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CENTRO DE HUMANIDADES
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
FORTALEZA
2020
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RESUMO
1 INTRODUÇÃO
O presente projeto abordará o discurso meritocrático, sendo este o objeto de
estudo dessa pesquisa, presente nas escolas regulares e algumas nuanças circunscritas a
partir de tal contexto, mediante o saber psicanalítico, tendo como campo de pesquisa o
cenário da educação, haja vista o fato desta ser, a partir de uma concepção freiriana, um
movimento de progresso e transformações, que envolve humanização, aspectos sociais,
políticos, éticos, históricos e culturais, a partir das movimentações de fala e
comportamentos representados pelos sujeitos (alunos e professores) envolvidos neste
processo (FREIRE, 1996).
Nesse sentido, falar em educação engloba mudanças e como todo processo
transmutador provoca consequências que podem ocasionar sofrimentos
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De acordo com Costa (2015) as escolas têm sido regidas por avaliações que
impulsionam uma concorrência, baseando-se na ideia de produtividade e destaque
profissional no mercado trabalhista. Assim, estabelecem-se metas e diretrizes
curriculares que precisam ser alcançadas por discentes e docentes, controlando quem
entra e quem sai nos percursos das matrículas escolares e padronizando testes seletivos
para averiguar o varejo da cognição, do tempo e do espaço que cada sujeito necessita
possuir, atendendo aos padrões exigidos nas seleções desenvolvidas por cada escola.
Competição e concorrência são os requisitos necessários à subsistência do
processo de “seleção de racionalidades”, que passou a configurar a organização
conteudista e econômica das escolas, tanto nas redes públicas, como privadas, basta
perceber a forma como tem sido configurada as formações técnicas e curriculares no
âmbito acadêmico e escolar, cada vez mais exigindo mais produções com otimização de
tempo e diminuição de gastos, sem focar, de fato, em um processo ensino-aprendizagem
de qualidade e eficácia (HARVEY, 2013).
Assim, consegue produzir e aprender mais, quem melhor se adaptar ao montante
de conteúdos e aulas que precisam ser alimentadas de forma rápida, além de ser preciso
corresponder às exigências do mercado e da lógica neoliberal. “É aí que entra a
centralidade do discurso para caracterizar a formação comercializada em termos que
permitam a sua valorização”. Ou seja, o foco central passou a ser a formação que
melhor for conceituada a nível de comercializações e não o processo educacional em si.
(GRAMSCI, 2014, p.17).
Essa relação existente entre processos, produtos e pessoas no sistema
educacional impulsiona a existência de uma espécie de dualismo escolar, como se uma
escola fosse rival da outra ou uma mais merecedora de avanços do que outra, realidade
esta que é reduzida à concepção de “igualdade de oportunidades”, a exemplo tem-se o
ingresso a universidade, pois uma vez que todos os candidatos realizam a mesma
avaliação/prova, tendo a sua nota como resultado final do esforço de cada um, ocorrem
diferenças concernentes ao alcance da sonhada aprovação, pois existem, no Brasil, mais
alunos da rede privada nas universidades públicas, do que os alunos das escolas
públicas nestas (ORLANDI, 2011).
Tal fato evidencia segundo Mendes (2018) diversas falências: naturalização de
diferenças históricas de classes econômicas, legitimação da dualidade escolar, na
formação dos modelos ditados pelas escolas, na capacidade de intervenção dos gestores
perante as normas, como também fomenta uma logística de culpados, como se
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meritocracia, uma vez que o mal-estar é inerente a qualquer relação humana que
significa realizar renúncias em prol de um objetivo maior que não necessariamente
precisa ser a satisfação e a felicidade plena diante de tal vivência, já que, a princípio,
esta seria impossível (COUTINHO, 2019).
Dessa forma, falar de mal-estar nos muros da escola, na hipermodernidade, é
uma estratégia política de suporte para tais nuanças circunscritas no discurso dos
méritos, trata-se de possibilidades de fazer com ele no campo da educação. Assim, o
mal-estar na escola apresenta-se, na maioria das vezes, na roupagem das exigências
técnicas e burocráticas que norteiam a performance do sistema educativo que, por sua
vez, pode estar vinculado a um “ideal de aluno”, como também a um “ideal de
educação”, enrustido no discurso meritocrático que hoje habita na escola regular.
4 METODOLOGIA
A pesquisa em curso terá uma abordagem qualitativa, haja vista que o objeto de
estudo tem implicações na produção de subjetividades e fenômenos psicossociais. O
dispositivo teórico-metodológico deste estudo será desenvolvido a partir dos
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Segue abaixo a tabela, com o desenvolvimento da pesquisa, previsto para ser realizado
em um período de 24 meses, compondo as atividades que precisam ser cumpridas no
curso de mestrado:
2021 2022
ATIVIDADES
0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1
1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2
Desenvolvimento da Revisão de
Literatura (fundamentação teórica da x x X x x x x x x x x x x x x x x x
pesquisa).
Desenvolvimento da pesquisa de x x x x x x x x x
campo.
6 REFERÊNCIAS
COSTA, José Júnior Souza da. Educação segundo Paulo Freire: uma primeira análise
filosófica. Theoria - Revista eletrônica de filosofia. Pouso Alegre, v. VII, n.18, p. 72-
88, 2015. Disponível em: http://www.theoria.com.br/edicao18/06182015RT.pdf.