nas informações expostas nesse tópico identifica-se que a atual
carga de desonerações tributárias no âmbito do instituto da isenção decorre em parte do
exercício de decisão do poder público estadual, como a opção pela utilização de
Convênios do CONFAZ e internalizá-los na legislação gaúcha; na possibilidade de estornar
ou não o crédito fiscal de etapas anteriores, quando se escolheu, em alguns casos, o não-
estorno; e, por derradeiro, optou-se por conceder isenção em situações que a redução da
base de cálculo também era alternativa de desoneração.

750
A Isenção de Transporte de Carga teve origem no Convênio ICMS nº
04/2004, a qual autorizava esta isenção para as operações de transporte intermunicipal
que tenham início e término no território do Estado. Entretanto, os vários decretos que
internalizaram essa previsão no Regulamento do ICMS do Rio Grande do Sul ora
permitiam, ora não, a aplicação desta isenção para todos os transportes, e não apenas os
internos, desde que a transportadora fosse inscrita na Fazenda Estadual. Esta situação foi
corrigida em 27/12/2019, por meio do Decreto nº 54.963/2019, no qual o Poder
Executivo readequou a redação do art. 10, IX do RICMS às disposições do Convênio ICMS
04/04, no que foi acompanhada em 2020 pelos Decretos nº 55.542/20 e nº 55.651/20
(redação em vigor). Dessa forma, no ano de 2020, que serve de referência para o exame
das contas em epígrafe, o Regulamento do ICMS esteve em conformidade ao que
ordenou o acordo entre os Estados no âmbito do CONFAZ.

16.3.2.1.4.2 – Reduções de Base de Cálculo


A redução da base de cálculo é um modo de diminuir a carga tributária do
imposto incidente sobre a operação, de tal forma que a parcela correspondente à
redução não seja tributada. Esta possibilidade decorre de que a CF estabeleceu que
compete à lei complementar fixar a base de cálculo do tributo, o que não se aplica as
alíquotas, uma vez que a EC nº 33/2001 determinou que estas deverão ser uniformes em
todo o território nacional, podendo ser diferenciadas por produto. Normalmente este
tipo de desoneração fiscal não é específico para determinada empresa, mas alcança a
totalidade das empresas de determinado ramo e/ou produto específico, como, por
exemplo, produtos da cesta básica.
O instituto da redução da base de cálculo possui semelhanças com o da
isenção no que diz respeito ao fato de os documentos fiscais evidenciarem a carga
tributária efetivamente incidente nas operações, e, igualmente, o valor efetivamente
desonerado somente pode ser estimado, principalmente em face da não cumulatividade
do imposto nas diversas etapas da cadeia produtiva. Contudo, diferentemente das
isenções, nas hipóteses de redução de base de cálculo há incidência de parte do imposto
devido nas operações com mercadorias e serviços.
Há diversos métodos para cálculo da base reduzida nas previsões do
Regulamento do ICMS, tais como:

- Redução direta da base


- Carga tributária equivalente
- Referencial externo

Em 2020 as operações com reduções de base de cálculo totalizaram R$


44,4 bilhões (volume de saídas, não o valor das desonerações). O principal método de
apuração do valor desonerado foi a redução direta da base, responsável por 64% do total.
No que concerne à referência geográfica das operações desoneradas pelo
instituto da redução da base de cálculo tem-se casos de fatos geradores em operações
“internas”, ou seja, dentro do Rio Grande do Sul (32,7% do total), envolvendo operações
interestaduais (25,6% do total), ”nacionais” (a redação do RICMS se aplica tanto para

751
operações dentro do RS como envolvendo outras UF, respondendo por 32,9% do total),
entre outras menos significativas.
No tangente aos produtos que servem de objeto da incidência da redução
de base de cálculo, a maior participação foi dos Alimentos, (valores de operações de R$
16,9 bilhões, correspondentes a 38,1% do total), seguidos pelos Insumos Agropecuários
(valores de operações de R$ 11,5 bilhões, correspondentes a 25,9% do total) e bens
usados (valores de operações de R$ 4,7 bilhões, correspondentes a 10,7% do total).
No que toca às operações comerciais com bens e serviços enquadradas no
instituto da redução da base de cálculo do ICMS é importante salientar quanto à
possibilidade de não estorno dos créditos fiscais das etapas anteriores.
Conforme a regra geral decorrente da não-cumulatividade do ICMS
disposta na CF, art. 155, §2º, II, “a” e “b”, deveria haver o estorno proporcional dos
créditos fiscais em face da existência de saídas não tributadas devido à redução de sua
base de cálculo.
Entretanto, a legislação tributária dispõe a respeito de hipóteses em que o
referido estorno não precisa ser realizado, regras estas que constam do art. 35 do RICMS,
e alguns dos casos referem-se a saídas com redução de base de cálculo.

SAÍDAS COM BASE DE CÁLCULO REDUZIDA


Em R$ milhões nominais

Saídas Base de Cálculo Reduzida Valor das Saídas Percentual do Total

Não Estorno de Crédito (art. 35) 7.779,1 17,5%

Com Estorno de Crédito (art. 34) 36.610,5 82,5%

Os principais Incisos do art. 23 do RICMS utilizados pelas empresas quando


beneficiadas pelo instituto de redução de base de cálculo foram:

- Cesta Básica de Alimentos


- Máquinas e Implementos Agrícolas
- Mercadorias Usadas
- Insumos Agropecuários
- Arroz Beneficiado
- Máquinas, equipamentos, aparelhos industriais
- Veículos para Transporte de dez pessoas ou cargas, caminhões, tratores e
afins
- Carne de aves, leporídeos e gado
- Veículos Automotores
- Alimentação animal / Fabricação de ração

Da mesma forma que nas isenções, as principais reduções de base de


cálculo constantes no RICMS decorrem da celebração de Convênios ICMS, por vezes

752
“obrigatórios” ou “autorizativos” no que concerne à sua recepção pelos Estados. A cesta
básica entende-se como um convênio de natureza autorizativa, enquanto as máquinas e
implementos agrícolas, mercadorias usadas e insumos agropecuários entende-se como de
natureza obrigatória. Entre os 10 principais incisos utilizados, os com características de
obrigatoriedade de adoção pelos Estados e DF totalizaram R$ 16,3 bilhões em saídas. Por
outro lado, os convênios com características autorizativas atingiram o valor de saídas de
R$ 22,2 bilhões.
Em relação as dez hipóteses de redução de base de cálculo constantes
como os maiores valores de saídas e sua relação com o instituto do não-estorno do
crédito fiscal, identificou-se que apenas duas ―arroz beneficiado e ônibus e caminhões
―permitem a utilização deste benefício adicional

16.3.2.1.4.3 – Não-Estorno do Crédito Fiscal


Os postulados do estorno e do não-estorno do crédito fiscal, ambos
constantes do Livro I do RICMS nos artigos 34 e 35, respectivamente, têm impacto no que
diz respeito à carga tributária efetivamente desonerada. Aquelas ocasiões em que a
legislação permite a manutenção do crédito fiscal, ou seja, ocorre o não-estorno,
viabilizam a desoneração da operação comercial em questão e das etapas anteriores
também, portanto perfazendo uma desoneração superior, se comparada às situações em
que o estorno do crédito é necessário.
Na sistemática normal do ICMS, de não-cumulatividade, o crédito do
imposto que resultar em saída não tributada deve ser anulado, regra geral positivada na
Constituição Federal, art. 155, §2º, II, “a” e “b”. Assim, o mandamento constitucional
dispõe, em linhas gerais, que as operações sujeitas ao ICMS, porventura abarcadas por
saídas não tributadas, como aquelas decorrentes do instituto da Isenção e Redução de
Base de Cálculo, acarretarão a anulação do crédito relativo às operações anteriores.
Todavia a redação do inciso II do art. 155 da CF outorga poderes à legislação
infraconstitucional para deliberar de forma oposta, notadamente na enumeração de
hipóteses em que seja permitido o não estorno de crédito.
As hipóteses em que o não-estorno do crédito está presente acarreta a
concessão de isenção e/ou redução de base de cálculo não apenas à operação sobre a
qual incidem as citadas desonerações, mas as amplia a toda cadeia produtiva, porque
mantém os créditos aos contribuintes para compensação com outros débitos na apuração
de ICMS, ou permite que esses se acumulem em GIA para futura compensação ou
transferência a terceiros conforme as regras do regulamento.
As principais operações onde não se estorna o crédito ― ou seja, que
permitem a manutenção do crédito fiscal ― são as exportações, cujo valor das saídas
alcançou R$ 119,5 bilhões em 2020 (58,7% do total de saídas sem estorno). Entretanto,
estas operações são imunes por força constitucional, e não poderia ser revisto pelos
Estados. Em segundo lugar constam as Isenções, cujo valor das saídas alcançou R$ 66,9
bilhões em 2020 (32,8%). Neste caso, os Estados possuem competência para legislar. As
demais operações onde não se estornaram créditos, incluindo aí as reduções de base de
cálculo, foram menos significativas, alcançando R$ 17,3 bilhões (8,4% do total).
Entende-se importante que o Estado, quando da divulgação dos saldos
credores acumulados (vide na sequência deste tópico), informe se nos valores

753
apresentados não constam parcelas referentes a créditos acumulados por não-estorno
vinculados a saídas isentas ou com base de cálculo reduzida, hipóteses de não incidência
em que a manutenção do crédito fiscal anterior é opcional, ou se apenas saldo credor de
exportação lá estão divulgados, destacando-se que os créditos fiscais que resultam em
saídas para exportação não são estornados por força de legislação federal – CF e Lei
Kandir.
A principal motivação para necessidade dessa segregação das informações
diz respeito ao fato de que os créditos de etapas anteriores acumulados, que são
vinculados a exportações, não têm influência legislativa do Estado, enquanto outros
acúmulos de saldo credor por não-estorno de crédito, como os de saídas isentas ou com
base de cálculo reduzida, em tese, poderiam ser objeto de revogação pelo Estado, caso os
Convênios ICMS no CONFAZ que abordaram esses dispositivos sejam de caráter
autorizativo.
Ademais, no que toca ao Demonstrativo de Desonerações divulgado pela
Receita Estadual faz-se necessário estimar os impactos no imposto potencial das
desonerações decorrentes da possibilidade de manutenção do crédito fiscal lançando-se
mão do instituto do não-estorno.

16.3.2.1.4.4 – Acúmulo de Saldo Credor


Quando o volume de créditos de uma empresa é superior aos débitos
acarretará o acúmulo de saldos credores. Esses saldos, quando acumulados pelos
contribuintes, poderão ser objeto de futura compensação com débitos de ICMS da
própria empresa, ou transferidos a outros contribuintes. Seus detentores principais são
contribuintes que exportam com bases instaladas no Estado Gaúcho, embora existam
outras operações que acarretam acúmulo de créditos. O valor deste saldo alcançou R$ 2,5
bilhões em 2020.

16.3.2.1.4.5 – Créditos Presumidos


O Crédito Presumido é o benefício fiscal que se caracteriza pela atribuição
de um valor adicional de crédito ao contribuinte, não decorrente de ICMS incidente e
pago em etapas anteriores da cadeia produtiva. Este instituto é utilizado no RICMS do
Estado do Rio Grande do Sul de diversas formas: incidindo em operações comerciais de
compra (crédito presumido na entrada de mercadorias), de venda (crédito presumido na
saída de mercadorias) ou, por exemplo, com vistas à atração de investimentos, casos do
FUNDOPEM e FOMENTAR. Neste caso, podem ser exigidas contrapartidas a serem
entregues pelos contribuintes, tais como realização de investimentos, geração e
manutenção de empregos e mesmo a obrigação de geração de ICMS incremental. Os
valores das desonerações de créditos presumidos não constam de notas fiscais, mas
apenas são informados diretamente nas Guias de Apuração e Informação do ICMS. Dessa
forma não permitem aos consumidores finais o preciso conhecimento do imposto
efetivamente pago na operação.
Em 2020 a desoneração total de ICMS por este Instituto alcançou R$ 3,8
bilhões, correspondente a 10,4% do ICMS bruto arrecadado (R$ 36,4 bilhões) e
representando um aumento de 17,2% na fruição ocorrida em 2019. Esta elevação nas

754
fruições em 2020 é em parte explicada pelo surgimento de novos dispositivos, sobretudo,
na esteira da aplicação de outras concessões já existentes em Santa Catarina e Paraná,
conforme permitiu a LC nº 170/17 e Convênio ICMS nº 190/17. Essas novas hipóteses de
fruição alcançaram aproximadamente R$ 105 milhões. Outros fatores estão relacionados
à elevação, frente a 2019, na ordem de R$ 180 milhões no crédito presumido voltado ao
setor de Biodiesel, R$ 118 milhões no âmbito do AGREGAR Carnes e R$ 74 milhões do
setor Metal-Mecânico.
Apresenta-se a seguir os valores desonerados, agrupando diversos incisos
do Regulamento do ICMS. Dessa forma quer se ilustrar não apenas a complexidade desse
Instituto como também as diferentes finalidades para as quais pode ser utilizado:

CRÉDITO PRESUMIDO - CLASSIFICAÇÃO

2020
Incidência Classificação
R$ milhões

Na Entrada 716,8
Operações com Mercadorias e Serviços Na Saída 2.235,4
Entrada e Saída 324,5
Investimentos Fundopem e outros 398,1
Políticas Públicas 78,2
Demais
Ressarc. Taxas 27,7
TOTAL 3.780,7

Os principais setores econômicos desonerados, ressalvada a preservação


de sigilo fiscal para setores com poucas empresas, foram o de Leite e Derivados (R$ 720
milhões), Biodiesel (R$ 412 milhões), Carne Bovina (R$ 409 milhões), Carne de Aves e
Suína (R$ 377 milhões) e Metal-Mecânico (R$ 325 milhões).
Os créditos presumidos em virtude da entrada de mercadorias podem ser
segregados entre aqueles casos que exigem que o insumo adquirido tenha origem no
Estado do Rio Grande do Sul e os demais, que não são dotados de tal particularidade. No
primeiro caso foram fruídos R$ 460 milhões em 2020, correspondente a 64,3% dos
créditos presumidos na entrada (R$ 717 milhões). Essa distribuição evidencia fatos que
podem ter sido positivos à economia gaúcha em virtude das externalidades intrínsecas
aos benefícios fiscais em tela, tais como geração de emprego e renda nos setores
primários do Estado. Os maiores volumes de créditos presumidos utilizados na entrada
encontram-se nos setores de carne e laticínios.
Os créditos presumidos na saída das mercadorias e serviços podem ser
divididos conforme o destino dos produtos de acordo com o previsto em cada inciso. Há
situações em que o benefício fiscal incide somente nas operações internas (dentro do RS),
nas interestaduais ou mesmo, tanto nas internas como nas interestaduais, caso em que a
denominação será de operações nacionais. O maior volume de fruição destes créditos
ocorreu nas operações nacionais, R$ 1,2 bilhão, representando 53% do total de créditos
na saída de mercadorias (1,8 bilhão). Os produtos mais desonerados na saída foram os
alimentos e bebidas (R$ 1,2 milhão) e os combustíveis (R$ 461 milhões).

755
Os créditos presumidos apropriados tanto na entrada como na saída de
mercadorias podem ser ilustrados pelos benefícios concedidos ao setor Metal-Mecânico e
operam como uma espécie de ressarcimento do frete incorrido na operação logística com
os materiais.
Os créditos presumidos apropriados como incentivo a investimentos via de
regra são decorrentes de acordos celebrados entre o Estado do Rio Grande do Sul e as
empresas beneficiadas. Esses acordos costumam exigir contrapartidas das empresas, tais
como geração e manutenção de empregos, além da realização de investimentos, e por
vezes funcionam com uso de ferramentas com vistas à elevação da arrecadação de ICMS
no longo prazo, como é o caso dos acordos que requerem geração de ICMS incremental.
Em 2020 a fruição de créditos presumidos relacionados a programas de incentivo e
investimentos corresponderam a R$ 398 milhões, com destaque dentro desse grupo para
os tradicionais programas do Fundo Operação Empresa do Estado do Rio Grande do Sul –
FUNDOPEM-RS e do Fundo de Fomento Automotivo do Estado do Rio Grande do Sul –
FOMENTAR-RS. Esses valores foram inferiores a fruição de 2019, R$ 504 milhões, e 2018,
R$ 554 milhões. Destaca-se que a renúncia estimada em um exercício diz respeito tão
somente à apropriação financeira do benefício, não se relacionando, obrigatoriamente,
ao ano em que foi concedida formalmente. Em relação ao Fundopem e Fomentar se
destaca que não são simples desonerações fiscais, mas sim programas de incentivo que
possibilitam o financiamento, a juros subsidiados, da parcela do ICMS devida
mensalmente pelas empresas beneficiadas até o limite de 75% do valor a ser pago, valor
este que ainda pode ser reduzido a partir de enquadramentos no Programa INTEGRAR. O
Estado possui assim, direitos creditórios que possibilitam recuperar parte do valor
desonerado como crédito presumido.
Os créditos presumidos classificados como “Políticas Públicas” referem-se a
operacionalização de políticas públicas, as quais deixam de concorrer por recursos no
orçamento público, substituídos por meio de gastos tributários. Exemplificativamente,
citam-se os créditos presumidos relacionados a Projetos Culturais, Esportivos, de
assistência social, e ao aparelhamento da segurança pública (PISEG). Em 2020 estas
fruições alcançaram R$ 78,2 milhões.
Os créditos presumidos classificados como Ressarcimento de Taxas,
notadamente a Taxa de Serviços Diversos instituída pela Lei 8.109/1098. Incluem-se nessa
categoria desonerações destinadas a Indústria Vinícola, ao Fundomate, ao Fundovinos e
ao Fundoleite. Em 2020 estas fruições alcançaram R$ 27,7 milhões.
Sem prejuízo do debate acerca da aderência dos créditos presumidos em
epígrafe aos ditames constitucionais, positivados no inciso IV do art. 167 da Carta Política,
ao ressarcir taxas, que são receitas correntes, pode ocorrer uma superavaliação da
Receita Corrente Líquida – RCL e da Receita Líquida de Impostos e Taxas - RLIT, as quais
têm repercussão em diversos indicadores de Gestão Fiscal.
Exposta esta classificação, verifica-se a concentração de valores de fruições
de crédito presumido pelas empresas que mais se apropriaram destes. Assim, as 50
empresas mais desoneradas foram responsáveis por 65,2% do total fruído (R$ 2,5 bilhões
em relação a R$ 3,8 Bilhões). O total de empresas desoneradas foi de 2.165.
Dessa forma, verifica-se que o instituto do crédito presumido, no rol das
desonerações fiscais praticadas no âmbito do ICMS, é o que envolve a maior

756
complexidade para compreensão e análise. Sob a ótica econômica foi possível identificar
que, de uma forma geral, embora ocorra renúncia de parte do ICMS devido, muitas
empresas beneficiadas recolhem valores significativos a título desse imposto estadual. De
outra sorte, verifica-se a existência de múltiplas hipóteses de apropriação de benefícios
fiscais, aparentemente, voltadas aos mesmos setores as quais poderiam ser objeto de
avaliação com vistas à revisão para simplificação da legislação, de modo a reduzir os
custos do Estado com o controle do cumprimento das regras, o que garantiria também
aos contribuintes maior grau de certeza acerca do tratamento tributário a ser dispensado
nas suas operações. De outra banda, há que se ponderar que o crédito presumido se
constitui como instrumento típico de “guerra fiscal” pelas suas peculiaridades, em
particular a flexibilidade na sua aplicação, e eventual redução neste benefício fiscal pode
prejudicar o Estado nesta espécie de “competição”, a qual hoje visa não apenas atrair ou
ampliar empresas, mas também mantê-las operando no Estado.

16.3.2.1.4.6 - Aplicação das desonerações de Estados da mesma região


Com o advento da Lei Complementar nº 160/2017 e do Convênio ICMS nº
190/2017 o Estado do Rio Grande do Sul está autorizado a conceder benefícios fiscais
semelhantes aos de Paraná e Santa Catarina e estes Estados podem replicar concessões
eventualmente praticadas pelo RS. Esta possibilidade foi utilizada pelo Estado para a
desoneração por meio de redução de base de cálculo e de créditos presumidos. Nesta
última modalidade foram desoneradas microcervejarias, fabricantes de calçados e artigos
de couro e fabricantes de aveia. Os números de fruição nos três dispositivos copiados de
SC e/ou PR indicam uma pequena representatividade em relação ao total de crédito
presumido utilizado no ano de 2020, nenhum deles atingiu sequer 1% de participação no
total desonerado nessa modalidade de benefício fiscal.
Por derradeiro, cumpre mencionar que não houve edição de Lei para a
entrada em vigor dos dispositivos colacionados neste tópico. A ausência de lei para
concessão de desonerações fiscais fere o disposto na Constituição Federal, art. 150, § 6º.

16.3.2.1.4.7 - Análise de Conformidade das Desonerações Fiscais


Identificou-se o não atendimento, nos processos de concessão de
desonerações fiscais do ICMS no Estado do Rio Grande do Sul, das disposições da
Constituição Federal a este respeito, notadamente a combinação do artigo 150, §6º, este
instituído pela EC Nº 03/1993, com o artigo 155, §2º, XII, “g”.
O artigo 155, §2º, XII, “g” da Constituição da República outorga à Lei
Complementar a tarefa de regulamentar a forma como, por deliberação dos Estados e DF,
serão concedidos benefícios no âmbito do referido imposto estadual. A Lei
Complementar em questão é a nº 24/75, a qual trata dos convênios a serem firmados
pelos Estados no âmbito do Confaz. Por sua vez a EC nº 03/93 acrescentou o parágrafo 6º
ao artigo 150 da Carta Política e por meio de seu mandamento positivou a necessidade de
lei específica para fins de concessão de desonerações fiscais pelos Entes federados.
Trata-se, portanto, desde então, de requisito de validade dos atos de
concessão de benefícios fiscais a submissão do tema ao devido processo legislativo. O

757
referido mandamento constitucional aplica-se às concessões no âmbito de quaisquer
tributos, inclusive impostos estaduais, como o ICMS.
Com base na legislação e jurisprudência mencionados acima identifica-se
que as concessões de benefícios fiscais concernentes ao ICMS demandariam em tese o
seguinte rito formal:

1º - Celebração de Convênio ICMS no CONFAZ entre os Estados e DF;


2º - Internalização na legislação estadual dos termos do convênio
3º - Edição de Lei específica para a concessão da desoneração fiscal

A realização do adequado processo legislativo para concessão de


benefícios fiscais, tanto nos casos de internalização dos Convênios ICMS como nas demais
situações, além de trazerem maior segurança jurídica tanto ao contribuinte como ao
Estado, traz consigo a possibilidade de diversas externalidades positivas à sociedade, tais
como a preservação do amplo debate e controle aos representantes do povo e uma
maior transparência nas renúncias fiscais praticadas.
A partir das análises realizadas pela equipe de auditoria acerca da
conformidade das concessões de benefícios fiscais no Estado do Rio Grande do Sul,
identificaram-se desonerações presentes no Regulamento do ICMS com as seguintes
características no que diz respeito ao trâmite legislativo para concessão, indo por vezes
de encontro ao que preconiza a Constituição Federal:

i- Internalização de Convênios ICMS com base em Decreto


Legislativo ou aceitação tácita por decurso de prazo;
ii- Benefícios concedidos sem Convênio Confaz, porém com edição
de lei específica;
iii- Benefícios concedidos sem Convênio Confaz, sem edição de lei
específica, embasados em dispositivo genérico da Lei de ICMS
(art. 58 da Lei 8820/1989);
iv- Benefícios concedidos sem Convênio Confaz, sem edição de lei
específica, e Decreto do Poder Executivo sem menção a
qualquer dispositivo legal.

Observa-se que, nas principais desonerações instituídas por meio de


crédito presumido, diversos incisos do art. 32 do RICMS analisados não contaram com
edição de lei específica para sua concessão. O Poder Executivo do Estado se valeu, ora de
dispositivo genérico da Lei Geral do ICMS (art. 58, L. 8820/89), ora de simples decreto
sem a menção a qualquer lei ou convênio que os fundamentasse.

758
16.3.2.1.4.8.– Deficiência na apresentação de estudos de impacto orçamentário-
financeiro
A Lei Complementar nº 101/2000, em seu artigo 14, dispõe a respeito das
medidas necessárias para quando da ampliação da Renúncia Fiscal. Procedimentos estes
que, conforme prevê o referido diploma legal, devem ser seguidos a cada ato de
concessão, constituindo-se, pois, em requisito de validade dos atos.
Os expedientes administrativos relativos a modificações no Regulamento
do ICMS enviados a este TCE ilustram a deficiência dos estudos de impacto orçamentário-
financeiro, com fragilidade de quadros de previsão de renúncia de receita no anexo
próprio da LDO.

16.3.2.2 – Demais impostos


O IPVA é imposto estadual incidente sobre a propriedade de veículos
automotores. Do total arrecadado, além dos valores deduzidos ao FUNDEB, cinquenta por
cento são remetidos aos municípios do Estado onde ocorrera o emplacamento.
O valor bruto arrecadado de R$ 3,22 bilhões foi objeto de dedução ao
FUNDEB (R$ 321,9 milhões) e Transferência aos Municípios (R$ 1,61 bilhão), de modo que
o ingresso líquido de R$ 1,28 bilhão representou 39,90% do que foi pago pelos
contribuintes. É possível identificar que esse imposto tem grande parcela repassada aos
cofres dos Municípios do Estado.
O IPVA conta com uma série de previsões legais de desoneração do
imposto devido que abrangem desde a isenção total até a redução de parte dos valores
devidos. Entre as desonerações no âmbito do IPVA destacam-se as isenções para
máquinas agrícolas, de terraplanagem, tratores, barcos, aviões, reboques e ciclomotores
com estimativa de desoneração de R$ 411,5 milhões, em 2019, em seguida vêm os
veículos com idade superior a vinte anos, que representaram desoneração estimada de
R$ 344,4 milhões, atingindo mais de 2 milhões de veículos.
No rol das estimativas de isenções chama atenção, além do valor
desonerado de R$ 882,4 milhões, o total de veículos que deixa de ser tributado de quase
R$ 3,0 milhões.
O ITCD é imposto estadual incidente sobre as transmissões causa mortis de
bens e direitos, e sobre as doações. Do valor bruto arrecadado de R$ 759,8 milhões,
patamar superior em 9,20% em comparação a 2019, houve dedução ao FUNDEB (R$
152,0 milhões), perfazendo um ingresso líquido de R$ 607,8 milhões, estes 9,18%
superiores aos valores alcançados no exercício anterior a 2020.
O IRRF é imposto de competência da União incidente sobre a renda e
proventos de qualquer natureza. Ele consta entre os impostos arrecadados pelo Estado
em virtude do disposto no art. 157, I da Carta Magna.
Em virtude de legislação federal, o Estado do Rio Grande do Sul procede à
retenção na fonte do Imposto de Renda sobre grande parte de suas contratações de bens
e serviços (há exceções previstas na lei), além da folha de pagamento de seus servidores.
Após reter os valores do IRRF sobre esses pagamentos, em vez de remetê-los à União, o
Estado os arrecada na forma de receita tributária em cumprimento ao mencionado inciso
I do art. 157 da CF.

759
O valor arrecadado a título de IRRF alcançou o montante de R$ 3,28
bilhões, em 2020, patamar inferior em 1,49% aos ingressos do ano de 2019, entretanto
27,94% superiores, quando comparados com 2016.

16.3.2.3 – Taxas
As taxas pertencem ao grupo das receitas tributárias e têm como fato
gerador a prestação efetiva ou potencial de serviço público específico e divisível pelo
Estado, podendo ser didaticamente divididas em taxas de serviço e de polícia, esta última
relacionada ao exercício do poder de polícia pelo Estado, como em casos de fiscalizações.
Uma particularidade em relação às Taxas é o fato de outros Poderes, além
do Executivo, auferirem volumes significativos dessa receita, como é o caso do Poder
Judiciário em relação aos emolumentos e custas judiciais, por exemplo.
As Taxas de Serviços, com um extenso rol de rubricas, são as mais
representativas em termos de valores arrecadados, tendo alcançado o patamar de R$
1,56 bilhão, em 2020, embora esse valor represente uma queda de 6,5% em relação ao
ingresso de 2019.
Na sequência aparecem as taxas relacionadas aos emolumentos e custas
judiciais com cifras na casa dos R$ 223,08 milhões, apesar da redução de 22,1% frente aos
valores do exercício anterior. Por fim, aparecem as taxas e emolumentos extrajudiciais e
as relacionadas às atividades de inspeção, controle e fiscalização, com montantes de R$
1,22 milhão e R$ 22,62 milhões, respectivamente.

16.3.2.4 – Administração Tributária


A Administração Tributária do Estado é detentora da competência de
responder pelo desenvolvimento das ações que visam à obtenção dos recursos
financeiros capazes de viabilizar o atendimento às demandas da Administração Pública,
cujas ações possuem como limite o alcance da Receita Potencial do Estado, ou seja, o
correspondente ao valor total possível de arrecadar tendo por parâmetro a base
imponível prevista na legislação.
Com referência aos dados apresentados, em comparação com 2019, em
valores nominais, os resultados obtidos pela Receita Estadual no ano de 2020 registram
incremento na arrecadação de ICMS tributário na ordem de 3,66%. Entretanto, na análise
dos valores reais ou inflacionados, constata-se a uma menor elevação, de 0,44%. Em
relação ao ICMS a qualquer título houve redução real de 3,51%, número influenciado pelo
contexto econômico decorrente do cenário pandêmico.
O ano de 2020 não foi o de maior valor nominal de ICMS arrecadado.
Todavia, no período 2010-2020, constata-se aumento real de 17,68%.

16.3.2.4.1 – Da Atuação Fiscalizatória


Em 2019, a Receita Estadual lançou um conjunto de 30 medidas para a
modernização da administração tributária do Rio Grande do Sul. As iniciativas,
denominadas “Receita 2030: Rumo à Receita Digital”, fazem parte do processo de
recuperação fiscal e de promoção do desenvolvimento. As ações buscam qualificar o

760
relacionamento do Estado com os contribuintes, simplificar as obrigações acessórias,
incrementar a eficiência da arrecadação e da fiscalização, racionalizar o uso de recursos e
reduzir o custeio da administração tributária.
A intensificação do uso de Tecnologia da Informação deve ser entendida
como uma ferramenta que teve um desenvolvimento expressivo a partir da
universalização da obrigatoriedade dos contribuintes emitirem Nota Fiscal Eletrônica (NF-
e) e apresentarem suas declarações tributárias na forma de Escrituração Fiscal Digital
(EFD), tanto para as Administrações Tributárias Municipais e Estaduais como Nacional,
conforme suas competências constitucionais. A entrega de arquivos eletrônicos
possibilitou que as Administrações Tributárias construíssem seus bancos de dados e
pudessem trocar informações entre si. No caso do Rio Grande do Sul, a partir da aquisição
de solução de grande capacidade de processamento de dados – Big Data, a análise e o
cruzamento de dados passaram a ser realizadas em frações de segundos.
Dentre as atuações fiscalizatória exercidas pela Secretaria da Fazenda,
ressaltam-se as promovidas pelos Grupos e o Núcleos Setoriais de Administração
Tributária - GSAT/NSAT, uma vez que suas atribuições estão direcionadas para o controle
dos contribuintes e dos setores responsáveis pelas parcelas mais relevantes da
arrecadação do ICMS.
Entre as formas de atuação no acompanhamento de contribuintes, merece
menção a implementação do Regime Especial de Fiscalização - REF, procedimento
iniciado com a Lei nº 13.711/2011 com o objetivo de instaurar um tratamento
diferenciado para os contribuintes identificados como devedores contumazes, isto é,
aqueles com reiteradas e sistemáticas inadimplências (não recolhimento) dos ICMS
declarados e já vencidos.
Outro ponto a destacar no âmbito da atuação fiscalizatória concerne à
melhoria na qualidade das informações prestadas acerca dos incentivos fiscais fruídos
pelos contribuintes do Estado do Rio Grande do Sul a partir do trabalho desenvolvido no
Monitoramento das Desonerações Fiscais. Foi identificado em sede de Auditoria por esta
Corte de Contas que muitas das inconsistências de informações detectadas em 2019 não
mais constaram nos dados de 2020.

16.3.4.2.2 – COMPENSA RS
O COMPENSA RS é um programa, instituído pela Lei nº 15.038/2017 e
regulamentado pelo decreto nº 53.974/2018, que possibilita a compensação de débitos
inscritos em dívida ativa de natureza tributária ou de outra natureza, ajuizados ou não,
com precatórios vencidos do Estado do Rio Grande do Sul, suas autarquias ou fundações,
próprios ou de terceiros, inscritos até o dia 25 de março de 2015. Por meio do encontro
de contas entre os valores devidos (dívida ativa) e os valores que lhe são devidos
(precatórios), a iniciativa viabiliza que os contribuintes e empresas regularizem suas
situações, bem como o ingresso de recursos nos cofres públicos e a redução do estoque
de precatórios, vencidos do Estado, que precisava zerar, por determinação constitucional,
até o ano de 2024. Em 2021, por meio da chamada PEC Emergencial, foi promulgada a EC
nº 109/2021 que modificou o disposto no art. 101 da CF e estendeu o prazo para os Entes
quitarem seus precatórios até dezembro de 2029.

761
No ano de 2019 a arrecadação foi de R$ 810,6 milhões (R$ 15,6 milhões
financeiros e R$ 795,0 milhões compensados com precatórios). Agora, em 2020, foram
auferidos R$ 211,9 milhões (R$ 36,5 milhões financeiros e R$ 175,4 milhões compensados
com precatórios).

16.3.3 – Receitas de Contribuições


As contribuições sociais são tributos que compõem o grupo das receitas
correntes do Ente Público. A Constituição Federal permite aos Estados a instituição de
contribuições para financiamento dos respectivos regimes próprios de previdência.
Essas contribuições sociais, que financiam o RPPS do Estado do Rio Grande
do Sul, são em parte compostas por repasses intraorçamentários, ou seja, embora
representem uma receita na análise somente da Gestão Previdenciária são ao mesmo
tempo despesas nos órgãos e entidades. Trata-se das contribuições previdenciárias
patronais e dos aportes para cobertura de eventuais déficits previdenciários. Não há,
pois, ingresso efetivo de recurso ao Estado.
Situação diferente ocorre em relação às contribuições descontadas nos
contracheques dos servidores ativos e inativos, e dos pensionistas, as quais ingressam ao
Estado na forma de Receita Orçamentária. A exemplo dos repasses intraorçamentários
são utilizadas como fonte de recurso para o pagamento de benefícios previdenciários.
A próxima tabela destaca o comportamento das Receitas de Contribuições,
considerados os repasses intraorçamentários (contribuições patronais e cobertura do
déficit ao IPERGS).
As Receitas de Contribuições, excluídas as Intraorçamentárias, atingiram o
montante de R$ 4,39 bilhões, refletindo um acréscimo de 14,8%, em relação ao montante
inflacionado de 2019, e um aumento de 22,5% em comparação a 2016.
Esses números sofreram um maior impacto justamente no exercício de
2020, quando da vigência dos efeitos da Reforma Previdenciária Gaúcha que, entre
outros aspectos, modificou as alíquotas de Contribuição Previdenciária, além de ampliar a
base de incidência em relação a servidores inativos e a pensionistas, que até então
somente descontavam em favor da previdência estadual sobre os vencimentos acima do
teto do RGPS e passaram a contribuir com os proventos acima do salário mínimo.
Diante da nova tabela de alíquotas de contribuições previdenciárias houve
um incremento nessa receita de 35,3% frente a 2019. As novas alíquotas de desconto de
contribuições previdenciárias e a reestruturação do Fundoprev Civil foram os principais
fatores ocorridos em 2020 de modo a repercutir nesses números.

16.3.4 – Receitas Patrimoniais


As Receitas Patrimoniais fazem parte do grupo denominado de receitas
originárias, uma vez que decorrem da exploração do patrimônio do Ente Público e não do
exercício do poder extroverso pela Administração Pública, como ocorre no caso dos
tributos. Entre esses ingressos constarão rubricas como a remuneração de depósitos
bancários, recebimento de aluguéis, royalties por concessões, dividendos e juros sobre o
capital próprio de empresas em que o Estado possua participação.

762
As Receitas Patrimoniais (R$ 497,7 milhões) tiveram uma queda (47,9%)
em relação ao ano anterior, bem como em comparação ao ano de 2016 (77,3%).
Entre os ingressos em função da participação acionária do Estado, os
valores mais significativos dessa fonte de receita são os Dividendos e Juros sobre o Capital
Próprio, no total de R$ 107,1 milhões, relativamente à participação nos lucros do
Banrisul, tendo ocorrido recuo de 62,2% frente aos valores atingidos no exercício
anterior.
Cumpre destacar a remuneração dos investimentos do RPPS - Fundoprev
Civil e Militar (R$ 135,5 milhões), com queda real de 49,3% frente a 2019, embora com
relação ao ano de 2016 tenha sido registrada elevação de 70,7%.
Sobre essa fonte de receita cita-se que em função da aprovação da Lei
Complementar nº 15.511/2020 aproximadamente dezessete mil servidores civis foram
migrados para o regime de repartição simples, o que implicará menores ingressos de
receitas de contribuições, além da autorização dada por essa lei para saque proporcional
do patrimônio do fundo previdenciário – ainda não efetivado – o qual pode acarretar
significativa redução dessa receita patrimonial.

16.3.5 – Transferências Correntes e Transferências de Capital


As transferências correntes e de capital são caracterizadas como recursos
advindos de outros Entes, ou mesmo entidades públicas ou privadas. O que diferencia se
estes ingressos comporão a categoria econômica das receitas correntes ou de capital é o
destino que será dado aos valores, quando da execução da despesa.
Para o ano de 2020, as Transferências Correntes alcançaram o montante
de R$ 11,17 bilhões (deduzidas as contribuições para a formação do FUNDEB), com
elevação de 29,6% em relação aos valores corrigidos do exercício anterior. As reduções
nos valores das transferências correntes eram recorrentes até 2019. Entretanto, em
virtude dos valores enviados para combate à Pandemia da covid-19, seja diretamente
para aplicação em saúde ou para compensar perdas de arrecadação, inverteu-se essa
tendência de quedas, passando a ocorrer elevação de 23,1% também na comparação de
2020 com o ano de 2016.
As Transferências de Capital, com R$ 197,5 milhões, tiveram expressiva
elevação de 344,7% em relação a 2019, números igualmente influenciados por remessas
de valores no âmbito do combate à pandemia, como para a Saúde (R$ 47,4 milhões) e
Saneamento Básico (R$ 33,8 milhões). Também são destaque os repasses do Fundo
Nacional de Segurança Pública (R$ 42,8 milhões).
A maior transferência corrente, o retorno do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação –
FUNDEB, atingiu R$ 4,35 bilhões em 2020 (4,5% menor que 2019). O Estado contribuiu
para o Fundo com R$ 6,36 bilhões (20% do ICMS, FPE, IPI-Exportação, ITCD e IPVA), logo
houve a perda de R$ 2,01 bilhões de recursos, os quais retornaram de acordo com a
redistribuição (entre o Estado e seus municípios) calculada pelo número de matrículas em
escolas da rede pública.
As Transferências para a Saúde atingiram o montante de R$ 1,80 bilhão,
somados os R$ 977,0 milhões (aumento real de 16,3% frente a 2019) que agregam as

763
transferências para Atenção Básica, Atenção Média e Alta Complexidade Ambulatorial e
Hospitalar, Vigilância em Saúde, Assistência Farmacêutica e Gestão do SUS, com os R$
558,7 milhões transferidos pelo Governo Federal para combate à Covid-19, além de R$
261,6 milhões enviados em decorrência da Lei Complementar nº 173/2020 para aplicação
em saúde e assistência social.
Sobre a LC nº 173/2020, cumpre destacar que esta se encarregou do
chamado pacote de auxílio financeiro aos Estados, e enviou outros recursos sem uma
destinação especificada com o propósito de compensar eventuais perdas de arrecadação
em função do cenário de pandemia enfrentado.
Outra Lei Complementar Federal com impacto nos valores de ingresso de
transferências foi a LC nº 176/2020 que tratou do tema da compensação das perdas
decorrentes da Lei Kandir pelos Estados exportadores.

16.3.5.1 – Recursos extraordinários enviados no contexto de Pandemia da Covid-


19
O contexto da pandemia decorrente da Covid-19 que perpassou quase
todo exercício de 2020 apresentou uma série de desafios ao Poder Público do Estado, seja
no campo do atendimento à saúde, ou mesmo do ponto de vista econômico com a
possível queda na arrecadação das exações estaduais. A fim de auxiliar os Entes
subnacionais a superar esses desafios, a União remeteu valores ao Estado.

REPASSES DE RECURSOS FEDERAIS – 2020


Em R$ milhões nominais
RECURSOS LEGISLAÇÃO APLICAÇÃO TOTAL
Reposição FPE – Apoio Financeiro aos Estados Lei nº 14.041/2020 Livre 126,0
Reposição perdas de Arrecadação LC nº 173/2020 – Art. 5º, II Livre 1.945,4
Ações de Saúde e Assistência Social LC n º 173/2020 – Art. 5º, I Saúde/Assist. Social 261,6
Transferências SUS – Combate COVID Portarias MS/SUS Saúde – COVID 565,2
Apoio a Cultura – Lei Aldir Blanc Lei nº 14.017/2020 Setor Cultural 74,1
TOTAL 2.972,3
Fonte: Sistema Cubos/DW/SEFAZRS
Cálculo: Equipe técnica SAICE/SAIPAG
Obs: Valores brutos

Assim, no exercício de 2020 ingressaram no Rio Grande do Sul R$ 2,97


bilhões extras, sendo R$ 2,07 bilhões para livre aplicação, R$ 826,8 milhões para aplicação
em saúde e R$ 74,1 milhões para o setor cultural. Soma-se a estes valores R$ 1,9 milhão
de remuneração bancária, vinculada às transferências recebidas do SUS, para o combate
ao Covid-19, os quais são direcionados para conta bancária do Fundo Estadual da Saúde,
no Banco do Brasil, gerando, desta forma, rendimentos por estarem aplicados.
Os recursos federais ingressaram ao longo de 2020, a partir do mês de
abril, em resposta ao agravamento da pandemia, e estenderam-se até o mês de
dezembro, embora os maiores volumes tenham sido repassados entre junho e setembro.

764
REPASSES DE RECURSOS FEDERAIS – 2020
Em R$ milhões nominais
LC nº 73/20
RECURSOS Reposição FPE LC 173/20 Saúde Trans. SUS Cultura TOTAL
Livres
Janeiro/2021 - - - - - -
Fevereiro/2021 - - - - - -
Março/2021 - - - - - -
Abril/2021 1,3 - - 105,4 - 106,7
Maio/2021 8,8 - - 91,3 - 100,1
Junho/2021 47,8 486,3 63,5 99,5 - 697,2
Julho/2021 35,3 486,3 63,5 49,5 - 634,6
Agosto/2021 - 486,3 63,5 133,6 - 685,7
Setembro/2021 13,3 486,3 63,5 12,1 69,8 650,3
Outubro/2021 19,6 - - 18,5 - 38,2
Novembro/2021 - - - 15,9 4,2 20,1
Dezembro/2021 - - - 39,4 0,2 39,6
TOTAL 126,0 1.945,4 261,6 565,2 74,1 2.972,3
Fonte: Sistema Cubos/DW/SEFAZRS
Cálculo: Equipe técnica SAICE/SAIPAG
Obs: Valores brutos

O impacto dos repasses federais no total da receita orçamentária do


Estado pode ser verificado na tabela a seguir. Os valores são nominais e estão brutos de
qualquer dedução.

REPASSES DE RECURSOS FEDERAIS – 2020


Em R$ milhões nominais
2020 2020
RECEITAS 2019 % %
sem repasses federais Com repasses federais
RECEITAS CORRENTES 60.520,9 60.482,3 -0,1% 63.448,2 4,8%
IMPOSTOS E TAXAS 45.431,6 45.451,6 0,0% 45.451,6 0,0%
CONTRIBUIÇÕES 3.709,3 4.394,8 18,5% 4.394,8 18,5%
RECEITA PATRIMONIAL 960,6 816,2 -15,0% 816,2 -15,0%
RECEITA AGROPECUÁRIA 1,1 1,1 -8,0% 1,1 -8,0%
RECEITA INDUSTRIAL 0,0 0,0 0,3% 0,0 0,3%
RECEITA DE SERVIÇOS 513,0 400,6 -21,9% 400,6 -21,9%
TRANSFERÊNCIAS CORRENTES 8.865,1 8.846,6 -0,2% 11.812,5 33,2%
OUTRAS RECEITAS CORRENTES 1.040,1 571,5 -45,1% 571,5 -45,1%
RECEITAS DE CAPITAL 839,7 1.048,7 24,9% 1.055,2 25,7%
OPERAÇÕES DE CRÉDITO 191,9 24,9 -87,0% 24,9 -87,0%
ALIENAÇÃO DE BENS 570,1 808,2 41,8% 808,2 41,8%
AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTI-
27,5 24,6 -10,3% 24,6 -10,3%
MOS
TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL 43,0 191,0 343,9% 197,5 359,0%
OUTRAS RECEITAS DE CAPITAL 7,3 0,1 -99,3% 0,1 -99,3%
TOTAL 61.360,6 61.531,1 0,3% 64.503,4 5,1%
Fonte: Sistema Cubos/DW/SEFAZRS
Cálculo: Equipe técnica SAICE/SAIPAG
Obs: Valores brutos, sem considerar as receitas intraorçamentárias.

765
No primeiro cenário, considerando o ano de 2020 sem os repasses federais
extraordinários, observa-se um pequeno crescimento de 0,3% (R$ 170,5 milhões) na
receita total, quando comparado com 2019. Embora tenha havido queda das receitas
correntes (-0,1%), ocorreu crescimento de 24,9% nas receitas de capital. A arrecadação
estadual ficou estagnada em 2020, sem variação de um ano para outro.
Em um segundo cenário, ao considerar os repasses federais extraordinários
recebidos pelo Estado, o crescimento na receita total chega a 5,1%. Em valores nominais,
o crescimento em 2020 foi de R$ 3,14 bilhões, ou seja, os repasses federais foram além
da queda na receita orçamentária no ano de 2020, quando comparada com os valores
nominais de 2019.
Conforme já demonstrado, os recursos ingressaram a partir do mês de
abril/2020, sendo os maiores volumes recebidos a partir de junho/2020. O gráfico a
seguir ilustra o comportamento mensal da receita ao longo do ano.

GRÁFICO - RECEITA DO ESTADO – VARIAÇÃO MENSAL 2020 (Em R$ milhões nominais)


8.343,3
9.000,0 8.303,8

8.000,0
5.609,3
7.000,0 5.691,4 7.969,4
5.691,4 5.127,1 5.801,6 5.596,7 5.111,0 5.589,2
5.480,0
6.000,0 5.127,1 4.788,3
4.790,1
5.093,2 5.140,1 4.946,4 5.072,9
4.788,3 4.935,7 4.698,6
5.000,0
4.938,2 4.794,3 4.981,6
4.000,0 4.714,4 4.705,7 4.746,8 4.831,6 4.458,6 4.641,9 4.618,5
4.551,8
3.000,0 3.789,1
4.238,6
3.689,0
2.000,0
1.000,0
-
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

2019 2020 - sem repasses 2020 - com repasses

Fonte: Sistema Cubos/DW/SEFAZRS


Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG

Com a variação mensal, é possível verificar no gráfico o período de


agravamento da pandemia com a consequente queda na arrecadação. Após iniciar o ano
com uma receita superior a 2019, nos meses de abril, maio e junho ocorre uma inversão
nas linhas. É possível ainda, analisando apenas o ano de 2019 (linha azul) com o ano de
2020 sem os repasses federais (linha vermelha) que as receitas voltam a superar as do
ano anterior apenas em setembro, permanecendo assim até o final do exercício,
demonstrando a retomada da economia do Estado. Ao analisar o ano de 2020 com
repasses federais (linha verde), a retomada já ocorre em junho, consequência do ingresso
da primeira parcela dos recursos oriundos da LC nº 173/2020.

16.3.6 – Outras Receitas Correntes


As “Outras Receitas Correntes”, somando R$ 566,7 milhões, diminuíram
21,19% em relação aos valores inflacionados de 2019. A anulação de restos a pagar
exerce grande influência neste grupo de receitas.
Importante ressaltar a mudança na forma de contabilização, a partir de
2019, das multas e juros relativos aos tributos cobrados pelo estado. Anteriormente,

766
eram classificados em “Outras Receitas Corrente”. A partir do ano em análise, estão
contabilizados junto ao valor principal do tributo, dentro de “Receita de Impostos, Taxas e
Contribuições de Melhoria”.
Para 2020, foi orçado o montante de R$ 64,3 milhões em operações de
crédito internas e externas, tendo sido realizados R$ 24,9 milhões (38,7%). Esses
ingressos foram inferiores em 87,4% aos valores inflacionados de 2019
(R$ 198,0 milhões).
De 2015 a 2018, o Estado ficou impedido de contratar operações por ter
ultrapassado o limite da Dívida Consolidada Líquida, e os ingressos no total de
R$ 1,4 bilhão foram relativos a parcelas de contratações já efetuadas em anos anteriores.
O montante aplicado em 2020 foi de R$ 52,9 milhões (utilizados os ingressos no exercício
e anteriores), principalmente com operações do POD (BID).

16.3.7 – Amortização de Empréstimos Concedidos


As Receitas derivadas de Amortização de Empréstimos Concedidos
totalizaram R$ 24,6 milhões, com um decréscimo de 13,1%, comparado aos valores
inflacionados de 2019. A receita mais significativa, com R$ 17,0 milhões, decorreu da
amortização de empréstimos da CORSAN.

16.3.8 – Alienação de Bens


A receita de alienação de bens possui como principais vetores os ingressos
oriundos da desconstituição dos fundos afetos aos programas de fomento à atividade
econômica do Estado do Rio Grande do Sul no âmbito do Fundopem e Fomentar.
Conforme amplamente exposto em item próprio dentro do tema
desonerações fiscais do ICMS, os referidos programas são operacionalizados como uma
espécie de financiamento parcelado de parte do ICMS devido, conforme o regramento de
cada programa e dentro dos termos dos acordos individuais celebrados entre o Estado e
os Contribuintes que neles se enquadraram.
Esse valor de ICMS que deixa de ser pago a partir da fruição de créditos
presumidos transforma-se em financiamentos a longo prazo cuja gestão e operação fica
na competência do Badesul.
Quando do ingresso do pagamento das amortizações desses
financiamentos pelas empresas beneficiadas, parte do recurso permanece nos
respectivos fundos para fins de fomento a outras atividades econômicas, com destaque
ao fomento a empresas de menor parte. A outra parcela, conforme o regramento do
Fundopem ou Fomentar, é transferido ao Fundo de Reforma do Estado. É justamente no
momento do ingresso dos valores no FRE que é reconhecida a receita de capital de
alienação de bens em função da desconstituição desses fundos.
Destaca-se que no final de 2020 ocorrera desconstituição do Fomentar que
implicou no reconhecimento de R$ 758,5 milhões em receita de capital, valor que
representou 93,9% das receitas de alienações de bens. A origem desse montante remete
a operações efetuadas em exercícios anteriores. Como a conta corrente do Fomentar
pertence ao SIAC, já ocorrera a utilização efetiva dos valores no passado. A presente

767
receita de capital apenas indica o reconhecimento contábil por meio da operacionalização
da desconstituição do fundo.

16.3.9 – Demais Receitas


As demais receitas orçamentárias (R$ 400,6 milhões), representaram
menos de 1,0% da Receita Corrente do Estado (R$ 46,0 bilhões, excluída a dupla
contagem).
A principal receita desse grupo foi a de Serviços, com R$ 400,6 milhões que
representaram 99,7% das demais receitas de 2020, houve queda real de 24,4%, em
comparação a 2019. Já as receitas agropecuária e industrial têm pequena participação
nesse grupo, e atingiram somadas valores aproximados de R$ 1,1 milhão.

16.3.10 – Deduções da Receita


De acordo com o Manual de Contabilidade Aplicado ao Setor Público
(MCASP, 8ª edição), a dedução da receita, exceto quando houver determinação legal para
que se contabilize como despesa orçamentária, é o procedimento a ser adotado em casos
como: i- recursos que o ente tenha a competência de arrecadar, mas que pertençam a
outro ente; ii- restituição de tributos recebidos a maior ou indevidamente; iii – renúncia
de receita orçamentária.
A restituição de tributos recebidos com valor majorado ou indevidamente
é contabilizada como despesa orçamentária, enquanto a renúncia de receita
orçamentária sequer contabilização recebe. Esse último fato contábil é objeto de
divulgação pela Receita Estadual por meio do Demonstrativo de Desonerações Fiscais,
onde são apresentados os valores fruídos e estimados da renúncia de receita praticada
pelo Estado do Rio Grande do Sul.
No que diz respeito aos recursos que o Estado tem competência de
arrecadar, mas que são devidos a outro Ente, ressalta-se a mudança de tratamento
contábil em relação à cota-parte dos Municípios na arrecadação de tributos. Até 2019
esses valores eram contabilizados como despesa orçamentária, entretanto passou-se a
registrá-los como dedução da receita a partir de 2020, procedimento que vai ao encontro
das orientações do MCASP.
A próxima tabela destaca as deduções da receita ocorridas no ano de 2020
com a evidenciação da receita da qual foram descontadas. Os maiores valores de
dedução dizem respeito ao repasse aos municípios e ao Fundeb. A receita da qual se
deduziu a maior quantia em termos absolutos foi o ICMS, imposto que também é o
responsável pelos maiores montantes de arrecadação aos cofres do Estado.

DEDUÇÕES DA RECEITA - 2020


Em Milhões de R$
Multas
Receita Deduzida FUNDEB Municípios Valores Mobiliários
Adm/Contr.
IPVA -321,9 -1.612,8 - -
ITCD -152,0 - - -
ICMS -5.385,7 -8.988,2 - -
ITBI - -1,3 - -
Patrimonial - - -318,4 -
Fundo de Participação dos Estados -427,3 - - -

768
DEDUÇÕES DA RECEITA - 2020
Em Milhões de R$
Multas
Receita Deduzida FUNDEB Municípios Valores Mobiliários
Adm/Contr.
IPI -77,1 -128,5 - -
CIDE - -9,6 - -
Outras Receitas Correntes - - - -5,0
TOTAL -6.363,9 -10.740,3 -318,4 -5,0
Fonte: Cubos DW – Sefaz RS.

Os valores destinados ao Fundeb, após serem deduzidos das receitas como


demonstrado na tabela acima, retornam ao Estado na forma de transferências, conforme
critérios próprios do programa.
Quanto aos repasses aos municípios dos dois principais impostos estaduais
em termos de valores arrecadados, notadamente o ICMS e o IPVA, identificam-se como
critérios para distribuição dos valores o Índice de Participação dos Municípios – IPM, no
caso do ICMS, e o local do emplacamento do veículo para repasse do IPVA devido aos
municípios.

16.3.11 – Receita Corrente Líquida


A Receita Corrente Líquida, a partir de 2000, passou a ser calculada com
base na Lei Complementar nº 101, de 04-05-2000, que estabelece normas de finanças
públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal (Lei de Responsabilidade Fiscal).
De acordo com o entendimento deste Tribunal de Contas, para a apuração
da Receita Corrente Líquida, deve ser acrescentado o valor referente à perda dos recursos
aplicados no FUNDEF (Parecer Coletivo 1/2002, apreciado pelo Tribunal Pleno desta Casa,
em Sessão do dia 28-08-2002), e deduzida a receita advinda da retenção na fonte do
Imposto de Renda sobre a folha de pessoal do Estado (Parecer Coletivo 2/2002, aprovado
em Sessão Plenária de 08-05-2002).
A partir de janeiro de 2004, o cálculo da RCL, efetuado pela Contadoria e
Auditoria-Geral do Estado – CAGE passou a ser em consonância com os critérios
estabelecidos por este Tribunal de Contas do Estado.

769
RECEITA CORRENTE LÍQUIDA – RCL - 2016/2020
Em R$ milhões
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO Δ% Δ% Δ% Δ% Δ%
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
1. Receita Corrente 59.478,8 59.204,4 -0,5 62.127,9 4,9 62.064,1 -0,1 62.934,8 1,4 5,8
1.1 Receita Tributária 41.465,4 42.598,7 2,7 44.560,9 4,6 46.883,9 5,2 45.437,7 -3,1 9,6
1.2. Receita de Contribuições 3.587,3 3.504,5 -2,3 3.852,0 9,9 3.828,4 -0,6 4.394,8 14,8 22,5
1.3. Receita Patrimonial 2.215,5 807,6 -63,6 933,4 15,6 597,7 -36,0 316,7 -47,0 -85,7
1.4. Receita Agropecuária 1,8 1,2 -31,8 1,7 40,9 1,2 -31,7 1,1 -10,8 -41,4
1.5. Receita Industrial 0,1 0,0 -72,8 0,0 -55,7 0,0 -65,0 0,0 -2,8 -95,9
1.6. Receita de Serviços 372,4 379,4 1,9 369,3 -2,7 529,5 43,4 400,6 -24,4 7,6
1.7. Transferências Correntes 9.627,4 9.225,7 -4,2 9.251,5 0,3 9.149,9 -1,1 11.812,5 29,1 22,7
1.8. Outras Receitas Correntes 2.208,9 2.687,3 21,7 3.159,0 17,6 1.073,5 -66,0 571,5 -46,8 -74,1
2. Deduções para apuração da RCL 18.618,7 19.037,4 2,2 20.595,3 8,2 19.854,5 -3,6 19.828,3 -0,1 6,5
2.1. ( - ) Transf. Constituc. a
10.242,1 10.351,7 1,1 11.075,3 7,0 10.881,7 -1,7 10.740,3 -1,3 4,9
Municípios
2.2. ( - ) Contrib. Previd. dos
1.893,4 1.784,5 -5,7 2.084,3 16,8 2.066,7 -0,8 2.520,9 22,0 33,1
Servidores
2.3. ( - ) Comp. Fin. entre Reg. Previd. 56,6 65,4 15,5 85,2 30,3 78,6 -7,7 65,0 -17,4 14,9
2.4. ( - ) Contribuição ao FUNDEB 6.148,5 6.204,2 0,9 6.621,2 6,7 6.476,6 -2,2 6.502,0 0,4 5,8
2.5. ( - ) Anulação de Restos a Pagar 172,2 500,5 190,6 592,5 18,4 350,8 -40,8 - -100,0 -100,0
2.6. ( - ) Receita/(perda) Fundoprev 106,0 131,2 23,7 136,8 4,2 - -100,0 - - -100,0
3. Subtotal RCL (1 - 2) 40.860,1 40.167,0 -1,7 41.532,6 3,4 42.209,6 1,6 43.106,6 2,1 5,5
4. ( - ) IRRF
2.427,5 2.834,7 16,8 2.825,7 -0,3 3.076,4 8,9 3.185,3 3,5 31,2
Ativos/Inativos/Pensionista
5. ( + ) Perda FUNDEB (8.4 – 5.2) 1.355,8 1.564,6 15,4 1.734,9 10,9 1.923,8 10,9 2.152,3 11,9 58,7
6. RCL (3 - 4 + 5) – Vlr. Inflacionado 39.788,5 38.896,9 -2,2 40.441,8 4,0 41.057,1 1,5 42.073,5 2,5 5,7
7. RCL – Valor Nominal 34.654,9 35.045,9 1,1 37.773,3 7,8 39.779,4 5,3 42.073,5 5,8 21,4
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.

Em 2020, a Receita Corrente Líquida cresceu 2,5%, em relação aos valores


inflacionados de 2019. Em montante nominal, houve um incremento de 5,8%.
Comumente o comportamento da receita corrente líquida era influenciado,
fundamentalmente, pelas Receitas Tributárias, responsáveis pela maior parte da
arrecadação do Tesouro Estadual. Todavia, em função de mudanças substanciais na
previdência estadual e de envio de recursos federais para apoio aos Estados no
enfrentamento da pandemia, as receitas de contribuições e de transferências correntes,
com elevações reais na ordem de 14,8% e 29,1%, respectivamente, contribuíram para
que, apesar da queda na arrecadação tributária de 3,1% (em relação aos valores
corrigidos de 2019), houvesse incremento real na RCL.

16.3.11.1 – Comprometimento da RCL


A análise do comprometimento da Receita Corrente Líquida, em relação
aos gastos públicos, está assim demonstrada:

GASTOS PÚBLICOS x COMPROMETIMENTO DA RCL - 2016/2020


Em R$ milhões (inflacionados)*
% % % % %
DISCRIMINAÇÃO 2016* 2017* 2018* 2019* 2020
RCL RCL RCL RCL RCL
1. Despesa Total
43.743,6 109,9 45.348,1 116,6 49.034,8 121,2 49.239,6 119,9 47.846,5 113,7
Empenhada (a)**
2. ( - ) Contrib. Previd. dos
1.893,4 4,8 1.784,5 4,6 2.084,3 5,2 2.066,7 5,0 2.520,9 6,0
Servidores (b)

770
GASTOS PÚBLICOS x COMPROMETIMENTO DA RCL - 2016/2020
Em R$ milhões (inflacionados)*
% % % % %
DISCRIMINAÇÃO 2016* 2017* 2018* 2019* 2020
RCL RCL RCL RCL RCL
3. ( - ) IRRF dos Servidores
2.427,5 6,1 2.834,7 7,3 2.825,7 7,0 3.076,4 7,5 3.185,3 7,6
(b)
4. Despesa Total Ajustada
39.422,8 99,1 40.728,9 104,7 44.124,7 109,1 40.096,5 107,4 42.140,2 100,2
(c)
5. RECEITA CORRENTE
39.788,5 38.896,9 40.441,8 41.057,1 42.073,5
LÍQUIDA –RCL
6. Gastos Ajustados
acima/(abaixo)
(365,7) 1.832,0 3.682,9 3.039,4 66,7
da capacidade Erário (4
– 5)
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.
(**) Transferências Constitucionais aos Municípios contabilizadas como dedução da Receita em 2020 e ajustada no total da despesa empenhada de 2016
a 2019.
(a) Excluídas as contribuições ao IPERGS para o custeio de assistência médica e previdência, as quais geram duplicidade na consolidação das despesas e
das receitas totais do Estado.
(b) Retenções da folha de pagamento que geraram receita para o Estado e que são excluídas na apuração da RCL.

Em 2020, o total empenhado de R$ 47,85 bilhões representou 113,7% da


Receita Corrente Líquida. Depois de deduzidas aquelas despesas com reflexo na apuração
da RCL (Contribuições Previdenciárias e IRRF dos Servidores), a relação da despesa total
com a RCL alcançou 100,2%, ou seja, os gastos públicos ficaram acima da capacidade do
Erário em 0,2% (R$ 66,7 milhões). Vale destacar que as Transferências Constitucionais aos
Municípios que antes eram deduzidas no cálculo da RCL tiveram sua forma de
contabilização alterada, deixando de constar nas despesas para ser tratada como uma
dedução da receita de modo que o ajuste deixa de ser necessário para apuração da RCL.
Comparando-se 2020 com o exercício de 2016 verifica-se alteração,
partindo de um gasto inferior à RCL em R$ 365,7 milhões, passou-se para um de
R$ 66,7 milhões acima da receita corrente líquida, além de terem ocorrido momentos de
gastos além da RCL mais significativos entre 2017 e 2019 com pico atingido no ano de
2018 (R$ 3,68 bilhões acima da receita corrente líquida).

16.4 – Comportamento das Despesas


Neste capítulo é apresentada uma análise consolidada das despesas
estaduais no exercício de 2020, bem como sua evolução nos últimos anos.

16.4.1 – Despesas por Poder, Grupo e Funções de Governo


Em 2020, não levando em consideração as operações intraorçamentárias,
todos os poderes tiveram redução real no total de suas despesas na comparação com o
ano imediatamente anterior. Na comparação das despesas de 2020 com os valores de 05
(cinco) anos antes se verifica também que a maioria dos poderes reduziram suas
despesas ou pelo menos mantiveram o patamar, com exceção do Ministério Público,
Defensoria Pública e Poder Executivo que aumentaram em termos reais suas despesas no
referido período em 0,8%, 45% e 11%, respectivamente.
Com relação às despesas intraorçamentárias verifica-se uma elevação no
total de 3,7% com relação ao ano de 2019. O referido aumento está relacionado ao

771
desempenho do Poder Executivo, que cresceu suas despesas intraorçamentárias em
4,9%, enquanto que a maioria dos demais poderes apresentaram redução nas despesas
intraorçamentária.
No total, em termos reais, as despesas empenhadas no âmbito estadual
diminuíram 1,22% (R$ 794,3 milhões) em 2020. Segundo a análise por grupo de despesa,
essa redução foi influenciada pela diminuição em Pessoal e Encargos Sociais de R$ 1,67
bilhão, conforme destacado na tabela a seguir.

DESPESAS EMPENHADAS POR GRUPO DE DESPESAS - 2019/2020


Em R$ milhões
2019 2020
DISCRIMINAÇÃO Valor % %
Valor Valor
Inflacionado Nominal Inflac (*) % do Total
Nominal Nominal
(*) 2020/2019 2020/2019
Pessoal e Encargos Sociais 31.160,3 32.161,1 30.486,9 -2,16% -5,21% 63,72%
Outras Despesas Correntes 11.280,2 11.642,5 12.049,8 6,82% 3,50% 25,18%
Serviço da Dívida 4.338,5 4.477,8 4.339,5 0,02% -3,09% 9,07%
Investimentos e Inversões Financeiras 928,3 958,2 970,3 4,52% 1,26% 2,03%
Total (exceto Intraorçamentárias) 47.707,3 49.239,6 47.846,5 0,29% -2,83% 100,00%
(+) Despesas Intraorçamentárias (**) 15.611,2 16.112,6 16.711,4 7,05% 3,72%
Despesa Total 63.318,5 65.352,2 64.557,9 1,96% -1,22%
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos:Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.
(**) Dupla contagem decorrente, especialmente, de recursos empenhados ao IPERGS para o custeio da assistência médica e previdência.

Considerando-se a classificação por função, verifica-se que os setores da


Segurança Pública, Educação, Saúde e Previdência Social quando somados representam
praticamente 70% das despesas empenhadas em 2020.
Nos tópicos seguintes deste capítulo são detalhados os dados dos
principais grupos de despesa.

16.4.2 – Despesas com Pessoal e Encargos Sociais


A próxima tabela mostra a evolução das despesas com pessoal e encargos
sociais nos últimos 21 anos.

DESPESA COM PESSOAL E ENCARGOS SOCIAIS* - 2000/2020


Em R$ milhões
PESSOAL E ENCARGOS SOCIAIS
EXERCÍCIO VALOR VALOR
% %
NOMINAL INFLACIONADO
2000 5.039,3 - 16.574,1 -
2001 5.686,4 12,84 17.504,9 5,62
2002 6.653,2 17,00 18.885,3 7,89
2003 7.496,2 12,67 18.548,8 -1,78
2004 7.831,1 4,47 18.178,2 -2,00
2005 8.541,6 9,07 18.553,0 2,06
2006 9.557,4 11,89 19.925,8 7,40
2007 10.157,2 6,28 20.432,3 2,54
2008 11.001,3 8,31 20.941,1 2,49
2009 12.106,9 10,05 21.971,5 4,92
2010 13.625,7 12,55 23.541,8 7,15
2011 15.152,0 11,20 24.549,5 4,28

772
DESPESA COM PESSOAL E ENCARGOS SOCIAIS* - 2000/2020
Em R$ milhões
PESSOAL E ENCARGOS SOCIAIS
EXERCÍCIO VALOR VALOR
% %
NOMINAL INFLACIONADO
2012 16.615,8 9,66 25.541,1 4,04
2013 18.920,1 13,87 27.384,2 7,22
2014 21.611,5 14,22 29.417,7 7,43
2015 23.985,2 10,98 29.944,8 1,79
2016 25.331,9 5,61 29.084,4 -2,87
2017 27.093,0 6,95 30.070,1 3,39
2018 29.215,4 7,83 31.279,4 4,02
2019 31.160,3 6,66 32.161,1 2,82
2020 30.486,9 (2,16) 30.486,9 -5,21
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Excluída a dupla contagem decorrente, especialmente, de recursos repassados pelos Poderes/Órgãos ao IPERGS para o custeio da assistência médica e
previdência.

Em 2020, houve decréscimo real de 5,21%, alcançando o total empenhado


de R$ 30,48 bilhões. Em valores nominais, ocorreu decréscimo de 2,16%. Esta redução da
folha de pessoal em termos nominais foi primeira na série histórica dos últimos vinte
anos. Os fatores citados a seguir ajudam a explicar essa queda na despesa com pessoal:

 Em janeiro de 2020, o Poder Executivo publicou quatro decretos101


objetivando reduzir os gastos com custeio contingenciáveis, bem
como as despesas com pessoal. Essa prática já vinha sendo utilizada
desde o governo anterior (2015 a 2018), sendo também utilizada no
primeiro ano do atual governo (2019).
 A publicação da Lei Complementar nº 173/2020 pelo Governo
Federal, contendo a determinação de suspender diversos
pagamentos de adicionais, promoções, etc., contribuiu para a
diminuição da despesa de pessoal no Estado.
 Aprovação na Assembleia Legislativa de uma série de preposições,
chamadas de Reforma Estruturante pelo Poder Executivo,
estabilizando as despesas com a folha de pagamento. Soma-se a
reforma o fato do Estado não ter reposto as aposentadorias em
número igual às vacâncias.

O comportamento dos gastos com pessoal, discriminados por poder/órgão,


estão evidenciados na tabela a seguir, considerando-se a atualização monetária nos
últimos cinco exercícios.

EVOLUÇÃO DAS DESPESAS COM PESSOAL E ENCARGOS SOCIAIS – EMPENHADA


EXCETUADAS AS TRANSFERÊNCIAS INTRAORÇAMENTÁRIAS POR PODER - 2016/2020
Em R$ milhões
DISCRIMINAÇÃO 2016* 2017* 2018* 2019* 2020

101
Decretos Estaduais nº 54.981/2020; 54.982/2020; 54.983/2020 e 54.984/2020.

773
% % % % %
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR %
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
Poder Executivo 24.246,3 25.347,6 4,54 26.539,2 4,70 27.143,7 2,28 25.625,6 84,05 -5,59 1,98
Demais Poderes 4.838,1 4.722,4 -2,39 4.740,2 0,38 5.017,4 5,85 4.861,3 15,95 -3,11 0,94
Assembleia Legislativa 561,1 542,1 -3,39 561,6 3,60 497,4 -11,43 447,8 1,47 -9,97 -24,42
Tribunal de Contas 499,2 508,6 1,88 532,8 4,76 522,5 -1,93 480,5 1,58 -8,04 -8,25
Tribunal de Justiça 2.677,7 2.572,8 -3,92 2.488,5 -3,28 2.671,3 7,35 2.694,6 8,84 0,87 5,80
Trib. de Justiça Militar 36,7 32,9 -10,35 29,1 -11,55 44,2 51,89 30,8 0,10 -30,32 -6,38
Ministério Público 856,8 856,8 0,00 895,9 4,56 952,4 6,31 891,7 2,92 -6,37 -0,61
Defensoria Pública 206,7 209,2 1,21 232,3 11,04 329,6 41,89 315,8 1,04 -4,19 41,87
Total Pessoal e Enc.
29.084,4 30.070,1 3,39 31.279,4 4,02 32.161,1 2,82 30.486,9 100,00 -5,21 1,81
Soc.**
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*)Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.
(**) Exclusão da dupla contagem decorrente, especialmente, de recursos empenhados pelos poderes/órgãos ao IPERGS para o custeio da assistência
médica e previdência.

O Poder Executivo (incluídas as autarquias e fundações), responsável por


84,05% do total das despesas, reduziu seus gastos com pessoal e encargos sociais em
5,59% em 2020. Os demais poderes (Legislativo, Judiciário, Ministério Público e
Defensoria Pública), que representam 15,95% das despesas de pessoal, apresentaram, no
mesmo período, uma redução de 3,11%.
Do total do grupo “Pessoal e Encargos Sociais” (R$ 30,48 bilhões), mais da
metade dos gastos (55,37%) foi com aposentadorias e pensões (R$ 17,18 bilhões). Os
gastos com servidores ativos alcançaram R$ 11,05 bilhões.
A proporção entre essas despesas (inativos e pensionistas em relação aos
ativos) é 155%, ou seja, para cada R$ 100,00 pagos aos servidores ativos, R$ 155,00 são
pagos aos inativos e pensionistas, evidenciando a participação alta e crescente das
despesas previdenciárias nos orçamentos do Estado. Pela primeira vez, em 2016, os
inativos ultrapassaram o quadro de servidores ativos em 6.032 matrículas. Logo, aqui
reside um dos principais limites da política de ajuste fiscal, em que as medidas adotadas
surtem efeitos somente no longo prazo.
As dificuldades financeiras enfrentadas pelo Estado, em 2020, refletiram-
se, novamente, nos atrasos no pagamento da folha mensal dos servidores do Poder
Executivo até novembro de 2020.
Na Lei de Responsabilidade Fiscal (LC nº 101, de 04-05-2000), a apuração
das despesas com pessoal, visando ao limite máximo de 60% da receita corrente líquida,
segue critérios diferentes dos apresentados no âmbito da gestão estadual para compor o
grupo de despesa “Pessoal e Encargos Sociais”. Isso ocorre, em especial, pela exclusão das
pensões e, a partir de 2001, pela dedução do imposto de renda retido na fonte dos
servidores (IRRF), segundo determinação do parecer coletivo nº 2/2002 deste Tribunal.
Tais gastos são avaliados sob a responsabilidade de cada poder/órgão referidos no art. 20
(Poder Executivo, Poder Legislativo, Poder Judiciário e Ministério Público), com limites
específicos para cada um, estando demonstrados no Capítulo 5 – Gestão Fiscal, do
presente relatório.

774
Assim, em 2020, os gastos, segundo o grupo de despesa “Pessoal e
Encargos Sociais”, representaram 72,62% da Receita Corrente Líquida, enquanto na
apuração da despesa total com pessoal, de acordo com as normas da LRF, foi obtido o
percentual de 49,77%, estando adequado ao limite estabelecido.
Em 2000, a despesa com pessoal, segundo a LRF, obteve um percentual da
RCL (73,23%) próximo àquele apurado pelo grupo “Pessoal e Encargos Sociais” (75,69%).
A partir de 2001, no entanto, deixou de fazer parte do cômputo a despesa do IPERGS com
a assistência médica dos servidores, o auxílio funeral, creche, bolsa de estudos,
transportes e refeição (e/ou etapas de alimentação) e, principalmente, o imposto de
renda retido na fonte dos servidores, resultando num percentual da RCL de 58,47%. A
partir de 2010, após ter reduzido para o percentual de 46,39%, este passou a crescer
gradativamente, alcançando 57,48% em 2015. Em 2016, caiu para 51,95%, influenciado
pelo aumento da RCL, voltando a subir em 2017, atingindo 54,95%, ficando estável em
2018 (54,47%) e 2019 (53,44%).

16.4.3 – Despesas com Serviço da Dívida


A despesa empenhada em 2020 com o serviço da dívida, constituída pelas
amortizações (R$ 1,76 bilhão) e pelos juros e encargos da dívida (R$ 2,57 bilhões),
totalizou R$ 4,34 bilhões, representando um decréscimo de 3,09% em relação aos valores
inflacionados de 2019.
Ressalta-se que, em razão de liminar obtida pelo Estado junto ao Supremo
Tribunal Federal (STF), em julho de 2017, os pagamentos relacionados à dívida com a
União estão suspensos, em razão das negociações do RS para adesão ao Regime de
Recuperação Fiscal. Em 2020, o total pago foi de R$ 868,8 milhões.
A análise mais detalhada sobre o serviço da dívida encontra-se no
Capítulo 8 - Gestão da Dívida Pública.

16.4.4 – Outras Despesas Correntes


O grupo Outras Despesas Correntes - ODC engloba os gastos com a
manutenção e custeio da máquina pública (exceto pessoal), prestação de serviços
públicos e as transferências correntes legais e constitucionais aos municípios e a outras
instituições não pertencentes à Administração Pública Estadual. No período de 2009 a
2011, passou a contar com os valores apropriados no Órgão 40 - IPERGS/RPPS, a título de
aposentadorias e pensões do Poder Executivo mais os respectivos precatórios, sendo que,
em 2012, retornaram à classificação anterior no grupo de Pessoal e Encargos Sociais.
Em 2020, o montante apurado em ODC foi de R$ 12,05 bilhões, com
elevação de 3,5% em valores atualizados.
Todavia, para a análise desse grupo de despesa, devem ser
desconsideradas aquelas despesas vinculadas que são insuscetíveis de gestão direta por
parte dos administradores, no caso, a Gestão Plena da Saúde (R$ 953,9 milhões).
Com isso, as outras despesas correntes, ajustadas para fins de comparação
na série histórica, alcançaram R$ 11,10 bilhões, representando, em valores inflacionados
um aumento de 3,58% em 2020. Em valores nominais, houve aumento 6,91%.

775
Verifica-se também que os demais poderes apresentaram redução real de
2,68% e o Poder Executivo aumentou as ODC em aproximadamente 4%. Parcela
significativa deste aumento está associada à Secretaria da Saúde. Tal Secretaria
representa quase 35% de ODC do Poder Executivo e entre 2019 e 2020 aumentou suas
despesas em quase 30%. Evidentemente estes números estão impactados pela Pandemia
da Covid-19.

16.4.5 – Investimentos e Inversões Financeiras


Em 2020 os gastos com investimentos e inversões financeiras foram
R$ 970,3 milhões, o que representa uma estabilidade em relação aos valores investidos
de 2019.
Com exceção do Tribunal de Contas e da Justiça Militar, os demais poderes
tiveram redução das despesas com investimentos e inversões financeiras.
O Executivo apresentou um pequeno aumento em investimentos, 3,91% de
2019 para 2020. Por outro lado, na comparação com os valores investidos há cinco anos,
percebe-se uma redução de 27,1% neste item.
Como exemplo das consequências da redução dos investimentos no Estado
foi destacada no Relatório do Parecer Prévio de 2019 a situação do Instituto Estadual de
Educação General Flores da Cunha, escola da rede pública estadual, com tradição na
formação de professores e de extrema importância para a educação gaúcha. Conforme
relatado, a sede do Instituto encontra-se em situação precária, sendo que os projetos de
reforma se estendem desde o exercício de 2012. Neste contexto, decisão do Tribunal
Pleno desta Corte de Contas determinou à Direção de Controle e Fiscalização o
monitoramento do andamento da referida obra.
Portanto, o exemplo do andamento arrastado desta obra, demonstra
perfeitamente a dificuldade do Estado em realizar uma política de investimentos efetiva.
Ao se verificar a evolução das despesas com investimentos e inversões
financeiras, segundo a atualização monetária pelo IPCA/IBGE – médio, e sua relação com
a receita corrente líquida, tomando-se como base o exercício de 2000, com
R$ 2,71 bilhões, constata-se-se que no período de 21 anos a participação dessas despesas
reduziu para R$ 970,3 milhões, representando 35,84% do valor aplicado no ano base.
O percentual da receita corrente líquida em 2000 era de 12,74%, passando
para 2,31% em 2020. Em 2010, esse percentual foi de 9,54% (o segundo melhor), devido à
aplicação com o recurso vinculado 1101 – construção da malha rodoviária, oriundo do
saldo da venda das ações do Banrisul em 2007.

16.4.6 – Transferências a Entidades Sem Fins Lucrativos


A execução orçamentária na modalidade de aplicação 50 – Transferências a
Entidades Privadas Sem Fins Lucrativos alcançou o montante empenhado de
R$ 404,4 milhões em 2020, para um total de 1.065 entidades.
Essas entidades de fins públicos e não lucrativos atuam no terceiro setor da
sociedade civil, em atividades de diversas áreas, tais como: meio ambiente, combate à
pobreza, assistência social, saúde, educação, reciclagem, desenvolvimento sustentável,
entre outras.

776
Com a publicação da Lei Federal nº 13.019/14, e alterações promovidas
pela Lei nº 13.204/15, a União reconheceu essas entidades, as quais passaram a ser
classificadas como Organizações da Sociedade Civil (OSC). Estabeleceu a forma de o
Estado se relacionar com elas, mediante a celebração de termos de colaboração ou de
fomento, e as medidas a serem adotadas para viabilizar o controle e a transparência
sobre a aplicação dos recursos públicos.
Verificou-se que 50 entidades do Estado foram destinatárias de mais de
70% de todos os valores transferidos pelo Gestor Estadual no exercício de 2020.

16.5 – Gestão Fiscal


O presente capítulo analisa as disposições da Lei Complementar nº
101/2000, conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), no âmbito do Poder
Executivo, especificamente relacionados aos gastos com pessoal, restos a pagar,
disponibilidades financeiras, endividamento, garantias concedidas, operações de crédito,
alienação de ativos, receitas e despesas previdenciárias e respectivas projeções atuariais
do regime próprio de previdência, resultado primário e nominal, incluindo as metas
anuais, em conformidade com o anexo de metas fiscais da Lei de Diretrizes Orçamentárias
(LDO), e os parâmetros para a limitação de empenho e movimentação financeira.
Após, analisa-se quais as medidas que o Estado do Rio Grande do Sul
tomou, ao longo de 2020, para atingir o equilíbrio fiscal. Incluem-se também atos da
gestão anterior que tiveram continuidade ao longo do exercício em análise, como as
tratativas para adesão ao Regime de Recuperação Fiscal e a extinção das Fundações
Estaduais, por exemplo.

16.5.1 – Despesa com pessoal

DESPESA TOTAL COM PESSOAL EM RELAÇÃO À RECEITA CORRENTE LÍQUIDA - 2020


Em R$ milhões (nominais)
LIMITES (%) 3º QUADRIMESTRE
PODER/ÓRGÃO
MÁXIMO PRUDENCIAL ALERTA VALOR % RCL
1. PODER EXECUTIVO* 49,00% 46,55% 44,10% 17.837,6 42,49%
2. ASSEMBLEIA LEGISLATIVA 1,82% 1,73% 1,64% 341,2 0,81%
3 TRIBUNAL DE CONTAS 1,18% 1,12% 1,06% 335,7 0,80%
4. TRIBUNAL DE JUSTIÇA 5,88% 5,59% 5,29% 1.750,7 4,17%
5. TRIBUNAL DE JUSTIÇA MILITAR 0,12% 0,11% 0,11% 19,4 0,05%
6. MINISTÉRIO PÚBLICO 2,00% 1,90% 1,80% 608,9 1,45%
7. DESP. TOTAL COM PESSOAL 60,00% 57,00% 54,00% 20.893,5 49,77%
8. RECEITA CORRENTE LÍQUIDA** 41.982,3 100,0%
Fontes: Relatórios de Gestão Fiscal publicados pelos Poderes/Órgãos.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Inclui a despesa da Defensoria Pública (R$ 237,1 milhões), representando 0,56% da RCL. A sua autonomia administrativo-financeira foi assegurada
pela Emenda Constitucional nº45, de 2004, após a edição da LC nº 101/2000. Portanto, visto não estar previsto o seu respectivo limite na LRF, a sua
despesa com pessoal deve compor a apuração relativa ao Poder Executivo.
(**) A Receita Corrente Líquida é ajustada para fins de verificação da despesa com pessoal, excluindo-se as emendas parlamentares recebidas pelo
Estado.
PODER EXECUTIVO
Em R$ milhões (nominais)
Despesa com Limite Legal
Mês RCL**
Período Pessoal (*) (até 49%)
Referência (A)
(B) (C = B/A)
1º Q/2020 Abr/2020 39.833,9 18.027,5 45,26%

777
DESPESA TOTAL COM PESSOAL EM RELAÇÃO À RECEITA CORRENTE LÍQUIDA - 2020
Em R$ milhões (nominais)
LIMITES (%) 3º QUADRIMESTRE
PODER/ÓRGÃO
MÁXIMO PRUDENCIAL ALERTA VALOR % RCL

2º Q/2020 Ago/2020 40.515,2 17.923,4 44,24%


3º Q/2020 Dez/2020 41.982,3 17.837,6 42,49%
(*) Incluída a despesa com a Defensoria Pública Estadual (Órgão 30) e com a EMATER/ASCAR (rubrica de despesa 3292 – Serv. Assist. Técnica e Extensão Rural,
Projeto 6046 – Assistência Técnica e Extensão Rural, Credor 13722 - Assoc Riograndense Empr Ass Tec Ext Rural).
(**) A Receita Corrente Líquida é ajustada para fins de verificação da despesa com pessoal, excluindo-se as emendas parlamentares recebidas pelo
Estado.

QUANTO AO ALERTA
Ultrapassou 90% do Ultrapassou 95% do
P ERÍODO Limite Legal = Limite Limite Legal = Limite Emitir alerta neste período?
de Alerta? (44,10%) Prudencial? (46,55%)
1º Q/2019 SIM NÃO SIM
2º Q/2019 SIM NÃO SIM
3º Q/2019 NÃO NÃO NÃO
Fonte: Relatório de Gestão Fiscal do 1º, 2º e 3º quadrimestre/2020.

No 3º quadrimestre de 2020, a despesa com pessoal do Poder Executivo


alcançou o montante de R$ 17,84 bilhões, perfazendo, em relação à receita corrente
líquida, um percentual de 42,49%, estando abaixo do Limite Legal (49,00%), do Limite
Prudencial (46,55%) e do Limite de Alerta (44,10%), definidos na LC nº 101/2000.
Importante destacar que na hipótese das despesas com pessoal serem
calculadas conforme entendimento da Secretaria do Tesouro Nacional – STN, definido no
Manual de Demonstrativos Contábeis - MDF (assunto tratado no item 5.1.2.1), o Estado
estaria com uma despesa com pessoal consolidada de 62,52% da RCL, ou seja, acima do
limite legal. (Balanço Geral do Estado 2020, Volume de Análise e Interpretação dos
Resultados, página 513).

DEMONSTRATIVO RESUMIDO DE DESPESA COM PESSOAL - 2020


Em R$ milhões (nominais)
Poder
ESTADO TCE TJM AL TJ MP
Executivo
DESPESA BRUTA COM PESSOAL (I) 35.965,7 29.993,2 649,0 45,6 592,0 3.532,6 1.153,4
Pessoal Ativo 18.547,9 14.508,4 356,8 30,8 340,8 2.376,7 934,4
Pessoal Inativo 13.803,7 12.287,6 260,2 8,1 201,7 885,3 160,9
Pensionistas 3.419,0 3.002,0 32,0 6,8 49,5 270,6 58,1
Outras desp. de pessoal terceirização 195,1 195,1 - - - - -
DESPESAS NÃO COMPUTADAS (II) 8.872,3 6.984,3 200,9 15,0 134,4 1.175,0 362,7
Indenizações e Demissão e Incentivos
117,0 82,2 0,7 0,1 6,9 26,5 0,6
à Demissão Vol.
Decorrentes de Decisão Judicial de
798,7 798,7 - - - - -
período anterior
Despesas de Exercícios Anteriores 861,1 360,5 10,8 4,9 1,0 406,2 77,6
Inativos e Pensionistas com Recursos
7.095,4 5.742,8 189,5 10,0 126,4 742,3 284,4
Vinculados
DESPESA LÍQUIDA COM PESSOAL (III) =
27.093,5 23.008,9 448,0 30,6 457,6 2.357,6 790,7
(I - II)
RECEITA CORRENTE LÍQUIDA (IV) 43.333,7 43.333,7 43.333,7 43.333,7 43.333,7 43.333,7 43.333,7
COMPROMETIMENTO RCL (V) = (III/IV) 62,52% 53,10% 1,03% 0,07% 1,06% 5,44% 1,82%
AJUSTES CRITÉRIOS TCE (VI) 6.200,0 5.171,2 112,4 11,2 116,5 606,9 181,8

778
DEMONSTRATIVO RESUMIDO DE DESPESA COM PESSOAL - 2020
Em R$ milhões (nominais)
Poder
ESTADO TCE TJM AL TJ MP
Executivo
IRRF Ativos e Inativos 2.787,0 2.202,5 77,6 3,6 63,6 310,4 129,4
Pensionistas 3.419,0 3.002,0 32,0 6,8 49,5 270,6 58,1
Demais ajustes de critério (6,1) (33,3) 2,9 0,8 3,4 25,9 (5,7)
DESPESA LÍQUIDA COM PESSOAL (VII) =
20.893,5 17.837,6 335,7 19,4 341,2 1.750,7 608,9
(III - VI)

RECEITA CORRENTE LÍQUIDA AJUSTE


41.982,3 41.982,3 41.982,3 41.982,3 41.982,3 41.982,3 41.982,3
TCE-RS (VIII)

COMPROMETIMENTO RCL AJUSTE TCE-


49,77% 42,49% 0,80% 0,05% 0,81% 4,17% 1,45%
RS (IX) = (III/IV)
LIMITE MÁXIMO 60,00% 49,00% 1,18% 0,12% 1,82% 5,88% 2,00%
LIMITE PRUDENCIAL 57,00% 46,55% 1,12% 0,11% 1,73% 5,59% 1,90%
LIMITE DE ALERTA 54,00% 44,10% 1,06% 0,11% 1,64% 5,29% 1,80%
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da Sefaz/CAGE e Relatório de Gestão Fiscal do 3º Quadrimestre de 2020, publicado pelo Executivo.
Cálculos: Equipe Técnica do SAIPAG
A Receita Corrente Líquida ajuste TCE calcula-se deduzindo os valores de IRRF e excluindo do cálculo a perda do FUNDEB.
TCE – Tribunal de Contas do Estado; TJM – Tribunal de Justiça Militar; AL – Assembleia Legislativa; Tj – Tribunal de Justiça; MP – Ministério Público.

O Rio Grande do Sul estaria acima do Limite Legal (60,00%) caso fossem
adotados os critérios de cálculo da Secretaria do Tesouro Nacional – STN, atingindo
62,52%.
Conforme relatado anteriormente, no voto das Contas do Governador de
2019, houve a decisão de que os poderes deveriam ser alertados para convergir à
metodologia de cálculo da LRF, no prazo preconizado pela LC nº 178/2021 (10 anos).
Também se encontra em andamento nesta casa o Processo nº 5141-
0200/16-0, o qual trata de um Pedido de Orientação Técnica - POT para revisar os
critérios adotados pelo TCE/RS com relação à aplicação em Manutenção e
Desenvolvimento de Ensino – MDE. A partir de consulta realizada pela Procuradoria-Geral
do Estado – PGE (Doc. Nº 29583-0299/18-0), em razão do início das negociações para
adesão ao Regime de Recuperação Fiscal, entendeu-se que o POT deveria contemplar
também os critérios adotados pelo TCE/RS para o cálculo em saúde e despesa com
pessoal. O processo encontra-se na Consultoria Técnica para elaboração de Parecer.
Importante destacar, também, a assinatura, em 06-03-2018 do Acordo de
Cooperação Técnica, entre a Secretaria do Tesouro Nacional e os Tribunais de Contas, por
intermédio do Instituto Rui Barbosa - IRB e da Associação dos Membros dos Tribunais de
Contas do Brasil - ATRICON, o qual tem como objetivo a conjugação de esforços entre a
STN e os Tribunais signatários visando fomentar a transparência da gestão fiscal, apoiar o
exercício do controle social, racionalizar os custos de controle e regulação, reduzir as
divergências e duplicidades de dados e informações, promover a transferência de
conhecimentos e harmonizar conceitos e procedimentos entre os entes governamentais
na aplicação de normas atinentes à execução orçamentária, financeira e patrimonial, à
contabilidade pública e à gestão fiscal.
O TCE-RS decidiu, em reunião administrativa do dia 22-01-19, pela
participação no Acordo de Cooperação Técnica STN/IRB/ATRICON – ACT, entendendo
como importante e oportuna à discussão dos temas propostos. Os trabalhos estão em
andamento, sendo o prazo final do acordo dezembro de 2021. O Grupo de Trabalho 01

779
está mapeando todas as divergências existentes nos Tribunais da Federação, com relação
aos demonstrativos do Relatório de Gestão Fiscal e Relatório Resumido de Execução
Orçamentária, entre eles o Demonstrativo de Despesa com Pessoal.

16.5.2 – Disponibilidades de caixa

DISPONIBILIDADES DE CAIXA E RESTOS A PAGAR - 2020


Em R$ milhões (nominais)
RECURSOS RECURSOS
TÍTULOS TOTAL
LIVRES VINCULADOS
PODER EXECUTIVO:
Disponibilidades de Caixa Bruta (3.882,0) 4.448,2 566,1
(-) Restos a Pagar Processados de Exercício Anteriores (6.801,1) (1.026,5) (7.827,6)
(-) Restos a Pagar Processados do Exercício (4.102,9) (2.298,3) (6.401,2)
(-) Restos a Pagar Não Processados de Exercícios Anteriores (18,3) (55,5) (73,8)
(-) Demais Obrigações Financeiras (15.046,2) (588,0) (15.634,1)
Disponibilidade de Caixa Líquida (antes da Inscrição em RPNP) (29.850,6) 479,9 (29.370,6)
(-) Inscrição de Restos a Pagar Não Processados do Exercício (112,1) (633,6) (745,7)
8. Disponibilidade de Caixa Final (29.962,6) (153,7) (30.116,3)
- - -
CONSOLIDADO DO ESTADO: - - -
8. SALDO EXCEDENTE/(INSUFICIENTE) – CONSOLIDADO (31.075,6) 2.974,0 (28.101,6)
Fonte: Relatório de Gestão Fiscal do 3º quadrimestre/2020 e Relatório de Gestão Fiscal Consolidado de 2020, publicados pelo Poder Executivo.
Cálculos: Equipe Técnica do TCE/RS.

PODER EXECUTIVO - EVOLUÇÃO DA INSUFICIÊNCIA FINANCEIRA


Em R$ milhões
Insuficiência Financeira Disponibilidade Financeira Insuficiência Financeira
Recursos Livres Recursos Vinculados Total
EXERCÍCIO Rel. Rel. Rel.
Valor ∆% Valor ∆% Valor ∆%
Base Base Base
(A) Anual (B) Anual (C = A + B) Anual
Fixa Fixa Fixa
GESTÃO ANTERIOR 2015/2018
2014 (12.352,4) 100,0% 2.205,8 100,0% (10.146,6) 100,0% -
Valor
Nominal 2018 (26.942,8) 218,1% 3.108,5 140,9% (23.834,3) 234,9% -
Valor 2014 (16.814,2) 100,0% 3.002,5 100,0% (13.811,7) 100,0% -
Atualizado
IPCA Médio 2018 (28.846,2) 171,6% 3.328,1 110,8% (25.518,1) 184,8% -
GESTÃO ATUAL 2019/2022
2018 (26.942,8) 100,0% 3.108,5 100,0% (23.834,3) 100,0%
Valor
2019 (31.181,4) 115,7% 15,7% 1.743,9 56,1% -43,9% (29.437,6) 123,5% 23,5%
Nominal
2020 (28.846,2) 111,2% -3,9% (153,7) -4,9% -108,8% (30.116,3) 126,4% 2,3%
2018 (28.846,2) 100,0% 3.328,1 100,0% (25.518,1) 100,0%
Valor
Autalizado 2019 (32.182,9) 111,6% 11,6% 1.799,9 54,1% -45,9% (30.383,0) 119,1% 19,1%
IPCA Médio
2020 (29.962,6) 103,9% -6,9% (153,7) -4,6% -108,5% (30.116,3) 118,0% -0,9%
Fonte: Relatórios e Pareceres Prévios dos Exercícios de 2014 e 2018 e Relatório de Gestão Fiscal do 3º quad/2020, publicado pelo Poder Executivo.
Cálculos: Equipe Técnica do TCE/RS.

Em 2020, houve uma queda na insuficiência de caixa dos recursos livres do


Poder Executivo, de 6,9%, finalizando o ano em R$ 29,96 bilhões. Considerando o total de

780
recursos do Poder Executivo (livres e vinculados), a insuficiência em 2020 foi de R$ 30,12
bilhões, valor praticamente igual ao de 2019 atualizado pelo IPCA (R$ 30,38 bilhões).

16.5.3 – Dívida consolidada líquida

ACOMPANHAMENTO DA RELAÇÃO DCL/RCL E DA META DE AJUSTE ANUAL

No exercício em análise, a DCL cresceu 4,5% e a RCL 5,7%, bem como IPCA
apresentou um aumento de 4,5%. Com isso, a relação DCL/RCL ficou em 221,81%. Em
razão de liminar no STF, o Estado não está pagando a dívida com a União, ou seja, mesmo
com um aumento da RCL, a tendência é a relação seguir acima do limite.
16.5.4 – Despesas previdenciárias

RECEITAS E DESPESAS PREVIDENCIÁRIAS DO REGIME PRÓPRIO DOS SERVIDORES PÚBLICOS - 2020


Em R$ milhões (nominais)
DEMONSTRATIVO RPPS DEMONSTRATIVO RPPS
DISCRIMINAÇÃO PLANO PREVIDENCIÁRIO PLANO FINANCEIRO
2019 2020 2019 2020
1 - Receitas Correntes 890,5 584,4 4.865,8 7.090,9
Receita de Contribuições dos Segurados 257,4 204,8 1.745,1 2.316,8
Ativos 257,3 204,5 905,6 909,6
Inativos - 0,1 658,1 1.149,1
Pensionistas 0,1 0,2 181,5 258,1
Receita de Contribuições Patronais 260,7 198,6 3.019,2 4.657,7
Ativos 260,7 198,6 1.489,4 1.824,8
Inativos 0,0 - 1.211,3 2.334,1
Pensionistas 0,0 - 318,4 498,8
Receita Patrimonial 345,9 181,0 0,9 0,0
Receita de Serviços 5,7 5,4
Demais Receitas Correntes 26,5 - 94,9 111,0
Aporte Periódico Amortização Déficit Atuarial* 26,5 - - -
2 – Receita de Capital - - - -
3 - TOTAL RECEITAS PREVIDENCIÁRIAS (1 + 2) 864,0 584,4 4.865,8 7.090,9
4 - Despesas Previdenciárias 11,9 4,5 16.913,4 17.030,1
Previdência Social 11,9 4,5 16.422,9 17.030,1
Inativos 9,1 1,1 13.154,6 13.690,6
Pensionistas 2,8 3,4 3.268,3 3.339,5
Outras Despesas Previdenciárias 490,5
5 - TOTAL DESPESAS PREVIDENCIÁRIAS (4) 11,9 4,5 16.913,4 17.030,1
6 - RESULTADO PREVIDENCIÁRIO ( 3 – 5 ) 852,1 579,9 (12.047,7) (9.939,1)

781
RECEITAS E DESPESAS PREVIDENCIÁRIAS DO REGIME PRÓPRIO DOS SERVIDORES PÚBLICOS - 2020
Em R$ milhões (nominais)
DEMONSTRATIVO RPPS DEMONSTRATIVO RPPS
DISCRIMINAÇÃO PLANO PREVIDENCIÁRIO PLANO FINANCEIRO
2019 2020 2019 2020
7 – % Variação Anual 2020/2019 (nominal) -31,9% 17,5%
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE e RREO do 6º bimestre de 2020, publicado pelo Poder Executivo.
Cálculos: Equipe Técnica TCE/RS.
* Valor aportado para equalizar o déficit atuarial, portanto, essa receita não deverá compor o total das receitas previdenciárias do período de apuração

Em 2020, o Resultado Previdenciário no Plano Financeiro (Antigos


Servidores) foi negativo em R$ 9,94 bilhões, representando o saldo entre as receitas, de
R$ 7,09 bilhões, e as despesas, com R$ 17,03 bilhões. Comparado a 2019, houve melhora
de 17,5% em relação ao saldo nominal negativo de R$ 12,05 bilhões. Houve forte impacto
nas receitas previdenciárias, em razão da lei complementar nº 503/2019, que aumentou
as alíquotas cobradas, além de estender a cobrança a aposentados e pensionistas que
recebem abaixo do teto previdenciário. Este tema é mais bem detalhado no capítulo 8 –
Gestão Previdenciária.
Esse resultado não deve ser interpretado como um déficit previdenciário,
mas, sim, um déficit fiscal, pois se trata de uma obrigação assumida pelo Estado para com
os seus servidores já inativados, quando o regime previdenciário passou de um sistema
assistencialista para um sistema contributivo e solidário, com as alterações promovidas
nas Emendas Constitucionais nº 20 e 41, de 1998 e 2003, respectivamente.

16.5.5 – Resultado primário

EVOLUÇÃO DO RESULTADO PRIMÁRIO


Em R$ milhões (nominais)
RESULTADO META % RESULTADO/
ANO PRIMÁRIO MÍNIMA META
A B C = A/B
2010 1.582,2 1.958,4 80,8
2011 1.454,1 1.994,9 72,9
2012 804,6 1.741,5 46,2
2013 623,9 1.653,8 37,7
2014 (542,2) 1.419,5 -38,2
2015 (1.777,1) 1.807,5 -98,3
2016 854,7 2.620,9 32,6
2017 (422,5) 1.189,0 -35,5
2018 (257,8) 4.237,3 -6,1
2019 (437,1) 3.592,3 -12,2
2020 2.864,9 (701,1) 408,7
Fonte: Anexo de Metas Fiscais da LDO para 2020, Relatório de Execução Orçamentária 6º bimestre/2020 e Sistemas FPE e Cubos DW SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica do TCE/RS.
Obs: Até 2019, o cálculo baseou-se nas despesas empenhadas. A partir de 2020, conforme nova metodologia da STN, consideram-se as despesas pagas.

O resultado primário obtido em 2020 é o melhor da série histórica. Embora


a metodologia tenha sido alterada, na comparação com a meta estipulada pode-se
verificar o excelente resultado obtido no ano corrente, com um resultado bem acima da
meta (superior R$ 3,57 bilhões). O Estado, ao elaborar a Lei de Diretrizes Orçamentárias
(LDO), estipulou uma meta realista, ao contrário de anos anteriores. Isso se deve ao fato
de não ter sido colocado na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2020 receitas

782
extraordinárias para atingir o equilíbrio orçamentário, fato que foi realizado nos anos
anteriores, distorcendo o orçamento. O bom resultado deve-se, ainda, aos repasses da
União ao Estado para combate à pandemia do Covid-19, bem como os decretos estaduais
que contingenciaram as despesas ao longo do ano. Soma-se ainda o fato de não haver
reposições de servidores, salários congelados, a reforma administrativa que extinguiu os
avanços e triênios dos servidores, dentre outros.

16.5.6 – Regime de recuperação fiscal


O Regime de Recuperação Fiscal (RRF) foi instituído pela Lei Complementar
nº 159/2017 como forma de reequilibrar as contas dos estados, promovendo a
readequação do fluxo de caixa no curto prazo, com contrapartidas que garantam o
equilíbrio fiscal do ente no médio prazo. A LC 159/2017 foi regulamentada pelo Decreto
nº 9.109/2017.
Em janeiro de 2021, foi promulgada a Lei Complementar nº 178/2021, a
qual trouxe importantes modificações no RRF. Apresenta-se a seguir os principais
aspectos do regime, já atualizados com a nova legislação.
Os requisitos de entrada exigidos para a adesão ao Regime de Recuperação
Fiscal são os seguintes:

a) Receita Corrente Líquida - RCL anual do estado menor do que a Dívida


Consolidada - DC ao final do exercício;
b) Despesas Correntes superiores em 95% a RCL, ou Despesa com Pessoal no
mínimo de 60% da RCL, com aferição sempre no exercício anterior ao
pedido de ingresso no regime;
c) Valor total de obrigações superior às disponibilidades de caixa de recursos
livres.

Anteriormente, o requisito “b” exigia que o somatório das despesas com


pessoal, juros e amortizações fosse igual ou maior que 70% da RCL. Por este fato, as
tentativas anteriores de ingressos no regime pelo Rio Grande do Sul foram frustradas.
Considerando a alteração da exigência, simula-se o cenário para o Rio
Grande do Sul, no caso de adesão ao regime em 2021, com os valores de 2020 que serão
considerados:

CRITÉRIOS DE ADESÃO AO RRF EM 2021


Em R$ milhões (nominais)
CRITÉRIOS DE ADESÃO VALOR
Receita Corrente Líquida 42.073,5
Dívida Consolidada Líquida 93.262,9
95% da Receita Corrente Líquida 39.969,8
Despesas Correntes Empenhadas 61.821,9
Despesas Correntes Liquidadas 61.147,2
Despesas Correntes Pagas 60.268,0
Despesas Correntes Empenhadas (Exceto intraorçamentárias) 45.110,4
Despesas Correntes Liquidadas (Exceto intraorçamentárias) 44.438,8
Despesas Correntes Pagas (Exceto intraorçamentárias) 43.380,0

783
CRITÉRIOS DE ADESÃO AO RRF EM 2021
Em R$ milhões (nominais)
CRITÉRIOS DE ADESÃO VALOR
Despesa com Pessoal 20.893,5
Disponibilidade de Caixa de Recursos Livres (29.962,6)
Fonte: Sistema Cubos\DW
Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG

De acordo com o critério “a”, a RCL (R$ 42,07 bilhões) deverá ser menor
que a DCL (R$ 93,26 bilhões), o que foi atingido pelo RS em 2020, considerando-se o
requisito cumprido.
Já o requisito “b” determina que as despesas correntes devam ser
superiores que 95% da RCL ou a despesa com pessoal deverá ser acima de 60% da RCL. A
despesa com pessoal (R$ 20,89 bilhões) representa 49,66%, não sendo suficiente para
cumprir o requisito. Porém, na outra hipótese, as despesas correntes (R$ 61,82 bilhões)
são superiores a 95% da RCL (R$ 39,97 bilhões). A lei é omissa quanto ao estágio da
despesa (empenhada, liquidada ou paga) bem como ao cômputo das despesas
intraorçamentárias ou não. Espera-se que a STN divulgue um manual com os critérios
explicados. Porém, mesmo considerando o valor mais baixo para as despesas correntes,
que seriam as despesas correntes pagas sem considerar as intraorçamentárias (R$ 43,38
bilhões), o requisito é cumprido, tornando o Estado apto a aderir ao regime.
Por fim, o requisito “c” também é cumprido, pois as disponibilidades de
caixa do Estado, considerando os recursos livres, foram de R$ 29,96 bilhões negativos ao
final de 2021, ficando dessa forma abaixo das obrigações do Estado (mesmo que essas
fossem zero, o que não é o caso).
Ainda quanto ao Regime de Recuperação Fiscal, no mês de novembro de
2018, em cumprimento à determinação do processo 465-0200/17-1 – representação do
MPC nº 3/2017, o Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul determinou a
abertura de Inspeção Especial (processo nº 14635-0200/18-6), abrangendo os períodos
de 2017 e 2018, junto a Secretaria da Fazenda do RS para acompanhamento das
negociações do Estado do RS junto à STN para adesão ao regime de recuperação fiscal.
Considerando que o Estado ainda não aderiu ao regime, a Inspeção foi ampliada para
contemplar o período de 2017 a 2020, considerando a Promoção MPC nº 18/2020.
Considerando um futuro acordo e possível adesão do Estado ao regime, os
procedimentos e os impactos relacionados com a matéria deverão ser acompanhados por
este Tribunal de Contas.

16.6 – Gestão Patrimonial e Financeira

16.6.1 – Ativo
O Ativo da Administração Pública Estadual, no exercício de 2020, alcançou
o valor de R$ 62.56 bilhões (R$ 62,82 bilhões em 2019), sendo composto de
R$ 18,66 bilhões (R$ 20,76 bilhões em 2019) por Ativo Circulante e R$ 43,90 bilhões
(R$ 42,01 bilhões em 2019) por Ativo Não Circulante, consoante tabela abaixo:

ATIVO
Em R$ milhões (nominais)

784
2019 2020 2020
Especificação
R$ % R$ % Var. 20/19
1.1. Ativo Circulante 20.759,2 33,0% 18.656,5 29,8% -10,1%
1.1.1. Caixa e Equivalentes de Caixa 3.027,2 4,8% 4.294,2 6,9% 41,9%
1.1.2. Créditos a Curto Prazo 10.406,5 16,6% 10.045,4 16,1% -3,5%
1.1.3. Demais Créditos e Valores 4.294,8 6,8% 659,1 1,1% -84,7%
1.1.4. Investimentos e Aplicações Temp. 2.732,2 4,3% 3.203,9 5,1% 17,3%
1.1.5. Estoques 265,9 0,4% 421,2 0,7% 58,4%
1.1.6. Imobilizado mantido para venda 32,6 0,1% 32,6 0,1% 0,0%

1.2. Ativo Não Circulante 42.060,6 67,0% 43.901,3 70,2% 4,4%


1.2.1. Ativo Realizável a Longo Prazo 19.627,2 31,2% 19.243,4 30,8% -2,0%
1.2.2. Investimentos 12.124,2 19,3% 13.794,7 22,1% 13,8%
1.2.3. Imobilizado 10.262,3 16,3% 10.783,4 17,2% 5,1%
1.2.4. Intangível 46,9 0,1% 79,9 0,1% 70,5%
TOTAL 62.819,8 100,0% 62.557,8 100,0% -0,4%
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020 (Volume I)

16.6.1.1 – Sistema Integrado de Administração de Caixa – SIAC


O Sistema Integrado de Administração de Caixa – SIAC representa a
centralização, em conta única, de todas as disponibilidades dos órgãos da Administração
Direta e Indireta.
No encerramento de 2020, o montante aplicado no SIAC era de
R$ 7,21 bilhões (R$ 9,87 bilhões em 2019), tendo sido resgatado pelo Estado
R$ 6,49 bilhões (R$ 9,95 bilhões em 2019), restando R$ 721,2 milhões (10,0%) disponíveis
no sistema. Em comparação ao ano de 2019, houve um aumento de R$ 681,7 milhões de
saldo livre.

SISTEMA INTEGRADO DE ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA – CONTAS CONTÁBEIS


Em R$ milhões nominais
CONTAS 2019 2020 % 2020/2019
SIAC - Valores livres (ativo) 1.152,7 1.699,2 47,4%
SIAC - Valores vinculados (ativo) 6.036,7 2.990,9 -50,5%
SIAC - Depósitos Judiciais (ativo) 10.620,8 25,4 -99,8%
SIAC - Fundos Especiais (ativo) 893,0 139,1 -84,4%
SIAC – Autarquias (ativo) 1.013,1 1.146,0 13,1%
SIAC – Fundações (ativo) 48,8 50,2 2,9%
Depósitos do SIAC – Empresas (ativo) 817,1 1.163,0 42,3%
Resgates do Tesouro (passivo) (20.542,6) (6.492,6) -68,4%
SALDO LÍQUIDO SIAC 39,5 721,2 1.723,6%
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020 e Sistema Cubos/DW
Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG

Importante salientar que em 2020, o Estado retirou da contabilização do


SIAC os Depósitos Judiciais, por não ser mais permitida a sua utilização, o que explica a
redução de 99,8% na conta contábil e a consequente redução de 68,4% nos resgates.
Nos meses de janeiro, fevereiro, outubro e dezembro ocorreram grandes
devoluções ao SIAC (valores negativos), com a consequente diminuição de R$ 3,45 bilhões
na conta de resgate acumulado no exercício.

785
Durante o ano de 2020 houve um trabalho minucioso da CAGE, verificando
os saldos vinculados que estavam à disposição no SIAC, confrontando com suas possíveis
utilizações prevista nas respectivas legislações. A exemplo disso tem-se a utilização de R$
3,00 bilhões existentes na conta vinculada ao Fundo de Reforma do Estado (FRE),
integrante do SIAC, para pagamento de cobertura do déficit previdenciário dívida pública
estadual, o que acarretou em diminuição da conta de resgates do tesouro.

VALORES ANUAIS DO SIAC UTILIZADOS NO FLUXO DE CAIXA DO ESTADO


Em R$ milhões (nominais)
ANO RESGATE
2011 183,0
2012 1.567,0
2013 (2.724,0)
2014 2.462,2
2015 306,1
2016 831,5
2017 1.674,6
2018 1.361,1
2019 1.691,4
2020 (3.454,3)
SALDO CONTA RESGATE 6.492,6
Fonte: Relatórios SIAC– SEFAZ/RS e CUBOS DW – SEFAZ/RS/CAGE.

Nota-se que a prática sempre foi utilizar os resgates do SIAC para financiar
os déficits recorrentes ocorridos no Estado. As exceções, quando houve devoluções ao
sistema, foram em 2013, ano em que foram utilizados R$ 5,02 bilhões de depósitos
judiciais e agora em 2020, onde já foi explicada a utilização dos recursos vinculados em
prol dos recursos livres. Embora tenha ocorrida essa redução, a dívida permanece em
valores relevantes.

16.6.1.2 – Passivo de Remuneração


O Estado recolhe valores de diversas contas bancárias para aplicação no
Caixa Único, entre as quais “Recursos Procedentes de Terceiros”, sem providenciar a
imediata reposição da rentabilidade financeira nessas contas, gerando uma dívida
conhecida como Passivo de Remuneração.
Constatou-se, junto à Divisão do SIAC, da Secretaria da Fazenda, que o
valor efetivamente pendente de reposição, em 31-12-2020, era de R$ 939,2 milhões,
distribuído entre diversas entidades aplicadoras, por ordem de saldo: EDUCAÇAO, SUPRG,
FRH/DNAEE, PJ RGS, ASSEMBL/CASA, PGJ, FRPJ RECDIV, PJ REC FINANC,
ASSEMBL/REC179, FES/MUNICIP, etc.

16.6.1.3 – Créditos
Os créditos do Estado, considerando os de curto e longo prazo, somaram
R$ 29,95 bilhões em 31-12-2020 (R$ 34,33 bilhões em 31-12-2019).
Do as ativos de curto prazo, os créditos tributários a receber, constituídos
na fase de auto de lançamento, cotejando-se o ajuste para perdas, atingiu R$ 7,37 bilhões
em 2020, sendo responsável por 24,6% dos créditos a receber pelo Estado.

786
Houve redução na conta de empréstimos e financiamentos concedidos, de
R$ 935,5 milhões em 2019 para R$ 179,7 milhões em 2020, referente a contabilização na
Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, onde houve a transferência
de saldo para as contas de investimentos de longo prazo (Fundos para Financiamento),
enquanto que no IPE Previdência houve o desreconhecimento de R$ 482,7 milhões,
referente a créditos que foram transferidos para o Estado, em consequência das Leis
nº 11.402/1999 e nº 15.144/2018, mas que atualmente estão em fase de apuração do
saldo a receber, pois o valor original estava evidentemente superavaliado.
No longo prazo, a Dívida Ativa foi contabilizada em R$ 20,77 bilhões (R$
20,50 bilhões em 2019), constituindo-se no subgrupo mais expressivo do Ativo (levando-
se em conta saldos registrados no Circulante e no Não Circulante).
A Dívida Ativa está concentrada na Administração Direta, sendo
responsável por 97,7% do total, em 2020, enquanto a Administração Indireta detém
apenas 2,3% desse montante.
Em 2020, o ingresso de receita proveniente da cobrança da dívida ativa
representou 2,29% do saldo existente no início do ano (R$ 46,17 bilhões), indicando uma
queda em relação ao exercício anterior que foi de 5,26%. O maior volume arrecadado em
2019 está diretamente relacionada ao REFAZ 2019, que previa redução de multas e juros
e, também, ao Compensa/RS, que instituiu a compensação da dívida ativa com
precatórios. Do total de R$ 2,37 bilhões de cobrança no exercício, R$ 795 milhões foram
compensados com precatórios, ao passo que agora em 2020, forma R$ 175,4 milhões de
compensação.
Em números atualizados monetariamente, o exame da evolução dos
valores da dívida ativa ao longo de 10 anos, possibilita constatar o crescimento real de
211,6%, mas ao se considerar o comportamento anual (base móvel), verifica-se uma
ligeira diminuição real do saldo nos últimos exercícios.
A fase judicial é responsável pela maior concentração dos créditos da
Fazenda Estadual, embora tenha alcançado o menor índice da série em exame, 64,31%.
Por sua vez, em 2020, a fase administrativa teve o maior índice de participação, incluindo
tanto os créditos que estão na fase reconhecida por Autos de Lançamento (AUL), como
aqueles cujas Certidões de Dívida Ativa permanecem em cobrança pela Secretaria da
Fazenda.
Importante observar que a soma dos créditos identificados como
inexecutáveis da fase administrativa com os registrados na fase de Falência/Cobrança
Exaurida do âmbito Judicial equivale a quase 20% do total da Dívida Ativa,
correspondendo ao valor de R$ 9,27 bilhões.
Em 2015, na busca de adequação às Normas Brasileiras de Contabilidade
Aplicadas ao Setor Público, a CAGE concluiu estudos que provocaram a realização da
segregação dos créditos inscritos em Dívida Ativa; os de curto prazo, referente aos que
possuem maior possibilidade de realização e os de longo prazo aqueles reconhecidos
como de difícil sucesso, ou seja, que apesar de todos os esforços para envidados na sua
cobrança, possuem alta probabilidade de não realização. Dessa forma, os créditos de
Dívida Ativa incluídos na qualidade de longo prazo passaram a ter o registro como ajuste
de perdas esperadas.

787
Essa alteração nos critérios diminuiu substancialmente o Ajuste de Perdas
no ano anterior, resultando num aumento do Estoque Viável de Dívida Ativa para R$
20,08 bilhões dos R$ 46,17 bilhões inscritos, portanto 43,50% do total em 2019,
considerando que em 2018 o Estoque Viável era de 29,57%.

16.6.1.4 – Ativo Não Circulante


No encerramento do ano de 2020, as Participações Acionárias do Estado
somaram R$ 11,79 bilhões (R$ 9,58 bilhões em 2019), um aumento de 23,1%.
As empresas controladas pelo Estado estão mais bem detalhadas em
capítulo próprio deste relatório (capítulo 11 – Sociedades de Economia Mista e Entidades
Controladas).

16.6.2 – Passivo
O Passivo da Administração Pública Estadual, no exercício de 2020,
alcançou o valor de R$ 302,26 bilhões (R$ 131,09 bilhões em 2019), estando registrados
R$ 31,92 bilhões no Passivo Circulante (R$ 38,25 bilhões em 2019) e R$ 270,34 bilhões no
Passivo Não Circulante (R$ 92,84 bilhões em 2019). Quanto ao Patrimônio Líquido, o
Estado registrou um valor negativo de R$ 302,26 bilhões, ou seja, uma situação de passivo
a descoberto, quando o passivo é maior que o ativo.

16.6.2.1 – Passivo Circulante

PASSIVO CIRCULANTE
Em R$ milhões (nominais)
PASSIVO CIRCULANTE 2019 % 2020 %
Obrigações Trabalhistas, Previdenciárias e Assistenciais a pagar a
3.663,6 9,58% 2.681,9 8,40%
Curto Prazo
Empréstimos e Financiamentos a Curto Prazo 10.077,1 26,35% 12.482,6 39,10%
Fornecedores e Contas a Pagar a Curto Prazo 2.123,6 5,55% 2.043,6 6,40%
Obrigações Fiscais a Curto Prazo 64,5 0,17% 104,7 0,33%
Obrigações de Repartição a Outros entes 0,3 0,00% 0,0 0,00%
Provisões a Curto Prazo 6.788,3 17,75% 336,8 1,06%
Demais Obrigações a Curto Prazo 15.528,7 40,60% 14.272,2 44,71%
TOTAL DO PASSIVO CIRCULANTE 38.246,1 100,00% 31.921,8 100,00%
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020 (volume I)

16.6.2.2 – Depósitos Judiciais

SALDO DEPÓSITOS JUDICIAIS – SALDOS EM 31-12-2020


Em R$ milhões (nominais)
DEPÓSITOS JUDICIAIS VALORES
Total depositado junto ao BANRISUL ............................................................. 10.890,2
Limite máximo de saque pelo Estado (95% dos depósitos) ............................... 10.345,7
Ingresso no SIAC (por intermédio da conta DDP/DEP JUD NÃO) ................. 10.112,8
Percentual utilizado pelo Estado...................................................................... 92,86
Fonte: Balanço Geral do Estado - 2020

788
16.6.2.3 – Passivo Não Circulante

PASSIVO NÃO CIRCULANTE


Em R$ milhões (nominais)
PASSIVO NÃO CIRCULANTE 2019 % 2020 %
Obrigações Trabalhistas, Previdenciárias e Assistenciais a
10.059,5 10,84 10.348,0 3,83
Pagar a Longo Prazo
Empréstimos e Financiamentos a Longo Prazo 66.935,5 72,1 68.676,8 25,40
Fornecedores e Contas a Pagar 1.929,1 2,08 1.556,0 0,58
Obrigações Fiscais a Longo Prazo 163,4 0,18 105,2 0,04
Provisões a Longo Prazo 13.310,3 14,34 189.196,2 69,98
Resultado Diferido 443,5 0,48 457,4 0,17
TOTAL DO PASSIVO NÃO CIRCULANTE 92.841,3 100 270.339,6 100
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020 (volume I)

Destaca-se o aumento substancial no Passivo Não Circulante, o qual


descreve-se a seguir as explicações contidas no Balanço Geral do Estado:
“Entretanto, cabe destacar que o relevante acréscimo no Passivo Não
Circulante está concentrado na conta de Provisão Atuarial do RPPS, que aumentou de R$
2,48 bilhões em 2019 para R$ 169,01 bilhões em 2020, em razão de alteração de política
contábil, que consistiu no reconhecimento, nos encargos gerais do Estado, do passivo
referente à cobertura de déficit previdenciário futuro. Esse valor sempre foi registrado
em conta redutora de passivo no IPE Prev, fazendo com que ficasse no passivo apenas
uma parcela do passivo atuarial. Com a mudança de política contábil, ambos valores
(passivo nos encargos gerais do Estado e redutor de passivo no IPE Prev) foram
eliminados no processo de consolidação, restando, no passivo, os valores da Provisão de
Benefícios Concedidos e a Conceder reconhecidos no IPE Prev.”

16.6.2.4 – Regime Especial de Pagamentos de Precatórios


De acordo com o Balanço Geral do Estado, o valor inscrito em 2020 foi de
R$ 435,4, inferior em 58,21% do valor inscrito em 2019, de R$ 1,04 bilhão. Bem como, os
pagamentos em 2020, no valor de R$ 607,2 milhões, foram superiores às novas inscrições
em precatórios.
Somente no exercício de 2020, o Programa Compensa/RS foi responsável
pela redução do estoque de precatórios em aproximadamente R$ 207,5 milhões.

16.6.2.4.1 – Movimentação Financeira em Contas Bancárias

DEPÓSITOS NAS CONTAS BANCÁRIAS DE PRECATÓRIOS - EC 62/2009 E COMPENSA/RS


Em R$ milhões (nominais)
ORIGEM TRANSFERÊNCIA ORDEM CRONOLÓGICA ACORDOS TOTAL DEPOSITADO
1,5% da RCL – EC 62/2009 298,0 298,0 596,0
COMPENSA/RS – Lei 15.038/17 0,6 0,6 1,2
Total 298,6 298,6 597,1
Fonte: Demonstrativo de Depósitos Mensais de Precatórios da Secretaria da Fazenda do Estado 2019 e BGE 2020, pág. 103

789
Assim, em 2020, foram disponibilizados para pagamentos
R$ 597,1 milhões, correspondendo a um incremento nominal de R$ 25,5 milhões (4,46%)
na comparação com o ano anterior (R$ 571,6 milhões). Desse montante disponibilizado,
R$ 298,6 milhões foram destinados ao pagamento por ordem cronológica de
apresentação102 e R$ 298,6 milhões à modalidade de acordo direto103 celebrados na
Câmara de Conciliação de Precatórios (coordenada pela Procuradoria-Geral, nos termos
da Lei Estadual nº 14.751/2015).

16.6.2.4.2 – Registros Contábeis de Precatórios e outros Débitos Judiciais

SALDO CONTÁBIL DE PRECATÓRIOS, RPVS E SENTENÇAS JUDICIAIS - 2019/2020


Em R$ milhões (nominais)
%
DISCRIMINAÇÃO 2019 2020
20/19
PRECATÓRIOS
Passivo Circulante/Restos a Pagar Processados 23,8 16,2 -31,74
Precatórios Empenhados, Liquidados a Pagar 23,8 16,2 -31,74
Passivo Não Circulante: 11.603,4 11651,10 0,41
Precatórios de Pessoal a pagar 5.787,9 6.076,8 4,99
Precatórios de Benefícios Previdenciários a pagar 3.886,4 4.018,1 3,39
Precatórios de Fornecedores a pagar 1.929,1 1.556,0 -19,34
Passivo Não Circulante/Provisões/Atualização Monetária 4.013,2 3.669,4 -8,57
Precatórios de Pessoal a pagar 1.313,9 1.096,7 -16,53
Precatórios de Benefícios Previdenciários a pagar 2.572,7 2.572,7 0,00
Precatórios de Fornecedores a pagar 126,6 - 0,00
TOTAL DEVIDO DE PRECATÓRIOS 15.640,4 15.336,6 2,18
RPVs
Passivo Circulante/Restos a Pagar Processados 72,2 30,9 -57,2
TOTAL DEVIDO DE RPVS 72,2 30,9 -57,2
SENTENÇAS JUDICIAIS
Passivo Circulante/Restos a Pagar Processados 251,5 330,9 31,6
TOTAL DEVIDO DE SENTENÇAS JUDICIAIS 251,5 330,9 31,6
SALDO TOTAL 15.964,1 15.698,4 -1,66
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020 (volume I) e Cubos DW (SEFAZ/RS)

PAGAMENTO DE PRECATÓRIOS
Em R$ milhões atualizados
ANO Ordem Cronológica Acordos Compensa RS Total Pago
2015 46,9 27,4 - 74,3
2016 52,1 37,8 - 90,0
2017 1.360,3 454,3 - 1.814,6
2018 518,7 115,2 45,0 679,0
2019 312,7 322,4 967,5 1.602,6
2020 271,0 128,7 207,5 607,2
Fonte: Sistema Cubos DW/Sefaz-RS (consulta aos valores pagos nos recursos 07, 08 e 09)
Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG
Valores atualizados pelo IPCA-médio.

102 Conta Banrisul nº 1132715508, Agência 1099.


103 Conta Banrisul nº 1120139007, Agência 1099.

790
O alto valor de 2019 (R$ 1,60 bilhão) foi fruto da compensação com
precatórios (programa Compensa RS), no montante de R$ 967,5 milhões. Verifica-se que
o pagamento de precatórios em 2020 através da compensação com Dívida Ativa foi de R$
207,5milhões. Em valores atualizados, nota-se uma queda no pagamento a partir de
2017.
Em março de 2021, foi promulgada a PEC nº 109/21, prorrogando o prazo
de quitação de precatórios para 2029 (anteriormente era 2024). Por essa razão, cabe o
esclarecimento do gestor sobre eventuais medidas adotadas, tais como planos de ação,
para atendimento da emenda, considerando um estoque de precatórios de mais de R$ 15
bilhões. Mesmo considerando a prorrogação do prazo de 2024 para 2028, o Estado
precisaria desembolsar valores muito maiores para conseguir quitar o saldo de
precatórios dentro do novo prazo.

16.6.3 – Gestão Financeira

DISCRIMINAÇÃO 2019 2020 % 20/19


Disponibilidades no início do exercício 4.751,5 5.762,2 21,3%
Ingressos 119.126,9 117.948,9 -1,0%
Receita Ordinária 25.419,3 27.677,7 8,9%
Receita Vinculada 45.010,0 36.282,9 -19,4%
Educação 8.460,6 8.304,5 -1,8%
Saúde 5.338,1 5.921,8 10,9%
Previdência 17.173,0 18.933,9 10,3%
Transferências Obrigatórias de Outros Entes 533,8 450,2 -15,7%
Transferências Voluntárias de Outros Entes 100,8 140,9 39,8%
Fundos Estaduais 13.120,4 2.506,4 -80,9%
Operações de Crédito 283,3 25,1 -91,1%
Recebimentos Extraorçamentários 48.697,6 53.988,3 10,9%
Inscrição Restos a Pagar Processados 7.718,4 6.414,1 -16,9%
Inscrição Restos a Pagar Não Processados 822,6 1.531,2 86,1%
Depósitos Restituíveis e Valores Vinculados 37.164,2 43.391,7 16,8%
Outros Recebimentos Extraorçamentários 2.992,4 2.651,3 -11,4%
Desembolsos 118.116,2 116.210,2 -1,6%
Despesa Ordinária 28.837,2 29.212,9 1,3%
Despesa Vinculada 45.024,4 35.345,0 -21,5%
Educação 8.414,3 8.561,3 1,7%
Saúde 5.212,0 6.119,6 17,4%
Previdência 17.342,1 17.438,8 0,6%
Transferências Obrigatórias de Outros Entes 197,2 394,8 100,2%
Transferências Voluntárias de Outros Entes 156,4 194,2 24,2%
Fundos Estaduais 13.460,3 2.583,4 -80,8%
Operações de Crédito 242,1 52,9 -78,1%
Pagamentos Extraorçamentários 44.254,6 51.652,3 16,7%
Pagamentos de Restos a Pagar Processados 3.877,0 4.455,9 14,9%
Pagamentos de Restos a Pagar Não Processados 729,9 630,5 -13,6%
Depósitos Restituíveis e Valores Vinculados 36.692,5 44.734,5 21,9%
Outros Pagamentos Extraorçamentários 2.955,2 1.831,4 -38,0%
Disponibilidades no final do exercício 5.762,2 7.500,9 30,2%
Fonte: Balanço Geral do Estado – 2020 e Sistema Cubos DW/Sefaz-RS
Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG

791
16.6.3.1 – Movimentação Financeira dos Recursos Vinculados
A parcela da receita orçamentária vinculada, aquela que o Estado, em
decorrência de dispositivos legais e constitucionais, está obrigado a aplicar em fins
específicos, foi de R$ 9,33 bilhões e representou cerca de 14,6% da arrecadação total de
2020 (R$ 63,96 bilhões).

APLICAÇÃO DOS RECURSOS VINCULADOS NO ANO DE 2020 – AJUSTADO PELAS TRANSFERÊNCIAS ENTRE RECURSOS
Em R$ milhões(nominais)
RECEBIMENTOS/ RECEBIMENTOS/
RECURSO RECEITA DESPESA TRANSFERÊNCIAS DE TRANSFERÊNCIAS DE RESULTADO
NUMERÁRIOS, LÍQUIDO RECURSOS, LÍQUIDO
Tesouro – Vinculado
4.797,7 -16.390,6 431,0 0,0 144,9
pela Constituição
Tesouro – Vinculado
2.768,8 -3.163,7 49,7 234,9 -110,3
por Lei
Convênios 225,0 -302,7 -77,9 0,0 -155,6
Próprios da Autarquia 1.111,0 -227,9 0,0 0,0 883,1
Operações de Crédito
214,4 -178,3 0,0 0,0 36,1
Externas
Operações de Crédito
75,7 -70,9 -2,5 0,0 2,3
Internas
Transferências
1.178,2 -944,6 76,4 1,7 311,7
Obrigatórias
Próprios das
0,8 -0,2 - - 0,6
Fundações
TOTAL 21.678,4 -21.278,9 476,7 236,6 1.112,8
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020 (volume I) e Cubos DW (SEFAZ/RS)

PASSIVO FINANCEIRO POTENCIAL - CONSOLIDADO


Em R$ milhões (nominais)
PASSIVO PASSIVO
TÍTULO MOVIMENTO ∆%
31-12-18 31-12-19
Tesouro – Vinculado pela
1.591,7 144,9 1.736,6 9,10
Constituição
Tesouro – Vinculado por Lei 1.940,2 -110,3 1.829,9 -5,68
Convênios 708,8 -155,6 553,2 -21,95
Próprios da Autarquia 1.620,4 883,1 2.503,5 54,50
Operações de Crédito Externas 42,1 36,1 78,2 85,75
Operações de Crédito Internas 84,8 2,3 87,1 2,71
Transferências Obrigatórias 13,3 311,7 325,0 2.343,61
Próprios das Fundações 0,7 0,6 1,3 85,71
SITUAÇÃO LÍQUIDA 6.002,0 1.112,8 7.114,8 18,54
Fonte: Balanço Geral do Estado de 2019, vol. I, p. 135.

16.6.3.2 – Situação Líquida Financeira Real e Ajustada

SITUAÇÃO LÍQUIDA FINANCEIRA REAL - 2020


Em R$ milhões nominais
TÍTULO VALOR
SALDO PATRIMONIAL FINANCEIRO – 2019 -18.307,3
DÉFICIT FINANCEIRO AJUSTADO DO EXERCÍCIO -3.736,9
SALDO PATRIMONIAL FINANCEIRO ATUAL -22.044,1
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020

SITUAÇÃO LÍQUIDA FINANCEIRA AJUSTADA - 2020


Em R$ milhões nominais

792
TÍTULO VALOR
SALDO FINANCEIRO REAL -22.044,1
SALDO FINANCEIRO POTENCIAL -7.782,1
SALDO FINANCEIRO AJUSTADO -29.826,2
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020

Em resumo, estariam faltando R$ 29,83 bilhões para que o Estado possa


saldar as obrigações do seu passivo financeiro e as despesas a empenhar,
correspondentes aos saldos de recursos vinculados.

16.6.3.3 – Variações Patrimoniais Consolidadas

RESULTADO PATRIMONIAL DO PERÍODO - 2020


Em R$ milhões nominais
TÍTULO 2019 2020 ∆%
4 - VARIAÇÃO PATRIMONIAL AUMENTATIVA 120.814,1 557.149,5 361,2%
41 - IMPOSTOS, TAXAS E CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA 42.725,2 44.124,2 3,3%
42 - CONTRIBUIÇÕES 18.611,6 20.782,7 11,7%
43 - EXPLORAÇÃO E VENDA DE BENS, SERVIÇOS E DIREITOS 388,4 314,6 -19,0%
44 - VARIAÇÕES PATRIMONIAIS AUMENTATIVAS FINANCEIRAS 1.236,4 1.315,4 6,4%
45 - TRANSFERÊNCIAS E DELEGAÇÕES RECEBIDAS 8.908,2 12.065,2 35,4%
46 - VALORIZAÇÃO E GANHOS COM ATIVOS E DESINCORPORAÇÃO DE PASSIVOS 11.340,2 10.383,7 -8,4%
49 - OUTRAS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS AUMENTATIVAS 37.604,1 468.163,7 1145,0%
3 - VARIAÇÃO PATRIMONIAL DIMINUTIVA 128.207,7 349.677,9 172,7%
31 - PESSOAL E ENCARGOS 30.607,6 30.013,9 -1,9%
32 - BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS E ASSISTENCIAIS 16.662,4 17.253,0 3,5%
33 - USO DE BENS, SERVIÇOS E CONSUMO DE CAPITAL FIXO 7.099,5 7.173,5 1,0%
34 - VARIAÇÕES PATRIMONIAIS DIMINUTIVAS FINANCEIRAS 7.372,9 9.765,5 32,5%
35 - TRANSFERÊNCIAS E DELEGAÇÕES CONCEDIDAS 18.120,1 18.628,3 2,8%
36 - DESVALORIZAÇÃO E PERDA DE ATIVOS E INCORPORAÇÃO DE PASSIVOS 7.191,8 6.091,5 -15,3%
37 - TRIBUTÁRIAS 466,3 574,9 23,3%
39 - OUTRAS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS DIMINUTIVAS 40.687,1 260.177,3 539,5%
RESULTADO PATRIMONIAL DO PERÍODO -7.393,6 207.471,6 2906,1%
Fonte: Balanço Geral do Estado – 2020 e Sistema Cubos DW/Sefaz-RS
Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG

No exercício de 2020 foi apurado um resultado patrimonial de R$ 207,47


bilhões. O grande aumento no resultado do exercício, na comparação com o ano anterior,
explica-se pelo impacto da alteração contábil do reconhecimento do passivo atuarial do
RPPS.

16.6.3.4 – Compensações – Contas de Controle

COMPENSAÇÕES - CONTAS DE CONTROLE - 2019/2020


Em R$ milhões (nominais)
CONTAS 2018 % 2019 %
71 - ATOS POTENCIAIS 4.884,9 4,6% 5.345,1 5,0%
711 - ATOS POTENCIAIS ATIVOS 4.548,1 4,3% 4.922,2 4,6%
7111 - GARANTIAS E CONTRAGARANTIAS RECEBIDAS 1.045,0 1,0% 1.038,3 1,0%
7112 - DIREITOS CONVENIADOS E OUTROS INSTRUMENTOS
98,2 0,1% 127,5 0,1%
CONGÊNERES

793
COMPENSAÇÕES - CONTAS DE CONTROLE - 2019/2020
Em R$ milhões (nominais)
CONTAS 2018 % 2019 %
7119 - OUTROS ATOS POTENCIAIS ATIVOS 3.404,9 3,2% 3.756,3 3,5%
712 - ATOS POTENCIAIS PASSIVOS 336,8 0,3% 423,0 0,4%
7121 - GARANTIAS E CONTRAGARANTIAS CONCEDIDAS 126,8 0,1% 126,8 0,1%
7123 - OBRIGAÇÕES CONTRATUAIS 12,0 0,0% 36,7 0,0%
7129 - OUTROS ATOS POTENCIAIS PASSIVOS 198,0 0,2% 259,6 0,2%
72 - ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 31.500,7 29,5% 15.601,6 14,5%
74 - RISCOS FISCAIS 52.624,4 49,3% 68.727,6 63,8%
79 - OUTROS CONTROLES 17.692,1 16,6% 18.048,0 16,8%
Total do Controles Devedores 106.702,0 100,0% 107.722,3 100,0%
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020 (volume I) e Cubos DW (SEFAZ/RS)

Em relação à conta Risco Fiscais, seu saldo é composto pelos chamados


passivos contingente, os quais se listam abaixo, as contas mais representativas com seus
saldos de 2019 para 2020:

PASSIVOS CONTINGENTES – 2019 e 2020


Em R$ milhões nominais
OBJETO 2019 2020
Implantação Piso Nacional do Magistério 33.300,8 34.500,0
Compensação de Débitos Estaduais com Precatórios - 7.000,0
Inconstitucionalidade TR – estoque de precatórios e RPVs 5.791,8 6.734,0
Brasil Telecom 5.000,0 5.000,0
Tarifas TUST e TUSD - 1.600,0
Repasses para os municípios de recursos do FES - 1.434,9
Inclusão do déficit previdenciário na base de cálculo do PASEP - 1.400,0
Contribuição previdenciária da Fase - 1.320,0
Ações Civis Públicas - Investimentos na área da saúde 1.915,6 1.276,8
Ação Civil Pública. Meio Ambiente - 1.000,0
Contribuições do Daer ao IPE Prev e IPE Saúde 986,8 986,8
Processos individuais na área de saúde 2.097,6 844,5
Demais Passivos Contingentes 3.531,8 5.630,6
TOTAL 52.624,4 68.727,6
Fonte: Balanço Geral do Estado 2020 (Volume I)

16.7 – Gestão da Dívida


A Dívida Consolidada (incluídos os precatórios), em 2020, somou R$ 93,26
bilhões e divide-se em dois grupos distintos: R$ 82,60 bilhões relativos à Dívida Interna e
R$ 10,66 bilhões provenientes da Dívida Externa. Durante os exercícios de 2019 e 2020, a
movimentação dessa dívida, em números consolidados, pode ser resumida da seguinte
forma:

DÍVIDA CONSOLIDADA 2019/2020


Em R$ milhões nominais
ESPECIFICAÇÃO 2019 2020
Dívida Fundada Interna
Dívida Contratual 68.408,31 70.499,92
Débitos Parcelados 615,58 436,34
Precatórios Judiciais 11.603,40 11.667,20
1-Total Dívida Fundada Interna 80.627,29 82.603,46
Dívida Fundada Interna exceto Precatórios 69.023,89 70.936,26

794
DÍVIDA CONSOLIDADA 2019/2020
Em R$ milhões nominais
ESPECIFICAÇÃO 2019 2020
Dívida Fundada Externa
Dívida Fundada Externa por contratos 8.624,52 10.659,43
2-Total da Dívida Fundada Externa 8.624,52 10.659,43
3-Total Dívida Fundada 89.251,81 93.262,89
Total Dívida Fundada exceto Precatórios 77.648,41 81.595,69
Fonte: Balanço Geral do Estado: Demonstração da Dívida Consolidada

Convém lembrar que do total da Dívida Consolidada, aproximadamente


87% está formalizada por contratos, enquanto a participação dos precatórios e dos
débitos parcelados é de 12,5% e 0,5%, respectivamente.

16.7.1 - Dívida em Contratos


A dimensão do estoque da dívida, ao considerarmos a relação dívida/PIB,
cresce em decorrência da continuidade da sustação dos pagamentos e da queda do PIB
(aumentando de 16% para 17% do PIB Estadual). A consequência só não foi mais intensa
em decorrência dos efeitos da implementação das condições previstas na LC n° 148/2014.
O comprometimento do serviço da dívida, por sua vez, pode ser
visualizado a seguir:

COMPROMETIMENTO DO SERVIÇO DA DÍVIDA – INDICADORES SELECIONADOS


Em R$ milhões nominais
ANO Serviço da Dívida* Despesa Total % Serviço/Despesa Total RCL % Serviço/RCL
2011 2.504,16 30.104,31 8,32 21.927,90 11,42
2012 2.685,52 33.232,38 8,08 23.710,65 11,33
2013 2.894,54 37.745,29 7,67 26.387,88 10,97
2014 3.268,89 42.731,36 7,57 28.633,47 11,42
2015 3.739,97 45.558,91 8,20 30.139,17 12,41
2016 Previsão c/Pagamento parcial/suspensão*
2017 Previsão c/Pagamento parcial/suspensão*
2018 Previsão c/Pagamento parcial/suspensão*
2019 4.338,47 58.250,42 7,45 39.779,44 10,91
2020 4339,51 64.557,89 6,72 42.073,52 10,31
Fonte: Balanço anual, 2011 a 2020. Valores empenhados.
*Excluem-se os valores, pois com pagamento parcial/suspensão. A partir de 2019 os valores estão considerados na sua integralidade.

O total do valor empenhado em 2018, 2019 e 2020 para o tesouro gaúcho


saldar a dívida contratada com a União não resultou em efetivo pagamento.
Por outro lado, importante observar que a suspensão dos pagamentos
devidos à União implica crescimento do estoque da dívida, logo, deverá repercutir sobre
o serviço da dívida na medida a ser definida no processo de nova renegociação com o
governo federal.

16.7.2 - Retrospectiva: Evolução da Dívida


Ao longo dos anos, mais precisamente até 2013, acumulou-se um resíduo
porque o valor pago, com limitador de 13% da RLR, foi sistematicamente menor do que o
valor devido, resultando em novas incorporações a essa conta. Além disso, o próprio

795
saldo do resíduo foi corrigido nos mesmos termos do valor principal, isto é, IGP-DI com
acréscimo de 6% de juros ao ano.
O limitador em princípio tinha um objetivo positivo, pois visava que um
percentual da receita fosse o teto dos recursos comprometidos (13% RLR, no caso). A
expectativa era que com o incremento da receita o percentual previsto para o limitador
gerasse um quantum suficiente para o pagamento integral da prestação calculada, ou
seja, de que os 13% sobre a RLR fossem suficientes para pagar a prestação. No entanto,
esse quantum foi insuficiente para o pagamento da parcela devida. Dessa maneira, o
limitador, que em princípio deveria servir como uma garantia para que o estado
mantivesse sua capacidade de pagamento e não comprometesse parcela maior de sua
receita com o serviço da dívida, constituiu-se, por diversos motivos, em um fator para o
crescimento da dívida.
Em decorrência, a dívida não declinou, embora o longo período de
pagamento, em função da sua dimensão financeira e não de desequilíbrios fiscais. Assim,
imperativo seria, não sendo o montante de receitas decorrente da utilização do limitador
suficiente para o pagamento da parcela calculada que ocorresse a repactuação do prazo,
de forma a viabilizar a efetiva amortização da dívida ao longo dos pagamentos. Assim, a
parte da receita destinada ao pagamento do serviço da dívida, entre os anos de 1998 a
2013, 13% RLR, foi insuficiente para o seu pagamento. Essa diferença foi capitalizada
impedindo a redução efetiva do valor real da dívida intralimite.
Deve-se lembrar de que na concepção do contrato, e por sua lógica, o
saldo devedor deveria ser quitado em 2028, e que no início do contrato a prestação da
tabela Price (devida) era superior ao limite de comprometimento da Receita (13% da
RLR). A expectativa era de que em curto período a prestação paga alcançasse a prestação
devida, deixando de formar resíduos, todavia isto não ocorreu.
Após a renegociação de 1998, diversas foram as causas para o desequilíbrio
que formou os resíduos e não permitiu o gradativo declínio do valor da dívida: fraco
crescimento associado à política econômica; índice de correção; as desonerações; o
aumento tributário via contribuição fiscal; a guerra fiscal; a taxa de juros elevada etc.
Essas causas, em grande parte, foram decorrentes da política adotada pelo governo
federal.
Convém ressaltar ainda que a manutenção do limitador do pagamento, do
prazo e das demais condições do contrato, sem que a prestação calculada fosse
plenamente paga, traz a questão: os juros não pagos (ou parcialmente pagos) num
determinado período podem ser englobados ao saldo devedor para servirem de base de
cálculo para novos juros?
Vale lembrar que o crescimento da receita menos intenso do que o
esperado à época da assinatura do contrato se deveu em grande parte ao contexto
econômico e à política econômica adotada pelo governo federal. No entanto, os
empréstimos não tiveram tratamento similar ao adotado em outras medidas
implementadas pelo governo federal, tais como a concessão de anistias tributárias; o
refinanciamento de dívidas tributárias; os subsídios e créditos privilegiados concedidos a
alguns setores econômicos (em especial via bancos públicos); as renúncias fiscais etc.
Na forma que foram pactuados os pagamentos, a dívida adquiriu uma
dimensão financeira até o ano de 2014 impedindo sua redução. Posteriormente, no

796
momento que o estado iniciaria a amortização da dívida, com a crise financeira que se
instalou, ocorreu a suspenção dos pagamentos, impedindo, deste modo, sua efetiva
amortização.
Nas condições originais da Lei nº 9.496/97, o valor a ser refinanciado a
partir de 2028, decorrente de eventual saldo na conta resíduo, estaria relacionado ao
comportamento que a Receita Líquida Real-RLR viesse a assumir no decorrer deste prazo
(até 2028). Por outro lado, a implementação das condições previstas pela LC n°148/2014
possibilitaria uma melhora substancial no financiamento do resíduo a ser realizado em
2028, porém sem nenhum reflexo no pagamento até essa data (no montante do serviço),
pois, conforme o regramento disposto no contrato original, e que não foi objeto de
alteração na legislação de 2014, enquanto houvesse resíduo, os pagamentos mensais
deveriam obedecer ao limite de comprometimento, no caso, de 13% da Receita Líquida
Real.
Dessa maneira, a implementação do previsto na Lei Complementar
n°148/2014 poderia proporcionar uma evolução mais favorável do estoque até o ano de
2028, mas sem reflexo na evolução dos serviços a pagar, isto é, exigindo significativo
esforço fiscal devido à inexistência de alterações nos valores a serem pagos nas parcelas
mensais.
No entanto, a frágil situação financeira do Tesouro Estadual, com a
contínua carência de recursos, foi determinante para que o governo gaúcho, ao final de
2017, assinasse aditivos ao contrato nos termos da LC n° 156/2016, aderindo
formalmente às condições previstas na referida Lei. Observa-se que as normativas
estabelecidas com o processo de renegociação (consubstanciadas na referida Lei)
produzem uma redução do comprometimento do serviço da dívida em relação à Receita
Líquida Real (Serv./RLR) nos anos iniciais, mas em anos posteriores, notadamente após
2028, aumenta esse comprometimento em relação à trajetória prevista para a evolução
do serviço quando considerado somente os parâmetros previstos na LC n° 148/2014.
Com a crise e por força de liminar obtida no mês de julho de 2017, o estado
passou a não efetuar os pagamentos previstos a partir dos ajustes referidos (mesmo com
o saldo reduzido das parcelas previsto na Lei complementar n° 156/2016).
Assinala-se, ainda, que mesmo nos anos de 2018 a 2020, nos momentos
em que o Estado pagou um percentual pequeno do serviço da dívida pela suspensão dos
pagamentos com o governo federal, ainda assim, observa-se que o endividamento não
propicia a obtenção de recursos líquidos para o financiamento do estado. Assim ocorre
porque o estado continua impedido de contratar novas operações por ter ultrapassado o
limite da Dívida Consolidada Líquida (ocorrendo somente ingresso de parcelas de
contratações já efetuadas). A incapacidade de o estado obter recursos líquidos através do
endividamento pode ser visualizada na tabela que segue (resumo do exposto no capítulo
7 do presente relatório).

797
CAPTAÇÕES VIA ENDIVIDAMENTO X SERVIÇO DA DÍVIDA
Em R$ milhões nominais
2018* 2018** 2019* 2019** 2020* 2020**
Captações 270,2 270,2 191,9 191,9 24,90 24,90
(-) Serviço da dívida 3.970,5 772,0 4.338,5 887,4 4.339,51 868,8
(*) Considerando o Valor empenhado do serviço da dívida
(**) Considerando o efetivo pagamento do serviço da dívida.

Como pode ser observado na tabela, o valor do serviço da dívida foi


superior às captações, mesmo com a suspensão de parcela significativa da dívida (os
pagamentos efetuados, aproximadamente, 20% do devido, referem-se, principalmente,
aos valores da dívida externa).
No ano de 2020, embora importante declínio da atividade econômica com
queda de 4,1% e 7,0% do PIB brasileiro e gaúcho respectivamente, o resultado primário
volta a ser positivo (da ordem de 2,33 bilhões) em decorrência principalmente das
transferências extraordinárias do governo federal para as ações de enfrentamento a
Covid -19 e para mitigação de seus efeitos financeiros. Sem a receita extraordinária se
tem uma situação equilibrada no que se refere ao resultado primário, com receita e
despesa primária com montante aproximado (registrando um superavit de 16,20
milhões).
O resultado positivo no ano de 2020 decorre, primordialmente, do
aumento da contribuição dos servidores, do declínio da despesa com pessoal e do
declínio dos juros e encargos da dívida decorrentes dos níveis inferiores da taxa Selic em
2020 em relação a 2019 (lembrando que a Selic limita os encargos da dívida).
Nesse contexto, se pode viabilizar um resultado primário mais robusto a
partir de uma recuperação econômica, saída da recessão. Essa recuperação depende, em
grande parte, do controle e evolução da pandemia que assola o mundo, o país e o estado.
O estado procurou aderir ao Regime de Recuperação Fiscal, previsto pela
Lei Complementar 159/2017. No entanto, o processo de negociação entre estados, União
e municípios bem como a pandemia levaram a modificações na previsão legal para tal.
No ano de 2020, houve tramitação de alterações no regime. Dessa
maneira, o Projeto de Lei Complementar 149/19, que continha o chamado Plano
Mansueto e previa alterações na Lei de Responsabilidade Fiscal e no Regime de
Recuperação Fiscal recebeu substitutivo, transformando-se no projeto de medidas de
apoio emergencial aos entes federados em razão da pandemia de coronavírus e aprovado
na forma da Lei Complementar 173/2020. No entanto, é, posteriormente, através do
Projeto de Lei complementar 101/20 que foi retomado pontos do Projeto de Lei
Complementar 149/19, que continha o chamado Plano Mansueto e alterações na Lei de
Responsabilidade Fiscal e no Regime de Recuperação Fiscal, sendo consubstanciado na Lei
complementar 178/21 de 13 de janeiro de 2021.
A Lei Complementar nº 173/2020 estabeleceu o Programa de
Enfrentamento ao Coronavírus (Covid-19), sendo por ela fixadas as bases do auxílio
financeiro da União aos estados e municípios para enfrentamento da perda de receitas, a
suspensão e renegociação de dívidas e o relaxamento de diversos artigos de controle
fiscal. Esse dispositivo previu a suspensão das dívidas, o afastamento de disposições,

798
limites e condições da lei de responsabilidade fiscal durante a pandemia, o auxílio
financeiro aos estados e municípios, entre outras providências. Importante mencionar
que a suspensão de dívidas prevista neste dispositivo teve efeito reduzido, visto que as
parcelas da dívida com o governo federal já não estavam sendo pagas por força da liminar
desde 2017. A suspensão, com base na referida Lei complementar, cingiu-se a dívida com
BNDES no montante de 78,4 milhões.
Por sua vez, a Lei Complementar nº 178/21 estabeleceu o Programa de
Acompanhamento e Transparência Fiscal, o Plano de Promoção do Equilíbrio Fiscal e
alterou as Leis Complementares nº 101/2000, 156/16 e 159/17, entre outros. Esse
dispositivo previu alterações no Regime de Recuperação Fiscal (RRF), entre os quais: a
ampliação do prazo do regime de três para nove anos e a previsão de que os valores não
pagos sejam refinanciados contratualmente com a União, em parcelas mensais e
sucessivas apuradas pela tabela Price, em 360 meses, com encargos equivalentes aos do
financiamento principal.
Assim, durante a vigência, está prevista a redução das prestações relativas
aos contratos e a União poderá pagar em nome do estado as prestações de operações de
crédito com o sistema financeiro e instituições multilaterais, garantidas pela União. Esse
benefício será aplicado regressivamente no tempo, de tal forma que a relação entre os
pagamentos do serviço das dívidas estaduais e os valores originalmente devidos das
prestações dessas mesmas dívidas será zero no primeiro exercício e aumentará pelo
menos 11,11 (onze inteiros e onze centésimos) pontos percentuais a cada exercício
financeiro.
Ou seja, o novo marco legal prevê que todos os estados cujo pagamento
da dívida com o governo federal esteja suspenso possam regularizá-lo. No entanto, impõe
uma série de exigências e contrapartidas que fogem estritamente à evolução da dívida.
Como se expôs, o estado tem um passivo de curto prazo com o governo
federal de aproximadamente 11 bilhões e não aderindo à reforma estaria sujeito a ter
que arcar com o refinanciamento desse estoque, nos termos da lei Complementar nº178,
artigo 23, ou seja, em 360 meses.
Aqui existe um dilema, pois se a não adesão significa a retomada de paga-
mento da dívida, principal e parcelas do passivo vencido, inviabilizando seu pagamento, a
sua adesão (junto com os demais estados da federação) significa a adoção das contrapar-
tidas que limitam a atuação dos estados na recuperação da economia, comprometendo a
capacidade de prover serviços públicos adequados.
O governo do estado alega que essa é a única opção fiscalmente
responsável para o Rio Grande do Sul, sobretudo porque o ajuste exigido pelo governo
federal, como contrapartida à retomada gradual do pagamento da dívida é integralmente
aderente à agenda de reformas estruturais do estado, que, em grande medida, já foram
implementadas.
Por um lado, como se viu, no exercício de 2020, com os devidos ajustes,
excluindo as receitas extraordinárias, o estado apresentou um resultado primário
equilibrado o que representa uma evolução favorável. Assim, pode-se vislumbrar a partir
da recuperação da economia a formação de fundos necessários para a retomada, mesmo
que parcial, dos pagamentos da dívida. Por outro lado, a promulgação e a possibilidade

799
de adesão ao programa de reforma do estado podem precipitar que a liminar que
suspendeu os pagamentos seja revogada a qualquer momento.
O governo federal condiciona a suspensão do pagamento da dívida à
reforma do setor público estadual e ao ajuste patrimonial. Ou seja, as prorrogações de
prazo para o pagamento de dívidas dos estados e DF com a União estão condicionadas à
redução de gastos sociais, privatização de empresas, entre outras providências. Convém
ressaltar, no entanto, que todas as parcelas suspensas ou adiadas terão que ser pagas
posteriormente com juros compostos e correção monetária. Além disso, importante
lembrar, que nos termos existentes, os pagamentos em suspenso ocasionam o acúmulo
de parcelas de juros não pagas que se incorporam ao saldo devedor final. Assim, o prazo
de suspensão deve se ater ao estritamente necessário.
Através do decreto n° 10.681 de 20 de abril de 2021 a União regulamentou
a lei complementar n° 159 definindo as providências e forma, entre outros
procedimentos, para que os estados adiram ao plano de recuperação fiscal. Ou seja,
como deverá ocorrer a formalização do pedido de adesão e a elaboração do Plano de
Recuperação Fiscal, que inclui a aprovação da legislação estadual exigida para
homologação do Regime.
Dessa maneira, a adesão ao plano e sua dimensão necessária, em especial
pela declarada aderência do programa às reformas da atual administração, constitui-se
matéria de importância a ser considerada no ano de 2021. Importante ressaltar que os
condicionantes exigidos pela União para a suspensão do pagamento da dívida
caracterizam uma dinâmica que foge estritamente à remuneração do credor pelo
devedor que tem que restituir, com a devida remuneração, um recurso recebido.
O programa segue o mesmo procedimento implementado pela primeira
vez na ocasião do ajuste de 1998 a partir da Lei nº 9.496/97 de obrigar a fixar, de forma
organizada e monitorada, compromissos com metas de ajuste fiscal e saneamento
financeiro, sendo os estados forçados a adotarem medidas de controle salarial e corte de
pessoal, privatizações, concessão de serviços públicos e obterem a aprovação da
Assembleia Legislativa à implementação do programa. Como se viu, o ajuste de 1998 não
alcançou os resultados esperados, em decorrência, entre outros motivos, da falta de
compatibilidade entre a parcela a ser paga (13%) e o prazo que levou a que a dívida não
fosse efetivamente amortizada desde então. Importante que a renegociação ponha fim à
dimensão financeira da dívida viabilizando sua efetiva amortização e, portanto, evitando
que essa se transforme em um mecanismo permanente de sucção de receitas mais do
que de financiamento das atividades de maior vulto.

16.8 – Gestão Previdenciária


O presente capítulo trata das principais questões envolvendo a questão
previdenciária no Estado do Rio Grande do Sul, com destaque para a análise das
relevantes alterações introduzidas pelas Leis Complementares nº 15.429/19 e nº
15.511/20.
16.8.1. Alterações recentes da Legislação sobre Previdência no RS
A lei nº 15.429, de dezembro de 2019 instituiu as alíquotas progressivas no
RPPS do Estado. Na tabela a seguir são apresentadas as faixas de alíquotas e as
respectivas parcelas a deduzir previstas na lei nº 15.429/19. Tal tabela vigorou no Estado

800
do Rio Grande do Sul no ano de 2020. Os efeitos financeiros decorrentes dessa legislação
repercutiram a partir de abril de 2020 em obediência aos princípios tributários da
anterioridade de exercício e nonagesimal.

FAIXAS DE ALÍQUOTAS PREVISTAS NA LEI Nº 15.429/19


ATIVOS INATIVOS
Faixas Parcela
Alíquotas Alíquotas Parcela a deduzir
a deduzir
Até 1 salário-mínimo 7,50% 0 0 0
Acima de 1 salário-mínimo a R$ 2.089,60 9% 15,68 9% 94,05
De R$ 2.089,6 a R$ 3.134,4 12% 78,36 12% 156,74
De R$ 3.134,41 a R$ 6.101,06 14% 141,05 14% 219,43
De R$ 6.101,07 a R$ 10.448,00 14,50% 171,56 14,50% 249,93
De R$ 10.448,01 a R$ 20.896,00 16,50% 380,52 16,50% 458,89
De R$ 20.896,01 a R$ 40.747,20 19% 902,92 19% 981,29
Acima de R$ 40.747,20 22% 2125,33 22% 2.203,71

Para facilitar o entendimento da evolução legislativa, a tabela a seguir


resume a situação (até agosto de 2020) de aposentadoria dos servidores do RS com base
na data de ingresso no serviço público.

RESUMO DAS REGRAS DE PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES DO ESTADO DO RS VÁLIDAS ATÉ AGOSTO DE 2020
Cálculo do Contribuição Previdenciária
Data de Ingresso Benefício de Regime Adesão Base de Alíquota Alíquota
Destino
Aposentadoria Cálculo Servidor Estado
Faixas de
alíquotas Dobro da Pagamento
Repartição Remuneração
até 31/12/2003 Integralidade Obrigatória previstas contribuição inativos e
Simples Bruta
na lei nº do servidor pensionistas
15.429/19
Faixas de
Média dos alíquotas Dobro da Pagamento
1°/01/2004 a Repartição Remuneração
80% maiores Obrigatória previstas contribuição inativos e
17/07/2011 Simples Bruta
salários na lei nº do servidor pensionistas
15.429/19
Faixas de
Média dos alíquotas Idêntica a
18/07/2011 a Remuneração
80% maiores Capitalização Obrigatória previstas contribuição FUNDOPREV
18/08/2016 Bruta
salários na lei nº do servidor
15.429/19
Faixas de
alíquotas Idêntica a
Média dos
Obrigatória Teto RGPS previstas contribuição FUNDOPREV
80% maiores Capitalização +
a partir de na lei nº do servidor
104 salários, limi- Previdência
19/08/2016 15.429/19
tado ao teto Complementar
Parcela remu- Plano RS-
do RGPS a partir de 4,5% a
Facultativa neração acima Futuro da
de 4,5% 7,5%
do teto RGPS RS-Prev

As informações contidas no quadro acima podem ser assim detalhadas:

104
O servidor ativo, titular de cargo efetivo, que tiver ingressado no Estado antes de 19/08/2016 pode
optar por migrar de regime previdenciário. Com a publicação da Lei Complementar nº 15.511, de 24 de
agosto de 2020, o prazo para realizar a opção foi reaberto por mais 3 anos, até agosto de 2023.

801
 O Regime de Repartição Simples é aquele em que os servidores ativos
pagam a aposentadoria dos servidores aposentados. Este regime é o
utilizado pelo RGPS, e no Estado do RS corresponde ao chamado Plano
Financeiro. Para honrar as aposentadorias já concedidas, o Estado, além de
contribuir o dobro da contribuição do servidor, vem aportando recursos
para cobrir a “eventual diferença entre o valor necessário ao pagamento
das aposentadorias e pensões e o valor das contribuições previdenciárias”.
Estes aportes devem acorrer até a natural extinção do plano.
 Este Plano Financeiro opera no sistema de Benefício Definido, que pode ser
a integralidade do último salário (para quem ingressou até a EC nº 41/03),
ou a média das remunerações (para quem ingressou após a EC nº 41/03).
Os servidores que ingressaram após a EC nº 41 têm sua aposentadoria
calculada por uma média, nos termos da Lei nº 10.887/2004105. Esta
considera a média aritmética simples das maiores remunerações, utilizadas
como base para as contribuições do servidor aos regimes de previdência a
que esteve vinculado, correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo
o período contributivo desde a competência julho de 1994.
 Já o Regime Capitalizado no Estado, com os recursos destinados ao
FUNDOPREV e tendo inicialmente praticamente apenas servidores ativos,
apresenta as despesas mínimas, assegurando o equilíbrio financeiro. Em
relação ao equilíbrio atuarial, de longo prazo, efetuado a partir de uma
série de premissas, este deve ser cuidadosamente analisado, pois a
legislação assim o exige. Este plano também funciona no sistema de
benefício definido, ou seja, o servidor já conhece antecipadamente o valor
futuro de seus proventos, nos termos das regras em vigor. No caso da falta
de recursos, existe previsão de aporte adicional pelo Estado e, com a
edição da EC nº 103/2019, também pelo servidor.

Os servidores que ingressaram no Estado a partir da adoção da Previdência
Complementar, ou seja, agosto de 2016, com vencimentos abaixo do teto
do RGPS terão seus proventos calculados pela média, em um plano de
benefício definido. Os servidores com vencimento acima do teto do RGPS
terão assegurada a parcela até o valor do teto do RGPS calculada deste
modo. Podem, entretanto, optar pela previdência complementar, tendo a
parcela acima do teto do RGPS calculada pelo plano de contribuição
definida. Não existe a previsão, como no FUNDOPREV, de aportes do
Estado para garantir determinado valor de benefício. No RS-Prev o plano
tem caráter individual, ou seja, cada participante tem a sua conta própria
onde são contabilizadas as contribuições pessoais e aquelas feitas pelos
patrocinadores.
Com a publicação da Lei Complementar nº 15.511, de 24 de agosto de
2020 ocorreram sensíveis mudanças no âmbito dos Regimes de Financiamento da
Previdência Pública do Estado do Rio Grande do Sul, sobretudo em virtude da
transposição de aproximadamente 17 mil servidores do FUNDOPREV Civil para o Fundo

105
Efeitos a partir da MP nº 167/2004, a qual foi transformada na Lei nº 10.877/2004.

802
Financeiro. Além dessa reestruturação do FUNDOPREV, por meio desta Lei instituiu-se o
Benefício Especial como forma de incentivo à migração de servidores para o Regime de
Previdência Complementar, o que reduziria o Passivo Atuarial do Estado. As mudanças
trazidas pela citada legislação são abordadas mais adiante, mas o quadro a seguir
demonstra o resultado da transposição dos servidores que estavam no FUNDOPREV.

RESUMO DAS REGRAS DE PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES DO ESTADO DO RS VÁLIDAS A PARTIR DE AGOSTO DE 2020
Cálculo do Contribuição Previdenciária
Data de Ingresso Benefício de Regime Adesão Base de Alíquota Alíquota
Destino
Aposentadoria Cálculo Servidor Estado
Faixas de
alíquotas Dobro da Pagamento
Repartição Remuneração
até 31/12/2003 Integralidade Obrigatória previstas contribuição inativos e
Simples Bruta
na lei nº do servidor pensionistas
15.429/19
Faixas de
1°/01/2004 a Média dos alíquotas Dobro da Pagamento
Repartição Remuneração
17/07/2011 80% maiores Obrigatória previstas contribuição inativos e
Simples Bruta
18/08/2016 salários na lei nº do servidor pensionistas
15.429/19
Efeito da migração prevista
na Lei nº 15.511/20 Faixas de
Média dos alíquotas Idêntica a
18/07/2011 a Remuneração
80% maiores Capitalização Obrigatória previstas contribuição FUNDOPREV
18/08/2016 Bruta
salários na lei nº do servidor
15.429/19
Faixas de
alíquotas Idêntica a
Média dos
Obrigatória Teto RGPS previstas contribuição FUNDOPREV
80% maiores Capitalização +
a partir de na lei nº do servidor
106 salários, limi- Previdência
19/08/2016 15.429/19
tado ao teto Complementar
Parcela remu- Plano RS-
do RGPS a partir de 4,5% a
Facultativa neração acima Futuro da
de 4,5% 7,5%
do teto RGPS RS-Prev

Importante ressaltar que a alteração destacada acima se aplica apenas aos


servidores civis, os quais foram objeto da transposição de Fundo de acordo com a Lei
Complementar nº 15.511/20.

16.8.2. Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul – IPE Prev

16.8.2.1 Execução Orçamentária do IPE PREV


A execução do orçamento em 2020, considerando as receitas e as despesas
alocadas no IPE Prev, está demonstrada na tabela a seguir.

EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA IPE PREV – 2020


Em R$ millhões (nominais)
DISCRIMINAÇÃO VALORES
1. RECEITAS DE CONTRIBUIÇÕES 7.381,1
1.1. Contribuições de Servidores 2.521,6

106
O servidor ativo, titular de cargo efetivo, que tiver ingressado no Estado antes de 19/08/2016 pode
optar por migrar de regime previdenciário. Com a publicação da Lei Complementar nº 15.511, de 24 de
agosto de 2020, o prazo para realizar a opção foi reaberto por mais 3 anos, até agosto de 2023.

803
EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA IPE PREV – 2020
Em R$ millhões (nominais)
DISCRIMINAÇÃO VALORES
1.2. Contribuições Patronais 4.856,2
1.3. Outras Contribuições Sociais 3,3
2. RECEITA PATRIMONIAL 181,0
2.1. Juros e Correções Monetárias 499,4
2.2. Dedução Receita Patrimonial (318,4)
3. RECEITA DE SERVIÇOS 5,4
3.1. Serviços Administrativos 5,4
4. OUTRAS RECEITAS CORRENTES 11.364,5
4.1. Compensações Financeiras entre Regimes 65,0
4.2. Aportes Periódicos Amortização Déficit 11.248,3
4.3. Demais Receitas Correntes 51,3 .
5. TOTAL DE RECEITAS 18.932,1
6. DESPESAS CORRENTES 15.836,8
6.1 Pessoal e Encargos Sociais 15.492,8
6.2. Outras Despesas Correntes 344,0
7. DESPESAS DE CAPITAL 11,7
7.1. Investimentos 2,3
7.2. Amortização da Dívida 9,4
8. TOTAL DAS DESPESAS 15.848,48
9. RESULTADO ORÇAMENTÁRIO (5 - 8) 3.083,62
Fonte: Sistema Cubos DW da SEFAZ/CAGE e Sistema FPE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.

As contribuições previdenciárias dos servidores (em torno de


R$ 2,51 bilhões) têm sido alvo de ressalva nos Relatórios e Pareceres Prévios anteriores,
pois a existência de saldos em Depósitos de Terceiros, no Passivo Circulante dos
Poderes/Órgãos, identificados na Tabela a seguir, estaria a indicar a pendência de
repasses ao IPE Prev.

CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS DOS SERVIDORES CONSIGNAÇÕES SOBRE A FOLHA DE PESSOAL


SALDO EM DEPÓSITOS DE TERCEIROS NO PASSIVO CIRCULANTE DOS PODERES/ÓRGÃOS
Em R$ milhões (nominais)
DISCRIMINAÇÃO 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Servidores do Plano Financeiro 5,1 1,0 0,8 0,6 0,9 1,3 98,9 100,7 106,9 55,9
Servidores do Plano Previdenciário 0,0 1,7 0,1 0,1 7,2 0,3 20,9 28,0 34,0 10,6
Fonte: Sistema Cubos DW da SEFAZ/CAGE e Sistema FPE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.

O saldo em Depósitos das contribuições dos servidores do Regime de


Repartição Simples vinha reduzindo até o final de 2014 (de R$ 5,1 milhões em 2011 para
R$ 588,7 mil em 2014). No caso do FUNDOPREV, essa redução também ocorreu (de
R$ 1,7 milhão em 2012 para R$ 58,2 mil em 2014). Contudo, de 2015 a 2019, verificou-se
uma reversão dessa tendência em ambos os regimes. Já no ano de 2020 o saldo em
depósitos das contribuições dos servidores voltou a sofrer uma redução consistente.
No caso da retenção da contribuição do servidor para o Regime de
Repartição Simples, repasse parcial ao IPE Prev acarreta maior valor na complementação
do déficit pelo Tesouro Estadual, devido ao pagamento integral das despesas com os
atuais inativos e pensionistas.

804
No Regime de Capitalização, a falta de repasse das contribuições dos
servidores gera prejuízos, comprometendo o equilíbrio financeiro e atuarial do
FUNDOPREV. Nesse regime, o saldo de depósitos das contribuições dos servidores
passou, mais recentemente, de R$ 34,0 milhões em 2019 para R$ 10,6 milhões em 2020.
Em outros termos, teria se deixado de capitalizar esse montante em razão da ausência do
repasse da contribuição dos servidores, isto é, os valores foram retidos nas folhas de
pagamento, porém não teriam sido repassados ao FUNDOPREV pelas respectivas
Entidades.
Os esclarecimentos prestados pelo Gestor com relação ao Parecer Prévio
das Contas de 2019 apontaram que os aumentos dos saldos de depósitos das
contribuições dos servidores ocorreram em função dos atrasos nas folhas salariais. Ou
seja, o Estado não teria deixado de realizar os repasses, mas estaria realizando tais
transferências com atraso. Tal procedimento estaria respaldado na Constituição Estadual,
artigo 41, §2º, o qual prevê que os recursos devidos ao RPPS deveriam ser repassados no
mesmo dia e mês do pagamento dos servidores, quando destes retidas suas
contribuições.
A análise mês a mês do ano de 2020 demonstra que o saldo em depósito
das contribuições dos servidores se manteve estável ao longo do ano e passou a ter uma
queda significativa a partir de novembro, mês em que a remuneração dos servidores
voltou a ser paga em dia. Por outro, se observa que mesmo após a volta do pagamento
em dia do funcionalismo, permaneceram saldos em depósito de terceiros no Passivo
circulante dos Poderes nos meses de novembro e dezembro. Ou seja, no caso do mês de
novembro, por exemplo, o Estado quitou a remuneração de seus servidores na data
prevista, mas permaneceu com um saldo em depósito de R$ 18,25 milhões que não foi
repassado ao FUNDOPREV, conforme destacado na tabela a seguir.

MOVIMENTAÇÃO MENSAL – SALDO EM DEPÓSITOS DE TERCEIROS - 2020


DISCRIMINAÇÃO Jan/20 Fev/20 Mar/20 Abr/20 Mai/20 Jun/20 Jul/20 Ago/20 Set/20 Out/20 Nov/20 Dez/20
Servidores do Plano
31,09 32,20 36,47 37,22 43,69 34,15 32,35 25,98 25,90 20,46 18,25 10,61
Previdenciário
Fonte: Sistema Cubos DW da SEFAZ/CAGE e Sistema FPE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.

16.8.2.2. Plano Previdenciário: FUNDOPREV Civil e Militar


Os dados da situação financeira e atuarial do RPPS, associado ao
FUNDOPREV, podem ser obtidos nos demonstrativos do Relatório Resumido da Execução
Orçamentária, publicados periodicamente pelo Executivo Estadual, em atendimento à Lei
de Responsabilidade Fiscal (LC nº 101/2000, art. 53).
Esses demonstrativos, a partir de 2013, passaram a evidenciar
separadamente os valores do Plano Financeiro (RPPS – Antigos Servidores) e do Plano
Previdenciário (FUNDOPREV – Novos Servidores).

805
PARTE DO DEMONSTRATIVO DA PROJEÇÃO ATUARIAL DO REGIME PRÓPRIO DOS SERVIDORES PÚBLICOS
RPPS ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - PLANO PREVIDENCIÁRIO
2020 – PERÍODO DE REFERÊNCIA 2019 A 2093
Em R$ milhões (nominais)
RECEITAS DESPESAS RESULTADO SALDO FINANCEIRO DO
EXERCÍCIO PREVIDENCIÁRIAS PREVIDENCIÁRIAS PREVIDENCIÁRIO EXERCÍCIO
(A) (B) (C) = (A – B) (D) = (“D” EXERC. ANT.) + (C)
2019 837,5 11,97 825,5 2.964,1
2093 0,025 2,485 (2,46) 4.859,5
Fonte: Relatório Resumido da Execução Orçamentária – 6º bimestre/2020 – Anexo 10 - Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul - Atuarial

No Plano Previdenciário – FUNDOPREV, o resultado previdenciário


superavitário de R$ 825,5 milhões, em 2019, reverterá para um déficit de R$ 2,46 milhões
em 2093. O saldo positivo acumulado nesse período atingirá R$ 4,85 bilhões.
Passando ao comparativo das receitas e despesas do Plano Previdenciário –
FUNDOPREV, a receita em 2020 alcançou R$ 584,4 milhões, representando uma redução
nominal de 32,35% (R$ 279,5 milhões) em relação ao exercício anterior. Esta redução de
receita é explicada pelos efeitos da LC nº 15.511/20, a qual será detalhada a seguir.
Por outro lado, os gastos empenhados com pensões, auxílio-doença e
salário maternidade chegaram ao total de R$ 4,7 milhões representando uma redução
nominal de 62,5% em relação ao exercício de 2019.
Em termos de quantidade de vínculos, o FUNDOPREV contava, em
setembro de 2019, com 29.277 servidores ativos entre civis e militares e 117 inativos,
totalizando 29.344 vínculos junto ao Fundo. As informações disponibilizadas na tabela a
seguir não demonstram ainda o impacto da LC nº 15.511/20 que promoveu a
transposição de servidores civis do Fundoprev para o Plano Financeiro.

QUANTIDADE VINCULOS FUNDOPREV - 2015/2019


INGRESSO DE
31/12/2015 31/12/2016 31/12/2017 31/12/2018 30/09/2019
SEGURADOS
Ativos 21.990 23.409 25.358 28.949 29.227
Civil 19.467 19.450 20.768 22.318 22.551
Militar 2.523 3.959 4.590 6.631 6.676
Inativos 1 21 48 66 117
Civil 1 21 38 54 96
Militar - - 10 12 21
TOTAL 21.991 23.430 25.406 29.015 29.344
Fonte: Relatórios anuais de avaliação atuarial do IPE Prev.

Sob o prisma da questão patrimonial, importante frisar que no Estado do


RS, o Fundo Financeiro não forma poupança. Portanto, o patrimônio referente aos fundos
previdenciários existentes no Estado é oriundo dos Fundos de Capitalização,
FUNDOPREV-Civil e FUNDOPREV—Militar. O aumento de seus recursos ocorre com o
ingresso de novos servidores e com o rendimento das aplicações das contribuições
patronais e de seus segurados. Em 2020, os rendimentos líquidos alcançaram
R$ 180,9 milhões e o acumulado desde 2012 é de R$ 924,6 milhões.

806
Os saldos bancários contabilizados no Balancete do IPE Prev foram
confrontados com os resultados acumulados no período de 2011 a 2020, evidenciando
uma diferença a menor de R$ 135,9 milhões. Também foram confrontados com o valor
divulgado pelo Poder Executivo no Demonstrativo de Receitas e Despesas do RPPS –
Plano Previdenciário (anexo 4 do Relatório Resumido de Execução Orçamentária - RREO).
A diferença neste caso foi de R$ 151,4 milhões contabilizados a menor no balancete, a
qual carece de verificação de conciliação bancária e, principalmente, dos procedimentos
de registro das receitas pela Autarquia.

RECEITAS E DESPESAS X SALDOS BANCÁRIOS DO BALANCETE X RREO


RPPS – PLANO PREVIDENCIÁRIO – FUNDOPREV - ACUMULADO 2011 A 2020
Em R$ milhões (nominais)
FUNDOPREV FUNDOPREV
DISCRIMINAÇÃO TOTAL
CIVIL MILITAR
RECEITAS 2.810,0 628,0 3.437,9
Contribuição Servidores 1.006,0 243,7 1.249,7
Contribuições Patronal 1.004,2 240,7 1.244,9
Remuneração Líquida dos Investimentos 769,9 141,0 910,8
Aportes Amortização Déficit Atuarial 28,6 2,6 31,2
Outras Receitas Correntes 1,3 0,0 1,3
VARIAÇÕES PATRIMONIAIS AUMENTATIVAS 6,8 1,3 8,1
DESPESAS 107,9 19,5 127,3
Aposentarias e Reformas 1,8 - 1,8
Pensões 7,7 2,5 10,3
Outros Benefícios Previdenciários 4,1 - 4,1
Despesa de Exercícios Anteriores 94,2 16,9 111,1
Indenizações e Restituições 0,1 - 0,1
VARIAÇÕES PATRIMONIAIS DIMINUTIVAS 0,1 0,0 0,1
RESULTADO ENTRE RECEITAS, DESPESAS E VARIAÇÕES AUMENTATIVAS E
2.708,9 609,7 3.318,6
DIMINUTIVAS DO FUNDOPREV
VALORES NÃO REPASSADOS 72,7 30,2 102,9
RESULTADO AJUSTADO COM VALORES NÃO REPASSADOS 2.781,6 639,9 3.421,5
BALANCETE - SALDOS CONTAS BANCÁRIAS EM 31-12-2020 2.674,0 611,5 3.285,6
Diferença (Saldo Bancário no Balancete) (-) Resultado entre Receitas e
(107,6) (28,3) (135,9)
Despesas
RREO – Demonstrativo Receitas e Despesas RPPS – Plano Previdenciário - - 3.436,9
Diferença (Saldo Bancário no Balancete) (-) Publicado RREO - - (151,4)
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Demonstrativo publicado pelo Poder Executivo segundo exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal (RREO – Anexo 4 – LRF, art. 53, inciso II –
6ºbim/2020).

As diferenças a conciliar do confronto entre os saldos bancários versus o


resultado acumulado entre receitas e despesas desde a criação do Regime de
Capitalização; e o publicado no anexo 4 do RREO, devem ser apuradas separadamente
para cada fundo, ou seja, FUNDOPREV Civil e FUNDOPREV Militar.
Os recursos do FUNDOPREV encontram-se depositados em contas
bancárias segregadas das contas do Tesouro e não participam do Sistema Integrado de
Administração do Caixa – SIAC. Então, legalmente, não podem ser utilizados para outros
fins que não previdenciários e, por serem regulados por Lei Complementar, essa posição
é difícil de ser modificada.

807
Na Tabela anterior, a receita acumulada, de 2011 a 2020, da Contribuição
Patronal foi inferior em R$ 4,8 milhões à receita de Contribuição dos Servidores, embora
com mesma alíquota de contribuição.
Cabe ser verificado, também, se a Contribuição Patronal está sendo
empenhada e repassada no montante devido ao FUNDOPREV, que é o mesmo daquele
retido mensalmente do servidor na folha de pagamento. No mais, pode-se identificar que
das contribuições patronais que foram empenhadas, existem pendências de repasses ao
Fundo, registradas no Balanço Patrimonial do Estado, em Restos a Pagar Processados, no
total de R$ 31,9 milhões.
Os atrasos para quitar todos os repasses trazem prejuízo financeiro ao
Fundo de Capitalização, em virtude da não aplicação dos recursos desde a data de direito
de recebimento dos respectivos repasses da parte patronal.

16.8.2.3. Plano Financeiro: Regime de Repartição Simples


Passando-se para a análise no Plano Financeiro (RPPS – Antigos
Servidores), verifica-se que em 2020 o resultado previdenciário foi negativo em R$
10,34 bilhões, com uma redução nominal de 17% em relação ao exercício anterior.
Esse resultado previdenciário negativo não deve ser interpretado como um
déficit previdenciário, mas, sim, um déficit fiscal, pois se trata de uma obrigação assumida
pelo Estado para com os seus servidores já inativados, quando o regime previdenciário
passou de um sistema assistencialista para um sistema contributivo e solidário, com as
alterações promovidas com as Emendas Constitucionais nºs 20 e 41, de 1998 e 2003,
respectivamente.
Depurando-se as Receitas Intraorçamentárias, nas quais estão registradas
as contribuições patronais, o resultado passaria para o valor negativo de R$ 15 bilhões,
em 2020, representando, efetivamente, o montante necessário de recursos do Estado
para a cobertura da totalidade das despesas do RPPS.

RECURSOS DO ESTADO UTILIZADOS NO PAGAMENTO DO RPPS – PLANO FINANCEIRO

Valor Part.
Discriminação
RS milhões %
1. Contribuição Patronal 4.658 26,7%
2. Contribuição Servidores 2.317 13,3%
3. Demais Receitas
117 0,7%
Previdenciárias
4. Total Receitas RPPS
7.091 40,7%
(1+2+3)
5. Necessidade de Aporte
Adicional 10.348 59,3%
pelo Estado (6 – 4)
6. Total das Despesas do
RPPS
17.438 100,0%
(Benefícios + Despesas
Administrativas)
7. Total de Recursos do
Estado 15.005 86,05%
para o RPPS (1+5)

808
As receitas do RPPS foram responsáveis pela cobertura de 40,66% dos
benefícios previdenciários e demais despesas empenhadas pelo sistema, enquanto o
Tesouro Estadual contribuiu com os 59,34% faltantes. Por outro lado, considerando-se
que parte da receita do RPPS provém da contribuição patronal, os recursos do Estado,
efetivamente utilizados no total das despesas do RPPS, corresponderam a 86,05%.
Na Projeção Atuarial do Plano Financeiro, o demonstrativo tem como
ponto de partida o resultado previdenciário negativo em 2019, de R$ 12,46 bilhões. Após,
começará a reduzir o déficit, alcançando R$ 365,3 mil negativos, em 2093. O resultado
deficitário acumulado no período de 2019 a 2093 está estimado em R$ 178,7 bilhões.
Outro fator importante na análise da situação previdenciária no Estado do
RS, já abordado em item que trata da Despesa com Pessoal e Encargos Sociais deste
relatório, está na relação entre o número de servidores inativos e pensionistas por ativos
da Administração Direta, Autarquias e Fundações do Estado. Se, em 2006, os inativos e
pensionistas representavam 48,96% do total de matrículas do Estado, em 2019, eles
passaram a responder por 59,31%.
Conforme já explicitado, no Regime de Repartição Simples (Plano
Financeiro), os ativos pagam, com suas contribuições, os benefícios dos aposentados e
pensionistas, todavia a sustentabilidade do sistema depende de uma relação, no mínimo,
de três servidores ativos para cada inativo/pensionista. Até o exercício de 2019, no Estado
do RS, tem-se um ativo para cada 1,45 inativo/pensionista.

16.8.3 Regime de Previdência Complementar


Em linhas gerais, o Regime de Previdência Complementar (RPC), instituído
pela Lei Complementar nº 14.750/15, entrou em funcionamento em 18-08-2016, após a
autorização concedida pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar –
PREVIC, na Portaria nº 382. Assim, no caso do Estado do Rio Grande do Sul, todos os
servidores, empossados a partir dessa data, passaram a ser enquadrados neste regime,
ou seja, estão sujeitos a limitação do teto do RGPS107.
A Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público do Estado
Rio Grande do Sul - RS-Prev (Fundação de natureza pública, com personalidade jurídica de
direito privado e autonomia administrativa, financeira, patrimonial e gerencial) foi
instituída com a finalidade de oferecer planos previdenciários de caráter complementar
no âmbito do RPC do Estado. Em observância às Leis Complementares Federais n.º 108 e
109, ambas de 29-05-2001, os planos previdenciários ofertados pela RS-Prev estão
estruturados na modalidade de contribuição definida. Nessa modalidade, define-se um
valor de contribuição previdenciária mensal que constituirá um fundo a ser capitalizado
ao longo da vida laboral do servidor público. Uma vez aposentado (ou em caso de morte),

107
Portanto, servidores que ingressaram após agosto de 2016 e que recebam abaixo do teto do RGPS,
terão seus proventos de aposentadorias e pensões calculados pela média, em um plano de benefício
definido. Este tipo de servidor pode aderir ao RS-Prev na categoria de participante individual, mas não fará
jus à contrapartida do Estado, por conta de sua remuneração ser inferior ao teto do Regime Geral. Por
outro lado, os servidores com vencimentos acima do teto terão assegurada a parcela até o valor deste teto
do RGPS, bem como poderão optar por aderir ao RS-Prev como participantes patrocinados, ou seja, fazendo
jus a contrapartida do Estado.

809
o servidor público (ou seu dependente) contará com o montante capitalizado no período
laboral para complementar o benefício de aposentadoria (pensão) pago pelo RPPS
(limitado ao benefício máximo do RGPS, para aqueles servidores com ingresso no Estado
a partir de 19-08-2016). Diferentemente do RPPS, no RPC o valor do benefício de
aposentadoria não é conhecido previamente, pois será o resultado da capitalização de um
fundo.
Atualmente, a RS-Prev oferece o Plano RS-Futuro para os servidores
estaduais, em que se pode optar por alíquotas de contribuições previdenciárias básicas
que vão de 4,5% a 7,5%. Caso o participante seja patrocinado (enquadrado no RPC e com
remuneração superior ao RGPS), o Estado, por sua vez, deve realizar um aporte patronal
de igual valor tendo como base a parcela da remuneração que ultrapassa o teto do RGPS.
O montante dessas contribuições complementares (tanto do servidor quanto do Estado)
constituirá um fundo a ser capitalizado ao longo do tempo, que irá proporcionar o
pagamento de benefícios, dentre eles a complementação da aposentadoria. O
participante do Plano RS-Futuro ainda pode optar por uma contribuição facultativa, com
alíquotas superiores a 7,5%, mas nesse caso não existe aporte patronal de igual valor.
Com base no Relatório Anual de Informações 2020 do RS-Prev, a tabela a
seguir apresenta a evolução do total de participantes do Plano RS-Futuro:

Evolução dos participantes do Plano RS-Futuro


Ano 2016 2017 2018 2019 2020
Quantidade de participantes 41 2019 614 1028 1331
Fonte: Relatório Anual de Informações 2020 do RS-Prev

Deste total de 1.331 participantes do Plano RS-Futuro no exercício de 2020,


129 ingressaram por meio de migração de regime previdenciário.
A política de investimentos do Plano RS Futuro, com vigência entre 1° de
janeiro de 2020 e 31 de dezembro de 2024, foi aprovada pelo Conselho Deliberativo em
09 de dezembro de 2019, segundo as Notas Explicativas às Demonstrações Contábeis de
31-12-2020. Ao final de 2020, o montante de recursos administrados pela RS-Prev
totalizou R$ 44,078 milhões (R$ 27,8 milhões em 2019).

16.8.4. Fato Relevante em 2020: Vigência dos efeitos das LC nº 15.429/19 e nº


15.511/20
O presente tópico trata do PLC nº 148/2020, que se transformou na LC nº
15.511/2020, destacando seus principais pontos, bem como as justificativas apresentadas
pelo Executivo para tal proposta. Também é mencionado o início da vigência dos efeitos
da LC nº 15.429/2019, que se deu em abril de 2020 em obediência aos princípios
tributários da anterioridade de exercício e nonagesimal uma vez que a referida lei tratava
da mudança nas alíquotas de contribuição previdenciária.
A LC nº 15.511/2020 juntamente com a lei nº 15.429/2019 demonstram a
intenção do governo de alterar estruturalmente a previdência dos servidores com salários
acima do teto do Regime Geral. Atualmente, estes servidores se aposentam com o salário
integral (servidores admitidos até 2003) ou pela média (servidores admitidos entre 2003
e 2016), sendo seu sistema de concessão o de benefício definido, ou seja, já é possível

810
conhecer o valor de sua aposentadoria antecipadamente. Assim, mesmo para os
servidores do Plano Capitalizado, se os investimentos não renderem o esperado, o Estado
garante o pagamento do benefício pactuado.
Na nova estratégia, este sistema deve valer somente até o teto do Regime
Geral, de modo que a parcela dos servidores com salário acima deste teto pode optar
pela Previdência Complementar. Nesta, o sistema de concessão é o de contribuição
definida, no qual o servidor sabe o quanto contribui, mas o valor do benefício somente
será conhecido quando da aposentadoria. Este poderá variar não apenas em função do
número de suas contribuições ― estimula, assim, que os servidores trabalhem além do
mínimo necessário para a aposentadoria, o que vale, inclusive, para servidoras mulheres
e professores, os quais têm direito a tempo diferenciado ― como do efetivo rendimento
das aplicações. Caso estas não rendam o esperado, seu benefício igualmente reduzirá.
O primeiro incentivo à migração dos servidores com salários acima do teto
do Regime Geral para o novo sistema veio com a Lei nº 15.429/19, a qual estabeleceu
alíquotas progressivas. Veja-se o quadro a seguir, comparando-se as contribuições de dois
servidores, com rendimentos brutos de R$ 5.000,0 e R$ 30.000,00, antes e depois da
instituição destas alíquotas:

Contribuições Previdenciárias – Lei 15.429/2019


Alíquotas/Salário R$ 5.000 R$ 30.000
14% (Antes da Lei) 700 4.200
Progressiva (Depois da Lei) 524 4.679

Percebe-se, claramente, que as alíquotas progressivas favorecem a


migração dos servidores com salários acima do teto do Regime Geral para o Regime de
Previdência Complementar, aderindo-se ou não ao RS-Prev, uma vez que a contribuição
previdenciária descontada dos servidores passa a diminuir para bases de incidência até o
teto do RGPS.
O segundo incentivo à migração veio da LC 15.511/20 que, além de
reestruturar o FUNDOPREV Civil, implementou a concessão do benefício especial aos
servidores antigos que optarem pela migração para o regime de previdência
complementar, ficando a partir de então seus proventos de aposentadoria limitados ao
teto do INSS. Este benefício de natureza estatutária será pago em complemento à
aposentadoria pelo RPPS, e objetiva compensar as contribuições previdenciárias passadas
recolhidas pelos servidores sobre valores que ultrapassavam o citado teto. Todavia, o
pagamento dessa compensação ocorrerá durante um período de 20 anos, cessando após
esse transcurso de tempo.
Os tópicos a seguir detalham melhor os principais aspectos que envolvem a
LC nº 15.429/19 e a nº 15.511/20.

16.8.4.1 – Benefício Especial


O Benefício Especial, previsto na LC nº 15.511/2020, tem como
prerrogativa incentivar a migração de servidores para o regime de previdência
complementar e atende a compromisso do art. 10 da Lei Complementar nº 15.429/2019.
De forma sintética, trata-se de uma compensação aos servidores que optarem pelo RPC

811
mediante pagamento de uma rubrica estatutária, além do limite de proventos no âmbito
do RPC quando da aposentadoria ou iniciado o pagamento de pensão, cujo valor é obtido
pela diferença entre a média de remunerações e o teto do RGPS, multiplicada por um
fator de conversão, calculado pela razão entre o total de contribuições e 520,
denominador este que corresponde a 40 anos vezes 13 contribuições anuais.
Em síntese, obtém-se a média das remunerações (desde julho de 1994 ou
posteriores, conforme data de ingresso do servidor), atualizadas pelo IPCA, e faz-se a
dedução do teto do Regime Geral de Previdência Social. O resultado obtido por essa
diferença é multiplicado pelo fator de conversão. Pelas variáveis na fórmula do citado
fator identifica-se o objetivo de ser obtida a proporção das contribuições realizadas em
relação à totalidade necessária para fins de aposentadoria com 100% da média por um
servidor do sexo masculino que não goze da possibilidade de aposentadorias especiais,
notadamente, 40 anos de contribuição. O denominador 520 corresponde à multiplicação
de 13 contribuições anuais (12 meses mais a gratificação natalina) por 40. Portanto, o
método de cálculo do benefício especial não faz as devidas adequações às
particularidades de cada caso, como o fato de servidoras necessitarem de 35 anos de
contribuição para obtenção de 100% da média na forma de proventos. Entende-se, assim,
que seria aplicada maior justiça se o denominador fosse ajustado conforme a
particularidade de cada situação.
Nos termos da referida lei complementar amplia-se o prazo para exercício
da opção de migração para 84 meses, contados do ato de instituição do RPC, ou 90 dias
da entrada em exercício no serviço público do Estado do RS para servidor oriundo de
outro Ente (sem interrupção). Entre a data da opção e a data da concessão do benefício o
reajuste terá por índice o reajuste do RGPS. Assemelha-se a um benefício da modalidade
“contribuição definida”, na qual a contribuição individual é restituída por um período fixo,
no caso, 20 anos.

16.8.4.2 – Transposição de servidores do Regime Capitalizado para o Financeiro


De forma conjugada com a implantação do Benefício Especial, a LC nº
15.511/2020 apresentou proposta de reestruturação da data de corte dos fundos de
previdência dos servidores civis, de tal forma que sejam realocados do FUNDOPREV/Civil
para o Fundo Financeiro aproximadamente 17 mil vínculos, sendo 14 mil do Poder
Executivo e cerca de três mil de outros Poderes e órgão autônomos. Basicamente, foram
transpostos os servidores que ingressaram entre 2011 e 2016108 do plano capitalizado
para o plano financeiro. Permaneceram no plano capitalizado apenas os servidores que
ingressaram no Estado após a adoção da previdência complementar em 2016, cujos
proventos são limitados ao teto do regime geral. Opcionalmente, estes podem contribuir
com um plano complementar.
O Art. 4º da LC nº 15.511/2020 permite também que os recursos das
contribuições destes servidores que ingressaram entre 2011 e 2016, possam ser utilizados
pelo Estado no momento atual para pagamento das aposentadorias atuais (ou seja, dos
servidores já aposentados), e não das aposentadorias futuras (ou seja, basicamente dos
servidores do FUNDOPREV). Muito embora o Art. 5º da LC correlacione a transferências

108
Entre 18/07/2011 e 19/08/2016

812
dos recursos hoje investidos para o plano financeiro com a migração para o RPC, esta
relação não fica caracterizada, uma vez que, nos termos da lei, a transferência dos valores
ocorre de forma certa e imediata, enquanto que a migração é apenas uma possibilidade,
uma vez que os servidores podem optar, ou não pelo RPC, em um período de três anos.
De acordo com a Justificativa enviada pelo governo do Estado, juntamente
com o PLC nº 148/2020, “o impacto inicial da migração incentivada com Benefício
Especial é negativo na ótica fiscal, pois aumenta a necessidade de aportes do Tesouro a
curto prazo, para pagar as aposentadorias já concedidas”. Tais impactos fiscais foram
assim resumidos pela proposta do Governo:
- IMEDIATO: Perda das contribuições dos servidores ativos do Fundo Financeiro
que migrarem do seu regime previdenciário original para o RPC/RS a partir da
data da migração (efeito negativo);
- IMEDIATO: Aumento das contribuições patronais à RS-Prev para os servidores
que migrarem e também aderirem à Fundação, a partir da migração (efeito ne-
gativo);
- IMEDIATO: Redução na contribuição patronal dos servidores do FUNDO-
PREV/CIVIL que migrarem ao RPC/RS, a partir da migração (efeito positivo);
- LONGO PRAZO: Redução dos benefícios pagos (até o teto do INSS) em compa-
ração com os benefícios originais para os que migrarem ao RPC/RS (efeito posi-
tivo);
- LONGO PRAZO: Compensação aos servidores que migrarem ao RPC/RS, quan-
do de sua aposentadoria, na forma de Benefício Especial (efeito negativo).
Portanto, de acordo com o governo estadual, a transposição do
FUNDOPREV/Civil (servidores ingressantes entre 18/07/2011 e 18/08/2016 juntamente
com a correspondente transferência do Patrimônio Líquido do FUNDOPREV) para o Fundo
Financeiro busca “mitigar o alto custo financeiro de transição para o Tesouro com a oferta
incentivada de migração com a previsão do Benefício Especial ao longo dos próximos anos
(visto na seção anterior), como para alinhar a data de corte do FUNDOPREV Civil com a
data da opção obrigatória pela previdência complementar (agosto de 2016)”.
A justificativa ressalta ainda que a transferência de 17 mil vínculos do
FUNDOPREV para o Plano Financeiro não altera a forma de cálculo dos benefícios,
aposentadorias ou pensões dos servidores transferidos, nem nas suas contribuições
previdenciárias presentes ou futuras, inexistindo qualquer impacto nos rendimentos
brutos e líquidos.
Resumidamente, em número de servidores temos:
 Servidores do FUNDOPREV 2011-2016 a serem transpostos (todas
as faixas salariais – inclui servidores acima e abaixo do teto do
RGPS) - 17.000;
 Servidores com salários acima do teto do RGPS passíveis de
migração para o RPC (planos financeiros e FUNDOPREV – executivo,
legislativo e judiciário) - 21.628.
Em cenários montados por Grupo de Trabalho do Executivo Estadual, com
diferentes níveis de migração de servidores com base no Benefício Estadual proposto, “o
aumento dos gastos líquidos pelo Tesouro poderia ir de R$ 360 milhões a R$ 1,65 bilhão a
valor presente, no acumulado dos seis primeiros anos”. Compete considerar, todavia que,

813
se os 17.000 servidores forem transpostos, mas nenhum dos 21.628 servidores com
salários acima do teto do RGPS decidir migrar para o RPC, o único impacto decorrente
será positivo para o Estado sob o aspecto financeiro, uma vez que os R$ 267,595
milhões109 auferidos por ano e atualmente direcionados a investimentos no mercado de
capitais pelo FUNDOPREV serão agora direcionados ao pagamento de benefícios do Plano
Financeiro.
A transferência do patrimônio atual do FUNDOPREV Civil, de cerca de R$
2,2 bilhões, bem como os aportes, tanto patronais como dos servidores, da ordem de R$
267,0 milhões anuais e respectivos rendimentos, conforme estimativa do PLC, se dará de
forma, senão imediata, em dois ou três meses nos termos do art. 4º da LC. Por sua vez, o
custo de pagamento do benefício especial poderá ou não ocorrer: vai depender dos
servidores optarem, ou não pela migração. Esta tem um prazo de três anos para ser
exercida. E, ocorrendo migração, o efetivo custo com o pagamento do benefício especial
somente se dará a partir da aposentadoria dos servidores e em 260 parcelas.
Contudo, em decorrência de possíveis migrações ao regime de previdência
complementar existiriam outros custos ao Estado no curto prazo, os quais foram
denominados de custo de transição. No entanto podem se concretizar cenários que não
demandariam a utilização do patrimônio do FUNDOPREV para sua cobertura, como se
explica a seguir.
O público-alvo de uma migração para o RPC são aqueles servidores com
ingresso até 18/08/2016, pois têm o direito de vir a receber os proventos além do teto do
RGPS. Dentro desse estrato é relevante separarmos em dois grandes grupos de
servidores: os que já eram submetidos ao regime de repartição simples (ingressos até
17/07/2011) e aqueles que estavam no regime de capitalização (ingressos entre
18/07/2011 e 18/08/2016).
Um servidor público integrante do regime de repartição simples, caso opte
por migrar para o RPC, representará no curto prazo uma perda financeira ao Estado pela
diminuição de sua contribuição previdenciária. Comparam-se o cenário atual e com a
migração para o RPC na visão do Estado para um exemplo de servidor com remuneração
de R$ 20 mil.
No exemplo de servidor ativo com remuneração de R$ 20 mil tem-se:
Contribuição Previdenciária = R$ 20.000,00 X (16,5%) – R$ 380,52 = R$
2.919,48
Contribuição Previdenciária no RPC (limitada ao teto RGPS) = R$ 6.101,06 X
(14,0%) – R$ 141,05 = R$ 713,10
Nesse exemplo hipotético a redução no curto prazo da receita de
contribuição oriunda do servidor seria de R$ 2.206,38.
Sendo assim, vê-se que um servidor pertencente ao regime de repartição
simples (fundo financeiro) que optar pela migração causará aumento no déficit fiscal do
plano financeiro no curto prazo, o que exigirá maiores aportes do Tesouro para essa
cobertura.

109
Tabela 15 da Nota Técnica, integrante do Anexo 3 do PLC 148.

814
Mas em relação aos servidores que descontam a contribuição
previdenciária acima do teto do RGPS e o respectivo valor era remetido ao FUNDOPREV,
existiria o chamado custo de transição imediato? A resposta é NÃO.
Embora também ocorra diminuição em termos de receita da contribuição
previdenciária originada do desconto no holerite do servidor, no caso do FUNDOPREV, os
ingressos, derivados das contribuições previdenciárias do servidor e patronal, eram
depositados no fundo capitalizado. Este, por sua vez, é superavitário financeiramente,
pois, dentre outras razões, há um pequeno quantitativo de beneficiários recebendo
proventos de aposentadoria ou pensão.
Com base nos dados de 2020, o resultado previdenciário do FUNDOPREV
foi de superávit financeiro na ordem de R$ 579,9 milhões110. E o patrimônio total do
FUNDOPREV civil encerrou o ano de 2020 com um montante aplicado de R$ 2,6 bilhões111.
Essa quantia mostra-se suficiente para fazer frente ao pagamento dos atuais aposentados
e pensionistas que recebem proventos dele decorrentes.
Outro ponto relevante para análise diz respeito à contribuição
previdenciária patronal. Enquanto no regime de repartição simples (fundo financeiro)
esta corresponde ao dobro do valor descontado do servidor112, no caso do FUNDOPREV o
aporte patronal é igual ao que se desconta do servidor público113.
Do ponto de vista contábil ocorre uma maior despesa com a contribuição
previdenciária patronal no âmbito do Regime Financeiro se comparada à rubrica
equivalente no FUNDOPREV. Contudo, devido ao elevado “déficit” do regime de
repartição simples os efeitos práticos envolvem a necessidade de aportes pelo Tesouro
do Estado que vão além dos valores de contribuição previdenciária, tanto aquela
descontada dos servidores como a parcela patronal. Em relação ao FUNDOPREV, a parte
patronal da referida contribuição tem de ser repassada pelo Estado ao fundo
previdenciário, sem que ocorram outros aportes do Tesouro, além desses valores, para
eventual cobertura de déficit, uma vez que este inexiste no âmbito do fundo capitalizado.
Uma eventual migração dos servidores para o Regime de Previdência
Complementar implicaria alterações em relação à parte patronal a ser custeada pelo
Estado. Para a parcela das remunerações acima do teto do RGPS a alíquota da
contribuição varia entre 14,50% e 22,00%, enquanto na hipótese de o servidor trocar para
o RPC o valor que exceder o teto do RGPS terá como dispêndio pelo Estado o percentual
entre 4,50% e 7,50% da remuneração acima do teto do RGPS, caso o servidor exerça a
faculdade de aderir ao RS-PREV, ou até mesmo, 0,00%, caso o servidor não faça essa
adesão.
Sendo assim, a despesa orçamentária do Estado, do ponto de vista das
contribuições patronais, reduziria de 7% a 22% para servidores do FUNDOPREV e entre

110
Fonte: Demonstrativo das Receitas e Despesas Previdenciárias 6º bimestre 2020 / CAGE-RS.
111
Fonte: Relatório de Evolução dos Recursos previdenciários. Disponível em: www.ipeprev.rs.gov.br
112
Art. 14 da LC Estadual nº 13758/2011 – “A contribuição mensal do Estado para o Regime Financeiro de
Repartição Simples será correspondente ao dobro daquela descontada do servidor [...]”
113
Art. 16 da LC Estadual nº 13758/2011 – “A contribuição mensal do Estado para o FUNDOPREV será
idêntica àquela descontada do servidor, observado o disposto no art. 15.”

815
21,5% e 44% para os do regime de repartição simples, percentuais estes incidentes sobre
a parcela da remuneração dos servidores que excedesse o teto do RGPS.
Considerados no cálculo os dois extremos: 7% de queda na despesa em
relação a pertencentes do FUNDOPREV e 21,5% de participantes do Fundo Financeiro -
representam servidores cuja contribuição previdenciária sobre o valor acima do teto do
RGPS era de 14,50% e aderiram ao RSPREV no percentual de 7,50%, assim a parte
patronal de um servidor do fundo capitalizado teria uma diminuição na despesa de 7%
(14,5% - 7,5%) e na repartição simples seria de 21,5% (14,5% x 2 – 7,5%) -, enquanto no
outro limite teórico reduzir-se-iam as despesas com servidores no maior valor da tabela
de descontos previdenciários e que não aderissem ao RSPREV, 22% daqueles do
FUNDOPREV (22% - 0%) e 44% dos do fundo financeiro (22% x 2 – 0%).
Exemplos para ilustração:
a) Servidores com salário de R$ 7.101,06 (R$ 1.000,00 acima do teto do
RGPS), um do FUNDOPREV e outro do Fundo Financeiro:
- alíquota de contribuição previdenciária sobre esses R$ 1.000,00 além do
teto do RGPS é de 14,50%. Dessa forma, a contribuição patronal nesse valor excedente
seria:
- No FUNDOPREV – R$ 1.000,00 X 14,5% = R$ 145,00
- No Fundo Financeiro – R$ 1.000,00 x 14,5% x 2 = R$ 290,00
- Com migração ao RPC – sem RSPREV – 1000 x 0% = R$ 0,00
- queda na despesa orçamentária de R$ 145,00 ou 14,5%
(FUNDOPREV) e R$ 290,00 ou 29% (Fundo Financeiro)
- Com migração ao RPC – c/ RSPREV (contribuição de 4,5%) – R$ 1.000,00 x
4,5% = R$ 45,00
- queda na despesa orçamentária de R$ 100,00 ou 10%
(FUNDOPREV) e R$ 245,00 ou 24,5% (Fundo Financeiro)
- Com migração ao RPC – c/ RSPREV (contribuição de 7,5%) – R$ 1.000,00 x
7,5% = R$ 75,00
- queda na despesa orçamentária de R$ 70,00 ou 7% (FUNDOPREV)
e R$ R$ 215,00 ou 21,5% (Fundo Financeiro)

b) Servidores com salário de R$ 41.747,20 (R$ 1.000,00 acima do último


valor da tabela de contribuição previdenciária), um do FUNDOPREV e outro do Fundo
Financeiro
- alíquota de contribuição previdenciária sobre esses R$ 1.000,00 da última
faixa de contribuição é de 22,00%. Dessa forma, a contribuição patronal nesse valor
excedente seria:
- No FUNDOPREV – R$ 1.000,00 X 22% = R$ 220,00
- No Fundo Financeiro – R$ 1.000,00 x 22% x 2 = R$ 440,00

- Com migração ao RPC – sem RSPREV – R$ 1.000,00 x 0% = R$ 0,00

816
- queda na despesa orçamentária de R$ 220,00 ou 22%
(FUNDOPREV) e R$ 440,00 ou 44% (Fundo Financeiro)
- Com migração ao RPC – c/ RSPREV (contribuição de 4,5%) – R$ 1.000,00 x
4,5% = R$ 45,00
- queda na despesa orçamentária de R$ 175,00 ou 17,5%
(FUNDOPREV) e R$ 395,00 ou 39,5% (Fundo Financeiro)
- Com migração ao RPC – c/ RSPREV (contribuição de 7,5%) – R$ 1.000,00 x
7,5% = R$ 75,00
- queda na despesa orçamentária de R$ 145,00 ou 14,5%
(FUNDOPREV) e R$ 365,00 ou 36,5% (Fundo Financeiro)
Foi estratificado um valor de R$ 1.000,00, ora acima do teto RGPS ora além
do valor máximo da tabela de contribuições, a fim de melhor demonstrar os exemplos,
em especial em relação aos limites mínimo e máximo de queda na despesa, lembrando
que diante das alíquotas progressivas há um escalonamento da contribuição
previdenciária que repercute em fenômeno semelhante no cálculo da economia
orçamentária que ocorreria com eventuais migrações ao RPC.
Todavia, como já comentado acima, relativamente ao regime de repartição
simples, considerando-se o elevado “déficit” existente, esses números têm efeito apenas
do ponto de vista contábil. A consequência prática das migrações ao RPC de servidores
pertencentes ao regime financeiro seria a necessidade de maiores aportes do Tesouro
para fazer frente às atuais aposentadorias e pensões devido à redução dos ingressos de
contribuições previdenciárias descontadas dos ativos pela sua incidência numa base de
cálculo menor (limitada ao teto do RGPS), bem como se elevaria a despesa efetivamente
desembolsada pelo Tesouro para fins de pagamento da parcela devida pelo Estado ao
RSPREV, que poderia chega até 7,50% do valor da remuneração do servidor que
excedesse o teto do RGPS.
De outra sorte, no tocante ao FUNDOPREV, caso não ocorresse a
reestruturação de fundos, que restou aprovada pela LC nº 15.511/2020, a economia aos
cofres públicos dar-se-ia já no curto prazo, pela redução dos aportes patronais, conforme
mencionado alhures. Enquanto no regime de repartição simples a redução do desconto
de contribuições previdenciárias implica maiores alocações de recursos pelo Tesouro para
pagar aposentadorias e pensões naquele regime de repartição simples, no âmbito do
FUNDOPREV a lógica se inverte, devido a dois fatores preponderantes:
1º- o volume de recursos necessários para pagamento de aposentadorias e
pensões no FUNDOPREV era totalmente coberto pelo patrimônio do fundo e continuaria
dessa forma já que o número de beneficiários recebendo proventos era ínfimo, ou seja,
não haveria qualquer aporte do Tesouro nesse sentido; e
2º- a incidência de um menor percentual de contribuição patronal sobre
parte das remunerações (a que exceder o teto do RGPS) demandaria menores
desembolsos pelo Tesouro, gerando, assim, uma economia aos cofres públicos de
imediato.
A depender do quantitativo de servidores, então pertencentes ao
FUNDOPREV, que migrasse ao RPC, os menores aportes patronais do Tesouro em favor do
fundo capitalizado poderiam atingir montante suficiente para compensar o movimento

817
financeiro inverso que ocorreria na repartição simples diante de adesões ao RPC no
âmbito do fundo financeiro.
Diversos fatores, muitos deles adentrando na individualidade de cada
servidor público, determinarão o exercício da opção ou não pela troca para o RPC, o que
torna extremamente complexa qualquer projeção nesse sentido. Embora, em tese, seja
possível inferir que servidores até então pertencentes ao FUNDOPREV, por terem um
período maior a contribuir para a previdência complementar e, dessa forma, conseguir
montantes substantivos no seu fundo individual no RS-PREV, teriam uma maior
probabilidade de vir a optar por migrar para o RPC, quando comparados à massa de
servidores da repartição simples, muitos deles com vias de obter aposentadoria integral
em poucos anos, o que teoricamente reduz as chances desse grupo optar pela mudança
de regime previdenciário.
Há riscos fiscais inerentes ao se ter lançado mão de um fundo
superavitário, como o FUNDOPREV, a fim de dar cobertura a um custo de transição para o
regime de previdência complementar, que sequer pode vir a existir num montante com
materialidade suficiente que exigisse o desmonte do fundo capitalizado.
Dessa forma, o argumento central utilizado na justificativa ao PLC nº
148/2020 concernente à necessidade de cobertura do custo de transição para o RPC
somente se sustentaria se estivéssemos considerando apenas servidores pertencentes ao
regime de repartição simples e esse dispêndio poderia ser integralmente compensado
pela economia nos aportes patronais decorrentes das migrações ao RPC dos servidores
então pertencentes ao FUNDOPREV, e que recolhem para a previdência pública acima do
teto do RGPS. Sendo assim, nesse cenário, possivelmente não haveria a necessidade de
reestruturação dos fundos previdenciários a fim de compensar eventuais dispêndios com
a migração.
Com base no acima exposto, entende-se que a alternativa com menor risco
fiscal às finanças do Estado do Rio Grande do Sul envolveria a segregação das matérias
constantes na LC nº 15.511/2020, de modo que primeiramente fosse implantado o
benefício especial e, após o transcurso do prazo para adesão de servidores ao RPC,
conforme fosse o quantitativo e sendo possível mensurar o dispêndio com a transição
(que seria aplicável somente àqueles servidores ligados ao regime de repartição simples),
poderia ser retomado o debate a respeito dos fundos financeiro e capitalizado e eventual
necessidade de resgate dos recursos para cobrir possível custo de transição.
Assim, não é possível visualizar uma ligação direta entre os recursos do
FUNDOPREV e o custo da migração futura.

16.8.5 – Análise da Avaliação Atuarial 2020 do RPPS Estadual


No que se refere ao conteúdo das Avaliações Atuariais relativas ao Plano
Financeiro, constatou-se que algumas de suas informações, embora sejam a fonte oficial
das projeções atuariais que devem ser apresentadas no RREO, não foram adequadamente
consideradas pelo Gestor na elaboração do referido relatório
Observou-se que os valores referentes ao “Saldo Financeiro do Exercício”,
constantes no RREO, divergem significativamente dos valores informados nas Avaliações
Atuariais. Como o Relatório Anual de Avaliação Atuarial é a fonte oficial das projeções

818
atuariais que devem ser apresentadas nos demonstrativos do RREO, cabe esclarecimento
do gestor em relação à diferença de dados observada entre os dois documentos.
Quanto ao conteúdo dos valores relativos ao “Saldo Financeiro do
Exercício” apresentados no RREO, destaca-se que correspondem ao somatório de
insuficiências financeiras a serem observadas ao longo dos exercícios financeiros
projetados, o que induz a uma análise equivocada de que os valores dos exercícios irão
acumular até atingir os patamares apresentados.
A exemplo: segundo o RREO 6º bim. 2020, em 2023 a insuficiência
financeira do exercício seria equivalente a R$ 46,32 bilhões, em vez de R$ 11,45 bilhões
projetados na Avaliação Atuarial de 2019, bem como distintos dos R$ 33,8 bilhões
constantes da avaliação de 2020. Em 2093, ano em que os planos financeiros estarão
praticamente extintos, a insuficiência financeira constante no RREO atingiria um patamar
de R$ 178,70 bilhões, em vez dos R$ 166,24 bilhões, valor tecnicamente correto, apurado
na Avaliação Atuarial de 2020.

16.8.5.1. – Análise do Fluxo Atuarial do Plano Financeiro Civil


O gráfico abaixo, relativo ao Plano Financeiro Civil, foi elaborado com os
dados dos Fluxos Atuariais de Receitas e Despesas da Avaliação Atuarial do RPPS
referente ao exercício de 2020.
PROJEÇÃO DAS RECEITAS, DESPESAS E RESULTADO - PLANO FINANCEIRO CIVIL - 2020-2094

14.000.000.000,00
12.000.000.000,00
10.000.000.000,00
8.000.000.000,00
6.000.000.000,00
4.000.000.000,00
2.000.000.000,00
-
2020
2023
2026
2029
2032
2035
2038
2041
2044
2047
2050
2053
2056
2059
2062
2065
2068
2071
2074
2077
2080
2083
2086
2089
2092
(2.000.000.000,00)
(4.000.000.000,00)
(6.000.000.000,00)
(8.000.000.000,00)
Receita Despesa Resultado

Fonte: Dados obtidos nos Fluxos Atuariais 2020.


Cálculo: Equipe SAIPAG/SAICE

Observa-se, no gráfico, que os valores relativos à insuficiência financeira ou


resultado negativo entre Despesas e Receitas do Plano Financeiro já se encontram em
seus patamares mais elevados, apresentando uma tendência de redução do resultado
financeiro negativo. Nos primeiros 10 anos projetados, o valor médio da insuficiência
financeira é equivalente a R$ 3,78 bilhões e esta já teria atingido o seu pico máximo em
2020 (R$ 5,46 bilhões). A partir de então, a insuficiência financeira em valores nominais,
deixará de oscilar positivamente e entrará em processo de redução permanente até que o

819
Plano Financeiro Civil seja completamente extinto, provavelmente no final da década de
2090, quando cessarem os pagamentos de benefícios previdenciários deste Plano.
Verifica-se, portanto, com base nos dados da Avaliação Atuarial do RPPS do
Estado/RS 2020, que o Plano Financeiro relativo aos servidores civis se encontra numa
situação de reversão do desequilíbrio, que passa a ser equacionado naturalmente com a
extinção dos respectivos benefícios.
Cumpre destacar que a avaliação atuarial realizada no ano de 2020, que
deu origem aos valores que compõem o gráfico, por utilizar como base informações até
2019, não levou em consideração as migrações de aproximadamente 17 mil vínculos do
fundo previdenciário para o financeiro ocorrida no segundo semestre de 2020 em virtude
da LC nº 15.511/20. Por se tratar de servidores ativos de uma forma geral, haverá
incremento nas receitas e consequentemente diminuição da insuficiência financeira
(resultado), dados que devem vir a ser observados na avaliação atuarial de 2021 que
tomará como base para os cálculos o exercício de 2020.

16.8.5.2 – Análise do Fluxo Atuarial do Plano Financeiro Militar


De forma semelhante, foi elaborado o gráfico expondo a projeção do fluxo
atuarial de receitas e despesas em relação ao Plano Financeiro Militar.
PROJEÇÃO DAS RECEITAS, DESPESAS E RESULTADO - PLANO FINANCEIRO MILITAR - 2020-2094

6.000.000.000,00

5.000.000.000,00

4.000.000.000,00

3.000.000.000,00

2.000.000.000,00

1.000.000.000,00

-
2020
2023
2026
2029
2032
2035
2038
2041
2044
2047
2050
2053
2056
2059
2062
2065
2068
2071
2074
2077
2080
2083
2086
2089
2092
(1.000.000.000,00)

(2.000.000.000,00)

(3.000.000.000,00)

(4.000.000.000,00)
Receita Despesa Resultado

Fonte: Dados obtidos nos Fluxos Atuariais 2020.


Cálculo: Equipe SAIPAG/SAICE

No Plano Financeiro dos servidores militares, como se pode verificar no


gráfico acima, a situação de insuficiência entre receitas e despesas, tal como se observou
em relação aos civis, atingiu seu maior pico (R$ 3,39 bilhões) no ano de 2020, a partir
disso, entrará em processo de declínio até a sua completa extinção, que deverá ocorrer
provavelmente entre 2095-2100.
No ano de 2021, anteriormente ao fechamento deste relatório técnico,
foram promovidas alterações na previdência dos militares no que tange às alíquotas de
contribuição previdenciária, adotando-se os mesmos parâmetros dos servidores civis. A

820
tendência é de incremento da receita de contribuições advinda dos militares com reflexos
imediatos no resultado do fundo financeiro militar. Todavia, por terem sido
implementadas no ano de 2021, tais mudanças serão identificadas somente na avaliação
atuarial de 2022, quando os cálculos tomarão o exercício de 2021 como referência.

16.8.5.3 – Análise do Fluxo Atuarial do Plano Previdenciário Civil


O gráfico abaixo, relativo ao Plano Previdenciário Civil, foi elaborado com
os dados dos Fluxos Atuariais de Receitas e Despesas da Avaliação Atuarial do RPPS
referente ao exercício de 2020.

PROJEÇÃO DAS RECEITAS, DESPESAS E RESULTADO - PLANO PREVIDENCIÁRIO CIVIL - 2020-2094

500.000.000,00

400.000.000,00

300.000.000,00

200.000.000,00

100.000.000,00

-
2020
2023
2026
2029
2032
2035
2038
2041
2044
2047
2050
2053
2056
2059
2062
2065
2068
2071
2074
2077
2080
2083
2086
2089
2092
(100.000.000,00)

(200.000.000,00)
Receita Despesa Resultado

Fonte: Dados obtidos nos Fluxos Atuariais 2020.


Cálculo: Equipe SAIPAG/SAICE

Por tratar-se de um plano novo, observa-se no gráfico que os valores das


despesas são baixos nos anos iniciais e vão aumentando ao longo do tempo. Observa-se
também que, pelo fato de ter uma grande maioria de servidores ativos, o resultado
positivo vai acumulando ao passar dos anos.
Embora o resultado positivo acumulado, em 2044 as despesas ultrapassam
as receitas, seguindo uma tendência de resultados negativos nos anos seguintes. O
reflexo é da queda do resultado acumulado, que tem uma estagnação e começa a cair. Ou
seja, o plano civil previdenciário, é deficitário atuarialmente na sua projeção de longo
prazo.
No ano de 2020, a LC 15.511/20 migrou aproximadamente 17 mil vínculos
do FUNDOPREV Civil para o Fundo Financeiro Civil, entretanto os efeitos decorrentes
dessa mudança ainda não foram projetados, pois a avaliação atuarial que serviu de base
para o gráfico alhures utilizou-se das informações de 2019, ainda sem as migrações de
vínculos para o fundo financeiro.
Nessa esteira, a migração de servidores para o fundo financeiro, que
acarretou na permanência no FUNDOPREV Civil de servidores com ingresso após a

821
vigência do RPC, ou seja, com salários de contribuição até o teto do RGPS e
consequentemente recolhendo uma menor contribuição previdenciária (as faixas salariais
abaixo do teto do INSS recolhem percentuais abaixo dos 14% até então vigentes) pode vir
a impactar nesses números reduzindo receita e resultado. Apesar das novas idades
mínimas para fruição de benefícios previdenciários em função da EC nº 103/19 e LC/RS nº
15.429/19, é possível que permaneça o déficit atuarial no longo prazo.

16.8.5.4 – Análise do Fluxo Atuarial do Plano Previdenciário Militar


O gráfico abaixo, relativo ao Plano Previdenciário Militar, foi elaborado
com os dados dos Fluxos Atuariais de Receitas e Despesas da Avaliação Atuarial do RPPS
de 2020.

PROJEÇÃO DAS RECEITAS, DESPESAS E RESULTADO - PLANO PREVIDENCIÁRIO MILITAR - 2020-2094

150.000.000,00

100.000.000,00

50.000.000,00

-
2020
2023
2026
2029
2032
2035
2038
2041
2044
2047
2050
2053
2056
2059
2062
2065
2068
2071
2074
2077
2080
2083
2086
2089
2092
(50.000.000,00)

(100.000.000,00)

(150.000.000,00)
Receita Despesa Resultado

Fonte: Dados obtidos nos Fluxos Atuariais 2020.


Cálculo: Equipe SAIPAG/SAICE

As explicações do item anterior (Plano Previdenciário Civil) cabem também


para o Plano Previdenciário Militar. Apenas destaca-se que o resultado acumulado terá
uma queda mais rápido quando comparado ao Plano Civil.
Todavia, há que se verificar os efeitos da entrada em vigor das novas
alíquotas de contribuição previdenciária em termos de receita e resultado. A legislação
entrou em vigor no ano de 2021 e deve impactar nesses valores. A avaliação atuarial de
2022 deverá analisar as consequências dessa nova regra pela primeira vez.

16.8.6 – IPE Saúde


A Lei 15.144/2015 criou o IPE Saúde, órgão que tem como objetivo cuidar
das assistências dos segurados.

822
16.8.6.1 – Controle Financeiro das Operações de Assistência à Saúde
No sentido de verificar o cumprimento das determinações legais, foram
avaliadas as receitas e as despesas do IPE Saúde.
As receitas do IPE-Saúde totalizaram R$ 2,63 bilhões em 2020, compostas
pelas contribuições patronais (R$ 753,2 milhões); dos servidores civis e militares
(R$ 744,8 milhões); do PAMES, PAC, de Prefeituras e de Convênios (R$ 1.009,3 milhões) e
demais receitas (R$ 129,5 milhões).
Quanto ao total das despesas empenhadas, de R$ 2,56 bilhões, 90,6%
correspondeu aos gastos nas rubricas 3939 - MEDICINA (R$ 2,14 bilhão), referentes a
serviços de radiologia, laboratoriais e hospitalares, dentre outros e 3610 - SERVIÇOS
MÉDICOS (R$ 174,06 milhões), relativos a serviços prestados por pessoa física
credenciada junto ao IPERGS.
A receita da contribuição patronal, apurada no IPE Saúde em 31-12-2020,
conforme citado anteriormente, foi de R$ 753,2 milhões. Esse ingresso originou-se dos
valores empenhados nos Órgãos da Administração Direta, Autarquias e Fundações, nas
rubricas de despesa 1301 e 1318 - Contribuição ao IPERGS para Assistência Médica, as
quais totalizaram R$ 706,6 milhões. Esses valores não são iguais, devido ao descompasso
entre os registros da execução da despesa com os da receita realizada, pois esses
obedecem a regimes diversos. Em virtude do regime de caixa para a receita (art. 35 da Lei
nº 4.320/64), deve-se conciliar o efetivo pagamento da despesa (e não o seu empenho ou
liquidação) pelo órgão repassador com o registro da receita correspondente no órgão
recebedor. Com isso, o montante efetivamente pago em 2020 (de empenhos do exercício
e de exercícios anteriores) foi de R$ 760,5 milhões (a diferença a menor em
R$ 7,3 milhões registrada na receita do IPERGS-SAÚDE carece de verificação de
conciliação bancária e dos procedimentos de registro das receitas pela Autarquia).
O total empenhado em 2020 (R$ 706,6 milhões) deveria ser integralmente
pago até o dia 15 de janeiro de 2021 (art. 4º da Lei nº 12.066/2004). Todavia, em
31-01-2021, a quantia de R$ 108,2 milhões (15,31%) ainda não havia sido repassada para
o Fundo de Assistência à Saúde.
Somando-se as pendências de exercícios anteriores (desde 2015), o saldo
acumulado em restos a pagar, até o orçamento de 2020, alcançou R$ 110,8 milhões (na
posição de 31-01-2021). A Administração Direta do Poder Executivo com
R$ 109,3 milhões (98,63%) foi a maior responsável pela falta de pagamento dos valores
empenhados com a contribuição patronal ao IPE-Saúde.
Ressalta-se a permanência de tal condição nos Pareceres Prévios desde
2011, quanto ao fato de a contribuição patronal empenhada ao FAS ter sido inferior à
receita de contribuição dos servidores, pois ambas são paritárias, na ordem de 3,1% do
salário de remuneração. A receita de contribuição dos servidores, de R$ 744,8 milhões
(correspondente aos valores retidos da folha de pagamento), contrasta com os empenhos
da contribuição patronal, no Elemento 13, no total de R$ 692,0 milhões (excetuados,
nessa comparação, os empenhos no Elemento 92 – DEA, explicado mais adiante), com
uma diferença a menor de R$ 52,8 milhões.
Os valores empenhados em 2020 no Elemento 92 – DEA – Despesas de
Exercícios Anteriores, de R$ 14,7 milhões, correspondem à contribuição patronal de
exercícios encerrados, não processados na época própria e reconhecidos posteriormente.

823
Portanto, não cabe a sua comparação com os recolhimentos da contribuição dos
servidores nas folhas de pagamentos mensais de 2020. Logo, são esses empenhos no
elemento 92 - DEA que justamente corroboram a existência de discrepância entre as
contribuições patronais e as contribuições dos servidores.
A falta de regularidade dos repasses da contribuição patronal ao IPE-Saúde,
prejudicial ao gerenciamento dos recursos do fundo pela Autarquia, foi constatada não
somente pelo atraso anual com a falta de empenhamento da despesa (demonstrada na
tabela anterior), como também pela execução mensal daqueles valores empenhados
orçamentariamente.
A próxima tabela identifica a ocorrência de frequentes atrasos, quando se
observam os valores pagos na coluna (B) em relação ao empenhado na coluna (A), no
último ano.

CONTRIBUIÇÃO PATRONAL PARA ASSISTÊNCIA MÉDICAPODERES/ÓRGÃOS – ELEMENTO 13


Em R$ milhões
PERÍODO EMPENHADO (A) PAGO EXERCÍCIO ATUAL (B)
2020 692,0 540,2
Janeiro 56,1 1,4
Fevereiro 59,7 8,7
Março 64,4 9,5
Abril 59,4 59,0
Maio 47,4 8,9
Junho 61,7 58,6
Julho 58,0 108,5
Agosto 55,3 57,4
Setembro 35,7 56,5
Outubro 80,9 9,1
Novembro 56,7 104,9
Dezembro 56,6 57,7
Fonte: Cubos DW da SEFAZ/CAGE .
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.

Outras evidências indicam a utilização de recursos em atividades alheias ao


Fundo de Assistência à Saúde. É o caso da análise dos saldos bancários contabilizados no
balancete do IPE - SAÚDE (Tesouraria 12), cujo montante acumulado anualmente não
correspondeu ao resultado da execução orçamentária da Autarquia, desde a sua
constituição em julho de 2004.

ÓRGÃO 41 – FAS/RS
EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA X SALDOS RECURSOS FINANCEIROS - JULHO DE 2004 A DEZEMBRO DE 2020
Em R$ milhões (nominais)
BALANCETE – SALDOS FINANCEIROS EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA
Total ∆ Despesa
EXERCÍCIO Receita Resultado
Contas Bancárias Anual Orçamentária
Orçamentária Orçamentário
Ativo Circulante (Valor) Empenhada
(A) (B) (C) (D) (E) = C – D
Jul. a Dez/2004 21,5 21,5 341,2 249,7 91,4
2005 25,7 4,1 634,5 593,1 41,4
2006 47,0 21,4 663,8 593,4 70,4
2007 70,9 23,8 766,3 724,0 42,3
2008 217,9 147,0 886,2 747,3 138,9

824
ÓRGÃO 41 – FAS/RS
EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA X SALDOS RECURSOS FINANCEIROS - JULHO DE 2004 A DEZEMBRO DE 2020
Em R$ milhões (nominais)
BALANCETE – SALDOS FINANCEIROS EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA
Total ∆ Despesa
EXERCÍCIO Receita Resultado
Contas Bancárias Anual Orçamentária
Orçamentária Orçamentário
Ativo Circulante (Valor) Empenhada
(A) (B) (C) (D) (E) = C – D
2009 359,9 142,1 921,0 793,2 127,8
2010 326,0 (34,00) 1.096,3 949,9 146,4
2011 237,2 (88,8) 1.098,8 1.182,8 (84,0)
2012 198,5 (38,7) 1.261,6 1.296,0 (34,4)
2013 244,8 46,3 1.585,3 1.539,3 46,0
2014 280,4 35,6 1.659,3 1.617,1 42,2
2015 175,2 (105,2) 1.672,3 1.779,6 (107,3)
2016 133,9 (41,3) 1.957,2 1.970,4 (13,2)
2017 140,1 6,2 2.107,3 2.108,5 (1,2)
2018 145,2 5,1 2.216,2 2.181,5 34,7
2019 191,2 46,0 2.345,6 2.313,5 32,1
2020 306,5 115,3 2.636,8 2.560,1 76,7
TOTAL 306,4 650,2
Fonte: Sistema FPE, Cubos DW da SEFAZ/CAGE .
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.

Enquanto o total acumulado da execução orçamentária foi de R$ 650,2


milhões, houve acréscimo de R$ 306,4 milhões no saldo bancário do FAS. Ou seja, a
diferença de R$ 343,8 milhões foi utilizada em outras finalidades. Tomando-se apenas o
exercício de 2020, houve uma diferença a maior de R$ 38,6 milhões nos saldos bancários
em relação ao resultado orçamentário, o que significa uma devolução ao FAS deste valor.
Na próxima tabela, são demonstrados os principais Créditos a Receber do
IPE Saúde, registrados no Balanço Patrimonial, tais como a Dívida Ativa Não Tributária e
as contribuições mensais ao Fundo (dos servidores e patronal).

ÓRGÃO 41 – FAS/RS
PRINCIPAIS CRÉDITOS A RECEBER DO IPERGS – SALDOS ACUMULADOS NO BALANÇO PATRIMONIAL
2017/2020
Em R$ milhões (nominais)
∆ (%) ∆ (%)
Créditos a Receber 2017 2018 2019 2020
2019/2018 2020/2019
Devedores por Contribuições – Parte
465,3 603,1 970,3 1.140,7 60,88 17,57%
Patronal
Devedores por Consignações – Parte
101,0 116,9 175,7 115,3 50,37 -34,40%
Servidor
Dívida Ativa Não Tributária 6.445,5 1.361,2 1.500,6 1.980,6 10,24 31,98%
(-) Ajuste de Perdas (5.184,5) (1.289,2) (1.289,2) (1.289,2) 0,00 0,00%
Total Principais Créditos a Receber IPERGS 1.827,3 792,0 1.357,4 1.947,4 71,40 43,46%
Fonte: Sistema FPE, Cubos DW da SEFAZ/CAGE .
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.

Em 2020 houve acréscimo de 43,46% no total a receber, influenciado pelas


Contribuições Patronais, que aumentaram o saldo em 17,57% em ralação ao ano anterior.
Analisando a tabela anterior, verifica-se o aumento nominal ano após ano dos saldos
inscritos em Devedores por Contribuições - Parte Patronal. Esse comportamento é reflexo

825
do aumento dos restos a pagar da referida contribuição pelos órgãos públicos e da
parcela não empenhada, situações inicialmente abordadas neste relatório.
Diversos créditos a receber podem vir a prescrever, em razão do prazo
legal de cinco anos, contados a partir do fato gerador (art. 1º do Decreto nº 20.910/1932,
art. 2º do Decreto-Lei nº 4.597/1942 e art. 165 e 168 do Código Tributário Nacional).
Ressalta-se que o total de créditos inscritos em Dívida Ativa Não Tributária
no IPE Saúde é de R$ 691,4 milhões (deduzido o ajuste de perdas), sendo que o saldo no
ano anterior era de R$ 211,5 milhões.

16.9 – Vinculações Constitucionais

16.9.1 - Educação
O total da despesa executada na Manutenção e Desenvolvimento do
Ensino – MDE alcançou R$ 9,95 bilhões, representando 28,12% da Receita Líquida de
Impostos e Transferências - RLIT (R$ 35,39 bilhões). Estão incluídos no total da MDE os
gastos com inativos, correspondente a 44,6% (R$ 4,44 bilhões) do total da despesa
executada em Educação, bem como R$ 2,01 bilhões relativo à redistribuição de recursos
do FUNDEB.
Portanto, a Despesa Liquidada Total apurada foi inferior em 6,88 pontos
percentuais ao limite mínimo de 35% previsto na Constituição Estadual (art. 202), mas
superior em 3,12 pontos percentuais ao mínimo de 25% fixado na Constituição Federal
(art. 212).
Do índice estabelecido na Constituição Estadual (35% da RLIT), deixou de
ser aplicado R$ 2,43 bilhões, porém, em relação ao percentual definido na Constituição
Federal (25% da RLIT), foi aplicado a mais o montante de R$ 1,11 bilhão.
Em 2020, ocorreu um acréscimo de recursos aplicados na área da Educação
no valor de R$ 417,3 milhões, representando 4,4% em relação a 2019, enquanto a RLIT
teve um crescimento de 1,4%.

826
EVOLUÇÃO DO ÍNDICE DE APLICAÇÃO EM MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO ENSINO - MDE

35% 33,68%
32,76%
33% 31,25% 31,18%
30,23% 29,96%
31% 29,55% 29,28% 28,92%
28,31% 28,12%
29% 27,67% 27,266% 27,32%
26,99%
27% 25,57%

25%
23%
21%
19%
17%
15%
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

Constituição Estadual Constituição Federal Aplicação MDE

Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.


Cálculo: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.

No período compreendido entre 2005 e 2020, o índice de 35%, exigido pela


Constituição Estadual não foi atingido em nenhum exercício. Em relação aos 25% da
Constituição Federal, houve o atendimento em todos os exercícios da série analisada.
Quanto às operações do FUNDEB, no caso do Estado do Rio Grande do Sul,
houve uma contribuição de R$ 6,36 bilhões e um retorno de R$ 4,35 bilhões, ocasionando
uma diferença a menor (perda) no valor de R$ 2,01 bilhões, valor esse redistribuído aos
Municípios e considerado como aplicação na educação básica pública para efeito do
cumprimento ao artigo 212 da Constituição Federal.
O saldo bancário das contas correntes vinculadas ao FUNDEF/FUNDEB
alcançou R$ 310,1 milhões, sendo suficiente para a cobertura dos Restos a Pagar de
R$ 202,7 milhões, inscritos no Balanço de 2020 e para executar a despesa ainda não
empenhada, representada pelo Passivo Potencial, num total de R$ 105,5 milhões.
Portanto, para honrar os compromissos já assumidos e executar a despesa não
empenhada, o Poder Executivo tem uma sobra nas contas correntes vinculadas ao
FUNDEF/FUNDEB de R$ 2,4 milhões.
A Lei nº 11.494/07 determina a aplicação de 60% dos recursos recebidos à
conta do FUNDEB para a remuneração dos profissionais do magistério em efetivo
exercício na rede pública, afastando o pagamento de inativos. Tendo o Estado recebido
de retorno do FUNDEB o valor total de R$ 4,35 bilhões, consideradas as aplicações
financeiras que devem ser empregadas na mesma finalidade, conclui-se que o montante
mínimo a ser gasto com os profissionais é de R$ 2,61 bilhões. O Estado gastou, em 2020,
R$ 2,70 bilhões com a remuneração dos profissionais da educação básica pública, já
considerando a exclusão de gastos com inativos (R$ 1,56 bilhão), correspondendo a
62,16% dos recursos recebidos, sendo plenamente obedecido o mandamento legal.

827
Do total da receita vinculada ao Salário-Educação (R$ 345,5 milhões) foram
empenhados R$ 449,6 milhões, ocorrendo uma aplicação a maior no valor de
R$ 104,1 milhões. Foram registrados em Restos a Pagar R$ 144,4 milhões,
correspondente a 32,11% do total da despesa empenhada no exercício em análise. O
saldo da receita acumulada e não empenhada, até 31-12-2020, totalizou
R$ 344,1 milhões, representando o Passivo Potencial dos Recursos 092 e 292, aplicados
no SIAC.
Em relação à Quota Municipal/Salário-Educação, considerando-se os
valores nominais inscritos em Restos a Pagar e a quantia não empenhada, resta repassar
R$ 52,5 milhões. Esse procedimento compromete a realização de projetos municipais na
área de educação, ensejando retenção indevida de recursos previstos na Constituição,
cuja distribuição se encontra regulamentada na Lei nº 9.766/1998 e Lei nº 11.126/1998.
Quanto ao Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB, a última
aplicação ocorreu em 2019, demonstrados a seguir.
Com índices de 4,8, na 8ª Série do Ensino Fundamental, e de 4,2, na 3ª
Série do Ensino Médio, o Estado não conseguiu alcançar as suas metas (de 5,6 e 5,3,
respectivamente), revelando um ensino no Estado carente de maiores investimentos,
tanto na área de Recursos Humanos quanto materiais. Na 4ª Série, última Série dos
primeiros anos do Ensino Fundamental (1ª a 4ª Série), observa-se que o Estado não
atingiu a meta estabelecida pelo IDEB de 2019, de 6,1, uma vez que alcançou 6,0.
A Secretaria da Educação possui o Sistema de Avaliação do Rendimento
Escolar do Rio Grande do Sul (SAERS), destinado à avaliação do desempenho dos
estudantes dos 3º e 6º anos do Ensino Fundamental e 1º Ensino Médio da Rede Estadual,
através da aplicação de provas nas matérias de Língua Portuguesa e Matemática.
A medição do desempenho é efetuada através dos seguintes índices de
avaliação: abaixo do básico, básico, adequado e avançado.
Os últimos resultados divulgados, referentes aos exames que foram
aplicados em novembro de 2018, revelou que para os alunos do 3º ano do Ensino
Fundamental em Língua Portuguesa, o conhecimento é básico para a leitura e adequado
para a escrita, enquanto que para matemática é básico. No 6º Ano do Ensino
Fundamental, a média dos alunos em matemática foi no nível básico e em língua
portuguesa a média encontra-se no nível adequado.
Para o 1º ano do Ensino Médio, as médias dos estudantes ficaram no nível
básico, tanto para língua portuguesa quanto para matemática, mesma média de 2016,
demonstrando que os estudantes ainda não possuem um desenvolvimento adequado das
habilidades esperadas para sua etapa, inclusive, sem evolução nos últimos 2 anos.
Assim, verifica-se que a rede pública estadual contém a maioria das médias
de proficiência no nível básico, demonstrando a necessidade de ações de intervenção
pedagógica.
Considerando-se os desempenhos do Estado do Rio Grande do Sul no IDEB
e no SAERS como referência para avaliar a qualidade do Ensino Público Estadual, há
necessidade da adoção de medidas visando promover melhores resultados, promovendo
uma educação mais abrangente e eficaz, e também acolhendo e atendendo às
necessidades dos alunos mais carentes, no intuito de diminuir a evasão e a repetência.

828
O Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes - PISA, cujos dados
são relativos ao nível Brasil, possui, para o último ano divulgado, de 2018, os seguintes
resultados: no letramento em leitura, a média brasileira foi de 413 pontos, 74 pontos
abaixo da média dos estudantes avaliados pela OCDE; no letramento em matemática, a
média brasileira foi de 384 pontos, 108 pontos abaixo da média dos estudantes avaliados
pela OCDE; e no letramento em ciências, a média brasileira foi de 404 pontos, 85 pontos
abaixo da média dos estudantes avaliados pela OCDE.
Com relação ao estabelecido na estratégia 7.11 do Plano Nacional de
Educação - PNE, a saber: o alcance da média de 455 pontos nos três letramentos
avaliados pelo PISA, constatou-se que o Brasil obteve 400,33 pontos nas três disciplinas,
ficando, assim, abaixo do estabelecido na referida estratégia.
A partir do início de 2020 o mundo foi impactado pela pandemia do vírus
da Covid-19, atingindo fortemente o Brasil. Diversas medidas precisaram ser adotadas a
fim de mitigar a transmissão do vírus, como a restrição de circulação, quarentenas, entre
outros.
A educação, como todas as outras áreas, teve de se adaptar a nova
realidade, onde escolas foram fechadas para evitar aglomerações, e os conteúdos foram
ministrados de forma remota. Bem como, a Seduc informou que as receberam a
distribuição da cesta básica com 24kg de alimentos, garantindo a distribuição foi a todos
os alunos da rede estadual com vulnerabilidade social.
Em 2020 não foram destinados recursos para o Ensino Superior Público e
para o Ensino Superior Comunitário, em desobediência ao §3º do art. 201 da Constituição
Estadual, alterado pela Emenda Constitucional nº 66/2012.
O Estado do RS deveria ter aplicado o montante mínimo de
R$ 164,3 milhões, isto é, 0,5% da Receita Líquida de Impostos Próprios – RLIP
(R$ 32,87 bilhões), mas isso não ocorreu, apesar de ter sido empenhado o equivalente a
R$ 94,3 milhões na Unidade Orçamentária da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul
- UERGS. Esta despesa não pode ser considerada no cálculo para fins de cumprimento do
mandamento constitucional, por força da Lei nº 11.646, de 10 de julho de 2001, mas, com
a possibilidade de ser reinterpretada a partir da determinação da Emenda Constitucional
nº 66/2012.
No Ensino e Fomento à Pesquisa Científica e Tecnológica a aplicação
correspondeu a R$ 34,3 milhões, representando 0,10% da Receita Líquida de Impostos
Próprios, não atingindo o mínimo de 1,5% da RLIP, fixado no artigo 236 da Constituição
Estadual, equivalente a R$ 493,0 milhões aplicados a menor.

16.9.1.1 – Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – UERGS


Reconhecida a educação como direito social, consoante dispõe a
Constituição da República em seu art. 6º, a Constituição do Estado do Rio Grande do Sul,
com redação dada pela Emenda Constitucional nº 64, de 18 de abril de 2012, eleva a
educação superior pública à condição de dever do Estado.
A Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – UERGS foi instituída sob a
forma de fundação publica de direito privado, observado um arranjo multicampi,
mediante autorização conferida pela Lei n° 11.646, de 10 de julho de 2001.

829
A UERGS está presente em 24 municípios, representando 20 das 28 regiões
dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento (COREDEs).
A situação específica das instalações da Reitoria constitui aspecto de
destacada relevância consoante já abordado no Relatório Anual produzido por este
Serviço referente ao exame já das contas do exercício de 2019. Assinale-se que a matéria
tem sido tratada em expedientes PROA diversos, conforme informado pela
Superintendência de Planejamento da Universidade, a saber:
1. 19/1950-0000243-3: Solicita a destinação da área ocupada pela
Fundação de Ciência e Tecnologia – CIENTEC para a Universidade Estadual do Rio Grande
do Sul – UERGS – Encaminhado diretamente à SEPLAG;
2. 19/1950-0000702-8: PROA encaminhado para a secretária de
patrimônio, após reunião prévia, para apresentar justificativa demonstrando a
necessidade de identificar um imóvel para instalação da unidade da Uergs em Porto
Alegre, tendo em vista o impasse acerca do aluguel do prédio da Reitoria da Uergs, cujo
contrato de locação expirou em 1º de janeiro de 2020;
3. 19/1950-0001428-8: Consulta da Divisão de Estudos e Orientação (DEO)
sobre a situação precária do Prédio da Reitoria, visto que não era mais permitido renovar
o contrato após 31/12/2020;
4. 20/2500-0000170-6: Demanda da SICT - Considerando a recente fusão
da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão com a Secretaria de Governança e
Gestão Estratégica e com o intuito de darmos ciência ao Secretário de Planejamento,
Orçamento e Gestão a respeito das ações ligadas à Sede da Reitoria e do Campus Central
da UERGS, foi encaminhado relato da situação e ações necessárias para a regularização
do funcionamento da Universidade relacionado a estes temas;
5. 20/19500-000130-0: PROA encaminhado para a SEPLAG referente à
estrutura física para instalação do prédio da Reitoria da UERGS para a Subsecretaria do
Patrimônio do Estado – SPE solicitando a indicação do referido imóvel como solução para
a crítica situação que a Reitoria da Universidade. Foram indicados imóveis pela Secretaria,
mas não eram adequados para as necessidades da Reitoria;
6. 19/19500/000244-1: Solicitar a destinação da área ocupada pela
Fundação de Ciência e Tecnologia – CIENTEC para a Universidade Estadual do Rio Grande
do Sul – UERGS – Encaminhado diretamente a SICT;
7. 20/25000-000277-0: “Projeto Estratégico Uergs 20+”, como resultado do
trabalho da Comissão Especial da UERGS, designada pela Portaria Interna nº 062/2020,
instituída em 22 de setembro de 2020, tendo por objetivo produzir um documento que
contemplasse as diretrizes principais idealizadas para um projeto de política pública,
indicando a UERGS como principal ator e a incorporação da infraestrutura da Fundação
de Ciência e Tecnologia do RS (CIENTEC) como ponto de partida. Este processo tramitou
pelas Secretarias de Estado e foi encaminhado à Casa Civil para deliberação Superior e
publicação de ato. Processo retornou à SPGG para análise.
Destaca-se, por fim, o último expediente – 20/25000-000277-0 – que
demonstra a tomada de medidas tendentes a equacionar o problema, a indicar que o
tema está sendo examinado. No entanto, dadas as já informadas condições precárias de

830
segurança que envolvem as instalações atuais, o tema permanece pendente de solução e
merecendo a devida atenção.
Em termos de infraestrutura tecnológica, no ano de 2020 a Universidade
lançou o Projeto UERGS Digital, a partir da interação de ações envolvendo a Pró-Reitoria
de Administração, a Superintendência de Planejamento e a Superintendência de
Informática. Foram examinados e revisados projetos envolvendo tecnologia da
informação a fim de orientá-los ao provimento de soluções de qualifiquem as ações de
ensino, pesquisa e extensão, disponibilizando recursos computacionais voltados à
disponibilização de informações precisas, de forma ágil e com redução de custos.
A infraestrutura de rede da UERGS foi ampliada tanto em sua capacidade
de conexões de internet alcançando as unidades do interior do Estado, quanto no data
center localizado na Reitoria, ambas a fim de responder às demandas emergentes do
modelo de Ensino Remoto Emergencial e do regime de teletrabalho dos servidores em
atividades administrativas e de suporte.
Contratações de recursos computacionais pela UERGS junto à Rede
Nacional de Pesquisas – RNP no valor de R$44.436,00 – correspondente à plataforma
Google Enterprise For Education permitiram a manutenção do ensino remoto
emergencial, proporcionando a possibilidade de gravação de aulas, acesso aos conteúdos,
disponibilização de informações para as diferentes atividades acadêmicas e
administrativas, hospedados em nuvem, possibilitando o aceso ágil, seguro e disponível a
partir de quaisquer dispositivos móveis ou de computador.
Relativamente ao desempenho da UERGS em termos de graduação e pós-
graduação, os dados apresentados demonstram no período analisado – 2017 a 2020 – um
constante crescimento no número agregado de estudantes da Universidade. Destaca-se
aqui, em termos relativos, a pós-graduação, mais sensivelmente no nível de mestrado.
No período em exame não houve aumento no número de cursos de
graduação. O principal destaque em termos percentuais pode ser creditado ao
incremento de um curso de mestrado, alcançando um total de 5 em 2020.
Relativamente à pesquisa e produção científica da Universidade, atividades
sensivelmente dependentes e impactadas pela disponibilidade de recursos, os dados
apresentados na a seguir indicam uma sensível ampliação no número de grupos de
pesquisa (de 30 em 2019 para 60 em 2020), e uma também significativa elevação no
número de publicações de livros e capítulos de livros (de 93 em 2019 para 174 em 2020).
O número de artigos científicos apresentou também nestes dois últimos anos da série,
uma significativa expansão em relação ao observado no ano anterior (de 187 em 2019
para 281 em 2020).
A extensão universitária constitui, ao lado do ensino e da pesquisa, o
terceiro eixo que define uma instituição de ensino superior como Universidade. Os dados
informam um número crescente de atividades de extensão universitária oferecidas pela
UERGS no período de 2017 a 2020. Essa expansão revela o potencial da extensão
universitária como estratégia de desenvolvimento da Universidade e de consequente
legitimação institucional perante a sociedade pela consecução deste que é um dos seus
eixos estruturantes de atuação.
Por fim, em termos de desempenho institucional, tomando-se o Índice
Geral de Cursos – IGC, os resultados obtidos pela UERGS no período de 2017 a 2020

831
mantem-se na nota 4. O IGC decorre de uma média ponderada das notas de avaliação dos
cursos de graduação e de pós-graduação, consolidando, portanto, um referencial de
qualidade atribuído a cada Instituição de Ensino Superior – IES.
A análise do desempenho institucional da UERGS, tendo como referência o
Índice Geral de Cursos – IGC pode ser considerada satisfatória, ainda que se considere as
limitações especialmente de infraestrutura material e humana, o que revela não somente
um mérito de todos quantos contribuíram para os resultados, mas um potencial de
investimento para o desenvolvimento da educação superior, em particular no que diz
respeito à pesquisa e à inovação com reflexos para a sociedade.

16.9.2 - Saúde
Os gastos em Saúde devem ser avaliados quanto ao prescrito na
Constituição Federal (Emenda Constitucional nº 29/2000), cuja aplicação mínima deve ser
de 12% da Receita Líquida de Impostos e Transferências - RLIT, enquanto a Constituição
Estadual (Emenda Constitucional nº 25/1999) prevê o percentual mínimo de gastos em
ASPS equivalente a 10% da Receita Tributária Líquida - RTL.
Devido à normatização trazida pela Lei Complementar nº 141/2012,
aplicada desde 2013, separou-se a análise em dois momentos: até 2012 e a partir de
2013.

EVOLUÇÃO DO ÍNDICE APLICAÇÃO EM SAÚDE – ASPS (CONSTITUIÇÃO FEDERAL)

18,00% 16,60%

16,00%
14,22%
13,42% 13,23%
13,12%
14,00%
12,40% 12,39%
12,01%12,26%12,12%12,25%12,16%12,15%12,15%
12,00%
9,66%
10,00%
7,92% 8,07%
7,46% 7,23%
8,00% 6,72% 6,76%
5,70%
6,00%

4,00%
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

Mínimo Aplicado sem Saneamento Aplicado com Saneamento até 2012

Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.


Cálculo: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.

A Instrução Técnica TCE nº 07/2008 incluiu os gastos em saneamento no


cômputo das despesas com saúde, tendo em vista o entendimento extraído do próprio
texto constitucional em seu artigo 200. Assim, o Estado do RS passou a agregar em suas
despesas, desde 2007, os serviços de saneamento básico prestados pela Companhia

832
Riograndense de Saneamento – CORSAN, sem os quais o Governo não atenderia ao
percentual mínimo de gastos em saúde.
Até o exercício de 2012, sem o acréscimo dos gastos da Corsan, em
nenhum exercício da série analisada foi atingido o índice mínimo exigido na Constituição
Federal de 12% da RLIT, apesar do crescimento com um índice de 9,66% da RLIT em 2012,
quando em 2010 e 2011 havia sido em torno de 8%.
Em 2013, novamente houve a elevação dos gastos em saúde, alcançando
12,39% da RLIT. Quanto ao exercício de 2014, embora tenha havido ligeira queda no
percentual apurado, de 0,38%, ainda assim a aplicação alcançou 12,01% da Receita,
atendendo à determinação da Constituição Federal. Em 2015, houve novamente um
pequeno crescimento, alcançando 12,26%.
Em 2020, os gastos em ASPS alcançaram o montante de R$ 4,30 bilhões,
representando 12,15% da RLIT (R$ 35,39 bilhões).
Em relação ao mínimo de 10% da Receita Tributária Líquida, fixado na
Constituição Estadual, esse índice, sem os gastos em saneamento efetuados pela Corsan,
foi cumprido em 2012 pela primeira vez, alcançando 10,52%. Posteriormente, a aplicação
alcançou o índice de 13%, sendo que em 2020 foi de 12,95% da RTL (R$ 33,20 bilhões).

EVOLUÇÃO DO ÍNDICE APLICAÇÃO EM SAÚDE – ASPS (CONSTITUIÇÃO FEDERAL)

19,00% 18,07%

17,00% 15,65%
14,96%
14,40%
14,39%
15,00% 13,79% 13,41%
13,04%13,29%13,08%13,12%13,00%12,96%12,95%
13,00%
10,52%
11,00%
8,88%
8,30% 7,97% 8,61%
9,00% 7,46% 7,53%
6,37%
7,00%

5,00%
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

Mínimo Aplicado sem Saneamento Aplicado com Saneamento até 2012

Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.


Cálculo: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.

Até 2012, as despesas foram examinadas, ainda, à luz do Parecer


TCE nº 04/2007, no qual foi definida a inclusão das contribuições ao IPERGS para
Assistência Médica dos Servidores. Entretanto, o entendimento adotado por este Tribunal
possuía caráter transitório, vigente enquanto não editada a Lei Complementar específica
imposta pelo § 3º do artigo 198 da Constituição da República, o que exigiria novo exame
da matéria.

833
Foram consideradas, até 2012, as liquidações totais, isto é, computadas
todas as despesas liquidadas no exercício, tanto relativas a empenhos do exercício
analisado quanto de exercícios anteriores, tendo em vista o entendimento desta Corte
exarado no Parecer Coletivo nº 01/2003.
Com a aprovação da Lei Complementar nº 141, de 13-01-2012, a lacuna
legal foi preenchida, e desde 2013 passaram a ser observadas as novas diretrizes acerca
dos gastos a serem computados em ASPS para fins de apuração do percentual mínimo de
12% sobre a RLIT.
Nos Votos dos Exmos. Conselheiros-Relatores das contas do Governo do
Estado, acolhidos nos respectivos Pareceres do Tribunal Pleno desta Casa, de 2009 a
2012, foi recomendada ao Chefe do Executivo a adoção de medidas para viabilizar o
atingimento do percentual mínimo de gastos em saúde sem as despesas em saneamento
efetuadas pela Corsan e, tendo-se como base o Parecer Prévio de 2011, relatado em
2012, além dessa recomendação, inseriu-se o alerta quanto à efetiva aplicação de
recursos em ASPS, nos termos preconizados pela LC nº 141/2012, considerando o
disposto no artigo 27 do Decreto nº 7.827, que regulamentou a matéria, e a decisão deste
Tribunal Pleno no Processo nº 2150-02.00/13-3, cujos efeitos da referida norma
passariam a ser aplicados a partir das Contas do ano de 2013.
A retrocitada Lei Federal foi objeto de exame em Pedido de Orientação
Técnica tratado no Processo nº 7761-02.00/13-3, resultando na Decisão do Tribunal Pleno
desta Corte de Contas nº TP-1.360/2013. Dentre outras questões, a exemplo do que
passou a acontecer no âmbito da União, este Tribunal passou a considerar no cálculo a
despesa liquidada de empenhos do exercício em análise, e a despesa empenhada e não
liquidada, inscrita em restos a pagar não processados até o limite das disponibilidades de
caixa ao final do ano, consolidadas no Fundo de Saúde.
O Decreto nº 7.827/2012 regulamentou os procedimentos de
condicionamento e restabelecimento das transferências de receitas oriundas da
repartição tributária e de transferências voluntárias da União, nos casos de
descumprimento da aplicação mínima de recursos em ASPS, tratada na LC nº 141/2012, e
definiu o Sistema de Informações Sobre Orçamentos Públicos em Saúde – SIOPS como
ferramenta de registro, controle e apuração das despesas a serem computadas na
verificação do cumprimento do percentual mínimo de gastos em Saúde.
O Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde - SIOPS do
Ministério da Saúde possui um quadro onde devem ser discriminadas as DESPESAS COM
SAÚDE NÃO COMPUTADAS PARA FINS DE APURAÇÃO DO PERCENTUAL MÍNIMO. Uma
das linhas do Quadro é para preenchimento das despesas com inativos e pensionistas.
O Estado do Rio Grande de Sul preenche o SIOPS. Contudo, embora
considere a despesa com inativos e pensionistas no cálculo do mínimo constitucional, não
há o preenchimento dos valores na linha dos inativos e pensionistas no Quadro das
despesas com saúde não computadas.
Quanto aos recursos não aplicados no exercício anterior, nos termos da
referida LC nº 141/12, estes deverão ser repassados voluntariamente pelo ente da
federação à conta bancária vinculada ao Fundo de Saúde, com a posterior aplicação
efetiva do adicional necessário, no exercício seguinte, ou será adotada medida preliminar
de direcionamento das transferências constitucionais diretamente para a conta do Fundo,

834
correspondente ao montante não aplicado, seguida da suspensão das transferências
constitucionais e voluntárias, em caso de não cumprimento.
Por outro lado, desde 2013, nos termos da LC nº 141/2012, e com a
Decisão do Tribunal Pleno desta Corte de Contas nº TP-1.360/2013, deverá ser verificada
a vinculação de recursos, ao final do exercício, em montante suficiente para dar cobertura
aos Restos a Pagar inscritos no Balanço. No final de 2020, os recursos financeiros
colocados à disposição do Fundo Estadual de Saúde - FES (R$ 456,6 milhões), ficaram
muito aquém dos compromissos assumidos (de R$ 660,1 milhões).
Embora os Recursos 006, 016 e 026 (ASPS) encontrem-se vinculados a
outras contas bancárias, estas mesmas contas correntes, administradas pela Tesouraria
da Secretaria da Fazenda - SEFAZ (005) estão concomitantemente vinculadas a outros
recursos que não respondem pelo pagamento de despesas da área da saúde, tais como:
Recurso 002 (Manutenção e Desenvolvimento do Ensino-MDE), Recurso 011 (Outros
Poderes), Recurso 292 (Salário Educação), Recurso 1185 (FUNDEB), dentre outros. Logo,
não há como distinguir o montante a ser efetivamente utilizado para pagamento de
despesas realizadas em ações de saúde.
As disponibilidades financeiras para dar cobertura aos Restos a Pagar
Processados e Não Processados, bem como fazer frente às despesas em ASPS no decorrer
do exercício, devem ser colocadas à disposição do Fundo Estadual de Saúde, em contas
bancárias sob sua administração e responsabilidade, nos termos do parágrafo único do
artigo 2º da Lei Complementar nº 141/2012.
O montante aplicado em ASPS, em 2020, foi de R$ 4,30 bilhões (12,15% da
RLIT), cuja apuração pela Fazenda Estadual incluiu as seguintes despesas consideradas
controversas: contribuições patronais ao IPE-Saúde (R$ 686,2 milhões); aposentadorias,
pensões e encargos sobre a folha dos inativos (R$ 324,5 milhões); e despesas em outros
Órgãos que não a Secretaria da Saúde (R$ 147,8 milhões).
Considerando que o mínimo aplicado em 2020 deveria ser R$ 4,25 bilhões
(12% x RLIT), com a exclusão das despesas controversas o Estado deixou de aplicar R$
1,16 bilhão no exercício em análise, atingindo apenas 8,87% de aplicação em saúde.
O voto proferido no julgamento das Contas do Governador de 2019
recomendou que fossem corrigidas as inconformidades apontadas nos itens 27 e 28,
referentes a consideração das despesas controversas no percentual mínimo de aplicação
em ASPS.
Desta forma, de acordo com o voto proferido e publicado em 27-04-2021,
o entendimento deste Tribunal é pela não consideração das despesas controversas no
citado cálculo.
A partir do início de 2020 o mundo foi impactado pela pandemia do vírus
Covid-19, gerando repercussões em diversas áreas da vida humana. O vírus abalou a
saúde, economias, empregos, gerando instabilidade social e econômica.
A crise sanitária atingiu fortemente o Brasil, compelindo às autoridades a
adotarem diversas medidas a fim de mitigar a transmissão do vírus. Em face das
circunstâncias, no âmbito do Estado, as maiores ações implementadas em 2020 contra a
pandemia originaram-se na Secretaria Estadual da Saúde.

835
Em 26-02-2020 foi confirmado o primeiro caso de Covid-19 no Brasil,
diagnosticado em um brasileiro que havia viajado à Itália. No dia 05-03-2020 foi
confirmado pelo Ministério da Saúde a transmissão local do vírus Covid-19 no Brasil. Em
10-03-2020, a Secretaria Estadual de Saúde confirmou o primeiro caso no Rio Grande do
Sul, tratando-se de um homem que havia viajado à Milão na Itália.
Com a propagação do vírus no Rio Grande do Sul, o Estado editou diversas
normativas para a adoção de medidas a fim de combater à pandemia, como, por
exemplo, os Decretos de nº 55.115, de 12 de março de 2020 e nº 55.118, de 16 de março
de 2020, que trataram sobre ações de prevenção ao contágio pelo COVID-19.
Bem como, foram criados, através do Decreto nº 55.129 de 19 de março de
2020, atualizado até o Decreto nº 55.311 de 16 de junho de 2020, o Gabinete de Crise
para o Enfrentamento da Epidemia COVID-19, o Conselho de Crise para o Enfrentamento
da Epidemia COVID-19, o Grupo Interinstitucional de Monitoramento das Ações de
Prevenção e Mitigação dos efeitos do COVID-19 no Sistema Prisional do Estado do Rio
Grande do Sul e o Centro de Operação de Emergência - COVID 19 (COE COVID-19) do
Estado do Rio Grande do Sul.
O COE Covid-19 foi regulamentado pela Portaria da Secretaria Estadual de
Saúde nº 234/2020, tratando-se de órgão de articulação da ação governamental para
acompanhamento e definição de estratégias de enfrentamento da Pandemia (COVID-19)
com base na evolução do quadro epidemiológico do novo Coronavírus, visando adotar e
fixar medidas de saúde pública, necessárias à prevenção e controle do contágio e o
tratamento das pessoas afetadas (Parágrafo Único do Artigo 1º, Portaria SES 234/2020).
O Centro de Operação de Emergência é composto por representantes de
diversas áreas, denominados Grupos Técnicos, como de saúde prisional, de políticas
públicas, entre outros, cabendo destacar que o Gabinete da Crise/SES, pertencente ao
COE, deliberará e regulará todas as situações omissas na legislação e sobre fatos
excepcionais que sejam necessários e indispensáveis às medidas de enfrentamento da
Pandemia COVID 19.
O COE elaborou o Plano de Contingência e Ação Estadual do Rio Grande do
Sul para Infecção Humana COVID-19, em consonância com o Plano Nacional de
Contingência, o qual definiu o nível de resposta e a estrutura de comando
correspondente a ser configurada, em cada esfera e nível de complexidade.
O Estado do Rio Grande do Sul também criou um site para concentrar as
informações sobre a Covid-19: https://coronavirus.rs.gov.br.
O Governo do Estado, através do Decreto nº 55.240, de 10 de maio de
2020, atualizado até o Decreto nº 55.819 de 01 de abril de 2021, instituiu o Sistema de
Distanciamento Controlado para fins de prevenção e de enfrentamento à epidemia
causada pelo novo Coronavírus.
Conforme seu artigo 3º, o Distanciamento Controlado consiste em sistema
que, por meio do uso de metodologias e tecnologias que permitam o constante
monitoramento da evolução da epidemia causada pelo novo Coronavírus (COVID-19) e
das suas consequências sanitárias, sociais e econômicas, estabelece, com base em
evidências científicas e em análise estratégica das informações, um conjunto de medidas
destinadas a preveni-las e a enfrentá-las de modo gradual e proporcional, observando

836
segmentações regionais do sistema de saúde e segmentações setorizadas das atividades
econômicas.
Cabe destacar alguns dados do efeito da pandemia na saúde gaúcha
relatados no Relatório de Prestação de Contas do 3º Quadrimestre de 2020 e no Relatório
Anual de Gestão Final de 2020.
Conforme dados constantes no Relatório de Prestação de Contas do 3º
Quadrimestre de 2020 da Secretaria da Saúde, a causa de internação hospitalar por
doenças infecciosas e parasitárias aumentou 74,95% quando comparado ao mesmo
quadrimestre de 2019, devido à pandemia da Covid-19. Bem como, com relação à
morbidade, foi assim descrito no relatório:
Até o ano de 2019 a mortalidade devido às doenças do Capítulo I “Doenças
Infecciosas e Parasitárias” estavam em 10º lugar nas causas de mortalidade. Já em 2020*
(dados parciais e preliminares), passaram para o 3º lugar em decorrência da Covid-19 -
tendo um aumento de 222% no seu índice, em relação ao ano de 2019.
Para o enfrentamento à Covid-19, o Rio Grande do Sul utilizou tanto
recursos federais, decorrentes de transferências financeiras do Ministério da Saúde,
quanto recursos estaduais, provenientes das arrecadações de impostos estaduais.
Da parte federal, foram transferidos significativos montantes no decorrer
do exercício de 2020, propiciando o ingresso de receitas extraordinárias no Rio Grande do
Sul.
Esses recursos foram transferidos a fim de se alcançar dois objetivos, o
primeiro para atender à saúde e à assistência social no combate ao vírus e o segundo para
suprir a queda de receita devido à diminuição da atividade econômica na pandemia.
Para o primeiro objetivo, as transferências foram exclusivamente
vinculadas à aplicação em saúde e assistência social, enquanto que, para o segundo
objetivo, o recurso foi caracterizado como livre, podendo ser aplicado em qualquer área.
Assim, demonstram-se, resumidamente, os recursos utilizados no Rio
Grande do Sul para combate a pandemia em 2020, destacando-se que, para os recursos
2804 e 2809, considerou-se o valor transferido somado a juros e restituições, uma vez
que foram repasses extraordinários, enquanto que, para os recursos 006, 0142, 2756 e
2756, uma vez que são utilizados para custeio normal da saúde e, a fim de ser apurar as
importâncias específicas utilizadas na pandemia, consideraram-se os valores liquidados
para a Covid-19:

TOTAL DE RECURSOS PANDEMIA COVID-19 EM 2020


Em R$ nominais
RECURSO TIPO VALORES* %
0006 - VINCULADO DA SAUDE Estadual 38.118.071,46 4,38%
0142 - REC OPERAC-FES Estadual 4.919.272,20 0,57%
2756 - BC-TR SUS-MEDIA E ALTA CO Federal 729.999,99 0,08%
2757 - BC-TR SUS-VIGILANCIA SAUD Federal 640.142,99 0,07%
2804 - TR GOV FED - COVID Federal 567.149.356,29 65,15%
2809 - AUXILIO-COVID 19-SUS SUAS Federal 259.010.853,44 29,75%
TOTAL 870.567.696,37 100,00%

837
TOTAL DE RECURSOS PANDEMIA COVID-19 EM 2020
Em R$ nominais
RECURSO TIPO VALORES* %
*Para os recursos 2804 e 2809, considerou-se o valor transferido somado a juros e restituições, enquanto que, para os recursos 006, 0142, 2756 e
2756, uma vez que são utilizados para custeio normal da saúde, a fim de ser apurar as importâncias específicas utilizadas na pandemia, consideraram-
se os valores liquidados à conta desses recursos constantes no sistema CAGE Gerencial, na aba Covid-19
Fonte: Sistema CAGE Gerencial. Sistema Finanças Públicas Estadual – FPE e Cubo DW Sefaz RS
Cálculos: Equipe SAIPAG/SAICE

Verificou-se que foram destinados à pandemia R$ 870,6 milhões em 2020,


sendo que desse valor, 95,06% proveniente de recursos federais e 4,94% de recursos
estaduais.
As principais despesas decorrentes da pandemia no Rio Grande do Sul
ocorreram para a compra de equipamentos hospitalares e medicamentos, e de repasses
para hospitais e fundos municipais de saúde.
Houve um aumento de 17,92% nas despesas liquidadas referentes às
rubricas de transferências a hospitais e municípios, de 2018 para 2020, quando ocorreu o
impacto da Covid-19. Também se verificou que o maior aumento ocorreu em subvenções
sociais, representando 317,3% a mais de despesas de 2018 para 2020 e de 252,4% de
2019 para 2020.
A rubrica de equipamentos hospitalares também aumentou, onde se
verificou que a maioria das despesas ocorreu para a compra de ventiladores pulmonares,
monitores e camas hospitalares. O site da Secretaria da Saúde noticiou a compra de 230
respirados e monitores em setembro de 2020 no valor total de R$ 17 milhões, podendo-
se comprovar por empenhos nesta época na rubrica 5205.
Na rubrica de medicina os maiores gastos em 2020 ocorreram para
remoções de UTIs móveis, fazendo o transporte inter-hospitalar decorrentes da Covid-19.
Na rubrica 3003 – medicamentos e laboratórios verificaram-se muitas aquisições de
material para exames da Covid-19 solicitadas pelo Laboratório do Estado – LACEN. Com
relação a aquisição de medicamentos, destaca-se que foram gastos R$ 51.784.245,32
para aquisição de medicamentos de demandas administrativas referentes a portarias do
Covid-19, pagas com recursos federais, conforme informado no Relatório Anual de Gestão
de 2020.

16.9.2.1 - Fundo de Assistência à Saúde – do Servidor


O FAS foi criado pela Lei Complementar nº 12.066, de 29 de março de
2004, destinado a atender exclusivamente o custeio do sistema de assistência à saúde do
servidor público estadual, cujos recursos são compostos, entre outros, pela contribuição
mensal patronal e dos servidores dos Poderes e órgãos do Estado, ambos na ordem de
3,1% do salário de remuneração.
Embora a sua destinação voltada apenas à assistência médica dos
servidores, vem sendo destacada a utilização de recursos do Fundo para financiar outras
atividades do IPERGS, pois os saldos bancários registrados no Balanço não condizem com
os resultados acumulados desde a sua criação em julho de 2004.
Considerando-se os valores desde o exercício de 2005, enquanto o total
acumulado da execução orçamentária foi de R$ 650,2 milhões, houve acréscimo de R$
306,4 milhões no saldo bancário do FAS. Ou seja, a diferença de R$ 343,8 milhões foi

838
utilizada em outras finalidades. Tomando-se apenas o exercício de 2020, houve uma
diferença a maior de R$ 38,6 milhões nos saldos bancários em relação ao resultado
orçamentário, o que significa uma devolução ao FAS deste valor.
Também, a falta de regularidade nos repasses dos recursos pelo Poder
Executivo dificulta o gerenciamento do fluxo de caixa do Fundo, prejudica de
sobremaneira o exame anual do equilíbrio entre as receitas e despesas do FAS, e a
adoção das medidas necessárias pelo gestor para uma melhor administração do sistema.
Das contribuições patronais empenhadas, R$ 108,2 milhões restaram
pendentes de pagamento, somando-se as pendências de exercícios anteriores (desde
2015), o saldo acumulado em restos a pagar, até o orçamento de 2020, alcançou R$ 110,8
milhões (na posição de 31-01-2021). A Administração Direta do Poder Executivo com
R$ 109,3 milhões (98,63%) foi a maior responsável pela falta de pagamento dos valores
empenhados com a contribuição patronal ao IPE-Saúde.
Os créditos em Dívida Ativa Não Tributária, a receber pelo FAS dos demais
Poderes e Órgãos do Estado, foram parcialmente baixados a título de ajuste por perdas,
permanecem com valores atualizados de R$ 691,4 milhões no Ativo Não Circulante. Tal
situação requer providências, tanto do Governo como do IPERGS, para que a apuração
dessas quantias nos últimos cinco anos venha representar um ativo recuperável a fim de
garantir as operações de assistência à saúde dos seus beneficiários, evitando-se prejuízos
reais ao fundo, pois o montante registrado na contabilidade representa quantia
inalcançável dentro das condições de desequilíbrio estrutural das finanças públicas, e
merecem reavaliação quanto a ser de fato créditos apenas do FAS ou relacionadas às
demais operações do IPERGS.
Porém, não basta o Gestor oferecer uma estrutura operacional que
permita o controle e o registro individualizado da execução financeira e orçamentária do
FAS, condição compartilhada com a legislação pertinente, pois o eventual acúmulo de
sobras financeiras na sua operação não pode ser entendido como uma fonte de
financiamento para outras finalidades que não para a melhoria do serviço prestado, que
foi justamente o objetivo da lei de criação.
A assistência à saúde e à previdência (abordada no item 8) compõem um
“conjunto de benefícios” de relevante importância na composição da remuneração, e
cuja sustentabilidade, no âmbito da Administração Pública, deve ser enfrentada com
responsabilidade por ambas as partes, do empregador e do empregado.

16.10 – Política Públicas e Atuação Governamental

16.10.1 – Segurança Pública


Os órgãos que fazem parte da Secretaria de Segurança Pública são os
seguintes: Polícia Civil, Brigada Militar, Corpo de Bombeiros Militar e Instituto Geral de
Perícias.
O Estado contabilizou um gasto de R$ 11,63 bilhões em segurança pública
em 2020, com a seguinte distribuição:

839
DESPESAS COM SEGURANÇA – VALORES EMPENHADOS – PERÍODO 2018-2020
Em R$ milhões*
2018 2019 2020
DISCRIMINAÇÃO ∆% ∆% ∆%
VALOR VALOR VALOR
19/18 20/19 20/18
Pessoal e Encargos Sociais 8.618,9 10.381,3 20,4 10.818,8 4,2 25,5
Outras Despesas Correntes 665,4 680,2 2,2 689,0 1,3 3,5
Investimentos 174,7 100,0 -42,8 125,0 25,0 -28,5
Inversões Financeiras - 0,9 - - -
TOTAL 9.459,0 11.162,4 18,0 11.632,7 4,2 23,0
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
* Valores Inflacionados pelo IPCA – Médio

Houve um crescimento de 4,2% na aplicação em segurança pública no ano


e análise, na comparação com 2019, com destaque para o crescimento em investimentos,
na ordem de 25%. Ainda assim, na comparação com 2018, o valor dos investimentos foi
28,5% menor. O grupo “Pessoal e Encargos Sociais” representa mais de 90% do total
aplicado em segurança, fortemente influenciado pelo alto valor da folha dos inativos e
pensionistas da área da segurança.
Nesse ponto, ao se desconsiderar os gastos com inativos militares e civis,
os valores aplicados em segurança nos anos de 2018, 2019 e 2020, caem de R$ 9,46
bilhões, 11,16 bilhões e 11,63 bilhões, respectivamente, para R$ 4,84 bilhões, R$ 5,10
bilhões e R$ 4,85 bilhões, respectivamente, em valores corrigidos pelo IPCA. Tal exclusão
evidencia, também, a redução de 5,1% de recursos para segurança pública em
comparação a 2019.
A principal fonte de financiamento à Segurança Pública, com 92,5% do
total de despesas em 2020 foram os recursos livres (ICMS, IPVA, ITCD e IRRF e as
transferências constitucionais, como o Fundo de Participação dos Estados – FPE, IPI
Exportação e repasses da LC nº 173/20).
Embora a segurança pública não possua um percentual de aplicação
mínimo exigido pelas Constituições Federal e Estadual, como acontece nas áreas da saúde
e educação, os valores empenhados para a área são superiores a esses últimos e tem
aumentado progressivamente sua proporção em relação à Receita Líquida de Impostos e
Transferências, chegando ao patamar de 32,97% em 2020, como se vê a seguir:

EVOLUÇÃO DO PERCENTUAL APLICADO - SEGURANÇA PÚBLICA, SAÚDE E EDUCAÇÃO


DISCRIMINAÇÃO 2017 2018 2019
Segurança 26,27% 30,98% 32,87%
Saúde 12,16% 12,15% 12,14%
Educação 27,27% 27,32% 28,12%
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
Obs: Valor da RLIT em 2020: R$ 35,39 bilhões.

Do total de R$ 10,82 bilhões empenhados em 2020 no grupo de despesas


“Pessoal e Encargos Sociais”, nota-se a grande participação dos gastos com inativos e
pensionistas que alcançou 60,8% do total aplicado. Ademais, a Brigada Militar participa
com 16,9% e a Polícia Civil com 9,0% do total.

840
No que diz respeito a Polícia Civil, registra-se que o efetivo atual é de 5.244
policiais, enquanto o total previsto é de 9.831, ou seja, existe uma defasagem de 46,7%
no número de policiais civis no Estado, praticamente metade do efetivo previsto está com
cargos vagos.
Existe uma previsão de 86 policiais civis por 100 mil habitantes, porém a
taxa real é de apenas 46, ou seja, quase metade do previsto.
Em 2020, foram nomeados 54 Delegados, 133 Escrivães de Polícia e 126
Inspetores de Polícia, totalizando 313 novos servidores.
Do total da frota de viaturas da Polícia Civil, 60,9% são veículos com menos
de 10 anos de fabricação. A proporção aproximada é de uma viatura para dois Policiais
Civis.
Quanto a Brigada Militar, a Lei Complementar n° 15.008/2017 criou as
regras de transição com vista à estruturação do Corpo de Bombeiros Militar,
reorganizando o efetivo da Brigada. Com isso, o efetivo anterior da Brigada Militar
reduziu 4.852 cargos, ficando atualmente com 32.198 servidores, aos quais se somam
Policiais Militares Temporários, Corpo de Voluntários e Servidores Civis, constituindo o
quadro total de servidores da Corporação. Sendo que o percentual de cargos vagos foi de
aproximadamente 50% em 2020.
Confrontando-se a população do Estado com o efetivo autorizado para o
Batalhão da Polícia Militar, em 2020, seria de 282 PM’s por 100 mil habitantes, por outro
lado, a relação real constatou o número de 141 PM’s por 100 mil habitantes.
Do Corpo de Bombeiros Militar, a Lei Complementar nº 15.009/2017 fixou
o efetivo desse órgão em 4.101 cargos, sendo 245 Oficiais e 3.856 Praças, estando em
2020 o número de 1.271 estão vagos.
No Instituto Geral de Perícias a composição dos servidores, segundo
enquadramento na Lei nº 14.519/14, apresentou, em 2020, 704 providos e 1.047 vagos,
ou seja, quase 60% de vacância.
Em 2019, o IGP passou por sérios problemas no Departamento Médico-
Legal do Estado, com superlotação de corpos na câmara fria e uma infraestrutura
precária, sendo matéria veiculada por diversos veículos de comunicação. A situação gerou
um pedido, à unidade técnica do TCE responsável por auditar a Secretaria de Segurança
Pública, informações e análises acerca do ocorrido.
Feita a análise o SAE II concluiu, entre outros elementos, que “a
contratação emergencial de locação de container refrigerado como solução provisória, e
consequente interdição da câmara fria, tornou temporariamente superada a situação
problemática para custódia adequada de corpos no tocante à conservação”. Conclui ainda
que “a Equipe de Auditoria irá acompanhar o desfecho da situação quanto à câmara fria
interditada. Eventuais inconformidades passíveis de apontamentos no tocante à sua
manutenção ou reforma, contratação de container frigorífico ou instalação de nova
unidade frigorífica serão tratadas em procedimento próprio, conforme as situações e
responsabilidades verificadas”.
A matéria continuará sendo acompanhado pela equipe de auditoria do SAE
II, em suas auditorias ordinárias, bem como por esta equipe técnica, responsável pela
análise das contas do governador.

841
Já na Superintendência dos Serviços Penitenciários – SUSEPE, subordinada
à Secretaria da Administração Penitenciária, existem 1.915 cargos não ocupados
correspondendo a 27,7% do efetivo previsto para fazer frente às necessidades do Órgão.
O percentual, apesar de ainda ser alto, mostra uma queda nos cargos vagos em relação
aos últimos anos.
No Sistema Prisional do Estado, estruturado em 10 Regiões Penitenciárias e
gerenciadas pela SUSEPE, em 2020 havia disponibilidade de 26.293 vagas para uma
população prisional de 41.441, gerando um déficit de 15.148 vagas. No entanto, em
virtude da existência de regimes diferenciados, ajustando-se o cálculo, o déficit real de
16.029 vagas no sistema prisional (18.192 em 2019).
A SUSEPE informou que, apesar da capacidade de engenharia dos presídios
ser de 26.293 vagas, o teto populacional autorizado pelo judiciário é de 33.079.
A população carcerária aumentou 9,5% nos últimos quatro anos, saltando
de 37.855 em 2017 para 41.441 em 2020, ao passo que as vagas prisionais aumentaram
apenas 3,8%. Isso explica o aumento de 9,7% no déficit prisional. A falta de vagas já era
considerada extremamente alta em 2017 (14.618), chegando a alarmantes 16.029 no
exercício em análise. Apesar da queda em relação a 2019, o aumento de vagas segue em
ritmo muito pequeno, sendo ainda inferior ao registrado em 2018 (27.808).
Em 2020, houve redução em praticamente todos os indicadores criminais,
com exceção dos crimes de homicídio doloso, estelionato, delitos de armas e munições,
posse e tráfico de entorpecentes, que tiveram aumento de 1,0%, 157,0%, 6,0%, 1,5% e
24,0%, respectivamente. Na comparação com os últimos cinco anos, houve aumento
apenas nos estelionatos, posse e tráfico de entorpecentes. Nota-se que, após 2016, vem
ocorrendo uma gradual redução nos crimes praticados no Estado.
Porto Alegre é a cidade gaúcha com o maior número de registros de
homicídios, tendo uma redução em 2020, comparado com o ano anterior, de 11,8%. Nos
últimos cinco anos, a queda foi de 64,1%. Embora tenha havido aumentos nos homicídios
de 2020, a tendência dos últimos cinco anos apresenta uma queda nos números
apresentados.

16.10.2 Transportes
O Plano Estadual de Logística de Transportes do Rio Grande do Sul - PELT
coloca que a infraestrutura de transporte e logística constitui-se em elemento chave para
o desenvolvimento sustentável do Estado. As ações vinculadas à Função Transporte,
definidas no Orçamento de 2020, referem-se à Secretaria de Logística e Transportes -
SELT, e seus órgãos supervisionados, especialmente o Departamento Autônomo de
Estradas e Rodagem – DAER e a Superintendência do Porto do Rio Grande – SUPRG. A
estes órgãos soma-se a atuação da Empresa Gaúcha de Rodovias S.A. – EGR.

842
VALORES EMPENHADOS NA FUNÇÃO TRANSPORTE 2016-2020 – Valores em R$ milhões

1200

1000

800

600

400

200

0
2016 2017 2018 2019 2020

A despesa empenhada em 2020 (R$ 548,0 milhões) na Função Transporte


foi a menor dos últimos cinco anos, apresentando uma diminuição de 30,0% em relação a
2019 (R$ 716,7 milhões).
O Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem – DAER respondeu
pela aplicação de 80,9% dos valores empenhados na Função Transporte (R$ 399,5
milhões de um total de R$ 548,0 milhões). As ações programadas para a área do
Transporte Rodoviário foram as que mais empenharam recursos nessa função,
apresentando um montante de R$ 312,6 milhões, equivalente a 57,0% do total,
destacando-se os projetos de “Conservação de Rodovias” e “Restauração e Amplioação
da ERS 118”, responsáveis pela aplicação de R$ 89,3 milhões e R$ 63,4 milhões,
respectivamente.
A Empresa Gaúcha de Rodovias – EGR foi criada a partir da Lei nº 14.033,
de 29 de junho de 2012, como uma sociedade anônima cuja atuação alcança 908,48 km
de rodovias estaduais.
A Demonstração do Resultado do Exercício da EGR aponta uma Receita
Operacional Líquida de R$ 215,1 milhões, e custo dos serviços prestados e as despesas
operacionais alcançaram R$ 213,9 milhões, dos quais R$ 134,4 milhões referem-se à
manutenção e conservação de rodovias. Assim, a Empresa empregou o correspondente a
62,8% de sua receita operacional líquida na manutenção e conservação de rodovias. No
Balanço Patrimonial da EGR, as disponibilidades de caixa alcançam R$ 53,3 milhões, a
quase totalidade aplicados no Sistema Integrado de Administração de Caixa (SIAC).

16.10.3 – Política de Publicidade e Propaganda Institucional do Poder Executivo Estadu-


al
A Política de Comunicação do Poder Executivo está sob a responsabilidade
da Secretaria de Comunicação – Lei nº 15.246/2019, Anexo I.
Verifica-se que, as competências atuais da Secretaria de Comunicação são
idênticas àquelas estatuídas já pela Lei nº 14.733/2015, o que sugere uma estabilidade de

843
atribuições e continuidade dos processos de gestão de modo que as atividades previstas e
seus resultados possam ser verificados.
No contexto de comunicação institucional, destaca-se o Plano Anual de
Publicidade e Propaganda Governamental, previsto na alínea “e” do Anexo I, cuja
responsabilidade pela formulação, execução e acompanhamento cabe à pasta de
comunicação.
Em 2019, a SECOM informou que não havia elaborado o Plano Anual de
Publicidade e Propaganda Governamental, devido à edição do Decreto nº 54.870/19, que
dispõe sobre a realização de despesas com ações de comunicação dos órgãos e das
entidades da administração pública direta e indireta do Estado do Rio Grande do Sul.
Logo, nova portaria iria ser elaborada pela secretaria, definindo o conteúdo
mínimo do plano, quais prazos deverão ser observados na sua formulação e como se dará
sua execução e acompanhamento.
A nova portaria (Portaria SECOM nº 016/20) foi publicada no dia 16-09-20,
fato que ensejou a não realização de plano anual em tempo hábil no ano em análise.
Diante do exposto, entende-se que o tema deva constituir objeto de
posterior análise a fim de verificar o cumprimento da disposição legal atinente à
elaboração e divulgação do fundamental instrumento de gestão transparente das ações e
dos gastos, além de boa prática em relação à publicidade e propaganda governamental.

16.10.3.1 – Relatório de Transparência: Constituição Estadual, art. 24, III.


O relatório pormenorizado das despesas mensais realizadas pelo Estado na
área de comunicação, especialmente em publicidade, está disponível para consulta no
endereço eletrônico: http://www.transparencia.rs.gov.br, ícone "gastos". Após, o
solicitante deverá determinar a posição, exercício, mês e fase a serem consultados.
Preenchidas essas informações, o requerente deverá selecionar a opção “gastos por
projeto”, selecionar Poder Executivo e, no campo de pesquisa, digitar Publicidade. Assim,
terá acesso a todas as informações sobre o assunto.
Neste particular, a despeito do esforço empreendido pelo Poder Executivo
em disponibilizar dados de forma analítica no referido portal, não se encontram ali os
relatórios de que trata a Constituição Estadual, seja em termos de operacionalização
(geração de relatórios pormenorizados, e não somente a apresentação dos dados), seja
em termos de finalidade, a de esclarecer o cidadão acerca das ações do poder público –
administração direta e indireta por imperativo constitucional – em matéria de publicidade
e propaganda. A administração deve apresentar relatório pormenorizado das despesas
mensais, que no contexto atual deve fazer transparecer de forma clara e consistente, em
linguagem acessível, por exemplo, não somente os gastos, mas sua motivação, propósito
e impacto. Nessa perspectiva, a disponibilização de ferramenta de consulta que permita a
busca de dados tal como se apresenta é acessória.
Diante do exposto, entende-se que a disponibilização da ferramenta de
consulta sobre gastos públicos, inclusive em matéria de publicidade e propaganda, ainda
que essencial, não atende ao dispositivo constitucional. Nesse sentido, dada a relevância
e a essencialidade deste relatório, que se sobressai em um contexto de administração
pública transparente, sugere-se que seja alertada a administração para que observe o que

844
a Constituição Estadual, estabeleceu já em 1989 – passados 30 anos, portanto – em seu
art. 24, inciso III, o que, entende-se, deva ser tomada como uma oportunidade para
inovar neste campo e aperfeiçoar a relação da administração com os demais atores
sociais, em particular com o cidadão.
Também neste ponto merece atenção o compromisso assumido e
formalizado no Mapa Estratégico, mais objetivamente o de “Aprimorar os mecanismos de
transparência” das ações de governo.
Assim, na esteira do que se propõe para o Plano Anual de Publicidade e
Propaganda Governamental, seja o tema objeto de posterior análise a fim de verificar o
cumprimento da disposição constitucional, também fundamental instrumento de gestão
e de transparência das ações e dos gastos com publicidade e propaganda governamental.

16.10.3.2 – Gastos com Publicidade e Propaganda: contratações e empenhamen-


tos de despesa
Os gastos da Administração Direta (incluindo-se os Poderes Legislativo,
Judiciário e o Ministério Público), acrescidos dos realizados pelas Autarquias e Fundações,
resultaram num total de R$ 54,8 milhões durante o exercício de 2020, o que representa
um aumento de 42,9% em ralação ao ano anterior.

DESPESAS COM PUBLICIDADE E PROPAGANDA – ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA


Em R$ milhões nominais

PODER/ÓRGÃO 2019 PART % 2020 PART % Var 20/19 %

PODER EXECUTIVO 31,1 81,1% 45,9 83,9% 47,8%


Secretaria de Comunicação 13,4 35,0% 27,4 50,1% 104,5%
Secretaria da Saúde 1,8 4,6% 4,3 7,8% 143,2%
Autarquias e Fundações 14,4 37,6% 12,5 22,9% -13,1%
Demais órgãos 1,5 3,9% 1,7 3,1% 13,3%
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA 7,0 18,2% 8,4 15,3% 20,2%
TRIBUNAL CONTAS DO ESTADO 0,2 0,5% 0,4 0,7% 119,2%
TRIBUNAL DE JUSTICA 0,1 0,2% 0,0 0,1% -59,1%
TOTAL 38,3 100,0% 54,8 100,0% 42,9%
Fonte: Sistema Cubos DW/Sefaz-RS
Cálculos: Equipe técnica SAICE/SAIPAG
Valores empenhados nas ribricas 3029, 3902 e 3933.

O Poder Executivo respondeu por 83,9% da despesa pública empenhada no


ano de 2020. A SECOM foi responsável por 50,1% do total, enquanto as autarquias e
fundações foram responsáveis por 22,9%. Em relação aos demais poderes, a Assembleia
Legislativa aplicou 15,3% do total em publicidade e propaganda.
Houve uma grande variação na comparação com 2019, especialmente nos
gastos da SECOM (aumento de 104,5%) e da Secretaria da Saúde (aumento de 143,2%),
fato este fortemente impactado pela pandemia da Covid-19. O Estado viu-se na obrigação
de alertar a população sobre todas as medidas de distanciamento controlado e restrições
ao comércio.

845
16.10.3.3 – Atuação da Secretaria de Comunicação durante a pandemia da Co-
vid-19:
Com a pandemia da Covid-19, o governo atuou para informar e
conscientizar a população gaúcha sobre. Para isso, além das entrevistas coletivas,
organizadas de forma virtual, houve atuação nos seguintes assuntos e materiais
(informações obtidas junto ao governo estadual):
• Série de vídeos sobre Distanciamento Controlado: 14 episódios (até
dezembro deste ano) que explicam tudo o que é necessário saber sobre o modelo. O
público-alvo é a imprensa e também a população, por isso, há uso de linguagem clara,
didática e informal.
• Podcast semanal Diálogo RS: série de entrevistas em áudio, cujos
episódios são publicados sempre às quintas-feiras, sobre assuntos diversos. De agosto a
dezembro, foram veiculados 20 episódios, dos quais quatro são sobre a Reforma
Tributária e três sobre o coronavírus e temas relacionados ao enfrentamento à doença.
• Série de programetes diários de rádio, enviados para o interior do Estado
sobre o coronavírus, também produzidos pelo Núcleo de Áudio e Vídeo da Secom.
• Oficina para jornalistas sobre o modelo de Distanciamento Controlado:
secretários diretamente envolvidos na elaboração e na execução do modelo ficaram à
disposição por duas horas para interagir diretamente com os jornalistas, respondendo
dúvidas por meio de videoconferência. A participação na oficina foi estendida aos
assessores de comunicação de todas as secretarias do governo do Estado.
• Newsletter diária, enviada ao mailing da imprensa, sobre ações de
combate ao coronavírus.
• Criação de grupos regionais de Whatsapp com intuito de divulgar e dar
ênfase às ações locais.
• Ações de comunicação para a proposta de reforma tributária (cartilha
informativa, série de vídeos, entrevista e drops com o governador, live especial).
• Transmissões on-line de lançamentos, projetos e anúncios de governo.

16.11 – Sociedades de Economia Mista e Entidades Controladas


Ao todo 15 empresas perfazem o universo de sociedades e entidades
controladas pelo Estado Gaúcho, quais sejam:

SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA / ENTIDADE CONTROLADA SIGLA


Banco do Estado do Rio Grande do Sul S.A. Banrisul
Banrisul S.A. – Corretora de Valores Mobiliários e Câmbio Banrisul – Corretora
Banrisul S.A. – Administradora de Consórcios Banrisul – Consórcios
Banrisul Cartões S.A. Banrisul – Cartões
Banrisul Armazéns Gerais S.A. BAGERGS
Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Sul S.A. CEASA/RS
Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul PROCERGS
Companhia Riograndense de Mineração CRM
Companhia Riograndense de Saneamento Corsan
Caixa de Administração da Dívida Pública Estadual S.A. CADIP
Badesul Desenvolvimento S.A.– Agência de Fomento /RS Badesul – AF

846
Empresa Gaúcha de Rodovias EGR
Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul SULGÁS
Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica CEEE – D
Companhia Estadual de Geração e Transmissão de Energia Elétrica CEEE – GT

Em termos de patrimônio total, destaca-se o Banco do Estado do Rio


Grande do Sul - Banrisul, o qual representa 79,1% de total de ativos. Juntamente com a
Companhia Riograndense de Saneamento – Corsan, a Companhia Estadual de Geração e
Transmissão de Energia Elétrica – CEEE – GT, a Companhia Estadual de Distribuição de
Energia Elétrica – CEEE – D, o Banrisul Cartões S.A e o Badesul Desenvolvimento S/A,
representa, em conjunto, 98,3% do total de ativos. Salienta-se que a CEEE-D apresenta
passivo a descoberto.
Em 2020, o Patrimônio Líquido do Banrisul atingiu R$ 8,34 bilhões, com
valor real estável 3,7% superior ao ano anterior. As principais movimentações no PL do
Banco estão relacionadas incorporação de resultados gerados, aos pagamentos de juros
sobre o capital próprio, ao remensuramento do passivo atuarial, em R$104,0 milhões,
referente aos benefícios pós-emprego, e aos ajustes de variação cambial sobre o
patrimônio de dependências no exterior em R$117,1 milhões.
As atividades das diversas empresas do Governo Estadual geraram, em
2020, um lucro líquido de R$ 1,60 bilhão, demonstrado a seguir:

LUCRO LÍQUIDO DAS EMPRESAS/ENTIDADES – 2019 e 2020


Em R$ milhões nominais
SOCIEDADE/ENTIDADES LUCRO LÍQUIDO 2019 LUCRO LÍQUIDO 2020 VARIAÇÃO %
Corsan 301,2 1.814,4 502,4%
Banrisul 1.344,4 727,5 -45,9%
CEEE - GT 391,2 279,0 -28,7%
Banrisul – Cartões 271,6 244,7 -9,9%
SULGÁS 82,7 79,5 -3,9%
Banrisul - Consórcios 44,5 44,0 -1,1%
Badesul - AF 28,1 13,0 -53,7%
PROCERGS -39,5 11,7 -129,6%
BAGERGS 9,6 8,3 -13,5%
Banrisul – Corretora 3,8 2,1 -44,7%
CEASA/RS 0,3 0,2 -30,0%
EGR 0,4 - -100,0%
CADIP -0,0 -0,2 471,4%
CRM -8,9 -6,2 -30,3%
CEEE - D -1.082,5 -1.622,8 49,9%
TOTAL GERAL 2.080,4 1.595,2 -23,3%
Fonte: Balanço Geral do Estado Volume V – 2020
Cálculo: Equipe técnica SAICE/SAIPAG
Obs: Estão computados, na coluna “Resultado do Exercício”, as partcipações, nos casos existentes.

Entre as 15 empresas apresentadas, 12 delas tiveram uma redução em seu


lucro líquido, em comparação de 2020 com 2019. Este fato está ligado a pandemia da
Covid-19, a qual impactou o cenário econômico global.
Destaca-se positivamente, pelo lucro apresentado no exercício, a Corsan,
que apresentou 1,81 bilhão em 2020, contra R$ 301,2 milhões no ano anterior. O lucro
líquido de 2020 foi impactado positivamente pelo reconhecimento de R$ 1,4 bilhões a

847
título de tributos a recuperar no ativo não circulante em função do trânsito em julgado de
ação de imunidade tributária, sendo R$ 863,4 milhões reconhecidos como recuperação
de impostos pagos na rubrica de outras receitas e R$ 545,0 milhões como atualização do
valor na rubrica de receitas financeiras. A quantia envolve a repetição dos impostos
federais (IRPJ e ITR) entre 1988 e 2018, atualizados até dezembro de 2020.
Apesar de redução no lucro, também se destacam o Banrisul, a CEEE – GT e
o Banrisul – Cartões, com lucros líquidos de R$ 727,5 milhões, 279,0 milhões e R$ 244,7
milhões, respectivamente.
De outra banda, a CEE-D obteve um prejuízo de R$ 1,62 bilhão no ano em
análise, representando um aumento de 49,9% ante o prejuízo de R$ 1,08 bilhão no
período de 2019. Os motivos do prejuízo foram os seguintes: a redução de mercado e
maior inadimplência, efeitos diretos da pandemia; o acréscimo das despesas
operacionais, especialmente o incremento das provisões para contingências, resultante
do ingresso de novos processos de origem trabalhista e cível e da revisão de premissas
dos cálculos das provisões destes litígios; a elevação do resultado financeiro, em
consequência da inadimplência dos tributos (ICMS) e da variação cambial negativa dos
empréstimos e financiamentos em moeda estrangeira.
As companhias com os melhores índices de liquidez correntes foram o
Banrisul – Corretora (8,80), a CEEE – GT (3,15), BAGERGS (2,93) e Banrisul Consórcios
(2,85). As empresas PROCERGS, Corsan, EGR, Sulgás e CEEE – D obtiveram índices abaixo
de um.
Quanto à composição de endividamento, as maiores proporções de dívida
de curto prazo estão no Banrisul Cartões, Banrisul – Consórcios, Banrisul – Corretora e
Sulgás, com índices de 0,99, 0,98, 0,95 e 0,95, respectivamente. Já os menores índices, ou
seja, as empresas com a maioria das dívidas sendo de longo prazo estão na CEEE – GT
(0,18) e CEEE – D (0,22).
Já quanto ao retorno sobre o Patrimônio Líquido, destacam-se a Corsan e
Sulgás, com 44,87 e 41,82. De igual forma, as duas empresas obtiveram também os
maiores retornos sobre seus ativos, sendo a Corsan com 26,19 e a Sulgás com 21,07.

16.11.1 – Banrisul
O capital social do Banco, em 31-12-2020, era de R$ 5,20 bilhões, subscrito
e integralizado, representado por 408.974.477 ações, sem valor nominal.
Por força da pandemia da Covid-19, destaca-se a atuação do Banrisul para
mitigar os efeitos financeiros com a prorrogação dos vencimentos de dívidas
(reparcelamentos), concessão de limite extra de crédito, entre outras. Também apoiou
pessoas jurídicas, com linhas de crédito específicas.
Também em 2020 o banco aprovou o Programa de Desligamento
Voluntário – PDV, com custo de aproximadamente R$ 177,0 milhões.
Dentre as operações realizadas pelo Banco em 2019, destaca-se a captação
de recursos por depósitos bancários (R$ 62,82 bilhões), que variou positivamente em
17,0% em relação ao ano anterior. Esse registro, que se configura em uma obrigação com
o depositante, está dividido entre o Passivo Circulante e o Não Circulante

848
(R$ 26,50 bilhões e R$ 36,32 bilhões, respectivamente). No mercado aberto de capitais, o
valor de R$ 4,57 bilhões indicou um aumento de 27,9%, na comparação com 2019.
O Banrisul, em 2020, alcançou o lucro líquido de R$ 727,5 milhões,
registrando uma queda de 45,9% em relação ao ano anterior (R$ 1.344,4 milhões).
No Relatório e Parecer Prévio das Contas do Governador de 2019, constou
um ponto específico sobre os atrasos no repasse das consignações ao Banrisul. Conforme
constou, foram cerca de R$ 50 milhões repassados com até 43 dias de atraso, para além
de outros repasses, envolvendo instituições diversas, o que aumenta ainda mais esse
montante. Após os devidos esclarecimentos do gestor estadual, o aponte foi afastado
pelo Conselheiro-Relator, que entendeu que “...a demora na quitação dos empréstimos
consignados decorreu diretamente do atraso no pagamento da folha, o que justifica a
ocorrência destacada pela equipe, de fato, os descontos consignados dependem
invariavelmente do recebimento da remuneração pelo servidor. E, como bem pontuado
nos esclarecimentos, os vencimentos e os subsídios possuem caráter alimentar, de modo
que as retenções em referência só poderiam ocorrer quando do pagamento integral da
remuneração”.

16.11.2 – Badesul
A Agência de Fomento desembolsou, em 2020, R$ 447,8 milhões
destinados ao financiamento de projetos voltados ao desenvolvimento econômico e
social do Rio Grande do Sul, o que representa um acréscimo de 34,6% em relação aos R$
335,0 milhões liberados em 2019. Com isso, o saldo de operações ativas desta instituição
foi de R$ 1,95 bilhão em dezembro de 2020.
O resultado registrado pelo Badesul no exercício de 2019 foi de
R$ 13,1 milhões, representando uma queda de 53,4% em relação ao exercício anterior
(R$ 28,1 milhões).
Na carteira de operações de crédito, discriminada por setores de atividades
beneficiados por financiamentos, o setor privado é o que concentra o maior estoque.
Nessa esfera, houve um decréscimo de 6,6% em relação ao exercício anterior. A maior
representatividade reside nas operações rurais (R$ 808,6 milhões) e industriais
(R$ 444,1 milhões).
Em 2013, o Badesul aprovou e liberou um financiamento de R$ 50 milhões
para a empresa argentina Wind Power Energia para a construção de uma usina para
produção de energia eólica em Guaíba. O tomador do recurso não deu início às obras e
não devolveu nenhum valor ao Badesul. Além disso, também emprestou R$ 40 milhões
para “Iesa Óleo e Gás” e a empresa entrou em recuperação judicial, não tendo devolvido
o empréstimo para esta Agência de Fomento.
Em relação aos eventos acima relatados, essa Corte de Contas, tendo
identificado inconsistências em concessões de crédito, quando de sua auditoria ordinária
no Badesul, instaurou, em 2015, dois procedimentos de inspeção extraordinária para
examinar o período de 2012 a 2015, quanto a eventuais repercussões de firmatura de
“cédula de crédito bancário” com as empresas Wind Power Energia S/A (Processo 10326-
0200/15-9) e IESA Óleo & Gás S/A (Processo 10046-0200/15-8). Tais processos estão
sobrestados, até que sobrevenha decisão definitiva na Ação por Improbidade no Processo

849
n. 9047666-49.2018.8.21.0001, em curso perante a 7ª Vara da Fazenda Pública da
Comarca de Porto Alegre (consulta em 23-04-2021).
Conforme Notas Explicativas elaboradas pelo Poder Executivo, constantes
do Balanço Geral do Estado de 2020, seguem pendentes R$ 26,73 bilhões de recursos
Fundopem para aumento de Capital do Badesul. O valor representa a parcela de 30% dos
retornos de financiamento destinada ao aumento de capital do Badesul, conforme art. 15
da Lei Estadual nº 11.916/2003, alterado pela Lei Estadual nº 14.744/2015.
O assunto vem sendo apontado nos relatórios anuais desde 2015, sendo
que nos esclarecimentos das contas de 2019, foi citado pelo gestor que, a partir de
reunião realizada entre integrantes da Secretaria da Fazenda e da Secretaria de
Desenvolvimento Econômico e Turismo, identificou-se a necessidade de retomada do
trâmite do processo administrativo em questão, a fim de dar prosseguimento à solução
da pendência, com o início do pagamento nos moldes estabelecidos pela JUNCOF. Citou-
se que, na época, estava sendo aguardada a remessa do PROA 18/1600-0001548-0 à
Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo, pelo BADESUL, para
perfectibilização do empenho.

16.11.3 – Companhia Estadual de Geração e Transmissão de Energia- CEEE – GT


Em 04 de julho de 2019, foi aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado
do Rio Grande do Sul a Lei nº 15.298/2019, que autorizou o Poder Executivo do Estado do
Rio Grande do Sul a promover medidas de desestatização da Companhia Estadual de
Energia Elétrica Participações (CEEE-PAR), da Companhia Estadual de Geração e
Transmissão de Energia Elétrica (CEEE-GT) e da Companhia Estadual de Distribuição de
Energia Elétrica (CEEE-D). No contexto de adesão ao Regime de Recuperação Fiscal, sobre
o qual o Estado do Rio Grande do Sul busca reorganizar-se financeiramente, a alienação
de ativos e participações, ao lado de outras medidas, tem o objetivo de ampliar receitas e
é condicionante para o acordo com a União, nos termos do art.2º, § 1º, da Lei
Complementar nº 159, de 19 de maio de 2017.
O contrato para estruturação do projeto para o processo de desestatização
da CEEE-GT foi assinado pelo acionista controlador, Governo do Estado do Rio Grande do
Sul, e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em 16 de
agosto de 2019. O BNDES está coordenando o projeto, que compreende estudos de
modelagem econômico-financeira, consulta e audiência pública, realização de leilão e
assinatura de contrato entre o setor público e a empresa vencedora. Além de prestar
assessoria jurídica e auxiliar na divulgação do projeto e na interação com o mercado para
a concretização da privatização.
Em 31 de março de 2020, a Administração publicou Fato Relevante,
informando a acionistas e investidores que recebeu do Estado do Rio Grande do Sul,
notificação referente à intenção de realizar o processo de cisão parcial, segregando os
segmentos de geração e transmissão, em consonância com o Processo de Desestatização
da CEEE-GT, sendo que em 27 de novembro foi emitido o CNPJ da empresa Geração, sob
o número 39.881.421/0001-04. Este processo integra o Planejamento Estratégico 2021-
2025 e a expectativa é de que os leilões de desestatização dos negócios de transmissão e
geração sejam realizados, respectivamente, no 1º e 2º semestres de 2021.

850
A CEEE – D, originada da reestruturação societária da CEEE em 2006, é uma
sociedade anônima de capital aberto, tendo como seu acionista controlador o Estado do
Rio Grande do Sul, por intermédio da CEEE – Par, que detém 65,87% do seu capital total.
A Companhia Distribui energia elétrica para um terço do mercado gaúcho,
atendendo 26% do território do Estado. Está presente em 72 dos 497 municípios através
de 59,8 mil km de redes urbanas e rurais, levando energia elétrica a mais de 4 milhões de
pessoas em 1,76 milhão de unidades consumidoras. Atende também 364 consumidores
livres.
Em função da pandemia do COVID-19, observou-se uma diminuição no
número de unidades consumidoras industriais faturadas em dezembro de 2020,
demonstrando uma redução de 2.775 unidades consumidoras industriais, a queda mais
expressiva dos últimos oito anos.
A redução total no consumo foi especialmente ocasionada pelas classes
industrial e poder público com quedas de 23,8% e 18,3%, respectivamente. Por outro
lado, o público residencial aumentou 4,0%. Estas variações estão fortemente vinculadas a
pandemia da Covid-19, e o modelo de trabalho remoto.
Em 16 de novembro foi divulgado fato relevante relativo ao valor
econômico mínimo da operação de R$ 50 mil e ao aporte de capital na CEEE-D de R$
3,363 bilhões, sendo: a) AFAC de R$ 270 milhões na data-base de 30 de junho de 2020; b)
R$ 2,78 bilhões relativo à parte do saldo de ICMS devido ao Estado do Rio Grande do Sul;
e c) R$ 313 milhões relativo aos ex-autárquicos. A eficácia dos aportes fica vinculada ao
êxito da desestatização da Companhia e sua aprovação pelo Conselho Administrativo de
Defesa Econômica e pela ANEEL. No dia 08 de dezembro de 2020 o Governo do Estado do
Rio Grande do Sul publicou o edital da venda do ativo.
O leilão ocorreu no dia 31 de março de 2021, na Bolsa de Valores de São
Paulo, a B3 S.A – Brasil, Bolsa, Balcão. A CEEE-D foi vendida para a holding Equatorial,
sendo que a proposta inicial, de R$ 100 mil foi a única válida no leilão. De acordo com o
governo do Estado, a transferência do controle da concessão para a Equatorial irá ocorrer
entre 60 e 90 dias.

16.11.4 – Corsan
O acionista controlador da Companhia é o Estado do Rio Grande do Sul,
que detém 99,99% do seu capital social.
Visando acelerar a universalização do serviço de esgotamento sanitário nos
Municípios de Alvorada, Cachoeirinha, Canoas, Eldorado do Sul, Esteio, Gravataí, Guaíba,
Sapucaia do Sul e Viamão, a Corsan levou a mercado o projeto de Parceria Público-
Privada (PPP). O contrato foi assinado em 24/03/2020 e a ordem de início foi dada em
03/04/2020. O projeto está em fase de operação assistida pela concessionária desde
01/12/2020. A operação exclusiva da concessionária tem início previsto para 01/06/2021.
A Corsan pretende replicar o modelo de PPP para outros Municípios do
Estado. Para tanto, contratou o BNDES para auxiliar na estruturação de novos projetos.
Em 13/07/2020, houve a reunião de kickoff do projeto entre Corsan, BNDES e consórcio
de consultores. O projeto envolve 41 municípios atendidos pela Companhia e a

851
modelagem abrange a operação e manutenção dos sistemas de esgotamento sanitário,
com execução de obras de infraestrutura, ampliações e melhorias dos sistemas.
Em 18/03/21 o Governo Gaúcho apresentou plano para a companhia, que
envolve a abertura do capital na bolsa de valores de São Paulo, a B3. Com oferta pública
inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) prevista até outubro, o Estado levantaria cerca de
R$ 1 bilhão, conforme previsão do Palácio Piratini. Parte desse recurso será utilizado para
reforçar o capital da companhia e, assim, aumentar o interesse de futuros compradores
da empresa, disse Leite. A ideia é ceder o controle da Corsan, com o governo mantendo
cerca de 30% dos papéis.

16.11.5 – Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul – BRDE


Assim como todas as empresas, foi fortemente afetado pela pandemia da
Covid-19. Com o intuito de minimizar, em parte, os efeitos da pandemia, o banco agiu na
operacionalização de três importantes eixos de atuação: o trabalho remoto dos seus
funcionários, o Programa Recupera Sul e a postergação do pagamento das parcelas de
seus clientes.
O resultado líquido do BRDE teve queda de 28,30% em 2020, alcançando
R$ 199,3 milhões (R$ 278,0 milhões em 2019). O ativo total atingiu o valor de R$ 16,65
bilhões, dos quais R$ 13,21 bilhões referem-se a operações de crédito (líquidas de
provisões). Por outro lado, as obrigações somaram R$ 13,55 bilhões e o patrimônio
líquido totalizou R$ 3,01 bilhões.

16.12 – Transparência, Controle Interno Social


O capítulo assenta-se na Resolução ATRICON nº 9/2018, que estabelece as
Diretrizes de Controle Externo relacionadas à temática da Transparência dos Tribunais de
Contas e dos jurisdicionados, alinhando-se à transparência assumida como valor
institucional do Tribunal de Contas do Estado – PET TCE 2018–2022 –, inclusive a pautar
suas funções finalísticas. Como desdobramento, no Plano de Gestão do TCERS 2020–2021
está prevista a Iniciativa Estratégica nº 2 – Promover ações de fortalecimento dos direitos
fundamentais e do controle social –, que tem entre suas entregas a produção de
“Diagnósticos de conteúdos de Conselhos Sociais a serem incluídos nos processos de
contas anuais”. O escopo dessa análise é ampliado para também incorporar a relevante
posição e atuação do controle interno – a Contadoria e Auditoria-Geral do Estado – CAGE
– como organismo facilitador da boa governança pública, conceito este aqui tomado em
sua acepção mais ampla e consistente com a apreciação das contas anuais objeto deste
Relatório (Lei Complementar nº 13.451/2010, em seu art. 2º, inciso XXXII). O exame
realizado em relação à CAGE também se orientou pelas disposições contidas na
Resolução ATRICON nº 5/2014, atinente às diretrizes de atuação do Tribunal de Contas
em relação ao controle interno.

16.12.1 – Transparência: Gestão Fiscal


Conforme disposto nos artigos 48, 48-A e 49 da Lei de Responsabilidade
Fiscal, com alterações trazidas pelas Leis Complementares nº 131, de 27 de maio de 2009
e nº 156, de 28 de dezembro de 2016, a exigência de transparência dos atos da

852
administração vem sendo ampliada para levar à sociedade informações em tempo real,
por meio eletrônico, relacionadas à execução orçamentária e financeira; o acesso de
informações referentes à despesa ou receita a qualquer cidadão; além da adoção de um
sistema integrado de administração financeira e controle, com um padrão mínimo de
qualidade.
Atendendo ao artigo 59 da LC nº 101/2000, à Resolução nº 1089/2018 e à
Instrução Normativa nº 04/2018 foi realizada avaliação dos dispositivos da LRF no âmbito
do Poder Executivo do Estado do RS referente ao encerramento do exercício financeiro de
2019, na qual foram consideradas as Análises de Acompanhamento da Gestão Fiscal do
1º, 2º e 3º quadrimestres, efetuadas preliminarmente a este Relatório, para fins de
emissão de alertas, no cumprimento da competência de fiscalização da Gestão Fiscal por
este Tribunal de Contas.
A publicação dos Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária e dos
Relatórios de Gestão Fiscal, nos termos dos artigos 52 e 55, § 2º, da Lei Complementar nº
101/2000, incluindo a entrega desses e dos demais documentos exigidos por esta Corte
de Contas (Resolução nº 1089/2018 e Instrução Normativa nº 04/2018), foram assim
efetuadas nos prazos e condições exigidos. Registra-se, ainda, que o acompanhamento
das publicações desses Relatórios (RGF e RREO) e do cumprimento dos limites da despesa
com pessoal é relevante para a emissão de certidão por este Tribunal, atendendo ao
disposto na Resolução nº 1089/2018, na Instrução Normativa nº 04/2018 e segundo as
exigências do Manual para Instrução de Pleitos – MIP, da Secretaria do Tesouro Nacional.
O acompanhamento realizado e a análise dos conteúdos, dos prazos e da
forma de publicação permite afirmar que o Poder Executivo procedeu à publicação e à
entrega da documentação dentro dos prazos e condições estabelecidos em correta
observância dos preceitos legais e parâmetros de transparência.

16.12.2 – Controle Interno: Contadoria e Auditoria-Geral do Estado do RS – CAGE


A Contadoria e Auditoria-Geral do Estado – CAGE integra a estrutura
organizacional da Secretaria de Estado da Fazenda – SEFAZ, e tem como função essencial
zelar pela boa utilização dos recursos públicos em consonância com os princípios e
orientações constitucionais e legais. O exame sobre a atuação do controle interno
realizado pela CAGE fundou-se também nas diretrizes definidas pela Resolução ATRICON
nº 5/2014, atinente à atuação do Tribunal de Contas em relação ao controle interno.
Foi realizado, nos limites impostos pelas contingências funcionais, um
exame descritivo sobre o substrato constitucional (art. 74 da Constituição da República
Federativa do Brasil e art. 76 da Constituição do Estado do Rio Grande do Sul) e legal (Lei
Complementar nº 13.451/2010) de atuação da CAGE, sobre a sua estrutura organizacional
e sobre a estratégia institucional, conforme estabelecido em seu planejamento
estratégico para o período de 2019-2022.114
O Mapa Estratégico da CAGE – 2019 a 2022, que sintetiza não somente os
valores, mas os grandes objetivos institucionais em suas diferentes dimensões tomadas
de forma articulada e balanceada destaca esforços também orientados para o

114
https://cage.fazenda.rs.gov.br/conteudo/1220/planejamento-estrategico (último acesso em 18/05/2021)

853
desenvolvimento da transparência pública e do controle social colocando em evidência a
função mediadora da CAGE em relação à interação Estado–Sociedade.
Assinala-se aqui, nesta perspectiva, especificamente na dimensão da
sociedade, o objetivo estratégico de “Cuidar do patrimônio público e estimular o seu
controle pela sociedade”. Ainda na dimensão dos processos internos, os objetivos
estratégicos de “Aprimorar a transparência e fomentar o controle social” e de “Comunicar
interna e externamente de forma clara e objetiva”. Estes objetivos sinalizam o
reconhecimento, por parte da instituição, de que o envolvimento da sociedade com os
assuntos da administração pública é essencial para o bom governo.
Especificamente acerca da transparência e de controle social a abordagem
da atuação da CAGE (LC nº 13.451/2010, em seu art. 2º, inciso XXXII) destaca-se o
programa Finanças Públicas em Tempo Real115, que permite o acompanhamento das
receitas (por fontes e balancetes) e despesas (balancetes, por período, por função e por
poder). Este programa está relacionado com o Portal de Transparência do Estado RS,
também sob a responsabilidade da CAGE.116
Por fim, assinala-se que, a despeito das relevantes ações da CAGE
orientadas para o fomento à transparência e ao controle social, relativamente ao
imperativo constitucional de apoio ao controle externo, mantém-se a situação apontada
em Relatórios anteriores referente ao não atendimento da decisão do Tribunal Pleno
desta Corte de Contas, a qual estabeleceu a obrigatoriedade de Parecer do Controle
Interno do Estado (CAGE) em todas as Tomadas de Contas das Entidades da
Administração Indireta do Estado, inclusive no Banco do Estado do RS e nas Sociedades
de Economia Mista.

16.12.3 – Conselhos de Políticas Públicas e Controle Social


Esta seção aborda a atuação dos Conselhos Estaduais de Educação, de
Saúde e de Assistência Social do Estado do RS tomados como instâncias plurais e
democráticas de participação na gestão de políticas públicas, notadamente no que
concerne ao controle social. São analisados especificamente aspectos de sua estrutura e
funcionamento, destacando as competências e os limites impostos à sua efetiva atuação
com a finalidade precípua de explicitar possibilidades de aperfeiçoamento da sua
configuração, atividade e resultados entregues à sociedade e à própria Administração.
A produção desta seção inspirou-se, originariamente, no Diagnóstico sobre
os Conselhos de Educação (TCERS, 2019)117, ao que se seguiu o exame contido no
Relatório de análise das contas anuais do exercício de 2019, especificamente em relação
ao Conselho Estadual de Educação – CEEd. No presente Relatório amplia-se este escopo
para alcançar a análise também do Conselho Estadual de Assistência Social – CEAS e do
Conselho Estadual de Saúde – CES.

115
https://www.sefaz.rs.gov.br/Site/MontaMenu.aspx?MenuId=92 (último acesso em 18/05/2021)
116
http://www.transparencia.rs.gov.br
117
Diagnóstico sobre os Conselhos de Educação realizado pelo Tribunal de Contas do Estado do RS (2019):
http://portal.tce.rs.gov.br/portal/page/portal/noticias_internet/textos_diversos_pente_fino/Diagnostico_c
onselhoseducacao2019.pdf [Acesso em 19/04/2021].

854
O exame realizado em relação aos Conselhos enfoca, essencialmente,
aspectos referentes aos contornos de caracterização, criação legal, competências e
estrutura organizacional dos Conselhos. Segue-se uma abordagem sobre a composição e
a qualificação dos membros, além de uma seção também sobre o quadro de pessoal
destes órgãos. A estrutura física e tecnológica dos Conselhos constitui outro item deste
capítulo. Por fim uma seção sobre a atuação dos conselhos tendo por base as suas
competências legais, sendo que neste item atenção especial foi dispensada ao exame das
ações realizadas por cada um deles em relação aos reflexos decorrentes da situação de
pandemia provocada pela Covid-19. Destaca-se, ainda, que a análise da execução
orçamentária é realizada somente em ralação ao Conselho Estadual de Educação – CEEd,
pois se trata da única estrutura desta natureza que dispõe de previsão própria de
recursos no orçamento do Estado.
Refere-se, ainda preliminarmente, que os dados que subsidiam esta análise
foram colhidos principalmente a partir da Requisição de Documentos e Informações –
SAIPAG nº 22/2021 respondida pela Presidência do CES (Ofício-CES/RS/013/2021), da
Requisição de Documentos e Informações – SAIPAG nº 24/2021 atendida pela Presidência
do CEAS, e da Requisição de Documentos e Informações – SAIPAG nº 25/2021 firmada
pela Presidência do CEEd.

16.12.3.1 Conselho Estadual de Educação – CEEd


O exame das condições de estrutura e funcionamento do CEEd enfocou a
composição e a qualificação dos seus 21 membros, revelando um processo de
composição complexo, envolvendo múltiplas representações, densidades e perspectivas
acerca das políticas de educação.
Os membros do Conselho participam de 24 (vinte e quatro) sessões
mensais, sendo remunerados mediante jetons, por sessão, no valor de R$ 170,50. A carga
horária de dedicação às atividades do Conselho Estadual de Educação, conforme dispõe o
Decreto n° 44.318, de 01 de março de 2006 (art. 5°, Inciso II) e declaração firmada pelo
candidato à assunção da vaga de membro do Conselho, é a de um período mínimo de
vinte horas semanais para o exercício das suas atribuições no Conselho.
Em relação ao quadro de servidores do CEEd em 2020, observou-se uma
redução em relação ao exercício de 2019. O Conselho iniciou o ano de 2020 com 24 (vinte
e quatro) servidores e concluiu com 19. A redução deve-se ao fato de que 2 (duas)
servidoras entraram em Licença Saúde, 3 (três) exoneram-se e uma (1) aposentou-se.
Acerca da infraestrutura física e orçamentária para o funcionamento do
CEEd, o exame baseado em informações coletadas permitem observar que a área física
das instalações é compatível com as atribuições do Conselho (Requisição de Documentos
e Informações nº 25/2021).
O Conselho ressente-se, no entanto, de um mobiliário adequado, de
equipamentos de suporte às atividades, em especial mobiliário, computadores,
projetores, telas, redes lógica e elétrica e som, seja para dar suporte às reuniões e
sessões deliberativas do Conselho, seja para o desenvolvimento dos trabalhos das
equipes técnicas.

855
Carências em termos de tecnologia de informação e comunicação também
são manifestadas, em particular o acesso à internet disponibilizado, mediante contrato,
pela PROCERGS em capacidade correspondente a 4096 KPBS, o que segundo a
presidência do Conselho, não atende à necessidade de trabalho (Requisição de
Documentos e Informações nº 25/2021).
Outros aspectos relativos à infraestrutura tecnológica receberam atenção,
notadamente no que diz respeito à rede, telefonia e suporte de TI, a despeito deste
último quesito ainda inspirar cuidados em face da baixa remuneração do servidor
“Responsável pela TI”, investido em Cargo Comissionado com remuneração
correspondente a um CC08 (R$ 1,200,00).
No que diz respeito à disponibilidade de transporte, é referida a existência
de um veículo com capacidade para transportar até sete passageiros, em bom estado de
conservação e uso, com manutenção adequada consideradas as limitações impostas.
Merece destaque, no entanto, as limitações que alcançam o abastecimento do veículo.
Ponto a destacar aqui, ainda, é o fato de o Conselho não dispor de motorista, sendo o
veículo conduzido, segundo informação do CEED. Este aspecto encaminha a necessidade
de atenção especial, notadamente no que se refere a potenciais reflexos em relação à
responsabilidade da agente.
A dotação orçamentária própria fixada para o CEEd, conforme art. 10 da Lei
nº 9.672, de 19 de junho de 1992, para o exercício de 2020 foi de R$ 440,9 mil. Tomando-
se uma série histórica 2017 – 2020, que se estabiliza em 2020 frente a 2019, conforme
Tabela a seguir, percebe-se uma trajetória crescente de alocação de recursos para o
funcionamento do Conselho.
Analisando as rubricas de despesa nos exercícios de 2017 a 2020, percebe-
se que as principais rubricas de despesa do Conselho Estadual de Educação em 2020
mantêm-se as mesmas. Considerando a execução da despesa de 2020 em relação ao
exercício de 2019, observa-se sensível redução nas rubricas relativas a deslocamento de
pessoas; mantendo-se com reduzido acréscimo os valores referentes à manutenção
corretiva de software (4007) e serviço de nuvem (4009). Observa-se mais significativa
elevação na rubrica referente a comunicação de dados (4013).
Quanto à atuação, no ano de 2020 o Conselho realizou um total de 127
(cento e vinte e sete) credenciamentos de instituições de ensino e autorizações de cursos.
Especificamente em relação ao Plano Estadual de Educação, o Conselho
Estadual de Educação ocupa posição relevante, especialmente no acompanhamento da
sua execução das diretrizes e metas ali consignadas, conforme prescreve a Lei Estadual nº
13.005/2015, em seu art. 5º, inciso IV. Conforme informado pela Presidência do
Conselho, em 2018 a Secretaria de Educação criou uma plataforma digital para controle,
avaliação e observação do PEE, contendo estratégias, metas e indicadores para análise e
acompanhamento. Esta ferramenta, no entanto, foi descontinuada.
Na qualidade de Órgão de acompanhamento e fiscalização dos planos de
educação, merece destaque a atuação da Comissão do Ensino Médio e Superior – CEMES
frente às metas 12, 13 e 14 do Plano Nacional de Educação – PNE e metas do PEE, em
especial no tocante à Universidade do Estado do Rio Grande do Sul – UERGS.
O Conselho Estadual de Educação do Rio Grande do Sul – CEEd, no
exercício da função normativa constitucional, autorizou o funcionamento de cursos e

856
credenciou a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – UERGS, através dos Pareceres
CEED nº 480/2002 e nº 1.150/2002; sendo que a CEMES realiza continuamente a análise
dos processos de credenciamento e de renovação de credenciamento das instituições de
ensino superior pertencentes ao Sistema Estadual de Ensino, bem como de autorização e
de reconhecimento dos cursos de graduação e pós-graduação.
No ano de 2020 foram aprovados: a) o Parecer CEEd nº 002, em 8 de julho
de 2020, que orienta as instituições integrantes do Sistema Estadual de Ensino sobre a
reorganização do Calendário Escolar e o desenvolvimento das atividades escolares em
razão da Covid-19; b) a Deliberação CEEd nº 414, em 02 de setembro de 2020, que
responde consulta sobre a expedição de Diplomas pela Universidade Estadual do Rio
Grande do Sul – UERGS, excepcionalmente enquanto permanecerem as medidas
preventivas ao contágio por Covid-19 (a Comissão toma também conhecimento das ações
da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – UERGS referentes à reorganização das
atividades acadêmicas, enquanto perdurar o estado de calamidade pública decretado em
razão da Covid-19, conforme disposto pelo Parecer CEEd nº 002/2020 e acompanha
processos de reconhecimento de cursos de graduação e de pós-graduação stricto sensu);
c) a Resolução CEEd nº 355, de 25 de novembro de 2020, que autoriza e orienta, em
caráter excepcional e experimental, procedimentos para a realização da avaliação
externa, de forma remota, nos processos de reconhecimento e renovação de
reconhecimento de cursos de Graduação da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul –
UERGS, protocolados neste Conselho, até a data da publicação desta Resolução, durante
o período de calamidade pública de saúde, provocada pelo Novo Coronavírus – COVID-19;
d) a Resolução CEEd nº 356, de 08 de janeiro de 2021, que atualiza disposições sobre o
exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação das instituições de educação
superior e dos cursos superiores de graduação e de pós-graduação no Sistema Estadual
de Ensino do Rio Grande do Sul. Esta normativa resulta de um processo de amplo diálogo
com a UERGS e estudos realizados desde 2019 e 2020.
Esta Resolução, bem como todas as ações de monitoramento e fiscalização
do CEEd/RS junto à UERGS objetivam procedimentos que contemplem todas as
estratégias para garantir as metas 12, 13 e 14 dos Planos Nacional de Educação (PNE – Lei
federal nº 13.005/2014) e Plano Estadual de Educação (PEE – Lei estadual nº
14.705/2015).
Neste particular, a propósito, refere-se que a atuação do Conselho Estadual
de Educação – CEEd, especificamente no que se refere aos efeitos da pandemia de Covid–
19 resultou na edição de um conjunto de pareceres e resoluções com vistas a orientar as
entidades mantenedoras e as instituições de ensino integrantes do Sistema Estadual de
Ensino com vistas a mitigar os efeitos das condições adversas decorrentes da pandemia
sobre a trajetória escolar, o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças e dos
estudantes.
O CEEd também elaborou o documento Indicativos Pedagógicos para a
Reabertura das Instituições de Ensino no RS, cujo objetivo foi contribuir com os gestores
educacionais quando do planejamento de retorno às atividades escolares de forma
presencial.
Em síntese, o CEEd revela-se um Órgão de atuação fundamental no
exercício das funções de fiscalização e de controle social, mas que enfrenta sensíveis

857
fragilidades na sua estrutura, notadamente relacionada a pessoal e tecnologia, o que
sugere um olhar mais acurado acerca das potencialidades que o Conselho apresenta
como organismo de qualificação da Educação no âmbito do Estado do RS e o profundo
repensar dos processos organizacionais orientados para o fortalecimento qualitativo das
suas estruturas, mais fortemente assentado em recursos de tecnologia da informação e
comunicação.

16.12.3.2 Conselho Estadual de Assistência Social – CEAS


O Conselho Estadual de Assistência Social do Rio Grande do Sul – CEAS/RS
foi instituído pela Lei Estadual nº 10.716/96. Está vinculado à estrutura da Secretaria de
Estado do Trabalho e Assistência Social – STAS, que assegura apoio administrativo e
dotação orçamentária para seu funcionamento.
O CEAS é composto por 18 (dezoito) Conselheiros titulares e seus
correspondentes suplentes, que representam 9 (nove) entidades da sociedade civil, 8
(oito) órgãos e entidades da administração pública estadual (Secretaria da Agricultura,
Pecuária e Desenvolvimento Rural; Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão;
Secretaria da Educação; Secretaria de Segurança Pública; Secretaria da Saúde; Secretaria
do Trabalho e Assistência Social; Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas
Públicas para Pessoas com Deficiência e com Altas Habilidades no Rio Grande do Sul –
FADERS e Fundação de Proteção Especial) e a Federação das Associações de Municípios
do Estado do Rio Grande do Sul – FAMURS. Nos termos do artigo 7º da sua lei de
instituição – Lei nº 10.716/1996 – o exercício das funções de Conselheiro do CEAS é
considerado de interesse público relevante, não havendo qualquer tipo de remuneração.
Conforme resposta formulada à Requisição de Documentos e Informações
nº 24/2021, o quadro de pessoal atuante na Secretaria executiva do CEAS no exercício de
2020 é composto de 4 (quatro) servidores públicos estatutários com carga horária de 40h
semanais, sendo uma delas servidora eventual (não exclusiva da Secretaria Executiva), e 1
(um) estagiário. Os profissionais exercem atividades de apoio técnico e administrativo,
além da titular do cargo de secretária executiva.
Em termos de infraestrutura física é informado que a infraestrutura física
conta com mobiliário próprio, suficiente e em boas condições de uso e estado de
conservação. Sobre a disponibilidade de recursos tecnológicos, o CEAS apresenta
limitações em termos de equipamentos e disponibilidade de acesso à rede wi-fi da
Secretaria do Trabalho e Assistência Social – STAS, impactando sobe o trabalho, em
especial a participação dos membros do Conselho residentes no interior do Estado. Ainda
no que diz respeito à infraestrutura de tecnologia da informação, o Conselho se ressente
de não dispor de plataforma de suporte a reuniões virtuais que possibilite a gravação das
reuniões, com reflexos no subsequente registro formal das reuniões em atas e eventual
necessidade de consulta ao que foi deliberado.
Conforme informado a partir da Requisição de Documentos e Informações
SAIPAG nº 24/2021, no exercício de 2020 o CEAS realizou 24 (vinte e quatro) Sessões
Plenárias Ordinárias; 5 (cinco) Sessões Plenárias Extraordinárias; 9 (nove) Reuniões
Ampliadas das Comissões; 4 (quatro) Reuniões Ampliadas da Mesa Diretora com os
Coordenadores das Comissões; 17 (dezessete) Reuniões de Mesa Diretora; e, ainda, 43
(quarenta e três) Projetos do Programa de Apoio à Inclusão e Promoção Social – PAIPS

858
foram ou estão em análise. Em termos de produção normativa, no exercício de 2020
foram editadas 22 (vinte e duas) Resoluções.
Especificamente no que concerne aos reflexos da pandemia de Covid-19, o
Conselho Estadual de Assistência Social – CEAS subscreveu, juntamente com o Colegiado
Nacional de gestores Municipais de Assistência Social – COEGEMAS, a Federação das
Associações de Municípios do Estado do RS – FAMURS e a Secretaria do Trabalho e
Assistência Social – STAS, a Resolução Interadministrativa nº 01, de 20 de março de 2020,
que estabeleceu os procedimentos a serem adotados nos serviços, programas e projetos
da Política de Assistência Social na prevenção de contágio pelo Coronavírus – COVID 19.
No que se refere à competência do CEAS prevista no inciso I do art. 2ª da
Lei Estadual nº 10.716/1996 – aprovar a política estadual de assistência social – a
Presidência do CEAS afirma que o órgão gestor da política de assistência social – a
Secretaria do Trabalho e Assistência Social – STAS – encaminhou ao CEAS em 30 de
setembro de 2020 o Plano Estadual de Assistência Social – PEAS para exame e aprovação
do Conselho de Assistência Social.
No que se refere especificamente ao zelo “pela efetivação do sistema
descentralizado e participativo da assistência social”, competência prevista no inciso II do
art. 2º da Lei Estadual nº 10.716/1996, a presidência do CEAS destaca que as principais
ações realizadas com este intento em 2020 concentraram-se nas atividades de apoio
técnico aos Conselhos Municipais de Assistência Social e na realização dos Ciclos de
Debates do Conselho Estadual com seus congêneres municipais.
Por fim, mais especificamente no que concerne à relação entre o CEAS e a
Secretaria Estadual do Trabalho e Assistência Social – STAS, são referenciadas pela
Presidência do CEAS fundamentalmente a inobservância de fluxos de solicitações
encaminhadas pela Secretaria para deliberação do Conselho, e questionamento por parte
da Secretaria sobre competências e deliberações do Conselho, afetando a celeridade e a
efetividade dos processos que requerem a atuação do CEAS.

16.12.3.3 Conselho Estadual de Saúde – CES


O Conselho Estadual de Saúde – CES, nos termos da Lei Estadual nº 10.097,
de 31 de janeiro de 1994, é um órgão colegiado deliberativo, constituído de forma
paritária, que tem como atribuições a formulação de estratégias e o controle da execução
da política estadual de saúde, inclusive sob a perspectiva econômica e financeira. O CES
incide, ainda, na proposição e aprovação de diretrizes para a elaboração do Plano
Estadual de Saúde e na avaliação do modelo estadual de gestão do Sistema Único de
Saúde – SUS e fiscalização da gestão do Fundo estadual de Saúde, em relação ao qual
aprecia e manifesta-se trimestralmente acerca de suas contas. O conselho também
acompanha e contribui com a atuação e o fortalecimento dos Conselhos Municipais de
Saúde. 118
A natureza de controle do social do Conselho, a exemplo das demais
instâncias dessa natureza antes examinadas, é materializada na sua composição
diversificada deste espaço de discussão e deliberação que envolve 41 membros
representando o governo, os prestadores de serviços de saúde, os profissionais de saúde

118
http://www.ces.rs.gov.br/conteudo/573/Conselho-Estadual-de-Saude (Acesso em 10/03/2021).

859
e os usuários. Em observância ao que dispõe a Lei Estadual nº 10.097, de 31 de janeiro de
1994, os membros do CES não possuem carga horária estabelecida, sendo detentores de
cargo de relevância pública, sendo nomeados pelo Governador do Estado para mandatos
de 2 anos e permitidas reconduções.
A estrutura de pessoal do Conselho Estadual de Saúde é composta por
servidores integrantes do quadro de servidores da Saúde Pública, instituído nos termos
da Lei Estadual nº 13.47/2010, sendo formado por 11 (onze) pessoas. Esta composição
conta com 4 (quatro) servidores estatutários.
Em termos de infraestrutura física e tecnológica o Conselho possui boas
condições de mobiliário a fim de atender as necessidades operacionais.
O CES realizou um total de 42 sessões Plenárias. Destas, 19 (dezenove)
Sessões Plenárias Ordinárias e 2 (duas) Sessões Plenárias Extraordinárias (sendo três delas
presenciais). Incluídas neste montante, foram realizadas, ainda, 20 (vinte) Sessões
Plenárias Macrorregionais e 1 (uma) Sessão Plenária Estadual de Conselhos Municipais de
Saúde.
A estas atividades institucionais de aproximação, interação, participação,
transparência e controle social realizado pelo Conselho Estadual da Saúde no exercício de
2020, também em consonância com a sua competência, somam-se a análises e estudos
que resultaram na elaboração e expedição de Resoluções, Moções e Recomendações.
Particularmente no que se refere à atuação do Conselho Estadual de Saúde
– CES em relação aos reflexos da pandemia de Covid-19, são referenciadas, em resposta à
RDI SAIPAG nº 22/2021 a presidência do órgão refere a edição das manifestações acima
indicadas que entende ter encerrado potencial impacto positivo no cenário de saúde,
notadamente me termos de disponibilidade de leitos e insumos, e de controle dos
contágios.
Quanto aos aspectos que afetam o bom funcionamento do Conselho
Estadual de Saúde – CES, são referenciados a não-homologação das resoluções aprovadas
pelo CES, bem como a falta de servidores.
Em síntese, o CES revela-se um Órgão de atuação fundamental no exercício
das funções de fiscalização e de controle social, mas que enfrenta sensíveis fragilidades
na sua estrutura, notadamente relacionada a pessoal, o que sugere um olhar mais
acurado acerca das potencialidades que o Conselho apresenta como organismo de
qualificação das políticas públicas de saúde âmbito do Estado e municípios.

860
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PARECER MPC 11955/2021


Processo nº 000016-0200/20-2
Relator: CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL
Matéria: CONTAS ANUAIS – EXERCÍCIO DE 2020
Órgão: GABINETE DO GOVERNADOR
Gestor: EDUARDO FIGUEIREDO CAVALHEIRO LEITE

CONTAS ANUAIS. PARECER PRÉVIO SOBRE AS CONTAS DO


GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL.
Infringência de dispositivos constitucionais e legais. Ampliação do
orçamento sem a efetiva existência de dotações e recursos. Não
apresentação de plano de ação voltado ao equilíbrio fiscal. Falta
de plano para recomposição do SIAC. Irregularidades na
aplicação de recursos do FUNDEB. Não aplicação dos
percentuais mínimos exigidos nas Constituições da República e
do Estado na área da saúde. Revisão da segregação de massas
previdenciárias sem autorização prévia da Secretaria de
Previdência. Inconsistências contábeis. Hipóteses previstas na
Resolução TCE nº 1.142/2021, que dispõe sobre os critérios para
apreciação das contas anuais. Emissão de parecer prévio
desfavorável à aprovação das contas. Ciência à Procuradoria
Regional Eleitoral e à Procuradoria-Geral de Justiça.
Recomendação ao Gestor. Determinação à DCF.

Para exame e parecer deste Ministério Público de Contas, o Processo


em epígrafe, que versa sobre as contas do Excelentíssimo Senhor Governador do
Estado do Rio Grande do Sul, EDUARDO FIGUEIREDO CAVALHEIRO LEITE,
relativas ao exercício de 2020.

Consigna-se, inicialmente, a alteração metodológica ocorrida no


presente exercício, que passou a adotar o IPCA (Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo), apurado pelo IBGE, em substituição ao IGP-DI (Índice Geral
de Preços – Disponibilidade Interna), calculado pela FGV, para fins de atualização
monetária dos valores de exercícios anteriores, nas situações em que tal situação
se revele oportuna à comparabilidade dos dados.

O exame procedido pela Equipe Técnica do Serviço de Auditoria,

861
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Instrução do Parecer Prévio e Acompanhamento da Gestão Fiscal – SAIPAG –,


vinculado à Supervisão de Auditoria e Instrução de Contas Estaduais – SAICE –
encontra-se na peça 3546892, do qual resultou, no item 14 do trabalho, o
destaque de 56 itens passíveis de esclarecimentos.

Ditos aspectos foram evidenciados pela Equipe Técnica em dois


subitens, sendo 14.1 - Matérias já apontadas no exame das contas do ano
anterior (itens 1 ao 44) e 14.2 - Novos pontos para esclarecimentos (itens 45
ao 56).

Procedendo à análise (peça 3728476) dos esclarecimentos (peça 3712818) e dos


documentos apresentados119, o SAIPAG manifestou-se pelo afastamento dos
apontes correspondentes aos itens 33 (transferência das instalações da Reitoria
da UERGS), 43 (pendência de capitalização do BADESUL, desde 2015, no valor
nominal de R$ 26,7 milhões), 50 (incerteza do custo de transição da migração de
servidores entre regimes previdenciários), 54 (expressividade de valores do
Salário Educação em Restos a Pagar), 55 (piso salarial dos professores) e 56
(inscrições de valores em Restos a Pagar).

Passa-se, então, à abordagem dos 50 itens mantidos pela área


técnica como apontes, cujos enquadramentos, nos títulos que seguem,
expressam o entendimento deste Órgão Ministerial.
I – APONTES MANTIDOS, COM A RESPONSABILIZAÇÃO DO
GESTOR

2) Assunção de obrigações que extrapolaram os créditos


orçamentários do exercício, registradas na conta Obrigações Pendentes de
Execução Orçamentária (Passivo Circulante), em afronta ao disposto no inciso II
do artigo 167 da Constituição da República120.
A evolução do valor nominal, de R$ 632,5 milhões em 2019 para
R$ 747,3 milhões em 2020, representa um incremento de R$ 114,8 milhões

119
Peças 3712819, 3712817, 3712780, 3712825, 3712781, 3712783, 3712826, 3712785, 3715332,
3715317, 3715316, 3715326, 3715437, 3715422, 3715444 e 3715425.
120
Art. 167. São vedados: (...) II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que
excedam os créditos orçamentários ou adicionais;

862
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

(18,15%).

3) Vinculação indireta da receita do ICMS a despesas


específicas, em afronta ao disposto no inciso IV do artigo 167 da Carta Magna121,
decorrente de previsão contida no RICMS que viabiliza a apropriação de crédito
presumido para o ressarcimento de taxas de serviço estaduais, relacionadas a
atividades específicas, previstas na Lei nº 8.109/1985122. A situação também
resulta na sobrevalorização da RCL e RLIT, relativamente às taxas que,
contabilizadas como receitas se transformam em créditos presumidos,
ocasionando repercussões sobre importantes indicadores da Gestão Fiscal,
como limites de despesas com pessoal e dívida pública, além das aplicações
em ASPS e MDE.
4) Concessões de desonerações fiscais relacionadas ao ICMS,
bem como prorrogação da sua vigência, fundamentadas em dispositivo genérico
constante do artigo 58 da Lei Estadual nº 8.820/1989123, cuja apreciação pela
Assembleia Legislativa, nos termos do parágrafo único do mesmo artigo, não
restou comprovada.
5) Não aplicação, no exercício em análise, da totalidade dos
R$ 303,4 milhões de recursos nele arrecadados pelo Fundo de Proteção e
Amparo Social do Estado do Rio Grande do Sul – AMPARA/RS124 –, instituído
pela Lei Estadual nº 14.742/2015, com a finalidade de viabilizar a toda a
população do Estado o acesso a níveis dignos de subsistência125. Caracterização
de desvio de finalidade, na medida em que parte dos recursos obtidos foram
disponibilizados ao SIAC (Sistema Integrado de Administração de Caixa).
6) Gestão fiscal: insuficiência financeira de Recursos Livres, que ao final do

121
Art. 167. São vedados: (...) IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa (...).
122
Art. 1º - A Taxa de Serviços Diversos será cobrada pelo Estado, na forma desta Lei, em razão de
atividade especial dirigida ao contribuinte, de acordo com a Tabela de Incidência anexa.
123
Art. 58 - Sempre que outro Estado ou o Distrito Federal conceder benefício fiscal ou financeiro que
resulte em redução ou eliminação, direta ou indiretamente, de ônus tributário relativo no ICMS, com
inobservância de disposições da legislação federal que regula a celebração de acordos exigidos para tal fim,
o Poder Executivo poderá adotar as medidas necessárias à proteção da economia do Estado, podendo,
inclusive, conceder benefício semelhante.
Parágrafo único - O benefício concedido com base no "caput" será apreciado pela Assembléia Legislativa,
a contar da data da publicação do Decreto correspondente, observados o rito e o prazo previstos no artigo
62 da Constituição do Estado, independentemente de solicitação, e, se aprovado, terá efeito coincidente com
o previsto no referido Decreto.
124
Os recursos têm origem no adicional de dois pontos percentuais às alíquotas internas do ICMS,
incidentes sobre as operações especificadas no artigo 13-A da Lei mencionada, vigente até o final do
exercício de 2025.
125
Desde a criação do Fundo, em 2016, houve o ingresso de R$ 1,37 bilhão, sendo que somente R$ 1,02
bilhão foi empenhado, havendo um saldo de Passivo Potencial de R$ 351,9 milhões. Em 2019 o Passivo
Potencial era de R$ 336,4 milhões.

863
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

exercício totalizava R$ 29,96 bilhões126.

8) Gestão fiscal: não atingimento da meta de resultado nominal


estabelecida na LDO – Lei nº 15.304/2019127.
9) Gestão fiscal: não apresentação de plano de ação visando ao
atingimento do equilíbrio fiscal.
10) Não apresentação de cenários e projeções financeiras
relativamente à eventual adesão ao Regime de Recuperação Fiscal, junto à
União.
11) Carência de planejamento para recomposição dos valores
resgatados do SIAC.

Embora em 2020 tenha ocorrido restituição da ordem de R$ 3,45


bilhões às contas, o aponte é mantido em função da não apresentação de
planejamento visando às ações futuras que viabilizem a recomposição
integral dos valores resgatados.

12) Não apresentação de plano de ação visando ao atendimento do


prazo, previsto na EC nº 109/2019 (até o ano de 2028), para quitação do
estoque de precatórios, que em 2020 apresentava saldo de R$ 15,34 bilhões128.
13) Existência de saldos em Depósitos de Terceiros (Passivo
Circulante), no total de R$ 66,5 milhões129, indicativos de pendências de repasses
ao Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul – IPERGS –, de
contribuições previdenciárias retidas dos servidores. Do montante, R$ 10,6
milhões referem-se a recursos do FUNDOPREV, cuja falta de transferência
impediu sua capitalização, impondo prejuízos ao equilíbrio financeiro e atuarial do

126
O valor representa uma redução real de 6,9% em relação à insuficiência do exercício precedente (R$
32,18 bilhões), no qual tinha ocorrido incremento real de 11,6% sobre a insuficiência verificada no último
exercício da gestão anterior (2018) – R$ 28,85 bilhões.
127
A evolução da Dívida Fiscal Líquida no período de 2019-2020, que atingiu o montante de R$ 4,01
bilhões, superou em 203,20% a meta máxima estabelecida na LDO (R$ 1,32 bilhão). Em 2019 a DFL de R$
5,06 bilhões havia superado em 252,22% a meta de R$ 1,44 bilhões.
128
Em 2019 o saldo era de R$ 15,64 bilhões.
129
Sendo R$ 55,9 milhões do Regime de Repartição Simples e R$ 10,6 milhões do Regime de
Capitalização (FUNDOPREV).

864
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Fundo130.

14) Pendências de repasses das contribuições patronais


empenhadas ao FUNDOPREV, registradas no Balanço Patrimonial do Estado em
Restos a Pagar Processados, no valor de R$ 31 milhões, impondo prejuízo
financeiro ao Fundo de Capitalização, em face da inviabilidade de aplicação dos
recursos desde a data em que devidos131.

15) Falta de empenhamento das contribuições patronais ao Fundo


de Assistência à Saúde – FAS –, especialmente daquelas incidentes sobre as
pensões pagas, sendo R$ 52,8 milhões de competência do exercício em
análise132.

16) Atrasos nos repasses das contribuições patronais empenhadas


em favor do FAS, cujo saldo dos Restos a Pagar atingiu o montante de R$ 110,8
milhões133, sendo 98,63% desse valor de responsabilidade da Administração
Direta do Poder Executivo.

18) Saldos bancários de recursos do FUNDOPREV apresentaram


valores a menor, no cotejo com os resultados acumulados desde a sua criação
(2011 a 2020), bem como com o Demonstrativo de Receitas e Despesas do
RPPS – Plano Previdenciário, constante do Relatório Resumido de Execução
Orçamentária (RREO). Divergências de R$ 135,9 milhões e de R$ 151,4 milhões,
respectivamente, evidenciando a necessidade de conciliação bancária134.

19) Publicação do Demonstrativo da Projeção Atuarial do Plano Financeiro do


RPPS (Anexo 10 do RREO) em desacordo com as orientações da Secretaria do

130
O valor total representa decréscimo de 52,80% relativamente ao saldo do exercício precedente (R$
140,9 milhões) e de 48,33% àquele existente ao final da gestão anterior (R$ 128,7 milhões).
131
A importância expressa redução de 32,17% em relação ao exercício anterior (R$ 45,7 milhões) e de
27,91% relativamente ao saldo registrado ao final da gestão anterior (R$ 43 milhões).
132
Em 2019 o valor não empenhado foi de R$ 20,1 milhões.
133
Posição de 31/01/2021, considerando-se que o total empenhado em 2020 deveria ser integralmente pago
até 15/01/2021. Em 2019 o valor total era de R$ 199,3 milhões; em 2018 de R$ 151,8 milhões.
134
Em 2019 as diferenças eram de R$ 9,2 milhões e de R$ 143,7 milhões, respectivamente.

865
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Tesouro Nacional, e em divergência com os valores oficiais e corretos a ela


informados, decorrendo superestimativa indevida de saldo negativo
previdenciário, ao longo dos anos que compõem a projeção atuarial,
relativamente aos dados publicados.

20) Desatendimento ao disposto no artigo 202 da Constituição


Estadual, que estabelece a aplicação mínima de 35% da Receita Líquida de
Impostos e Transferências – RLIT – na Manutenção e Desenvolvimento do
Ensino – MDE. Haja vista o atingimento do índice de 28,12% da RLIT135,
deixaram de ser aplicados recursos no montante de R$ 2,43 bilhões.

21) Manutenção de recursos do FUNDEB em contas bancárias sem


vinculação específica e privativa ao referido Fundo.

22) Inobservância do disposto no § 2º do artigo 21 da Lei Federal nº 11.494/2007,


relativamente aos recursos do FUNDEB que, recebidos no exercício de 2019 e
nele não aplicados, poderiam ser objeto da abertura de créditos adicionais no
primeiro trimestre de 2020.

23) Aplicação indevida de recursos do FUNDEB, no montante de


R$ 1,56 bilhão, em despesas relativas à contribuição patronal de inativos ao
RPPS e para cobertura do denominado deficit no pagamento de
aposentados, em desacordo com os artigos 70 e 71 da Lei Federal nº
9.394/1996.

O valor revela incremento de 33% em relação àquele identificado


no exercício precedente (R$ 1,17 bilhão).

24) Existência indevida de saldos negativos em contas de recursos


vinculados à educação, decorrendo a criação de ativos potenciais fictícios, bem
como realização de empenhos à conta de recursos vinculados para os quais não
houve ingresso de receitas correspondentes.

135
Em 2019 o índice foi de 27,32%.

866
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

25) Não utilização de conta única e específica, junto ao Banco do


Brasil ou Caixa Econômica Federal, para a movimentação dos recursos do
FUNDEB136, além de transferência indevida desses recursos para o SIAC, que ao
final de 2020 totalizavam de R$ 310,1 milhões, caracterizando a sua utilização
para finalidades distintas.

26) Não inclusão, na base de cálculo das contribuições ao


FUNDEB, da arrecadação de ICMS decorrente da Lei nº 14.742/2015, que criou
alíquota adicional de 2%, destinada ao fundo AMPARA.

27) Definição da complementação de recursos estaduais ao


PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) desvinculada de critérios que
levem em conta as necessidades nutricionais dos alunos.

28) Não disponibilização de informações orçamentárias acerca


dos investimentos em educação, com grau de detalhamento correspondente ao
do SIOPE (Sistema de Orçamentos Públicos em Educação), sistema não
alimentado pelo Estado.

30 e 31) Cômputo indevido de despesas com Ações e Serviços


Públicos de Saúde (ASPS): contribuições patronais ao IPE-Saúde de servidores
não integrantes da SES e da FEPPS – R$ 686,5 milhões; aposentadorias,
pensões e encargos sobre a folha de pagamento dos inativos – R$ 324,5 milhões;
folha de pagamento de pessoal ativo (R$ 113,4 milhões) e outras despesas
correntes (R$ 35,3 milhões) de órgãos alheios à saúde137.

Como decorrência do ajuste desses dispêndios, efetuado pelo SAIPAG


na Tabela da pág. 520 da peça 35468952, resultariam aplicados em ASPS

136
Em afronta à Portaria Conjunta STN/FNDE nº 02/2018.
137
Utilizados valores da Tabela constante da pág. 480 da peça 3546892, na qual foram evidenciados os
cálculos dos índices constitucionais. Embora os valores apresentem pequenas divergências em relação
àqueles indicados pelo SAIPAG na Tabela da pág. 520 da mesma peça, correspondente aos ajustes das
despesas com ASPS, não alteram o percentual ajustado.

867
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

recursos no montante de R$ 3.138,80 milhões138, evidenciando o desatendimento


dos percentuais mínimos de aplicação estabelecidos nas Constituições Federal139
e Estadual140, na medida em que corresponde a 8,87% da RLIT (R$ 35.389,8
milhões), e a 9,46% da RTL (R$ 33.196,4 milhões), ambas indicadas na Tabela
da pág. 480 da peça 3546892.

Ditos percentuais situam-se ligeiramente abaixo daqueles apurados no


exercício precedente (8,99% da RLIT e 9,59% da RTL).

Em linha de coerência com a conduta que tem pautado os


posicionamentos deste Órgão Ministerial, à luz das conhecidas dificuldades
financeiras do Estado, considera-se que o decréscimo dos percentuais aplicados,
aliado à não apresentação de plano de ação voltado ao seu incremento
gradativo, constituam razões a corroborar a desaprovação das presentes contas.

32 e 34) Insuficiência na aplicação de recursos no Financiamento do


Ensino Superior Público e do Ensino Superior Comunitário, desatendendo ao
disposto no § 3º do artigo 201 da Constituição Estadual, alterado pela Emenda
Constitucional nº 66/2012, que estabelece a aplicação mínima de 0,5% (R$ 164,3
milhões) da Receita Líquida de Impostos Próprios – RLIP (R$ 32,87 bilhões).

Mesmo que considerados os dispêndios com a UERGS (R$ 94,3


milhões) a aplicação atingiria somente o índice de 0,29% da RLIP.

35) Desatendimento ao disposto no artigo 236 da Constituição


Estadual, que estabelece a aplicação mínima de 1,5% da Receita Líquida de
Impostos Próprios – RLIP – no Fomento ao Ensino e à Pesquisa Científica e
Tecnológica – FEPCT. Considerando-se o atingimento do índice de 0,10% da
RLIP141, deixaram de ser aplicados recursos no montante de R$ 458,7 milhões.

138
Consoante mencionado na Nota de Rodapé nº 21, há pequenas divergências de valores (consta da
Tabela a aplicação de R$ 3.140,14).
139
A Emenda Constitucional Federal nº 29/2000 estabeleceu o mínimo de 12% da RLIT.
140
A Emenda Constitucional Estadual nº 25/1999 fixou o mínimo de 10% da RTL.
141
Em 2019 foi 0,09%.

868
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

36) Manutenção de recursos da saúde em contas bancárias sem


vinculação específica e privativa às ASPS.

37) Deficiências na evidenciação contábil, na mensuração e no


detalhamento das dívidas do Estado para com os Fundos Municipais de Saúde,
que remontam ao exercício de 2013 e se encontram registradas na conta
Obrigações Pendentes de Execução Orçamentária.

38) Deficiências na evidenciação contábil, na mensuração e no


detalhamento das dívidas do Estado para com os Hospitais, que remontam ao
exercício de 2013 e estão registradas na conta Obrigações Pendentes de
Execução Orçamentária.

39) Insuficiência do plano para recomposição do quadro de servidores da área


de segurança, considerando-se que o número de cargos vagos no âmbito da
Secretaria correspondente se encontra próximo de 50%.

40) Verificação de deficit real142 de 16.029 vagas no Sistema


Prisional do Estado143, correspondente a 61% daquelas existentes (26.293
vagas).

41) Inexistência do Plano Anual de Publicidade e Propaganda


Governamental, previsto na Lei Estadual nº 14.733/2015, Anexo I, alínea “e” das
atribuições da Secretaria de Comunicação (SECOM).

44) Não adoção de providências suficientes a assegurar, ainda no


período sob exame, as condições necessárias ao efetivo exercício do Controle
Interno, pela CAGE, na totalidade dos órgãos integrantes da administração direta
e indireta do Estado.

45) Divergência de R$ 318,9 milhões, a menor, no saldo existente na


conta corrente do Fundo de Proteção e Amparo Social do Estado do Rio

142
No cálculo do deficit real a Equipe informa desconsiderar as vagas ociosas, existentes em algumas casas
prisionais, em face da impossibilidade de mera transferência de presos.
143
Em 2018 era de 14.989 vagas; em 2019 de 18.192 vagas.

869
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Grande do Sul — AMPARA/RS junto ao SIAC (R$ 33,0 milhões), se cotejado


com o valor do Passivo Potencial de R$ 351,9 milhões, correspondente ao
montante dos recursos ainda não aplicados nas finalidades do fundo.

46) Inobservância do Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor


Público (MCASP) relativamente à contabilização das renúncias de receita em
contas dedutoras.

47) Demonstrativo de Desonerações Fiscais: inexistência de


projeção da renúncia fiscal relativamente ao instituto do não estorno de créditos
fiscais, como também de informações quanto aos objetos de aplicação dos
recursos das desonerações fiscais.

48) Falta de clareza quanto aos critérios adotados nos cálculos


bimestrais que resultaram em contingenciamento de dispêndios acima do
necessário pelos Poderes e Órgãos Autônomos do Estado.

49) Transposição de aproximadamente 17 mil servidores do Regime


Financeiro de Capitalização (FUNDOPREV) para o Regime Financeiro de
Repartição Simples (RFRS), caracterizando revisão da segregação de massas
previdenciárias, sem autorização prévia da Secretaria de Previdência, em
afronta à legislação incidente.

Importa consignar que, quando da publicação da Lei Estadual nº


15.511/2020, que tratou do tema, a transferência de servidores e patrimônio do
FUNDOPREV para o RFRS encontrava-se expressamente vedada pela Portaria
MF nº 464/2018.

Ainda que se cogitasse considerar as alterações promovidas em seu


texto, por intermédio da Portaria SEPRT/ME nº 3.725/2021, que excepcionalizou
tal possibilidade, a revisão da segregação somente poderia ocorrer após análise
prévia da Secretaria de Previdência, que até o momento não ocorreu.

Portanto, inobstante ainda não tenha ocorrido a transferência de


patrimônio, o relatório técnico consigna já ter sido implementada a transposição

870
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

dos servidores, cujas contribuições previdenciárias (deles retidas e acrescidas


das patronais) foram apropriadas, ainda em 2020, ao RFRS, materializando a
irregularidade.

51) Divergências entre os quantitativos de servidores ativos,


inativos e pensionistas disponibilizados no Painel de Informações de Pessoal,
relativamente àqueles anteriormente constantes do Boletim Informativo de
Pessoal.

52) Não apresentação de Plano de Ação visando à adequação dos


gastos com a MDE, considerando-se a necessária exclusão dos dispêndios
com inativos e pensionistas do cálculo dos índices mínimos constitucionais, a
partir do exercício de 2021, forte na Emenda Constitucional nº 108/2020.

53) Não apresentação de Plano de Ação visando ao atendimento do


índice mínimo estabelecido na Constituição Estadual, para aplicação de 35%
da Receita Líquida de Impostos e Transferências (RLIT) na MDE.

II – APONTES MANTIDOS, SEM A RESPONSABILIZAÇÃO DO


GESTOR

1) Falta de detalhamento, no anexo I.d da Lei de Diretrizes


Orçamentárias para o exercício de 2020, dos demonstrativos referentes à
estimativa e compensação da renúncia de receita e da margem de expansão das
despesas obrigatórias de caráter continuado, em inobservância ao disposto no
artigo 4º, § 2º, inciso V, da LRF.

Ao exarar os Pareceres MPC nºs 3794/2019, 14986/2019 e


322/2021, correspondentes, respectivamente, aos exercícios de 2017, 2018 e
2019, este Parquet já alertou sobre a necessária observância à data da prática
dos atos administrativos considerados desconformes.

No caso, embora o aponte seja focado na LDO do exercício


examinado, contempla ato administrativo – correspondente à proposição de

871
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

projeto de lei que culminou na Lei nº 15.304/2019 – praticado em exercício


precedente.

Assim, divergindo-se respeitosamente da área técnica, opina-se


pela não responsabilização do Gestor, sem prejuízo da necessidade de adoção
de medidas corretivas.

7) Gestão fiscal: a relação entre a Dívida Consolidada Líquida (DCL) e a


Receita Corrente Líquida (RCL), de 221,81% em 2020, situou-se 21,81 pontos
percentuais acima da meta de 200%.

De se considerar que a pandemia da Covid-19 caracterizou, no exercício sob


exame, a situação de calamidade pública prevista no caput do artigo 65 da LRF,
por força do qual, segundo seu inciso I, restaram suspensas a contagem dos
prazos e as disposições do artigo 31 da mesma Lei, que trata do limite aqui
abordado.

Tal aspecto, aliado ao fato de ter ocorrido uma pequena redução do


índice em relação ao final da gestão anterior (em 2018 foi de 222,90%) conduz
este Parquet a opinar pela não responsabilização do Gestor no exercício de 2020,
mantendo-se o aponte apenas visando ao seu saneamento.

17) Divergência de R$ 343,8 milhões, a menor, nos saldos bancários


registrados no Balanço do Fundo de Assistência à Saúde, no cotejo com o
superavit orçamentário acumulado desde a sua criação (2004 a 2020),
caracterizando a utilização indevida, pelo IPERGS, de recursos do FAS para o
financiamento de outras atividades da Autarquia.

Registra-se que a diferença corresponde a valores acumulados em


gestões anteriores, já que no exercício sob exame restou caracterizada devolução
de recursos ao FAS no montante de R$ 38,6 milhões144.

144
Em 2019 já houve devolução de R$ 13,9 milhões.

872
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

29) Pendências financeiras com os Municípios, no valor de R$ 52,5


milhões, relativamente às suas respectivas quotas do Salário-Educação,
relativamente a parcelas dos exercícios de 1998 a 2003.

Embora persista a necessidade de repasse dos valores


correspondentes, não se vislumbra razoabilidade em atribuir responsabilidade ao
Gestor.

III – APONTE AFASTADO

42) Ausência de disponibilização, no portal da transparência, do


relatório pormenorizado das despesas com propaganda e publicidade, previsto no
inciso III do artigo 24 da Constituição Estadual.

A justificar seu posicionamento, este Parquet transcreve excertos da


sua manifestação afeta às contas do exercício de 2019145, adotados pelo Relator
daquele processo para a “exclusão do apontamento”:

Se interpretado literalmente, o dispositivo da Constituição Estadual


estabelece a obrigatoriedade de publicação no Diário Oficial do Estado, medida cuja
eventual omissão não restou consignada no relatório técnico.

De fato, o tempo transcorrido desde a promulgação do texto


constitucional, tendo-se em conta, sobretudo, a evolução tecnológica que ensejou a
implementação de outros meios de comunicação e divulgação, revela-se capaz de
conduzir a uma interpretação mais ampla da norma, com vistas ao atingimento do seu
objetivo.

Nesta senda, tem-se que a publicização dessas informações no portal da


transparência possa até mesmo se revelar mais efetiva do que a prática preconizada
pela norma constitucional.

Não se identifica, portanto, óbice a essa flexibilização interpretativa,


contudo, entende-se que, no caso concreto, também os esclarecimentos
apresentados possam merecer tal maleabilidade.

(...)

145
Parecer MPC nº 322/2021.

873
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Havendo, portanto, medidas concretas em curso visando, justamente, ao


implemento das medidas suscitadas, e à vista da atual redação do texto
constitucional, entende-se, por ora, demasiada a manutenção do aponte, situação
que leva este Parquet a sugerir o seu afastamento.

Encontrando-se, então, em fase final de testes a solução


desenvolvida (conforme noticiado na análise dos esclarecimentos), opina-se
novamente pelo afastamento.

IV – CONCLUSÃO

Este Parquet tem, reiteradamente, expressado146 o entendimento de


que o rigor no julgamento das contas do Governador (como de todos os gestores
públicos), múnus desta Corte147, também constitui fator de estabilidade financeira
do Estado.

No exercício aqui analisado, considerando-se o total de 56 Pontos


Passíveis de Esclarecimento, 50 resultaram mantidos como inconformidades pelo
SAIPAG.

Quanto a elas, este Ministério Público de Contas opina pelo


afastamento de uma (item 42), pela manutenção de quatro apontes somente
para fins de adoção de medidas corretivas (itens 1, 7, 17 e 29), e pela
responsabilização do Gestor quanto aos demais 45 itens.

Dentre eles, 21 encontram enquadramento nas hipóteses


exemplificativamente arroladas no artigo 2º da Resolução TCE nº 1.142/2021,
ensejadoras da emissão de parecer prévio desfavorável.

O opinativo final deste Órgão Ministerial norteia-se na apreciação


146
A exemplo dos Pareceres MPC nºs 8058/2015, 10143/2016, 12956/2017, 3794/2019, 14986/2019 e
322/2021.
147
Por ocasião do julgamento das Contas do exercício de 2012, em manifestação efetuada em Plenário, este
Agente Ministerial já alertava “que esta Casa, o Órgão de Controle Externo, evidentemente respeitando os
entendimentos diversos, tem por missão o controle técnico das contas, e que o necessário rigor neste
julgamento é também um fator para estabilidade financeira do Estado. (...) se ao longo de décadas, o
Tribunal de Contas, os órgãos de controle tivessem julgado com ainda mais rigor as Contas de Governo do
Estado, talvez o Estado não estivesse nessa situação financeira”.

874
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

conjunta dos elementos contidos na instrução técnica, à luz da Resolução nº


1.142/2021 e legislação regente148, merecendo destaque:

a) a ampliação do orçamento do Executivo sem a efetiva existência de


dotações orçamentárias e de recursos financeiros, mediante o registro na conta
Obrigações Pendentes de Execução Orçamentária149;

b) a não apresentação de “plano de ação” voltado ao atingimento do


equilíbrio fiscal – embora pública e expressamente almejado pelo Executivo –,
haja vista a competência atribuída ao Tribunal de Contas para a fiscalização do
cumprimento da LRF, em consonância, especialmente, com o disposto no artigo
59, inciso I, do referido diploma legal150;

c) a inexistência de “plano de ação” para recomposição dos recursos


sacados do SIAC;

d) as irregularidades na aplicação de recursos do FUNDEB,


notadamente em despesas de cunho previdenciário151, no montante de
R$ 1,56 bilhão152;

e) o descumprimento dos índices mínimos constitucionais de aplicação


de recursos em Ações e Serviços Públicos de Saúde (ASPS)153, em face do

148
Inclusive os dispositivos da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro – LINDB, especialmente
o art. 28, que convém passe a informar explicitamente a atribuição de responsabilidade ao gestor em contas
de governo.
149
Resolução nº 1.142/2021: Art. 2º (...) IV – em relação à gestão orçamentária: (...) b) autorização de
despesa sem recurso orçamentário próprio.
150
Art. 59. O Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos Tribunais de Contas, e o sistema de
controle interno de cada Poder e do Ministério Público, fiscalizarão o cumprimento das normas desta Lei
Complementar, com ênfase no que se refere a:
I - atingimento das metas estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias;
151
Contribuição patronal de inativos ao RPPS e cobertura do denominado deficit no pagamento de
aposentados.
152
Resolução nº 1.142/2021: Art. 2º (...) XII – em relação aos índices constitucionais: (...) b)
descumprimento das exigências constitucionais e legais relativas à aplicação dos recursos do Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação –
FUNDEB.
153
Mínimos constitucionais: 12% da RLIT (Receita Líquida de Impostos e Transferências) e 10% da RTL
(Receita Tributária Líquida).

875
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

atingimento de 8,87% da RLIT e 9,46% da RTL, além de decréscimo em relação


àqueles verificados no exercício precedente, aliados à não apresentação de
“plano de ação” voltado ao incremento gradativo dos valores aplicados154;

f) a revisão da segregação de massas previdenciárias sem autorização


prévia da Secretaria de Previdência155;

g) a inobservância de princípios afetos ao adequado registro e à


evidenciação de fatos contábeis – especialmente daqueles destacados nos itens
15, 18, 21, 24, 25, 36, 37 e 38156 –, que, ao provocar distorções ou imprecisões
nos demonstrativos decorrentes, comprometem sua fidedignidade e, consectário
disso, também a atuação do Controle Externo157.

Isto posto, o Ministério Público de Contas opina nos seguintes termos:

1º) Emissão de Parecer Prévio Desfavorável à aprovação das contas


do Excelentíssimo Senhor EDUARDO FIGUEIREDO CAVALHEIRO LEITE,

154
Resolução nº 1.142/2021: Art. 2º (...) XII – em relação aos índices constitucionais: a) descumprimento
das exigências constitucionais e legais relativas à aplicação de recursos na manutenção e desenvolvimento
do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.
155
Resolução nº 1.142/2021: Art. 2º (...) XI – em relação à gestão previdenciária: a) descumprimento do
que estabelece a Constituição da República, a legislação e as normativas aplicáveis em matéria
previdenciária, o que poderá estar caracterizado pela ocorrência, entre outras, de quaisquer das situações
mencionadas abaixo: 1. inobservância das regras gerais de organização e de funcionamento dos regimes
próprios de previdências; 2. inobservância das diretrizes e exigências legais para a aplicação e gestão dos
recursos financeiros; 3. utilização de recursos previdenciários para pagamento de despesas distintas das
atinentes aos benefícios do respectivo fundo vinculado àquele regime ou daquelas necessárias à sua
organização e funcionamento; (...) 7. descumprimento de medidas voltadas à manutenção ou obtenção do
equilíbrio atuarial.
156
Não empenhamento de contribuições patronais devidas ao FAS – R$ 52,8 milhões (15); divergências
entre o resultado orçamentário do FUNDOPREV e os respectivos saldos bancários (18); recursos do
FUNDEB em contas bancárias sem vinculação específica (21); existência de saldos negativos em contas de
recursos vinculados à educação (24); não utilização de conta única e específica para os recursos do
FUNDEB, com sua transferência para o SIAC (25); recursos de ASPS em contas bancárias sem vinculação
específica (36); deficiências na evidenciação contábil, na mensuração e no detalhamento das dívidas do
Estado para com os Fundos Municipais de Saúde (37) e para com os Hospitais (38).
157
Resolução nº 1.142/2021: Art. 2º (...) VII – em relação à gestão contábil e patrimonial: a)
descumprimento do princípio da evidenciação contábil, nos termos dos artigos 83, 89 e 104 da Lei Federal
n. 4.320, de 1964, e artigo 50 da Lei Complementar n. 101, de 2000; b) descumprimento do princípio da
universalidade dos registros contábeis, nos termos dos artigos 93 e 100 da Lei Federal n. 4.320, de 1964, e
do artigo 50 da Lei Complementar n. 101, de 2000; (...) d) inobservância do Manual de Contabilidade
Aplicado ao Setor Público - MCASP e de demais normativas emitidas pela Secretaria do Tesouro Nacional,
no que for aplicável à unidade jurisdicionada.

876
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Governador do Estado do Rio Grande do Sul, no exercício de 2020.

2º) Ciência ao Procurador Regional Eleitoral e ao Procurador-Geral de


Justiça, consoante o disposto no artigo 140 do Diploma Regimental.

3º) Recomendação ao atual Gestor para que apresente Plano de Ação


voltado à adoção de medidas saneadoras dos apontes constantes do presente
feito.

4º) Determinação à Direção de Controle e Fiscalização para que


mantenha sistemática de acompanhamento em relação às ressalvas e
recomendações remanescentes dos exercícios anteriores.

É o Parecer.

MPC, data da assinatura digital.

GERALDO COSTA DA CAMINO,


Procurador-Geral.
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877
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

PROCESSO Nº: 0016-0200/20-2


MATÉRIA: CONTAS ANUAIS – EXERCÍCIO DE 2020
ÓRGÃO: GABINETE DO GOVERNADOR
GESTOR: EDUARDO FIGUEIREDO CAVALHEIRO LEITE
PROCURADORES: EDUARDO CUNHA DA COSTA
EUZÉBIO FERNANDO RUSCHEL
PARECER PRÉVIO: PEÇA Nº 3546892
INSTRUÇÃO TÉCNICA: PEÇA Nº 3728476
PARECER DO MPC: PEÇA Nº 3781328
TRIBUNAL PLENO SESSÃO DE 06/12/2021

Voto do Conselheiro Relator

CONTAS ANUAIS. PARECER FAVORÁVEL.


RECOMENDAÇÕES PARA ADOÇÃO DE
PROVIDÊNCIAS.
A existência de inconformidades que, em seu conjunto,
não comprometem a Gestão enseja a emissão de parecer
favorável à aprovação das Contas do Governador.
As infringências ao ordenamento jurídico justificam
recomendações no sentido da implementação de medidas
preventivas e corretivas.

Trata-se do Processo de Contas Anuais do senhor Eduardo


Figueiredo Cavalheiro Leite, Governador do Estado do Rio Grande do Sul no
exercício de 2020, cuja análise foi realizada por este Tribunal de Contas de
acordo com as competências e com os procedimentos estabelecidos nos artigos
70, 71 e 72 da Constituição Estadual.

Breve síntese do transcurso processual

Os Processos de Contas do Governador são costumeiramente


objeto de profunda análise dos Setores Técnicos desta Corte de Contas, com

878
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

manifestações e solicitações de informações de diversas naturezas, situação


que conduz a expedientes com vasto volume de documentos. Meu esforço, no
presente caso, é o de sistematizar e pontuar os elementos essenciais para a
formação de convicção quanto às decisões governamentais e respectivas
políticas públicas levadas a efeito pelo Governador do Estado no exercício de
2020, contemplando assim os requisitos da Resolução TCE nº 1.142/2021.

Sendo assim, apresento uma síntese do transcurso processual,


particularmente quanto às ações de acompanhamento e de controle
concomitante levadas a efeito pelo TCE/RS. São elas:

- cientificação do Gestor acerca do teor da Instrução Técnica nº


12/2020 - SAIPAG (peça nº 2831528), na qual foi realizada a avaliação da
gestão fiscal do Poder Executivo do Estado do Rio Grande do Sul referente ao
1º quadrimestre de 2020, bem como emissão de alerta (peça nº 2823789).

- determinação à Direção de Controle e Fiscalização (peça nº


2905939) para que, na apreciação das presentes contas, fosse incluído item
específico para análise das medidas de enfrentamento da pandemia do COVID-
19 à luz do art. 2º, inciso XXX, da Resolução TCE nº 1009/2014 e da Promoção
MPC nº 533/2020 (peça nº 2901516).

- cientificação do Administrador acerca do teor da Instrução


Técnica nº 17/2020 - SAIPAG (peça nº 2982403), que trata das recentes
alterações realizadas pela Emenda Constitucional nº 108/2020, referente ao
Fundeb (peça nº 3018163).

- cientificação do Gestor acerca do teor da Instrução Técnica nº


19/2020 - SAIPAG (peça nº 3093432), na qual foi realizada a avaliação da
gestão fiscal do Poder Executivo do Estado do Rio Grande do Sul referente ao
2º quadrimestre de 2020, bem como emissão de alerta (peça nº 3332812).

879
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

- cientificação do Administrador acerca do teor da Instrução


Técnica nº 5/2021 - SAIPAG (peça nº 3348054), na qual foi realizada a avaliação
da gestão fiscal do Poder Executivo do Estado do Rio Grande do Sul referente
ao 3º quadrimestre de 2020, bem como emissão de alerta (peça nº 3358443).

- cientificação do Gestor acerca do teor da Informação SAIPAG nº


15/2020 (peça nº 3173451), a qual tratava das alterações previdenciárias
efetivadas através da Lei Complementar 15.511/2020, e seus possíveis reflexos
nos indicadores de Gestão Fiscal (peça nº 3185695).

- cientificação do Administrador acerca do teor da Informação


SAIPAG nº 6/2021 (peça nº 3516418), a qual tratava da pandemia da Covid-19
no Rio Grande do Sul e seus impactos econômicos e financeiros, os repasses
federais recebidos e suas aplicações (peça nº 3573845).

- intimação do Sr. Eduardo Figueiredo Cavalheiro Leite, para que,


no prazo improrrogável de 30 dias, prestasse esclarecimentos sobre o conteúdo
das peças nº 3546892 - Relatório de Contas, e 3348029 - Relatório da Gestão
Fiscal (peça nº 3592200).

- ciência quanto à Informação SAIPAG nº 01/2021(peça nº


3331486), relativa à redução na dívida do Estado com o Sistema Integrado de
Administração de Caixa – SIAC (peça nº 3468386).

- elaboração da Análise de Esclarecimentos e Síntese do Relatório


(peça nº 3728476).

Da estrutura do Relatório

O relatório produzido pela Supervisão de Auditoria e Instrução de


Contas Estaduais – SAICE, através do Serviço de Auditoria, Instrução do
Parecer Prévio e Acompanhamento da Gestão Fiscal – SAIPAG, compreendeu a
análise do Balanço Geral do Estado (BGE), dos demonstrativos da gestão fiscal
elaborados pela Contadoria e Auditoria-Geral do Estado (CAGE), e dos registros

880
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

do sistema de contabilidade da Secretaria da Fazenda, os quais estiveram


disponíveis aos técnicos do TCE-RS para consulta em tempo real (on-line),
durante todo o exercício de 2020.

Em síntese, o trabalho da Auditoria desta Corte de Contas avaliou


os resultados alcançados pela administração pública estadual, com base nos
princípios constitucionais de legalidade, legitimidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade, eficiência, eficácia e economicidade.

Para proporcionar um melhor entendimento das contas anuais do


chefe do Poder Executivo do Estado, tendo como foco o atendimento aos artigos
66 a 69 do Regimento deste Tribunal, o relatório relativo ao exercício de 2020 foi
dividido em 12 capítulos, com os seguintes tópicos: i) O Estado do Rio Grande
do Sul: Indicadores e Panorama Econômico; ii) Gestão Orçamentária; iii)
Comportamento das Receitas; iv) Comportamento das Despesas; v) Gestão
Fiscal; vi) Gestão Patrimonial e Financeira; vii) Gestão da Dívida Pública;
viii) Gestão Previdenciária; ix) Vinculações Constitucionais; x) Políticas
Públicas e Atuação Governamental; xi) Sociedades de Economia Mista e
Entidades Controladas; xii) Transparência, Controle Interno e Social.

O Capítulo 1 contextualiza o Rio Grande do Sul, inserindo-o em


uma conjuntura econômica mundial, nacional e regional, além de verificar a
evolução dos principais indicadores.

Na sequência, o Capítulo 2 identifica os instrumentos legais


componentes do sistema orçamentário: Plano Plurianual - PPA, Lei de Diretrizes
Orçamentárias - LDO e Lei Orçamentária Anual - LOA e, de forma mais
detalhada, avalia o comportamento da execução do Orçamento em relação à
previsão inicial e suas alterações, examinando os valores empenhados,
liquidados e pagos no exercício.

881
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

Por sua vez, o Capítulo 3 analisa de forma detalhada a receita


orçamentária do RS, em seus diversos grupos e categorias, demonstrando a
evolução dos últimos anos. Também são detalhadas as desonerações fiscais
concedidas pelo Estado no ano em análise.

Já o Capítulo 4 demonstra a despesa executada pelo RS no ano


corrente, detalhando os principais grupos, elementos e rubricas, comparando os
últimos anos com o atual.

O Capítulo 5 é dedicado à Lei de Responsabilidade Fiscal. Ali,


realiza-se a apuração dos dados a partir das regras da referida Lei, mais
especificamente aos relacionados a gastos com pessoal, restos a pagar,
disponibilidades financeiras, endividamento, garantias concedidas, operações de
crédito, alienação de ativos, resultado primário e nominal, receitas e despesas
previdenciárias e respectivas projeções atuariais do Regime Próprio de
Previdência. Avalia, também, o alcance das situações definidas no Anexo de
Metas Fiscais da Lei de Diretrizes Orçamentárias.

As demonstrações contábeis da Administração Direta, Autarquias e


Fundações, com ênfase para os dados consolidados do Estado são analisadas
no Capítulo 6. Destaca-se os ingressos e desembolsos de recursos, o
acompanhamento da administração dos recursos do Sistema Integrado de
Administração de Caixa - SIAC, as ações de cobrança da dívida ativa, o
levantamento do saldo efetivo de créditos de longo prazo, além da avaliação dos
limites de endividamento, da dívida apurada com precatórios judiciais, da análise
das contas de controle e demais aspectos relevantes.

O Capítulo 7 traz um histórico da dívida pública do RS,


segmentada por contratos, bem como as renegociações ocorridas e uma análise
do cenário atual.

882
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

Na sequência, o Capítulo 8 aborda os regimes de previdência do


Estado (Plano financeiro, previdenciário e complementar), analisando os valores
das receitas de contribuições em cotejo com os gastos dos benefícios.

De sua parte, o Capítulo 9 verifica o atendimento aos limites


fixados pelas Constituições Federal e Estadual para os gastos com Manutenção
e Desenvolvimento do Ensino - MDE, Fundo de Manutenção e Desenvolvimento
da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação -
FUNDEB, Salário-Educação, Manutenção do Ensino Superior Comunitário e
Aplicação no Fomento ao Ensino e à Pesquisa Científica e Tecnológica e
Aplicação em Ações e Serviços Públicos de Saúde - ASPS.

O Capítulo 10 analisa a comprovação da aplicação dos recursos


no atendimento ao interesse público, mediante a atuação do governo nas áreas
de segurança pública, infraestrutura e obras e propaganda e publicidade.

No Capítulo 11, as Sociedades de Economia Mista e Entidades


Controladas são tratadas com uma abordagem que visa trazer informações mais
abrangentes, tendo por objeto as respectivas análises consolidadas do Balanço
Patrimonial e do Resultado do Exercício. Nessa linha, são apresentados os
dados referentes às seguintes empresas: Banco do Estado do Rio Grande do
Sul - Banrisul, Badesul Desenvolvimento S.A. – Agência de Fomento/RS,
Conglomerado da Companhia Estadual de Energia Elétrica – CEEE, Companhia
Riograndense de Saneamento – Corsan e Banco Regional de Desenvolvimento
do Extremo Sul – BRDE.

Finalmente, o Capítulo 12 trata da Transparência e Controle


Interno e Social, analisando a estrutura, os processos e o substrato normativo
regulamentador para evidenciar aspectos limitadores que se impõem ao
funcionamento e aos bons resultados das ações de governo, a fim de subsidiar o
chefe do Poder Executivo e demais gestores para a tomada de decisão
orientada para o aperfeiçoamento da Administração.

883
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

Devidamente intimado, nos termos do artigo 12, inciso IV, do


Regimento Interno deste Tribunal (aprovado pela Resolução nº 1.028/2015), o
senhor Eduardo Figueiredo Cavalheiro Leite prestou esclarecimentos de
forma tempestiva, já considerada a prorrogação, a qual estendeu o respectivo
prazo de 06/08/2021 para 13/08/2021, tendo sido objeto de análise pelo
SAIPAG.

A Área Técnica, através da manifestação da peça nº 3728476,


concluiu pelo afastamento dos apontes registrados nos itens 33, 50, 54, 55 e 56,
bem como pela permanência dos demais itens.

Por sua vez, o Ministério Público de Contas, através do Parecer


MPC nº 11955/2021 (peça nº 3781328), opinou nos seguintes termos:

1º) Emissão de Parecer Prévio Desfavorável à aprovação das


contas do Excelentíssimo Senhor EDUARDO FIGUEIREDO
CAVALHEIRO LEITE, Governador do Estado do Rio Grande do
Sul, no exercício de 2020.
2º) Ciência ao Procurador Regional Eleitoral e ao Procurador-
Geral de Justiça, consoante o disposto no artigo 140 do Diploma
Regimental.
3º) Recomendação ao atual Gestor para que apresente Plano
de Ação voltado à adoção de medidas saneadoras dos apontes
constantes do presente feito.
4º) Determinação à Direção de Controle e Fiscalização para que
mantenha sistemática de acompanhamento em relação às
ressalvas e recomendações remanescentes dos exercícios
anteriores.
É o Relatório.

De imediato, passo à análise das matérias apontadas no exame


das contas do exercício anterior (2019) e que foram acompanhadas pela
Auditoria:

1) Ausência de apresentação de informações relevantes nos


Anexos dos demonstrativos referentes à estimativa e compensação da

884
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

renúncia de receita e da margem de expansão das despesas obrigatórias


de caráter continuado, com previsão no artigo 4º, § 2º, da Lei
Complementar nº 101/2000. Item 2.2. (p. 626 da peça nº 3546892).
Em seus esclarecimentos (pp. 1/5 da peça nº 3712818), o
Governador informa que no exercício de 2020, vigorou regime extraordinário
fiscal, financeiro e de contratações para o enfrentamento da pandemia de
COVID-19. Destaca que tem aplicação, para o exercício de 2020, o disposto na
Lei Complementar n.º 173/2020, em especial a regra de exceção prevista no
artigo 3º, inciso I, e o contido no artigo 7º, que alterou a redação do artigo 65 da
Lei Complementar n.º 101/2000.

Menciona decisão proferida na ADI 6357, para afastar a incidência


dos arts. 14, 16, 17 e 24 da LRF e 114, caput, in fine, e § 14, da LDO/2020,
durante o estado de calamidade pública e para fins exclusivos de combate
integral da pandemia de COVID-19 e a Nota Técnica SEI/ME n.º
21231/2020/ME.

Destaca que o Poder Executivo vem trabalhando no


aperfeiçoamento dos Anexos de Metas Fiscais e de Riscos Fiscais que
acompanham a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO, em especial nos
Demonstrativos referentes à Estimativa e Compensação da Renúncia de Receita
e à Margem de Expansão das Despesas Obrigatórias de Caráter Continuado.

Afirma que os Anexos de Metas Fiscais e de Riscos Fiscais que


acompanharam as LDOs 2021 e 2022 apresentaram de forma pormenorizada a
Estimativa de Renúncias Fiscais e incluíram o demonstrativo referente à Margem
de Expansão das Despesas Obrigatórias de Caráter Continuada.

A Área Técnica opina pela manutenção do apontamento “afim de


que o Poder Executivo proceda a uma melhoria na elaboração do citado
demonstrativo nos próximos exercícios” (pp. 1/2 da peça nº 3728476).

885
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

2) Realização de pagamentos sem prévio empenho, em


desacordo com o estabelecido na Lei nº 4.320/1964, no inciso II do artigo
167 da Constituição Federal e nas Normas Brasileiras de Contabilidade do
Setor Público. Item 2.3.4 (pp. 626/627 da peça nº 3546892).
Em seus esclarecimentos (p. 5 da peça nº 3712818), o Gestor
informa que o saldo de R$ 747,3 milhões na data de 31 de dezembro de 2020
não representa pagamentos sem prévio empenho, mas obrigações (passivos)
ainda não pagas e pendentes de execução orçamentária (empenho e
liquidação), nos termos da Instrução Normativa CAGE 07/2016.

Destaca que o saldo de R$ 588,0 milhões, registrado na Secretaria


da Saúde, refere-se a dívidas contraídas entre os exercícios de 2014 a 2018
com hospitais. Registra que nos exercícios de 2019 e 2020 não restou nenhuma
transação pendente de execução orçamentária, conforme informado pela
Secretaria da Saúde no PROA nº 20/1400-0011890-1.

A Área Técnica reconhece a transparência buscada pelo Estado


do Rio Grande do Sul, porém salienta que é necessário o prévio empenho a
qualquer obrigação contraída, opinando, portanto, pela manutenção do aponte
(pp. 2/3 da peça nº 3728476).

3) Possíveis irregularidades na vinculação da receita de


impostos a órgão, fundo ou despesa, com destaque para situações
envolvendo benefícios fiscais relacionados ao crédito presumido de ICMS,
em descompasso com as disposições do inciso IV do art. 167 da
Constituição Federal. Item 3.2.1.6.8.3.2 (p. 627 da peça nº 3546892).
Em sua manifestação (pp. 6/7 da peça nº 3712818), o Governador
argumenta que nos casos indagados não há necessariamente a vinculação de
receita, pois haveria o crédito presumido do ICMS se utilizando do pagamento
de taxas como elemento de cálculo, considerando a taxa como investimento no
setor indicado.

886
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

A seu ver, trata-se de critério objetivo e com correlação ao fato


gerador para mensuração dos créditos presumidos, com previsão nos
parágrafos 20, 21, 28, 29 e 30 do artigo 15 da Lei Federal 8.820/89.

Conclui que é um benefício de mão dupla, eis que as taxas


sustentam os fundos estaduais (amparando o setor), e o crédito presumido
incentiva os contribuintes (industriais e comerciais) de forma individual. Defende
que, no caso dos créditos presumidos, não houve ainda a arrecadação do
tributo, de forma que não há que se considerar a vinculação de arrecadação que
ainda não existe.

Sinaliza que o princípio da não afetação de receitas não pode ser


considerado cláusula pétrea, pois pode comprometer o atendimento de
demandas crescentes da sociedade e salienta que a implantação de Fundos
envolve tanto questões econômicas, quanto sanitárias e possuem como
motivação melhorar as condições de produção sem onerar a cadeia de
produção, promovendo a competitividade e qualidade da produção.

A Área Técnica colaciona manifestação proferida no processo de


contas do exercício de 2019 e entende que o “ICMS, em última análise, resta
como o financiador efetivo das despesas vinculadas às taxas de serviço em
epígrafe, não servindo apenas como instrumento de cálculo. Os valores de
créditos presumidos permitidos para fruição são obtidos pelo que foi pago a título
das referidas taxas”. Assim, como não houve alteração do cenário, sugere a
manutenção do aponte e acompanhamento da matéria no Relatório e Parecer
Prévio de 2021 (pp. 3/5 da peça nº 3728476).

4) Decretos com ausência de menção a dispositivo legal para


fundamentar a concessão, em situações específicas, de créditos
presumidos do ICMS. Item 3.2.1.6.10 (p. 627 da peça nº 3546892).
O Governador informa que, como regra geral, a concessão de
benefício fiscal exige a celebração de Convênio, com ratificação nacional, e

887
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

internalização estadual com decisão do Poder Legislativo da unidade federada e


que o Estado do Rio Grande do Sul observa o referido procedimento legal para
fins de ratificação interna tácita dos Convênios, considerado como suficiente e
válido (pp. 7/13 da peça nº 3712818).

Quanto aos benefícios indicados (créditos presumidos),


relacionados à p. 627 do Relatório e Parecer Prévio das Contas do Governador
do Estado – Exercício 2020158, destaca que foi observada a legislação de
regência pertinente à remissão e reinstituição de benefícios fiscais, concedidos
anteriormente à revelia do CONFAZ.

A Área Técnica opina pela manutenção do aponte e reforça que “a


necessidade de lei específica para instituição ou ampliação de benefícios fiscais
com fulcro na CF, art. 150, § 6º, segue vigente e exigível mesmo em relação
àquelas concessões cuja inexistência de Convênio ICMS no âmbito do Confaz
está sendo convalidada”. (pp. 5/6 da peça nº 3728476).

5) Esclarecimentos quanto à utilização dos recursos do Fundo


de Proteção e Amparo Social do Estado do Rio Grande do Sul —
Ampara/RS, instituído através da Lei nº 14.742, de 24 de setembro de 2015.
Item 3.2.1.3 (pp. 627/628 da peça nº 3546892).
Em seus esclarecimentos (pp. 13/14 da peça nº 3712818), o Chefe
do Executivo relata que, em 2015, o Estado ingressava na mais profunda crise
financeira de sua história e que os recursos do AMPARA/RS, focaram
justamente na busca pela manutenção de tais serviços.

Informa que os recursos do Fundo suportaram os dispêndios


gerados com a edição Lei Estadual nº 15.604, de 12 de abril de 2021, que institui
o auxílio emergencial gaúcho de apoio à atividade econômica e de proteção
social, e estabelece medidas excepcionais de enfrentamento às consequências
econômicas e sociais decorrentes da pandemia de Covid-19.

158
Conforme previsão do art. 32, incisos LXXXVIII, LXVIII, LXXXII, LXXI, LXXVI, XXXVI, do Livro I do
RICMS

888
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

Assevera que, no primeiro semestre de 2021, houve redução


significativa do saldo do passivo potencial do AMPARA-RS, na medida em que o
ingresso de receitas no período totalizou cerca de R$ 154,6 milhões, sendo que
as despesas empenhadas com a referida fonte de recursos atingiram cerca de
R$ 267,7 milhões, perfazendo uma diferença de R$ 113,2 milhões.

A Área Técnica opina pela manutenção do apontamento e propõe


o acompanhamento da utilização dos recursos do Fundo AMPARA-RS no
exercício de 2021(p. 6 da peça nº 3728476).

6) Necessidade de esclarecimentos quanto à situação


financeira do Estado e ao equilíbrio das contas públicas, como disposto no
§ 1º do art. 1º da LC nº 101/2000. Item 5.2.3.1 (p. 628 da peça nº 3546892).
O Gestor tece comentários acerca da situação das finanças
públicas do Rio Grande do Sul e da crise financeira que acompanhava o Estado
mesmo antes da pandemia da COVID 19 (pp. 14/19 da peça nº 3712818).

Aponta para a melhoria de diversos indicadores fiscais em 2020,


fruto de ajustes administrativos, com destaque para a modernização da
arrecadação de receitas, a gestão adequada do fluxo de caixa, as reformas
administrativa e previdenciária e seus efeitos sobre o controle das despesas com
pessoal, a redução de pagamentos de precatórios e RPVs, parcerias com a
iniciativa privada, dentre outras.

Reforça a continuidade da busca pelo equilíbrio fiscal e a


necessidade da adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) para reversão
do quadro ainda deficitário das contas gaúchas. Discorre sobre a busca no
equilíbrio entre receitas e despesas e destaca que o “déficit apresentado para o
Orçamento de 2020 foi de 5,3 bilhões. Contudo, ao final do ano, o déficit
realizado foi de R$ 597 milhões, excetuadas as operações intraorçamentárias. O
maior suporte financeiro da União, aliado a maiores contribuições dos servidores
via reforma previdenciária, foram mais do que suficientes para o crescimento da

889
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

Receita Total, por sua vez reduzida em menos de R$ 300 milhões devido à
queda da receita tributária. No lado da despesa, como já mencionado, completa
o quadro o rígido controle dos gastos e a redução da despesa com pessoal” (p.
16 da peça nº 3712818).

Sob o prisma da previdência, sustenta que o déficit previdenciário


apontou em 2020 um valor de R$ 10,3 bilhões, 17% a menos
comparativamente a 2019, quando totalizou R$ 12,4 bilhões. A redução, a seu
ver, indica a efetividade da Reforma Previdenciária promovida pelo Estado.

Quanto à Dívida Consolidada Líquida, o Governador informa que


“em razão da suspensão dos pagamentos, o Rio Grande do Sul tem hoje um
saldo de parcelas não pagas de sua dívida com a União superior a R$ 11
bilhões” (p. 17 da peça nº 3712818). Aduz que pelas diversas medidas tomadas,
o Estado conseguiu em 2020 reduzir a relação DCL/RCL para pouco mais de
221%.

O Administrador destaca ainda o impacto do Plano de Carreira do


magistério, alterado em 2020 e que transformou a remuneração em subsídio,
com o que se extinguiu o completivo salaria, obedecido o Piso, bem como as
grandes perdas financeiras decorrentes do retorno dos valores do Fundeb ao
RS.

Com relação à Saúde e à Educação, refere que os gastos


adicionais em ambas as áreas chegam próximos a R$ 1,0 bilhão em apenas 2
(dois) exercícios (2019 e 2020). Desde a implantação da Lei Complementar n.º
141/2012, que exige a aplicação de 12,0% da Receita Líquida de Impostos e
Transferências em ações e serviços públicos em saúde, os valores aplicados
pelo Estado na área mais do que dobraram, passando de pouco menos de R$ 2
bilhões em 2012 para cerca de R$ 4,3 bilhões em 2019.

890
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

Sobre os Precatórios e Requisições de Pequeno Valor, afirma que


os dispêndios em 2019 alcançaram patamar próximo a R$ 1,5 bilhão anuais, e
em 2020 ultrapassaram os R$ 600 milhões.

Finalmente, o Governador defende que “as medidas de ajuste


fiscal, aliadas à promoção de diversas ações visando à retomada mais rápida do
crescimento e do desenvolvimento econômico do Estado, como parcerias com o
BNDES, Parcerias Público-Privadas, concessões públicas, simplificação no
registro de empresas, privatizações, incentivos à inovação e desenvolvimento
tecnológico, etc., permitiram a evolução das contas públicas com avanços e sem
sobressaltos, e mantêm a continuidade da prestação de serviços públicos à
sociedade gaúcha, apesar dos importantes óbices ainda gerados pela histórica
crise fiscal e financeira do Estado, em momento ainda complexo da evolução da
pandemia atual”.

O Setor Instrutivo informa que as justificativas foram


apresentadas em conjunto com o item 8, sendo naquele ponto analisadas. (p. 7
da peça nº 3728476).

Na esteira da Área Técnica, analisarei o presente ponto quando do


enfrentamento do item 8, particularmente em razão da sua afinidade temática.

7) Apresentação de plano para retorno ao limite determinado


para a relação Dívida Consolidada – DCL / Receita Corrente Líquida – RCL,
nos termos do art. 65 Lei de Responsabilidade Fiscal (com a nova redação
dada pela Lei Complementar nº 173/2020). Item 5.2.4. (p. 628 da peça nº
3546892).
Em seus esclarecimentos (pp. 19/21 da peça nº 3712818), o
Governador informa que não houve novas contratações de operações de
créditos no período posterior a 2015. Salienta que a Dívida Consolidada Líquida
aumentou “em um cenário de calamidade financeira, quando o Estado buscou a
suspensão da exigibilidade da dívida com a União, que representa 87% de toda
a dívida no Estado”.

891
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

Além disso, “com a suspensão, destaca o Gestor que hoje o Rio


Grande do Sul tem um saldo de parcelas não pagas com valor superior a R$
11,0 bilhões”, reiterando que a não suspensão do pagamento das parcelas
conduziria a um colapso das contas e dos serviços públicos estaduais. Destaca
ainda que, outro elemento responsável pelo aumento da dívida é o volume de
inscrição de novos precatórios judiciais.

O Setor Instrutivo salienta que, apesar das justificativas do


Gestor, não foi apresentada uma projeção dos próximos exercícios e um plano
factível para que a relação Dívida Consolidada Líquida e Receita Corrente
Líquida volte ao limite proposto de menos de 200,00% (duzentos por cento).
Informa que o tema será continuamente acompanhado por esta Corte, sugerindo
a manutenção do aponte (pp. 7/8 da peça nº 3728476).

8) Não cumprimento das metas de resultado nominal e


agravamento da situação financeira do Estado. Exigências da Lei
Complementar nº 101/2000. Item 5.2.9 (p. 629 da peça nº 3546892).
Em seus esclarecimentos (p. 21 da peça nº 3712818), o Gestor
entende que as justificativas aqui apresentadas, servem também para o ponto 6,
que trata da insuficiência financeira de recursos livres em 2020 que foi de R$
29,96 bilhões (6,9% melhor que 2019).

Defende que as Finanças Gaúchas devem ser observadas em um


contexto amplo, particularmente diante de um debilitado quadro econômico do
país e de uma série de ações já encaminhadas para amenizar de forma mais
significativa os efeitos da crise financeira que acompanha o Estado antes
mesmo da pandemia. Cita a melhoria de diversos resultados fiscais em 2020,
tendo em vista a modernização da arrecadação de receitas, a gestão adequada
do fluxo de caixa, as reformas administrativa e previdenciária e seus efeitos
sobre o controle das despesas de pessoal, a redução de pagamentos de
precatórios e RPVs, entre outros.

892
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

O Gestor deixou de apresentar justificativas para o não atingimento


do resultado nominal. Já em relação ao Resultado Primário, argumentou que a
LDO baseou-se em uma estimativa de crescimento de 2,7% do PIB, enquanto
ao final do ano apresentou-se decréscimo de -7,0%, derivado dos efeitos da
pandemia sobre a atividade econômica.

Quanto à receita do Estado, o Governador salienta que a


desaceleração significativa no crescimento da econômica foi em parte
compensada pela retomada parcial das atividades produtivas em meados de
setembro. Além disso, menciona que as transferências correntes, oriundas do
suporte financeiro da LC 173 (R$ 2,3 bilhões), contribuíram para que as receitas
correntes superassem o crescimento de 5% em 2020, sem olvidar os ingressos
que seguirão ocorrendo por conta do acordo global entre os entes para o
recebimento de valores compensatórios à Lei Kandir e ao Fundo de
Compensação pela Exportação de Produtos Industrializados - FEX, o que para o
RS representará, no mínimo, cerca de R$ 300 milhões ao ano até 2037. .

Com relação à despesa, reafirma uma série de medidas de


controle rigoroso dos gastos públicos, modernização da estrutura e de sistemas
de gestão da máquina pública (precatórios e RPVs), que continuaram
apresentando redução significativa tanto em seu estoque quanto no fluxo em
2020, estando em curso a implementação de novo sistema de gestão de
precatórios. Ademais, cita que as novas regras para a Previdência – EC
103/2019 e seus resultados já contribuíram para ajudar a preservar a prestação
dos serviços nas áreas da saúde, educação e segurança pública.

O Gestor alega ainda que o déficit apresentado para o Orçamento


2020 foi de 5,3 bilhões, contudo, ao final do ano, o déficit realizado foi de R$ 597
milhões, excetuadas as operações intraorçamentárias. Sustenta que Dívida
Consolidada Líquida aumentou em 2019 em cenário de calamidade financeira do
Estado, pois as administrações estaduais buscaram judicialmente a suspensão

893
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

da exigibilidade da dívida com a União, que corresponde a 87% de toda a dívida


do Estado. No entanto, pelas diversas medidas tomadas, entende que o Estado
conseguiu em 2020 reduzir a relação Dívida Consolidada Líquida/Receita
Corrente Líquida para pouco mais de 221%.

A Área Técnica afirma que, embora viáveis todos os


esclarecimentos, as metas postas na LDO devem ser cumpridas e antes mesmo
disso, adequadamente definidas. Pelo não cumprimento da meta de resultado
nominal posta na LDO, e pela insuficiência financeira apresentada, opina pela
manutenção dos apontes dos itens 6 e 8. (pp. 8/10 da peça nº 3728476).

9) Necessária apresentação de plano de equilíbrio fiscal pelo


Estado. Item 5.3 (p. 629 da peça nº 3546892).
Em seus esclarecimentos (pp. 21/25 da peça nº 3712818), o
Administrador apresenta um rol de medidas executadas pelo atual governo, em
busca do equilíbrio fiscal, dentre as quais: reformas estruturais para conter o
crescimento das despesas de pessoal ativo e com previdência; ações na área da
receita pública – agenda Receita 2030; otimização da estrutura, centralização de
serviços e especialização de atividades; avanços na Reforma Tributária do
Estado, visando reforçar a competitividade de empresas gaúchas; avanços nos
projetos de privatizações ocorridos em 2019 e 2021; e continuidade nas
negociações para adesão ao Regime de Recuperação Fiscal, que serão
detalhados no ponto 10.

Cita que, ainda em 2019, obteve aprovação legislativa para a


privatização da CEEE, Sulgás e CRM, com a contratação do BNDES para
prestar o serviço de modelagem. E que em 2021 obteve aprovação da PEC nº
280/2019 (EC nº 80/2021) que retirou a exigência de consulta plebiscitária para
a privatização da Corsan.

Registra avanços significativos em seus indicadores fiscais, dentre


eles: melhoria do Resultado Orçamentário; Resultado Primário superavitário;

894
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

crescimento da Receita Corrente Líquida; redução do déficit previdenciário do


Fundo Financeiro; melhora nos limites de endividamento e despesas de pessoal
da Lei de Responsabilidade Fiscal; entre outros.

Destaca também a quitação da Folha em dia, que, após 57 meses


de atraso e parcelamentos, o Estado passou a pagar em dia todos os salários
dos agentes do Poder Executivo a partir de novembro/2020.

O Setor Instrutivo opina pela manutenção do item para fins de


acompanhamento, haja vista que “as ações apresentadas pelo Gestor são
importantes para as finanças do Estado, contudo carecem de critérios técnicos,
que devem ser profundamente analisados, bem como ajustados a metas
factíveis, levando em consideração a realidade fiscal do Estado” (pp. 10/11 da
peça nº 3728476).

10) Acompanhamento das negociações do Estado junto a


Secretaria do Tesouro Nacional para adesão ao Regime de Recuperação
Fiscal (LC nº 159/2017). Situação atual, cenários e demais projeções
considerando o acordo proposto e as mudanças acarretadas pela LC
178/21. Item 5.3.1 (p. 629 da peça nº 3546892).
Em seus esclarecimentos (pp. 25/28 da peça nº 3712818), o
Governador faz um minucioso arrazoado sobre as discussões, reformas
estruturais, leis e outros atos normativos referentes às medidas de ajustes fiscais
obrigatórias, com destaque para aquelas previstas no parágrafo 1º do art. 2º da
Lei Complementar nº 159/2017. Para melhor ilustração, apresenta o quadro a
seguir:
MEDIDAS OBRIGATÓRIAS – LEGISLAÇÃO ESTADUAL
Inciso do
§ 1º do
Medida Atendido Legislação Estadual
Art. 2º da
LC 159
I Alienação de Sim Lei nº 15.298/2019: Autorização para
participação em privatização CEEE –Energia Elétrica
empresas Lei nº 15.299/2019: Autorização para
privatização Sulgás – Gás
Lei nº 15.300/2019: Autorização para

895
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

privatização CRM –
Mineração
II Adequação do Sim EC nº 78/2020 – Reforma Administrativa e
RPPS Previdenciária – Civis e Militares
LC nº 15.429/2019 – Reforma Previdenciária
Civis
LC nº 15.142/2018 – Lei Geral do RPPS
LC nº 13.757/2011 - FUNDOPREV – Militares
LC nº 13.758/2011 – FUNDOPREV – Civis
LC nº 10.098/1994 – Estatuto dos Servidores
Civis
LC nº 10.990/1997: Estatuto dos Militares
Estaduais
LC nº 15.602/2021: Alíquotas progressivas e
ampliação da base de contribuição para
inativos e pensionistas
III Redução de Sim LC nº 15.138/2018 e alterações – RRF e
benefícios fiscais medidas
IV Revisão do RJU Sim EC nº 78/2020 – Altera regras previdenciárias
dos servidores e dos servidores públicos
LC nº 10.098/1994 – Estatuto dos Servidores
Civis
V Limitação de Não -
crescimento das
despesas primárias
(Teto de Gastos)
VI Leilões de Sim LC nº 15.138/2018 e alterações – RRF e
Pagamento de medidas
Restos a Pagar
VII Gestão Financeira Sim Decreto nº 33.959/1991 - SIAC
Centralizada
VIII Regime de Sim LC nº 14.750/2015 – Regime de Previdência
Previdência Complementar – Civis
Complementar

Informa que o Poder Executivo está trabalhando na atualização da


lei autorizativa do Regime, necessária para protocolar o Pedido de Adesão no
Ministério da Economia. Em paralelo, o Poder Executivo está elaborando a Pré-
Proposta do Plano de Recuperação Fiscal, nos moldes estabelecidos pela
Portaria STN nº 931/2021, contemplando o diagnóstico fiscal da situação do
Estado, as projeções financeiras do Cenário Base e as ressalvas que serão

896
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

incluídas no Plano de Recuperação, as medidas de ajuste fiscal e Cenário


Ajustado, bem como as notas técnicas detalhando as premissas e metodologia
utilizadas nas projeções.

Segundo o Governador, a expectativa do Poder Executivo é de


protocolar o Pedido de Adesão e o Plano de Recuperação Fiscal no segundo
semestre de 2021.

A Área Técnica afirma que “as ações demonstradas pelo Gestor


refletem o empenho do Estado em buscar a adesão ao Regime de Recuperação
Fiscal, porém, não foram apresentados os cenários de projeções considerando o
acordo (previsão de receitas, despesas e saldo da dívida pública estadual ao
final do tempo de carência de pagamentos do regime), conforme solicitado”.
Opina pela manutenção do aponte e pelo contínuo acompanhamento da matéria.
(pp. 11/13 da peça nº 3728476).

11) SIAC. Necessidade de planejamento para a aplicação dos


valores nos recursos a que originalmente se destinavam, com destaque
para os Depósitos Judiciais e para a conta Resgates do Tesouro, os quais
totalizam, em 2019, R$ 17,09 bilhões. Item 6.1.1.4.3 (p. 629 da peça nº
3546892).
O Governador contextualiza o Sistema Integrado de Administração
de Caixa (SIAC), cita o Decreto Estadual nº 33.959/1991 e destaca que a
situação financeira precária que o Estado atravessa, não possibilita a devolução
dos valores no curto prazo (pp. 28/30 da peça nº 3712818). Ainda, destaca que
a melhora na gestão do SIAC resultou na diminuição dos valores a serem
devolvidos, quando considerados os depósitos judiciais conjuntamente. O valor,
que era de R$ 20,54 bilhões em 2019 caiu para R$ 17,09 bilhões em 2020.

O Setor Instrutivo reconhece a diminuição do saldo a devolver ao


SIAC na comparação de 2020 com 2019, porém, refere que o apontamento foi
no sentido de cobrar um planejamento, por parte do Poder Executivo, de

897
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

recomposição dos valores resgatados, que ainda são extremamente relevantes.


Assim, opina pela manutenção do aponte (pp. 13/14 da peça nº 3728476).

12) Plano de ação para atendimento da EC nº 109/2019, que


prorrogou o prazo para quitação do estoque de precatórios até o ano de
2028, considerando um passivo acumulado de mais de R$ 15 bilhões. Item
6.2.2.1.4 (p. 629 da peça nº 3546892).
Em seus esclarecimentos (pp. 30/34 da peça nº 3712818), o
Gestor pontua diversas ações e melhorias no fluxo de pagamentos dos
precatórios, citando como exemplo o programa COMPENSA-RS, a centralização
de pagamentos via tesouraria específica, o grupo de trabalho criado pelo
Decreto nº 54.815/2019, além de aperfeiçoamento nos sistemas informatizados.
Com isso, pontua que os pagamentos efetuados superaram a inscrição de novos
precatórios pelo segundo ano consecutivo, diminuindo o estoque de precatórios
(R$ 15,8 bilhões em 2018, R$ 15,6 bilhões em 2019 e R$ 15,3 bilhões em 2020).
Detalha o trabalho executado pela Procuradoria-Geral do Estado (PGE/RS), a
frente da Câmara de Conciliação e do já citado programa COMPENSA-RS.

A Área Técnica salienta que “o pagamento em 2020 foi de R$ 607


milhões, sendo necessário, portanto, a apresentação de um planejamento
efetivo para quitação dos precatórios, o que este TCE/RS vem cobrando já nos
últimos exercícios, não sendo integralmente atendido, fato que enseja a
manutenção do aponte e seu efetivo monitoramento” (pp. 14/15 da peça nº
3728476).

13) Existência de saldos em Depósitos de Terceiros, no


Passivo Circulante, referentes às contribuições previdenciárias retidas dos
servidores. Possíveis pendências de repasses ao IPERGS - RPPS. Item
8.3.1 (p. 630 da peça nº 3546892).
Em seus esclarecimentos (pp. 34/36 da peça nº 3712818), o
Governador informa que o saldo residual sob análise é oriundo de liquidações e
processamento na competência legal, relacionados à gratificação natalina não
paga durante o exercício regular de execução. Ressalta que tais pagamentos em

898
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

atraso ocorreram em decorrência da manutenção do quadro de dificuldades


financeiras do Estado. Nos anos anteriores os atrasos se acentuavam em razão
dos atrasos nas folhas de pagamento dos servidores. De acordo com a
Constituição Estadual, artigo 41, § 2º, (redação anterior a EC 78/20), os recursos
devidos ao IPE-Prev deverão ser repassados no mesmo dia e mês do
pagamento salarial aos servidores. A cota patronal vence no dia 15 do mês
subsequente.
Salienta também que o controle dos fundos previdenciários
(Fundoprev Civil e Fundoprev Militar) tem sido aprimorado ao longo dos anos.
Exemplifica a criação de contas distintas para controle no SIAC. A estruturação
em andamento no IPE-Prev possibilitará a verificação tempestiva de todos os
saldos a pagar aos Fundoprev’s. O Gestor destaca também que o Poder
Executivo tem atuado para estruturar o IPE Prev, por meio da nomeação de
servidores em caráter emergencial e de novos Diretores de Previdência e de
Benefícios, bem como com a realização de novo concursos públicos.

O Setor Instrutivo destaca que “a análise mês a mês demonstrou


que mesmo após a volta do pagamento em dia do funcionalismo, permaneceram
saldos em depósitos de terceiros no Passivo circulante nos meses de novembro
e dezembro”. Nessa linha, opina pela manutenção do aponte (pp. 15/16 da peça
nº 3728476).

14) Pendências de repasses das contribuições patronais


empenhadas ao Fundoprev, registradas no Balanço Patrimonial do Estado,
em Restos a Pagar Processados, no total de R$ 31,9 milhões, em 31-12-
2020. Item 8.3.2 (p. 630 da peça nº 3546892).
Em seus esclarecimentos (p. 36 da peça nº 3712818), o
Governador informa que os esclarecimentos prestados para o item 13
embasam a formação do estoque de Restos a pagar apontado, ou seja, a
pendência de repasse trata-se de provisionamento das contribuições patronais
da gratificação natalina.

899
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

A Área Técnica considera que as informações prestadas pelo


Executivo Estadual não são suficientes para esclarecer os R$ 13 milhões
pendentes de repasse referentes ao exercício de 2019. Opina, assim, pela
manutenção do aponte (p. 16 da peça nº 3728476).

15) Falta de empenhamento das contribuições patronais ao


Fundo de Assistência à Saúde – FAS, especialmente das pensionistas
vinculadas a servidores falecidos do Poder Executivo. Item 8.7.1 (p. 630 da
peça nº 3546892).
O Gestor informa que a diferença apontada pode ser explicada em
parte pelas receitas relativas ao reingresso de segurados que haviam deixado do
plano, visto que estes pagam joia ao IPE Saúde para retornarem ao sistema e
usufruírem seus benefícios (pp. 36/38 da peça nº 3712818). Refere também que
a base de dados que orienta as contribuições patronais ao IPE Saúde deriva de
relatórios do sistema RHE e que, portanto a análise de conformidade sobre os
montantes apurados de contribuição patronal devem estar referenciados a tais
relatórios.

A Área Técnica, em função da estruturação que o Executivo está


promovendo no IPE Saúde, opina pela manutenção do aponte para fins de
acompanhamento (p. 16 da peça nº 3728476).

16) Saldo acumulado em restos a pagar e falta de pagamento


dos valores empenhados com a contribuição patronal ao IPE-Saúde. Item
8.7.1 (p. 630 da peça nº 3546892).
Em seus esclarecimentos (pp. 38/39 da peça nº 3712818), o
Governador informa que foi elaborada uma agenda de aproximação entre a
Diretoria Administrativa da Autarquia e o Tesouro do Estado, a fim de solucionar
a diferença apontada pelo Tribunal de Contas. Neste sentido, destacou que
houve uma redução do saldo em restos a pagar, visto que o Relatório e Parecer
Prévio do exercício anterior apontava um saldo acumulado de R$ 199,3 milhões
enquanto que no presente Relatório o valor reduziu para R$ 110,8 milhões.

900
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

A Área Técnica entende que, apesar da redução de saldo, a


pendência confirmada pelo Gestor permanece, portanto, o aponte deve ser
mantido (p. 17 da peça nº 3728476).

17) Utilização de recursos do Fundo de Assistência à Saúde –


FAS para financiar outras atividades do IPERGS. Item 8.7.1 (p. 630 da peça
nº 3546892).
Em seus esclarecimentos (pp. 39/40 da peça nº 3712818), o
Administrador destaca que os avanços decorrentes da especialização da
gestão do novo IPE Saúde já apresentaram resultados. Para tanto, citada a
comparação dos Relatórios e Parecer Prévio sobre as Contas do Governador do
Estado dos anos de 2019 e 2020. Por exemplo, no ano de 2019, houve
devolução ao FAS do montante de R$ 13,9 milhões, enquanto que no ano de
2020 é apontada uma nova devolução, no valor de R$ 38,6 milhões, o que, no
entendimento do Gestor Estadual, demonstra a adoção de medidas efetivas na
seara administrativa para o saneamento do problema.

O Setor Instrutivo entende que, apesar da aparente melhora nos


resultados, a diferença acumulada persiste, razão pela qual deve ser mantido o
aponte (p. 17 da peça nº 3728476).

18) Divergências nos saldos bancários contabilizados no


Balancete do IPE Prev. Necessária conciliação bancária e, principalmente,
dos procedimentos de registro das receitas pela Autarquia. Item 8.3.2 (pp.
630/631 da peça nº 3546892).
Em seus esclarecimentos (pp. 40/41 da peça nº 3712818), o
Governador informa que ajustes foram procedidos já no exercício de 2020, no
qual não foram constatadas diferenças relevantes. Salienta que o sistema de
captura de receitas do Instituto está bastante defasado em relação à atual
infraestrutura tecnológica instalada, gerando diversas reclassificações que
dificultam a concepção de soluções imediatas mais robustas.

901
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

A Área Técnica, por considerar que os problemas de conciliação


são reconhecidos pelo Executivo, opina pela manutenção do aponte (pp. 17/18
da peça nº 3728476).

19) No que se refere ao conteúdo das Avaliações Atuariais


relativas ao Plano Financeiro, há informações que, embora sejam a fonte
oficial das projeções atuariais que devem ser apresentadas no RREO, não
foram adequadamente consideradas pelo Gestor na elaboração do referido
Relatório. Item 8.6.2 (p. 631 da peça nº 3546892).
Em seus esclarecimentos (pp. 41/44 da peça nº 3712818), o Chefe
do Executivo reitera o posicionamento de conformidade do Demonstrativo da
Projeção Atuarial do Regime de Previdência do Plano Financeiro – Anexo 10 do
Relatório Resumido da Execução Orçamentaria (RREO) com as normas
constantes do Manual de Demonstrativos Fiscais (MDF) elaborado pelo Tesouro
Nacional. Neste sentido, ratifica o disposto na Nota Técnica Conjunta
CAGE/IPE-Prev.

O Setor Instrutivo entende que não foram apresentados novos


argumentos pelo Gestor, razão pela qual sugere a manutenção do aponte (pp.
18/20 da peça nº 3728476).

20) Não cumprimento do art. 202 da Constituição Estadual, que


determina a aplicação mínima de 35% da RLIT (R$ 34,91 bilhões) em
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino, deixando de ser aplicado em
Educação, em 2020, o montante de R$ 2,43 bilhões. Item 9.1 (p. 631 da peça
nº 3546892).
O Governador informa que a aplicação de recursos em educação
deve ser entendida em um contexto mais amplo, considerando a crise financeira
do Estado e o fraco quadro econômico do país, ambos intensificados pela
pandemia do Covid-19 (pp. 44/47 da peça nº 3712818). Afirma que o Estado
segue enfrentando dificuldades em sua execução orçamentária e financeira,
mas, com ações efetivas, como a aprovação das reformas administrativa e
previdenciária, entre outras, tem mantido o foco para não incorrer em atrasos

902
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

salariais, bem como em garantir a continuidade do funcionamento dos serviços


públicos, estando as aplicações em educação inseridas nesse cenário.
Informa também que houve redução no número de matrículas da
rede de ensino estadual, uma queda de 39,1% de 2007 a 2020 (1,32 bilhão de
alunos para 804 mil). A seguir, apresenta a evolução na aplicação em educação
pelo Estado, demonstrando que no mesmo período o aumento foi de 217%,
passando de R$ 3,55 bilhões em 2007 para R$ 9,95 bilhões em 2020.

O Setor Instrutivo refere que, embora nunca o Estado tenha


atingido o mínimo de 35% de aplicação, houve uma tendência de crescimento
até o ano de 2015, quando então foi interrompido. A partir de então, verifica-se
que o Estado se preocupou apenas em atingir o mínimo preconizado pela
Constituição Federal, de 25%, não tentando mais alcançar o mínimo exigido pelo
artigo 202 da Constituição Estadual, conforme se demonstra:

BASE PARA
APLICAÇÃO VALOR APLICADO EM
EXERCÍCIO % APLICAÇÃO
MDE*
RLIT
2010 17.787,6 4.801,0 26,99%
2011 18.710,7 5.297,2 28,31%
2012 20.274,3 6.073,2 29,96%
2013 22.819,6 7.115,0 31,18%
2014 24.753,9 8.110,5 32,76%
2015 26.256,7 8.843,1 33,68%
2016 29.176,4 8.541,7 29,28%
2017 30.841,6 8.918,1 28,92%
2018 33.634,3 9.170,8 27,27%
2019 34.905,1 9.535,6 27,32%
2020 35.389,8 9.952,9 28,12%

Na sequência, informa que a Ação Civil Pública n.º


001/1/17.0034489-8, ajuizada pelo Ministério Público Estadual perante a 5ª Vara
da Fazenda Pública da Comarca da Capital, foi julgada improcedente, conforme
sentença proferida em 10-10-2017, contudo, não foi declarada a
inconstitucionalidade do artigo 202 da Constituição Estadual:

Isso porque a declaração de inconstitucionalidade é desnecessária


devendo-se aplicar aqui o princípio de que a invalidade só deve ser
pronunciada em caso extremo (item 26).

903
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

Assim, a consideração da invalidade ou da razoabilidade da


determinação do artigo 202 da Constituição Estadual extrapola a competência
desta área técnica, dado o alcance e a natureza da análise efetuada.

Ao final, opina pela manutenção do ponto e acompanhamento da


matéria por esta Corte (pp. 20/21 da peça nº 3728476).

21) Existência de contas correntes sem vinculação privativa


com os recursos para Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE).
Necessário atendimento ao disposto no inciso I do artigo 50 da Lei de
Responsabilidade Fiscal. Item 9.1.1.3 (p. 631 da peça nº 3546892).
Em seus esclarecimentos (pp. 48/49 da peça nº 3712818), o
Governador informa que “(...) dentro desta sistemática, que apenas uma conta
bancária é indicada preferencialmente para débito quando associada a
determinada conta a pagar de alguma Tesouraria. Os demais recursos são ali
colacionados apenas para correções de saldos e acertos contábeis oriundos dos
processos operacionais de pagamento e de execução orçamentária”.

A Área Técnica refere que “uma vez que os recursos de MDE


devem ter vinculação exclusiva com contas bancárias por força de Lei, e que a
viabilidade de mensuração dos valores disponíveis nas contas correntes e a
efetiva utilização do recurso na sua exclusiva finalidade possuem como premissa
básica a vinculação privativa destas contas com os recursos da educação, não
prosperaram as justificativas do Executivo Estadual, mantendo-se o aponte” (pp.
21/22 da peça nº 3728476).

22) A Lei nº 11.494/2007 determinou a obrigatoriedade do uso


dos recursos do FUNDEB no exercício financeiro em que lhes forem
creditados, estabelecendo a possibilidade de até 5% desses recursos
serem utilizados no 1º Trimestre do exercício imediatamente subsequente,
mediante a abertura de créditos adicionais. Decretos publicados no último
trimestre do ano, em desacordo com o § 2º, do artigo 21º, da Lei nº
11.494/2007. Item 9.1.1.3 (pp. 631/632 da peça nº 3546892).

904
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

Em sua manifestação (pp. 49/50 da peça nº 3712818), o


Governador esclarece que:

(...)dentre as modificações nas bases legais do Fundeb,


encontra-se efetivamente o art. 53 da Lei 14.113/2020, que
revogou, a partir de 1º de junho de 2021, a Lei nº 11.494/2007,
mantendo seus efeitos financeiros, no que se refere à execução
dos Fundos no exercício de 2020. Portanto, foram revogados
pela Lei 14.113/2020 os efeitos financeiros da Lei 11.494/2007
em 2021, o que inclui a execução de eventuais sobras de
recursos do Fundo em 2020, possibilitando ao gestor a definição
do momento de maior adequação para o feito (Grifou-se).

A Área Técnica aduz que a interpretação do Estado acerca do


artigo 53 da Lei nº 14.113/2020, de que o efeito financeiro da execução do
Fundo de competência de 2020 estaria restrito a esse exercício e que não
poderia ser considerado em 2021, possibilitando ao gestor a definição do
momento de maior adequação para o feito, não condiz com a determinação
legal.
Assim, a obrigatoriedade do uso dos recursos do FUNDEB no
exercício financeiro em que lhes forem creditados, estabelecendo a possibilidade
de até 5% desses recursos serem utilizados no 1º Trimestre do exercício
imediatamente subsequente, mediante a abertura de créditos adicionais,
continuou vigente para os recursos do Fundeb de 2020.
Ao final, opina pela manutenção do aponte (pp. 22/23 da peça nº
3728476).

23) Empenho de despesas com contribuição previdenciária de


inativos para o RPPS e contribuições ao IPERGS para cobertura do déficit
no pagamento dos inativos. Com a Lei Federal nº 14.113, de 25-12-2020
(Nova Lei do FUNDEB), ficou expressamente proibida a utilização de
recursos do Fundo com aposentadorias e pensões, conforme seu artigo
29, Inciso II. Item 9.1.1.5 (p. 632 da peça nº 3546892).

905
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

Em seus esclarecimentos (pp. 50/57 da peça nº 3712818), o Chefe


do Executivo alega que vem aplicando os recursos do FUNDEB em
consonância com a legislação vigente sobre a matéria, observando, também, as
orientações exaradas na Promoção Setorial PGE-SEFAZ 023/2008, de 10-10-
2008, referindo-se à utilização de valores do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação - FUNDEB, para pagamento de servidores inativos da rede estadual
da Educação.
Destaca ainda o recente Parecer PGE nº 18.790/21, onde foi
afirmado que as despesas da contribuição patronal com inativos da educação e
com a cobertura dos déficits com pensão e com inativos da educação não
constituem pagamento de aposentadorias e pensões passíveis de
enquadramento na vedação do parágrafo 7º do artigo 212 da Constituição
Federal, acrescentado pela Emenda Constitucional nº 108/2020, uma vez que
esses itens teriam natureza jurídica de tributo, enquadrando-se no conceito de
encargos sociais, além de serem arcados pelo Tesouro do Estado.

O Setor Instrutivo ressalta que a Lei não detalhou quais


pagamentos de aposentadorias e pensões são vedados, tão pouco discriminou a
fonte de recurso ou a natureza tributária do citado pagamento, sendo a vedação
legal para todos os tipos de pagamentos de aposentadorias e pensões,
conforme artigo 29, Inciso II, da Lei nº 14.113, de 25-12-2020 (pp. 23/24 da peça
nº 3728476).

24) Em consulta ao FPE, foi verificado que o saldo do recurso


6002 – Contrapartida Operações de Crédito Receita Tesouro Educação (sua
contrapartida está registrada no recurso 0306 – Programa de Apoio a
Retomada do Desenvolvimento Proredes-Bird) encontra-se negativo,
criando, portanto, um falso ativo potencial. O mesmo ocorreu com o
recurso 5002 – Contraprestação de Rec. TesEducação, também com saldo
negativo. Item 9.1 (p. 632 da peça nº 3546892).

906
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

Em seus esclarecimentos (p. 57 da peça nº 3712818), o


Governador informa que “esses recursos são formados por transposição do
recurso geral, ou seja, da receita arrecadada não vinculada, tendo caráter
informativo e de controle. Indicam que o Estado utilizou seus recursos do
Tesouro-Livres para oferece-los como contrapartida...”

A Área Técnica entende que “o Executivo, ao contabilizar saldos


negativos em recursos, além de demonstrar um falso ativo potencial, está
prejudicando a compreensibilidade e a verificabilidade das suas informações
financeiras, dificultando o controle das mesmas”. Destaca que “o Estado
informou que a CAGE irá avaliar alternativas com vistas a zerar os saldos dos
recursos mencionados”. Opina pela manutenção do aponte (pp. 24/26 da peça
nº 3728476).

25) Fundeb. Portaria Conjunta STN/FNDE nº 02, 15-01-2018.


Ausência de utilização de uma conta única e específica no Banco do Brasil
ou Caixa Econômica Federal para as movimentações dos recursos do
Fundeb e quanto ao envio dos mesmos ao SIAC. Item 9.1.1.3 (pp. 632/633
da peça nº 3546892).
Em seus esclarecimentos (pp. 58/60 da peça nº 3712818), o
Governador apresenta o Parecer nº 17.355/18 (ANEXO II) da Procuradoria-
Geral do Estado, que dispõe nos seguintes termos:

3. Inexistem óbices para que os recursos do FUNDEB


destinados à folha de pagamento dos profissionais do magistério
da educação básica sejam transferidos para conta específica do
fundo, integrante do SIAC, para posterior repasse aos referidos
servidores públicos, ou para o ressarcimento de valores
antecipados para a referida despesa.
A Área Técnica refere que a sistemática adotada pelo Estado para
o repasse do Fundeb, utilizando-se do SIAC e de diversas contas bancárias
intermediárias para a movimentação dos referidos valores, permite a utilização
de recurso vinculado para outros fins. Opina pela manutenção do aponte (pp.
26/27 da peça nº 3728476).

907
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

26) Consideração do adicional de 2% (dois por cento) sobre a


alíquota do ICMS para fins de financiamento do Fundo de Combate à
Pobreza Estadual - AMPARA na base de cálculo da contribuição para o
PASEP e na apuração dos valores destinados ao FUNDEB. Ausência de
posição definitiva do STF sobre o tema. Item 9.1.1.1 (p. 633 da peça nº
3546892).
Em seus esclarecimentos (pp. 60/61 da peça nº 3712818), o
Gestor cita que o cômputo dos recursos do AMPARA na base de cálculo das
receitas vinculadas estaria pendente de decisão da Ação Civil Originária nº
2922.
Além disso, refere que, a partir da Lei Federal nº 14.113, de 25-12-
2020, foi determinada expressamente a inclusão do AMPARA na base de
cálculo do FUNDEB, e que o Estado estaria incluindo referida receita na base de
cálculo do Fundeb em 2021.

O Setor Instrutivo opina pela manutenção do item, uma vez que


referido aponte diz respeito ao exercício de 2020 (pp. 27/28 da peça nº
3728476).

27) A Resolução nº 26/2013 estabeleceu normas para a


execução técnica, administrativa e financeira do, bem como, definiu a
necessidade de complementação do Programa com recursos estaduais,
conforme inciso II do seu artigo 5º. O caráter suplementar do PNAE
também está previsto no inciso VII do artigo 208 da Constituição Federal.
Necessidade de estudo ou definição de critérios técnicos para o
acompanhamento do Programa nos seus aspectos financeiro e de
eficiência. Item 9.1.3.2.2.1 (p. 634 da peça nº 3546892).
O Governador descreve como é efetuada a formalização dos
procedimentos de alimentação escolar, com o preenchimento Formulário F-09,
disponibilizado pelo FNDE, contendo dados da escola, controle de estoque,
cardápio, entre outros (pp. 61/63 da peça nº 3712818). Cita a Resolução do
FNDE nº 6/2020.

908
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

A Área Técnica afirma que será verificado o andamento do


referido estudo para o próximo exercício. Opina pela manutenção do aponte (p.
28 da peça nº 3728476).

28) Não preenchimento do Sistema de Orçamentos Públicos


em Educação – SIOPE, do Ministério da Educação, desde o exercício de
2013, por força de decisão judicial. Observância à Lei da Transparência e
ao artigo 10 do Plano Nacional de Educação. Item 9.1 (p. 634 da peça nº
3546892).
Em seus esclarecimentos (pp. 63/64 da peça nº 3712818), o Chefe
do Executivo informa que não preenche o SIOPE devido a divergências entre o
critério adotado por aquele sistema e o utilizado pelo Estado na apuração dos
valores aplicados em educação.
Refere que publica o Relatório Resumido de Execução
Orçamentária – RREO, onde está inserido o anexo 8 – Demonstrativo das
Receitas e Despesas com Manutenção e Desenvolvimento – MDE – que dá
publicidade em relação às receitas e as despesas destinadas à educação.
Informou que na prestação de Contas do Governador demonstra o percentual
que o Estado aplicou em educação, bem como, indicou que a CAGE publica
mensalmente na internet o RS Contábil, onde consta a despesa em educação e
o percentual atingido.
Ademais, cita a Ação Civil Ordinária nº 3.196 de 08-06-2021, a
qual, através de medida cautelar com efeito suspensivo, embasava o não
preenchimento do SIOPE. Alega que não foi dada a possibilidade de ampla
defesa antes da inscrição de estado-membro em cadastro federal de
inadimplentes.

A Área Técnica considera que “os relatórios informados pela


CAGE não possuem o nível de especificação do SIOPE, são mais resumidos e
não permitem um aprofundamento e um detalhamento importante da educação
do Rio Grande do Sul”. Refere que o Estado, com a publicação dos relatórios

909
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

referidos, não atende a Lei da Transparência e o artigo 10 do Plano Nacional de


Educação. Opina pela manutenção do apontamento (pp. 28/30 da peça nº
3728476).

29) Plano de ação para a quitação de pendências relativas ao


pagamento do Salário Educação devido aos Municípios, conforme
regulamentação da Lei nº 9.766/1998 e Lei nº 11.126/1998. Item 9.1.2.2 (pp.
634/635 da peça nº 3546892).
Em seus esclarecimentos (pp. 64/65 da peça nº 3712818), o
Governador informa que os valores relativos ao Recurso orçamentário 298 -
Salário Educação-Municípios estão adimplidos, em que pese a contabilidade
ainda não reconhecer a baixa do passivo. Informa ainda que as diferenças
observadas são decorrentes de acionamentos judiciais individualizados, alguns
dos quais sanados à conta de recursos livres. Frisa que as ações judiciais que
tratavam do assunto estão extintas e não se observam eventuais novas
iniciativas propondo o reconhecimento ou execução dos valores apontados.
Desse modo, trata-se de passivo orçamentário vetusto, encontrando-se
satisfeitas as respectivas obrigações.

O Setor Instrutivo considera necessária uma análise mais


profunda para verificar as alegações do Gestor, e caso sejam confirmadas,
deve-se efetuar os devidos ajustes contábeis para dar baixa ao passivo
constante. Assim, opina pela manutenção do aponte (pp. 30/31 da peça nº
3728476).

30) Vedação ao aproveitamento das despesas com o


pagamento de assistência à saúde dos servidores públicos do Estado e do
pagamento de aposentadorias e encargos sobre a folha de inativos e
pensionistas da Secretaria da Saúde (“despesas controversas”) para o
cálculo do percentual mínimo de aplicação em ASPS. Item 9.4.7 (pp.
635/636 da peça nº 3546892).
Inicialmente, informo que os pontos controversos, objetos dos
apontamentos nº 30 e 31, constituem-se em: 1) contribuições patronais ao IPE
Saúde (exceto os provenientes da Secretaria da Saúde); 2) pagamento de

910
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

Inativos e Pensionistas da área da saúde e; 3) Despesas em outros Órgãos que


não a Secretaria da Saúde, não sendo de natureza universal.
Quanto ao pagamento de inativos e pensionistas, o Gestor
esclarece que (pp. 65/68 da peça nº 3712818):

As despesas controversas indicadas como em desacordo com o


artigo 4º, inciso I, da LC n.º 141/2012, correspondem ao valor da
contribuição mensal e da contribuição suplementar do Estado ao
RPPS, criadas pelos artigos 2º e 3º da Lei Complementar n.º
12.065, de 29 de março de 2004, com as alterações da Lei
Complementar n.º 12.860, de 18 de dezembro de 2007, da Lei
Complementar n.º 13.758, de 15 de julho de 2011, da Lei
Complementar n.º 14.967, de 29 de dezembro de 2016, e
conforme o Plano de Amortização de Déficit estabelecido na Lei
n.º 14.938, de 10 de novembro de 2016. Referidas contribuições,
ordinária e suplementar, têm natureza jurídica de tributo,
enquadrando-se no conceito de encargos sociais, cujo cômputo
para fins de ASPS está expressamente previsto no artigo 3º,
inciso X, da LC n.º 141/2012.
(...)
Os encargos sociais, pela sua própria natureza, não podem ser
considerados como pagamento de proventos e, portanto, não se
incluem na vedação do artigo 4º, inciso I, da LC n.º 141/2012. O
cômputo dos encargos sociais em ASPS é permitido,
expressamente, no artigo 3º, inciso X, da LC n.º 141/2012, que
não distingue as contribuições previdenciárias ordinárias das
suplementares, tampouco faz diferenciação em relação à base
de cálculo da contribuição patronal (se calculada sobre
vencimentos ou proventos).
Impende considerar que a situação aventada pelo Ministério
Público Estadual somente tem cabimento para aqueles entes
federativos que não possuem Regimes Próprios de Previdência
Social (RPPS) para seus servidores ou que extinguiram seus
RPPS, com a manutenção dos servidores beneficiários sob
responsabilidade financeira do Tesouro.
(...)
Ao diferenciar a contribuição patronal ao RPPS feita na forma de
receita orçamentária dos repasses financeiros de
responsabilidade do ente federado, o MDF/STN deixa explícito
que as contribuições previdenciárias (encargos sociais lato
senso) com inativos e pensionistas da área da Saúde que não
podem ser consideradas no cálculo de ASPS são apenas

911
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

aquelas correspondentes aos repasses financeiros ao RPPS, os


quais se enquadram na definição de despesa previdenciária.
Quando se tratar de contribuição patronal ordinária ou
suplementar ao RPPS, definida em lei, com recursos vinculados
para cobertura de déficit atuarial, como ocorre no Estado do Rio
Grande do Sul (com a contabilização dos recursos ao RPPS
como transferência intraorçamentária), há despesa de natureza
tributária e, como tal, é possível o seu cômputo em ASPS.

A Área Técnica entende que não prosperam as considerações do


Estado, uma vez que, independentemente do regime de previdência ou da fonte
de recursos utilizada para pagamento das aposentadorias e pensões, as
mesmas não podem ser consideradas no cálculo do mínimo constitucional em
saúde, devido à expressa determinação legislativa contida no artigo 4º, inciso I,
da Lei nº 141/2012, (pp. 31/35 da peça nº 3728476).

Na mesma linha se enquadram as despesas com contribuições ao


IPE SAÚDE, cuja vedação está consubstanciada no artigo 4º, inciso I, da Lei nº
141/2012, bem como as despesas em órgãos alheios a Secretaria da Saúde, a
vedação da Lei também é taxativa (artigo 4º, inciso II, da Lei nº 141/2012).

Destaca que a não inclusão das despesas controversas no cálculo


em ASPS foi reforçada em decisão ocorrida em 18-09-2019 no Recurso de
Apelação da Ação Civil Pública nº 001/1.15.0061773-4, onde foi reafirmada a
necessidade de observância das determinações da Lei Complementar nº
141/2012 pelo Estado, reconhecendo que é evidente o dever do Poder Público
em cumprir com os ditames da Lei Complementar.

Informa que este Tribunal, em recente Decisão proferida no


julgamento das Contas do Governador de 2019 recomendou que fossem
corrigidas as inconformidades apontadas nos itens 27 e 28, referentes à
consideração das despesas controversas no percentual mínimo de aplicação em
ASPS.

912
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

Na esteira do voto proferido e publicado em 27-04-2021, a Área


Técnica refere que o entendimento deste Tribunal é pela não consideração das
despesas controversas no citado cálculo, razão pela qual opina pela
manutenção do aponte.

31) Aproveitamento das despesas com a folha de pagamento


de pessoal ativo e demais despesas com custeio em outros órgãos do
Estado fora da Secretaria da Saúde, e não integrados ao SUS, pagas com
recursos vinculados à Saúde (“despesas controversas”) para o cálculo do
percentual mínimo de aplicação em ASPS. Item 9.4.7. (pp. 636/637 da peça
nº 3546892).
Em sua manifestação (pp. 68/69 da peça nº 3712818), o
Governador faz remissão aos esclarecimentos prestados no Item 30.

A Área Técnica efetua a análise dos esclarecimentos deste


apontamento conjuntamente com o item 30 e opina pela manutenção dos pontos
30 e 31 (pp. 35/36 da peça nº 3728476).

32) Consideração das despesas com a UERGS no percentual


de 0,5%, a partir do entendimento referente à Decisão das Contas do
Governador do Estado de 2019. Item 9.2 (pp. 637/638 da peça nº 3546892).
Em sua manifestação (pp. 69/70 da peça nº 3712818), o Gestor
faz remissão aos esclarecimentos prestados no Item 20.

O Setor Instrutivo informa que o Executivo limitou-se a citar a


forte crise financeira do Rio Grande do Sul e a continuidade da degradação
econômica do país, além de efetuar um extensivo panorama histórico sobre a
aplicação em educação no RS. Uma vez que não houve indicação de ação
concreta para a referida alteração pelo Estado, sugere a manutenção do aponte.
(p. 36 da peça nº 3728476).

33) Esclarecimentos quanto as medidas adotadas pelo


Executivo em relação à solicitação de transferência das instalações da
Reitoria da UERGS. Item 9.2.1 (p. 638 da peça nº 3546892).
Em seus esclarecimentos (p. 70 da peça nº 3712818), o
Governador informa a assinatura de termo de sessão de uso, em caráter

913
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

gratuito e pelo período de um ano, das instalações da Fundação de Ciência e


tecnologia – CIENTEC, em extinção, à Universidade, mediado pela Secretaria de
Inovação, Ciência e Tecnologia, tendo por objeto o Prédio 4, localizado na rua
Washington Luiz, nº 675, em Porto Alegre (Expediente Administrativo nº
20/2500-0000277-0). Os esclarecimentos fazem referência, ainda, ao Acordo
Judicial celebrado entre o Estado do RS e o Ministério Público, em trâmite na 1ª
Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre (Processo 9018150-
81.2018.8.21.0001), que visa a destinar à UERGS os bens móveis da CIENTEC
vinculados à pesquisa.

A Área Técnica opina pelo afastamento do aponte (p. 37 da peça


nº 3728476).

34) Não cumprimento do parágrafo 3º do art. 201 da


Constituição Estadual, alterado pela EC nº 66/2012, que determina a
aplicação mínima de 0,5% (R$ 164,3 milhões) da RLIP (R$ 32,87 bilhões) no
ensino superior público e no ensino superior comunitário, o que não
ocorreu, situação recorrente desde 2004. Item 9.2 (p. 638 da peça nº
3546892).
Em sua manifestação (pp. 70/71 da peça nº 3712818), o Chefe do
Executivo limitou-se a informar que os esclarecimentos já haviam sido
prestados no item 20.

A Área Técnica, por entender que não houve indicação de


resolução da questão pelo Executivo, opina pela manutenção do aponte (p. 37
da peça nº 3728476).

35) Não cumprimento do artigo 236 da Constituição Estadual


que determina a aplicação mínima de 1,5% da RLIP (R$ 32,87 bilhões), no
Ensino e Fomento à Pesquisa Científica e Tecnológica, tendo sido aplicado
o montante de R$ 34,3 milhões, que representou 0,10% da RLIP, o que
equivale a uma aplicação a menor de R$ 458,7 milhões. Item 9.3 (p. 638 da
peça nº 3546892).
Em seus esclarecimentos (p. 71 da peça nº 3712818), o Gestor faz
remissão aos esclarecimentos prestados no Item 20.

914
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

O Setor Instrutivo entende que o Administrador limitou-se a


informar que os esclarecimentos já haviam sido prestados no item 20. Assim,
uma vez que não houve indicação de resolução da questão pelo Executivo,
sugere a manutenção do aponte. (p. 37 da peça nº 3728476).

36) Existência de contas correntes sem vinculação privativa


com os recursos para a saúde. Necessário atendimento ao disposto no
inciso I do artigo 50 da Lei de Responsabilidade Fiscal. Item 9.4.2.3 (p. 638
da peça nº 3546892).
O Governador refere que os esclarecimentos foram prestados no
item 21, onde foi citado o seguinte acerca das contas bancárias vinculadas aos
recursos (pp. 71/72 da peça nº 3712818):

Cabe ressaltar, dentro desta sistemática, que apenas uma conta


bancária é indicada preferencialmente para débito quando
associada a determinada conta a pagar de alguma Tesouraria.
Os demais recursos são ali colacionados apenas para correções
de saldos e acertos contábeis oriundos dos processos
operacionais de pagamento e de execução orçamentária.

A Área Técnica entende que uma vez que os recursos de ASPS


devem ter vinculação exclusiva com contas bancárias por força de Lei, e que a
viabilidade de mensuração dos valores disponíveis nas contas correntes e a
efetiva utilização do recurso na sua exclusiva finalidade possuem como premissa
básica a vinculação privativa destas contas com os recursos da saúde, não
prosperaram as justificativas do Executivo Estadual, opinando pela manutenção
do aponte (pp. 37/38 da peça nº 3728476).

37) Necessidade de esclarecimentos sobre a forma de


apresentação, mensuração e controle das dívidas do Estado com os
Fundos Municipais de Saúde. Item 9.4.4 (p. 639 da peça nº 3546892).
Em seus esclarecimentos (pp. 72/73 da peça nº 3712818), o
Governador cita diversas medidas para quitar as dívidas com os fundos
municipais, dentre as quais: a aprovação da Lei nº 15.448 de 13-02-2020, que

915
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
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autorizou a quitação de dívidas do Estado da área da saúde com os municípios


mediante dação em pagamento de bens imóveis e o Decreto Estadual nº
55.307/2020 de 10-06-2020, que criou o Programa Especial de Quitação de
Débitos Por Meio de Dação em Pagamento de Bens Imóveis –
PROGRAMADAÇÃO, dentro da iniciativa NegociaRS.

A Área Técnica reconhece o esforço do Executivo no sentido de


melhorar a contabilização e evidenciação dos valores das dívidas com os fundos
municipais de saúde, bem como, verifica o empenho estadual para quitar as
dívidas com os fundos municipais de saúde. Inobstante, no que concerne ao
exercício de 2020, tais problemas continuaram vigentes, motivo pelo qual opina
pela manutenção do aponte (pp. 38/39 da peça nº 3728476).

38) Necessidade de esclarecimentos sobre a forma de


apresentação, mensuração e controle das dívidas do Estado com os
Hospitais. Item 9.4.5 (p. 639 da peça nº 3546892).
Em seus esclarecimentos (pp. 73/75 da peça nº 3712818), o Chefe
do Executivo explica que, dentro dos valores indicados pela Equipe Técnica
como repasse mensal aos hospitais e santas casas, na modalidade 50, foi
considerada apenas a modalidade “convênios”, e não representaria a
integralidade dos repasses às instituições de saúde. Conforme indica o Estado,
a subfunção 0302 – Assistência Hospitalar e Ambulatorial, cujos valores são
transferidos diretamente ao Fundo Municipal de Saúde, deveria ser considerada
na tabela. Assim, referida questão será abordada no Relatório de Contas do
Governador relativo a 2021.
Informa que os valores pendentes de adimplemento a hospitais
gaúchos, decorrentes de contratação acima da capacidade financeira do Estado,
encontram-se controlados e anotados pelo Fundo Estadual da Saúde.

O Setor Instrutivo entende que a dificuldade de mensuração das


dívidas estaduais com os hospitais se manteve em 2020, sugerindo a
manutenção do aponte (pp. 39/40 da peça nº 3728476).

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39) Apresentação de Plano para recomposição do efetivo da


Segurança Pública. Item 10.1.2.1 a 10.1.3.1 (p. 640 da peça nº 3546892).
O Governador informa que foi elaborado um plano denominado
Programa Estruturante RS Seguro, nos anos de 2019 e 2020, que prevê a
recomposição do efetivo, levando em consideração os editais de concursos
vigentes no âmbito das instituições mencionadas (pp. 75/79 da peça nº
3712818).
Discorre sobre a existência de um calendário de nomeações,
expondo que ocorreram 1.375 nomeações somente no ano de 2020 além de
estarem projetadas novas nomeações para os anos de 2021 e 2022.
Quanto à SUSEPE, declara que os editais nºs 001/2017 e
002/2017, para provimento dos cargos de Agente Penitenciário e Agente
Penitenciário Administrativo, respectivamente, tiveram suas vigências
prorrogadas até setembro de 2021.
Já em 2021, destaca a nomeação de 400 agentes penitenciários e
50 agentes penitenciários administrativos, dos quais 395 agentes penitenciários
e 31 agentes penitenciários administrativos foram integrados ao Órgão em julho,
após sessão solene de formatura.
Esclarece ainda que remanesce um contingente de aprovados que
poderão vir a ser nomeados até meados de setembro. Paralelamente, está em
andamento o Processo Administrativo (PROA nº 21/060200046169), que visa
ampliar quadro de servidores da SUSEPE, por meio de alteração da LCE
13.259/2009, e, também, o Processo Administrativo (PROA nº 21/0602-
0004619-3), cuja finalidade é a construção de edital para novo concurso, mais
ainda sem definição do número de vagas.
A Área Técnica reconhece a existência de ações do Estado em
prol da recomposição do efetivo de servidores dos órgãos integrantes da
estrutura de segurança pública e administração penitenciária do Estado. No
entanto, considera que tais medidas se mostraram insuficientes para avançar no

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processo de estruturação do efetivo de servidores, pois permanecem altos


índices de vacâncias nos cargos retro citados.
Ressalta que no Relatório desta Área Técnica restou evidenciado
que as nomeações ocorridas em 2020 produziram o efeito tão somente de não
piorar os índices do quadro de pessoal, que vem sendo mantidos, em sua
maioria, em aproximadamente 50% do contingente estipulado nas legislações
afetadas.
Ao final, sugere a permanência do apontamento, incluindo alerta ao
Gestor que para que se efetive um plano de maior robustez, com a finalidade de
mitigar a defasagem dos quadros de pessoal da Policia Civil, Brigada Militar,
Corpo de Bombeiros Militar, Instituto geral de Perícias – IGP e SUSEPE (pp.
40/41 da peça nº 3728476).

40) Esclarecimentos acerca da criação de vagas a fim de


solucionar o elevado déficit do Sistema Prisional Gaúcho. Item 10.1.3.1.1
(p. 640 da peça nº 3546892).
Em seus esclarecimentos (pp. 79/82 da peça nº 3712818), o
Governador refere-se à “priorização de 12 estabelecimentos prisionais em
diferentes regiões do Estado, com a previsão de geração de 3.557 vagas no
sistema, em decorrência de obras para construção de novos estabelecimentos
prisionais, bem como pela ampliação de outros”.

Afirma que haverá “um aumento considerável de 13,5% da


capacidade de engenharia, passando de 26.293 vagas para o total de 29.850,
minimizando o déficit prisional”. Salienta a construção do Núcleo de Gestão
Estratégica do Sistema Prisional - NUGESP, em Porto Alegre.

O Setor Instrutivo refere que “ainda que haja programação do


Estado para ampliar o quantitativo de vagas no sistema prisional, o déficit de
vagas nesse sistema encontra-se elevado e insuficiente para atender sua
demanda. Por isso, esta Área Técnica entende que as ações transcritas pelo

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Gestor não tem o condão de afastar o apontamento, motivo pelo qual sugere sua
manutenção” (pp. da peça nº 3728476).

41) Esclarecimentos quanto à elaboração do Plano Anual de


Publicidade e Propaganda Governamental para o exercício em análise e os
seguintes. Item 10.3.1 (p. 640 da peça nº 3546892).
O Gestor menciona que foi publicada a Portaria nº 005 de 22 de
abril de 2021, que estabeleceu o Plano Anual de Publicidade e Propaganda
Governamental do Estado do Rio Grande do Sul (pp. 82/84 da peça nº
3712818).

O Setor Instrutivo, por considerar que no exercício em análise


(2020) não há plano de publicidade, cuja edição se deu apenas em 2021, sugere
a permanência do apontamento. Defende que a aplicação do plano deve ser
acompanhada pela Área Técnica deste Tribunal, a partir da sua vigência (p. 43
da peça nº 3728476).

42) Necessidade de disponibilização de “relatório


pormenorizado das despesas mensais realizadas pelo Estado e pelas
entidades da administração indireta na área de comunicação,
especialmente em propaganda e publicidade”, conforme previsão do art.
24, inciso III da Constituição do Estado do Rio Grande do Sul. Item 10.3.2
(p. 640 da peça nº 3546892).
Em seus esclarecimentos (pp. 84/86 da peça nº 3712818), o
Governador traz informações acerca do andamento de uma contratação de
solução tecnológica, desenvolvida pela PROCERGS, que teria finalidade de
executar relatórios pormenorizados dos gastos, com as agências contratadas,
com os fornecedores e com os veículos, de modo a se adequar ao imposto pelo
inciso III do art. 24 da Constituição Estadual.

A Área Técnica afirma que “essa ferramenta está em fase final de


testes, ou seja, ainda não se encontra disponível, motivo pelo qual se opina pela
manutenção do apontamento neste exercício” (pp. 43/44 da peça nº 3728476).

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43) Transferência de numerário para integralização de capital


do BADESUL, conforme reconhecido pela Contadoria e Auditoria-Geral do
Estado (CAGE), permanece pendente. Item 11.4.3 (pp. 640/641 da peça nº
3546892).
Em seus esclarecimentos (p. 87 da peça nº 3712818), o Chefe do
Executivo anexa aos autos o Processo Administrativo (PROA nº 18/1600-
0001548-0), que trata do assunto (peças nº 3715332, 3715317 e 3715316).
Afirma terem sido retomadas as diligências necessárias ao ajuste da pendência
e declara que a primeira parcela mensal, no valor de R$ 445.579,74, foi quitada
no dia 14 de julho de 2021 (p. 21 da peça nº 3715316).

A Área Técnica sugere o acompanhamento por esta Corte de


Contas no que diz respeito à execução do plano de pagamentos acordado.
Quanto à responsabilidade, opina-se pelo seu afastamento neste exercício,
consoante entendimento exarado pelo MPC em seu Parecer nº 322/2021,
Contas de 2019, considerando que o aponte se originou em 2015, o que
inviabiliza a responsabilização do Gestor (p. 44 da peça nº 3728476).

44) No exercício de 2020 a CAGE permaneceu sem realizar, na


integralidade, as funções institucionais que lhe foram atribuídas, tanto na
Constituição Estadual como na sua Lei Orgânica (Lei Complementar nº
13.451/2010), especialmente quanto aos procedimentos vinculados à
elaboração dos Pareceres que devem ser anexados à documentação
necessária ao exame das contas das Empresas Estatais pertencentes à
Administração Indireta do Estado. Que razões explicam a manutenção
dessa situação? Que medidas foram tomadas para atender aos
dispositivos constitucionais e legais atinentes à matéria? Item 12.2 (p. 641
da peça nº 3546892).
Em seus esclarecimentos (p. 88 da peça nº 3712818), o
Governador informa que a atuação da CAGE apresenta limitações decorrentes
da carência de servidores, parcialmente sanada com as nomeações realizadas
no ano de 2021.

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O Setor Instrutivo sugere a manutenção do apontamento a fim de


seja verificada mudança de cenário decorrente da recomposição dos quadros
funcionais da CAGE (p. 45 da peça nº 3728476).

Passo aos pontos relacionados pela Auditoria como passíveis de


esclarecimentos no exercício de 2020:

45) Esclarecimentos quanto às diferenças de saldo no SIAC


em relação ao Ampara, conforme aponta o item 3.2.1.3 (p. 641 da peça nº
3546892).
O Governador relata que “a dificuldade técnica na implementação
da arrecadação não permitiu inicialmente que os valores do Ampara-RS
ingressassem de forma automática na conta específica do recurso” (pp. 88/89 da
peça nº 3712818).

Inobstante tal situação, consigna que “a partir de 1° de abril de


2021, os recursos do Ampara-RS passaram a ser direcionados à conta bancária
específica do recurso. Correções de saldo de valores indevidamente
direcionados ao recurso 0120 são evidenciadas e passam a pautar nova medida
corretiva suplementar de acerto de saldo”.

A Área Técnica opina pela manutenção aponte, de modo a


verificar-se, no exercício de 2021, a efetiva realização das correções noticiadas
pelo Gestor (p. 45 da peça nº 3728476).

46) O Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público –


MCASP propugna que devem ser registradas como dedução da receita,
entre outros fatos, as renúncias de receita praticadas pelo Ente. Entretanto,
a despeito dessa orientação, o Estado do Rio Grande do Sul não efetua
esse reconhecimento contábil em relação às desonerações fiscais de seus
impostos, sobretudo as do ICMS, conforme abordado no item 3.11 (p. 641
da peça nº 3546892).
Em seus esclarecimentos (pp. 89/90 da peça nº 3712818), o
Governador menciona que, além do Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor
Público, a Secretaria do Tesouro Nacional publica as Instruções de

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Procedimentos Contábeis – IPC para alguns fatos específicos. Menciona a


recente aprovação da IPC-16 – Benefícios Fiscais, afirmando que não é a
totalidade de benefícios concedidos que deva ter seu registro como dedução de
receita. Salienta a complexidade do tema e justifica que os registros de
deduções de receita ainda não foram efetuados porque a aplicação da IPC ainda
não é de observância obrigatória e o tema carece de estudo mais aprofundado
pela Receita Estadual e pela CAGE.

A Área Técnica corrobora a complexidade do assunto e opina pela


manutenção do aponte, de modo a verificar-se no exercício de 2021 o
tratamento a ser dispensado a esta matéria (p. 46 da peça nº 3728476).

47) Demonstrativo de Desonerações Fiscais. Possibilidades de


aprimoramento Item 3.2.1.5.1 (pp. 641/642 da peça nº 3546892).
Em seus esclarecimentos (pp. 90/91 da peça nº 3712818), o
Gestor aduz que o estorno ou não do crédito é definido juntamente com a
implantação da desoneração, mesmo que constante de artigo distinto do
Regulamento do ICMS. Informa que foi instituído um grupo de trabalho com o
intuito de melhorar a qualidade dessas informações por parte dos contribuintes
e, como consequência, permitir uma estimativa mais qualificada do “Não
Estorno”.

Quanto ao demonstrativo das desonerações de 2020, o Gestor


informa que deve constar no mesmo a lista das isenções e reduções de base de
cálculo que possuem também o benefício do não estorno do crédito, bem como
os benefícios serão apresentados também com suas respectivas finalidades,
apontando para o objetivo ou setor beneficiado.

A Área Técnica opina pela manutenção aponte, de modo a


verificar-se em 2021 a evolução das informações constantes do demonstrativo
das desonerações de 2020 (pp. 46/47 da peça nº 3728476).

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48) Esclarecimento quanto aos critérios utilizados na


elaboração dos relatórios de execução orçamentária, publicados
bimestralmente pelo Tesouro do Estado, que apontavam para a
necessidade de contingenciamento pelos Poderes do Estado, para
atingimento das metas fiscais. Item 5.2.10 (p. 642 da peça nº 3546892).
Em seus esclarecimentos (pp. 91/94 da peça nº 3712818), o
Governador conceitua os Relatórios de Execução Orçamentária elaborados
pelo Tesouro Estadual, citando a base legal para a confecção (arts. 8º e 9º da
LRF), citando ainda os dispositivos estaduais vigentes para o ano de 2020 (LDO,
LOA e Decreto nº 54.983/2020). Apresenta ainda uma breve explicação dos
valores envolvidos nos relatórios de 2020, bem como os critérios utilizados nas
receitas e despesas programadas. Explica o exemplo citado no aponte, qual
seja, uma previsão de R$ 15,81 bilhões nas despesas do 6º bimestre (conforme
relatório publicado no 5º bimestre), ao passo que a execução foi de R$ 10,65
bilhões.

Alega que de forma alguma o patamar previsto poderia ser


realizado, pois assim o resultado primário atingido seria de R$ 3,38 bilhões após
o contingenciamento de R$ 1,28 bilhão sugerido aos poderes, o que significaria
uma despesa de R$ 2,7 bilhões acima da meta do resultado primário, de R$ 1,31
bilhão deficitário.

O Setor Instrutivo entende que há uma confusão nos


esclarecimentos prestados, pois ao citar que “...referente à reestimativa da
despesa primária total do 6º bimestre daquele exercício, de R$ 15,8 bilhões, não
significa de modo algum que este novo patamar de despesas possa ser
realizado, pois, com sua utilização, a meta de resultado primário atingida seria
de R$ 3,379 bilhões negativos após o contingenciamento de despesas
requerido, o que significaria uma despesa adicional de R$ 2,7 bilhões acima da
meta de resultado primário inicialmente estipulado, de R$ 1,309 bilhão
negativos...”, o gestor ignora o fato de que o resultado atingido seria apenas no

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bimestre, o acumulado no ano seria exatamente a meta do resultado primário


original

Assim, opina pela manutenção do aponte, sugerindo


monitoramento constante por esta Corte de Contas nos relatórios de execução
orçamentária (pp. 47/48 da peça nº 3728476).

49) No ano de 2020 o Estado procedeu à nova segregação de


massas previdenciárias ao transpor aproximadamente 17 mil servidores do
Fundoprev para o regime de repartição simples, entretanto sem
autorização prévia da Secretaria da Previdência, vinculada ao Ministério da
Economia, como orienta a legislação atinente ao tema da previdência
pública, conforme consta no item 8.5.4.2 (p. 642 da peça nº 3546892).
Em seus esclarecimentos (pp. 94/99 da peça nº 3712818), o
Governador esclarece que a reestruturação dos Fundos Financeiro Civil e
Fundoprev Civil foram objeto da Lei Nº 15.511/2020, reestruturação esta que (i)
revisou a data da segregação de massas, (ii) autorizou a utilização de parte dos
recursos do Fundo previdenciário e (iii) ofertou um benefício especial como
forma de incentivo a migração ao RPC/RS. Informa que, antes mesmo do
protocolo do Projeto de Lei da reestruturação tem mantido tratativas com a
Secretaria da Previdência do Ministério da Economia, órgão federal a quem
compete aprovar a revisão da segregação de massas, processo que, todavia,
ainda se encontra em tramitação.

Informa que o processo atende os pressupostos que garantem a


manutenção do equilíbrio financeiro e atuarial do regime e cumpre todos os
requisitos estabelecidos no § 4º do art. 60 da Portaria MF nº 464, de 19/11/2018,
com a redação dada pela Portaria SEPTR/ME 3.725, de 30/03/2021
relativamente à revisão da segregação de massas com transferência dos
beneficiários e recursos do Fundo Capitalizado para o Fundo Financeiro.

Sobre a Portaria MF Nº 464/2018 traz o Parecer PGE/RS nº


18.295/20. Isto porque a referida Portaria exige a necessidade de prévia

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aprovação da Secretaria da Previdência para a revisão da segregação de


massas, o que a PGE entende por questionável, sob o prisma da autonomia dos
entes federativos, entendendo suficiente a apresentação ― não a aprovação ―
dos necessários estudos. Como consta no Relatório do Parecer Prévio, o
questionamento da Secretaria da Previdência efetivamente ocorreu, o que foi
enfrentado pelo Parecer PGE nº 18.450/20. Neste Parecer a Douta Procuradoria
entende que a transferência proporcional dos recursos para o Fundo Financeiro
decorre da lógica de que, em sendo reduzido o número de vidas seguradas pelo
fundo previdenciário, menores serão os eventos a serem cobertos, e, portanto,
menor será a necessidade de valores reservados neste fundo.

Informa ainda que a Lei Complementar nº 15.511/2020 é objeto da


ADI nº 6.568 junto ao STF, tendo por base a não observação das Portarias do
Ministério da Fazenda, o que ofenderia os arts. 10; 40, caput e § 22, III, IV, VI e
VII; e 194, parágrafo único, VII, da Constituição Federal. Nas informações
prestadas pelo Governador na referida ADI os argumentos dos dois Pareceres
citados são igualmente apresentados, forte na autonomia do ente federativo.

O Gestor conclui seus esclarecimentos solicitando a reavaliação


das conclusões do “Relatório e Parecer Prévio, visto que, como demonstrado,
houve comunicação entre o Governo do Estado e a Secretaria de Previdência do
Ministério da Economia, nos termos previstos na legislação pertinente, com o
que não subsiste o aponte.”. Anexa ainda o Parecer nº 18.450/20 da PGE
(Anexo X), a petição inicial (Anexo XI) e a prestação de informações (Anexo XII)
referentes a ADI citada.

A Área Técnica informa que a matéria encontra-se sob judice junto


ao STF, e a autorização para a revisão da segregação de massas pela
Secretaria de Previdência ainda não foi obtida. Quanto ao principal ponto
material, a transferência de recursos do Fundo Capitalizado para o Estado,
embora autorizado na Lei Complementar Estadual, ainda não se efetivou.

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Ao final, opina pela manutenção do aponte, de modo a se


acompanhar tanto os desdobramentos da Ação Direta de Inconstitucionalidade
como a efetiva transferência dos recursos caso esta venha a ocorrer (pp. 48/50
da peça nº 3728476).

50) O Estado, por meio do Projeto de Lei Complementar 148/20


que se transformou na Lei Complementar 15.511/20, vinculou um possível
custo de transição pela migração de servidores para o regime de
previdência complementar com a necessidade de segregação de massas,
de cerca de 17 mil servidores, então vinculados ao fundo previdenciário,
desta operação decorrendo também o saque do patrimônio proporcional
constante no Fundoprev, para financiar o referido custo. Todavia, como
amplamente discorrido no item 8.5.4 e subitens, não há certeza da
existência do mencionado custo de transição sem a efetivação de
substanciais migrações de servidores para o RPC, de modo que a
segregação de massas e possível saque do patrimônio do Fundoprev Civil
em favor do regime de repartição simples pode significar solução de
liquidez de curto prazo ao Caixa do Tesouro Estadual com possíveis
impactos no equilíbrio atuarial do fundo previdenciário. Item 8.5.4 (p. 642
da peça nº 3546892).
O Chefe do Executivo cita as diversas reformas estruturais
visando ao equilíbrio financeiro e atuarial de seu Regime Próprio de Previdência
Social, entre as quais a reestruturação dos Fundos Financeiro Civil e
FUNDOPREV Civil, alinhando a data do FUNDOPREV com a data de início do
Regime de Previdência Complementar (RPC), e a criação de incentivo à
migração de servidores civis ao RPC, por meio da oferta do Benefício Especial
(pp. 99/103 da peça nº 3712818).

Aponta que a migração de um Regime de Repartição Simples


(RRS) para um Regime de Capitalização (RC) implica em um custo de transição.
Esclarece que os dois tipos de equilíbrio ― financeiro, ou seja, de curto prazo ou
dentro de cada exercício, e atuarial, ou seja, de longo prazo ― aparecem em pé
de igualdade, sem hierarquização na Constituição Federal, e, desta forma,
devem ser entendidos como complementares.

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Conclui o Gestor que as reformas buscaram a equalização do


sistema previdenciário como um todo, mantendo o equilíbrio atuarial do
FUNDOPREV e também aumentando a capacidade de honrar os pagamentos
no curto prazo.

A Área Técnica entende esclarecido este ponto, forte na


adequação do Estado ao disposto na Lei Complementar que reestruturou o
Regime de Repartição Simples e o Regime de Capitalização (pp. 50/52 da peça
nº 3728476).

51) “Painel de Informações de Pessoal”. Relevância da


divulgação correta do total de ativos, inativos e pensionistas,
especialmente para a análise da questão previdenciária no Estado. Item
8.3.3 (pp. 642/643 da peça nº 3546892).
Em seus esclarecimentos (pp. 103/104 da peça nº 3712818), o
Gestor discorre sobre o Painel de Informações de Pessoal, o qual veio para
substituir o Boletim Informativo de Pessoal. Salienta que o Painel visa
modernizar a coleta de dados, com liberdade ao usuário para pesquisar e
selecionar dados.

O Setor Instrutivo, por entender que as pendências não foram


plenamente esclarecidas, opina pela manutenção do aponte (p. 52 da peça nº
3728476).

52) Andamento do Plano de ação indicando detalhadamente as


providências que pretende adotar, nas dimensões temporal, orçamentária e
financeira, visando à plena adequação das despesas do Estado ao artigo
212, § 7º, da Constituição da República, na redação dada pela Emenda
Constitucional n. 108/2020. Item 9.1 (p. 643 da peça nº 3546892).
Em seus esclarecimentos (pp. 104/110 da peça nº 3712818), o
Governador refere que o aumento da despesa anual com a adoção da
determinação da Emenda Constitucional nº 108/2020 seria de mais de R$ 3,0
bilhões. Também cita um agravante de que qualquer aumento salarial a
profissionais da educação ativos, terá que ser estendido a inativos e

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pensionistas, que no RS tem paridade com os ativos em quase 97% dos casos,
o que aprofundaria de forma importante e imediata os déficits primário e nominal
e, ao longo do tempo, o déficit previdenciário do Estado.

Cita que foi encaminhada a Procuradoria-Geral do Estado – PGE,


consulta sobre a matéria, culminando no Parecer nº 18.790/2021. No citado
Parecer, a PGE refere que as alterações introduzidas pela EC 108/2020 devem
ser examinadas na perspectiva dos conceitos de despesa previdenciária e de
despesa tributária. Alega a Procuradoria que a contribuição patronal com
inativos da área da educação e a contribuição patronal extraordinária do Estado
ao RPPS (encargo legal instituído para a cobertura do déficit com pensionistas e
inativos da área da educação derivado da ausência de liquidação das
contribuições patronais de exercícios anteriores) possuem natureza jurídica de
tributo, enquadrando-se na categoria de encargos sociais e, portanto, não
estariam vedados de inclusão no percentual mínimo de MDE.

Sobre esse aspecto, o Setor Instrutivo entende que não prosperam


as considerações do Estado, uma vez que, independentemente do regime de
previdência, da fonte de recursos utilizada para pagamento das aposentadorias
e pensões ou da natureza jurídica desse pagamento, as mesmas não podem ser
consideradas no cálculo do mínimo constitucional em MDE, devido a expressa
determinação Constitucional introduzida pela EC nº 108/2020. A seu ver, a
Constituição não detalhou quais pagamentos de aposentadorias e pensões são
vedados, tão pouco discriminou a fonte de recurso ou a natureza tributária do
citado pagamento, sendo a vedação legal para TODOS os tipos de pagamentos
de aposentadorias e pensões. Logo, o Poder Público é totalmente subordinado à
previsão legal, e, sob o princípio da legalidade, não pode incluir quaisquer
pagamentos de aposentadorias e pensões nas despesas Constitucionais em
MDE (pp. 52/54 da peça nº 3728476).

Na sequência, o Gestor refere que:

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Um dos pontos que vem sendo mais citados é a busca de um


período de transição para implantação das medidas de vedação
da aplicação de valores do Fundeb e principalmente de MDE
com inativos, sendo esta uma condição necessária para
viabilizar o atendimento a Emenda Constitucional n º 108/2020.
A exemplo do período de tempo que a União acabou dispondo
para aumentar sua complementação ao Fundeb, aos poucos tem
sido delineado um horizonte de tempo para que os entes
federados possam atender adequadamente o que preceitua a
EC nº 108/2020.
A esse respeito, tramita no Congresso Nacional a PEC nº
13/2021, que acrescenta o art. 115 ao Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias (ADCT), no sentido de que os
Estados, o DF e os Municípios, bem como seus agentes, não
poderão ser responsabilizados pelo descumprimento, em anos
subsequentes, das disposições do art. 212, § 7º, da Constituição
Federal.
A Área Técnica reafirma que inclusão de inativos e pensionistas
no cálculo do mínimo em MDE está vedada por força constitucional. No entanto,
reconhece os graves impactos para as finanças do Estado da adoção imediata
de referida determinação. E, por considerar não respondido o andamento do
plano de ação, opina pela manutenção do aponte (pp. 52/54 da peça nº
3728476).

53) Plano de Ação para o atingimento do mínimo de gastos


com MDE, fixado pela Constituição Estadual em 35%, e sua adequação ao
disposto no artigo 212, § 7º, da Constituição da República, na redação dada
pela Emenda Constitucional n. 108/2020. Item 9.1 (p. 643 da peça nº
3546892).
Em sua manifestação (p. 110 da peça nº 3712818), o Governador
faz remissão aos esclarecimentos prestados nos Itens 23 e 52, porém não há
resposta específica acerca do plano de ação.

A Área Técnica opina pela manutenção do aponte (p. 54 da peça


nº 3728476).

54) Alto valor inscrito em restos a pagar do Salário Educação,


alusivos a empenhos efetuados em 2020. Item 9.1.2.1 (p. 643 da peça nº
3546892).

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Em seus esclarecimentos (pp. 110/111 da peça nº 3712818), o


Governador informa que o saldo dos empenhos da fonte Salário Educação
realizados em 2020, inscritos como restos a pagar são referentes a bens e
serviços que tiveram sua prestação ou entrega afetados pela Pandemia do
Coronavírus.

O Setor Instrutivo opina pelo afastamento do aponte (p. 54 da


peça nº 3728476).

55) Necessidade de esclarecimento referente ao pagamento do


salário dos professores acima do piso salarial no exercício de 2020,
conforme preconizado pelo artigo 12º da Lei 15.451/2020. Item 9.1.4 (p. 644
da peça nº 3546892).
Em sua manifestação (pp. 111/112 da peça nº 3712818), o
Governador informou que, até a edição da Lei nº 14.451/2020, cumpriu
rigorosamente o acordo judicial firmado na Ação Civil Pública nº
001/1.11.0246307-9. Segundo ele, o período anterior ao acordo está sendo
discutido judicialmente. Além disso, o Estado afirmou que nenhum membro do
magistério recebe subsídio inferior ao Piso Nacional, de acordo com a
determinação legal.

A Área Técnica opina pelo saneamento do aponte (p. 55 da peça


nº 3728476).

56) Alto valor de inscrições em Restos a Pagar Processados


dos recursos 2804 e 2809 em 2020. Item 9.4.2.3.3 (p. 644 da peça nº
3546892).
Em seus esclarecimentos (p. 113 da peça nº 3712818), o Gestor
justificou a inscrição dos valores dos recursos 2804 e 2809 em restos a pagar.

A Área Técnica opina pelo saneamento do aponte (p. 55 da peça


nº 3728476).

Passo então ao voto.

930
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
GABINETE DO CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

De imediato, acompanho a Área Técnica e o MPC para fins de


afastar os apontamentos constantes nos itens 33, 50, 54, 55 e 56. E, na esteira
do posicionamento do Parquet de Contas, entendo que o item 42 também deve
ser afastado.

Com relação aos demais itens, sigo com a análise por área
temática, em sintonia com o art. 2º da recente Resolução TCE nº 1.142/2021.

I - Gestão Previdenciária

No tocante à Gestão Previdenciária, a Área Técnica elenca os


itens 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 49 e 51.

As questões levantadas pela Auditoria, ainda no exercício de 2019,


dizem respeito a: possíveis pendências de repasses ao IPERGS – RPPS;
pendências de repasses das contribuições patronais empenhadas ao
Fundoprev; falta de empenhamento das contribuições patronais ao Fundo de
Assistência à Saúde – FAS; saldo acumulado em restos a pagar e falta de
pagamento dos valores empenhados com a contribuição patronal ao IPE-Saúde;
utilização de recursos do Fundo de Assistência à Saúde – FAS para financiar
outras atividades do IPERGS e divergências nos saldos bancários contabilizados
no Balancete do IPE Prev; e, ponderações quanto ao conteúdo das Avaliações
Atuariais relativas ao Plano Financeiro.

Das verificações apontadas pela Auditoria no exercício de 2020,


tem-se: a segregação de massas previdenciárias com a transposição de
servidores do Fundoprev para o regime de repartição simples, sem autorização
prévia da Secretaria da Previdência, vinculada ao Ministério da Economia; e, a
análise do “Painel de Informações de Pessoal” que destaca a relevância da
divulgação correta do total de ativos, inativos e pensionistas.

Preliminarmente, pode-se conceituar Regime Próprio de


Previdência Social como um sistema de previdência, estabelecido no âmbito de

931
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS
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cada ente federativo, que assegure, por lei, a todos os servidores titulares de
cargo efetivo, pelo menos os benefícios de aposentadoria e pensão por morte.

O ente público da Federação, que opta por ter o seu RPPS, busca
organizar a previdência dos seus servidores públicos, titulares de cargo efetivo
(ativos, inativos e pensionistas beneficiários do ente estatal). Vale referir que o
art. 40 da Constituição Federal159, a Lei 9.717/98160 e a Portaria 402/2008
(diretrizes gerais)161, do Ministério da Previdência, são algumas das normas que
regulamentam os regimes próprios.

Ao instituir o Regime Próprio de Previdência Social, que no caso do


Estado do Rio Grande do Sul encontra-se regulado na Lei Estadual 12.909/2008,
ele passou a gerir a previdência de seus servidores, ou seja, a ser responsável
pela: administração, gerenciamento, concessão, pagamento e manutenção dos
benefícios previdenciários de aposentadoria e pensão; arrecadação, cobrança e
gestão dos recursos e das contribuições necessárias ao custeio do RPPS/RS; e,
manutenção do cadastro previdenciário individualizado.

A partir daí, dentre as demais obrigações inerentes à gestão


sustentável do regime, destaco a necessidade de se buscar seu equilíbrio
financeiro e atuarial que, segundo Luiz Gushiken et al (2002, p. 341)
representa:

“Princípio constitucional basilar do novo modelo


previdenciário brasileiro. Os regimes previdenciários
devem ser norteados por este princípio, significando,
na prática, que o equilíbrio atuarial é alcançado

159
“Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargos
efetivos terá caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente federativo, de
servidores ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio
financeiro e atuarial”.
160
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/L9717compilado.htm,
161
Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/assuntos/previdencia-no-servico-
publico/legislacao-dos-rpps/portarias/arquivos/2020/portaria-mps-no-402-de-2008-atualizada-ate-
19agor2020.pdf

932
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quando as contribuições para o sistema proporcionem


recursos suficientes para custear os benefícios futuros
assegurados pelo regime. Para tanto, utilizam-se
projeções futuras que levam em consideração uma série
de hipóteses atuariais, tais como a expectativa de vida,
entrada em invalidez, taxa de juros, taxa de rotatividade,
taxa de crescimento salarial, dentre outros, incidentes
sobre a população de segurados e seus correspondentes
direitos previdenciários. Por sua vez, as alíquotas de
contribuição - suficientes para a manutenção dos futuros
benefícios do sistema - são resultantes da aplicação de
metodologias de financiamento reguladas em lei e
universalmente convencionadas. O conceito de equilíbrio
financeiro está relacionado ao fluxo de caixa, em que as
receitas arrecadadas sejam suficientes para cobertura de
despesas” (grifei).

A execução do orçamento em 2020, considerando as receitas e as


despesas alocadas no IPE Previdência, está demonstrada na tabela a seguir
(pp. 347/348 da peça nº 3728476):

933
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EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA IPE PREV – 2020


Em R$ millhões (nominais)
DISCRIMINA- VALORES
ÇÃO
1. RECEITAS DE CONTRIBUIÇÕES 7.381,1
1.1. Contribuições de Servidores 2.521,6
1.2. Contribuições Patronais 4.856,2
1.3. Outras Contribuições Sociais 3,3
2. RECEITA PATRIMONIAL 181,0
2.1. Juros e Correções Monetárias 499,4
2.2. Dedução Receita Patrimonial (318,4)
3. RECEITA DE SERVIÇOS 5,4
3.1. Serviços Administrativos 5,4
4. OUTRAS RECEITAS CORRENTES 11.364,5
4.1. Compensações Financeiras entre Regimes 65,0
4.2. Aportes Periódicos Amortização Déficit 11.248,3
4.3. Demais Receitas Correntes 51,3 .
5. TOTAL DE RECEITAS 18.932,1
6. DESPESAS CORRENTES 15.836,8

6.1 Pessoal e Encargos Sociais 15.492,8


6.2. Outras Despesas Correntes 344,0
7. DESPESAS DE CAPITAL 11,7
7.1. Investimentos 2,3
7.2. Amortização da Dívida 9,4
8. TOTAL DAS DESPESAS 15.848,48
9. RESULTADO ORÇAMENTÁRIO (5 - 8) 3.083,62
Fonte: Sistema Cubos DW da SEFAZ/CAGE e Sistema FPE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.

Nesse particular, o tema dos regimes de previdência é bastante


sensível e muito caro a esta Corte de Contas e entendo imprescindível que as
informações dos registros contábeis e dos Estudos Atuariais dos Planos
Previdenciários do IPERGS, bem como o tempestivo e integral repasse de
valores, sejam objeto de estudos e correção por parte do Estado do Rio Grande
do Sul, conforme minuciosa análise do Serviço Instrutivo. Ademais, reforço que o
respeito às boas práticas contábeis é medida essencial para assegurar a
fidedignidade dos registros constantes nos demonstrativos do Executivo
Estadual.

934
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Dos argumentos trazidos pelo Gestor em seus esclarecimentos,


restou inconteste que existem dificuldades do Estado em manter em dia os
recolhimentos patronais ao RPPS. Diante disso, inegável que se trata de fato de
grande relevância, merecedor de ações do Gestor objetivando a regularização
dos repasses e a adoção de medidas para equalização do sistema
previdenciário estadual como um todo, motivo pelo qual mantenho os apontes
para fins recomendação para adoção de medidas corretivas, bem como análise
pela Auditoria nas contas de exercícios futuros.

Também vislumbro a necessidade de emissão de recomendação


ao Gestor para que acompanhe os desdobramentos da Ação Direta de
Inconstitucionalidade nº 6.568/RS e sua eventual repercussão nas mudanças
implementadas no FundoPrev Civil através da Lei Complementar Estadual nº
15.511/2020.

Por derradeiro, reforço que as falhas em questão, por sua


relevância e potencial impacto no RPPS, uma vez não sanadas, poderão
conduzir a emissão de parecer favorável, com ressalvas, ou até mesmo
desfavorável, forte no inciso XI do art. 2º da Resolução TCE nº 1.142, de 15 de
setembro de 2021162.

162
“Art. 2º A prática dos seguintes atos ou omissões, arrolados exemplificativamente abaixo, poderá
ensejar, conforme a natureza e o objeto do processo, a emissão de parecer prévio desfavorável ou
favorável, com ressalvas, sobre as contas anuais do Chefe do Poder Executivo ou o julgamento pela
irregularidade ou regularidade, com ressalvas, das contas dos administradores e demais responsáveis:

XI - em relação à gestão previdenciária:

a) descumprimento do que estabelece a Constituição da República, a legislação e as normativas aplicáveis


em matéria previdenciária, o que poderá estar caracterizado pela ocorrência, entre outras, de quaisquer das
situações mencionadas abaixo:

935
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II - Saúde

Quanto à Saúde, o Relatório do Parecer Prévio elencou e manteve


os itens 30, 31, 36, 37, 38.

Nessa linha, das verificações apontadas pela Auditoria ainda no


exercício de 2019, tem-se: a vedação ao aproveitamento das despesas com o
pagamento de assistência à saúde dos servidores públicos do Estado e do
pagamento de aposentadorias e encargos sobre a folha de inativos e
pensionistas da Secretaria da Saúde, bem como das despesas com a folha de
pagamento de pessoal ativo e demais despesas com custeio em outros órgãos
do Estado fora da Secretaria da Saúde, e não integrados ao SUS, pagas com
recursos vinculados à Saúde (“despesas controversas”) para o cálculo do
percentual mínimo de aplicação em ASPS; existência de contas correntes sem
vinculação privativa com os recursos para a saúde; e, necessidade de
esclarecimentos sobre a forma de apresentação, mensuração e controle das
dívidas do Estado com os Fundos Municipais de Saúde e com os Hospitais.

A tabela a seguir apresenta a evolução dos índices de aplicação


em ASPS nos termos da Emenda Constitucional Federal nº 29/2000 e da
Emenda Constitucional Estadual nº 25/1999, com os índices atestados pelo
TCE-RS e apurados com base nos critérios vigentes nos respectivos anos

1. inobservância das regras gerais de organização e de funcionamento dos regimes próprios de


previdências;
2. inobservância das diretrizes e exigências legais para a aplicação e gestão dos recursos financeiros;
3. utilização de recursos previdenciários para pagamento de despesas distintas das atinentes aos
benefícios do respectivo fundo vinculado àquele regime ou daquelas necessárias à sua organização e
funcionamento;
4. ausência, atraso injustificado, desconto ou recolhimento indevidos das contribuições previdenciárias;
5. ausência ou atraso na realização de avaliação atuarial inicial e em cada balanço;
6. apresentação de fluxos atuariais inconsistentes que possam comprometer a apuração da real situação
atuarial do regime próprio;
7. descumprimento de medidas voltadas à manutenção ou obtenção do equilíbrio atuarial; ou
8. descumprimento das regras para a contabilização dos resultados da avaliação atuarial em obediência ao
regime de competência e às normas vigentes.

936
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(liquidado total até o ano de 2012, bem como com a inclusão, a partir do
exercício de 2007, dos gastos em saneamento e as despesas liquidadas
somadas aos restos a pagar não processados até o limite das disponibilidades
de caixa ao final do exercício de 2013 em diante).

937
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EVOLUÇÃO DA APLICAÇÃO DO ÍNDICE EM ASPS - EC FEDERAL Nº 29/2000 E EC ESTADUAL Nº 25/1999


EXERCÍCIOS DE 2004 A 2020
Em R$ milhões (nominais)
BASE PARA APLICAÇÃO % APLICAÇÃO
EC ESTADUAL EC FEDERAL
Nº 25/1999 Nº 29/2000
RECEITA TRI- RECEITA LÍQUI- VALOR A- EC ESTA- EC FE-
EXERCÍ-
BUTÁRIA DA DE IMPOS- PLICADO EM DUAL Nº DERAL Nº
CIO
LÍQUIDA TOS ASPS* 25/1999 29/2000
E TRANSFERÊN- (3) (=3/1) (=3/2)
CIAS
VALOR(*) % VALOR(*) %
(1) MÍN (2) MÍN
2004 8.532,50 10% 9.175,60 12% 559,9 6,56% 6,10%
2005 9.488,30 10% 10.612,20 12% 604,7 6,37% 5,70%
2006 9.976,20 10% 11.073,00 12% 744 7,46% 6,72%
2007 10.575,70 10% 11.788,70 12% 1581,9 14,96% 13,42%
2008 12.702,40 10% 14.123,30 12% 1.751,20 13,79% 12,40%
2009 13.233,00 10% 14.523,90 12% 1.905,20 14,40% 13,12%
2010 16.355,60 10% 17.787,60 12% 2.353,30 14,39% 13,23%
2011 17.004,90 10% 18.710,70 12% 2.661,60 15,65% 14,22%
2012 18.621,50 10% 20.274,30 12% 3.365,20 18,07% 16,60%
2013 21.088,40 10% 22.819,60 12% 2.827,60 13,41% 12,39%
2014 22.831,30 10% 24.788,50 12% 2.977,40 13,04% 12,01%
2015 24.211,00 10% 26.256,70 12% 3.219,10 13,29% 12,26%
2016 27.050,30 10% 29.176,40 12% 3.538,90 13,08% 12,12%
2017 28.784,02 10% 30.841,56 12% 3.777,77 13,12% 12,25%
2018 31.456,16 10% 33.634,33 12% 4.089,40 13,00% 12,16%
2019 32.719,87 10% 34.905,05 12% 4.241,99 12,96% 12,15%
2020 33.196,41 10% 35389,85 12% 4.298,54 12,95% 12,15%
Fonte: Pareceres Prévios, Balanços Gerais do Estado e Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
*A partir de 2002 foram computadas as multas e juros relativas aos impostos e dívida ativa (Parecer Prévio - Exercício de 2002).
A partir de 2003 o critério de cálculo da despesa com ASPS passa a ter como base o total da despesa liquidada no exercício
(liquidação de despesa do exercício + liquidação de restos no exercício), conforme Parecer Coletivo nº 01/2003.
No exercício de 2006, a despesa foi ajustada de acordo com o Parecer nº 04/2007-Proc. nº 2.270-02.00/06-2.
A partir de 2007, foram consideradas as despesas com saneamento da Corsan cfe. decisão do Tribunal Pleno em
14-05-2008 - Processo nº 2274-0200/08-0 De 2008 até 2012 foi considerado o Parecer nº 04/2007, incluindo os
projetos 5536, 5646 e 6306 e excluindo os projetos 5567 e 6047
Nos exercícios de 2013 a 2015, foram consideradas as despesas liquidadas do exercício mais os restos a pagar não
processados, conforme LC nº 141/12, com a inclusão das “despesas controversas”, conforme explicado nos Pareceres
Prévios.
Nos exercícios de 2016 a 2020, o Executivo excluiu da base de cálculo os Restos a Pagar não Processados sem disponibilidade
financeira, conforme preconiza a LC nº 141/12, considerando apenas as despesas liquidadas totais do exercício, com a
inclusão das “despesas controversas”.

Em se tratando de área extremante relevante e desafiadora à


gestão governamental, tal como se constitui a saúde, verifico que no curso do
exercício de 2020, para além das ações empreendidas no enfrentamento à
Pandemia da COVID-19, foram levadas a efeito diversas medidas para
equalização de demandas com hospitais e repasses de valores a entidades

938
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filantrópicas, as quais ainda estão em curso e são merecedoras de


acompanhamento contínuo do controle externo.

Por outro lado, há que se consignar a necessidade de


recomendação ao Gestor para que acompanhe o trâmite do Pedido de
Orientação Técnica nº 5141-0200/16-0, haja vista seu potencial reflexo nos
critérios empregados na apuração dos valores aplicados em Ações e Serviços
Públicos de Saúde, Manutenção e Desenvolvimento do Ensino e Despesa com
Pessoal.

Naqueles autos o Parecer CT Coletivo nº 04/2021 (peça nº


3465768 do POT) conclui que:

Diante de todo exposto, a fim de subsidiar a decisão do órgão


plenário desta Corte de Contas, a Consultoria Técnica sugere
que:
a) Em decorrência da EC nº 108/2020, não se permita o
pagamento de aposentadorias e de pensões com recursos da
educação considerados no cômputo dos limites mínimos
previstos no caput do art. 212, tampouco com recursos do
salário-educação (item 1.1).
b) Não sejam deduzidas as receitas de transferências
constitucionais do Estado e da União resultantes das
antecipações de impostos por estes entes arrecadados, como
previsto atualmente no art. 6º da Resolução TCE/RS nº
1.089/2018 (item 1.2).
c) Em face da existência de embasamento suficiente, altere-se a
sistemática de apuração das despesas com educação, de forma
a convergir integralmente com a metodologia adotada pelo órgão
central de contabilidade da União, responsável pela publicação
do Manual de Demonstrativos Fiscais – MDF, proporcionando
maior segurança, agilidade, transparência e economia na
manutenção de sistemas dos entes jurisdicionados (item 1.3).
d) Seja alterada a sistemática de apuração do TCE/RS,
deixando-se de deduzir a receita correspondente ao Fundo de
Combate à Pobreza, convergindo com a metodologia adotada
pelo órgão central de contabilidade da União, responsável pela
publicação do Manual de Demonstrativos Fiscais – MDF, em
atendimento à legislação vigente (item 1.4).
e) Não subsista o cômputo das despesas com inativos,
pensionistas e órgãos alheios à Secretaria da Saúde no cálculo

939
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do cumprimento do limite constitucional de saúde pelo Estado do


Rio Grande do Sul (item 2.1).
f) Seja inclusa a verificação do cumprimento do art. 25 da Lei
Complementar nº 141/2012 nos sistemas do TCE/RS. Para
tanto, devem ser utilizadas pelos jurisdicionados da área
municipal e estadual as modalidades de aplicação específicas
constantes no Anexo II da Portaria Interministerial nº 163/2001
(item 2.2).
g) Sejam alteradas as normativas e a metodologia de apuração
da base de cálculo das receitas para aplicação em ASPS desta
Corte de Contas, para deixar de considerar os valores referidos
nas alíneas “d” e “e” do inciso I do artigo 159 da CF/88,
mantendo, assim, observância ao art. 198 da Constituição
Federal (item 2.3).
h) Considerando o teor da Informação nº 25/2013, aprovada pelo
Tribunal Pleno no dia 11-12-2013, e as razões expostas no item
2.2 para alinhamento das metodologias de cálculo, alterese a
sistemática de apuração da despesa aplicada em saúde, de
forma a convergir com o entendimento constante no MDF (item
2.4).
i) Não sejam deduzidos da base de cálculo da receita para fins
de apuração do aplicado em ASPS os valores de transferências
recebidas pelos municípios resultantes da antecipação de
impostos ou da receita orçamentária arrecadada decorrente da
cobrança do adicional de ICMS e ISS – Fundo Municipal de
Combate à Pobreza, pelos motivos expostos nos itens 1.2 e 1.4,
respectivamente, deste Parecer, e ainda pela disposição
expressa no art. 29 da Lei Complementar nº 141/2012 (item 2.5).
j) Nos termos dos artigos 23 e 24 da LINDB, modulem-se os
efeitos da decisão do presente POT, para a plena execução dos
entendimentos acima referidos.
k) Em face do reconhecimento da regularidade das contas nos
exercícios anteriores pelo TCE/RS, inclusive quanto ao exercício
de 2019, a adequação seja apurada a partir do exercício
seguinte ao da aprovação deste Parecer, com prazo final em
2026, em caso de descumprimento dos percentuais
constitucionais de educação e saúde em decorrência da nova
metodologia.
l) A partir das alterações na LRF promovidas pela LC nº
178/2021, altere-se a metodologia de apuração da “receita
corrente líquida” e da “despesa com pessoal”, de forma a
convergir com os entendimentos dispostos no Manual de
Demonstrativos Fiscais – MDF, emitido pela Secretaria do
Tesouro Nacional, estando mantidas as competências deste
Tribunal no que se refere à fiscalização do cumprimento da LRF

940
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TRIBUNAL DE CONTAS
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e demais dispositivos do art. 59, o que inclui a verificação dos


limites da despesa total com pessoal (item 3.1).
m) Considerando a vigência imediata das novas regras para
aferição da despesa com pessoal, a nova metodologia já seja
adotada por este Tribunal durante o presente exercício,
possibilitando a aferição dos limites ao final de 2021, com vistas
ao enquadramento dos jurisdicionados nas regras de transição
estabelecidas pelo art. 15 da LC nº 178/2021, quando for o caso
(item 3.2).
n) A critério da administração, caso acolhidas as conclusões
deste Parecer, a revisão na base de jurisprudência desta Corte
de Contas, identificando as Informações e Pareceres que
contêm os entendimentos modificados a partir do exercício de
2021 e inserindo uma observação a esse respeito.

Finalmente, à luz dos esclarecimentos apresentados pelo


Administrador, e forte na Análise da Área Técnica, entendo que os pontos em
questão, por sua relevância, materialidade e criticidade, devem ser mantidos
para fins de recomendação para adoção de medidas corretivas, bem como
análise pela Auditoria nas contas de exercícios futuros.

III - Educação

No que se refere à Educação, o Relatório do Parecer Prévio


elencou os itens 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 32, 34, 35, 52 e 53.

Nessa linha, das verificações apontadas pela Auditoria ainda no


exercício de 2019, tem-se: o não cumprimento do art. 202 da Constituição
Estadual, que determina a aplicação mínima de 35% da Receita Líquida de
Impostos e Transferências (R$ 34,91 bilhões) em Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino (MDE); a existência de contas correntes sem
vinculação privativa com os recursos para MDE; publicação de decretos em
desacordo com o § 2º, do artigo 21º, da Lei nº 11.494/2007, que estabelece a
obrigatoriedade do uso dos recursos do FUNDEB no exercício financeiro em que
lhes forem creditados, estabelecendo a possibilidade de até 5% desses recursos
serem utilizados no 1º trimestre do exercício imediatamente subsequente,

941
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
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mediante a abertura de créditos adicionais; empenho de despesas com


contribuição previdenciária de inativos para o RPPS e contribuições ao IPERGS
para cobertura do déficit no pagamento dos inativos, em descompasso com o
artigo 29, Inciso II da Lei Federal nº 14.113, de 25-12-2020 (Nova Lei do
FUNDEB); em consulta ao FPE, foi verificada a existência de recursos com
saldos negativos; ausência de utilização de uma conta única e específica no
Banco do Brasil ou Caixa Econômica Federal para as movimentações dos
recursos do Fundeb e quanto ao envio dos mesmos ao SIAC; ausência de
inclusão do valor AMPARA na base de cálculo do Fundeb; necessidade de
estudo ou definição de critérios técnicos para o acompanhamento do Programa
Nacional de Alimentação Escolar nos seus aspectos financeiro e de eficiência;
não preenchimento do Sistema de Orçamentos Públicos em Educação – SIOPE,
do Ministério da Educação, desde o exercício de 2013, por força de decisão
judicial; plano de ação para a quitação de pendências relativas ao pagamento do
Salário Educação devido aos Municípios, conforme regulamentação da Lei nº
9.766/1998 e Lei nº 11.126/1998; consideração das despesas com a UERGS no
percentual de 0,5%, a partir do entendimento referente à Decisão das Contas do
Governador do Estado de 2019; não cumprimento do parágrafo 3º do art. 201 da
Constituição Estadual, alterado pela EC nº 66/2012, que determina a aplicação
mínima de 0,5% (R$ 164,3 milhões) da RLIP (R$ 32,87 bilhões) no ensino
superior público e no ensino superior comunitário e não cumprimento do artigo
236 da Constituição Estadual que determina a aplicação mínima de 1,5% da
RLIP (R$ 32,87 bilhões), no Ensino e Fomento à Pesquisa Científica e
Tecnológica.

Das verificações apontadas pela Auditoria no exercício de 2020,


tem-se: a necessidade de apresentação de plano de ação - e seu andamento -
para o atingimento do mínimo de gastos com MDE, fixado pela Constituição
Estadual em 35%, e sua adequação ao disposto no artigo 212, § 7º, da
Constituição da República, na redação dada pela Emenda Constitucional n.

942
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108/2020, indicando detalhadamente as providências que o Estado pretende


adotar, nas dimensões temporal, orçamentária e financeira.

Em se tratando de área extremante relevante e desafiadora à


gestão governamental, tal como se constitui a educação, verifico que no curso
do exercício de 2020, apesar do significativo esforço dedicado ao enfrentamento
à Pandemia da COVID-19, foram levadas a efeito diversas medidas para
manutenção e desenvolvimento do ensino, as quais ainda estão em curso e
deverão ser acompanhadas continuamente pela Auditoria desta Corte de
Contas.

Nessa linha, reforço o papel de transformação social da educação,


destacando a redução no número de matrículas da rede de ensino estadual,
situação que vem se fazendo presente nos últimos anos. Ademais, cabe ao
Estado atentar para a nova legislação regulamentadora dos recursos do
FUNDEB e eventuais ações judiciais que se apliquem aos limites mínimos de
gastos na área.

Apresento, a seguir, a evolução dos índices de aplicação em MDE,


apurados com base no critério atualmente em vigor (Liquidado Total, Parecer
Coletivo TCE nº 01/2003).

943
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EVOLUÇÃO DA APLICAÇÃO DO ÍNDICE NA MANUTENÇÃO E DESENVOL-


VIMENTO DO ENSINO EXERCÍCIO DE 2020
Em R$ milhões (nominais)
BASE CONSTITUIÇÃO CONSTITUIÇÃO
EXERC. FEDERAL ESTADUAL VALOR APLIC % A-
PARA A- PLICAÇÃO
PLIC. RLIT Art. 212 Art. 202 EM MDE*
% MÍNIMO % MÍNIMO
2010 17.787,6 25% 35% 4.801,0 26,99%
2011 18.710,7 25% 35% 5.297,2 28,31%
2012 20.274,3 25% 35% 6.073,2 29,96%
2013 22.819,6 25% 35% 7.115,0 31,18%
2014 24.753,9 25% 35% 8.110,5 32,76%
2015 26.256,7 25% 35% 8.843,1 33,68%
2016 29.176,4 25% 35% 8.541,7 29,28%
2017 30.841,6 25% 35% 8.918,1 28,92%
2018 33.634,3 25% 35% 9.170,8 27,27%
2019 34.905,1 25% 35% 9.535,6 27,32%
2020 35.389,8 25% 35% 9.952,9 28,12%
Fonte: Pareceres Prévios, Balanços Gerais do Estado, Sistema Cubos DW da CAGE/SEFAZ .
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.

Como já expus quando da análise da saúde, entendo oportuna a


recomendação ao Administrador para que acompanhe o trâmite do Pedido de
Orientação Técnica nº 5141-0200/16-0, haja vista seu potencial reflexo nos
critérios empregados na apuração dos valores aplicados em Ações e Serviços
Públicos de Saúde, Manutenção e Desenvolvimento do Ensino e Despesa com
Pessoal.

Assim, com base nos esclarecimentos apresentados, e forte na


Análise da Área Técnica, entendo que os pontos em questão devem ser
mantidos para fins de recomendação para adoção de medidas corretivas, bem
como verificação pela Auditoria nas contas de exercícios futuros.

IV - Gestão Contábil e Patrimonial

Quanto à Gestão Contábil e Patrimonial, o Relatório do Parecer


Prévio elencou e manteve os itens 2, 11 e 43, todos apontados no exercício de
2019 e relacionados à: realização de pagamentos sem prévio empenho;
aplicação dos recursos do SIAC; e, pendência na transferência de numerário
para integralização de capital do BADESUL.

944
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Em que pese a salutar adoção de medidas corretivas, tenho que as


falhas em questão restaram incontroversas para o exercício de 2020, devendo
ser mantidas, uma vez que revelam o desalinhamento em relação a regramentos
de finanças públicas, em especial à Lei 4.320/1964 e às Normas Brasileiras de
Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBC TSP).
E mais, a confiabilidade das informações está fortemente
associada à robustez dos sistemas de controle e das rotinas e procedimentos
internos dos entes públicos, sob pena de se incorrer em importantes distorções
na interpretação dos demonstrativos contábeis e financeiros divulgados pelo
Governo Estadual.
Neste particular, deve-se atentar também à característica
qualitativa da representação fidedigna da informação contábil, conforme
delimita o item 3.6 da NBC TSP ESTRUTURA CONCEITUAL – Estrutura
Conceitual para Elaboração e Divulgação de Informação Contábil de Propósito
Geral pelas Entidades do Setor Público:

3.6 Para ser útil como informação contábil, a informação


deve corresponder à representação fidedigna dos
fenômenos econômicos e outros que se pretenda
representar. A representação fidedigna é alcançada
quando a representação do fenômeno é completa, neutra e
livre de erro material. A informação que representa
fielmente um fenômeno econômico ou outro fenômeno
retrata a substância da transação, a qual pode não
corresponder, necessariamente, à sua forma jurídica.

Logo, em conformidade com os posicionamentos do Órgão


Instrutivo e do MPC, voto pela manutenção dos apontes para fins de
recomendação à Origem quanto à observância das Normas de Direito
Financeiro e das Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor
Público, bem como para determinar à Direção de Controle e Fiscalização
para que inclua a presente matéria em itens a auditar.

945
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Inobstante, em face das medidas corretivas noticiadas, entendo


que as falhas devem ter seus efeitos mitigados quando da análise e emissão do
parecer acerca das contas do Governador.

V - Sistema de Controle Interno

No que se refere ao Sistema de Controle Interno, o Relatório do


Parecer Prévio elencou o item 44 que aponta que, no exercício de 2020, a
CAGE permaneceu sem realizar, na integralidade, as funções institucionais que
lhe foram atribuídas, especialmente quanto aos procedimentos vinculados à
elaboração dos Pareceres que devem ser anexados à documentação necessária
ao exame das contas das Empresas Estatais pertencentes à Administração
Indireta do Estado.

Em face das informações prestadas pelo Gestor e pelo Setor


Instrutivo, especialmente acerca da nomeação de servidores e ajustes
administrativos nos fluxos de trabalho da CAGE, entendo que o ponto em
questão deve ser mantido para fins de recomendação para adoção de medidas
corretivas, bem como acompanhamento pela Auditoria nas contas de exercícios
futuros.

VI - Políticas públicas voltadas à concretização de direitos


fundamentais

Nesse tópico, o Relatório do Parecer Prévio elencou os itens 39 e


40, relacionados à Segurança Pública, além dos itens 41 e 42, atinentes às
despesas e ao Plano de Comunicação do Estado.

É inegável que a concretização de direitos fundamentais passa


pelo atendimento a diversas políticas públicas, dentre as quais a segurança
pública, a transparência e a comunicação das ações governamentais.

946
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Quanto à segurança pública, verifico que os apontamentos estão


relacionados à recomposição do efetivo, além do déficit de vagas do sistema
prisional. De imediato, em ambos os casos são referidas medidas para mitigação
da problemática e complexa situação das forças de segurança e do segmento
penitenciário. Nessa linha, o Gestor refere a priorização de 12 estabelecimentos
prisionais em diferentes regiões do Estado, com a previsão de geração de 3.557
vagas no sistema, em decorrência de obras para construção de novos
estabelecimentos prisionais, bem como pela ampliação de outros. Afirma que
haverá “um aumento considerável de 13,5% da capacidade de engenharia,
passando de 26.293 vagas para o total de 29.850, minimizando o déficit
prisional”.

Adicionalmente, o Gestor destaca a existência de um calendário de


nomeações para recomposição do efetivo de servidores dos órgãos integrantes
da estrutura de segurança pública e administração penitenciária do Estado,
expondo que ocorreram 1.375 nomeações somente no ano de 2020 além de
estarem projetadas novas nomeações para os anos de 2021 e 2022.

Isso posto, ponderando as dificuldades concretas em matéria


orçamentária, entendo que foram realizadas ações possíveis para mitigar os
déficits de servidores e de vagas na área da segurança pública do Rio Grande
do Sul.

No caso do Plano de Comunicação do Estado (item 42)163, há


informação de que o ponto vem recebendo atenção e regulamentação no
exercício 2021, razão pela qual acompanho a manifestação do MPC e voto pelo
seu afastamento.

Diante das manifestações do Gestor e do Setor Instrutivo, entendo


que os demais pontos verificados devem ser mantidos para fins de

163
Ausência de disponibilização, no portal da transparência, do relatório pormenorizado das despesas
com publicidade e propaganda, previsto no inciso III do artigo 24 da Constituição Federal.

947
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recomendação para adoção de medidas corretivas, bem como análise pela


Auditoria nas contas de exercícios futuros.

VII - Gestão tributária e fazendária

No que se refere a esse ponto, o Relatório do Parecer Prévio


elencou os itens 3, 4, 5, 45, 46 e 47.

Das verificações trazidas pela Auditoria ainda no exercício de 2019,


tem-se: a edição de Decretos com ausência de menção a dispositivo legal para
fundamentar a concessão, em situações específicas, de créditos presumidos do
ICMS; possíveis irregularidades na vinculação da receita de impostos a órgão,
fundo ou despesa; e, questionamento acerca da utilização dos recursos do
Fundo de Proteção e Amparo Social do Estado do Rio Grande do Sul —
Ampara/RS.

Das situações apontadas pela Auditoria no exercício de 2020, tem-


se: a necessidade de esclarecimentos quanto às diferenças de saldo no SIAC
em relação ao Ampara; ausência de reconhecimento contábil das desonerações
fiscais de seus impostos, sobretudo as do ICMS; e, possibilidade de
aprimoramento do Demonstrativo de Desonerações Fiscais.

A tabela abaixo demonstra o total de créditos presumidos


apropriados pelos contribuintes gaúchos no intervalo 2016-2020, bem como a
relação desses valores com o ICMS Bruto e Líquido após as deduções ao
FUNDEB e repasse aos Municípios (p. 133 da peça nº 3546892).

948
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CRÉDITOS PRESUMIDOS E ICMS ARRECADADO - 2016/2020


Em R$ milhões (nominais)
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO
∆% ∆% ∆% Δ% Δ%
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16

ICMS Bruto 34.887,0 35.442,4 1,59 37.299,9 5,24 37.704,6 1,09 36.380,7 -3,51 4,28
( - ) Dedução FUNDEB** (5.193,90) (5.271,7) 1,50 (5.539,7) 5,08 (5.487,0) -0,95 (5.385,7) -1,85 3,69
( - ) Dedução
(8.660,4) (8.786,3) 1,45 (9.238,7) 5,15 (9.144,3) -1,02 (8.988,2) -1,71 3,78
Municípios***
ICMS Líquido 21.032,6 21.384,4 1,67 22.521,5 5,32 23.073,3 2,45 22.006,9 -4,62 4,63
CRÉDITO PRESUMIDO 2.920,7 2.985,4 2,21 3.178,9 6,48 3.226,2 1,49 3.780,7 17,19 29,44
CP / ICMS Bruto 8,37% 8,42% 0,61 8,52% 1,18 8,56% 0,40 10,39% 21,45 24,13
CP / ICMS Líquido 13,96% 0,53 14,11% 1,10 13,98% -0,94 17,18 22,8 23,7
13,89 % 7 1
%Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE. Ofício Gab. RE nº 039/2021 e Demonstrativo de Desonerações Fiscais.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG - TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.
(**) Valor retido automaticamente das receitas de impostos e destinado à formação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB.
(***) Cota-parte dos Municípios na Arrecadação de Impostos Estaduais, contabilizado como despesa até 2019, e dedução da receita a
partir de 2020.

Diante dos esclarecimentos prestados, entendo que os pontos em


questão devem ser mantidos para fins de recomendação para adoção de
medidas corretivas, bem como análise pela Auditoria nas contas de exercícios
futuros.

Particularmente quanto às falhas relacionadas à concessão e


controle dos créditos oriundos de benefícios e desonerações fiscais, vislumbro
pontos passíveis de correção e que têm sido tratados com maior transparência
pelo Executivo Estadual. Tais medidas, ainda que insuficientes para ilidir por
completo os apontes, indicam postura proativa e resolutiva frente ao necessário
exercício do controle externo dessas temáticas.

VIII - Gestão fiscal

Quanto à Gestão Fiscal, o Relatório do Parecer Prévio elencou e


manteve os itens 1, 6, 7, 8, 9, 10, 12 e 48.

Das verificações trazidas pela Auditoria ainda no exercício de 2019,


tem-se: a ausência de apresentação de informações relevantes nos Anexos dos

949
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demonstrativos referentes à estimativa e compensação da renúncia de receita e


da margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado; a
necessidade de esclarecimentos quanto à situação financeira do Estado e ao
equilíbrio das contas públicas; a apresentação de plano para retorno ao limite
determinado para a relação Dívida Consolidada / Receita Corrente Líquida; o
não cumprimento das metas de resultado nominal e agravamento da situação
financeira do Estado; a necessária apresentação de plano de equilíbrio fiscal
pelo Estado; o acompanhamento das negociações do Estado para adesão ao
Regime de Recuperação Fiscal (LC nº 159/2017); e, a elaboração de plano de
ação para atendimento da EC nº 109/2019, que prorrogou o prazo para quitação
do estoque de precatórios até o ano de 2028.

Das situações apontadas pela Auditoria no exercício de 2020, tem-


se a necessidade de esclarecimento quanto aos critérios utilizados na
elaboração dos relatórios de execução orçamentária, publicados bimestralmente
pelo Tesouro do Estado, que apontavam para a necessidade de
contingenciamento pelos Poderes do Estado, para atingimento das metas
fiscais.

Em se tratando de matérias relativas à gestão fiscal, importa referir


que a situação vivenciada pelo Estado de forma alguma pode ser vista como de
simples resolução, ou mesmo analisada de forma descolada em relação ao
contexto atual de enfrentamento à Pandemia e mesmo do quadro histórico de
instabilidades que afetaram as finanças públicas em diferentes gestões.

Como muito bem analisado pela Equipe Técnica, e em face dos


minuciosos esclarecimentos prestados pelo Governador, entendo oportuno
colacionar um quadro com a evolução da Receita Corrente Líquida do Estado do
Rio Grande do Sul entre os anos de 2016 e 2020 (p. 228 da peça nº 3546892), o
qual traz importantes informações de natureza fiscal e de acompanhamento da
evolução do endividamento e dos limites de gastos:

950
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RECEITA CORRENTE LÍQUIDA – RCL – 2016/2020


Em milhões de R$
2016* 2017* 2018* 2019* 2020
DISCRIMINAÇÃO Δ% Δ% Δ% Δ% Δ%
VALOR VALOR VALOR VALOR VALOR
17/16 18/17 19/18 20/19 20/16
1. Receita Corrente 59.478,8 59.204,4 -0,5 62.127,9 4,9 62.064,1 -0,1 62.934,8 1,4 5,8
1.1 Receita Tributária 41.465,4 42.598,7 2,7 44.560,9 4,6 46.883,9 5,2 45.437,7 -3,1 9,6
1.2. Receita de Contribuições 3.587,3 3.504,5 -2,3 3.852,0 9,9 3.828,4 -0,6 4.394,8 14,8 22,5
1.3. Receita Patrimonial 2.215,5 807,6 -63,6 933,4 15,6 597,7 -36,0 316,7 -47,0 -85,7
1.4. Receita Agropecuária 1,8 1,2 -31,8 1,7 40,9 1,2 -31,7 1,1 -10,8 -41,4
1.5. Receita Industrial 0,1 0,0 -72,8 0,0 -55,7 0,0 -65,0 0,0 -2,8 -95,9
1.6. Receita de Serviços 372,4 379,4 1,9 369,3 -2,7 529,5 43,4 400,6 -24,4 7,6
1.7. Transferências Correntes 9.627,4 9.225,7 -4,2 9.251,5 0,3 9.149,9 -1,1 11.812,5 29,1 22,7
1.8. Outras Receitas Correntes 2.208,9 2.687,3 21,7 3.159,0 17,6 1.073,5 -66,0 571,5 -46,8 -74,1
2. Deduções para apuração da RCL 18.618,7 19.037,4 2,2 20.595,3 8,2 19.854,5 -3,6 19.828,3 -0,1 6,5
2.1. ( - ) Transf. Constituc. a
10.242,1 10.351,7 1,1 11.075,3 7,0 10.881,7 -1,7 10.740,3 -1,3 4,9
Municípios
2.2. ( - ) Contrib. Previd. dos
1.893,4 1.784,5 -5,7 2.084,3 16,8 2.066,7 -0,8 2.520,9 22,0 33,1
Servidores
2.3. ( - ) Comp. Fin. entre Reg. 56,6 65,4 15,5 85,2 30,3 78,6 -7,7 65,0 -17,4 14,9
Previd.
2.4. ( - ) Contribuição ao FUNDEB 6.148,5 6.204,2 0,9 6.621,2 6,7 6.476,6 -2,2 6.502,0 0,4 5,8
2.5. ( - ) Anulação de Restos a 172,2 500,5 190,6 592,5 18,4 350,8 -40,8 - -100,0 -100,0
Pagar
2.6. ( - ) Receita/(perda) Fundoprev 106,0 131,2 23,7 136,8 4,2 - - - - -100,0
100,0
3. Subtotal RCL (1 - 2) 40.860,1 40.167,0 -1,7 41.532,6 3,4 42.209,6 1,6 43.106,6 2,1 5,5
4. ( - ) IRRF
2.427,5 2.834,7 16,8 2.825,7 -0,3 3.076,4 8,9 3.185,3 3,5 31,2
Ativos/Inativos/Pensionista
5. ( + ) Perda FUNDEB (8.4 – 5.2) 1.355,8 1.564,6 15,4 1.734,9 10,9 1.923,8 10,9 2.152,3 11,9 58,7
6. RCL (3 - 4 + 5) – Vlr. Inflacionado 39.788,5 38.896,9 -2,2 40.441,8 4,0 41.057,1 1,5 42.073,5 2,5 5,7

7. RCL – Valor Nominal 34.654,9 35.045,9 1,1 37.773,3 7,8 39.779,4 5,3 42.073,5 5,8 21,4
Fonte: Sistema FPE e Cubos DW da SEFAZ/CAGE.
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG – TCE/RS.
(*) Valores Inflacionados pelo IPCA/IBGE – Médio.

Nesse particular, como as Contas Anuais se propõem a uma


análise dinâmica de cenários, não posso deixar de referir que as diversas ações
do Executivo Estadual para o retorno ao limite determinado para a relação
Dívida Consolidada / Receita Corrente Líquida começam a surtir efeitos,

951
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especialmente com o crescimento da arrecadação decorrente da retomada


econômica do estado e do país164.

Com a cautela que o exame do tema merece, tenho que a gestão e


o atendimento do limite de gastos com pessoal, pelo que indicam os dados do
Relatório de Transparência Fiscal (RTF) dos dois primeiros quadrimestres de
2021, pela primeira vez desde 2011, as despesas com pessoal do Estado
ficaram abaixo de 60%, limite máximo da LRF, na metodologia calculada pela
Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Esse índice chegou a 52,36% em agosto,
ante 60,93% no final de 2020165.

Os resultados orçamentários também indicaram um cenário de


gradativa recuperação das contas públicas estaduais, como se observa na
Tabela a seguir (p. 72 da peça nº 3728476):

RESULTADOS ORÇAMENTÁRIOS DO ESTADO – 2010 a 2020


Em R$ milhões
EXERCÍCIO RESULTADO ORÇAMENTÁRIO
2010 (156,5)
2011 (487,6)
2012 (732,2)
2013 (1.394,0)
2014 (1.266,7)
2015 (4.942,5)
2016 (143,1)
2017 (1.668,7)
2018 (2.737,8)
2019 (3.432,5)

164
Conforme recentemente noticiado: “Pela primeira vez desde que a Lei de Responsabilidade Fiscal
(LRF) foi sancionada, em 2000, a dívida consolidada do Rio Grande do Sul ficou abaixo do limite máximo
estipulado pela norma, de 200% da receita corrente líquida. Em agosto de 2021, o indicador chegou aos
183,65%, influenciado sobretudo pelo crescimento da arrecadação. Em 2020, no mesmo período, a dívida
do Estado era equivalente a 230,3% da receita”.
Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/politica/noticia/2021/10/pela-primeira-vez-divida-do-rs-fica-
abaixo-do-limite-imposto-pela-lei-de-responsabilidade-fiscal-ckuhckyoq0012019m3e32ne0h.html . Acesso
em: 19/10/2021.
165
Fonte: https://fazenda.rs.gov.br/conteudo/14527/relatorio-de-transparencia-fiscal-(rtf) . Acesso
em: 18:10/2021.

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RESULTADOS ORÇAMENTÁRIOS DO ESTADO – 2010 a 2020


Em R$ milhões
EXERCÍCIO RESULTADO ORÇAMENTÁRIO
2020 (597,3)
Fonte: Sistema Cubos DW/Sefa-RS
Cálculos: Equipe Técnica SAICE/SAIPAG

Questões nevrálgicas como o acompanhamento das negociações


do Estado para adesão ao Regime de Recuperação Fiscal e o prazo para
quitação do estoque de precatórios são temas que entendo estarem sendo
tratados com os cuidados técnicos que demandam, mas que não poderão de
forma alguma passar à margem do controle concomitante realizado por esta
Corte de Contas, razão pela qual determino que os mesmos sigam sendo
monitorados pela Auditoria em futuros exercícios.

Registro, por fim, a recomendação à Origem para que realize um


planejamento criterioso, bem como promova o acompanhamento das metas de
arrecadação e de gastos, viabilizando o efetivo controle da despesa, da
realização da receita e da gestão de recursos de terceiros, tendo como fim o
atendimento do parágrafo 1º, artigo 1º e demais disposições da Lei de
Responsabilidade Fiscal.

Da emissão do Parecer Prévio às Contas do Governador


Considerando as competências relativas à emissão do parecer
prévio sobre as contas anuais do Governador do Estado, na forma dos artigos
70 e 71, caput e incisos I e II, da Constituição Federal, foi editada a Resolução
TCE nº 1.142, de 15 de setembro de 2021. Referida norma, em seu art. 2º,

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apresenta um rol exemplificativo de atos ou omissões que poderão ensejar a


emissão de parecer prévio desfavorável ou favorável, com ressalvas166.

Uma vez constatadas as situações previstas naquele dispositivo,


devem ser sopesados o objeto e a natureza do processo, bem como: i) a
materialidade qualitativa ou quantitativa envolvida nas ocorrências detectadas; ii)
a extensão dos efeitos das inconformidades ou irregularidades e a repercussão
sobre a gestão; a ocorrência de perda, extravio ou prejuízo ao erário público; e,
iv) a gravidade das condutas comissivas ou omissivas praticadas.

Com a devida vênia ao entendimento do Parecer MPC nº


11955/2021(peça nº 3781328), e na esteira do que dispõe o parágrafo único do
artigo 3º da Resolução em questão, entendo que a prática isolada de
inconformidades ou irregularidades que não sejam consideradas suficientes para
comprometer as contas do agente, diante de seu conteúdo e amplitude, não
impede a emissão de parecer favorável às Contas do Governador no
presente exercício.

Para bem contextualizar os desafios concretos para gestão


governamental, saliento que ainda vivenciamos um momento social de
enfrentamento a uma pandemia cujos efeitos já se demonstraram bastante
severos, seja em termos de óbitos, de exigência da estrutura das redes de
saúde pública e privada assim como de comprometimento às atividades
produtivas de geração de renda e de emprego.

166
O rol de possíveis irregularidades está estruturado da seguinte forma: I – quanto à entrega de
documentos e informações; II – quanto ao sistema de controle interno; III – em relação à estrutura
administrativa e organizacional; IV – em relação à gestão orçamentária; V - em relação à gestão fiscal; VI -
em relação à gestão tributária e fazendária; VII – em relação à gestão contábil e patrimonial; VIII – quanto à
realização de despesa ou outro ato de gestão; IX – em relação a licitações, contratos e outros ajustes; X –
em relação à administração de pessoal; XI – em relação à gestão previdenciária; XII – em relação aos
índices constitucionais; XIII – em relação à promoção da transparência, acesso à informação e ouvidorias;
XIV - em relação à educação; XV – em relação à saúde; XVI – em relação ao desenvolvimento urbano; XVII
– em relação à acessibilidade; XVIII – em relação ao meio ambiente; XIX – em relação aos conselhos de
participação popular; XX – em relação às políticas públicas voltadas à concretização de direitos
fundamentais; XXI – em relação ao dever de sustentabilidade; XXII – em relação à dignidade da jurisdição
de contas.

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Vale reforçar que, durante o ano de 2020, pairaram muitas


incertezas de ordem sanitária, social e de condução de políticas públicas, sejam
elas federais, estaduais e municipais. Um vasto número de normas foram
aprovadas, o Executivo foi bastante demandado e o Poder Judiciário interviu em
demandas relacionadas à competência dos entes federados brasileiros.

No âmbito federal, em 06 de fevereiro de 2020, foi aprovada a Lei


Federal nº 13.979, que dispõe sobre as medidas para enfrentamento da
emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do
coronavírus responsável pelo surto de 2019. Referida norma foi regulamentada
pelo Decreto Federal nº 10.282, de 20 de março de 2020, que define os
serviços públicos e as atividades essenciais e, conforme dispõe seu art. 2º,
“aplica-se às pessoas jurídicas de direito público interno, federal, estadual,
distrital e municipal, e aos entes privados e às pessoas naturais”.

Ainda em âmbito federal, diversas outras normas (Leis


Complementares, Leis Ordinárias, Medidas Provisórias e Portarias, por exemplo)
foram (e continuam sendo) editadas para disciplinar situações gerais e pontos
específicos da estratégia para enfrentamento à Pandemia do Coronavírus
SARS-CoV-2 (Covid-19)167, reforçando a incerteza e a rapidez de tomada de
decisão que o tema exigiu (e ainda exige) dos gestores públicos, da população e
da iniciativa privada.

Paralelamente a essas medidas, em 15/04/2020, a decisão do


Supremo Tribunal Federal no âmbito da Ação Direta de Inconstitucionalidade
(ADI) 6341 assegurou autonomia a prefeitos e governadores para determinarem
medidas para o enfrentamento ao coronavírus. Em síntese, restou consolidada a

167
Conforme consulta realizada no link http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Portaria/quadro_portaria.htm.
Acesso em 12/06/2020 às 17:23.

955
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competência concorrente para adoção de providências normativas e


administrativas pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios168.

Em uma análise responsável, verifico que as medidas adotadas


pelo Estado do Rio Grande do Sul apresentaram respaldo técnico, com as
restrições que a própria situação de Pandemia impôs e com as divergências
naturais que envolvem a pesquisa científica, particularmente frente à
necessidade de se ponderar cuidadosamente contingências de ordem humana,
de saúde pública e de natureza econômica (por exemplo, manutenção de renda,
emprego e capacidade de funcionamentos das estruturas essenciais, sejam elas
de natureza pública ou privada).

A dinamicidade das medidas que foram implementadas não


prescindiu do atendimento às diretrizes legais mínimas aplicadas às políticas
públicas de saúde, de modo que a divulgação de informações no âmbito
estadual parece-me satisfatória à luz das dificuldades inerentes à escassez de
estudos científicos seguros, não apenas no Brasil, mas no mundo todo.

É de se destacar que a Pandemia do COVID-19 acentuou a


necessidade de que as peculiaridades de cada região, estado ou município
fossem conhecidas e consideradas para fins de implementação de políticas
públicas de saúde que visem resguardar e proteger vidas sem, contudo, obstar a
manutenção de atividades essenciais que garantam o abastecimento e a
geração de renda mínima para assegurar a subsistência da população.

Logo, as atribuições constitucionalmente asseguradas aos Estados


da Federação, a Lei Federal nº 13.979/2020, bem como o teor das já referidas
ADI 6341 e ADPF nº 672, foram e ainda são alguns dos balizadores para a
atuação dos gestores estaduais no enfrentamento à Pandemia do COVID-19.

168
Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/04/16/decisao-do-stf-sobre-
isolamento-de-estados-e-municipios-repercute-no-senado. Consulta em 07/08/2020 às 11:23.

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O Governo Federal, a seu turno, efetivou repasses para reposição


das perdas com arrecadação dos Estados e Municípios, bem como
transferências decorrentes da Lei Kandir, situação minuciosamente abordada na
Informação SAIPAG nº 01/2021 (peça nº 3331486).

Nesse cenário, as ações levadas a efeito pelo Governo do Estado


devem ser avaliadas sopesando-se os obstáculos, as dificuldades reais e as
exigências das políticas públicas sob seu encargo, nos termos do caput do art.
22 da Lei 13.655/2018 (LINDB). Essa interpretação aplica-se para áreas
primordiais como a saúde, educação, segurança, previdência, finanças e dívida
pública, dentre outras, não permitindo ser descolada dos desafios impostos
durante o enfrentamento à COVID 19.

Inobstante, em paralelo ao enfrentamento à Pandemia, a


complexidade das decisões governamentais remonta a períodos e gestões
anteriores, de forma que, no presente voto, procurei conhecer as medidas e
ações do Sr. Governador para enfrentar problemas concretos do dia-a-dia do
Povo Gaúcho.

Com o substrato normativo da Lei Federal 13.655/2018 (LINDB),


pondero as dificuldades mais relevantes à Gestão Pública Estadual utilizando
também as lições de Eduardo Jordão169, publicadas pela Fundação Getúlio
Vargas (FGV):

“A respeito da natureza das dificuldades que poderão ser


referidas, a maior parte dos comentaristas têm citados
dificuldades e obstáculos materiais, temporais, orçamentários
e de pessoal. Estas são, afinal, as mais óbvias circunstâncias
que podem impedir a implementação de uma dada política
pública. Além disso, são as dificuldades mais frequentemente
reportadas pela imprensa em relação à administração pública de

169
Disponível em: https://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rda/article/view/77650/74313. Acesso em
04/10/2021.

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todo o país: falta de verbas, tempo escasso para planejar e


executar a ação, déficit de pessoal (...)
Mas há uma dificuldade de outra natureza que também pode ser
relevante e casa bem com todo o projeto. Trata-se da
dificuldade jurídica. Refiro-me à dificuldade de interpretar a
legislação relevante para entender o que ela determina, veda ou
possibilita. Esta dificuldade não é negligenciável. Ela decorre da
complexidade em si da legislação, às vezes intrincada, cheia de
detalhes, às vezes continente de termos com alto grau de
indeterminação. Mas resulta também da tradição jurídico-cultural
brasileira, em especial no que concerne ao manejo de princípios.
Eles são utilizados corriqueiramente de forma tão maleável e tão
livre, que, a rigor, qualquer determinação textual expressa da lei
pode ser afastada pela suposta incidência de princípios
abstratos como o da moralidade ou da dignidade da pessoa
humana”.

Na área da saúde, houve uma significativa pressão nos gastos


públicos, a qual, entretanto, não exime o Gestor de atentar para questões
relacionadas às despesas ditas “controversas” e seu impacto no limite mínimo
exigido para gastos com Ações e Serviços Públicos de Saúde.

Importa acompanhar o andamento do Pedido de Orientação


Técnica nº 5141-0200/16-0, que visa justamente o exame dos critérios
empregados na apuração dos valores aplicados em Ações e Serviços Públicos
de Saúde (ASPS), Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE) e Despesa
com Pessoal, bem como o Recurso de Apelação da Ação Civil Pública nº
001/1.15.0061773-4, que reafirmou a necessidade de observância das
determinações da Lei pelo Estado, reconhecendo que é evidente o dever do
Poder Público em cumprir com os ditames da Lei Complementar.

Logo, em se tratando de itens que impactam diretamente na


apuração dos limites constitucionais para gastos com saúde, entendo que o
arrazoado posto no presente expediente deve ser considerado para
planejamento das políticas estaduais de saúde, assim como já abordado no
processo de contas do exercício de 2019.

958
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Não menos complexas são as ações para manutenção e


desenvolvimento do ensino, com destaque para a sistemática do FUNDEB,
acerca do qual pende de decisão a Ação Civil Originária nº 2922 no STF, bem
como as mudanças empreendidas pela Lei Federal nº 14.113, de 25-12-2020.

Ainda quanto aos impactos da judicialização no âmbito da


educação, particularmente sobre os gastos mínimos previstos na Constituição
Estadual, tem-se a Ação Civil Pública n.º 001/1/17.0034489-8, ajuizada pelo
Ministério Público Estadual perante a 5ª Vara da Fazenda Pública da Comarca
da Capital, foi julgada improcedente, conforme sentença proferida em 10-10-
2017. Na oportunidade, foram considerados os obstáculos concretos para
realização de gastos nessa área, ponderando-se outras demandas priorizadas
pelo Gestor.

Também merece destaque a Ação Civil Ordinária nº 3.196, de 08-


06-2021, que embasou o não atendimento do SIOPE, mas que não desobriga
por completo o Gestor de enviar informações a esse importante sistema de
controle dos gastos com educação.

Dentre os pontos a serem considerados para a análise das contas


do Governador, menciono a aprovação, em 21/09/2021, já em segundo turno, da
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 13/2021, que isenta de
responsabilidade gestores públicos pela não aplicação de percentuais mínimos
de gastos em educação em 2020 e 2021, devido à pandemia.

O texto aprovado, que acrescenta o artigo 115 ao Ato das


Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) da Constituição Federal,
estabelece que, em decorrência do estado de calamidade pública provocado
pela pandemia de covid-19, os estados, o Distrito Federal, os municípios e os
agentes públicos desses entes federados não poderão ser responsabilizados
administrativa, civil ou criminalmente pelo descumprimento — exclusivamente,
nos exercícios financeiros de 2020 e 2021 — do que está previsto no artigo 212

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da Constituição Federal170. Estabelece que a compensação financeira dos


recursos não investidos em educação em 2020 e 2021 deverá ser feita até 2023.

Sobre eventual regime de transição para atendimento a limites


legais e constitucionais, particularmente na questão relativas aos gastos com
ASPS e MDE, atrai-se a incidência do art. 23 da LINDB, segundo o qual “a
decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação ou
orientação nova sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever
ou novo condicionamento de direito, deverá prever regime de transição quando
indispensável para que o novo dever ou condicionamento de direito seja
cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo aos
interesses gerais”.

A ideia de transição, de eficácia diferida de prescrições


mandatórias já é assentada no nosso ordenamento. Tanto é que
a legislação que rege a mais grave decisão possível num
ordenamento positivo, a erradicação de uma norma por o mais
grave dos vícios, a inconstitucionalidade, contempla já há bom
tempo a previsão de modulação dos efeitos, limitando a sua
retroação ou fixando lapso temporal de permanência transitória
da lei ou norma hostilizada171.

Nesse particular, reafirmo a necessidade de se acompanhar o


deslinde do Pedido de Orientação Técnica nº 5141-0200/16-0, que visa
justamente o exame dos critérios empregados na apuração dos valores
aplicados em Ações e Serviços Públicos de Saúde (ASPS), Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino (MDE) e Despesa com Pessoal, nos termos do
previsto nos artigos 111 e 112 do Regimento Interno desta Corte de Contas.

170
O artigo 212 da Constituição estabelece que “a União aplicará, anualmente, nunca menos de 18%, e os
estados, o Distrito Federal e os municípios, 25%, no mínimo, da receita resultante de impostos,
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino".

171
Disponível em: https://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rda/article/view/77651/74314. Acesso em
04/10/2021.

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Atualmente, o expediente encontra-se em Instrução, após


deferimento do ingresso da Procuradoria-Geral do Estado como terceiro
interessado.

Em relação à Segurança Pública, o desafio de conciliar a reposição


dos efetivos da Brigada Militar, da Polícia Civil, da SUSEPE e do IGP, com as
severas restrições orçamentárias marcou novamente a gestão do Governador do
Estado. A mitigação do descompasso entre a real demanda e as possibilidades
de preenchimento de vagas deu-se por meio de realização de concursos, com
cronograma previsto de nomeações.

Ainda nessa importante área, destaco o andamento das obras do


Núcleo de Gestão do Setor Prisional (Nugesp), medida que busca centralizar os
procedimentos básicos de identificação, a documentação, o registro policial, a
classificação, a triagem, a audiência de custódia e os encaminhamentos
compatíveis com o perfil do preso, bem como a previsão de aumento do número
de vagas no sistema prisional, medidas que, ainda insuficientes, visam amenizar
as históricas dificuldades do setor carcerário gaúcho.

A adesão do Estado ao Regime de Recuperação Fiscal, com a


complexidade jurídico-política inerente ao assunto, é uma das frentes de ação
priorizadas pelo Governador para reversão do quadro ainda deficitário das
contas gaúchas, devendo ser permanentemente acompanhada por esta Corte
de Cortas.

Esses pontos fartamente analisados demonstram que, embora


presentes questões ainda passíveis de saneamento pelo Governo do Estado, há
uma série de esforços em curso para a adequação dos gastos e das políticas
públicas nas áreas mais impactantes, tais como, exemplificativamente, a saúde,
a educação, a segurança e a gestão da dívida e dos investimentos. Logo,
entendo que há respaldo fático e legal para a emissão de Parecer Favorável às

961
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Contas Anuais no exercício de 2020, forte no parágrafo único do artigo 3º da


Resolução TCE nº 1.142/2021.

Finalmente, cabe registrar que eventuais irregularidades,


inconformidades ou pontos passíveis de esclarecimentos porventura
constatados nas políticas públicas conduzidas pelo Governo do Estado do Rio
Grande do Sul deverão ser objeto de verificação pela Auditoria desta Corte de
Contas, sempre observados critérios técnicos objetivos, tais como relevância,
criticidade e materialidade.

X – Em face do exposto, voto por:


a) emitir Parecer Favorável à aprovação das Contas do senhor
Eduardo Figueiredo Cavalheiro Leite, Governador do Estado do Rio Grande do
Sul no exercício de 2020, forte no inciso I do artigo 67-A, do Regimento Interno
do TCE/RS, bem como no parágrafo único do artigo 3º da Resolução TCE-RS nº
1.142/2021;

b) afastar os apontes registrados nos itens 33, 42, 50, 54, 55 e 56,
nos termos das manifestações da Área Técnica (peça nº 3728476) e do
Ministério Público de Contas (peça nº 3781328);

c) recomendar ao atual Governador do Estado do Rio Grande do


Sul que:

c.1) adote providências para prevenir situações como as


apontadas nos autos e implemente medidas corretivas em relação àquelas
passíveis de regularização, especificamente quanto à: gestão previdenciária
(itens 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 49 e 51); saúde (itens 30, 31, 36, 37, 38);
educação (itens 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 32, 34, 35, 52 e 53);
gestão contábil e patrimonial (itens 2, 11 e 43); sistema de controle interno
(item 44); políticas públicas voltadas à concretização de direitos

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fundamentais (itens 39, 40 e 41); gestão tributária e fazendária (itens 3, 4, 5,


45, 46 e 47); e, gestão fiscal (itens 1, 6, 7, 8, 9, 10, 12 e 48);

c.2) acompanhe o trâmite do Pedido de Orientação Técnica nº


5141-0200/16-0, haja vista seu potencial reflexo nos critérios empregados na
apuração dos valores aplicados em Ações e Serviços Públicos de Saúde,
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino e Despesa com Pessoal;

c.3) acompanhe os desdobramentos da Ação Direta de


Inconstitucionalidade nº 6.568/RS e sua eventual repercussão nas mudanças
implementadas no FundoPrev Civil através da Lei Complementar Estadual nº
15.511/2020;

d) determinar à Direção de Controle e Fiscalização que monitore


os temas objeto dos apontamentos considerados não regularizados,
aprofundando, conforme o caso, o respectivo exame, observados critérios de
relevância, materialidade e criticidade;

e) publicar a síntese do relatório, suas conclusões e o parecer


prévio no Diário Eletrônico do Tribunal de Contas, bem como a integralidade do
citado relatório no portal do Tribunal de Contas, conforme dispõe o artigo 68 do
RITCE;

f) cientificar a Contadoria e Auditoria-Geral do Estado (CAGE)


acerca do inteiro teor deste relatório e voto e da decisão que vier a ser prolatada;
e

g) encaminhar o expediente à Assembleia Legislativa do Estado


do Rio Grande do Sul para os fins do julgamento estatuído nos artigos 71, inciso
I, da Constituição da República e 71, caput, da Constituição Estadual,
observados os trâmites legais e regimentais e após o trânsito em julgado da
decisão.

963
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É o meu voto.

Alexandre Postal,
Conselheiro Relator.

964
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Relator: Conselheiro Alexandre Postal 


Processo n. 000016-02.00/20-2 
Decisão n. TP-0408/2021

– Contas Anuais do Excelentíssimo Senhor Governador do


Estado do Rio Grande do Sul, referentes ao exercício de 2020.

A Secretária do Tribunal Pleno certifica que as ocorrências


pertinentes a este processo, nesta sessão, estão abaixo consignadas.
Apresentado o relatório da matéria pelo Conselheiro-
Relator, o Conselheiro-Presidente, Estilac Xavier, com supedâneo no Regimento
Interno, concedeu a palavra ao Procurador-Geral Adjunto para Assuntos
Jurídicos do Estado, Victor Herzer da Silva, inscrito na OAB/RS sob o
n. 58.261, que sustentou suas razões nos seguintes termos: “Obrigado, Senhor
Presidente, Conselheiro Estilac Xavier. Saudando Vossa Excelência, eu
aproveito para registrar a minha saudação institucional a esta egrégia Corte de
Contas, que desempenha sempre com presteza e com excelência a sua missão
constitucional, exercendo, de forma efetiva, o controle externo em relação a
todos os Poderes, fiscalizando e exigindo a correta aplicação dos recursos
públicos por todos os administradores e a observância adequada do
ordenamento jurídico vigente. Eu compareço nesta tribuna hoje na condição de
Procurador-Geral em exercício, uma vez que o Doutor Eduardo Costa restou
impossibilitado de se fazer presente, solicitando, assim, que eu o substituísse na
função. Prosseguindo, eu cumprimento respeitosamente todos os eminentes
Conselheiros deste Tribunal, o Conselheiro Alexandre Postal, Relator do
processo ora em apreciação, Conselheiro Algir Lorenzon, Conselheiro Iradir
Pietroski, Conselheiro Marco Peixoto, Conselheiro Cezar Miola e o Conselheiro
Renato Azeredo. Saúdo o ilustre Procurador-Geral do Ministério Público de
Contas, Doutor Geraldo Costa da Camino, os Conselheiros e Conselheiras-
Substitutos aqui presentes também, Doutora Ana Warpechowski, Doutora Letícia
Ramos, Doutora Daniela Zago, Doutora Heloisa Piccinini, Doutor Alexandre
Mariotti e o Doutor Roberto Loureiro. E ainda cumprimento meu querido amigo,
valoroso colega, Doutor Euzébio Ruschel, Procurador do Estado que atua nesta
Corte como representante dos interesses da administração. E cumprimento
todos os competentes servidores deste Tribunal na pessoa da Secretária Débora
Pinto da Silva. Excelências, como sabemos as Contas de Gestão do Governador
do Estado, agora nova nomenclatura, Contas Anuais, mas, em relação ao
Governador do Estado, elas costumam abarcar, e abarcam, neste exercício de
2020 também, dezenas de pontos de análise, uma quantidade de matéria
bastante volumosa, sendo que alguns desses pontos com acentuada
profundidade, de modo que eu não tenho a pretensão nem o tempo comportaria
uma abordagem integral das questões no âmbito dessa sustentação.
Abordagem completa somente foi possível na defesa escrita, e nós entendemos
ter conseguido fazer essa abordagem de maneira exauriente e satisfatória na

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TRIBUNAL DE CONTAS

petição de esclarecimentos em relação aos itens apontados na equipe técnica


desta Corte, e, aliás, nessa altura, eu endereço uma saudação merecida e
sincera a todas as equipes técnicas deste Tribunal, que executam com
brilhantismo o seu dever e, quando apontam possíveis falhas nas Contas do
Gestor do processo de hoje ou de qualquer gestor, incentivam o aprimoramento
das administrações, seja pelos esclarecimentos, seja pela depuração de
eventuais incorreções. Então, rogando escusas novamente pela impossibilidade
de abordar com maior amplitude o conteúdo de todos os temas, eu gostaria de
colocar em destaque alguns itens que selecionei para esse momento.
Primeiramente, com relação aos créditos presumidos de ICMS, aprovados pela
Assembleia Legislativa em leis específicas ou pelo CONFAZ, através dos seus
convênios, eu reforço que eles não acarretam, por nenhum ângulo, ofensa ao
princípio da não afetação de receita de impostos, princípio consagrado no inciso
IV do artigo 167 da Constituição Federal. Esses créditos presumidos são, na
verdade, benefícios fiscais para incentivar determinados setores ou
determinados produtos que carecem de apoio estatal. Então, não ocorre a
vinculação da receita vedada pelo texto constitucional. Na realidade, o crédito
presumido se utiliza do pagamento de taxas como elemento de cálculo,
ponderando que a taxa, nesses casos, figura como um investimento no setor
correspondente àquele fundo estadual específico. Assim, as taxas servem para
fortalecer fundos estaduais que amparam o segmento que necessita de apoio,
ao passo que o crédito presumido incentiva individualmente os contribuintes,
viabilizando a alavancagem necessária para que eles operem naquela cadeia
produtiva, e, além disso, para afastar em definitivo qualquer incursão na vedação
do artigo 167, eu ressalto que essa regra da não vinculação incidiria apenas
sobre arrecadações efetivas de impostos, o que não acontece no caso do crédito
presumido, em que não ocorre um real ingresso da receita do imposto. Um
segundo ponto que eu destaco é quanto aos recursos do Ampara-RS. Depois de
o Estado ter ultrapassado um período mais agudo de crise financeira, a partir da
lei orçamentária de 2017, iniciou-se uma utilização mais efetiva dessa fonte de
recursos, em conformidade com o que prevê a lei e também com a destinação
que é fixada periodicamente pelo Conselho Deliberativo desse fundo. No
primeiro semestre de 2021, importante registrar, o ingresso de receitas foi de
R$ 146.000.000,00, enquanto que as despesas empenhadas com essa fonte
totalizaram R$ 267.000.000,00, isso só para demonstrar a trajetória de forte
redução do saldo passivo potencial, que era o principal problema apontado aqui
no Ampara-RS. Então, verifica-se que tem havido uma redução muito grande
desse passivo potencial, o Governo tem feito todo o esforço. Em agosto de
2021, esse passivo já estava em R$ 113.000.000,00 e segue caindo. Outro item
importante que selecionei para destaque é a busca do equilíbrio fiscal. A gestão
atual, nesse ponto, tem sido persistente, tem sido efetiva, dentro das
possibilidades. As reformas previdenciária e administrativa, que foram aprovadas
uma no final de 2019 e outra no início de 2020, propiciaram uma mudança
grande na roda da elevação da despesa pública. Por um lado, com a sensação
do crescimento vegetativo dos gastos com pessoal e, por outro lado, dando
início a uma redução do déficit previdenciário. Além da reforma tributária

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aprovada também e também o programa de reforma do Estado, todos esses


itens atingiram resultados importantes para que o Estado do Rio Grande do Sul
consiga alcançar, em breve, o almejado equilíbrio fiscal. Nessa área da reforma
do Estado, em especial, as privatizações, e não posso deixar de mencionar
muito especialmente que só a privatização da CEEE Distribuidora proporcionou
a transferência de aproximadamente R$ 5.000.000.000,00 em passivos para a
empresa adquirente, o Grupo Equatorial, passivos que àquela altura estavam
posicionados na Companhia, mas que, em poucos meses, pela caducidade da
concessão, que seria declarada pela ANEEL, com certeza, se nada fosse feito,
se tornariam passivos do Estado, que, em última análise, era o controlador da
CEEE para a então holding do Grupo CEEE. Fora isso e tão ou mais importante
a privatização da CEEE-D, que foi 100% concluída em julho desse ano, com o
registro definitivo da transferência das ações, passou, naquele momento, a gerar
um incremento de receita tributária na ordem de R$ 100.000.000,00, tem uma
variação mês a mês, mas gira em cem, cento e poucos milhões todos os meses,
valores que, então, como nós sabemos, a empresa não tinha caixa para fazer
frente, não recolhia esse ICMS. Além disso, a CEEE Transmissora também teve
recentemente seu processo de alienação finalizado, o ingresso de
R$ 2.670.000.000,00 no caixa do Estado, foram depositados em outubro de
2021 pela CTFL, e outros processos também complexos de desestatização que
o Governo segue tocando, superando os obstáculos, que são vários. A Sulgás,
por exemplo, está na iminência de ser concluído o processo, foi realizado o leilão
recentemente. Nos próximos dias, vai ser concluída a transferência propriamente
das ações, são mais R$ 927.000.000,00 de recursos entrando no caixa do
Estado. Em janeiro, está previsto o leilão de alienação do controle do CEEE
Geração. Em fevereiro, previsto o IPO da CORSAN, tudo medidas que
proporcionam o ingresso de recursos e auxiliam para que o Estado atinja logo
esse objetivo de alcançar o equilíbrio fiscal. A adesão ao regime de recuperação
fiscal segue firme. Esse é um ponto que teve dificultado, por muitos meses, mas
agora voltou com possibilidade real. É iminente a adesão. O Estado fez todas as
providências que precisava para cumprir as novas regras que foram fixadas pela
Lei Complementar Federal n. 178, aprovou o teto de gastos. Hoje já cumpre
todos os requisitos de habilitação e, dentro de muito pouco tempo, deve estar
aderindo. Outro item que eu não posso deixar de referir é o esforço na redução
do estoque de precatórios. Hoje, na faixa de R$ 16.000.000.000,00, o Estado
tem feito um esforço muito relevante nesse sentido. No ano de 2019, foi um
recorde: R$ 1.550.000.000,00 pagos. No ano de 2020, que é o objeto dessas
Contas, esse patamar caiu, pelo contexto evidente da pandemia, que impactou
de maneira muito forte o serviço do Poder Judiciário Estadual, que é elementar
no impulsionamento desses precatórios. Mas, mesmo assim, mesmo no ano de
2020, o valor dos precatórios pagos foi superior aos novos precatórios inscritos,
então o ritmo de redução do estoque continuou e segue em ritmo de redução. E,
recentemente, na semana passada, foi assinado um termo de cooperação entre
o Executivo e os três tribunais, Tribunal de Justiça, o TRT-4 e o TRF-4, criando
uma força de trabalho, um procedimento especial, para agilizar e incrementar a
efetividade dos acordos diretos. Vão ser chamados, na próxima rodada, todos,

967
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS

absolutamente todos os precatoristas, o que é inédito, é um fato histórico. Todos


os editais de chamamento anteriores eram por um tempo limitado, o primeiro foi
até 2005, o segundo foi até 2009, agora vão ser chamados todos, até aqueles
que estão inscritos para pagamento no orçamento de 2022, para possibilitar
essa redução drástica no estoque. O Estado está negociando um empréstimo,
uma operação de crédito externa com o BID na ordem de U$ 500.000,00. Isso
vai possibilitar uma aceleração muito grande nesses pagamentos, e, se vier a
ser aprovada a PEC dos precatórios no Congresso Nacional, vai ser possível
utilizar 100% do valor desse empréstimo em pagamentos via acordos diretos, o
que hoje não é possível, só é possível 50%, conforme a regra do ADCT. Já me
encaminhando para o final, Senhor Presidente, só refiro os pagamentos na área
da saúde, que são dois itens dos apontes que tratavam disso, um as dívidas
com os hospitais, o outro as dívidas com os municípios. As dos hospitais já
foram liquidadas ao longo de 2019 e 2020. As com os municípios, com os fundos
municipais de saúde, estão sendo quitadas nos últimos dias, teve o anúncio na
semana passada. Apenas alguns judicializados, que os municípios estão
fazendo as petições de desistência, mas, até a próxima sexta-feira, todos que
desistiram, logicamente alguns preferiram a via judicial, mas todos que optaram
em receber administrativamente, vão receber até a próxima sexta-feira. Então,
finalizando e reiterando integralmente os esclarecimentos apresentados por
escrito, postulo que seja emitido Parecer Favorável à aprovação das Contas do
Governador do Estado referentes ao exercício de 2020, sem ressalvas ou
determinações. Muito obrigado a todos os Conselheiros pela atenção.”
Em continuidade, ao lhe ser concedida a palavra, o
Procurador-Geral do Ministério Público de Contas, Geraldo Costa da
Camino, assim se manifestou: “Senhor Presidente, saudando Vossa Excelência,
saúdo os demais Conselheiros e Conselheiras, Titulares e Substitutos. Senhor
Procurador do Estado que oficia perante a Corte, Doutor Euzébio, Senhor
Procurador do Estado que aqui representa o Governador, Doutor Victor Herzer,
Senhora Secretária e todos que nos assistem. Eu vou me permitir proceder à
leitura apenas da conclusão do Parecer já referido pelo eminente Relator: ‘Este
Parquet tem, reiteradamente, expressado o entendimento de que o rigor no
julgamento das contas do Governador (como de todos os gestores públicos),
múnus desta Corte , também constitui fator de estabilidade financeira do Estado.
No exercício aqui analisado, considerando-se o total de 56 Pontos Passíveis de
Esclarecimento, 50 resultaram mantidos como inconformidades pelo SAIPAG.
Quanto a elas, este Ministério Público de Contas opina pelo afastamento de uma
(item 42), pela manutenção de quatro apontes somente para fins de adoção de
medidas corretivas (itens 1, 7, 17 e 29), e pela responsabilização do Gestor
quanto aos demais 45 itens. Dentre eles, 21 encontram enquadramento nas
hipóteses exemplificativamente arroladas no artigo 2º da Resolução TCE
n. 1.142/2021, ensejadoras da emissão de parecer prévio desfavorável. O
opinativo final deste Órgão Ministerial norteia-se na apreciação conjunta dos
elementos contidos na instrução técnica, à luz da Resolução n. 1.142/2021 e
legislação regente’, inclusive dos dispositivos da Lei de Introdução às Normas de
Direito Brasileiro, especialmente o artigo 28, que convém, aliás, passe a informar

968
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS

explicitamente a atribuição de responsabilidade ao gestor em contas anuais de


Governo. Desses destacaria os seguintes apontes: ‘a) a ampliação do
orçamento do Executivo sem a efetiva existência de dotações orçamentárias e
de recursos financeiros, mediante o registro na conta Obrigações Pendentes de
Execução Orçamentária; b) a não apresentação de plano de ação voltado ao
atingimento do equilíbrio fiscal – embora pública e expressamente almejado pelo
Executivo –, haja vista a competência atribuída ao Tribunal de Contas para a
fiscalização do cumprimento da LRF, em consonância, especialmente, com o
disposto no artigo 59, inciso I, do referido diploma legal; c) a inexistência de
plano de ação para recomposição dos recursos sacados do SIAC; d) as
irregularidades na aplicação de recursos do FUNDEB, notadamente em
despesas de cunho previdenciário, no montante de R$ 1,56 bilhão; e) o
descumprimento dos índices mínimos constitucionais de aplicação de recursos
em Ações e Serviços Públicos de Saúde (ASPS), em face do atingimento de
8,87% da RLIT e 9,46% da RTL, além de decréscimo em relação àqueles
verificados no exercício precedente, aliados à não apresentação de plano de
ação voltado ao incremento gradativo dos valores aplicados; f) a revisão da
segregação de massas previdenciárias sem autorização prévia da Secretaria de
Previdência; g) a inobservância de princípios afetos ao adequado registro e à
evidenciação de fatos contábeis – especialmente daqueles destacados nos itens
15, 18, 21, 24, 25, 36, 37 e 38 –, que, ao provocar distorções ou imprecisões nos
demonstrativos decorrentes, comprometem sua fidedignidade e, consectário
disso, também a atuação do Controle Externo. Isto posto, o Ministério Público de
Contas opina nos seguintes termos: 1º) Emissão de Parecer Prévio Desfavorável
à aprovação das contas do Excelentíssimo Senhor EDUARDO FIGUEIREDO
CAVALHEIRO LEITE, Governador do Estado do Rio Grande do Sul, no exercício
de 2020. 2º) Ciência ao Procurador Regional Eleitoral e ao Procurador-Geral de
Justiça, consoante o disposto no artigo 140 do Diploma Regimental.
3º) Recomendação ao atual Gestor para que apresente Plano de Ação voltado à
adoção de medidas saneadoras dos apontes constantes do presente feito.
4º) Determinação à Direção de Controle e Fiscalização para que mantenha
sistemática de acompanhamento em relação às ressalvas e recomendações
remanescentes dos exercícios anteriores.’ É o Parecer. Grato pela atenção.”
Após ter sido colocada em discussão a matéria, a palavra
foi novamente concedida ao Conselheiro-Relator, Alexandre Postal, que
prolatou seu voto, constante nos autos, tecendo, inicialmente, as considerações
que seguem: “Sim, Senhor Presidente. Primeiramente, desejo exaltar o trabalho
de qualidade realizado pela Supervisão de Auditoria e Instrução de Contas
Estaduais, através do Serviço de Auditoria, Instrução do Parecer Prévio e
Acompanhamento da Gestão Fiscal. Agradeço ao Supervisor Clayton Paim
Moreira, ao Coordenador da SAIPAG, o Guilherme Genro Sampedro, aos
Auditores de Controle Externo Mauro Carapeços e Bruno Londero e a todos os
servidores desta Casa que participaram deste valoroso trabalho que é o parecer
número um de todos aqueles que nós analisamos anualmente nesta Corte de
Contas.”

969
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS

A seguir, ocorreram as seguintes manifestações:


Conselheiro-Presidente, Estilac Xavier: “A matéria está
em discussão e em votação. Então, começo com o Conselheiro Algir. Como vota
Conselheiro Algir?”.
Conselheiro Algir Lorenzon: “Eminente Presidente, eu
estou inteiramente de acordo com o voto proferido pelo eminente Conselheiro
Alexandre Postal e quero também aproveitar esta ocasião para, junto a este meu
voto, cumprimentar Sua Excelência, parabenizando-o pela excelência do
trabalho, cumprimentar os seus assessores, aqueles que trabalharam, nossas
equipes técnicas deste Tribunal, que, mais uma vez, estão dando uma
demonstração do pleno conhecimento, da autoridade que têm em relação a
essas situações existentes no quadro do Estado do Rio Grande do Sul. Eu devo
dizer, eminente Presidente, que aqui está um retrato da situação do Rio Grande
do Sul. Eu posso dizer que um retrato que vem vindo melhorando no Estado do
Rio Grande do Sul, apesar dos problemas que nós vivemos, apesar dos
problemas que o mundo vive, que se tem reflexos aqui no Estado, apesar disso
tudo, eu também devo registrar que o Estado do Rio Grande do Sul tem dado
uma demonstração muito bonita eu digo, séria, competente, bonita, do
relacionamento que ele está mantendo com a sociedade e com os demais
Poderes em relação ao enfrentamento desta situação de pandemia, e Vossa
Excelência é testemunha de que os instrumentos técnicos, científicos do Estado
do Rio Grande do Sul estão sendo mobilizados desde o primeiro momento para
dar uma assessoria especializada ao Governador, e este, por sua vez, abriu
competentemente também uma discussão em razão do problema para que toda
a sociedade tomasse conhecimento, municípios, Estado, entidades,
universidade e Poderes, da pandemia e das demais situações que o Estado
vive. Eu queria aproveitar, Presidente, para pedir vênia ao eminente Conselheiro
para fazer um pequeno acréscimo, eminente Conselheiro-Relator, Alexandre
Postal, que não altera nada do que Sua Excelência propõe, mas acrescenta só
um item, que eu considero importante, já fiz uma idêntica proposta no exercício
de 2014, quando nós examinamos as Contas do Governador. Na letra ‘a’ do seu
voto, depois da Resolução TCE-RS n. 1.142/2021, eu acrescentaria uma vírgula
e colocaria ‘devendo ser dado ciência da presente decisão ao Excelentíssimo
Senhor Governador do Estado.’ Porque, na realidade, todas essas situações que
Vossa Excelência aponta, inclusive afastando apontes e pedindo que se adotem
providências e implementem medidas nessas outras questões, tem que, em
primeiro lugar, ser do conhecimento do Gestor, para que ele possa,
efetivamente, determinar as correções necessárias, entende? Então, uma
pequena coisa, seria assim: ‘devendo ser dado ciência da presente decisão ao
Excelentíssimo Senhor Governador do Estado do Rio Grande do Sul’. Pronto.
Só. Nada mais a acrescentar, meus parabéns, renovo as congratulações pelo
trabalho realizado e voto inteiramente de acordo, Senhor Presidente.”
Conselheiro-Relator, Alexandre Postal: “Acato a sua
proposição, sem nenhuma divergência às posições colocadas, e o trabalho todo

970
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS

é de uma equipe que foi o ano inteiro trabalhando sem sombra de dúvidas,
enalteci os principais, aqueles que conduziram, mas realmente é, desde que
estou aqui, o trabalho de processo maior e mais elaborado e com
acompanhamento por mais tempo. Obrigado, Conselheiro, e acato a sua
proposição.”
Conselheiro Algir Lorenzon: “Perfeito. Obrigado.”
Conselheiro-Presidente, Estilac Xavier: “Como vota o
Conselheiro Miola, agora o voto acrescido da proposição do Conselheiro Algir.”
Conselheiro Cezar Miola: “Senhor Presidente, minha
saudação a Vossa Excelência. Senhoras e Senhores Conselheiros, Titulares,
Substitutos, Procurador-Geral do Ministério Público de Contas, minha saudação
ao Procurador-Geral Adjunto do Estado, Victor Herzer da Silva, ao Procurador
do Estado que atua habitualmente junto à Corte, ele também ex-Procurador-
Geral do Estado, Euzébio Ruschel. Cumprimentos às equipes de trabalho do
Tribunal de Contas, na pessoa da Senhora Secretária, Senhoras e Senhores
que nos acompanham pela internet. Eu, desde logo, digo que, em relação ao
encaminhamento relacionado ao Parecer, alvitrado no minucioso voto do
eminente Relator, acompanho, permitindo-me trazer aqui algumas
considerações acerca de uma proposição que pretendo encaminhar, mas quero
também, fazendo coro ao que disse o Conselheiro Algir Lorenzon, cumprimentar
o eminente Relator, sua equipe de Gabinete e a nossa Unidade Técnica, que se
concentra basicamente no SAIPAG, pelo dedicado e importante trabalho que
realizaram. Nós sabemos o grande esforço envolvido nessa análise do processo
agora denominado de Contas Anuais do Governador, e estendo essa saudação
também à equipe do eminente Procurador-Geral e a Sua Excelência, porque nós
sabemos que ali também a matéria é objeto de minuciosa análise. O que
gostaria de registrar, até por um aspecto de coerência com relação ao
posicionamento que sustentei na condição de Relator das Contas do exercício
de 2019, é no sentido de me reportar, de antemão, ao inteiro teor do voto que
prolatei naquela oportunidade, relativamente aos apontamentos que restaram
mantidos em 2020, inclusive na compreensão do eminente Relator. Então, eu
invoco, no que couber, a fundamentação lá adotada, para trazer esta
justificativa. Eu diria que, do cotejo entre o exercício de 2019, cuja relatoria me
coube, e o que agora vem à análise do Tribunal Pleno, o que se pode dizer é
que grande parte das situações apontadas efetivamente se repetiu e, em relação
a determinadas matérias que se revelam particularmente sensíveis, exigindo a
tomada de medidas efetivas por parte do Governo, inclusive entendi, naquela
oportunidade, pela necessidade de emissão de determinações e assinatura de
prazos ao Gestor, visando ao enfrentamento objetivo e célere das questões, No
entanto, como é sabido, fui vencido no particular e, evidentemente, me submeto
a essa deliberação. Foram, então, exaradas recomendações a respeito, agora
renovadas no voto que acabamos de ver verbalizado pelo ilustre Relator.
Gostaria apenas de destacar alguns pontos, muito brevemente, sobretudo no
tocante àqueles relacionados às vinculações constitucionais, tanto à Carta

971
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS

Estadual quanto à Constituição da República. No caso da destinação mínima de


0,5% da receita líquida de impostos no ensino superior público, no ensino
superior comunitário, o que se verificou foi, grosso modo, uma manutenção do
quadro verificado até com uma ligeira redução do percentual de 0,31 para 0,29
quando o comando constitucional é de 0,5%. Por igual, a questão relacionada à
vinculação, à pesquisa científica e tecnológica. Essa teve um ligeiro acréscimo
de 0,9 para 0,10%, mas, evidentemente, aquém do 1,5 da receita líquida de
impostos prevista na Constituição. Situação também mencionada pelo eminente
Relator, envolvendo as ações e serviços públicos de saúde, em que o percentual
ficou em 8,87% e, no anterior, fora de 8,99%. E também o tema da Manutenção
e Desenvolvimento do Ensino, gostaria de destacar, tal qual fiz na manifestação
anterior, tanto no que diz respeito à Constituição do Estado quanto à brasileira. É
claro que aqui o meu foco substantivo é em relação à própria Constituição
Federal, haja vista que, no caso do Rio Grande do Sul, temos uma vinculação de
35% das respectivas receitas, e o percentual, excluída a despesa previdenciária,
decresceu de 15,63% para 15,48%. Então, esses pontos eu gostaria de destacar
por relevantes, a par de outros que vou referir no voto a ser encaminhado à
Secretaria das Sessões. Não vou me delongar nessas reflexões. Faço aqui,
então, uma referência rápida aos principais pontos. Destaco, também, alguns
que vieram agora, nas Contas de 2020, e que não constaram do exercício
anterior. Pinço apenas três deles: o demonstrativo de desonerações fiscais,
inexistência de projeção da renúncia fiscal relativamente ao instituto do não
estorno de créditos fiscais como também de informações quanto aos objetos de
aplicação dos recursos das desonerações, o item 49, que trata da transposição
de aproximadamente dezessete mil servidores do regime financeiro de
capitalização, o FUNDOPREV, para o regime financeiro de repartição simples.
Tudo conforme, claro, analisado na peça técnica e no voto do Relator. E essa
questão relacionada à Emenda Constitucional 108, que aqui reforço na
oportunidade. Eu entendo que o conjunto de ocorrências já destacadas pelo
douto Relator revela a necessidade, penso eu, sim, de ressalvas à aprovação
das Contas, embora se possa emitir Parecer Favorável. E esse desfecho que,
respeitosamente, proponho é amplamente previsto na legislação, seja no âmbito
da Lei Federal 8.443, que é a Lei Orgânica do TCU, seja no próprio Regimento
Interno da Casa, artigo 67-A, e na recente, agora, Resolução n. 1.142/2021.
Essa posição também, parece-me, encontra respaldo nas alterações promovidas
na já invocada Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro, a LINDB. E eu
destaco a circunstância de que, em relação há muitos apontamentos lançados
em 2019 e agora repetidos em 2020, houve emissão de recomendação à
autoridade governamental para a sua correção, sendo que, como disse, a
proposição que fiz, na época, envolvia, além de determinações, algumas
ressalvas. E, tendo em vista que elas basicamente se mantêm no presente
exercício, o meu encaminhamento é no sentido de acompanhar o voto do
eminente Relator no sentido da emissão de Parecer Favorável, acrescentando,
como disse, ressalvas em relação ao contido na alínea ‘a’ e entendendo que se
impõe a adoção de efetivas e imediatas providências por parte do Governo do
Estado com relação a esses temas destacados nos autos, em particular quanto

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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS

à questão das vinculações constitucionais, invocando aqui, repito, os


argumentos que utilizei no voto anteriormente prolatado. Assim, Senhor
Presidente, Senhoras e Senhores, o meu voto é no sentido, repito, de
acompanhar o encaminhamento alvitrado pelo eminente Relator, com a inclusão
de ressalvas na alínea ‘a’ da decisão que vier a ser prolatada, em razão dos
apontes aqui destacados e com a necessidade do devido acompanhamento de
todos os temas pela Unidade Técnica da Casa. É assim que voto.”
Conselheiro-Relator, Alexandre Postal: “Senhor
Presidente.”
Conselheiro-Presidente, Estilac Xavier: “Conselheiro-
Relator.”
Conselheiro-Relator, Alexandre Postal: “Vejo a boa
manifestação, o nobre colega Doutor Cezar Miola profere, mas eu mantenho o
voto original, sem ressalvas.”
Conselheiro-Presidente, Estilac Xavier: “Perfeito.
Continuemos então. Ouçamos agora a manifestação e voto do Conselheiro
Marco Peixoto. Como vota, Conselheiro Marco Peixoto?”.
Conselheiro Marco Peixoto: “Senhor Presidente.”
Conselheiro-Relator, Alexandre Postal: “Só para meu
esclarecimento, Presidente: foi aberta uma divergência então?”.
Conselheiro-Presidente, Estilac Xavier: “Sim. Tem
aberta uma divergência...”.
Conselheiro-Relator, Alexandre Postal: “Uma
divergência.”
Conselheiro-Presidente, Estilac Xavier: “Tem aberta uma
divergência pelo Conselheiro, que destaca uma inclusão de ressalva à alínea ‘a’
e que pede acompanhamento das matérias na DCF, genericamente.”
Conselheiro-Relator, Alexandre Postal: “Sim.”
Conselheiro-Presidente, Estilac Xavier: “E
recomendações ao Administrador, para que... genericamente, estou pegando a
ideia, núcleos da fala do Conselheiro Cezar Miola, para que tome as
providências para regularizações.”
Conselheiro-Relator, Alexandre Postal: “Ok.”
Conselheiro Marco Peixoto: “Senhor Presidente.”
Conselheiro-Presidente, Estilac Xavier: “Conselheiro
Marco Peixoto.”

973
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS

Conselheiro Marco Peixoto: “Senhor Presidente, demais


colegas Conselheiros, Conselheiras e Conselheiros-Substitutos, Senhor
Procurador do Ministério Público de Contas, Senhor Procurador Adjunto do
Estado. A todos que nos acompanham e nos assistem, inicialmente queria
destacar o excelente trabalho desenvolvido pelo Relator e por toda a sua equipe,
esse trabalho extraordinário que foi apresentado agora há pouco. E, ouvindo
atentamente o relatório e voto, eu chego à conclusão que o meu voto é
acompanhando integralmente o voto do Relator, com a sugestão apresentada
pelo Conselheiro Algir Lorenzon. Então, esse é o meu voto, Senhor Presidente.”
Conselheiro-Presidente, Estilac Xavier: “Como vota o
Conselheiro Iradir Pietroski?”.
Conselheiro Iradir Pietroski: “Quero cumprimentar Vossa
Excelência, Senhor Presidente, Estilac Xavier. Saudando os Senhores
Conselheiros, Conselheiras e Conselheiros-Substitutos, o nosso Procurador do
Estado, Doutor Ruschel, o nosso Geraldo Da Camino, do Ministério Público,
saúdo a Débora, nossa secretária, saúdo também o nosso Procurador, Doutor
Victor, e dizer que, inicialmente, quero cumprimentar o Relator, o Conselheiro
Alexandre Postal, pelo trabalho com afinco, com a dedicação juntamente a toda
a equipe que faz com que se faz um relatório das – hoje – Contas Anuais de
Governo. Nós sabemos que esse é um trabalho estressante, mas eu tenho
absoluta certeza, como diz aqui o Conselheiro Algir também, que hoje estamos
começando a ver alguma luz no fim do túnel no Rio Grande do Sul. Então, eu
acho que essas observações fazem com que, cada vez mais, o Governo comece
a se preocupar. Nós temos aí... eu tenho visto o relatório também em cima dos
precatórios, que está sendo um pagamento maior, através da própria defesa do
Doutor Victor, do próprio Relator. Então, acho que é nesse sentido que nós
temos que, cada vez mais, fazer com que, tanto... os apontamentos, eu sempre
digo, acho que o apontamento tem que vir sempre. Quanto mais o auditor
conseguir, faz com que isso tenha a preocupação dos gestores, para que,
automaticamente, recuperem. Nós sabemos tudo que passamos, neste ano
principalmente, pela pandemia, no ano passado também, e tenho a absoluta
certeza de que, ao menos, está se desencadeando para nós chegarmos a um
Estado sem déficit. Então, acompanho, na íntegra, o voto do Relator,
Conselheiro Alexandre Postal.”
Conselheiro-Presidente, Estilac Xavier: “Como vota o
Conselheiro Renato Azeredo?”.
Conselheiro Renato Azeredo: “Gostaria de cumprimentar
todos os Conselheiros presentes e eu faço na pessoa do nosso Presidente,
Conselheiro Estilac Xavier, e um cumprimento especial, então, ao Relator do
presente processo, o Conselheiro Alexandre Postal. Ao cumprimentar Sua
Excelência, estendo os cumprimentos a toda a sua equipe de trabalho. Sabemos
que é um voto que demanda envolvimento muito grande de todo o Gabinete.
Também estendo os cumprimentos às equipes da auditoria deste Tribunal, que
trabalham no Parecer Prévio, em razão do trabalho desenvolvido. Um

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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS

cumprimento especial ao Ministério Público de Contas, sempre com uma


atuação profícua neste Tribunal, assim como um especial cumprimento a quem
trouxe importantes esclarecimentos para análise deste Plenário, que é a douta
Procuradoria-Geral do Estado, e o faço, então, na pessoa de quem sempre está
presente conosco, o Doutor Euzébio Ruschel, e também agora que nos brindou
com a qualidade sempre esperada, o Doutor Victor Herzer, que já conhecíamos
a sua qualidade profissional e não foi diferente na presente sessão, trouxe
importantes esclarecimentos que subsidiaram a nossa análise. Cumprimento
quem nos acompanha nesta sessão telepresencial. Eu fiz breves registros
daquilo que entendo como elemento substancial a respeito das contas trazidas,
então, no presente exercício, mas já antecipando que estou acompanhando
integralmente o voto do eminente Relator. E destaco alguns pontos que são
informações que são trazidas tanto pela Área Técnica quanto no voto do
eminente Relator, e que me chama atenção, por isso, então, faço destaque a
esses dois pontos, que entendo importantes para a análise que fiz. Então, cabe
destaque, nessa análise das Contas Anuais do Governador, a melhoria dos
indicadores do equilíbrio financeiro de 2020. Vejam, um ano que não sabíamos
como ia acabar, de extrema tensão. Tivemos a Lei Complementar 173, que
propiciou, então, a manutenção do orçamento em alguns meses do exercício.
Então, realmente, um ano extremamente desafiador sob um ponto de vista de
contas públicas. Aliás, este mesmo Tribunal, como os demais órgãos do Estado,
teve uma preocupação muito grande com o desenvolvimento desse exercício
financeiro. Então, essa melhoria dos indicadores do equilíbrio financeiro em
2020, consequência de diversas ações que se observam, até mesmo realizadas
e noticiadas, então, aqui, em Plenário, pelo Doutor Victor Herzer, essas ações
governamentais refletiram diretamente no resultado orçamentário, sendo que foi
previsto para o exercício de 2020 um déficit de R$ 5.300.000.000,00. Isso era
previsto dentro do orçamento, estava lá o déficit. E como é que se chega ao final
desse exercício, então, com um déficit de R$ 597.000.000,00? Ou seja, fruto das
ações que foram desenvolvidas durante esse período. No que diz respeito ao
outro ponto que entendo de extrema importância para avaliação das contas
públicas, eu ressalto, quanto à dívida consolidada líquida, o Estado conseguiu,
nesse exercício desafiador de 2020, reduzir a relação da dívida consolidada e da
Receita Corrente Líquida para pouco mais de 221%, sendo que, conforme
destacado no voto do eminente Relator, em agosto de 2021, já no exercício
seguinte, o indicador chegou a 183,65%, ficando abaixo do limite máximo
estipulado pela norma, que é de 200%. Pela primeira vez desde que a Lei de
Responsabilidade Fiscal foi sancionada, chega-se a esse patamar, o que
demonstra uma melhora substancial em termos de contas públicas. Dessa
forma, verifico ações efetivas, com o fim do atendimento do parágrafo 1º do
artigo 1º da Lei de Responsabilidade Fiscal, pautadas na responsabilidade da
gestão fiscal, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o
equilíbrio das contas públicas. Então, faço essas observações que acho
pertinentes para o exame substancial das Contas desse exercício, e, no dizente
às demais recomendações que foram suscitadas, penso que elas já estão
abarcadas pela alínea ‘c’ do voto do eminente Relator, que faz uma série de

975
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS

recomendações. Eu não vou reproduzir novamente aqui, porque é uma série de


itens, mas que abarcam todas as recomendações necessárias e suficientes para
o período. É assim que voto, Senhor Presidente.”
Conselheiro-Presidente, Estilac Xavier: “Então,
Senhores Conselheiros, todos os Conselheiros usaram as suas prerrogativas de
voto. Eu destaco que há convergência dos votos em relação ao acréscimo feito
pelo Conselheiro Algir Lorenzon. No entanto, o Conselheiro Cezar Miola votou
por Parecer Favorável com Ressalvas, nos termos em que ele apreciou,
destacando, particularmente, os índices constitucionais e consectários
decorrentes para, tanto para a área interna da nossa Direção de Controle e
Fiscalização, (inaudível) serem para o Executivo. Nesse ponto (inaudível).”
Conselheiro Renato Azeredo: “Presidente, está falhando
a sua conexão.”
Conselheiro-Presidente, Estilac Xavier: “(inaudível). Eu
vou repetir. Todos os Conselheiros se manifestaram favoravelmente a partir da
posição do Conselheiro Alexandre Postal, na manifestação do Conselheiro Algir.
Então, sobre esse aspecto, que era o acréscimo à notificação direta à primeira
pessoa ou o Governador do Estado; o Conselheiro Cezar Miola fez
considerações a respeito do Parecer com Ressalvas, destacou os índices
constitucionais e consectários, que aqui eu vou resumir assim, de uma maneira
muito rápida sobre determinações ou recomendações, melhor, determinações à
nossa Área Técnica para encaminhamentos e também para providência do
Administrador. No que eu posso concluir que o Parecer está por maioria, tendo
sido vencido, neste particular, o Conselheiro Cezar Miola. É isto?”.
Conselheiro Cezar Miola: “Sim, Senhor Presidente, mas
eu também voto por Parecer Favorável às Contas. A divergência se situa no
plano das ressalvas, por conta do descumprimento dos índices constitucionais,
que me levam a encaminhar no mesmo sentido do exercício anterior, pela
determinação, visando à adoção de providências. Mas o Parecer Favorável em
si eu não tenho divergência, estou acompanhando o eminente Relator.”
Conselheiro-Presidente, Estilac Xavier: “Eu só...”.
Conselheiro-Relator, Alexandre Postal: “Então, não há
divergência.”
Conselheiro-Presidente, Estilac Xavier: “É que o
Regimento Interno prevê três modalidades de aprovação de Contas, ou é
Favorável ou Favorável com Ressalvas ou Desfavorável. E ser Favorável ou
Favorável com Ressalvas corresponde a uma análise da globalidade. O
Conselheiro está propondo um destaque, que é favorável na globalidade, mas
com ressalvas nos particulares que ele colocou. É isso, Conselheiro Miola?”.
Conselheiro Cezar Miola: “Sim.”
Conselheiro-Relator, Alexandre Postal: “Mas isso...”.

976
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS

Conselheiro-Presidente, Estilac Xavier: “Isso já foi


procedido no voto do ano passado.”
Conselheiro-Relator, Alexandre Postal: “Mas ou o voto é
unânime como está ou tem uma divergência. No meu entendimento, não pode
ter uma divergência e depois o voto ser unânime. Como ocorre essa situação?
Eu não compreendo essa situação.”
Conselheiro Cezar Miola: “Por uma questão de
elucidação, talvez, do contexto. No ano passado, já foi proclamada a decisão
nesses termos. Nós tivemos Parecer Favorável, que foi assim decidido por
unanimidade, este Conselheiro restou vencido no tocante às ressalvas. Mas a
manifestação favorável à aprovação das Contas existe. A divergência reside em
relação a esse aspecto. Então, a divergência fica bem demarcada nesse
particular. É o que eu entendo.”
Conselheiro-Relator, Alexandre Postal: “Eu não...”.
Conselheiro Algir Lorenzon: “Conselheiro, permite
Presidente? Permite, Conselheiro Postal? Que eu recordo...”.
Conselheiro-Presidente, Estilac Xavier: “Pois não,
Conselheiro Algir.”
Conselheiro Algir Lorenzon: “Que eu recordo, pelos
episódios passados em relação a esses fatos, nós temos um voto favorável, o
desfavorável. Parecer Favorável, Parecer Desfavorável ou Parecer Favorável
com Ressalvas. O que ocorreu, o que o eminente Conselheiro Miola fala é que
ele, na sua proposição de voto, na ocasião, era Favorável com Ressalvas. Eu
divergi de Sua Excelência e entendia que aquela ressalva não deveria constar.
Imagino que não tenha constado, porque foi votado por maioria que não haveria
ressalvas. Então, o mesmo ocorre agora. Nós estamos votando favoravelmente
ou desfavoravelmente ou favorável com ressalvas. Então, nós, por maioria,
votamos... aliás, não, maioria não, o Conselheiro Miola também votou favorável.”
Conselheiro Cezar Miola: “Pois é, é o que eu estava
colocando.”
Conselheiro Algir Lorenzon: “Essas considerações e
estas posições adotadas constam na ata da sessão, no histórico da sessão, mas
no Parecer, quando Vossa Excelência, quando nós assinamos, porque esse é
um processo em que todos os que participam da sessão assinam.”
Conselheiro Renato Azeredo: “Eu só quero – permita-me,
Conselheiro Algir – chamar atenção que essas espécies de julgamento têm por
base normativas e incisos distintos. Então, nós vamos ter um inciso para Parecer
Favorável. Outro inciso para Parecer Favorável com Ressalvas.”
Conselheiro Algir Lorenzon: “Certo.”

977
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS

Conselheiro Renato Azeredo: “Outro inciso para Parecer


Desfavorável. Não me parece que é o mesmo julgamento então.”
Procurador-Geral do Ministério Público de Contas,
Geraldo Costa da Camino: “Presidente.”
Conselheiro-Presidente, Estilac Xavier: “Doutor Geraldo.
Eu só, antes de passar-lhe a palavra, Doutor Geraldo, se me permite, eu volto a
recordar que o Regimento Interno prevê três possibilidades de manifestação: ou
é Favorável, ou tem Favorável com Ressalvas, que é um favorável... ou é
Desfavorável. Eu recordo muito bem que, no ano passado, o Conselheiro Miola
construiu, e parece que foi assim consignado, porque haverá de se escrever um
voto, logo depois, o Conselheiro-Relator tem que apresentar a ementa dessa
matéria. Mas, no meu entendimento, só tem essas três possibilidades. Mas esse
assunto não me cabe discutir agora. Passo a palavra ao Doutor Geraldo.”
Procurador-Geral do Ministério Público de Contas,
Geraldo Costa da Camino: “Senhor Presidente, egrégio Colegiado, renovando
saudações, apenas para contribuir no debate, a mim me parece clara a dicção
do artigo 2º da Resolução 1.142/2021. Ele numera, o artigo 2º, atos ou omissões
que podem ensejar Parecer Prévio Favorável ou Favorável com Ressalvas. Pelo
que eu entendi do voto do eminente Conselheiro Miola, ele identificou situações
que devem ser objeto de ressalvas. Portanto parece claro que o julgamento foi
por maioria pela emissão de Parecer Prévio Favorável, vencido o Conselheiro
Miola, que votava pela emissão de Parecer Prévio Favorável com Ressalvas.”
Conselheiro Renato Azeredo: “É isto, eu acho que está
correta a colocação. É nesse sentido.”
Procurador-Geral do Ministério Público de Contas,
Geraldo Costa da Camino: “Não percebi a razão da conclusão.”
Conselheiro-Relator, Alexandre Postal: “Esse é o
entendimento meu e da equipe que está aqui me assessorando aqui ao lado
também.”
Conselheiro Renato Azeredo: “Um conjunto de votos num
sentido, e outro voto em outro.”
Conselheiro-Presidente, Estilac Xavier: “Data vênia a
todos os que, de maneira muito diligente e zelosa, apresentaram a sua
manifestação e opinião, muitas das vezes concordantes com a minha, foi a
primeira manifestação do Presidente. E, por isso, eu creio que o voto está
aprovado, por isso que eu disse, por maioria. Vencido o Conselheiro Miola, que
era também Favorável, com Ressalvas. É isso, Conselheiro Miola?”.
Conselheiro Cezar Miola: “Sem ressalva ao que disse
Vossa Excelência.”

978
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS

Conselheiro-Presidente, Estilac Xavier: “O Senhor quase


me induziu a erro.”
Procurador-Geral do Ministério Público de Contas,
Geraldo Costa da Camino: “Com ressalvas ao Parecer Prévio Favorável, sem
ressalvas à manifestação do Presidente.”
Conselheiro-Presidente, Estilac Xavier: “Perfeito. Então,
agradeço-lhes, porque está acolhido por maioria o voto nos termos que aqui nós
somos, o debate se proferiu.”
Certifica, outrossim, que foi proferida a seguinte decisão:
O Tribunal Pleno, por seus jurídicos fundamentos,
decide:

– por maioria, acolhendo o voto do Conselheiro


Alexandre Postal, Relator, que foi acompanhado pelos
Conselheiros Algir Lorenzon, Marco Peixoto, Iradir Pietroski
e Renato Azeredo:

a) emitir Parecer Prévio Favorável, sob o n. 21.254,


à aprovação das Contas Anuais do Senhor Eduardo Fi-
gueiredo Cavalheiro Leite (Procuradores do Estado
Eduardo Cunha da Costa, OAB/RS n. 69.442, Euzébio
Fernando Ruschel, OAB/RS n. 26.556, e Victor Herzer da
Silva, OAB/RS n. 58.261), Governador do Estado do Rio
Grande do Sul no exercício de 2020, forte no inciso I do
artigo 67-A do Regimento Interno deste Tribunal, bem co-
mo no parágrafo único do artigo 3º da Resolução TCE-RS
n. 1.142/2021;

– por unanimidade, igualmente recepcionando o voto


do Conselheiro-Relator:

b) afastar os apontes registrados nos itens 33, 42, 50,


54, 55 e 56, nos termos das manifestações da Área Técni-
ca (peça n. 3728476) e do Ministério Público de Contas
(peça n. 3781328);

c) recomendar ao atual Governador do Estado do


Rio Grande do Sul que:

c.1) adote providências para prevenir situações como


as apontadas nos autos e implemente medidas corretivas
em relação àquelas passíveis de regularização, especifi-
camente quanto à: gestão previdenciária (itens 13, 14, 15,
16, 17, 18, 19, 49 e 51); saúde (itens 30, 31, 36, 37 e 38);

979
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS

educação (itens 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 32,
34, 35, 52 e 53); gestão contábil e patrimonial (itens 2, 11 e
43); sistema de controle interno (item 44); políticas públicas
voltadas à concretização de direitos fundamentais (itens 39,
40 e 41); gestão tributária e fazendária (itens 3, 4, 5, 45, 46
e 47); e gestão fiscal (itens 1, 6, 7, 8, 9, 10, 12 e 48);
c.2) acompanhe o trâmite do Pedido de Orientação
Técnica n. 005141-02.00/16-0, haja vista seu potencial re-
flexo nos critérios empregados na apuração dos valores
aplicados em Ações e Serviços Públicos de Saúde, Manu-
tenção e Desenvolvimento do Ensino e Despesa com Pes-
soal;
c.3) acompanhe os desdobramentos da Ação Direta
de Inconstitucionalidade n. 6.568/RS e sua eventual reper-
cussão nas mudanças implementadas no FundoPrev Civil,
através da Lei Complementar Estadual n. 15.511/2020;

d) determinar à Direção de Controle e Fiscalização


que monitore os temas objeto dos apontamentos conside-
rados não regularizados, aprofundando, conforme o caso, o
respectivo exame, observados critérios de relevância, ma-
terialidade e criticidade;

e) publicar a síntese do relatório, suas conclusões e o


parecer prévio no Diário Eletrônico do Tribunal de Contas,
bem como a integralidade do citado relatório no Portal do
Tribunal de Contas, conforme dispõe o artigo 68 do Regi-
mento Interno desta Corte;

f) cientificar a Contadoria e Auditoria-Geral do Es-


tado (CAGE) acerca do inteiro teor do relatório e voto do
Conselheiro-Relator e desta decisão;

g) encaminhar o expediente à Assembleia Legislativa


do Estado do Rio Grande do Sul para os fins do julgamento
estatuído nos artigos 71, inciso I, da Constituição da Repú-
blica e 71, caput, da Constituição Estadual, observados os
trâmites legais e regimentais e após o trânsito em julgado
desta decisão;

– também por unanimidade, acolhendo o voto do


Conselheiro-Relator, modificado oralmente nesta sessão,
em anuência ao voto do Conselheiro Algir Lorenzon, dar

980
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
TRIBUNAL DE CONTAS

ciência da presente decisão ao Excelentíssimo Senhor


Governador do Estado do Rio Grande do Sul.

Restou vencido, em parte, o Conselheiro Cezar Miola, que


votou por emitir Parecer Prévio Favorável com Ressalvas à aprovação das
Contas Anuais do Senhor Eduardo Figueiredo Cavalheiro Leite, nos termos do
artigo 67-A, inciso II, do Regimento Interno desta Corte (peça n. 4065382).

Participaram do julgamento os Conselheiros Alexandre


Postal (Relator), Algir Lorenzon, Cezar Miola, Marco Peixoto, Iradir Pietroski e
Renato Azeredo.

Sala Virtual, em 06-12-2021.

Débora Pinto da Silva,


Secretária do Tribunal Pleno.

981
Estado do Rio Grande do Sul
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Palácio Flores da Cunha

PARECER n. 21.254

Contas Anuais do Governador do


Estado do Rio Grande do Sul,
relativas ao exercício de 2020. Parecer
Favorável. Recomendações.

O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO


SUL, reunido nesta data, em Sessão Especial, dando cumprimento ao disposto no inciso I
do artigo 71 da Constituição Federal, consoante o referido pelos artigos 70 e 71 da
Constituição Estadual, apreciou o Processo nº 000016-02.00/20-2 e, tendo examinado e
discutido a matéria, acolheu, por maioria, o Relatório e Voto do Senhor Conselheiro-
Relator, aprovando-os, e, considerando:

- que o Balanço Geral da Administração Estadual, ressalvados os


aspectos destacados pelo Conselheiro-Relator, está escriturado
conforme preceitos da Contabilidade Pública e expressa os resultados
da Gestão Orçamentária, Financeira, Patrimonial, Operacional,
Ambiental, Econômica e evidencia, com as ressalvas apresentadas no
Voto do Conselheiro-Relator, o atendimento à Lei de Responsabilidade
Fiscal no exercício de 2020;

- que os aspectos técnicos e financeiros constantes do voto do


Conselheiro-Relator, embora, isoladamente, não constituam motivo
que impeça a aprovação das Contas do Excelentíssimo Senhor
Governador, devem merecer atenção, a fim de que não venham

982
acarretar prejuízos às finanças públicas ou ao cumprimento dos
objetivos do Estado;

- que este Parecer não condicionará o julgamento das contas dos demais
Administradores do Setor Público Estadual, inclusive das Entidades da
Administração Indireta.

É, por maioria, emitido Parecer Prévio Favorável à aprovação das Contas


Anuais do Excelentíssimo Governador do Estado do Rio Grande do Sul no exercício de
2020, Senhor Eduardo Figueiredo Cavalheiro Leite, com as recomendações no sentido da
implementação de medidas preventivas e corretivas destacadas na Conclusão e Voto pelo
Senhor Conselheiro-Relator, que oferecem condições de serem aprovadas pela Egrégia
Assembleia Legislativa.

Sala Virtual, 06 de dezembro de 2021.

Presidente
CONSELHEIRO ESTILAC MARTINS RODRIGUES XAVIER

Relator
CONSELHEIRO ALEXANDRE POSTAL

CONSELHEIRO ALGIR LORENZON

CONSELHEIRO CEZAR MIOLA Vencido, em parte

CONSELHEIRO MARCO ANTONIO LOPES PEIXOTO

CONSELHEIRO IRADIR PIETROSKI

983
CONSELHEIRO RENATO LUÍS BORDIN DE AZEREDO

Estive presente:
PROCURADOR-GERAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS,
GERALDO COSTA DA CAMINO

984

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