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UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ


INSTITUTO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DAS ÁGUAS
BACHARELADO EM CIENCIAS BIOLOGICAS

RELATÓRIO DE AULA DE CAMPO: CAPTURA E IDENTIFICAÇÃO


DE ESPÉCIES DE PEIXES NA USINA HIDROÉLETRICA SILVIO BRAGA

ALESSANDRA JULIÃO DE MORAES


CARLA GABRIELLY DA SILVA DAMASCENO
IANDRA BRAZ SOUSA
RAIANE FREITAS MELO
ROBERTA CALDEIRA MOTA
ROBERTA KELLY PEREIRA COELHO
ROSIELI NUNES DOS SANTOS
TACIANE LEMOS ANDRADE

Santarém – Pará
2022
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ALESSANDRA JULIÃO DE MORAES


CARLA GABRIELLY DA SILVA DAMASCENO
IANDRA BRAZ SOUSA
RAIANE FREITAS MELO
ROBERTA CALDEIRA MOTA
ROBERTA KELLY PEREIRA COELHO
ROSIELI NUNES DOS SANTOS
TACIANE LEMOS ANDRADE

CAPTURA E IDENTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES DE PEIXES NA USINA


HIDROÉLETRICA SILVIO BRAGA

Relatório de aula de campo apresentado ao Curso Bacharelado


em Ciências Biológicas, da Universidade Federal do Oeste do Pará,
para obtenção de nota parcial para disciplina de Diversidade Animal III.

Área de concentração:
Ciencias Biologicas

Docente:
Frank Raynner Vasconcelos Ribeiro

Santarém – Pará
2022
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RESUMO: A saída de campo vem para enriquecer ainda mais o conhecimento dos estudantes
nos mostrando as aplicações práticas da disciplina e nos propõe a aplicação desse conhecimento
mais aprofundado realizando na pratica o proposto em sala de aula. Dentro desse contexto
realizou-se uma aula de campo na Hidrelétrica Silvio Braga situada no município de Santarém
oeste do Pará na região do baixo Amazonas. As coletas realizadas ao longo da margem do rio
Curuá-una, resultaram na obtenção de táxons exemplares de quatro Ordens diferentes:
Characiformes, Cichliformes, Cyprinodontiformes e Tetraodontiformes. Ao todo 124 táxons foram
coletados para a análise, a identificação através das chaves mostrou que 61 dos táxons
coletados eram da ordem Characiformes; 9 Cichliformes; 53 Cyprinodontiformes e 1 da ordem
Tetraodontiformes. Na área equivalente a barragem da usina hidrelétrica de Curuá-una, foram
coletados poucos exemplares, enquanto que na área mais abaixo da barragem, mais
especificamente em uma região com a presença de macrófitas aquáticas, uma maior abundancia
de peixes foi coletada. Foram coligidas espécies de peixes, distribuídas em quatro ordens, seis
famílias e oito gêneros. A ordem Characiformes foi a mais representativa. A família Cichlidae foi
a mais abundante com duas espécies. Nesse sentido, o presente estudo se mostrou relevante,
possibilitando a identificação da variabilidade ictiofaunística presente no Reservatório da
Hidrelétrica.

Palavra chave: Peixes, Usina Hidrelétrica, Taxonomia

Abstract: The field trip comes to further enrich the knowledge of the students, showing us the
practical applications of the discipline and proposes the application of this deeper knowledge,
carrying out in practice what is proposed in the classroom. Within this context, a field class was
held at the Silvio Braga hydroelectric plant located in the municipality of Santarém west of Pará
in the lower Amazon region. The collections carried out along the banks of the Curuá-una River
resulted in the obtaining of exemplary taxa of four different Orders: Characiformes, Cichliformes,
Cyprinodontiformes and Tetraodontiformes. Altogether 124 taxa were collected for the analysis,
the identification through the keys showed that 61 of the collected taxa were of the order
Characiformes; 9 Cichliforms; 53 Cyprinodontiformes and 1 of the order Tetraodontiformes. In the
area equivalent to the dam of the hydroelectric plant of Curuá-una, few specimens were collected,
while in the area below the dam, more specifically in a region with the presence of aquatic
macrophytes, a greater abundance of fish was collected. Fish species were collected, distributed
in four orders, six families and eight genera. The order Characiformes was the most
representative. The Cichlidae family was the most abundant with two species. In this sense, the
present study proved to be relevant, enabling the identification of the ichthyofaunistic variability
present in the Hydroelectric Reservoir.

Key words: Fish, Hydroelectric Plant, Taxonomy


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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .........................................................................................7
2. OBJETIVOS .............................................................................................9
2.1. OBJETIVO GERAL .....................................................................................9
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................9
3. MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................... 10
3.1. ÁREA DE ESTUDO ................................................................................... 10
3.2. CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ............................................................. 11
3.3. COLETA ........................................................................................... 12
3.4. ATIVIDADES EM LABORATÓRIO E CARACTERIZAÇÃO
TAXONÔMICA .................................................................................................. 13
4. REFERENCIAL TEORICO .................................................................... 14
4.1. USINA HIDROELETRICA .......................................................................... 14
4.2. INTRODUÇÃO GERAL SOBRE ICTIOFAUNA .......................................... 16
4.3. IMPORTANCIA DA IDENTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES ..................... 17
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................. 20
5.1. CHARACIFORMES.................................................................................... 22
5.2. CICHLIFORMES ........................................................................................ 23
5.3. CYPRINODONTIFORMES ............................................................... 24
5.4. TETRAODONTIFORMES ................................................................. 25
6. DISCUSSÃO .......................................................................................... 26
CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 27
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................. 28
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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Localização da HE Silvio Braga (Curuá-Una) no municipio de Santarém


– PA .................................................................................................................. 10
Figura 2. Exemplar da ordem Characiformes. .................................................. 22
Figura 3. Exemplar da ordem Characiformes. .................................................. 22
Figura 4. Exemplar da ordem Characiformes. .................................................. 23
Figura 5. Exemplar da ordem Characiformes. .................................................. 23
Figura 6 ............................................................................................................. 23
Figura 7 ............................................................................................................. 24
Figura 8 ............................................................................................................. 24
Figura 9. Imagem na lupa de uma fêmea da ordem Cyprinodontiformes. ....... 24
Figura 10. Observação na lupa de táxon coletado no rio Curuá-uma,
popularmente conhecido como Baiacu. ............................................................ 25
Figura 11. Baiacu Inflado. ................................................................................. 25
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LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Diversidade de Ordens coletadas ...................................................20


Tabela 02: Quantidades de famílias identificadas em cada ordem....................20
Tabela 03. Possíveis Gêneros identificados......................................................21
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1. INTRODUÇÃO

Neste relatório será descrito como se transcorreu a saída de campo


realizada no dia 17 de Junho de 2022, para visita técnica na Hidrelétrica Silvio
Braga (Curuá-una), com o propósito da aplicação de conhecimento disposto na
disciplina de Diversidade Animal III ministrada pelo professor Frank Raynner
Vasconcelos Ribeiro.
A saída de campo vem para enriquecer ainda mais o conhecimento dos
estudantes nos mostrando as aplicações práticas da disciplina, muito diferente
da teoria aprendida em sala de aula e nos propõe a aplicação desse
conhecimento mais aprofundado realizando na pratica o proposto em sala de
aula.
A Usina Hidroelétrica do Curuá-una, oficialmente chamada Hidroelétrica
Silvio Braga está localizada no Rio curuaúna, na cachoeira do palhão, a 70 km
a sudeste de Santarém e cerca de 850 km de Belém no Estado do Pará. Ela é
uma das hidrelétricas que contribui para o abastecimento da região oeste do
Pará, em especial as cidades de Santarém, Mojuí dos Campos e Aveiro. É
interligado ao sistema nacional através da trama oeste Tucuruí e é mantido e
operada pela Eletronorte S/A (FERREIRA, 1984.).
O conhecimento técnico-científico sobre a assembleia de peixes, o
reconhecimento e a compreensão de padrões que a estruturam e a biologia das
espécies, serão fundamentais para a tomada de decisão na gestão do território.
Pois os grandes rios brasileiros apresentarem uma elevada demanda em se
construir reservatórios, com fins principalmente de geração de energia (Doria et
al., 2012).
Apesar de a geração de energia a partir de hidrelétrica ser vista como
limpa e renovável, a taxa de mortalidade dos peixes em áreas hidrelétricas é
associada às suas operações. O fator principal para essa causa seria o
enchimento do reservatório das usinas, o ligamento desligamento das suas
turbinas e a abertura e o fechamento das comportas de batedores que causam
mudanças repentinas no ambiente, causando impactos negativos para os
cardumes (AGENCIA BRASIL, 2022).
O alagamento de uma vasta área provoca profundas alterações no
ecossistema como, por exemplo, a destruição da vegetação natural, o
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assoreamento do leito dos rios, o desmoronamento de barreiras, a extinção de


certas espécies de peixes. (KHAN ACADEMY, 2022).
A chave de identificação permite a identificação de espécies, por meio da
separação e organização dos caracteres, apresenta escolhas e caminhos
alternativos que destinam aos determinados táxons, o que auxilia estudos sobre
as espécies de peixes existentes em determinadas localidades (CONCEIÇÃO,
2018).
Os alunos tiveram também a oportunidade de conhecer a Hidrelétrica de
Curuá-Una, a parceria da Eletronorte com a Universidade Federal do Oeste Do
Pará (UFOPA), a estrutura dos alojamentos e laboratórios instalados, os locais
onde a pesca é permitida e à segurança relacionada ao ambiente. Por último, e
não menos importante, foram abordados como é feita a captura dos peixes e
posteriormente os peixes capturados foram levados ao laboratório para ser feita
a identificação das espécies coletadas.
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2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

- Realizar a captura de peixes no lago represado da hidroelétrica e no Rio Curuá-


Una.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Elaborar uma chave de identificação;


- Elaborar diagnoses de cada família, gênero e espécie;
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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. ÁREA DE ESTUDO

Realizou-se a aula de campo na Hidrelétrica Silvio Braga situada no


município de Santarém oeste do Pará na região do baixo Amazonas, cujas
coordenadas geográficas são latitude 2º 40’ 26.1516” S e longitude 54º 38’
53.7103” W, com precipitação pluviométrica um pouco mais elevada, em média
de 1.920mm/ano, temperatura média anual de 25 ºC e umidade relativa do ar de
86% (NEPSTAD et al., 2002). (Figura 1).
A HE de Curuá-Una está localizada a 70km ao sul da cidade de Santarém,
no rio Curuá-Una, afluente da margem direita do rio Amazonas. Está cerca de
850 km, em linha reta a oeste, da capital Belém. Suas coordenadas geográficas
são: 2º 24' 52'' S e 54º 42' 36'' W e está situada na margem direita do Rio Tapajós,
na sua confluência com o rio Amazonas (ARAGON,2011).

Figura 1. Localização da HE Silvio Braga (Curuá-Una) no municipio de Santarém – PA


Fonte: Google Maps editado pelos autores.
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3.2. CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

A classificação da presente pesquisa foi definida com relação ao ponto de


vista de seus objetivos, quanto a sua natureza, de acordo a sua forma de
abordagem e quanto à escolha da coleta.
Para Castro (1976), as pesquisas científicas podem ser classificadas em
três tipos segundo ponto de vista de seus objetivos sendo elas: exploratória,
descritiva e explicativa. A pesquisa em questão se enquadra como exploratório-
descritiva. Utilizam-se métodos amplos e versáteis na pesquisa exploratória e
estes compreendem levantamentos em fontes secundárias, levantamentos de
experiências, estudos de casos selecionados e observação informal (MATTAR,
2001) e a pesquisa exploratória compreende proporcionar mais informações
sobre o assunto investigado (PRODANOV e FREITAS, 2013), ou seja, facilita a
delimitação do tema da pesquisa, assumem de forma geral pesquisas
bibliográficas e estudos de casos, envolve em geral levantamento bibliográfico,
e análises de exemplos que estimulem a compreensão do assunto.
Este estudo utilizou a pesquisa-exploratória, pois visa ampliar o
conhecimento do tema escolhido. Enquanto a pesquisa descritiva tem como
objetivo segundo Gil (2008, p. 42):
[...] a descrição das características de [...] relações entre
variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob
este título e uma de suas características mais significativas está na
utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o
questionário e a observação sistemática.

Utilizou-se da pesquisa-descritiva para descrever os tipos de peixes


capturados no Rio Curuá-Una. Quanto ao ponto de vista da natureza a pesquisa
pode ser classificada como básica, pois segundo Prodanov e Freitas (2013, p.51)
“objetiva gerar informações úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática

prevista”. E em relação ao ponto de vista da forma de abordagem do problema

a pesquisa se classifica como básica quantitativa e na visão de Prodanov e


Freitas (2013, p. 70):
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[...] considera que tudo pode ser quantificável, o que significa


traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e
analisá-las. Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas
(percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente de
correlação, análise de regressão etc.).

O estudo em questão é considerado quantitativo, pois, quantifica os


peixes e a forma como são classificados. Do ponto de vista da forma de coleta
de dados foram utilizados para este estudo os procedimentos de levantamento,
observação, pesquisa de campo e pesquisa bibliográfica. A pesquisa de campo
consiste na observação de fatos e fenômenos na coleta de dados a eles
referentes e em registros relevantes posteriormente analisados (MARCONI e
LAKATOS, 2003).
Enquanto a pesquisa bibliográfica consiste em informações de dados já
publicados em livros, revistas, jornais, artigos científicos, teses, internet entre
outras fontes, com o objetivo de oferecer contato direto do pesquisador com o
assunto da pesquisa em questão (PRODANOV e FREITAS, 2013).
A observação sempre deve ser utilizada juntamente com outra técnica de
pesquisa, pois, do ponto de vista científico, essa técnica possui vantagens e
limitações que podem ser administradas com o uso concorrente de outras
técnicas de pesquisa (MARCONI e LAKATOS, 1996).

COLETA

A coleta de campo foi realizada na Hidrelétrica Silvio Braga nos dias 16 e


17 de junho 2022. A coleta de peixes foi realizada com o auxílio de tarrafas e
malhadeiras.
Utilizou-se malhadeira com vários tipos de malhas visando a captura tanto
de peixes de grande porte quanto peixes de pequeno porte. As malhadeiras
foram colocadas em diversos pontos do rio, tanto na área da represa, quanto
também na área abaixo das turbinas em um ambiente mais lótico.
Visando complementar a captura de peixes de pequeno porte também
foram utilizadas a rede de arrasto e arremessadas ao rio tarrafas como suporte
para a malhadeira. As malhadeira foram estendidas no período diurno e retiradas
período noturno no dia 16 e no dia 17 durante o período matutino também foram
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estendidas novamente as malhadeiras devido a coleta do dia anterior não ter


capturado grandes espécies de peixe.
Entre os tipos de coletas utilizadas podemos citar a coleta passiva na qual
envolvem captura de peixes ou outros animais aquáticos, por enredamento,
aprisionamento ou pescaria com anzol, produzindo uma menor perturbação no
ambiente (Uieda & Castro, 1999). Diferente da coleta ativa, que, consiste na
captura de peixes com uso de instrumentos que perturbam o ambiente tais como:
rede de arrasto, puçá, arpão, tarrafa, dragas, rede de cerco, entre outros, que
podem provocar alterações na estrutura dos micro hábitats (Uieda & Castro,
1999). As espécies de peixes capturadas foram armazenadas em sacos
plásticos para serem identificadas posteriormente no laboratório.

3.3. ATIVIDADES EM LABORATÓRIO E CARACTERIZAÇÃO TAXONÔMICA

No Laboratório de Monitoramento de Peixes e Pesca da Universidade


Federal Do Oeste Do Pará, os peixes foram colocados em um recipiente
contendo álcool em concentração de 70%, os peixes foram triados, separando
os indivíduos idênticos em grupos, com auxílio de pinças e placas de Petri, sob
observação a olho nu e lupa.
A lupa foi utilizada para observar e analisar melhor as características
morfológicas dos espécimes e serem feitas fotografias para a composição do
trabalho. Posteriormente os peixes foram contadas e identificadas ao menor
nível taxonômico possível, utilizando-se literatura pertinente Peixes do rio
madeira, 2013, V.1; Peixes do rio madeira, 2013,V.2; Peixes do rio madeira,
2014, V.3.
Alguns foram identificados, dentre os caracteres utilizados na identificação
foram considerados: o padrão de pigmentação do corpo, a forma do corpo, a
forma da boca, a nadadeira dorsal e ventral. Após identificados foram colocados
em potes de vidro contendo álcool em concentração de 70%. alguns foram
identificados. Foram utilizadas apenas características tradicionalmente utilizadas
para cada grupo taxonômico e algumas das mais importantes foram usadas para
realizar a diagnose das espécies neste trabalho.
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4. REFERENCIAL TEORICO

4.1. USINA HIDROELETRICA

A construção de usinas hidroelétricas causa muitos impactos nas


paisagens fluviais, alterando os habitantes aquáticos e suas características
físicas, químicas e geomorfológicas, influenciando na diversidade desses
habitats e consequentemente na biota associada. Entretanto a vantagem das
usinas é sem dúvida ser uma fonte renovável e mais barato do que as demais
energias limpas, além disso ela pode proporcionar o desenvolvimento da região
do entorno da área alagada, pelo estabelecimento de vias fluviais para o
transporte e o estímulo às atividades de lazer e turismo (KHAN ACADEMY,
2022).
Diante do esgotamento da possibilidade de aumentar o potencial das
principais bacias hidrográficas da região sul e sudeste, a Amazônia é o alvo das
políticas de expansão energética brasileira, por representar um polo promissor
para a instalação de mais de 23 hidrelétricas em seus rios, executando os
reservatórios já existentes como, Tucuruí, Balbina, Samuel, Madeira e Monte
Belo (SANTOS et al, 2018).
Os processos que envolvem a construção e a operacionalização tem
diversos efeitos sobre a ictiofauna, tanto na área represada quanto nas regiões
à jusante e à montante, esses efeitos podem ser, a fragmentação dos ambientes
aquáticos e consequentemente da população de peixes, que podem causar
interrupção do fluxo gênico, entre outros efeitos subsequentes (OLIVEIRA, 2013)
Uma das usinas pioneiras na geração de energia elétrica na Amazônia foi
a usina hidrelétrica de Curuá-Una. Criada em na década de 70 foi a primeira
usina hidrelétrica na Amazônia Oriental. Situada a 70 km da cidade de Santarém,
estado do Pará, implantada no rio de mesmo nome, na porção média - um dos
tributários do rio Amazonas – a usina foi construída com uma capacidade geratriz
de 30MW (QUINTÃO et al, 2009).
A construção da hidrelétrica mudou drasticamente a fisionomia desse
sistema aquático, sendo que as áreas mais afetadas foram aquelas localizadas
na região onde ser formou o lago reservatório, o qual foi transformado em um
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ambiente de características lênticas a parti de um sistema lótico (OLIVEIRA,


2013). Com a inundação de grandes extensões de floresta, consideráveis
quantidades de biomassa vegetal ficaram submersas e à medida que essa
biomassa foi sendo decomposta significativas alterações das características
físico-químicas da água ocorreram (VIEIRA, 2000).
As novas características abióticas da água do local que foi ocupado pelo
lago da barragem são intensamente restringentes as espécies capazes de
ocuparem esses novos nichos, permitindo que apenas um grupo com
capacidade adaptativa colonize esses ambientes, principalmente os predadores
(AGOSTINHO, 1992; VIEIRA, 2000). A descontinuidade dos ambientes
aquáticos, produzido por esse barramento, tem efeitos devastadores sobre a
ictiofauna: as espécies de baixa capacidade adaptativa entram em declínio; o
isolamento das populações induz uma baixa variabilidade gênica e as espécies
migratórios são impedidas de chegarem aos locais de desova (TUNDISI, 2007).
O reservatório de Curuá-una, enquadra-se entre ultraoligotrófico a
mesotrófico. Isso caracteriza que o referido reservatório apresenta uma
produtividade baixa a intermediária, com possíveis implicações sobre a
qualidade da água, mas em níveis aceitáveis, na maioria dos casos, mas
também apresenta estados moderadamente eutróticos (SANTOS, 2018).
De acordo com FERREIRA, 1984, em um estudo feito para saber a
alimentação e os hábitos alimentares dos peixes da região do Curuá-Una,
demostrou que na região acima da barragem da Hidrelétrica as espécies
herbívoras são dominantes, vindo em seguida as carnívoras, as piscívoras e as
detritívoras, sendo que na região abaixo da barragem, as espécies carnívoras
são dominantes, seguido pelas piscívoras e detritívoras não sendo encontradas
espécies herbívoras.
Ao longo dos estudos de ecologia trófica no reservatório da Usina
Hidrelétrica de Curuá-Una, foi constatado uma grande abundância de espécies
Hemiodus unimaculatus Bloch, 1794 e Auchenipterus nuchalis Spix & Agassiz
1829, eles são representantes ad família homiodontidae, sendo bastantes
destacados por apresentarem um bom desenvolvimento em ambientes
represados na Amazônia, em especial para o reservatório Curuá-Uma, elas
apresentam ser abundantes desde 1880 (MARINHO et al, 2021).
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4.2. INTRODUÇÃO GERAL SOBRE ICTIOFAUNA

A região amazônica apresenta a maior diversidade de espécies de peixes


de água doce do mundo, em razão da vasta presença de igarapés, rios e lagos.
Porém as informações e dados sobre a distribuição e a diversidade desses
organismos aquáticos não são sintetizadas, isso dificulta definições mais gerais
acerca dos peixes amazônicos (DAGOSTA & DE PINNA, 2019). O número de
peixes amazônicos registrados e conhecidos é de 2.227 espécies (OBERDORFF
et al., 2019). Esses peixes apresentam uma grande variedade de habitats, tipos
de alimentação e estratégias de reprodução, além de exibirem diversas formas
e comportamentos.
A dieta alimentar desses peixes é bastante diversa, geralmente ocorre o
consumo de invertebrados aquáticos e terrestres, peixes, algas, materiais
vegetais e detritos orgânicos. Quanta as formas reprodutivas, essas são pouco
conhecidas, principalmente pela falta de estudos com monitoramento, visto que
são processos complexos de serem registrados na natureza, mas a maioria das
espécies de peixes depositam seus ovócitos e espermatozoides no ambiente e
são fecundados. Podendo haver variadas táticas, incluindo produção de ninhos,
cuidado parental ou simplesmente a distribuição de ovos sobre substrato ou
vegetação aquática, nesse caso, estão sujeitos à alta predação. (ZUANON et al.,
2015).
Esta vasta diversidade de peixes na Amazônia é constantemente
ameaçada por pressões e ações antrópicas, como a remoção da cobertura
vegetal em áreas ripárias, poluição por meio de despejos de efluentes industriais
e domésticos e impactos através de construções de hidrelétricas. As construções
de hidrelétricas causam muitas modificações que vão desde o fluxo de correntes
até aspectos físico-químicos da água.
Essas estruturas construídas influenciam negativamente no ciclo de vida
da ictiofauna de espécies que compõe essas áreas, e consequentemente afetam
os organismos dependentes dessas espécies, como é o caso das populações
humanas que necessitam de recursos pesqueiros para sobrevivência. Por
exemplo, com a construção de hidrelétricas na Amazônia, como a Hidrelétrica
de Curuá-Una, ocorrem alterações no ambiente juntamente com bloqueio
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provocado pela barragem, esses aspectos afetam a dispersão e migração de


espécies originais de peixes presentes no rio, que com o bloqueio tendem a
diminuir (JUNK et al., 1981).
Na região amazônica, a preservação e conservação de ecossistemas
aquáticos simboliza dificuldade e negligência, principalmente pela falta de
informações acerca da biologia dos organismos que compõe a ictiofauna e a sua
importância para os ambientes aquáticos.

4.3. IMPORTANCIA DA IDENTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES

Georges Louis Leclerc, o Conde de Buffon, que foi um dos maiores


naturalistas franceses de todos os tempos. Nomeado, em 1739, intendente do
Jardim Real, ali Buffon reuniu uma imensa coleção de espécimes zoológicos e
botânicos, além de vasto material de pesquisa geológica, paleontológica e
mineralógica, transformando o local no conhecido Jardim das Plantas, que se
tornou, em 1794, o Museu Nacional de História Natural. Em 1859, quando
Charles Darwin publicou a obra A origem das espécies, na qual a Teoria da
Evolução é descrita pela primeira vez.
Uma das passagens mais importantes da vida de Darwin foi a sua viagem
a bordo no navio Beagle, entre 1831 e 1836, na qual visitou diversas regiões do
globo terrestre e teve condições de perceber uma interessante relação entre
fósseis e espécies viventes e mecanismos de adaptação de espécies
relacionados ao ambiente e a diferentes modos de vida. “Darwin acreditava,
assim como Buffon, que todos os animais eram originários da Europa, que na
época era considerada o centro da Terra”.
Na segunda metade do século XIX, o naturalista, geógrafo, antropólogo e
biólogo britânico Alfred Russel Wallace percebeu a necessidade de que cada
espécie coletada fosse catalogada com informações precisas sobre a sua
procedência. Wallace foi o primeiro a propor uma geografia das espécies animais
e, como tal, é considerado um dos precursores da ecologia e da biogeografia e
chamado de “Pai da Zoogeografia”. Em 1876, ele desenvolveu um mapa das
regiões da França que separa diversas floras botânicas. Bem antes, em 1805,
Jean Baptiste Lamarck, renomado biogeógrafo francês, organizou o primeiro
18

mapa de floras botânicas de que se tem registro no mundo. Lamarck foi um dos
primeiros a admitir a possibilidade de as espécies de plantas não serem fixas.
Ainda no século XIX, uma divisão do planeta em seis regiões faunísticas
diferentes foi realizada. Cada área apresentava uma fauna típica, endêmica. Tais
regiões foram separadas entre si por barreiras climáticas e topográficas. Anos
depois, o zoologista inglês Philip Lutley Sclater utilizou um sistema de regiões
por determinadas famílias de aves. Logo após, Wallace modificou o modelo de
Sclater e o aplicou aos vertebrados, dividindo os continentes em seis regiões, o
que hoje é conhecido como as regiões Neártica, Neotropical (onde se localiza o
Brasil), Paleártica, Etiópica, Oriental e Australiana. Estes domínios estão
separados por barreiras oceânicas e por cinturões de temperatura.
Avançando na história, a Teoria da Biogeografia Cladística, que começou
a sistematizar o conhecimento de ocorrências de espécies. Este método
combina a cladística Hennigniana, de Willi Hennig, com a Panbiogeografia de
Leon Croizat, por produzir cladogramas – diagrama que mostra as relações
ancestrais entre organismos para representar a árvore da vida evolutiva – de
grupos taxonômicos individuais ocupando as mesmas áreas endêmicas e, a
partir desses, produzir cladogramas gerais de área. Estes podem ser derivados
por adição de cladogramas individuais e juntos darem o balanço acerca das
biotas. “Croizat, assim como Darwin, na segunda metade do século XIX, não
admitia uma Terra mutável. Apesar de aceitar a mutabilidade das espécies, o
planeta não necessariamente se modificaria”, destaca o estudioso. Nesta época,
não tinha sido sedimentada ainda a Teoria das Tectônicas de Placas, atualmente
aceita, que descreve os movimentos de grande escala que ocorrem na litosfera
terrestre. Por esta razão, era necessário naquela época assumir uma premissa
de que existiriam entre os continentes as chamadas “pontes continentais”, que
seriam trechos de terra que teriam surgido em determinado ponto da história e
misteriosamente desaparecido em outros pontos, como talvez fosse o caso da
misteriosa Atlântida.
Um registro da descrição das características das espécies encontradas é
importante para que elas possam ser identificadas posteriormente. “É preciso ter
o registro material de uma coleção para que no momento que o pesquisador tiver
dúvida se aquela espécie, por exemplo, é um mosquito Aedes aegypti ou um
Aedes albopictus, ele consiga identificar e confirmar que o Aedes albopictus
19

também está transmitindo dengue. Essa certeza do registro de uma espécie é


de extrema importância na área de saúde. Por isso, a má taxonomia pode matar,
especialmente a biodiversidade” (Figueiredo & Neves, 2012).
A classificação das espécies é um dos feitos mais antigos do intelecto
humano (Bock 1973). A aplicação dessa habilidade aos seres vivos remonta à
própria origem, sendo encontrada em todas as culturas humanas, civilizadas ou
não (Diamond 1966, Hunn 1982). A identificação de espécies sempre se fez
conhecida de muitos desde os primeiros hominídeos, seja por precisão
alimentar, como homeopática. Mas em meio ao desenvolvimento desenfreado,
e a degradações ambientais, se vê o uso de identificação de espécies como um
fator crucial para a conservação do hábitat, tendo em vista a conservação de
espécies endêmicas locais.
Atualmente estamos em uma corrida entre a descrição da biodiversidade
da Terra e sua extinção. Estima-se que a maior parte dessa biodiversidade está
sendo extinta antes mesmo de ser descrita. Dentre essa grande diversidade, os
peixes são os vertebrados de maior sucesso evolutivo, caracterizando uma
diversidade impressionante (Ramos, 2016). O Brasil é considerado o país com
a maior diversidade ictiológica de água doce do mundo, com aproximadamente
3000 espécies identificadas (Kottelat & Whitten, 1996; Abell et al, 2008). Graças
à presença dos grandes sistemas hidrográficos, o Brasil possui essa grande
diversidade de espécies, contribuindo assim para o equilíbrio ecológico.
Ramos (2016) diz que certas espécies desempenham um papel crucial
nos ecossistemas, sendo que o desaparecimento destas acabariam causando
um efeito cascata na biodiversidade. Cada ecossistema tem uma característica
e cada espécie tem um papel a desempenhar, diante disso o número de espécies
que será influenciada pelo desaparecimento de outra e como esses efeitos irão
ocorrer, dependem desses fatores. [...] Portanto se faz necessária a identificação
de espécies para a preservação de áreas onde estas ocorram, para assim estas
desempenharem seu papel ecológico no ecossistema, viabilizando o
desenvolvimento das espécies no seu hábitat.
20

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As coletas realizadas ao longo da margem do rio Curuá-una, resultaram


na obtenção de táxons exemplares de quatro Ordens diferentes: Characiformes,
Cichliformes, Cyprinodontiformes e Tetraodontiformes. Ao todo 124 táxons foram
coletados para a análise, a identificação através das chaves mostrou que 61 dos
táxons coletados eram da ordem Characiformes; 9 Cichliformes; 53
Cyprinodontiformes e 1 da ordem Tetraodontiformes.

Tabela 01: Diversidade de Ordens coletadas.


N° de táxons
Ordem coletados Área da coleta

Characiformes 61 Abaixo da
barragem

Cichliformes 9 Abaixo da
barragem

Cyprinodontiformes 53 Abaixo da
barragem

Tetraodontiformes 1 Barragem

Total 124

Tabela 02: Quantidades de famílias identificadas em cada ordem.


N° de
Ordem Famílias Famílias N°
identificadas de
táxons
Serrasalmidae 4
21

Characiformes 3 Anostomidae 5

Characidae 52

Cichliformes 1 Cichlidae 9

Cyprinodontiformes 1 Poecliidae 53

Tetraodontiformes 1 Tetraodontidae 1

Total 6 124

Tabela 03. Possíveis Gêneros identificados.

Gênero N° de indivíduos por gênero

Biotodoma 1

Colomesus 1

Geophagus 1

Leporinus 5

Mesonauta 5

Metynnis 5

Moenkhausia 52

Pamphorichthys 53
22

Total 8 124

5.1. CHARACIFORMES

Se trata de uma ordem de peixes de água doce, encontrados na Ásia,


Europa, África, Américas e Oceania. Engloba os peixes com o corpo coberto por
escamas cicloides e com as nadadeiras pélvicas em posição abdominal.
Compreende mais de 1.700 espécies dentro de 18 famílias do grupo. Atinge sua
maior diversidade na região Neotropical representando aproximadamente 43%
das espécies de peixes de água doce na Amazônia e cerca de 30% de peixes
Neotropicais (Moreira, 2017).

Figura 2. Exemplar da ordem Characiformes. Figura 3. Exemplar da ordem Characiformes.


Fonte: Arquivo pessoal. Fonte: Arquivo pessoal
23

Figura 5. Exemplar da ordem Characiformes. Figura 4. Exemplar da ordem Characiformes.

Fonte: Arquivo pessoal. Fonte: Ohara et al.

5.2. CICHLIFORMES

Os peixes dessa ordem formam um grupo natural, reconhecido


recentemente através de estudos morfológicos e integrativos, incluindo análises
moleculares. Abrigam duas famílias, que até recentemente estavam incluídas
dentro da taxonomicamente conflitiva ordem Perciformes: Cichlidae e
Pholidichthyidae.
Os peixes da família Cichlidae incluem o mais diversificado
agrupamento de peixes não ostariofíseos a habitar as águas doces do planeta
(Nossa casa,2022).

Figura 6. Exemplar da ordem Cichliformes.


Fonte: Arquivo pessoal.
24

Figura 8. Exemplar da ordem Cichliformes. Figura 7. Exemplar da ordem Cichliformes.


Fonte: Roberta Mota. Fonte: Arquivo pessoal.

5.3. CYPRINODONTIFORMES

Com representantes de pequeno porte e alguns muito coloridos, esta


ordem congrega várias espécies apreciadas por aquaristas. Apresentam a boca
protrátil e dimorfismo sexual evidente, com o macho geralmente menor, mas com
padrão de colorido bem mais exuberante do que o da fêmea (BAUMGARTNER
et al, 2012). A fêmea recebe o nome popular de “barrigudinho” devida a sua
característica morfológica da barriga (parte ventral) saliente, proveniente do
dimorfismo sexual. Durante a pesquisa somete a fêmea dessa espécie foi
identificada na coleta.

Figura 9. Imagem na lupa de uma fêmea da ordem Cyprinodontiformes.


Fonte: Roberta Mota.
25

5.4. TETRAODONTIFORMES

Consiste em uma ordem composta por nove famílias e 357 espécies.


Caracterizada por um corpo arredondado levemente alongado, com nadadeiras
dorsal e anal situadas na porção posterior do corpo (exceto na família
Monacanthidae). Uma outra característica notória dessa ordem é a capacidade
de algumas espécies de produzir toxinas que podem vim a ser nocivas a outros
organismos. A família identificada na coleta foi a Tetraodontidae,
predominantemente marinha, porém com algumas espécies habitantes de água
salobra e doce. Ocorrendo em regiões tropicais e subtropicais, compreende 19
gêneros e cerca de 130 espécies.
Os representantes dessa família são caracterizados pelo formato do corpo
e pela capacidade de inflá-lo, engolindo água ou ar. A maioria das espécies
possui o corpo oval com espinhos cobrindo a porção ventral do corpo. Não
possuem nadadeira pélvica e as nadadeiras dorsal e anal são curtas e opostas.
A pigmentação do corpo varia muito de acordo com as espécies, estando
presente na margem dorsal do intestino, cabeça e tronco e aumentando com o
desenvolvimento da larva (Bonecker et al, 2014, p. 281).

Figura 11. Baiacu Inflado.


Figura 10. Observação na lupa de táxon
Fonte: Alessandra Julião.
coletado no rio Curuá-uma, popularmente
conhecido como Baiacu.
Fonte: Carla Damasceno.
26

6. DISCUSSÃO

Na área equivalente a barragem da usina hidrelétrica de Curuá-una, foram


coletados poucos exemplares, enquanto na área mais abaixo da barragem, mais
especificamente em uma região com a presença de macrófitas aquáticas, uma
maior abundância de peixes foi coletada. Essa observação pode levar em conta
diversos fatores entre eles: O fato de que as macrófitas servem de alimento e
abrigo para diversas espécies de peixes que ali habitam, o que também leva a
ida de outros peixes, como por exemplo, os carnívoros a essa região atraído
pelas presas presente nesse ambiente.
A influência das turbinas no fluxo da água desse rio, ocorre o aumento da
correnteza nas áreas mais próximas a essas estruturas, uma alteração artificial
que leva peixes que habitam ambientes naturalmente menos lóticos a migraram
para outros trechos do rio por falta de adaptação ou até mesmo por sofrerem
evento de extinção nessa área.
Outra questão que deve ser analisada é o período de cheia, juntamente
com os substratos acumulados no fundo do rio. O que impossibilitou a entrada
dos alunos e do equipamento de forma mais apropriada no leito. Além do citado
a presença em abundância de indivíduos da Ordem Cetacea, de nome popular
boto, na região da barragem onde a pesquisa estava sendo realizada dificultou
o uso dos materiais para as coletas. Esses podem ser uns dentre os outros vários
fatores (hora da coleta, temperatura, Ph etc.) que explicariam a falta de sucesso
na coleta de exemplares na região da barragem.
Na tabela 1, podemos observar que a Ordem que apresentou mais
abundância de táxons coletados foi a ordem Characiformes, como citado
anteriormente estudos indicam que os Characiformes representam cerca de 43%
das espécies de peixes de água doce na Amazônia, o que explica a coleta de
mais exemplares dessa ordem que das outras. Vale ressaltar que peixes de
importância comercial, principalmente para aquarismo e para a indústria dos
alimentos, como peixes das Ordem Cyprinodontiformes, Tetraodontiformes e
Characiformes são, bem mais estudados que peixes cujo importância é mais
ecológica.
27

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo teve como objetivo analisar a identificação de espécies


de peixes do Reservatório da Hidrelétrica de Curuá-Una e ensinar aos alunos
que as atividades de campo são fundamentais na construção do conhecimento
científico. Diante disso, foi possível a identificação taxonômica dos espécimes
coletados e observados.
Foram coligidas espécies de peixes, distribuídas em quatro ordens, seis
famílias e oito gêneros. A ordem Characiformes foi a mais representativa. A
família Cichlidae foi a mais abundante com duas espécies. O número de
amostras foi reduzido devido ao Rio Curuá-Una passar por seu período de cheia,
o que acabou dificultando a coleta nos pontos utilizados impossibilitando a
entrada dos alunos presentes e do equipamento de modo apropriado nos pontos
de coleta, além da influência das turbinas no fluxo de água que faz com que
ocorra o aumento da correnteza, uma alteração artificial que leva os peixes que
habitam ambientes menos lóticos a migrarem para outros trechos do rio.
Nesse sentido, o presente estudo se mostrou relevante, possibilitando a
identificação da variabilidade ictiofaunística presente no Reservatório da
Hidrelétrica.
28

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