Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo
Palavras-chave: Energia Solar, célula fotovoltaica, coletor solar, energia renovável, matriz
energética.
Abstract
Brazilian electric energy matrix originates mainly from renewable energy sources, which are
responsible for 85% of its electricity generation. However, there is a strong dependence on
hydroelectric power generation, which counts for more than 76% of electric energy supply. The
need of complementing the Brazilian electric system, which is highly concentrated on
hydroelectric power generation, besides the fact of sunlight being clean and renewable, should
lead solar energy to gain room in the Brazilian electric matrix in the near future. The Brazilian
territorial dimensions together with high level of solar irradiation provide Brazil a relevant
potential for solar energy generation.
Key words: Solar energy, photovoltaic cell, solar collector, renewable energy, energetic matrix.
Introdução
1
Quanto à energia nuclear, predomina o eterno medo de possíveis acidentes nas usinas nucleares
e com o destino a ser dado aos resíduos radioativos.
O Brasil, de forma positiva, ao contrário da média mundial, apresenta uma matriz de
geração de energia elétrica de origem predominantemente de fontes renováveis de energia,
responsável por aproximadamente 85% da geração de eletricidade. Entretanto, há uma forte
dependência da geração hidráulica que responde por montante superior a 76% da oferta de
energia elétrica (BEN, 2013). A expansão da hidroeletricidade esbarra no fato de que o
potencial hídrico brasileiro ainda não explorado encontra-se na região amazônica, envolvendo
questões ambientais para o seu pleno aproveitamento.
A ocorrência de chuvas abaixo do esperado no último verão brasileiro reduziu de
forma significativa o nível dos reservatórios das usinas hidroelétricas, acarretando no uso
intenso das usinas termelétricas, geradoras de GEE, para atender a demanda de eletricidade. Tal
fato evidenciou a urgência de uma maior diversificação de fontes renováveis de energia na
matriz elétrica do país. Paradoxalmente, o calor gerado pelo Sol, ao mesmo tempo em que
contribuía para reduzir o nível de água dos reservatórios, poderia ter gerado energia para
abastecer residências, por meio de sistemas solares fotovoltaicos.
A necessidade da complementariedade do nosso sistema elétrico fortemente
concentrado na hidroeletricidade, aliada ao fato da luz solar ser uma fonte limpa e renovável,
deve levar a energia solar a ganhar espaço na matriz de energia elétrica brasileira ao longo dos
próximos anos. A presença da energia solar na matriz energética brasileira, hoje quase
inexistente, deve crescer nos próximos anos, principalmente, por ser uma energia renovável e
limpa, não emissora de GEE contribuindo para a desaceleração do aquecimento global.
Energia Solar
Uma fonte renovável de energia é aquela cuja disponibilidade não se altera de forma
mensurável com o seu uso. Assim, são consideradas energias renováveis as fontes de energia
hidráulica, eólica, solar, biomassa, geotérmica e dos oceanos, sendo uma de suas principais
características a não emissão de GEE.
A aclarante e inundante luz solar é a principal fonte de energia do planeta Terra e a
maioria dos seres vivos de nosso planeta depende direta ou indiretamente dessa energia. A
energia solar consiste na energia contida na radiação eletromagnética emitida pelo Sol, cuja
superfície atinge altas temperaturas de cerca de 6.000 ºC (5.778 K). Essa energia diminui sua
intensidade à medida que se afasta do Sol e se aproxima da Terra, sendo a intensidade média de
energia que atinge o topo da atmosfera terrestre de 1.353W/m2.
2
A energia solar pode ser aproveitada como fonte de calor para aquecimento ou para a
geração de energia elétrica e apresenta-se, basicamente, de duas formas: energia fotovoltaica
(por meio de células fotovoltaicas) e energia solar térmica (por meio de coletores solares).
A energia solar fotovoltaica é a energia obtida por meio da conversão direta da luz do
Sol em eletricidade com base no processo conhecido como efeito fotovoltaico, que consiste em
um fenômeno apresentado por certos materiais que, quando expostos à luz solar, geram
eletricidade. Os sistemas fotovoltaicos têm a capacidade de captar diretamente a luz do Sol e
gerar corrente elétrica. Essa corrente é coletada e processada por dispositivos controladores e
conversores, podendo ser armazenada em baterias ou utilizada diretamente em sistemas
conectados à rede elétrica.
Os sistemas fotovoltaicos apresentam-se de forma isolada, híbrida ou conectados à
rede elétrica, tendo como principal componente as células solares, responsáveis pela conversão
da energia solar em eletricidade. Embora os sistemas autônomos de energia solar fotovoltaica
sejam uma importante alternativa para a geração de eletricidade em locais que não possuem rede
elétrica, o uso da energia solar fotovoltaica em breve estará concentrado nos sistemas
conectados à rede elétrica. O potencial de exploração dessa energia é imenso para a aplicação
em micro e mini sistemas de geração distribuída, bem como em parques de geração que
funcionam como grandes usinas de eletricidade (Villalva e Gazoli, 2012).
Os módulos fotovoltaicos podem ser usados nos telhados e fachadas de residências e
edifícios para suprir as necessidades locais de eletricidade, ou podem ser empregados na
construção de usinas geradoras de eletricidade. A eficiência das células fotovoltaicas
comerciais, por enquanto, situa-se em um patamar relativamente baixo, entre 10% e 20% da
potência solar incidente, dado o estágio da tecnologia atualmente existente (IEA-WEO, 2013).
Obstáculos a superar
A difusão de empreendimentos ligados ao emprego da energia solar passa pela
superação de obstáculos, como o alto custo dessa fonte de energia frente a outras fontes
renováveis, a baixa eficiência dos sistemas de conversão de energia solar em eletricidade, bem
como a fraca eficiência nas formas de armazenamento da energia solar.
A falta de competitividade da energia solar é constatada pelo seu elevado custo em
relação às demais fontes renováveis de energia. Atualmente, o seu custo varia entre R$ 330 e R$
450 por MW/hora, ao passo que o valor da energia oriunda da Biomassa situa-se em torno de
R$ 200, energia eólica R$ 100, PCH - Pequena Central Hidroelétrica R$ 140, e grandes centrais
hidroelétricas R$ 80 por MW/hora (Valor Econômico, 2014). Não obstante este quadro
4
desfavorável, a tendência é que as tecnologias usadas tanto para a energia fotovoltaica quanto
para a fototérmica se tornem mais competitivas nos próximos anos. A queda do custo da célula
fotovoltaica em cerca de 75% no mercado mundial nos últimos anos (Valor Econômico, 2013),
pode ser vista como um indicador.
A baixa eficiência dos sistemas de conversão de energia solar torna necessário o uso
de amplas áreas para a captação de energia em quantidade suficiente para que o projeto se torne
economicamente viável. Existe variação no volume de energia gerada de acordo com a situação
atmosférica, consequentemente, regiões com frequentes coberturas de nuvens e chuva tendem a
apresentar variações diárias de produção de acordo com o grau de nebulosidade.
As formas de armazenamento da energia solar são pouco eficientes quando
comparadas às fontes de energias tradicionais. Além de que, à noite não havendo geração de
energia, torna-se necessária a existência de meios de armazenamento da energia produzida
durante o dia em locais onde os painéis solares não estejam ligados à rede de transmissão
elétrica.
5
Em 2014, a previsão é que sejam instalados no mundo mais de 40 GWp, entre
instalações em telhados e usinas solares (Valor Econômico, 2014). A eletricidade produzida
pela energia solar fotovoltaica tende aumentar dos atuais 0,4% para 2,6% em 2035 na matriz
energética mundial (IEA/WEO, 2013). No Brasil, estima-se uma capacidade instalada de 400
MW até 2020 (Valor Econômico).
O emprego da energia solar fotovoltaica é apropriado para lugares remotos ou de
difícil acesso, pois sua instalação em pequena escala não obriga a enormes investimentos em
linhas de transmissão. Essa tecnologia tem o potencial de substituir grupos geradores a diesel ou
óleo que hoje abastecem essas comunidades isoladas. Ademais, em países de clima tropical,
como o Brasil, o seu uso é viável em praticamente todo o território. Atualmente, o mercado
fotovoltaico é considerado insipiente, todavia altamente promissor, visto que existe uma parcela
significativa da população mundial, cerca de 2 bilhões de habitantes, localizada principalmente
nas áreas rurais, sem acesso à eletricidade.
No Brasil, o crescimento da geração fotovoltaica, tem sido favorecido e impulsionado,
graças à iniciativa recente da ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica, por meio da
Resolução Normativa 482 de 17/04/2012 (ANEEL, 2012). Esta normativa permite a micro
geração e mini geração1 de energia elétrica a partir de fontes renováveis de energia com
sistemas de geração distribuída, conectados às redes elétricas de baixa tensão. Ou seja,
estabelece que clientes residenciais, comerciais e empresariais possam instalar painéis
fotovoltaicos e abater das suas contas de energia essa micro geração. Dessa forma, passou-se a
permitir que consumidores possam investir em sistemas de geração de energia solar para serem
conectados à rede de transmissão e não apenas para consumo próprio. Assim, consumidores
tendem a se tornar também em fornecedores de energia.
A disposição do governo brasileiro em organizar leilões exclusivos de energia solar
deve favorecer a aceleração da demanda pelo consumo de energia solar. O volume de energia
negociado no leilão funcionaria como uma garantia de demanda mínima para atendimento das
exigências de escala para instalação local das unidades produtivas, principalmente de módulos
fotovoltaicos2.
O emprego de painéis solares, por meio da combinação do uso de coletores solares,
que esquentam a água das residências, com as células fotovoltaicas, que transformam a luz solar
em eletricidade apresenta-se como uma opção para o uso doméstico da energia solar num futuro
próximo. Projeta-se um movimento de perda de participação da eletricidade para o aquecimento
de água residencial, ao longo da próxima década, em parte, pela maior penetração da energia
solar para este fim (PDEE, 2022).
6
Considerações Finais
A energia solar constitui-se em opção promissora para complementar a geração de
hidroeletricidade. Os sistemas fotovoltaicos podem gerar energia elétrica em qualquer espaço
onde for possível instalar um painel fotovoltaico. Dessa forma, telhados e fachadas de prédios e
residências podem gerar eletricidade em áreas urbanas, e usinas de eletricidade podem ser
construídas próximas ou distantes dos centros de consumo. As condições climáticas e o espaço
territorial brasileiro são extremamente favoráveis para o emprego da energia solar.
A massificação da micro geração e mini geração de eletricidade com sistemas
fotovoltaicos conectados à rede elétrica tende a criar empregos no desenvolvimento e na
fabricação de painéis fotovoltaicos, inversores eletrônicos e acessórios, além de gerar demanda
de profissionais no setor de serviços de instalação, manutenção e treinamento.
O futuro da energia solar tende a ser favorecido pelo aumento das pressões mundiais
para a utilização de fontes energéticas renováveis e limpas e a contínua busca pela
diversificação das fontes de suprimento energético. Este cenário deve prevalecer nos próximos
anos e a energia solar deverá ser considerada como uma alternativa energética relevante para o
Brasil.
Notas:
1. A micro geração e a mini geração distribuídas são centrais geradoras de energia elétrica com potência instalada
menor ou igual a 100 KW e superior a 100 KW, respectivamente. Disponível em:
http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2012482.pdf. Acesso em: 20 de abril de 2014.
2. O Estado de Pernambuco realizou em dezembro de 2013 o primeiro leilão exclusivo de energia solar, como parte
do programa Pernambuco Sustentável, prevendo contratar 180 MW, divididos em lotes de 60 MW por três anos até
2016. A energia que vem do sol. Jornal Valor Econômico. 16 de abril de 2014.
Referências
7
IEA-WEO. International Energy Agency - World Energy Outlook, 2013. Global
Energy Trends. Disponível em: http://www.IEA-
WEO2013_Executive_Summary_English.PDF - Foxit Reader. Acesso: 15 de maio de
2014.
*Fernando Mario Rodrigues Marques: Pós Doutor (FEA/USP), Doutor em Energia (IEE/FEA) e
Professor de Contabilidade e Finanças e Coordenador dos Programas de MBA da BSP.