Você está na página 1de 8

CRIAÇÃO DE UM SITE COM FORMATO DE PORTFÓLIO

DOCUMENTAL PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIAS


MATRICULADOS DO 1º AO 5º ANO DO ENSINO REGULAR DA
ESCOLA MUNICIPAL JÚLIA CORTINES

Luciene Morais Gonçalves da Silva


Mestranda do Curso de Mestrado Profissional e Diversidade e
Inclusão (CMPDI) - Universidade Federal Fluminense (UFF)
lubressand@gmail.com

Suzete Araújo Oliveira Gomes


Professora Associada Universidade Federal Fluminense
suzetearaujo@id.uff.br

RESUMO
O presente trabalho tem por tema a educação inclusiva, de forma que esta pesquisa visa identificar
e classificar a constituição do processo de inclusão de uma escola do sistema público municipal
de educação, na cidade de Niterói, no estado do Rio de Janeiro, relacionado, especificamente, aos
alunos com deficiências do 1º ao 5º ano do ensino regular. A justificativa deste trabalho, por sua
vez, se dá, pois, nos últimos anos, o compromisso com os direitos humanos tem sido apresentado
no contexto da discussão da política de inclusão educacional. Por isso, a defesa da educação, não
apenas como uma política, mas como um direito que deve ser garantida e efetivada. Dessa forma,
este trabalho tem por objetivo geral a elaboração de um site com formato de Portfólio Documental
para alunos com deficiências matriculados na Rede Municipal de Educação de Niterói com ênfase
na Unidade Escolar Julia Cortines.

Palavras-chave: Escola Inclusiva; Atendimento Educacional Especializado; Legislação.

ABSTRACT
The present work has as its theme the inclusive education. Thus, this research aims to identify
and classify the constitution of the inclusion process of a school in the municipal public education
system, in the city of Niterói, in the state of Rio de Janeiro. This work is specifically related to
students with disabilities from the first to the fifth year of the regular education. The justification
for this work, in turn, is given because, in recent years, the commitment to human rights has been
presented in the context of the discussion of educational inclusion policy. Therefore, the defense
of education, not only as a policy, but as a right that must be guaranteed and implemented.
Additionally, this work has as general objective the elaboration of a website with Documental
Portfolio format for students with disabilities enrolled in the Municipal Education Network of
Niterói, with emphasis on the Julia Cortines School Unit.

Keywords: Inclusive School; Specialized Educational Service; Legislation.


INTRODUÇÃO
O presente trabalho consiste na criação de um site com formato de Portfólio
Documental para alunos com deficiências matriculados em uma Unidade escolar da Rede
Municipal de Educação de Niterói e tem como objetivo o levantamento de dados
individuais da documentação dos estudantes público alvo do Atendimento Educacional
Especializado (AEE), uma vez que, a eles é garantido por lei o ingresso e permanência na
escola regular, bem como, o Plano Educacional Individualizado (PEI), como garantia de
atendimento as suas especificidades.
Este trabalho justifica-se devido a necessidade de se fazer o registro documental
e do plano de Educacional individual (PEI) do aluno favorecendo o acompanhamento
deste aluno com deficiência em quaisquer outras Unidades escolares, promovendo assim,
a reflexão sobre a abrangência do sentido e do significado do processo de educação
inclusiva no cotidiano escolar, a qual considera que a diversidade humana nas escolas
regulares tem revelado a necessidade de ações políticas, culturais, sociais e pedagógicas
que resultem em efetiva aprendizagem, um desafio que precisa ser assumido por todos.

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Este trabalho, apoia-se na legislação brasileira, Documento Leis de Diretrizes e
Bases (LDB– Lei nº 9.394. 1996), na Política Nacional de Educação Especial na
perspectiva da educação inclusiva” (2008), Lei Brasileira de Inclusão (2015), assim como
por autores especialistas na área de Educação Especial e Inclusiva.
Mantoan & Pietro (2006) comentam que existem muitos desafios a enfrentar sobre
a inclusão escolar, visando atingir a educação como direito de todos, e um destes desafios
é não deixar que esse direito seja simplesmente para cumprir as leis de matricular e manter
os educandos com necessidades educacionais especiais.
Calderon et al. (2004), nos apresenta a necessidade de registrar as informações
decorrentes da experiência humana, em sua imensa diversidade, tem produzido muitos
registros que a testemunham e indicam os caminhos trilhados, possibilitando o seu
conhecimento e reavaliação. Diante desta afirmativa faz-se importante um maior
conhecimento da vida documental de cada aluno para o Atendimento Educacional
Especializado. Conforme Padilha (p. 25, 2003):
[...] se faz ‘necessário organizar as prioridades e as ações escolares e
educacionais para construir projetos e políticas emancipadoras
permitindo desvelar a realidade’ [...], respeitando e considerando ‘a
diferença, a diversidade cultural e o multiculturalismo presente na
educação e na sociedade.

A palavra portfólio, como ensinam Depresbiteris e Tavares (2009), origina-se do


latim na junção dos termos portaré-fólium, que, traduzidas para o português, significam
portar folhas, sendo essa uma de suas atribuições. A utilização do termo “portfólio”
frequentes em dicionários de língua portuguesa mostram a diversidade de seu significado
geralmente está voltado sobre um suporte físico, “uma pasta para guardar papéis”.
No campo da educação, a definição é diferente, para Hernández (1998, p. 100)
Portfólio define-se como:

Continente de diferentes classes de documentos (notas


pessoais, experiências de aula, trabalhos pontuais, controle de
aprendizagem, conexões com outros temas fora da escola,
representações visuais etc.) que proporciona evidências do
conhecimento que foi construído, das estratégias utilizadas e da
disposição de quem o elabora em continuar aprendendo.

Tendo em vista o trabalho em sala de recursos com o Atendimento Educacional


Especializado, em que se busca criar recursos para possibilitar formas para que o
estudante adquira maior independência, qualidade de vida e inclusão social, torna-se,
portanto, relevante observar a produção escolar dos alunos usando-se como fontes seus
cadernos, folhas de exercícios, desenhos e outros trabalhos que realiza em sala de aula,
sem perder de vista a necessidade de contextualizá-los, além de ser imprescindível
identificar os dados documentais dos alunos, com vistas a elaborar a organização de ações
adaptativas e parcerias com as instituições as quais os alunos fazem atendimentos. Dessa
forma, o portfólio se apresenta como um recurso pedagógico diversificado, que possibilita
os registros do desenvolvimento escolar dos alunos e uma prática pedagógica reflexiva
para os professores.
Ademais Pletsch e Glat (2013, p. 22), em pesquisa sobre a implantação de planos
individualizados afirmaram que:
Parâmetros mais claros a serem atingidos com cada aluno, sem
negar os objetivos gerais colocados pelas propostas curriculares. [...] a
elaboração do PEI permite ajustes e flexibilização curricular sem o
empobrecimento de conteúdos e objetivos a serem atingidos, quando
vinculados ao trabalho geral da turma.

Nessa perspectiva, a estrutura do PEI deve contemplar informações que permitam


o conhecimento da rotina do estudante (familiar, escolar e social), suas potencialidades e
dificuldades, questões de saúde (diagnósticos e receituário médico), comportamento,
áreas de interesse, formas de expressão e comunicação e outras informações pertinentes,
para se ter clareza sobre a realidade do estudante e propiciar o desenvolvimento de
objetivos e estratégias compatíveis com suas necessidades.
Os documentos oficiais indicam que as adaptações curriculares e de acesso ao
currículo são ajustes graduais promovidos no planejamento escolar e pedagógico, nas
ações educacionais e que respondam às necessidades educacionais especiais dos alunos.
Portanto, a reorganização das escolas depende de um encadeamento de ações que estão
centradas no Projeto Político Pedagógico (PPP). Tal projeto parte do diagnóstico da
demanda, penetra fundo nos pontos positivos e nos pontos fracos dos trabalhos
desenvolvidos, define prioridades de atuação e objetivos, propõe iniciativas e ações com
metas e responsáveis para coordená-las. Sem os conhecimentos levantados por esse
projeto, é impossível elaborar currículos que reflitam o meio sociocultural do alunado
(ALMEIDA, 2013).
Nessa perspectiva, faz-se importante um maior conhecimento da vida documental
de cada aluno para o Atendimento Educacional Especializado. Conforme Padilha (2003,
p. 3):

[...] se faz ‘necessário organizar as prioridades e as ações


escolares e educacionais para construir projetos e políticas
emancipadoras permitindo desvelar a realidade’ [...], respeitando
e considerando ‘a diferença, a diversidade cultural e o
multiculturalismo presente na educação e na sociedade.

À vista disso, observa-se a relevância dos dados coletados na matrícula de cada


aluno, os quais contribuirão, de forma enriquecedora, na elaboração ou revisão do Projeto
Político Pedagógico (PPP). Lopes (2010) relatam que as informações contidas na
matrícula dos alunos facilitam a tomada de decisões não só administrativas, como na
elaboração de ações pedagógicas, na organização de eventos e estreita a parceria com a
comunidade e as famílias. Dessa forma, uma construção de forma colaborativa.

2. RESULTADOS ALCANÇADOS
A partir da metodologia qualitativa exploratória foram revisados e listados os
documentos primários e secundários disponíveis nas pastas dos alunos com deficiências,
sendo solicitado à secretaria da escola um levantamento dos dados documentais existentes
nas pastas dos alunos. Logo após o recebimento por escrito, foi feita a leitura e
organização dos dados primários e secundários em tabelas, categorizando e fazendo o
cruzamento das informações ali identificadas.
Todos os alunos possuíam documentação legal (certidões, documentos dos pais,
comprovantes de residência, documentos de saúde...) e apresentavam laudo diagnóstico
clínico, sendo todos, público-alvo do Serviço de Atendimento Educacional Especializado.
A figura 1 demonstra o número de alunos atendidos no Atendimento Educacional
Especializado da Sala de Recursos da Escola Municipal Júlia Cortines no ano de 2020.

Figura 1 - Alunos com deficiências e quantidades de documentos encontrados


DI: Deficiência Intelectual, D.F.: Deficiência Física; D. Raras: Doenças Raras; D. Múlt: Doenças
Múltiplas; A. H: Altas Habilidades
Fonte: (SILVA, L.M.G., 2020).

Para que pudesse ser implementada uma proposta mais completa e com maior
qualidade pedagógica mais adequada e que propiciasse olhar o estudante, para além dos
documentos escolares, incluindo todos os acompanhamentos multidisciplinares e
diagnósticos clínicos da vida deste, foi elaborado o portfólio em formato de site.
2.1 Construção do Site
Para o desenvolvimento do site, em formato de Portfólio documental, foi realizada
a seleção dos documentos, que constitui como uma etapa fundamental e que envolve
diversos critérios. Catalogamos as informações sobre Atendimento Educacional
Especializado, através de sites especializados, livros e artigos disponíveis na internet,
para que o material disponibilizado contribua, principalmente em oferecer sugestões de
como obter informações acerca do processo de ensino e de aprendizagem e de como
utilizá-las para as decisões a serem tomadas para, assim, construir caminhos que
permitam a remoção de barreiras para a aprendizagem, e para a participação de todos os
que compõem a comunidade escolar.
Nessa ótica, o quadro dos Eixos Centrais do Plano Educacional Especializado nos
ajuda, visualmente, a entender que o Atendimento Educacional Especializado está
articulado com ações desenvolvidas por professores, coordenadores pedagógicos, pais e
responsáveis, supervisores e gestores das escolas comuns, tendo em vista o benefício dos
alunos e a melhoria da qualidade de ensino (Figura 2).

Figura 2 - Eixos Centrais do Plano Educacional Especializado


Fonte: (SILVA, L.M.G., 2020).

Entendemos assim, que o site do Portfólio Documental dos Alunos do


Atendimento Educacional Especializado é útil para o desenvolvimento e a prática
pedagógica dos professores atuantes na Sala de Recursos. Contudo, observa-se que a
educação também está passando por mudanças impulsionadas pela revolução tecnológica,
por isso, além dos portfólios impressos ou digitais, encontramos o portfólio online.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Todo o processo da pesquisa, nos colocou diante a variadas situações e
perspectivas, desde a organização e apresentação dos documentos referenciais para estes
alunos, bem como a relação que eles podem demandar em caso de ausência e ou podem
auxiliar no momento de traçar objetivos para o atendimento no AEE, na construção do
seu PEI e em ações estruturais e pedagógicas no espaço escolar.
Sendo assim, os professores tendo acesso aos dados do aluno com deficiência
pode repensar sua prática docente e, de fato, inserir esse aluno no ambiente escolar sem
que ele se sinta excluído, pois o maior desafio da educação, na atualidade, mais do que
formar cidadão que possam conviver em sociedade cientes dos seus deveres e direitos, é
promover o acesso a todos à escola. Portanto, o portfólio, apesar de uma pequena
iniciativa, pode ser a diferença na aula do professor ou a diferença no modo como a escola
vai tratar esse aluno em caso de transferência. Desse modo, desafios, conquistas,
retrocessos e avanços construídos durante a vida escolar dos alunos, registrados e
organizados facilita a construção de olhares e aprendizagens diferenciadas e,
consequentemente, o desenvolvimento.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência - LBI - (Estatuto da
Pessoa com Deficiência). Artigo 8 da Lei nº 13.146 de 06 de julho de 2015.

BRASIL. Resolução CNE/CEB 4/2009. Diário Oficial da União, Brasília, 5 de outubro


de 2009, Seção 1, p. 17.

CALDERON, Wilmara Rodrigues et al. O processo de gestão documental e da


informação arquivística no ambiente universitário. Ci. Inf., Brasília, v. 33, n. 3, p. 97-
104, Dez. 2004. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010019652004000300011&l
ng=en&nrm=iso>. Acesso em: 23 ago. 2020.

DEPRESBITERIS, Léa; TAVARES, Marialva Rossi. Diversificar é preciso...:


Instrumentos e Técnicas de Avaliação de Aprendizagem. São Paulo: Editora SENAC,
2009.

HERNÁNDEZ, Fernando. Transgressão e mudança na educação: Os projetos de


trabalho. Porto Alegre: Artmed, 1998.
MANTOAN, Maria. Teresa. Eglér. Caminhos pedagógicos da inclusão São Paulo,
Memnon Edições Científicas, 2001.

PADILHA, P. R. Planejamento dialógico: Como construir o projeto político - pedagógico


da escola. São Paulo: Cortez, 2003.

Você também pode gostar