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O SURGIMENTO DA
SOCIOLOGIA <Everaldo Lorensetti1

z Você é um privilegiado!
eitor: – Como assim, privilegiado?
O livro: – É, privilegiado! Você é um
deles!
Na sociedade, há pessoas privile-
giadas. Uma delas, por exemplo, po-
de ser aquela que tem o poder de
governar e de conduzir os rumos da
sociedade, o que muitas vezes pode
não ser da maneira mais justa para
todos. Outro exemplo...

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Colégio Estadual Chateaubriandense.
Assis Chateaubriand - PR
Ensino Médio

Leitor: – Um outro...?
O livro: – Você mesmo é um, caro leitor!
Leitor: – Mas, eu?! Como?
O livro: – Simples! Seu privilégio está no fato do que você vai
adquirir agora: conhecimento! Você poderá avançar
no entendimento de como funciona a sociedade em
que você vive, conhecer como trabalham os demais
privilegiados (a elite social) e aumentar sua autonomia
de reflexão e de ação diante dos fatos que lhe cercam.
Sigamos adiante?

Mas o que é essa AUTONOMIA de que estamos falando?


Vamos lá! Vamos descobrir! Você vai entender o que estamos dizen-
do, passo a passo.
Essa autonomia é quanto à sua maneira de pensar e de agir frente a
diversas situações. Muitas pessoas não sabem (e não se preocupam em
saber) como e por que determinadas coisas mexem com suas vidas.
Vamos pensar num exemplo bem simples para você entender: vo-
cê já viu uma TV que não “pega” direito? O que pode ser feito para se
resolver o problema do sinal?

Colocar palha-de-aço na antena resolveria?


Essa atitude, de pôr a palha-de-aço na antena, falando de tempos
passados, era algo muito mais comum do que hoje com as antenas pa-
rabólicas e TVs a cabo, o que não significa que ninguém mais o faça.
Mas a palha-de-aço pode até resolver o problema, consideravel-
mente. Outras vezes, porém, ela não será suficiente para acabar com o
defeito. Dependendo do sinal que a TV esteja recebendo.
O que seria a palha-de-aço?
Palha-de-aço = uma espécie de Senso Comum.
No caso da TV, um técnico resolveria melhor o problema do sinal
porque ele tem um conhecimento mais apurado daquilo que opera o
funcionamento da televisão. Provavelmente ele iria dar uma boa gar-
galhada ao ver a palha-de-aço na antena, pois ele sabe que aquilo po-
de se apenas um “remendo no rasgo”, ainda que em alguns casos re-
solva, entende?
Resumindo: Então, o que seria um Senso Comum?
Poderíamos dizer que é uma resposta ou solução simples para o
cotidiano, geralmente pouco elaborada e sem um conhecimento mais
profundo.

18 O Surgimento da Sociologia e Teorias Sociológicas


Sociologia

O teólogo brasileiro e Doutor em Filosofia, Rubem Alves, em seu li-


vro Filosofia da Ciência, considera o senso comum como sendo aqui-
lo que não é ciência. De outra maneira, seria dizer que a palha-de-aço
na antena da TV não é algo científico, mas sim um “eu acho que fun-
ciona” para o dia-a-dia das pessoas.
Mas existe uma lógica em pôr a palha-de-aço na antena. As pesso-
as só não sabem qual é. E é por esse motivo, também, que Rubem Al-
ves diz que a ciência, na verdade, é um refinamento, ou melhoramen-
to, do senso comum.
O senso comum e a ciência nos dão respostas, ou inventam solu-
ções práticas para nossos problemas. A diferença é que a ciência é um
conhecimento mais elaborado.

“Eu acho que...” Fique sabendo!

Muitas vezes quando alguém co-


meçar uma resposta com as palavras
“eu acho que...”, tal resposta pode
não chegar no centro real do proble-
ma a ser entendido ou resolvido. O
que não significa, porém, que ela de-
va ser rejeitada. Ela só precisa ser re-
finada.
Por exemplo, se alguém nos per-
guntasse o motivo que leva a econo-
mia de um país oscilar, nós podería-
mos dar uma resposta certeira, com
demonstrações, inclusive, mas tam-
bém poderíamos dizer apenas: “eu
acho que...”.
A exemplo da economia, existem
muitas outras coisas que acontecem na
sociedade e que nos atingem direta-
mente. E para todas essas coisas seria
muito bom que tivéssemos curiosida-
de para saber se aquilo que é mostra-
do é realmente como é, entende?
E a Sociologia? Como vai aparecer
nessa conversa?
< Foto: João Urban

< Para muitas pessoas, passar por debaixo de uma escada traz azar. Crenças como essa,
também podem ser um exemplo de senso comum.

O surgimento da Sociologia 19
Ensino Médio

Contribuindo para que possamos entender um pouco mais o lugar onde


vivemos!
Veja, como já falamos, o senso comum não deve ser rejeitado.
O que estamos propondo é que você pode ir além desse conheci-
mento comum, neste caso, sobre a sociedade.
Uma outra coisa que deve ser desmitificada é o termo cientista.
Confirmamos o pensamento de Rubem Alves quando diz que um cien-
tista não é uma pessoa que pensa melhor do que os outros. Rubem Al-
ves nos fala que a tarefa de refletir e de entender os porquês das coisas
cabe a todos nós, e que a idéia de que não precisamos pensar, porque
existem pessoas “melhores” para isto, é furada.
Avançar um pouco mais em relação a um conhecimento elaborado
e investigativo vai lhe trazer um entendimento mais claro sobre como
funciona a sociedade, dentre outras coisas.
Além do fato de que você terá maior autonomia para CONCOR-
DAR OU DISCORDAR POR SI PRÓPRIO sobre as questões que você
vive na sociedade.

Essa é a independência que queremos que você tenha: A DE RE-


FLEXÃO.

ATIVIDADE

E para começarmos a pensar: “ELITE SOCIAL”


Você já ouviu falar na existência dela na Sociedade? Pesquise e veja o que você consegue sobre
esse termo (em livros, revistas, pessoas que você conhece, etc.). Traga os seus registros para a clas-
se. Vamos iniciar uma discussão a partir do que sabemos, hoje, sobre a chamada elite. Por que ela é
considerada elite e como surgiu?

20 O Surgimento da Sociologia e Teorias Sociológicas

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