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MESTRADO PSICOLOGIA
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA
CURITIBA
2013
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
MESTRADO PSICOLOGIA
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA
CURITIBA
2013
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
Catalogação da publicação
Biblioteca Sidney Lima Santos
Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Marchesini, S.D.
Fatores Grupais e Sócio-Históricos que influenciam na Reaquisição de Peso, em Pacientes
Submetidos à Cirurgia Bariátrica/ Simone Dallegrave Marchesini - Curitiba; 2013.
Aprovada em: / /
Banca examinadora
Professora Doutora
Instituição:
Assinatura ______________________________________________________________
Professora Doutora
Instituição:
Assinatura________________________________________________________________
Agradeço aos meus amores, Leonardo e Celso Javorsky, de quem roubei tempo e atenção e
Aos meus pais João Batista e Elvira Marchesini, agradeço pela oportunidade do conhecimento e
o cultivo à cultura.
Aos meus mestres e colegas, deixo meus agradecimentos pela paciência com meu espírito
Aos meus pacientes agradeço a confiança que tiveram em mim e a disponibilidade em falar de
Agradeço ainda ao Dr. Carlos Harmath pelo infinito incentivo quando nos desejos de
Resumo .................................................................................................................................. 7
Apresentação .......................................................................................................................... 8
Retorno da Obesidade........................................................................................................ 43
Anexos ................................................................................................................................ 64
Resumo
O presente estudo teve como objetivo mostrar fatores de convívio grupal e do contexto sócio-
histórico que interferem sobre a reaquisição de peso em pacientes que se submeteram à cirurgia
bariátrica. A técnica de opção para o estudo foi o bypass gástrico com derivação em Y-de-Roux,
considerado o padrão ouro entre as técnicas bariátricas no Brasil. Para a realização do estudo
qualitativo foram entrevistados dez pacientes com quatro anos ou mais de cirurgia e que
tivessem recuperado pelo menos 15% do peso perdido. Os pacientes foram entrevistados
foram filmadas e transcritas para a realização da análise do conteúdo. A partir dos dados obtidos
foi possível constatar que o medo de recuperar peso foi um dado presente em todos os
peso foi considerado importante pelos operados como reguladores de sua imagem percebida.
Novos hábitos alimentares foram instalados após a operação. Foi possível constatar através dos
relatos que o grupo insiste na observação da quantidade alimentar ingerida pelo operado
bariátrico, que a pouca quantidade ingerida por ele é fator de incômodo social e suscita dos
Apresentação
identidade com o corpo no qual habita são questões subjetivas comuns àqueles que chegam ao
pequeno. Existe uma população obesa e muitos indivíduos ainda virão a fazer parte dessa
oferta progressiva de conforto, a praticidade dos recursos alimentares e a falta de energia física
ao final da rotina de trabalho fazem do peso excedente elemento de identidade entre as nações.
A preocupação com a obesidade como doença surgiu não há muito tempo. Estava muito
longe de nosso imaginário o cenário que foi encontrado quando a cirurgia bariátrica chegou ao
estado do Paraná. Pessoas com baixa qualidade de existência, alto nível de exclusão social e
condições degradáveis de saúde psíquica. Escondidos em seus lares, esses indivíduos estavam
apenas esperando para morrer. Considerado pela própria classe médica como não aderente aos
tratamentos, de poucos resultados clínicos, preguiçoso e mentiroso, o gordo sempre lutou contra
a sociedade, contra si mesmo. Nunca houve quem advogasse a seu favor. Em outubro de 1995,
depois de uma proposta realizada em bastidores de congresso, foi realizada a primeira cirurgia
bariátrica em Curitiba. A parceria do pioneiro Dr. Arthur Belarmino Garrido Jr., de São Paulo e
do Dr. João Batista Marchesini, de Curitiba trouxe a então psicóloga da equipe paulistana,
Marlene Monteiro da Silva, para palestrar sobre as contingências do obeso mórbido no pré-
operatório. O primeiro paciente curitibano foi pesado em uma balança especial, capacitada para
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mercadorias além de 200 kg. Camas, cadeiras e instrumentos hospitalares não eram
especializados para pessoas desse porte. A realidade parecia absurda para ser real. O atual
contexto é leve e tênue: passados dezoito anos, pessoas estão engordando para obter o
procedimento por planos de saúde; buscam o procedimento cirúrgico como freio preventivo e
Marlene Monteiro da Silva, do Hospital das Clínicas de São Paulo, vinha de uma
como os norte-americanos; trabalho com o qual não criei nenhuma identidade. Nessa época,
própria de trabalho e sem nenhum outro modelo a seguir, caminhei por um saber disponível no
e Metabólica; inclusive fazendo parte de sua fundação. Em alguns encontros, chegava a ter
quatro a cinco atividades. Palestrava para cirurgiões que me ouviam na ânsia de entender por
que estas pessoas comiam, por que burlavam a cirurgia para continuar comendo e se diziam
infelizes obesas.
oportunidade de ver para além da clínica psicológica me foi dada. O foco sócio-histórico
permitiu tirar o obeso do banco dos réus e fazer uma inversão de papéis. Foi dada a voz ao
obeso para falar da sociedade em que vive. E pela primeira vez eu acessei este campo teórico,
Se através do presente trabalho puder deixar registrado um olhar ao revés e operar uma
mudança de perspectiva, ele terá atingido os objetivos pessoais, sociais e científicos que o
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sustentaram: concretizar o discurso das pessoas que passaram pela cirurgia para reduzir o peso e
transmiti-lo para os profissionais de saúde, de forma clara e objetiva. Desvelar realidades sobre
o universo da obesidade desde a perspectiva do obeso e mostrar os limites do livre arbítrio num
tratamento cirúrgico da obesidade, muito mais um processo que uma intervenção. Como
somente deixará de tratar seu corpo como produto de vitrine, se alterar o olhar sobre o corpo e a
BARIÁTRICA
Resumo
O presente estudo teve como objetivo mostrar que elementos de convívio grupal e fatores sócio-
bariátrica. A técnica de opção para o estudo foi o bypass gástrico com derivação em Y-de-Roux,
considerado o padrão ouro entre as técnicas bariátricas no Brasil. Para a realização do estudo
qualitativo foram entrevistados dez pacientes com quatro anos ou mais de cirurgia com no
roteiro de entrevista semiestruturada cujas perguntas abordaram categorias dadas a priori: dados
foram filmadas e transcritas para a realização da análise do conteúdo. A partir dos dados obtidos
foi possível constatar que o medo de recuperar peso foi um dado presente em todos os
entrevistados e que o emagrecimento foi elemento importante para o acesso a roupas mais
alimentando desapareceu e o retorno social sobre a imagem corporal e reaquisição de peso foi
considerado importante pelos operados. Novos hábitos alimentares foram instalados após a
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operação. Foi possível verificar que o grupo de convívio insiste na observação da quantidade
alimentar ingerida pelo operado bariátrico, que a pouca quantidade ingerida por ele é fator de
Abstract
The present study aimed to show that factors of group interaction and social historical factors
interferes on weight regain of patients who have undergone bariatric surgery. The technique of
choice for the study was the Roux-en-Y gastric bypass, considered the gold standard in Brazil.
To conduct the qualitative study ten patients were interviewed. The criteria of selection of these
patients were at least 15% of weight regain of the total weight loss and four or more years of
that addressed demographics data, dietary habits, lifestyle changes, behavioral changes, body
image, self-esteem and prejudice experienced and weight regain. The interviews were recorded
and the data were transcribed to perform content analysis. It was found that all interviewed
patients had the fear of weight regain, that getting thin allows to access slimming and younger
clothes, pairs feeding do constraint bariatric patients, they considered the social return of body
shape an important marker and weight regain was noticed when people spoke about the issue.
New eating habits were installed after the operation, like beer and chocolate. It was found that
the group insists on observing the amount of food eaten by bariatric surgery patients and the
Introdução
uma doença crônica que exige abordagem e tratamento multidisciplinares. Essa doença, que,
(SUS) surgiu como solução pós-epidêmica. Ele não é uma política de prevenção em obesidade,
longo prazo e disciplina do indivíduo operado. É também a única política pública voltada
2011), há registros de 60.000 operações em 2010 pelo SUS. Os números indicam crescimento
de 23,7% entre 2007 e 2009. Os números são alarmantes: todo ano 2.6 milhões de pessoas
que na tentativa de solucionar a obesidade epidêmica a abordagem deve ser mista: macrossocial
e individual. Uma ação de direção apenas individual não será capaz de vencer a cultura em
massa desenvolvida pela política de consumo, em que o alimento é apenas uma mercadoria a
ser adquirida em maior quantidade por menor custo. A OMS (2000) evidencia a necessidade de
ações que influenciem toda a população, através de mudanças sociais, culturais, políticos e
físicos do ambiente.
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das cirurgias bariátricas. O autor constatou que a publicidade em torno de pessoas famosas que
Em 2002, uma pesquisa australiana (Reidpath, Burns, Garrard, Mahoney & Townsend,
maior consumo alimentar e menor prática de exercício físico, como base da disseminação da
doença obesidade. A pesquisa concluiu que pontos mais concentrados de oferta de alimentação
autores Kremers, Bruijn, Visscher, Mechelen, Vries e Brug (2006) pertencentes à área da
custo), uma vez que doenças, qualidade de vida e análises econômica estão diretamente ligadas.
sociais, com promoção na redução de horas ociosas e campanhas para a diminuição das
“sobrepeso” apareciam como tema. Dessas leis 32 eram municipais, 13 estaduais e 1 nacional.
O Rio de Janeiro e São Paulo foram os que tiveram legislações estaduais e municipais mais
mais utilizado foi a distribuição de folders com o intuito de informar e promover a redução das
horas em frente à televisão. Houve foco na diminuição das propagandas de marcas que
fazer da escolha saudável a mais fácil. A proposta foi ampliar a consciência, incrementar a
motivação e criar ambientes que favoreçam a manutenção da saúde. O’Donnell (2012) revelou
informações para educar uma população e mudar seu comportamento. Áreas que envolvem
riscos tão maléficos como tabagismo, consumo alimentar de má qualidade, álcool e drogas
pareciam ser fáceis de combater através do simples confronto com seus malefícios em longo
visivelmente benéficos e de fácil assimilação. Mas três décadas de experiência mostraram aos
mestres em promoção de saúde que a informação, além de não ser eficaz, não interfere em nada
na mudança comportamental.
por via da própria embalagem. Cuidar do corpo seria como aprimorar o rótulo do produto que
consumo dos “prazeres orais” e dos “prazeres estéticos”. Nos pacientes bariátricos a luta com a
ambiente, o sujeito estrutura sua identidade corporal, como afirmam Lorber e Martin (2011). E
o modo como uma sociedade atribui significado à qualidade de vida, às doenças, disponibiliza
ar puro, água limpa e condições gerais de existência e bem estar, envolve o clima cultural no
consumo de refrigerante em meninos e duas vezes em meninas, ao mesmo tempo em que teria
mudanças ocorridas nos últimos 50 anos. O acesso mais fácil ao alimento, à variedade de oferta,
Ainda não muito longe no tempo, alimentos industrializados de alto valor calórico e
baixo valor nutricional eram comercializados nas escolas brasileiras. Um estudo americano
realizado por Wouters, Larsen, Kremers e Dagnelie (2010) avaliou o consumo de refrigerantes e
influência dos pares no consumo desta qualidade de alimentos oferecidos em ambiente escolar.
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O estudo mostrou que salgadinhos e refrigerantes são mais consumidos pelos meninos;
refrigerantes são mais consumidos por adolescentes menos favorecidos em termos educacionais
e salgadinhos foram consumidos por aqueles que tinham menor peso. A influência dos pares foi
detectada em maior escala nos rapazes; nos adolescentes educacionalmente menos favorecidos
e nos de maior peso. A combinação entre características individuais, influência dos pares e
principalmente pela oferta deste tipo de alimentos na cantina da escola, compõem o trinômio da
cuidados pós-operatórios de pessoas que nem sempre conseguiram manter seus resultados.
de peso, às vezes com retorno à condição de obesidade mórbida (grau III). Essa falha em longo
prazo torna possível supor que, pacientes submetidos a cirurgias bariátricas sofrem várias
cirurgia os processos presentes nas interações grupais e sociais na vida do novo magro
interferem no processo.
Orbach (2009) são conceitos complexos de difícil expressão. A autora destacou o quanto o
corpo passou a ser ele mesmo uma forma de trabalho e percorre o caminho contemporâneo “do
escolha do alimento correto num corpo moldado também corretamente. Do mesmo modo que
que há indução cultural na política antigordura que se reflete em insatisfações com o próprio
valores contemporâneos entre os quais está a ideia de que apenas o magro preenche os critérios
de beleza física. A obesidade é vista como estereótipo que inclui a crença de que o peso é
plenamente controlável e de que o gordo é desleixado. Este ideal da magreza associado à eterna
juventude dá ao corpo a condição de objeto sem tempo, estático e imutável e cria uma categoria
na constituição dos cidadãos. Popkin (2009) afirmou que fatores políticos, industriais,
obesidade que já foram descobertos “não nos matam. Dieta e balanço energético são o que nos
matam.” (p. 119). De acordo com esse raciocínio é compreensível que uma cirurgia que
efeito obesidade.
Christakis e Fowler (2007) perceberam em seus estudos sobre convívio grupal que viver
numa rede de contatos com pessoas obesas tende a mudar a tolerância sobre o fato de ser obeso,
e mais, tende a mudar as atitudes frente à comida e alterar escolhas dos alimentos. Entre as
(entre sexos iguais e sexos opostos), além de avaliarem a influência mútua entre obesos e
pontuou em 37% a chance do parceiro magro vir a engordar, se casar-se com um mais pesado.
pesquisas, como as de Freeman, Fletcher, Collins, Morgan, Burrows e Callister (2012), que
Objetivo
Método
todos submetidos à cirurgia bariátrica, com quatro anos ou mais decorridos do procedimento
técnica cirúrgica: o bypass gástrico com derivação em Y-de-Roux, mais conhecida no Brasil
Instrumento: A entrevista foi elaborada com o intuito de abordar fatores grupais, dentro
do contexto sócio-histórico, que interferem na ingestão e nas escolhas alimentares dos operados
bariátricos, tanto em seu aspecto quantitativo como no qualitativo. Para tal, foi elaborado um
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estabelecidas a priori houve cautela para que alguns aspectos fossem reavaliados no transcorrer
das entrevistas, uma vez que ocorrem mudanças nos conceitos com a passagem do tempo.
entrevista;
ingestão alimentar e rituais à mesa também tiveram espaço em torno das perguntas
diária;
boicote;
significado social de “ser gordo” e “ser magro” e adesão ou não às cirurgias plásticas
pesquisa. Foram selecionados indivíduos que apresentavam em seu histórico clínico o critério
de reaquisição de peso, num montante de 15% do peso perdido, e que tivessem se submetido à
cirurgia do tipo bypass gástrico, além de tempo de operação igual ou maior a quatro anos. A
seleção foi elaborada através de dados coletados por contato telefônico com pacientes de uma
clínica particular de Curitiba, cujo objetivo foi avaliar a assiduidade dos pacientes às consultas
intercorrências, mudanças de endereço ou óbito. Entre 433 pacientes listados foram escolhidos
Os convites foram realizados por via telefônica. Houve três negativas devido ao horário
de trabalho dos convidados. As entrevistas ocorreram de abril a junho do ano de 2012 e cada
uma delas teve duração aproximada de uma hora e quarenta e cinco minutos.
convite para a pesquisa. De início houve opção de exclusão de indivíduos não residentes em
Curitiba. Mas houve total disponibilidade da participação de uma paciente que estava de
obesidade grau III. Passou por uma segunda cirurgia para promover menor absorção alimentar e
maior emagrecimento. Outro paciente estava realizando aplicações de argônio para restringir a
passagem do estomago novo para o intestino. Um terceiro indivíduo, que já havia passado por
perda excessiva de peso, aumentou por via cirúrgica, a capacidade de absorção intestinal. Este
último, no momento da entrevista, passava pela reaquisição de peso que ultrapassava o ponto
desejado.
participantes do estudo fizeram a rotina pré-operatória para a cirurgia bariátrica. A Clínica conta
uma pesquisa. Foram consultados acerca da possibilidade de serem filmados, bem como
informados do total sigilo sobre o conteúdo das informações que ali surgissem. Foram também
alertados sobre o direito de interromperem sua participação no estudo a qualquer momento, não
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implicando esse fato em dano para eles próprios. Os 10 participantes assinaram o termo de
Análise de Dados
sentido profundo ou estável, conferido pelo pesquisador no próprio ato de produção do texto. O
Conteúdo, pois por definição elas são critérios que norteiam a investigação científica e têm
No presente artigo o método de análise dos resultados foi a análise do conteúdo das
a análise das três categorias foi destacada, no conteúdo das entrevistas, a presença de críticas
a conduzi-lo à reaquisição de peso. Novos hábitos sociais e novo estilo de vida interferiram na
identidade bariátrica que se localiza numa lacuna entre os grupos obeso e magro. A reação ao
Resultados
A presente pesquisa constatou que a reaquisição do peso após a cirurgia bariátrica ocorre
No que tange ao IMC, o maior foi de 57,24 e o menor foi de 35.86. Houve a presença de
obesidade. A idade dos participantes variou entre 32 e 69, mas a media foi de 49,6 anos. Quanto
No setor profissional foram três servidores públicos, dois profissionais da saúde, dois
empresários, uma da área do Direito, outra da área administrativa e outra para o setor hoteleiro.
Quanto à motivação para a cirurgia a maioria apontou questões referentes à saúde como
pela motivação médica. Duas pessoas admitiram a necessidade de melhorar a autoestima e três
falaram do cansaço da condição de gordo. O preconceito com o status de obeso só não foi
demarcado por um participante, cuja identidade acolhedora e receptiva foi de encontro com a
tempo da obesidade, como “Maria Gorda” e “bojão de gás”. O estigma social foi demarcado por
come.
Muitas pessoas tem pena do gordo, subjugam a inteligência dele... o gordo é o errado...
antes não apreciavam doces, passaram a sentir necessidade do açúcar. Relataram dificuldades
deglutição. Dores físicas devido ao dreno cirúrgico apareceram como dado objetivo. No campo
subjetivo a presença da sensação de salvação, enfim como uma solução para a doença
O medo de recuperar o peso se apresentou como dado quase unânime. Apenas um dos
participantes da pesquisa disse sentir apreensão e não medo, pois recorreria à outra cirurgia caso
viesse a readquirir muito peso. Relatos dos participantes deixaram evidente a vivência
traumática da obesidade:
aceitando. É por que é um fantasma... Pra mim é um horror, voltar a ter aquele peso ou
algo perto.
fumar de novo... o meu medo de engorda é tão grande,... eu não posso voltar ser aquela
Morro, morro, morro! Porque enquanto eu estou assim eu não too magra, mas não too
... foi muito sofrimento, né... muito... muito... muito medo que eu morresse, então ela
disse (mãe) você tem que se cuida, porque a pressão sobe... você sabe como é... tal... eu
preconceito com os obesos, agora pela perspectiva do operado bariátrico novamente ameaçado
de engordar, sua aceitação social e pessoal, e finalmente a necessidade de uma vida mais
disciplinada.
A cirurgia plástica teve efeito importante sobre a construção da nova imagem corporal.
corpo flácido. Para seis em dez dos participantes, a cirurgia plástica foi considerada importante
no processo bariátrico.
Dois pacientes relataram terem adiado a cirurgia plástica somente por problemas de
saúde na família. Um alegou não precisar do procedimento estético e outro referiu temor de se
submeter ao procedimento. Um único argumentou não valer o benefício da beleza pelo custo do
risco cirúrgico.
Três alegaram não sentir a limitação do espaço gástrico, sendo que um deles sofreu uma
segunda operação para retirada do anel de restrição e para maior derivação gástrica; perdeu mais
não necessariamente para hábitos saudáveis. A carne foi um alimento citado como de maior
dificuldade de ingestão e melhor consumida se crua, moída ou com molhos. Alimentos secos ou
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de consistência mais sólida foram citados como de má digestão e com tendência a serem
por dois anos e meio. Outro entrevistado referiu não ingeri-la por impaciência na mastigação.
O padrão alimentar anterior à cirurgia foi descrito como compulsivo e desatento, no qual
o indivíduo vivia experiência dissociativa, comia como ato automático sem ter percepção do
que estava fazendo e muitas vezes sem sentir o prazer da alimentação. Em mais de metade da
imediato. É um alimento que não necessita de mastigação, altamente energético e com reforço e
efeito imediatos.
Dos dez participantes, sete passaram a valorizar a estética do prato mais que antes da
consistência suave, sem a qual não adianta querer ingerir qualquer comida. Apenas três da
esporadicamente. Dos entrevistados, dois afirmaram que fazem acompanhamento com médicos
embalagens. Dois dos participantes não consomem enlatados e embutidos; os demais evitam,
supermercados, quatro não experimentaram jamais comidas étnicas e somente dois são
sacarose, foi confundida com sintomas provocados pela ingestão rápida ou excessiva de
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A síndrome de dumping é um conjunto de sintomas esperado no bypass gástrico, quando o paciente come
certos tipos de alimentos, como doces ou certas fontes de carboidratos (carboidratos simples como açúcar e
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e sudorese acompanhado de palpitações foi confundido com sintomas de mal-estar. Dos dez
com a alimentação. Também houve confusão entre este fenômeno cirúrgico e a intolerância à
solucionar a intimidade com o novo espaço gástrico, desde que não houvesse adaptação para a
ingestão de alimentos pastosos, o prazer provocado pelo alimento. Assim, relatos como “...
eliminei carne, porque eu não tenho paciência pra mastigar. Eu não vou mastigar um pedaço
alguns amidos). É o resultado da passagem muito rápida do alimento para o intestino delgado e também pode
ocorrer como resultado de um excesso alimentar, pela distensão rápida do estômago.
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Antes: Você quer saber a verdade? Eu comia e nem sabia o que eu comia. Eu era um
obsessivo comedor.
Depois: Pra mim a melhor refeição é o pão: café com leite; pãozinho com manteiga e
Antes minha comida predileta era tudo que era comida. Eu só punha pra dentro. Nem
sentia o gosto. Doce pra tira o gosto do salgado... o salgado pra tira... Antes eu comia
uma pizza inteira com um litro de Coca-Cola. Hoje não sou eu que escolho, é ele. Meu
estômago...!
Um deles, porém, referiu sentir a falta da sensação subjetiva de sentar-se à mesa e comer sem
limites. Oito dos dez entrevistados referiram não constrangerem-se com o fato de serem
observados por outras pessoas enquanto se alimentam, dois participantes colocaram uma
Quanto às oposições familiares ao ato cirúrgico, entre os dez foram quatro os que
receberam reprovação franca à iniciativa de operar. Os demais tiveram opiniões superficiais que
momento em que estavam no hospital e ainda viviam a dor do pós-operatório. Após esta
passagem, não houve mais arrependimento por parte de nenhum dos participantes.
Eu ficava ansiosa pra me pesar, né, porque assim mesmo, é contraditório... mesmo
quando você olha e diz: nossa!... parece que não sou eu... to muito magra... você quer
perde mais.
reação social frente à aparência física dos operados entrevistados foi para eles regulador da
própria condição corporal. Mais do que a balança, os comentários do grupo de convívio exerceu
deles o cônjuge permaneceu obeso e o grupo social cobrou insistentemente para que se operasse
também. O outro divórcio se deu por ciúmes excessivos e desconfiança devido aos olhares e
elogios que a pessoa operada passou a receber. A maior dedicação a si mesmo que ocorre no
companheiro em conviver com uma pessoa com a autoestima mais elevada e funcionamento
emocional mais independente exerce influência sobre a relação afetiva. Duas famílias ficaram
A memória de ter sido obeso foi considerada marcante por todos os participantes e
não receptivo aos que possuem condições diferentes. Foram demarcados os significados
culturais atribuídos ao obeso como culpado pelo seu mal, diferentemente de qualquer outra
doença. A marca da imagem corporal e das experiências emocionais presas a ela causou, em
Todos os dez operados relataram continuar a vida social como antes, a não ser por
questões financeiras ou de outras doenças. A maior dificuldade no convívio social foi fazer o
grupo compreender que comer pouco não se referia à rejeição em relação ao grupo ou ao local
parte das situações, para desfazer o mal-entendido acerca da refeição reduzida. Quanto à
sete dos dez entrevistados relataram não terem sentido interferência, devido à ausência da fome.
Um dos entrevistados relatou servir os pratos da mesa aos colegas e fazer propaganda de cada
Os grupos em geral não alteravam seus programas ou locais escolhidos por conta da
Seis dos dez entrevistados referiram ampliação dos contatos e grupos de convívio após a
cirurgia bariátrica. Um deles adquiriu peso pela mudança de grupo, mudança de ambiente e de
hábitos. Passou a ingerir bebida alcoólica após o ingresso na faculdade e conviver com pessoas
Metade dos participantes entendeu que existe preconceito com os operados bariátricos
por serem vistos como incapazes de perder peso e a cirurgia seria a comprovação de um ato de
em seu apetite. Diante da opção entre propaganda de roupa ou propaganda de comida, o foco
dos entrevistados deslocou-se da comida para outros pontos. Exceção aos que trabalham com
setor alimentício.
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apresentação. Os oito restantes disseram ter certa dificuldade em comprar roupas e adaptaram o
... você tá magra. Você usa roupa de magra! Não vou usar aqueles sacos. Então
comprei... Dei todas as minhas roupas. Mas dei tudo, tudo, tudo. Comprei calça jeans
cintura baixa... Tudo que eu queria usa, sabe? Passou... foi aquela fase... porque
assim... Eu acho assim que a gente fica numa fase de euforia. A gente qué tudo, tudo,
tudo. Daí a calça baixa, não sei o quê, top... E depois nada daquilo é importante.
Como categoria a posteriori foi interessante observar a contradição entre fazer uma
cirurgia para perder peso e entrar em conflito com a imagem demasiadamente emagrecida.
Quase todos os entrevistados, pelo menos oito dos dez, recuperaram peso para chegar a uma
imagem condizente com sua identidade, mas passaram do montante necessário, voltando a ter
A maioria almoça fora e janta em casa, sendo que dois conseguem eventualmente
Quanto à crítica ao padrão estético vigente na sociedade, cinco dos dez entrevistados o
considera exagerado e artificial. Dois consideraram que o padrão estético está bom e que a
necessidade de valorizar a saúde para além da beleza. Um dos entrevistados culpou a mídia pelo
padrão rígido de beleza e houve outro que destacou a necessidade de uma beleza sustentável.
Dos fatores sociais que influenciaram na reaquisição de peso foi possível destacar a
oferta constante do alimento como forma de agradar e ser aceito, bem como sinal de boa
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recepção. Mas os fatores já citados anteriormente como críticas sociais sobre a imagem
corporal, comentários que geram ciúmes e discórdia na relação conjugal, convívio com grupos
Nos vinte anos de experiência em cirurgia bariátrica no Brasil (Magro, 2006) já foi
demonstrado que ao longo do tempo (entre 18 a 24 meses) o paciente bariátrico volta a ganhar
peso. A abordagem nutricional buscou avaliar apenas a conduta individual como principal causa
ingestão compulsiva. Os resultados aqui alcançados revelaram que existem questões sociais que
agravem.
da obesidade. O próprio ambiente que o estimula a ter uma alimentação inadequada é aquele
que o condena e exclui. Durante nove meses alguns autores (Felippe; Friedman; Alves; Cibeira;
Surita & Tesche, 2004) realizaram um estudo com indivíduos obesos, em Porto Alegre, cujo
foco foi a discriminação social nos meios de comunicação. Os autores do estudo delinearam as
prejulgamentos.
Felippe et al. (2004) esclarecem que a mídia se direciona à comunicação do que é mais
vendável e rentável, sendo, portanto uma divulgação ideológica. Ao vender informação, ela não
considera a repercussão que sua comunicação atingirá na saúde, assim foram as construções do
modelo de beleza e da concepção de obesidade como falta de controle e desleixo. Nesse estudo,
qualificado com menor valor, excluído como padrão de desejo afetivo-sexual, humilhado e foco
Mudar hábitos alimentares não é tarefa fácil. Se o fosse, pessoas obesas severas não
recorreriam a técnicas cirúrgicas como recurso de tratamento para a obesidade. Existem também
ao longo dos anos com a maior disponibilidade de calorias per capita e aumento da participação
Outro fator contribuinte para a reaquisição de peso foi o contexto cultural e industrial do
mercado alimentício. Padrões alimentares nos conectam com o ambiente uma vez que comer é,
na maioria das vezes, um ato comum. Repartir comida é um ato de vínculo e de socialização. A
muito das condições dos primitivos ancestrais. Hoje o homem não dispende energia para buscar
seu alimento.
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Para perder peso, as pessoas obesas devem consumir menos calorias do que gastam.
Deste modo, a maior parte dos programas para perder peso baseia-se na modificação individual
nos hábitos alimentares que aumentam o consumo de hidratos de carbono complexos (frutas,
vegetais, pão e massa) e que diminuam o consumo de gorduras. Cada vez mais, os médicos
e passou a ser o tratamento mais aceito. Seus resultados têm se demonstrado efetivos, pelo
presente estudo e observou-se que o foco no indivíduo obeso é unilateral. Há descaso com os
fatores do entorno que tornam o indivíduo vulnerável ao maior consumo de alimentos e bebidas
que provocam ganho de peso. Dado ao estigma social da obesidade, após o emagrecimento o
sentido gerador de ansiedade, mas favorece a maior liberação do impulso em consumir alimento
em grupo.
A realização de uma segunda cirurgia para conter a obesidade e a técnica das aplicações
de argônio são recursos que demonstram a que se submete o indivíduo que já sofreu a marca
arma diante da experiência traumática de ter sido obeso. Qualquer garantia de segunda chance
O medo de ganhar peso foi quase unânime. Este medo denota mais profundamente o
temor ao estigma social. É o medo da exclusão. Os próprios pacientes referem perceber estar
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comendo demais, porém o modo do comer se altera. A literatura refere que de 26.3% afirmavam
ser “beliscadores” antes do processo operatório, mas há um crescimento para 38.0% depois da
múltiplos fatores. Para os autores a satisfação com o peso é um dos elementos envolvidos na
corporal, a noção do corpo ideal, padrão físico próprio, o esquema corporal, percepção sensorial
Vestir uma nova silhueta trouxe a princípio, confusão para as pessoas que participaram
convívios sociais e grupais são de extrema importância para o operado bariátrico no que
paciente bariátrico necessita do espelho social para modelar-se. Já não pode mais resgatar o
corpo magro do passado, ou construir um corpo imaginário que nunca teve sem passar pelo
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informação para proteger-se da sedução da oferta alimentar fácil e do que, segundo Saunders
adaptado.
paciente bariátrico, pois possui alto valor calórico e provoca reaquisição de peso. Os meios de
bebida alcoólica é fonte de prazer e divide o compartilhamento social do ser humano à mesa
com o alimento. É de fácil ingestão, altera estado de consciência, relaxa e facilmente promove
e novos recursos de perda de peso. Morris e Nichols (2013) mostraram o quanto o mundo está
obsessivo pela beleza do corporal e pela magreza, tanto quanto está voraz. Mas ao ouvir a
palavra obesidade, a associação com a cirurgia como solução parece inevitável para os que
estéticos e o limiar de autoestima nos adolescentes da era atual (Rayner, 2007). O sobrepeso
está sendo visto como obesidade e as cirurgias bariátricas já alteraram seus requisitos para sua
realização. As pessoas que viram a situação real da morbidez da gordura com sua saúde ou
38
perceberam que ela se espalha em redes sociais de convívio. No estudo atual tivemos o veículo
do convívio social como um dos fatores que colaboraram para a reaquisição de peso. Grupos de
convívio foram capazes de induzir ao consumo de líquidos como bebida alcoólica; a relação
grupal aumentou o volume alimentar do operado bariátrico através da insistência para comer
por via do apelo emocional; fizeram parte da construção da nova imagem corporal do sujeito
quebrada e estigmatizada do gordo. Estímulos mais amplos como o marketing e sua influência
subliminar fazem também parte do aspecto mais amplo das causas da reaquisição de peso.
Conclusão
reaquisição de peso sofrem influências claras dos grupos de convívio e do contexto sócio-
histórico vigente. No que concerne ao operado bariátrico, após quatro anos de pós-operatório, a
vulnerabilidade ao ambiente gerador de obesidade fica aumentada. Foi possível verificar que a
psicoeducação tem seus limites, uma vez que atribui ao sujeito a responsabilidade total sobre a
manutenção dos resultados cirúrgicos. Existem fatores médicos determinantes, mas é necessária
a intervenção macro social, através da criação de impostos sobre alimentos ricos em açúcar e
disponibilize o acesso a alimentos saudáveis e haja redução em seus impostos para a facilitação
do consumo.
39
estudo demonstrou que outros aspectos colaboram com a obesidade, indicando a necessidade de
de abranger a obesidade como problema social na mesma magnitude e intensidade como vem se
pronunciando.
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Resumo
O presente artigo buscou mostrar que a percepção do corpo, após o emagrecimento maciço,
sofre transformações ao longo do tempo e tem relação com o medo da reaquisição de peso.
Foram realizadas 10 entrevistas com pacientes de uma clínica particular em Curitiba, que foram
submetidos à cirurgia bariátrica de bypass gástrico com derivação em Y-de Roux há quatro anos
ou mais. Os indivíduos selecionados foram os pacientes que tinham readquirido 15% ou mais
do peso perdido. O roteiro de entrevista semiestruturada contou com questões sobre os dados
obesidade mórbida; as mudanças provocadas pela cirurgia bariátrica afetam as relações afetivas
e a imagem corporal passa por oscilações na busca de sua reconstrução, nunca correspondendo
Abstract
The present paper aims to show that after massive weight loss the perception of body image
undergoes transformations over time and is related to fear of weight regain. There were
interviewed 10 patients at a private clinic in Curitiba, who underwent Roux-Y Gastric Bypass
since four years or more. These selected subjects were patients who had regained 15% or more
of total lost weight. The interviews were semi structured and included questions about
demographics data, dietary habits, lifestyle changes, behavioral changes, body image, self-
esteem, prejudice experiences and weight regain. The interviews were recorded and have been
transcribed to perform content analysis. The results showed that weight regain occurs unnoticed
until signaled socially; excessive weight loss is frowned upon; plastic surgery procedure is
considered part of the reconstruction of body image, fear is accentuated back to possibility of
morbid obesity. Changes caused by bariatric surgery affect personal relationships and wanting
for a structured body image undergoes oscillations until a sensation of reconstruction. Body
Introdução
Segundo Sarwer (2012), numa entrevista sobre a correlação entre a imagem corporal e a
perda de peso, não há garantias que o caminho da diminuição numérica na balança seja a receita
certa para o aumento da autoestima. Em seus dados observou que mesmo pacientes bariátricos,
que perdem grande quantidade de peso, permanecem com insatisfações relacionadas à imagem
corporal. Nos primeiros três a seis meses há uma grande satisfação, mas em seguida, viver com
45
a sobra de pele tem mobilizado um número equivalente a 50.000 americanos a buscar a cirurgia
Cash, Cash e Butters (1983), Stice e Shaw (1994) e Then (1992) constataram que quanto
mais expostas a modelos perfeitos apresentados pela mídia, menos satisfeitas ficam as mulheres
com seus próprios corpos e mais os homens as julgam como pouco atraentes. E mais, esses
relacionados.
influência da opinião de seu grupo sobre a estruturação da imagem ideal do corpo que os
homens. Para eles as personalidades de fama e sucesso são referenciais do ideal. O agravamento
da situação ocorre, no entanto, quando a mídia exibe imagens artificiais como reais afastando
distúrbios da alimentação.
autopercepção das atitudes relacionadas ao próprio corpo. Este conjunto envolve pensamentos,
(1990), o termo Imagem Corporal vem sendo usado para abarcar a imagem mental que uma
pessoa faz de seu eu físico, uma avaliação da própria aparência e a influência que esses fatores
exercem sobre o comportamento dela. O distúrbio da imagem corporal tem sido estudado no
psicopatológicos.
insatisfação existente neste grupo. Esta insatisfação é que motiva o indivíduo com peso
excedente nas tentativas frequentes de redução de peso, mas a insatisfação com o corpo pode
46
ser uma causa de sofrimento e prejuízo psicossocial. O autor percebeu que é possível intervir na
estritamente psicológica, sem qualquer intervenção nos hábitos alimentares. Os resultados são
positivos em curto prazo, mas desconhecidos na obesidade ao longo do tempo. O autor admite a
construído, pessoas obesas e severamente obesas são deixadas à margem. Esses indivíduos
prejudicando sua vida pessoal e relacionamentos interpessoais. A cirurgia tem sido um meio de
diminuir esses problemas e resolver questões sérias ligadas à saúde que levam a vida a péssimas
responsabilidade sobre a manutenção dos resultados obtidos. Segundo Pilcher (Orzech, 2005),
antes do emagrecimento em grande escala provocado pelo tratamento cirúrgico, o paciente tem
crenças sobre seu corpo e sua forma física e sobre como as pessoas o percebem. Após o
enraizadas. Os registros das crenças antigas precisam ser confrontados e acomodados junto às
novas experiências e a própria forma corporal. A concepção que o operado passa a ter de si
próprio e de seu valor pessoal tendem a se alterar e o divórcio após a cirurgia bariátrica ocorre
em larga escala. O fato de a pessoa ter sido obesa no momento do casamento ou quando o
período de dois anos após a cirurgia. A autoestima do operado e sua atratividade física exercem
ameaça sobre o parceiro, antes acomodado com a garantia da relação. O reconhecimento dessa
relação, considerada abusiva por Pilcher (Orzech, 2005), passa a não ser mais tolerada pelo
indivíduo operado.
47
mulheres obesas costumam ser ignoradas socialmente. Muitas vezes esse é propósito de
tamanha gordura, mas ao se tornarem mais magras passam a ficar vulneráveis. Nessas situações,
sociedade que valoriza a imagem e o corpo. Para aqueles que foram obesos desde sempre, a
certa ingenuidade.
Quanto à cirurgia plástica após cirurgia bariátrica, Steffen, Sarwer, Thompson, Mueller,
Baker e Mitchell (2012) fizeram um estudo sobre a procura e a satisfação da técnica da cirurgia
plástica do contorno corporal. Foi utilizado um questionário de aparência física após cirurgia
circunferência abdominal e regiões da coxa. A maior procura pela cirurgia plástica foi pela
região da barriga e cintura e o nível de satisfação com a cirurgia do contorno corporal foi
grande. O Índice de Massa Corporal (IMC) não interferiu sobre a satisfação dos resultados, mas
necessidade de cirurgias plásticas estéticas ou corretivas, para que as expectativas possam ser
mais realistas.
McNally (2008), que trabalha com aconselhamento em bariátrica, afirma que muitas
pessoas descrevem seu processo após o tratamento cirúrgico da obesidade como uma montanha
russa. Muitas emoções positivas são vividas ao mesmo tempo em que experiências em relação
ao novo corpo também aparecem. Ressalta que o estado elevado de humor existe na maior parte
do tempo, mas para algumas pessoas, perder o peso não é o suficiente. Existem questões que
interior. A aceitação pessoal não pode ser baseada apenas na percepção alheia e aceitação
Colles, Dixon e O’Brien (2008) se referem aos gatilhos emocionais e situações que
desencadeiam o desejo de comer após a cirurgia bariátrica. Perceberam num estudo que o medo
intenso de readquirir peso e a percepção do retorno de velhos hábitos alimentares, são os fatores
que retroalimentam o desejo de comer. Aqueles que já tinham a característica de terem desejos
intensos de comer perante muitos gatilhos emocionais foram os pacientes do estudo que
continuaram comendo, mesmo que estivessem se sentindo cheios e satisfeitos, apesar do medo
de recuperar o peso.
Método
de 15% do peso perdido num período de quatro anos ou mais após a cirurgia bariátrica.
interpessoais;
plástica;
alimentares.
clínica particular em Curitiba, que foram submetidos à cirurgia bariátrica do tipo bypass
gástrico, que apresentavam em seu histórico clínico o critério reaquisição de peso, e tempo de
operação igual ou maior a quatro anos. A seleção foi realizada através do controle de
qualquer momento. O TCLE foi devidamente assinado e datado por cada participante. Cada
entrevista durou em média uma hora e quarenta e cinco minutos. Nenhum dos participantes
Análise de Dados
qualitativos que, segundo Rocha e Deusdará (2005), objetivaram alcançar um sentido profundo
ou estável, conferido pelo pesquisador no próprio ato de produção do texto. Segundo Franco
definição elas são critérios que norteiam a investigação científica e têm como base o
categorias de análise à priori, segundo a autora se deve à busca de indícios para classificar as
respostas obtidas nas entrevistas realizadas pelo pesquisador. As respostas fornecidas pelos
Resultados
Das 10 pessoas que foram submetidas à entrevista semiestruturada, foi possível observar
entrevistados ficaram entre 32 e 69 anos. O tempo de cirurgia, como critério da pesquisa, ficou
em 4 anos ou mais de realização. No dia da cirurgia bariátrica as idades dos operados ficaram
entre 32 e 58 anos de idade. O maior IMC foi de 57.61 e o menor de 35.98, ambos com doenças
cada entrevistado. A maior redução de peso ficou em 47% do peso total do indivíduo e a maior
estão presentes em relação à reaquisição de peso dos participantes. Esses afetos negativos
reforçam a ideia de que o estigma social e moral sofrido pelo obeso mórbido são marcas
psíquicas mediadas pela vivência social. Dos dez participantes, nove apresentaram no discurso a
palavra medo ou apreensão de readquirir peso, constituindo esse elemento discursivo comum a
todos:
Tenho medo. Morro de medo. Entrei na menopausa e parei de fumar. Meu medo de
engordar é tão grande... eu não posso voltar a ser aquela gorda que eu era.
Eu tenho medo de voltar tudo que eu tinha... daí eu fico me cuidando... foi muito
sofrimento, né?!
Existe... ah existe o medo de engordar sim! Quando começo a comer sem sentir o gosto
Tenho medo! Tô com medo muito grande! ... Eu já lutei tanto, sofri tanto pra ficar
magro, né?! E agora de uma hora pra outra, não sei o porquê tô recuperando peso.
Todos descreveram a memória da obesidade como algo impresso no corpo, isto é, uma
experiência vivida concretamente, que deixou marcas psíquicas negativas e marcas físicas que
não podem ser negadas: flacidez, estrias, registro de privações alimentares, dores cirúrgicas,
52
em tamanhos plus size, as roupas desses estabelecimentos são descritas como “-Roupas de
velha, bege, em forma de saco!”; “ -Até parece que gordo não tem sexo, só tem lingerie bege!”.
Para pacientes jovens a obesidade mórbida traz limites físicos que antecipam a sensação
do avanço da idade. A pessoa fica ofegante, com dificuldades no sono e movimentos mais
limitados. Passa a existir falta de disposição para fazer exercícios e mesmo os que têm
emagrecimento promovido pela cirurgia bariátrica devolve o corpo jovem para a cabeça que
Ainda que a fome seja reduzida pela própria técnica cirúrgica, o apetite é da ordem do
desejo, e muitos pacientes passam a ter dificuldade em adequar a alimentação após a liberação
da dieta Quando estão aptos para a rotina normal fazem seus pratos com quantidades maiores do
que são capazes de comer, até que experimentem os limites e as texturas mais adequadas..
A reaquisição de peso é um fantasma que persegue pessoas que lutaram repetidas vezes
para perder peso. As experiências anteriores foram seguidas de curto período de manutenção,
desenvolver anorexia pós-bariátrica com o pensamento obsessivo de que a cirurgia, para ele,
53
não daria certo. Outro entrevistado ainda induz vômito quando se sente cheio, pensa que comeu
com o alimento desenvolvido por cada pessoa, família e cultura. A comida, em geral, vista
como satisfação oral, apareceu em respostas sociais referentes à quantidade alimentar. Uma
indignação frente à quantidade ingerida foi confundida com mal-estar do operado, não
apreciação do prato ou desprezo a quem oferece o alimento. A cultura alimentar ainda revela
Algumas memórias relacionadas à obesidade foram citadas como flashes que ressurgem
roupa pegando no corpo; ser olhado quando entra em um ambiente cheio; não usar shorts numa
concerne à recuperação do peso. A sinalização teve função de espelho que os fez raciocinar
sobre a imagem corporal e as atitudes alimentares, mas comprovou a hipótese dos sujeitos de
É, as pessoas avisam... - Olha você tá engordando de novo! E eles têm razão, né?!
Todo mundo, todo mundo dizia: O que adiantou fazer a cirurgia bariátrica se tá gorda
de novo? É!! Passou tanto sacrifício, fez tanta coisa pra ficar toda balofa aí de novo!
Ah, você precisa manerá, porque você tá engordando! Ah, você engordo! Tem essa
coisa de vigilância.
Olha, você vai voltar ao normal, hein?! Vai voltar de novo! Você já tá com 90... daqui a
A memória de ter sido obeso foi considerada marcante por todos os participantes. A
acolhedor a qualquer ser que possua condições diferentes das normas estabelecidas deixaram
lembranças desagradáveis. O obeso foi demarcado como culpado pelo seu mal, diferentemente
considerar a obesidade como uma etapa passada, dado ao tempo de doença em proporção à
idade etária.
Como categoria a posteriori surgiu a contradição entre fazer uma cirurgia para perder
peso e o conflito com a imagem excessivamente magra. Quase todos os entrevistados, pelo
menos oito dos dez, recuperaram peso para chegar a uma imagem condizente com sua
identidade, isto é, uma imagem que se encaixasse com a figura interna imaginária que
carregavam de seu próprio corpo. Mas, nessa tentativa, passaram do montante necessário. Essas
questões parecem estar permeadas pelos conceitos de “flacidez” e pela “aparência de doente”:
Depois eu fiquei bem alegre, eu fiquei magra, todo mundo... só que daí eu emagreci
Eu ficava ansiosa pra me pesar, né, porque assim mesmo, é contraditório... mesmo
quando você olha e diz: nossa! Parece que não sou eu... tô muito magra... você quer
perde mais.
igual à antes da cirurgia. Os oito restantes disseram ter certa dificuldade em comprar roupas e
desenvolverem tentativas de encaixar seu esquema corporal num padrão mais jovem:
55
você tá magra... você usa roupa de magra... não vou usar aqueles sacos ... então
comprei... dei todas as minhas roupas, mas dei tudo... tudo.... tudo.... comprei calça
jeans cintura baixa... tudo que eu queria usa, sabe... passou ... foi aquela fase... porque
assim... eu acho assim que a gente fica numa fase de euforia. A gente que tudo...
tudo...tudo... daí a calça baixa... não sei o quê... top... e depois nada daquilo é
importante.
Dos dez indivíduos, dois afirmaram que suas experiências bariátricas acabaram em
divórcio devido à falta de estrutura do companheiro em conviver com alguém com a autoestima
mais elevada, isto é, com uso de mecanismos psíquicos mais maduros e menos complementares
nas doenças. Duas famílias ficaram temerosas quanto ao possível desenvolvimento de anorexia
A opinião sobre a cirurgia plástica não necessariamente coincidiu com o fato ter se
submetido ao procedimento estético. Muitos são favoráveis à cirurgia plástica, mas têm
relação à segunda chance de vida dada pela bariátrica e risco da cirurgia plástica:
não adianta você só fazer a cirurgia. Você vai emagrecer... tá ... mais ... é... e toda
aquela pele que tá sobrando, sabe. Você não consegue se visualizar porque você tem
quando eu penso na plástica eu sempre penso que é uma coisa meio supérflua, assim,
sabe? Daí eu penso: Ai será que eu vou, mas eu vou me submeter a isso e sendo que não
é uma necessidade! Eu não vou morrer se eu não fizer. Deus já foi tão bom comigo,
né?! Me fez todas as cirurgias, tá tudo certo, tô feliz, tô bem, Aí eu fico pensando se não
é um excesso, sabe? Não quero ficar com essa pele na barriga, sabe?! Seio...
56
vou fazer, fazer uma lipo abdominal, vou cortar aqui em baixo, tirar o excedente,
levantá isso aqui que tá tudo caindo lá pra baixo. O tecido tá pesado de gordura, e
quero tirar as duas mamas, assim... Quero tirar!! Tenho vergonha dos meus peitos! Eu
plásticas não existe garantia do acesso à imagem corporal que foi idealizada no pré-cirúrgico.
ações e atitudes de não aceitação aos padrões que ameaçam às normas de um grupo ou
sociedade. Todos os padrões que sejam julgados como diferentes e ameaçadores para um grupo
tendem a ser banidos e deixados à margem. A falta de identidade com o grupo promove no
alerta de um possível retorno da exclusão social foi bem recebida como afeto positivo e
cuidado.
a barreiras e obstáculos que evidenciam seu peso como equipamentos médicos pequenos demais
para pacientes obesos, cadeiras ou assentos em locais públicos que não acomodem pessoas
obesas, ou lojas que não tiverem roupas em tamanhos grandes, etc. entram nessa classificação.
de um estudo que mostra que pacientes com início da obesidade na infância ou pré-adolescência
demonstram menor satisfação com a imagem corporal depois de perder peso, do que pacientes
com obesidade tardia. Eles compararam dois padrões de recuperação de peso intencional após a
cirurgia bariátrica, ambos ligados à imagem corporal. Um deles seria o desgosto com a pele
aparecimento dos ossos das costelas e a desproporção ao tronco. Como a cirurgia plástica não é
financiada por convênios encher um pouco a pele, no primeiro caso, ou ganhar peso, no
necessário todo um trâmite legal para que o paciente comprove que a cirurgia plástica é
reparadora. Mais estudos nesse sentido teriam de ser desenvolvidos. No entanto, o que se sabe é
que quanto mais tarde é realizado o procedimento estético, maior é a acomodação com a
imagem corporal, mesmo que haja insatisfação com essa imagem segundo estudos de Cash
crítica sobre a nova imagem corporal do paciente. Uns aconselhando o ganho de peso, outros
58
criticando a falta de manutenção dos resultados. Mas apesar da recuperação de uma quantidade
de peso, o medo de voltar a engordar e do sofrimento ligado à experiência de ter sido obeso
seja autolimitado e mais, de que a imagem da magreza seja associada à fraqueza e doença.
Rusch e Andris (2007) chegaram às mesmas conclusões que o presente estudo. A intenção de
modelar o corpo com uma pequena reaquisição de peso passou do ponto desejado em sua
realizaram um estudo de seguimento com um grupo de 100 pacientes bariátricos em que todos
68% permaneceram com vômitos depois de decorrido tempo de cirurgia bariátrica e 42,7%
permaneceram com “entaladas” devido a dificuldades com o ritmo alimentar. Oito pacientes
faleceram. Neste mesmo estudo o medo de voltar a engordar apareceu em 89,7 % do total
Sarwer (2012) relatou, em entrevista sobre o seu estudo (Sarwer, Thompson, Mitchell &
Rubin, 2008) que envolveu a cirurgia plástica na satisfação com a imagem corporal, que até
2008 cinquenta e cinco mil indivíduos tinham se submetido à técnica de contorno corporal
motivar a busca das cirurgias plásticas, mas estudos pregressos como os de Cash (2008) e
Sperry et al. (2009) tem mostrado que esta insatisfação procrastina a busca pela correção
estética. Um dos motivos é a falta de cobertura dos convênios. Mas de acordo com o estudo
aqui presente, foi constatada a presença de um grau variante de temor em submeter-se a outro
Thompson (2001) afirma que o índice de divórcio é alto assim como Pilcher (Orzech,
2005). Muitos casamentos de pessoas obesas têm como base a estima rebaixada e a crença de
que devem se acomodar ao primeiro parceiro que as aceite. Na medida em que passam a
relações insatisfatórias.
conviver com a pessoa mais magra e independente, antes submissa numa relação de poder, bem
observado anteriormente na citação de Pilcher (Orzech, 2005). Mas é inegável que em muitas
buscar na cirurgia uma maneira de mudar o padrão existencial. Assim, parece que alguns
A descrição dos conflitos nas compras de novas roupas ou com a perda dos cabelos
de antigos e futuros pacientes. Thompson (2001) e McNally (2008) descrevem que a perda de
cabelo em 1/3 dos operados em resposta à dieta restritiva deve ser tratada com reposição
nutricional. Quanto às compras de novas roupas, suas observações são semelhantes ao presente
estudo. Existe a tendência de solicitar em lojas ou pegar tamanhos maiores do que os que
realmente servem. Em geral o corpo real está menor que a roupa escolhida do mesmo modo que
o prato servido está mais cheio que a capacidade gástrica pós-operatória. A sensação de
rejuvenescimento que acompanha a perda de peso faz com que uma parcela de pacientes vá à
busca de roupas mais modernas e juvenis. Para alguns existe a insegurança quanto ao balanço
Conclusão
que recuperaram peso entrar em contato com a percepção corporal desses indivíduos. Nesta
construção da imagem corporal, principalmente para aqueles que nunca tiveram a experiência
de serem magros. Para aqueles que já experimentaram a magreza, a cirurgia teve papel de
resgate de uma imagem já existente, porém se faz necessário estudo mais aprofundado para
reaquisição de peso. A possibilidade de reverter a condição de obeso para magro foi vivido com
satisfação, principalmente em seu contexto social, ao ouvir o grupo pedir para que coma mais e
que engorde. A perda do controle na reaquisição do peso se tornou problema para os operados
importância, agiu como freio de um processo através da avaliação do grupo. O medo do retorno
à obesidade, na grande maioria das vezes, esteve ligado ao estigma social, às experiências de
rejeição, sentimento de inadequação que fizeram com que o próprio sujeito, como parte da
dificuldades quanto à equação flacidez X cicatriz. Existe busca de um ideal sem marcas ou
aprofundar os estudos sobre a reconstrução da imagem corporal após a cirurgia bariátrica, o seu
estudos sobre a influência das relações interpessoais, do contexto social e grupal (que constroem
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Anexos
Você está sendo convidado a participar de um estudo intitulado “Fatores grupais e sócio-
que tem por objetivo descrever os fatores grupais e sócio-históricos que influenciam no reganho
para que ganhasse peso após a cirurgia e participar de pequenos grupos de discussão. Esses
grupos terão encontros marcados na Clínica, cito à Rua Bruno Filgueira 369 11º andar, Batel,
Estes encontros serão gravados, se você autorizar, para que cada detalhe seja registrado,
e nenhuma informação seja distorcida. Seu sigilo será sempre garantido e sua privacidade
respeitada. Caso não concorde com a gravação, cada detalhe deverá ser manualmente
registrado.
Tuiuti do Paraná responsável pela pesquisa e poderá ser encontrada no telefone (41) 3342-6264.
Sua supervisora é a Professora Dra Maria Cristina Antunes docente do Mestrado em Psicologia
Você poderá interromper a sua participação na pesquisa a qualquer momento, sem que
isto lhe acarrete qualquer tipo de prejuízo. Garantimos que não haverá consequências danosas
Garantimos o total sigilo aos dados aqui obtidos assegurando que o tratamento dos
mesmos será realizado dentro dos princípios éticos que regem os procedimentos em pesquisa.
desenvolvimento do conhecimento nesta área e sem a qual este estudo não poderia ser realizado
dados desta pesquisa e compreendo que poderei interromper a minha autorização a qualquer
momento.
Dados sociodemográficos
11. Você sentiu diferença em relação ao mundo sendo “gordo” e sendo “magro”?
12. Você tem medo de voltar ao peso que tinha antes de operar?
23. Alguma vez comeu mais do que cabe no seu novo estômago?
de peso.
32. Se você recuperou peso, como seu grupo de convívio reagiu quando começou a
engordar?
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33. Como sua família reagiu em relação à sua nova forma magra, saudável e com
autoestima?
37. Seu grupo de convívio entende o que aconteceu com seus hábitos sociais?
40. Seu grupo se preocupa com você quando escolhe o local para comer fora?
45. Seus amigos têm criticado você por algum hábito rígido?
56. O que chama mais sua atenção: propaganda de roupas ou propaganda de comida?