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Resumo
A pesquisa na educação vem se configurando como uma das alternativas eficazes para se
aprimorar a prática dos professores em exercício, além de corroborar com aprendizagens
significativas na formação inicial, se tornando uma via satisfatória de reflexão e ação
otimizadoras no fazer pedagógico e no processo de inicialização à área da docência. Trata-se
de uma pesquisa qualitativa, no qual realizou-se uma pesquisa bibliográfica, no que diz
respeito aos aspectos teóricos por meio de autores que contemplam o estudo acerca da
temática, tais como González Rey (2005), Bortolini (2009), Becker e Marques (2010), entre
outros que corroboram com pressupostos acerca de conhecimentos experienciados sobre o
assunto em questão, em contrapartida consolidando-se com uma pesquisa de campo, quanto
aos fins práticos, através da aplicação de questionários com perguntas discursivas,
direcionadas a professores da educação básica na modalidade de ensino fundamental, e
discentes do curso de pedagogia, tendo como objetivo desvelar as concepções e
representações que esses sujeitos tem acerca da pesquisa educacional, ora evidenciadas em
seu percurso prático e formativo no âmbito escolar e/ou na academia. Utilizando-se
posteriormente de uma técnica que viabiliza a interpretação das falas dos indivíduos que
participaram do estudo que é a Análise do Discurso. O problema que embasou a pesquisa foi
qual representação o professor em exercício e os discentes do curso de pedagogia em
processo de formação inicial evidenciam em seus discursos acerca da pesquisa educacional e
como tem se desdobrado os horizontes da pesquisa em seus fazeres? Os resultados mostraram
que os professores ainda apresentam concepções elementares sobre a pesquisa, fruto do
processo formativo que tiveram no passado, e cupam o tempo como um obstáculo que
atrapalha a iniciativa pela pesquisa, enquanto que os acadêmicos mostraram-se mais interados
e envolvidos atribuindo concepções mais fundamentadas acerca da pesquisa educacional, com
melhores interesses para pesquisar.
1 Introdução
Para entender melhor a opção pela escolha dos grupos pesquisados, parte-se para um
questionamento fundamental: por que então a preferência para se pesquisar professores da
educação básica e não de outras modalidades de ensino, e por outro lado pesquisar também
discentes do curso de pedagogia? Justamente pelo fato de que, no curso de pedagogia se
preparam profissionais para atuarem na educação infantil e nas séries inicias do ensino
fundamental, uma vez que suas práticas serão realmente evidenciadas quando estiverem no
exercício da docência, daí a importância dessa articulação entre educação básica e formação
inicial, no sentido de conhecer mais de perto como a pesquisa está sendo encarada no dia-a-
dia do professor ao se deparar com suas atividades de sala de aula, situação semelhante acerca
do curso de pedagogia, compreendendo os percursos vividos pelos acadêmicos durante, e não
somente no final do processo formativo, esclarecendo como as pesquisas são desenvolvidas.
Tais perspectivas são pertinentes para uma constituição profissional e identitária na área da
educação, sobretudo porque legitima e dá condições para se defender a cientificidade da
pedagogia, permitindo esboçar possíveis reflexões e apontamentos diante da realidade
evidenciada no momento atual.
Todas as formas de expressão, seja ela verbal, gestual e de outras procedências estão
vinculadas aos grupos interativos que os indivíduos estão contidos presentes na sociedade. Há
uma interconectividade entre o que se faz, o que se pensa e o que se fala, gerando uma rede de
significados alimentados durante as relações intersubjetivas travadas pelos sujeitos, quando
em contato direto ou indiretamente com o objeto de conhecimento e/ou com os próprios
sujeitos entre si.
Outra disse ainda: “Não trabalhamos com pesquisa a fundo e nem ao pé da letra, não
quero dizer que não conheço este tipo de trabalho, mas leio e sei que é importante”. Nesse
discurso, existe uma grande contradição explícita, pois não há interesse algum pela pesquisa,
fato este apresentado inicialmente na fala como algo negativo, enfatizando logo depois o lado
positivo. As demais professoras relacionaram como importantes na condução do ensinar e
aprender pelos conhecimentos adquiridos ao longo do ato de pesquisar. Vez por outra,
algumas acabam desfocando realmente o caráter contribuidor da pesquisa em sua prática
docente, partindo do princípio de que, umas valorizam, outras nem se quer dão o seu devido
valor.
Na visão dos acadêmicos os contributos da pesquisa dizem respeito ao seguinte:
“Por meio dela é que iremos desenvolver o nosso senso crítico quanto a realidade
investigada, e para o nosso futuro TCC, além de contribuir para a melhoria da
educação”.
Pela variedade de respostas e o sentido com que estão sendo aferidas, os acadêmicos
estão entendendo como funciona o contexto que gira em torno do ato de pesquisar. Isso
pressupõe que diante dos momentos conflituosos os quais, vez por outra se deparam,
enriquecem e ajudam na maturação/compreensão dos fenômenos pesquisados, alargando um
universo de possibilidades, que fundamentará as pesquisas posteriores.
No entender das professoras, a maioria disse ser “a falta de tempo” o maior vilão da
história. Outra informou que: “Acredito que para quem tem interesse, não há dificuldades”.
Foi colocado também uma técnica como meio obstaculizante: “A pesquisa de campo”; e
poucas mostraram um discurso constituído de uma neutralidade: “As dificuldades são
relativas; onde dependerá de como é feita tal pesquisa”.
Assim, a pesquisa educacional mostra muitos impasses que demandam esforços do
pesquisador. O maior desafio como forma de superação dessas lacunas é o interesse e a
motivação, como bem retratou uma das falas acima. É preciso atitudes e compromissos, não
deixando de pairar um comodismo deturpante da atividade de pensar e fazer ciência.
Quando o sujeito se propõe a pesquisar, deve abraçar a causa, investindo no tempo,
principalmente da leitura, da informação, do conhecimento, da reflexão pelos seus contínuos
momentos de interação com o objeto pesquisado e os elementos que fazem parte da
construção dessa trajetória. E como diz González Rey (2005, p.92) “a pesquisa é e será
sempre uma tarefa para os que se assumem como sujeitos da produção do conhecimento”.
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São esses os retornos notórios que a pesquisa pode proporcionar. Além de alcançar
inteligibilidade, quem pesquisa adquire estruturas cognoscitivas mais coerentes para refletir
diante das divergências afrontadas nas imprevisibilidades, agindo em contrapartida com ações
efetivas e envolvendo uma gama maior de sujeitos da comunidade escolar, que se apropriam
de seus contributos valiosos para a educação.
A pesquisa educacional não é a panacéia para os problemas educacionais; isso não foi,
nem jamais será, mas é uma, entre muitas outras, alternativas potencialmente eficazes para
que o professor adote em seu fazer pedagógico, e não se reduza as mesmas práticas que
cansam os alunos e torna as aulas desagradáveis e irritantes.
A acomodação dos professores diante de sua prática pedagógica repetitiva pode ser
rompida com a prática da pesquisa, pois o olhar do professor para a sala de aula, a
sua concepção de educação pode ser transformada perante o imenso conhecimento
que determinados fenômenos ainda têm a nos oferecer, enquanto aprendizes.
(MACIEL, 2004, p.109).
6 À guisa de conclusões
proporcionadas, substancialmente pela pesquisa, além do fato de fazer com que a escola deixe
de ser um espaço com interposições meramente reducionistas.
Não se faz pesquisa se não haver uma boa prática da leitura, da reflexão, dos
questionamentos que inquietam as mentes sedentas por conhecer o que ainda não se conhece;
não se faz pesquisa sem que haja condições problematizadoras do que se apresenta à sua
frente, dos diferentes contextos de realidades surgidas no seu mundo existencial e em torno
dos condicionantes enfrentados no seu dia-a-dia de trabalho; não se faz pesquisa somente pela
reprodução das teorias já defendidas por outros, embora tenha-se que utilizá-las para
fundamentar teoricamente os trabalhos, sem porém, evidentemente apenas repetir as mesmas
coisas como se não existisse o próprio construto crítico de ideias do pesquisador, ora
corroborando, ora refutando certos ideais apresentados por outrem e construindo suas próprias
teorias advindas dos ensinamentos práticos de sua profissão ou dos momentos que se
defrontou outrora; não se faz pesquisa se não tiver atitude para começar a dar os primeiros
passos, e ninguém irá segurar nas mãos de ninguém induzindo às iniciativas, mas sim o
contrário, partir do próprio ser em consonância com os conflitos que o afligem, pois somente
quem vive determinados acontecimentos, sabe como proceder para que encontre as saídas ou
os acertos de uma caminhada a qual se está percorrendo.
Os professores pesquisados apresentam percepções fragmentadas acerca da pesquisa
educacional, e se acomodam, muitas vezes com suas simples práticas de sala de aula,
colocando o tempo como um obstáculo na construção da pesquisa. Tais perspectivas são
advindas de seus processos formativos que obtiveram no passado.
Já os que estão em formação inicial apresentaram um entendimento mais coerente do
que seja pesquisa, colocando em evidência elementos didático-metodológicos, bem como a
leitura, como impasses na construção da pesquisa, mas que não compromete o seu
desenvolvimento.
Os professores em geral têm um mundo de oportunidades, os alunos mais ainda,
porém não estão sabendo usufruir dos meios que lhes cercam para produzir conhecimento,
para alavancar aprendizagens e poder utilizar socialmente o que se aprende na escola, uma
vez que é uma mão de duplo sentido, onde professores e alunos ensinam e aprendem
continuamente.
Pesquisar na educação significa ampliar os horizontes do cabedal informativo que
cada um vai construindo em suas respectivas singularidades, potencializando as práticas
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REFERÊNCIAS