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DOI: https://dx.doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.2023.v33.n73.p286-302
Resumo
O artigo reflete sobre as relações existentes entre o surgimento e a persistência
de problemas sociais e o desenvolvimento de conhecimentos científicos
orientados a explicá-los e conhecê-los como chaves para compreender os
contextos atuais. Foca, especificamente, no reconhecimento da constituição
e renovação de agendas de pesquisa em Educação a partir da introdução das
Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) como fator destacado nas
políticas educativas na América Latina. Para isso, apresenta uma sistematização
temática das dissertações e teses desenvolvidas no grupo de pesquisa Educação,
Comunicação e Tecnologias (GEC/FACED/UFBA), composto por grande número
de pesquisadores procedentes de países latino-americanos. Resulta em uma
confluência de pesquisas que tratam de temas comuns a vários países da região,
tais como brecha digital, formação de professores, inserção das tecnologias
nas escolas, especialmente no modelo 1:1, e conhecimento aberto, todos
atravessados pelas políticas públicas.
* Doutora em Educação pela Universidade Federal da Bahia, com estágio de pós-doutorado em Educação pela Universida-
de Federal de Santa Catarina. Foi coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFBA, de 2013 a 2017.
Atualmente é professora titular da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia, líder do Grupo de Pesquisa
Educação, Comunicação e Tecnologias (GEC). Pesquisadora na área de Educação, com ênfase em Educação e Tecnologias da
Informação e Comunicação, atuando nos seguintes temas: formação de professores, inclusão digital, software livre e políti-
cas públicas. E-mail: bonilla@ufba.br
** Doutora em Comunicação pela Universidade Nacional de La Plata. Professora e pesquisadora da Universidade Nacional da
Patagônia Austral na Argentina. Membro do conselho diretor do Instituto de Pesquisa em Comunicação, Identidade e Cul-
tura, da Unidade Acadêmica San Julián (UNPA) e vice-líder do grupo de pesquisa EDUTEC (FACED, UFBA). Pesquisa na área
de tecnologias digitais, comunicação e educação, com interseções de gênero e diversidade. E-mail: vsficoseco@gmail.com
*** Doutora em Educação pela Universidade Federal da Bahia, Brasil (2019). Mestre em Investigación e Innovación en Currí-
culum y Formación pela Universidade de Granada, Espanha (2014). Graduada em Educação Física, Esporte e Lazer pela
Universidade Veracruzana, México (2013) e em Ciências da Comunicação pela Universidade Veracruzana, México (2010).
Atualmente é Assessora Pedagógica na Universidad Católica de Temuco,Chile. Tem experiência na área de Educação, atuan-
do principalmente em três grandes linhas: Tecnologias en educação; Interculturalidade e inter/transdisciplinaridade e Inter-
nacionalização da Educação Superior. E-mail: duran.jimenez.georgina@gmail.com
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Abstract
RESEARCH IN EDUCATION AND ICT IN LATIN AMERICA: CROSS-
CUTTING THEMES
The article reflects on the relationships between the emergence and persistence
of social problems and the development of scientific knowledge aimed at
explaining and understanding them as keys to understanding current contexts.
It focuses on recognizing the constitution and renewal of research agendas
in Education based on the introduction of information and communication
technologies (ICT) as a prominent factor in educational policies in Latin America.
The article presents a thematic systematization of dissertations and theses
developed in the Education, Communication and Technologies research group
(GEC/UFBA), integrated by a large number of researchers from Latin American
countries. The result is a confluence of research that addresses topics that are
common to several countries in the region, such as the digital gap, teachers
formation, the insertion of technologies in schools in the 1:1 model and open
knowledge, all of which are influenced by public policies.
Keywords: research and education; Latin American social context; information
and communication technology.
Resumen
INVESTIGACIÓN EN EDUCACIÓN Y TIC EN AMÉRICA LATINA: TEMAS
TRANSVERSALES
El artículo reflexiona sobre las relaciones entre el surgimiento y persistencia de
los problemas sociales y el desarrollo del conocimiento científico orientado a
explicarlos y conocerlos como claves para comprender los contextos actuales.
Específicamente se enfoca en reconocer la constitución y renovación de agendas
de investigación en Educación basadas en la introducción de las tecnologías
de la información y la comunicación (TIC) como un factor destacado en las
políticas educativas en América Latina. Para ello, presenta una sistematización
temática de disertaciones y tesis desarrolladas en el grupo de investigación
Educación, Comunicación y Tecnologías (GEC/FACED/UFBA), compuesto por
un gran número de investigadores de países latinoamericanos. El resultado
es una confluencia de investigaciones que abordan temas comunes a varios
países de la región, como la brecha digital, la formación docente, la inserción
de tecnologías en las escuelas, en el modelo 1:1, y el conocimiento abierto, los
cuales están influenciados por las políticas públicas.
Palabras clave: investigación y educación; contexto social latinoamericano;
tecnologías de la información y la comunicación.
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por parte de pesquisadores de vários países da garantir, do modo mais completo possível, os
América Latina, a partir de uma perspectiva de requisitos formais exigidos pela pesquisa cien-
globalização contra-hegemônica, mais humana, tífica. Portanto, diversas pesquisas bibliomé-
centrada nas pessoas e não no capital, que con- tricas, bibliográficas e de análises de produção
duz a processos de internacionalização da edu- científica as consideram como literatura de
cação superior também contra-hegemônicos, primeira ordem para dar conta do estado atual
capazes de tecer redes de interculturalidade e das tendências de um campo de conhecimento
crítica que favoreçam a decolonialidade das (García Pérez; García Arieto, 2014).
sociedades na nossa América Latina (Durán O conhecimento aqui produzido está emba-
Jiménez, 2019). sado no método qualitativo, constituindo-se de
Em todos os casos se trata de abordagens uma pesquisa teórica (Cerqueira, 2018), com
de problemáticas locais do país de origem do exposição rigorosa, lógica, coerente e crítica
pesquisador e de produções correspondentes a na argumentação realizada sobre as pesqui-
dissertações e teses desenvolvidas no grupo de sas produzidas no grupo GEC/FACED/UFBA.
pesquisa Educação, Comunicação e Tecnologias A partir de uma tecitura, realizada como uma
(GEC/FACED/UFBA), vinculado ao Programa “atividade artesanal”, como uma “bricolagem”
de Pós-Graduação em Educação da Universi- (Lapassade, 1998) – entendendo-se bricolar
dade Federal da Bahia (UFBA). Por tratar-se como tecer, compor, pôr as partes no conjunto
de um grupo de pesquisa com um alto número –, mobilizamos os textos das pesquisas con-
de pesquisadores estrangeiros, participantes forme a necessidade que se apresentou para
do Programa de Alianças para a Educação e a construir a argumentação requerida. A tecitura
Capacitação (PAEC PEA/GCUB), um convênio apresenta-se, então, como uma criação a partir
entre a Organização dos Estados Americanos do que está disponível e o que está disponível,
(OEA) e o Grupo Coimbra de Universidades no repositório institucional da UFBA, são as
Brasileiras (GCUB), entendemos que analisar dissertações de mestrado e teses de doutorado
esses trabalhos nos proporciona um bom lugar desenvolvidas no Programa de Pós-Graduação
para refletir sobre as tendências regionais da em Educação, sendo que aquelas desenvolvidas
pesquisa em Educação e TIC; as maneiras com no GEC estão listadas na página do grupo, o que
que as problemáticas da área de Educação e permitiu organizar o material pelas temáticas
tecnologias, comuns à região, são reconhecidas, abordadas, selecionando aquelas que eram
codificadas e abordadas a partir da pesquisa comuns a diferentes países da região. Ademais,
educativa; que aspectos dessas complexas pro- na página do GEC estão disponíveis outras
blemáticas são considerados temas de pesquisa produções do grupo, como livros e artigos
e quais não; e em que medida a constituição de produzidos pelos pesquisadores, de forma que
agendas regionais de pesquisa educativa suge- a tecitura realizada para a composição deste
rem outras potenciais frentes de cooperação no artigo se deu a partir da análise realizada nos
marco dos processos de internacionalização de documentos do grupo.
nossas universidades.
Por último, consideramos que as disserta- Educação e TIC. Problemas
ções e teses são testemunhos das tendências
atuais de pesquisa no campo acadêmico e comuns e estratégias
cumprem o requisito de aportar novos conheci- confluentes para sua
mentos na área em que se inscrevem. Também,
são legitimadas por um sistema de controle e
compreensão
de avaliação mediante uma banca de especia- O movimento dos seres humanos pelo planeta
listas nas áreas de abordagem, necessário para é tão antigo quanto o homem, seja em busca
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de subsistência, seja para conquistar outros dade. Em nosso caso específico, como região
povos, seja para comercializar com locais dis- da América Latina, formada por países pobres
tantes, seja ainda para desvendar o desconhe- e em desenvolvimento, que compartilham his-
cido. Esses movimentos foram, cada vez mais, tória e atravessam situações políticas e sociais
aproximando e cruzando culturas, criando bastante similares (desde as origens coloniais
mercados mais abrangentes, até chegarmos até os atuais processos de restaurações con-
a um processo chamado globalização. Com a servadoras), partindo de uma perspectiva de
inserção das TIC nas sociedades, também se internacionalização contra-hegemônica, temos
potencializou a globalização nas economias buscado construir uma “outra globalização”
dos Estados, nos mercados públicos e privados (Santos, M., 2001) a partir de uma perspectiva
e em diversos setores do cotidiano. Assim foi mais humana, apoiados em epistemologias
que a globalização passou a ser “o destino irre- locais e em colaborações entre culturas, esta-
mediável do mundo, um processo irreversível, belecendo “diálogos e relações interculturais
[...] que nos afeta a todos na mesma medida” de valoração e colaboração mútuas, que sejam
(Bauman, 1999, p. 7). E, embora seja um pro- de dupla via” (Mato, 2008).
cesso que divide e ao mesmo tempo une, são Por outro lado, a contar do final do último
as consequências perversas dela própria as milênio, diferentes cúpulas e conferências
que propiciam a segregação das elites e, em mundiais vêm destacando a brecha existente
simultâneo, sua homogeneização, deixando de entre os países desenvolvidos e os em desen-
lado o restante da população. volvimento como consequência da globaliza-
Milton Santos (2001) denomina esse tipo ção, indicando como sendo necessária, para
de globalização de perversa e a descreve como manter e intensificar o progresso mundial com
aquela “fundada na tirania da informação e do desenvolvimento sustentável, a cooperação
dinheiro, na competitividade, na confusão dos internacional, em diferentes áreas, e a adoção,
espíritos e na violência estrutural, acarretando pelos países em desenvolvimento, de decisões
o desfalecimento da política feita pelo Estado e tomadas em nível mundial (ONU, 2002, p. 2).
a imposição de uma política comandada pelas O documento da UNESCO, de 2005, intitulado
empresas” (Santos, M., 2001, p. 15). Embora Década da Educação das Nações Unidas para
esse tipo de globalização seja hegemônica, Boa- um Desenvolvimento Sustentável, 2005-2014:
ventura de Sousa Santos (2001) diz que esse Documento Final do Plano Internacional de
é um “fenômeno multifacetado com dimen- Implementação, apresentava sete estratégias
sões econômicas, sociais, políticas, culturais, que podiam ser aplicadas, em todos os níveis
religiosas e jurídicas, interligadas de modo e contextos, e que serviriam para implementar
complexo” (Santos, B., 2001, p. 32). Aquilo a visão da instituição de uma Educação para
que habitualmente designamos “globalização” o Desenvolvimento Sustentável, durante dez
são, na realidade, conjuntos diferenciados de anos: atividades de promoção e prospectivas;
relações sociais que dão origem a diferentes consulta e apropriação no nível local; parcerias
fenômenos de globalização, ao que o autor e redes; capacitação e treinamento; pesquisa e
denomina “globalizações” (ibidem, p. 61). inovação; uso das tecnologias de informação e
E somos nós, o restante da população, que de comunicação; e monitoramento e avaliação
temos que procurar soluções alternativas, so- (UNESCO, 2005, p. 72).
luções que integrem o conjunto da sociedade, E é justamente sobre o acesso às tecnolo-
que retroalimentem todos os processos sociais. gias digitais e telecomunicações que a Cúpula
E isso se faz falando, pensando e planejando, Mundial da Sociedade da Informação (CMSI),
seja como estados ou países, seja como comu- organizada pela ONU e pela União Interna-
nidades, regiões e humanidade, na sua totali- cional de Telecomunicações (UIT), evidencia
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conexão são muito caros e que a falta de habi- o que submeteu todos os países às soluções
lidades e capacitação digitais excluem muitas oferecidas pelo mercado, em forma de parce-
pessoas. Para superar esses problemas, o Plano ria ou de venda de produtos, promovendo um
de Ação de Kigali estrutura as estratégias para fenômeno denominado “plataformização da
o período 2024-2027, focando em conectivida- educação” (Pretto; Amiel; Bonilla; Lapa, 2021),
de acessível, transformação digital, contexto que acirrou uma tendência de privatização da
político e marco regulatório adequado, mobi- educação pública em toda a região. O GEC, de
lização de recursos e cooperação internacional forma ativista, se posicionou frente a esse fe-
e tecnologias inclusivas e sustentáveis para nômeno, como já vinha fazendo ao longo dos
o desenvolvimento sustentável. Destaque é anos, e o tema do conhecimento aberto ganha
dado às temáticas da alfabetização digital, destaque, mais uma vez, neste momento em
desenvolvimento de competências digitais e que a educação pública está em risco. Daí este
de programas de formação digital, inclusive ser mais um tema que daremos foco em nossa
para autoridades públicas, ciberseguridade, análise.
proteção do consumidor, assistência aos Esta-
dos-Nação e investimento em infraestruturas
seguras, em particular nas zonas insuficiente-
Brecha digital
mente atendidas (UIT, 2022). A brecha digital é definida como a separação
A região das Américas, em especial a Amé- que existe entre pessoas – ou comunidades,
rica Latina, é foco de atenção nessas cúpulas, estados e até mesmo países – que utilizam as
em virtude de que muitos desses temas são TIC como parte de sua vida diária e aquelas
recorrentes em todos os países da região, ao que não têm acesso às mesmas ou, ainda que
longo dos anos. E as pesquisas do GEC têm in- tenham, não sabem como utilizá-las (Serra-
sistentemente se debruçado sobre eles, dando no Santoyo; Martínez Martínez, 2003, p. 8).
destaque para as políticas públicas de inserção Portanto, na tentativa de superar as brechas
das TIC na Educação em nossas sociedades. existentes entre os países da América Latina e
Neste artigo vamos nos deter em alguns deles: os países desenvolvidos, ou entre regiões e pes-
a brecha digital, a formação de professores e soas dentro de nossos países, os governos da
como esses dois temas são atravessados pelas região têm tomado o acesso, ou a infraestrutura
políticas públicas. Destacamos ainda uma po- de informações, como o primeiro estágio dos
lítica que emergiu na primeira década do milê- países rumo a uma Sociedade da Informação,
nio – a inserção de computadores nas escolas, tendo a informatização da economia como
no modelo 1:1 – e como ela se materializa em principal objetivo e preocupação política, mui-
diferentes países da América Latina, de onde tas vezes desconsiderando as questões sociais
os pesquisadores do GEC são originários. e educacionais ou convertendo-as em valores
Um problema comum enfrentado pelos econômicos.
países, no mundo todo, foi a pandemia da Co- Como resultado das ações desenvolvidas na
vid-19, que requereu de todas as nações, como região, os indicadores relacionados ao aces-
forma de proteção à doença, uma infraestru- so têm mostrado crescimento. Por exemplo,
tura de TI, sistemas, aplicativos, ambientes de acordo com a CEPAL (2018), em 2016, a
e repositórios de dados que suportassem o média do acesso à internet nos domicílios era
fluxo de trabalho, estudos e comunicação que de 45,5%. Em 2020, a banda larga fixa estava
migraram para o online. A região da América disponível em 58,54% dos domicílios latino-a-
Latina, por ser, historicamente, dependente mericanos (Jung; Katz, 2023), uma taxa de cres-
de tecnologias produzidas fora, não estava cimento maior do que a extrapolação histórica
preparada para enfrentar essa nova realidade, poderia indicar, em virtude da pandemia da
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Covid-19, que demandou maior conectividade mericanos e os países ditos desenvolvidos; seja
para a continuidade das atividades durante o entre as zonas urbanas e rurais dentro de cada
isolamento social. Em 2021, essa taxa chegou país, chegando a 40 pontos percentuais a dife-
a 62% (CEPAL, 2022). Também o número de rença em alguns casos (CEPAL, 2018), e estan-
usuários tem demonstrado crescimento, com do, em 2021, em 28% a média das diferenças
56% dos latino-americanos e caribenhos fa- de acesso entre as populações urbana e rural
zendo uso da internet, em 2016. Em 2019, esse na região (Ziegler; Arias Segura, 2022); seja,
índice subiu para 67% (CEPAL, 2021). ainda, entre as regiões, como o caso brasileiro,
Apesar desses índices serem significativos, a em que, em 2016, a região Sudeste apresentava
qualidade das conexões ainda é um problema a um índice de 64% dos domicílios conectados,
ser enfrentado. No que diz respeito às conexões enquanto na região Nordeste era de apenas
nos domicílios, em 2016 eram poucas as de 40% dos domicílios (CGI, 2017) – ressalte-se
alta velocidade (superiores a 10 Mbps). Chile que, para 2021, houve uma melhora desses
e Uruguai eram os melhores colocados, mesmo índices: a região Sudeste apresentou 84%
assim com apenas 30% de suas conexões com dos domicílios conectados, enquanto a região
velocidade superior a 10 Mbps. Já para as co- Nordeste apresentou 77% dos domicílios (CGI,
nexões móveis, a média de velocidade estava 2022) –; quer seja, também, entre as classes
entre 4 e 7,5 Mbps, mesmo com o aumento das sociais, como no caso do México, em que, em
conexões 4G. No que diz respeito ao custo das 2021, nove de cada dez domicílios do estrato
conexões, também era elevado para as con- social mais alto possuíam acesso à internet,
dições econômicas da maioria da população, enquanto apenas três de cada dez domicílios
além de, em alguns países, este serviço ser co- do estrato mais baixo possuíam esse tipo de
brado em dólares, como é o caso de Honduras conexão (INEGI, 2023).
(Sabillón Jiménez, 2017), o que implica que A brecha digital é analisada, direta ou indi-
os usuários, a cada mês, tinham que pagar em retamente, em todas as pesquisas realizadas no
função da desvalorização da moeda nacional. GEC, uma vez que está relacionada às desigual-
Em 2021, conforme dados da CEPAL (2022), o dades sociais, tão presentes nos países latino-a-
cenário da qualidade da banda larga fixa apre- mericanos, e também porque as desigualdades
sentou-se heterogêneo entre os países da re- são mobilizadoras das políticas públicas e das
gião. Brasil, Chile, Colômbia, Panamá e Uruguai ações da sociedade civil nos países da região.
se sobressaíram, superando a média mundial, Portanto, mesmo com uma diversidade de ob-
com velocidades de download de mais de 100 jetos de pesquisa tratando a relação Educação
Mbps e baixa taxa de latência. O destaque ficou e tecnologias, o contexto socioeconômico é
com o Chile, com uma velocidade média de 280 sempre o pano de fundo onde tais objetos de
Mbps, o que o colocou em melhor posição que pesquisa estão ancorados.
os Estados Unidos, o Japão e a República da Além da brecha relacionada ao acesso, de
Coreia. Por outro lado, Argentina, Costa Rica, fácil percepção pelos índices apontados pelas
México, Paraguai e Peru se encontraram em pesquisas, é necessário ter em vista a brecha
uma posição intermediária, com velocidades relacionada aos usos. É corrente considerar
de mais de 50 Mbps, iguais à média da região, que os jovens possuem maior habilidade para
enquanto Bolívia, El Salvador, Guatemala, Haiti o uso de TIC e que os idosos estão à margem
e Honduras apresentaram velocidades inferio- das dinâmicas contemporâneas, referenciando
res à média. tais afirmações em pesquisas que apresentam
Mesmo com os avanços apontados pelas um diferencial qualitativo entre as gerações,
pesquisas, ano a ano, a brecha relacionada ao como é o caso de Tapscott (1999) e Prensky
acesso persiste, seja entre os países latino-a- (2001), com os apelativos “geração net”, “na-
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tivos” e “imigrantes” digitais, que ainda hoje desse movimento para o estudo, a discussão e
são tomados como base de muitas análises. No a proposição de ações educacionais que for-
entanto, as pesquisas desenvolvidas no GEC taleçam os professores em formação, assim
vêm demonstrando que os jovens não são tão como a análise e a crítica às políticas públicas
nativos nem os idosos são tão imigrantes, ou de formação de professores, têm sido focos do
seja, que nascer em determinada época não GEC, seja em ações de ensino, de extensão ou
define os usos que serão feitos nem o interesse de pesquisa, ao longo de seus quase 30 anos
por aprender a respeito das tecnologias, em- de existência.
bora existam diferenças marcadas de pessoa A formação de professores tem se consti-
para pessoa, relacionadas às suas condições tuído um desafio nos países da América Latina
físicas, dificuldades de acesso e nível de es- pelo papel estruturante que desempenha nas
colaridade (Castro Morales, 2018; Marinho, práticas pedagógicas nas escolas. Apesar disso,
2014; Niño Echeverry, 2018). Hoje, pessoas de os diferentes países da região têm dado pouca
todas as idades estão demonstrando interesse atenção às políticas de formação de profes-
e buscando projetos e cursos para aprender sores para uso das TIC. No que diz respeito à
a usar os dispositivos, sobretudo em razão formação inicial, a discussão sobre as TIC nos
do período pandêmico, em que essa procura currículos dos cursos de licenciatura é incipien-
se intensificou. O problema encontra-se no te ou não presente, como acontece no Brasil
fato de que muitos desses projetos e cursos, (Gatti; Barreto, 2009), no Equador (Cevallos
especialmente os de formação de professores, Martínez, 2019) e em Honduras (Sabillón Ji-
ainda estão voltados para o desenvolvimento ménez, 2017; 2022). Normalmente, a formação
de práticas instrumentalizantes, que pouco para o uso das TIC fica sob a responsabilidade
têm contribuído para a constituição da cultura da formação continuada, âmbito que envolve
digital enquanto processos e vivências que se diferentes projetos e programas, em vários
constituem em torno do contexto digital, bem países, mas quase sempre aparecendo com
como para os processos de letramento digital enfoque secundário, uma vez que o elemento
dos sujeitos sociais (Sabillón Jiménez; Bonilla, principal desses projetos é a disponibilidade de
2016). equipamentos, o que acarreta descontinuidade
nas formações, oferta de cursos aligeirados,
lineares, descontextualizados e instrumenta-
Formação de professores lizantes (Cevallos Martínez, 2019; Cordeiro,
Os Padrões de competência em TIC para profes- 2014; Garfias Cobela, 2019; Montoya González,
sores, direcionados pela UNESCO, evidenciam, 2018; Passos, 2017; Silva, 2014), muitas vezes
no objetivo geral, uma ênfase à prática docente gerando apenas indicadores para os governos
meramente instrumental, onde a importância poderem responder às demandas dos organis-
radica em “contribuir para um sistema de mos internacionais, mas com pouca relevância
ensino de maior qualidade que possa, por no cotidiano das escolas.
sua vez, produzir cidadãos mais informados e Propostas de formação de professores con-
uma força de trabalho altamente qualificada, textualizada, coletiva e colaborativa, levando
assim impulsionando o desenvolvimento eco- em consideração a realidade de cada escola, as
nômico e social do país” (UNESCO, 2009, p. 6). necessidades dos professores, que os incorpo-
Ultrapassar essa perspectiva instrumental dos rem como coautores dos processos formativos,
cursos de formação de professores, buscando que os ajudem em suas dificuldades, que incen-
incorporar as características do movimento tivem um uso das tecnologias de forma mais
contemporâneo que se constitui em torno das estruturante, buscando outras formas de pen-
tecnologias digitais, trazendo múltiplas facetas sar o processo pedagógico (Veloso, 2014) ainda
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A pesquisa em educação e tic na américa latina: temáticas transversais
pela mobilidade, visto que as políticas públicas fora, sem a compreensão de seus processos de
de conexão para acesso nos domicílios ainda é produção e dos interesses que atravessam a
precária, como mostram os índices acima. sua adoção. Como o grupo adota a concepção
Mesmo diante das problemáticas, é possí- de que as tecnologias digitais são elementos
vel perceber que tais políticas, para os pais, carregados de conteúdos, estruturantes das
constituem-se em uma grande possibilidade formas de pensar, agir e se comunicar, uma vez
de oferecer acesso às tecnologias aos filhos e que não estão baseadas numa razão meramente
ao contexto familiar e que as famílias come- operativa e sim numa razão mais global (Pretto,
çaram a desenvolver usos espontâneos dos 2013), elas possibilitam novas formas de orde-
dispositivos, sempre buscando atender suas nação da experiência humana, com múltiplos
necessidades relacionadas ao trabalho, ao reflexos na área cognitiva e nas ações práticas.
lazer, à educação, inserindo-se, assim, na cul- Trabalhar com conhecimento aberto implica
tura digital. Também foi possível perceber a pensar em novos arranjos produtivos, em que
descontinuidade e/ou enfraquecimento desses a liberdade, a colaboração e a partilha são seus
projetos ao longo do tempo, especialmente com valores fundamentais, ao que Eric Raymond
as mudanças de governo, como aconteceu no (1998) chamou de “modelo bazar”, por ser
Brasil, com a suspensão do projeto UCA em sua um modelo horizontal que disponibiliza o co-
fase piloto, e instituição do Programa UCA, libe- nhecimento para que muitos desenvolvedores
rando para as secretarias municipais e escolas possam estudá-lo, aperfeiçoá-lo e transformá
a iniciativa pela adesão, cabendo ao governo -lo, liberando essas melhorias para que outros
federal a responsabilidade pelo Programa no possam utilizá-las e seguir com o processo
que diz respeito apenas às escolas do campo de transformação, com o mesmo espírito co-
(Oliveira, 2019); e, na Argentina, com o afas- laborativo. Esse espírito foi o que deu início,
tamento, em março de 2016, da equipe do Mi- na década de 1980, nos Estados Unidos, a um
nistério Nacional de Educação que coordenava movimento denominado Software Livre, que
o Projeto Conectar Igualdad em nível nacional, se alastrou pelo mundo nos anos seguintes,
cabendo também às províncias a continuidade chegando ao Brasil e demais países da Améri-
do mesmo (Godoy, 2019). ca Latina. O objetivo desse movimento era (e
é!) democratizar o conhecimento tecnológico
e possibilitar aos países e aos sujeitos sociais
Conhecimento aberto uma autonomia no processo de produção
O GEC, desde sua origem, na década de 1990, das tecnologias digitais, deixando, assim, de
apresenta em sua agenda de pesquisa o tema serem dependentes das empresas que domi-
do conhecimento aberto, materializado atra- nam o mercado e que se situam nos países
vés de diversas frentes de atuação – pesquisa, desenvolvidos.
desenvolvimento de sistemas, ativismo, forma- O movimento do software livre foi o precur-
ção, produção colaborativa de conteúdos –, de sor de uma série de outros movimentos em
forma que software livre, cultura livre, cultura defesa da liberdade do conhecimento e vários
hacker, licenças criativas e Recursos Educacio- grupos acadêmicos e da sociedade civil vêm,
nais Abertos (REA) fazem parte dos objetos de nas últimas décadas, atuando de acordo com os
pesquisa de muitos pesquisadores do grupo. valores, os princípios, os arranjos e os objetivos
Essas pautas estão em sintonia com a crítica desses movimentos, fortalecendo-os, dessa
feita ao modelo de inserção das tecnologias nos forma. O GEC é um dos grupos brasileiros que
processos pedagógicos de forma meramente integra esse movimento, tendo inclusive a tese
instrumental, que reduz professores e alunos “Pirâmide da pedagogia hacker = [vivências do
a meros usuários de tecnologias desenvolvidas (in)possível]” (Menezes, 2018) sido laureada
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Maria Helena Silveira Bonilla; Verónica Sofia Ficoseco; Georgina Ivet Durán Jiménez
com o prêmio CAPES de teses. A tese discute (Oliveira, 2019; Rosa, 2017); na Venezuela, foi
a pedagogia hacker como uma pedagogia de desenvolvido o software livre Canaima para
engajamento multifacetado – técnico, afetivo, uso nos laptops do Projeto Canaima Educativo
ideário e político – que se estrutura no exercício (Montoya González, 2018); e, na Argentina,
de tornar possíveis vivências coerentes dentro foram utilizadas diferentes distribuições Linux
de ambientes e contextos contraditórios. nos laptops do Programa Conectar Igualdad
A pedagogia hacker agrega uma série de (Godoy, 2019), com um diferencial em relação
outras discussões que são caras ao grupo, tais aos demais países: a Argentina optou pela
como a perspectiva de construção de “novas instalação, em dual boot, do sistema livre e do
educações” (Pretto, 2005), expressão que sistema proprietário, podendo professores
busca trazer um universo de possibilidades e alunos escolherem o sistema com o qual
para o chão da escola, tais como a incorpora- queriam trabalhar. No Brasil e na Venezuela a
ção dos Recursos Educacionais Abertos (REA) decisão foi pelo uso exclusivo do software livre.
(Pinheiro, 2014; 2022), que coloca a autoria As implicações, possibilidades e contradições
como mais um valor fundamental para os inerentes a essas escolhas são largamente
processos educacionais. Os REA se estruturam analisadas nas teses e dissertações dos pes-
tomando as mesmas liberdades que ancoram quisadores do GEC.
os processos de produção e distribuição do Com base em todo esse acúmulo de conhe-
software livre, valorizando as licenças abertas cimento produzido pelo grupo é que, durante
como aporte legal que garante a manutenção a pandemia, o mesmo se posicionou critica-
do ciclo produtivo. mente à entrada do mercado de tecnologias na
Os pesquisadores oriundos dos demais educação pública (Pretto; Amiel; Bonilla; Lapa,
países da América Latina vão fortalecer essas 2021), por entender ser essa “invasão” um risco
pautas, agregando a discussão da cultura livre, à soberania nacional e à formação dos cidadãos,
seja no contexto universitário (Castellanos requerendo investimento público no desenvol-
Aguirre, 2020), seja no contexto social (Mon- vimento de sistemas abertos que possibilitem
toya González, 2022), como uma perspectiva uma prática educativa independente e autôno-
decolonial, em que países e grupos resistem e ma dos modelos impostos pelo mercado. Esta
lutam na direção da liberdade, colaboração e se constitui numa das atuais frentes de pesqui-
justiça cognitiva, fazendo o enfrentamento aos sa do GEC e, para seu desenvolvimento, o grupo
grupos e lógicas hegemônicos, como acontece vem se articulando com outros grupos do país,
na Venezuela, que desenvolveu um projeto da Espanha e da América Latina, alargando a
político-filosófico e um marco legal que aponta perspectiva da colaboração para a produção
para a independência tecnológica. No México, de conhecimento, com foco na formação para
grupos da sociedade civil se mobilizam para a cidadania, numa perspectiva hacker.
disponibilizar tecnologias livres (projetos de
metarreciclagem e software livre) em áreas de-
sassistidas, buscando mitigar a falta de atenção
Considerações finais
dos governos para essas localidades (Garfias Tendo em vista esse contexto global em que as
Cobela, 2019). diferenças relativas entre países desenvolvidos
Especial atenção às tecnologias livres foi e países em desenvolvimento são cada vez mais
dada nos projetos educacionais de inserção profundas, pensamos que a atuação da América
de laptops no modelo 1:1, em todos os países. Latina como um conjunto de países é primor-
No Brasil, foram customizadas e utilizadas dial para impulsionar o contexto político e
diferentes distribuições Linux para uso nos social menos favorecido ou desfavorecido de
laptops do Projeto UCA e do Programa UCA nossa região. Além do foco de estudo do grupo
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A pesquisa em educação e tic na américa latina: temáticas transversais
de pesquisa GEC, nos últimos anos, a colabo- A “invasão” do mercado nos sistemas educa-
ração intercultural, o reconhecimento mútuo cionais e nas políticas públicas ganha destaque
e as epistemologias regionais do Sul foram nos últimos anos e se agudiza durante o perío-
incorporadas à práxis dos pesquisadores que do pandêmico, o que leva o GEC a focalizar e
buscam se articular em rede para desenvolver fortalecer uma agenda de pesquisa muito cara
trabalhos colaborativos em uma pequena área ao grupo, desde sua origem, a do conhecimento
da América Latina, na procura da construção aberto, denunciando os riscos da adoção de
daquela “outra globalização” pensada por Mil- plataformas e sistemas privados para a sobe-
ton Santos (2001). rania digital dos países e para a formação dos
Assim, fica claro em seus trabalhos o po- cidadãos. Esta é uma agenda em aberto e que
sicionamento sobre a tríade Educação-TI- congrega os pesquisadores da América Latina
C-Política pública, ao considerarem que não para um trabalho colaborativo nos próximos
deveriam atender apenas aos modismos ou às anos.
necessidades do mercado, mas caminharem Por último, reconhecendo – parcialmen-
no sentido da inserção ativa dos sujeitos no te e de modo situado – alguns aspectos das
processo mais amplo de transformações sociais orientações atuais da pesquisa em Educação e
(Bonilla; Pretto, 2007), sendo isso necessário tecnologias digitais na América Latina, abrimos
também para a formação de professores e para amplos interrogantes sobre os fatores políticos
a construção da cultura digital na sala de aula, e sociais envolvidos na construção de nossas
onde a apropriação das TIC seja horizontal e agendas de pesquisas e os diálogos entre
as tecnologias digitais deixem de ser impostas conhecimento científico e políticas públicas,
e utilizadas como substitutas das tecnologias dentre outros temas. De qualquer maneira,
mais antigas ou como meras ferramentas no enquanto pesquisadores, entendemos que o
processo de ensino-aprendizagem. A inserção ponto de partida é estarmos cientes do conhe-
das TIC numa perspectiva estruturante de no- cimento que estamos construindo, para quem,
vas práticas possibilita a consciência coletiva, para que e como vamos devolvê-lo socialmente
a formação de cidadania e paulatinamente a em favor de nossa região.
redução da brecha digital, necessidades urgen-
tes nas nossas sociedades latino-americanas.
Na sistematização apresentada de algu-
Referências
mas das pesquisas desenvolvidas no GEC, BAUMAN, Zygmunt. Globalização: As consequências
estabelecemos as características mencionadas humanas. Rio de Janeiro: Zahar, 1999.
anteriormente, como linhas transversais das BIJKER, Wiebe; HUGHES, Thomas; PINCH, Trevor;
discussões entre as pesquisas mencionadas. DOUGLAS, Debora. The social construction of
Destaca-se, na política pública de inclusão de technological systems: New directions in the
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computadores nas escolas, o modelo 1:1, que
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pode ser considerado o elemento mais repre-
sentativo das políticas de inclusão digital na BONETI, Lindomar Wessler. Educação Inclusiva
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alcances, consequências e potencialidades BONILLA, Maria Helena Silveira; PICANÇO,
ainda estão sendo explorados, sendo esta uma Alessandra de Assis. Construindo novas educações.
política que se assemelha, especialmente quan- In: PRETTO, Nelson De Luca. Tecnologia e novas
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