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Restauro de

imagem sacra
(Modulo I: peças em gesso)

Profª Conservadora-Restauradora: Flávia Duque Estrada


Índice:

1. Circulo cromático
2. Tipos de tintas e pigmentos
3. Materiais usados no processo
4. Limpeza
5. Remoção de intervenções indevidas
6. Espátulas artísticas
7. Bisturis
8. Recomposição volumétrica
9. Nivelamento
10. Tipos de pincéis
11. Reintegração pictórica
12. Protetivo
13. Sites de compra e sugestão de produtos
Circulo cromático

O círculo cromático é composto por 12 cores.


3 cores primárias, que são as cores puras, elas não surgem de outras cores:
amarelo, ciam e magenta
3 cores secundárias, que são a união de duas cores primárias: violeta,
verde e vermelho ( os 3 Vs)
6 cores terciárias, que são a união de uma cor primária com outra cor
secundária: azul avioletado, violeta claro, laranja, rosa, verde claro e verde
escuro.

Amarelo

Ciam
Magenta
Além disso, temos as combinações:

Cores complementares, que são as cores que ficam de maneira oposta no


círculo cromático em relação as primárias:

Amarelo <--------> Violeta


Ciam <---------> Vermelho
Magenta <---------> Verde

Cores análogas são aquelas que estão próximas (do lado) no círculo
cromático e que utilizam a mesma cor básica.

Tom é a cor que a partir da cor primária, acrescentando branco ou preto,


variamos o seu tom, ou seja, indo do mais claro ao mais escuro. Quando
falamos: “um tom acima”, significa mais escuro, e quando falamos: “um
tom abaixo”, significa mais claro.

Utilizando as cores primárias, mais branco e preto, obtemos todas as cores


que pudermos imaginar.

Aconselho exercícios livres utilizando a tinta gouache da marca Royal


Talens.

O conhecimento das cores não é obtido como na matemática, onde você


poderá decorar diversas fórmulas para encontrar todas as cores. Esse
conhecimento vem com a prática. Além disso, é preciso “saber ver” as
cores dentro das cores. Com o tempo torna-se orgânico esse processo
quando desejar encontrar uma cor específica para a reintegração
cromática.
Tipos de tintas e pigmentos

No restauro utilizamos tintas que devem ser estáveis, reversíveis e


versáteis, compatíveis e adequadas para o uso em uma ampla gama de
estilos e técnicas.
No caso de imagens em gesso, é aconselhável tintas a base d'água, como
aquarela, guache e pva. Podendo utilizar também pigmento com água ou
verniz paraloid.
É sempre aconselhável que o trabalho seja feito com materiais de
qualidade.
Algumas marcas utilizadas no restauro: Maimeri, Kremer, Winsor &
Newton, Van Gogh.

Materiais usados no processo

Abaixo uma lista de materiais que utilizamos no restauro de peças em


gesso. Lembrando que esses materiais podem se alongar, uma vez que o
restaurador usa diversos materiais de outros profissionais.

*Espátulas artísticas de metal


*Lixas d’água
*Pinceis
*Gesso
*Gesso pedra
*Massa corrida PVA
*Cola PVA extra forte
*Primal (cola especifica do restauro)
*Água mineral ou deionizada
*Detertec (detergente de faixa neutra)
*Verniz Paraloid B72. Para pigmento em pó e como verniz protetivo ( que
deve ser diluído em Xilol)
*Swab
*Verniz spray
*Goma laca indiana ou incolor
*Bisturi
*Decapante em gel
*Godê de cerâmica

Limpeza

Antes de qualquer procedimento a ser realizado, devemos limpar a peça.


Primeiro com trincha seca, para retirar a poeira. Todo processo em uma
restauração buscamos sempre utilizar o menos químico possível. Então, na
limpeza, começamos com um swab com água mineral ou deionizada. Em
seguida podemos utilizar uma água com uma baixa concentração de
detergente neutro (2%)
Outros químicos: Álcool, álcool + água, acetona, acetona+álcool+água,
xilol…. Importante que seja realizado pequenos testes antes.

Remoção de intervenções indevidas

Muitas das vezes pegamos imagens sacras que sofreram intervenções


indevidas, tanto na pintura ou como na recomposição de sua volumetria.
Pintura:
Ao percebermos que há uma repintura, é necessário que a retirada seja
feita. Podemos realizar de maneira mecânica, com o uso dos bisturis ou de
maneira química.
a. Mecânica:
Essa modalidade é feita apenas com o bisturi, como uma raspagem,
de forma muito suave e leve.
b. Química:
Todas as formas químicas devem ser testadas em uma área reservada
e pequena.
Pode ser feita com álcool utilizando o swab.
Com decapante em gel, utilizando uma trincha.
Indico esse decapante para peças delicadas.

Espátulas artísticas

Muito utilizadas pelos pintores e escultores. Mas na restauração,


utilizamos para a recomposição volumétrica.
As espátulas possuem cabo de madeira e sua ponta, geralmente, em aço
inox espelhado, o que evita a oxidação.
Existem espátulas de plástico, mas estas não servem para o restauro, pois
os materiais grudam com muita facilidade e não dão bom acabamento,
além do fato de possuírem vida útil muito curta.
Existem diversas marcas no mercado. Indico as marcas Condor e Maimeri.
Bisturi

Um dos instrumentos mais utilizados pelo restaurador.


Ele é composto por um cabo e uma lamina. E seus tamanhos variam de
acordo com sua numeração.
Existem dois tipos de cabos:
Cabo nº3- utilizamos lâminas menores (10, 11, 12, 15, 15c...)

Cabo nº4- utilizamos lâminas maiores (20, 21, 22, 23, 24....)

PS: Os cabos em si possuem o mesmo tamanho, 10,5 cm de comprimento.


O local onde a lamina é encaixada é que varia de tamanho de um cabo
para o outro.
Recomposição volumétrica

A recomposição volumétrica pode ser realizada de duas formas nesse caso


de peças de gesso. Com gesso ou massa corrida pva.

Gesso:
Apesar de parecer um pouco mais difícil de modelar, o gesso seca mais
rápido que a massa, isso facilita o processo de recomposição e ao mesmo
tempo de modelagem. Esta poderá ser feita com espátula artística, swab
embebido em água ou até mesmo com o próprio dedo.
Uma dica, já que o gesso é muito poroso e com pouca resistência quando
utilizado em pequenas lacunas, é acrescentar um pouco de cola na água
ou primal, em proporção de 10 a 15%. Ou utilizar o gesso pedra.
Em áreas maiores, pode-se estruturar o gesso com sisal ou ate mesmo
tecido, como gase.

Massa corrida PVA


Para áreas com maiores perdas, é uma boa opção.

Nivelamento

Próxima etapa a ser realizada é o nivelamento, que nada mais é do que


lixar para nivelar a peça que você acabou de realizar o preenchimento das
lacunas.
Utilizamos a lixa d'água, mas sem adição de água, uma vez que esse tipo
de lixa possui uma granulometria mais fina que as demais lixas, até porque
ela é tida como lixa de acabamento.
Por vezes quando lixamos, ainda percebemos ser necessário aplicar mais
gesso/massa. Ou seja, esse é um processo que só termina quando a
perfeição é atingida.
Dependendo da área a ser nivelada, podemos utilizar um swab, levemente
embebido em água.
Pincéis

Existem dois modelos de pinceis mais usados no restauro: o chato e o


redondo:

a. Chato:
Esse é um dos mais populares, usado em diversas finalidades, como
pinturas em MDF, quadros, gesso e etc. As cerdas retas servem para
espalhar bem a tinta sobre a superfície escolhida.

b. Redondo:
Como o próprio nome diz, esse pincel tem a ponta redonda e serve
para desenhar linhas e contornos. Quanto mais fino for o pincel
redondo, mais preciso ficará o desenho da linha. Dessa forma é
possível trabalhar com mais precisão e deixa o rastro da tinta na
mesma espessura que sua ponta. Utilizamos no retoque.
Tipos de cerdas:
a. Cerdas sintéticas:
A escassez de pelo de marta fez com que, no decorrer dos anos,
houvesse várias tentativas de desenvolver uma espécie sintética
de pelo. A meta era um pincel com as mesmas qualidades que o
de marta vermelha, mas com um preço mais econômico.

b. Cerdas naturais:
Como o próprio nome diz, naturais, encontrados na natureza,
mais precisamente em animais como boi, pônei, gambá, esquilo,
doninha, porco, cabra, kolinsky, marta...
E quando você começa a pintar, sempre te indicam um desses,
que são bem caros. E cada um desses pelos serve para um tipo de
pintura especifica. Lembrem-se, a extração desses pelos é cruel e
hoje possuímos os pelos sintéticos que nos servem muito bem.

Reintegração pictórica

Antes de começarmos a reintegração, podemos aplicar um primer ou um


selante na parte recomposta, uma vez que o gesso, material poroso,
absorve muito a tinta. Esse selante pode ser uma aguada com cola, goma
laca ou até mesmo paraloid em baixa concentração.
Você poderá utilizar de tinta PVA até pigmentos. A origem da sua imagem
irá determinar o tipo de material a ser utilizado. Se for uma peça que tenha
“apenas” valor afetivo, você poderá utilizar a tinta PVA ou similares, sem
problema algum. Já uma peça com valor histórico, você deverá utilizar
pigmentos ou tintas próprias para o restauro.
Protetivo

Para finalizar todo esse processo é necessário a aplicação do protetivo, que


pode ser um verniz spray de boa qualidade (sugiro o da marca Acrilex) ou
verniz paraloid B72, que deve ser diluído em xilol, na proporção que for
mais conveniente em relação ao brilho que se deseja na peça
( normalmente acima de 12%). Usa-se uma trincha muito macia. Sugiro
Condor série 660 ou Tigre Pinctore série 185.
Em relação ao paraloid que é uma resina bastante estável para o uso geral
da restauração, ela tem a vantagem de parecer fosca quando usada em
pouca quantidade e em baixas porcentagens. Também utilizada como
consolidante.
Sites de compra e sugestões de produtos

*Espátulas artísticas:
Palácio da arte: https://www.palaciodaarte.com.br/pinceis/acessorios-de-
pintura/espatulas

Loja Caçula: https://www.lojascacula.com.br/espatula-metalica-artistica-


faca-ref-508-65439-2/p

*Paraloid B72, tintas de retoque, guache Talens e pigmentos:


https://www.casadorestaurador.com.br/loja

*Xilol:
Em laboratórios de boa procedência ou no mercado livre.

*Gesso pedra:
Loja de materiais odontológicos

*Gesso e lixa d’água:


Loja de material de construção ou loja de artesanato

*Pinceis:
Keramik: série 311; série 110

Condor: série 425

Tigre: série 308

Winsor & Newton Cotman: série 111

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