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MAjiIA CLARA MIGLIACIO

AOCUPAÇÃOPRÉ-COLONIAL
DO PANTANAL DE CÁCEjiES, MATO GROSSO
uma leitura preliminar
volume ll

(versão revirada)

Dissertação de Mestrado apresentadaà


Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências

Humanas da Universidade de São Paulo/ Museu


de Arqueologia
e Etiologia,no âmbitodo
Programa de Pós-graduação Interdepartamental.

Orientadora: Prosa.Dra. Dorath Pinto Uchâa

Cuiabá/São Paulo
2000

«.::":Ü l;'sv:g'
SUMÁRIO

VOLUl\©:l

APliESENTAÇÃO

CAPÍTULOI
APESQuiSA. 4
l

1.1 - 0BJET0 DE ESTUDO E 0BJETIVOS DA PESQUISA. 7


1.2 MÉTODOS E TÉCNICAS. 8

1.2.1 - Fontesconsultadas.
8
1.2.2 -- Técnicas de campo e laboratório. 9

CAPÍTUL02

o CONTEXTO AKQuroLÓcico E ETNOLÓGICO. 13

2 1 0 ALTO PARAGUAI NO CONTEXTO DAS TERRAS 15

BAIXAS CENTRO-MERIDIONAIS DA AMÉRICA DO SUL


2 2 - O MATERIAL ARQUEOLÓGICONO CONTEXTO DO 24
CHECOE ÁREASVUINHAS.
2.2. 1 -- A cerâmica altoparaguaiense. 25

2.2.2 -- A cerâmica de uso ritual e padrões de sepultamento. 29


2.2.3 -- O material mítico e ósseo. 30

b
t C.\PÍTUL03

OPANTANALDECÁCERESNOCONTEXTO
DOALTOPARAGUAI.
31

3.1 CONTEXTO ETNO-HISTÓRICO. 31


3.2 DADOS ETNOGRÁFICOS DO SÉCULO XVI 44
AOSD]ASATUAIS.

3.2. 1 -- Remanescentes indígenas da região de Cacetes. 46


Os Guató. 46

Os Bororo. 59

Os Umutina. 71

Os Paresi. 74

Os Saraveka, Koraveka e Koruminaka. 82

3.2.2 -- Grupos extintos do .Nto Paraguai no Pantanal de Cáceres. 86

Os Arawak do Alto Paraguai. 89

Os Xarayés. 89

Os índios de Puerto de los Reyes. 95

3.3 DADOS ARQUEOLÓGICOSDA BACIA DO ALTO 98

PARAGUAI.
O casoBororo. 99

O Projeto Commbá. 104

CAPITUL04
A ARQUEOLOGIA DO PANTANAL DE CÁCERES. 113

4.1 PESQU]SAS ANTER10]iES. 113

4.2 PESQUISAS CONCOMITANTES. 132

CAPITUL05
CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DA ÁREA DA PESQUISA. 142

5.1 0 PANTANAL MATOGROSSENSE. 142

5.2 A ÁREA EM ESTUDO E OS MEIOS FÍSICO E BIÓTICO. 150

5.3 DISPONIBILIDADEDE RECURSOSPARA 163

APROVEITAMENTOriUMANO.
VOLUME ll

CAPITUL06
OS SÍTIOS DA ÁREA EM ESTUDO

171
6.1 SÍTIOSHISTÓRICOS. 173

6.2 - EXTENSOS SÍTIOS LITO-CERÂMICOS A CÉU ABERTO. 174


6.3 - SÍTIOS CERÂMICOS DE ATERRO. 197
6.3. 1 -- Distribuição dos aterros na paisagem geográãca. 201

6.3.2 -- Composição, dimensõese morfologia dos sítios de aterro do 203


Pantanal de Cáceres.

6.3.3 -- As evidências arqueológicas nas super.Hcie dos aterros. 210


6.3.4 -- O material arqueológico em superÊcie. 210
6.3.5 -- O material arqueológico em estratigraÊla. 213

CAPÍTUL07
A CERÂMICA DO PANTANAL DE CÁCERES. 215

7.1-ASCOLEÇÕESESTUDADAS. 217

7.2 A CERÂMICA DESCALVADO VISTA ATRA'\©S DO 220


ESTUDODE UMA COLEÇÃODE VASILlIAS
7.2. 1 -- A procedência das peças da colação. 223
7.2.2 - Aspectos morfológicos, tecnológicos e estilísticos da 225
cerâmica Descalçado.

7.3 - A CERÂMICA DOS ATERROS. 254


7.3. 1 - A cerâmica de superacie dos aterros abordados. 256
7.3.2 -- A cerâmica em esüatigraâa. 272
7.3.3 -- A análise do material cerâmico quanto a seus atributos. UI
7.4 A ANÁLISE ESTATÍSTICA. 287

7.4.1 -- Caracterização das tradições ceramistase multicomponentes. 299


A cerâmica da ü'adição Z)isca/podo. 300
À. cexàmà.caDescatvado/ Pantanal. 302

À. celas)ica da,tradição PantatmUbse Taiamã. 305


À. c,exânlica.Incisa Penteada. 308

7.4.2 -- Aspectos morfológicos, dimensões e capacidade 310


volumétrica das vasilhas cerâmicas do Pantanal de
Cáceres.

Aspectos morfológicos. 312


Dimensões e capacidade voluméüica. 336

7.5 ASDATAÇÕESOBTIDAS. 355

CAPÍTUL08

A OCUPAÇÃO PRÉ-COLONIAL DO PANTANAL DE CÁCERES 367


-jiESULTADOSEPERSPECTIVAS.

REFEjiÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS. 381

VOLUME lll

ANEXO - A Chave de classificação da cerâmica 392

ANEXO -- B Banco de dados da cerâmica do Pantanal de Cáceres 402


LISTADEFIGURAS

FIGURAI Localização do Pantanal e do Gran Chamo na 5

América do Sul.
FIGUJ{A 2 Esquema de quadriculamento dos atenos. 11

FIGURA3 O sistema fluvial Paraguai Paraná no contexto 14


da Améíica do Sul.
FIGURA4
Nucleações neolíticas da América do Sul. 35
confomle Susnik, 1994.
FIGURA5
Localização do bago de/os Xa/Wés e de .quer/o 37
de/os Rede.9na cartografia do século XVII.
FIGURA6
Recortedo Mapa Etno-Históííco de Nimuenddu. 43
FIGURA7
Moradia Gz/a/óretratadana primeira metade do 49
século XIX por Florence e no início do século XX
por Schmidt.
FIGUJ{A 8
Vasilhas cerâmicas azia/ó registradas por 57
Schmidt no início do século XX.
FIGURA9
Bororo Ocidentais retratados por Florence e 61

aldeiado PauSecoretratada
por Taunay,na
primeira metade do século Xlx.
FIGURAIO
Cerâmica etnográ6ca Bororo, registrada por 65
AJbisetti e Venturelli, 1962.
FIGURAll Grupo Umutina do .Alto Paraguai no início do 72
século XX.
FIGURA12
Grupo .Pare.çi e sua cerâmica, retratados por 78
Schmidt em 1910
FIGURA13
Localização da .[czgz/na de/os Xampés e de 94

Pz/er/o de/os .Redesem detalhe do mapa de Félix


de Azara - 1753.
FIGURA14 Cerâmica da íradlçâo .Pan/ana/, de acordo com 106

Schmitz et al., 1998.


FIGURA15 Cerâmica da /radiçâo /'an/ana/, de acordo com. 107

Schmitz et al., 1998.


FIGURA16 Rio Caracará com localização de moradias Gz/a/ó 115

visitadas por Schmidt e plantas esquemáticas dos


aterros por ele escavados.
FIGURA17 Fragmentos cerâmicos coletados por Schmidt na 118

região de Caracará, MT.


FIGUjtA 18 Fragmentos cerâmicos coletados por Schmidt na 119

região de Caracará, MT.


FIGURA19 Relevo e hidrograíia da bacia do Alto Paraguai. 144
FIGURA20 Mapa de delimitação da área da pesquisa. 151
FIGURA21 Aptidão das classes de capacidade segundo os 158

diferentes usos.
FIGURA22 Mapa de localização dos sítios mqueológicos 182

registrados no Pantanal de Cáceres.


FIGURA23 Algumas vasilhas cerâmicas da /ruc#ção 186

nesga/fiado sob a guarda do Museu Histórico de


Cáceres.
FIGURA24 .'Ugumas vasilhas cerâmicas da /racZiçâo 186

nesga/fiado sob a guarda do Museu Rondon, da


Universidade Federal de Mato Grosso, Campus
de Cuiabá.

FIGURAS Mateiia] [ítico: adomoslabiais, contas e 188


25a e 25b pingentes.
FIGURA25c Material lítico: Elementos de material corante. 188
FIGURA26 Material lítica: lâminas de machado. 188
FIGURA27a Adomos, contas e pingentes de material 189
conchífero.
FIGUjiA 27b Adornos de dentes de mamífero e de material 189

conchífero.
FIGU]R.A27c Adomos de dentes humanos. 189

FIGURA28 Pontas e outros elementos ósseos. 189

FIGURA29 Erosão fluvial e sepultamentos perturbados no 193

(a,b) sitio Índio Grande.


FIGURA30 Sepultamentos primários com "cobre-crânio" 193

cerâmico.
FIGURA31 Sepultamento secundário em uma cerâmica. 193

FIGURA32 Vista parcial do cemitério /ndzo afunde 194

evidenciando dois padrões de sepultamento:

secundário em uma e "&aginentação óssea"


FIGURA33 Vista parcial do cemitério in(#o Grande 194

evidenciando dois padrões de sepultamento:


secundário em uma e primário com "cobre-
crânio'
FIGURA34 Conjunto de oferendas í\merárías. 194

FIGURA35 Fotografia aérea com localização de atenos 198

registradosna Baía do Uvar. (base: PrometoAST-


10, Escala 1:60.000).
FIGURA36 Fotograíla aérea com localização de aterros 199

registrados na planície de inundação do ribeirão


Caicai(base: PrometoAST- 10, Escala 1:60.000).
FIGURA37 O di6cil acesso aos aterros durante os trabalhos 200

de campo.
FIGURA38 Um grupo de aterros na Baía do Uvar. 200

F]GUliAS Aspecto geral dos aterros na paisagem. 202

39 e 40

FIGURA41 Aspecto geral da superÊcie do MT-P0-04 1 204

ÇÀterro CarqásÜ.
204
FIGURA42 Material arqueológicoem superfície
no MT-P0-042(]ferro Jacarezfnbo).
205
FIGUjiA 43 Sepultamentoprimário aflorado à super$cie do
MT-P0-042(Hzerro Jacarezín/zo).
205
FIGURA44 Sepultamentoprimário com cobre-crânio
registrado no MT-P0-079 (yrerro JMa/a.Escura).
208
FIGURAS45 Fragmentos cerâmicos da /radfção .nesga/fiado,

(a,b) da superÊcie dos aterros.


209
FIGURA46a Fragmentos cerâmicos com decoração de corda
impressa, presente nos aterros.
209
FIGURA46b Fragmentos cerâmicos com decoração incisa
penteada ( incisa em baça), presente nos aterros.
211
FIGURA47 Disüibuiçãode âaginentosde trempese de
sepultamentosaflorados na superacie do MT-PO-
042 (yrerro Jacarezf/zho).
227
FIGURA48 Padronização da cerâmica .nesga/fiado .
228
FIGURA49 Variações morfológicas das vasilhas resaingidas
da tradição ceramista Descalçado.
231
FIGURA50 Vasilhame da ce/Única ].)essa/fiadodesenhadoa

partir de uma coleção de 52 vasilhas inteiras.


232
FIGURAS51 Representação gráÊca de vasilhas da frad2çâo
até
até 58 nesga/podo(na representação gráfica a cor das
239
peças foi obtida com o uso de pigmentos minerais
da área dapesquisa).
264
FIGURA59 Fragmentos cerâmicos dos atenos com decoração
incisa.
265
FIGURA60 Outros elementos cerâmicos presentes nos aterros.
FIGURA61 7}udzçâo Z)anca/fiado -- apêndices. 266

FIGURA62 Tradição Descalçado dos Hienas -- 267


asas, alçase bicos
FIGURA63 Cerâmicados aterros-- bases. 268
FIGURA64 7rac#ção /.)isca/podo presente nos aterros 269

perfüações pós-queima.
FIGURA65 Zraiáçâo ,nesga/fiado presentenos aterros - fomla 270

reconstituídade uma hempe.


FIGURA66 Fomias de lábio da chave de classiülcação. 285
FIGURA67 Fomias de borda da chave de classiflicação. 286
FIGURA68 Dendograma do material cerâmico da superücie 290
dos aterros
FIGURA69 Dendograma do material cerâmico da esüatigraÊia 295

do MT-P0-068(Aterro Bananalzinho Bororo).


FIGURA70 Dendograma do material cerâmico da estratigrafia 298

do MT-P0-042(Aterro Jacarezinho).
FIGURA71 Freqüência de contomos de vasilhas 328

do MT-P0-068(Aterro Bananalzinho Bororo).


FIGURA72 Frequência de contomos de vasilhas 328

do MT-P0-042(Atente Jacarezinho).
FIGURA73 Freqüência de contornos de vasilhas do 329

MT-P0-042, níveis de 2 a 8(cerâmica Pantanal).


FIGURA74 Frequênciade contomos de vasilhas 329

do MT-P0-053 (Aterro Camisa).


FIGURA75 Freqüência de contomos de vasilhas 330

do MT-P0-067(Aterro CapadoGordo).
FIGURA76 Freqüência de contomos de vasilhas 330

do MT-P0-079(Aterro Mata Escura).


FIGURA77 Freqüência de contomos de vasilhas 331

do MT-P0-080 (Aterro Pedro Flores).


FIGURA78 Frequência de contomos de vasilhas 331

do MT-P0-082(Aterro Palácio).
FIGURA79 Freqüência de contomos de vasilhas 332

do MT-P0-042, níveis 9 a 14.


FIGURA80 Frequência de contomos de vasilhas 332

do MT-P0-041 (Ateno Carayás).


FIGUjtA 81 Freqüência de contamos de vasilhas 333

do MT-P0-039 (Aterro Marimbondo Pobre).


FIGURA82 Frequência de contomos de vasilhas 333

do MT-PO-117(Aterro Japuíra).
FIGURA83 Freqüência de formas de vasihas do sítio 334

MT-P0-068(Aterro Bananalzinho Bororo).


FIGURA84 Freqüência de formas de vasilhas do sítio 334

MT-P0-042(Aterro Jacarezinho).
FIGUliA 85 Freqüência de formas de vasilhas 335

do sítio MT-P0-042, níveis 2 a 8.


FIGURA86 Frequência de formas de vasilhas 335

do sítioMT-P0-042,níveis9 a 14.
FIGURA87 Dimensões e volume da cerâmica dos aterros 352
do Pantanal de Cáceres.
FIGURA88 Dimensões e volume da cerâmica do MT-P0-068 352

(Aterro Bananalzinho Bororo).


FIGURA89 Dimensões e volume do agrupamento 353

MT-P0-068 e MT-P0-082(Aterro Palácio e


Aterro Bananalzinho Bororo).
FIGURA90 Dimensões e volume da cerâmica do MT-P0-042, 353

(cerâmica Descalvado/Pantanal).
FIGURA9] Dimensões e volume da cerâmica do MT-P0-042 9 354

níveis 2 a 8(cerâmica Pantanal Taiamã)


FIGURA 92 Dimensões e volume da cerâmica do MT-P0-042, 354
níveis 9 a 14 (cerâmica incisa Penteada)
FIGURA93 Vasilhas abertas rasas da /radzçâo .nesga/fiado 359

presente nos aterros (fomlas reconstituídas a

parir de üagmentos de bordas).


FIGURA94 Vasilhas abertas fundas da /rad7çâo Z)e.çca/fiado 360

presente nos aterros (formas reconstituídas a

partir de âagmentosde bordas).


FIGURA95 Vasilhasresüingidascom borda direta da 361

rradção .nesga/fiado presente nos aterros(fonnas


reconstituídas a partir de õagmentos de bordas).
FIGURA96 Vasilhas resl:ringidascom borda infletida da 362

/rac//ção .De.fca/fiado presente nos aterros(fomias

reconstituídas a partir de âagmentos de bordas).


FIGURA97 Vasilhas resüingidascom gargalo curto da 363

fracção .nesga/fiado presente nos aterros(formas


reconstituídas a partir de âaginentos de bordas).
FIGURA98 Vasilhas resüíngidas com gargalo longo da 364

rradçâo .nesga/fiado presente nos aterros(fomtas


reconstituídas a partir de âagmentos de bordas).
FIGURA99 Vasilhas com decoração de corda impressa 365

presente nos aterros(fomias reconstituídas a


parti de üagmentos de bordas).
FIGURA100 Vasilhas abertas da /radzçâo Pan/ana/, dose 365

Zafamã presente nos aterros(tomas


reconstituídas a partir de .Ragmentosde bordas).
FIGURAIOI Vasilhas resüingidas da /radzçâo .Pan/ana/, Base 366

Za/amã presente nos aterros(formas


reconstituídas a partir de Êagmentos de bordas).
LISTADETABELAS

TABELAI Nomenclatura das classes de capacidade segundo 158

os diferentes usos para o plantio.


TABELA2 Inventário de sítios arqueológicos do Pantanal 175 a 180

de Cáceres e adjacências.
TABELAS Dimensões dos aterros trabalhados. 207
TABELA4 Quantidades de bordas analisadas e de formas 2]8
de vasilhas reconstituídas por aterro.
TABELA5 Quantidade de vasilhas analisadas da ce/dm/ca 219

Z)essa/fiado e respectivas instituições de guarda.


TABELA6 Procedência das vasilhas cerâmicasda 219

/radzção .nesga/fiado estudada.


TABELA7 Dimensões das vasilhas abertas da 246
Coteção Descatvado.
TABELA8 Dimensões das vasilhas resüingidas de contamos 247

compostos e complexos da co/eçâo .nesga/fiado


TABELA 9 Ocorrência de tipos de antiplástico na 257

cerâmica de superHiciedos aterros.


TABELAIO Ocorrência de espessurasregistradas 258
na cerâmica dos aterros.
TABELAll Ocorrência de fobias de lábio nos 259
âagmentos analisados da cerâmica dos aterros
TABELA12 Ocorrência de formas de borda na cerâmica 260
dos aterros.
T.4BELA 13 Ocorrência de categorias de vasilhas na 260
cerâmica dos aterros
TABELA ]4 Ocorrência de formas de vasilhas 261
na cerâmica dos aterros.
TABELA 15 Ocorrência de classes de diâmetro de boca 261
dasvasilhas dos aterros.
TABELA 16 Diâmetros máximos das vasilhas de 262
formas reconstituídasdos aterros
TABELA 17 Alturas das vasilhasde fomlas 262
reconstituídasdos aterros.
TABELA 18 Volumes das vasilhas de formas 263
reconstituídasdos aterros.

TABELA 19 Presença de âagmentos de üempes na super.Hoje 272


dos aterros (eixo Norte-Sul).
TABELA 20 Frequência de antiplásticos na cerâmica 301
do sítio MT-P0-068
TABELA 21 Freqüência das formas de lábio na cerâmica 302
do sítio MT-P0-068

TABELA 22 Freqüência de antiplásticos na cerâmica 303


do nível-l do sítio MT-PO-042

TABELA 23 Presençade decoraçãoplástica na cerâmica 304


do nível-l do MT-P0-042.
TABELA 24 Frequência das formas de lábio na cerâmica 305
do nível-l do MT-PO-042.
TABELA 25 Frequência de antiplásticos na cerâmica 306
dos níveis 2 a 8 do MT-P0-042.

TABELA 26 Presençade decoraçãoplástica na cerâmica 307


dos níveis 2 a 8 do MT-P0-042.
TABELA 27 Frequência das fomlas de lábio na cerâmica 307
dos níveis 2 a 8 do MT-pO-042.

TABELA 28 Frequência de antiplásticos na cerâmica 308


dos níveis 9 a 14 do MT-P0-042
TABELA 29 Presença de decoração plástica na cerâmica 309
dosníveis 9 a 14 do MT-P0-042.
TABELA30 Freqüência das fomias de lábio na cerâmica 310
dos níveis 9 a 14 do MT-P0-042.
TABELA31 Freqüência de categorias de contomo nos 317
vasilhames das cerâmicas do Pantanal de Cáceres.
TABELA 32 Freqüência de fonnas de vasilhas nas cerâmicas 318
do Pantanal de Cáceres
TABELA33 Freqíiência de categorias de contomo das 320
vasilhas cerâmicas dos sítios da Baía do Uvar.
TABELA34 Freqüência de fomias de vasilhas cerâmicas 321
dos sítios da Baía do Uvas.
TABELA 35 Freqüência de categorias de contomo nos 322

vasilhames cerâmicos do agrupamento do Caicai.


TABELA36 Freqüência de fomias das vasilhas cerâmicas 323

do agrupamento do Caicai.
TABELA37 Frequênciade categoriasde contomo nas cerâmicas 323

do agrupamento MT-P0-82 e MT-P0-68.


TABELA38 Formas de vasilhas dos sítios do agrupamento 324
MT-P0-082 e MT-P0-068.
TABELA 39 Freqíiência de categorias de contomo na cerâmica 325

do agrupamento
MT-P0-039 e MT-PO-117.
TABELA40 Freqüência de fomias de vasilhas dos sítios 325

do agrupamento MT-P0-039 e MT-PO-1 17.


TABELA41 Freqüência de classes de medidas dos vasilhames 326
das diversas cerâmicas do Pantanal de Cáceres.
TABELA 42 Frequência de classesde dimensões de vasilhas 339

dos sítios do agrupamento do Caicai.


TABELA43 Freqüência de classes de medidas das vasilhas 340
cerâmicasdos sítios da Baía do Uvar.
171

CAPITULO 6

OS SÍTIOS DA ÁREA EM ESTUDO

A área selecionada para estudo, localizada no município de Cáceres,

representao extremo setentrional da planície alagável do Pantanal, tendo ao norte o


Planalto dos Parecis, onde nascem importantes tributários da margem direita do rio
Paraguai e a nordeste e leste a Província Serrana, que conüibui com córregos
üibutários pela margem esquerda.A oeste e noroeste estão o íio Guaporé, as Serias
SantaBárbara e de Ricardo Franco. Ao sul e sudoestelocalizam-se as grandes
lagoasUberaba, Gaíba e Mandioré, tão citadas nas crónicas coloniais, a ilha Insua, o
Morro do Caracaráe as Serrasdo Amolar, além do Chamoboliviano. A planície
alagável estende-separa o leste e para o sul, até os limites impostos pelas Serras de
São Jerânimo, São Lourenço, Maracdu e Bodoquena.

No Planalto dos Parecessão registados sítios cerâmicos a céu aberto, a


exemplo dos sítios Curro/ .Pareci, }7or/a He//za Paresf e .Pomar .Pares/ registrados

por Pardaem 1988 e sítios líticos a céu aberto, principalmente junto a cursos d'água,
a exemplo dos sítios /''on/e de .Pedraregistradopor Schmidt (1943) e Sa//o da
.A/u//zerregistrado por Migliácio em 1999. Na área de transição do Planalto dos
Parecespara o Vale do Guaporé são registrados sítios cerâmicos a céu aberto e
inúmeros abrigos e testemunhosrochosos com peüoglifos, apresentandopor vezes,
material ]ídco e cerâmico, como é o caso do ,4ónlgo do So/, que apresenta ocupação
humana datada a parti do início do Holoceno (Miller, 1987), o co/np/exo C#/zpz/m
registrado por Guidon em1980, o complexo Ta//zân/esz/registrado por Parda em
1988 e muitos outros. No vale do Alto Guaporé foram registados sítios
apresentandocerâmicas classificadas por Miller como#me .4guapé elacse Ga/era e
ainda outras de filiação desconhecida(Miller, 1983, 1994).

Na Província Serrana, alguns abrigos e testemunhos rochosos com presença


de pinturas com motivos geoméüicos e zoomorfos e ainda apresentandomaterial
lítico lascado e alguns 6agmentos cerâmicos em superâcie já foram registrados:
172

,4órzgorrançalç,reglstradopor Migliácio em 1998 e C/zapac#n/za,


reglstradop(»
Mastins e Kashimoto em 1999. Na mesma sequência de serrasparalelas localiza-se
mais a nordeste da Província Serrana de Cáceres o ,4órzlgoSan/a .E/l/za(Vialou e
Vialou, 1994; Vialou et aU,1995), com painéis de pintura e ocupações humanas
datadas a partir do Êma.ldo Pleistocmo.

A oeste da área em estudo, no trecho interíluvial entre o .Alto Paraguai e o


.Mto Guaporé, há notícias de muitos sítios cerâmicos, dos quais alguns
apresentariam sepultamentos em umas. Ao sul, no próprio Pantanal registram-se
painéis de gravações rupestres, às vezes preenchidas com pigmentos de coloração
vemlelha, no JMorro do Careca/'á. .Aforro do Zrfz//!/Z;p(Schmidt,1914,1928) e ainda
na Z,agia Ga»a (Pardi, 1988). .Além dos painéis de arte rupestre, estão presentes
nas imediações do Morro do Caracará e margens do rio de mesmo nome, sítios de
aterro com material míticoe cerâmico (Schmidt, 1914, 1942; Perdi, 1988; Oliveira

Na Tabela-2 estãoreunidosos sítios arqueológicospara os quais se dispõe


de alguma informação e que estão localizados na região setenüional do Alto
Paraguai, desde as divisas .geográÊcasentre os estados de Mato (fosso do Sul e
Mato Grosso, até as nascenteso iio Paraguaino Planalto dos Pareces,bem como
alguns sítios representativos do próprio Planalto.

A presentes)esquisa, .propondo-se a estudar uma área da planície alagável do

Pantanalde Cáceres,mlpõe um "recorte".ge(}gráncode um temtório que parece


também querer se insinuar como uma "área cultural", definida por um contexto
diverso e pela presença de evidências arqueológicas distintas daquelas das demais
áreas. Os sítios e materiais arqueológicos estudados no âmbito desta pesquisa
diferenciam-sedaquelesdas áreasvizinhas, tais como os sítios de abrigo com
pintura rupesüe da Província Serrana,dos sítios de abrigo com graüsmosgravados
e dos sítios lito-cerâmicos do Planalto dos Parecis e das áreas de transiçãopara o
Vale do Guaporé. Apresenta algumas similitudes, no entanto, com alguns materiais
e padrões dos sítios da área alagável contígua, ao sul, que poderão ser avaliadas no

flituro, quando as pesquisasarqueológicasiniciadas na região do Caracarápelo


173

arqueólogo Jorre Eremites de Oliveha tiverem avançado e seus resultados

estiverem disponíveis. Outra área que parece apresentar algumas semelhanças


arqueológicas com a área em estudo é aquela representada pela área inter.Huvial
Alto Paraguai-Alto Guaporé, ainda não investigada, ocupada desde pelo menos o
século XVlll por diversos.grupos genericamente chamados de "chiquitanos",

A área em estudo apresenta diferentes tipos de sítios arqueológicos


implantados em diversos compartimentos da paisagem:

â] DUOS HISTÓRICOS

São relacionados com a ocupação portuguesa e nacional, com esüuturas


geralmente implantadas sobre sítios pré-coloniais localizados nas margens ou nas
proximidades dos cursos d'água. Os mais antigos datam do século XVlll e estão
associados com a expansão da colónia portuguesa para o ocidente. l)esse período,
dois sítios destacam-se como as mais importantes referências históricas
setecentistas. A Fazenda Jacobina, que foi ponto de apoio para a ocupação

portuguesa de vastas áreas do Pantanal e Villa Macia do Paraguay, hoje Cáceres,


implantada
estrategicamente
à margemesquerda
do rio, conlJ.ibuindo
paraa
incorporação de tenitóíios até então de domínio hispânico e para a consolidação do
direito português àrelgião-

Sobre a Jacobina há registros da presença dos .Bororo Ociden/ais e de


massacresempreendidoscontra eles a partir daquela sesmaria, até a píilneira
metade do século XIX (Florence, 1977).

Villa Mana, ftmdada com uma população cuja metade era composta por
''índios chiquitanos" migrados das Missões jesuíticas espanholasda âonteira,
conforme o seu termo de flmdação, datado de 1778 (Neves, 1978), comprovava a
presença portuguesa na região, justiÊlcando a aplicação do piinclpio do z///
174

posside/fs do Tratado de Madíi. Da Jacobinarestam ainda algumas estruturas


conservadas, como a majestosa casa-sede assobradada, além de outras ediütcações.
De Villa Mana, o núcleo setecentistaé hoje o centro histórico da cidade de Cáceres,
conservando o traçado do amiamento inicial e exibindo ainda alguns exemplares
alquitetânicos de tipologia colonial. Um grande sítio arqueológico fito-cerâmico :fM
registrado recentemente no perímeüo urbano de Cáceres, a jusante do centro
histórico, junto a uma baía marginal ao rio Paraguai, recebendo a denominação de
CczrneSeca. Regista-se ainda a presençade material mqueológico cerâmico no
bairro Cavalhadatambém dentro da cidade de Cáceres,localizado na mugem
esquerda do üo Paraguai, a montante do centro histórico. Ainda do século XVlll o

pequeno núcleo rural de Taquaral nasceu em flJnÇãode fomecer produtos de


subsistência para Villa Mana.

Dos séculos seguintes, as Fazendas Descalvado, Flechas, Ressaca, Barranco

Vemtelho e Facho marcam períodos de intensiâcação da ocupação da área e os


ciclos económicos da região, que envolveram criação de gado, produção de charque
e de açúcar de cana

6.2 EXTENSOSSÍTIOS LITO-CERÂMICOS A CÉU ABERTO

No Brasil Central, extensos sítios cerâmicos e fito-cerâmicos são reglstrados


a partir de 800 d.C e correspondem a três tradições tecnológicas parcialmente
concomitantes: as tradições .4ra/zl, C,Zme 7:upigzzaran/(Wüst, 1990)- No sul do
Brasil os sítios associados aos riberenos plásticos do Baixo Paraná, conforme

Caggiano (1994-1995), apresentam datas de 500 a 800 d.C (fase Las Mulas) e enfie
] 000 e 15000 d.C (fase Malabrigo) e os grandessítios da tradição 71pfgzzaranitêm
presença marcante a partir de 1000 d.C. Na planície de Moços, datas obtidas por
Dougllerty e Calandra(1984) evidenciam uma maior oconência de sítios datadosde
600 a 1.000 d.C. VeiíÊica-sepois, em âmbito macro-regional, uma intensiÊlcação da
ocupação por grupos ceramistas estabelecidos em grandes aldeias entre 500 e 1.000
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181

No Pantanal de Cáceres uma nova tradição ceramista está sendo definida

para os grandes sítios lato-cerâmicos, que parecem representar um "enclave"


cultural (Susnik, 1994), já que apresentamaterial arqueológico e vestígios de
grandesaldeias e cemitérios que não encontram similares dentro do contexto
regional. Trata-se da ü'adição .nesga/fiado.

Grandessítios lito-cerâmicos com material cultural da /rad/ção nesga/fiado

têm sido registrados na região de Cáceres:Ponta do JUorro, /ücão, Carne Seca,


Baía do Calçara, Cabeceira do Satoba, Passagem Velha l e 11,limão Nunes, Boca
do Alegre, Boca do Jaum, Jauml-Picutuca, Lancha Cambará, Barranco Vennetho,
Tucum, Santo Antârtio das Lendas, Santo Aritânio da Ilha, Descatvado le 11,Jatobá
e Índio (.iralqde.

Pouco se conhece até o momento sobre a rradzçâo ceramfs/a nesga/podo,


além das descrições de estruturas funerárias fornecidas por Peüullo em 1932.
Escavações em super6lcies amplas, ainda não realizadas nesses sítios, serão

imprescindíveis para avançar-sena compreensãodessa üadição ceramista e da


ocupação a ela associada. Por outro lado, embora descritos alguns itens da cultura
material e estruturas de sepultamentos, ainda em nada se avançou na compreensão

do seu significado.
No Pantanal de Cáceres extensos sítios lito-cerâmicos a céu aberto se fazem

presentes, localizados numa área especíülca, embora ainda não totalmente

delimitada. A Filgura 22 apresentaa localização dos sítios já registrados na área da


pesquisa47.As fontes consultadasindicam a presença de alguns dessessítios entre
Desca[vado e Cáceres, porém os levantamentos de campo realizados no âmbito da

presente pesquisa registram a presença dessessítios até um pouco mais ao sul, nas
proximidades da Ilha de Taiamã. Seu limite ao sul parece coincidir com os últimos
afloramentos meridionais da Província Serrana,que pouco abaixo de Descalvado
desaparecemna planície alaBável.A Província Serranarepresentaa fonte mais
próxima de matérias primas míticasnessecontexto geográfico.

47Os sítios foram plotados em mapas da D.S.G., Escala 1: 100.000, com base nas coordenadas geográficas
obtidas por meio de GPS. Para apmiefttaçâo tiram usadosmapasemescala 1:250.0(X).
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Novas elevações e afloramentos rochosos só voltam a emergir na planície de

inundaçãojá nas divisas com Mato Grosso do Sul: o Mono do Caracará, a Ilha
Ínsuae a Serrado Amolar,a distâncias
queülcamentre170 e 300km por wa
fluvial. Os sítios arqueológicos mais orientais da mesma tradição ceramista

registrados até o momento são o sítio /ücão e o sítio Pon/a do Morro, localizados
junto a carregos üibutários do rio Paraguai, que nascem na Província Serrana
(carrego Facho e carrego das Piraputangasrespectivamente).Esses sítios estão
implantados em vales anticlinais existentes entre as cristas paralelas da Província
Serrana, que nesse trecho acompanham o rio Paraguai rumo ao sul. O sítio /Ücão

está implantado numa área onde as elevações já tomam-se descontínuas podendo


ser entendida como uma área de transição entre a unidade geomorfológica da
Província Semanae aquela da Depressão do .Alto Paraguai. O sítio Pon/a do JMorro
está localizado na própria Província Serrana, num vale ainda mais oriental,
indicando que a realização de futuros levantamentos sistemáticos nessa unidade
geomorfológica ainda poderá conülrmar a presença de outros desses extensos sítios
lito-cerâmicos em áreas afastadasda margem do rio Paraguai, porém apresentando
o mesmomaterial arqueológicodos sítios ribeirinhos. Fontes etno-históricasdo
século XVI fazem referências a grandes aldeias interioranas associadas às aldeias
ribeirinhas do .Alto Paraguai.

Os sítios mais ocidentais dessatipologia que já tiveram registro estão

posicionados próximo aos rios Jauru e Padre Início, afluentes do rio Paraguai por
suamargemdireita. No rio Sepotuba,outro afluente ocidental do rio Paraguai,a
montante de Cáceres, também há registros de presença de material cerâmico de
características similares.

Na íàixa interfluvial enfie o Alto Paraguai e o .Nto Guaporé íàzem-se presentes

ainda sítios cerâmicos associadosà ocupação Safa'eka, .Côro\2ckue .Komm/fzaka,

genericamenteconsiderados"chiquitanos", devido a terem ficado por cerca de um


século sob o domínio da Missão jesuítica de Chiquitos, estabelecida na üonteira do

território que veio a se constituir como Bolívia, com o Brasil. Um trabalho de


184

identiülcação de inúmeros grupos remanescentes desses indígenas está no momento


em curso48,o que faria muito oportuna uma investigação etnou'queológica na área.

Os extensossítios lito-cerâmicos registradosestão implantados na carranca


do rio Paraguai, nas proximidades de fios ou córregos üibutários daquele río ou
aindajunto a baías conectadascom o íio, constituindo-se ou não como aterros.

O abundante material arqueológico que se encontra hde em superÊicie,sub-


superücie ou ainda a partir de 30 cm ou mais de profundidade(no caso de
esüuturas funerárias), indica que são sítios extensos, podendo alcançar até 1000 m
de extensão. Quando são ribeirinhos sua maior dimensão é medida ao longo dos
rios, apresentando larguras inferiores àquela.

Alguns sítios já foram muito perturbadospela construçãode esüuturasde


fazendas que se mu]tip]icaram a Fará do üma] do século XIX e por atividades
anüópicas recentes, como a aragem do solo para fomlação de pastagens. A despeito
das perdas e perturbações já soíiídas por esses sítios, alguns apresentam manchas de

terra preta levemente elevadas,com cerca de até 20 m de extensão e que podem


correspondera fundos de cabanas(Wüst e Migliácio, 1994, p.49). As evidências
arqueológicas em superüicieparecem sugerir uma ocupação linear paralelamente ao
rio com mais de uma fileira de casas (Op. cit., p. 48), necessitando-se no entanto, de

uma evidenciação de vestígios arqueológicos em superfícies amplas para obter-se


um registro mais seguro do plano dessasaldeias.Naquelessítios nos quais se
observa ausência de terra preta e ao mesmo tempo presença de grandes umas
funerárias, como é o caso do sítio San/o ,4n/(indodas Z,e/idas,üca a questão se trata-
se de um sítio de uso exclusivopara sepultamentos
ou se a aragemda terra,
causandoperturbação até uma profundidade de 40 cm, é responsável pela ausência

de terra preta, possível indicador de uma ocupação humana mais pemianente que
remetessea um uso habitacional.

Entre aqueles grandessítios lito-cerâmicos da área que foram objeto de


escavaçõesou cortes, alguns demonstraram ser compostos por uma única camada

« Essetmbaho está sendodu ido pela:l;UNAldesde 1998, sob acooídenação da antmpóloga Joana
Aparecida Femandes da Silva.
185

estrati©áÊlca de 1,5 m a 2,0 m, sobre uma camada dura ("hard pan"), com presença
do mesmo material cultural do topo até a base, confonne infomla Petrullo (1932)
sobre os Cemitérios l e ll por ele escavados em Descalvado. Oliveira (1999)
apresenta um perfil estratigráfico do .,4/erro Ja/oZpá, que é composto por uma
"camada orgânica" sobre uma camada de "areia escura com cascalho", sobrepostas
a uma "camada de areia marrom clara com cascalho, tomando-se compactada". Em
geral essessítios são compostos por uma camada orgânica que apresenta maior
proporção de areia e nódulos concrecionários à medida que se aproxima de sua base
dreno-conglomerática, como o Sz'f/o ilpüzo Grande(Migliácio, Oliveira e Sirva,
1999/2000). Alguns desses sítios foram caracterizados como sítios-cemitério

(Pet:rullo,1932), mas devido à falta de escavaçõesde amplas superücies ainda não


se pode aílmtar, sem cisco de erro, se existemsítios de uso exclusivo para
realização de sepultamentos ou se trata-se de áreas exclusivas para tal üim dentro de
extensos sítios-habitação. Pode-se ümnar, no entanto, que esses sítios apresentam

cotnjuntos de sepultamentos (Petrullo, 1932; Migliácio, Oliveira e Silva,


1999/2000).

Apresentam abundante material cerâmico, proveniente da natura de

vasilhas grandes, médias e pequenas.Uma coleção de vasilhas provenientes desses


sítios e que se encontram em diversas instituições foram estudadasno âmbito dessa
pesquisae serãoapresentadas
em capítulo subseqüente49.
De um modo geral a
cerâmicadessessítios apresentagrandesrecipientes de contorno direto ou infletido,
apresentandoformas simples ou compostas,umas com gargalo iníletido, tigelas
fundas e rasas, além de potes médios e pequenos. O acabamento predominante é
liso, apresentando casos com engobo vermelho intema ou extemamente. Algumas
tigelas ou pequenospotesapresentampintura em vemielho aplicada na superÊcie
intema das primeiras e na superHcie extema dos últimos. .Algumas tigelas

apresentam uma leve asa, algumas vasilhas globulares apresentam apêndices

simples, ocorrendo ainda alguns apêndices zoomorfos ou antropomoríos. Pequena


ocorrência de decoraçãoplástica com corda impressa é também registrada.

" Ver nas Figuras 23 e 24 algumas dessasvasilhas cerâmicas


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O antiplástico é de caco moído, de grãos de quartzo e de concha üiturada.


Uma pequenaporcentagem de canapé foi observadana cerâmica de um sítio de
localização mais afastada do iio Paraguai e a leste deste (Sítio Facho). Cachimbos
caniços de acabamento liso ou apresentando decoração plástica compondo desenhos

geoméüicos também se fazem presentes. Flautas e apitos de cerâmica também já


foram registados.

Outros materiais arqueológicos tais como artefatos líticos, malacológicos e


elaborados sobre osso são menos numerosos, no entanto sua presença é recorrente.

Os materiais míticos (Figuras 25a, 25b, 25c e 26) observados nesses sítios são

compostos por adornos, implementos, lascas e blocos. Os adomos míticos são


representadosprincipalmente por tembetás(adomos labiais) elaborados sobre
quartzo rosado, branco-leitoso ou hialino ou ainda ocasionalmente sobre sílex ou
arenito ortoquartzítico, contas e pingentes perfurados de quartzo rosado e de sílex,
além de contas de material corante(argilitos, arenitos e materiais de composição
silicosa). Petrullo (1932) registrara anteriormente, além de algumas dessas peças,
contas cilíndricas de jaspe e uma grande conta feita de quartzito polido. Quebra-
coquinhos de arenito siliciÊlcado estão presentes, tanto a base como o malhador.
Tambémjá foram registradoslâminas de machadopolido em rochas calcárias e
magmáticas, tais como granito e basalto, machados lascados sobre rochas calcáreas,
placas de arenito para polir, insüumentos para cortar e raspar sobre lascas de sílex,
de chert e de arenito siliciÊicado. Agrupamentos de blocos rochosos foram
observados por Peüullo (1932) em superÊcie, indicando a localização de conjuntos
de umas funerárias.

Itens elaborados sobre materiais de origem faunística estão representados


por contas e pingentes perfilados elaborados sobre conchas fluviais, apresentando

formas circular, aproximadamenteüiangular e mesmo complexas(Figuras 27a e


27b).Perfüaçõesregularespróximoà raiz de denteshumanose de dentesde
mamíferos tais como macaco e onça, indicam seu uso como adomo (Figuras 2'7b e
27c). Pontas ósseastambém aparecem,embora pouco sequentes (Figura 28). Um
tembetá de resina de origem vegetal também já foi registrado.
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Sepultamentos

Os sepultamentos dos grandes sítios lito-cerâmicos do Pantanal de Cáceres,


dada a variedade e complexidade dos padrões que apresentam,com certeza
representam uma das mais importantes chaves para a investigação de contitos
culturais e de prováveis hierarquias sociais de populações em processo de
complexinicação social que ali viveram.

Os sítios da /radlção Z)isca/fiado ülcaram conhecidos pelos pesquisadores

desde o Êmal do século XIX, pela presença de conjuntos de umas funerárias, o que
os tomou conhecidos como "campos de umas". .Ngumas das escavaçõesrealizadas
nessessítios tiveram como propósito apenasa retirada de grandes umas cerâmicas,
como as de Mello Rego realizadasem Porto Tucum em 1897 e a de Schmidt
realizada em Barranco Vemielho no início do século XX, não fomecendo maiores
dados, a não ser o tamanho avantajado das vasilhas. Já Peüullo, que em 19311
escavou em Descalvado dois sítios que identificou como sendo cemitérios, produziu
dados descritivos das estruturas de sepultamento, estratigrafia e materna)

arqueológico.

Mais dois sítios com sepultamentos foram escavados recentemente na


região, fomecendo dados complementares: o .d/erro Ja/oóá-/. escavado por Oliveira

em 1998e o cemitério/mofoGra/zde,escavadopor Migliácio e Oliveira e Silva em

O cemitério Z)isca/podo-/ apresentou a maioria dos sepultamentos em umas

cerâmicascobertascom tigelas, enquantoque o Z)isca/fiado- /7 e o .H/erro Jafoóá


não apresentaram nenhum sepultamento desse tipo, mas sepultamentos primários
geralmente com tigelas cerâmicas utilizadas como cobre-crânios. Já o cemitério
]lzdlo Gra/zde apresentou diversos padrões: sepultamentos primários diretos e
sepultamentos secundários em umas, sepultamentos primários com cobre-crânios,
secundários agrupados e ainda a âagmentação óssea, registrada entre grupos
chaquenhos,com oferendas funerárias. Embora essessítios não apresentemtodos os
padrões iegisaados no sítio .Ózdo Gxu/2cü, o mesmo ]natelial cuJlxiral presente em
191

todos eles e ainda a presença de alguns dos outros padrões de sepultamento não
deixam dúvidas tratar-se da mesma ocupação-

Assim, pode-se classificar para a rruc#çâo ,nesga/fiado os padrões de


sepultamento até o momento registrados:

Seputtamentos i)rilnários

!2ir@QUmais âeqüentes em decúbito dorsal ou lateral fletidos e em menor

sequência em decúbito dorsal ou ventral estendidos ou ainda sentados..Alguns


sepultamentos primários múltiplos (duplos) foram registrados: os esqueletos
apresentavam posição em decúbito dorsal e estavam parcialmente sobrepostos,

apresentando os crânios lado a lado, cobertos pela mesma tigela. Um bebê


apresentou uma grande concha bivalve cobrindo-lhe a face. Com bastante
sequência o crâniodo sepultado
é cobertopor uma tigela funeráriae
ocasionalmenteuma ou mais tigelas funerárias são usadaspara cobrir o tórax e/ou o
abdome.

Outros anexos funerários compõem-se de adomos (já descritos


anteriormente), pequenas vasilhas cerâmicas e matérias pr.imãs usadas para a
confecção de adomos, tais como pequenos núcleos de sílex ou quartzo rosado,

dentes, ossos e chiâes de animais, conchas bivalves e ainda caramujos gastrópodes


em grande quantidade. Em alguns sepultamentos primários regista-se a presença de

uma mandíbula de piranha, que pode ter sido utilizada como escaíiÊicadorpor
ocasião daqueles sepultamentosso.Registrou-se também um sepultamento de
criança acompanhado de um pequeno mamífero(provavelmente macaco), também
adomado e portando crobre-crânio cerâmico(Petrullo, 1932)-

Nesses sepultamentos primários marcas e restos de fogueira apresentando


manchasescuras contendo carvão vegetal foram registradas próximas aos pés e

" Há vários registros etnográficos denso de mandíbulas de-peixes como escariücadores, a exemplo de povos
do Alto Xingu. Albisetti e Venturelli(1962, p. 665) registxaram escaiificadores de quartzo e de mandíbulas
de piranha'utilizados-pelos Bororo Orientais em seus-rituais fbneiários-e que eram depositados nos cestos
funerários com os restos ósseospala o sepultamento definitivo
192

tórax dos sepultados.No esqueletoposicionado em decúbito lateral, restos de


fogueira estavam próximos às suas costas.

Sepultamentos secundados

Em umas:

São representadospor restos humanos em umas cerâmicas cobertas por


tigelas cerâmicas.Petrullo (1932) exumou vários dessessepultamentos,porém não
fomeceu dados sobre os esqueletos. Dois sepuitamentos secundários em umas
foram exumadosno índio Grandepor Migliácio, Oliveira e Sirva em 1999.Um
deles, de um indivíduo adulto, apresentou ossos humanos desarticulados, de
coloração vermelha provavelmente deconente de tratamento com pigmento
vemielho. Em bom estado de conservação. O esqueleto, de um indivíduo jovem do
sexo masculino, era acompanhadode um tembetá de resina vegetal. O outro, de um
bebê, numa pequena uma individual. Na exumação desse esqueleto recuperou-se,
de dentro da uma, pingentes perfilados de fomias variadas feitos de concha além de
algumas contas perfuradas de sementesde capim-navalha.

Anteriormente haja sido resgatadauma uma nesse mesmo sítio, já dentro


da água do rio Paraguai, que continha três esqueletos(Migliácio, 1994).

Ocorrem também conjuntos de duas umas sobrepostas, cobertas ainda por


uma tigela. Petrullo (1932) encontrou um desses conjuntos, observando restos
esqueletais nas duas umas. Migliácio, Oliveira e Sirva (1999/2000) registraram no
Sítio Índio Grande um conjunto de duas umas sobrepostas,encimadaspor uma
tigela. Somente a uma inferior continha restos humanos; a uma superior estava
vazia e encontrava-seemborcadasobre a primeira. A tigela por sua vez também
emborcada, encaixava-se na base da uma superior. Enquanto as duas umas
apresentamantiplástico de caco moído, a tigela apresentaantiplástico de concha
triturada, não deixando dúvidas de que são vasilhas associadasà mesma ocupação.
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As umas são por vezes acompanhadasde outras vasilhas, que geralmente


correspondemaos menores exemplares da coleção cerâmica estudada e tratada mais
adiante. Essas pequenas peças apresentam acabamento e decoração variados, já
tendo-se registrado sem alisamento, alisadas, com engobo, com pintura geoméüica
vermelha ou com decoraçãoplástica de corda impressa-

Aaruoados:

Compostos por blocos de ossos humanos desarticulados nos quais se


destacamossos longos de vários esqueletos,colocados justapostos uns aos outros. O
material cultural associado a essesblocos de ossos são representados por adornos de

concha e de quartzo, presentes também nos outros pa(iões de sepultamento


registrados, sugerindo estarem associados à mesma ocupação-

Conjuntos de ossos desarticulados e 6agmentados já tinham sido observados


nos cemitérios de Descalvado e no ,4/erro Ja/obá, porém nas escavaçõesdo /nc#o
Gra/zdeuma estrutura dessaspôde ser me]hor observada e registrada. No nível dos

sepultamentosprimários diretos, uma mancha contínua composta por grande


quantidade de ossos humanos e de mamíferos, âagmentados em pequenos pedaços,
compondouma camadaou "pacote" de cerca de 12 cm de espessura,numa área
delimitafla. Muitos apresentam-sequeimados ou calcinados e alguns apresentam
marcas de seccionamento. Sobre essa camada de ossos registrou-se um anexo
funerário que pode ser caracterizadocomo oferenda: num cuidadoso arranjo, um
conjunto de pequenas vasihas cerâmicas de bases arredondadas, esgotadas e
apoiadas por caramujos gastrópodes, algumas conchas bivalves, um fragmento de
sílex avermelhadoe um chiüe de nervo-do-pantanal(B/m/oremsdeão/omm)(Op-
l
cit.)

as áreas utilizadas como cemitérios apresentamvestígios de preparo local


para a deposição dos sepultamentos. Levando-se em conta os registros de campo
]96

realizados na escavação de 1999 -do sido á3dyo (l;run(k, pode-se iiúerü certas

técnicas de preparo do teneno para a deposição do morto ou dos restos humanos-

No sítio lwdío (;ra de ioi ebsewMo sob os esqueleto peqwnas e casas

covasde fomta aproximadamenteelíptica onde repousaramos tórax dos mortos-


Essascovas apresentarampara o eixo maior das covas: 120cm e 100cm e para o
eixo menor: 90cm e 60cm. Para a pequena uma de sepultamento infantil registrou-
se uma depressãoaproximadamenteelíptica de eixos de 60cm e 46cm (Migliácio,
Oliveira e Silvo, 11999/2000}

Após a exumação dos sepultamentos primários diretos foram observadas


manchasde combustão no nível dos sepultamentos, sobre a base concrecionária do
aterro, o que parece ter-lhe conferido uma maior dureza ou resistência. Tal artiücio

pode também ter sido usado para combater a umidade no local onde sei.ia
depositado o morto ou os restos esqueletais.

Abundantes restos e manchas de carvão e terra queimada foram registrados

também por Oliveira (1999) no .dzerro Ja/oZ)á, ora apresentando limites precisos,

ora contomo difuso. Em alguns sepultamentos alguns ossos estavam calcinados,


mas em olhos casos os ossos repousavam sobre esses vestígios de fogo, embora
eles próprios não se apresentassem queimados, sugerindo aí uma deposição
posterior do esqueleto (Oliveira, 1999).

Os sepultamentos em umas também sugeriram um preparo do terreno. Em


1997 foram registradas no sítio ]ldio Grande depressões circulares na base do
aterro, num setor do sido em que erosão fluvial já hav=iainnovido a camada de
sedimentos(temapreta). Assim é possível sugeú que os locais de deposiçãodas
umas são preparados, escavando-seum "berço" na concreção para alojar as bases
arredondadasou tronco-cónicas daquelasvasilhas.

.Nguns indícios observados nesses cemitérios parecem ainda sugere uma


setorização do mesmo, porém mais uma vez fazem-se necessárias escavações de
amplas superacies para uma melhor observação e caracterização dessesaspectos.
197

6.3 SÍTIOSCER.AMICOSDE ATERRO

Os sítios de aterro íàzem-sepresentesnuma vasta região das temasbaixas


sul-americanas, situando-se nas grandes planícies mal drenadas, ao longo dos
grandes rios e de seus deltas, sendo registrados desde a Venezuela até o Uruguai.
Na porção centro-meridional da América do Sul fazem-se presentes nas áreas
alagáveis das bacias hidrográficas do Mamoré, do Alto-Paraguai, do Paraná e do
Prata.

Na Bacia do Alto Paraguaio limite norte da área de ocorrência dessessítios


é apontado como sendo nas imediaçõesda borda meridional do Planalto dos
Parecis, ainda próximo às nascentesdaquele rio. Susnik (1994) considera que a sua
presençaao norte tem como limite o rio Bugres, provavelmente levando em conta o
sítio ali registado por Schmidt (1928) em Barra do Bugres, em latidude aproximada
de 15' Sul. No entanto, os levantamentos de campo realizados no âmbito dessa

pesquisa registraram aterros em áreas mais ao sul, pouco abaixo de Descalvado,


tendo-se levantado ainda informações sobre a ocorrência de sítios de aterro mais ao
norte, nas imediações do Morro Pelado, em latitude não supeííor a 16'40' Sulsi

A Tabela-2 traz uma relação de sítios onde figura mais de uma centenade
aterroslocalizados entre o Morro do Caracará,nas divisas de Mato Grosso do Sul
com Mato Grossoe o Morro Peladoem Mato Grosso.Na Figuras35, 36a e 36b
pode-se observar a ]oca]ização de aterros na planície a]agáve] do Pantanal de
Cáceres, regitrados no âmbito dessa pesquisa.

Na área meridional do .Alto Paraguaiesses sítios de aterro têm sido


registrados até a região de Corumbá em Mato Grosso do Sul. .Algumas semelhanças

entre os vestígios arqueológicos matogrossensesdos rios São Lourenço e Caracará,


Desca[vado e Barra do Bugres e aque]es de áreas mais meridionais do Pantanal,

como Puerto 14 de Mayo e Nabileque, sugerema Susnik (1994, p.27) um mesmo


tipo de " cultura moYtticular lagurterd'

'' Dado o contexto geográfico, é mais provável que o sítio arqueológico registrado por Schmidt em Band do
Bugres conesponda ao padrão de extenso sítio fito-cerâmico e Tidoa-sítio úe aterro, como quer Susnik.
saiottl oipad ouaiy 080-0d-.l.}V
einosg qpFy onaly 6LO-Od-.].PV
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aiqod opuoquiuel'youaly 6eO-Od-l)V
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oualy 890-0d-llV
VaNa9al
(00009: 1 zlPosH 'Ol-.LSy olaíoid :aseq)
JeAÍI OP elzQ zu soppnsl8ai soua+e ap olópzllzool uloo Paio y i8oloi çe vlln91i
.JRA35
Fotografia aérea com localização de aterros registrados na Baía do Uvar.
(base:PrqjetoAST-10, Escala1:60.000)

LE(;ENDA
MT-P0-068
Aterro Bananalzinho Bororo
MT-Pn.n?o Aterro Marimbondo Pobre
MT-P0-040 Atente Tuiuiú
MT-P0-079 Aterro Mata Escura
MT-P0-080 Aterro Pedro Flores
oto?led onaTy 280-0d-ll«
nl8nÉI oualy 180-0d-.IIV
oqulzaipopf oualy ZPO-Od-.].}v
sçfpieO oua+y OPO-Od-.LPV
V(INa9al
(00009: 1 elposH 'Ol-.LSy olaíoid :aseq) ! ole) OBilaqli op ol3zpunu}
ap alolueldpu sopp4sl8aisoualeap ol5pnlpool uloo eaige y i8o+od 9€ viln91:1
FIGURA 36 Fotografa; localização de aterrosregistados na planície d

MT-P0-042 Atente Jacarezinho

MT-P0-081 Aterro Bugiu


MT-P0-082 Aterro Palácio
i.t
#

FI(llU]R.A 37 0 diHicil acesso aos aterros

durante os trabalhos de campo

FIGURA 38 Um grupo de aterros na Baia do Uvar


20}

Oliveira (1996) apresentahomo definigao dos sitios de aterro "zzm/Po de


sino arqueot6gico de interior, a c6u aberto. que se apresenta na paisagem como
uma etevagao do terreno, total ou parcialmente antr6pica, e que normalmente
ocorre em areas fnz//zdhefs'' (Op.cit, p.27).

Os sitios de aterro sio conhecidostamb6m homo mou/zch,a/errados ou


cerrifos. No Pantanal de Cfceres receberamnomes regionais: a/afro, aferro-de-

bugre, capao-de-bugle e cemit6rio-de-indio.


Sio localizados na planicie alagavel do Pantanal de Caceres, nas menores
altitudes, entre 100 e 150 m, e portanto, na unidade geomorfo16gicaidentificada

pelo Projeto RADAMBRASIL (1982 ab) homo P/an/cues e Pan/anafs .A4a/o-


grossemes (ver Figuras 37 a 40). .Alguns desses sitios foram objeto de coletas
sistemfticas no imbito destapesquisa, possibilitando um maior detalhamento no seu
tratamento, embora ainda de carfter preliminar. Muitas lacunas com certeza servo
evidenciadas no bobo deste trabalho, que indicario direg6es a serem tomadas para a
continuidade dasinvestigag6es.

6.3. I Distribuigao dos aterros na paisagem geogra$ica

Na paisagem de imensa planura da planicie alagavel, emergem na regiao do


Pantanal de Caceres, apenas os cord6es arborizados dos diques marginais,
conhecidos regionalmente homo coral//zefrus e os sitios de aterro ou moz/nck.
Conflmdem-se is vezes com outras fomiag6es mais baixas, que mesmo na estagao

sega conservam-se alagadas, denominadas abobra/, onde predominam esp6cies


arb6reas adaptadas a solo alagado.

Regionalmente
conhecidos
homoa/errol de bugle, os sitios de ateno
aparecemhomo pequenaselevag6esdistribuidas na planicie alagavel, no entomo ou
nas imediag6es de rios, c6rregos e piincipalmente de baias, apresentando-seem
conyuntos provavelmente ardculados. Essa possivel articulagao 6 sugelida pda
distribuigao geografica dos aterros, que se da de tal fomta que estando-se sobre um
pode-se avistar um conjunto deles (Figuras 38 e 39).
N

V.I
:d,

v':l;h
\.

FI(AURAS Aspects gerd dos aterros na paisagem


39 e40

l
203

Rico material arqueo16gicoem sua superncie oferece dados sobre as iltimas


ocupag6ese oportunizam a investigagao de quest6esligadas is relag6es inter-sitios,
sendopossivel a comparagaoentre conjuntos localizados em diferentes baias.

6.3.2 Composigao, dimens6es e morfologia dos sitios de aterro do

Pantanal de Cfceres.

Os aterros apresentam-sehomo monticulos aproxnnadamente circulares ou


elipticos, com ou sem coberturavegetal Elevam-sesobre uma dura base
concrecioniria foimada por sedimentosareno-conglomeraticos,sobre a qual se
encontra uma sequ&nciade camadasde um sedimento argilo-arenoso com conchas
bivalves e gastr6podes e com presenga de restos materiais de ocupag6es ceramistas.
Essa base natural, que apresenta-se no Alto Paraguai em proflmdidades valHveis, 6
descrita por RADAMBRASIL (1982b) homo sedimentos areniticos com pimento

sa[ino ou ]imonitico contends n6du]os e concreg6es. A hamada superficial, exposta


ao sol, apresenta-setamb6m homo um typo de "cimento"52, em que tacos cerimicos
e outros reston materiais, juntamente com as conchas, fazem parte da composigao. O
pacote arqueo16gico,por sua vez, apresenta-secomposto por uma hamada de
sedimentos argilo-arenososde coloragao escura. Esse sedimento, de texture
predominantemente argilosa apresenta--seum pouco maid arenoso em niveis mats
pr6ximos a base areno-concrecionfrias3

Durante os trabalhos de campo, a execugao de polos-testes revelou que


desde a base at6 a superficie os aterros apresentam material arqueo16gico,

reforgando a hip6tese de construgao dos mesmos. No entanto, a g&nesenatural ou


antr6pica dessas elevag6es6 discutida desde Koslowsky (1895) e Schmidt (1914).
Atualmente, parece haver uma aceitagao da hip6tese de que os atenos teiiam

" RADAMBRASIL(]982b, p. ]13) explicaque o aparecimentode sedimentoscompactorpr6ximos is


super$cies nas planicies de inundagao do Pantan81dove-se a evaporagao dos sais sol$veis na agua e a
exposigaoexcessivaainsolagao-
203

Rico material arqueo16gicoem sua superficie oferece dados sobre m iltimas


ocupag6ese oportunizam a investigagao de quest6esligadas is relag6es inter-sitios,
sendopossivel a comparagaoentre conjuntos localizados em diferentes baias.

6.3.2 Composigao, dimens6es e morfologia dos sitios de aterro do


Pantanal de Cfceres.

Os aterros apresentam-sehomo monticulos aproximadamente chculares ou


elipticos, com ou sem cobertura vegetal Elevam-se sobre uma dura base

concrecioniria fomiada por sedimentosarena-conglomeraticos,sobre a qual se


encontra uma sequ&nciade camadas de um sedimento argilo-arenoso com conchas
bivalves e gastr6podes e com presenga de restos materiais de ocupag6es ceramlstas.
Elsa basenatural que apresenta-seno .Alto Paraguaiem profundidades vaii6veis, f
descrita por ]:ADAMBRASIL (1982b) homo sedimentos areNticos com pimento
salino ou limonitico contendo n6dulos e concreg6es. A hamada superficial, exposta
ao sol, apresenta-setamb6m homo um typo de "cimento"52, em que tacos cerimicos
e outros reston materiais, juntamente com as conchas, fazem parte da composigao. O
pacote arqueo16gico,por sua vez, apresenta-secomposto por uma hamada de
sedimentos aigilo-arenosos de coloragao escura. Esse sedimento, de texture
predominantemente argilosa apresenta--seum pouco maid arenoso em niveis mais
pr6ximos a basearena-concrecionfrias3

Durante os Irabalhos de campo, a execugaode polos-testes revelou que


desde a base at6 a superacie os aterros apresentam material arqueo16gico,
reforgando a hip6tese de construgao dos mesmos. No entanto, a g&nesenatural ou
antr6pica dessaselevag6es6 discutida desde Kos]owsky (1895) e Schmidt (19]4).
Atualmente, parece haver uma aceitagaoda hip6tese de que os aterros teriam

" RADAMBRASIL(1982b, p. 113) explica que o aparecimento de sedimentos compactor pr6ximos is


superlicies nas planicies de inundagao do Pantangl dove-se a evaporagao dos sais soliveis na fgua e i
exposigao excessivzAinsolagao.
FIGURA41 Aspecto gerd da superficie do MT-P0-041 (Hre/'ra Ca i-adds)

FIGURE 42 Material arqueo16gicoem superncie no MT-P0-042 (2re/'/'o baca/ ezln/zo)


FIGU]R.A43 Sepultamentoprimario aflorado a superficie do
MT-P0-042(Hre/"ro Jana/ eziz2/zo).

FIGURA 44 Sepultamento primfrio com cobra-crfnio


registrado no MT-P0-079 (H/e/'l'o ]Mara Zsczli-a)
206

origem lnista(nafurale anh6pica) e que os seus consMitores os teriam eJ-igidosabre


areasnaturalmente mais elevadas nas suaves ondulag6es de relevo existentes na

planicie alagavel. Pode-seainda propor que a construgaodesses aterros teriam se


dado preferencialmente naqueles locais onde o sedimento areno-conglomeratico se
enconhasse em Mveis mais elevados.

Para o aprofundamento da discussio sobre a origem dos atenos, estudos

comparativos da composigao quimica e granulom6trica dos sedimentos

provenientes de sitios arqueo16gicose daqueles provenientes de elevag6es que nfo


apresentammaterial arqueo}6gico poderiam ainda oferecer dados adicionais.

A ocorr&ncia de um padrao morfo16gico(fomia geralmente circular ou


eliptica) tamb6m sugere a construgao desses aterros pdas populag6es que os
ocuparam. As ocupag6es cujos restos alcangam as camadas estratigraficas mais
profundas, abaixo do dve] atual de inundagao, modemter ocorTido em pedodos de
clima maid seko, com niveis de inundagao maid baixos.

Na Tabela-3 estio as dimens6es e peas aproximadas dos aterros,


resultantes dos ]evantamentosrealizados durante a etapa de campo de julio de
1997. Foram realizadas medig6es em 12(doze) atenos, que pennltiram a elaboragao

de plantas e perils topogranlcos.Verifica-se portanto que alguns aterros emergem


hole muito pouco da planicie alagavel, a exemplo do .Banana/zin/zo.Bororo(MT-
P0-068), para o qual foi registrado apenas 0,30 m arima do navel de inundagao em
julho dQ 1997, enquanto outros sobressaemvisualmente na paisagem, apresentando
alturas de at6 3,40 m (tamb6mregistrado em julho de 1997), homo 6 o faso do
.4/afro Pa/dao (MT-P0-082). Da mesma fomia diferenciam-se as leas
apresentadaspelos aterros para os quadsforam feitas medig6es e que ficaram ence
215 m2 (H/afro Mar/mhondo p'oboeou MT-P0-039) e 4415 m: (H/afro Pa/dcfo ou
MT-PO-Q82)-
207

Tabela-3 - Dimens6es dos aterros trabalhados

Eixo AJtura Area


Siglado Sino Name do Sino Maier Mfxima (a) Aproximada (b)
(m) (m) (m:)
MT -PO .038 Ateno Jatobf ll 46 ,80 0 ,70 1154

-PO .039 AterroMarimbondo Pobre 18 ,00 0 70 215

-PO .040 Aterro Tuiuiu 32 ,40 l 10 580

MT .PO .041 Aterro Caracas 51 ,40 l 20 1453

-PO .042 Aterro Jacarezinho 52 .20 l 30 1910

MT .PO .053 Aterro Camisa 37 60 0 90 885

.PO. 067 Aterro CapadoGordo 50 .40 l 40 1329

.PO 068 Aterro Bananalzinho.Bororo 44 00 0 30 836

MT .PO 079 Aterro Mata Escura 45 00 2 20 982

MT..PO. 080 Aterro PedroFlores 54 00 l 50 1975

MT..PO. 082 Aterro Palfcio 76 00 3 40 4415

MT- .Po- 117 Ateno Japuira 27 40 0 51 482

(a) Medida a partir do nive] de inundagaoemjulho de 1997

(b) Calculadapda hea da elipse.


€:,al

H ;€

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FIGURAS45 (a,b) Fragmentoscerfmicos da /ru(Zlg o .leica/veda,


da superaciedos atenos

b'l

tl

8 H
W

?:..kl

%
FIGURA46a Fragmentos cerfmicos com decoragao de Gorda impressa,

presentsnos aterros.

FIGURA46b Fragmentos cerfmicos com decoragaoincisa penteada


(incisa em bona), presentenos aterros.
210

6.3.3 As evid&ncias arqueo16gicasna superfcie dos aterros.

Abundante material arqueo16gico faz-se presente na super$cie dos atenos

(Figuras 42,43 e 44), especialmente naqueles que nio apresentam cobertura vegetal.
Nos aterros cobertos por vegetagao arbustiva ou arb6rea o material aparece mats
abundante em sub-super$cie, pris encontra-se roberto por uma hamada de folhas
em decomposigao. Ja os aterros nio vegetados, deixando expostos os vestiglos
arque16gicos, pem)item uma leitura visual da distribuigao do material arqueo16gico
em superncie.

A leitura visual dasevid&nciasem superfcie no .H/afroJacarezi/z/zofomece


um desenho da organizagao espacial do sino em flingao de atividades dom6sticas

(cozinha) e rituals(sepultamentos). As estruturasde combusHo, indicadas pda


presengade grande quantidade de 6agmentos de hempel de argila, ocupam a parte
maid central na hea do sino, enquanto que muitos restos esqueletais, em conexio
anat6mica,indicam uma s6rie de sepultamentosprimaries ocupandouma hea
perifErica em tome da area dom6stica. Na Figura 47 encontra-se a representagao
esquematicada distribuigao dessesmateriais e estruturas em superficie, confomie os
regish.os de campo

As evid&ncias arqueo16gicas em superficie sugerem portanto, o uso desses


moz/ladscoma habitagao e para sepultamentos. Observa-se tamb6m, pele ments em

alguns aterros, a ocorr6ncia de sepultamentosde padrao similar aquele com


utilizagao de dgela cerimica coma cobre-cranio,registrado nos extensossittos
cerimicos das margens do rio Paraguay(Figura 44).

6.3.4 0 material arqueo16gicoem superfcie

Grande(luantidade de 6agmentos cerimicos aparecem nos aterros, em


superacie ou sub-superficie(Figuras 42, 45 e 46a). Sio provenientes da batura de
recipientes pequenos e m6dios, com bordas nio reforgadas, contomos iilfletidos e
diretos.
PLANTA DO ATERRO JACAREZINHO(IW-P0-04z)
oisrntoutQAO DE EvIDENcIAS
iEpULTAMENTOSAFLORADOS E
EM SUPERFICIE F"
FRAGMENTOSDE TREMPES
[1997)

X
x xx
X X

X
X

X
X

X X

ICt
x ' x
X

X
x . x
X X
X
\
X X

LEGENDA . x

x restos esqueletais
fragmentos d e trempes
Z gramm 1: 0 2 4 6m

pogo-testaci
centro do sino determinado empiricamente

FIGURA 47 Distribuigao de fragmentos de trempes e de sepultamentos


aflorados na superficie do MT-P0-042 (H/afro Jacarezln/zo)
212

Apresentam parades relahvamente final e antiplastico preponderante de


concha triturada. O icabamento em gerald alisado, com presenga ocasional de
engobo vermelho, decoragaoplastica com impressao de Gorda ou ainda de
decoragaoincisa. Embora a cerimica da superacie dos atenos apresenteuma
aparenteunifomlidade quantoa morfologia, alguns atributos apresentamvariag6es
que poderao sugeM diversidade cultural. Um estudo maid detalhado dessa cergmica
serf apresentadoem capitulo subsequente.

O materiallitico, ao contrario,6 escassoe esb mais representado


por
estilhas do que por artefatos. Ence os artefatos liticos encontram-se tembetfs de
quartzo rosado, branch leitoso e hialino, a16mdaqueles confecionados em feldspato.
Outros adomos liticos estio representadospor contas cilhidricas de material
corante, pingentes perfhados e]aborados em quartzo rosado e si]ex. ]nstumentos
lidcos sio maid ramosnos atenos, tends fido coletado em super.Hoeapenas um
bloco morfologicamente semelhantea um malhador(quebra coquinho), por6m sem
marcas de uso. Tr&s pequenasliminal polidas de machado, com gargalo certamente
para encabamento, foray coletadas: uma dentro d'agua nas imediag6es do -H/afro
Jacarezfn/zo(planicie de inundagaodo C6nego Caicai) e ouho no pogo-testaaberto
no .Bane/m/zf/z/zo.Bororo e o terceiro no cemit6rio il,dzo Gru/zde, na margem
erodida dodo Paraguay.

Pequenas estilhas de quartzo rosado, leitoso e hialino, a16m de feldspato,


silex, e ebert sio Requentes nos aterros, sugerindo a confecgao dos adomos liticos
no pr6prio locale evidenciandoum intenso aproveitamento das mat6rias primal.
Esse aproveitamento exaustivo das mat6rias primal liticas sugere uma provavel
dificuldade de acessoa suas fontes, possivelmentedecorrente maid de quest6esde
domingotenitorial do que devido a uma possivel escassezna regiao, ja que essay
mat6rias primal liticas podem ser encontradas na pr6pria Provincia Serrano. Alguns
blocks de arenito e de arenito silicificado foram registrados nos aterros, assim homo
tamb6m corantes minerais com arestas evidenciando a execugio de desgastes
intenctonais.
213

De today as mat6rias-primal liticas registradasno material cultural, apenaso


quaitzo rosado nio foi ainda registrado na Provincia Serrana e outras serranias da
regtao.

Artefatos em concha tamb6m estio presentes, na forma de contas, pingentes

triangulares, de fomias geom6tricas complexas e zoomorfas e an6is. Algumas


pontas 6sseas, embora escassas,foram registradas.

SepultamentoseH suDerftcie

Os esqueletosque se encontravamaflorados,emborapudesseser verifcado


que encontravam-se em conexio anat6mica, apresentavam-sebastante danifcados,
situagao decorrente da exposigao is intemp6ries e ao pisoteio de bMhlos e
pescadores que aeqiientam os atenos. A despeito do estado de conservagao
apresentadopor essenesqueletos, foi possivel verifcar que trata-se de enterramento
primario em dectibito dorsal ou lateral.

Sepultamentos parcialmente expostos foram registrados em dais aterros


localizados na Bala do Uvar, regiao ja maid pr6xima dos grander sitios
cerimicos. Um deles apresentou acompanhamentode conchas bivalves, um
tembeM litico e costas discoidais de material conchifero(MT-P0-039). O outro

sepultamento, com utilizagao de tigela cerimica homo cobre-cranio, continha


dented de mamifero e uma man(Hbula de piranha como acompanhamento

funergrio(MT-P0-079).

6.3.5 0 material em estradgrafia.

Nos dais aterrosem que foram realizadoscortes, a presengade material


arqueo16gico, especialmente o ceramics, foi observada desde a super.Hoe at6 a base
concrecioniria dos mesmos. Os cortes realizados em amboy os aterros apresentaram

sepultamentos pr6ximo ao navel da base. No entanto, nio puderam ser totalmente


214

evidenciados,dada a exiguidadedo tempo que se dispunhapara a realizagaodos


trabalhos de campo, que impuseram uma hea muito reduzida para escavagao. Por
outro lado, os dados referentes a easessepultamentos estio sob a responsabilidade
de outro pesquisador. O reston faMsticos coletados, tamb6m muito abundantes,
deveraoser estudadosno imbito de uma outra pesquisa, podendo elucidar
jmportantes aspectos da subsist&ncia dos grupos culturais que ocuparam a hea.

Assim, o material arqueo16gicoproveniente dos cortes dos aterros, a ser aqui


abordado,6 composto predominantemente por eagmentos ceramicos(Figuras 46a e
46b), sends tratado a seguir, em capitulo dedicado especialmente a cerimica dos
sftios estudados.
215

CAPITUL07
A CERAMICA DO PANTANAL DE cACERES

Dada a sua neqtiente presengaem diversificados contextos culturais e


geograficos, a cerimica 6 considerada um elements de importancia expressiva na
arqueologia mundial. Especialmente na arqueologia das Americas, construida com
poucos e]ementos conservados no registro arqueo]6gico, em grande parte
representadospor material litico e cerfmico.
Os estudos tipo]6gicos iniciados na Europa em 6ms do s6culo XIX tiveram
grande aplicagao na arqueologia americana, criando-se os principais fimdamentos
para o estudo da cerimica e desenvolvendo sistemas de classificagao,
principalmente de carfter tecno16gico,em uso ainda nos dias de howe(Orton et al.,
1997)

Ja nas Qltimasd6cadas,o potential infomiativo da cerfmica tem fido


explorado de donna a produzir muito maid do que as cronologias relativas e
indicag6esde difusio propiciadas pelos estudos tipo16gicos e sua t6cnica de
seriagao.A partir da publicagao de Ceramics#or zhe.d/"c/zaeo/offs/,de A. Shepard
em 1956, o estudo da cerimica desenvolveu-se em vfrias direg6es, resultando em
habahos com objetivos, abordagense resultadosdiversos (Orton et al., 1997;
Robralm, 1998). Assim, de acordo com o contexto e abordagem utilizada, o estudo
da cerimica pode remeter a quest6esque envolvem organizagao econ6mica, social e
politica ou ainda a situag6esde contatos culturais.
No Brasil a validade da classificagao da cerimica arqueo16gica em
tradig6es e fasts, legado da abordagem tipo16gica, ja foi devidamente relativizada.
Trabalhos produzidos na iltima d6cada t&m abordado processos que envolvem
quest6es ligadas a hierarquias e a processos culturais'

I Ver por exemplo Waist, 1990 e Robrahn, 1996


216

No presente trabalho, o estudo da cerimica ocupa lugar de destaque.

A despeito do material arqueo16gicono contexto geografico em que se


insure a area abordada peso presente estudo ter fido caracterizado homo "uniforme"

e similar a materiais encontradosem leas limitrofesz, uma situagaodiversa a(]ul se


insinua, sugerida pelo pr6prio material arqueo16gico e especialmente pda cerimica.

Uma avaliagao preliminar, feita a pardo de vistolias realizadas em 1994 nos


sitios arqueo16gicos do Pantanal no municipio de Cfceres em Mata Grosso,
sugeriram a presenga de pele menos duas indistrias cerfmicas naqueles sitios
arqueo16gicos,que estariam associadasa distintas ocupag6es,com padr6es culturais
diversos.

Uma dessasindQstriasestariaassociadaaos grandessfbos cerfmicos a c6u


aberto, localizados nas margens ou imediag6es do trecho mats alto do rio Paraguai
ou ainda de seus tributarios, aqui chamadosde "sitios iibeirinhos" ou "sitios de
bananco". Elsa ceramica, referida por Susnik (1978) homo "cerfmica de

Descalvado" aqui6 denominada /radzg o ceramic/a .Decca/veda. A outra indQstria


ceramica, presente os aterros, foi preliminamiente atHbuida a /rudlgao .Panzana/3.

No entanto, a presengade material da cerdm/ca .Decca/veda nos atenos do


Pantanal de Cfceres junto ao materia! da /radzgao .Pan/ana/, suscita a investigagao
de possiveis contatos inter6tnicos, tamb6m sugeridos pdas fontes etno-hist6iicas e
etnograflcas.
Para o desenvolvimento dente trabalho considerou-se que a diversidade
tipo16gicada cerimica dos aterros,associadaa um contexto cultural de intensos
contatos inter6tnicos4, confere aquele material um alto potential infomiativo para
quest6es ligadas a padr6es de subsist&ncia,organizagao sociale possiveis contatos
culturais estabelecidospdas populag6esda regiao.
Assim, a cerimica dos aterros 6 a piincipa] conte de investigagao no imbito
delta pesquisa, apresentando-sehomo material de presenga carta nos sitios

' Confomte Dougherty e Zagaglia, 1982.Ver tamb6m Capitulo 2 do presenteuabalho.


' Papamalores detalhes sabre essaclassificagao preliminar consultar o item 4. IPesquisas Anteriores, no
Capitulo 4 do presents tmbalho.
' Ver Capitulo 3 0 Pantanal de Cgceres no contexts do Alto Paraguai.
217

estudados,ao contrArio de outros materiais de presengadiminuta no regisho


arqueo16gico,tais coma o material litico e instrumentos feitos sabre osso-
Os restos faunisticos e os sepultamentos presentes na hea oferecem
tamb6m grande potential para pesquisa. O estudo do primeiro poderia ser realizado
no imbito de um projeto de enfoqueeco16gico,
ja o segundo,demandariaum
programa de escavag6esinvi6vel para esta Easeinitial da investigagao.

Nests capitulo pretende-se,portanto, desenvolver estudossabre a cerimica


arqueo16gicado Pantanal de Caceres, que fomegam parametros para uma primeira
discussio de aspectosda ocupagaopr6-colonial odom.dana aea.

7. I AS COLEG6ES ESTUDADAS

Na face initial da investigagao, voltada para a ocupagao dos aterros


localizados na planicie alagavel do Pantanal de Caceres, deparou-se com uma
expressive diversidade tipo16gica do material ceramico, que sugeriu provaveis
ocupag6espor grupos culturalmente diferenciados.
Num segundomomentofoi preciso voltar a atengaopara a cerimica dos
grandes sitios ribeirinhos localizados na unidade geomorfo16gica conhecida homo
Z)ep/"essaydo .H//o Paragua/, ja que 6agmentos dessa ceramica, aqui denonlinada
rradlgao .Decca/dado, tamb6m se fazem presented,de fomia reconente, nos aterros
da planicie alagavel.

Assim, o material cerimico estudado 6 representado por duas coleg6es: uma


colegao de 6agmentos cerimicos obtidos por meir de coletas sistemfticas
rea[izadas em ]] aterros dap]anicie a]agfve] do Pantana] de Cfceres5 e um conjunto
formado por vasilhas inteiras da cerdmfca Z)esca/dado,as quais se encontram sob a
guarda de diversas instituig6es no estado de Mato Grosso.

' ' ' As t6cnicas e m6todos utilizados na Goleta do material arqueo16gico esHo explicitados no Capitulo Ido
presenceUabaho
218

Tabela-4 -- Quantidades de bordas andisadas e de forma.s de Pasilhas


reconstituidas por aterro
qtdade debordas Qtdade de formal
SIGLA NOME DO S]T]O lcconstlhililac
MT-P0-053 Aterro Camisa 186 52
MT-P0442 Ateno .lacarezinho 618 150
MT-P0441 Ateno Caraifs 30 11

MT-P0482 Ateno Pa16cio 523 I'H


MT-P0467 Aterm CapadoGuido 77 25
MT-P0479 AmmoMataEscwa 27 13
MT-P0480 Ateno Pedro Flores 51 28
MT-P0,039 Aterlo hl8iiM-uoHdoPobre 12 6
MT-P0440 Ateno T\liuiu 24 16
MT-PO-117 Altera Jaouim l l
MT-P0468 Aterro Bananajzinho Bororo 182 79
TOTAL I'BI

O material cerfmico dos aterros 6 representado:por alguns milhares de


&agmentos ceramicos, dos quaid foram destacados,para a analise, os fragmentos de
bordas, por apresentaremmaior potencia] infomlativo. As bordas permltiram, em
muitos casos, a reconstituigao das formas das vaginas e portanto, oferecem dados
de natureza morfo16gica dos vasilhames. Elsa colegao 6 representada por 1731
6agmentos de bordas, que pemlitiram a reconstituigao da forma de 555 vasilhas,
fomecendo medidas e penmtindo o cflculo de seus volumes. Embora as formal
reconstituidas representem uma "aproximagao" em relagao is fomias originais, as
classes de medidas em que aquelas foram classificadas fomecem parametros
adequados para proceder-se comparag6es.
\
A Tabela-4 apresentasinteticamente a quantidade de 6agmentos de bordas
proveniente de dada aterro, que fazem parte da colegao analisada, assamhomo as
quantidades de reconstituig6es de donnas de vasilhas. Fragmentos de parede com
algum elemento infomiativo tal homo pintura ou decoragao incisa tamb6m foram
analisados. Outros nagmentos cerfmicos que oferecem alguma informagao
adicional foram tamb6m considerados, embora nio tenham fido incluidos nos testes
estatisticos. Sio 6agmentos de parede de vasilhas e de outros elementos tais homo
bases,ap&ndices,cachimbos, tortuais de fuso, trempes, contas, roletes, bolotas e
outros elementos de signincado desconhecido, que permitem uma caracterizagao
219

maid completa das indQstrias ceramicas, coma tamb6m auxiliam na formulagao de


quest6es.

O material cerfmico dos sitios iibeiiinhos 6 representadopor uma colegao


de 52 vasilhas inteiras provenientes,em sua maioria, de coletas nio sistemfticas e
que se encontram sob a guarda de virios museume outras instituig6es no estado de
Mato Grosso6, conforme especificado na Tabela-5.

Tabeta-5 Quantidade de vasilltas analisadas da cerdmica Descalvado e respectivas


instituig6esde guards

m'STITUICAO Quantidade de vasilhas

Museu Hist6rico da Fundagao Cultural do Estado de Mata Glg$$Q 06


Museu Rondon(UMversidade Federal de Mano Grosso) 09
IPHAN - 18' SubR/Mata Grosso 13

MEseuHist6rico de Cgwres 11

Secretaria
Municipal
deTurismo
eMeir Ambiente
deCage! 0]
Universidade do Estado de Mata Grosso(Campus de Caceres)
TOTAL 52

O estudo dessas vasilhas pennitiu a composigao de uma "colegao


refer&ncia" da cerimica da rradzgao .De.sca/dado. A Tabela-6 apresenta
sinteticamente a proced6ncia das vasihas estudadas.

Tabeta-6 hoced&ncia das vasilhas cer&micasda cotegdoda tradigao


I)escatvado estudada.

SIGLA NOME DO SHIO Quantidade de vasilhas

MT-P0479 Ateno Mata Escwa 02


MT-P0444 Cemit6rioIndio Grande 14
MT-P0438 Ateno Jatobg 06
MT-P0402 Descalvado-ll 01
MT-P0-137 SantoAntonio das Lendas 06
MT-PO-014 Bairanco Vemlelho !5
MT-P0445 Sim5o Nunes ()3
MT-BU-008 Facto 01
s/oroced6ncia orecisa 04
TOTAL 52

' Outms vasilhas provementes da area, que se enconbam em outros estados brasileiros, coho o Rio de
Janeiro(Museu Nacional), Campo Grande e Corumbf -MS(Museu Dom Bosco e Universidade Fedeml
respectivamente) e ainda em museus estlangeiros coma o da Philadelphia University e o Museum air
V61kerkund de Berlin nio puderam ainda ser estudadas.
220

Dado o cato da cmdmca Z)esca/vwcbiMo ter fido anteriomleNe desclita

pda arqueologia brasileira, o estudo de uma colegao dessasvasilhas provenientes


dos grandessitios libeirinhos foi imprescindivel para a identiflcagao dos nagmentos
daquela cerimica nos atenos, homo tamb6m mostrou-se exhemamente tltil paa a
discussao de aspectosrelacionados a padr6es de subsist&ncia e de assentamentodas

populag6es pr6-coloniais da regiao-

7.2 A CEKAWICA DESCALVADO VISTA ATRAVES DO ES.INDO DE


UMA COLEGAO
DE VASILrIAS

A ce/dm/ca Decca/vedaainda nio foi devidamentedescrita pda


arqueologia brasileira. Essacerimica este associadaaos grandes sitios cerfmicos a
c6u aberto localizados na Depress o do .4/ro Paragz/ai, nas margins ou imediag6es
de curses d'4gua. Fragmentos dessa cerfmica estio presentes tamb6m em superHcie
ou sub-superaicieem aterros, ilhas e diques marginais da planicie de inundagao do
Pantana]de Ciceres. Os limites de sua hea de ocorr&nciados grandessitios
ribeirinhos parecem estar ao Norte nas nascentesdo rio Sepotuba e ao Sul um pouco
abaixo da Fazenda Descalvado, nas imediag6es da llha de Taiami. A cerdmfca
Z)esca/veda, no entanto, :fbz-se tamb6m presente em aterros da planicie alagavel
localizados tamb6m em head ailldainais mendionais.

At6 o momento foram registrados villas desses grandes sitios. Z)esc'a/veda

tle 11), Santo Antonio das Lendas, Barranco Vermelho, Porto Tucum, Boca do
Jann, Jaum-Picutuca, Bala do A]egre, Simdo Nukes, Passagem Ve]ha (] e ll),
Car?zeSega, /bc&o, havendo ainda trechos remanescentesde cemit6rios associados
a essa ocupagao, localizados junta ao rio Paraguai, homo os silos .ll-zdzoGrande,
.4/afro Ja/obd e San/o .4n/(9n/oda .a/m. A Figura 22 apresenta a localizagao dos
grandes sitios cerfmicos da /radfg o Z)esca/dado.

Alguns dessessitios foray escavadosno final do s6culo XIX e initio do


s6culo XX, nada tendo sido escrito sabre des a16m de descrig6esde estluturas
ftmeririas das quais participam vasihas cerfmicas.
221

As primeiras escavag6es
e coletasde material arqueo16gicodessessfbos de
que se t&m noticias foram realizadas em 1897 por Maria do Caimo de Mello Rego
nas proximidades do Porto Tucum, pouco abaixo da conDu&nciados rios Jauru e
Paraguai(Mello Rego, 1899). A partir do relato que elsa brasileira fez a von den
Steinen, a hea passou a receber diversos pesquisadores alemies. Em .1898Hemlann

Meyer do Museum de Leipzig na Alemanha tamb6m escavou o sino ruiz/m(Pereira


Jr., 1950). Richard Rhode, pesquisador do Museum fh V61kerkund de Berlim
escavou no amal do s6culo XIX um sino localizado na Fazenda Descalvado,
conforme Schmidt (1928)-
Tomando-se por base os regtstros feitos por essespesquisadores 6 possive]
veiifcar que as pesquisas nessa 6poca tiveram um carfter claramente colecionista e
objetivaram a obtengao de pegas pua museum.
A despeito dos registros de carfter etnografico feitos por Max Schmidt
sobre os sitios de aterro, na 6poca ocupadospor grupos Gz/a/d, sio pobres as
refer6ncias que fez aos sitios aos quais este associada a cerdm/ca .Decca/veda.

Schmidt, tamb6m do Museum fh V6]kerkund de Berlim, durante as viagens que


empreendeu ao .Nto Paraguayem 1901, 1910 e entre 1926 e 1928 realizou coletas e

escavag6estanto em sitios de aterro quanto em sitios de barrancol (Schmidt, 1914,


1928). V6rios sitios de bananco foram por ele visitados e escavados: .Decca/va(£2,

.Barranco He/me//zoe Passages He//za,localizados is margins do lio Paraguai, e


cacao, localizado junto de pequeno tributfrio do rio Paraguai por sua margem
esquerda.

De Vicent M. PetruUo, da Universidade da Filad61fia, prov6m as

informag6es mais detalhadas sobre esse typo de sino. Em 193 I realizou escavag6es

em dais sitios arqueo16gicosna Fazenda Descalvado, caracterizados por ele homo


cemit6rjos.

7
Aqua esMo sendo chamados de "sitios de barranco" aqueles sitios ribeirinhos que echo implantados nas
margins do rio Pamguaie de seuslributgrios, ou-ahidaem suas-proximida(!es.O material arqueo16gico
cerfmico dessessitios 6 o que aqui este sendo chamado de cerdmica .Descahacb
222

Os escritos de Lehel de Silimon, responsavelpor escavag6esmaid recentes,


realizadas
na FazendaBarrancoVennelhona d6cadade 70, t&m sido em vio
procurados nos arquivos de Mato Grossos.
A16m desses pequisadores, vgrios curiosos escavaram sitios da /radlgao

ceramfs/a .Decca/veda, promovendo verdadeiros saques. A escavagao desses sitios


pda populagao regional para reutilizagao das vasihas cerfmicas homo utensilios
dom6sticosja havia sido registradapor Mello Regoem 1897e por Pehullo em 1931
e infellzmente continua sendoumapratica comum ainda nos dias de hoje.
A inclusio do estudo da colegao nests trabalho, voltado especialmente para
a investigagao da ocupagaodos aterros, dove-seao cato de ter-se evidenciado que
essentamb6m foram ocupados ou utilizados para fms especificos pdas populag6es
das grander aldeias ribeirinhas, is quaid este associadaa cerdm/ca -Decca/vacb.
Dado o cato do material cerimico dessacolegao nio ter sido deconente de
coletas sistematicas, os dados obtidos por meir da anflise das vasilhas nio foram
incluidos dos testes estatisticos a que foram submetidos os dados da cerimica dos
aterros.No entanto, o estudo da colegao de vasilhas pemlitiu obter dados desciitivos
sobre a ce/dmfca -Decca/veda,fomecendo tamb6m informag6es ou ilgbzs sobre
aspectosda ocupagaoa que esta cerimica este associada e que evidenciam padr6es
de abastecimento distintos daqueles apresentados pda ocupagao dos presumidos
constlutoresdos aterros.

Delta forma, o estudo dessa colegao objetivou obter parametros


comparativos que pemntem discutir o uso maid recente dos aterros pdas populag6es
das grandes aldeias ribeirinhas, sugeiida pda presenga em superficie de fagmentos
e vasilha$de suaind&stria mrAldca.
Utilizando o suporte te6rico fomecido por Shepard (1985), Rice (1987),
Sinopoli(1991) e Orton, Tyers & Vince (1997) entry outros, pretendeu-seoster
esses parametros por meir do estudo da relagao forma-flmgao, aplicado a uma
colegao de va.silhas da /radlgao ceramfs/a .Decca/veda. Complementarmente sio

' Ao que tudo indira essesregistmsWmmeceiam tmn-manuscritos e w perdeiamem algum arquivo:


tendo fido vistas pda &ltimavez na CODEMAT - Companhiade Desenvolvimentodo Estadode Mato
Grosso,6rgao pablico do qualo artur eraMnongrio.
223

consideradasalgumas pistas fomecidas por atributos tecno16gicos(antiplasticos e


tratamento p6s-queima), estilisticos(decoragao) e ainda pdas pr6prias marcas de
uso presentes nas vasilhas.
Tr&s fung6es principais dos recipientes cerimicos dom6sticos sio
elencadospor Rice (1987): estocagem,processamentoe transporte ou transfer&ncia,
essaQltima incluindo a flmgao de server alimentos. A morfologia das vasilhas tem
fido o recursodais comumente
usadoparaa infer&nciado seu uso.Emboraas
vasilhas nio spam concebidas apenas em fungao da utilizagao pretendida, sendo
tamb6m produto de ouhos fatores culturais, considera-seque as fomtas dos
recipientes cerimicos mant6m um elo de ligagao com o seu uso. Assim, de acordo
com Sinopoli(1991), algumas relag6es gerais pemianecem entre a forma da vasilha
e suafungao primfiria.
Infer&ncias adicionais do uso da cerimica podem ainda ser obtidas por meio
do exame das marcos de desgasteencontradasnas vasilhas (Sinopoli, 1991) e da
presengade fbligem e de alterag6esna coloragaoda superniciedas vasilhas(Orton,
Tyers & Vince, 1997). Os antiplasticos, porosidade e tratamentos de supernicie
tamb6m sio algumas das propriedades fisicas da cerimica que concorrem para uma
melhor adequagaodas vasilhas para detemlinados 6ns.
Com a utilizagao dessesrecursosforam propostospossiveis uses para as
vasilhas da co/egan .Decca/veda,oportunizando inferir-se alguns aspectos da
ocupagaoa ela rejacionada

7.2.1 A proced&nciadaspegasda colegao

As pegasestQdadassio vasilhas inteiras ou quake inteiras provenientes de


coletas sistemfticas realizadas no imbito de pesquisas e de coletas nio sistemfticas
realizadaspor leigos e cuiiosos.Estio sob a guardade diversasinstituig6esdo
estado de Moto Grosso, fomando uma colegao de 52 degas, que se encontram nos
locais relacionados na Tabela-6.
224

Parte significativa das pegas desta colegao 6 proveniente do sino Barranco


Herve//zo(MT-P0-14), escavadopor Max Schmidt no comego do s6culo e Lehel de
silimon na d6cadade 70. As pegasdo Museu Hist6rico do Estado de Mato Grosso e
do Museu Rondon da Universidade Federal de Mato Grosso, ambos em Cuiabf, sio

provenientes das escavag6es realizadas por aquele iltimo.


Outros sitios arqueo16gicosja muito conhecidos dos pesquisadores sio
aqueleslocalizados na Fazenda Descalvado9(sitios Z)esca/dado-/ e .Decca/dado-Z4,
dos quais, a despeito de tanto material arqueo16gicoque deles ja foi retirado '', ha na
colegaoapenasuma vasilha, de dimens6esavantajadas,que raz parte do acervo do
Museu Hist6rico de Cfceres.

Outras vasilhas que apresentamgrande porte sio provenientes do sino


arqueo16gicoSan/o .4n/Onto das /.,endas.Essas grandes umas foram retiradas fora
do imbito de pesquisa e estavam expostas na sede da fazenda hom6nima quando em
1988foram recolhidas pelo IPHAN e entreguesa guarda do Museu Hist6rico de
Cfceres.
Uma outra vasilha de grander proporg6es encontra-se sob a guarda da
SecretaliaMunicipal de Turismo e Meio Ambientede Caceres,provenienteda
fazendaJatoba, localizado abaixo de Descalvado.
As pegasdo acervo do IPHAN foram recolhidas em agnesde salvamento ou
de mios de particulares nos sitios Ind/o Grande e Sfm&o M//zes, sendo ainda que
n&s delas forum coletadas no Ambito da presente pesquisa, no sino il'dzo Gra/zde e
noAterro Mata Escura.
As pegasque se encontram sob a guarda da UNEMAT foram resgatadasno

fmbito de projetosde salvamentoarqueo16gico


realizadasem 1999, no .4/afro
Ja/o6d e no sino Jhdlo Gra/zde.Uma pena do sino /hc&o foi kinda recolhida da
guarda de um ocupante da hea ja no presente ano.

9Ver PeHillo (1932)e Schmidt(1928).


io De acordo com Schmidt(1928), ames dole pr6prio, Richard Rhodejg terra levado uma gmnde uma do
sino Desca[vado pam o Museum fill V6]kerkund de Ber]im no final do s6cu]o passado. Uma grande uma
funergria obtida no sino-cemit6rio f)esca/dado-/7 teria fido encaminhada por Vicent PetruUo ao Museu
Nacional(Peaullo, 1932), sendsque outmspegasforum destinadasao acervo do University Museum, da
Universidade da Filad61fia(King, 1993)
225

7.2.2 Aspectosmorfo16gicos,tecno16gicose estilisticos


da cerdmica Descatvado

A cerdmfca Z)esca/dado6 conhecida especialmente por suas grandes umas,

encontradasmuitas vezes contends esqueletos e acompanhadas de outras vasilhas


cerimicas e outros tipos de oferendas.Devido a esseaspecto,os sitios ribeirinhos da
fradzgao.Decca/dadosio referidos pelos pesquisadoresdo final do s6culo XIX e
initio do s6culo XX homo "campos de umas", de fms flmeririos. Outros aspectos
da ocupagao, homo aqueles ligados is fung6es de habitagao desempenhadaspor
sitios da /rudzg o ceramic/a Decca/dado ficaram relegadas, pemlanecendo
praticamente desconhecidosat6 o momento oubos padr6es cultulais a16mdaqueles
fomecidos por descrig6es de sepultamentos.
O estudo da cerdmfca Z)esca/dadopode portanto ser usado para obter-se os

primeiros insights sobre aspectosainda nio estudadosda ocupagao.

AsDectos morfo16gi Qg

Caracteriza-se etta cerfmica por apresentar um padrao morfo16gico


extremamente definido e constante. No seu vasilhame 6 possfvel identi-near com

clareza a seqii&ncia de operag6esrealizadas na construgao das pegas e perceber as


decis6es tomadas peso artesio e que resultaram na vasilha de uma ou outta
cateeona.
Assim, pegas de contomo dimples podem ser combinadas, compondo
vasilhas de contomo in.netido, composto ou complexo ':. Como por exemplo, uma
penaque poderia vir a ser uma tigela de contomo dimples pode vir a se transfomlar

nOs conceitos de "contomo" aqui considemdos s5o aqueles definidos por Shepard(1985, 230-2):
e Contomo samples:fomias simpler,gemlmentede figums geom6tricasapmximadas,tends somenie"end
points" ou "end points" e "points of vertical tangency
Contomo composto:apresenta"comer points", angulono contomo que marfa ajungao de dual panesda
vasilha, as quaid sio semelhantesis secg6esde formal geom6tricas;
e Contomo infletido: composto por secg6esc6ncavas e convexas combinadas por uma suave curvatum.
Caracteriza-se
por apresentarum "inflection point
Contomo complexo: apresentavgrias ou abruptas mudangas de diregao na curvatuia, apresentando 2 ou
mais "comer points" ou "inflection points" ou ainda ambos.
226

na base de uma vasilha restringida de contomo infletido, composto ou complexo


(Figura 48). O extenso rol de fomtas que correspondem a categoria de vasilhas
restringidas 6 decorrente de villas combinag6es de formas de bojo, de base e de
boda, conforme 6 mostrado esquematicamentena Figura 49.
As vasilhasda colegaoestudadaestio representadas
na Figura 50 e
pertencemis seguintescategoriasformais:

e Vasilhas abertas: representadas por tigelas rasas, dundas e de


profundidades medianas, com bases alTedondadasou aproximadamente
c6nicas e bordas diretas ou infletidas intemamente ou extemamente;
pequenospratos.

©
Vasilhas restringidas: representadaspor vasos de bobo tronco-c6nico,
globular ou semi-globular, algumas vezes com ombro, apresentando
uma s6rie de variag6es na fomia da base(arredondada, levemente
aplanada,c6nica e tronco-c6nica) e da borda(direta, innetida, cilindrica,
hiperb61ica, tronco-c6nica e composta). Ha vasilhas em que as
deformag6es softidas por bases fomiadas por curtos segmentos de cone
emprestam-lhesaspectopirifomte.

©
Vasilhas restiingidas de pescogo longo: representadaspor bilhas de bobo
globular ou semi-globular,apresentandouma s6rie de variag6esna
fomia da base(arredondada, levemente aplanada, c6nica, tronco-c6nica
ou ainda em pedestal) e bordas in8etidas ou em forma de segments de
cilindro ou de hip6rbole.
mDRONZACAODA CERAMICA DESCALVADO
DESENHO ESQUEMATICO S/ ESCALA

FK}URA 48 Padronizagao da ce/d zfcaZ)esca/},ado


Desenho esquematico s/ escala.
TRADICAO DESCALNADO
WRIAQ6ES MORFOLOGICAS DAS VASILHAS RESTRINGIDAS

desenho esquemdtico s/ escala

BO.D DOJO
SEMI-a.OBULAR APROXIMADAMENTE GLOBULAR

BASES BORDAS BASES BORDAS

cilindriea

ar re dona) da direta
tronco-conoco

\ L------. ....]
hiporb61ica

\.\...,,///''"
cdnica - daft rmada ( piriforme)
hiporb61ica

lovem6nto aplonada

'-.:,:'""''
::::TT .,,.£::3*
ttonco-corsica

cilindrica

corsica

composta

orredondada tronco -c6nica hiporb61ica

FIGURA49 Variag6es modo16gicas das vasilhas restringidas


da tradigao ceraniisu Descalvado.
Desenho esquematico s/ escala.
229

As formas de dada categoria estio indicadas a seguir e podem sel


identiflcadas na Figura 50. As vasilhas tamb6m estgorepresentadasnas Figuras 5 1 a
58

Na categoria de vasilhas abertas da co/eg&oZ.)esca/dadoestio as fomias de


I a8
fomaa 1- tigela semi-globular com borda direta e base arredondada
fomta 2 - tigela semi-globular com borda direta, base anedondada e asa.
fomia 3 - tigela semi-globular ftmda com borda direta e base arredondada.
forma 4 - tigela semi-globular linda com borda direta, base arredondada e asa.
forma 5 - tigela semi-globular com borda tronco-c6nica.
forma 6 - tigela c6nica com borda cilindrica.

fomia 7 - tigela linda com borda direta e baselevemente aplanada


donna 8 - tigela rasa/plato.

Na categoria de vasilhas restringidas estio as fomias de 9 a 2 1

fomta 9 vaso de bojo globular com borda direta e base arredondada(as vezes

com a borda removida ap6s a queima da vasilha).


forma lO - vase de bobosemi-globular com borda infletida e base levemente

aplanada.
fomla I I vaso de bobo semi-globular com borda infletida e base arredondada.
fomia 12 - vaso de bobo aproximadamente globular com borda direta, base
arredondadacom ou sem alias macigas (ap&ndices).
forma 13 vaso de bojo globular com borda direta e base c6nica (borda removida

ap6s a queima da vasilha).


donna 14 - vaso de bobo aproximadamente globular com borda levemente

infletida e basearredondada.
fomia 15 vaso de boboaproximadamenteglobular com borda infletida e base
comca.
230

forma 16 vase de bobo semi-globular com ombro, borda e base tronco-


conlcas.
fomta 17 . vaso de bojo aproximadamente globular com borda tronco-c6nica e
base ainedondada.
forma 18 - vaso de bojo aproximadamente globular com borda em segmento
de cilindro e baseanedondada.
forma 19 - vaso de bojo aproximadamente globular com borda composta e
basearredondada.

forma 20 - vaso de bojo aproximadamente globular com borda composta e


basetronco-c6nica.
forma21 - vaso de bojo e basetronco-c6nicos e borda direta-

Para a categoriadas vasilhas restiingidas com gargalo, sio as fomtas de


nimero 22 a 25

fomla22 - bilhai2 de b(2joglobular com borda em segmento de cilindro e base


comma.

forma 23 bilha de bobo aproximadamente globular com borda em segmento


de cilindro e base em pedestal.
fomia 24 - bilha de bojo aproximadamenteglobular, borda inHetida e base

levemente aplanada
donna25- bilha de bobo semi-globular, borda infletida e base c6nica.

'' Verbete Bilha(IO) confomle Holanda Ferreira(1986): vasilha bcjuda de gargalo estreito propna pam
conterliquidos potaveis.
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FIGURA 51a - Fomia 2

FIGURA51c - Fomu 5

FI(}U]R.A51b- FormaI
c,f\,4
9 40 45 CAA
F

+ + +

#
i
l

+ t
FIGURA52a- Forma4

c/'4.
9 CA4 FI(AURA52b - Forma4 4 Z 3 4 5
53a

FI(AURA 53c - Forma 23

53b

4 z 7 4 'i 4 Z
54c - Fomia lO
3 $

FI(AURA 54a - Fomla 9

FKliURA 54d - FormaI I

F +

FIGURA54b Fonna17 Z
& 2

l
4 Z 7 q F
54e-Fonna20
#

+.q

FK}URA55a Forma24

FIGURA55c Forma I I

FI(AURA 55b Forma22 4 2 q 9 c: /v\ 55d Forma25


)

9 40
Forma 16 B i '

FIGURA56b Forma 16
FK}URA 57a - Fomla 21

57b - Fomia 16
CAA
b.r '

FI(AURA 58b Forma 15

58a- Forma16
c.
240

AsDectos tecnot69icos e €stilisticos

Caracteristicas tecno16gicase estilisticas permitem distinguir dois grupos de


vasilhas: um de constiugao e acabamento mais esmerado e outro de aspecto gerd
mais grosseiro, no qual estio ausentestodas as fomtas compostas ou complexas. Na
colegao estudada o conjunto de pegas mais grosseiras apresenta apenas 5 das 24
fomlas identiflcadas na colegao: tigela semi-globular com borda direta e base

anedondada (formas I e 3), tigela funda com borda direta e base levemente
aplanada(forma 7), vaso de bobo aproximadamente globular com borda direta, base
anedondada com ou sem alias macigas (ap&ndices) (forma 12), vaso de b(jo
aproximadamente globular com borda infletida e base anedondada(forma 14).
Todas as donnas compostas ou complexas de contomo estio ausentesno
conjunto de cerimica mais grosseira, de antiplastico de concha triturada.
Estes dais grupos de vasilhas apresentamdiferengas no antiplastico e no
acabamento, enquanto em outras caracter.isticas ha cortes semelhangas, como o uso
de engobo, e na morfologia, especialmente nas vasilhas abertas(tigelas e pratos) e
nas vasilhas restringidas de contomo dimples, into 6, de contomo nio composto.
A16m da morfologia da cerfmica da colegao, os atributos tecno16gicos
tamb6m caracterizam-se por uma padronizagao extremamente de6inida e denotam
alto dominio t6cnico, especialmentena cerimica daquele conjunto de vasilhas mais
elaboradas, de acabamento esmerado.
Nas vasilhas cerfmicas mais elaboradasos antiplasticos predominantessio
de cano moido e/ou graos de quartzo algumas vezes combinados com cariap6.
A queima apresentanimero expressivo de vasilhas com oxidagao completa,
mesmo naquelas mais espessas,sendo que a predominante queima com oxidagao
incompleta apresenta ladas fhixas oxidadas. A coloragao resultante 6 clara, em tons
de amarelo e laranja decorrentes da presengade 6xido de ferro na argila.
241

As espessurasregistradas para esta cerfmica alcangam os valores mais altos

entre as cergmicas arqueo16gicas


provenientes da regiao do .Alto Paraguai.Na
colegao de pegas estudadas as espessuras estio entre 6mm e 32mm.

Ja nas vasilhas mais grosseiras o antiplastico por excei&ncia 6 o de concha


&iturada, is vezes combinadacom paco moido e/ou graos de quartzo. A queima
dessasvasilhas 6 caracterizadapor oxidagao incompleta resultando em nicleos mais
escuros e mais largos e maior presenga de manchas de queima do que a cerAmica
anterior, denotando uma queima menos cuidadosa. As espessuras dessas pegas na
colegao estudada 6icam entre 6mm e 14mm.

intada

Nas vasilhas mais elaboradas o acabamento de superfcie 6 geralmente bem


alisado,com uma presengasignificativa de lustro, obtido por meio de brunidura,
mesmo nas pegas de maiores dimens6es. Nas vasilhas abertas o lustro aparece nas
duas superficies, enquanto que naquelas restringidas o lustro da super.Hoe intema se
limita a uma faixa mais pr6xima da boca da vasilha, geralmente conespondendoa
super6icieintema da hea da borda.
Elsa cerimica apresentaem algumas vasilhas o engobo vermelho, aplicado
nas superacies intema e extema ou apenas na superficie intema de vasilhas abertas,
na superfcie extema de vasilhas restringidas, ou ainda cobrindo campos
determinadosem vasilhas de contomo composto, que podem apresentar engobo
somente na borda tronco-c6nica, enquanto no bobo nao, ou somente no bobo,
enquantonaborda6ausente.
A pintura vermelha tamb6m se faz presente, na supernicie intema de
vasilhas abertas, na superHicieextema de algumas vasilhas restringidas ou ainda
coloiindo apenaso lgbio da vasiha, sda ela aberta ou restringida.
Na colegao ha tr&s pegas - Figuras 50a, 50b e 51c (que coirespondem is
formas 4 e 23), que apresentampinturas com motivos geom6bicos: duas vasilhas
abertas (tigelas) provenientes do Cemi/drf o thai o Grande (MT-P0-044) e uma
242

pequena bilha de contomo composto e base em pedestal, proveniente de uma


esUuturafunergria do .4/afro .A4a/aZscura (MT-P0-079).
Nas vasilhas abertas (Figuras 50a e 50b) a pintura 6 aplicada na faixa
cenaal da superacie intema, de uma extremidadea outta, envolvendo inclusive as
asasdas mesmas. Cobre cerca de 1/3 da supernicieintema das tigelas. A pintura 6
compostapor conJuntosde fmas linhas paralelascompondomotivos geom6tricos
que definem campos que sio estampados com pequenos grafismos em fomia de
"+", aparentemente executados com a t6cnica de carimbo. A hea restante da
super6icie6 coberta por pigments de coloragao vermelha.
Na vasilha restiingida da colegao que apresenta pintura vemtelha, os
motivos geom6tricos estio aplicados em sua larga borda (Figura 5 1c). Finas linhas
paralelas a extremidade da borda da vasilha definem campos preenchidos por
gra6ismos.No campocentralo grafismo 6 definido por um quadriculamentoregular
em diagonal. Em dada lada desse campo central ha um campo vazio fomlado por
uma estreita faixa, seguido por outro campo que apresenta um desenho em fomta
de ondulag6es em negativo, seguido novamente por outro estreito campo vazio.
O padrao de pintura do labia 6 caracterizadopor uma linda ou fma fbixa
colorida ao longo do contomo da boca da vasilha, sendo sua presenga muito
6eqtlente em vasilhas abertas, apuecendo tamb6m em algumas vasilhas restringidas
de fomia composta (Figura 52b e 52e).
Naquele conjunto de vasilhas mais r6sticas e que apresentam antiplfstico de
concha triturada, o acabamentoem gerald mal alisado, embora muitas vezes
apresente lustro e algumas vezes at6 mesmo engobo. Devido a uma certa
"despreocupagao" com o acabamento dessas vasilhas de presumida fungao
dom6stica,. o lustro teria um objetivo mais funcional, de reduzir a porosidade,
aumentando a impemleabilidade das paredes dos recipientes, do que um carfter
est6tico. A pintura nessas vasilhas 6 ausente.
243

Asus, algae e outro$ €tementos apticadQ!

Tr6s tigelas de confecgao esmerada e presengade pintura apresentam asap.


Das tr&s vasilhas, dual foram recolhidas por leigos no Cemi/d/"io /ndf o Gra?zdee
uma coletada quando da escavagao de uma estrutura de funerfria no .4rerro .A4a/a
Zscz/ra, tendo portanto claro uso ritual. As asas dessasvasilhas nio se caracterizam
homo ap&ndices,constituindo-se apenas homo um leve prolongamento da borda,
apenas um 6nico em dada vasilha. A asa de dada uma dessas tigelas apresenta
desenhodiverso das demais. Dadas as suas caracteristicas nio 6 possivel a&ibuir a
essas asas nenhuma fungal pratica, nio se sabendo se deus diferentes desenhos
apenasfazem parte da gama de opg6es est6ticas do aitesio ou se teriam ainda algum
significado social, homo o uso restrito de centoselementos simb61icospor
detemlinados dis ou facg6es,ja observado em alguns grupos etnograficosi3
Uma vasilha globular de acabamentogrosseiro e coloragao Ginzaescuro a
negra e com presenga de flihgem apresenta alba criada por meio do aplique de um
ap&ndice modelado. Esta, pda sua robustez e morfologia, pode ter desempenhado

uma fungao pratica. Uma vasilha de mesma morfologia e apresentando o mesmo


tipo de ap&ndice foi encontrada por Petrullo em 1931 na escavagao do cemit6rio
Z)esca/dado-Z/,contendo ossos humanos. Outras vasilhas de uso dom6stico tais
coma tigelas de acabamentogrosseiro, antiplastico de concha triturada e
apresentandorestos de fuligem foram registradas no cemit6rio /ndzo Grande, usadas
homo cobre-crfnios. Fifa evidente portanto que vasilhas produzidas para uso
dom6stico podiam tamb6m vir a ser usadasnos sepultamentos.
Ap6ndices semelhantesforam veiifcados tamb6m no imbito da presente
pesquisa tanto nos brandes sitios localizados nas margens dos rios quanto em
superficie nos aterros das bafas, constituindo mais uma evid6ncia da presenga das
populag6esribeilinhas nos aterros da planicie alagavel.
Uma das grandes vasilhas da colegao apresentaainda um rolete aplicado na
supernicieextema, marcando a linda de inflexio entre o bobo e a borda. Em algumas

'' Ver Albisettie Venturelli(1962) sabrea cerimica Bororo


244

dasvasilhas de donna composta foi usadauma linha incisa para marcar a jungao das
diferentes secg6esgeom6tricas que as comp6em (Fomla 15 da Figura 50 e Figura
sxhl

Interven96es t)6s-queima e marcus de uso

Algumas interveng6es
p6s queimaem vasilhascerimicas da /rudffao
Decca/dadosio registradas.
A presenga de orificios realizados ap6s a queima das pegas aparecem, de
modo recorrente, nas paredesde vasilhas de antiplastico de cano moido e/ou graos
de quartzoe que apresentam
acabamento
esmerado(alisamento
e lustre) e boa
queima (oxidante completa ou quasecompleta), com ou sem engobo ou pintura.
At6 o momento foram registradas dual categorias de vasilhas com orificios,
quepodem ter diferentes signiHicados:vasilhas abertas(tigelas) semi-globulares que
apresentamftiros pr6ximos a borda e grandesvasilhas restringidas apresentandono
b(8o seqti&nciasparalelas de furos acompanhandolinhas de trincas de batura.
Os orificios ou ftnos sio circulares e geralmente apresentam marcas de
desgastecom difmetros maiores na supernicie das paredes das vasilhas, indicando
que a sua execugao era conseguida perfiirando-se nos dais sentidos, isto 6, de fora
para dentro e de dentro para fora. Os diimetros dos orificios 6lcam entry 4mm e
9mm.Ja a marfa circular deixadapelo perftnador na superntcieda vasilha tem
digmetromaior, podendoalcangar12mm.
Dado o cato das tigelas serem usadasnos sepultamentoshomo cobre-
cranios, pode-se sugett a possibilidade de que essen ori6cios pudessem ter
conotagaoritualistica, a exemplo daqueles das vasilhas cerimicas utilizadas para o
mesmofim por outros grupos alto-paraguaienses,tal homo foi registrado entre os
F'ayagzzd
no initio da colonizagaoeurop6ia.
Ja os fhos registradosno bojo de grander vasilhas restringidas parecem
representar uma t6cnica de "reciclagem" da vasilha, que apes t:rincar receberia uma

"costura" de fibras vegetais, aumentando assim sua vida bail. Tal t6cnica 6 utilizada
245

kinda hoje pelos ,Elzcrwene-/mile,grupo arawak da bacia do Juruena, area ao norte da

regiao do Alto Paraguai.


Outra intervengaop6s-queima6 representadapda remogao da borda
infletida da vasilha. Essaintervengao parece ter sido bastante recorrente. A remogao
da borda 6 produzida por meio da execugaode uma hatura regular na altura da linda
de inflexio ou jungao entre o baja e a borda. Na colegao analisada ha tr6s vasilhas
das quaid foram removidas as bordas, duas das quais foram resgatadas em agnese
proletos de salvamentoarqueo16gicoe fhziam parte de estruturasfi)neririas: uma
delascontinha esqueletose a outra foi encontradavazia, servindo de tampa para
uma outra uma. A remogao da borda 6 maid uma evid&ncia do uso secundirio de
vasilhas cerfmicas para sepultamentos. Da terceira vasilha, recolhida da guarda de
pardculares, nio se disp6e de infomlag6es sobre contexts de sua deposigao.

Como marcas de uso as maiores vasilhas apresentam uma acentuada erosio


na base, especialmente quando possuem base c6nica ou tronco-c6nica. Elsa erosio

indira condig6es de conservagaodiferenciadas para base e bobo, sugeiindo, pof


exemplo, a possibilidade de que essas vasilhas fossem fixas e que suas bases
permanecessem enterradas, mesmo quando em uso.

Nas vasilhas da colegao, assim homo nos nagmentos coletados nos atenos,
observa-se reston de flihgem apenas na cerimica mats grosseira, nio sendo
regishada sua presenga naquela cerimica mais elaborada, de constiugao e
acabamento mais esmerado.

Formas de tdbio e de borda

As formas de Ifbio das vasilhas da colegao sio as mesmas identificadas nos


&agmentos da ce/amiga .Decca/veda coletados nos aterros, predominantemente
anedondados e apontados.

As bordas apresentam-se diretas, infletidas, cilindricas, hiperb61icas,


tronco-c6nicas e compostas. Essay &ltimas nio puderam ser identificadas no
material de superniciedos aterros,em parte devido a 6agmentagaoacentuadado
246

material e talvez porque nos aterros as vasihas de formas compostas fossem maid
rMas.

Dimens6es das vasilhas

As vasiHas da colegao estudada apresentam dimens6es variadas: os


diimetros de boca ficam entre 7,7cm e 48,4cm, os diimetros mfximos ficam entre
l0,3cm e 98,7cm e as alturas entre 9cm e 103cm. Parte considerfvel da colegao 6
representadapdas vasilhas abertas (tigelas e pratos), que somam 16 das 52 vasilhas
da colegao.Apresentamdiimetros entre 25cm e 48,4cm e alturas entre 5,5cm
24,0cm. Na Tabela-7 estio registradas as dimens6es das vasilhas abertas da colegao.
As vasilhas restringidas apresentam grande variagao de dimens6es. Vasilhas
de contomo infletido ou composto e que apresentam fomtas semelhantes
apresentam difmetros de boca que vaiiam de 7,7cm a 40,1cm, diimetros mgximos
que vio de 12,2cm a 98,7cm e alturas que variam de10,4cm a 96,0cm. Decorre dai
grande vaiiagao na capacidadevolum6tlica dessasvasilhas.

Tabela- 7 1)imens6es das vasilhas abertas da colegao Descalvado.


Sino NOdavasilha Diimetro de boca DiAmetro Altum (cm)
(cm) mgximo (cm)
MT-P0414 0082005 39.0 40.6 [8.5
MT-P0414 0082006 48,4 48.4 21.0
MT-P0438 0085001 30,0 30.0 8.0
MT-P0438 0085002 30,0 30.0 8.4
MT-P0438 0085003 32.0 8.2
MT-P0438 0085004 25,0 25.0 5.1
MT-P0444 0080011 37.0 37.0 11.5
MT-P0444 0085006 28,0 28.0 6.6
MT-P0444 0085007 38,0 38.0 6.8
MT-P0444 0085008 39,2 39.2 l0,4
MT-P0444 0085009 36.0 36.0 il.o
MT-P0444 0083002 35,6 35.6 11.7
MT-P0444 0083003 39,2 39.2 ii.8
MT-P0444 0083005 45,9 45,9 24.0
MT-P0444 0083007 40,2 40.2 i3.0
MT-P0444 0083013 36,0 36.0 9.0
MT-P0479 0083011 40 0 40.0 15.5

.Algumas vasilhas restringidas apresentam gargalo e pescogo longs. Suas


dimens6es sio mais modestas e apresentam variag6es de menor amplitude:
247

diAmetrosde boca entre 10cm 29cm; difmetros miximos entre 12,2cm e 74,0cm e
alturas entry 14,3cm e 56,5cm. A Tabela-8 apresenta as dimens6es das vasilhas
restringidas de donna composta da colegao estudada.

Tabela-8 Dimensiies das vusilhas restringidas de contontos compostos e comptexos da


colegiio Descalvado.

Sino NOda vasilha DiAmeoode boca Difmetro Altum (cm)


(cm) mfximo (cm)
MT-BU-008 0085017 11,6 18.5 16,0
0081002 8.5 20.9 19.0
MT-P0414
b4T-P0414 0081003 8,3 21.0 [9.4
0081004 9.6 22.2 19.6
MT-P0414
0082002 l0.6 19.7 16.2
MT-P0414
MT-PO-014 0082003 9.9 19.5 18,5
MT-P0-137 0080001 41,1 98.7 93.0
MT-P0-137 0080002 31.7 65.3 75.5
MT-P0-137 0080004 34.1 89.5 96.0
MT-P0-137 0080005 33.8 86.3
MT-P0400 0080008 7,7 17.0 13.0
MT-P0445 0083009 9,5 19.7 I'/.J
MT-P0445 0083010 13.2 13.2 l0.4
MT-P0479 00830013 12,2 12.2 14,3

Levando-se em conga o pressuposto considerado por inimeros


pesquisadoresnas 61timasd6cadas,de que a morfologta e a fungao primaria das
vasihas estio relacionadas e que, confonne Henrickson (1983), as vasilhas de uma
classeou categoria fiincional sio concebidas e fabricadas de acordo com uma gama
limitada de caractedsticas morfo16gicas, a partir das 3 categorias de vasilhas e do
elenco de 25 fomias que forum identificadas na co/egan Z.)esca/veda, pods-se passar

a discutir seus possiveis uses.


248

rasiUtas abatus e sum +xn96espresumj4g$K

Foram identificadas na colegao 8 tipos morfo16gicos de vasilhas abertas


(tigelas e pratos). Sio as vasilhas correspondentes is fomlas I a 8: tigela semi-
globular com borda direta e base anedondada,tigela semi-globular com borda
direta, base arredondada e asa, tigela semi-globular funda com borda direta e base
arredondada,tigela semi-globular funda com borda direta, base anedondada e asa,
tigela semi-globular com borda tronco-c6nica, tigela c6nica com borda cilindiica,
tigela ftmda com borda direta e baselevemente aplanada, tigela rasa/prato-
As duas pegas abertas de borda tronco-c6nica ou cilindrica(formas 5 e 6),
apresentamantiplastico de cano moido e graos de quartzo15,acabamentoliso com
lustre, uma delay apresentando:pintura vennelha no labia. Nio ha sinais de ftiligem
nessaspegas Pode-se sugerir que n8o sio vasilhas para uso sobre o togo e no cano
de cumprirem fungao dom6stica, podem ter fido usados tanto durante o preparo de
alimentos, a guisa de bahia, homo para servir, sendo nesse cano, devido is suas
proporS;6es,
de uso familiar.
Tr&s das tigelas que apresentamlevee aaas(fomlas 2 e 4) sio provenientes
do cemit6rio indio Gra/zde.Dual apresentamuma complexa pintura com motivos
geom6tricos em suas super-Hoes intemas e uma apresenta pintura no ]6bio, ah.ibutos
quereforgam o carfter ritual dessasvasilhas.
Uma outra tigela(tamb6m fomia 2), de mesmas caracterfsticas tecno16gicas
e morfo16gicas, e que cobria o crinio de um esqueleto no .4/afro -A4a/aZscz/ra,
apresentapintura vermelha apenasao longs do libio. Elsa vasilha apresentaainda
uma s6rie de perfiuag6es executadas p6s-queima, junto a borda, em intervalos mats
ou menosregulares.

14

Pam um mellor acompanhamento consultar a FIGURA 48 onde esMo representadas toda as donnas das
vasilhas da co/endo Descah'ado aqui referidas
''])e acordocom Orton,Tyers & Vince(1997), algunsandplfsticosmineraiscoma o quartzo apresentam
coeficiente de expanMo t6mlica maid elevadodo que osdemais camponentes da argila, o que mariaaumentar
Qstresst6nnico da vasilha, concorrendopara a redugaoda suavida iltil
249

Vfrias outras tigelas (de formas I e 3), apresentam antiplhstico de comma


triturada, acabamento mais rastico, mal alisado, exibindo ainda marcos de fuligem
e de enegrecimento
p6s-queima
e nitido desgaste
na base.Prov6mdos sitios-
cemit6rio indio Grande e .4/afro Ja/obd e eram usadas homo cobre-crgnios.

Apreende-se dai que vasilhas de uso dom6stico, coco essay que elam
primariamente usadas para cozinhar, podiam ter tamb6m uso ritual. E portanto
factivel que as outras vasilhas utilizadas nos sepultamentos, tail homo umps, tigelas
e outras pequenas pegas de acompanhamento funerArio pudessem ser utilizados
tamb6m para finalidades dom6sticas. Sugere-seno entanto que aquelas vasilhas que
nio apresentam fUigem e principalmente aquelas de acabamento mats esmerado e

portando pinturas geom6tricas nio seriam usadassabre o fogo-


Uma tigela funda, de borda direta e base levemente aplanada(fomia 7)
possumacabamento r6stico e antiplastico de concha. Serra bem adequada para
cozinhar,

Outras vasilhas abertas, de pequenas dimens6es, tamb6m sio registradas, a


exemplo de um pequeno prato (fomla 8) de 25cm de diimetro. Poderiam ter uso
individual para server.

rusithas resin'ingidas e saas func6es presumidas

Nesta categoria estio reunidasvasilhas que podem ter sido destinadasa


usos diversos, dada a gama variada de formal de borda e de bases e a enorme

diferenga entre as dimens6es das vasilhas de maior e de menor porte. Fazem parte
destacategoiiaas folmas 9 a 21: vaso de boboglobular com borda direta e base
arredondada(as vezes com a borda removida apes a queima da vasilha), vaso de
bojo semi-globular com borda infletida e base levemente aplanada, vaso de bojo
semi-globular com gorda infletida e base arredondada, vaso de bold
aproxim4damenteglobular com borda direta, base arredondadae algae macigas
(ap&ndices),vaso de bobo globular com borda direta e base c6nica(borda removida
ap6s a queima da vasilha), vaso de bobo aproximadamente globular com borda
250

infletida e base arredondada, vaso de bojo aproximadamente globular com borda


infletida e base c6nica, vaso de bojo semi-globular com ombro, borda e base tronco-
c6nicas, vaso de bobo aproximadamenteglobular com borda tronco-c6nica e base
amedondada, vaso de boboaproximadamente globular com borda em segmento de
cilindro e baseaJredondada,
vaso de bojo aproxlmadamente
globular com borda
composta e base arredondada, vaso de bobo aproximadamente globular com borda
composta e basetronco-c6nica, vase de boboe basetronco-c6nicos e gorda direta.
As maiores vasilhas da colegao t&m nas suas dimens6es miximas diimetros
ence 65,6cm e 98,7cm e alturas ence 71cm e 103cm. Saas capacidades
volum6tricas modem alcangar 200 litros. Essay vasilhas, dada a diHiculdade de
transports-las ou mov&-las podem ser consideradasrecipientes Htxos.
A fomta e as dimens6esdessasgrander vasilhas permitem sugerir para das
um uso primario para estocagem.
Especialmente
os maioresrecipientes,que
geralmente apresentam bases c6nicas ou tronco-c6nicas, pouco adequadaspaa uso
sobre o logo coma vasilha para cozinhar.
Essas vasilhas apresentamum acentuado desgaste, em fomia de erosao, na
super.Hoeextema de suasbasesc6nicas ou tronco-c6nicas, em contraste com o bom
estado de conservagao do seu bobo. ]nfere-se disco que base e baja estiveram
expostos a condig6es distintas- Com base em dados etnograncos sobre grupos
6tnicos que ocupavam a hea no s6culo XVI 6 possivel propor que essas pegas

estiveram por algum tempo com suas bases enterradas, enquanto que seus bozos
nio. O aterramento das bases syria uma fomia de fixar essas grandes vasilhas em
algum ponto do terreno. Assim, as grandes vasilhas teriam um manuseio bastante
limitado, dadas as subs Brandes dimens6es e p&so. Tamb6m sei.iam deslinados a
usos que nio requeressem mudangas constantes de local. Sio uma eMd6ncia do
carfter sedentirio e pemianenteda ocupagao.
Para o faso da colegao estudada no imbito desta pesquisa, as formas e
marcasde uso presentednas basesdas vasilhas fomecem algumas pastaspara a
infer&nciado seuconteQdo.
251

Pode-se considerarque essengrander recipientes de bases c6nicas ou


tronco-c6nicas tendo suas basesenterradas nio podium ser movidos nem inclinados
e seu conteido ngo poderia ser despejado, tomando portanto difcilo seu complete
esgotamento. Por outta lada, o acesso ao seu conteQdo demandaria um utensilio

auxiJiar, dada a altura superior ao comprimento do bravo humano.

Ja as vasilhas de base arredondada, geralmente apresentando dimens6es


maid modestas,vez ou ouha poderiam ser inclinadas, possibilitando assim o
esgotamento peii6dico do contehdo.

A relagao entre a altura e o diimetro mfximo de vasilhas cerfmicas foi


investigada por Henrickson (1983)i6 , que considerou vasilhames de virios grupos
elnografcos. Atrav6s dense estudo Henrickon constatou que as vasilhas para
estocagem a deco tendem a apresentar maiores dimens6es na altura do que no
diametro, sendo portanto um pouco maid altai do que largas( h > d.max).

Ja as vasi]has para estocagem de ]iquidos tandem a ser maid bojudas do que


altai, into 6, seudiimetro mgximo 6 major quesuaaltura(d.max > h.).
Na colegao de vasilhas.Decca/vedaobserva-seuma recon&ncia de bases
c6nicaspara os recipientesmaiores, nos quaid a altura 6 sempremaier do que o
diimetro m6ximo.
Levando-se em costa estes resultados, as grander vasilhas de bases c6nicas

da colegao Descalvado seriam maid apropriadas para estocagemde materiais seedse


menos pereciveis, coma gratese outros materials s6hdos, enquanto as vasilhas
medias de basesarredondadasseriam maid adequadaspara a estocagem de ]iquidos,
que exigem uma renovagao maid constante, a exemplo da agua e de bebidas

femlentadas. No entanto, escavag6esainda n5o realizadas em sitios-habitagao da


rrudlg o ,Decca/veda poderao Imzer infomlag6es maid definitivas sobre aspectos

ligados ao abastecimento, coma o prepare de alimentos e a estocagem de


mantimentos e de outros items.

l
O a\Rol €i SM. iltigo Cardhicjorh (#idjutietioh: dti ttitiog?aptiic s arch ahd dh (it }i otogical
i%op#ddfzdh,piiblicado eih 1983rClacioiladadosgobi'eforma e fiiaQaade vasiljianes de algiiilias dezeiiasde
Gerihicas etnogrgfiMS pali gei%ijidiaHetros qae padent ser aplicades a coleg6esCerfinicis aique0169icase
I)iodu2h ihflgbfx s(ibk sistciiiif de abasteciMeiit6 e econaniia de sociedadcs aitigas(Heniickm& 1983).
252

Exemplares dessas umas estio presentes em sitios-cemit6rios, tendo

portanto tamb6m film;ao ritual No entanln, liuraNe -a escap:aWaD


110cemit6rio
Z.)esca/veda-ZZ.
Petrullo observouque em gerd as umas maiores estavamvazias,
enquanto aquelas de tamanho m6dio continham esqueletos. Assim, o papal
desempellliado pelts ]:eclpientes niaioies .nos iituais .flinelfiios da Ol;upagao
associa#a a cerMica .Decca/dado .ainda i&o este claro- Jf a utilizagao dos
recipientes m6dios coma umas para sepultamento secundfrio ja foi recorrentemente
regishado'
Pequenas vasilhas de morfologia semelhante fazem parte da ce/gm/ca
Z)esca/veda. Sio representadaspdas menores umas com bordas diretas, infletidas,
tronco-c6nicas, cilindricas, hiperb61icas ou compostas e de bases c6nicas, h'onco-
c6nicas op arredondadas(formas 9, 16, 17,18, 19 e 20), tendo o menor exemplar da
colegao diimetro de boca de 7,7cm, diimetro mfximo de 17cm e altura de 13cm.
Com base nas suas pequenasproporg6esinfers-se para essas vasilhas um uso
individual, principalmente para armazenagem de pequenas quantidades de
materiais, pequenos objetos pessoais ou oferendas, ja que recorrentemente sio
encontradas em associagao is urnas funeririas-

Na categoria das restringidas, vasilhas de acabamento grosseiro e


antiplastico de concha, dais homo vasos de bobo aproximadamente globulares, borda
direta e base arredondada, apresentando ou nio alias macigas homo ap&ndices

(fomla 12) bem homo outras de bojo aproximadamente globula com borda
levementginfletida e base anedondada(fomia 14), teriam sido usadaspara
cozinhar.

Outras pequenasvasilhas menos resp.ingidas, de bordas diretas ou infletidas


e bases arredondadas ou aplanadas (formas 10, 11 e 12), seriam vasilhas de uso
fbnlihar ou individual bastante adequadaspara server e/ou prepaid alimentos
pastosos, homo sopas e cozidos.

i7 Ver PetniHo, 1932 e Migliacio, Oliveira e Silva, 1999/ 2000


253

rasilhas reshingidas com

Nesta catFgoiia estio as vasilhas bojudas e de gargalo estreito, apropiiadas

para conter liquidos, ja que sua pr6pria morfologia dificulta que o conte6do se
derrame.Sio representadas
na colegaopdas fomias de 22 a 25: bilha de bQjo
globular com borda em segmento de cilindro e base c6nica; bilha de bobo

aproxlmadamente globular com borda em segmento de cilindro e base em pedestal


bilha de bojo aproximadamente globular, borda infletida e base levemente aplanada;
bilha de bojo semi-globular, borda infletida e base c6nica. As vasilhas menores
podem ter sido usadaspara servir ou amiazenar pequenasquantidades de liquidos,
sends as maiores muito adequadas para armazenagem de liquidos e para o preparo
de bebida$ fblmentadas, sabre as quaid conga-secom refer&ncias eho.:hist6ricas e
etnograficas.
Dadas as caracteristicas apresentadas,pods-se infer, a partir da ce/Omfca
Decca/dado, alguns aspectosda ocupagaoa ela relacionada.

A fndz2s/ria ce/amiga Z)esca/dado apresenta dual grander categorias

B Uma categoria de vasilhas que obedece uma clara padronizagao

morfo16gica, embora envolva um extenso rol de formas e dimensdes, incluindo


pegas de dimens6es avantajadas- Tecnologicameme carncterizada
principalmente por antlplasticos que combinam cano moido e graos de quarlzo,
acabamentoesmeradocom alisamento e lustre, queima com oxidagao completa
ou quase completa, mesmonas pegasmais espessas.Apresenta ainda engobo
vermelho e pintura geom6tricavemtelha. Um vasilhame voltado para uso ritual

e para ump alJnazenagem que envolveria volumes cons.lderfveis-

e Uma outra categoria de vasilhas de acabamento maid grosseiro, muitas


vezes sem alisamento, com antiplastico de concha triturada, queima menos
254

cuidadosa e que apresentavasilhas de carfter dom6stico, que iMo alcangam


dimens6es tio altai quanto a anterior.

A primeira categoria, dadas as suas caracteristicas, demandaria um trabalho

que requer uma certa especializagao,enquantoque a cerfmica mais utilitiiia


poderia ser produzida tamb6m no &mbito dom6stico. Essa complexidadeda
produg#o da ce/(2mica.Decca/dado,bem homo a produgao de pegaspaa cellos uses
especi£lcos,voltadas para a aimazenagem,o preparo e a partilha de alimentos e
ainda outras para uso ritual, aponta para uma certa complexidadeda pr6pria
sociedade de seus portadores. Por sua vez as dimens6es e capacidades volum61ricas
avantdadas indicam o mango de quantidades considerfveis de alimentos,
consequei)temente sugerindo uma populagao ]lumerosa

7.3 A CERAMICA DOS ATERROS

A cerfmica da superHcie dos aterros encontra-se bastante fagmentada,


principalmente naquelessftios sem cobertura vegetal, em que a superacie flea
exposta a erosio pluvial. As chuvas anuais liberam paulatinamente os mateiiais
arqueo16gicosdo sedimento que comp6e essenaterros, deixando-os entio expostos
ao pisoteio de animaisi8, a agro de pescadorese a pr6pria erosio fluvial, que ocorre
nas 6pocasem que as cheias se intensiflcam. Desses sitios sio poucos os 6agmentos
em tamaqho sufciente para fomecerem com seguranga o perfil das vasilhas, de
modo a pemutirem a recomposigao de suas fomias.
Ja nos aterros cobertos por vegetagao, sqa ela arb6rea ou arbustiva, o

material arqueo16gico encontra-se em sub-superficie, sob uma hamada hamica, o


que shes ofeJece uma reladva protegao- Os Ragmentos provenientes disses s:infos
oferecem melhores condig6es para a reconsdtuigao das formas das vasilhas-

is Os sitios fteqiieniados por t)ifbtus .material cerimico maisftagmentado


255

Ja o estadode conservagaodo material cergmico em estratigrafia parece


estar relacionado com seu processo de ocupagao. O sino MT-P0-068
(Bam/zaZzfn/zo
.Bororo), que apresentouo mesmomaterial cerimico da superficie
at6 a base, fomece material com nagmentagao ments acentuada,possibilitando uma
reconstituigao maid segura das fomnas de subs vasilhas. Ja o sino MT-P0-042
(H/afro Jacarezfn;zo), que abaixo da super:Hoe regisha mudangas na sua ceramica,
apresenta nos niveis maid profundos uma acentuada Ragmentagao do material19,
sugerindo um possivel uso dos fagmentos na pr6pria construgao dos aterros, homo
"agregado"20'juntamente com as conchas, para estabilizagao do sedimento
empregadona elevagaodo naveldo solo. O calc&eo das conchas serviriam, neste
casa, coma aglutinante.

Caracteiiza-sea cerimica dos aterros por apresentarmaterial de maid de


uma indQstria ou tradigao ceramista.

De uma madeira gera] os sitios de aterro apresentam em super.Hoe


&agmentosda cerdm/ca .Z.)esc,a/dado
junta com uma outra ceramica, de vasilhame
de dimens6es mats modestas, acabamento maid grosseiro, coloragao panda com
leve oxidagao e predoininante antiplastico de cano maida, aqui considerada uma
manifestagao da /ru(#C o ceramfs/a Pazzfa/m/. A cerfmica de superBcie apresenta
ainda alguns 6agmentos com decoragaoplastica de Gordamipressa e com decoragao
masa.

Levando-seem costa o material de superficie dos ooze sitios que foram


objeto de Goleta,elaborou-seuma descrigaogerd da cergmica de superficie dos
atenos.

'' Max Schmidt quando escavou doin atenos na regiao do Mono do Caracaig, localizado ao sul da area da
presents pesquisa, observou que dada a grande quantidade e acentuada distribuigao dos fhginentos cerimicos
junta a conchas e ossos de animais no sedimento que comp6e os atenos, di6cilmente poderiam ser
encontrados dais ltagmentos cerimicos que pudessem encaixar-se um ao outdo.(Schmidt, 1914, p.256).
" Vbrbeteagregado(IO): materialgranularinerte(pedra, areia,etc), que participada composigaode
concretos, arpmassas e alvenarias, e maas pardculas s5o ligadas entry si por um aglutinante.(Holanda
Feneira,1986).
256

7.3. 1 A cerfmica de superficie dos aterros abordados

Nos nagmentos coletados na superficie dos aterros, observa-se que a


t6cnicade confecgaodasvasilhas 6 a acordelada,indicada pda 6atura regular ao
bongodos roletes, sabre bases anedondadas que podem se apresentar modeladas ou
mesmoroletadas(Figura63).
A pasta cerimica foi examlnada com lupa binocular, sendo que para uma
descrigao minera16gica e granulom6trica mais precisa, deverio ainda ser
examinadasIfminas delgadas,confomie metodologiapropostapor Shepard(1964)
e utilizada amplamente no Brasil por Alves (1991). No entanto ja 6 possivel dizer
que a pasta cerimica 6 bastante homog6nea, derivada da argila de boa qualidade,
abundantena regiao. Presengade muito poucas impurezas, homo muito ramosgrads
de carvio ou radiculas vegetais.

AntiDt(isticos

A ocorr&ncia dos antiplasticos na pasta cerimica do material de superacie


dessesaterros 6 mostrada na Tabela-9. Predomina homo antiplastico a concha
triturada, que este presenteem 30,37% dos haginentos. Se consideradatamb6m a
sua ocorr6ncia em combinagao com grads sub-anedondadosde quartzo, essa
porcentagem aumenta para 50,26%. Em seguida estio os antiplasticos que
combinam graos de quartzo e paco moido (24,43), graos de quartzo (12,22%), ou
simplesmente paco moido (3,67%), que juntos representam 40,32%. Em seguida
este o percentual de antiplastico de areia fma (3,54%). Os percentuais mais baixos
estio com o cauixi(espongiario fluvial), combinado ou nio com outros antiplasticos

(1,75%) e o cariap6 (cinzas vegetais silicosas) combinado com concha tiiturada, em


0,13% dos hagmentos.
257

Tabeta-9 0corr2ncia de tipos de antipldsticos na cerdmicu de


superficiedosatenos.

';liPO DE XJqTPLASTICO FREOUENCIA(%)


conchatriturada 30,37
cano cergmico moido/ amos sub-arredondados de quartzo 24,43
concha Uitumda e gdos sub-anedondados de quaitzo 19,89
ossub-arredondadosde quartzo 12,22
pacocerimico maida 3,67
leia fina 3,54
cauixie combinag6es com outros antiplasticos 1,75
caiiap6 econchatriturada 0,13

2 emma

A maioria dos 6agmentos denota queima em ambiente oxidante: 59,69%


dos 6agmentos apresentando oxidagao incompleta e 11,42% apresentando oxidagao
completa. Estio presentedainda nagmentos enegrecidos, representando 18,03% dos
6agmentos coletados em superficie. Manchas de queima apresentadaspelts
hagmentos parcialmente oxidados indira uma queima inegular da maioiia das
vasilhas. O aspecto apresentadopda maioria dos nagmentos negros parece indicar
maid um enegrecimento p6s-queima do que queima em atinosfera redutora, embora
asta tamb6m muito ocasionalmente aparega. .Alguns nagmentos(0,36% do total)
apresentam o nicleo amarelo, bem oxidado, enquanto que a superacie 6 negra,
denotando indubitavelmente um enegrecimento p6s-queima.

A coloragao gerd dos Bagmentos delta cerimica apresenta-se com tons que
vio do vermelho-escuro, laranja, amarelo, Ginza-claro e negro, identificadas por
meio do sistema.A/ume//Sof/ Co/or C/marisnas cartas 5YR e 2,5Y, com
intensidades de cor variadas (de I a 6) e claridades medias e altai (de 4 a 7).

Espessuras

A maioria dos nagmentos analisadosapresentamespessurasentre 6mm e


8mm (52,22%), sendo que aquelas arima de 8mm representam 24,92% do total e
258

aquelas abaixo de 6mm representam18,29%. Sio poucos os 6agmentos que


apresentamespessurasabaixo de 4mm (1,44% do total) ou arima de I Imm (1,85%
do total). A maior espessuraregistrada foi de 17mm (para 0,07% dos nagmentos) e
a menor foi de 2mm (para 0,14% dos nagmentos).A Tabela-10 sintetiza esses
dados.

Tabeta-10 0corr2ncia de espessurasregistradas na cerfimica dos alerros


ESPESSURAS
REGIS'l.RADAR rREQUENCiA
(%)
2mm 0,14
Abaixode 4mm 1,44
Abaixode 6mm 18.29
Entre 6mm e 8mm 52,22
Arima de 8min 24.92
Arima de llmm 1,85
j7mm 0.07

Acabamento, decQlggaoJBlarcas de uso

Como acabamentoda superficieestio presenteso alisamento(70,49% dos


nagmentos apresentamalisamento em pele menos uma das superacies), o lustro
(29,97% dos nagmentosapresentamlustro em pelo ments uma das superncies)e
ainda o enegrecido (9,31%), que pode ser um tratamento p6s-queima, tipo
"esfumaramento"''
Uma porcentagem significativa de hagmentos apresenta engobo vermelho
(l0,40%), que tanto pode estar presente nas duas superfcies do ftagmento, apenas
uma das superficies ou ainda ser restrito a certos setores,homo a borda ou ao bobo.
Estio presentes
tamb6mhagmentos
com pintura vemielhae
ocasionalmente Ginzaescuro compondo motivos geom6tricos ou apenas colorindo o
labia da pena (5,11%). Padr6es de decoragao plastica (Figuras 46a, 46b e 59)

tamb6m aparecem em superficie (5,17% dos nagmentos), sendo a mais reconente


aquela com decoragao de Gorda impressa (2,82%), acompanhada pda decoragao
incisa linear (0,96%) e por incis6es transversaisno lgbio (0,72%). Alguns

" O esfllmaramento 6 descrito por Lima(1987) coma uma t6cnica aplicada p6s-queima com finalidade tanto
utilitgria(tamar a superlicie maid impemieg'v'el), quanto decorativa.
259

6agmentos apresentando padr6es decorativos 7=up/guarani22(ungulado, digitado,


comigado, escovado, impressao de sestaiia) apareceram esporadicamente (0,42%).
A decoragao incisa em barra foi ainda menos neqiiente em superficie (0,06%).
Como marcas de uso foram registradas perfurag6es executadas p6s-queima
em 1,02% dos nagmentos coletados na superacie dos aterros e filligem em 3,06%
dosnagmentos.

Formas de Idbio

Quanto is donnasde labio23,confomie pode ser observado na Tabela-ll,


prevelecem os anedondados ( 40,81%), seguidos pelts apontados e levemente
apontados(14, 15%) e pecosaplanados ( 12,03%). Os reforgados representam 5,75%
e pequenas porcentagens de diferentes formas de labia(expandido, biselado,
complexo, roletado, dobrado, etc.), somam 9,10% do total. Para 18,16% dos
6agmentos, devido ao seu estadode conservagaoou mesmo devido a sua aus&ncia,
nio foi possivel classi6car a fomla do Ifbio.

Tabela-ll Ocorr8ncia de jormas de t&bio nos .Pagmentos analisados da


cer&micasdos atenos.

FORMASDE LABIO FREOUENCIA(%)


Arredondado 40,81
Apontado e levemente apontado 14.15
Aolanado 12.03
Reforcados 5.75
Outros(expandido, biselado, complexo, roletado, dQbrado, etc. 9,10

Formal de gorda
As bordas24apresentam-se
em sua grandemaioria diretas(verticais e
inclinadas intema ou extemtamente),com 58,89% de ocorr&ncia, seguidaspdas de
outras formal, que participam com 37,56%. As formal de bordas de 27,97% dos
nagmentos devido ao seu estado de conservagao ou mesmo devido a sua aus6ncia,

22Fontes etnograficas atribuem o digitado hesse contexts geogrgfico aos Payqgzfd. Ja a cer$nlica com
decoragao comigada dimples, no mesmo contexts, 6 considemda ;xz/eo'gzlaraz7/(ver Capitulo 2, item 2.2. 1
A cerdmicaAltoparaguaiense).
23Ver desenho das fomlas de labia na crave de classificagao dente atributo.
24Ver desenho das formas de borda na shave de classificagao deste atributo.
260

nio puderam ser classificadas. Considerando-se o total de bordas que tiveram suas
fomlas identificadas, a heqti&ncia das diretas crescepara 81,75%.

Tabeta12 Ocorr8ncia dejormas de gorda na cer&mica dos aterros


FORMAL DE BORDA NA CERAMICA DOS A'lERROS UENCIA (%)
Diretas 58,89
Extrovertida vertical 4.86
Introvertidavertical 1,00
Extrovertida/mtrovertida/vertical inclinada €xt€ma 3,6}
Extrovertida/vertical inclinada intema 3,67

CategQrias 4e vasilhas

Quanto aos atributos ligados a morfologia, t&m-se para as categorias de


vasilhas uma maior neqti&ncia de vasilhas restringidas(potes), que participam com
40,44%. As vasilhas abertas (tigelas dundas, de profundidade mediana, rasas e
pratos) representam 37,77% e as vasilhas rest:rhgidas com gargalo (bilhas)
representam21,18%. Embora a predominancia segadas vasilhas restringidas, ha
uma alta ocom&ncia de tigelas e bilhas. Ver Tabela 13.

Tabeia-13 Ocorr8ttcia de categories de vasilhas lta cer&mica dos aterros.


CA'lEGORIADEVASll.bAS FKEQUENCIA (%)
vasilhas restringidas (Dates) 40.44%
vasilhas abertas(tigelas ftmdas, de prohmdidade 37.77%
mediana, rasas e pratos)
vasilhas restringidas com gargalo(bilhas) 21.18%

Formas das vasilhas

As formal de vasilhas reconstituidas a parter de nagmentos de bordas


indicou a presenga de recipientes resUingidos de contomos globurares ou
aproximadamente globulares, com bordas diretas e infletidas, com ou sem gargalo,
vasilhas abertas, tipo tigelas, de variadas profundidades e pequenos pratos ou
tampas.

A neqti&ncia das fomtas das vasilhas mostram que a despeito de uma


pequenapredominancia das vasilhas restringidas de borda infletida(26,39%), ha
uma presengasigninicativa de vasilhas abertas(tigelas) de profundidade mediana
261

(21,55%) e de vasilhas restringidas com gargalo (21,55%). As vasilhas restringidas


de bordas diretas, representam 14,29% do total de vasilhas analisadas. .N6m dessas
fomtas mais neqiientes, estio presentestamb6m as vasilhas abertas rasas(tigelas
rasase pratos) com 9,68% e as vasilhas abertas(tigelas) fundas com 6,54%.

Tabeta14 Ocorr8ncia deformas de pasilhasna ca'iimica dos Metros


'F6RMASDAS VASnHAS PKEQUEnCiA(y)
26.39
Vasilhas nsuingidas de borda infletida
Vlisilhasabertas(tigelas)
de p! 21.55
Vasilhasrestiingidascom gargalg 21.55
Vasilhas restringidas de bordas 4i! 14.29
VasilhasaberUS(tigelas)rasas 9.68
Vasilhasabertas(tigelas) fun 6.54

Di&metro de boca
Os diimetros de boca maid neqQentesna cerimica dos atenos sio aqueles
que estio entre 8cm e 20cm, representando 57,63% do total de fomias
reconstituidas. Com quantidadessignificativas de vasilhas estio presentesaquelas
de medidas de difmetro de boca entre 20cm e 40 cm (25,91%), e aquelas de
diAmetrode boca diminuto, de at6 8cm, que participam com 15,01%. Estio
presentestamb6m algumas vasilhas com diimetro de boca entre 40cm e 60cm,
representam 1,45% do total de vasilhas que tiveram a forma reconstituida.

Tabela-15 0corrfnciu de classesde didmetro de boca da.sPmithas dos alerros

CLASSESDE DIAMETRO DE BOCA(DB) l;REOUENCIA (%)


db < ou = 8cm 15.0]
8cm< db < ou = 20cm 57.63
20cm< db < ou = 40cm 25.91
40cm< db < ou = 60cm 1.45
262

Di&metro mdximo

Os diimetros miximos mais neqtientes na cergmica dos aterros sio aqueles

que estio entre 8cm e 20cm, representando47,94% do total de fomtas


reconstituidas. Com quantidade signiflcativa de vasilhas estio presentes aquelas de
medidas de diimetro mfximos entre 20cm e 40cm (44,07%). Em menor quantidade

aparecemas vasilhascujos difmetros mfximos estio entre40cm e 60 cm (4,60%) e


aquelasde diimetros miximos estio entre 60cm e 80cm, que representam 1,45% do
total de vasilhas que tiveram a forma reconstituida. Aquelas vasilhas de digmeho
mfximo diminuto, de at6 8cm, participam com 2,91%.

Tabela-16 Ditimetros mdximos das vasilhas deformas


reconstituidas dos aterros

CLASSESDE DIAMEmO l;KEQUEUCiA (%)


db < ou = 8cm 2.9]
8cm< db < ou = 20cm 47.94
20cm< db < ou = 40cm 44.07
40cm< db < ou = 60cm 4.60
60cm< db < ou = 80cm 0.48

Alturu das vasilhas

As alturas mais heqtientes na cerimica dos atenos sio aqueles que estio
entre loom e 20cm, representando39,71% do total de fomtas reconstituidas. Com
quantidade significativa de vasilhas estio presentes aquelas que apresentam alturas
abaixo de 10cm (34,147%) e aquelas de alturas entre 20cm e 40cm (22,76%). Em
menor quantidade aparecem as vasilhas mats altas, cujas medidas de alturas ficam
entre 40cm e 60cm (2,91%) e entre 60cm e 80m (0,48%).

Tabela-17 Altut'as das 'pasilhasdeformas reconstituidas dos aferros


CLASSESDEALTURAS(H) FREOUENCIA(%)
h < ou = IOcm 34.14
10cm< h < ou = 20cm 39.7]
20cm< h < ou = 40cm 22.76
40cm< h < ou = 60cm 2.9]
60cm< h < ou = 80cm 0.48
263

volume

As capacidadesvolum6tricasmais neqiientes na cerfmica dos aterros sio


aquelas de at6 2 litros, representando 48,29% do total de fomtas reconstituidas.
Quantidade significativa de vasilhas apresentam volumes entre 2 litros e 20 litros,
representando45,23%. Volumes maid altos, arima de 20 limos aparecem em apenas
6,48% do total de vasilhas. As menores heqti6ncias forum apresentadaspor vasilhas
de capacidades volum6tricas arima de 160 litros (0, 18%).

Tabeta-18 Votnmes das vasilhas deformas reconstituidas dos aterros

CLASSESDE VOLUMES (VOL) FRE


PKEQUEnCiA (%)
vole ou = 21itros . 48.29
2 litres< vol < ou = L8.20
4 litres < vol < ou = lO litres [6.58
lO litres < vol < 0u = 20 limos l0.45
3.60
20 litros < vol < ou = 40 htrQ$
40 litms < vol < ou = 60 limos L.44

60haas< vol < ou = 80ling 0.72


80litres<vol < ou = 160litl9f U.54
160litres < vol

Outros elementoscer&micos ,I'esentes nos aterros

Outros elementos de argila tamb6m foram observados em super$cie:


ap&ndices, asas, algae, contra-pesos de fuso, cachimbos e 6agmentos desses, contas

e 6agmentos de alguns elementos de uso ainda nio esclarecido. Todos estes


elementos estio representadosnas Figuras 60, 61 e 62. A presenga de roletes nio
utilizados, bem homo de sobrasde argila (bolotas) e de "ensaios" de pegasnio
Hmalizadasevidenciam a ocorr&ncia da atividade oleira nos aterros. Alguns desses

elementosestio representadosna Figura 60.


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271

Digna de Rota ainda 6 a presengade 6agmentos de trempes25'que foram


observadosem superlicie em todos os sitios de aterro trabalhados.A forma
reconstituidade uma trempe este representadana Figura 65 e a distribuigao dos
iagmentos de trempes na superacie do .d/afro Jacarez/}Mo(MT-P0-042) este
registradana Figura 47, evidenciandoo espagode uso dom6sticona area central do
aterro. Pode-se considerar tamb6m essen nagmentos coma um indicative de
atividades dom6sticas de cozinha e a sua 6eqti&ncia provavelmente se relaciona
com a intensidade da ocupagaodos aterros enquanto espagode habitagao. At6 o
memento o trabalho de registro dos nagmentos de trempes, bem homo de
sepultamentos aflorados por toda a superacie do sino foi realizado apenas no .drerz'o
Jacarezinho.

Objetivando verificar a possibihdade de identificar o mesmo padrao de


distribuigao dos nagmentos de trempes por meio do material coletado ao longs dos
eixos Norte-Su] dos aterros, realizou-se uma quantifcagao do material.

Considerando-seque as dimens6ese a morfologia dessaspegas de &empessio


padronizadas, procedeu-seuma pesagem dos nagmentos obtidos em dada quadra na
Goletasistemftica realizadanos aterros.Assim verificou-se que a distribuigao dos
&agmentos de trempes das quadras de Goletaao longs do pixo central nio evidencia
nenhum padrao, o que indira que nada se pode inferir da sua distribuigao espacial
no aterro apenascom a amostra disponivel.
No entanto,pode-seperceberque na maior parte dos casonha uma maior
presengade trempes nos aterros de major hea, coma 6 o casa dos a/errol Pa/dc/o,
Camfsa, Jacarezf/zho e .Pedro E7ores. Aqueles sitios que apresentam poucas
trempes, por outro lado, podem ter servido para atividades limitadas, homo
acampamento ocasional ou sazonal, ou apenas para 6ns fimeririos. Embora nada se
posse atestar de forma conclusiva, 6 possivel perceber que um estudo maid
detalhado da distlibuigao dos &agmentos de trempes nos aterros, envolvendo
coletas maid intensivas e extensivas,pods se revelar um instruments de grande
potential, tanto para aferir-se se a organizagao espacial do .d/afro Jacarezfn/zo 6 um

u As trempess5oclassificadaspor Ribeiro(1988) coma cerimica utMtgiia, sendsdefinidascoma "pegasde


argila, geralmente em nimero de tr6s pam equihbrar a panda ao lume"
272

padrao,quanto para auxiliar a discussio do sistema de assentamento da ocupagao A


Tabela 19 sintetiza os resultadosda pesagemdos hagmentos de trempes coletados
sistematicamente em dada um dos onze aterros.

Tabeta-19 Ptesenga dejragmentos de trempes na superficie dos aterros(pixo Norte-Snl)

Siglado sino name do sino area aproximada peso dos n.agmentos


(em m') (emgmmas)
MT-P0-053 Ateno Camisa 885 1092.93
MT-P0442 Ateno Jacarezinho 1910 3719.15
R4T-P0441 Aterro Camifs 1453 508.76
MT-P0-082 Ateno Palgcio 4415 13652.32
MT-P0467 Aterro CaoadoGordo 1329 481.54
MT-P0-079 Ateno Mata Escura 982 66.40
MT-P0480 Aterro Pedro Flores 1975 L087.80
MT-P0-039 Ateno MarimbondoPobre 215 0.00
MT.P0440 Aterro Tuiuiu 580 LO0.7]
MT-PO- 117 AterroJapuim 482 13.92
MT-P0468 Ateno BananalHnho Barolo 908 [79.02

7.3.2 A cerimica em esbatigrafia

A cerimica em estratigrana proveniente dos dois polos-testes executados


at6 o memento, apresentamsituag6es diferenciadas, decorrentes de distintos
processor de ocupagao. Os sitios .4/afro Jacarezfnho (MT-P0-042) e .Banana/zfn/zo

.Bororo (MT-P0-068), nos quaid foram realizados os polos-testes estio implantados


em ambientes distintos, sendo o primeiro localizado em ambiente lacustre na regiao
do Caicaie outro a margemdireita do rio Paraguai,pr6ximo a Bala do Uvar.
Nos dois polos-testes o materia] arqueo]6gico fez-se presente da superficie
at6 a base rochosa areno-conglomeratica dos atenos, de caracteristica bastante

impermefvel, ja descrita anteiomiente. .Alguns n6dulos concrecionirios estio


presentes,misturados ao sedimento. O pacote arqueo16gico6 composto por um
sedimento argiloso de coloragao escura, com presenga de conchas bivalves e
gastr6podese material arqueo16gicopredominantementecerfmico.
273

Quanto po sedimento, as camadasestratipancas daqueles aterros n5o


apresentam Brandes diferengas visiveis a olho nu20 a nio ser por algumas lenten com

concentrag6esde conchas. Devido a isto os polos-teste foram abertos por niveis


artificiais de loom, da superaicie at6 a base. Considerou-se os pacotes arqueo16gicos

esgotados ao chegar-se a base areno-cong]omeratica pris 6 nnpraticfve] ultrapassf-


la. Devido ao cato dos cortes terem sido realizadosno spice da estagaoda segae
estandoo navel arqueo16gicoinferior dos aterros abaixo do navel atual da agua,
infere-seque sua ocupagaoteve inicio puma 6poca em que o ambiente era mais
sega, e portanto o navel da agua era mais baixo.

MT-P0-06B - .4taro BananalZinho sworn

O .Balm/zaZzin/zo
.Bororo este localizado pr6ximo a margem direita do rio
Paraguaie a Bala do Uvar. Possui fomia eliptica, com eixos de 49,00m e 23,60m e
com area aproximada de 908m2. No m6s de julho de 1997 apresentavaaltura
mfxima de 0,30 m a partir do navel de inundagao. O corte realizado, de 1,00m x
1,25m, alcangou a profundidade de 1,30m, at6 atingir a base arqueologicamente
est6ril.

A cerimica presente na estratigrafia apresentou caractedsticas semelhantes


is da cerimica em superficie. Da superaicieat6 a base do aterro o material cerfmico
apresentapreponderancia da concha tiitwada homo antiplfstico, apresentando uma
pequenaporcentagem de hagmentos com antiplastico de paco moido, is vezes
conlugado a ouhos materials, homo .Haas de quarUO, concha triturada ou mesmo
areia fma. A queima da cerimica apresenta oxidagao incompleta com largas fhixas
oxidadas e tamb6m uma presenga significativa de nagmentos com oxidagao
completa.
As espessurasdos Ragmentos cerfmicos apresentam-se de 3mm a 24mm,
emboraseam raros aquelas abaixo de 4mm e arima de 16mm. A maioria dos
nagmentos apresentaespessurasentry 7mm e 9mm.

26Maiores detalhessobrea estmtigrafia sedimento16gicados atenos ja foram fomecidos no Capitulo-6


274

O acabamento camcteriza-se por apresentar maioria com alisamento e ainda

presenga significativa de lustre. Como decoragao esHo presented o engobo


vermelho e a pintura vermelha e ocasionalmenteGinza escuro. A presengade
decoragaoplastics 6 muito rata, sugerindoser material intrusivo neste sino.
Quanto is fomlas de labiosn, predominam os anedondados, seguidos pelts
levemente apontados, registrando-se uma pequenina presenga de alguns outros
typos.

Quanto is fomias de bordas28,prevalecem as diretas, seguidas por uma


pequenaporcentagem de infetidas.
A presenga de vasilhas abertastipo tigelas flmdas e rasas, pratos e vasilhas
restringidas com bordas diretas e infletidas e ainda a presenga de bilhas(vasilhas de
contomo infletido, gargalo e pescogobongo) e de nagmentos de hempel foi
observada tanto em superficie quanto em estratigrafia.
Assim, o sino MT-P0-068(Ba/m/m/zfn/zo .Bororo), apresenta a mesma
ind6s&ia cerimica da superficie at6 a base, indicando uma mesma ocupagao.
Levando-se em conta as caractedsticas tecno16gicas,estilisticas de mot$o16gicasda
cerimica dessesino, 6 possivel allibui-la a /radzgaoceramfszaZ)esca/dado.Devido
a predominancia da presenga de cerfmica utilitfria daquela tradigao ceramlsta nesse

sino, pods-se ainda sugerir seu uso coma habitagao, ou polo ments que tivesse pele
havido uma atividade recorrente de cozinha.

MT-P0-042 - Aterro .Jacmezinho

Localizado na regigo do Caicaio .41erro.Jacarezfn/zopossui romia elfptica,


com eixos de 52,20m e 46,40m e com hea aproximada de 1910m:. No m6s de juno
de 1997 apresentava altura mixima a partir do navel de inundagao de 1,30m. O
corte realizado, de 1,00m x 1,00m, alcangou a proflJndidade de 1,35m, at6 atingir a

base concrecioniria ou arena-conglomeratica.

27ver desenho da forma dos lgbios a pagina 285


28ver desenho da fomla das bordas a pggina 286
275

A cerfmica presents na estratigrafa do .d/afro Jacarezfnho apresentou


caracteristicas diferenciadas da cerimica em superficie.
O andplastico de concha Idturada, Ho preponderante em super:Hoe,
apresenta-se a parter do Navel-l, de profundidade de 10cm, at6 uma proflmdidade de

80 cm feith de cano maida, sends ainda que a partir deste navel at6 a base do ateno

passaa ser predomlnantemente de areia fina e/ou grads de quartzo.


A queima pleponderante 6 aquela de oxidagao incompleta, apresentando na
maioria dos 6agmentos cerfmicos fina hamadaoxidada de tonalidade panda,ao
contriHo da oxidagao incompleta dos nagmentos de superficie, que apresentam

largas fbixas oxidadas de tonalidades maid claus e brilhantes. Em tempos de


6eqii6ncia os 6agmentos com oxidagao incompleta sio seguidos pelos de coloragao
cnlza-escuro a negro, apresentandoainda uma pequena quantidade de 6aginentos
totalmente oxidados.

Suas espessuras variam de 4mm a 12mm, apresentando apenas

ocasionalmente medidas abaixo de 5mm ou arima de IOmm. As espessurasmaid


fe(liientes ficam entre 6mm e 8mm.
No acabamento das pegas prepondera a aus6ncia de alisamento ou o mal
alisado, caractedstica que se acentua em profundidade. Nos niveis inferiores, o
alisamento e o lustro s5o praticamente ausentes. Em profundidade desaparecem

tamb6m os hatamentos de superficie, o engobo e a pintura, enquanto a impressao de


Gordae a decoragaoincisa passama ser a decoragaomaid representativa. Nos niveis
mais profimdos a decoragaoplastica esM representadaprincipalmente pda incisa
penteada(ouincisa em barra) e em menor quantidadepda decoragaoincisa
ponteada. Um nagmento que apresenta uma combinagao dos doin grafismos indict
que fazem parte da mesma indQstria.
Os Ifbios das vasilhas tamb6m apresentam mudangas, sends que no navel
maid pr6ximo da super.Hoe os al.redondados e aplanados representam a grande
maioria, aparecendo ainda alguns outros tipos em muito pequena quantidade. Em
profimdidade oconem os tipos maid variados: arredondados, apontados, aplanados,
expandidos, biselados, complexes, roletados, dobrados, e ainda variag6es desses.As
bordas apresentam-se em sua maioria diretas, seguidas pdas infletidas.

Levando-se em costa as formal das vasilhas reconstituidas a partir dos


hagmentos coletados em profundidade, pods-se observar a aus6ncia de vasilhas
abertas tipo tigelas rasas e pratos. Grande parte das vasilhas globulares
caractedsticas delta cerimica apresentammenores dimens6es do que a cerimica de
superficie. Tamb6m as Uempesestio ausentesem profundidade.
Uma descrigaomais detalhadado material cerfmico dos atenos serf
apresentada maid adiante, ap6s os testes estatisticos, que deverio apontar
agrupamentosde material cerimico por similaridade, auxiliando na identifcagao
das diferentes indtlstrias cerimicas.

Verifica-se portanto que no sino MT-P0-042(Hferro Jacarezfn/zo), homo


nos demais aterros, a superficie apresenta&agmentos da ce/dmfca Z)esca/dadojunta
com outra ceramica, de vasilhame de dimens6es modestas, acabamento maid
grosseiro, coloragao parda com leve oxidagao ou ainda enegrecimento, antiplastico
predominante de cano moido e com presenga de alguns 6agmentos com decoragao
plastica de Gordaimpressa.
Em niveis subseqtientesa cerdmica f)esca/dado se ausenta,permanecendo
endo a cerimica de coloragaopandae antiplasticode paco.Nessacerimica o
engobo vemielho e a pintura, caractedsticos da /ru(#fao .Decca/veda, estio
ausentes.Levando-se em costa as caracteristicas dessa cerimica e especialmente do
seu vasilhame, pode-se considers-la uma manifestagao da /rudzf&o ceramfsfa
Panzana/,ja de6nida para os atenos da regiao de Corumba, no estado de Mato
Grosso do Sul. Considerandoainda suas especifcidades quanto a certos padr6es
estilisticos, que apresentam-serecorrentes na hea geografica do Pantanal de
Cfceres, distinguindo-se daqueles descritos para os sitios de aterro de Conimbg,

pods-se proper pam elsa cerimica a classificagao de /rac#gdo /'an/ana/ Base


Zalama, lembrando que a ilha hom6nima parece sinalizar o centro geografico de sua
hea de ocon&ncia.
Nos niveis mats profundos do -H/afro Jacarez/n/zoo material cei6mico
apresenta ainda outras mudangas, caracterizando-se pelo emprego exclusivo de
graos sub-anedondados de quartzo e areia fma homo antiplastico e pda presenga de
decoragao plastica incisa, especialmente daquela incisa em barra.
Infelizmente, o pogo-teste ai realizado, devido is suas pequenas dnnlens6es,

nio fomeceu material suficiente que pemiitisse um estudo completo do vasilhame


dessaceramica, aqui denominadaZncfsa Pen/eads. Essa cerimica parece indicar
uma situagao diferenciada em relagao ce/gmfca Pan/ana/-Zaiama, merecendo,
portanto um estudo cuidadoso, que demandarf a ampliagao da hea escavada, para
obtengao de uma amostra maid signi$icativa, pemlanecendo por ora homo uma das
perspectivasfuturas de trabalho.

7.3.3 A anflise do material cerfmico quanto a deus atributos

A anflise do material cerimico teve coma objedvo obter um quadro

descritivoda cerimicaarqueo16gica
do Pantanalde Caceres,bem homoobter
parametros comparativos entre as diversas indQstrias ou tradig6es ceramistas
presentesnaareaestudada.
Na anflise do material cerimico foram empregados manuais

tradicionalmente utilizados na arqueologia, tail coma: Shepard (1968), Rice (1987),

Sinopoli(1991) e Orton, Tyers e Vince (1997).


Dado o hto da cerimica da hea em estudo nio ter ainda fido desci-ita,

procurou-serealizar uma anflise preliminar do material cerfmico medianteum


amplo rol de atributos, embora muito distante de esgotar a gama de possibilidades
existentes.Objetivando captar as semelhangase diferengas maid evidentes at6
variag6es mats subs farah considerados aspectos tecno16gicos, estilisticos e
morfo16gicos da ceramica, sendo entio analisados nos nagmentos que comp6em a
colegao da cerimica dos atenos, 19 atributos, classiftcadosem 165 varifveis. A
278

shavede classincagao utilizada na anilise do material cel6mico coletado nos aterros


bem homo as planilhas de classificagaoestio apresentadashomo ANEXO-A e
ANEXO-B respectivamente.
Posteriormente, observou-se que algumas dessas varifveis nio
representavam diferengas significativas, sendo entio agrupadas com outras com as
quads guardavam maior similaridade. Assim, foram submetidos aos testes

estadsticos19 atHbutos e 99 vaiifveis, apresentadosa seguh.


Para a realizagao da anflise do material cerimico dos aterros os 6agmentos
foram identificados com informag6es de sua proced&ncia(sino, quadra do sino em

que foi coletado e numeragaode ordem). Os dados de sua identificagao bem coma
as suascaracteristicasforam langadosnuma planilha de fomla codificada. Delta
fomia, na planilha de anflise dos nagmentosceramicos,dada ]inha sinteliza as
infomlag6es sobre um nagmento cerfmico.
A primeira coluna traz a identificagaodo sino onde o nagmento foi
coletado. A segunda coluna infomia o Nvel em que o nagmento foi coletado(se em
superficieou em que dvd estratigrafico).A terceira coluna infomia a posigaodo
nagmento no sino(nilmero da quadra de coleta confomie quadriculamento adotado)
e Ihe alribui um n6mero de ordem de registro. Para efeito de ilustragao seguem-se

algunsexemplos:

Para SiTIO (primeira Goluna):


Sigla do sino confomie registro no PRONAPA(3 dfgitos).
Ex: 042 paraAterro Jacarezinho(MT-P0-042); 117 paraAterro Japuira
(MT-PO-] 17)-

Para PROVENIBNCIA(segundo coluna):


9999 -- Superncie
OIOI- Corte01,Navel01
0102 -- Corte 01, N.ives02, e assim por dialite.
279

ParaNUMERODA PENA(terceira
collins)
N' da quadra, seguido pelo n' da pena na Quadra
Ex

0000145 (quadra N00/E00, pena de numeragao 145)


0400087 (quadra N04/E00, penade numeragao 087)
0200032 (quadra N02/E00, pena de numeragao 032)

As demais colunas da planilha trazem infonnlag6essobre os atlibMos de


dada6agmento, de acordo com uma s6iie de varifveis deHinidaspara dada atributo,
apresentadosa seguir na crave de classificagao adotada na anflise da cerimica no
6mbito do presentetrabalho. Os dadosprovenientesda anflise da cerimica foram
submetidos a testes estatisticos, fomecendo resultados que servo apresentadose
discutidos inais adiame.

CHAFE DE ctASSlrlCACAo DOS FRAGMENTOSCERAMICOS

I.CLASSE (2 atributos)
00 - 6agmentode panesquenio sio borda
Of-6agipento deborda

2. ANTiPI.Asnco (IOvadifvds)

01 conchat:riturada
02 pacocerAinicomoido
03 graos sub-arredondadosde quartzo
04 cauixi; cauixi combinado com cano e/ou quartzo e/ou concha
05 pacomoido e conchatriturada
06 capomaida e cauixi
07 pacomoido e gratesde quartzo
08 areiafma
280

09 - canomoido, graos de quartzo e concha triturada


10 - concha triturada e graos de quartzo

3. CLASSESDE ESPESSURADA PE(IA (em milimetros) (5 variaveis)

0 napidentiHic6vei
l e < ou = 4mm
2 04mm < e <ou
3 10mm < e <ou 25mm
4 25+nm< e

4. QUEtMA (5 varifveis)

0 - uma das superniciesausente/nio identificfvel


1 - totalmente Y/R (oxidagao completa)
2 - totalmente Ginzaescuro ao negro
3 - superficies Y/R, ntlcleo Ginzaescuro ao negro( oxidagao incompleta) e
vanago€s
4 - n6cleo Y/R, superficie(s) Ginzaescuro a negro(ox. com enegrecimento
p6s-queima)

5. ALIS4MENTO (2 vai%vets)
0 - ausente/malalisado

1- nas superficies intema e/ou extema

6. LUSTRO (2 variaveis)
0 - ausente/ma]alisado

1- nas super.Hoesintema e/ou extema


281

7. ENEGRECIMENTO (2 varHveis)
0 - ausellte/ma]-alisado
1- nas superacies intema e/ou extema

8. ENGOBO (2 variaveis)
00 - ausente
Ol- corante mineral vemlelho nas superacies extema e/ou intema

9. PINTUliA (2 vari6veis)
00 - ausp11te

Ol- nas superntciesextema e/ou intema e/ou no labia

10. DECORACAO PLASTICA ( 7 varMveis)


00 -ausente

OI - impressaode gorda
02 - incisa penteada(incisao em barra)
03 - incisa em linhas

04 - inci$a ponteada
05 - incisa ponteadano Ifbio ou incis6es transversais no Ifbio
06 - incisa p6s-queima e ouhas padrao Tupiguarani(ungulada, digitada,
beliscada, escovada e impressao de sestaria)

] 1. MARCAS DE USO (3 variaveis)


OO- ausente/nio identi6cada
OI -ftu'o

02 - fbligem

12. FORMA DE LABIO - vide desenhos(IQ vatiaveis)


00 - ausente
Ol- arredondado e arredondado marcado extemamente ou intemamente
282

02 apontadoe levementeapontado
03 aplanado eaplanado expandido
04 expandido, expandido com rebarba intema ou extema,
05 reforgado extemamente ou intemamente
06 hieplnrln
V-U

07 complexo
08 roletado
09 doblado

13. FORMA DE BORDA - vide desenhos(6 variaveis)


00 - ausente

Ol- direta(vertical, inclinada extema e inclinada intema)


02 - inDetida - extrovertida vertical

03 - inJRdda - intioverdda v:eltical

04 - infletida - extrovertida inclinada extema, introvertida inclinada ext.,


vertical inclinada extema
05 - infletida - extrovertida inclinada intema e vertical inclinada intema

14 CATPGORIADE VASILliA(4 varifveis)


00 Nio ,identiHicfve]
01 Vasilha aberta
02 VasjlM-esl:rt@'h
03 Vasilha restringida com gargalo

15
FORMA DA VASILHA - vide desenhos(9 variaveis)
00 . Nio identificfvel

01 Tigela de proftlndidade mediana ( 0,5 db > ou = h > ou 0,25 db)


02 - supiimida

03 Tiger linda (h > 0,5db)


04 Tigelarasa(0,25db > h > ou = O,Idb)
283

05 - Pratt faso (0,1 db > h )


06 - Vasilha resaingida com borda direta(fabio com ou sem inflexao)
07 - Vasilha rest:ringidacom borda infletida(dm < ou - 1,75 dgarg)
08 -- suprimida
09 -- Vasilha restringida com gargalo e pescogo curto (bilha) (hg < ou = 0, 1
h max.)
10 -- Vasilha restringida com gargalo e pescogo de comprimento mediano
(bilha)(hg> 0,1h max.)

L6 CLASSESDE DiAWETKO DE BOCA db(5 variaveis)


0 - Nio identificfvel
1- db < ou = 8,Qcm
2 - 8,0cm < db < ou = 20,0cm
3 - 20,Qcm < db < ou = 40,0cm
4 - 40,0cm< db

U. CLASSESDEDIAMETROMAXiMO dm (6 variaveis)
Q- Nio identificfvel
1 - dW< ou = &0cm
2 - 8,0 < dm < ou = 20,0cm
3 - 20,0 < dm < ou = 40,0cm
4 - 40,0 < dm < ou = 60,0cm
5 - 60.0 < dm < ou - 80,0cm

18 CLASSESDE ALTURA - h (7 varigveis)

0- Nio identificgvel
1 - h < ou = ]0,0cm
2 - lO,Ocm < h < ou = 20,0cm
3 - 20,0cm < h < ou = 40,0cm
4- 40,0cm < h < ou = 60,0cm
284

5 - 60,0cm< h < ou 80,0cm

6 - 80,0cm< h

19 CLASSESDE VOLUME - vol (IO variaveis)


Nio identificgve]
vol < ou =2 1iU'os

2 litres < vol < ou = 4 litros


4 limos < vol < ou = IO litres
101itros<vol< ou = 201itros
20 ],iaos < vo] < ou = 40 intros
401itros< vole ou = 601itros
60 limos < vol < ou = 80 intros
801itros< vole ou = 1601itros
9 160litres< vol
FIGURA66
FORMASDE LABIO PARA ANALYSECERAMI

OI -- arredondado e arredondado marcado


int. ou external ante
n

02 - apontado

03 aplanadoe aplanadoexpandido

04--expandido c/ ou s/rebarba
int. ou extemamente.

05 - reforgadoint. ou extemamente

06--biselado

07 complexo

08-roletado
FIGURA67
FORMASDE BORDA PARA ANALYSECERAMICA DO PANTANAL DE CACERES

01 direta (vertical, incl. interns, incl- extema)

02 - extrovertida vertical

03 introvertida vertical

04 extrovertida inclinada externa


introvertida inclinada extemae
verticalinclinada externa

05 -- extrovertida inclinada interna


veNical inclinada interna
287

7.4 AANALISEESTAT{STICA

Conforme ja foi exposto, foi realizada a anflise do material ceramico,


mediante a classificagao de seus atributos em uma gama de variag6es por des
apresentadas.

Considerando que a estatistica disp6e de eflcientes instnlmentos para


comparar conjuntos de dados com grande nimero de variaveis, os dados
provenientes da anAlise do material cerfmico foram entio submetidos a
procedimentos estatisticos: anflise de agrupamentos ou c/ws/er, anhlise de
componentesprincipais e estatistica descritiva.
Inicialmente os dados de natureza tecno16gica e estilistica dos nagmentos
cerfmicos analisados foram submetidos a anflise de c/z/s/er. Foi utilizado o

programs MINIT.AB para produzir dendogramas por meir do m6todo Comp/e/z


Z,fnkageC/z/seer,4/m/ysfs29.O objetivo da anflise de c/us/er 6 a partigao de um
conjunto de objetos em dots ou mats grupos baseadosna siinilaridade dos objetos
para um conjunto de caracteristicas especificas.
Os dendogramasobtidos permitiram a caracteiizagaodescritiva das
cerAmicas dos ateno$ bem homo a identificagao de semelhangase diferengas
existentes entre as amostrasprovenientes dos diversos sin.os.
11
No imbito dentetrabalho, tr&s graficos de cluster sgo apresentados.
O primeiro dendograma compara as amostras de material cerimico 1}
coletadas na superficie de ooze aterros: MT-P0-039 (H/afro J14arf/? ando Pobre),
11
MT-PO-Q40(H/afro 7uluiu), MT-P0-041 (H/afro Carayds),MT-P0-042 (2/en'o
Jacarezin/zo),MT-P0-053 (H/e/"roChmfsa),MT-P0-067 (H/er/"oCapado Gordo),
MT-P0-068 (Banana/zin/zo Bororo), MT-P0-079(H/afro .A4a/a Escz/ra), MT-PO-

080 (2/afro .Pedro };bores), MT-P0-082 (H/er/"o Pa/dao) e MT-PO-117 (H/er/"o


Japuirab.

29Para maiores informag6es sabre a utilizagao do m6todo consultar Everett & Dunn, 1998, p.99-126 e para
aplicagaa em trabalhos de arqueologia, cansulta Shemmn, 1:990,p.21240 .
288

O segundo dendograma compare o material cerfmico de superfcie e o


material cerimico proveniente de dez niveis estratjgraflcosdo sino MT-P0-068
(BananalzinhoBororob.
O terceiro igualmente compara o material cerimico proveniente de catorze
niveis estratigraHlcos,
a16mdo materialde superacie,do sino MT-P0-042(H/afro
Jacarezinhob.

As distintas ind6strias cerfmicas e os agrupamentos de sitios indicados


pecos dendogramas foram entio comparados quanto a atributos morfo16gicos,
dimens6es e capacidade volum6trica de suas vasilhas. Esses at:ributos oferecem
maior potQncia]para a investigagao de aspectosecon6micos e sociais da cultura,
extrapolando a mera caracterizagaodescridva do material arqueo16gicoestudado.
Para comparar-seas dimens6ese a capacidadevolum6trica das vasilhas
essesdados foram submetidos a anflise multivariada, atrav6s de .Reducing //ze
DimenlsiolaalityofMulfixzariale I)au30 ,gizmo:w Q pmW;amaStatistical.Package
jor ttw Social Sciences (St' SS-8).
Complementamiente, na comparagao dos atributos morfo16gicos foram
usadosgraficos de barra, que apresentamas 6eqti&ncias das categorias de contomo
e das formas dasvasilhas.

" Pam maiores inhmnag6es sabrea utilizagaa do-m6tadoconsulbr Ex,britt & Dunn, 1998 e pam aplicagao
em tmbalhos de arqueologia, consultar Shennan, 1990, p.241-97.
289

O dendogramaobtido para o material dos ooze atenos mostra a


simi[aridade do material cer6mico de superficie dos atenos considerados,
apresentandovalores arima de 76,90%.

Hierarchical Cluster Analysis-ofVariHbles

Correlation Coefficient Distance, Complete Linkage

Amalgamation Steps

Step Number of Similarity Distance Clustus N!!mber Qf obs


clusters level level joined cluster in new cluster
l 10 97 79 0.0443 5 3 2
2 9 97 04 0.0592 6 2 2
3 8 96 46 0.0713 4 3 3

4 7 96 36 0.073 1 11 l 2
5 6 95 67 0.087 7 10 7 2
6 5 95 33 0.0932 8 2

7 4 90 33 0.1933 9 3

8 3 89 21 0.2163 7 3 6

9 2 86 98 0.2602 3 2 9

10 l 76 91 0.4621 2 l 11

Pode-se identificar no dendograma apresentado na Figura 68, que


correspondeao material coletado na superficie dos aterros, tr&s niveis de
siinilaridade ence ossitios.
Sim clarity
76.91

84.61

92.30

100.00

Variables

SUPERFICIE DOS ATERROS - Correlations (Pearson)

sitio39 sitio40 sitio4] sitio42 sitio53 sitio67 sitio68 sitio79 sitio80 sitio82
sitio40 0.613
sitio41 0.746 0.947
sitio42 0.736 0.913 0.929
sitio53 0.745 0.935 0.956 0.949
sitio67 0.664 0.941 0.934 0.886 0.895
sitio68 0.543 0.790 0.840 0.784 0.790 0.740
sitio79 0.586 0.907 0.906 0.806 0.864 0.911 0.847
sitio80 0.545 0.817 0.827 0.807 0.823 0.749 0.844 0.836
sitio82 0.615 0.853 0.883 0.877 0.886 0.913 0.820 0.798
sitio117 0.927 0.632 0.747 0.774 0.748 0.635 0.565 0.538 0.601

FIGURA68 Dendograma do material cerimico de superflcie dos aterros


291

No piimeiro nive] estio aquelasassociag6es


nas quais a similaiidade6
altissima, apresentandovalores arima de 92,30%. Nessa situagao, cinco
agrupamentos sio evidenciados:

Agrupamento dos sitios MT-P0-068 e MT-P0-082.


sino MT-P0-080, que apareceisolado.
e Agrupamentodossitios MT-P0-041, MT-P0-053 e MT-P0-042
©
Agrupamentodossfbos MT-P0-040, MT-P0-067 e MT-P0-079
e
Agrupamento dos sitios MT-P0-039 e MT-PO-1 17.

Num segundo navel de similaridade estio aquelas associag6esnas quais a


similaridade este entre 84,61% e 92,30%. Nessa situagao sio evidenciados tr&s
conyuntosi

©
Agrupamentodos sitiosMT-P0-041, MT-P0-053, MT-P0-042 e MT-P0-080
e
Agrupamentodos sitiosMT-P0-041, MT-P0-053, MT-P0-042, MT-P0-080,
MT-P0-068 e MT-P0-082.

Agrupamentodos sitiosMT-P0-040, MT-P0-067, MT-P0-079, MT-P0-041,


MT-P0-053: MT-P0-042, MT-P0-80, MT-P0-068 e MT-P0-082.

E fmalmente, num terceiro nigel esHo todos os sfbos em que a similaridade


6 de 76,91%, que evidencia a relagao entre o aWpamento foimado polos sitios MT-
P0-039 e MT-PO-117 e o agrupamentoformado por todos os demais sitios: MT-
P0-040, MT-P0-067, MT-P0-079, MT-P0-041, MT-P0-053, MT-P0-042, MT-
P0-80, MT-P0-068 e MT-P0-082,

Coeficientes de correlacio do material cerfmigQde superfcie dos aterros

O material cerimico de superficie do conjunto de sitios apresentaos


coeficientes da matriz de correlagao entre 0,538 e 0,956. Das conelag6es
292

apresentadasence os ooze sitios, muitos Fares estio arima de 0,75, valor a para do
qual considera-se, no imbito dense trabaUlo, que as amostras comparadas sio
similares.

O agrupamento que mais se separados demais, apresentando similaridade


de 76,91%, 6 aquele formado pelts sitios MT-P0-039 e MT-PO-1 17. Na matriz de
correlagao estes sitios sio responsaveis por quake todos os coeficientes que estio
abaixo de 0,750. Sei.iamportanto os sitios que apresentammaterial cerfmico ments
similar ao dos demais. No entanto, estes sitios sio aqueles que menos material para
anflise fomeceram, tendo o MT-P0-039 fornecido apenasdoze bordas e o MT-
PO-117 apenas uma. Material assim tio reduzido com certeza introduz distorg6es
na sua comparagao com ouhos, ja que nio este representado por toda a gama de
valiag6es qne a sua indistria ceigmica apresenta.
Levando-se em conta os demais sitios, os coeficientes de correlagao
apresentam valores acima de 0,750 ou muito pr6ximos desse valor. Eases autos
coeficientes de correlagao indicam uma grande similaridade entre o material
cerimico da superficie dos sitios, quando comparados os seus atributos tecno16gicos
e estilisticos. Os atiibutos tecno16gicos e estilisticos do material cerfmico
evidenciam, portanto, a presenga de um material cerimico similar na super$cie dos
aterros.

Apresentandouma maier similaridade do material ceramico: estes sitios


agrupam-se em quatro conjuntos. Desses conjuntos o mais destacado 6 aquele
composto-peltssitios MT-P0-040, MT-P0-067 e MT-P0-079, puja similaridade 6
pr6xima de 95% e cujos coe$cientes de correlagao, indicados pda matriz sio: entre
o MT-P0-040 e MT-P0-067 6 de 0,941; entre MT-P0-040 e MT-P0-079 6 de
0,907 e MT-P0-067 e MT-P0-079 6 de 0,91 1,

Outro agrupamento que apresenta aldssimos coeficientes de correlagao


(entre 0,929 e 0,956) 6 aquele que associa os sitios MT-P0-041, MT-P0-053 e MT-
P0-042, que apresentamos seguintes coe6cientes de conelagao: MT-P0-041 e
MT-P0-042 6 de 0,929; entre MT-P0-041 e MT-P0-053 6 de 0,956 e ence MT-
P0-042 e MT-P0-053 6 de 0.949.
293

Essen alois agrupamentos evidenciam maiores similaridades entre shios


geogralicamente mais pr6ximos, sugerindo a exist&ncia de nucleag6es estilisticas de
cmgtertemtorial.
A nucleagao dos sitios MT-P0-041, MT-P0-053 e MT-P0-042 serra

representadapor sitios localizados na regiao hole alagada, drenada pecos ribeir6es


Caicaie Camlsa, que apresentamaltissimos coe.6cientesde correlagao. A outra
nucleagao seiia aquela dos silos MT-P0-040, MT-P0-067 e MT-P0-079,
localizados na Bala do Uvar, com coeficientes de correlagao tamb6m muito
elevados.Por outro lado, o sino MT-P0-080, tamb6mlocalizado na Bala do Uvar
apareceisolado hesse navel do c/z/s/er,apresentandocoeBcientes de correlagao maid
modestos em relagao aos outros sitios da mesma bala (ence 0,749 e 0,836). Embora
nio representem diferengas muito significativas, essen coe8lGientes de correlagao
mais baixos indicam uma similaridade um pouco menor enlre o MT-P0-080 e os
outros silos da Baja do Uvar, especialmenteem relagao ao MT-P0-067- Essay
diferengastalvez possamsugerir uma certa autonomia entre distintos aterro$
mesmo que geograficamente pr6ximos, ou mesmo periodos distintos de ocupagao-

A investigagao dessaship6teses no entanto, demandarf a inclusio de outros tipos de


dados, que extrapolem aspectos meramente tecno16gicos do material cerfmico
empregados nos testes de c/zls/er realizados-
O agrupamentodos sitios MT-P0-068(.Ba/m/m/zfn/zo .Bororo) e MT-PO-
082 (H/afro .Pa/dc/o) apresenta grau de correlagao muito elevado (0,913),
evidenciando grande similaridade entre as cerAmicasdos doin sitios.
Entre todos os sitios estudados o MT-P0-082 destaca-se por apresentar
material cerfmico similar aquele da colegao-refer&nciada /rad7g&o ceramic/a
Decca/dado, associado a ocupagao das grandes aldeias e cemit6rios ribeirinhos.
Assim, entretodos os aterrosestudados,
o MT-P0-082 e o MT-P0-068 podemser
considerados os melhores representantes daquela tradigao ceramista.
O agrupamentodos silios MT-P0-068 e MT.P0-082 evidenciaa alta
similaridade existente ence o material cerfmico daqueles sitios, sendo maid uma
evid&ncia de que a despeito de algumas diferenfas nos antiplasticos, no acabamento
294

e na decor-agropintada existentesentie essasceramicas,as dias fhzem parte da


mesmatradigao ceramista.O cluster reforga,portanto, a hip6tese inicial de que a
cerimica do sino -BananaZz/nho
Bororo representana verdadea cerimica utilitfria
da tradigao Descalvado.

Andlise do mataial ca&mico da estratiH'chia do sino MT-P0-068

O dendograma dos niveis estratigraficos e a matriz de correlag6es do sino


MT-P0-068(Banana/zf/z/zo .Bororo) evidenciam uma acentuadasimilaridade, culo
patamardais baixo 6 de 89,64%.

Hierarchical Cluster Analysis of Variables

Correlation Coefficient Distance,Complete Linkage

Amalgamation Steos

Step Number of Similarity Distance Clusters New Number of obs


clusters level level joined cluster in new cluster
l 9 98.88 0.022 7 8 7 2

2 8 98j] 0.034 4 9 4 2
3 7 0.046 2 5 2 2

4 6 97.42 0.052 3 4 3 3

5 5 97.25 0.055 16 l 2

6 4 96.37 0.073 1 7 l
7 3 94.54 0.109 12 l
8 2 93.85 0.123 1 10 l
9 l 89.64 0.207 13 l 10
Similarity
89.64

93.09

96.55

100.00

Variables

DITTO MT-P0-068 - Correlations (Pearson)

niv}02 niv103 niv104 niv105 niv106 niv107 niv108 niv109 nivl10


niv103 0.934
niv104 0.911 0.874
niv105 0.909 0.914 0.949
niv106 0.939 0.954 0.890 0.928
niv107 0.945 0.925 0.872 0.874 0.948
niv108 0.928 0.900 0.946 0.937 0.914 0.938
niv109 0.927 0.891 0.910 0.918 0.916 0.953 0.978
nivl10 0.937 0.935 0.948 0.966 0.925 0.906 0.954 0.948
niv9999 0.902 0.930 0.793 0.808 0.877 0.916 0.891 0.890 0.863

FI(laURA 69 Dendograma do material ceMmico de estratigmfia do sino MT-P0-068


296

la do sino
MT-P0-068.

O material cerimico de todos niveis apresentamaltissimos coeficientesde


correlagao,entry 0,793 e 0,978. O cluster conllrma, portanto, que a cerimica do
sino MT-P0-068 representa,do topo a base, uma mesmaceramica, associadaa
mesma ocupagao. As pequenasdiferengas entre os coeficientes de correlagao podem
ser atribuidas a pouca quantidadede material apresentadapor alguns niveis, que
pode ngo contemplar toda a gama de varifveis caracteristica dessacerfmica.

O dendograma dos Mveis estratigraficos e a matriz de conelag6es do sino


MT-P0-042 evidenciamvariag6essignifcativas no material ceramico,que oconem
em diversos niveis estratigraficos densesino.
No menor navelde siinilaridade registrado(74,23%), o dendogramadestaca
dais agrupamentos:um grande conjunto que associa o navel de superacie at6 o
Navel-8, into 6, da superficie do aterro at6 uma profundidade de 80cm e um outro
conlunto que associaos niveis de 9 a 14, into 6, com profilndidade a partir de 80cm
at6 135cm, onde a escavagaoatingiu a base concrecioniria do aterro.

alia do sino MT-PO...042

O agrupamento que maid se distancia dos demais 6 aquele que representa o


"pacote" arqueo16gico representadopelts niveis eshatigrancos maid proflindos do
aterro(niveis de 9 a 14 - profundidade a partir de 80cm at6 135cm). Os coe6cientes
de correlagao registmdos entry easesniveis sio todos alton, entre 0,820 a 0,979,
evidenciando tratar-se de uma mesma cerfmica- E representado pda cetimica que

apresenta6aginentos decoradoscom incis6es em barra(cerdmfca /ncfsa Pe/breach).


297

Hierarchical Cluster Analysis of Variables

Correlation Coefficient Distance, Complete Linkage

Amalgamation Steps

Step Number of Similarity Distance Clusters New Number of obs


clusters level level joined cluster in new cluster

l 14 98.71 0.026 lO ll 10 2

2 13 9721 0.056 12 ]3 12 2
3 12 95.54 0.089 4 6 4 2
4 11 94.52 o.110 2 4 2 3

5 10 94.43 o.lll 3 7 3 2

6 9 93.96 0.121 9 10 9

7 8 92.95 0.141 2 5 2

8 7 92.94 0.141 12 14 12

9 6 91.92 0.162 1 15 l
10 5 91.89 0.162 3 8 3

LI 4 91.02 0.180 9 12 9

12 3 87.38 0.252 2 3 2 7

13 2 82.85 0.343 12 l 9

14 l 74.23 0.5]5 1 9 ]
15

O agrupamentodo material proveniente dos niveis estratigraficos 9 a 14


apresentamenor similaridade com o agrupamentoque representao material de
super6lciee do Navel-l (de 0 a 10cm de profundidade).Entre os coe6icientesde
correlagao emile os niveis dessesdois agrupamentos, Jigua um dos mats baixos da
matriz (0,487). Os coeficientes de correlagao estio abaixo de 0,750 e apenasum pa
apresentavalor major do que 0,750. Indira, portanto, tratar-se de distintas indQstrias
Qeralnicas
Sim ilarity
74.23

82.82

91.41

100.00

Variables

SITIO MT-P0-042 Correlations(Pearson)

nivlOI niv102 niv103 niv104 niv105 niv106 niv107 niv]08


niv102 0.724
niv103 0.659 0.748
niv104 0.773 0.890 0.857
niv105 0.657 0.859 0.840 0.897
niv106 0.692 0.906 0.838 0.911 0.881
niv107 0.721 0.889 0.882 0.838 0.877
niv108 0.760 0.751 0.838 0.803 0.771 0.841 0.858
niv109 0.716 0.846 0.756 0.798 0.778 0.890 0.826 0.865
nivl10 0.564 0.752 0.674 0.744 0.760 0.818 0.745 0.748
nivl11 0.581 0.755 0.659 0.718 0.745 0.792 0.720 0.701
nivl12 0.535 0.740 0.546 0.686 0.667 0.765 0.650 0.608
nivl13 0.487 0.642 0.485 0.565 0.547 0.725 0.594 0.636
nivl14 0.550 0.782 0.547 0.665 0.631 0.815 0.638 0.613
niv9999 0.838 0.852 0.780 0.821 0.742 0.841 0.807 0.790

niv109 nivllO nivlll nivl12 nivl13 nivl14


nivl10 0.879
nivl11 0.892 0.974
nivl12 0.858 0.933 0.940
nivl13 0.859 0.876 0.871 0.944
nivl14 0.820 0.861 0.865 0.889 0.859
niv9999 0.862 0.654 0.694 0.657 0.615 0.710

FIGURA 70 Dendograma do material de estratigrafia do aterro MT-P0-042


299

Com o agrupamento que representa o material do "pacote" arqueo16gico


dos niveis estratigraficos de 2 a 8 (a.para de 10cm at6 80cm de profundidade) o
agrupamento representado pelts niveis estratigraflcos 9 a 14 apresenta tamb6m
pouca similaridade, embora um pouco mats elevada do que no faso anterior. Entre

as correlag6es existentes entre os niveis, a maioria dos pared apresenta coeficientes


correlagaoabaixo de 0,750, um deles apresentandoo coe6ciente mats baixo da
matriz (0,485). Trata-se tamb6m de cerfmicas distintas.

Ja o agrupamentodo material provenientedos niveis estratigraficos2 a 8


(profundidadea partir de 10cmat6 80cm) apresentasimilaridade de 82,82% com o
agrupamenfoque representao material de superficie e do Navel-l(de 0 a loom de
profundidade). Entre os coeficientes de correlagao existentes entre os nfveis desses

dois agrupamentos, leis paras estio abaixo de 0,750 e oito estio entre 0,750 e 0,852.
Entre esses agrupamentos a similaridade 6 portanto maid elevada do que nos casos
anteriores, sugerindo ceifmicas pelo menos parcialmente coincidentes ou
semelhantes.

7.4. I Caracterizagao das tradig6es ceramistas e multicomponentes3i

Levando-se em conta os dendogramas resultantes dos testes estatisticos de


cluster, definiu-se quatro conjuntos de amostras que melhor representam as distintas
ceramicas,identificadas preliminamiente por meio da anflise do material coletado.
Assim rode-se considerar. para os aterros estudados, que o material
cergmico de superfcie 6 "multicomponencial ': composto por cerimica da /rac#g o
Z)esca/dadoe ce/dm/ca da /ru(# ao .Pan/a/m/. Situagao distinta 6 representadapeso
sf tio MT-P0-068(Banana/zfn/zo .B07070), que homo ja foi vista, apresenta apenas
material dp /rac#G o .Decca/dado.A cerfmica do MT-P0-068 foi portanto utilizada
para a caracterizagaoda cerdmica .Desca&vadodos aterros.

multicomponentes" aquelas amostms que apresentam material de mats de uma


300

Ja # estratigrafa do fido MT-P0-042(Aterro Jararez/nbo) apresenta


variag6essignificativas no material cerfmico. Do navel da superacie at6 uma
profundidade de 10cm apresentao multicomponente Z)esca/veda/Pan/ana/, material
esse que foi utilizado para a caracterizagao dessa ceramica; de loom de

prof\mdidade at6 80cm apresenta material cerfmico da /rnc#gao .Pam/a/ lame


Za/ama, tamb6m utilizado para a caracterizagao da cerimica correspondente.

Abaixo de 80cm de proflmdidadeat6 o navel da base, este a cerimica aqui


denominada /nclsa /'en/eads. Devido a exiguidade da amostra dessa ceramica, as
informag6es sobre o seu vasilhame devem ser consideradas ainda de carfter
preliminar. Segue-se uma caracterizagao descritiva dessas ceramicas, baseadas nas

neqti&ncias apresentadas pdas varifveis de deus atributos tecno16gicos e


estilisticps"

No conjunto de sitios que foram objeto de coletas sistematicas,a cerdmica


Z.)e.yca/veda
pode ser representadapelo agrupamentodos sitios MT-P0-068 e MT-
P0-082. Levando-se em conta por6m os coeficientes de conelagao mats baixos em
relagaoaos demais sitios, considerou-seque a cerdmica Z)esca/veda6 mellor
representadapele material do sftio MT-P0-068 (Ba/zcz/mfzfn/zo
.Bororo).
Esse cerimica caracteriza-se por apresentar clara predominancia de
antiplfstico de concha triturada com graos sub-arredondadosde quartzo, presente
em 37,98% dos 6agmentos, seguida peso antiplastico de concha lliturada, com
33,33%. Os antiplasticos compostos em que a concha tr.iturada particlpa somam
portanto 74,41% do total dos hagmentos. Os nagmentos com antip16sticode cano
maida, combinado ou nio com grads de quartzo representam 15,34% do total de
6agmentos. Areia fma 6 ocasional, presenceem 0,39% dos fagmentos.

" Alguns,ftaginentos-nao puderam-taalguns de sous-atributos dassificadas de\ ido ao estado de


consei.vagao
301

Tabeta-20 Freqilencia de antipt&sticosna cer&micado sttio MT-P0-068


TACO
Conchatritumda
Canocerfmico moido
GMos ondadosde
Cauixi
Canomaidae concha{ritulada
Canomaida e cauixi
Canomaida e iossub.-arredondadosde
Areiafina
Canomoido, conchatritumdae ios sub-arredondados de
Conchatritumdae carla
Conchatritumdae LOS a ndadosde

Quanto a queima das vasilhas ceramicas, nesse nivela predominancia 6


daquelas com oxidagao incomplete, representada por 60,08% dos nagmentos
analisados.Os nagmentos totalmente oxidados representam 13,95% do total e os
totalmente enegrecidossio mais #eqiientes, com 17,05%. Enegrecimentop6s-
queima foi registrado em 0,78% dos 6agmentos.
O acabamentoalisado e lustro t&m presengapreponderante,tendo fido
regishado em 67, 17% e 57,36% dos 6agmentos respectivamente.
O engobo verme]ho foi registrado em 13,57% dos nagmentos do materia]
cerimico proveniente densesftio e a pintura em 12,02%.
A decoragaoplastica nessesino 6 quaseausente, com presengaocasional de
Gordaimpressa em 0,39% dos nagmentos 0,78% de decoragao incisa em barra e
0,78% de incisa p6s-queimae de outras, que devido a maltade recorr&nciae ao
contextocultural podemserconsideradas
intiusivas.
O enegrecimentoeste presenteem 21,71% dos fagmentos e fuligem em
5,81%.
Como fomias de [fbio mais neqtientes nesse nive] foram registrados os
Ifbios anedondados, com 44,96%, seguidos pelos apontados, com 8,53%. Os
aplanados tamb6m t6m presenga significativa (7, 36%), seguidos pelts expandidos
(7,75%). Outras fomtas sio ocasionais ou ausentes.
302

Tabela-21 Freqii2ncia dasjormas de tdbio na cer&micado sino MT-P0-068


FORMASDE LABIO FREQUZNCiA (%)
Ausente 28,68
Arredondado 44.96
Aoontado 8.53
Aolanado 7,36
exoandido 7,75
Reforcado 1,16
Biselado 1,55
Complexo 0,00
Roletado 0,00
dobrado 0,00

As formas das bordas apresentam-se em sua maioria diretas, com presenga


de 58,91%. As bordas que nio sio diretas representam 5,43%. Dessas, as
extrovertidas-extemas, introvertidas-extemas e verticais-extemas sio 1,94%, as
extrovertidas-intemas e verticais-intemas sio 1,55%, as extrovertidas-verticais
somam 1, 16% e as introverddas-verticais representam 0,785%.

A cer&mica Descatvado/Pantanal

Como ja foi visto anteriomiente, o cluster evidenciou para o material


cerimico da estratigrafiado sino MT-P0-042 tr&s agrupamentossigniflcativos de
simi[aridade: o nive] estratigrafico ] (da superacie at6 ]Ocm de profundidade); os
niveis estradgraficosde 2 a 8 (de loom a 80cm de profundidade) e os niveis
estratigraficos de 9 a 14 (de 80cm a 135cm de proftlndidade), que correspondem a
cerimica multicomponencial Decca/veda/Pan/ana/, a /radio .Pan/a/m/ dose
Za/am& e a ce/dmfca /nc/sa Penreac#z,respectivamente.
A cerimica multicomponencial .Decca/vac&}/Pan/ana/pode ser descrita com
base no material de superficie da maior parte dos aterros considerados, a excegao do
MT-P0-068, que apresenta exc]usivamente material da /rudzgao .Decca/dado. Na

descrigaoapresentadaa seguir foi consideradoo material cerimico provenientedo


MT-P0-042, da superacie at6 uma profundidade de 10cm.
Elsa cerimica caracteiiza-se por apresentar clara predominancia de
antiplastico de concha triturada (44,21%), cuba neqti6ncia quando acrescida
303

daquelasem que os antiplasticos sio de concha combinada com outros elementos,


tais homo paco moido, graos sub-arredondados de quartzo e cariap6, aumenta para
58,84% dos 6agmentos. Outros antiplasticos sio menos 6eqtientes, homo graos
sub-anedondados de quartzo, que foram registrados em 7,47% dos nagmentos, paco
moido com 3,8 1% e essendois elementos combinados, que aparecem em 6, 10% dos
6agmentos. Areia fma participa com 4,42% dos hagmentos e o cariap6 tem
presengaocasional, aparecendoem 0,30%.
Quanto a queima das vasilhas ceramicas, nesse nivela predominancia 6
daquelas com oxidagao incompleta, representadapor 62,04% dos fagmentos
analisados. Os 6agmentos totalmente oxidados representam 6,71% do total, e os
totalmente enegrecidos sio maid neqtientes, com 11,89%. O enegrecimento p6s-
queima 6 ocasional, aparecendoem 0, 15% dos 6agmentos.

Tabela-22 Freqiiencia de antipldsticosna cer&micado Nivet-l do sino MT- P0-42.

:co
Conchatriturada
Cano cerimico maida
Gigot sub-arredondadosde
Cauixi
Cano maida e concha tlitumda
Cano maida e cauixi
Cagemaida e LOS mosde
Areia Hna
Cano maida. canola tritumda e iossub-ariedondadosde
Conchatritumda e carla
Conchatritumda e ios sub-anedondados de quartzo

AcabamuntQ,sngQtD e Dbtura
O acabamento alisado tem presenga significativa, sendo sido registrado em
37,65% dos 6agmentos. O lustro tamb6m foi registrado em pele menos 6,40% dos
iagmentos. A observagao do acabamento 6 muitas vezes preJudicada devido a
erosio superficialdos nagmentosdo sino MT-P0-04233,de madeiraque o
acabamento com alisamento e lusho com certeza deve ter sido maid recorrente. O

engobo vermelho foi registrado em 4,57% dos 6agmentos e a pintura em 2, 13%.

33Devido a aus&nciade cobertum vegetal nessesino, o material de superficie flea exposto a intemperies e a
pisoteio
304

DecoraQio p14sdQa

Embora a decoragaoplastica se raga presentenuma pequena porcentagem


dos hagmentos analisados (12,04%), sua presenga auxilia a caracterizagao da
indistria cerimica. A decoragao plastica preponderante nesse nive16 a de Gorda

impressa, presente em 8,84% dos 6agmentos analisados. A decoragao incisa linear


foi registrada em 2, 13% dos nagmentos e em ocorr6ncia ocasional a incisa em barra
(O,15%) e a incisa ponteada (0,15%), que sio caracteristicas de niveis maid
profimdos e podem ter vindo a super$cie devido a perturbag6es na estratigrafia.
Fragmentos com decoragao incisa p6s-queima e alguns padr6es de decoragao
plastica da cerdmfca 7:uplgzlaranf t&m tamb6m uma pequena presenga, registrada
em 0,76% dos nagmentos analisados.

Tabeta-23 Presengade decoragaopldsticana ca'&mica do Rivet-l do MT-P0-042


DECORAGAOPLASTiCA liREQUENCIA (%)
Ausente 97.96
8.84
Cordaimpressa
Incisa em barra 0.15
[ncisaem ]inhas 2.13
Incisaponteada 0.15
Incisap6squeimae outrosintmsivos 0.76

Enegrecimento foi registrado em 7,16% dos nagmentos e homo marcas de


uso registrou-se 0,15% dos nagmentos com fhos e 2,90% apresentando restos de
fuligem.

Formas de ]fbio

Como formal de labia mais heqtientes nesseMvel foram registrados os


Ifbios aplanados,com 40,40%, seguidospelos arredondados,com 31,55%. Os
apontadostamb6m t&m presenga signi6lcativa (1 1,28%), seguidos pecosexpandidos
(6,555). Outras formal sio ocasionais.
305

Tabela-24 Freqiiencia dasformasde16biona cerQmicado navel-l do MT-P0-042


FORMASDE LABIO ntE( UENCIA (%)
Ausente 31,25
Arredondado 31,55
Aoontado 11.28
Anlanado 40,40
expandido 6,55
Reforcado 1,07
Biselado 0,30
Comolexo 0,46
Roletado 0,61
dobmdo 0,00

As formas de borda mais representativassio as diretas, presentesem


53,81% dos nagmentos analisados.As demais, com inflexio ou em angulo, estio
pouco representadas e somam 4,88%.

A Cer&micada TradiwaoPantanat,FuseTaiamd

Identificada na supernicie dos aterros em associagao com a cerdmica


Z)esca/dado, essa cerimica este representada na estratigra6la do sino MT-P0-042
(Hrerro Jacarez/n/zo), no pacote arqueo16gicoentre loom e 80cm de profundidade.
Caracteriza-sepor apresentarclara predominancia de antiplastico de cano
cerimico moido (38,64%), puja heqti&nciaquando acrescidadaquelasem que o
antiplastico 6 de paco moido combinado com outros elementos, tais homo concha,
laos sub-arredondados de quartzo e cauixi, a porcentagem aumenta para 54,55%.
Outros antiplasticossio menos neqtientes,como areia fma que participa com
23,86% e graos de quartzo com l0,23% dos nagmentos. Cauixi teve presenga
registrada em 4,55% dos 6agmentos.
306

Tabeta-25 Freqkencia de antiptdsticosna cer(imica dos Rivets2 a 8 do MT-P0-042


ANTmLAS'nCO rRZQUENCiA
(%)
Conchatlitumda 2,27
Cano cerimico moido 38.64
Grgos sub-anedondados de ouartzo l0,23
Cauixi 4,55
Canomaida e conchatritumda 4,55
Canomaida e cauixi 0,00
Cano maida e argos sub-anedondados de auartzo 11,36
Areia fina 23,86
Cano maida, concha tritumda e grgos sub-anedondados de quartzo 0,00
Concha tritumda e canao6 0,00
Concha tritunada e laos sub-anedondados de auartzo 1,14

Quanto a queima das vasilhas ceramicas, nesse nivela predominancia 6


daquelas com oxidagao incompleta, representada por 50,00% dos hagmentos
analisados. Os hagmentos totalmente oxidados representam 11,89% do total e os
totalmente enegrecidos sio maid 6eqtientes, com 34,09%. O enegrecimentop6s-
queimanio foi registrado.
O acabamento alisado tem presenga signiflcativa, sendo sido registrado em
53,41% dos 6agmentos. O lusho tamb6m foi registrado em 14,77% dos fagmentos.
O engobo vemielho e a pintura ngo foram registradosno material cerimico
proveniente dessesniveis.

DecoraQaQ
plastica

Embora a decoragaoplastica se raga presente numa pequena porcentagem


dos nagmentos analisados (12,04%), sua presenga auxilia a caracterizagao da
indistria cerfmica. A decoragaoplastica preponderantenesse nive16 a de Gorda
impressa, presente em 8,84% dos n-agmentos analisados. A decoragao incisa linear

foi registrada em 2, 13% dos 6agmentos e em ocorr6ncia ocasional a incisa em barra


(0,15%) e a incisa ponteada (0,15%), que sio caracteristicas de niveis maid
profundose podemter vindo a superficiedevido a perturbag6esna estratigafia.
Fragmentos com decoragao incisa p6s-queima e alguns padr6es de decoragao
plastica da cerdmica 7:upZgz/aran/
t&m tamb6m uma pequena presenga,regishada
em 0,76% dos 6agmentosanalisados.
307

A presenga de enegrecimento aumenta muito no material desses niveis,


passandoa ser de 53,41% do total de Baginentos. Como marcas de uso registrou-se
a fuligem em 28,4 1% dos 6aginentos

Tabela-26 Ptesenga de decoragao pt&stica na cerdmica dos niveis 2 a 8 do MT-P0-042.


OECORACAOP
Ausente
Corda
Incisa em barra
Incisa em linhas
Incisa
Incis6esna Mbio
e padr6esdecorahvos T

Fomtas de Ifbio

As formas de Ifbio dessesniveis apresentam-se


vaiiadas, a despeitode uma
preponderancia,mais modesto,dos Ifbios anedondados,que comparecemcom
25,00%. Com feqti&ncias entre 12,5% e 1,14% apuecem os apontados, aplanados,
expandidos, reforgados, biselados, complexos e roletados.

Tabeta-27Freq&anciadasformasde Idbio, cer&micadosniveisde 2 a 8 doMT-P0-042


FORMALDE LABIO r?REQUENCIA
(%)
Ausente 32.95
Anedondado 25.00
6.82
Apontado
12.5
Aplanado
5.68
Expandido
12.5
Reforgado
Biselado 1.14
2.27
Complexo
Roletado 3.41

As bordas apresentam-se
em sua maioria infletidas, com presengade
12,50% das extrovertidas verticais e 18,18% das extrovertidas e verticais intemas,
somando 30,68%. As diretas representam 23,86% do total das bordas.
308

A Cerdmica Incisa em Barra ou Incisa Penteada

Elsa cerimica este presentena estratigraHla


do sino MT-P0-042 (H/afro
Jacarezinho) no pacote arqueo16gicoentre 80cm a 140cm de profimdidade.
Caracteriza-sepor apresentarclara predominanciade antiplastico de graos
sub-arredondados de quartzo (46,53%) e areia fma (34,72%), que juntos
representam 81,25% dos 6agmentos. Cano moido e cano moido combinado com
quartzo somam 9,72%, a concha tliturada aparece em 1,39% e o cauixi tem
presenga ocasional, em 0,69% dos nagmentos.
Quanto a queima das vasilhas ceramicas, nesse nivela predominancia 6
daquelas com oxidagao incompleta, representada por 49,3 1% dos nagmentos
analisados. Os nagmentos totalmente oxidados representam 11,11% do total e os
totalmente enegrecidos sio maid neqiientes, com 32,64%.
O acabamento alisado tem presenga pouco significativa, sendo sido
registrado em 16,67% dos nagmentos. O lustro tamb6m foi registrado em apenas
2,78% dos 6agmentos. O engobo vermelho, registrado em 0,69% dos 6agmentos 6
ocasional, podendo ser auibuido a perturbag6esna eshatigrafia do ateno. A pintura
nio foi registrada no material cerimico proveniente dessesniveis.

T(Meta-28Freqilenciade antipldsticosna cer&micadosRivets9 a 14 do MT-P0-042


AN'l'ALAS'HCO FREOUENCIA(%)
Conchatriturada 1.39
Canocerimicomaida 4.86
Gigot sub-arredondados de C iartzo 46.53
Cauixi Bros 0.69
Canomaida e conchatritumda 0.00
paco maida e cauixi 0.00
Canomaida e g$os sub-anedondados
de auaitzo 4.86
Areia 6na 34.72
Caco maida, conch)a&itumda e gdos sub-anedondados de auartzo 0.00
Concha tritumda e cariao6 0.00
Concha tritumda e gaol sub-arredondados de auartzo 0.69
309

DQcoraQioDlfstica

A presenga marcante da decoragao plastica incisa em barra 6 um trago

calacteristico dessacerfmica. Dos 6agmentos analisados,56,25% apresentamelsa


decoragao.A decoragao incisa ponteada este presente em 1,39% dos 6agmentos
analisados e a decoragao plastica de Gorda impressa 6 ocasional, com 0,69%.
Fragmentos com decoragao incisa no Ifbio, incisa p6s-queima e com padr6es de
decoragao plastica da cerimica Tupiguarani, registrados em niveis estratigraficos
mais autos, aqui estio ausentes.

Tabela-29 Presenga de decoraCaopldstica na cer&mica dos Rivets 9 a 14 do MT-P0-042


OECORAGAOPLASTiCA UENCIA (%)
Ausente 41.67
Clorda imoressa 0.69
Incisa em baba 56.25
Incisa oonteada 1.39

Nessa ceriinica o enegrecimento 6 presente em 47,22% dos nagmentos.


Marcas de uso foram registradas em 34,72%, que apresentaram restos ou marcas de
fuligem.

Fomias de Ifbio

As fomias de Ifbio dessesniveis s5o variadas e estio presentesde modo


maid eqtiitativo, tendo valores mais altos de $eqti6ncias os arredondados,os
apontadose os expandidos, todos participando com 6,94%, acompanhadospecos
biselados que sio 6,25%. Com neqti&ncias mais modestas estio os complexos, com
1,39% e os dobrados com 0,69%. Os roletados nio foram registrados.

As fomtas das bordas apresentam-seem sua maioria diretas, com presenga


de 20,83%. As bordas que nio sio diretas representam7,64%. Dessas,as
extrovertidas-extemas,
introvertidas-extemas
e verticais-extemassio 3,47%, as
extrovertidas-intemas e verticais-intemas sio 2,78% e as extrovertidas- verticais
somam 1,39%.
310

Tabela-30 Freqhettcia dasformas de labia lta cer&mica do MT-P0-042, Rivets de 9 a 14


FORMALDE LABIO FREQUENCIA(%)
Ausente 67,36
Arredondado 6,94
Apontado 6.94
Aolanado 0,69
Exoandido 6,94
Reforgado 0,00
Biselado 6,25
Comolexo 1,39
Roletado 0,00
Dobmdo 0,69

7.4.2 Aspectos morfo16gicos, dimens6es e capacidade volum6trica das


vasiUias cerfmicas do Pantanal de Cfceres.

Para o desenvolvimento dessetrabalho considerou-se que as relag6es entre


a forma e a fungal das vasilhas cerimicas podem fomecer indicag6es sobre os seus
possiveis usos, bem coma oferecer insfg/zrssabre outras esferasda cultura, tail
homo padrao de subsist&ncia,organizagao sociale outras. Assim sends, foram
utilizados atributos morfo16gicosdos vasilhamescomo elementosdescritivose
comparativos entre as diferentes indistrias ceramicas, entre os sitios arqueo16gicos
e entre os agrupamentos de sitios indicados por testes de c/us/er.
Considera-se tamb6m que o estudo da capacidade volum6trica das vasilhas
6 um instrumento de alto potential para a obtengaode pistas sobre a ordem de
grandeza dos agrupamentos populacionais, organizagao sociale ocorr6ncia de
atividades de cunho social, ja que este relacionada com as quantidades de alimento
que seriam amtazenadas, preparadas e partilhadas. Desta forma, as dimens6es das
vasilhas, bem homo a capacidade volum6trica dos vasilhames dos diversos aterros,
foram tamb6m utilizados homo parametros descritivos e comparativos.
Na classificagao da morfologia utihzou-se os atlibutos: categoria de
contomo e fomla da vasilha34. No estudo das dimens6es e capacidade vol!!m61=rica

foram consideradasas medidasde difmetro de boca, diimetro maxims, altura e

s4Os atributos categoria de contomo e fawn da vasilha echo definidos na shave de classificagao
311

volume, tomadas de 555 fomlas de vasiBas reconstituidas a parte de 6agmentos de


bordas coletados nos aterros3s

Para caracterizar as tradig6es e componentesceramistas indicados pesoteste


de cluster foram utilizados os sitios e/ou estratos que mellor representam essas
cerAmicas.Assim, a desctigao das caractedsticasmorfo16gicas, dimens6es e
capacidadevolum6trica da cerdmica.Decca/dadofoi feita a partir da cergmicado
sftio MT-P0-068, que apresenta exclusivamente material dessa tradigao ceramista.

Para a descrigao da ce/amiga .Panda/za/JoseZa/ama, utilizou-se a cerimica

dos niveis eslratigraficosde 2 a 8 do sino MT-P0-042 e para a descrigaoda


ce/amiga .Decca/veda/Pan/a/za/utilizou-se o material proveniente da superficie e do
Navel-l do mesmo sftio, podendo-seno entanto,utilizar-se para tal, o material de
superflcie da maioria dos aterros estudados,especialmentedos sitios MT-p0-053
MT-P0-041, MT-P0-067, MT-P0-040, MT-P0-079 e MT-P0-80. O material dos
estratos mais profundos do MT-P0-042, que correspondem aos nfveis
estratigraHicosde 9 a 14 tamb6m foram examinados, fomecendo dados sobre a
cerdmicaIncisa Penteada.

Foram comparados os distintos sitios e os distintos agrupamentos indicados


pecos dendogramasfomecidos por testes de c/z/s/er quanto aos atributos
morfo16gicos, dimens6es e capacidade volum6tdca de sous vasilhames. Essay
comparag6esfomecem indicag6esquanto a alguns padr6es de cunho econ6mico e
social, bem homo ao uso diferenciado de aterros homo sitios-habitagao ou coma
locais de atividade limitada, a exemplo de cemit6rios e acampamentostemporalios.

apresentag5odas amostras estudadas stituig6es obtidas por sino foi apresentado anteriomlente na
312

dos atellrus do Pantanal de C6ceres.

Considerando o complexo contexts cultural, as caracteristicas ja conhecidas


da /radfg o ceram/s/a /:'an/ana/ e aspectos da ce/Omfca .Decca/dado evidenciados

pelo estudo da colegao de vasilhas intehas, rode-se propos Jalgumasrelag6es ence a


forma e o uso das vasi]has nas cerfmicas dos aterros do Pantana] de Cfceres. .Essay

proposig6es baseiam-se tamb6m em relag6es gerais entre forma e fungao


identificadas pda arqueologia,nas quais, no imbito de vasilhames especiflcos, as
fomtas das vasilhas devem ser adequadasao cumplimemo de deteJlninadosuses.
As categories de contomo identificadas no material em estudo, que
correspondem a vasilhas abertas, vasilhas restringidas e vasilhas restringidas com
gargalo, seriam destinadas tanto para uso dom6stico coma para uso ritual. Embora
ja se tenha evidenciado que a cerdmica .Decca/dado dos aterros, devido a atributos
tecno16gicosja discutidos, caracteriza-se mais homo de uso dom6stico, esta tamb6m
foi usadapm fmbito sociale i.itual
As vasilhas abertas no uso dom6stico seriam mais adequadas para server,
embora as tigelas dundaspossamtamb6m ter servido para o preparo de cozidos e
ensopadose os pratos possam ter sido usados coma tostadores. Em uso ritual essay
vasilhas t&m fido encontradas em sepultamentos, utilizadas homo cobra-cranios(no
faso das maores) e homo acompanhamento funerario(no faso das menores)-

As vasilhasrestlingidas teriam sido amplamenteutilizadas no preparo de


ensopadosecozidos.
Os recipientes restringidos com gargalo teriam sido muito adequados para a
estocagem,jf que dificulta que o conteQdo se derrame, sendo os de pescogo longs
mais adequados a estocagem de ]iquidos e as de pescogo curto mais adequados a
estocagep de items secos- Nos sepultamentos vasilhas rests-ingidas t&m .fido
encontradashomo acompanhamentoflmerario(no faso das vasilhas menores) e
homo umas funeriiias para sepultamento secundario(no casa das vasilhas maiores)-
313

Pode-seajnda dizer que vasilhas restiingidas sem gargalo sgo mats adequadas para
os sepultamentos secundar.ios,tendo fido regishadas umas fimerArias que tiveram as
bordas removidas ap6s a queima da vasilha.

As vasilhas das distintas cerimicas foram classificadas quanto aos seus


aUibutos lnoifo16gicos, obtendo-se dados descritivos e parametros comparadvos,
em donna de 6eqii&ncias. Piimeiramente servo apresentados os dados morfo16gicos
descritivos para em seguida apresentar-seuma shtese comparativa entre as diversas
cerimicas. A Tabela-29 reade as neqti6ncias de categorias de contomo das diversas
cerimicas e a Tabela-30 reine as heq&&nciasde formas de vasilhas.

p?cscRtcnos aferros.

Estio presencesna ce/amiga .Decca/veda dos aterros as tr6s categories de


contomo de vasilhas. Predominam as vasilhas restringidas com bordas diretas ou
infletidas com &eqQ&nciade 50,63%, aparecendomais ou menos eqiiitativamente
as vasilhas abertas, com 26,58% de 6eqti&ncia e as res&ingidas com gargalo com
Of9 7QO/

Nessa cerfmica sgo registradas as tito fomtas que foram identi6cadas na


cerimica dos aterros, a saber: vasilhas abertas, representadaspor tigelas dundas,de
profundidade mediana, tigelas rasas e pratos; vasilhas restlingidas, representadas
por potes com bordas dhetas ou infletidas e vasilhas rests.ingidascom Bargain..com
pescogocurio ou longs".

Ence todas as fomlas sobressaemas vasilhas restriiigidas com bordas


diretas, com 36,71% de neqti&ncia. As rest:ringidas com bordas infletidas
representam 13,92% do total de vasilhas da amostra do sino MT-P0-068. Entre as

vasilhas abertas, as rasas sio as mais neqiientes com 12,66%, acompanhadas por
aquelas de profimdidades medianas com lO, 13%. Entre as tigelas, as dundas sio as

menos freqtientes (2,53%). A 6eqti&ncia de pratos, embora sda baixa (1,27%) 6


significativa, pois 6 ausente em outras duas indistrias cerimicas presentednos

" Essay fomias esHo definidas e descritas na crave de classificagao da ceigmica dos aterros, ja apresentada
anteriomnente. '' '
314

aterros. ]3nhe as vnsilhas restringidas com gargalo, as de pescogo -longs s6o lnais
numerosas, representando 17,72% do total de vasilhas consideradas. As vasilhas

restringidas com gargalo e pescogocurto embora pouco fteqtientes, aparecemcom


5,06%.

?esentenosaterros.

No mz///ico/nponen/e Z)esca/vacilo/Pan/ana/ as neqtl&ncias das categorias de


contorno acompanham os padr6es da ce/dmfc'a .Decca/dado dos aterros, com cerca
de metade das vasilhas na categoiia das restringidas, apropriadas para cozinhar, e a
ouha metade restante distlibuida maid ou memoseqtiitativamente entre as categoiias
de contomo aberto com 28,30% de n.eqii&nciae de contomo reslxingido com
gargalo, com 21,70%.

Nessa cerimica tamb6m estio presented as oito formal que foram


identificadas na cerimica dos aterros, a saber: vasilhas abertas representadasapenas
por tigelas dundas,vasilhas rest:ringidas,representadaspor potes com bordas diretas
ou innetidas e vasilhas rests.ingidascom garga]o, com pescogo ]ongo-
Entre todas as fomlas sobressaemas vasilhas resbingidas com bordas
diretas, com 26,41% de neqii&ncia, seguidas de porto pdas restiingidas com bordas
in.netidas,com 23,59%.

Entre as vasilhas abertaspreponderamas de profundidade mediana com


17,92% do total de vasilhas, com pequenas participaS;desdas tigelas fiindas Q das
tigelas rasas, que apresentam neqti&ncias de 3,77% e de 5,66% respectivamente,
ainda coQ uma feqii&nicia minima de pratos(0,94%).
Ence as vasilhas rest:ringidascom gargalo sio maid 6eqtientes as de
pescogo lingo, com 18,87%, tends uma pequena participagao as de pescogo curto,
com 1,89% de freqii6ncia.
315

Na ce/dmica .Pan/a/m/ gme Za/am& as 6eqti&ncias das categ(x.ias


evidenciam uma grande &nfasenas vasilhas restnngidas(73,08%), apropriadas para

cozinhar. Por outro dado,ha uma pequena presenga das vasilhas abertas (1 1,54%).
As rest:ringidas com garga]o representam 15,38% do total de vasilhas.

Nessacerfmica estio presentesarenas quatro das tito donnasque foram


identificadas na cerimica dos aterros, a saber: vasilhas abertas representadasapenas
por tigelas fimdas, vasilhas restnngidas, representadaspor potes com bordas diretas
ou infletidas e vasilhas rest:ringidascom gargalo e pescogo longs.
Entre todas as fomias da cerdmfca/'an/ana/ Jose Zaiama, sobressaemas
vasilhas .restiingidas com bordas infletidas com 53,85% de &eqii&ncia. -As
rest:ringidas de bordas diretas t&m 6eqii&ncia menor, de 19,23%. As vasilhas abertas

sgo representadas apenas pdas tigelas dundas, com ieqii&ncia de 1 1,54%, estando
ausentesas tigelas de profundidade mediana, as dgelas rasas e os pratos. As vasilhas
rest:ringidas com gargalo e pescogo longs, representam 15,38% do total de vasilhas

consideradas, estando ausentes as vasilhas resaingidas com gagalo e pescogo cuHo-

Devido ag material cerfmico proveniente dessesniveis apresentarestado de


conservagaobastante presario, a descrigao da cerimica a(!ui referida homo 't/nasa
Pen/dada " deve ser entendida homo de carfter preliminar. Considera-se necessfrio

para uma descrigao mais segura, aumentar-se a amosha proveniente desses niveis,
mediante uma ampliagao futura da escavagao.

As feqti&ncias das categoiias de contomo evideniciamuma disl].ibuigao


mais eqiiitativa entre vasilhas abertas (38,89%), restringidas (33,33%) e restringidas
com gargalo (27,78%), embora se registre uma pequena &nfasenas vasilhas abertas.
Nessa cerimica foram registradascinco das oito fomtas que foram
identificadas na cerimica dos aterros, a saber: vasilhas abertas representadas por
316

tigelas ftJndas(22,22%) e de proftlndidade medlana( 16,67%), vuilhas restEingidas,


representadas por potes com bordas diretas (11,11%) ou in.Oetidas (22,22%) e
vasilhas restringidas com gargalo e pescogo lingo (27,78%).
As formas tamb6m apresentam fJeqti&ncias distribuidas de modo mais
eqiiitativQ. -As tigelas dundas e as vasilhas restnWdas de bordas infletidas t&m
participag6es iguais, de 22,22%. A16m da presengasignificativa de vasilhas abertas,
diana de iota 6 ainda a neqti&ncia mais elevada das vasilhas restringidas com
gargalo e pescogo longo quando comparadas is neqti&ncias das outras fomlas de
vasilhas da ce/amiga /nclsa Pen/dada.
FqascexiaxAcasDescalvado, Descalvado/Pantanat e Pantanat Taiamd as

maiores {inqii€ncias sio apresentadaspegs vasilhas de contomo iestringido..


apropriadas para cozinhar, A 6eqii&ncia dessa categoria na cerfmica Pantanal
apresenta-sebem maid elevada do que nas demais, evidenciando para seus
portadores uma maior &nfaseno consumo de alimentos ensopadose cozidos. Para as
vasihas de contomo aberto, apropriadaspara servir e tamb6m com as de contomo
restlingido com gargalo, apropriadaspara armazenagem,ozone o contririo:
menores Beqii&nlcias sio regisandas na ce/dm.fca .Fuzz/a/mZ,sugei-indo para sells
portadores
uma menor&nfase
na partilhade alimentos
preparados
e na
almazenagem.
Ja na cer mica /ncfsa Pen/eads parece ocorrer situagao diversa. A maior

6eqii&ncia da amostra foi apresentada pdas vasilhas de contomo aberto,


apropriadas :paraserver enquanto que nas demais cerfmicas as maiares feqii6ncias
eras dasrestringidas.
Entre todas as ceramicas, a /ncfsa Pe/z/dada apresenta a menor 6eqti&ncia
de vasilhas de contomo rest:ringido, apropriadas para cozinhar, e a maior &eqii6ncia

de vasilllps de coMomo restringido, com gargalo, apropM para annazenm.


Embora o vasilhame da cerdmfca /nasa Pen/Codango seja ainda conhecido, as
categorias de contomo presentedna amostra analisada sugerem uma maior &nfasena
partilha de alimentos preparadose na amlazenagem.
317

I'abela-31 Freqilencia de categories de contorno nos vasithames das cer&micas do


Pantanat de C6ceres.
CATEGORIAS DE Descalvado Descalvado/
CONTORNO (%) Pantanal (%)
Aberta 26,58 28.30 11,54 38.89
Restiinaida 50.63 50,00 73.08 33.33
15.38 27,78

Quanto is fomias das vasilhas, a cerfmica Z)esca/veda e a cerimica

Decca/dado/Pan/ana/ regisbam maiores neqii6ncias para as vasilhas restringidas de


borda direta, enquanto que na Pan/ana/ Zafam& ha uma acentuada predominancia
das vasilhas restringidas de contomo infletido.

Verifica-se tamb6m que as cerfmicas .Decca/dado e .Decca/I,ado/Pan/ana/

apresentam tigelas rasas, pratos e vasilhas restringidas de gargalo e pescogo curio,


fomlas essasapropiiadas para armazenar, preparar e server alimentos secos. Nas
cerimicas Pan/ana/ e /nasa Pen/Codaessayformas nio foram registradas.Se por
um lado os pratos, as tigelas rasase de profundidademediana estio ausentesna
cerimica /'an/a/za/ e os pratos e as tigelas rasas estio ausentesna ce/dm/ca /noise

p'en/dada, por oubo lado nessas cerfmicas as tigelas dundas sio mais eeqtientes do
que na ce/dm/c'a Z)esca/veda, sugerindo maior consumo de alimentos cozidos e

ensopados nas ocupag6es associadas aquelas primeiras.

A ce/dmfca .Decca/dadoapresentaainda maior neqti6ncia de vasilhas de


server do que a ce/dm/ca Pan/a/m/, evidenciando uma maior &nfase na partilha de
alimentos.

Vasilhas pr6prias para a annazenagem de liquidos sio bastante neqtientes


em today as indistrias cerfmicas estudadas,indicando expressive consumo de
bebidas preparadas ou mesmo na estocagem de agua potavel. Vasilhas maid

apropiiadas para estocagem a sega, representadas aqui por aquelas restringidas de


gargalo e pescogo curto estio presentes apenas na ce/Om/ca .Decca/dado e com
memo Re(Dlenci.ano multicomponente Descalvado/Pantanal.

A ce/dm/ca /ncfsa .Pen/eadsapresentaainda uma situagao diverse. A maior


neqii&nciada amosha dessacerfmica foi apresentadapdas vasilhas de contomo
aberto, apropriadas para server enquanto que nas demais cerfmicas as maiores
318

6eqii&ncias sio das reshingidas. Elsa cerimica apresentaainda, entre today as


cerimicas em estudo, a maior heqti&ncia de vasilhas resllingidas com gargalo e
pescogolongs, apropiiada para annazenagemde liquidos.

Tabela-32 FreqR&ncia delormas de pasilhas nas cerdmicas do Patttanal de Cdceres.


FORMAL DE Descalvado Descalvado/Pantanal Pantanal-Taiaini Incisa Penteada(%)
VASEHAS (%) (%) (%)
Tigelas prof.md lO,13 17,92 0,00 16,67
Tiaelas ftlndas 2,53 3,77 11,54 22,22
Tiuelas maas 12,66 5,66 0,00 0.00
Pratos 1,27 0,94 0,00 0,00
Restringidas c/ borda 36,71 26,41 19,23 I I,I I
direta
Restringidasc/ borda 13,92 23,59 53,85
infletida
Restringidasc/ 5,06 1,89 0,00 0,00
gargalo
Restringidas c/ 17,72 18,87 15,38 27,78
gargalo epescogo

Assim, os ahibutos morfo16gicosrepresentadospdas categorias de contomo


e pdas formal de vasilhas sugerem:
e Major &nfase na partilha de alimentos preparados e na amtazenagem
para a ocupagao dos portadores da cerdmica Z)esca/veda e da cerdmfca
I)escatvado/I) antattat \

e Manuseio de alimentosseGos,embora com menor &nfasedo que de


alimentos liquidos e ensopados,para a ocupagao dos portadores da ce/dm/ca
I)escap-dado
e Descalvado/Pantanal\
© Maier &nfase no consumo de alimentos ensopados e cozidos para os
portadores da cerdmfca /'an/ana/ do que para os portadores da ce/Om/ca
I)escalvado e da,cerdmica Descalvado/Pantanal \

e Uma situagao diversa para os portadores da ce/ mica /ncfsa Pen/dada,


que nio se pode ainda caracterizar em de6iMtivo devido a limitag6es do material
disponivel, mas que aparentementeapresentamaior &nfase nas vasilhas de server
e nas vasilhas pr6prias para aimazenagem do que as demais cerfmicas.
319

Aspectos morfo16Ricos das cer&micas dos auupamemos de sbios

Car+cterizadas as distintas tradi€6es e componentes cerimicos quando a


morfologia de seus vasilhames,bode-se passat a um exame dos atiibutos
morfo16gicos nos agrupamentos indicados pele teste de cluster.

Com certeza nio se pode pretender entender ou abordar todo o sistema de


sitios inerentes a complexa ocupagaoassociada ce/amiga Z)esca/veda, utilizando-
se dados de uns poucos sitios aos quadsfoi possivel ter acesso. Nio se pode perder
de vista,.por exemplo que os conjuntos de sitios da Bala do Uvar ou das planicies de

inundai;to do iibeirio Caicaie do ribeirio Camisa, assim homo os de ouUas


planicies de inundagao, de in6meros curios d'6gua que se intercomunicam no
complexo sistema hidrografico do .Alto Paraguai, alcangam villas dezenas,havendo
infomlag6es de atellos de dimens6es e de den.sidadesde material aqueo16gico
muito mats expressivas,No entanto,o trabalho realizado com os dadosobtidos por
meio dessaprimeira aproximagaoda hea ja fomece alguns modelos para serum
testados e algumas pistas importantes para continuidade da investigagao.

Agrupamento da Bala do Uvar

Algumas caractedsticas gerais podem ser apontadaspara os vasilhames dos


sitios MT-P0-040, MT-P0-079 e MT-P0-067, que comp6em esse ag.upamento. A
aus6nci4 de pianos e a reduzidisslma $e(iaGncia de tigelas rasas, sugerem pouch
&nfase em ahmentos secos e mesmo aus&ncia de alimentos tostados. A alta
6eqti&ncia de vasilhas restlingidas com gargalo, ao contrario, sugere recorrente
armazenagemde liquidos. As vasilhas resaingidas de bordas diretas ou infletidas,
propicias ao preparo de alimeiltos cozidos e enlsopado& tamb6m t&m presenga

expresstv4-
320

Tabeta-33 Freqiiettcia de categories de contorno das vasilhas cerilmicas dos


sitios da Bala do Uvar
CA'lBGORIAS MT.1)0440 MT-P0467 M'l'-PU-U'/y -rtJ-U6U
NI I

DECONTORNO (16 reconst.) (25 reconst.) (13 reconst) (28 reconst)


(%) (o%o)
Abertas 37.50 16.00 7.69 26.)/
Restringidas 28.00 46.15 3Z.14
37,50
Restringidas /gargq+g 25.00

Algumas situag6es diversas quanto a feqt16ncia das categorias e formas de


vasilhas sio fomecidas pdas amostras coletadas. Embora os tr&s sitios apresentem
vasilhas de todas as categoriasde contomo - vasilhas abertas, rests.ingidase
restlingidas com gargalo - a Beqti&ncia em que ocorre dada categoria em dada um
desses sitios sugere para des usos diferenciados. A Tabela-33 e a Tabela-34
apresentam respectivamente as neqii&ncias das categorias de contomo e as
heqii&ncias de fomtas de vasilhas denseagrupamento.

Enquanto o MT-P0-040 e 0 MT-P0-067 apresentam em superacie


signiflcativa feqti&ncia de vasilhas abertas, especialmentede tigelas de
profundidade mediana, no MT-P0-79 essa neqii&ncia 6 baixa, indicando poucas
vasilhas destinadas a servir alimentos. Tendo sido registrado nesse sino a ocon6ncia

de sepultamentocom vasilha cerfmica aberta usada homo cobre-cranio, padrao de


sepultamento Z)esca/veda, pode-se sugeri para a ocupagao mais recente, um uso
para atividades limitadas, embora devido is suas dimens6es pudesse abrigar um ou
maid grupos familiares extensos. Ja em estratos maid profundos, a escavagaodesse
sino podera evidenciar vesdgios materiais de ocupagao anterior, dos presumidos
construtoresdos aterros,para os quaid o MT-P0-079 pode ter servido homo
habitagao.
321

Tabeta-34 Freqilencia deformas de vasilhas ca'amicus dos sitios da Bala do Uvar.


FORMALDE VASEHAS MT-P0440 MT-P0467 MT+0479 MT-P0480
(16reconst.) (25 reconst.) (13 reconst.) (28 reconst.)
(%) (%) (%) (%)
Tigelas prof.md 25,00 16,00 0,00 14,29
Tiaelasfimdas 6,25 0,00 0,00 3,57
Tieelas msas 6,25 0,00 7,69 l0.71
Pratos 0,00 0,00 0,00 0,00
Restring c/ borda direta 6,25 12,00 7,69 3,57
Rests.c/ borda infletida 31,25 16.00 38.46 28,57
Restr c/gargalo 0,00 4,00 7,69 7,14
Rests. c/ gargalo e I)escoQO 25.00 52.00 38.46 32,14

Tamb6m localizado na Baja do Uvar, o sftio MT-P0-080 (Aterro Pedro


Flores) foi, num primeiro moments, separadodos anteriores pele teste de cluster. A
aus&nciade pratos tamb6m 6 registrada nesse sino. Uma 6eqti&ncia mais igualitaria
entre vasilhas abertas, restringidas e rest:ringidascom gargalo indica maior
equilibrio entre agnesde servir, cozinhar e armazenar,sugerindo para o sino um
possiveluso homo habitagao.
Por outdo lido, o dendograma indira uma associagao maid direta do sino
MT-P0-080 com os sitios MT-P0-068 e MT-P0-082, melhores representantesda
cerdmica f)esca/veda e portanto associadoa ocupagaodos grander sitios
ribeirinhos. Com ipso pode-sesugerir que o MT-P0-080 tenha side usado homo
sino-habitagao na ocupagao mais recente, associada cerdmfca
Descalvado/Pantanal.

O MT-P0-079, apresentando tamb6m material Z)esca/dado/Pan/ana/ e


situando-senas imediag6esdo MT-P0-080 poderia ter desempenhado
para a
ocupagaoem pauta um papal de atividade limitada, homo cemit6rio, ou mesmo ter
fido menos intensivamente ocupado homo habitagao.

Agrupamento do Caicai

O agrupamentodo Caicai6 representadopelos sitios MT-P0-041, MT-PO-


053 e MT-P0-042.
322

Tamb6m para estes sitios as neqti&ncias com que aparecem as h&s


categorias de vasilhas - abertas, restringidas e restringidas com gargalo, bem homo
as formas registradas, sugerem algumas diferengas no uso dos mesmos. A Tabela-
35 e a Tabela-36 apresentam respectivamente as neqQ&ncias das categoiias de
contomo e das fomlas de vasilhas desseagrupamento.

Tabela-35 Freqiiencia de caiegorias de contorno nos Pmithames ca'&micos


do agrupamento do Caicai
CATEGORIAS MT+0441 MT-P0453 MT-P0442
DECONTORNO (ll reconstituig6es) (52reconstituig6es)
(%) (85 reconstituig6es)
(%)
(%)
Abertas 18,18 15,38 31,76
Restrineidas 27,27 63,46 47,06
Restrhgidas c/gargalo 54,55 21,15 21.18

No sino MT-P0-041 a pouca 6eqii6ncia de vasilhas abertas e restringidas


sugeremque atividades ligadas ao preparo de alimentos bem homo a repartigao dos
alimentos eram reduzidas. Por outro lado, a expressiva presenga de vasilhas
res&ingidas com gargalo podem estar indicando uma armazenagem de liquidos maid
mtensa.

O sino MT-P0-053 apresentaalta feqti&ncia de vasilhas restringidascom


bordas diretas ou inaetidas, pr6prias para cozinhar. Seguem-seas vasilhas
restringidas com gargalo e em menor quantidade, por6m ainda com presenga
expressiva as vasilhas abertas. Dadas essas caracteristicas do vasilhame ceramico,
infers-se para esse sino o uso homo habitagao.

Ja o MT-P0-042,a16mde estarrepresentado
pdas tr&s categoriesde
vasilhas,6 um dos poucos sitios que apresentatodas as formas de vasihas
registradas no vasilhame .Decca/dado,inclusive as vasilhas restringidas com gargalo
e pescogocurto, tigelas e pratos, ausentesna maioria dos aterros. As tigelas rasas,
tamb6m pouco presentes na maioria dos aterros aqui t&m presenga muito
significativa, enfatizando a f\mgao de servir alimentos e a possibilidade de um
consumo incipiente ou ocasional de almientos pecos. Considerando essas
323

caracteristicas do material ceramico, bem homo a densidade elevada do material


arqueo16giconesse aterro, pode-se sugeM para ele flmg6es de habitacio.

Tabela-36 Freqii2ncia deformas das vasithascer&micasdo agrwpamentodo Caicai


FORMAS MT-P0-041 MT-P0453 MT-P0-042
DE VASnHAS (I I reconstituig6es) (52 reconstituig6es)
(%) (85 reconstituig6es)
(%)
(%)
Tigelas proflmd 18.18 11.54 22.35
Tiaelas fimdas 0.00 3.85 1.18
Tiaelas msas 0,00 0.00 7.06
Pmtos 0,00 0.00 1.18
Restringidasc/ borda direta 18,18 17.31 25.88
Restrina. c/ borda infletida 9,09 46.15 22.35
Restring. c/ gargalo 0,00 0.00 2.35
Rests. c/ gargalo e pescogo 54,55 21.15 17.65

MT-P0-082 (Aterro Palfcio) e MT-P0-068 (Aterro Bananalzinho Bororo)

Os atenos .Pa/dc/o e Banana/zin/zoBororo, associados pelo teste de cluster,


sio entre os aterros estudados aqueles eula cerimica mellor caracteriza a /radfgao
Descalvado.

Apresentam astr6s categorias de contomo e folmas de vasilhas associadasa


usgs de preparar, servir e estocar liquidos e itens secos.

Tabeta- 37 Freqiiettcia de categories de contorno nas cerdmicas do agrupameltto


MT-P0-82 e MT-P0-68
CATE(]ORIAS MT-P0482 N4T-P0468
DECONTORNO (!.Z{Bwn@ulS®!)(@ (79 reconstituig6es)(%)
Abertas 56.90 26.58
Restrinaidas 32.18 50.63
Restringidasc/gargalo l0.92 22.78

Os dois sitios apresentam


todas as fomias de vasilhasidentificadasna
Gerd zfca .Decca/dado: tigelas dundas, de profundidade mediana, rasas e pratos,

vasilhas rest:ringidas de borda direta ou infletida, vasilhas restringidas com gargalo,


com pescogo curto e com pescogo lingo. Os vasilhames apresentando toda a hama
324

de recipientes apropriados para preparar, estocar e server alimentos permitem


atribuir aos dois sitios o uso homo habitagao.
Destaca-se no entanto, no MT-P0-082 (H/afro Pa/dojo) uma altissima

6eqti6ncia de vasilhas abertas, superior a neqi16ncia das demais categories. Essa


predominanciadas vasilhas de serversugere uma &nfasena partilha de alimentos e
por conseqii&nciaem atividades de cunho social, tais homo reunites e celebrag6es.
Considerando tamb6m as dimens6es do aterro, que apresenta a maior area

entre aqueles estudados e a expressiva densidade do material arqueo16gico em sua


superficie, pode-se inferir que trata-se de um sino "core" na regiao.

Tabela-38Formal de pasilhasdossitiosdo agrupamelttoMT-P0-082 eMT-P0-068


FORMAS MT-P0-082 MT-P0-068
DE VASEHAS (174reconstituig6es)
(%) (79 reconstituig6es)
(%)
Tigelas de orofimdidade mediana 28.74 [0.13
Tiaelas ftmdas 12.07 2.53
Tigelas msas 16.09 [2.66
Pmtos 0.00 1.27
Restrinaidasc/ borda direta 8.62 36.7]
Restringidasc/ borda infletida 23.56 13.92
Restringidasc/ gargalo 1.72 5.06
9.20 17.72
Restiingidas c/ gargalo e pescogg

Agrupamento MT-P0-039 e MT-PO-117

Os sitios desse agrupamento apresentaram baixa densidade de material


arqueo16gicoem super$cie, fomecendo raros nagmentos de bordas com
possibilidade de serem usadospara a reconstituigaode fomtas de vasiliias. No
entanto, as neqti&ncias de categorias morfo16gicas registradas nesse vasilhame sio
compativeis com aquelas apresentadas pelo material da cerdmica
Decca/dado/Pan/ana/.A 6eqii&ncia maior 6 de vasilhas de contomo restringido,
apropriadasparacozinhar.
Nesses sitios a baixa densidade de material arqueo16gico em superficie

prqudica uma comparagao maid produtiva de subs vasilhas com as vasilhas dos
demais sitios e das diversas ind6strias cerfmicas. Pode-seno entanto entender que a
325

baixa densidade de material arqueo16gico apresentada por esses sitios este


relacionada com um uso pouco intenso dos mesmos, pesoments homo habitagao.

Tabeta-39 Freqii2ttcia de categoriesde contorno na cer&micado agrnpamento


MT-PO-039e MTO-117
CA'lEGORIAS MT-P0439 M'l'-PU-1 17
DECONTORNO (I reconsdtuigao) (%)
Abertas 0.00
Restrinaidas 66.67 [oo.oo
Restringidasc/gqlgglo

Tabela-40 Freq&encia deformm de vasilhas dos sitios do agn"upamento


MT-P0-39e MT-PO-11
7

FORMASDE VASnHAS MT-P0439 M'] '-PU-1 17


(I reconstituigao)
(%)
Tiaelas de oroftmdidade mediana 16.67 0.00
Tiaelas flmdas 0.00
Tigelas maas 0.00 0.00
Pratos 0.00 o.oo
Restrinaidasc/ borda direta 33.33 !oo.oo
Restrinaidas
c/ bordainfletida 33.33 0.00
Restringidas c/ gargalo 0.00 0.00
16.67 0.00
Restringidas c/ gargala e pescogo

Assim, os atributos morfo16gicos das vasilhas dos sitios dos agrupamentos

representadospdas categolias de contomo e formas de seus recipientes sugerem:

e Nos dois aWupamentosindicados pele cluster e que sio compostos


por grupos de sitios localizados no mesmo espago geografico -- agrupamento da
Bala do Uvar e agrupamento do Caicai, ha sitios que apresentam vasilhame para
atender virios usos e que poderiam ter desempenhadoftlng6es habitacionais e
outros que poderiam ter sido usadospara atividades limitadas.

e No agrupamento
do Caicai, o MT-P0-042 e o MT-P0-067 poderiam
ter desempenhado
flmg6eshabitacionais,enquantoo MT-P0-041 teria fido
usado para atividade limitada.
326

centre os sitios da Baja do Uvar o MT-P0-080, o MT-P0-067 tiveram


uso habitacional, enquantoo MT-P0-079 pareceter tide menor uso por parte da
ocupagaomaid recente, e o MT-P0-040 terra fido usado por grupo pequeno,
provavelmente coma acampamentotemporario.

8 Os doin sitios que possuem predoininancia da c'e/Omica .Decca/veda


(MT-P0-082 e MT-P0-068) foram intensamente ocupados coho espagos

habitacionais, podendo ainda o MT-P0-082 ter representadoo paper de sino


"core" naregiao.

© Os doin sitios que apresentambaixas densidadesde materiale que


apresentampredominancia de vasilhas apropriadas para cozinhar(MT-P0-039 e
MT-PO117), podem ter desempenhado fung6es de acampamento temporario.

O exame comparative de neqii&ncias de categorias de contomo


representadasem grafcos de barra evidenciam tamb6m alguns padr6es.
No sino MT-P0-068, que apresenta exclusivamente c'e/gmfca .Decca/veda,
predominam as vasilhas de contomo restringido, representando aproximadamente
50% do total de suasvasilhas, seguidaspdas vasilhas de contomo aberto e pdas
vasilhas de contomo restringido com gargalo, com pequena predominancia das
vasilhas abertas(ver Figura 71).
Tal distiibuigao de 6eqii&ncias, apresentando vasilhas de cozinhar, server e
estocar, representa um padrao que tamb6m 6 apresentado pele MT-P0-042, de
cerimica Descalvado/Taiama(ver Figura 72).
Quando se compara essepadrao com o grafco de barras do estrato do MT-
P0-042, Niveis de 2 a 8(Figura 73), correspondente a cerdmfca Panda/m/ base

raja/zM, verifca-se que ha um acentuado aumento de vasilhas restringidas pr6prias


para cozinhar e uma diminuigao abrupta tanto das vasilhas de contomo aberto,
pr6prias para server,quanto das de contomo restringido com gargalo, pr6prias para
327

armazenar.Padrio id&ntico 6 evidenciado pesogralico de banal que corresponde ao


MT-P0-053(Figura 74), que conesponde ao .X/afro Camfsa.
Como pode ser veriBcado, comparando-se as Figuras 78 e 79, padr6es
relativamente semelhantesentre si sio apresentadospda cerimica dos sitios MT-
P0-082 e do MT-P0-042 estrato de navel-9 a navel-14(ce/Omfca /ncfsa .Pen/eac&z)
apresentandoamboy predominancia de vasilhas abertas, de server, seguidaspdas
reslringidas, de cozinhar e pdas restringidas com gargalo, apropriadas para
annazenagem.

Nos sitios da Bala do Uvar(MT-P0-067, MT-P0-079 e MT-P0-80), assam


coma o MT-P0-041 do ribeirio Caicai, apontam uma predominancia das vasilhas
restringidas com gargalo, enfahando a annazenagem(Figuras 75, 76, 77 e 80).

Os grgficos de baba dos sitios MT-P0-039 e MT-PO-117, que apresentam


baixa densidade de material mosRam uma predominancia ou mesmo uma presenga
exclusiva de vasilhas restringidas pr6prias para cozinhar, sugerindo tratar-se de
acampamentostemporarios (ver Figures 81 e 82).

Os graficos de barra que apresentam as 6eqii6ncias das formal de vasilhas


evidenciam para a cerdmica Z)esca/veda dos aterros e para o mzz/rico/nponen/e
Z)esca/veda/Pan/a/m/,
a ocorr&nciadas oito fomias idendficadasna anflise. Aqui o
sino MT-P0-068 este representandoa tradigao Descalvadoe a cerimica de
superficie do MT-P0-042 esM representando a ce/'z2Mica Z)esca/dado/PanlaPm/

(Figuras83e 84).

Ja a /rudi do /hanfanza/
Jose Zafam& apresentaapenasquatro fomias de
vasilhas(Figura 85) e a /ncfsa Pen/dadaapresentacinco(Figura 86). Em ambas
cerimicas est5o ausentes as tigelas rasas e pratos(formal 4 e 5).
328

Categopia de Canhomo das Vasllhas Cef$mic


daB .Aheimosdo PspMnal do Cgceres
MT.PO.068Herm BananalzinhoDown
so'K-J Barsshowpercer#s

eMegoria

FI(}U]R-A71 Freqii6nciade contomosde vasilhasdo MT-P0-068

Cabeaoiia de Coribama das Vasilhas Cal6micas


dosAbtpos do Padanal de Cgceres
MT.Pa.042MemoJacanzinho
Barsshowpercents
]

40'x -i

:"']
0
£
£:''-l

FIGURA 72 Freqtl6ncia de contomos de vasilhas do MT-P0-042


329

Categaria de Cong)mo das Va8llhas Cel8micas


dos,Alerros da Paibnal de Cdcens
hn'.P0.042Mello imho
?aiitanal.Taiaml
Barsshow percerds

FIGUliA 73 Freqti6ncia de contornos de vasilhas do


MT-P0-042, niveis de 2 a 8 (ceramics Pantanal)

Catogoria do Conhomo das Vuilhas Cer#mlc


dos .Alnnos do PuMnal de Cgcens
HT Pa.OB HBrFBC

eate8orfa

FI(jUliA 74 Freqt16ncia de contornos de vasilhas do MT-P0-053


330

Calegoria de Cantomo das Vasilhas CeF8micas


dosAtelmos do Pantanal de C&ce s
MT-POUI ' AUFuoCapadoGordo

FIGURA 75 Freqti6ncia de contornos de vasilhas do MT-P0-067

Categoria do Contomo d8s Vasilhas C6i ideas


dos ,AletpoBda Puianal de Cgceres
MI'.PO.a79 Merle Mah. Escura

lo$ d

. "*]

FI(AURA 76 Freqt16ncia
de contornosde vasilhasdo MT-P0-079
331

Calegoria de Corltome das Vasilhas Cer$micaB


dos 4$elns da Paillana! de Cgcens
HT.Pa.mOAfelpePeen Pious

FI(AURA 77 Freqti6ncia de contornos de vasilhas do MT-P0-080

Calogaria de Cano)mo das Vasilhas Cer6micas


dos AbrTos da PuMnal &: Cgceres
hIT Pa-082 Metro Pzlfeio
Berg show percents

eaoegalia

FI(AURA 78 Freqt16ncia
de contornosde vasilhasdo MT-P0-082
332

Categoria do Cone)mo das Vasilhas Cer6mica9


dos.Abnos do Pabnal de CicenB
hn'-PO.042 Helm Jacarednho
IncisaPeiiteada
Bars show perceris

cabeOoria

FIGURA 79 Freqti6ncia de contornos de vasilhas do MT-P0-042, niveis 9 a 14

Cdzgoria de Cardomo dns Vasilhas C


dos Nnuos do Panhnal de Cicetes
HT+04Q+l Meipo Carai&

601

£,,

1.0 2.0

calegeria

FI(AURA 80 Freqti6ncia de contornos de vasilhas do MT-P0-04 1


333

Cabeaorlade Conbmo das Vbsllhas Cer8mlcas


dos .Ah:nos do Panbnal de Cdceres
HT Pa.a© arena
Bars show pucerds

.u 40%
C
0
g
0
n.

FIGURA81 Freqti6ncia de contornos de vasilhas do MT-P0-039

Cabgoria de Contomo daB Vasilhas Coi8micas


dos Atenos do ParMnal de Cfceres
HT-Pa-117Nerve Japuira
11 i'l Barsshow pcrceris

C
+

25%

2D 3.D

eze8+ria

FI(AURA 82 Freqti6ncia de contomos de vasilhas do MT-PO-1 17


334

Fomta das Vasilha$ CerimicaB


dosAtenosdo Parhnal deCiceFW
MT+©.m B zhao Before
Barsshow percents

8"*
U
b.

L0

amma vasilha

FIGUliA 83 Freqti6ncia de formas de vasilhas do sino MT-P0-068

Famla das Vasilhas Cer$micas


dos A$eFPosdo Pa tbmaBde Cgcens
MT.P©.042
Halo Jaeaezhiho
Bws show perceMs

lbnaawasilha

FI(}UJ{A 84 Freqt16nciade formal de vasilhas do sino MT-P0-042


335

Forma das Vasilhas CerSmicas


dos .Alerposda Panbnal de Cgcems
MT.PQ.012Metro Jacarezinho
Pal iaElal-T3izM5
Bars show percents
ao't-l

a
g
a
n.
20$

KB'9 le-9
lbnna vullha

FIGURA85 Freqt16nciade fomias de vasilhas do sino MT-P0-042, niveis 2 a 8

Fomia das Vanlhas Cel$micas


dosAlenos do Panbnal de CiceKS
MT-Pa.012 Atetn .laearezinho
Incisa Penteada

FIGU:RA86 Freqti6ncia de fomlas de vasilhas do sino MT-P0-042, niveis 9 a 14


336

Com o intuito de friar parametros comparativos entre os vasilhames das


diversas ceramicas, definiu-se classes de medidas para os at:ributos diimetro de
boca, difmetro mfximo e altura, que representassem diferentes ordens de gandeza.
Assim, foram definidas as seguintesclasses:

e Clause-l - at6 8cm para diimetros e at6 10cm para alturas


© Classe-2 - Maior que loom at6 20cm
e Classe-3 - Maior que 20cm at6 40cm

e Clause-4 - Maior que 40cm at6 60cm


© Classe-5 - Maior que 60cm at6 80cm

Foram entio calculadas as 6eqti&ncias em que ocorrem dada classe, para a


obtengao de dados descdtivos e comparativos. Esses dados, apresentados

sinteticamente na Tabela-41, fomeceram uma caracterizagao mais completa das


cerimicas arqueo]6gicas do Pantanal de Caceres, que extrapola as caracteristicas
meramente tecno16gicas das mesmas. Comparag6es entre as 6eqti&ncias das classes

de dimens6es das vasilhas das diferentes cerimicas fomecem algumas indicag6es


sobrepeculiaridadesde dadauma.

Tabela -- 41 Freqiiettcia de classesde medidus dos vasilhames das diversas


ceriimicos do Pantana! de Cdceres

Descalvad- Pantana] Incisa Penteada


CLASSES MT-P0-042, SI MT-P0442,N24 MT-P0442, N9-14
DE Diem Alt Diem Diem Diem Alt Diem Diem Alt
MEDIDAS m£x (9 ) boca boca max boca M£x
(o%o) (o%o)
(%: .% (%. 70 (%:
2,53 0,00 29,11 13,20 0,94 11,54 3,85 15,38 22,22 5,56 44,44
2 70,89 30,38 27,85 45,29
58,50 46,16 50,00 50,00 22,22
3 25,32 56,96 34,18 28,30 51,88 15,38 42,31 38,46 27,78 33,34 33,34

4 1,27 11,39 7,59 0,00 1,89 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

5 0,00 1,27 0,00 0,00 0.00 0.00 0,00 0,00 0.00 0.00
337

O exame das feqii&ncias das classes de dimens6es evidencia que anne as


diversasindQstriascerfmicaspresentesno Pantanalde Caceres,a Decca/veda 6 a
que apresenta maiores vasilhas.

Entre as indQslriascerimicas analisadas,a ce/amiga .Decca/veda6 a que


apresenta feqt16ncia mais baixa de vasilhas com diimelros de boca menores,
apresentando,por ouho lado, os maioresdifmetros de boca. E a iSnicacerimica a
apresentarvasilhas com dimens6esde difmetros de boca de classe-4 (entre 40cm e
60cm). Apresenta ainda, com a ce/dm/ca /ncfsa .Pen/eac&z,
maior feqti&ncia de
diAmetros de boca de classe-3(entre 20cm e 40cm) do que as denlais cerfmicas-
Quanto aos diimetros mgximos, na cerdmica Z)esca/dadoe na
Z)esca/dado/Pan/a/za/sio mais &eqtientes aqueles de classe-3(entre 20cm e 40cm),
enquanto as maiores neqti&ncias nas demais cerfmicas sio das medidas de clause-2
(entre IQcm e 20cm} Os digmetros mgximos da c,e/dmfca .Dexcadvadoalcangam

valores arima de 60cm, embora com baixa freqii&ncia(1,27%)- A cerdm/ca


Z)esca/veda/Pan/a/m/
apresentauma pequena neqti&nciade 1,89% de valores de
clause-4 (de 40cm a 60cm), enquanto nas demais cerfmicas estio ausentes medidas
arimade 40cm.
Nas dimens6esde altura tamb6m a ce/dmica Z)esca/vedaapresentaos
maiores valores, com 6eqti&ncia de 12,66% para medidas entre 40cm e 60cm e at6
mesmo upa pequena feqii&ncia (1,27%) de alturas ence 60cm e 80cm.
Enqlal\ko a, cerdmica Pantanal .ftse Taiamd e a multicomponente
Z)esca/veda/Pan/a/m/ apresentammaiores feqti&ncias de alturas de classy-2(entre
loom e 20cm) e a Incisa Penteadamaior heqti&nciade classe-l (at6 loom), a
cerimica Descalvado apresentamaier 6eqii6ncia de dimens6es de altura de classe-3
(entre 20cm e 40cm).
338

Assim, qs dimeDls6esdas vasilhas evidenciam para as distintas cerimicas do

Pantanal 4e (:6m:es:

e Maiores vasilhas na ce/amiga Decca/dado, que alcangam diimetros de

boca de clause-4 (de at6 60 cm), difmetros mfximos e alturas de classe-5 (de at6
Boom);
. Menores vasilhas nas cerfmicas /'alz/ana/ e /nclsa Pen/Caan, cujas

maioresdimens6essio de classe-3(de at640cm);

e Vasilhas medianas na cerfmica .Decca/dado/Pan/ana/, que alcangam

diimetros de boca de classe-3(de at6 40cm) e digmetrosmAximos e alturas de


clause-4(de at660cm).

Agrupamento do Caicai -- sitiosMT-P0-041 , MT-P0-053 e MT-P0-42

Para esse agrupamento, as maiores neqt16ncias de dimens6es de vasilhas


sio aquelasde classe-2,puja medidamixima 6 de 20cm. No MT-P0-042 no
entanto, os di5nntros infximos de maier beqii&ncia sgo os de classy-3 (de 20cm a
40cm), apresentandoainda maiores neqti&ncias de alturas de classy-3 do que o MT-
P0-041 e o MT-P0-053. Evidencia-seportanto, que no MT-P0-042 (Aterro
Jacarezinho), as vasihas sio maiores do que nos outros aterros do agrupamento.
Por outro lada, a alta feqi16ncia de diimetros de boca de clause-l(de 8cm a

20cm) no MT-P0-041, aliada a aus&nciade vasilhas com difmehos mfximos


maiores do que 20cm evidencia as pequenas dimens6es do vasilhame daquele sino.
O MT-P0-053 apresenta vasilhas com dimens6es pertencentes at6 a classe-

3 (de 20cm a 40cm), evidenciando vasilhas de maiores dimens6es do que o MT-PO-


041, mas que nio alcangamas maiores dimens6es das vasilhas do MT-P0-042.
339

Tabela-42 Freqiiencia de closes de dimens6es de vasilhas dos sitios do


agrupamento do Caicai

CLASSES MT-P0441 MT-P0453 MT-P0442


DE
MEDS)AS
Diem
Boca (%)
Diem
max
(%)
a Diem Diem
boca(%) m6x (%) a Diem
boca
(%)
Diem
max
r%)
Alt
(%)
l 63,63 9,09 18,18 40,38 5,77 25,00 15.29 1,18 27,06

2 36,37 90,91 63.64 55,77 75.00 63.46 54,12 43,53 43,53

3 0,00 0,00 18.18 3,85 30.59 52.94


19,23 11,54 26,24

4 0,00 0,00 0,00 0,00 0.00 0.00 0.00 2,35 1,18

As dimens6es apresentadas pdas vasilhas dos sitios dense agrupamento


evidenciam:

©Vasilhas maiores no sino MT-P0-042 sugerem uso por grupos


fbmiliares maiores;

©Vasilhasmedianasno sino MT-P0-053 sugeremuso por grupos


fhmiliares menores;

©Vasilhas muito pequenas no sino MT-P0-041 sugerem uso para


atividade limitada, provavelmente homo cemit6rio.

Sftios da Baja do IJvar -- Agrupamento dos sftios MT-P0-040 , MT-PO.


067 e MT-P0-079 e o sftio MT-P0-080.

As maiores neqti&ncias de dimens6esdas vasilhas do agrupamentode


aterros da Bala do Uvar indicado peso teste de cluster e que associa os sitios MT-
P0-040, MT-P0-067 e MT-P0-079 sio de classe-2.

Ja o MT-P0-080, num primeiro mementoseparadodos demaispelo


dendograma,apresentamaior 6eqti6ncia de alturas de clause-3(20cm a 40cm),
340

apresentandoainda alturas de classe-5(60cm a 80cm), totalmente ausentesnos


demais.

Com excegao do MT-P0-040, que nio apresenta diimetro mfximo acima


da classe-3,os demaisapresentamuma pequenaieqii6ncia de diimetros mfximos
de classe-4 (40cm a 60cm). O MT-P0-057 e o MT-P0-079 apresentam tamb6m
pequenaBeqti6ncia de alturas de classe-4.
No agrupamento evidencia-se portanto menores vasilhas no sino MT-PO-
040 e vasilhas um pouco maiores um pouco maiores nos sitios MT-P0-079 e
MTP0-067. As vasilhas do MT-P0-080 sio maiores do que as vasilhas dos demais.

Tabela-43 Freq&2ncia de classesde medidas das vmithas cer&micas dos sitios


da gaia do Uvar

CLASSES MT-P0-040 (16vases) MT-P0467 MT-P0479 MT+0480


DE
MEDIDAS Diem
Boca
(%)
Diem
Mgx
(%)
a Diem
boca
(%)
Diem
max
(%)
a Diem
boca
(%)
Diem
max
(%)
A Diem
boca
(%)
Diem
M£x.
(%)
a
l 18,75 0,00 37,50 8,00 0,00 24,00 38,46 0,00 7.69 3.57 0.00 28,57

2 75,00 75,00 56,25 76,00 56.00 44.00 46,15 61.54 61,54 82.14 57.14 32,14

3 6,25 25,00 6,25 16,00 40,00 28,00 15,38 30,77 23,08 14,29 39,29 35,71

4 0,00 0,00 0.00 0,00 4,00 4,00 0,00 7,69 7,69 0,00 3,57 0,00

5 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 3.57

As dimens6esdasvasilhasdessessitiosindicam

eVasilhas maiores no sino MT-P0-080 sugerem ocupagao por grupo


dom6sticomaior;
©Vasilhas medianas no sino MT-P0-067 e MT-P0-079 sugerem

ocupaS;aopor grupo dom6stico menor;


eVasilhas menores no sino MT-P0-040 sugerem uso por grupo
pequeno,para fimg6es de atividade limitada.
341

Agrupamento dos sitios MT-P0-082 e MT-P0-68

Destacam-senessesdoin sitios neqti6ncias mais altas de vasilhas maiores


do que nos demais aterros estudados.

Nesses sitios predominam os diimetros de boca de classe-2, embora aqueles


de classe-3 apresentemfeqti6ncias signi6lcativas. As 6eqti&ncias de difmetros de
boca de clause-l e de classe-4 sio baixas.

Enquanto no MT-P0-082 os diAmetros mfximos mais 6eqtientes sio os de


classe-4 (de 40cm a 60cm) e no MT-P0-068 sio os de classe-3 (de 20cm a 40cm),
nos demais sitios os difmetros mgximos mais 6eqtientes sio os de classe-2 (de
IOcm a 20cm).
A fJeqti&ncia dos diimetros mfximos de classe-3 6 bastante signiflcativa no
MT-P0-082 e de classe-2 no MT-P0-068. Nos dois sitios a 6eqti6ncia dos
diimetros mfximos de clause-5 6 baixa estando ausentes os de classe-l.

Quanto is alturas, o MT-P0-068 apresenta6eqti&ncia predominantede


vasilhas de alturas de classe-3, estandopresentesvasilhas de alturas de classe-4 e de
classe-5, embora cm neqti6ncias mais modestas. No sino MT-P0-082 as alturas
predominantes sio as de classy-l, devido a alta neqii&ncia de tigelas.

Tabela Freqilencia de classesde medidas das vasilhas do agrupamento


dos sitios MT-PO- 082 e MT-PO- 068

CLASSES MT-P0482 MT-P0468


DE Diem.deboca Diem.Mgx.(%) Altum Digmde boca I Diem.Mgx.(%) I Altura
MEDIDAS (%) (%) (%) } I (%)
l 5.75 0.00 46.55 2.53 0.00 29.11

2 53,45 4,02 27.0] 70.89 30.38 27.85

3 37,36 35,06 21.84 25.32 56,96 34.18

4 3,45 53.45 7.59


4,02 1,27 11.39

5 0.00 0,57 0,57 0.00 1,27 1.27


342

As dimen$6esdos sitios MT-P0-82 e MT-P0-068 elddenciamportanto

e OSSitiOSMT-P0-082 e MT-P0-068 apresentamvasilhasde maiores


dimens6es do que os demais, indicando ocupagao por ©upo maior;

8Os sfbos MT-P0-082 e MT-P0-068 apresentammaior 6'eqii&nciade


vasilhas medianas e vasilhas grander em Beqti&ncia mais modesta;

©O sino MT-P0-082 apresentavasilhas mais vargas(apropriadas para


servir) sugerindo atividades de reunites e /ou celebrag6es (sino "core");

eO Sino MT-P0-068 apresentavaginas mais altai(apropriadas para


amiazenar), sugeiindo uso habitacional.

Agrupamento MT-P0-039 e MT-PO-i117

A despeito da exiguidade do material arqueo16gicode superficie dos aterros


MT-P0-039 e MT-PO-117 e das raras bordas que puderamser usadaspara
reconstituigao de fomllm de vasilha$ as feqii6ncias de classes de medidas dense

agrupamento apresentaram valores compadveis com os valores apresentados pelts


demais sitios. Assim, as classes de medidas mais neqtlentes foram: a clause-2 para

difmetros de boca e alturas, e classe-3para diimetros miximos.


Nio ocollem diAmeh.osde boca ou altai.ascom nndidas arima de 40cm,
sendoexcepcionais as alturas menores, de at6 loom e inexistentes as medidas de at6
8cm para os diimetlos. Dimens6es enlre 20cm e 40cm sio menos neqtientes do que
aquelasence 8cm e 20cJn,embora sejam comuns- Resume-sedai serum pequenas
as vasilhas dense agrupamento, sendo no entanto ausentes aquelas

excepcionalmente pequenas.Registra-se tamb6m a presenga, embora pequena, de


V 343

difmetro mfximo de classe-4 no MT-P0-039, de vasilha que poderia ser usada


homo panda para uma fhmilia relativamente numerosa ou homo uma funergria.
Considerando a baixa densidade de material arqueo16gico nesses sitios,

bem homo a reduzidissima presengade 6agmentos de trempes, indicador de


atividade de cozinha, pode-se atribuir a easessitios fung6es ligadas a atividades
limitadas.

Tabela-45 Freq&encia de classesde medidas das vasilhas ceriimicas do agrupameltto


dossitios MT-P0-039eMT-Poll 7
CLASSES MT-P0-039 (6 reconstituic6es) MT-PO-1 17 (1 reconstituicgo)
DE Diem.deboca Diem Altum Diimde boca Diem. Album
MEDIDAS (%) Mh.(%) (%) (%) Mh.(%) (%)

l 0,00 0,00 16,67 0.00 0.00 0.00

2 83,33 16,67 50.00 100.00 oo.ooo 100.00

3 16,67 66,67 33,33 0,00 100,00 0,00

4 0,00 16,67 0,00 0,00 0,00 0,00

As dimens6es apresentadas pdas vasilhas dos sitios dense agrupamento


evidenciam:

ePresengade vasilhas medianasnos sitios MT-P0-039 e MT-PO-117,


sugerindo grupo pequeno e atividades limitadas, come acampamento
temporario.

Capacidade volum6trica dus vasithas

Com o intuito de friar parametros comparativos entre as diversas ceramicas,

de6iniu-se classes de capacidades volum6tricas que pudessem representar diferentes


ordens de grandeza na disponibUidade, prepare e dishibuigao de alimentos. Assim,
foram definidas as seguintes classesde volumes:
344

e Classe 1: volumes pequenos,de at6 2 litros


©Classe-2: 2 limos<vol<ou= 4 litros
e Classe-3: 4 lib'os <vol <ou= IOlitros
B Classy-4: 10 litres < vol < ou = 20 litros
e Clause-5: 20 litros < vol < ou = 40 litros
e Classe-6: 40 litres < vol < ou = 60 1itros

B Classe-7: 60 litres < vol < ou = 80 litros


e Classe-8: 80 litros < vol < ou = 160 litros

. Classe-9: 160litros < vol

Considerando-se as neqti&ncias em que ocorrem essay classes de volume,


procedeu-se o exams de dada tradigao, ind&stiia ou multicomponente ceramista,
produzindo-se uma caracterizagao dos mesmos quanto is suas capacidades
volum6tricas e obtendo-se paramehos comparativos entre des. A Tabela-46
apresentaa 6eqii&ncia com que oconem as distintas classesde volume em dada
ind6stxiacerimica identiflcada.

Tabela-46 Freqilencia de capacidade volum6trica dos vasithas das trmig6es


ceramistas do Pantanal de Cdceres

CLASSES Descalvado Descalvado/Pantanal Pantanal-Taiamg Incisa Penteada


DE MT-P0468 MT-P0442. MT-P0-042. N-2-8 MT-P0442,N-9-14(%)
VOLUME (9 ) SuP+ N-1(%) (%)
l 30,38 48,91 38.10 61.11
2 20,25 13,05 33.33 5.56
3 lO,13 18,47 14.86 [1.1]
4 22,78 13,05 14.86 I I.I I
5 7,59 4,35 0.00 ll.I I
6 6,33 2,17 0.00 0.00
7 1,27 0,00 0.00 0.00
8 0,00 0,00 0.00 0.00
9 1,27 0,00 0.00 0.00

O primeiro aspecto evidenciado pda classificagao das capacidades


volum6tricas das distintas cerimicas 6 a aus6ncia de vasihas com capacidade
volum6tricaarima de 60 litros na cerimica .Decca/veda/Pan/ana/
e arima de 20
345

[itros na ce/dm.fcn Pnm/anal-.7]dam8,contrastando com a presenga de v:asilhas com

capacidadevolum61:ricade at6 mais de160 litros registrada na amostra da cerdmfca


Descatvctdo.

Vasilhas de at6 quatro litros, que poderiam ter servido pda uso de fktmilias
nucleares, sio mais neqtientes na ce/amiga Pan/ana/, enquanto vasilhas com
capacidadesvolum6tricas entre quatro e quarenta litros, que poderiam ter sido
utilizadas4)or grupo :lbmiliar extenso, oconem maid na ce/ mira.Descn/undo.
Esses fatores, sem dbvida sio importantes indicadores de dihrengas
existentes entre padr6es culturais dos portadores de dada uma daquelas indQstrias
cergmicas. Enquanto a cerdmfc'a .Disc'a/dado remete ao manuseio de quantidades
significativas de alimento e portanto a grupos populacionais e sociais extensos, a
cerdmfca /adia/za/ .apresenta caracteijsticas que .pemlitem associf.h a grupos
relativamente pequenos, envolvendo grupos fbmiliares menores. A amostra da
cerimica mz///fco/nponencfa/ Z)esca/dado/Pan/ana/ apresentou alguns volumes
maiores do que a ce/amiga /'an/ana/, nio chegando, no entanto, a alcangar valores
tio altos quanto os da ce/dmfca .Decca/dado.
Por sua vez, a cerdmfca /ncfsa Pen/eacia, enconhada nos esuatos inais

proftmdos do MT-P0-042 apresenta valores mais autos para as neqii&ncias de


vasilhas de capacidade volum6trica pequena, de at6 2 litros, do que as demais
cerimicas. Por outro lado, apresentavasilhas de capacidadevolum6trica de at6 40
litros, ine?listaltes lm ce/ mica /bn/ana/ e presents apenas em baixa feqii6ncia na
Descalva<lo/Pmatml.

Assim, para essas ceramicas, as 6eqii&ncias das classes de volume


evidenciam:
e Predominincia de vasihas de pequenos volumes (de at6 2 litros) em

todos os sitios, com menor 6eqii&ncia na cerdmica .Decca/veda;


8 Presenga de com volume superior a 160 ]ieos na rei'z2in/ca

Descatvado;
346

e Aus&ncia de vasilhas com volume superior a 60 ]itras na cerfmica


Descctlvado/Panlanal;

© Aus&ncia de vasilhas com volume superior a 20 litros na ce/dm/ca


Pantanat Taiamd.

e Maier 6'eqti&ncia de vasilhas de capacidade volum6tdca entre 4 litres


e 40 litros na ce/dm/ca .Decca/vedae maior neqti&ncia de vasilhas de
capacidade valum61].icainenol de at6 4 intros na ce.rdm/caPazz/a/m7 Zaianz&.

e Presenga de algumas vasilhas com capacidade volum6tiica de at6 40


\iHos na cerdmica Incisa Penteada.

Ja nos agrupamentosde sitios indicados polo teste de cluster, a capacidade


volum61hca das vasilhas permlte obter algumas indicag6es sobre a intensidade de

uso dos 5itios e .sabrea ordemde grandezada populagaoe do grupo social


envolvidg.

Agrupamento do C4icai

Nesseagrupamento
estio ausentesas vasilhascom volumearima de 60
]itros. As maiores 6eqQ&nciasem todos os sitios do agrupamento s5o de volumes de
clause-] (de at6 2 ]i&os)- No MT-P0-041 esse 6eqii6ncia 6 nlais acenhiada
(81,82%) e no MT-P0-042 estepresencea menor freqti&ncia de volumes de clause-l
do conjunto (51,43%).

O MT-P0-042 regisha ainda neqti&ncias bastante significativas de volumes

de at6 10 ]itros (20,00%) e de vasilhas de volumes de IO litros a 20 litros (12,86%).


Volumes de classe-6 (de 40 a 60 litros) est5o presentesnesse sino com #eqti&ncia
de 2,86%

No MT-P0-041 nio foram registradasvasilhas com volume superior a 2


litros. Na amostrado MT-P0-053, asvasilhasde volume correspontentesa classe-2
347

representam 15,38%, as vasilhas de volume de clause-3 (de 4 litros a IO limos) estio


representadascom a baixa neqti&ncia de 5,77% e as de classe-4 (de lO litros a 20
litros) com apenas 1,92%, sendo ainda ausentesvasihas com volume superior.

Tabeta 47- Freqilencia de capacidade volum6trica das vasilhas do Agrupamento do


Caicai
CLASSES MT-P0441 MT-P0453 MT-P0442
DE % % %
VOLUME
l 81.82 76,93 51,43
2 18,18 15,38 7,14
3 0,00 5,77 20.00
4 0,00 1,92 12.86
5 0,00 0,00 5.71
6 0,00 0,00 2,86

Para esseagrupamento, as neqti&ncias das classesde volume evidenciam

. Predominincia de vasilhas de pequenos volumes (de at6 2 litros) em


todos os sitios, com maior neqti6ncia no MT-P0-041 e menor 6eqti6ncia no
MT-P0-042;
e Aus&ncia de vasilhas com volume superior a 4 litros no MT-P0-041.
e Aus&ncia de vasilhas com volume superior a 20 litros no MT-P0-053.

e Aus&ncia de vasilhas com volume superior a 60 litros no MT-P0-042.


© Vasilhas maiores no MT-P0-042, medianas no MT-P0-053 e

pequenasno MT-P0-041.

O agrupamento da Baja do Uvar e MT-P0-080

As maiores6eq$6nciasde volume em todos estessitios sio de classe-l (at6


2 litros). O MT-P0-067 e o MT-P0-080 apresentammenores6eqti&nciasde classe-
I do que os silos MT-P0-040 e MT-P0-079. Freqii&ncias de clause-2 sio bastante
significativas para todos os sitios. O MT-P0-040 nio tem vasilhas de volumes
348

acima de classe-4 (de10 litros a 20 litros), o MT-P0-067 e o MT-P0-079 nio t&m


vasilhas de volumes arima de classe-5(de 20 litros a 40 litres). O MT-P0-080 tem
vasilhas maiores, a]gumas de]as com vo]umes de c]asse-8 (de 80 ]itros e ]60 litros).

Tabeta 48- Freqiiettcia de capacidade volum6trica das vasithas do agrupamento da


Bala do Uvar e MT-P0-080
CLASSES MT-P0-040 MT-P0467 MT-P0479 MT-P0480
DE % % % %
VOLUME
l 66,66 40,15 61.54 42.30
2 20.00 26,92 15.38 30.77
3 6,67 15,38 15.38 19.23
4 6,67 3,85 0.00 3.85
5 0,00 7,70 0.00
6 0,00 0,00 0.00 0.00
7 0,00 0,00 0.00 0.00
8 0,00 0,00 0.00 3.85

Para esse agrupamento, as neqtiGncias das classes de volume evidenciam

e Predominincia de vasilhas de pequenosvolumes (de at6 2 intros) em todos os


sfbos, com maior 6eqti&ncia no MT-P0-040 e menor neqti6ncia no
MT-PO- 067;
e Aus&ncia de vasilhas com volume superior a 20 litros no MT-P0-040;

e Presengade vasilhas com volume at6 40 litros no MT-P0-067 e MT-P0-079;


e Significativa presenga de volumes at6 10 litros e uma pequena presenga de
volumes entre 80 litros e 160 limos no sftio MT-P0-080.

e Vasilhasmaiores no MT-P0-080, medianasno MT-P0-067 e no MT-PO-


079 e pequenasno MT-P0-041.

A despeito do sino P0-080 ter apresentadovolumes mais autos,de clause-8


(de 80 litros a 160 litros), as feqti6ncias de classes que apresenta sio bastante
pr6ximas das classesapresentadaspele material do sino MT-P0-067.

O agrupamento MT-P0-082 e MTP0-068

O MT-P0-068 apresentavolumes de todas as classes identificadas na


cerimica arqueo16gica do Pantanal de Cfceres. Desde vasilhas pequenas, de
349

capacidafies volum61licas inBriores a 2 ]iaos, at6 aque]as superiores a ]60 limos- A


neqti&ncia major 6 da classe-1 (30,38%), seguidapda classe-2 (de 2 limos a 4 lobos)
e pe[a c]asse-4 (de ]0 ]itros a 20 ]itros), cujas 6eqti&ncias sio de 20,25% e 22,78%
respectivamente.
As classes 5 (de 20 ]itros a 40 ]itros) e 6 (de 40 ]itros a 60 1itros) com 7,59%
e 6,33% sio menos neqiientes e as classes7 (de 60 litros a 80 litros) e 9 (arima de

160 litrosl) -sio escassa$com 1,27% coda uma


Esse sino, apresentandovasilhas de uso individual, de uso de poucos e de
muitos individuos, que podeiiam correspondeda pequeno at6 de numeroso grupo
dom6stico, homo tamb6m de vasilhas relativamente Brandes, adequadaspara
estocagem, parece ter sido usado homo habitagao.
A pmosaagem do fido MT-P0-082 tamb6m apresaltou todas as classes de
volume, com excegaodaquela que correspondeaos maiores valores, arima de 160
litros. As vasilhas desse sino apresentam uma major &nfase nas capacidades
volum6tricas de classe-3 (de 4 a lO litres) do que o MT-P0-068, apresentando
por6m menores Beqii&ncias de classes de dimens6es mais elevadas do que aquele.

Para esse agrupamemo, as feqti&ncias das classes de volume indicam

e Entre os onze sitios considerados, os sitios MT-P0-082 e MT-P0-068

apresent4m as vasilhas de maiores capacidades voluin6tiicas-


e Nesses dais sitios tamb6m predominam as vasilhas de pequenos

volumes (de at6 2 litros), por6m com neqii&ncias mais modestas dos que nos
demais sitios.

e Nos dois sino a presengade vasilhas com volumes de at6 20 litros 6


significativa.
e O sino MT-P0-082 apresentavasilhas de volumes de at6 160 litros e o
MT-P0-068 apresentavasilhas com volume superior a 160 litros.
350

Tabela 49 Freqii2ncia de capacidade volum&trica das 'Pasithasdo agrupamento


MT- P0-082 e MT-P0-068 e do agrupamento MT-P0-039 e MT-PO-11 7

CLASSES MT-P0482 MT-P0468 N4T-P0439 M I -rtJ-l I/


DE % % % %
VOLUME
l 42,35 30.38 33.33 u.uu
2 18.82 20.25 33.33 u.uu
3 25,29 lO.13 33.33 LUU.UU

22.78 0.00 u.uu


4 8,8L
5 1.18 7.59 0.00 u.uu
6 0,!! 6.33 0.00
7 1.27 0.00 u.uu
8 0,00 0.00 u.uu
1,18
9 0,00 1.27 o.00 I u,uu

O agrupamento MT-P0-039 e MT-PO-117


Os sitios que comp6em esse agrupamento fomeceram amostras muito
reduzidas em decorr&ncia da baixa densidade de material arqueo16gico.

Especialmente o MT-PO-1 17, que fomeceu apenas uma reconstituigao de forma de


vasilha, de capacidadevolum6trica de classe-3 (de 4 a lO litros).
O MT-P0-039 apresentouheqti&ncias iguais para a classe-l, classe-2 e
classe-3.

Essas evid&ncias sugerem que essensitios tenham fido utilizados por um ou

poucosgrupos dom6sticos.
© Aus6ncia de vasihas com capacidade volum6trica arima de lO litros;

© MT-P0-039 apresenta6eqti&ncias iguais para vasilhas de volumes at6


2 litros, de 2 litros a 4 litros e de 4 litros a lO litros;
e MT-PO-1 17 apresentauma mica vasilha com volume entry 4 litros e
lO litros.

Dimens6ese capacidadevolum6&ica da cerimica dos aterros do Pantanal


de Cfceres foram submetidos a um procedimento de redugao de espagoscomplexos
da anflise multivariada, produzindograficos onde o comportamento
de quatro
vari6veis pode ser lido num espagobidimensional.
351

O gra$co da Figura 87, que re6ne os dados das amosaas de superncie dos
Daze aterros considerados, apresenta uma concentragao de vasilhas pequenas e
medias, com vasilhas de maiores medidas de altura ou de diametro, principalmente
nos sitios MT-P0-082, MT-P0-068 e em manor escalano MT-P0-042.

Quando langadasno grafted as vasihas provenientes da estratigrafia do


MT-P0-068, a sua distlibuigao evidencia signi:6cativa presenga de vasilhas medias

e algumas vasilhas grandes(Figura 88). Quando langadasno granco as vasilhas do


MT-P0-068 e as vasilhas do MT-P0-082, verifca-se o mesmo padrao de
distribuigao para os doin sitios. Assampode ser observado no grafco da Figura 89,
que messesdais sitios ha uma concentragaode vasilhas pequenas e medias e tamb6m
uma expressiva presengade vasilhas maiores, tanto em largura quanto em altura.

Essasinfomiag6esevidenciamque em todos os sitios ha uma major


ocon6ncia de vasilhas pequenas, destacando-se,no entanto, os sitios MT-P0-082 e
MT-P0-068 com maior quantidade de vasilhas de maiores dimens6es. Nesses dais
sitios, a ocon6ncia de um mesmo padrao de distibuigao com relagao a dimens6es e

capacidadevolum6trica conarma a indicagao feita pele taste de cluster ao agrupar


cerfmicas similares quando a a&ibutos tecno16gicose estilisticos de que o material
cerfmico dessesdoin sitios sio da mesma tradigao ceramista.

O materialde superficiee do Navel-l do MT-P0-042, representante


da
cerdm/ca .Decca/veda/Pap?za/m/,por sua vez apresenta uma concentragao maid
centuada de vasilhas pequenas e medias com quantidade maid modesta de vasilhas
grandes, coma pode ser vista no grafico da Figura 90. lsto sugere que as vasilhas
do mz//rico/nponenze.Decca/dado/Panzalm/representado polo material proveniente
desses niveis apresenta menores dimens6es e capacidades volum6tricas do que a
cerdmica Descatvado.
352

Dimens6es e Volume da
Cergmica,
Aterros da Pantanalde Cgceres
5iUO
[] 3g ]] so
g] 4n ]=] 79
co 2,0DODn [] 41 [] 60
g [l 42 [;a02
cq
C E] s3 jlllr
[] 67
-E o.oooao
039 U60
0 A.40 <>79
V41 m8Q
cn
L. -2.DDDDD.
> 42 D a2
B < 53 -b 117
.E

(9

E# -4.DDDDa

D.0DD00 2.000an 4.00DDD 6.0D000

REARfactorscore I foranalysis I
FI(AURA87

Dlmens6ese Volumeda
Cer8mica,
MTP0 068 BananalzinhaBorara
pioveni6ncia

'?F
lg:Hill
[Jl03 tBlll
'v D [l104 [l112
q [jlos [l113
lllns [Blt4
f'.
0 proveni6neia
'v

0 99 .= 108
A 101 D l09

g-.
V l02 $ 110
'l'.'l: Fl03 8111
q l04 lx112
Q l05 X lt3
D l06 - 114

REARfactorscore I foranalysis I
FIGU.RA88
354

Dimens6ese Volumeda
Cer8mica,
Jacarezinha - Pantanal . Taiam8
pnven16ncia
[l 99 [aloa
[3lol Ell09
[al02 Hilo
[al03 ]glll
Ell04 [a112
[llos Q113
[al06 H114
ElIoT

pFl0V }ni8ncia
099 -108
D l09

b.l03

[] 106 114

REAR factor score I for analysis l

FIGURA91

Dimens6ese Volume da
Cer8mica,
Jacarezinho-lncisapenteada
pnv lni6neia
[l99 [] 108
E] l09

EI l03
[] 104
[] 105[l113
[] 106

pnoveni6neia
0 99 m 108
A lol ]] l09
V l02 $ 110
< 104 IX112
0 105 X lt3
[] ID6 - 114

REAR factorscore I foranalysis I

FIGUlZA 92
355

Ja o material dos Niveis 2 a 8 do MT-P0-042, composto por cerfmica aqui

denominada mzdlgao Panda/m/#me Zalamd, apresentaacentuada concentragaode

recipientes pequenos, com esporadicapresengade vasilhas medianas(Figwa 91),


evidenciando presenga de vasilhame de menores dimens6es para esta tradigao
ceramista do que nas cerimicas anteriores.
O mesmo acontece com a distribuigao das vasilhas da ce/dmfca /nclsa
Penreada, proveniente dos Niveis 9 a 14 do MT-P0-042 e que este representadano
grafico da Figura 92: concenhagaode vasilhas pequenase aus6nciade vasilhas
grander.

7.4ASDATAQ6ESOBTIDAS

Com o objetivo de situar temporalmenteas ocupag6esem estudo,foram


obtidos os primeiros dados crono16gicos para os sitios arqueo16gicos do Pantanal de
Caceres, mediante datagao absoluta.
Today as datag6esforam obtidas pelo m6todo da termoluminesc&ncia,a
partir de amostrascerimicas.A reahzagaodas datag6esficaram a cargo do
Laborat6rio de Videos e Datagao da FATEC/SP(Faculdade de Tecnologia de Sgo
Paulo), sob a responsabihdade da Dra Sonia Hague Tatumi.
Para datagao da ocupagao dos aterros foram utilizadas amostras cerfmicas

provenientesdos dois sitios onde foram feitos os polos'testes:o MT-P0-042


(Alan'o Jacarezinho) e o M-T.P0-068 (Battatmlzinho Bororo).
Para datagaoda ocupagaoribeirinha foram utilizadas amostrascerimicas
provenientesde prospecg6ese agnesde salvamentoem tr6s sitios: MT-P0-038
(Hferro Jafobd), MT-P0-044 (CemffdHo JIPdzoGra/zde) e MT-P0-137 (San/o
Antonio das Leah.
Essay dates estio apresentadasna Tabela-48.
356

Forum datadosh6s IHveis do MT-P0-042: Nive1-2 Nigel-5 e Niv£1-9. Os


niveis inferiores, devido a limitag6es das pr6prias amostras, nio fomeceram datas-

O material de super$cie, correspondente ao multicomponente


Z)esca/dado/Pan/ana/ tamb6m nio foi datado, devido ter permanecido exposto a
luz solar, o que comprometeria a confiabilidade da datagao por temioluminesc&ncia.
Desse mFsmo ateilo, a amostm datada para o N:ives-5 apJ:esentouuma data ]im
pouco posterior a data oblida pma o Nigel-2, fbto que rode ser explicado pda
ocorr&ncia de perturbag6es na estratigrafia, causadaspor cupins e sepultamentos-
Assim, foi datada uma amostrado Navel-2 que corresponde cerdmica
p'anzana/Zaiam&. Etta data, de 1050 + ou - 100 BP, representao topo da ocupagao
associadaa rP.rdmicaPanzazza7
.7biama,a patti do qual essa cerimica 4)asdaa
aparecerjunto com a cerdm/ca .Decca/dado.
A amostra datada do Navel-9, de 1.200 + ou 120, corresponde ao thai da

ocupagaodos portadores da ce/gmica /ncfsa Pen/coda que, homo ja foi evidenciado


anteriormente, apresenta caracteristicas diversas da ce/'dmlca Pan/ana/ Za/ama,
tanto nos .auibuos tecno16gicose estilisticos, guano mls aspectos mol.fb16gicos do
seu vasilhame. Infelizmente, devido a limitag6es do pr6prio material coletado, nio
puderam ser datados os estratos inferiores do aterro, cujas datas poderiam fomecer
indicag6es sabre o initio da ocupagaoe da pr6pria constiugao do aterro.
A llestaca kinda que a ocupagaodo MT-P0-042 (d/e/yD Jnm/.MMo)
pelos ppuladores da ce/dm/ca -Pan/ana/ teria se dado no mesmo pedodo em que se
intensiflcava a ocupagao do Planalto Central pecos grupos ceramistas de grander
aldeias. Embora nio se possa estender as datas do .d/afro Jacarez/nho para a
ocupagao de toda a hea alagavel do Pantanal de Caceres, sem d&vida das podem
serconsiS]emdas
homomarco:teinpora]bastantesignilicadvo-
Do .Banana/zzz/zo
.Bo/o/oform datadasdual amostms,sendounn do
Navel-2(10-20 cm) e outra do navel mats profundo que apresentoumaterial
suflciente para datagao por termoluminesc&ncia, o Nivel-10 (90cm a100 cm). Esses
dais niveis, embora bastante distanciados na estratigra6la, apresentaram datas
357

bastante
pr6ximas,
ambas
do s6culoXVlll, quecoincidem
como initio da
ocupagao colonial portuguesa na area, consolidada em 1778 pda fundagao de Villa

Maria do Paraguay,hole Cfceres.


Se se considerara data de 1050 + ou - 100 BP homo data de initio do

contato dos portadores da cerdm/ca Z)esca/vedacom os portadores da cerdmfca


Pan/a/za/e a data de 200 + ou - 20 BP homo data mats recente da ocupagaodos
portadores da cerimica Descalvado, tem-se que esses Qltimos estiveram presented
na area por pelo menos 680 anon,podendo ter alcangado at6 970 argosou at6 mais.

Tabela-48 Data€6es absolutes por termotuminesc&ncia de sttios arqueo16gicos do


Pantanal de C&ceres

Sino Profimdidade DA IdadeBP


(cm) (Gy/ano) .£, (antes)

N4T-P0-042 10-20 2.4E-3 2,51 1050+ ou- 100


(Ateno Jacarezinho)
MT-P0442 40-50 2.4E-3 2,22 925+ ou- 100
(Ateno Jacarezinho)
MT-P0442 80-90 2,4E-3 2.88 1200+ ou- 120
(Aterro Jacarezinho)
MT-P0468 10-20 2,4E-3 0,48 200+ ou- 20
anan81zinho Bororo
MT-P0468 90-100 2.4E-3 0,60 250+ ou- 25
(Bananalzinho Bororo
MT-P0-137 40-50 2,3E-3 1,48 670+ ou- 70
(SantoAntonio dasI,endas)
MT-P0438 40-50 2,3E-3 1,66 750+ ou- 70
(Jatobg
MT-P0438 60-70 2,3E-3 1,51 690+ ou- 70
(Jatobf)
MT-P0-044 53 2,4E-3 1,96 820+ ou- 80
(Indio Grande)

As datag6es obtidas para os sitios ribeirinhos associados a ce/dmfca


.Decca/dadopor sua vez, indicam uma intensa ocupagao entre os s6culos Xlle XIII.
Essa ocupagao serra mais ou menos concomitante com a ocupagao aharon/ no
Mato Grosso do Sul, sugerindoque essesgrupos ceramistasde grandes aldeias
teriam ocupado areaspr6ximas a planicie alagavel(no casa Gz/aran/), ou na pr6pria
planicie alagavel, homo no faso em estudo, no mesmo pedodo.
358

No entanto, a ocupagaodos portadores da cerdmfca Decca/dado pode ainda


ter se iniciado maid remotamente,homo parecem indicar as datas obtidas para
estratos maid proflmdos de um grande sino cerimico no rio Jauru por Martins e
Kashimoto37(no prelo, citados por Oliveira, 1999-2000). malta, no entanto, uma
anflise conclusiva dessa ceriinica para que se posse allibui-la a /radfgao ceramls/a
Descatvado.
As datas mais antigas e seguras obtidas at6 o moments para a ocupa ao
Decca/dado (datas ence 1050 + ou - 100 BP e 820 + ou - 80 BP), sio concomitantes

aquelas aceitas para o initio do contato das populag6es dos carr/fos com grupos
ceramista$iig£icultores de Ol-tgemalnaz6nica iu-regiao de terras baixas que inclui o
sul do Brasil, leas do Uruguaie da Argentina.
Sio tamb6m concomitantes is ocupag6esmats recentes pelos monticulares
da Planicie de Mojos ap6s um periods de intensificagao da ocupagao, odom.do entre

1350 BP 9 950 BP
Para a ocupagao associadaa /ruc#g o /'an/ana/, as datas publicadas por
Schmitz et al. (1998) para atenos de areas mats meridionais, localizadas no estado
brasileiro de Moto Grosso do Sul, sio sodasantes-ioresAs dates obtidas para os
estratosdo MT-P0-042 correspondentes
aquelacerfmica (entre 1050+ ou - 100BP
e 1200 + ou - 120 BP). Ja a data de 820 + ou - 60 BP obtida por Oliveira (1999-
2000) para o Molto do Caracara,localizado um pouco ao sul do .Pan/a/za/de
C&ceres, ,situa-se em Jkixa temporal dais pr6xlma .Embora Oliveira n5o tenha
atribuido em carfter definitive elsa data a /radigao Pan/a/zaZ,rode-se consideim
que o material por ele datado 6 contemporaneo a ocupagao associada a rrac#g o
Decca/dado e ao estrato multicomponencial .Decca/dado/Pan/a/m/, do Pantanal de
Cfceres.

s' CeiamlFatoletada em 1999,'noambito-do-pr(Uetode-satvnnentoWi16gico realizado na area de


impacto direto do GasodutoBolivia/Mata Grosso,junto ao rio Jauru, afluente do rio Paraguayna regiao de
Cgceres
359

engoto/ pintum

vasilhas 5

0 2 4cm

FI(AURA 93 Vasilhas abertasrasasda rradfgao Z)esca/veda presencenos aterros


(formas reconstituidas a partir de 6agmentos de bordas):
360

vasilhas 5 IOcm

bordas

0 2 4cm

Gorda impress

tongobo/ pintura
venelha

FI(AURA 94 Vasilhas abertas dundas da /radff o Z)esca/vac7opresente nos aterros


(formas reconstituidas a partir de 6agmentos de bordas).
361

vasilhas

bard as

ieee/' pintura ve reel ha cords Jq!.E!!!!g

FIGURA 95 Vasilhas restringidascom borda direta da rradlf o .leica/dado presente


nos aterros (fomlas reconstituidas a partir de fmgmentos de bordas).
362

vasithas

bordas

0 2 4cm

FIGUliA 96 Vasilhas res&ingidas com borda infletida da /rac/ff&o .De.gc-a/vedapresents


nos aterros (fomlas reconstituidas a partir de 6agmentos de bordas).
363

vasilhas 5 IOcm

bordas

4cm

FI(laURA 97 Vasilhas restringidas com gargalo curto da //"adffao .Z)esca/dadopresente


nos aterros (fomlas reconstituidas a partir de 6agmentos de bordas).
364

Wsilhas 5 IOcm

bordas

ongobo/ pin tuna verne Iha

FI(AURA 98 Vasilhas restringidas com gargalo longo da /rudfg o Z)esca/vacio presente


nos aterros (fomlas reconstituidas a partir de Bagmentos de bordas)
365

vaBilhas 5 loan

\
/
\
/
\

\ //
'\

'\
.P./ 0 2 4cm
'\

FI(}U:RA 99 vasilhas com decoraGdo de Gorda impressa


presentes nos aterros

bordas

0 2 4cm

d14'1'44e\
FI(AURA Vasilhas abertas da /radffao .Pan/ana/,fuse Zafamd presente nos atenos
100
(formas reconstituidas a partir de nagmentos de bordas).
366

xasilhas 10 cm

igtq R \\\\+t8el
tradigao Pantanal/ Fase Taiamd
vasilhas restringidas

\
l
/

'1'
/ 1
/ \
/ \

r \ \

/
l \ 'ib
l \

\
/

l \

\ /

/
'1 \

\
\
\
/
,,'
\

\
\

/
\

\
\ /

\ /
\

\
/

\
./

\ 'B

' 7
/
./
.pP

FI(AURA
Vasilhas restringidas da /radff o /)anZana/,base Zafamd presente nos
101
aterros (formas reconstituidas a partir de fragmentos de bordas).
367

CAPnUL08
A OCUPACAO PRi-COLONIAL DO PANTANAL DE cACERES
RESULTADOSEPERSPECTIVAS

A complexa situagao 6tnica do .Alto Paraguai registrada pecos europeus no


s6culo XVI parece ter se instalado na regiao do Pantanal de Cfceres por volta do
s6culo X, quando os portadores da c'e/OmfcaPan/alm/ passamm a ter conUto com
os portadores da ce/dmfca .Decca/judo. Elsa situagao, que teria fido caracterizada
por intensos conMtos interculturais, que incluiam aliangas, simbioses e confontos
b61icosentre grupos culturalmente distintos, estaria expressano Pantanal de Cgceres
polo mzl/rico/nponenrecerdmfco Decca/vacZa/Panfazm/
e pecos sepultamentos de
padr6es diversos, registrados nos cemit6rios ribeirinhos. Por um lada a presenga
recorrente de cezdmicaDecca/veda junto ce/Omica Panda/la/ Zafam& na superacie
dos atenos, bem homo o provavel sepultamento de indiHduos de amboy os grupos
em cemit6rios ribeirinhos associados a frudf£8o /)esca/va(Za, sugerem uma situagao

simbi6dca. Por oubo lado, a presengade colares de dentedhumanos registrada em


sitios arqueo16gicos
associadosa essengrupos indicam que nio se tratava de
nenhum "paraiso terrenal", homo alguns jesuitas no s6culo XVll quiseram
considerar a regiao do .Nto Paraguai.

Uma outta situagao de possiveis contatos 6 oferecida pelo sino


arqueo16gico MT-P0-042(Hlerro Jacarezfn/zo), que apresenta uma cerfmica ainda
diversa das demais nos deus estratos maid profimdos. Elsa ceramica, aquareferida

coma /ncfsa Pen/ea(tz, presente at6 a base do ateno, pode ser atiibuida aos pr6prios
constiutores daquelesmondculos de terra na planicie alagavel.

Coma o aterro nio apresenta hamada arqueologicamente est6ril, pode-se


considerar quito provavel que o contato entry os portadores da cerdmica .Pa/ztazm/
Zaiam&e da cerdmfca/ncfsa p'elzfeac&z,
que se sucedemna estratigrafia,tenha
tamb6mocoirido. No entanto,dadasas ]imitag6esdo pr6prio material da cerfmica
/ncfsa Penfeac&zcoletado na abertura de um corte de pequenas dimens6es, faz-se
368

necessArioa ampliagao da hea escavada para que se possa iniciar o estudo dessa
situagao. Serf oportuna tamb6m a inclusio de outros tipos de dados a16mdaqueles
fomecidos pda ceramica, ja que essay dual indasaias, embora possuam
caracteristicas tecno16gicas e estilisticas bastante distintas, apresentam algumas
similaridades quanto is dimens6es e a morfologia. Abbas apresentam vasilhames
de pequenas dimens6es, voltados para a manipulagao de alimentos cozidos, o que
sugere alguns padr6es semelhantes,relativos a tamanho de grupo, organizagao
sociale subsist&ncia. Pode-se por enquanto sugeiir para os portadores daquelas
cerimicas que fossem organizadosem pequenosgrupos e que vivessem da
exploragao de recursos lacustres, com uma alimentagao baseada principalmente em
alimentos cozidos e ensopados.

A data maid recente para a ocupagaoda Area foi fomecida pelo sino MT-
P0-068(.Baz2a/m/zinho .Bororo), que teria fido ocupado por portadores da fradlgao
ceramic/a Decca/veda na primeira metade do s6culo XVIII. Esta 6 a 6nica data t5o
recente obtida at6 o memento e coincide com o initio da colonizagao portuguesa na

regiao, reforgando a infomlagao fomecida pda etna-hist6ria, de que entre a chegada


dos espanh6isno s6culo XVle a ocupagaoda area pecoslusos no s6culo XVlll,
muitos grupos 6hicos da regiao do Alto Paraguai foram extmtos.

Durante o s6culo Xlle o s6culo Xlll- e provavelmente at6 mesmo antes -

os portadores da //udlo ceramfsla Z)esca/veda estavam instalados em grander


aldeias que conespondem aos extensos sitios arqueo16gicoscergmicos a c6u aberto
registrados ao longo do rio Paraguaie de deusafluentes maid alton.

As grander dimens6esja registradas para os sitios ribeilinhos, que alcangam


at6 750m de extensao, assam com as caracteristicas do pr6prio vasilhame
Decca/dado, que apresenta vasilhas para estocagem que alcangam capacidades
volum6tricas arima de 160 litros, nio deixam dQvidasquanto a ordem de grandeza
daquela populagao, e evidencia uma possivel especiahzagao na manufaMa da
ceramics.
369

Estes grupos ocuparam tamb6m aterros na planicie alagavel, construidos


anteriomlente por outros grupos pr6-existentes. O material arque16gico da /ra(#fao
Z)esca/veda presents na superacie dos atenos sugere que deus portadores nio s6
usaram essenmonticulos para a realizagao de sepultamentos e coma acampamentos
temporarios, mas tamb6m os ocuparam de forma maid pemianente, coma habitagao.
Alguns podem ter alcangado a categoria de "core", desempenhando fung6es de sino
central, sediandoreunites e celebrag6esde carfter inter-grupal.

O modelo da ocupagaorepresentadapda cerdmica -Decca/vedaparece ser


compativel com aquele proposto por Susnik(1994) para os -Ndoyo-ararat,que
teriam mantido grander aldeias com numerosashabitag6esunifhmiliares e
implantado nos atenos pequenasaldeias com uma ou algumas poucas vivendas
multifamijiares.
Dados de diferentes naturezas, tail homo localizagao geografica, cultura
materiale sistemade subsist&ncia
parecempemlitir associaros portadoresda
ce/OmfcaZ)esca/veda a ©upos genericamente referidos coma Xarayds nas cr6nicas
coloniais. Embora ngo se tenha feith nenhum registry da lingua Xa/'Wd antes de sua
extingao, estes grupos t6m sido considemdos pda etnografa come arawak. Teriam
coma vizinhos ao norte os Paresi-arawak e ao mule sudoeste outros grupos de

lingua tamb6m arawal, tail homo os C/mild e os "chiquitanos" Sa/uve#cz.De acordo


com refer&ncias etnograficas, etno-hist6ricas e arqueo16gicas, todos essen grupos
a/uwak cultivadores de origem amaz6nicateriam chegado ao Chaco e ao .Alto
Paraguai em diversas ondas migrat6rias, substituindo ou ftmdindo-se a grupos pr6'
existentes, de economia baseada em naga, pesca e Goleta, sem agncultura ou com
uma agricultum de cargter apenassubsidiirio.
O material arqueo16gicopor exce16ncia considerado no imbito dense
trabalho 6 o material ceramico, quito adequado para esse estudo de casa, hahavisto

sua presengaabundante na super:Hoedos aterros, oportunizando a obtengao de fbrto


material por meio de Goleta sistematica, homo tamb6m seu grande potential
infomiativo, ja que apresenta naginentos cerimicos de indQstrias de caracteristicas
distintas.
370

O estudo da cerimica arqueo16gicado Pantanal de Cfceres oportunizou nio


s6 caracterizar diferentes tradig6es ceramistas que oconem na hea mas tamb6m
inferir alguns aspectos de ocupag6es pr6-coloniais da regiao, relacionados a
sistemasde abastecimento, organizagao sociale padrao de assentamento.

No presente estudo, os atributos tecno16gicose estilisticos da cerimica dos


aterros do Pantanal de Cfceres pemlitem a identificagao de cada tradigao ceramlsta,
assam coma oportunizam a investigagao, por meio de comparag6es por
similaridade, da ocon6ncia de nucleag6ese de Buxomde influ6ncia.
Foram identifcadas at6 o memento para o Pantanal de Cfceres tr6s distintas
indQstrias cerimicas arqueo16gicas,a saber: a /rudi do ceramfsza .Decca/dado, a
tradigao ceramista Pantartal faso Taiamd e a cerdmica Incisa Penteada. (1)
mz///fco/npanen/eDecca/dado/Panda/m/,composto por material cultural daquelas
dubs tradig6es ceramistas esMpresencena superficie da maioria dos aterros da hea,
evidenciando a extensio geogra:hca daquela ocupagao.

As tr&s cerimicas identifcadas apresentam atributos tecno16gicos e


estihsticos diferenciadose que as caracterizam"
Assim, a ce/dmica Decca/dado dos atenos apresenta antiplastico
predominante de concha triturada, seguido por antiplastico de paco moido, amboy
em composigao ou nio com graos sub-arredondadosde quartzo. Uma presenga
embora pequena, de nagmentos com cariap6 6 reglstrada na cerfmica dos sitios
ribeirinhos. A queima predominante 6 aquela com oxidagao incompleta,
apresentando,no entanto, largas falxas oxidadas e ainda uma 6eqti&ncia maid baixa
de 6agmentos com oxidagao completa. O acabamento gerald o alisado com
presenga de lusho. A decoragao predominante apresenta engobo vermelho e/ou
pintura vermelha compondo motivos geom6tricos ou marcando o Ifbio das vasilhas.
A presenga de decoragaoplastica 6 pequena, representada por impressao de Gorda e
decoragaoincisa linear. Os Ifbios maid &eqtientes sio os arredondados e aponMdos
e asformal de borda quepredominamsio asdiretas,seguidaspdas infetidas.

38Para uma descrigao detalhada das cer$micas do Pantanal de Cgceres consultar o Capitulo-7 do presente
tiablho.
371

A cerdmfca Pan/a/m/ Zafam& 6 caraterizadapeso antiplastico predominante


de cano moido, combinado ou nio com outros elementoscoma concha triturada,
graos de quartzo e cauixi. O cauixi tamb6m tem uma pequena presenga coma
antiplastico. A queima 6 aquela de oxidagao incompleta, apresentandofinal
camadas oxidadas nas superHcies dos 6agmentos ceramicos, resultando numa
coloragao panda. O acabamentodessa cerimica 6 mais grosseiro, incluindo o
alisamento apenas em parte dos 6agmentos e em 6eqii&ncia ainda mats baixa o
lustre. A decoragaoplastica 6 pouco 6eqiiente, representadapda impressaode
Gorda e pda incisa. Engobo e pintura estgo ausentes.Caracteriza-se elsa cerimica
por apresentar uma profusao de formal de Ifbio: arredondados, aplanados,
expandidos, reforgados, biselados, complexos e roletados. As bordas predominantes
sio as infletidas, seguidaspdas diretas.
A cerdmlca /ncfsa Pen/eads apresentaantiplastico de graos de quartzo e de
areia 6na. A queima predominante 6 a de oxidagao incompleta. O acabamento6
grosseiro, com alisamento e lustro apenasocasional. A decoragao plastica 6 a incisa
em band(ou incisa penteada),que estandopresentenas demais cerimicas apenas
ocasionalmente,pode ser consideradohomo um trago diagn6stico dessa cerimica.
Estio ausenteso engoboe a pintura.Apresentavirios tipos de fomia de lazio,
predominando o arredondado, o apontado, o expandido e o biselado. A forma de
bordapredominante6 a direta.
.A16mda caracterizagaodas distintas ceramicas, o estudo dos atributos
tecno16gicose estilisticos e a anfhse estatistica dos mesmos sugerem a ocorr6ncia
de nucleag6esde carfter temtorial. Assim, conjuntos de sitios geogafcamente
maid pr6ximos em gerd apresentam cerimicas com maior grau de similaridade
entre deus atributos tecno16gicose estilisticos. Esse 6 o casa do agrupamentode
sitios localizados na regiao do Caicai- MT-P0-053, MT-P0-041 e MT-P0-042
(Hrerro Camfsa,.4/afro Ca/'ayA e .4/afro Jacarezfn/zo)-- e o casa do aWpamento
da Bala do Uvar - MT-P0-067, MT-P0-079 e MT-P0-40(Hferro Capado Gordo,
Aterro M.ata Escura e Aterro Tuiuiub.
372

Por outro lada, o material cerimico do MT-P0-080(Hrerro .PedroFlores),


tamb6m localizado na Bala do Uvar, apresenta maior siniilaridade com o
agrupamentodo Caicai. lsso pods estar indicando que o MT-P0-080 poderia ter se
originado de um desmembramentodo agrupamentodo Caicai oconido em alguma
6pocaanterior,ja que entre os aterrosestudadosda Bala do Uvar, o MT-P0-080,
dadas as caracteristicas do seu vasihame e a alta densidade de material

arqueo16gico em sua super$cie, parece ter fido o aterro maid densamente ocupado.
Ja os atributos morfo16gicos,dimens6ese capacidadesvolum6tricas das
diversas cerimicas do Pantanal de Cgceres apontam diferengas que sugerem
padr6es culturais diversos para dadauma delay.
Para os portadores da cerdmica Z)esca/veda registra-se signifcativa
presenga de vasilhas abertas, apropriadas para servir, que indira uma 6nfase na
partilha de alimentos preparadose portanto em eventos de crafter social.
Vasilhas restringidas apropriadaspara cozinhar sio as maid 6eqiientes,
sugerindo &nfase no prepare de alimentos ensopadose cozidos. Presenga de tigelas
rasas,pratos e vasilhas restringidas com gargalo e pescogo curto, embora com
heqii&ncia menor, evidencia a manipulagao de alimentos seeds, que seriam
inclusive estocados.
As vasilhas apresentam-se com dimens6es e volumes variados, sugerindo

preparo de alimentos, tanto para grupo fhmihar pequeno, quando para grupo
extenso.

As dimens6es e capacidades volum6tlicas das vasilhas de servir sugerem

uma orgailizagao social que poderia incluir tanto o consumo individual quanto o
consume fbmihar do alimento.

A presengasignifcativa de vasilhas rest:ringidascom gargalo, apropriadas


para estocagem e tamb6m suas dimens6es reladvamente altai e capacidades
volum61ricas que alcangam at6 maid do que 160 litres evidenciam estocagem de
quantidades considerfveis de alimentos pecosportadores dessatradiggo ceramista.
373

Para os portadores da cerdmlca Pa/zfa/m/ Zaiamd regisha-se maior


neqii&ncia de vasilhas globulares restringidas apropriadaspara cozinhar, sugerindo
6nfase no preparo de alimentos ensopadose cozidos. Por outro lado, ha aus:ncia de
recipientes apropriados para o manuseio de alimentos seeds.
Baixas 6eqii&ncias de vasilhas abertas e de vasilhas restringidas com
gargalo sugerem pouch &nfase na partilha de alimentos e na aimazenagem.
O vasilhame da ce/dmfca Pa/zfa/m/ Zafam8 apresenta acentuada
predominancia de vasilhas de pequenasdimens6es,com volumes de at6 2 litros e
aus6nciade vasilhas com volume superior a 20 litros, sugerindo grupos pequenos.

O multicomponentecerimico Decca/dado/Panda/m/,
presentena superficie
dos aterros apiesenta ocasionalmente vasilhas apropriadas para manipulagao de
alimentos pecos, embora na major parte dos sitios essay formas de vasilhas estejam
ausentes. As dimens6es e capacidades volum6t:rican das vasilhas apresentam valores
intennediirios ence aqueles da cerdmfca .Decca/veda e aqueles da a'adfg8o
Pa/zfazm/,
estandoausentes.vasijhas
com volumesuperiora 60 litres.
Ja a ce/dmlca /nclsa Pen/eactzparecerepresentar uma situagao diversa, que

nio se pode ainda caracterizarem de6nitivo deddo as limitag6es do material


disponivel, mas que aparentementeapresentamaier 6nfase em vasijhas apropriadas
para server e armazenar do que as demais cerimicas. Por outro lado, as pequenas
dimens6es das vasilhas e a aus&ncia de vasilhas rasas sugerem, coma a cerdmfca

Pan/ana/ raja/zza, organizagao em pequenos grupos sociais e subsist&ncia baseada


principalmente em alimentos liquidos e ensopados.

Enquanto as pequenas dimens6es e a baixa 6eqil&ncia de vasilhas


apropriadas para amlazenagem sugerem sua pouca 6nfase ence os portadores da
ce/dmfca /)an/a?m/, na cerdmfca Decca/dado sua maier presenga e dimens6es
avantajadas sugerem signi$cativa amiazenagem entre os portadores daquela
hadigao ceramista.
Da mesma forma, uma 6eqii&ncia muito maid alta de vasilhas de serverna
cerdmlca Z)esc'a/dado sugere maior 6nfase na partilha de alimentos preparados entre

os deusportadores do que entre os portadores da cerdmfca Pan/a/m/.


374

As diferengas entre as dimens6es e capacidades volum6txicas das vasilhas


das distintas tradig6es ceramistasindicam para os portadores da ce/amiga Pan/a/za/
uma organizagao em pequenos grupos e para os portadores da ce/'dmica
Z)esca/dado, ©upos sociais locais e supra-locais maiores.
Examinando-se os al:ributos morfo16gicos, dimens6es e capacidade

volum6trica das vasilhas reconstituidasa parterdo material de superficie dos aterros


6 possivel perceber diferengasque podem tamb6m sugerir uses distintos para
diferentes sitios.

Para o agrupamentodo Caicaie para o agrupamentoda Bala do Uvar os


atlibutos morfo16gicos das vasilhas, as suas dimens6es e capacidade volum6trica
sugeremque entre os sitios localizados no mesmo espago geogrgfico ha alguns que
poderiam ter desempenhadofung6es habitacionais e outros que poderiam ter fido
usadospara atividades limitadas.
No agrupamento do Caicai, a presenga das diversas categorias de contomo
e donnas de vasilhas, apropriadas para todos os uses, sugerem que os sitios MT-
P0-042 e o MT-P0-067 e MT-P0-041 poderiam ter desempenhadofung6es de
habitagao. No entanto, as pequenasdimens6es apresentadaspdas vasilhas do MT-
P0-041, que alcangamno miximo 4 litres, sugeremque essesino poderiater fido
usado para atividade limitada, homo acampamentode pequeno grupo e/ou coma
cemit6rio. Vasilhas tgo pequenas sio ne(laentes nos sepultamentos associados a
ocupagao Z)esca/vacb, homo acompanhamentoftmer6rio. Levando-se em conta
ainda a baixa ocorr&ncia de nagmentos de trempes no MT-P0-041, pode-se sugerir
para esse sino fung6es que envolvessematividades limitadas. Pelo memospara a
ocupagaomaid recente. A ocorr&ncia de &agmentos de trempes nesses sitios parece
con:6rmar elsa sugestao. As significativas quantidades de Bagmentos de trempes
regishadasnos sitios MT-P0-053 e MT-P0-042 indicam ter ocorrido intensa
atividade de cozinha nessesaterros, enquanto no MT-P0-041 uma quantidade bem
menor disses 6agmentos indicam atividade de cozinha ments reconente.
Ja as dimens6es apresentadaspdas vasilhas dos sitios dense agrupamento
evidenciam o uso do MT-P0-042, que apresentavasilhas de capacidade volum6trica
375

de at6 60 litros, por gruposfhmiliaresmaiorese o uso do sino MT-P0-053, olde


esHo ausentesvasilhas de capacidadevolum6trica arima de 20 litros, por grupos
fhmiliares menores.

No agrupamento da Bala do Uvar e MT-P0-080 diferentes &eqti&ncias para


as diversas categorias de contomo e formas de vasilhas, tamb6m sugerem possiveis
uses diferentes para os sitios.
Assim, pods-se proper que o MT-P0-080 e o MT-P0-067, apresentando

categoriasapropriadaspara todos os usos dom6sticos,tiveram uso habitacional,


enquantoo MT-P0-0079 pareceter tide menor uso por parte da ocupagaomaid
recente e o MT-P0-040 teria side usado por grupo pequeno, provavelmente coma

acampamento temporario. A ocorr&ncia de .itaginentos de trempes reforga essas


indicag6es,ja que os sitios MT-P0-080 e MT-P0-067 apresentamsignifcativa
presenga de 6agmentos de trempes, indicando intensa atividade de cozinha,
enquanto nos sitios MT-P0-040 e MT-P0-079 foram registradas baixas
quantidades de 6agmentos daquele acess6rio de cozinha.
Complementarmente, as dimens6es e capacidades volum6tricas das vasilhas
dessessitios indicam vasilhas maiores no sino MT-P0-080, medianasnos sitios
MT-P0-067 e MT-P0-079 e pequenasno sino MT-P0-040.
Vasilhas maiores no sino MT-P0-080, com signincativa presenga de
volumes de at6 10 intros e ainda uma pequena presengade volumes entre 80 limos e
160 litres, sugerem ocupagaopor grupo dom6stico maior em relagao aos demais.
Vasilhas medianasnos sitios MT-P0-067 e MT-P0-079 com volumes de at6 40
litros sugerem ocupagao por grupo dom6stico mellor e flnalmente, as pequenas
vasilhas do sino MT-P0-040, com aus6ncia de vasilhas com volume superior a 20

litres, sugeremuso por grupo pequeno, para fung6es de atividade limitada.


O agrupamento do MT-P0-082 e MT-P0-068 6 formado por sitios que
possuem predominancia da cerdmica .Decca/veda. A densidade de material
cerfmico e o vasilhame dessessitios apresentando categoiias e formal de vasilhas

para todos os usgs indicam que foram intensamente ocupados coma espagos
habitacionais.
376

O MT-P0-082 apresentandouma altissima 6eqii6ncia de vasijhas abertas


em relagao aos demais, evidencia &nfase na partilha de alimentos preparados,
indicandoter representadoo papel de sino "core" na regiao, sediandoreunites e
celebrag6esde carfter supra-local.
Tigelas rasas, pratos e vasilhas rest:ringidas com gargalo e pescogo curto,
apropriadas para a manipulagao e estocagemde alimentos pecos, indicam que estes
tomavam parte na subsist6ncia disses grupos
As dimens6ese capacidades
volum6t:rivasdasvasilhasdos sitios MT-P0-82
e MT-P0-068, apresentandovalores superiores aos das vasilhas dos outros aterros,

evidenciamque aquelesdais primeiros sitios foram ocupadospor grupos sociais


maid extensos do que os demais.
Nesses doin sitios tamb6m predominam as vasiJhas de pequenos volumes

(de at6 2 litres), por6m com 6e(la&ncias maid modestas dos que nos demais sitios. A
presengade vasilhas com volumes de at6 20 litres 6 significativa, sugerindo grupos
iammares extensos. Volumes de at6 160 litres no MT-P0-082 e superiores a 160

litros no MT-P0-068 indira que a armazenagemocuparia lugar de destaque.


No agrupamento do MT-P0-039 e MT-PO-117 os doin sitios apresentam
baixas densidades de material arqueo16gico e predominancia de vasilhas

apropriadas para cozinhar. Por outta lado, a baixissima ocorr6ncia de nagmentos de


trempes nesses sitios indicam pouca atividade de cozinha. Essas evid&ncias
sugerem que essen sides podem ter desempenhado fung6es de acampamento
temporario. Complementarmente, as vasilhas registradas nesses sitios apresentando
capacidadesvolum6tricas inferiores a lO litres, sugerem seu uso por grupo pequeno.
Comparativamente, o primeiro aspecto evidenciado pda classificagao das
capacidades volum6tricas das distintas cerimicas 6 a aus&ncia de vasilhas com
capacidade volum6tlica arima de 60 limos na cerimica .Decca/va(Za/Pan/a/m/e
arima de 20 litros na cerimica Panzazm/-Zaf
ama, contrastandocom a presengade
vasilhas com capacidadevolum6trica de at6 maid de 160 litros registrada na amostra
da cerdmica Descatvado.
377

Vasilhas de at6 quaao litros, que poderiam ter servido para uso de fhmilias
nucleares, sio mais neqiientes na cerdmfca .Panlazm/, enquanto vasilhas com

capacidadesvolum6tricasentry quatro e quarentaboos, que poderiam ter fido


utilizadas por grupo fbmihar extenso, ocorrem mais na cerdmica -Decca/dado.
Eases fatores, sem d6vida sgo importantes indicadores de diferengas

existentes elbe pa&6es culturais dos portadores de dada uma daquelas ind6stl.ias
cergmicas. Enquanto a cen2mfca .Decca/dadoremete ao manuseio de quantidades
signifcativas de alimento e a grupos populacionais e sociais extensos, a cerdmica
Panlana/ apresenta caracteristicas que permitem associf-la a grupos relativamente

pequenos, envolvendo grupos fbmihares menores. A amosba da cerdmfca


mtl/rico/nponencfa/ .Decca/veda/Tanta/za/apresentou alguns volumes maiores do
que a cerdmica Panda/m/, ngo chegando, no entanto, a alcangar valores tio alton
quanto os da ce/zimfca Decca/dado.
Aos portadores da /radlgao ceramfs/a Pan/azm/ t&m fido aUibuida uma
exploragao sazonal de recursos lacustres e fluviais. No entanto, a planicie de
inundagao do Pantanal Matogrossenseparece oferecer recursos alimentares diversos
durante o transcurso de todo o ciclo natural de secase cheias. Remanescentesatuais
dos canoeiros Gua/6 atestam a disponibilidade de peixes durante todd o ano". Um
estudo sistemftico dos recursos disponiveis ao lingo das estag6ese da capacidade

suporte do Pantanal Matogrossense e especialmente da planicie de mundagao,


podera fomecer dados mats seguros para a discussio do carfter sazonal ou
pemianente da sua ocupagao em tempos pr6'coloniais.
Levando-se em conta apenas os dados sobre o componente .Decca/dado

oferecidos pelos aterros e as potencialidades do ambiente para a subsist&ncia


humana, poder-se-ia proper uma Goleta intensiva do arroz silvestre, que justifcaiia

a presenga signifcativa de vasilhas apropriadas para estocagem naqueles


monticulos.
No entanto,n5o se pode ignorar que a ocupagaoribeilinha do .Alto
Paraguai no Pantanal de Cfceres aponta tamb6m para ouhos padr6es. Extensos

s9De acordo com Oliveira(1995, p. 136), os Guat6 afinnam que "todas as esp6cies de peixes ocorrem durante
todd o ano, na sega ou na cheia, bastando saber onde os encontiu '
378

sitios cergmicos que corresponderiam a Brandes aglomerados populacionais,


vasilhame com grander recipientes para estocagem, utensilagem litica apropriada
para a atividade agricola e a presengade algumas texas com potential para cultivo,
embora um tanto restritas, pennitem caracterizar os portadores da ce/dmfca
Decca/veda coma grupo horticultor.
Por oubo lado, a escassez
de terraslitres da inundagaoe com fertilidade
natural suficiente para o cultivo pode ter obrigado os portadores da celdmica
Z)esca/dadoa adotarem um sistema de subsist&ncia que incluia nio s6 a agricultura

mas tamb6m uma exploragao intensiva de recursos lacustres, onde a Goletateria


tamb6m lugar de destaque. O plantio de pequenas rojas em atenos representa kinda
uma outra possibilidade bastante viavel, ainda a ser investigada.
Um sistemade abastecimentobaseadopuma associagaode estrat6giasde
obtengaode diversi:6cadosprodutos de subsist&nciae permitida por uma eficiente
relagao simbi6tica com grupos essencialmentepescadores-coletores,
talvez possa
explicar coma uma populagaohorticultora numerosalogrou mantel-se por cerca de
um mi16niopuma regiao que disp6e de reduzidasterras para cultivo e que
pemianece por grande parte do tempo alagada.
Para o avango da investigagao da ocupagao associada a n'adffao ceramfs/a
f)esca/veda e da situagao de conMto cultural representada pelo mz//rico/nponen/e
Z)esca/dado/Tania/m/,faz-senecessario,portanto, a incorporagaodos Brandessitios
ribeirinhos a pesquisa. Nio se pods pretender compreender o sistema de sitios,
padr6es de assentamento, subsist6ncia e organizagao social da ocupagao associada a
fradzgao ceramlsla .Decca/dadoapenascom os dados fomecidos pelos aterros. Da
mesma forma, ngo se podera avangar a discussio do mzi/ffco/nponenle
Decca/bach/Panfazm/ e da situagao de contato que representa, sem conhecer os

padr6es da ocupagao dos sitios ribeirinhos pelos portadores da ce/'dmfca


Descatvado.
Ao se incorporar os sitios ribeirinhos a pesquisa, o material litico, Ho
escassonos aterro$ podera trazer tamb6m preciosas informag6es, haha vista a
presenga de implementos pesados, tais homo liminal de machados lascadas e/ou
379

polidas, comumente associadasa pratica do cultivo. A major proximidade dos sitios


ribeirinhos em relagao a Provincia Senana e a aforamentos rochosos, por sua vez,
podem ter-lhes concedido o papel de centro de dislribuigao de mat6rias primal
liticas, inclusive para os adomos e para as poucas e pequenas lgminas de machado
encontradasnos aterros.

O aprofundamento dos estudos dos padr6es de sepultamentos e do material


osteo16gico presents nos aterros e nos sitios ribeilinhos podera, por sua vez,
fomecer uma importante shave na investigagaoda ocorr&ncia de distintas
populag6es puma possivel relagao "simbi6tica" na area. Os padr6es diversificados
de sepultamento ja registrados nesses sitios apontam para uma situagao de
complexificagao social na qual podem estar envolvidos distintos grupos culturais.
Nos cemit6rios associados a ocupagao .Decca/dado ocorrem sepultamentos que

apresentam padr6es semelhantes aqueles registrados entry Wupos chaquenhos e


entregrupos cagadores-pescadores-coletores
do .Alto Paraguai,juntamente com os
enterramentos secundArios em umas dos portadores da ce/dmica .Decca/vacb.

Material cultural associado a /radzf o r'amid/za/ tamb6m sio reglstrados nos


cemit6rios ribeirinhos. Pequenasvasilhas cerimicas de acabamentogrosseiro que
podem ser a:tribuidasa /radzg o cerumis/a Pan/a/m/ e longos colares de contas
elaboradas sabre conchas fluviais e que sio amplamente difundidos por toda a

planicie alagavel do Pantanal Matogrossense, estio presented nos cemit6].ios


associadosa a'adzgdoZ)esca/dado,coma oferendas ou acompanhamentoflinerfrio.
Por ouho lada, os adomosconfeccionados
com material litico, tais coma os
tembetas, contas, pingentes e medalh6es de quartzo parecem ter se difimdido a

partir dos ceramistasZ)esca/dadoe sio encontradostamb6m nos aterros de uma


regiao consideravel que parece se estender at6 o baixo rio Cuiabf.

Serf oportunaaindaa construgao


de uma cronologiadas ocupag6es
ja
iniciada no imbito da presentspesqusa e que possa trazer novos elementospara
discussio. As datas obtidas at6 o moments deixam um lapse temporal entre a
ocupagao dos Brandes sitios iibeirinhos (s6culos Xll e XIII) e a ocupagao mats
recente atribuida aos portadores da /radz do Z)esca/dado, registrada no MT-P0-068
380

(s6culo XVlll). As datas do s6culo XI obtidas para o mu/r/co/nponen/e


Z)esca/dado/Panzana/
no MT-P0-042 e no MT-P0-079 sgoum pouco maid antigas

do que as datas obtidas para os sitios ribeirinhos, obrigando a se considerar ainda a


possibihdade da ocupagaoDecca/dado ter-se dado da planicie alagavel para a terra
anne e n5o o contririo.
O presente estudo apenas inicia a pesquisa sistemAtica de uma hea
culturalmente complexa e arqueologicamente pouch conhecida. Pesquisas
complementares e interdisciplinares podem se dar em diferentes direg6es,
incorporando novos dados e subsidios a discussgo e ao conhecimento da ocupagao
pr6-colonial dessa&ea setentrional do PantanalMatogrossense.Nio ha d6vidas de
que o avangodas pesquisasarqueo16gicasno Pantanal de Cfceres demandari
engajamento de especialistas de diversas leas de conhecimento aflns.
A despeito do carfter preliininar dessa pesqutsa, foi possivel chegar a
alguns resultados que evidenciam a complexidade arqueo16gica da area estudada,
situam no tempo as ocupag6es, caracterizam as ind&st:das cerimicas envolvidas
discutem algunsde souspossiveis signifcados.
381

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