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grupo social. Mas ele encontra também - e isto é particularmente visivel com
entrevistas - pessoas em sua unicidade. Como preservar “a equação particular
do individuo™', enquanto se faz a sintese da totalidade dos dados verbais prove-
2. A DECIFRAGAO ESTRUTURAL
niente da amostra das pessoas interrogadas? Ou entdo, como diz Michelat, O primeiro nivel consiste num processo de decifragao estrutural centra-
como “utilizar a singularidade individual para alcangar o social”? do em cada entrevista®. Esta abordagem leva em conta os trabalhos existentes
4. Acerca da anilise das narrativas de vida, ver: J. Poirier, S., Clapier-Valadon, P. Rambaut, pontos de uma mesma ou várias entrevistas. Evidentemente, é fundamental
Les récits de vie. Théorie et pratique, PUF, 1983, atribuir um número a cada entrevista (repetido em cada página).
Em primeiro lugar, é preciso “ler”. Mas não basta ler e compreender “nor- — Para você, as férias 530 as cores.
malmente”. É possível usar perguntas como auxílio: “O que está dizendo esta pes- — Oh, não. ambém... Ah... Não fazemos nada durante as fé Quero dizer,
soa realmente? Como isso é dito? Que poderia ela ter dito de diferente? O que ela não se trabalha. F. 'azemos o que quisermos por prazer. Não há constrangimentos. Le-
não diz? Que diz sem o dizer? Como as palavras, as frases e as sequências se enca- vantamo-nos ao meio-dia. Demoramo-nos. Não ha pressa.
deiam entre si? Qual é a lógica discursiva do conjunto? Será que posso resumir a E ndo há barulho. Não há telefones tocando. Sossego. O siléncio. Enfim... Sim.
temática de base e a lógica interna específica da entrevista? etc”. Bem. Ah... É sobretudo bom nos primeiros dias. Porque também nao podemos nos
(Após a decifração de várias respostas ou entrevistas, outras perguntas se aborrecer. De fato... Ah... Ah... Não. é preciso mudar. As férias são a mudanga. Mu-
acrescentarão por comparação: “Esta pessoa manifesta em tal site tal tema, damos de “cabeça”, de lugar, de hábitos. Vemos outra coisa. Eu gosto muito de desco-
onde é que outra entrevista? Ou, que outra pessoa encontrei num con- brir coisas durante as fé Bem, pode ser um pais que eu não conhega, ou aprender
texto equivalente? Será que posso nomear a especificidade de determinada a fazer olaria... Ou... Não sei... aperfeiçoar a esquerda com umas aulas de ténis.
entrevista, dar-lhe um titulo, por exemplo? etc””.) Mas, sobretudo, largar tudo. A mala, ups! e pronto. Já não há tarefas nem todo o
A leitura é “sintagmática” (segue o encadeamento, único e realizado mundo que conhecemos demais. Outra coisa diferente. Já não fazer sempre os mes-
numa entrevista, de um pensamento que se manifesta por uma sucessão de mos gestos.
palavras, frases e sequéncias) e, ao mesmo tempo, “paradigmatica” (tem em E depois, em geral, bem, vive-se mais saudavelmente em férias, mais perto da
mente o universo dos possiveis: isto nao foi dito, mas podia té-lo sido, ou foi natureza. Na cidade, é preciso usar roupas, usar... la dizer sorrisos. Eu sinto-me fecha-
efetivamente dito noutra entrevista). da, presa, pouco a vontade. Tenho a sensação de não poder respirar fundo. Nas
corremos, rimos, nos mexemos. Como criangas. Talvez seja isso as férias... Enfim,
para mim, é assim que penso nel a inocéncia... tudo novo! As férias, quando
3. EXEMPLO: UMA ENTREVISTA SOBRE AS FERIAS éramos criangas, is o é que eram fé
Tomemos o seguinte exemplo, breve, mas suficientemente rico, e decom- Porque, há que dizé-lo, por vezes ficamos desiludidos. É preciso gozar bem as
ponhamos concretamente as diferentes possibilidades analiticas. féri s. Por vezes, estamos tão cansados que nem temos coragem para as organ ar. Ou
entdo, tinhamos qualquer coisa planejada e, bem... depois falha... As pessoas com
Mulher - 28 anos - solteira: quem deviamos viajar já ndo querem ir. Ou então planeja-se ir com alguém Nos or-
— O que são as féri s para você? ganizamos... e no momento de partir percebemos que já não temos vontade de sair
— As férias? Ah... Para mim... A minha opinido sobre as férias. com aquele tipo. Ou então... saimos com uma amiga, uma boa amiga.
— Sim, sim, as férias, para você, o que representam? vamos até entdo que era uma boa amiga... nos dávamos bem com ela
— Oh, é fantástico, claro... Sim... Ah... Bem, é igual para todo mundo, aliás. En- divertida... e durante a viagem é um monstro de egoismo. Ou apercebemo-nos de que
fim, pelo menos é o que penso. Sim, ah! Sonhamos com elas . Esperamo-| .. Ah, ah.
ela entra em pânico quando surge algum contratempo.
— Sim, esperamos por elas...
De fato, não se sabe muito bem o que se ird encontrar nas féri s... É uma lo-
— Verdade, só esperamos isso. Pelo menos em certas alturas. Por exemplo, agora
teria! Podemos descobrir... fazer novos amigos... encontrar a alma gémea (riso).
está cinzento, é triste, todo mundo está mais doente, cansada... Bem! Para mim, as fé-
rias é tudo a cores. Azul, o mar, o céu. E depois a areia, tudo dourado. Calor, é calor. Ou entdo... Ah... nada, o vazio... o aborrecimento. Ou os aborrecimentos. Isso
A areia quente. : depois os coqueiros (riso)... Bem, é um postal ilustrado que es- mete medo antes de partir. Não se pode estragar. Férias estragada, pode ser sinis-
tou descrevendo. Mas é issol... O sonho. Mesmo se for esqui, ¢ também a cores. Azul, tro, Sim, al
sol, branco... mas daquele branco que brilha, as pessoas bronzeadas, alegres. É isso. - Sim... Sim... isso pode estragar as férias.
— Sim, e isso sempre me angustia um pouco... antes, Gosto de sair... mas, de Obtemos a imagem das férias, a sua representação positiva. Mas aperce-
fato... Ah. Por exemplo, eu tenho horror a fazer a mala... Então isso... Verdadeiro hor- bemo-nos também de que, por detrás, há o reverso do cenário, que se deixa
Faço isso sempre em panico à última da hora. Assim, de repente... Saio para via- ver progressivamente na entrevista, segundo o seguinte esquema:
jar no deserto. Bem, ainda não fiz isso, mas espero fazê-lo um dia. Além disso, em m oideal;
geral, gosto muito disso, do improviso (riso). m oagradável;
m o desagradável;
a) Análise temática - Podemos dividir o texto em alguns temas principais m orisco.
(que se poderá aperfeiçoar, eventualmente, em subtemas se o desejarmos): Se as primeiras palavras são “fantástico” e “sonho”, as últimas, apesar da
pirueta verbal e do riso de negação, são “angústia e pânico”.
expectativa positiva;
cenário hedonista; c) Análise sequencial - A entrevista é dividida em sequências. Critérios
ausência de constrangimentos; semânticos (organização da sequência em torno de um tema dominante), mas
mudança (descoberta, de vida); também estilísticos (ruptura de ritmos, operadores gramaticais) estão na base
necessidade de organização; dessa divi ão. Parece haver aqui 7 ou 8 sequências (ver entrevista codificada
imprevisto; nas páginas seguintes).
eventual decepção. m Sequência 1 de introdução, com o aparecimento espontâneo do tema
da expectativa de um sonho, que, após o estímulo do entrevistador e a série de
b) Características associadas ao tema central - Ao concentrarmo-nos hesitações “ãh... áh” é desenvolvido concretamente (descrição da cena “postal
mais no tema geral de investigação, podemos extrair os significados associa- ilustrado”) pela sequéncia 2, que acaba com um “É isso”.
dos férias na mente da pessoa entrevistada: m A repetição, um pouco seletiva do entrevistador, sobre as “cores”, oca-
siona, após uma perturbação “Oh, nio...; outro tipo de explicação na sequéncia
fantástico, sonho; 3 (negativa na sua formulação “não há”) sobre a ausência de constrangimentos.
cores (azul, dourado, branco, brilhante); Em seguida, após algumas frases lapidadas, sem verbos e um “enfim” que recal-
calor; ca talvez um tema ou tenta superar uma contradição, as sequências 4 e 5 desen-
alegria; volvem no locutor a ideia da mudança, com os seus subtemas de aprendizagem,
elementos da natureza (mar, céu, areia, coqueiros, neve, deserto); vida saudável, regresso à infância, que pertencem provavelmente a um mesmo
(liberdade), ausência de constrangimentos, tempo; universo de referência, a criança livre exploradora.
sossego, silêncio; m As sequências seguintes, até ao fim, oscilam, apesar do esforço do in-
descoberta, novidade (pessoas, lugares, hábitos...); terlocutor para o evitar, no negativo das férias. De fato, este negativo já fora
aprender (olaria, tênis); aflorado, mas recusado, no final da sequência 3 e no início da sequência 4:
viver saudavelmente, naturalmente (correr, rir, pouca roupa, respirar...); “Enfim... Sim... Bom” e “também não nos podemos aborrecer”, passagem de
ser ainda criança (inocente, novo); transição marcada pela perturbação da produção do discurso. A sequência 6,
conseguir as férias (estar em forma para as organizar; as pessoas com introduzida por “Porque, há que dizê-lo”, começa a libertar um recalcado, o da
que se vai de férias); “falha”, sob o tema mais dominado da necessidade de uma organização para
m encontros (amigos, alma gêmea). as férias correrem bem. Quatro “ou então” e “ou” testemunham a invasão
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das dificuldades. Nesta fase, o “pânico” ¢ projetado para outrem: “uma amiga”. Por meio deste jogo de oposições, particularmente marcante neste dis-
Um “de fato” conduz à sequência 7, a do jogo do destino (“a loteria”) entre curso, podemos observar várias coisas:
0 “encontro” da amizade ou do amor (riso que marca embarago) e o “nada” ou o
“vazio”. As palavras fortes “medo” e “sinistro” terminam esta sequência e prepa- m O “sossego” e o “silêncio”, atributos positivos das férias, podem resva-
ram a seguinte. A sequência 8 testemunha pelo seu vocabulário (“angústia”, lar para o aborrecimento (sequências 3 e 4), e o aborrecimento pode
“horror”, “pânico” e até a palavra “deserto”) e pelo estilo entrecortado um criar o vazio (“nada”, “vazio” da sequência 7).
universo ansioso ligado à partida no locutor. Apesar do restabelecimento fi- m Asférias são, numa espécie de equação, reduzidas à infância, matri
nal e da negação (“gosto muito disso” e o riso), estamos longe do sonho do original de um paraíso perdido (“respirar”, a “inocência”, “novo”)
início da entrevista. pelo locutor, tal como era anteriormente, mas de maneira mais so-
d) Análise das oposições* - Dois universos opostos, num minicombate cial, na descrição do paraíso de “postal ilustrado” (“azul”, “branco”,
maniqueista, defrontam-se neste discurso. Encontrar o seu esquema é tam- “mar”, “sol”; “calor”).
bém uma maneira de analisar o texto:
e) Análise da enunciação - Uma entrevista, como se trata de uma fala
e
cinzento cores : espontânea de inquérito, é feita de palavras, expressões, fins de frases apa-
doença | * * | calor, alegria
rentemente supérfluos, não levados em conta pela determinação semântica
trabalho liberdade da procura de temas, mas muitas vezes, de fato, portadores de sentido. Além
pressa prazer
constrangimentos | “ P| preguiça disso, o próprio estilo, nas suas variações, está carregado de significações.
barulho silêncio
Uma leitura da “maneira de dizer”, separada da leitura temática, pode comple-
aborrecimento
ecime mudança,
lança, descobe
descoberta tar e aprofundar a análise.
hábitos aprender
No caso presente, podemos observar, por exemplo:
roupas apertadas viver saudavelmente, natureza
sorrisos forçados | «—— | respirar, correr, rir, atividade
cidade infancia, inocência m a evolução do estilo (comprimento, conclusão ou não das frases, ní-
conseguir vel de correção ou de familiaridade da linguagem) em função do
organizagio conteúdo abordado pelo locutor. Esta variação estilística fornece
Coragem
uma luz diferente sobre o modo como o entrevistado sente aquilo
0 Outro negativo o Outro positivo que exprime’;
(“monstro de egoismo”, “panico”) ("a amiga simpdtica, divertida”)
0 vazio
descobrir
o aborrecimento, | ¢——»
o encontro (amigos, amor)
os aborrecimentos entrevista não diretiva, longa por causa do mecanismo de planejamento, vemos, em
muitos casos, que algumas sequên distância, ligadas entre si, apesar das se-
angastia da partida quências “incidentes” ou intercaladas (poderiamos assinalá-lo com um código apropria-
do imprevisto de partir do), quer porque o tema desaparece e depois reaparece (ou se transforma, ou inverte-s
do risco
ou desenvolve-se, ou asso Se a outro, ou contamina outro etc.), quer porque a própria
expressão, a manei a de dizer, impõe uma ligação. Por exemplo, uma sequência Al
telectual” ser: guida de B1 “emotiva’, depois novamente de A2 “intelectual”, A3 * nte-
lectual”, B2 “emotiva”. Ou então uma “particular”, ou ma “narrativa”, uma “intemporal”,
Agradeço a G. Moser, que, mostrando-me as suas próprias concepções sobre a análise des-
ou uma “estável”, uma “perturbada” etc.
ta entrevista, enriqueceu aquilo que aqui proponho.
m aalternincia do uso do “nós”, do “isso” (colocação à distância, genera-
FERIAS NAO FERIAS
lização) e do “eu”, “mim” (reapropriação, investimento pessoal);
m o aparecimento de perturbações de linguagem, como “áh”, frases outro lugar, o cotidiano, o atual
truncadas, cujo sentido é variável, traduzindo tanto um pensamento partir de outra maneira, antes a idade adulta
que se procura (sequência 1) como perturbações afetivas ligadas à
emergência de um tema (final da sequência 3); liberdade, prazer trabalho, barulho
tempo, sossego pressa
m a especificidade de determinados tiques de linguagem próprios de
um locutor ou de uma entrevista: aqui, há muitos “enfim” e “ou en-
tão”, que correspondem a um modo de pensamento enumerativo que risco do aborrecimento
dade máxima 1]
tem na sua vida, o que representa ele para vocé..”
idade e rapidez
frequentes, chamadas
: frente a
É claro que esses escritos, limitados, são muito diferentes do jogo da fala
(chamadas muito
conservação dos
idad:
Uso: cotidiano
de uma entrevista. No entanto, a sua temática não se afasta nada das entrevis-
intempestivas)
proteç; ão
frente a frente
incômos: dos
Temática
tas reais - como sabemos” -, e se a sua enunciação (no sentido de ato de fala,
(+) sociak
hierarqui,
com toda a retórica espontânea que isso induz) é fraca, a lógica interna está
presente, ainda que simplificada, e isso ¢ suficiente para ilustrar a andlise de
(+)
tel
um conjunto. «
E5
para dar
larmos regularmente./ Para
2 g
to frequentements
vação dos laços), rapidez, função informativa, uso, prazer, incômodo.
= ê
A divisão em sequências leva em linha de conta, ao mesmo tempo, parti- 22
ando-me a entrev
2
£
e na amizade, um pequeno
= g*
soal muito assertiva e adesão a um estereótipo (a pessoa não diz “para mim, o g 2 2 E
o E
),
telefone é..””).
2 g
/O telefone é indi
og
“ser incomodad
Mas também
P
ciono”, “limite”, “equilibrio”), em que a pessoa situa o telefone numa hierar- êg E
quia: frente a frente / telefone / carta. s Z &g
também,
* o
Sequéncia 3: o entrevistado explicita a sequéncia 2, mas a um nivel É8 BÉ g
E
muito mais psicológico e afetivo (“fachada”, “protege”, evitando-me' , “esti-
mula”, “confronto”, “revelar”, “inibido”). A sequência é bastante complexa e
Seq uéncias
deve ser decomposta na sua estrutura para revelar as oposições:
lo prazer:
contraste
Autoproteção Relações diretas ou confronto
£5
a palavra-chave?
8
termo anônimo
Inibigio pelo interlocutor
profissão de feé
Estimulo
Observacdes
Influéncia da
Frase de part
Interlocutor:
3
Reserva no
Revelar-se Us
Equ íbrio:
B
0 neg
3
o g8
9% 40 com as entrevistas realmente efetuadas no inquérito.
A carta (correio) é esquecida e a sequência 2 transforma-se numa sequên-
cia 3, que manifesta a preferência da proteção estimulante pelo telefone e o re-
F E
medo da má notícia
encontro [3]
() esforço
ss AN
medo [4]
evitar [3]
evitar [4]
Note-se a progressão entre as três sequências: de uma frase curta e de
53§ S5 Bo
estrutura gramatical mínima para uma frase complexa e longa. ES
ETE %ES B
As três sequências seguintes (4, 5 e 6) regressam a afirmações simples e
positivas: = G
52 ©°¢68 Ê5 S)
Nº3 — “O receio”
firmação do caráter indispensável, para o domínio profissional. Qualidade ES E RE 2
%n.&ª:ig_gm
de rapidez, para um conteúdo preciso, a informação (isso poderia ser a or- Ezs~888% s3
LEES== =588
~wEESE®WOoE
2SEgT g E 3
ganização, a decisão). E8EZT=S8 =
ências —
Sequência 7: reequilíbrio terminal por um tema negativo, o do incômodo,
quer pela frequência muito grande das chamadas (com nuances, subentendi-
do não explicitado, em função das circunstâncias, de quem liga... provavel-
Fs
mente, e reaparecimento condicional do tema do prazer), quer por chamadas
intempestivas"º,
Trauma anterior?
Autopersuasao?
Observações
Negagao?
10. As andlises das respostas seguintes serão mais breves.
Entrevista nº 3: se a resposta nº 2 manifesta um equilíbrio, a palavra-cha- g g
& 8
ve aqui é o receio. Confessado logo no início, e apesar do final desta à vontade z H
(autopersuasão), este medo do telefone marca toda a entrevista. Esta pode di- E Ê
AT -
vidir-se em quatro sequências:
2 s g £
á 2 a
1) uma frase de introdução, direta; ? Á c §
=S TÊ g egz 2 TSk
-
2) uma longa sequência de explicação com nuances; como que por uma & 228 EE &s -
g $4S 338 29 2 EE
fobia, a relação com o telefone aqui expressa ¢ mais ou menos ansio- NÊ 8 £ES $ 3238
3 s € 28y €3
sa conforme os casos: mdxima na recepgao (o desconhecido), menor : É 5Ê $% FE T3 E5ãoo
gs s& 28§
28 S S3
- S 88
$ s e 2282
com uma pessoa conhecida e quando a conversa decorre. O encon- (|
É
|t
f
Z
o
TÊ
2
Fd
g S
£33
tro frente a frente (deslocagio e até contato direto) parece, por com- E F &S
paração, altamente preferivel; )
3) uma frase de explicação eventual do problema; 5385, FNE s 2d o
é o PaEEE 2E P8
4) uma final, que tenta tornar a situação menos negra. 2858382 S8350EE 2
§28.2%38
TEEiRogs
cEPeFegE ÉES
25
8280
getg888
EESS=F5
NE So
¢
35
R25g83%0
FEYSSEEE
&2
52
2833558
28T o8823
3¢
5
Comparado com a resposta nº 2, muito completa, o registro desta ¢ mais 2285822 d& TSS 53
S=E25°85 33 ECSSES ÉL
limitado, com repeti¢oes tematicas. ESNESSSIA ds= 588Fg&F 8¢t
uãggê,ªª
S E g2 23 ÉS
2= ” H Z =
um instrumento
telefone é ambivalente, as opinioes positivas de trés quartos da resposta são rvagoes
dispensi-lo
postas em causa pelo medo do exterior e pela angustia ligada à irrupgao dos
Não posso
Não gosto
outros ou de noti
Ol
Joagsuadsipur /poagsuadsipur 9 :epeBugo nos osst e anbiod
osn ap oededuqo (=) opmasgos 0-0Z1/nn “OIULILD ON *SO91UgIafaL SOJEIUDD SO £
I7) oedeziueio | opnw [1] aw-o0ziuedio anbiod epra equras eu auepodus 9 auvotaja O
4enuiey apeprumu ep eamdna 'auojaja: oe wandje aidwas asenb ey ‘anbol oeu auojaja- o anb wa
08919191 Py oeu ‘esed equiu wd ‘anbiod aur-easaua auoja(a) O ‘WU 7
“JOSPAUL OPOWODU (-)
sapepijeueq “oduwo) (-) “2A01q 9 BSIDUOD 135 Os1j914 “Sapepijeueq WOZIP 35 os stenb
sou 2 odwa) aquejseq weanp anb sewauogjajas sop 01508 oeu SeW
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WIGUIL] atu-aunuLOg "Seja Wos sestos ||| seziuedioow-anuwiad " SeossAd se,
[1] oeSeziuedio (+)
21 1) eiouersip e ersodsas (+) | 0551 o5ayuos anb seossad sep ensoreuw ep [1] 33uof ounu osou anbiod ssodea sasoinopalu
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Entrevista nº 16: a construção é a de uma dissertação escolar: sequéncia Note-se pela segunda vez (cf. também n. 23) a referência ao outros com
positiva, sequência negativa, conclusão com nuances, que retoma os argumen- quem a linha é partilhada.
tos anteriores. Esta primeira leitura codificada, a três níveis (temático, estrutura, ex-
A palavra “indispensável” aparece aqui a uma nova luz: ligada à obrigação pressão), tem como função:
(isto levará, talvez, a reconsiderar este tema como não totalmente positivo).
m preparar as grelhas categoriais transversais;
Entrevista nº 19: a concepção do telefone ¢ marcada pelo “sim, mas.,
m fornecer hipóteses de interpretação.
Mais do que uma divisão em sequências, deve notar-se o movimento de ba-
lança: afirmação positiva, depois restrição e o final pende para o negativo.
Por uma questão de espaço, mas também devido ao fenômeno de satura-
É instaurada uma hierarquia, em que o melhor seria o frente a frente, o
ção, limitamos aqui os exemplos a uma dúzia. Com efeito, a partir de certo
pior a ausência de comunicação e o termo médio a comunicação telefonica, que
número de respostas ou de entrevistas, a temática repete-se, fornecendo cada
apresenta vantagens e desvantagens.
vez menos novidades.
Entrevista nº 21: as palavras-chave dessa resposta são “distancia” e “é
tudo”. O locutor utiliza toda a sua resposta para marcar a distancia relativa- Temática: vantagens Números
mente a uma eventual implicagio na comunicagdo. Ha uma dezena de formas e desvantagens SSAA ET SSSA 2S
lexicais ou gramaticais de tipo negativo ou restritivo para quatro frases. É uma Fiabilidade
atitude de “defesa”. Utilidade
Rapidez
Entrevista nº 23: reação oposta à resposta 21. O conjunto caracteriza-se Comodidade
Economia
por um investimento maximo, marcado pela apropriação (“o meu telefone”), Favorece a organização
decorrente de uma apeténcia relacional forte, com consciéncia de uma expan- Aumenta a informação
Reduz a distância
idade “invasora” e medo da privagdo “se no futuro me tirassem..” Substitui a deslocação
Mas esta resposta fornece mais informagdo sobre um desejo de sociabili- Aumenta a segurança
Favorece a proteção
dade geral, que encontra satisfagdo num instrumento telefonico, do que carac- Bom para a sociabilidade
teristicas precisas sobre o uso deste meio. Aproxima afetivamente
Constitui um elo
Entrevista nº 26: atitude negativa pela incapacidade de se “familiarizar” Permite o diálogo
Preserva da solidão
com este modo de comunicagio. A função é limitada ao “utilitdrio”, ou seja, a0 Fornece o prazer da fala
minimo estrito. Parece que a dificuldade ¢, sobretudo, o fato da emissão e nio Permite o diálogo
Inquietante, ansiógeno
da recepção: dificuldade de se dirigir aos outros? Ausência de visão, de presença
fisica
Entrevista nº 27: atitude em que a ambivaléncia do telefone é claramente Sujeito aschamadas a qualquer hora
expressa: seguranca/ansiedade, prazer/apreensio, “amigo”/"inimigo”, “riso”/ Perda de tempo
Exige uma habituagdo, uma
“choros”. aprendizagem
A temática psicológica é fértil, com uma dominante na função relacional Pode trazer uma noticia má
Etc,
do telefone (“elo”, medo da privação). O telefone é um “cordão umbilical, por
onde passa o pior e o melhor.
Quando se faz análise de entrevistas, raramente é possível estabelecer “pessoas”, “organismos”, “os meus próximos”... ou ausência de refe-
um quadro categorial único e homogêneo, devido à complexidade e à multidi- rência ao interlocutor.
mensionalidade do material verbal. É preferível “atacar em vários flancos”. m Determinar o sentido das comunicações telefônicas: emissão/re-
Há duas possibilidades: ou assumir um ponto de vista geral e homogê- cepção ou centrifuga/centripeta, e os significados associados em
neo, ou analisar alguns aspectos específicos, e as duas completam-se. contexto.
Por exemplo, no nosso caso, podemos estabelecer um quadro categorial m Esboçar uma tipologia dos indivíduos segundo o seu tipo de socia-
das qualidades e defeitos, ou das vantagens ou desvantagens, atribuídos ao bilidade manifesta: grau de apetência relacional, necessidade dos
meio de comunicação telefônico por todos os indivíduos. Constrói-se então outros; defesa ou inibição, sociabilidade real e aspirações etc., refe-
um quadro que contenha, nas linhas, os temas qualificadores e, nas colunas, rindo os critérios semânticos ou os índices expressivos que permi-
os indivíduos. Basta depois marcar cada intersecção (presença/ausência, ou tem a análise desta dimensão no texto.
número de ocorrências, por indivíduo). m Coligir as circunstâncias, situações, episódios concretos evocados
É também possível referenciar em todos os textos, por uma nota, um as- (seriam mais numerosos em entrevistas reais).
pecto particular. Por exemplo:
Há muitas outras possibilidades, que os discursos por analisar e as suas
m Reunir todas as primeiras frases, que funcionam um pouco como slo- particularidades poderão sugerir ao analista.
gans, analisá-las, compará-las (a hipótese subjacente é que a primeira
frase revelaria, na maioria dos casos, a atitude base do indivíduo).
m Escolher um título para cada pessoa, que resuma a especificidade do
seu discurso, um pouco à maneira de Barthes na sua análise do esta-
do apaixonado"' (tem a vantagem de obrigar a perceber a originali-
dade de cada fala, bem como de facilitar o manuseio geral quando a
massa de entrevistas ou de respostas se torna maior).
m Apontar um projetor sobre as designações que os interlocutores uti-
lizam para designarem a materialidade do telefone: “objeto”, “ins-
trumento’, aparelho”, “lugar de encontro”, “intermedidrio”, “ave”...
(tendo como pressuposto que as proprias formulagoes contém sig-
nificados carregados de sentido).
m Do mesmo modo, procurar nos textos e analisar as palavras utiliza-
das para designar os interlocutores (em resposta a pergunta “quem se
invoca quando se cita parceiros telefonicos?”): “amigos”, “familia’
“doutor”, “interlocutores’, “gente”, “nós”, “aqueles que conhego’,
MÉTODO
Organização da análise
1. A PRÉ-ANÁLISE
É a fase de organização propriamente dita. Corresponde a um período
de intuições, mas tem por objetivo tornar operacionais e sistematizar as ideias
iniciais, de maneira a conduzir a um esquema preciso do desenvolvimento das
operações sucessivas, num plano de análise. Recorrendo ou não ao computa-
dor, trata-se de estabelecer um programa que, podendo ser flexível (quer di-
zer, que permita a introdução de novos procedimentos no decurso da análise),
deve, no entanto, ser preciso.
Geralmente, esta primeira fase possui três missões: a escolha dos docu-
mentos a serem submetidos à análise, a formulação das hipóteses e dos objeti-
vos e a elaboração de indicadores que fundamentem a interpretação final.
Estes três fatores não se sucedem, obrigatoriamente, segundo uma
ordem cronológica, embora se mantenham estreitamente ligados uns aos ou-
tros: a escolha de documentos depende dos objetivos, ou, inversamente, o ob-
Jetivo só é possível em função dos documentos disponiveis; os indicadores serão
construídos em função das hipóteses, ou, pelo contrário, as hipóteses serão cria-
das na presença de certos índices. A pré-análise tem por objetivo a organização,
embora ela própria seja composta por atividades não estruturadas, “abertas”, xar de fora qualquer um dos elementos por esta ou aquela razão
por oposição à exploração sistemática dos documentos. (dificuldade de acesso, impressão de não interesse), que não pos-
sa ser justificável no plano do rigor. Esta regra é completada pela
a) A leitura “flutuante” - A primeira atividade consiste em estabelecer
de não seletividade.
contato com os documentos a analisar e em conhecer o texto deixando-se in-
vadir por impressões e orientações. Esta fase é chamada de leitura “flutuante”, Por exemplo, reúne-se um material de análise da publicidade a automó-
por analogia com a atitude do psicanalista. Pouco a pouco, a leitura vai se tor- veis publicada na imprensa durante um ano. Qualquer anúncio publicitário
nando mais precisa, em função de hipóteses emergentes, da projeção de teo- que corresponda a esses critérios deve ser recenseado.
rias adaptadas sobre o material e da possível aplicação de técnicas utilizadas
sobre materiais análogos. m Regrada representatividade. A análise pode efetuar-se numa amos-
tra desde que o material a isso se preste. A amostragem diz-se rigo-
b) A escolha dos documentos - O universo de documentos de análise
rosa se a amostra for uma parte representativa do universo inicial.
pode ser determinado a priori:
Neste caso, os resultados obtidos para a amostra serão generaliza-
m por exemplo: uma empresa solicita a uma equipe de analistas a ex- dos ao todo.
ploração dos recortes de imprensa reunidos num “pre: -book”, acerca
do novo produto lançado no mercado alguns me: es atrás. Para se proceder à amostragem é necessário ser possível descobrir a
Ou então o objetivo é determinado e, por conseguinte, convém escolher distribuição dos caracteres dos elementos da amostra. Um universo hetero-
o universo de documentos suscetíveis de fornecer informações sobre o pro- géneo requer uma amostra maior do que um universo homogêneo. A cos-
blema levantado: tureira, para que possa fazer ideia de uma peça de tecido com flores, tem
necessidade de uma amostra maior desse tecido do que aquela que seria
m porexemplo: o objetivo é seguir a evolução dos valores da instituição necessária para ter a ideia de um tecido liso. Tal como para uma sondagem,
escolar francesa durante determinado ano. Opta-se então pela análi-
a amostragem pode fazer-se ao acaso ou por quotas (sendo conhecidas as
se dos discursos de distribuição dos prêmios: material homogêneo,
frequências das características da população, retomamo-las na amostra, em
regular, conservado, acessível e rico em informações relativamente proporções reduzidas).
ao objetivo. Por exemplo, se se souber que existem x marcas de automóveis e que
Com o universo demarcado (o gênero de documentos sobre os quais se cada uma possui uma taxa média de n anúncios por ano. Além disso, co-
pode efetuar a análise), é muitas vezes necessário proceder-s à constituição de
nhece-se a distribuição pelos órgãos de imprensa. Finalmente, avaliamos a
um corpus. O corpus é o conjunto dos documentos tidos em conta para serem repartição quantitativa e a variação qualitativa dos conteúdos temáticos
submetidos aos procedimentos analíticos. A sua constituição implica, muitas segundo os meses do ano. Tidos em conta esses critérios (marcas, órgãos
vezes, escolhas, seleções e regras. Eis as principais regr de imprensa, períodos), que dependem do objetivo da análise, pode pro-
m Regra da exaustividade: uma vez definido o campo do corpus (en- ceder-se a uma redução pensada (amostragem) do universo e diminuir a
trevistas de um inquérito, respostas a um questionário, editoriais Parte submetida a análise.
de um jornal de Paris entre tal e tal data, emissões de televisão Nem todo o material de análise é suscetível de dar lugar a uma amostra-
sobre determinado assunto etc.), é preciso ter-se em conta todos Bem, e, nesse caso, mais vale abstermo-nos e reduzir o próprio universo (e,
os elementos desse corpus. Em outras palavras, não se pode dei- Portanto, o alcance da análise) se este for demasiado importante.
m Regra da homogeneidade: os documentos retidos devem ser homogê- mentos exploratórios (em que “o quadro de análise não e determinado” e
neos, isto é, devem obedecer a critérios precisos de escolha e não em que “se parte de uma colocação em evidência das propriedades dos tex-
apresentar demasiada singularidade fora desses critérios. tos”) em relação ao que os autores chamam os procedimentos fechados.
Por exemplo, as entrevistas de inquérito efetuadas sobre um tema de- Pôr em funcionamento um procedimento fechado é começar a partir de um
vem referir-se a ele, ter sido obtidas por intermédio de técnicas idênticas e
quadro empírico ou teórico de análise de certos estados psicológicos, psicos-
sociológicos ou outros, que se tentam particularizar, ou então a propósito dos
ser realizadas por indivíduos semelhantes. Esta regra é, sobretudo, utilizada
quais se formularam hipóteses ou se levantaram questões. Reúnem-se textos
quando se deseja obter resultados globais ou comparar entre si os resultados (...) Depois observam-se esses textos através de um determinado quadro teóri-
individuais. co (...), quadro esse preestabelecido e que não pode ser modificado.
Precisemos, no entanto, que se a constituição de um corpus é uma fase
habitual na análise de conteúdo, para algumas análises monográficas (uma Os procedimentos fechados, caracterizados essencialmente por técnicas
entrevista aprofundada, a estrutura de um sonho ou a temática de um livro), taxonômicas (por classificação de elementos dos textos em função de cri! rios
tal fase não tem sentido (caso de um documento único, singular). internos ou externos), são métodos de observação que funcionam segundo o
mecanismo da indução e servem para a experimentação de hipóteses.
m Regra de pertinência: os documentos retidos devem ser adequados, Os procedimentos de exploração, aos quais podem corresponder téc-
enquanto fonte de informação, de modo a corresponderem ao objeti- nicas ditas sistemáticas (e nomeadamente automáticas), permitem, a partir
vo que suscita a análise. dos próprios textos, apreender as ligações entre as diferentes variáveis,
funcionam segundo o processo dedutivo e facilitam a construção de novas
c) A formulação das hipóteses e dos objetivos - Uma hipótese ¢ uma afir-
hipóteses.
mação provisória que nos propomos verificar (confirmar ou infirmar), recor-
Segundo os autores, cujo ponto de vista particular os conduz ao desejo
rendo aos procedimentos de análise. Trata-se de uma suposição cuja origem é
de insistir, quer nas condições de produção - ou no campo de determinações
a intuição e que permanece em suspenso enquanto não for submetida à prova
— dos textos no sentido lato (situação de comunicação, meio sociocultural,
de dados seguros. O objetivo é a finalidade geral a que nos propomos (ou que
psicologia individual etc.), quer nas relações entre os próprios documen-
é fornecida por uma instância exterior), o quadro teórico e/ou pragmático, no
tos e as suas condições de produção, os métodos exploratórios sistemáticos
qual os resultados obtidos serão utilizados.
têm a vantagem de poder servir de introdução aos únicos procedimentos
Levantar uma hipótese é interrogarmo-nos: “será verdade que, tal como
experimentais capazes de apreender as ligações funcionais entre o que es-
é sugerido pela análise a priori do problema e pelo conhecimento que dele
ses autores chamam o plano vertical (nível de condições de produção, en-
possuo, ou, como as minhas primeiras leituras me levam a pensar, que...?”.
quanto variáveis independentes) e o plano horizontal (nível dos textos
De fato, as hipóteses nem sempre são estabelecidas quando da pré-análi-
analisados enquanto variáveis dependentes)'.
se. Por outro lado, não é obrigatório ter como guia um corpus de hipóteses,
No entanto, em muitos casos, o trabalho do analista é insidiosamente
para se proceder à análise. Algumas análises efetuam-se “às cegas” e sem ideias
orientado por hipóteses implícitas. Daí a necessidade das posições latentes se-
preconcebidas. Uma ou várias técnicas são consideradas adequadas a priori,
rem reveladas e postas à prova pelos fatos - posições estas suscetiveis de intro-
para fazerem “falar” o material, utilizando-se sistematicamente. Isto é o que
sucede muitas vezes ao recorrermos à informática.
A propósito deste problema do primado do quadro de análise sobre as P HenryeS. M ci. “Problémes de Tanalyse de contenu” em Langage, n. 11, setembro,
técnicas e vice-versa, P. Henry e S. Moscovici parecem privilegiar os procedi- 1968.
de um tipo especifico podem facilitar a manipulagdo da análise: entrevistas
duzir desvios nos procedimentos e nos resultados. Formular hipóteses consiste,
digitadas e impressas em papel, dispondo de colunas vazias à esquerda e a di-
muitas vezes, em explicitar e precisar - e, por conseguinte, em dominar — di-
reita para o codigo, e respostas a questiondrios em fichas-padrao para que se
mens es e direções de análise, que apesar de tudo funcionam no processo.
possam marcar os contrastes.
d) A referenciação dos índices e a elaboração de indicadores - Se se conside- A preparagio formal - ou “edição” - dos textos pode ir desde o alinha-
rá,
rarem os textos uma manifestação que contém índices que a análise explicita mento dos enunciados intactos, proposição por proposigio, até a transfor-
hipóteses, caso
o trabalho preparatório será o da escolha destes - em função das mação linguistica dos sintagmas, para padronizagao e classificagio por
elas estejam determinadas - e sua organização sistemática em indicadores. equivaléncia. No caso do tratamento tecnoldgico, os textos devem ser prepa-
numa
Outro exemplo, o índice pode ser a menção explícita de um tema rados e codificados conforme as possibilidades de “leitura” do computador e
tanto mais im-
mensagem. Caso parta do princípio de que este tema possui as instrugoes do programa.
(caso da aná-
portância para o locutor quanto mais frequentemente é repetido
ia
lise sistemática quantitativa), o indicador correspondente será a frequênc
deste tema de maneira relativa ou absoluta, relativo a outros. 2. A EXPLORAGAO DO MATERIAL
tam por per-
Por exemplo: supõe-se que a emoção e a ansiedade se manifes
retidos* Se as diferentes operagoes da pré-anlise forem convenientemente con-
turbações da palavra durante uma entrevista terapéutica. Os indices
)easua fre- cluidas, a fase de análise propriamente dita não é mais do que a aplicação
(“hã”, frases interrompidas, repetição, gagueira, sons incoerent
te. sistemdtica das deci es tomadas. Quer se trate de procedimentos aplicados
quência de aparição vão servir de indicador do estado emocional subjacen
res manualmente ou de operações efetuadas por computador, o decorrer do
Uma vez escolhidos os índices, procede-se à construção de indicado
operações de programa completa-se mecanicamente. Esta fase, longa e fastidiosa, consiste
precisos e seguros. Desde a pré-análise devem ser determinadas
análise temá- essencialmente em operagoes de codificagio, decomposição ou enumera-
recorte do texto em unidades comparáveis de categorização para
ção, em função de regras previamente formuladas (cf. capitulo seguinte).
tica e de modalidade de codificação para o registro dos dados.
dos indicado-
Geralmente, certificamo-nos da eficácia e da pertinência
-
res testando-os em algumas passagens ou em alguns elementos dos documen
3. TRATAMENTO DOS RESULTADOS OBTIDOS
tos (pré-teste de análise).
E INTERPRETACAO
o ma-
e) A preparação do material - Antes da análise propriamente dita,
l e, Os resultados brutos são tratados de maneira a serem significativos (“fa-
terial reunido deve ser preparado. Trata-se de uma preparação materia lant, ) e vilidos. Operagoes estatisticas simples (percentagens), ou mais
eventualmente, de uma preparação formal (“edição”).
íntegra) e as complexas (andlise fatorial), permitem estabelecer quadros de resultados, dia
Por exemplo: as entrevistas gravadas são transmitidas (na
de im- gramas, figuras e modelos, os quais condensam e põem em relevo as informa-
gravações conservadas (para informação paralinguística); os artigos
as em fichas ções fornecidas pela análise.
prensa são recortados, as respostas a questões abertas são anotad
nte (recortes, Para um maior rigor, esses resultados são submetidos a provas estatisti
etc. É aconselhável que se prevejam cópias em número suficie
is Cas, assim como a testes de validagao.
equipe numerosa) e que se numerem os elementos do corpus. Suportes materia
O analista, tendo a sua disposigao resultados significativos e fiéis, pode
ntão propor inferências
enta inferénci ee adiantar
i; interpretações
i õ a propósito
Ósi! dos objetivos
em 1. de S. Pool, Trends in
G ahl, ploring emotional states by content ana
, 1959. Previstos - ou que digam respeito a outras descobertas inesperadas.
content analysis, Urbana, University of Illions Pre:
Por outro lado, os resultados obtidos, a confrontação sistemática com o
material e o tipo de inferências alcançadas podem servir de base a outra análi-
se disposta em torno de novas dimensões teóricas, ou praticada graças a técni-
cas diferentes (ver figura a seguir).
ca de Krusche\:
L “Poderiamos achar necessário reprovar a políti
ca de Kruschev!
2 “Deverfamos denunciar amargamente a politi
ica de Kruschev! "
3 “Comegaremos brevemente a denunciar a polit
cordo com a política
4 “No passado, estivemos algumas vezes em desa
de Kruschev™.
Exemplo 2: A / Paciente
1. Hostilidade: toda e qualquer expressão de aversão, ressentimento, «
Este estudo analisa as finalidades e possibilidades de êxito oferecidas : o . ”
lera, antagonismo, oposição ou de atitude crítica.
às crianças nos programas televisivos, relacionando-as com os meios pre-
conizados”. 2. Referente
1/ Cônj d/E;
A / Categorias das finalidades ENAA /. &
. o . b / Criança e / Terapeuta
Propriedade (êxito material) : - .
" : ; ; c / Pais // Outra pessoa ou objeto
q
Sentimento
1. Reações de aproximação: respostas concebidas para provocarem c
Poder e preso
prestígio " A ; ó
tras expressões de sentimentos, atitudes e comportamentos hostis.
AW
b/Exploração — e / Designação
B / Categorias dos métodos
o
¢/ Incitagao
1. Legais
2. Nao legais
gl (
(sem feridas nem estragos
gos) 2.
" é
Reagoes de evitamento: respostas concebidas para inibir, desencora
i ÃEA
3. Econômicas
SSS . e . g " -
ou suscitar uma diversão em relação às expressoes de hostilidade.
4. Violéncia í
sn o ' 3. Não classificado.
5. Organização, negociação e compromisso :
6. Evasão, fuga (tentativa de evitar os fatos inerentes à realização do &) A análise d Gisicalfice
objetivo, esquecimento da finalidade etc.) ) A andlise de um estado psicoldgico
Acaso Ha cerca de 20 anos, Gottschalk e a sua equipe tentaram avaliar, con
8. Outras auxilio de quadros de anilise preestabelecidos, o grau de um estado ou de v
Afetivo positivo 977 Mútuo, natural, normal, puro O estudante está sonhando que Necessidade, ser, adjetivo positivo,
se tornou um grande inventor. Papel Positivo — Frase Global = RS.
g . Escindalo, profano, recusa,
Afetivo negativo 1513 profano Frase 2
repugnante.
Depois de anos de trabalho, Tempo, verbo positivo, advérbio,
Forca 1391 Aço, pedra, espada, duro.
chega o momento crucial. Positivo — Frase Global = RU.
Fraqueza 579 Fraco, ignorante, debaixo.
Frase 3
Atividade 1218 Reação, reino, contato, viagem.
Ele espera que tudo corra bem. Necessidade, verbo positivo, advérbio
Passividade 722 Imutdvel, espera. Positivo — Frase Global = RS;
P Absolutamente, exatamente, Frase 4
Sobre-estima (overstate) 128
sempre.
Mas a experiência vai falhar. Valor positivo, fracasso
Se bem que, aparentemente, — Frase Global = RT.
Subestima (understate) 50 ; 1 á
aproximadamente.
Frase 5
Negação (not) 6 Diferente, nem um nem outro.
Descontente, mas ainda confiante, Afeto negativo, valor positivo
ele vai modificar os seus procedi- — Frase Global = RS.
Holsti utilizou esse índice para estudar hipóteses relativas à tomada mentos e tentar tudo de novo.
de decisão, numa situação de crise internanacional (por exemplo, a “crise
cubana”, em 1962), ou para analisar o conflito entre o Leste e o Ocidente e Resumo: este documento contém uma representagao de sucesso.
as relações sino-soviéticas; Choucri serviu-se deste índice para estudar as m Foram construidos outros indices no quadro do General Inquirer. Ci-
componentes da atitude de “não alinhamento” (neutralidade política) dos
taremos:
Estados africanos e asiáticos. m O Santa Fé Third Anthropological Dictionary (Colby): de alcance
O Need Achievement Dictionary (D. Ogilvie, L. Woodhead): ao contrário
geral, este diciondrio foi concebido para a comparação transcul-
dos precedentes, este índice é muito mais específico. Inicialmente foi concebido
tural dos contos populares e dos protocolos de testes projetivos.
para estudar a concepção da “autorrealização” (necessidade de sucesso) nos
m O Simulmatics Dictionary (Stone e Dunphy): este diciondrio diz
protocolos dos testes projetivos. Comporta 1.200 palavras, entre as quais 30
respeito a analise de produtos e de imagens de marca.
são fórmulas idiomáticas reunidas em 25 conceitos-chave (necessidade, ser,
m Who Am I Dictionary (McLaughlin): este diciondrio pode ser utili-
competição, verbo positivo, advérbio positivo; adjetivo positivo, valor positivo,
papel positivo, bloqueamento, sucesso, fracasso, afeto positivo, afeto negativo, zado na andlise das respostas a pergunta aberta “quem sou eu”.
tempo etc.). A codificação é guiada por regras precisas, em função da combina- m O Davis Alcohol Dictionary (Davis): foi construido para testar hi-
ção das palavras numa frase. Cada frase é codificada, sendo seguidamente defi- poteses relativas as relagoes temáticas de uma amostra mundial
nido o conjunto do protocolo: representação do sucesso (RS), realização única de contos populares e do consumo de dlcool, segundo a cultura.
(RU), representação incerta do sucesso, representação incoerente etc.
Citemos, finalmente, um exemplo de codificação" de determinada his- Após o impulso do General Inquirer, outros indices ou diciondrios foram
tória, contendo uma representação de sucesso (RS). publicados, ou os que já existiam foram aumentados (sobretudo nos Estados
Unidos, já que os outros paises estavam menos interessados na elaboragio de
15. The General Inquirer, op. cit. indices de andlise por computador). Citemos um exemplo:
O IID ou Interpersonal Identification Dictionary e o TTD ou Therapist
Tactics Dictionary (G. Psathas), aumentados para analisarem a interação na
conversação e na relação terapeuta-paciente. Estes dois índices são completa-
dos pelo Psychodic ou Psychological Content Dictionary. O IID utiliza uma
dúzia de conceitos-chave destinados a identificar e classificar as pessoas cita- v
das em função da sua relação com o locutor (estatuto inferior, estatuto igual,
(...) objeto de amor, figura de autoridade etc.). O TTD contém três listas de
classificação: uma relativa aos termos funcionais (determinantes, pronomes,
advérbios, por exemplo), uma relativa aos diversos termos “táticos” (elogio
A inferéncia
direto, tentativa, referência espacial, estado emocional, início, acordo modera-
do, resumo, capacidade potencial etc.), e a terceira identifica a frase no seu
obre o que pode incidir este tipo de interpretagio controlada que ¢, na
todo (pergunta direta, declaração, negação, sugestão insistente (...) etc.). O
Sanálise de conteúdo, a inferência? Vamos abordar o assunto de maneira
Psychodic contém uma centena de categorias muito diversas relacionadas
teórica (possíveis polos de atração) e em seguida de maneira realista, com
também com a idade, as condições somáticas, os tratamentos, as percepções
sensoriais, os atos sexuais, as ações sociais, as ações conseguidas, os processos exemplos de inferência atuais.
cognitivos, as emoções etc., e as suas diferentes modalidades.
A construção de índices para computador tem obrigado a fazer-se, como
diz Holsti, a ligação entre a formulação teórica e os mecanismos da análise. À
1. POLOS DA ANALISE
elaboração das categorias vê aumentar o seu rigor: preceitos rigorosos de “ro- A andlise de contetido fornece informagdes suplementares ao leitor criti-
tulação” das palavras (títulos conceituais), definição univoca das categorias e co de uma mensagem, seja este linguista, psicélogo, sociólogo, critico literdrio,
definição precisa das fronteiras entre conceitos e a lógica interna do processo historiador, exegeta religioso ou leitor profano que deseja distanciar-se da sua
de investigação. leitura “aderente’, para saber mais sobre esse texto.
Mas a que correspondera este “saber mais”? Sobre o que e sobre quem e
(também por que) se poderd centrar a andlise de conteúdo? Em outras pala-
vras, quais serdo os seus polos de atragao?
Teoricamente, pode remeter para ou apoiar-se nos elementos constituti-
vos do mecanismo cldssico da comunicagio: por um lado, a mensagem (signi-
ficação e código) e o seu suporte ou canal; por outro, o emissor e o receptor,
enquanto polos de inferéncia propriamente ditos.
a) O emissor ou produtor de mensagem - Pode ser um individuo ou um
grupo de individuos emissores. Neste caso, insiste-se na função expressiva ou
representativa da comunicação. Com efeito, pode se seguir com a hipétese de
que a mensagem exprime e representa o emissor.
Por exemplo, a andlise do mondlogo de um paciente num tratamento
psicanalitico remete para a personalidade deste, para a sua historia pessoal,
para os seus sintomas neurdticos e para a sua evolugao (cf. andlise diacronica
de conteúdo), visando uma melhor adaptação deste ao mundo etc. A análise m O codigo: nos servimos do codigo como de um indicador capaz de re-
dos textos poéticos de Baudelaire informa o leitor que procura penetrar no velar realidades subjacentes.
seu universo pessoal acerca dos seus desejos e das suas angústias, da sua vida e Perguntaremo-nos, por exemplo, a um nivel puramente formal e descritivo:
dos seus tormentos... A análise do discurso político fornece dados sobre o qual ¢ o arsenal das palavras utilizadas por Balzac? Como varia o comprimento
orador etc. das frases, nos discursos politicos? Quais serdo as figuras de retérica utilizadas
b) O receptor - Pode ser um indivíduo, um grupo (restrito ou alargado) pelo discurso publicitdrio? Quais as leis do código do vestudrio? Serão os objetos
de indivíduos, ou uma massa de indivíduos. cotidianos significantes ligados termo a termo a significados, ou será que a sig-
Nesta ótica, insiste-se no fato de a mensagem se dirigir a este indivíduo nificagdo apenas surge na combinagdo desses objetos-signo?
(ou conjunto de indivíduos) com a finalidade de agir (função instrumental As questdes precedentes, uma vez resolvidas, devem ser, no entanto, se-
da comunicação) ou de se adaptar a ele (ou a eles). Por consequência, o es- guidas de outras interrogagdes: o que é que o vocabulario de Balzac nos revela
tudo da mensagem poderá fornecer informações relativas ao receptor ou ao sobre o autor ou sobre os leitores? Em que medida ¢ que o comprimento das
público.
frases de um discurso politico nos informa sobre a seguranga do orador? Qual
Desse modo, um romance de Balzac informa-nos acerca deste autor, as-
serd a presumivel ação sedutora da retérica publicitdria sobre os consumido-
sim como acerca dos leitores de Balzac. Os discursos de atribuição de prêmios
res visados? Quem diz o que e a quem - e com que grau de cons ién da
esclarecem-nos, no decorrer dos anos, sobre os oradores, as instituições que
mensagem, enquanto mensagem emitida e recebida - pelo vestudrio? Quais
os englobam, mas também acerca dos alunos dos | eus a quem se dirigiam
serdo os objetos-signo, ou conjuntos de objetos-signo, que exprimem deter-
esses discursos. Por seu lado, as mensagens publicitárias dão indicações, quer
minada cla e social, sendo decifrados por outra classe?
sobre os publicistas, quer (acima de tudo) sobre os consumidores, visto que
essas mensagens tentam cercar um “alvo”, a fim de melhor agir sobre ele. m A significação: a passagem sistematizada pelo estudo formal do codi-
c) A mensagem - Qualquer análise de conteúdo passa pela análise da 0 ndo é sempre indispensavel. A andlise de contetido pode reali r-se a partir
própria mensagem. E: a constitui o material, o ponto de partida e o indicador das significagoes que a mensagem fornece.
sem o qual a análise não seria possível! Quais temas estdo presentes nos discursos de disf ribuição de prémios?
De fato, existem duas possibilidades, que correspondem a dois níveis de Quais s ão 08 suntos abordados por um paciente durante a cura psicanaliti-
an o continente e o conteúdo; ou os significantes e os significados; ou ca? Quais os contetidos do discurso publicitario? De que modo se sucedem os
ainda o código e a significação com uma possível passagem de informações temas nas diversas sequéncias de um relato?
entre os dois planos': Isto pode já ser interessante, mas, muitas vezes, os contetidos encontra-
dos estão ligados a outra coisa, ou seja, aos codigos que contém, suportam e
estruturam estas significagao (cf. supra), ou então, a significagoes “segundas”
1. Not que, para atin; é
r o conteúdo, necessário passar pelo continente, o que significa
que qualquer significa 0 é veiculada por um significante ou por um conjunto de signifi- que as primeira escondem e que a andlise, contudo, procura extrair: mitos,
cantes, e que qualquer mensagem se exerce por meio de um código. stem, no entanto, simbolos e valores, todos esses sentidos segundos que se movem com descri-
gradações nesta passagem do significante ao significado: §d0 e experiéncia sob o sentido primeiro.
m passagem imediata da leitura normal;
m — passagem controlada da análise temática para a a! de cumcl’u_lo; o Quais serão os s istemas de valores e as instituicoes contidas na tematica
= passagem sempre que nos servimos de uma andlise formal para atingir- dos discursos de distribui¢io de prémios?
mos outras informações, a partir das caracteristicas do proprio codigo, como¢ o caso Quais realidades inconscientes e
da andlise de conteúdo a partir da anilise do “continente”. recalcadas esconde o discurso falsificado do paciente, no diva psicanalitico?
Que valores e que ídolos veiculam, apesar de tudo, as mensagens publici- Em outras palavras, a andlise de contetido constitui um bom instrumen-
tárias? Para qual mitologia universal remete a temática cronológica de uma to de indução para se investigarem as causas (varidveis inferidas) a partir dos
narrativa? efeitos (varidveis de inferéncia ou dicadores ; referénc no texto), embora ¢
d) O medium - Isto ¢, o canal, o instrumento, o objeto técnico, o suporte inverso, predizer os efeitos a partir de fatores conhecidos, ainda nao esteja ac
material do código, mas este gênero de estudo deve servir-se mais dos procedi- alcance das nossas capacidades.
mentos experimentais do que das análises de conteúdo. Os indicadores e inferéncias são, ou podem ser - como vimos - de natu-
Exemplos: em que a introdução de um aparelho de televisão modifica, a reza muito diversa. Por exemplo®, nos grupos de encontro, a identificagio dos
curto prazo, a estrutura familiar, independentemente dos programas que se- membros do grupo (varidvel inferida procurada) pode manifestar-se pelo
ria necessario neutral zar ou controlar, enquanto variável parasita? Como quociente entre palavras da categoria “nós” (nós, eles, nosso, nés mesmos) e
informagoes idénticas serão diferentemente decifradas e assimiladas por palavras da categoria “ego” (eu, me, meu, eu mesmo, o meu). Pode demons-
criangas, no caso de serem veiculadas pelo medium TV, ou pelo medium pro- trar-se que o quociente lexical (varidvel de inferéncia ou indicador) aumenta
significativamente com o suceder das sessoes do grupo.
fessora primaria? De que modo serio codificadas e decodificadas pelos locu-
Esta escolha supõe uma relagao entre o mecanismo psicoldgico e uma
tores as mesmas mensagens transmitidas por carta ou pelo telefone? De que
manifestagio verbal. Serd que esta relação, cuja validade talvez se baseie neste
maneira o uso do telefone (a sua introdução brusca numa aldeia ou num gru-
caso especifico, ¢ generalizavel? No estado atual dos conhecimentos, a infe-
po social) ird modificar o conteúdo das comunicagoes e transformar as rela-
réncia f , habitualmente, caso a caso, a falta de leis exatas referentes as
ções e as estruturas sociais (de maneira quantitativa, qualitativa etc.)?
ligagoes habituais entre a existéncia de certas varidveis do emissor (ou do
receptor) e as varidveis textuais. Assim, Osgood” faz a distingdo entre:
A parte seg ) propõe exemplos de índices utiliz veis, por meio de vári 08,
procedimentos.
Osgood, ibid. 1969.
8. O.R. Holsti, Content analysis for the social sciences and humanities, Addison-Wesley,
9. Cf, por exemplo, o estudo comparativo de Kennedy, Nixon e Kruschev.
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no que diz respeito & metodologia da aná! de conteúdo, a informatização, atual- os computadores são capazes de efetuar qualquer tare
mente, dá apenas uma respos a pa al e até ambigua “sim” ¢ “não” fa, desde que o analista lhes prepare instrugoes não ambiguas. Um computa
“Sinr, porque algumas coisas são já possíveis, “não”, porque normalmente dor ¢ capaz de apreciar o valor de uma poesi la se todas as cond S
essas coi existem apenas a título experimental ou artesanal, ou só dizem res- rias e suficientes de um “bom” poema lhe forem claramente indicadas.
peito a uma parte dos processos (tratamento de texto, análise estatística dos Digamos que ¢ interessante poder recorrer ao computador nos seguinte:
resultados), a certos tipos de análise de conteúdo. “Sim’”, porque as pesquisas Casos
efetuadas pelos analistas de conteúdo (nomeadamente norte-americanos) nos m a unidade da andlise é a palavra, o indicador é frequencial (numerc
anos 1960 aperfeiçoaram-se; “sim”, porque algumas disciplinas conexas, de vezes em que a palavra ocorre);
como a linguisti , a estatística lexical e a documentação progrediram rapida- m a análise é complexa e comporta um grande número de variaveis «
mente e criaram ferramentas; “sim”, porque a evolução técnica das capacidades tratar em simultâneo (por exemplo: número elevado de catego S €
informáticas ou as pesquisas em inteligência artificial estão avançando. “Não”, unidades a registrar);
porque se os progressos são reais, dizem, por vezes, respeito apenas aos avanços m deseja e efetuar uma andlise de coocorréncias (aparição de duas ot
prévios: é o caso, por exemplo, dos trabalhos sobre a desambiguação das pala- várias unidades de registro na mes na unidade de contingéncia);
vras. Ou então esses progressos não correspondem ao objetivo real da análise de m a investigação implica várias andlises sucessivas; o computador per
conteúdo propriamente dita: é o caso das investigações em linguística e de cer- mite preparar os dados e armazend-los para usos sucessivos;
tas formas de análise do discurso ou de análise da conversação, que procuram m aanálise necessita, no fim da investigagio, de operagoes estatist
aumentar os conhecimentos sobre o funcionamento da língua e não inferir a numéricas complexas.
partir de uma realidade exterior ao texto; ou o c o das prá as documentais, Pelo contririo, o uso do computador é inútil nos seguintes casos:
cuja informatização é rapida, mas que resolve apenas o problema de redução da
m aanálise é exploratoria e a técnica não é ainda definitiva;
informação para fins de manipulação e de acesso, que é um problema parcial na
a análise é única e debruça-se sobre documentos especializados;
análise de conteúdo. m a unidade de codificag ão ¢ grande (exemplo: discurso ou artigo) es
Apresentados estes pontos prévios, um estado da questão e vá OS exem-
pacial ou temporal.
plos de natureza diversa permitirdo, talvez, que o eventual aprendiz ponha
suas ferramentas na bancada. O computador não pode fazer tudo, necessitando de operações prévias
geralmente uma preparação do material verbal e uma grande previsão da:
regras de codificação. A análise pode ser automatizada em diversos graus
2. A UTILIDADE DA INFORMATICA PARA A algumas são automatizadas na quase totalidade e outras somente em algu-
ANALISE DE CONTEUDO mas operações, fazendo-se o resto manualmente.
O uso do computador tem consequências sobre a prática da análise de
Os especialistas norte-americanos em análise de conteúdo dão grande conteúdo:
importancia a este tema nos seus trabalhos (Holsti, Krippendorf, Weber)'. m arapidez aumenta;
m háum acréscimo de rigor na organiz ão da investigação (uma vez
que o computador recusa a ambiguidade); torna-se necessário expli-
sti, Content analysis for the social sciences in humanities, Addison-Wesley, 1969 car cada fase da investigação, definir com rigor e de maneira unívoc:
K. Krippendorf, Content analysis. An introduction to its methodology, Sage Publications,
1980; R. P. Weber, Basic Content analysis, Sage Publications, 1985.
cada variável, avançar postulados e hipóteses, levar em consideraçãe
as regras de inferências;
as opera- doras - da inteligéncia artificial e das ciéncias cognitivas. Com efeito, só
m oobjetivo geral da análise de conteúdo (explicitar e controlar
sas ciéncias podem permitir progres 0s no centro da especificidade da aná-
ções tanto manuais como intelectuais) está assim reforçado;
classi-
aflexibilidade mantém-se; podem utilizar-se de novo os dados
lise de conteudo, a saber, a interpretagio e a compreensao do implicito.
m
instru-
ficados para novas hipóteses; introduzir seguidamente novas
ções no programa;
são fa- 3. O QUE O COMPUTADOR PODE OU NAO FAZER
m areprodução e a troca dos documentos (entre investigadores)
e pelo
cilitadas (banco de materiais e de dados) pela normalização Atualmente, quem o desejar, pode explorar, num computador pessoal, as
armazenamento; possibilidades dos programas de tratamento de texto existentes no mercado.
m amanipulação de dados complexos torna-se possível; Cortar trechos de frases ou de sequéncias e deslocd-los, procurar palavras e
visto
a criatividade, a reflexão, têm teoricamente um lugar destacado, contabiliz r a sua frequéncia, analisar o comprimento médio de frases, orga-
estére
que o analista se vê livre de tarefas laboriosas, longas e nizar cla sificagoes de temas com o auxilio de um proc: ssador de ideias e or-
mdgico (obter- dená-los em esquemas em árvore.
Isso na con ição de não tomar o computador por um
o bom, o inutil Além disso, outros programas permitem fazer cálculos estatísticos, de-
-se-á à saida o que se coloca & entrada, tanto o mau como
na técnica, esquecen- pois de obtidos os resultados. Ninguém se lembraria de fazer uma ar se fa-
como o útil), na condigao de não concentrar o esforço ial'à mão! Mas & al ão é ifi
resultados. Isso resulta torial & mão! Mas a andlise de dados não é especifica da andlise de contetido,
do a pertinéncia e a produtividade em termos de
tanto mais que os ainda que, por vez , haja uma mistura abusiva no espirito de algumas pessoas.
muitas vezi s numa fase de descoberta de um instrumento,
Produzem-se então, como Por isso, não trataremos dela aqui explicitamente’.
investigadores não são insensíveis à aparelhagem.
tanc
d z Holsti?, “estudos de grande precisão e de pouca impor Tentemos, ao contririo, descrever os processos informatizados especifi-
a infor mdtic a revolucionou
Por seu lado, Krippendorf considera que cos da andlise de contetido e já explorados.
enormes volumes de
alguns aspectos da análise de conteúdo. Com efeito, Tomando a palavra como unidade de contagem, o computador pode ela-
tador, o qual pode
dados podem ser “lidos” sequencialmente pelo compu borar a lista alfabética de todas as palavras presentes no texto e, depois, calcu-
efetuar operagoes logic s ou algébricas em grand
e velocidade; a execugao lar a frequéncia de ocorréncia das palavras, a fim de se ter uma primeira ideia
entar perfeitamen-
dos processos necessita de um programa que deve repres do vocabulirio utilizado. Para simplificar, podemos pedir-lhe para nao levar
ta porque o computa-
te o funcionamento da máquina; a fiabilidade é perfei em conta sufixos gramaticais, ou seja, para reduzir as palavras as suas raizes:
o
dor não tolera a incerteza. M o seu uso só é possivel se 0 investigador ou desse modo, “cantar”, “cantante”, “cantor”, “cantora’, serão reduzidos a palavra
to e se for capaz de
técnico conhecer suficientemente os dados e o seu contex de base “cant”, ou “educação”, “educar ; “educável”, “educador” ou “educadora’,
ama.
explicar esse conhecimento na forma de um progr 30 reduzidos a uma rai 2 “educ”.
recentes’, vé o futuro da análi- p : F o
Quanto a Weber, cujos escritos são mais Podemos também decidir ignorar as palavras funcionais de alta frequén-
iantes, mas promete-
se de contetdo passar pelas descobertas - ainda balbuc cia, mas pouco significativas do léxico, como os termos acessorios (artigos
um” “o” “” “os”, preposigoes “em”, “de” etc.). Ou, pelo contririo, rejeitar as
Z 0. R Holsti, ibid. que 0 palavras de frequéncia muito baixa ou as palavras raras.
5 Na informitica, tudo anda tao depressa atualmente, pelo menos no planoda téenica,
es e já não em anos. O que dificulta o rigor na difusio da
e aos programas disponiveis, já que podem ficar rapida-
mente caducos.
Ver, por exemplo, Ph. Cibois, Lanalyse des donnés en sociologie, PUF, 1984,
Aparentemente simples, esta produção de um léxico, que decorre mais O quadro de categorias pode ser elaborado a priori, com base numa teoria
da linguística do que da análise de conteúdo, pode ser completada por proces- ou a partir do senso comum: foi o caso da maioria dos diciondrios ori ndos do
sos mais complexo: . O computador, por exemplo, é capaz de localizar certas General Inquirer. Ou então, e isto deu origem a um debate anglo-saxonico de
palavras e recolo: á-las no seu contexto. Elabora, assim, a lista destas palavr metodologia, as categori podem emergir diretamente do texto, por reagrupa-
no seu ambiente linguístico. Es ¢ “KWIG”, ou “Key-Word-in-Context”, como mento em aglomerados (clustering), como no sistema Words (Iker, 1975) sobre
dizem os anglo-saxônicos, fornece informações s uplementares ao analista entrevistas de psicoterapia. Seja como for, é sempre possivel antever uma li ta de
capaz de servir de base à sua interpretação ou ao desenvolvimento ulterior de previsdo ou reunir categorias ou subcategorias suplementares.
ums stema de categorias’. Para se desenvolverem esses diferentes processos foi preciso ensinar o
O computador pode também locali ar as coocorrências entre palavr computador a ultrapassar alguns obsticulos, aparentemente simples para a
bela mdquina que ¢ a mente humana, mas que criavam problemas a progra-
basta pedir-lhe precisamente que isole determinada palavra, combinada com
palavras de contiguidade imediata, a: sim como o cálculo das associações, de- mação. Por exemplo, a desambiguagio de palavra: entre “Buffalo”, a cidade
norte-americana, e “Buffalo’, o animal, ou entre a cidade francesa “Tulle” e o
terminando a largura da “janela” (ou seja, o número de palavras à esquerda e à
direita, de 1 a 20) como unidade de contexto. Os chavões ou os leitmotiv de
tecido com o mesmo nome [Tule], há uma diferenga, que só pode ser distin-
guida por um conhecimento cultural. Outro exempl s pronomes pesso:
alguns discursos políticos manifestam-se então explicitamente; ou então cer-
que ¢ preciso substituir por nomes proprios: o que fazer se o pronome refe-
tas sociações (ou exclusões) ricas de sentido inconsciente no psiquismo de
um paciente em psicoterapia mas invisível a “olho nu”, podem servir de fio rencial estiver afastado da frase? Por exemplo, quando “esta familia” esta
coocorrências, a distante de um pardgrafo da familia em questão... Hi também o caso das lo-
condutor a uma exploração pertinente. Neste domínio da:
cugoes de virias palavras: “os Estados Unidos da América” ou “um ponto de
capacidade do computador mostra-se insubstituível.
análise lite- não regre o” têm de ser compreendidas em bloco, mas se o computador não
Essasoperagoe: s não são exclusivas da análise de conteúdo:
recebeu informago rigorosa ou definigoes espec separa-as.
rária, a lexicometria, o tratamento documental da informação, por exemplo,
Também aqui ess s obstaculos, que foram dos primeiros a ser resolvidos,
também as praticam.
não são especificos da andlise de conteúdo; a tradugao automitica deparou
Krippendorf insiste para que s limite a de: gna ão de “análise de conteú-
com obstdculos semelhante: s. Evocando-os, percebe-se melhor por que razio
do informatizada” às “situações em que um computador é programado para
alinguistica, a analise do discurso e a inteligéncia artificial deram e dão ainda
imitar, modelizar, refazer ou representar algum aspecto do contexto social que
grandes contributos.
trata, ou seja, quando o processo de inferência a partir do texto é total ou lar-
No inicio dos anos 1970, quando se tratava apenas de analisar um mate-
gamente informatizado”.
rial simbolico complexo em listas grosseiramente ordenadas de palavras sim-
Os “dicionários”, índices ou thesaurus’, a partir do momento em que há
orf. O ples, o computador já podia, sobre textos não especializados, manipular 90 a
processo de categorização entram no domínio limitado por Krippend
95% das palavras. Mas esses léxicos ou essas listas categoriais logo se reve-
computador, a partir de um programa previamente elaborado, pode indexar
laram insuficientes. Os investigadores tomaram consciéncia da perda de
ou classificar as palavras por sinonímia ou similaridade semântica. A palavra
informação relativa a riqueza dos significados contidos numa comunicagao
ou a forma gráfica são sempre a unidade de contagem, mas o seu significado é
humana. Os anos 1980 as stiram & necessidade de andlises sintdticas, da pro-
levado em conta pelo computador, após indicações rigorosas.
cura de estruturas, da compreensao da logica do discurso, como condição pré-
via à m: or informatização das análises. Comegar a compreender “como is o
5. Exemplo de concordância, p. 1
6. Ver as grades categoriais dos primeiros dicionários anglo-saxonicos, pp. 162 ss. funciona” na complexidade. Dai o recurso às ciências cognitivas, as simulações,
segmentos de
da conversação ou do discurso e suas aplicações em
(Ligações entre temas-indice de Jaccard superior ou igual a 0,66
às andl
ura puramente lexical representação simultinea dos jor
comunicação curtos mas complexos, em vez da varred
METODO TRI-DEUX
sobre enormes conjuntos de textos. DISTANCIAS NAO PONDERADAS sun
s ou disciplinas dife-
As experiências atuais estão dispersas em campo MIN = 66,0
Por vezes, parecem “gratuitas’, ou seja, nao
Nº DE MODALIDADES = 94
rentes e muitas vez s dividida
uer pesquisa fundamental explo-
suscetiveis de aplicagoes reais, como qualq
prelimim\rcs, certamente laboriosos,
ratoria. É preciso então vé-las como
mas necessdrios para se avangar.
hemos os exemplos em lin-
Entre os campos de experimentagoes, escol
mais suscetiveis de aplicação a and-
gua francesa mais bem conseguidos ou os
lise de contetido propriamente dita.
DE IMPRENSA
4. EXEMPLO: UMA ANALISE DE CONTEUDO euo
nar primeiro a disposição do tecido parcial aparente antes de aceder aos seus ma que faz o inventário de todos os segmentos repetidos (ISR) de um corpus.
sentidos profundos”. É verdade que o computador não pode perceber o sentido Por segmento deve entender-se a “série de formas grificas não separadas
das palavras, mas pode examinar essas palavras. por uma pontuagio forte”. Serdo designadas por repetidas as ocorréncias
Os primeiros trabalhos de lexicometria foram criticados, nomeada- de segmentos que aparecem mais do que uma vez no corpus do texto. Es-
mente pelos defensores da análise do discurso e pelo seu maior representan- ses segmentos repetidos sio classificados segundo o seu comprimento, por
ordem hierarquica ou alfabética, com indicagio das suas localizacoes e
te, Pêcheux, por não levarem em conta a organização do texto e as relações
frequéncias. Em seguida, são submetidos a analisadores estatisticos (analise
entre elementos. Os trabalhos ulteriores acentuaram o estudo das palavras
em contexto graças às possibilidades informáticas. Há uma “variedade infi-
das especificidades do vocabulrio; andlise das “rajadas” ou ritmo de chegada
nita de sites de emprego (das palavras), nenhuma palavra se sobrepõe a si dos agrupamentos de ocorréncias; análise das coocorréncia; andlise das cor-
própria em ocorrências diferentes”. A lexicometria teria então como objeti- respondéncias) e analisadores gramaticais automaticos.
vo “fazer o balanço formal (...) de certos discursos situados”. A presença das Esse tipo de procedimento permite destacar os usos estereotipicos de um
palavras “- e mais ainda a sua copresença - em determinado discurso e de- locutor: palavras de ordem, locugoes, lexias ligados... e todas as formas de
terminado momento do texto ou da história não tem qualquer inocência coocorréncias reiteradas.
nem gratuidade. Determinar os pontos de ênfase ou de ausência relativa,
distinguir o caráter específico ou banal da sua distribuição, perceber a ca- Frequéncia Comprimento Segmento
dência das suas ocorrências, inventariar e reunir as suas vizinhanças tanto 41 6 La grande colêre du Pêre Duchesne
próximas como distantes 35 3 Tonerre de Dieu
Para isso, o computador é uma “ferramenta importante”, porque sabe ex- 29 5 A chien et à chat
plorar signo a signo uma superfície; recensear e contabilizar as suas unidades 26 4 Le coup de grace
formais (...) bem como as suas relações estatísticas; calcular as probabilidades
r; opor ou 17 Tous les coups de chien
intrínsecas dessas formas e dessas relações; classificar e hierarqu
16 6 La pluie et le beau temps
associar'®,
Recentemente, a lexicometria, que Guilhaumou' definiu como uma Alguns segmentos muito repetidos do corpus DUCH 96 (jornal panfletário da época
disciplina que retne “um conjunto de métodos que permitem descrever da Revolução Francesa)
quantitativamente as sequéncias textuais constitutivas de um corpus”, desen-
volveu alguns programas que tentam levar em conta as redes de relagoes en-
tre ocorréncias. 7. O PROGRAMA DEREDEC
Por exemplo - e sempre a partir de formas graficas (i.e. “séries de carac-
teres não delimitadores compreendidos entre dois caracteres delimitadores”), O DEREDEC, elaborado no final dos anos 1970 por Plante, no Cana-
o1 gé um programa de anilise
dá*!, o automática
P *
de textos. Trata-se de um sistema
17. Ibid. 20. A. Salem, “Segments répétés et analy: tatistiques des données textuelles”, Histoire et me-
18. Ibid.
sure, 1986, p. 1-2
19. ). Guilhaumou, “Lhistorien du discours et la lexicométrie. Etude d'une série chronologique: 21. Université du Québec à Montréal (UQAM), Centre d'Analyse de Textes par Ordinateur.
le ‘Pére Duchesne’ d'Hébert (juillet 1793 - mars 1794)", Histoire et mesure, 1986, 1, 3/4.