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FONTES PARA GERAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA

A energia elétrica em grande escala necessária ao suprimento de


sistemas de distribuição de energia é normalmente obtida por processo
de conversão eletromecânica de energia.
Uma fonte de energia primária fornece “potência de eixo” para girar o
conjunto gerador que através do deslocamento de condutores no interior
de campos magnéticos adequadamente criados transformará a energia
mecânica que gira o eixo em energia elétrica.

ENERGIA PRIMÁRIA - FONTES:


x Petróleo e gás natural,
x carvão vapor e carvão metalúrgico,
x urânio (U3O8),
x energia hidráulica,
x lenha e produtos da cana (melaço, caldo de cana e
bagaço).

Formas mais comuns de aproveitamento elétrico:

• Hídrica
• Termica
• Nuclear
• Solar
• Eolica

Origem do combustível ou fonte: Fóssil ou não-renovável e renovável

As energias renováveis no Brasil representaram mais de 85,4% da energia


produzida internamente e utilizada no país, incluindo o etanol, segundo
dados do Balanço Energético Nacional de 2009.

1 - Energia Hidroelétrica
Desde há muito que o homem usa a força da água para diversos fins. Os nossos antepassados
usavam-na em moinhos construídos nos canais de água, onde pás de madeira eram movidas pela
corrente, pás essas que se encontram acopladas a uma mó, possibilitando assim moer o cereal. A
corrente da água contínua a ser aproveitada, embora actualmente com outro fim, a produção de energia
eléctrica.
Usinas hidrelétricas produzem mais de 90% da energia elétrica consumida no Brasil.
Eles dependem das águas dos rios em níveis adequados em suas represas para gerar energia.

Centrais Hidroelétricas
Hidroeletricidade é a energia elétrica obtida através do aproveitamento da energia
potencial gravitacional de água, contida em uma represa elevada. A potência gerada é
proporcional à altura da queda de água e à vazão do líquido.
Obtenção: Durante o processo de obtenção, antes de se tornar energia elétrica, esta
energia deve ser convertida em energia cinética. O momento desta transformação acontece na
passagem da água numa máquina hidráulica, denominada turbina hidráulica. A energia liberada
pela passagem de certa quantidade de água move a turbina, que aciona um gerador elétrico. A
queda d' água pode ser natural, como na Usina de Paulo Afonso, ou artificial, criada por uma
barragem como na Usina Hidrelétrica de Tucuruí e na Usina Hidrelétrica de Itaipu. A queda
também pode ser pequena, como no caso de uma usina maremotriz, que utiliza apenas o
desnível das marés.
Classificação das centrais hidroeléctricas

As centrais hidroeléctricas podem classificar-se quanto à sua queda útil, caudal, tipo de
aproveitamento e quanto ao seu desempenho no diagrama de cargas. A queda útil
depende do valor de altura útil h da queda de água podendo ser classificadas em :

• Alta queda – h>250m.


• Media queda – 50m<h<250m.
• Baixa queda – h<50m.

O caudal médio Q pode ter os seguintes intervalos de valores:


• Grande caudal – Q>100m3/s.
• Médio caudal – 10 m3/s <Q<100m3/s.
• Pequeno caudal – Q<10 m3/s.

Quanto ao serviço desempenhado, este pode ser de dois tipos:


• Centrais de base – funcionam continuamente 24h por dia, com parte ou
totalidade dos seus grupos geradores sendo por isso a base de todo sistema
electroprodutor.
• Centrais de ponta – funcionam apenas quando é necessário cobrir eventuais
necessidades energéticas em horas de ponta.

Finalmente quanto ao tipo de aproveitamento temos as seguintes classificações:


• Centrais de fio de água – não possuem grande capacidade de armazenamento de
água.
• Centrais de reserva – possuem grande capacidade de armazenamento de água.
• Centrais de bombagem – são centrais de albufeira que tem a função de produzir
energia eléctrica durante o dia e bombearem água para uma albufeira com cota
superior durante a noite.
Aspectos Construtivos das Centrais Hidroeléctricas

• Arco-gravidade

Tipo de construção utilizada em vales largos e pouco profundos,, onde não é necessário existir
uma grande resistência rochosa lateral utilizando-se contrafortes ou gravidade maciça.
Fig. – Barragem com construção tipo arco-gravidade

• Arco-cúpula

Construção utilizada nomeadamente em vales estreitos e profundos sendo necessária uma


grande resistência rochosa lateral pois devido à sua forma arqueada (quer vertical quer
horizontalmente ) dá origem a grandes esforços laterais. Existem barragens com arco-simples ou
arco-duplo. Este tipo de construção é mais leve que o anterior, exige menos material mas em
contrapartida requer maior cuidado no seu projecto de construção civil, devido nomeadamente ao seu
fundo caudal.

2 - Centrais térmicas

A classificação das centrais térmicas depende essencialmente do combustível utilizado para a


produção de vapor de água nas caldeiras, pelo que se podem dividir em dois grandes grupos:

● Centrais Térmicas Clássicas.

● Centrais Nucleares.
Do primeiro grupo fazem parte as

● Centrais a fuelóleo.

● Centrais a carvão.

● Centrais a gasóleo.

● Centrais de ciclo combinado.

As Centrais de ciclo combinado são constituídas por dois tipos de turbinas a vapor (como as restantes
centrais deste grupo) e a gás. O rendimento destas centrais é superior às restantes porque os gases
de escape da turbina a gás são utilizados no processo de produção de vapor, ou seja, há uma
combinação de dois ciclos - um a gás e outro a vapor (daí o nome destas centrais).
Centrais a gás

Estas centrais são bastante utilizadas como centrais auxiliares para produção de energia em períodos
de ponta. Tem uma potência geralmente inferior à das centrais de vapor, da ordem de poucas
dezenas de MW, caracterizando-se por um arranque rápido e dispensa de água na sua instalação, a
par de elevado consumo energético em comparação com a maioria das soluções possíveis para a
produção de energia eléctrica.
Um sistema de turbina a gás é constituído por um único corpo, figura 10. As diferenças entre os
diferentes tipos de centrais a gás existentes correspondem ao combustível utilizado e à configuração
do ciclo termodinâmico.

O tipo de combustível utilizado pode ser carvão, derivado do petróleo, gases manufacturados ou uma
combinação de combustíveis líquidos e gasosos. As diferenças resultam da necessidade dum sistema
de gaseificação para o caso de carvão ou atomização para o caso de óleo-pesado. Todos os sistemas
de centrais a gás, possuem um sistema de arranque. Este sistema de arranque pode ser um motor
eléctrico ou diesel com o veio ligado ao veio da turbina e do gerador.

Centrais a vapor

Tem como base de funcionamento o calor libertado na fornalha por combustão de combustíveis
gasosos, derivados do petróleo ou carvão (caso das centrais clássicas) ou libertado no reactor por
cisão nuclear (caso das centrais nucleares) é transmitido à água circulando a alta pressão no
gerador de vapor.
Centrais a diesel

As centrais a motor diesel são constituídas por um motor de combustão interna tipo diesel acoplado a
um alternador, figura 12. A sua rápida colocação em serviço, permite a sua utilização em instalações
particulares ou públicas como grupos de emergência. Não necessitam de serviços auxiliares e exigem
pouca refrigeração.

Fig. 12 – Motor Diesel de uma central a diesel

Poluição atmosférica

Como já foi referido, uma central térmica é uma instalação que transforma a energia libertada pela
combustão de combustíveis fósseis em energia térmica a qual ao accionar uma turbina se transforma
em energia mecânica e esta, finalmente, acciona o gerador eléctrico. Neste processo 65% da energia
é desperdiçada sob a forma de calor e de contaminação. Assim, só um terço da potência inicial do
processo é utilizada como potência eléctrica. Portanto, uma central térmica que possui uma potência
de 330 MW, na realidade a sua potência térmica é de aproximadamente 1000 MW.

A contaminação destas centrais consiste na emissão de gases pelas chaminés e posterior retorno ao
solo a distâncias bem longe da central bem como na libertação de grandes quantidades de água de
refrigeração no mar ou num rio.

Os gases libertados contaminantes são:

● Dióxido de enxofre (SO2).

● Óxidos de nitrogénio (NOx).

● Partículas de metais pesados.

● Dióxido de carbono (CO2).


Efeitos produzidos sobre a saúde e sobre o meio ambiente, devido à queima de combustíveis em
centrais termoelétricas:

CENTRAIS TIPO CICLO COMBINADO

Turbina a gás

Turboalternador

Turbina a vapor

Fig. – Central de Ciclo combinado Gas + vapor.

Uma característica importante do ciclo combinado, é a sua construção modular, ou seja, as turbinas a
gás são instaladas primeiro e começam a produzir energia elétrica, tendo bom rendimento financeiro.
Posteriormente é instalada a turbina a vapor com respectivas caldeiras de recuperação.
CENTRAIS NUCLEARES

Detritos Nucleares e seu Armazenamento

lixo radioactivo

O lixo radioactivo é produzido em todos os estágios do ciclo do combustível


nuclear- desde a extracção do urânio até ao processamento de combustível nuclear
irradiado. Grande parte desse lixo permanecerá radioactiva por milhares de anos,
deixando uma herança mortal para as futuras gerações. Portanto, o grande desafio é
como mantê-lo em condições seguras e invioláveis por tanto tempo
Durante o funcionamento de um reactor nuclear são criados isótopos radioactivos
extremamente perigosos - como césio, estrôncio, iodo, criptónio e plutónio. O plutónio
é particularmente perigoso, já que pode ser usado em armas nucleares se for separado
do combustível nuclear irradiado por meio de um tratamento químico chamado
reprocessamento.
Como parte da operação de rotina de toda central nuclear alguns materiais residuais
são despejados directamente no meio ambiente. O resíduo líquido é descarregado junto
com a "água de arrefecimento da turbina" no mar ou em rio próximo à central e os
resíduos gasosos vão para a atmosfera. Em ambos os casos, a vazão destes efluentes é
controlada para que não altere a radioatividade natural (background) do meio ambiente.
Há três categorias de lixo radioactivo: resíduo de alto nível (HLW, de high level
waste); resíduo de nível intermediário (ILW, intermediate level waste); e resíduo de
baixo nível (LLW, de low level waste).
O HLW consiste principalmente de combustível irradiado proveniente dos núcleos
de reactores nucleares e de resíduos líquidos de alta actividade produzidos durante o
reprocessamento. A remoção de plutónio pelo reprocessamento resulta num imenso
volume de resíduo líquido radioactivo. Parte desse mortal resíduo de reprocessamento,
armazenado em grandes tanques, é misturado com material vitrificante quente.
Destino Final
O combustível nuclear altamente radioactivo é retirado do reactor e armazenado em
piscinas de arrefecimento no interior da própria central. De acordo com estimativas da
Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), a quantidade total de combustível
usado era de 125.000 t em 1992 e vai subir para 200.000 t no ano 2000 e para 450.000 t
em meados do próximo século. Contudo, embora diversos métodos de dar-lhe destino
tenham sido discutidos durante décadas — incluindo o envio para o espaço — ainda não
há solução para o lixo radioactivo.
Já surgiram propostas para se dispor de tais resíduos, inclusive colocá-los em
foguetes e dispará-los para o sol. A maioria das "soluções" actualmente propostas para a
disposição final do lixo radioativo envolve seu enterro no subsolo numa embalagem
especial com proteção forte o bastante para impedir que sua radioactividade escape.
Não bastam perfurações de teste ou levantamentos geológicos para o manejo do lixo
radioactivo. Os testes adequados demandariam dezenas de milhares de anos.
Há dois riscos principais no enterro de lixo radioactivo: a contaminação do ar e a da
água.

Contaminação do Ar
As fugas explosivas ou lentas de gases de um sítio final subterrâneo são possíveis
teoricamente. Infelizmente, não há forma confiável de estimar esse risco — há
incógnitas demais relativas aos actuais métodos de deposição e às interacções químicas
possíveis num ambiente real.

Contaminação da Água
Geralmente este é considerado o mecanismo de poluição mais provável ligado à
disposição final de resíduos em rochas. Elementos radioactivos podem vazar do
invólucro e entrar em contato com o lençol freático, contaminando a água potável de
comunidades locais e distantes.
Além do enterro dos resíduos, vários esquemas de armazenamento no local de uso
estão sendo investigados. Nisso, o armazenamento de combustível usado em grandes
recipientes de aço ou betão é de interesse primordial. Ainda que esse tipo de
armazenamento conserve o material no ponto em que foi criado e reduza os custos de
transporte, centenas de comunidades de todo o mundo estão ameaçadas de facto por
depósitos de alto nível às suas portas. Também há planos para consolidar o combustível
usado e colocá-lo em contentores em algumas poucas instalações regionais de
superfícies, o que resulta num número imenso de viagens em recipientes não destinados
a resistir a possíveis acidentes.
A melhor solução para o futuro é que não mais seja produzido lixo nuclear em
qualquer parte do mundo.

Desmontagem
Grande quantidade de lixo radioactivo também é produzida quando um reactor
nuclear é desativado. Isso porque muitas das peças que o compõem, incluindo o
combustível, tornam-se radioativas. O processo de tratamento de uma central nuclear
nesse ponto é chamado "desmantelamento". Entretanto, além da remoção do
combustível usado, não há consenso sobre o que deve acontecer a seguir. Nenhum
reactor de dimensões normais foi desmontado em lugar algum do mundo. Ainda que
alguns países planeiem retirar toda a estrutura, até mesmo as partes radioactivas,
restando um espaço plano desocupado; outros sugerem deixar a edificação onde está,
cobrindo-a com betão ou, possivelmente, enterrando-a sob um monte de terra.
O custo do desmantelamento dos reactores nucleares é objecto de muita
especulação. As estimativas de custo originam-se de estudos genéricos, a partir da
projecção dos custos de desmantelamento de pequenas instalações de pesquisa. O
detalhe e a sofisticação empregues no desenvolvimento dessas estimativas varia muito;
a falta de padronização torna difíceis as comparações. Além disso, a limitada
experiência de desmantelamento — nenhuma, se considerados reactores de grande porte
— torna impossível saber se as estimativas são razoáveis. Mas já se sugeriu que os
custos de desmantelamento poderiam ser de até 100% do custo de construção inicial.
Nas próximas três décadas, mais de 350 reactores nucleares serão desactivados.
Quarenta anos depois de a primeira central nuclear começar a produzir electricidade, a
indústria nuclear ainda não tem respostas sobre como desmantelar, de forma segura e
economicamente eficiente, um reactor.

Deposito de armazenagem de resíduos Trasurânicos Depósito convencional


que são criados quando o 235U absorve neutrões sem
entrar em fissão (piscina – a água impede que a
radioactividade sobreaqueça o material)

Alguns acidentes com centrais nucleares conhecidos

Acidente em Goiânia

Era 13 de Setembro de 1987. Um aparelho de radioterapia contendo césio-137


encontrava-se abandonado no prédio do Instituto Goiano de Radioterapia, desactivado
há cerca de 2 anos. Dois homens, Roberto e Wagner, à procura de sucata, invadiram o
local e encontraram o aparelho, que foi levado e vendido ao dono de um ferro-velho.
Durante a desmontagem do aparelho, foram expostos ao ambiente 19,26 g de cloreto de
césio-137 (CsCl), pó branco semelhante ao sal de cozinha, no entanto, brilha no escuro
com uma coloração azulada.
Encantado com o brilho do pó, o dono do ferro-velho passou a mostrá-lo e até
distribui-lo a amigos e parentes.
Os primeiros sintomas da contaminação (tonturas, náuseas, vómitos e diarreia)
apareceram algumas horas depois do contacto com o pó, levando as pessoas a procurar
farmácias e hospitais, sendo medicadas como portadoras de uma doença contagiosa. Os
sintomas só foram caracterizados como contaminação radioactiva em 29 de Setembro,
depois que esposa do dono do ferro-velho levou parte do aparelho desmontado até à
sede da Vigilância Sanitária.
Quatro pessoas morreram. Segundo a Comissão Nacional de Energia Nuclear
(CNEN), além delas, de 112.800 pessoas que foram monitorizadas, 129 apresentaram
contaminação corporal interna e externa. Destas, 49 foram internadas e 21 exigiram
tratamento médico intensivo.
A propagação do césio-137 para as casa próximas onde o aparelho foi desmontado
se deu por diversas formas. Merece destaque o facto de o CsCl ser higroscópio, isto é,
absorver água da atmosfera. Isso faz com que ele fique húmido e, assim, passe a aderir
com facilidade na pele, nas roupas e nos calçados. Levar as mãos ou alimentos
contaminados à boca resulta em contaminação interna do organismo.
Os trabalhos de descontaminação dos locais afectados produziram 13,4 toneladas de
lixo contaminado com césio-137: roupas, utensílios, plantas, restos de solo e materiais
de construção. O lixo do maior acidente radiológico do mundo está armazenado em
cerca de 1.200 caixas, 2.900 tambores e 14 depósitos construídos na cidade de Abadia
de Goiás, vizinha a Goiânia, onde deverá ficar, pelo menos 180 anos.
Mais 600 pessoas são incluídas na lista de vítimas do acidente com o Césio 137.
Catorze anos depois, o governo de Goiás pretende incluir mais 600 pessoas na lista de
vítimas do acidente com o césio 137. O Ministério Público Estadual afirma que, nos
últimos anos, oito pessoas morreram em consequência de doenças provocadas pelo
césio. E estas mortes nunca entraram nas estatísticas oficiais. O policia militar Marques
Rodrigues foi um dos soldados que trabalharam na segurança da área contaminada pelo
Césio 137. Hoje tem câncer no cérebro e se aposentou por invalidez. Oficialmente
quatro pessoas morreram e 250 foram contaminadas pelo material radioactivo.

. O Acidente de Chernobyl

Na manhã de 26 de Abril de 1986, como resultado de uma série de falhas de


engenharia e controlo, ocorreu um superaquecimento do reactor número 4 da Central
Nuclear de Chernobyl, próximo à cidade de Kiev, na Ucrânia (ex-URSS). O super
aquecimento provocou uma explosão que deslocou a tampa do reactor, de duas mil
toneladas, lançando na atmosfera uma nuvem contendo isótopos radioactivos. Tal
nuvem subiu até cerca de 5 km de altitude e alastrou-se por vários países da Europa,
sendo detectada a muitos quilómetros de distância. Esse foi o mais grave acidente
nuclear da história.

Muitos dos operários e bombeiros que tentaram apagar o incêndio nas instalações
morreram pouco depois, por terem sido expostos à radiação. O fogo só foi controlado
quando helicópteros jogaram cinco mil toneladas de areia no topo do reactor.
Controlado o perigo mais imediato, veículos-robôs foram usados na tentativa de limpar
a Central e eliminar os resíduos radioactivos. Esses robôs apresentaram falhas de
funcionamento, provavelmente devido aos altos níveis de radiação no local. Finalmente,
foram enviados homens para fazer tal limpeza (muitos deles também morreram). Mais
de 115 mil pessoas foram evacuadas das regiões vizinhas.

Ucrânia e Bielo-Rússia enfrentam problemas a longo prazo. Muitos dos seus


habitantes não podem beber água do local ou ingerir vegetais, carne e leite ali
produzidos. Cerca de 20% do solo cultivável e 15% das florestas da Bielo-Rússia não
poderão ser ocupados por mais de um século devido aos altos índices de
radioactividade.

Especialistas estimam que oito mil ucranianos já morreram como consequência da


tragédia. Há previsões de que até dezassete mil pessoas poderão morrer de cancro nos
próximos setenta anos devido à radiação espalhada no acidente.
3. Energia eólica

A primeira referência escrita sobre moinhos de vento surge no século X,


descrevendo os moinhos de vento Persas. Na Europa, no final do século XII
aparecem os primeiros moinhos de vento, usados para bombagem de água e
moagem. Com o aparecimento de novas tecnologias, os moinhos de vento foram
caindo em desuso, pois estas tecnologias permitem rendimentos muito maiores.
Recentemente alguns destes moinhos têm vindo a ser recuperados para habitações
particulares ou como ponto de interesse turístico.

Fig. 1 – Moinho de vento recuperado Fig. 2 – Caravela portuguesa

O recurso à energia eólica para aproveitamento motriz na navegação existe há vários


milhares de anos, tendo os antigos egípcios inventado a embarcação com mastro e
vela e ainda o remo. Em Portugal foi o recurso à energia eólica que permitiu os
Descobrimentos. Os navios portugueses, figura 2, durante os séculos XV a XVII
percorreram os oceanos descobrindo e efectuando o comércio entre as mais diversas
regiões, desde a Europa à Índia, às Américas e à Ásia. A partir do sec. XIX os
grandes veleiros foram sendo substituídos por navios movidos a vapor. Actualmente
a energia do vento é utilizada em embarcações de recreio e de competição.
Só na últimas décadas foram iniciados estudos e projectos piloto para a utilização
desta forma de energia como fonte de electricidade, através de medições do potencial
eólico e instalação de aerogeradores experimentais em várias serras portuguesas.
A implementação com fins comerciais de parques eólicos (locais onde se instalam
dois ou mais aerogeradores, com ou sem ligação à rede eléctrica nacional), iniciou-se
em ????, no Brasil.
A energia eólica no Brasil tinha uma capacidade instalada de 1.000 MW em agosto
de 2011, suficiente para abastecer uma cidade de cerca de 400 mil residências. Os 36
parques eólicos e fazendas eólicas do país, em 2009, estavam localizadas no
Nordeste (5 estados), Sul (3 estados) e Sudeste (1 estado).
Capacidade instalada
Nome Estado
(MW)

Parque eólico de Osório 150 Rio Grande do Sul

Usina de Energia Eólica de Praia


104 Ceará
Formosa

Rio Grande do
Parque eólico Alegria 51
Norte

Rio Grande do
Parque eólico de Rio do Fogo 49
Norte

Parque Eólico Eco Energy 25 Ceará

Parque Eólico de Paracuru 23 Ceará

Até 2014 deve ser atingido uma capacidade instalada de 7.000 megawatts (MW)
No leilão de agosto de 2011, o preço da energia eólica atingiu um novo patamar,
ainda mais baixo, R$99,58/MWh, ficando atá mais barato que a energia de
termoelétricas a gás natural. [13]. Neste leilão foi vendido mais de 1.900MW, valor
maior que o total de energia eólica instalado no país até o momento.
Países com uma capacidade eólica instalada superior a 100MW:

São os seguintes os países com parques eólicos com potências instaladas maiores do que 100 MW

● Alemanha** 4973 MW
● Estados Unidos** 2733 MW
● Espanha** 2046 MW
● Dinamarca** 1905 MW
● Índia 1150 MW
● Holanda 434MW
● Reino Unido 380 MW
● Itália* 298 MW
● China 302 MW
● Suécia* 221 MW
● Grécia* 158 MW
● Canadá 127 MW

• Em crescimento ** Crescimento muito rápido

Conversão da Energia Eólica em Eletricidade


Aproveitamento da energia eólica:

1 1
Pdisp = ( ρ Av)v 2 = ρAv 3
2 2

Esta expressão representa o caso em que se considera a velocidade que entra na turbina
igual á da saída, ou seja o caso ideal,

Fig. – Caso ideal (v1=v2)

Na realidade o que acontece é que a velocidade do vento diminui ao passar pela turbina,
como indica a figura abaixo. É o chamado efeito de Betz, em que os filetes de ar sofrem uma
deflecção ao atravessarem a turbina eólica.

Fig. – Efeito de Betz . Caso real (v1>v2)


Atendendo ao efeito de Betz a expressão da potência se torna

Pdisp =
1 v +v  2
ρ A 1 2  v1 − v2(2
)
2  2 
e após manipulações:
   v  2  v 
  1 −  2   1 + 2  
1    v1  
3 
v1  
Pdisp = ρ Av1  
2
1424 3  2 
Pabs  
 
1444 424444 3
Cp

 v2 
onde Cp é o coeficiente de potência (Cp<1), cujo andamento em função da relação   está
 v1 
representado na figura

C p = Pdisp Pabs
0,6

0,5
0,59
0,4

0,3

0,2

0,1
0,33

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
v 2 v1

Fig. – Comportamento do coeficiente de potência versus v 2 v1

 v2 
O valo máximo do coeficiente de potência obtém-se derivando Cp em ordem a   e
 v1 
dC p
determinando a raiz de = 0 Resulta:
d (v 2 / v1)

C p max = 0,59

Logo a potência máxima que se pode extrair do vento é


Pmax = Pabs ⋅ 0,59

isto é, apenas 59% da energia do vento é convertida em energia mecânica na turbina eólica.
A potência varia com o cubo da velocidade do vento e é diretamente proporcional à área varrida pelas
pás da turbina.
4. Energia Fotovoltaica

O sol fornece diariamente uma quantidade incomensurável de energia, especialmente em


Portugal. Portugal, é um dos países da Europa com maior nível de radiação solar, embora a utilização
desta energia ainda esteja em fase de desenvolvimento.
Para a transformação da radiação solar em energia útil, são necessários colectores solares térmicos
para a produção de água quente quer para fins industriais ou domésticos. Para a produção de energia
elétrica, são necessários painéis fotovoltáicos. .

Princípio de funcionamento da célula fotovoltaica

A energia fotovoltaica resulta da conversão directa da luz solar em energia eléctrica.


Alguns materiais semicondutores exibem efeito fotoeléctrico (descoberto por Einstein
em 1905) que consiste na absorção de fotões com consequente emissão de electrões,
base da corrente eléctrica. A primeira célula fotoeléctrica foi construída em 1964 pelos
Laboratórios Bell e tinha o aspecto indicado na figura 1. A célula fotoeléctrica é
constituída por uma junção de materiais semicondutores do tipo P (silício contaminado
com impureza trivalente) e do tipo N (silício contaminado com impureza pentavalente).
O silício pode ser cristalino ou amorfo, que é mais barato mas menos durável). A luz
solar, constituída por fotôes, ao incidir na junção provoca um fluxo de electrões a partir
do semicondutor do tipo N e um fluxo de lacunas (cargas positivas) a partir do
semicondutor do tipo P, constituindo uma corrente eléctrica através da carga ligada
aos terminais da célula. O rendimento da conversão pode ser aumentado usando em
vez de uma simples junção usar várias junções em série.

Fotões Fluxo de
electrões

Luz solar I
I

Fluxo de
lacunas Semicondutor
do tipo N
Junção

Semicondutor
do tipo P

Fig. 3 - Princípio de funcionamento de uma célula fotovoltaica


As células fotovoltaicas podem ser ligadas em série, constituindo um módulo que
exibe normalmente aos seus terminais uma tensão contínua de 12 V. Vários destes
módulos são ligados em série/paralelo de modo a aumentar a potência do conjunto,
constituindo o chamado painel fotovoltaico. O silício deteriora-se ao longo do tempo,
sobretudo o silício amorfo, mas os fabricantes garantem tempos de vida útil da ordem
de 20 anos para estes paineis.

Desde as suas primeiras aplicações, na década de 50, que este sistema tem evoluído
bastante o que tem levado a uma diminuição do seu custo e uma penetração cada vez
maior no mercado da energia. O custo da energia fornecida por este sistema situa-se
entre

Célula
fotovoltaica
Painel
fotovoltaico

Módulo

Fig. 2 – Desenvolvimento de um painel fotovoltaico

os 0,30 €/kWh e os 1,10 €/kWh, afirmando-se desta forma como potencial solução em
sistemas eléctricos isolados (independentes da rede eléctrica), como consumidores
domésticos em regiões rurais remotas, bombagem (rega gota a gota), sinalização,
telecomunicações, etc. No mar, tem particular importância na alimentação da
sinalização de boias ou na alimentação de transmissores de rádio a bordo de
pequenas embarcações.

Fig. 4 – Painel fotovoltaico alimentando Fig. 5 – Painel fotovoltaico numa lancha


Em países em vias de desenvolvimento é necessária a electrificação em centros
médicos remotos, que podem ser alimentados por painéis fotovoltaicos, facilmente
transportáveis e ao mesmo tempo suficientes para alimentar sistemas imprescindíveis
de iluminação e refrigeração. Para residências com consumos mais elevados, onde é
necessário alimentar frigoríficos, equipamento de cozinha, climatização, televisão e
iluminação é necessário painéis fotovoltaicos de maiores dimensões (os painéis geram
2
cerca de 1 kW/m com rendimentos máximos teóricos da ordem de 20 a 25%), ligados
a um inversor eletrónico para obter tensão alternada.

Aplicações de média potência (dezenas ou centenas de quilowatt)

● Electrificação rural: abastecimento de cargas domésticas em locais remotos sem rede,


bombagem de água e irrigação, complemento de abastecimento de locais remotos com ou sem
rede
● Produção descentralizada ligada à rede

Aplicações de pequena potência (décimas ou unidades de quilowatt)

● Relógios e calculadoras. Acessórios de veículos automóveis (por exemplo, alimentação de


ventoinhas para refrigeração de automóveis estacionados, ou carregamento de baterias em
veículos de campismo)
● Sinais rodoviários (móveis e estáticos) e parquímetros
● Telefones de emergência, transmissores de TV e de telemóvel
● Frigoríficos médicos em locais remotos

Vantagens e desvantagens

A tecnologia solar fotovoltaica apresenta um grande número de vantagens:

● Alta fiabilidade – não tem peças móveis, o que é muito útil em aplicações em locais isolados.

● A fácil portabilidade e adaptabilidade dos módulos - permite montagens


simples e adaptáveis a várias necessidades energéticas. Os sistemas podem ser dimensionados
para
aplicações de alguns miliwatts ou de kWatts.

● O custo de operação é reduzido - a manutenção é quase inexistente: não necessita


combustível, transporte, nem trabalhadores altamente qualificados.

● A tecnologia fotovoltaica apresenta qualidades ecológicas pois o produto final é não poluente,
silencioso e não perturba o ambiente.

No entanto esta tecnologia apresenta também algumas desvantagens:

● O fabrico dos módulos fotovoltaicos necessita tecnologia muito sofisticada necessitando de um


custo de investimento elevado.

● O rendimento real de conversão dum modulo é reduzido (o limite teórico máximo numa célula
de silício cristalino é de 28%), face ao custo do investimento.

● Os geradores fotovoltaicos raramente são competitivos do ponto de vista económico, face a


outros tipos de geradores (e.g. geradores a gasóleo). A excepção restringe-se a casos onde
existam reduzidas necessidades de energia em locais isolados e/ou em situações de grande
preocupação ambiental.

● Quando é necessário proceder ao armazenamento de energia sob a forma química (baterias), o


custo do sistema fotovoltaico torna-se ainda mais elevado.
5. Energia das Ondas Marítimas

Os oceanos cobrem cerca de 70% da superfície do globo terrestre, constituindo os maiores


colectores e armazéns de energia solar do planeta. Num dia com condições meteorológicas
normais, a radiação solar absorvida pela superfície de 60 milhões de km2 de mar tropical é
energeticamente equivalente a cerca de 250 biliões de barris de petróleo. Se apenas um décimo
desta energia pudesse ser convertida em energia eléctrica, ela seria suficiente para abastecer
todas as necessidades energéticas do mundo actual! Sob o ponto de vista energético, o mar
revela-se um verdadeiro manancial de energia renovável.

A extracção da energia das ondas tem sido objecto de investigação e desenvolvimento de várias equipas
de investigação em diversos países. A combinação de forças exercidas pela gravidade, pela tensão
superficial da água e pelos ventos dá origem à propagação das ondas. A figura 1 mostra a distribuição
densidade da energia das ondas nos oceanos. A profundidade do mar influencia a velocidade das ondas
junto à costa e a sua altura até rebentarem, como mostra a figura 2.

Fig. 1 – Densidade da energia das ondas nos oceanos Fig. 2 – Rebentamento da onda

Tem sido propostos uma grande variedade de dispositivos que se podem agrupar em dois grandes
sistemas; o sistema de coluna de água oscilante (C.A.O.), indicado na figura 3, e o sistema de corpo
oscilante, como mostra a figura 4, e que se passam a descrever.

Fig. 3 – Sistema de coluna oscilante Fig. 4 – Sistema de corpo oscilante offshore


Fig. 5 – Sistema de corpo oscilante offshore Fig. 6 – Turbina autorretificadora do tipo Wells.

Fig. 7 – Sistemas do corpo oscilante para aproveitamento da energia das ondas ao largo da costa

Outra configuração para aproveitamento das ondas do mar ao largo da costa consiste em grandes
cilindros de 3,5 metros de diâmetro e 120 metros de comprimento, amarrados ao fundo do mar por meio
de cabos flexíveis, colocados no sentido predominante da ondulação,Instalado em zonas de águas
profundas o equipamento oscila com as ondas, fazendo um movimento sinuoso como o de uma
serpente. Daí o vocábulo de “Pelamis” dado a este sistema, que é o nome de uma cobra do mar. O
interior dos tubos alberga o equipamento hidráulico e os geradores eléctricos. A energia das ondas é
assim convertida neste sistema em energia eléctrica que é depois transportada para terra por meio de
cabos submarinos.

Pelamis
Sentido da
ondulação

Fundo do mar

Poitas de amarração
GERAÇÃO DE ELETRICIDADE NO BRASIL (BEN 2010)

Centrais Elétricas de Serviço Público

Unidade em GWh
Centrais Elétricas Autoprodutoras

Unidade em GWh
Nota: As indústrias de celulose, bem como as integradas (papel e celulose), geram
grande parte da energia consumida a partir da lixívia produzida no próprio processo.
RESERVAS ENERGÉTICAS BRASILEIRAS (BEN 2010)

Centrais Elétricas de Serviço Público


SISTEMAS DE ENERGIA ELÉTRICA

As partes constituintes de um sistema de geração de energia elétrica são:

• Produção da energia (Usinas)


• Transmissão (Linhas elétricas e equipamentos de alta tensão)
• Distribuição (linhas elétricas e equipamentos de média tensão)
• Utilização (Linhas e equipamentos consumidores supridos em baixa
tensão)

Visão Geral de um Sistema de Energia Elétrica


1 - Geração
A função das estações elevadoras e elevar o nível da tensão na qual a
energia e gerada para valores adequados a transmissão de grandes blocos
de energia através de longas distancias, ate os centros e consumo.
Alem de elevar a tensão para permitir a transmissão econômica da energia as
estações elevadoras também podem proporcionar pontos de interligação e
manobra do sistema.
As estações elevadoras recebem energia diretamente das unidades
geradoras que transformam energia primária em energia elétrica.

2 - Transmissão
As linhas de Transmissão, responsáveis pelo suprimento de energia as
subestações de transmissão originam-se em estações elevadoras
associadas a plantas de geração de energia elétrica.
O sistema de transmissão constitui as linhas da rede básica de transmissão
de energia que alem de suprir diversas subestações de distribuição provê
circuitos de interligação entre subestações.
As subestações de transmissão tem papel semelhante as subestações de
distribuição:
• Reduzir a tensão possibilitando sua transmissão e
• Proporcionar meios de interligação e manobra para a operação
do sistema.

3 - Distribuição
Um alimentador primário supre a carga de vários transformadores de
distribuição.
Um alimentador primário normalmente e constituído por um tronco principal
ao qual se conectam vários ramais laterais.
Cada ramal lateral alimenta pelo menos um transformador de distribuição ou
consumidor especial ligado em alta tensão.
Os ramal laterais se ligam ao tronco através de equipamentos de manobra e
proteção.
A energia alcança o alimentador primário de distribuição através de uma
subestação de distribuição.
A Subestação de Distribuição reduz a tensão do(s) níveis de transmissão e
subtransmissão(69 a 230 KV), possibilitando distribuir a energia que flui pelo
sistema (13,8 a 34,5 kV).
Uma subestação de distribuição supre vários alimentadores primários de
energia elétrica e proporciona pontos de manobras para a operação do
sistema.
Rendimento de um sistema energético para alimentar uma lâmpada elétrica

ηu sin a ×ηtransmissão + distribuição ×ηlâmpada = 0,35 × 0,85 × 0,04 = 0,012 ⇒ 1,2%

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