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Resumo
Esse artigo tem o objetivo de apresentar e discutir uma série histórica do perfil dos alunos
ingressantes no Centro Universitário Franciscano de Santa Maria. O levantamento desse perfil
é realizado pela Comissão Própria de Avaliação e os resultados apresentados nesse texto
compreendem o período do ano de 2004 a 2012. Esse perfil possibilita aos cursos de
graduação conhecer os estudantes que ingressam na instituição, bem como propicia que os
docentes reconheçam a sua clientela de alunos. A metodologia utilizada para realizar esse
trabalho foi de abordagem quanti/qualitativa, de tipo estudo de caso que possibilitou o
agrupamento dos dados de forma descritiva/comparativa e a análise pautada no estudo teórico
das condições da educação superior no país. No referencial teórico, busca-se discutir o papel
do ensino superior na sociedade, bem como a atuação da instituição estudada nesse contexto.
Outro aspecto discutido trata da caracterização dos estudantes universitários da atualidade.
Nesse contexto, como resultados foi possível identificar que aumentou o acesso de estudantes
com faixas de renda inferiores, o que corrobora com a democratização do acesso à esse nível
de ensino; o perfil de estudantes oriundos do ensino público vem se mantendo nos anos
1
Pedagoga, mestre e doutoranda em Educação pelo PPGE/UFSM; Professora e Representante Docente da
Comissão Própria de Avaliação Institucional do Centro Universitário Franciscano - UNIFRA; Professora-
Pesquisadora do curso de Pedagogia EAD/UAB/UFSM; Integrante do Grupo de Pesquisas do CNPq GTFORMA
– Trajetórias de Formação.
2
Pedagoga, mestre em Educação; Professora e coordenadora da Comissão Própria de Avaliação Institucional do
Centro Universitário Franciscano – UNIFRA.
3
Mestre em Estatística pela Universidade de São Paulo; Professor e representante docente da Comissão Própria
de Avaliação Institucional do Centro Universitário Franciscano – UNIFRA.
4
Licenciada em Letras Espanhol, Mestre em Letras pela Universidade Católica de Pelotas; Professora e
representante docente da Comissão Própria de Avaliação Institucional do Centro Universitário Franciscano –
UNIFRA.
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Introdução
Referencial teórico
Contexto universitário
como a maior instituição privada de ensino superior da região central e, desde que se tornou
Centro Universitário, vem ampliando significativamente sua atuação em ensino, pesquisa e
extensão. Desse modo, é importante destacar que, nesse contexto, tem-se outras instituições
de ensino superior (públicas e privadas) que atendem um grande número de estudantes em
diversas áreas de conhecimento, entretanto, possuem perfis diferentes de alunos.
O Centro Universitário Franciscano de Santa Maria – RS tem se consolidado como
uma instituição atenta com a formação profissional de qualidade que, em sua concepção de
educação superior compreende que sua missão é a de contribuir para o desenvolvimento da
pessoa humana e, em consequência, a transformação social. Para isso, investe na formação do
ser humano mediante um processo sistemático de ensino que desenvolve o conhecimento
técnico-científico vinculado à realidade. Dessa forma, o compromisso educativo é o de
“contribuir para a promoção de uma educação alicerçada na visão prospectiva para
transcender os desafios atuais, na competência acadêmica e na inovação pedagógica” (PPI
UNIFRA, 2007, p. 15).
Aspectos metodológicos
é uma etapa longa, que deve ser executada com muita cautela”. É necessário ter em mãos os
objetivos da pesquisa claramente definidos, bem como os sujeitos a serem entrevistados e as
situações a serem investigadas.
Foram tabulados alguns itens do questionário socioeconômico aplicado aos alunos
ingressantes do Centro Universitário Franciscano de Santa Maria, RS, do 2º semestre de 2004
até o 1º semestre de 2012. Nos primeiros perfis levantados, o instrumento era respondido em
um cartão de leitura ótica ao fazer a inscrição para o vestibular. Depois, passou a ser
respondido on line ainda ao se inscrever para o vestibular. A partir do 1º semestre de 2008 e
até o 1º semestre de 2011, o questionário foi respondido em cartão de leitura ótica em sala de
aula quando o aluno já estava matriculado e cursando e, depois disso, novamente on line já
durante o primeiro semestre do curso. É importante destacar que, por razões estruturais, o
instrumento não foi aplicado no 2º semestre de 2006.
O Centro Universitário Franciscano cultiva a característica de não realizar o
preenchimento do instrumento de forma obrigatória, pois se preocupa com a relevância
pedagógica do levantamento do perfil. Entretanto, pode-se afirmar que em todos os semestres
o instrumento foi respondido pela maioria dos ingressantes. Na tabela 1 é apresentado o
número de respondentes em cada semestre.
Tabela 1: Número de respostas obtidas no questionário apresentado aos alunos ingressantes do Centro
Universitário Franciscano de Santa Maria, RS.
Ano 1º semestre 2º semestre
2004 431
2005 1127 478
2006 1063
2007 1004 466
2008 720 381
2009 696 414
2010 840 321
2011 811 291
2012 622
Resultados e discussão
Figura 1: Percentagem de ingressantes do Centro Universitário Franciscano de Santa Maria, RS, que cursaram o
ensino médio em escola pública e percentagem daqueles que cursaram supletivo ou EJA.
semestre de 2011, enquanto que no turno da noite varia em torno de 45 a 60% com exceção
do 2º semestre de 2010 e do 2º semestre de 2011 que foram mais baixas. Deve-se ressaltar que
alguns cursos do período diurno tem período integral, dificultando o exercício de atividade
remunerada e, também, que muitos estudantes desse turno são jovens que ainda não
ingressaram no mercado de trabalho. Verifica-se que existem variações de um semestre para
outro, mas, a longo prazo as proporções permanecem estacionárias.
Figura 2: Percentagem de alunos do Centro Universitário Franciscano de Santa Maria, RS, que não frequentaram
curso pré-vestibular e percentagem daqueles que não exercem atividade remunerada.
Figura 3- Renda familiar dos ingressantes do Centro Universitário Franciscano de Santa Maria, RS.
Figura 4: Renda familiar dos ingressantes do Centro Universitário Franciscano de Santa Maria, RS.
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Esse significativo aumento pode ser atribuído à políticas de auxílio a alunos carentes
adotadas pela Instituição e a programas governamentais como o PROUNI que propiciaram o
acesso ao curso superior de alunos com renda familiar mais baixa.
Os dois turnos apresentaram percentagens semelhantes na faixa de renda entre 3,1 e
7,0 Salários Mínimos e essas percentagens diminuíram no decorrer do período abrangido
nesse estudo. Nos cursos diurnos de 50,0 para 32,9 e naqueles noturnos de 44,9 para 31,0%.
Na faixa de 7,1 a 15,0 S. M. as percentagens são maiores nos cursos do período diurno
do que naqueles do noturno e houve uma diminuição da percentagem de alunos, de 28,4 para
14,9% para o diurno e de 22,7 para 11,3% para o noturno. Para a faixa de renda acima de 15,0
S. M. as percentagens variaram menos durante o período de estudo, mas, nos alunos dos
cursos noturnos, se situou quase sempre abaixo de 5% e para aqueles dos cursos diurnos entre
5 e 10%.
Verifica-se que os alunos dos cursos diurnos tem, em média, renda maior do que
aqueles dos cursos noturnos. Seria esta também uma das causas de que menor percentagem de
alunos dos cursos diurnos trabalha. Teriam menor necessidade de trabalho, podendo dedicar
mais tempo ao estudo.
A proporção de ingressantes cujas famílias residem em Santa Maria foi sempre maior
que 45% para os cursos diurnos e maior que 50% para os cursos noturnos (figura 4). Essa
proporção é menor nos primeiros do que nos últimos. Este fato pode ser atribuído a que
muitos trabalham no município de origem e não podem se afastar de lá enquanto os que não
trabalham deixam seus familiares, vem a Santa Maria e preferem estudar de dia. Também se
observa uma tendência a diminuir a percentagem dos que tem a família que mora em Santa
Maria principalmente para os cursos do turno da noite. Uma das causas pode ser a melhora do
sistema de transporte nos últimos anos que facilitou o deslocamento dos estudantes de seus
municípios a Santa Maria.
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Figura 5: Percentagem de ingressantes no Centro Universitário Franciscano de Santa Maria cujas famílias
residem em Santa Maria.
Aos alunos ingressantes também se perguntou qual o principal motivo que os levou a
escolher o Centro Universitário Franciscano para frequentar o curso superior. “Pela qualidade
do ensino” e “por influência de familiares ou amigos” foram as razões mais citadas. Suas
percentagens são mostradas na figura 5. “Pela qualidade do ensino” apresentou valores
sempre acima de 60% nos cursos diurnos alcançando 84,6% no primeiro semestre de 2010.
Nos cursos noturnos foi sempre acima de 50% alcançando 72,1% no segundo semestre de
2007. A opção “por influência de familiares e/ou amigos” obteve percentual semelhante nos
dois turnos, mas sempre abaixo de 10%. As outras opções: “porque funciona à noite”,
“porque é uma Instituição Católica” “pela localização da Instituição” e “por ter menor
concorrência no vestibular” tiveram valores baixos, com exceção da primeira, para o turno da
noite, que teve percentuais próximos a 10%. Esses números mostram o prestígio que o Centro
Universitário Franciscano possui junto à comunidade. Os fatos de ser confessional, de
localizar-se no centro da cidade e por ter menor concorrência no vestibular, tiveram pouca
influência na escolha da Instituição pelos alunos.
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Figura 6: Motivos pelos quais os ingressantes do Centro Universitário Franciscano de Santa Maria, RS,
escolheram a Instituição.
Quanto à escolha do curso os alunos podiam escolher uma das seguintes opções: “pela
qualidade do ensino”, “pelo mercado de trabalho”, “atendimento de seus interesses”,
“realização pessoal” e “necessidade de atualização profissional”. A figura 6 apresenta as
percentagens de respostas das três opções com maior frequência. A opção “atendimento de
seus interesses” obteve as maiores percentagens de escolha alcançando 70,3% nos cursos
diurnos e 61,1% naqueles noturnos e teve tendência a diminuir no decorrer do período
estudado. Em todos os semestres as percentagens dos alunos dos cursos diurnos ficaram
acima daquelas dos cursos noturnos. A opção “pelo mercado de trabalho” obteve
percentagens mais baixas, com os cursos noturnos ultrapassando 30% em alguns semestres e
os cursos diurnos oscilando entre 10 e 20%.
A opção “pela qualidade do ensino” obteve valores semelhantes nos dois turnos, os
percentuais variando de 8,7 a 22,6%. A opção “possibilidade de ganhos financeiros” obteve
percentagens abaixo de 5% nos dois turnos e a opção “compatibilidade de horário” também
teve valores abaixo de 5% para os cursos diurnos, alcançando 6,2% nos cursos noturnos.
Observa-se que grande parte dos alunos escolhe o Centro Universitário Franciscano
“pela qualidade do ensino”, mas a escolha do curso é baseada em outros critérios. A
“compatibilidade de horário” e a “possibilidade de ganhos financeiros” não são importantes
na escolha do curso.
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Figura 7 - Motivos da escolha do curso que frequentam os ingressantes do Centro Universitário Franciscano de
Santa Maria, RS.
Figura 8: Motivos da escolha do curso que frequentam os ingressantes do Centro Universitário Franciscano de
Santa Maria, RS.
Considerações Finais
Conforme foi possível perceber na reflexão teórica proposta nesse trabalho, o contexto
universitário está em constante transformação e demanda da adequação das instituições
universitárias para o atendimento das necessidades desse público. No Centro Universitário
Franciscano de Santa Maria - RS, é possível observar um perfil de estudantes ingressantes que
vem se modificando no período analisado.
Nesse sentido, a análise dos dados permite evidenciar que, do 2º semestre de 2004 ao
1º semestre de 2012, em relação aos alunos ingressantes no Centro Universitário Franciscano:
Houve um aumento na percentagem de alunos com renda familiar menor de 3,0
salários mínimos, uma diminuição na percentagem de alunos com renda familiar entre 3,1 e
15,0 salários mínimos e que os alunos dos cursos diurnos tem renda familiar maior do que os
alunos do turno da noite. Fato que comprova a maior democratização no acesso ao ensino
superior, conforme têm objetivado as políticas educacionais.
A maioria dos alunos ingressantes (até 84,7% no 1º semestre de 2010) escolheu o
Centro Universitário Franciscano para cursar o ensino superior “pela qualidade do ensino”.
Outras opções “Por ser uma Instituição Católica”, “por localizar-se no centro da cidade” e
“por ter menor concorrência no vestibular” foram apontadas por uma baixa percentagem de
alunos, quase sempre abaixo de 5% tendo ultrapassado 10% somente num semestre. O horário
de funcionamento do curso teve alguma importância para os alunos do turno da noite, em
torno de 10%. O que evidencia a credibilidade da Instituição no contexto em que atua.
A maioria dos alunos ingressantes do Centro Universitário Franciscano cursou o
segundo grau em escola pública (acima de 50% nos cursos diurnos e acima de 70% nos cursos
noturnos). Fato que explicita a necessidade formativa que os estudantes sentem e, por vezes
não conseguem acesso ao ensino superior pelo sistema público e acabam procurando a
educação privada a fim de suprir as necessidades de seu desenvolvimento profissional.
Em torno de 50% das famílias dos ingressantes dos cursos diurnos e 60% dos cursos
noturnos residem em Santa Maria. Esse dado confirma que a UNIFRA de fato supre uma
necessidade da população do município, abrangendo também outras cidades da região.
Portanto, pode-se concluir que o levantamento desse perfil tem contribuído
significativamente em duas dimensões para a Instituição. Por um lado, no nível dos cursos
possibilitando um trabalho voltado para o perfil de estudantes ingressantes, contemplando
seus interesses e necessidade. E por outro lado, no nível da Instituição, pois identifica
historicamente o perfil de estudantes, possibilitando a reorganização de políticas
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REFERÊNCIAS
DEFOURNY, V.; CUNHA, C. da. Qualidade da educação: uma questão de ética e de direitos
humanos (p.287-302). In: AUDY, J. L. N.; MOROSINI, M. C. (Orgs.) Inovação e qualidade
na universidade. Porto Alegre, RS: EDIPUCRS, 2008. 640p.