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Ciência&Cultura REPORTAGEM

(Foto: Imagem de master1305/Freepik. Reprodução)

Um dos papéis da universidade é atender as demandas da sociedade e pesquisar soluções para ela.

A Universidade do Futuro
O mundo e as demandas estão mudando, a universidade
e seu tripé fundamental enfrentam tempos de adaptação e
reflexão sobre o futuro
* Karina Francisco

Observando as últimas novidades da área de tecnologia e informática é possível perceber uma


tendência às novas tecnologias. Esse sistema de desenvolvimento de novos conhecimentos, plataformas
e aparelhos eletrônicos já alterou em muito o curso da humanidade. Isso é o que o engenheiro e
economista alemão Klaus Schwab tem chamado de “A Quarta Revolução Industrial”, que se caracteriza
pelo uso de todas as tecnologias existentes na produção de conhecimento. A universidade está
intrinsecamente conectada a esse sistema e sente todas as recentes mudanças, precisando novamente
mudar, se adaptar e refletir qual a universidade do futuro no Brasil, olhando atentamente suas agendas,
prioridades e ênfases de ensino e pesquisa.
Assim, é preciso iniciar o debate em como o conhecimento é desenvolvido, e como se transfere em
pesquisa, produto e parte intrínseca do cotidiano de muitas pessoas. De acordo com algumas agências,
o conhecimento no mundo dobra a cada dois anos, fato que se coloca como ponto essencial para a
universidade, trazendo a necessidade de formar os estudantes com amplitude de visão em diversas
áreas, uma vez que o conhecimento está cada vez mais interdisciplinar. Segundo Elisabete Monteiro de
Aguiar Pereira, professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e
coordenadora do Grupo Internacional de Estudos e Pesquisas sobre Educação Superior, “a universidade
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está atenta e acompanha a humboltidiano, isto é, no modelo [1], colocando a USP entre as
velocidade dessa revolução de universidade de pesquisa. 150 melhores universidades do
do conhecimento, bem como O que se entende por esse mundo, Unicamp no grupo 301-
as novas formas de trabalhar modelo é: a indissociabilidade 400 e a Unesp, Universidade
essa dinâmica produção de entre ensino, pesquisa e Federal de Minas Gerais (UFMG),
conhecimento”. extensão; a liberdade de a Universidade Federal do Rio de
No Brasil, a pesquisa dentro ensinar e pesquisar; a defesa da Janeiro (UFRJ) e a Universidade
da universidade resiste e ainda é pesquisa básica desinteressada. Federal do Rio Grande do Sul
grande devido ao seu enorme Muitas Instituições de Educação (UFRGS), no grupo 401-500. Ao
potencial, financiamento e Superior (IES) no Brasil não todo, 22 universidades brasileiras
captura de cérebros pelo sistema fazem pesquisa, ou seja, não figuram na lista (Tabela 1).
de ensino. Para a pesquisadora, se voltam para a produção de Os professores Pereira e
essa postura de adaptação aos conhecimentos. Domingues também contam que,
tempos foi o que permitiu à Para se ter uma ideia da além das universidades, o Brasil
universidade ser uma das poucas dimensão e da importância tem alguns Institutos de Pesquisas
instituições sociais que perduram das universidades brasileiras, que são não universitários. Os
há mais de 1000 anos. “Ela é a USP está em 8º lugar no mais conhecidos são o Instituto
uma das instituições sociais mais ranking mundial em quantidade Nacional de Pesquisas Espaciais
longevas, se apenas contarmos de publicações entre 938 (INPE), o Instituto de Pesquisa
o tempo depois de Cristo – ‘DC’. universidades do mundo. Os Econômica Aplicada (IPEA),
A Unesco considera a primeira artigos publicados pela USP, vinculado ao Ministério da
universidade, a Universidade entre 2010 e 2014, foram 955 e Economia, o Instituto Tecnológico
Quaraouiyine, que data do ano estão entre os 10% mais citados da Aeronáutica (ITA) o Instituto
de 850 e está na cidade de Fez, no mundo. A Unesp está em Militar de Engenharia (IME), e
em Marrocos”, completa. 158º e a Unicamp está em 186º, o Instituto de Matemática Pura
Esse sistema de produção “o que demonstra uma boa Aplicada (IMPA), vinculado ao
de conhecimento é muito forte contribuição das universidades Ministério da Ciência e Tecnologia
nas universidades públicas do brasileiras na divulgação de e ao Ministério da Educação.
Brasil. Ivan Domingues, professor importantes conhecimentos Segundo o neurocientista
do Departamento de Filosofia para o mundo”, complementa Luiz Roberto Giorgetti de Britto,
da Universidade Federal de Pereira. professor do Instituto de Ciências
Minas Gerais (UFMG), explica A Academic Ranking of Biomédicas ICB-USP, o foco da
que a pesquisa e a produção de World Universities publicou, em universidade é primeiramente
conhecimento é uma atribuição 2022, sua mais recente pesquisa o ensino, que está atrelado e
da universidade, desde que
ela foi organizada por Wilhem
Humbolt, em 1810, em Berlim,
iniciando o modelo moderno
de universidade que influenciou
as universidades ocidentais.
Antes desse período, ela não
tinha a função de produção de
conhecimento, mas apenas de
transmissão (Figura 1).
Pereira lembra que a
Unicamp, a Universidade de
São Paulo (USP), a Universidade
Estadual Paulista (Unesp),
as universidades federais e (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil. Reprodução)
estaduais de outros estados
e algumas privadas, tiveram Figura 1. A pesquisa e a produção de conhecimento são atribuições
inspiração nesse modelo da universidade.
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se beneficia da pesquisa e da Tabela 1. Ranking das melhores universidades de 2022.
extensão. “O diferencial da Posição Universidade País
universidade é sua preocupação
com o ensino. O fato de ela 1o Universidade Harvard Estados Unidos
não ter esse monopólio na 2 o
Universidade Stanford Estados Unidos
pesquisa é um sinal de avanço Instituto de Tecnologia de Massachussetts
3o Estados Unidos
da sociedade. Significa que (MIT)
essas outras instituições de 4o Universidade de Cambridge Reino Unido
tecnologia e informática estão
5o Universidade da Califórnia – Berkeley Estados Unidos
mais avançadas e a universidade
6o Universidade Princeton Estados Unidos
não conseguiu acompanhar a
evolução dessas áreas por n 7 o
Universidade de Oxford Reino Unido
razões”, afirma o cientista, com 8 o
Universidade Columbia Estados Unidos
uma visão bastante positiva Instituto de Tecnologia da Califórnia
das mudanças que estamos 9o Estados Unidos
(Caltech)
vivendo recentemente com a
10o Universidade de Chicago Estados Unidos
alta velocidade da pesquisa em
101-150 Universidade de São Paulo (USP) Brasil
tecnologia.
Ele segue explicando que a 151-200 Universidade de Barcelona Espanha
universidade não tem capacidade 201-300 Universidade de Lisboa Portugal
logística de atrair uma pessoa 201-300 Universidade do Porto Portugal
dedicadaapesquisadetecnologia, 301-400 Universidade de Campinas (Unicamp) Brasil
pois ela tem a preocupação com
a formação e é engessada em Universidade Estadual Paulista “Júlio de
401-500 Brasil
Mesquita Filho” (Unesp)
alguns aspectos administrativos
e burocráticos como salários Universidade Federal de Minas Gerais
401-500 Brasil
iguais e criação de novos cursos, (UFMG)
“o que tem acontecido é que Universidade Federal do Rio de Janeiro
401-500 Brasil
os bons profissionais, formados (UFRJ)
dentro da universidade, vão para
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
a iniciativa privada, porque têm 401-500 Brasil
(UFRGS)
mais oportunidades, salários
(Fonte: Jornal da USP com dados da Academic Ranking of World Universities, 2022)
astronomicamente maiores”,
completa. Ainda há de se apontar
mais problemas que tornam a Renato Dagnino, professor prioridades estão orientadas
universidade menos eficaz: sua do Departamento de Políticas para o que se faz no norte global
burocratização. Segundo Britto, Científicas e Tecnológicas e não se conecta com a realidade
mesmo as universidades que (DPCT) da Unicamp, enfatiza do brasileiro.
nasceram com a ideia de serem que o foco das universidades
menos burocratizadas estão brasileiras deveria ser mais local. Disparidade
seguindo o mesmo caminho “O que preocupa é o fato de que
e esse fator é extremamente mesmo a pesquisa que se faz na Há uma disparidade na
dificultante. Porém, Pereira universidade não está orientada qualidade do ensino básico e
segue com uma visão positiva para o que deveria ser o trabalho do ensino superior no Brasil.
das recentes mudanças, “se numa universidade pública. Esse Isso acaba gerando a formação
tomarmos em consideração é o tema central no caso dos de muitos profissionais
as três primeiras revoluções países periféricos, em particular extremamente qualificados
industriais do mundo e vermos do Brasil, onde nós temos um que não são absorvidos
que a universidade acompanhou potencial técnico científico pelo mercado brasileiro, e
todas elas, podemos afirmar que bastante relevante”, defende o acabam sendo atraídos para
ela acompanhará esta quarta professor, completando que as fora. Dagnino aponta que no
revolução industrial”, resume. agendas da universidade e suas período entre 2006 e 2008,
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quando a economia estava explosão levou ao aumento Isso não quer dizer que a
em alta, o Brasil formou 90 mil das universidades, cursos de universidade se torna menos
mestres e doutores em ciências especialização, pós-graduação relevante com as mudanças que
duras, 30 mil por ano, segundo e a uma explosão de escala estão ocorrendo, porque ela
dados da Coordenação de das coisas em quantidade e é fundamental à formação de
Aperfeiçoamento de Pessoal demandas da sociedade”, pessoal qualificado e tem uma
de Nível Superior (Capes). Uma explica Domingues. Com essa representatividade significativa
Pesquisa de Inovação (Pintec), velocidade, novos cursos – que na pesquisa mundial, mas como
feita pelo Instituto Brasileiro de demoram para ser elaborados torná-la atrativa, adaptável e de
Geografia e Estatística (IBGE) e aprovados – acabam qualidade para todos?
em 2011, perguntou para as inaugurando já obsoletos. Os professores Dagnino e
empresas inovadoras “quantos Além disso, Britto aponta Domingues foram consistentes
mestres e doutores em ciências que, apesar de a autonomia em afirmar que a universidade
duras você contratou para das autarquias universitárias está muito massificada hoje, e
realizar P&D?” A resposta é que ser prevista pela constituição, esse não era o planejamento.
em três anos eles contrataram na prática, não há efetividade A Unicamp, por exemplo, foi
68 pessoas dos 90 mil formados. quando para se criar um novo planejada para abrigar no
Ou seja, “estamos formando cargo é preciso solicitação à máximo 10 mil alunos. Segundo
gente para quem?”, questiona o Assembleia Legislativa, o que seu Anuário Estatístico de
professor Dagnino (Figura 2). acaba envolvendo um jogo 2020, com a base de dados de
Portanto, os professores político complexo e flutuante, 2019, mostram quase 40 mil
concordam que está na hora dependente de partidos alunos matriculados somando
de pensar a universidade do dominantes do momento. “Isso graduação e pós-graduação,
futuro no Brasil. O que é preciso acaba atrasando e dificultando com uma taxa de aceitação
adaptar, mudar, acelerar para os projetos que a universidade de apenas 4,3%, segundo as
que esse sistema de geração tem de tentar acompanhar”. notas de aprovação na primeira
de conhecimento seja de Segundo o pesquisador, é fase e pontuação dos últimos
qualidade, acessível, absorvido preciso haver um esforço no matriculados em documento da
pelo mercado brasileiro e sentido de interagir mais com as Comissão Permanente para os
pensado para o interesse áreas de tecnologia, o que não é Vestibulares (Comvest) de 2016.
público. Mas Pereira já adianta, nada simples visto as limitações Isso mostra um
“não haverá uma universidade atuais das universidades. planejamento inadequado ao
de modelo único. Nunca existiu
e não existirá. A universidade
continuará sendo o local mais
adequado para o ensino das
gerações, a produção de
conhecimentos e a ter o olhar
para a sociedade do seu tempo.
As formas é que estão se
alterando desde já”.

Os problemas
Houve uma explosão do
conhecimento e das disciplinas
a partir da metade do século
19. “Nunca se produziu tanto
conhecimento como nos séculos (Foto: Ana Marina Coutinho - SGCOM/UFRJ. Divulgação)
20 e 21 e nunca foi tão grande
o número de disciplinas e de Figura 2. Entre 2006 e 2008, o Brasil formou 90 mil mestres e
áreas do conhecimento. Essa doutores em ciências duras, 30 mil por ano, segundo a Capes.
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“Nunca se produziu cerca de 1,2 milhão de alunos a indústria e dialogar com a
tanto conhecimento estavam matriculados nas 69 sociedade, através da divulgação
universidades federais do país. científica: “Ainda temos que
como nos séculos 20
Para Domingues, o “número aprender bastante a disseminar
e 21. Essa explosão mágico” de funcionamento o nosso conhecimento para um
levou ao aumento das das universidades, com a sua público geral. Porque sabemos
universidades, cursos estrutura atual, seria de 33 disseminar a pesquisa para o
de especialização, pós- mil alunos. Mas, como Britto meio científico, para os nossos
graduação e a uma assume, não podemos deixar pares, mas não sabemos muito
de lado todo esse contingente, sobre essa disseminação do
explosão de escala das
pois os alunos são o que fazem conhecimento para o público
coisas em quantidade e da universidade ser tudo o que em geral”, conclui.
demandas da sociedade.” ela é hoje.
A universidade do
crescimento geográfico do país O papel da futuro: o ensino
e ao imaginário social criado universidade
de que é necessário ter uma Dentro desse projeto
graduação para ser um bom Dagnino defende que pensado para adaptar a
profissional. Dentre as soluções um dos papéis da universidade universidade às mudanças
apresentadas, os entrevistados é atender as demandas da atuais, o ensino também
lembram que a maioria dos sociedade e pesquisar soluções precisa ser repensado. Segundo
países valoriza também outros para ela. O sistema atual é muito Britto, a universidade tem que
tipos de formação, como a elitizado e voltado para a pesquisa encontrar um modo de se
técnica, absorvendo o mercado ao estilo europeu ou norte- ajustar, usando ferramentas da
com bons salários – algo que americano, o que não condiz informática, ensino a distância
não acontece no Brasil e cria- com a realidade latina. “Existe e outras estratégias. “Não tem
se a solução única de que é toda uma estrutura voltada para mais sentido tentarmos, como
preciso ter nível superior, lotando um tipo de pesquisa que não fazíamos 50 anos atrás, passar
as universidades, tornando-as atende a realidade brasileira, conhecimento para os alunos.
massificadas. não dialoga com aqueles que Isso é impossível com o avanço
É claro que se defende a pagam a universidade através do conhecimento que nós temos
universidade pública para todos, dos impostos. A classe baixa e a no século XXI, principalmente.
mas para sua qualidade ser média têm demandas coletivas E isso vem aumentando a cada
mantida é preciso planejamento que não são atendidas. A nossa dia mais”, completa o professor
e projeto de médio e longo universidade do futuro tem e explica que a USP e outras
prazos. Segundo Domingues, a que se preocupar com essas universidades têm tentado se
universidade no Brasil inchou em questões de equanimidade”. adaptar com novas formatações
quantidade e tornou-se confusa Britto também lembra que de sala de aula - fugindo do
com múltiplas tarefas, excesso a missão do tripé – pesquisa, modelo tradicional das carteiras
de funções aos docentes e sem ensino e extensão – é ser voltada em fila - cursos híbridos e a
mudanças rápidas. É preciso para a sociedade e a universidade internacionalização, que já é
agora modificar o cardápio do futuro precisa abranger isso. forte para a pesquisa e precisa
das ofertas de ensino superior, “A inovação precisa também de mais incentivo na área do
visando educação humanista, estar nesse projeto, tudo o ensino, como o intercâmbio de
mas não esquecendo que as que pesquisamos precisa ter alunos.
escolas técnicas têm seu valor e um impacto social”, completa. O pesquisador continua
precisam de maior investimento, Além dessas mudanças, a defendendo que o ensino
assim como o ensino básico. universidade precisa aprender clássico já não é mais atrativo
Em 2019, a USP contava a conversar com outras e eficiente nem para os jovens
com pouco mais de 97 mil alunos. instituições, saber negociar digitais e nem para os mais velhos.
Além disso, para o mesmo ano, com o governo, interagir com Pereira, completa que, com a
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densidade de conhecimento globalizado pede a formação de “A universidade deve ser
que está disponível hoje e ao indivíduos com perspectivas inter mantida pelo próprio bem
alcance de todos, o docente e multiculturais, com estudos e
da sociedade. A forma
passa a ter um novo papel, seja pesquisas sobre grandes temas
presencial ou a distância, para a da humanidade como: poluição, como ela será, está na
formação de profissionais com desmatamento, extinção de relação direta de como a
visão inter e multidisciplinar espécies, degradação do solo, sociedade será.”
contemporânea. “A pandemia produção de alimento para
trouxe a necessidade de ser uma possível superpopulação,
mais estudado e aplicado o mudanças climáticas, energia pensar algo novo, para o novo
ensino a distância, conhecendo limpa, evolução tecnológica, momento vivido. Após uma
quais suas possibilidades e epidemias e crises de saúde, série de desmontes vividos pela
limitações. Desde a visão de discriminação, conflitos universidade, é preciso reerguê-
uma forma mais democrática em larga escala, conflitos la para o futuro. “Não podemos
de ensino universitário, até de religiosos, grupos extremistas. A repetir o que foi feito no passado
organizar novas metodologias graduação, já há tempos, deixou porque não é o que a sociedade
que não sejam apenas de ser vista como formação brasileira precisa para construir
a transposição de aulas final e é entendida como um futuro melhor. Decidir
presenciais para aulas online”, formação básica que favorece como será feito agora tem que
completa. Sobre o formato das ao profissional conhecimentos vir de baixo para cima, não é
salas de aula e a estrutura física básicos para uma autônoma ministro que vai decidir, mas
das universidades, Domingues continuidade de aquisição de toda a sociedade, em diálogo”,
comenta que “universidade conhecimentos”, explica Pereira. defende Dagnino.
é mais que sala de aula, é um O pesquisador também
ambiente. O aluno precisa estar Soluções lembra que uma possibilidade
disponível para suas vivências, de melhorar o sistema
eventos e networking”, para Como parte das está acontecendo com a
uma formação completa. problemáticas apontadas, a curricularização da extensão,
Essas são tendências que a universidade do futuro precisa mas deve ser projetado e
área da pesquisa já tem passado, iniciar um diálogo entre seus executado com atenção e
visto os crescentes grupos de pares – docentes, pesquisadores, cuidado. Complementando,
pesquisa e o desenvolvimento servidores, agências de fomento, Domingues atenta para
em parcerias internacionais. gestores. “É possível fazer soluções, pois “é preciso
A pesquisa não é mais feita pesquisa de excelente qualidade, mudar as agendas, as ênfases
solitariamente, e o ensino original, de alta complexidade, e as prioridades. O desafio é
também não deve ser. “O mundo para atender a outras realidades preparar quadros para o mundo
que não a realidade dos países do futuro em que a maioria
desenvolvidos. Não pode ficar das profissões hoje conhecidas
“Existe toda uma orientando a nossa pesquisa não mais existirá, exigindo não
estrutura voltada para e o nosso ensino para as mais uma habilidade técnica
necessidades que não são ou uma profissão específica,
um tipo de pesquisa que
nossas”, completa Dagnino. mas a formação de indivíduos
não atende a realidade É necessário acrescentar autônomos e polivalentes,
brasileira. A classe baixa que um bom momento para capazes de aprender novas
e a média têm demandas iniciar esse diálogo de qual habilidades em tempo real e se
coletivas que não são universidade queremos para adaptar às novas demandas e as
atendidas. A nossa o futuro é agora. O momento mais diversas situações”, explica.
em que fundos estão sendo Pereira completa com
universidade do futuro
recompostos e religados. Mas algumas ideias que já estão
tem que se preocupar não se pode repetir o que foi sendo implementadas, como
com essas questões de feito no passado, esperando adotar um currículo mais
equanimidade.” algum sucesso similar. É preciso multicultural com possibilidades
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de ser desenvolvido em coisa que podemos ter certeza é
* Karina Francisco é jornalista, mestranda
qualquer universidade que a universidade continuará em Divulgação Científica e Cultural, ama
do mundo; pesquisas a existir daqui a 100 anos. A ler sobre ciência e ficção científica.
interdisciplinares e em redes certeza vem da sua capacidade
de pesquisas com participantes em ‘ler’ as necessidades da
de diversas universidades do sociedade e de se adequar a Referências
mundo, sobre questões amplas elas. A universidade deve ser
da humanidade; atividade mantida pelo próprio bem da 1. SHANGAI RANKING. 2022
Academic Ranking of World
de extensão voltada para a sociedade. A forma como ela
Universities. Shangai: Shangai
sociedade mais ampla e não só a será, está na relação direta de Ranking, 2022.
local, regional ou nacional. “Uma como a sociedade será”.

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