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"Gratidão: A Arte da Vida Real"

"Regozijai-vos sempre. Orai sem cessar. Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus
em Cristo Jesus para convosco." — 1 Tessalonicenses 5:16-18

Em um mundo onde os holofotes das redes sociais constantemente iluminam


momentos de triunfo e felicidade aparente, é fácil ser seduzido pela ideia de uma vida
perfeita, livre de lutas e inseguranças. Essas imagens estonteantes, filtradas e cuidadosamente
curadas, podem nos fazer questionar o valor de nossa própria jornada, repleta de altos e
baixos.

No entanto, para muitos, o cotidiano não se reflete em fotografias espetaculares ou


histórias de sucesso instantâneo. Em vez disso, é marcado por desafios tangíveis: as
preocupações financeiras que mantêm a mente ocupada à noite, o peso das responsabilidades
familiares, o embate com a ansiedade e a incessante busca por propósito e significado. Estes
são os momentos não capturados, os sentimentos não compartilhados e as histórias muitas
vezes não contadas.

A verdade é que, para muitos de nós, o sucesso não é um destino instantâneo, mas
uma jornada. Uma jornada que exige paciência, fé e, acima de tudo, gratidão. Neste livro,
buscaremos desvendar a arte de encontrar alegria e propósito, mesmo quando a realidade não
se alinha com nossas esperanças e sonhos. Juntos, aprenderemos a valorizar a beleza do
cotidiano, a redescobrir o significado do verdadeiro sucesso e a abraçar a gratidão como a
verdadeira arte da vida real.

"Alegria é a séria atividade dos céus." — C.S. Lewis


CAPITULO 1

Introdução a Vida Moderna

Em meio ao ruído ensurdecedor da modernidade, devemos buscar refúgio na eterna verdade


de Deus, pois é fácil nos perdermos em reflexos distorcidos, esquecendo-nos do brilho original e
imutável da realidade divina.

•A representação da vida nas redes sociais vs. a vida real.

Na era contemporânea, uma grande parte da humanidade vive simultaneamente em


duas realidades: o mundo físico palpável e o mundo digital. Este último, marcado pela
efervescência das redes sociais, tornou-se um palco onde muitos tentam projetar uma versão
aperfeiçoada de si mesmos, repleta de triunfos, aventuras e momentos de pura felicidade. Esta
narrativa online, frequentemente ilustrada com imagens impecáveis e histórias otimistas, pode
criar uma desconexão com o que é genuíno e real, com os altos e baixos que formam a
verdadeira tapeçaria da existência humana

O indivíduo do século XXI é muitas vezes retratado, e até mesmo pressionado, a exibir
uma vida sem falhas, onde cada passo é uma marcha triunfante rumo ao sucesso. Esta pressão
não é apenas autoimposta; ela é alimentada por uma sociedade que parece valorizar mais o
resultado do que a jornada. As inúmeras notificações, os "likes", os comentários elogiosos
podem sugerir que o valor de um indivíduo está intrinsecamente ligado à sua capacidade de
fascinar e impressionar os demais no mundo digital.

No entanto, na vida real, fora das telas brilhantes dos smartphones e computadores,
esse mesmo indivíduo enfrenta uma série de desafios. O estresse financeiro, a pressão para
manter um emprego estável, cuidar da família, lidar com problemas de saúde, buscar
propósito e significado em meio à rotina - todas essas são preocupações diárias que não são
tão frequentemente compartilhadas ou celebradas nas redes sociais.

Além disso, muitas pessoas sentem a angústia da comparação, onde a vida dos outros
parece sempre mais brilhante e recompensadora. Esta comparação incessante pode levar a
sentimentos de inadequação, ansiedade e até mesmo desespero. A busca por sucesso, tão
amplamente divulgada e elogiada, pode obscurecer a busca por significado, propósito e
conexões genuínas.

A essência do ser humano, com todas as suas complexidades, aspirações, falhas e


triunfos, é vasta demais para ser encapsulada em posts e stories. A verdadeira riqueza da
experiência humana está nas entrelinhas, nos momentos silenciosos, nas lutas diárias e nas
pequenas vitórias que, embora possam não ser virais, são o coração pulsante da nossa
existência.
• A pressão por perfeição e sucesso instantâneo.

"Nossa identidade mais profunda e nosso valor vêm de Deus, não de nossas realizações."
– Tim Keller

A evolução da sociedade humana tem sido marcada por transformações profundas em


suas estruturas, valores e aspirações. Desde os primórdios, quando nossos antepassados se
reuniam em torno de fogueiras, até o advento da Revolução Industrial, e agora, na era digital,
nossa cultura sofreu mudanças drásticas. Em cada etapa, as definições de sucesso e
realização foram reescritas, influenciadas pelas circunstâncias e tecnologias do momento.

A chegada da era digital acelerou exponencialmente essa transformação cultural. Com


as redes sociais, fomos introduzidos a um mundo onde cada indivíduo possui um palco, um
microfone e uma audiência potencialmente global. Este novo paradigma amplificou nossa
necessidade inata de aprovação e reconhecimento, levando a uma competição silenciosa,
mas intensa, para apresentar a vida de forma mais brilhante e bem-sucedida possível.

Com o tempo, a representação tornou-se mais importante que a realidade. Uma foto
bem enquadrada, uma citação inspiradora ou um anúncio de uma conquista tornaram-se
símbolos de sucesso e felicidade. A pressão cultural para se destacar, ser notado e, em
muitos casos, ser perfeito, tornou-se a norma.

Este anseio por reconhecimento instantâneo tem afetado profundamente nossa


capacidade de esperar, de cultivar paciência e de valorizar o processo. A obsessão pela
perfeição tem levado muitos a esconderem suas falhas, seus medos e até mesmo suas
tristezas, reprimindo sentimentos em prol de uma imagem socialmente aceitável.

A verdadeira perfeição, aquela que é inerente à nossa existência e propósito, muitas


vezes se perde nesse tumulto. Enquanto buscamos nos adaptar a padrões da sociedade atual
de perfeição e sucesso, muitas vezes nos esquecemos de que nossa verdadeira identidade e
valor não estão atrelados a esses padrões efêmeros.

A fé oferece uma perspectiva renovada. Em vez de se concentrar no sucesso


momentâneo ou na perfeição superficial, somos convidados a ver a nós mesmos e aos outros
através dos olhos de Deus - com amor, graça e uma aceitação que vai além do que é visível
aos olhos humanos. Como está escrito em Romanos 8:28: "E sabemos que todas as coisas
contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são
chamados segundo o Seu propósito." e nessa jornada, aprenderemos que é possível
encontrar paz, mesmo em meio à pressão, e que o verdadeiro valor está em reconhecer e
aceitar nossos próprios limites e imperfeições, encontrando a verdadeira essência do que
significa ser humano.

"Deus nunca fez uma pessoa que Ele não amasse. Ele fez você; Ele ama você e Deus não faz
lixo." — Rick Warren
• Os desafios cotidianos: insucesso, pressões financeiras, responsabilidades familiares

"Nos vales mais profundos da vida, encontramos não apenas os desafios mais árduos, mas
também a presença mais profunda de Deus. É lá que a fé é refinada e a esperança é
reacendida." — A.W. Tozer

Ao despertar todas as manhãs, cada um de nós é confrontado com uma realidade que
pode ser muito diferente da que sonhamos ou da que é mostrada nas redes sociais. A
realidade de que a vida, por vezes, nos traz desafios inesperados.

Insucesso é uma palavra que muitos preferem evitar, mas é uma experiência universal.
Seja em um projeto no trabalho, em um relacionamento ou em uma aspiração pessoal, todos
nós já nos deparamos com momentos em que as coisas não saíram como planejado. E, em
uma sociedade que valoriza tanto a vitória, o insucesso pode parecer uma marca de
inferioridade. Contudo, é no insucesso que muitas vezes encontramos as lições mais valiosas e
a resiliência para continuar.

Junto a isso, as pressões financeiras se tornam uma constante para muitos. A


necessidade de prover para si mesmo e para a família, de pagar as contas no final do mês, de
garantir uma educação de qualidade para os filhos, ou simplesmente de manter um padrão de
vida em meio a uma economia flutuante, pode ser exaustiva. Os desafios econômicos tornam-
se ainda mais difíceis quando percebemos que vivemos em uma época onde o consumo é
frequentemente relacionado ao status social.

Por fim, temos as responsabilidades familiares. Num mundo onde se valoriza tanto a
individualidade e a realização pessoal, o compromisso com a família, sejam os filhos, os pais
idosos ou outros parentes, requer um tipo de sacrifício que muitas vezes é invisível para os
outros. A dedicação, o tempo e o amor investidos no núcleo familiar são incomparáveis, mas
também são acompanhados de desafios emocionais e práticos.

"Assim, cada um de nós deve agradar ao seu próximo no que é bom para edificação." -
Romanos 15:2

Esta realidade da vida cotidiana pode parecer sombria, mas é nela que encontramos a
verdadeira essência da humanidade. Nos momentos de luta e incerteza, somos chamados a
redescobrir a graça, a perseverança e a fé. Em cada desafio, há uma oportunidade de
crescimento, de aprender mais sobre si mesmo e sobre o Deus que nos guia através de todas
as estações da vida.
CAPITULO 2

Desmistificando o Sucesso

 Seção: Definição de Sucesso

No turbilhão da vida moderna, a busca pelo sucesso se tornou um farol que guia
muitas pessoas em suas jornadas. Mas o que realmente significa ter sucesso? Antes de
mergulharmos no que de fato é, estenderemos o olhar sob a perspectiva da nossa sociedade e
cultura.

Hoje, no mundo contemporâneo, o sucesso muitas vezes é definido de maneira


materialista e voltado para resultados palpáveis. É comum associar o sucesso a:

 Realização Financeira: A acumulação de riqueza, bens materiais e


conforto financeiro é frequentemente vista como um indicador de
sucesso. O ter, em vez do ser, tornou-se uma métrica de status.
 Status e Reconhecimento Social: A busca por prestígio, fama e
reconhecimento na sociedade é uma meta para muitos. O número de
seguidores nas redes sociais, a visibilidade na mídia e o poder muitas
vezes são medidos como sinais de sucesso.
 Competição e Comparação: A sociedade moderna frequentemente
promove a ideia de que o sucesso é alcançado por meio da competição
e da superação dos outros. A comparação constante com os demais
pode criar uma pressão implacável para atingir padrões sociais.
 Consumismo e Bens Materiais: A cultura de consumo incentiva a ideia
de que adquirir mais bens materiais, como carros de luxo, casas
grandes e produtos de alta tecnologia, é uma demonstração de
sucesso.
 Realizações Profissionais: Muitos veem o sucesso no contexto
profissional, medindo-o por conquistas de carreira, títulos acadêmicos
ou ascensão na hierarquia corporativa.
 Busca da Felicidade Imediata: A ideia de sucesso também pode estar
ligada à busca da felicidade imediata, como prazer instantâneo e
gratificação pessoal.

Essa perspectiva contemporânea frequentemente coloca o sucesso em termos


tangíveis e materiais, e a sociedade frequentemente mede o sucesso por meio de métricas
externas. No entanto, essa visão materialista do sucesso pode deixar muitos em busca de algo
mais profundo e significativo.

Do ponto de vista etimológico A palavra "sucesso" tem suas raízes na língua latina. Ela
deriva do termo "successus", que significa "resultado" ou "acontecimento favorável".
Historicamente, o sucesso estava associado à realização de objetivos específicos ou ao alcance
de metas desejadas. A etimologia sugere que o sucesso está intrinsecamente ligado aos
resultados e ao cumprimento de expectativas.
Entretanto a definição de sucesso não é apenas só uma preocupação da linguística; é
também uma preocupação filosófica que tem intrigado pensadores ao longo dos séculos.
Diversas correntes filosóficas oferecem interpretações variadas sobre o significado e o
propósito do sucesso na vida humana:

 Estoicismo: Os estoicos, como Epicteto e Sêneca, argumentam que o


sucesso está em nosso controle apenas quando nos concentramos no
que podemos controlar, ou seja, nossas ações e pensamentos. Aceitar
com serenidade o que não está em nosso controle é um princípio
fundamental dessa filosofia.
 Epicurismo: O epicurismo valoriza a busca da felicidade e da
tranquilidade como componentes do sucesso. Para os epicuristas, o
sucesso está em encontrar o prazer moderado e a ausência de dor.
 Utilitarismo: O utilitarismo propõe que o sucesso reside em maximizar
a felicidade e minimizar o sofrimento para o maior número possível de
pessoas. O sucesso é medido pela utilidade e bem-estar geral.
 Existencialismo: Os existencialistas, como Jean-Paul Sartre e Albert
Camus, argumentam que o sucesso é subjetivo e depende de
encontrar um significado pessoal na vida, mesmo em face do absurdo
do mundo.

Essas perspectivas filosóficas destacam a complexidade e a diversidade de opiniões


sobre o sucesso. A compreensão do sucesso é influenciada não apenas pelo contexto cultural,
mas também pelo sistema de crenças pessoais, mas, essa conceituação de sucesso conforme
definido pela sociedade contemporânea, realmente atende às necessidades mais profundas do
ser humano? Será que a busca incessante por metas materiais e reconhecimento social
oferece uma satisfação genuína e duradoura, ou estamos perdendo de vista uma dimensão
mais essencial da existência? Afinal, o sucesso deve ser o caminho para preencher o vazio
existencial, ou há algo mais que estamos negligenciando em nossa busca incessante por
conquistas externas?"

Nas palavras de um grande amigo “...O sucesso pode ser observado por várias
perspectivas e sua natureza é complexa e multifacetada. Frequentemente, ele é percebido em
termos absolutos, definido por metas tangíveis ou padrões estabelecidos pela sociedade. No
entanto, quando consideramos o sucesso como algo "acima do esperado" pelo indivíduo em
questão, ele se torna profundamente pessoal e relativo...”

Nesta perspectiva, sucesso não se mede apenas pelo que foi alcançado em
comparação com os outros, mas principalmente em relação às próprias expectativas e limites
percebidos do indivíduo. Cada pessoa carrega consigo um conjunto único de aspirações,
medos, experiências passadas e crenças sobre o que é possível. Assim, o que pode ser visto
como um triunfo monumental para um pode ser apenas um marco modesto para outro.

Por exemplo, para alguém que sempre duvidou de sua capacidade de concluir um
curso ou alcançar uma certa profissão, simplesmente alcançar essa meta, que para muitos
pode parecer padrão, pode representar uma conquista extraordinária, muito além do que essa
pessoa imaginava ser capaz. Em contraste, alguém habituado a altos níveis de realizações pode
sentir que atingir apenas o topo não é suficiente, pois sua própria expectativa era ir além.
O que essa perspectiva nos mostra é que o sucesso é intrinsecamente subjetivo. Ele é
moldado pelas narrativas internas que cada indivíduo constrói ao longo da vida. Portanto, a
verdadeira métrica do sucesso não se encontra em comparações externas, mas em avaliações
internas: "Eu superei meus próprios limites? Eu fui além do que esperava de mim mesmo?"

Esta abordagem enfatiza a importância do autoconhecimento e da autoavaliação na


definição de sucesso. Enquanto a sociedade pode ter seus padrões, cada indivíduo é seu
próprio juiz. E, nesta corte interna, o veredicto de sucesso é dado quando superamos nossas
próprias barreiras, desafiando e redimensionando as fronteiras do que acreditávamos ser
possível.

 Reconhecimento da Falibilidade Humana e princípios que embasam o que é sucesso


a luz da fé.

"Deus é mais glorificado em nós quando estamos mais satisfeitos nEle." – John Piper

Na ótica da fé cristã, a jornada em direção ao sucesso começa com um passo fundamental:


aceitar a fraqueza humana. Como o apóstolo Paulo afirmou em 2 Coríntios 12:10, "Quando
sou fraco, então sou forte", encontramos uma revelação profunda. A fraqueza, longe de ser
um obstáculo ao sucesso, torna-se um ponto de partida para a verdadeira força. Essa é uma
noção que desafia a sabedoria convencional.

Em um mundo que muitas vezes exalta a autossuficiência e a perfeição, a fé cristã oferece


uma perspectiva diferente. Ela nos lembra da humildade como um valor essencial,
convidando-nos a reconhecer nossa fragilidade como seres humanos. Em vez de negar ou
ocultar nossas fraquezas, somos incentivados a abraçá-las.

Essa aceitação da fraqueza humana é, na verdade, um ato de humildade profunda. A Bíblia


nos lembra repetidamente que somos todos pecadores e que todos carecemos da glória de
Deus. Não há lugar para a arrogância na fé cristã. Em vez disso, encontramos espaço para o
arrependimento sincero e a busca por perdão.

Entretanto, a fé cristã não para na mera aceitação da fraqueza; ela nos leva a depender de
Deus. Reconhecendo nossas próprias limitações, nos voltamos para aquele que é ilimitado.
Encontramos força e orientação em Deus, em vez de confiar apenas em nossas próprias
habilidades e passamos ao enfretamento desses desafios firmados no firme fundamento.

Essa dependência de Deus não nos torna passivos diante das adversidades. Pelo contrário,
ela nos inspira a desenvolver resiliência espiritual. Compreendemos que a fraqueza não é um
obstáculo intransponível, mas uma oportunidade para experimentar o poder transformador de
Deus.

A fé cristã também nos ensina que, paradoxalmente, a glória de Deus é aperfeiçoada na


fraqueza humana. Ao admitir nossas limitações, permitimos que Deus opere em nossas vidas
de maneira poderosa. É através da nossa fraqueza que Sua força brilha com maior intensidade.

Em resumo, na ótica da fé cristã, o sucesso começa com a aceitação da fraqueza humana


como um ponto de partida. Não é uma jornada em direção à autossuficiência, mas em direção
a uma profunda dependência de Deus. É uma jornada de humildade, resiliência e compaixão,
onde nossa fraqueza se torna o palco da manifestação do poder de Deus. Como Paulo nos
lembra, quando somos fracos, então somos fortes, pois é na nossa fraqueza que a força de
Deus é revelada.

Compreendendo que como homens somos falhos e portanto sujeitos ao erro, temos que a
partir daí, abarcar nossa dependência a Deus, pois é no entendimento da sua palavra que
compreendemos que o sucesso não é medido apenas em termos de realizações materiais, em
vez disso, a ênfase recai sobre algo mais profundo, e na pratica de princípios fundamentais de
Deus como a fé, esperança e amor, vamos começando a compreender de fato o significado do
verdadeiro sucesso. O autor cristão Max Lucado expressou isso eloquentemente ao dizer: "O
sucesso na vida é ser uma pessoa de fé, esperança e amor”. Pode não atrair as manchetes do
mundo, mas atrairá o sorriso de Deus.

Essa perspectiva se alinha com as palavras do apóstolo Paulo em 1 Coríntios 13:13, onde
ele afirma: "Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; mas o maior
destes é o amor." Aqui, Paulo destaca a primazia da fé, esperança e amor como princípios
essenciais na vida cristã.

A fé é vista como alicerçada na confiança em Deus e na crença de que Sua vontade é


soberana. Essa fé não se baseia apenas em resultados materiais, mas na convicção de que
Deus está presente em todos os aspectos da vida e orienta o caminho dos homens.

A esperança, por sua vez, é um farol que ilumina a jornada humana. A Bíblia nos lembra,
em Romanos 15:13, que Deus é o Deus da esperança e que a esperança que Ele concede
transcende as circunstâncias terrenas. Essa esperança cristã é alicerçada na certeza da vida
eterna e na promessa da redenção em Cristo.

E, finalmente, o amor, o qual é central na fé. O apóstolo João nos lembra, em 1 João 4:8,
que Deus é amor. O sucesso na perspectiva cristã é caracterizado por um amor que transcende
o egoísmo e se estende ao próximo, refletindo o amor sacrificial de Cristo e a gratidão como
uma arte para o sucesso na vida real.

Então a partir da aceitação da nossa falibilidade e respeito aos princípios de Deus,


construímos a base, para construção do nosso verdadeiro sucesso. Perceba, a fé cristã é
fundamentada na crença de que Deus é o Logos, a Palavra que deu origem a toda a criação,
como está escrito em João 1:1: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o
Verbo era Deus." Essa compreensão coloca Deus no centro de toda a existência, incluindo a
busca pelo sucesso.

A crença de que fomos criados à imagem e semelhança de Deus ressalta que carregamos a
essência do Criador em nós. Quanto mais nos aproximamos da essência pela qual fomos
criados, mais no encontramos em harmonia espiritual e emocional e essa aproximação é
gerada ao passo que respeitados seus princípios e mandamentos. Ao buscar Deus, não apenas
nos aproximamos Dele, mas também nos reconectamos com o objetivo pela qual fomos
criados. Essa busca se traduz em uma jornada espiritual que procura significar a nossa própria
existência gerando paz interior e a satisfação espiritual.

A presença de Deus na vida de um cristão não apenas traz uma profunda paz interior, mas
também promove a satisfação espiritual. Como Jesus afirmou em Mateus 5:6: "Bem-
aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão satisfeitos." Essa fome e sede de
justiça são inerentes à busca espiritual, e a promessa é que, ao buscar a Deus, encontramos
satisfação espiritual.
Portanto, ao reconhecermos nossas fragilidades e ao aplicarmos os princípios de Deus em
nossa vida diária, estamos construindo as bases sólidas para o verdadeiro sucesso. É uma
jornada que nos transforma, nos capacita a enfrentar desafios com confiança e gratidão, além
de gerar resultados que nos conduz a uma realização que transcende as circunstâncias
externas, trazendo paz interior e satisfação espiritual que são a primeira caraterística do
verdadeiro Sucesso, porém lhes pergunto seria isso a definição completa de sucesso?

 Eternidade e Significado

"O verdadeiro valor de uma pessoa é revelado em sua capacidade de ver além do agora e
olhar para o eterno". C.S.Lewis

Em nossa busca por entender o sucesso sob a perspectiva da fé cristã, é essencial


contemplar a dimensão da eternidade e significado. Muitas vezes, a noção convencional de
sucesso se limita ao aqui e agora, aos triunfos passageiros e às realizações materiais. No
entanto, a fé cristã nos convida a expandir essa visão e considerar o sucesso em termos
eternos e significado duradouro.

Salomão, o sábio rei de Israel, ponderou sobre essa questão em Eclesiastes, quando
afirmou que "debaixo do sol, tudo acontece da mesma forma a ímpios e justos" (Eclesiastes
9:2). Essas palavras de Salomão nos lembram da natureza transitória das circunstâncias
terrenas. As adversidades e triunfos que enfrentamos nesta vida são compartilhados por
todos, independentemente de sua justiça ou impiedade.

No entanto, a esperança cristã transcende essas realidades temporais. Como Salomão


também observou em Eclesiastes 3:11, Deus "fez tudo apropriado a seu tempo. Também pôs
no coração do homem o anseio pela eternidade". Essa é a chave para compreender o sucesso
sob a perspectiva cristã. Não se trata apenas do presente, mas também da eternidade que
Deus colocou em nossos corações.

A fé cristã nos ensina que Deus, desde a fundação do mundo, já escreveu nossa história.
Ele conhece o nosso passado, presente e futuro. E, como nos diz 1 Coríntios 2:9: "Nem olhos
viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem
preparado para aqueles que o amam." Essa promessa nos lembra que o sucesso à luz da fé
cristã está ligado ao plano divino que transcende nossa compreensão.

Portanto, sucesso, à luz da fé cristã, é mais do que a acumulação de riquezas ou a


obtenção de posições de prestígio. É uma busca por um significado que transcende o tempo
presente, guiada pelo entendimento de que Deus já traçou nosso caminho e que, ao vivermos
de acordo com Seus princípios, encontramos o verdadeiro sucesso que Ele preparou para nós.
É a compreensão de que, ao vivermos à luz da eternidade, encontramos não apenas sucesso,
mas significado e propósito que perduram para sempre. É uma jornada que nos leva a
considerar não apenas as recompensas temporárias, mas as bênçãos eternas que Deus tem
reservado para aqueles que o amam.

O verdadeiro sucesso, conforme visto através das lentes da fé cristã, transcende as


métricas materiais e temporais. Em vez de se concentrar em conquistas tangíveis e
reconhecimento, o sucesso, em sua essência mais pura, é realizar o propósito divino para o
qual fomos criados. Como afirmou Santo Agostinho, "Fizeste-nos para Ti, e inquieto está o
nosso coração enquanto não repousa em Ti". Esta inquietação é a busca eterna do ser humano
pelo verdadeiro significado e propósito.

A Bíblia declara em Gênesis que fomos criados à imagem e semelhança de Deus (Gênesis
1:27). Este é o fundamento da nossa existência, indicando que carregamos em nós a essência
divina. No entanto, a natureza falível da humanidade nos impede de reconhecer plenamente
este propósito sem uma relação com o Criador.

Reconhecendo nossa imperfeição e dependência, buscamos Deus, desejando conhecê-Lo


mais profundamente e alinhar nossas vidas com seus preceitos. Ao fazer isso, como São Paulo
expressa em Filipenses 3:8, consideramos tudo como perda por causa da supremacia do
conhecimento de Cristo Jesus.

Conforme nos esforçamos para conhecer e nos assemelhar a Cristo, nosso vazio interno é
preenchido com aquilo que é eterno e imutável. Como C.S. Lewis observou em "Mere
Christianity" (Cristianismo Puro e Simples), "Se eu encontro em mim um desejo que nenhuma
experiência neste mundo pode satisfazer, a explicação mais provável é que fui feito para outro
mundo."

Assim, o verdadeiro sucesso, na perspectiva cristã, não é definido pelo que conquistamos,
mas por quão fielmente vivemos de acordo com o propósito divino, buscando continuamente
a semelhança com Cristo e preenchendo nossas vidas com as verdades eternas.
CAPITULO 3

Ansiedade e Pressão em uma Sociedade Impaciente

"Ansiedade não esvazia o amanhã de seus sofrimentos, mas esvazia hoje de sua força."
– Charles Spurgeon

Como visto até aqui o conceito de sucesso, é comumente interpretado pelo mundo,
como as realizações materiais, reconhecimento e status. No entanto, conforme mergulhamos
nas verdades eternas, percebemos que o sucesso genuíno é muito mais profundo e intrínseco.
É sermos aquilo que fomos criados para ser, vivendo em alinhamento com o propósito divino e
os princípios eternos.

Tendo Deus como o Alfa e o Logos, Ele nos moldou à Sua imagem e semelhança,
infundindo-nos com uma essência divina. Essa essência, quando reconhecida e honrada, nos
leva a uma vida plena de significado e propósito. As escrituras afirmam: “Pois somos feitura
dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que
andássemos nelas.” (Efésios 2:10). Assim, o verdadeiro sucesso é a realização dessas "boas
obras", a vivência do chamado divino em nossas vidas.

No entanto, em meio às demandas e desafios diários da vida moderna, como


aplicamos este conceito transformador de sucesso? Como permanecemos firmes em nosso
propósito divino quando confrontados com ansiedades, pressões e a impaciência constante da
sociedade? A resposta reside em compreender e praticar este conceito profundo de sucesso,
ao mesmo tempo em que cultivamos uma postura de gratidão. Ao fazer isso, nos preparamos
para enfrentar as lutas diárias com uma perspectiva renovada, fortalecida pela compreensão
de nosso verdadeiro propósito.

Conforme seguimos adiante neste livro, vamos explorar como essa definição elevada
de sucesso pode ser o alicerce sobre o qual enfrentamos e superamos os desafios diários, e
como a gratidão, entrelaçada a essa jornada, pode ser a chave para a verdadeira paz e
contentamento, a arte de viver com sucesso na vida real.

 O Peso das Expectativas

Em nossa jornada pela vida, constantemente nos deparamos com uma série de
expectativas que, de maneira sutil ou explícita, moldam nossas ações, decisões e até mesmo
nosso senso de identidade. Essas expectativas não surgem do nada; elas têm origens
específicas e multifacetadas que desempenham um papel crucial em nossa percepção de nós
mesmos e do mundo ao nosso redor.

A sociedade é uma grande influenciadora nesse contexto. Ao longo de várias eras e


culturas, padrões sociais têm ditado o que é considerado bem-sucedido, belo, rico ou feliz.
Muitas destas noções são impulsionadas pela mídia e pela publicidade, com representações
em diversos meios de comunicação construindo e reforçando o que é considerado "desejável".
Modelos e celebridades são frequentemente idolatrados, estabelecendo um padrão ao qual
muitos sentem a necessidade de aspirar. Além disso, as nuances da história e da cultura local
também contribuem, com definições de sucesso e beleza que podem variar e evoluir ao longo
do tempo. E, é claro, não podemos esquecer os sistemas educacionais e empresariais, que
muitas vezes associam o sucesso a diplomas, cargos e salários.

Mas, além das influências sociais, o ambiente familiar é outro pilar fundamental na
construção dessas expectativas. A família, frequentemente, estabelece uma série de tradições
e valores, transmitindo expectativas de geração em geração. As comparações entre parentes
são quase inevitáveis, criando uma pressão, às vezes sutil, para que alguém alcance ou até
supere padrões estabelecidos por irmãos, primos ou mesmo gerações anteriores. E há, ainda,
aquelas aspirações não realizadas dos pais, que muitas vezes são projetadas sobre os filhos,
carregando uma esperança de que eles cumpram os sonhos que eles não puderam.

E enquanto sociedade e família têm um papel dominante, não podemos subestimar o


poder das expectativas pessoais que cada indivíduo estabelece para si mesmo. Estas são,
muitas vezes, alimentadas e moldadas por influências externas que internalizamos, como
elogios e críticas recebidos ao longo da vida, ou até mesmo por medos internos de fracasso e
rejeição. Nossas experiências passadas, sejam elas positivas ou negativas, também
desempenham um papel fundamental na formação dessas expectativas, criando padrões que
repetidamente buscamos alcançar ou evitar.

A consciência das expectativas que pesam sobre nós é apenas a metade da história. A
outra metade está em entender o impacto real e muitas vezes profundo que essas
expectativas podem ter em várias áreas de nossas vidas. Desde a saúde mental até a maneira
como nos relacionamos com os outros e nos vemos, as expectativas desempenham um papel
que não pode ser subestimado.

Começando pela saúde mental, é inegável o peso que as expectativas podem ter sobre a
mente humana. Vivemos em um mundo onde a pressão para atender a certos padrões e
critérios muitas vezes ultrapassa os limites do que é saudável. Esse constante esforço para se
adequar, para ser ou parecer de determinada maneira, pode levar ao estresse crônico. Além
disso, a ansiedade de não atender a essas expectativas, ou o medo de falhar em tentar, pode
ser debilitante. Em casos mais graves, essa pressão interna e externa pode evoluir para
quadros de depressão, onde o indivíduo se sente preso em um ciclo de autocrítica e
desesperança.

No campo das relações interpessoais, as expectativas também podem ser uma faca de dois
gumes. Em relacionamentos familiares, amorosos ou entre amigos, esperar que o outro atenda
a certos padrões ou desejar que ele se comporte de determinada maneira pode criar tensões e
conflitos. Não é raro que discussões ou desentendimentos surjam a partir de expectativas não
atendidas ou mal comunicadas. Por outro lado, quando ambos os lados de uma relação têm
consciência e respeito pelas expectativas um do outro, isso pode fortalecer os laços e
aumentar o entendimento mútuo.

Por fim, e talvez de forma mais profunda, estão as repercussões das expectativas em nossa
autoimagem e autoestima. A maneira como vemos a nós mesmos, como avaliamos nossas
capacidades, falhas, sucessos e derrotas, é profundamente influenciada pelas expectativas que
carregamos, sejam elas impostas pela sociedade, por entes queridos ou autoimpostas. Uma
autoimagem distorcida, influenciada por padrões irreais ou inatingíveis,

João Batista, figura icônica do Novo Testamento, serve como um poderoso exemplo do
poder e da importância de conhecer e compreender a si mesmo. Sua missão, claramente
definida, era preparar o caminho para Jesus. E, embora ele tivesse uma grande quantidade de
seguidores e fosse respeitado por muitos, ele estava ciente de sua posição e papel. Quando
questionado sobre quem ele era em relação a Jesus, ele prontamente afirmou: "Eu batizo com
água, mas no meio de vós está alguém que vós não conheceis, aquele que vem depois de mim,
e eu não sou digno de desatar a correia de suas sandálias." (João 1:26-27).

Essa clara autoconsciência de João Batista ressoa profundamente em uma era onde muitos
estão em uma busca constante por identidade e propósito. Vivemos em um tempo onde as
pressões sociais e as expectativas externas frequentemente ofuscam nossa verdadeira
essência, levando-nos a buscar validação fora, em vez de olhar para dentro.

A lição que podemos extrair da vida de João Batista é que ter uma imagem correta de
quem somos é fundamental. Não se trata de autodepreciação, mas sim de uma profunda
compreensão de nosso propósito, forças, limitações e, mais importante, de nosso valor
intrínseco. Ao entender claramente quem somos, somos menos suscetíveis às flutuações de
opiniões e expectativas externas. Esta fundação sólida permite que enfrentemos desafios com
coragem, tomemos decisões alinhadas com nossos valores e vivamos uma vida de
autenticidade e propósito.

Assim, à medida que avançamos em nossa jornada pessoal, é vital refletir e buscar essa
clareza. Em meio ao ruído e às distrações do mundo moderno, é um ato revolucionário olhar
para dentro, reconhecer nossa verdadeira essência e, como João Batista, saber exatamente
quem somos. E ao fazer isso, não apenas encontramos paz e satisfação em nosso ser, mas
também iluminamos o caminho para outros, assim como João fez em sua época.

Em resumo, as expectativas, apesar de serem uma parte inevitável da condição humana,


têm o poder de moldar nossas vidas de maneira significativa. Compreendê-las e aprender a
navegar por elas de maneira saudável é fundamental para nosso bem-estar e realização
pessoal.

 A constante busca por validação.

Em um mundo onde a aceitação e o reconhecimento parecem estar a apenas um


clique de distância, a busca humana por validação nunca foi tão palpável. Esta necessidade,
contudo, não é apenas um fenômeno moderno. Desde tempos imemoriais, nosso desejo de
sermos vistos, valorizados e aceitos tem moldado comportamentos e decisões. Agora, na era
digital, essa busca multifacetada tornou-se mais visível e, por vezes, mais urgente, refletindo a
complexidade das interações humanas na contemporaneidade.

Em nossa jornada evolutiva como espécie, a conexão com os outros tem sido uma
pedra angular para a sobrevivência e o progresso. Os primeiros seres humanos, ao viverem em
um ambiente hostil repleto de predadores e desafios, logo perceberam o valor intrínseco de
fazer parte de um grupo. Esse senso de comunidade não era apenas uma questão de
conveniência, mas sim uma necessidade vital.
Ao pertencer a uma comunidade, um indivíduo tinha maiores chances de
sobrevivência. Em um grupo, a divisão de trabalho possibilitava que alguns caçassem enquanto
outros coletavam ou cuidavam das crianças. Juntos, eles poderiam montar defesas mais
robustas contra ameaças externas, compartilhar conhecimentos e habilidades e garantir que,
em tempos de escassez, o grupo pudesse compartilhar recursos. Portanto, ser aceito e
valorizado dentro desse grupo não era apenas uma questão de ego ou status, mas
diretamente ligado ao bem-estar e à continuidade da vida.

A busca por aceitação e validação, portanto, tem raízes profundas em nosso código
evolutivo. O desejo de ser reconhecido e aprovado pelos pares garantia um lugar dentro da
tribo, o que, por sua vez, garantia acesso a recursos, proteção e procriação. A rejeição ou
ostracismo, por outro lado, era equivalente a uma sentença de morte, pois o indivíduo ficava
isolado e vulnerável sem o suporte do grupo.

Ainda que a sociedade moderna tenha evoluído muito e as ameaças à nossa


sobrevivência tenham mudado, a programação evolutiva subjacente permanece.
Continuamos, em nossa essência, seres sociais que buscam conexão, aceitação e um sentido
de pertencimento. Nossos cérebros ainda estão conectados para responder a recompensas
sociais, como elogios e reconhecimento, e para evitar a dor do ostracismo e da rejeição.

Dessa forma, ao compreender essa herança evolutiva, é possível perceber que nossa
busca contemporânea por validação não é meramente um capricho da era das redes sociais,
mas sim uma extensão de um impulso ancestral que moldou nossa jornada até aqui.

Desde cedo, nos são apresentadas noções de sucesso, beleza, moralidade e


adequação. Seja através de contos de fadas, programas de televisão, publicidade ou até
mesmo os conselhos bem-intencionados de familiares, começamos a construir uma imagem
do que é "bom" e "desejável". Estes padrões, muitas vezes, se tornam barômetros internos
que usamos para avaliar nosso próprio valor e progresso na vida.

Esta influência cultural, contudo, é duplamente afiada. Por um lado, pode oferecer um
senso de direção, um conjunto de princípios éticos e uma base para a construção da
identidade. Mas, por outro lado, pode também gerar pressão, insegurança e, em alguns casos,
um desejo quase insaciável por validação externa.

Por exemplo, quando a cultura valoriza certos padrões de beleza, aqueles que não se
encaixam nesses padrões podem sentir-se inadequados ou menos valiosos. Da mesma forma,
as definições sociais de sucesso – frequentemente atreladas a riqueza, poder ou status podem
fazer com que indivíduos se sintam incompletos ou insuficientes se não atingirem esses
marcos.

Essa influência cultural sobre a busca por validação também se manifesta em nossas
interações sociais. O desejo de ser aceito e pertencer pode nos levar a buscar afirmação
através de curtidas nas redes sociais, elogios e reconhecimento no ambiente de trabalho ou
até mesmo a conformidade em grupos sociais. Muitas vezes, essa busca por aprovação pode
nos distanciar de nossa autenticidade, fazendo-nos sacrificar o verdadeiro sentido de estarmos
aqui, para nos encaixar na moldura prescrita pela sociedade.

A evolução tecnológica, especialmente com a ascensão das redes sociais, transformou


dramaticamente o tecido de nossas interações e a maneira como percebemos a nós mesmos e
aos outros. Se antes nossa necessidade de validação era satisfeita através de interações cara a
cara, feedbacks pessoais e reconhecimento dentro de nossas comunidades locais, hoje, essa
dinâmica expandiu-se para um palco global, onde cada post, tweet ou foto se torna uma
afirmação pública de nossa identidade.

Em plataformas como Instagram, Facebook, TikTok e outras, a métrica de "sucesso"


tornou-se tangível: curtidas, comentários, compartilhamentos e o número de seguidores. Esses
indicadores, inicialmente criados como uma forma simples de interação, assumiram um peso
descomunal em nossa percepção de autoestima e valor. Para muitos, uma foto que recebe
muitas curtidas é vista como uma validação do próprio valor, enquanto uma postagem
ignorada pode trazer dúvidas e inseguranças.

Este cenário digital, embora ofereça inúmeras oportunidades de conexão, expressão e


crescimento, também apresenta armadilhas. A constante comparação com os destaques
cuidadosamente selecionados e frequentemente idealizados da vida dos outros pode levar a
sentimentos de inadequação. Esta "síndrome da comparação" tem se mostrado prejudicial,
pois muitas vezes esquecemos que as redes sociais são, em sua maioria, um conjunto de
melhores momentos, e raramente uma representação completa e autêntica da realidade.

Enfim, Vivemos em tempos complexos como vimos até aqui somos uma geração
caracterizada pelo imediatismo, pela comparação incessante e pela exposição constante a
padrões frequentemente inatingíveis. Enquanto a tecnologia e as redes sociais trouxeram
consigo uma série de avanços e oportunidades, também geraram um terreno fértil para o
surgimento e amplificação de sentimentos de ansiedade e depressão.

O peso das expectativas, muitas vezes, funciona como um jugo invisível. Somos
diariamente bombardeados por imagens, histórias e narrativas de sucesso, beleza e
prosperidade, criando, de forma subliminar, um padrão do que "deveríamos" ser. E, para
aqueles que sentem que não se encaixam ou não conseguem atender a essas expectativas, o
sentimento de inadequação pode ser avassalador.

Juntamente a isso verificamos que a busca constante por validação nas redes sociais
intensifica essa pressão. Em um mundo onde cada postagem pode ser julgada, cada foto
analisada e cada ação avaliada em curtidas e comentários, muitos indivíduos se encontram em
uma corrida exaustiva para serem vistos, reconhecidos e, acima de tudo, validados. Esta busca,
entretanto, é uma via de mão dupla: por um lado, uma validação pode trazer uma efêmera
sensação de satisfação, mas, por outro, a ausência dela pode aprofundar sentimentos de
rejeição e isolamento.

Este coquetel de pressões externas e internas resultou no que muitos especialistas


chamam de "epidemia de ansiedade e depressão". Uma geração que, embora esteja mais
conectada do que nunca digitalmente, muitas vezes se sente desconectada emocionalmente,
enfrentando desafios de autoestima, identidade e propósito.

E, enquanto a ansiedade se manifesta como um constante estado de alerta e


preocupação, muitas vezes sobre o futuro e sobre como somos percebidos, a depressão se
instala como um sentimento de desesperança, uma nuvem que ofusca a capacidade de ver
beleza, propósito e alegria na vida.

 Encontrando paz e propósito em meio ao caos.


"Uma vida calma e tranquila surge não da ausência de problemas, mas da presença constante
de Deus." A.W. Tozer

Para navegar por este cenário desafiador, é crucial reconhecer e compreender estas
pressões e, mais importante ainda, buscar maneiras de se reconectar consigo mesmo, longe
das métricas de validação externa. Vimos que o primeiro passo na jornada rumo ao
enfretamentos dessas questões é o reconhecimento de nossa falibilidade humana, a
dependência de Deus a obediência a seus princípios e mandamentos, no intuito de
reconectarmos com a essência pela qual e para qual fomos criados. Essa ressignificação do que
é Sucesso, nos ajuda a compreender a necessidade de sermos constantes no processo de nos
reconectar com nossa essência, através do firme fundamento da palavra de Deus, no intuito de
nos tornar mais resilientes diante das tempestades da expectativa e validação.

À medida que mergulhamos nas profundezas da ansiedade e da incessante busca por


validação em nossa era moderna, pode-se argumentar que a solução para tais dilemas já
estava inscrita. Antes de nos entregarmos completamente ao caos da era digital, talvez seja
prudente olharmos para trás, para as lições eternas contidas em relatos bíblicos de indivíduos
que, embora tenham vivido em tempos e contextos diferentes, enfrentaram desafios internos
similares. Uma dessas histórias, rica em ensinamentos sobre autoaceitação, propósito e
superação, é a vida do rei Davi. Por meio de sua trajetória, podemos encontrar diretrizes para
transcender nossa necessidade de aprovação externa e, assim, vencer a ansiedade que nos
aflige.

A trajetória de Davi, como descrita na Bíblia, é um mix de triunfos, derrotas, alegrias e


tristezas. Suas experiências, nos oferecem uma visão valiosa de alguém que, apesar de suas
falhas e desafios, encontrou paz e propósito em meio ao caos.

Ao olharmos para a história de Davi, é inegável que sua confiança estava


profundamente enraizada em sua fé em Deus. Quando se preparou para enfrentar Golias, ele
proclamou: "Tu vens contra mim com espada, e com lança, e com escudo; eu, porém, vou
contra ti em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem tens
afrontado" (1 Samuel 17:45). a fonte da coragem de Davi não era uma confiança em sua
própria habilidade, mas uma confiança no Deus vivo.

A sociedade pode, muitas vezes, tentar nos moldar com suas expectativas e padrões,
mas como o apóstolo Paulo nos lembra em Romanos 12:2: "E não vos conformeis com este
mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que proveis qual é a boa,
agradável e perfeita vontade de Deus". Assim como Davi, somos chamados a não nos
conformarmos com as expectativas do mundo, mas a seguir a direção divina em nossas vidas.

Davi, o rei guerreiro, o poeta, o homem segundo o coração de Deus, apresenta através
dos Salmos um retrato da alma humana em sua jornada de fé. Esta coleção poética não é
apenas um registro de louvores e súplicas, mas um testemunho da profunda relação entre o
criador e a criatura. É em meio a estes versos que descobrimos a verdadeira fonte da
resiliência de Davi: sua íntima conexão com Deus, Davi era um homem conectado a sua
essência.

Em tempos de angústia, Davi não hesitava em expressar sua dor, dúvidas e temores.
No Salmo 13, por exemplo, ele clama: "Até quando te esquecerás de mim, Senhor? Para
sempre? Até quando esconderás de mim o teu rosto?". A beleza deste Salmo reside no fato de
que, mesmo em sua desolação, Davi sempre volta sua esperança para Deus, finalizando com
um louvor à Sua misericórdia.

Esse relacionamento não era apenas um refúgio em tempos difíceis. Era, acima de
tudo, uma fonte contínua de alegria e gratidão. No Salmo 23, um dos mais conhecidos e
amados, a linguagem utilizada por Davi retrata Deus como um pastor cuidadoso que guia,
protege e sustenta. Ele diz: "O Senhor é o meu pastor; nada me faltará".

A vida de Davi, com todas as suas vitórias e falhas, serve como um lembrete poderoso
para os tempos modernos. Em uma era de constante agitação e infindável busca por validação
externa, a experiência de Davi nos chama de volta à única fonte verdadeira de paz: a presença
constante e inabalável de Deus. E isso nos lembra que, mais do que qualquer conquista
material ou elogio humano, é essa relação sagrada que traz verdadeira satisfação e propósito.

Em nossa busca constante pelo sucesso, você pode ser tentado a procura-lo em
lugares onde ele nunca será encontrado. Mas a vida de Davi nos mostra que, ao cultivarmos
uma relação íntima com Deus, podemos encontrar uma paz que transcende o entendimento e
uma alegria que é inabalável, independentemente das circunstâncias.

Mas assim como todo homem, Davi também esteve à mercê da falibilidade humana,
embora considerado um herói em muitos aspectos, também é notável por seus profundos
momentos de vulnerabilidade e imperfeição. Suas falhas, particularmente o episódio
envolvendo Bate-Seba e a subsequente trama para matar Urias, são marcos notáveis em sua
história. Estas falhas não foram pequenas transgressões, mas ações que causaram profundo
sofrimento e tiveram consequências duradouras.

Entretanto o que realmente ressoa nas gerações subsequentes é a postura de Davi


diante dessas falhas. Sua capacidade de introspecção e reconhecimento sincero do pecado
mostra uma consciência aguçada da sua relação com Deus e da natureza do certo e errado. O
Salmo 51 é uma poderosa expressão deste reconhecimento. Nele, Davi clama: "Tem
misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua bondade; apaga as minhas transgressões, segundo
a grandeza da tua compaixão." Aqui, não encontramos um rei tentando justificar suas ações,
mas um homem quebrantado diante da magnitude de seu erro.

O episódio com Bate-Seba e a maneira como Davi lidou com ele oferece um modelo de
como a humildade e o arrependimento genuíno podem conduzir a um crescimento
significativo. Davi não se escondeu atrás de sua posição ou poder. Em vez disso, ele se expôs
em vulnerabilidade diante de Deus e do seu povo, reconhecendo seu erro e buscando
reparação.

Nessa história, há um eco das batalhas que muitos enfrentam hoje, onde o peso da
culpa e da ansiedade pode nos oprimir. No entanto, a trajetória de Davi sugere que, ao
enfrentarmos nossos erros de frente e buscarmos uma transformação genuína, é possível
encontrar uma paz renovada e um propósito mais profundo. O arrependimento de Davi não
apenas restaurou sua relação com Deus, mas também o moldou como líder e como pessoa.
Sua história nos lembra que, mesmo em meio a falhas e transgressões, existe espaço para
redenção, crescimento e restauração quando abordados com sinceridade e humildade diante
de Deus.

Outro aspecto importante da vida do Rei Davi, que nos da uma direção aos
enfretamentos do mundo atual, é que ele foi um indivíduo que compreendeu profundamente
a necessidade e a beleza das relações humanas. O valor que ele atribuía à comunidade é
claramente evidenciado em sua amizade com Jônatas. As escrituras descrevem sua ligação de
forma poética e poderosa: "A alma de Jônatas foi ligada à alma de Davi, e Jônatas o amou
como a si mesmo." (1 Samuel 18:1). Esta não foi apenas uma aliança política, mas uma
amizade que nasceu do respeito mútuo, confiança e amor verdadeiro.

Enquanto líder de Israel, Davi demonstrou sua valorização da comunidade ao cuidar do


bem-estar de seu povo e ao buscar constantemente a direção de Deus para sua liderança. O
Salmo 133, um breve, porém profundo salmo, começa com as palavras: "Oh! quão bom e quão
suave é que os irmãos vivam em união!". Este versículo reflete o entendimento de Davi sobre a
harmonia e a beleza da vida comunitária.

A ansiedade e as pressões do mundo contemporâneo, muitas vezes, surgem do


isolamento e da sensação de desconexão que a era digital pode, paradoxalmente, criar.
Estamos mais "conectados" do que nunca, mas muitas vezes nos sentimos profundamente
sozinhos. O exemplo de Davi nos mostra que é nas relações interpessoais saudáveis e na
comunidade que encontramos uma fonte de apoio, orientação e propósito.

Mas o Aspecto fundamental da Vida do Rei Davi e que me levou a resumir de modo
ainda que simplificado, e que é o tema principal desse livro é, a vida do rei Davi está repleta de
momentos de GRATIDÃO, especialmente nos Salmos que ele escreveu. A gratidão de Davi é
evidente em sua música, poesia e adoração, refletindo sua relação íntima e dependente de
Deus. Vários aspectos de sua vida e dos Salmos que ele compôs destacam essa gratidão.

Davi, mesmo sendo um guerreiro formidável e um estrategista astuto, constantemente


atribuía suas vitórias e conquistas não a sua própria força ou sabedoria, mas à intervenção
divina em sua vida. Sua humildade em reconhecer a mão de Deus em cada aspecto de sua
existência é uma característica que define sua relação com o Divino.

No Salmo 18, a linguagem utilizada por Davi é repleta de imagens poderosas que
denotam refúgio, proteção e força. Mas essas imagens não são exaltadas como oriundas de
sua própria capacidade. Pelo contrário, elas são manifestações da presença e poder de Deus
em sua vida. Quando Davi se refere a Deus como "minha rocha", "minha fortaleza" e "meu
escudo", ele expressa uma confiança inabalável em Deus como sua fonte suprema de
segurança e proteção.

Esta perspectiva contrasta fortemente com a postura de muitos líderes e heróis


históricos que, frequentemente, se glorificavam por suas conquistas e vitórias. Para Davi, cada
triunfo era uma oportunidade de dar glória a Deus, de reconhecer que, independentemente
de suas habilidades ou talentos, era a graça divina que prevalecia.

Além disso, o relacionamento de Davi com Deus não era meramente transacional,
onde ele buscava a Deus apenas em tempos de necessidade. Era uma relação de amor
profundo e reverência. "Eu te amo, Senhor", ele proclama. Esta declaração de amor ressoa
como o grito de um coração verdadeiramente grato e ciente de sua dependência do Criador.

Esse reconhecimento e gratidão que eram expressados em momentos de alegria e


triunfos, também eram expressos pelo Rei Davi mesmo em meio as dificuldades, desde sua
juventude, quando enfrentou o gigante Golias, até os períodos de fuga e perseguição pelo rei
Saul, e os conflitos internos em seu próprio reinado, Davi esteve familiarizado com a angústia e
o sofrimento. No entanto, o que é notável em sua jornada é a capacidade persistente de
enxergar além das circunstâncias imediatas e encontrar razões para ser grato.

Nos Salmos, essa expressão de gratidão em meio à adversidade é notavelmente


evidente. É comum encontrar lamentos profundos e súplicas desesperadas transformando-se,
ao longo do Salmo, em louvores de gratidão e reconhecimento. Essa transição não é apenas
um exercício literário, mas um reflexo da alma de Davi, que, mesmo em meio ao vale da
sombra da morte, era capaz de vislumbrar a luz da presença e fidelidade de Deus.

Por exemplo, no Salmo 13, Davi começa perguntando: "Até quando, Senhor?
Esquecerás de mim para sempre?". No entanto, ao final do mesmo Salmo, ele declara: "Eu,
porém, confio em teu amor; o meu coração exulta em tua salvação. Quero cantar ao Senhor
pelo bem que me tem feito". Esta transição de desespero para gratidão é um testemunho
poderoso da fé de Davi e de sua capacidade de ver além do imediato.

Essa postura não apenas fortaleceu Davi em seus momentos mais difíceis, mas
também serve como um exemplo inspirador para todos nós. Em um mundo onde a
adversidade muitas vezes nos leva ao desânimo e à desesperança, a abordagem de Davi nos
convida a cultivar um coração grato. Um coração que, independentemente das circunstâncias,
escolhe focar na bondade e fidelidade de Deus.

Davi nos ensina que a gratidão não é meramente uma resposta a circunstâncias
favoráveis, mas uma escolha deliberada que fazemos, especialmente quando as coisas não
estão indo bem. Ele reconhecia que, mesmo nas tempestades da vida, havia um Deus amoroso
e fiel que estava ao seu lado, guiando-o e sustentando-o. E foi essa certeza que o levou a
louvar e agradecer, mesmo quando tudo ao seu redor parecia desmoronar.

Em um mundo que oscila entre a efemeridade das redes sociais e a dura realidade da
existência, a gratidão emerge não apenas como um sentimento, mas como uma arte vital, uma
prática, uma disciplina diária que nos molda e nos redireciona. O rei Davi, com sua vida repleta
de montanhas e vales, é um farol que ilumina essa arte de ser grato. Ele não apenas
reconheceu a grandeza de Deus em seus momentos de triunfo, mas também buscou consolo
na Sua presença durante as tempestades da vida.

O teólogo Dietrich Bonhoeffer uma vez disse: "A gratidão transforma o comum em
sagrado". No turbilhão da vida de Davi, cada adversidade tornava-se um terreno sagrado de
encontro com Deus, cada alegria uma celebração de Sua bondade. E em cada um desses
momentos, a arte da gratidão era esculpida em seu coração.

O mundo moderno, com suas incessantes demandas, expectativas e comparações,


pode muitas vezes nos fazer sentir perdidos, desconectados de nossa essência e propósito.
Mas a gratidão é o combustível que nos mantém ativos na busca pelo sucesso genuíno. Ela é a
âncora que nos mantém centrados, o compasso que nos direciona de volta ao que realmente
importa.

A gratidão não nega as realidades da dor, do sofrimento ou da incerteza. Ao contrário,


ela nos permite encarar essas realidades com uma perspectiva transformada, enxergando
oportunidades de crescimento, aprendizado e conexão mais profunda com o Divino. A arte da
gratidão é, portanto, a capacidade de encontrar beleza e significado mesmo no caos, de
transformar adversidades em alegrias e de ver a mão de Deus atuando em cada detalhe de
nossa jornada.
Enquanto navegamos pelas águas por vezes turbulentas da vida moderna, que a
gratidão seja nosso norte, nos impulsionando em direção ao sucesso verdadeiro e significativo.
E que possamos, assim como Davi, escolher a gratidão como nossa melodia, fazendo dela a
verdadeira arte da vida real.

CAPITULO 4

Valorizando o Cotidiano:

• Um chamado a descobrir a alegria nas pequenas coisas.

Na vastidão do universo, onde estrelas cintilantes iluminam a escuridão do espaço e


planetas orbitam em uma dança cósmica majestosa, encontra-se nosso pequeno mundo, a
Terra. Aqui, em meio à grandeza da natureza, da expansão dos oceanos às montanhas
majestosas, vivemos nossa existência, frequentemente imersos na rotina diária, nas
responsabilidades e preocupações. Em nossa jornada, por vezes, esquecemos de levantar
nossos olhos para apreciar a beleza que nos rodeia, a magia presente em cada amanhecer, no
riso de uma criança ou no aroma de uma flor recém-desabrochada.

A Palavra de Deus não mudou, não mudará, é atemporal, e não nos deixa esquecer da
importância de valorizar cada momento, de encontrar alegria nas bênçãos cotidianas e de
cultivar um coração grato. Através de cada um de seus ensinamentos, somos convidados a
redescobrir o mundo ao nosso redor, a enxergar a mão de Deus nas nuances mais sutis da vida
e a celebrar cada respiração, cada passo, cada dia como um presente divino.

Nossos olhos estão tão acostumados a buscar grandezas e maravilhas que muitas
vezes negligenciamos os milagres cotidianos. Pense por um momento: qual foi a última vez
que você parou para sentir o calor do sol em sua pele ou ouvir o canto de um pássaro sem ser
distraído por outros pensamentos?

Jesus, no Sermão da Montanha, ao mencionar os lírios e as aves, não estava apenas


falando sobre confiança, mas também sobre percepção. Aqueles lírios, tão belos, vivem
apenas por um dia e depois murcham. E ainda assim, eles têm uma beleza e um propósito que
nem o mais rico dos reis pode igualar. E as aves? Elas não colhem nem armazenam, e ainda
assim, sua melodia preenche o ar todas as manhãs.

Agora, eis a sacada: se Deus dá tanta beleza e propósito para coisas tão efêmeras e
pequenas, quanto mais valor e significado Ele colocou dentro de você, e nas pequenas coisas e
momentos que compõem a sua vida? Cada riso compartilhado, cada gesto de carinho, cada
olhar afetuoso, e até mesmo as lágrimas derramadas, têm em si um valor imensurável.
O teólogo cristão A.W. Tozer acertadamente disse: "A gratidão é uma oferta preciosa
aos olhos de Deus, e aquele que a oferece honra a Deus." Se pudermos aprender a ver as
pequenas coisas como Deus as vê, nossa perspectiva de vida será transformada.

Em nossa busca por significado, muitas vezes corremos atrás de grandes feitos e
reconhecimentos, mas a verdade é que a essência da vida está nas pequenas coisas. Está nos
momentos simples, nas risadas espontâneas, nos abraços apertados e no conforto de uma
conversa genuína.

Portanto, o desafio é este: em vez de se concentrar sempre no horizonte, busque


também a beleza no aqui e agora. Descubra a alegria nas pequenas coisas e perceba que elas
não são tão pequenas assim. Porque, no final das contas, são esses momentos que tecem a
tapeçaria rica e colorida da nossa existência. E, quem sabe, ao valorizá-los, descobrimos o
verdadeiro significado de viver.

 A gratidão como antídoto para a insatisfação.

Em um mundo acelerado, onde somos constantemente bombardeados por estímulos e


pressões, tornou-se comum sentir um vazio, uma insatisfação que parece nunca ser
preenchida, não importa quão alto alcancemos ou quão profundamente mergulhemos em
nossos desejos. Nesse cenário, a solução para essa inquietude não está em buscar mais, mas
em reconhecer e valorizar o que já temos. Aí entra a arte da gratidão.

A arte, em sua essência, é a expressão do que há de mais profundo em nós. Ela reflete
nossos sentimentos, emoções e percepções sobre a vida e o mundo ao nosso redor. Assim
como um artista pinta um quadro ou esculpe uma estátua para dar forma à sua visão, a
gratidão é a pincelada que usamos para colorir a tela de nossa existência. Ela nos permite
enxergar a beleza escondida nas nuances mais sutis, a poesia nos momentos mais simples,
transformando o ordinário em extraordinário. "Gratidão: A Arte da Vida Real" não é apenas
um título; é um convite para que cada um de nós se torne o artista de sua própria vida,
valorizando cada detalhe e criando uma obra-prima repleta de significado.

Segundo um estudo publicado no Journal of Personality and Social Psychology


conduzido por Dr. Robert A. Emmons da Universidade da Califórnia, e seu colega Dr. Michael E.
McCullough da Universidade de Miami, pessoas que regularmente mantêm um diário de
gratidão apresentam níveis mais baixos de estresse e depressão, além de demonstrar uma
visão mais positiva da vida. Além disso, o simples ato de escrever sobre as coisas pelas quais se
é grato pode melhorar significativamente o bem-estar físico, com os participantes do estudo
relatando menos sintomas físicos e um maior comprometimento com atividades físicas.

A gratidão, quando praticada, tem o poder de transformar não apenas nossos


sentimentos, mas toda a estrutura de nossa vida cotidiana. As páginas seguintes serão uma
jornada prática por meio de estratégias e reflexões que auxiliarão você a cultivar e desenvolver
essa atitude em seu dia a dia. E à medida que você começar a integrar a gratidão em suas
rotinas e interações diárias, talvez descubra que as coisas mais simples têm o potencial de
trazer a maior satisfação.

o Desafios para Cultivar a Gratidão:


Ao longo da nossa jornada em busca de uma gratidão genuína, encontramos diversos
desafios. Estes obstáculos, muitas vezes moldados pela cultura em que vivemos e pela nossa
própria natureza humana, podem, à primeira vista, parecer intransponíveis. No entanto, com
discernimento e fé, podemos encontrar maneiras de superá-los.

1. As Armadilhas de uma Cultura de "Mais é Sempre Melhor":

A sociedade contemporânea nos bombardeia constantemente com mensagens de que


precisamos acumular mais para alcançar a verdadeira felicidade. Há sempre algo novo a ser
adquirido ou um padrão mais elevado a ser alcançado. Essa cultura de consumismo incessante
ofusca nossa capacidade de valorizar e ser gratos pelo que já possuímos.

Hebreus 13:5 nos orienta: "Mantenham-se livres do amor ao dinheiro e contentem-se


com o que vocês têm, porque Deus mesmo disse: 'Nunca o deixarei, nunca o abandonarei'".
Este versículo ressalta a relevância do contentamento e da confiança em Deus ao invés da
busca implacável por mais.

2. A Tendência Humana de se Acostumar com as Boas Coisas:

Existe um fenômeno em nossa psicologia, a "adaptação hedônica", que se refere à


nossa capacidade de rapidamente nos adaptarmos às boas coisas e começarmos a vê-las como
garantidas. Isso pode atenuar a alegria e a gratidão que inicialmente sentimos por essas
bênçãos.

Lamentações 3:22-23 nos lembra: "Por causa do grande amor do Senhor é que não
somos consumidos, pois as suas misericórdias são inesgotáveis. Renovam-se cada manhã;
grande é a sua fidelidade!". Esse versículo nos convida a renovar nossa gratidão diariamente,
independentemente de quão rotineiras as bênçãos possam ter se tornado.

3. Como se Manter Grato em Meio às Lutas:

A vida é repleta de altos e baixos. Em meio às tempestades e adversidades, pode


parecer quase impossível encontrar motivos para ser grato. No entanto, é justamente nas
batalhas que a gratidão se revela uma ferramenta poderosa para a resiliência e a paz.

Tiago 1:2-4 nos aconselha: "Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato
de passarem por diversas provações, pois vocês sabem que a prova da sua fé produz
perseverança. E a perseverança deve ter ação completa, a fim de que vocês sejam maduros e
íntegros, sem lhes faltar coisa alguma". Mesmo nas lutas, encontramos um propósito e um
chamado para crescer em caráter e fé.

Cultivar a gratidão, especialmente em um mundo repleto de distrações e desafios, é


uma tarefa árdua. Mas ao enfrentar ativamente esses obstáculos e se ancorar nas promessas
divinas, podemos viver uma vida de profunda apreciação e contentamento. Através da
gratidão, refletimos o coração de Deus e nos aproximamos de uma vida plena e autêntica.
Capítulo 5:

Sonhos, Esperanças e a Realidade da Espera

 Por que ainda vale a pena sonhar?

Ao longo de nossa discussão sobre a gratidão e a ressignificação do sucesso, é


essencial esclarecer um ponto: valorizar o presente e a simplicidade da vida não significa
abdicar de nossas ambições ou deixar de sonhar. Na verdade, enquanto enfatizamos a
importância da humildade e do reconhecimento das bençãos diárias, também reconhecemos
que os sonhos são um combustível poderoso para nossa jornada. Sonhar não é um pecado; é
uma manifestação vibrante de esperança, uma visão do que poderia ser. E desejar mais para si
e para os outros, quando alinhado com propósitos justos e valores sólidos, é uma aspiração
nobre, no entanto, entre o acender do sonho e sua realização, muitas vezes encontramos o
desafio da espera.

A sabedoria contida em Provérbios 29:18 oferece uma profunda reflexão sobre a


importância da visão – ou em outras palavras, dos sonhos e aspirações. "Onde não há visão, o
povo perece". À primeira vista, esse versículo parece direto e simples. No entanto, ao
mergulharmos nas nuances da língua hebraica, encontramos camadas adicionais de
significado.

A palavra hebraica para "visão" é "chazon", que se refere a uma revelação ou


mensagem divina. Não é apenas uma ideia futurista ou um sonho mundano, mas uma
comunicação direta de Deus. Isso amplia tremendamente nosso entendimento! Não se trata
apenas de ter um objetivo ou direção, mas de estar em sintonia com uma revelação maior,
com um propósito celestial. Portanto, a ausência de "chazon" não apenas leva à estagnação,
mas também à desconexão da direção divina.

Os sonhos são manifestações do que esperamos, do que buscamos e do que


acreditamos ser possível. Eles fornecem o mapa para o futuro que desejamos e são a bússola
que nos guia através dos desafios da vida. A Bíblia está repleta de histórias de homens e
mulheres que receberam "chazon" - visões divinas que direcionaram seus caminhos. E,
ancorados nessa revelação, muitos persistiram contra todas as probabilidades.
O exemplo de José é iluminador. Seus sonhos, que eram verdadeiras "chazon",
previam seu futuro e o preparavam para os desafios que viriam. Mesmo enfrentando
adversidades, ele manteve sua conexão com essa visão divina, permitindo que ela o guiasse.

Assim, ao refletir sobre Provérbios 29:18, somos convidados a não apenas sonhar, mas
a buscar uma visão mais profunda, uma "chazon", uma mensagem divina que nos oriente. E
nesse processo, estamos não apenas buscando a realização pessoal, mas também nos
alinhando com um propósito maior, um design divino que sempre esteve lá, esperando para
ser descoberto por aqueles dispostos a ver além do óbvio.

Percebemos, portanto, que os sonhos, mais do que meras projeções futuristas,


carregam em si uma dimensão sagrada e transcendental. Eles não são apenas desejos
passageiros, mas chamas acesas pelo Divino em nossos corações, guiando-nos através da
tapeçaria complexa da vida.

Neste mundo em que a impaciência é uma constante, onde a cultura do imediatismo


frequentemente nos impulsiona a buscar gratificações instantâneas, os sonhos nos lembram
da virtude da paciência, da resiliência e do compromisso a longo prazo. Como "chazon" -
revelações divinas - eles possuem um peso e uma gravidade que vão além das aspirações
mundanas. Estes sonhos, infundidos com propósito celestial, são como estrelas no céu
noturno, servindo de faróis, lembrando-nos de que, mesmo na escuridão mais densa, há uma
luz a ser seguida.

Ao recordarmos de José, cuja jornada do poço ao palácio foi marcada por inúmeros
desafios, vemos que, mesmo nos momentos mais baixos, quando parecia que seu sonho
estava esmagado, ele persistiu. Por quê? Porque ele compreendia que os sonhos verdadeiros,
aqueles entrelaçados com a vontade divina, possuem um poder indomável. Eles sobrevivem ao
desespero, ao ceticismo e à dúvida, ressurgindo com renovado vigor, iluminando nosso
caminho.

Assim, quando a estrada se torna árdua e a espera parece interminável, devemos nos
lembrar de que os sonhos autênticos são mais do que metas; eles são convites divinos.
Convites para mergulhar mais fundo, para persistir com mais força e para acreditar com mais
fervor. E mesmo que a jornada seja longa e repleta de obstáculos, a beleza e a recompensa de
alcançar um sonho que ressoa com o Divino são inigualáveis. Porque, ao final, não é apenas
sobre alcançar um objetivo, mas sobre abraçar e viver o propósito maior para o qual fomos
criados. E isso, sem dúvida, vale cada momento da espera.

 A importância da paciência e persistência.

É comum em nossa caminhada ter momentos de ansiedade, esperando que nossos


sonhos e aspirações se concretizem imediatamente. No entanto, a sabedoria bíblica nos ensina
uma lição preciosa sobre o ritmo divino. Em Eclesiastes 3:1, somos lembrados de que "Para
tudo há uma ocasião, e um tempo para cada propósito debaixo do céu". Esta poderosa
afirmação não apenas destaca a soberania de Deus sobre o tempo, mas também ressalta a
importância da paciência e persistência.

O tempo de Deus é perfeito. Ele não opera segundo os calendários humanos, mas sim
de acordo com um plano divino que transcende nossa compreensão finita. Muitas vezes, o que
interpretamos como atrasos ou barreiras são, na verdade, períodos de preparação, moldando
nosso caráter, fortalecendo nossa fé e nos equipando para os desafios e bênçãos que estão
por vir.

Pense em uma árvore. Antes de se tornar uma imponente estrutura que toca os céus,
ela é uma semente que, pacientemente, germina no solo. Precisa resistir às tempestades, ao
calor e às intempéries, crescendo firmemente, enraizando-se profundamente. Assim somos
nós, crescendo e se desenvolvendo no solo da paciência e persistência, fortalecidos pelos
desafios e nutridos pela esperança.

Além disso, é essencial entender que a paciência não é uma postura passiva. É uma
escolha ativa de confiar no plano de Deus, mesmo quando o caminho à frente é incerto. A
persistência, por outro lado, é a determinação inabalável de continuar, de seguir adiante,
independentemente dos obstáculos. Juntas, paciência e persistência formam um par dinâmico,
equipando-nos para navegar pelas complexidades da vida com graça e resiliência.

Finalmente, vale ressaltar que a jornada em si é tão importante quanto o destino. Em


nossa busca, aprendemos lições valiosas, encontramos aliados inesperados e descobrimos
aspectos de nós mesmos que, de outra forma, permaneceriam ocultos. Portanto, mesmo em
meio à espera e aos desafios, há beleza e propósito. E, no tempo perfeito de Deus, cada
pedaço do quebra-cabeça se encaixa, revelando uma imagem magnífica que só poderia ter
sido orquestrada por mãos divinas.

 Das Lágrimas à Alegria: Encontrando o Propósito na Paternidade Adotiva

A paternidade, para muitos, é um sonho intrinsecamente ligado à ideia de legado,


continuidade e amor incondicional. Desde jovens, somos frequentemente guiados por visões
idealizadas de momentos familiares: o primeiro choro de um bebê, seus primeiros passos, a
emoção ao segurar sua mãozinha pela primeira vez. Mas e quando a vida, em seus caprichos e
reviravoltas, decide que o percurso natural não será o nosso caminho?

A descoberta de que não poderia ser pai biológico foi como um golpe, uma súbita
tempestade em um céu anteriormente claro. Mergulhei em um oceano de questionamentos,
tristeza e, por vezes, desesperança. No entanto, a trajetória que se seguiu, embora repleta de
desafios e incertezas, me conduziu à realização de um sonho de uma maneira que jamais
poderia ter imaginado.

Em meio à tempestade, descobri que a verdadeira paternidade não está restrita à


genética, mas é forjada no coração, na espera, na fé e, acima de tudo, no amor.

Nesta intricada dança da vida, a adoção é um tema que toca a alma de forma
profunda. Ao pensar na minha jornada de espera e nas lutas para se tornar pai, sou lembrado
de uma verdade bíblica profunda: todos nós, de uma forma, somos filhos adotivos. Em
Romanos 8:15, somos recordados de nossa relação com o Divino: "Pois vocês não receberam
um espírito que os escravize para novamente temer, mas receberam o Espírito que os adota
como filhos, por meio do qual clamamos: 'Aba, Pai'." Assim como Deus nos adotou em Seu
amor eterno, fui chamado para adotar, para amar incondicionalmente, além dos laços de
sangue.

Esta é uma história de sonhos interrompidos, mas também de esperanças renovadas;


uma narrativa sobre como, após sete longos anos de espera, a maior bênção da minha vida
finalmente se manifestou. E, através dessa bênção, aprendi sobre o poder da resiliência, da fé
e, acima de tudo, do amor que escolhe.
Agora é fato que há momentos em nossas vidas que nos marcam tão profundamente
que é impossível encontrar palavras adequadas para descrevê-los. A descoberta da minha
impossibilidade de ser pai biológico foi um desses momentos. Foi como se o chão sob meus
pés desaparecesse, e eu caísse em um abismo de emoções avassaladoras - choque, negação,
raiva, e uma tristeza tão profunda que parecia que nunca encontraria a superfície novamente.

Para muitos, a paternidade biológica é um caminho quase garantido, um rito de


passagem na jornada da vida. Mas para mim, foi um sonho interrompido abruptamente, sem
aviso prévio. O sonho de ver um reflexo de mim mesmo em um pequeno rosto, de passar
adiante meu legado e minha herança. A notícia trouxe um dilúvio de questionamentos. "Por
que eu?", "O que fiz para merecer isso?", "Será que Deus está me punindo por algo que fiz no
passado?"

Nessa escuridão de dúvidas e inseguranças, enfrentei uma das batalhas internas mais
desafiadoras da minha vida. Reconciliar minha fé, que sempre foi a âncora da minha alma, com
essa realidade dura foi uma jornada árdua. O desafio não era apenas aceitar minha situação,
mas encontrar uma maneira de manter viva a chama da esperança. Toda vez que via um pai
brincando com seu filho no parque ou ouvia histórias de amigos celebrando a chegada de um
novo membro na família, o vazio em meu coração se tornava ainda mais palpável.

Mas, em meio a essa tempestade de emoções, comecei a perceber que minha fé não
era uma muleta, mas sim um farol. Era ela que me mostrava que, mesmo nas adversidades
mais intensas, havia um propósito, uma razão. Era ela que me lembrava que a paternidade vai
além do biológico e que a capacidade de amar não está ligada ao sangue, mas ao coração.

E assim, mesmo em meio à desilusão e ao luto daquilo que nunca seria, comecei a
buscar, a orar e a esperar por uma nova direção, por um novo propósito, por um novo
despertar.

Sete anos. É um tempo bastante longo, especialmente quando cada dia é um lembrete
daquilo que você mais deseja e ainda não possui. Durante esse período, minha vida se
assemelhou a uma montanha-russa de emoções, oscilando entre momentos de profunda
tristeza e resplandecente esperança.

A passagem do tempo, paradoxalmente, ensinou-me sobre a atemporalidade do amor


divino. Aprendi a compreender, ainda que de maneira limitada, o conceito do "kairós" - o
tempo de Deus. Não é o tempo cronológico, medido em horas e minutos, mas o tempo
qualitativo, o momento certo, o oportuno. Aprendi que Deus não trabalha segundo nossos
relógios ou calendários, mas segundo Sua infinita sabedoria e amor.

E nesse aprendizado, descobri que a paciência não é apenas a arte de esperar, mas a
habilidade de manter uma atitude positiva enquanto se espera. Descobri que a resiliência da fé
não se baseia em receber tudo o que queremos quando queremos, mas em confiar que, no
final, tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus.

Em cada jornada, há um começo, e a nossa em direção à adoção começou


suavemente, quase como um sussurro no vento. Esse sussurro, com o tempo, cresceu e se
transformou em uma melodia inconfundível em nossos corações. A adoção não chegou até
nós como uma epifania repentina, mas como um brilho tênue de esperança que, mesmo
diante da escuridão da nossa desilusão, persistiu. E essa esperança se tornou uma chama,
alimentada pela compreensão de que a verdadeira família é construída a partir do coração,
muito além dos laços de sangue.

Essa chama nos impulsionou pelos cursos preparatórios, esclarecendo, educando e


moldando nossa perspectiva sobre a jornada que nos aguardava. Na conclusão desses cursos,
sentíamo-nos prontos para dar o próximo passo: nos inscrever na fila de espera para adoção.
Porém, como em qualquer trama intricada da vida, fomos pegos de surpresa por uma
reviravolta inesperada. Uma grave crise financeira nos atingiu, parecendo ameaçar e eclipsar
nosso sonho de ser pais.

No entanto, foi em nossa fé, firmada na certeza de que após as tempestades vêm os
dias claros, que encontramos a força para perseverar. A crença de que dias maus também
passam e que, após a noite mais escura, o sol sempre nasce. Com o coração fortalecido pelas
adversidades e com a fé renovada, decidimos retomar nosso caminho em direção à adoção.

Esse renascimento de nosso sonho nos levou por um caminho pontuado por altos e
baixos. Havia momentos de pura alegria, misturados com frustrações inerentes aos desafios
burocráticos e obstáculos inesperados. Mas em cada etapa, em cada desafio, nosso
compromisso e determinação apenas se solidificaram, alimentados pela fé e pela esperança de
que, em breve, nosso lar seria preenchido pelo riso e amor de uma criança.

Em uma sexta-feira ensolarada de novembro de 2016, enquanto o céu pintava-se de


dourado e a tarde se despedindo silenciosamente, o destino bateu à minha porta. O telefone
tocou, e daquela conversa emergiu um novo propósito. Uma voz serena disse: "Sua filha
nasceu". Descreveram-na como um anjo de sete meses, uma promessa de amor e alegria.

O Salmo 30:5 declara: “O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.”
Aquele fim de semana parecia uma noite longa, interminável. Cada minuto aguardando o
encontro com Valentina se estendia com uma ansiedade palpável, como uma noite escura
esperando pelo raiar do sol.

E então quando a segunda-feira chegou o caminho até o abrigo parecia uma


peregrinação sagrada. Cada passo estava carregado de uma emoção que fazia minhas pernas
tremerem e meu coração bater acelerado. Ao encontrá-la, nossos olhos se entrelaçaram e,
nesse enlace, uma antiga promessa foi cumprida. Valentina, com olhos profundos e curiosos,
me sondou, e naquele olhar, percebi um reconhecimento divino, uma conexão que transcende
o tempo e o espaço.

Em 1 João 4:19, lemos: “Nós amamos porque Ele nos amou primeiro.” Ao segurar
Valentina, entendi essa verdade de uma maneira que nunca antes havia compreendido. Dias
depois conversando sobre a adoção com meu amigo Mateus, ele me fez a seguinte pergunta
"O que a Valentina fez para merecer seu amor tão intenso?" Nada. Ela simplesmente é. E, no
entanto, meu amor por ela é tão vasto quanto o céu e tão profundo quanto o oceano, então
continuou será que existe algo que ela poderia fazer para que você deixasse de amá-la? A
resposta, ressonante e clara, é não.

Neste ponto, o amor de Deus se desvendou diante de mim. Se meu amor imperfeito
por Valentina é inabalável, quão magnífico e insondável é o amor de Deus por cada um de
nós? Ele, em Sua graça, nos ama além da compreensão, não por nossos feitos, mas por sermos
Suas criações preciosas. O amor que senti naquele momento me fez entender a vastidão do
amor de Deus.
Em nossas vidas, muitas vezes nos encontramos à mercê do tempo, ansiosamente
aguardando o desdobrar dos planos de Deus. E embora cada segundo de espera pareça
interminável, quando finalmente contemplamos o resultado da Sua obra, percebemos que
valeu cada momento, cada lágrima, cada oração. "Tudo o que Deus faz é perfeito, e o Seu
tempo é preciso", diz Eclesiastes 3:11. "Ele faz tudo bonito em seu tempo."

Quando Valentina estava à beira de seus dois anos, um marco surpreendente


aconteceu. Sempre falamos sobre a adoção para ela, queríamos que ela crescesse com esse
entendimento, para que soubesse de sua história única e especial. E em um dia, após ouvir-
nos, ela parou, olhou profundamente em nossos olhos e, com uma voz pequena mas firme,
disse: "Obrigado, papai". Naquele momento, meu coração se desfez. Foi um gesto simples,
mas carregado de significado, um lembrete tangível da perfeição do plano de Deus para nossas
vidas.

Gratidão. Esta palavra encapsula os sentimentos que transbordam de meu coração.


Grato por uma filha que me ensina todos os dias sobre amor incondicional. Grato por um Deus
que tece nossas histórias com um cuidado meticuloso, tornando até mesmo nossos momentos
mais difíceis em pontos de virada para a Sua glória.

E aqui está a sacada que talvez nunca tenhamos percebido: a perfeição de Deus não
está apenas no final feliz, mas em cada pedaço do caminho. Em cada espera, cada lágrima,
cada esperança renovada. Porque é através destes momentos que Ele molda nosso caráter,
aprofunda nossa fé e nos prepara para os milagres que estão por vir. Se hoje você se encontra
em um momento de espera, lembre-se da jornada de Valentina e saiba que, no tempo perfeito
de Deus, tudo se encaixará maravilhosamente. E quando isso acontecer, você olhará para trás
e agradecerá por cada segundo da espera.
Capítulo 6: A Arte da Gratidão

A Arte de viver com autenticidade e gratidão.

"Porque não fazemos o que queremos, mas o que odiamos." – Romanos 7:15

Todos nós enfrentamos em nossa jornada espiritual o que o apóstolo Paulo expressa,
muitas vezes nos encontramos fazendo o que não desejamos e evitando o que realmente
ansiamos. Esta dualidade interna é um testemunho da nossa natureza humana falha, mas
também da nossa aspiração divina.

No relato pessoal de Santo Agostinho em "Confissões", encontramos um reflexo dessa


luta. Agostinho passou por um intenso processo de introspecção e autoconhecimento. Ele
confrontou seus próprios demônios, desejos e falhas. Em meio a essa batalha espiritual, ele
percebeu que, para encontrar a Deus, primeiro precisava se encontrar, aceitando-se com todas
as suas imperfeições.

"Antes de ti estavam todos os meus pecados. Afastei-me de ti e tu me levantaste, para


que não me afastasse completamente." Esta confissão íntima revela uma profunda aceitação
do seu eu autêntico.

Muitos de nós caminhamos por esse mundo buscando validação externa, tentando nos
moldar aos padrões deste mundo. No entanto, a verdadeira liberdade e autenticidade só
podem ser encontradas quando abraçamos quem realmente somos, com todas as nossas
falhas e imperfeições.

O salmista escreve: "Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e


conhece os meus pensamentos." – Salmos 139:23
Aceitar o eu verdadeiro não é uma tarefa fácil, mas é um passo crucial para viver uma
vida autêntica. Quando abrimos nossos corações e permitimos que Deus sonde nossas
profundezas, Ele nos mostra quem realmente somos e o que fomos criados para ser. Em meio
a essa revelação, encontramos a aceitação e a paz que tanto buscamos.

Lemos em – Romanos 3:23 "Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de


Deus”

O apóstolo Paulo, está a nos oferecer uma perspectiva libertadora: ao aceitar nossa
imperfeição, encontramos uma liberdade profunda. Se todos falhamos, então a corrida pela
perfeição mundana é vazia e sem propósito.

Mas, qual é a verdadeira perfeição? Jesus nos oferece uma resposta em Mateus 23:26,
ao nos exortar a priorizar a pureza interna em vez da externa. Essa inversão de valores é
radical em um mundo obcecado por imagens. Reconhecendo a sabedoria dessas palavras,
percebemos que a verdadeira satisfação não é encontrada ao adotar padrões externos, mas ao
celebrar nosso eu autêntico.

Assim, somos conduzidos a uma epifania: enquanto o mundo vê e avalia as aparências,


Deus, em Sua infinita sabedoria, vê além. Conforme nos lembra 1 Samuel 16:7, Ele observa o
coração, o núcleo de nosso ser. Esta verdade, por si só, é revolucionária. Ao abandonar a ilusão
da perfeição, nos abrimos para uma liberdade genuína, onde, em meio às nossas imperfeições,
encontramos nosso valor e propósito verdadeiros sob o olhar amoroso do Criador.

O eu autêntico é frequentemente ofuscado por máscaras e disfarces, escondido sob


camadas de expectativas sociais e pressões incessantes para se conformar. No entanto, há
uma voz eterna que corta o barulho e murmura uma verdade surpreendentemente simples,
mas profundamente libertadora: somos amados, exatamente como somos.

O amor de Deus, ao contrário do amor mundano, não é condicional. Ele não nos ama
por nossas realizações, aparência ou popularidade. Ele nos ama porque somos Sua criação,
moldados à Sua imagem. Nessa verdade reside algo libertador: nossa autenticidade é, na
verdade, uma celebração divina.

Cada riso, cada lágrima, cada sonho e até mesmo cada falha é parte do tapeçaria única
que é a nossa vida, tecida pelas mãos de Deus. Enquanto o mundo pode nos julgar por padrões
inatingíveis, Deus celebra nossa singularidade. Ele nos vê, não como projetos inacabados em
busca de aperfeiçoamento, mas como obras de arte divinas, belas em nossa autenticidade.

Ao abraçar nosso eu autêntico, não só desafiamos as convenções mundanas, mas


também nos alinhamos ao projeto divino. Nesta aceitação, encontramos não apenas a paz,
mas uma alegria inabalável, pois sabemos que somos infinitamente amados, não por quem o
mundo quer que sejamos, mas por quem verdadeiramente somos.

Assim, a autenticidade se torna não apenas um ato de autoafirmação, mas uma


adoração profunda. Ao vivermos como seres autênticos, honramos o Artista Divino,
celebrando a vida real, com todas as suas imperfeições e belezas, e reconhecendo, em cada
respiração, o sopro da graça divina. É o eco do divino em nós, o chamado para viver com
paixão, propósito e, acima de tudo, com amor genuíno.

 A celebração da vida a arte da gratidão


Na vastidão do cosmos da expressão humana, a arte emerge como a linguagem etérea
da alma. Ela dança nas linhas suaves de uma tela, ressoa nos acordes harmoniosos de uma
melodia e brilha nas palavras meticulosamente escolhidas de um poema. A arte é o sopro da
humanidade, capturando momentos efêmeros e eternizando-os de maneiras que palavras
comuns falham em fazer. Ela é um reflexo do espírito humano, sempre em movimento,
sempre em transformação, e sempre buscando encontrar beleza nas complexidades e
imperfeições da existência.

E nesse palco da vida, onde a arte nos envolve em seu abraço caloroso, encontramos
paralelos poderosos nas narrativas bíblicas. Consideremos Jó, uma figura cuja vida se
desenrolou como uma tapeçaria de adversidades, perdas e sofrimento. No entanto, sua
história não é apenas uma de desespero, mas sim uma jornada de fé inabalável e
reconhecimento do propósito divino. Mesmo nas horas mais escuras, Jó celebrou a vida,
reconhecendo que cada momento, seja de alegria ou tristeza, carrega em si uma essência
divina.

E é aqui que a arte da gratidão se manifesta em sua forma mais pura. A gratidão não é
apenas uma resposta aos momentos felizes; é um reconhecimento profundo de que a vida,
com todos os seus altos e baixos, é um presente precioso. E, assim como Jó, devemos nos
lembrar de que mesmo nas tempestades mais ferozes, há uma beleza subjacente e um
propósito maior. A verdadeira gratidão reside em abraçar cada instante, celebrando a vida real
em sua totalidade.
E, ao fazer isso, descobrimos que a vida não é medida pela quantidade de respirações
que tomamos, mas pelos momentos que nos tiram o fôlego. Essa é a arte da gratidão: uma
celebração constante da maravilha que é estar vivo.

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