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seu sistemas de valores e de representagdes, as suas emoções, a sua afetividade O analista que lida com esse tipo de material

ue lida com esse tipo de material verbal fica rápida e concre-


e a afloragio do seu inconsciente. E ao dizer “Eu”, mesmo que esteja falando tamente sujeito a um dilema. Pode, certamente, proceder a uma análise de
de outra pessoa ou de outra coisa, explora, por vezes às apalpadelas, certa rea- conteúdo cldssica, com quadro categorial, privilegiando a repetição de fre-
lidade que se insinua por meio do “estreito desfiladeiro da linguagem”, da sua quéncia dos temas, com todas as entrevistas juntas. A técnica já deu provas e
linguagem, porque cada pessoa serve-se dos seus proprios meios de expressio permite percorrer ao nivel manifesto todas as entrevistas. Mas, no fim, esta
para descrever acontecimentos, prticas, crengas, episodios passados, juizos... redução deixard na sombra parte da riqueza de informagao especifica desse
Qualquer pessoa que faga entrevistas conhece a riqueza desta fala, a sua tipo de investigagao. O resultado final serd uma abstragdo incapaz de transmi-
singularidade individual, mas também a aparéncia por vezes tortuosa, contra- tir o essencial da gnificagoes produzidas pelas pessoas, deixando escapar o
ditoria, “com buracos’, com digressoes incompreensiveis, negagoes incomo- latente, o original, o estrutural, o contextual. É possivel resolver algumas des-
das, recuos, atalhos, saidas fugazes ou clarezas enganadoras. Discurso sas insuficiéncias referenciando quantitativamente coocorréncias, por
marcado pela multidimensionalidade das significagoes exprimidas, pela exemplo, ou codificando temas numa base latente... No entanto, a técnica
sobredeterminagio de algumas palavras ou fins de frases. Uma entrevista ¢, temdtica de frequéncia, tipo Berelson, ainda que indispensavel, mostra-se,
em muitos casos, polifonica. Cerca de 40 paginas (¢ a norma para uma entre- quando utilizada apenas sobre este tipo de material, muito limitada. A ma-
vista nio diretiva e pouco aprofundada), multiplicadas por cerca de 30 indivi- nipulação temdtica acaba entdo por colocar todos os elementos significati-
duos (minimo) é o suficiente para perturbar o analista principiante. E o que vos numa espécie de “saco de temas”, destruindo definitivamente a arquitetura
dizer de uma entrevista de grupo a 6 ou 7 voz A andlise de contetido de en- cognitiva e afetiva das pessoas singulares.
trevistas ¢ muito delicada. Este material verbal exige uma pericia muito mais Teremos entdo de rejeitar a andlise horizontal* em matéria de entrevis-
dominada do que a análise de respostas a questdes abertas ou a andlise de im- tas? Não, porque esse tipo de andlise ¢ insubstituivel no plano da sintese, da
prensa. E o computador, apesar da evolução atual das suas capacidades (siste- fidelidade entre analistas; permite a relativizagao, o anciamento; mostra as
mas especializados, inteligéncia artificial), debate-se com uma complexidade constancias, as semelhangas, as regularidades. Só que é preciso completd-la, e
dificilmente programavel. de preferéncia previamente, por outra técnica de decifragao - e de arrotea-
A principal dificuldade da andlise de entrevistas de inquérito deve-se a mento - entrevista por entrevista.
um paradoxo. De forma geral, o analista confronta-se com um conjunto de “x” Propomos entdo dois niveis de andlise, em duas fases sucessivas ou im-
entrevistas, e 0 seu objetivo final é poder inferir algo, por meio dessas palavras, bricadas, em que uma enriquece a outra. Este processo pode parecer pesado,
a proposito de uma realidade (seja de natureza psicoldgica, sociologica, histdri- mas, com um pouco de pratica, não é; e aumenta a produtividade da informa-
ca, pedagogica...) representativa de uma populagio de individuos ou de um ção final.

grupo social. Mas ele encontra também - e isto é particularmente visivel com
entrevistas - pessoas em sua unicidade. Como preservar “a equação particular
do individuo™', enquanto se faz a sintese da totalidade dos dados verbais prove-
2. A DECIFRAGAO ESTRUTURAL
niente da amostra das pessoas interrogadas? Ou entdo, como diz Michelat, O primeiro nivel consiste num processo de decifragao estrutural centra-
como “utilizar a singularidade individual para alcangar o social”? do em cada entrevista®. Esta abordagem leva em conta os trabalhos existentes

2. A que podemos também chamar transversal, por oposiçãoà aná!


1. G. Michelat, “Sur l'utilisation de lentretien non directif en sociologic’, Revue frangaise de 3. Entrevista por entrevista, ou seja, pessoa por pessoa para uma entrevista, ou sessio pnr
Sociologie, XVI, 1975. Sessão para uma psicoterapia.
ão, de análise do discurso e da narrativa', e até da psi- A pritica de entrevistas não diretivas, por exemplo, torna sensivel um
canálise... m: s de forma não sistemática, com flexibilidade, em função do pró- discurso de tipo planificado. Tal como numa tela com urdidura e trama, os
prio material verbal. Para o técnico, trata-se menos de projetar teorias já feitas temas aparecem e depois reaparecem um pouco mais frente, em fungao da
do que servir-se, eventualmente, d 1as competências e saberes, sejam progr ão de um pensamento que se procura. O processo de andlise trans-
eles quais forem. Esta abordagem ad hoc, que procura compreender a par- versal sintética consiste em destruir, com tesoura e cola (ou tratamento de
tir do interior da fala de uma pessoa, lembra talvez a atitude de empatia no texto), este pequeno jogo do eixo do espirito, mas, aquando da decifração
sentido do psicoterapeuta norte-americano Rogers, ou seja, “de imersão estrutural, é muito instrutivo referencia-lo. Noutro exemplo, as primeiras
no mundo subjetivo do outro”. Trata-se de uma atitude que exige esforço fras s de uma entrevista nao diretiva tém geralmente uma importancia fun-
- mas que não exclui a intuição -, na medida em que, em cada nova entrevis- damental (tal como uma primeira entrevista em psicoterapia), na medida
ta, é necessário fazer uma abstração de si próprio e das entrevistas anteriores. em que, apanhado desprevenido, sem tempo para se “defender”, o entrevista-
É preciso fazer tábua rasa a priori pessoais ou da contaminação proveniente do mostra a sua estruturagio temática, de imediato e quase sem querer. Os
de decifrações anteriores, ao mesmo tempo que se beneficia, de algum modo temas e a sua logica pessoal que, por vezes, precisardo de uma hora de entre-
num “outro cérebro”, dos conhecimentos adquiridos pela prática ou dos vista (ou uma cura de psicoterapia) para ser encontrados... Por vezes, es as
contributos teóricos ou metodológicos exteriores, enquanto se prepara, dei- fra: s “originais” são precedidas, ou dissimuladas, por uma ou várias frases
xando-a amadurecer aquilo que será a segunda fase da análise, ou seja, a estereotipadas de “generalidades”, normalmente fáceis de identificar. Tam-
transversalidade temática. “Que um dos seus ouvidos ensurdeça, tanto quan-
bém aqui, o nível de análise sintática poderá mostrar, em “sinopse”, todas es-
to o outro deve estar atento”, dizia Lacan. Mas ambos os ouvidos ouvem.
s frases-chave de início de entrevista, como uma espécie de slogans, mas o
“Os individuos não são intermutáveis”, escreve Michelat. O técnico, habi-
nível de decifração singular tentará, pelo contrário, ligar cada uma ao desen-
tuado a trabalhar com material verbal produzido por entrevistas - quer seja
volvimento do discurso individual que se lhe segue.
investigador, analista de conteúdo, psicoterapeuta. depressa compreende
Por razões materiais (extensão), não é possível apresentar aqui um
que cada entrevista se constroi segundo uma lógica especifica. Apoiando os
conjunto completo de entrevistas rea; . Também deixaria de ser instrutivo
temas, conservando-os (manif estando-os ou escondendo-os), há uma organi-
pensar em sequências parci de entrevi tas. Para resolver a dificuldade,
zagdo subjacente, uma espécie de calculismo, afetivo e cognitivo, muitas vez zes
iremos experimentar as técnicas de análises propostas numa entrevista
inconsciente na medida em que a entrevista é mais um discurso espontaneo
curta e, depois, num conjunto de produções verbais “abreviadas” pelas ne-
do que um discurso preparado.
« sidades da demonstração, espécie de “modelos reduzidos” de entrevis-
Sob a aparente desordem tema a, trata-se de procurar a estruturagao
tas rea Uma margem confortável, à direita e à esquerda, permite registrar
especifica, a dinamica pessoal, que, por detrds da torrente de palavras, rege o
notas ou sinais codificados. Pode utili r-se canetas marca-texto, trabalhar
processo mental do entrevistado. Cada qual tem não só o seu registro de te-
com um código alfabético ou numérico, marcas simbólicas, sublinhar, a
mas, mas também a sua prépria maneira de (ndo) os mostrar. Claro que tal
nalar com um círculo, ou então tirar partido do tratamento de texto de um
como se pode, ao longo de várias entrevistas, e sobretudo se forem muitas, ver
computador... conforme a necessidade. Com papel, convém ter duas fotocó-
manifestarem-se repetições temiticas, pode também ver-se tipos de estrutu-
pias, uma para conservar intacta e a outra para um eventual recorte, de for-
ração discursiva.
ma a permitir o relacionamento de um mesmo tema espalhado por vários

4. Acerca da anilise das narrativas de vida, ver: J. Poirier, S., Clapier-Valadon, P. Rambaut, pontos de uma mesma ou várias entrevistas. Evidentemente, é fundamental
Les récits de vie. Théorie et pratique, PUF, 1983, atribuir um número a cada entrevista (repetido em cada página).
Em primeiro lugar, é preciso “ler”. Mas não basta ler e compreender “nor- — Para você, as férias 530 as cores.
malmente”. É possível usar perguntas como auxílio: “O que está dizendo esta pes- — Oh, não. ambém... Ah... Não fazemos nada durante as fé Quero dizer,
soa realmente? Como isso é dito? Que poderia ela ter dito de diferente? O que ela não se trabalha. F. 'azemos o que quisermos por prazer. Não há constrangimentos. Le-
não diz? Que diz sem o dizer? Como as palavras, as frases e as sequências se enca- vantamo-nos ao meio-dia. Demoramo-nos. Não ha pressa.
deiam entre si? Qual é a lógica discursiva do conjunto? Será que posso resumir a E ndo há barulho. Não há telefones tocando. Sossego. O siléncio. Enfim... Sim.
temática de base e a lógica interna específica da entrevista? etc”. Bem. Ah... É sobretudo bom nos primeiros dias. Porque também nao podemos nos
(Após a decifração de várias respostas ou entrevistas, outras perguntas se aborrecer. De fato... Ah... Ah... Não. é preciso mudar. As férias são a mudanga. Mu-
acrescentarão por comparação: “Esta pessoa manifesta em tal site tal tema, damos de “cabeça”, de lugar, de hábitos. Vemos outra coisa. Eu gosto muito de desco-
onde é que outra entrevista? Ou, que outra pessoa encontrei num con- brir coisas durante as fé Bem, pode ser um pais que eu não conhega, ou aprender
texto equivalente? Será que posso nomear a especificidade de determinada a fazer olaria... Ou... Não sei... aperfeiçoar a esquerda com umas aulas de ténis.
entrevista, dar-lhe um titulo, por exemplo? etc””.) Mas, sobretudo, largar tudo. A mala, ups! e pronto. Já não há tarefas nem todo o
A leitura é “sintagmática” (segue o encadeamento, único e realizado mundo que conhecemos demais. Outra coisa diferente. Já não fazer sempre os mes-
numa entrevista, de um pensamento que se manifesta por uma sucessão de mos gestos.
palavras, frases e sequéncias) e, ao mesmo tempo, “paradigmatica” (tem em E depois, em geral, bem, vive-se mais saudavelmente em férias, mais perto da
mente o universo dos possiveis: isto nao foi dito, mas podia té-lo sido, ou foi natureza. Na cidade, é preciso usar roupas, usar... la dizer sorrisos. Eu sinto-me fecha-
efetivamente dito noutra entrevista). da, presa, pouco a vontade. Tenho a sensação de não poder respirar fundo. Nas
corremos, rimos, nos mexemos. Como criangas. Talvez seja isso as férias... Enfim,
para mim, é assim que penso nel a inocéncia... tudo novo! As férias, quando
3. EXEMPLO: UMA ENTREVISTA SOBRE AS FERIAS éramos criangas, is o é que eram fé
Tomemos o seguinte exemplo, breve, mas suficientemente rico, e decom- Porque, há que dizé-lo, por vezes ficamos desiludidos. É preciso gozar bem as
ponhamos concretamente as diferentes possibilidades analiticas. féri s. Por vezes, estamos tão cansados que nem temos coragem para as organ ar. Ou
entdo, tinhamos qualquer coisa planejada e, bem... depois falha... As pessoas com
Mulher - 28 anos - solteira: quem deviamos viajar já ndo querem ir. Ou então planeja-se ir com alguém Nos or-
— O que são as féri s para você? ganizamos... e no momento de partir percebemos que já não temos vontade de sair
— As férias? Ah... Para mim... A minha opinido sobre as férias. com aquele tipo. Ou então... saimos com uma amiga, uma boa amiga.
— Sim, sim, as férias, para você, o que representam? vamos até entdo que era uma boa amiga... nos dávamos bem com ela
— Oh, é fantástico, claro... Sim... Ah... Bem, é igual para todo mundo, aliás. En- divertida... e durante a viagem é um monstro de egoismo. Ou apercebemo-nos de que
fim, pelo menos é o que penso. Sim, ah! Sonhamos com elas . Esperamo-| .. Ah, ah.
ela entra em pânico quando surge algum contratempo.
— Sim, esperamos por elas...
De fato, não se sabe muito bem o que se ird encontrar nas féri s... É uma lo-
— Verdade, só esperamos isso. Pelo menos em certas alturas. Por exemplo, agora
teria! Podemos descobrir... fazer novos amigos... encontrar a alma gémea (riso).
está cinzento, é triste, todo mundo está mais doente, cansada... Bem! Para mim, as fé-
rias é tudo a cores. Azul, o mar, o céu. E depois a areia, tudo dourado. Calor, é calor. Ou entdo... Ah... nada, o vazio... o aborrecimento. Ou os aborrecimentos. Isso
A areia quente. : depois os coqueiros (riso)... Bem, é um postal ilustrado que es- mete medo antes de partir. Não se pode estragar. Férias estragada, pode ser sinis-
tou descrevendo. Mas é issol... O sonho. Mesmo se for esqui, ¢ também a cores. Azul, tro, Sim, al
sol, branco... mas daquele branco que brilha, as pessoas bronzeadas, alegres. É isso. - Sim... Sim... isso pode estragar as férias.
— Sim, e isso sempre me angustia um pouco... antes, Gosto de sair... mas, de Obtemos a imagem das férias, a sua representação positiva. Mas aperce-
fato... Ah. Por exemplo, eu tenho horror a fazer a mala... Então isso... Verdadeiro hor- bemo-nos também de que, por detrás, há o reverso do cenário, que se deixa
Faço isso sempre em panico à última da hora. Assim, de repente... Saio para via- ver progressivamente na entrevista, segundo o seguinte esquema:
jar no deserto. Bem, ainda não fiz isso, mas espero fazê-lo um dia. Além disso, em m oideal;
geral, gosto muito disso, do improviso (riso). m oagradável;
m o desagradável;
a) Análise temática - Podemos dividir o texto em alguns temas principais m orisco.
(que se poderá aperfeiçoar, eventualmente, em subtemas se o desejarmos): Se as primeiras palavras são “fantástico” e “sonho”, as últimas, apesar da
pirueta verbal e do riso de negação, são “angústia e pânico”.
expectativa positiva;
cenário hedonista; c) Análise sequencial - A entrevista é dividida em sequências. Critérios
ausência de constrangimentos; semânticos (organização da sequência em torno de um tema dominante), mas
mudança (descoberta, de vida); também estilísticos (ruptura de ritmos, operadores gramaticais) estão na base
necessidade de organização; dessa divi ão. Parece haver aqui 7 ou 8 sequências (ver entrevista codificada
imprevisto; nas páginas seguintes).
eventual decepção. m Sequência 1 de introdução, com o aparecimento espontâneo do tema
da expectativa de um sonho, que, após o estímulo do entrevistador e a série de
b) Características associadas ao tema central - Ao concentrarmo-nos hesitações “ãh... áh” é desenvolvido concretamente (descrição da cena “postal
mais no tema geral de investigação, podemos extrair os significados associa- ilustrado”) pela sequéncia 2, que acaba com um “É isso”.
dos férias na mente da pessoa entrevistada: m A repetição, um pouco seletiva do entrevistador, sobre as “cores”, oca-
siona, após uma perturbação “Oh, nio...; outro tipo de explicação na sequéncia
fantástico, sonho; 3 (negativa na sua formulação “não há”) sobre a ausência de constrangimentos.
cores (azul, dourado, branco, brilhante); Em seguida, após algumas frases lapidadas, sem verbos e um “enfim” que recal-
calor; ca talvez um tema ou tenta superar uma contradição, as sequências 4 e 5 desen-
alegria; volvem no locutor a ideia da mudança, com os seus subtemas de aprendizagem,
elementos da natureza (mar, céu, areia, coqueiros, neve, deserto); vida saudável, regresso à infância, que pertencem provavelmente a um mesmo
(liberdade), ausência de constrangimentos, tempo; universo de referência, a criança livre exploradora.
sossego, silêncio; m As sequências seguintes, até ao fim, oscilam, apesar do esforço do in-
descoberta, novidade (pessoas, lugares, hábitos...); terlocutor para o evitar, no negativo das férias. De fato, este negativo já fora
aprender (olaria, tênis); aflorado, mas recusado, no final da sequência 3 e no início da sequência 4:
viver saudavelmente, naturalmente (correr, rir, pouca roupa, respirar...); “Enfim... Sim... Bom” e “também não nos podemos aborrecer”, passagem de
ser ainda criança (inocente, novo); transição marcada pela perturbação da produção do discurso. A sequência 6,
conseguir as férias (estar em forma para as organizar; as pessoas com introduzida por “Porque, há que dizê-lo”, começa a libertar um recalcado, o da
que se vai de férias); “falha”, sob o tema mais dominado da necessidade de uma organização para
m encontros (amigos, alma gêmea). as férias correrem bem. Quatro “ou então” e “ou” testemunham a invasão
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das dificuldades. Nesta fase, o “pânico” ¢ projetado para outrem: “uma amiga”. Por meio deste jogo de oposições, particularmente marcante neste dis-
Um “de fato” conduz à sequência 7, a do jogo do destino (“a loteria”) entre curso, podemos observar várias coisas:
0 “encontro” da amizade ou do amor (riso que marca embarago) e o “nada” ou o
“vazio”. As palavras fortes “medo” e “sinistro” terminam esta sequência e prepa- m O “sossego” e o “silêncio”, atributos positivos das férias, podem resva-
ram a seguinte. A sequência 8 testemunha pelo seu vocabulário (“angústia”, lar para o aborrecimento (sequências 3 e 4), e o aborrecimento pode
“horror”, “pânico” e até a palavra “deserto”) e pelo estilo entrecortado um criar o vazio (“nada”, “vazio” da sequência 7).
universo ansioso ligado à partida no locutor. Apesar do restabelecimento fi- m Asférias são, numa espécie de equação, reduzidas à infância, matri
nal e da negação (“gosto muito disso” e o riso), estamos longe do sonho do original de um paraíso perdido (“respirar”, a “inocência”, “novo”)
início da entrevista. pelo locutor, tal como era anteriormente, mas de maneira mais so-
d) Análise das oposições* - Dois universos opostos, num minicombate cial, na descrição do paraíso de “postal ilustrado” (“azul”, “branco”,
maniqueista, defrontam-se neste discurso. Encontrar o seu esquema é tam- “mar”, “sol”; “calor”).
bém uma maneira de analisar o texto:
e) Análise da enunciação - Uma entrevista, como se trata de uma fala
e
cinzento cores : espontânea de inquérito, é feita de palavras, expressões, fins de frases apa-
doença | * * | calor, alegria
rentemente supérfluos, não levados em conta pela determinação semântica
trabalho liberdade da procura de temas, mas muitas vezes, de fato, portadores de sentido. Além
pressa prazer
constrangimentos | “ P| preguiça disso, o próprio estilo, nas suas variações, está carregado de significações.
barulho silêncio
Uma leitura da “maneira de dizer”, separada da leitura temática, pode comple-
aborrecimento
ecime mudança,
lança, descobe
descoberta tar e aprofundar a análise.
hábitos aprender
No caso presente, podemos observar, por exemplo:
roupas apertadas viver saudavelmente, natureza
sorrisos forçados | «—— | respirar, correr, rir, atividade
cidade infancia, inocência m a evolução do estilo (comprimento, conclusão ou não das frases, ní-
conseguir vel de correção ou de familiaridade da linguagem) em função do
organizagio conteúdo abordado pelo locutor. Esta variação estilística fornece
Coragem
uma luz diferente sobre o modo como o entrevistado sente aquilo
0 Outro negativo o Outro positivo que exprime’;
(“monstro de egoismo”, “panico”) ("a amiga simpdtica, divertida”)
0 vazio
descobrir
o aborrecimento, | ¢——»
o encontro (amigos, amor)
os aborrecimentos entrevista não diretiva, longa por causa do mecanismo de planejamento, vemos, em
muitos casos, que algumas sequên distância, ligadas entre si, apesar das se-
angastia da partida quências “incidentes” ou intercaladas (poderiamos assinalá-lo com um código apropria-
do imprevisto de partir do), quer porque o tema desaparece e depois reaparece (ou se transforma, ou inverte-s
do risco
ou desenvolve-se, ou asso Se a outro, ou contamina outro etc.), quer porque a própria
expressão, a manei a de dizer, impõe uma ligação. Por exemplo, uma sequência Al
telectual” ser: guida de B1 “emotiva’, depois novamente de A2 “intelectual”, A3 * nte-
lectual”, B2 “emotiva”. Ou então uma “particular”, ou ma “narrativa”, uma “intemporal”,
Agradeço a G. Moser, que, mostrando-me as suas próprias concepções sobre a análise des-
ou uma “estável”, uma “perturbada” etc.
ta entrevista, enriqueceu aquilo que aqui proponho.
m aalternincia do uso do “nós”, do “isso” (colocação à distância, genera-
FERIAS NAO FERIAS
lização) e do “eu”, “mim” (reapropriação, investimento pessoal);
m o aparecimento de perturbações de linguagem, como “áh”, frases outro lugar, o cotidiano, o atual
truncadas, cujo sentido é variável, traduzindo tanto um pensamento partir de outra maneira, antes a idade adulta
que se procura (sequência 1) como perturbações afetivas ligadas à
emergência de um tema (final da sequência 3); liberdade, prazer trabalho, barulho
tempo, sossego pressa
m a especificidade de determinados tiques de linguagem próprios de
um locutor ou de uma entrevista: aqui, há muitos “enfim” e “ou en-
tão”, que correspondem a um modo de pensamento enumerativo que risco do aborrecimento

procede por justaposição;


l risco da decepção '—bl organizar-se
m o papel central do “enfim”, que conclui a sequéncia 3: o âmago da
entrevista, isto é, a ruptura entre dois mundos, o bom (prazer, sonho o Outro, a parceira,
de férias felizes) e o mau (angústia do risco e do vazio); encontra-se 0 amigo, o encontro
aí, a meio caminho entre uma primeira parte facilmente dominada e o jogo do destino
uma segunda parte que tenta lutar com um sucesso decrescente con-
risco do “vazio”
tra a irrupção da ansiedade. (nada)

f) O esqueleto da entrevista (estrutural e semântico) - As diferentes aborda-


gens anteriores permitem agora esclarecer o miolo substancial desta entrevista,
tanto no plano da organização cognitiva como no da temática profunda (ou resolução mdgica:
—— | conjuração da sorte (“gosto muito...”)
seja, latente, no sentido em que o locutor não tem clara consciência disso)”. passagem ao ato ("parto...”)
Por exemplo, pode-se simplificar a complexidade da entrevista por uma outro lado sem o Outro? ("o deserto”)
estrutura de base, que exprime o esqueleto de um conflito, de uma ambivalên-
cia, de um progresso, de uma superação, de uma narração etc.
Aqui, poderíamos resumir assim o papel central do constrangimento: 4. EXEMPLO: UM CONJUNTO DE RESPOSTAS SOBRE A
RELAÇÃO COM O TELEFONE
constrangimentos organizar/
fugir aos constrangimentos |— |de sucesso das férias, — Na sequência de um inquérito feito aos franceses por meio de entre-
mudanga de atividades arriscar
riscos de insucesso vistas não diretivas sobre os usos sociais do telefone como meio de comuni-
cagdo®, e para as necessidades de demonstração deste capítulo, pedimos a
Ou então extrair o jogo afetivo entre o desejo e o receio da partida, a neces-
cerca de 30 pessoas (jovens de 17 a 25 anos) que produzissem escritos com cerca
sidade do imprevisto e o medo do nada, a necessidade do outro e a solidao:
de uma página. Deviam responder o mais espontaneamente possível ao
mesmo pedido que o utilizado para desencadear as entrevistas no inquéri-
7. Uma entrevista não diretiva pode conferir saber ao proprio locutor. Algumas reflexdes in-
génuas de fim de entrevista do tipo “Fez-me dizer coisas!” ou “É interessante, realmente,
refletir nisso”, são a marca desta descoberta. 8. L. Bardin, Images et usages du téléphone, contrato DGT, 1979.
to citado, a saber: “Gostaria que me falasse da importância que o telefone

dade máxima 1]
tem na sua vida, o que representa ele para vocé..”

idade e rapidez

frequentes, chamadas
: frente a
É claro que esses escritos, limitados, são muito diferentes do jogo da fala

(chamadas muito
conservação dos
idad:

Uso: cotidiano
de uma entrevista. No entanto, a sua temática não se afasta nada das entrevis-

intempestivas)
proteç; ão
frente a frente

incômos: dos
Temática
tas reais - como sabemos” -, e se a sua enunciação (no sentido de ato de fala,

(+) sociak
hierarqui,
com toda a retórica espontânea que isso induz) é fraca, a lógica interna está
presente, ainda que simplificada, e isso ¢ suficiente para ilustrar a andlise de

(+)

tel
um conjunto. «
E5

porque não h, á as mesmas rel, acoes retas, não há

O telefone desempenha um papel importante no contato


protege-me em

para dar
larmos regularmente./ Para
2 g

preciso ver o lado negativo do telefone:


Andlise temática e sequencial

lemos revelar-nos sem ficar ini idos pelo


a e estimula
E z
Ê5 $

rapida fonte de informagdes. / Sirvo-me do telefone


Entrevista nº 2: na primeira abordagem, são referenciados os seguintes Ê
temas (poderão ser depois completados): utilidade, comparação com carta e $ =
frente a frente, função de proteção, sociabilidade (contexto emocional; conser-
&5 Ê
3 ʧ
e

to frequentements
vação dos laços), rapidez, função informativa, uso, prazer, incômodo.
= ê
A divisão em sequências leva em linha de conta, ao mesmo tempo, parti- 22

ando-me a entrev
2
£

ir de fachada e dar valor,


cularidades expressivas ou enunciativas. 2 £z e
S
2 z g

isso crialagos para


Sequência 1: frase de entrada, simultaneamente tomada de posição pes-

e na amizade, um pequeno
= g*
soal muito assertiva e adesão a um estereótipo (a pessoa não diz “para mim, o g 2 2 E
o E

),
telefone é..””).
2 g

/O telefone é indi
og

não ser um prazes


7 1
Sequéncia 2: introdugio do “Eu’. Linguagem quase matematica (“posi- º

“ser incomodad
Mas também
P
ciono”, “limite”, “equilibrio”), em que a pessoa situa o telefone numa hierar- êg E
quia: frente a frente / telefone / carta. s Z &g

também,
* o
Sequéncia 3: o entrevistado explicita a sequéncia 2, mas a um nivel É8 BÉ g
E
muito mais psicológico e afetivo (“fachada”, “protege”, evitando-me' , “esti-
mula”, “confronto”, “revelar”, “inibido”). A sequência é bastante complexa e

Seq uéncias
deve ser decomposta na sua estrutura para revelar as oposições:

Telefone (+) Não telefone (-)

Relações com os outros|


Fachada, dar valor Entrevista física (a evitar) &
2

lo prazer:

contraste
Autoproteção Relações diretas ou confronto
£5

a palavra-chave?
8

termo anônimo
Inibigio pelo interlocutor

profissão de feé
Estimulo

Observacdes

Influéncia da
Frase de part

Interlocutor:
3

Reserva no
Revelar-se Us

Equ íbrio:
B

0 neg
3
o g8
9% 40 com as entrevistas realmente efetuadas no inquérito.
A carta (correio) é esquecida e a sequência 2 transforma-se numa sequên-
cia 3, que manifesta a preferência da proteção estimulante pelo telefone e o re-
F E

medo da má notícia

para estar à vontade


SE £E
ceio da relação direta inibidora com outrem, que é aqui nomeado com um
" g
termo remoto e anônimo: o “interlocutor”.

(-) medo [1]


8= ==

encontro [3]

() esforço
ss AN

medo [4]
evitar [3]
evitar [4]
Note-se a progressão entre as três sequências: de uma frase curta e de
53§ S5 Bo
estrutura gramatical mínima para uma frase complexa e longa. ES
ETE %ES B
As três sequências seguintes (4, 5 e 6) regressam a afirmações simples e
positivas: = G
52 ©°¢68 Ê5 S)

Desde há algum tempo que tento poder telefonar sem hesitar e


Sequência 4: referência positiva à sociabilidade socioafetiva (“contato”, $= 5888 _ 2 &3

antes de mim. Se estiver sozinha, , às vezes não respon do [4] ou


com as pessoas. Mas este medo [3] não se faz sentir se eu tiver

acho que progredi nesse sentido. Depois de a conversagio se


de telefonar a alguém que conheço perfeitamente (ainda que,
&sl 323548

mesmo neste caso, prefira encontrar-me [3] com a pessoa).


Quando o telefone toca, espero que outra pessoa [3] atenda
“amizade”) e ao papel de coesão social do telefone (“laços”, “regularmente”), 2É E

Confesso sentir certo receio [1] em relação ao telefone que


2E 23
Surge intercalado um significado mais sutil, o do pequeno “telefonema”, que 'c:ea'“m.';»fs
o SNÇESRE g À
29228555 £S o
modifica, resolve uma “situação”: caráter mágico, apropriado e benéfico da co- 52582
9503 tGm 28E
municação telefônica.

noticia má? É a única resposta que encontro. Al


8
Z9i8532388
o $ s 5 H o

Note-se o adjetivo “pequeno” no singular, que testemunha o investimen- E82E 380 5


Ê

iniciar, sinto-me perfeitamente a vontade/


to mínimo para um máximo de soluções.
stgzfige
osatRSES s
285ES
SzE0383¢&
5% z
Sequência 5: ruptura de nível (“para além”), muda-se de registro, rea- E28s35c¢% 2E
S
EE EEQREDET 8

Nº3 — “O receio”
firmação do caráter indispensável, para o domínio profissional. Qualidade ES E RE 2
%n.&ª:ig_gm
de rapidez, para um conteúdo preciso, a informação (isso poderia ser a or- Ezs~888% s3
LEES== =588
~wEESE®WOoE
2SEgT g E 3
ganização, a decisão). E8EZT=S8 =

impressio que tenho./


2STSE8?5338
sLc 2mo
Sequência 6: regresso do “Eu”. Informação sobre o uso temporal do tele- S0 829535”
dÇ EZYEZET 2FÉ
fone pela pessoa e pelo aparecimento de um tema hedonista: o prazer, com o2Cguglse
HSL EENSE g g=
repetição da palavra no sentido centrípeto (para mim) e centrífugo (para os
F$ SL ó 023
SC-88< E5
uoccgemoo
8°23885%¢
()
outros), que traduz um equilíbrio na direção da sociabilidade. As razões práti- =
É iSOs m2ES s
cas invocadas surgem anexas e citadas de memória.

ências —
Sequência 7: reequilíbrio terminal por um tema negativo, o do incômodo,
quer pela frequência muito grande das chamadas (com nuances, subentendi-
do não explicitado, em função das circunstâncias, de quem liga... provavel-

Fs
mente, e reaparecimento condicional do tema do prazer), quer por chamadas
intempestivas"º,

Trauma anterior?

Autopersuasao?
Observações

Negagao?
10. As andlises das respostas seguintes serão mais breves.
Entrevista nº 3: se a resposta nº 2 manifesta um equilíbrio, a palavra-cha- g g
& 8
ve aqui é o receio. Confessado logo no início, e apesar do final desta à vontade z H
(autopersuasão), este medo do telefone marca toda a entrevista. Esta pode di- E Ê
AT -
vidir-se em quatro sequências:
2 s g £
á 2 a
1) uma frase de introdução, direta; ? Á c §
=S TÊ g egz 2 TSk
-
2) uma longa sequência de explicação com nuances; como que por uma & 228 EE &s -
g $4S 338 29 2 EE
fobia, a relação com o telefone aqui expressa ¢ mais ou menos ansio- NÊ 8 £ES $ 3238
3 s € 28y €3
sa conforme os casos: mdxima na recepgao (o desconhecido), menor : É 5Ê $% FE T3 E5ãoo
gs s& 28§
28 S S3
- S 88
$ s e 2282
com uma pessoa conhecida e quando a conversa decorre. O encon- (|
É
|t
f
Z
o

2
Fd
g S
£33
tro frente a frente (deslocagio e até contato direto) parece, por com- E F &S
paração, altamente preferivel; )
3) uma frase de explicação eventual do problema; 5385, FNE s 2d o
é o PaEEE 2E P8
4) uma final, que tenta tornar a situação menos negra. 2858382 S8350EE 2
§28.2%38
TEEiRogs
cEPeFegE ÉES
25
8280
getg888
EESS=F5
NE So
¢
35
R25g83%0
FEYSSEEE
&2
52
2833558
28T o8823

5
Comparado com a resposta nº 2, muito completa, o registro desta ¢ mais 2285822 d& TSS 53
S=E25°85 33 ECSSES ÉL
limitado, com repeti¢oes tematicas. ESNESSSIA ds= 588Fg&F 8¢t
uãggê,ªª
S E g2 23 ÉS
2= ” H Z =

Entrevista nº 4: a divisdo desta entrevista em sequéncias não mostra 23582t


o sREZSO DS
NE 3E;EEE
8 8 2
eS¢
gEgHEERS =3 eRE82T882
nada. A dominante da resposta é: um mal necessdrio, mas com o qual não se
fgieziey
ESTES:
EESTEÉRE ds
53 A EH
teE SESSS AT

pode ver os outros. NEFTITEIIADAS
)2| e8z822%s
23835 =3
Ezagggese
PES
i B RNEA
=57
Entrevista nº 9: resposta muito mais densa do que a anterior e muito posi- S)ESSEESOS &s PERS -
$| ESECSSSES B¢ v e E &s E
tiva: em certos casos, há vários temas por frase. Aparecem temas novos, como gl$ c
38 oSNESSS
EZES §5
&& /8
) TEÉs
sSESESo. i
S| e 22835 8 S| S=SECES >
o prazer da fala ou a magia da voz. E STSnA EE SEESSSSRE
Elgs ESRSSSdDoS 5852884z
Entrevista nº 13: posição aparentemente positiva, técnica e impessoal. Mas, DlgggrgEgasts
2o ScEW8TEG .
ES E o
flegceggsie
SlegbrEogEEs
TEZEE¥zyg
de fato, a partir da sequéncia 2, o locutor revela uma falta de confianga em si e | F |85282335
g 5 & | S &SESeESEge
(s S8 <glzig g|2-2855 08¢
depois uma inseguranga (seq. 3) e uma preocupagao em ser incomodado por s|2|3& BoE32=288 Z E tg ês
chamadas intempestivas (seq. 4). Embora o nivel manifesto seja positivo, há um
$ 2Ee8:55E388¢2 egg¥gssgt
o8 Z 2< S-S -2
€3 SSS55ESR S
wgZE&EREEL
nivel latente, mais ansioso, já iniciado, de fato, pela palavra “seguro” da primeira £ E E 8% 2852533
58 o838
frase ou pela evocação das “cartas que se perdem”.
Entrevista nº 15: alternancia de sequéncias impessoais (“indispensavel’, . - am T e

* Não há sequéncias claras.


“intermedidrio’, “profissional”) e afetivas.
A fungio “de juntar” (“unir’, “aproximar”) é forte, mas a relação com o

um instrumento
telefone é ambivalente, as opinioes positivas de trés quartos da resposta são rvagoes

dispensi-lo
postas em causa pelo medo do exterior e pela angustia ligada à irrupgao dos

Não posso
Não gosto
outros ou de noti
Ol
Joagsuadsipur /poagsuadsipur 9 :epeBugo nos osst e anbiod
osn ap oededuqo (=) opmasgos 0-0Z1/nn “OIULILD ON *SO91UgIafaL SOJEIUDD SO £
I7) oedeziueio | opnw [1] aw-o0ziuedio anbiod epra equras eu auepodus 9 auvotaja O
4enuiey apeprumu ep eamdna 'auojaja: oe wandje aidwas asenb ey ‘anbol oeu auojaja- o anb wa
08919191 Py oeu ‘esed equiu wd ‘anbiod aur-easaua auoja(a) O ‘WU 7
“JOSPAUL OPOWODU (-)
sapepijeueq “oduwo) (-) “2A01q 9 BSIDUOD 135 Os1j914 “Sapepijeueq WOZIP 35 os stenb
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[1] oeSeziuedio (+)
21 1) eiouersip e ersodsas (+) | 0551 o5ayuos anb seossad sep ensoreuw ep [1] 33uof ounu osou anbiod ssodea sasoinopalu
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Oesia ap ersuasne () 191 op apadu aus anb o somnaoatus natu op 01504 o ofa oeu anbiod 201508 OPN,
“auoaja) OF SBLIAS SESIAAUO 91 ap ounuio1sos oeuanh apepios 3
“estos emno opuaze; sowersa anb apusasdwos
oeu anb vossad ewn e 1971p epeu esed esoy-etaw atuemnp sejey saodedoN
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odwa ap epiad (-
opowodut (-) opowigouy 05 "eufage wau oesuaside WL ‘OIS WU wnyuoN,
9/9 100 ouyuar oex * PIoUPISIP e sewajgod so sanjosas s s
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SOAU0DUD JEIJPU (+)/OIZRA OP Opatu
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PIOUS[EAIqUIP (7) “[anppesíesap 9 jaappesse DIUOWIIUEYIS ESI0) PN 9 U0 O NS,
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~o17en o anb op 10U, - 61 oN
SI0ÍLAIISJO
eonvuoL
Entrevista nº 16: a construção é a de uma dissertação escolar: sequéncia Note-se pela segunda vez (cf. também n. 23) a referência ao outros com
positiva, sequência negativa, conclusão com nuances, que retoma os argumen- quem a linha é partilhada.
tos anteriores. Esta primeira leitura codificada, a três níveis (temático, estrutura, ex-
A palavra “indispensável” aparece aqui a uma nova luz: ligada à obrigação pressão), tem como função:
(isto levará, talvez, a reconsiderar este tema como não totalmente positivo).
m preparar as grelhas categoriais transversais;
Entrevista nº 19: a concepção do telefone ¢ marcada pelo “sim, mas.,
m fornecer hipóteses de interpretação.
Mais do que uma divisão em sequências, deve notar-se o movimento de ba-
lança: afirmação positiva, depois restrição e o final pende para o negativo.
Por uma questão de espaço, mas também devido ao fenômeno de satura-
É instaurada uma hierarquia, em que o melhor seria o frente a frente, o
ção, limitamos aqui os exemplos a uma dúzia. Com efeito, a partir de certo
pior a ausência de comunicação e o termo médio a comunicação telefonica, que
número de respostas ou de entrevistas, a temática repete-se, fornecendo cada
apresenta vantagens e desvantagens.
vez menos novidades.
Entrevista nº 21: as palavras-chave dessa resposta são “distancia” e “é
tudo”. O locutor utiliza toda a sua resposta para marcar a distancia relativa- Temática: vantagens Números
mente a uma eventual implicagio na comunicagdo. Ha uma dezena de formas e desvantagens SSAA ET SSSA 2S
lexicais ou gramaticais de tipo negativo ou restritivo para quatro frases. É uma Fiabilidade
atitude de “defesa”. Utilidade
Rapidez
Entrevista nº 23: reação oposta à resposta 21. O conjunto caracteriza-se Comodidade
Economia
por um investimento maximo, marcado pela apropriação (“o meu telefone”), Favorece a organização
decorrente de uma apeténcia relacional forte, com consciéncia de uma expan- Aumenta a informação
Reduz a distância
idade “invasora” e medo da privagdo “se no futuro me tirassem..” Substitui a deslocação
Mas esta resposta fornece mais informagdo sobre um desejo de sociabili- Aumenta a segurança
Favorece a proteção
dade geral, que encontra satisfagdo num instrumento telefonico, do que carac- Bom para a sociabilidade
teristicas precisas sobre o uso deste meio. Aproxima afetivamente
Constitui um elo
Entrevista nº 26: atitude negativa pela incapacidade de se “familiarizar” Permite o diálogo
Preserva da solidão
com este modo de comunicagio. A função é limitada ao “utilitdrio”, ou seja, a0 Fornece o prazer da fala
minimo estrito. Parece que a dificuldade ¢, sobretudo, o fato da emissão e nio Permite o diálogo
Inquietante, ansiógeno
da recepção: dificuldade de se dirigir aos outros? Ausência de visão, de presença
fisica
Entrevista nº 27: atitude em que a ambivaléncia do telefone é claramente Sujeito aschamadas a qualquer hora
expressa: seguranca/ansiedade, prazer/apreensio, “amigo”/"inimigo”, “riso”/ Perda de tempo
Exige uma habituagdo, uma
“choros”. aprendizagem
A temática psicológica é fértil, com uma dominante na função relacional Pode trazer uma noticia má
Etc,
do telefone (“elo”, medo da privação). O telefone é um “cordão umbilical, por
onde passa o pior e o melhor.
Quando se faz análise de entrevistas, raramente é possível estabelecer “pessoas”, “organismos”, “os meus próximos”... ou ausência de refe-
um quadro categorial único e homogêneo, devido à complexidade e à multidi- rência ao interlocutor.
mensionalidade do material verbal. É preferível “atacar em vários flancos”. m Determinar o sentido das comunicações telefônicas: emissão/re-
Há duas possibilidades: ou assumir um ponto de vista geral e homogê- cepção ou centrifuga/centripeta, e os significados associados em
neo, ou analisar alguns aspectos específicos, e as duas completam-se. contexto.
Por exemplo, no nosso caso, podemos estabelecer um quadro categorial m Esboçar uma tipologia dos indivíduos segundo o seu tipo de socia-
das qualidades e defeitos, ou das vantagens ou desvantagens, atribuídos ao bilidade manifesta: grau de apetência relacional, necessidade dos
meio de comunicação telefônico por todos os indivíduos. Constrói-se então outros; defesa ou inibição, sociabilidade real e aspirações etc., refe-
um quadro que contenha, nas linhas, os temas qualificadores e, nas colunas, rindo os critérios semânticos ou os índices expressivos que permi-
os indivíduos. Basta depois marcar cada intersecção (presença/ausência, ou tem a análise desta dimensão no texto.
número de ocorrências, por indivíduo). m Coligir as circunstâncias, situações, episódios concretos evocados
É também possível referenciar em todos os textos, por uma nota, um as- (seriam mais numerosos em entrevistas reais).
pecto particular. Por exemplo:
Há muitas outras possibilidades, que os discursos por analisar e as suas
m Reunir todas as primeiras frases, que funcionam um pouco como slo- particularidades poderão sugerir ao analista.
gans, analisá-las, compará-las (a hipótese subjacente é que a primeira
frase revelaria, na maioria dos casos, a atitude base do indivíduo).
m Escolher um título para cada pessoa, que resuma a especificidade do
seu discurso, um pouco à maneira de Barthes na sua análise do esta-
do apaixonado"' (tem a vantagem de obrigar a perceber a originali-
dade de cada fala, bem como de facilitar o manuseio geral quando a
massa de entrevistas ou de respostas se torna maior).
m Apontar um projetor sobre as designações que os interlocutores uti-
lizam para designarem a materialidade do telefone: “objeto”, “ins-
trumento’, aparelho”, “lugar de encontro”, “intermedidrio”, “ave”...
(tendo como pressuposto que as proprias formulagoes contém sig-
nificados carregados de sentido).
m Do mesmo modo, procurar nos textos e analisar as palavras utiliza-
das para designar os interlocutores (em resposta a pergunta “quem se
invoca quando se cita parceiros telefonicos?”): “amigos”, “familia’
“doutor”, “interlocutores’, “gente”, “nós”, “aqueles que conhego’,

1h ragments d'un discours amoureux, Seuil, 1977 [Fragmentos de um Discurso


Amoroso, Lisboa, Edições 70].
TERCEIRA PARTE

MÉTODO
Organização da análise

s diferentes fases da análise de conteúdo, tal como o inquérito socio-


lógico ou a experimentação, organizam-se em torno de três polos
cronológicos:
1) a pré-análise;
2) a exploração do material;
3) o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação.

1. A PRÉ-ANÁLISE
É a fase de organização propriamente dita. Corresponde a um período
de intuições, mas tem por objetivo tornar operacionais e sistematizar as ideias
iniciais, de maneira a conduzir a um esquema preciso do desenvolvimento das
operações sucessivas, num plano de análise. Recorrendo ou não ao computa-
dor, trata-se de estabelecer um programa que, podendo ser flexível (quer di-
zer, que permita a introdução de novos procedimentos no decurso da análise),
deve, no entanto, ser preciso.
Geralmente, esta primeira fase possui três missões: a escolha dos docu-
mentos a serem submetidos à análise, a formulação das hipóteses e dos objeti-
vos e a elaboração de indicadores que fundamentem a interpretação final.
Estes três fatores não se sucedem, obrigatoriamente, segundo uma
ordem cronológica, embora se mantenham estreitamente ligados uns aos ou-
tros: a escolha de documentos depende dos objetivos, ou, inversamente, o ob-
Jetivo só é possível em função dos documentos disponiveis; os indicadores serão
construídos em função das hipóteses, ou, pelo contrário, as hipóteses serão cria-
das na presença de certos índices. A pré-análise tem por objetivo a organização,
embora ela própria seja composta por atividades não estruturadas, “abertas”, xar de fora qualquer um dos elementos por esta ou aquela razão
por oposição à exploração sistemática dos documentos. (dificuldade de acesso, impressão de não interesse), que não pos-
sa ser justificável no plano do rigor. Esta regra é completada pela
a) A leitura “flutuante” - A primeira atividade consiste em estabelecer
de não seletividade.
contato com os documentos a analisar e em conhecer o texto deixando-se in-
vadir por impressões e orientações. Esta fase é chamada de leitura “flutuante”, Por exemplo, reúne-se um material de análise da publicidade a automó-
por analogia com a atitude do psicanalista. Pouco a pouco, a leitura vai se tor- veis publicada na imprensa durante um ano. Qualquer anúncio publicitário
nando mais precisa, em função de hipóteses emergentes, da projeção de teo- que corresponda a esses critérios deve ser recenseado.
rias adaptadas sobre o material e da possível aplicação de técnicas utilizadas
sobre materiais análogos. m Regrada representatividade. A análise pode efetuar-se numa amos-
tra desde que o material a isso se preste. A amostragem diz-se rigo-
b) A escolha dos documentos - O universo de documentos de análise
rosa se a amostra for uma parte representativa do universo inicial.
pode ser determinado a priori:
Neste caso, os resultados obtidos para a amostra serão generaliza-
m por exemplo: uma empresa solicita a uma equipe de analistas a ex- dos ao todo.
ploração dos recortes de imprensa reunidos num “pre: -book”, acerca
do novo produto lançado no mercado alguns me: es atrás. Para se proceder à amostragem é necessário ser possível descobrir a
Ou então o objetivo é determinado e, por conseguinte, convém escolher distribuição dos caracteres dos elementos da amostra. Um universo hetero-
o universo de documentos suscetíveis de fornecer informações sobre o pro- géneo requer uma amostra maior do que um universo homogêneo. A cos-
blema levantado: tureira, para que possa fazer ideia de uma peça de tecido com flores, tem
necessidade de uma amostra maior desse tecido do que aquela que seria
m porexemplo: o objetivo é seguir a evolução dos valores da instituição necessária para ter a ideia de um tecido liso. Tal como para uma sondagem,
escolar francesa durante determinado ano. Opta-se então pela análi-
a amostragem pode fazer-se ao acaso ou por quotas (sendo conhecidas as
se dos discursos de distribuição dos prêmios: material homogêneo,
frequências das características da população, retomamo-las na amostra, em
regular, conservado, acessível e rico em informações relativamente proporções reduzidas).
ao objetivo. Por exemplo, se se souber que existem x marcas de automóveis e que
Com o universo demarcado (o gênero de documentos sobre os quais se cada uma possui uma taxa média de n anúncios por ano. Além disso, co-
pode efetuar a análise), é muitas vezes necessário proceder-s à constituição de
nhece-se a distribuição pelos órgãos de imprensa. Finalmente, avaliamos a
um corpus. O corpus é o conjunto dos documentos tidos em conta para serem repartição quantitativa e a variação qualitativa dos conteúdos temáticos
submetidos aos procedimentos analíticos. A sua constituição implica, muitas segundo os meses do ano. Tidos em conta esses critérios (marcas, órgãos
vezes, escolhas, seleções e regras. Eis as principais regr de imprensa, períodos), que dependem do objetivo da análise, pode pro-
m Regra da exaustividade: uma vez definido o campo do corpus (en- ceder-se a uma redução pensada (amostragem) do universo e diminuir a
trevistas de um inquérito, respostas a um questionário, editoriais Parte submetida a análise.
de um jornal de Paris entre tal e tal data, emissões de televisão Nem todo o material de análise é suscetível de dar lugar a uma amostra-
sobre determinado assunto etc.), é preciso ter-se em conta todos Bem, e, nesse caso, mais vale abstermo-nos e reduzir o próprio universo (e,
os elementos desse corpus. Em outras palavras, não se pode dei- Portanto, o alcance da análise) se este for demasiado importante.
m Regra da homogeneidade: os documentos retidos devem ser homogê- mentos exploratórios (em que “o quadro de análise não e determinado” e
neos, isto é, devem obedecer a critérios precisos de escolha e não em que “se parte de uma colocação em evidência das propriedades dos tex-
apresentar demasiada singularidade fora desses critérios. tos”) em relação ao que os autores chamam os procedimentos fechados.

Por exemplo, as entrevistas de inquérito efetuadas sobre um tema de- Pôr em funcionamento um procedimento fechado é começar a partir de um
vem referir-se a ele, ter sido obtidas por intermédio de técnicas idênticas e
quadro empírico ou teórico de análise de certos estados psicológicos, psicos-
sociológicos ou outros, que se tentam particularizar, ou então a propósito dos
ser realizadas por indivíduos semelhantes. Esta regra é, sobretudo, utilizada
quais se formularam hipóteses ou se levantaram questões. Reúnem-se textos
quando se deseja obter resultados globais ou comparar entre si os resultados (...) Depois observam-se esses textos através de um determinado quadro teóri-
individuais. co (...), quadro esse preestabelecido e que não pode ser modificado.
Precisemos, no entanto, que se a constituição de um corpus é uma fase
habitual na análise de conteúdo, para algumas análises monográficas (uma Os procedimentos fechados, caracterizados essencialmente por técnicas
entrevista aprofundada, a estrutura de um sonho ou a temática de um livro), taxonômicas (por classificação de elementos dos textos em função de cri! rios
tal fase não tem sentido (caso de um documento único, singular). internos ou externos), são métodos de observação que funcionam segundo o
mecanismo da indução e servem para a experimentação de hipóteses.
m Regra de pertinência: os documentos retidos devem ser adequados, Os procedimentos de exploração, aos quais podem corresponder téc-
enquanto fonte de informação, de modo a corresponderem ao objeti- nicas ditas sistemáticas (e nomeadamente automáticas), permitem, a partir
vo que suscita a análise. dos próprios textos, apreender as ligações entre as diferentes variáveis,
funcionam segundo o processo dedutivo e facilitam a construção de novas
c) A formulação das hipóteses e dos objetivos - Uma hipótese ¢ uma afir-
hipóteses.
mação provisória que nos propomos verificar (confirmar ou infirmar), recor-
Segundo os autores, cujo ponto de vista particular os conduz ao desejo
rendo aos procedimentos de análise. Trata-se de uma suposição cuja origem é
de insistir, quer nas condições de produção - ou no campo de determinações
a intuição e que permanece em suspenso enquanto não for submetida à prova
— dos textos no sentido lato (situação de comunicação, meio sociocultural,
de dados seguros. O objetivo é a finalidade geral a que nos propomos (ou que
psicologia individual etc.), quer nas relações entre os próprios documen-
é fornecida por uma instância exterior), o quadro teórico e/ou pragmático, no
tos e as suas condições de produção, os métodos exploratórios sistemáticos
qual os resultados obtidos serão utilizados.
têm a vantagem de poder servir de introdução aos únicos procedimentos
Levantar uma hipótese é interrogarmo-nos: “será verdade que, tal como
experimentais capazes de apreender as ligações funcionais entre o que es-
é sugerido pela análise a priori do problema e pelo conhecimento que dele
ses autores chamam o plano vertical (nível de condições de produção, en-
possuo, ou, como as minhas primeiras leituras me levam a pensar, que...?”.
quanto variáveis independentes) e o plano horizontal (nível dos textos
De fato, as hipóteses nem sempre são estabelecidas quando da pré-análi-
analisados enquanto variáveis dependentes)'.
se. Por outro lado, não é obrigatório ter como guia um corpus de hipóteses,
No entanto, em muitos casos, o trabalho do analista é insidiosamente
para se proceder à análise. Algumas análises efetuam-se “às cegas” e sem ideias
orientado por hipóteses implícitas. Daí a necessidade das posições latentes se-
preconcebidas. Uma ou várias técnicas são consideradas adequadas a priori,
rem reveladas e postas à prova pelos fatos - posições estas suscetiveis de intro-
para fazerem “falar” o material, utilizando-se sistematicamente. Isto é o que
sucede muitas vezes ao recorrermos à informática.
A propósito deste problema do primado do quadro de análise sobre as P HenryeS. M ci. “Problémes de Tanalyse de contenu” em Langage, n. 11, setembro,
técnicas e vice-versa, P. Henry e S. Moscovici parecem privilegiar os procedi- 1968.
de um tipo especifico podem facilitar a manipulagdo da análise: entrevistas
duzir desvios nos procedimentos e nos resultados. Formular hipóteses consiste,
digitadas e impressas em papel, dispondo de colunas vazias à esquerda e a di-
muitas vezes, em explicitar e precisar - e, por conseguinte, em dominar — di-
reita para o codigo, e respostas a questiondrios em fichas-padrao para que se
mens es e direções de análise, que apesar de tudo funcionam no processo.
possam marcar os contrastes.
d) A referenciação dos índices e a elaboração de indicadores - Se se conside- A preparagio formal - ou “edição” - dos textos pode ir desde o alinha-
rá,
rarem os textos uma manifestação que contém índices que a análise explicita mento dos enunciados intactos, proposição por proposigio, até a transfor-
hipóteses, caso
o trabalho preparatório será o da escolha destes - em função das mação linguistica dos sintagmas, para padronizagao e classificagio por
elas estejam determinadas - e sua organização sistemática em indicadores. equivaléncia. No caso do tratamento tecnoldgico, os textos devem ser prepa-
numa
Outro exemplo, o índice pode ser a menção explícita de um tema rados e codificados conforme as possibilidades de “leitura” do computador e
tanto mais im-
mensagem. Caso parta do princípio de que este tema possui as instrugoes do programa.
(caso da aná-
portância para o locutor quanto mais frequentemente é repetido
ia
lise sistemática quantitativa), o indicador correspondente será a frequênc
deste tema de maneira relativa ou absoluta, relativo a outros. 2. A EXPLORAGAO DO MATERIAL
tam por per-
Por exemplo: supõe-se que a emoção e a ansiedade se manifes
retidos* Se as diferentes operagoes da pré-anlise forem convenientemente con-
turbações da palavra durante uma entrevista terapéutica. Os indices
)easua fre- cluidas, a fase de análise propriamente dita não é mais do que a aplicação
(“hã”, frases interrompidas, repetição, gagueira, sons incoerent
te. sistemdtica das deci es tomadas. Quer se trate de procedimentos aplicados
quência de aparição vão servir de indicador do estado emocional subjacen
res manualmente ou de operações efetuadas por computador, o decorrer do
Uma vez escolhidos os índices, procede-se à construção de indicado
operações de programa completa-se mecanicamente. Esta fase, longa e fastidiosa, consiste
precisos e seguros. Desde a pré-análise devem ser determinadas
análise temá- essencialmente em operagoes de codificagio, decomposição ou enumera-
recorte do texto em unidades comparáveis de categorização para
ção, em função de regras previamente formuladas (cf. capitulo seguinte).
tica e de modalidade de codificação para o registro dos dados.
dos indicado-
Geralmente, certificamo-nos da eficácia e da pertinência
-
res testando-os em algumas passagens ou em alguns elementos dos documen
3. TRATAMENTO DOS RESULTADOS OBTIDOS
tos (pré-teste de análise).
E INTERPRETACAO
o ma-
e) A preparação do material - Antes da análise propriamente dita,
l e, Os resultados brutos são tratados de maneira a serem significativos (“fa-
terial reunido deve ser preparado. Trata-se de uma preparação materia lant, ) e vilidos. Operagoes estatisticas simples (percentagens), ou mais
eventualmente, de uma preparação formal (“edição”).
íntegra) e as complexas (andlise fatorial), permitem estabelecer quadros de resultados, dia
Por exemplo: as entrevistas gravadas são transmitidas (na
de im- gramas, figuras e modelos, os quais condensam e põem em relevo as informa-
gravações conservadas (para informação paralinguística); os artigos
as em fichas ções fornecidas pela análise.
prensa são recortados, as respostas a questões abertas são anotad
nte (recortes, Para um maior rigor, esses resultados são submetidos a provas estatisti
etc. É aconselhável que se prevejam cópias em número suficie
is Cas, assim como a testes de validagao.
equipe numerosa) e que se numerem os elementos do corpus. Suportes materia
O analista, tendo a sua disposigao resultados significativos e fiéis, pode
ntão propor inferências
enta inferénci ee adiantar
i; interpretações
i õ a propósito
Ósi! dos objetivos
em 1. de S. Pool, Trends in
G ahl, ploring emotional states by content ana
, 1959. Previstos - ou que digam respeito a outras descobertas inesperadas.
content analysis, Urbana, University of Illions Pre:
Por outro lado, os resultados obtidos, a confrontação sistemática com o
material e o tipo de inferências alcançadas podem servir de base a outra análi-
se disposta em torno de novas dimensões teóricas, ou praticada graças a técni-
cas diferentes (ver figura a seguir).

Desenvolvimento de uma análise


"
r—————"\ PRE-ANALISE

| — — [teitura “flutuante” ——1 A codificação


| fescolha de documentos|e-| Formulação das hipóteses |es(Referenciação dos indices|
| e dos abjetivos "
Torna—se necessário saber a razão por que se analisa, e explicitá-la de modo
! l Flaboracao dos indicadores que se possa saber como analisar. Daqui, a necessidade de especificar hipó-
| [Constituição do corpus Dimensio e direções l teses e de enquadrar a técnica dentro de um perfil teórico, tal como acabamos
de anilise de ver. A menos que se façam fishing expeditions, como dizem os anglo-saxôni-
| Regras de recorte, cate-
| gorização, codificação cos, isto ¢, análises exploratórias “para ver o que há”. Neste caso, é o como (a
| & técnica) que poderá precisar o porquê (a teoria). Em ambos os casos, contudo,
| [Preparação do material existe um elo entre os dados do “texto” e a teoria do analista.
! | | Tratar o material é codificá-lo. A codificação corresponde a uma trans-
formação - efetuada segundo regras precisas - dos dados brutos do texto,
: EXPLORAÇÃO DO MATERIAL
transformação esta que, por recorte, agregação e enumeração, permite atingir
L —— —— — -—, [Administracio das técnicas uma representação do conteúdo ou da sua expressão; suscetível de esclarecer
| no corpus
o analista acerca das características do texto, que podem servir de índices, ou,
| |
| TRATAMENTO DOS RESULTADOS como diz O. R. Holsti'
| E INTERPRETACOES
A codificação é o processo pelo qual os dados brutos são transformados sis-
| = s
tematicamente e agregados em unidades, as quais permitem uma descrição
| Operagoes estatisticas exata das características pertinentes do conteúdo.
| & « Provas de validação
A organização da codificação compreende três escolhas (no caso de uma
| Sintese e selegio dos
| resultados análise quantitativa e categorial):

! m Orecorte: escolha das unidades;


| L m
m
A enumeração: escolha das regras de contagem;
A classificação e a agregação: escolha das categorias.
| Interpretação
-
m=== X Utilização dos resultados
Outras orientações para | de análise com fins
uma nova análise 1. O. R Holsti, Content Analysis for the Social Sciences and Humanities, Addison-Wesley,
—=———————. teóricos ou pragmá 1969.
1. UNIDADES DE REGISTRO E DE CONTEXTO m O tema: a noção de tema, largamente utilizada em análise temática, é
Quais os elementos do texto a ter em conta? Como recortar o texto em característica da análise de conteúdo. Berelson definia o tema como:
elementos completos? A escolha das unidades de registro e de contexto deve Uma afirmação acerca de um assunto. Quer dizer, uma frase, ou uma frase
responder de maneira pertinente (pertinência em relação às características do composta, habitualmente um resumo ou uma frase condensada, por influên-
material e face aos objetivos da análise). cia da qual pode ser afetado um vasto conjunto de formulações singulares.
a) A unidade de registro - É a unidade de significação codificada e cor-
Na verdade, o tema é a unidade de significação que se liberta natural-
responde ao segmento de conteúdo considerado unidade de base, visando a
mente de um texto analisado segundo certos critérios relativos à teoria
categorização e a contagem frequencial. A unidade de registro pode ser de
que serve de guia à leitura. O texto pode ser recortado em ideias consti-
natureza e de dimensões muito variáveis. Reina certa ambiguidade no que diz
tuintes, em enunciados e em proposições portadores de significações iso-
respeito aos critérios de distinção das unidades de registro. Efetivamente, exe-
láveis. O tema ¢, conforme M.C. d'Unrug'*:
cutam-se certos recortes a nível semântico, por exemplo, o “tema”, enquanto
que outros são feitos a um nível aparentemente linguístico, como a “palavra” (...) uma unidade de significação complexa, de comprimento variável; a
ou a “frase™. sua validade não é de ordem linguística, mas antes de ordem psicológica:
podem constituir um tema tanto uma afirmação como uma alusão; inver-
Isto serve de crítica a disciplinas cujo caráter científico e rigoroso é
samente, um tema pode ser desenvolvido em várias afirmações (ou proposi-
mais evidente. De fato, o critério de recorte na análise de conteúdo* é sem- ções). Enfim, qualquer fragmento pode remeter (e remete geralmente) para
pre de ordem semântica, ainda que, por vezes, exista uma correspondência diversos tema:
com unidades formais (exemplos: palavra e palavra-tema; frase e unidade
significante). Fazer um análise temática consiste em descobrir os “núcleos de sentido”
A título ilustrativo podem ser citados entre as unidades de registro mais que compõem a comunicação e cuja presença, ou frequência de aparição, po-

utilizadas: dem significar alguma coisa para o objetivo analítico escolhido.


m A palavra: é certo que a “palavra” não tem definição precisa em lin- O tema, enquanto unidade de registro, corresponde a uma regra de
guística, mas para aqueles que fazem uso do idioma corresponde a qualquer recorte (do sentido e não da forma) que não é fornecida, visto que o recorte
coisa. Contudo, uma precisão linguística pode ser suscitada se for pertinente. depende do nível de análise e não de manifestações formais reguladas. Não é
Todas as palavras do texto podem ser levadas em consideração, ou pode- possível existir uma definição de análise temática, da mesma maneira que
-se reter unicamente as palavras-chave ou as palavras-tema (symbols em in- existe uma definição de unidades linguísticas.
glês); pode igualmente fazer-se a distinção entre palavras plenas e palavras O tema é geralmente utilizado como unidade de registro para estudar
vazias; ou ainda efetuar-se a análise de uma categoria de palavras: substanti- motivações de opiniões, de atitudes, de valores, de crenças, de tendências
vos, adjetivos, verbos, advérbios (...) a fim de se estabelecer quocientes. etc. As respostas a questões abertas, as entrevistas (não diretivas ou mais
estruturadas) individuais ou de grupo, de inquérito ou de psicoterapia, os
Mas o que será uma frase? Que critérios de definição se deve reter? Será
a frase a unidadede Protocolos de testes, as reuniões de grupo, os psicodramas, as comunica-
sentido que exprime um pensamento completo? Será uma proposição lógica: sujeito (aquilo ções de massa etc., podem ser, e frequentemente são, analisados tendo o
de quem se diz alguma coisa) mais predicado (o que dele se diz)? Ou então serd o critério tema por base.
fonético
a defini-la: paragens, silêncio, rupturas na curva melódica (ou os equivalentes gráfi-
cos: ponto, pontoe virgula)? (G. Mounin, Clefs pourla linguistique, Segher:
análise de conteúdo, isto ¢, das significações,
e não na análise de expre s, ou seja, dos —
aspect formais das signific: 4. M. C.d'Unrug, Analyse de contenu et acte de parole, Ed. Universitaires, 1974.
uçãu das men- puramente formal, na maioria das priticas, pelo menos na anilise temitica, c
Notemos que, em certos casos, pode ser útil uma prcpnr
em unidades linguísticas normalizadas (enunciados, proposições, tegorial e frequencial (aquela que nos s: erve de base neste capitulo).
sagens
B
sintagmas). b) A unidade de contexto - A unidade de contexto serve de unidade «
m O objeto ou referente: trata-se de temas-eixo, em redor dos quais o dis- compreensdo para codificar a unidade de registro e corresponde ao segmen
inquérito da mensagem, cujas dimensoes (superiores às da unidade de registro) são 61
curso se organiza. Por exemplo, as divisões de uma casa citadas num
avaliativa de mas para que se possa compreender a significagio exata da unidade de registr
sobre a habitação. Ou então os “objetos de atitudes” (cf. a análise
recorta-se o texto em Esta pode, por exemplo, ser a frase para a palavra e o pardgrafo para o tema.
Osgood), numa análise da imprensa politica. Neste caso,
o locutor exprime Com efeito, em muitos casos, torna-se nece: rio fazer (conscientement
função desses temas-eixo, agrupando à sua volta tudo o que
a seu respeito. referéncia ao contexto proximo ou longinquo da unidade a ser registrada, ¢
e de vários codificadores trabalham num mesmo corpus, torna-se imprescindiv
m O personagem: o ator ou actante pode ser escolhido como unidad um acordo prévio. Por exemplo, no o de andlise de mensagens politica
(ser humano ou
registro. Neste caso, o codificador indica os “personagens” palavras como liberdade, ordem, progresso, democracia, sociedade, tém n
categorial, as
equivalente, tal como um animal etc.) ¢, no caso de uma análise cessidade de contexto para serem compreendidas no seu verdadeiro sentid
ente estabelecido
classes em função do quadro escolhido. Tal quadro ¢ geralm A referéncia ao contexto ¢ muito importante para a andlise avaliativa e par
(tragos de cardter,
em fungio das caracteristicas ou atributos do personagem a andlise de contingénci Os resultados são suscetiveis de variar sensive
emissoes,
papel, estatuto social, familiar, idade etc.). As obras de ficção (filmes, mente segundo as dimensões de uma unidade de contexto. A intensidade e
podem ser analisadas
romances, bandas desenhadas, fotonovelas, pegas de teatro) exten: o de uma unidade podem surgir de modo mais ou menos acentuad:
a, manuais
segundo seus personagens, do mesmo modo que os artigos de imprens consoante as dimensdes da unidade de contexto escolhida. No que se refer
Em que situação? etc. A
escolares etc. Quem e em qual ocasiao? Com que papel? as coocorréncias, ¢ evidente que o seu número aumenta com as dimensõe
de unidade.
unidade “personagem” pode ser combinada com outros tipos da unidade de contexto: ¢ pouco provavel, por exemplo, que se possam et
l que a
m O acontecimento: no caso de relatos e de narragdes, é possive t
contrar temas semelhantes num pardgraf : ou em alguns minutos de grav:
os relatos
unidade de registro pertinente seja o acontecimento. Neste caso, ção, é mas
m a probabilidade aumenta num texto de v árias páginas ou num
serdo recortados
(filmes, lendas, contos, relatos miticos, artigos da imprensa) emissão de uma hora. Geralmente, quanto maior é a unidade de context
em unidades de ação. mais atitudes ou valores se afirmam numa análise avaliativa, ou mais nt
um merosas são as coocorrências numa análise de contingência.
mO documento: o documento ou unidade de género (um filme,
vez s serve de unidade de re- | A determinação das dimensões da unidade de contexto é presidida pc
artigo, uma emissdo, um livro, um relato) por
caso de andlise dois critérios: o custo e a pertinência. É evidente que uma unidade de contex
gistro, desde que possa ser caracterizado globalmente e no
o a resposta (a .to alargado
' exige uma releitura do meio, mais v . Por outro lado, exist
rápida. Também é possivel tomar como unidade de registr
de que a ideia dominante ma dimensão ótima, ao nível do sentido: se a unidade de contexto for muit
uma questdo aberta) ou a entrevista, na condição
Pequena ou muito grande, já não se encontra adaptada; também aqui ão de
ou principal seja suficiente para o objetivo procurado.
de unida- terminantes quer o tipo de material, quer o quadro teórico.
Na realidade, a unidade de registro existe no ponto de intersegio
fisico) e de De qualquer modo, é possível testar as unidades de registro e de context
des perceptiveis (palavra, frase, documento material, personagem em
embora parega difi- em pequenas amostrastras,
s, a fim
fi de que nos asseguremos que operamos com o
unidades semanticas (temas, acontecimentos, individuos),
de natureza Instrumentos mais adequados.
cil, mesmo existindo correspondéncia, procurar fazer um recorte
2. REGRAS DE ENUMERAÇÃO aparição de um item de sentido ou de expressio serd tanto mais significa-
É necessário fazer a distinção entre a unidade de registro - o que se tiva - em relação ao que procura atingir na descrição ou na interpretagio
conta - e a regra de enumeração - o modo de contagem. da realidade visada - quanto mais esta frequéncia se repetir. A regularida-
Vejamos o seguinte exemplo: temos um “texto” concluído, em que a de quantitativa de aparigio ¢, portanto, aquilo que se considera como sig-
identificação e o recorte forneceram os elementos ou unidades de registro nificativo. Isto supde que todos os itens tenham o mesmo valor, o que nem
(palavras, temas ou outras unidades) seguintes: sempre acontece.
a,d,a,e,a, b.
m A frequéncia ponderada: se supusermos que a aparigao de determina-
Sabendo-se que a lista de referência, estabelecida a partir de um conjun- do elemento tem mais importancia do que outro, podemos recorrer a um sis-
to de “textos”, ou, segundo uma norma, é a, b, ¢, d, ¢, f; é possível utilizar diver-
tema de ponderação. Por exemplo, se considerarmos que a aparigio de b e d
sos tipos de enumerações:
possui uma importancia dupla da de a, c e f, afetam-se todos os elementos
m A presença (ou ausência): neste mesmo “texto” estão presentes os ele- com coeficientes, no momento da codificagao.
mentos a, b, ¢, d e ¢, presença esta que pode ser significativa, funcionando Veja, por exemplo, a seguinte ponderagao:
nesse caso como um indicador.
No entanto, a ausência de elementos (relativa a certa provisão) pode, em a =1
alguns casos, veicular um sentido. Aqui, os elementos c e / estão ausentes. b=12
Com efeito, para certos tipos de mensagens, como para certos objetivos de c=1
análise, a ausência constitui a variável importante. Por exemplo, a ausência d=12
pode manifestar bloqueios ou recalcamentos nas entrevistas clínicas, além e=1
de traduzir uma vontade escondida, no caso de uma declaração pública. f=1L
A frequência: geralmente é a medida mais usada. Corresponde ao se-
guinte postulado (válido em certos casos e em outros não): a importância de Isto dá os seguintes resultados:
uma unidade de registro aumenta com a frequência de aparição. No nosso
a=3x1=3;
exemplo, a frequência de cada elemento é:
b=1x2=2
a=3;
c=0x1=0;
b=1
d=1%2=2;
c=0
d= e=1lxl=1
e=1 f=0x1=0.
f= 0.
Obtém-se, por conseguinte, resultados diferentes daqueles que foram
Uma medida frequencial em que todas as aparigoes possuam o mes- obtidos na medida de frequéncia não ponderada.
mo peso postula que todos os elementos tenham uma importancia igual. A ponderagio pode corresponder a uma decisão tomada a priori, mas
A escolha da medida frequencial simples não deve ser automatica. É preciso pode também traduzir as modalidades de expressão ou a intensidade de um
lembrarmo-nos de que ela assenta no seguinte pressuposto implicito: a elemento.
níveis (correspont?efl-
Para facilitar a avaliação do grau de intensidade a codificar, podemos r
m A intensidade: tome-se em nosso exemplo três
basear, como sugeria Osgood, em critérios precisos: intensidade (semantic
seio de uma só classe), na aparição
tes a variações semânticas ou formais no do verbo, tempo do verbo (condicional, futuro, imperati , advérbios
de um elemento:
modo, adjetivos e atributos qualificativos.
a,a,a,-b,b, b, ete. m A direção: a ponderagio da frequéncia traduz um cardter quantit
modalidade de expressao:
e a afetação de uma nota diferente, segundo a
tivo (intensidade) ou qualitativo: a diregao. A direção pode ser favoráv
desfavordvel ou neutra (eventualmente ambivalente), no caso de um est
do de favoritismo/desfavor smo. Os polos direcionais podem, no enta
to, ser de natureza diversa: bonito/feio (critério estético), pequeno/gran.
(tamanho) etc.
Atribui-se aos elementos do texto um sinal (indice qualitativo) ou un
No “texto”:
nota.
apdyag e,y b,
a,d,a,e,a,b,
: ersi
& medflas
(poro exemplo; T+ poslt?vol,
enenifiao: o negativo;
WD0 = neutro; ; ++ == ambivale
ambim nte)
Osgood, na anilise avaliativa, recorreu a escalas bipolares para codific
a = 7(1+3+3)=7; a intensidade e a direção. A ponderação das medidas frequenciais conduziu-
b=1; em seguida, à representagdo dos resultados sob a forma de perfis.
c =0
d=3
e =1 Polo de é Neut
m Polo de
fm intensidade — (4) À u ladade
positiva máxima = m d , 2 3 negatvamixima
ento aparece é indispensável
A medida de intensidade com que cada elem
: Se encontrar-
os, tendências) e das atitudes. :
áli e dos valores s (ideo
na anilis (i logic
Ogicos,
r m num estudo da imprensa chinesa
mos os quatro enunciados que se segue Escala bipolar de setee pontos 4
tos ( (ou graus), " .
* ; — ii
os diferenciar a intensidade içõ s
dasas p posiçõe p para um exemplo em que a é ¢
á
dos anos 1960, éé necessário poderm
direção positiva e de intensidade 2 (a ,), indicada pelo sinal *.
correspondentes:

ca de Krusche\:
L “Poderiamos achar necessário reprovar a políti
ca de Kruschev!
2 “Deverfamos denunciar amargamente a politi
ica de Kruschev! "
3 “Comegaremos brevemente a denunciar a polit
cordo com a política
4 “No passado, estivemos algumas vezes em desa
de Kruschev™.

nplo dado por O. R. Holsti.


A medida de coocorréncia (anilise de contingéncia) dá conta da dist.
buigao dos elementos e da sua associagao. A distribuigio dos elementos por
constituir um ponto significativo de conhecimento. Por exemplo, dois “texto
apresentam o mesmo número de elementos a, mas no primeiro esses eleme
tos encontram-se dispersos por todo o texto, enquanto que no segundo esti
Perfil. O perfil traduz o conjunto de frequên-
cias para cada elemento. Por exemplo, aqui, A concentrados em determinada passagem.
(conjunto das unidades registradas para um dado O uso da associação como indicador assenta geralmente no postulado «
. corpus) e E são muito positivos, D é neutro, F € B que elementos associados numa manifestagio da linguagem estio (ou estari
são ligeiramente negativos e C é bastante negativo.
igualmente associados no espirito do locutor (ou do destinatario). Existem mod:
lidades qualitativas que, eventualmente, diferenciam a natureza da coocorréncia:

m associação (o elemento a aparece com o elemento b).


equivaléncia (o elemento a ou o elemento d aparecem num context
idéntico. Talvez se possa deduzir um cariter de equivaléncia ou d
substituigao).
m oposição (o elemento a nunca aparece com o elemento c).
o (por ç,-xemplc.),
m A ordem: a ordem de aparição das unidades de registr
§e a está em pri-
numa entrevista ou num relato) pode ser o índice pertinente. Notemos, por último, que a proximidade de ocorréncia pode ser medide
aa, isto p(f)de ter um
meiro lugar e d em segundo, se a precede d ou d sAuce‘dc se a estd a trés unidades ou a dois minutos de distancia de b talvez nio possu
?cla) do que a requeràcm.
significado mais importante (no quadro da inferen amesma importancia do que se estiver a sete unidades de registro ou a quatr
de registro po em
Ou então a frequência e o encadeamento das unidades minutos e meio de b.
m constantes que são
combinar-se nas medidas. Pode ser útil saber se existe Consideragoes - Qualquer escolha de uma regra (ou de virias regras) d
o, se a « de a,
evidenciadas, a ordem de sucessão dos elementos (por exempl enumeragio assenta numa hipótese de correspondéncia entre a presenqa, «
aparece com uma frequência significativa). frequéncia, a intensidade, a distribuição, a associação da manifestação da lin
unidades de guagem e a presença, a frequência, a intensidade, a distribuição, a associacic
m A coocorrência: é a presença simultânea de duas ou mais
es para tomar- de variáveis inferidas, não linguisticas. É conveniente procurar-se a corres-
registro numa unidade de contexto. Existem duas possibilidad
pondéncia mais pertinente.
mos uma decisão sobre a unidade de contexto:
m Uma variável de inferéncia pode manifestar-se, por vezes, de diversas
registro: recortan-
m Escolhe-se esta segundo o número de unidades de maneiras. É possível atingi-la por meio de índices diferentes ou complementa-
por exemplo
do o texto em três (ou quatro, cinco ou mais) unidades: res. Por exemplo, na análise da imprensa, a superfície dos antigos, o tamanho
a, d, a/c, a
o texto: a, d, @, ¢ a, b, ¢ ¢ ¢, ..., depois de recortado fica: dos títulos ou a frequência dos acontecimentos descritos talvez sejam três mo-
ra unidad e e três
b/e, ¢, e/... Resultados: dois elementos a na primei dos de codificação e de enumeração aptos para elucidarem a mesma realidade.
elementos e na terceira unidade. m Tentou-se utilizar sistemas de enumeração aplicáveis a um material
e/0\‘| poste-
m Decide-se o número de unidades de registro anteriores contínuo (medida de espaço e de tempo) ou graduado (medidas de cor). À
de eixo: por
riores segundo uma unidade determinada, que serve Precisão da medida, salvo casos particulares, é mais aparente do que real, a
um dos substan-
exemplo, uma palavra que antecede ou sucede ca.da contagem de uma unidade de registro por minuto ou por centímetro quadrado
tivos, ou dois temas anteriores a um tema escolhido etc. ¢ talvez, ainda mais artificial do que o recorte de um texto por frases ou por
parágrafos. Acontece, no entanto, que existem medidas deste tipo que são forem diluídas num desconto frequencial. A abordagem quantitativa e a quali-
adaptadas ou as únicas possíveis. Caso tenha sido demonstrado em experiências tativa não têm o mesmo campo de ação. A primeira obtém dados descritivos
anteriores que a análise dos slogans publicitários permite chegar aos mesmos re- por meio de um método estatístico. Graças a um desconto sistemático,
sultados que a an; do texto correspondente - na condição de esses slogans análise é mais objetiva, mais fiel e mais exata, visto que a observação é mais
serem ponderados em função das suas dimensões -, torna-se mais rápido utili 1ar bem controlada. Sendo rígida, esta análise é, no entanto, útil nas fases de veri-
a primeira medida. Caso se confirme, por comparação com os resultados obtidos ficação das hipóteses. A segunda corresponde a um procedimento mais intui-
por meio de outros testes de personalidade, que o recorte em quadrículas da su- tivo, mas também mais maleável e mais adaptável a índices não previstos, ou à
perfície de um teste constitui um método exato, é conveniente empregá-lo. Se a evolução das hipóteses. Este tipo de análise deve ser então utilizado nas fases
análise de uma emissão de tipo narrativo, por sequências temporalmente mensu- de lançamento das hipóteses, já que permite sugerir possíveis relações entre
radas, fornece bons resultados em função do objetivo, há que praticá-la. um índice da mensagem e uma ou diversas variáveis do locutor (ou da situa-
ção de comunicação).
A análise qualitativa apresenta certas características particulares. É váli-
3. ANALISE QUANTITATIVA E ANÁLISE QUALITATIVA da, sobretudo, na elaboração das deduções específicas sobre um acontecimen-
to ou uma variável de inferência precisa, e não em inferências gerais. Pode
Nos anos 1950, houve um apaixonante debate entre procedimentos “quan-
funcionar sobre corpus reduzidos e estabelecer categorias mais descriminan-
titativos” e “qualitativos”. Uns definiam a andlise segundo o cardter “quantitati- tes, por não estar ligada, enquanto análise quantitativa, a categorias que deem
vo, enquanto outros defendiam a validade de uma andlise “qualitativa’”
lugar a frequências suficientemente elevadas para que os cálculos se tornem
Durante o primeiro congresso de analistas, A. L. George® tentou precisar
possíveis. Levanta problemas ao nível da pertinência dos índices retidos, visto
as caracteristicas de ambos os métodos. Na medida em que “a andlise de con- que seleciona ndices sem tratar exaustivamente todo o conteúdo, exis
teúdo ¢ utilizada como um instrumento de diagnostico, de modo a que se tindo o perigo de elementos importantes serem deixados de lado, ou de serem
possam levar a cabo inferéncias especificas ou interpretagoes cau sobre
tidos em conta elementos não significativos. A compreensão exata do sentido
um dado aspecto da orientagio comportamental do locutor”, o seu procedi- é, neste caso, capital. Além do mais, o risco de erro aumenta, porque se lida
mento não ¢ obrigatoriamente quantitativo, como até então se admitia (por
com elementos isolados ou com frequências fracas, daí a importância do con-
nfluéncia de Berelson, principalmente).
texto. Contexto da mensagem, mas também contexto exterior a este; quais se-
A abordagem quantitativa funda-se na frequéncia de aparigio de deter- rão as condições de produção, ou seja, quem é que fala a quem e em que cir-
minados elementos da mensagem. A abordagem não quantitativa recorre a cunstâncias? Qual será o montante e o lugar da comunicação? Quais os acon-
indicadores nio frequenciais suscetiveis de permitir inferéncias; por exemplo, tecimentos anteriores ou paralelos? Por outro lado, a abordagem qualitativa
a presenga (ou a auséncia) pode constituir um indice tanto (ou mais) frutifero
evolutiva confronta-se com o perigo de “circularidade” em maior grau do que
que a frequéncia de aparigao.
a abordagem quantitativa e fixa. As hipóteses inicialmente formuladas po-
Qual será a evolugao da frequéncia da palavra “pátria” nos manuais de dem ser influenciadas no decorrer do procedimento por aquilo que o analis-
Historia de cinquenta anos para cd? Estard a palavra “patria” ausente ou pre- ta compreende da significação da mensagem. Principalmente neste caso,
sente dos manuais de Historia de 19757 Em dado contexto, por exemplo, 08 torna-se necessário reler o material, alternar releituras e interpretações e
discursos de um politico, a aparição de uma palavra ndo esperada ou propria desconfiar da evidência (existirá uma “evidência” contrária?), funcionando
da oposição, uma frase mais temperada ou mais restritiva do que as habituais
Por sucessivas aproximações. A análise qualitativa, que é maleável no seu
proposições sobre o assunto, podem funcionar como indice de peso, se não
funcionamento, deve ser também maleável na utiliz, ção dos seus indices.
As manifestações da mesma realidade pela comunicação podem modificar-
6. A L. George, “Quantitative and qualitative approaches to content analysis’, em 1. S. Pool,
Trends in Content Analys s, 1959, "Se rapidamente, em particular na propaganda ou na psicoterapia, em que as
m bruscamente. Em outras
condições de produção, por vezes, se transforma
por parte do
palavras, os índices são instáveis e uma resistência à mudança
to qualitativo funda a
analista será tanto mais nefasta quanto o procedimen
sua interpretação em elementos escassos.
rejeita toda e qual-
Por último, precisemos que a análise qualitativa não
s é que são retidos de maneira
quer forma de quantificação. Somente os indice
a testes quantitativos: por exem-
não frequencial, podendo o analista recorrer
sos semelhantes.
plo, a aparição de índices similares em discur A categorizagao
Em conclusão, pode dizer-se que o que caracteriza a and se qualitativa é
ser fundada na presença do
o fato de a “inferéncia - sempre que é realizada -
sobre a frequência da sua apa-
índice (tema, palavra, personagem etc.!), e não Content analysis stands
falls by its categorie
rição, em cada comunicação individual”.
agem qualitativa mar-
A discussão abordagem quantitativa versus abord
de conteúdo. Na primeira metade divisão das componentes das mensagens analisadas em rubricas ¢
cou um volta-face na concepção da análise
tipo de andlise era o rigor
do século XX, o que marcava a especificidade deste da
categorias não ¢ uma etapa obrigatéria de toda e qualquer análise ¢
u-se que a caracterfstica
e, portanto, a quantificagdo. Depois, compreende contetido. A maioria dos procedimentos de anlise organiza-se, no entai
das a partir de varidveis de
andlise de conteúdo é a inferéncia (varidveis inferi to, em redor de um processo de categorizagao. "
s de inferéncia se ba-
inferéncia ao nivel da mensagem), quer as modalidade
seiem ou não em indicadores quantitativos.
a do tipo de medi- 1. PRINCIPIOS
É evidente que a natureza do material influi na escolh
entre mensagens normalizadas e
da. Pode, por exemplo, fazer-se a distingdo A categorização é uma operação de classificação de elementos constitut
erdo a um corpus constituido
mensagens singulares. As primeiras correspond vos de t:m conjunto por diferenciação e, em seguida, por reagrupamento segur
Por exemplo: resposta a
por mensagens provenientes de diferentes locutores. d_o o gênero (analogia), com os critérios previamente definidos. As categori:
tudo o que isso implic a de
questões abertas, organizadas para a codificagio, com sªo.rubricas ou classes, as quais reúnem um grupo de elementos (unidacís (
neste caso, o tipo de investigagdo
standartizagao, nivelamento e conformagio; registro, no caso da anilise de conteúdo) sob um titulo genérico, agrupamer
na quantificagio numa situagao
prepara e orienta um tipo de andlise baseada K,, ?sse efetuado em razão das características comuns destes elementos. O cr
nientes de um único ou de
normalizada. As segundas são mensagens prove tério de categorização pode ser semântico (categorias temáticas: por exempl.
do (singularidade da expres-
vários emissores, mas irredutiveis a normalizag
e da finalidade no objetivo da co- ‘f)dos c: temas que significam a ansiedade ficam agrupados na categoria “ar
são, da situação, nas condigdes de produgio
uma entrevista não diretiva que se Slºcllade , enquanto que os que significam a descontração ficam agrupados so
municagdo). Este ¢, por exemplo, o caso de
turado segundo leis que lhe ?lhtullo cmjceima] “descontragao”), sintático (os verbos, os adjetivos), léxic
apresenta como um todo, como um sistema estru
parivel. s‘i:na::;f:s:zodgzi pn{::;'rfls s'eglundo o seu sentido, com emparelhamento dc
são proprias e portanto analisavel em si, ou incom
da crenga sociologica dassmcm;] “ di‘;::“ los proxnm_os) e ex?ressivo (por exemplo, categorias qu
Por vezes torna-se necessrio nos distanciarmos
0 acidente e a raridade pos- as perturbagoes da linguagem).
na significação da regularidade. O acontecimento,
ser abafado.
suem, por vezes, um sentido muito forte que não deve
dee conteúdo
conteú ém-se ou desaparece pelas suas categorias’, Berelson, 195
mantém-se
(N. do T).
ção
A atividade t; onômica é uma operação muito vulgarizada de reparti co 0 11déns açã:
\.c’m, uma representagio
g ão simplificada
simpli dos dados brutos. Na an
dos objetos em categori Se antes de colocarmos um disco no toca-discos quantitativa, y as inferéncias finai 0, no entanto, efetuadas a partir do materia
Bach, Ravel ou Boulez, reconstruído. Supõe-se portanto, que a decomposição-reconstrução desempe
nos interrogarmos sobre a vontade que temos de ouvir
¢ 0 nos
não utilizamos o mesmo critério que preside às escolhas possíveis, nha determinada função na indicação de correspondências entre as meI—wa Zn
interroguemos acerca do desejo de ouvir violino, órgão ou piano. O critério de e a realidade subjacente. A anilise de contetido assenta implicitamente n:; c%en
Não acentuamos ça de que a categorização (passagem de dados brutos a dados organizados) nac
categorização não é o mesmo (compositor ou instrumento).
que empregamos é introduz desvios (por excesso ou por recusa) no material, mas que d'á a conhe
o mesmo aspecto da realidade. Por outro lado, o critério
É possível que os nos- cer índices invisíveis, ao nível dos dados brutos. Isto talvez seja abusar da con
mais ou menos adaptado à realidade que se nos oferece.
feita (um de-
sos dois desejos convirjam e venham precisar a escolha por nós
fiança que se pode ter no bom funcionamento desse delicado instrumento, |
igual modo, em preferível estar consciente do que se passa quando se efetua uma o
terminado instrumento e um determinado compositor). De ão d. 1
ou várias dimen- modo habitual que parece anódina.
análise de conteúdo, a mensagem pode ser submetida a uma L a o
Um bom analista será, talvez, em primeiro lugar, alguém cuja capacidade
sões de análise.
ação do que cada de categorizar - em função de um material sempre renovado e de teorias evo-
Classificar elementos em categorias impõe a investig
o seu agrupamento lutivas - está desenvolvida.
um deles tem em comum com outros. O que vai permitir
outros critérios A categori: ição pode empregar dois processos inversos:
é a parte comum existente entre eles. É possível, contudo, que
consideravel-
insistam em outros aspectos de analogia, talvez modificando m éfornecido o sistema de categorias e repartem-se da melhor maneira
mente a repartição anterior. possível os elementos à medida que vão sendo encontrados. Este é o
e comporta duas
A categorização é um processo de tipo estruturalista procedimento por “caixas” de que já falamos, aplicável no caso de a
etapas: organização do material decorrer diretamente dos funcionamentos
teóricos hipotéticos;
m oinventário: isolar os elementos; |
ar ou impôr L o sistema de categorias não é fornecido, antes resulta da classificação
m aclassificação: repartir os elementos e, portanto, procur
analógica e progressiva dos elementos. Este é o procedimento por
certa organização às mensagens.
acervo”. O título conceitual de cada categoria somente é definido no
ônicos ba-
A categorização é cotidiana na nossa vida: os jogos radiof final da operação.
rapidez numerosos ele-
seiam-se inteiramente na capacidade de produzir com
segundos dez cidades | Geralmente as categorias terminais provêm do reagrupamento progres-
mentos desta ou daquela categoria (descobrir em trinta sivo de categorias com uma generalidade mais fraca.
o, cada uma das quais
cujo nome é iniciado por determinada letra do alfabet
dois critérios). Desde o ensino
}?xtstem boas e más categorias. Um conjunto de categorias boas deve
com 50 a 100 mil habitantes: cruzam-se aqui Possuir as seguintes qualidades:
icar e ordenar, por meio
fundamental as crianças aprendem a recortar, classif
uma importância con- i .I
de exercícios simples. O processo classificatório possui a exclusão mútua: esta condição estipula que cada elemento não pode
siderável em toda e qualquer atividade científica.
:I(lslu-' em mais de uma divisão. As categorias deveriam ser construidas de tal
codificar o seu d:;;:;::‘z:: e]en;erito r;ão lpudesse ter dois ou vários aspectos suscetíveis
A partir do momento em que a análise de conteúdo decide
categorização tem como S que fosse classificado em duas ou mais categorias. Em certos
material, deve produzir um sistema de categorias. A
ntal) fornecer, por s, pór-se em causa esta regra, com a condigao de se adaptar o codigo
primeiro objetivo (da mesma maneira que a análise docume
(mul- a) A andlise dos valores
de maneira a que não existam ambiguidades no momento dos cálculos
ticodificação). Exemplo |1:
m A homogeneidade: o princípio de exclusão mútua depende da homo- White especializou-se, logo apés a Segunda Guerra Mundial, na andlise
geneidade das categorias. Um único princípio de classificação deve governar de valores. Analisa, em primeiro lugar, a autobiografia de Richard Wright,
r com
asua organização. Num mesmo conjunto categorial só se pode funciona Black Boy (1947); em seguida, analisa o estilo de propaganda de Hitler e Roo-
de-
um registro e com uma dimensão da análise. Diferentes níveis de análise sevelt (1949) e, mais tarde, os discursos de Kennedy e de Kruschev (1967).
- citado
vem ser separados em outras tantas análises sucessivas. No exemplo Propomos uma das suas grades de análise”.
“objetos de
nesta obra - de análise da simbólica do automóvel, a categorização
J
A / Valores fisiologicos D / Valores que exprimem o medo
referência” só se cruza após a categorização “tipo de relação”.
quando está 1. — Alimentação (segurança emocional)
m A pertinência: uma categoria é considerada pertinente
teórico . Sexo E / Valores de jogo e de alegria
adaptada ao material de análise escolhido, e quando pertence ao quadro
a...) há uma x À RePouso 1. Experiéncia nova
definido. Na pertinência (pertinens: que diz respeito a, relativo
intenções da 4. Saude 2. Excitagdo, emoção
ideia de adequação ótima. O sistema de categorias deve refletir as
sticas das 5. Seguranga 3. Beleza
investigação, as questões do analista e/ou corresponder às caracterí 6. Conforto 4. Humor
mensagens. B / Valores sociais
muito im- 5. — Autoexpressão criativa
m A objetividade e a fidelidade: estes princípios, tidos como 1. Amor sexual
a ser váli- F / Valores práticos
portantes no início da história da análise de conteúdo, continuam 2. Amor familiar 1. Sentido pritico
se aplica a mesma
dos. As diferentes partes de um mesmo material, ao qual 3. Amizade 2. Possessio
mesmo quando
grade categorial, devem ser codificadas da mesma maneira, C / Valores relativos ao ego 3. Trabalho
idade dos codi-
submetidas a várias análises. As distorções devidas à subjetiv 1. Independéncia G / Valores cognitivos
e a definição das
ficadores e à variação dos juizos não ocorrem se a escolha 2. Cumprimento 1. Conhecimento
deve definir
categorias forem bem estabelecidas. O organizador da análise 3. Reconhecimento H / Diversos
índices que
claramente as variáveis que trata, assim como deve precisar os 4. Amor-proprio 1. Felicidade
determinam a entrada de um elemento numa categoria. 5. Dominagao 2. Valor em geral
invocadas
m A produtividade: adicionaremos as condigoes geralmente 6. Agressio
s ¢ produtivo se
uma qualidade muito pragmatica. Um conjunto de categoria
novas e em
fornece resultados férteis: em indices de inferéncias, em hipoteses Exemplo 2:
dados exatos.
' V. Isambert-Jamati* mostrou a evolução dos valores pregados pela ins-
llituiçào escolar entre 1860 e 1965, a partir da análise de uma amostra de
dlsfursos de distribuição de prêmios; proferidos por vários oradores direta
2. EXEMPLOS DE CONJUNTOS CATEGORIAIS
ou indiretamente envolvidos no ensino médio, produzidos regularmente du-
de catego-
Se na maioria dos casos se torna necessdrio criar uma grade
de inspirar 0
rias para cada nova andlise, os estudos anteriores são suscetiveis R. K. ? White, 3 Value-analisis:is: the
the nnature and use of i the method, Glen Gardiner, N. J., Liberta
de conjuntos ca- rian Pres , 1951. Citad
analista. É por este motivo que vamos citar alguns exemplos 3
por oHolsti, op. cit. el e
Isambert-Jamati, Crises de la societé, crises de lenseignemeP.nt,
U. E, 1970,
tegoriais já utilizados.
rante esse período e de fácil acesso, esses discursos de entrega de prêmios ser-
m Os valores de referéncia:
m Moral individual de perfeigio ou de imperativo categorico.
viram de material de base para todo um estudo sobre a “moral de referência”
esses fins — visados Moral individual de tendéncia hedonista, ou de tipo “higiene mental”.
da escola, acerca dos fins - e dos meios para se atingirem
intelectual a Moral individual de solidariedade.
pela instituição escolar e ainda sobre os objetos de conhecimento
Exortagdo ao trabalho.
promover etc.
análise. Exaltagio do progresso.
Um conjunto de cinco categorias e subcategorias serviu de base à
Exaltagao da juventude.
ir nos
m As mudanças que o ensino das disciplinas escolares deve produz Exaltação da familia.
alunos: Exaltação da patria.
m Participação nos valores supremos. Exaltagio da paz e da compreensio internacional.
m Aperfeiçoamento individual procurado pelo próprio aluno.
A conclusio final deste estudo demonstra que as mudangas da sociedade
m Exercício de mecanismos operatórios.
francesa se repercutem nos objetivos que os sistemas de ensino propoem «
m Os objetos a conhecer: que as crises da sociedade e as do ensino aparecem sincronizadas. Os objeti
m Oshomens do passado e as suas obras. vos da instituição escolar evoluem. Desse modo, é possivel dividir os período:
m Os homens contemporâneos. conforme os valores dominantes:
m A natureza humana e universal.
1) 1860-1870: valores supremos e integragio na elite.
wm A natureza.
2) 1876-1885: integragao na elite e transformagao do mundo.
m Os objetos da educação moral:
3) 1896-1905: transformagao do mundo e entusiasmo laico.
Lealdade em relação à Universidade nacional e laica.
4) 1906-1930: gratuidade da cultura.
Lealdade em relação ao estabelecimento. 5) 1931-1940: aprender a aprender.
para a educagio.
Exílio do mundo como condição vantajos 6) 1946-1960: 0 ensino médio se defende: retorno ao estetismo.
Valor educativo da disciplina. 7) 1961-1965: crises dos objetivos'.
Ação dos pares na formação do cardter.
Sob o ponto de vista técnico, as andlises foram essencialmente tematicas
m Consideração das diferengas individuais entre os alunos.
mas sempre afinadas por precaugoes como a ponderagao dos temas, a divisao em
m Utilização das tendéncias lidicas.
temas principais e secunddrios, a abordagem avaliativa (texto favorável, texto neu-
m Exemplo moral dos professores.
tro) e a utilização de relagoes de género “coeficiente de dominancia”
m Ascendente voluntario dos professores.
m A definição institucional: b) A andlise dos fins e dos meios
para que se
m [ bom que a definição central do ensino médio mude, Exemplo 1:
adapte as mudangas socias.
m A escolaridade de nivel médio deve ser longa. Trata-se de uma andlise dos objetivos afetivos e objetivos racionais efetu-
d-
m O ensino médio deve bastar aos alunos, sem que lhes seja necess ada por B. Berelson e P. Salter, acerca das revistas populares de ficção”. Foran
rio continuar os estudos. utilizados dois sistemas de categorias:
sional dos
m Os liceus ndo devem servir para preparar o futuro profis
*& Easeguirvemo maio de 68!
alunos.
B. Berelson e P. Salter, “Majority and minority Americ an analysis of magazine fiction'
m O publico visado é a elite social. Publ. Opin. Quart., 1946.
A / Intenções do “coração” B / Intenções na “cabeça” €) A análise da interação
1. Amor roméntico 1. Solugdo de problemas concretos Exemplo:
2. Casamento estabelecido 2. Progresso pessoal A andlise da interagio por sequéncias nas entrevistas terapéuticas foi estuc
3. Idealismo 3. Dinheiro e bens materiais da segundo as reagoes de aproximagao/evitamento do terapeuta em relação as «
4. Afeigao e seguranga emocional 4. Seguranga econômica e social pressoes de hostilidade do paciente”. A sequéncia da interagdo era do tipo:
5. Patriotismo 5. Poder e dominagao . o " Ú
É Nnl enunciado exprimindo a hostilidade do paciente — resposta
Justiça do terapeuta — enunciado imediato do paciente

8. Independéncia Foram utilizadas as seguintes categorias:

Exemplo 2: A / Paciente
1. Hostilidade: toda e qualquer expressão de aversão, ressentimento, «
Este estudo analisa as finalidades e possibilidades de êxito oferecidas : o . ”
lera, antagonismo, oposição ou de atitude crítica.
às crianças nos programas televisivos, relacionando-as com os meios pre-
conizados”. 2. Referente
1/ Cônj d/E;
A / Categorias das finalidades ENAA /. &
. o . b / Criança e / Terapeuta
Propriedade (êxito material) : - .
" : ; ; c / Pais // Outra pessoa ou objeto
q

Autopreservação (desejo de statu quo, inclusive)


{\fclsao B / Terapeuta
e G

Sentimento
1. Reações de aproximação: respostas concebidas para provocarem c
Poder e preso
prestígio " A ; ó
tras expressões de sentimentos, atitudes e comportamentos hostis.
AW

Objetivos psicológicos (inclusive violência e educação)


Outros a/ Aprovação — d/ Resposta-reflexo
N

b/Exploração — e / Designação
B / Categorias dos métodos
o

¢/ Incitagao
1. Legais
2. Nao legais
gl (
(sem feridas nem estragos
gos) 2.
" é
Reagoes de evitamento: respostas concebidas para inibir, desencora
i ÃEA
3. Econômicas
SSS . e . g " -
ou suscitar uma diversão em relação às expressoes de hostilidade.
4. Violéncia í
sn o ' 3. Não classificado.
5. Organização, negociação e compromisso :
6. Evasão, fuga (tentativa de evitar os fatos inerentes à realização do &) A análise d Gisicalfice
objetivo, esquecimento da finalidade etc.) ) A andlise de um estado psicoldgico
Acaso Ha cerca de 20 anos, Gottschalk e a sua equipe tentaram avaliar, con
8. Outras auxilio de quadros de anilise preestabelecidos, o grau de um estado ou de v

A. Bandura, D. H. Lipsher e Pa E. Miller, “Psychoterapists Approacl


6. O.N.Larson, L. N. Gray ¢ ). G. Fortis, “Goals and goal-achievement methods in television to patients’ expre: ). Consul Psychol., 1960, 24.
content: model for anomie?” em Social Inquiry, 33, 1963. 8. Verosartigos de L. A. Gottschalk, G. C. Gleser
¢ L. L. Viney, em lingua inglesa.
funcionar sobre proºuçõcs 1L Acusação de
sentimento psicológico. Esses quadros podem
verbais diversificadas: cartas, autobiografias, literatura, testes projetivos, Al sentimentos de culpa (...);
entrevistas de psicoterapia, falas suscitadas por um pedido para que se fale B/ sentimentos de vergonha (...)
e
durante cinco minutos sobre, por exemplo, a própria vida nos seus bons C/ hostilidade dirigida a si proprio, como ideias de suicidio, de muti-
maus aspectos, sobre acontecimentos passados, sobre o cônjuge ete. lação, autodepreciagao, decepgio e arrependimentos (...).
uiram qua-
Alguns estados psicologicos positivos ou negativos constit
IIL. Atraso psicomotor:
dros. Destes, citaremos:
IV. Preocupagaes psicossomaticas, como hipocondria, perturbagio do
ansiedade; sono, problemas sexuais, problemas de saude (dores de cabeça, perda de ener-
ira; gia etc.).
controle da propria vida (origin and pawn);
V. Ideias de morte e de mutilagao (...).
depressao;
sociabilidade; VL. Angistia da separação, como abandono, perda do amor, rejeição (...).
hostilidade;
VIL. Hostilidades dirigidas ao outro: desejos de matar, ferir, depreciar,
percepgoes das interagoes interpessoais;
maltratar (...).
custo psicoldgico de um acontecimento para uma pessoa;
repercussio para a pessoa de uma mudanga de vida (ex: tornar-se e) A andlise de imprensa
mie, comegar a trabalhar...); Exemplo:
m evolugdo de uma psicoterapia. A anilise da viagem de Kruschev & Franga foi efetuada por V. Morin'’,
com base em sete jornais didrios parisienses e nove periodicos. Os textos ana
Um quadro de andlise deste tipo apresenta-se na forma de categor lisados foram divididos em 8.532 “unidades de informagao” e reagrupados em
podem ser levadas em
subcategorias tematicas (as modalidades de expressio 69 categorias. As unidades de informagao foram caracterizadas por um indice
meio de um sistema
conta) com avaliação da intensidade das ocorréncias por de frequéncia, um indice de politizagao absoluta e relativa, um indice de
de ponderagao (1,2,4).
orientação absoluta e relativa e um indice de compromisso. As 69 categorias
Veja alguns itens do quadro de andlise da depressão”: foram reagrupadas em seis grandes temas:
1. Auséncia de esperanga: 1" tema: a Volta a Franga (o programa, o ambiente, o acolhimento pro-
não se vincial etc.).
1/ todas as referéncias da pessoa ao fato de ndo ter sorte ou
2º tema: Kruschev/De Gaulle (Kruschev feliz, Kruschev o homem,
beneficiar de um acaso feliz;
ga, es- Kruschev comunista etc.).
2/ referéncias a si proprio ou a outros como sem ajuda, confian
Ú 3¢ tema: problemas politicos (o desarmamento e a paz, os partidos e os
tima: a/ dos outros, b/ de si;
sindicatos franceses etc.).
3/ referências a sentimentos de desespero, perda da autoconfiança,
4º tema: Kruschev (Nina, os jornalistas, politicos e economistas etc.).
falta de interesse, sentimentos de pessimismo, desânimo... vivido:
al pelos outros, b/ por si próprio.
5º tema: afinidades “naturais” dos dois paises (a an de franco-r
URSS volta-se para a Franga etc.).
6° tema: os ócios (a gastronomia, os presentes, os castelos etc.).

9. LA.Gott . Hoigaard, “A Depres ion Scale Applicable to Verbal Samples”, Psychia-


try Research, 1986.
10. V. Morin, Lé ure de presse, Paris, Mouton, 1966.
3. OS ÍNDICES PARA COMPUTADORES m índices correspondentes a um projeto especifico (hipóteses precisas)
Para os analistas, o ideal seria não ser preciso reinventar uma tabela de e dados particulares;
m índices gerais (número elevado de categorias), utilizáveis em diver-
categorias para cada material e cada objetivo de análise. Contudo, isso não é
sos estudos exploratórios e em dados textuais variados.
possível a não ser para materiais muito similares e para um objetivo idêntico
(por exemplo, a comparação de dois ou mais grupos de documentos, de dois
ou mais locutores). A comparação de textos submetidos a um mesmo conjun- O índice, ou dicionário, é um sistema de análise categorial adaptado ao
tratamento automático. A sua concepção está mais proxima de um Thesaurus
to de categorias permite a interpretação dos resultados obtidos de maneira
relativa. Os resultados adquiridos desempenham, além disso, a função de nor-
(dicionário analógico reunindo sob títulos conceituais palavras com significa-
ção semelhante) do que de um dicionário vulgar (que fornece definições ou
mas de referência. Por exemplo, Hall" percebeu que na Nova Guiné o conteú-
descrições do sentido das palavras; exemplo: o Littré). Num índice, a clas-
do dos sonhos apresenta mais casos de “má sorte” que de “boa sorte”. Terá a
sificação das palavras faz-se ao nível de conceitos-chave ou títulos concei-
tribo estudada uma visão pessimista da vida? Não, especialmente se souber-
mos que em todo o mundo o infortúnio é majoritário nos sonhos. tuais. Cada um dos conceitos-chave reúne certo número de unidades de
No entanto, um campo de análise de um lado e um programa técnico de significação (palavras, fórmulas, frases) e representa uma variável da teo-
ria do analista. Os conceitos-chave são, portanto, intermediários entre a
outro dão origem a grelhas categoriais fixas. É o caso do domínio dos testes
teoria (construída) e os dados verbais (brutos).
projetivos e do tratamento analítico por computador.
Com efeito, a maioria dos testes projetivos produziu, conjuntamente
Por exemplo, ao conceito de “autoimagem”, corresponde o conceito-cha-
ve ou categoria “si”, o qual agrupa dados verbais localizados no texto: “ev”,
com a teoria subjacente, um ou vários sistemas categoriais de análise, aplicá-
“me”, “o meu”, “a minha”, “eu proprio”.
veis a um protocolo qualquer: TAT, Rorschach, Teste de Aldeia e grafologia
baseiam-se em categorizações estabelecidas com uma relativa estabilidade”.
O índice compreende, geralmente, dois sistemas de entrada:
A utilização do computador em análise de conteúdo conduziu os in-
m um índice categorial: entrada pelos conceitos-chave, com lista das
vestigadores à tentativa de construir tabelas de análise, suscetíveis de
palavras classificadas para cada um deles;
funcionar com vários tipos de materiais. Na realidade, é desejável que a
= um indice alfabético: lista alfabética das palavras e retorno aos con-
construção de um indice (ou dicionário), uma vez que necessita de um
ceitos-chave.
grande investimento, seja suficientemente geral e flexível, de modo a que
possa servir várias vezes.
O índice apresenta certa flexibilidade, visto que está prevista uma “lis-
É assim que o primeiro programa de computador para a análise de con-
ta de espera” (left over list), em que as palavras do texto que não estão nesse
teúdo, o General Inquirer", elaborou ao mesmo tempo:
indice podem ser registadas e, eventualmente, acrescentadas em seguida.
O General Inquirer compreendia, em 1966, 17 indices.
A vantagem desse conjunto de programas reside no fato de se poderem utili-
ontent analysis of dreams: categories, units and norms', em G. Gerbner, The zar diferentes indices para o mesmo material. Citemos alguns desses indices.
analysis of communication content, op. cit.
12. Lamentemos de passagem a falta de comunicação entre a psicologia clínica e a psicologia
O Harvard Third Psychosociological Dictionary: este indice psicossocio-
social. Os investigadores e os praticantes dessas duas disciplinas teriam muito que apren- logico (segunda edição) pode registar 3.564 entradas e classific-las em 83
der neste assunto. Os primeiros por fazerem análise de conteúdo sem o saberem (testes conceitos-chave (a maioria desses conceitos-chave reúne um minimo de vinte
projetivos), ou por ignorarem o interesse desta técnica. Os segundos, porque a preocupa Palavras). A sua caracteristica é a de comportar conceitos-chave de primeiro e
ção de rigor metodológico os leva a desprezar o contributo da atitude clínica.
13. P.J. Stone, D. C. Dunphy, M. S. Smith, D. M. Ogilvie, The General Inquirer: a Computer de segundo nivel. Os de primeiro nivel (55) registam as palavras do texto se-
Approach to Content Analysis, The MIT Press, 1966. gundo o seu sentido mais coerente e manifesto. Os de segundo nivel (28)
completam a informação, considerando as significações conotativas das pala- ATRIBUTOS
vras. A este nível, o sentido da palavra pode ser definido por um ou vários Referéncia temporal, referéncia espacial, referéncia q ativa e refe-
desses conceitos-chave (multicodificação). Por exemplo, a palavra professor réncia qualitativa.
será definida pelo seu contexto institucional, pela sua conotação de posição Os conceitos-chave de segunda ordem são de trés tipos
social e por uma característica psicológica (ou seja, função profissional, esta-
tuto superior, contexto acadêmico). Contexto institucional: Académico, Artistico, Comunitario, Economico,
Os 55 conceitos-chave do primeiro nível podem ser reagrupados em tre- Familiar, Legal, Médico, Militar, Politico, Distrativo, Religioso, Tec-
ze rubricas e três domínios (processos, objetos, atributos): nológico.

OBJETOS Conotações de estatuto: Estatuto Superior, Estatuto Igual, Estatuto In-


ferior.
(Área social) Pessoas: eu, nós, outrem.
Papéis: papel masculino, papel feminino, papel neutro, Temas psicológicos:
papel profissional. a) Exagero, subestimação
Coletividades: pequeno grupo, grupo aumentado.
b) Significagio de força, significagao de fraqueza
¢) Aceitagdo, rejeição
(Area cultural) Objetos culturais: alimentagao, indumentérias, instru-
d) Tema masculino, tema feminino, tema sexual
mentos.
Localizagao social: lugar social. ¢) Tema de nobreza
Modelos culturais: valor ideal, valor desviante, /) Tema de autoridade
mensagem, norma-agdo, pensamento, objeto &) Tema de perigo, tema de morte
não especifico.
O indice psicossociologico foi aplicado a materiais e com objetivos
(Area natural) Parte do corpo, objeto natural, mundo natural. variados. Paige utilizou-o para retomar a análise das cartas de Jenny, numa
abordagem clinica da estrutura da personalidade. Dunphy utilizou-a para
PROCESSOS observar a mudanga social nos pequenos grupos de autoanilise. Smith,
Stone e Glenn analisaram comparativamente 20 discursos de nomeagao
(Processos Emogoes: excitagao, impulso, afeto, colera, prazer,
presidencial. O problema das caracteristicas das cartas de suicidios au-
psicologicos) desespero.
ténticas e simuladas foi retomado por Ogilvie, Stone e Schneidman' etc.
Pensamento: sentido, pensamento, condigdo, igual-
O Stanford Political Dictionary (O. R. Holsti): este indice foi elaborado
dade, negagao, causa.
para a andlise dos documentos politicos. Apoia-se no diferenciador de Os-
Avaliagao: bom, mau, dever.
good e pode registar perto de 4.000 palavras, conforme trés ou quatro di-
mensdes positivas ou negativas, ou seja, seis ou oito conceitos-chave.
(Processos Ações socioemocionais: aproximagao, guia, controle,
Eis a lista dos conceitos-chave e alguns exemplos de palavras:
comportamentais) ataque, evitamento, seguir, comunicar.
Ações instrumentais: tentativa, trabalho, movimento,
obtengdo, posse, expulsio.
he General Inquirer, op. cit.
Conceitos-chave Número de palavras | E " Frase 1

Afetivo positivo 977 Mútuo, natural, normal, puro O estudante está sonhando que Necessidade, ser, adjetivo positivo,
se tornou um grande inventor. Papel Positivo — Frase Global = RS.
g . Escindalo, profano, recusa,
Afetivo negativo 1513 profano Frase 2
repugnante.
Depois de anos de trabalho, Tempo, verbo positivo, advérbio,
Forca 1391 Aço, pedra, espada, duro.
chega o momento crucial. Positivo — Frase Global = RU.
Fraqueza 579 Fraco, ignorante, debaixo.
Frase 3
Atividade 1218 Reação, reino, contato, viagem.
Ele espera que tudo corra bem. Necessidade, verbo positivo, advérbio
Passividade 722 Imutdvel, espera. Positivo — Frase Global = RS;
P Absolutamente, exatamente, Frase 4
Sobre-estima (overstate) 128
sempre.
Mas a experiência vai falhar. Valor positivo, fracasso
Se bem que, aparentemente, — Frase Global = RT.
Subestima (understate) 50 ; 1 á
aproximadamente.
Frase 5
Negação (not) 6 Diferente, nem um nem outro.
Descontente, mas ainda confiante, Afeto negativo, valor positivo
ele vai modificar os seus procedi- — Frase Global = RS.
Holsti utilizou esse índice para estudar hipóteses relativas à tomada mentos e tentar tudo de novo.
de decisão, numa situação de crise internanacional (por exemplo, a “crise
cubana”, em 1962), ou para analisar o conflito entre o Leste e o Ocidente e Resumo: este documento contém uma representagao de sucesso.
as relações sino-soviéticas; Choucri serviu-se deste índice para estudar as m Foram construidos outros indices no quadro do General Inquirer. Ci-
componentes da atitude de “não alinhamento” (neutralidade política) dos
taremos:
Estados africanos e asiáticos. m O Santa Fé Third Anthropological Dictionary (Colby): de alcance
O Need Achievement Dictionary (D. Ogilvie, L. Woodhead): ao contrário
geral, este diciondrio foi concebido para a comparação transcul-
dos precedentes, este índice é muito mais específico. Inicialmente foi concebido
tural dos contos populares e dos protocolos de testes projetivos.
para estudar a concepção da “autorrealização” (necessidade de sucesso) nos
m O Simulmatics Dictionary (Stone e Dunphy): este diciondrio diz
protocolos dos testes projetivos. Comporta 1.200 palavras, entre as quais 30
respeito a analise de produtos e de imagens de marca.
são fórmulas idiomáticas reunidas em 25 conceitos-chave (necessidade, ser,
m Who Am I Dictionary (McLaughlin): este diciondrio pode ser utili-
competição, verbo positivo, advérbio positivo; adjetivo positivo, valor positivo,
papel positivo, bloqueamento, sucesso, fracasso, afeto positivo, afeto negativo, zado na andlise das respostas a pergunta aberta “quem sou eu”.
tempo etc.). A codificação é guiada por regras precisas, em função da combina- m O Davis Alcohol Dictionary (Davis): foi construido para testar hi-
ção das palavras numa frase. Cada frase é codificada, sendo seguidamente defi- poteses relativas as relagoes temáticas de uma amostra mundial
nido o conjunto do protocolo: representação do sucesso (RS), realização única de contos populares e do consumo de dlcool, segundo a cultura.
(RU), representação incerta do sucesso, representação incoerente etc.
Citemos, finalmente, um exemplo de codificação" de determinada his- Após o impulso do General Inquirer, outros indices ou diciondrios foram
tória, contendo uma representação de sucesso (RS). publicados, ou os que já existiam foram aumentados (sobretudo nos Estados
Unidos, já que os outros paises estavam menos interessados na elaboragio de
15. The General Inquirer, op. cit. indices de andlise por computador). Citemos um exemplo:
O IID ou Interpersonal Identification Dictionary e o TTD ou Therapist
Tactics Dictionary (G. Psathas), aumentados para analisarem a interação na
conversação e na relação terapeuta-paciente. Estes dois índices são completa-
dos pelo Psychodic ou Psychological Content Dictionary. O IID utiliza uma
dúzia de conceitos-chave destinados a identificar e classificar as pessoas cita- v
das em função da sua relação com o locutor (estatuto inferior, estatuto igual,
(...) objeto de amor, figura de autoridade etc.). O TTD contém três listas de
classificação: uma relativa aos termos funcionais (determinantes, pronomes,
advérbios, por exemplo), uma relativa aos diversos termos “táticos” (elogio
A inferéncia
direto, tentativa, referência espacial, estado emocional, início, acordo modera-
do, resumo, capacidade potencial etc.), e a terceira identifica a frase no seu
obre o que pode incidir este tipo de interpretagio controlada que ¢, na
todo (pergunta direta, declaração, negação, sugestão insistente (...) etc.). O
Sanálise de conteúdo, a inferência? Vamos abordar o assunto de maneira
Psychodic contém uma centena de categorias muito diversas relacionadas
teórica (possíveis polos de atração) e em seguida de maneira realista, com
também com a idade, as condições somáticas, os tratamentos, as percepções
sensoriais, os atos sexuais, as ações sociais, as ações conseguidas, os processos exemplos de inferência atuais.
cognitivos, as emoções etc., e as suas diferentes modalidades.
A construção de índices para computador tem obrigado a fazer-se, como
diz Holsti, a ligação entre a formulação teórica e os mecanismos da análise. À
1. POLOS DA ANALISE
elaboração das categorias vê aumentar o seu rigor: preceitos rigorosos de “ro- A andlise de contetido fornece informagdes suplementares ao leitor criti-
tulação” das palavras (títulos conceituais), definição univoca das categorias e co de uma mensagem, seja este linguista, psicélogo, sociólogo, critico literdrio,
definição precisa das fronteiras entre conceitos e a lógica interna do processo historiador, exegeta religioso ou leitor profano que deseja distanciar-se da sua
de investigação. leitura “aderente’, para saber mais sobre esse texto.
Mas a que correspondera este “saber mais”? Sobre o que e sobre quem e
(também por que) se poderd centrar a andlise de conteúdo? Em outras pala-
vras, quais serdo os seus polos de atragao?
Teoricamente, pode remeter para ou apoiar-se nos elementos constituti-
vos do mecanismo cldssico da comunicagio: por um lado, a mensagem (signi-
ficação e código) e o seu suporte ou canal; por outro, o emissor e o receptor,
enquanto polos de inferéncia propriamente ditos.
a) O emissor ou produtor de mensagem - Pode ser um individuo ou um
grupo de individuos emissores. Neste caso, insiste-se na função expressiva ou
representativa da comunicação. Com efeito, pode se seguir com a hipétese de
que a mensagem exprime e representa o emissor.
Por exemplo, a andlise do mondlogo de um paciente num tratamento
psicanalitico remete para a personalidade deste, para a sua historia pessoal,
para os seus sintomas neurdticos e para a sua evolugao (cf. andlise diacronica
de conteúdo), visando uma melhor adaptação deste ao mundo etc. A análise m O codigo: nos servimos do codigo como de um indicador capaz de re-
dos textos poéticos de Baudelaire informa o leitor que procura penetrar no velar realidades subjacentes.
seu universo pessoal acerca dos seus desejos e das suas angústias, da sua vida e Perguntaremo-nos, por exemplo, a um nivel puramente formal e descritivo:
dos seus tormentos... A análise do discurso político fornece dados sobre o qual ¢ o arsenal das palavras utilizadas por Balzac? Como varia o comprimento
orador etc. das frases, nos discursos politicos? Quais serdo as figuras de retérica utilizadas
b) O receptor - Pode ser um indivíduo, um grupo (restrito ou alargado) pelo discurso publicitdrio? Quais as leis do código do vestudrio? Serão os objetos
de indivíduos, ou uma massa de indivíduos. cotidianos significantes ligados termo a termo a significados, ou será que a sig-
Nesta ótica, insiste-se no fato de a mensagem se dirigir a este indivíduo nificagdo apenas surge na combinagdo desses objetos-signo?
(ou conjunto de indivíduos) com a finalidade de agir (função instrumental As questdes precedentes, uma vez resolvidas, devem ser, no entanto, se-
da comunicação) ou de se adaptar a ele (ou a eles). Por consequência, o es- guidas de outras interrogagdes: o que é que o vocabulario de Balzac nos revela
tudo da mensagem poderá fornecer informações relativas ao receptor ou ao sobre o autor ou sobre os leitores? Em que medida ¢ que o comprimento das
público.
frases de um discurso politico nos informa sobre a seguranga do orador? Qual
Desse modo, um romance de Balzac informa-nos acerca deste autor, as-
serd a presumivel ação sedutora da retérica publicitdria sobre os consumido-
sim como acerca dos leitores de Balzac. Os discursos de atribuição de prêmios
res visados? Quem diz o que e a quem - e com que grau de cons ién da
esclarecem-nos, no decorrer dos anos, sobre os oradores, as instituições que
mensagem, enquanto mensagem emitida e recebida - pelo vestudrio? Quais
os englobam, mas também acerca dos alunos dos | eus a quem se dirigiam
serdo os objetos-signo, ou conjuntos de objetos-signo, que exprimem deter-
esses discursos. Por seu lado, as mensagens publicitárias dão indicações, quer
minada cla e social, sendo decifrados por outra classe?
sobre os publicistas, quer (acima de tudo) sobre os consumidores, visto que
essas mensagens tentam cercar um “alvo”, a fim de melhor agir sobre ele. m A significação: a passagem sistematizada pelo estudo formal do codi-
c) A mensagem - Qualquer análise de conteúdo passa pela análise da 0 ndo é sempre indispensavel. A andlise de contetido pode reali r-se a partir
própria mensagem. E: a constitui o material, o ponto de partida e o indicador das significagoes que a mensagem fornece.
sem o qual a análise não seria possível! Quais temas estdo presentes nos discursos de disf ribuição de prémios?
De fato, existem duas possibilidades, que correspondem a dois níveis de Quais s ão 08 suntos abordados por um paciente durante a cura psicanaliti-
an o continente e o conteúdo; ou os significantes e os significados; ou ca? Quais os contetidos do discurso publicitario? De que modo se sucedem os
ainda o código e a significação com uma possível passagem de informações temas nas diversas sequéncias de um relato?
entre os dois planos': Isto pode já ser interessante, mas, muitas vezes, os contetidos encontra-
dos estão ligados a outra coisa, ou seja, aos codigos que contém, suportam e
estruturam estas significagao (cf. supra), ou então, a significagoes “segundas”
1. Not que, para atin; é
r o conteúdo, necessário passar pelo continente, o que significa
que qualquer significa 0 é veiculada por um significante ou por um conjunto de signifi- que as primeira escondem e que a andlise, contudo, procura extrair: mitos,
cantes, e que qualquer mensagem se exerce por meio de um código. stem, no entanto, simbolos e valores, todos esses sentidos segundos que se movem com descri-
gradações nesta passagem do significante ao significado: §d0 e experiéncia sob o sentido primeiro.
m passagem imediata da leitura normal;
m — passagem controlada da análise temática para a a! de cumcl’u_lo; o Quais serão os s istemas de valores e as instituicoes contidas na tematica
= passagem sempre que nos servimos de uma andlise formal para atingir- dos discursos de distribui¢io de prémios?
mos outras informações, a partir das caracteristicas do proprio codigo, como¢ o caso Quais realidades inconscientes e
da andlise de conteúdo a partir da anilise do “continente”. recalcadas esconde o discurso falsificado do paciente, no diva psicanalitico?
Que valores e que ídolos veiculam, apesar de tudo, as mensagens publici- Em outras palavras, a andlise de contetido constitui um bom instrumen-
tárias? Para qual mitologia universal remete a temática cronológica de uma to de indução para se investigarem as causas (varidveis inferidas) a partir dos
narrativa? efeitos (varidveis de inferéncia ou dicadores ; referénc no texto), embora ¢
d) O medium - Isto ¢, o canal, o instrumento, o objeto técnico, o suporte inverso, predizer os efeitos a partir de fatores conhecidos, ainda nao esteja ac
material do código, mas este gênero de estudo deve servir-se mais dos procedi- alcance das nossas capacidades.
mentos experimentais do que das análises de conteúdo. Os indicadores e inferéncias são, ou podem ser - como vimos - de natu-
Exemplos: em que a introdução de um aparelho de televisão modifica, a reza muito diversa. Por exemplo®, nos grupos de encontro, a identificagio dos
curto prazo, a estrutura familiar, independentemente dos programas que se- membros do grupo (varidvel inferida procurada) pode manifestar-se pelo
ria necessario neutral zar ou controlar, enquanto variável parasita? Como quociente entre palavras da categoria “nós” (nós, eles, nosso, nés mesmos) e
informagoes idénticas serão diferentemente decifradas e assimiladas por palavras da categoria “ego” (eu, me, meu, eu mesmo, o meu). Pode demons-
criangas, no caso de serem veiculadas pelo medium TV, ou pelo medium pro- trar-se que o quociente lexical (varidvel de inferéncia ou indicador) aumenta
significativamente com o suceder das sessoes do grupo.
fessora primaria? De que modo serio codificadas e decodificadas pelos locu-
Esta escolha supõe uma relagao entre o mecanismo psicoldgico e uma
tores as mesmas mensagens transmitidas por carta ou pelo telefone? De que
manifestagio verbal. Serd que esta relação, cuja validade talvez se baseie neste
maneira o uso do telefone (a sua introdução brusca numa aldeia ou num gru-
caso especifico, ¢ generalizavel? No estado atual dos conhecimentos, a infe-
po social) ird modificar o conteúdo das comunicagoes e transformar as rela-
réncia f , habitualmente, caso a caso, a falta de leis exatas referentes as
ções e as estruturas sociais (de maneira quantitativa, qualitativa etc.)?
ligagoes habituais entre a existéncia de certas varidveis do emissor (ou do
receptor) e as varidveis textuais. Assim, Osgood” faz a distingdo entre:

2. PROCESSOS E VARIAVEIS DE INFERENCIA m inferências especificas: quando se procura responder a pergunta


“serd que o pais A tem intenções de atacar o pais B?”;
Nas sessoes de dinamica de grupo, a maneira como os cir zeiros se en- m inferências gerais: quando se pretende saber se existe uma lei relacio-
chem ¢, geralmente, um bom indice da ansiedade dos participantes! Um nal em que o aumento do nivel pulsional do locutor seja acompanha-
indice, na teoria semioldgica, difere do sinal porque, tal como este, não é do pela simplificagio e normalização das suas escolhas semanti
produzido voluntariamente. estruturais.
Como Holsti* afirma, “a intenção de qualquer investigagao ¢ produzir
Para estabelecer algumas dessas leis, seria necessario levar a cabo um le-
inferéncias válidas”, a partir dos dados, ou, como faz notar Namenwirth?,
vantamento nas andlises de conteúdo já realizada
a inferéncia não passa de um termo elegante, efeito de moda, para designar a
indução, a partir dos fatos. Este autor acrescenta: m osíndices utilizados
m asinferências efetuada:
É relativamente simples inf -se do conteúdo as predispos do
m assituações de comunicação.
locutor - atitudes, valores, mébiles etc. - mas é dificil prever-se as comuni-
cagoes engendradas por estes fatores causais, a partir do seu conhecimento.
Em outras palavras, trata-se de realizar uma análise de conteúdo sobre a
análise de conteúdo!
O. R. Holsti, Introdugio à segunda parte de G. Gerbner (org.) The analysis of communication
content: developments in scientific theories and computer techniques, Nova York, Wiley, 1969. eneral Inquirer, op. cit.
3. J.Z.Namenwirth, “Computer analysis concern with wealth in 62 party platforms’, em Ger- “The representational model and rel ant research methods”, em 1. de Sola
bner, Holsti, Krippendorff, Plaisley e Stone (org.), op. cit. Pool, op.
Contentar-nos-emos aqui com citar alguns tipos de inferências possí- = Os resultados da comunição: os fatores da exposição seletiva das
veisº. Para Osgood”, as varidveis inferidas podem ser, por exemplo: a inteli- xxer?sagelís,'cilev1do às atitudes preexistentes, ao papel dos grupos de perten-
gência, a facilidade de comunicação, a origem racial, a ansiedade, a ça,ã-;rudlblhc!a(lie do locutor, à incidência persuasiva de uma mensagem, à
agressividade, a estrutura associativa, as atitudes e valores, os
móbiles, me blla dedleglblhdadc, a evolução do fluxo de comunicagio, a assimilagio
os hábitos linguísticos do emissor (ou, eventualmente, do receptor
). Essas lica
simbolica ¢ dos receptores, S, àa difusao
s de uma teoria
eoria cientifica
cienti (exemplo: F
s
inferências podem ser obtidas a partir de um ou vários entre os seguinte e a Psicandlise). plostrend
s, ca-
índices: unidades lexicais, coocorrências lexicais, estruturas sintática Neste tltimo dominio, parece dificil obter-se uma inferéncia vilida sem
racterísticas formais diversas, pausas, erros, expressões gestuais ou posturas. s¢ recorrer a dafi(lxs complementares obtidos por outras técnicas de investiga-
Holsti, por seu lado”, cita os seguintes exemplos inferenciais: ção, além da andlise
-
de contetido.
P i
Llior ul'n.mo, na pagina seguinte apresentamos extratos de uma nomencla-
m Os antecedentes da comunicação: tura de anilise recentemente publicada (1972-1973-1974), resultante de um
m Assegurar as informações militares e políticas. (rn?)fllho bibliográfico que efetuamos a fim de conhecer a evolução recente
da
Por exemplo: as investigações sobre a propaganda inimiga, durante a análise de conteúdo e dos seus domínios.
internacional
guerra, ou a observação das grandes potências e do equilíbrio
atualmente etc.
m Analisar as características psicológicas dos individuos.
ão
Por exemplo: a estrutura da personalidade de um indivíduo, a evoluç
a reação a uma
de uma doença mental, a coerência intelectual ou ideológica,
de ra-
frustração ou a um perigo, a adesão a um sistema de crenças, a lógica
dade, de
ciocínio de um político”, o diagnóstico psiquiátrico, a taxa de hostili
tomadas de deci-
ansiedade, de “defesa” de uma pessoa em dada situação, as
são políticas etc.
m Observar aspectos ou mudanças culturais.
científicos
Por exemplo: a influência socioeconômica nos problemas
diferentes con-
abordados em dada época, o desejo de êxito individual em
de passar de uma
textos culturais, a tendência da sociedade norte-americana
da socialização
ética protestante individual para uma ética social, a imagem
na comunicação de massas etc.
osas ou
m As provas de legalidade e de autenticidade: as intenções crimin
o literári a, a au-
de subversão política de certos redatores ou editores, a infraçã
tencidade de uma obra.

A parte seg ) propõe exemplos de índices utiliz veis, por meio de vári 08,
procedimentos.
Osgood, ibid. 1969.
8. O.R. Holsti, Content analysis for the social sciences and humanities, Addison-Wesley,
9. Cf, por exemplo, o estudo comparativo de Kennedy, Nixon e Kruschev.
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, as operagoes es tatisticas sobre os

tante, porque embora o auxilio tecnol: lógico seja


de análise do texto propriamente dito, como a categori-

ão dos computadores pessoais


Que papel desempenha atualmente a informática na análise de conteúdo?

de magia da miquina. Mas,


te responder com um “sim” total à questão

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no que diz respeito & metodologia da aná! de conteúdo, a informatização, atual- os computadores são capazes de efetuar qualquer tare
mente, dá apenas uma respos a pa al e até ambigua “sim” ¢ “não” fa, desde que o analista lhes prepare instrugoes não ambiguas. Um computa
“Sinr, porque algumas coisas são já possíveis, “não”, porque normalmente dor ¢ capaz de apreciar o valor de uma poesi la se todas as cond S
essas coi existem apenas a título experimental ou artesanal, ou só dizem res- rias e suficientes de um “bom” poema lhe forem claramente indicadas.
peito a uma parte dos processos (tratamento de texto, análise estatística dos Digamos que ¢ interessante poder recorrer ao computador nos seguinte:
resultados), a certos tipos de análise de conteúdo. “Sim’”, porque as pesquisas Casos

efetuadas pelos analistas de conteúdo (nomeadamente norte-americanos) nos m a unidade da andlise é a palavra, o indicador é frequencial (numerc
anos 1960 aperfeiçoaram-se; “sim”, porque algumas disciplinas conexas, de vezes em que a palavra ocorre);
como a linguisti , a estatística lexical e a documentação progrediram rapida- m a análise é complexa e comporta um grande número de variaveis «
mente e criaram ferramentas; “sim”, porque a evolução técnica das capacidades tratar em simultâneo (por exemplo: número elevado de catego S €
informáticas ou as pesquisas em inteligência artificial estão avançando. “Não”, unidades a registrar);
porque se os progressos são reais, dizem, por vezes, respeito apenas aos avanços m deseja e efetuar uma andlise de coocorréncias (aparição de duas ot
prévios: é o caso, por exemplo, dos trabalhos sobre a desambiguação das pala- várias unidades de registro na mes na unidade de contingéncia);
vras. Ou então esses progressos não correspondem ao objetivo real da análise de m a investigação implica várias andlises sucessivas; o computador per
conteúdo propriamente dita: é o caso das investigações em linguística e de cer- mite preparar os dados e armazend-los para usos sucessivos;
tas formas de análise do discurso ou de análise da conversação, que procuram m aanálise necessita, no fim da investigagio, de operagoes estatist
aumentar os conhecimentos sobre o funcionamento da língua e não inferir a numéricas complexas.
partir de uma realidade exterior ao texto; ou o c o das prá as documentais, Pelo contririo, o uso do computador é inútil nos seguintes casos:
cuja informatização é rapida, mas que resolve apenas o problema de redução da
m aanálise é exploratoria e a técnica não é ainda definitiva;
informação para fins de manipulação e de acesso, que é um problema parcial na
a análise é única e debruça-se sobre documentos especializados;
análise de conteúdo. m a unidade de codificag ão ¢ grande (exemplo: discurso ou artigo) es
Apresentados estes pontos prévios, um estado da questão e vá OS exem-
pacial ou temporal.
plos de natureza diversa permitirdo, talvez, que o eventual aprendiz ponha
suas ferramentas na bancada. O computador não pode fazer tudo, necessitando de operações prévias
geralmente uma preparação do material verbal e uma grande previsão da:
regras de codificação. A análise pode ser automatizada em diversos graus
2. A UTILIDADE DA INFORMATICA PARA A algumas são automatizadas na quase totalidade e outras somente em algu-
ANALISE DE CONTEUDO mas operações, fazendo-se o resto manualmente.
O uso do computador tem consequências sobre a prática da análise de
Os especialistas norte-americanos em análise de conteúdo dão grande conteúdo:
importancia a este tema nos seus trabalhos (Holsti, Krippendorf, Weber)'. m arapidez aumenta;
m háum acréscimo de rigor na organiz ão da investigação (uma vez
que o computador recusa a ambiguidade); torna-se necessário expli-
sti, Content analysis for the social sciences in humanities, Addison-Wesley, 1969 car cada fase da investigação, definir com rigor e de maneira unívoc:
K. Krippendorf, Content analysis. An introduction to its methodology, Sage Publications,
1980; R. P. Weber, Basic Content analysis, Sage Publications, 1985.
cada variável, avançar postulados e hipóteses, levar em consideraçãe
as regras de inferências;
as opera- doras - da inteligéncia artificial e das ciéncias cognitivas. Com efeito, só
m oobjetivo geral da análise de conteúdo (explicitar e controlar
sas ciéncias podem permitir progres 0s no centro da especificidade da aná-
ções tanto manuais como intelectuais) está assim reforçado;
classi-
aflexibilidade mantém-se; podem utilizar-se de novo os dados
lise de conteudo, a saber, a interpretagio e a compreensao do implicito.
m
instru-
ficados para novas hipóteses; introduzir seguidamente novas
ções no programa;
são fa- 3. O QUE O COMPUTADOR PODE OU NAO FAZER
m areprodução e a troca dos documentos (entre investigadores)
e pelo
cilitadas (banco de materiais e de dados) pela normalização Atualmente, quem o desejar, pode explorar, num computador pessoal, as
armazenamento; possibilidades dos programas de tratamento de texto existentes no mercado.
m amanipulação de dados complexos torna-se possível; Cortar trechos de frases ou de sequéncias e deslocd-los, procurar palavras e
visto
a criatividade, a reflexão, têm teoricamente um lugar destacado, contabiliz r a sua frequéncia, analisar o comprimento médio de frases, orga-
estére
que o analista se vê livre de tarefas laboriosas, longas e nizar cla sificagoes de temas com o auxilio de um proc: ssador de ideias e or-
mdgico (obter- dená-los em esquemas em árvore.
Isso na con ição de não tomar o computador por um
o bom, o inutil Além disso, outros programas permitem fazer cálculos estatísticos, de-
-se-á à saida o que se coloca & entrada, tanto o mau como
na técnica, esquecen- pois de obtidos os resultados. Ninguém se lembraria de fazer uma ar se fa-
como o útil), na condigao de não concentrar o esforço ial'à mão! Mas & al ão é ifi
resultados. Isso resulta torial & mão! Mas a andlise de dados não é especifica da andlise de contetido,
do a pertinéncia e a produtividade em termos de
tanto mais que os ainda que, por vez , haja uma mistura abusiva no espirito de algumas pessoas.
muitas vezi s numa fase de descoberta de um instrumento,
Produzem-se então, como Por isso, não trataremos dela aqui explicitamente’.
investigadores não são insensíveis à aparelhagem.
tanc
d z Holsti?, “estudos de grande precisão e de pouca impor Tentemos, ao contririo, descrever os processos informatizados especifi-
a infor mdtic a revolucionou
Por seu lado, Krippendorf considera que cos da andlise de contetido e já explorados.
enormes volumes de
alguns aspectos da análise de conteúdo. Com efeito, Tomando a palavra como unidade de contagem, o computador pode ela-
tador, o qual pode
dados podem ser “lidos” sequencialmente pelo compu borar a lista alfabética de todas as palavras presentes no texto e, depois, calcu-
efetuar operagoes logic s ou algébricas em grand
e velocidade; a execugao lar a frequéncia de ocorréncia das palavras, a fim de se ter uma primeira ideia
entar perfeitamen-
dos processos necessita de um programa que deve repres do vocabulirio utilizado. Para simplificar, podemos pedir-lhe para nao levar
ta porque o computa-
te o funcionamento da máquina; a fiabilidade é perfei em conta sufixos gramaticais, ou seja, para reduzir as palavras as suas raizes:
o
dor não tolera a incerteza. M o seu uso só é possivel se 0 investigador ou desse modo, “cantar”, “cantante”, “cantor”, “cantora’, serão reduzidos a palavra
to e se for capaz de
técnico conhecer suficientemente os dados e o seu contex de base “cant”, ou “educação”, “educar ; “educável”, “educador” ou “educadora’,
ama.
explicar esse conhecimento na forma de um progr 30 reduzidos a uma rai 2 “educ”.
recentes’, vé o futuro da análi- p : F o
Quanto a Weber, cujos escritos são mais Podemos também decidir ignorar as palavras funcionais de alta frequén-
iantes, mas promete-
se de contetdo passar pelas descobertas - ainda balbuc cia, mas pouco significativas do léxico, como os termos acessorios (artigos
um” “o” “” “os”, preposigoes “em”, “de” etc.). Ou, pelo contririo, rejeitar as
Z 0. R Holsti, ibid. que 0 palavras de frequéncia muito baixa ou as palavras raras.
5 Na informitica, tudo anda tao depressa atualmente, pelo menos no planoda téenica,
es e já não em anos. O que dificulta o rigor na difusio da
e aos programas disponiveis, já que podem ficar rapida-
mente caducos.
Ver, por exemplo, Ph. Cibois, Lanalyse des donnés en sociologie, PUF, 1984,
Aparentemente simples, esta produção de um léxico, que decorre mais O quadro de categorias pode ser elaborado a priori, com base numa teoria
da linguística do que da análise de conteúdo, pode ser completada por proces- ou a partir do senso comum: foi o caso da maioria dos diciondrios ori ndos do
sos mais complexo: . O computador, por exemplo, é capaz de localizar certas General Inquirer. Ou então, e isto deu origem a um debate anglo-saxonico de
palavras e recolo: á-las no seu contexto. Elabora, assim, a lista destas palavr metodologia, as categori podem emergir diretamente do texto, por reagrupa-
no seu ambiente linguístico. Es ¢ “KWIG”, ou “Key-Word-in-Context”, como mento em aglomerados (clustering), como no sistema Words (Iker, 1975) sobre

dizem os anglo-saxônicos, fornece informações s uplementares ao analista entrevistas de psicoterapia. Seja como for, é sempre possivel antever uma li ta de
capaz de servir de base à sua interpretação ou ao desenvolvimento ulterior de previsdo ou reunir categorias ou subcategorias suplementares.
ums stema de categorias’. Para se desenvolverem esses diferentes processos foi preciso ensinar o
O computador pode também locali ar as coocorrências entre palavr computador a ultrapassar alguns obsticulos, aparentemente simples para a
bela mdquina que ¢ a mente humana, mas que criavam problemas a progra-
basta pedir-lhe precisamente que isole determinada palavra, combinada com
palavras de contiguidade imediata, a: sim como o cálculo das associações, de- mação. Por exemplo, a desambiguagio de palavra: entre “Buffalo”, a cidade
norte-americana, e “Buffalo’, o animal, ou entre a cidade francesa “Tulle” e o
terminando a largura da “janela” (ou seja, o número de palavras à esquerda e à
direita, de 1 a 20) como unidade de contexto. Os chavões ou os leitmotiv de
tecido com o mesmo nome [Tule], há uma diferenga, que só pode ser distin-
guida por um conhecimento cultural. Outro exempl s pronomes pesso:
alguns discursos políticos manifestam-se então explicitamente; ou então cer-
que ¢ preciso substituir por nomes proprios: o que fazer se o pronome refe-
tas sociações (ou exclusões) ricas de sentido inconsciente no psiquismo de
um paciente em psicoterapia mas invisível a “olho nu”, podem servir de fio rencial estiver afastado da frase? Por exemplo, quando “esta familia” esta
coocorrências, a distante de um pardgrafo da familia em questão... Hi também o caso das lo-
condutor a uma exploração pertinente. Neste domínio da:
cugoes de virias palavras: “os Estados Unidos da América” ou “um ponto de
capacidade do computador mostra-se insubstituível.
análise lite- não regre o” têm de ser compreendidas em bloco, mas se o computador não
Essasoperagoe: s não são exclusivas da análise de conteúdo:
recebeu informago rigorosa ou definigoes espec separa-as.
rária, a lexicometria, o tratamento documental da informação, por exemplo,
Também aqui ess s obstaculos, que foram dos primeiros a ser resolvidos,
também as praticam.
não são especificos da andlise de conteúdo; a tradugao automitica deparou
Krippendorf insiste para que s limite a de: gna ão de “análise de conteú-
com obstdculos semelhante: s. Evocando-os, percebe-se melhor por que razio
do informatizada” às “situações em que um computador é programado para
alinguistica, a analise do discurso e a inteligéncia artificial deram e dão ainda
imitar, modelizar, refazer ou representar algum aspecto do contexto social que
grandes contributos.
trata, ou seja, quando o processo de inferência a partir do texto é total ou lar-
No inicio dos anos 1970, quando se tratava apenas de analisar um mate-
gamente informatizado”.
rial simbolico complexo em listas grosseiramente ordenadas de palavras sim-
Os “dicionários”, índices ou thesaurus’, a partir do momento em que há
orf. O ples, o computador já podia, sobre textos não especializados, manipular 90 a
processo de categorização entram no domínio limitado por Krippend
95% das palavras. Mas esses léxicos ou essas listas categoriais logo se reve-
computador, a partir de um programa previamente elaborado, pode indexar
laram insuficientes. Os investigadores tomaram consciéncia da perda de
ou classificar as palavras por sinonímia ou similaridade semântica. A palavra
informação relativa a riqueza dos significados contidos numa comunicagao
ou a forma gráfica são sempre a unidade de contagem, mas o seu significado é
humana. Os anos 1980 as stiram & necessidade de andlises sintdticas, da pro-
levado em conta pelo computador, após indicações rigorosas.
cura de estruturas, da compreensao da logica do discurso, como condição pré-
via à m: or informatização das análises. Comegar a compreender “como is o
5. Exemplo de concordância, p. 1
6. Ver as grades categoriais dos primeiros dicionários anglo-saxonicos, pp. 162 ss. funciona” na complexidade. Dai o recurso às ciências cognitivas, as simulações,
segmentos de
da conversação ou do discurso e suas aplicações em
(Ligações entre temas-indice de Jaccard superior ou igual a 0,66
às andl
ura puramente lexical representação simultinea dos jor
comunicação curtos mas complexos, em vez da varred
METODO TRI-DEUX
sobre enormes conjuntos de textos. DISTANCIAS NAO PONDERADAS sun
s ou disciplinas dife-
As experiências atuais estão dispersas em campo MIN = 66,0
Por vezes, parecem “gratuitas’, ou seja, nao
Nº DE MODALIDADES = 94
rentes e muitas vez s dividida
uer pesquisa fundamental explo-
suscetiveis de aplicagoes reais, como qualq
prelimim\rcs, certamente laboriosos,
ratoria. É preciso então vé-las como
mas necessdrios para se avangar.
hemos os exemplos em lin-
Entre os campos de experimentagoes, escol
mais suscetiveis de aplicação a and-
gua francesa mais bem conseguidos ou os
lise de contetido propriamente dita.

DE IMPRENSA
4. EXEMPLO: UMA ANALISE DE CONTEUDO euo

ica pode ser formaliz


A andlise de conteúdo de tipo categorial e temát
sticos. Cibois’ estabeleceu um
da de modo a dar lugar a tratamentos estati
ensa sobre um aconteci-
programa (temas) a partir de um estudo de impr
Belle-Ile, em 1984).
mento (problema de imigrantes em
“indigenas” - isto ¢ com origem
Trata-se, com o auxilio de categorias
por meio de uma “colocação
no material verbal em questao - de assinalar, "In Ph. Cibois, Belle-ll
º Débat de presse sur un étéchaud.
de variagoes”. Com efeito, os
em sinopse” dos diferentes textos, 0s “lugares fu(h* par la méthode synoptique”, Déviance et Société,
dade ou entrevistas desenvolvidas Genebra, 1985, vol. 9, nº 4, pp. 313-332 i
artigos de jornais sobre uma mesma reali
coisas, mas com maneir
sobre um mesmo assunto falam das mesmas FIGURA 1 = Belle-lle
pelo analista permite assinalar
fazer e processos diferentes. Uma leitura
de temas pela sua presenga ou au-
oposigoes, que são codificadas na forma Os caracteres em negrito remetem aos jornais (MOND = Le Monde; NOBS
séncia em cada texto. = Nouvel Obsernvn!eur etc.); os outros grupos de quatro letras refercm-sc’aus te-
ia sobre 22 textos de jornais,
O estudo de imprensa relativo a Belle-Tle incid 3:621;5}10};:105 jnvc‘ns n:ãn são suf:cienlcmcnle vigiados”, FINL = “Fin;nli-
gerais permi am assinalar 117
ou seja, 16,000 palavras. Dezessete categorias sidaropers ção anti-verdo quente’, COLE = “E um gesto de cólera” etc. As
uma leitura em concordanci
temas, por um estudo sequencial e, depois, por estrelas indicam que os jornais se caracterizam por muitos “esquecimentos”.
O tratamento estatistico utiliza as técnicas fatoriais e pós-falnrini:s o
métodoó o. Tri-deuxº
Tri-deux” foi c -
Ph. Cibois, do LISH (Laboratoire d'Information unpourété les S ciences de PHomme), CNRS, foi completado pelo indice de Jaccard, para determinar as
de presse sur chaud. Étude p a méthode “sy- Proximidades entre temas ou entre jornais.
Paris, Ver artigo: “Belle-lle: débate
noptique’s Déviance et Sociét , 1985, vol. 9, n. 4.
S Em 1987, o progr ama era capaz de tratar em computador quadros da ordem de 50 temas 9. Ver Cibois, op. c
1.000 textos, ou 250 temas e 200 textos, por exemplo.
., 1984,
5. A ANÁLISE DE RESPOSTA A QUESTÕES ABERTAS aparecem mais de dez vez Em seguida, o programa pode estabelecer a tabe-
la de contingência das palavras mais frequentes em função dos grupos (24 x
Na inves igação por inquérito, o materi | verbal obtido a partir de ques-
400) e descrever as associações por uma análise de correspondência.
tões abertas é muito mais rico em informações do que as respostas a questões
Para evitar a frieza apenas dos resultados calculados e gráficos, o método é
fechadas ou pré-codificadas. Mas, quando o inquérito incide sobre um núme-
completado por uma seleção automática de respostas modais ou “frases caracte-
ro elevado de indivíduos (um ou vários milhares, por exemplo), o tratamento
risticas”. Não são res artifici mas respostas autênticas, representativas de
da informação recolhida levanta problemas: como manter a complexidade e o
um grupo de pessoas. Uma resposta modal contém as palavras mais característi-
valor informativo das respostas com um custo e tempo de análise mínimos?
cas do seu grupo e o menor número possível de palavras características de outros
No âmbito do CREDOC'", Lebart desenvolveu uma cadeia de tratamentos es-
grupos. A riqueza da fala real é assim reconstituída, no final da análise, na sua
tatísticos que, sem ser uma técnica de análise de conteúdo, por se situar a um
verdade insubstituível, mas também na sua representatividade.
nível estritamente linguístico (léxicos de palavras), parece ser muito operacio-
nal e eficaz"". 4
Seu objetivo ¢ valorizar e tratar da forma mais automatica possivel a in- 2
ARRANJAR EMPREGO
formação textual original, sem transformagdo nem “codificação”, nem “redu- VELHICE ESTUDO PROFISSAQ
SOLIDAO o
ção a priori da informagao de base”. APOSENTADORIA “2O:5NOS PROFISSÃO
MORTE AMBIENTE SOCIEDADE
Nio se leva em conta a ordem das palavras, “cada discurso ¢, para o pro- DOENÇA — + 60 ANOS EMPREGO
DINHEIRO | ENERGIA
grama, um ‘saco de palavras”. O objetivo é efetuar agrupamentos, mas, para SAUDE
IDADE SEMPI
DESEMPREGO -45 ANOS
30-45 AN
isso, ha várias estratégias possiveis: pode-se fazer uma partição em torno de
niicleos fatuais com base em caracteristicas pertinentes dos inquiridos (por ENVELHECER GUERRA | cONFLITO i
: : NUCLEAR
exemplo, a idade, a categoria socioprofissional, o sexo etc.), ou nas respostas a CRIANÇAS CASA INSEGURANÇA
certas questoes fechadas do questiondrio. Uma técnica de classificagio auto- MULHER PETRÓLEO
45-60 ANOS
matica permite substituir varios milhares de individuos por cerca de 40 ou 50 FILHOS
FUTURO FILHO(S)
grupos homogéneos. Ou entdo, pode-se partir diretamente dos perfis lexicais MARIDO — EDUCAÇÃO
das respostas e, depois, assinalar as categorias de pessoas mais ligada à tipo-
logia lexical. FIGURA 2 m= Preocupações relativas ao futuro
Consideremos o exemplo da pergunta: “O que mais o preocupa neste
Visualização simplificada, por análise fatorial lexical, das associações de pa-
momento no que diz respeito ao seu futuro?” Faz-se uma partição da popula- lavras (aqui apenas cerca de trinta das mais frequentes) e das associ agoes
ção em 24 grupos (em função das categorias socioprofissionais e da idade). entre quatro faixas etdrias.
Compara-se então, a partir de textos brutos e de forma totalmente automática,
com o auxílio de um programa, a frequência das palavras em cada grupo. Por As palavras mais frequentes obtidas por questao aberta sobre o casamen-
exemplo, para 6.000 respostas, temos 3.000 palavras distintas, das quais 400 to entre os franceses. Essas 187 formas lexicais mais frequentes foram cruza-
das com uma tipologia de sete familias de opinides (obtidas pelas respostas as
10. Centre de Recherche pour I'Etude et 'Observation des Conditions de Vie. Principais perguntas de opinião do questiondrio). A andlise fatorial permite
11. L. Lebart, “Analyse statistique des réponses libres dans les enquétes par sondage”, Revue então obter as proximidades entre formas lexicais e tipo de opinião e interpre-
frangaise du Marketing, n. 109, 1986/4; L. Lebart e A. Salem, Analyse statistique des données
textuelles, Dunod, 1989. td-las (L. Lebart, 1982).
Perguntas sobre o casamento — As 187 palavras mais frequentes 6. AS ANALISES LEXICOMÉTRICAS
Discriminadas | Frequências | % — | Discriminadas — | Frequências| % — | Discriminadas Na Franga, desde há cerca de 20 anos, as pesquisas lexicométricas do
6 T 012 | ma
Não % s 0.12 | anvés Laboratério de Lexicologia Politica da Ecole Normal Supérieure de Saint-
Para 3 Refletir 18 012 | Ceros
Dos 3 Pessoas s 012 | Também -Cloud" tém sido inovadoras em matéria de aplicação da informatica a
05 3 Verdadeiramente 18 012 | Ma
Criangas 3 18 012 | Parir andlise do discurso. Não se trata de técnicas de análise de contetido, mas
Que 3 s 012 | Todos. de estatistica lexical sobre uma base linguistica, num dominio que diz res-
indo n s 12 | Pode
e 34 n 0 | M peito sobretudo aos textos - atuais ou histéricos - politicos. Contudo,
ma 3 n 011 | Problema
Vida » n o dinamismo deste polo de investigagao não pode ser ignorado pelo analista
Separar 3 6 | oot
Coamento | 32 o de conteúdo",
Melhor
Culpa 3u mprometimento %16 o2
Pode Mulher 16 011 | Esposos Nos anos 1970, dois estudos, um sobre os panfletos do Maio de 1968 e
Casado Vera 16 011 | Devia o outro sobre proclamações eleitorais no século XIX', estabeleceram os
Caso f 16 011 | Equilibrio
Vale i 15& 010
o principios de base. Desenvolveram-se operagdes de estatistica lexical fora
Juntos Não
Bácde Portanto . o de contexto (separagio das palavras funcionais; comprimento de unidades,
Em Normal [ d
Deve ee s 010 | Partes como frases e segmentos; oeficiente de lexicalidade; extensao, estrutura e ori-
Ser By s 0.10 | Incompatibiidade
Porque s 010 | Religião ginalidade do vocabuldrio) ou em contexto, ou seja, de coocorréncias (descri-
Quem " 009 | Ouvir
— 14 009 | Livre ção da distribuição; polos; indices de proximidade; lexicogramas horizontais e
s - 14 009 | Pensar
- Fi " 0.9 | Melhor hierarquizados).
ki vl 1 009 | Homem
o — 14 | 009 | tee A andlise fatorial das correspondéncias, método matemitico de trata-
it Contra 14 | 009 | N
g rante 14 009 | Encontra mento dos dados de Benzecri",, ainda pouco generalizada nesta época, encon-
oy Depas 14 | 009 | Dinei
L Pior 14 | 009 | Liseo trava aqui possibilidades de aplicagao.
e Tanto " 009 | Algum
n Amigável 14 009 | Impossível Tournier tentou fazer o ponto da situação sobre o papel do computador
o Indissolúvel 1 09 | Menos
el Aos " 009 | Religiosas em lexicometria'. “O computador não permite tratar diretamente o contetido
f Sérios B 009 | Cônjuges
Demasiado Infetizes 13 | oo | msigo dos discursos politicos, mas, ao analisar as palavras que os compõem, fazem
G 2S Pois 3 009| Momento
Saber B 009 aparecer muitas escolhas, hábitos e ideias preconcebidas”, resume Tournier. An-
São B |o
13 009
Tamita Razão 6 | o
Liberdade Mereado i 009
00 Laboratoire “Lexicométrie et textes politiques”
Ter Marido ú
Isso Separado i 009 13. Mais de meio milhão de referéncias de trabalhos publicados durante 20 anos. Ver, em es-
Por Desacordo R i pecial, a revista Mots... Ordinateurs... Textes... Sociétés, Ed. du CNRS.
Coisa Possivel " i
Antes Nós " 008 | Chegar Acerca da lexicometria ¢ da análise do discurso em geral, o neófito poderá consultar o ma-
Mesmo am n 008 | Tomar nual de D. Maingueneau, Initiation aux méthodes de lanalyse du discours, Hachete, 197¢
Sempre — 122 008 | Dissolver
56 bem como a atualizagio complementar: Nouvelles tendances en analyse du discours, Ha-
Sobretudo Tempo
Casar Questão S a chette, 1987.
e Melhor S o Além dos primeiros tomos de Lanalyse des donnés, remeteremos para trabalhos mais re-
Problemas. Ninguém 12 008
Casal Escolha 2 o centes: J. P. Benz et coll., Linguistique et lexicologie, Paris, Dunod, 1981 (col. “Pratique
o, Senão Pe 008
em de Tanalyse des données’, n. 3).
Preferivel Sagrado M. Tournier, “La lexicométrie socio-politique’, in Dossier: lordinateur a-t-il changé les
Sabe
Sciences de 'Homme et de la Société?, Le Courrier du CNRS, maio-julho de 1986, n. 65.
tes de interpretar, é preciso descrever, “ver o reverso das coisas, ou seja, exami- tendo a vantagem de serem automatiziveis -, Salem* desenvolveu um progra-

nar primeiro a disposição do tecido parcial aparente antes de aceder aos seus ma que faz o inventário de todos os segmentos repetidos (ISR) de um corpus.
sentidos profundos”. É verdade que o computador não pode perceber o sentido Por segmento deve entender-se a “série de formas grificas não separadas
das palavras, mas pode examinar essas palavras. por uma pontuagio forte”. Serdo designadas por repetidas as ocorréncias
Os primeiros trabalhos de lexicometria foram criticados, nomeada- de segmentos que aparecem mais do que uma vez no corpus do texto. Es-
mente pelos defensores da análise do discurso e pelo seu maior representan- ses segmentos repetidos sio classificados segundo o seu comprimento, por
ordem hierarquica ou alfabética, com indicagio das suas localizacoes e
te, Pêcheux, por não levarem em conta a organização do texto e as relações
frequéncias. Em seguida, são submetidos a analisadores estatisticos (analise
entre elementos. Os trabalhos ulteriores acentuaram o estudo das palavras
em contexto graças às possibilidades informáticas. Há uma “variedade infi-
das especificidades do vocabulrio; andlise das “rajadas” ou ritmo de chegada
nita de sites de emprego (das palavras), nenhuma palavra se sobrepõe a si dos agrupamentos de ocorréncias; análise das coocorréncia; andlise das cor-
própria em ocorrências diferentes”. A lexicometria teria então como objeti- respondéncias) e analisadores gramaticais automaticos.
vo “fazer o balanço formal (...) de certos discursos situados”. A presença das Esse tipo de procedimento permite destacar os usos estereotipicos de um
palavras “- e mais ainda a sua copresença - em determinado discurso e de- locutor: palavras de ordem, locugoes, lexias ligados... e todas as formas de
terminado momento do texto ou da história não tem qualquer inocência coocorréncias reiteradas.
nem gratuidade. Determinar os pontos de ênfase ou de ausência relativa,
distinguir o caráter específico ou banal da sua distribuição, perceber a ca- Frequéncia Comprimento Segmento
dência das suas ocorrências, inventariar e reunir as suas vizinhanças tanto 41 6 La grande colêre du Pêre Duchesne
próximas como distantes 35 3 Tonerre de Dieu
Para isso, o computador é uma “ferramenta importante”, porque sabe ex- 29 5 A chien et à chat
plorar signo a signo uma superfície; recensear e contabilizar as suas unidades 26 4 Le coup de grace
formais (...) bem como as suas relações estatísticas; calcular as probabilidades
r; opor ou 17 Tous les coups de chien
intrínsecas dessas formas e dessas relações; classificar e hierarqu
16 6 La pluie et le beau temps
associar'®,
Recentemente, a lexicometria, que Guilhaumou' definiu como uma Alguns segmentos muito repetidos do corpus DUCH 96 (jornal panfletário da época
disciplina que retne “um conjunto de métodos que permitem descrever da Revolução Francesa)
quantitativamente as sequéncias textuais constitutivas de um corpus”, desen-
volveu alguns programas que tentam levar em conta as redes de relagoes en-
tre ocorréncias. 7. O PROGRAMA DEREDEC
Por exemplo - e sempre a partir de formas graficas (i.e. “séries de carac-
teres não delimitadores compreendidos entre dois caracteres delimitadores”), O DEREDEC, elaborado no final dos anos 1970 por Plante, no Cana-
o1 gé um programa de anilise
dá*!, o automática
P *
de textos. Trata-se de um sistema

17. Ibid. 20. A. Salem, “Segments répétés et analy: tatistiques des données textuelles”, Histoire et me-
18. Ibid.
sure, 1986, p. 1-2
19. ). Guilhaumou, “Lhistorien du discours et la lexicométrie. Etude d'une série chronologique: 21. Université du Québec à Montréal (UQAM), Centre d'Analyse de Textes par Ordinateur.
le ‘Pére Duchesne’ d'Hébert (juillet 1793 - mars 1794)", Histoire et mesure, 1986, 1, 3/4.

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