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Ulysses Rodrigues Vianna

José Romário de Carvalho


Iulo Pessotti Moro
Organizadores

Memórias
em
Gestão
Pública
ULYSSES RODRIGUES VIANNA
JOSÉ ROMÁRIO DE CARVALHO
IULO PESSOTTI MORO
(ORGANIZADORES)

MEMÓRIAS EM GESTÃO PÚBLICA


3ª EDIÇÃO

ALEGRE-ES
UNICOPY
2020
CCAE-UFES
Centro de Ciências Agrárias e Engenharias, Universidade Federal do Espírito Santo Alto
Universitário, s/n, Guararema, Alegre-ES
Telefone: (28) 3552-8955 – Fax (28) 3552-8903
www.alegre.ufes.br/ccae
ISBN: 978-65-991916-0-2
Editora: UNICOPY
Agosto 2020

Diagramação e capa
José Romário de Carvalho

Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)


(Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil)
M533 Memórias em gestão pública [recurso eletrônico] / Ulysses Rodrigues
Vianna, José Romário de Carvalho, Iulo Pessotti Moro
organizadores.
- Dados eletrônicos. – Alegre, ES: UNICOPY, 2020.

62 p.: il.
Inclui bibliografia.
ISBN: 978-65-991916-0-2

Modo de acesso:
1. Administração pública. 2. Governança. 3. Universidades e
faculdades - Administração. 4. Cultura organizacional. I. Vianna,
Ulysses Rodrigues, 1977-. II. Carvalho, José Romario, 1983-. III.
Iulo Pessotti Moro, 1989-.

CDU: 35

Os textos apresentados nessa edição são de inteira responsabilidade dos autores. Os


organizadores não se responsabilizam pela revisão ortográfica e gramatical dos trabalhos
apresentados.
REITOR – UFES
PAULO SÉRGIO DE PAULA VARGAS

DIRETORA DO CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E ENGENHARIAS – UFES


LOUISIANE DE CARVALHO NUNES

ORGANIZADORES DESTA OBRA


ULYSSES RODRIGUES VIANNA
JOSÉ ROMÁRIO DE CARVALHO
IULO PESSOTTI MORO
APRESENTAÇÃO

A obra de coletâneas “MEMÓRIAS EM GESTÃO PÚBLICA III” surgiu de uma ideia


encampada entre alunos e professores do Programa de Pós-Graduação em Gestão Pública do
Campus Sul Capixaba da Universidade Federal do Espírito Santo.
Este se trata do terceiro volume de uma obra que engloba trabalhos com diferentes
temas dentro da Administração Pública e ligados aos trabalhos de Dissertação dos alunos da
Pós-Graduação em Gestão Pública da UFES.
A obra é independente e consta de cinco capítulos com assuntos que servirão de base
como texto fundamental para o estudo nas diversas áreas da Administração Pública. Assim,
seu público alvo são alunos e professores dos cursos de Graduação e Pós-Graduação das áreas
ligadas a Administração Pública.
Assim, apresentamos o livro “MEMÓRIAS EM GESTÃO PÚBLICA III”, sendo
permitido seu pleno uso de textos e figuras, desde que respeitados os direitos dos autores a
terem os devidos créditos. Ainda, os textos apresentados nessa edição são de inteira
responsabilidade dos autores. Os organizadores não se responsabilizam pela revisão
ortográfica e gramatical dos trabalhos apresentados.
LISTA DE ORGANIZADORES

Ulysses Rodrigues Vianna. Doutor em Entomologia, Professor Associado do Departamento


de Agronomia, Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Ciências Agrárias e
Engenharias, Alegre, ES, e-mail: ulyssesvianna@hotmail.com.

José Romário de Carvalho. Doutor em Produção Vegetal (Fitossanidade – Entomologia),


Professor da Secretaria do Estado de Educação do Espírito Santo, Jerônimo Monteiro, ES, e-
mail: jromario_carvalho@hotmail.com.

Iulo Pessotti Moro. Mestrando em Gestão Pública, Universidade Federal do Espírito Santo,
Alegre, ES, e-mail: pmoroiulo@gmail.com.
LISTA DE AUTORES

Carlos Henrique Rodrigues de Oliveira. Professor Associado do Instituto Federal de


Ciência e Tecnologia do Espírito Santo, campus de Alegre, e-mail:
carlos.oliveira@ifes.edu.br.

Fabrícia Benda de Oliveira. Professora Adjunta do Departamento de Geologia –


Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Ciências Exatas, Naturais e da Saúde, e-
mail: fabriciabenda@gmail.com.

Gianni Carvalho Machado Guimarães. Mestranda em Gestão Pública – Programa de Pós-


Graduação em Gestão Pública, Universidade Federal do Espírito Santo, e-mail:
gianni.machado@hotmail.com.

Iulo Pessotti Moro. Mestrando em Gestão Pública – Programa de Pós-Graduação em Gestão


Pública, Universidade Federal do Espírito Santo, e-mail: pmoroiulo@gmail.com.

Jorgeana Antônio Azevedo Gonçalves. Mestranda em Gestão Pública – Programa de Pós-


Graduação em Gestão Pública, Universidade Federal do Espírito Santo, e-mail:
jorgeana.goncalves@gmail.com.

Lidianne Bicalho Almeida. Mestranda em Gestão Pública – Programa de Pós-Graduação em


Gestão Pública, Universidade Federal do Espírito Santo, e-mail: lidianne@live.com.

Marianne Alves da Silva. Mestranda em Gestão Pública – Programa de Pós-Graduação em


Gestão Pública, Universidade Federal do Espírito Santo, e-mail:
mariannealves.ef@gmail.com.

Ulysses Rodrigues Vianna. Professor Associado do Departamento de Agronomia –


Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Ciências Agrárias e Engenharias, e-mail:
ulyssesvianna@hotmail.com.
SUMÁRIO

Capítulo 1. Desenvolvimento da educação superior no brasil............................................13


Gianni Carvalho Machado Guimarães e Ulysses Rodrigues Vianna

Capítulo 2. Arborização urbana aplicada à gestão pública municipal..............................23


Iulo Pessotti Moro; Fabricia Benda de Oliveira e Carlos Henrique Rodrigues de Oliveira

Capítulo 3. Comunicação organizacional: aspectos teóricos..............................................37


Jorgeana Antônio Azevedo Gonçalves e Fabricia Benda de Oliveira

Capítulo 4. Coordenação de estágio......................................................................................45


Lidianne Bicalho Almeida e Fabricia Benda de Oliveira

Capítulo 5. A prática regular de atividade física e saúde do trabalhador.........................55


Marianne Alves da Silva e Ulysses Rodrigues Vianna
MEMÓRIAS EM GESTÃO PÚBLICA III

Capítulo 1

DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
SUPERIOR NO BRASIL
Gianni Carvalho Machado Guimarães 1
Ulysses Rodrigues Vianna2

1 INTRODUÇÃO

Em março de 1990, por iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU), da


UNESCO, do UNICEF, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)
e do Banco Mundial ocorreu a Conferência Mundial de Educação para Todos; onde foram
definidos critérios para os planos decenais de educação voltados principalmente para
países menos desenvolvidos, e proclamava “uma educação básica adequada e fundamental
para fortalecer os níveis superiores de educação e de ensino, a formação científica e
tecnológica e, por conseguinte, para alcançar um desenvolvimento autônomo” (FRANÇA,
2010, p. 93). A meta para o milênio era a escolarização para todos, conhecida como
universalização da educação para todos.
Segundo França (2010) após esta conferência diversos países da América Latina,
incluindo o Brasil, iniciaram reformas com a criação de diversas ações e programas
educacionais partindo sempre dos princípios de eficiência e equidade, o que significam
estruturar de modo novo e mais produtivo o aproveitamento escolar e as qualificações
profissionais, e assim produzir capital humano de melhor qualidade a fim de tornar os
países mais competitivos na economia mundial.

1
Mestranda em Gestão Pública, Universidade Federal do Espírito Santo. E-mail: gianni.machado@hotmail.com
2
Departamento de Agronomia, Universidade Federal do Espírito Santo. Centro de Ciências Agrárias e Engenharias. E-mail:
ulyssesvianna@hotmail.com

13
Capítulo 1. Desenvolvimento da educação superior no Brasil

As políticas implementadas pelo governo brasileiro na educação foram iniciadas no


final dos anos 90 com base em transformações as quais visaram à superação do status de
atraso tecnológico e a colocação no mercado de trabalho, de mão de obra apta a responder
às novas demandas do mundo globalizado.
De acordo com França (2010) o que se pode constatar é que houve um grande
avanço na expansão da educação nos países da América Latina e no Brasil ocorreu
inicialmente com o Plano Decenal de Educação para todos. Há oferta dos serviços
educacionais em praticamente todo o território nacional, no entanto um problema ainda
existente é a qualidade deste serviço educacional prestado a comunidade.
Um dos grandes dilemas apresentados no cenário da educação superior no Brasil é
a sua democratização, no que se refere a universalização de vagas em seus níveis e
modalidades, e requer, além do acesso uma política de permanência com qualidade
(LIMA, 2010).

1.1 A EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL

A educação superior no Brasil foi iniciada pelos jesuítas durante o período Brasil
Colonial, desde essa época as vagas eram destinadas somente a uma elite dominante, foi
um período de democratização restrita e conservadorismo elitista.
A educação superior brasileira passou por diversos momentos ao longo da história
desde o período do Império, República Populista e até no Regime Militar onde o acesso ao
ensino superior sempre foi restrito à uma minoria da alta sociedade e as vagas não absorvia
todos os candidatos interessados.
A partir de 1911 ocorre a institucionalização do acesso à educação superior com a
publicação de Decretos Federais. O Decreto nº 8659, de 5 de abril de 1911, cria o Exame
de Admissão com prova escrita sobre conhecimentos da língua vernácula, uma prova oral
sobre leitura com interpretação do texto, conhecimento geral da língua francesa, de
geografia e de história do Brasil, e toda parte prática da aritmética elementar (SANTOS,
2011).
Alguns anos depois, o Decreto nº 11.530 de 18 de março de 1915 institui a
nomenclatura Vestibular para os exames aplicados na época e previa que além dos exames
vestibulares era exigido dos candidatos apresentar certificado de aprovação das matérias do
curso Ginasial realizado em alguns específicos estabelecimentos de ensino público
(SANTOS, 2011).

14
MEMÓRIAS EM GESTÃO PÚBLICA III

O Decreto nº 16.782 de 13 de janeiro de 1925 estabelece o critério de vagas nas


instituições, até esse Decreto os candidatos que fossem aprovados tinham direito a
matrícula, a partir desse decreto o diretor fixava o número de vagas anuais e os estudantes
aprovados eram matriculados por ordem de classificação até preencher as vagas, o que
tornou o processo mais competitivo e discriminatório.
De acordo com Souza (2010) durante o período da ditadura militar o Estado passou
a valorizar a iniciativa privada se desobrigando da educação pública, procurando fórmulas
para eliminar a gratuidade, especialmente, da educação superior, ressaltando que este seria
o critério mais justo e igualitário já que eram os estudantes ricos quem tinham acesso a
educação superior pública.
Desde o período militar houve um número crescente de candidatos participantes de
processos de seleção, devido ao crescimento da classe média e as novas oportunidades de
trabalho na economia estatal. Contudo não havia vagas suficientes nos cursos de graduação
para absorver toda a demanda. Neste contexto foi promulgada a Lei de Reforma
Universitária e adoção do vestibular unificado e classificatório. O setor público não se
preparou para este momento ocasionando o crescimento das instituições privadas no país.
Consequente reflexo nos dias atuais como mostra o Censo da Educação Superior 2018
onde 88,2% das instituições de educação superior são privadas, conforme Tabela 1. No
período compreendido entre 2008 e 2018, a rede privada cresceu 59,3%. A rede pública
aumentou 7,9% no mesmo período (BRASIL, 2018 p. 14).

Tabela 1. Número de instituições de educação superior, por organização acadêmica e categoria


administrativa – Brasil - 2018
Ano Total Universidade Centro Faculdade IF E CEFET
Universitário
Pública Privada Público Privado Pública Privada Público Privado
2018 2.537 107 92 13 217 139 1.929 40 na,*
Fonte: Brasil, Censo da Educação Superior (2018).
*Não se aplica

O período após o fim do regime militar ficou conhecido como período de transição
para a democracia que perdurou até 1994. Foi um período muito importante para as
universidades que intensificaram críticas frente aos problemas da sociedade e assumiram
seu papel de construção de um país democrático (SOUZA, 2010).
Mas foi a partir de 1995 que ocorreu o grande processo de flexibilização das
políticas de acesso à Educação Superior apontando caminhos alternativos de seleção. Foi
também a partir dessa época no início do governo Fernando Henrique Cardoso houve uma
crescente mercantilização da educação através de políticas neoliberais com a expansão das

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Capítulo 1. Desenvolvimento da educação superior no Brasil

instituições privadas enquanto as públicas começam a ficar sucateadas por falta de


investimentos. Em seguia na gestão do governo Lula, com tentativas de políticas de
expansão das universidades públicas, deu-se também continuidade a tais políticas, com
repasses dos recursos públicos às instituições privadas, lógica empresarial como modelo de
gestão nas instituições públicas e encurtamento da formação profissional. Tais políticas só
reafirmaram a desconstrução da educação pública brasileira como um direito social.
(GOMÉZ; TORRES, 2015).
A promulgação da Lei 9.394/96 estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional, trouxe diversas inovações, entre elas foi a autonomia conferida às universidades
no que tange à definição de critérios para seus processos de seleção, em seu artigo 44,
inciso II substitui a palavra “vestibular” por “processo seletivo”.
A expansão da educação superior conta com o Programa de Apoio a Planos de
Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que tem como principal
objetivo ampliação da oferta de educação superior pública e sua permanência. Com o
Reuni, o governo federal adotou uma série de medidas para retomar o crescimento do
ensino superior público, criando condições para que as universidades federais promovam a
expansão física, reestruturação acadêmico-curricular, renovação pedagógica da educação
superior. As ações do programa contemplam o aumento de vagas nos cursos de graduação,
a ampliação da oferta de cursos noturnos, a promoção de inovações pedagógicas e o
combate à evasão, entre outras metas que têm o propósito de diminuir as desigualdades
sociais no país, com políticas de inclusão, programas de assistência estudantil e políticas de
extensão universitária. O Reuni foi instituído pelo Decreto nº 6.096, de 24 de abril de 2007,
e é uma das ações que integram o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE)
(BRASIL, 2010).

1.2 MECANISMOS DE ACESSO AO ENSINO SUPERIOR

Após toda essa evolução da legislação e programas da educação superior


brasileira o governo federal toma a iniciativa de criar políticas de acesso ao ensino
superior, buscando outros métodos de seleção e de admissão para o ingresso nas
instituições, o vestibular deixou de ser o único mecanismo de seleção, com objetivo de
democratizar o acesso, com ampliação das vagas e políticas de permanência.
Podemos citar os seguintes programas desenvolvidos pelo governo federal,
Ministério da Educação, com o propósito de alcançar esses objetivos:

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MEMÓRIAS EM GESTÃO PÚBLICA III

a) Enem;
b) Cotas;
c) PROUNI;
d) FIES;
e) SISU.
Souza (2010) considera que os modelos de seleção adotados pelas instituições de
ensino superior não devem acentuar ainda mais as diferenças existentes entre os
indivíduos, diferenças estas que advém de um histórico de vida e condições sócio-
econômicas e culturais.

1.2.1 Enem

Em 1998, foi criado o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) para avaliar os
estudantes que concluíam o Ensino Médio, com o tempo esse instrumento passou a ser
utilizado como critério de seleção para os estudantes concorrerem a bolsas de estudos no
ensino superior privado, no Programa Universidade para Todos (ProUni), no Sisu e como
forma de acesso complementar ou em substituição ao vestibular por algumas instituições
públicas e privadas de ensino.
A proposta de utilização do Enem como única forma de acesso ao ensino superior
nas Instituições Públicas Federais surgiu em 2009. Com a criação do Sistema de Seleção
Unificada (Sisu), o Enem muda de formato, o Ministério da Educação apresentou a
formatação de um processo seletivo unificado, utilizando as notas desse exame,
denominando-se Novo Enem. Com uma dinâmica diferenciada de provas por áreas de
conhecimento e redação, a proposta era que as instituições no âmbito de sua autonomia
pudessem utilizar o Enem em seus processos seletivos como fase única com o sistema de
seleção unificada, informatizado e on-line; como primeira fase combinado com o
vestibular da instituição ou como fase única para vagas remanescentes do vestibular
(BRASIL, 2009).

1.2.2 Cotas

A Lei 12.711, de 29 de agosto de 2012, conhecida como Lei de cotas, dispõe sobre
o ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível
médio, com possibilidade de acesso das minorias no ensino superior através de cotas

17
Capítulo 1. Desenvolvimento da educação superior no Brasil

raciais e sociais, com 50% no mínimo de suas vagas, por curso e turno, reservadas aos
estudantes que tenham cursado integralmente o Ensino Médio em escolas públicas
(BRASIL, 2012). Vagas ofertadas nas 63 universidades federais, nos 38 institutos federais
de educação, ciência e tecnologia e nos dois centros federais de educação tecnológica.
A referida Lei de Cotas foi regulamentada pelo Decreto nº 7.824/2012,
posteriormente sofreu alterações através do Decreto nº 9.034/2017, que define as condições
gerais e a sistemática de acompanhamento das reservas de vagas. Há também, a Portaria
Normativa nº 18/2012, alterada pela Portaria Normativa nº 9/2017, do Ministério da
Educação, que estabelece os conceitos básicos para aplicação da Lei, prevê as modalidades
das reservas de vagas, fixa as condições para concorrer às vagas reservadas e estabelece a
sistemática de preenchimento.
Em 2016 foi sancionada a Lei nº 13.409/2016 que dispõe sobre a reserva de vagas
para pessoas com deficiência nos cursos técnicos de nível médio e superior das instituições
federais de ensino. Hoje todas as universidades federais, institutos federais de educação,
ciência e tecnologia e centros federais de educação tecnológica participantes do Sisu
utilizam este mecanismo de reserva de vagas.

1.2.3 ProUni

O Programa Universidade para Todos - Prouni tem como finalidade a concessão de


bolsas de estudo integrais e parciais em cursos de graduação e sequenciais de formação
específica, em instituições de ensino superior privadas. Criado pelo Governo Federal em
2004 e institucionalizado pela Lei nº 11.096, em 13 de janeiro de 2005 oferece, em
contrapartida, isenção de tributos àquelas instituições que aderem ao Programa. (BRASIL,
2004)
Dirigido aos estudantes egressos do ensino médio da rede pública ou da rede
particular na condição de bolsistas integrais, com renda familiar per capita máxima de três
salários mínimos, o Prouni conta com um sistema de seleção informatizado e impessoal,
que confere transparência e segurança ao processo. Os candidatos são selecionados pelas
notas obtidas no Exame Nacional do Ensino Médio - Enem conjugando-se, desse modo,
inclusão à qualidade e mérito dos estudantes com melhores desempenhos acadêmicos.
O Programa possui também ações conjuntas de incentivo à permanência dos
estudantes nas instituições, como a Bolsa Permanência e ainda o Fundo de Financiamento

18
MEMÓRIAS EM GESTÃO PÚBLICA III

Estudantil - Fies, que possibilita ao bolsista parcial financiar parte da mensalidade não
coberta pela bolsa do programa.
O Prouni já atendeu, desde sua criação até o processo seletivo do segundo semestre
de 2018, mais de 2,47 milhões de estudantes, sendo 69% com bolsas integrais.
O Programa Universidade para Todos, somado ao Fies, ao Sistema de Seleção
Unificada (Sisu), ao Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das
Universidades Federais (Reuni), a Universidade Aberta do Brasil (UAB) e a expansão da
rede federal de educação profissional e tecnológica ampliam significativamente o número
de vagas na educação superior, contribuindo para um maior acesso dos jovens à educação
superior.

1.2.4 Fies

O Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), criado pela Lei nº 10.260, de 12 de


julho de 2001, é uma ação do Ministério da Educação que financia cursos superiores não
gratuitos com avaliação positiva no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior
(Sinaes). (BRASIL, 2001).
Os financiamentos concedidos com recursos do Fies, para estudantes com renda
familiar per capita de até 3 salários mínimos, neste segundo semestre de 2019 terão taxa
real zero de juros.
Durante o curso, o estudante financiado deve pagar mensalmente, o valor da
coparticipação, que corresponde a parcela dos encargos educacionais não financiada,
diretamente ao agente financeiro.
Após a conclusão do curso, o estudante realizará a amortização do saldo devedor do
financiamento de acordo com a sua realidade financeira, ou seja, a parcela da amortização
será variável de acordo com a renda e nos casos de o estudante não ter renda, será devido
apenas o pagamento mínimo.

1.2.5 Sisu

O Sisu foi criado pelo governo federal em 2010 como um sistema de seleção
unificada informatizado do Ministério da Educação por meio do quais instituições públicas
de ensino superior oferecem vagas a candidatos participantes do Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem).

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Capítulo 1. Desenvolvimento da educação superior no Brasil

Desde sua criação as universidades federais, estaduais e institutos federais aderiram


gradativamente ao SISU. Até então estas instituições participavam de um sistema de
seleção descentralizado, o vestibular, em que alunos se inscreviam diretamente e de forma
independente para diferentes instituições com provas presenciais que geravam custos para
as instituições e gastos com o deslocamento por parte dos candidatos. Com o advento do
Sisu passaram para um sistema centralizado em um único processo de seleção.
A partir deste ponto o Sisu surgiria com três promessas de mudanças em relação
aos vestibulares. Em primeiro lugar traria um ganho institucional com um processo de
ocupação das vagas mais barato e eficiente, a facilidade ao acesso é devido a plataforma
online do Sisu onde estudantes de todo país tomariam conhecimento e poderiam se
candidatar a qualquer vaga disponível em diversas instituições públicas espalhadas pelo
país promovendo assim maior eficiência na ocupação das vagas ociosas em determinados
cursos e instituições. Segundo ponto o Sisu promoveria uma maior integração geográfica e
cultural com a vinda de estudantes de diversas regiões do país. Em terceiro lugar vale
ressaltar o efeito de inclusão social do Sisu com o surgimento da lei de reservas de vagas,
Lei de Cotas (Lei nº 12.711/2012) com possibilidade de acesso das minorias no ensino
superior através de cotas raciais e sociais. (NOGUEIRA et al., 2017).
Neste contexto o Sisu surge como uma inovação ao acesso no Ensino Superior,
assumindo um compromisso de democratização e transparência ao processo de seleção
para ocupação das vagas ao ensino superior público. O número de matrículas na educação
superior continua crescendo, atingindo a marca de 8,45 milhões de alunos em 2018 e com
aumento de 44,6% nas matrículas no período compreendido entre 2008 e 2018 (BRASIL,
2018, p. 18).
Mesmo com as mudanças provocadas pelo Sisu a educação superior pública ainda
tem muito a evoluir e desafios a enfrentar, pois, segundo o Censo da Educação Superior de
2018 publicado pelo Inep a rede privada ofertou 93,8% do total de vagas em cursos de
graduação em 2018 e a rede pública teve uma participação de 6,2% no total de vagas
oferecidas. Com relação às matrículas as Instituições de Ensino Superior privadas tem uma
participação de 75,4% (6.373.274) no total das matrículas de graduação. A rede pública,
portanto, participa com 24,6% (2.077.481).
Diante disso constata-se uma diversificação quanto ao processo de seleção e
mercantilização da educação superior com o crescimento quantitativo da rede privada, tais
mecanismos pouco têm contribuído para reduzir a pobreza e melhorar a democratização da
educação. (SOUZA, 2010).

20
MEMÓRIAS EM GESTÃO PÚBLICA III

Acredita-se que o Governo Federal tem muito a investir e priorizar o ensino


superior público para que as premissas de igualdade e inclusão social sejam cumpridas; e o
direito constitucional à educação seja respeitado pelo Estado.

2 REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). 2001.


Disponível em: < http://fies.mec.gov.br> Acesso em: 12 nov. 2019.

BRASIL. Ministério da Educação. Programa Universidade para todos (Prouni). 2004.


Disponível em: < http://prouniportal.mec.gov.br/o-programa> Acesso em: 10 nov. 2019.

BRASIL. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais


Anísio Teixeira (Inep). Histórico Enem. 2009. Disponível em:
http://portal.inep.gov.br/web/guest/enem/historico. Acesso em: 13 nov. 2019.

BRASIL. Ministério da Educação. O que é o Reuni. 2010. Disponível em:


<http://reuni.mec.gov.br/o-que-e-o-reuni> Acesso em: 13 nov. 2019.

BRASIL. Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012. Dispõe sobre o ingresso nas


universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá
outras providências. Brasília, DF, 2012. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12711.htm. Acesso em: 14
nov. 2019.

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).


Censo da Educação Superior 2018: notas estatísticas. Brasília, 2019.

FRANÇA, Polyana Imolesi Silveira de. As Reformas no Setor Educacional Brasileiro e a


Expansão do Ensino Superior. In: FRANÇA, R. L. de (Org.). Educação e Trabalho:
políticas públicas e a formação para o trabalho. Campinas: Alínea, 2010. p. 89-110.

GOMÉZ, Magela Reny Fonticiella; TORRES, Julio Cesar. Discutindo o Acesso e a


permanência no ensino superior no contexto do Sisu (Sistema de Seleção Unificada).
2015.

LIMA, Antônio Bosco de. Estado, Educação e Controle Social. In: FRANÇA, R. L. de
(Org.). Educação e Trabalho: políticas públicas e a formação para o trabalho. Campinas:
Alínea, 2010. p. 11-30.

NOGUEIRA, C. M. M. et al. Promessas e limites : o Sisu e sua implementação na


Universidade Federal de Minas Gerais. Educação Em Revista, v. 33, p. 33: e161036, 2017.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-
46982017000100116&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 18 set. 2019.

SANTOS, Janete dos. Política pública de acesso ao ensino superior: um olhar sobre a
utilização do Enem/Sisu na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. 2011.

21
Capítulo 1. Desenvolvimento da educação superior no Brasil

SOUZA, Joiciane Aparecida de. Políticas de Acesso à Educação Superior. In: FRANÇA,
R. L. de (Org.). Educação e Trabalho: políticas públicas e a formação para o trabalho.
Campinas: Alínea, 2010. p. 111-127.

22
MEMÓRIAS EM GESTÃO PÚBLICA III

Capítulo 2

ARBORIZAÇÃO URBANA APLICADA À


GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL
Iulo Pessotti Moro1
Fabricia Benda de Oliveira2
Carlos Henrique Rodrigues de Oliveira3

1 INTRODUÇÃO

O termo ecossistema nos faz imaginar florestas, montanhas e outras paisagens


naturais. No entanto, a maioria das pessoas passará suas vidas em ecossistemas urbanos, no
Brasil, 84,36% da população vive em cidades (INSTITUTO BRASILEIRO DE
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE, 2011), de acordo com Duinker et al. (2015), essa
tendência de maior concentração populacional nas cidades tem implicações importantes em
como as sociedades interagem com a natureza e como as florestas urbanas podem fornecer
benefícios sustentáveis para as cidades.
A arborização de ruas e praças desempenham um papel vital para o bem-estar e
melhoria da qualidade de vida das comunidades urbanas (LIRA FILHO, 2012),
contribuindo para isso, a arborização pode apresentar funções ecológicas, tais como: abrigo
para fauna urbana (aves, morcegos, gambás, ouriços, etc.); renovam o oxigênio do ar;
filtram as partículas sólidas em suspensão provenientes de agentes poluidores; amenização
climática; influência no ciclo hidrológico urbano (contribuindo para reduzir o efeito das

1
Mestrando em Gestão Pública, Universidade Federal do Espírito Santo. E-mail: pmoroiulo@gmail.com
2
Departamento de Geologia, Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Ciências Naturais, Exatas e da Saúde. E-mail:
fabriciabenda@gmail.com
3
Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Espírito Santo, campus de Alegre. E-mail: carlos.oliveira@ifes.edu.br

23
Capítulo 2. Arborização urbana aplicada à gestão pública municipal

enchentes); amenização de ruídos; e valorização estética da paisagem (SILVA; PAIVA;


GONÇALVES, 2017).
Para que a arborização de ruas possa desempenhar seu papel de forma satisfatória e
maximizar os seus benefícios é de extrema importância um bom planejamento e para isso,
é imprescindível o conhecimento da estrutura urbana e das espécies utilizadas, para não
haver conflitos entre árvores e ambiente (BIONDI, 2011).
Este conhecimento pode ser obtido através de avaliações quantitativas e/ou
qualitativas da arborização existente. O inventário da população arbórea é o que dá
subsídio para tais avaliações (SILVA; GONÇALVES; VERVLOET FILHO, 2011). O
inventário permite conhecer o patrimônio arbóreo, potenciais locais para o plantio de novas
árvores, identificar áreas com necessidade de manejo, além de permitir o planejamento na
escolha da diversidade de espécies e suas contribuições à paisagem (BOBROWSKI;
BIONDI, 2014).
A gestão da arborização urbana necessita, muitas vezes, de informações detalhadas
e dinâmicas sobre a qualidade dessas árvores. Por isso, outro artifício de suporte e análise
dos dados que pode ser empregado na arborização é o uso de geotecnologias (LIMA
NETO, 2011).
Ainda, de acordo com o autor supracitado, geotecnologias são um conjunto de
tecnologias de informação geográfica referenciada, tendo como ferramentas a
fotogrametria, cartografia, o Sistema de Informação Geográfica (SIG), o Sistema de
Posicionamento Global (GPS), entre outros. De acordo com Silva, Gonçalves e Vervloet
Filho (2011), a informatização dos dados gerados no inventário permite análise,
atualização e armazenamento de forma mais eficiente, reduzindo custos e fornecendo ao
planejador informações mais precisas.
Dessa forma, o inventário, observada sua abrangência nas informações coletadas,
aliado as geotecnologias fornecem um poderoso instrumento de esclarecimento aos
administradores públicos, favorecendo o planejamento das atividades de implantação e
manutenção dos serviços de arborização urbana e consequentemente, melhora na qualidade
de vida da população.
Com isso, este capítulo propõe uma breve revisão sobre a importância da
arborização urbana, e do inventário aliado as geotecnologias como ferramenta de
planejamento na gestão pública e os fatores de escolha das espécies que irão compor o
ambiente urbano.

24
MEMÓRIAS EM GESTÃO PÚBLICA III

1.1 IMPORTÂNCIA DA ARBORIZAÇÃO URBANA

A paisagem urbana é altamente heterogênea e caracterizada por uma interação


complexa entre os diversos serviços urbanos, por exemplo: redes viária, distribuição de
energia, iluminação pública, galerias de esgoto e águas pluviais, pavimentação, construção
civil e a própria arborização, esta última muitas vezes negligenciada (STEENBERG et al.,
2015), impactando diretamente no dia a dia da população.
As árvores urbanas desempenham funções ecológicas, econômicas e sociais
(GALLO; GUARALDO, 2017). Dentre as funções ecológicas, as árvores contribuem para
melhorar o conforto térmico, proporcionando sombra; diminuir os níveis de poluição do ar,
“captando” com suas folhas a poeira em suspensão; regular o ciclo hidrológico urbano,
aumentando a umidade relativa do ar e aumentando a infiltração de água no solo, e reduzir
os níveis de ruído, formando barreiras (SILVA; PAIVA; GONÇALVES, 2017).
As árvores têm impacto positivo não somente em humanos. Um número
considerável de espécies consegue sobreviver no ambiente urbano, diversos artrópodes,
moluscos e vertebrados, bem como outros grupos de plantas e animais conseguem explorar
as zonas urbanas e estabelecer suas populações nela (MORO; WESTERKAMP, 2011),
contribuindo, dessa forma, para conservação da biodiversidade.
Do ponto de vista social, as áreas verdes urbanas como parques, praças e jardins
oferecem um ambiente agradável promovendo benefícios físicos e mentais. Esses
ambientes oferecem lazer contemplativo, pois promove aos usuários agradável sensação de
repouso mental, bem-estar, e paz interior podendo diminuir as tensões e ansiedades. Pode
ser utilizado também para o lazer recreativo, permitindo o uso da terapia ocupacional de
crianças, adultos e pessoas da terceira idade (LIRA FILHO, 2012).
Portanto, as árvores urbanas mostram-se de fundamental importância para melhoria
da qualidade de vida da população que vive nas cidades, porém cabe ressaltar que às vezes,
não se obtém o êxito que se pretende com o plantio, por causa da espécie selecionada,
manejo e tratos silviculturais inadequados ou mesmo local inadequado de plantio (PAIVA;
GONÇALVES, 2012). Com isso, cabe aos gestores públicos planejar todos os aspectos da
arborização para que ela cumpra com sua função de forma plena.

25
Capítulo 2. Arborização urbana aplicada à gestão pública municipal

1.2 INVENTÁRIO DA ARBORIZAÇÃO URBANA

O inventário da arborização urbana pode ser definido como sendo as atividades


exercidas que buscam obter informações qualitativas e/ou quantitativas da arborização
presente no ambiente urbano.
É através do inventário que se obtém conhecimento do patrimônio arbóreo e são
identificadas necessidades de manejo, assim, o inventário é a forma mais segura de se obter
informações completas sobre o estado da arborização urbana. Dada a sua abrangência, o
inventário funciona como uma eficiente ferramenta de esclarecimento e persuasão dos
gestores públicos, influenciando, inclusive, a política para alocação dos recursos públicos
(SILVA; PAIVA; GONÇALVES, 2017).
Edson-Chaves et al. (2019) em um inventário qualiquantitativo dos municípios de
Beberibe e Cascavel, no Ceará, identificaram árvores com danos e possíveis riscos e outras
com baixa fitossanidade e concluindo que os dados obtidos no estudo são necessários e
importantes para identificar locais onde há necessidade de intervenção, a fim de assessorar
a gestão pública.
Locastro et al. (2017) verificaram, através do inventário, que o município de
Cafeara, no Paraná, prioriza o uso no espécies nativas na arborização viária, ocasionando
uma redução na incidência de pragas nas árvores, tornando a arborização mais econômica
para a municipalidade, evitando custos extras voltados à manutenção e controle de pragas.
Assim, o processo de avaliação da arborização de ruas depende da realização de
inventários, a realização de coletas de dados qualiquantitativos são mais eficientes do que a
análise das árvores apenas quantitativamente ou apenas qualitativamente, considerando que
mais informações são geradas no primeiro caso.

1.2.1 Abrangência do Inventário de Árvores Urbanas

A abrangência é um aspecto importante a ser considerado quando da realização de


um inventário. Este pode ser completo (censo) para cidades de menor porte e parcial para
cidades de grande porte, nos quais se faz uso de técnicas de amostragem para reduzir os
custos e tempo de realização do inventário (SILVA; PAIVA; GONÇALVES, 2017).
As necessidades de inventário variam de acordo com a comunidade em estudo,
dependendo do seu tamanho, dos problemas que existem no local e dos objetivos que se

26
MEMÓRIAS EM GESTÃO PÚBLICA III

pretendem atingir. Portanto, o inventário deve ser específico para cada cidade (BIONDI,
2011).
Os inventários completos (censo) são geralmente realizados em cidades de pequeno
porte ou pouco arborizadas. A vantagem da realização do censo é que se obtêm
informações reais da população analisada, porém torna-se inviável em populações muito
grandes em função do tempo gasto e dos custos para execução do inventário (SILVA;
PAIVA; GONÇALVES, 2017). Mas em situações especiais podem também ser realizados
em cidades maiores, quando, por exemplo, começam ocorrer quedas generalizadas de
árvores, seja pela idade ou aspectos fitossanitários.
Os inventários por amostragem, por outro lado, são aplicados quando a enumeração
completa da população não é possível, porém deve-se observar para que a amostra seja
representativa da população, fornecendo estimativas confiáveis (SOARES; PAULA
NETO; SOUZA, 2010).
De acordo com as características locais, podem ser adotados sistemas de
amostragem casual simples, sistemática ou em conglomerados, porém a mais utilizada
atualmente é a amostragem casual simples, devido às características gerais da arborização
das cidades. Porém, como as características podem variar muito de uma cidade para outra é
importante conhecer as potencialidades de cada método, para que se escolha o mais
adequado para cada situação.

1.2.1.1 Inventário Florestal Urbano Através de Amostragem Casual Simples

Esse tipo de amostragem, também conhecida como simples ao acaso, aleatória,


elementar, randômica entre outros, é equivalente a um sorteio lotérico. Nesse tipo de
amostragem todos os elementos da população têm igual probabilidade de pertencer à
amostra e todas as possíveis amostras tem igual probabilidade de ocorrer (CAMPOS;
LEITE, 2017).
Um inventário da arborização urbana por amostragem normalmente requer um
mapa da população para que se possa elaborar uma estrutura de parcelas para seleção
casual, da qual se retirará a amostra (SOARES; PAULA NETO; SOUZA, 2010). Nesse
tipo de amostragem produz-se estimativas sem tendências da população e permite estimar
o erro de amostragem (SILVA; GONÇALVES; VERVLOET FILHO, 2011). Os
estimadores, que são fórmulas matemáticas, são utilizados no intuito de condensar as
informações obtidas através da amostragem, em um único número, a estimativa.

27
Capítulo 2. Arborização urbana aplicada à gestão pública municipal

Nesse processo, a área urbana a ser avaliada é tratada como uma população única.
Pode-se utilizar unidades amostrais de área fixa, cria-se uma malha sobre a população com
dimensões definidas, onde serão realizadas as medições. Através das medições das
unidades amostrais pode-se inferir sobre toda a população (CAMPOS; LEITE, 2017).

1.3 GEOTECNOLOGIAS APLICADAS AO INVENTÁRIO DA ARBORIZAÇÃO


URBANA

Os sistemas de informações geográficas (SIG) são aplicativos computacionais que


possibilitam operações de entrada, análise de dados, armazenamento, gerenciamento e
transformação de dados em informações (BORROUGH, 1998).
A representação dos dados em um SIG pode ser feita de duas formas: a vetorial e a
matricial. No tipo vetorial, as feições são definidas por uma série de pontos que se
agrupam formando linhas ou polígonos. Os pontos são codificados com um par de números
representando as coordenadas do local. No tipo matricial, a área de estudo é dividida em
uma malha de células ou pixels onde são registrados os atributos da superfície terrestre
naquele ponto. Para cada célula é atribuído um valor numérico que pode representar
atributos qualitativos ou quantitativos (LIMA NETO, 2011).
Considerando a arborização como um serviço público de responsabilidade da
gestão municipal, se faz necessário o uso georreferenciado de informações do espaço físico
e sua compatibilidade com o meio urbano. Dessa forma, o SIG é uma importante
ferramenta de auxílio no gerenciamento da arborização, fornecendo dados espacializados.
Atualmente, houve um aumento na produção de trabalhos científicos envolvendo
geotecnologias aplicadas à arborização urbana. De acordo com Castro, Dias e Amanajás
(2016), o processo de avaliação da arborização urbana, seja qualitativa ou
quantitativamente, depende da realização de inventários, as geotecnologias servem como
suporte para obter uma resposta rápida sobre a problemática ambiental urbana. Sendo
assim, as pesquisas podem contribuir para o estímulo da discussão científica sobre a
vegetação urbana.
Pereira et al. (2019), em uma pesquisa realizada em dois bairros do Rio de Janeiro
concluíram que através da produção de mapas temáticos com auxílio de geoprocessamento
foi possível visualizar com facilidade o padrão de distribuição e a localização dos
problemas, auxiliando, dessa forma, no planejamento e manejo da arborização urbana.

28
MEMÓRIAS EM GESTÃO PÚBLICA III

Utilizando um sistema de mapeamento móvel com câmeras de alta resolução e um


sensor GPS de precisão instalados em um carro, Barbosa et al. (2018) mapearam de forma
semiautomática e acurada os componentes da arborização urbana através de imagens
georreferenciadas. O estudo permitiu conhecer a quantidade exata de árvores da cidade, a
localização com precisão, as espécies, tamanho da copa e altura, além disso, permitiu
avaliar as árvores individualmente através da observação das imagens.
Falce et al. (2012), puderam determinar a distribuição espacial quanto ao porte e a
família botânica das árvores utilizadas na arborização do campus Alegre – ES da
Universidade Federal do Espírito Santo. Com isso, perceberam irregularidades nas espécies
escolhidas, constatou-se árvores frutíferas em estacionamentos e árvores de grande porte
muito próximo a prédios. Portanto, mapas com a distribuição espacial das árvores podem
fornecer subsídios para manutenção e adequação da arborização do campus.

1.4 SELEÇÃO DE ESPÉCIES PARA ARBORIZAÇÃO URBANA

Na etapa de planejamento da arborização urbana é indispensável o conhecimento da


estrutura urbana e das características morfológicas das árvores, para que não haja conflito
entre árvore e ambiente (BIONDI, 2011).
A escolha da espécie adequada para determinado local é essencial no planejamento
da arborização urbana. Uma escolha bem-feita determina o sucesso do projeto e diminui
gastos com manejo e manutenção de árvores plantadas em locais inadequados
(GONÇALVES; PAIVA, 2017).
Para a escolha das árvores de rua é necessário considerar: desenvolvimento, porte,
dominâncias de copa (forma, densidade e hábito), processos fenológicos como a queda de
folhas, floração e frutificação, tamanho das folhas, resistência a pragas e doenças, ausência
de toxicidade e dar preferência para espécies nativas (GONÇALVES; PAIVA, 2017;
BOBROWSKI; BIONDI, 2016; BASSO; CORRÊA, 2014).
De posse dessas informações gerais, o planejador deverá ir a cada local de
planejamento para medir e observar o espaço de trabalho, pois, cada lugar apresentará
peculiaridades que deverão ser levadas em consideração ao se planejar a arborização
urbana.

29
Capítulo 2. Arborização urbana aplicada à gestão pública municipal

1.4.1 Características do Ambiente Urbano Para Arborização

Do ponto de vista operacional, deve-se considerar que cada local de planejamento


da arborização é, na verdade, um volume a ser preenchido, e não apenas uma superfície.
Grande parte dos erros cometidos nos planejamentos de arborização ocorre em planejar a
superfície, e não o volume (GONÇALVES; PAIVA, 2017).
As ruas e praças são ambientes mais tradicionais de arborização urbana onde as
árvores são plantadas enfileiradas nos passeios em espaçamentos mais ou menos uniformes
ou em bosques, respectivamente. Quando a calçada é muito estreita, costuma-se fazer o
plantio na rua, próximo ao meio-fio.
Geralmente as ruas são tratadas como largas ou estreitas, mas para o planejamento
da arborização, interessa o que se chama de “caixa” da rua, que é definido pelo volume
contido pela sua largura, comprimento e altura em função de alguns serviços aéreos que
podem estar presentes, fiações, placas de sinalização, iluminação, que são definidores da
altura da “caixa” da rua, determinando o volume disponível para arborização (PAIVA;
GONÇALVES, 2012).
A largura do passeio é definidora do espaço da arborização, em função do plantio
ser feito diretamente nele. Além de se observar os serviços urbanos aéreos, deve-se levar
em consideração o espaço ocupado pelo tronco da árvore, que em algumas situações pode
inviabilizar o trânsito de pedestres. Deve-se observar também, para que a árvore plantada
não obstrua a visão de placas de sinalização nem a luz de postes de iluminação
(GONÇALVES; PAIVA, 2017).
A presença de fiação, seja ela de telefone ou de energia, é considerada o fator mais
importante no planejamento da arborização urbana, pois definirá o porte da árvore a ser
plantada, logo, a caixa da rua. Pode-se optar em plantar árvores de pequeno porte, com a
copa sendo formada abaixo dos fios, porém essas árvores podem não trazer todos os
benefícios que se espera da arborização, sendo para fins meramente estéticos. Ou escolher
espécies de grande porte, com a copa sendo formada acima da fiação (MATOS;
QUEIROZ, 2009).
Os serviços subterrâneos também devem ser levados em consideração, redes de
água, esgoto, telefonia, distribuição de gás, podem estar presentes em tubulações, que é a
forma mais comum ou em amplas galerias. Os problemas ocorrem pelo crescimento das
raízes, que podem causar danos aos equipamentos ou entupimento de canos, além de
dificultar a manutenção. Geralmente, a administração municipal possui mapas e croquis

30
MEMÓRIAS EM GESTÃO PÚBLICA III

dos serviços subterrâneos, portanto, deve-se atentar aos locais de plantio, evitando
conflitos entre sistema radicular e tubulações (GONÇALVES; PAIVA, 2017).
Outro fator que deve ser considerado é o trânsito que circula no local, ele
influenciará na caixa da rua e consequentemente na escolha da espécie. Assim, ruas com
trânsito de veículos de pequeno porte exigirão uma rua com a caixa baixa, podendo-se
adotar espécies de pequeno e médio porte e copa horizontal. Trânsito com caminhões tipo
baú e ônibus, deve-se adotar árvores de grande porte com os galhos em ângulos agudos,
formando copas que aumentem a caixa da rua (MATOS; QUEIROZ, 2009).

1.4.2 Características das Espécies Para Arborização Urbana

Atualmente a recomendação de espécies para a arborização urbana ainda é feita de


forma empírica, se valendo apenas de informações estéticas e bibliográficas. Porém, de
acordo com Biondi (2011), selecionar uma espécie apenas pela sua aparência não é
suficiente para garantir o sucesso de sua adaptação no meio urbano e também não garante
que os mesmos atributos estéticos se manifestarão no local pretendido.
Observa-se que o ambiente urbano fornece para as árvores condições geralmente
antagônicas a um ambiente natural. Por isso, a introdução de uma espécie no ambiente
urbano é um processo complexo e demorado, que requer informações sobre o ambiente, a
espécie e sobre a relação árvore/ambiente (BIONDI, 2011).
Para selecionar as espécies que comporão o ambiente urbano é importante
considerar as seguintes características: desenvolvimento da espécie (rápido, médio e lento);
porte (pequeno, médio e grande); copa (forma, densidade e hábito); perda de folhas
(caducifólia, semicaducifólia ou perenifólia); floração e frutificação (tamanho e
intensidade); tamanho das folhas; resistência a pragas, doenças e poluição; ausência de
princípio tóxicos e de preferência que sejam nativas (BIONDI, 2011; GONÇALVES;
PAIVA, 2017).
Com relação ao desenvolvimento, as árvores de crescimento rápido, de um modo
geral, produzem madeira frágil e de baixa densidade quando comparadas com as espécies
de crescimento lento, que produzem madeiras mais densas. Por isso, é recomendado que se
escolha espécies com crescimento lento, a fim de evitar problemas futuros com quedas de
galhos (PAULA; ALVES, 2010).
Deve-se escolher a espécie com o porte adequado em função do espaço aéreo
disponível para o seu crescimento pleno, evitando, dessa forma, gastos futuros com podas,

31
Capítulo 2. Arborização urbana aplicada à gestão pública municipal

por exemplo. Pois, o porte inadequado da árvore pode gerar danos às redes elétricas,
prejudicar a iluminação ou placas de sinalização (CRISPIM et al., 2014).

Quadro 1. Algumas espécies utilizadas ou potencialmente utilizáveis na arborização urbana.


ESPÉCIES DESENVOLVIMENTO PORTE ARBÓREO
Nome vulgar Nome científico Rápido Lento Pequeno Médio Grande
Oiti Licania tomentosa x x
Murta Murraya exotica x X
Hibisco Hibiscus rosa-sinensis x X
Ipê-mirim Tecoma stans x X
Escumilha africana Lagestroemia speciosa x X
Calistemon Callistemon viminalis x x
Sibipiruna Caesalpinia peltophoroides x x
Ipê-amarelo Tabebuia serratifolia x x
Munguba Pachira aquatica x x
Quaresmeira rosa Tibouchina granulosa x x
Magnolia amarela Michaelia champaca x x
Jacarandá mimoso Jacaranda mimosifolia x x
Buganvilea Buganvillea glabra x x
Flamboyant mirim Caesalpinea pulcherrima x X
Unha-de-vaca Bauhinia spp x x
Pau mulato Calycophyllum spruceanum x x
Tipuana Tipuana tipu x x
Tamboril Enterolobium contortisiliquun x x
Ipê-roxo Tabebuia avalanedae x x
Flamboyant Delonix regia x x
Eritrina Erythrina verna x x
Paineira Chorisia speciosa x x
Chuva de ouro Cassia fistula x x
Astrapéia Dombeya wallichii x x
Sete-cascas Samanea inopinata x x
Araçá Psidium cattleianum x X
Peroba rosa Aspidosperma polyneuron x x
Pau Brasil Caesalpinea echinata x x
Chorão Salix babilonica x x
Alfeneiro Ligustrum japonicum x x
Fonte: Gonçalves e Paiva (2017), adaptado pelos autores.

O tipo de floração é um fator de escolha que também deve ser levado em


consideração, pois flores muito grandes, quando caídas no chão tornam a calçada
escorregadia, podendo causar acidentes aos pedestres, além da sujeira que acumula na rua
e nos veículos. Também não se recomenda aquelas que soltam substâncias que podem
manchar os carros, exalam perfume muito forte ou produzem muito pólen, pois podem
provocar alergias em algumas pessoas (SANTOS et al., 2015).

32
MEMÓRIAS EM GESTÃO PÚBLICA III

Quanto ao tipo de fruto é recomendado para arborização de ruas que se utilizem


espécies com frutos pequenos, pois frutos grandes podem causar danos aos carros
estacionados. Deve-se evitar espécies com frutos comestíveis, pois estes estimulam a
depredação das árvores (MARTINI, 2011), além de que os frutos podem estar
contaminados com metais pesados ou outras substâncias tóxicas provenientes da poluição
urbana.
Portanto, é fundamental conhecer as principais características das espécies que
comporão a arborização urbana, sendo assim, o Quadro 1 apresenta as características de
desenvolvimento e porte de algumas espécies utilizadas ou potencialmente utilizáveis na
arborização urbana.

1.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma arborização de má qualidade pode gerar mais transtornos para a população do


que benefícios. Por isso, é necessário manter ou melhorar a qualidade da arborização
urbana para que a população possa desfrutar de uma melhor qualidade de vida.
Em tempos de escassez de recursos, as prefeituras estão com o orçamento cada vez
mais reduzido, o que exige uma aplicação eficiente do recurso. Sabe-se que os inventários
da arborização urbana demandam uma quantidade de recursos significativa, e que quanto
mais complexo, ou seja, quanto maior o número de variáveis estudadas, maior será o custo
de realização do inventário. Dessa forma, a utilização de geotecnologias torna-se cada vez
mais indispensáveis para um bom planejamento e análise do inventário da arborização
urbana.
Por meio dos dados obtidos no inventário é possível fazer um diagnóstico da
arborização e definir ações de manejo visando a melhoria e/ou manutenção da qualidade.
Em locais onde há necessidade de plantios deve-se observar atentamente as características
do ambiente e das espécies que serão utilizadas para se obter sucesso na arborização e
minimizar os custos futuros com manejo de correção.

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33
Capítulo 2. Arborização urbana aplicada à gestão pública municipal

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35
MEMÓRIAS EM GESTÃO PÚBLICA III

Capítulo 3

COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL:
ASPECTOS TEÓRICOS
Jorgeana Antônio Azevedo Gonçalves 1
Fabricia Benda de Oliveira2

1 INTRODUÇÃO

Em um mundo contemporâneo, na era da informação, com a modernização dos


processos, a velocidade das mudanças e a tecnologia de ponta cada vez mais presente e
influente no ambiente organizacional, para uma organização estar preparada para enfrentar
os novos desafios sociais e um mercado global altamente competitivo, um sistema de
comunicação eficiente, transparente, integrado e interativo torna-se essencial.
A comunicação organizacional engloba as mais diversas formas de interagir e
relacionar-se com os variados públicos estratégicos de uma instituição (stakeholders),
sejam eles internos ou externos e tem assumido, cada vez mais, um papel estratégico na
gestão administrativa. Por isso, é de suma importância que os processos comunicativos
sejam adequados e claros, de forma que envolvam todas as áreas organizacionais em prol
de ações voltadas para objetivos comuns, focando nos resultados planejados, mas
preocupando-se com as relações humanas, visando colaboradores ativos e motivados.
Contudo, há uma percepção de que em muitas instituições, públicas ou privadas,
por ainda possuírem uma estrutura tradicional extremamente hierarquizada e burocrática,
tais processos ainda ocorram de modo mais lento e, muitas vezes, ineficaz, dificultando a

1
Mestranda em Gestão Pública, Universidade Federal do Espírito Santo. E-mail: jorgeana.goncalves@gmail.com
2
Departamento de Geologia, Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Ciências Naturais, Exatas e da Saúde. E-mail:
fabriciabenda@gmail.com

37
Capítulo 3. Comunicação Organizacional: aspectos teóricos

integração indivíduo-organização realmente efetiva, o que reforça a necessidade de investir


mais fortemente nessa área, realizar pesquisas para identificar os entraves e obter subsídios
para propor soluções viáveis e compatíveis com cada realidade, buscando sempre
estabelecer os canais apropriados para cada público-alvo e para cada tipo de mensagem a
ser transmitida.
Sabendo-se da importância de uma comunicação organizacional eficaz e de sua
valorização diante de um contexto atual bastante complexo e inconstante, esta revisão tem
como objetivo apresentar aspectos teóricos sobre o tema, estreitando o olhar para a
evolução do papel da comunicação nas organizações.

2 COMUNICAÇÃO

A palavra comunicação deriva-se do latim commmunicare, que significa partilhar,


dividir, tornar comum, associar, trocar opiniões. Comunicar-se é uma necessidade
intrínseca do ser humano, que, apesar de ser uma forma natural de se conectar com o
mundo, precisa ser trabalhada para tornar-se clara, coerente e concisa. É, portanto, a
transferência e a compreensão de significado, que ocorre no cotidiano das pessoas, nas
relações sociais ou profissionais. Segundo Chiavenato (2006, p. 142), “[...] a comunicação
é a troca de informações entre indivíduos. Significa tornar comum uma mensagem ou
informação. Constitui um dos processos fundamentais da experiência humana e da
organização social”.
Sobre o processo de comunicação (FIGURA 1), inicialmente é necessário um
propósito, expresso como uma mensagem que “[...] é codificada (convertida em forma
simbólica) e transmitida por um meio (canal) para um receptor, que retraduz (decodifica) a
mensagem iniciada pelo remetente” (ROBBINS; DECENZO; WOLTER, 2014, p. 285).
Durante esse fluxo, que pode ocorrer de maneira vertical ascendente (comunicação dirigida
aos níveis mais altos da organização), vertical descendente (comunicação que flui dos
níveis mais altos para os mais baixos) ou horizontal (comunicação lateral que acontece
entre níveis hierárquicos equivalentes), segundo Robbins e Judge (2010), pode haver
ruídos, que interfiram na transmissão eficaz dessa mensagem, sendo, por isso, indicado
realizar o feedback para a conferência do entendimento da informação e,
consequentemente do sucesso desse processo. A comunicação pode, ainda, ser formal,
quando segue a hierarquia da organização, ou informal, quando ignora os níveis de
autoridade.

38
MEMÓRIAS EM GESTÃO PÚBLICA III

Figura 1. O processo de comunicação

Fonte: Robbins, Decenzo e Wolter (2014).

Portanto comunicar-se de maneira eficiente e eficaz é fazer com que a mensagem


seja transmitida da maneira mais límpida possível, evitando ou reduzindo o efeito das
barreiras existentes durante o processo, com uma linguagem adequada e através do meio
mais apropriado para que o receptor entenda exatamente o que o emissor deseja,
considerando as inúmeras possibilidades de interpretação.
A comunicação humana se faz presente desde os tempos mais remotos, quando
nossos ancestrais mais primitivos manifestavam-se através de gestos, expressões,
grunhidos, evoluindo para os desenhos nas paredes das cavernas pré-históricas até chegar à
escrita, culminando na construção de variados idiomas, dialetos, símbolos. Dos primórdios
até os dias atuais, muitas foram as mudanças ocorridas na forma de se expressar, bem
como de se relacionar com as pessoas e com o meio, especialmente no século XX, com o
advento da internet e o consequente surgimento do fenômeno “globalização”, o qual
ampliou essa rede de comunicação para um contexto mundial, com informações
transmitidas em tempo real.
Diante desse processo irreversível e revolucionário, o estudo sobre a comunicação
tornou-se ainda mais necessário para reavaliar a utilização dos meios tradicionais e
aprender as novas possibilidades de interação, com uma comunicação mais abrangente,
através de um diálogo democrático e participativo, seja no âmbito interpessoal ou no
organizacional. Ela deixou de ser uma área secundária dentro de uma organização, para ser
um elemento singular para a sua produtividade e seu sucesso.

39
Capítulo 3. Comunicação Organizacional: aspectos teóricos

2.1 COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL

2.1.1 Histórico

No contexto mundial, a Revolução Industrial e a consequente expansão das


empresas no século XIX propiciaram mudanças nas relações de trabalho, de produção e de
comercialização, fazendo com que as empresas buscassem novas formas de comunicação
com seus públicos, tornando a propaganda, durante esse período, algo fundamental para
enfrentar a concorrência cada vez mais acirrada. Em 1989, com o fim da Guerra Fria, surge
uma nova configuração geográfica mundial, que, juntamente com a globalização, a
revolução tecnológica, da informação e da comunicação, afetou os mercados globais de
forma significativa, tornando o cenário econômico ainda mais competitivo. Segundo
Kunsch (2006), para fazer frente aos grandes desafios, a comunicação organizacional
tornou-se uma importante ferramenta estratégica para as empresas lidarem com as novas
questões mercadológicas e para se relacionarem com seus stakeholders, cada vez mais
exigentes quanto à responsabilidade social, a atitudes transparentes e a comportamentos
éticos, gerando a necessidade de profissionalizar a gestão dessa comunicação.
No Brasil, ainda segundo Kunsch (2006), o surgimento da comunicação
organizacional foi decorrência do seu desenvolvimento econômico, social e político e da
evolução das atividades de relações públicas e do jornalismo empresarial, a partir da
década de 1950, como consequência da política industrial desenvolvimentista iniciada por
Getúlio Vargas e implementada efetivamente por Juscelino Kubitschek, tendo como um
fato marcante desse período a criação da ABRP - Associação Brasileira de Relações
Públicas. Porém, foi a partir de 1985, com a reabertura política do país, que as instituições
e organizações passaram a entender melhor a necessidade de serem transparentes e de se
relacionarem com a sociedade de forma democrática, através de um diálogo aberto. O
destaque dessa época, considerado marco na história da comunicação organizacional no
Brasil, foi o Plano de Comunicação Social da empresa Rhodia, com uma comunicação
integrada e mais pró-ativa, que serviu de paradigma para outras organizações.
A partir dos anos 1990, a comunicação passa de tática à estratégica, visando atuar
como uma ferramenta de gestão nas empresas. Da comunicação técnica, voltada a orientar
a operacionalização do trabalho à comunicação de massa, com a disseminação de ideias e
divulgação da marca, dos serviços e produtos através de uma única fonte, a comunicação
começou a ter o receptor como um sujeito ativo nesse processo, aquele que interage, opina,

40
MEMÓRIAS EM GESTÃO PÚBLICA III

critica, cobra, colabora. Essa evolução conceitual e prática da comunicação incentiva as


organizações a valorizar o ser humano e buscar alternativas dinâmicas para superar as
ações racionais estáticas.
Em relação às características e às práticas vigentes da área de comunicação nas
organizações brasileiras, Kunsch (2006) destaca quatro realidades distintas: a primeira com
organizações que investem em comunicação porque a veem como um elevado valor
estratégico de resultados; a segunda quando a comunicação é vista mais fortemente na
esfera tática; a terceira, quando a organização possui uma comunicação apenas reativa; a
quarta quando a comunicação assume um papel apenas funcional.

2.1.2 Conceito e Definição

A comunicação organizacional, empresarial, corporativa ou institucional é aquela


que ocorre no âmbito de uma organização, que visa promover a melhoria das relações
humanas e o alcance de objetivos organizacionais, podendo ser institucional,
mercadológica, administrativa e interna. Atualmente, muitos estudiosos abordam a
comunicação organizacional sob uma perspectiva mais integrada. A esse respeito, Kunsch
(2006, p. 149) conceitua da seguinte forma:

Comunicação organizacional, como objeto de pesquisa, é a disciplina que estuda


como se processa o fenômeno comunicacional dentro das organizações no
âmbito da sociedade global. Ela analisa o sistema, o funcionamento e o processo
de comunicação entre a organização e seus diversos públicos. “Comunicação
organizacional”, “comunicação empresarial” e “comunicação corporativa” são
terminologias usadas indistintamente no Brasil para designar todo o trabalho de
comunicação levado a efeito pelas organizações em geral. Fenômeno inerente
aos agrupamentos de pessoas que integram uma organização ou a ela se ligam, a
comunicação organizacional configura as diferentes modalidades
comunicacionais que permeiam sua atividade. Compreende, dessa forma, a
comunicação institucional, a comunicação mercadológica, a comunicação interna
e a comunicação administrativa.

Nenhum indivíduo, grupo ou organização pode existir sem a transferência de


significados entre seus membros. Em um ambiente organizacional, segundo Robbins e
Judge (2010), a comunicação tem, entre suas principais funções, controlar o
comportamento das pessoas, motivá-las, oferecer meios para se expressarem e para
facilitar a tomada de decisões. Na visão de Marchiori (2010), comunicação é um processo
de construção de relações internas, que incita novas relações organizacionais e propicia o
desenvolvimento dos seres humanos. Diante de um mundo globalizado, em constante

41
Capítulo 3. Comunicação Organizacional: aspectos teóricos

mutação em ritmo acelerado, afirma que a existência de processos de comunicação é


fundamental, contribuindo para o desenvolvimento das pessoas e considera ser necessário
ampliar a visão de comunicação organizacional como algo que gera conhecimento,
modifica estruturas e comportamentos.
Hoje, mais do que uma função meramente administrativa, as ações comunicativas
“precisam ser guiadas por uma filosofia e uma política de comunicação integrada que
levem em conta as demandas, os interesses e as exigências dos públicos estratégicos e da
sociedade” (KUNSCH, 2006, p. 16), por isso, seu planejamento deve ser cuidadosamente
elaborado considerando todos os níveis administrativos e áreas de atuação, mas
especialmente as pessoas que fazem parte desse universo, com suas diversas culturas e
visões de mundo, criando um espaço democrático, sinérgico e, ao mesmo tempo,
fortalecendo a identidade institucional e agregando valor à imagem da organização perante
a sociedade.

2.1.3 Comunicação Institucional

A Comunicação Institucional está relacionada aos aspectos corporativos da


organização. É voltada principalmente para a construção de uma imagem e uma identidade
forte e positiva da organização perante seus públicos interno e externo, através de ações
relativas à missão, à visão e aos valores da organização.

2.1.4 Comunicação Mercadológica

A comunicação mercadológica está relacionada aos objetivos de venda e volta-se


para a divulgação dos produtos e serviços. Está diretamente ligada ao Marketing e suas
formas de comunicação (propaganda, promoção de vendas, eventos e experiências,
relações públicas e assessoria de imprensa, marketing direto e vendas pessoais), sendo “o
meio pelo qual as empresas buscam informar, persuadir e lembrar os consumidores – direta
ou indiretamente – sobre os produtos e marcas que comercializam” (KOTLER; KELLER,
2006, p. 532).

42
MEMÓRIAS EM GESTÃO PÚBLICA III

2.1.5 Comunicação Administrativa

A Comunicação Administrativa envolve os procedimentos necessários para o


funcionamento da organização, viabilizando o seu sistema organizacional, orientando e
organizando o fluxo de informações com o intuito de alcançar os objetivos planejados, de
maneira eficiente e eficaz.

2.1.6 Comunicação Interna

É através da comunicação interna que uma organização pode enxergar a si mesma e


refletir criticamente, permitindo trocas constantes entre seus membros, reavaliando seus
processos e mudando o sistema, se necessário, a fim de equilibrar os interesses coletivos e
individuais. Para o seu público interno, a comunicação assume um papel fundamental para
a transmissão dos princípios norteadores de uma organização, o fortalecimento de sua
identidade e de seus valores, a propagação de seus objetivos, a orientação para a execução
das atividades, a integração dialógica e o engajamento de seus colaboradores.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A comunicação é algo inerente do ser humano e as organizações são sistemas


sociais compostos por agrupamentos de pessoas que se relacionam entre si e com o
ambiente no qual estão inseridas, seja ele interno ou externo. Dessa forma, podemos
considerar que organização é comunicação, uma vez que os processos comunicativos
permeiam e constroem toda e qualquer ação de uma organização: no funcionamento, no
clima, na cultura, na motivação, no comportamento, na imagem, nas vendas, nas atitudes,
na satisfação, nos valores, na tomada de decisão, no gerenciamento de conflitos, nas
relações.
Diante de tantas mudanças, seja no próprio processo de comunicação, que mostra o
receptor como agente ativo, ou no mercado, com os avanços tecnológicos e o amplo acesso
à informação, a comunicação organizacional integrada torna-se peça-chave para as
organizações que desejam sobreviver e se desenvolver nesse cenário.
Entretanto, percebe-se que as estruturas funcionais continuam, em grande parte,
inadequadas para atender aos novos desafios. Para evoluir é preciso avaliar os fluxos,
processos, canais, mensagens, preocupando-se com as percepções dos seus públicos, que

43
Capítulo 3. Comunicação Organizacional: aspectos teóricos

estão mais informados e exigentes, além de investir em comunicação, reconhecendo sua


importância e validando seu papel estratégico dentro da organização. Assim, conclui-se
que a comunicação é o cerne de qualquer organização que deseja o sucesso, pois está
diretamente relacionada com a obtenção dos resultados e com a gestão dos
comportamentos.

4 REFERÊNCIAS

CHIAVENATO, I. Administração de recursos humanos: fundamentos básicos. 6 ed. São


Paulo: Atlas, 2006.

KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de Marketing. Tradução Mônica


Rosenberg, Brasil Ramos Fernandes, Cláudia Freire. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2006.

KUNSCH, M. M. K. Comunicação organizacional: conceitos e dimensões dos estudos e


das práticas In: MARCHIORI, M. Faces da cultura e da comunicação organizacional.
São Caetano do Sul: Difusão Editora, 2006, pp.167-190.

MARCHIORI, M. Os desafios da comunicação interna nas organizações. In: Conexão –


Comunicação e Cultura. Caxias do Sul, 2010.

ROBBINS, S. P.; JUDGE, T. A.; SOBRAL, F. Comportamento organizacional.


Tradução Rita de Cássia Gomes. 14. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.

ROBBINS, S. P.; DECENZO, D. A.; WOLTER, R. M. A nova administração. Tradução


Luciano Antônio Gomide. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.

44
MEMÓRIAS EM GESTÃO PÚBLICA III

Capítulo 4

COORDENAÇÃO DE ESTÁGIO
Lidianne Bicalho Almeida1
Fabricia Benda de Oliveira2

1 INTRODUÇÃO

O estágio supervisionado é uma atividade realizada pelos discentes dos cursos de


graduação com intuito de complementar o ensino por meio da prática no âmbito do
trabalho de acordo com as questões ministradas na sala de aula ao longo do curso. Nesse
sentido, Scalabrin e Molinaria (2013), apresentam que o objetivo da prática de estagio
supervisionado é desenvolver em cada aluno dos cursos de graduação não apenas a
compreensão das teorias estudadas durante a graduação, mas também a sua aplicabilidade
e a reflexão sobre a prática que se inicia neste momento, instrumentalizando o professor
em formação para a transformação da sociedade e a contribuição para a construção da
cidadania por seus alunos.
Para Bianchi, Alvarenga e Bianchi (2002) “o estágio é um período de estudos
práticos para a aprendizagem e experiência e envolve ainda, supervisão, revisão, correção e
exame cuidadosos”. Para a autora a atividade de estágio é vantajoso e fundamental ao
futuro profissional e possibilita aperfeiçoar a metodologia de ensino e de aprendizagem.
Consequentemente, é possível uma troca de conhecimento entre a teoria estudada e
a prática vivenciada. Fazendo com que ocorra um processo de adaptação, aprendizagem,
renovação de conhecimento e enriquecimento profissional e cultural. Sendo assim, Oliveira
1
Mestranda em Gestão Pública, Universidade Federal do Espírito Santo. E-mail: lidianne@live.com
2
Departamento de Geologia, Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Ciências Naturais, Exatas e da Saúde. E-mail:
fabriciabenda@gmail.com

45
Capítulo 4. Coordenação de estágio

(2009) afirma que as instituições de ensino se tornaram responsáveis pela preparação dos
jovens no mercado de trabalho, como meio de promover o aprendizado prático dos
conteúdos teóricos adquiridos ao logo do curso e o início da carreira profissional.
A partir disso, as universidades ganharam destaque. Uma vez que, se tomaram o
meio de qualificar as pessoas, integrando a atividade trabalhista à construção acadêmica.
Dessa maneira, a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) na qualidade de
Instituição de Ensino Superior (IES) passou a capacitar os discentes para a vida
profissional, a partir da inserção dos estudantes em estágio, onde é exigida a elaboração de
termo de compromisso, avaliação não superior a 6 (seis) meses, indicação de um docente
responsável pela supervisão e a possibilidade da elaboração de normas adicionais
(BRASIL, 2008).
A UFES, por meio da Resolução nº 74/2010 do Conselho de Ensino, Pesquisa e
Extensão (CEPE) elaborou e aprovou a normatização que regulamenta o estágio
supervisionado curricular nos cursos de graduação. Que expõe no artigo 1º:
O Estágio Supervisionado Curricular é um momento de aprendizagem e um
componente curricular integrante dos Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPCs)
de Graduação da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), de natureza
articuladora entre ensino, pesquisa e extensão, objetivando capacitar o
graduando para ação-reflexão-ação (UFES, 2010).

Desta forma, na Universidade só existem estágios supervisionados pelo docente da


UFES na qualidade de orientador e pelo supervisor na empresa que o discente realiza o
estágio. Vale destacar também, que o estágio é curricular, ou seja, está previsto na carga
horária do curso para obtenção do título de bacharel ou licenciado.
Além disso, o professor que orienta é uma espécie de mediador no processo de
ensino-aprendizagem e assume uma atitude diferente, que exige a superação de cada
atividade não desenvolvida como planejado. Sendo assim, o estágio pode ser entendido
como uma estratégia pedagógica para tentar superar a fragmentação do conhecimento e
formar pessoas capazes de atuar de modo eficiente.
Para Pimentel et al. (2015), a articulação entre ensino e serviço é apresentada como
uma ferramenta para uma integração efetiva entre teoria e prática, pois estimula a reflexão
sobre a realidade, possibilitando ao aluno elaborar críticas e encontrar soluções adequadas
para os problemas de saúde encontrados, com comprometimento e responsabilidade com o
usuário. Destarte, é uma forma de aquisição de experiência, de colocar em prática o que
aprendeu na faculdade e de conhecer as atribuições possíveis do futuro que vão além da
teoria. Portanto, é uma ótima oportunidade de conhecer melhor a área de atuação da

46
MEMÓRIAS EM GESTÃO PÚBLICA III

profissão, de causar reflexão, possibilitando uma identificação em relação a escolha


profissional por meio da prática do dia a dia da futura profissão.
Além do mais, a Resolução 74/2010, no inciso V, normatiza a coordenação de
estágio. Apresenta a possibilidade da criação de uma Coordenação Geral de Estágio em
cada Centro de Ensino, com atribuições definidas pelo Conselho Departamental do
respectivo Centro e também introduz a figura da Coordenação de Estágio por Área de
Estágio de acordo com o Projeto Pedagógico do Curso (UFES, 2010).
Consequentemente, a criação da Coordenação de Estágio no CCENS traria grandes
benefícios e se justificaria pelo fato de reduzir a burocracia dos tramites de estágio de
maneira geral. Uma vez que, os procedimentos de homologação passariam a ser efetuados
pela Coordenação Geral de Estágio do Centro, tornando mais rápidos e eficientes os
procedimentos. Além do mais, os alunos passariam a ser orientados de maneira prévia e
eficaz pela Coordenação de Estágio por Área de Estágio, reduzindo as dificuldades nas
escolhas dos locais de estágio e evitando com isso que o discente perdesse oportunidades
devido à falta de informação e instrução.

1.1 PRINCIPAIS REGULAMENTAÇÕES DO ESTÁGIO

A primeira legislação brasileira que fala sobre o estágio é a Portaria nº 1.002, de 29


de setembro de 1967. Ela apresenta em seu artigo 1º: “Fica instituída nas empresas a
categoria de estagiário a ser integrada por alunos oriundos das Faculdades ou Escolas
Técnicas de nível colegial.” (BRASIL, 1967). Assim, surgi a figura do estagiário.
No ano de 1977 foi sancionada a Lei nº 6.494, que dispõe sobre os estágios de
estudantes de ensino superior e profissionalizante do 2º grau e supletivo, no mesmo ano,
foi inserido que o estágio não gera vínculo empregatício, ainda que o estagiário receba
recursos financeiros, ou outra forma de contrapartida (BRASIL, 1977). Ademais, a Lei foi
regulamentada no ano de 1982 pelo Decreto-lei nº 87.497, que estabelece a necessidade de
celebração do termo de compromisso entre o aluno e a empresa, com a intermediação da
entidade educacional, onde constarão todas as situações para a realização do estágio, até
mesmo a concessão da bolsa (BRASIL, 1982).
Outro marco importante foi a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
de 1996, que estabelece de forma ampla a relação entre teoria e prática. Sendo assim, o
estudante deve realizar tarefas que contribuam para experiência profissional, social e

47
Capítulo 4. Coordenação de estágio

cultural. Proporcionando um ganho intelectual, comportamental e colaborando para o seu


aperfeiçoamento científico (BRASIL, 1996).
Ainda dentro desse contexto, no ano de 2008 foi sancionada a Lei nº 11.788 que
deixa claro que o estudante não deve ser confundido com trabalhador. Uma vez que, as
atividades realizadas no estágio buscam capacitar, de acordo com as diretrizes curriculares,
modalidade e área de ensino, nesse sentido, o discente deve estar matriculado e
frequentando o ensino regular e que as atividades realizadas sejam compatíveis com as
ações recomendadas no termo de compromisso. (BRASIL, 2008).
A Lei nº 11.788/2008 permite que cada organização de ensino organize
regulamentos adicionais (BRASIL, 2008). Desta maneira, a Universidade Federal do
Espírito Santo elaborou a Resolução 74/2010 do Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão
com intuito de determinar as diretrizes do estágio supervisionado na UFES.
Em síntese a Resolução 74 de 2010 da Universidade instituiu o que é estágio e
caracterizou a carga horária, a duração, a forma de avaliação, de cancelamento, de
supervisão e de coordenação e os campos de estágio e também prevê a realização dos
convênios ou termos de colaboração, o modo como deve ser elaborado o termo de
compromisso e o aditivo (UFES, 2010).
Importante ressaltar também, que a Resolução 74 atribui que o Conselho
Departamental e o Colegiado de Curso podem criar Coordenação Geral de Estágio e por
Área, respectivamente (UFES, 2010). Ou seja, cabe ao Centro de Ensino e ao Curso
criarem suas coordenações.

1.2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTÁGIO

A Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) é uma universidade pública


federal brasileira, fundada em 5 de maio de 1954, pela Lei n° 3.868, de 30 de janeiro de
1961, vinculada ao Ministério da Educação (UFES, 2002).
Após algumas mudanças em sua divisão por unidades, hoje a UFES constitui-se das
seguintes unidades: Centro de Artes (CAR), Centro de Ciências Agrárias e Engenharias
(CCAE), Centro de Ciências Exatas (CCE), Centro de Ciências Exatas, Naturais e da
Saúde (CCENS), Centro de Ciências Humanas e Naturais (CCHN), Centro de Ciências
Jurídicas e Econômicas (CCJE), Centro de Ciências da Saúde (CCS), Centro de Educação
(CE), Centro de Educação Física e Desportos (CEFD), Centro Tecnológico (CT) e Centro
Universitário Norte do Espírito Santo (CEUNES) (UFES, 2002).

48
MEMÓRIAS EM GESTÃO PÚBLICA III

A Instituição de Ensino possui a sede administrativa central (Reitoria) localizada na


cidade de Vitória, mais precisamente em Goiabeiras. No Sul do Estado, na cidade de
Alegre, o Centro de Ciências Agrárias e Engenharias (CCAE) e o Centro de Ciências
Exatas, Naturais e da Saúde (CCENS). No Norte, no município de São Mateus, o Centro
Universitário Norte do Espírito Santo (CEUNES). Portanto, os demais Centros estão
localizados na Capital do Espírito Santo.
Segundo o Regimento Geral da UFES os Centros universitários são subordinados a
Reitoria e são unidades de ensino do ensino, da pesquisa e da extensão nas suas respectivas
áreas de conhecimento (UFES, 2002). Desta maneira, o CCAE e o CCENS são unidades
acadêmico-administrativas da Universidade, que estão localizadas na cidade de Alegre,
situado no sul do Espírito Santo, a 200 km do Campus sede da UFES, localizado em
Vitória/ES.
Importante destacar, que os Centros localizados no Sul do Estado são oriundos da
antiga Escola Superior de Agronomia do Espírito Santo – ESAES que começou a
funcionar em 1971. Deste modo, a partir de 1976 a ESAES passou a denominar-se Centro
Agropecuário da UFES – CAUFES. E posteriormente, por meio da Resolução nº 31/2000
o CAUFES passa a ser denominado Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal
do Espírito Santo – CCA (UFES, 2000).
O Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades
Federais (REUNI) é um programa que tem como objetivo aumentar e interiorizar o
ingresso na educação superior (BRASIL, 2007). A ampliação das vagas ocorreu a partir da
criação de novas instituições ou com a expansão das já existentes. Estabelecendo
circunstâncias para que as universidades federais tenham condições para desfrutar melhor
os espaços físicos e recursos humanos já existentes. Assim, foi expandido o total de vagas
e abertos cursos noturnos, com intuito de aumentar a quantidade de discentes por
professor, minimizando o custo por estudante. Ainda buscou-se reduzir o abandono
escolar, flexibilizar os currículos e melhorar a qualidade do ensino.
A Resolução nº 38/2007 aprovou o Plano de Reestruturação e Expansão da
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), aderindo ao REUNI e expandindo o
ensino da graduação e pós-graduação. Sendo assim, na súmula do plano:

[...] no Planejamento Estratégico 2005-2010, a UFES planeja ampliar a oferta de


cursos de graduação em 23 (vinte e três) cursos. O total de vagas ofertado no
vestibular passará de 3.175 (três mil, cento e setenta e cinco) em 2006, para
4.930 (quatro mil, novecentos e trinta) em 2012, um aumento de 55,3%
(cinqüenta e cinco vírgula três por cento). O número de cursos no turno noturno

49
Capítulo 4. Coordenação de estágio

passará de 09 (nove) em 2006, para 22 (vinte e dois) em 2012, sendo que o


número de vagas ofertadas no turno noturno passará de 430 (quatrocentos e
trinta) para 1.330 (um mil, trezentos e trinta), um aumento de 209,3% (duzentos
e nove vírgula três por cento). Dos cursos de graduação que a UFES planeja
oferecer em 2012, 23 (vinte e três) contemplarão a modalidade Licenciatura,
contra 13 (treze) no ano de 2006, e nestes cursos serão ofertadas 1.490 (uma
mil, quatrocentas e noventa) vagas, contra 930 (novecentas e trinta) em 2006 -
um aumento de 62,0% (sessenta e dois por cento) (UFES, 2007).
Como resultado da expansão que ocorreu após o REUNI o CCA passou a oferecer
os cursos de: Agronomia, Ciência da Computação, Ciências Biológicas (bacharelado),
Ciências Biológicas (licenciatura), Engenharia de Alimentos, Engenharia Florestal,
Engenharia Industrial Madeireira, Engenharia Química, Farmácia, Física (licenciatura),
Geologia, Matemática (licenciatura), Medicina Veterinária, Nutrição, Química
(licenciatura), Sistemas de Informação e Zootecnia.
Deste modo, o Centro alcançou uma nova realidade considerando a necessidade de
aumentar de forma expressiva o espaço físico e o número de servidores. Sendo assim,
devido a diversidade e particularidades dos cursos existentes foi aprovada a Resolução n°
44/2015, do Conselho Universitário, que permitiu o desmembramento do Centro de
Ciências Agrárias, em dois novos centros de ensino, de acordo com as áreas afins do
conhecimento, o Centro de Ciências Agrárias e Engenharias (CCAE) e o Centro de
Ciências Exatas, Naturais e da Saúde (CCENS) (UFES, 2015).
Após a divisão do CCA ficou pertencendo ao CCENS 10 cursos de graduação:
Ciência da Computação, Ciências Biológicas (bacharelado), Ciências Biológicas
(licenciatura), Farmácia, Física (licenciatura), Geologia, Matemática (licenciatura),
Nutrição, Química (licenciatura), e Sistemas de Informação e cursos dois de mestrado nas
áreas: Agroquímica e Ensino, Educação Básica e Formação de Professores (UFES, 2019).
Importante destacar, que no CCENS as atividades ligadas ao estágio obrigatório e
não obrigatório tem se tornado distintas de acordo com as áreas do conhecimento -
Ciências Exatas e da Terra, Biológicas, da Saúde - e se o curso forma licenciatura ou
bacharelado. Portanto, na maioria das vezes são realizadas pelos professores das
disciplinas e na modalidade estágio não obrigatório pelo coordenador do curso. Os
docentes assinam os termos de compromisso na qualidade de orientador e corrigem os
relatórios de estágio e a ficha de avaliação. Entretanto, existem cursos que todas as
atividades vinculadas ao estágio são realizadas pela coordenação do curso.
Ademais, a Secretária Única de Graduação (SUGrad) – Setorial Sul atua na
orientação e na verificação administrativa, instruindo no procedimento de preenchimento

50
MEMÓRIAS EM GESTÃO PÚBLICA III

para formalização dos convênios e dos termos de compromisso, além de analisar e


encaminhar a documentação para a Divisão de Estágio.
A Divisão de Estágio é um setor vinculado a Pró-Reitoria de Graduação
(PROGRAD), com sede em Vitória, onde todos os procedimentos que estão relacionados
ao estágio são homologados. Sendo assim, todos os termos de compromissos e minutas de
convênios são assinados pelo Diretor da Divisão de Estágio e pela Pró-Reitora de
Graduação, respectivamente (UFES, 2017).

1.3 O QUE É COORDENAÇÃO

Tecnicamente, como afirma Bruno (2001), a coordenação é a sincronização e a


integração de atividades, de responsabilidades e de estruturas de comando e de controle
para garantir que os recursos de uma organização sejam utilizados com mais eficiência na
busca dos objetivos especificados.
Além do mais, juntamente com a organização, o monitoramento e o controle, a
coordenação é uma das principais funções do gerenciamento. Assim, ela é um processo e
um entendimento mútuo para atingir uma meta pré-determinada da organização industrial
ou empresarial, que utiliza todos os fatores de produção e também se beneficia do
desenvolvimento harmônico, do relacionamento cordial e amigável entre os trabalhadores
e empregadores lubrifica o processo de comunicação que, por sua vez, afeta diretamente o
trabalho e também o resultado desejado (BRUNO, 2001).
É um fato estabelecido que a coordenação é o ajuste e reajuste harmoniosos de
atividades predeterminadas para a consecução dos objetivos organizacionais.
Consequentemente, padroniza as atividades e auxilia na integração das pessoas dos vários
departamentos. Desta forma, poucas atividades específicas ocorrem como: designar a
coordenação básica de diferentes atividades desde o início da organização, determinar
discussões e consultas lógicas positivas em grupo entre os diferentes chefes e especialistas
capazes dos vários departamentos da organização, estabelecer comunicação sistemática e
eficaz entre os trabalhadores ou funcionários e a gerência e coordenar suavemente as
atividades de vários departamentos, como finanças, produção, marketing, etc.
(ANDRADE; ARAÚJO; LINS, 1989).
Para Assis e Rosado (2012), de maneira geral, a coordenação é o empreendimento
básico de qualquer empresa industrial ou de negócios; portanto, os esforços individuais
oferecem a possibilidade de um melhor desempenho da organização. Ela é todo o processo

51
Capítulo 4. Coordenação de estágio

que beneficia as atividades acadêmicas da universidade, alcançando posicionamento local,


regional e nacional, como um projeto de extensão à comunidade.

1.4 O QUE É COORDENAÇÃO DE ESTÁGIO

A Coordenação de estágio organiza as atividades do programa de estágio, cria e


fortalece os vínculos com outras universidades, instituições, organizações e empresas que
contribui para criar oportunidades de treinamento profissional e pessoal em resposta à
demanda do mercado de trabalho exigente e competitiva; por esse motivo, exige maior
preparação integral para ser inseridas no futuro imediato ao setor produtivo e contribuem
para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem (BRUNO, 2001).
É importante ressaltar que a Coordenação de Estágio possibilitaria:
• Oferecer ao aluno a oportunidade de aplicar o conhecimento adquirido durante os
estudos na Universidade, em casos específicos na área de sua especialidade;
• Promover o intercâmbio científico e tecnológico entre a Universidade e as empresas
dos setores público e privado;
• Garantir que o aluno estagiário seja integrado às atividades da Empresa ou Instituição e
atue como um recurso capaz de intervir no desenvolvimento de projetos, utilizando o
conhecimento adquirido durante a sua formação profissional;
• Servir de ligação entre a Universidade e a Empresa ou Instituição do Setor Público e do
Setor Privado;
• Aconselhar, coordenar e orientar o desenvolvimento de estágios dos diferentes
currículos.
A real harmonia e compatibilidade entre as funções exercidas no estágio e a
formação educacional e profissional do aluno em sua escola é um aspecto elementar do
estágio. Tal característica é inserida no papel de seus requisitos materiais. São estes os
elementos que caracterizam a atividade de práticas que se relacionam com o objetivo social
e educacional da atividade, prevista na Lei nº 11.788 / 2008, de proporcionar ao estagiário
a vivência de situações reais relacionadas ao trabalho em consonância com o projeto
pedagógico (PASQUALETO; FONSECA, 2016).

52
MEMÓRIAS EM GESTÃO PÚBLICA III

2 REFERÊNCIAS

ANDRADE, M. N. de; ARAÚJO, L. do C. de A.; LINS, L. C. S.. Estágio curricular:


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1989.

ASSIS, R. L. M. de; ROSADO, I. V. M.. A unidade teoria-prática e o papel da supervisão


de estágio nessa construção. Revista Katálysis, v. 15, n. 2, p. 203-211, 2012.

BIANCHI, A. C.; ALVARENGA, M.; BIANCHI, R.. Manual de orientação: estágio


supervisionado. 2. ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.

BRASIL. Portaria nº 1.002, de 29 de setembro de 1967. Considerando urgente a


necessidade de criar condições que possibilitem o entrosamento emprêsa-escola, visando à
formação e ao aperfeiçoamento técnico-profissional. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, set. 1967.

______. Lei n°6.494, de 7 dezembro de 1977. Dispõe sobre os estágios de estudantes de


ensino superior e profissionalizante do 2º grau e supletivo. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6494.htm. Acesso em: 29 set. 2019, 04:15.

______. Decreto-lei nº 87.497, de 18 de agosto de 1982. Regulamenta a Lei nº 6.494, de 07


de dezembro de 1977, que dispõe sobre o estágio de estudantes de estabelecimentos de
ensino superior e de 2º grau regular e supletivo, nos limites que especifica e dá outras
providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, ago.
1982.

______. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da


educação nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF,
dez. 1996.

______. Decreto-lei nº 6.096, de 24 de abril de 2007. Institui o Programa de Apoio a


Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais - REUNI.. Diário
Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, abr. 2007.

______. Lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008. Dispõe sobre o estágio de estudantes.


Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, set. 2008.

BRUNO, E. B. G.. Coordenador pedagógico e o espaço da mudança (O). Edições


Loyola, 2001.

OLIVEIRA, S. Estágios para Universitários: representações e implicações na inserção


profissional dos jovens brasileiros e franceses. Rio Grande do Sul. 2009. Dissertação
(Doutoramento). Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

PASQUALETO, O. de Q. F.; FONSECA, M. H.. A percepção do aluno sobre o estágio:


emprego ou qualificação profissional?. id/520012, 2016.

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integrado em saúde. 2015.

53
Capítulo 4. Coordenação de estágio

SCALABRIN, I. C.; MOLINARI, A. M. C.. A importância da prática do estágio


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08 de dezembro de 2000. Alterar a designação do Centro Agropecuário da Universidade
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2002. Vitória. Disponível em: http://daocs.ufes.br. Acesso em: 08 out. 2019, 03:50.

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Disponível em: http://daocs.ufes.br. Acesso em: 01 out. 2019, 04:38.

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Pró-Reitoria de Graduação, Vitória, julho 2017. Disponível em:
http://www.prograd.ufes.br/sites/prograd.ufes.br/files/field/anexo/memorando_circular_01
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______. Campus de Alegre. 2019. Alegre. Disponível em: http://alegre.ufes.br/instituicao.


Acesso em: 09 out. 2019, 05:23.

54
MEMÓRIAS EM GESTÃO PÚBLICA III

Capítulo 5

A PRÁTICA REGULAR DE ATIVIDADE


FÍSICA E SAÚDE DO TRABALHADOR
Marianne Alves da Silva1
Ulysses Rodrigues Vianna2

1 INTRODUÇÃO

Com as facilidades advindas da revolução tecnológica, associada às mudanças no


estilo de vida e a globalização, as pessoas vêm se tornando cada vez mais sedentárias.
De acordo com estudos recentes, a inatividade física vem alcançando patamares
alarmantes, trazendo sérias consequências à saúde dos indivíduos e a sua qualidade de
vida.
Segundo a Agência EFE (2018) através de estudos divulgados pela Organização
Mundial de Saúde (OMS), O Brasil lidera a lista dos países sedentários, sendo a América
Latina a região do mundo com o maior índice de pessoas que não praticam atividade física
suficiente para se manter saudável, atingindo 39% do total.
Como apontam diferentes estudos, a prática regular de atividade física é muito
importante, pois traz melhoras significativas na qualidade de vida e saúde dos indivíduos,
tanto em aspectos físicos quanto mentais, reduzindo os riscos de algumas doenças e
melhorando outros aspectos alívio de estresse e ansiedade, quando praticado com
regularidade.

1
Mestranda em Gestão Pública, Universidade Federal do Espírito Santo. E-mail: mariannealves.ef@gmail.com
2
Departamento de Agronomia, Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Ciências Agrárias e Engenharias. E-mail:
ulyssesvianna@hotmail.com

55
Capítulo 5. A prática regular de atividade física e saúde do trabalhador

Essa falta de atividade física, e suas inúmeras consequências, afetam a saúde e a


qualidade de vida dos indivíduos de maneira geral, tendo reflexos inclusive em seu
ambiente de trabalho, gerando afastamentos e trazendo prejuízos à saúde do trabalhador e
afetando a empresa.
O afastamento de trabalhadores/servidores vem aumentando a cada ano. De acordo
com dados levantados pela Folha de S. Paulo (2019), a concessão de auxílio para
trabalhadores que tiveram complicações de saúde relacionada à atividade subiu cerca de
6%.
Ainda em outra pesquisa realizada pela Secretaria da Previdência (2017), mostrou
que as doenças que estão nas três primeiras colocações ocasionando afastamento são:
problemas relacionados a lesões por esforço repetitivo e distúrbios osteomusculares
(LER/DORT); Dor nas costas (dorsalgia), lesões no ombro e sinovites e tenossinovites,
caracterizadas pelo desgaste de estruturas do sistema músculo-esquelético são as campeãs
de afastamentos do trabalho por mais de 15 dias consecutivos em 2017.
Sabendo da importância da atividade física para a saúde dos indivíduos, esta
revisão tem como objetivo apontar a importância da atividade física para a saúde do
trabalhador.

1.1 ATIVIDADE FÍSICA: CONCEITO

Podemos definir atividade física como qualquer movimento corporal, produzido


pela musculatura esquelética, que tem como resultado um gasto energético, tendo
componentes e determinantes de ordem biopsicossocial, cultural e comportamental,
podendo ser exemplificada através de jogos, lutas, danças, esportes, exercícios físicos,
atividades laborais e deslocamentos (PITANGA, 2002).
Dessa maneira, podemos compreender que a atividade física é todo e qualquer
movimento produzido em consequência da contração muscular que resulte em gasto de
energia e alterações do organismo, por meio de exercícios que envolvam movimentos
corporais, com aplicação de uma ou mais aptidões físicas, além de atividades mental e
social, de modo que terá como resultados os benefícios à saúde (MATSUDO; MATSUDO;
BARROS NETO, 2001). Assim, podemos incluir nas atividades realizadas o tempo de
locomoção (por exemplo, caminhar ou andar de bicicleta), ocupação (trabalho), serviços
domésticos, atividades recreativas, esportes e exercício planejado, que devem ser
realizados diariamente (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2018).

56
MEMÓRIAS EM GESTÃO PÚBLICA III

Além disso, é se uma importância não confundir os termos "atividade física" com
"exercício", tendo em vista que este é uma subcategoria de atividade física planejada,
estruturada, repetitiva e que visa melhorar ou manter um ou mais componentes da aptidão
física (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2018).
De acordo com Jacob Filho e Costa (2006), a atividade física pode ser assim
caracterizada:
Aptidão física - um conjunto de atributos que os indivíduos adquirem ou possuem
relacionada com a capacidade de realizar uma atividade física.
Atividade física - movimento corporal produzido pela contração do músculo
esquelético que eleva o gasto energético, enquanto que o exercício físico, considerado uma
subclasse da atividade física.
Treinamento físico - é compreendido como um conjunto de exercícios físicos, que é
realizado conforme um planejamento que tem por finalidade atingir determinado fim
específico.

1.2 SAÚDE: DEFINIÇÃO

O conceito de saúde modificou ao longo do tempo, e atualmente saúde não é


definida unicamente como a ausência de doenças nos indivíduos, mas como um estado
geral de equilíbrio no indivíduo, nos vários aspectos e sistemas que caracterizam o homem;
biológico, psicológico, social, emocional, mental e intelectual, resultando em sensação de
bem estar (ARAÚJO; ARAÚJO, 2000).
Podemos também, definir saúde como sendo uma condição humana com diferentes
dimensões física, social e psicológica, sendo cada uma delas caracterizada por pólos
positivo e negativo. Assim, a saúde positiva estaria relacionada com a capacidade de
apreciar a vida e de resistir aos desafios do dia-a-dia, enquanto a saúde negativa estaria
relacionada com a morbidade e, no extremo, com a mortalidade (PITANGA, 2002).
É importante frisar, que a saúde depende, além de uma boa aptidão física, do nível
socioeconômico, pois este último associa-se com: as condições inadequadas de trabalho, o
ambiente familiar, as dietas inadequadas, a falta de conhecimento sobre hábitos saudáveis
de vida e acesso limitado aos serviços de saúde. Desta maneira, fica evidente que a saúde
de uma pessoa não depende de um fator, mas sim de uma série deles. Deixa-se claro que a
atividade física isolada não é o único remédio para manter ou promover saúde, bem como

57
Capítulo 5. A prática regular de atividade física e saúde do trabalhador

curar doenças. A saúde é conseqüência de um continuum (GLANER, 2003 apud JAHN,


2009).

2 BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA

Segundo Nahas (2001), o exercício físico praticado regularmente impacta em


benefícios fisiológicos, psicológicos e sociais; além de reduzir ou prevenir algumas
doenças como osteoporose e os desvios de postura.
Segundo Jacob Filho e Costa (2006), são diversas as modalidades de exercícios:
Exercícios aeróbios - são aqueles que mobilizamos grupamentos musculares
maiores, praticados por períodos extensos envolvendo consumo baixo de energia e uma
série de movimentos cíclicos/repetitivos, como caminhar, correr, nadar, andar de bicicleta,
remar.
Exercícios resistidos - são aqueles que visam aumentar o volume e a força da
musculatura. Esse tipo de exercício tem resultados relativamente rápidos, quando
comparado com outras modalidades. No entanto, deve-se ter cuidado ao realizá-lo, pois
demanda acompanhamento especializado e equipamentos próprios para atingir sua
eficiência máxima.
Exercícios localizados - São aqueles que buscam aumentar a força e resistência de
grupamentos musculares específicos. Esse tipo de exercícios não possibilita grandes
ganhos de massa muscular, tendo em vista que utilizam baixas cargas durante sua
execução.
Dança - desenvolve a coordenação motora, melhorando a propriocepção e
permitindo grande interação psíquica e social. Feita com regularidade, de forma contínua
por 30 a 60 minutos e com orientação, seus efeitos se equivalem às demais atividades
aeróbias.
Exercícios de alongamento muscular - promovem a flexibilidade dos diversos
segmentos, favorecendo a mobilidade e a coordenação motora.
Ioga e tai-chi-chuan - recomendados para reeducação postural, melhora a
flexibilidade, a coordenação motora e a consciência corporal;
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu o nível de atividade física
indicado para cada faixa etária. Aqui vamos utilizar a faixa dos 18 aos 64 anos, tendo em
vista que esse é público alvo, ou seja, trabalhadores em atividade.

58
MEMÓRIAS EM GESTÃO PÚBLICA III

A OMS estabeleceu também, parâmetros ideais de atividade para cada idade, e


afirma que os benefícios do exercício, em qualquer idade, são bem maiores do que
qualquer problema que ele possa provocar. Ao nível recomendado de 150 minutos de
atividade de intensidade moderada por semana, lesões músculoesqueléticas são incomuns,
e os riscos de sofrê-las são reduzidos quando a pessoa começa a se exercitar gradualmente.
Dessa maneira, segundo a OMS para melhorar a capacidade cardiorrespiratória e
muscular e a saúde dos ossos, bem como reduzir o risco de doenças não transmissíveis e o
surgimento de depressão recomenda-se realizar:
- Pelo menos 150 minutos de atividade aeróbica moderada, ou 75 minutos de
atividade aeróbica intensa são o mais adequado, sendo que a atividade aeróbica deve ser
realizada em períodos de pelo menos dez minutos de duração;
- Chegar a 300 minutos de atividade aeróbica moderada ou a 150 minutos de
atividade aeróbica intensa trazem benefícios adicionais para a saúde, assim como praticar
atividades de fortalecimento muscular, que envolvem os grandes grupos musculares, sendo
que essas devem ser feitas em dois ou mais dias da semana.

3 ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE DO TRABALHADOR

Os indivíduos passam cerca de, pelo menos, um terço do seu dia trabalhando,
excluindo o trajeto que realizam para ir e vir do serviço. Assim, é importante que o tempo
gasto no trabalho seja constituído por atitudes positivas, gerando um bem-estar que
impacta diretamente na saúde e qualidade de vida do trabalhador.
A atividade física regular é uma necessidade nos dias atuais, visto que as pessoas
são afetadas pela automação e pela falta de tempo para a prática regular de exercícios
físicos, fatores agravados pela alimentação inadequada e pelo estresse advindo da
sobrecarga de trabalho. Assim, a inatividade física vem sendo encarada como um problema
de saúde pública, geradora de várias doenças crônico-degenerativas (KRAVCHYCHYN et
al., 2007).
As doenças crônicas degenerativas não transmissíveis são aquelas cujas causas de
óbito estão relacionadas ao estilo de vida. Conceitualmente são aquelas que levam a
decadência progressiva da saúde limitando a capacidade física e mental do sujeito com
responsabilidades profissionais e sociais conduzindo-o a uma sujeição familiar ou do
Estado. Hipertensão arterial, diabetes, cânceres, acidentes vasculares cerebrais (AVC),

59
Capítulo 5. A prática regular de atividade física e saúde do trabalhador

lesão por esforço repetitivo (L.E.R.), modificações posturais e doenças respiratórias


representam este grupo (FIGUEIRA JÚNIOR, 2004).
Com o intuito de reduzir as práticas degenerativas à saúde como: obesidade,
sobrepeso, consumo de álcool e drogas; nas últimas cinco décadas (em alguns países) têm
sido implantado programas de promoção à saúde (FIGUEIRA JÚNIOR, 2004).
Esses hábitos degenerativos à saúde têm grandes impactos na saúde populacional; uma vez
que a recuperação destes indivíduos geram gastos.
Esses hábitos degenerativos à saúde têm impactos significativos na saúde
populacional, gerando custos com a recuperação desses indivíduos. Um estudo realizado
por Nahas (2000), revela que os trabalhadores de uma universidade brasileira apresentaram
altos valores de inatividade física (61,4%), que a 56% da ocupação é sedentária e que
somente 35% utilizam o tempo de lazer com atividades físicas. No entanto, os valores de
obesidade e sobrepeso foram encontrados em 39% do grupo, sendo 22,8% fumantes, 41%
reportando cefaléias crônicas, 34% lombalgia e 26% limitação articular.
De acordo com uma série de estudos analisados por Figueira Júnior (2004),
apontam que as empresas que procuraram investir na qualidade de vida e no bem estar,
aparentam traduzir esse investimento em benefícios para os funcionários, refletindo em
melhorias no que diz respeito a redução da fadiga muscular e tempo de recuperação de
esforços pesados, diminuição em 31% dos erros nas atividades do trabalho, aumento médio
de 2,7% a 4% na produtividade, melhoria das atividades intelectuais e disposição para o
trabalho.

4 REFERÊNCIAS

AGÊNCIA EFE. América Latina tem maior índice de sedentários; Brasil lidera.
Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2018-09/america-
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FIGUEIRA JÚNIOR, A. J. Atividade física na empresa: perspectivas na implantação


de programas de atividade física e qualidade de vida. 2004. Disponível em:
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60
MEMÓRIAS EM GESTÃO PÚBLICA III

JACOB FILHO, W.; COSTA, G. A. Atividade física e menopausa: relação mais que
perfeita, 2006. Disponível em: http://www.afrid.faefi.ufu.br/node/56. Acesso em: 17 nov.
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JAHN, A. Estilo de vida e percepção de bem-estar em trabalhadores da Associação


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KRAVCHYCHYN, C. et al. A conquista da autonomia para a atividade física: uma missão


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